Relatório IEC-SAMAM - 001-2009

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Relatório IEC-SAMAM - 001-2009
MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS)
SECRETARIA DE VIGILÂNCIA EM SAÚDE (SVS)
INSTITUTO EVANDRO CHAGAS (IEC)
SEÇÃO DE MEIO AMBIENTE (SAMAM)
Rod. Br 316, Km 7 – Levilândia - Ananindeua–PA
CEP: 67000-000 - Fone: 3214-2093 - Fax: 3214-2250
Email: [email protected]
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Marcelo
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RELATÓRIO IEC-SAMAM 001/2009
CARACTERIZAÇÃO PRELIMINAR DOS
IMPACTOS AMBIENTAIS, DANOS AO
ECOSSISTEMA E RISCOS A SAÚDE
DECORRENTES DO LANÇAMENTO NO
RIO MURUCUPI DE EFLUENTES DO
PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DE
BAUXITA, BARCARENA-PARÁ
BELÉM – PARÁ
MAIO-2009
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ORGANIZAÇÃO E EQUIPE TÉCNICA
DIREÇÃO DO INSTITUTO EVANDRO CHAGAS (IEC)
Dra. Elisabeth C. O. Santos
CHEFE DA SEÇÃO DE MEIO AMBIENTE (SAMAM)
Iracina Maura de Jesus
COORDENAÇÃO GERAL DAS ATIVIDADES
Marcelo de Oliveira Lima
ANÁLISES BACTERIOLÓGICAS E MICROBIOLÓGICAS
Coordenação:
Equipe Técnica:
Vanessa Bandeira da Costa
Samara Cristina Campelo Pinheiro
Priscila Amorim Carmona
Elane Domênica de Souza Cunha
Francisco Arimatéia dos Santos Alves
Raimundo Pio Martins Girard
ANÁLISES TOXICOLÓGICAS
Coordenação:
Equipe Técnica:
Kleber R. F. Faial
Bruno Santana Carneiro
Kelson do C. Freitas Faial
Adaelson Campelo Medeiros
Rosivaldo de Alcântara Mendes
Luana Karine S. Araújo
Ricardo Jorge A. de Deus
Nathália Santos Serrão de Castro
Diomar Pereira Cavalcante
Pedro da Silva Barros Filho
Simonny do C. S. R. de Oliveira
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SUMÁRIO
1.
1.1.
1.2.
1.2.1.
1.2.2.
1.3.
1.4.
2.
2.1.
2.1.1.
2.1.2.
2.1.3.
2.2.
2.2.1.
2.2.2.
2.2.3.
2.3.
2.3.1.
2.3.2.
2.3.3.
2.4.
2.4.1.
2.4.1.1.
2.4.1.2.
2.4.2.
2.4.2.1.
2.4.2.2.
2.4.2.3.
2.4.2.4.
2.4.3.
2.4.3.1.
2.4.3.2.
2.4.3.3.
2.4.3.4.
2.4.4.
3.
4.
5.
6.
CAPA...................................................................................................................
ORGANIZAÇÃO E EQUIPE TÉCNICA.......................................................
INTRODUÇÃO..................................................................................................
RIO MURUCUPI.................................................................................................
O PROCESSO DE BENEFICIAMENTO DA BAUXITA.................................
O Minério de Alumínio......................................................................................
Produção de Alumina em Barcarena e Situações de Risco............................
MONITORAMENTO E CONTROLE AMBIENTAL EM BARCARENA.......
INCIDENTE AMBENTAL DE LANÇAMENTO DE EFLUENTES................
RESULTADOS E DISCUSSÕES.....................................................................
ANÁLISE DE METAIS......................................................................................
Vazante do dia 27/04/2009.................................................................................
Vazante do dia 28/04/2009.................................................................................
Comparativo Gráfico de Resultados................................................................
ANÁLISE DE ÂNIONS......................................................................................
Vazante do dia 27/04/2009.................................................................................
Vazante do dia 28/04/2009.................................................................................
Comparativo Gráfico de Resultados................................................................
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS........................................................................
Vazante do dia 27/04/2009.................................................................................
Vazante do dia 28/04/2009.................................................................................
Comparativo Gráfico de Resultados................................................................
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS....................................................................
Metodologias......................................................................................................
Metodologia de Campo........................................................................................
a) Análises de Plânctons e Cianobactérias...................................................
Metodologia de Laboratório.................................................................................
b) Análises de Plânctons e Cianobactérias...................................................
Análise do Fitoplâncton.....................................................................................
Composição.........................................................................................................
Freqüência e Ocorrência......................................................................................
Densidade.............................................................................................................
Índice de Diversidade...........................................................................................
Análise do Zooplâncton.....................................................................................
Composição..........................................................................................................
Freqüência e Ocorrência......................................................................................
Densidade.............................................................................................................
Índice de Diversidade...........................................................................................
Cianobactérias e Cianotoxinas..........................................................................
CONCLUSÕES..................................................................................................
CONSIDERAÇÕES FINAIS............................................................................
VALIDAÇÃO....................................................................................................
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................
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10
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11
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16
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1. INTRODUÇÃO
1.1.
RIO MURUCUPI
O rio Murucupi nasce dentro da área de preservação ambiental localizada entre a Vila
dos Cabanos e o empreendimento industrial de beneficiamento de bauxita, no município de
Barcarena, Estado do Para. As nascentes (olhos d’água) do rio Murucupi localizam-se menos
de 50 metros da bacia de resíduos (lama vermelha) desse processo industrial.
No seu curso natural o rio Murucupi atravessa a área de proteção ambiental e na
seqüência passa pelos fundos de um Clube e atravessa o conglomerado urbano denominado
Vila dos Cabanos. Após o conglomerado urbano o rio Murucupi desemboca cerca de oito
quilômetros depois na Drenagem denominada Furo do Arrozal, afluente direto do rio Pará. Na
sua extensão também são observadas, mesmo que esporadicamente, algumas comunidades
ribeirinhas que utilizam o rio Murucupi para atividades como a pesca de subsistência.
Na sua trajetória, observa-se que o rio Murucupi apresenta em quase toda sua extensão
matas ciliares bastante preservadas apesar de serem observados em alguns pontos lançamento
de esgotos. O rio Murucupi é influenciado em quase a sua totalidade pelo regime de marés do
rio Pará.
No ano de 2003 dois fenômenos foram observados no rio Murucupi, o primeiro deles
que resultou na mortandade de peixes, sem identificação naquele momento de uma causa
aparente (Santos et al., 2003), e o segundo decorrente do transbordamento de lama vermelha
nas nascentes do rio Murucupi (Brabo et al., 2003) que culminou com a mudança total da
coloração de suas águas passando da característica barrenta para vermelho e também
ocasionando mortandade de peixes.
1.2.
O PROCESSO DE BENEFIAMENTO DA BAUXITA
1.2.1. O Minério de Alumínio
Embora o alumínio seja o metal mais abundante na crosta terrestre (aproximadamente
8% do peso) ele não se apresenta de maneira pura e sim como um importante constituinte de
muitos minerais, como bauxita, mica, feldspato, criolita. O único material utilizado para a
produção do alumínio é a bauxita, uma mistura de alumínio hidratado (Al2O3, H2O) com um
teor de 50 a 70%. As principais impurezas são: a sílica (SiO2), o óxido de ferro(Fe2O3) e o
óxido de titânio (TiO2) (Constantino et al., 2002). Uma substância não cristalina que
antigamente era considerada um mineral, é na realidade algo parecido com argila e sua cor
varia do branco (quando contém muito silício e pouco ferro) à tons fortes de marrom ou
vermelho (com alto teor de óxido de ferro, Fe2O3). Para a produção de alumínio, utilizamos
apenas a bauxita vermelha devido ao seu baixo teor de silício(5%).
1.2.2. Produção de Alumina em Barcarena e Situações de Risco
O processo de beneficiamento da bauxita, também denominado de processo Bayer,
gera resíduos ricos em ferro, alumínio e soda caustica (NaOH), entre outra substâncias. Os
hidróxidos e óxidos de ferro são as principais substancias que conferem a coloração
avermelhada aos resíduos denominados de lama vermelha (SAMPAIO, et al.. 2005). Esses
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resíduos de lama vermelha são altamente alcalinos pelo uso de soda cáustica (NaOH) durante
esse processo. Após a produção de alumina (Al2O3) a lama vermelha é armazenada em bacias
de decantação e os efluentes altamente alcalinos e quentes são carreados para uma segunda
bacia. Após resfriamento na segunda bacia os mesmos efluentes são neutralizados com ácido
sulfúrico (H2SO4) e despejados no rio Pará próximo a praia de Itupanema.
Os riscos do vazamento desses efluentes puderam ser percebidos em 2004, quando
uma falha nesse processo de neutralização com ácido sulfúrico ocasionou o lançamento direto
do resíduo alcalino e quente (cerca de 52oC) diretamente no rio Pará tendo como
conseqüência a mortandade imediata de todo pescado numa área próxima ao ponto de
lançamento (Brabo et al, 2003).
1.3.
MONITORAMENTO E CONTROLE AMBIENTAL EM BARCARENA
No final de 2007 foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) tomado
entre o Ministério Público do Estado do Pará (MPE/PA) e a empresa Imerys Rio Capim
Caulim (IRCC) com interveniência do Instituto Internacional de Educação do Brasil (IIEB) e
o Instituto Evandro Chagas (IEC) que dentre outras causas resultou no repasse de recursos no
final do primeiro semestre de 2008 para que o IEC executasse as atividades do projeto
intitulado “Programa de Controle e Monitoramento em Saúde e Meio Ambiente nas Áreas
Industriais e Portuárias dos Municípios de Barcarena e Abaetetuba, Estado do Pará”.
Usando os recursos do TAC e investimentos do próprio IEC, no último trimestre de
2008 a Seção de Meio Ambiente (SAMAM) do IEC iniciou as atividades propostas no projeto
culminando na primeira etapa a avaliação química e biológica trimestral de oito drenagens
localizadas nos municípios de Barcarena e Abaetetuba, incluindo-se nesse caso o rio
Murucupi. Essas atividades continuam a ser desenvolvidas durante todo o ano de 2009 tendo
sido consolidadas duas amostragens, uma em janeiro e outra em abril, dias antes do novo
incidente registrado no rio Murucupi.
Nessas drenagens foram coletadas amostras de água superficial, sedimentos em
suspensão, sedimentos de fundo e plânctons, procedendo-se análises toxicológicas, físicoquímicas e microbiológicas nos laboratórios do IEC e grupos colaboradores.
Outras etapas já em desenvolvimento nas atividades do projeto consistem na coleta de
biomarcadores ambientais como plantas aquáticas (em colaboração com o Museu Paraense
Emílio Goeldi (MPEG) e Universidade Federal do Pará (UFPA) e pescado. Nesses
biomarcadores estão sendo conduzidas análises de metais pesados como mercúrio, alumínio,
chumbo, cádmio, cobre, entre outros. Também já foi iniciada a etapa de coleta de amostras de
água de consumo em quatro comunidades dentro da área de abrangência do projeto: Vila de
Itupanema, Vila do Conde, Vila do Beja e Comunidade Maranhão.
1.4.
INCIDENTE AMBENTAL DE ESCOAMENTO DE EFLUENTES
No dia 28/04/2009 a SAMAM/IEC foi acionada pelo MPE/PA para proceder
avaliações técnicas acerca de possível derramamento de efluentes no rio Murucupi oriundos
dos resíduos do processo de beneficiamento da bauxita (lama vermelha). No mesmo dia, por
volta das 12 horas uma equipe multidisciplinar da SAMAM/IEC chega ao rio Murucupi e fez
a imediata constatação do lançamento de efluentes da lama vermelha no rio Murucupi através
da visível mudança da cor características de suas águas (Figura 01 – a) que passaram a ficar
avemelhadas (Figura 01 – b).
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Figura 01: Imagem do rio Murucupi próximo a ponte localizada na Vila dos
Cabanos. (a) Fotografia tirada no dia 27/01/2009. (b) Fotografia tirada no dia
do lançamento de efluentes da lama vermelha.
Imediatamente a equipe da SAMAM/IEC iniciou as atividades para coletas de
amostras de água, sedimentos de fundo, sedimentos em suspensão e plânctons objetivando se
identificar outros impactos ambientais decorrentes desse derramamento de efluentes além da
avaliação da extensão dos impactos.
Foram coletadas amostras nos mesmos oito pontos de amostragem que a equipe da
SAMAM/IEC havia coletado amostras um dia antes do derramamento de efluentes (Figura
02) aplicando-se duas ferramentas de análise: A primeira delas é a avaliação dos níveis de
alguns parâmetros físicos e químicos e comparação com os valores preconizados pela
Resolução CONAMA 357/2005 que estabelece os limites aceitáveis desses parâmetros em
águas superficiais tomando-se como referência águas Classe II, ou seja, aquelas utilizadas
para consumo humano após tratamento convencional, à proteção das comunidades aquáticas,
à recreação de contato primário, à irrigação e à aqüicultura; A segunda delas é a avaliação
química e biológica das características do rio Murucupi um dia antes e no dia do incidente
para identificar riscos à saúde da população e possíveis danos ao ecossistema.
OA
RRO
ZAL
RIO
MUR
UCU
PI
FUR
OD
R
IO
PA
RÁ
VILA DOS CABANOS
ÁREA DE
PRESERVAÇÃO
AMBIENTAL
COMUNIDADE
LARANJAL
ALUNORTE
BACIA DE REJEITO
Figura 02: Mapa de amostragem no rio Murucupi, município de Barcarena.
Amostras coletadas nos dias 27 e 28/04/2009 (Google Earth, 2009).
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2. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi constatado no dia 28/04/2009 que os impactos físicos com visível mudança de
coloração das águas do rio Murucupi atingiram toda a extensão dessa drenagem com
considerável diluição na foz com o Furo do Arrozal, sendo observados peixes mortos de pelo
menos duas espécies no dia 28/04/2009 (Figura 03).
(a) Coloração das águas do rio Murucupi
próximo a foz com o Furo do Arrozal no dia
28/04/2009
(b) Amostra de espécime de pescado
encontrado morto no rio Murucupi no dia
28/04/2009.
Figura 03: Observações das mudanças de coloração nas águas do rio Murucupi
e presença de peixes mortos durante o evento de escoamento de lama vermelha
no dia 28/04/2009.
2.1.
ANÁLISE DE METAIS
Os metais Ferro (Fe), Zinco (Zn) e Manganês (Mn) foram analisados no Laboratório
de Toxicologia, através da espectrometria de Absorção atômica com chama (FAA), no
equipamento Espectrômetro de Absorção Atômica Modelo SpectrAA 220 da VARIAN. O
controle das condições operacionais do SpectrAA 220 foi realizado com software Spectra,
para edição dos métodos analíticos e controle das condições operacionais.
Já os metais Alumínio (Al) e Bário (Ba) foram analisados por Espectrometria de
Emissão Atômica com Plasma Induzido (ICP OES), no equipamento ICP-OES Modelo VistaMPX CCD simultâneo, axial da VARIAN com um sistema de amostragem automático (SPS5). O controle das condições operacionais do ICP-OES foi realizada com o software ICPExpert Vista.
Para análises de Na, K, Li, Mg, Ca e NH4 as amostras foram filtradas em filtro marca
Millipore de poro 0,45um e em seguida analisadas via cromatografia de íons,em um sistema
ICS2000DUAL (DIONEX, USA) para a determinação de cátions. As condições analíticas de
cátions empregaram a coluna de guarda IONPAC CG12A e a de guarda CS12A de
2X250mm, o fluxo de 0,3mL/min, loop de injeção de 25uL e gradiente de acido
metanossulfônico variando de 10mL a 60mM de 0 a 15min, com 5min de reequilíbrio. No
sistema o forno de coluna ficou a 35oC, assegurando a reprodutibilidade dos tempos de
retenção e da resposta de condutividade em função da temperatura. A detecção foi feita por
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condutividade com supressão de membrana auto-regenerativa por eletrólise tanto para cátions,
com a cela a temperatura de 30oC. O background de cátions foi menor que 0,15uS.
2.1.1. Vazante do dia 27/04/2009
Na Tabela 01 são apresentados os resultados em mg/L das análises de metais e amônio
nas amostras de águas superficial no rio Murucupi no dia 27/04/2009, um dia antes do
acidente ambiental do escoamento de efluentes da bacia de resíduos do processo de
beneficiamento de bauxita no município de Barcarena, Estado do Pará.
Comparando-se esses resultados podemos observar que os níveis da maioria dos
compostos analisados estão de acordo com os limites estabelecidos para águas de Classe II
pela Resolução CONAMA (2005), entretanto, mesmo antes do acidente podemos observar
que os níveis de alumínio encontrados estavam ligeiramente acima ao limite preconizado de
0,1 mg/L.
Tabela 01: Resultados das análises de metais e amônio em amostras de água
superficial do rio Murucupi durante a maré vazante no dia 27/04/2009, um dia
antes do acidente ambiental de lançamento de efluentes da bacia de resíduos
(lama vermelha) do processo de beneficiamento de bauxita no município de
Barcarena, Estado do Pará.
Amostra
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
Li
0,001
0,001
0,003
0,001
0,000
0,000
0,000
0,001
Na
1,959
2,505
1,985
1,984
1,886
1,775
1,732
1,887
NH4
0,000
0,026
0,000
0,000
0,000
0,000
0,011
0,013
K
0,815
1,197
1,092
1,208
1,237
1,295
1,238
1,462
Mg
0,485
0,744
0,911
1,044
1,128
1,262
1,144
1,3741
Ca
7,931
8,170
8,956
9,490
9,835
9,808
8,957
10,611
Al
0,538
0,491
0,599
0,461
0,538
0,575
0,478
0,481
Ba
0,028
0,031
0,033
0,034
0,037
0,038
0,037
0,040
Mn
0,006
0,003
0,003
0,000
0,004
0,002
0,002
0,002
Zn
0,000
0,000
0,066
0,000
0,113
0,091
0,000
0,072
Fe
0,344
0,341
0,298
0,307
0,304
0,311
0,302
0,211
2.1.2. Vazante do dia 28/04/2009
Na Tabela 02 são apresentados os resultados em mg/L das análises de metais e amônio
nas amostras de águas superficial no rio Murucupi no dia 28/04/2009, amostras coletadas
durante o acidente ambiental de escoamento de efluentes da bacia de resíduos do processo de
beneficiamento de bauxita no município de Barcarena, Estado do Pará.
Comparando-se esses resultados podemos observar que os níveis da maioria dos
compostos analisados estão de acordo com os limites estabelecidos para águas de Classe II
pela Resolução CONAMA (2005), contudo, desta vez são observados que os níveis de Ferro e
Alumínio estão muito acima dos valores preconizados.
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Tabela 02: Resultados das análises de metais e amônio em amostras de água
superficial do rio Murucupi durante a maré vazante no dia 28/04/2009, durante
a ocorrência do acidente ambiental de lançamento de efluentes da bacia de
resíduos (lama vermelha) do processo de beneficiamento de bauxita no
município de Barcarena, Estado do Pará.
Amostra
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
Li
0,000
0,000
0,000
0,000
0,001
0,002
0,013
0,000
Na
29,769
17,972
32,551
32,615
24,717
19,252
15,646
10,097
NH4
0,326
0,359
0,314
0,227
0,246
0,200
0,206
0,112
K
1,081
1,198
1,051
1,053
1,011
1,053
1,165
1,091
Mg
0,217
0,707
0,265
0,293
0,282
0,371
0,484
1,766
Ca
9,576
8,889
8,495
8,689
8,394
9,902
8,470
6,389
Al
2,414
2,970
2,804
2,699
1,977
1,465
1,039
0,724
Ba
0,024
0,023
0,026
0,025
0,026
0,026
0,027
0,028
Mn
0,009
0,006
0,006
0,010
0,010
0,009
0,010
0,018
Zn
0,034
0,079
0,029
0,150
0,092
0,016
0,030
0,007
Fe
4,625
6,002
5,125
4,257
4,125
4,534
2,625
3,375
2.1.3. Comparativo Gráfico de Resultados
Como nossa equipe possui resultados das análises do dia 27/04/2009 e também no dia
28/04/2009 fizemos a comparação das alterações dos níveis de metais antes e depois do
lançamento de efluentes no rio Murucupi. A partir dessa comparação podemos observar de
imediato na Figura 04 o aumento significativo dos níveis de Na (Sódio) no rio Murucupi,
enquanto na Figura 05 também observamos a elevação significativa dos níveis de Al e Fe.
Esses níveis elevados desses metais podem causar danos imediatos aos ecossistemas,
alterando a diversidade das espécies e podendo contribuir para o aparecimento de peixes
mortos, ressaltando-se que os níveis elevados de Na são um indicativo indireto do lançamento
de resíduos ricos em soda cáustica no rio Murucupi.
35,0
35,0
30,0
30,0
25,0
25,0
20,0
20,0
15,0
15,0
10,0
10,0
5,0
5,0
0,0
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
Na
K
Pt04
Mg
Pt03
Pt02
Pt01
0,0
Pt08
Pt07
Pt06
Ca
(a) Vazante 27/04/2009
Pt05
Na
K
Pt04
Mg
Pt03
Pt02
Ca
(b) Vazante 28/04/2009
Figura 04: Gráficos comparativos dos resultados em mg/L de Na, K, Mg e Ca
no rio Murucupi. (a) No dia 27/04/2009 (antes do lançamento de efluentes); (b)
No dia 28/04/2009 (depois do lançamento de efluentes).
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CEP: 67000-000 - Fone: 3214-2093 - Fax: 3214-2250
Email: [email protected]
7,0
7,0
6,0
6,0
5,0
5,0
4,0
4,0
3,0
3,0
2,0
2,0
1,0
1,0
0,0
RELATÓRIO No
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12/5/2009
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Marcelo
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Arimatéia, Bruno e Vanessa
0,0
Pt08
Pt07
Pt06
Li
Pt05
NH4
Al
Pt04
Ba
Pt03
Mn
Zn
Fe
(a) Vazante 27/04/2009
Pt02
Pt01
Pt08
Pt07
Pt06
Li
Pt05
NH4
Al
Pt04
Ba
Mn
Pt03
Zn
Pt02
Pt01
Fe
(b) Vazante 28/04/2009
Figura 05: Gráficos comparativos dos resultados em mg/L de Li, NH4, Al, Ba,
Mn, Zn e Fe no rio Murucupi. (a) No dia 27/04/2009 (antes do lançamento de
efluentes); (b) No dia 28/04/2009 (depois do lançamento de efluentes).
2.2.
ANÁLISE DE ÂNIONS
As amostras de água foram filtradas em filtro marca Millipore de poro 0,45um e em
seguida analisadas via cromatografia de íons,em um sistema ICS2000DUAL (DIONEX,
USA) para a determinação de anions (fluoreto, cloreto, nitrito, nitrato, sulfato e fosfato). As
condições analíticas de anions empregaram em coluna de guarda IONPAC AG19 e a coluna
analítica IONPAC AS19 de 2x250mm, fluxo de 0,3mL/min, com loop de injeção de 25uL e
gradiente de de KOH variando de 9mM a 60mM de 0 a 15 min com 5min de reequilíbrio. No
sistema o forno de coluna ficou a 35oC, assegurando a reprodutibilidade dos tempos de
retenção e da resposta de condutividade em função da temperatura. A detecção foi feita por
condutividade com supressão de membrana auto-regenerativa por eletrólise para anions com a
cela a temperatura de 30oC. O background de anions é menor que 0,7 uS.
2.2.1. Vazante do dia 27/04/2009
Na Tabela 03 são apresentados os resultados em mg/L das análises de ânions nas
amostras de águas superficial no rio Murucupi no dia 27/04/2009, um dia antes do acidente
ambiental do lançamento de efluentes da bacia de resíduos do processo de beneficiamento de
bauxita no município de Barcarena, Estado do Pará.
Comparando-se esses resultados podemos observar que os níveis de todos os
compostos analisados estão de acordo com os limites estabelecidos para águas de Classe II
pela Resolução CONAMA (2005).
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12/5/2009
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Tabela 03: Resultados das análises de ânions em amostras de água superficial
do rio Murucupi durante a maré vazante no dia 27/04/2009, um dia antes do
acidente ambiental de lançamento de efluentes da bacia de resíduos (lama
vermelha) do processo de beneficiamento de bauxita no município de
Barcarena, Estado do Pará.
Amostra
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
F
0,018
0,022
0,024
0,027
0,028
0,030
0,028
0,037
Cl
2,252
2,957
2,046
1,957
1,900
1,596
1,608
1,639
NO2
0,002
0,003
0,001
0,001
0,001
0,000
0,001
0,000
Br
0,009
0,012
0,008
0,007
0,006
0,005
0,006
0,006
NO3
0,196
0,231
0,160
0,155
0,132
0,105
0,105
0,143
SO4
1,590
1,423
1,214
1,057
0,991
0,884
0,924
1,104
PO4
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,001
0,000
0,000
2.2.2. Vazante do dia 28/04/2009
Na Tabela 04 são apresentados os resultados em mg/L das análises de ânions nas
amostras de águas superficial do rio Murucupi no dia 28/04/2009, amostras coletadas durante
o acidente ambiental do lançamento de efluentes da bacia de resíduos do processo de
beneficiamento de bauxita no município de Barcarena, Estado do Pará.
Comparando-se esses resultados podemos observar que os níveis de todos os
compostos analisados estão de acordo com os limites estabelecidos para águas de Classe II
pela Resolução CONAMA (2005).
Tabela 04: Resultados das análises de ânions em amostras de água superficial
do rio Murucupi durante a maré vazante no dia 28/04/2009, durante a
ocorrência do acidente ambiental de lançamento de efluentes da bacia de
resíduos (lama vermelha) do processo de beneficiamento de bauxita no
município de Barcarena, Estado do Pará.
Amostra
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
F
0,180
0,147
0,180
0,174
0,141
0,102
0,080
0,113
Cl
3,992
2,595
8,450
12,672
2,861
2,531
2,264
2,160
NO2
0,009
0,005
0,008
0,008
0,005
0,004
0,003
0,002
Br
0,019
0,011
0,024
0,022
0,017
0,046
0,010
0,008
NO3
0,457
0,297
0,431
0,428
0,355
0,305
0,283
0,222
SO4
4,138
4,340
3,897
3,504
3,163
2,719
2,180
1,634
PO4
0,016
0,011
0,012
0,012
0,012
0,009
0,008
0,007
2.2.3. Comparativo Gráfico de Resultados
Como nossa equipe possui resultados das análises do dia 27/04/2009 e também no dia
28/04/2009 fizemos a comparação das alterações dos níveis de cloreto e sulfato antes e depois
do lançamento de efluentes no rio Murucupi. A partir dessa comparação podemos observar de
imediato na Figura 06 o ligeiro aumento dos níveis de cloreto e sulfato no rio Murucupi,
enquanto na Figura 07 também observamos a elevação de algumas magnitudes dos níveis de
Fluoreto e Nitrato. Apesar dos níveis alterados desses ânions, os valores ainda estão dentro
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dos limites aceitáveis pela Resolução CONAMA 357/2005, contudo em níveis mais baixos da
cadeia trófica esses valores já podem causar danos ao ecossistema.
14,0
14,0
12,0
12,0
10,0
10,0
8,0
8,0
6,0
6,0
4,0
4,0
2,0
2,0
0,0
0,0
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
Cl
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
SO4
Cl
(a) Vazante 27/04/2009
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
SO4
(b) Vazante 28/04/2009
Figura 06: Gráficos comparativos dos resultados em mg/L de Cl- e SO42- no
rio Murucupi. (a) No dia 27/04/2009 (antes do lançamento de efluentes); (b)
No dia 28/04/2009 (depois do lançamento de efluentes).
0,50
0,50
0,45
0,45
0,40
0,40
0,35
0,35
0,30
0,30
0,25
0,25
0,20
0,20
0,15
0,15
0,10
0,10
0,05
0,05
0,00
0,00
Pt08
Pt07
Pt06
F
Pt05
NO2
Pt04
Br
Pt03
NO3
Pt02
Pt01
Pt08
Pt07
Pt06
PO4
F
(a) Vazante 27/04/2009
Pt05
NO2
Pt04
Br
NO3
Pt03
Pt02
Pt01
PO4
(b) Vazante 28/04/2009
Figura 07: Gráficos comparativos dos resultados em mg/L de F-, NO2-, Br-,
NO3- e PO43- no rio Murucupi. (a) No dia 27/04/2009 (antes do lançamento de
efluentes); (b) No dia 28/04/2009 (depois do lançamento de efluentes).
2.3.
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS
As análises dos parâmetros físico-químicos que ocorreram por ocasião das coletas
foram: pH, Condutividade Elétrica, Temperatura e Sólidos Totais Dissolvidos (STD). Essas
determinações foram realizadas em campo, logo após os procedimentos de cada coleta,
®
utilizando o equipamento HI9828 da HANNA , previamente calibrado antes da sua
utilização.
Nas análises de Cor aparente e Turbidez os métodos analíticos empregados para a
determinação dos parâmetros analisados obedeceram aos procedimentos e recomendações
descritas no Standard Methods for Examination of Water and Wastewater (APHA/
AWWA/WEF, 1998) ou Procedures Manual HACH-Espectrophotometer DR-4000.
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2.3.1. Vazante do dia 27/04/2009
Na Tabela 05 são apresentados os resultados físico-químicos nas amostras de águas
superficial no rio Murucupi no dia 27/04/2009, um dia antes do acidente ambiental do
lançamento de efluentes da bacia de resíduos do processo de beneficiamento de bauxita no
município de Barcarena, Estado do Pará.
Comparando-se esses resultados podemos observar que os níveis da maioria dos
parâmetros analisados estão de acordo com os com os limites estabelecidos para águas de
Classe II pela Resolução CONAMA (2005). Ressalvando-se que no dia anterior os níveis de
oxigênio dissolvido já eram relativamente baixos nos pontos 08, 07 e 06.
Tabela 05: Resultados das análises físico-químicas em amostras de água
superficial do rio Murucupi durante a maré vazante no dia 27/04/2009, um dia
antes do acidente ambiental de lançamento de efluentes da bacia de resíduos
(lama vermelha) do processo de beneficiamento de bauxita no município de
Barcarena, Estado do Pará.
Amostra
pH
TEMP
CND
TDS
SAL
OD
TURB
6,11
26,78
37
19
0,02
1,43
45,0
Pt08
6,22
27,39
38
19
0,02
3,41
41,0
Pt07
6,36
27,81
38
19
0,02
4,26
46,5
Pt06
6,35
28,18
39
20
0,02
5,15
36,5
Pt05
6,69
28,33
40
20
0,02
6,11
34,5
Pt04
6,97
29,19
42
21
0,02
6,23
42,0
Pt03
6,70
28,38
40
20
0,02
6,53
35,5
Pt02
6,78
28,58
41
21
0,02
6,37
29,5
Pt01
CND: Condutividade ; TDS: Sólidos Totais Dissolvidos; SAL: Salinidade; OD:
Turbidez, STS: Sólidos Totais Solúveis, DQO: Demanda Química de Oxigênio
STS
29,0
27,0
30,0
22,0
22,5
32,0
28,5
21,0
Oxigênio
COR
DQO
21,0
22
27,0
19
32,0
18
28,5
22
32,0
15
27,0
16
45,5
15
30,0
13
Dissolvido; TURB:
2.3.2. Vazante do dia 28/04/2009
Na Tabela 06 são apresentados os resultados físico-químicos nas amostras de águas
superficial no rio Murucupi no dia 28/04/2009, amostras coletadas durante o acidente
ambiental do lançamento de efluentes da bacia de resíduos do processo de beneficiamento de
bauxita no município de Barcarena, Estado do Pará.
Comparando-se esses resultados podemos observar que os níveis da maioria dos
parâmetros analisados estão de acordo com os limites estabelecidos para águas de Classe II
pela Resolução CONAMA (2005). Contudo, são observadas alterações significativas em
parâmetros como condutividade, salinidade, oxigênio dissolvido (OD), turbidez, sólidos totais
em suspensão, cor real e demanda bioquímica de oxigênio. Esses resultados são condizentes
com as observações visuais de mudança na coloração da água durante o evento de lançamento
de efluentes. Segundo a CETESB, quando a condutividade é superior a 100 é um bom
indicativo indireto de poluição nas águas.
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Tabela 06: Resultados das análises de ânions em amostras de água superficial
do rio Murucupi durante a maré vazante no dia 28/04/2009, durante a
ocorrência do acidente ambiental de lançamento de efluentes da bacia de
resíduos (lama vermelha) do processo de beneficiamento de bauxita no
município de Barcarena, Estado do Pará.
Amostra
pH
TEMP
CND
TDS
SAL
OD
TURB
8,32
25,47
151
25
0,07
3,76
288,0
Pt08
6,38
25,96
149
74
0,07
3,89
383,0
Pt07
6,45
25,91
137
69
0,06
4,82
305,0
Pt06
6,46
25,92
124
62
0,06
5,23
366,5
Pt05
6,31
25,95
119
60
0,06
4,82
346,0
Pt04
6,34
26,14
98
49
0,04
5,58
284,0
Pt03
5,84
26,48
80
40
0,04
5,80
241,0
Pt02
5,69
26,91
63
32
0,03
5,46
174,0
Pt01
CND: Condutividade ; TDS: Sólidos Totais Dissolvidos; SAL: Salinidade; OD:
Turbidez, STS: Sólidos Totais Solúveis, DQO: Demanda Química de Oxigênio
STS
141,0
189,5
164,0
198,0
188,5
174,5
144,5
148,5
Oxigênio
COR
DQO
381,5
67
488,8
64
481,5
65
427,5
67
370,5
38
291,0
64
241,0
13
131,5
45
Dissolvido; TURB:
2.3.3. Comparativo Gráfico de Resultados
Como nossa equipe possui resultados das análises do dia 27/04/2009 e também no dia
28/04/2009 fizemos a comparação das alterações dos níveis de pH e OD antes e depois do
lançamento de efluentes no rio Murucupi. A partir dessa comparação podemos observar de
imediato na Figura 08 o aumento do nível de pH no ponto 08 e ligeira diminuição dos níveis
de OD no rio Murucupi, enquanto nas Figura 09 e 10 também observamos a elevação de
algumas magnitudes dos níveis dos outros parâmetros físico-químicos. Esses parâmetros
comprovam as mudanças químicas e físicas nas características originais do rio Murucupi, que
podem trazer alterações em níveis mais baixos da cadeia trófica nos quais essas mudanças
bruscas podem causar danos ao ecossistema.
Pt07
Pt06
Pt05
pH
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
MEIO ÁCIDO
MEIO ÁCIDO
Pt08
MEIO ALCALINO
MEIO ALCALINO
14
13
12
11
10
9
8
7
6
5
4
3
2
1
0
Pt08
Pt07
Pt06
OD
Pt05
pH
(a) Vazante 27/04/2009
Pt04
Pt03
Pt02
OD
(b) Vazante 28/04/2009
Figura 08: Gráficos comparativos dos resultados pH e OD no rio Murucupi.
(a) No dia 27/04/2009 (antes do lançamento de efluentes); (b) No dia
28/04/2009 (depois do lançamento de efluentes).
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600
600
500
500
400
400
300
300
200
200
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100
100
0
0
Pt08
Pt07
Pt06
CND
TDS
Pt05
Pt04
TURB
STS
Pt03
COR
Pt02
Pt08
Pt01
Pt07
Pt06
CND
DQO
(a) Vazante 27/04/2009
TDS
Pt05
Pt04
TURB
STS
Pt03
COR
Pt02
Pt01
DQO
(b) Vazante 28/04/2009
Figura 09: Gráficos comparativos dos resultados de Condutividade (CND),
TDS, Turbidêz, STS, Cor e DQO no rio Murucupi. (a) No dia 27/04/2009
(antes do lançamento de efluentes); (b) No dia 28/04/2009 (depois do
lançamento de efluentes).
0,08
0,08
0,07
0,07
0,06
0,06
0,05
0,05
0,04
0,04
0,03
0,03
0,02
0,02
0,01
0,01
0,00
0
Pt08
Pt07
Pt06
Pt05
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
Pt08
Pt07
Pt06
SAL
Pt05
Pt04
Pt03
Pt02
Pt01
SAL
(a) Vazante 27/04/2009
(b) Vazante 28/04/2009
Figura 10: Gráficos comparativos dos resultados em mg/L de salinidade rio
Murucupi. (a) No dia 27/04/2009 (antes do lançamento de efluentes); (b) No
dia 28/04/2009 (depois do lançamento de efluentes).
2.4.
ANÁLISES MICROBIOLÓGICAS
A Região Amazônica é conhecida mundialmente por sua disponibilidade hídrica e pela
grande quantidade de ecossistemas nela observados. Os rios amazônicos e ecossistemas
associados apresentam uma rica diversidade de fauna e flora de água doce de importância
global, destacando-se entre eles um grande agrupamento de organismos microscópicos
constituindo o que se conhece como plâncton.
A comunidade planctônica representa a base da cadeia alimentar dos ecossistemas
aquáticos e estudos sobre esta comunidade são historicamente relacionados aos fatores
ambientais, quer sejam físicos, químicos ou biológicos. Esta comunidade é composta por
diversas populações de organismos de praticamente todos os filos vivos e cada população é
caracterizada por sua relação estrutural e relações funcionais com as demais, sejam através
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das redes alimentares herbívora e microbiana (TUTNER e ROFF, 1993) ou por florações
planctônicas (SMAYDA e REYNOLDS, 2001).
O fitoplâncton corresponde ao nível trófico primário, estando constituído por algas
microscópicas e unicelulares, que flutuam preferencialmente na superfície da água. Estes
organismos sintetizam a matéria orgânica, utilizando a energia solar e os nutrientes essenciais
requeridos para o seu metabolismo e desenvolvimento, como o fósforo, nitrogênio, sílica e
oligoelementos, juntamente com o dióxido de carbono e água (GROSS e GROSS, 1996).
O zooplâncton representa o elo entre o fitoplâncton e os níveis mais altos da cadeia
alimentar nos ecossistemas aquáticos, repassando a matéria orgânica produzida pelo
fitoplâncton, concentrando desse modo energia em formas mais úteis para grandes
predadores, ou ainda, excretando nutrientes que podem contribuir novamente para a
produtividade do fitoplâncton (LIVINGSTON, 1964).
A comunidade zooplanctônica é formada por animais microscópicos que vivem em
suspensão, sendo rotíferos, cladóceros e copépodes os grupos dominantes no ambiente de
água doce. Estes organismos são importantes na manutenção do equilíbrio do ambiente
aquático, podendo atuar como reguladores da comunidade fitoplanctônica (utilizando-a como
alimento) e na reciclagem de nutrientes, além de servirem de alimento para diversas espécies
de peixes.
Considerando a capacidade dos organismos planctônicos de colonizarem todos os
ambientes dulcícolas, constituindo a base da cadeia alimentar; e de responderem prontamente
às mudanças que ocorrem nestes corpos d’água, além de participarem ativamente da ciclagem
de nutrientes, essa comunidade constitui um importante elemento para avaliação da qualidade
ambiental (MARGALEF 1983, STEVENSON e SMOL, 2003), pois apresentam um caráter
muito dinâmico, com elevadas taxas de reprodução e perda, respondendo rapidamente às
alterações físico-químicas do meio aquático.
2.4.1. Metodologias
As amostragens foram realizadas no rio Murucupi, na maré vazante dos dias 27 de
abril/2009 (antes do acidente) e 28 de abril/2009 (após o acidente) (Figura 11). Foram
efetuadas medições in situ dos parâmetros (fatores) físico-químicos (temperatura, salinidade,
pH, oxigênio dissolvido e transparência da água), bem como a coleta de água para
determinação dos fatores bióticos (fitoplâncton, zooplâncton e cianobactérias).
(a)
(b)
Figura 11: Rio Murucupi: (A) Amostragem no dia 27 de abril/2009 e (B)
Amostragem no dia 28 de abril/2009.
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2.4.1.1.
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Metodologia de Campo
a) Amostragem de Plânctons e Cianobactérias
As amostras biológicas destinadas ao estudo qualitativo do fitoplâncton e das
cianobactérias, e quali-quantitativo do zooplâncton foram sendo coletadas na superfície da
água, utilizando-se redes de plâncton com malhas de 20, 64 e 120 μm de abertura de malha,
através da filtragem de água com o auxilio de um balde graduado ou em arrastos horizontais
por 3 minutos na superfície da água (Figura 12). Após a coleta o material foi fixado em
solução de transeau, para o fitoplâncton, segundo BICUDO & MENEZES (2006); e em
formol a 4% para o zooplâncton. Todo o material foi acondicionado em frascos plásticos de
polipropileno de 250 ml, os quais foram identificados com uma etiqueta padronizada
contendo informações sobre as estações de coleta.
As amostras para a determinação da densidade fitoplanctônica e determinação de
cianotoxinas foram obtidas através de coleta direta na sub-superfície utilizando-se um frasco
de polipropileno de 125 e 5000 ml, respectivamente (Figura 13). Imediatamente após a coleta
as amostras para o estudo do fitoplâncton foram fixadas com solução de lugol, segundo
BICUDO & MENEZES (2006) e as amostras de cianotoxinas foram acondicionadas em
caixas de isopor com gelo, onde permaneceram até o transporte até o laboratório.
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A
B
C
D
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Figura 12: Metodologia de amostragem da comunidade planctônica. A –
Coleta com auxílio de balde graduado; C – Coleta através de arrasto horizontal;
C e D – Concentração da amostra no copo da rede e no frasco.
A
B
Figura 13: Coleta direta para: A - fitoplâncton quantitativo e B – cianotoxina.
2.4.1.2.
Metodologia de Laboratório
a) Análise de Plâncton e Cianobactérias
A identificação taxonômica dos representantes da comunidade planctônica e das
cianobactérias foi realizada através de montagens lâmina-lamínula, que são observadas em
microscópio óptico, onde, para cada amostra, foram preparadas, no mínimo, três lâminas
(Figura 14).
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A identificação dos táxons do fitoplâncton e das cinaobactérias vem sendo realizada
até o nível específico, quando possível, de acordo com a seguinte literatura: DESIKACHARY
(1959), BOURRELLY (1972); BOURRELLY (1981); BOURRELLY (1988); ROUND et
al.(1990), TOMAS (1997), BICUDO & MENEZES (2006), SANT’ ANNA et al. (2004,
2006), CALIJURI et al. (2006) e a organização e apresentação dos táxons foram realizadas
conforme a classificação disponível em ALGAE BASE.
A determinação sistemática do zooplâncton foi baseada nos trabalhos de: WRIGHT
(1936), FERRARI & BOWMAN (1980), ROCHA (1985), STREBLE & KRAUTER (1987),
KOROVCHINSKY (1992), NOGRADY et al. (1993), SEGERS (1995) e ELMOORLOUREIRO (1997) e o arranjo taxonômico adotado para os grandes grupos foi baseado em
RUPPERT & BARNES (1996).
A freqüência de ocorrência das espécies foi calculada a partir da relação entre o
número de amostras, em que cada espécie ocorreu e o número total de amostras analisadas. O
resultado foi expresso em percentagem e enquadrado nas seguintes categorias: muito
freqüente (≥ 70%), freqüente (< 70% e ≥ 40%), pouco freqüente (< 40% e ≥ 10%) e
esporádica (< 10%) (MATEUCCI e COLMA, 1982).
O índice diversidade específica (H’) foi calculado segundo Shannon (1948).
Para as cianobactérias, além de proceder à identificação dos táxons das mesmas, foram
realizados testes para detecção de microcistinas em água superficial utilizando o kit de
detecção de microcistina em tubo da Envirologix (Figura 15), seguindo o protocolo do
fabricante.
A
B
Figura 14: Metodologia de análise da comunidade planctônica. A – montagem
de lâmina-lamínula; B – análise ao microscópio óptico.
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B
Figura 15: Metodologia de detecção de microcistinas em tubo de Envirologix.
A – realização do teste e B – resultado do teste.
2.4.2. Análise do Fitoplâncton
2.4.2.1.
Composição
O levantamento taxonômico da comunidade fitoplanctônica do Rio Murucupi, no
período de 27 a 28 de abril/2009 (antes e após o acidente ambiental) possibilitou a
identificação de 45 espécies, estando essas distribuídas em 7 classes, 18 ordens, 28 famílias e
32 gêneros, pertencentes às divisões Cyanophyta (2 spp.), Chlorophyta (2 spp.), Charophyta
(6 spp.) e Bacillariophyta (35 spp.).
No dia 27 de abril/2009 o fitoplâncton esteve representado por um total de 45 espécies
distribuídas nas quatro divisões registradas para o rio Murucupi, já no dia após o acidente
ambiental foi possível observar a ausência de representantes das divisões Cyanophyta e
Chlorophyta, e a redução brusca do número de espécies do grupo mais representativo
(Bacillariophyta), que passou de 35 espécies no dia 27 para 15 espécies no dia 28 de abril
(Figura 16).
As diatomáceas foram dominantes qualitativamente em ambos os dias de amostragem,
representando 77,78% do total de espécies identificadas no dia 27 de abril/2009
(representadas por 4 classes, 13 ordens, 21 famílias, 21 gêneros e 35 espécies) e 83,33 no dia
28 de abril/2009 (representadas por 4 classes, 13 ordens, 21 famílias, 21 gêneros e 35
espécies). As famílias mais representativas para o dia anterior ao acidente ambiental foram,
Coscinodiscaceae (5 spp.) e Thalassiosiraceae (4 spp.), destacando-se os gêneros Coscinidicus
Ehrenberg e Thalassiosira Cleve, por terem sido representadas por um total de 5 e 4 espécies,
respectivamente. Já para o dia posterior ao acidente as famílias Thalassiosiraceae
Stephanodiscaceae e Heliopeltaceae com três, duas e duas espécies, respectivamente.
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Figura 16: Variação do número de espécies do fitoplâncton registradas no rio
Murucupi (Barcarena, Pará, Brasil), no período antes e após o acidente
ambiental (dia 27 e 28 de abril/2009).
2.4.2.2.
Freqüência e Ocorrência
As microalgas foram categorizadas com base em sua ocorrência em: pouco frequênte
(55,0%), seguidas pelas espécies frequêntes (22,5%) e muito frequêntes (9,09%) (Figura 17).
A maior representatividade de espécies pouco freqüêntes se deve a alteração na composição
fitoplânctonica após o acidente ambiental. As espécies Aulacoseira granulata, Aulacoseira
sp., Coscinodiscus spp. e Hyalotheca sp. estiveram presentes em 100% das amostras
analisadas.
Figura 17: Distribuição percentual da freqüência de ocorrência das espécies do
fitoplâncton coletado no Rio Murucupi (Barcarena, Pará, Brasil), antes e após o
acidente ambiental (dias 27 e 28 de abril/2009).
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As espécies Staurodesmus dickey, Thalassiosira leptopus e Thalassiosira subtilis
apresentaram ocorrência apenas após o acidente ambiental, fato que pode estar associado à
maior resistência de tais espécies às características físico-químicas do Rio Murucupi.
2.4.2.3.
Densidade
A densidade fitoplanctônica total variou de 1,28 x 104 cel.L-1 na estação 8 (28 de
abril/2009) a 7,6 x 104 cel.L-1 na estação 1 (27 de abril/2009) (Figura 18). Assim como
observado para a riqueza de espécies, a densidade também sofreu uma brusca queda após o
acidente ambiental.
Figura 18: Variação da densidade fitoplanctônica x 10 4 (cel.L-1) no Rio
Murucupi (Barcarena, Pará, Brasil), antes e após o acidente ambiental (dias 27
e 28 de abril/2009).
2.4.2.4.
Índice de Diversidade
O índice de diversidade de Shannon & Weaver (H’) variou de 2,59 na estação 1 (28 de
abril/2009) a 3,11 bits.cel-1 também na estação 1 (27 de abril/2009). Os maiores valores de
índice de diversidade foram registrados na coleta realizada antes do acidente (3,09 ± 0,02) e
os menores no dia 28 de abril/2009 (2,66 ± 0,10) (Figura 19).
As alterações na composição, riqueza, densidade e diversidade da comunidade
fitoplanctônica após o acidente ambiental ocorrido na noite do dia 27 de abril/2009, podem
ser atribuídas principalmente às modificações dos parâmetros físicos e químicos da água,
podendo-se destacar entre eles a turbidez, que passou de 28,75±8,13 no dia 27 de abril para
231,00±80,61, após o derramamento. O aumento da turbidez afetou a disponibilidade de luz,
prejudicando assim, a realização da fotossíntese e, conseqüentemente, a reprodução das algas.
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Figura 19: Variação do índice de diversidade (H’) no Rio Murucupi
(Barcarena, Pará, Brasil), antes e após o acidente ambiental (dias 27 e 28 de
abril/2009).
Huszar (1994), estudando um lago impactado por rejeitos de bauxita da mineração de
bauxita (argilas), observou que o número de espécies, o biovolume e a densidade das espécies
fitoplanctônicas foram muito baixos, como os dados observados no presente estudo após o
acidente ambiental. Silva (1995) detectou, também no lago Batata, uma menor produção
primária nas estações impactadas pelo rejeito de bauxita. Os autores atribuíram tal
comportamento à constante suspensão das argilas devido à ação do vento, o que teria
provocado a sedimentação das algas juntamente com as partículas de argila e também aos
baixos valores de transparência.
Segundo De Jesus et al. (2004), em 2003 ocorreu um vazamento de lama vermelha
que atingiu as nascentes deste rio, tendo sido possível observar a mudança na tonalidade das
águas com o aumento nos teores de alumínio e sódio desde a nascente até a foz do rio. De
acordo com Pereira et al. (2007 ), a produção de lama vermelha pelas fábricas de alumina
constitui um problema ambiental de proporções consideráveis, devido ao volume gerado em
uma fábrica de alumina típica; e o rio Murucupi vem sendo alvo de tais eventos.
Ressaltando-se a importância de que a algas constituintes da comunidade
fitoplanctônica representam o primeiro passo no processo de fixação de carbono através da
fotossíntese, representando a base da cadeia alimentar, e tais alterações observadas poderão
refletir nos demais níveis da cadeia alimentar aquática.
2.4.3. Análise do Zooplâncton
2.4.3.1.
Composição
Durante o período coletado (dias 27 e 28 de abril de 2009), antes e após o acidente
ambiental no rio Murucupi, foram registradas 18 espécies/grupos entre os seguintes filos:
Ciliophora, Rotifera e Arthropoda, além dos estágios naupliares de crustáceos.
Os rotíferos representaram o grupo mais abundante, em termos de densidade e
espécies registradas, além de, também ter apresentado maior redução (cerca de 50%) no
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número de indivíduos identificados, quando comparados os dois período de estudo (Figura
20). Este grupo é amplamente estudado como indicadores biológicos da qualidade ambiental
em ecossistemas aquáticos, podendo ser utilizado para comparações e diagnósticos dos
impactos ocorridos na área (NEUMANN-LEITÃO et al., 1992).
Número de Indivíduos Identificados
9
8
7
27/abr
6
28/abr
5
4
3
2
1
0
CILIOPHORA
ROTIFERA
COPEPODA
CLADOCERA
Divisões Registradas
Figura 20: Variação do número de indivíduos do zooplâncton registrados no
rio Murucupi (Barcarena, Pará, Brasil), no período antes e após o acidente
ambiental (dia 27 e 28 de abril/2009).
2.4.3.2.
Freqüência e Ocorrência
Entre as espécies/grupos identificados, as que mais se destacaram, em termos de
freqüência de ocorrência (%), foram: Oithona sp.1 (100%), Tintinnina sp.1 (75%), Rotária
sp.1 (75%), além de nauplios de crustáceos (75%). Muitas das espécies presentes na área em
estudo, são indicadoras de poluição orgânica, entre estas destacam-se Rotaria sp.1 e Rotaria
sp.3, que são características de águas fortemente poluídas (Pontin e Langley, 1993).
2.4.3.3.
Densidade
Quanto a densidade dos organismos zooplanctônicos, observou-se uma redução no
número de indivíduos registrados, onde os valores mais elevados (8.500 ind.m-³), na estação
08, sofreram drástica diminuição após o acidente ambiental detectado (Figura 21).
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Densidade (ind.m-³)
9000
7000
5000
3000
1000
1
8
1
antes
8
depois
Estações de Coleta
Figura 21: Variação da densidade de organismos zooplanctônicos registrados
no rio Murucupi (Barcarena, Pará, Brasil), no período antes e após o acidente
ambiental (dia 27 e 28 de abril/2009).
2.4.3.4.
Índice de Diversidade
A diversidade específica, apresentou valores mais elevados na estação 08 (2,73
bits.ind-1), antes do derramamento, e diminui à medida que a qualidade da água foi
comprometida com entrada de efluentes tóxicos e/ou poucos toleráveis a grande maioria das
espécies registradas (Figura 22). É provável que este fato seja um reflexo da sensibilidade da
maioria das espécies/grupos existentes, a atual condição da superfície da água observada após
o acidente ambiental registrado.
Índice de Diversidade (bits.ind.-¹)
3,0
2,6
2,2
1,8
1,4
1,0
1
8
1
antes
8
depois
Estações de Coleta
Figura 22: Variação do índice de diversidade (bits.ind-¹) registrado para o Rio
Murucupi (Barcarena, Pará, Brasil), no período antes e após o acidente
ambiental (dia 27 e 28 de abril/2009).
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O derramamento de lama vermelha no rio Murucupi pode ter afetado o estado trófico
da comunidade zooplanctônica uma vez que, essa comunidade é composta por seres com
grande sensibilidade ambiental e respondem a diversos tipos de impactos, tanto pela alteração
na quantidade de seus organismos como na composição e diversidade de seus componentes
(Marneffe et al., 1996).
Bozelli (1994), em estudo realizado no Lago Batata (PA), observou alterações, sob
interferência de diversas concentrações de rejeito de bauxita em suspensão, nos diversos
aspectos do ciclo de vida de espécies zooplanctônicas, principalmente em cladóceros.
Segundo o referido autor, a presença de bauxita interferiu negativamente sobre a
sobrevivência, fecundidade, idade e tamanho da primeira reprodução, além de outras variáveis
analisadas.
Outros estudos, como os de Mac-Quhae et. al (2007), realizados no rio Orinoco
(Venezuela), mostram que níveis de Hidróxido de Sódio (NaOH) acima de 21,61 mg. L-1 são
letais a alguns organismos planctônicos. O aumento do pH no meio, pelo efeito do NaOH,
dificulta a separação das moléculas de oxigênio da hemolinfa de alguns microcrustáceos
gerando um déficit de energia obstruindo a chegada de oxigênio aos músculos ocasionando a
morte dos indivíduos.
A partir dos resultados obtidos, é possível inferir sobre a sensibilidade da comunidade
biológica, principalmente na comunidade de microinvertebrados, aos impactos ambientais,
apresentando espécies indicadoras de ambientes fortemente poluídos, como a espécie Rotaria
sp.1 e, conseqüentemente, a diminuição da diversidade local, demonstrando o processo de
degradação ecológica que o rio Murucupi vem sendo submetido.
2.4.4. Cianobactérias e Cianotoxinas
Foram registrados apenas duas espécies (Lyngbya sp. e Microcystis sp.)para o rio
Murucupi, ambas com ocorrência no dia 27 de abril/2009. Após o acidente não foi registrado
nenhum representante deste grupo.
A Tabela 1 apresenta o resultado das análises de detecção de microcistinas para o Rio
Murucupi nos dias 27 e 28 de abril/2009, onde é possível observar que não houve variação
entre os dois dias estudados.
Tabela 1. Resultados da detecção de microcistina em águas superficiais do Rio
Murucupi (Barcarena, Pará, Brasil), pelo método de Elisa, antes e após o
acidente ambiental (dias 27 e 28 de abril/2009).
DATA
27/04/2009
28/04/2009
PONTOS
PT 01
(VAZ)
PT 08
(VAZ)
PT 01
(VAZ)
PT 08
(VAZ)
RESULTADOS
Entre 0,5 e 3.0 ppb de
Microcistina
Entre 0,5 e 3.0 ppb de
Microcistina
Entre 0,5 e 3.0 ppb de
Microcistina
Entre 0,5 e 3.0 ppb de
Microcistina
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3. CONCLUSÕES
• O escoamento de efluentes da lama vermelha no Rio Murucupi provocaram alterações
físicas e químicas da água o que ocasionou impactos ambientais com conseqüentes
situações de risco a saúde das populações através do contato primário com águas de
elevado pH e levou a modificações na estrutura das comunidades bióticas locais;
• Durante o escoamento dos resíduos de lama vermelha no rio Murucupi as
comunidades fitoplanctônica e zooplanctônicas apresentaram significativa redução na
riqueza, densidade e diversidade após o acidente ambiental;
• Durante o escoamento de lama vermelha no rio Murucupi não foram observadas
diferenças com relação à concentração de cianotoxinas entre os dias de amostragem;
• A instalação da bacia de resíduos do processo de beneficiamento de bauxita próximo
as nascentes do rio Murucupi representa uma situação de risco aos ecossistemas
aquáticos e a saúde da população ribeirinha que reside nas margens dessa drenagem,
considerando-se a possibilidade eminente de vazamentos de resíduos cáusticos, fato
que já vem ocorrendo nos últimos anos no rio Murucupi, município de Barcarena,
Estado do Pará;
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
• Ainda estão sendo processadas amostras para análises químicas nas amostras de
sedimentos antes e durante o acidente ambiental, resultados que estarão prontos
somente após 20 dias;
• A Seção de Meio Ambiente (SAMAM) do Instituto Evandro Chagas (IEC) nos
próximos 30 dias continuará fazendo amostragens no rio Murucupi objetivando
estudos de autodepuração que irão delinear o tempo necessário para recuperação total
dessa drenagem;
• Durante o acidente ambiental todas as comunidades que usam as águas do rio
Murucupi para consumo ou contato primário ficaram prejudicadas sem que fossem
observadas medidas emergenciais;
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5. VALIDAÇÃO
A Seção de Meio Ambiente (SAMAM) do Instituto Evandro Chagas (IEC) valida os
dados acima apresentados e autentica a qualidade de todas as análises químicas, físicoquímicas e microbiológicas.
Dra. Elisabeth Conceição de Oliveira Santos
Diretora do Instituto Evandro Chagas
Iracina Maura de Jesus
Chefe da SAMAM/IEC
Marcelo de Oliveira Lima
Coordenador das Atividades
Kleber R. F. Faial
Responsável pelo Laboratório de Toxicologia
Vanessa Bandeira da Costa
Responsável Substituta pelo Laboratório de Microbiologia Ambiental
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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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BOURRELLY, P.C. Les Algues D'eau Douce: Initiation a la Systematique, 3: Les Algues
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Instituto Evandro Chagas, Belém, Pará. 06/2003.
BRABO, E.S.; LIMA, M.O., SANTOS. Relatório Técnico: Avaliação do Impacto no rio
Murucupi em decorrência do Transbordo de Efluentes da Bacia de Rejeitos Sólidos da
ALUNORTE no Município de Barcarena-Pa. Instituto Evandro Chagas, Belém, Pará.
06/2003.
CALIJURI, M.C.; ALVES, M.S.A.; SANTOS, A.C.A. Cianobactérias e Cianotoxinas em
Águas Continentais. São Carlos: Rima. 2006. 118 p.
CONAMA. Ministério do Meio Ambiente – Resolução Nº. 357 de 17 de março de 2005.
Dispõe sobre a Classificação dos Corpos de Água e Diretrizes Ambientais para o seu
Enquadramento, bem como Estabelece as Condições e Padrões de Lançamento de Efluentes.
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CONSTANTINO, V.R.L.; ARAKI, K.; SILVA, D.O.; OLIVEIRA, W. Preparação de
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DE JESUS, I. M., SANTOS, E.C.O, BRABO, E. S., LIMA, M. O., MENDES, R. A., FAIAL,
K. R. F., CARNEIRO, B. S., MASCARENHAS, A. S., SILVA, J. K. R., CARNEIRO, J. S.,
RODRIGUES, A. V., BATISTA, E. F., FAIAL, K. F., BARBOSA, F. F. S., “Avaliação dos
Impactos Ambientais no Rio Murucupi em Decorrência do Transbordo de Efluentes de uma
Bacia de Resíduos Sólidos no Município de Barcarena-Pará”, In: Congresso da Associação
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