Patologia da articulação esterno-clavicular Sternoclavicular joint

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Patologia da articulação esterno-clavicular Sternoclavicular joint
ARTIGO DE REVISÃO/REVISION ARTICLE
Patologia da articulação esterno-clavicular
Sternoclavicular joint pathology
Rui Claro, José Manuel Lourenço
Serviço de Ortopedia. Hospital Geral do Santo António, Porto
Orthopedics Department, Santo António General Hospital, Oporto
RESUMO
ABSTRACT
As lesões da articulação esterno-clavicular são raras e por
norma colocam dificuldades quanto ao seu correcto diagnóstico.
O tratamento deste tipo de lesões não é consensual, contribuindo para este facto, a sua raridade e a escassez de publicações sobre esta articulação.
Os autores fazem uma apresentação sumária das lesões traumáticas e não-traumáticas que podem afectar a articulação
esterno-clavicular, abordando as suas características anatomofisiológicas, epidemiológicas e clínicas, bem como o seu adequado tratamento tendo em conta o actual estado de conhecimentos.
Lesions of the sternoclavicular joint are rare and usually
difficult to diagnose. Treatment is not consensual, mainly
because of their rarity and because there are few publications on
this subject.
This paper reviews the traumatic and atraumatic conditions affecting the sternoclavicular joint, describes their anatomophysiological, epidemiological and clinical characteristics,
and discusses the most effective treatment in the light of current
knowledge.
Palavras-chave: Esterno-clavicular, Traumatismo, Clavícula, Ombro
Key Words: Sternoclavicular, Trauma, Clavicle, Shoulder
Volume 15 • Fascículo III • 2007
Revista Portuguesa de Ortopedia e Traumatologia
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INTRODUÇÃO
INTRODUCTION
As lesões da articulação esterno-clavicular são raras e
por norma colocam dificuldades no diagnóstico e no adequado tratamento. Permanecendo assim, um “mistério”
para muitos ortopedistas.
Este artigo tem como objectivos a apresentação das
patologias que podem afectar a articulação esterno-clavicular e o seu tratamento mais consensual.
Lesions of the sternoclavicular joint are rare, and often
difficult to diagnosis and treat. For this reason, they
remain something of a ‘mystery’ for many orthopedists.
This article presents the various pathologies that might
affect the sternoclavicular joint and describes the most
consensual treatment for them.
ANATOMY
ANATOMIA
A clavícula forma-se por ossificação intra-membranosa à 5ª semana de vida intra-uterina e é o primeiro osso
longo a ossificar. Contudo a epífise medial clavicular é a
última a surgir, a última epífise a ossificar (18-20 anos),
e funde-se com a diáfise clavicular aos 23-25 anos de
idade [1].
A articulação esterno-clavicular (EC) consiste na
extremidade medial da clavícula que articula com o
manúbrio esternal e o bordo da primeira cartilagem costal adjacente. É uma articulação do tipo diartrodial e é a
única articulação entre o esqueleto apendicular superior
e o axial.
Embora seja uma articulação de pequenas dimensões,
incongruente e sujeita a forças sempre que o membro
superior se movimenta, os episódios de luxação são raros.
Contribuindo para esta estabilidade a forte estrutura ligamentar (ligamento intra-articular, ligamento costo-clavicular, ligamento inter-clavicular e cápsula articular) [2].
Em termos cirúrgicos, devem ser tidas sempre em
atenção as estruturas mediastínicas que se relacionam
com a superfície posterior desta articulação: os grandes
vasos, a traqueia e o esófago.
LESÕES TRAUMÁTICAS
Epidemiologia
As lesões traumáticas da articulação EC são raras, contribuindo em cerca de 3% para o total dos traumatismos
da região do ombro. As principais causas são os acidentes com veículos motorizados (40%) e os acidentes desportivos (21%) [3]. O mecanismo do traumatismo pode
ser directo (força aplicada directamente sobre a articulação, condicionando uma luxação posterior) (fig. 1) ou
indirecto (força aplicada no sentido antero-lateral ou postero-lateral do ombro, condicionando uma luxação anterior ou posterior, respectivamente) (figs. 2.a e 2.b). O
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The clavicle is formed by intramembranous ossification in the 5th week of intrauterine life and is the first
long bone to ossify. However, the medial clavicular epiphysis is the last to appear and the last epiphysis to ossify (at 18-20 years), and it only fuses with the clavicular
diaphysis at 23-25 years of age [1].
The sternoclavicular joint (SCJ) consists of the medial tip of the clavicle which articulates with the sternal
manubrium and the edge of the first adjacent rib cartilage. It is a diarthrodial type joint and the only one
between the upper appendicular and axial skeleton.
Although it is a small incongruent joint that is subjected to forces whenever the upper limb is moved, dislocation is nevertheless rare. The strong ligament structure
(intra-articular ligament, costoclavicular ligament,
interclavicular ligament and joint capsule) contributes
to this stability [2].
When surgery is considered, the mediastinic structures
(large veins, trachea and oesophagus) should always be
taken into account, as these connect with the posterior
surface of this joint.
TRAUMATIC INJURIES
Epidemiology
Traumatic injuries of the SCJ are rare, accounting for
only around 3% of all traumas in the shoulder region.
Fig. 1 – Traumatismo directo da articulação esterno-clavicular
Fig. 1 – Direct trauma of the sternoclavicular joint.
Fig. 2.a – Traumatismo indirecto da articulação esterno-clavicular.
Força aplicada na região antero-lateral do ombro
Fig 2.b – Traumatismo indirecto da articulação esterno-clavicular.
Força aplicada na região postero-lateral do ombro
Fig. 2a – Indirect trauma of the sternoclavicular joint. Force applied
in the anterolateral region of the shoulder.
Fig. 2b – Indirect trauma of the sternoclavicular joint. Force applied
in the posterolateral region of the shoulder
mecanismo indirecto é o mais comum, tal como a luxação anterior [2].
The main causes are motor accidents (40%) and sporting
accidents (21%) [3]. The trauma mechanism may be
direct (force applied directly onto the joint, leading to posterior luxation) (Fig.1) or indirect (force applied in the
anterolateral or posterolateral direction of the shoulder,
leading to anterior or posterior dislocation respectively)
(Figs. 2a and 2b). The indirect mechanism is more common, as is anterior dislocation [2].
Diagnóstico
História e exame físico
O doente com uma lesão da articulação EC refere dor
severa com qualquer movimento do membro superior
ipsilateral, apresentando edema local doloroso à palpação (fig. 3). A dor é agravada com a posição supina e
quando os ombros são pressionados um contra o outro.
Pode ser bastante difícil diferenciar uma luxação anterior de uma luxação posterior da articulação EC, tendo
por base apenas o exame físico. De um modo académico,
nas luxações anteriores, a extremidade medial da clavícula é proeminente e palpável. Nas luxações posteriores a
extremidade medial da clavícula não é palpável e é menos
proeminente. Contudo, a sua apresentação clínica pode
ser bem mais exuberante, atendendo a que as estruturas
mediastínicas podem ser comprimidas levando a situações de congestão venosa do pescoço e membros superiores, dificuldades respiratórias, rouquidão, hipotensão
e choque [2,4].
Estudo radiológico
As luxações esterno-claviculares podem ser, por vezes,
observadas em exames de RX simples do tórax. Estão
descritas incidências especiais: Heining, Hoobs e “serendipity”. A mais utilizada é a incidência “serendipity”
escrita por Rockwood (imagem das duas articulações
esterno-claviculares obtida com 40º de angulação cefálica) [4].
Diagnosis
History and physical examination
Patients with SCJ lesions complain of severe pain
upon any movement of the ipsilateral arm, and there is
local painful swelling upon palpation (Fig. 3). The pain
is aggravated in the supine position and whenever the
shoulders are pressed together.
It can be difficult to distinguish between an anterior
and posterior dislocation of the SC joint by physical
examination alone. Theoretically, in anterior dislocations, the medial tip of the clavicle is protuberant and
palpable, while in posterior luxations, it is not. However, the clinical presentation may be considerably more
exuberant, as the mediastinic structures may be compressed, leading to venous congestion in the neck and
arms, respiratory problems, hoarseness, hypotension and
shock [2,4].
Radiological study
Sternoclavicular dislocations may sometimes be
observable in simple X-ray examinations of the thorax.
Special views have been described, such as the Heining,
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Hoobs and ‘serendipity’ projections. The most frequently
used is the ‘serendipity’ projection described by Rockwood,
which, with 40º cephalic angulation, gives a view of the
two sternoclavicular joints obtained) [4].
The best examination for the study of the SC joint is
the CAT scan, which distinguishes fractures of the distal
tip of the clavicle, epiphyseal injuries and dislocations
(Fig. 4). MRI should be reserved for particular situations in which it is necessary to visualise the intra-articular region, the epiphysis and the structures surrounding
the SC joint.
Classification and Treatment
Fig. 3 – Doente com luxação anterior da articulação esterno-clavicular apresentando equimose extensa e edema local
Fig. 3 – Patient with anterior dislocation of the sternoclavicular joint,
presenting extensive ecchymosis and local swelling
O melhor exame para estudo da articulação EC é a
TAC. Através da qual se podem distinguir fracturas da
extremidade distal da clavícula, lesões da epífise e luxações (fig. 4).
A RMN está reservada para situações pontuais, em
que se pretende observar a região intra-articular, a epífise, e as estruturas envolvendo a articulação EC.
Classificação e Tratamento
Injuries of the epiphysis
Given the characteristics of the medial ephysis of the
clavicle described above, a dislocation of the SC joint in
a 20-year-old male could in fact be an epiphyseal injury.
If the injury occurred less than 10 days before, closed
reduction of the epiphyseal lesions should always be performed. After this period, if there are no signs or symptoms of mediastinic compression, this type of injury may
be treated symptomatically.
If there are any signs and symptoms of compression of
the mediastinic structures (asphyxia, dysphagia, vein
congestion in the ipsilateral arm and/or neck), closed
reduction should be attempted, with surgical reduction
reserved only for cases when this has not been successful
[2,4].
Lesões da epífise
Atendendo às características já descritas da epífise
medial da clavícula, as situações de luxação da articulação
EC num indivíduo de 20 anos de idade, podem ser na
verdade, lesões epifisárias.
A redução fechada das lesões epifisárias deve ser sempre realizada, se o traumatismo ocorreu há menos de 10
dias. Após este período de tempo, se não existirem sinais
e/ou sintomas de compressão mediastínica, este tipo de
lesões deve ser tratado sintomaticamente.
Se existirem sinais e sintomas de compressão das
estruturas mediastínicas (asfixia, disfagia, congestão
venosa do membro superior ipsilateral e/ou do pescoço)
deve ser tentada a redução fechada, estando a redução
cirúrgica reservada apenas para os casos em que a redução fechada não é conseguida [2,4].
Entorse ou subluxação
As situações de entorse da articulação EC podem ser
classificadas clinicamente como ligeiras ou moderadas.
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Fig. 4 – TAC das articulações esterno-claviculares onde se observa
luxação posterior da articulação esterno-clavicular esquerda
Fig. 4 – CAT scan of sternoclavicular joints showing posterior dislocation of the left sternoclavicular joint
Nas entorses ligeiras, as estruturas ligamentares que
envolvem a articulação estão intactas e a articulação permanece estável. Deve ser aplicado gelo local e recomendado repouso durante 3 a 4 dias e mobilização gradual
do membro superior lesado.
Nas entorses moderadas, a articulação está subluxada
anteriormente ou posteriormente e os ligamentos severamente estirados ou com ruptura parcial. Devem ser tratadas com um “cruzado posterior” durante 4 a 6 semanas
[2,4].
Sprain or subluxation
Sprains of the SJ joint may be clinically classified as
slight or moderate. In slight sprains, the ligament structures surrounding the joint are intact and the joint
remains stable. Ice should be applied locally and the joint
should be rested for 3 to 4 days, after which the arm may
be gradually mobilized.
In moderate sprains, there is anterior or posterior subluxation of the joint and the ligaments are severely
stretched or partially ruptured. These should be treated
with a ‘posterior cross’ for 4 to 6 weeks [2,4].
Luxação anterior da articulação EC
Para além do RX de face e da incidência “serendipity”
é recomendada a realização de uma TAC nas situações
em que se suspeita de uma luxação da articulação EC.
Não existe consenso quanto ao adequado tratamento
deste tipo de luxações. De um modo geral, e apesar das
luxações anteriores agudas da articulação EC serem instáveis, a redução fechada só deve ser tentada se o traumatismo ocorreu há menos de 10 dias. Este procedimento pode ser realizado sob anestesia local ou geral. O
doente é colocado em decúbito dorsal com uma almofada entre as duas omoplatas e através pressão sobre a extremidade medial da clavícula lesada, a articulação é reduzida. Por norma, quando a pressão é libertada, a articulação perde, novamente, a redução. Estão descritas várias
técnicas cirúrgicas para reparar a articulação nesta situação, mas, atendendo às possíveis complicações e aos
resultados insatisfatórios publicados, a redução cirúrgica
é desaconselhada.
Após a redução/tentativa de redução o doente deve ser
imobilizado com um “cruzado posterior” durante 4 a 6
semanas [2,4].
Anterior dislocation of the SC joint.
In cases where dislocation of the SJ joint is suspected,
a CAT scan is recommended in addition to the frontal
and ‘serendipity’ X-rays.
There is no consensus as to the best treatment for this
type of luxation. Generally, despite the fact that acute
anterior dislocations of the SJ joint are unstable, closed
reduction should only be attempted if the trauma occurred
less than 10 days before. This procedure should be performed under local or general anaesthetic. The patient is
placed in the decubitus position with a pillow between
the shoulder blades; the joint is then reduced through pressure upon the medial tip of the injured clavicle. Normally, when the pressure is released, the joint loses reduction
again. Various surgical techniques have been described to
repair the joint in this situation, but, given the possible
complications and the unsatisfactory results that have
been published, surgical reduction is not advised.
After reduction or the attempt at reduction, the patient
should be immobilized with a ‘posterior cross’ for 4 to 6
weeks [2,4].
Luxação posterior da articulação EC
Este tipo de situações exige imediato diagnóstico e
actuação. Especialmente em doentes que se apresentem
com clínica de compressão das estruturas mediastínicas
(congestão venosa, rouquidão, tosse seca ou irritativa, dispneia, disfagia, compressão do plexo braquial, alterações
da condução miocárdica). Devem ser realizados todos os
exames necessários para descartar lesões pulmonares e
vasculares potencialmente fatais.
A tentativa de redução fechada deve ser feita o mais
precocemente, se possível nas primeiras 48 horas. Por
norma é necessário anestesia geral, atendendo à dor e à
contractura muscular. Estão descritas na literatura várias
técnicas para reduzir de modo fechado a articulação EC.
As mais utilizadas são: a técnica de abdução-tracção e a
técnica de adução-tracção. Se ambas as técnicas falha-
Posterior dislocation of the SC joint.
This condition requires prompt diagnosis and treatment, particularly when patients present with compression of the mediastinic structures (vein congestion,
hoarseness, dry or itchy cough, dyspneia, dysphagia, compression of the brachial plexus, alterations in myocardial
conduction). All the necessary tests should be performed
to discount potentially fatal vascular or pulmonary
lesions.
The attempt at closed reduction should be made as
early as possible, preferably within the first 48 hours.
General anaesthesia is usually required, given the pain
and muscle contraction. Various techniques have been
described in the literature for the closed reduction of the
SC joint. The most commonly used are the abductiontraction and adduction-traction techniques. If both of
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rem, mantendo a tracção do membro superior, e com o
auxílio de uma pinça, é aplicada tracção anterior à extremidade medial da clavícula [2,4].
Uma vez reduzida, a articulação, na maior parte das
vezes, permanece estável. O doente deverá permanecer
imobilizado com um “cruzado posterior” durante 4 a 6
semanas.
Se a redução fechada não for conseguida, a redução
cirúrgica deve ser realizada de imediato. É importante
um conhecimento detalhado da anatomia das estruturas
envolventes. Alguns autores recomendam a presença de
um cirurgião vascular, atendendo à possibilidade de ruptura de um grande vaso [2,4]. Várias técnicas foram descritas para correcção cirúrgica da articulação [5,6,7], sendo
a ressecção da extremidade medial da clavícula (mantendo, reparando ou reconstruindo o ligamento costoclavicular) a cirurgia mais vulgarizada [8]. Não devem ser utilizados fios de Kirschner para transfixar a articulação EC
ou outro tipo de material que possa migrar e causar graves complicações (fig. 5) [9]. Após cirurgia, o doente
deverá permanecer imobilizado com um “cruzado posterior” durante 4 a 6 semanas, com mobilidade progressiva durante as próximas 6 semanas.
these fail, then anterior traction is applied to the medial
tip of the clavicle with the help of a clamp, maintaining
traction of the arm [2,4].
Once reduced, the joint generally remains stable in
most cases. The patient should remain immobilized with
a ‘posterior cross’ for 4 to 6 weeks.
If the closed reduction has not been successful, then surgical reduction should be performed immediately. It is
important to have detailed knowledge of the anatomy of
the surrounding structures. Some authors recommend
that a vascular surgeon be present, given the risks of rupturing a large vein [2,4]. Various techniques have been
described for the surgical correction of the joint [5,6,7], the
most common of which is resection of the medial tip of the
clavicle (maintaining, repairing or reconstructing the
costoclavicular ligament) [8]. Kirschner wires should not
be used to transfix the SC joint, nor any other type of
material that could migrate and cause serious complications (Fig. 5) [9]. After surgery, the patient should
remain immobilized with a ‘posterior cross’ for 4 to 6
weeks, gradually mobilizing the limb over the following
6 weeks.
‘Chronic’ traumatic lesions of the SC joint
Luxações traumáticas “crónicas” da articulação EC
Luxação anterior
A maioria dos doentes com luxação anterior permanente da articulação EC são assintomáticos, têm mobilidades praticamente preservadas e conseguem realizar
trabalho manual sem grandes limitações. Estando recomendado neste tipo de doentes uma plataforma de compromisso – skillful neglect. Atendendo às possíveis complicações e aos resultados insatisfatórios a intervenção
cirúrgica está desaconselhada [2].
Anterior dislocation
Most patients with permanent anterior dislocation of
the SC joint are asymptomatic, with most mobility preserved, and manage to perform manual work without
many restrictions. In this type of patients, a compromise
of ‘skilful neglect’ is recommended. Surgery is not advised,
given the possible complications and unsatisfactory results
[2].
If the patient has constant pain for 6 to 12 months
after the trauma and if the symptoms are completely
Fig. 5 – Falência de material metálico (fio de aço) usado para
transfixar a articulação esterno-clavicular direita
Fig. 5 – Failure of metal material (steel wire) used to transfix the
right sternoclavicular joint
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Se o doente tem dor permanente durante 6 a 12 meses
após o traumatismo e se os sintomas forem completamente aliviados com uma infiltração de anestésico local,
recomenda-se a ressecção artroplástica [2,4].
Luxação posterior
Atendendo aos potenciais problemas associados à
compressão do mediastino, em doentes sintomáticos, é
recomendada a ressecção artroplástica [2].
relieved by an infiltration of local anaesthetic, arthroplastic resection is recommended [2,4].
Posterior dislocation
Given the potential problems associated with mediastinic compression in symptomatic patients, arthroplastic
resection is recommended [2].
Complications
Complicações
Tratamento cirúrgico
As principais complicações descritas relacionam-se
com o uso de fios de K e outros materiais usados para
fixar a articulação EC, e que fatalmente migram para
estruturas mediastínicas (fig. 5). O uso deste tipo de
materiais é perigoso e totalmente desaconselhado [9].
Tratamento não-cirúrgico
As principais complicações ocorrem nas situações de
luxação posterior da articulação EC, tal como descrito
anteriormente: pneumotórax, laceração da veia cava superior, dificuldade respiratória, congestão venosa do pescoço, ruptura do esófago com abcesso e infecção associada
da clavícula, fístula traqueo-esofágica, oclusão da artéria
subclávia, alterações da condução miocárdica, lesão do
plexo braquial e alterações da voz.
As únicas complicações relacionadas com uma luxação anterior da articulação EC são a deformidade cosmética e as alterações degenerativas tardias da articulação
[2,4].
Lesões Não-Traumáticas
Subluxação ou Luxação espontânea da articulação EC
Alguns doentes referem episódios de subluxação/luxação da articulação EC, sem qualquer episódio traumático, especialmente quando elevam o membro superior
ipsilateral. Quando o membro regressa à posição inicial,
a clavícula reduz espontaneamente. Estas situações estão
associadas a um clique ou pop audível.
Na maior parte dos casos, são adolescentes ou jovens
adultos com laxidez ligamentar generalizada (hiperextensão dos cotovelos, dos joelhos, dos dedos e hipermobilidade da articulação gleno-umeral). Poucos são os
casos sintomáticos. Em doentes com dor persistente e
instabilidade está recomendado a realização de TAC.
Os resultados publicados na literatura acerca do tratamento cirúrgico deste tipo de patologia são decepcio-
Surgical treatment
The main complications described are related to the use
of K-wires and other materials for fixing the SC joint,
which fatally migrate to the mediastinic structures (Fig.
5). This type of material is dangerous and should be
avoided [9].
Non-surgical treatment
The main complications occur in situations of posterior luxation of the SC joint, as described above. They
include: pneumothorax, laceration of the superior vena
cava, respiratory problems, venous congestion in neck,
rupture of the oesophagus with abcess and associated
infection of the clavicle, tracheo-oesophageal fistula,
occlusion of the subclavical artery, alterations in myocardial conduction, lesion of the brachial plexus and voice
alterations.
The only complications related to the anterior dislocation of the SC joint are cosmetic deformity and delayed
degenerative alterations of the joint [2,4].
Non-Traumatic Injuries
Spontaneous subluxation or dislocation of the SC joint
Some patients complain of episodes of subluxation/dislocation of the SC joint without any traumatic episode,
particularly when raising the ipsilateral upper limb.
When the arm returns to the initial position, the clavicle reduces spontaneously, usually with an audible click
or pop.
In most cases, these patients are adolescents or young
adults with generalized ligament slackness (hyperextension of elbows, knees, fingers and hypermobility of the
glenohumeral joint). Few cases are symptomatic. In
patients with persistent pain and instability, a CAT scan
is advisable.
The results published in the literature about surgical
treatment of this type of pathology are disappointing;
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nantes, sendo aconselhado o tratamento conservador –
skillful neglect [10,11].
therefore, conservative treatment (‘skilful neglect’) is recommended [10,11].
Osteoartrose da articulação esterno-clavicular
A osteoartrose da articulação EC é uma patologia prevalente nos doentes idosos. As alterações degenerativas
afectam maioritariamente o membro superior dominante, estando também associadas a lesões traumáticas da
articulação EC. Caracteriza-se clinicamente pelo aparecimento progressivo de uma tumefacção dolorosa na
região da articulação EC, condicionando episódios de
subluxação desta. O estudo radiológico revela erosão e
lesões císticas da região inferior da extremidade medial
da clavícula. O tratamento deve ser inicialmente sintomático. Em situações de dor persistente e incapacidade
funcional marcada, o tratamento aconselhado é a ressecção artroplástica [2,11].
Osteoarthritis of the sternoclavicular joint
Osteoarthritis of the sternoclavicular joint is prevalent in elderly patients. Degenerative alterations affect
mostly the dominant arm, and are also associated with
traumatic lesions of the SC joint. This condition is clinically characterized by the gradual appearance of painful
swelling in the region of the SC joint, leading to episodes
of subdislocation. Radiological studies reveal erosion and
cystic lesions in the lower region of the medial tip of the
clavicle. Treatment should be symptomatic at first. In
situations of persistent pain and marked functional incapacity, arthroplastic resection is advised [2,11].
Infecção da articulação EC
Uma tumefacção dolorosa de aparecimento súbito,
sem história traumática, pode muitas vezes estar associada a uma artrite séptica desta articulação. As principais
condições de predisposição são: o uso de drogas endovenosas e as situações de imunodeficiência. O tratamento
passa pela limpeza cirúrgica da articulação associada a
antibioterapia [11].
Hiperostose esterno-clavicular
Descrita em 1979 por Sonokazi [12], a hiperostose
esterno-clavicular caracteriza-se por crescimento ósseo e
ossificação de partes moles na região da extremidade
medial da clavícula, das primeiras costelas e do esterno. A
sua etiologia é desconhecida e maioritariamente tem
atingimento bilateral. A progressão da doença é muito
lenta, com períodos de dor intermitente, prolongandose por anos ou mesmo décadas, até que as clavículas, o
esterno e as primeiras costelas se tornem num bloco ósseo
sólido. A elevação dos valores da velocidade de sedimentação é característica. O tratamento por norma, é sintomático, sendo os AINE’s os fármacos de primeira escolha. Os doentes mais graves, com fusão completa entre a
clavícula e o esterno, podem ser candidatos a tratamento
cirúrgico [11].
Doença de Friedrich
A necrose asséptica da extremidade medial da clavícula foi descrita por Friedrich em 1924 [13]. A doença de
Friedrich é muito rara e de etiologia desconhecida. Normalmente os doentes apresentam edema e dor (que se
agrava com os movimentos do ombro ipsilateral) na
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Infection of the SJ joint
A painful swelling that appears suddenly without any
history of trauma may often be associated with septic
arthritis of the joint. The main predisposing factors are
the use of intravenous drugs and cases of immunodeficiency. Treatment involves surgical cleaning of the joint
associated with antibiotherapy [11].
Sternoclavicular hyperostosis
Described in 1979 by Sonokazi [12], sternoclavicular
hyperostosis is characterised by bone growth and ossification of the soft parts in the region of the medial tip of
the clavicle, the first ribs and the sternum. The etiology is
unknown and most cases are bilateral. The disease progresses very slowly, with periods of intermittent pain,
prolonging for years or even decades, until the clavicles,
sternum and first ribs become a block of solid bone. A high
sedimentation rate is characteristic. The treatment is normally symptomatic, preferably with NSAIDs. The most
serious cases, where there has been complete fusion
between the clavicle and sternum, may be candidates for
surgical treatment.[11].
Friedrich’s Disease
Aseptic necrosis of the medial tip of the clavicle was
described by Friedrich in 1924 [13]. Friedrich’s Disease is
very rare and its etiology is unknown. Patients normally present swelling and pain (aggravated by movements
of the ipsilateral shoulder) at the medial tip of the clavicle, with various months’ evolution. They are mostly
women without any history of trauma. Friedrich’s Disease is characterised by irregularities in the SC joint and
destruction of the medial tip of the clavicle, caused by
avascular necrosis. It normally only affects one joint. The
extremidade medial da clavícula, com vários meses de
evolução. Maioritariamente são mulheres e sem história
traumática. A doença de Friedrich caracteriza-se por irregularidades da articulação EC e destruição da extremidade medial da clavícula, provocadas pela necrose avascular desta. Por norma, apenas atinge uma das articulações. O tratamento preconizado é o conservador (uso de
AINE’s), estando o tratamento cirúrgico (ressecção artroplástica) reservado a doentes com incapacidade funcional grave [11].
preferred treatment is conservative (use of NSAIDs),
with surgery (arthroplastic resection) reserved for
patients with serious functional incapacity [11].
CONCLUSION
Injuries of the sternoclavicular joint, though rare,
should be recognised and treated appropriately. However, despite the rapid development of knowledge in the
area, many doubts and uncertainties still surround this
‘unknown joint’.
CONCLUSÃO
As lesões da articulação esterno-clavicular embora
raras, devem ser reconhecidas e tratadas de modo apropriado. Porém, e apesar da explosiva evolução dos conhecimentos, ainda permanecem muitas dúvidas e incertezas
a envolver esta “articulação desconhecida”.
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Patologia da articulação esterno-clavicular | 19
Correspondência/Correspondence:
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20 | Rui Claro, José Manuel Lourenço