DESIGn DE COmUnICAçãO III
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DESIGn DE COmUnICAçãO III
design de comunicação iii Faculdade de Belas-Artes da Universidade de Lisboa 2ºsemestre · 2014/15 · Luísa Ribas · Suzana Parreira · Pedro Almeida http://dc2e3em1415.wordpress.com 1 Prólogo “We must by necessity retrieve from the past to re-invent the future.” Malcolm Garret, 1990. “Design is different from art; Design is content independent; Design isn’t necessarily a pro-social profession; Graphic design has its roots in language; The visual power of design derives from the idea of contrast; Nothing happens out of context; The goal of design education is resourcefulness”. Chris Pullman, 1998. O programa da disciplina de Design de Comunicação III parte de visões contemporâneas do design, revendo a consolidação do modernismo no caminho para o pós-modernismo. A nível cultural e conceptual debruça-se sobre o trabalho de designers em que é patente, simultaneamente, a herança do estilo internacional e rigor tipográfico ou uma natureza pós-moderna que expande os princípios de design além da rigidez das tradições anteriores. Este percurso culmina no encontro de uma nova realidade onde os contornos ideológicos do capitalismo e a evolução tecnológica (nomeadamente a introdução do computador pessoal) vêm transformar a profissão e os próprios fundamentos do design gráfico. Neste contexto, a prática projectual confirma o rigor tipográfico e a assimilação de referentes culturais específicos, consolidando gradualmente o seu estatuto enquanto profissão especializada, renegando a diluição no contexto artístico, tanto como prática institucionalizada e como actividade projectual autónoma (e eventualmente assumida de forma ‘independente’). Do ponto de vista operativo foca-se na articulação semântica do texto, imagem, forma e expressão, bem como na estruturação de objectos e projectos de comunicação (visando a sua linguagem, identidade e estratégia decomunicação). Havendo forte insistência no domínio dos meios impressos, explora-se a complementaridade de meios de produção e de suportes de comunicação (incluindo meios impressos, temporais, digitais e online). Organizaram-se as matérias lectivas segundo uma lógica que parte de um contexto cultural alargado, em exercícios que abordam diferentes convicções sobre o design e incluem domínios de actuação distintos, reflectindo igualmente sobre as mudanças e constantes desta prática projectual e incidindo na especificidade do design de comunicação na sua vertente gráfica. A actividade projectual organiza-se de seguida segundo dois grandes blocos. Num bloco de consolidação do modernismo em direcção ao pós-modernismo abordam-se diferentes autores e seus contextos culturais, tendo em conta a forma como a circunstância do espaço geográfico acaba por diferenciar a natureza do trabalho, não tanto por um enraizamento na tradição nacional mas sim pelos níveis de afinidade que se detectam na sua linguagem, prática projectual e forma como assumem a profissão. 2 Deste modo, na Holanda desenvolveu-se um design gráfico vincadamente experimental e exploratório dos limites da legibilidade e da percepção; em França uma maior ligação às raízes culturais permitiu o desenvolvimento de obras de contraponto entre o antigo e o novo; na Suíça gerou-se uma ruptura com um modelo consolidado de racionalidade; em Portugal apropriaram-se linguagens que gradualmente se autonomizaram em relação às influências europeias e americanas; nos Estados Unidos da América o design adquiriu maturidade numa ligação muito aliada à indústria e à publicidade; em Inglaterra seguiram-se os ditames dos Estados Unidos da América (também por sintonia política) contudo, evidenciando a dimensão do autor, do designer não artista, mas criador de uma linguagem e de uma nova gramática tipográfica e de comunicação. O bloco do pós-modernismo assenta sobre autores anglo-saxónicos que, numa primeira instância, desenvolveram projectos de forma independente e intimamente ligados ao contexto local urbano, nomeadamente numa efervescente relação com a música pop, com a linguagem da música electrónica e suas manifestações nas revistas de cultura urbana. Peter Saville e Neville Brody servem como ponto de partida para explorar um universo mais alargado de referentes que, tirando partido de novos modos de produção (nomeadamente as tecnologias digitais), e numa constante revisitação (e ruptura) com a tradição do design gráfico, visam o desenvolvimento de linguagens e formas de expressão adequadas à contemporaneidade. Contexto 1 Contexto Geral (motes temáticos e operativos) Manifestos, convicções, domínios de actuação / composição, identidade e expressão tipográfica Mudanças e constantes do design / comunicação verbal-visual 2 Contextos específicos (consolidação do modernismo em direcção ao pós-modernismo) Suiça: Wolfgang Weingart e Karl Gerstner Holanda: Karel Martens e Wim Crouwel Eua: Paul Rand e Saul Bass Inglaterra: Abram Games e Alan Fletcher França: Robert Massin e A. M. Cassandre Portugal: Victor Palla e Sebastião Rodrigues 3 Pós-modernismo, pós-punk e new wave (Design gráfico independente britânico) Universos de referência: Neville Brody e Peter Saville 3 Conteúdos Programáticos Temáticas (reflexão e exploração) ~ Tipografia (sintaxe, semântica, pragmática, identidade e expressão). ~ Articulação semântica verbal-visual (composição e estruturação temporal) ~ Utilização da grelha tipográfica e/ou desconstrução. ~ Estruturação, sequência e coerência do objecto gráfico (impresso e digital). ~ Linguagem e identidade (comunicação, expressão). ~ Complementaridade (de meios e suportes). Contextos (movimentos e autores) ~ Ideais e mudanças do campo do design de comunicação. ~ Abordagens paradigmáticas à tipografia na Suíça. ~ Design experimental e exploratório na Holanda. ~ Design e direcção artística nos EUA. ~ A linguagem do design Inglês. ~ As raízes culturais no design Francês. ~ Uma direcção para o design Português. ~ Pós-modernismo, Pós-punk e New Wave. Projecto (noções e processos) ~ Pesquisa e investigação (sustentação). ~ Metodologia projectual (prática). ~ Argumentação e defesa do trabalho (validação). ~ Modelos editoriais (edição periódica, monográfica, especial). ~ Produção, reprodução e mediação (meios de produção e suportes). ~ Identidade, linguagem e estratégia (dimensões da comunicação). Objectivos e Competências a Adquirir Design de Comunicação III visa uma consciencialização do espectro cultural e actual âmbito de actuação da disciplina, mediante os seguintes conhecimentos, aptidões e competências: a) reconhecer referentes contemporâneos e históricos da cultura do design, enquanto campo de estudo e prática projectual; b) desenvolver capacidades de análise e crítica construtiva pelo reconhecimento de princípios de design e exploração de diferentes meios de produção, linguagens e estratégias de comunicação; c) fomentar a pesquisa e investigação como bases da conceptualização e desenvolvimento do projecto de design, reconhecendo as suas implicações e promovendo afirmação de um discurso próprio; d) consolidar critérios estéticos e desenvolver metodologias adequadas aos meios disponíveis; e) promover a autonomia conceptual e operativa do aluno, valorizando a colaboração em equipa e o domínio do projecto (da concepção à produção e implementação). 4 Metodologia de Ensino e Avaliação À natureza teórica e projectual desta disciplina aplicam-se aulas teóricas (1) de suporte às aulas práticas (2) e aulas de discussão e/ou apresentação de temas e projectos (3). 1. As aulas teóricas abordam temas que suportam a conceptualização e desenvolvimento dos trabalhos práticos. 2. As aulas práticas visam a realização orientada de exercícios e projectos implicando a gestão das opções temáticas e operativas que lhes são inerentes e procurando uma gradual exploração de temas e recursos bem como um crescente nível de complexidade. 3. As aulas de discussão e apresentação de temas e projectos convocam o aluno tanto para a análise e reflexão dos tópicos propostos, como para exposição e argumentação do seu próprio projecto. Sempre que possível e justificável existirão actividades complementares como visitas de estudo ou palestras. A avaliação contínua baseia-se na assiduidade, participação, empenho e evolução do aluno, e no desenvolvimento dos exercícios e projectos monitorizado na aula, sendo complementada por avaliações periódicas de desempenho. A avaliação final contempla 40% (exercícios individuais) + 45% (projectos de grupo) + 15% (avaliação contínua e blog). Considera-se essencial a correspondência às metodologias e prazos de cada trabalho e aos critérios relativos ao projecto e ao desempenho do aluno: Pesquisa e investigação (sustentação do projecto e do discurso) Metodologia (competência técnica e rigor metodológico) Experimentação e criatividade (reconhecimento e teste de processos e linguagens) Adequação e sustentabilidade (viabilidade e exequibilidade dos projectos) Pertinência e fundamentação (cultural das propostas e estratégias assumidas) Maturidade conceptual e operativa (iniciativa, autonomia) Capacidade crítica (interpretar, questionar, propor e argumentar) Clareza na comunicação (transmissão de ideias, oral/escrita e visual) Evolução e aprendizagem (superação de lacunas) Integração e cooperação (nas aulas e nos grupos de trabalho). Classificação qualitativa (avaliações periódicas) a (excelente): desempenho excepcional, com insuficiências de carácter menor. b (bom): trabalho em geral sólido, com algumas insuficiências. c (satisfaz): trabalho razoável, mas com lacunas importantes. d (suficiente): o desempenho limita-se a cumprir os critérios mínimos. n (negativo): é necessário um trabalho suplementar considerável Correspondência quantitativa (avaliação final) A (18-20), B (15-17), C (12-14), D (10-11), N (Não apto) 5 Bibliografia geral Bierut, Michael; Steven Heller; Jessica Helfand and Rick Poynor, eds. Looking Closer 3: Classic Writings on Graphic Design. New York: Allworth Press, 1999. DG 6/93 (3) Blauvelt, Andrew & Ellen Lupton, eds. Graphic Design Now in Production. New York: Walker Art Center, 2011. DG 6/404 Heller, Steven. Merz to Emigre and beyond : Avant-Garde magazine design of the Twentieth Century. London: Phaidon Press, 2003. DG 6/187 Hollis, Richard. About Graphic Design. London: Occasional Papers, 2012. Klanten, Robert & Sven Ehmann, eds. Turning Pages: Editorial Design for Print Media. Berlin: Die Gestalten Verlag, 2010. Lupton, Ellen. Pensar com tipos : guia para designers, escritores, editores e estudantes. Trans. Stolarski, André. São Paulo: Cosac Naify, 2006. DG 6/285 Lupton, Ellen & J. Abott Miller. “Deconstruction and graphic design.” Design Writing Research. (1996). eds. Lupton, Ellen & J. Abott Miller. London: Phaidon Press, 1999. 03-23. DG 6/55 Poynor, Rick. “Spirit of independence.” Communicate : independent british graphic design since the sixties. ed. Poynor, Rick. London: Laurence King Publishing, 2004. 12-47. DG 6/297 Pullman, Chris. “Some things change.” The education of a Graphic Designer. ed. Heller, Steven, 1st ed. New York: Allworth Press, 1998. 109-112. DG 6/121 Weingart, Wolfgang. Como se pode fazer tipografia suíça? São Paulo: Rosari, 2004. ———. “How can one make swiss typography.” Looking Closer 3: Classic Writings on Graphic Design. eds. Bierut, Michael; Steven Heller; Jessica Helfand and Rick Poynor. New York: Allworth Press, 1999. 219-237. DG 6/93 (3) específica Bass, Jenifer & Pat Kirkham, eds. Saul Bass: A Life in Film and Design. London: Laurence King Publishers, 2011. de Mello, Thomaz; et al. Falando do Ofício. Lisboa: Sociedade Tipográfica S. A., 1989. DG 6/237 Fletcher, Alan. The Art of Looking Sideways. London: Phaidon Press, 2001. DG 6/61 Games, Naomi; Catherine Morarty and June Rose, eds. Abram Games: his life and work. New York: Princeton Architectural Press, 2003. Gerstner, Karl. Designing Programmes. (1964). 3rd Revised ed. Basel: Lars Müller Publishers, 2007. Heller, Steven, ed. Paul Rand. London: Phaidon, 2002. DG 6/154 King, Emily, ed. Designed by Peter Saville. 1st ed. New York: Princeton Architectural Press, 2003. Martens, Karel; Jaap van Triest and Robin Kinross, eds. Karel Martens: printed matter/drukwerk. (2001). 3rd ed. London: Hyphen Press, 2010. Mouron, Henri. A M Cassandre. New York: Rizzoli, 1985. Rodrigues, Sebastião, et al. Sebastião Rodrigues: designer. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 1995. DG 1/38 Shaughnessy, Adrian & Tony Brooks. Wim Crouwel: a Graphic Odyssey. ipad (digital edition) ed. London: United Editions, 2012. Weingart, Wolfgang. Typography - My Way to Typography. (1999). Basel: Lars Müller Publishers, 2000. DG 6/51 Wolf, Laetitia. Massin. London: Phaidon Press, 2007. Wozencroft, Jon. The graphic language of Neville Brody. London: Thames and Hudson, 1988. DG 4/16 ———. The graphic language of Neville Brody. Vol. 2. London: Universe Publishing, 1996. DG 4/16 6 consulta Brody, Neville, ed. Fuse 1-20. Taschen, 2012. Bros, Kees & Paul Hefting. Dutch graphic design. London: Phaidon, 1993. DG 6/4 Heller, Steven & Elinor Pettit, eds. Design Dialogues. 1st ed. New York: Allworth Press, 1998. 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