Caderno de Resumos - Hospedagemdesites.Ws

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Caderno de Resumos - Hospedagemdesites.Ws
CADERNO DE RESUMOS
ISSN 2175-6910
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP)
(Biblioteca Central - UEM, Maringá – PR., Brasil)
C749
Congresso Internacional de História (7. : 2015 :
Maringá, PR)
Caderno de Resumos do VII Congresso Internacional
de História / editor Angelo Priori. -- Maringá,PR :
UEM/PPH/DHI, 2015.
276 p.
ISSN
2175-6910
Simultaneamente ao VII Congresso Internacional
de História foram realizados o XXXV Encuentro Regional
de GeoHistoria e a XX Semana de História da UEM.
1. História. 2. Política. 3. Cultura. 4. Narrativas
5. América Latina. I. Priori, Angelo. II.
Universidade Estadual de Maringá, Programa de Posgraduação em História, Departamento de História. III.
Título.
CDD 21. ed.981
COORDENAÇÃO GERAL
Dr. Angelo A. Priori (UEM)
Dra. Solange Ramos de Andrade (UEM)
VICE - COORDENAÇÃO
Dr. Luiz Felipe Viel Moreira (UEM)
Dra. Maria Laura Salinas (UNNE)
COMISSÃO ORGANIZADORA
Dra. Maria Silvia Leoni (UNNE)
Dra. Maria Belén Carpio (UNNE)
Dra. Mariana Giordano (UNNE)
Dra. Ivana Guilherme Simili
Dra. Ivone Bertonha (UEM)
Dr. José Carlos Gimenez (UEM)
Dr. Lúcio Tadeu Mota (UEM)
Dra. Vanda Fortuna Serafim (UEM)
Dra. Renata Lopes Biazotto Venturini (UEM)
SECRETARIA GERAL
Giselle Moraes e Silva
SECRETARIA ADMINISTRATIVA
Fábio Carneiro Barbosa
Manoel José de Oliveira
GERÊNCIA FINANCEIRA
Instituto de Tecnologia e Ciência Ambiental
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SUMÁRIO
ST 01 – AS CRENÇAS E SUAS PRÁTICAS: OLHARES A PARTIR DA AMÉRICA LATINA ...................... 5
ST 02 – HISTÓRIA, LITERATURA E MÚSICA: NARRATIVAS LITERÁRIAS E MUSICAIS NA AMÉRICA
LATINA......................................................................................................................................... 18
ST 03 – HISTORIA ORAL, MEMORIA E MIGRAÇÕES REFLEXOES SOBRE DESLOCAMENTOS E
ORALIDADES NA AMERICA LATINA CONTEMPORANEA.............................................................. 30
ST04: PROCESSOS DE HEGEMONIA E PENSAMENTO DE DIREITA NA AMERICA LATINA ............ 39
ST06 NARRATIVAS E CULTURAS POLITICAS NA PENINSULA IBERICA MEDIEVAL ........................ 56
ST07 HISTORIA ANTIGA FONTES E METODOS............................................................................. 62
ST08 A IDADE MEDIA EM DEBATE PERSPECTIVAS INTERDISCIPLINARES.................................... 68
ST09 A AMERICA PORTUGUESA NOS SECULOS XVI E XVII .......................................................... 78
ST10 CONHECIMENTO HISTORICO O NOSSO E O DOS OUTROS MODOS DE USOS DO PASSADO
CULTURAS E PUBLICOS DE MEMORIA......................................................................................... 86
ST 11 POLITICA E MOVIMENTOS SOCIAIS ................................................................................... 98
ST12 – AS ROUPAS, AS APARENCIAS E A MODA NAS NARRATIVAS DA HISTORIA .................... 121
ST13 – HISTORIA DA INFANCIA ADOLESCENCIA E JUVENTUDE ................................................ 140
ST 14 HISTORIA E RELAÇÕES DE GENERO REFLEXOES EM PAUTA ............................................ 146
ST 15 FEMINILIDADES, MASCULINIDADES E AS (RE)DEFINIÇÕES DE ESPAÇOS SIMBOLICOS ... 161
ST 16 ENSINO E APRENDIZADO HISTORICO METODOLOGIAS DE PESQUISA, FONTES E
PROBLEMATICAS ATUAIS .......................................................................................................... 164
ST 17 ESTUDOS SOBRE A AMERICA PORTUGUESA ................................................................... 182
ST 18 CULTURA NEGRA: HISTÓRIA, POLÍTICA E MEMÓRIA....................................................... 186
ST19 ENSINO E PESQUISA DE HISTORIA DA ÁFRIA,HOJE .......................................................... 190
ST20 CULTURA E PODER – UMA ABORDAGEM DAS INSTITUIÇÕES POLICIAIS E JUDICIAIS ...... 195
ST21 HISTORIAS E MEMORIAS DA COUPAÇÃO DAS REGIOES PARANAENSES NO SECULO XX:
(RE)OCUPAÇÃO, MIGRAÇÕES, POLÍTICAS E IDENTIDADES ....................................................... 202
ST22 PATRIMONIO E MEMORIA: PARADIGMAS DA PRESERVAÇÃO E DA EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL NO ENSINO DE HISTÓRIA E NAS INSTITUIÇÕES MUSEAIS ................................. 218
ST 23 PESQUISAS DE IC, PIBID E PET ......................................................................................... 234
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ST 01 – AS CRENÇAS E SUAS PRÁTICAS: OLHARES A PARTIR
DA AMÉRICA LATINA
A CANTORIA DE SANTINHO NO POVO NOVO – RS:
DO IMAGINÁRIO AO PATRIMÔNIO
Alexandre da Silva Borges (UFPel)
O presente trabalho visa apresentar a trajetória de uma manifestação cultural,
festiva e religiosa do 3º distrito do Rio Grande – RS, Povo Novo, denominada
Cantoria de Santinho. Trata-se da prática do último Terno de Santos da
localidade, o qual canta aos santos do mês de junho (Santo Antônio, São João
e São Pedro) em prol de bênçãos às casas daqueles que abrem suas portas;
num trajeto silencioso até a entoação do primeiro verso. Em outras discussões
fora apresentado a Cantoria como um característico patrimônio imaterial, em
situação vulnerável, dada sua raridade, e relevante no que tange à formação
cultural da comunidade que o “pertence”. Em voga, o objetivo deste trabalho é
discutir como a Cantoria de Santinho chega a inflamar o sentimento de
pertencimento e a disponibilidade de comunhão daqueles que usufruem do seu
rito cosmificante, inserindo esta discussão entre as balizas da História e da
Cultura. Para tal empreitada, o viés teórico e metodológico do Imaginário, bem
como seu atento para os símbolos e imagens, é mais que conveniente, já que,
como diria Gilbert Durand, é desta natureza (ritualística, religiosa, artística e
mágica) que a teoria do Imaginário, ou da Imaginação Simbólica, se encarrega
e vela, ou seja, o não-sensível, ou o supra-real; da mesma forma, intenta-se
incluir nesta abordagem amplificadora o flanco a-histórico do homem, como
trata Mircea Eliande daquilo que encontramos em qualquer cultura, tempo ou
espaço, ou seja, as entranhas do antropo em sua formação. As conclusões
deste trabalho se esbarram nas indagações que dele surgirão.
Palavras-chave: Cantoria de Santinho; Patrimônio Imaterial; Imaginário; Povo
Novo – RS.
Agência financiadora: CAPES
MARIA BUENO: UM ESTUDO DAS DEVOÇÕES
Tônia Kio Fuzihara Piccoli (UEM)
A presente comunicação objetiva apresentar o projeto de Mestrado intitulado
“Crença e devoção: as representações de Maria Bueno enquanto santa de
cemitério (Paraná, séculos XIX-XXI)” que tem como objetivo compreender a
crença e a devoção a Maria Bueno, no Paraná, entre séculos XIX a XXI,
tomando como fontes históricas o cemitério São Francisco de Paula enquanto
espaço de culto e devoção, por meio da pesquisa de campo e da aplicação de
questionários e análise dos ex-votos; e as notícias publicadas em jornais, tais
como A República e A Federação, sobre o assassinato de Maria Bueno. Jovem
curitibana, parda e pobre, assim é descrita Maria da Conceição Bueno, nascida
a 08 de dezembro de 1854 na cidade de Rio da Prata, próxima à Morretes, no
Paraná. Décadas depois, Maria morreu degolada, vítima do soldado Ignácio
5
José Diniz. Este momento é muito importante à reflexão, pois é a partir dele
que abre um emaranhado de narrativas e explicações. O momento da morte de
Maria Bueno seria, portanto, o que Mircea Eliade (1992) denominou “mito
fundante”, ou seja, o evento priorizado para a organização dos demais. A
opção teórica parte, principalmente, das noções de "táticas" e "estratégias" de
Michel de Certeau (1998), "apropriações" e "representações" de Roger Chartier
(1990, 2002) e “religiosidade católica” de Solange Ramos de Andrade (2010).
Palavras-chave: Maria Bueno; santa de cemitério; devoções.
Agência financiadora: CAPES.
A NARRATIVA HAGIOGRÁFICA SOBRE MARIA BUENO
Tônia Kio Fuzihara Piccoli (UEM)
A presente comunicação está vinculada ao projeto de Mestrado intitulado
“Crença e devoção: as representações de Maria Bueno enquanto santa de
cemitério (Paraná, séculos XIX-XXI)” e objetiva discutir a construção da
santidade de Maria Bueno por meio do romance Maria Bueno (1948) de
Sebastião Izidoro Pereira, aqui tomado como fonte histórica. Problematizar o
livro de Pereira (1948) é importante por ter sido a primeira fonte impressa, mais
abrangente, sobre Maria Bueno. E a primeira, também, que cita com riquezas
de detalhes a figura de Maria Bueno como uma santa. Além disto, muito das
representações criadas em torno de Maria Bueno está presente nessa obra. A
devoção em si aos poucos foi instaurada, mas a obra de Pereira (1948)
contribuiu para a divulgação da figura mítica e também para o preenchimento
de lacunas, em seu romance partes da vida de Maria Bueno que pareciam
obscuras ou totalmente confusas foram ganhando forma. Parte-se para tanto
da discussão sobre hagiografia presente em Michel de Certeau e das reflexões
sobre santidade realizadas por André Vauchez.
Palavras-chave: Maria Bueno; Hagiografia; Santidade.
Agência financiadora: CAPES.
RICHARD DAWKINS E OS ARGUMENTOS RELIGIOSOS:
BREVE ANÁLISE DISCURSIVA
Maria Helena Azevedo Ferreira (UEM)
A comunicação a ser apresentada é um dos desdobramentos da pesquisa de
mestrado em andamento “A ideia de religião em Deus, um delírio de Richard
Dawkins (Inglaterra, século XXI)”. Temos como objetivo apresentar os
argumentos teológicos que são refutados por Dawkins em sua obra Deus, um
delírio (2007), buscando a historicidade desses argumentos e os associando ao
modo como o autor faz sua abordagem. A partir disso, torna-se possível
analisar o teor da sua refutação, bem como propor como esses ainda se
apresentam enquanto objetos de inquietação para Richard Dawkins na
atualidade. Assim, os argumentos levantados, sendo formalmente instituídos
ou não, ganham nova forma no discurso do autor, que os assume enquanto
falaciosos, fazendo “usos” específicos dos mesmos e consequentemente
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promovendo suas próprias convicções. Para compreender esta dinâmica,
procuramos por meio de Georges Minois (2014) contextualizar os argumentos
teológicos, correlacionando com a construção histórica do ateísmo
reminiscente na figura de Dawkins. Além disso, utilizaremos como aporte
teórico-metodológico, as considerações de Michel de Certeau (1998, 2011)
acerca da produção de “verdades” e os “usos” distintos das ideias, assim como
Michel Foucault (2008), para analisar as especificidades do discurso.
Palavras-chave: Richard Dawkins; religião; teologia.
Agência financiadora: CAPES
GENE EGOÍSTA E SUAS INFLUÊNCIAS A PARTIR DA
PERSPECTIVA DE RICHARD DAWKINS
Maria Helena Azevedo Ferreira (UEM)
Esta comunicação tem como objetivo analisar como o biólogo Richard Dawkins
empreende uma auto-reflexão acerca do processo de escrita de sua primeira
obra O gene egoísta (2007), para isso tomaremos enquanto fonte sua autobiografia An appetite for wonder: the making of a scientist (2013). Nesta obra,
entre outras temáticas, Dawkins realiza uma apresentação sequencial dos fatos
que para ele se mostraram relevantes para a escrita de seu livro. A partir disso,
notamos que o autor atribui uma enfâse especial no que diz respeito a
circulação de ideias entre intelectuais, assumindo relevância de determinadas
questões na elaboração de O gene egoísta (2007) . Partindo dessas reflexões,
Dawkins percebe-se enquanto sujeito influenciado e influenciador e com base
nisso constrói uma narrativa sobre si e sua produção. Para problematizar essa
construção narrativa operacionalizaremos as considerações de Pierre Boudieu
(2005) acerca da produção biográfica. Além disso, com o intuito de teorizar a
respeito da dinâmica das ideias presentes no discurso de Dawkins partimos
das colocações de Edgar Morin (2005). Por fim, compreendendo o espaço de
produção dessas ideias, também utilizaremos o conceito de “campo científico”
elaborado por Pierre Bourdieu (2004).
Palavras-chave: Richard Dawkins; biografia; intelectualidade.
Agência financiadora: CAPES
CULTURA, RELIGIOSIDADE E FESTA: OS FESTEJOS EM HONRA AO
DIVINO NA CIDADE DE PONTA GROSSA/PR
Vanderley de Paula Rocha (PPGH/UEPG)
Esse trabalho problematiza os festejos em honra ao Divino Espírito Santo na
cidade de Ponta Grossa/PR. De acordo com os registros, 1882 é a data de
início desses nesta cidade, quando segundo a tradição, foi encontrada a
imagem da representação do Divino Espírito Santo, uma pomba de asas
abertas, gravada em um pedaço de madeira, por Maria Julio Cesarino Xavier e,
até os dias de hoje continuam sendo realizados. Procuramos entender o
movimento devocional por meio da festividade religiosa e identificar a relação
que a Igreja Católica estabeleceu com essas práticas. Utilizamos como fontes
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jornais, ex-votos e folhetos de divulgação dos festejos. Amparados nos
conceitos de Táticas/Estratégias de Michel de Certeau e Representação de
Roger Chartier, compreendemos que é, através dos festejos, que os indivíduos,
considerados devotos do Divino, estabelecem ligação com o transcendente, ao
mesmo tempo em que fazem desses um momento de sociabilidade.
Percebemos que a “Casa do Divino”, espaço onde ocorrem às celebrações
dedicadas ao Espírito Santo em Ponta Grossa possui significativa importância
para os devotos, pois é considerado um “lugar sagrado”. Por fim,
compreendemos que os festejos no decorrer dos anos foram apropriados pela
Igreja Católica que, efetivamente, determinou os espaços de ocorrência e as
formas de expressão desses, remete, portanto, para o entendimento do
exercício dos poderes estabelecidos, do reconhecimento de papéis sociais, das
hierarquias.
Palavras-chave: Festejos; Divino; Devoção; Igreja Católica.
Agência Financiadora: CAPES/Fundação Araucária.
O CONCEITO DE “CRENÇAS”
E AS POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM HISTÓRIA.
Vanda Fortuna Serafim (UEM)
A comunicação objetiva refletir sobre o conceito de crenças e as possibilidades
de pesquisa que o mesmo pode possibilitar em História. Partindo da
experiência de orientações junto ao Laboratório de estudos em religiões e
religiosidades da Universidade Estadual de Maringá, o intuito é apresentar a
trajetória das temáticas de pesquisa e aportes teóricos e metodológicos
utilizados tanto pelos alunos da iniciação científica, quanto pelos que já
desenvolvem pesquisas de mestrado sob minha orientação, destacando as
propostas de apreensão da realidade dos universos simbólicos e religiosos por
eles elaboradas. Considerando que a organização da história é relativa a um
lugar e à um tempo e que isso deve-se inicialmente as suas técnicas e
produção, uma vez que, cada sociedade se pensa historicamente com os
instrumentos que lhe são próprios. (CERTEAU, 1982), pretendesse demonstrar
as articulações teóricas por meio dos projetos de pesquisa docente que
permitiram articular temáticas tão variadas buscando atender à uma topografia
de interesses. Parte-se, para, do conceito de crenças elaborado por Michel de
Certeau ao defender que, entende “[...] por ‘crença’ não o objeto do crer (um
dogma, um programa etc.), mas o investimento das pessoas em uma
proposição, o ato de enunciá-la considerando-a verdadeira – noutros termos,
uma ‘modalidade’ da afirmação e não seu conteúdo” (CERTEAU, 1998, p. 278).
Palavras-chave: Crenças; Historiografia; pesquisa histórica.
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PRÁTICAS E CRENÇAS RELIGIOSAS AFRO-BRASILEIRAS
EM MARINGÁ-PR (1947-2014).
Giovane Marrafon Gonzaga (UEM)
O presente trabalho visa discutir percepções na análise das práticas
relacionadas às crenças afro-brasileiras, na cidade de Maringá-PR, entre os
períodos de 1947 a 2014. Com esse fim, objetiva-se definir condições para
mapear os espaços de crenças e manifestações afro-brasileiras em MaringáPR, perceber a relação entre essas práticas e a tradição católica maringaense,
contribuindo aos estudos da História das Crenças e das ideias religiosas dentro
da perspectiva de sua formação regional e da cultura afro-brasileira. Esta
proposta se apoia teoricamente nos conceitos de M. Certeau (1994), tática e
estratégia, R. Chartier (2002), práticas instituídas, auxiliados pela ideia de
homem religioso desenvolvida por M. Eliade (1992). A metodologia pretendida
estabelece relações com a micro-história operacionalizada por C. Ginzburg
(1990), entendendo que o espaço e a história das crenças afro-brasileiras
podem ser apreendidos se não por seus indícios e vestígios. Considera-se a
particularidade de um estudo cujo objeto ainda não foi abordado pela
historiografia, se considerado o recorte à cidade maringaense. Dessa forma,
discute a importância do levantamento de fontes para a realização do trabalho,
entendendo que elas podem ser constituídas através dos periódicos publicados
na cidade, da própria localização e dados geográficos desses espaços no
município, e da possibilidade de entrevistas, sobretudo com as lideranças
religiosas nesses locais. Por fim, o trabalho elabora caminhos para um diálogo
entre a História das religiões em Maringá-PR, o espaço das crenças afrobrasileiras na cidade, e os resultados capturáveis desses encontros.
Palavras-chave: Afro-brasileira; Chartier; Certeau; Religiosidade; Maringá;
Agência financiadora: CAPES
UMA ANÁLISE DO ESPAÇO DAS CRENÇAS AFRO-BRASILEIRAS NAS
PUBLICAÇÕES DE “O DIÁRIO”, ENTRE OS ANOS 2000 E 2010.
Giovane Marrafon Gonzaga (UEM)
O presente trabalho procura alguns paralelos traçáveis para a representação
das práticas e crenças religiosas afro-brasileiras na mentalidade da população
de Maringá-PR. A preocupação deste artigo se concentra sobre o material,
relacionado à temática, presente nas publicações do periódico “O Diário”, entre
os anos 2000 e 2010. A análise tem como objetivo demonstrar os discursos de
dois espaços ocupados pelas crenças afro-brasileiras no jornal: o corpo
informativo e os classificados. É problematizado de que forma, assuntos
referentes à religiosidade afro-brasileira, são tratados no corpo informativo do
jornal e o que anunciam os classificados, onde essa religiosidade parece
oferecer uma espécie de serviço ou resolução para problemas do cotidiano de
um homem religioso e ordinário. Os conceitos operacionalizados nesse estudo
são o de representação (CHARTIER, 2002), homem religioso (ELIADE, 1992),
homem ordinário, táticas e estratégias (CERTEAU, 1994), também as
diferenciações entre amor eros e kairòs (LATOUR, 2004). O trato metodológico
se auxilia das apreciações de T. De Luca (2005) sobre os campos semânticos,
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interditos e silêncios encontrados nos periódicos. A ideia de dispositivos
discursivos instituídos, observada por M. Mouillaud (2012) justifica a
possibilidade de se observar, dentro de alguns limites, o conteúdo “d’O Diário”
enquanto reflexo da mentalidade maringaense tradicional. Define-se que,
embora marcadas por um discurso algumas vezes preconceituoso, as crenças
afro-brasileiras encontram espaços nos periódicos definíveis enquanto pontoscegos do olhar institucionalmente dominante. Como observamos através de
uma análise daquilo que é oferecido nos classificados do jornal.
Palavras-chave: Crenças; Afro-brasileiras; Periódicos; Amor;
Agência financiadora: CAPES
OS RITOS DE INICIAÇÃO AFRO-BRASILEIROS EM NINA RODRIGUES E
JOÃO DO RIO (BRASIL - PRIMEIRA REPÚBLICA)
Ana Paula de Assis Souza (LERR-UEM)
A presente comunicação visa apresentar Nina Rodrigues e João do Rio. Ambos
foram importantes pensadores que, ao final do século XIX e início do século
XX, produziram, respectivamente em Salvador e no Rio de Janeiro, estudos
sobre a cultura e religiosidade de matriz africana. Nesse sentido, o intuito desta
comunicação é pensar a importância destes dois autores no que concerne ao
estudo das crenças afro-brasileiras, pensando a iniciação, sobretudo, na
adesão individual a uma cultura coletiva. Trata-se de evidenciar uma cultura
que visava à legitimidade religiosa de um determinado grupo social por meio de
suas manifestações de cunho religioso, ao qual os dois intelectuais descrevem
em suas narrativas; O animismo fetichista dos negros bahianos (RODRIGUES,
1935) e As religiões no Rio (RIO, 1906).
Palavras-chave: Ritos de Iniciação; Nina Rodrigues, João do Rio.
O CERDO DO “CANDOMBLÉ” DE ESCOLASTICA: NOTÍCIA DE UMA
BATIDA POLICIAL NO TEREIRO DO GANTOIS EM 1926
Bárbara Santana Nogueira (UFRB)
Essa comunicação tem como objetivo apresentar e analisar o posicionamento
do periódico soteropolitano A Tarde frente à repressão à prática do candomblé
em Salvador com foco na notícia da batida policial ao terreiro de Mãe
Menininha em 1926. Realizaremos análise de conteúdos que versam sobre a
perseguição, a prática religiosa de matriz africana na cidade de Salvador e
sobre o terreiro do Gantois. Este artigo irá contribuir com a percepção sobre a
temática analisada, bem como com o papel desempenhado por um dos
maiores jornais do Estado e sobre as práticas religiosas de matriz africana,
além de apresentar um destino para os objetos de culto apreendidos nas ações
policiais de repressão ao povo de santo em Salvador.
Palavras-chave: A Tarde; Gantois; Candomblé; Perseguição policial.
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BREVES CONSIDERAÇÕES ACERCA DA REPRESENTAÇÃO
DA VIRGEM MARIA E DO SEU CULTO:
NICOLAU DIAS E O LIVRO DO ROSÁRIO DE NOSSA SENHORA (1573)
André Rocha Cordeiro (UEM)
Propomos neste artigo realizar breves considerações da pesquisa em
andamento acerca da representação de Maria e de seu culto, a partir da
hagiografia Livro do Rosário de Nossa Senhora, escrita pelo dominicano
Nicolau Dias (1525? – 1596), no ano de 1573 em Portugal. Nosso recorte
espaço-temporal é delimitado pela nossa fonte, sendo portanto, Portugal do
século XVI. Buscamos por objetivo geral compreender o modo que o culto a
Virgem Maria é representado pelo teólogo, na referida obra, em consonância
com o contexto histórico ao qual pertence o escrito hagiográfico, especialmente
a Reforma Católica. Respaldando-se na discussão acerca da história das
religiões e religiosidades e dos conceitos de “lugar social” e “representação”,
propostos por Michel de Certeau (1982) e Roger Chartier (1990; 1991),
respectivamente, buscamos analisar como o discurso católico, incorporado por
Nicolau Dias, expressa e representa o culto à Mãe de Deus. Compreendendo
também nenhum documento é inócuo e/ou inocente, e que é resultante de toda
uma conjuntura e construção que o faz compreensivo e expressão, buscamos
compreender o processo de construção e “(re)afirmação do culto à Maria diante
do contexto português, no século XVI. Fonte pouco estudada até o presente
momento, o Livro do Rosário de Nossa Senhora (1573), em nossa perspectiva,
é uma obra de expressão e relevância para os estudos da História das
Religiões e Religiosidade, principalmente da História da Igreja Católica
Portuguesa. Consideramos que o discurso empreendido por Nicolau Dias,
apresenta o posicionamento da Igreja em Portugal, diante dos
questionamentos levantados pelo protestantismo, que se alastrava pelo
continente europeu.
Palavras-chave: Virgem Maria; culto mariano; Nicolau Dias; Portugal, Igreja
Católica.
“DEVOÇÃO TÃO ACEITA À DEUS E A VIRGEM GLORIOSA”:O DISCURSO
ESTRATÉGICO DA IGREJA PARA A PROMOÇÃO DO ROSÁRIO NO
SÉCULO XVI
André Rocha Cordeiro (UEM)
O presente artigo propõe abordar de que forma se constrói o discurso da Igreja
Católica Apostólica Romana com a finalidade de promover a devoção mariana
do rosário. Utilizamos como fonte a obra do dominicano Nicolau Dias (1525? –
1596) intitulada Livro do Rosário de Nossa Senhora, publicado em Lisboa –
Portugal, em 1573. No século XVI a Igreja enfrenta uma de suas maiores crises
e contestações de sua história: a Reforma Protestante. Dentre as várias
contendas entre católicos e protestantes, a figura de Maria é tema de debates e
questionamentos pelo protestantismo. Na perspectiva de se reafirmar no
campo religioso a instituição católica se organiza por meio do Concílio de
Trento (1545 – 1576) e toma atitudes e medidas, a fim de combater a “nova
heresia” que a ameaçava. Dentre estratégias tomadas a promoção da devoção
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do rosário da Virgem Maria é fortemente propagada à cristandade católica.
Diante desse contexto, compreendemos que a obra de Nicolau Dias é um
documento de grande relevância para o estudo do catolicismo institucional, se
mostrando expressão do discurso e estratégia da Igreja Católica. Dessa forma,
nos respaldamos na discussão teórico-metodológica de Michel de Certeau
(1982; 1998) acerca do “lugar social” e do uso de “estratégias” pela Igreja
Católica, em Portugal, na perspectiva de se legitimar como instituição religiosa.
Palavras-chave: Nicolau Dias; Portugal, Igreja Católica; Rosário.
O INFERNO DE DANTE: CONFINS ENTRE A MITOLOGIA GRECOROMANA E A MITOLOGIA CRISTÃ
Daniel Lula Costa (UFSC)
Neste trabalho nosso objetivo é identificar elementos que demonstrem a
apropriação e ressignificação da mitologia greco-romana e da mitologia cristã
na Divina Comédia de Dante Alighieri, principalmente de sua primeira parte:
Inferno. O poeta florentino, ao dar movimento à memória e às imagens de
tempos antigos dá novos significados ao pós-morte cristão unindo elementos
de mitologias diversas, como por exemplo, os seres híbridos. É por meio
desses seres e de suas várias emergências em temporalidades diversas que
buscaremos o contato entre mitologias e o pós-vida dessas imagens, sendo
constantemente ressignificadas. Para identificar esses elementos utilizaremos
a metodologia de Warburg, quem define o movimento das imagens ao associála a vivência de um tempo e com a sua reminiscência em diversas
temporalidades, o que ele denomina por nachleben (pós-vida). Nesse caso
buscamos os confins entre mitologias, como definido por Cacciari, o ponto de
conexão entre uma e outra. A longa duração se faz necessária para
verificarmos os rastros das imagens antigas e medievais construídas em obras
artísticas. Propomo-nos a analisar os seres híbridos e os processos de
significação que os atingiram ao longo do tempo para identificarmos como
Dante os interpreta em seu momento histórico. A Divina Comédia, escrita no
século XIV, é permeada de seres híbridos, os quais dão significado ao
ambiente em que estão inseridos e, alegoricamente, funcionam como um
reflexo temporal das imagens antigas ressignificadas em sua função mitológica
e histórico-cultural, construídas pela visão de mundo de um tempo que é lido e
interpretado pelo olhar de Dante Alighieri.
Palavras-chave: seres híbridos; inferno; Dante; mitologia.
Agência financiadora: CAPES
O DISCURSO PAPAL ACERCA DO
COMPORTAMENTO FEMININO (1914-1958)
Solange Ramos de Andrade (UEM)
Diante do processo de secularização que, em fins do século XIX, preocupava o
pontificado romano, a Igreja Católica se fechou em seus dogmas, reforçou sua
hierarquia, centralizou seu poder e passou a promover um intenso processo de
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evangelização e de ações voltadas aos leigos para a manutenção de seu
“status quo”. Um dos segmentos a serem mantidos era a família e, em seu
interior, as moças católicas e a ação institucional pode ser identificada desde
fins do século XIX até a primeira metade do século XX. Na construção do ideal
da mulher católica, seu corpo martirizado, dócil, virginal é o protótipo do “corpo
feminino” desejado pela instituição eclesiástica. Um corpo que se dobra diante
os dogmas desta instituição, um corpo que “não peca”, que prefere o suplício, a
violência a perder sua pureza. Um “corpo feminino” constantemente
representado pelos documentos da oficialidade como a “virgem” ou “mãe”.
Enfim, tratava-se de um projeto missionário católico que, dentre outras
estratégias visava preservar a “alma feminina” dos males do mundo e, por seu
intermédio, garantir a entrada dos princípios e valores católicos em muitos lares
e o papel das encíclicas e cartas pastorais era “defender e recuperar o rebanho
católico”, não deixando o mesmo “perder-se” com as novas possibilidades do
mundo moderno. Minha proposta consiste em apresentar a construção do
discurso papal sobre como as moças católicas deveriam se comportar na
primeira metade do século XX. Serão analisados os documentos escritos pelos
papas Bento XV (1914-1922); Pio XI (1922-1939) e Pio XII (1939-1958).
Palavras-chave: Igreja católica; modéstia; valores católicos.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
A CONCEPÇÃO ANTROPOLÓGICA DAS ENCÍCLICAS DO CONCÍLIO
VATICANO II (1962-1965)
Marlei Correia (UNICENTRO)
Estudo dos Fundamentos da Educação amplia a compreensão do fenômeno
educativo lançando luzes para o sentido que se pretende dar à formação das
pessoas. Considerando-se que ninguém escapa da educação, todo sujeito é
formado de acordo com um projeto de pessoa, de mundo e de sociedade que
concorrerão para dar-lhe uma identidade e para inseri-lo em algum grupo
social. O pensamento da Igreja da década de 60 é carregado de concepções
antropológicas e ideológicas que resultaram das reflexões do Concílio
Ecumênico Vaticano II. Nesse período, a Igreja pensa um ideal de formação
humana, abrindo-se à contemporaneidade, cujas propostas de ações se
encontram nas dezesseis encíclicas do Concílio. Convém nesse estudo,
investigar qual foi o modelo antropológico formativo que a Igreja pensou para
os cristãos e como ele se organizou na sociedade. Para atingir tais objetivos,
recorreu-se ao estudo aprofundado de oito das dezesseis encíclicas pontifícias
que melhor expressam esse modelo de homem, de sociedade e de educação
idealizada pela Igreja. Esse estudo de natureza documental nos permite
verificar muitas das estratégias da Igreja não se efetivaram na prática, em
decorrência de questões de ordem social, política e cultural, que nem sempre
contribuíram para a emancipação do homem contemporâneo, dificultando a
aproximação da Igreja na vida das pessoas.
Palavras-chave: Concílio Vaticano II; antropologia; formação humana;
cristianismo.
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PARA UMA NOVA HISTÓRIA DA IGREJA NA AMÉRICA LATINA NOS
ANOS 1970: UMA ANÁLISE DA CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE
Maurício de Aquino (UENP)
Este texto discute alguns aspectos da chamada Nova História da Igreja na
América Latina que despontou com a criação da Comisión para el Estudio de la
Historia de la Iglesia en Latino América (CEHILA), no ano de 1973, na cidade
de Quito, Equador, no contexto de consolidação da Teologia da Libertação em
face da qual essa Nova História da Igreja se apresenta, duplamente, como
fundamento e expressão. No Brasil, o grupo CEHILA foi coordenado por
Eduardo Hoornaert que liderou a produção de ensaios e artigos publicados na
Revista Eclesiástica Brasileira (REB), então sob a chefia editorial do frei
Leonardo Boff que um ano antes, em 1972, havia publicado um dos livroschave da Teologia da Libertação: Jesus Cristo Libertador: ensaio de Cristologia
crítica para nosso tempo. Partindo dessas considerações este texto apresenta,
problematiza e demonstra as relações entre a Teologia da Libertação e a
História Renovada da Igreja produzida pelo grupo CEHILA mediada pelos
artigos publicados na REB, delimitados ao conceito de romanização do
catolicismo brasileiro – uma das noções centrais da produção historiográfica
CEHILA com importante repercussão nacional e internacional. O trabalho
encerra-se com algumas reflexões sobre o papel social, intelectual, teológico e
político da REB nos anos 1970 e início dos anos 1980, bem como com uma
caracterização da Nova História da Igreja produzida nesse contexto desde o
conceito de romanização do catolicismo brasileiro e de suas relações com a
Teologia da Libertação.
Palavras-chave: História da Igreja; América Latina; Romanização; Revista
Eclesiástica Brasileira.
A EDUCAÇÃO CATEQUÉTICA NO DISCURSO DO CONCÍLIO
VATICANO II (1962-1965)
Marlei Correia (UNICENTRO)
Dentre as atividades institucionalizadas pela Igreja Católica, a catequese se
configura como uma das organizações educacionais que melhor se estruturam
no âmbito pastoral. Todos os anos inúmeras crianças, jovens e adultos
procuram a Pastoral Catequética com o intuito de receber uma formação
baseada na educação a fim de se tornarem pessoas inseridas nos ideais do
cristianismo. A partir do Concílio Vaticano II, na década de 60, a Igreja
perpassa por um período de renovação pastoral e a catequese sofre
modificações metodológicas e alterações de linguagens. Esta proposta tem
como objetivo refletir sob a ótica da antropológica das encíclicas do Concílio
Vaticano II, o perfil do cristão, tipo de educação e formação humana pensada
pela Igreja e como a catequese sistematizou tais ideias. Os procedimentos
metodológicos dessa pesquisa se dão por meio de estudos de natureza teórica
e documental, utilizando-se da literatura especializada, como documentos
pontifícios, orientações da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
manuais catequéticos e revistas de catequese. Embora já existisse uma
estrutura organizacional da catequese, sobretudo no Brasil, funcionava por
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meio de transmissão dos conteúdos da fé, pelos quais eram ensinadas
determinadas práticas cristãs, de forma tradicional e fragmentada, fiel ao
modelo definido ainda no Concílio de Trento (1545 a 1563). Era uma prática
essencialmente doutrinária e sacramentalista, cuja metodologia consistia na
memorização e recitação. O Concílio Vaticano II representou a ruptura desse
modelo e implantou novos paradigmas nas pastorais da Igreja católica,
sobretudo para a catequese, quando se passa a pensar um novo tipo de
homem.
Palavras-chave: Concílio Vaticano II; catequese; educação confessional;
antropologia.
TINA MODOTTI E A (RE)CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL
MEXICANA NO PERÍODO PÓS-REVOLCUIONÁRIO (1920-1940)
Fabiane Tais Muzardo (UFPR)
A proposta deste projeto é a análise da (re)construção da identidade cultural
mexicana no período pós-revolucionário a partir das fotografias de Tina
Modotti. A referida fotógrafa italiana se mudou para o México em meados de
1920, período conhecido como Renascimento Cultural. Essa (re)construção
pautou-se pelo resgate das tradições mexicanas e pelo rompimento com os
padrões artísticos e culturais vigentes até aquele momento, provenientes da
Europa. De acordo com Manjarrez (1999), os artistas que foram para o México
na década de 1920 encontraram um meio cultural favorável à integração entre
suas propostas artísticas e a busca pela construção de uma cultura
caracterizada por valores e formas artísticas que valorizassem o elemento
nacional. Discutir-se-á, por conseguinte, a participação e influência dos artistas
estrangeiros, com destaque para Modotti, na (re)construção da identidade
cultural nacional, analisando a identificação destes com o México. Para isso,
serão utilizados os conceitos de cultura, identidade e hibridação cultural, de
Canclini. A reflexão terá como ponto central as fotografias produzidas para o
livro Ídolos tras los altares (1983), de Anita Brenner, que contou com a
participação ativa de Modotti. Esse livro é uma obra pioneira por ter sido o
primeiro livro especializado sobre o Renascimento Cultural Mexicano e por ter
difundido, também pela primeira vez, esse momento da arte mexicana ao
exterior.
Palavras-chave: México; Tina Modotti; Fotografia; Cultura; Identidade.
Agência financiadora: CNPQ
A PRÁTICA DO RITO PASCAL ENTRE OS DESCENDENTES DE
UCRANIANOS DE ARIRANHA DO IVAÍ-PR.
Fernanda Mazuco de Abreu (UEPG)
Devanir Leite (UEPG)
Este trabalho se propõe a analisar a Prática do Rito Pascal entre os
descendentes de ucranianos de Ariranha do Ivaí-PR. A colonização desse
município ocorreu entre as décadas de 1940 e 1960 e entre os colonizadores
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estavam os ucranianos e seus descendentes que até nos dias atuais são
adeptos da religião católica ucraniana. Na atualidade há em média entre 10 a
12 famílias que praticam as cerimônias religiosas na Capela São Miguel
Arcanjo, onde a Páscoa é vivenciada por essas pessoas como a maior festa da
igreja. A memória e o sentimento de ininterrupção colaboram para que o Rito
Pascal seja praticado há milênios pelos ucranianos e seus descendentes.
Celebrar a ressurreição de Jesus Cristo é uma maneira de preservar os
costumes místicos dos ancestrais. Os documentos das Igrejas Orientais
sublimam e destacam o Rito da Divina Liturgia Pascal como o ápice da fé
católica ucraniana. É a Celebração de maior valor religioso para este povo.
Esse Rito possui em sua essência cânticos, orações e a bençãos preparados
para a ocasião. A presente pesquisa foi realizada com base em revisão
bibliográfica e observação da celebração Pascal. Foram utilizadas fontes orais
que permitem através das rememorações interpretar fragmentos de um fato
passado. Documentos clericais e canônicos foram analisados para a
compreensão da Litúrgica Pascal
Palavras-chave: Rito Pascal; Descendentes de Ucranianos; Memória.
FREI ULRICO GOEVERT: PRIMEIRAS AÇÕES MISSIONÁRIAS EM
PARANAVAÍ-PR
Leide Barbosa Rocha Schuelter (UEM)
Frei Ulrico Goevert (1902-1983) foi o primeiro missionário pertencente a
Província Carmelita de Bamberg a ser enviado ao Brasil. Este artigo analisa
suas primeiras ações, enquanto missionário na região de Paranavaí-PR entre
os anos de 1951-1958. A análise terá como fonte central os artigos escritos
pelo religioso e publicados no periódico católico alemão: a Revista
Karmelstimmen. Posteriormente essa documentação foi traduzida e intitulada:
“História e memórias de Paranavaí” (1992). Como aportes teóricos trabalhamos
com o conceito de estratégias (CERTEAU, 1994) e formalização das práticas
(CERTEAU, 1982), para evidenciarmos que as primeiras ações empreendidas
por Frei Ulrico, foram no sentido de levar a comunidade a abandonar as
práticas religiosas desenvolvidas até então, levando-os a, paulatinamente se
aproximarem das práticas religiosas que propagava o missionário. Sua
produção permite analisar a influência que acarretou a instalação da Ordem
dos “Irmãos da Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo” e a
consequente institucionalização do catolicismo em Paranavaí-PR, visto neste
trabalho como a introdução de uma nova forma de vivenciar o catolicismo.
Assim, Frei Ulrico, o precursor do projeto missionário, teve um relevante papel
social na cidade de Paranavaí-PR, a partir principalmente da criação da Escola
Paroquial Nossa Senhora do Carmo (1952).
Palavras-chave: Carmelitas; Paranavaí-PR; Catolicismo; Estratégias.
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ARMINIANISMO: A CRENÇA DA SALVAÇÃO
NA IGREJA DO EVANGELHO QUADRANGULAR
Lidiana Gonçalves Godoy Zanati (UFMS)
A salvação é uma crença religiosa adquirida a partir do entendimento de seu
significado de resgate e libertação espiritual, neste caso, articulada através das
manifestações que delimitam a identidade e os valores de instituições cristãs
que a entendem mediante a presença da figura de Jesus Cristo, como salvador
dos perdidos e libertador dos pecadores, para a salvação eterna da alma. Esta
comunicação tem como objetivo apresentar as principais diferenças entre o
calvinismo e o arminianismo, os sistemas teológicos da maioria das igrejas
protestantes da América Latina, que surgiram no século XVI. Neste sentido,
busco destacar não apenas as diferenças referentes à crença da salvação,
mas analisar esta crença religiosa da salvação na Igreja do Evangelho
Quadrangular a partir dos fundamentos arminianos, mais especificamente as
representações coletivas e as práticas provenientes dessa abordagem,
conforme quer Chartier. Para isso analisarei documentos da instituição, como o
Estatuto e a Declaração de Fé, assim como os Cânones de Dort de 1618-1619,
para comparação e reflexão metodológica no que se refere ao entendimento da
salvação através de Jesus Cristo e os pensamentos que se divergem
dicotomicamente entre os calvinistas e os arminianos, quanto à sua
manifestação e aplicação, influenciando em conceitos religiosos e discursos
que identificam suas crenças.
Palavras-chave: Religião. Protestante. Arminanismo. Quadrangular. Salvação.
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ST 02 – HISTÓRIA, LITERATURA E MÚSICA: NARRATIVAS
LITERÁRIAS E MUSICAIS NA AMÉRICA LATINA
O “BANQUETE DOS MORTÍCOLAS”: REFLEXÕES SOBRE A
DESCONFIANÇA, O MEDO E A AVERSÃO ÀS PRÁTICAS MÉDICAS EM
G.C.P.A., DE GASTÃO CRULS
Andressa Marzani (UFSC)
O século XX surge em meio a diversas transformações de ordem econômica,
política, social e cultural. A gênese desse processo está localizada nas
mudanças tecnológicas e científicas ocorridas entre os séculos XVIII a XX.
Como aponta Nicolau Sevcenko (1998), as mudanças advindas com a
Revolução Industrial transformaram a vida das pessoas de modo inédito. Suas
implicações vão além do âmbito econômico; antes, afetaram desde as
hierarquias sociais até as noções de tempo e espaço e os relacionamentos
interpessoais. Destarte, diferentes correntes de pensamento surgiram, com o
fim de dar conta desse mundo novo. É também neste contexto que uma
parcela do produzido na literatura de fins do século XIX e início do XX procurou
dialogar com as transformações a seu redor, caracterizando de diferentes
maneiras essa sociedade. Em terras brasileiras, Gastão Cruls, um médico
sanitarista que se aventurou pelo mundo literário, em plena explosão do
Movimento Modernista, exemplifica bem esses anseios. Muitos de seus contos
e romances abordam temas relacionados ao exercício da medicina, ao saber
médico e afins. Partindo do conto G.C.P.A., publicado no livro Coivara (1920), o
presente estudo pretende aprofundar as reflexões sobre a desconfiança, o
medo e a aversão causados pelas práticas médicas. Para tanto, serão
abordadas as discussões entre literatura e sociedade propostas por Raymond
Williams (2011; 1977) e Antonio Candido (2006). Entender como a narrativa
ficcional delineia aspectos negativos do exercício médico, bem como relacionálos às experiências mais amplas de seu autor e de seu contexto histórico, será
a linha traçada por esta discussão.
Palavras-chave: literatura brasileira; pulp fiction; Gastão Cruls; cientificismo;
medicina.
Agência financiadora: CAPES.
O CORPO FEMININO NA DRAMATURGIA DE NELSON RODRIGUES
David Ferreira de Paula (UEM)
Esta comunicação tem por objetivo analisar as transformações do corpo
feminino na peça Dorotéia de Nelson Rodrigues. Analisaremos as três
personagens em conflito com seus corpos do ponto de vista semiótico e
discutiremos as soluções por elas encontras.
Palavras-chave: corpo, mulher, dramartugia, representação e conflito
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REPRESENTAÇÃO DO NEGRO NA OBRA “MENINO DE ENGENHO”
UM TEMA PROBLEMÁTICO PARA O ROMANCE DE 30
Edilon de Freitas dos Santos (UFRB)
O presente artigo problematiza a inserção do negro como tema\personagem
principal na tradição literária da década de 1930, identificando como o regionalista
paraibano José Lins do Rego na obra Menino de Engenho (1932) conduziu e
representou o outro. Assim, ao fazermos análise da narrativa acreditamos na
possibilidade da literatura ser um elemento de compreensão da realidade social
brasileira de tempos passados. Tendo como premissa a hipótese de que Menino
de Engenho pode ser tomado como um importante revelador das tensões
socioculturais no nordeste pós-abolição. Para tanto, vislumbramos o circuito
intelectual próximo de José Lins do Rego, com vistas para a relação dinâmica que
ele mantivera com o sociólogo Gilberto Freyre e que certamente influenciou
fortemente nas representações construídas acerca da população de cor.
Verificaremos o papel da memória do escritor afim de compreender em que
medida seu passado patriarcal debitou traços na condução dos personagens.
Além, dessas questões analisamos ligeiramente algumas polemicas estéticas e
politicas travadas pelo romancista ao longo de sua trajetória.
Palavras-chave: literatura, Menino de Engenho, representação, negro, circuito
intelectual.
A ARTE DE SER LOUCO: ANÁLISE DA AUTOBIOGRAFIA EM
QUADRINHOS “PARAFUSOS” DE ELLEN FORNEY
Diego Luiz dos Santos (UNIOESTE)
Esta comunicação tem como objetivo apresentar a pesquisa de mestrado,
ainda em fase inicial, intitulada “Artista, Louca e Genial: Uma análise da
autobiografia em quadrinhos ‘Parafusos’ de Ellen Forney”. A Pesquisa, que se
insere na área dos estudos da Psiquiatria e da Loucura, tem como fonte a
autobiografia em quadrinhos escrita e desenhada por uma artista norteamericana portadora de uma condição mental popularmente conhecida como
Transtorno Bipolar. O livro foi lançado em 2012 nos Estados Unidos e chegou
ao Brasil em 2014 pela editora Martins Fontes, com tradução de Marcelo
Brandão Cipolla. É possível observar na autobiografia uma tentativa da autora
de afastar de si o estigma da “louca alienada”, buscando construir-se como
uma “Louca Genial”. Além de conter uma descrição, partindo do ponto de vista
da própria paciente, das oscilações entre a “mania” e a “depressão”, a obra em
questão traz anotações pessoais da autora, como recortes de diários e jornais,
reproduções de fotografias e blocos de desenho, o que torna o livro uma
importante fonte nos estudos autobiográficos relacionados à história da
psiquiatria, principalmente pelo fato de os quadrinhos serem um tipo de mídia
pouco utilizado nesta área historiográfica.
Palavras-chave: Quadrinhos; Psiquiatria; Autobiografia
Agência financiadora: CAPES
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“SELVA TRÁGICA” E “DE GALPÃO EM GALPÃO” A PERCEPÇÃO DO
DISCURSO LITERÁRIO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
Leandro Baller (UFMS)
O sul do antigo Mato Grosso foi entre o final do século XIX e início do XX um
ambiente ocupado por grande contingente de estrangeiros, em especial
paraguaios que eram experientes na lida da erva-mate. O objetivo da
comunicação é discutir fragmentos dos livros “Selva Trágica” de Hernâni
Donato (1956?), e “De Galpão em Galpão” de Hélio Serejo (1962), entendendo
como a construção discursiva no interior deles contribuiu para a percepção da
formação da identidade regional na porção sul do Mato Grosso nas primeiras
décadas do século XX (1910-1930), atentando, nesse momento especialmente
ao ciclo dos trabalhadores dos ervais no que atualmente se conhece como o
Conesul de Mato Grosso do Sul. A discussão ocorre a partir de recortes
aleatórios de crônicas e contos de ambos os livros, e é permeada pela
experiência histórica desse contexto, assim procura-se compreender como os
grupos, às vezes semelhantes, e às vezes diferentes entre si, se unem, e
formam aspectos culturais que fomentam uma comunidade. Os discursos não
perpassam necessariamente como objetivos específicos, expostos e supostos
por Donato e Serejo para a construção da identidade, o debate é uma análise
comparativa entre os dois autores para mostrar as representações da vida nos
ervais, presentes nos discursos de ambos, exclusivamente nestes dois livros, o
que não pode ser generalizado para a obra completa dos autores. As fontes
são os livros “Selva Trágica” e “De Galpão em Galpão”, e metodologicamente,
a base de análise é pautada na ordem do discurso.
Palavras-chave: Discurso, Identidade, Literatura, Historia Regional
“QUANTOS POETAS PERDIDOS PARA SEMPRE, QUANTA RIMA
DESTINADA AO OLVIDO DA HUMANIDADE!” PRODUÇÃO E
CIRCULAÇÃO DE POESIAS NO RIODE JANEIRO DE FINS DO SECULO XIX
E INICIO DO SECULO XX
Silvia Cristina Martins de Souza (UEL)
Esta comunicação elege como locus de observação a cidade do Rio de
Janeiro, no período que abrange de fins do século XIX e início do XX. Nela,
busca-se analisar a produção e circulação de poesias compostas por pessoas
comuns, de pouca ou nenhuma formação letrada, e os possíveis usos e
funções que seus autores e receptores a elas conferiram, um tema que vem
despertando a atenção da academia nas últimas décadas, em diferentes áreas
de conhecimento, dentre elas a História. O corpus documental selecionado é
composto por registros fragmentados e dispersos que são, na sua maioria,
indiretos e comprometidos com a visão de mundo de sujeitos que não faziam
parte dos mesmos segmentos sociais dos autores e receptores das poesias
que aqui serão privilegiadas, os quais projetaram sobre os mesmos suas
avaliações parciais e muitas vezes preconceituosas. Em função desta
especificidade, estes documentos serão lidos nas suas entrelinhas, para que
deles se possa vislumbrar um quadro mais amplo sobre diferentes formas de
circulação, apropriação e resignificação, que apontam para as dinâmicas entre
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os níveis “popular” e “erudito” no campo da cultura, pensados nas suas
interelações recíprocas, num processo constante de circularidade.
Palavras-chave: História; Poesia; Rio De Janeiro; Século XIX
A ATUAÇÃO DE GASPAR DA SILVA NA COLUNA LETTRAS E ARTES ‘A
PROVÍNCIA DE SÃO PAULO: DIVULGADOR E MEDIADOR SULTURAL
ENTRE BRASIL E PORTUGAL
Célia Regina da Silveira (UEL)
A atuação de portugueses na imprensa brasileira foi profusa durante quase
todo o século XIX, fosse como colaboradores fosse como criadores de jornais e
revistas literárias. Um dos nomes d’além mar que aportou no Brasil em 1876 –
tendo participado ativamente das discussões político-literárias do último
quadriênio do século XIX – foi o de Gaspar da Silva. Além de livreiro na cidade
de Campinas, foi um atuante divulgador das letras lusitanas nas páginas de
diversos jornais brasileiros, com ênfase para A Província de São Paulo, bem
como difundiu escritores brasileiros na imprensa portuguesa. Fundou, também,
um dos jornais considerados mais literários de São Paulo na época – O Diário
Mercantil (1884-1890) – que acolheu jovens escritores da época, como Raul
Pompéia e Olavo Bilac. Neste aspecto, o seu jornal teria tido um papel similar
ao da Gazeta de Notícias do Rio de Janeiro, de Ferreira de Araújo. No entanto,
o seu nome e sua importância como mediador cultural entre Brasil e Portugal,
foram nublados pela memória histórica. Esta pesquisa, intenta (re) compor a
sua trajetória no universo letrado paulista com vistas a delinear o debate
político-literário que se deu no período, marcado pelo embate entre o
romantismo e as ideias científicas. Nesse sentido, para esta comunicação,
optou-se, por elaborar um pequeno recorte da pesquisa mais ampla. Por meio
da coluna Lettras e Artes do jornal A Província de São Paulo, procurar-se-á
mostrar o (em) debate inaugurado por Gaspar da Silva acerca do Romantismo
e Realismo, especialmente na poesia.
Palavras-chave: Mediador cultural; Gaspar da Silva; Imprensa
O POETA MODERNISTA SOBE A SERRA:
ETNICIDADES EM MOVIMENTO NA POESIA DE ERNANI FORNARI
Luciana Murari (PUCRS)
Em 1928, Ernani Fornari publicou o livro de poemas “Trem da Serra”, narração
de uma viagem ferroviária de Porto Alegre às regiões de colonização italiana e
alemã da Serra Gaúcha, seguida de uma observação empática de seu
cotidiano. Nesse trabalho, analisaremos o poema sob o ponto de vista do
encontro de etnicidades na região, atentando para os modos literários de
representação de convergências, embates e amálgamas culturais.Buscamos
analisar como, através da linguagem poética modernista, Fornari insere-se no
debate acerca da incorporação do elemento imigrante nas sociedades sul-riograndense e brasileira, a partir de questionamentos sobre identidade,
miscigenação e raízes históricas. Será utilizado, para tanto, um procedimento
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de leitura dialógica e contrastiva em que o poema de Fornari é posto em
debate com a obra de outros autores – escritores, críticos, políticos, polemistas
– que, naquele momento, também refletiam sobre o impacto cultural da
imigração europeia não lusa no Brasil. Em questão estava a pretensa ameaça
que aquelas comunidades poderiam representar para a unidade do país e, ao
mesmo tempo, a contribuição material e humana de outros povos para sua
afirmação como nacionalidade.
Palavras-chave: imigração; colonização estrangeira; modernismo literário;
Ernani Fornari; identidade nacional brasileira.
Agência financiadora: CNPq
O MANIFESTO ROCK DE LUIS ALBERTO SPINETTA COMO ELEMENTO
DE ANÁLISE SOCIOCULTURAL DA ARGENTINA DE 73
Karin Helena Antunes de Moraes (Univ. Fed. da Integração Latino-Americana)
Em 1973, Luis Alberto Spinetta lançou o disco Artaud ainda sob o nome de sua
antiga banda, Pescado Rabioso. Durante a apresentação do álbum em 23 de
outubro no teatro Astral de Buenos Aires o músico distribuiu o manifesto Rock:
música dura, a suicidada pela sociedade. Este documento aliado à obra
musical que se apresentava são elementos essenciais na historiografia do rock
nacional e formam um interessante material para compreensão da Argentina do
início dos anos 70. Objetivo: O presente trabalho busca a convergência do
manifesto de Spinetta com o cenário musical ao qual o músico denuncia e
pretende compreender de que forma o contexto cultural da Argentina do início
da década de 70 está refletida na crítica do músico. Metodologia: Através da
análise do discurso, verifica-se como este manuscrito é fonte relevante para a
compreensão cultural, social e política não apenas no âmbito das gravadoras,
criticadas por Spinetta, mas também como o documento pode ser lido como um
reflexo sociocultural da Argentina. Discussão: O manifesto rock faz um convite
ao pensamento crítico sobre a exploração discográfica e se expande para o
conturbado contexto político da Argentina cuja esperança democrática renascia
com a realização de eleições livres para a presidência em março daquele ano.
Conclusão: O manifesto de Spinetta abre espaço para questionar o que
significa fazer música neste contexto e é uma negação ao cerceamento
ideológico e moral, além de ser uma defesa do rock como liberador de mentes
e sentimentos.
Palavras-chave: manifesto; rock; sociocultural; política
Agência financiadora: Demanda Social Unila
ENTRE RIOS, SONORIDADES E MEMÓRIAS: A CONSTRUÇÃO DE
IDENTIDADE(S) CULTURAIS A PARTIR DE DIÁLOGOS MUSICAIS NA
TRÍPLICE FRONTEIRA BRASIL / PARAGUAI / ARGENTINA
Emilio Gonzalez (PUC/SP – UTFPR)
O trabalho apresenta alguns resultados de uma pesquisa de doutorado em
História em andamento, na qual investigamos construções e apropriações
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identitárias realizadas na região da tríplice fronteira Brasil / Paraguai /
Argentina, tomando como base para este diálogo a musica popular, regional,
notadamente a do gênero conhecido como “folklore”. A pesquisa entende que a
musica, neste caso, opera como importante elemento de expressão, que
permite ao artista a construção de narrativas e memórias sobre processos
históricos por eles vivenciados e/ou problematizados como parte de sua
trajetória, tais como: relações de trabalho, migração, integração fronteiriça,
identidades culturais híbridas ou nacionais, etc. Nesse sentido, abordar a
musica nessa perspectiva possibilita pensar que o artista também participa da
construção e/ou reafirmação de discursos identitários que tentam interpretar a
fronteira, produzindo novos elementos e/ou reinterpretando antigas noções
existentes sobre esse espaço geográfico e cultural, dando novos sentidos as
narrativas sobre sua constituição histórica e cultural/identitária. O trabalho,
iniciado em 2014, também busca apontar para possibilidades metodológicas no
entrecruzamento do trabalho com fontes musicais e orais (História Oral),
ampliando o horizonte de trabalho e o campo geralmente destinado a estes
dois elementos, quais sejam: a música, e a fala (oralidade), ambas
compreendidas aqui como interlocutoras legítimas a produzirem discursos
identitários sobre essa região de fronteira.
Palavras-chave: Musica Popular; Fronteira; Identidade; Oralidade
Agência financiadora: CAPES
“O QUE TEMOS PRA HOJE É SAUDADE”: UMA ANÁLISE SOBRE O
“FENÔMENO” CRISTIANO ARAÚJO E O MERCADO DA MÚSICA
SERTANEJA UNIVERSITÁRIA
Gabriel Barbosa Rossi da Silva (UNIOESTE)
O objetivo desta comunicação é apresentar algumas questões que possibilitem
uma análise do mercado, no século XXI, da música sertaneja dirigida ao
público jovem, considerando a dimensão que esse setor ganhou a partir de
finais do século XX. A partir da morte do cantor Cristiano Araújo em Junho de
2015, discussões foram levantadas pela grande mídia, sobre quais espaços
são ocupados pelo segmento da música sertaneja atual dentro do mercado
fonográfico. Existe um Sertanejo Universitário que participa das grandes redes
com, por exemplo, Michel Teló. Cantor que conseguiu produzir um hit que
alcançou outro patamar da música dentro desse mercado, com a canção “Ai se
eu te pego”. Porém existem também artistas mais regionais, que surgem de
forma “artesanal”, e que tentam também se impor dentro desse mercado, mas
ainda compõem um mercado alternativo, que acabam por fazer parte esses
cantores tão conhecidos e ao mesmo tempo anônimos, caso de Cristiano
Araújo que mesmo dispondo de uma quantidade significativa de fãs, gerou
grande discussão com a pergunta: “Quem era Cristiano Araújo?”.
Palavras-chave: Música Sertaneja; Sertanejo Universitário; Cristiano Araújo
Agência financiadora: Fundação Araucária
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DO RAP À LITERATURA: O DISCURSO E A MENTALIDADE DA PERIFERIA
NO LIVRO ‘A GUERRA NÃO DECLARADA DA VISÃO DE UM FAVELADO’,
DO RAPPER MANO EDUARDO – FACÇÃO CENTRAL
Luiz Gustavo Cossari (UEL)
Em 2012, o rapper paulistano conhecido como Mano Eduardo, ex-MC (mestre
de cerimônias) do grupo de rap Facção Central, publicou seu primeiro livro.
Intitulado “A guerra não declarada na visão de um favelado”, mantêm o teor
radical e panfletário, a agressividade e a denúncia da exclusão, miséria e da
violência como forma de resistência, características marcantes das canções do
grupo que chegou a ter o videoclipe “Isso aqui é uma guerra” apreendido pelo
Ministério Público de São Paulo por apologia ao crime. Abordando temas como
criminalidade, violência, policial ou não, opressão, falta de oportunidades,
cotidiano violento das periferias, desigualdade, corrupção, a falta de
oportunidades e o desamparo estatal para com as populações menos
favorecidas. Para essa tarefa contaremos com as reflexões, referências
teóricas e metodologias contidas no livro A Cultura da mídia, de Douglas
Kellner, que nos capítulos O rap e o discurso negro radical e Resistência,
contra-hegemonia e dia-a-dia, onde o autor analisa a cultura hip-hop e suas
expressões como veiculação de discursos de identidade, autoafirmação,
autoestima, autodeterminação e resistência, bem como forma de dar voz aos
grupos marginais da sociedade americana. O objetivo é analisar a narrativa do
livro, um manifesto de 614 páginas, no qual através da literatura, o músico
expressa suas reflexões, visão de mundo e opiniões políticas que, além de
constituir uma expressão de sua mentalidade e a ideologia, pretender dar voz,
através de seu discurso, àqueles que, na margem da sociedade, quase nunca
são vistos, ouvidos ou lembrados pela sociedade e autoridades.
Palavras-chave: Rap; mentalidade; política; narrativa; violência.
Agência financiadora: CAPES.
LINHAS DE FRENTE DAS BANDAS MARCIAIS DE SÃO PAULO: TENSÃO
E NEGOCIAÇÃO
Elizeu de Miranda Corrêa (PUC – SP)
A possibilidade de novos objetos de estudos na seara da História Cultural,
permitiu a visibilidade para temas até então não inseridos no debate do
universo acadêmico, deste modo esse trabalho tem como objetivo efetuar uma
análise sobe as tensões que permearam o embate entre as Linhas de Frente e
o Corpo Musical das Bandas Marciais em São Paulo, na década de 1980. Para
tanto recorreu-se a análise de fontes que permitissem efetuar uma leitura sobre
essa prática cultural, a partir de reportagens de jornais, fotografias e filmagens,
regulamentos de concursos do gênero e planilha de julgamento. As Linhas das
Bandas Marciais de São Paulo tiveram grande ascendência na década de
1980, após o termino da Ditadura Militar, por romperem com as características
das coreografias marciais e adapta-las ao estilo cênico, sugerindo uma
espetacularização dessa prática cultural, despertando grande interesse do
espectador. Diante disso, houve grande embate com o Corpo Musical pela
disputa do espaço. Nesse sentido, foi percebido que nesse universo há tensão
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e negociação, nas relações entre a cultura popular (subalterna) e a cultura
erudita (dominante), a qual revelou o reconhecimento de sujeitos excluídos
socialmente.
Palavras-chave: Linha de Frente; Bandas; Fanfarras; Corpo Coreográfico.
Agência financiadora: CAPES
CANTAR A HISTÓRIA, PENSAR O BRASIL
Geni Rosa Duarte (UNIOESTE)
A escrita da história não é função exclusiva dos historiadores. Músicos e
compositores também voltam seus olhares sobre o passado, problematizam
seu presente e constroem sobre ambos interpretações que até mesmo
dialogam com a historiografia acadêmica. duarteEste trabalho tem por objetivo
analisar algumas composições que estabelecem parâmetros para pensar tais
diálogos, interpretando questões relativas à composição étnica da população, à
miscigenação e à identidade afrodescendente, confirmando ou negando o mito
das três raças formadoras e a suposta democracia racial. Ou seja, construindo
uma interpretação do Brasil que, de certa forma, acompanha as mudanças que
a própria historiografia vivencia. O tema tem propiciado discussões que
envolvem tanto a comunidade acadêmica quanto os movimentos sociais que
propõem encaminhamentos a esse respeito, redundando em propostas
curriculares que buscam dar algumas respostas a essas questões, e essas
diferenças se expressam também na música popular brasileira
Palavras-chave: música popular; historiografia. identidades; afrodescendentes.
LIVING IN THE MATERIAL WORLD: MÚSICA E ESPIRITUALIDADE DE
GEORGE HARRISON
Marcelo Henrique Violin (UEL)
O tema do presente artigo é a relação do músico George Harrison com a
milenar cultura espiritual da Índia: a cultura védica. Analisarei a letra da
composição Living In The Material World de George Harrison em sua carreira
solo após o fim dos Beatles. Na letra, identifico sua devoção por Krishna e a
influência da filosofia do movimento Hare Krishna presente nos livros do mestre
Prabhupada. A tradição Gaudiya- Vaishnava, conhecida popularmente como
Movimento Hare Krishna, foi disseminada nos países ocidentais por A. C.
Bhaktivedanta Swami Prabhupada, que foi aos Estados Unidos em 1965 com a
missão de propagar o conhecimento védico e a tradição Vaishnava. O
movimento Hare Krishna foi inaugurado por Caitanya Mahaprabhu, que
espalhou o canto congregacional do mantra Hare Krishna por toda a Índia no
século XVI e restabeleceu a sucessão discipular que se segue até os dias
atuais. Prabhupada visitou os quatro continentes do globo, iniciou muitos
discípulos, escreveu cerca de setenta obras de traduções e comentários da
literatura védica e fundou a ISKCON, a Sociedade Internacional para
Consciência de Krishna. George Harrison conheceu Prabhupada e foi instruído
espiritualmente por ele, o que mudou profundamente sua jornada existencial.
25
Na mídia em geral, enfatiza-se a relação do músico com o mestre Maharishi,
entretanto, George Harrison teve uma estreita relação com Prabhupada, o que
é evidenciado neste artigo.
Palavras-chave: Letra de música; História das religiões; História Cultural.
O ENSINO DA MÚSICA NAS ESCOLAS MUNICIPAIS DE GUARAPUAVA:
UMA ANÁLISE NA PERSPECTIVA ADORNIANA
Marcia Rickli (UNICENTRO)
Esta pesquisa propõe a elaboração de um projeto na área do ensino da música
através de uma revisão bibliográfica, tendo como parâmetro teórico o
referencial Adorniano. Este servirá de base à investigação do contexto escolar
da rede municipal de ensino de Guarapuava quanto à aplicabilidade da lei
federal nº 11.769, a qual estabelece a obrigatoriedade do ensino da música nas
escolas de educação básica do país. A ampliação da presença da música
através de um ato legal não resultou, por si só, em ações palpáveis para a
prática pedagógica e sua democratização. Questões desde políticas públicas,
até um melhor entendimento do papel da música na formação das crianças e
jovens, emergem neste cenário. A qualidade do ensino musical como processo
pedagógico requer a elaboração de programas sérios que visem superar os
mecanismos de exclusão presentes no contexto escolar, reproduzindo a
estrutura de classes e conflitos sociais. Ao não fornecer esquemas perceptivos
necessários para apreensão de formas complexas de música, legitima a
semiformação expondo-os, sem critérios, aos modismos, evidenciando acesso
diferenciado a cultura, arte e música. A pesquisa fomentará o debate sobre
estas questões com base na potencialidade das concepções de Theodor
Adorno sobre estética, arte, música, formação e indústria cultural. Após
elucidação destes pressupostos a pesquisa se desdobrará na investigação em
sala de aula, identificando o potencial formativo destes conceitos e como isso
se efetiva no ensino musical, construindo alternativas que fortaleçam seu
caráter formativo, favoreçam a superação da estereotipia e a resistência ao
apelo da Indústria Cultural.
Palavras-chave: Música; Theodor Adorno; Ensino; Formação; Cultura
CRÍTICA LITERÁRIA, EXÍLIO E POLÍTICA NA REVISTA LITERATURA
CHILENA EN EL EXILIO: REFLEXÕES A PARTIR DAS RESENHAS
BIBLIOGRÁFICAS
Raphael Coelho Neto (UFMG)
Literatura Chilena en el Exilio (1977-1980) foi uma revista cultural, de forte
caráter político, fundada e dirigida no exílio em Los Angeles, EUA, no contexto
da ditadura militar no Chile, pelos escritores e críticos literários Fernando
Alegría e David Valjalo, ambos ex-integrantes do governo de Salvador Allende.
Essa publicação trimestral divulgou, amplamente, em suas páginas, crítica e
textos literários de resistência política que, por vezes, difundiram ideias,
discursos e valores vinculados às culturas políticas de esquerda chilenas.
26
Entendemos, por cultura política, com base nos estudos de Serge Berstein e
Rodrigo Patto Sá Motta, um conjunto de valores, tradições, práticas e
representações políticas compartilhado por determinado grupo, expressando,
dessa forma, identidades coletivas, fornecendo leituras e modos de ver comuns
do passado, bem como para projetos futuros. Assim, o objetivo desta proposta
de comunicação consiste em analisar as relações entre literatura, exílio e
política nas resenhas de livros publicadas em Literatura Chilena en el Exilio.
Tendo esse impresso como fonte e objeto de pesquisa, estabelecemos como
central em nossa apresentação refletir de que maneira as resenhas críticas
analisadas dialogaram com o editorialismo programático da revista. A
expressão editorialismo programático foi cunhada por Fernanda Beigel,
referência metodológica nos estudos sobre revista cultural, e compreende a
linha editorial política e militante de determinado periódico, associada a suas
projeções artístico-culturais. De antemão, apresentamos que a crítica literária
chilena, publicada em Literatura Chilena en el Exilio, no afã de se opor ao
governo de Augusto Pinochet, deu especial atenção à literatura política de
caráter testemunhal produzida tanto no exílio quanto no Chile.
Palavras-chave: Literatura Chilena en el Exilio; Exílio; Crítica Literária;
Editorialismo Programático; Culturas Políticas
Agência financiadora: CAPES
O ELEMENTO ESTÉTICO NA RELAÇÃO HISTÓRIA E LITERATURA:
UMA CONTRIBUIÇÃO DE ANTONIO CANDIDO
Lucas André Berno Kölln (UNIOESTE)
Os estudos historiográficos a partir da literatura têm se desenvolvido
intensamente nos últimos anos, e têm se desdobrado em diversas direções e
temas à medida que os historiadores recorrem aos escritos literários para
tentar aplacar suas inquietações. Apesar disso, o interesse por essa fonte nem
sempre vem acompanhado pela preocupação quanto à dimensão estéticoformal das obras literárias, fazendo-o redundar, algumas vezes, num uso algo
"utilitarista" da literatura ou, então, na secundarização de um aspecto com
relevante potencial epistemológico. Levar em conta os caracteres formais da
obra literária permite identificar e perceber significados, interesses e sentidos
que de outro modo poderiam ficar obscurecidos ou mesmo ignorados,
ajudando, assim, a revelar escolhas que são tão estilísticas quanto sociohistóricas. Além disso, dar relevo analítico à dimensão estético-formal evita o
sufocamento da autonomia própria da literatura, dando a possibilidade de
perscrutá-la também como objeto, e não somente como fonte. Não se trata,
portanto, de capricho ou perfeccionismo intelectual, mas de condição para a
apropriação historiográfica de qualquer escrito literário. No intuito de evitar as
insuficiências supramencionadas, algumas das questões debatidas por Antonio
Candido servem como possibilidade crítica para um mais justo e prolífico uso
historiográfico da literatura, sendo nessa contribuição que esse trabalho
pretende focar-se, especialmente quando o crítico literário busca vencer a
dicotomia "internalidade-externalidade" na exegese da literatura.
Palavras-chave: Historiografia; Literatura; Antonio Candido; Estética
27
CONFLITOS POLÍTICOS E CIENTÍFICOS TRANSFORMADOS EM
ROMANCES: A LITERATURA DE AFRÂNIO PEIXOTO NA PRIMEIRA
REPÚBLICA (1910-1920)
Eucléia Gonçalves Santos (UFPR)
O objetivo deste artigo é analisar a obra literária do médico, cientista, político e
literato Afrânio Peixoto (1876-1947) a partir das contribuições da literatura
como fonte histórica. Tomando como ponto de partida as propostas
metodológicas de Quentin Skinner pretendemos analisar o texto a partir do seu
diálogo com o contexto, ou seja, desvendar os atos de fala presentes na
construção das obras literárias, particularmente as que foram escritas entre os
anos de 1910-1920, identificando com quem Afrânio Peixoto dialogava, quais
eram seus interlocutores e quais os diálogos tecidos na obra literária que
apontavam os conflitos presenciados pelo intelectual no campo científico e
político.
Palavras-chave: conflitos políticos e científicos, romances, Afranio Peixoto
Agência financiadora: CAPES
LOS TRES CABALLEROS E AS REPRESENTAÇÕES DO DISCURSO PANAMERICANISTA PARA A AMÉRICA LATINA
Mayra Coan Lago (USP)
Com o advento da Segunda Guerra Mundial acirrou-se as disputas comerciais,
políticas e ideológicas das grandes potências, sobretudo dos Estados Unidos e
da Alemanha, pela América Latina. Entre as disputas do momento
pretendemos destacar a ideológica e, mais particularmente, um dos
mecanismos utilizados pelos Estados Unidos, para difundir o discurso panamericanista para a América Latina: o cinema. Procurando atender aos
objetivos da Política da Boa Vizinhança, os filmes norteamericanos deveriam
seguir as diretrizes da Divisão de Informações, ligada diretamente ao Office of
the Coordinator of Inter-American Affairs (OCIAA). Entre os filmes e
personagens produzidos no momento, gostaríamos de destacar os “tres
caballeros” da Disney, comumente conhecidos como Zé Carioca, Pato Donald
e Panchito para pensar: de que forma a América Latina seria apresentada?
como a América Latina seria representada por estes personagens? que
elementos seriam selecionados para tal representação? que relação seria
forjada entre os personagens, sobretudo Zé Carioca e Panchito com o Pato
Donald? Eis algumas das perguntas que norteiam este estudo inicial, que tem
como objetivo apresentar as representações do discurso pan-americanistapara
a América Latina, a partir dos personagens selecionados nos filmes “Alô
Amigos” de 1942 e “Los tres caballeros” ou “Você já foi a Bahia?” de 1945.
Consideramos estes personagens emblemáticos para observarmos um dos
mecanismos utilizados pelos Estados Unidos para a difusão do discurso panamericanista, tal como para refletirmos sobre as projeções de imagens pelo
“outro” sobre os latinoamericanos, seja por uma dimensão de identidade mais
28
“geral” como de uma identidade “nacional”, de cada um dos países,
representados pelos personagens.
Palavras-chave: Zé Carioca; Pato Donald; Panchito; Pan-Americanismo;
América Latina.
AVENIDA DROPSIE: A RELAÇÃO DE WILL EISNER E A NOVA YORK DO
SECULO XX
Rodolfo Grande Neto (UNICENTRO)
O Romance Gráfico escrito por Will Eisner na segunda metade da década de
1990 acontece como uma tentativa de legitimar e reforçar uma memória sobre
a cidade de Nova York a partir da ótica dos imigrantes que chegaram à cidade
ainda no final do século XIX. A motivação expressa por Eisner em desenvolver
essa obra une-se aos projetos de revitalização dos bairros da cidade de Nova
York propostos pelo poder público na segunda metade do século XX, tornando
sua obra uma ferramenta que busca conscientizar, concretizar e reforçar uma
memória coletiva que está para além da história oficial dos EUA. Avenida
Dropsie de Eisner trata-se da representação das vivências e experiências que
do próprio autor ou que este teve contato durante a infância junto aos
imigrantes da cidade. O discurso presente nas produções artísticas é tomado
como testemunho. Compreender o que é testemunhado, como é
testemunhado, bem como as nuances do discurso e as práticas
representacionais que analisam a relação entre arte e verdade, fazem parte do
campo que tange os interesses da História Cultural. O presente trabalho
pretende discutir a arte enquanto ferramenta de representação de experiências
pessoais e coletivas e também pode vir a servir como monumento para a forja
e manutenção de uma memória coletiva, reconhecendo na narrativa não
apenas uma forma artística, mas também dotada de um fazer político calcado
na importância de dar voz e tornar público esses sujeitos e suas histórias de
vida como também fazendo parte da construção da cidade de Nova York.
Palavras-chave: Arte Sequencial; Memória; Representação; Romance Gráfico
Agência financiadora: CAPES.
29
ST 03 – HISTORIA ORAL, MEMORIA E MIGRAÇÕES
REFLEXOES SOBRE DESLOCAMENTOS E ORALIDADES NA
AMERICA LATINA CONTEMPORANEA.
CAMPANHA DE NACIONALIZAÇÃO E REPRESSÃO NO VALE DO
TAQUARI (RS)
Bibiana Werle (UDESC)
A Campanha de Nacionalização projetada pelo governo Getúlio Vargas durante
o Estado Novo (1937-1945), foi um dos momentos em que a tensão entre “nós”
e “eles” esteve presente na história do Brasil. Elaborada para construir uma
versão da identidade nacional brasileira, as ações “nacionalizantes” de agentes
do governo reprimiram diversas representações étnicas e culturais que não se
enquadravam no perfil do considerado genuíno brasileiro. No caso especificado
neste trabalho – os imigrantes alemães e seus descendentes – buscamos,
através de fontes institucionais como termos de inspeção escolares,
fonogramas e correspondências encontrados na Igreja Evangélica de
Confissão Luterana do Brasil e jornais da região do Vale do Taquari, no Rio
Grande do Sul, analisar a repressão a que este grupo étnico foi passível
durante a Campanha de Nacionalização, agravada pela declaração de guerra
do Brasil à Alemanha, em 1942. Situações como o fechamento de instituições
de cunho étnico germânico, a proibição da fala em idioma alemão em
ambientes como escolas, igrejas e bailes, assim como a prisão e tortura
daqueles que fossem suspeitos de confabularem contra o governo, eram
justificadas por representarem uma ameaça à unidade nacional. Através do
conjunto de fontes anunciadas, é possível compreender a maneira como a
nacionalização forçada dos anos 1930 e 1940 atingiu uma gama diversificada
de instituições na região abordada, além de ter acirrado antagonismos entre os
diferentes grupos étnicos locais.
Palavras-chave: Nacionalização; Identidade Étnica; Rio Grande do Sul
A IMIGRAÇÃO ITALIANA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
ÍTALO-BRASILEIRA ATRAVÉS DA GASTRONOMIA
Gabriela Ferreira Horvatich Beffa (UEL)
Guilherme Luis Pampu (UEL)
O propósito desse trabalho é de entender a imigração italiana para o Brasil e
também o quanto a alimentação interferiu nesse movimento de imigração e na
fixação desses imigrantes em solo brasileiro. Serão retratados os motivos que
os levaram a sair da Itália, como as guerras de unificação e a industrialização
do país; o trajeto até o Brasil nos navios de imigrantes; o trajeto até o destino
final, já em terras brasileiras; porque a escolha do Brasil como destino; e em
que a cultura alimentar desse povo ajudou ou atrapalhou a adaptação destes
no Brasil. Veremos como se deu a fixação desses imigrantes em terras
brasileiras, mais precisamente no Rio Grande do Sul. Pretende-se analisar a
construção da identidade dos imigrantes e descendentes de imigrantes
30
italianos que viviam no Rio Grande do Sul no período de 1977 a 1981 através
de entrevistas publicadas em um livro organizado por Luis De Boni e Nelci
Gomes. A partir de entrevistas contidas nesse livro, pretende-se colocar um
foco maior na contribuição que a gastronomia e a alimentação tiveram na
construção dessa identidade do imigrante, fazendo uma análise do discurso
contido nessas entrevistas e a partir delas, nos será possível discorrer sobre o
cotidiano desse imigrante, ao podermos entrar em contato com relatos sobre
como viviam, onde moravam, e o nosso maior foco, como comiam.
Palavras-chave: Imigração italiana; Identidade; Alimentação.
MIGRAÇÃO NA REGIÃO CENTRO SUL DO PARANÁ: UM ESTUDO DE
CASO NO MUNICÍPIO DE TURVO/PR
Nayara Fernanda dos Santos (UNICENTRO)
Cassiano Martins Neumann (UNICENTRO)
O ir e vir das pessoas faz parte da história da sociedade e dos territórios,
assim, o processo de migração é muito antigo e ocorre em todas as partes do
globo ainda hoje. O Sul do Brasil recebeu várias correntes migratórias ao longo
da história, compondo o processo de urbanização e utilização desse território.
Além de Santa Catarina e Rio Grande do Sul, o Paraná recebeu um grande
contingente de imigrantes: alemães, ucranianos, libaneses, poloneses e
japoneses. Dentro desta perspectiva, este trabalho tem como objetivo analisar
o processo de imigração ocorrido no município de Turvo estado do Paraná,
onde há uma presença significativa de alemães que ocuparam uma
determinada área, há mais de 100 anos, conhecida como Arroio Fundo dos
Neumann. Turvo passou a receber famílias de imigrantes como os eslavos,
alemães e também italianos, principalmente aqueles que escolheram não
morar nas colônias que haviam sido oferecidas pelo governo (IBGE,
2015).Para entender esse processo, num primeiro momento recorremos a
fontes bibliográficas e estatísticas concernentes ao tema, que permitiu
compreender o contexto e elementos envolvidos nas migrações. Em seguida,
procuramos entender como ocorreu o processo de migração dos alemães no
município de Turvo por meio da história oral, o que deu subsídio para analisar a
formação do Arroio Fundo dos Neumann. Dessa maneira, entendemos que a
localidade com a presença desses imigrantes alemães no município de Turvo,
apresenta algumas peculiaridades que a diferem do seu entorno, a partir da
adoção de costumes que foram repassados de geração para geração.
Palavras-chave: Migração; município de Turvo; Arroio Fundo dos Neumann
O SONHO DE INSTRUIR OS FILHOS NA NOVA PÁTRIA
Selma Antonia Pszdzimirski Viechnieski (UEPG)
O presente artigo trata das questões educacionais nos primórdios da
colonização da Colônia Amola Faca, hoje Virmond, uma colônia polonesa que
enfrentou grandes desafios para garantir a instrução dos filhos no início do
século XX. Como outras colônias polonesas, não pôde contar com apoio
31
governamental naquele momento e se viu obrigada a encontrar uma solução
para resolver seus problemas, organizando as sociedades-escolas, que, aos
poucos, vão construindo um sistema educacional próprio, para poder realizar o
sonho dos imigrantes em instruir seus filhos e ao mesmo tempo manter viva a
memória de sua terra natal, fortalecendo uma identidade cultural. Inicialmente
com aulas somente em polonês, aos poucos vão tendo que se integrar a nação
brasileira, ensinando também a língua portuguesa, até a nacionalização do
governo de Vargas, com a completa proibição do ensino da língua estrangeira.
O estudo realizado constitui-se como parte do projeto de pesquisa que está
sendo desenvolvido no Programa de Mestrado da UEPG. Toda discussão está
pautada especialmente no estudo de publicações de jornais do período,
traduzidas para este fim, e em fontes orais, com entrevistas de imigrantes e
descendentes, além de literatura especializada.
Palavras-chave:
Identidade.
Imigrantes;
Poloneses;
Sociedade-escola;
Educação;
ESTUDO SOBRE A IMIGRAÇÃO: REFLEXÕES SOBRE OS ESPAÇOS E
SOCIABILIDADES EM IMIGRANTES JAPONESES E NIPO-BRASILEIROS
EM URAÍ-PR
José Junio Da Silva (UFPR)
Esta comunicação busca entender características particulares da imigração de
japoneses para Uraí-Pr, antiga Colônia Pirianito, fundada em 1936 com a
participação da Companhia Nambei Tochi Kabushiki Kaisha, de capital
japonês. A presença de imigrantes japoneses em Uraí insere-se no avanço da
colonização no Norte Pioneiro do estado do Paraná, bem como no
deslocamento imigratório produzido pela expansão industrial capitalista que no
Japão, inicia-se no século XIX e se expande para o XX. As balizas temporais
compreendem o ano de fundação da colônia (1936) e o da venda dos
remanescentes de suas terras para a Companhia Brasileira de Rami, em 1956.
Os objetivos do estudo convergem para a análise do deslocamento imigratório
de sujeitos de origem japonesa e nas reflexões acerca da configuração de
novas sociabilidades nesse espaço particular. A perspectiva metodológica da
micro-história se faz presente neste trabalho, tendo em vista o objeto em
questão e a dinâmica das imigrações, que no século XX fez o governo japonês
disponibilizar capital para investimento em terras no Norte Pioneiro do estado
do Paraná. Ressaltamos a importância da memória dos imigrantes e de seus
descendentes, nipo-brasileiros, para a realização desta pesquisa. Buscamos,
por meio de entrevistas geracionais, utilizando três gerações de “japoneses”,
dados para o entendimento das sociabilidades e da configuração identitária
neste espaço em particular. A relevância e pertinência da pesquisa se
justificam pela sua particularidade, pelas especificidades do objeto e dos
referenciais de análise que demarcam a historiografia no campo de estudos
sobre imigração japonesa no Brasil. A multiplicidade de experiências
vivenciadas circunscritas na cultura japonesa, as estratégias desenvolvidas
pelos vários sujeitos envolvidos, a pluralidade de seus contextos de referência,
são trabalhadas nesta comunicação. Como resultado da pesquisa, entendemos
que os sujeitos em estudo formaram um grupo heterogêneo, com identidades
32
múltiplas. A identidade nipônica foi configurada, adquirindo características
particulares e próprias, adaptada ao espaço de Uraí.
Palavras-chave: imigração japonesa; espaços e sociabilidades; identidades.
A REGIÃO DO NOROESTE PAULISTA E A IMAGEM DO GRANDE SERTÃO
Natalia Scarabeli Zancanari (UFGD)
Busca-se neste trabalho traçar uma interpretação da dinâmica cultural e sócio
econômica da pecuária na região Noroeste paulista nos séculos XIX e XX,
numa época em que a demanda do mercado econômico se voltou, sobretudo,
no desenvolvimento da pecuária. Esse processo desencadeou a ida de
migrantes mineiros e matogrossenses especializados em criar gado para a
região do Noroeste paulista, prática que incentivou a ocupação da região dada
à proximidade de rios, como também pontos de fácil travessia e qualidade das
terras para o pasto. Esses recriadores de gado estenderiam suas fazendas nos
limites de Barretos em direção ao Porto do Taboado, nas margens do rio
Paraná, incluindo a beira da Estrada Boiadeira.Tal caminho permitia a
permanência de trocas comerciais ligadas à pecuária entre os estados de Mato
Grosso e São Paulo. Desse modo, foram coletados relatos com antigos
moradores e peões de boiadeiros que se instalaram na região, de modo a
considerar o significado dado pelas experiências vividas e as representações
simbólicas que faziam pela estrada. Outras fontes como letras de musica e
recortes de jornais também fizeram parte do material empírico para o presente
trabalho. Assim, pretende-se descrever o universo cultural desses sujeitos que
ali se instalaram dentro da estrutura e cotidiano de seu trabalho. De modo a
enfatizar sua contribuição não apenas na configuração social e econômica,
mas também cultural da região Noroeste paulista.
Palavras-chave: Estrada Boiadeira; Pecuária; Noroeste paulista.
A MEMÓRIA SOCIAL DAS FAMÍLIAS PARANAENSES ATRAVÉS DAS
FOTOPINTURAS (1950 A 2000)
Valdir Machado Guimarães (Colégio São Bento- Pitanga-PR)
Esta pesquisa tem como objetivo o estudo das fotopinturas no cenário do
estado do Paraná, no período de 1950 a 2000. Para este fim, foi selecionado
como objeto de análise um conjunto imagens de famílias paranaenses, no qual
será realizada a análise das imagens, bem como as entrevistas com os
retratados ou seus descendentes, na busca por desvelar as possíveis
interpretações que condicionam este tratamento imagético e seus discursos,
repensando um cenário de identidades através do âmbito visual e oral. O
trabalho fundamenta-se num quadro teórico que privilegia a reflexão sobre as
práticas e linguagens culturais que condicionavam este produto nesta referida
região brasileira, na busca por focar o universo de seus sistemas imaginários,
suas apropriações históricas, reinserindo as diferenças estéticas locais, dentro
da mediação do fotógrafo no tracejamento e na constituição de espaços que
condicionam e redefinem estas imagens, como um cenário relevante do
33
contexto regional. As fotopinturas são objetos de estudos históricos, que
permitem pensar a perpetuação imagética, a percepção da paisagem familiar,
representações, além das sensibilidades do ambiente que integram a
articulação e a produção da memória familiar, compreendendo o
estabelecimento de um cenário de visualidade presente nestes retratos,
constituindo um dos possíveis vieses da identidade paranaense.
Palavras-chave: História; Fotopintura; Paraná; Memória.
DA ‘VELHA’ À ‘NOVA’ ITUETA:
MEMÓRIAS DE UMA REALOCAÇÃO COMPULSÓRIA
Thiago Martins Santos (UNIVALE)
Sueli Siqueira (UNIVALE)
Itueta, cidade localizada no leste mineiro, surgiu nas primeiras décadas do
século XX, com a ocupação das matas por descendentes de italianos e
germânicos, provenientes do Espírito Santo, e por desbravadores oriundos da
Zona da Mata mineira, interessados em desenvolver atividades agropecuárias
e extrativistas. A emancipação política ocorreu em 1948. Em fins dos anos
1990, iniciaram os contatos para a realocação de Itueta, em função da
construção da Usina Hidrelétrica de Aimorés, pelo Consórcio Vale-Cemig,
processo finalizado em 2005, com o assentamento da população na ‘nova’
Itueta e a demolição da Itueta ‘velha’. Nesse cenário, procuramos analisar as
representações e significados dessa realocação, por meio dos relatos
memorialísticos de um grupo de moradores envolvidos no processo. O
referencial teórico considera as contribuições de autores que se alinham à
vertente culturalista de território, pensando a cidade como espaço do vivido. Os
resultados mostram que a formação histórica de Itueta contempla a ocupação
de um espaço e sua configuração em território. Perpassa uma longa trajetória
de articulação e, posterior, desarticulação, em função da construção da usina,
que provocou a realocação da cidade, apesar dos enfrentamentos
empreendidos pela população. É possível concluir que a realocação pôs fim ao
território físico, já que a antiga cidade não existe mais. No entanto, para os
moradores, essa destruição é apenas física, uma vez que a ‘velha’ Itueta
continua existindo como território simbólico em suas memórias. O
deslocamento e destruição da cidade antiga não apagaram os significados e
representações desse território para aqueles que lá viveram.
Palavras-chave: Território; Memórias; Realocação
Agência financiadora: FAPEMIG
ETNICIDADE E O ENCONTRO COM O OUTRO: VIVÊNCIAS DE
MIGRANTES NORDESTINOS EM COXIM MT\MS (1958-1996)
Eliene Dias de Oliveira (UFMS)
A presente comunicação pretende abordar múltiplas possibilidades de
interpretações das vivências migrantes no território que os acolheu,
percebendo o papel protagonístico de migrantes nordestinos que se
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estabeleceram no município de Coxim (no antigo estado de MT, hoje território
do MS). E, a partir da análise de suas experiências e memórias, evidenciar seu
sentimento de sujeitos desse processo. Serão analisadas suas vivências, nem
sempre harmoniosas, em território coxinense em relação à convivência com
outros grupos, a hospitalidade em terras estranhas e os seus olhares acerca do
que significou/significa viver Coxim cotianamente no ontem e no hoje. Cotidiano
esse marcado pelo encontro com outros grupos étnicos que, em Coxim, se
fazem representar de forma mais acentuada pelo grupo de migrantes gaúchos
que, principalmente a partir da década de 70 do século XX, a partir de um
contexto de crise agrária na região Sul do país e de incentivos governamentais,
migraram para a região Centro Oeste do Brasil, chegando a diversas cidades
do Antigo Mato Grosso, entre elas Coxim. Na identificação étnica explicitada o
gaúcho é o especializado na agricultura, com formação e capital para
desenvolvimento da produção agrícola. O nordestino é o retirante, sem
formação escolar, sem capital, é o extrativista. Nesse olhar, a percepção do
Outro se apresenta marcada pela ausência de alteridade e pela presença de
homogeneização que simplifica e reduz.
Palavras-chave: migração; estereotipia; etnicidade
Agência financiadora: CAPES;
ENCONTROS E DESENCONTROS FRONTEIRIÇOS:
PROBLEMÁTICAS RURAIS
Leandro Baller (UFMS)
Aborda a intrínseca relação que ocorre no Paraguai em função da propriedade
de terras de brasileiros, que deriva desde os primórdios da segunda metade do
século XX, com maior ênfase a partir da década de 1970, e que povoa grande
parte da região leste do país vizinho. O objetivo gira em torno de mostrar de
que maneira os enfrentamentos entre os campesinos paraguaios e as
autoridades do Paraguai – tanto políticas, quanto policiais – negociam esta
questão, dado que cerca de 50% das terras estão em mãos de brasileiros, e,
sobretudo, nesse momento perceber como a imprensa paraguaia explora esse
conflito em um emaranhado de discursos e imagens. As análises realizadas
são resultado de pesquisas realizadas nas fronteiras físicas dos dois países
para o doutoramento em História na UFGD-BR com estágio doutoral na UNAPY. Nesse caso a fronteira torna-se local de encontros e desencontros de
interesses, que vão desde as práticas sociais desenvolvidas pelas pessoas que
vivificam este ambiente – os fronteiriços –, até os conflitos teóricos que
passaram a ganhar maior atenção dos pesquisadores, especialmente no
decorrer das últimas duas décadas. Em síntese, mostrar como esta condição
de trabalhador rural, em alguns casos lhe outorga até mesmo uma nova
denominação social como é o caso do brasiguaio, e como esses
enfrentamentos conduzem na tomada de decisões políticas importantes, como
é o caso do impeachment do ex-presidente Fernando Lugo do Paraguai, essas
são algumas das problemáticas que se inserem no decorrer da História
Presente que permeia os dois países.
Palavras-chave: Brasil; Paraguai; Brasiguaios; Fronteiras.
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A OCUPAÇÃO DA GLEBA SANTA IDALINA:
UM ESTUDO DE CASO SOBRE OS BRASIGUAIOS
Nelson de Lima Junior (UFGD)
A comunicação tem como objetivo discutir sobre a ocupação da Gleba Santa
Idalina em Ivinhema (MS) na década de 1980, por um grupo de
aproximadamente mil famílias de brasiguaios. Buscamos pensar a ocupação
deste território a partir dos movimentos sociais de luta pela terra e o termo
brasiguaio, como uma bandeira de luta utilizada por imigrantes brasileiros que
retornaram do Paraguai no ano de 1985. Assim, a questão central a ser
analisada é o deslocamento desses trabalhadores rurais brasileiros para o
Paraguai à partir da década de 1970 e posteriormente o retorno e a ocupação
da Gleba Santa Idalina. Notamos que na Nova República as ocupações de
terra se tornaram uma forma de luta e resistência e uma estratégia para se ter
acesso à terra. Buscamos desta forma pensar as trajetórias dos brasiguaios
que participaram da ocupação da Gleba evidenciando suas experiências,
sonhos, ilusões, conquistas e desencontros. Para tanto, recorremos a fontes
orais produzidas a partir de entrevistas realizadas com famílias brasiguaias em
comunidades rurais do Município de Novo Horizonte do Sul (MS), bem como
fontes impressas, com a análise do Jornal O Progresso e Jornal dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra.
Palavras-chave: Ocupação, Brasiguaios, Movimentos sociais de luta pela
terra.
Agência financiadora: CAPES
PARAGUAIOS NA ARGENTINA:
O CASO DE VÍCTOR MORÍNIGO
Marcela Cristina Quinteros (USP)
Durante o século XX, os movimentos migratórios fronteiriços na região rioplatense foram adquirindo cada vez mais relevância pelas mudanças sociais,
econômicas e políticas, tanto nos países de expulsão quanto nos receptores.
No caso argentino, após a crise econômica de 1929, os imigrantes “limítrofes”
foram se impondo paulatinamente aos imigrantes europeus nas estatísticas
imigratórias anuais. Os motivos de deslocamento entre os países do cone sul
obedeciam a razões econômicas, sociais, políticas, facilitadas pelas correntes
migratórias, entre outros fatores. No caso dos imigrantes paraguaios, o fator
político teve um peso decisivo ao longo de todo o século, mas em alguns
momentos, o trânsito entre Assunção – a capital do Paraguai – e Clorinda –
cidade argentina na margem oposta a Assunção – foi particularmente intenso.
Um dos políticos e intelectuais que vivenciou este processo em inúmeras
ocasiões foi o colorado Víctor Morínigo (1898-1981). Nas missivas enviadas a
seu amigo e também colorado Juan Natalicio González (fundador do
movimento Guión Rojo dentro do Partido Colorado paraguaio), Morínigo deixou
registrada sua percepção como “exilado”, “deslocado”, “desterrado”,
“perseguido”, etc. A análise da escrita auto referencial de Morínigo permite
identificar as diferentes imagens construídas sobre o próprio ostracismo; qual
era a opinião sobre a Argentina como país receptor, em geral, e de Clorinda,
36
em particular; qual a relação entre os colorados do Guión Rojo e o peronismo;
ao mesmo tempo em que ajuda na análise da relação entre diferentes grupos
políticos do Paraguai.
Palavras-chave: Imigração limítrofe; Argentina; Paraguai; Víctor Morínigo.
Agência financiadora: CAPES.
VIVÊNCIAS INTERCULTURAIS NA CIDADE:
A PRESENÇA DE ESTUDANTES LATINO-AMERICANOS
EM FOZ DO IGUAÇU – PR (2007-2015)
Thiago Reisdorfer (UNICENTRO)
Esta comunicação tem por objetivo pensar historicamente vivências de jovens
estudantes universitários latino-americanos. Constituídas e constituintes da
trama intercultural vivenciada na e através da cidade de Foz do Iguaçu-PR a
partir de sua inserção na Universidade Federal de Integração Latino Americana
- UNILA. Neste sentido, pretendo abordar e problematizar suas memórias, bem
como, suas (res)significações identitárias. Estas são aqui entendidas enquanto
processualidades históricas em contínua (re)construção, expressas e
elaboradas nas narrativas orais, tomadas como fontes centrais para a análise e
discussão. Tais problemáticas serão pensadas enquanto experimentadas e
construídas na e através da cidade, espacialidade constitutiva de suas práticas
sociais. Para tanto, toma-se enquanto recorte histórico o período entre os anos
de 2007, momento de fundação da Unila à 2015, momento em que se constrói
a pesquisa. Tanto a condição transfroiteiriça, quanto as transformações e
construção de temporalidades experimentadas na Unila contribuem para uma
reconstrução identitária. Por um lado, o diálogo intercultural construído na
relação universidade/cidade/fronteira permite uma reconstrução de sentidos
atribuídos por esses sujeitos tanto a si mesmos quanto em suas relações com
a sociedade. Assim, tanto suas identidades nacionais, quanto de gênero,
políticas, entre outros, passam por um processo de ressignificação. Por outro
lado, a experiência juvenil universitária, permite e demanda, uma relocalização
do sujeito perante a sociedade. Compromissos profissionais, políticos, pessoais
devem ser construídos a partir do percurso universitário gerando esse processo
de transformação identitária. Ao mesmo tempo, há um conjunto de relações
constituídos na urbanidade em que se inserem.
Palavras-chave: Identidade; Fronteira; Universidade.
CIDADE, MEMÓRIAS E MIGRAÇÕES: DIFERENÇA E DESIGUALDADE NA
FORMAÇÃO DO MUNICÍPIO DE TOLEDO-PR (1950-2012)
Jiani Fernando Langaro (UFGD)
O trabalho versa sobre os processos migratórios para a cidade de Toledo,
estado do Paraná, e procura lançar luz sobre a diversidade cultural e a
desigualdade social que permeou a formação do município. Utilizando-se da
metodologia de trabalho com narrativas orais, cruzando-as com materiais de
imprensa e crônicas de memorialistas, analisa como os trabalhadores
37
chamados “paraguaios” e “caboclos” oriundos do próprio Oeste paranaense
foram sujeitos marcantes no processo histórico local. Da documentação
pesquisada, emerge uma cidade em que a década de 1950 é marcada pela
presença desses trabalhadores e pelas serrarias. Isso nos leva a problematizar
as “memórias oficiais” do município, que caracterizam uma cidade agrícola,
povoada por “pioneiros” vindos dos demais estados do sul do Brasil, em sua
maioria empresários e agricultores. Entretanto, isso não significa que outros
sujeitos não tenham conquistado visibilidade nessas “memórias oficiais” da
cidade, a questão é que não se reconheceu seu protagonismo nesse processo
histórico. Por outro lado, além de serem relegados à condição de coadjuvantes,
também se cristalizou a noção de que esses trabalhadores somente
compuseram a paisagem local nas décadas de 1940 e 1960, diferentemente do
que se constata, em que se verifica suas presenças ao longo de todo o
processo histórico local. De maneira geral, esses grupos sociais fizeram parte
da classe trabalhadora de Toledo e, no período posterior à década de 1970,
tiveram importante participação no processo de agroindustrialização local.
Palavras-chave: paraguaios; Oeste do Paraná; caboclos;
ESTUDO HISTORIOGRÁFICO ACERCA DA PRÁTICA ESPORTIVA DO
BOXE EM LONDRINA
Paulo Sérgio Micali Junior (UEL)
O boxe é uma modalidade de luta esportiva praticada há séculos. Já em
Londrina, sua prática regulamentada e sob a supervisão de profissionais conta
com, aproximadamente, quarenta anos. Sendo Londrina uma cidade jovem com apenas oitenta anos -, pode-se dizer que o boxe esteve presente em sua
história por um considerável período de tempo, período esse marcado por
importantes disputas nacionais e internacionais, surgimento de campeões além
da matrícula de mais de cinco mil alunos em apenas duas das academias de
boxe da cidade. Assim, busca-se por meio desse artigo apresentar os
resultados de um estudo referente ao desenvolvimento da prática esportiva do
boxe nesse município. Para tal, elaborou-se uma pesquisa qualitativa baseada
nos depoimentos de importantes indivíduos dentro do universo pugilísticos
londrinense, como campeões estaduais, nacionais, professores além do diretor
técnico da Federação Paranaense de Pugilismo (FPP), que se situa em
Londrina. Para a coleta daqueles depoimentos - objetos de estudo dessa
pesquisa -, utilizou-se da Metodologia de Historia Oral proposta por Verena
Alberti (2005). Após coletadas, então, aquelas entrevistas foram fragmentadas
e suas parcelas foram analisadas, comparadas e dispostas no corpus do texto
de forma a proporcionar uma compreensão renovada acerca do objeto, como o
sugere Roque de Morais (2003) em sua Metodologia de Análise Textual
Discursiva. Por fim, pôde-se melhor compreender o desenvolvimento da prática
esportiva do pugilismo em Londrina, sua inserção nesse universo de práticas e
consumos assim como o caráter desse esporte enquanto patrimônio cultural
daquele município.
Palavras-chave: História; Londrina; Pugilismo; História oral, Análise Textual
discursiva.
38
ST04 – PROCESSOS DE HEGEMONIA E PENSAMENTO DE
DIREITA NA AMERICA LATINA
COMBATE AO PERIGO VERMELHO NO CENÁRIO BRASILEIRO
DURANTE OS ANOS 1930
Tiago Siqueira de Oliveira (UNESP – Câmpus Marília)
Esta comunicação visa divulgar os resultados parciais do projeto de pesquisa
desenvolvido em doutoramento junto ao Programa de Pós-Graduação em
Ciências Sociais, o qual objetiva identificar às nuances da agenda política da
Liga de Defesa Nacional, no período entre 1930 até 1964. A entidade operou,
neste período, uma mudança em seu projeto de modernização conservadora
para uma intervenção contra o comunismo. Esta abordagem tem como ponto
de partida a Revolução de 1930, momento de ajustamento ideológico da
entidade aos interesses de Estado capitaneado pelos líderes da Entidade. A
posterior ação intitulada de “Intentona Comunista” em 1935, foi a suposta
justificativa para o fechamento do regime, devido ao “perigo vermelho”. Esta
comunicação analisa as ações da LDN para implementar o combate a
disseminação do comunismo no Brasil, no período de 1930 a 1940,
notadamente até a II Guerra Mundial, quando o Brasil inicia os ajustes de seus
interesses com a política externa Estadunidense, que teve seus reflexos
seguidos pela bipolaridade mundial URSS X EUA, culminando no golpe civilmilitar em 1964. Portanto, nesta comunicação o objetivo central será verificar a
participação da Instituição no cenário político a partir dos anos 1930 e a
construção de um discurso político anticomunista. Em suma, buscaremos
avaliar a interação da Liga de Defesa Nacional na política brasileira, traçando
como hipótese que a Entidade, supostamente, se reconfigurou enquanto
expressão de um Partido Militar, por meio de uma solidariedade ideológica,
reunindo militares e civis numa agenda modernizadora com o objetivo de
combater a disseminação do Comunismo no Brasil.
Palavras-chave: Partido Militar; Liga da Defesa Nacional; anticomunismo;
O CINEMA COMO INSTRUMENTO DE
PROPAGANDA POLÍTICA DA AIB (1932-1937)
Giceli Warmling do Nascimento (UEM)
A Ação Integralista Brasileira (1932-1937) é considerada o primeiro partido
político de massas do Brasil, pois conseguiu conquistar um número expressivo
de militantes. Para isso, se valeu de diversos meios de comunicação com o
objetivo de divulgar a sua propaganda política. O cinema foi um dos veículos
utilizados para que o Integralismo conquistasse seus objetivos políticos. Nesse
trabalho pretendemos discutir a importância que o cinema desempenhou para
o movimento, apresentar os cineastas e alguns filmes realizados sobre a AIB.
Utilizaremos o periódico “Monitor Integralista” para discutir como o cinema era
visto pelo integralismo e através da documentação depositada na Cinemateca
Brasileira, apresentar os cineastas e filmes sobre o movimento. Alguns desses
39
cineastas possuíam relações diretas com a AIB, como Américo Mastrangola,
Frederico Rummert Jr e Alfredo Baumgarten, outros como João Baptista Groff
e João Manoel Carriço, embora não tenham ligações diretas com o movimento
também contribuíram para divulgação das atividades integralistas através de
seus cinejornais e documentários. Embora grande parte de toda produção
tenha desaparecido por fatores como enchentes e incêndios nas Cinematecas
ou mesmo, incêndios propositais neste acervo, é possível verificar através da
descrição de alguns desses filmes contidas em jornais da época, toda uma
preocupação em “registrar” a grandiosidade e organização da AIB contribuindo
assim, para a divulgação do movimento.
Palavras-chave: integralismo; cinema; propaganda política.
TRANSFORMAÇÃO OU MODERNIZAÇÃO DO CAMPO? TENENTISMO E A
QUESTÃO AGRÁRIA (1930-1935)
Guilherme Pigozzi Bravo (UNESP – Marília)
Esta comunicação pretende, como parte de nossa pesquisa de doutorado,
analisar as diferentes propostas de reforma agrária formuladas pelo movimento
tenentista, no período de 1930 a 1935. Para tanto, é mister verificar a sua
gênese e evolução política, nas décadas de 1920 e 1930, já que o movimento
viveu contradições e cisões ao longo deste período. Assim, nascem duas
vertentes no movimento que exercerão um papel de destaque no cenário
político nacional dos anos 1930: a de esquerda, cuja maior expressão é Luiz
Carlos Prestes e outros militares que ingressam no PCB, mas que engloba,
também, os tenentes de orientação esquerdista, porém, não comunistas. A
outra, caracterizada como autoritário-reformista, congregava a maioria dos
militares, sendo Juarez Távora uma das suas principais lideranças. Enquanto a
primeira, de conduta mais radical, entendia ser a reforma agrária parte de uma
agenda democrática na qual a questão fundiária estava conjugada ao combate
às oligarquias latifundiárias, ao fascismo e ao imperialismo, a segunda, mais
conservadora, apresentava um programa de modernização capitalista do
panorama agrícola brasileiro, no qual o Estado, centralizado, aparece como o
responsável pela implantação de núcleos coloniais e, também, pela distribuição
de lotes de terra. Visto que a questão agrária representou um importante fator
explicativo, no que se refere às diversas configurações que o Estado brasileiro
assumiu ao longo da sua História, revisitar as diferentes propostas do
movimento tenentista, acerca da reforma agrária, é reacender um debate
necessário e, ainda, atual, em um país que ainda não resolveu a sua grave
situação fundiária.
Palavras-chave: Tenentismo; Reforma Agrária; Modernização;
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RELAÇÕES BRASIL-EUA DURANTE O SEGUNDO GOVERNO VARGAS: O
DEBATE POLÍTICO EM TORNO DA LEI DE REMESSA DE LUCROS NO
JORNAL ÚLTIMA HORA (1951-1952)
Natália Abreu Damasceno (UEM)
Este trabalho consiste na análise das narrativas veiculadas entre 1951 e 1952
pelo jornal Última Hora (UH) a respeito das relações comerciais e financeiras
entre Brasil e EUA no contexto da lei de remessa de lucros promulgada durante
o Segundo Governo Vargas. O estudo orienta-se de modo a possibilitar o
mapeamento da construção e difusão de estereótipos legitimadores de
posturas amigáveis, e de seus hiatos, que delinearam as relações entre ambos
os países naquele período. Isso foi efetuado por meio da análise das
publicações do UH, influente jornal carioca de circulação nacional e porta-voz
dos desígnios do Governo. À luz dos princípios da Nova História Política,
buscamos investigar quais imagens mentais e conjuntos de sentidos e
significados foram compartilhados e difundidos a fim de que a lógica da
“barganha nacionalista” obtivesse respaldo no seio da opinião pública
brasileira. Os estereótipos evocados nesse debate nos ajudam a compreender
o que estava em jogo nas relações Brasil-EUA à época e o poder simbólico do
discurso que os círculos políticos varguistas lançavam mão a fim de legitimar o
seu projeto de emancipação econômica do Brasil e de modificar o perfil da
dependência brasileira em relação à potência estadunidense em plena vigência
da Doutrina Truman.
Palavras-chave: Última Hora; Relações Brasil-EUA; Lei de remessa de lucros.
Agência financiadora: CAPES
A INVENÇÃO DA «PAZ E PROGRESSO»:
IMAGENS E PROPAGANDA NA DITADURA STROESSNER NO PARAGUAI.
Paulo Renato da Silva (UNILA)
Rosangela de Jesus Silva (UNILA)
O general Alfredo Stroessner (1912-2006) governou o Paraguai entre 1954 e
1989, em uma das ditaduras mais longas da história latino-americana. Um dos
principais slogans da ditadura era “Paz y Progreso con Stroessner”. Esse lema
e suas variações estavam presentes nas transmissões de rádio, de televisão,
na imprensa, em cartazes, em letreiros e em vários outros espaços e
instrumentos de propaganda. Nesta comunicação, o nosso objetivo é analisar
as representações da “paz” e do “progresso” em imagens publicadas na
“literatura stronista”, formada por um conjunto de livros que visavam difundir os
“feitos” da ditadura e do ditador. Há nestes a recorrência de algumas
fotografias como de edifícios públicos, empreendimentos ligados à
infraestrutura, “modernização” agrícola, reuniões populares em honra ao
presidente e inúmeros retratos do mesmo. Esses livros eram escritos,
sobretudo, por civis e militares colorados e serviam, também, para os autores
se promoverem política e economicamente. Consideramos que um dos
objetivos destes livros – e destas imagens – era estimular e manter o apoio à
ditadura entre os próprios colorados e, desta forma, conter as divergências
41
internas. A partir de referenciais teórico-metodológicos da História Cultural,
consideramos que o significado e a repercussão destes livros iam muito além
de seus autores e de seus leitores imediatos e potenciais. Assim, os livros da
«literatura stronista» e suas imagens devem ser analisados a partir das tensões
que havia entre uma opinião pública existente – ou supostamente existente – e
outra que a ditadura desejava formar ou consolidar.
Palavras-chave: Paraguai; Stroessner; ditadura; imagens; propaganda.
Agência financiadora: CNPq
A REVOLUÇÃO MEXICANA NA CRÍTICA DA INTELECTUALIDADE
CONSERVADORA CATÓLICA BRASILEIRA NOS ANOS 20: O DISCURSO
DA REVISTA A ORDEM SOBRE O MÉXICO REVOLUCIONÁRIO
Natally Vieira Dias (UEM)
A Guerra Cristera (1926-1929), conflito armado que opôs o Estado mexicano
aos chamados “soldados de Cristo”, liderados pela Igreja Católica, foi um dos
desdobramentos mais significativos da Revolução Mexicana. Os combates
bélicos foram o culminar de uma crescente hostilidade entre a Igreja Católica e
o Estado pós-revolucionário, por causa da efetivação dos artigos anticlericais
da Constituição de 1917. O conflito mexicano foi alvo de várias intervenções
públicas por parte de intelectuais brasileiros que se identificavam ao
conservadorismo católico, tendo repercutido amplamente na revista A Ordem,
órgão editado pelo Centro Dom Vital, principal núcleo articulador da
intelectualidade católica brasileira no período. Analisamos o discurso dessa
revista em torno do México revolucionário com vistas a mostrar qual foi a leitura
da Revolução Mexicana realizada por seu grupo editor. Nossa análise do
discurso de A Ordem sobre o México se fundamenta na história intelectual,
particularmente na perspectiva contextualista de Quentin Skinner, ao
considerar que os discursos produzidos por intelectuais devem ser tomados
como “atos discursivos”, carregados de intensões e objetivos políticos, que são
dimensionáveis na medida em que conseguimos captar seus contextos de
escrita e publicação. Mostramos que a intervenção pública dos intelectuais
conservadores católicos brasileiros sobre o México revolucionário, nos anos 20,
deve ser lida como parte de um debate/combate de ideias mais amplo que
opunha essa vertente a grupos mais progressistas da intelectualidade brasileira
– particularmente os socialistas –, que apoiavam as medidas anticlericais do
Estado mexicano e tomavam a Revolução Mexicana como um exemplo para o
Brasil.
Palavras-chave: Intelectuais brasileiros; Primeira República; conservadorismo
católico; revista A Ordem; Revolução Mexicana.
42
BREVES APONTAMENTOS SOBRE A POLÍTICA EXTERNA DOS EUA
PARA A AMÉRICA LATINA EM MEADOS DO SÉCULO XX
Antonio Battisti Bianchet Junior (UFRJ)
O presente trabalho tem como objetivo fazer uma introdução ao estudo das
relações entre os Estados Unidos e a América Latina durante o início da
década de 1960, visando situar a análise mais específica do caso brasileiro,
que leva em consideração a conjuntura de crise política e econômica
culminante na deposição do presidente João Goulart e no golpe de Estado de
1964. Trata-se de uma contextualização a servir de base para a análise da
documentação diplomática produzida pelo Departamento de Estado dos EUA
entre 1961 e 1964, que consiste em nosso objeto principal. Assim, buscamos
discutir a conformação de um ideário de ação no cerne da administração
Kennedy que envolveu os principais agentes diplomáticos, executivos e
intelectuais em um esforço de reinterpretação e renovação dos padrões de
relacionamento entre os EUA e a América Latina que vinham sendo praticados
desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Em um primeiro momento,
discutiremos alguns conceitos-chave para a compreensão da política externa
estadunidense seja qual for o recorte cronológico: etnocentrismo, fronteira e
missão civilizatória. Em segundo lugar, analisaremos a política hemisférica no
pós-Segunda Guerra Mundial, tendo em vista o pano de fundo da Guerra Fria e
o anticomunismo. Por fim, discutiremos a noção de nova fronteira no contexto
da administração Kennedy e o papel dos intelectuais no delineamento da
política externa dos EUA para com a América Latina.
Palavras-chave: Governo Kennedy; Guerra Fria; Aliança para o Progresso.
Agência financiadora: CNPq
TERRA, GADO, CIÊNCIA E INFLUÊNCIA:
O PODER LOCAL E INTERNACIONAL DOS CRIADORES DE ZEBU
Joana Medrado (UNICAMP/UNESPAR)
Desde o final do século XIX os fazendeiros fluminenses e do Triângulo Mineiro
começaram uma campanha em favor da introdução de reprodutores bovinos da
Índia para incrementar a pecuária brasileira. A racialização do rebanho era
compreendida como elemento fundamental da modernização das fazendas, e o
zebu era argumentado especificamente em razão da sua rusticidade e
produtividade em regime de pasto, o que na prática significava a reprodução da
estrutura latifundiária brasileira. A partir da década de 1930 teses da eugenia
também justificaram a introdução de bovinos indianos, como incremento
civilizacional ariano; em 1950 foi respaldada pelo discurso de uma
nacionalidade luso-tropical freireana, favorecendo a aproximação entre os
países. Na primeira década do século XXI a retomada nas importações de
embriões foi um facilitador do diálogo Brasil-Índia e justificado inclusive no
âmbito dos BRICS. O objetivo dessa comunicação é analisar o significado que
as viagens para a Índia e a introdução do zebu tiveram na consolidação do
poder de classe dominante rural desses grupos pecuaristas. Serão analisados
elementos de distinção mobilizados por eles, especialmente a memória de suas
viagens registradas em diários, entrevistas e publicações, onde reiteram uma
43
autoimagem heroica, desbravadora e empreendedora, não obstante suas
ideologias conservadoras e racialistas. A partir da análise das importações de
zebu serão discutidos o processo através do qual os zebuinocultores se
destacaram no cenário nacional tornando seu discurso hegemônico entre os
ruralistas, e também como as negociações desses fazendeiros com a Índia
(paradiplomacia) foram marcadas por posturas subimperialistas mais do que
pelo fortalecimento sul-sul.
Palavras-chave: Ruralismo; Pecuária; Brasil-Índia; subimperialismo.
Agência financiadora: CNPQ
MAPEAMENTO DE ORGANIZAÇÕES GRUPUSCULARES SKINHEADS
BRASILEIRAS A PARTIR DA ANÁLISE TIPOLÓGICA SEUS DOCUMENTOS
SONOROS: O CASO DA “DIVISÃO 18”
Alexandre de Almeida (USP)
A comunicação irá apresentar os primeiros resultados de uma ampla
investigação, ainda em andamento, a respeito das organizações grupusculares
Skinheads brasileiras vinculadas às ideologias Nacional Socialista e
Integralista, com foco, neste caso, na Divisão 18, uma organização paulista de
Skinheads White Power, atuante na década de 1990. Inicialmente, serão
apresentadas a trajetória da organização e o perfil de sua base doutrinária. Em
seguida será discutida a forma como as canções se configuravam com a
principal forma de ativismo metapolítico da organização. As canções
produzidas pelas bandas, “porta vozes” de tais organização (no caso da
Divisão 18, a banda “Brigada NS”) é considerada a forma mais eficiente e
abrangente de ativismo e a partir da análise tipológica das canções, buscando
identificar, em especial, suas funções, é possível compreender como elas são
utilizadas para cooptação de neófitos, tensionamento social, difusão de
agenda política e elementos ideológicos essenciais.A necessidade do
aprofundamento da análise de tais organizações, buscando por suas
especifidades, a partir da utilização do método da análise tipológica, é a
principal conclusão desta comunicação.
Palavras-chave: Metapolítica; Música; Skinheads; Neonazismo.
A NOVA DIREITA BRASILEIRA: UMA ANÁLISE SOBRE OS MOVIMENTOS
DAS MANIFESTAÇÕES DE 2015
João Vicente Nascimento Lins (UNESP – Campus Marília)
As manifestações de massa com bandeiras de direita, que ocorreram no Brasil
em março e abril de 2015, abrem espaço para indagar, se o país vive a
emergência de um movimento fascista. Este trabalho analisará os principais
novos movimentos da nova direita brasileira – Movimento Brasil Livre;
Movimento Vem Pra Rua; Revoltados Online – tentando compreender se eles
de fato são movimentos de cunho fascista, ou seja, compreender se houve
mudanças estruturais no país que levaram a uma extrema polarização no país,
redundando no aparecimento de movimentos com pautas da extrema direita.
44
Para tanto analisa-se documentos elaborados pelos próprios movimentos e
entrevistas na imprensa com seus principais líderes. A hipótese presente neste
trabalho, é de que tais movimentos, indicam uma alteração conjuntural no país,
com o desenvolvimento de uma direita militante, ou mesmo com a
disseminação de ideais conservadores entre a classe trabalhadora. Esses
elementos, no entanto, não indicam o desenvolvimento de um momento
semelhante à outros períodos históricos, que possibilitaram o surgimento de
movimentos de cunho fascista – tanto em sua vertente clássica, como moderna
– em países de desenvolvimento tardio do capitalismo, como Alemanha e Itália.
Uma segunda hipótese é que a defesa desses movimentos de direita, enquanto
fascistas, serve à propósitos políticos específicos em um momento delicado da
política brasileira.
Palavras-chave: Fascismo; Governos Lula e Dilma; Nova Direita; Jornadas de
Junho de 2013.
SILAS MALAFAIA E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE.
Jonas Christmann Koren (UNIOESTE)
O objetivo desse artigo é compreender como a teologia da prosperidade é
entendida, pregada e defendida pelo fundador, porta voz e principal pregador
da Associação Vitória em Cristo, o pastor Silas Malafaia. Pretendemos
perceber no discurso do pastor as formas utilizadas para convencer o público e
legitimar a teologia da prosperidade como sendo um valor essencialmente
cristão. Para isso, analisaremos uma entrevista concedida pelo pastor à
Revista Veja, na qual responde algumas questões sobre o tema e uma
mensagem que foi ao ar em seu programa de televisão, o Vitória em Cristo. A
teologia da prosperidade subverte o pensamento das denominações
pentecostais clássicas que desvalorizavam as riquezas terrenas e pregavam
uma vida ascética. Prega que os cristãos estão destinados a serem prósperos
materialmente, felizes, saudáveis e vitoriosos em todos os seus
empreendimentos mundanos. Os fiéis devem buscar as bem-aventuranças,
outrora prometidas no paraíso, na terra, principalmente através do crescimento
financeiro e do consumo. Além de incentivar as doação dos telespectadores
para a sua associação, a teologia da prosperidade também difunde visões de
mundo e conforma um consenso entre seu público. Prega que a pobreza é
fruto da incompetência individual, e a riqueza é fruto de benção divina ao
mesmo tempo em que transforma a relação das pessoas com Deus em uma
espécie de transação financeira. Como veremos, essas visões de mundo são
totalmente adequadas à sociedade burguesa e a ocultação da dominação de
classe.
Palavras-chave: Silas Malafaia; Teologia da Prosperidade; Ideologia.
Agência financiadora: CAPES
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A PECULIARIDADE DISCURSIVA DE OLAVO DE CARVALHO E DO MÍDIA
SEM MÁSCARA: O HUMOR E A VIOLÊNCIA COMO DERRISÃO.
Lucas Patschiki (UFG)
Este artigo consiste em um trecho da Dissertação de Mestrado em História
defendida na Universidade Estadual do Oeste do Paraná (UNIOESTE) cujo
objeto principal foi a ação partidária do grupo formado em torno do site Mídia
Sem Máscara (www.midiasemmascara.org) e seu principal articulador, o
autointitulado filósofo Olavo de Carvalho. Abordaremos aqui sua peculiaridade
linguística, sua capacidade de se fazer reconhecível, marcada pela utilização
de chavões humorísticos estereotipados como chave-formadora de seus
discursos de propaganda, apropriando-se de imagens cristalizadas no “senso
comum” de determinados grupos sociais, notadamente entre a pequena
burguesia e nova pequena burguesia – assim intentando disseminar seu
discurso ideológico de maneira efetiva entre estes. Entre todos os recursos
linguísticos utilizados sobressai-se o uso da derrisão, a técnica que une no
discurso o humor e a violência, supostamente impedindo que o sujeito
pronunciador do discurso seja suscetível a sanções jurídicas. Assinalando que
os posicionamentos ideológicos divulgados através do seu discurso vão além
desta dimensão do real, sendo apropriados como palavras de ordem para a
atuação efetiva, para seu posicionamento estratégico, sob a forma da guerra
de posições. Aqui apresentaremos introdutoriamente o Mídia Sem Máscara, o
público alvo que intende atingir e em seguida iremos analisar alguns exemplos
do uso da derrisão em seu discurso ideológico.
Palavras-chave: Propaganda; Humor; Fascismo.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
SKINHEADS WHITE POWER NA AMÉRICA DO SUL: A
INTERNACIONALIZAÇÃO NO DISCURSO NACIONAL-SOCIALISTA DA
BLOOD & HONOUR
Samoel Ramos de Alcântara (UNESP)
O presente trabalho trata-se de uma investigação sobre manifestações políticas
de extremismo de direita na América do Sul contemporânea, em específico, a
atuação da organização skinhead internacional denominada Blood and Honour,
no Brasil. Privilegiando o debate da categoria nacional-socialismo através de
fundamentos da Ciência Política a das Relações Internacionais. Nem todo
skinhead é uma apoiador do nazismo, assim como nem todo entusiasta da
suástica é um skinhead, no entanto existem grupos que se autodenominam
enquanto skinheads que apoiam e militam em prol de uma organização social
racialista baseada em uma suposta supremacia branca, esses ficaram
conhecidos como skinheads White Power. Através dessa pesquisa buscou-se
estudar o pensamento e atuação política disseminada e empreendida pela
Blood and Honour, apontando, mais especificamente, para sua articulação na
América do Sul. Foram analisadas as características constitutivas do
pensamento nacional socialista difundido pela organização principalmente
através de sites na internet, buscando-se compreender como o nacional
socialismo foi, enquanto categoria analítica, modificado para melhor servir os
46
objetivos da Blood and Honour, com enfoque maior nas concepções de
internacionalização do movimento. Observou-se que a internacionalização
presente no pensamento nacional socialista da Blood and Honour, está
pautada em uma organização racial supra estatal baseada na união de
indivíduos ou grupo de indivíduos supostamente herdeiros de uma
ancestralidade ariana; diferentemente da concepção nacional socialista alemã
das décadas de 1920 e 1930 que buscava uma internacionalização através da
expansão do domínio nazista, esse ultimo altamente pautado na ação estatal e
em uma concepção de nacionalidade cívica.
Palavras-chave: Extrema direita; Skinheads
Socialismo; Blood & Honour; América Latina.
White
Power;
Nacional
A AÇÃO DEMOCRÁTICA FEMININA GAÚCHA (ADFG): AS DIREITAS
DURANTE OS PRIMEIROS ANOS DA DITADURA MILITAR
Eduardo dos Santos Chaves (UFRGS)
A comunicação pretende discutir a formação e atuação da Ação Democrática
Feminina Gaúcha (ADFG), organização criada em março de 1964, na cidade
de Porto Alegre, com objetivos de desestabilizar o governo Jango e
“conscientizar” a população dos perigos que o comunismo representava. A
partir dos livros de atas da organização e o pequeno material divulgado na
imprensa da época, o trabalho apresentará as primeiras ações da ADFG após
o golpe civil-militar de 1964 voltadas para o assistencialismo e o voluntarismo,
bem como a tentativa de colaborar com o “governo revolucionário”. Nesse
sentido, o trabalho pretende analisar a atuação da ADFG em um cenário de
construção social da ditadura brasileira, no qual foram tecidas complexas
relações entre o regime e a sociedade brasileira.
Palavras-chave: Direitas; ADFG; Ditadura militar
IDEOLOGIAS E REGIMES AUTOCRÁTICOS CHAUVINISTAS:
FUNDAMENTOS E INFLUENCIAS.
Jefferson Rodrigues Barbosa (UNESP)
As ideologias chauvinistas são expressões de pensamentos nacionalistas
exacerbados,
caracterizados
por
debilidades
argumentativas
e
fundamentalismos, que legitimam princípios de ordenamento social de caráter
autocrático. A presente pesquisa investiga os fundamentos argumentativos
presentes nos escritos de Benito Mussolini e Adolf Hitler, como expressões das
concepções em questão. Em perspectiva crítica através da análise histórica e
dos fundamentos da Teoria Política marxista, temas como Estado, partido e
nação serão privilegiados com o objetivo de compreensão das aproximações e
distanciamentos destas concepções legitimadoras de Estados de Exceção nas
primeiras décadas do século XX, com experiências que ocorreram na América
do Sul, especificamente o integralismo brasileiro.
Palavras-chave: Fascismo; Nacionalsocialismo; Integralismo; Autocracias
Chauvinistas.
47
HAYEK E A DISCUSSÃO DO MODELO DE POLÍTICA NEOLIBERAL:
REESTRUTURAÇÃO E IMPASSES A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA
ECONÔMICA DOS PAÍSES MENOS DESENVOLVIDOS
Paulo Cruz Correia ( UNESPAR/Apucarana)
Artur Palu Filho (UNESPAR – Apucarana)
Marcelo Jesus da Matta, (FAP – Nova Esperança)
Noelia Felipe (UNESPAR/Apucarana)
Economia e política são áreas que se interpenetram em boa medida, devido à
influência de políticas públicas que cada vez mais se fazem necessárias na
regulação dos desequilíbrios econômicos aliadas à crescente disputa, da
movimentação dos ciclos de capitais entre a maioria dos países. Este artigo
aborda a referida temática a partir do debate em torno do modelo concentrador
neoliberalista, da concentração e desconcentração do capital e da importância
da ideologia neoliberalista para a recuperação dos lucros capitalistas. O
objetivo é discutir a teoria e a influência do modelo neoliberal no processo de
desenvolvimento econômico, principalmente a partir de Hayek. Trata da
importância de rever os novos padrões éticos do capital, a estabilidade e
necessidade de ajustes de sua concentração, num momento de amplo debate
em que todos se voltam para a expectativa de incerteza de regulação para a
desconcentração da economia. A metodologia utilizada é a da pesquisa
bibliográfica, por meio de recentes fontes, como artigos, livros e revistas
científicas. A conclusão é a de que a atual crise em que vivemos, iniciada em
2008 exige um estado forte para resolver o problema do crescimento e voltar a
distribuir renda, em relação a isso o modelo neoliberal apresenta graves
inconsistências em suas relações imperialistas de poder; e, na atual conjuntura
vem impelindo reduzir as conquistas trabalhistas, ampliando o volume de
concentração e desigualdade existente.
Palavras-chave: Política neoliberal; Concentração de Renda; e, poder.
UM RESGATE CRITICO DAS FORÇAS ARMADAS NO CHILE
Rodolfo Sanches (UNESP - Marília)
O presente texto tem por objetivo demonstrar as influências das correntes
teórico-filosóficas na formação do ideário militar chileno. Parte deste estudo é
de muita importância para observar quais os fundamentos estiveram
sobressaltados na composição da idéia de (re) fundação do país, como era
explicitado por Augusto Pinochet. É sabido por nós que as Forças Armadas no
Chile sempre desempenharam um papel expressivo na vida política nacional.
Desde subversões armadas até golpes de Estado reacionários. Este espectro
pode ser observado na dinâmica existente na correlação de forças na década
de 1920. O desenrolar da história se mostrou favorável a participação dos
militares na vida política. O general Ibáñez, em 1927 e depois 1952, expressa
com clareza a agitação sócio-política de que o Exército era parte. A ampliação
dos quadros militares acoplado com o alargamento social das camadas médias
possibilita a verificação de um embate intenso no interior da Instituição.
Compreender os fundamentos centrais de uma corporação que se colocou
como opção política para o País é parte do estudo para o entendimento de
48
quais influências teórico-políticas o Exército sofreu e se podemos qualificá-lo
como um intelectual coletivo e orgânico de destaque na disputa hegemônica
chilena.
Palavras-chave: Forças Armadas chilena; disputas hegemônicas; intelectual
coletivo orgânico
OPORTUNISMO IDEOLÓGICO?AS RELAÇÕES ECONÔMICAS ENTRE A
UNIÃO SOVIÉTICA E A DITADURA MILITAR.
Philipp R. L. Gerhard (Universidade de Tübingen, Alemanha)
Foram interrompidas já na administração Dutra as relações diplomáticas entre
o Brasil e a União Soviética. Seguindo as primeiras atividades comerciais
durante o segundo governo Vargas que intensificavam-se nos próximos dois
governos, estas relações bilaterais só foram reestabelecidas por João Goulart
em 1961. A intensa cooperação, não só no setor econômico mas também nas
esferas culturais e políticas, deixou presunçosos os entreguistas/direitistas
ligados tradicionalmente aos Estados Unidos. O golpe militar em 1964 piorava
as relações Brasil-União Soviética mas, ao contrário do que ocorreu com as
relações com Cuba, não foram descartadas. Os EUA recompensavam a virada
política e a privatização de estatais e o Brasil posicionou-se novamente como
sátelite privelegiado no hemisfério. As cooperações, porém, não foram
prorrogadas e a administração Carter distanciou-se do Brasil. Começaram-se
então a retomar os contatos com o bloco comunista para diversificar o
comércio exterior. O suposto milagre econômico durante o governo Médici
chamou a atenção para um mútuo benefício da USSR nas negociações com o
Brasil. Até 1982 puderam ser registrados intensos intercâmbios tecnoeconômicos entre os dois países e também a conformidade na diplomacia
internacional. O trabalho tem por objetivo mostrar exemplos dessa cooperação,
predominantemente entre os setores de energia (úsinas hidrelétricas,
exploração petrolífera, ethanol), analisar as relações do Brasil com as duas
superpotências e, ligado a isso, examinar as aspirações do Estado-nação. Por
isso são usadas de um lado a teoria da hegemonia gramsciana, e, de outro
lado, a percepção high modernity de James C. Scott para compreender a
dinâmica ideológica do desenvolvimentismo.
Palavras-chave: Brasil e a União Soviética; Guerra Fria; relações econômicas;
desenvolvimentismo; obras faraônicas
HEGEMONIA E PODER POLÍTICO NO BRASIL: NOTAS INTRODUTÓRIAS
SOBRE A EXPERIÊNCIA DO PARTIDO DOS TRABALHADORES
Cássius Marcelus Tales Marcusso Bernardes de Brito (UEM)
O fim da ditadura militar iniciada em 1964 e as perspectivas de abertura
democrática recolocaram, sob o contexto de uma crise político-social, a
problemática da construção de uma outra articulação para o processo de
dominação no Brasil. Este trabalho tem o objetivo de discutir como as
possibilidades de saída para a crise da ditadura podem ser compreendidas a
49
partir do debate em torno da construção da hegemonia e de como a
experiência do Partido dos Trabalhadores se insere neste processo. Para isso,
recorreremos a uma revisão bibliográfica que integre a discussão teórica geral
e as circunstâncias históricas particulares do período brasileiro recente. A
conjuntura de crise provocou uma profunda instabilidade na reprodução do
poder burguês, dando duas opções à ordem vigente: recrudescimento de uma
“ditadura sem hegemonia” ou a “construção da hegemonia”. Para a viabilização
desta, não poderia ser a própria classe dominante a executora direta da sua
dominação na direção do Estado. A direção deste projeto deve ficar a cargo
dos representantes dos subalternos, mas é necessário que eles passem por
um processo de transformismo, de moderação política, pois os pilares
fundamentais da ordem burguesa precisam ser mantidos. Este tipo de
hegemonia é produzida a partir do momento em que a modernização burguesa
é dirigida por representantes dos subalternos, que administram as concessões
nos limites que não contradigam o projeto maior de viabilização do
desenvolvimento capitalista. O papel do Partido dos Trabalhados neste
contexto ganha relevância para compreensão da organização do Estado e do
poder político no Brasil.
Palavras-chave: crise política, hegemonia, partido dos trabalhadores, Estado,
poder político.
OS GOVERNOS KIRCHNER E AS “NOVAS” ESTRATÉGIAS DE
DESENVOLVIMENTO NA ARGENTINA
Anderson Sabino da Silva (UEM)
Após o fim da Guerra Fria, a América Latina sofreu a implementação da política
econômica neoliberal, nos termos do Consenso de Washington. Ao fim desse
ciclo, os governos neoliberais foram substituídos por candidaturas com discursos
opostos. Este trabalho procura apresentar os primeiros resultados das analises
dos aspectos das políticas econômicas da Argentina durante os governos de
Néstor e Cristina Kirchner, em contraste com o contexto econômico global e com
as políticas econômicas de governos anteriores do país. São analisados discursos
oficiais, cobertura da imprensa local e produção acadêmica disponível para traçar
um panorama do ambiente econômico argentino no período Kirchner e identificar
os principais aspectos da mudança de posicionamento suposta, tanto pelo ponto
de vista oficial como do ponto de vista de observadores externos, no caso da
imprensa. A hipótese levantada é que os governos Kirchner representam uma
alteração de posicionamento da nação, quando se leva em consideração o
receituário econômico das potências econômicas mundiais, especialmente os
Estados Unidos, que historicamente tem influência decisiva nos assuntos internos
de países da América Latina. O material estudado permite confirmar a hipótese,
na medida em que a política econômica kirchnerista é fortemente voltada para o
mercado interno e, na política externa, não se alinha aos EUA. Por outro lado, é
importante ressaltar que essa orientação política tem como prioridade a
perpetuação do grupo kirchnerista no poder, para além de um projeto de
desenvolvimento do país propriamente.
Palavras-chave: Kirchner; Políticas Econômicas; Argentina.
Agência financiadora: PIBIC
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A TERRA E OS NOMES: SENTIDOS E DEMARCAÇÕES DA AMÉRICA
LATINA E DO CARIBE.
Raony Palicer (UEM)
Este trabalho realiza um levantamento histórico-teórico dos diferentes termos
utilizados para denominar as regiões da América Latina e do Caribe – com foco
nestes últimos por sua preponderância atual – bem como as diferentes
formulações que tem definido tais termos e delimitado sua abrangência. Desse
modo, fazemos uso da metodologia de revisão bibliográfica para visualizar o
surgimento, os significados, as mudanças e as apropriações dessas
nomenclaturas ao longo da história. Observamos que os diferentes termos
partem normalmente da visão do colonizador, sem a preocupação com uma
ligação coerente entre o nome dado e a terra representada, mesmo quando
utiliza-se palavras retiradas de língua nativas, elas são depostas de seu sentido
original. Entretanto, as denominações são objetos de disputas, sendo comum o
caso de transformação de um termo colonial pejorativo em símbolo local
valorativo. Isto ocorre com os dois termos focados pelo estudo, América Latina
e Caribe, que passam por um processo de ressignificação, tornando-se
elementos centrais de movimentos de resistência latinistas e caribenhos.
Portanto, concluímos admitindo a inexistência de um significado único e fixo
para os termos que definem a região e alertando para o cuidado metodológico
envolvido em seus usos, pois pressupõe-se o conhecimento da carga histórica
de tais termos e o esclarecimento político do autor disposto a trabalha-los.
Palavras-chave: América Latina; Caribe; História; Geopolítica.
AS MULHERES E A REVOLUÇÃO SANDINISTA: A CONSTRUÇÃO DE UMA
NOVA HEGEMONIA
Nicolle Montalvão Pereira (UEM)
As mulheres estão à margem de toda a história da humanidade. Porém,
mesmo marginalizadas, elas sempre estiveram presentes, contribuindo de
várias formas para as lutas travadas. Na Revolução Sandinista (1979 – 1990),
ou Nicaraguense, não foi diferente. Este peculiar processo de insurreição
popular derrubou, através da luta armada liderada pela Frente Sandinista de
Libertação Nacional (FSLN), a ditadura da família Somoza, a mais duradoura
de toda a América Latina, e reconstruiu um país em ruínas. Assim como a
revolução cubana serviu de modelo para as revoluções nos anos 1960-70, a
Nicarágua inspirou as dos anos 1980, particularmente em El Salvador e
Guatemala. No entanto, seu caráter paradigmático não impediu que em seu
processo as mulheres nicaraguenses encontrassem inúmeros desafios, até
mesmo dentro da própria FSLN. Elas estiveram presentes nos dois momentos
do processo revolucionário: no primeiro momento, de guerrilhas urbanas e no
campo e da inevitável guerra civil – que derruba o regime somozista –,
ocupando diversas funções, inclusive no comando de exércitos; e no segundo
momento, de construção da Nova Nicarágua, isto é, de mudanças na
sociedade nicaraguense – a população tinha em suas mãos a tarefa de
reerguer o país e transformá-lo conforme seus anseios e necessidades –, onde
estas mulheres permaneceram organizadas, exigindo direitos e liderando
51
povoados inteiros. Por vias de um resgate histórico e bibliográfico, este artigo
visa problematizar e trazer à tona a importância da organização das mulheres
enquanto a organização dos subalternos, dentro do processo de construção de
uma nova hegemonia: a revolução sandinista.
Palavras-chave: Revolução Sandinista; FSLN; mulheres; grupos subalternos;
hegemonia.
O QUE RESTOU DAS “NOVAS ESQUERDAS LATINO-AMERICANAS”?
Guilherme Tadeu de Paula (UEM)
Vanessa Alves Bertolleti (UNESPAR)
Na última década do século XX e primeira do XXI, povos de diferentes países
latino-americanos encontraram a saída para a crise decorrente do projeto de
expansão neoliberal pelo qual o continente passou na década anterior, na
imagem de lideranças que emprestaram símbolos, retórica e “agendas” de
esquerda. Neste contexto, a vitória eleitoral de nomes como Hugo Chávez na
Venezuela, Lula no Brasil, os Kirschner na Argentina, Rafael Correia no
Equador, Evo Morales na Bolívia, Daniel Ortega na Nicarágua, Tabaré Vázquez
no Uruguai e Richard Lugo no Paraguai, foram comumente tratadas como
expressão do avanço das “novas esquerdas latino-americanas”. Quase duas
décadas depois do início deste processo, esta pesquisa visa refletir a partir de
duas indagações condutoras: a) quais as possibilidades e as limitações
analíticas de se considerar esse grupo tão distinto de personalidades,
contextos e disputas sob o mesmo “guarda-chuva” analítico a ponto de nomeálos um conjunto de “governos de esquerda”? b) qual a capacidade que estes
governos tiveram para, depois de anos no poder, saciar as necessidades que
os conduziram às vitórias nas urnas: o que significa perguntar se estes de fato,
tiveram algum êxito em interromper a escalada neoliberal e propiciar uma vida
melhor aos povos oprimidos da América Latina.
Palavras-chave: novas esquerdas latino-americanas, Lulismo, Chavismo,
Kischner, América Latina.
A DIPLOMACIA PÚBLICA VENEZUELANA
Érico Sousa Matos (Facultad Latina Americana de Ciencias Sociales –
FLACSO/Argentina)
Diplomatas e políticos, cada vez mais, realizam consultas aos meios de
comunicação internacionais com a finalidade de se manter atualizados, de
maneira quase instantânea, sobre os acontecimentos globais. Isso reflete um
processo que determinados autores denominam de "midiatização" das relações
internacionais. Aonde promover as ações de política exterior é tão importante
quanto o ato de fazer com que as mensagens emitidas se difundam
internacionalmente através dos meios de comunicação e assim transmita as
atuações promovidas por determinado Estado. Deste modo, surge o que
alguns autores denominam de “Diplomacia Pública” que, a rigor, se caracteriza
como uma ferramenta diplomática e de comunicação política internacional.
52
Utilizada, principalmente, em países desenvolvidos com o objetivo de gerar
influência internacional. O principal objetivo é criar uma imagem positiva do
Estado internacionalmente que, sob determinado ponto de vista, pode
contribuir para um melhor desenvolvimento das relações internacionais. Este
estudo propõe uma discussão sobre os conceitos de diplomacia pública
efetivamente aplicados à realidade da América do Sul. E, indaga, em particular,
sobre a utilização desse modelo de diplomacia pelo governo venezuelano,
Hugo Chávez, através do canal TELESUR. Canal utilizado como principal
ferramenta para difundir notícias relevantes ao Estado venezuelano frente à
opinião pública internacional. Portanto, a TELESUR atuaria como um
instrumento para a promoção da política exterior venezuelana. Cabe esclarecer
que, neste estudo, a metodologia de estudo utiliza a análise das notícias
transmitidas pelo canal TELESUR em 2014. Nota-se, porém, que o interesse
acadêmico em compreender as novas estratégias adotadas na diplomacia
moderna concentrou-se no estudo sobre as estratégias utilizadas pelos países
centrais, contudo, os países periféricos, como os Estados da América do Sul,
não estão fora das transformações que o cenário diplomático produziu e, nesse
sentido, estão a utilizar dessas novas estratégias em sua política internacional.
Palavras-chave: Diplomacia; Poder; Canais de Comunicação; Notícias;
Política internacional.
OS AVANÇOS DA COMUNIDADE DOS ESTADOS LATINO-AMERICANOS E
O CARIBE NA CONSTRUÇÃO DE UMA NOVA HEGEMONIA
Thais Palhares Pimentel (UEM)
A Comunidade dos Estados Latino-americanos e o Caribe (CELAC) é um novo
organismo político que, pela primeira vez na história, reúne o conjunto de 33
países da América Latina com uma nova proposta de aliança regional, visando
consolidar estratégias para um desenvolvimento da região que possa suplantar
suas assimetrias e promover a cooperação dessas nações, em âmbito não
apenas econômico, mas também político e social. Ademais, a exclusão dos
Estados Unidos e o Canadá do bloco denota significativa diferença de
posicionamento entre a CELAC e a Organização dos Estados Americanos
(OEA). Nosso trabalho resulta do processo de análise dos Boletins veiculados
pelo Sistema Econômico Latino-americano (SELA) — em referência à CELAC
—, demonstrando avanços e tendências que a organização vem consolidando
dentro do cenário internacional. Para substanciar a discussão, elencamos os
principais temas que a tangenciam. Demonstrando o que há de específico na
forma como os países membros se inserem na dinâmica capitalista,
identificando aspectos próprios do desenvolvimento da região, e retomamos a
questão nacional, evidenciando os processos de constituição das sociedades
nacionais e — essencialmente — a relação entre interno e externo, particular
nessas sociedades que terminaram por ocupar uma posição periférica, numa
condição subalterna na estrutura de poder. Assim, pudemos avaliar de que
forma a agenda e proposta de integração regional da CELAC vêm se dando:
53
afastando-se da construção de uma nova hegemonia e nova força política no
campo internacional e adequando-se, ainda, a uma lógica competitiva,
encarando o desenvolvimento enquanto forma de integração da ordem social.
Palavras-chave: CELAC, América Latina, Hegemonia, Desenvolvimento,
SELA
PARA PENSAR A AMÉRICA LATINA: PODER E HEGEMONIA NAS
RELAÇÕES INTERNACIONAIS.
Meire Mathias (UEM)
A complexidade das relações internacionais e em particular, as condições de
atuação da América Latina no cenário internacional, demanda novos estudos
acerca de política internacional. Todavia, o tema implica que se considere a
concepção de sistema internacional que, a nosso ver, não se configura
homogêneo. Ao contrário, permanece determinada estrutura de poder mundial,
ajustada ao domínio das grandes potências, onde países periféricos enfrentam
condições desiguais de inserção internacional. O ensaio busca demonstrar que
as mudanças na economia política internacional refletem um processo de
reorganização do sistema mundial que altera a natureza dos seus integrantes,
sua maneira de se relacionar uns com os outros e a maneira como funciona e
se reproduz. Nesse contexto, para pensar a América Latina no sistema
internacional, a reflexão sobre o exercício da função hegemônica ganha
centralidade, porque, de maneira antagônica a concepção de supremacia, em
Gramsci, hegemonia é uma forma bastante estável e duradoura de dominação,
sendo que na perspectiva das relações internacionais, indica a combinação de
consenso, cooptação e coerção. A construção de hegemonias, certamente,
implica em disputas, portanto, apreender o sistema internacional enquanto
“sistema hegemônico”, significa considerar os Estados como unidades
competitivas, mas também, os nexos entre as dimensões interna x externa das
nações, entre Estado e sociedade, entre economia e política, entre coerção e
persuasão na configuração do poder.
Palavra chaves: Hegemonia; América Latina; Política Internacional; Poder.
CELSO FURTADO: O INTERPRETE DA CEPAL NO BRASIL
Neilaine R. Rocha de Lima (UEM / Unesp)
O presente trabalho tem como objetivo analisar o pensamento do economista
Celso Furtado como representante da Cepal (Comissão Econômica para
América Latina) no Brasil, instituição essa que se caracterizou como um grupo
de intelectuais que elaboraram estudos que buscavam soluções para a
superação do subdesenvolvimento na América Latina, produzindo assim
perspectivas que serviriam de base para ações políticas dos governos latinos.
A teoria desenvolvida pela Cepal analisava as desvantagens que teriam os
países periféricos na dinâmica do mercado externo, preconizando assim a
necessidade do processo de industrialização para a superação desse quadro.
No Brasil Furtado desenvolveu sua tese principalmente nos anos 1950 e 1960.
54
Em várias obras do autor é visível seu alinhamento a concepção
desenvolvimentista da Cepal, que almejava a superação do atraso e
dependência econômica da América Latina através do planejamento estatal.
Outro elemento em suas obras fora o uso da história para alcançar a
justificativa de sua teoria, observando ser um problema estrutural a falta de
dinamismo econômico da América Latina. Através da análise do pensamento
do autor torna-se notável como as ideias desse intelectual foram importantes
para o projeto político do governo de Juscelino Kubitschek, que se alinhava a
um projeto político latino americano de desenvolvimento. Sendo assim a
pesquisa faz o uso das ideias como fontes para a compreensão do campo
político na História.
Palavras-chave: Celso Furtado; Cepal; Política; Desenvolvimento.
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ST06 - NARRATIVAS E CULTURAS POLITICAS NA PENINSULA
IBERICA MEDIEVAL
DE ALIADOS A TRAIDORES, AS RELAÇÕES DE PODER
NA PENÍNSULA IBÉRICA MEDIEVAL
Fátima Regina Fernandes (UFPR)
As relações de poder entre a monarquia e a sua sociedade política passam
por importantes transformações ao longo da diacronia medieval. O reino
português na tardo-medievalidade observa dois processos significativos que se
alimentam mutuamente, por um lado uma atualização identitária da nobreza
que cerca os reis aproximando-a dos padrões de uma nobreza de serviço e por
outro a monarquia em processo de crescente institucionalização amparada
pelos conceitos e mecanismos do Direito Comum que de Bolonha se
espalhavam pela Cristandade latina como modelo de governação. Através de
um estudo de caso e aplicação de uma metodologia prosopográfica de base
abordaremos um conjunto de nobres galegos de origem que em 1369, após o
assassinato de seu rei, Pedro, o Cruel de Castela e consequente usurpação
por parte de seu irmão bastardo, Enrique Trastâmara passam ao reino
português e oferecem o trono ao rei D. Fernando de Portugal sendo recebidos
como aliados frente às pretensões portuguesas. Após duas guerras lusocastelhanas para as quais estes nobres liderados por Fernando Peres de
Castro teriam contribuído e das quais resultariam duas derrotas portuguesas,
seriam expulsos do reino português sob acusação de traição e condenados ao
degredo em 1373. Analisaremos a partir de quais critérios ocorre esta
transformação de uma condição de aliado a traidor, discutindo à luz da
legislação vigente à época, os conceitos de naturalidade, fidelidade e o quanto
as iniciativas destes nobres correspondem a uma perspectiva de poder e papel
da sociedade política anacrônicos em relação ao contexto de Guerra dos Cem
Anos e Exílio de Avignon no qual se desenrolam estes eventos.
Palavras-chave: monarquia medieval ibérica; relações régio-nobiliárquicas;
nobreza medieval ibérica; Ius Commune.
Agência financiadora: CNPQ
O CASAMENTO DO INFANTE D. AFONSO, SENHOR DE PORTALEGRE:
BALIZA CRONOLÓGICA.
Carlos Eduardo Zlatic (UFPR)
Entre os anos de 1271 e 1273 o rei português Afonso III outorgou as vilas de
Marvão, Portalegre, Arronches e Vide ao seu filho homônimo e secundogênito.
Esse domínio senhorial de elevada importância política e militar – por se
localizar em uma área estratégica junto à fronteira luso-castelhana – foi palco
de três confrontos entre esse D. Afonso, senhor de Portalegre, e D. Dinis, seu
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irmão e rei de Portugal. Mais do que o embate entre dois atores sociais, esses
conflitos mobilizaram tropas e interesses e ambos os lados, para os quais
convergiram as alianças políticas que cada um mantinha. Enquanto o rei
português recorria a rede de vassalos – nobres e conselhos – para lhe apoiar
nessas guerras, o infante buscava suporte junto à alta nobreza castelhana,
com a qual estava ligado por seu vínculo matrimonial com D. Violante, filha de
D. Manuel e sobrinha de Alfonso X de Castela. O presente estudo se
concentrará justamente nesse casamento, objetivando contribuir para um
debate historiográfico acerca de sua datação, a qual permanece em aberto e
flutuando entre dois possíveis marcos: os finais do reinado de Afonso III –
como defende Felix Lopes – ou o princípio do reinado de D. Dinis – como
sustentado por José Mattoso. Recorrendo a documentação régia, crônicas e a
bibliografia, este contributo busca discutir tais hipóteses, corroborando aquele
segundo período como o mais provável para a efetivação do enlace entre o
português e a castelhana.
Palavras-chave: História Medieval Ibérica; D. Dinis; Alfonso X.
Agência financiadora: CAPES
“NARRATIVAS PEDAGÓGICAS PARA A FORMAÇÃO DO PRÍNCIPE NA
OBRA DE RAMON LLULL”
Fabiana de Oliveira ( UNIFAL-MG)
A presente reflexão tem como objetivo discutir os princípios pedagógicos para
a formação política do príncipe, enquanto “bom governante”, presentes em
duas obras de Ramon Llull (1274-1276) que são as seguintes: “A Árvore
Imperial” e “Doutrina para Crianças” que datam do século XIII. A metodologia
utilizada se caracteriza como qualitativa e histórica por meio do estudo das
obras de Ramon Llull citadas anteriormente, sendo que a análise do material foi
realizada por meio da técnica de análise de conteúdo. As obras analisadas se
caracterizam como fontes de formação religiosa e política. Podemos fazer
referência destas obras aos “manuais de civilidade” ou “espelhos de príncipe”
enquanto narrativas medievais por meio das quais se difundia “modos” e
“hábitos”, ou seja, formas de ser e estar no mundo Ibérico Medieval
considerando os aspectos culturais, religiosos e políticos. A formação
educacional da criança se projetava na imagem do homem enquanto um ser
completo em detrimento à criança que não tinha importância nesse período
histórico, por isso a preocupação com a educação da criança estava no seu
“vir-a-ser”. O que se visava era a humanidade futura dessa criança, ou seja,
sua maturidade presente na “forma-homem”, por isso sua educação tinha como
meta principal aproximá-la dos bons ensinamentos, entenda-se, “bons
ensinamentos” sendo os cristãos, para que este sujeito desde cedo pudesse
aprender a amar e temer Deus visando alcançar o Paraíso e a salvação de sua
alma, por isso, o “bom príncipe”, de acordo com Llull, “deve ser a imagem de
Deus na terra”.
Palavras-chave: Educação; Península Ibérica; Ramon Llull
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A POLÍTICA PAPAL DE ROMANIZAÇÃO NA IGREJA DE SANTIAGO DE
COMPOSTELA
Jordano Viçose (UNIFAL-MG)
A política papal de romanização estava inserida em um movimento políticoeclesiástico mais amplo que ficou conhecido na historiografia como Reforma
Gregoriana. Dentre às ordenações da Igreja de Roma estava a padronização
da liturgia e dos costumes do clero para toda a Cristandade, o que, por
consequência, implicava no reconhecimento da liderança espiritual e temporal
exercida pelo sucessor de São Pedro. À adesão aos princípios romanizadores
pela Igreja de Santiago de Compostela foi de fundamental importância para a
sua ascensão eclesiástica, verificada na primeira metade do século XII, sob o
bispado de Dom Diego Gelmírez (1101-1140). Nesta comunicação,
apresentaremos às alianças envolvendo a Sé de Compostela e a Santa Sé que
contribuíram, por um lado, para o alinhamento da Igreja de Santiago à Igreja de
Roma e, por outro, para o recebimento de dignidades eclesiásticas pela Igreja
do apóstolo evangelizador da Hispânia. A principal fonte utilizada no estudo é a
Historia Compostelana, obra elaborada na primeira metade do século XII na
cidade de Compostela a pedido do bispo Gelmírez. O estudo que
apresentaremos na forma de comunicação compõem parte da problemática da
pesquisa que desenvolvemos no Programa de Pós-Graduação em História
Ibérica da Universidade Federal de Alfenas (PPGHI/UNIFAL-MG), sob a
orientação do Prof. Dr. Adailson José Rui.
Palavras-chave: Romanização; Santiago de Compostela; Século XII.
O CULTO À RELÍQUIA DO SANTO LENHO NA IDADE MÉDIA: PODER
SIMBÓLICO E POLÍTICO
Renata Cristina de Sousa Nascimento (UFG/UEG/PUC-Go)
O objetivo principal desta comunicação é analisar um importante símbolo da
paixão de Cristo existente em Vera Cruz do Marmelar, desde o século XIII,
considerado um fragmento do Santo Lenho. Em Portugal a Ordem Militar de
São João de Jerusalém ou do Hospital tornou-se a guardiã desta relíquia, que
se preserva ainda hoje na Igreja de Vera Cruz de Marmelar, freguesia do
município de Portel, sendo o rei D. Afonso III o promotor da formação do
senhorio de Portel em 1257. A Comenda da Vera Cruz de Marmelar, tornou-se
neste cenário de proteção de fronteiras pós- reconquista e fortalecimento do
poder real, veículo importante da presença hospitalária na região. As relíquias
representam a memória espiritual do cristianismo e, neste sentido, a cruz é o
principal símbolo da paixão de Cristo. O ato de lembrar é, sobretudo, o trabalho
de localizar lembranças no tempo e no espaço. As santas relíquias são
memórias portáteis, que podem ser transladadas de um lugar para o outro,
podendo ser reposicionadas. Para a comunidade receptora, a chegada de uma
relíquia era uma grande honra, representando o pertencimento de um
determinado local à história cristã, sendo também fator de identidade religiosa
para esta comunidade. Assim, é fundamental analisar a intensificação do culto
ao Santo Lenho na Idade Média, enfatizando a carga histórica e simbólica que
58
a Igreja de Vera Cruz, (em Marmelar) representa. O conceito de memória
central nesta abordagem. Tomemos também, por norte investigativo
conceitual o que Halbwachs (1990), entende por memória coletiva, onde
passado é permanentemente reconstruído e revivificado, enquanto
ressignificado.
é
e
o
é
Palavras-chave: Imaginário; poder; relíquias.
DOUTRINA MILITAR: A MILÍCIA COMO UMA ARTE A SERVIÇO DA
MONARQUIA E DA FÉ CATÓLICA.
José Carlos Gimenez (UEM)
Inspirado nas histórias das guerras e batalhas do passado, e nos grandes
feitos dos lideres que delas participaram, o italiano Bartolomeu Scarion de
Pavia publicou, em 1598, o livro Doutrina Militar. A narrativa dessa obra tem
por objetivo mostrar aos leitores, aos governantes, e principalmente aos
combatentes, como uma batalha regida com técnica e racionalidade pode
favorecer e perpetuar as monarquias, especialmente a Monarquia Ibérica
conduzida por Felipe II de Espanha, I de Portugal (1527-1598). Sem romper
definitivamente com as tradições teológicas da política medieval, essa obra
também possibilita uma leitura sobre como a guerra realizada com paixão,
discernimento, propósitos cristãos, e vontade de divina, pode favorecer a
governança dos Reis e engrandecer as Monarquias, assim como, dignificar os
beligerantes que lutam pela Pátria e pela religião cristã.
Palavras-chave: Doutrina Militar, Monarquias Ibéricas, Século XVI.
ENTRE AVIS E AVEIRO:
UM ESTUDO BIOGRÁFICO SOBRE A
PRINCESA DONA JOANA DE PORTUGAL
Gabrieu de Queiros Souza (UFPR)
A beata Princesa Dona Joana de Portugal, conhecida popularmente como
Santa Joana de Portugal, nasceu em Lisboa no dia 06 de fevereiro de 1452.
Filha do Rei D. Afonso V (1432-1481, rei desde 1438) com a Rainha D. Isabel,
faleceu em Aveiro no dia 12 de maio de 1490. Joana de Portugal foi jurada
herdeira da corte portuguesa, título que ostentaria até a sua morte. Por volta
dos 20 anos de idade Joana optou pela vida religiosa no Mosteiro de Jesus de
Aveiro, pertencente à ordem dominicana. No claustro, assim como na corte, a
princesa desempenhou as funções que lhe cabiam no momento, sendo um
exemplo de religiosidade a ser seguido. Entretanto, devemos atentar que seja
na corte ou no claustro Joana não deixou de desempenhar sua dupla função:
princesa herdeira e cristã fervorosa. Para que possamos entender esses
papéis desempenhados por Joana, utilizaremos como fontes duas obras de
caráter hagiográfico, além das crônicas régias do período em que a Princesa
viveu. Desta forma, por meio da análise das fontes primárias, poderemos
ampliar nossa visão e abordar biograficamente a Princesa Joana de Portugal e
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os papéis que a mesma desempenhou nos meios sociais do Reino de Portugal
no “outono da Idade Média”.
Palavras-chave: Princesa Dona Joana de Portugal; Biografia; Baixa Idade
Média Portuguesa; Dinastia de Avis; Mosteiro de Jesus de Aveiro
Agência financiadora: CNPq
OS PARALELOS DA INSTITUCIONALIZAÇÃO DO MODELO DE
CONDOTTIERI POR MAQUIAVEL E DA NOBREZA DE SERVIÇO POR
FERNÃO LOPES.
Lucca Zanetti (UFPR)
A partir da análise de fontes, crítica interna e externa das obras e sua inserção
em seu contexto histórico de acordo com a bibliografia levantada, o seguinte
trabalho se propõe a explorar as relações perante os conceitos, atributos,
características e virtudes observadas na criação da nobreza de serviço,
aparente no cronista português Fernão Lopes, e a imagem do condottiere
idealizado nos textos de Maquiavel. Tanto a nobreza de serviço portuguesa
quanto os condottieri italianos exercem papéis de cunho militar aonde a
eficiência no combate acaba por ser mais relevante do que as características
atribuídas aos bons homens, como as virtudes cristãs, o comportamento
honrado, entre outros atributos anteriormente idealizados na literatura medieval
– principalmente personificados na instituição da Cavalaria. Esse estudo
comparativo também explora assim modelos propostos evidenciando uma nova
condição da figura militar, entre os séculos XV e XVI – através da identificação
de atributos paralelos assim como díspares, e como o contexto no qual são
estabelecidos é fundamental para seu advento. Sua articulação contínua
demonstra como, em espaços geográficos diferentes, a funcionalidade das
atribuições militares toma relevância fundamental perante projetos políticos
distanciados. Tomando assim a obra La Vita di Castruccio Castracane, de
Maquiavel, e a Crônica de Dom João, de Fernão Lopes, exploramos assim
obras compostas por autores formados dentro de tradições literárias similares –
ambos fruto de um movimento de valorização da funcionalidade em todos os
ambientes da sociedade medieval; principalmente no ambiente da profissão de
armas.
Palavras-chave: Idade Média; Maquiavel; Fernão Lopes; Teoria Política
Agência financiadora: PIBIC/Fundação
A IMAGEM DE CARLOS MAGNO NA CRÔNICA PSEUDO-TURPIN: UMA
PROPAGAÇÃO DE HERÓIS FRANCOS NA PENÍNSULA IBÉRICA.
Ronison Penha de Paula (UNIFAL-MG)
A imagem de Carlos Magno na Crônica Pseudo-Turpin foi o título de uma
pesquisa realizada durante o trabalho de conclusão de curso de História da
UNIFAL-MG, que desdobrou em outra investigação, agora no mestrado da
mesma instituição. As preocupações iniciais basearam-se na tentativa de
compreender a construção da representação do rei e imperador carolíngio, mas
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com o desdobramento posterior, voltamos nossas atenções para o impacto
dessa literatura épica para a construção da identidade ibérica, especificamente
no reino de Castela no período da Reconquista. Neste evento pretendemos
apresentar os principais aspectos da imagem de Carlos Magno conforme
representado na crônica Pseudo-Turpin e fazer uma discussão acerca da
propagação de heróis medievais francos, como ele, na região ibérica, no intuito
de introduzir outras considerações preliminares de que a construção de
aspectos da identidade ibérica, perceptíveis na literatura épica castelhana,
ocorreu a partir da recusa dos elementos externos até então fortemente
influenciáveis na região. Essas considerações partirão de uma perspectiva
comparativa entre obras elaboradas em reino franco, como Pseudo-Turpin e
um exemplar da épica castelhana como Cantar de Mio Cid.
Palavras-chave: Península Ibérica; Identidade; Reino Franco.
A ASTÚCIA DE UMA RAINHA: BERENGUELA I E O PROCESSO DE
UNIFICAÇÃO ENTRE CASTELA E LEÃO SEGUNDO A PRIMERA CRÓNICA
GENERAL DE ESPAÑA
Adailson José Rui (UNIFAL-MG
Na presente comunicação temos como objetivos a análise de dois momentos
específicos referentes ao processo de sucessão ocorrido nos reinos de Castela
e Leão na primeira metade do século XIII. O primeiro refere-se à sucessão de
Alfonso VIII, falecido em 1214 e o segundo a situação gerada após o
falecimento de Alfonso IX de Leão ocorrido em 1230. Nos processos
mencionados, destaca-se o papel de liderança desempenhado pela filha de
Alfonso VIII em prol do reino de Castela. O mesmo desempenho da infanta
acontece também, quando, em 1217, ocorre a morte de Henrique I, seu irmão.
De maneira astuta Berenguela garante para si a coroa de Castela e a transfere
de imediato a seu filho Fernando, mantendo para si a tutoria do rei e,
impedindo que Alfonso IX, seu ex esposo e pai de Fernando pleiteie a coroa de
Castela. Como defensora de Castela, agirá com astúcia garantindo também a
coroa de Leão para seu filho. Analisamos o processo mencionado a partir dos
relatos contidos na Primera Crónica General de España, cuja análise por meio
dos ensinamentos da História Política demonstra a atuação da rainha como
sendo mulher de fé e de sabedoria na arte da política, características que a
tornaram na liderança que conduziu os interesses do reino de Castela-Leão
colaborando na administração do reino e na formação de seu filho, Fernando
III, na a arte de governar.
Palavras-chave: Sucessão régia, Berenguela I; Castela; Leão; Século XIII
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ST07 - HISTORIA ANTIGA FONTES E METODOS
TÁCITO E PLUTARCO: A VIDA DE OTÃO
Adriele Andrade Ceola (UEM)
Ao lançarmos nosso olhar para a narrativa histórica e para a biografia, somos
levados a identificar muitas diferenças entre os dois estilos, ou até mesmo
considerar a biografia como um modelo inferior quando comparado ao outro.
No entanto, o presente trabalho tem como propósito identificar semelhanças
entre os dois modelos literários com base nas Histórias de Públio Cornélio
Tácito e a Vida de Otão de Plutarco, principalmente em questões de conteúdo
e construção textual, visto que os dois ensaios buscam relatar e dar ênfase as
ocorrências políticas e militares, mais do que a vida do imperador sujeito. Essa
proximidade de temática, de certa forma não é usual entre os estilos,
principalmente quando relacionamos os dois autores. Considerado historiador
por excelência, Tácito nascido provavelmente no ano de 56 d. C. e viveu até
120 d. C., homo novus, proveniente de uma rica família romanizada da
província da Gália, exerceu diversos cargos nas magistraturas romanas.
Plutarco que viveu provavelmente entre os anos de 45 d. C. até 120 d. C.,
também homo novus, originário de rica família local de Queroneia (Beócia), ao
contrário do historiador latino se reconhece como biógrafo. Suas composições
dizem respeito às vidas e não a histórias, pois prioriza a descrição das ações
que evidenciam os vícios ou as virtudes, deixando os fatos célebres aos
renomados historiadores políticos.
Palavras-chave: Narrativa Histórica; Biografia; Principado
Agência financiadora: CAPES
DA HISPÂNIA A ROMA: A ASCENSÃO DO IMPERADOR TRAJANO
Alex Aparecido da Costa (UEM)
Em fins do século I d. C. e início do século II d. C. o império romano atingiu sua
máxima extensão territorial, prosperidade interna e relativa paz nas fronteiras.
Esse contexto permitiu e foi impulsionado pela concessão mais ampla de
direitos de cidadania aos membros das elites provinciais, bem como seu
acesso às magistraturas, o que resultou em uma participação política mais
ampla por parte das populações do império. Tendo essa conjuntura como pano
de fundo, esta comunicação pretende apresentar os principais momentos da
carreira política de Marco Ulpio Trajano. A partir da bibliografia e da obra de
Plínio, o Jovem, que pertenceu ao círculo pessoal do imperador podemos
compreender como a ordem senatorial viu sua chegada ao poder. Membro de
uma família pertencente à elite da província romana da Hispânia teve seu
caminho ao poder pavimentado por uma série de circunstancias que serão
apresentadas. Entre elas, além do aumento geral da importância das regiões
periféricas do império, deve-se ressaltar a adesão da Hispânia a Vespasiano
durante a crise de 69 d. C. que resultou em sua chegada o poder, em
contrapartida a província foi beneficiada durante a dinastia do Flávios. Nesse
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período o pai de Trajano alcançou a distinção senatorial abrindo caminho para
que seu filho trilhasse uma carreira militar que o levaria ao governo do império.
Palavras-chave:Elite provincial; Hispânia; principado romano; Trajano.
PRINCEPS ET TYRANNUS: O BOM E O MAU GOVERNANTE NA ÉPOCA
DO ALTO IMPÉRIO ROMANO
Alex Aparecido da Costa (UEM)
Durante o Alto império romano, a noção de princeps condensava os aspectos
que caracterizavam a figura do bom governante, enquanto a ideia de tyrannus
funcionava como sua antítese, pois representava o conjunto de posturas,
atitudes e comportamentos a serem evitados. Diante disso, esta comunicação
tem por objetivo apresentar os principais traços que delineavam a postura
tirânica do homem político, especialmente do imperador, na visão dos
romanos. Para isso, nossa proposta colocará em tela algumas discussões
pautadas na bibliografia específica sobre o assunto e a análise de trechos da
obra Panegírico de Trajano, de Plínio, o Jovem. Senador de origem equestre,
Plínio construiu sua carreira pública em estreita colaboração com o poder
imperial, exerceu os primeiros cargos durante a época dos Flávios, mas
alcançou as mais altas magistraturas sob os Antoninos. Foi em homenagem ao
segundo imperador desta dinastia, Trajano, que Plínio escreveu o discurso que
leva o nome do governante. Nele, o autor constrói uma imagem favorável do
césar por meio de uma elaborada oratória, na qual se utilizou, dentre outros
elementos, da comparação. Ao opor as ideias de príncipe e tirano Plínio
associou a primeira a Trajano e a segunda a Domiciano, fundamentando o
elogio do primeiro a partir da desconstrução do segundo, baseando-se em
valores reconhecidos pela ordem senatorial e respaldados pela filosofia estoica
e pelas tradições morais romanas.
Palavras-chave: Discurso; Império romano; Plínio, o Jovem; Trajano.
A DOCUMENTAÇÃO PLINIANA E AS POSSIBILIDADES DE
ABORDAGENS: A CRIAÇÃO DO CENTRO DE PESQUISA E ESTUDOS
PLINIANOS
Andrea Lúcia Dorini de Oliveira Carvalho Rossi (UNESP)
Em síntese o projeto de criação do Centro de Pesquisa e Estudos Plinianos –
CPEP é baseado na criação de um portal na worldwide web composto por um
banco de dados de toda a documentação de Plínio, o Jovem de fontes latinas
transcritas e traduzidas para o português. A base documental pelo projeto é
composta com as fontes relacionadas a Plínio, o Jovem e seus interlocutores.
Nesse rol de documentação complementar constam Plínio, o Velho, Quintiliano,
Suetônio, Tácito, Suetônio, Marcial e Juvenal. O projeto visa transcrever,
traduzir e publicar as fontes para o português assim como incentivar e publicar
resultados de pesquisas sobre esses autores tanto para pesquisadores de
Estudos Clássicos. O principal objetivo do projeto é criar um centro fomentador
de pesquisa em Estudos Latinos do Principado Romano nos seus dois
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primeiros séculos a partir do estudo acadêmico e científico. Dentre as
metodologias do projeto, serão usadas a Análise do Discurso, assim como as
teorias do gênero epistolar e da tradução literária.
Palavras-chave: Plínio, o Jovem; Centro de Pesquisa; Interlocução.
Agência financiadora: UNESP/PROEX – Pró-Reitoria de Extensão
Universitária.
CONSIDERAÇÕES SOBRE PLUTARCO
E A BIOGRAFIA DE CATÃO, O JOVEM
Camila Santiago Luz (UEM)
O senador republicano Catão, o Jovem (95 - 46 a.C) passou para a história
romana como um modelo de virtude a ser seguido. Diversos foram os autores
da antiguidade (Sêneca, Valério Máximo e Lucano) que o elogiaram em seus
escritos por sua conduta ética e austera. O político romano foi uma das
personalidades biografadas por Plutarco em sua obra Vidas Paralelas. No
presente estudo procuramos entender de que forma o autor grego construiu em
sua narrativa a imagem de Catão. Levando em conta que este foi um notório
seguidor da corrente filosófica estóica a qual Plutarco se opunha. O estoicismo
criado por Zenon de Cítio (336- 264 a.C) surgiu na pólis de Atenas por volta do
ano 301 a.C. Contudo foi na Roma dos imperadores, mais precisamente
durante os dois primeiros séculos da era atual que ele florescera. A filosofia
estóica tinha como premissa a busca pela extinção das paixões (apatia) e o
engajamento na vida pública objetivando o bem comum. Observamos que a
figura de Catão é retratada com qualidades que seu biógrafo julgava importante
para o bom governante, a saber, a justiça, a humanitas e a concórdia. Contudo,
ela tece uma forte crítica ao estoicismo quando relacionado com a atividade
política. Lembrando que a época de Plutarco esta corrente filosófica era muito
popular entre os políticos romanos. Desta forma, entendemos que Vida do
magistrado serve a um propósito político que não pode ser entendida somente
por seu aspecto moral e educacional.
Palavras-chave: Plutarco;Estoicismo;Catão, o Jovem
A UTILIDADE DA HISTÓRIA NAS CARTAS DE PLÍNIO O JOVEM
Renata Lopes Biazotto Venturini (UEM)
A história em oposição ao passado heróico presente nos poemas homéricos
nasce com Heródoto (480-425 a.C.) e Tucídides (460-400 a.C.). O primeiro
propõe a investigação dos fatos narrados. Tal investigação sistemática é
designada como o desenvolvimento do hístor; o historiador seria aquele que
não economiza nem seu tempo, nem sua pena, nem seu dinheiro para
percorrer espaços e ver com os próprios olhos (HARTOG, 2001). Trata-se,
portanto, de uma preocupação com os testemunhos, mais recorrente na
narrativa de Tucídides para quem o passado, por ser produto do tempo, é
fabuloso – mythódes -. Com o objetivo de discutirmos a história como o
discurso que se difere da eloquência, a história e sua utilidade nas missivas
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plinianas, Cornélio Tácito (55-117 d.C.) ocupa um lugar visivelmente
importante, tanto pela frequência quanto pela natureza das relações
epistolares. Alguns anos mais velho (aos 46 anos Plínio escreve “nós temos
quase a mesma idade” – Ep.VII.20 -, aproximadamente sete anos de diferença
) era o modelo para nosso autor. Homem público atuante na política imperial,
Plínio o jovem (62-113 d.C.), considera Tácito seu condiscípulo. Embora não se
questionasse a respeito da escrita da história, Plínio escreveu a seu modo um
discurso histórico, para quem a utilidade da história residia na possibilidade do
renome e no exemplo à posteridade. O caminho que percorre encontra em
Tácito a satisfação desse propósito.
Palavras-chave:História; Plínio o jovem; Tácito; Cartas.
VISÕES DA CRISE IMPERIAL NO SÉCULO III D.C.
Douglas Raphael Machado Gobato (UEM)
Frequentemente associada ao período subsequente ao governo de Marco
Aurélio (161-180 d.C.), a crise que se perpetuou pelo mundo romano durante o
século III, atingiu os diferentes segmentos da sociedade e provocou alterações
nas instituições imperiais. Diante da crescente instabilidade dentro e fora das
fronteiras de Roma, as autoridades esforçaram-se para solucionar os
problemas decorrentes da crise adotando novas medidas fiscais, centralizando
a administração pública, promovendo reformas no exército e buscando
minimizar os efeitos negativos sobre a opinião pública através do resgate as
tradições do passado e do fortalecimento da religião estatal por meio da
exaltação da figura do imperador. Distinguidos por sua religião, os cristãos
foram considerados inimigos do Império e passaram a ser perseguidos em
todos os lugares. Esse quadro de transformações sociais, não passou
despercebido aos observadores da época. Tanto autores cristãos como
adeptos do politeísmo, se posicionaram a respeito das mudanças que
presenciavam. Por meio da análise de alguns desses testemunhos, a exemplo
de Dião Cássio, Herodiano, Arnóbio e Lactâncio, buscamos identificar as
causas que os contemporâneos atribuíram a crise e quais as soluções que
eventualmente propuseram para remediar suas implicações. Esses
depoimentos, revelam os anseios e as intencionalidades desses indivíduos,
ajudando-nos a compreender as medidas políticas tomadas pelo Estado na
tentativa de garantir a preservação da sociedade imperial no século III.
Palavras-chave: Crise do Império Romano; Política Imperial; Cristianismo.
ETNICIDADE NO ANTIGO ORIENTE PRÓXIMO:
UM ESTUDO SOBRE OS HITITAS
Leonardo Candido Batista (UEL)
O propósito deste artigo é analisar a formação de uma identidade no Antigo
reino Hitita, tentar entender o surgimento de uma etnicidade através do
hibridismo ocorrido na Anatólia entre a população local e remessas de invasões
indo-europeias, isso porque os Hititas mantiveram diversas características da
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cultura existente que pode ser percebida através da língua, arte, cultura e
religião. O objetivo é analisar a formação da identidade entre os Hititas,
discutindo o espaço da Anatólia mostrando como desde o período neolítico ali
foi um lugar de complexas civilizações, um lugar que já se demarcava com
grandes centros, os povos ali existentes antes da chegada dos indo-europeus
possuíam uma cultura rica e dinâmica. É importante analisar essas
características, pois o povo que se consagrou com o nome “Hitita” era uma
complexa rede de diversas etnias, com características diversas e de origens
diferentes em vários aspectos culturais, sociais, religiosos e até político. O
termo “Hitita” será também estudado, pois dar um nome a uma sociedade tão
complexa como essa que existiu na Anatólia é muito complicado se
analisarmos os contextos étnicos em jogo. O Estudo dos Hititas também traz
grandes contribuições para a análise das etnicidades no mundo antigo, pois
como já foi explicado, eram diversos povos que moldaram uma sociedade com
diversas características culturais. Esse estudo traz também formas de pensar a
identidade no mundo antigo, tentar ver como elas se estabeleciam em um
mundo onde a guerra era constante e diversas mudanças políticas aconteciam.
Palavras-chave: Hititas; Anatólia; etnicidade
O FESTEJAR RELIGIOSO EM SOLO EGÍPCIO DURANTE O NOVO
IMPÉRIO: A FESTA DE BASTET EM BÚBASTIS
Maura Regina Petruski (UEPG)
O presente trabalho aborda uma das festividades religiosas que ocorreram em
solo egípcio durante o Novo Império em honra a deusa gata Bastet. Esta se
realizava na cidade de Bubástis, no tempo da estação da semeadura egípcia
chamada de Peret. Com esse trabalho, objetiva-se conhecer outra faceta da
história da terra dos faraós que até então era pouco explorada, buscando
investigar como essa celebração se desenrolava, identificando quais eram as
suas etapas festivas bem como as simbologias e rituais que dela faziam parte.
Essa comemoração esteve presente desde o período do antigo império
egípcio, porém ganhou maior significância sob o reinado dos faraós da décima
segunda dinastia, quando Bastet passou a condição de divindade nacional. Era
durante esse momento festivo que a deusa homenageada deixava o seu
templo e saía às ruas em cortejo em sua barca sagrada, sendo esse um
momento ímpar para que a população entrasse em contato mais próximo com
a sua divindade. As informações sobre essa modalidade de cultura se fazem
presentes nas representações iconográficas templária e funerária, nas estelas
e na literatura egípcia. Por meio de tais festividades percebe-se que os valores
religiosos egípcios são confirmados bem como a manutenção e a reafirmação
do poder real.
Palavras-chave: festivais; celebração; religiosidade; poder.
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A BIOGRAFIA IMPERIAL DE MARCO AURÉLIO
SEGUNDO A NARRATIVA DA HISTORIA AUGUSTA
Stéfani de Almeida Onesko (UEM)
O presente trabalho pretende analisar a biografia do imperador romano Marco
Aurélio (121-180 d.C), tendo em vista suas ações e as características de seu
governo (161-181 d.C),
segundo a coletânea de biografias imperiais,
conhecida como Historia Augusta (392-423 d.C). Ao longo da narrativa
analisada encontramos um conjunto de biografias que procura evidenciar as
qualidades pessoais dos imperadores descrevendo as virtudes dos príncipes
romanos que considerou, por assim dizer, “bons/ clementes” ou “maus/tiranos”
durante o período que exerceram o imperium. A Historia Augusta constroi
mediante a imagem de Marco Aurélio um estereótipo concentrando-se nas
boas ações do imperador e em sua conduta em geral. Neste sentido, enfatiza
suas virtudes identificando-o como um modelo de imperador. As virtudes assim
definidas levam em consideração a moral estoica. O estoicismo se apoiava
num rigor fundamental: era uma receita, uma fonte de utilidade prática e de
progresso moral. Nas relações entre o estoicismo e imperium, destacamos que
as qualidades descritas não tinham como objetivo enaltecerem a pessoa do
principis, mas seus fins políticos, bem como os princípios que legitimavam e
que justificavam sua presença à frente do poder imperial. Com isso buscavase, no plano do discurso, resgatar os antigos valores que orientariam a “classe
política” de Roma.
Palavras-chave: Estoicismo; Biografia Imperial; Marco Aurélio; Historia
Augusta.
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ST08 - A IDADE MEDIA EM DEBATE PERSPECTIVAS
INTERDISCIPLINARES
LIBRE DE CONEXENSES DE SPÍCIES:
UM MANUAL IBÉRICO MEDIEVAL DE MERCADORIA
Jaime Estevão dos Reis (UEM)
Esta comunicação tem como objetivo refletir acerca dos manuais de
mercadores medievais. Tais manuais fazem parte de um gênero literário que
começa a se difundir no contexto da chamada “revolução comercial” da Idade
Média. A maioria dos manuais conhecidos foi compilada por mercadores
vinculados às grandes companhias de comércio, sobretudo as pertencentes às
cidades comerciais italianas de Florença, Gênova e Veneza. Entretanto, existe
um importante manual redigido fora das repúblicas comerciais italianas, mais
precisamente, em Barcelona em fins do século XIV. Trata-se do Libre de
conexenses de spícies, publicado por Miguel Gual Camarena em 1981, sob o
título de El primer manual hispánico de mercaderia. Apresentaremos esse
manual, inserindo-o no contexto dos manuais italianos, como o Zibaldone da
Canal e o Pratica della Mercatura, ambos redigidos na mesma época do
manual barcelonês.
Palavras-chave: Manuais; Mercadores; Idade Média.
OS HOSPITALÁRIOS E OS PRIMEIROS ANOS
APÓS A RECONQUISTA DE JERUSALÉM (1100-1118)
Bruno Mosconi Ruy (UEM)
À luz da reconquista de Jerusalém, os primeiros anos do século XII trouxeram
muitas oportunidades e percalços para os irmãos serventes do Hospital. Como
o número de peregrinos que visitavam a Terra Santa aumentou
exponencialmente, os primeiros Hospitalários enfrentaram um sério problema
de alojamento para aqueles que clamavam por ajuda – e, mais além, uma série
de barreiras administrativas e religiosas para o seu crescimento. Neste
trabalho, procuramos efetuar uma análise da constituição e do
desenvolvimento dos principais arcabouços teóricos e das principais condições
materiais para o estabelecimento e expansão do Hospital na Terra Santa.
Utilizaremos como fontes de pesquisa as compilações documentais de Joseph
Delaville Le Roulx (1747-1803), o primeiro volume da série “The History Of The
Knights Hospitallers Of St. John Of Jerusalem”, do Abade de Vertot (16551735), a Regra Beneditina e a Regra de Raymond du Puy. Tentaremos
esmiuçar a dimensão da adaptabilidade e da influência política da instituição no
Oriente Médio e na Europa, atentando à sua estreita ligação com o Papado,
seus conflitos com o Patriarcado e bispado de Jerusalém e ao gradual
fortalecimento das figuras dos primeiros Grão-Mestres Hospitalários. Através
68
disso, procuraremos estabelecer as bases para a independência econômica e
para o desenvolvimento hierárquico do Hospital, e sua eventual conversão em
Ordem Militar.
Palavras-chave: Ordem do Hospital; Jerusalém; Idade Média.
A NOBREZA CASTELHANO-LEONESA NO PROCESSO DE
CONSOLIDAÇÃO TERRITORIAL DE FERNANDO III (1217-1252)
Augusto João Moretti Junior (UEM)
Essa comunicação tem como objetivo analisar a participação da nobreza
castelhano-leonesa no processo de retomada dos territórios cristãos durante o
reinado de Fernando III (1217-1252). Para isso é necessário compreender as
relações estabelecidas entre a monarquia e nobreza ao longo de tal processo.
Na Idade Média, a nobreza podia interferir de forma decisiva no
desenvolvimento do reino devido sua fortuna, territórios e exércitos privados.
Isso ocorria em todo o Ocidente, porém, nos reinos hispânicos o contínuo
conflito com o inimigo comum – os muçulmanos – forçou a criação de uma
sociedade militarizada fundamental para o processo de Reconquista. Fernando
III foi o monarca que incorporou a maior extensão territorial na história da luta
entre cristãos e muçulmanos na Península ibérica. É possível afirmar que o seu
sucesso deveu-se ao estreitamento das relações com a nobreza e a
participação efetiva da mesma em suas campanhas militares. Dentre as fontes
utilizadas nesta pesquisa, destacamos a Crónica de Veinte Reyes, a Crónica
Latina de los Reyes de Castilla e a Primera Crónica General de España.
Palavras-chave: Fernando III; Nobreza; Reconquista.
AS RELAÇÕES ANGLO-NORMANDAS ÀS VÉSPERAS DA BATALHA DE
HASTINGS DE 1066
Lucio Carlos Ferrarese (UEM)
Nesta comunicação temos como objetivo analisar os conflitos políticos entre a
Inglaterra e a Normandia no século XI, que levaram à Batalha de Hastings de
1066. Tal batalha deu-se em função da disputa entre Guilherme da Normandia
e Haroldo Godwinson da Inglaterra pela sucessão do trono da Inglaterra. Como
fontes para tal estudo fazemos uso da Tapeçaria de Bayeux, a Crônica de
Guilherme de Poitiers e a Crônica Anglo-Saxônica, fontes estas criadas ainda
da geração dos combatentes da mencionada batalha. Como bibliografia para a
análise destas fontes, utilizamos trabalhos tais como os de Christopher Gravett,
Hastings 1066 (1994), de Jacob Abbot, History of William the Conqueror
(2009), de Asa Briggs, História Social de Inglaterra (1998), de Maurice Keen,
Historia de la guerra em la Edad Media (2005), e Lewis Thorpe, The Bayeux
Tapestry and the Norman Invasion (1973). Discutimos que a proximidade
geográfica entre a Normandia e a Inglaterra facilitou a existência de laços
políticos e familiares entre aquele ducado e este reino, e visto essas ligações
concluímos que estes conflitos políticos levaram à subsequente Batalha de
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Hastings. Este conflito uniria ambos os territórios sob um mesmo reinado e
acabaria por afetar a história entre a França e a Inglaterra a longo prazo.
Palavras-chave: Inglaterra; Normandia; Batalha de Hastings.
CRÔNICA DE GUILHERME DE POITIERS E CRÔNICA ANGLO-SAXÔNICA:
FONTES PARA O ESTUDO DA BATALHA DE HASTINGS (1066)
Lucio Carlos Ferrarese (UEM)
A Batalha de Hastings de 1066 foi um conflito de grande influência na formação
da Inglaterra medieval. Nela, dois líderes entraram em conflito pela sucessão
do trono inglês, os combatentes Guilherme da Normandia e Haroldo
Godwinson da Inglaterra. Para o estudo desse conflito, esta comunicação tem
por objetivo apresentar duas fontes contemporâneas ao mesmo, a saber a
Crônica de Guilherme de Poitiers e a Crônica Anglo-Saxônica. A primeira se
trata de uma crônica contendo a história da família do vencedor Guilherme da
Normandia, tendo sido criada por Guilherme de Poitiers, o qual era seu
capelão. A segunda é uma reunião de manuscritos e calendários, escritos ano
a ano pelos monges ingleses, incluso relatos favoráveis ao derrotado Haroldo
Godwinson. Para a compreensão destas fontes, utilizamos trabalhos tais como
os de Pamela Porter, La guerra medieval en los manuscritos (2006), de Paul
Zumthor, A letra e a voz (1993), de G. N. Garmonsway, The anglo-saxon
chronicle (1990), e de R. H. C. Davis e Marjorie Chibnall, The GESTA
GVILLELMI of Williams of Poitiers (2006). Nossa discussão parte do princípio
de que as crônicas são fontes essenciais para a compreensão da sociedade
em destaque, e concluímos que o estudos das mesmas permite ao historiador
brevemente entrever a visão que os homens do passado tinham sobre si e
sobre os eventos que vivenciavam, tais como a adesão ou rejeição de um novo
rei como Guilherme da Normandia.
Palavras-chave: Fontes; Crônicas; Batalha de Hastings.
CRÔNICA DE ALFONSO X:
A CONSTRUÇÃO DE UM PERFIL REAL.
Luiz Augusto Oliveira Ribeiro (UEM)
O gênero cronístico durante a Idade Média representou uma importante forma
de escrita da História e, portanto, a Crônica de Alfonso X, produzida
provavelmente por volta de 1344 também assumiu essa característica.
Evidencia-se no documento em questão, a representação da figura real de
Alfonso X, desde que assumiu a coroa, até sua morte. Característica comum
dos cronistas, Fernán Sanchez de Valladolid expressa um perfil de rei nesta
documentação, que administra, faz política e, no caso de Alfonso X, está
relacionado aos assuntos culturais e científicos da coroa. Refletir acerca de
uma crônica medieval pressupõe a compreensão do gênero e da forma como
se dava a produção deste material, contratados pelos reis, os cronistas se
dispunham a escrever parte da História dos reinos, baseando-se nas
conquistas e na busca por poder e dominações. Desta maneira, buscamos
70
neste trabalho a compreensão do perfil de rei expresso nas entrelinhas desta
documentação produzida no século XIV a pedidos de Alfonso XI, bisneto de
Alfonso X. Um rei cuidadosamente preparado para assumir suas atribuições na
vida adulta, que apresenta o mais alto nível de formação da Europa Medieval,
Alfonso X unia em si aspectos formativos cristãos, militares, culturais e
intelectuais, contando ainda com uma atuação expressiva como príncipe
regente durante o reinado de seu pai, Fernando III.
Palavras-chave: Alfonso X; Crônica Medieval; Rei.
Agência financiadora: CAPES
DE INFANTE A REI SÁBIO: O INÍCIO DO REINADO
SEGUNDO A CRÔNICA DE ALFONSO X.
Luiz Augusto Oliveira Ribeiro (UEM)
Alfonso X ascendeu à Coroa de Castela em 1252. Deu prosseguimento à
política de expansão territorial de seu pai Fernando III e empreendeu o
processo de centralização jurídica, atingindo diretamente aos nobres e aqueles
que detinham privilégios com os antigos códigos. Antes mesmo de se tornar
rei, Alfonso já participava ativamente dos assuntos da coroa, seja na
administração, nos assuntos militares, ou no âmbito intelectual/ cultural do
reino, auxiliando os intelectuais em importantes trabalhos. Com uma formação
de excelência no campo militar, o jovem Alfonso foi preparado, por um aio ao
longo de sua vida, para assumir as atribuições reais. Narrado pela Crônica de
Alfonso X, o Sábio, o momento inicial do reinado de Alfonso X representou um
período de reorganização do território e da busca pela estabilização políticoadministrativa, medidas de organização monetárias, proteção às fronteiras
frente aos mouros, e a necessidade de legitimação do poder real são alguns
dos elementos próprios deste período da história castelhana. Escrita em 1344,
a documentação descreve, de maneira narrativa, os primeiros anos do reinado
de Alfonso X, que apesar de alguns erros e imprecisões, já observados pela
historiografia espanhola, torna possível dimensionar e refletir este momento
inicial de importantes tomadas de decisões políticas, com suas
intencionalidades e particularidades.
Palavras-chave: Idade Média; Alfonso X; Crônica.
Agência financiadora: CAPES
NICOLÁS DE ORESME: A SIMBIOSE ENTRE PODER E MOEDA NO
OCIDENTE MEDIEVAL DO SÉCULO XIII
Talles Henrique P. Maffei (UEM)
O presente trabalho utiliza-se da obra Pequeno Tratado da Primeira Invenção
das Moedas como fonte histórica a fim de analisar a problemática histórica
envolvida no contexto do século XIV, relacionando o poder político, a crescente
71
monetarização e o crescimento econômico observado desde meados do século
X de forma mais ou menos generalizada por todo o Ocidente europeu. Além
disso, a obra de Oresme é importante pela sua peculiaridade, especialmente
pela sua tentativa de harmonização entre os preceitos cristãos e as tentativas
monárquicas de ambição pelo poder, unindo tais elementos antagônicos pela
premissa da manutenção da boa moeda enquanto fator determinante na
estabilidade do reino bem como uma virtude principesca pela honestidade
perante seus súditos, evitando o roubo por meio da alteração das moedas,
visto que isto significa a retirada de parcela de seu poder de compra.
Palavras-chave: Nicolás de Oresme, Idade Média, Pensamento Econômico
Medieval
Agência financiadora: CAPES
VIDA COETÂNEA E O LIVRO DA ORDEM DE CAVALARIA: UMA
REFLEXÃO SOBRE O TEMPO DE PREPARAÇÃO PARA A AÇÃO
EDUCATIVA EM RAIMUNDO LÚLIO (1232 – 1315)
Paula Carolina Teixeira Marroni (UEM)
Terezinha Oliveira (UEM)
Este trabalho tem como objeto de reflexão o tempo de preparação para a ação
educativa sob a ótica de Raimundo Lúlio. Objetivamos apresentar uma análise
de duas obras do autor, Vida Coetânea (1311) e O Livro da ordem de Cavalaria
(1272-1283). Em ambas as obras, encontramos formulações de Lúlio acerca do
tempo que o homem deve dedicar-se aos estudos e à preparação geral para
que possa, depois dessa preparação, apresentar-se pronto para viver em
sociedade e desempenhar sua ação educativa. Lúlio, que viveu entre 1232 e
1315, nascido em palma de Maiorca, Espanha, escreveu a respeito dos nove
anos de dedicação ao estudo da língua árabe em Vida Coetânea, sua
autobiografia. Somente após esse período de preparação, Lúlio considerava-se
capaz de convencer muçulmano, na língua do infiel, que a fé católica era
superior à fé islâmica. Em O Livro da Ordem de Cavalaria, Lúlio salienta a
importância da reflexão, da preparação e do conhecimento para que o
escudeiro desenvolva suas virtudes antes de partir para suas ações dentro de
sua ocupação social de defender as terras e a fé cristã, tornando-se um
exemplo para os mais fracos. Sob a perspectiva da História Social, levando em
consideração o século XIII e as transformações sociais da época, bem como as
especificidades geográficas da Península Ibérica, o trabalho desenvolve-se no
sentido de demonstrar que, para Lúlio, era importante, antes de agir na
sociedade, um tempo de reflexão, estudos e preparação para enfrentar as
questões que permeiam uma ocupação consciente dentro da tela relações
sociais na qual, cada pessoa, desempenha funções especificas.
Palavras-chave: Raimundo Lúlio, Vida Coetânea, Cavalaria, História Social,
preparação.
Agência financiadora: CAPES/ CNPQ
72
A IDADE MÉDIA E AS MANIFESTAÇÕES LITERÁRIAS
Clarice Zamonaro Cortez (UEM)
A definição do conceito de Idade Média foi-se desenvolvendo e construindo a
partir da conscientização renascentista da oposição entre Antigos e Modernos.
Caracterizou-se por valores culturais de inspiração clássica, porém,
cristianizados e subordinados a finalidades éticas e religiosas. Autores
clássicos como Aristóteles, Cícero, Sêneca, Virgílio e Ovídio foram lidos e
estudados, embora suas obras tenham sido selecionadas e adaptadas à nova
mentalidade, de inspiração cristã, assimilou valores culturais adequados aos
seus princípios morais e religiosos. Os primeiros centros difusores da cultura
medieval foram os conventos e a língua culta, o latim, expresso por meio de
obras religiosas, morais e filosóficas. Paralelamente, surgiu uma cultura
profana em língua vulgar, refletindo a atmosfera cavaleiresca, aspirando um
novo ideal e afirmando um conceito de vida alheio aos valores religiosos, sendo
que transmitida pela escola poética provençal. Engloba composições líricas
(cantigas de amor e de amigo) e satíricas (cantigas de escárnio e de maldizer),
reunidas em três cancioneiros. Seus autores são oriundos da Península
Ibérica, portugueses e galegos, frequentadores das cortes de D. Fernando III e
do seu sucessor, D. Alfonso X, reis de Leão e Castela, bem como de D. Afonso
III e D. Dinis. Além desse panorama geral, o nosso objetivo é ressaltar textos
pertencentes à categoria lírica que tratam das transformações e dos
relacionamentos sociais de tão importante período.
Palavras-chave: Idade Média; manifestações literárias; evolução; diversidade.
A CAVALARIA SEGUNDO JOHAN HUIZINGA.
Jeferson Silva Ribeiro (UEM)
Esta comunicação objetiva discutir a visão do historiador holandês Johan
Huizinga (1872 – 1945) sobre a cavalaria medieval. Este historiador, procura
abordar a história a partir de uma visão subjetiva, contrariando os anseios
científicos do período para a formação do discurso histórico. Pensadores como
Karl Lamprecht (1856 – 1915), objetivavam aproximar a História às ciências
exatas (naturais), apregoando uma sistematicidade que proporcionaria a
descoberta, ou o saber objetivo sobre o passado. Huizinga, historiador da
cultura, defende que a História é, também, ciência, mas ciência inexata, pois
não pode entender o passado sem entender as sensações que ele
proporcionava aos contemporâneos. Partindo dessa abordagem que ele
escreverá sua grande obra, o Outono da Idade Média (1919). Neste livro,
Huizinga analisa os séculos XIV e XV (Baixa Idade Média), procurando mostrar
as percepções dos contemporâneos às transformações que ocorriam neste
momento. Entre os temas, ali abordados pelo autor, está o da cavalaria
medieval. Para ele a cavalaria, ou melhor, os ideais de cavalaria, são
resultados de uma fuga ficcional, resultante das dificuldades enfrentadas, e
criados a partir da aspiração de uma vida mais sublime. Tal abordagem
suscitou algumas polêmicas, como a afirmação de Maurice Keen, em La
Caballeria (1986), de que Huizinga havia dito que o período da cavalaria nunca
existira, sendo apenas uma produção ficcional de um mundo em crise. Porém,
73
em En torno a la definición del concepto de História (1929), Huizinga apresenta
uma metodologia que tentará aproximar a ficção da realidade, para melhor
entender a cultura de um certo período.
Palavras-chave: Idade Média, Cavalaria, Johan Huizinga.
O LUGAR DE MARIA: A MANDORLA DO MANUSCRITO BM REIMS 295
Pamela Wanessa Godoi (UEL)
Segundo o texto “Tractatus de Assumptione beatae Mariae virginis”, atribuído a
Agostinho, Maria concebeu Jesus e permaneceu virgem. Se a exceção da dor
do parto, e maternidade sem a perda da virgindade, foi possível a Maria pela
graça divina, é possível também que Deus tenha permitido que sua mãe carnal
tivesse a dádiva de não sofrer a corrupção do corpo após a morte. Segundo o
autor do tradado, escrito no século IV, Maria foi elevada ao céu, em corpo e
alma, e levada para junto de seu Filho. Tornada dogma apenas em 1950, a
Assunção de Maria foi celebrada na liturgia por todo o medievo, e o tratado
atribuído a Agostinho, chegou a nós copiado em vários manuscritos do período.
Em Reims, o texto copiado no século XI, em um Lecionário da Catedral,
destaca-se pela grande letra Q em forma de mandorla que inicia o texto. Na
inicial foi pintada a imagem de Maria em majestade com o menino Jesus ao
colo. Apontamos para escolhas por opções iconográficas que buscaram
evidenciar o lugar especial ocupado por ela, como o caso da forma da letra:
uma mandorla, que enquadra a grande Virgem; sentada sobre um banco, ela
torna-se o trono do Menino Jesus. A mandorla, como uma identificação
geométrica do não-espaço, possível de ser ocupado apenas pela divindade, foi
escolhida, neste códice, para ser o local que Maria ocupou, estabelecendo uma
ligação com a questão apresentada pelo texto. A imagem dialoga com o texto
para, a partir de recursos imagéticos, reafirmar sua conclusão, reforçando a
Assunção de Maria como uma verdade. O estudo das relações de opções
iconográficas da imagem com argumentos assinalados no texto, apontam um
caminho para identificar o lugar da imagem mariana no manuscrito BM Reims
295.
Palavras-chave: iluminura; Maria; Reims; mandorla.
Agência financiadora: CAPES.
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRISTIANIZAÇÃO DA
ESCANDINÁVIA
Flávio Guadagnucci Palamin (UEM)
O texto objetiva uma discussão acerca do processo de conversão da
Escandinávia ao cristianismo a partir do século X. Ainda que esses povos
tenham tido contato com o cristianismo logo no início da Era Viking (séculos
VIII-XII), a antiga religião pré-cristã prosperou por séculos, graças às
características de seus deuses, que correspondiam às expectativas dessas
sociedades permeadas por uma cultura de violência. A conversão da
Dinamarca ao cristianismo tem início com o batismo do rei Harald Bluetooth,
74
poucos anos após sua ascensão ao trono, em 963. Na Suécia, o processo
ocorre nas décadas próximas ao ano 1100 e na Noruega entre os anos 995 e
1000. É importante ressaltar que os três reinos apresentam longa e violenta
resistência à nova religião, com revoltas e tomadas de poder, na defesa da
antiga religião pagã – a transição do culto aos deuses pagãos para Cristo, na
Suécia, por exemplo, durou cerca de um século. Na Islândia, ilha colonizada,
principalmente, por vikings noruegueses, dinamarqueses e suecos, a
conversão ocorre por decisão majoritária da Althing, assembleia geral
islandesa, no ano 1000, como um ato político pacífico. Para Peter Brown,
devido à falta de chefes e à distância que separava os povoados da Islândia, “a
lei era a única coisa que tinham em comum. A divisão entre pagãos e cristãos
destruiria necessariamente o pouco consenso que existia nestas sociedades
frágeis.” (1999, p.318). Desse modo, as novas leis islandesas demonstram
flexibilidade com as práticas pagãs. Temos, portanto, um processo lento, com
resistências, que evidencia a força da antiga religião pré-cristã.
Palavras-chave: Escandinávia; Era Viking; Cristianização.
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE OS MODELOS LEGAIS DA
ESCANDINÁVIA DURANTE A ERA VIKING
Flávio Guadagnucci Palamin (UEM)
Desde o século XIX as pesquisas acerca da Escandinávia medieval e sobre os
Vikings, fora do Brasil, são amplamente abordadas. No Brasil, presenciamos
um crescente interesse acadêmico na temática a partir dos anos 2000. Desse
modo, propomos uma revisão bibliográfica sobre um tema amplo, mas ainda
pouco abordado em língua portuguesa. No presente trabalho, objetivamos a
discussão acerca dos modelos políticos e legislações vigentes na Escandinávia
da Era Viking. Abordaremos, entre outras, as funções da Thing (assembleias),
do Godi (chefe), da Logretta (legislativo), do lawspeaker (recitador das leis),
bem como as fontes que representam tais instituições, como a Íslendingabók,
saga Islandesa escrita por Ari Thorgilsson no século XII que apresenta relatos
desde a colonização da Islândia, a chegada das leis e formação das
assembleias até sua conversão. Não temos muitas fontes que fazem alusão
aos modelos políticos na Escandinávia da era Viking (séculos VIII-XII). Todavia,
é de comum acordo entre os pesquisadores que o modelo político, aplicado na
Islândia, em muito se assemelhava ao dos outros países escandinavos
(Noruega, Dinamarca e Suécia) do mesmo período, sendo que sobre o modelo
político islandês temos fontes suficientes. Assim, esperamos que nossa
discussão possa, além de romper estereótipos sobre os Vikings, apresentar
algumas características dessas sociedades, bem como possíveis referenciais
bibliográficos.
Palavras-chave: Escandinávia; Era Viking; Modelos Políticos; Legislação.
75
PARA UMA POSSÍVEL RELAÇÃO ENTRE O BESTIÁRIO DE BRUNETTO
LATINI E A DIVINA COMÉDIA DE DANTE ALIGHIERI
Daniel Lula Costa (UFSC)
Neste trabalho nos propomos verificar uma possível relação entre o Li Livres du
Tresor, escrito por Brunetto Latini no século XIII, mais precisamente o Volume
I que é composto por um Bestiário, e a Divina Comédia, de Dante Alighieri. No
século XIII, Brunetto Latini escreve sua obra Li Livres du Tresor, que ficou mais
conhecida na Toscana como Il Tesoro, um livro escrito na língua francesa,
provavelmente entre 1260 e 1266. Esta obra é dividida em três volumes que
tratam de teórica, ética e política, considerada uma das primeiras enciclopédias
na língua vernácula. Entre o momento em que Latini escreve sua obra e a sua
publicação, Dante Alighieri nasce em Florença, em 1265. Dante Alighieri
escreveu a Divina Comédia entre 1304 e 1321. Esta obra foi dividida em três
partes, sendo respectivamente: Inferno, Purgatório e Paraíso. Nesse sentido
buscamos os elementos bestiais na obra de Brunetto que foram ressignificados
por Dante ao inseri-los nos ambientes do pós-morte cristão. Nosso objetivo é
analisar uma possível relação entre o Bestiário de Brunetto Latini e a descrição
de alguns dos seres presentes na obra Inferno, de Dante Alighieri. Para isso
nos propomos a investigar a imagem da pantera, do leão e da loba; esses
seres não foram inseridos nos círculos do Inferno, pois foram descritos no início
do poema, quando o personagem Dante encontra-se perdido numa selva
escura.
Palavras-chave: bestas; inferno; Dante; Brunetto.
Agência financiadora: CAPES
O CORPO E A PESSOA NA EUROPA MEDIEVAL: UMA ABORDAGEM
INTERDISCIPLINAR
Bruno Hermes de Oliveira Santos (UNIFAL-MG)
Carlos Tadeu Siepierski (UNIFAL-MG)
As representações sociais do corpo e da pessoa no mundo europeu medieval
constituem-se, dentro da disciplina de história, tema de inúmeros debates. Tal
discussão se adensa à medida que outras áreas do saber, em especial a
antropologia, ao renovar seus instrumentais teórico-conceituais sobre o tema,
possibilita ao historiador a apropriação e aplicação desses novos instrumentais,
agora, numa perspectiva diacrônica. Com isso, verifica-se, não raras vezes,
uma ampliação das possibilidades de renovação de um saber histórico
tradicionalmente consolidado. Mais recentemente um dos autores que explorou
essa interface entre antropologia e história pelo viés das representações
sociais do corpo e da pessoa foi o antropólogo David Le Breton. Assim, partir
de uma revisão bibliográfica, o presente trabalho tem por objetivo tecer
algumas considerações de âmbito teórico-conceitual sobre as concepções de
corpo e pessoa na Idade Média. Segundo Le Breton, este período é
predominantemente caracterizado por uma “antropologia cósmica” em que a
76
pessoa não está distinguida da trama comunitária na qual se insere. Deste
modo, a carne do homem e a carne do mundo compartilham de uma mesma
substância, sendo o corpo humano, nas tradições populares, o vetor de
inclusão da pessoa em todas as outras energias visíveis e invisíveis que
percorrem o cosmos.
Palavras-chave: Europa medieval; Le Breton; corpo; pessoa.
77
ST09 - A AMERICA PORTUGUESA NOS SECULOS XVI E XVII
ENCOBERTO E DESCOBERTO:
A DUPLICIDADE EM PADRE ANTÔNIO VIEIRA
José Maria Tadeu Magalhães Silva (UNIFAL-MG)
Carlos Tadeu Siepierski (UNIFAL-MG)
O trabalho propõe analisar perspectiva dúplice na pessoa do jesuíta Antônio
Vieira (1608 – 1697). As fontes utilizadas são seus sermões e cartas, bem
como biografias. O percurso analítico perpassa três caminhos: o primeiro se
utiliza de momentos da vida do jesuíta e procura desmistificá-los, apresentando
o homem no mito. O segundo utilizando de fontes como o Sermão de São
Sebastião, evidencia a intencionalidade dúplice em sua elaboração,
apresentando aqui o homem na obra. Por fim em revisão bibliográfica em obras
de Azevedo, Basselaar, Pécora, Hermann e Hansenn a constatação da
perspectiva dúplice em Vieira e traz-se à luz o homem não visto pelas obras.
Aluno inicialmente tido por medíocre adiante será aclamado pela capacidade
intelectual, mudança atribuída a um “estalo” mental sob os pés da imagem da
Virgem Maria. Um dia “perdido” pelas ruas de Salvador foi “socorrido”, por um
anjo. A vocação missionária se apresenta quando “deixa” o convento e se
refugia no interior da capitania, quando da 1ª invasão Holandesa a Salvador.
Criticado por não se opor à escravidão negra não titubeou em se opor à
ameríndia. Evidenciar a duplicidade existencial do personagem contribui para
melhor compreensão de sua vida e obra, além de possibilitar maior
entendimento do seu legado. Tal perspectiva analítica vem ao encontro do
crescente interesse pelos estudos relativos à América Portuguesa, bem como
pela diversidade de enfoques.
Palavras-chave: Antônio Vieira; Jesuíta; duplicidade; diversidade.
“NAM SE PODEM DIZER NEM ESCREVER AS COUSAS DESTE RIO”: O
SUL DA AMÉRICA NOS MAPAS E OBRAS DO SÉCULO XVI
Tiago Bonato (UFPR)
A partir das primeiras décadas do século XVI, o território americano foi
constantemente descrito e mapeado pelos europeus. Acompanhando a
historiografia mais recente sobre a cartografia dos novos mundos, parto do
pressuposto que esse processo de representação não foi linear no sentido da
precisão geográfica. Muitos outros fatores entram em cena quando se trata de
colocar no papel um território ainda praticamente desconhecido. A porção
meridional da América do Sul é um cenário privilegiado para tentar entender
como se deu a compreensão do Novo Mundo pelos europeus nos primeiros
séculos de colonização. Além de ser uma região de fronteira indefinida entre os
impérios ibéricos, contava com uma circulação constante de aventureiros,
conquistadores, funcionários reais e contrabandistas. Nesse espaço os rios
tiveram papel fundamental como principal via de acesso ao interior do
desconhecido território. Esse protagonismo se reflete em sua constante
presença nas descrições e mapas do período. Partindo dessas premissas, a
78
intenção desse trabalho é entender como eram representados os três grandes
rios da região: Paraná, Paraguai e Uruguai. Essa tríade fluvial, formadora do rio
de La Plata, funcionou muitas vezes como demarcação natural das litigiosas
fronteiras ibéricas na América, ora superestimando ora atrofiando os territórios
de Portugal e Espanha. A ênfase da análise está nos rios, nas montanhas que
os acompanham e na toponímia utilizada. Ao longo do século XVI, a América
foi descoberta, inventada, compreendida, descrita e mapeada pelos europeus.
No que diz respeito à representação do território, esse processo não foi linear
nem mesmo homogêneo.
Palavras-chave: cartografia histórica; toponímia; representação do espaço;
América do Sul; América Ibérica.
Agência financiadora: CAPES
DEMÔNIOS DE LÁ, QUE RESSURGEM ACÁ: DEMONOLOGIA, MISSÃO E
ALTERIDADE JESUÍTICA NA AMÉRICA PORTUGUESA
Fábio Eduardo Cressoni (UNIARARAS)
Parte dos documentos produzidos pela Companhia de Jesus ao longo da
missão estabelecida na América portuguesa no decorrer do século XVI que
chegaram até nós indicam-nos supostas dificuldades no projeto de conversão
e, portanto, incorporação dos Tupinambá que habitavam o litoral brasílico ao
grêmio da cristandade estabelecido pelo Império português neste período em
função da presença de um lócus (inferno) e de um personagem específico
(demônio) entre os membros deste grupo indígena. Neste sentido, o objetivo
deste trabalho é identificar semelhanças entre elementos da demonologia
europeia moderna, em especial a portuguesa e a jesuítica, e o cotidiano da
missão inaciana aqui estabelecida, na perspectiva de se compreender as
origens da alteridade construída pelos integrantes dessa Ordem em função do
contato estabelecido com o grupo mencionado. Para tanto, será empregada a
seguinte metodologia: análise documental, de fontes iconográficas e impressas
relativas à demonologia europeia, portuguesa e jesuítica, estudadas em
conjunto com uma série de fontes relativas à missionação desempenhada na
América portuguesa. O principal referencial a ser adotado para o
estabelecimento da discussão proposta se fundamenta no conceito de
alteridade proposto pelo historiador francês François Hartog. A parte da
confluência das fontes analisadas, em consonância com os referenciais
adotados, observar-se-á como os textos relativos a missionação jesuítica na
América portuguesa possuem aproximações com a iconografia e narrativas
relativas a ideia de demonologia gestadas no interior do mundo europeu.
Palavras-chave:
Alteridade.
Demonologia;
América
portuguesa;
Missão;
Jesuítas;
EDUCAÇÃO JESUÍTICA EM SÃO PAULO DE PIRATININGA: UM PROJETO
DE DEFESA DA ORDEM PAUTADO NA APRENDIZAGEM DA FÉ
Iara Bottan (Diretoria de Ensino Região de Piracicaba/SP)
79
Nosso trabalho tem por objetivo compreender a educação jesuítica na Vila de
São Paulo de Piratininga, e seu compromisso de manter e restaurar o modelo
social de viver. A educação jesuítica configurou-se como um instrumento de
renovação cristã, voltado para a formação do bom cristão, através do cultivo da
disciplina, fraternidade e amor a Deus. Nossa pesquisa está ancorada na
História Cultural, o que nos permite pensar, com Roger Chartier (1990), a
realidade social que se construía e como essa realidade se apresentava na
relação entre os sujeitos que interagiam no Planalto, a saber, indígenas,
jesuítas e colonos. Com Michel De Certeau (2002) pensamos a aprendizagem
na instauração da ordem, e a função do saber em promover a unidade nacional
por meio da “aquisição catequética do conhecimento”. Nessa perspectiva, para
o bom governo do Brasil a conversão dos naturais da terra se fazia necessária.
A introdução dos cristãos nas leis que regulamentavam a vida em sociedade
fez parte do projeto educacional dos jesuítas. A defesa da ordem exercitada na
aprendizagem das normas de convivência social instituídas pela Coroa
portuguesa, o exercício dos bons costumes cristãos e a aprendizagem da fé
católica constituiu o cotidiano de ensinamentos da Companhia de Jesus no
Planalto Piratiningano. Através da ação educativa dos padres jesuítas eram
inculcadas a religiosidade cristã católica e a cultura pautada na experiência
portuguesa quinhentista. Sendo assim, a educação caracterizava-se como um
instrumento de aprendizado social.
Palavras-chave: São Paulo de Piratininga; Educação Jesuítica; Defesa da
Ordem; Aprendizado Social.
Agência financiadora: CAPES
NARRATIVAS DE VIAGEM: CONTACTANTO A NATUREZA DA AMÉRICA
PORTUGUESA DO SÉCULO XVI.
Aline Cristina da Silva Oliveira (UEM)
O século XVI assistiu ao inicio do processo da expansão marítima europeia. Os
ibéricos, mais dedicados à expansão ultramarina foram os percussores das
navegações por mares desconhecidos. Percorriam a costa atlântica da África
em busca de ouro e prata, bem como de especiarias e, no curso deste
expansionismo, alcançaram terras ao sul de um Novo Mundo. Ao primeiro
contato adentraram na densa Mata Atlântica, e a natureza da América, que
tornar-se-ia Portuguesa, perpetuou-se por sua particularidade. Desde o início
da colonização esta floresta fomentou motivos e inspiração para que viajantes,
exploradores e jesuítas redigissem uma série de descrições sobre o mundo
natural. Nosso objetivo é investigar as descrições deste bioma, preciso à fauna,
bem como entender o processo de adaptação e sobrevivência dos
colonizadores portugueses na América do início da era moderna. Iremos
utilizar como fontes o “Tratado descritivo do Brasil”, escrito pelo português
Gabriel Soares de Sousa, “O Tratado da gente e terra do Brasil” do padre
jesuíta português Fernão Cardim e “A Viagem a terra do Brasil” de autoria do
missionário calvinista francês Jean de Léry. Estes relatos foram escritos no
80
século XVI e retratam as terras do Brasil, sua geografia, clima, plantas e as
espécies de animais (mamíferos, aves, peixes, invertebrados) em que identifica
seu habitat, hábitos, aspectos físicos, bem como eram caçadas. Tais crônicas
são fontes para entendermos a literatura de viagem do século XVI. São textos
que tratam sobre o universo físico da América Portuguesa, bem como trazem
aspectos da mentalidade e percepções dos cronistas quinhentistas.
Palavras-chave: América Portuguesa; século XVI; narrativas; fauna; caça.
TARTARUGAS, PEIXES-BOI E PIRARUCUS: O QUE OS REGISTROS
HISTÓRICOS SOBRE A CAÇA E A PESCA REVELAM SOBRE A
COLONIZAÇÃO DA AMAZÔNIA?
Marlon Marcel Fiori( UEM)
Na década de 1610, os colonizadores portugueses começaram a ocupar a
Amazônia. Desde então, todos os anos, sobretudo no verão, milhares de
tartarugas e seus ovos eram recolhidos nas praias, durante o período de
nidificação. A estação de seca igualmente assinalava a época em que as
caçadas aos peixes-boi e a atividade pesqueira eram mais intensas. Analisar
os fatores que teriam contribuído para que tartarugas, peixes e peixes-boi
fossem tão largamente explorados é um dos principais objetivos da obra A
carne, a gordura e os ovos: colonização, caça e pesca na Amazônia. Utilizando
uma série de registros históricos, a pesquisa demonstra que, por fornecerem
uma fonte abundante e relativamente confiável de carne e gordura, tais
recursos da fauna aquática se tornaram essenciais para os portugueses na
colonização da maior floresta equatorial do globo. Ao mesmo tempo,
comparando informações das fontes com os dados ecológicos atuais, os
resultados sugerem que esse processo acarretou em uma diminuição
considerável das populações de tartarugas e peixes-boi, algo que tem sido
pouco abordado ou subestimado por historiadores e biólogos.
Palavras-chave: Amazônia; Colonização; Tartarugas; Peixes; Peixes-boi.
Agência financiadora: CNPq
AS MARCAS DAS RELAÇÕES INDÍGENA E NÃO INDÍGENA NAS CARTAS
DE PERO VAZ DE CAMINHA E DE CABEZA DE VACA
Arléto Pereira Rocha (UEM
Esta é uma pesquisa interdisciplinar face às diferentes áreas de conhecimento
dos pesquisadores - Geografia, Letras, História – sobre os primeiros
documentos oficiais escritos na conquista europeia no espaço hoje brasileiro: a
Carta de Pero Vaz de Caminha e Comentários de Cabeza de Vaca. Os escritos
estiveram sob o olhar da Análise do Discurso, objetivando compreender as
diferentes perspectivas do colonizador e do colonizado, por meio de uma
abordagem dialética dos documentos, interpretando assim as marcas
81
discursivas presentes. Nesta análise, pelo dispositivo da Analise de Discurso,
procurou-se extrair a voz do indígena na sua naturalidade intrínseca, nas
técnicas de subsistência, nas marcas de sua organização social, habitação e
crenças. Averiguou-se que o colonizado teve seu discurso diluído para a
assunção da supremacia do discurso colonizador, não por interesses
totalmente ideológicos premeditados, mas sim conduzido pela sua
personalidade inconsciente e inerente de subjugação.
Palavras-chave: Análise do Discurso; Indígenas; Não-indígenas; Relações
sociais/ culturais.
COMERCIANTES LUSOS EM TERRAS BRASILEIRAS: CONSIDERAÇÕES
ACERCA DAS REGRAS DE CONDUTA
Caio Cobianchi da Silva (UEM)
No início do século XVIII, o mercador lisboeta Francisco Pinheiro resolveu
enviar representantes comerciais para estabelecerem negócios no Brasil, já
que a exploração das minas de ouro propiciou oportunidades notáveis para o
comércio colonial português. A comunicação entre o mercador e seus
representantes era realizada por cartas que, para além dos projetos e das
complexas relações de negócios, informavam sobre os acontecimentos do dia
a dia. O grupo com o qual Pinheiro estabelecia conversações dividia com ele
as angústias, dificuldades e impressões acerca do ambiente que os cercava.
Contudo, Pinheiro não era mais um comerciante entre os outros, era quem
comandava os negócios, o homem mais interessado em fazer fortuna e quem
impunha sua liderança por meio de sanções à conduta de seus representantes,
acrescentando reflexões acerca de quais valores eram indispensáveis para um
homem de negócios. O que propomos, portanto, é um estudo das formas de se
comportar dos comerciantes, ou melhor, das regras de conduta que se exigia
deles. O recorte espacial é o Rio de Janeiro e o recorte temporal a duração da
rede mercantil estabelecida entre Francisco Pinheiro, Luiz Pretto Pinheiro e
João Francisco Muzzi, de 1721 a 1726.
Palavras-chave: América portuguesa, comércio; Francisco Pinheiro; Rio de
Janeiro.
FRANCISCO XAVIER E FERNÃO MENDES PINTO: O MISSIONÁRIO E O
MERCADOR FRENTE AO IMPÉRIO PORTUGUÊS NO ORIENTE
Karla Katherine de Souza Seule (UNICESUMAR)
Esse trabalho tem por objetivo a análise das relações entre portugueses e
populações asiáticas no século XVI, em meio a expansão ultramarina
portuguesa que conferiu aos primeiros uma rede de entrepostos comerciais no
Oceano Índico. Para tanto, analisamos as cartas e escritos do padre jesuíta
Francisco Xavier, enviado pelo Padroado da Coroa portuguesa para a
fundação e o controle de todas as missões jesuíticas que se estendiam do
cabo da Boa Esperança ao Japão, assim como alguns escritos sobre o viajante
português Fernão Mendes Pinto e a sua obra Peregrinação que reúne relatos
82
do mesmo a respeito das suas aventuras enquanto esteve por 15 anos
percorrendo os entrepostos portugueses do Oriente. Ambos os personagens
históricos, o missionário e o mercador, estiveram inseridos nas relações
políticas entre portugueses e populações asiáticas em uma expansão
ultramarina que combinava entre os seus principais objetivos o comércio de
especiarias e a expansão da fé católica. Verificamos que tal combinação nem
sempre foi pacífica, mercadores e missionários em muitas ocasiões
expressaram interesses opostos o que resultava em embates entre os
diferentes grupos que compunham a ação portuguesa na região, dificultando a
obra missionária, bem como o sucesso comercial e político português na
região. Desse modo, a análise de tais fontes se torna importantíssima para
entendermos os diversos elementos dos processos de expansão e as
condições em que se fazia a presença dos portugueses no Oriente.
Palavras-chave: Expansão Ultramarina Portuguesa, Companhia de Jesus,
Francisco Xavier, Fernão Mendes Pinto.
ARREPENDEI-VOS, POIS O FIM ESTÁ PRÓXIMO: MESSIANISMO,
MILENARISMO E AS ANGÚSTIAS DOS MEDOS ESCATOLÓGICOS EM
PORTUGAL (SÉCULOS XV E XVI)
Saulo Henrique Justiniano Silva (UEM)
Os séculos que sucederam a Peste Negra foram marcados por um sentimento
descrito por Jean Delumeau como os tempos da “angústia escatológica”. As
transformações, que vão além das mazelas proporcionadas pelas epidemias,
deram vazão às sucessivas interpretações dos acontecimentos reais como
predecessores dos últimos tempos. Em Portugal, a conversão forçada, somado
a difusão da cabala, floresceu entre os antigos judeus, ideais que viam aquele
momento como as dores do parto da “Era Messiânica” previsto nas escrituras
sagradas. Entre os cristãos lusitanos a crença largamente difundida pela Igreja
sobre os temores do ano mil, baseados nos textos bíblicos, foram
enormemente repetidas. Também existia, como lembra-nos Luís Filipe Tomaz,
o sentimento de que D. Manuel I era o monarca escolhido por Deus para
expandir a fé cristã para o mundo e tornar Portugal no Quinto Império que
antecederia a volta de Cristo. Para além da Península Ibérica, havia um cenário
europeu que propiciava a ideia de que aqueles eram os tempos derradeiros. O
objetivo deste trabalho é mapear as ondas escatológicas em Portugal, ligadas
às ideias messiânicas, no caso cristão-novo e milenarista, no caso católico.
Palavras-chave: Idade Moderna; Portugal; Angústia Escatológica.
BREVE DEBATE HISTORIOGRÁFICO DAS ELITES
E DO BRASIL-HOLANDÊS.
Thiago Cavalcante dos Santos (UNESP/Assis)
O presente artigo pretende fazer uma breve discussão da historiografia do
Brasil – Holandês a luz da análise do papel das elites na insurreição
pernambucana. Para tanto, será feito um recorte a partir de leituras da
83
historiografia brasileira e brasilianista entre os séculos XIX e XX. Possuindo um
dos maiores acervos documentais da América portuguesa, os decênios
dominados pelos holandeses não apenas modificaram o mapa geopolítico no
contexto do mercantilismo, mas também trouxeram alterações nas dinâmicas
do poder metropolitano nas suas extensões coloniais. A importância dos
sujeitos que compunham o quadro insurrecional já havia sido apontada na
nascente historiografia brasileira do século XIX, que enxergava no papel dos
insurretos luso-brasileiros uma incipiente brasilidade. Deve-se ressaltar que a
discussão circunscrita ao Brasil-Holandês seria apenas reflexo de uma história
geral do poder na América portuguesa. Ao longo do século XX, a valorização
de outros objetos de estudo como o social, econômico e cultural trouxe um
hiato nos estudos do poder e do político colonial que só foi rompido na década
de 1970. Na nova roupagem, a discussão de uma nacionalidade perdia sua
relevância, cedendo espaço a um embate entre ideias que argumentavam em
favor de uma forte presença do Estado português na colonização da suas
possessões, e outro que apontava para uma maior descentralização do poder
metropolitano sobre a sua colônia, em um mecanismo de concessão de
privilégios a uma elite local, com condições de acender socialmente, tornar-se
parte do poder português na colônia e quando possível, pressionar a Coroa a
atender suas demandas. Assim, o presente trabalho objetiva discutir a
relevância do debate entre um poder centralizado, comumente chamado de
Antigo Sistema Colonial (ASC) e um poder com autoridades negociadas, o
Antigo Regime nos Trópicos (ART) dentro do Brasil-Holandês, realçando que
os fatores que outrora foram percebidos como nacionais, podem ser
percebidos como mecanismos de troca na administração portuguesa em suas
possessões coloniais.
Palavras-chave: Brasil-Holandês; Elites; Poder.
A ORIGEM DOS CRISTÃOS-NOVOS E AS RAÍZES JUDAICAS DO BRASIL
Alfeo Seibert Filho (UEM)
O trabalho analisa o processo do envolvimento do povo judeu na formação
étnica, social e cultural do Brasil. Trata-se de um resgate historiográfico sobre a
participação dos judeus sefartidas, que se tornaram influentes e prósperos nos
séculos IX ao XVI na sociedade ibérica, analisando também as suas
contribuições no processo dos descobrimentos das novas terras e da
colonização do Brasil. Nesse sentido, é importante ressaltar a instauração do
Tribunal do Santo Ofício na Espanha, em 1478 e o Édito de Expulsão dos
judeus em Portugal no ano de 1496. Em 1536, o Tribunal do Santo Ofício é
instaurado em Portugal. Com a instalação do tribunal, os judeus que haviam
sido convertidos forçadamente ao cristianismo, passam a ser perseguidos sob
a acusação de práticas judaizantes. Ou seja, convertidos ao cristianismo por
determinação régia, passam a ser perseguidos por “criptojudaísmo”. A ênfase
do estudo é a análise da natureza e objetividade do Tribunal do Santo Ofício,
assim como o aprofundamento da discussão historiográfica pela maneira como
se desenvolveu o sentimento antissemita e as inúmeras formas de
constrangimentos sofridos por aqueles que foram chamados cristãos novos,
para serem distinguidos dos antigos cristãos. A pesquisa procura ainda
84
demonstrar que os cristãos-novos foram fundamentais para que o
descobrimento das novas terras e para a colonização portuguesa da América
nas atividades de exploração do pau-brasil, na produção e no comércio de
açúcar e, principalmente, na contribuição social e na formação étnica do Brasil.
Palavras-chave: Colonização do Brasil; Cristãos-novos; Judeus.
OS JESUÍTAS, O COLÉGIO DE SANTO ANTÃO E O ESTUDO DA
NATUREZA EM PORTUGAL NOS SÉCULOS XVI E XVII.
Sezinando Luiz Menezes (UEM)
O trabalho analisa o desenvolvimento, em Portugal, na modernidade, de um
novo conhecimento sobre o mundo natural, e, por conseguinte, discute as
construções historiográficas que afirmam que os lusitanos tenham permanecido
à margem da construção de um novo saber naquele período. Buscaremos
demonstrar que os estudos desenvolvidos no âmbito da “aula da esfera”, no
Colégio de Santo Antão, da Companhia de Jesus, estavam em sintonia com os
estudos “científicos” desenvolvidos em outras regiões da Europa naquele
período. Nossa hipótese é que o estudo da natureza pelos inacianos
relacionava-se a duas questões. Para os homens dos séculos XVI e XVII, o
conhecimento empírico do mundo natural era, também, uma forma de conhecer
e se aproximar de Deus. Para aqueles homens, Deus havia legado à
humanidade dois escritos fundamentais: a Bíblia e a natureza. Essa concepção
da natureza como um “livro aberto”, inspirava membros do clero, pois conhecer
o mundo era conhecer a Deus. Estudar o mundo natural era tão importante
quando estudar a Bíblia. Segundo, mas não menos importante, os
conhecimentos científicos, principalmente de astronomia, foram extremamente
importantes nos embates travados com os sábios chineses nos esforços dos
jesuítas para a expansão do cristianismo no Oriente.
Palavras-chave: Colégio de Santo Antão, Ciência, Jesuítas
85
ST10 - CONHECIMENTO HISTORICO O NOSSO E O DOS
OUTROS MODOS DE USOS DO PASSADO CULTURAS E
PUBLICOS DE MEMORIA
EXPERIÊNCIA SOCIAL, CINEMA E HISTÓRIA ENGAJADA: A FORMAÇÃO
DO SABER HISTÓRICO A PARTIR DE UM DIÁLOGO COM O
DOCUMENTÁRIO ‘CARNEOSSO
Aparecida Darc de Souza (UNIOESTE/Marechal Candido Rondon)
Rodrigo Ribeiro Paziani (UNIOESTE/Marechal Candido Rondon)
A proposta central deste trabalho será de apresentar e problematizar uma
experiência de ensino produzida no PIBID História da Unioeste, Campus de
Marechal Candido Rondon, envolvendo o emprego de documentário no ensino
de História para jovens do ensino médio. Um dos objetivos deste projeto PIBID
foi (e continua sendo) o de promover uma reflexão sobre as perspectivas de
construção de conhecimentos históricos em sala de aula a partir da articulação
entre experiência social e produção audiovisual. Nesta comunicação,
trataremos especificamente da análise de um trabalho feito com o
documentário CarneOsso juntamente aos jovens do ensino médio de escolas
públicas vinculadas ao projeto Pibid. Trata-se de discutir as possibilidades e os
limites do uso da linguagem audiovisual numa relação de ensino que
contemple o dialogo entre os saberes constituídos na experiência social e o
saber sistematizado e acadêmico. Este diálogo toma referência as indagações
feitas por E. P. Thompson acerca da relação contraditória entre experiência e
educação, saber erudito e saber popular recolocando assim o(s) processo(s)
de construção de conhecimento no terreno da luta de classes e da disputa
social. Neste sentido, o que buscamos também é problematizar à maneira
indicada por Chesneuax o sentido do ensino de História em sua relação com os
interesses e horizontes dos setores populares.
Palavras-chave: Cinema; Ensino de História; Experiência; Educação; Setores
Populares.
Agência financiadora: CAPES.
O ÍNDIO EM MAGALHÃES: CIVILIDADE NA BARBÁRIE
Helena Azevedo Paulo de Almeida (UFOP)
No decorrer do século XIX, ocorreu uma acirrada discussão sobre o lugar do
índio na constituição da sociedade brasileira. Podemos destacar duas vertentes
principais de abordagem: a romântica, que, mesmo na expectativa de
decréscimo populacional ameríndio, exaltava-os como honrados, corajosos e
futuros cristãos em seu papel de construção da identidade nacional, e uma
outra vertente, fortemente vinculada ao IHGB, de que o indígena faria parte de
um passado remoto ou mesmo de uma perspectiva histórica de vitória do
processo civilizatório sobre a barbárie. Gonçalves de Magalhães, tido como um
dos fundadores do romantismo brasileiro, escreveu três textos fundamentais
para entender o indígena contemporâneo do século XIX, a saber: “História da
86
Literatura Brasileira” (1836), “Confederação dos Tamoios” (1856) e “Os
Indígenas do Brasil perante a História: memória oferecida ao Instituto Histórico
e Geográfico do Brasil” (1860). Por meio destes textos percebemos a
importância da utilização do conceito de “alteridade”, e uma possibilidade para
o entendimento do indígena acerca de seu próprio mundo, evitando assim, a
percepção dos grupos étnicos como Outros, mediante o etnocentrismo. O
trabalho a ser apresentado é referente ao primeiro capítulo de dissertação de
mestrado, ainda a ser defendida, que tem por intenção discutir as
permanências (e possíveis modificações) dos discursos novecentistas no início
do século XX. Mediante análise do material escolar, especificamente os livros
de leitura, amplamente utilizados nas primeiras décadas do século XX, temos
por objetivo entender a utilização, ou a falta desta, do conceito de alteridade.
Palavras-chave: índio; Gonçalves de Magalhães; alteridade; escrita da história
indígena.
ROBERTO MANGE:
VISIONÁRIO DO ENSINO INDUSTRIAL NO BRASIL
INTELECTUAL, TÉCNICO, ADMINSTRADOR E FILÓSOFO?
Desiré Luciane Dominschek (UNICAMP)
Este texto apresenta reflexões sobre o movimento de organização do ensino
técnico profissional no Brasil a partir do início do século XX. Para
configurarmos este movimento destacamos a figura de Roberto Mange, um dos
idealizadores das escolas do SENAI. O inicio do século XX, remonta as ideias
de modernidade, e Mange reflete sua formação na organização das escolas
senasianas. Apresentamos Roberto Mange, como um intelectual de seu tempo,
destacamos ele como intelectual do ensino profissional visto o seu
engajamento político, cultural e científico no campo do ensino industrial. Este
trabalho discute parte da trajetória de ensino concebida por Roberto Mange
para as escolas do SENAI. Roberto Mange trouxe para o SENAI sua longa
experiência como diretor do IDORT e como professor de engenharia mecânica
na escola politécnica, e sua enorme bagagem intelectual, com teorias sobre
métodos adequados para a formação e socialização dos industriários
aprendizes. Consta do acervo do Arquivo Edgard Leuenroth Centro de
Pesquisa e Documentação Social Instituto de Filosofia e Ciências Humanas
Universidade Estadual de Campinas, vasta documentação sobre Roberto
Mange, materiais que apresentamos como fontes primárias para a análise
deste texto, com o objetivo de compreender as visões deste homem para a
educação profissional brasileira.
Palavras-chave:
Intelectuais
História
da
Educação
87
Profissional;
Roberto
Mange;
“ENTRE A CÂMERA E O FUZIL”: PROPAGANDA POLÍTICO-IDEOLÓGICA
NA CONSTRUÇÃO DE UMA HISTÓRIA NACIONAL ATRAVÉS DO CINEMA
OFICIAL.DITADURAS MILITARES NO BRASIL E ARGENTINA, (1966-1979)
Bruno José Zeni (UNESP-Assis)
Em consenso com a proposta do Simpósio temático 10. Propõem-se
apresentar as ideias iniciais dessa pesquisa. As quais são analisar de que
maneira as Ditaduras Militares, tanto brasileira como argentina utilizaram-se do
cinema para veicular a propaganda politica do regime. Para atingir esse
objetivo, utilizaremos duas produções cinematográficas de cada país. No caso
brasileiro, as películas utilizadas para a pesquisa serão “Independência ou
Morte” (1972) e “A Batalha de Guararapes” (1978), e, no caso argentino, “Dos
Locos em el Aire” (1976) e “De Cara ao Cielo” (1979). Assim, a metodologia
utilizada será composta pela análise do contexto de produção, além de analisar
os diversos pontos que compõem um filme, e não apenas o enredo principal,
Problematizando assim o porquê das adaptações e omissões. Entre os anos de
1966 e 1973 o regime militar brasileiro voltou seus olhos para o cinema
nacional criando nesse período órgãos governamentais para fomento,
produção e divulgação de seus feitos. Um destes foi a Empresa Brasileira de
Filmes S. A. (EMBRAFILME) que garantia aos cineastas o financiamento, a
produção e a divulgação dos filmes que contivessem o selo da empresa
estatal. No caso argentino, desde 1957 já existia órgão semelhante, que nos
anos ditatoriais da década de 1970 ganhou novo formato, atuando no sentido
de controle da produção cinematográfica daquele país. Neste sentido, é
possível pensar que os filmes produzidos de forma oficial por estes órgãos
possam ter sido veículos de propaganda dos sistemas que aos poucos se
erigiam ao longo regimes militares em questão.
Palavras-chave: Ditaduras Militares; Cinema; Propaganda.
SOCIEDADE DE CONSUMO E PÓS-MODERNIDADE: UM OLHAR CRÍTICO
AO CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
Bárbara Cristina Kruse (UEPG)
No regime feudalista (aproximadamente entre os séc. V ao séc. XV), existiam
cidades espalhadas pela Europa que funcionavam como centros comerciais
manufatureiros. Naquele período, a população tinha ideia de que era
desprezível a atividade e o espírito comercial. Entre os séculos XI a XIII, houve
profundas mudanças tecnológicas na agricultura, as quais possibilitaram
aumentar a produção econômica e engendrar o crescimento populacional.
Vicejaram as cidades na Europa. Considerável contingente de trabalhadores
abandonaram suas terras e migraram para as cidades, tornando-se artesãos,
comerciantes, ocupados com as atividades da vida citadina. Concomitante com
esta realidade, aproximadamente no século XV e XVI ocorreu uma renovação
de ideias denominada outrora de renascimento. Tais desdobramentos
possibilitaram a Primeira e a Segunda Revolução Industrial. Nasce a era
moderna e um novo estilo de vida entrou em ascensão, qual seja capitalista.
Esta nova ordem mundial compreende a ampliação do volume produzido,
elevação dos lucros e redução dos preços. Nesta nova realidade, o consumo é
88
pregado como necessidade primordial do ser-humano, criando cada vez mais
necessidades supérfluas e alienando a população a sempre consumir. Os
produtos devem constantemente atualizar-se antes que ultrapassem sua data
de vencimento.
Palavras-chave: pós-modernidade, consumo, alienação
Agência financiadora: Fundação Araucária
CULTURA VISUAL, CULTURA HISTÓRICA: QUADRINHOS E IMAGENS
Janaina de Paula do Espírito Santo (UFG/ UEPG)
Maristela Carneiro (UFG)
Neste texto, delineamos algumas considerações sobre a cultura visual, o
impacto dela no âmbito mais amplo da cultura histórica e algumas
possibilidades do trabalho com imagem no ofício do historiador, tanto na
pesquisa quanto na sala de aula. Busca-se um diálogo entre a especificidade
do quadrinho, enquanto objeto de estudo e suas possíveis intersecções com a
história da arte e o estudo das imagens. Na análise proposta – construiu-se
reflexão sobre a especificidade dos quadrinhos, e seu diálogo teórico
metodológico, com o universo da história da arte e do uso público do
conhecimento histórico, entendendo que o espaço de tensão entre cultura e
consumo acabam figurando como elementos balizadores da cultura histórica
em uma esfera pública, hoje, já, de alguma maneira “naturalizada” na relação
que estabelecemos com o conhecimento (a própria expressão indústria cultural
é usada livremente para definir uma grande parte de nossa cultura). Assim, ao
propormos uma observação a partir da expressão simbólica elaborada pelo
artista há uma busca por explicitar as interpretações e vivências sociais em
torno de questões definidoras de uma obra, na busca por espaços de ruptura e
também as confluências que marcam as relações entre estética e
comunicação, entre o símbolo e o político, mercado e arte, no sentido que
sujeito e objeto fazem parte de um mesmo conjunto de interpretação.
Palavras-chave: Quadrinhos, Cultura Visual, Cultura Histórica.
ESPAÇOS PRATICADOS: HISTÓRIA E REGIÃO
Megi Monique Maria Dias (UNICENTRO/PR)
As estratégias sociais e de poder que permeiam a legitimação histórica de uma
cultura demonstra a necessidade da realização de estudos que pensem sobre
as práticas e representações sociais e políticas nos discursos considerando
que estes se alteram de acordo com as demandas das ‘lutas simbólicas’ por
um determinado espaço, através da busca pela legitimação de um dado
discurso, observamos os efeitos da construção do simbólico nas práticas e
saberes que confirmam seu reconhecimento definitivo ou temporário. Desta
maneira, a história e a região se apresentam como espaços praticados,
realidades pautadas em relações sociais que são estabelecidas para tornar
dizível e visível um espaço, de maneira que este se desdobra, também, como
espaço simbólico, enquanto resultado do desenvolvimento de um processo
89
histórico e social. Sendo assim, é importante que a região passe a ser
pronunciada e descrita de modo que seja possível desmistificar o poder e a
força dos discursos instituídos por atividades intelectuais, culturais e políticas
de uma determinada ideia de região. Intenta-se para uma reflexão histórica da
ideia de região que, neste caso, deve ser pensada como um conceito em
constante transformação e que se configura através de discursos e tramas
performativos, que sustentam a concepção de uma construção mediada por
lutas de forças simbólicas entre os indivíduos de um dado espaço social,
conformados em práticas que dão sentido ao que denominamos região.
Palavras-chave: Região; História; Discursos; Simbólico
Agência financiadora: CAPES.
NEM POPULISTA, NEM CARISMÁTICO: UMA ANÁLISE DO PERFIL
POLÍTICO DE JOSÉ MUJICA ENTRE 2010 E 2015
Dércio Fernando Moraes Ferrari (UNIOESTE)
O objetivo deste trabalho é analisar o perfil político de José Mujica veiculado
nas mídias digitais durante seu período na presidência uruguaia (2010-2015),
visando identificar características carismáticas e populistas. Ao chegar ao
poder em 2010, Mujica passou a ganhar extrema visibilidade da mídia
internacional. As ações desenvolvidas pelo ex-presidente a partir daquele
momento foram as responsáveis por tal notoriedade e por configurar o perfil
político de Mujica. A chegada de Mujica ao poder traz o foco midiático não só
para o Uruguai, mas também para a América do Sul de um modo geral, onde o
presidente representa, de acordo com alguns autores e junto com outros
líderes locais, a nova esquerda latino-americana. A fuga do padrão associado à
um chefe de Estado, os discursos longos, questionadores e sua forma austera
de vida, colocaram ainda o ex-tupamaro e o país sul-americano como centro
das atenções da mídia internacional. Para o desenvolvimento deste trabalho
são revisitadas a teoria weberiana de líder carismático e o conceito de líder
populista, onde por meio destas análises espera-se identificar a construção
desse perfil político dentre estas correntes, onde observa-se que embora com
características de ambas as vertentes, a figura de Mujica constitui-se como
uma figura alternativa a esses conceitos no cenário nacional e mundial. Esta
pesquisa, que está em andamento, busca identificar o perfil político
desempenhado por Mujica, onde como método analítico são utilizados os mais
variados meios de comunicação web e redes sociais.
Palavras-chave: José Mujica; Uruguai; Líder carismático; Populismo.
Agência financiadora: CAPES/Fundação Araucária.
MEMÓRIA E HISTÓRIA: UMA DISCUSSÃO TEÓRICA
Bruna da Silva Garcia (FURG)
Não é de hoje que o assunto “memória” vem ocupando espaço dentro da
academia. Inúmeros são os trabalhos e a diversidade de fontes bibliográficas
que dialogam entre essa temática e a História. Pensando nessa aproximação e
90
nessa conversa, este trabalho tem o intuito de discutir, a partir de uma revisão
bibliografica, sobre os avanços e os limites da memória na História.
Este trabalho é resultado parcial da dissertação de mestrado da proponente e
tem como objetivo traçar um estudo teórico sobre a memória e suas
aproximações com a História. O trabalho, inicialmente se valeu dos clássicos
“A Memória Coletiva” do sociólogo Maurice Halbwachs (2003); “Matéria e
Memória” (2011) do filósofo francês Henri Bergson; “A memória, a história, o
esquecimento” (2012) do filósofo francês Paul Ricoeur; “Antropologia da
Memória” (2005) e “Memória e Identidade” (2012) do antropólogo francês Jöel
Candau e do artigo “Memória, Esquecimento, Silêncio” (1989) do sociólogo e
historiador austríaco Michel Pollak, na tentativa de estabelecer um percurso
historiografico sobre a tema.
Sabemos que a memória sustenta a vida e a História. A partir de uma
conclusão parcial podemos compreender que que existem muitas similitudes
entre ela e muitas potencialidades; e que alguns limites foram vencidos.
Palavras-chave: Memória; História; Teoria; Filosofia.
INTELECTUAIS, CENTRO E PERIFERIA: REFLEXÕES SOBRE A HISTÓRIA
DE INTELECTUAIS A PARTIR DO CENTRO CULTURAL EUCLIDES DA
CUNHA, PONTA GROSSA (PR),ANOS 1950.
Erivan Cassiano Karvat (UEPG)
A presente comunicação, em diálogo com a História Intelectual, pretende
problematizar um aspecto de natureza epistemológica para o estudo
regional/local de intelectuais: a relação entre centro e periferia como
possibilidade para uma caracterização de intelectuais alocados fora de espaços
considerados como centros de produção intelectual, geralmente situados
historicamente nas capitais de estado ou em universidades consolidadas.
Ressalte-se que a preocupação que guia esta discussão advém de um
problema empírico, uma vez que foi originado a partir de reflexões em torno de
intelectuais – notadamente “provincianos” – e que na passagem da década da
primeira para a segunda metade do século XX produziram na cidade de Ponta
Grossa, interior do Estado do Paraná, vinculados a um espaço de sociabilidade
intelectual, o Centro Cultural Euclides da Cunha, criado em fins da década de
1940. Portanto, na dificuldade de se estabelecer uma melhor compreensão
destas personagens, vimos a necessidade de pensá-los relacionalmente,
principalmente a partir dos dilemas e questionamentos em relação ao
conhecimento proveniente dos centros, caracterizado tendencialmente como
um conhecimento especializado e/ou progressista, ao contrário daquele cenário
periférico, de viés marcadamente conservador. A partir de tal questão é
possível também focar-se questões vinculadas à escrita (ou políticas da
escrita) da história de intelectuais, do pensamento social e/ou uma história da
historiografia, pensando-se acerca dos mecanismos desta escrita, suas
exclusões e silenciamentos.
Palavras-chave: intelectuais regionais; centro e periferia; história intelectual
91
HISTÓRIA E INSTITUIÇÃO ESCOLAR: GRUPO ESCOLAR “MOURA
ANDRADE” (1958-1970)
João Carlos Zoti (UFGD)
A pesquisa sobre instituições escolares vem ganhando força desde os anos
1990, a partir da análise de uma história cultural pode-se ater a um estudo
histórico desde o surgimento da instituição escolar até sua importância na
sociedade. O direcionamento da pesquisa vem de encontra aos estudos de
instituições escolares relacionada ao contexto histórico, na busca de
compreender as mudanças educacionais em concordância com social e
cultural de determinada sociedade. Neste sentido, partindo da história da
cidade, será estudado a primeira escola de Nova Andradina (1954 – 1970), que
será o enfoque principal do trabalho, na busca de entender a integralidade do
Grupo Escolar “Moura Andrade” no processo de formação de uma sociedade.
A pesquisa segue com a finalidade de reconstrução histórica das relações
sociais em Instituições escolares, para isso inicialmente será trabalhado com
fontes históricas oficiais, como: Projeto Político Pedagógico (PPP), regimento
escolar, atas de reunião, decretos, relatórios de alunos, processos, etc. Como
as fontes oficias não são suficientes para o fazer histórico da Instituição
Escolar, e não sendo assim único tipo de fonte a ser utilizado. Os relatos de
pessoas que participaram da vivencia escolar como alunos, diretores,
professores, funcionário e fundadores da cidade darão um maior apoio e
suporte a pesquisa.
Palavras-chave: Grupo Escolar; Instituição escolar; Ensino; História da
Educação.
HISTÓRIA, SEM DÚVIDAS.
Bruno Flávio Lontra Fagundes (UNESPAR - Campo Mourão)
A disciplina História encontra-se longe de seu grande público de colegiais pela
fragilidade do nexo que, tradicionalmente, os vinculava: seu ensino. Mesmo
abalado esse nexo, verifica-se que a história está viva, não a história ensinada,
mas a disponível por meios que merecem o crédito de lugares de
conhecimento. A premissa de escolares como comunidade receptora passiva
de história vinda da academia não se sustenta. Essa realidade enseja sério
desafio à História: obter prestígio público que não seja mera retórica de um
discurso celebrativo e leva os que a desejam como escolha de vida à dura
realidade de ter de optar por uma formação que pouco promete em termos de
futuro profissional. A comunicação objetiva avaliar experiência bem-sucedida
em busca de um diagnóstico. Por alguns pontos de vista – do professor, do
pesquisador, do prestador de serviços, do profissional autônomo – a disciplina
pode ser discutida numa perspectiva epistemológica de sua constituição como
ciência e seu distanciamento das vivências ordinárias da vida pública. E assim
o fará por exposição de um curso de formação em História que não dava
dúvidas: o curso de Mestrado em História da Universidade Federal do Paraná durante os anos 1970 e 1980 considerado curso “referencial” no Brasil.
Averiguar o desenho institucional do curso articulado a definição de
“historiador” como alguém de prestígio social relevante por seus intercâmbios
92
com intelectuais e cientistas internacionais e por suas afinidades políticoideológicas com as diretrizes das políticas governamentais para o ensino
superior que enfatizavam, no Brasil daqueles anos, a ciência como
desenvolvimento técnico e tecnológico.
Palavras-chave: História da História, ensino, Brasil, ciência e desenvolvimento
tecnológico
Agência financiadora: CNPQ
TEORIA DA HISTÓRIA NO BRASIL:
O CASO JOSÉ HONÓRIO RODRIGUES
Cesar Leonardo Van Kan Saad (UFRGS)
O presente estudo tem como prerrogativa investigar a noção de Teoria da
História na obra Teoria da História do Brasil (THB) de José Honório Rodrigues,
publicada em 1949. Parte-se de uma reflexão sobre o modo como o historiador
entendeu e constituiu esta noção e os seus usos, entre significações e
empregos que realizou ao longo de seu texto. Por meio de um olhar
retrospectivo, o problema se objeta no modo como foi significado, e também
em quais os sentidos atribuídos à Teoria da História. Teoria da História do
Brasil é constituída de forma ensaística como uma baliza para a reflexão
epistemológica, tendo como base a história disciplinar. Ademais, constitui-se
historicamente em uma narrativa que traz reflexões sobre as concepções
teóricas e historiográficas contemporâneas ao autor, bem como, é carregada
com indicações das próprias experiências intelectuais do mesmo,
ambicionando um projeto sistemático de renovação dos estudos históricos
brasileiros. Neste sentido, algumas questões emergem: quais os elementos de
legitimação dos enunciados teóricos em THB? De que modo, um projeto de
renovação dos estudos históricos no Brasil assenta-se sobre o rol de uma
Teoria da História? THB não estaria enunciando uma delimitação de fronteiras
na especialização do trabalho historiográfico em vista à formação do historiador
como profissional?
Palavras-chave: Teoria da História; José Honório Rodrigues; História da
Historiografia.
A IMPORTÂNCIA DOS MITOS PARA AS SOCIEDADES INDÍGENAS
Rosa Cristina Ribeiro (UFMS)
Julia Falgeti Luna (UEPG)
A comunicação busca compreender a importância da mitologia para as
comunidades indígenas, por meio de pesquisa oral e fonte documental.
Questiona-se, se estes se fazem presente nos dias atuais, além de procurar
uma melhor compreensão do que são os mitos, pois todas as sociedades
possuem um conjunto de ideias e reflexões próprias sobre a origem do mundo,
93
como foram criados os seres e elementos. Portanto é comum que essas ideias
e reflexões sejam narradas na forma de histórias denominadas mitos. Dessa
forma nos apoiaremos metodologicamente nos autores Everardo Rocha,
Moses Finley, Darcy Ribeiro, Claude Levi-Staruss entre outros. Nas
comunidades indígenas a recorrência à mitologia é uma prática cultural comum
para se identificarem e para que sua própria existência tenha uma explicação.
No entanto essa prática com o passar do tempo foi diminuindo
consideravelmente em algumas sociedades, delegando aos integrantes mais
antigos o conhecimento de tais signos. De acordo com as leituras das obras
acima indicadas foi possível interpelar que o mito não é uma mentira como
muitos imaginam, ele é verdadeiro para quem o vive, sendo bem mais do que
um simples contar de história. Sua verdade não obedece à verdade da lógica,
concluindo que o mito é um relato do que se quer explicar, visto como uma
forma de registro da história acontecida nas comunidades indígenas, porém
não é algo particular.
Palavras-chave: mitologia; mitos; comunidade indígena
O CAMINHO DE PEABIRU : IMPLICAÇÕES EM SEU TOMBAMENTO
COMO PATRIMÔNIO MATERIAL E IMATERIAL
Arléto Pereira Rocha (UEM)
Tematizou-se o Caminho de Peabiru em seu possível processo de
Patrimonializacão na Mesorregião Centro-Ocidental do Paraná. O trabalho
objetivou discutir as implicações de transformar o Caminho em patrimônio
cultural material e imaterial da região inserido no problema de pesquisa, o qual
é fundamentado na possibilidade de tombamento do Caminho de Peabiru
conciliando os interesses indígenas e não-indígenas. Assim, a pesquisa
justificou-se pela singularidade do assunto e necessidade de postar o tema a
baila de maiores deliberações. Metodologicamente a pesquisa teve caráter
interdisciplinar (História, Geografia, Turismo e Meio Ambiente) com abordagem
dialética, exploratória e qualitativa, por meio de revisão bibliográfica em livros,
revistas e artigos, impressos e/ou digitalizadas. Teve como estribo teórico as
falas sobre o Caminho de Peabiru ao viés cosmogênico, imaterial e cultural de
Rosana Bond e ao viés arqueológico e material de Igor Chmyz. Observou-se
que neste processo de patrimonializacão há carência de discussões para uma
conciliação de interesses. Paira a cristalização recíproca de representações
comportamentais indígenas e não indígenas, as quais devem ser
ressignificadas sem a sobreposição de uma cultura sobre outra. Constatou-se
que o tombamento pode suscitar temores nos agricultores por causa de uma
possível desapropriação de terras, uma vez que o advento da agricultura
apagou os vestígios do caminho, sendo necessária a realização de estudos
arqueológicos, o que não descarta demarcações em rotas simbólicas. Concluise que se deve buscar a verve da interculturalidade no trato do assunto,
considerando todas as opiniões, indígenas e não-indígenas seja no âmbito
turístico, patrimonial, histórico e/ou cultural.
Palavras-chave: Caminho de Peabiru; Tombamento; Patrimônio; Espaço;
Interculturalidade.
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UMA TRADIÇÃO A SE VALORIZAR E UM PASSADO A SER SUPERADO:
POSSIBILIDADES ACERCA DA TEMPORALIDADE EM RETRATO DO
BRASIL DE PAULO PRADO
Clayton José Ferreira (UFOP)
Investigaremos o livro Retratos do Brasil: ensaio sobre a tristeza brasileira
(1928) de Paulo Prado a partir da hipótese de que, na experiência de tempo
acelerada vivenciada por este e outros autores de seu tempo, o passado não
se apresentava apenas como algo a ser superado, oferecia também
possibilidades de orientação. As perspectivas teórico/metodológicas deste
trabalho estão formuladas principalmente nas compreensões sobre experiência
de tempo e na história dos conceitos de Reinhart Koselleck, na “historia da
historiografia como analítica da historicidade” de Valdei Lopes de Araujo, na
presença realizada pela linguagem, nos “efeitos de presença” e “sentido” e a
stimmung de Hans Ulrich Gumbrecht além da noção de melancolia de Marcelo
de Mello Rangel. Ao se estabelecer as relações entre ensaio histórico e escrita
da história, algumas hipóteses podem ser apontadas de maneira que os
objetivos a serem buscados se tornem tanto mais compreensíveis. Uma delas
seria realizar a síntese interpretativa sobre a formação da nação brasileira e
apresentar um projeto sobre a possibilidade de ação e transformação social,
tarefa encampada, sobretudo, pela história literária. Acredito, porém, que a
característica principal que encontramos nos ensaios, ao menos da geração de
1870 a 1930, é o esforço de se orientar em uma experiência de tempo marcada
por realidades inéditas. Ao menos em muitos dos ensaios do período, as
possibilidades de norteamento parecem apontar para a compreensão de
processos históricos, da necessidade de repensar a escrita da história que
predicava e intervinha, a todo momento, nas escolhas políticas. Resultados
financiados pela CAPES.
Palavras-chave: Primeira República, História da Historiografia, História
Intelectual
CONHECIMENTOS PRODUZIDOS EM FRONTEIRAS: HISTÓRIA,
HISTORIOGRAFIA, SUJEITOS E SABERES EM LIMITES
José Carlos dos Santos (
Fronteiras é um termo amplo e difuso. Em se tratando de discussões sobre
história e historiografia, ele nos serve para indicar senão um lugar territorial,
pelo menos uma forma de identificação daqueles que produzem um
determinado conhecimento performático, ou seja, enquadrado em um formato
institucional, ou ideológico, ou – o que dá quase no mesmo – exercício
corporativo profissional, como se apontará nesta apresentação.
Palavras-chave: fronteiras, interdisciplinaridade, atores sociais, educação,
historiografia
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REFLEXÃO SOBRE O CORPO E O ESPAÇO NA ESCRITA DA HISTÓRIA
DA COLONIZAÇÃO DE CAMPO MOURÃO (1930-1950)
Astor Weber (UNESPAR - Campo Mourão)
A pesquisa tem como objetivo estudar o corpo e o espaço na escrita da história
da colonização de Campo Mourão, referentes principalmente as décadas de
1930 a 1950. Para realizar esse estudo utiliza-se de livros, de teses e de
dissertações e de entrevistas de moradores dadas a um jornal local. A
pesquisa se inicia com o estudo da historiografia que debate os projetos de
colonização e suas implicações para a formação do estado paranaense.
Depois como a questão da colonização da região de Campo Mourão é
apresentada por teses, dissertações e produções locais. A análise das
produções locais torna-se primordial em função de servir de referência a
produção da memória da história local. Por fim, como alguns moradores se
posicionam em relação à colonização de Campo Mourão. Com isso espera-se
compreender como o corpo e o espaço foram reordenados e repensados para
que os projetos de colonização estatais fossem realizados ao longo da história
da ocupação da região. O Estado em seu discurso projeta para essa região
uma ocupação justificada ora pelo índio, ora pelo bandeirante-paulista, ora pelo
caboclo, ora pelo migrante/imigrante, ora pela mescla desses grupos (o
paranaense). Outra contribuição é de perceber como as narrativas e os
entrevistados posicionam-se em relação a essa intervenção estatal na
colonização da região. Algumas narrativas tendem a colaborar com as mesmas
premissas do Estado que objetiva para a colonização da região a constituição
de um homem agora fixado ao solo e produtivo em nome do seu progresso e
desenvolvimento.
Palavras-chave: Corpo; Espaço; Estado; Colonização; Narrativas.
A REVOLUÇÃO MEXICANA EM TELA: CONSTRUÇÕES DO IMAGINÁRIO
ATRAVÉS DO CINEMA
Ernando Brito Gonçalves Junior (UFPR)
A proposta de investigação que aqui se apresenta, faz parte de uma pesquisa
de doutorado ainda em andamento, tendo o intuito de discutir a maneira com
que a Revolução Mexicana e alguns de seus principais protagonistas, mais
especificamente José Doroteo Arango (Pacho Villa) e Emiliano Zapata, foram
representados no cinema dos Estados Unidos e do México. Levando em
consideração tal proposta de pesquisa, serão elencados seis filmes para
análise, a saber: Viva Villa (1934), Vamonos con Pancho Villa (1936) Viva
Zapata (1952) e Emiliano Zapata (1970). Nesse sentido, para construir nosso
arcabouço teórico sobre as tensões entre história e cinema, utilizaremos as
propostas dos historiadores Robert Rosenstone e Marc Ferro. Assim,
percebemos que o cinema é uma importante ferramenta de divulgação de
projetos políticos e analisar filmes produzidos em determinados contextos
históricos podem nos apresentar diversos elementos da sociedade que o
produziu. Logo, as representações cinematográficas de Villa e Zapata estão
intimamente relacionas a forma com que cada produção cinematográfica em
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seus respectivos contextos concebiam e ressignificavam esses personagens e,
de uma maneira mais ampla, a história da própria Revolução mexicana.
Palavras-chave: Cinema; Revolução Mexicana; Francisco Villa; Emiliano
Zapata.
Agência financiadora: CAPES
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ST 11 - POLITICA E MOVIMENTOS SOCIAIS
O JORNAL A PLEBE E A LUTA ANARQUISTA CONTRA O MINISTÉRIO DO
TRABALHO (1932-1935)
André Rodrigues (UEM)
O presente artigo tem por objetivo analisar a luta dos anarquistas contra o
Ministério do Trabalho na década de 1930, por meio do periódico A Plebe. O
jornal analisado foi uma das principais publicações anarquistas que circularam
no Brasil, sendo publicado apesar dos momentos de interrupção, entre 1917 e
1951. Com a sua ótica “indisciplinar”, o jornal em suas edições que circularam
na década de 1930, se opôs aos órgãos governamentais que procuravam obter
alguma espécie de interferência ou controle sobre as organizações de classe
dos trabalhadores, sendo o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio; o
mais assiduamente criticado, chamado em muitos momentos de “organização
fascista”. Contra a intromissão do Estado nos sindicatos, o jornal defendia a
ideia de que os trabalhadores deveriam buscar formas de organização que
garantissem a autonomia operária, mantidas à margem da política institucional,
preferencialmente no sindicalismo revolucionário. Nesse período, os
anarquistas foram responsáveis pela reorganização da Federação Operária de
São Paulo (Fosp), que se tornou uma das mais fortes organizações sindicais
do Estado de São Paulo. A Fosp combateu como veemência o projeto
corporativista da era Vargas, sendo que publicou com certa regularidade, uma
série de notas oficiais contra o Ministério do Trabalho no jornal A Plebe, que foi
um de seus porta-vozes nos anos 30.
Palavras-chave: Ministério do Trabalho; anarquismo; A Plebe; Federação
Operária de São Paulo (Fosp); sindicalismo revolucionário.
O PRIMEIRO DE MAIO NOS JORNAIS ANARQUISTAS A PLEBE E A
LANTERNA NA DÉCADA DE 1930 (1932-1935)
André Rodrigues (UEM)
O presente artigo tem por objetivo analisar as comemorações do Primeiro de
Maio na cidade de São Paulo, realizadas na década de 1930, por meio dos
jornais anarquistas A Plebe e A Lanterna. Para desenvolver nosso estudo
sobre o anarquismo, a partir dos discursos veiculados pelos jornais sobre o
Primeiro de Maio, partimos do conceito de cultura política que é proposto pelo
historiador francês Serge Berstein (2009) para designar um grupo coeso de
representações, que são compostas por uma série de normas e valores que
constituem a identidade das grandes famílias políticas e que ultrapassam a
noção reducionista de partido político. Na cultura política anarquista o Primeiro
de Maio é visto como uma data símbolo da luta dos trabalhadores por melhores
condições de trabalho, mas também de luto, em memória dos Mártires de
Chicago (1886). Por meio dos jornais analisados pode-se ter uma dimensão de
como era organizado e celebrado o Dia do Trabalho, como também
compreender os valores e símbolos utilizados por A Plebe e A Lanterna para
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divulgar a cultura política anarquista nessa data. A divulgação dessas
celebrações nos jornais analisados mostra que, no período abordado, apesar
da intensa repressão policial, os anarquistas de São Paulo mantiveram-se
firmes em sua convicção de celebrar publicamente o Primeiro de Maio.
Palavras-chave: cultura política anarquista no Brasil nos anos 30;
comemorações do Primeiro de Maio; jornais anarquistas; Mártires de Chicago;
São Paulo.
ENTRE NEUTRA E OFICIOSA: A REVISTA A DIVULGAÇÃO E SUAS
RELAÇÕES COM OS GOVERNOS PARANAENSES (1947 – 1965)
Gilvana de Fátima Figueiredo Gomes (UNESP/Assis)
Os anos compreendidos entre 1945 e 1965 correspondem, na História da
Imprensa Brasileira, ao momento em que diferentes periódicos impressos
buscavam construir-se de maneira neutra e objetiva, especialmente, no que diz
respeito a assuntos de Estado. Fundada em 1947, a revista curitibana A
Divulgação estabeleceu relações intimas com aqueles que governaram o
Paraná entre os anos de 1947 e 1965. Entre editoriais que constantemente
afirmavam distanciamento político e dossiês das ações do governo do Estado ambos publicados frequentemente nos mesmos números d’A Divulgação - se
torna possível uma análise que avalie os interesses em jogo, os projetos
apregoados, os caminhos seguidos por esse veículo de imprensa e o lugar por
ele ocupado entre as revistas congêneres. A interface entre História da
Imprensa e História Política, promovida especialmente no final século XX,
fundamenta está análise e permite observar a flexibilidade de projetos, as
relações culturais estabelecidas entre imprensa e política no Paraná, as linhas
tênues que separam intelectuais de políticos. Por outro lado, a imprensa
periódica, cada vez mais consciente do seu poder, passa a ocupar um lugar
nos jogos políticos e usa este espaço como forma da garantir a perenidade de
sua publicação. Ainda, por estar localizada temporalmente entre os anos de
1947 e 1965, está análise avança sobre as interações desenvolvidas na curta
experiência democrática vivida naquele período.
Palavras-chave: História da Imprensa; História Política; Intelectuais; Paraná.
Agência financiadora: CAPES.
A PERSPECTIVA DO JORNAL DO BRASIL SOBRE O PROCESSO DE
TRANSIÇÃO ENTRE O GOVERNO MILITAR DE CASTELO BRANCO PARA
O GOVERNO DE COSTA E SILVA
Dayane Cristina Guarnieri (UEL)
O artigo pretende abordar a transição do governo de Castelo Branco para o
Governo de Costa e Silva. A pesquisa visa investigar como o Jornal do Brasil,
um periódico que integrava a grande imprensa, avalia os resultados do primeiro
governo militar e qual a sua expectativa em torno do segundo governo militar.
O texto destaca os editoriais do Jornal do Brasil no período situado entre 1966
e 1967. Nesse momento, o periódico produz uma abundante legislação sobre o
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governo militar, principalmente, após o segundo Ato Institucional. O periódico
enfatiza a necessidade de uniformizar a legislação do país para garantir a
legitimidade do governo vigente. O JB articula, simultaneamente, a crítica e o
apoio ao governo militar em temas que sobressaem a discussão sobre a
legalidade, cujos assuntos são: a Constituinte e a Constituição de 1967. O JB
afirmava que a sua lógica democrática desejava uma sucessão presidencial
com um candidato civil, mas sua opinião, em outros momentos colocava em
dúvida essa premissa. Assim, apesar da defesa da supremacia civil, o
periódico se contradiz quando aponta o receio de deixar o país sob o comando
dos políticos civis, cuja debilidade e corrupção são responsáveis pelo desfecho
ocorrido em 1964, assim como, pelas frequentes interferências das Forças
Armadas na vida política brasileira.
Palavras-chave: Governos militares, Jornal do Brasil, Legalidade
O GOVERNO HAROLDO LEON PERES (1971):
NOTAS INICIAIS DE UMA PESQUISA.
Cássio Augusto S. A. Guilherme (UNIFESSPA)
Tendo assumido em março de 1971 o cargo de governador do estado do
Paraná, por indicação do então ditador Emílio Garrastazu Médici e a revelia
dos lideres políticos locais Paulo Pimentel e Ney Braga, Haroldo Leon Peres
renunciou ao cargo em novembro daquele mesmo ano. Sua passagem pelo
Palácio Iguaçu ainda não rendeu as necessárias pesquisas acadêmicas que o
analisem. Não há trabalhos específicos sobre o tema e as referências
bibliográficas são curtas. Neste texto, apresentamos os dados iniciais da
pesquisa que iniciamos sobre seu governo, tendo como base além das fontes
bibliográficas, os jornais O Estado do Paraná, Gazeta do Povo, Diário do
Paraná e Folha de Londrina, edições da revista Veja e uma entrevista
concedida por Haroldo Peres, dez anos após sua renúncia. O motivo para a
renúncia ainda não é claro: segundo reportagem da revista Veja em dezembro
daquele ano, impedida de circular pela censura ditatorial, Leon Peres havia
sido pressionado pela Ditadura após ter supostamente exigido propina de um
empresário local, fato negado pelo ex-governador, que argumenta ter sido
vitima de conchavos políticos liderados por Paulo Pimentel e Ney Braga, que
não o queriam no governo do estado.
Palavras-chave: Paraná, Ditadura, Leon Peres.
“A DEMOCRACIA COMO VALOR UNIVERSAL” DE CARLOS NELSON
COUTINHO E A REESTRUTURAÇÃO DA ESQUERDA BRASILEIRA NO
PERÍODO DA REDEMOCRATIZAÇÃO
Guilherme Tadeu De Paula (UEM)
Vanessa Alves Bertolleti (UNESPAR)
Poucos textos tiveram tanta relevância e influência no debate público de ideias
que tomou o Brasil no período de reestruturação da esquerda no processo de
redemocratização do país quanto o hoje clássico “A democracia como valor
100
universal” do gramsciano carioca Carlos Nelson Coutinho. Como tratou-se de
um trabalho catalisador de dissidências e debates desde a sua publicação, em
1979, este estudo percorrerá um itinerário para compreendê-lo em duas
dimensões: 1) a compreensão do conteúdo do ensaio, inscrevendo a leitura no
período em que se situou sua produção, ou seja, no processo de organização
da redemocratização que o país passaria nos anos seguintes - após duas
décadas de governo civil-militar no poder; 2) a recepção que este teve nos
ambientes da esquerda naquele contexto, uma vez que uma das chaves
analíticas de Coutinho foi a exploração teórica e, consequentemente,
programática, da associação entre socialismo e democracia. Como parte deste
itinerário analítico e metodológico, passaremos, consequentemente, pela
própria discussão de hegemonia proposta pelo filósofo italiano Antonio
Gramsci, principal inspirador do texto que nos é mote, com o intuito de
problematizar a democracia – compreendida em sua forma e conteúdo, como
propõe Carlos Nelson Coutinho. A partir destes pressupostos analíticos,
examinaremos os desdobramentos da recepção da proposta de Coutinho no
rearranjo da esquerda brasileira na década de 1980, abordando a
reconfiguração dos partidos políticos de tipo clássico – que naquele contexto
de abertura política, puderam se organizar fora da clandestinidade, bem como
os movimentos sociais de pautas específicas, que tiveram, no contexto da
Constituinte, um dos seus momentos mais relevantes.
Palavras-chave: Carlos Nelson Coutinho; Gramsci; Democracia; Socialismo;
Esquerda no Brasil
A CONCEPÇÃO DE INOVAÇÃO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E
DEPENDÊNCIA POLÍTICA EM FHC
Paula Tissiany Carneiro (UNESPAR/Apucarana)
Paulo Cruz Correia (UNESPAR/Apucarana(UNIFAL-MG)
Marcelo Vargas (UNESPAR/Apucarana(UNIFAL-MG)
Acir Bacon ( UNESPAR/Apucarana(UNIFAL-MG)
O objetivo deste trabalho é de ressaltar as principais preocupações de FHC
quanto aos aspectos da importância da inovação para a política de
desenvolvimento e dependência, mediante a metodologia de compilação
bibliográfica e sua inter-relação com a corrente teórico-econômica
desenvolvimentista. O desenvolvimento nacional vive um momento de
convalidação de suas fronteiras, mediante uma multiplicidade de elementos
econômicos e políticos envoltos na consolidação de suas instituições e na
busca da resposta a um capitalismo nacional menos desigual em formação. A
abordagem inovacionista retoma o pensamento de FHC em relação ao
desenvolvimento e a teoria da dependência, com a inserção das economias
menos desenvolvidas e das nações cêntricas no centro do debate. Em sua tese
de doutorado, FHC estuda política e desenvolvimento nas sociedades
dependentes de 1962, a luz de Gramsci, Lukakis e Marx, realiza uma pesquisa
empírica, entrevistando o empresariado e confronta ideias desses empresários
com o que está nos modelos científicos. Constata que capitalismo e parlamento
pouco se aproximam, questiona com que segmentos os empresários querem
alianças? A resposta vem com a classe média e outras, os trabalhadores só
101
aparecem no sétimo lugar. A conclusão é a de que o modelo democrático
participativo não passa pelas aspirações dos empresários, pois estes não
propõem, nem se coadunam com uma revolução política burguesa que inclua
os trabalhadores.
Palavras-chave:
Econômica.
Inovação;
Desenvolvimento;
Dependência
Política;
e,
DESMEMBRAMENTO TERRITORIAL NA GRANDE SÃO PAULO EM
MEADOS DO SÉCULO XX
Adalberto de Carvalho Graciano (USP)
Em meados do século XX, o desmembramento territorial na região denominada
Grande São Paulo é possível, primeiramente, pelo processo de urbanização
que ocorre no entorno da capital paulista e, também, pela promulgação da
Constituição de 1946. Como parte da pesquisa em andamento, pretendemos
analisar como o caso específico do município de Taboão da Serra, localizado
na Região Sudoeste de São Paulo, e seu processo emancipatório que se deu
em 1959. Para trabalharmos com aspectos referentes aos problemas da
pesquisa, consultamos o acervo histórico da Assembleia Legislativa, em
especial, as atas das sessões legislativas que trataram sobre as
emancipações. Além disso, existem jornais e documentos da época da
emancipação no Museu Histórico e de Memória de Itapecerica da Serra com
recortes de jornais. Este processo emancipatório está inserido em um contexto
de urbanização e industrialização que eclodiu nos anos de 1950 e que teve
como polo irradiador a cidade de São Paulo. Além disso, a Constituição de
1946 é um suporte jurídico fundamental na criação de novos municípios.
Trabalhamos com a chamada história local, mas sem desconsiderar contextos
mais amplos. Por isso, merece a nossa atenção os contextos nacional e
estadual para conseguirmos compreender as especificidades da emancipação
em Taboão da Serra e entendermos as razões que levaram esta cidade à
autonomia, mesmo sem ela ter uma atividade econômica proeminente. Qual o
interesse em ter esta cidade autônoma? Por que emancipar territórios que
sofreriam com falta de recursos financeiros para sobreviver?
Palavras-chave: Criação de municípios; República Populista; Constituição de
1946
UMA ANÁLISE HISTÓRICA DO PROCESSO DE LUTA PELA TERRA E O
SURGIMENTO E DESENVOLVIMENTO DA EDUCAÇÃO DO CAMPO COMO
UMA POLÍTICA PÚBLICA
Camilla Samira de Simoni Bolonhhezi (UEM)
O presente trabalho tem como objetivo apresentar a minha proposta de
dissertação de mestrado em desenvolvimento na Universidade Estadual de
Maringá. Nesta pesquisa estou analisando a questão da Educação no Campo,
apontando de que como esta política pública foi pensada e estruturada no
Brasil. Para isto, utilizo-me da experiência da Escola Milton Santos, localizada
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no município de Paiçandu, que tem se destacado neste tipo de metodologia
educacional. Com o projeto pretendemos analisar a educação no campo a
partir das últimas décadas, e pensar as suas relações com os movimentos e
organizações sociais. Objetiva ainda destacar que os trabalhadores rurais e
seus movimentos organizados cumprem um papel fundamental dentro desse
processo histórico de criação de uma política pública pensada especialmente
para atender essa população: as escolas do campo.
Palavras-chave: Educação do Campo; Movimentos sociais; Políticas públicas.
REPRESENTAÇÕES DO MST SOBRE O PRESIDENTE COLLOR, POR
MEIO DO JORNAL SEM TERRA (1990-1992)
Fabiano Coelho (UFGD)
Em três décadas de existência, o Movimento dos Trabalhadores Rurais (MST)
se consolidou como um dos movimentos sociais mais expressivos da história
brasileira. Ao lutar por terra e demais aspectos que envolvem a vida nos
assentamentos e acampamentos, o Movimento se insere no campo político e
se manifesta criando representações sobre diversas questões e personagens
políticos do país. O trabalho analisa as representações construídas pelo MST
sobre o presidente Fernando Collor de Mello, através do seu periódico, o Jornal
Sem Terra, entre os anos de 1990 e 1992. Nesse sentido, a fonte central de
investigação são os editoriais produzidos no Jornal Sem Terra, haja vista que,
os mesmos são de responsabilidade da Direção Nacional do Movimento. O
trabalho se envereda em torno dos aportes teóricos e metodológicos da história
cultural, e o conceito “representação” se configura como basilar para as
reflexões. As relações MST e Collor foram tensas antes mesmo de sua vitória
eleitoral, em 1989. Collor e seu governo foram muito criticados pelo MST e
representados como extensão das elites no comando do Brasil.
Palavras-chave: MST; Collor; representações.
JORNALISTAS ENGAJADOS NA LUTA PELA TERRA: UMA CAMPANHA
PELA REVOGAÇÃO DA LEI DE SEGURANÇA NACIONAL
Fernando Perli (UFGD)
No início da década de 1980, lideranças religiosas, ativistas dos direitos
humanos, estudantes universitários e jornalistas, engajaram-se na produção do
Boletim Sem Terra, um informativo de divulgação da campanha de
solidariedade aos agricultores acampados da Encruzilhada Natalino, no
município de Ronda Alta (RS). O anonimato dos produtores do impresso,
representados pelo Comitê de Apoio, retratou a repressão exercida pela Lei de
Segurança Nacional (LSN) sobre meios de comunicação que assessoravam
movimentos sociais e representavam posições contrárias a ditadura civil-militar.
Neste sentido, a presente comunicação tem por objetivo analisar o lugar de
103
jornalistas na produção do boletim, considerando estratégias e articulações
políticas que contribuíram para a organização de uma campanha pela
revogação da LSN e a arregimentação de lideranças sem-terra na formação de
um movimento social rural de abrangência nacional.
Palavras-chave: Jornalistas; Luta pela terra; Lei de Segurança Nacional
O MESSIANISMO COMO ELEMENTO DA CULTURA POPULAR E ERUDITA
NO CENTENÁRIO DA GUERRA DO CONTESTADO (1912-1916)
Rui Bragado Sousa (UEM)
O A Guerra do Contestado é seguramente o movimento social brasileiro com
maior conotação messiânica e milenarista, ao ponto de alguns sociólogos a
caracterizarem como “guerra santa”, ou como um messianismo do tipo
clássico. Dentre os diversos elementos que tornam este conflito bastante
multifacetado, o messianismo é um dos fatores mais complexos, pois escapa
aos olhos do investigador. Termo evanescente e por vezes hermético,
confunde os pesquisadores e o senso-comum. Assim ocorre com as fontes
utilizadas na análise do Contestado, afinal o Messias não aparece
explicitamente nos documentos, é preciso interpretá-lo. A dificuldade na análise
do milenarismo produziu interpretações reducionistas e factuais, de cunho
positivista com forte influência de Euclides da Cunha, onde os rebeldes
sertanejos foram adjetivados de forma pejorativa como culturalmente arcaicos
e atrasados e o messianismo associado à degeneração racial. Os caboclos,
portanto, legaram o atributo inglório de fanatismo e ignorância, epíteto que
carregam ainda hoje. A hermenêutica sociológica do messianismo representou
um salto qualitativo quanto à definição conceitual do termo, porém não houve
um diálogo efetivo entre a sociologia e a historiografia, fator que relegou o
messianismo como um epifenômeno na recente produção historiográfica. Este
trabalho objetiva corrigir esse “hiato” na recente literatura do Contestado,
relacionando a cultura popular dos sertanejos da “guerra santa” com a cultura
erudita na filosofia de Walter Benjamin e Ernst Bloch, uma hipótese de
circularidade cultural. A teoria fornece os conceitos para pensar o messianismo
como uma tradição cultural no ocidente e a prática (os rebeldes e o monge
José Maria) demonstra a tentativa da construção do milenarismo na terra.
Palavras-chave: Guerra do Contestado; Messianismo; Circularidade cultural.
O PROJETO CARBONO FLORESTAL SURUÍ: GERAÇÃO DE RENDA E
DEFESA DO TERRITÓRIO
Zeus Moreno Romero (UEM)
O Projeto de Carbono Florestal Suruí (PCFS) é o primeiro projeto de Redução
de emissões decorrentes do desmatamento e da degradação de florestas
(REDD+) proposto em Terras Indígenas no Brasil. Consiste na proteção da
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terra indígena Sete de Setembro, região que se encontra bastante ameaçada
por invasões, extração ilegal de madeira e desmatamento. O projeto é liderado
pela Associação Metareilá do Povo Indígena Suruí – representante do povo
Paiter Suruí, mas somente foi possível através da parceria de diversas
instituições, entre elas: a Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé; o
Forest Trends e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio). Este tipo de
projeto, inserido na economia verde, tem o intuito de preservar a terra indígena
dos Paiter Suruí, gerar renda mediante diversos projetos para melhorar o bem
viver da comunidade e ajuda-los a inserir-se no mundo globalizado. Sendo
assim, o objetivo deste artigo é analisar o percurso histórico vivenciado pelos
Paiter Suruí, que os conduziu a ser os primeiros indígenas do Brasil a vender
créditos de carbono. Para tal finalidade, são utilizados os documentos oficiais
gerados pelas associações da comunidade e pelas organizações
colaboradoras, além da bibliografia referente a História Paiter Suruí e suas
parceiras no Projeto de Carbono Florestal Suruí. O artigo também evidencia
que este tipo de projetos está sendo discutido em âmbito global. E conclui-se
que os Paiter Suruí mediante sua forma de governança decidiram vender
créditos de carbono, mas tendo que enfrentar uma divisão interna dos
indígenas que não acreditam no projeto.
Palavras-chave: Paiter Suruí; Créditos de carbono; História do tempo
presente.
SAÚDE E SOCIEDADE:
EPIDEMIA DE HIV/AIDS EM ITAPETININGA (1989-1996)
Gustavo Vargas Laprovitera Boechat (FMUSP)
Para além de um fenômeno estritamente biológico, as doenças são fenômenos
históricos pois a forma que a sociedade a vivencia é demonstrada por meio de
pensamentos e práticas em torno de sua definição, prevenção, transmissão e
cura. No caso específico do HIV/AIDS, a historiografia vem elaborando estudos
sobre a epidemia no sentido da compreensão histórica das experiências vividas
pelas diferentes coletividades, com suas particularidades geográficas, bem
como suas respostas, conceitos e preconceitos construídos em torno de
diferentes grupos sociais. Nesse sentido, esse estudo tem como objeto de
análise o estudo da epidemia de HIV/AIDS na cidade de Itapetininga entre os
anos de 1989-1996. Buscamos a compreensão das particularidades, pelos fios
dos documentos, de como foram incorporados discursos e práticas sobre a
AIDS no universo sócio-político e simbólico de uma cidade do interior paulista.
Por meio da leitura da produção jornalística local e do levantamento dos
prontuários médicos da Santa Casa de Misericórdia de Itapetinga, busca-se a
reconstrução dessas vivências e de suas representações, apontando para
dimensões conhecidas e desconhecidas em torno da doença e do doente.
Palavras-chave: Epidemia HIV/AIDS; História Local;
Representações; Imprensa Jornalística; Prontuários Médicos.
105
História
das
REPRESSÃO NO REGIME MILITAR BRASILEIRO:
A ACUSAÇÃO CONTRA OS IRMÃOS BONESSO (1964)
Angélica Ramos Alvares ( UEM)
Ângelo Aparecido Priori (UEM)
O objetivo deste trabalho é analisar o processo de indiciamento de três irmãos Edmundo Bonesso, Alcides Bonesso e Alexis Bonesso - que já no inicio do
regime militar, 1964, foram perseguidos e presos por fazerem parte de uma
Associação de Trabalhadores Rurais, no município de Andirá, norte do Estado
do Paraná. Os irmãos Bonesso foram indiciados em um Inquérito Policial Militar
(IPM), posteriormente nomeado pelo projeto Brasil Nunca Mais de BNM 238.
Como salienta Carlo Ginzburg em “O inquisidor como antropólogo”, “qualquer
relato registrado é apropriado e remodelado por quem cita” (1991, p.16), posto
isso, “devemos aprender a desenredar os diferentes fios que formam o tecido
factual desses diálogos” (p.15) que trazem consigo dissonantes vozes. Nesse
processo, os réus são nomeados de comunistas e subversivos e são acusados
de realizarem agitação política e social junto aos trabalhadores. Mesmo sem
provas concretas, a promotoria militar insistiu na acusação e punição dos
trabalhadores, pautados na ideia de que os acusados “praticaram atos de
subversão”. Isto porque, a partir de 1964 os sindicatos e as associações rurais,
em defesa e reinvindicação dos direitos sociais e trabalhistas, passaram a ser
tachados pelo Estado e pela polícia política de “subversivos” e “comunistas”.
Palavras–chave: Trabalhadores rurais; Inquérito policial militar; Norte do
Paraná; Repressão.
Agência financiadora: CAPES
A REVOLTA QUE NÃO HOUVE: ADEMAR DE BARROS E A ARTICULAÇÃO
CONTRA O GOLPE CIVIL-MILITAR (1964-66)
Carlos Henrique dos Santos Ruiz (UNESP-Marília)
Em 1º de Abril de 1964, ocorre o Golpe Civil-Militar, sendo derrubado o
presidente constitucional da República João Goulart. Com a instalação do novo
regime, muitos de seus participantes e apoiadores acreditavam que os militares
logo devolveriam o poder aos civis. Com a prorrogação do mandato do General
Castelo Branco, e a conseqüente cassação de expoentes históricos civis que
apoiaram o golpe como Juscelino Kubitschek, outras lideranças começaram
perceber que um grupo dos militares procurava se hegemonizar no poder, e
estava conquistando espaço, com projeto político próprio. Ao que tudo indica, o
Governador de São Paulo Ademar de Barros entendeu que seria o próximo
político a ser cassado. Face à impopularidade do regime devido à crise
econômica, ele se alia a segmentos descontentes, inclusive militares, como o
general Amaury Kruel; a FIESP e associações rurais; Assis Chateaubriand;
bem como setores da esquerda ligados ao PCB, e conjuntamente planejou-se
com ele à frente um contra golpe. A revolta foi abortada pelo fato dele, Ademar
de Barros ter tido o mandato de governador cassado e os direitos políticos
suspensos por dez anos. A contribuição política sobre a revolta que não houve,
é o objetivo deste projeto. A metodologia utilizará analise teórica, sendo através
de livros, teses e dissertações do período; e pesquisas em arquivos como o
106
CPDOC/FGV e o Arquivo Público do Estado de São Paulo. Como a pesquisa
está em andamento, ainda não é possível definir as conclusões finais do
projeto.
Palavras-chave: Ademar de Barros; Golpe Civil-Militar; Militares; Articulação
Política; Força Pública
Agência financiadora: FAPESP
NOSSOS COMERCIAIS, POR FAVOR: A PROPAGANDA BRASILEIRA E
DITADURA MILITAR (1964-1985).
David A. Castro Netto (UFPR)
Atualmente, a historiografia sobre a ditadura-militar tem se debruçado sobre
uma questão até então pouco explorada nas pesquisas dedicadas ao período:
os focos da sociedade civil que sustentaram a existência de 21 anos de
ditadura militar no Brasil. A partir desta constatação, nosso trabalho tem como
objetivo entender um destes focos de apoio, as agências de propaganda. A
partir do levantamento das contas das agências é possível observar uma
estreita relação com os militares que passava por, ao menos, dois vieses: o
econômico, a partir de 1968 é criado o Consórcio Brasileiro das Agências de
Propaganda, que monopolizava as contas das empresas governamentais, além
da lei 4.860/1965, que promovia a reserva de mercado, ao condicionar
descontos sobre preços exclusivamente as agências (o que garantia alta
rentabilidade) e, o aspecto político, seja ele, o alinhamento ideológico dos
donos das agências com a doutrina política outorgada pelos que ocupavam o
centro do poder. Essa equação tem como resultado uma relação que produz
um ‘discurso’ que, ao mesmo tempo, vende os produtos e tenta dar
sustentação ao regime de diversas maneiras, vivendo a euforia do “país do
futuro”, nos anos do “milagre econômico” e promovendo o otimismo em relação
ao futuro, no momento da crise de 1974 e do ressurgimento dos movimentos
sociais.
Palavras-chave: Ditadura militar; propaganda; otimismo.
Agência financiadora: CAPES.
O FESTIVAL INTERNACIONAL DE LONDRINA E A DITADURA: PRÁTICAS
ESTUDANTIS E MOVIMENTOS CULTURAIS NA DÉCADA DE 1960
Giovana Maria Carvalho Martins (UEL)
Raquel de Medeiros Deliberado (UEL)
O Festival Internacional de Londrina (Filo), criado em 1968, teve suas
atividades iniciais marcadas pela participação estudantil. Estas práticas
culturais são aqui analisadas considerando-se seu contexto cultural nacional,
buscando vincular o cenário londrinense ao brasileiro na referida época. Para
tanto, nos utilizamos principalmente dos trabalhos de Fico (2004) e Ridenti
(2003), que abordam sobre a Ditadura Militar brasileira, além de autores que
pesquisam sobre o teatro em Londrina e sobre o Festival em questão, como
Rosa (1995) e Previatto (2003). Desta forma, este trabalho pretende refletir
107
sobre a gestação do Filo, e busca analisar as motivações de suas atividades e
se as mesmas se centraram em uma revolução de costumes à época da
ditadura, em atividades ligadas à política ou em ambos – e se existiu algum
vínculo com a UNE (União Nacional dos Estudantes). Hoje, trata-se de um
importante Festival internacional realizado há mais de 40 anos e que contou
com diversos episódios de censura em seus primórdios, como narrado por
diversos atores que fizeram parte de sua fundação. Nos utilizamos também de
relatos de diversos personagens relevantes na fundação e crescimento do Filo,
e a conclusão foi de que tratou-se primordialmente de uma revolução de
costumes, sem vínculo explícito com a UNE e ligado especialmente à carência
de atividades culturais na cidade de Londrina quando de sua criação – o que
não impediu que diversas obras ligadas ao Festival sofressem censura do
Regime Militar.
Palavras-chave: Ditadura Militar; Londrina; FILO; Estudantes; movimentos
culturais.
É PROIBIDO PROIBIR
Natália Martins Besagio (UEM)
Uma onda de rebeldia varrera o mundo. Manifestações contra a sociedade de
consumo e a alienação eclodiram nos Estados Unidos, na Europa e chegaram
ao Brasil. Na década de 1960 jovens cabeludos espalharam-se pelas praças ao
som do rock n’roll. Não queriam acabar com os regimes vigentes, queriam
apenas desestabilizá-los. Influenciado por este movimento que, apesar da
ditadura, disseminou-se em terras tupiniquins, um grupo de jovens irreverentes
iria colocar de ‘cabeça para baixo’ o cenário musical. Os tropicalistas, cujos
principais expoentes foram Caetano Veloso e Gilberto Gil, representaram o
movimento contracultural que sacudira a juventude brasileira. Além deles, o
teatro, através da encenação de Roda Viva, colocara em xeque a moral e os
bons costumes, tão caros ao regime militar. Diante deste panorama, o presente
artigo tem como objetivo discorrer a respeito das diferentes manifestações
contraculturais que irromperam no Brasil nos anos 1960 a fim de responder ao
seguinte questionamento: tais movimentos caracterizam-se como arte
engajada? Para tanto utiliza como base as publicações de Luiz Carlos Maciel,
referência no cenário contracultural brasileiro. A parir de então, levanta-se a
possibilidade de uma arte não somente preocupada com valores estéticos, mas
associada a um movimento de caráter político, que teria como objetivo
combater os desmandos do governo em período de ditadura militar.
Palavras-chave: Ditadura; Contracultura; Arte engajada;
PONTOS DE ATRITO NA HISTORIOGRAFIA SOBRE O
GOVERNO JOÃO GOULART E O GOLPE DE 1964
Antonio Battisti Bianchet Junior (UFRJ)
Pouco tempo após golpe de 1964 que destituiu o presidente João Goulart,
começaram a ser elaboradas as primeiras análises sobre a crise que tensionou
108
a sociedade brasileira e levou ao rompimento da legalidade entre os meses de
março e abril. Nos períodos posteriores, o objeto foi analisado sob diversos
olhares e trabalhado a partir de diferentes perspectivas teóricas e
metodológicas, por um crescente número de autores em variadas áreas das
Ciências Humanas. Neste trabalho, portanto, buscamos discutir alguns
aspectos de obras que tiveram importância na conformação de um campo de
estudos sobre o tema na área de História no Brasil. A escolha dos trabalhos é,
obviamente, arbitrária, pois dados os limites do formato e a amplitude da
produção científica sobre o assunto, torna-se inviável uma discussão de maior
dimensão. Feita esta ressalva, nosso objetivo é demonstrar alguns pontos de
atrito entre dois grupos de análises definidos arbitrariamente: as obras
definidas como clássicas, que incluem os autores René Armand Dreifuss,
Alfred Stepan e Guillermo O’Donnell, e as classificadas como revisionistas, que
têm como um dos marcos iniciais a obra de Argelina Cheibub Figueiredo.
Como a corrente aqui denominada revisionista é posterior, buscaremos discutir
como esta se referiu à corrente clássica em seu esforço de consolidação como
análise interpretativa de uma realidade passada tendo em vista os
condicionamentos de sua contemporaneidade.
Palavras-chave: Governo Goulart; golpe de 1964; historiografia; revisionismo
Agência financiadora: CNPq
A LUTA POR UM PARTIDO DE MASSAS: O PCB E OS COMITÊS
DEMOCRÁTICOS POPULARES NO PARANÁ (1945-1947)
Claudia Monteiro (UNIOESTE)
Os Comitês Democráticos Populares foram órgãos criados pelos militantes do
PCB (Partido Comunista do Brasil) em diversas cidades paranaenses em
meados de 1945, quando foi conquistada a legalização da legenda do partido
depois de longos anos de proscrição e perseguições vividas pelos militantes,
principalmente durante o Estado Novo. Com a abertura política estes Comitês
faziam parte de uma estratégia nacional do partido no intuito de ampliar suas
bases e conquistar adeptos e eleitores entre moradores dos bairros, donas-decasa, estudantes, profissionais liberais, trabalhadores rurais e urbanos. No
Paraná, os Comitês permitiram o surgimento de um ambiente de debates em
que seriam discutidos os anseios e as esperanças de indivíduos que até então
não conheciam na prática o que era a luta por direitos. Nesse espaço, além de
serem levantadas as diversas reivindicações locais, relacionadas
especificamente à “carestia de vida”, às condições do trabalho ou à
infraestrutura dos bairros, também eram discutidas questões mais extensas
como a importância de se colocar publicamente, reivindicar direitos e se
posicionar no processo eleitoral. Este trabalho visa refletir sobre as
contribuições destes Comitês, principalmente em seu papel de dinamizar e
incluir novos personagens na esfera pública no cenário da política paranaense,
e tem como base documental pesquisa realizada no Arquivo Público do
Paraná, especificamente o acervo da Delegacia de Ordem Político e Social
(DOPS).
Palavras-chave: Comunistas; legalidade; democracia; esfera pública.
109
ANTICOMUNISMO NO BRASIL RECENTE: A INTERPRETAÇÃO DOS
PARTIDOS COMUNISTAS.
Marcos Meinerz (UFPR)
Lucas Patschiki (UFG)
Desde a eleição presidencial de Luis Inácio Lula da Silva do Partido dos
Trabalhadores (PT) a mídia hegemônica brasileira encarregou-se de dar o tom
para um novo vagalhão anticomunista, instrumento de pressão sob o partido
para cumprir os acordos acertados com o capital (IASI, 2012). Sobre as
funções que o anticomunismo cumpre para direita muito já foi escrito (SILVA,
2000; RODEGHERO, 2002; MOTTA, 2000): este discurso organiza uma lógica
ideológica que entende a realidade numa lógica idealizada, onde as premissas
históricas da ação política passam a pautarem-se por termos do imaginário
social, articulando as contradições em torno da ação de um inimigo comum
(geralmente organizado de maneira escusa, que atua pelo complô). Conformase a cisão do campo político de maneira maniqueísta, cindindo os sujeitos de
modo essencialista e cuja ação dar-se-ia somente em torno de um fim histórico
definido (a revolução comunista, a jihad, etc.) (MEINERZ, 2013; PATSCHIKI,
2012). Entendendo que não interessa que a ação desses sujeitos seja
assumida como “comunista”, mas sim o que os que acusam entendam assim,
nos questionamos sobre o posicionamento dos partidos que se reivindicam
como comunistas sobre esse novo anticomunismo. Interrogaremos os
posicionamentos do Partido Comunista Brasileiro (PCB), Partido Socialista dos
Trabalhadores Unificados (PSTU) e algumas tendências internas do Partido
Socialismo e Liberdade (PSOL) – nesse artigo deixamos de fora as correntes
internas do PT, por entender que necessitam de leitura mais específica, vide-se
o processo de transformismo deste (COELHO, 2005) e as tendências
organizadas fora e além dos partidos institucionalizados.
Palavras-chave: Campo político; “nova direita”; fascismo.
Agência financiadora: CAPES.
ANAUÊ! (1935-37): O COMUNISMO EM PÁGINAS VERDES
Rodolfo Fiorucci (IFPR/Jacarezinho)
O trabalho tem como objetivo demonstrar a forma superficial com que as
questões ideológicas foram tratadas na revista integralista Anauê!, em especial
o comunismo, identificado como o inimigo mais preocupante da nação (e do
mundo) no contexto dos anos 1930. Importa compreender os mecanismos de
doutrinação, utilizados por um partido político que dialogava com o fascismo,
para a sedução de novos leitores e para a construção de “verdades” que
careciam de substrato do mundo real.
Palavras-chave: Revista Anauê!; Comunismo; Integralismo.
Agência financiadora: CAPES
110
NAS ENTRELINHAS DA DELAÇÃO: A CONTRIBUIÇÃO DOS
INFORMANTES NO PARANÁ (1960-1970)
Rodrigo Pereira da Silva (UEM)
A partir de 1964, com a instalação da Ditadura Militar no Brasil, intensas
transformações foram desencadeadas no cenário político e social. Nesse
contexto, em nome da Segurança Nacional, diversos mecanismos do aparelho
repressivo foram postos em ação e, também criados, para combater qualquer
espécie de atividade, realizada por indivíduos ou grupos que pudesse
configurar um ato subversivo. No conjunto dessa estrutura que se formatou a
partir de então, o papel desempenhado pela figura do informante se mostrou de
grande importância para a prevenção e o combate da subversão e também
para a manutenção da ordem estabelecida. Além de contar com informações
coletadas pelos agentes do próprio regime - infiltrados nos núcleos
considerados potencialmente subversivos – a polícia política também contava
com a colaboração espontânea de informantes simpatizantes do regime. Nesse
sentido, nosso objetivo consiste em pensar a figura do informante, enquanto
peça fundamental para desenvolvimento e legitimação das ações
desenvolvidas ao longo do Regime Militar, enfatizando principalmente atuação,
dos mesmos, no Estado do Paraná no período compreendido entre os anos de
1960 e 1970, tomando como base a documentação arquivada na Delegacia de
Ordem Política e Social (DOPS/PR). Entretanto para tal entendimento, se faz
necessário a compreensão do conceito de imaginário (principalmente
anticomunista) que se desenvolveu no meio social nesse período. Para
pensarmos tal conceito, nosso referencial teórico se volta para Bronislaw
Baczko (1985), cujo conceito de imaginário social nos possibilita refletir sobre a
associação entre imaginário e poder presentes no período em tela.
Palavras-chave: Ditadura Militar; Informantes; Imaginário Social.
Agência financiadora: CAPES.
O DOPS E A CONSTRUÇÃO DO MITO DA CONSPIRAÇÃO COMUNISTA
NO PARANÁ (1945-1953)
Verônica Karina Ipólito (Unesp/Assis-SP)
Este trabalho analisa os mitos políticos modernos que se formaram na relação
entre a Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS/PR) com o comunismo e
atividades desenvolvidas pelo Partido Comunista do Brasil (PCB) no Paraná
durante os anos de 1945 a 1953. Ao realizar um trabalho meticuloso de
vigilância e repressão, a polícia política não somente coletou, registrou e
ofereceu dados sobre suspeitos a outros setores ou Delegacias Regionais, mas
associou o comunismo a características negativas, atribuiu a seus adeptos um
alto grau de periculosidade e identificou na doutrina comunista elementos que
supostamente visavam destruir o mundo ocidental e seus valores. Tais
características contribuíram para a formação do mito da conspiração
comunista, o qual se alimentava da disseminação do medo de que o “inimigo
vermelho” poderia estar em todos os lugares, com grande força e blindado por
suas características maléficas. O aumento significativo da participação popular
em discussões sobre temas variados preocupava as autoridades, as quais não
111
tardaram em confeccionar mecanismos jurídicos destinados a minar a atuação
de inimigos internos e externos. A Lei de Segurança Nacional (LSN) de 1953
foi um desses dispositivos de intimidação. Para a escrita do trabalho foram
utilizadas fontes de natureza imagética, jornalística, entrevistas, depoimentos,
relatórios e demais evidências arquivadas no Fundo DOPS do Arquivo Público
do Estado do Paraná e no Arquivo Particular da jornalista Teresa Urban. O foco
principal se concentrou no esforço de identificar na documentação indícios de
mitos políticos modernos, em especial o mito da conspiração comunista.
Palavras-chave: DOPS-PR; PCB-PR; mitos políticos modernos.
A HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA DE 1980: PERSPECTIVAS SOBRE A
CLASSE OPERÁRIA
Angelita Cristina Maquera (UEM)
Durante a década de 1980, proliferaram no Brasil trabalhos sobre a história da
classe operária brasileira do início do século XX. Este trabalho busca
apresentar as principais características desses estudos, ressaltando seus
aspectos teóricos e metodológicos. Para além de compreender a emergência
dos movimentos sociais a partir de 1978, o estímulo para a realização daqueles
estudos, se relacionam com problemáticas legítimas na qual a sociedade
brasileira do início do século XX estava inserida. Desse modo, ao retratar os
principais aspectos de tais obras, encontramos o ano de 1917 como um marco
“indiscutível”, devido as grandes manifestações ocorridas em todo o brasil
naquele ano, relacionadas a problemas específicos da nossa sociedade, como
por exemplo, as condições de trabalho no campo e na cidade. Ressalta-se
também, a influência do contexto internacional, como a Revolução Russa. No
entanto, não entendemos que tais manifestações sejam meras importações de
ideias, (anarquismo, socialismo), mas, mobilizações legítimas em busca de
solução para problemas autênticos. Assim, ao analisar os principais trabalhos
publicados na década de 1980, observamos uma série de aspectos que nos
fazem compreender os debates específicos da historiografia daquele período e
ainda análises valiosas para o estudo do Brasil Republicano.
Palavras-chave: Historiografia; greve de 1917, Brasil.
Agência financiadora: CAPES
PRECARIZAÇÃO, ADOECIMENTO E RESISTÊNCIAS: AS INTERFACES DO
MUNDO DO TRABALHO E O MAL-ESTAR DOCENTE NA SEE-SP
Mariana Esteves de Oliveira (UFMS)
Na presente comunicação, objetivamos socializar as perspectivas e alguns
resultados de pesquisa acerca da precarização do trabalho docente na
Secretaria Estadual de Educação de São Paulo. Sob o olhar materialista da
História e Mundos do Trabalho, analisamos a constituição do cenário neoliberal
de precarização docente e suas consequências junto aos sujeitos da pesquisa.
Como objetivo, o escopo fundamental se ampara no auscultar dos sentimentos,
vivências e experiências docentes no decurso das três últimas décadas,
112
marcadas pelo desmonte das condições de trabalho e proletarização da
categoria. Para dar conta disso, do ponto de vista empírico metodológico, a
pesquisa se desenvolve com cerca de 130 docentes vinculados às seis escolas
públicas estaduais de Andradina-SP, por meio de questionários estruturados
com perguntas objetivas e abertas, privilegiando análises qualitativas na
perspectiva dialética. Ainda em processo de investigação, já é possível
depreender, por um lado, as intenções políticas do projeto neoliberal paulista,
afinado ao capital internacional, materializadas em: arrocho salarial,
intensificação do trabalho, fragmentação contratual da categoria, programas
meritocráticos avaliacionistas, e retirada de direitos outrora conquistados. Por
outro lado, vislumbramos experiências docentes que oscilam entre a tradição e
a resistência, ora suscitando nostalgicamente a deferência e o reconhecimento
docente da origem burguesa da categoria, ora aproximando-se do movimento
operário no fazer-se de greves e manifestações. Em meio ao cenário
engendrado (precarização e resistência), destacam-se ainda as consequências
vivenciadas cotidianamente pelos professores, tais como o adoecimento e a
insegurança nas escolas, a balizarem o trabalho docente pelo sofrimento e a
crise da educação pública na contemporaneidade.
Palavras-chave: História Social do Trabalho, Precarização do trabalho
docente; Adoecimento; Resistência docente.
CURITIBA E A “GUERRA DO COTIDIANO”: AS POLÌTICAS DE
MOBILIZAÇÃO SOCIAL E A CRIAÇÃO DE UM “FRONT INTERNO” NA
CAPITAL PARANAENSE DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Márcio José Pereira (UNESPAR)
As políticas de mobilização de um “front interno” no Brasil foram amparadas
pela criação de órgãos federais e estaduais, como comitês, ligas e
departamentos que visavam o controle social e econômico através de
campanhas, movimentos e ações sociais/comunitárias. O Paraná abrigou
várias filiais desses órgãos a fim de manter firmes os propósitos
governamentais e mobilizar a população, fomentando um sentimento de terror
frente as possibilidades da Segunda Guerra Mundial se desdobrar em solo
paranaense. Instalaram-se no Estado a Liga de Defesa Nacional, o Comitê de
Defesa Antiaérea, o Comitê de Defesa Passiva, a Liga dos Jovens Patriotas, a
Liga Brasileira de Assistência, a Cruz Vermelha, etc., bem como, foram
realizadas por esses estabelecimentos campanhas específicas de arrecadação
e engajamento da população. Esses órgãos governamentais figuraram na vida
dos curitibanos através da presença física de seus imponentes edifícios e nos
desdobramentos no cotidiano, através da participação nas ações por eles
incentivadas. A fim de entender a ação desses "braços" do Estado na vida
cotidiana de Curitiba, objetivamos apresentar, sob a ótica analítica do filosofo
colombiano Bernardo Toro, uma análise da documentação reunida pela antiga
Delegacia de Ordem Política e Social e pelas manchetes veiculadas nos
principais jornais da capital, sendo eles, respectivamente: a Gazeta do Povo e
113
o Diário da Tarde, para concluirmos que a existência desses órgãos serviram
não só para perpetuar uma espécie de assistencialismo populista, mas para,
incutir um sentimento de “experimentar a guerra”, visando um alinhamento
imediato entre a população e o anseios do governo Vargas.
Palavras-chave: Curitiba, mobilização social, sentimento e Segunda Guerra
Mundial
Agência financiadora: CAPES/CNPQ
O ESTADO NOVO VARGUISTA: REPRESSÃO E DITADURA, POR QUÊ?
Fabiano Ribeiro (UEL)
A proposta deste estudo sobre a temática “O Estado Novo Varguista:
Repressão e Ditadura, Por quê?”, tem como objetivo uma peculiar reflexão
sobre a jornada histórica-política brasileira de 1937, tendo como base em
nossos estudos a obra “Golpe Silencioso”, da historiadora Aspásia Camargo,
que em seus escritos, faz referência a um dos maiores personagens de nossa
política contemporânea. Sabemos da importância e necessidade de reabertura
de novas discussões e capilarizar nossa historiografia brasileira, o que faremos
ao analisar as reais motivações de Vargas ao uso do autoritarismo em função
da manutenção do poder. Dessa forma, nos propomos pensar sobre a política
da época sob à perspectiva e olhar de Getúlio Vargas, sendo a política
brasileira metaforicamente um tabuleiro de “xadrez humano” e que mexer as
peças estrategicamente, munido de logicidade e domínio espacial e temporal,
representaria o sucesso de um projeto de permanência no governo central.
Lançamo-nos também ao desafio de uma nova leitura política getulista, esta
que se constituiu por caminhos tortuosos e que sobrevivera a uma instituição
política regada a fortes pressões. Portanto, nosso olhar analítico e criticidade
tornam-se peça chave ao processo de emancipação do pensamento político e,
o pensar na realidade desse período de 1937, ainda nos instiga e nos reporta a
historicidade do passado em vias ao entendimento do presente, fazendo-nos
ousar entender a brilhante trajetória varguista às sombras de estigmas políticos
de um país em transição.
Palavras-chave: Estado Novo; Repressão e Ditadura; Golpe Silencioso.
O 1º GRUPO DE AVIAÇÃO DE CAÇA DO BRASIL
NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL: MISSÕES.
Heitor Esperança Henrique (FAFIMAN)
O 1º Grupo de Aviação de Caça era a unidade aérea com 48 pilotos e
aproximadamente 450 integrantes de apoio que representou a Força Aérea
Brasileira (FAB) na Segunda Guerra Mundial. O objetivo do trabalho é
demonstrar e discutir as missões de guerra cumpridas pelo grupo, que junto de
outros três esquadrões formavam o 350º Fighter Group sob o comando do XXII
Comando Tático Aéreo, que apoiava o V Exército norte-americano, do qual
fazia parte a Força Expedicionária Brasileira (FEB). Foram 444 missões
114
realizadas entre 31 de outubro de 1944 e 2 de maio de 1945. A metodologia
baseia-se na análise de fontes referentes as missões citadas. As informações
sobre as missões foram retiradas do Daily Report originais, e cedidas pelo
Brigadeiro Rui Moreira Lima, ex-combatente e integrante do grupo,
encontradas no site http://www.sentandoapua.com.br/portal/. Através da
análise da documentação é possível concluir que o grupo brasileiro cumpriu
suas missões, individualmente ou em conjunto com os demais esquadrões
norte-americanos, de acordo com o que era esperado por seus comandantes.
Palavras–chaves: 1º Grupo de Aviação de Caça; Força Aérea Brasileira;
Segunda Guerra Mundial; Missões; Pilotos.
O COTIDIANO DO 1º GRUPO DE DO BRASIL AVIAÇÃO DE CAÇA
DURANTE A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL
Heitor Esperança Henrique (FAFIMAN)
O 1º Grupo de Aviação de Caça é a unidade aérea que representou a Força
Aérea Brasileira (FAB) na Segunda Guerra Mundial. Este grupo viveu uma
realidade de guerra entre treinamentos, ocorridos no Brasil, Panamá e Estados
Unidos, e combates, na Itália, no biênio de 1944-1945. O Objetivo deste
trabalho é demonstrar o cotidiano do grupo entre treinamentos e combates e os
momentos fora das atividades bélicas, como lazer e descanso. Nas diferentes
cidades e locais de treinamento e batalhas, entre aulas teóricas e práticas e as
atividades de guerra, os integrantes do grupo se distraiam com a prática de
esportes e visitas às praias, casas de show e bares noturnos das regiões onde
se encontravam. As fontes utilizadas para a realização do trabalho são relatos
e memórias publicadas em forma de livro ou entrevistas pelos ex-combatentes
do grupo e iconografia da unidade aérea. Pode-se concluir que o cotidiano do
grupo era repleto de atmosferas diferentes, entre treinamentos, guerras, perdas
e morte, e descanso e lazer em conjunto com os companheiros do grupo e os
citadinos dos locais onde estavam instalados.
Palavras-chave: 1º Grupo de Aviação de Caça; Força Aérea Brasileira;
Segunda Guerra Mundial; Cotidiano; Pilotos.
SILAS MALAFAIA E A TEOLOGIA DA PROSPERIDADE.
Jonas Christmann Koren (UNIOESTE)
O objetivo desse artigo é compreender como a teologia da prosperidade é
entendida, pregada e defendida pelo fundador, porta voz e principal pregador
da Associação Vitória em Cristo, o pastor Silas Malafaia. Pretendemos
perceber no discurso do pastor as formas utilizadas para convencer o público e
legitimar a teologia da prosperidade como sendo um valor essencialmente
cristão. Para isso, analisaremos uma entrevista concedida pelo pastor à
Revista Veja, na qual responde algumas questões sobre o tema e uma
mensagem que foi ao ar em seu programa de televisão, o Vitória em Cristo. A
teologia da prosperidade subverte o pensamento das denominações
pentecostais clássicas que desvalorizavam as riquezas terrenas e pregavam
115
uma vida ascética. Prega que os cristãos estão destinados a serem prósperos
materialmente, felizes, saudáveis e vitoriosos em todos os seus
empreendimentos mundanos. Os fiéis devem buscar as bem-aventuranças,
outrora prometidas no paraíso, na terra, principalmente através do crescimento
financeiro e do consumo. Além de incentivar as doação dos telespectadores
para a sua associação, a teologia da prosperidade também difunde visões de
mundo e conforma um consenso entre seu público. Prega que a pobreza é
fruto da incompetência individual, e a riqueza é fruto de benção divina ao
mesmo tempo em que transforma a relação das pessoas com Deus em uma
espécie de transação financeira. Como veremos, essas visões de mundo são
totalmente adequadas à sociedade burguesa e a ocultação da dominação de
classe.
Palavras-chave: Silas Malafaia; Teologia da Prosperidade; Ideologia.
Agência financiadora: CAPES
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE A POLÍTICA
Luiz Miguel do Nascimento (UEM)
Esta comunicação é fruto de um diálogo com as obras de alguns pensadores
que, a nosso ver, levantaram questões indispensáveis para se entender o
significado e a importância da política para a vida em sociedade. Nessa
direção, apesar do profundo descrédito em que se encontra a atividade política
em nossos dias o trabalho defende a ideia de que ela é fundamental para a
sociedade, tanto no plano coletivo quanto individual. Pensamos que não é
nenhum exagero afirmar que sem essa dimensão da vida coletiva ainda
viveríamos em um estado natural sob a violência e a lei dos mais fortes. Logo,
compartilhamos da ideia de que não é possível existir vida social organizada e
civilizada sem a política. Assim, mesmo correndo o risco de estar idealizando
muito a arte de governar, esse princípio serve para nos lembrar que as
decisões em política sempre devem se basear no diálogo e na persuasão e
não no uso da força e da violência. Outrossim, em termos de procedimento
metodológico, para encaminhar essa discussão, o trabalho se inspira na Nova
História Política e nas reflexões de alguns autores das áreas da Ciência
Política, da Sociologia e da Filosofia que abordam a importância e o significado
da política. Trata-se, portanto, de uma análise textual da bibliografia escolhida
para abordar o tema.
Palavras-chave. Política; diálogo; civilização;
HISTÓRIA DO TEMPO PRESENTE
Murilo Sanchez Zulato (UEM/UNICESUMAR)
Priscilla Campiolo Manesco Paixão (UNICESUMAR)
Vivian Fernandes Carvalho de Almeida (UNICESUMAR)
Acreditamos que um dos papéis da História seja o de fomentar a reflexão sobre
o nosso próprio tempo, assim, temos como proposta uma análise sobre a
História do Tempo Presente. Buscamos refletir sobre a importância desse
116
campo de estudo, quais são as dificuldades com que o historiador se depara ao
produzir análises sobre seu próprio contexto, quais são seus métodos para o
empreendimento dessa tarefa, objetivos recorrentes dos autores que se
arriscam nesse campo da História e, por fim, os limites de atuação desse tipo
de produção. Para tanto, procuramos estabelecer um diálogo com o
pensamento de Edward Palmer Thompson, Eric Hobsbawm e François
Bèdaridá acerca do assunto. Na iniciativa de apresentar um aporte teórico
dotado de metodologia apropriada ao estudo do Tempo Presente no campo da
História, analisaremos alguns fatores considerados como essenciais a esse
campo de estudo, tais como a cautela necessária a esse tipo de trabalho e as
dificuldades e benefícios que o historiador pode se deparar ao longo de sua
produção. Em suma, foi pretendida uma produção que evidenciasse a
importância do Tempo Presente à historiografia, afinal, o presente é o tempo
dos futuros fatos históricos. Não menos importante, buscamos sublinhar o
papel da História do Tempo Presente no próprio contexto em que o historiador
se insere, pois, ao analisarmos o nosso próprio tempo, produzimos – ou ao
menos buscamos produzir - impacto sobre ele.
Palavras-chave: História; Tempo Presente; Metodologia; Teoria.
ENTRE FAUSTO E QUIXOTE: REPRESENTAÇÕES DO MODERNISMO E
DO ROMANTISMO NO SOCIALISMO DE OSWALD DE ANDRADE.
Marcio L Carreri (UENP-PR)
Estefania K. C.Fraga (PUC-SP)
A presente comunicação pretende apresentar resultados parciais de um estudo
sobre o pensamento e prática política do escritor paulista Oswald de Andrade
(1890-1954), apresentados no ambiente cultural e político de São Paulo na
década de 1930. O objetivo é analisar a filosofia marxista e a adesão ao PCB,
marcas da inflexão do escritor, que, de esteta e ponta-de-lança do movimento
modernista adentra ao conturbado mundo político da época, construindo, na
luta partidária e política, sua visão de mundo. Fragmentos do pensamento do
autor e formas de inserção no Partido serão considerados para a
apresentação. O texto é divido em três partes, na primeira apresentará as
contradições e afirmações de sua proposta, localizada na tensão entre o
Moderno, representado na figura de Fausto; e o romântico, compreendido na
expressão de Quixote; na segunda parte problematizamos a as relações entre
a Antropofagia e o Marxismo resultando, na perspectiva do literato, num
processo híbrido, uma espécie de socialismo mestiço e que, no âmbito das
questões interculturais, onde localizamos Oswald de Andrade, foi pouco
trabalhada na produção acadêmica. Finalmente, na terceira parte, analisamos
a leitura que Oswald fez de Marx, que resultou na sua particular compreensão
e no processo de formação de seu marxismo.
Palavras-chave: Oswald de Andrade; socialismo; antropofagia; marxismo
117
A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA EXPOSIÇÃO DE ARTES E TÉCNICAS
DA VIDA MODERNA EM PARIS - 1937
Wellington Durães Dias (UNESP/Assis)
Este trabalho tem como objeto de estudo a participação do Brasil na sétima e
última exposição universal realizada em Paris no ano de 1937. Esta feira
contou com a participação de 44 países e reuniu 31 milhões de visitantes
durante seis meses. Concentrando obras de artistas e industriais, o evento
expôs iniciativas que visavam elevar o padrão de vida humano, promover do
pacifismo em um contexto de instabilidade política internacional e reaquecer o
mercado internacional após a grande depressão. Mas também foi o palco de
disputa e tensões entre nações e ideologias. Ignorada pela historiografia, a
presença brasileira na exposição de 1937 ocorreu momentos antes do
estabelecimento do Estado Novo e as vésperas da Segunda Guerra Mundial.
Neste contexto de profundas transformações políticas e agitação social, o
objetivo deste trabalho foi dissertar sobre a representação construída pelo
governo brasileiro sobre a nação. Por meio do estudo dos objetos expostos no
pavilhão, procuramos evidenciar os conflitos inerentes à sociedade brasileira.
Foram utilizados como fonte periódicos brasileiros e franceses. Uma vez
formadas séries completas e aventadas suas características materiais, foram
lidos e os artigos sobre a exposição catalogados em um banco de dados. Por
meio dos relatórios do banco, as evidências foram organizadas e interpretadas
por meio de diversos conceitos. O principal empregado foi a noção de
comunidades imaginadas de Benedict Anderson, com o qual analisamos a
representação brasileira na feira. As pesquisas revelaram as contradições de
uma nação que quer modernizar-se sem romper com os arcaísmos de seu
passado colonial.
Palavras-chave: Exposições Universais; Impressos Periódicos; Comunidade
Imaginada.
Agência financiadora: CNPq-CAPES.
HATE ROCK - INSTRUMENTO POLÍTICO PARA OS FASCISMOS DO
PRESENTE NOS ESTADOS UNIDOS E NO BRASIL (1990-2010)
Pedro Carvalho Oliveira (UEM)
Desde o fim dos anos 1970, o chamado Hate Rock cumpre um papel múltiplo
em movimentos neofascismas europeus, atuando como ferramenta de
recrutamento, de idealização nacional e de expressão e organização política.
Entre os anos 1980 e 1990, esse gênero musical alcançou diversos países, a
exemplo de Brasil e Estados Unidos. O fim da ditadura militar e a queda da
União Soviética deu aos dois países novos terrenos e desafios políticos, nos
quais ideologias neofascistas acabaram encontrando espaço. O presente
trabalho tem por objetivo analisar os discursos políticos presentes nas músicas
de oito bandas desses dois territórios, produzidas entre os anos de 1990 e
2010. Por meio desta investigação, baseada na transcrição das letras e
interpretação sistemática de seu conteúdo, identificaremos importantes
caraterísticas políticas idealizadas por agentes sociais do tempo presente. Este
projeto, ainda em fase inicial, pretende, com o uso de perspectiva comparada,
118
na qual é possível realizar afastamentos e proximidades entre ambos os
contextos, alcançar uma síntese que aponte razões para a existência de um
mesmo fenômeno político em duas sociedades tão diferentes. Assim,
poderemos observar como ideologias atreladas ao passado são possíveis nos
dias atuais.
Palavras-chave: Hate Rock; nofascismos; tempo presente; Brasil; Estados
Unidos
Agência financiadora: CAPES
POLÍTICAS PÚBLICAS AFIRMATIVAS E O ENSINO DE HISTÓRIA: A
DISCUSSÃO ÉTNICO-RACIAL NA REGIÃO DO VALE DO IVAÍ/PR
Leandro Brunelo (UEM)
A efetivação de políticas públicas no campo da educação brasileira,
especialmente aquelas centradas nos debates sobre as relações étnico-raciais,
almeja não apenas discutir as noções de cultura, de diversidade cultural e de
identidade, mas objetiva, também, fazer da escola um ambiente inclusivo.
Nesse sentido, almeja-se com a realização dessa pesquisa, entender em que
medida os trabalhos e as ações didático-pedagógicas desenvolvidas na área
do Núcleo Regional de Educação de Ivaiporã/Pr são estruturados a partir das
orientações da Lei 10.639/03, que torna obrigatório o ensino de história da
cultura afro-brasileira e africana nas escolas e, além disso, compreender como
essa discussão étnico-racial aparece nos Projetos Político-Pedagógicos (PPPs)
das escolas do NRE de Ivaiporã/Pr. A lei 10.639/03 e os demais documentos
oriundos a partir dela (instruções, resoluções, etc.), em âmbito estadual e
federal, sinalizam uma ideia-força muito marcante no início dos anos 2000 que
é a de articulação de projetos voltados para a promoção da cidadania, da
valorização da diversidade e das diferentes etnias formadoras históricas da
nação brasileira. Ao estudarmos as políticas públicas educacionais étnicoraciais, podemos perceber como o Estado, enquanto instituição, procura
responder a dinamicidade social e as reivindicações advindas dos variados
grupos sociais, em especial do movimento negro. Além disso, é possível refletir
sobre como essas políticas públicas são pensadas no espaço escolar.
Palavras-chave: políticas públicas, lei 10.639/03, ensino de história, questões
étnico -raciais.
O POVO, A RELIGIÃO E A POLÍTICA NO INSTITUTO ADMINISTRATIVO
JESUS BOM PASTOR (ANDRADINA/SP, DÉCADAS DE 1970 A 1990)
Marcos Sanches da Costa (UFGD)
O Instituto Administrativo Jesus Bom Pastor (IAJES), em toda a sua trajetória,
entre os anos de 1970 e 1996, atuou junto aos movimentos de base de
Andradina/SP. Ligado à Igreja Católica, esse Instituto esteve sob a orientação
da Teologia da Libertação fundamentando as diversas atividades, tanto do
IAJES quanto dos grupos que organizava, lutando por direitos básicos e
propondo uma nova forma de oposição ao regime civil-militar no Brasil. Este
119
projeto tem o objetivo de estudar como se davam essas atividades,
principalmente as atividades desenvolvidas pelas Comunidades Eclesiais de
Base (CEBs) e pela Sociedade Amigos de Bairro (SABs) andradinenses, sob o
olhar da Nova História Política. Pretende-se ainda, discutir a inter-relação entre
religião e política presente nos discursos e ações desses sujeitos e grupos.
Palavras-chave: Igreja Católica, Ditadura civil-militar, Teologia da Libertação.
120
ST12 – AS ROUPAS, AS APARENCIAS E A MODA NAS
NARRATIVAS DA HISTORIA
O LUXO NAS FRONTEIRAS DO IMPÉRIO PORTUGUÊS: AS SEDAS E
JÓIAS FEMININAS EM SÃO PAULO NO SÉCULO XVII.
Juliana de Mello Moraes (FURB)
Esse estudo explora a relação entre a aquisição de bens de luxo e as
estratégias de distinção das mulheres em São Paulo na segunda metade do
século XVII. De acordo com a historiografia, esse período foi marcado pela
conformação de uma sociedade hierarquizada e com forte concentração de
riqueza entre aqueles dedicados à produção e ao comércio, determinando a
afirmação e sedimentação da elite paulista. A partir dos inventários post
mortem é possível verificar os bens dos mais abastados, destacando-se a
existência de jóias e vestuário refinado nos espólios das senhoras. Nesse
sentido, a análise centra-se nos vínculos entre os jogos de aparência, através
do uso de indumentária suntuosa, e o papel desempenhado pelas mulheres
naquela sociedade, pois elas congregavam, por meio dos seus dotes, parte
significativa dos cabedais no momento da formação de novas famílias. Os bens
das mulheres não somente corroboravam as hierarquias estamentais, inclusive
em cenários afastados dos centros político-administrativos ou econômicos do
império português, mas também expressavam a complexidade inerente a
cultura consumo e as relações de gênero. Enquanto elemento inseparável da
realidade circundante, o consumo de bens, mais do que o desejo de
ostentação ou mimetismo social, emerge como um dos aspectos relevantes
para a consolidação da elite paulista, especialmente entre as mulheres,
sinalizando sua visibilidade e proeminência naquele contexto.
Palavras-chave: Indumentária feminina; São Paulo; século XVII; consumo
MODERNIDADE AO SUL DO BRASIL:
A MODA E O CICLISMO EM PORTO ALEGRE (1895-1905)
Natália de Noronha Santucc (PUCRS)
Na Porto Alegre dos primeiros anos da República diversas forças de mudança
atuavam simultaneamente – uma nova ordem social se estabelecia por meio da
burguesia teuto-brasileira em ascenção, da consolidação do castilhismo de
matriz positivista, da demanda por reformas urbanas, entre outros fatores,
como a abolição dos escravos. Um aspecto marcante da época foi a introdução
práticas esportivas inéditas na cidade, que originavam novos espaços de
sociabilidade e estimulavam uma vida social em esfera pública, diferente dos
eventos domiciliares promovidos até então. Neste texto, por meio da análise de
imagens e notícias, observaremos a indumentária dos ciclistas e buscaremos
compreender os processos de moda nos quais estavam inseridos tanto os
trajes dos frequentadores dos clubes de ciclismo, que surgiram nesse período,
quanto a própria prática esportiva. Discutiremos a influência da globalização
simples e da criação e manutenção de identidades na opção por estas roupas
121
e atividades, abordando brevemente questões relacionadas a uniformes e
papéis de gênero, levando em consideração o desejo de modernidade
propagado pelas elites e tendo exemplos de outras localidades como pontos de
referência. Notamos que as bicicletas, o vestuário e as fotografias, as mesmas
que circulavam na capital gaúcha na virada do século e nos servem agora
como fonte, eram adventos dessa modernidade, ainda que o sonho da “Porto
Alegre metrópole”, nos moldes das capitais modernizadas, como Paris, ainda
estivesse distante da realização.
Palavras-chave: História da Moda; História do Esporte; Indumentária;
Ciclismo; Modernidade.
Agência financiadora: CAPES.
A REPRESENTAÇÃO FEMININA/FEMINISTA DAS MELINDROSAS NOS
ANOS 1920 DURANTE A BELLE ÉPOQUE CARIOCA
Herculanum Ghirello Pires (UEM)
O presente trabalho abordará a construção social das melindrosas e a
representação que suas vestes, e o seu estilo de vida alternativo, produziu
como resistência ao discurso dominante de feminilidade. Na época, início do
século XX, o Brasil passava por algumas mudanças em seu cenário cultural,
social e econômico devido à sua inserção no mercado financeiro mundial,
época que ficou conhecida como Belle Époque. A Federação Brasileira para o
Progresso Feminino (FBPF) criado em 1922, por Berta Lutz, constitui-se em
marco da organização das mulheres para agirem em conjunto e lutarem por
seus direitos. Até que ponto a representação da melindrosa contribuíu para a
expressão do feminismo nacional e desta federação? Se contribuíram, em
quais pontos? Para o estudo das vestes do período Mendes e Haye (2009)
tornam-se indispensáveis; para o estudo simbólico das roupas como meio de
comunicação não verbal Crane (2012) traz elementos fundamentais a análise.
As notícias sobre moda e crônicas da Revista Fon-Fon! e da Revista da
Semana conduzirão a análise e a narrativa que caminhará no sentido de
identificar como a moda foi significada pelas melindrosas em suas atuações e
estilo de vida.
Palavras-chave: Melindrosas; Moda; Rio de Janeiro; Feminismo; Federação
Brasileira pelo Progresso Feminino; Gênero
UM OLHAR SOBRE MODA E MODERNIDADE
NAS CARICATURAS DE BELMONTE (1924-1927)
Marissa Gorberg (FGV)
O presente trabalho visa à investigação das caricaturas de Belmonte que têm a
moda como tema, publicadas nas revistas cariocas Frou-Frou e Careta entre
1923 e 1927. A análise dessas representações é capaz de oferecer valorosa
contribuição para o entendimento de práticas sociais e escolhas vestimentais
de feição burguesa na então capital metropolitana do país. Pretendemos propor
uma reflexão sobre mudanças da indumentária, do arquétipo feminino e das
122
relações de gênero, num período de disseminação da cultura das aparências e
do fomento à estetização da vida cotidiana, em pleno curso da modernidade
urbana. Como recurso metodológico, pretendemos seguir o caminho trilhado
pelo sociólogo Georg Simmel, cuja obra, na virada dos séculos XIX-XX, tratou
de forma pioneira temas decorrentes da vida citadina. No que tange
especificamente à moda no Rio de Janeiro, nos remetemos à visão do
historiador americano Jeffrey Needell, que em seu livro Belle Époque Tropical
(1993) desenvolve densa reflexão sobre o contexto histórico-socio-cultural no
qual as elites brasileiras exerciam escolhas e traçavam diretrizes para suas
ações.As caricaturas de Belmonte revelam-se uma expressão de linguagem
capaz de sentir e perceber a sociedade, contribuindo para o entendimento de
algumas das suas faces; o recurso gráfico informa as transformações formais
da moda e do lugar da mulher na sociedade, permitindo o exame de ações
distintivas e inclusivas, estratégias para auto-afirmação, aprovação ou até
mesmo para alargamento de fronteiras morais, em meio a mudanças de
valores, convenções e desejos na segunda década do século XX.
Palavras-chave: Belmonte; moda; modernidade; caricaturas.
ESTILO DE VIDA, FIGURINOS E ELEGÂNCIAS: A BELLE ÉPOQUE NA
“MODA À “LA LAURINDA SANTOS LOBO”.
Andresa Taís Bortoloto de Lima (UEM)
No inicio do século XX, no Brasil, os espaços das cidades e os figurinos das
mulheres modificam-se. No Rio de Janeiro, o projeto de transformação e de
modernização da cidade, marcou a emergência de estilos de vida modernos
que, influenciados pelas concepções da cultura francesa, foram assimilados e
propagados principalmente pelas mulheres de elite. Esta pesquisa focaliza o
percurso de Laurinda Santos Lobo (1878-1946), considerando-a como
representante e representando o estilo de vida que emerge e se dissemina no
período de 1903-1946 entre os segmentos da elite, promovendo-as às
difusoras de moda. A realização de festas e recepções no Palacete localizado
em Santa Tereza; a rede de amizades estabelecidas com personalidades
masculinas e femininas que detinham poder e prestigio nos universos da vida
artística e politica; a visibilidade conquistada na imprensa, mediante a
divulgação de suas presenças e figurinos nas sociabilidades da elite como
“Marechala da elegância”, fornecem as pistas acerca das contribuições da
personagem para alavancar por meio de seu estilo de vida novas práticas e
representações de moda que se conectavam à modernidade e à modernização
da cidade. São as novas maneiras de as pessoas se relacionarem, de se
vestirem, de se exporem e se apresentarem publicamente que vislumbramos
nas fontes consultadas, constituídas pelas Revistas Fon-Fon, Revista da
Semana e Revista Para todos. As notas e imagens da imprensa em conjunto
com as fontes biográficas/memorialísticas e os estudos das mulheres permitem
evidenciar o papel desempenhado pela moda à “la-Laurinda” naquele contexto.
Palavras-chave: Moda; Sociabilidades; Laurinda Santos Lobo; Rio de Janeiro;
Modernização;
123
O VESTUÁRIO COMO CULTURA MATERIAL:
COSTURANDO A MEMÓRIA E O VESTIDO DE NOIVA DAS MULHERES EM
MARINGÁ - PARANÁ ENTRE 1960 A 1970
Rizia Ferrelli Loures Loyola Franco (UNICESUMAR)
O presente estudo etnográfico trata de mulheres que têm entre 60 e 75 anos,
moradoras de Maringá-Paraná e que tiveram alguma relação com a atividade
da costura. A pesquisa tem como tema o vestuário como cultura material. O
objetivo é investigar o vestuário que essas mulheres produziram ou adquiriram
e o que foi guardado para conhecer os valores sociais. Na pesquisa de campo
etnográfica, ocorrem as técnicas de observação direta, coletando-se dados
orais, comportamentais e análise da cultura material: o que são os objetos
guardados, como esses objetos são guardados, suas descrições, histórias,
usos e significados. Busca-se, assim, analisar o vestuário como elemento para
a produção de si, por meio do vestido de noiva que diferenciavam essas
mulheres em suas respectivas fases da vida e as faziam pertencer a diferentes
grupos sociais. As análises do vestuário, como uma segunda pele, fazem
emergir os valores sociais das mulheres. Algumas dessas construções
corpóreas estão vinculadas à ostentação de um físico dentro dos padrões de
beleza. Além disso, essas aparências são marcas de feminilidade,
evidenciando o recato e o esmero. Nesta pesquisa, constatou-se que as
mulheres atribuem ao corpo com cintura marcada e a um vestuário que
evidencie tal construção a identidade social e a memória. Assim, o vestido de
noiva mais uma vez foi relacionado aos atributos de muitas mulheres como
distinção social.
Palavras-chave: Vestuário feminino; Costura; Identidade; Distinções sociais.
MEMÓRIAS DO VESTIR NO CORPO: OS ENXOVAIS NA MODA
Débora Pinguello Morgado (UEM)
As heranças têxteis provenientes de antigos enxovais, que se constituem em
roupas de cama, mesa e banho, são parte de um acervo histórico familiar e
revelam muito sobre a história das mulheres e suas relações com os tecidos
que decoram as casas. As artes confeccionadas na superfície dos “paninhos”,
por meio dos saberes e fazeres femininos, guardadas na gaveta do
esquecimento, podem recriar e traduzir um passado, cujas lembranças serão
os vetores para o reconhecimento e o fortalecimento da identidade do indivíduo
que percebe sua história revelada pelos tecidos. A comunicação e
transformação dos têxteis podem ser feitas por meio da moda e do
reaproveitamento, ou seja, transformar as toalhas e colchas, por exemplo, em
roupas que portam memórias. A metodologia do artigo perpassa pelos diálogos
sobre memória e identidade, relacionando-os com a história das mulheres e o
fazer moda – fazer esse que pode ser veículo para a compreensão dos
encontros entre dois universos culturais: o feminino e as roupas. A reflexão
completa-se com a materialidade de peças de roupas que, seguindo as trilhas
124
da criação de moda, mediante o reaproveitamento de panos da casa,
permitirão dimensionar visualmente as técnicas para a reutilização de têxteis
histórico-culturais. Nesse ponto, as imagens fotográficas das roupas
apresentadas no Trabalho de Conclusão de Curso de Moda (UEM), dão o tom
da narrativa. Por meio delas evidenciamos como valorizar os bens intangíveis os sentimentos e os afetos – que ligam os panos às memórias femininas.
Palavras-chave: Heranças têxteis; Memória; Identidade; Reaproveitamento;
História feminina
REFLEXÕES ACERCA DA MODA MEDIEVAL
NAS LEIS SUNTUÁRIAS DA PENÍNSULA IBÉRICA
Thaiana Gomes Vieira (UFJF/IAD/PPGACL)
O presente trabalho é elaborado sob a orientação da Professora Maria Claudia
Bonadio, da Universidade Federal de Juiz de Fora. O trabalho refere-se à etapa
inicial das reflexões da minha pesquisa individual, com a finalidade de redigir a
dissertação do mestrado em Artes, na linha de pesquisa “Moda e Arte: História
e Cultura”. O objetivo não é realizar uma simples descrição linear sobre a
história da moda, mas pensar a moda como objeto representativo da história,
pois se articula a diversos fenômenos sociais. Nessa comunicação vamos
tratar da moda na Baixa Idade Média na Peninsúla Ibérica, a partir das cortes
de Valladolid de 1385 e 1351. Analisamos o que a lei outorga e porque a
mesma fora criada. Para pesquisar as leis utilizamos a análise retórica, em que
destaca-se a figura retórica utilizada nos textos, é adequado para textos
jurídicos. Para investigar as circunstâncias de produção do texto, o emissor e
que lugar social e político ele ocupa, a região de produção, as motivações para
elaboração das fontes, a ação de editores nas mesmas, entre outros,
utilizamos a análise da historiografia sobre o tema. As obras sobre a história da
moda, em geral, tratam de diversos temas: roupas usadas nos diferentes
períodos, as variações nas vestimentas; as restrições de cores, tecidos,
modelos e adornos para cada camada social; as caracterizações regionais, e o
uso da indumentária como aparato e sua funcionalidade. As conclusões estão
abertas, mas as reflexões apontam para motivações econômicas e sociais para
a elaboração das leis.
Palavras-chave: Moda; Idade Média; Moda Medieval; Leis suntuárias.
DRAG KING:
CORPO E ARTE VESTINDO MASCULINIDADES
Marcela Silvestrim (UEM)
Patrícia Lessa (UEM)
Nossa apresentação tem o objetivo de divulgar os resultados das oficinas Drag
King, que chegaram ao Brasil com a visita da escritora queer francesa MarieHélène Bourcier através de um Intercâmbio entre a Universidade Federal de
Santa Catarina, Universidade Federal da Bahia e a Universidade Estadual de
Maringá (UEM). Com esse espírito no dia 29 de julho de 2014, uma terça feira,
125
aconteceu a Oficina de Drag King realizada no Atari Bar, das 18hs até 22hs, a
oficina contou com aproximadamente 22 participantes entre docentes,
estudantes da UEM e com ativistas do Coletivo Maria Lacerda de Moura. O
termo masculinidades sem homens se insere nas discussões alavancadas por
Judith Halberstain e nos permite incluir todas aquelas pessoas que desafiam os
limites do sexo e de gênero, tanto na moda como na arte. Masculinidade não é
sinônimo de 'homens', nas performances abrem-se possíveis modos de libertar
nos corpos presos no papel de destino e recriar um modo mais lúdico, um
modo transviado de masculinidade, que inclui o papel da vestimenta na
configuração de gênero. É importante destacar que, através dos jogos
performativos da vestimenta, cada vez mais pessoas, independentemente da
sua orientação sexual, podem ter acesso a modos novos de romper os laços
entre a compulsão para a heterossexualidade e a dominação de um gênero
sobre o outro, pois, o que conta é a perda de referência ou a encenação de um
gênero específico.
Palavras-chave: Drag King; Masculinidades; Artivismo; Atari Bar;
Performance.
Agência financiadora: PVE/CNPq; ECI/UEM
GRUPOS FOLCLÓRICOS EM MARINGÁ; ELEMENTOS DE IDENTIDADE
IMIGRANTE; O GRUPO “OS LUSÍADAS”
Emilio Carlos Boschilia (UFPR)
Márcio José Pereira(UNESPAR)
Em nível contextual, esta pesquisa aborda aspectos relativos aos processos de
imigração e colonização do estado do Paraná, bem como da construção
identitária dos grupos étnicos que compõem seu amalgama sócio-cultural. Em
nível específico, apropria elementos históricos referentes à ocupação pioneira
da região norte-paranaense e sua respectiva formação étnico-cultural. Tece
considerações sobre as heranças culturais recebidas dos grupos étnicos
primordiais e dos imigrantes não europeus advindos desde o início do século
XIX. Aborda as estratégias de agregação étnico-cultural baseadas na
viabilização de organizações sociais (igrejas, associações, centros, clubes etc.)
e da (re) aviventação de tradições, dentre as quais aquelas relativas aos
grupos de danças de natureza folclórica. As atenções gerais estão voltadas
para os grupos de dança de natureza folclórica, cuja criação e atuação resulta
de dispositivos de (re) aviventação identitária levados a efeito por alguns dos
grupos étnicos no Paraná. Em Maringá, dentre os vários grupos folclóricos, o
foco específico recai sobre “Os Lusíadas”, grupo este criado e em
funcionamento no âmbito do Centro Português, organização social
maringaense relacionada com a comunidade portuguesa, e sobre o qual são
pesquisadas as origens, métodos de trabalho, componentes, instrumentos,
músicas, danças e, de modo específico, os trajes típicos. Um dos objetivos
deste projeto é a documentação fotográfica e descritiva dos trajes típicos
pertinentes a este grupo, respectivas características, origens regionais,
utilidades/costumes de suas respectivas utilizações. Também foca, entre outros
aspectos, as estratégias e ações desenvolvidas pelo grupo para manter a
126
fieldade com os aspectos tradicionais de origem relacionados com os trajes
típicos.
Palavras-chave: formação étnica; grupos de dança folclórica; trajes típicos;
tradição; reaviventação identitária
Agência financiadora: Programa de Apoio Cultural da Secretaria Municipal da
Cultura de Maringá/PR
A COMPOSIÇÃO VISUAL POR MEIO VESTUÁRIO COMO
ESTRATÉGIA DE DISTINÇÃO
Ana Caroline Siqueira Martins (UEM)
Como objeto de pesquisa, de fato, a moda é um fenômeno completo, pois
propicia um discurso histórico, econômico, etnológico e tecnológico, sendo
também um sistema de signos por meio do qual o ser humano esquematiza a
sua posição no mundo e a sua relação com ele (BARNARD, 2003). Nesse
sentido, a composição e expressão visual por meio do vestuário tornam-se, por
vezes, mecanismos de classificação e distinção que influenciam na relação dos
sujeitos em determinados espaços sociais. Este artigo, parte de uma
dissertação de mestrado em Ciências Sociais que aborda a configuração do
setor industrial de moda na cidade de Cianorte/PR a partir do século XXI, bem
como as práticas dos agentes envolvidos com ele (costureiras(os), estilistas,
empresárias(os)), tem como objetivo discorrer sobre as disputas, estratégias e
poder simbólico articulados no interior de uma industria de moda da cidade,
concentrando-se nas táticas de composição e expressão visual por meio do
vestuário Utilizou-se como referencial teórico, sobretudo, a obra de Pierre
Bourdieu e como abordagem metodológica a pesquisa bibliográfica e a
pesquisa de campo que consistiu no uso da técnica observação participante
além da coleta de dados e entrevistas com agentes do setor. As análises
revelaram tensões entre as(os), pesquisadas(os), que procuram distinguiremse por meio do discurso (verbal e não verbal), da reprodução de um habitus
incorporado no campo da moda e de sistemas classificatórios, no intuito de
transformarem ou conservarem suas posições sociais e de conquistarem status
privilegiado, o que se apresentou como o princípio gerador das práticas neste
contexto.
Palavras-chave: Estratégias; Composição visual; Indústria de moda; CianortePr.
SHOPPING CENTER:
A ROUPA COMO TERRITÓRIO SIMBÓLICO
Rachel de Aguiar Cordeiro Mazzarino (UNIVAP)
Maria Aparecida Papali (UNIVAP)
O shopping center é visto, hoje, não apenas como ambiente de consumo, mas
próprio para o convívio em grupo, ao circular por ele o indivíduo abre mão do
vestuário para a construção de processos identitários, por isso, acredita-se ser
possível identificar os diferentes territórios construídos através das roupas dos
127
indivíduos enquanto “habitantes” do shopping center. O território estudado aqui
é o que Haesbaert defende ligado à posse e à dominação, tem referência com
as fronteiras culturais construídas através da simbologia que o vestuário
carrega. Com o objetivo de analisar algumas manifestações de territórios
simbólicos presentes no ValeSul Shopping da cidade de São José dos Campos
em São Paulo, se faz necessário, primeiro, compreender a história dos
shopping centers na sociedade brasileira, para então compreender as
especificidades do ValeSul Shopping. Para isso, optou-se por uma pesquisa
em campo qualitativa – por registrar apenas pessoas que possuem roupas fora
do comum; experimental e não participativa – pela forma de registro informal
(em câmera de celular), e por não interferir na circulação da pessoa. A roupa
constrói as mensagens enviadas, representa a realidade, a identidade, a
história e a compreensão de mundo de quem a usa. A mutabilidade do homem
torna-se cada vez mais ligada à efemeridade da moda, do vestuário, e à
necessidade de renovação. Simmel aponta que a vida de acordo com a moda
é, uma eterna destruição e construção do indivíduo, uma busca de renovação
da imagem que deverá ser oferecida para o outro.
Palavras-chave: shopping center; identidade; território; vestuário
ESTILISTAS DA MODA AFRO-BRASILEIRA:
A IDENTIDADE QUE SE TRADUZ EM ROUPA
Patrícia Helena Campestrini Harger (UTFPR)
Marivânia Conceição de Araújo (UEM)
A identidade afro-brasileira está associada aos objetos, conceitos, linguagens e
imagens que podem estar atribuídos a uma peça do vestuário podendo
influenciar comportamento e atitude de quem veste. Os elementos valorizados
nas indumentárias e nos acessórios da moda afro-brasileira são capazes de
desempenhar um papel importante na construção da identidade cultural. O
objetivo desse trabalho é analisar como está representada a identidade do
estilista através das suas criações e a questão central é descobrir como a
identidade afro-brasileira pode ser representada através de roupas.Será
realizada uma pesquisa bibliográfica, a fim de aprofundar o conhecimento
sobre a temática proposta, também será selecionada uma estilista
representante do segmento de moda afro-brasileira e por meio de entrevista
semiestruturada serão abordados assuntos que visam descobrir como a
identidade individual e os elementos empregados refletem nas criações de
coleções de moda, podendo assim pensar como os estilistas buscam fazer as
representações da moda afro-brasileira e como traduzem os anseios da
procura pela ancestralidade e por manter viva as raízes e as tradições
utilizando a moda como suporte dessa simbologia. É imprescindível fomentar
discussões acerca da moda afro-brasileira que faz parte da cultura do nosso
país, é um mercado que está em crescimento e carece por visibilidade.
Palavras-chave: moda afro-brasileira; identidade; estilistas.
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DO CROQUI À ACADEMIA:
A BIOGRAFIA CULTURAL DE UM VESTIDO
Aline Lopes Rochedo (PPGAS/UFRG)
Um vestido criado há mais de quatro décadas pelo estilista Rui Spohr, em
Porto Alegre, e adquirido por Heloisa Pinto Ribeiro, membro da aristocracia
rural gaúcha, conduz esta pesquisa que resultou em minha dissertação de
mestrado em Antropologia Social (2015). Ao ingressar no campo, no final de
2012, identifiquei três eventos que alteraram significativamente o status do
vestido e sua relação com os sujeitos a ele ligados: a
criação/apresentação/venda do bem, em 1971; o resgate da roupa do próprio
roupeiro pela proprietária para sua festa de 80 anos, em 2011; e uma
exposição temporária sobre moda realizada no Museu de Arte Brasileira
(MAB), em 2012, em São Paulo, onde o artefato sintetizou a carreira de quase
seis décadas do criador durante dois meses. Após este último evento, a roupa
retornou à capital gaúcha e continuou provocando os sujeitos a ela
alinhavados. Converteu-se, por exemplo, em alvo de disputa entre o estilista e
a cliente: para Rui, a peça se tornou “obra de arte” e deveria ser doada ao seu
acervo de “artista”; para Heloisa, o mais importante estaria no fato de ela, a
dona, ter guardado e zelado pelo item por 40 anos, e este deveria permanecer
em seu roupeiro. A partir de um mesmo objeto, portanto, dois personagens
constroem narrativas divergentes, cada um se impondo como protagonista.
Seguindo o método etnográfico, tranço as três trajetórias e me esforço para
demonstrar como este vestido exerce agência por onde e com quem circula,
adquirindo novos capitais.
Palavras-chave: Objeto biográfico; biografia cultural; agência; etnografia
Agência financiadora: CAPES
DE BRASILIA A WASHIGNTON:
RELAÇÕES ENTRE MODA E PODER A PARTIR DO
ENCONTRO NIXON- MÉDICI
Renata Fratton Noronha (PUCRS)
Waldemar Dalenogare Neto (PUCRS)
O presente artigo busca refletir sobre as relações entre o vestir e a legitimação
de uma imagem de poder através do encontro político entre os presidentes
Emílio Garrastazu Médici e Richard Nixon. O notório crescimento brasileiro nos
dois primeiros anos de Médici no poder foi o estopim para Nixon buscar uma
aproximação definitiva com os militares do Brasil. Através da Embaixada
americana, os diplomatas Charles Burke Elbrick (1970) e William M. Rountree
(1971) organizaram um encontro entre os dois chefes de Estado com o objetivo
de estreitar os laços de amizade. Se os americanos tinham planos de fazer
apenas uma recepção formal na Casa Branca, Médici via a oportunidade de se
encontrar com o homem mais poderoso do mundo com outros olhos: ao
mesmo tempo que representaria a consolidação do ditador brasileiro, também
mostrava uma direção positiva do projeto de levar um país emergente ao
centro das discussões dos grandes dominadores da hierarquia global de
poder.Durante a visita oficial, iniciada no dia 7 de dezembro de 1971, o guarda129
roupa da primeira dama Scila Nogueira Médici, mereceu especial atenção. O
costureiro gaúcho Rui Spohr foi o responsável pela elaboração dos modelos,
levando em conta as solenidades previstas. Os registros encontrados no
acervo de Rui deixam claro o interesse de se criar para a primeira dama uma
imagem contemporânea e ao mesmo tempo representativa do “milagre
brasileiro”.
Palavras-chave: moda; política; Nixon-Médici
Agência financiadora: CNPQ
ALTA-COSTURA OU PRÊT-À-PORTER? A EXPERIÊNCIA DO
COSTUREIRO DENER PAMPLONA DE ABREU
NAS DÉCADAS DE 1960 E 1970
Débora Russi Frasquete (UEM)
Ivana Guilherme Simili (UEM)
No Brasil, a produção de roupas, como bens culturais da moda, sofreu
mudanças significativas entre os anos 1960 e 1970. O sistema produtivo do
prêt-à-porter (produção em massa), pela indústria da confecção, altera as
dinâmicas do consumo. Face às mudanças, a moda de luxo praticada pelos
costureiros da alta-costura redefine-se. São as estratégias desenvolvidas por
um dos representantes da moda que vestia as mulheres ricas do país que o
texto focaliza. Seu nome? Dener Pamplona de Abreu (1937-1978). Como
costureiro considerado criador de uma moda nacional, seus principais traços no
estilismo foram a incorporação de particularidades brasileiras nas roupas, como
estampas, tecidos nacionais, assim como considerando em suas criações o
clima brasileiro que muito diferia do europeu – enquanto utilizava a elegância
como motivação, busca incansável à boa estética, da qual faziam parte as
vestimentas, a maquiagem e os acessórios. Assim, conquistou a sociedade
brasileira, em particular, o gosto das mulheres da elite, transformadas em
clientes. A clientela fez a diferença em seu percurso. Por meio dela projetou o
Brasil como produtor de alta-costura que tinha identidade nacional. Nessa
construção identitária cruzou os tecidos, as cores e o design com o biótipo da
brasileira. Porém, os anos 1970, marcam o fim dos anos áureos da altacostura. Para costureiros, como Dener, as novas dinâmicas do mercado
ditadas pelo prêt-à-porter significaram adequações e mudanças nas estratégias
de produção e consumo. Diversas foram as iniciativas do costureiro a fim de
manter a alta-costura nesse período de transição que a moda brasileira
presenciava. Além de incentivar a criação da Câmara de Alta Costura
Brasileira, Dener participa de publicações periódicas em jornais como Correio
da Manhã e revistas como Manequim, assim como lança em 1972 um dos
símbolos de suas estratégias: o Método de Corte e Costura que se propunha a
ensinar moda para mulheres. Ensinamentos sobre como fazer roupas, o que
usar e como se tornar elegante compõem a coleção do Método, organizado em
três volumes. Associado às narrativas biográficas de Dener, neste texto, nosso
olhar se volta para as décadas de 1960 e 1970, devido as iniciativas do
costureiro em manter a alta-costura em meio a esse período de transição que a
moda brasileira presenciava. Iniciativas percebidas como recursos do
costureiro para a autoafirmação da elegância e da alta-costura, que mostram
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seus esforços para a manutenção de um período histórico que estava se
modificando, dando lugar aos poucos à modernidade produtiva da moda.
Palavras-chave: Dener; Alta-costura; Prêt-à-porter; 1960; 1970.
NEY BARROCAS: UM ESTUDO SOBRE SUA PARTICIPAÇÃO NO JORNAL
CORREIO DA MANHÃ NA DÉCADA DE 1970
Débora Russi Frasquete (UEM)
Rafaela Gini Volpin (UEM)
Ney Barrocas (1938-1999), foi um costureiro atuante principalmente nas
décadas de 1960 e 1970, que empreendeu uma carreira na moda brasileira,
além do estilismo. Fora criar suas próprias coleções, no decorrer de sua
carreira, Barrocas trabalhou como figurinista em peças teatrais e em carnavais
de escolas de samba. Era também modelista e esses conhecimentos com a
prática de linhas e agulhas foram transpostos para sua participação como
colunista no Jornal Correio da Manhã, no suplemento destinado às mulheres
chamado “Bela”. Essa participação do costureiro semanalmente no jornal
carioca na década de 1970, foi importante para a difusão da prática de costura
do “faça você mesmo”, e dos modelos criados por Barrocas, apresentando um
desenho de sua criação, ao mesmo tempo em que disponibilizava os moldes
do mesmo para que as mulheres o confeccionassem em casa. Essa facilitação
se dava por conta dos moldes prontos para o corte distribuídos em duas
páginas do jornal, associados à representação do modelo, e as descrições das
informações consideradas importantes para sua confecção. Nesse sentido, o
artigo analisa sua participação no jornal Correio da Manhã, por meio de suas
publicações e traços biográficos, buscando reforçar a sua importância para a
difusão da prática de costura. Considera-se Barrocas como parte do grupo de
costureiros que ainda incentivavam essa prática na década de 1970, período
de mudanças com a da modernização da moda brasileira, e ao proporcionar a
produção caseira de uma peça Ney Barrocas, o costureiro difundia alta-costura,
de forma acessível, porém, com sua própria etiqueta.
Palavras-chave: Ney Barrocas; Costura; Alta-costura; Correio da Manhã;
1970.
HISTÓRIA DA ALPARGATA:
UM MODELO RESISTENTE AO TEMPO E AO MODISMO
Heliana Marcia Santos (UNESP/ Bauru)
Bruno Montanari Razza (UEM/ Cianorte)
João Eduardo Guarnetti dos Santos (UNESP/ Bauru)
O sapato como artefato cultural tem relevância em estudos históricos e sua
evolução acompanhou o desenvolvimento da indumentária, refletindo o modo
de vida e cultura dos povos, pois assim como a roupa, o sapato tinha função de
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proteção em relação às intempéries climáticas e, posteriormente, observa-se
que a evolução da roupa e do calçado passou a simbolizar uma hierarquia
social e situação econômica de quem vestia. Os modelos dos calçados
femininos derivaram dos modelos masculinos que eram adaptados aos pés
femininos. Neste artigo focamos na alpargata, um calçado constituído de um
solado de corda e cabedal (parte superior) em tecido. De origem árabe, foi
introduzida na Península Ibérica e no sul da França, ganhando o nome de
Espadrilles. No Brasil, ficou conhecida inicialmente como calçado espanhol,
devido à imigração espanhola no fim do século XIX e pela influência da
Argentina e Uruguai, onde já eram populares. A primeira produção industrial
ocorreu em 1907 com a Fábrica Brasileira de Alpargatas e Calçados,
difundindo a alpargata no mercado nacional. Nos anos 1950 a marca já estava
consolidada, com grandes investimentos em publicidade enfatizando o baixo
custo, o conforto do produto e a indiferenciação de gênero. Num país de pés
descalços, a alpargata foi também importante em campanhas governamentais
e introduzida como uniforme escolar. Esta pesquisa teve como objetivo
compreender os significados e características da alpargata, utilizando
referências bibliográficas e propagandas impressas. A alpargata é um modelo
de vanguarda, tem importante papel social e cultural, é um calçado confortável
e democrático.
Palavras-chave: História da Moda; Calçado; Alpargata; Consumo de Moda;
Publicidade de Moda.
Agência financiadora: FAPESP
A PRIMEIRA REVISTA DE MODA DO BRASIL UMA ANALISE DE IMAGENS
DOS PRIMEIROS EDITORIAIS DA REVISTA MANEQUIM (1960-1965)
Paula Rafaela da Silva (PUCRS)
Esse texto pertence ao desenvolvimento da pesquisa de doutorado inserida no
Programa de Pós-graduação em História da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul, financiado pela CAPES e tem como objetivo pensar
questões sobre cultura visual referente ao corpo que veste e ao processo de
internacionalização da roupa através da comparação das revistas de molde
Burda® (Alemanha) e Manequim® (Brasil) na década de 1960.Neste ensaio
procurei problematizar sob a perspectiva da cultura visual abordando
brevemente o conceito de performance do corpo, a partir da análise das
fotografias dos editoriais da revista Manequim® da primeira metade da década
de 1960. Dentre as percepções, podemos ver uma prática de cultura visual
que, embora, priorize destacar a roupa em detrimento da modelo, exibe uma
modelo com gestos delicados, que lembram bailarinas leves, graciosas e
comportadas. Apontando para uma característica de época na qual as roupas
recatadas, de cortes retos e adequados se unem a situações que eram guiadas
pela revista. Como um manual, mais do que o molde da roupa, a
Manequim® ensinava como e onde usar as peças; ensinava as regras
performáticas do corpo que iria vestir a roupa. Através da linguagem
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fotográfica, apresentava uma visualidade que parecia assegurar, a quem
seguisse a orientação, de estar bem vestido, adequado e inserido no meio
social.
Palavras-chave: Moda, Cultura Visual, performance, corpo, história.
Agência financiadora: CAPES
DA ROUPA AO PROCESSO: REFLEXÕES SOBRE O ACERVO DO
ESTILISTA PARAENSE ANDRÉ LIMA.
Yorrana P. Maia de Souza (UNAMA)
Deleuze (1988-1989) discute na letra I, em seu abecedário, questões
relacionadas a ideia. Para o autor, criar é ter uma ideia, e as ideias são uma
obsessão: elas vão e voltam, se afastam, tomam formas diversas. O que
acontece é que a ideia não nasce pronta e precisa; é necessário construí-la.
Para o filósofo, o criador dá consistência a um conjunto de percepções e
sensações que vão além daquele que a sente, que são os perceptos. E não
existe perceptos sem os afectos que são os devires, os encontros.Na pesquisa
de acervos museológicos de moda surge a importância do estudo dessas
variáveis do processo de construção de uma ideia para a compreensão dos
territórios existenciais do estilista, para então estabelecer conexões e sentidos
nas roupas criadas por ele. Considerando, assim, nas práticas museológicas
um olhar rizomático que busca passagem do objeto aos processos. Portanto,
propomos a observação e reflexão de um lugar de trânsito entre os perceptos e
afectos, através dos documentos do processo de criação, e as roupas do
acervo que foi doado pelo estilista paraense André Lima para a UFPA, em
2015. Trata-se de um acervo que revela um estilista que transita por territórios
sampleados, dramáticos, místicos, selvagens, sofisticados, femininos e às
vezes andrógenos, mas quase sempre delirantes sem pudores em misturar
tudo isso. Parte de seus devires que retratam a sua percepção de Si e do
mundo que o cerca.
Palavras-chave: Acervo; roupa; perceptos; afectos; André Lima
TROPICÁLIA: MODA E CONTRACULTURA EM FINS DA DÉCADA DE 60
Patrícia Marcondes de Barros (UNISANTOS)
O movimento contracultural dos anos 60, teve por objetivo rebelar-se contra os
valores instituídos pela sociedade norte-americana, engendrando uma cultura
marginal que se pautava pela transcendência do mundo capitalista e
tecnocrático. Através dos êxtases propiciados pelas drogas e filosofias
orientalistas, do rock, da colocação do sexo como proposição social, da
formação das comunidades hippies, a exemplo, tentava-se buscar a
reintegração da totalidade humana, aspirando por uma volta à natureza e
retribalização. Sua forma de expressão e diferenciação foi assinalada por uma
linguagem universalista que se deu através de gírias, de danças, das roupas
excêntricas, coloridas e adereços artesanais, da barba e dos cabelos
compridos e ganhou contornos próprios em cada lugar do planeta revelando o
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anseio ideológico de ruptura com os padrões estéticos vigentes. O presente
trabalho tem como objetivo analisar a face contracultural brasileira com o
Movimento Tropicalista e sua fabricação de sentidos e identidades através da
Moda. Através de pesquisa qualitativa e fontes de época, como impressos
alternativos e peças publicitárias, refletir-se-á sobre a apropriação das roupas
por grupos sociais e culturais específicos. A Moda revela as tensões e os
debates estabelecidos naqueles anos em torno das aparências e dos
comportamentos que tiveram palco no país, fabricando significados para a
indumentária e a aparência, afirmando identidades, resistências e contestação
dos segmentos jovens da época.
Palavras-chave: Moda; Contracultura; Tropicalismo; Ditadura Militar.
A HISTÓRIA PELOS FIOS DA IMAGEM: MODA E MEMÓRIA
Joana Bosak (UFRGS)
A história contada pelas imagens nem sempre foi reconhecida como verossímil.
De acordo com Peter Burke, pode-se sim, retomar o fato ocorrido através do
testemunho da imagem. O presente artigo pretende analisar as imagens de
arte que colocam a indumentária do final do século XIX no Rio Grande do Sul
como documentos de compreensão de uma época e como retrato de época
dos humores, saberes, fazeres e sensibilidades. Artistas como o pintor Pedro
Weingartner tiveram papel decisivo na construção de uma visualidade de
indumentária e mesmo de moda no Rio Grande do Sul do final dos 1800. A ele,
no início do século XX se soma o fotógrafo amador Lunara, que compõe
imagens carregadas de significado em sua montagem cenográfica das ruas de
Porto Alegre da primeira década de 1900. O estudo de Athos Damasceno
Ferreira, de 1957, é, desta forma, complementado pelas imagens dos dois
artistas, que tornam visível, através das imagens pintadas e fotografadas,
aquilo que no texto de Damasceno - bem como em outros textos literários, não
historiográficos - ficava no âmbito do imaginado. Desta forma, pintura e
fotografia atestam, através da imagem, a existência da história existente
apenas através da palavra escrita. O interessante aqui, é que as imagens são
anteriores à palavra.
Palavras-chave: história através de imagens; indumentária; pintura; fotografia.
HISTÓRIA MILITAR, MODA E GÊNERO: ABORDAGENS
Patrick Aparecido Trento (UEM)
Salientamos por meio das abordagens que remetem aos estudos da nova
história militar, de gênero e moda, a proposição de temáticas que admitam
essa discussão e permeiem os âmbitos dessa interdisciplinaridade.
Focalizamos como possibilidade a descrição do até aqui levado a cabo na linha
de Fronteiras, Populações e Bens Culturais do Mestrado do Programa de Pós
Graduação em História da Universidade Estadual de Maringá, que tem por
projeto a asserção da Força Expedicionária Brasileira enquanto objeto para o
exame das emergências de masculinidades múltiplas em seu interior, a partir
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da contraposição com a imagem homogênea no que tange o propósito da
identidade do ser homem, discursada pelos meios militares. A moda assim,
bem como a aparência se tornam caminhos onde podem se inscrever as
diferentes maneiras de ser do masculino, comunicando-se não-verbalmente e
desvelando brechas nas distintas e rígidas hierarquias perpetradas pelas
disciplinas no seio da caserna. Esperamos contribuir e suscitar questões ao
debate de novas frentes para a historiografia, principalmente na área cultural,
local no qual as categorias de masculino e de cultura militar ainda podem e
devem ser bem melhor explorados, a fim de termos melhores quadros de
apreensão que elucidem com maior clareza suas complexidades e
contradições, suas diversas perspectivas e contingências nas formações de
fronteiras de identidade.
Palavras-chave: Militar; Moda; Gênero.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS CINEMATOGRÁFICAS DA ARISTOCRACIA
BRITÂNICA DO INÍCIO DO SÉCULO XX – UMA ANÁLISE DA SÉRIE
TELEVISIVA DOWNTON ABBEY
Dércio Fernando Moraes Ferrari (UNIOESTE)
André Esteves de Oliveira (UNIPAR)
O presente trabalho busca analisar as representações sociais transmitidas pela
série televisiva Downton Abbey através da moda e suas implicações na
hierarquia social. A série, que é criação de Julian Fellowes, tem seu tema
baseado na aristocracia britânica. A trama se passa no Highclere Castle, onde
os Crawley, uma típica família aristocrática britânica, vivencia uma série de
eventos históricos que vão apresentando gradativamente uma ruptura com os
anos gloriosos e a entrada da família na modernidade. O programa ainda é
responsável por uma precisa análise social da época, onde vestimentas, festas
e o próprio modo de vida são temas centrais da série, apresentando suas
desigualdades. Como objetivo deste trabalho também se configura uma análise
dos problemas sociais e os preconceitos apresentados pela série, como o
divórcio, o racismo, a xenofobia e a própria superioridade defendida por alguns
membros da família Crawley em relação a outras classes sociais. Dentre os
eventos históricos analisados estão o advento da eletricidade, do telefone, a
Primeira Guerra Mundial, a crise da aristocracia, as revoltas proletárias do
século XX e os casamentos arranjados. A série que inicia sua 6ª e última
temporada em 2015, está inclinada a apresentar uma ruptura com os valores
aristocráticos e uma abertura ao contexto inglês de meados do século XX.
Outro tema de análise são as relações sociais desenvolvidas entre os
trabalhadores de Downton Abbey, que vivem na propriedade para desenvolver
suas atividades laborais e estão ao mesmo tempo muito distantes da realidade
vivenciada pelos Crawley.
Palavras-chave: Aristocracia; Downton Abbey; Representações Sociais; Moda.
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MODA E IMAGEM NA COMUNICAÇÃO REGIONAL CONTEMPORÂNEA:
ANÁLISE IMAGÉTICA DO SUPLEMENTO DE MODA FASHION D, DA
REVISTA D MARÍLIA
Danieli Assunção Cardozo (UNESP-Marília)
Luiz Gustavo Leme (UNESP-Marília)
Na história da humanidade é fato que o corpo foi recoberto, de acordo com o
tempo e o espaço. Assim, é possível afirmar que a moda é uma referência para
o estudo da sociologia, o que permite diversas possibilidades para a análise
dos grupos sociais e de suas influências sobre o indivíduo. A indumentária
fornece os artifícios para indicar a importância das pessoas e a emissão de
julgamentos com base no que estão vestindo, propiciando um discurso
histórico, econômico, etnológico e tecnológico, sendo um “sistema de signos”
por meio do qual o ser humano delineia a sua posição no mundo e a sua
relação com ele. Este projeto pesquisa os aspectos da indumentária feminina
da sociedade mariliense contemporânea, tomando como instrumento de
análise a Revista Fashion D, parte integrante da Revista D Marília, periódico
regional bimestral. A pesquisa se utiliza de análise de conteúdo dos editoriais
de moda do caderno citado, com base na análise semiótica da imagem. Assim,
a análise iconográfica da referida editoria é complementada pela análise
iconológica dos signos contidos enquanto informação e, também, publicidade
de moda. Esta pesquisa identifica, analisa e interpreta as mudanças estéticas,
no sentido de compreender como as mensagens visuais foram construídas,
tendo em conta seus destinatários. A pesquisa, ainda em processo de análise,
já pode perceber o quanto o “fazer revista de moda”, tanto para o nicho
regional, quanto como o fazem as grandes publicações, são semelhantes nos
artifícios utilizados para atender seus objetivos, como a exploração imagética
até outros aspectos iconográficos.
Palavras-chave: moda; comunicação; sociologia da moda; comunicação
regional
SOBRE MODA & E APARÊNCIAS: PERCEPÇÕES PROTESTANTES EM
JORNAIS RELIGIOSOS
Carlos Barros Gonçalves (UFGD)
O chamado protestantismo histórico, ou de missão, instalou-se no Brasil a
partir das últimas décadas do século XIX. Esse ramo cristão foi representado
pelas igrejas Presbiteriana, Batista, Metodista, Congregacional e Episcopal.
Uma das primeiras ações de lideranças dessas confissões foi investir na
confecção de periódicos. Algumas dessas publicações permanecem em
circulação nos dias atuais. O foco dessa comunicação é refletir sobre um tema
pouquíssimo estudado pelos historiadores do protestantismo brasileiro: as
percepções de protestantes a respeito da moda e das aparências (o vestir, a
estética, o corpo). O objetivo é compreender como fiéis e lideranças, por meio
dos jornais denominacionais, se apropriaram e forjaram significados a respeito
da visualidade corporal entre os membros das diversas igrejas, em fins do
século XIX e primeiras décadas do século XX. Nos periódicos religiosos os
códigos utilizados para a transmissão de uma mensagem “educativa” tendiam a
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ser diretos, ainda que não explícitos. Em tais publicações sobressaíram os
exemplos de comportamentos “certos” ou “errados e suas consequências”
(MARTINO, 2003, p. 137, 138). Para essa abordagem os periódicos foram
apreendidos como práticas sociais constituinte da realidade social, que
direcionou maneiras de pensar, agir e definiu papéis culturais, generalizou
posições e interpretações que se pretendiam universais (MACIEL, 2004, p. 15).
Nesse sentido, é possível afirmar que por meio desses impressos as diferentes
igrejas moldaram comportamentos, definiram papéis sociais, considerados
como saudáveis e mais adequadas ao viver religioso então evocado.
Palavras-chave: protestantismo; moda; jornais.
GÊNERO E PUBLICIDADE: UM OLHAR HISTÓRICO
Camila Carmona Dias (IFRS)
O trabalho visa pesquisar e analisar a publicidade direcionada às mulheres dos
anos 1950 veiculada na revista O Cruzeiro com foco na moda e beleza,
relacionando tal investigação com o comportamento feminino. O
desenvolvimento da pesquisa centra-se na análise das representações
simbólicas sobre a publicidade de produtos de moda e beleza direcionada para
mulheres no período informado. Assim, a pesquisa busca analisar a sociedade
do consumo de moda e beleza. O trabalho busca agregar saberes e
ressignificar alguns conceitos tidos como universais, no que diz respeito à
constituição da formação de identidades femininas por meio da publicidade da
época propagada pela revista O Cruzeiro. Partindo desse objetivo, o objeto de
estudo será abordado sob uma perspectiva histórica. Os instrumentos
utilizados para o desenvolvimento deste trabalho são a pesquisa bibliográfica e
a documental. Na década de 1950, a mulher é eleita como o ícone da
sociedade em transformação, a personagem principal da maioria das
publicidades, mesmo quando o produto não lhe é especificamente dirigido. Já
que ela é a responsável pelo bem-estar de toda a família e do lar, nada mais
óbvio do que lhe oferecer produtos destinados ao esposo, aos filhos, às tarefas
domésticas. Na ideologia dos anos dourados, acentua-se a compreensão da
beleza como construção, investimento e obrigação pessoais. Nessa mesma
ideologia, a maternidade, o matrimônio e a dedicação ao lar fazem parte da
essência feminina, sem possibilidade de negociação ou contestação. Existem,
contudo, no período, mulheres que lutam para soltar as amarras do
tradicionalismo, da opressão, na busca por reconhecimento, por emancipação,
por autonomia, enfim, para simplesmente ser mulher.
Palavras-chave: Mulher, moda, beleza, anos dourados, publicidade.
Agência financiadora: Fomento Interno de Pesquisa do Instituto Federal de
Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS) – Campus
Erechim.
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A DIVERSIDADE NA PUBLICIDADE DE MODA – UMA REFLEXÃO
Julia Rosolino Pasqualinotto (UEM)
Ana Caroline Siqueira Marins (UEM)
“A moda é o espelho da história” afirmou Luís XIV, referindo-se a importância
do fenômeno como reflexo dos acontecimentos e valores histórico/sociais. Na
contemporaneidade, gradualmente, os padrões e estereótipos relacionados a
questões estéticas, sociais e econômicas vêm sendo desmistificados, trazendo
a diversidade – de gênero, étnica, de idade e aparência – a tona, sendo um dos
principais reflexos da cultura atual. Neste sentido, a moda, por estar carregada
de códigos e ser um meio de expressão, individual e coletiva, se torna
importante na disseminação de vertentes do comportamento da sociedade,
seja por motivos ideológicos e/ou por interesses econômicos. Nota-se que
parte das atuais campanhas publicitárias de moda tem difundido conceitos em
prol da diversidade, inclusão social, cultural e estética, por isso, o objetivo é
discutir como a publicidade de moda tem tratado o tema diversidade e qual
discussões tem gerado, a fim de analisar e expor uma pequena amostra das
diversas faces do tema no universo fashion. A metodologia utilizada foi a
pesquisa bibliográfica e o estudo de caso, realizado com uma marca de moda
de projeção nacional que recentemente (2015) lançou uma campanha nesta
vertente. Foi possível perceber que a aceitação do público ficou dividida entre
aqueles que apoiaram a campanha e aqueles que não aceitaram a nova
proposta, o que demonstra a própria discussão e divergência em relação ao
tema, embora, publicitariamente, no caso da marca pesquisada, a proposta
gerou resultados positivos em relação ao posicionamento da marca no âmbito
nacional.
Palavras-chave: Moda; Publicidade; Diversidade.
NARRATIVAS COTIDIANAS NOS BLOGS DE MODA
Patrícia Carla Mucelin (UDESC)
Novas relações de consumo se estabeleceram entre internautas e produtores
culturais, especialmente a partir do surgimento dos blogs de moda e beleza. A
tese que estamos desenvolvendo para o doutorado em história investiga o
processo de ascensão das blogueiras brasileiras Camila Coelho, Camila
Coutinho, Lala Rudge, Thássia Naves e Helena Bordon que foram celebrizadas
no campo da moda, especialmente a partir da publicação da edição de julho de
2013 da revista Glamour, em que elas apareceram na capa e no conteúdo da
edição. Neste artigo discutimos sobre os comerciais de divulgação da revista
glamour em contraponto com o depoimento da blogueira Camila Coelho sobre
o sucesso que atingiu por meio do blog. Por meio dos levantamentos teóricometodológicos de Sant’Anna (2014), que procura mostrar que a sociedade
contemporânea é também uma sociedade da moda e da aparência; Alexander
Freund (2014) que elucidou as questões sobre como elaborar pesquisas
através de histórias orais arquivadas como processo gerador de dados; Pierre
Bordieu (1993) sobre o conceito de campo e sobre a ilusão biográfica e Néstor
Canclini (2009) sobre o conceito de Interculturalidade, procuramos
compreender como a subjetividade das blogueiras é expressa através da fala
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sobre os seus cotidianos e da experiência de vivenciar a legitimação da
profissão de blogueiras. Os blogs criam estratégias de poder, isso desencadeia
um consumo no sentido amplo, de modelo de vida, pois se por um lado as
blogueiras se utilizam da moda como símbolo de prestígio social, elas também
corroboram para o fortalecimento da cultura de consumo.
Palavras-chave: Blogueiras; moda; cotidiano; Revista Glamour.
Agência financiadora: PROMOP.
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ST13 – HISTORIA DA INFANCIA ADOLESCENCIA E
JUVENTUDE
NEGRINHOS NO TOMBADILHO: A TRAFICÂNCIA DE CRIANÇAS
ESCRAVAS NOS NAVIOS NEGREIROS NOS SECULOS XVIII - XIX
Robson Roberto da Silva (UNESP–Assis/UEL)
Esse artigo acadêmico tem por objetivo analisar a efetiva presença de crianças
negras no processo de traficância de escravos entre a costa africana e a
colônia do Brasil entre os séculos XVIII e XIX. A Historiografia Tradicional
confirmava que o número de crianças traficadas era ínfimo; devido
principalmente à necessidade de homens formados para o trabalho nas
plantações monocultoras e na mineração, as crianças eram preteridas pelos
senhores de escravos. Porém, novos estudos historiográficos e antropológicos
de pesquisadores norte-americanos e brasileiros revelam que mesmo em
número inferior, as crianças tiveram participação marcante nas etapas do
trafico negreiro: captura, embarque, travessia e venda no mercado.
Primeiramente será analisado o funcionamento sócio-cultural da escravidão na
África antes da chegada dos portugueses e como o comércio de escravos já
era praticado no continente africano; mas com características diferentes, pois
era de ordem patriarcal, com assimilação dos cativos a família senhorial. Em
seguida será descrito o embarque das crianças negras e as péssimas
condições durante a travessia rumo à costa das Américas, especialmente para
os portos brasileiros. Essas crianças, conhecidas como crias, ficavam
enfileiradas em um setor separado dos adultos, perto do tombadilho e lhes era
permitido andarem pelo convés; entretanto, sua situação não era menos
degradante, comiam mal e muitas morriam pelo caminho devido às doenças
nos navios negreiros. E por fim, será descrito as condições deploráveis das
crianças escravas que chegavam aos portos brasileiros. As poucas
sobreviventes eram separadas de suas famílias e vendidas nas casas
comercias para os senhores de escravos.
Palavras-chave: crianças escravas, tráfico de escravos, navios negreiros
Agência financiadora: CNPq – CAPES.
A HORA DAS CRIANÇAS, DE WALTER BENJAMIN,
E A PEDAGOGIA ANTIFASCISTA
Rui Bragado Sousa (UEM)
A proposta desse trabalho é analisar a recente obra traduzida ao português (A
hora das crianças) como parte integrante do pensamento de Walter Benjamin,
onde surgem didaticamente conceitos complexos, como a aproximação de
materialismo histórico e messianismo, a crítica à concepção de tempo vazia e
homogênea, meramente evolucionista da social-democracia alemã, à noção de
progresso positivista, concepção que – conforme Benjamin – produziu uma
avaliação equivocada do Fascismo e a impotência em deter a ascensão de
Hitler. Os vinte e nove pequenos textos, redigidos em forma palestras
140
radiofônicas, foram traduzidos diretamente das obras completas de Walter
Benjamin em alemão, organizadas por Rolf Tiedermann. Foram escritas e
narradas pelo próprio Benjamin entre os anos de 1927 e 1932, apresentados
em duas rádios alemãs, em programas com cerca de vinte minutos de duração.
Mas a pergunta que deve ser feita antes da análise o livro é por que Benjamin
se interessou pela cultura infantil e juvenil num período catastrófico na
Alemanha, de crises econômicas e de tensões políticas com a escalada
nazista? Sabe-se que Benjamin foi um dos mais eminentes pensadores do
século XX, filósofo por formação, tradutor dos poemas de Baudelaire,
historiador da cultura e em certo sentido também foi também teólogo. Mas
poucos estudiosos legaram devida atenção ao seu perfil de brilhante...
pedagogo. A pedagogia de Benjamin avalia a perda de experiência do homem
moderno (transformado em autômato) e ao mesmo tempo visa o rompimento
desse estado de reificação de que (denominou “perda da aura”) através da
interrupção, da cesura, do choque. Há um síntese entre Marx, Freud e
Baudelaire no pensamento de Benjamin direcionado às crianças. Esta
comunicação tem por objetivo esclarecer esses pontos.
Palavras-chave: Walter Benjamin; História da infância; fascismo alemão.
APONTAMENTOS DE PESQUISA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A PARTIR
DA CATEGORIA “MENOR”
Nicolle Taner de Lima (UDESC)
O presente trabalho pretende apresentar os apontamentos iniciais de uma
pesquisa que tem como ponto de partida a Casa do Pequeno Jornaleiro de
Curitiba, entre o período de 1960 e 1985. A Casa foi criada em 1943, com
intenção de amparar e prestar assistência a menores, na cidade de Curitiba,
através da educação, religião e trabalho. A pesquisa que realizarei no mestrado
pretende analisar como se dava a seleção e categorização destes meninos,
quem eram, sua origem e composição familiar, a partir dos registros de entrada
e fichas documentais da instituição, disponíveis para consulta no Arquivo
Municipal da capital paranaense, buscando contextualizar o termo menor
utilizado nos registros e materiais da imprensa dentro de discussões políticas e
das práticas assistencialistas que marcam a segunda metade do século XX no
Brasil, do conceito de disciplina e moralização pelo trabalho. Nesta
apresentação, no entanto, pretendo expor as análises iniciais da revisão
bibliográfica a partir do termo ‘menor’, muito enfatizada nos relatórios da
CAPEJO: um levantamento sobre as principais políticas públicas direcionadas
ao menor, e como se deu o estabelecimento e manutenção deste termo, bem
como a mudança de significados e categorias que o menor se enquadraria, e
de permanências, principalmente no que diz respeito à criminalização da
criança pobre e do entendimento de que a família desestruturada e o abandono
culminariam na criminalidade.
Palavras-chave: Menor, Infância; História da Infância; Políticas Públicas para a
Infância; Casa do Pequeno Jornaleiro.
141
O QUE VOCÊ PENSA QUE ESTÁ PENSANDO? OS DISCURSOS AOS
JOVENS PROTESTANTES ACADÊMICOS (1968-1990)
Natan Alves David (UFSC)
Pensar a juventude é pensar uma parcela da vida humana em que se encontra
um conjunto de ideários tão significativos e intensos, terrenos instáveis e
transitórios, aos quais se anseiam aspirações vindouras ao choque com
sentidos do presente, que demonstram toda a incompletude e audácia da sua
volatilidade. Intenso também é perceber, do ponto de vista crítico e analítico, as
formas de pensamento e os processos de construção de pensamento desta
juventude. A partir de múltiplos discursos, serão percebidos nesta
comunicação, os jovens protestantes em período acadêmico no Brasil.
Percebe-se uma significativa produção e apropriação de sentidos nestes
discursos, que possuíam um poder simbólico na mobilização e inclinação da
juventude às práticas tidas como verdades aos grupos. Nos espaços
universitários, os jovens protestantes entravam em choque com uma realidade
ainda não experimentada, e, abria-se a possibilidade da formação de novas
subjetividades. Neste cenário há um interessante processo de formação de
sentidos, mobilizando receios e vigilâncias. As igrejas colocaram-se
preocupadas com suas juventudes, estabelecendo relações com intento de
formar uma nova mentalidade, buscando compreender seus contextos
energéticos, como também, necessitando forjar na juventude cristã um
conjunto de ideário, instruindo-os a agir e influenciar a sociedade secular com
as práticas cristãs. Pastores, líderes, presbíteros, publicavam seus textos nas
revistas de juventude; postulavam sobre estes nortes juntos aos púlpitos
dominicais; durante os congressos, acampamentos, e eventos de juventude, os
ensinamentos possuíam uma preocupação com a vida fora das paredes da
igreja. Os objetivos confluíam para um mesmo horizonte: o jovem cristão
deveria viver em retidão, afastar-se de preceitos seculares, mas influenciá-los
com um testemunho exemplar, e não se macular com os contextos juvenis de
outros setores da sociedade, mas entusiasmar cada esfera ao qual se situava.
As leituras, o compromisso com a fé, o respeito com o próximo, a busca pela
excelência acadêmica, a retidão dos passos e a não maculação com os vícios
e prazeres vão revelar espaços de produção de sentido, e uma cúmplice
apropriação de relações de poder. Os mecanismos institucionais de saberes
comuns aos processos educacionais, como também na esfera religiosa, serão
evidencias de que estas experiências são de fato amostras visíveis de relações
de poder em que não se valida um ambiente de um poder exercido por um
alguém centralizado, ou por uma estratégia previamente executada, e sim, pela
presença destes espaços de produção de poder, um jogo em que há trocas e
densas relações de poder, em que orientam a prática subjetiva no coletivo,
fabricado pelo exercício do poder sobre o individual.
Palavras-chave: juventude cristã, juventude academica, jovens protestantes.
Agência financiadora: CAPES
142
MOVIMENTO ANARCO PUNK EM MARINGÁ – O INÍCIO
Antonio Marcos Tavares (UEM)
Nasce em Maringá entre as décadas de 1970 e 1990 o movimento anarco
punk, e a partir de entrevistas trabalho a busca do entendimento histórico deste
fenômeno. O objetivo é analisar o movimento anarco punk entre jovens de 14 a
25 no período citado. Para isto analiso principalmente as memórias dos
principais envolvidos neste movimento. Maringá nesse período, mesmo antes
de configurar como sede de região metropolitana, possuía grande
representatividade regional, porém, tendo em si um fenômeno típico de
grandes metrópoles, já que ainda é uma cidade interiorana com traços de
conservadorismo social, cultural, político e religioso. Como estes novos atores
chegam dentro neste recorte espacial e como isto se desenvolve, são algumas
das buscas de entendimento. Por meio de entrevistas, com a memória viva os
entrevistados fazem valer a história oral, a principal fonte usada de valor
imensurável para a construção histórica da juventude maringaense. Materiais e
métodos usados são vídeo entrevistas, buscando resgatar as memórias
buscando o máximo possível de informações com imparcialidade. Resultados e
Discussão com entrevistas transcritas analiso o contexto. A história oral
trabalhada de forma intensa demonstrou grande potencial no que diz sobre o
problematizar a história deste fenômeno que outrora fora de jovens.
Palavras-chave: anarquismo; juventude; Maringá; punk; cultura.
Agência financiadora: PIBIC-AF-IS UEM
RESPONSABILIZAÇÃO DE ADOLESCENTES E JOVEM-ADULTOS NO
BRASIL: OS TRATOS HISTÓRICOS COM A
JUVENTUDE EM CONFLITO COM A LEI
Glória Christina de Souza Cardozo (UEM)
Verônica Regina Muller (UEM)
O trabalho compõe investigação realizada para a dissertação de Mestrado em
Educação que analisou a atual constituição do Sistema Nacional de
Atendimento Socioeducativo. A pesquisa envolveu a discussão sobre a
construção de políticas públicas para a execução de medidas socioeducativas,
especialmente a de internação, a partir da reflexão sobre os sujeitos de direitos
submetidos a seu cumprimento. Abordam-se por ora os tratos históricos que no
Brasil foram utilizados na responsabilização de adolescentes e jovem-adultos
autores de atos infracionais. Trata-se de trabalho, inscrito na abordagem
qualitativa (RICHARDSON, 1999), empregando técnica investigativa construída
a partir da pesquisa narrativa (BOLDARINE, 2010), das abordagens (auto)
biográficas (NÓVOA, 1993) e da memória profissional (FENELON, 2008;
SOUZA, 2007; SARLO, 1997) sendo complementada pela análise documental
(LÜDKE; ANDRÉ, 2010) para a reconstituição das trajetórias de vida de
adolescentes responsabilizados pela prática de ato infracional com a medida
socioeducativa de internação, inseridos no SINASE. O movimento de denúncia
ou de anúncio da desproteção e da violação de direitos que caracteriza o
trabalho, frente a percepção que temos dos direitos infantojuvenis, é válido na
medida em que explicita que a formalização dos direitos por meio da sanção de
143
leis não é suficiente para a proteção integral de crianças e adolescentes, tendo
estes ou não envolvimento com a prática infracional. Entretanto a existência
das leis e a reivindicação de seu cumprimento por meio da construção e
implementação das políticas públicas se insere na luta política pela
compreensão de que, conforme Costa (2006a) a legislação infantojuvenil cria
condições para sua exigibilidade.
Palavras-chave: Adolescentes em Conflito
Socioeducativas; SINASE; Educação Social.
com
a
Lei;
Medidas
OLHARES SOBRE A JUVENTUDE EM BLUMENAU/SC: UMA HISTÓRIA DA
LEI ORDINÁRIA Nº 5211
Leonardo Brandão (FURB)
Esta pesquisa foi concebida no domínio historiográfico conhecido como
“História da Juventude”. Tomamos como objeto de estudo o movimento dos
jovens skatistas de Blumenau/SC, em especial durante o período de proibição
desta atividade na cidade. A proibição foi decretada pela Lei Ordinária de
número 5211, que entrou em vigor no dia 17 de maio de 1999 e foi revogada
somente em 2008, durante a gestão do prefeito João Paulo Kleinübing. O
objetivo central foi compreender os motivos que levaram o poder público a
decretar a proibição desta atividade e como a existência dessa lei afetou
muitos jovens, interferindo em suas práticas de lazer e, em vários casos,
marginalizando tanto a prática quanto seus praticantes. Além disso, através do
método da História Oral, foi realizado um trabalho de entrevistas com os
sujeitos remanescentes desta época. Muitos relataram casos de repressão e
abuso de autoridade policial, como violência física, agressões verbais e multas.
Concluiu-se que, embora a proibição dessa atividade juvenil tenha sido
decretada por lei municipal no ano de 1999, uma coibição bastante rígida a ela
já existia desde o final da década de 1980 em Blumenau. Além disso, o retorno
à legalidade, ocorrido com a revogação da lei no ano de 2008, foi conquistado
através da pressão organizada pelos jovens na câmara dos vereadores e junto
ao prefeito. A legalização foi acompanhada pela construção de uma pista
pública de skate no Parque Ramiro Ruediger, próximo ao centro da cidade.
Palavras-chave: História; Juventude; Skate; Blumenau.
A CRIANÇA E O MUSEU: SILENCIAR PARA EDUCAR?
Martha Helena Loeblein Becker Morales
(INDEX Informação Integrada/ Museu Paranaense)
Atualmente o visitante mais habitual de museus de cunho histórico é a criança
em situações de mediação de turmas escolares, previamente agendada pelo
professor responsável. No entanto, surpreende o quanto a criança está subrepresentada nos circuitos expográficos destes mesmos museus, vislumbrada
não raro como um adulto em formação e não como um sujeito em si. O objetivo
deste trabalho é contextualizar estas afirmações, por meio de levantamento da
historiografia que se preocupa com a musealização da infância, mas também
144
apresentar um breve estudo de caso centrado no Museu Paranaense.
Instituição centenária, este museu oferece um cenário propício ao estudo de
silenciamentos e ênfases que determinam o tipo de construção histórica que
chega ao grande público, uma vez que seu circuito expositivo de longa duração
se propõe a abordar a ocupação do território paranaense desde 10 mil anos
antes do presente até a atualidade. Neste conjunto de materialidades e
interpretações, percebe-se um grau de passividade esperado do visitante que
adentra os muros institucionais para ser educado pelo olhar. Dessa forma, a
criança, assídua em suas excursões escolares, não é sujeito presente nas
vitrines caracterizadas pelo adulto, beligerante e grandioso, nem é convidada a
tornar-se sujeito por meio da crítica e do questionamento, numa relação de
educação vertical que não considera sua participação. Somente repensando
esta relação entre gerações, entre público e especialista, bem como
reconfigurando o arranjo expográfico, será possível transpor a ideia de uma
educação por meio do silêncio e da passividade dos visitantes.
Palavras-chave: criança; Museu Paranaense; cultura material; expografia
145
ST 14 - HISTORIA E RELAÇÕES DE GENERO REFLEXOES EM
PAUTA
ECONOMIA FAMILIAR E ADMINISTRAÇÃO DO PATRIMÔNIO FAMILIAR
PELAS MULHERES DE SANTIAGO DO CHILE, 1580-1600.
Andrea Margarita Armijo Reyes
(Universidade de Santiago de Chile.
O dote matrimonial era destinado a fornecer o novo casamento com um capital
em dinheiro e bens materiais como mecanismo de apoio ao marido para
satisfazer as necessidades da futura família. O dote era propriedade exclusiva
das mulheres e só foi dado ao marido para a sua administração. Através de
uma perspectiva de gênero, o objetivo é analisar a participação econômica das
mulheres casadas e viúvas no contexto familiar e trabalho. Os documentos de
dote são analisados para identificar os bens e capitais que entraram no
casamento, que forneceriam a base econômica da nova família. Também e
examinada a sua participação como administradoras dos bens e recursos da
família no momento que ficaram sozinhas, o que permitiu a sua intromissão em
atividades consideradas típicas dos homens. Como metodologia para refletir
sobre a administração patrimonial temos registrado 35 cartas e recibos de dote
do acervo documental “Escribanos” do Arquivo Histórico Nacional, investigando
anualmente entre dois e sete dotes. Os anos de 1595 até 1597 ficaram
registradas o maior número de cartas de doação, sete dotes; no ano de 1596
cinco e no ano 1600 quatro. Também foi realizado um seguimento das
mulheres casadas e viúvas que fizeram testamentos para analisar como se
desenvolveram na administração do patrimônio familiar. Portanto, o estudo é
importante para a compreensão da história social colonial em um aspecto tão
vital como a importância da mulher na reprodução sócio-econômica de
Santiago do Chile durante o século XVI, deixando de lado a suposta
invisibilidade, atitude submissa e sem figuração das mulheres.
Palavras-chave: Relações
administração patrimonial.
de
gênero;
mulheres;
dote
matrimonial;
REPRESENTAÇÕES SOBRE A HONRA E A SEXUALIDADE DA MULHER
NO LIVRO V DAS ORDENAÇÕES FILIPINAS:
HISTÓRIA, DIREITO E GENÊRO NA AMÉRICA PORTUGUESA DOS
TEMPOS DA UNIÃO IBÉRICA (1580-1640)
Vanessa Caroline da Cruz (UEL)
O chamado período da União das Coroas Ibéricas corresponde a um momento
histórico de grandes transformações para Portugal, Espanha e suas
respectivas colônias. Nele, houve a compilação das Ordenações Filipinas,
importante conjunto de leis dividido em cinco tomos, que versavam sobre uma
ampla gama de assuntos, buscando regular a convivência social e ainda,
definir regras para as mais variadas matérias jurídicas, tendo vigorado por
longa data (aproximadamente até o século XIX). Em nosso trabalho, o Livro V
146
apresenta especial interesse, pois nele está presente uma série de títulos que
dizem respeito aos comportamentos esperados de mulheres e de homens,
elaboradas a partir do olhar daqueles que coligiram as Ordenações, prevendo
também a criminalização dos atos que não se adequassem às condutas aí
referenciadas como ideais. Nosso objetivo será investigar as representações
sobre a honra e a sexualidade feminina nele constituídas, numa leitura da fonte
feita à contrapelo. Como metodologia, propomos a utilização das contribuições
de Thompson para pensar a história das chamadas “classes subalternas” ou
“populares”, por vezes escamoteadas dos documentos oficiais e um intenso
diálogo entre história, gênero e direitos, compreendendo os instrumentos
judiciais não como um corpo coerente de regras, mas como um campo onde se
instauram batalhas entre os mais diversos atores sociais por suas concepções
de legitimidades e justiças, visando à busca pelas vozes daqueles, por vezes,
excluídos da história dita “oficial”.
Palavras-chave: mulheres; gênero; Ordenações Filipinas; Livro V.
AGÊNCIA FEMININA NA ANTIGUIDADE:
POSSIBILIDADES A PARTIR DOS ESTUDOS DE GÊNERO
Ingrid Cristini Kroich Frandji (UFPR)
O presente trabalho visa analisar a constituição do campo dos estudos de
gênero e qual o impacto decorrente deste na História Antiga, ressaltando de
que maneira esta categoria de análise auxilia na construção de narrativas
acerca de sujeitos históricos até então marginalizados pela história oficial. Para
tal, serão examinadas obras de diversos autores (Moses Finley, Sarah
Pomeroy, Eva Cantarella, Suzanne Dixon, entre outros) acerca do mundo
antigo e quais novas concepções podem ser observadas com a introdução dos
estudos de gênero neste contexto específico, ressaltando a possibilidade de
ação de novos sujeitos – mulheres –, que constituem uma narrativa própria e
diferenciada sobre o passado. Além disso, a análise se dará para compreender
de que maneira o impacto do feminismo nos estudos sobre a Antiguidade
busca reestruturar os horizontes da disciplina, notadamente de caráter
tradicionalista. É importante ressaltar que as pautas do movimento feminista e
o impacto destas dentro do ambiente acadêmico mudaram ao longo dos anos,
modificando também as problematizações construídas a partir das fontes. Com
isso, procura-se estabelecer de que maneira há uma mudança no conceito de
gênero e na sua utilização na História Antiga, que permite não apenas o estudo
de mulheres na Antiguidade, mas também a construção de narrativas paralelas
que enriquecem os estudos históricos.
Palavras-chave: Estudos de Gênero; História Antiga; Feminismo.
Agência financiadora: CNPq.
147
UM MUNDO NOVO: A EXPERIÊNCIA UNIVERSITÁRIA DE
HISTORIADORAS BRASILEIRAS (1960-1970)
Carmem Silvia da Fonseca Kummer Liblik (UFPR)
O ingresso em universidades públicas a partir da década de 1960 tornou-se
uma realidade concreta e mais abrangente para muitas mulheres que
desejavam realizar o ensino superior no Brasil. Esse processo significava
inserir-se num espaço público, misto, fora do restrito controle moral imposto
pela religião e pelas famílias, no qual as mulheres estariam expostas à
influência de um ambiente intelectual, laico e à convivência com jovens de
origens sociais e culturais diferentes. A partir desse cenário, o objetivo deste
trabalho é problematizar a trajetória acadêmica de uma geração de
historiadoras universitárias brasileiras da USP, UFRJ, UFF, Unicamp, UFSC e
UFPR, que ingressaram nos cursos de História no final da década de 1960 e
início de 1970. As múltiplas experiências vividas no curso superior em História
foram marcadas por novas descobertas, desafios, redes de sociabilidade,
visões de mundo e possibilidades reais de ingresso no mercado de trabalho
que afetaram definitivamente a trajetória de vida dessas mulheres. Tais
experiências são narradas por meio de depoimentos e entrevistas baseadas
pela metodologia da História Oral, cujo principal destaque que oferecemos a
esta análise diz respeito ao papel da memória na reconstituição da trajetória de
vida e acadêmica das historiadoras em questão. Ao final de 16 entrevistas
realizadas entre 2013 e 2105, conclui-se que as relações de gênero constituem
um elemento de fundamental importância para se compreender as primeiras
vivências no espaço universitário e os rumos tomados posteriormente na vida
profissional acadêmica.
Palavras-chave: historiadoras, trajetória, gênero, universidade.
Agência financiadora: CAPES.
AS MULHERES: ONDE ESTÃO? A PROTAGONIZAÇÃO FEMININA EM
ANAHY DE LAS MISIONES
Rosenéia do Rocio Prestes Hauer (UEPG)
Nas narrativas clássicas que retratam o período de guerra entre 1835 e 1845,
no Rio Grande do Sul, o protagonismo fica por conta do discurso falocêntrico.
Na maioria das histórias, o referente para a organização da sociedade é a
dicotomia homem X mulher, com as suas atribuições impostas pelas
convenções sociais e pelo poder masculino. A estratégia do diretor Sérgio
Silva, no filme “Anahy de las misiones” (1996), é lançar aos olhos do leitor outra
possibilidade de interpretação da Guerra dos Farrapos. Pretendemos, neste
trabalho, discutir quais foram essas estratégias que modificaram esse discurso
e trouxeram para frente da obra uma mulher marginalizada, subalterna e que,
segundo Butler (2014), possui um gênero flutuante. Além disso, avaliar qual a
relevância do período histórico em que o filme foi produzido, o qual permitiu
essa nova possibilidade de leitura sobre uma época em que o poder era
hegemonicamente masculino. A metodologia consiste em extrair trechos do
discurso de Anahy e articular com os estudos de Hilda Hübner Flores,
Fernando Osório e Marilene Weinhardt. Nesse sentido, iremos explorar e
148
readequar a leitura histórica que o filme faz sobre o período farroupilha,
identificando em Anahy as formas de resistência a opressão e a dominação do
universo masculino. Sendo o gênero um campo primário onde se articula o
poder, podemos extrair do filme “Anahy de las misiones teorias que nos
permitam articular novos pensamentos sobre identidade de gênero, numa
tentativa de subverter a hierarquia masculina sobre a construção do sujeito.
Palavras-chave: História; cinema; identidade de gênero
Agência financiadora: CAPES/CNPq
“DORMINDO COM O INIMIGO”: A VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER
RETRATADA NO CINEMA HOLLYWOODIANO
Pedro Henrique Miranda (UNIOESTE)
A análise inicial do filme trata-se de um resultado parcial da pesquisa intitulada
“Gênero e Cinema: o retrato da violência contra a mulher em produções
hollywoodianas” que estou desenvolvendo no Programa de Pós-graduação em
História da UNIOESTE. O objetivo dessa comunicação é apresentar uma breve
análise sobre o modo como o cinema hollywoodiano aborda a questão da
violência contra as mulheres em suas produções cinematográficas. Utilizamos
para a pesquisa o filme Dormindo com o Inimigo (Sleeping with the Enemy), do
diretor Joseph Ruben, lançado no ano de 1991 nos Estados Unidos. A história
é centrada em Laura (Julia Roberts) e Martin (Patrick Bergin), casados há
quatro anos, num relacionamento que parece ser próspero, perfeito e feliz.
Aparentando ser um casal modelo para a vizinhança, porém, Martin é um rapaz
obsessivo, espanca a sua esposa regularmente e Laura vive em um estado de
medo constante. No filme somos apresentados a diversas situações de
violência de gênero inseridos no cotidiano da protagonista, seja no âmbito
privado/familiar ou social. Os traumas psicológicos e físicos sofridos ao
decorrer da narrativa e as possíveis alternativas encontradas para sair dessas
situações trágicas. O presente trabalho pretende também debater a
importância do cinema como prática social, e a construção de representações
das figuras femininas e masculinas no filme elencado.
Palavras-chave: Gênero; Cinema; Violência Contra a Mulher; Hollywood
Agência financiadora: Fundação Araucária
NÚS MASCULINOS: SUA INSERÇÃO NO JORNAL LAMPIÃO DA ESQUINA
Ronielyssom Cezar Souza Pereira (UNIOESTE)
Entre abril de 1978 e julho de 1981 circulou, principalmente, nas grandes
capitais brasileiras, o jornal Lampião da Esquina, um periódico feito por e para
homossexuais, cuja proposta não se restringia apenas ao público homossexual
e se propunha a “ir mais longe, dando voz a todos os grupos injustamente
discriminados - dos negros, índios, mulheres”. O objetivo da análise foi verificar
a concordância, discrepância ou ainda divergência, entre as imagens do corpo
masculino e o discurso produzido no referido periódico. Na metodologia, não se
149
tomou o jornal como um todo, houve o recorte das principais representações
sobre como o corpo masculino estava expresso pictograficamente, que
corresponde a problematização levantada. Sobre esse foco é que se inserem
as análises de discurso e de imagens, tendo em mente as representações das
homossexualidades. O jornal Lampião da Esquina primava por questionar,
problematizar e subverter o discurso heteronormativo, primordialmente no que
tange a sexualidade. Por conta dessa intenção se propôs colocar em evidência
a figura dos homossexuais perante uma sociedade heteronormativa. Mas como
isso se materializa no periódico? Uma das formas encontradas foi o uso de
imagens, as quais tornam-se fontes dessa análise parcial. Após verificar as
relações estabelecidas entre as imagens, suas representações e os discursos
atrelados, foi possível considerar que houve uma inserção do nu masculino, e
que esta reflete uma dupla posição tanto sob a lógica econômica quanto de
caráter político-social, sendo a configuração do nu masculino um interstício,
entre erotismo e pornografia.
Palavras-chave: Gênero; Homossexualidade masculina; Nú masculino;
Homoerotismo.
Agência financiadora: CAPES.
O FARDO DA BONDADE: PRÁTICAS DA BENEMERÊNCIA FEMININA NO
BRASIL ENTRE OS SÉCULOS XIX E XX
Ana Paula Vosne Martins (UFPR)
Ao tratar do processo de definição das políticas sociais brasileiras pela
assistência aos necessitados o protagonismo parece ter sido restrito aos
agentes políticos governamentais, como Vargas e Capanema, ou então às
associações, geralmente representadas por dirigentes que se apresentam na
documentação ou nas correspondências como homens respeitáveis e
reconhecidos por sua benemerência e caridade. Entretanto, o discurso da
assistência foi construído e reproduzido socialmente a partir de um léxico
sentimental e marcado pelo gênero. Ao realizarmos pesquisa como bolsista de
produtividade do CNPq (2012-2015) percebemos como o gênero foi uma
dimensão das políticas de assistência, dimensão esta menos conhecida e
ausente dos estudos sobre o tema. As políticas sociais estão ligadas
intrinsecamente a uma visão de mundo sobre os cuidados, marcados pelo
sentimento, pela compaixão e por representações de feminilidade e de
masculinidade. A definição das políticas sociais de assistência revela a maneira
como o gênero migrou da esfera privada para significar decisões e ações da
esfera pública e política. A benevolência é uma disposição moral e sentimental
que pode ser praticada por homens e mulheres, entretanto, na construção
histórica da ideologia de gênero a benevolência é instituinte da feminilidade
normal, supostamente ancorada na natureza que prepara as mulheres para a
expressão máxima da disposição benevolente que é a maternidade. Desta
forma, propomos apresentar um quadro da organização assistencial feminina
no Brasil desde finais do século XIX, com forte influência religiosa e suas
transformações ao longo das primeiras décadas do século XX e durante o
Estado Novo, quando por meio das práticas assistenciais, o poder benevolente
das mulheres caridosas e filantropas passou a se assemelhar e a compartilhar
150
o significado do poder benevolente do Estado, numa recriação imaginária e
política da família protetora dos fracos e miseráveis que “lhes pertenciam”.
Palavras-chave: gênero; filantropia; bondade; associativismo feminino
Agência financiadora: Bolsa de Produtividade do CNPq
AS MULHERES DO DIVINO EM PONTA GROSSA/PR
Vanderley de Paula Rocha (UEPG)
Esta comunicação problematiza o papel desenvolvido pelas mulheres da
família Xavier, em quatro gerações, na manutenção da devoção ao Divino
Espírito Santo na cidade de Ponta Grossa/PR. 1882, de acordo com os
registros, é a data de início de diversas práticas desenvolvidas em honra ao
Divino Espírito Santo na referida cidade. Segundo a tradição, essas iniciaram
após D. Maria Julio Cesarino Xavier, ter encontrado a imagem da
representação do Divino Espírito Santo, uma pomba de asas abertas, gravada
em um pedaço de madeira, em um olho d’água. Após o fato ocorrido, D. Maria
abrigou a imagem do Divino em sua casa, fazendo desse local, um espaço de
peregrinação e devoção na cidade. Nesses mais de 130 anos de devoção ao
Divino em Ponta Grossa, foram as mulheres da família Xavier que realizaram
as diversas práticas em honra ao Divino na cidade, fazendo desse espaço, um
importante lugar de atuação feminina. Sendo um espaço de religiosidade
católica se contrapõe ao papel desempenhado pelas mulheres na instituição
Igreja Católica, portanto, perpassamos pela discussão do oficial e do oficioso,
identificando o papel desempenhado pelas mulheres nessas duas esferas. Nos
aparamos nas discussões promovidas por Joan Scott na discussão de gênero
e práticas religiosas em Michel de Certeau. Nosso conjunto documental são
periódicos locais, ex-votos e entrevistas. A partir de nossas problematizações
compreendemos o papel desempenhado pelas mulheres na manutenção dessa
devoção ao mesmo tempo em que entendemos a maneira com que essas
expressavam suas relações com o sagrado.
Palavras-chave: Mulheres, feminilidade, Divino, Ponta Grossa.
Agência financiadora: CAPES/Fundação Araucária.
MULHERES SEM FILHOS E A REVISTA PAIS E FILHOS:
ENTRE MEMÓRIA E REPRESENTAÇÕES
Georgiane Garabely Heil Vázquez (UEPG)
Este trabalho propõe a análise é baseado nos pressupostos da história de
gênero, e visa abordar a ausência da experiência de maternidade. Assim,
busca-se problematizar sobre como mulheres não-mães reconstroem suas
recordações a respeito da maternidade, ou seja, como elas se colocam diante
de tão vasta campanha desfraldada ao longo do século XX em prol da
obrigação feminina em ser mãe. Para fins metodológicos esta pesquisa se
ancora nos princípios da história oral com o intuito de debater sobre as
reconstruções e significações da memória feminina sobre a experiência de não
ser mãe. As entrevistas das mulheres não-mães estão divididas em três
151
grandes grupos. O primeiro grupo é ocupado por mulheres que nasceram nas
décadas de 1920 e 1930, que nesta pesquisa estão classificadas como de 1º
geração. O segundo grupo é composto por mulheres que nasceram nas
décadas de 1940 a 1950, que compõem a 2º geração. Já o terceiro grupo é
formado por jovens senhoras que nasceram em plena revolução sexual, isto é,
nas décadas de 1960 e 1970 e assim iniciaram sua vida sexual e reprodutiva
nas décadas após a chamada "revolução sexual", ocorrida na metade do
século XX. Com o intuito de verificar a consolidação do estereótipo materno ao
longo do século XX optamos por analisar a revista Pais e Filhos, fundada em
1968, esta publicação mensal foi a primeira em território nacional a se voltar
exclusivamente para os assuntos da maternidade e da infância. Os exemplares
da revista analisados para esta pesquisa compõem a temporalidade de
1968(data da fundação do periódico), até o ano 2000, data final para o século
XX. Enquanto a revista formula um padrão de mulheres sem filhos, articulandoas a imagens de patologia e ao sofrimento, as entrevistas nos mostram a
imensa pluralidade existente entre essas mulheres não mães, o que demonstra
as infinitas formas de sonhar a felicidade, viver e amar.
Palavras-chave: maternidade; memórias; subjetividades; representações.
‘FILHO NÃO ME METE MEDO’: REPRESENTAÇÕES E VIVENCIAS DA
MATERNIDADE NAS CAMADAS POPULARES
Tânia Maria Gomes Silva (UNIFAMMA)
Este artigo, tendo como suporte teórico metodológico os estudos de gênero e a
história oral, busca perceber representações e vivências da maternidade das
mulheres das camadas populares. Sustenta-se em vinte entrevistas, ocorridas
de janeiro a agosto de 2004 e retomadas em 2013, quando se lançou um novo
olhar sobre a documentação. Percebeu-se que os modos de pensar e de viver
a maternidade eram um elemento unificador nos depoimentos. A pesquisa
empírica evidenciou que para as mulheres pobres “ser mãe” é um forte
elemento de identificação e de construção de identidade.
Palavras-chave: Gênero; Maternidade; história oral
OS CLUBES DE MÃES DA ZONA SUL DE SÃO PAULO; MOBILIZAÇÃO
SOCIAL E PARTICIPAÇÃO POLÍTICA DAS MULHERES DA PERIFERIA DE
SÃO PAULO EM TEMPOS DE DITADURA E AS POSSIBILIDADES DE
ANÁLISE NA PERSPECTIVA DOS ESTUDOS DE GÊNERO.
Carlos Alberto Nogueira Diniz (UNESP-Assis)
Nesse trabalho pretendo fazer uma breve reflexão sobre as possibilidades de
análise da atuação dos Clubes de Mães da Zona Sul a partir da perspectiva
dos estudos de gênero. Os Clubes de Mães da Zona Sul de São Paulo que
pouco tempo depois se tornou o Movimento Custo de Vida embrião dos
movimentos sociais que ressurgiram no final dos anos 1970 e inicio dos anos
1980. A partir das reuniões voltadas para aprendizagem de ofícios domésticos,
mulheres de origem simples da periferia de São Paulo passaram a questionar o
152
preço dos alimentos, as condições de moradia, o bairro, enfim a exigir
mudanças. A dificuldade de prover as necessidades básicas mobilizou essas
mulheres na luta por melhores condições de vida, saúde e educação para suas
famílias, nesse sentido o Movimento Custo de Vida ajudou a construir junto
com CEB`s pequenos espaços de democracia e participação política em
tempos de censura e repressão. Foi um dos mais importantes movimentos de
contestação ao regime civil-militar e no processo de redemocratização do
Brasil, mas pouco lembrado pela historiografia e instituições ligadas a questão
da memória nacional. O acervo dedicado ao Clube de Mães da Zona Sul de
São Paulo está localizado no Centro de Documentação e Memória de Unesp
(CEDEM) e se constitui em um importante legado do movimentos social
brasileiro.
Palavra-chave: Estudos de Gênero; Clube de Mães; Movimento Custo de
Vida; Movimento Social
Agência financiadora: CAPES.
PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO:
A POLÊMICA EM TORNO DOS ESTUDOS DE GÊNERO
Nadia Maria Guariza (UNICENTRO-IRATI)
Neste ano de 2015, por orientação do governo federal, municípios e estados
deviam aprovar os seus planos com as metas na educação para os próximos
dez anos. As metas foram construídas nos últimos anos a partir da discussão
de educadores e dos movimentos sociais. No último mês de junho os planos
municipais e estaduais passaram pela aprovação pelas câmaras municipais e
assembléias estaduais, o que surpreendeu foi a polêmica gerada em torno dos
estudos de gênero e a sua inserção na educação básica. Grupos religiosos
ligados a igrejas neopentecostais e Igreja Católica se posicionaram fortemente
contrários a inserção do que eles chamam de “Ideologia de gênero” nos
currículos escolares. A presente comunicação pretende discutir os documentos
que tratam da temática gênero na educação nos últimos 20 anos, bem como,
analisar alguns discursos produzidos pelos grupos religiosos, sobretudo
católicos, que se opõem a discussão de gênero na escola.
Palavras-chave: Educação, Gênero, Religião.
A CONSTRUÇÃO DA FEMINILIDADE NA IMAGEM FIXA DA MULHER EM
LIVROS DIDÁTICOS
Marília Alcântara Bernardelli (UEL)
Com intuito de compreender as possíveis representações da imagem da
mulher presente em nove coleções de livros didáticos de História para os anos
iniciais, aceitos no Plano Nacional de Educação do ano de 2013, esta pesquisa
tem como proposta analisar as suas imagens por meio do método analítico das
relações de gênero concomitantemente com a metodologia iconológica, ambas
nos darão suporte de entendimento no que tange a construção das
características feminina e masculina destinadas aos corpos sexuados.
153
Partimos da premissa da necessidade da reflexão do livro didático, da
linguagem e da imagem fixa como práticas culturais de modelos na sociedade,
sendo potentes forças na formação das percepções sobre o corpo e as suas
manifestações materializadas pela sexualidade e pelas relações de convívio
que se mantêm através dele. Este trabalho se objetiva pela possibilidade da
desconstrução de pensamentos normatizadores que findam por si só a um
segmento único de vivência dos corpos, estratificando a posição dos indivíduos
com a difícil possibilidade de transgressão de ideias e comportamentos.
Salientamos também que esta pesquisa está sendo desenvolvida no Programa
de Mestrado em Educação/UEL. A pesquisa sobre a mulher e as relações de
gênero nos LD pode auxiliar na forma de propiciar o diálogo entre
pesquisadores, docentes e discentes que atuam ou pesquisam nas escolas
possibilitando a reflexão das formas que nos colocam a pensar sobre os
assuntos.
Palavras-chave: Imagem da mulher; Relações de gênero; Livro didático.
Agência financiadora: CAPES
HORA DO CHÁ: BOAS MENINAS E SEUS BRINQUEDOS NA HISTÓRIA DA
CULTURA MATERIAL DA INFÂNCIA
Martha Helena Loeblein Becker Morales
(INDEX Informação Integrada/ Museu Paranaense)
Os brinquedos infantis oferecem uma oportunidade interessante à análise da
atribuição dos papéis de gênero desde idades tenras, aliando o estudo da
cultura material à formação dos ideais de ‘ser menina’, por exemplo. O objetivo
deste trabalho é investigar um conjunto de peças doadas recentemente ao
acervo do Museu Paranaense, entre os quais se encontram jogos de chá em
louça, de fabricação estrangeira e nacional, que desde a primeira metade do
século XX pertenceram a meninas de famílias tradicionais de Curitiba. Por meio
da bibliografia referente à história da cultura material e à arqueologia histórica,
a análise se dá em termos da materialização das relações sociais, refletindo
acerca das formas dos objetos, dos seus usos e desusos como códigos de
inserção e pertencimento a determinados grupos. Neste caso, considera-se a
prática de presentear meninas com estes jogos como um meio de educá-las
nas maneira corretas de comportamento e adequação a um ideal do gênero
feminino. Além disso, o hábito do chá como uma cerimônia de sociabilidade
inserida entre as classes mais abastadas no século XIX é um fator essencial ao
pensar esta miniaturização das práticas adultas com o intuito de educar as
crianças para o futuro. Por fim, este trabalho visa demonstrar o papel ativo da
cultura material da infância na consolidação de papéis de gênero que não
apenas se estendem à vida adulta como também são transmitidos para outras
gerações.
Palavras-chave: cultura material; gênero; aparelho de chá; infância
154
REPRESENTAÇÕES DE GÊNERO:
UM OLHAR SOBRE “NOSSA SENHORA IMACULADA CONCEIÇÃO”
Camila de Brito Quadros Lara (UFGD)
Nossa Senhora Imaculada Conceição, um dos títulos atribuídos à Maria, mãe
de Cristo, é uma das mais importantes figuras da religião católica. Refere-se a
um dogma através do qual a Igreja Católica declarou que a concepção de
Maria foi realizada sem a mancha do pecado original e que desde o primeiro
instante de sua existência, foi preservada do pecado pela graça de Deus. O
objetivo deste artigo é investigar e analisar as representações de gênero
relacionadas à imagem de Nossa Senhora Imaculada Conceição, vinculadas à
figura de Maria, enquanto símbolo de devoção católica mundial. A metodologia
utilizada foi o levantamento exploratório de fontes escritas e análise de fontes
teóricas teológicas, além da utilização da imagem sacra e de uma canção
católica devocional a fim de estabelecer e compreender tais representações.
As representações que serão apresentadas sobre Nossa Senhora Imaculada
Conceição e que são, através da figura de Maria relacionadas e mais
evidenciadas são: “sem a marca do pecado”, virgindade, maternidade divina e
assexuada, contemplação e silêncio, fragilidade e submissão. Dessa forma,
podemos dizer que é possível observar na figura de Nossa Senhora Imaculada
Conceição, a constituição de um sistema de representações de gênero que
visa a ordenar e classificar as mulheres que legitimam suas ações através de
figuras representativas e que, dentro da doutrina católica, são estimuladas à
devoção e seguidas através das práticas de fé cristã.
Palavras-chave: Nossa Senhora Imaculada Conceição, representações de
gênero, Igreja Católica.
GÊNERO E RELIGIÃO: MODELOS DE SUBJETIVIDADES NA ESCRITA
LITERÁRIA DE LOUISA MAY ALCOTT
Maralice Maschio (UFPR)
O presente trabalho pretende contribuir com as reflexões acerca da importância
da literatura como um aporte histórico. Trata-se de um olhar mais voltado para
o papel dos sentimentos, das paixões e do processo de subjetivação no espaço
público e no espaço privado. A partir da obra Mulherzinhas, de Louisa May
Alcott, procurar-se-á perceber como determinados modelos de subjetividades
femininas foram produzidos e influenciados por elementos como a presença
forte da religião na modernidade. Atenta-se, também, para o impacto de
determinadas figuras de gênero, importantes na definição de personagens, por
vezes cumprindo com relevantes papeis sociais. O século XIX é marcado por
discursos que se aproximam do caráter, do corpo, da literatura, do psicológico,
do sexo, das raças. Por conseguinte, procura-se indagar sobre como os
poderes podem fazer os homens se autorepresentar, se autosujeitar, se
autosubjetivar. Tais elementos permitem o lançamento da seguinte
problemática: Como Louisa May Alcott instabiliza determinadas subjetividades
que parecem tão calcadas num terreno mais geral? No caso do gênero
feminino, a submissão pode virar negociação; e, para isso, figuras,
personagens e autoras não necessariamente precisam ser revolucionárias.
155
Elementos como a amizade entre homens e mulheres, o casamento entre
homens e mulheres com papeis iguais, a escolha de mulheres por
determinadas profissões, entre outros, elucidam e desdobram-se de eixos
como o casamento, a maternidade, o patriarcalismo e a individualidade
feminina.
Palavras-chave: Gênero; Religião; Literatura; Subjetividades
Agência financiadora: CAPES
CORPOS CENSURADOS: MORALISMO NO PERÍODO DA DITADURA
CIVIL-MILITAR E A LITERATURA DE CASSANDRA RIOS
Adriane Piovezan (FIES)
Antonio Fontoura Jr. (UFPR)
Cassandra Rios é uma das autoras de maior sucesso na história do mercado
editorial brasileiro. Em suas obras, explora a sensualidade, as angústias a
respeito das identidades sexuais e, de uma forma geral, discute a problemática
da construção de subjetividades sexuadas, especialmente em um período em
que as sexualidades desviantes eram perseguidas dentro de fora das obras
artísticas. Este trabalho tem como objetivo compreender as formas pelas quais
o trabalho de Cassandra Rios era representado na mídia periódica brasileira
durante o regime civil-militar (1964-1985), procurando descobrir especialmente
as maneiras pelas quais o corpo lésbico, considerado transgressor e presente
em sua obra, era considerado atentatório a um modelo de feminilidade que se
julgava adequado – uma percepção que acabaria por justificar a constante
perseguição às suas obras, tornando-a a autora mais censurada do país. A
partir da análise de artigos, resenhas e notícias na imprensa de São Paulo e
Rio de Janeiro, procurou-se determinar as maneiras pelas quais Cassandra
Rios era representada, como suas obras eram descritas, e os momentos e que
seus textos e personagens eram tratados. Demonstrou-se que, de mãos dadas
com sua popularidade, havia um temor do pensamento conservador nacional
da sensualidade presente em suas obras, aliados ao repúdio ao corpo lésbico,
desviante dos modelos normativos de sexualidade conjugal defendidos no e
pelo regime ditatorial.
Palavras-chave: Cassandra Rios; Sexualidade; Literatura.
MULHERES E ARTE: UMA BREVE REFLEXÃO
Claudia Priori (UNESPAR- Campo Mourão)
Essa comunicação tem o intuito de apresentar uma breve discussão sobre a
temática da participação das mulheres na arte, assunto ainda carente de
atenção por parte da historiografia. Motivos que nos estimulam a buscar a
presença e/ou ausência das mulheres nas manifestações artísticas,
especificamente na sociedade paranaense, no final do século XIX e começo do
século XX, uma vez que as áreas da educação, da arte e da cultura eram
restritas e pouco desenvolvidas na recém-emancipada província do Paraná.
Além disso, o mundo da arte e da ciência era majoritariamente dominado pelos
156
homens, enquanto às mulheres pouco espaço era reservado. Diante disso,
nosso objetivo é trazer para o debate histórico a presença feminina na arte,
analisando como a relação entre gênero e manifestação artística implicaria na
inserção das mulheres nesse campo e também nas suas formas de expressão.
Para isso, nos pautamos no levantamento de estudos históricos e da arte que
tratam da temática, bem como em revistas que tenham divulgado as produções
artísticas de mulheres no recorte temporal, investigando os traços, sinais e
evidências de como representavam o mundo e a sociedade. Esperamos com
esse trabalho ampliar o leque de discussão entre história e arte,
compreendendo como as relações de gênero teriam influenciado no contexto
sociocultural analisado.
Palavras-chave: Mulheres; Arte; História
Agência financiadora: CNPq
“UM GUIA PARA AS CONSCIÊNCIAS”: ULTRAMONTANISMO E
RELAÇÕES DE GÊNERO NO DISCURSO DE PEDRO SINZIG
Fernanda Cássia dos Santos (UFPR)
A passagem do século XIX para o XX no Brasil foi marcada por intensas
transformações de caráter político, social e cultural. Com o alvorecer da
República houve a separação entre a Igreja Católica e o Estado brasileiro, o
que fez com que a Igreja precisasse se reorganizar, ajustando-se a esse novo
contexto. Tal reestruturação foi permeada por discursos conservadores, que
recorriam ao catolicismo ultramontano e buscavam uma nova forma de
inserção da Igreja Católica na sociedade. Através da literatura, escritores da
época registram a modernização e as mudanças que ocorriam nos costumes e
nos papéis sociais destinados a homens e mulheres. Muitas delas foram vistas
como ameaças pela Igreja Católica, preocupada em recatolicizar os seus fiéis.
Sendo assim, religiosos envolveram-se em debates sobre a “boa” e a “má”
literatura, passando a reivindicar a censura de obras literárias que atentassem
contra a moral e aos bons costumes. Nesse sentido, o presente trabalho, busca
compreender como se estruturou esse controle às obras literárias, motivado
pelo discurso religioso. Para tanto, foi analisada a produção do franciscano
Pedro Sinzig, cuja principal obra publicada foi Através de Romances: Guia para
as Consciências, uma espécie de índex com recomendações para leitores
católicos. A análise das fontes demonstrou que ao combater a “imoralidade” em
textos literários, religiosos como Pedro Sinzig defenderam determinados
modelos de masculinidade e de feminilidade. Por esta razão, o conceito de
gênero tornou-se essencial para o desenvolvimento da pesquisa, assim como o
de catolicismo ultramontano.
Palavras-chave: Gênero; Censura;Catolicismo Ultramontano.
Agência financiadora: CAPES
157
PARA ALÉM DO GÊNERO:
A(S) IDENTIDADE(S) FEMININA(S) EM A TECELÃ DE SONHOS
Mirian Cardoso da Silva ( UEM)
Lucia Osana Zolin (UEM)
Com os estudos contemporâneos da literatura de autoria feminina brasileira,
temos nos deparado com personagens cujos conflitos se desdobram para uma
questão além do gênero. Descortinam-se, nessas obras, personagens
femininas que não mais estabelecem a dicotomia homem/mulher e suas
ambivalências, mas sim aquelas que buscam a construção de identidades e
descobertas de si, ansiando por algo a mais, algo que transcenda a questão de
gênero, fazendo com que busquem sua liberdade e vivenciem identidades
múltiplas ao longo das suas trajetórias. Sob a luz das teorias de Bauman (1998;
2004), Silva (2000), Showalter (1985), Hall (2011), Rago (1995-96), entre
outros, este artigo pretende estudar como as características pós-modernas
corroboram a tessitura de obras não mais preocupadas apenas com as
questões de gênero. Nessa perspectiva, o objetivo desse trabalho é analisar a
complexa e, por vezes, contraditória construção de identidade(s) da
personagem Berenice, protagonista do romance A tecelã de sonhos (2008), de
Angela Dutra de Menezes.
Palavras-chave: Pós-modernidade. Literatura de autoria feminina. Construção
de identidades.
É TAMBÉM FEMINISTA O CINEMA DE LÚCIA MURAT?
Jônatas Xavier de Souza (UFPE)
A cineasta carioca Lúcia Maria Murat de Vasconcelos era uma menina quando
os militares derrubaram o governo constitucional de João Goulart no Brasil, ela
tinha apenas 15 anos. Leitora voraz de Jean-Paul Sartre e Simone de
Beauvoir, Murat entrou para a Faculdade de Economia da UFRJ em 1967, lá
conheceu seus grandes amigos de militância política, alguns deles
assassinados pela ditadura militar. Em março de 1971 foi presa no Rio de
Janeiro, sendo bastante torturada nos dois meses e meio em que esteve no
DOI-Codi carioca, um acontecimento de “força eruptiva” que de modo direto ou
indireto está presente no universo da sua produção cinematográfica, uma rede
de narrativas autobiográficas que busco problematizar na chave teórica aberta
por Michel Foucault quando discute “a escrita de si” como uma prática da
liberdade constitutiva das “artes do viver”, das “estéticas da existência”. Nessa
perspectiva, dialogo com os deslocamentos analíticos suscitados pela
historiadora Margareth Rago quando explora os discursos autobiográficos de
mulheres históricas, ex-militantes políticas contra a ditadura, a partir da
linguagem que elas mantêm como prática da relação renovada de si para
consigo e também para com o outro, na perspectiva ética que emerge das lutas
feministas. Nesse domínio histórico, busco construir argumentos que apontem
158
semelhanças e diferenças entre os modos de ação do sujeito Lúcia Murat e os
discursos que permeiam o feminismo pós-estruturalista.
Palavras-chave: Lúcia Murat; Ditadura; Cinema; Escrita de Si; Feminismos
Agência financiadora: (CNPq)
GÊNERO, RAÇA E NAÇÃO NO DISCURSO EUGÊNICO BRASILEIRO DO
PERÍODO ENTRE GUERRAS.
Marcela Cristiane Cavalheiro Miranda Francescon (UNICENTRO)
A eugenia enquanto movimento social concentrou-se na reprodução humana
como espaço de atuação da ciência e das políticas sociais; caracterizou corpos
e comportamentos como “disgênicos”, explicados pela hereditariedade,
assinalando diferenças de sexo e gênero. As construções de gênero e raça
presentes no discurso do movimento eugênico brasileiro do período entre
guerras são objeto de análise desse trabalho. O intuito é analisar o discurso
eugênico, procurando perceber as construções de gênero formuladas e
respaldadas a partir das discussões científicas, aplicada na construção de
feminino e masculino e, acima de tudo, na definição do papel feminino no
controle da reprodução humana e da regeneração racial das futuras gerações.
Para tanto, a metodologia desse trabalho se dará mediante analise de fontes
escritas, como periódicos científicos, em especial o Boletim de Eugenia, a
Revista do Brasil e os Archivos Brasileiros de Higiene Mental, Os Annais de
Eugenia da Sociedade Eugênica de São Paulo, as atas do 1º Congresso
Brasileiro de Eugenia (1929), além de artigos publicados em jornais e revistas
semanais e livros publicados por eugenistas. Este trabalho fará um dialogo
entre as concepções teóricas e metodológicas relacionadas à perspectiva da
historia cultural, a história das ciências e a história intelectual. As análises de
Bourdieu nos permitem refletir sobre as complexidades e o poder simbólico do
discurso, neste caso, sobre as construções de gênero presentes no discurso
eugênico. Nessa perspectiva, todo discurso é uma violação simbólica, que tem
a intencionalidade de impor uma legitimidade de verdade.
Palavras-chave: Eugenia no Brasil, história da ciência; Gênero; Raça.
“QUEM É BOM JÁ NASCE FEITO”: A EUGENIA NO BRASIL E DEBATE
SOBRE CONTROLE DA REPRODUÇÃO HUMANA, RAÇA E GÊNERO NO
BRASIL DO ENTRE GUERRA.
Vanderlei Sebastião de Souza (UNICENTRO)
O objetivo desta comunicação consiste em apresentar alguns aspectos da
pesquisa que venho desenvolvendo sobre as idéias eugênicas no Brasil. Meu
interesse é discutir o modo como os eugenistas brasileiros lidaram com o
controle da reprodução humana no início do século XX, procurando
compreender quais eram as idéias sobre raça e gênero que acompanhavam
esse debate. Embora o movimento eugênico brasileiro tenha se caracterizado
pela adoção de um modelo de eugenia menos radical, em oposição àquele que
159
se desenvolveu nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o controle
da reprodução humana foi amplamente discutido entre os adeptos da eugenia
no Brasil, especialmente por integrantes da comunidade médica. Com os olhos
voltados para o aperfeiçoamento da nacionalidade e o futuro da nação, parte
dos eugenistas entendia que o meio mais eficiente para “evitar as proles
degeneradas” seria através da educação sexual, da aplicação do exame prénupcial e da esterilização dos indivíduos considerados como “inaptos”. Devido
à importância que as idéias eugênicas vinham assumindo nos fóruns
intelectuais do país, nos anos 1920 e 1930 a imprensa carioca chegou a
promover inquéritos, entre os intelectuais brasileiros, para discutir o significado
do exame médico pré-nupcial e a “esterilização dos indesejáveis” na
constituição da “raça nacional”. Desse discurso, as idéias acerca da questão
racial, do controle matrimonial e da natalidade, além do próprio papel da mulher
no processo de reprodução, emergiam como temas centrais que definiam uma
ampla agenda de discussões entre as autoridades políticas e intelectuais. No
que diz respeito ao debate sobre gênero e reprodução humana, é importante
destacar que desde o século XIX a ciência entendia que a mulher era, por
convenção, vista como o sexo reprodutivo por excelência, considerada como a
chave da reprodução biológica da raça e da garantia de uma nação
eugenicamente mais saudável.
Palavras-chave: eugenia; raça; reprodução humana; gênero.
160
ST 15 - FEMINILIDADES, MASCULINIDADES E AS
(RE)DEFINIÇÕES DE ESPAÇOS SIMBOLICOS
ESTUPRO: CONSTRUÇÃO DE MASCULINIDADES NO ACESSO SEXUAL
AO CORPO FEMININO NO PARANÁ DOS ANOS 1950
Kety Carla de March (UNICENTRO)
A partir da análise dos discursos contidos em 34 processos criminais de
estupro instaurados nas comarcas de Curitiba e Guarapuava nos anos 1950,
objetivamos problematizar a construção das masculinidades de homens que
estavam no limiar entre a necessidade de demonstração de virilidade e
dominação, representada na posse sexual do corpo feminino, e a anormalidade
da violência sexual. Em que medida esses homens dialogavam com a
masculinidade hegemônica deste contexto específico? Como jogavam
discursivamente para produzir uma zona de sombra que lhes permitisse não
serem julgados anormais pelos seus pares? O estupro durante muito tempo foi
considerado como ato de poucos e degenerados maníacos sexuais. Mas, em
meados do século XX, o entendimento sobre esse crime foi sendo modificado,
deixando a margem social da experiência cotidiana para ser compreendido
como uma relação de força e poder de homens sobre mulheres. Relação esta
legitimada socialmente como parte integrante da formação das subjetividades
masculinas. Nesse contexto em que as mulheres estavam cada vez mais
envolvidas com o mundo público, o estupro passava a funcionar como um
dispositivo de modelação de condutas sexuais e sociais que operava na
construção do medo da presença em espaços de vulnerabilidade feminina.
Essa tipologia criminal ainda é pouco explorada, especialmente no que
concerne a pensar os discursos produzidos sobre os acusados. Trabalhar com
essa temática permite o diálogo com autores como Foucault (1988), Bourdieu
(2007), Vigarello (1998), Tomaselli e Porter (1992), Machado (2004), entre
outros que nos auxiliam na compreensão da produção dos discursos sobre
sexualidade e violência.
Palavras-chave: Masculinidades; Violência Sexual; Subjetividades
Agência financiadora: CAPES
EROTISMO E PORNOGRAFIA NA DITADURA MILITAR: REVISTAS
MASCULINAS E A AFIRMAÇÃO DAS IDENTIDADES
Anderson Francisco Ribeiro (UNESP-Assis)
Intensamente discutido, o lugar da pornografia na sociedade brasileira foi, aos
poucos, proibido, re-articulado e ressignificado durante toda a época da
ditadura militar. Tal fato ocorrera em setores diversos, como na imprensa, na
literatura, no teatro, na medicina, no direito e, também, na política, tanto
através das grandes e pequenas editoras e jornais, quanto das pessoas que
produziam artesanalmente a pornografia. A “revolução sexual”, juntamente com
a “nova imoralidade” estrangeira, trouxeram novos questionamentos e novas
formas de identidades ao Brasil, e entraram diretamente em choque com a
161
cultura cristã, de forma a tornar cada vez mais difícil o diálogo entre tradição e
modernidade, traduzindo se em uma guerra constante para a afirmação das
identidades. Entre os periódicos, as revistas erótico-pornográficas se tornaram
um importante espaço na luta da afirmação das identidades. Dessa forma, com
a chegada de várias influências estrangeiras, como as revistas conhecidas
como tijuanas-bibles e a revista Playboy (EUA), a revista Private (Suécia), a
revista Penthouse (Inglaterra) e os desenhos mangás (Japão), colocaram em
cheque alguns pontos do projeto de modernização brasileira. Para essa
empreitada usaremos os estudos históricos genealógicos de matriz
foucautiana. Entre as publicações, revistas de cunho erótico começaram a ser
publicadas com discurso normalizador, como a revista Ele Ela (1969), Status
(1974), Homem (1975), e Playboy (1978), e outra mais explícita, hardcore,
transgressora de discursos e consumida principalmente pelas classes
populares, como os “catecismos” de Carlos Zéfiro (década de 50 a 70), assim
como as publicações das editoras Edrel (São Paulo) e Grafipar (Curitiba-PR).
Palavras-chave: Erotismo; Pornografia; Foucault; Identidades
Agência financiadora: CAPES
A CONSTRUÇÃO DA BIOGRAFIA E DA HEROÍNA CUBANA CÉLIA
SANCHEZ NA REVISTA BOHEMIA NO ANO DE 1980
Andréa Mazurok Schactae (UEPG)
A construção das identidades nacionais latino-americanas e as identidades das
instituições armadas são reconstrutores de diferenças de gênero
historicamente construídas, pois são identificadores de masculinidade(s).
Portanto, é importante analisar o ideal de feminilidade que é apresentado na
biografia de uma mulher que fez parte de um espaço dominado pelas armas, a
guerrilha. A identificação dos agentes que compõe esse espaço é marcada por
características identificadoras de um ideal de masculinidade que historicamente
são percebidas como pertence aos heróis – a virilidade, a força, a coragem, a
destreza no manejo das armas. Analisar o ideal de feminilidade apresentado na
composição da heroína e guerrilheira Célia Sánchez Manduley, em Cuba, é
importante para refletir sobre as alterações na construção das identidades
nacionais. Ela nasceu em 09 de maio de 1920 e faleceu em 11 de janeiro de
1980, sendo que, desde a década de 1950 até a sua morte ela ocupou espaços
de poder no Estado Cubano. Após a sua morte iniciou-se o processo de
construção da imagem da heroína. A biografia se constitui na principal
ferramenta de construção e legitimação da guerrilheira Célia como heroína
nacional, bem como, é definidora de um ideal de feminilidade apresentado pelo
Estado Cubano. A leitura e análise das biografias, publicadas na Revista
Bohemia.
Palavras-chave: biografia; gênero e política; heroína nacional.
162
BALDASSARE CASTIGLIONE E A LITERATURA DE VALORIZAÇÃO DA
FEMINILIDADE NO ALVORECER DA MODERNIDADE
Patrícia Govaski. (UFPR)
Os tratados humanistas voltados à educação ou modulação comportamental
refletem mudanças de grandes proporções nas relações de sociabilidade que
se estabeleceram nas cortes europeias na transição do Medievo para a
Modernidade. Pautados em uma tradição de escrita clássica e medieval, esses
escritos visavam o controle e a perfeição para uma sociedade caracterizada
por uma ininterrupta circulação de grupos e indivíduos numa ordem social mais
aberta. Assim, elementos como o gestual, as regras de vestuário, as
expressões faciais, o comportamento externo dos indivíduos, dentre outros,
não escaparam ao exame e crítica dos autores desses textos. Utilizando o
gênero como uma categoria de análise historiográfica, a presente proposta de
comunicação tem como objetivo apresentar a valorização da figura e das
capacidades intelectuais femininas na obra de Baldassare Castiglione. Para
esse fim, utilizaremos como fonte principal o terceiro capítulo d’O Cortesão,
obra publicada no ano de 1528, com o objetivo de construir um modelo
exemplar de indivíduo, pautado em um ideal de perfeição e no controle social
das emoções. Assim, esta proposta tem por objetivo apresentar a interlocução
existente entre o livro e as ideias de Castiglione com uma tradição de escrita
enaltecedora da feminilidade que precede sua obra, da qual fazem parte
autores como Cristina Pizán, buscando entender seu pensamento em um
contexto maior, assim como apresentar de que forma O Cortesão aborda e
revela a existência de uma literatura de valorização da feminilidade em um
espaço marcadamente masculino como as cortes renascentistas.
Palavras-chave: feminilidade; modulação comportamental; Baldassare Castiglione.
MASCULINIDADES E FEMINILIDADES NO JORNAL ESQUEMA OESTE
(1970): ENTRE E A ORDEM E A VIOLÊNCIA
Rosemeri Moreira (UNICENTRO)
a pesquisa tem por objetivo discutir a construção e representação (s) de
masculinidades no jornal Esquema Oeste (Guarapuava – PR), no decorrer da
década de 1970. O foco principal é analisar a apresentação do jornal no que se
refere as masculinidades relacionadas a criminalidade. Para tanto, discuto a
construção da masculinidade posta como hegemônica (CONNEL) por essa
mídia e a contraposição com masculinidades periféricas, além de analisar
também representações de feminilidades postas no jornal. Os usos sociais da
violência formam um núcleo central na estrutura das relações hierárquicas de
gênero e na construção do corpo como espaço simbólico, carregado de
significados fronteiriços e/ou dicotômicos. Preocupada com a construção do
Corpo, das identidades de gênero (raça, etnia e geração) e com os usos
sociais da violência, proponho a reflexão sobre a construção das
masculinidades e feminilidades a partir da análise dos enunciados produzidos
sobre a criminalidade, a partir desse periódico como fonte.
Palavras-chave: Imprensa; Masculinidades; feminilidades
163
ST 16 - ENSINO E APRENDIZADO HISTORICO METODOLOGIAS
DE PESQUISA, FONTES E PROBLEMATICAS ATUAIS
PENSANDO OS RUMOS DA DISCIPLINA HISTÓRIA NO PARANÁ:
CONSIDERAÇÕES INICIAIS SOBRE O CADERNO DE EXPECTATIVAS DE
APRENDIZAGEM
Jeferson Rodrigo da Silva (Rede pública de ensino do Paraná)
Ao longo do governo Beto Richa (2011-2014), ocorreram diversas mudanças
na educação pública do Paraná. Entre elas, o caderno de expectativas de
aprendizagem se destaca devido às tensões desencadeadas entre o Estado, o
sindicato e os educadores durante o seu processo de construção. Para a
História, este documento curricular mostrou-se como uma verticalização dos
conteúdos básicos presentes nas diretrizes estaduais, o que tornou mais claros
e objetivos os temas a serem trabalhados em cada ano escolar. A proposta
deste trabalho é discutir este documento curricular, sob uma perspectiva
histórica, analisando as tensões que permearam o seu processo de elaboração
no ano de 2011 até a publicação oficial em 2012 além de abordar algumas de
suas características avaliando os benefícios e prejuízos em potencial que este
documento trouxe para os educadores em suas práticas de ensino de História.
Conclui-se que o documento apresenta algumas possibilidades interessantes
para o trabalho em sala, embora sua dimensão política indique a existência de
outras prioridades que secundarizam a valorização da História escolar. Em
meio às grandes mudanças curriculares que ocorrem em todo o país, discutir o
caderno de expectativas de aprendizagem torna-se mais uma possibilidade de
compreender a importância da disciplina História no tempo presente para
aqueles que têm o poder determinar o que e como se deve trabalhar em sala.
Palavras-chave: caderno de expectativas de aprendizagem; currículo; ensino
de História.
AS EQUIPES MULTIDISCIPLINARES NO PARANÁ: BREVE HISTÓRIA, A
ORGANIZAÇÃO E OS DESAFIOS
Camila Bertagna (UEM)
Alisson Sano (UEM)
As Equipes Multidisciplinares são propostas do Governo do Paraná para
orientar e auxiliar o desenvolvimento de ações voltadas ao estudo das relações
étnico-raciais e o ensino de História e cultura afro-brasileira, africana e indígena
nas escolas do Estado. Tais Equipes tem uma história e um contexto de
criação e execução específico, portanto neste trabalho pretendemos fazer uma
das possíveis leituras da história da criação das E.M’s, da composição destas,
além dos principais objetivos e desafios enfrentados. O alicerce fundamental
destas Equipes são as ideias de inter e multidisciplinaridade, onde todos os
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professores e funcionários das escolas, de todas as áreas de atuação e de
conhecimento podem contribuir. No entanto, percebe-se no funcionamento de
algumas E.M’s a dificuldade desta interação entre as diversas disciplinas, áreas
de atuação e conhecimento, por problemas, que em nossa interpretação se
devem pela dificuldade em lidar com a ideias da inter e da multidisciplinaridade.
Far-se-á uma contextualização geral com relação às lutas e pautas dos povos
indígenas e também da chegada das ideias do multiculturalismo ao Brasil por
meio dos escritos de Faustino (2006) e Novak (2014), além dos resultados
provocados por este encontro, das lutas e do multiculturalismo, refletidos na
constituição de 1988 e nas políticas públicas que irão se constituir. À luz do
conceito de interdisciplinaridade com as ideias de Zanirato e Silva, Fonseca
(2003) se discutirá as dificuldades e desafios do trabalho das E.M’s.
Ressaltamos que as informações e análises contidas neste trabalho são fruto
de participação e observação em duas E.M’s.
Palavras-chave: Equipe Multidisciplinar; Multiculturalismo; Interdisciplinaridade;
Educação; Indígenas.
Agência financiadora: CAPES.
O PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL NO PARANÁ
(PDE): REFLEXÕES SOBRE OS RESULTADOS DO DESENVOLVIMENTO
DOS PROJETOS DE INTERVENÇÃO PEDAGÓGICA NA ÁREA DE
HISTÓRIA
Isabel Cristina Rodrigues (UEM)
Na esteira das imposições do Repensando a Educação nos anos 1980 e
subsequentes pressões dos educadores brasileiros, uma série de políticas
públicas voltadas ao campo educacional brasileiro vem sendo promovidas em
âmbito federal e, consequentemente, estadual nas últimas décadas. No Estado
do Paraná, além das reformulações curriculares nas últimas décadas,
destacamos a criação do Programa de Desenvolvimento Educacional, o PDE.
Esse programa visa promover trocas de saberes entre os professores do
ensino superior e os da educação básica de maneira a produzir conhecimento
e mudanças qualitativas na prática escolar da escola pública paranaense.
Contraditórias, inovadoras, irreais? Apesar do muito que tem se discutido sobre
a existência de ações, voltadas ao propósito de melhorar a qualidade da
instituição escolar pública, notamos a ausência de estudos que analisem e
avaliem, além da essência dessas políticas, se os objetivos vêm sendo
atingidos, cumpridos e em que medida. Nesse sentido, a proposta desta
comunicação é preencher uma dessas lacunas, parcialmente, ao apresentar
um diagnóstico fracionário do PDE, ou seja, fazer uma análise dos trabalhos
realizados na área de História no Núcleo Regional de Educação de Maringá em
parceria com a Universidade Estadual de Maringá – UEM.
Palavras-chave: PDE; educação; ensino de história; professores.
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ENSINOS E APRENDIZADOS EM HISTÓRIA:
OLHARES PARA AS UNIVERSIDADES BAIANAS
Célia Santana Silva (UNEB/UDESC)
Este trabalho apresenta algumas reflexões identificadas através de analises
dos Projetos Pedagógicos dos Cursos de Licenciatura em História nas
Universidades Estaduais do Estado da Bahia. Esta discussão é recorte de
pesquisa de doutorado desenvolvida no Programa de Pós-Graduação em
História da Universidade do Estado de Santa Catarina/UDESC, sob orientação
da professora Cristiani Bereta da Silva e que objetiva analisar como os Cursos
de Licenciaturas em História das Universidades Estaduais do Estado da Bahia
estão formando seus graduandos para atuarem na Educação Básica, desde o
ano de 2002. Identificar e problematizar quais saber e saber-fazer têm sido
exigidos do futuro professor de história para atuar nos anos finais do Ensino
Fundamental e no Ensino Médio na Bahia é de grande relevância, bem como o
diálogo com as respostas oferecidas pelos especialistas, mediante literatura
específica. A análise e os desenhos dos currículos reformados na década
passada constituem o corpo geral da pesquisa. A metodologia empregada para
a pesquisa, além da análise documental, fará uso dos Regimentos Setoriais de
estágios dessas Universidades, os documentos de recadastramento dos cursos
de História das Estaduais, bem como os Projetos Políticos Pedagógicos das
referidas Universidades.
Palavras-chave: Currículo; Ensino de História; Licenciaturas em História;
Diretrizes Curriculares.
REFLEXÕES ACERCA DA TEMÁTICA DAS POPULAÇÕES
NATIVAS NA ESCOLA NO SÉCULO XXI
Cintia Régia Rodrigues (FURB)
O presente trabalho visa apresentar um panorama sobre a questão das
populações nativas a partir da elaboração da Constituição Nacional de 1988
até a efetiva implantação da Lei Federal Nº 11.645/08, que estabelece as
diretrizes e bases da educação brasileira para incluir no currículo oficial das
redes de ensino a obrigatoriedade da temática “História e Cultura AfroBrasileira e Indígena. Ao longo do processo de colonização da América
espanhola e portuguesa, construiu-se uma identidade para as populações
nativas. A identidade se expressa através dos signos, que definem a ideia e o
sentimento de pertencer a um grupo e a alteridade. As construções de “índio”
foram estruturadas a partir dos signos e significados que estavam contidos na
própria cultura europeia. Objetiva-se refletir a importância da temática das
populações nativas no contexto escolar e o processo de construção da referida
lei acima disposta, em meio as discussões em torno da pluralidade étnica
existentes no Brasil. Além de tratar sobre a importância da formação
continuada dos professores de História nesse processo de demandas
interétnicas. Para tanto serão utilizadas fontes diversas, como artigos, teses,
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leis, dentre outros, para a ponderação da referida proposta. Por fim, pretendese contribuir para o diálogo sobre a Educação Interétnica no Brasil.
Palavras-chave: Populações Nativas; Lei Federal Nº 11.645/08; Formação
Continuada; Educação Interétnica
O ENSINO DE HISTÓRIA REGIONAL E LOCAL NOS ANOS INICIAIS DO
ENSINO FUNDAMENTAL DO MUNICÍPIO DE TOLEDO
Leandro de Araújo Crestani (Universidade de Évora)
O presente estudo analisa o ensino de história regional e local nos anos iniciais
do Ensino Fundamental da Rede Pública Municipal de Educação de Toledo,
região Oeste do Estado do Paraná. Compartilha-se do pressuposto de que o
material destinado ao Ensino de “Historia Regional e Local” nesse município
visa reproduzir a história da elite e a valorização do protótipo do pioneiro como
herói. A perspectiva metodologia aqui adotada aponta para a necessidade de
uma abordagem historiográfica que desconstrua o ensino da História Oficial
pautado nesses valores. Busca-se, assim, reinterpretar o passado da
colonização do município sob a ótica dos colonos que foram excluídos da
memória oficial e apontar caminhos para desenvolver um material didático
como instrumento pedagógico crítico para o cotidiano escolar. A opção pela
História Regional e Local como objeto de análise deve-se, inicialmente, a
necessidade de confrontar, identificar, compreender, recuperar e tirar do
silêncio as memórias que foram esquecidas na versão da História Oficial.
Dessa forma, este estudo pretende contribuir para a promoção de um ensino
de História Regional e Local que não reproduza aos educandos a ideia de que
o processo de colonização da cidade tenha se dado de forma linear, sem
contradições nem conflitos. Nessa mesma perspectiva, objetiva-se
problematizar o ensino ainda hoje praticado na rede municipal de Educação de
Toledo enquanto cidade intrinsecamente ligada à versão colonial do
“pioneirismo”, que impõe os acontecimentos sob a ótica dos vencedores.
Palavras-chave: Ensino; História Regional e Local; Pioneiro; Toledo.
MÚSICA E DITADURA MILITAR ATRAVÉS DE NARRATIVAS DE ALUNOS
DO CURSO DE HISTÓRIA DA UEL: PODEMOS FALAR EM UMA
LITERACIA MUSICAL?
Maria de Fátima da Cunha (UEL)
Este projeto de pesquisa pretende analisar quais ideias os alunos do 1º. Ano
do curso de história da UEL (2014), manhã e noite trazem de sua formação
básica sobre o período da Ditadura Militar, utilizando-nos da canção como
mediação. Desta forma, pretendemos através de canções deste período
verificar quais narrativas são construídas pelos alunos sobre este período, mais
especificamente entre 1968 a 1973 que entendemos como o ápice da censura
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do período. Assim, partimos do pressuposto de que os alunos trazem
construções sobre este período, elaboradas a partir de vários objetos
mediadores, entre eles as canções, em especial as chamadas canções de
protesto. As perguntas que nos movem seriam: quais canções deste período
eles conhecem? Quais eles mais identificam com a Ditadura Militar? Quais
ideias eles trazem como prontas sobre a Ditadura, através das canções? Onde
eles aprenderam estas ideias: na escola, com a família, ou nas mídias? Quais
outros estilos musicais deste período eles conhecem? Quando os alunos
trazem uma compreensão da Ditadura Militar pós-64, seja ela qual for, através
de canções de protestos, ou outras, poderíamos falar de uma literacia musical?
Ou seja, seria mais fácil para os alunos elaborar uma compreensão de um
dado momento histórico, tendo a canção como mediação?Para entendermos
estas e outras questões pensamos em aplicar um questionário aos alunos do
primeiro ano do curso de história (2014), para obter as suas narrativas e
posterior análise.
Palavras-chave: História e Ensino. Música. Literacia Histórica
TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS E ENSINO DE HISTÓRIA:
UM ESTUDO SOBRE A METODOLOGIA WEBQUEST
Adaiane Giovanni (UNESPAR/Campo Mourão)
A presente pesquisa investiga a metodologia WebQuest aplicada a disciplina
de História. A WebQuest é uma metodologia elaborada com suporte na Web
2.0, na qual o aluno realiza investigação orientada de temáticas definidas pelo
professor, em que a maior parte das informações com as quais interagem
estão alocadas na internet. O público alvo deste estudo são alunos em
idade/série do 3º ano do Ensino Médio da rede pública de cinco escolas de
cidades da Mesorregião Centro Ocidental do Paraná, a saber: Barbosa Ferraz,
Campina da Lagoa, Iretama, Moreira Sales e Terra Boa. A pesquisa tem
caráter misto, ou seja, qualitativa e quantitativa, e utiliza-se de questionário
socioeconômico e educacional para o mapeamento do perfil dos envolvidos na
investigação. Objetiva avaliar a contribuição dessa metodologia no que se
refere a aprendizagem com o auxílio das tecnologias educacionais. Com base
em resultados iniciais, obtidos com a aplicação dos questionários, observa-se a
aceitação dos alunos quanto ao uso de recursos tecnológicos para a
aprendizagem, seja no âmbito geral, ou especificamente para a disciplina de
História, do qual trata essa pesquisa. Por fim, após a conclusão do estudo no
campo de aplicação, o que se pretende a partir das análises dos dados e da
experiência com a metodologia, é contribuir com os debates referentes ao
campo do ensino de História, considerando o avanço tecnológico cada vez
mais presente no cotidiano dos alunos e no ambiente escolar.
Palavras-chave: Ensino de História; WebQuest; Tecnologias educacionais
Agência financiadora: CNPq
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“NORTEIAM O DIA A DIA NA SALA DE AULA”. O QUE DIZEM OS
PROFESSORES SOBRE O CURRÍCULO DO ESTADO DE SÃO PAULO?
José Antonio Gonçalves Caetano (UEL)
Desde sua adoção enquanto disciplina escolar ainda no século XIX no Brasil, o
Ensino de História foi um campo de usos políticos. Quando se privilegia aquilo
que deve ou não ser adotado no currículo da disciplina, se privilegia o ideal de
sociedade que se pretende formar a partir da educação, pelos grupos
dominantes. Tais objetivos do Estado em relação à disciplina nem sempre
estão explícitos no cotidiano escolar ou na prática pedagógica dos professores,
mas, é possível encontrá-los implicitamente nos programas, currículos ou
diretrizes da matéria, os interesses do Estado estão ali, escondidos nas
entrelinhas do documento. O presente artigo faz parte da pesquisa em
andamento no curso de Mestrado em Educação da Universidade Estadual de
Londrina. Tem por objetivo de estudar de forma analítica e qualitativa a visão e
apropriação que os professores da rede estadual de São Paulo da disciplina de
História fazem dos documentos reguladores, como o Currículo do Estado de
São Paulo de Ciências Humanas e Suas Tecnologias, para a História e os
Cadernos do Aluno e do Professor, e como tais documentos influenciam e
definem os conteúdos que são ensinados na sala de aula. Para isso neste texto
elencamos os resultados parciais obtidos através da análise do documento
curricular estadual, dos materiais didáticos, tal como questionários aplicados a
oito professores da rede estadual atuantes na cidade de Santa Cruz do Rio
Pardo – SP, o resultado e as impressões preliminares da aplicação dos
questionários serão aqui expostos.
Palavras-chave: Ensino de História; Currículo; Currículo do Estado de São
Paulo.
Agência financiadora: CAPES – CNPq
MEMÓRIA E TEMPORALIDADE NO ENSINO DE HISTÓRIA: QUESTÕES
CONCEITUAIS E POSSIBILIDADES METODOLÓGICAS
Maurício de Aquino (UENP
Este texto apresenta algumas questões conceituais e possibilidades
metodológicas implicadas na relação entre memória, temporalidade e ensino
de história desde o diálogo crítico e a articulação das ideias de alguns autores
selecionados para esta reflexão. Na primeira parte, envida-se uma discussão
sobre a memória em que foram mobilizadas as ideias de Ulpiano Bezerra de
Meneses, Pierre Nora, Michel Pollack, Jacques Le Goff, Michel de Certeau. Na
segunda parte, encaminha-se um debate sobre a temporalidade no qual
despontam as perspectivas de Adauto Novaes, Norbert Elias e François
Hartog. Na terceira parte do texto procede-se a uma apreciação analítica de
algumas possibilidades metodológicas que articulam memória e temporalidade
no ensino de história: trata-se da abordagem de atividades sobre a construção
da noção de tempo pelas crianças, sobre as relações entre calendário civil e
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memória histórica, sobre patrimônio histórico e historicidade dos lugares, bem
como sobre as relações entre filme, ensino de história, tempo e memória. O
texto se encerra com algumas considerações finais que ressaltam a
importância das categorias de memória e temporalidade na aprendizagem
histórica em vista dos seus objetivos de formação política, humanista e
intelectual.
Palavras-chave: Ensino de História; Memória; Temporalidade.
A RELEVÂNCIA METODOLÓGICA DA TEORIA POPERIANA PARA O
DESENVOLVIMENTO DO CONHECIMENTO
Noelia Felipe (UNESPAR/Apucarana)
Paulo Cruz Correia (UNESPAR/Apucarana)
Tânia Terezinha Rissa de Souza (UNESPAR/Apucarana)
Artur Palu Filho ( UNESPAR/Apucarana)
Este artigo apresenta as ideias básicas de Popper, analisando seu impacto
pautadas nas discussões metodológicas para a formação do conhecimento
científico, especialmente sobre a questão do falseacionismo e suas
conjecturas, refutação, ou corroboração de uma teoria. Em termos gerais
quanto ao que diz respeito à própria ciência. O texto, utilizando-se de uma
metodologia descritiva crítica, lança questionamentos a respeito de como o
pensamento popperiano tem influenciado as questões de posicionamento
científico metodológico. Apresenta ainda, algumas indicações de como a teoria
popperiana tem marcado a busca científica, mas tem deixado algumas
inconsistências sem respostas, ou incita muitos questionamentos e críticas em
relação ao seu apego à causa empírica e prática formalizativa defendida.
Buscar-se-á, por meio desta discussão, identificar - ainda que preliminarmente
- no limite básico da teoria metodológica popperiana, como determinada forma
de tratar a teoria pode razoavelmente melhor explicar o aparato constitutivo da
exploração científica, necessária à construção do conhecimento em seus
diferentes níveis de reflexão. São diferentes approaches teóricos mais ou
menos descritivos, os quais visam sugerir que medida indica como os agentes
promotores de ciência tendem a agir na construção do conhecimento. O
conhecimento, no entanto, é uma criação e também precisa de organização.
Se se acredita que uma só corrente teórica responde a tudo, o indivíduo tornase dogmático e refém de suas crenças. As conclusões preliminares são de que
as ideias básicas poperianas tendem a dogmatização do conhecimento e são,
portanto, insuficientes para uma investigação de articulação entre teoria e
prática.
Palavras-chave: Conhecimento; e, Metodologia Científica Popperiana.
USOS DIDÁTICOS DE DOCUMENTOS NO ENSINO DE HISTÓRIA
Vivian Fernandes Carvalho de Almeida (UNICESUMAR)
Veroni Friedrich (UNICESUMAR)
Priscilla Campiolo Manesco Paixão (UNICESUMAR)
Murilo Sanchez Zulato (UNICESUMAR)
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A utilização de documentos como materiais didáticos tem sido defendida a
pouco tempo, mas justifica-se por vários motivos. Quando bem utilizados são
instrumentos pedagógicos inigualáveis, por tornarem possível a proximidade do
aluno com situações concretas que ocorreram no passado. Além disso, eles
podem favorecer no desenvolvimento do intelecto dos alunos, ao exigirem mais
que a simples assimilação de conteúdos propostos pelos livros didáticos.
Podemos destacar também, o aumento da atratividade de nossas aulas, uma
vez que não podemos ignorar a dificuldade que os alunos têm de se
concentrar. Contudo, o professor necessita de um conhecimento significativo
para utilizar os possíveis recursos documentais como materiais didáticos e não
apenas como meros atrativos. Nesse sentido, este trabalho apresentará uma
discussão sobre as premissas básicas para o ensino de História no ambiente
escolar, de forma a sublinhar a importância do uso dos documentos históricos
em sala de aula, uma vez que não há ensino de história sem a problematização
dos mesmos. Nosso trabalho foi elaborado a partir de análises dos
pensamentos de Cierce Bittencourt, Fernando Becker, Jörn Rüsen, Alberto
Marson e Sonia Nikitiuk. Em síntese, acreditamos que os documentos
devidamente explorados, enriquecem as aulas de História e contribuem para
que o discente faça sua análise (diferenciações/abstrações) permitindo-lhe
interpretar as distintas temporalidades as quais estamos inseridos.
Palavras-chave: Documentos; História; Prática de ensino.
O USO DE IMAGENS EM SALA DE AULA:
EXPERIÊNCIAS COM A CAIXA DE HISTÓRIA
Adaiane Giovanni (UNESPAR - Campo Mourão
A Caixa de História’ visa colocar os alunos em contato direto com fontes - ou
reproduções destas, escolhidas pelo professor - de maneira que possam
apreender e significar esse material de acordo com suas próprias
interpretações. Essa metodologia foi aplicada para alunos de duas turmas de
primeiro ano do Ensino Médio pertencentes ao subprojeto de História do PIBID
da UNESPAR campus de Campo Mourão, e teve por temática, manifestações
sociais. Foram utilizadas reproduções de imagens e de matérias jornalísticas
de épocas diferentes. A atividade foi composta por quatro fases, a)
levantamento de temas para a elaboração da proposta, b) confecção da caixa,
c) aula introdutória sobre fontes históricas e, d) aplicação da atividade. A
metodologia segue o seguinte roteiro: cada aluno deve retirar de dentro da
caixa uma fotografia ou um fragmento de texto, em seguida deve procurar o
colega que está com a fotografia do mesmo local e o documento que explica
parte da história destas fotografias. Após a junção desses materiais precisam
analisá-los em conjunto e elaborar uma narrativa sobre o tema, na qual devem
apontar as percepções que tiveram ao compará-las. Pode-se perceber nas
análises dos resultados, em andamento, que os alunos conseguem notar
diferenças referentes ao deslocamento temporal dos fatos com os quais estão
em contato. Fica também, a constatação de que a atividade favorece a
171
compreensão dos alunos no que se refere à noção de fonte histórica, e de que
há outras possibilidades de se aprender História para além dos métodos
usuais.
Palavras-chave: Ensino de História; Fontes imagéticas; Caixa de História
Agência financiadora: PIBID/CAPES
A APRENDIZAGEM HISTÓRICA PENSADA A PARTIR DO USO DE FONTES
EM SALA DE AULA
Ana Paula Rodrigues Carvalho (UEL)
Este trabalho propõe como tema analisar de que forma ocorre a aprendizagem
histórica nos alunos a partir do uso da fonte, o jornal fascista, La Provincia di
Bolzano em sala de aula por meio da categorização das narrativas produzidas.
A pesquisa será realizada com os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental de
duas escola Estaduais da cidade de Guarapuava/Pr. A partir da
problematização do jornal em sala de aula serão trabalhados o conteúdo
substantivo fascismo e os conceitos de segunda ordem evidência e empatia. A
utilização de trechos do jornal será útil para que os alunos percebam as
evidências presentes nesta fonte e tracem vínculos de empatia com as
pessoas que viveram na cidade de Bolzano e que passaram pelo processo de
italianizzazione. Esta análise será possível, pois a partir da sequência didática
trabalhada em sala de aula os alunos produzirão narrativas sobre o conteúdo
substantivo: fascismo. O intuito de analisar a narrativa produzida pelos alunos
consiste em perceber como ocorre a aprendizagem histórica fruto do
pensamento histórico desenvolvido com o auxílio de uma fonte. Sabe-se que
não existe uma metodologia única e eficiente para que ocorra uma
aprendizagem de qualidade. Todavia, espera-se que este projeto possa
explicitar e pensar as possibilidades necessárias para que as aulas se tornem
realmente um lugar de interação dialógica que possibilite o desenvolvimento de
uma consciência genético - crítica que comporta a autonomia dos alunos como
cidadãos conscientes do seu papel de sujeitos históricos na sociedade.
Palavras-chave: Aprendizagem histórica, Ensino de História, Jornal, Fascismo
Agência financiadora: CAPES
A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO DE TEMPO EM SALA DE AULA:
ANÁLISE SOBRE AS EXPERIÊNCIAS DE PROFESSORES DE HISTÓRIA
DA REDE MUNICIPAL E ESTADUAL DE ENSINO DE BRASILÂNDIA/MS
Anilton Diogo dos Santos (UEL)
Esta pesquisa, em andamento no programa de mestrado em educação da
UEL, alocada na linha: Perspectivas Filosóficas, Históricas e Políticas da
Educação e no núcleo: História da Educação e Ensino de História, sob a
orientação da professora doutora Marlene Rosa Cainelli busca investigar, por
meio da educação histórica, como professores de História da rede Municipal e
Estadual de ensino de Brasilândia no Mato grosso do Sul constroem,
organizam e empregam conceitos ligados a Temporalidade Histórica no
172
exercício da docência em História. Para construir essa reflexão embasaremos
nossas ações em uma abordagem qualitativa com triangulação de dados, em
que pretendemos por meio de entrevistas com os professores traçar um perfil
destes profissionais no que tange sua formação profissional e conceitual, para
então, fazermos um paralelo e entendermos como ocorre a construção dos
conceitos que esses usam em suas atividades docentes. Outro momento
consistirá em analisar planejamentos e observar a aplicação destes nas aulas.
Por fim através da leitura das atividades (presentes nos planejamentos) e das
avaliações desenvolvidas por esses professores, em sala de aula,
identificaremos os múltiplos conhecimentos sobre tempo e temporalidade.
Entender qual a formação teórica, como esses professores fazem suas
escolhas metodológicas e como eles a partir dos conceitos de temporalidade
elaboram seu currículo informal (aquele elaborado no cotidiano da ação
docente no processo ensino/aprendizagem), pode auxiliar a entender como se
desenvolve este processo de ensino aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino de História; Educação Histórica, Cultura escolar;
Tempo e Temporalidade Histórica
POR UMA HISTÓRIA PELA VIDA:
RELAÇÕES ENTRE NIETZSCHE E RÜSEN
João Augusto Martin Nantes dos Santos (UEL)
Em meio às reflexões acerca da formação histórica é comum nos depararmos
com uma questão que provoca certa aflição. “Para que serve a História?”.
Percebemos a importância de se estabelecer respostas convincentes sobre
esta questão, pois a seleção dos conteúdos históricos, dos temas, instrumentos
metodológicos, fontes... Todas essas atividades são desempenhadas de
acordo com entendimentos ligados ao uso da História na vida. Estimulados por
esta indagação, aspiramos compreender para relacionar os pensadores
alemães Friedrich Nietzsche (1844-1900) e Jörn Rüsen (1938), na maneira
como concebem seus estudos históricos atrelados à vida. Apesar da distância
temporal e de posicionamentos, acreditamos que é possível traçar
aproximações e distanciamentos importantes para a compreensão desses
autores. Para alcançar o objetivo deste texto, estabelecemos o seguinte roteiro
de pesquisa teórica: observar as críticas dos autores à tradição historiográfica,
com ênfase ao seu apelo à vida; delinear definições gerais acerca de suas
teorias, destacando o método sugerido por cada pensador; para que por fim,
possamos analisar possíveis afinidades e desacordos no uso da história para a
vida de Nietzsche e Rüsen. Até o atual momento da pesquisa, conseguimos
concluir que ambos idealizam um conhecimento histórico útil à vida, tecem
críticas às historiografias de seus tempos e recriminam também a teleologia na
História. Ao tipificarem os sentidos históricos percebemos também grandes
aproximações entre os autores.
Palavras-chave: Formação Histórica; Utilidade da História; F. Nietzsche; J.
Rüsen; Sentidos Históricos.
173
O USO DA “TEORIA FUNDAMENTADA” PARA ENTENDER AS
APROPRIAÇÕES DE ALUNOS SOBRE A HISTÓRIA DE LONDRINA – PR
Márcia Elisa Teté Ramos (UEL)
Apresenta-se as técnicas vinculadas à “teoria fundamentada” (Grounded
theory) para apreender as apropriações que alunos do Ensino Médio fazem
sobre a história de Londrina – PR. A pesquisa dividiu-se em três fases: 1)
estudo exploratório, quando foi utilizada a técnica de Grupos Focais e de
brainstorming (chuva de ideias); 2) estudo piloto, com questionário
semiestruturado através de plataforma survey, junto aos alunos e também a
técnica de “história hipotética” e 3) estudo principal, onde se explora
reportagens, uma da revista Veja e outras duas do Jornal de Londrina sobre a
cidade de Londrina, sendo que a primeira reportagem fala da “imigração
inglesa” de Londrina e as outras duas, contrapõem dois pesquisadores e um
jornalista sobre o “vazio demográfico” no início da colonização da região. Por
intermédio destas técnicas de pesquisa aproximadas da pesquisa etnográfica,
o referido estudo concluiu que existe a tendência de os alunos pensarem que a
cidade de Londrina foi formada por “pioneiros”, ou seja, alguns homens
considerados heróis, desbravadores, empreendedores e corajosos, desta
forma, excluindo outros grupos da história da cidade. E ainda: permanece a
ideia de que na região não habitava nenhum grupo humano antes da
colonização. Nesta comunicação, em especial, procura-se destacar a “teoria
fundamentada” como possibilidade de fornecer dados para empreender as
categorizações e as análises que sustaram este tipo pesquisa voltada para o
ensino e aprendizado histórico.
Palavras-chave: Apropriações; Cidade; Ensino Médio; Teoria fundamentada;
Metodologia.
“LITERACIA HISTÓRICA”, REVISTA CAPRICHO E PENSAMENTO
HISTÓRICO DE JOVENS SOBRE “GÊNERO”.
Flávia Mantovani (UEL)
Pretende-se neste trabalho problematizar os resultados da pesquisa concluída
em 2014 no PPGHS-UEL, na qual objetivou-se investigar o pensamento
histórico de jovens sobre “gênero” a partir da revista Capricho (abr/2005mar/2006). Interessou-nos, na investigação, observar se os estudantes – de um
então 2º ano/Ensino Médio do Colégio de Aplicação, Londrina/PR –
construíram/mobilizaram uma “literacia histórica” na leitura da revista, focando
tais análises nas questões de gênero presentes em suas páginas. Para
apreendermos o raciocínio histórico destes estudantes, utilizamos a técnica de
grupos focais articulada ao modelo de aula-oficina proposto por Isabel Barca,
buscando desenvolver, em uma prática didático-pedagógica pautada no uso
174
escolar de fontes históricas, uma interpretação/leitura das fontes e sua
compreensão contextualizada. Em três aulas gravadas e transcritas, coletou-se
ideias prévias de estudantes e suas interpretações da fonte, através da
qual trabalha-se a construção de uma “literacia histórica” – entendida, a partir
de Peter Lee, como um modo de ler e interpretar o mundo historicamente.
Assim, analisa-se a leitura (histórica) dos jovens sobre as identidades de
gênero discursadas na Capricho. Ainda, consideramos que estes discursos
podem ser (re)apropriados pela leitora, o que nos permite dizer que foi possível
uma literacia histórica por parte dos estudantes. Concluímos que os jovens
estudantes trouxeram primeiro concepções de gênero que reproduziam os
discursos da revista mas, posteriormente, demonstraram capacidade de
observar e historicizar tais questões, lendo a revista como uma fonte histórica
e contextualizando seus discursos, o que significa uma “literacia histórica”.
Palavras-chave: literacia histórica, revista Capricho, ensino de história e
gênero.
REVOLUÇÃO FRANCESA:
A ICONOGRAFIA COMO SUPORTE PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
Isabela Candeloro Campoi (UNESPAR - Paranavaí)
A proposta desta comunicação é apresentar os resultados de pesquisa
financiada pela Fundação Araucária e que se pautou no levantamento
iconográfico referente à Revolução Francesa. Tal evento é considerado
importante marco histórico e, segundo a divisão quadripartite da História, é
entendido como inaugural da Idade Contemporânea, por isso tradicionalmente
contemplado nos currículos tanto da educação básica quanto do ensino
superior. Além do estudo sobre esse acontecimento histórico, a investigação
proporcionou a problematização da produção e divulgação de imagens como
veículo propagandístico antes e depois do estopim revolucionário (1789). Os
símbolos, ícones e representações adquiriram posicionamentos políticos
através do uso de cores e objetos, em verdadeira batalha simbólica,
contemplada oficialmente pela Revolução, que tampouco foi homogenia. A
abordagem valeu-se das contribuições da Nova História, linha teórica
interpretativa que ampliou fontes, objetos e abordagens. As imagens como
fonte para a reflexão histórica são, da mesma forma, importantes aliadas do
ensino de História. A produção imagética sobre a Revolução Francesa foi
pensada como suporte didático-metodológico em sala de aula. Através do
estudo iconográfico, foram identificados os temas mais visitados e a partir deles
produziu-se um banco de imagens, sugerido como material e suporte às aulas
de História, cujo tema seja a Revolução Francesa.
Palavras-chave: Revolução Francesa; iconografia; ensino de História; material
didático
Agência financiadora: Fundação Araucária.
175
ENSINO DE HISTÓRIA E ARTE SEQUENCIAL:
ALGUMAS REFLEXÕES
Janaina de Paula do Espírito Santo (UEPG)
Ligiane de Meira (UNICESUMAR)
O presente texto se dedica a uma reflexão sobre a bibliografia disponível
acerca das história em quadrinho e suas possíveis relações com o ensino de
história. Dentro do ensino de história as História em Quadrinhos geralmente
são utilizadas para exemplificar um fato histórico, como um recurso de
ilustração, um complemento ao trabalho usual do professor. Esta opção, ao
ignorar outros fatores presente nesse tipo de mídia empobrecem sua presença
na sala de aula. Há possibilidade de se trabalhar o contexto histórico expresso
pelos personagens, o momento histórico da produção da HQ e os conceitos
históricos aplicados àquela história em quadrinhos, fazendo com que a mídia
seja explorada de uma forma mais completa e efetiva. Nossa proposta é, ao
unir as reflexões dos estudos sobre quadrinhos com as proposições de
aprendizagem histórica e cultura histórica do teórico alemão Jörn Rüsen,
fortalecer o entendimento dos quadrinhos como um espaço de formação de
conceitos históricos: a linguagem iconográfica aliada a linguagem textual
possibilitam que os conceitos sejam exemplificados e absorvidos pelo leitor de
forma mais efetiva, trazendo o leitor e/ou aluno para o papel de protagonista na
formação do seu próprio pensamento histórico, ainda que só seja possível
perante a mediação do professor de história.
Palavras-chave: história em quadrinhos, ensino de história, cultura histórica.
OS PARADIDÁTICOS NO ENSINO DE HISTÓRIA:
“A PANACEIA DE TODOS OS PROBLEMAS”?
Ana Beatriz Accorsi Thomson (UEL)
As reflexões dentro âmbito da Educação Histórica têm buscado analisar e
compreender as diversas práticas em sala aula, as relações entre professores
e alunos, a construção do conhecimento histórico, das narrativas e, também,
como os materiais didáticos e paradidáticos se articulam ao processo de
aprendizagem. Assim, para essa dissertação, realizada no programa de
Mestrado em História Social da Universidade Estadual de Londrina e orientada
pela Prof. Dra. Marlene Cainelli, temos como objetivo refletir sobre a utilização
dos paradidáticos no ensino e analisar como os professores se relacionam e
entendem tais materiais na atualidade. Nesse sentido, buscaremos,
inicialmente, investigar o contexto de surgimento dos materiais paradidáticos
voltados ao ensino de história, que, segundo Ernesta Zamboni (1991), surgiram
para sanar todas as dificuldades e servir como “panaceia” dos problemas
educacionais. Também, priorizaremos o trabalho com livros paradidáticos
relacionados à história da África, com o intuito de investigar como tem sido as
discussões sobre esse tema em sala de aula e quais são as possibilidades de
explorá-lo por meio de materiais alternativos ao livro didático. Nesse sentido,
pretende-se adotar a perspectiva metodológica de investigação qualitativa,
realizando questionamentos e entrevistas com professores de História
envolvidos com os anos finais do Ensino Fundamental. Buscaremos verificar a
176
hipótese de que a utilização desse tipo de material possa expandir os
conteúdos que normalmente são abordados pelos professores no ensino de
história da África, valorizando principalmente os aspectos culturais e podendo
representar também um incentivo à formação do aluno-leitor.
Palavras-chave: Paradidático; Ensino; História da África.
O ENSINO DA DIÁSPORA AFRICANA ATRAVÉS DO JOGO
PROTAGONIZADO NO ENSINO MÉDIO TÉCNICO INTEGRADO DO CURSO
DE ALIMENTOS
Joycimara de Morais Rodrigues (IFRN – CURRAIS NOVOS)
Jogo protagonizado é um jogo de representação relacionado ao
desenvolvimento intelectual do indivíduo e que é baseado nas relações sociais
estabelecidas pelos mesmos. Neste trabalho, abordamos o jogo protagonizado
através do RPG, possibilitando a abordagem sobre a Diáspora Africana por
meio da vivência, o que faz do jogo um dispositivo mediador entre os alunos e
o conhecimento histórico, baseado na experiência realizada com os alunos do
terceiro ano do Ensino Médio Integrado do curso de Alimentos no Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, campus
Currais Novos. A metodologia adotada em nossa pesquisa foi a pesquisa-ação,
onde o pesquisador interage diretamente com os sujeitos, tendo como objetivo
modificar uma situação, que no caso era a visão dos jogadores sobre a África.
Nosso trabalho mostrou que através do RPG os jogadores puderam
desenvolver uma outra visão de si mesmo, baseados na imersão lúdica da
história e cultura africana e afro-brasileira no período da Diáspora Africana,
permitindo que estes desenvolvessem uma nova visão identitária de si mesmos
e da sociedade brasileira, contribuindo assim para repensar os paradigmas
racistas presentes em nossa sociedade e assim colocarem em prática os
objetivos da Lei 10.639/03 no contexto cultural do IFRN Campus Currais
Novos.
Palavras-chave: Jogo Protagonizado; Ensino Médio Integrado; Diáspora
Africana; RPG;Vivência.
JOGOS VIRTUAIS NA CONSTRUÇÃO DE CONHECIMENTOS HISTÓRICOS
DE ESTUDANTES DE 7º ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL
Marcela da Silva Soares (UEPG)
A pesquisa teve por objetivo analisar os conhecimentos históricos mobilizados
por estudantes do 7º ano a participarem de jogos eletrônicos envolvendo
conteúdos da disciplina de História. O estudo foi desenvolvido com alunos da
Escola Estadual Professora Shirley Saurin- Ensino Fundamental situada no
município de Palotina-Pr. A coleta de dados foi realizada por meio de
questionário com todos os alunos da escola para identificar a importância e a
proporção em que esta tecnologia estava inserida no contexto dos alunos. Com
a tabulação e análise dos resultados estabeleci critérios para escolha de uma
turma para aplicar um jogo virtual. A turma que mais se identificou com este
177
recurso da cultura digital, mais especificamente o jogo, foi o 7º ano, e o jogo
escolhido foi “A Aldeia Virtual,” do site Pibmirum que vinha ao encontro dos
conteúdos das aulas que estavam sendo desenvolvidas ao longo do ano. Com
o desenvolvimento do projeto foi possível identificar alguns traços de
mobilização de conhecimento histórico, principalmente, porque os alunos se
sentiram valorizados por ter uma professora mostrando interesse em melhorar
o nível de aprendizagem dos mesmos. Além disso, observou-se nos alunos
uma maior facilidade de expressão e na escrita, mesmo por se tratar de um
jogo simples comparado ao habitualmente jogado pelos alunos. O nível de
interesse pelo jogo e por todo o conteúdo que permeou as aulas anteriores e
posteriores ao jogo foi alto, o que evidencia que os alunos querem jogar na
escola. Esta pesquisa também me proporcionou repensar e melhorar a prática
pedagógica enquanto professora da educação básica.
Palavras-chave: Ensino de História, Cibercultura, Jogos virtuais.
CULTURAS AFRO-BRASILEIRAS E INDÍGENAS:
CONTANDO OUTRAS HISTÓRIAS
Maria Celma Borges (UFMS)
Esta comunicação objetiva discorrer sobre as culturas afro-brasileiras e
indígenas, a partir da narrativa de uma experiência de produção de material
paradidático intitulado “Outras histórias... Culturas afro-brasileiras e indígenas”,
produzido no ano de 2012, em Mato Grosso do Sul, para as séries iniciais do
Ensino Fundamental, e centrado na compreensão da cultura como processo
dinâmico. Escrito a “dez mãos”, contando com professores da área de História
e da Educação, este material busca apresentar as culturas indígenas e afrobrasileiras como carregadas de vida, contradições e de ambiguidades, mas
ainda de expressão de diversos saberes que se constituíram (e se constituem)
na experiência dos agentes sociais, negros e negras, assim como dos povos
originários, ao longo da história do Brasil, da América e do continente africano,
em diálogo com outras culturas. Destacamos, então, os encontros e
desencontros em meio a este processo. Ao trabalharmos com quatro Unidades
norteadoras: “Quem sou eu, quem é o outro, quem somos nós?”; “De onde
viemos?”; “E as nossas raízes?” e, por fim: “E os nossos direitos?”, este
material visa contemplar aspectos da história e da cultura indígena e afrobrasileira que possam contribuir para combater a discriminação vivenciada por
esses dois grupos. Objetivamos contribuir também para a compreensão da
história do Brasil e da Afro-América, em sua dinamicidade, de forma dialógica,
para quem sabe um dia as diferenças, as belezas e as contradições que
compõem este mosaico que somos nós, possam vir as ser vividas e
respeitadas em sua plenitude como algo positivo.
Palavras-chave: culturas afro-brasileiras; indígenas; história; livro paradidático
178
ARTE MUSIVA E O ENSINO DE HISTÓRIA DA ROMA ANTIGA
Moisés Antiqueira (UNIOESTE)
Este trabalho é fruto de reflexões empreendidas no decorrer de minhas
atividades como pesquisador na área de História Antiga e como docente da
mesma disciplina junto ao Curso de Graduação em História oferecido pela
Unioeste. Saliente-se, pois, duas questões: ainda que essencial para a prática
do futuro docente, a carga horária dedicada à História Antiga nas licenciaturas
em História é, via de regra, limitada. Por outro lado, os livros didáticos
permanecem como um dos principais veículos de difusão da História Antiga no
ambiente escolar. Não se apregoa o abandono do livro didático mas, antes,
que a universidade forneça maiores subsídios para a construção do saber
escolar, para além do ensino na graduação. Neste sentido, o ensino da história
romana nas escolas poderá adquirir significado para os alunos se
conseguirmos aproximá-los da diversidade cultural característica do mundo
imperial romano, como observada por meio de fontes materiais. Proponho,
assim, a elaboração de atividade didática pautada na arte musiva (mosaicos)
produzida à época do Império romano, que contenha representações dos jogos
gladiatoriais. Diante disso, parto da perspectiva de que o trabalho com fontes
em sala de aula permite que os discentes tenham ciência acerca da
relatividade do conhecimento histórico, condição atrelada ao uso de fontes
dotadas das mais diferentes linguagens. Logo, julgo que tal atividade estimula
reflexões sobre a espetacularização da violência tanto no passado quanto no
presente, de modo que o trabalho com a História Antiga propicia que temas
relevantes para o nosso cotidiano sejam problematizados no interior da escola.
Palavras-chave: Arte Musiva; Ensino de História; Roma Antiga.
O FANTÁSTICO MUNDO DA ANIMAÇÃO: UMA BREVE REFLEXÃO SOBRE
O USO DOS DESENHOS DE WALT DISNEY EM SALA DE AULA.
Priscila Estevo de Oliveira (UEL)
A mídia, hoje mais do nunca, é algo que permeia a sociedade, tudo passa ou
acontece através dela, e devido a essa influência, as grandes empresas da
publicidade e do entretenimento aproveitam para difundir determinadas ideias,
gostos, valores, comportamentos e hábitos, vindos principalmente das terras do
Tio Sam. Os Estados Unidos se tornou uma referência para os brasileiros, que
consomem de sua cultura, isso não quer dizer que os mesmos não tenham
senso crítico e não percebam o que se passa através das mensagens em
filmes ou músicas, que ensinam a partir de um determinado ponto de vista e
seus objetivos acabam indo além da venda de produtos, como é o caso da
Disney. A Disney é uma poderosa máquina de entretenimento, que tem
objetivo proteger sempre seu status de inocência e virtude, escondendo
sempre através da fantasia a sua visão conservadora de mundo. Pensando
nisso, busca-se analisar alguns vídeos dessa grande indústria do
entretenimento, criados entre 1942-1944, intitulados: Education for Death e Der
Fuhrer’s face, com o objetivo de mostrar como a Disney representa a guerra,
quais mensagens transmitiam, de que forma chamavam a atenção do público,
como protegiam sua imagem num cenário de guerra, e como podem ser
179
utilizados em sala de aula, discutindo a possibilidade de construção da literacia
histórica através dos vídeos.
Palavras-chave: Mídia; Disney; Literacia histórica.
“EDUCAÇÃO, CINEMA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES:
EXPERIÊNCIAS DE ENSINO E APRENDIZADO HISTÓRICO ATRAVÉS DA
PRODUÇÃO DE CURTAS METRAGENS”.
Rodrigo Ribeiro Paziani (UNIOESTE/Marechal Candido Rondon)
Humberto Perinelli Neto (UNESP/São José do Rio Preto)
Rafael Cardoso de Mello (Centro Universitário Barão de Mauá/Ribeirão Pret)
A importância social alcançada pelas narrativas cinematográficas guarda
vínculo com a transformação do próprio olhar humano e da maneira de
conhecer. A capacidade de provocar encantamento e de intervir na construção
da visão de mundo gerou o desenvolvimento de várias experiências em torno
do emprego de filmes na educação e, em particular, no ensino de História. As
possibilidades abertas pelas TIC têm incentivado a produção e o
compartilhamento de vídeos, ampliando assim os espaços e as ocasiões em
que a visualização dos filmes se faz presente e o emprego consciente e critico
destes no ensino e aprendizagem histórico. Tomando por base os resultados
de um projeto de pesquisa e de um curso de extensão desenvolvidos no curso
de Pedagogia da UNESP/IBILCE/São José do Rio Preto/SP, desde 2010, é
que propomos nesta comunicação abordar o processo formativo de alunos/as
do referido curso, através da produção de curtas metragens relacionados aos
conhecimentos históricos escolares e à realidade empírica da cidade em
questão. Valendo-nos de numa metodologia de pesquisa qualitativa, fruto de
observações e entrevistas orais, e fundamentados num diálogo intrínseco com
as reflexões de Paulo Freire, enfatizamos o valor heurístico do cinema, na
medida em que ele tem se constituído numa fonte indispensável para
(re)construção de saberes históricos (temporalidades, sujeitos, contextos,
representações, práticas etc.) relevantes para uma formação inicial de
professores alicerçada na autonomia pedagógica e na consciência histórica.
Palavras-chave: Cinema; Educação; Saberes Históricos; Formação de
Professores; Estudo local.
COLORINDO OU HISTORICIZANDO?: UM ESTUDO HISTÓRICO SOBRE AS
FONTES ICONOGRÁFICAS PRESENTES NOS LIVROS DIDÁTICOS DE
HISTÓRIA
Willys Bezerra dos Santos (UFRB)
O livro didático (LD) é o recurso mais acessível e usado pelos docentes na
rede pública, ocupando um lugar privilegiado na sala de aula; logo, é o recurso
didático mais analisado, problematizado e criticado nas pesquisas. O livro deve
sempre ser um ponto de partida e nunca o ponto de chegada do processo
ensino-aprendizado. Tal ressalva se faz necessária uma vez que, através do
uso contínuo e onipresente do LD, este instrumento poderá, simplista e
180
equivocadamente, ser considerado como único recurso didático ou única fonte
de estudo e pesquisa do professor e dos alunos. Objetiva-se que os livros
didáticos de história tragam em suas páginas os atuais debates
historiográficos, questões problemas e diversos documentos/fontes históricas
para que os alunos possam conhecer como é construído e, ao mesmo tempo,
construir o conhecimento histórico. Desta forma, o presente trabalho buscou
analisar como as fontes iconográficas foram abordadas/trabalhadas nos LDs de
História durante a década 1970 a 2010. Escolhemos cinco fontes iconográficas,
selecionamos três livros de cada década pesquisada, totalizando 12 livros,
onde confrontamos o uso das fontes com os objetivos expostos pelos autores
na apresentação dos livros e com os debates historiográficos do período.
Concluímos que nem todos os autores historicizam e exploram as fontes
históricas e, quando o fazem, privilegiam os documentos escritos. As fontes
iconográficas, ricas em informações, normalmente são usadas como meras
ilustrações, como forma de “comprovar” o que os textos dizem.
Palavras-chave: livro didático; imagens; fontes históricas; ensino
181
ST 17 - ESTUDOS SOBRE A AMERICA PORTUGUESA
GOVERNANÇA, FISCALIDADE E NEGÓCIOS: A EMISSÃO DE
PASSAPORTES MARÍTIMOS E A REGULAMENTAÇÃO DA NAVEGAÇÃO
MERCANTIL NA CAPITANIA/PROVÍNCIA DE SÃO PAULO (1808-1821)
Renato de Mattos (USP)
Nos meses que se seguiram à transmigração da família real portuguesa para o
Rio de Janeiro, a manutenção da governabilidade de todo o vasto império a
partir dos domínios americanos alicerçou-se não apenas na instalação de
instituições semelhantes àquelas existentes na antiga metrópole. A esse
processo devem ser acrescidos os esforços dos integrantes do governo joanino
em reproduzir tipos documentais essenciais ao funcionamento das secretarias,
tribunais e repartições até então inexistentes nas diversas instâncias da
administração colonial. Reconstituindo os processos de criação e circulação
dos passaportes expedidos às embarcações – expediente instituído na América
portuguesa em agosto de 1808 pela recém-instalada Secretaria de Estado dos
Negócios da Marinha e Domínios Ultramarinos – discutiremos as dimensões do
funcionamento do aparato administrativo joanino, bem como as transformações
verificadas nas relações mercantis entre os grupos radicados na
capitania/província de São Paulo e os negociantes da praça do Rio de Janeiro
após a transferência da Corte portuguesa. Ademais, a partir do exame das
circunstâncias
que
presidiram
a
implantação
dos
passaportes,
problematizaremos as repercussões da Abertura dos Portos no âmbito do
comércio marítimo praticado em São Paulo, evidenciando em que medida teria
essa decisão efetivamente constituído um marco do ponto de vista
socioeconômico no Centro-Sul da colônia.
Palavras-chave: São Paulo; Império luso-brasileiro; Abertura dos Portos;
comércio marítimo; período joanino
INSTITUCIONALIZAÇÃO DE TROPAS DE PRETOS E PARDOS NAS
CAPITANIAS DA BAHIA E DO RIO DE JANEIRO – SÉCULO XVIII
Francielly Giachini Barbosa Menim (UFPR)
O presente trabalho pretende discutir os êxitos e reveses do processo de
institucionalização de tropas de pretos e pardos nas capitanias da Bahia e do
Rio de Janeiro no século XVIII. As fontes utilizadas para esta discussão provêm
do arquivo digital do “Projeto Resgate” do Arquivo Histórico Ultramarino e do
Projeto Periódicos Extintos da Fundação Biblioteca Nacional. O principal
objetivo é perceber a postura das duas capitanias diante da ordem da Carta
Régia de 13 de Janeiro de 1731, a qual demandava que as tropas formadas
pelo critério de cor fossem extintas e novos arranjos fossem formados
conforme os distritos das capitanias. É interessante perceber que o governador
do Rio de Janeiro obedeceu à ordem da missiva sem uma detectável
reivindicação dos integrantes das tropas de homens de cor. Enquanto que na
Bahia, diferentemente, o governador, os oficiais e os soldados resistiram à
demanda e conseguiram manter suas tropas. Diante disso, percebe-se que a
182
diferença de ações está muito ligada ao próprio processo de enraizamento e
institucionalização desta experiência social. Muito mais longeva no caso da
Bahia, cuja corporação foi formada em 1638, no contexto das invasões
holandesas. Enquanto que no Rio de Janeiro, este tipo de instituição era ainda
muito recente, datada no fim do século XVII.
Palavras-chave: Institucionalização; Tropas; Pretos; e Pardos.
Agência financiadora: CAPES
HOMENS PARA UMA FUNÇÃO: DINÂMICAS DE CARREIRAS DOS
OUVIDORES RÉGIOS NA CAPITANIA DE SÃO PAULO (PRIMEIRA
METADE DO SÉCULO XVIII)
Jonas Wilson Pegoraro (UEPG)
Esta comunicação visa propor uma discussão a respeito das instituições que
compuseram o aparato jurídico-administrativo na América portuguesa, mais
especificamente a Ouvidoria, bem como a atuação dos homens que foram
designados para ocupar o posto de ouvidor nas comarcas de São Paulo e de
Paranaguá. Como bem observado por Maria de Fátima Gouvêa existia uma
“relação simbiótica” entre a Coroa e os magistrados, estes devotando sua
confiança na estrutura jurídico-administrativa da Coroa e aplicando a justiça do
rei, o que significaria reconhecer a autoridade do monarca como soberano e
com isso assegurar as prerrogativas régias no ultramar. Por outro lado, os
agentes da Coroa poderiam se utilizar do poder politico régio transmitido pelas
mercês com o intuito de ascender socialmente. Desta forma, estabeleceu-se
uma hierarquia no ultramar português, formando grandes redes governativas.
Na mesma perspectiva, por se confundirem o sujeito com a instituição,
investigar quem ocupou o cargo de ouvidor tem grande valia para analisar
estes locais de exercício do poder régio. Valendo-se para esta análise das
mercês régias, leituras de bacharéis, documentação produzida pelos ouvidores
e das ordens régias no período delimitado será apresentada uma comparação
entre as carreiras dos ouvidores Rafael Pires Pardinho e de Gregório Dias da
Silva, sujeitos que progrediram na estrutura jurídico-administrativa, com as
carreiras daqueles que optaram por interromper suas trajetórias nos quadros
jurídico-adminsitrativos e se estabelecerem, por meio do matrimônio, em
Paranaguá. Foram os casos de Antonio dos Santos Soares e Manuel dos
Santos Lobato.
Palavras-chave: Ouvidores régios; dinâmicas de carreiras; Ouvidoria de São
Paulo e de Paranaguá; História comparada.
AS REDES MERCANTIS NA AMÉRICA PORTUGUESA DO INÍCIO DO
SÉCULO XVIII: AMIZADE, PARENTESCO E INFLUÊNCIA POLÍTICA
Caio Cobianchi da Silva (UEM)
O trabalho realiza uma discussão acerca das redes mercantis estabelecidas na
América portuguesa no início do século XVIII. O comerciante português
Francisco Pinheiro encarregou seus comissários, dentre os quais amigos e
183
parentes, para administrarem seus negócios nas várias capitanias da colônia.
Neste trabalho, analisaremos a casa comercial estabelecida em 1712, no Rio
de Janeiro, por Lourenço Antunes Vianna, Manoel Nogueira da Silva e Antônio
Pinheiro Netto, irmão de Francisco Pinheiro. Francisco Pinheiro, homem
influente no Reino, membro da Ordem de Cristo, possuía relações próximas
com oficiais régios e arrematava contratos, como os de monopólio ou de
cobrança de impostos, que favoreciam a atividade de seus representantes na
colônia. Observamos assim a criação de laços de dependência dos emissários,
menos abastados, em relação ao seu patrão, o que consolidava sua posição
social nas diversas possessões do Império. Por outro lado, Pinheiro também se
tornava dependente dos representantes, pois só estes possuíam informações
sobre o mercado local e, por se encontrarem a uma distância considerável do
Reino, poderiam não cumprir com suas obrigações, não arcando com suas
dívidas ou, como aconteceu com o capitão Cubellos, fugindo com as
mercadorias de Pinheiro. Podemos, assim, observar que, neste caso, as
relações econômicas eram marcadas por laços familiares, de afetividade e
também pela política, uma vez que o sucesso dos negócios dependia muito de
certos privilégios.
Palavras-chave: Brasil colonial; comércio; Francisco Pinheiro; Rio de Janeiro.
“LEMBRANÇA QUE FAÇO DE MINHA VIDA PARA QUE NÃO ME CORRA
EM DEBALDE”: ESTRATÉGIAS INDIVIDUAIS E FAMILIARES DE UMA
PEQUENA NOBREZA EM ESPAÇOS FRONTEIRIÇOS DA AMÉRICA
PORTUGUESA COLONIAL (CURITIBA, SÉCULOS XVII-XVIII)
Milton Stanczyk Filho (UNIOESTE)
Esta comunicação tem por objetivo analisar, numa perspectiva de trajetória do
curso de vida, a relação existente entre as estratégias individuais de nobilitação
e o vínculo familiar dos moradores dos sertões de Curitiba durante a passagem
dos seiscentos para o setecentos. Para tal, um questionamento conceitual
sobre a noção de “estratégia” alicerçada ao passado faz-se necessário: seria
apenas uma maneira enfática de combinar motivações pessoais com restrições
definidas pelo ambiente, talvez econômicas, talvez demográficas, de indivíduos
de um tempo pretérito? É possível evidenciar empiricamente que determinados
planos eram traçados a longo prazo de forma consciente por seus atores
sociais e que os mesmos eram reconhecidos e aceitos por seus pares? O
conceito dá conta de distinguir entre aqueles sujeitos que os fazem, daqueles
que são afetados por determinada estratégia? Utilizando-se de testamentos e
inventários post-mortem, dos assentos paroquiais de batismo, casamento e
óbito, das cartas de sesmarias, recompôs-se as ‘estratégias de bem viver’ de
três reconhecidos “homens bons” radicados naquelas paragens: os capitães
Antônio Luiz Tigre, Manoel Gonçalves de Aguiar e Antônio Gomes Campos.
Compreende-se tais estratégias enquanto o conjunto de decisões tomadas ao
longo de suas vidas, especialmente aqueles relativas a: 1) Formação e
estabelecimento de laços de parentesco, principalmente por meio do
casamento e do compadrio; 2) pertencimento às instâncias administrativas de
controle e ordenamento populacional; 3) posse e aquisição de terras e de
outros homens.
184
Palavras-chave: América Portuguesa Colonial;
Estratégias; Trajetórias; Curitiba setecentista
História
da
Família;
A AMÉRICA PORTUGUESA NOS LIVROS DIDÁTICOS
Karla Maria da Silva (UEM)
Lupércio Antonio Pereira (UEM)
Este trabalho apresenta os resultados parciais de uma pesquisa ainda em
execução, que consiste em analisar o distanciamento entre o debate
acadêmico e o contido nos livros didáticos de História, no que diz respeito aos
conteúdos referentes ao Brasil do período colonial. Nesta comunicação,
discutimos a forma como estes conteúdos são apresentados em livros didáticos
de Ensino Fundamental e Médio, de circulação nacional, adotados em MaringáPr. Em relação a tal temática, tem se verificado no universo acadêmico
significativa retomada de seus estudos, o que vem trazendo novos elementos
para sua compreensão e delineando uma ruptura com antigas abordagens
históricas. As novas análises questionam o binômio colônia versus metrópole e
apontam a relação entre Brasil e Portugal como uma questão mais complexa
do que sugerem as análises clássicas; a partir da ideia de “império marítimo
português” e de pesquisas que focam a dinâmica interna da América
portuguesa, essa nova historiografia chegou a problematizar o próprio conceito
de antigo sistema colonial e a criticar a ênfase deste modelo explicativo na
produção voltada para fora, considerando-o insuficiente para entender a
complexidade da sociedade então estabelecida . Até o momento, a análise dos
livros didáticos tem indicado que, apesar dessa renovação em torno dos
estudos do Brasil colonial, o modelo teórico-metodológico aplicado aos
conteúdos em questão, ainda não apresenta uma renovação significativa, e
continua vinculado às abordagens tradicionais, o que de fato evidencia uma
defasagem e um descompasso entre o saber acadêmico e o saber escolar,
como sugeria a hipótese inicial da pesquisa.
Palavras-chave: América portugesa; Historiografia; Livro Didático.
185
ST 18 - CULTURA NEGRA: HISTÓRIA, POLÍTICA E MEMÓRIA
CONTOS AFRO-BRASILEIROS DE MESTRE DIDI: GUARDIONS DA
MEMÓRIA E DA ANCESTRALIDADE.
Antonio Marcos dos Santos Cajé (UFRB)
Pretendo, com este trabalho, apontar e interpretar o papel dos símbolos
através da visão cultural dos contos de Mestre Didi que foi o Alapini, supremo
sacerdote do culto aos ancestrais africanos e afro-brasileiros, ao longo de sua
vida; aprofundou com dignidade e sabedoria a intrínseca relação entre a
ancestralidade e a cultura. Os livros de contos de Mestre Didi possuem uma
importância ideológica, histórica e literária, construindo em suas obras uma
consciência de identidades diaspóricas entre África e Brasil. Entretanto, não se
trata de símbolos que estão ocultos nas narrativas dos contos, mas de
elementos intrínsecos a elas, que se investem de valores simbólicos para a
cultura e a história. A motivação que instigou a construção tanto deste artigo
como da pesquisa subjacente foi o interesse em relação aos elementos dos
contos nas ações populares das tradições orais que surgem, conforme a
leitura, no discurso narrativo da obra de Mestre Didi. O sistema simbólico
permite abarcar os olhares epistemológicos e o senso comum pelos quais
estes símbolos e signos trazem representações do inconsciente coletivo de um
povo. A metodologia utilizada é bibliográfica.
Palavras-chave: Contos; Ancestralidade; Símbolos; História
Agência financiadora: Fapesb
COMPADRIO EM TEMPOS DE GUERRA: TRAJETÓRIA, EXPERIÊNCIA E
ESTRATÉGIA DO PARDO LIBERTO MARTINHO ZEFERINO DA CUNHA
Daniela Vallandro de Carvalho (UNICENTRO-Guarapuava)
Em consonância com a proposta do Simpósio Temático 18 – “Cultura Negra no
Brasil: História, Política e Memória”, sobretudo no tocante a ideia de pensar
sobre as formas de atuação política e estratégias criadas por negros e negras e
as diversas resistências operadas pelos mesmos, propõem-se apresentar uma
discussão sobre compadrio em tempos de guerra, através da trajetória de um
negro/soldado junto a seu chefe e compadre, como forma de buscarmos
pensar através da ótica da trajetória, do alargamento do conceito de resistência
e de forma microscópica, como determinados indivíduos agenciaram junto a
seus senhores, condições de mobilidade ascendente, em um contexto
turbulento aberto pela guerra. Estamos nos referindo a Martinho Zeferino da
Cunha e de Antonio Vicente da Fontoura, respectivamente, um velho negro
soldado da Guerra Civil Farroupilha e de seu respectivo comandante, um dos
importantes líderes do movimento deflagrado na Província do Rio Grande do
Sul, a partir de 1835. O aporte teórico-metodológico está amparado nas
discussões da micro-história, mas também orientados por discussões maiores
presentes na História social da escravidão, postura que vem sendo trabalhada
186
por uma historiografia específica que tem já um longo percurso de discussões
no Brasil.
Palavras-chave: compadrio; escravidão; liberdade, estratégias, mobilidade
social.
AS PERIPÉCIAS DE BENEDITA: AS ESTRATÉGIAS DE UMA EX-ESCRAVA
FRENTE A JUSTIÇA DO XIX
Ilton Cesar Martins (UNESPAR/UEPG)
Em 03 de maio de 1861 é instaurado um auto de averiguação contra o
subdelegado de Castro por supostas lesões contra Benedicta, parda, liberta,
lavadeira e outros ofícios próprios do seo sexo e condição, filha de Maria
Cacanje e Joao Jose da Silva, na Provincia de São Paulo. Após 10 dias, em 13
de maio de 1861 o auto de averiguação converteu-se num processo por abuso
de autoridade, lesão corporal, lesão corporal a fim de injuriar, o que
correspondia aos artigos 145, 201 e 206 do Código Criminal do Império. O
objetivo desta comunicação, embora centrando-se na figura de Benedita, é
analisar as estratégias e táticas que os negros, homens e mulheres, colocavam
em prática frente a justiça e seus agentes no século XIX, considerando aqui a
região dos campos gerais do Paraná. Retomando um pouco as lições de
Foucault (2003) em seu “A vida dos homens infames”, objetivamos explorar a
história de pessoas que não chegariam ao nosso conhecimento não fosse sua
existência obscura e desventurada, retidas nos fragmentos dos processos,
queixas e denúncias, mas que de forma alguma soam como estranhas e
patéticas mas que ainda nos causam um certa estranheza dada as imagens
que projetamos sobre nosso passado e seus agentes. Explorando processoscrime pretendemos apontar que os homens e mulheres, escravos ou não,
forçaram consciente e consistentemente as bases das sociedades em que
viviam, manejando as possibilidades que dispunham em cada situação e
momento específico, com resultados surpreendentes, como é o de Banedita.
Palavras-chave: escravidão, justiça, Castro, século XIX
Agência financiadora: PNPD/CAPES
“BUBICINHA” COMIDA ELABORADA NA SENZALA POR ESCRAVO
REPRODUTOR
Tereza de Fatima Mascarin (USP)
O presente artigo é parte sumária da tese de doutorado em desenvolvimento
pelo programa Diversitas USP intitulada: Preparo de Alimentos em Rituais Afrobrasileiro Enfoque: Terreiro Senzala em Maringá-Pr 2003 a 2019. Utilizamos os
pressupostos metodológicos da história oral e da pesquisa participante.
Conseguimos com este método obter informações relevantes sobre como
preparar e qual a finalidade da “bubicinha”, um dos pratos que teve importância
para a alimentação de vários negros escravos no Brasil. Elaborada na senzala
em meados do século XIX, segundo relato de Mestre Raiz, que é neto e
bisneto de escravo, o qual aprendeu a fazer esta comida com seu avô.
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Preparada à base de milho entre outros alimentos servia para revigorar negros
que a consumia em sua dieta. Porém existia um ritual próprio para o preparo, o
qual também dependia das condições mediúnicas do preparador e do respeito,
por exemplo, às fases da lua para seu feitio. Os escravos trazidos do
continente africano que elaboravam este alimento eram aqueles escolhidos
como reprodutores nas senzalas, traziam consigo sua cultura, suas crenças,
porém, eram obrigados a “enxertarem” as negras selecionadas pelos senhores
das fazendas para gerarem mais escravos para o trabalho. Ao encontrarem
negros de outras senzalas, aqueles que estavam em condições espirituais para
preparar este prato o faziam para servir como revigorante aos reprodutores de
outras fazendas. Servindo, portanto, este alimento como “remédio”. Na
atualidade Mestre Raiz em seu terreiro denominado Terreiro Senzala mantém
esta tradição e crença afro-brasileira de seus ancestrais.
Palavras-chave: Historia oral; Negros escravos; Preparo de alimento; Terreiro
Senzala;
MULHERES NEGRAS ESCRAVIZADAS, LIBERTAS, POBRES E LIVRES:
POSSIBILIDADES DE PESQUISA EM SANTANA DE PARANAÍBA, SUL DA
PROVÍNCIA DE MATO GROSSO (1830-1888)
Rejane Trindade Rodrigues (UFGD)
A presente pesquisa objetiva compreender as relações de poder e de violência
física e simbólica vivenciadas pelas mulheres negras escravizadas, libertas,
pobres e livres, no século XIX, no Sul de Mato Grosso, precisamente em
Santana de Paranaíba, entre os anos de 1830-1888. A análise dos processos
criminais nos permitiu constatar que as mulheres, fossem como vítimas ou
réus, agiam também de acordo com seus interesses e anseios. Analisar essas
mulheres é possibilitar a visibilidade de sujeitos historicamente marginalizados
nas produções historiográficas sobre o Sul de Mato Grosso. Neste sentido, a
pesquisa também discute a noção de fontes, apontando, sobretudo, para as
possibilidades de utilização dos documentos oficiais na análise da vida dessas
mulheres, atentando principalmente para as formas de resistência e de
consentimento vividas em ações cotidianas na Vila de Santana e seus
arredores, tanto na esfera pública quanto privada.
Palavras-chave: Relações de Poder; mulheres; processos crimes.
QUILOMBOLAS NO NORTE DO ESTADO DO TOCANTINS:
CARACTERISTICAS E SIGNIFICADOS DE UMA EXPERIÊNCIA.
Gerson Alves de Oliveira (UNESP –Marília)
Este trabalho tem como base a tentativa de introduzir uma análise acerca da
formação da comunidade de remanescente quilombola de Cocalino, situada no
extremo norte do estado do Tocantins a cerca de 450 (quatrocentos e
cinqüenta) quilômetros da capital Palmas. A proposta é compreender a
tradição, a cultura e o território enquanto constructors que dão significados a
um dado sistema de representação identitária que constitui-se em uma
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realidade vivenciada e experienciada por uma praxe cotidiana. Portanto, não é
só uma história como expressão do passado, mas, sobretudo, uma realidade
que faz sentido quando comparada com as experiências quilombolas de
outrora. Isto é, entende-se que o importante para definir uma identidade
quilombola não é a tentativa de transpor um passado remoto, seja no tempo ou
no espaço, mas, a capacidade de perceber no presente realidades singulares
que podem ser vistas a partir de um patrimônio cultural e simbólico enquanto
expressão de uma sociabilidade singular. Assim, por meio de uma análise
etnográfica, pretende-se compreender os aspectos simbólicos presente no
imaginário da população sobre sua realidade cultural e histórica, bem como
evidenciar uma identidade própria vinculada ao processo de formação da
sociedade no âmbito global.
Palavras-chave: Quilombola, Identidade; Tradição; Cultura; Território.
EDUCAÇÃO DA POPULAÇÃO NEGRA BRASILEIRA
NA FORMAÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL
Delton Aparecido Felipe (UEM)
Fabiane Freire França (UNESPAR-Campo Mourão)
Este artigo tem como objetivo discutir a relação entre a educação da população
negra e a formação da identidade nacional brasileira. Utiliza-se para isso, o
eixo explicativo dos Estudos Culturais, somado as teorizações foucaultiana.
Argumenta-se que para organizar o Brasil frente às transformações que
estavam ocorrendo no mundo no final de século XIX e início do século XX, a
educação escolar foi vista como um dos caminhos que levaria o país rumo ao
desenvolvimento econômico e com isso equiparar-se às nações europeias. No
entanto, na formação do Estado moderno brasileiro, houve uma série de
dispositivos de marginalização da população negra como as políticas de
branqueamento, mito democracia racial e os discursos sobre a miscigenação.
Apesar dessas marginalizações, houve também uma série de denúncias, em
especial, dos movimentos negros desses processos de exclusão e é nesse
contexto de resistência uma identidade nacional eurocêntrica que a educação
escolar passou a ser vista pelos negros e pelas negras como um espaço
essencial para a inclusão de suas caraterísticas culturais e políticas na
identidade nacional. Conclui-se que apesar de algumas reivindicações dessa
população ser incorporada no projeto de brasilidade, é necessário perguntar
como essas marginalizações, que foram historicamente construídas, localizam
a negritude no tecido social atualmente.
Palavras-chave: Educação escolar; População negra; Marginalizações;
Identidade nacional.
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ST19 - ENSINO E PESQUISA DE HISTORIA DA ÁFRIA,HOJE
CULTURA E HISTÓRIA DA POPULAÇÃO AFRO-BRASILEIRA E AFRICANA
NO CURRÍCULO ESCOLAR: ETNIA E SOCIABILIDADE.
Gerson Alves de Oliveira (UNESP-Marília)
A inserção da cultura e historia da população afro-brasileira e africana no
currículo escolar, gerou a necessidade de uma releitura acerca do lugar que as
tradições de ancestralidade africanas ocupam na ordem social dominante no
Brasil, bem como significou uma ruptura no plano teórico com as abordagens
que se caracterizavam com a desumanização da população negra em nosso
país. Neste sentido, a proposta deste texto é pensar de que modo podemos
identificar costumes, hábitos e valores, definidores de um sentimento étnico no
que tange a população afro-brasileira e africana, além de tentar elaborar um
caminho que aponte para uma prática escolar, capaz de ir além da lei em si.
Isto é, pensar a relação entre teoria e prática na realidade como algo
interconectado, capaz de revelar mais que meros indivíduos herdeiros de uma
herança cultural e, sim, observar o “espaço negro proibido”, lugar onde uma
identidade se reforça e se reconstrói por meio de uma sociabilidade que
aparece nas práticas sociais de uma população, cujas experiências e vivências
revelam uma ancestralidade africana.
Palavras-chave: Etnia; Sociabilidade; Cultura; História; Escola.
REPRESENTAÇÕES QUE ALUNOS DO ENSINO MÉDIO CONSTROEM
ACERCA DA ÁFRICA.
Rubia Caroline Janz (UEPG)
Dones C. Janz Jr. (UEPG)
O preconceito racial parece existir na história humana desde a gênese das
relações de poder entre os homens. Todavia, desde a Antiguidade até os dias
atuais, muito se avançou em termos de direitos humanos e instrumentos de
enfrentamento, o que poderia nos levar a crer que tal prática é um problema
em vias de se resolver. Entretanto, percebemos que o racismo assume novas
facetas, mais discretas e maquiadas, mas não deixa de fazer parte das
sociedades humanas. Isso é muito claro no Brasil, onde existe um racismo
cordial, silencioso e sem atores, sobretudo, em relação aos afrodescendentes.
Uma das conquistas mais recentes por melhores condições de vida para essa
população é representada pela Lei 10.639/03 a qual tornou obrigatório o ensino
de história e cultura afro-brasileira e africana na educação básica. A fim de
perceber como a lei está reverberando nas escolas, esse trabalho tem como
objetivo levantar dados a partir de um questionário semi-estruturado aplicado a
alunos da cidade de Ponta Grossa, no Paraná. Ele foi elaborado a partir de
estudos das Diretrizes Curriculares Nacionais em consonância com o que a lei
10639/13 propõe e será analisado tanto por um viés quantitativo como por um
qualitativo. No presente artigo serão apresentados e explorados os resultados
concernentes à questão específica sobre quais representações os alunos
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constroem acerca da história da África e suas características sociais,
econômicas e culturais.
Palavras-chave: Racismo; Representações; Lei 10639/03; Ensino de História;
África.
TEORIA DA HISTÓRIA AFRICANA: COLONIALISMO, INDEPENDÊNCIA E
REVOLUÇÃO EM FRANTZ FANON
Danilo Ferreira da Fonseca (UNIOESTE)
Os processos de independências do continente africano e asiático produziram
também uma série de intelectuais ativistas para problematizar a temporalidade
em que viviam. Entre estes intelectuais está Frantz Fanon que refletiu acerca
da natureza do sistema colonial do século XX e os diferentes modos para
produzir uma sociedade mais justa. Neste sentido, a presente comunicação
busca elaborar conceitos chaves de Frantz Fanon, principalmente no que tange
o colonialismo, a independência e a revolução, obtendo assim, um
entendimento mais amplo de um dos mais importantes intelectuais africanos e
que tem muito o que colaborar com a historiografia contemporânea. Para
atingir tal reflexão é necessário fazer um amplo levantamento bibliográfico
acerca dos distintos modos que Frantz Fanon é compreendido, além de
mergulhar nas suas principais obras, como é o caso de Os condenados da
Terra de 1961. O que é fascinante na obra e na construção reflexiva de Fanon
é o modo que ele parte da África para a África, elaborando conceitos que
batem de frente com certezas da teoria da história ocidental, tornando-se, de
muitas maneiras, um intelectual que incomoda o mundo europeu, conforme
destaca Jean Paul Sartre. Assim, Frantz Fanon abre espaço para pensamentos
que visam entender de uma maneira mais ampla o que é o continente africano
e as suas relações históricas com a Europa. A presente comunicação é fruto de
um projeto de pesquisa individual em andamento intitulado “Teoria da História
africana: Colonialismo, resistências e direitos humanos”.
Palavras-chave: África; Colonialismo; Independência; Revolução; Frantz
Fanon.
ANÁLISES DO EMBAIXADOR BRASILEIRO EM PORTUGAL, CARLOS
ALBERTO DA FONTOURA SOBRE AS “PROVÍNCIAS ULTRAMARINAS”,
NO PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA DOS PAÍSES AFRICANOS SOBRE
DOMÍNIO PORTUGUÊS (1974)
José Francisco dos Santos (UEM)
A presente comunicação faz parte do primeiro capítulo da tese intitulada
“Angola: Ação diplomática brasileira no processo de independência dos países
africanos em conflito com Portugal no cenário da Guerra Fria (2015)”, o então
chefe do Serviço de Informação Nacional, o famigerado SNI, em plena
Revolução dos Cravos (1974) é designado pela ditadura Civil-Militar para ser
embaixador em Portugal, mesmo sobre manifestações contrárias do governo
de esquerda português, Carlos Aberto da Fontoura assumi. No período de sua
191
gestão produz o “Relatório da Embaixada do Brasil em Lisboa “Portugal
(continente) - Territórios Africanos de Expressão Portuguesa: Perspectivas das
Relações com o Brasil”, 31 de Outubro de 1974”. O relatório entre os diversos
assuntos inerentes ao processo revolucionário em Portugal procura fazer um
diagnostico sobre as denominadas “Províncias-Ultramarinas” entre elas Angola,
Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique e São Tomé e Príncipe, essa analise
tinha o intuito de ver quais as possibilidades econômicas e politicas do Estado
brasileira, no sentido de substitui a influencia portuguesa. Sendo assim o nosso
trabalho foi de analisar essas fontes junto com outras produções bibliográficas
e de forma crítica ver os reais motivos do interesse do Brasil no processo de
independências das “Províncias-Ultramarinas”.
Palavras-chave: Processo de independência dos países africanos de
“expressão portuguesa”; Diplomacia brasileira; Revolução dos Cravos; Ditadura
Civil – Militar; Guerra Fria.
Agência financiadora: CNPq/CAPES.
O RELATO DE VIAGEM DE VICTOR GIRAUD: UMA FONTE HISTÓRICA
SOBRE O INTERIOR DA ÁFRICA ORIENTAL NO SÉCULO XIX
Carlos Eduardo Rodrigues (UEM)
As crônicas de europeus sobre a África são tão detalhadas que possibilitam
aos pesquisadores uma fonte histórica quase que inesgotável. No contexto
atual, pós-lei 10.639/03, vários estudos foram feitos sobre essas crônicas e
caminhando na direção dessa tendência acadêmica, me propus a pesquisar a
África Oriental e sua relação com o Mundo. A metodologia de trabalho consiste
em: exame criterioso da obra levando em consideração o contexto em que ela
foi produzida, as informações centrais sobre a África e a sua importância como
fonte histórica, confrontando-a com a bibliografia acadêmica especializada.
Deste modo, essa comunicação tem como propósito apresentar ao público
pesquisador alguns aspectos do relato de viagem de Victor Giraud: Los lagos
del Africa Ecuatorial: Expedición tras los pasos del Dr. Livingstone, uma
interessante fonte histórica para se compreender diversos aspectos da vida
cotidiana do interior da África Oriental no final do século XIX. Procurando
ressaltar a organização social dos habitantes e como se dava as relações
sociais entre os africanos dentro do interior do continente e como eles se
comunicavam com os africanos do litoral.
Palavras-chave: África Oriental; Relato de Viagem; Século XIX; Victor Giraud.
ENSAIO SOBRE HISTÓRIA DA ÁFRICA: O USO DA ANTROPOLOGIA
PARA ANÁLISE DOS RELATOS DE VIAJANTES
Carlos Eduardo Rodrigues (UEM)
Muitos viajantes foram a para África ao longo do século XIX com o objetivo de
desbravar o chamado “continente misterioso”. No decorrer do percurso, esses
viajantes entraram em contato com os habitantes do interior e descreveram seu
cotidiano em relatos de viagens. Em meio às descrições, encontramos
192
informações sobre as relações econômicas, que constituem o nosso objeto de
investigação. Assim, a função dessa comunicação é apresentar ao público as
possibilidades que a teoria antropológica tem para investigar sistemas
econômicos não capitalistas, o objetivo é aplicar essa teoria nos relatos de
viajantes que foram para África ao longo do século XIX. Com base em autores
que discutem a relação entre antropologia, cultura e econômica, como
Belshaw, Shalins, Mintz e outros, a metodologia de trabalho será dividida em
três frentes: 1) contextualizar e analisar os relatos de viajantes com base nos
referenciais teórico da história; 2) selecionar, dentro dos relatos de viajantes, as
menções ao comércio, em especial, as narrativas que apontam os produtos, os
consumidores, os locais de trocas, etc.; 3) depois de selecionado os trechos,
aplicam-se os referenciais teóricos da antropologia, para assim alavancarmos
algumas questões sobre o funcionamento desse comércio: Quem comprava?
Quem vendia? Como funcionavam as trocas? Quais eram os lugares de
comércio? Quais as transformações que isso ocasionou no interior do
continente? Entre outras. Com isso esperamos que a antropologia auxilie na
compreensão das relações de comércio no interior da África e traga
conhecimentos novos e mais detalhados acerca da história deste continente.
Palavras-chave: Antropologia; História da África; Relatos de viajantes.
RELATOS DE VIAGEM COMO FONTES PARA A HISTÓRIA DA ÁFRICA
José Roberto Braga Portella (UFPR)
Tomo como fonte e objeto o material textual produzido por funcionários
coloniais, militares e cientistas portugueses na segunda metade do século
XVIII. A imagem do território, presente nos diferentes testemunhos escritos e
cartográficos, foi construída enquanto uma configuração textual que não se
esgota na representação do espaço resultante da experiência sensorial. Os
documentos escritos – assim como a cartografia e a iconografia –,
testemunham um processo de percepção e representação dos territórios,
ilustram um esforço de localizar e decifrar o real, e resultam de uma tentativa
de registro desse mesmo conhecimento construído. Como é possível perceber,
por exemplo, através dos Diários de viagem (1798) de Francisco José de
Lacerda e Almeida, trata-se de um processo dinâmico de tentativas de
superação e aprimoramento das representações, que também passa pelo
confronto com os testemunhos anteriores. Os diferentes esboços do território
remetem para a possibilidade de inter-relacionar o tipo de representação
adotado com o espaço físico conhecido e, naturalmente, com o contexto no
qual os sujeitos se apropriam desse mesmo espaço. A alternativa adotada por
Inácio Caetano Xavier, permite distinguir a literatura de viagens da literatura
puramente geográfica. Os relatos examinados submetem-se ao objetivo prático
e imediato de orientar um futuro viajante. Predominantemente costeiros, só aos
poucos vão se deixando contaminar por outros aspectos, acolhendo excursos
que, funcionando como sinais para a navegação, não deixam de freqüentar o
terreno da retórica sobre a excelência da terra, ou sobre a atitude amistosa ou
belicosa dos homens da terra.
Palkavras-chave: literatura de viagem; relatos de viagem; África Oriental
193
DE MUHAMMAD IKHSHIDID A KAFUR, O EUNUCO NÚBIO:
UM EMIRADO AUTÔNOMO NO EGITO, 935-969
José Henrique Rollo (UEM)
De meados do século IX até as últimas décadas do século X, a província
egípcia do Califado dos Abássidas conheceu duas tentativas relativamente
bem sucedidas de construção de emirados autônomos. A primeira esteve
ligada à dinastia dos Tulunidas (868-905) e a segunda à dinastia dos Ikhshidids
(935-969). Alguns aspectos gerais desta última constituem o objeto desta
comunicação. São particularmente enfatizados: (a) os principais vetores
centrífugos que debilitaram a ordem imperial abássida; (b) os padrões de
relacionamento entre a elite dirigente de origem turca e a sociedade egípcia; (c)
os mecanismos de reprodução da dinastia reinante, os Ikhshidids; (d) o
governo regencial de Abu al-Misk Kafur (Cânfora Almiscarada), eunuco que
assumiu o poder efetivo no emirado e o conduziu até as vésperas de sua
dissolução decorrente da tomada do Egito pelos Fatimidas. Mais
especificamente, discute-se em clave empírica a hipótese de cunho estruturalfuncionalista segundo a qual soldados-escravos e eunucos são recursos
organizacionais eventualmente acionados por elites dirigentes (islâmicas ou
não) tendo em vista a ampliação da eficácia administrativa do Estado por meio
da formação de elites médias altamente dependentes dos titulares da
autoridade governamental
Palavras-chave:
organizacionais.
Islã
Medieval;
Emirados;
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escravidão;
recursos
ST20 - CULTURA E PODER – UMA ABORDAGEM DAS
INSTITUIÇÕES POLICIAIS E JUDICIAIS
UMA GENEALOGIA DAS PRISÕES: A EMERGÊNCIA DO DISCURSO
PRISIONAL NO IMPÉRIO DO BRASIL (1830 – 1850)
Vinícius de Castro Lima Vieira (UERJ)
A pesquisa que se apresenta versa sobre as prisões; mais especificamente, se
debruça na emergência do discurso penitenciário no Império do Brasil, entre os
anos de 1830 e 1850. Para tal, primeiramente, analisa os descolamentos das
formas penais, que, no Brasil, possuem como marco a publicação do Código
Criminal do Império, em 1830. Esse código induz ao encarceramento, ao
estipular como pena a privação de liberdade para a maior parte dos crimes
tipificados; além disso, a sua formulação está ancorada nos teóricos do
utilitarismo penal. Não obstante o Código pressupor o encarceramento como
punição, as prisões existentes no Brasil eram acanhadas e, sobretudo, não
possuíam caráter penal. Assim, o segundo momento deste trabalho investiga
as narrativas que dispõem sobre as condições das prisões existentes no
município da Corte, as quais ressaltam, além da superlotação, o péssimo
estado de conservação e de salubridade. Tais narrativas também alardeavam a
necessidade de construção de instituições destinadas ao cumprimento da pena
de prisão. Nesse sentido, a mudança das formas penais e, por conseguinte, a
construção de instituições penitenciárias, se inserem nas iniciativas do Império
produzir imagens de pertencimento ao mundo considerado civilizado. Por fim,
deve-se dizer que as problematizações apresentadas se pautam no uso de
fontes basicamente textuais, entre as quais destacam-se, além do Código
Criminal, os relatórios do Ministério da Justiça e o Regulamento da Casa de
Correção da Corte. A operacionalização de tais fontes é realizada nas noções
de genealogia e práticas discursivas, seguindo algumas precauções
metodológicas sugeridas por Michel Foucault.
Palavras-chave: discurso penitenciário; Império do Brasil; Casa de Correção
da Corte
Agência financiadora: FAPERJ.
NOS BASTIDORES DA LEI: O DECRETO Nº 562 DE 1850 E O PROCESSO
DE CENTRALIZAÇÃO POLÍTICA DO IMPÉRIO
Francisco Ferreira Junior (UFRGS)
O presente trabalho pretende analisar o Decreto nº 562, de 2 de Julho de 1850,
que modifica a maneira como são processados e julgados os crimes de moeda
falsa, roubo, homicídio e tirada de presos, entre outros. Em 1849, José Maria
Candido Ribeiro, pintor reconhecido na capital da província da Bahia, é preso
em Salvador portanto indícios contundente de fabricação de moeda falsa.
Apesar das provas, Ribeiro seria inocentado pelo júri em seu primeiro
julgamento, o que causou escândalo na imprensa local, que acusava os
jurados de cumplicidade com o crime. Em novo julgamento, Candido Ribeiro é
195
condenado a galés-perpétuas. No ano seguinte, após debates nas câmaras
legislativas, publicava-se o Decreto nº 562, que retirava do júri e atribuía ao juiz
de direito o julgamento do crime de moeda falsa. O caso de Ribeiro demonstra
a tensão existente entre os poderes locais, que podiam compor ou interferir no
júri, e os poderes centrais, representados pelos agentes do governo. Á luz
dessa tensão pretendo discutir as mudanças legislativas que, como o decreto
de 1850, visavam atribuir um maior controle dos agentes do Ministério de
Justiça sobre os processos judiciários locais. Para além das discussões
pontuais reside a hipótese da permanência de práticas judiciárias
características das monarquias corporativas no sistema punitivo do Império do
Brasil. Como embasamento teórico utilizo os trabalhos sobre pluralismo jurídico
nas monarquias corporativas de Antônio Manuel Hespanha e sobre a
reciprocidade mediterrânea, de Giovani Levi. A fontes utilizadas são
documentos legislativos do período, periódicos e correspondências oficiais.
Palavras-chave: império, justiça, moeda falsa, pluralismo jurídico.
O SERVIÇO NACIONAL DE INFORMAÇÕES E A LÓGICA REPRESSIVA:
EM BUSCA DO INIMIGO VERMELHO NA DITADURA CIVIL-MILITAR
BRASILEIRA
Daniel Trevisan Samways (IFSP)
A ditadura civil-militar brasileira foi um período de grande repressão e violência.
Contando com o apoio de diferentes segmentos da sociedade, os militares
implantaram um forte aparato de vigilância em uma incessante busca por
suspeitos de subversão, acusados de colocarem em risco a segurança
nacional. Este trabalho busca analisar a atuação do Serviço Nacional de
Informações (SNI) durante o período ditatorial e a vigilância a supostos
inimigos políticos, bem como o forte anticomunismo que marcou a comunidade
de informações. O século XX foi caracterizado por grande perseguição a
comunistas em diversos países e pela produção de milhares de análises sobre
os comunistas. Nas ditaduras latino-americanas, os diferentes serviços de
inteligências viam no comunismo a principal ameaça, estando permeados por
certa paranoia ao acreditar que esse “inimigo” possuía grande força e que
estava em todo o lugar. A mesma noção motivava uma visão distorcida sobre
esse “outro”, entendido como perigoso, mas também com diversas
características negativas. Esse “outro” merecia, aos olhos dos agentes
repressivos e dos órgãos de informação, toda a violência e brutalidade, pois,
para essa mesma comunidade, supostamente colocaria em risco a segurança
nacional. Tendo como base uma documentação produzida pelo SNI, chamada
“Comunismo Internacional”, busca-se analisar a visão da comunidade de
informações sobre o comunismo e os comunistas, mas também refletir sobre
como esse olhar sobre o “outro” no campo político pode potencializar a
violência, ou mesmo justificá-la em nome de determinados valores ou da
manutenção da ordem, da moral e dons bons costumes.
Palavras-chave: Ditadura civil-militar; Serviço Nacional de Informações;
repressão; anticomunismo.
196
MEMÓRIAS INDÍGENAS NA DITADURA:CÁRCERE E TORTURA NO
REFORMATÓRIO KRENAK-MG
Marcos Rodrigues Barreto (UNIRIO)
Edylane Eiterer (Colégio de Aplicação João XXIII)
O presente trabalho busca abordar o processo de construção discursiva de
dominação da ditadura militar instaurada no Brasil a partir de 1964, e de suas
ações repressivas, através das quais foram criados reformatórios, casas de
tortura e centros de formação militar para grupos indígenas. Partindo da
perspectiva que o confinamento de indígenas colaborou para expansão do
agronegócio, do loteamento de suas terras, buscando justificar a escravidão, a
tortura e o cárcere através do discurso civilizatório, apresentaremos a
investigação do processo de cristalização do discurso sobre as culturas e
espaços indígenas, homogeneização étnica e a invisibilização, propondo uma
análise do discurso civilizatório sobre o indígena na memória coletiva.
Elencamos como metodologia a análise do levantamento arquivístico,
cartográfico e etnográfico, onde lançaremos luz às dinâmicas de resistência
desenvolvidas atualmente para sobrevivência das memórias da militância e
resistência política em face aos mecanismos de opressão de Estado.
Destacaremos a importância da percepção do conceito de justiça de transição,
e das possibilidades de reparação simbólica, a partir de movimentos sociais
que concebem uma cadeia de disputas, no que compete ao direito à memória que podem ser sociais, políticas ou culturais - assim como da abertura dos
arquivos, emergem novos testemunhos, sujeitos e histórias. Sob este prisma,
em que medida o confinamento nos postos indígenas pode ser considerado
ferramenta de civilização/proteção dos nativos ou como uma nova forma de
escravidão?
Palavras-chave: Cárcere, Ditadura, Indígenas.
A SUBVERSÃO DA IMAGEM E A CENSURA NO JORNAL ÚLTIMA HORARJ: SINAIS E ÍCONES DO ESQUADRÃO DA MORTE (1968-1969)
Mariana Dias Antonio (UFPR)
Com a Ditadura Militar em 1964 e suas respectivas medidas, a censura aos
meios de comunicação da época resultara no uso de dissimulações, sobretudo
no fotojornalismo.Desta forma, pretende-se investigar como se deu esta
prática, por meio de uma análise concomitantemente histórica, semiótica e
sociológica, da alteração presente nas noticias veiculadas pela imprensa da
época, tendo como foco a representação fotográfica do Esquadrão da Morte no
jornal Última Hora -RJ entre os anos de 1968 e 1969. A finalidade dentro deste
objeto de estudo é o de estabelecer um paralelo entre as fotografias e os textos
noticiados, evidenciando através da tríade fotografia–lead–corpo textual das
matérias do jornal UH sua linha editorial, postura em relação aos preceitos
políticos da Ditadura Militar e as influências provocadas na imprensa do
referido período, além de por em voga o uso de diferentes fontes documentais,
sobretudo os jornais e a fotografia como importantes suportes historiográficos
que possibilitam novos olhares ao período. É importante ressaltar que este
197
trabalho encontra-se em andamento e, portanto, as conclusões aqui
apresentadas são preliminares.
Palavras-chave: Censura; fotojornalismo; representação; Esquadrão da Morte;
influências
Agência financiadora: CAPES
A PARTICIPAÇÃO BRASILEIRA NA ONU: O CASO DA III ASSEMBLEIA
GERAL NAS PÁGINAS DO JORNAL DO BRASIL (1948)
Jonathan Marcel Scholz (UEM)
Com a criação da Organização das Nações Unidas (ONU) em outubro de 1945,
abriu-se um novo espaço de discussão internacional para mediar as questões
relacionadas à segurança e à paz mundiais. Com tal órgão, o Brasil intensificou
e expandiu suas relações internacionais, sobretudo com alguns países do
Ocidente (e, em especial, os Estados Unidos), num primeiro momento da
guerra fria. A partir dessa ideia preliminar, sugere-se para a presente
comunicação oral analisar a participação brasileira dentro da ONU, em especial
na III Assembleia Geral da ONU, realizada em 1948 na capital francesa, Paris.
Através da compilação dos discursos, notícias e entrevistas publicadas pelo
Jornal do Brasil durante o evento destacado, investiga-se a atuação dos
delegados e participantes brasileiros nas discussões (como, por exemplo,
sobre a Declaração Universal dos Direitos Humanos, a entrada de novos
membros na ONU, internacionalização de Jerusalém, resolução do conflito na
Palestina e em outros países, etc.) elencadas nos diversos comitês de debate
(como os comitês político, econômico e social), procurando, por meio dos
discursos, intervenções e debates realizados, investigar os posicionamentos
políticos e ideológicos defendidos e, que de algum modo, representavam os
interesses e posturas tanto do Jornal do Brasil como do governo brasileiro, à
época dirigido por Eurico Gaspar Dutra (PSD).
Palavras-chave: Brasil; Organização das Nações Unidas; III Assembleia Geral
da ONU (1948); Guerra Fria.
O PROCESSO DE REPRESSÃO DAS EDIÇÕES DAS OBRAS COMPLETAS
DO MARQUÊS DE SADE EM 1956: JEAN-JACQUES PAUVERT E
DISCURSOS EM TORNO DA LIBERDADE DE LEITURA
Sara Vicelli de Carvalho (UEL)
Nos séculos posteriores ao Marquês de Sade sua literatura ganhou força,
sendo cada vez mais republicada e explorada. Seus escritos tornaram-se
referência no cenário do século XX, ganhando um lugar de honra, sobretudo
entre as gerações que se reuniam em torno dos surrealistas. Contudo, apesar
da literatura sadeana não consistir em nenhum grande “segredo”, ainda não
era totalmente bem quista e havia os que continuavam a condenar suas
obras.Jean-Jacques Pauvert, que nos anos de 1950 a 1960 publicou centenas
de livros de caráter transgressor, vivenciou ações de censura no que se refere
à literatura do Marquês. Seu empreendimento, no ano de 1947, para dar início
198
à edição das obras completas de Sade, até então exiladas no Enfer da
Biblioteca Nacional da França, culminou em processo judicial no ano de 1956,
no qual foi acusado de publicar livros imorais que se enquadravam na
qualidade de perigosos de acordo com a Comissão Nacional do Livro, em
Parecer emitido em 1955.Inquietando-nos sobre os discursos acerca da
liberdade de leitura, entendemos que o julgamento de Pauvert constitui um
paradoxo entre o que almejavam certas parcelas da sociedade francesa e
aquilo que uma instituição – a Comissão Nacional do Livro – definiu e impôs.
Esse trabalho visa, entre outras coisas, dar a nosso leitor a oportunidade de
pensar as interpretações feitas das obras de Sade e respectivas apropriações
por parte das personagens envolvidas – leitores desse contexto histórico,
focando-nos nos surrealistas, que representavam parte fundamental da cultura
francesa, e no Estado francês, como instância de imposição.
Palavras-chave: Liberdade de leitura; surrealistas; Comissão Nacional do
Livro.
Agência financiadora: CAPES
BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O PAPEL DOS TRABALHADORES NA
CRIAÇÃO DO PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO E DO PARTIDO
LABORISTA ARGENTINO
Mayra Coan Lago (USP)
O Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Laborista argentino foram
criados em 1945. Ainda que tenham o ano em comum, os partidos emergiram
no Brasil e na Argentina em contextos sócio-históricos distintos, sendo que no
caso brasileiro, o PTB foi criado no fim da ditadura do Estado Novo, enquanto
no caso argentino, o PL foi criado no fim do governo da “Revolução Nacional”.
Apesar de contextos distintos há, pelo menos, um aspecto comum entre estes
partidos: o foco no trabalhador, ao menos em seus títulos. Consideramos este
aspecto comum interessante para refletirmos sobre as distintas formas de tratar
e de pensar o papel e a atuação dos trabalhadores no Brasil e na Argentina, a
partir destes partidos, no momento de sua criação. Como estes partidos foram
criados? Quais eram suas propostas? Que relações estabeleceriam com
Getúlio Vargas e Juan Domingo Perón? Com relação à ação e atuação dos
trabalhadores nestes partidos, que semelhanças e diferenças encontramos
entre o PTB e o PL? Estas são algumas das perguntas deste estudo que tem
como objetivo apresentar breves considerações sobre o papel dos
trabalhadores na criação do PTB e do PL, assim como a comparação entre os
papéis dos trabalhadores nestes partidos. Para lograr o objetivo analisaremos
os documentos do momento da criação dos partidos, como as cartas orgânicas
e algumas reuniões.
Palavras-chave: Partido Trabalhista Brasileiro; Partido Laborista; Partidos
Políticos; Trabalhadores.
199
O ACASO PALESTINO: QUANDO UM ACIDENTE DE CARRO MODIFICOU
AS RELAÇÕES ENTRE PALESTINA E ISRAEL (1987-1992)
José Rodolfo Vieira (UEL)
Em 08 de janeiro de 1987 um acidente de carro entre um comerciante
israelense e quatro palestinos resultou na morte de todos os envolvidos. O que
não se esperava era que deste acidente eclodiria a Primeira Intifada Palestina,
ou “levante das pedras”. Portanto, o objetivo desta pesquisa é analisar por
meio de documentos emitidos pela ONU em janeiro de 1988 e o periódico
Shalom para contrapor a afirmação do jornalista estadunidense Joe Sacco, em
seu quadrinho ‘Palestina’, sobre os fatos que iniciaram a Intifada de 1987. Para
tanto, dialogaremos com o trabalho de Will Eisner (2010) no intuito de
compreendermos a linguagem das histórias em quadrinhos e as
representações (CHARTIER, 2002) empreendidas pelo autor. Sendo um
acontecimento isolado e inesperado do litígio entre palestinos e israelenses,
abordaremos por meio de Kosseleck (2006) o acontecimento histórico como
fato do acaso. Portanto, analisar um acidente de carro no conflito israelopalestino, percebemos que tal acontecimento, dentro de uma perspectiva
política de eventos, levou os palestinos as ruas contra a opressão exercida
pelo Estado de Israel desde 1948.
Palavras-chave: Quadrinhos; Intifada; Israel; Palestina
Agência financiadora: CAPES
UMA ANÁLISE DA LEI ROUANET COMO
ELEMENTO DE POLÍTICA CULTURAL
Bárbara Cristina Kruse (UEPG)
A palavra cultura é vista como o modo de vida global e característico de um
determinado povo. Neste viés, cada povo possui sua própria cultura,
historicamente e materialmente determinada, a qual é exprimida por diferentes
valores, estruturas, individualidades e símbolos próprios. Como consequência,
são necessários instrumentos que garantam a preservação da cultura de cada
povo-nação. Ocorre que, em um Estado que segue a ideologia liberal, as
empresas são angariadas a buscar constantemente o lucro. Desta forma,
quaisquer investimentos que não visem às demandas mercadológicas são
descartados. Surgem assim, conflitos de interesses entre as empresas
privadas e o interesse coletivo. Não obstante, a Constituição Federal de 1988
(CF/88) acaba por instituir um rol de direitos e garantias fundamentais aos
indivíduos e, neste viés, institui que a cultura como uma garantia constitucional.
Neste contexto, incumbiu-se ao Estado institucionalizar políticas que
possibilitem aos seus cidadãos exercerem seus direitos culturais. No início dos
anos 90, emerge a Lei Rouanet, um modelo de política cultural com parceria de
empresas privadas que através de incentivo fiscal passaram a atuar como
viabilizadoras de projetos culturais, juntamente com a participação do Estado.
Entrementes, como estes incentivos fiscais canalizam recursos públicos para
um determinado segmento, é que se verifica a importância de analisar a
efetividade da Lei Rouanet, culturalmente falando. Isto porque, de acordo com
a CF/88, é dever do Estado instituir políticas públicas que garantam o acesso
200
cultural a todos os seus cidadãos, além de que o incentivo fiscal concedido
para os apoiadores da Lei Rouanet é dinheiro público e portanto, deve ser
revertido em prol da sociedade.
Palavras-chave: Lei Rouanet, incentivo fiscal, cultura.
Agência financiadora: Fundação Araucária
DIREITO DE FAMÍLIA E O AFETO NAS NOVAS CONFIGURAÇÕES
FAMILIARES: RESPONDENDO AS EXIGÊNCIAS DOS NOVOS
CONTEXTOS HISTÓRICOS, SOCIAIS E CULTURAIS.
Bárbara Vedan Silva (UEPG)
A proposta de trabalho fundamenta-se nos debates atuais sobre as
transformações sociais e culturais ocorridas na sociedade brasileira
contemporânea e a influência destas na instituição familiar. O objetivo consiste
em refletir sobre a nova tendência legislativa brasileira na preservação do afeto
nas relações familiares como garantidor da dignidade da pessoa humana.
Apoiados, sobretudo, nas elaborações teóricas, defendidas por Maria Berenice
Dias, procedemos a uma revisão bibliográfica e legislativa. Embora a
atualização normativa contemple as novas configurações familiares é fato que
o legislador, como reflexo de mecanismos culturais enraizados em modelos
familiares fundamentados no patriarcado, esbarra em entraves que dificultam a
aplicação e aceitação, pela sociedade, dos avanços legais. Embasada, em
especial, na autora já citada é prudente reforçar que o aparato legislativo
precisa ser oxigenado para que mudanças efetivas possam ocorrer e as velhas
relações, nutridas pelo poder e pela repressão, sejam substituídas por arranjos
familiares alicerçados no afeto humano. Importa destacar a família como célula
mater da sociedade, posto ser a família o primeiro agente socializador do
indivíduo, razão pela qual recebe atenção especial do Estado. Os estudos
demonstram que a supressão dos instintos humanos nas relações familiares
representa uma exigência do processo civilizatório e marca a inserção do
indivíduo no mundo da cultura, decorre daí a necessidade defendida por Ruzyik
de uma maneira de proteger sem sufocar e de regular sem engessar.
Palavras-chave:
legislativa.
relações familiares;
cultura; Estado; poder;
evolução
IDEIAS PENAIS NO BRASIL REPUBLICANO: ENTRE OS LIMITES DA
ASSISTÊNCIA E OS EXCESSOS DA PUNIÇÃO
Rivail Carvalho Rolim (UEM)
O objetivo deste trabalho é fazer uma análise histórica dos principios do
ordenamento jurídico penal acerca da aplicação das sanções penais,
promulgados no início da década de 1940, com a finalidade de mostrar a
tensão entre os limites da assistência e os excessos da punição, bem como as
mudanças que foram submetidas durante as últimas décadas do século XX
debido a uma nova cultura do controle do crime.
Palavras-chave: cultura jurídico-penal; práticas penais, prisões.
201
ST21 - HISTORIAS E MEMORIAS DA COUPAÇÃO DAS
REGIOES PARANAENSES NO SECULO XX: (RE)OCUPAÇÃO,
MIGRAÇÕES, POLÍTICAS E IDENTIDADES
O SISTEMA FAXINAL NO CENTRO-SUL DO PARANÁ: O PROCESSO DE
FORMAÇÃO E A IDENTIDADE FAXINALENSE
Adriane Martinhuk Kutzmy (UNICENTRO)
Sergio Luiz Kutzmy (UNICENTRO)
O presente trabalho tem por objetivo apresentar uma análise, em torno do
processo de formação do sistema faxinal e da identidade faxinalense no
Centro-Sul do Paraná. Os procedimentos metodológicos utilizados contemplam
revisões bibliográficas referentes ao surgimento deste sistema e atividades de
campo para verificação das condições atuais do faxinal assim como, da
identidade dos faxinalenses. O sistema faxinal proporciona um estilo de vida
singular, no qual é possível encontrar diferentes caracterizações como a
agricultura de subsistência, um modo de criação comunitária e cooperativa,
uma possibilidade de preservação florestal, diversas expressões culturais e
religiosas únicas. No entanto, nos últimos anos o sistema de faxinal vem
sofrendo grandes intervenções e ameaças no seu sistema tradicional, devido à
inserção da agricultura, reflorestamento e o cercamento de algumas áreas
internas, principalmente por pessoas com outras culturas que acabam não se
inserindo ao sistema faxinal. Diante destas condições a população faxinalense
teve interferências na sua identidade e nas atividades mediante as
transformações e inserções decorrentes do mundo moderno. No entanto, ao
mesmo tempo em que estas transformações modificaram o sistema, o estilo de
vida da população faxinalense, também possibilitaram a sua reestruturação a
partir da articulação e mobilização dos membros diante do contato com os
centros universitários e políticas publicas que resultaram na valorização da
identidade faxinalense.
Palavras-chave: Sistema faxinal; Formação; Identidade; Paraná.
A REGIÃO ESTÁ NOS OLHOS DE QUEM VÊ: A CONSTRUÇÃO DO
PARANÁ DE SEBASTIÃO PARANÁ
Tiago Vicente Penteado Bomfim (UNICENTRO)
Este trabalho faz parte de minha pesquisa de mestrado e tem como objetivo
analisar as representações do escritor e educador Sebastião Paraná de Sá
Sottomaior referentes à formação do Paraná através de sua produção
intelectual publicada em fins do século XIX e inicio do século XX. Para isso,
utilizaremos as obras Chorographia do Paraná (1889), O Brasil e o Paraná
(1925), e também serão analisadas algumas edições das Revistas Esphynge
(1899), A Escola (1906). Obras Biográficas sobre Sebastião Paraná serão
utilizadas na pesquisa, como o livro Historiadores do Paraná do Instituto
Histórico, Geográfico e Etnográfico do Paraná. Assim, a metodologia utilizada
será Identificar o “lugar social” de onde o autor da obra esta narrando,
202
contextualizando o momento histórico em que produz sua narrativa; o espaço,
a paisagem, enfim, aspectos que sejam identificados enquanto representações
de uma sociedade e, mais, um individuo que carrega tais concepções. Buscarse-á utilizar, além dos relatos em si, historicizando não só sua produção como
seu autor, considerando conceitos como identidade, região, fronteira, espaço e
paisagem; discutindo em que sociedade viveu e ajudou a construir o autor
Sebastião Paraná. Destaca-se que as ideias do autor nos permitirão
compreender as diversas representações de Paraná do período, assim como
mapear em que medida essa prática é analisada por Sebastião Paraná, para
estabelecer os parâmetros pelos quais seus argumentos foram construídos na
transição do Império à República paranaense.
Palavras-chave: Região, Identidade, Sebastião Paraná, Representação,
Trajetória Intelectual.
RITO BIZANTINO UCRANIANO -ELEMENTO CONSTITUTIVO DE
IDENTIDADE ÉTNICA
Fernanda Mazuco de Abreu (UEPG)
Devanir Leite (UEPG)
Esta pesquisa revela o Rito Bizantino como elemento constitutivo na
manutenção de identidade étnica entre os descendentes de ucranianos de
Ariranha do Ivaí-PR. A colonização desse município ocorreu entre as décadas
de 1940 e 1960 e entre os colonizadores estavam os ucranianos e seus
descendentes que até nos dias atuais são adeptos da religião católica
ucraniana. O Rito praticado por esse grupo possui particularidades singulares,
no modo como o Padre celebra as cerimônias religiosas, nas orações, cânticos
e bençãos . É um momento de desligar-se do real e conectar-se a um mundo
simbólico. É nessa pratica ritual que essas pessoas encontram uma espécie
de demarcador de fronteira étnica, ou seja, as suas práticas rituais os
diferenciam dos demais grupos. A memória e o sentimento de ininterrupção
colaboram para que este Rito seja praticado há milênios pelos ucranianos e
seus descendentes. Em Ariranha do Ivaí na atualidade há em média entre 10 a
12 famílias que praticam o Rito Bizantino na Capela São Miguel Arcanjo.
Sabe-se que na contemporaneidade as identidades estão cada vez mais
dinâmicas e variáveis, porém percebe-se um certo desvelo pelo grupo
estudado para manter a pratica ritual de forma contínua. A pesquisa foi
realizada com base em revisão bibliográfica, fontes orais e observações de
algumas cerimônias e orações bizantinas ucranianas. Também foram
analisados livros de bençãos clericais e documentos da Igreja Católica
Ucraniana que descrevem aspectos do Rito pesquisado.
Palavras-chave: Rito Bizantino, Descendentes de Ucranianos, Memória;
Identidade Étnica.
203
A FÉ COMO MARCA DO IMIGRANTE
Selma Antonia Pszdzimirski Viechnieski (UEPG)
Este artigo trata da religiosidade na constituição de Virmond, uma colônia de
imigrantes poloneses, fundada no início do século XX, discutindo as possíveis
relações entre a Igreja Católica e a formação identitária, e como essa relação
teria marcado a vida dos moradores, estabelecendo práticas e saberes. Para
essa compreensão foi necessário estabelecer conexões com as mudanças que
ocorriam no interior da Igreja Católica naquele momento, de caráter global,
conhecido como romanização do catolicismo, e também as mudanças em nível
nacional, com a busca da afirmação da igreja católica no Brasil. A religiosidade
presente entre os imigrantes, marcando sua identidade, com o desejo da
continuidade de exercer sua fé vão estar presentes ao longo de todo texto.
Quando se refere à colonização dos imigrantes trata-se ainda de questões
como identidades individuais e coletivas, permanências e mudanças, e a
construção da memória. A fé católica, a nacionalidade, o desejo de construir
uma nova vida com a manutenção da polonidade se constituem nos laços que
estruturam a identidade da colônia. O conceito de identidade perpassa a
análise de todas as questões propostas. O estudo realizado constitui-se como
parte do projeto de pesquisa que está sendo desenvolvido no Programa de
Mestrado da UEPG. Toda discussão está pautada especialmente no estudo de
fontes pouco exploradas como publicações de jornais do período, traduzidas
para este fim, e em fontes orais, com entrevistas de imigrantes e
descendentes, além de literatura especializada.
Palavras-chave: imigrantes poloneses; religiosidade; catolicismo; identidade;
polonidade.
CULTURA HIBRIDA E ENSINO: UM ESTUDO NOS MEANDROS DE UMA
COMUNIDADE/ESCOLA DE DESCENDENTES DE UCRANIANOS EM
PRUDENTÓPOLIS – PR
Adriane Martinhuk Kutzmy (UNICENTRO)
Sergio Luiz Kutzmy ( UNICENTRO)
A presente pesquisa é resultante do estudo em uma comunidade de
descendentes de eslavos predominantemente ucranianos na zona rural do
município de Prudentópolis, Paraná. O contato com a cultura e o domínio da
língua/dialeto falado, por sermos descendentes de ucranianos, resultam em
inquietações com a forma com que a cultura e o dialeto estão se apagando,
suscitando o interesse pela pesquisa. Diante das aparentes condições de
hibridação das línguas em contato, português/ucraniano, nas mais distintas
variações faladas na comunidade cristalizaram a problemática da pesquisa.
Assim sendo buscou-se identificar a hibridação cultural que ocorre no contato
de ambas e o papel da educação local à conservação da cultura e do dialeto
ucraniano orolocal na perspectiva da língua culta nas modalidades oral e
escrita e analisar como advêm às hibridações culturais nas escolas do interior
do município, do ponto de vista dos entrevistados que são professores e
alunos. Buscamos nos fundamentar nos estudos de Canclini (1997) e outros,
de modo particular no que se faz referência ao conceito de hibridação cultural,
204
Identidade e de cultura de forma mais ampla. Em decorrência ao estudo,
ratificou-se o anseio de grande parte dos docentes e discentes, de adquirirem a
língua e a cultura ucraniana mais preservada e exercitada nos meandros da
escola na comunidade analisada.
Palavras-chave: Cultura hibrida; Educação; Identidade; Descendentes.
AS FRONTEIRAS DE UMA UNIVERSIDADE: O MUNICÍPIO DE
REALEZA/PR E A INSTALAÇÃO DO CAMPUS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DA FRONTEIRA SUL – UFFS (2005 – 2015)
Fernanda Nichterwitz (UNIOESTE)
O trabalho de dissertação de mestrado que será apresentado pretende
compreender e refletir sobre a instalação de um campus da Universidade
Federal da Fronteira Sul – UFFS na cidade de Realeza/PR, e como tal
implementação foi percebida pela população do município, e permeia a
construção e manutenção de sua identidade.Na época da aprovação do projeto
de criação da UFFS, em 2007, o município de Realeza contava com cerca de
15 mil habitantes, segundo o IBGE. Após a instalação do campus da UFFS, em
2010, o município passou a contar com quase 17 mil habitantes, aumentando o
número quase dois mil, em apenas poucos anos. Pensando em tão grande
crescimento populacional se questionou como a população da cidade recebeu
a Universidade, seus serviços, os migrantes (alunos, professores, funcionários,
os familiares que os acompanham, entre outros), além de seus hábitos e
práticas; e especialmente, questionar como a população da cidade passou a se
perceber em relação ao novo grupo de migrantes.Assim, pretende-se, a partir
da observação por meio de entrevistas, relatos orais e fontes jornalísticas
apresentar o processo de instalação do campus da UFFS no município de
Realeza/PR enquanto estudo de caso do projeto de expansão das
Universidades Federais do governo Lula (2006-2010); a percepção dialética do
“outro” entre a população da cidade de Realeza e os usuários da UFFS, e
como a implementação do campus da Universidade revalidou, reconstruiu e
questionou a identidade dos realezenses.
Palavras-chave: identidade; universidade; Realeza/PR.
MEMÓRIA PIONEIRA VERSUS MEMÓRIA INDÍGENA: PERSISTÊNCIAS E
CONTRADIÇÕES NO NORTE DO PARANÁ
Pedro Henrique Cezar (UEL)
Kawanni dos Santos Gonçalves (UEL)
Em comemoração aos 80 anos de Londrina, 104 pioneiros foram
homenageados na sede do Instituto Agronômico do Paraná, em dezembro de
2014. A presença dessa figura compõe o imaginário social da colonização do
norte do Paraná. Entre os festejos do referido aniversário, não houve
homenagens ou referências aos povos indígenas que residiram (e residem)
nessa região há séculos. Embora estudos na área da arqueologia e da história
205
apontem indícios da presença desses povos nos séculos passados, a ideia do
“vazio demográfico” ainda persiste, entre alguns segmentos sociais. Em função
disso, desenvolvemos um projetoi que visa estudar as coleções etnográficas do
Museu Histórico de Londrina, ainda pouco exploradas, conferindo visibilidade e
reconhecimento aos exemplares da cultura indígena. Resgatar a memória de
um grupo significa, entre muitas questões, (re)afirmar sua identidade. Para
tanto, a princípio, discutiremos como foi construída essa memória/mito do
“vazio demográfico” no início do século XX, e como se deu sua extensão e
permanência ao longo dos anos - temática abordada neste artigo. Utilizaremos,
com essa finalidade, recortes de jornais e entrevistas disponíveis na referida
instituição museal. Pretendemos, também, explanar a bibliografia que discorre
sobre disputa de memória e/ou hegemonias culturais, a fim de endossar
nossos propósitos.
Palavras-chave: Memória; Pioneirismo; “Vazio-demográfico”; Indígenas.
OS ALDEAMENTOS INDÍGENAS E A POLÍTICA DE CATEQUESE NO
PARANÁ REPÚBLICA (1889-1900)
Éder da Silva Novak (UEM)
A primeira década republicana foi marcada por todo um debate em torno da
política indigenista: por um lado os influenciados pelo pensamento positivista,
defendendo uma política protecionista, com mecanismos de transformação do
indígena em trabalhador nacional; por outro lado representantes da igreja,
monarquistas, que pregavam a continuidade do serviço de catequese e a
conversão do indígena. O governo do Paraná, durante os primeiros anos da
república, manteve a política de catequese, como tentativa de agrupar os
indígenas em locais delimitados e “convertê-los à civilização”, no intuito de
liberar terras para as frentes colonizadoras. O objetivo aqui é analisar as
atividades de catequização desenvolvidas nos aldeamentos de São Jerônimo e
São Pedro de Alcântara, nas margens no rio Tibagi, obtendo recursos públicos,
para atender as demandas dos responsáveis pela administração dos
aldeamentos e dos grupos indígenas ali instalados. Tais aldeamentos tiveram
suas atividades encerradas apenas em julho de 1900. Enquanto perduraram os
indígenas utilizaram destes locais para a obtenção de equipamentos, objetos,
ferramentas, brindes, alimentos, bem como uma forma de refúgio e proteção,
devido a embates com grupos rivais. Contudo, não ficavam aldeados na
escassez de recursos e voltavam a seus territórios de outrora quando não
tinham mais interesses nas atividades dos aldeamentos. Dessa forma, trata-se
de um contexto com múltiplos atores: governo, elites agrárias, imigrantes,
colonos, indígenas, com objetivos diferentes e estratégias políticas próprias, no
qual todos buscavam garantir suas vontades, traçando ações estratégicas a
cada novo acontecimento.
Palavras-chave: Aldeamentos Indígenas; Serviço de Catequese; Povos
Indígenas; Paraná.
206
PASSO RUIM 1868: AS GUERRAS DOS XOKLENG NAS FRONTEIRAS DE
SEUS TERRITÓRIOS DO ALTO RIO ITAJAÍ E NEGRO
Lúcio Tadeu Mota (UEM)
Na noite do dia 13 de janeiro de 1868, um grupo de índios Xokleng atacou e
matou seis pessoas num lugar chamado Passo Ruim na Estrada da Mata
próximo da vila de Rio Negro, então província do Paraná. Esse acontecimento
será abordado dentro das complexas relações sócio-históricas e culturais que
permearam o processo de desterritorialização do Xokleng do alto vale do Rio
Itajaí do Norte e Rio Negro na segunda metade do século XIX. O foco da
análise será o ataque dos índios, as medidas tomadas pelo governo provincial
e seus desdobramentos durante o ano de 1868. Buscar-se-á a percepção que
eles tinham dos invasores e como desenvolveram estratégias para lidar com
cada um deles. Primeiro será feito um panorama do processo de ocupação da
região mostrando que os Xokleng estavam acompanhando cada passo que os
colonizadores davam em seus territórios. Em seguida, o foco será a análise
dos acontecimentos de Passo Ruim, procurando desvendar como o grupo que
ali atuava se relacionou com as expedições enviadas em seu encalço
realçando seu protagonismo diante das ações da população do entorno e das
autoridades provinciais e imperiais.
Palavras-chave: Índios Xokleng; Relações socioculturais; Fronteiras e
Populações;
FREI TIMÓTEO DE CASTELNUOVO:
MISSÃO, UTOPIA E REALIDADE NO ALDEAMENTO SÃO PEDRO DE
ALCÂNTARA DE JATAÍZINHO/PR (1855-1895)
Edson Claiton Guedes (PUC)
Este artigo apresenta um estudo desenvolvido acerca da vida do Frei
Capuchinho Timóteo de Castelnuovo e sua atuação junto aos indígenas do
aldeamento São Pedro de Alcântara de Jataizinho, Paraná, localizado às
margens do Rio Tibagi. Partimos do pressuposto de que, conhecer e analisar a
vida e ação daqueles que fizeram a história no passado requer um olhar crítico
e cauteloso a fim de que não olhemos para os fatos passados impregnados
pelos conceitos que temos da realidade do presente. Por isso, a análise da vida
e atuação do frei Capuchinho italiano aqui apresentada, buscou considerá-lo no
contexto social no qual se insere o que, implica no conhecimento das relações
culturais que envolvem a reconstrução da história. Destarte, o presente artigo
buscou responder aos seguintes questionamentos: Quem foi Timóteo de
Castelnuovo? A quem interessava a estruturação do aldeamento? Qual a
importância da atuação do frade capuchinho junto aos indígenas? Para esta
pesquisa utilizamos as bibliografias de terceiros e o testemunho do próprio
frade, catalogados e documentados por seu biógrafo, Frei Cassimiro de
Orleans. Concluímos que a mudança da política Imperial quanto ao aldeamento
207
pode explicar a falência do programa, que terminou com a morte do
missionário.
Palavras-chave: Biografia. Frei Timóteo de Castelnuovo. Aldeamento São
Pedro de Alcântara de Jataizinho. Utopia franciscana
MEMÓRIAS E HISTÓRIAS DOS MIGRANTES
DE MARUMBI E BOM SUCESSO NO PARANÁ
João Paulo Pacheco Rodrigues (UEM)
Este trabalho se propõe a apresentar algumas reflexões sobre o processo de
(re)ocupação da região Norte do Paraná e como os municípios de Marumbi e
Bom Sucesso estão intrinsecamente relacionados a essa dinâmica. As
memórias reveladas nos depoimentos em forma de entrevista, os vídeos
documentário, “Histórico de Marumbi” e “Paróquia Senhor Bom Jesus De
Marumbi – Jubileu De Ouro”, e as imagens do acervo das prefeituras
municipais serviram como valiosas fontes para a compreensão desse
fenômeno comum nas cidades do Norte paranaense. É por meio do
conhecimento da história de uma cidade que podemos perceber a importância
da figura dos primeiros migrantes no processo de (re)ocupação de região.
Assim se torna essencial o estudo de história regional como forma de
desvendar espaços e contextos que ficam esquecidos e não considerados pela
historiografia tradicional. Podemos constatar que Marumbi e Bom Sucesso,
assim como as demais cidades, configuram-se como um pequeno núcleo
urbano. Esses municípios tiveram como principal produto a cafeicultura, até a
segunda metade do século XX, uma prática agrícola que absorvia
principalmente a mãodeobra familiar, entrecortada de outras culturas para
sustento das respectivas famílias. Após a geada de 1975 paulatinamente a
cultura cafeeira foi substituída pela lavoura branca como a soja, milho, trigo e,
principalmente,cana-de-açúcar.
Palavras-chave: História do Paraná, Memória, História Oral
AS MEMÓRIAS DE BRAZ PONCE MARTINS
E A EXPANSÃO CAFEEIRA PARA O OESTE DO PARANÁ
Gelise Cristine Ponce Martins (SEED/PR)
Este trabalho discute a colonização de Jesuítas, cidade do Oeste do Paraná, a
partir da autobiografia de Braz Ponce Martins, “Memorial de um Século de
Cafeicultores” (2003), na qual conta a história de um sítio adquirido da
Sociedade Imobiliária Noroeste do Paraná, em 1959, no então município de
Formosa. Nosso objetivo é investigar o cotidiano desta pequena propriedade,
com base nas lembranças de Braz, que narra em detalhes o modo de
aquisição dos lotes, as formas de pagamento, as dificuldades de
estabelecimento na terra, os tipos de mão de obra empregada, os produtos
cultivados, a fauna, a flora e as péssimas condições das estradas de rodagem
da região. O embasamento teórico-metodológico centra-se nas relações entre
memória, história e cotidiano. Parte-se do pressuposto de que as lembranças
208
pessoais se apoiam na memória coletiva, visto que para evocar seu passado, o
indivíduo apela para lembranças que existem fora dele, na sociedade. Logo,
toda história de vida faz parte da história geral, esta que é feita por pessoas
comuns. Na análise crítica da fonte, comparamos as memórias com a
bibliografia sobre a temática, reconstruindo o contexto histórico. Conclui-se que
as memórias são um testemunho relevante para a compreensão da expansão
da cafeicultura do Norte para o Oeste do Paraná.
Palavras-chave: Memória; Cotidiano; Cafeicultura; Colonização do Oeste do
Paraná.
QUEM SOU EU? A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE ÍTALO-BRASILEIRA
DO COMBATENTE NA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL A PARTIR DA
ANÁLISE DE EPISTOLARES (1945)
João Paulo Massi (UEL)
Pretende-se, na pesquisa proposta, analisar como a identidade ítalo-brasileira
sofre transformações diante do contexto histórico marcado pela política de
nacionalização do Estado Novo (1937-1945). Como fonte, são utilizados
documentos epistolares. Um deles é a carta escrita pelo 2º Sargento Benedito
Ravedutti, ítalo-brasileiro que fez parte da Força Expedicionária Brasileira na
Segunda Guerra Mundial, em resposta à chamada “madrinha dos
combatentes”, Osmilda, aluna do Colégio Mãe de Deus de Londrina (Paraná).
Além disso, são analisadas duas das cartas da esposa de Benedito, Odette
Barros Ravedutti, escritas no ano de 1945. As missivas em questão inserem-se
no contexto da Legião Brasileira de Assistência (LBA), que tinha o objetivo de
oferecer suporte ideológico e afetivo aos combatentes brasileiros no fronte de
batalha. Os conteúdos dessas cartas indicam um sentimento de extremo
nacionalismo brasileiro de um soldado nascido em meio à cultura ítalobrasileira. Serão aplicadas as proposições metodológicas de Natalie Zemon
Davis para a compreensão das epístolas, ressaltando aspectos como
elementos pré-existentes, local de produção e que situações envolviam os
personagens que produziram essas cartas. Será ressaltada também a
materialidade das cartas, atinando para elementos simbólicos e afetivos que
fazem parte dos documentos, bem como os instrumentos utilizados em sua
produção. Como fundamentação teórica, serão utilizados os conceitos de
identidade e negociação propostos por autores como Stuart Hall e Jeffrey
Lesser.
Palavras-chave: Identidade; Força Expedicionária Brasileira; Segunda Guerra
Mundial; Legião Brasileira de Assistência; Cartas.
RELATOS DE UM REFUGIADO EM MEIO A MATA: OS CADERNOS DE
MEMÓRIA DE MICHAEL TRAUMANN (ROLANDIA 1930 -1945)
Helena Ragusa (UEL)
Esta pesquisa atenta para os cadernos de memória escritos por Michael
Traumann, um refugiado alemão de ascendência judaica que em 1935,
209
juntamente com sua família, veio se estabelecer na atual cidade de Rolândia PR. Os escritos revelam dentre outros, indícios de uma formação obtida
quando ainda vivia na Alemanha presente nas práticas, nas relações e nas
representações constituídas na nova sociedade que passou a integrar.
Objetiva-se portanto, compreender, por meio das fontes pessoais de
Traumann, os marcos identitários que caracterizam sua vivência, como alemão
ao mesmo tempo que assimilado aos novos valores. No sentido de dialogar
com tais registros, recorreremos a pesquisa bibliográfica e também uma
reflexão sobre os dados teóricos e metodológicos que nos permitiram pensar a
escrita destes cadernos nos apoiando em Philippe Artières (1998), e suas
observações acerca desta prática de arquivamento do eu; os estudos
realizados por Marco Antônio Neves Soares (2012), sobre a presença judaica
em Rolândia; Wilhelm von Humbolt (2004), e o fenômeno da formação na
Alemanha do século XIX para compreendermos este alemão de ascendência
judaica e Yi-Fu Tuan (2012), para pensarmos os elos de afetividade que estes
imigrantes criaram tanto com a Alemanha, ainda quando era paisagem até sua
constituição enquanto nação, e, depois, com Rolândia, enfim, as relações entre
estes espaços, a memória e a identidade.
Palavras-chave: Fuga, Legados, Memória.
LEMBRANÇAS DE UM PASSADO SILENCIADO: MEMÓRIAS DA
EXCLUSÃO E O LEGADO CONSERVADOR NA CONTEMPORANEIDADE
Marcelo Hansen Schlachta (UNIOESTE / IFPR
Uma análise dos sujeitos sociais que não se enquadram na memória oficial de
Cascavel - PR e região foi pouco explorada pela investigação histórica. Há
pesquisas sobre a colonização da região Oeste do Paraná, sobre a presença e
participação da Igreja Católica, sobre os conflitos agrários, entre outras
abordagens, entretanto não há trabalhos que estudam a mentalidade e as
práticas conservadoras no presente da sociedade e na política cascavelense e
oestina, atrelando esse imaginário a elementos da colonização, bem como ao
silenciamento de memórias daqueles que não se encaixam no perfil delineado
pela identidade social hegemônica. Nesta perspectiva, além de um viés até
então inexplorado, a presente proposta de pesquisa, que desenvolvo no
programa de doutorado em História da UNIOESTE, possibilitará desvelar a
maneira pela qual se costuram as relações entre Estado, latifundiários,
pequenos proprietários, pioneiros e da própria Igreja, em relação a indígenas,
posseiros, migrantes de origem negra, bem como moradores das periferias que
são silenciados no discurso oficial. Outro viés até então desconhecido, diz
respeito ao cotejamento entre a literatura acerca da colonização da região com
entrevistas produzidas com moradores antigos, bem como com documentos e
entrevistas produzidas pela Comissão Nacional da Verdade (que realizou
audiências em Cascavel no ano de 2013), e que trazem depoimentos de
indígenas, agricultores, integrantes de movimentos sociais e até mesmo
envolvidos no MR-8. A discussão histórica aqui proposta possibilitará também
uma análise mais ampla acerca da realidade estudada, perfazendo também um
movimento prospectivo para tentar compreender no presente alguns aspectos
da mentalidade conservadora da sociedade oestina.
210
Palavras-chave: Memórias; Representações; Identidade; Conservadorismo;
Comissão Nacional da Verdade.
APUCARANA - PROCESSO DE OCUPAÇÃO E COLONIZAÇÃO
Maria do Carmo Carvalho Faria (FAP)
O presente trabalho apresenta o processo de ocupação e colonização do
município de Apucarana-PR. Esse processo ocorreu em três períodos e está
também intimamente ligado a colonização do Norte do Paraná. A colonização
foi realizada pela Companhia de Terras Norte do Paraná (CTNP) e sua
sucessora Companhia de Melhoramentos Norte do Paraná (CMNP). O objetivo
desse artigo consiste em mostrar as características de cada um dos três
períodos distintamente. Será abordado também de forma resumida o processo
de ocupação e colonização do norte do Paraná e a influência da companhia
colonizadora no município de Apucarana. A metodologia abordada foi o
levantamento bibliográfico. No final do século XIX a região do município era
denominada de “sertão”, isso devido a distância dos lugares mais habitados e a
floresta tropical que recobria a região. Com a aquisição dessas terras pela
CTNP no início do século XX, iniciou-se a ocupação e a colonização. Durante
esse período foram construídas estradas, fundadas cidades, houve o
prolongamento da estrada de ferro do estado de São Paulo para o interior do
Paraná, passando também pelo município de Apucarana que tinha a função de
ser um pequeno núcleo de abastecimento da zona rural. Na atualidade é um
dos municípios relevantes do norte do Paraná.
Palavras-chave: Companhia; período; pioneirismo, emancipação, município;
OCUPAÇÃO E CONFLITOS DE TERRAS: O OLHAR DOS VIAJANTES
ARGENTINOS E BRASILEIROS SOBRE FRONTEIRA TRANSNACIONAL
(1850-1930)
Leandro de Araújo Crestani (Universidade de Évora)
O presente trabalho visa analisar as relações conflituosas que se forjaram no
processo de ocupação da fronteira transnacional entre Argentina e Brasil a
partir de relatos de viajantes argentinos e brasileiros no período
correspondente entre 1850 e 1930. O objeto de estudo desta pesquisa é a
fronteira transnacional entre a Província do Paraná (Brasil), a Oeste e a
Província de Misiones (Argentina), a Nordeste. A análise aqui estabelecida se
baseia numa perspectiva comparada e transnacional que busca compreender
de que forma se deu a ocupação deste espaço e quais conflitos marcaram a
posse da terra e a colonização nas fronteiras internas destas províncias. Há,
nos relatos dos viajantes, uma acentuada preocupação em torno da
apresentação do tipo de sujeito que habitava a fronteira. Busca-se, desta
forma, reconstituir o processo de colonização da fronteira com base nas
práticas sociais presentes nos relatos destes viajantes e perceber as relações
de poder que o norteou, inventariando e tipificando os conflitos existentes no
exercício da hegemonia de grupos locais e regionais. Estes relatos apontam
semelhanças e diferenças na intervenção estatal, militar e policial de cada país
211
e contribuem para apresentar a faixa de fronteira como um espaço de cenários
contraditórios e de conflitos pela posse da terra entre ervateiros, colonos
(imigrantes) e indígenas.
Palavras-chave: Conflitos de Terras; Ocupação; Viajantes argentinos e
brasileiros; Fronteira Transnacional.
CONFLITOS AGRÁRIOS NO OESTE DO PARANÁ - O CASO DO “GRILO
SANTA CRUZ” NA COLONIZAÇÃO DE NOVA AURORA (1952-1958)
Maurílio Rompatto (UNESPAR-Apucarana)
A disputa pela terra no sudoeste do Paraná ocorrida na década de 1950 é um
assunto bastante debatido pela historiografia paranaense, mas poucos sabem
que na mesma época, em Nova Aurora, oeste do estado, houve um conflito
muito semelhante. Nova Aurora surgiu do loteamento de uma área de terras
conhecida pelo nome de imóvel Santa Cruz. Quando em 1952, a Sociedade
Colonizadora União D’Oeste Ltda. se apossou dos títulos deste imóvel, este
era ocupado por posseiros que acreditavam ocupar terras devolutas do estado.
Alegando que os títulos da fazenda Santa Cruz, que se encontrava em posse
da “União do Oeste”, eram falsos e, portanto, constituindo-se em um grilo de
terras, no ano de 1953, o governo do estado entrou com uma ação judicial para
anulá-los. O processo durou de 1953 a 1958 e desencadeou uma longa disputa
entre as partes. Neste período, os colonizadores da “União do Oeste” tentaram
por todos os meios expulsar os posseiros que se encontravam na área,
provocando um grande conflito pela posse da terra em Nova Aurora e que
resultou em um levante de posseiro muito parecido com o que ocorreu no
sudoeste. Pretendo apresentar neste artigo algumas particularidades deste
levante que, a exemplo do ocorrido no sudoeste, também teve sua importância
e merece ser discutido.
Palavras-chave: conflitos agrários; oeste do Paraná; Nova Aurora.
REPRESSÃO NO NORTE DO ESTADO DO PARANÁ (1964)
João Paulo de Medeiros Reggiani (UNINGÁ)
O presente trabalho tem como propósito analisar a repressão desencadeada
no norte do Estado do Paraná, que ocorreu a partir do golpe civil-militar em
abril de 1964. Com o golpe o governo militar iniciou um forte processo
repressivo com a imposição do Ato Institucional Número 1 (AI-1) destinado a
servir de apoio à chamada “Operação Limpeza”. Nesse contexto teremos como
intuito perceber como se deu a repressão no norte paranaense logo após o
desfecho político que retirou o presidente João Goulart do poder e instaurou
um Estado de exceção no país. A “Operação Limpeza” se materializou na
suspensão dos direitos democráticos, em intervenções de sindicatos, nas
cassações de direitos políticos, expurgos de militares nas forças armadas e
funcionários do serviço público, e também na instauração de centenas de
Inquéritos Policial-Militares que apurou atividades consideradas subversivas
em todo o país. Nesse âmbito, temos o propósito de analisar a ação repressiva
212
do Estado em sua forma de agir, e também conhecer pessoas que no interior
do país foram perseguidas durante os primeiros momentos do período militar.
Todos os cidadãos que tivessem a ideia afinada com movimentos pertencentes
à esquerda eram prováveis alvos, passíveis de repressão e considerados uma
ameaça à Segurança Nacional. Nosso interesse é analisar a perseguição do
regime militar a pessoas que foram investigadas pelo “IPM zona norte do
Paraná”.
Palavras-chave: Repressão; Norte paranaense; IPM zona norte.
OS ARQUIVOS DA DOPS/PARANÁ SOBRE O
EXTREMO NOROESTE DO PARANÁ (1950-1980)
Cássio Augusto S. A. Guilherme ( UNIFESSPA)
O presente trabalho se utiliza de fontes documentais, trinta e cinco pastas,
produzidas pela Delegacia de Ordem Política e Social (DOPS) entre as
décadas de 1950-1980 sobre a região do extremo noroeste do estado do
Paraná e arquivadas no Departamento de Arquivo Público do estado do Paraná
(DEAP). O objetivo é que sirva para instigar outras pesquisas mais
aprofundadas sobre os arquivos aqui analisados e destacar a existência de tal
documentação, bem como a sua facilidade para acesso público. Apresentamos
alguns casos expressivos encontrados na documentação, em especial nos
municípios de Paranavaí, Loanda, Querência do Norte e Terra Rica, para ao
final concluirmos que os órgãos de inteligência da polícia política não
centravam a sua atenção e repressão apenas nos grandes centros urbanos,
mas também nas regiões interioranas do estado, onde o noroeste se destaca
por ser local de grande migração camponesa naqueles anos.
Palavras-chave: DOPS; Paraná; Repressão.
NARRATIVAS DE COLONOS E POSSEIROS NA LUTA PELA TERRA: A
(RE)CRIAÇÃO DA MEMÓRIA DA REVOLTA DE TRÊS BARRAS NO
PARANÁ, 1964-2014
Mayara da Fontoura das Chagas (UNIOESTE)
A revolta de Três Barras ocorreu entre os dias 6 e 8 de agosto do ano de 1964,
no distrito de Três Barras, em Catanduvas, região oeste do estado do Paraná.
Esse conflito se deu quando os colonos e posseiros sublevaram-se e
prenderam alguns profissionais do Departamento de Geografia, Terras e
Colonização – DGTC – que realizavam a medição das terras na região
representando a empresa Bellé & Simioni. O presente trabalho tem por objetivo
analisar como as memórias sobre a revolta de Três Barras são narradas,
explicitando como os sujeitos interpretam e atribuem significados a esse
conflito social pela posse da terra. Nesse sentido, buscamos perceber nas
fontes selecionadas, narrativas orais, no livro sobre Três Barras do Paraná e no
processo 147/64 -“Três Barras”, as diferentes versões que constituem uma
memória social compartilhada desse momento histórico. Assim, pensar como
as memórias sobre a revolta de Três Barras são narradas, explicitando como
213
os sujeitos interpretam e atribuem significados a esse conflito, nos diz muito
mais do que simplesmente apresentar versões sobre como a revolta ocorreu,
diz-nos como as memórias desses sujeitos podem ser rearticuladas e (re)
criadas, levando em consideração os lugares sociais que estes ocupam no
presente. Analisar as diferentes narrativas selecionadas nos possibilita
compreender como os sujeitos se posicionam frente a essas memórias, como
as resignificam (re)construindo identidades e atribuindo, por meio de suas
experiências, sentidos diversos a esse momento de luta.
Palavras-chave: Revolta de Três Barras; Memória; Narrativa; Conflitos
Agrários; Colonos e Posseiros.
(RE)OCUPAÇÃO E MUDANÇAS NA PAISAGEM: UMA LEITURA DE
HISTÓRIA AMBIENTAL DOS PROCESSOS MIGRATÓRIOS E
CAFEICULTURA NO NORTE DO PARANÁ
Lucas Mores (UFSC)
Aspectos ambientais são um dos principais elementos quando pensamos em
processos migratórios, sejam estes importantes nos motivos da chegada ou
mesmo na modificação ocorrida depois da ocupação de determinado território.
A história da implantação e domesticação da cafeicultura no Brasil está
intimamente ligada ao tema de processos migratórios de seres humanos ou
não humanos, sendo estes deslocamentos voluntários ou não. Neste sentido,
este trabalho visa analisar as intersecções entre migrantes e a alteração do
território no norte do Paraná por meio de uma leitura do campo de História
Ambiental. A principal implicação desta perspectiva, é perceber como grupos
não humanos, por exemplo insetos, solo, geadas e o fogo, foram ativos neste
processo de implantação do monocultivo e adaptação as novas paisagens, e
não, como a interpretação tradicional que coloca todo o peso sobre o trabalho
humano. Outro elemento importante visa problematizar como cada etnia se
relaciona com o seu ambiente construído, ou seja, a monocultura. Diferentes
etnias geriram os monocultivos de café no norte do Paraná a partir de
diferentes lógicas e práticas, podemos assim, perceber que a História
Ambiental não elimina outras esferas da historiografia como economia, política
e cultura, mas busca ampliar estes debates para compreender os grupos não
humanos. A metodologia para este trabalho se valerá do cruzamento de
diferentes documentos como fotografias, periódicos, relatos de imigrantes e
relatórios técnicos.
Palavras-chave: Paraná; Monocultivo, História Ambiental;
A HISTORIOGRAFIA DO PARANÁ REFERENTE AO ESPAÇO
PARANAENSE: NOTAS DE PESQUISA
Wander de Lara Proença (UEL)
O presente texto apresenta resultados de pesquisa sobre produções
historiográficas, no ambiente das universidades do Paraná, que tomam o
espaço paranaense como objeto de estudo. Busca-se perceber como os
214
autores dialogam com o campo de saber estabelecido como “História do
Paraná” e suas definições de espacialidade e temporalidade, além de
identificar as transformações temáticas, conceituais e metodológicas nas
práticas desses historiadores. Com base em Pierre Bourdieu, é possível
analisar o poder simbólico expresso nas conjunturas intelectuais e políticas do
campo educacional no período, subjacente no próprio discurso que se nomeia
de “história regional” e as relações de poder que ele pressupõe; a partir de
François Hartog, cabe a compreensão dos regimes de historicidade, que
vinculam os historiadores e sua disciplina à consciência do tempo, como
ciência da mudança e da transformação, também em si mesma. Textos de
geógrafos e sociólogos que abordaram o Paraná nos anos 1950, somados às
produções de uma matriz historiográfica dos anos 60 no ambiente da UFPR,
serviram de base para trabalhos acadêmicos que replicaram representações de
pioneirismo, vazio demográfico e ocupação pacífica pelos empreendimentos
colonizadores, por exemplo, em diferentes regiões do estado. Buscando
transpor esses limites, produções historiográficas recentes incluem novos
enfoques temáticos e valorizam outros grupos sociais, destacando, por
exemplo, questões ambientais, religiosidades, identidades e variedades
culturais. O emprego de novas fontes e perspectivas metodológicas, com
apreço ao uso de depoimentos orais, ritos, símbolos, imaginário, costumes,
imagens e representações, contribuem diretamente para redefinições do olhar
historiográfico sobre o espaço paranaense.
Palavras-chave: Historiografia paranaense; universidades; espacialidade;
temporalidade.
Agência financiadora: CNPq
A NATUREZA, O URBANO E O PASSADO: A CONSTRUÇÃO DE UMA
NARRATIVA EM UMA CIDADE DE FRONTEIRA –LONDRINA-PR
Gilmar Arruda (UEL)
O processo de incorporação do ´sertão´ do Brasil à modernidade, provocou
uma radical transformação da paisagem: mudando formas de apropriação da
natureza e tendo surgido centenas de pequenas cidades no espaço da mata
atlântica. Nestas cidades, as narrativas sobre o passado, tanto a memória
como a história, usam a transformação da natureza e o surgimento do urbano
como "evidências", articulando o passado e o presente, indicando qual futuro
se almeja. Em Londrina, as narrativas aparecem em dois murais em azulejaria
comemorativos dos 25 e 50 anos da sua fundação - 1959 e 1984. São
reproduções ampliadas e colorizadas de fotografias de dois tempos históricos.
Nessa comunicação, usando os conceitos de monumento, semióforo e
cronotropo, pretendo analisar os sentidos dessa narrativa e suas funções
contemporâneas.
Palavras-chave: natureza, memória, monumentos, semióforos
215
O SUDOESTE DOS GAÚCHOS: ANÁLISES SOBRE IMIGRAÇÃO E
COLONIZAÇÃO
Jonathan Marcel Scholz (UEM)
O espaço físico chamado hoje de Sudoeste do Paraná conta atualmente com
quarenta e dois (42) municípios e mais de seiscentos mil habitantes, segundo
os dados da Associação dos Municípios do Sudoeste do Paraná (AMSOP).
Contudo, apesar de os campos de Palmas serem conhecidos desde a
administração lusitana de D. João VI (1808-1822), tal região compõe uma das
últimas fronteiras a ser colonizadas pelo estado brasileiro no Paraná. O
sudoeste não existiu enquanto região geopolítica do estado paranaense até,
aproximadamente, a década de 1950. É a partir desta ideia preliminar, que se
sugere para a presente comunicação oral analisar a participação dos sul-riograndenses na imigração e colonização da supracitada área. Compreendendo
que, desde a criação do Território Federal do Iguaçu (1943) por Getúlio Vargas,
os gaúchos eram os indivíduos preferenciais para a colonização desta faixa à
Oeste do Paraná, investigar-se-á, do mesmo modo, a atuação dos sul-riograndenses na formação das elites políticas que ajudaram a forjar uma ideia de
sudoeste paranaense. Assim, ao conceber as fronteiras territoriais enquanto
espaços altamente dinâmicos e plurais destaca-se que o sudoeste paranaense
é fruto de uma idealização política, ideológica e econômica coletiva, de um
dado momento. Para contemplar a análise proposta, optou-se pela teorização
da ideia de região para Durval Muniz de Albuquerque Junior e do conceito de
“cultura política” na acepção de Serge Berstein.
Palavras-chave: Sudoeste do Paraná; sul-rio-grandenses; colonização;
fronteiras.
IMAGENS DO COTIDIANO, REGIÕES DO VIVIDO E POVOS TRADICIONAIS
DO SUL DO BRASIL (1900-2014).
José Adilçon Campigoto (UNICENTRO)
Estudo a respeito da aplicação do conceito de região para a escrita da história,
enfocando os faxinalenses, categoria de povos tradicionais existente no sul do
Brasil. Com base no conceito de espaço praticado, define-se a região a ser
investigada, neste caso, a experiência vivida por estes agricultores de
economia de subsistência é área de contato entre a cultura faxinalense e a
educação formal. As fontes utilizadas são, na maioria, imagens fotográficas
produzidas em visitas a campo ou digitalizadas a partir de material fotográfico
cedido por faxinalenses. Reproduções de documentos imagéticos já publicados
ou armazenados em arquivos locais. A metodologia para o trabalho com as
fotografias consiste em pensa-las como região (ou parte) de um todo visual.
Assim, o todo é posto em relação com os seus elementos possibilitando uma
efetuação de sentido, isto é, de significado histórico. No espaço assim definido,
praticou-se desde o início do século XX até a década de 1930, as escolas
étnicas religiosas, as ‘sociedades-escolas’ que tinham em comum o ensino da
cultura e da língua materna do grupo. As estradas de ferro e de rodagem,
dividiram algumas áreas de criatório comum, mas também trouxeram escolas e
professores para o faxinal. A comparação entre imagens dos prédios escolares
216
do presente e do passado permite a percepção de mudanças e permanências
significativas na paisagem e no cotidiano dessa região em que a convivência
entre a câmara dos humanos e do não-humanos inicia ainda na infância.
Palavras-chave: Ruralidade, Povos Tradicionais, História e Regiões, Cultura.
Agência financiadora: CAPES- Observatório da Educação.
TRABALHADORES MIGRANTES: UMA PROPOSTA DE PESQUISA A
PARTIR DAS FONTES ECLESIAIS DA IGREJA NOSSA SENHORA
APARECIDA DE LOANDA
Adriana de Carvalho Medeiros (UFU/ FACINOR)
O processo de reocupação do extremo noroeste do Paraná ocorreu a partir
década de 1950, através da ação do capital imobiliário e do governo do estado
do Paraná. As empresas imobiliárias foram as responsáveis por lotear parte
das terras e criar os primeiros núcleos urbanos, com equipamentos muitas
vezes obtidos a partir de disputas entre as várias empresas, junto ao estado. O
estabelecimento da Igreja Católica na região se deu a partir da designação do
Padre ucraniano Pedro Plonka na cidade de Loanda, mas que atendia as
cidades da região realizando cerimônias e rituais. Neste sentido, atualmente os
“proclamas”, ou processos pré-nupciais, podem ser considerados importantes
documentos históricos, pois reúnem um importante conjunto de informações
sobre população que se estabeleceu na região a partir da década de 1950.
Este artigo tem como objetivo, a partir de pesquisa qualitativa e quantitativa,
investigar as origens e cultura dos trabalhadores migrantes, tendo como
referencia os processos pré-nupciais registrados na Igreja Matriz Nossa
Senhora Aparecida de Loanda nos anos de 1955 a 1957.
Palavras-chave: trabalhadores migrantes; documentos eclesiásticos; noroeste
Paraná.
217
ST22 - PATRIMONIO E MEMORIA: PARADIGMAS DA
PRESERVAÇÃO E DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL NO ENSINO
DE HISTÓRIA E NAS INSTITUIÇÕES MUSEAIS
DOURADOS: PONDERAÇÕES SOBRE O
PATRIMÔNIO CULTURAL E A CIDADE
Márcia Bortoli Uliana (UFGD)
O presente trabalho tem por objetivo traçar reflexões e desdobramentos sobre
experiências com extensão universitária, através do projeto “Patrimônio cultural
e políticas públicas: problematizando discursos e práticas em Dourados/MS”,
desenvolvido entre os anos de 2011-2012. Para isso abordaremos brevemente,
num primeiro momento, a ação de extensão. Em seguida, trataremos das
fontes históricas que esta ação nos legou, a exemplo das ações civis públicas
vinculadas ao patrimônio cultural, em Dourados, MS. E, em específico sobre
um determinado bem cultural, a Usina Senador Filinto Muller, mais conhecida
como “Usina Velha”.
Palavras-chave: Patrimônio cultural, extensão universitária, ações civis
públicas, Dourados.
Agência financiadora: UFGD
O PATRIMÔNIO MATERIAL E SUA SALVAGUARDA: A MEMÓRIA NO
MUNDO GLOBALIZADO
Jacqueline Rodrigues Antonio (UEM)
A primeira metade do século XX no Brasil ficou marcada pelas discussões
politicas acerca da escolha dos bens que representam o ser brasileiro e da
salvaguarda do patrimônio nacional, com ênfase para a cultura material. Neste
contexto foi tombado pelo Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(SPHAN), o atual Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN),
a Igreja e Residência dos Reis Magos, em Nova Almeida, Espírito Santo.
Assim, o presente texto tem por objetivo discorrer a respeito da preservação
dessa memória no contexto da globalização do mundo atual. Para tanto, terá
como base para este trabalho a História Cultural e os estudos da cultura na
pós-modernidade de Bauman. A apreensão da pluralidade na cultura popular é
essencial na busca da maneira que a memória dos bens materiais é
compreendida no mundo atual, assim são visualizadas as questões da
globalização influenciando nas formas de salvaguarda do patrimônio cultural de
uma sociedade. Portanto, ao colocar os pontos sobre a salvaguarda da
memória do patrimônio cultural brasileiro com as demandas da globalização no
objeto de pesquisa da minha dissertação (um painel sob o tema dos Reis
Magos, confeccionado, oficialmente, no século XVI e localizado na Igreja e
Residência dos Reis Magos em Nova Almeida), que na década de 1940 foi
218
considerada uma herança colonial digna de ser preservada pelo Estado e
atualmente é ponderada como mercadoria no contexto da globalização dentro
da política do turismo histórico.
Palavras-chave: História Cultural; Cultura Material; Reis Magos.
Agência financiadora: CAPES
O NEGRO NA EXPOSIÇÃO DO TRABALHO
Gabriela Vasconcelos Torres. (UEL)
Este trabalho tem como objetivo principal analisar a exposição de longa duração
do Museu Histórico de Londrina, principal e um dos mais antigos lugares de
memória da cidade, optando por um recorte em relação ao segundo módulo,
evidenciando, entre outros aspectos, a produção de silêncio em relação aos
negros. Embasado nas ideias de Michael Pollak, localizamos o museu como
palco de conflitos e disputas de poder entre grupos sociais com interesses
conflitantes e que veem o espaço museal como estratégico nos embates pela
dominação dentro do processo de construção da memória coletiva. A exposição
de longa duração é fruto de um processo de revitalização da instituição, iniciado
em 1995, financiado em grande parte pela iniciativa privada. Embora vinculado à
Universidade Estadual de Londrina, constituindo-se como museu universitário, o
MHL preservou a narrativa tradicional a cerca da história local e o eixo sobre o
trabalho como norteadores da composição museográfica da sua exposição.
Essa narrativa teve como resultado a exclusão de vários atores sociais, também
partícipes do processo de formação da cidade.
Palavras-chave: Museu Histórico; memória; história
VENTURAS E DESVENTURAS DA PRESERVAÇÃO DA IGREJA NOSSA
SENHORA DO ROSÁRIO DOS HOMENS PRETOS (SÃO PAULO/BRASIL)
Sandra C. A. Pelegrini (UEM)
Esta comunicação visa a apresentação dos resultados parciais de uma
pesquisa sobre a igreja “Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos”,
vinculada às atividades desenvolvidas no Centro de Estudos da Artes e do
Patrimônio Cultural, da Universidade Estadual de Maringá (CEAPAC/UEM). O
templo supracitado foi inicialmente erguido no Largo do Rosário por escravos,
mulatos e alforriados, nas décadas iniciais do século XVIII, na então província
de São Paulo/Brasil, mas acabou sendo demolido durante o advento da
urbanização da cidade e reerguido no Largo do Paissandu, um logradouro mais
afastado, contudo, ainda próximo do antigo lugar onde se situava. A relevância
dessa investigação se justifica pela constatada força de resistência dos negros
e expressa nessa igreja; por atestar os sentidos de pertença da comunidade
que frequenta esse híbrido “lugar do sagrado”. A partir de tais argumentos e do
universo conceitual e metodológico da História Cultural, interessa-nos abordar
aqui como se deu o processo de edificação desse santuário; identificar as suas
características arquitetônicas e seu atual estado de conservação; e também,
observar se a sua preservação e salvaguarda conta com a colaboração do
219
Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico
(CONDEPHAAT), da Secretaria de Cultura de São Paulo (PMSP). Certo é que
a manutenção desse templo e do seu entorno tornaram-se referências das
tradições afrobrasileiras do município.
Palavras-chave: Arte e História; Memórias; Patrimônio Cultural.
LADÁRIO/ MS E SEU PATRIMÔNIO CULTURAL:
MAIS DE 100 ANOS DE HISTÓRIA
Daiane Lima dos Santos (UFGD)
O patrimônio cultural que o município de Ladário/ MS abriga, é dinâmico e
significativo, com isso, demanda políticas para sua preservação. Nessa
perspectiva, este trabalho tem por objetivo apresentar a diversidade do
patrimônio cultural em Ladário e as ações que veem sendo feitas para garantir
a preservação e reconhecimento desses bens que se constituem tanto em
natureza material quanto imaterial. Nesse sentido, vale ressaltar que ainda não
são tombados a nível municipal, sendo, desta forma, somente o Pórtico do
Arsenal de Marinha o único bem reconhecido e tombado pelo Instituto do
Patrimônio Histórico Artístico e Nacional (IPHAN). A dimensão simbólica e
política são formas de pensar estratégias para a preservação e valorização
patrimonial e devem ser reforçadas afim de que garantam, a preservação da
memória e da história local. Por meio da pesquisa e visita aos locais, é possível
apresentar e dialogar sobre o patrimonial que a cidade possui. A partir disso, é
possível investir em políticas de preservação e valorização, possibilitando desta
forma, que as futuras gerações conheçam a própria história e sobretudo,
tenham orgulho dela, despertando desta forma, o sentimento de pertença e
identidade.
Palavras-chave: Ladário; Patrimônio; bens móveis e imóveis.
OS TRAÇADOS INVISÍVEIS DE PEDRO OSÓRIO (RS): UMA PROPOSTA
INTERDISCIPLINAR NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL
GETÚLIO VARGAS
Tatiana Carrilho Pastorini Torres (FURG)
Maria Fernanda Botelho (GVM)
A presente proposta de trabalho visa relatar uma experiência interdisciplinar de
Ensino de Arte, Geografia e História na Escola Municipal de Ensino
Fundamental Getúlio Vargas, localizada no município de Pedro Osório, Rio
Grande do Sul. A proposição do trabalho envolveu o estabelecimento de
percursos escolhidos pelos alunos, a fim de se propiciar um olhar diferenciado
sobre a cidade. Neste sentido, buscou-se uma visão que vai além de prédios,
ruas e demais limitações do espaço urbano; enfim, uma leitura da cidade como
produto histórico-social delineado pela vivência, na qual se constitui a memória
e o patrimônio. Para tanto, optou-se pelo uso da fotografia como forma de
registro, posto que tal recurso oferece ao observador uma gama de
possibilidades, enquadramento e infinitas releituras. Além disso, auxilia no
220
desenvolvimento da poética que, por sua vez, corrobora com a sensibilização e
percepção dos traçados invisíveis aos olhares despreparados. Sendo assim,
possibilitou-se uma construção interdisciplinar de conhecimento, com o
propósito de valorizar e incentivar o fortalecimento dos vínculos identitários e
patrimoniais da comunidade local.
Palavras-chave: Cidade; Fotografia; Poética; Memória; Patrimônio.
A CAVALGADA DE SÃO SEBASTIÃO EM CAMBIRA-PR
João Paulo Pacheco Rodrigues (UEM)
Celebrada há mais de 15 anos no município de Cambira -PR, a cavalgada de
São Sebastião vem se constituindo como uma prática cultural local. Neste
trabalho, centralizaremos a discussão sobre a “Cavalgada” realizada na cidade
homônima, desde 1998. Apesar de a ocupação da cidade ter ocorrido no final
da década de 1930, a partir do desenvolvimento da agricultura cafeeira, as
cavalgadas geraram o interesse da população residente há pouco mais de dez
anos e estão relacionadas à sedimentação das atividades pecuárias. O objetivo
principal deste estudo centra-se na compreensão das práticas de sociabilidade
estabelecidas pela comunidade cambirense durante a cavalgada e como essas
podem se configurar como um bem imaterial da população residente. Nessa
festividade detectamos a convivência entre elementos sagrados e profanos que
se hibridam durante todo o evento, nos sermões do padre que chama a
atenção para a necessidade da preservação do meio e dos bens naturais; já os
sinais profanos da festa se manifestam na comensalidade, na dança e nas
músicas sertanejas. O festejo também permite o convívio entre homens,
mulheres e crianças de distintos seguimentos sociais, propiciando trocas
culturais e religiosas. Nas cavalgadas, as famílias que haviam convivido nas
décadas de 1950, 1960 e 1970 reencontraram os antigos companheiros de
labuta ou os amigos de infância e com orgulho apresentaram os netos e
demais descendentes da família.
Palavras-chave: Patrimônio Imaterial, História do Paraná, Cambira.
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E AS AULAS DE HISTÓRIA
Camila Rola Alves (FURG)
Esta proposta de comunicação oral tem por objetivo destacar alguns pontos do
trabalho realizado com uma turma do 4° ano na cidade do Rio Grande, no ano
de 2014. Para tanto, utilizamos a metodologia da Educação Patrimonial, a qual
tem como objetivo levar os sujeitos, independente da idade, a um processo de
conhecimento, valorização e preservação dos bens culturais; sendo assim, a
Educação Patrimonial representa uma ferramenta muito interessante de ser
utilizada na sala de aula, já que a mesma promove o contato direto do individuo
com os bens culturais. Ao trabalharmos com esta metodologia na sala de aula,
buscamos atividades que aproximassem os alunos dos seus bens culturais.
Realizamos a atividade “Os bens culturais e suas histórias”. Para este exercício
foi solicitado ao aluno para trazer de casa um objeto que goste, então contaram
221
a história do seu patrimônio para os colegas. Outra atividade realizada foi uma
leitura e roda de conversa sobre o livro “As aventuras do Gato Caixeiro em
Londrina”, este busca valorizar a relação da família a partir do ato de sentar e
escutar as histórias dos mais velhos. A partir da leitura e discussão sobre este
livro, foi proposto para os alunos que eles entrevistassem seus avôs, pessoas
mais velhas as quais eles conheçam para saber como era a cidade antigamente.
Tendo em vista que, ao pensarmos a Educação Patrimonial no espaço escolar,
objetivamos trabalhar com as crianças buscando a educação, o despertar do
olhar à preservação e trabalho com a história e as memórias locais.
Palavras-chave: Bens Culturais; Educação Patrimonial; Ensino de História
PATRIMÔNIO E ENSINO: O ACERVO DA FÁBRICA RHEINGANTZ (RS)
COMO SUBSÍDIO AO TRABALHO COM A HISTÓRIA LOCAL
Carmem G. Burgert Schiavon (FURG)
Daniel Porciuncula Prado (FURG)
A presente proposta de comunicação consiste em apresentar dados parciais do
Programa de Extensão voltado ao inventário do patrimônio cultural do
Município do Rio Grande (RS), financiado pelo ProExt (Programa de Extensão
Universitária do Ministério da Educação), o qual se constitui como um espaço
para aproximar docentes, discentes, pesquisadores e gestores do campo do
patrimônio e da educação com o objetivo de que estes reflitam acerca das
transformações culturais, sociais e ambientais contemporâneas vivenciadas na
atualidade. Para tanto, busca-se a partir da metodologia da Educação
Patrimonial, a identificação de diferentes tipologias patrimoniais locais e, ao
mesmo tempo, as noções de patrimônio oriundas de cada uma das
comunidades, as quais são imprescindíveis à construção de práticas
educativas e políticas públicas voltadas à valorização e à preservação do
legado histórico e cultural destas. A partir destes pressupostos, trabalha-se
com o patrimônio documental da Fábrica Rheingantz, fundada no ano de 1873
e primeira fábrica de tecidos do Estado do Rio Grande do Sul, como subsídios
à história local e ao desenvolvimento de atividades de Educação Patrimonial
com o objetivo de um (re) pensar acerca da relação política pública, patrimônio
e educação, em suas mais diferentes perspectivas.
Palavras-chave: Patrimônio; Ensino; Fábrica Rheingantz; Rio Grande.
Agência financiadora: ProExt (Programa de Extensão Universitária do
Ministério da Educação).
A FORMAÇÃO DAS COLEÇÕES NO MUSEU HISTÓRICO DE
LONDRINA/PR (1970/80)
Cláudia Eliane P. Marques Martinez (UEL)
Das primeiras iniciativas de preservação do patrimônio no Brasil, no início do
século XX, ao amplo processo de patrimonialização na sociedade brasileira
contemporânea, o pensamento e as práticas patrimoniais se alteraram
substancialmente. Deve-se acrescentar, ainda, o papel e a proliferação de
222
instituições de memória, a exemplo dos museus, espaços a partir dos quais se
pode compreender criticamente os pressupostos que orientaram (e orientam) a
formação e guarda de acervos. Tendo como premissa as questões que
nortearam as diretrizes patrimoniais e as práticas museais, ao longo do século
XX, essa comunicação tomou como foco de estudo as coleções do Museu
Histórico de Londrina (MHL). Estudar as coleções implica conhecer, em
detalhes, suas concepções, suas características e o papel que adquiriram na
instituição, ao longo do tempo. Para isso, analisou-se os Livros de registros dos
objetos doados ao museu, na sua primeira década de atuação, 1970/80. Essa
documentação permitiu, não só dimensionar quais peças passaram a compor o
acervo institucional, mas, também, quem eram os indivíduos, segmentos e/ou
famílias que participaram desse processo. A investigação até o momento
constatou uma complexa e variada tipologia de objetos ofertados ao MHL.
Pratos de louças, panelas de barro, mobiliário, bule japonês, instrumentos
musicais, urnas funerárias, pedras polidas, machados de pedras, foram alguns
dos muitos exemplos encontrados na referida documentação. Problematizar os
objetos que ajudaram a formar as coleções do MHL possibilitou, por fim, refletir
sobre várias questões pertinentes às instituições museais no Brasil,
principalmente, aquelas relacionadas às políticas de aquisição e comunicação
de acervos.
Palavras-chave: Museu; coleção; artefatos; doação; aquisição
UMA BREVE HISTÓRIA DO MUSEU DE ARQUEOLOGIA E ARTES
POPULARES DE PARANAGUÁ
Vinícius Augusto Andrade de Assis (UEL)
Neste trabalho visa-se discutir os resultados iniciais da pesquisa: “Patrimônio e
Museu: Do Colégio Jesuíta ao Museu de Arqueologia e Artes Populares de
Paranaguá/PR (1938-1963)”. O objetivo desta pesquisa é compreender o
processo de institucionalização do Museu de Arqueologia e Artes Populares de
Paranaguá, no edifício do antigo colégio dos Jesuítas, entre 1938 e 1963,
tendo em vista as políticas culturais no Brasil e tendo como pano de fundo o
movimento de renovação dos museus com as novas demandas da sociedade.
As análises de Françoise Choay (2006) darão suporte teórico para o tema aqui
em questão, ou seja, a percepção e a identidade da sociedade em relação ao
seu patrimônio. A ressignificação do colégio Jesuíta como Museu irá permitir
analisar as políticas patrimoniais, museológicas e práticas de preservação em
perspectiva histórica. Além das discussões bibliográficas referentes ao tema,
serão analisados também os dossiês de tombamento, os relatos de viajantes
estrangeiros do século XIX e por fim os documentos de fundação do museu
que se encontram em sua reserva técnica. Atualmente, com a ascensão dos
estudos patrimoniais nas graduações, mestrados e doutorados em História,
vemos a oportunidade de discutir as transformações de alguns museus
brasileiros, contribuindo assim para a preservação do patrimônio cultural e da
memória coletiva.
Palavras-chave: Memória; Museu; Patrimônio; Paranaguá.
223
O ACERVO DO MUSEU DA BACIA DO PARANÁ (MBP/UEM)
João Batista da Silva (UEM)
O Museu da Bacia do Paraná, órgão suplementar da Universidade Estadual de
Maringá (UEM), foi criado em 15 de outubro de 1979, através da Portaria n.º
583/79-GRE. As negociações entre a UEM e a Cia. Melhoramentos Norte do
Paraná/CMNP resultaram na doação da parte mais significativa do acervo, as
fotografias, mapas e outros documentos referentes ao loteamento de terras
efetuado pela CMNP. Essa transferência do acervo histórico da companhia e a
doação da primeira casa construída em Maringá para ser a sede definitiva do
MBP ocorreu no início da década de 1980. Em 1983, a habitação foi
desmontada (com as tábuas numeradas) e transferida para o atual campus
sede da UEM. Essa casa pode ser considerada a principal peça do acervo
dessa instituição museológica, pois é representativa do ponto de vista da
arquitetura em madeira de Maringá e também por, sob a ótica da nova
Museologia, ser denominada “MUSEU-CASA”. O tombamento dessa
edificação, inaugurada oficialmente como um museu se deu no dia 14 de abril
de 1984, pela Secretaria de Cultura da Prefeitura de Maringá (PMM),
consolidará o reconhecimento da preciosidade do acervo que conta com mais
de 7 mil peças, parte da cultura material que nos remete aos usos e costumes
dos primeiros moradores dessa região do estado do Paraná.
Palavras-chave: História, patrimônios e acervos.
HISTÓRIA, ACERVO E IMAGEM: O CASO DO MUSEU HISTÓRICO DE
LONDRINA E SUA COLEÇÃO “FAMÍLIAS”
Amanda Camargo Rocha (UEL)
Desde tempos remotos, a produção de imagens tem sido utilizada pelo ser
humano como forma de expressão e comunicação. A ideia de que vivemos em
uma sociedade visual tem sido discutida cada vez mais e em diferentes
campos de conhecimento. Essa característica acaba por repercutir também na
pesquisa em História, que progressivamente tem utilizado imagens como fonte
de estudo. Dessa maneira, torna-se necessário que também sejam realizadas
reflexões a respeito das instituições de memória responsáveis pela
preservação e disponibilização de parte significativa dessas documentações
para o desenvolvimento de pesquisas. A forma como um acervo se constitui, é
arranjado e classificado, reflete na escolha da documentação por parte do
pesquisador e, consequentemente, nos resultados obtidos, cabendo ao
historiador ponderar também a respeito do assunto. Tendo em vista tal
premissa, este trabalho tem por objetivo pensar o acervo fotográfico do Museu
Histórico de Londrina (MHL), especialmente o conjunto intitulado por “Famílias”
e como este foi formado e organizado pela instituição. Para tanto, serão
analisadas as fotografias, os livros de registro e as informações recebidas
quando estas passaram a incorporar o arquivo. Sabe-se que a maior parte do
acervo foi adquirida por doações de moradores ou ex-moradores de Londrina e
região, sendo que os itens documentais representam unidades familiares e
suas atividades (sociais, econômicas e políticas) ao longo do desenvolvimento
de Londrina e seus entornos. Trata-se, portanto, de material de grande valor
224
para o andamento da historiografia norte-paranaense e que evidencia os jogos
de poder de uma memória que está em constante construção.
Palavras-chave: Acervo; memória; coleção; fotografia.
A FORMAÇÃO HISTÓRICA NO MUSEU HISTÓRICO DE LONDRINA Pe.
CARLOS WEISS.
Erica da Silva Xavier (UEL)
O presente trabalho é resultado do projeto de extensão “A formação histórica
no museu histórico de Londrina Pe. Carlos Weiss” oferecido para disciplina de
Estágio Supervisionado no curso de História da Universidade Estadual de
Londrina, em 2013. Considerando que no âmbito da formação de professores
de História há necessidade de garantir uma noção mais ampliada das
competências didático-pedagógicas deste professor, pensar outros espaços de
Educação Histórica que não somente a escola é essencial, uma vez que os
processos de aprendizagem em história não acontecem apenas em espaços
formais, mas em diversos contextos e de diversas formas que influem
diretamente na formação da consciência histórica dos indivíduos. Assim, o
objetivo foi oferecer subsídio para a formação do futuro professor de História,
considerando o trabalho de mediação com o público visitante do espaço
museal, de modo a promover a leitura crítico-histórica da cultura material que
se encontra no Museu Histórico de Londrina. O projeto contou com 22
participantes e atendeu um público de aproximadamente 854 visitantes de
escolas públicas e particulares de Londrina e região. O trabalho foi composto
das seguintes etapas: Leitura e debate de textos historiográficos e
metodológicos, visita técnica ao museu, observação do espaço e das
monitorias realizadas no museu pela ação educativa e trabalho como monitores
do museu.
Palavras-chave: Ensino de História; Estágio Supervisionado; Museu Histórico.
MUSEUS CASTRO MAYA:
A COLEÇÃO BRASILIANA DE JEAN-BAPTISTE DEBRET
Mariane Pimentel Tutui (UEM)
A coleção Brasiliana é formada por estudos e obras realizadas por estrangeiros
no Brasil. O artista francês Jean-Baptiste Debret (1768-1848) ganha destaque
com uma grande série de aquarelas, desenhos, guaches e gravuras que
compõem a coleção de Brasiliana dos Museus Castro Maya, localizado na
cidade do Rio de Janeiro. Debret esteve no Brasil na primeira metade do
século XIX e nos trópicos adquiriu novas formas de abordagens temáticas em
seus registros pictóricos. Por quase um século, seus originais permaneceram
distantes do alcance dos brasileiros. Entretanto, com a intensa discussão sobre
o nacionalismo, realizadas no âmbito do movimento modernista (na primeira
metade do século XX), fez com que colecionadores e estudiosos de arte
passassem a ter interesse pelas obras do século passado, o que influencia na
formação de grandes coleções de Brasiliana. Na década de 1940, o
225
colecionador de arte, mecenas e industrial Raymundo Ottoni de Castro Maya
(1894-1968) traz de volta ao Rio de Janeiro as obras debretianas realizadas
durante sua estadia nos trópicos, ao adquirir na França e repatriar para o Brasil
mais de 500 originais do artista. Este conjunto de obras integra a coleção
Brasiliana dos Museus Castro Maya, a qual não somente recuperou a memória
do Brasil oitocentista, como também, à celebração de seu patrimônio natural,
histórico e cultural.
Palavras-chave: Jean-Baptiste Debret; Museus Castro Maya; coleção
Brasiliana
EXPERIENCIA MUSEAL: POR UMA EDUCAÇÃO HISTÓRICA
Larissa S. Chicareli José (UEL)
Quando pensamos o museu como ferramenta auxiliar e como espaço de
suscetíveis problemáticas, este nos ajuda na construção do ensino e do
aprendizado de História, deixando de ser um local engessado, passando a ser
visto como lugar de conhecimento e reconhecimento. Logo, o presente trabalho
busca refletir sobre o museu como ferramenta auxiliar e espaço de suscetíveis
problemáticas, visando-o como instrumento educacional, pensando-o como
lugar de memória coletiva, na qual a experiência museal tornará a
aprendizagem mais enriquecedora e, portanto mais significativa. Propomos
pensar o museu como ponte para os alunos empreender investigações e saciar
suas inquietações. Não obstante, o aluno passa a ser visto como agente da
história, contada ou não ali no museu, e assim, se envolve com a narrativa
apresentada e percebe-se como integrante de uma história. Desta forma, tendo
como base a reflexão histórica e o modelo desenvolvido por Isabel Barca, de
aula oficina, pretende-se, por meio de questionários e rodas de conversas com
alguns alunos do ensino básico de educação, tentar construir estratégias para
fazer do museu uma ferramenta educacional ativa no processo de ensinoaprendizagem. Contudo, tal pesquisa originou-se de um trabalho anterior,
realizado durante o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), na qual nos deparamos com algumas respostas de estudantes do
Ensino Médio a respeito de suas visões sobre o museu da cidade de Londrina.
Palavras-chave: Museu; memória; educação histórica; experiência.
A CIDADE COMO SALA DE AULA: POSSIBILIDADES DE TRABALHO COM
O PATRIMÔNIO CULTURAL LOCAL E A HISTÓRIA
Edylane Eiterer (Colégio de Aplicação João XXIII)
Marcos Rodrigues Barreto (UNIRIO)
Dentro das Ciências Humanas uma das atribuições é que os alunos possam
dominar linguagens, compreender fenômenos, construir argumentações,
enfrentar situações-problema e elaborar propostas. Nesse contexto, deve ser
abordada a interação entre o homem, o espaço, as identidades, os sistemas
culturais, os papéis históricos desempenhados, as transformações
sociopolíticas e econômicas que acabam tocando o Patrimônio Cultural. No
226
CAp João XXIII/UFJF, através de uma proposta de aulas com temas
alternativos chamados de Ágoras, na disciplina de História, foi considerada a
importância do relacionamento dos estudantes com o Patrimônio Cultural local.
Entendendo que o espaço urbano é um grande laboratório de aprendizagem e
saber contextualizá-lo com o ensino de História é uma das competências que
os estudantes precisam desenvolver, o trabalho toca o Patrimônio Cultural local
e os temas que se ligam diretamente a ele como a memória, a identidade e a
diversidade cultural, em seu cotidiano escolar e social, e se desenvolve em
dois momentos: um teórico e outro prático, com aulas de campo pelas ruas da
cidade, sendo, também, reconhecida como uma metodologia de Educação
Patrimonial. As aulas de campo se dão nas ruas e praças da cidade, tombados
ou não, e até no cemitério municipal, observando-se as relações de poder e
organização social post mortem nesse espaço. Também são visitados museus
e prédios tombados, transformando o aluno em um turista de sua cidade local,
em um atividade de reflexão e (re)construção de visões sobre o espaço urbano,
o cotidiano e a História, que passa a ser vivenciada.
Palavras-chave: Educação Patrimonial. Ensino de História. Patrimônio
Cultural. Identidade. Memória
O USO DA OBRA ARTÍSTICA DE E. P. SIGAUD NAS AULAS DE HISTÓRIA:
CONEXÕES ENTRE A EDUCAÇÃO HISTÓRICA E A EDUCAÇÃO
PATRIMONIAL.
Luciana de Fátima Marinho Evangelista (UEM)
Quando lançamos um olhar panorâmico para a gama de bens até o momento
tombados no Estado do Paraná somos convidados a refletir o quanto há por se
fazer, sem desmerecermos os caminhos já trilhados, rumo à democratização
da representatividade dos diversos grupos sociais categorização daquilo que
deve ser legado às sociedades futuras. Por outro lado, aqueles bens já
tombados, para além das ações preservacionistas ou de conservação, ensejam
pela promoção de atos educativos, pelos quais, a sobrevivência ao tempo seria
acompanhada por uma construção de um sentido e significados a serem
internalizados pela população em geral. Essa demanda, conciliadas ao
currículo e aos objetivos do ensino de história, impulsionou-nos a propor uma
aula-oficina, a luz das orientações da Educação História, sobre o trabalho na
República brasileira, a partir das pinturas tombadas de Eugênio de Proença
Sigaud na Catedral Diocesana de Jacarezinho-PR, de maneira a não só tornar
a aulas de História mais atraentes, como também proporcionar aos estudantes
um contato mais próximo com o trabalho desse artista que ficou conhecido
nacionalmente como o “pintor dos operários”,
Palavras-chave: Eugênio de Proença Sigaud; aula-oficina; História do Brasil;
patrimônio.
227
MEMÓRIA E HISTÓRIA DA CAMISA DE FUTEBOL DA SELEÇÃO
BRASILEIRA: UM OLHAR TÊXTIL
Fabrício de Souza Fortunato (UEM
Ronaldo Salvador Vasques (UEM)
Márcia Regina Paiva (UEM)
Pelo fato do futebol ser um dos esportes mais populares, e tendo seu uniforme
uma função primordial no desempenho do atleta. Pensou-se na história e
memória da camisa utilizada pela Seleção Brasileira de Futebol, e identificouse que no ano de 1914, quando oito associações se reuniram para a criação da
Federação Brasileira de Sports, o Brasil disputou sua primeira partida da
história, jogando com um uniforme todo branco e apenas com um friso azul em
cada manga. Uma camisa totalmente desconfortável com “cadarços” no
pescoço. No entanto, o artigo tem como objetivo apresentar algumas
particularidades da camisa do uniforme esportivo da seleção brasileira no
período entre 1914-2014, na perspectiva da história, memória e identidades no
âmbito do patrimônio cultural. Sendo o futebol um patrimônio cultural brasileiro,
dessa maneira a camisa utilizada é a identidade, e demarca um tempo. A
metodologia utilizada foi a pesquisa bibliográfica para a elaboração teórica e a
identificação da utilização da matéria-prima para a confecção, e as imagens
das camisas utilizadas nesse período. Percebeu-se que as particularidades e
etapas da transformação do tipo de poliéster garrafa PET, utilizado pela
empresa Nike e aprovado pela Federação Brasileira Futebol (CBF). Portanto,
fica evidente que a tecnologia aplicada na confecção da camisa influencia no
desempenho do atleta, é irrefutável a importância do produto têxtil com leveza
e confortabilidade. ao mesmo tempo que demonstra-a como objeto históricocultural.
Palavras-chave: Uniformes de futebol; Memória; História; Preservação têxtil;
Patrimônio cultural.
AS CARICATURAS DE ÂNGELO AGOSTINI NA HISTORIOGRAFIA
Danilo A. Champan Rocha (UEM)
Ângelo Agostini (1843-1910), natural de Piemonte, foi um reconhecido
caricaturista que abraçou a causa abolicionista no Brasil Império. Em 1859,
vindo de Paris, desembarcou no Rio de Janeiro, onde exerceu diversas
atividades, sem nenhuma relação com a imprensa. Apenas em 1864, Agostini
iniciou sua carreira na imprensa ilustrada ao contribuir com seus desenhos
para o jornal Diabo Coxo, semanário humorístico e contrário ao regime político
vigente, fundado na província de São Paulo. Em 1867, com a interrupção da
produção da revista Cabrião, também ilustrada pelo caricaturista, Agostini
retornou a corte do Império. No auge de sua carreira, no Rio de Janeiro, o
piemontês trabalhou em vários periódicos e na Revista Illustrada, onde era
proprietário, fundador e principal caricaturista. Nas últimas décadas, os
trabalhos de Ângelo Agostini receberam destaque nas produções
historiográficas, com um número crescente de dissertações e teses sobre o
artista. Diante deste quadro, o presente trabalho tem como objetivo analisar os
trabalhos produzidos sobre a temática e, a partir de um método comparativo,
228
estabelecer as diferenças e as convergências interpretativas entre os autores.
Com isso, buscamos discutir as diferentes abordagens utilizadas na análise do
objeto de estudo e os referenciais teóricos de cada pesquisador.
Palavras-chave: Brasil Império; Historiografia; Ângelo Agostini.
PATRIMÔNIO ARTÍSTICO PARANAENSE:
A ARTE MODERNA NA OBRA DE VIOLETA FRANCO
Mauricio Marcelino Lima (UEM)
Esta comunicação tem como objeto de estudo a obra de Violeta Franco tomada
como patrimônio artístico, uma vez que essa artista paranaense optou pela
estética modernista e atuou como uma importante personagem no processo de
ruptura com a arte clássica no Paraná, principalmente entre as décadas de
1950 e 1970. Suas obras podem ser entendidas como uma forma de
representação, envolvendo memórias individuais e coletivas acerca da
sociedade e da cultura. Deste modo, realizamos a análise das telas: “Janela nº
1” (1968) e “Pássaro” (1975); composições criadas durante o Governo Militar,
portadoras de aspectos estético-formais inovadores e temas referentes a esse
contexto histórico. A relevância dessa pesquisa se justifica por suscitar
reflexões sobre uma época que ficou “eternizada” na memória social dos
paranaenses e demais cidadãos brasileiros. O método de análise aqui adotado
baseou-se na Iconologia, postulada por Erwin Panofsky; e nos apontamentos
de Peter Burke sobre o adequado tratamento das imagens como evidências
históricas. A análise dessas telas se faz importante porque fomenta a ideia de
que o Paraná, assim como outros estados da União, possui um significativo
patrimônio artístico modernista, responsável por questionamentos acerca do
contexto histórico da época, a partir da “visão” de uma mulher.
Palavras-chave: Patrimônio Artístico, Arte Moderna Paranaense, Violeta
Franco.
FOTOGRAFIA DO PASSADO MARINGAENSE COMO RECURSO
PEDAGÓGICO E METODOLÓGICO PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
Valéria Garcia Fernandes Leite (SEED)
Ao se falar de fotografia e o seu uso em sala de aula, notadamente na disciplina
de História, é necessário uma compreensão do que ela constitui enquanto
produção humana e fonte documental, qual a sua utilidade, o seu leque de
possibilidades de análises, bem como suas limitações. A partir deste
entendimento é que podemos estabelecer parâmetros e análises sobre a forma
de se utilizar este documento, não meramente como ilustração, mas como fonte
de apreensão, compreensão e produção de conhecimentos. O objetivo não é
colocar a fotografia, como fonte única do saber histórico, mas considerá-la como
um documento que deve ser investigado, interrogado, uma vez que é
constituída, historicamente de critérios ideológicos e sociais. Metodologicamente,
utililar-se-à uma fotografia do passado maringaense, pertencente ao Museu
Bacia do Paraná, localizado na Universidade Estadual de Maringá – UEM.
229
Primeiramente
se propõe, através de registros escritos, uma análise
iconográfica, destacando a identificação da fotografia pautada na investigação
de sua origem, natureza, autoria, datação e características. Em seguida,
propomos uma interpretação iconológica, pois entendemos que o significado
mais profundo da imagem não se encontra necessariamente explícito.
Acreditamos que tais registros possibilitará ao aluno participar da experiência
empírica no âmbito da História, pois permitem realizar uma leitura histórica da
fotografia, de forma a favorecer o desenvolvimento da consciência crítica e
compreensão dos conteúdos estudados, em especial do patrimônio cultural.
Palavras-chave: Fotografia; Análise Iconográfica; Interpretação Iconológica;
Patrimônio Cultural
AS ILUSTRAÇÕES E AS TEMÁTICAS DOS JORNAIS PAULISTANOS
“DIABO COXO” E “CABRIÃO”
Danilo A. Champan Rocha (UEM)
A vinda da Família Real para o Novo Mundo em 1808 provocou grandes
mudanças nas estruturas econômicas, políticas e socioculturais do Brasil
Colônia. O tratado de Abertura dos Portos acordado entre a Coroa Portuguesa
e a Inglaterra constituiu o fim do monopólio régio ao permitir trocas comerciais
sem o intermédio da metrópole. No entanto, além da comercialização de
mercadorias, também houve a penetração de ideologias contrárias ao Antigo
Regime por meio de jornais britânicos e norte-americanos. O enfraquecimento
da monarquia absolutista levou a Corte a aprovar um decreto em 1808, o qual
permitiu o estabelecimento de tipografias no Brasil. Dessa forma, neste
trabalho, buscamos reconstruir a história da imprensa e analisar os usos e o
consumo estabelecido entre os periódicos e os grupos sociais envolvidos.
Como recorte temporal, limitamos a nossa pesquisa até a década de 1860, ao
abordarmos especificamente Diabo Coxo e o Cabrião, ambos os jornais
fundados na província de São Paulo e ilustrados por Ângelo Agostini. Por fim,
tencionamos observar as permanências e as rupturas contidas nos semanários
com relação aos demais periódicos que circularam até então, destacando o
caráter inovador do Diabo Coxo e do Cabrião na imprensa, a partir do uso de
ilustrações em suas páginas e da incorporação de novos temas nas pautas
jornalísticas.
Palavras-chave: Imprensa; Diabo Coxo e Cabrão; Ângelo Agostini; caricatura.
OS CERAMISTAS TUPIGUARANI E ITARARÉ-TAQUARA:OCUPAÇÃO,
HISTÓRIA E PRESENÇA EM LONDRINA/PR
Maquieli Elisabete Menegusso (UEL)
Antes da chegada dos colonizadores, o estado do Paraná já era habitado por
diferentes populações indígenas, como atesta ampla bibliografia a respeito.
Indícios arqueológicos comprovam essa presença há pelo menos 10.000 anos,
porém, a ocupação da região metropolitana de Londrina, como é habitualmente
referida pelo discurso do pioneirismo e do vazio demográfico, dificulta a
230
compreensão do papel e da importância dessas populações na formação
histórica e na construção de sua identidade cultural. Desenvolvendo um diálogo
com a arqueologia e a etno-história, a presente comunicação irá focar a
trajetória das Tradições Tupiguarani e Itararé-Taquara, onde a presença está
marcada nos sítios arqueológicos da região e cuja principal característica é a
cerâmica, chegando a seus possíveis descendentes Kaingangs e Guaranis que
não usam mais a olaria em suas tradições. Será dada ênfase ao processo de
aculturamento dos indígenas - transição do pré-contato para o pós-contato destacando-os não somente como vítimas de uma gênese do homem branco,
mas como sujeitos e protagonistas históricos. As fontes serão baseadas em
bibliografias acerca do tema proposto, análise da cultura material presente nos
museus e visitas as terras indígenas da área em estudo para observação direta
e coleta de testemunhos orais. Durante quase cinco séculos, os índios foram
pensados como seres efêmeros, em transição: transição para a cristandade, a
civilização, o desaparecimento. Reconhecer esta presença não é invalidar toda
a história que veio depois, mas mostrar outra visão, a de que os indígenas
também fazem parte do processo de povoamento da região metropolitana de
Londrina.
Palavras-chave: Etno-história; arqueologia; povoamento indígena; cultura;
remanescentes.
CULTURA MATERIAL: HISTÓRIA E IDENTIDADE INDÍGENA
Julia Falgeti Luna (UEPG)
A presente comunicação tem por objetivo o estudo da cultura material
enquanto documentação histórica, museológica e, sobretudo, como fonte de
identificaçãoentre os povos indígenas. Considerando a cultura material uma
expressão histórica e simbólica, pois refletem em valores, costumes e tradições
dos grupos humanos, bem como objeto de identificação social e cultural dos
indivíduos. Dessa forma nos apoiaremos metodologicamente na escrita de
autores como: Manuela Carneiro da Cunha, Berta Ribeiro, Marcelo Rede,
Pedro Paulo Funari, Jacques Le Goff entre outros. O museu comumente
passou a ser utilizado como fonte de pesquisa para o trabalho do historiador,
corriqueiramente recorre-se a esse espaço de documentação na tentativa de
investigação sobre o passado de sociedades que apresenta uma escassez de
registros, no caso da história indígena observamos abusca pelas coleções
etnográficas coletadas por viajantes, antropólogos, indigenistas e exploradores
dos séculos passados. O museu é um espaço multifacetado de representações
pelos quais os sujeitos históricos constroem/construíram suas trajetórias, ora
reconhecidas ora relegada ao segundo plano, desse modo objetiva-se neste
trabalho inserir discussões a partir dos objetos e das coleções, para circulação
de ideias que valorizem a importância dos estudos de cultura material, bem
como compreender os diferentes graus de alteridade que sãos constitutivos
das nossas características identitárias.
Palavras-chave: Cultura material; História indígena; Museus.
231
PATRIMÔNIO CULTURAL, MEMÓRIA E HISTÓRIA ORAL
Bruna Morante Lacerda Martins (UEM)
Neste texto, teceremos algumas reflexões sobre o modo de fazer do Carneiro
no Buraco de Campo Mourão – PR, com propósito de discutir a História Oral
tanto como procedimento metodológico, quanto para a produção de fontes
sobre o patrimônio cultural. Partimos do pressuposto, segundo o qual o
patrimônio imaterial se constitui de um processo de interatividade entre a
“tradição” e a “inovação”, e também, envolve percepção dos sujeitos sobre os
acontecimentos que o envolvem e se dispõem a narrar as suas “experiências
do vivido” (PORTELLI, 1997; ALBERTI, 2004). Assim entendemos que a
metodologia proposta pela História Oral permite ao pesquisador a realização de
entrevistas, as quais possibilitam o acesso a aspectos fundamentais para
pesquisa supracitada (FERREIRA, 2012). Ao historicizar um “saber-fazer” e
uma festividade como essa, nos deparamos com um desafio inerente ao
estudo da imaterialidade, ou seja, o bem patrimonial não possui apenas
“solidez no tempo”, mas sim “matéria” e “espírito” – elementos passíveis de
apreensão por meio das memórias impressas em depoimentos e entrevistas
daqueles que vivenciaram tais experiências e as transformaram (GONÇALVES,
2009). Por essa razão, tomaremos a análise da entrevista com o cozinheiro
responsável pelo prato “Carneiro no Buraco”, Walter Tonelli, e vamos discorrer
sobre as etapas do preparo dessa iguaria que necessita de 12 horas para
aferventar. Ressaltamos que essa abordagem integra uma pesquisa mais
ampla e em desenvolvimento, junto ao Mestrado do Programa de PósGraduação em História, da Universidade Estadual de Maringá, financiado pela
CAPES e orientado pela Profa. Dra. Sandra C. A. Pelegrini.
Palavras-chave: Patrimônio Imaterial; Carneiro no Buraco; Festa.
Agência financiadora: CAPES
CONSIDERAÇÕES SOBRE A DISCIPLINA ENSINO RELIGIOSO E A
PROMOÇÃO DA EDUCAÇÃO PARA O PATRIMÔNIO CULTURAL.
Veroni Friedrich. (UNICESUMAR)
A disciplina Ensino Religioso (ER) integra o currículo da educação básica no
Brasil. Os fundamentos que regem a sua inserção na grade curricular advogam a
necessidade da promoção de conhecimentos sobre o âmbito do sagrado,
objetivam a construção de uma reflexão acerca do impacto do fenômeno
religioso na construção da trajetória humana e, em especial, visam educar para o
quanto o âmbito religioso é marcado pela diversidade na forma de compreender
e praticar o Sagrado. Tal como os outros saberes que compreendem a educação
básica, essa disciplina é permeada de possibilidades e desafios à sua execução
pedagógica. Dessa forma, o objetivo dessa pesquisa é sondar a importância, os
aspectos positivos e as dificuldades do ER na promoção de um conhecimento
sobre o patrimônio cultural religioso. A metodologia para esse estudo é o
acompanhamento e o estudos de casos situados no tempo presente. Esses nos
permitirão sondar os rumos da disciplina ensino religioso e auferir seu papel na
promoção de saberes sobre a diversidade que marca a cultura religiosa.
Ressalta-se que levar adiante tal discussão, no campo da história, se faz
232
pertinente. Aos historiadores também é legítimo a ministração de aulas na
disciplina Ensino Religioso. A historicidade do fenômeno religioso, o impacto
desse na organização das sociedades e a diversidade cultural religiosa são
assuntos também para o campo da história e historiadores.
Palavras-chave: ensino religioso, bens culturais religiosos, historia e religiões.
PATRIMÔNIO CULTURAL NEGRO NO PARANÁ: A COMUNIDADE
QUILOMBOLA PAIOL DE TELHA
Delton Aparecido Felipe (UEM)
Discutir Patrimônio cultural negro no Paraná implica em entender que as
práticas de vida da população afro-brasileira estive em processo de conflito
com o projeto nacional brasileiro. Os territórios tradicionais além de assegurar a
sobrevivência dos povos e comunidades tradicionais, constituem a base para a
produção e a reprodução de todo o seu patrimônio cultural. Na Comunidade
Quilombola Paiol de Telha no centro sul do Paraná os saberes e as práticas
são transmitidos por gerações e envolvem um acúmulo de conhecimentos
sobre os modos de vida dos descendentes de homens e de mulheres
escravizados no Brasil, em seus diversos núcleos, a Comunidade resguardar
suas tradições e a memória negra no Paraná, por meio de suas festas, rezas,
culinária e artesanato. O que nos leva a supor que o quilombo se apresentar
como um “lugar de memória”, que consiste na necessidade de registrar a
memória. Ou seja, o quilombo é um espaço em que o grupo demonstra definir
também sua identidade. Sendo assim, os moradores são herdeiros não apenas
da terra que seus antepassados moravam, mas também de um capital cultural
simbólico que remonta a práticas antigas, ligadas à tradição. Salvaguardar os
territórios quilombolas paranaenses como patrimônio cultural reflete a
necessidade de mudanças que permitam a estes povos e comunidades a
experiência de viver sua cidadania, sem que tenham que abrir mão de suas
práticas culturais, sociais e econômicas.
Palavras-chave: Paiol de Telha; Patrimônio cultural; Práticas de vida;
Memória; Paraná
233
ST 23 PESQUISAS DE IC, PIBID E PET
ARTE E MODA NA “COLEÇÃO RECOSTURANDO PORTINARI” DE
RONALDO FRAGA
Isabella Regina Rizzo Xavier (UEM)
Ivana Guilherme Simili (UEM)
Há estreita relação entre a arte e a moda. Essa pesquisa tem por objetivo
examinar as apropriações e os diálogos estéticos entre os campos da arte
plástica e da moda por meio da análise da coleção de roupas criadas por
Ronaldo Fraga em 2014. Trata-se da coleção “Recosturando Portinari”, por
meio da qual o estilista inspira-se e transforma as telas de Portinari em temas
para a criação de têxteis e roupas. Para tanto propõem-se identificar como a
arte do pintor é reconfigurada e significada nas peças indumentárias é o
encaminhamento proposto para o estudo. Os vídeos com a exposição do
estilista na Casa Fiat, em Belo Horizonte e as publicações da imprensa, em
particular, as análises e comentários sobre a produção estético-visual oferecida
ao público, difundidas pelos jornais e revistas de circulação nacional bem como
os “cadernos de croquis”, com os desenhos das peças, compõem o rol de
documentos. No que tange à perspectiva teórica e metodológica, a análise e a
narrativa envolverão os instrumentos que permitam dimensionar os processos
de significação e de ressignificação de imagens, ponto nodal da transformação
de obras pictóricas em indumentárias. Na tradução da pintura em roupas,
pressupomos o encontro histórico e cultural entre os artistas e as produções
artístico-visuais que pode ser assim determinada - das tintas para os tecidos e
vestimentas.
Palavras-chave: Arte; Moda; Cultura
Agência financiadora: PIBIC/CNPq
A MODA VESTE O CENTRO: O PAPEL DAS ROUPAS NA INSERÇÃO
SOCIAL
Ana Heloísa Ben-Hur de Almeida de Souza (UTFPR)
Márcio Roberto Ghizzo (UTFPR)
Este trabalho é resultado de um projeto de iniciação científica que abordou o
processo de comodificação, defendido por Bauman (2008), termo que expressa
a transformação do indivíduo em mercadoria e sua autopromoção para fins de
inserção social. No intuito de estudar este processo e a simbologia do consumo
de moda, optou-se por realizar a pesquisa no Shopping Pátio Batel em
Curitiba-PR. Trata-se de um espaço de consumo elitizado no qual entende-se
que a comodificação acontece de forma exacerbada. Afinal, a aceitação social
ocorre por meio do consumo conspícuo e, neste caso, pela indumentária,
gerando status e diferenciação social, seja pelas logomarcas, cores e/ou
formas. Assim, realizou-se uma pesquisa qualitativa, pautada em questionário
semiestruturado, aplicado informal e aleatoriamente com consumidores do
shopping. O objetivo foi verificar qual influência este espaço exerce no modo de
234
vestir destas pessoas, bem como conhecer quais impressões elas têm ao
observar como os outros estão vestidos, sempre na intenção de alcançar
inserção e pertencimento social. As respostas ratificaram o processo de
comodificação e a influência que o ambiente frequentado gera na forma das
pessoas se apresentarem, em suas aparências e como serão vistas por outros
olhares. Como o espaço da pesquisa é destinado às classes mais abastadas,
nota-se uma relativa preocupação em demonstrar pertencimento à este grupo,
negando a rejeição e buscando a aceitação social mesmo que, para ter tal,
haja a necessidade de consumir produtos de moda que representem o perfil
desejado, muitas vezes divergentes à sua real posição social.
Palavras-chave: comodificação, moda, Pátio Batel, Curitiba.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
TECIDOS CULTURAIS: A CHITA NO CARNAVAL PERNAMBUCANO
Priscila Barbeiro (UEM)
No trabalho, a relação entre arte e cultura é examinada por intermédio da
análise das apropriações da chita, um tecido que caracteriza a cultura
brasileira, na criação de visualidades de livros destinados aos segmentos
infantis. A obra constituída como documento para análise é “O rapto do Galo”
(2014), de Fabiana Karla. No livro são abordados aspectos envolvidos nas
festividades populares de Pernambuco, em específico o carnaval, narradas
com personagens ilustrados com vestimentas de chita. Da produção visual
encontrada no livro, procuramos identificar como a chita, um tecido que
participa da cultura brasileira foi incorporado à narrativa da história contada na
obra. Por meio deste procedimento, revelamos as articulações entre literatura
infantil, arte e tecidos na fabricação de significados para a memória e a história
das culturas regionais e, por conseguinte, para a preservação do patrimônio
cultural nacional. Face ao exposto, na análise, consideramos que os usos da
chita nas ilustrações constituem-se em linguagens e visualidades que
comunicam e veiculam representações da cultura brasileira. No plano teórico e
metodológico, as concepções de linguagens e narrativas visuais fundamentam
as análises das ilustrações para entender as representações de arte, literatura
e cultura brasileira, e o sentido produzido e comunicado aos leitores e leitoras
infantis.
Palavras-chave: Chita; Cultura; Literatura; Arte.
O SUMÔ LONDRINENSE:
UMA HISTÓRIA DE CULTURA E TRABALHO
Cássio Joaquim Gomes (FACINOR)
A história do sumô em Londrina, confunde-se com a história do
estabelecimento da BRATAC (indústria de fiação da seda) em Londrina e do
235
fortalecimento da cultura japonesa entre a classe trabalhadora. Na década de
1970, ao chegar á cidade de Londrina, o senhor Chuichi Yakushijin engenheiro
têxtil, defrontou-se com prática do sumô entre trabalhadores migrantes de
pequenas comunidades agrícolas nas cidades de Uraí, Santa Cecília do Pavão,
Arapongas e Ibiporã. A pedido dos gerentes da empresa, o engenheiro
estabeleceu contato com estas comunidades iniciando atividades que eram
realizadas na Vila Nova e na Central Rubiassa voltado para os trabalhadores
da Bratac e comunidade em geral. Assim, temos objetivo investigar como a
prática do sumô foi organizada entre os trabalhadores da Bratac, evidenciando
as relações entre cultura e trabalho. Para tanto, pretendemos utilizar de
entrevistas orais realizadas no tempo presente com estes trabalhadores e
levantamento bibliográfico a fim de problematizar como o sumô foi inserido em
um contexto de industrialização e migração na cidade de Londrina.
Palavras-chave: Sumô; Trabalho; Migrantes.
ENSINO DE HISTÓRIA E
A IMPORTANCIA DOS CONCEITOS HISTÓRICOS
Cristiane Brito Santana Alves (UEM)
Para que o aluno possa construir o conhecimento histórico, é imprescindível
que os conceitos históricos que permeiam o discurso do professor também
sejam compartilhados pelo aluno. Nota-se que o simples verbalismo,
explicando um conceito com outro, não atende satisfatoriamente essa
necessidade. Ambientes de ensino onde existe a centralização da figura do
professor se mostram desestimulantes para a construção de conceitos,
entendido aqui como condição para aplicar esquemas gerais a situações
particulares, e por outro lado, assimilar situações particulares a esquemas
gerais disponíveis. O presente trabalho teve inicio no ano de 2014 no Colégio
de Aplicação Pedagógica (CAP) da Universidade Estadual de Maringá, com um
grupo de bolsistas do PIBID em História, juntamente com a professora
supervisora. Após várias discussões, concluiu-se que é necessário trabalhar
conceitos históricos com os alunos, visto que o entendimento desses conceitos
é fundamental para a aprendizagem dos conteúdos de História. O grupo fez
uma compilação de alguns conceitos históricos essenciais para o ensino nas
séries do fundamental II, tendo como referência o livro didático em uso no
colégio. A partir desse levantamento, questionários foram elaborados e
aplicados, visando obter informações sobre o nível de conhecimento dos
alunos. Após analisar os dados obtidos, métodos e estratégias de ensino
devem ser elaborados para proporcionar uma aprendizagem significativa dos
conceitos históricos.
Palavras-chave: ensino de história; conceitos; aprendizagem.
Agência financiadora: CAPES
236
CONCEITOS E ENSINO DE HISTÓRIA:
A APRENDIZAGEM DE CONCEITOS HISTÓRICOS PARA
A FORMAÇÃO DO ALUNO
Elton Pedroso Correa (UEM)
Gustavo Pereira Salomão (UEM)
Cristiane BritoSantana Alves (UEM)
Ayla Alves Chanthe (UEM)
Glas Kali Araujo Batista (UEM)
Felipe Fernandes Gurgatz (UEM)
Maria Romilda Santelli (UEM)
Este trabalho tem por objetivo apontar a necessidade de um olhar mais
cuidadoso sobre o ensino e a aprendizagem de conceitos históricos, e a sua
contribuição para uma melhor compreensão dos conteúdos na disciplina de
História. A pesquisa baseia-se na teoria da aprendizagem significativa, com um
enfoque vigotskyano. Levando em consideração o meio social dos educandos,
os seus conhecimentos prévios, o tempo e espaço em que o conceito está
inserido e sua capacidade de aprendizagem, busca-se uma estratégia de
verificação dos conhecimentos prévios dos alunos, que supere a
superficialidade da verificação baseada em questionários mecânicos.
Questionários estes acabam sendo a norma na maioria dos livros didáticos,
não só do estado do Paraná, como também de todo o país. Uma estratégia de
verificação que se identifica com esta proposta pedagógica consiste na
utilização e construção de mapas conceituais. A partir de um diagnóstico mais
completo, pode-se pensar em propostas de ensino que proporcione uma
aprendizagem mais significativa dos conceitos, superando o ensino e a
aprendizagem mecânicos.
Palavras-chave: conceitos históricos, aprendizagem; narrativa; museu.
ANÁLISE COMPARATIVA SOBRE A GREVE DOS PROFISSIONAIS DA
EDUCAÇÃO DO PARANÁ EM 2015 NAS CIDADES DE CALIFÓRNIA E
MARINGÁ.
Ayla Alves Chanthe (UEM)
Carlos Elias Barros Sobreira Rodrigues (UEM)
Eliane Maria Vicentin (UEM)
Eloa Lamin da Gama (UEM)
Leticia Samara Andreussi Diniz (UEM)
Luiz Augusto Voltareli Pereira (UEM)
Neste artigo buscamos, pela ótica de acadêmicos do curso de História-UEM,
bolsistas do PIBID desenvolvendo atividades no Colégio Estadual Joao XXIII,
estabelecer uma observação sobre consciência política dos professores,
funcionários e membros da comunidade escolar, nas cidades de Califórnia e
Maringá com relação aos movimentos de greve das escolas públicas do estado
do Paraná, ocorrido no primeiro semestre de 2015 que movimentaram o
panorama político estadual. Nosso objetivo é perceber as diferentes visões das
comunidades escolares sobre o movimento grevista nas cidades citadas acima,
237
tendo em vista as especificidades locais e diferenças do número populacional
de cada uma. Realizamos trabalhos de pesquisa comparativa no Colégio
Estadual Talita Bresolin- Ensino Fundamental e Médio (Califórnia), aplicando
os mesmos instrumentos de pesquisa no Colégio Estadual João XXIII- Ensino
Fundamental, Médio e Profissionalizante. Para realizarmos nossa pesquisa
adotamos como aporte teórico a História Oral (DELGADO, 2003; THOMPSON,
1992), e, como metodologia entrevistas e aplicação de questionários referentes
aos acontecimentos. Contaremos com a História Política (RADMANN, 2001;
COSTA, 2005) para analisarmos a influência e a relação com as políticas
públicas adotadas pelas autoridades governamentais para a educação pública
no estado do Paraná e, também compreender a organização sindical dos
profissionais lotados na SEED, filiados à APP Sindicato.
Palavras-chave: greve, educação, Paraná, mobilização, sindicato.
COLONIZAÇÃO DAS REGIÕES NORTE E OESTE DO TERRITÓRIO
PARANAENSE: UMA ANÁLISE COMPARATIVA A PARTIR DE
PRODUÇÕES HISTORIOGRÁFICAS RECENTES
Bruna Lambardi Parronchi (UEL)
Os apontamentos desse texto representam parte dos resultados obtidos com o
desenvolvimento do projeto “A Historiografia do Paraná (1970-2012) - os
historiadores, seus lugares e suas regiões”, que objetiva analisar a relação
entre obras que tematizam o espaço do Estado paranaense e o lugar social de
produção em que se situam os respectivos autores. Dentro desta perspectiva
são analisadas as obras dos autores inseridos no lugar social de universidades
estaduais paranaenses e a construção um tipo de saber historiográfico a partir
da segunda metade do século XX, em termos conceituais e metodológicos.
Recortam-se como temática de estudo a colonização das regiões Norte e
Oeste do Estado, buscando-se perceber também o modo como a historiografia
passou por mudanças nas últimas décadas, atentando-se para as influências
recebidas e as repercussões promovidas no espaço simbólico das instituições
paranaenses de ensino superior. Selecionam-se como fontes quatro obras, que
são comparativamente analisadas, buscando-se investigar: como o passado de
cada região é reconstruído e interpretado, considerando-se aspectos políticos,
sociais, culturais e econômicos. A partir da fundamentação teórica de Pierre
Bourdieu e François Hartog, objetiva-se perceber o poder simbólico, os regimes
de historicidade e as regras vigentes no interior do campo acadêmico em que
tais obras foram produzidas e disseminadas.
Palavras-chave: Historiografia paranaense, Norte e Oeste paranaense,
colonização, universidades.
238
A COLONIZAÇÃO PORTUGUESA E A EXPLORAÇÃO DE PAU-CRAVO NA
AMAZÔNIA
Cinthia V. Zúniga de Souza Donini (UEM)
Marlon Marcel Fiori (UEM)
Desde o início da ocupação da Amazônia, na década de 1610, os
colonizadores portugueses se dedicaram ao reconhecimento, extração e
comercialização de frutos, fibras, raízes, óleos, resinas e cascas, conhecidos
como drogas-do-sertão. Dentre tais drogas, podemos citar a salsa-parrilha,
baunilha, óleo de copaíba, cacau e a casca de pau-cravo (Dicypellium
caryophyllaceum), espécie abordada neste trabalho. Pesquisas recentes
realizadas na floresta amazônica constataram que a espécie está em perigo
crítico de extinção, pois restam apenas duas pequenas populações desta
árvore. Isso contrasta fortemente com os registros históricos. Por volta de
1700, as fontes documentais (relatos, ofícios, diário de viagens, cartas,
corografias) indicam que as populações de pau-cravo na Amazônia eram
consideravelmente abundantes. Esta pesquisa busca compreender aspectos
históricos acerca da exploração e padrões de distribuição de Dicypellium
caryophyllaceum há trezentos anos. Os resultados sugerem que,
anteriormente, o pau-cravo tinha uma distribuição ampla, sendo encontrado em
vários rios amazônicos. Além disso, os colonizadores portugueses parecem ter
contribuído fortemente para a exaustão dessa espécie nativa, pois uma
quantidade assustadora de árvores foi derrubada, para a retirada de sua
valiosa casca aromática. A pesquisa pode, portanto, ajudar a compreender um
aspecto interessante do impacto ambiental da colonização na maior floresta
tropical do globo, algo que tem sido pouco abordado por historiadores e
biólogos.
Palavras-chave: Amazônia; Século XVIII; Colonização portuguesa; Pau-cravo;
Dicypellium caryophyllaceum.
Agência Financiadora: CNPq
HISTÓRIAS E MITOS DA COLONIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ E DO
DESENVOLVIMENTO DE APUCARANA
Erika Leonel Ferreira (UNESPAR-Apucarana)
Maurílio Rompatto (UNESPAR-Apucarana)
A história da (re)ocupação de terra na região norte do Paraná que aconteceu a
partir da década de 1930 é tema bastante debatido pela historiografia
paranaense, sobretudo entre os pesquisadores universitários da região. Porém,
o objetivo deste artigo é desconstruir mitos criados pela historiografia oficial e
reproduzidos pela historiografia acadêmica sobre a história da colonização
desta região do estado. A metodologia usada neste artigo foi o da pesquisa
bibliográfica e documental. Em relação à pesquisa bibliográfica foi realizado um
levantamento do que já foi escrito sobre a história recente da região. Dentre as
obras levantadas destaca-se o livro “Colonização e Desenvolvimento do Norte
do Paraná” publicado em 1975, pela própria Companhia Melhoramentos Norte
do Paraná, a antiga Companhia de Terras Norte do Paraná, para enaltecer seu
trabalho de colonização. Ao abordar o assunto, o livro acabou por construir
239
alguns mitos acerca desta sua atuação. Entre os mitos construídos, o livro
destaca a companhia como pioneira no processo de colonização da região,
como a que primou pela distribuição da terra na forma da pequena propriedade
e como esta sua iniciativa, além de ser pioneira, constituiu-se em um
verdadeiro projeto de “reforma agrária” para a região. E, por último, o livro
construiu a ideia de que a colonização planejada da CTNP/CMNP foi
responsável pelo progresso das cidades do norte do estado, a exemplo de
Apucarana, cujo desenvolvimento teria sido planejado por esta colonizadora.
Palavras-chave: Colonização; Mitos; Desconstrução.
BRASIL DOS VIAJANTES: REPRESENTAÇÕES DA ARTE VISUAL NA
PROVÍNCIA DE MATO GROSSO NO SÉCULO XIX.
Fernando Santos Maciel (UFGD)
Marcia Bortoli Uliana (UFGD)
Leonardo Alonso Carreiro (UFGD)
Vanessa de Souza Ramos (UFGD)
Este trabalho é resultado de uma oficina realizada na Escola Estadual
Professor Alício Araújo, em Dourados, Mato Grosso do Sul, no início do
segundo semestre do ano de 2015. Está oficina está vinculada ao curso de
História da UFGD, através do PIBID e, em específico, do projeto
Representações no ensino de História: articulações de materiais didáticos e
usos de linguagens no ensino médio. A oficina teve por objetivo analisar o
período conhecido como Brasil Império (1822-89), buscando problematizar a
visão dos artistas viajantes, sobre a província de Mato Grosso, em especial
sobre onde hoje é território de Mato Grosso do Sul, através de exercícios de
leitura visual e interpretação de fontes históricas, de um pintor viajante em
específico, Hercule Florence, um dos pintores viajantes da expedição
Langsdorff (1826-1829). A feitura da oficina iniciou com leituras sobre artigos,
dissertações entre outros trabalhos acadêmicos. Foram construídos pelos
“pibidianos” sequências didáticas como suporte e/ou material didático para a
discussão inicial em sala de aula. O enfoque da oficina foi analisar a obra
produzida por Florence e tentar mapear suas representações acerca do “outro”
retratado por ele, o indígena, em especial, os guanás, os guatós e os bororos.
Após discussões em sala de aula, os alunos produziram releituras acerca de
suas impressões e/ou representações sobre o “outro” (não necessariamente o
índio).
Palavras-chave: Florence, imagens, representações, Pibid, História.
Agência financiadora: CAPES
CINEMA E HISTÓRIA: A REPRESENTAÇÃO DO INDIGENA NORTEAMERICANO NO FILME DANÇA COM LOBOS
Jayne Priscilla Pastori (UEPG)
O uso de temáticas históricas como enredo fílmico pode ser datado desde o
início das produções cinematográficas, porém a história tardiamente passou a
240
se preocupar com a análise dos estereótipos e ideologias divulgadas pela
sétima arte. Com a criação da Escola dos Annales em 1929 novas
possibilidades de pesquisas surgiram aos historiadores. Nos anos 1970 o
historiador e precursor na área Marc Ferro passou a utilizar filmes como fonte
para o estudo da sociedade em que os mesmos são produzidos. Desde então
o cinema tem ganhado espaço no meio acadêmico. Assim, pretende-se por
meio da análise do filme “Dança com Lobos” (1990) de Kevin Costner, entender
de que forma o indígena americano é representado, e ainda o contexto de sua
produção e a mudança de visão contida no filme, já que o indígena deixa de
ser o “bandido” eterno dos filmes de faroeste para tornar-se vítima da
sociedade branca e dita civilizada.
Palavras-chave: Cinema; História; Indígena.
MAFALDA: REPRESENTAÇÕES
DOS QUADRINHOS SOBRE OS ANOS 1960.
Luciana Berbel Rodrigues (UFGD)
Marcia Bortoli Uliana (UFGD)
Jéssica Souza Gomes (UFGD)
Jayne Martins Zanon (UFGD)
Este trabalho é resultado de uma oficina realizada na Escola Estadual
Professor Alício Araújo, em Dourados, Mato Grosso do Sul, no início do
segundo semestre do ano de 2015. Está oficina está vinculada ao curso de
História da UFGD, através do PIBID e, em específico, do projeto
Representações no ensino de História: articulações de materiais didáticos e
usos de linguagens no ensino médio. A oficina teve por objetivo analisar as
representações dos quadrinhos sobre os anos 1960, por meio de um
personagem bastante conhecido, mas pouco analisado no ambiente escolar:
Mafalda. A feitura da oficina iniciou com leituras acerca das tirinhas de Mafalda
e sobre artigos, dissertações entre outros trabalhos acadêmicos que trataram
dessa personagem e/ou de sua obra. Foram construídos pelos “pibidianos”
banners e folders como suporte e/ou material didático para a discussão inicial
em sala de aula. O enfoque da oficina foi a bipolarização presente na Guerra
Fria, entre os EUA e a URSS. O “mundo segundo Mafalda” será observado em
tiras que tratam também do comunismo, do socialismo, do imperialismo, da
democracia, do consumismo, da difusão da TV, etc. Após discussões em sala
de aula, os alunos produziram releituras das tirinhas analisadas construindo
quadrinhos que contestassem temas ou questões vividas por eles. Além disso,
as tiras de Mafalda, foram analisadas como fonte histórica, a ser explorada em
sua singularidade na sala de aula.
Palavras-chave: Mafalda, quadrinhos, representações, Pibid, História.
Agência financiadora: CAPES
241
OS KURAKAS ANDINOS NA OBRA DE GUAMAN POMA
Vinicius Soares Lima (UEM)
Felipe Guaman Poma de Ayala (1525? - 1615?) foi um dos mais importantes
cronistas peruanos do século XVI. Sua única obra conhecida, a Nueva
Corónica y buen gobierno, tem 1188 páginas e mais de 300 desenhos, que
oferecem um apoio visual imprescindível para o estudo da história do período
colonial. O autor se destaca entre a maioria dos cronistas peruanos por ser um
kuraka – ou cacique – descendente da nobreza não-Inca. No império Inca, os
kurakas eram os líderes das unidades familiares andinas, conhecidas como
ayllu. Seu papel principal era fazer cumprir entre seus súditos os desígnios
imperiais. Guaman Poma foi alfabetizado em espanhol, adotou o cristianismo e
trabalhou para os colonizadores para tentar legitimar a posição que afirmava
ter. De acordo com especialistas, ele é um exemplo do papel que essas
lideranças nativas desempenharam no pós-conquista. A atitude de Ayala
parece ambígua. A princípio cooperou com os colonizadores espanhóis,
atuando como intérprete e assistente. Tem participação documentada em
vários dos mais importantes episódios importantes da história do Peru – as
extirpações de idolatrias, a repressão ao Taki Ongoy, a mineração, as
reduções toledanas, entre outros. Além disso, ele chegou a participar da
audiência de Lima em pelo menos duas ocasiões. Documentos coloniais
mostram uma extensa atividade jurídica do autor, que lutava pelo direito de
posse às terras que outrora pertenceram a seus ancestrais. Tudo isso leva a
crer que o cronista era bem informado sobre seu mundo e que estava próximo
dos principais centros de decisão do Peru colonial. O objetivo deste trabalho
será analisar como a figura do kuraka andino pós-conquista está representada
na crônica, se essa representação foi mais influenciada por elementos andinos
ou europeus e, por fim, o que muda para essas lideranças nativas após a
conquista.
Palavras-chave: Guaman Poma; Peru colonial; Kurakas andinos.
AS EXPRESSÕES DO PATRIARCALISMO NA EXPERIÊNCIA DE
MULHERES IDOSAS
Eduardo Augusto Farias (UNESPAR-Campus Apucarana)
Latif Antonia Cassab (UNESPAR-Campus Apucarana)
Poucos são os esclarecimentos sobre as expressões do patriarcalismo na vida
das mulheres idosas, havendo o que se denomina de invisibilidade das
mulheres, condição essencial para a manutenção do patriarcado. A visibilidade
da experiência e a recusa à intimidação ameaçam os valores patriarcais. O
presente trabalho expressa o resultado de uma pesquisa qualitativa,
desenvolvida em 2015, com o objetivo de conhecer os reflexos do paradigma
patriarcal nas experiências de vida das mulheres idosas, atendidas no Centro
de Referência de Assistência Social de São João do Ivaí/PR. Por meio da
História Oral, através da técnica do relato de vida, empreendemos entrevistas,
conhecendo a vivência das mesmas, problematizando as desigualdades de
gênero e a conduta de opressão e exploração a que foram e são submetidas.
Apresentamos, ainda, os papéis exercidos na sociedade machista e sexista,
242
permitindo problematizar as condições históricas nas quais se inscrevem as
relações sociais pautadas na cultura patriarcal, cujo poder/autoridade é
exercido pelo homem sobre a família e, quase sempre, de forma violenta sobre
as mulheres. O resultado investigativo revelou pedaços de vida encharcados
por sutis violências, fosse nas relações empreendidas com os pais, irmãos,
companheiros e mesmo na forma como educaram seus filhos.
Palavras-chave: relatos de vida; patriarcalismo; gênero.
ESPAÇO DE RESSOCIALIZAÇÃO:ATENÇÃO AO EGRESSO E À FAMÍLIA,
COMARCA DE APUCARANA, PR
Latif Antonia Cassab (UNESPAR)
Márcia Josefina Beffa (UNESPAR)
Bruna Balthazar de Paula (UNESPAR)
Amanda da Costa Mattos (UNESPAR)
Gleyce Hellen Souza Estivam (UNESPAR)
Crisangela Rodrigues Assis (UNESPAR)
O presente trabalho tem como objetivo apresentar o Projeto de Extensão
“Atenção ao Egresso e à Família”, iniciativa do Curso de Serviço Social,
UNESPAR-Campus Apucarana, aprovado e financiado pela Secretaria de
Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e Secretaria de Justiça do
Estado do Paraná. Com início em agosto de 2013, este estudo apresenta os
empreendimentos realizados no período de setembro de 2013 a junho de 2015.
A equipe é composta por profissionais de Serviço Social, Psicologia, Direito,
Pedagogia e Administração, com o objetivo de desenvolver ações psicossociais
e jurídicas, com base na assistência direta ao egresso (assistido) e ao
estreitamento de seus vínculos familiares. Sua operacionalização se realiza em
atendimentos individuais/grupais e encaminhamentos aos diversos serviços
oferecidos pela Comarca de Apucarana. No período supracitado foram
realizados 2393 atendimentos nas diversas áreas de atuação. Ao término do
mencionado projeto, pretende-se que a Prefeitura Municipal de Apucarana
construa um Núcleo de Estudos e Atendimento aos egressos e familiares, no
âmbito municipal, com capacidade de atendimento a 500 assistidos/mês,
imprimindo outra qualidade na condição de vida aos mesmos. Nesta
perspectiva, considera-se que tal projeto seja essencial para o processo de
ressocialização e reinserção do indivíduo como sujeito ativo na sociedade,
permitindo a visibilidade do papel da universidade no contexto de mudança
social.
Palavras-chave: egresso, atuação interdisciplinar, ações psicossociais e
jurídicas.
Agência financiadora: Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e
Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná.
243
A HISTÓRIA PSICOLÓGICA DE LUCIEN FEBVRE E MARC BLOCH
Lucineide Demori Santos (UEM)
Lucien Febvre e Mac Bloch editam obras no primeiro meado do século XX que
caracterizam uma metodologia diferenciada das escolas históricas
consolidadas até então, inaugurando a história problema alicerçada pela
interdisciplinaridade, e pela apreensão da produção mental, ou utensilagem
mental da época em recorte, construindo uma História Psicológica através da
instrumentalização de categorias como Crenças, Religiões e Religiosidades.
Este artigo discute através das obras Os Reis Taumaturgos: O Caráter
Sobrenatural do Poder Régio em França e Inglaterra; O Problema da
Incredulidade no Século XVI: A Religião de Rabelais; e Martinho Lutero, Um
Destino, a História Psicológica dos fundadores da Escola de Annales, e o papel
que as Crenças exercem nessa historiografia. As referências elencadas
permitem adentrar o estudo que contextualiza as obras e as insere num debate
sobre a identidade da Historia frente as demais ciências sociais, abrindo um
leque de possibilidades sobre a inovação que a História Psicológica promove à
historiografia.
Palavras-chave: História Psicológica; Psicologia Coletiva; Crenças.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
ÁFRICA DO SUL: UM ESTUDO COMPARADO ENTRE A HISTÓRIA E A
LITERATURA DE J.M. COETZEE
Ruane Maciel Kaminski Alves (UNIOESTE)
Os novos estudos envolvendo os conceitos de cultura, identidade e alteridade,
assim como, as investigações sobre literatura pós-colonial, literatura e
resistência e literatura e pós-modernidade, incentivaram a pesquisa por novos
autores, não considerados pertencentes ao cânone literário, mas de áreas
marginais, como os literatos da África, em especial, da África do Sul. Esta
pesquisa tem como propósito um estudo comparado entre a história précolonial, a colonização e as lutas de resistência que culminaram no período
pós-colonial da África do Sul, em relação com as produções literárias Age of
Iron (1990) e Disgrace (1999) do autor sul-africano J.M. Coetzee, destacando
as imagens de identidade e alteridade além dos conceitos de pós-colonialismo
e resistência na literatura. A proposta de um estudo comparado coloca-se
como profícua para refletir sobre o diálogo instaurado pelas obras, ao trazerem
o fato histórico relido esteticamente, a partir de um contexto histórico e social,
que faz emergir imagens do Outro, o colonizado, invocando também uma
reflexão sobre a alteridade, identidade e resistência. A análise toma como
pressupostos teóricos os conceitos de identidade, alteridade, resistência e póscolonialismo expostos por Franz Fanon (1979), Alfredo Bosi (2002), Stuart Hall
(2003), Homi Bhabha (2003), Thomas Bonnici (2009), entre outros.
Palavras-chave: pós-colonialismo; resistência; alteridade; contexto colonial;
literatura sul-africana.
Agência financiadora: CAPES
244
ESTUDOS DE GÊNERO E MULHERES NEGRAS NO ENSINO SUPERIOR:
MAPEAMENTO DE TESES E DISSERTAÇÕES DA CAPES (2011-2012)
Tamires Almeida Ribeiro (UNESPAR-Campo Mourão)
Fabiane Freire França (UNESPAR-Campo Mourão)
Delton Aparecido Felipe (UEM)
O presente artigo tem como objetivo mapear as teorizações sobre os estudos
de mulheres e de gênero encontradas no Banco de Dissertações e Teses da
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)
durante o período de 2011 a 2012, com as seguintes Palavras-chave:
educação, estudos de gênero, estudos de mulheres negras, raça e Ensino
Superior. Destaca-se nesse texto a tese “Negros e negras no ensino superior
privado: um estudo sobre raça e gênero”, de autoria de Ana Luiza dos Santos
Julio, por ser a única tese encontrada. A área denominada “Estudos de
Mulheres” refere-se ao movimento da década de 1960 que propunha
discussões de emancipação das mulheres no espaço público. Na década de
1980 são produzidos os “Estudos de Relações de Gênero” como categoria de
análise das relações entre homens e mulheres. Em vista disso, o presente
texto problematiza: quais as produções atuais sobre os estudos de mulheres
negras no ensino superior brasileiro encontradas no banco de Teses da
CAPES? Para atender aos objetivos e responder a questão desta pesquisa foi
realizado um mapeamento no banco de dados de teses e dissertações da
CAPES na área da educação sobre estudos de mulheres e gênero no Ensino
Superior com base no referencial teórico dos estudos de gênero. Concluímos
com essa busca a necessidade de maiores discussões sobre gênero e
mulheres negras no ensino superior nos cursos de pós graduação strictu
sensu, mestrado e doutorado.
Palavras-chave: Educação; Estudos de Gênero, Estudos de mulheres negras;
Ensino Superior.
ESTUDO DA REGRA DA ORDEM MILITAR DE SANTIAGO DA ESPADA
Thais do Rosário (UEM)
A Península Ibérica viveu do século VIII ao XV (XIII para o território que
atualmente corresponde a Portugal) um período bastante conflituoso que se
convencionou chamar Reconquista, no qual reinos cristãos lutavam contra os
muçulmanos que ocupavam o território peninsular. A fundação da Ordem de
Santiago da Espada ocorreu dentro desse contexto, mais especificamente no
ano de 1170. A Ordem nasceu como uma confraria de nobres cavaleiros
apoiada pelo rei Fernando II de Leão e convocada por ele a lutar pela
reconquista leonesa da cidade de Cáceres. Já no ano seguinte, através de um
acordo feito com o arcebispo de Santiago, a confraria é recebida pela Igreja e
passa a levar o nome e lutar sob o estandarte do patrono espanhol. Em 1173,
Pedro Fernández, então mestre da Ordem, leva à curia romana o esboço de
uma regra cuja promulgação se deu no ano de 1175. Existiram algumas
versões da regra santiaguista, mas seus conteúdos não se distanciaram muito
desta primeira e seu prólogo histórico foi mantido. Pretende-se com este texto
demonstrar que o estudo desse documento normativo pode revelar traços da
245
instituição em questão, porquanto através dele é que eram estabelecidas suas
formas de organização e de conduta para seus membros.
Palavras-chave: Reconquista; Ordem de Santiago; Regra.
A ADMINISTRAÇÃO CIVIL DAS VILAS SANTIAGUISTAS NO SÉCULO XIII
Thais do Rosário (UEM)
A Ordem de Santiago da Espada nasceu no reino de Leão na segunda metade
do século XII e, como outras Ordens militares hispânicas, teve como objetivo
maior o combate aos muçulmanos no processo da Reconquista. Durante esse
período não havia uma união dos reinos cristãos e, muitas vezes, eles ainda
competiam entre si, mas as Ordens militares lutavam pela defesa da
cristandade como um todo e não de um único reino. Dessa forma, ainda que
tenha nascido sob a proteção de um rei leonês, a Ordem de Santiago lutou
pelos diferentes reinos cristãos, dos quais obteve grande quantidade de
doações de bens e propriedades. Havia a necessidade de repovoamento das
áreas reintegradas ao território cristão, posto que não fazê-lo facilitaria
quaisquer tentativas muçulmanas de retomar essas zonas, e as Ordens
militares da Península Ibérica também participaram desse processo de
repovoamento. Essa participação se intensificou no século XIII, sobretudo após
a significativa derrota muçulmana na batalha de Las Navas de Tolosa, em
1212, aumentando o número de propriedades doadas às Ordens militares.
Propomo-nos neste trabalho a apresentar um panorama geral da administração
civil das vilas que estavam sob a responsabilidade da Ordem de Santiago
nessa centuria, o faremos a partir de uma bibliografia santiaguista que tratou de
analisar a documentação do período, em especial manuscritos de caráter
normativo elaborados nos foros realizados nas maiores e mais relevantes
áreas para a Ordem.
Palavras-chave: Ordem de Santiago; Vilas; Reconquista; Península Ibérica.
O ENSINO DE HISTÓRIA SOBRE O PARANÁ COLONIAL NAS ESCOLAS
Alef Guilherme Zangari da Silva (UEM)
Rodrigo Correa Barboza (UEM)
O objetivo deste trabalho é discutir como está sendo discutida a temática sobre
o “Paraná no período colonial” nas escolas, com ênfase na experiência do
Colégio Estadual Antônio Diniz Pereira, da cidade de Ivaiporã/PR. Este texto
faz parte das ações do PIBID. O referido projeto de ensino está sendo aplicado
em períodos de contra-turnos visando pensar a disciplina de História do Paraná
em sala de aula, partindo do pressuposto de que estes conteúdos muitas vezes
não são ensinados, provocando deficiências na aprendizagem histórica dos
alunos. Pretende-se com isso chamar a atenção para a importância de se
ensinar esse período da história do Paraná, contribuindo assim, para ampliar o
conhecimento dos alunos do Colégio Estadual Antônio Diniz Pereira.
Palavras-chave: História do Paraná; Período Colonial; Ensino; Pibid.
246
O ENSINO DE HISTÓRIA DO PARANÁ IMPERIAL NAS ESCOLAS: DAS
LUTAS EMANCIPACIONISTAS ÀS ORGANIZAÇÕES
DO ESTADO E DA SOCIEDADE
Ana Paula Mariano dos Santos ( UEM)
João Guilherme Israel Ferreira (UEM)
O objetivo deste trabalho é fazer uma discussão acerca de como está sendo
trabalhada a temática sobre “História do Paraná” nas escolas, tendo como foco
o período imperial e as políticas de emancipação da Província. Para isto
estamos tomando como parâmetro o processo de ensino/aprendizagem
desenvolvido no Colégio Estadual Antônio Diniz Pereira, da cidade de
Ivaiporã/PR. Este trabalho integra as ações do PIBID. O referido projeto de
ensino está sendo aplicado em períodos de contra-turnos visando pensar a
disciplina de História do Paraná em sala de aula, partindo do pressuposto de
que estes conteúdos muitas vezes não são ensinados, provocando deficiências
na aprendizagem histórica dos alunos. Pretende-se com isso fortalecer a
política pública de se ensinar História do Paraná, sobretudo no atendimento da
Lei Estadual nº 13.381, de 18 de dezembro de 2001, que institui a
obrigatoriedade do ensino de História do Paraná nas escolas.
Palavras-chave: História do Paraná; Período Imperial; Ensino; Pibid.
Agência financiadora: CAPES.
PATRIMÔNIO CULTURAL, HISTÓRIA E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL:
ABORDAGENS PARA O ENSINO DE HISTÓRIA
Caroline Cassoli Gonçalves (UFMS)
Jaqueline Aparecida Martins Zarbato (UFMS)
Na atualidade, uma das questões cruciais no ensino de história é a retomada
da valorização de elementos da memória e recuperação dos elementos
culturais dos grupos que vivenciam suas experiências em diferentes
sociedades. Neste sentido, ao investigar a memória histórica regional e a
história local, as questões que envolvem o patrimônio cultural emergem como
elementos importantes para ensinar história para jovens e crianças. A pesquisa
visa fundamentar as discussões sobre memória, patrimônio cultural, fontes
históricas para o ensino de história. Uma vez que, percebe-se que as questões
que envolvem a cultura local e regional apresentam-se raramente na sala de
aula. Ou quando são apresentadas ressaltam um modelo tradicional, com a
valorização de determinadas culturas em detrimento de outras. Visa-se
investigar, a partir da metodologia da Educação patrimonial, os elementos
constitutivos das identidades e cultura material/ imaterial de Três Lagoas,
fundamentando os encaminhamentos metateóricos da didática da história para
o ensino de história. Neste sentido, alguns encaminhamentos constituem-se
como importantes para fundamentar novas práticas de ensinar a história e
cultura local e regional, entre elas, o reconhecimento dos patrimônios materiais
e imateriais que compõem o mosaico de experiências das pessoas.Além disso,
247
a pesquisa contribuirá com o conhecimento sobre a diversidade cultural, étnica,
religiosa e de trabalho articuladas à problemática do patrimônio cultural
material e imaterial.
Palavras-chave: patrimônio cultural; ensino de história; educação patrimonial.
Agência financiadora: PIBIC – CNPq
PONTA GROSSA EM CRÔNICAS:
A PRODUÇÃO DE DAILY LUIZ WAMBIER
Amanda Pereira Chiquito (UEPG)
Entender um intelectual em seu tempo implica em compreender seus vínculos
com a própria sociedade, uma vez que esta personagem se mostra como
produtor de ideias e também receptor, apresentando e definindo a comunidade
em seus discursos. Assim, entender o discurso dos intelectuais nos faz recorrer
a relação deles com os lugares aos quais pertencem e sobre os quais
elaboram suas falas. Este trabalho, se volta, portanto, a investigação em torno
de Daily Luiz Wambier (1908 – 1965) – pontagrossense, político, radialista,
jornalista e cronista – e seu acervo, procurando perceber a historicidade de/em
seus discursos. Busca-se então, problematizar este intelectual, principalmente
sua relação com os problemas cotidianos e citadinos, como por exemplo, a
educação das crianças, os rumos que a sociedade tomava e principalmente a
moral e os bons costumes.Desta forma, volta-se, aqui, à leitura da produção de
Wambier e ao seu programa de rádio chamado Comentário do Dia que foi ao ar
na Rádio Clube Pontagrossense PRJ2 diariamente de 1951 a 1956. Esta
investigação originou-se do contato com fontes primárias (acervo do
intelectual), a partir do trabalho de leitura, higienização, seleção e
problematização deste acervo, acompanhado da análise bibliográfica.
Wambier, em seus comentários, parece acenar para incômodos de sua época,
preocupado com as transformações que afetavam a cidade e o modo de vida
urbana, caracterizando-se por textos que clamavam pela “conservação” de um
tempo que parecia ter passado. Ainda assim, sua produção contribuiu ao nos
deixar relatos de seu tempo, crônicas e inúmeros documentos; de modo que
possibilita futuras pesquisas.
Palavras-chave: Intelectuais; produção; imprensa; crônicas; discurso.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
O NORTE E OESTE SETECENTISTAS: PERSPECTIVAS HISTÓRICAS DOS
RELATOS DE ALEXANDRE RODRIGUES FERREIRA
M SUA VIAGEM FILOSÓFICA (1783 – 1793)
Bruno Cezar Bio Augusto (UFMS)
Este trabalho apresentará uma discussão em que serão abordadas questões
antropológicas e históricas, embasadas na expedição filosófica chefiada por
Alexandre Rodrigues Ferreira, no século XVIII, ano de 1783. Propõe-se uma
reflexão sobre a “imagem do outro” encontrada nos relatos dessa diligência. A
análise consiste em um estudo sobre o “choque cultural” entre colonizadores
248
brancos e os ameríndios dessas regiões por onde Alexandre Rodrigues
Ferreira passou com a sua comitiva. Após quase dez anos de expedição (1783
– 1792) percorrendo o Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá o autor
nos deixa uma coleção textual e iconográfica encontrada na obra Viagens
Filosóficas pela Capitânia do Grão-Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá.
Memórias Antropológicas. O estudo também se fundamentará em uma revisão
bibliográfica para tentarmos entender a relação dos “homens de cabedais” com
a margem olvidada do sistema colonial: em especial os negros e/ou indígenas,
agentes importantes neste contexto colonial interiorano. O estudo da obra de
Ferreira pode nos fazer entender parte do discurso colonizador da região norte
e oeste do território, visto que, mesmo após quase quatro séculos, ele ainda
perpetua no cotidiano de ações políticas civis brasileiras. A obra Viagens
Filosófica é importante para compreendermos os meandros das ações dos que
adentravam os “sertões”, os denominados “sertanistas”, e as suas práticas pelo
interior colonial, saqueando terras, expulsando ou mesmo dizimando pessoas em especial, os povos originários -, e estacando fronteiras.
Palavras-chave: Ameríndios; Setecentista; Sertanistas; expedição.
Agência financiadora: CNPq
MUSEU CONTEMPORÂNEO DA CONFECÇÃO DE CIANORTE:
CONSIDERAÇÕES SOBRE A CRIAÇÃO DE UM ESPAÇO HISTÓRICOCULTURAL PARA O MUNICÍPIO.
Mariáh Majolo (UEM)
Mariana Lucon (PUC)
Ronaldo Salvador Vasques (UEM)
A principal fonte de renda do Paraná na década de 1970 era o café,
empregando milhares de famílias e sendo o sustento da grande parte da
população. Em 1975 a grande e trágica geada mudou definitivamente o rumo
da vida de todos que dependiam do café para sua sobrevivência. É justamente
nesse momento crítico que Chebli Nabhan com sua intuição empreendedora
toma uma decisão de investir na confecção. Cianorte, que antes pertencia à
agricultura foi sendo moldada pelo empresário que é conhecido até hoje como
o precursor da futura capital do vestuário. Atualmente a cidade tem mais de
500 grifes e detém 25% da produção nacional através do jeans através da
Lavinorte, maior lavanderia de jeans da América Latina, chegando a produzir
por mês mais de 1 milhão de calças. Este artigo aborda as conclusões da
parceria entre o Projeto de Iniciação Científica desenvolvido pela UEMCampus de Cianorte e o Trabalho de Conclusão de Curso apresentado no
curso de Arquitetura da PUC- Curitiba sobre o Museu Contemporâneo da
Confecção de Cianorte. O estudo correu através de investigações por meio de
fontes orais e análise de arquivos pessoais, como fotografias, documentos e
objetos do senhor Chebli Nabhan e de outras duas pioneiras da confecção
cianortense, Sra Marlene Resende e Sra Cássia Nabhan, além de apresentar
um projeto arquitetônico inicial para a estrutura do museu. Buscamos
249
Evidenciar com a pesquisa a importância de documentar e arquivar em um
local apropriado os objetos e documentos que retomam o início da confecção
no município.
Palavras-chave: Museu ; Cianorte ; História ; Confecção.
ENTRE CONCEITOS E CONTEXTOS: JOÃO BAPTISTA DE LACERDA, AS
TEORIAS RACIAIS E O DEBATE SOBRE MISCIGENAÇÃO
NO INÍCIO DA REPÚBLICA
Osvaldo Carneiro de Matos Neto (UNICENTRO)
Este trabalho se enquadra na perspectiva da História Social das Ideias e da
História da Ciência, e tem por objetivo analisar a centralidade das discussões
sobre as teorias raciais nas explicações sobre o Brasil. Como se sabe, o
debate sobre ciência, raça e nação foram amplamente visitados por intelectuais
brasileiros no período entre 1870 e 1930, produzindo uma série de
interpretações sobre os problemas sociais, políticos e econômicos enfrentados
pelo Brasil durante o contexto que uniu o fim da escravidão ao conturbado
florescimento da República. Segundo Lília Moritz Schwarcz as pesquisas
levadas a cabo pelos ‘homens de sciencia’ no fim do século XIX foram tomadas
como uma ‘subciência’ por historiadores formados nas nascentes
universidades brasileiras do século XX, os quais viam a utilização das teorias
raciais como meras cópias de um conjunto de ideias estrangeiras. Sendo
assim, buscando esclarecer de que forma estes ‘homens de sciencia’
enfrentaram os limites teóricos impostos por um conjunto de ideias
deterministas e as barreiras políticas construídas por uma sociedade
rigidamente hierarquizada no tocante a inclusão de negros e mestiços,
analisamos, como fonte histórica, dois textos do médico e antropólogo físico
brasileiro João Baptista de Lacerda; o ensaio Sobre os mestiços no Brasil e a
redarguição intitulada Réplica a Crítica. Objetivando, então, esclarecer de que
forma os ‘poderosos’ brasileiros – nas palavras de Lacerda – esperavam que
este cientista divulgasse o país no exterior, tendo em vista que tal ensaio fora
publicado, em forma de discurso, no Congresso Internacional de Raças, em
Londres, no ano de 1911.
Palavras-chave: Teorias raciais; República; História da Ciência.
Agência financiadora: MEC – Programa de Educação Tutorial – PET/História.
EUGENIA E CONTROLE MATRIMONIAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE A
PARTIR DO PRIMEIRO CONGRESSO BRASILEIRO DE EUGENIA DE 1929
Francielle Uchak (UNICENTRO)
O objetivo do presente trabalho é analisar, a partir da perspectiva da História
da Ciência, os debates da Eugenia no Brasil que permeou entre os intelectuais
de vários campos do conhecimento no início do século XX. Nesse sentido, é
observado a importância do Primeiro Congresso Brasileiro de Eugenia,
realizado em 1929 na cidade do Rio de Janeiro. Esse evento fez parte das
comemorações do Centenário da Academia Nacional de Medicina e contou
250
com a presença de importantes figuras do cenário político, médico e intelectual
do país. Desse modo, a partir dos textos apresentados durante o Congresso,
os quais são aqui tomados como fonte, e que se encontram no volume das
“Actas e Trabalhos”, é analisada as mais variadas concepções presentes no
movimento eugênico brasileiro nesse período. Sendo assim, a abordagem do
referido congresso se torna palco onde diferentes idéias eugênicas foram
debatidas, relacionadas às discussões sobre raça, miscigenação e formação
da nação brasileira. Para esta comunicação, analise-se especialmente o texto
apresentado por Joaquim Moreira da Fonseca, que tem como título
“Casamento e Eugenia”. Em seu texto, o congressista traz a reflexão sobre a
questão eugênica em relação ao casamento e as medidas que deveriam ser
tomadas sobre esse assunto em um momento em que não era “aceitável” que
houvesse degenerados na sociedade brasileira. Neste sentido, o objetivo é
problematizar a maneira como o controle e a educação matrimonial é pensado
como um dos elementos centrais da eugenia brasileira, que visava a formação
de uma nação racialmente regenerada e moralmente civilizada.
Palavras-chave: Eugenia, raça, matrimonio, história da ciência no Brasil.
Agência financiadora: MEC/PET
OS ESTADOS UNIDOS E O GOVERNO JOÃO GOULART:
O BRASIL COMO PALCO DA GUERRA FRIA (1961-1963)
José Victor de Lara (UEM)
O objetivo central deste trabalho é analisar as relações entre o Brasil e os
Estados Unidos durante o governo João Goulart, inserindo a discussão no
contexto mundial da Guerra Fria, concentrando-se nos conflitos do continente
latino-americano e seus reflexos. O presente trabalho parte da premissa, já
consolidada pela historiografia, que a participação dos EUA na campanha de
desestabilização do governo Goulart foi fundamental para a consolidação do
golpe civil-militar em março/abril de 1964. As interpretações dos funcionários
da diplomacia estadunidense sobre a crise política e econômica vigente no
Brasil no período em estudo, demostra que os EUA consideravam o governo
de Goulart perigos, endossado e associado a setores de esquerda; motivando
os EUA a agirem contra o presidente brasileiro por meio de apoio direto as
forças golpistas. O trabalho faz uso de documentos diplomáticos produzidos
pelo Departamento de Estado dos EUA, pondo os fatos históricos à luz da
documentação disponível. Inicia-se com uma análise do contexto mundial da
Guerra Fria na América Latina, pontuando os mecanismos utilizados pelo
governo estadunidense e as suas motivações para intervir diretamente no
cenário político brasileiro. Ao longo do texto trata-se de construir uma análise
sobre as relações internacionais entre ambos os países e como esta foi sendo
abalada devido a radicalização dos discursos, tendo como elemento central a
Guerra Fria na América Latina e suas implicações. A discussão parte de dois
elementos centrais: a Aliança para o Progresso no Brasil e a Política Externa
Independente do governo Goulart.
Palavras-chave: Estados Unidos; João Goulart; Guerra Fria; Política Externa.
251
A CRISE POLÍTICA E A DESINTEGRAÇÃO DA REPÚBLICA
FEDERATIVA SOCIALISTA DA IUGOSLÁVIA
Leonardo Pires da Silva Belançon (UEM)
Sob influência da crise do comunismo, no final da década de 1980, o mapa
geopolítico da região sudeste da Europa passou por algumas alterações, sendo
a Iugoslávia o país que mais se modificou ao longo da primeira metade da
década de 1990. A região abriga diferentes povos, religiões e idiomas, que
devido a esta característica multicultural, passaram por diversos conflitos ao
longo de sua história. Quando no século XX foram unidos sob o estandarte de
uma mesma república federada, os povos da Eslovênia, Croácia, BósniaHerzegovina, Sérvia, Montenegro e Macedônia, tiveram que se perceber como
uma mesma nação iugoslava, mesmo sem que esse reconhecimento identitário
de fato existisse. Após pouco mais de quarenta anos, essas diferenças, que
durante séculos de história causaram conflitos, voltam a aflorar entre estes
grupos e somado à crise do sistema político sob o qual viviam e a uma crise
econômica enfrentada pela Iugoslávia, surgem os desejos de independência e
as aspirações nacionalistas que levam a região a ser palco de alguns dos
conflitos mais violentos da década de 1990. Assim, neste paper busca-se
analisar um panorama do contexto histórico e político que levou à dissolução
da Republica Federativa da Iugoslávia e compreender os motivos que levaram
aos conflitos civis que desembocaram em perseguições étnicas e na prática de
crimes de guerra, considerados por muitos autores como genocídio. Trata-se
de uma breve análise da História Contemporânea da Iugoslávia, tendo como
limite temporal o fim da guerra de independência da Bósnia-Herzegovina, em
1995.
Palavras-chave: Conflitos; Independências; Nacionalismo.
BRASIL: UMA INTERNACIONALIZAÇÃO
“REPAGINADA” PELO WIKILEAKS
Letícia Augustin (UEM)
O jornalista e ciberativista australiano, Julian Assange fundou o Wikileaks em
2006. Desde a sua criação, a página da organização divulga informações e
documentos diplomáticos secretos ou confidenciais. A palavra de origem
inglesa é formada pela junção de wiki, de Wikipedia, e leaks de vazamento. Os
Estados Unidos da América são o governo mais pesquisado no banco de
dados do site. O trabalho teve como objetivo analisar a relação bilateral
Estados Unidos da América com o Brasil. O material utilizado é encontrado no
site da organização. Para esta pesquisa, foram selecionados e-mails e
telegramas de âmbito econômico e diplomático escritos pelos representantes
do governo estadunidense sobre o governo brasileiro. Estudos sobre a relação
entre esses dois países foram necessárias para compreender a visão que os
Estados Unidos da América têm sobre nosso país. Concluiu-se ao final do
trabalho que a publicação de documentos diplomáticos sensíveis por meio do
ciberativismo tem impactado de alguma forma as relações internacionais.
Todavia, considera-se a necessidade de estudos mais aprofundados para que
se possa aferir os níveis de influência dessas informações nas relações
252
internacionais. Também concluiu-se que o Wikileaks vai além de publicar
informações, faz parte de um novo marco da internet. As informações
publicadas pelo Wikileaks podem influenciar os estudos da história do tempo
presente, pois o site da organização se torna uma fonte de rápido acesso, o
que facilita o desenvolvimento de pesquisas relacionadas a temas correlatos às
relações internacionais contemporâneas. A organização também simboliza
uma nova forma de ativismo político, o ciberativismo.
Palavras-chave: Wikileaks; Diplomacia; Ciberativismo; História do Tempo
Presente.
Agência financiadora: PIBIC/CNPQ – Fundação Araucária – UEM
AS RELAÇÕES BILATERAIS ENTRE PARAGUAI E BRASIL NA DITADURA
STROESSNER: REVISIONISMO HISTÓRICO, NACIONALISMO E
DISCURSO DESENVOLVIMENTISTA.
Leticia Consalter de Lima (UNILA)
A Ditadura Stroessner (1954-1989) dispôs de um sistema de mecanismos de
controle que foram essenciais para sua longevidade, dentre estes mecanismos
estavam às estratégias adotadas para legitimar o regime, entre essas
estratégias destacamos o uso de um discurso nacionalista apoiado no
revisionismo da história paraguaia utilizado pelo regime para vincular Alfredo
Stroessner aos heróis nacionais, recriados a partir da revisão do passado
histórico paraguaio, movimento este denominado de revisionismo histórico que
ocorreu após o fim da Guerra do Chaco (1932-1935). O regime também se
utilizava da memória da Guerra da Tríplice Aliança para instigar um sentimento
nacionalista, ao mesmo tempo em que procurava justificar as suas relações
bilaterais com o Brasil, antigo inimigo de guerra. Este trabalho procurou
analisar as relações bilaterais entre Paraguai e Brasil e suas justificativas, os
usos do revisionismo histórico pelo regime stronista e as contradições entre as
duas conjunturas. Além disso, através das reflexões que apresentamos,
procuramos amenizar as lacunas e silêncios da história paraguaia, pois com
exceção da Guerra do Chaco, a história do Paraguai após a Guerra da Tríplice
Aliança (1864-1870) carece de estudos historiográficos dentro e fora do
Paraguai, assim como a história de suas relações internacionais. Na mesma
realidade encontram-se os estudos sobre a Ditadura Stroessner, episódio
marcante da história paraguaia, mas que é pouco explorada principalmente
pela historiografia paraguaia, mais assolador é a extrema carência dos estudos
sobre o regime stronista e as relações com o Brasil, posicionado como um dos
principais apoiadores externos deste longo regime ditatorial paraguaio.
Palavras-chave: Paraguai; Ditadura Stroessner; relações bilaterais ParaguaiBrasil; revisionismo histórico.
Agência financiadora: Fundação Araucária
253
UMA INVESTIGAÇÃO ACERCA DAS POLÍTICAS PARA O
FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO PARANÁ
(1990-2010)
Raquel Alessandra de Deus Silva (UEM)
Jani Alves da Silva Moreira (UEM)
Este trabalho é resultado de uma pesquisa de iniciação científica, na qual o
objetivo é analisar a configuração das políticas para o financiamento da
Educação de Jovens e Adultos no Paraná. O recorte temporal para a análise se
dá entre os anos 1990 a 2010, pois se refere a um contexto no qual se
desenvolveram várias medidas institucionais que caracterizaram uma ampla
reforma educacional no país. Para esta análise realiza-se a compreensão dos
pressupostos históricos da EJA e a apresentação das principais políticas
presentes nas leis e normativas que regulamentam a estrutura e a organização
desta modalidade no sistema educacional brasileiro. Por fim, pretende-se
elucidar as relevantes políticas para o financiamento da EJA no Brasil e no
Paraná, no período em questão. O referente trabalho consiste em uma análise
bibliográfica e documental, tendo como referencial teórico o materialismohistórico. A partir da apreensão das principais diretrizes políticas de EJA,
conclui-se que, em consonância com o cenário nacional, as políticas para o
financiamento da educação no Paraná deixaram a EJA em posição marginal às
demais modalidades. O analfabetismo na população jovem e adulta foi e ainda
é um grande problema a ser enfrentado. No entanto, faz-se necessário
planejamento adequado à elaboração de políticas educacionais direcionadas à
EJA. Tais políticas devem ser implementadas de forma efetiva para
proporcionar uma educação de qualidade a este público.
Palavras-chave: Educação de Jovens e Adultos; Política Educacional; Leis;
Estado; Paraná.
A INFLUÊNCIA DO BANCO MUNDIAL NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL
Renata Valério da Silva (UEM)
Jani Alves da Silva Moreira (UEM)
Maria Eunice França Volsi (UEM)
Este texto é resultado de uma pesquisa de Iniciação Científica (PIC/UEM) que
teve como objetivo investigar a influência que o Banco Mundial exerce na
determinação das políticas para formação de professores da educação básica
no Brasil. Essa análise documental baseou-se nos documentos do Banco
Mundial e tais orientações foram verificadas a partir da leitura e interpretação
dos documentos Prioridades y Estrategias para la Educacion (1995) e Mejorar
la enseñanza y el aprendizaje por medio de incentivos (2005). Além disso,
analisou-se a legislação produzida no período em que os documentos foram
publicados e que estabeleceu as diretrizes para a formação de professores no
Brasil, bem como outras fontes que abordam esse tema. Verificou-se que a
legislação e as políticas para formação de professores atenderam diversas
orientações estabelecidas pelo Banco Mundial, as quais atribuem aos
professores a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso escolar dos alunos.
254
Essa situação foi verificada por meio de avaliações externas e com base no
desempenho diagnosticado que sugerem políticas de incentivos remuneratórios
aos professores.
Palavras-chave: Professores; Formação; Políticas educacionais; Banco
Mundial.
A ATUAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS NOS FAXINAIS
Sonia Vanessa Langaro (UNICENTRO)
Os Faxinais correspondem a uma forma de organização camponesa,
tradicional, familiar e comunitária, tendo como principais características a
presença de florestas nativas, uso coletivo das terras, criadouro comum, e
práticas sociais, culturais e religiosas peculiares. Porém, com o forte avanço do
capitalismo nas áreas rurais paranaenses no século XX é possível perceber as
modificações ambientais e também nas práticas cotidianas faxinalenses, sendo
tais modificações consideradas ameaçadoras ao sistema. A presente pesquisa
abarca considerações acerca das características constituintes dos Faxinais,
suas transformações ao longo do tempo e influências das políticas públicas
neste contexto diante da necessidade faxinalense de preservar seus aspectos
culturais e físicos. O recorte espacial utilizado é uma comunidade rural
denominada como Faxinal do Salto, localizada no município de RebouçasParaná, considerando aprofundamentos a partir da década de 1980 até os dias
atuais. No decorrer deste trabalho, foram utilizados alguns procedimentos
metodológicos, como o método de pesquisa qualitativo, sendo aplicado através
de observações, entrevistas com questionários abertos e análise das
informações. Destaca-se também a revisão bibliográfica e busca por dados em
sites governamentais. Analisando todo este contexto envolvendo o Faxinal do
Salto, vê-se o mesmo como alvo de destruição e desagregação devido às
explorações ambientais e pressões capitalistas, gerando modificações culturais
e ambientais, colocando em risco a identidade faxinalense. Desta forma, podese ressaltar a importância da contribuição positiva das políticas públicas na luta
contra a diluição deste sistema, sendo a criação de leis, projetos, programas
governamentais e fiscalização consideradas ações de grande importância para
a manutenção dos Faxinais e garantia da identidade faxinalense.
Palavras-chave: Faxinal; Faxinal do Salto; políticas públicas; identidade;
transformações.
A CRIPTOMOEDA BITCOIN: COOPERAÇÃO OU CONCORRENTE DA
MOEDA OFICIAL DOS PAISES
Ygor Mazali Honorato (UNESPAR – Apucarana)
Helio Magdalena Neto ( UNESPAR/Apucarana)
Natália Francine Cipriano Barbosa ( UNESPAR/Apucarana)
Paulo Cruz Correia ( UNESPAR/Apucarana)
Nasce um novo paradigma para as relações de transações econômica mundial,
a moeda digital Bitcoin. Com o desenvolvimento tecnológico da criptografia,
255
acompanhado do poder da internet, desenvolveu-se um novo sistema de
moeda, privado, anônimo e sem qualquer tipo de controle de governos e/ou
instituições, esse é a moeda chamada Bitcoin. Aceitos em vários
estabelecimentos de comércios e serviços nas economias centrais e em muitas
economias em desenvolvimento, de forma totalmente anônima, são feitas
transações na casa dos milhões de dólares todos os dias. Sem quaisquer
restrições e taxações financeiras e fronteiriças. Esta forma de liberdade tem
atravessado fronteiras de países de economias fechadas como China e Síria;
alguns segmentos das sociedades vêm deliberadamente se utilizando dessa
forma de meda transacional em suas atividades comerciais. A nova moeda é
uma realidade e seus impactos na macroeconomia são uma nova realidade a
ser estudada. Diante disso o objetivo é conhecer e examinar em que medida a
moeda bitcoin, pode ser concorrente, ou aliada da moeda tradicional. A
metodologia utilizada é a da pesquisa bibliográfica, por meio de recentes
fontes, como artigos, livros e revistas científicas. A conclusão é a de que a
atual crise em que vivemos, iniciada em 2008, favoreceu o nascimento da nova
modalidade transacional; e, seu baixo custo de operação vem sendo um fator
favorável ao aumento de sua preferência, por empresários e agentes
econômicos em geral.
Palavras-chave: Criptomoeda; Dinheiro Virtual; e, Bitcoin
A REVISTA CULTURA POLÍTICA E SUA RELAÇÃO COM A
AMERICANIZAÇÃO DA CULTURA BRASILEIRA NO ANO DE 1942.
Felipe Adriano Alves de Oliveira (Faculdades Integradas de Itararé)
O objetivo desse trabalho é analisar as representações do ideário políticosocial da Política de Boa Vizinhança presentes em um artigo da Revista Cultura
Política publicado em Junho de 1942. O processo da implantação da Política
da Boa Vizinhança proposta pelo governo norte-americano iniciou-se durante a
eclosão da Segunda Guerra Mundial. Vale destacar, que à compreensão do
contexto em que a revista estava inserida é fundamental para a interpretação
do artigo que foi selecionado. A metodologia utilizada para o desenvolvimento
do trabalho é a análise do conteúdo do artigo. De acordo com Luca (2005) é
preciso filtrar as informações de relevância fazendo uma análise rigorosa,
visando compreender o que está sendo analisado, relacionando as
informações com o contexto de produção do documento. Segundo Bardin
(2009) é preciso ter cuidado com os resultados coletados, fazendo o uso da
interpretação e contextualização. A pesquisa se insere no campo de estudos
da História Cultural e utiliza como referencial teórico os conceitos de
representação, discutido por Chartier (2002), e de Cultura Política, apresentado
por Lena Júnior (2012). A análise das representações da “Política da Boa
Vizinhança” permitirá compreender características que construíram a
relação entre Brasil e Estados Unidos, sendo uma relação alimentada pela
necessidade de uma aliança devida às circunstâncias de interesses entre
ambos no contexto de crise econômica e Guerra Mundial. A revista permite
256
identificar a construção de uma representação da admiração dos brasileiros
pelo imperialismo norte-americano.
Palavras-chave: Política da Boa Vizinhança; representações políticas;
influência cultural norte-americana.
A POMICULTURA, A HÚBRIS AGRONÔMICA E A REGIÃO DE
GUARAPUAVA/PR, NOS ANOS 1980:
UMA LEITURA DE HISTÓRIA AMBIENTAL
Fabiana Carla Guarez (UNICENTRO)
Esta comunicação tem como intuito apresentar um estudo que discuta a
emergência da húbris agronômica em meio a projetos de monocultura no
Brasil, especificamente na fruticultura de clima temperado na região de
Guarapuava entre os anos de 1980. Nesse sentido, fez-se necessário perceber
de que maneira são construídos os discursos sobre a agricultura moderna,
problematizando a temática da plantation na historiografia ambiental. Deste
modo possibilitar novas visões de mundo sobre a agricultura em termos
históricos, tais como as relações entre humanos e não humanos e a forma com
que estes indivíduos se relacionam com a natureza, anteriormente não
problematizadas. Para tal, as fontes analisadas foram as edições do Jornal
Esquema Oeste, de 1974 a 1991, investigando a forma com que esse processo
de modernização da agricultura contribuiu para a constituição da pomicultura
na região. Dentre as edições analisadas, foram compulsadas 66 notícias sendo
que seus conteúdos no que tange a pomicultura variavam muito de acordo com
o volume de maçãs produzidas em determinadas safras, a diminuição da
colheita em outras, crises em virtude da importação nacional da maçã e
discussões sobre o uso de agrotóxicos. Contemplam ainda dados sobre as
festividades e eventos realizados na localidade em função da produção da fruta
o que possibilitou percebê-la em sua dimensão tanto biológica quanto
econômica, social e política. Por fim, também foi possível perceber naquele
momento que o papel da imprensa foi fundamental para a difusão do cultivo da
maçã estimulando a expansão do setor.
Palavras-chave: história ambiental; plantation; modernização; periódicos;
Guarapuava.
Agência financiadora: PIBIC/Fundação Araucária
ECONOMIA DOMÉSTICA:
O DESAFIO DO PLANEJAMENTO DOS GASTOS FAMILIARES
EM ÉPOCA DE CRISE
Franciele Henrique ( UNESPAR-Apucarana)
Nathália Francine Cipriano Barbosa (UNESPAR-Apucarana)
Ygor Mazali Honorato (UNESPAR-Apucarana)
Paulo Cruz Correia (UNESPAR-Apucarana)
Este trabalho tem por objetivo analisar questões relacionadas ao perfil
financeiro de pessoas com diferentes níveis de poder aquisitivo. Utilizando a
257
Economia Doméstica como principal ferramenta, será analisado o
conhecimento dos indivíduos em relação ao seu nível social e econômico, a fim
de saber se as pessoas conhecem o seu poder de compra e fazem uso do
controle financeiro em seu cotidiano. Ressalta-se a importância da educação
financeira para a obtenção de bons resultados na economia pessoal e familiar,
também será abordado no presente trabalho os meios pelos quais os
indivíduos podem conhecer e praticar a economia doméstica. A metodologia
utilizada foi por meio de aplicação de formulário de pesquisa, em três
importantes colégios estaduais da cidade e município de Apucarana (PR), em
2014. Pela catalogação da pesquisa foi possível extrair e apresentar o
conhecimento a cerca da economia doméstica para cinqüenta e oito pessoas,
de diferente poder aquisitivo, entre 23 e 62 anos. Foi possível observar uma
crescente preocupação com a economia doméstica, embora esta seja um
assunto ainda pouco estudado; a maioria dos estudos considera o perfil do
consumidor e sua disposição ao consumo, como resposta para estratégias de
márketing das empresas. Entretanto, especificamente em momentos de
retração econômica o planejamento doméstico ganha importância e mais
pessoas buscam conhecer os conceitos econômicos que lhes possam orientar
a vencer os momentos de crise. Contudo, concluiu-se que 58%,
aproximadamente das pessoas entrevistadas, não se planejam para o controle
e realização de seus gastos.
Palavras-chave: Economia Doméstica; e, Planejamento Financeiro.
JUVENTUDE, TRABALHO E EDUCAÇÃO: UM ESTUDO CRÍTICO DO
ESTATUTO DA JUVENTUDE
Igor Mateus Batista (UNESPAR –Paranavaí
Historicamente se observou uma lacuna no Estado brasileiro em relação à
definição de políticas públicas amparadas numa concepção de direitos para a
juventude. Nesse sentido o Estatuto da Juventude, sancionado em 2013, de
forma ampla, pode ser considerado um avanço na relação do Estado para com
o segmento jovem brasileiro. O Estatuto é definido num contexto de um
governo desenvolvimentista, onde a concepção de direitos encontra-se
imbricado com a tese de inclusão pelo trabalho, numa perspectiva liberal
desenvolvimentista, justamente quando o Brasil alcança seu platô de
juventude, ou seja, disponibilizando 51 milhões de jovens como força de
trabalho ao capital. O objetivo de nossa pesquisa é analisar as contradições
sociais expressas nas diretrizes do Estatuto e sua concepção de juventude.
Utilizamos para isso, uma bibliografia sobre juventude, trabalho e educação,
para apropriação de uma base teórica que nos permita cumprir nossos
objetivos. Através de nossa pesquisa, é possível verificar que há uma
contradição entre a proposta de autonomia e liberdade apresentada pelo
Estatuto, com a realidade social contemporânea dos jovens. Pois observa-se
que o Estatuto, baseado na tese da inclusão dos jovens nos espaços
decisórios de formulação de políticas de juventude do Estado, visa condicionar
as subjetividades dos jovens entorno de um tipo padrão/ideal de jovem
qualificado para o trabalho, domesticado de comportamento dócil. Portanto
verifica-se que a intenção do Estatuto é promover a institucionalização das
258
ações juvenis, corroborando no esvaziamento do conteúdo radical e autônomo
das mobilizações juvenis deste segmento da população brasileira.
Palavras-chave: Juventude; Lei 12.852; Estatuto da Juventude.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
O PERFIL DO EGRESSO INSERIDO NO PROJETO DE
EXTENSÃO“ATENÇÃO AO EGRESSO E À FAMÍLIA”, COMARCA DE
APUCARANA/PR
Ana Paula de Melo Sotério (UNESPAR-Campus de Apucarana)
Latif Antonia Cassab (UNESPAR-Campus de Apucarana)
A segurança pública brasileira traduz como solução dos conflitos sociais, da
violência e da criminalidade a punição por encarceramento, buscando moldar o
indivíduo, despojar sua identidade e modificar suas ideias e comportamentos.
O Brasil possui a terceira maior população carcerária do mundo, ficando atrás
apenas dos Estados Unidos, com 2.297.400, e da China, com 1.620.000
apenados – estima-se que em 2034 a população prisional brasileira superará a
dos Estados Unidos. O trabalho que apresentamos tem como objetivo
conhecer o perfil dos beneficiários do Projeto de Extensão “Atenção ao egresso
e à família”, financiado pelo Programa Universidade sem Fronteiras, Subincubadora Patronato e Secretaria de Segurança Pública, da Comarca de
Apucarana, Paraná. A investigação, de natureza qualitativa, foi desenvolvida
através da pesquisa documental, com as fichas de atendimentos realizados
pelos profissionais de Direito, Serviço Social, Psicologia e Pedagogia que
compõem o referido Projeto de Extensão. Seu resultado desvelou, entre outros
dados, adultos jovens, com baixa escolaridade, réus primários, sendo o tráfico
de drogas o delito mais praticado. Pretendemos que o conhecimento obtido
contribua para qualificar as atividades socioassistenciais e educativas
engendradas pela equipe de profissionais e, ainda, subsidiar a aplicação de
políticas públicas, no âmbito municipal, que minimizem e/ou superem as
necessidades dos egressos.
Palavras-chave: patronato; egresso penitenciário; perfil.
Agência financiadora: Secretaria de Estado da Ciência, Tecnologia e Ensino
Superior, Secretaria de Estado da Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e
Secretaria da Segurança Pública e Administração Penitenciária do Paraná.
O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO BÁSICA NO BRASIL: EM
DISCUSSÃO A VINCULAÇÃO DE RECURSOS
Vinicius Renan Rigolin de Vicente (UEM)
Carlos Vinícius Ramos (UEM)
Jani Alves da Silva Moreira (UEM)
O texto refere-se aos resultados da pesquisa de iniciação científica (PIC/UEM)
sobre o processo histórico da vinculação constitucional de impostos para a
educação. O referencial teórico utilizado para a mediação das análises aqui
evidenciadas tem como intuito compreender as definições políticas
259
concernentes a vinculação de recursos para a educação à luz da totalidade
histórica, ou seja, na compreensão do objeto inserido no âmbito das
determinações econômicas, políticas e históricas. Trata-se de uma análise
crítica que prioriza uma compreensão histórica do financiamento da educação
no Brasil. Discute-se sobre a polêmica da vinculação de recursos, ora ausente
e ora presente nas Constituições brasileiras. Em seguida, compreende-se as
políticas para o financiamento inseridas no contexto das transformações
políticas ocorridas especificamente com a reforma do Estado nos anos de 1980
e 1990 em meio às definições de ajustes estruturais neoliberais. Os resultados
evidenciam que não basta ter apenas um percentual mínimo de divisas
financeiras destinadas a educação, o que é essencial. Porém, deve-se ter uma
maior fiscalização dos recursos financeiros destinados à educação básica no
Brasil. Neste aspecto, pondera-se algumas discussões sobre a definição de um
padrão mínimo de qualidade para a educação, no qual a Constituição Federal
(CF) de 1988 e a Lei de Diretrizes e Bases (LDB) Nº 9.394/1996 estabelecem.
Palavras-chave: Educação; Política; financiamento.
AS DIVERSIDADES DO MORAR: UM BREVE ENSAIO SOBRE AS CASAS
DE MADEIRA DO CENTRO DE LONDRINA
Matheus Henrique Marques Sussai (UEL)
Nessa comunicação propomos apresentar o resultado de uma pesquisa,
primeiramente de Iniciação Científica, que apresentou desdobramentos. Um
deles resultou numa exposição realizada no Museu Histórico de Londrina Pe.
Carlos Weiss a respeito da casa de madeira. Por meio do mapeamento das
casas de madeira localizadas na região central da cidade de Londrina (PR), um
recorte espacial foi delimitado e resultou na catalogação de 138 casas de
madeira com fotografias e informações sobre as mesmas. Nessa comunicação
centrarei a exposição rápida no processo da pesquisa, e me deterei mais nos
resultados, sobretudo, os relativos à exposição composta por artefatos do
Museu Histórico, mas, sobretudo, pelas fotografias e informações que foram
registradas durante o processo de pesquisa. Essas que, ao narrar a história da
casa durante o trabalho, foram expostos no Museu Histórico de Londrina com o
intuito de chamar a atenção do morador da cidade sobre sua composição de
palimpsesto, como aborda Michel de Certeau, que conforma suas muitas
cidades internas (CALVINO, 1990), também sua importância como um
documento sobre a história e memória da cidade (LE GOFF, 1992). A
apropriação que o comércio fez no uso das casas, a sensibilidade do morador
proprietário e o utilitário do morador de aluguel, também será uma das
abordagens presentes no texto.
Palavras-chave: História; Memória; Casa de madeira; Exposição.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
260
SOBRE A COMPLEXA RELAÇÃO ENTRE HUMANOS E NÃO HUMANOS:
REFLEXÕES ANTROPOLÓGICAS SOBRE DESDOBRAMENTOS
POSSÍVEIS ENTRE MEDICINA HUMANA E MEDICINA VETERINÁRIA
Rosimery Medeiros de Mello (UEM)
A partir dos anos 70 a fronteira natureza e cultura passou a ser repensada pela
antropologia, estabelecendo um novo debate que coloca em perspectiva uma
nova maneira de se pensar humanidade e animalidade. Essa relação
estabelecida entre humanos e não humanos vêm de longa data na história da
humanidade, sofrendo transformações nas ultimas décadas, estreitando as
relações entre humanos e os animais hoje chamados “domésticos”. Estudos
recentes têm demonstrado que esses animais compartilham de hábitos, casas,
alimentação, problemas de saúde – como depressão e obesidade –
necessidades e tecnologias humanas. Essa pesquisa ainda em andamento tem
por objetivo analisar os estudos recentes da medicina veterinária ao qual estão
em debate as questões relacionadas e compartilhadas entre humanos e
animais de estimação, principalmente, aquelas que envolvem o
compartilhamento de doenças, medicalização, tratamentos e comportamentos.
Destarte, os desdobramentos da medicina humana para a medicina veterinária
tem se tornado cada vez mais recorrente, fazendo suscitar debates que
passam por outros segmentos da ciência, como, estudos dos historiadores,
antropólogos, sociólogos, filósofos e biólogos que pretendem entender as
transformações históricas, sociais, culturais e biológicas causadas por essa
proximidade entre humanos e não humanos. A perspectiva teórica
metodológica tem como análise os periódicos que privilegiam as novas
reconfigurações do tema aqui proposto: humanos e não humanos.
Considerando que as construções teóricas objetivadas também são fatos
científicos criados. Temos concluído que esse fenômeno da proximidade entre
humanos e animais, não somente tem modificado a composição do que
entendemos como “social”, como também trás benefícios para ambos, seja na
convivência ou na descoberta de novos tratamentos que podem salvar vidas e
modificar a história das doenças humanas.
Palavras-chave: antropologia; humanos e não humanos; medicina humana;
medicina veterinária; doenças e tratamentos.
OS HISTORIADORES, SEUS LUGARES E SUAS REGIÕES: A PRODUÇÃO
HISTORIOGRÁFICA DA UNICENTRO SOBRE A REGIÃO PARANAENSE
Darlan Damasceno (UEL)
Pensando a História enquanto uma área do saber que se utiliza de
procedimentos e métodos de caráter científico, justifica-se que o historiador
tome um olhar crítico com relação à temática e aos contextos de produção de
sua própria disciplina. Partindo deste princípio, este estudo consiste em uma
análise da produção historiográfica de professores e pesquisadores vinculados
à Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO), que situam suas
abordagens na área compreendida como "História Regional", bem como a
construção do espaço de saber e o lugar social pertinente a esses
pesquisadores, isto é, a universidade. Define-se como recorte de análise
261
produções que tomam a região centro-sul do Estado, que destacam
especialmente as expressões culturais das populações de imigrantes da
região, assim como de grupos indígenas e quilombolas. São estabelecidas
como fontes as obras dos professores e produções vinculadas a programas de
pós-graduação da UNICENTRO, por se constituir em referência acadêmica da
região proposta para estudo. A pesquisa toma como referência a noção
conceitual de “regime de historicidade” proposta por François Hartog e seu
procedimento metodológico para a análise de produção bibliográfica ou
acadêmica, que utiliza como fontes especialmente os prefácios e outras formas
de apresentação da obra, buscando com isso perceber influências que o tempo
e o lugar social exercem sobre o autor na produção de seu trabalho.
Palavras-chave: Historiografia; Paraná; Regime de Historicidade; História
Regional
Agência financiadora: PROIC/UEL
O ENSINO DA PRÉ-HISTÓRIA DO PARANÁ NAS ESCOLAS ESTADUAIS
Cezar Felipe Cardozo Farias (UEM)
Caio Cezar Inacio dos Santos (UEM)
A presente comunicação objetiva apresentar a nossa proposta de ensino da
pré-história do Paraná nas escolas estaduais, tomando como referência o
projeto desenvolvido junto ao Colégio Estadual Antonio Diniz Pereira, na cidade
de Ivaiporã/PR. Essa atividade faz parte do PIBID. Estamos aplicando este
projeto nos períodos de contraturnos, com o intuito de ampliar o conhecimento
dos alunos sobre a História do Paraná, já que esta temática específica (a préhistória do Paraná) é pouca ou quase não trabalhada em sala de aula. Mesmo
com a Lei 13.381/01 que torna obrigatório, no Ensino Fundamental e Médio da
Rede Pública Estadual, os conteúdos de História do Paraná, essa demanda
não consegue ser cumprida, causando aos alunos a carência de tais
conteúdos.
Palavras-chave: História do Paraná. Pré-história; Ensino; Pibid.
Agência financiadora: CAPES/Pibid.
OS POVOS INDÍGENAS DO PARANÁ DURANTE A DITADURA MILITAR:
FONTES E MÉTODOS
Beatriz Rosa do Carmo Silva (UEM)
Éder da Silva Novak (UEM)
Lúcio Tadeu Mota (UEM
Entre os mecanismos de repressão e controle criados pela Ditadura Militar
estava a Assessoria de Segurança e Informação (ASI), que atuava como um
órgão de espionagem, no interior das instituições públicas, para coibir ações
contra o regime autoritário. Um exemplo foi a ASI instalada dentro da FUNAI,
para averiguar os funcionários dos postos indígenas, representantes do
movimento indigenista e lideranças dos povos originários. Com as ações da
Comissão Nacional da Verdade foi permitido o acesso à documentação
262
produzida pela ASI. Trata-se de uma vasta documentação que revela as ações
dos agentes militares por todo o Brasil, no interior das comunidades indígenas
e no controle do movimento indigenista, como braço direito do Sistema
Nacional de Informações (SNI). O objetivo aqui é demonstrar os resultados
iniciais da pesquisa desenvolvida com estes documentos da ASI/FUNAI, que
tratam das terras e grupos indígenas do Estado do Paraná. A metodologia
consiste na leitura do acervo de fontes e sistematização destas em planilhas
que contenham dados sobre o documento, autor, destinatário, qual terra
indígena se refere, cidade, etnia e uma síntese do seu conteúdo, entre outras
informações, que serão utilizadas para novas pesquisas sobre os povos
indígenas do Paraná. Pelas leituras já realizadas se pode comprovar as
contínuas ações dos indígenas em defesa dos seus interesses, sobretudo seus
territórios, evidenciadas em recortes de jornais, cartas endereçadas as
autoridades da FUNAI e demais documentos que reforçam a tese do
protagonismo indígena.
Palavras-chave: Ditadura Militar; Povos Indígenas; Paraná.
O ENSINO DE HISTÓRIA DA ÁFRICA: UMA ABORDAGEM DO PAÍS
SOMÁLIA APRESENTADO EM SALA DE AULA.
Deidiane Rosolen (UEM)
Daniele Cristina de Oliveira (UEM
O trabalho tem como objetivo discutir o Ensino de História da África em sala de
aula. Esta atividade faz parte do PIBID de História da UEM/CRV. Para isto,
estamos utilizando como referência um país do continente africano, a Somália.
Ao apresentar informações sobre um determinado país, discutimos os aspectos
históricos de todo o continente. A ideia é perceber como os alunos reagem
sobre estas informações, observando suas opiniões e reflexões diante do tema.
Por fim, estamos contribuindo para o atendimento da lei 10639/03, que definiu
que conteúdos da cultura africana e da História da África devem trabalhados
em sala de aula.
Palavras-chave: Ensino de história da África; História Somália; Ensino. Pibid.
Agência Financiadora: PIBID
POLÍTICAS ATUAIS PARA O FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO
Taluana Paula Bernardinelli (UEM)
Esta pesquisa tem como principal objetivo estudar e compreender a meta 20 do
Projeto de Lei n° 8.035/2010 que foi sancionado no dia 25 de junho de 2014
tornando-se Lei Ordinária n° 13.005/2014, que aprova o novo Plano Nacional
de Educação o qual prevê ampliar o investimento público em prol da educação.
A pesquisa refere-se a uma análise das estratégias e providências que serão
tomadas a partir da referida lei. Sendo assim, a prioridade é compreender as
263
diretrizes e, o financiamento da educação de maneira a se dedicar à análise do
conteúdo da meta 20. As metas previstas no referido plano, deverão ser
cumpridas no prazo de vigência de 10 (dez) anos, a contar da aprovação desta
Lei. A organização do sistema educacional brasileiro caracteriza-se pela
divisão de competências e responsabilidades entre a União, estados e
municípios, o que se aplica também ao financiamento e à manutenção dos
diferentes níveis, etapas e modalidades da educação e do ensino. O Estado
por sua vez, estabelece uma política social responsável definida como
obrigatoriedade, autorização de funcionamento, planejamento, diretriz e
financimaneto da educação. Sendo assim, esta pesquisa visa estudar os
investimentos públicos em educação e as condições no âmbito educacional
que ainda, em muitas regiões brasileiras são precárias.
Palavras-chave: Meta 20; Plano Nacional de Educação; Lei; financiamento da
educação.
A TEMÁTICA INDÍGENA NA ESCOLA
EXPERIÊNCIAS DE UMA AULA OFICINA
Tatiane Ananias Fernandes Freitas (UEM)
Rosa Cruz dos Santos Kruse (UEM)
O trabalho a ser apresentado traz alguns apontamentos a respeito da
experiência vivida pelas pibidianas no Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf
(NRE/Maringá). O tema se deu em função do cumprimento da Lei 11.645/08,
que inclui no currículo oficial a obrigatoriedade do ensino da história e cultura
dos povos indígenas no Brasil, tendo em vista que esta tem sido cumprida
muito timidamente pelas escolas e pelos livros didáticos brasileiros. A
abordagem é um enfrentamento à interpretação mais comum, dada por
editoras/autores de livros didáticos/escolas brasileiras à temática indígena até o
momento, que não tem atingido as proposições legais de promover abordagens
que considerem a pluralidade, diversidade e alteridade indígenas, mediante a
ausência de informações sobre as trocas estabelecidas entre os povos
indígenas com a sociedade envolvente, e, principalmente sobre o protagonismo
indígena. A metodologia está calcada no modelo de “aula oficina” proposto por
Isabel Barca (2004), em que o professor assume papel de pesquisador social
disposto a aprender e interpretar o mundo conceitual dos seus alunos, para
que essa sua compreensão o ajude a modificar positivamente a
conceitualização dos mesmos, de modo que o aluno seja efetivamente um
agente na produção do próprio conhecimento. Sendo assim, o ensino de
história está aqui compreendido como um processo de instrumentalização dos
sujeitos; que os convida a desenvolver o raciocínio histórico, e não permutar
um enredo repetitivo constituído.
Palavras-chave: PIBID, aula oficina, história, história indígena, índio Kaingang.
Agência financiadora: PIBID/CAPES.
264
O USO DE LITERATURA COMO FONTE HISTÓRICA E A RELAÇÃO ENTRE
LITERATURA E HISTÓRIA
Giovana Maria Carvalho Martins (UEL)
O presente artigo se propõe a discutir acerca do uso da Literatura como fonte
para a pesquisa em História, trazendo à baila o fato de que as fontes literárias
podem, muitas vezes, se apresentar como objetos de estudo complexos para o
trabalho historiográfico, como evidencia Darnton (1986). Porém, apesar disto, o
trabalho com tais fontes pode ser realizado sob diversos aspectos e abre um
grande leque de possibilidades para os historiadores que se propõem a utilizálas, podendo a Literatura se apresentar até mesmo como fonte privilegiada
para a História por conter aspectos que outros objetos não possuem, como
questões relacionadas ao imaginário da época que se estuda. Deve-se levar
em conta que um livro é expressão tanto de um autor quanto de sua época e
também de seus leitores, já que não se pode imaginar a Literatura sem levar
em conta sua recepção. Buscaremos também evidenciar a relação entre
Literatura e História, levando em consideração que o diálogo entre ambas é um
campo de pesquisa que se desenvolveu significativamente no Brasil a partir
dos anos 1990, e se insere no âmbito da História Cultural. Utilizaremos, para
tanto, trabalhos de autores significativos que desenvolvem pesquisas
relacionadas à temática proposta, como Pesavento (2006), Chartier (2009),
Sevcenko (2003), entre outros. Muitos deles apresentam opiniões divergentes,
que pretendemos expor ao longo do texto, levando em consideração que é um
trabalho de revisão bibliográfica.
Palavras-chave: História; Literatura; fonte histórica; História Cultural.
SEXUALIDADE E MATRIMÔNIO NAS FOLHAS DO JORNAL FOLHA DO
NORTE DO PARANÁ (1976)
Gessica Aline Silva (UNESPAR – Campus de Campo Mourão)
A presente proposta visa investigar as representações acerca da sexualidade e
do matrimônio veiculadas nas páginas do jornal Folha do Norte do Paraná, no
ano de 1976. Para atingir esse objetivo, procura-se identificar discursos,
comportamentos e conselhos que buscam naturalizar determinados modelos
de ação e uniões matrimoniais. A partir da leitura e tabulação das edições do
jornal, identificamos os editoriais, notícias, imagens, entre outros, que discutem
os problemas familiares, bem como as relações sexuais. O Jornal circulou
entre 1960 e 1970 em boa parte da região norte do Paraná e, mesmo sendo
considerado laico – e com isso tendo características comerciais –, o periódico
manteve durante todo seu período de circulação vínculos com a Igreja Católica
da diocese de Maringá. A pesquisa está inserida em contexto marcado pela
pós-comemoração do Ano Internacional da Mulher (1975), discussões sobre a
aprovação da lei do divórcio no Brasil e a inserção, cada vez maior, da mulher
no espaço público. Em geral, percebe-se nas matérias publicadas a construção
de representações de uma sexualidade heteronormativa restrita à procriação –
265
problematizando assim a possibilidade e adoção de métodos contraceptivos –
e ao casamento, considerado um sacramento universal e indissolúvel.
Palavras-chave: Sexualidade; Jornal; Catolicismo.
Agência financiadora: CNPq.
BIOGRAFIA(S) DE MULHER(ES) GUERREIRAS(S) NO BRASIL (XVI-XIX)
Janaina Sepanhaki Opuchkevich (UEPG)
Na história, nota-se a atribuição ao masculino no espaço das armas. Somente
estudos recentes preocupam-se em desconstruir esse estigma masculinizado
do campo de batalha, mostrando de fato que mulheres pegaram em armas. No
âmbito de gênero, há uma análise sobre práticas, símbolos e leis pertencentes
as instituições armadas. Diante dessa perspectiva, observa-se que mulheres
deixam de ocupar cargos construídos ao feminino, como por exemplo,
cozinhar, lavar, cuidar dos feridos, e passam a executar funções masculinas
para muitas vezes se defenderem, ou até mesmo movidas pelo desejo de
guerrear. A utilização da biografia como fonte permite problematizar a forma
como os autores viam essas mulheres guerreiras.O objetivo do presente
trabalho é apontar biografias de mulheres que lutaram de fato nos conflitos
armados no Brasil durante os séculos XVI e XIX. Com auxílio de teses
desenvolvidas e livros voltados a biografias foi possível criar um arquivo com
informações dessas mulheres. Os modelos de feminilidades pautados pelos
autores das biografias sofrerem uma avaliação sob a perspectiva do método de
análise de conteúdo de Bardin. Como resultado esperado da pesquisa de
iniciação cientifica, revelou-se diversos nomes de mulheres presentes em
variados conflitos no Brasil, quebrando com o estigma de um espaço somente
dominado pelo masculino. Na análise, em relação como os autores construiram
as biografias, o modelo mais percebido foi de atribuir questões maternais a
essas mulheres, como por exemplo, matrimônios, questões de filhos, lar.
Palavras-chave: Biografia; Mulheres Guerreiras; Feminilidades; Genêro.
Agência financiadora: Fundação Araucária.
A PARTICIPAÇÃO POPULAR NA REVOLUÇÃO MEXICANA ATRAVÉS
DAOBRA DE JOSÉ CLEMENTE OROZCO: OS MURAIS LA DESPEDIDA, LA
FAMILIA E MUJERES (1926)
Danielle Thais Vital Gonçalves (UEM)
Este texto expõe resultados parciais de uma pesquisa de iniciação científica
ainda em desenvolvimento sobre a obra do pintor mexicano José Clemente
Orozco. Analisamos os murais La despedida, La familia e Mujeres, que foram
pintados em 1926 nas paredes do pátio da Escola Nacional Preparatória, na
Cidade do México, como parte de uma série de murais em alusão ao período
da guerra civil da Revolução Mexicana, a década de 1910. Buscamos mostrar
que a experiência de vida do pintor, descrita em sua Autobiografia, ajuda a
entender suas representações visuais enquanto realistas, já que ele
encontrava-se no México na época da guerra civil e participou indiretamente da
266
mesma, ajudando principalmente a cuidar dos feridos. Assim, analisamos os
murais paralelamente com autobiografia com o objetivo de demonstrar que a
obra de Orozco, que geralmente é vista como pessimista e sombria, pode
revelar uma faceta mais positiva e até mesmo romântica, quando observamos
suas representações da participação popular na Revolução. O objetivo principal
é analisar a representação do “popular”, vinculado ao tema da Revolução
Mexicana, nos três murais tomados como fonte. Para realizar essa análise,
tomamos como base a metodologia da História Visual, conforme proposta pelo
historiador Ulpiano Bezerra de Meneses, e no que tange à análise dos murais,
pensamos a produção dessas pinturas por Orozco como um artista-intelectual,
que divulgava suas convicções estéticas e políticas através da expressão
artística muralista.
Palavras-chave: José Clemente Orozco; Muralismo; Revolução Mexicana;
História Visual.
HISTÓRIA E MEDO: O PLANETA DOS MACACOS (1968)
Carlos Alberto Plath Junior (UEM)
A comunicação objetiva apresentar o Projeto de Iniciação Científica “O medo
enquanto objeto da História: um estudo a partir de O Planeta dos Macacos
(1968)”. A proposta do mesmo consiste em realizar uma discussão teórica
sobre o medo enquanto objeto da História e mapear as representações do
medo presentes na narrativa fílmica O Planeta dos Macacos (1968). Com o
contexto fílmico situado no futuro, no ano de 3978, permite refletir sobre dois
aspectos que tem se tornado temas de interesse da História: cinema e ficção
científica. Entendidas, pela História Cultural como formas de “representações
coletivas”, constituem-se como objeto de estudo, na medida em que permitem
identificar o modo como em diferentes lugares e momentos uma determinada
realidade social é construída, pensada e dada a ler. (CHARTIER, 1990). Nesse
sentido, podemos indagar qual realidade a trama cinematográfica pretende
construir, mas do que isto, ao trabalhar como ideia de futuro e fim do mundo,
qual “paisagem do medo” (TUAN, 2005) é projeto no momento de produção do
filme, sobre as formas de destruição e extermínio da raça humana. Articulados
desta maneira, Cinema e Ficção Cientifica tornam-se fontes históricas que nos
permitem mapear as “representações” do medo e torna-lo objeto da História.
Palavras-chave: História das crenças; Medo; Extermínio da Raça Humana.
A HISTÓRIA DA ÁFRICA ATRAVÉS DO CINEMA
David Teodoro Ohashi Lopes (UEM)
Dionas Pavanello (UEM)
O presente trabalho tem como objetivo apresentar as atividades que estamos
realizando em sala de aula através de uma mostra de cinema sobre História da
África. Esta atividade faz parte do PIBID. Através da mostra de cinema,
apresentamos para os alunos de ensino fundamental e médio do Colégio
Estadual Geremias Lunardelli situado na cidade de Lunardelli, alguns filmes
267
sobre a História da África, visando contribuir na reflexão sobre aquele
continente. Com a linguagem cinematográfica é possível explorar as mais
variadas formas de interpretações no âmbito político, social, econômico,
religioso e cultural. Com isso esperamos não só auxiliar os alunos no processo
de ensino/aprendizagem, bem como contribuir com a diminuição da evasão
escolar, ao mesmo tempo que aproximamos os alunos de uma temática
fundamental, que é a história da África.
Palavras-chave: Cinema em sala de aula; História da África; Ensino; Pibid.
Agência financiadora: PIBID/CAPES
MIGUEL BAKUN E OS DISCURSOS SOBRE A MODERNIZAÇÃO DE
CURITIBA (PARANÁ).
Edilza Maria de Lima (UEM)
Essa reflexão resulta do desenvolvimento de uma pesquisa de Iniciação
Científica (PIC), realizada na Universidade Estadual de Maringá, sob a
orientação da Profa. Dra. Sandra C. A. Pelegrini, e que versa sobre as
conexões entre os temas abordados pelo pintor paranaense Miguel Bakun
(1909-1963) e a retórica dos “discursos” políticos “progressistas” vigentes nas
décadas de 1930 e 1950, em especial na capital do Estado do Paraná, em
Curitiba (Brasil). Nosso objetivo é demonstrar, por meio das telas do artista,
representações da opulência da elite rural que vivia nos arrabaldes da cidade
nesse período. Para tanto, procuramos fundamentar nossa análise nos
pressupostos da Escola dos Annales, da História Cultural e da Semiótica –
ciência que estuda os signos e seus significados, e também, nos auxilia a
decodificar as composições pictóricas. Utilizamos as pinturas como fonte na
pesquisa histórica, pois entendemos que sua importância vai além da
ilustração.
Palavras-chave: Arte e História; Pintura Paranaense; Cultura e Poder.
AS ARTES DE NUTRIR EM O BEBÊ DE ROSEMARY
Rafaela Arienti Barbieri (UEM)
Objetiva-se nesse trabalho tecer uma análise que compreenda o filme O bebê
de Rosemary, dirigido por Roman Polanski em 1968, enquanto um documento
histórico dotado da possibilidade de mostrar determinados aspectos do
contexto histórico da década de 1960 nos Estados Unidos. Parte-se aqui dos
conceitos estratégia e tática articulados por (CERTEAU, 1994) procurando
notar como são evidenciados no filme os hábitos alimentares de determinados
personagens, como Minnie (Ruth Gordon) e Roman (Sidney Blackmer)
Castevet, e ainda Rosemary (Mia Farrow) e Guy (John Cassavetes). Nesse
sentido, utiliza-se como base as análises de (GIARD, 1996) sobre o que
denominou enquanto artes de nutrir em função de uma melhor problematização
da narrativa e práticas identificadas no filme. Cabe enfatizar que tais hábitos
alimentares e as práticas chamadas táticas estão, por muito, inseridas no
ambiente cotidiano de tais personagens, o qual gira em torno de seus vizinhos
268
e marido, o que permite a pensar a partir de (CERTEAU, 1996) e (GIARD,
1996) e (MAYOL, 1996) questões relativas ao ambiente do bairro e demais
locais públicos e privados percebidos na narrativa.
Palavras-chave: Cinema; história; cotidiano
Agência financiadora: CNPQ
O FILME “O JUDEU ETERNO” DE 1940
E A LINGUAGEM E PROPAGANDA NAZISTA
Raquel de Medeiros Deliberador (UEL)
Em um mundo em que o dinamismo está presente nas mais diferentes formas
de comunicação; a mídia, cada vez mais acessível, se expande através de uma
saturação de imagens, e propagação de ideias todas carregadas de um
discurso, uma intencionalidade, visto serem produzidas ligadas ao seu contexto
histórico, social, político e econômico. As inovações técnicas possibilitaram
diferentes produções artísticas, as quais, apresentam um alcance cada vez
maior, sobretudo às massas. Essas produções não devem ter seu valor
subestimado no âmbito da política. Como todo regime político para alcançar o
poder, foi necessária uma proposta ideológica que gerasse e atendesse aos
anseios da população. Os regimes totalitários, como o Nazismo, se utilizaram
da propaganda para difundir amplamente seus ideias através de literaturas,
panfletos, cartazes, charges, imagens e filmes. A partir de considerações
acerca dos estudos sobre a linguagem e as representações, e da imagem e do
cinema como fonte histórica, este subprojeto de iniciação científica se propõe a
aprofundar os conhecimentos acerca da linguagem e propaganda nazista para
poder refletir sobre como a produção cinematográfica em específico o filme
com estrutura documental “O Judeu Eterno” de 1940, do diretor Fritz Hippler foi
parte de uma estratégia de propaganda da ideologia antissemita do partido
nazista.
Palavras-chave: Nazismo; Propaganda; Representação; Cinema.
Agência financiadora: CNPQ
CONSIDERAÇÕES SOBRE O CINEMA
E A ANÁLISE FÍLMICA NO CAMPO DA HISTÓRIA
Rebecca Carolline Moraes da Silva (UEL)
O historiador tem uma grande gama de fontes passíveis de serem analisadas.
Por muito tempo os filmes ficaram de fora desta categoria, pois não eram
considerados à altura dos documentos históricos (oficiais, positivados). Com a
abertura da História para novos olhares, por meio da revolução documental, os
filmes puderam entrar no arsenal de fontes históricas dos historiadores,
podendo ser chamado, conforme a proposta de Jacques Le Goff (1996),
monumentalizador do passado. A partir de uma revisão bibliográfica, que passa
pelas ideias de Marc Ferro (1975; 2010) a Marcos Napolitano (2011),
estudiosos emblemáticos dessa área, este trabalho objetiva abordar a
utilização dos filmes como documentos históricos, os entraves de sua alocação
269
como fonte dos historiadores, levando em conta, também, alguns aspectos da
análise fílmica. Também é observado o caráter educativo deste tipo de fonte,
como formador de conhecimentos de base, o que influencia diretamente na
maneira de lidar com sua análise historiográfica. Ou seja, ao proceder uma
análise fílmica, o historiador deve atentar-se a o que a historiografia diz sobre o
passado e como determinado filme diz isto, para, assim, verificar o que o
espectador comum absorve desta fonte, pois ela funciona, intencionalmente ou
não, como formadora de conhecimento histórico. Por fim, conforme sugere o
autor Pierre Sorlin (apud NAPOLITANO), uma análise fílmica no campo da
História deve observar como o filme representa determinada sociedade, com
suas hierarquias e conflitos, e também qual o apelo ao espectador, ou seja,
qual reação o filme provoca em que o vê.
Palavras-chave: Cinema; fontes históricas; análise fílmica.
DA CORRELAÇÃO ENTRE A INTERPRETAÇÃO DAS FONTES E OS
FUNDAMENTOS METODOLÓGICOS DE ANÁLISE.
Bárbara Valente de Deus Duarte (UEM
Esta pesquisa do campo das teorias da história visa relacionar a escolha e a
interpretação das fontes com os seus referenciais metodológicos. O ponto de
partida é analisar a diferenciação dos pesos e das prioridades que distintas
escolas de pensamento atribuem às fontes de pesquisa histórica. Em suma,
trata-se então de um exame das vertentes historicista e austríaca, focalizando
alguns dos seus principais expoentes teóricos, os seus elementos
metodológicos de análise, o nexo existente entre eles e o tratamento teórico
dado às fontes de pesquisa. Seguindo o referencial convencional para estudos
do tipo essencialmente qualitativo, esse trabalho se dividiu em duas fases,
sendo a primeira focada substancialmente na análise e interpretação de cada
uma das escola e a segunda uma ponderação e contraposição das duas
correntes caracterizando e diferenciando o modo como propõem o uso das
fontes de pesquisa. Comparando-as, concluiu-se que enquanto os Historicistas
priorizam fontes tais como documentos oficiais, fatos e datas inserindo o objeto
de estudo em um dado local histórico, os Austríacos oferecem
uma
abordagem priorizando a história das ideias. Esta seria para eles a fonte
essencial para entender as conexões entre as relações de indivíduos e
instituições no contexto do individualismo metodológico subjetivista.
Palavras-chave: Teorias da História; Historiografia; Fontes de Pesquisa
História; Historicismo; Escola Austríaca.
A HISTORIOGRAFIA SOBRE O ESPAÇO PARANAENSE PRODUZIDA POR
PESQUISADORES DA UNIVERSIDADE ESTADUAL DE PONTA GROSSA
Taiane Vanessa da Silva (UEL)
O presente texto tem o propósito de expor resultados do subprojeto integrado
ao projeto “A historiografia no Paraná (1970-2012) - os historiadores, seus
lugares e suas regiões”. As pesquisas têm como foco a análise da historiografia
270
produzida pós década de 1970 nas universidades paranaenses ligadas à
temática da “História Regional”. Como ponto central tem-se o “lugar social” – no
qual o conhecimento histórico é disseminado – da Universidade Estadual de
Ponta Grossa (UEPG) e, por conseguinte, a análise de obras de pesquisadores
deste ambiente, que as produziram neste “lugar social” ou em outros,
concernentes a “História do Paraná”. Acerca do procedimento metodológico,
utilizamos a análise de produção bibliográfica ou acadêmica, proposta por
François Hartog, tendo como fontes de análise prefácios e outras formas de
apresentação da obra. O embasamento teórico se pauta no conceito de
“regime de historicidade”, discutido pelo mesmo autor, que colabora para a
percepção de influências que o tempo e o “lugar social” operam sobre o autor
na elaboração de seu trabalho. Em linhas gerais, com a análise das obras
escolhidas, pretendemos mostrar: a relação dos historiadores com seu próprio
contexto, os quais buscaram titulações de mestrado e doutorado, por exemplo,
em programas de pós-graduação, e as influências do ambiente no qual o
conhecimento histórico foi produzido.
Palavras-chave: Historiografia paranaense; universidade; espacialidades;
temporalidades.
O PARTIDO DOS TRABALHADORES DE SANTA HELENA-PR: O USO DE
ENTIDADES COLETIVAS COMO INSERÇÃO POLÍTICA
Diná Schmidt (UNIOESTE/UNICENTRO)
Este trabalho tem por objetivo analisar como militantes do Partido dos
Trabalhadores do município de Santa Helena-PR utilizaram, ao logo da década
de 1990, caminhos alternativos ao seu partido político para colocar em prática
projetos sociais e políticos que não eram factíveis, por meio do partido, em
função de sua dificuldade de inserção nos meios executivo e legislativo do
espectro político daquele município. Para este fim abordarei a Academia
Cultural de Santa Helena (ACULT), a Rádio Comunitária Liberdade, mantidas e
administradas pela primeira, e a AMPAS, Associação Municipal dos Pequenos
Agricultores de Santa Helena. Embora essas entidades não tenham sido de
atuação exclusiva de membros do Partido dos Trabalhadores, elas se
configuraram como espaços importantes de inserção social e política, tanto
individualmente, como para o partido. Esta abordagem é feita a partir de
narrativas orais, produzidas por mim, e documentos produzidos por estas
entidades, como atas, relatórios e materiais de divulgação. O suporte teórico e
metodológico utilizado para a produção da pesquisa vem do diálogo com
referências acadêmicas que propiciam a reflexão sobre a experiência da
militância política, as relações entre narrativa e memória, e ainda bibliografia
que ampara a historicização do Partido dos Trabalhadores (THOMPSON,
ARFUCH, MENEGUELLO e etc.).
Palavras-chave: Partido dos Trabalhadores; experiência; narrativa; memória.
Agência financiadora: CNPq.
271
A PRÁTICA DA REPRESENTAÇÃO DO COMITENTE NA IMAGEM
RELIGIOSA: O CASO DO CRUCIFIXO DE GIUNTA PISANO
André Luiz Marcondes Pelegrinelli (UEL)
Frei Elias, ministro-geral da Ordem dos Frades Menores entre os anos 1233 e
1239 fez-se representar em uma imagem, prática corrente na imagética
medieval. O “grande crucifixo” de Giunta Pisano produzido em 1236 para a
Basílica de São Francisco, Assis, trazia aos pés de Cristo a imagem do frade
que anos depois seria deposto do cargo pela oposição de numerosos frades e
do papado. Essa imagem alcançou tamanho prestígio e reconhecimento que se
tornou modelo para um grande número de cruzes que se alastraram pelas
igrejas italianas do baixo medievo (NESSI: 1994, 207), e contribuiu para a
construção de uma tradição iconográfica franciscana. Acontece que essa
imagem se perdeu, provavelmente destruída, no século XVII. Como estudar
uma imagem que foi perdida? Escritos, como os de Ângela de Foligno, século
XIII; Giuseppe Rotondi , século XVII e do Frei Francesco Maria Angeli, século
XVIII, fazem referência ao crucifixo de Giunta. Além destes relatos, as mais
importantes referências a obra de Giunta são outros crucifixos, afinal, as
imagens se citam: esse crucifixo possui uma imagem próxima, produzida pelo
mesmo artista, para a Igreja de Santa Maria degli Angeli; um outro, perugino,
produzida pelo “Mestre de São Francisco” também recebeu influência do
protótipo de Giunta; ainda outro, produzida pelo “Mestre de Santa Clara”, para
a Basílica de Santa Clara, Assis, fazem referência ao crucifixo aqui estudado.
Palavras-chave: Giunta Pisano; Frei Elias; Crucifixo.
A INQUISIÇÃO E A SUA INFLUÊNCIA NA SOCIEDADE LUSITANA DOS
SÉCULOS XVI E XVII
Andreza da Silva (UEM)
O trabalho analisa a Inquisição Portuguesa, instituída em 1536 por D. João III.
O estabelecimento da Inquisição em Portugal decorre de acontecimentos
externos e internos ao Reino de Portugal. Nosso objetivo foi compreender o
que ocorria dentro dos estabelecimentos da Inquisição. Quais eram os
procedimentos, como se chegava as acusações, os métodos de obtenção de
“provas” e as confissões. Com base no documento “Notícias Recônditas sobre
o modo de Proceder a Inquisição de Portugal com seus presos”, em textos
contemporâneos à Inquisição e na historiografia, podemos observar que
grande parte das acusações que levavam as pessoas a serem acusadas,
presas, julgadas e condenadas não tinham fundamento. Eram, frutos de um
sistema opressor que, ao longo do processo obrigava aquele que estava sendo
processado a acrescentar novas transgressões à aquela que dará origem ao
processo e a denunciar outros “hereges”. Mesmo após cumprirem suas penas,
os sentenciados continuavam a ser estigmatizados e sofrendo as
consequências de terem passado pelos cárceres da “Fortaleza do Rossio”.
Palavras-chave: Cárcere; Cristãos-novos; Ideologia; Inquisição.
272
A HISTÓRIA DA MAÇONARIA EM GOIOERÊ: SIMBOLOGIAS, CRENÇAS,
VALORES E INTERAÇÕES SOCIAIS.
Eduardo Ferreira Evangelista (UNICESUMAR)
Esse trabalho tem como objetivo apresentar a proposta de pesquisa que
estamos desenvolvendo em forma de Projeto de Iniciação Científica, cujo
desígnio é analisar o papel dos maçons na sociedade, revisitando as suas
origens e se voltando para a construção e instalação da maçonaria na cidade
de Goioerê. Nesse contexto, abordaremos uma visão holística referente às
memorias dessa instituição. Procuraremos primeiro analisar o surgimento da
maçonaria planetária e sua disseminação no território brasileiro, pautando-se
no entendimento de suas simbologias, crenças, valores e interações sociais.
Em um segundo plano buscaremos fazer um levantamento de figuras
importantes na história brasileira, que eram integrantes da maçonaria e
enfatizaremos suas contribuições no ambiente político, econômico e social, de
maneira que possibilite uma compreensão dessa instituição. Por último, nos
voltaremos a construção e instalação maçonaria em Goioerê, analisando suas
relações, postura social e ações desenvolvidas no município. O conjunto do
presente trabalho pretende utilizar-se de revisão bibliográfica acerca do tema
proposto, bem como as contribuições de autores no meio acadêmico,
oportunizando uma reflexão sobre o papel desenvolvido pelo maçom na
sociedade, desejando assim compreender os estereótipos sociais relacionados
aos membros das instituições maçônicas, formados por meio de paradigmas,
fundamentados em crenças que criam no imaginário popular, um ambiente de
ocultismos e magia.
Palavras-chave: Maçonaria, Maçom, Sociedade
Agência financiadora: Banco do Brasil.
DO ORIXÁ AO SANTO: UMA ABORDAGEM DO PRÉ CONCEITO E DO
SINCRETISMO RELIGIOSO EM SALA DE AULA.
Emeline Calloi Palosi (UEM)
Mariana Rodrigues da Silva (UEM)
Sirlei Maria Siofre (UEM)
A presente comunicação visa discutir e analisar a metodologia de trabalho
utilizada em uma atividade desenvolvida com uma turma de 7º ano do ensino
fundamental do Colégio Estadual Alfredo Moisés Maluf por meio do Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência (PIBID) do curso de História
(sede) da Universidade Estadual de Maringá (UEM). Tal atividade apresentou
um duplo objetivo: o de desconstruir o misticismo criado em torno das religiões
de matriz afro realizando com os alunos um retorno histórico que fornecesse
uma melhor compreensão das origens deste fenômeno religioso bem como
suas modificações ao longo do tempo e o de possibilitar o entendimento dos
elementos que levaram a necessidade do sincretismo religioso, destacando
como tema principal os pontos em comum entre o orixá e o santo sincretizado,
simbologia comum de algumas religiões afro-brasileiras. A discussão da
metodologia se realiza a partir das observações da professora e das pibidianas
273
responsáveis pela aplicação da atividade. O trabalho leva em conta a reação,
participação e o comportamento dos alunos do momento inicial da
apresentação da proposta de trabalho até a produção final da atividade,
destinada a exposição cultural da semana da consciência negra realizada no
colégio, para toda a comunidade, em novembro de 2014.
Palavras-chave: Sincretismo religioso; PIBID; Orixá; Santo.
CONSIDERAÇÕES SOBRE PRESENÇA DO HALLEL EM MARINGÁ – PR
(1995-2015)
Mariane Rosa Emerenciano da Silva (UEM)
A presente comunicação está vinculada ao Projeto de Iniciação Científica
intitulado “A presença do Hallel em Maringá – Pr (1995-2015)” cuja
problemática consiste em compreender a relação entre os movimentos leigos e
a Igreja Católica pós Concilio Ecumênico do Vaticano II; analisar o contexto de
surgimento do Hallel em Maringá, sendo realizado sua primeira edição no dia
30 de julho de 1995, organizado por um movimento de leigos da Igreja Católica
o Projeto Mais Vida; contribuir ao estudo da história do catolicismo de Maringá
e observar a repercussão do evento por meio das fontes periódicas, assim
como observar por meio da pesquisa, a construção do movimento leigo e de
seu papel na história da religião Católica de Maringá. As fontes utilizadas
referem-se ao jornal impresso O Diário do Norte do Paraná. Os aportes
teóricos iniciais da pesquisa são Jacques Le Goff (2013) e a discussão acerca
dos documentos/monumentos, Roger Chartier (1991) e a noção de
“representação” e Tania Regina de Luca (2008), por meio de suas reflexões
sobre o trato metodológico para com jornais.
Palavras-chave: Hallel; Catolicismo; Maringá; jornais.
Agência financiadora: CNPQ
O SURGIMENTO DO SAGRADO COM A FIGURA DO MONGE JOÃO MARIA
DE JESUS
Rodrigo Correia Barboza (UEM)
Thiago Caetano Custódio (UEM)
Nesse artigo, analisamos o universo das crenças e religiosidades presentes em
Faxinal-PR observando o contexto da Guerra do Contestado identificamos o
Monge João Maria um religioso que contribui gradativamente para a sociedade
e a cultura paranaense, nos concentramos em analisar a presença do sagrado
na figura religiosa do Monge manifestada em uma capelinha desta cidade. A
lenda diz que ele passava pelos lugares falando de Deus muitas pessoas o
acompanhavam, nessa pesquisa vamos identificar o contexto em que o Monge
apareceu, seus milagres, o culto sua diferença com o catolicismo ortodoxo. O
foco geral foi ver qual o papel que o monge exercia na cultura dessa cidade,
para isso utilizamos o historiador francês Roger Chartier, da qual identificamos
um conceito importante para seguir na pesquisa. A representação cultural
proposta por Chartier fez com que percebemos o papel do Monge João Maria
274
na cultura local a partir disso a representação da crença por meio da fé na
capelinha construída para homenagear o Monge. Diante esse campo
presenciamos fatos e relatos que nos remetem aos milagres
Para realizamos essa análise prosseguimos com o referencial teórico
direcionado na proposta de representação de sagrado e profano proposta pelo
historiador Mircea Eliade, o historiador Renato Mocellin possibilitou o nosso
estudo nos aspectos da Guerra do Contestado da qual identificamos, o papel
do Monge João Maria na sociedade da época. O historiador Ruy Christovam
Wachowicz sintetiza fatores econômicos e sociais da história do Paraná, pois
com estes esclarecimentos podemos compreender importância da figura
religiosa neste contexto.
Palavras-chave: Monge; sagrado; cultura.
A SUBSTITUIÇÃO TRIBUTÁRA: VANTAGENS E DESVANTAGENS PARA
EMPRESAS OPTANTES PELO SIMPLES NACIONAL
Benedito Alberto da Silva ( UNESPAR-Apucarana)
Yandra Cristine Maciel Bezerra (UNESPAR-Apucarana)
Bruno Barros de Lima ( UNESPAR-Apucarana)
Paulo Cruz Correia ( UNESPAR-Apucarana)
A redução da atividade econômica, por força da crise internacional desde 2008,
envolve atualmente a retração do crescimento econômico e dos investimentos
empresariais brasileiros. Diante disso, novas modalidades de pagamentos de
tributos estão sendo lançados pelo governo brasileiro. O presente artigo busca
analisar o impacto do ICMS – pago pelas empresas optantes pelo Simples
Nacional, em relação às vantagens e desvantagens principalmente para as
micro e pequenas empresas. A metodologia utilizada é a da pesquisa
bibliográfica, através de recentes fontes, como artigos, livros, revista e sites e
pesquisa documental; e, por observatório em escritório da área contábil. O
imposto ICMS é medido pelo valor estimado das indústrias em todas as
cadeias, quando estas operam os produtos enquadrados pelo regime de
substituição tributária. Se a nova adesão ao simples permite às empresas
simplificarem o modo de recolhimento, por outro lado, através deste estudo, foi
possível indicar a contrariedade prevista na Lei Complementar 123 de 2006;
que trata do estatuto da microempresa demonstrando a controvérsia, através
de cálculo nas operações de compras e vendas destas empresas; e, ainda foi
possível verificar que as referidas empresas não possuem tratamento
diferenciado, quando operam produtos nas cadeias do ICMS; apontando
dificuldades para que essas empresas mantenham-se no mercado. Além disso,
elas deixam o direito de crédito desse imposto previsto na Constituição
Federal.
Palavras-chave: Substituição Tributária; Imposto; e, Simples Nacional.
275
MEMÓRIA, TRADIÇÃO E COSTUME DOS KAINGANG DA T.I. IVAÍ (PR):
DOCUMENTAÇÃO E ETNOGRAFIA
Tatiane Ananias Fernandes Freitas Bolsista (UEM)
As sociedades tradicionais frequentemente são tratadas como submetidas (e
submissas) às dominações, e continuam sendo consideradas como sociedades
do consentimento e da passividade. Buscando evitar o reducionismo, a
polarização e a simplificação das relações entre a população indígena
Kaingang do Ivaí e a população não indígena, mas evidenciar sua
complexidade, essa pesquisa segue ancorada nos estudos antropológicos e
etno-históricos, que buscam evidenciar a atuação dessa população
etnicamente diferenciada na manutenção dos seus modos de vida tradicionais,
mediante processos que se desenvolvem na dinâmica da realidade cotidiana,
sendo socialmente construídos. Dentro da perspectiva de estudar a relação
entre memória, tradição e costume dos Kaingang da Terra Indígena Ivaí, este
recorte pretende contribuir com os estudos documentais e etnográficos, a partir
da metodologia da história oral. Sob uma abordagem historiográfica que
considera e valoriza o protagonismo indígena, esse estudo procura
compreender a lógica própria da cultura Kaingang e os modos pelos quais essa
comunidade foi capaz de empreender uma resistência que, mesmo diante das
perdas irreparáveis, do ponto de vista cultural, que o contato com os não
indígenas e sua cultura diferente acarretou, mantêm vivas as suas histórias,
tradições, mitos, ritos, memórias e costumes nas práticas cotidianas, e que, na
busca por sua existência e continuidade, transitam a alteram
convenientemente, individual ou coletivamente, as categorias de mudança e
permanência/ruptura e continuidade.
Palavras-chave: Kaingang; resistência; tradição; modernidade; história oral.
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