do PDF
Transcrição
do PDF
experiences Descoberta urbana Templos do Flamenco Temples of Flamenco Recém-reconhecida como Patrimônio Imaterial da Humanidade, a mais emocionante expressão musical da Espanha ganha força nos bares, restaurantes e casas de espetáculos de Madri Recently-recognized as a Intangible Cultural Heritage, Spain’s most exciting musical expression has picked up force in Madrid’s bars, restaurants and performance venues por/by Daniel Nunes Gonçalves fotos/photos Luiz Maximiano 62 RED urban discovery Bailaora ensaia sozinha em uma das 15 salas do Centro de Arte Flamenco y Danza Española Amor de Dios: mais tradicional escola do mundo A bailaora rehearsing alone in one of the 15 rooms at the Centro de Arte Flamenco y Danza Española Amor de Dios: the most traditional school in the world 63 experiences EXPERIENCES Nonooono urbana Descoberta Alunas da Amor de Dios ensaiam o sapateado e o balé de mãos e mantóns, como são chamados os xales: saltos 5 são repletos de pregos Students at Amor de Dios practice tapping and a ballet of hands and mantóns, as the shawls are called: two-inch heels that are rife with nails 64 RED urban discovery O s olhos miram-se imóveis no espelho, queixos altos, mãos na cintura. Quando a professora bate palmas e o senhor na cadeira ao lado começa a dedilhar as cordas do violão, o grupo de alunas bailaoras arregaça as saias e passa a sapatear sincronicamente sobre saltos de 5 centímetros cravejados de pregos. Demarcado por um complexo ciclo rítmico de 12 compassos, o cruzar de pernas é acompanhado pelo balé aéreo de mãos e braços, que se dobram leves como penas. Mesmo compenetrada, a carioca Tatiana Bittencourt mantém o sorriso no rosto enquanto rodopia e faz dançar no ar seu xale, aqui chamado de mantón. Professora de dança no Rio de Janeiro, ela não disfarça a satisfação ao bailar na Amor de Dios, principal escola de flamenco de Madri e do mundo, onde circulam diariamente mil alunos, metade deles estrangeiros. “Esperei dois anos para voltar para cá e passar dois meses me aperfeiçoando”, contaria mais tarde. Em sua quarta viagem de imersão no universo flamenco da capital da Espanha, Tatiana se integrou a um batalhão de dançarinos dedicados a aprender ali, com 30 professores, as técnicas da principal expressão musical espanhola. Naquele sábado de fevereiro, Tatiana tinha pressa. Ao fim da aula, caminhou rapidamente pelos corredores, escutando os sons de castanholas, cajóns e guitarras flamencas que ecoavam das 15 salas. Corria para não se atrasar para a apresentação de Farruquito. Você pode não conhecer Farruquito, um dos grandes nomes do bailado flamenco, ou o Tomatito, lenda viva dos violões. Mas naquela noite, madrilenhos e turistas admiradores de flamenco se dividiam para assistir às performances dos dois. Farruquito dançaria no Casa Patas, uma fundação composta por conservatório e restaurante que tem, nos fundos, um tablao, o tablado para apresentações de flamenco. Já Tomatito fecharia a série de cinco noites do 19º Festival Flamenco Caja Madrid (www. obrasocialcajamadrid.es), tocando para 1.100 pessoas na casa de espetáculos Teatro Circo Price, pertinho dos Museus do Prado e Reina Sofía. Em uma evidência de como o flamenco tem agitado o circuito cultural de Madri, o Guía del Ocio (www.guiadelocio.com/madrid), semanário de entretenimento vendido nas bancas de jornal, listava 18 apresentações naquela semana. E entre 4 de junho e 2 de julho, um festival ainda maior, o Suma Flamenca (www.madrid.org/sumaflamenca), deve mobilizar a cidade. Still eyes stare into the mirror, chins up, hands on hips. When the instructor claps her hands and the old gentleman in the chair beside her starts strumming his guitar, the group of student bailaoras roll up their skirts and begin to tap dance in synch on two-inch nailstudded heels. Characterized by a complex rhythmic cycle of 12 measures, the leg movements are accompanied by an aerial ballet of hands and arms, which fold lightly like feathers. Absorbed as she is, Rio native Tatiana Bittencourt maintains a smile on her face while she twirls her shawl, here known as a mantón, making it dance in the air. A dance teacher in Rio de Janeiro, she doesn’t hide her pleasure in dancing at Amor de Dios, the biggest flamenco school in Madrid and the world, where a thousand students, half of them foreigners, circulate each day. “I waited two years to come back here and spend two months perfecting my skills,” she would tell later on. On her fourth trip of immersion in the flamenco world of the Spanish capital, Tatiana became a part of a troupe of dancers dedicated to learning the techniques of Spain’s main musical expression from 30 different teachers. On that Saturday in February, Tatiana was in a hurry. At the end of the class, she walked quickly through the halls, hearing the sounds of castanets, cajóns and flamenco guitars that echoed from the 15 classrooms. She rushed so as not to be late for Farruquito’s show. You may have never heard of Farruquito, one of the big names in flamenco dance, or Tomatito, an acoustic guitar living legend. But on that night, Madrid residents and tourist flamenco enthusiasts would split to watch the two of them perform. Farruquito was to dance at Casa Patas, a foundation composed of a conservatory and a restaurant which, in the back, has a tablao, a stage for flamenco performances. Meanwhile, Tomatito was to close a five-night series at the 19th Festival Flamenco Caja Madrid (www.obrasocialcajamadrid.es), playing for 1,100 people at Teatro Circo Price, nearby the Prado and Reina Sofía museums. As a testament to how much flamenco has been enlivening Madrid’s cultural circuit, Guía del Ocio (www.guiadelocio. com/madrid), a weekly entertainment publication sold at newsstands, listed 18 performances that week alone. And between June 4th and July 2nd, an even bigger festival, Suma Flamenca (www.madrid.org/ sumaflamenca), is set to mobilize the city. 65 experiences Descoberta urbana PATRIMÔNIO DA HUMANIDADE Os estudiosos acreditam que o flamenco nasceu no século 15, na região de Andaluzia, sul da Espanha, e que a palavra venha de felag mengu, “camponês fugitivo” em árabe. Seria uma fusão da música dos ciganos que vinham do Norte da Índia com a dos mouros e judeus que já habitavam a região. Antes uma manifestação regional, ele só adquiriu o formato de performance artística no século 19, com a difusão de seus três pilares unidos: o cante, canções profundas que fazem lembrar uma prece muçulmana; o toque, melodia comandada por um violão especial, a guitarra flamenca; e o baile, a dança vigorosa que se assemelha a uma incorporação visceral. Em novembro de 2010, a Unesco o reconheceu como Patrimônio Imaterial da Humanidade. “Este título vai contribuir para que mais gente descubra esta arte viva”, comemora Carmen Linares, uma das divas do cante, que se apresentou no festival de fevereiro. Nascida no sul do país há 60 anos, ela se mudou para Madri em 1965 para trabalhar com flamenco. “Na Andaluzia está o berço, mas aqui se multiplicam os tablaos, os espetáculos, o público”, conta. O movimento das casas flamencas evidencia essa retomada. Um exemplo é a recente reforma do Villa Rosa, na Plaza Santa Ana, um dos míticos cafés cantantes que sediaram a fase áurea do flamenco entre o fim do século 19 e as primeiras décadas do século 20, segundo o “flamencólogo” José Blas Veja, autor de 50 Años de Flamencologia – e proprietário do sebo Librería del Prado, pertinho da escola Amor de Dios. Preservando os belos azulejos de 1928, o Villa Rosa, que funcionava como discoteca nos últimos anos, reabre agora como restaurante com tablao. Já o Cardamomo, um bar popular proximo à Puerta del Sol, há dois anos incorporou shows flamencos em seu tablao, deixando as baladas para depois da meia-noite. Aos domingos, o Cardamomo se transforma para receber o público infantil com o espetáculo teatral El Bosque Flamenco – que já teve na plateia até a princesa das Astúrias, Letizia Ortiz, e suas duas filhas. “Esta renovação é fundamental”, acredita o cantaor Miguel Poveda, revelação da Catalunha que se tornou um galã do flamenco e abriu o festival Caja Madrid. “Muitos ídolos morreram, outros talentos desistem porque esta é uma carreira difícil, especialmente em tempos de crise, mas temos de resistir.” O baixo-astral que assola parte da Europa em função dos problemas econômicos, por sinal, parece até combinar com muitas das letras flamencas, que choram dores de amor e injustiças sociais. Poveda chega a fazer sete shows por mês, mas lamenta não ganhar dinheiro como se cantasse música pop. “Com o flamenco eu nunca vou lotar uma Plaza de Toros, como faz o Julio Iglesias”, compara outro cantor do festival, o madrilenho Juan Valderrama. “Mas o flamenco é a voz do povo, tem um público fiel.” Filho do casal de cantaores Juanito Valderrama e Dolores Abril, ele acredita que o flamenco é mais complexo e nem sempre triste como o fado português ou o tango argentino. “O flamenco nasceu nesta eterna terra de trânsito que é a Espanha, e belisca todos, do Oriente ao Ocidente.” 66 RED urban discovery WORLD HERITAGE Experts believe that flamenco originated in the 15th century in the Andalusia region, in southern Spain, and that the word comes from felag mengu, which means “ fugitive peasant” in Arabic. It is supposed to have been a fusion of the music of the gypsies who came from northern India with that of the Moors and Jews who inhabited the region. Previously just a regional manifestation, it would only acquire the format of an artistic performance in the 19th century, with the spread of its three unified pillars: the cante, a profound singing that’s evocative of Muslim prayer; the toque, a melody commanded by a special acoustic guitar, the flamenco guitar; and the baile, a vigorous movement that’s similar to a visceral possession. In November of 2010, Unesco recognized it as an Intangible Cultural Heritage. “This title will contribute to more people discovering this living art,” celebrates Carmen Linares, one of the singing divas, who performed at the festival in February. Born in the south of the country 60 years ago, she moved to Madrid in 1965 to work with flamenco. “The birthplace is Andalusia, but it’s here that the stages, spectacles and audiences multiplied,” she says. The success of these flamenco houses is evidence of this resurgence. One example is the recent renovation of Villa Rosa, at Plaza Santa Ana, one of the mythic singing cafes which was home to the glory days of flamenco between the late 19th century and the first decades of the 20th century, according to “flamencologist” José Blas Veja, author of 50 Años de Flamencologia – and owner of the used bookstore Librería del Prado, nearby the Amor de Dios school. Retaining the same lovely tiles from 1928, Villa Rosa, which functioned as a nightclub in recent years, has now reopened as a restaurant with a tablao. Meanwhile, Cardamomo, a popular bar near Puerta del Sol, has been welcoming flamenco shows to its stages for the past two years, and leaving the parties for after midnight. On Sundays, Cardamomo is transformed to receive children for the theater spectacle El Bosque Flamenco – which even welcomed Letizia Ortiz, princess of Asturias, and her two daughters in the audience. “This resurgence is fundamental,” claims singer Miguel Poveda, a new star from Catalonia who’s become a flamenco heartthrob and kicked off the Caja Madrid festival. “Many idols have died, other talents have given up because it’s a difficult career, especially in times of crisis, but we need to hold on.” The mood of depression that’s descended on part of Europe due to economic problems actually seems to match with many of the flamenco lyrics, which speak of the pain of love and social injustice. Poveda plays as many as seven shows a month, but laments the fact that he doesn’t earn the money he would if he sang pop songs. “With flamenco, I’ll never fill up Plaza de Toros like Julio Iglesias does,” explains another singer at the festival, Madrid native Juan Valderrama. “But flamenco is the voice of the common people and it has a faithful following.” The son of a couple of cantaores, Juanito Valderrama and Dolores Abril, he believes that flamenco is more complex and not as sad as the Portuguese fado or the Argentinian tango. “Flamenco was born in the land of eternal transiting that is Spain, and it takes a bit of everything, from the East to the West.” Corral de la Morería, restaurante com tablado flamenco que existe desde 1956, detalhe dos sapatos de dançarina e Carmen Linares, uma das divas do cante Corral de la Morería, a restaurant with a flamenco stage that has existed since 1956, detail of dancing shoes, and Carmen Linares, one of the singing divas 67 experiences Descoberta urbana 60000 pontos Multiplus/Multiplus points Troque 60.000 pontos Multiplus no Programa TAM Fidelidade por uma passagem de ida e volta, entre qualquer lugar da América do Sul e Madri, na Classe Econômica, em baixa estação Redeem 60,000 Multiplus points in the TAM Fidelidade Program in exchange for a roundtrip ticket between anywhere in South America and Madrid, in Economy Class, in low season Show no Casa Patas, guitarras flamencas, azulejos da mítica Villa Rosa e show de flamenco fusion do brasileiro Fernando de La Rua (tocando violão, na foto de baixo à dir.) no Artebar La Latina Show at Casa Patas, flamenco guitars, tiles at the mythic Villa Rosa and a flamenco fusion show by Brazilian Fernando de La Rua (playing guitar, in the photo at the bottom right) at Artebar La Latina 68 RED urban discovery TEM DUENDE NO TABLADO Primeiro, entram os três violeiros. Depois, sobem ao palco os três cantaores e palmeros, demarcando o canto com as palmas das mãos. Quando as três bailaoras e o bailaor começam a bater os pés no palco, tem início um ritual que parece deixá-los em transe. Tocadores de olhos fechados, cantores com cara de sofrimento e o corpo de baile se expressando de forma dramática parecem cumprir o objetivo de despertar o “duende”. Assim a comunidade flamenca denomina a sensação inebriante causada pela harmonia no tablao, que emociona tanto os artistas quanto o público – como foi possível perceber em um noite lotada de estrangeiros, alguns às lágrimas, no Corral de la Morería. Fundado em 1956 e bem localizado na rua do imponente Palácio Real, o restaurante flamenco tem paredes cheias de quadros de antigas apresentações e de outra paixão espanhola, as touradas. Conseguir uma mesa perto do palco é fundamental para bem aproveitar a uma hora e meia de espetáculo. Caso contrário, a vista acaba sendo prejudicada pela circulação dos garçons – que servem menus-degustação de 43 a 99 euros, mais os cerca de 40 euros de couvert artístico. Apesar de caro, vale a pena. Apreciada pelos turistas, a fórmula dos restaurantes com tablaos típicos de Madri consagrou também o Café de Chinitas, o Las Carboneras, o Clan e o El Corral de La Pacheca. Madrilenhos mais interessados na música que na comida preferem ir direto ao ponto no Cardamomo e no Las Tablas. Mais raras, é verdade, são as peñas flamencas, rodas informais em que não é falta de respeito interagir, por exemplo, cantando e batendo palmas. Com sorte, os mais notívagos podem ser convidados a descer ao porão do Candela, um bar underground onde a boemia flamenca se apresenta de improviso. Mas, com tamanha oferta, como decidir a qual tablao ir? “Mais importante que os lugares são os artistas”, ensina Joaquín San Juan, diretor da Amor de Dios. Como as casas revezam seu casting, é preciso checar a programação nos sites. “Se o elenco for desconhecido, pergunte para um amigo que entende”, recomenda. O próprio mural da escola, com dezenas de folders e cartazes de eventos, pode ser um ponto de partida. THERE’S A GREMLIN ONSTAGE First, the three guitarists enter. Next, three cantaores and palmeros take the stage keeping time by clapping their hands. When the three bailaoras and bailaor start stomping their feet on stage, a ritual that seems to put them in a trance begins. Guitarists with their eyes closed, singers with expressions of suffering on their faces and the dancers’ bodies expressing themselves in a dramatic manner seem to achieve the goal of awakening the “gremlin.” This is how the flamenco community refers to the inebriating sensation caused by the onstage harmony, which excites the performers just as much as it does the audience – as is well evidenced on a night packed with foreigners, some of them in tears, at Corral de la Morería. Founded in 1956 and well situated on the same street as the imposing Palácio Real, the flamenco restaurant has walls covered in framed pictures of old-time performances as well as another Spanish passion, bull fights. Getting a table close to the stage is fundamental for enjoying the 90-minute spectacle. If not, your view ends up being obstructed by the circulating waiters – who serve sampler menus that range from 43 to 99 euros, plus the approximately 40-euro cover charge. Despite the high prices, it’s definitely worthwhile. Appreciated by tourists, the formula of the restaurant with typical Madrid tablaos is also in effect at Café de Chinitas, Las Carboneras, Clan and El Corral de La Pacheca. Madrid residents who are more interested in the music than the food prefer to go straight to the point at Cardamomo and Las Tablas. Less common, indeed, are the peñas flamencas, informal sessions in which it’s not disrespectful to interact, for instance, by singing along and clapping. Luckily, those who have greater preference for the nightlife can be invited to go down to the basement of Candela, an underground bar where the flamenco bohemians perform improvisations. But, with so many options, how to decide which tablao to go to? “More important than the places are the artists,” instructs Joaquín San Juan, director of Amor de Dios. Since the houses are constantly renovating their casts, it’s necessary to check their schedules online. “If the cast is made up of unknowns, it’s best to ask a friend who understands the subject,” he advises. The wall of the school itself, with dozens of foldersand posters for events, may well be a good place to start. TERRITÓRIO FLAMENCO Criado em 1952, o Centro de Arte Flamenco y Danza Española Amor de Dios foi batizado com o nome da rua de um de seus primeiros endereços, localizado a 100 metros do atual. Fica sobre os corredores repletos de peças de jamón e cabeças de porco do Mercado de Antón Martín, mesmo nome do bairro, e acabou sendo responsável pela transformação de seu entorno em uma zona flamenca. Por todos os lados há lojas de sapatos – um par pode custar 160 euros – e roupas, como os longos vestidos cheios de babados e frente mais curta para mostrar os pés da bailaora. Em lojas como a Lola Almela, a brasileira Talita Sánchez gastou 500 euros em acessórios como flores de cabelo e habanicos (leques) para levar para suas alunas no Japão. “Moro em Madri mas rodo o mundo com o flamenco”, conta ela, cuja família organiza no Brasil, há dez anos, o Festival Internacional de Flamenco (www.festivalflamenco.com.br), que costuma acontecer em São Paulo e São José dos Campos. FLAMENCO TERRITORY Created in 1952, the Centro de Arte Flamenco y Danza Española Amor de Dios was named after the street of one of its first addresses, 300 yards away from the current one. It’s located above the corridors filled with hams and pig’s heads of Mercado de Antón Martín, the same name of the neighborhood, and ended up being responsible for the transformation of its surrounding area into a flamenco zone. Everywhere there are stores selling shoes – a pair can cost up to 160 euros – and clothing, such as the long frilled dresses with shorter fronts in order to show off the bailaora’s feet. In such stores as Lola Almela, Brazilian Talita Sánchez spent 500 euros on accessories like flowers for the hair and habanicos (fans) to take back for her students in Japan. “I live in Madrid, but I travel the world spreading flamenco,” says Talita, whose family has been organizing the Festival Internacional de Flamenco (www.festivalflamenco.com.br) in Brazil for the past ten years, usually in São Paulo and São José dos Campos. 69 EXPERIENCES Descoberta urbana O FLAMENCO NASCEU NO SUL DA ESPANHA, MAS VIROU ESPETÁCULO NOS TABLADOS DE MADRI FLAMENCO WAS BORN IN THE SOUTH OF SPAIN, BUT IT BECAME A SPECTACLE ON MADRID’S STAGES É perto da espetacular Plaza Mayor, no entanto, que fica a loja que reúne a maior oferta de artigos do gênero. Na El Flamenco Vive, os irmãos David e Alberto Martinez vendem 2 mil títulos entre CDs e DVDs, mil livros, roupas, postais e guitarras flamencas de dez fabricantes. Se a intenção for investir nas cordas, nada melhor que agendar uma visita ao ateliê Mariano Conde, que nasceu como Conde Hermanos em 1915, para acompanhar a confecção do mesmo violão comprado por Tomatito e por Paco de Lúcia, maior divulgador mundial da guitarra flamenca. Comparado ao violão clássico, o de flamenco tem uma caixa mais estreita para intensificar os sons graves e metálicos. Depois de levar até quatro meses para ser confeccionada, uma peça pode custar 15 mil euros. It is nearby the spectacular Plaza Mayor, however, that you’ll find the store with the largest offering of articles from the genre. At El Flamenco Vive, brothers David and Alberto Martinez sell 2 thousand titles between CDs and DVDs, a thousand books, pieces of clothing, postcards and flamenco guitars from ten manufacturers. If your intention is to check out some axes, your best bet isa visit to the Mariano Conde workshop, which was born as Conde Hermanos in 1915 to accompany the production of the same acoustic guitar bought by Tomatito and Paco de Lúcia, the main ambassador of flamenco guitar around the world. Compared to the classic acoustic, the flamenco guitar has a narrower body in order to intensify the low and metallic sounds. After taking as many as four months to be crafted, a single guitar can cost up to 15 thousand euros. FLAMENCO FUSION E À LA BROADWAY Exímio tocador de guitarra flamenca radicado em Madri, o brasileiro Fernando de La Rua é um dos agitadores deste circuito cultural. Além de se apresentar em tablaos e escolas, ele promove na capital espanhola o Projeto Brasil Flamenco, idealizado por sua mulher, a bailaora brasileira Yara Castro. Trata-se de encontros entre artistas espanhóis e brasileiros – como Tatiana Bittencourt, que dançava na Amor de Dios no início desta reportagem. Seu trabalho representa uma corrente contemporânea chamada de flamenco fusion. “Minha mão direita usa as técnicas do flamenco, mas a esquerda é bem brasileira”, brinca ele, que em fevereiro apresentou no pequeno Artebar La Latina o repertório de seu CD, com uma guitarra flamenca repleta de influências que vão do jazz ao chorinho. Em Madri ouve-se misturas de flamenco com rock e até com rap. Mas há espaço também para os musicais à la Broadway, com coreografias ensaiadas e bem diferentes do improviso dos tablaos. O espetáculo España Baila Flamenco costuma lotar os 300 lugares do Teatro Muñoz Seca, ao lado da movimentada Gran Vía, com 25 bailaores em cena – entre eles o brasileiro Fábio Rodriguez e a lendária Sara Lezana, que na década de 1960 contracenou com o bailaor Antonio Gades, o “Pelé” do flamenco, no cinema. Outras duas montagens da mesma companhia, Ballet Flamenco de Madrid, estão previstas para maio, em mais uma prova de que não há melhor lugar para se emocionar com este Patrimônio da Humanidade do que em Madri. FUSION FLAMENCO AND BROADWAY FLAMENCO An esteemed flamenco guitarist who resides in Madrid, Brazilian Fernando de La Rua is one of the purveyors of this cultural circuit. In addition to performances in flamenco clubs and schools, he promotes in the Spanish capital Projeto Brasil Flamenco, conceived by his wife, the Brazilian bailaora Yara Castro. They are meetings between Spanish and Brazilian artists – like Tatiana Bittencourt, who was dancing at Amor de Dios at the beginning of this article. His work represents a contemporary strain known as fusion flamenco. “My right hand uses the techniques of flamenco, but my left hand is extremely Brazilian,” jokes Fernando, who in February performed the repertoire of his new CD – with his flamenco guitar rife with influences that range from jazz to chorinho – at the small Artebar. In Madrid, you can hear mixtures of flamenco with rock’n’roll and even rap. But there’s also a space for musicals à la Broadway, with rehearsed choreography that’s much different from the improvisations of the tablaos. The show España Baila Flamenco usually fills up the 300 seats inside Teatro Muñoz Seca, nearby the busy Gran Vía, with 25 dancers in action – among them Brazilian Fábio Rodriguez and the legendary Sara Lezana, who in the 1960s performed alongside bailaor Antonio Gades, the Pelé of flamenco, in the movies. Two other spectacles from the same company, Ballet Flamenco de Madrid, are planned for May – even more proof that there’s no better place to experience the excitement of this intangible cultural heritage than in Madrid. Fachada do teatro Muñoz Seca, que até maio apresenta o espetáculo España Baila Flamenco, com 25 artistas do Ballet Flamenco de Madrid (acima, uma delas no camarim, à esq., e outros no palco, à dir.) Facade of the Muñoz Seca theater, which is hosting España Baila Flamenco until May, with 25 performers from Ballet Flamenco de Madrid (above, one of them in the dressing room, left, and others onstage, right) +34 91 INFO: MADRI: Artebar La Latina – Calle San Bruno 3, tel. 61 511-5627; Ballet Flamenco de Madrid - tel. 522-7903, www.balletflamencodemadrid.com; Café de Chinitas - Calle Torija 7, tel. 559-5135, www.chinitas.com; Candela – Calle Olmo 2, tel. 467-3382; Cardamomo - Calle Echegaray 15, tel. 369-0757, www.cardamomo.es; Casa Patas - Calle Cañizares 10, tel. 369-0496, www.casapatas.com; Centro de Arte Flamenco y Danza Española Amor de Dios - Calle Santa Isabel 5/1º, tel. 360-0434, www.amordedios.com; Clan – Calle Ronda de Toledo 20, tel. 528-8401, www.salaclan.com; Corral de la Morería - Calle Morería 17, tel. 365-8446, www corraldelamoreria. com; Corral de la Pacheca - Calle Juan Ramón Jiménez 26, tel. 353-0100, www.corraldelapacheca.com; El Flamenco Vive - Calle Conde de Lemos 7, tel. 547-3917, www.elflamencovive.es; Las Carboneras - Plaza del Conde de Miranda 1, tel. 542-8677, www.tablaolascarboneras.com; Las Tablas - Plaza España 9, tel. 542-0520, www.lastablasmadrid.com; Librería del Prado - Calle del Prado 5, tel. 429-6091, www.libreriadelprado.com; Lola Almela - Calle Duque de Fernán Nuñez 4, tel. 429-2897, www.flamencololaalmela.com; Mariano Conde Guitarras - Calle Amnistía 1, tel. 521-8155; Villa Rosa – Plaza Santa Ana 15, tel. 521-3689 AGRADECIMENTOS ESPECIAIS/SPECIAL THANKS TO: AECID Centro Cultural de España en São Paulo, www.ccebrasil.org.br; Cultyart (Festival Caja Madrid), www.cultyart.com; Mirasierra Suites Hotel, Calle Alfredo Marqueríe 43, tel. 727-7900, www.jubanhoteles.com 70 RED urban discovery 71
Documentos relacionados
FERNANDO DE LA RUA Profesor e Guitarrista
Atuaçao de flamenco com o bailaor Carlos Chamorro e o cantaor José Salinas na Córcega no Teatro da cidade de Porto Vecchio. Fernando e seus companheiros dividiram palco com os bailarinos solistas d...
Leia maisflamenco festival miami 2009
A cantora de Granada também é conhecida por incluir em seu repertório varias canções além do mundo flamenco —músicas judaicas e sucessos de Jacques Brel, por exemplo— todos sempre cantados com uma ...
Leia mais