especial capa - Revista Mundo OK
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Isso se deu de tal forma, que, hoje, uma das maiores reclamações nas entidades nikkeis é a falta de participação dos jovens descendentes, não mais envolvidos com o beisebol, as festas típicas e o karaokê, mas com interesses comuns a qualquer brasileiro, que pode ir do futebol às baladas de funk. Por outro lado, se é difícil encontrar um adolescente de olhinhos puxados que domine o idioma ancestral, aumenta, talvez em até maior proporção, o número de “gaijins” apaixonados pela multifacetada cultura da Terra do Sol Nascente. Ikebana, judô, sushi, Kurosawa e butoh, só para ficar em alguns exemplos, deixaram de ser “papo de japa”. A reportagem especial trata justamente desse assunto. São histórias de três brasileiros cujas vidas foram influenciadas de modos diferentes, mas marcantes, pelo Japão. Um dos personagens da matéria, o oftalmologista e cantor de karaokê Arnaldo Gonçalves, é o retrato fiel do brasileiro de pátria, mas japonês de coração: “Só não nasci com sangue amarelo”, brinca. O aniversário de 100 anos, ao mesmo tempo em que decreta o abrasileiramento do nikkei, marca a influência definitiva do Japão no Brasil em seus mais variados aspectos. As velinhas do bolo do centenário são, portanto, de fato e de direito também dos “nipo-gaijins”. Capa: Nipobrasileira Modelo: Isabella Lorraine Domingues Fotógrafo: Marcelo Takeo Tomita Revista Mundo OK – Ano 1 – Número 3 • Diretores: Takashi Tikasawa e Marcelo Ikemori • Editores: Rodrigo Meikaru e David Denis Lobão • Chefe de Arte: César Gois • Diagramação: Danielli Guedes e Sandro Hojo • Tradução: Clarissa Ribeiro • Redação: Daniel Verna, Daniela Giovanniello, Eugenio Furbeta, Felipe Marcos, Fernando Ávila de Lima, Layla Camillo, Leandro Cruz, Tom Marques, Túlipe Helena, Wilson Yuji Azuma • Correspondente no Japão: Fabio Seiti Tikazawa • Desenhista: Diogo Saito • Assistente: Bianca Lucchesi • Revisão: Daniel Martini Madeira • Marketing: Leandro Cruz • Assistente de Marketing: Daniel Verna, Hideo Iwata, Nicolas Tavares • Gerente de Comunicação: David Denis Lobão • Assessoria de Imprensa: Ida Telhada • Atendimento ao leitor: Michelle Hanate • Comercial: Clóvis Irie, Denis Kim, Fernando Ávila de Lima, Hideki Tikasawa, Keico Ishigaki, Luciana Kusunoki, Marcelo Ikemori, Yasutaka Arashiro • Digital: Fabrizio Yamai • Assistentes Digital: Felipe Marcos e Ulissis Massayuki • Administrativo: Suzana Sadatsune • Planejamento: Karlos Kusunoki • Contato: [email protected] • A Revista Mundo OK é uma publicação da Yamato Corporation. O Núcleo de Edição da ZN Editora se exime de quaisquer responsabilidades pelos anúncios veiculados, que são de responsabilidade única dos próprios anunciantes. Os artigos assinados e as imagens publicadas são de responsabilidade civil e penal de seus autores com a prévia, devida e expressa cessão de seus direitos autorais à Revista Mundo OK. Rua da Glória, 279 - 8° andar/ Conj. 84 • CEP 01510-001 • Liberdade • São Paulo - SP | Tel.: (11) 3275-1464 • (11) 3275-0432 agenda e notas Texto: Redação | Fotos: divulgação SUICÍDIO COLETIVO O Japão viu, mais uma vez, um caso de suposto suicídio coletivo no último dia 09 de março. Cinco pessoas foram encontradas mortas em um veículo que tinha um forno de carvão vegetal em seu interior, de acordo com a polícia. Os corpos foram achados por um homem que caminhava no sábado por um bosque no norte do Japão, na prefeitura de Aomori, informou um oficial da polícia local. Os mortos vinham de diferentes lugares do Japão, e podem ter se conhecido por internet, disse a mesma fonte. Três deles eram homens jovens, com idades entre 21 e 37 anos. OBAMA AGRADECE OBAMA Na corrida para ser o representante democrata nas eleições para presidente dos Estados Unidos, o senador Barack Obama enviou uma carta de agradecimento à cidade de Obama, no Japão. Na esperança de estimular o turismo graças à coincidência de nomes, o prefeito do município, Toshio Murakami, escreveu duas cartas ao senador no ano passado, incluindo nelas presentes como hashis (pauzinhos para comer) e um amuleto. “Estou tocado por seu gesto amistoso”, disse o candidato na carta-resposta, segundo a agência japonesa de notícias Kyodo. SEGURANÇA AUMENTO DE SALÁRIO Após seguir com a caça às baleias, o arquipélago japonês decidiu pedir um reforço da segurança de sua embaixada em Londres, após uma manifestação de opositores da caça ter causado tumulto. Na ocasião, um britânico invadiu a representação diplomática. Segundo as autoridades locais, a polícia prendeu um britânico, membro da organização de defesa do meio ambiente Sea Shepherd, que conseguiu escalar o edifício da embaixada japonesa. A manifestação coincidiu com a abertura em Londres de um encontro informal de três dias da Comissão Baleeira Internacional (CBI), para tentar conciliar adversários e partidários da caça. O primeiro-ministro do Japão, Yasuo Fukuda, sinalizou que em breve as companhias e empresas nipônicas poderão aumentar os salários de seus funcionários, em uma rara ação do líder governista para intensificar a negociação anual da gestão trabalhista. “Eu acredito que agora é o momento, os frutos da reforma devem ser repassados para a população e ao orçamento doméstico”, disse Fukuda. O premiê, que está enfrentando uma queda de popularidade, está aparentemente buscando amenizar as críticas públicas decorrentes dos aumentos nos preços do petróleo e derivados, que impulsionaram uma pressão inflacionária no país. OBSERVATÓRIO POSITIVISMO O primeiro observatório de terremotos do mundo, que permitirá examinar diretamente a atividade sísmica a seis mil metros de profundidade, vai estar pronto antes de 2012 na Fossa de Nankai, no Japão. Na primeira fase do projeto, que decorreu entre setembro de 2007 e fevereiro deste ano, a equipe de investigadores efetuou o reconhecimento - até hoje o mais exaustivo - de uma zona sísmica. As primeiras perfurações, realizadas até 3.830 metros abaixo do nível do mar, ocorreram na Fossa de Nankai, onde convergem duas placas tectônicas, a cem quilômetros da costa Leste do Japão. Nesta zona estão previstos, nos próximos 30 anos, terremotos de magnitude superior a 8 graus na Escala Richter. As reservas internacionais do Japão superaram US$ 1 trilhão em fevereiro pela primeira vez na história, devido ao fortalecimento do euro em relação ao dólar e à valorização dos títulos do Tesouro dos EUA, nos quais o governo japonês investe boa parte dos recursos. As reservas japonesas, que incluem moedas estrangeiras, ouro e direitos especiais de saque do Fundo Monetário Internacional (FMI), subiram US$ 11,94 bilhões no mês passado, para o total de US$ 1,01 trilhão, informou o Ministério das Finanças do país. O Japão e a China são agora os únicos dois países com reservas estrangeiras superiores a US$ 1 trilhão, o que pode estimular uma discussão sobre como as reservas serão administradas. Entre os motivos que levaram ao ganho nas reservas do Japão está a valorização do euro para US$ 1,5179 no final de fevereiro, de US$ 1,4861 no fim de janeiro. economia O BRILHO DO SOL NASCENTE SOBRE O BRASIL C oincidentemente, diante da proximidade com as importantes comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no país, o Brasil também começa a reunir também vários motivos para comemorar. A exemplo de seu país-amigo, o Japão, que sustentou seu espantoso crescimento econômico baseado nas políticas econômicas orientadas para o mercado interno, com forte presença do Estado como mentor do processo, proporcionando, além de infraestrutura, os quadros de uma administração pública consciente e disciplinada, o Brasil vem comemorando este ano o brilho de seu crescimento econômico sustentável. Nosso país hoje atravessa o melhor momento econômico dos últimos 30 anos, com uma inédita combinação de elementos econômicos nunca encontrados em nossa história. Por isto, merece destaque a estabilidade econômica alcançada, tanto no nível interno quanto externo; o aumento do consumo – graças a fartura de crédito no mercado que vem gerando investimentos recordes na produção - e o conseqüente aumento de renda da população. No caso do Japão, o Estado desempenhou um papel central no processo de modernização e industrialização, desde o período Meiji, em meados do século XIX, demonstrando ao resto do mundo que não era necessário abraçar e render-se à cultura ocidental, para transformar as bases de sua economia. No mesmo sentido, o Brasil seguiu uma rota diferente daquela definida por analistas e oposicionistas, que acreditavam que a única alternativa de crescimento para os países emergentes seria a formação de aliança comercial com os Estados Unidos, como previa o moribundo ALCA. Não fosse a firmeza de propósito de nossos governantes, estaríamos hoje recolhendo “os cacos” do país, em face da recessão norte-americana. Contudo, o Brasil com diferentes parceiros comerciais, vive hoje um momento muito semelhante àquele vivido pelo Japão na fase de transformação de sua economia, quando do Tratado de Kanagawa, firmado com os Estados Unidos em 1854. Na terra do sol nascente, foi neste momento em que os portos foram abertos ao comércio e iniciou-se um processo de intensa industrialização. Aliás, é bem isto o que ocorre com nosso país hoje, uma total abertura de suas portas para o comércio globalizado, onde nem mesmo as crises financeiras de importantes países são capazes de projetar grande prejuízo à estabilidade econômica vivida atualmente. Não é por outro motivo, que somos o mercado emergente do momento, segundo importantes agências de classificação de risco, que esperam Texto: Eduardo Guerra para este ano o selo de grau de investimento -um atestado de que o país não oferece mais risco de dar calote na dívida. “Há mais de um ano o mercado financeiro trabalha com essa possibilidade”, diz Mauro Leos, vice-presidente da agência de classificação Moody’s. “Portanto, não será nenhuma surpresa quando acontecer.”A Standard & Poor’s, prevê que o grau de investimento pode vir ainda em 2008. Desde o milagre econômico, nos anos 70, o país não crescia tanto por períodos seguidos. Em 2007, a taxa de crescimento do PIB surpreendeu a todos com seus 5,4%, percentual este esperado também para o ano de 2008. Coincidência ou não, o modelo japonês parece ter sido muito útil ao nossos governantes para a reversão da curva de estagnação que vivia a nossa sociedade. Como se tem visto, a disciplina e a obediência aos fundamentos econômicos traçados pelo governo brasileiro foram determinantes na mudança de rota de nosso crescimento econômico. Neste cenário destaca-se o equilíbrio fiscal, o superávit da balança comercial, o investimento em exportação, a flexibilização do câmbio, o controle da inflação e a manutenção das taxas de juros. Assim como estes padrões e valores permitiram o Japão realizar o salto para a modernidade, também o Brasil parece estar em seu momento de ouro. O resultado deste esforço foi a migração da situação de cultivadores de arroz para líderes de indústria e de finanças no mundo da globalização, sem romper os elos de ligação com as normas de conduta e os valores tradicionais. Estes aspectos parecem ter sido de suma importância no estabelecimento de um crescimento sustentável, como este em que o Brasil começa a atravessar. O cenário para o investimento estrangeiro nunca foi tão favorável, e o índice de ingresso deste capital no país bate sucessivos recordes. O país avança rapidamente como mercado consumidor em escala global e já possui o maior mercado acionário emergente. A economia mantém o ritmo forte e cresce sem parar há 24 trimestres. E o resultado deste momento é o crescimento de empresas globais, como se asssitiu em relação a Vale, Gerdau, Petrobrás, Friboi, Grandene, entre outras, que não param de expandir seus investimentos mundo a fora. Por este motivo, o ânimo dos investidores estrangeiros parecem bastante acirrados em direção ao mercado brasileiro. Uma pesquisa exclusiva feita por EXAME com 136 presidentes de empresas de capital estrangeiro instaladas no país mostra que o humor das matrizes em relação ao Brasil mudou -- para melhor. A maioria desses executivos considera que a economia brasileira está bem melhor do que há cinco anos. Quase 90% deles afirmam que os investimentos na operação local aumentaram nesse período. Olhando para o futuro, as expectativas são de mais crescimento e ampliação dos negócios no país. O mesmo acontece com as empresas japonesas que começam a reavaliar suas previsões conservadoras iniciais, para fazer frente a um novo momento de investimento. Em minha estada no Japão no final de 2007, pude perceber notoriamente a confiança depositada pelos empresários japoneses em suas subsidiárias no Brasil. Hoje acompanhando os noticiários econômicos internacionais estes dirigentes devem estar muito mais animados e confiantes em suas apostas. Deste espetáculo só podemos tirar uma conclusão, de que esta é a hora do Brasil aproveitar os raios de luz do sol nascente que brilham por estas fronteiras. Eduardo Guerra é sócio do Guerra, Batista Associados Rua Itapeva, 240 – cjs. 1701 a 1703 Cep 01332.000 – São Paulo/SP Telefone:55 11 3251.1188 Fax: 55 11 3251.4956 Website: www.guerrabatista.com.br e.mail: [email protected] entrevista O nikkei ministro do STJ O Ministro Massami Uyeda Texto: Redação | foto: Divulgação nissei Massami Uyeda fez história em 2006 ao ser nomeado ministro do Superior Tribunal de Justiça (STJ). Ele integra a Quarta Turma da Segunda Seção da principal corte de arbitragem do Brasil. É o primeiro nikkei a atingir essa posição. Com o cargo, aumentaram as responsabilidades. O expediente, agora, é em Brasília, onde chegam diariamente milhares de processos, muitos deles presentes diariamente nos noticiários nacionais. Está em sua mesa, por exemplo, o caso Palace II, edifício da construtura do ex-deputado Sérgio Naya, que desmoronou em 1998, deixando oito mortos. Natural de Lins (SP), o ministro sempre esteve envolvido com a comunidade nikkei e, atualmente, participa dos bastidores das comemorações do centenário da imigração. Autor de diversas obras jurídicas, sendo a mais conhecida o livro Da competência em matéria administrativa, ele se graduou e doutorou em direito pela Universidade de São Paulo (USP), onde seguiu também a carreira de professor. Ao mesmo tempo em que atinge o auge da carreira jurídica, o senhor assume um cargo de enorme responsabilidade. Como encara o desafio de ocupar o posto de ministro de um órgão fundamental para sociedade brasileira? O Superior Tribunal de Justiça é a mais alta Corte infraconstitucional do Brasil. Por isso, é também conhecida como o Tribunal da Cidadania. Significa dizer que todas as causas que envolvem conflitos jurídicos e não digam respeito à estrutura constitucional do Estado, que é de competência do Supremo Tribunal Federal, em grau de recuso especial devem ser analisadas e julgadas aqui no STJ. Suas decisões são definitivas, ou seja, não comportando outro recurso. Então, o ofício de julgar passa a exigir do julgador um trabalho minucioso. Se de um lado exige-se muito, de outro, é gratificante, no sentido em que se pode efetuar a distribuição de justiça. A trajetória do senhor coincide, em parte, com a de muitos nipobrasileiros, que encontraram nos estudos o meio para ocupar espaços sociais. Acredita que a posição que atingiu tem relação com sua ancestralidade japonesa? De fato, pode-se dizer que a preocupação de meus pais em proporcionar e incentivar não só a mim, como a meus irmãos, o acesso escolar em seus diversos e sucessivos níveis está na base de minha trajetória pessoal e profissional. Devo a eles minha formação. Ambos transmitiram valores fundamentais, como o respeito às pessoas e a crença no trabalho e na integridade. O senhor se manifestou algumas vezes sobre o excesso de processos que poderiam ser concluídos em instâncias inferiores ou por meio de acordos. Pelas estatísticas do site do STJ, cerca de metade dos pedidos são negados. Enxugar a máquina é um de seus principais desafios como ministro? Quais são os outros desafios? A imensa quantidade de recursos que chega ao Tribunal, fenômeno que acomete não só o STJ, mas também o judiciário como um todo, se de um lado é sinal indicativo de que a cidadania está desperta para a busca e obtenção de seus direitos, de outro chega mesmo a inviabilizar a própria atividade jurisdicional. Então, é necessário que se pense em alcançar o objetivo da pacificação social por meio de canais alternativos, tais como conciliação, arbitragem e transação para a resolução de conflitos de interesses. Na verdade, há que se substituir a cultura da litigiosidade pela cultura da concórdia. Esta substituição há de passar necessariamente pela educação. No texto “O futuro da comunidade nikkei”, o senhor faz um interessante paralelo entre migração e busca pela felicidade. Acredita que os imigrantes encontraram a felicidade no Brasil? Sem dúvida. Basta ver que, nesses cem anos, desde a vinda do Kasato Maru, a despeito de terem os pioneiros imigrantes enfrentado inúmeros percalços e dificuldades, a constatação é de que a integração no Brasil foi extremamente exitosa, haja visto a presença de aspectos da cultura japonesa no cenário cultural brasileiro. Exemplos podem ser encontrados não só na gastronomia e culinária, como nas artes marciais, na difusão de religiões centradas na meditação e contemplação, na música, nas artes, sem se falar na participação de nikkeis em todos os níveis da iniciativa privada e do setor público. É certo que esta integração multicultural também é fruto do espírito acolhedor e fraterno do povo brasileiro, cuja característica maior é a de ser composto por um rico mosaico de diversidades culturais. Essa interação de culturas é via de mão dupla, pois, como se constata no cotidiano de todos, a adoção de padrões brasileiros é comum e generalizada, mesmo para os isseis como, por exemplo, na predileção pelo churrasco, pela caipirinha, pela feijoada, pela participação em festas tipicamente brasileiras, como o carnaval, as festas juninas, a celebração natalina. E, claro, sem se falar na paixão nacional, que é o futebol. No mesmo texto, o senhor faz alusão ao slogan “eu sou você, você sou eu”, e conclui: O porvir da comunidade nikkei desponta, assim, fulgurante como o amanhecer de um novo dia. O nipo-brasileiro, grosso modo, é uma espécie de não-brasileiro no Brasil e um gaijin do Japão (decasséguis). Ao mesmo tempo, vemos gaijins mais japoneses do que os descendentes. O termo “comunidade nikkei” faz sentido hoje? Fará sentido daqui a 50 anos? A rotulação de comunidade nikkei tem mais o sentido de identificar as pessoas que, residindo fora do Japão, têm em comum a ancentralidade nipônica, mais que propriamente conceito jurídico. Não se pode dizer que o descendente de japonês nascido no Brasil só por ostentar traços morfológicos orientais, não seja brasileiro. Referir-se ao nipo-brasileiro como japonês não significa discriminação ou desdouro, senão que se trata de forma mais direta de identificar aquela pessoa. Evidentemente há que se verificar em que contexto o vocábulo foi utilizado. E, dependendo das circunstâncias, pode, na verdade, exprimir falta de educação de quem assim se refira. O Brasil adota o princípio de nacionalidade do jus solis, ou seja, de se atribuir a nacionalidade brasileira a quem seja nascido no Brasil. O Japão, ao contrário, não adota este princípio. E, assim, no que se refere ao dekassegui, que é o brasileiro que se encontra na Japão, na realidade, apesar de suas feições, não será japonês, mas estrangeiro. Quanto ao fato de pessoas que não sejam descendentes de japoneses terem comportamento mais próximo da cultura nipônica, mais que os próprios descendentes, isso é pontual e não significa, a meu ver, que esses devam, só pelo fato de terem feições nipônicas, se comportarem como japoneses, pois são brasileiros. opinião Centenário da imigração deve contribuir para a união da comunidade nikkei “ A vida só pode ser compreendida olhando-se para trás, mas só pode ser vivida olhando-se para frente” - Soren Kierkegaard, filósofo dinamarquês O centenário da imigração japonesa atrai as atenções de todo o Brasil. Mas não podemos esquecer como foi a trajetória até aqui e quais os caminhos a percorrer depois das festividades. Hoje, a cultura nipônica poderia ser mais difundida no País não fossem as retaliações aos imigrantes durante a 2ª Guerra Mundial. Estes provinham das camadas mais populares e se sacrificaram numa terra desconhecida para educar os filhos, que conseguiram uma rápida adaptação à sociedade. Apesar de todos os esforços das entidades, associações e mídia segmentada, além da consolidação da comunidade em diversos setores profissionais, muitas vezes a nossa cultura ainda é taxada de exótica ou vista por meio de estereótipos, como o da imbatível performance nikkei nos exames vestibulares, sobretudo nas provas de ciências exatas. Outros estereótipos circulam até hoje, é verdade. Alguns são resquícios das inúmeras dificuldades enfrentadas no passado, como a destruição da sorveteria Gemba no Recife ou a desapropriação de todos os bens da família Nagai em Açaí, no norte do Paraná, por ação dos próprios japoneses que não se conformavam com a derrota na guerra. Neste último caso, Rodolfo Nagai, superando todas as adversidades, construiu uma grande rede de distribuição comercial a ponto de atrair a atenção do Pão de Açúcar, que, ao lado do empreendedor, assumiu o negócio. Poderíamos aqui relatar diversas histórias de sucesso, mas este e outros exemplos são também uma vitória de todos nós! Lamentável é que muitos nikkeis prefiram ignorar a própria origem e vivam de acordo com as circunstâncias, as necessidades do mercado e até as aparências. “Por quê nadar contra a corrente, se estou tão adaptado e feliz?”, racionalizam. Vivemos numa nação onde a convivência com a diferença é saudável, mas a luta para a permanência da cultura japonesa é também uma contribuição para a democracia. É preciso pensar nas novas gerações de descendentes, nas possibilidades e referências que vão encontrar num mundo globalizado e em contínua transformação. Com a união de todas as frentes, haveria um reforço ainda maior da identidade da comunidade – ação importante uma vez que ela costuma ser retratada pela grande imprensa apenas em eventos histórico-culturais. Além de contribuir para a preservação das raízes, a busca do auto-conhecimento e da auto-estima, a ação é um ato político, faz parte do processo de cidadania. Vale lembrar que esta prática tão pouco comum nos dias atuais poderá ser exercida também nas eleições deste ano. Texto: Ushitaro Kamia | foto: Arquivo Pessoal Vereador Ushitaro Kamia Apesar de a comunidade japonesa no País ser a maior do mundo fora do Japão, ela, ao contrário de outras de imigração mais recente, ainda tem pouca representatividade, até mesmo em termos proporcionais, no governo nacional. Aliada à imagem positiva dos nikkeis construída nesses 100 anos, a luta conjunta levaria a uma maior conquista neste território também. Num sistema democrático, a missão do político é atender as necessidades e os anseios da população para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. E, sem dúvida, toda e qualquer requisição ganha mais relevância com a mobilização de forças. ***(O filósofo dinamarquês Soren Kierkegaard, mencionado no início deste artigo, foi um grande ídolo da geração do pós-guerra, muito citado pelos escritores brasileiros revelados pelo odontólogo, editor e cineasta Massao Ohno, na sua Coleção de Novíssimos, de 1961). O vereador Ushitaro Kamia é advogado, administrador e vice-líder dos DEM na Câmara Municipal de São Paulo. saúde APARELHOS AUDITIVOS: menores e mais eficientes Se a sua tevê vive no volume máximo e as pessoas têm sempre que repetir o que acabaram de dizer, é hora de deixar o preconceito de lado e quem sabe usar um aparelho para ouvir melhor Texto: Angela Senra É raro encontrar alguém que se envergonhe de usar óculos, mas quando o assunto se refere a aparelhos auditivos, o preconceito impera.Com a falsa idéia de que os dispositivos são feios e incômodos, muitos se privam do prazer de ouvir bem. Assim como a lente “fundo de garrafa” virou peça de museu, os aparelhos auditivos também se modernizaram. Segundo a equipe do Centro Auditivo BRADEX, é possível usá-los sem que ninguém perceba. Com apenas dois centímetros e tecnologia digital ou analógica, oferecem ótima qualidade de som para o usuário, duram em média seis anos e sua limpeza é feita com escovinha e lenço de papel. A personalização é outro diferencial dos modelos modernos. “ Antigamente, as pessoas chegavam a desistir do aparelho porque o desconforto superava os benefícios. Hoje a ampliação é programada de acordo com a deficiência. Os digitais, por exemplo, têm regulagem precisa feita por computador. TESTANDO A empresa realiza medições audiométricas para avaliar o quanto se está ouvindo, e o trabalho é feito por uma equipe de fonoaudiólogos. “ Se o caso for mais complexo ou cirúrgico, encaminhamos a pessoa para um otorrino”, explica fonoaudiólogo. Os fatores que levam à perda auditiva são geralmente hereditariedade ou doenças, como meningite, sarampo e outras infecções. O uso abusivo de fones de ouvido, os barulhos repetitivos e altos de danceterias, metalúrgicas, gráficas e do trânsito também podem ser causadores. Entre os profissionais que constam na lista de clientes da BRADEX estão dentistas, professores, motoristas, advogados e operadores de telemarketing. Outras incidências ocorrem em mulheres gestantes ou que entraram na menopausa. O fator idade também pesa: 60% da clientela do Centro têm mais de 60 anos. “Problemas de audição ainda acontecem pelo consumo excessivo de café, bebidas alcoólicas e medicamentos, além do estresse e choques emocionais”, acrescenta. Ao detectar um distúrbio procure corrigir o problema. O uso constante do aparelho pode estabilizar a deficiência, a menos que a pessoa sofra de diabetes ou esteja se submetendo a tratamentos rádio ou quimioterápicos. São inúmeros modelos no mercado e um deles se adaptará às suas necessidades. BRADEX CENTRO DE APOIO A AUDIÇÃO R. Heitor Penteado, 1517 R. Vergueiro, 1855 cj. 39 R. Tuiuti, 1951 cj. 03 térreo R. Duarte de Azevedo, 284 s-48 F: 3873-4266 F: 5575-6565 F: 6191-6809 F: 6972-0867 10 encontro Conde Koma e família Gracie: arte A história do clã que revolucionou a arte A lém de nomes exóticos começados pela letra “r”, o que há em comum entre Royce, Rickson e Royller? Quem é fã de artes marciais tem a resposta na ponta da língua: são campeões mundiais de jiu-jitsu e, irmãos, carregam o sobrenome Gracie, o mais idolatrado e odiado do mundo das lutas. A história, no entanto, poderia tomar outro rumo caso, há 90 anos, um certo japonês de nome Mitsuyo Maeda não se aventurasse por terras brasileiras. Praticada por samurais, que deveriam saber o que fazer quando perdessem as espadas durante as batalhas, o jiu-jitsu chegou ao século XX como um emaranhado de técnicas sem regras específicas. Cada um praticava a seu modo. Havia cerca de 700 estilos independentes. Não por acaso, a modalidade é chamada de pai das artes marciais, já que dera origem ao judô, caratê, aikidô e várias outras práticas. Aluno da lendária academia Kodokan, Maeda foi incentivado pelo mestre Jigoro Kano, criador do judô, a viajar pelo mundo para provar que as técnicas japonesas eram as melhores. Em 1904, ele seguiu para um tour pelo continente americano, onde desafiou oponentes de norte a sul, dos EUA ao Uruguai. Na passagem pelo México, ganhou o apelido pelo qual ficou mundialmente conhecido: Conde Koma. O lutador viajante não costumava recusar adversários, mesmo que tivesse de lutar na rua e o oponente fosse duas vezes maior e pesado. Chegou ao Brasil em 1915. Em cidades como Porto Alegre, Rio de Janeiro, São Paulo, Recife, Salvador, São Luís, Belém e Manaus, desafiou lutadores de vários estilos e não perdeu uma desafio sequer. Dois anos depois, após um período na Europa, onde conheceu a esposa, a britânica May Iris, Koma retornou à América e, em 1922, fixouse definitivamente em Belém, com a missão de ajudar os imigrantes japoneses a se estabelecerem no País. É nesse período que conheceu Gastão Gracie, incentivador dos esportes de luta e comerciante de minérios. Filho do imigrante escocês James e pai de Carlos, Oswaldo, Gastão Filho, George e Hélio, ele ajudou Koma a conseguir propriedades e regularizar a situação dos novos moradores. Em retribuição ao gesto, o famoso lutador repassou a um dos filhos do amigo, Carlos, os segredos de sua arte suave, que ganharia novas dimensões após esse encontro. TRANSFORMAÇÃO Carlos passou mais de dois anos sob a tutela de Conde Koma. Em 1925, porém, ele mudou-se para o Rio de Janeiro, e fundou a primeira academia Gracie de jiu-jitsu. Os irmãos Oswaldo e Gastão Filho eram seus assistentes, enquanto George aprendia. Hélio, o mais novo, com 12 anos de idade, sofria de problemas respiratórios e, por recomendação médica, não podia praticar a luta. Mesmo de fora, o caçula dos Gracie era apaixonado por jiu-jitsu. Enquanto os irmãos lecionavam aos novos alunos, de fora dos tatames ele observava todos os movimentos, atentamente. Um episódio mudaria a sua vida e, provavelmente, a história da modalidade. Certa vez, um aluno apareceu para ter aulas, mas Carlos ainda não havia chegado à academia. Foi então que Hélio ofereceu-se para dar o treinamento. Sua didática e sabedoria chamaram tanta atenção que, a partir daí, passou a ser o instrutor e a treinar com devoção. Hélio foi o responsável por revolucionar o jiu-jitsu. Mais fraco que a maioria, ele praticamente eliminou as técnicas que exigiam força e concentrou-se nos métodos de alavanca, pelos quais aproveitava a superioridade física do adversário em seu favor. Assim teve início o estilo que atualmente é conhecido e reverenciado em todo o mundo como brazillian jiu-jitsu, ou, simplesmente, Gracie jiu-jitsu. encontro suave à moda brasileira marcial dos samurais Texto: Redação | Fotos: Divulgação Durante as décadas seguintes, Hélio enfrentou rivais de todo o globo. Não se contentou apenas em vencer pelas regras de jiu-jitsu, como também derrotou adversários em duelos de valetudo, que hoje são chamados de MMA (Mixed Martial Arts). Venceu nomes consagrados, como o boxeador polonês Erwin Klausner e o wrestler norte-americano Fred Ebert. Criadores da luta, os japoneses passaram a enviar vários atletas para superar o brasileiro. Vieram ao Brasil, entre outros, Taro Miyake, Massagoichi e Kato, todos superados por ele. Hélio conheceu a derrota apenas aos 38 anos, quando levou uma chave de braço de Masahiko Kimura, considerado por muitos o melhor judoca de todos os tempos. Quatro anos depois, sofreu sua segunda e última derrota, por nocaute, para o boxeador brasileiro Valdemar Santana, na luta mais longa de vale-tudo de que se tem notícia, com duração de 3h40min. “Gosto muito do ideal samurai, de que, independente do resultado, ele vai lá e luta. É impressionante a coragem.” SEGUNDA GERAÇÃO Desde que Conde Koma passou seus ensinamentos para Carlos, a família Gracie formou uma verdadeira dinastia de campeões. Hélio, que se aposentou das lutas oficiais em 1967, teve nove filhos, todos, de alguma forma, ligados ao jiu-jitsu. Rorion foi um dos fundadores do UFC (Ultimate Fighting Championship), maior evento de valetudo da atualidade; Rickson, invicto em mais de 400 lutas, é considerado o maior lutador das últimas décadas; Royce, foi três vezes campeão do UFC; e Royler, três vezes campeão mundial de submission fight, espécie de jiu-jitsu sem quimono. Mas não são apenas os filhos e netos de Hélio que se deram bem. Carlos teve 21 filhos, dos quais a maioria está envolvida com a arte marcial. Ao longo dos anos, a família se transformou em sinônimo de jiu-jitsu e, com a popularização das competições de vale-tudo, chegou ao século XXI como um dos clãs mais respeitados do universo das lutas, embora odiados por muitos dos que das lutas, embora odiados por muitos dos que ousam desafiá-los. Donos de academias espalhadas por todos os continentes, eles devem manter a hegemonia ainda por um bom tempo. Uma dos combates mais esperados dos últimos anos envolve o invicto Rickson, que promete sair da aposentadoria para faturar, acredita-se, cerca de US$ 1 milhão, por um desafio no Japão. Um dos mais fortes candidatos a oponente é justamente o japonês Kasushi Sakuraba, que, nos últimos anos, ficou conhecido por derrotar alguns nomes famosos dos Gracie. Bate-papo com Royler Gracie Quinto filho de Hélio, Royler é um dos maiores incentivadores do jiu-jitsu brasileiro. A família Gracie sempre teve relação próxima com o Japão. Como se deu isso? A minha família aprendeu com os japoneses, que, em seguida, começaram a desafiar o meu pai (Hélio). Ele contou que, uma vez, foi a uma vidente. Ela disse que os filhos dele seriam japoneses (ri). Hoje, os Gracie são reverenciados no Japão. Os campeonatos de vale-tudo parecem ter resgatado o jiu-jitsu, não? Sim. Durante um bom tempo o jiu-jitsu deu uma parada no Japão e no mundo. Agora, com essas competições, as pessoas viram que é uma luta eficiente. A nossa família ajudou a resgatar a luta. O que você aprecia do povo japonês? Gosto muito do ideal samurai, de que, independente do resultado, ele vai lá e luta. É impressionante a coragem. 11 12 automóvel Potência para poucos Modelo 2008 do Nissan 350Z tem 312cv e acabamento de luxo U m dos ícones da velocidade, o Nissan 350Z já está disponível na rede de concessionárias da marca na versão 2008. O esportivo chega ao mercado brasileiro ainda mais potente, passa de 280cv no modelo anterior para 312cv na nova versão. Além do motor, o novo Z conta com direção hidráulica progressiva, reestilização da grade dianteira e do desenho do capô, além de melhorias no acabamento interno. O capô ganhou desenho arredondado e ligeiramente abaulado para melhor acomodar o motor 3,5L V6 24 válvulas de 312cv a 6.800 rpm que gera 37.0 kgf.m a 4.800 rpm. Para garantir ainda mais estabilidade, a grade frontal foi reestilizada e ganhou linhas verticais, perpendiculares ao novo posicionamento dos piscas laterais. Os faróis bi-xenon (luz alta e baixa) receberam novas molduras internas, enquanto as lanternas traseiras foram incrementadas com leds (duas lanternas + oito fileiras com leds). Internamente, o 350Z mantém o mesmo nível de acabamento e conforto e tem como novidade o moderno painel central que aloja três marcadores independentes com acabamento prateado (computador de bordo, monitor de pressão do óleo e voltímetro). Os comandos do ar-condicionado, botão do câmbio e porta-copos também ganham detalhes prateados. O superesportivo traz ainda novos revestimentos em tecido especial tipo “soft feel”, encosto Texto: Redação | Fotos: divulgação joelho, porta-cartão adicional e suporte central para copos. “A essência do 350Z é um exemplo do que chamamos de ‘brand builder’ (construtor de marca). Além de oferecer diferenciais de performance, tecnologia e design como todos os produtos da Nissan, este modelo é emblemático para comunicar valores da marca: paixão por dirigir, inovação e vanguarda”, explica o diretor de Marketing da Nissan, Arison Souza. Com bom custo x benefício, o modelo 2008 do Nissan 350Z chega a R$ 194.903,00 na versão mecânica de seis marchas e R$ 198.803,00 na automática seqüencial de cinco velocidades. Será comercializado nas novas cores prata brilliant e preto diamond. okids A moda cosplay para os pequeninos Q Texto: Redação | Fotos: Arquivos Pessoais uando Vera Lúcia Reis Gouveia, 33 anos, Irmã mais velha introduz Rodrigo ao universo cosplay aparece nos encontros de cosplayers com o pequeno Wanderley vestido de Naruto, ele vira o centro das atenções. As pessoas pedem a todo o momento para que o garoto de três anos faça poses às lentes das câmeras fotográficas. O otaku-mirim é filho da geração que começou a assistir animes no final dos anos 80. Hoje, essa turma, já crescidinha, transfere a paixão pelos personagens dos desenhos animados, quadrinhos e games, principalmente japoneses, aos mais novos. O fenômeno cosplay nasceu nos EUA, quando fãs da série Jornada nas Estrelas (Star Trek) começaram a se caracterizar como os personagens criados por George Lucas, se reunir em encontros temáticos e até a se comunicar na língua artificial da ficção: klingon. A onda ganhou novas dimensões no Japão, com sua rica cultura pop. De lá, nomes como Cavaleiros do Zodíaco, Dragon Ball, Sailor Moon e Pokémon conquistaram mentes e corações de jovens em todo o mundo, inclusive do Brasil. Otaku, por sua vez, é a palavra que define o fanático por tais manifestações. Segundo Vera, o universo cosplay funciona como uma espécie de introdutor social aos pequeninos. A mãe Vera caracteriza o pequeno Wanderley, de 10 meses Naruto é o personagem preferido “Ele é muito comunicativo. Todos querem conversar e tirar fotos. Isso é muito bom para a criança”, destaca. Antes de pronunciar as primeiras palavras, aos oito meses Wanderley ganhou sua primeira caracterização, de um personagem da animação Os Incríveis. “Para o mundo infantil, estimular a fantasia e a criatividade é maravilhoso. É como se fosse um carnaval, onde pode ele brincar e se divertir, o que é sadio”, completa a orgulhosa mãe. Muitas crianças não são levadas aos animes pelos pais, mas pelos irmãos. É o caso de Rodrigo Pereira Ribeiro. Em 2000, quando tinha cinco anos, a irmã Ana Paula, sete anos mais velha, começou a fazer cosplay. Desde o primeiro evento de que participou, sempre carregou o caçula – ela de Mirelle (Noir) e Sakura; ele de Naruto e personagens do Dragon Ball. “Eu achava uma coisa do outro mundo, bem divertido. Continuo acompanhando ela”, conta Rodrigo, hoje com 13 anos. Ana Paula, por sua vez, é chef em uma confeitaria e tem uma loja virtual de produtos para cosplayer. As roupas são produzidas por ela própria, com a ajuda da avó. 13 14 moda e beleza Boneca oriental A Texto: Wilson Azuma | Fotos: Divulgação moda agora é dar personalidade às bonecas de brinquedo. Para resgatar o aspecto lúdico das companheiras preferidas das meninas, empresas têm investido no desenvolvimento de bonecas que atraiam as pessoas por suas histórias. Nesse área, o que mais vale não são as tecnologias, como dos brinquedos que se movimentam sozinhos, mas a criatividade. E tem para todos os gostos, até mesmo para quem deseja uma amiga japonesa. A Madame Trapo, por exemplo, criou uma linha de personagens japoneses. Uma das que faz mais sucesso é Yoko, que adora sair para dançar com os amigos e ler sobre rituais antigos, filosofia e arte, além, é claro, de não dispensar um sashimi. Seu gato de estimação é apaixonado por jazz e chocolate (R$ 70 – www.madametrapo.com). OUTONO NA PELE Prótese cônica deixam Texto: Wilson Azuma | Foto: Divulgação seios mais naturais Texto: Wilson Azuma | Foto: Divulgação E stá enganado quem pensa que a pele deve receber tratamento especial somente no verão, quando geralmente as pessoas estão mais expostas ao calor. Com a chegada do outono, o tempo começa a esfriar. Logo, o aparecimento de manchas, lesões e rachaduras dermatológicas tornase mais comum. “Mesmo nos dias nublados, típicos da estação, é preciso usar protetor solar, pois a emissão de raios ultravioleta é ininterrupta”, alerta o dermatologista Gilvan Alves, que indica produtos com fator mínimo de 15. Outras dicas para passar a estação com a pela saudável são: evitar banhos quentes, excesso de sabonete e produtos à base de álcool. A hidratação também é fundamental. “Além de usar cremes com princípios ativos uréia e lactato de amônia, é preciso promover a hidratação de dentro para fora, com a ingestão de pelo menos 2 litros de água por dia”, destaca o dermatologista Alessandro Amorim. O cirurgião plástico brasileiro Noel Lima apresentou neste mês, no Simpósio Internacional de Cirurgia Plástica, em São Paulo (SP), próteses mamárias de silicone em formato cônico. Com tamanhos entre 135 ml e 305 ml, são indicadas para mulheres com tórax estreito ou com flacidez local. Os métodos de enxerto não são diferentes dos tradicionais, podendo ser introduzidos pela aréola, sulco mamário ou axila. moda e beleza AGULHADAS ESTÉTICAS Acupuntura ajuda a combater da celulite à calvície T Texto: Wilson Azuma | Foto: Divulgação écnica chinesa tradicional, a acupuntura se consagra como vedete das clínicas estéticas e hospitais, que se rendem às agulhas como ferramentas principais ou auxiliares de combate a males, da celulite, ruga e acne à gordura localizada. Até os anos 90, esse tipo de tratamento era visto com certo preconceito pela sociedade. Com a disseminação da medicina alternativa, porém, até a cética comunidade médica percebeu que a sabedoria oriental poderia contribuir para a saúde. A medicina chinesa define os males não somente do corpo, mas também das emoções e pensamentos (o abstrato), além das relações do homem com a natureza. As teorias do Yin-Yang (dualidade) e dos cinco elementos (madeira, fogo, terra, metal, água), pela qual órgãos do corpo estão associados a cada um deles, formam a base para compreender as causas, o que permite buscar o equilíbrio. Os instrumentos de acupuntura mais comuns são as agulhas, a moxa (erva em bastão, geralmente Artemísia), as ventosas, os magnetos e as sementes de mostarda, inseridas em pontos específicos dos canais de energia que circulam pelo corpo. Há ainda as técnicas associadas a novas tecnologias, como as aplicações a laser ou em conjunto com equipamentos de ultra-sonografia. Há poucos anos, a acupuntura era mais conhecida por sua eficiência contra dores musculares e nas articulações, enxaquecas, depressão, distúrbios respiratórios, insônia, ansiedade e sintomas da menopausa. Logo, no entanto, suas propriedades de agente estético vieram à tona, despertando novas possibilidades. “A acupuntura estética pode ser uma grande aliada à reconquista da auto-estima e acelerar o metabolismo para conquistar resultados mais imediatos”, destaca a especialista Mara Aguera. As sessões servem para os mais variados tratamentos, como de celulite, estria, acne, gordura localizada, ptose de mama, bolas sub-oculares, flacidez, couperaose, hipercromias cutâneas, olheiras, oleosidade, obesidade e até calvície. As únicas contra-indicações são alergia, pessoas com marcapasso, medo excessivo das agulhadas e gestação inicial. Como a própria medicina chinesa manda, tratamentos auxiliares, como exercícios respiratórios e físicos, massagens, dietas e fitoterapia ajudam a potencializar os resultados. Algumas indicações Celulite Geralmente, as celulites de grau leve podem ser combatidas em até 12 sessões. As agulhas estimulam a circulação das células e a eliminação de toxinas. Estria A acupuntura estimula a produção de colágeno por cima das marcas, melhorando o aspecto até de estrias mais consolidadas. Ruga As aplicações tonificam as regiões do rosto e do pescoço, preenchendo as marcas e dobras. Acne Com 10 sessões é possível obter resultados expressivos. As agulhas funcionam como agentes anti-sépticos e antiinflamatórios, o que ajuda na cicatrização rápida. Gordura localizada A técnica destrói células adiposas, acelerando o metabolismo. É recomendado manter atividade física paralela. 15 16 gastronomia Tofu Champuru: receita simples e rápida de Okinawa O chef Kamiya, do restaurante Kariyushi, ensina o preparo A culinária de Okinawa, conjunto de ilhas tropicais ao sul do Japão, tem várias peculiaridades em relação ao resto do país. Com forte influência chinesa e do Sudeste Asiático, o cardápio típico é conhecido pela variedade de ingredientes e pela utilização de carne de porco. Destaque também para a presença constante nas mesas dos moradores do goyá, também chamado de nigaori, legume amargo, que, dizem, aumenta a longevidade. Nesta edição, a Mundo OK foi até o restaurante Kariyushi, em Santo André (SP), onde o chef okinawano Akira Kamiya ensinou como preparar um dos pratos mais consumidos no arquipélago: o tofu champuru (porção para duas pessoas). Simples e rápido de fazer, pode acompanhar arroz branco, salada e missoshiru. Ingredientes - 2 colheres de sopa de óleo - ½ tofu caseiro bem firme e cortado em cubos grandes - ½ pacote de moyashi (broto de feijão) - 1 pacote de hondashi - 3 cebolinhas cortadas em tiras de 10 cm - 1 e ½ colher de glutamato monossódico - molho de soja (shoyu) a gosto Preparo 1. Coloque o óleo na panela e aqueça bem; 2. Refogue o tofu usando hashi para manipulá-lo (não mexa com colher); 3. Despeje o hondashi e o glutamato monossódico; 4. Insira a quantidade que desejar de molho de soja; 5. Misture utilizando o hashi; 6. O prato estará pronto quando o moyashi ficar ao dente (cozido, mas resistente). vitrine 17 18 vitrine vitrine 19 20 vitrine 21 comunidade A beleza dos templos e palácios japoneses Exposição de maquetes de templos e palácios marca comemorações do centenário por parte do Governo de São Paulo Texto: Redação | Fotos: Divulgação E ngajado nas comemorações dos 100 anos de imigração, o Governo de São Paulo abriu no mês de março a exposição de maquetes “Templos e Palácios Japoneses”, no Palácio dos Bandeirantes. O evento faz parte do calendário estadual referente aos festejos e pode ser contemplado até o início de junho. As delicadas peças reproduzem em detalhes castelos, tempos, santuários, as ruínas de um palácio, o portal de um antigo palácio e um memorial, construídos entre os séculos V e XVII. A exposição conta com 15 maquetes pertencentes ao Consulado do Japão em São Paulo. Entre as obras destaca-se a reprodução do santuário xintoísta Itsukushima, erguido no século VI, na ilha com o mesmo nome, localizada na província de Hiroshima. Por abrigar o santuário dedicado às deusas guardiãs do mar, a ilha é considerada sagrada.Também chama a atenção a maquete que representa o templo budista Horyuji, cuja construção, que data do ano de 607, ainda conserva parte de sua madeira original. Considerado o maior e mais belo castelo japonês, o Himeji, localizado na cidade de mesmo nome, na Província de Hyogo, também está presente na exposição. Sua construção teve início no ano de 1346 e só foi finalizada em 1609, período em que a atual torre principal foi construída. Vale à pena prestar atenção à reprodução fiel das extremidades do telhado da torre principal, decoradas com duas criaturas míticas com cabeça de dragão e corpo de peixe, que simbolizavam o poder do senhor do castelo e protegiam contra incêndios, de acordo com a crença da época. Outra obra que atrai pela história é o Portal Shureinomon. A peça era um dos portões do Castelo de Shuri, sede da Dinastia de Ryukyu, que reinou de 1429 a 1879. O portal foi restaurado em 1958, após um incêndio, e atualmente fica na entrada da cidade de Shuri, na Província de Okinawa. Além das maquetes, a exposição conta também com gravuras dedicadas aos ”50 anos da Bomba de Hiroshima” (1945/1995). São obras de artistas como Tomie Ohtake, Carla Petrini, Renina Katz e outros que foram doadas ao Acervo dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo em 1996. E outras cerca de 30 xilogravuras japonesas do século XVII, entre elas algumas baseadas no Taiheiki (Crônica da Grande Paz), que retratam os 50 anos em que duas cortes imperiais rivais lutaram pelo poder no Japão. São cenas de batalhas entre samurais. As obras também pertencem ao Acervo do Estado. SERVIÇO: Exposição de maquetes Templos e Palácios Japoneses Local: Palácio dos Bandeirantes - Avenida Morumbi, 4.500 - mezanino Informações: (11) 2193-8282 Agendamento Eletrônico: www.acervo.sp.gov.br Visitas: de segunda a sexta-feira, das 10 às 17 horas sempre em horas cheias. Sábados, domingos e feriados, das 11, às 16h, sempre em horas cheias Todas as visitas são acompanhadas por monitores. Entrada franca. 22 multimídia ‘Dororo’ e ‘Crows 0’: Sucessos do cinema japonês em DVD no Brasil O Texto: David Denis Lobão s filmes “Dororo” e “Crows 0” estrearam com grande sucesso nos cinemas japoneses em 2007, batendo recordes de público e conquistando elogios da critica. Depois da temporada de sucesso no Japão, as duas obras serão lançadas neste ano no Brasil em DVD, com as opções da versão legendada (com o áudio original) e dublada. As dublagens dos dois longas-metragens ocorreram no estúdio Capricórnio em São Paulo, o mesmo que foi responsável pela dublagem do clássico Akira para o canal Locomotion. A direção de dublagem das produções ficou a cargo de Gisa della Mare, a mesma dos animês “Yu-Gi-Oh!”, “InuYasha” e “ShinChan”. Para que a dublagem fica o mais fiel possível, a diretora conta com a ajuda da professora de japonês Rissa Ribeiro prestando assessoria sobre a pronuncia dos nomes dos personagens e também pesquisou que dubladores já dublaram os atores dos filmes no Brasil para manter a mesma voz neles. A brasileira Fernanda Bullara, por exemplo, foi escalada para voltar a dublar a atriz Kou Shibasaki, que ela já tinha dublado em “Batalha Real” (“Battle Royale”). ‘Dororo’, o clássico de Osamu Tezuka chega aos cinemas “ Dororo” é baseado no mangá de mesmo nome criado pelo mestre Osamu Tezuka, publicado de 1967 a 1968 no Japão. Na ocasião, a publicação dos quadrinhos foi interrompida mesmo sem o fim da história. O filme é dirigido por Akihiko Shiota e as lutas foram coreografadas por Tony Ching Siu Tung. “Dororo” poderá ter mais duas seqüências de adaptações no cinema, completando uma trilogia. A segunda parte da obra deve sair em 2009, às filmagens estão previstas para começar este ano. No Japão, o primeiro filme bateu recorde de público ficando quatro semanas em primeiro lugar. Cerca de dois milhões de pessoas foram aos cinemas. Na história do filme, um guerreiro faz um pacto com 48 demônios. Em troca de obter poder, ele dará todos os membros e órgãos internos de seu futuro filho a eles. O bebê Hyakkimaru nasce e é abandonado onde é encontrado por um velho médico, que constrói membros e órgãos para a criança a partir de pedaços de cadáveres. Quando cresce, ele descobre que se quiser ter os seus membros e órgãos verdadeiros de volta é preciso matar os demônios. Para enfrentar esta jornada ele conta com a companhia de Dororo, uma jovem ladra que se veste de homem. Texto: Túlipe Helena | Foto: Divulgação ‘Crows 0’, uma polêmica de quatro milhões de dólares “ Texto: Daniela Giovanniello | Foto: Divulgação Crows 0” é obra do peculiar diretor Takashi Miike, conhecido por fazer cenas chocantes e de extrema violência, além de bizarras perversões sexuais. Miike é considerado o Tarantino asiático por causa das sensações e polêmicas geradas pelos seus filmes, sendo este, o mais comercial de todos eles, até o momento. O longa é uma adaptação do mangá “Crows”, de Hiroshi Takahashi. No fim de semana dos dias 27 a 28 de outubro de 2007, o filme estreou no Japão em primeiro lugar, a frente de produções como “Hero” e “Evangelion: 1.0 You are (not) Alone”, faturando o equivalente a quatro milhões de dólares. O filme conta a história de Genji Takaya, um adolescente problemático cujo pai Hideo é um dos chefes da Yakuza. Genji é o novo estudante de uma instituição educacional para jovens delinqüentes, ele transferiu-se para lá para impressionar tanto seu pai e os novos colegas de classe. Pouco tempo depois de chegar Genji briga com Ken Katagiri, de uma das gangues do colégio. Genji ganha a luta, entretanto, quando as fofocas sobre a briga começam a aparecer, ele descobre que terá um desafio maior, Tamao Serizawa, o líder do império underground. multimídia Produção mostra influência da cultura brasileira na sociedade japonesa R Texto: Redação | Fotos: Divulgação econhecida pelas aventuras no mundo e por suas produções de cinema, a dupla Vera e Yuri Sanada lançaram neste mês, em São Paulo, com patrocínio do Banco Real, o documentário “Mundo Nikkei - Os Brasileiros do Outro Lado do Mundo”. A obra apresenta o Japão moderno e seus contrastes com a tradição milenar, além das raízes históricas do encontro entre o país asiático e o Brasil. O filme, que faz parte das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, mostra as influências da cultura brasileira na sociedade japonesa ao longo das décadas, e como os brasileiros estão contribuindo para a sociedade japonesa atual. “Para o Banco Real, apoiar esse documentário é valorizar a história de integração dos dois países. No momento em que se comemoram os 100 anos da chegada dos japoneses ao Brasil, o filme registra também o processo inverso: os brasileiros se deslocando para o Japão e contribuindo com a cultura local”, diz Milton Toshio Nakamura, Superintendente Executivo de Comunidades e Remessas do Banco Real. As gravações do “Mundo Nikkei” ocorreram em 2006 e 2007, período no qual o casal Vera e Yuri Sanada viajou pelo Japão, de Hokkaido, no norte, até a última ilha de Okinawa, no sul, visitando as principais áreas de influência brasileira. Além disso, também ocorreram filmagens no Brasil - nos estados de São Paulo, Paraná, Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Pernambuco. “Brasil e Japão estão entrelaçados de tal maneira que se faz importante apresentar esse tipo de trabalho tanto aqui quanto lá, onde há muitos brasileiros vivendo”, completa Nakamura, executivo do Real. Dekasseguis – Além das curiosidades do Japão antigo e moderno, o documentário mostra como é a vida dos brasileiros nas fábricas, restaurantes, lojas e nos momentos de lazer. Uma novidade para o mercado é que o filme, de 78 minutos de duração, foi gravado em Sistema Digital de Alta Definição, compatível com a tecnologia de TV digital japonesa adotada pelo Brasil. O filme será exibido em salas de cinema de São Paulo, Brasília, Curitiba, Porto Alegre, Goiânia e Campinas. O “Mundo Nikkei” também estará presente na terceira edição do Nipo Cine Brasil – Mostra de Filmes Brasileiros no Japão, que acontecerá em abril e maio em seis cidades japonesas, e que também será patrocinada pelo Banco Real. 23 24 especial capa Nipo-gaijin: brasileiros de alma japonesa Histórias de um Brasil tocado pela cultura do Sol Nascente Texto e fotos: Wilson Azuma N o ano mais japonês do Brasil, mesmo quem não é da terrinha tem vestido a camisa do Sol Nascente e incorporado o espírito samurai. Apaixonados pela multifacetada cultura do arquipélago, milhares de não-nikkeis orgulham-se de dizer: devo ter vestido quimono em encarnações passadas. Desde que chegaram ao País, os japoneses e seus descendentes influenciaram a sociedade nos mais variados campos. Durante o desembarque do Kasato Maru, o navio pioneiro, em 1908, já se ouvia comentários sobre a organização e o comportamento impecável dos orientais. A postura nipônica é apenas uma das qualidades que os brasileiros tiveram a oportunidade de conhecer. Nas décadas seguintes, a culinária, a caligrafia, as artes marciais, o teatro, os sistemas de trabalho, o cinema e, mais recentemente, a moda, as terapias alternativas, os mangás, os animes e os games, entraram de vez no cotidiano verde-amarelo. Nos primórdios da imigração, os japoneses imaginavam que acumulariam algum dinheiro e retornariam em poucos anos ao país de origem. Nessa época, que durou até o fim da Segunda Guerra Mundial, os colonos viviam em comunidades fechadas e, de certa forma, repeliam o contato mais profundo com os nativos. Impossibilitados de retornar por vários fatores, mas, principalmente, pela falta de perspectivas e recursos, resolveram tocar a vida nos trópicos. Foi então que mais de dois mil anos de história começam a vir à tona e a encantar os agora irmãos de pátria. Nesta reportagem especial, o leitor irá conhecer a história de três brasileiros que ultrapassaram a mera curiosidade e mergulharam no universo japonês, incorporando de forma definitiva em suas vidas a cultura que prega equilíbrio, arte e aprendizado contínuo. O oftalmologista Arnaldo Gonçalves exibe os troféus de karaokê japonês Doutor Karaokê O oftalmologista Arnaldo Gonçalves, 72 anos, costuma brincar que, desde criança, “tropeça” em japonês. Para começar, nasceu, na segunda metade dos anos 30, em Santos, porta de entrada dos imigrantes. Aos quatro anos de idade, mudou-se para a capital paulista, onde estudou e conviveu diariamente com orientais. “Tive vizinhos japoneses, a tinturaria perto de casa era de japoneses, meus amigos de escola eram japoneses, freqüentei o Cine Tokyo, morei na Liberdade”, enumera o médico, que, se não tivesse a ajudinha e um amigo de infância de olhinhos puxados, também não teria escolhido a profissão. “Só fiz faculdade de ciências médicas por causa da influência desse meu amigo”, garante. Não casou com uma nikkei e nem teve filhas mestiças, seu grande desejo. Mesmo assim, jamais deixou de apreciar as porções de sushi e sashimi e de manter relações com a comunidade. “Não tem um dia em que eu não coma algo japonês, meus amigos são todos japoneses. Admiro demais esse povo, são de uma postura que me encanta profundamente”. Curiosamente, o encontro definitivo com o país que adotou para o coração aconteceu mais recentemente. Há quatro anos, Gonçalves foi a um restaurante típico, e, no palco, viu que vários nikkeis se revezavam para cantar músicas no idioma dos antepassados. “Eram muito bonitas. Isso mexeu comigo”, admite. No hospital, contou o episódio ao amigo Shinji, que o convidou para ir a uma associação japonesa onde pessoas se reuniam para cantar. “Eu não fazia isso nem no banheiro”, brinca. A primeira canção com a qual se apresentou em uma competição foi a conhecida Toki no nagare ni miwo makasse, de Teresa Teng. Desde então, tem evoluído constantemente e conquistado vários troféus de campeão, todos evoluído constantemente e conquistado vários troféus de campeão, todos orgulhosamente exibidos em seu consultório, próximo à avenida Paulista. Divorciado,o oftalmologista aproveita para estreitar ainda mais sua relação com a comunidade. Adora ler sobre cultura e freqüenta constantemente aulas de língua japonesa. “Não tem um dia em que eu não coma algo japonês. Meus amigos são todos japoneses.” Ter sangue amarelo tornou-se requisito para a escolha das namoradas. Será que o sonho de ter uma filha mestiça pode estar próximo? “Acho difícil, mas...”, deixa no ar. O próximo plano é conhecer o arquipélago. “Ainda vou para lá, tenho muita vontade. Conheço muitas coisas e quero ver de perto”, conclui. especial capa Kanuto na Terra do Sol Nascente Quando o músico Jorge Kanuto tinha 10 anos de idade, um fato inusitado profetizou o seu destino. Conta a história que sua tia, “meio vidente”, incorporou um espírito e começou a falar em outro idioma. Identificada a língua, a família chamou um vizinho nikkei para traduzir. A voz dizia que o pequeno Jorge tinha uma protetora japonesa e que ele conheceria a terra dela muitas vezes. Filho de músicos, aos 25 anos, Kanuto era casado, pai de dois filhos e baterista de relativo sucesso, sobretudo na região de Arthur Alvim, Zona Leste de São Paulo. Após integrar a banda The Blacks, se juntou ao Grupo Alegria, com a qual mostrava um repertório bastante variado. O grupo tornouse conhecido na capital, principalmente no circuito de casas noturnas. Com a trupe, chegou a excursionar por alguns países, como Argentina e Uruguai. Seu nome começava a ficar famoso. Kanuto: “Para entrar em casa só se tirar os sapatos” Ao mesmo tempo em que era protagonista da agitação da night paulistana, Kanuto levava uma vida bastante regrada. Influenciado por amigos japoneses, era praticante assíduo da igreja messiânica. O contato com a espiritualidade oriental não apenas o transformou em um jovem centrado e “família”, como, até de forma engraçada, ajudou-o a conhecer o Japão. A profecia estava para se concretizar. O episódio ocorreu na boate Dinossauros, onde passou para visitar amigos. Era 1978. No local, ele foi abordado por Almir Roma, que procurava um músico que soubesse se comunicar em japonês. “Soube que você fala um pouco”, disse. Kanuto, confessa, conhecia apenas “arigato” (obrigado) e “sayonara” (tchau), mas, assim mesmo, agendou uma reunião. No dia seguinte, em uma sala da avenida São João, pediram para que ele falasse algo. De súbito, teve a idéia, e começou a recitar uma oração messiânica. “Tá bom! Tá bom! Você já me convenceu. Está contratado”, ouviu do interlocutor. Ele chamou os amigos Lindão e Tonelo para formar o conjunto Som Brasil 4. Duas semanas depois da reunião, o trio embarcava para sua primeira turnê japonesa. Desde então, Kanuto se apresentou por mais nove temporadas no arquipélago, onde aprendeu a falar com bastante desenvoltura o idioma 25 e teve contato com a cultura que influenciou seu modo de vida. “Tive a chance de ir para um país milenar. Tudo está em seu devido lugar, não tem telefone público quebrado, nem pontas de cigarro no chão. As pessoas, mesmo sem conhecer você, cumprimentam. Fora a organização, a disciplina, o valor que se dá ao trabalho. São coisas primordiais. Na primeira vez que vê, tudo isso confunde a cabeça. Mas você sente que é o certo. Aí, entendi como um país destruído, em pouco tempo, virou potência mundial”, explica. Uma das contribuições mais importantes do músico foi ter aberto as portas do mercado local aos brasileiros, que, hoje, são figurinhas fáceis em casas de show em todo o Japão. “Não consigo mais dormir em camas” Atualmente, Kanuto comanda a banda Banzai, que tem no repertório canções em nihongo. Recentemente, lançou a autobiografia “Jorge Kanuto – Na Terra do Sol Nascente”, com o qual quis homenagear sua íntima relação com o país asiático. Em sua casa, há nítidos vestígios de onde vem sua influência: na entrada, todos devem tirar os sapatos; no quarto, passa as noites sobre um colchão. “Não consigo mais dormir em camas”, revela. O Japão que nem os japoneses conhecem O butoh é, provavelmente, a manifestação artística mais marginalizada do Japão. Criada no pós-guerra, a chamada Dança das Trevas é uma mescla de dança e teatro influenciada por técnicas tradicionais e do expressionismo ocidental. Surgida no submundo das casas noturnas de Tóquio, tem caráter provocativo, misterioso, melancólico e envolvente. Nas apresentações, evoca constantemente o passado belicoso e os instintos primitivos do povo japonês. Por isso, somado ao fato dos atores realizarem as performances quase sem roupas, a população se escandalizou com os primeiros espetáculos de Kazuo Ohno e Tatsumi Hijikata, os criadores da arte, na década de 50. As reações não costumam ser diferentes hoje em dia. Rejeitado no país de origem, o butoh precisou dar a volta ao mundo para se firmar como uma das grandes expressões artísticas contemporâneas. A dupla teve de viajar por diversos países, inclusive Brasil, para disseminar a polêmica técnica. Hoje, os principais expoentes não estão no arquipélago, fazendo sucesso principalmente em países como França, EUA, Inglaterra e Alemanha. Em 1985, o bailarino João Roberto de Souza, então com 20 anos, já se destacava em sua área, tendo participado do programa “É proibido colar!”, da TV Cultura e ganhado uma bolsa integral para grupo de dança de Clarisse Abujamra. Nessa época, participou de um espetáculo em homenagem ao 40º aniversário da bomba de Hiroshima, em São Paulo. Após o fim da apresentação, ele foi abordado por uma comitiva de japoneses, impressionada com a semelhança do estilo da performance com a dança marginal. “Até então, nunca tinha ouvido falar em butoh”, lembra Souza. 26 especial capa A partir daí, o dançarino começou a pesquisar a rara bibliografia existente no Brasil. Sua tia, casada com um nikkei, vivia no Japão, e lhe enviava constantemente traduções de livros e textos sobre o assunto. Foi quando teve acesso a um filme de Kazuo Ohno na França. “Fiquei apaixonado. Finalmente, pude entender o que vinha lendo”, destaca. Nos anos seguintes, Souza se aprofundou em seus estudos de butoh, que incorporou definitivamente em seu trabalho. Nas viagens que fez pela Europa, assistiu a inúmeras peças de Ohno e, na segunda metade da década de 90, fundou a Ogawa Butoh Center, uma das principais companhias do gênero no Brasil. Com o grupo, desenvolveu técnicas próprias, que enfatizam os movimentos do corpo e a valorização do espaço cênico. Hoje, é considerado nacionalmente o maior mestre desse tipo de arte. Assim como ocorre no arquipélago, porém, o bailarino sente que a Dança das Trevas é marginalizada pela comunidade nipo-brasileira. “Praticamente não tenho alunos nikkeis, nenhuma empresa ou entidade japonesa jamais nos apoiou. Nem mesmo para as comemorações do centenário da imigração fomos convidados”, diz, mesmo sendo ele admirador da cultura zen e viver há 25 anos como praticamente um japonês postiço. É o preço que paga por ter incorporado um Japão que nem mesmo os nativos querem lembrar. João Roberto realiza performance inspirada na Dança das Trevas melhor idade Bonsai para todos Saiba como cuidar das tradicionais mini-árvores japonesas A Texto: Redação | Fotos: Divulgação técnica japonesa de miniaturização de árvores chamada bonsai há tempos deixou de ser prática exclusiva dos nobres para se transformar em um dos hobbies mais interessantes e espiritualmente saudáveis do mundo. Considerada arte viva e objeto de culto no Japão, ajuda a aguçar o senso de observação, estimula a concentração e conduz o praticante a um mundo repleto de beleza, simplicidade, natureza e magia. Há menção da palavra bonsai - literalmente, “cultivar árvores em vasos” - na China, por volta do século III a.C. Foi no arquipélago vizinho, porém, que a técnica se desenvolveu e foi elevada à arte, a partir do período Kamamura (1185-1333), conhecido por dar início à era dos samurais. Durante muito tempo, ter um exemplar em casa era exclusividade dos nobres. O costume dizia que não era considerada tradicional a família que não tivesse uma planta de pelo menos 300 anos. Atualmente, a técnica está presente em todos os continentes, onde é praticada por pessoas dos mais diversos perfis, do empresário em busca de alívio para o estresse às mães que cuidam com zelo para passar o vaso à próxima geração. Cuidados para ter uma bela mini-árvore Local O tempo de exposição ao sol dependerá de cada espécie. O bonsai deve receber os raios diretamente na folhagem. Procure locais ventilados, como sacadas e quintais. Algumas variedades podem ser colocadas nas janelas. Evite os ambientes internos. Rega Molhe toda a terra com água potável até que o líquido vaze pelos orifícios do vaso. Em dias quentes, regue também a copa e os galhos. Regue diariamente. Em temperaturas abaixo de 20º regue em dias intercalados. Adubagem A regra para a adubagem do bonsai segue o conceito de equilíbrio. Utilize adubos químicos ou orgânicos de modo moderado, mas com certa freqüência. Caso opte por produtos químicos, aplique a dosagem diluída a metade do recomendado pelos fabricantes. Terra A terra deve ser trocada. O tempo varia de espécie para espécie. Em geral, as árvores frutíferas devem ser transportadas anualmente, enquanto os pinheiros, a cada sete ou oito anos. Modelagem Pegue uma tesoura bem afiada e não tenha medo de podar. Tente dar a mesma forma de uma árvore em tamanho natural. Há várias maneiras de modelar e direcionar os galhos, sendo a mais comum com arames. Neste caso, em, no máximo, oito meses, a parte modelada costuma se assentar definitivamente. Lembrete • Quanto mais parecido com o similar em tamanho natural, melhor é o bonsai; • As plantas miniaturizadas produzem flores e frutos normalmente; • Evite deixar o bonsai em ambientes internos; • Proteja a planta do sol do meio-dia; • Os elementos fundamentais para a saúde do bonsai são: sol, ar, água e temperatura – evite sempre os extremos; • Inspecione a planta regularmente para evitar insetos e doenças. 27 28 cultura Câmara Brasil-China organiza missão para edição da Canton Fair Setores empresariais esperam abrir negociações com chineses E m sua 103ª edição, a Canton Fair espera bater recordes de público e de negócios. Considerada a maior e mais importante feira da China, o evento teve sua primeira edição em 1957, e desde então cresceu em importância e tamanho. Os números são superlativos: só nas suas edições de 2007 compareceram 400 mil pessoas de 213 países diferentes, que visitaram 14 mil expositores. Segundo os organizadores, os negócios fechados somaram cerca de US$ 74 bilhões, 11% a mais que em 2006. Serão representados na 1ª edição em abril os setores de máquinas e ferramentas, inclusive para o setor agrícola; equipamentos eletroeletrônicos; iluminação; têxteis (matérias-primas, vestuário, cama, mesa e banho, couro e peles); materiais de construção; produtos químicos; maquinaria e mecanismos para veículos e construções; alimentos; produtos de horticultura; utilidades e utensílios domésticos; móveis e cerâmica; presentes e decoração; bolsas e acessórios; artigos esportivos; papelaria e material de escritório. Realizada na cidade de Guangzhou (Cantão), capital da Província de Guangdong, no sul da China, a feira tem duas edições por ano, com duas fases cada. Na primeira edição, a primeira fase é realizada de 15 a 20 de abril, e a segunda de 25 a 30 do mesmo mês. Na segunda edição, a primeira fase é realizada de 15 a 20 de outubro, e a segunda de 25 a 30 do mesmo mês. Alguns setores representados na 1ª edição em abril de 2008 A primeira fase (de 15 a 20 de abril) será dedicada aos negócios de máquinas e ferramentas, inclusive para o setor agrícola; equipamentos eletroeletrônicos; iluminação; têxteis (matérias-primas, vestuário, cama, mesa e banho, couro e peles); materiais de construção; produtos químicos; e maquinaria e mecanismos para veículos e construções. Na segunda fase (de 25 a 30 de abril) será aberto espaço para os empresários dos setores de alimentos; produtos de horticultura; utilidades e utensílios domésticos; móveis e cerâmica; presentes e decoração; bolsas e acessórios; artigos esportivos; e papelaria e material de escritório. Pavilhão Internacional - Desde o ano passado, a Canton Fair conta com um pavilhão internacional de exposição, onde expuseram, na edição de outubro, 480 empresas de 55 países e regiões. A missão comercial organizada pela CBCDE está aberta para todas as empresas, inclusive as micro e pequenas. Para mais informações, o tel é (11) 3082-2636 ou pelo e-mail: [email protected]. Nikkey Matsuri retratam cultura japonesa Evento na Zona Norte de São Paulo acontece nos dias 26 e 27 de abril C Texto: Redação | Fotos: Divulgação om a proximidade das comemorações do Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, a comunidade nipo-brasileira já se prepara para homenagear os imigrantes. Na Zona Norte de São Paulo, por exemplo, entidades preparam a terceira edição do Nikkey Matsuri, que acontece nos dias 26 e 27 de abril. O local é o Clube da Cidade do Jadim São Paulo, (rua Viri, 525, Jadim São Paulo). Para a realização do evento, 11 entidades juntaram forças para divulgar a cultura e as tradições japonesas. São elas: Associação Tucuruvi, Vila Nova Cachoeirinha, Okinawa Santa Maria, Imirim, Edu Chaves, Guarulhos, Santana, Cahoeira, Campo Limpo, Escola Heisei e Uehara Gakuen. Na ocasião haverá shows culturais, demonstrações de danças típicas, radio taissô, bon odori, apresentação de taiko okinawa, shamissen, cerimônia do chá, kendô, exposição fotográfica e de objetos da imigração japonesa no Brasil, objetos do consulado geral, entre outras atrações. Além da parte cultural, o local também contará com uma praça de alimentação com comidas típicas, fato marcante em qualquer festa nipo-brasileira. Liga Nipo-Brasileira promove Torneio Topper de Futsal Evento congrega 14 entidades nipo-brasileiras A lém do Nikkey Matsuri, as entidades da Zona Norte juntam-se também para promover um evento voltado ao esporte. Trata-se do Torneio Topper de Futsal em comemoração ao Centenário da Imigração Japonesa, nos dias 19, 20 e 21 de abril. Além das equipes de São Paulo, há a confirmação de outras equipes de cidades fora do Estado, fato que mostra a integração entre as entidades. A Liga Nipo-Brasileira de Futsal faz parte de um conjunto de modalidades esportivas, como as Ligas de Tênis de Mesa, Liga de Volleyball, Liga de Xadrez e Liga de Sinuca. Coligadas com a própria Liga Nipo-Brasileira, fundada no ano de 2003, todas as modalidades, segundo os dirigentes, passam por um bom momento, comemorando, também, seu quinto ano de existência. Segundo o presidente Yoshio Imaizumi, o intuito de todos é a integração entre as associações e kaikans de São Paulo, “procurando manter viva as raízes de nossas origens, através do esporte e cultura”. Participam atualmente dos torneios 14 entidades. As Associações que quiserem participar podem entrar em contato pelo email [email protected] com cópia para [email protected]. Ou pelo tel 11/ 9553-5753. click MISS CENTENÁRIO O Etapa Alto Tietê s meses de janeiro e fevereiro foram agitados na comunidade. Em mais uma edição do Miss Centenário, desta vez no Alto Tietê, dezenas de garotas participaram da seletiva. Com jurados escolhidos a dedo pela organização, a grande vencedora foi a bela Karina Eiko Nakahara. Em segundo lugar ficou Vivian Kato Nakashima. Além das duas, Adriana Tiemi Tanikawa (terceiro lugar) e Camila Omori da Silva (miss simpatia) também foram premiadas. Na ocasião, autoridades e líderes da comunidade local participaram da escolha. Já a nikkei campeão está classificada para a finalíssima em são Paulo. Texto: Redação | Fotos: Divulgação 29 30 cidades Rio de Janeiro se prepara para homenagear imigrantes Prefeito Cesar Maia e governador Sérgio Cabral lançam ano do Centenário Texto: Redação | Foto: Leandro Marins/Divulgação O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, foi o anfitrião, no Palácio da Cidade, em Botafogo, do lançamento oficial do calendário de eventos comemorativos pelo Centenário da Imigração Japonesa do Estado do Rio. O evento, que teve a presença do embaixador do Japão no Brasil, Ken Shimanouchi, e do cônsul-geral do Japão no Rio, Masahiro Fukawa, também celebrou o início oficial do Ano de Intercâmbio entre o Brasil e aquele país. A programação oficial dos eventos se estenderá até o fim do ano, e inclui exposições no CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil) do Rio, no Museu Histórico Nacional e na Marina da Glória, sobre aspectos da cultura e da sociedade japonesa. Uma apresentação da Orquestra Sinfônica Petrobrás, regida por um maestro japonês, também fará parte da programação, assim como o lançamento de um livro contando a a história dos cem anos da presença dos japoneses no Rio e a realização de jogos amistosos entre times de futebol sub-15 dos dois países. Em seu discurso durante a cerimônia, Cesar Maia - que também é vice-presidente de honra da Comissão de Eventos Comemorativos do Centenário no Rio - lembrou a presença, sobretudo na educação, da colônia agrícola japonesa que se instalou na região de Santa Cruz há exatos 70 anos. “A colônia foi importante pelas escolas que deixou, e que hoje fazem parte da Rede Municipal de Ensino, e pela tradição de disciplina dos seus alunos”, ressaltou. Toda a história foi levantada em detalhes pelo educador Sinval de Souza, que é professor de uma das escolas fundadas pelos japoneses em Santa Cruz, a E.M. Joaquim da Silva Gomes. Antes da solenidade de lançamento, da qual participaram diversas autoridades municipais e estaduais, os convidados assistiram à apresentação de piano e voz, com repertório de músicas brasileiras e japonesas. Comunidade Presente também na cerimônia, a comunidade participou e aprovou o apoio tanto do governo quanto da prefeitura. Presidente da Associação do Centenário no Rio de Janeiro, Akiyoshi Shikada confirmou que os cariocas terão um ano repleto de atividades. Principalmente culturais. “Eu acho que estamos com muito prestígio. Fizemos uma programação que atende a todas as expectativas e temos o respaldo do governador e do prefeito. O Rio de Janeiro não ficará para trás quando se trata de Centenário”, garante o dirigente. Em termos de captação, Shikada confirma que muitas empresas – estatais inclusive – já sinalizaram com recursos. Além disso, a Câmara de Comércio local também deve investir nas ações pró-Centenário. “O cronograma será cumprido à risca. E, inclusive, estamos até mesmo preparados para receber o príncipe Naruhito, que virá ao Brasil em junho. Vontade e determinação não faltam aos cariocas”, afirmou. 31 esportes O Galinho Japonês ‘God Soccer’ (Deus do Futebol) O maior artilheiro da historia do Flamengo, Arthur Antunes Coimbra (ZICO), decidiu, em 1991, retornar aos gramados, escolhendo a Terra do Sol Nascente para levar sua mágica, transformando um futebol sem expressão em um futebol moderno e levando a J-league ao conhecimento do mundo. Atuou inicialmente no time Sumitomo Metals, e no mesmo ano o conquistou a artilharia com 21 gols e o título da Copa Muroran. Ficou também em 2º lugar no campeonato da Segunda Divisão e garantiu a vaga no primeiro campeonato profissional da liga japonesa, denominada J-League. No ano seguinte o Sumitomo passou a se chamar Kashima Antlers, aonde o Zico recebeu a camisa 10 e o apelido de JICO SAN. E foi neste mesmo time onde Zico marcou os mais bonitos gols de sua carreira, ambos em 1993. Zico se despediu do futebol japonês no dia 10 de outubro de 1994, jogando sua última partida pelo Kashima na vitória sobre a Seleção de estrangeiros que atuavam no Japão (3 a 1). Fechou sua passagem pelo futebol japonês com 88 jogos e 54 gols. Nesta época o Kashima já era uma potência nacional que disputava grandes títulos. E, devido a sua consolidação, Zico ganhou duas estátuas e foi presenteado pelo imperador com uma comenda pelos serviços prestados ao país. Texto: Fernando Ávila | Fonte: site oficial do Zico | Fotos: divulgação Zico, como técnico da seleção japonesa Os japoneses também realizaram o Carnival 94, que foi uma série de eventos homenageando o “Galinho” em sua despedida definitiva dos gramados. Hoje o Zico é muito reverenciado no Japão, e outra prova disso, é o apelido carinhoso “God Soccer” (Deus do Futebol) e ser até mesmo chamado de “Pelé Branco” pelos japoneses. Mesmo depois de deixar os gramados, Zico ficou no país aonde assumiu o cargo de Coordenador e Diretor Técnico do Kashima Antlers, onde foi responsável por estruturar o planejamento do clube. Mas Zico contribuiu também no desenvolvimento do time e da liga que começava a se estruturar. Com talento e um faro apurado, transformou o futebol numa febre que passou a movimentar economicamente o país. Contribuiu em projetos para construção de estádios, marketing e até a organização de competições. Naquele momento, o craque acabou concretizando parte do sonho que não tinha conseguido realizar no Brasil. Nos anos que antecederam a última Copa do Mundo, realizada no Japão e na Coréia do Sul, Zico auxiliou informalmente os japoneses na organização do Mundial, principalmente na cidade de Kashima e lutou ao lado dos dirigentes para que ela fosse uma das sedes. Até 2007, ainda trabalhava para o clube, mas teve de abandonar o cargo para se dedicar à seleção japonesa. Em 2002, comandou a seleção japonesa em sua segunda Copa do Mundo, e dirigiu a seleção do Japão até 2006 que, apesar de ter sido a primeira classificada para a Copa do Mundo da Alemanha, foi eliminada logo na primeira fase. Mas levou a seleção ao titulo de campeã asiática em 2004. Atualmente Zico treina a equipe turca ¨Fenerbahçe¨ que vem ganhando um grande espaço pelas suas conquistas na Liga dos Campeões da Europa (a competição mais importante do velho continente). Desempenho do Zico no Japão: Kashima Antlers Copa Muroran (JAP) Copa Suntory (1ª fase) (JAP) Meiers Cup (JAP) Pepsi Cup (JAP) Seleção Japonesa Vice-Campeão do Leste da Ásia (2005) Eleita melhor seleção da Ásia (2005) 5º colocado na Copa das Confederações (2005) Eleita melhor seleção da Ásia (2004) Campeão da Copa da Ásia (2004) Campeão da Copa Kirin (2004) Vice-Campeão da Copa do Leste Asiático (2003) 6º colocado na Copa das Confederações (2003) 32 dekasseguis Como tirar o passaporte? Saiba quais são os procedimentos para evitar dor de cabeça Texto: Redação | Foto: Antonio Cruz/ABr R$ 156.07, já a concessão de novo passaporte sem a apresentação do anterior (válido ou não) custa R$ 312,14. Nas unidades que emitem o passaporte antigo (cor verde) a taxa é de R$ 89,71, e R$ 179,42, para pedir a renovação ou outro passaporte sem a apresentação do documento antigo. Por fim, compareça ao posto do DPF munido da documentação original exigida (veja abaixo), GRU paga e protocolo da solicitação. Em algumas unidades do DPF é necessário fazer o agendamento prévio. Verifique no site se é preciso agendar o atendimento no posto escolhido. Documentos A decisão está tomada. Seja para passear ou passar um período trabalhando no Japão, o primeiro passo para a viagem é tirar o passaporte. Mas como fazer isso? Quais são as etapas para se chegar ao tão sonhado documento? O processo de solicitação inicia-se pela internet, com o acesso ao site do Departamento de Polícia Federal (www.dpf.gov.br). No site, clique no link “Informações gerais e requerimento de passaporte” e em seguida selecione a localidade onde deseja requerer o passaporte. Existem dois modelos do documento, o passaporte comum padrão de cor azul e o passaporte modelo antigo, de cor verde. Em seguida, clique em “emissão do passaporte”. Preencha o formulário e ao final digite o código de segurança. Serão exibidos três botões, inicialmente clique em “gerar protocolo”, depois “gerar GRU” (guia para pagamento da taxa) e finalmente em “fechar”. Após a inclusão dos dados será emitida a Guia de Recolhimento da União (GRU). O boleto deve ser pago, respeitando sua data de vencimento. A taxa de concessão de passaporte comum, cor azul, é de O interessado em obter o passaporte comum deve ser brasileiro nato ou naturalizado. Para realizar o pedido é preciso comparecer em quaisquer das unidades descentralizadas ou postos de atendimento do Departamento de Polícia Federal e apresentar em original da Carteira de Identidade Civil (RG) e Certidão de Casamento com a devida averbação, se for o caso, para as pessoas que tiverem o nome alterado em razão de casamento, separação ou divórcio; Carteira de Identidade Civil (RG) ou Certidão de Nascimento para os menores de 12 anos; Título de Eleitor e comprovantes de que votou na última eleição (dos dois turnos, se houve). Outros documentos também devem estar à mão: documento que comprove quitação com o serviço militar obrigatório; certificado de Naturalização, para os Naturalizados; comprovante de pagamento da taxa em reais, por meio da guia GRU (Guia de Recolhimento da União), que deverá ser preenchida pela internet, sendo necessário o CPF do requerente ou responsável, código da receita e da unidade arrecadadora conforme tabela das receitas existente na própria guia O passaporte será entregue pessoalmente a seu titular, mediante apresentação de documento de identidade e assinatura de recibo. Busque seu passaporte no horário e local indicados. O prazo de entrega é de no máximo seis dias úteis. Em caso de dúvidas, o telefone para informações é: 0800-9782336. vitrine 33 34 vitrine perdido no japão 35 Em busca de um novo lugar ao sol japonês Texto e foto por Fabio Seiti Tikazawa E ste mês completo meio ano aqui neste país. O engraçado é que, apesar das horas na fábrica parecerem intermináveis (12 horas todos os dias, 6 dias por semana), os dias passam muito rápido e quando me lembro de ver a data, já está na hora de trocar a folha do calendário novamente. Percebendo a velocidade com que tudo gira e acontece aqui no Japão, constatei que estava desperdiçando muitas chances de conhecer lugares, pessoas e culturas, por estar morando num lugar afastado e de difícil acesso às cidades grandes. Assim sendo, com o intuito de otimizar a minha estadia por aqui, resolvi me mudar. Durante todo o mês de fevereiro, abdiquei do meu sagrado dia de folga semanal para conhecer novas cidades. Viajei 5 horas até Shizuoka, para conhecer a famosa Hamamatsu, um lugar com grande concentração de brasileiros. Gostei da cidade, o centro é movimentado, repleto de edifícios e outdoors coloridos. Também fui para a cidade de Soka, em Saitama. O lugar não tinha as mesmas atrações de Hamamatsu, porém fica a 20 minutos de trem de Tóquio, o que me permitiria conhecer cada um dos bairros da capital japonesa sem gastar horrores em passagem de trem. (Gunma é a província onde o transporte tem as tarifas mais altas). A última cidade que fui conhecer foi Karuizawa. A região é conhecida por abrigar mansões coloniais da elite japonesa, inclusive o imperador do Japão tem uma casa no local. As ruas são repletas de lojas de grifes famosas para atender os moradores sofisticados e endinheirados da região. Após visitar lugares com particularidades bem diferentes, ainda não decidi onde será meu destino final. Também estou cogitando ir para Tóquio ou Nagoya, mas não tenho nada concreto, me restam ainda umas semanas para pensar. De qualquer forma, tenho certeza de que independente do lugar onde eu vá morar, conhecerei e aprenderei muitas coisas novas e terei muitas novidades para contar, afinal de contas, toda experiência nova sempre traz uma série de surpresas, ora agradáveis, ora nem tão agradáveis. Vamos ver no que vai dar... Até a próxima edição! Jya Mata. * Fabio Seiti Tikazawa é publicitário, aspirante a redator, aprendiz de dekassegui e está perdido no Japão há 5 meses. Contato – [email protected] 36 turismo Mix de cultura japonesa no Akimatsuri Maior evento nipo-brasileiro de Mogi das Cruzes terá atração internacional Texto: Redação | Fotos: Divulgação O s amantes de cultura japonesa e dos grandes festivais nipo-brasileiros podem ir se preparando. Acontece nos dias 11, 12 e 13 de abril a 23ª edição do Akimatsuri, maior evento nipo-brasileiro da região e que espera reunir mais de 50 mil pessoas nos três dias de festa. Como em 2008 é comemorado o Centenário da Imigração, a organização prepara ações diferentes para chamar a atenção dos visitantes. Um dos principais atrativos é o pavilhão de exposições agrícolas e culturais. O setor sempre causou surpresas aos visitantes devido à ousadia e criatividade da decoração. No ano passado o navio Kasato Maru foi reproduzido em uma tela de mais de cinco metros de comprimento. A riqueza nos detalhes do trabalho chamou a atenção de quem passou pelo local e emocionou aqueles que tinham histórias para contar da época. Neste ano, em comemoração aos 100 anos, o pavilhão revive a trajetória de quando os imigrantes chegaram ao Brasil. No espaço será reproduzida a casa onde viveram os primeiros japoneses, as plantações mais comuns na época, costumes e tradições trazidas do Japão. Comida e cultura A novidade deste ano é que parte da decoração foi feita com material reciclado. Cerca de oito mil garrafas pet foram usadas para confeccionar as flores que ornamentarão a entrada do setor, que também receberá outras nove mil flores de papel para montar as árvores de sakura (cerejeira), um dos principais símbolos da colônia japonesa. Segundo o coordenador do setor, Yusi Edagi, ainda há muito o que conferir no setor. “O restante ainda permanecerá em segredo. As pessoas terão que comparecer na festa para conferir as novidades que preparamos para este ano, tão especial para nós, devido a comemoração do centenário da imigração no Brasil”, encerra. Como todo evento nikkei, não faltarão comida típica e atrações culturais ao público. A praça de alimentação terá mais de 20 barracas, que servirão yakissoba, udôn, tempurá, guioza, yakitori, takoyaki, sushi e harumaki. Quem quiser inovar poderá experimentar os sorvetes de tempurá e de massa de chá verde feito com limão e hortelã. Haverá ainda barracas de churrasco, pastel, crepe suíço e os carrinhos de pipoca. Na parte cultural, shows e apresentações artísticas conferem o ar sempre festivo do Akimatsuri. Estarão lá, por exemplo, demonstrações de taikô, yosakoi soran e koto de grupos oriundos das mais diferentes regiões paulistas. Já nas artes marciais os destaques são o sumô, kendo, aikido e judô. Aos que preferem conferir shows, cantores como o nikkei Joe Hirata, a banda Ton Ton Mi e o cantor japonês Masaki Hajime , que se apresenta às 20 horas do dia 12/04 (sábado) e às 19 horas no domingo (13/04). Na apresentação está programada ainda a participação do grupo brasileiro de yosakoi soran, Ishin e do próprio Joe Hirata. O evento acontece no Centro Esportivo do Bunkyo (av. Japão, 5919, bairro da Porteira Preta, Mogi das Cruzes). Mais informações podem ser obtidas no site: www.akimatsuri.com.br. j-music 37 O Neo Visualizm da música japonesa N Texto: Henrique Duarte | Foto: Divulgação ão há exagero nenhum em dizer que, há mais de cinco anos em carreira solo, miyavi é um verdadeiro marco na música japonesa. Sendo o eterno processo de experimentação musical uma de suas principais características, seus trabalhos já foram classificados como rock, pop, punk, new metal, jazz, salsa e, mais recentemente, como hip hop. E é exatamente aí que se emprega o termo Neo Visualizm, um fenômeno que vem chamando a atenção da crítica musical nos últimos tempos. “Não importa que tipo de música você faça e como se pareça: esqueça o senso comum e trilhe o seu próprio caminho”, este é um trecho de Sakihokoru Hana no Yoni, a canção que inaugura o movimento Neo Visualizm. É nesse clima de autonomia e radicalismo que miyavi canta pela primeira vez a respeito da nova fase de sua carreira. Agora na companhia dos Kabuki Boiz (algo como Garotos do Kabuki) - um DJ, um MC/beatboxer e um sapateador -, o novo estilo visual de miyavi é uma verdadeira junção de elementos da cultura hip hop (norte-americana) e da arte kabuki (expressivamente japonesa). Ao contrário do que muitos fãs pensam por aí, o Neo Visualizm não veio para ficar, mas veio para fazer história: “se tirarmos a nossa máscara você não nos reconhecerá”. Por mais que a aparência impressione, a grande mágica de todo esse movimento é usar a música para falar... de música. É a arte a favor da discussão da arte e da liberdade de expressão. Além disso, observando o seu nobre senso de patriotismo, podemos destacar também a consideração de miyavi para com as tradições culturais de seu país, seja no aspecto musical ou histórico. Ao declarar “X JAPAN, LUNA SEA e Kuroyume... meus mestres me deixaram um caminho a percorrer”, o cantor reconhece a importância desses nomes para a evolução do rock japonês como uma das trajetórias mais belas no mundo todo. Ao resgatar a arte kabuki, valoriza uma importante expressão teatral do Japão, que relaciona o canto, a dança e a expressão corporal e é um dos pilares da estética oriental, principalmente fora do país. Aliás, retratar o kabuki em meio a boas doses de hip hop faz deste músico uma fiel expressão da atual música japonesa. O Japão, hoje, é um misto harmonioso de modernidade tecnológica e antepassados culturais. Da mesma forma e mais do que nunca, ao contrário do que muitas bandas vêm mostrando como tendência, miyavi faz questão de trabalhar o que é moda sem perder o gosto pela arte tradicional. O Neo Visualizm é uma marca própria do trabalho de miyavi, mas a maior parte das bandas atuais de visual kei já apresentam uma influência significativa de tendências sonoras da música não-japonesa, inclusive de elementos visuais que estão nascendo no ocidente e a todo momento sofrem releituras orientais. O Visual Kei, aos poucos, deixa de ser um aspecto subcultural e passa a ter um alcance além das fronteiras geográficas orientais. Em tempo, o Neo Visualizm já rendeu três singles (Sakihokoru Hana no Yoni, Subarashiki Kana, Kono Sekai -WHAT A WONDERFUL WORLD- e Hi no Hikari sae Todokanai Kono Basho de feat. SUGIZO), um mini-álbum (7 Samurai Sessions - We’re KAVKI BOIZ-) e um álbum completo está previsto para 19 de março, com o nome de -THIS IZ THE JAPANESE KABUKI ROCKEsse jogo de ideologias e de discussões metalingüísticas colocam o Neo Visualizm como, de fato, um marco na música japonesa, mas não lhe tira o caráter de tendência, de movimento passageiro. Afinal de contas, o eterno processo de experimentação de miyavi continua e resta-nos apenas esperar com expectativa pela sua próxima criação. * Os nomes artísticos de bandas e cantores foram mantidas em sua grafia original japonesa 38 eventos A maior feira de mangás de São Paulo Texto: Layla Camillo | Foto: Divulgação E m março ocorreu a 14ª edição da Fest Comix, considerada a maior feira de quadrinhos do país. Promovendo descontos de até 70%, o evento agradou os fãs de mangás, que puderam completar suas coleções. Em todos os dias da feira, foram realizadas palestras anunciando novos títulos, com a presença das editoras Panini, NewPop, Lumus, Pixel Media e HQM. Grupos de fãs também tiveram espaço na programação como, por exemplo, o Dattebayo Brasil (de “Naruto”) e os fundadores do site Tokusatsu.com.br. Também ocorreu uma palestra sobre cosplay, que tratava mais especificamente do YCC (Yamato Cosplay Cup), o maior concurso de cosplay individual do Brasil. No batepapo também se falou da importância do concurso e do próprio hobbie de fazer cosplay, até então desconhecido por parte do público presente na feira. Moda japonesa no Mercado Mundo Mix O Memorial da América Latina recebeu pessoas de todos os estilos e movimentos no 14º ano do Mercado Mundo Mix. E o que ainda parecia faltar, esteve presente nessa edição: o universo pop japonês. A moda tão adorada pelos fãs da cultura japonesa, como o visual kei, finalmente chega ao mundo fashion de São Paulo. Pela primeira vez no MMM, ocorreu um concurso cosplay, que mostrou que veio pra ficar, tendo total aceitação pelo público tradicional do evento, que adorou cada uma das apresentações. No clima japonês do evento, sábado as atrações começaram com apresentação de taiko, seguido pelo tão esperado concurso de cosplay. Domingo a chuva não assustou o público, que não arredou o pé para ver o show da drag Silvetty Montilla com a presença do cantor Paulo Ricardo. Texto e fotos: Tom Marques 39 eventos Anime Party e Anime Summer agitaram fevereiro Texto: David Denis Lobão e Felipe Marcos - editores do portal D Concurso de cosplay do evento Anime Summer Foto do evento Anime Party ois eventos dedicados a animação japonesa chegaram neste ano à sua segunda edição, trata-se do Anime Party e do Anime Summer. Ambos foram criados pela Yamato Comunicações e Eventos em 2007, como uma alternativa ao longo período sem eventos entre os principais encontros de fãs do país, que são realizados em São Paulo entre os meses de janeiro (Anime Dreams) e julho (Anime Friends). Neste ano, ambos foram realizados no mês de fevereiro e cresceram em relação à primeira edição, mostrando que aos poucos estão ganhando seu espaço e conquistando um público fiel. O Anime Party foi realizado na capital paulistana e teve cinco mil visitantes, enquanto o Anime Summer ocorreu na cidade de Santos e teve três mil pessoas presentes. Dentre as atrações destacam-se a máquina de dança coreana Pump It Up, os campeonatos de videogame do Press Start, os estandes com produtos variados e o Centro Cultural Japão, atividade que contou com apresentações de artes marciais no palco e workshops de taikô. Também tiveram espaço nos eventos Anime Party e Anime Summer os concursos culturais de animekê e cosplay. Os vencedores da categoria tradicional individual de cosplay dos dois eventos foram automaticamente classificados para a final brasileira do YCC (Yamato Cosplay Cup). Já o vencedor do animekê do Anime Party vai participar do Animekê show no Anime Friends 2008 e poderá ganhar uma viagem para o Japão. As palestras também tiveram espaço nos eventos, durante o Anime Summer, ocorreu um bate-papo com o dublador Silvio Navas, a voz do Rei Cutelo de “Dragon Ball” e do Mumm-ra de “Tundercats”, que conquistou o público fazendo ao vivo as vozes de seus principais personagens. Os dois eventos já possuem sua terceira edição confirmada para 2009, à previsão é que no ano que vem ambos serão realizados no mês de março. www.ohayo.com.br | Fotos: Site Otaku Brasil Vencedores dos concursos culturais dos eventos Anime Party 2008 Animekê Categoria única - Marcelo Massayuki Cosplay Livre Individual - Simone Setti Livre Grupo - “Grupo Akatsuki” Desfile - Fernanda Ribeiro Tradicional Individual - Vitor Castro Tradicional Grupo - Davison e Luan Anime Summer 2008 Animekê Categoria única - Caio Corban Cosplay Livre Individual - Paulo Lima Livre Grupo - Ana Paula e Mandoka Desfile - Ana Paula Pereira Tradicional Individual - Gabriel Braz Tradicional Grupo - Ariene e Paulo 40 game e cosplay A volta de ‘Street Fighter’ Texto: Daniela Giovanniello e David Denis Lobão D esde 2005 a Capcom escondia detalhes do “Street Fighter IV”, versão para os consoles da nova geração do jogo de luta mais famoso de todos os tempos. Depois de um vídeo que mostra Ryu e Ken refazendo o duelo clássico, com novos visuais e cenário diferente, foi confirmado que todos os personagens clássicos do primeiro “Street Fighter II” estarão de volta: E. Honda, Blanka, Guile, Zangief, Dhalsim e Chun-Li. A novidade é o anúncio de uma nova personagem, divulgada pela revista japonesa Famitsu, trata-se de uma lutadora ruiva chamada Crimson Viper, cujos poderes especiais serão uma mistura de eletricidade e fogo. O tão aguardado “Street Fighter IV” deverá ser mais violento que os jogos anteriores da série, deverá ainda ser baseado em mais ataques e menos defesas; e que apesar de todo o cenário e personagens em 3D, a jogabilidade deverá ser mantida em 2D, estratégica e tradicional, para preservar o estilo da série. Quanto aos gráficos, a intenção não é deixá-los completamente realistas, mas sim como “pinturas animadas”. É a primeira vez que a linha principal de “Street Fighter” adota gráficos poligonais. Até a terceira edição, tanto os cenários como os personagens eram ilustrações desenhadas à mão. O método do quarto episódio é semelhante a da série paralela “Street Fighter EX”, mas a qualidade visual está totalmente aperfeiçoada. “Street Fighter IV” deverá sair a princípio para PS3 e Xbox 360 e deve chegar ao mercado no dia 15 de junho desse ano. Evento para cosplayers em maio Texto: David Denis Lobão | Foto: Roseli dos Santos M uitas pessoas ainda não sabem, mas o Brasil possui um evento dedicado especialmente para os cosplayers, os fãs que se fantasiam como seus personagens favoritos de desenhos, filmes, quadrinhos e games. Esta convenção de cosplayers é chamada de Cosplaycon, e foi criada em 2005 pela empresa Yamato Comunicações e Eventos. O Cosplaycon teve suas três primeiras edições realizadas dentro do evento Anime Fantasy, mas devido ao seu sucesso, neste ano ele será realizado separadamente, como uma convenção solo no mês de maio. Durante o evento, além dos concursos regulares de cosplay, deverão ser realizadas apresentações especiais e o anuncio de novidades nos principais concursos do país: Circuito Cosplay e YCC (Yamato Cosplay Cup). O Cosplaycon será a chance para que os cosplayers iniciantes e veteranos se encontrem e compartilhem suas experiências, além de oferecerem um grande show para o público presente. Mais informações sobre o evento poderão ser obtidas nos sites: www.ohayo.com.br e www.cosplaycon.com.br. 41 42 animê Filmes inspirados nos desenhos japoneses “Speed Racer” – Herói que fez sucesso nos anos 70 volta em versão modernizada O filme “Speed Racer” que começou a ser produzido em 2007 e foi filmado na Alemanha terá seu lançamento mundial no dia nove do mês de maio. O longa tem roteiro e direção de Larry e Andy Wachowski, os irmãos criadores da trilogia Matrix. A produção é de Joel Silver (“V de Vingança” e “Matrix”). “Speed Racer” terá Emily Hirsch de “Na Natureza Selvagem” vivendo o protagonista. O ator que interpreta o personagem Jack de “Lost”, Matthew Fox, será o Corredor X. No filme também estarão os personagens Trixie e Rex Racer. Adaptação da série japonesa criada na década de 60 por Tatsuo Yoshida, “Speed Racer” terá aparições da marca Petrobras no cenário de forma variada. Em maio será lançado ainda o jogo “Speed Racer” nos EUA. O game para Nintendo Wii também terá um carro da Petrobras. Aproveitando a onda do filme, a Lego vai lançar uma linha de bonecos e carros baseados no desenho animado. A empresa planeja lançar kits com quatro caixas diferentes que terão acessórios do filme. Também para coincidir com o lançamento do filme, uma nova versão do desenho será produzida pela Lionsgate. A previsão é de que a exibição que ficou a cargo do Nicktoons da Nickelodeon e também aconteça no dia nove de maio. animê 43 invadem os cinemas americanos em 2008 Texto : Túlipe Helena | Fotos: Divulgação/Reprodução “Dragon Ball” – Maior sucesso comercial dos anos 90 ganha longa com atores reais A s filmagens da versão cinematográfica de “Dragon Ball” começaram em novembro do ano passado. Justin Chatwin que atuou em “Guerra dos mundos” irá interpretar o protagonista Goku, seu inimigo será Piccolo vivido por James Marsters (“Smallville”). A direção é de James Wong que também dirigiu “Arquivo X” e o primeiro e o terceiro “Premonição”. As coreografias das lutas ficaram por conta da mesma companhia que foi responsável pelas seqüências de alguns filmes de sucesso, dentre eles “300” e “Matrix”. Na história, o jovem Son Goku vive em um universo que gira em torno de objetos místicos e a busca pelas sete esferas do dragão para ter de volta seu avô Gohan. Em sua jornada ele vai encontrar personagens clássicos como Chi-Chi (Jamie Chung), Bulma (Emmy Rossum), Mai (Eriko Tamura), Yamcha (Joon Park, que também está em “Speed Racer”) e Mestre Kame (Chow Yun-Fat de “O Tigre e o Dragão”) Por ser um fenômeno de vendas em todo o mundo, “Dragon Ball”, mangá criado por Akira Toriyama tornou-se um desenho animado, jogos de videogames e filmes de longa-metragem animados. O filme “Dragon Ball” ‘live action’ já está quase pronto, cerca de 70% do filme está concluído, e o longa tinha estréia prevista para 15 de agosto nos EUA, mas foi adiado para 3 de abril de 2009. 44 mangá ‘Ouran Host Club’ será lançado no Brasil em 2008 U Texto : Daniela Giovanniello m dos lançamentos mais esperados pelos fãs de mangás brasileiros será lançado este ano no Brasil pela editora Panini, trata-se de “Ouran High School Host Club”, uma comédias românticas criada por Bisco Hatori e publicado na revista japonesa “LaLa” desde agosto de 2003. O mangá de “Ouran Host Club” ainda está em sendo publicado no Japão e já vendeu mais de seis milhões de cópias. Os quadrinhos fizeram tanto sucesso no Japão que deram origem a um animê de 26 episódios, que por sua vez gerou um jogo para PlayStation 2, o game de relacionamento foi lançado em abril de 2007 e tem até um site. Na história do mangá, Fujioka Haruhi é uma menina pobre que ganha uma bolsa de estudos oferecida anualmente pelo colégio Ouran High School, em Bunkyo, Tóquio. A escola é para alunos absurdamente ricos e Haruhi é tão pobre que nem uniforme tem, por isso, usa um jeans qualquer e acaba sendo confundida muitas vezes com um menino. Ao chegar ao colégio em uma tarde, quando procurava um lugar tranqüilo para estudar, acaba achando uma sala de música onde conhece o ‘Host Club’. Ela é confundida com um garoto e todos os lindos meninos que lá estavam começam a ‘zoar’ com ela, pois aquele lugar só é freqüentado por garotas, logo se “ele” está lá, é porque é homossexual ou travesti. Depois de tanta gozação, a menina sai correndo do lugar e acaba quebrando um vaso de 800 milhões de ienes. Por causa disso (e por ela não ter condição de pagar), Haruhi é obrigada a trabalhar para o Host Club. A partir daí, a garota vira uma “escrava” do clube, fazendo pequenos trabalhos para os membros até que eles percebem um enorme potencial em Haruhi, para ser a “sensação masculina” entre as garotas. 45 46 tokusatsu ON QUE É ULTRAMAN? o ano de 1966, Eiji Tsuburaya, o mago dos efeitos especiais do cinema japonês, criou um tokusatsu que iria revolucionar a televisão e se tornar um verdadeiro fenômeno do entretenimento. Estamos falando de “Ultraman”, o famoso herói vermelho e prata que protege a Terra dos ataques de monstros gigantes. A série se passa em um futuro alternativo, onde a Terra constantemente é invadida por alienígenas e outras ameaças espaciais. Para combater esse problema, existe a Patrulha Científica, uma espécie de organização militar que conta com um vasto aparato tecnológico e naves de combate. Durante uma patrulha de rotina, o oficial Shin Hayata, sofre um acidente quando sua nave choca-se com um misterioso ser espacial que veio a Terra em busca de um monstro. Ao ver que Hayata havia morrido, o ser espacial decide salvar sua vida, fundindo-se com ele. Assim, ao ativar sua Cápsula-Beta, Hayata poderia se transformar em Ultraman, um guerreiro gigante com muitas técnicas de luta e capacidade de disparar raios-laser. O programa foi produzido pela Tsuburaya Productions e transmitido no Japão pela emissora TBS, de julho de 1966 a abril de 1967, num total de 39 episódios, sendo exibido também em diversos países como Estados Unidos, México, Tailândia e outros. No Brasil, a série foi transmitida pela TV Tupi, Bandeirantes, SBT e Rede Manchete. O sucesso de Ultraman foi tanto que dezenas de outras séries e até mesmo filmes foram produzidos para dar seqüência às aventuras do herói gigante. Dentre as séries da Família Ultra, mais três passaram no Brasil: “Ultraseven” (1967), “O Regresso de Ultraman” (1969) e “Ultraman Tiga” (1996). Ultraseven X As produções mais recentes com a Família Ultra são “Ultraman Max” (2005), “Ultraman Mebius” (2006) e “Ultraseven X” (2007). “Ultraseven” teve sua série própria em 1967, especiais lançados diretamente em vídeo e aparições em novas aventuras em 1999 e 2002. Em outubro de do ano passado, para comemorar seus 40 anos, o herói ganhou um novo seriado, Conheça a história dos heróis da Familía Ultra Texto: Anderson Tinoco, Eugenio Furbeta e Leandro Cruz – do portal: www.tokusatsu.com.br | Fotos: Divulgação / Reprodução Ultraman Max “Ultraseven X”. As gravações do novo seriado começaram em junho de 2007 e “Ultraseven X” teve seu final exibido em janeiro deste ano, totalizando 12 episódios, todos levados ao ar no período noturno. A série, mostra Seven com um novo visual, mais agressivo, voltada para o público adulto. A direção dos dois primeiros episódios foi de Takeshi Yagi, veterano das séries Ultra, tendo dirigido episódios de “Ultraman Gaia”, “Cosmos”, “Nexus”, “Max” e “Mebius”. O ator que interpretou Jin, a forma humana de Seven X é Eriku Yoza. 47 48 vitrine 49 50 curiosidades Gibi traz enredo em comemoração aos 100 anos de imigração Edição de 4º aniversário de ‘Takinha e sua Turma’ traz à tona a importância das origens Texto: Redação A cultura oriental sempre se posicionou como ícone em diversos segmentos. Devido ao Centenário da Imigração Japonesa no Brasil, a edição de número 17 e de 4º aniversário da revista trimestral Takinha e sua Turma apresenta para os leitores a importância de cada um conhecer e preservar um bem muito precioso: a família. Com 19 páginas, o gibi traz uma história na qual o personagemtítulo e seus amigos embarcam em uma viagem a um sítio onde, além de muitas brincadeiras em meio à natureza, eles têm um encontro com as origens. Nessa jornada, os protagonistas pretendem estudar seus antepassados para compreenderem a razão de suas próprias existências, assim como é princípio entre os orientais. Com o título “O Valor da Nossa História”, o enredo busca ensinar como cada cidadão deve pesquisar sobre sua família com o intuito de saber por que cada povo tem sua cultura e tradição, o que leva geração a geração a transmitir os valores universais da família. A importância do processo imigratório, com ênfase na história de Takinha, ganha destaque por trazer ensinamentos da cultura japonesa e também do passado da família Takaoka. Vale lembrar que o personagemtítulo foi inspirado no engenheiro Yojiro Takaoka, um dos idealizadores de Alphaville, bairro-cidade que é conceito de luxo e sofisticação na Grande São Paulo. Em sua seção de diversão e curiosidades, o gibi traz brincadeiras para a criançada, como jogos de colorir e a construção de uma árvore genealógica. A revista também expõe orientações e atividades dos escoteiros que podem e devem ser aplicadas nas escolas. No final, a publicação apresenta uma analogia do bonsai como marco da importância de nossas origens. O GIBI A revista em quadrinhos Takinha e sua Turma é distribuída gratuitamente nos residenciais de Alphaville, Tamboré, Aldeia da Serra e escolas da região. Editada desde meados de 2003, já abordou diferentes assuntos educacionais, como: economia de água, vazamentos, preservação de florestas e de animais, entre outros temas. A publicação, impressa em papel reciclável, é uma iniciativa da Y. Takaoka Empreendimentos, com produção do Studio Cortez. Vale acrescentar que várias edições do gibi Takinha e sua Turma estão disponibilizadas no site www.takaoka.eng.br para leitura ou impressão tanto em cores quanto na versão para colorir e brincar. 51 52
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