Interpretação de Líquor Cefalorraquidiano
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Interpretação de Líquor Cefalorraquidiano
Equipe de Residência Médica em Pediatria do Complexo Hospitalar Edmundo Vasconcelos Orientador: Dr. Rubens Tadeu Bonomo 28/10/2014 Para relembrarmos Meningite: • É um processo agudo que compromete as leptomeninges (pia-aracnóide), ocasionando reação inflamatória do espaço subaracnóide e das membranas que envolvem o encéfalo e a medula espinhal, sendo esta reação detectada no líquido cefalorraquidiano (LCR). Os principais agentes das meningites são bactérias e vírus. Agentes da Meningite Bacteriana: Neonato 1 a 3 meses 3 meses a 3 anos 3 a 10 anos 10 a 19 anos Streptococcus do Grupo B (50%) Streptococcus do grupo B (39%) S. pneumoniae (45%) S. pneumoniae (47%) N. meningitidis (55%) E coli (25%) Bacilos gramnegativos (32%) N. meningitidis (34%) N. meningitidis (31%) Outros Gram negativos (6%) S. pneumoniae (14%) Streptococcus do grupo B (11%) L. monocytogenes (6%) N. meningitidis (12%) Bacilos gramnegativos (9%) S. pneumoniae (5%) H. influenzae (8%) Quadro clínico: • Tríade clássica: – Vômitos – Cefaleia – Febre Sinais: • Rigidez de nuca • Brudzinski (positivo quando há flexão dos membros inferiores durante flexão passiva do pescoço). • Kernig – positivo quando o paciente, em decúbito dorsal com um joelho e quadril fletidos a 90º, não consegue estender esse joelho mais de 135º e/ou flexiona involuntariamente o outro quadril). • Lasegue - Paciente em decúbito dorsal e membros inferiores estendidos, examinador faz flexão passiva da coxa sobre a bacia. Positivo: Dor na face posterior do membro examinado. Manifestações clínicas em Neonatos e Lactentes • Febre; irritabilidade; agitação; • Recusa alimentar; • Vômitos; convulsões; abaulamento de fontanela; • Raramente sinais de irritação meníngea. Diagnóstico complementar: Exame diagnóstico Indicação LCR Suspeita diagnóstica Quimiocitológico (citologia, proteína, glicose) Látex para pneumococo, meningococos (A, B, C) e H. Influezae B Bacterioscopia Cultura com antibiograma Hemograma Suspeita de etiologia bacteriana Hemocultura Suspeita de etiologia bacteriana Cultura de lesão de pele Presença de petéquias ou sufusões hemorrágicas VHS e/ou PCR Suspeita de quadro infeccioso grave Glicemia e proteínas séricas Para comparar com resultado do LCR Gasometria arterial Suspeita de distúrbios ácido-básicos e/ou comprometimento pulmonar Sódio, potássio e cloro Suspeita de distúrbios metabólicos Uréia, creatinina Suspeita de comprometimento da função renal Coagulograma Suspeita de CIVD ou se petéquias ou sufusões TC de crânio Complicações Líquido Cefalorraquidiano - LCR • CONCEITO: É um fluido aquoso estéril (ultrafiltrado do sangue) presente no espaço intracraniano, preenchendo o sistema ventricular, o canal central da medula e os espaços subaracnóides craniano e raquiano. Sangue LCR REIS, J.B, et al, Semiologia do LCR, Líquido Cefalorraquidiano. Ed Sarvier, SP, 1980, cap V. Líquido Cefalorraquidiano - LCR • Funções: – Fornecimento de nutrientes para o cérebro; – Remoção de produtos da atividade neuronal do cérebro; – Manutenção da homeostase; – Proteção mecânica das células cerebrais. HENRY, J . B. Clinical Diagnosis and manegement by laboratory methods. W. B. Sundres,Philadelphia, 2001. Líquido Cefalorraquidiano - LCR • Principais indicações: – – – – – – – Infecções do SN e seus envoltórios; Processos granulomatosos com imagem inespecíficas; Processos desmielinizantes; Leucemias e linfomas (estadiamento e tratamento); Imunodeficiências; Processos infeciosos com foco indeterminado; Hemorragia subaracnóide. HENRY, J . B. Clinical Diagnosis and manegement by laboratory methods. W. B. Sundres,Philadelphia, 2001. ANÁLISE DO LCR CARACTERÍSICAS GERAIS ASPECTO E COR CITOLOGIA FAGÓCITO LINFÓCITO BIOQUÍMICA PROTEÍNA GLICOSE LACTATO CLORETO REAÇÃO DE PANDY MICROBIOLOGIA IMUNOLOGIA COMAR, Ricardo Samuel. Análise citológico no LCR, 2011. AUMENTO DE PROTEÍNA. SE PROTEÍNA NORMAL = ALTERAÇÃO QUALITATIVA. FENOL X GLOBULINAS. EX: INFEC CRÔNICAS. SUBSTITUÍDO POR VDRL E IMUNOGLOBULINAS GRAM – BACTERIOSCOPIA ZIEHL – BACILOSCOPIA TINTA DA CHINA CULTURAS LÁTEX MENINGITIS LÁTEX CRYPTOCOCCUS VDRL PROTEÍNAS HIPERproteinorraquia: Meningites Tumores do SNC Neuropatia periférica Bloqueio espinhal por tumor medular Hemorragia subaracnóidea Hérnia de disco • • • • HIPOprotoeinorraquia: Hipertensão intracraniana Leucemias Hipertireoidismo COMAR, Ricardo Samuel. Análise citológico no LCR, 2011. CARACTERÍSICAS GERAIS ASPECTO E COR 1- ASPECTO • LCR Normal : Límpido – DEPENDE : Nº células, concentração de proteína e microrganismos em suspensão • • • • • CLASSIFICAÇÃO Límpido....................... ..até 45 Células Levemente Turvo........ 46 a 300 Células Turvo/Opalescente.... .301 a 6.000 Células Purulento................. Acima de 6.000 Células A GUIDE FOR LIQUOR LICENSEES IN BRITISH COLUMBIA Updated July 2014 CARACTERÍSICAS GERAIS ASPECTO E COR 2 -COR • Incolor – normal • Levemente xantocrômico • Xantocrômico • Levemente hemorrágico / eritrocrômico • Hemorrágico / eritrocrômico A GUIDE FOR LIQUOR LICENSEES IN BRITISH COLUMBIA Updated July 2014 COLORAÇÃO • LIQUOR XANTOCRÔMICO • RN: Normal - até 30 dias após nascimento e em alguns casos até 120 dias. • HEMORRAGIA SUBARACNÓIDE • TRANSUDAÇÃO DE PROTEÍNA DO SORO • ORIGEM BILIAR-Pacientes com icterícia intensa A GUIDE FOR LIQUOR LICENSEES IN BRITISH COLUMBIA Updated July 2014 VALORES NORMAIS DO LCR • Leucócitos: RN 12 a 15 – Outros < 5 • Hemácias: zero • Proteínas: – Nível da punção: • Ventricular: 5-15mg % • Cisternal: 10-25 mg % • Lombar: 10-43mg% – RN < 120 • Glicose: 2/3 da Glicemia (45 - 80 mg %) • Cloreto: 680 – 750 mEq/L • Cloro: 118 - 132 A GUIDE FOR LIQUOR LICENSEES IN BRITISH COLUMBIA Updated July 2014 Exemplo 1: • • • • • Leucócitos: 510 células/mm³ (100% N) Hemácias: Proteínas: 150 mg% Glicose: 10 mg% Cloretos: 680 mEq/L Exemplo 2: • • • • • Leucócitos : 350 células/mm³ (100%LM) Hemácias: Proteínas: 40 mg% Glicose: 50 mg% Cloretos: 700 mEq/L Exemplo 3: Lactente jovem com Otite Média Aguda. Esboçou sinais meníngeos. • • • • • Células: 250 células/mm³ (100% LM) Hemácias: Proteínas: 30 mg% Glicose: 50 mg% Cloretos: 710 mEq/L Exemplo 4: Criança com IVAS (sem foco infeccioso bacteriano) e vômitos. • • • • • Leucócitos: 510 células/mm³ (60% LM / 40% N) Hemácias: Proteínas: 80 mg% Glicose: 74 mg% Cloretos: 670 mEq/L Exemplo 5: • • • • • Leucócitos: 50 células/mm³ (100% LM) Hemácias: Proteínas: 250 mg% Glicose: 50 mg% Cloretos: 700 mEq/L Dificuldade para deambulação Exemplo 6: • • • • • Leucócitos: 300 células/mm³ (70% LM / 30% N) Hemácias: Proteínas: 110 mg% Glicose: 15 mg% Cloretos: 700 mEq/L Exemplo 7: • • • • • Leucócitos: 50 células/mm³ (70% LM / 30% N) Hemácias: 2500 Proteínas: 60 mg% Glicose: 50 mg% Cloretos: 710 mEq/L Exemplo 8: Em tratamento para Meningite – D10 LCR controle. Bacterioscopia negativa • • • • • Leucócitos: 60 células/mm³ (80% LM / 20% N) Hemácias: Proteínas: 60 mg% SITUAÇÃO Glicose: 30 mg% Resposta celular satisfatória Cloretos: 710 mEq/L EXAMES LABRATORIAIS Mediante solicitação médica (diminuição da celularidade) Resposta celular não satisfátória (aumento celularidade) Gram, tinta da China, culturas Diagnóstico de Cryptococos Tinta da China, cultura para fungos A GUIDE FOR LIQUOR LICENSEES IN BRITISH COLUMBIA Updated July 2014 Exemplo 9: • • • • • Leucócitos: 130 células/mm³(60L/22 M/ 18 Eos) Hemácias: Proteínas: 250 mg% Glicose: 20 mg% Cloretos: 700 mEq/L COMENTÁRIOS EXEMPLO 1: “Apresenta pleocitose significativa, hiperproteinorraquia + hiperglicorraquia. De acordo com essas achados constata-se que se trata de uma meningite de etiologia bacteriana.” (Dra Nathália Quintas). EXEMPLO 2: “Pleocitose com predominio linfomonocitário. Glicorraquia, proteinorraquia e cloreto sem alterações. É um líquor muito sugestivo de etiologia viral.” (Dra. Gabriela Uchoa) EXEMPLO 3: “A otite média aguda pode ser causada por diversos agentes, entre os principais, as bactérias. O líquor apresentado, entretanto, apresenta características virais: pleocitose discreta, glicorraquia e proteinorraquia normais. Seria um caso atípico a coinfecção de vírus em sistema nervoso central e bactéria em ouvido médio, sendo mais possível que a infecção de ouvido médio provoque alterações das propriedades liquóricas. Neste caso, para confirmar o quadro como meningite asséptica, é necessário que todas as culturas e sorologias colhidas do líquor sejam negativas.” (Dra. Natacha Sakai) COMENTÁRIOS EXEMPLO 4: “Pleocitose significativa, com predomínio linfomonocitário (LM), com hiperproteinorraquia e glicorraquia normal. Apesar do predomínio LM ser sugestivo de processo viral, o aumento da proteína pode sugerir alteração da absorção, ou aumento da produção ou alteração da barreira hematolíquorica (tumor, abscesso cerebral, tuberculose).” (Dra Carla Borges). EXEMPLO 5: “Líquor compatível com síndrome de Guillain Barré (levando em consideração a presença de quadro clínico de fraqueza em MMII,) devido a presença de dissociação proteino-citologica. A pleocitose, observadas em 12,9% dos casos, foi de no máximo 18 células/mm3 e constituída por linfócitos e monócitos em estudos realizados. A dissociação proteino-citológica esteve presente, em alguma fase da síndrome, em 47 dos 62 pacientes (75,8%) analisados no estudo. Não ficou demonstrado que pleocitose, dissociação proteino-citológica e níveis de proteinorraquia possuam valor prognóstico.” (Dra. Luisa Hana). Fonte: " Líquido cefalorraquiano (LCR) na síndrome de Guillain-Barré: análise de 62 casos / Cerebrospinal fluid (CSF) in the Guillain-Barré syndrome: Analysis of 62 cases" - Takayanagui, Osvaldo Massaiti; Menezes, Renata Funes de; Barbosa, José Elpidio; Jardim, Edymar. Rev. bras. neurol;29(5):152-5, out. 1993. tab. COMENTÁRIOS EXEMPLO 6: “Pleocitose moderada, com predomínio de células linfomonocitarias, com hiperproteinorraquia e hipoglicorraquia. Apesar do LCR apresentar bioquímica compatível com etiologia bacteriana, temos o predomínio linfomonocitário sugestivo de processo intracelular como vírus, ou tuberculose, ou tumor.” (Dra. Carla Borges). EXEMPLO 7: “Este é um exemplo de líquor hemorrágico, que pode representar acidente de punção ou hemorragia subaracnóidea. Na evidência de acidente de punção, considera-se que a cada 500 hemácias encontradas, 1 célula deverá ser descontada da citorraquia. Neste exemplo, o líquor seria considerado normal, isto é, com celularidade nula.” (Dra. Carla Borges). COMENTÁRIOS EXEMPLO 8: “Pleocitose não tão significativa – 60 células, com predomínio linfomonocitario 80%, 20% neutrofilico; inexistência de hemácias; hiperproteinorraquia 60mg%; hipoglicorraquia 30mg%; cloretos normais. Analisando os dois LCR (exemplos 1 e 8), o paciente apesar de estar em tratamento para meningite D10, não preenche todos os critérios para alta hospitalar levando em consideração apenas as alterações liquóricas, uma vez que a taxa máxima permitida de nautrofilo é de 10%. São critérios de alta liquórica: células <60; neutrófilos <10%; proteínas <60mg%; Glicose até 20mg%; bacterioscopia negativa.” (Dra. Camila Cavalli). EXEMPLO 9: “Pleocitose não tão significativa de 130 células, com predomínio linfomonocitário e eosinofilia de 18%; hiperproteinorraquia; hipoglicorraquia; cloretos normais. Prováveis diagnósticos: neurocisticercose, esquistossomose, toxoplasmose, amebiase, meningites idiopatica após hemorragia subaracnoide e após mielografia. Deve-se investigar hábitos de vida e procedência do paciente para melhor investigação diagnóstica.” (Dra. Camila Cavalli). OBRIGADA (O)
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Apresentação do PowerPoint
EXAME FÍSICO DO LCR - COR
• Incolor: Normal – meningite – encefalite viral
• Vermelho vivo: Hemorragia recente
• Vermelho escuro: Hemorragia antiga
• Amarelo (xantocrômico): hemorragia (+ 2 dias) ...