Dr. João Batista Campos Silva, Prof. Adjunto Ilha Solteira, maio de
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Dr. João Batista Campos Silva, Prof. Adjunto Ilha Solteira, maio de
unesp UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE ENGENHARIA DE ILHA SOLTEIRA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA TRANSFERÊNCIA DE CALOR E MASSA PARTE I: CONDUÇÃO E RADIAÇÃO Dr. João Batista Campos Silva, Prof. Adjunto Ilha Solteira, maio de 2010 _____________________________________________RESUMO Este material foi escrito para servir de apoio aos alunos das disciplinas Transferência de Calor e Massa I (TCMI) e II (TCMII), do Curso de Engenharia Mecânica da UNESP-Ilha Solteira. O conteúdo de TCMI engloba os modos de transferência de calor por condução e radiação térmicas. O conteúdo de TCMII corresponde ao transporte convectivo de calor e massa. Neste material, são apresentados os conceitos fundamentais de condução de calor e métodos de solução; convecção e maneiras de se determinar o coeficiente de transferência convectiva de calor e massa e troca de calor por radiação entre corpos negros e cinzas. São abordados casos de condução em regime permanente e transiente e também de convecção externa em superfícies planas e rombudas, convecção em escoamentos internos, convecção natural, convecção com mudança de fase; trocadores de calor e transferência de massa incluindo também difusão. SUMÁRIO SUMÁRIO ....................................................................................................................... 3 Transferência de Calor e Massa .................................................................................... 7 1. Introdução ................................................................................................................... 7 1.1 Importância de Transferência de Calor (Energia) e Massa ................................. 7 1.2 Conceitos ................................................................................................................... 8 1.2.1 Sistema Físico ......................................................................................................... 8 1.2.2 Equilíbrio Termodinâmico ................................................................................... 9 1.2.3 Equilíbrio Termodinâmico Local ......................................................................... 9 1.2.4 Meio Contínuo ..................................................................................................... 10 1.3 Modos Principais de Transferência de Energia ................................................... 10 1.4 Objetivos e Convenções .......................................................................................... 12 1.4.1 Lei de Fourier da Condução ............................................................................... 13 1.4.2 Fluxo Conduto-Convectivo – Condução e Convecção Combinadas numa Parede ........................................................................................................................................ 13 1.4.3 Coeficiente de Transferência de Calor Convectiva .......................................... 14 1.4.4 Radiação - Transferência de calor entre superfícies negras ............................ 16 1.5 Medições de temperatura usando termopares: (Prática 1) ................................ 19 2.1.1 Balanço Unidimensional ..................................................................................... 29 2.1.2 Equação de Balanço Incluindo Transporte Molecular e Convectivo ............. 31 2.1.3 Equação de Balanço Tridimensional ................................................................. 31 2.2 Propriedades Térmicas da Matéria ...................................................................... 33 2.2.1 Condutividade Térmica ...................................................................................... 33 2.3 Equação de Difusão de Calor ................................................................................ 36 2.4 Condições inicial e de contorno ............................................................................. 38 2.5 Determinação da Condutividade Térmica de Sólidos: (Pratica 2) .................... 39 2.5.1 Aparato Experimental do Laboratório de Transferência de calor e Massa .. 40 3. Condução de Calor Unidimensional em Regime Permanente ............................. 43 3.1 Paredes Planas ........................................................................................................ 43 3.1.1 Resistência Térmica............................................................................................. 44 3.1.2 Paredes Compostas .............................................................................................. 44 3.1.3 Coeficiente Global de Transferência de Calor .................................................. 45 3.2 Cascas Cilíndricas .................................................................................................. 47 3.3 Cascas Esféricas ...................................................................................................... 50 3.4 Raio Crítico de Isolação ......................................................................................... 52 3.5 Geração Interna de Calor ...................................................................................... 54 3.5.1 Aquecimento Uniforme à Taxa q′′′ .................................................................... 54 3.5.1 Aquecimento Não Uniforme Dependente da Temperatura ............................. 56 3.6 Superfícies Estendidas (Aletas - Fins) .................................................................. 58 3.6.1 Melhoria da Transferência de Calor ................................................................. 59 3.6.2 Aletas de Seção Transversal Constante ............................................................. 59 3.6.3 Aletas de Seção Transversal Variável................................................................ 66 3.7 Superfícies Estendidas com Movimento Relativo e Geração Interna de Calor 68 3.7.1 Equação Geral de Condução .............................................................................. 68 3.7.2 Extrusão de Plásticos e Trefilação ..................................................................... 69 3.7.2 Cabos Elétricos .................................................................................................... 70 3.8 Determinação experimental do perfil de temperatura em aletas: (Prática 3) .. 71 3.8.1 Pino cilíndrico ...................................................................................................... 74 3.8.2 Pino cônico ........................................................................................................... 75 3.8.3 Aparato experimental para medida de temperaturas em superfícies estendidas ........................................................................................................................................ 76 4. Condução de Calor Multidimensional em Regime Permanente .......................... 79 4.1 Soluções Analíticas ................................................................................................. 82 4.2 Métodos aproximados ............................................................................................ 90 4.4.1 Método integral .................................................................................................... 90 4.4.2 Método de análise de escala ................................................................................ 91 4.4.3 Método gráfico ..................................................................................................... 92 4.3 Métodos numéricos ................................................................................................. 94 4.3.1 Volume finito ........................................................................................................ 94 4.3.2 Diferença finita .................................................................................................... 96 4.3.3 Elemento finito ..................................................................................................... 98 4.4 Resolução das Equações Geradas pelo Método de Diferenças Finitas ............ 101 4.4.1 Método de Inversão de Matriz ......................................................................... 101 4.4.2 Método de Iterativo de Gauss-Seidel ............................................................... 101 5. Condução de Calor Multidimensional em Regime Transiente .......................... 103 5.1 O modelo da capacitância concentrada .............................................................. 103 5.2 O modelo do sólido semi-infinito ......................................................................... 104 5.2.1 O modelo do sólido semi-infinito: temperatura constante no contorno ....... 105 5.2.2 O modelo do sólido semi-infinito: fluxo de calor constante no contorno ..... 107 5.2.3 O modelo do sólido semi-infinito: superfície em contato com um fluido ..... 108 5.3 Condução unidimensional.................................................................................... 108 5.3.1 Placa de espessura constante ............................................................................ 108 5.3.2 Cilindro longo .................................................................................................... 111 5.3.3 Esfera .................................................................................................................. 112 5.4 Condução multidimensional ................................................................................ 113 5.5 Fontes e sumidouros concentrados ..................................................................... 117 5.5.1 Fontes e sumidouros instantâneos .................................................................... 118 5.5.2 Fontes e sumidouros persistentes (contínuos) ................................................. 119 5.5.3 Fontes de calor móveis ...................................................................................... 121 5.6 Solidificação e fusão ............................................................................................. 123 5.6.1 Solidificação e fusão unidimensional ............................................................... 123 5.6.2 Solidificação e fusão multidimensional ............................................................ 126 5.7 Métodos numéricos ............................................................................................... 128 5.7.1 Volume finito ...................................................................................................... 128 5.7.2 Diferença finita .................................................................................................. 131 5.7.3 Elemento finito ................................................................................................... 133 6. Radiação .................................................................................................................. 137 6.1 Radiação em corpo negro .................................................................................... 140 6.2 Transferência de calor entre superfícies negras ................................................ 144 6.2.1 O Fator de Forma Geométrico ......................................................................... 144 6.2.2 Relações entre fatores de forma ....................................................................... 147 6.2.3 Cavidade de duas superfícies ............................................................................ 148 6.3 Radiação em corpo cinza ..................................................................................... 149 6.3.1 Emissividade ...................................................................................................... 149 6.3.2 Absortividade e Refletividade .......................................................................... 151 6.3.3 Lei de Kirchhoff ................................................................................................. 152 6.4 Transferência de calor entre superfícies cinzas ................................................. 153 Bibliografia .................................................................................................................. 158 7 Transferência de Calor e Massa 1. Introdução Neste tópico apresenta-se uma breve descrição, importância e alguns exemplos de aplicações de transferência de calor e massa, bem como das equações básicas que governam estes processos. 1.1 Importância de Transferência de Calor (Energia) e Massa A Civilização Moderna depende fortemente de como ela manuseia e usa sua energia, energia esta suprida através de recursos naturais, nem sempre fáceis de serem explorados. O uso de energia pode ser identificado como trabalho, potência e calor, mas na realidade o trabalho e potência que são usados finalmente degeneram em calor. Calor é a troca de energia entre objetos (sistemas) “quentes” e “frios” e a troca ocorre espontaneamente do “quente” para o “frio” (Transferência) de Calor é a ciência que explica e prediz quão rápida ocorre a troca de energia como calor. É a ciência que integra as várias ferramentas analíticas e empíricas provendo um fórum, um corpo de conhecimento, para projetistas, construtores, operadores, gerentes e pesquisadores de forma mais acurada estudar calor como uma troca de energia. A preocupação com energia, sua conservação ou economia pela sociedade requer numa extensão importante a compreensão dos conceitos de transferência de calor e transferência de massa. Alguns casos de aplicação de transferência de calor: - isolamento (por fibra de vidro) de tetos e paredes de edifícios para manter determinadas condições climáticas; - quantificação da perda de energia através de janelas modernas e isoladas para manter o ambiente confortável tanto no inverno quanto no verão; - projeto e operação de geradores de vapor (caldeiras) ou ebulidores requer a compreensão da transferência de calor que ocorre da queima (combustão) de carvão, gás ou óleo para a água nos tubos; 8 - projeto e construção de um radiador (convector) para um motor de automóvel para mantêlo “frio” quando em operação envolve transferência de calor e massa; - dissipação de calor em linhas de potência elétrica devido à resistência elétrica; - proteção de cabos elétricos contra fogo e altas temperaturas; - manutenção de temperaturas adequadas em circuitos de computadores e outros sistemas; - condicionamento de ar para conforto térmico; - processos sanitários, manuseio de lixo, esterilização; - manuseio e processamento de alimentos. Transferência de massa é o estudo do movimento de massa de um local para outro através do uso de dispositivos mecânicos ou naturalmente devido a diferença de densidade. A diferença de densidade provoca difusão (transporte microscópico) de massa (uma espécie penetra em outra) ou convecção natural (transporte macroscópico) de massa. Os dispositivos mecânicos (bombas, ventiladores e compressores) provocam difusão e convecção forçada de massa. Exemplos onde ocorre transferência de massa: - processos químicos; - poluição do ar; - combustão; - processos criogênicos (baixas temperaturas) tais com produção de N2, H2 e O2 líquidos, gelo seco (CO2 líquido) 1.2 Conceitos 1.2.1 Sistema Físico Um sistema físico pode ser considerado com sendo constituído de um sistema material (subsistema 1) mais um campo de radiação (subsistema 2). O sistema material, geralmente, considerado como meio contínuo, é composto a nível elementar de moléculas (incluindo íons e átomos), de elétrons e de partículas fictícias tais como fônons (quanta de energia vibracional num sólido), etc. Um meio pode ser considerado como contínuo quando o menor elemento de volume ainda contém de 1015 a 1020 moléculas. Sob determinadas condições físicas, tais elementos podem ser caracterizados estatisticamente por propriedades físicas macroscópicas médias sobre todas as moléculas que eles contêm (massa média, velocidade, pressão ou temperatura). 9 O campo de radiação eletromagnética é caracterizado em escala macroscópica pela definição em cada ponto r do espaço e para cada direção Δ de uma quantidade Iν′ , a intensidade monocromática relacionada com a freqüência ν . O campo de radiação resulta da distribuição de fótons (quanta de energia particular de Bose-Einstein que em repouso possuem massa nula) cada caracterizado pela freqüência ν , momentum p e spin s. Um quanta tem energia e = hν , onde h = 6 , 6256 x10−34 Js é a constante de Planck. 1.2.2 Equilíbrio Termodinâmico Em termodinâmica, o conceito de equilíbrio termodinâmico perfeito envolve equilíbrio térmico (T uniforme), equilíbrio mecânico (P uniforme) e equilíbrio químico (potencial químico μ uniforme) e é utilizado para equacionamento dos problemas. O equilíbrio térmico significa que o sistema material é isotérmico a temperatura T; o campo de radiação tem uma distribuição uniforme dependente apenas de T; o campo de radiação e sistema material estão na mesma temperatura. Entretanto, para ocorrer transferência de calor, os sistemas devem estar em não equilíbrio térmico. 1.2.3 Equilíbrio Termodinâmico Local O não equilíbrio térmico causa a transferência de calor devido colisões entre moléculas ou entre moléculas e uma parede; interações moléculas/fótons (absorção, emissão espontânea, emissão estimulada); interações entre fônons, entre fônons e elétrons, elétrons e fótons, outras interações. Como as leis da termodinâmica são utilizadas para equacionar problemas de transferência, tem-se que lançar mão do conceito de equilíbrio termodinâmico local (LTE). A hipótese de equilíbrio termodinâmico local permite definir variáveis físicas T( r ,t ), P( r ,t ), μ ( r ,t ) , etc. em qualquer instante de tempo e para cada ponto r . Sob esta hipótese, pode-se assumir que durante um intervalo dt e em um elemento de volume arbitrariamente pequeno (mas macroscópico, contínuo) o sistema material está localmente infinitamente próximo a um estado de equilíbrio, descrito por propriedades intensivas e extensivas. 10 Em LTE adotado para estudo de problemas de transferência de calor o sistema físico é o local dos seguintes processos macroscópicos irreversíveis com os quais um fluxo está associado: - relativo a um elemento de matéria, o efeito cumulativo em escala macroscópica do transporte de várias quantidades físicas (carga elétrica, no de moléculas de um dado tipo, energia) por partículas (moléculas, elétrons, fônons, etc.) traduz para fluxos por difusão: condução elétrica, difusão de uma espécie em outra, condução térmica; - simultaneamente associado com cada transferência macroscópica por um movimento global de parte do sistema material estão associados fluxos macroscópicos de carga elétrica, energia, etc. Estes são chamados fenômenos convectivos: convecção elétrica, convecção térmica, etc.; - interações entre moléculas do sistema material e os fótons do campo de radiação, quando eles não estão em equilíbrio térmico resulta num fluxo macroscópico de energia na forma de radiação. 1.2.4 Meio Contínuo Em teoria cinética dos gases o conceito de meio contínuo é apresentado através da seguinte definição de temperatura: 3 Nk B T = 2 N ∑ s =1 mv s2 2 (1.1) na qual N é o no de átomos idênticos de massa m cada em equilíbrio térmico num elemento de volume dV ( N ≈ 1015 − 10 20 ) o meio é considerado contínuo; k B = 1,38054 x10 −23 J / K é a constante de Boltzmann e v s é velocidade de um átomo em relação a dV. 1.3 Modos Principais de Transferência de Energia Os modos principais de transferência de energia na forma de calor são condução, convecção e radiação. A condução térmica ocorre através de um elemento material no qual existe um gradiente de temperatura. Ela representa o efeito global do transporte de energia por portadores elementares (moléculas, fônons: partícula fictícia que representa quanta de energia vibracional de um sólido, elétrons, etc.). Em fluidos os portadores elementares (moléculas, átomos, íons, etc.) são caracterizados por energia de translação, possivelmente vibração e rotação, energia eletrônica. 11 Em sólidos os átomos são arranjados em uma estrutura cristalina mais ou menos perfeita. Os vetores de energia são fônons (quanta de vibração da estrutura cristalina) e talvez elétrons livres (condução elétrica e térmica). Em radiação, energia é permanentemente trocada entre um sistema material e um campo de radiação pelos seguintes processos: - emissão espontânea de radiação que consiste na conversão de energia térmica (energia de vibração ou rotação, energia eletrônica, energia de fônons, etc. para uma energia radiativa (de fótons); - absorção de radiação pela conversão inversa de energia radiativa para energia térmica. Sob o ponto de vista de radiação, pode-se definir três tipos de meio: - meio transparente como aquele que não emite, não absorve, não reflete ou difunde, mas transmite toda radiação incidente qualquer que seja sua direção e freqüência; - meio opaco que não transmite qualquer radiação incidente (Ii) que pode ser absorvida (Ia) ou refletida (Ir). O meio opaco também pode emitir a radiação (Ie); - meio semitransparente que reflete, absorve ou difunde a radiação incidente, ou a transmite em distâncias finitas. Figura 1.1 Radiação em meios transparente e opaco Os modos de transferência de energia por condução e radiação são objeto de estudo deste curso de TCMI. O modo de transferência de energia por convecção será objeto de estudo do curso TCMII e será abordado ao longo daquela disciplina. 12 1.4 Objetivos e Convenções O objetivo principal é determinar para qualquer sistema em LTE, a evolução do campo de temperatura T (r , t ) e o fluxo de energia (para todas as formas de energia) que é necessário para controlar um processo. Um processo será em regime transiente (RT) se as quantidades físicas A (escalares, vetores, tensores) dependem do tempo, isto é, ∂A(r , t ) ≠0 ∂t (1.2) Para processos em regime permanente (RP), não há variação das grandezas físicas com o tempo. Ou seja, ∂A(r , t ) =0 ∂t (1.3) Define-se fluxo de energia como a potência dΦ (em Watts) atravessando um elemento de superfície dS , cuja normal é n e cujo vetor densidade de fluxo é q [W/m2]. Numericamente, dΦ = q • n dS (1.4) Define-se a densidade de fluxo [W/m2] como q ′′ = q • n (1.5) ou q ′′ = dΦ dS Figura 1.2 Vetor densidade de fluxo através de um elemento dS com normal n . (1.6) 13 1.4.1 Lei de Fourier da Condução Nos processos de condução térmica, define-se o vetor densidade de fluxo condutivo, pela Lei de Fourier, como q cd = −k∇T (1.7) na qual k é denominada condutividade térmica do material que pode depender da temperatura e da direção espacial (caso em que k é um tensor e q cd = − k • ∇T ). O sinal negativo na Lei de Fourier é requerido pela 2a Lei da Termodinâmica. O fluxo condutivo pode, então, ser calculado na forma q ′′ = q cd • n = −k∇T • n = − k ∂T ∂n (1.8) para q ′′ no sentido da normal ao contorno. Compare a Lei de Fourier com as lei de Ohm e lei de Fick de difusão. A Lei de Ohm estabelece que o vetor densidade de corrente j é dado na forma: j = σE = −σ∇Vel (1.9) na qual E é o campo elétrico, σ é a condutividade elétrica e Vel é o potencial elétrico. Já a Lei de Fick de difusão de massa, estabelece que a taxa de difusão jα de uma espécie α numa espécie β é definida pela equação jα = − Dαβ ∇Cα (1.10) na qual Dαβ é a difusividade de α em β e Cα é a concentração molar definida por Cα = ρ nα (1.11) M n onde ρ é a massa específica da mistura e M é o peso molecular da mistura. 1.4.2 Fluxo Conduto-Convectivo – Condução e Convecção Combinadas numa Parede Considere um fluido a temperatura T f escoando paralelo a uma parede mantida a uma temperatura Ts diferente da temperatura do fluido, Figura 1.3. Na interface do lado sólido o fluxo por condução será q scd = − k s ∂Ts ∂y (1.12) w 14 Figura 1.3 Escoamento sobre uma parede O fluxo condutivo do lado do fluido pode ser definido como q cdf = − k f ∂T f (1.13) ∂y w de modo que se tem a igualdade dos fluxos, ou seja, − ks ∂Ts ∂y ∂T f = −kf ∂y w (1.14) w Para o fluxo condutivo do lado do fluido, o problema é determinar o gradiente de temperatura na parede ∂T f ∂y que depende da convecção. Este fluxo deveria chamar fluxo conduto-convectivo q cc (mas é erroneamente chamado de fluxo convectivo). 1.4.3 Coeficiente de Transferência de Calor Convectiva Considere o escoamento de um fluido com velocidade V (r ) e temperatura T (r ) num canal de altura l , cuja parede inferior ( y = 0 ) está a T1 e a parede superior ( y = 1 ) está a T2 . Suponha que a distribuição de temperatura em função de y seja como ilustrado na Figura 1.4 O fluxo conduto-convectivo na parede inferior pode ser definido como q cc y =0 = −kf ∂T f ∂y = −k f y =0 Tm − T1 ξ = h(T1 − Tm ) (1.15) na qual h = função( propriedades do fluido, natureza do escoamento) e é denominado de coeficiente de transferência de calor por convecção. Generalizando pode-se calcular o fluxo conduto-convectivo por q cc = h Tw − Tc (1.16) 15 na qual Tw é a temperatura na parede e Tc é uma temperatura característica do fluido. A ordem de grandeza do coeficiente de transferência de calor é apresentada na Tabela 1.1. Figura 1.4 Temperatura de um fluido num canal em função de y. Tabela 1.1. Valores de h para determinados escoamentos Tipo Convecção natural Convecção forçada Mudança de fase Fluido h [Wm-2K-1] gás 5-30 água 100-1000 gás 10-300 água 300-12000 óleo 50-1700 metal líquido 6000-110000 ebulição (água) 3000-60000 condensação (água) 5000-110000 16 O fluxo conduto-convectivo será denominado pela sigla convencional, q cc = q ′′ ou simplesmente q (este último símbolo em T.C. é equivalente a Q ). Desta forma h= q ′′ , para Tw > T f Tw − T f h= −k Tw − T f (1.17) ou ⎛ ∂T ⎞ ⎜⎜ ⎟⎟ ⎝ ∂y ⎠ y =0 (1.18) h é uma propriedade do escoamento; k é a condutividade térmica do fluido; Tw é a temperatura em y = 0 que coincide com a interface entre o fluido e o outro meio (por exemplo, um parede sólida); T f é uma temperatura característica da corrente de fluido longe ⎛ ∂T ⎞ da parede; ⎜⎜ ⎟⎟ é o gradiente de temperatura do lado do fluido na interface. ⎝ ∂y ⎠ y =0 1.4.4 Radiação - Transferência de calor entre superfícies negras Considere o problema de determinar a taxa líquida de transferência de calor q1− 2 (W ) entre duas superfícies negras isotérmicas ( A1 , T1 ) e ( A2 , T2 ) mostradas na Figura 1.5. Um corpo negro é aquele que emite uma intensidade de radiação de acordo com a lei I b (T ) = n 2 2π 5 k 4 T 4 T4 2 n = σ π 15c02 h3 π (1.19) na qual σ= 2π 5 k 4 15c02 h3 (1.20) é a constante de Stefan-Boltzmann e seu valor em unidades SI é σ = 5, 67 x10−8 W/m 2 ⋅ K 4 ⋅ sr . h e k são, respectivamente, as constantes de Planck e de Boltzmann, c0 é a velocidade da luz no vácuo, T é a temperatura absoluta e ν é a freqüência de propagação da onda. Esta análise pode ser feita nos seguintes passos: 1. A fração da radiação emitida pelo elemento de área dA1 e interceptada (absorvida totalmente) pelo elemento de área dA2 ; 2. A fração da radiação emitida pelo elemento de área dA2 e interceptada (absorvida totalmente) pelo elemento de área dA1 ; 17 3. A taxa de transferência líquida de dA1 para dA2 , isto é, a diferença entre as respostas da parte 1. e 2. e finalmente, 4. A taxa de transferência líquida de A1 para A2 , que é entre as duas áreas finitas isotérmicas. Figura 1.5 – Parâmetros geométricos para cálculo do fator de forma Se r é a distância entre os elementos de áreas dA1 e dA2 , então o ângulo sólido através do qual dA2 é visto por um observador estacionado em dA1 é igual a dA2 cos φ2 / r 2 . Note que dA2 cos φ2 é a dimensão de dA2 após ele ter sido projetado na direção da linha dA1 − dA2 . Viajando de dA1 na direção de dA2 (e para todo o resto do espaço) tem-se a intensidade total de radiação de corpo negro I b ,1 = I b (T1 ) . O tamanho da área emitente que é normal à direção r é a área “ dA1 projetada”, dA1 cos φ1 . Portanto, a resposta ao item 1. é: qdA1 →dA2 = I b ,1dA1 cos φ1 dA2 cos φ2 r2 (1.21) A seta usada no subscrito dA1 → dA2 é para lembrar que qdA1 →dA2 representa a transferência de energia unidirecional por unidade de tempo, neste caso, de dA1 (emissor) para dA2 (alvo). Analogamente, a resposta ao item 2. será: 18 qdA2 →dA1 = I b ,1dA2 cos φ2 dA1 cos φ1 r2 (1.22) O terceiro passo consiste simplesmente de subtrair a Eq. (1.22) da Eq. (1.21) para calcular a transferência de calor líquida de dA1 para dA2 : qdA1 − dA2 = qdA1 →dA2 − qdA2 →dA1 = ( I b ,1 − I b ,2 ) cos φ1 cos φ2 dA1dA2 r2 (1.23) Usando a equação (1.19) para as intensidades de radiação de corpo negro, com n = 1 , a Eq. (1.23) pode ser reescrita como ( qdA1 − dA2 = σ T14 − T24 ) cos φπ rcos φ 1 2 2 dA1dA2 (1.24) Para se calcular q1− 2 (W ) deve-se somar as contribuições de todos os elementos de área de A1 e A2 , ou seja, ( q1− 2 = σ T14 − T24 )∫ ∫ A1 cos φ1 cos φ2 dA1dA2 A2 π r2 (1.25) No lado esquerdo da Eq. (1.25) o subscrito 1-2 estabelece que a taxa de transferência q1− 2 (W ) deixa a superfície A1 e entra (cruza) a superfície A2 . A unidade da integral dupla na Eq. (1.25) é metro quadrado ( m 2 ) . É conveniente definir um fator adimensional formado pela razão da integral dupla por A1 , denominado de fator de forma geométrico baseado em A1 : F12 = 1 cos φ1 cos φ2 dA1dA2 ∫ ∫ A A π r2 A1 1 2 (1.26) A equação (1.25) pode, então, ser reescrita como q1− 2 = σ (T14 − T24 ) A1 F12 (1.27) O fator de forma é puramente geométrico, pois depende apenas de dimensões, orientações e posições relativas das duas superfícies. Alternativamente poderia se definir F21 = 1 A2 ∫ ∫ A1 cos φ1 cos φ2 dA1dA2 A2 π r2 (1.28) de modo que q1− 2 (W ) fica na forma ( ) q1− 2 = σ T14 − T24 A2 F21 (1.29) 19 Assim para se calcular q1− 2 (W ) deve-se calcular ou F12 ou F21 . Ao se integrar a Eq. (1.21) obtém-se o resultado q1→ 2 = I b ,1 ∫ A1 ∫ A2 cos φ1 cos φ2 dA1dA2 = σ T14 A1 F12 2 r (1.30) Se Eb,1 representa o fluxo emissivo total ou poder emissivo total da superfície 1, este fluxo é da forma Eb ,1 = σ T14 (1.31) Portanto, pode-se demonstrar que σ T14 A1 = Eb ,1 A1 (1.32) que é o número de watts de radiação de corpo negro emitida pela superfície A1 em todas as direções que os pontos de A1 podem “olhar”. Apenas uma porção de Eb ,1 A1 é interceptada e absorvida por A2 ( porque, em geral, A1 pode ser cercada por outras superfícies além de A2 ); aquela porção é q1→2 ou Eb ,1 A1 F12 . Em conclusão, o significado físico do fator de forma é: F12 = q1→2 radiaçao deixando A1 e sendo interceptada por A2 = radiaçao deixando A1 em todas as direçoes qb ,1 A1 (1.33) A razão formulada na Eq. (1.33) sugere que o fator de forma está no intervalo entre 0 e 1. Livros textos de transferência de calor apresentam gráficos e tabelas de fatores de forma para várias configurações. Vide Bejan (1993) Cap. 10, por exemplo. 1.5 Medições de temperatura usando termopares: (Prática 1) Nesta parte do curso será realizado um experimento de medições de temperatura através de termopares. O experimento consiste na confecção, aferição e fixação de termopares, bem como o manuseio de milivoltímetros e registradores potenciómetricos. Temperatura é um conceito intuitivo de quente e frio. Existem várias maneiras de medir temperatura, por exemplo, baseando-se na variação de pressão, variação de volume, resistência elétrica, coeficientes de expansão, etc., uma vez que todos estes efeitos são relacionados com a temperatura através da estrutura molecular da matéria. Eles mudam com a temperatura e estas mudanças podem ser usadas para medir temperatura. Os termômetros de gás baseiam-se no efeito de variação da pressão para medir a temperatura através da equação de estado de gases ideais. Medida de temperatura por efeito mecânico baseia-se na dilatação 20 de um material, como por exemplo, a dilatação de mercúrio em um tubo de vidro graduado. O efeito bi metálico baseia-se na colagem de duas fitas de metais de diferentes coeficientes de expansão que se deformam de forma diferente sob o efeito da temperatura. Efeito elétrico é uma maneira conveniente de medir porque o sinal elétrico pode ser facilmente detectado, amplificado, ou usado para propósitos de controle. O método elétrico mais comum de se medir temperatura usa termopares. Quando dois metais diferentes são unidos por uma de suas extremidades, Figura 1.6, aparece entre as extremidades livres uma força eletromotriz (emf – electromotive force) que será função da temperatura da junção. Este fenômeno é chamado efeito Seebeck. Se os dois materiais são conectados a um circuito externo de tal maneira que origina uma corrente, a emf pode ser alterada levemente devido ao fenômeno chamado efeito Peltier. Além do mais, se um gradiente de temperatura existe ao longo de um ou ambos os materiais, a emf da junção sofre uma alteração adicional chamada de efeito Thomsom. Existem, portanto, três emf’s presentes no circuito: o efeito Seebeck causado pela junção de materiais não similares; o efeito Peltier causado pelo efeito de escoamento de corrente elétrica no circuito; e o efeito Thomson, que resulta de gradiente de temperatura nos materiais. A emf de Seebeck é a mais importante visto que ela depende da temperatura da junção. Se a emf gerada da junção de dois materiais diferentes é cuidadosamente medida como uma função da temperatura, então tal junção pode ser utilizada para medida de temperatura. Figura 1.6 Junção de dois metais não similares indicando efeito termoelétrico. Duas regras estão disponíveis para análise de circuitos termoelétricos: 1) Se um terceiro metal é conectado no circuito como mostrado na Figura 1.7, a emf líquida não é afetada se ambas as conexões estiverem na mesma temperatura. Isto pode ser provado com ajuda da segunda lei da termodinâmica e é conhecido como lei de metais intermediários. 2) Considere o arranjo da Figura 1.8. Os circuitos simples de termopares são construídos dos mesmos materiais mas operam entre diferentes limites de temperaturas. O circuito 21 na Figura 1.8a desenvolve uma emf de valor E1 entre as temperaturas T1 e T2; o circuito na Figura 1.8b desenvolve uma emf de valor E2 entre as temperaturas T2 e T3 . A lei das temperaturas intermediárias estabelece que este mesmo circuito desenvolve uma emf E3= E1 + E2 quando operando entre as temperaturas T1 e T3, como mostrado na Figura 2.8c. Figura 1.7 Influência de um terceiro metal no circuito termoelétrico; lei de metais intermediários. Figura 2.8 Circuitos ilustrando a lei de temperaturas intermediárias. Os circuitos termopares devem envolver pelo menos duas junções. Se a temperatura de uma junção é conhecida, então, a temperatura da outra junção pode ser facilmente calculada usando as propriedades termoelétricas dos materiais. A temperatura conhecida é chamada de temperatura de referência. Um arranjo comum para estabelecer a temperatura de referência é banho de gelo como mostrado na Figura 1.9. Uma mistura de gelo e ar saturado de água destilada à pressão atmosférica produz uma temperatura de 0 oC. Quando a mistura é mantida numa garrafa térmica, ela pode ser mantida por longos períodos. Ambos os fios do termopar podem ser mantidos à temperatura de referência como mostrado na Figura 1.9a ou apenas um fio pode ser mantido na temperatura de referência como mostra a Figura 1.9b. O arranjo da Figura 1.9a seria necessário se os conectores no medidor de voltagem estiverem à diferentes temperaturas, enquanto a conexão na Figura 1.9b seria satisfatório se os conectores estiverem na mesma temperatura. Para ser efetivo o sistema na Figura 1.9a deve ser de mesmo material. 22 Figura 1.9 Métodos convencionais para estabelecer temperatura de referência em circuito termopar. Termopar ferro-constantan ilustrado. É comum expressar a emf do efeito termoelétrico em termos do potencial gerado com a junção de referência a 0 oC. Tabelas de termopares padrões têm sido elaboradas com base nisso e um sumário das características de saída dos termopares mais comuns é apresentado na Tabela 1.2, na qual também está indicado o tipo de termopar: T, E, J, K, S. Estes dados são mostrados graficamente na Figura 1.10, juntamente com o comportamento de alguns dos mais exóticos materiais. Tabela 1.2 - Emf térmica em milivolts absolutos para combinações de termopares comumente usados (Junção de referência a 0oC) Temperatura o F o C Cobre Cromel2 Ferro Cromel Platina Constantan1 Constantan Constantan Alumel3 Platina-10%Ródio (T) (E) (J) (K) (S) -300 -184,4 -5,341 -8,404 -7,519 -5,632 -250 -156,7 -4,745 -7,438 -6,637 -5,005 -200 -128,9 -4,419 -6,471 -5,760 -4,381 -150 -101,1 -3,365 -5,223 -4,623 -3,538 -100 -73,3 -2,581 -3,976 -3,492 -2,699 1 Liga de 60% Cu – 40% Al Liga de 90% Ni – 10% Al 3 Liga de 95% Ni-2%Mn-2%Al-1%Si 2 23 -50 -45,6 -1,626 -2,501 -2,186 -1,693 0 -17,8 -0,674 -1,026 -0,885 -0,692 -0,092 50 10 0,422 0,626 0,526 0,412 0,064 100 37,8 1,518 2,281 1,942 1,520 0,221 150 65,6 2,743 4,075 3,423 2,667 0,408 200 93,3 3,967 5,869 4,906 3,819 0,597 250 121,1 5,307 7,788 6,425 4,952 0,807 300 148,9 6,647 9,708 7,947 6,092 1,020 350 176,7 8,085 11,728 9,483 7,200 1,247 400 204,4 9,523 13,748 11,023 8,314 1,478 450 232,2 11,046 15,844 12,564 9,435 1,718 500 260,0 12,572 17,942 14,108 10,560 1,962 600 315,6 15,834 22,287 17,178 12,865 2,472 700 371,1 19,095 26,637 20,253 15,178 2,985 800 426,7 31,108 23,338 17,532 3,524 1000 537,8 40,056 29,515 22,251 4,609 1200 648,9 48,927 26,911 5,769 1500 815,6 62,240 33,913 7,514 1700 926,7 38,287 8,776 2000 1093,3 44,856 10,675 2500 1371,1 54,845 14,018 3000 1648,9 17,347 A voltagem de saída de um circuito termopar simples é usualmente escrita na forma E = AT + 1 1 BT 2 + CT 3 2 3 (1.34) na qual T é a temperatura em graus Celsius e E é baseada na temperatura de junção de 0 oC. As constantes A, B e C são dependentes do material do termopar. A sensibilidade ou coeficiente de Seebeck, ou potência termoelétrica, de um termopar é definida por S= dE = A + BT + CT 2 dT (1.35) 24 A Tabela 1.3 contém valores do coeficiente de Seebeck (sensibilidade) de vários materiais versus platina. Figura 1.10 Relações emf temperatura para materiais termopares, eletrodo positivo listado primeiro. A Figura 1.11 ilustra um termopar com duas junções de referência para os dois materiais. Neste circuito termopar pode-se demonstra que a relação entre a força eletromotriz a temperatura é da forma da Eq. (1.36): Ref . S Gage lead Eout = ∫ =∫ Tip =∫ Tip Ref Ref (T ) Tip Ref . Gage dT dT dT dT dx + ∫ S A (T ) dx + ∫ S B (T ) dx + ∫ S Lead (T ) dx Ref Tip Ref dx dx dx dx S A (T )dT + ∫ Ref . Tip S B (T )dT ⎡⎣ S A (T ) − S B (T ) ⎤⎦dT (1.36) 25 Figura 1.11 – Circuito termopar Tabela 1.3 – Sensibilidade de termo elementos feitos de materiais listados contra platina, o μ V o C −1 (Junção de referência mantida a 0 C) Bismuto -72 Prata 6,5 Constantan -35 Cobre 6,5 Níquel -15 Ouro 6,5 Patássio -9 Tungstênio 7,5 Sódio -2 Cádmio 7,5 Platina 0 Ferro 18,5 Mercúrio 0,6 Nicromo 25 Carbono 3 Antimônio 47 Alumínio 3,5 Germânio 300 Chumbo 4 Silício 440 Tântalo 4,5 Telúrio 500 Selênio 900 Ródio 6 Se os coeficientes de Seebeck forem aproximadamente constates com a temperatura, a Eq.(1.36) pode ser integrada resultando Eout = ( S A − S B ) (TTip − TRef ) ou T Tip = TRef + Vout S A − SB (1.37) Para cálculos computacionais, fórmulas polinomiais, por exemplo, de nona ordem podem ser usadas na forma 26 T = a0 + a1 E + a2 E 2 + + a9 E 9 ou ( ( ( (1.38) ( ( ) ) ) ) ) T = a0 + E ⎛⎜ a1 + a2 + a3 + a4 + a5 + a6 + ( a7 + ( a8 + a9 E ) E ) E E E E E E ⎞⎟ ⎝ ⎠ (1.39) na qual T é a temperatura em oC; E é a voltagem do termopar em volts referente a junção a 0 o C e a são os coeficientes do polinômio dados na Tabela 1.4 para várias combinações de termopares. Tabela 1.4 - Coeficientes de polinômios para Eq. (1.39) para várias combinações termopares padrões. Tipo E Tipo J Tipo K Tipo R Tipo S Tipo T Cromel(+) Ferro(+) Cromel(+) Pt-13%-Rh(+) Pt-10%-Rh(+) Cobre(+) Contantan(-) Constantan(-) Ni-5%(-) Platina(-) Platina(-) Constantan(-) (Al-Si) o o o o o 100 C a 1000 C 0 C a 1000 C 0 C a 1370 oC 0oC a 1000 oC 0oC a 1750 oC -160oC a 400 oC ± 0,5 oC ± 0,1 oC ± 0,7 oC ± 0,5 oC ± 1oC ± 0,5 oC Nona ordem Quinta ordem Oitava ordem Oitava ordem Nona ordem Sétima ordem a0 0,104967248 -0,048868252 0,226584602 0,263632971 0,927763167 0,100860910 a1 17189,45282 19873,14503 24152,10900 179075,491 169526,5150 25727,94369 a2 -282639,0850 -218614,5353 67233,4248 -48840341,37 -31568363,94 -767345,8295 a3 12695339,5 11569199,78 2210340,682 1,90002E+10 8990730663 78025595,81 a4 -448703084,6 -264917531,4 -860963914,9 -4,82704E+12 -1,63565E+12 -9247486589 a5 1,10866E+10 2018441314 4,83506E+10 7,62091E+14 1,88027E+14 6,97666E+11 a6 -1,76807E+11 -1,18452E+12 -7,20026E+16 -1,37241E+1? -2,66192E+13 a7 1,71842E+12 1,38690E+13 3,71496E+18 6,17501E+17 3,94078E+14 a8 -9,19278E+12 -6,33708E+13 -8,03104E+19 -1,56105E+19 a9 2,06132E+13 1,69535E+20 27 2. Introdução à Condução de Calor (Difusão de Calor) Neste item serão apresentados os processos de difusão e convecção de grandezas físicas. Apresenta-se uma dedução das equações gerais de balanço uni e tridimensional. As equações são simplificadas para o caso particular de difusão pura com as condições de contorno e iniciais, geralmente, encontradas em problemas de difusão de calor e massa. 2.1 Equações Gerais de Balanço As equações gerais de balanço podem ser deduzidas de várias formas. Aqui será feita uma dedução baseada no transporte das grandezas em nível molecular (difusão) e macroscópico (movimento de fluido). Antes, será apresentada uma breve conceituação do mecanismo de transporte molecular. Pode-se definir taxa como a razão de uma força motora por uma resistência, ou seja, Taxa = Força Motora . Veja os casos mais clássicos de Re sistência transferência de calor, massa e quantidade de movimento. No caso de transferência de calor unidimensional, tem-se que o fluxo de calor é proporcional ao gradiente de temperatura, pela Lei de Fourier (q / A)x q= = −k ∂T ∂x (2.1) ∂x − ∂T . Neste caso a força motora é ∂T e a resistência é e a taxa é q . ∂x kA kA No caso de transferência de massa tem-se ( J A / A) x = −D ∂C A ∂x ⎧T = cte ⎨ ⎩ p = cte (2.2) na qual J A / A é o fluxo molar da espécie A, D é difusividade de massa e C A a concentração molar. A transferência de momentum, também pode ser definida de forma análoga, conforme ilustrado no esquema da Figura 2.1 (F / A) = τ yx = −μ ∂U x . ∂y (2.3) 28 Figura 2.1. Ilustração da difusão de quantidade de movimento. Observando as definições dos fluxos moleculares de calor, massa e momentum pode-se definir formas análogas como Ψx = −δ ∂φ ∂x (2.4) na qual Ψx é o fluxo na direção x; δ é uma constante de proporcionalidade (difusividade), ∂φ / ∂x φ= é o gradiente da concentração da unidade da propriedade ou grandeza física transferida . unidade de volume propriedade Têm-se, nos Ψ e casos de transferência de calor, massa e momentum, as seguintes grandezas na Eq. (2.4): - Transferência de Calor [ ] J W J ⎛q⎞ Ψx = ⎜ ⎟ em 2 ou 2 , φ = ρc p T , ρc p T = 3 m s m m ⎝ A⎠x térmica, [α ] = (q / A)x m2 s ⎡ ∂ (ρc p T )⎤ = −α ⎢ ⎥; ⎣ ∂x ⎦ - Transferência de Massa kmol ⎛J ⎞ Ψx = ⎜ A ⎟ em 2 , m s ⎝ A ⎠x φ = C A , [C A ] = kmol m3 m2 δ = D difusividade, [D ] = s δ =α = k difusividade ρc p 29 - Transferência de Momentum ⎛ μ ⎞ ⎡ ∂ ( ρU x )⎤ ⎡ ∂ ( ρU x ) ⎤ kg ⎛F⎞ Ψx = τ yx = ⎜ ⎟ = −⎜⎜ ⎟⎟ ⎢ = −ν ⎢ em 2 , ⎥ ⎥ m s ⎝ A⎠ ⎝ ρ ⎠ ⎣ ∂y ⎦ ⎣ ∂y ⎦ φ = ρU x , [ρU x ] = kg m / s m3 δ = ν viscosidade cinemática, [ν ] = m2 s Generalizando para o caso tridimensional, a Eq. 2.4 pode ser reescrita como Ψ = −δ∇φ (2.5) Assim, nos três tipos de transporte considerado tem-se - Transferência de Calor q = −k∇T A (2.6) - Transferência de Massa jA = − D∇C A A {T , p ctes (2.7) - Transferência de Momentum (escoamento de fluido incompressível) ( τ = − μ ∇U + ∇ T U ) (2.8) 2.1.1 Balanço Unidimensional Considere o volume de controle ilustrado na Figura 2.2. A equação geral de balanço tem a forma: entrada + geração = saida + acumulação Figura 2.2. Balanço num escoamento unidimensional. (2.9) 30 Em termos das grandezas definidas resulta (Ψx A)1 + Geração = (Ψx A)2 + Acumulação (2.10) na qual a geração e acumulação podem ser definidas como Geração = ΨGV = Ψ ′′′V Acumulação = ∂φ V ∂t A equação de balanço pode então ser reescrita como (Ψx A)1 + ΨGV = (Ψx A)2 + ∂φ V ∂t (2.11) A Eq. (2.11) pode ser rearranjada na seguinte forma ∂φ − ΨG = −[(Ψx A)2 − (Ψx A)1 ]/ V ∂t (2.12) ou de maneira análoga ∂φ − ΨG = −[(Ψx A)2 − (Ψx A)1 ] / ΔV ∂t (2.13) Figura 2.3 Elemento de volume para escoamento unidimensional em que ΔV = ( Ax )2 − ( Ax )1 , Figura 2.3. No limite quando o elemento de volume tende a zero tem-se lim ⎡ (Ψx A)2 − (Ψx A)1 ⎤ Δ(Ψx A) ∂ (Ψx A) ⎥ = ΔV = ∂V ΔV → 0 ⎢⎣ ΔV ⎦ que substituído na Eq. (2.13) resulta ∂ (Ψx A) ∂φ − ΨG = − ∂t ∂V (2.14) 31 Com dV = d ( Ax) e se A for constante, pode-se obter ∂Ψx ∂φ − ΨG = − ∂t ∂x (2.15) 2.1.2 Equação de Balanço Incluindo Transporte Molecular e Convectivo O transporte de alguma grandeza pode ser por difusão e convecção, na forma Ψx = Ψx ,m + Ψx ,c , onde os transportes molecular e convectivo são definidos respectivamente por Ψx ,m = −δ ∂φ e Ψ x ,c = U xφ ∂x (2.16) que substituídos na Eq. (2.15) resulta na equação de balanço unidimensional na forma ∂φ ∂ ⎛ ∂φ ⎞ ∂ (U xφ ) − ΨG = − ⎜ − δ ou ⎟− ∂x ∂t ∂x ⎝ ∂x ⎠ ∂φ ∂ (U xφ ) ∂ ⎛ ∂φ ⎞ = ⎜δ + ⎟ + ΨG ∂t ∂x ∂x ⎝ ∂x ⎠ (2.17) Ex: Obter as equações de balanço para os casos de transferência de calor, massa e momentum. 2.1.3 Equação de Balanço Tridimensional No caso tridimensional haverá fluxo nas três direções dos eixos de coordenadas, Figura 2.4. Pode-se mostrar de maneira análoga que a equação equivalente à Eq. (2.15) é: ∂Ψ y ∂Ψz ⎞ ⎛ ∂Ψ ∂φ ⎟⎟ − ΨG = −⎜⎜ x + + ∂t x y z ∂ ∂ ∂ ⎝ ⎠ (2.18) ∂φ − ΨG = −∇ • Ψ ∂t (2.19) ou na qual ∇( ) = i Ψ = i Ψx + j Ψ y + k Ψz ∂( ) ∂( ) ∂( ) . + j +k ∂y ∂z ∂x e operador del ou nabla é definido como 32 Figura 2.4. Elemento de volume em escoamento tridimensional. No caso tridimensional, o transporte molecular e convectivo são grandezas vetoriais e são definidos como Ψm = −δ∇φ e Ψc = Uφ (2.20) Com Ψ = Ψm + Ψc , a Eq. (1.52) fica na forma ( ) ( ) ∂φ + ∇ • Uφ = ∇ • δ∇φ + ΨG ∂t (2.21) Ex: Obter as equações 3D de balanço de calor, massa e quantidade de movimento. Usando as definições de grandezas anteriores, resulta o conjunto de equações: ∂ (ρc p T ) ∂t ( ) ( ) + ∇ • Uρc p T = ∇ • α∇ρc p T + ΨG ∂ρ A + ∇ • Uρ A = ∇ • D∇ρ A + ΨG ∂t ( ( ) ) ( ( ) ) ∂ ρU + ∇ • UρU = ∇ • τ + ΨG ∂t ( τ = μ ∇U + ∇ T U ) (2.22) (2.23) (2.24) (2.25) 33 As Equações (2.22)-(2.25) devem ainda estar sujeitas à restrição de conservação da massa, que pode ser obtida fazendo, na equação (1.54), ΨG = 0 , φ = ρ e Ψ = − ρU , resultando ( ) ∂ρ + ∇ • ρU = 0 ∂t (2.26) No caso especial de escoamento, ΨG = −∇p + ρg (2.27) Ex.: Obter as equações de balanço nos sistemas de coordenadas cilíndricas e esféricas. 2.2 Propriedades Térmicas da Matéria Em problemas de transferência de calor determinadas propriedades da matéria são de mais importância. Propriedades térmicas são, em geral, fortemente dependentes da temperatura. Pela definição da taxa de difusão de calor (Lei de Fourier) pode-se ver que a condutividade térmica k é uma das propriedades de grande influência nos problemas de condução de calor. Outras propriedades de importância são a difusividade térmica, α = k / ρ c , os calores específicos, c p e cv , a massa específica do material, ρ e viscosidade cinemática do material ν . 2.2.1 Condutividade Térmica Em princípio, a condutividade térmica pode ser determinada, usando a definição dada pela Lei de Fourier, Eq. (2.1), usando um aparato de determinada área superficial em que se possa medir a taxa de calor atravessando-a, medindo a variação da temperatura através da parede de espessura conhecida. No caso mais geral, a condutividade térmica não dependerá apenas do estado termodinâmico do material ( T ,P ), mas também da orientação da amostra relativa à corrente q e do ponto dentro da amostra onde k é medido, caso de materiais anisotrópicos heterogêneos. Outros casos mais simples são os de materiais isotrópicos heterogêneos, quando a condutividade depende do ponto dentro da amostra, mas não depende da orientação da amostra em relação à q . Tem-se também o caso de materiais anisotrópicos homogêneos em que a condutividade só depende da orientação da amostra em relação à q e, finalmente, tem-se o caso de materiais isotrópicos homogêneos em que a condutividade não 34 depende nem do ponto dentro do material nem da orientação da amostra em relação à q . A Figura 2.5 ilustra os tipos de materiais mencionados. A condutividade térmica também diferencia os materiais em bons condutores (materiais de altas condutividades, como é o caso de cobre) e condutores pobres (isolantes térmicos, como é o caso de teflon). No caso de gases monoatômicos é esperado que a condutividade dependa apenas da temperatura. Uma proposta de variação de k com a temperatura é da forma: ⎛T ⎞ k = k0 ⎜ ⎟ ⎝ T0 ⎠ n (2.28) Na qual o subscrito 0 refere-se a um estado de referência e o valor teórico de n = 1 / 2 , podendo em alguns casos ser levemente maior, como no caso de hélio em que n 0,7 . No mesmo caso de gases monoatômicos, a baixa pressão, a massa específica é proporcional a p / T , enquanto c p é constante. Desta forma, a difusividade térmica pode ser expressa como k ⎛T ⎞ k = 0 ⎜ ⎟ ρ c p ρ0 c p 0 ⎝ T0 ⎠ n +1 ⎛ p⎞ ⎜ ⎟ ⎝ p0 ⎠ −1 (2.29) Nos materiais sólidos a condutividade térmica depende dos elétrons livres e da estrutura do material (arranjo atômico). Desta forma pode-se expressar a condutividade térmica como a contribuição destes dois efeitos na forma: k = k e + kl (2.30) na qual ke é inversamente proporcional à resistividade elétrica e, portanto será alta para materiais metálicos bons condutores de corrente elétrica. kl depende da vibração da estrutura (lattice vibration) e, portanto será em geral predominante em sólidos não metálicos. Em geral, a condutividade térmica de líquidos, assim com a de gases é menor do que a condutividade térmica de sólidos. Materiais de isolamento térmico podem ser obtidos combinando-se materiais de condutividade térmica baixa como é o caso de fibras. No caso de materiais anisotrópicos, a condutividade dependerá das direções e do ponto dentro do material. Neste caso, pode-se representar o tensor condutividade térmica como ⎡ k11 k = ⎢⎢ k21 ⎢⎣ k31 k12 k22 k32 k13 ⎤ k23 ⎥⎥ k33 ⎥⎦ (2.31) 35 Na Equação (2.31) pela relação de reciprocidade kij = k ji (2.32) Além do mais, os coeficientes k11 , k22 e k33 , pela termodinâmica irreversível, são positivos, isto é, kii > 0 (2.33) e a magnitude dos coeficientes kij é limitado pelo requerimento que kii k jj − kij2 > 0 para i ≠ j (2.34) (a) Anisotrópico heterogêneo (a) Isotrópico heterogêneo (a) Anisotrópico homogêneo (a) Isotrópico homogêneo Figura 2.5 Classificação de meios termicamente condutores em termos de homogeneidade e isotropia Alguns valores típicos de condutividade térmica de materiais são listados a seguir: Metais: 50 a 415 W/moC Ligas: 12 a 120 W/moC Líquidos não metálicos: 0,17 a 0,7 W/moC Materiais isolantes: 0,03 a 0,17 W/moC Gases à pressão atmosférica: 0,007 a 0,17 W/moC 36 2.3 Equação de Difusão de Calor A equação da difusão de calor pode ser obtida a partir da Eq. (2.21), ∂φ + ∇ • U φ = ∇ • Ψ + Ψ G escrita em um sistema de coordenadas curvilíneas. Considerando ∂t ( ) que o material possa ser anisotrópico resulta então, após várias manipulações algébricas, considerando ρ e c p constantes, U = 0 : 1 ⎡ ∂ ( h2 h3q1 ) ∂ ( h1h3 q2 ) ∂ ( h1h2 q3 ) ⎤ ∂T + + ⎢ ⎥ + q′′′ = ρ C p ∂x2 ∂x3 ⎦ ∂t h1h2 h3 ⎣ ∂x1 (2.35) A expressão para os fluxos de calor, para sistemas de coordenadas curvilíneas ortogonais ( x1 , x2 , x3 ) , são 3 qi = −∑ kij j =1 1 ∂T ; i = 1, 2,3 h j ∂x j (2.36) Nos sistemas de coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas tem os dados na Tabela 2.1 Tabela 2.1 – Sistemas de coordenadas ortogonais e fatores de escalas Coordenadas x1 x2 x3 Cartesianas x y z Cilíndricas r Esféricas r θ θ φ h1 h2 1 1 1 r rsen (φ ) h3 1 1 r No sistema de coordenadas cartesianas z ( x, y , z ) , 1 os fluxos de calor ficam, então definidos como − q1 = k11 ∂T ∂T ∂T + k12 + k13 ∂x ∂y ∂z (2.37a) − q2 = k21 ∂T ∂T ∂T + k22 + k23 ∂x ∂y ∂z (2.37b) − q3 = k31 ∂T ∂T ∂T + k32 + k33 ∂x ∂y ∂z (2.37c) 37 Para coordenadas cilíndricas ( r , θ , z ) resulta: − qr = k11 ∂T ∂T ∂T + k12 + k13 ∂r r ∂θ ∂z (2.38a) − qθ = k21 ∂T ∂T ∂T + k22 + k23 ∂r r ∂θ ∂z (2.38b) − qz = k31 ∂T ∂T ∂T + k32 + k33 ∂r r ∂θ ∂z (2.38c) Para coordenadas esféricas ( r , θ , φ ) resulta: − qr = k11 ∂T ∂T ∂T + k12 + k13 ∂r rsen (φ ) ∂θ r ∂φ (2.39a) − qθ = k21 ∂T ∂T ∂T + k22 + k23 ∂r rsen (φ ) ∂θ r ∂φ (2.39b) − qφ = k31 ∂T ∂T ∂T + k32 + k33 ∂r rsen (φ ) ∂θ r ∂φ (2.39c) Substituindo os fluxos de calor dos sistemas de coordenadas obtêm-se as equações para os vários sistemas de coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas com a seguir. - Sistema de coordenadas retangulares: ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎟ + ⎜ k33 ⎟ + ⎜ k22 ⎟+ ∂y ⎠ ∂z ⎝ ∂z ⎠ ⎠ ∂y ⎝ ⎡ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎤ ⎡ ∂ ⎛ ∂T + ⎢ ⎜ k12 ⎟ + ⎜ k12 ⎟⎥ + ⎜ k13 ∂y ⎠ ∂y ⎝ ∂x ⎠ ⎦ ⎢⎣ ∂x ⎝ ∂z ⎣ ∂x ⎝ ∂ ⎛ ∂T ⎜ k11 ∂x ⎝ ∂x ⎡ ∂ ⎛ ∂T + ⎢ ⎜ k23 ∂z ⎣ ∂y ⎝ ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎤ ⎟ + ⎜ k13 ⎟ + ∂x ⎠ ⎥⎦ ⎠ ∂z ⎝ (2.40) ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎤ ⎟ ⎥ + q′′′( x, y, z , t ) = ρ C p ⎟ + ⎜ k23 ∂y ⎠ ⎦ ∂t ⎠ ∂z ⎝ - Sistema de coordenadas cilíndricas: 1 ∂ ⎛ ∂T ⎜ k11r r ∂r ⎝ ∂r ⎞ 1 ∂ ⎟+ ⎠ r ∂θ ∂T ⎛ ⎜ k22 r ∂θ ⎝ ⎡ 1 ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ +⎢ ⎜ k12 ⎟+ ⎣ r ∂r ⎝ ∂θ ⎠ r ∂θ ⎡ ∂ +⎢ ⎣ r ∂θ ⎛ ∂T ⎜ k23 ∂z ⎝ ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎟ + ⎜ k33 ∂z ⎠ ∂z ⎝ ⎞ ⎟+ ⎠ ∂T ⎛ ∂T ⎞ ⎤ ⎡ 1 ∂ ⎛ ⎜ k12 ⎟⎥ + ⎢ ⎜ k13 r ∂r ⎠ ⎦ ⎣ r ∂r ⎝ ∂z ⎝ ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎤ ⎟ + ⎜ k13 ⎟ + ∂r ⎠ ⎦⎥ ⎠ ∂z ⎝ ∂T ∂T ⎞ ⎤ ⎞ ∂ ⎛ ⎟ + ⎜ k23 ⎟ ⎥ + q′′′(r , θ , z , t ) = ρ C p ∂t ⎠ ∂z ⎝ r ∂θ ⎠ ⎦ (2.41) 38 - Sistema de coordenadas esféricas: 1 ∂ ⎛ 1 1 ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ 2 ∂T ⎞ ⎜ k33 sen (φ ) ⎟+ ⎜ k11r ⎟+ 2 2 ⎜ k22 ⎟+ 2 2 r ∂r ⎝ ∂r ⎠ r sen (φ ) ∂θ ⎝ ∂θ ⎠ r sen (φ ) ∂φ ⎝ ∂φ ⎠ ⎡ 1 1 ∂ ⎛ ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎤ +⎢ 2 ⎜ k12 r ⎟+ ⎜ k12 ⎟⎥ + ∂θ ⎠ rsen (φ ) ∂θ ⎝ ∂r ⎠ ⎥⎦ ⎢⎣ r sen (φ ) ∂r ⎝ ⎡1 ∂ ⎛ 1 ∂T ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎤ +⎢ 2 ⎜ k13 r ⎟+ ⎜ k13 sen (φ ) ⎟⎥ + ∂φ ⎠ rsen (φ ) ∂φ ⎝ ∂r ⎠ ⎦⎥ ⎣⎢ r ∂r ⎝ ⎡ ∂ 1 +⎢ 2 ⎢⎣ r sen (φ ) ∂θ ⎛ ∂T ⎜ k23 ∂φ ⎝ ⎞ ∂ ⎛ ∂T 1 ⎟+ 2 ⎜ k23 ⎠ r sen (φ ) ∂φ ⎝ ∂θ (2.42) ∂T ⎞⎤ ⎟ ⎥ + q′′′(r ,θ , φ , t ) = ρ C p ∂t ⎠ ⎥⎦ Ex: Obter as equações para o caso de materiais isotrópicos 2.4 Condições inicial e de contorno As condições de contorno em problemas de condução num meio anisotrópico podem ser escritas na seguinte forma genérica, para uma superfície Si normal a um eixo de coordenadas xi ∓δ i kref ∂T + γ iT = f i sobre Si ∂n∗ (2.43) na qual 3 k ∂T ij 1 ∂T = ∑ ∗ ∂n j =1 k ref hi ∂x j (2.44) A condutividade de referência pode ser escolhida como k11 , k22 ou k33 . As combinações δ i = 0, γ i = 1 ou δ i = 1, γ i = 0 recuperam as condições de contorno de primeiro ou de segundo tipos respectivamente. O sinal mais ou menos depende se a normal a Si está apontando no sentido positivo ou negativo da direção xi respectivamente. A condição inicial pode ser representada por uma função na forma: Ti = f ( x1 ,x2 ,x3 ) (2.45) 39 2.5 Determinação da Condutividade Térmica de Sólidos: (Pratica 2) Nesta parte do curso será realizada a terceira experiência que consiste na medição de condutividade térmica de sólidos usando um aparato experimental para esta finalidade. O experimento para medir condutividade térmica baseia-se na Lei de Fourier. Considere a amostra da Figura 2.6. A partir da Lei de Fourier pode-se obter a condutividade em função da taxa de calor q ; da espessura da amostra Δx ; da área da face da amostra A e das temperaturas em ambas as faces, T1 e T2 na forma: k= qΔx A (T1 − T2 ) (2.46) Figura 2.6 – Amostra para medida de condutividade térmica O aparato experimental para medir condutividade térmica de sólidos é ilustrado na Figura 2.7. No aparato em uma face da amostra uma taxa de calor é fornecida por um aquecedor elétrico, enquanto na outra face calor é removido por um refrigerante. As temperaturas nas faces da amostra podem ser medidas por termopares. O principal problema deste aparato é que calor pode escapar pelas extremidades da amostra ou se as extremidades forem isoladas, o problema se torna bidimensional. Este problema pode ser aliviado pela instalação de aquecedores de proteção (guard heater) como ilustrado na Figura 2.7. Neste arranjo conhecido como placa quente, o aquecedor é colocado no centro e uma placa da amostra é colocada de cada lado do aquecedor. Os aquecedores de guarda circundam o aquecedor e evita que calor escape pelas extremidades, mantendo o problema unidimensional. A temperatura dos aquecedores de guarda deve ser a mesma do aquecedor principal. Um refrigerante circula através do dispositivo para remover energia. Este aparato é bastante 40 utilizado para medir condutividade de materiais sólidos não metálicos, isto é, materiais de baixa condutividade. Para materiais de altas condutividades existem outros aparatos mais apropriados para se evitar erros na medição. Para líquidos e gases outros aparatos específicos podem ser construídos. Figura 2.7 – Esquema de aparato para medida de condutividade térmica. 2.5.1 Aparato Experimental do Laboratório de Transferência de calor e Massa O aparato experimental par medida de condutividade térmica no Lab. TCM está ilustrado na Figura 2.8 Figura 2.8 – Aparato Experimental para medida de k no Lab. TCM, DEM, Unesp-Ilha Solteira. 41 Na Eq. (2.46), a taxa de calor é obtida como o produto da tensão elétrica pela corrente que circula pela resistência elétrica de aquecimento. No caso a área da resistência elétrica é de 196 por 196 mm. A espessura do material acrílico (um dos materiais usado) é de 10 mm. A taxa de calor é calculada como q = E⋅I (2.47) na qual U é tensão elétrica em volts e I é a corrente elétrica em amperes. Alguns valores obtidos na experiência de medida da condutividade térmica do acrílico são mostrados na Tabela 2.2 Tabela 2.2 – Leituras dos multímetros Núcleo Medida E[V] I[A] Anel externo E[V] I[A] 1 13,2 0,29 8,8 0,55 2 15,0 0,33 10,9 0,69 3 15,5 0,34 10,7 0,67 4 22,5 0,56 17,5 1,10 5 22,7 0,50 15,4 0,97 6 23,8 0,52 16,7 1,04 7 26,5 0,58 17,6 1,10 Tensão no termopar [mV] E1 E2 E3 E4 E5 E6 E7 E8 As curvas de calibração dos termopares são mostradas na Tabela 2.3. Observando a Figura 2.8, pode-se concluir que as temperaturas dos pontos 1 e 2 deveriam ser iguais, assim como as temperaturas dos pontos 3 e 4 também deveriam ser iguais. Longitudinalmente as temperaturas dos pontos 3, 5 e 6, bem como as temperaturas dos pontos 4, 7 e 8 deveriam ser todas de mesmo valor. 42 Tabela 2.3 – Curvas de calibração e desvio padrão dos oito termopares Termopar Curva de Calibração 1 T1 ( C ) = 3,1686 + 22,59014E ( mV ) 0,42091 2 T2 ( C ) = 3,02924 + 22,50935E ( mV ) 0,42827 3 T3 ( C ) = 3,05924 + 22,50935E ( mV ) 0,42827 4 T4 ( C ) = 3,13259 + 22,53033E ( mV ) 0,45968 5 T5 ( C ) = 2, 43493 + 23,00705E ( mV ) 0,32261 6 T6 ( C ) = 2,49037 + 22,99343E ( mV ) 0,24155 7 T7 ( C ) = 2, 29134 + 23,0951E ( mV ) 0,23372 8 T8 ( C ) = 2, 22723 + 23,06893E ( mV ) 0,24623 o o o o o o o o Desvio Padrão 43 3. Condução de Calor Unidimensional em Regime Permanente A equação da condução de calor nos casos mais genéricos foi deduzida no capítulo 2. No caso unidimensional em regime permanente, há fluxo de calor predominante em uma dada direção, independente do tempo. 3.1 Paredes Planas Considere o caso de uma parede plana de espessura L ao longo do eixo x, e infinita em y e z, com temperaturas especificadas, T0 em x = 0 e TL em x = L, Figura 3.1. Suponha que o material da parede seja isotrópico e homogêneo e que não há geração interna de energia na parede. Com as hipóteses consideradas, este problema é governado pelo conjunto de equações: d 2T =0 dx 2 (3.1) T = T0 em x = 0 (3.2) T = TL em x = L (3.3) Figura 3.1 Condução através de uma parede plana. Resistência térmica. A solução da Eq. (3.1) é obtida integrando-se duas vezes a Eq. (3.1), obtendo-se o resultado: T = c1 x + c2 . As constantes de integração podem ser obtidas usando as Eqs. (2.2) e (2.3), cujo resultado final é uma variação linear da temperatura com x na forma: T = T0 + (TL − T0 ) x L (3.4) 44 A partir da Eq. (3.4) obtém-se que o gradiente de temperatura ao longo da parede é independente de x , devido à variação linear da temperatura, dT / dx = (TL − T0 ) / L , e, portanto, o fluxo de calor através da parede pode ser calculado como dT k = (T0 − TL ) dx L q′′ = − k (3.5) A taxa de calor atravessando a fronteira é obtida multiplicando o fluxo de calor pela área da superfície A , assim, q = q′′A = kA (To − TL ) L (3.6) 3.1.1 Resistência Térmica O inverso de kA / L é denominado de resistência térmica da camada e, portanto, define-se: Rt = L kA (3.7) Combinado as Eqs. (3.7) e (3.6) resulta q= To − TL Rt (3.8) Observe que a taxa de calor como calculada pela Eq. (3.8) é completamente análoga à corrente elétrica que atravessa um circuito com uma única resistência em que há uma diferença de potencial elétrico. A resistência térmica é ilustrada na Figura 3.1 3.1.2 Paredes Compostas Se a parede for constituída de várias camadas de espessura Li e condutividade térmica ki , a resistência térmica de cada camada será Rt ,i = Li ki A (3.9) A resistência térmica total será a associação em série das resistências individuais, ou seja, Rt = ∑ i Li ki A (3.10) 45 Como exemplo, considere o caso de uma parede composta de três camadas de materiais isotrópicos homogêneos, como ilustrado na Figura 3.2. Neste caso, a taxa de calor pode ser calculada como q= To − TL L1 / k1 A + L2 / k2 A + L3 / k3 A (3.11) Figura 3.2 Parede composta e sua resistência térmica. 3.1.3 Coeficiente Global de Transferência de Calor No caso de trocadores de calor, por exemplo, geralmente, a parede separa dois campos de escoamento, com um fluido “quente” em uma das faces da parede e outro fluido “frio” na outra face; Figura 3.3. A transferência de calor do fluido quente para a parede e da parede para o fluido frio pode ser estimada através do coeficiente de transferência convectiva definido no capítulo 1. Suponha que do lado do fluido quente a temperatura seja Th com um coeficiente hh caracterizando a troca de calor do fluido para a parede, e do lado frio a temperatura seja Tc com um coeficiente hc caracterizando a troca de calor da parede para o fluido. Neste caso, têm-se as seguintes equações: Th − T0 = q′′ hh (3.12) T0 − TL = L q′′ k (3.13) TL − Tc = q′′ hc (3.14) 46 Figura 3.3 parede banhada por fluidos em suas faces. Coeficiente global de troca de calor. Somando as Eqs. (3.12) – (3.14) obtém-se ⎛1 L 1 Th − Tc = ⎜ + + ⎝ hh k hc ⎞ ⎟ q′′ ⎠ (3.15) Numa forma mais compacta a Eq. (3.15) pode ser reescrita como Th − Tc = q′′ U (3.16a) Ou na forma q′′ = U (Th − Tc ) (3.16b) Na qual o coeficiente global de transferência de calor é definido por 1 1 L 1 = + + U hh k hc (3.17) Exercício 3.1: A parede de um incubador de ovos é composta por uma camada de fibra de vidro de 8 cm entre duas camadas de fórmica de 1 cm cada uma. Do lado de fora a temperatura é Tc = 10o C e o coeficiente de troca de calor do lado externo do incubador é hc = 5W / m 2 K . Do lado interno, a temperatura é Th = 40o C e devido um ventilador forçar o ar internamente sobre os ovos, o coeficiente de troca convectiva é hh = 20 W / m 2 K . Calcule o fluxo de calor através da parede do incubador. 47 3.2 Cascas Cilíndricas Muitos trocadores de calor são constituídos por cascas cilíndricas, como no caso do trocador de calor conhecido como casco-tubo. Nestes casos, o fluxo de calor não se conserva como ocorre na parede plana, visto que o gradiente de temperatura depende da posição radial. Entretanto, a taxa de calor que atravessa a casca deve se conservar pela primeira lei da termodinâmica. Considere uma casca cilíndrica de comprimento l ; de raio interno ri e cuja superfície interna esteja a Ti . O raio externo é ro e a temperatura da superfície externa é To . O fluxo de calor do lado interno é qi′′ e do lado externo será qo′′ ; Figura 3.4. Figura 3.4 Condução radial numa casca cilíndrica. A taxa de calor pode ser calculada se for determinado o fluxo de calor do lado interno, por exemplo. Esta taxa pode ser estimada como q = ( 2π rli ) qi′′ (3.18) O fluxo de calor na direção radial pode ser obtido na forma: ⎛ dT ⎞ qi′′ = −k ⎜ ⎟ ⎝ dr ⎠ r = ri (3.19) 48 O que obriga a determinação do campo de temperatura através da casca. A equação governante para este problema em regime permanente, sem geração interna na parede e simetria da temperatura é 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ ⎟=0 ⎠ (3.20) sujeita às condições de contorno T = Ti em r = ri (3.21) T = To em r = ro (3.22) e A seqüência de solução é obtida integrando duas vezes a eq. (3.20): d ⎛ dT ⎜r dr ⎝ dr r ⎞ ⎟=0 ⎠ (3.23) dT = C1 dr (3.24) dT C1 = dr r (3.25) T = C1 ln ( r ) + C2 (3.26) A Eq. (3.26) deve satisfazer as duas condições de contorno (3.21) e (3.22), o que leva aos resultados: Ti = C1 ln ( ri ) + C2 (3.27) To = C1 ln ( ro ) + C2 (3.28) Após a eliminação de C2 das Eqs. (3.27) e (3.28) obtém-se C1 = Ti − To ln ( ri / ro ) (3.29) Finalmente, subtraindo (3.27) de (3.26) resulta ⎛r⎞ T − Ti = C1 ln ⎜ ⎟ ⎝ ri ⎠ (3.30) e pelo uso de (3.29) obtém-se T = Ti − (Ti − To ) ln ( r / ri ) ln ( ro / ri ) (3.31) 49 O gradiente de temperatura pode ser obtido como dT 1 Ti − To . Combinando as = dr r ln ( ri / ro ) equações (3.18) e (3.19) obtém-se a taxa de calor na forma q= 2π kl (Ti − T0 ) ln ( ro / ri ) (3.32) Pode-se concluir que a resistência térmica da casca cilíndrica é Rt = ln ( ro / ri ) (3.33) 2π kl Pela conservação da taxa de calor pode-se mostrar que q = ( 2π rli ) qi′′ = ( 2π rl ) q′′ (3.34) E, portanto, o fluxo de calor em qualquer raio será q′′ = ri qi′′ r (3.35) No caso de uma casca composta, por exemplo, de três camadas; Figura 3.5, cujos raios das interfaces sejam r1 e r2 respectivamente com r0 > r2 > r1 > ri , e as temperaturas do fluido interno seja Th com hi e do lado seja Tc com ho ; a taxa de calor pode ser calculada como q = U i Ai (Th − Tc ) = U o Ao (Th − Tc ) = Th − Tc Rt (3.36) Na qual a resistência térmica pode ser calculada como Rt = ln ( r1 / ri ) ln ( r2 / r1 ) ln ( ro / r2 ) 1 1 + + + + 2π k1l 2π k2l 2π k3l hi Ai ho Ao (3.37a) Figura 3.5 Casca cilíndrica composta com transferência convectiva em ambos os lados. 50 Pela combinação das Eqs. (3.36) e (3.37) pode-se demonstrar que 1 1 r ln ( r1 / ri ) ri ln ( r2 / r1 ) ri ln ( ro / r2 ) 1 ri = + i + + + U i hi k1 k2 k3 ho ro (3.37b) 1 1 ro ro ln ( r1 / ri ) ro ln ( r2 / r1 ) ro ln ( ro / r2 ) 1 = + + + + U o hi ri k1 k2 k3 ho (3.37c) As áreas das superfícies interna e externa da casca são definidas por Ai = 2π rli ; Ao = 2π rol (3.38) 3.3 Cascas Esféricas A geometria esférica, Figura 3.6, pode ser analisada de maneira similar, por notar que quando a temperatura das superfícies interna e externa são isotérmicas (Ti ,To ) , a temperatura dentro da casca pode variar apenas radialmente. Neste caso a equação que rege o problema, com todas as hipóteses simplificadoras consideradas, como no caso do cilindro, fica na forma: 1 d ⎛ 2 dT ⎜r r 2 dr ⎝ dr ⎞ ⎟=0 ⎠ (3.39) sujeita às condições de contorno T = Ti em r = ri (3.40) T = To em r = ro (3.41) e Figura 3.6 Condução radial através de uma casca esférica. 51 Multiplicando a Eq. (3.39) por r 2 dr e integrando uma vez resulta r2 dT dT C1 = C1 ou = dr dr r 2 (3.42) Agora, multiplicando a Eq. (3.42) por dr e integrando mais uma vez obtém-se T =− C1 + C2 r (3.43) A restrição das condições de contorno levam ao sistema Ti = − C1 + C2 ri (3.44) To = − C1 + C2 ro (3.45) A eliminação de C2 das Eqs. (3.44) de (3.45) leva ao valor de C1 na forma C1 = ri ro (Ti − To ) (3.46) ri − ro Subtraindo a eq. (3.44)de (3.43) e pelo uso de (3.46) obtém-se T − Ti = (Ti − To ) ro ⎛ r − ri ⎞ ⎜ ⎟ r ⎝ ri − ro ⎠ (3.47) da qual se se obtém o gradiente de temperatura e o fluxo de calor qi′′ definidos respectivamente por dT ri ro (Ti − To ) = 2 dr r ri − ro (3.48) ro Ti − To ⎛ dT ⎞ qi′′ = −k ⎜ ⎟ =k ri ro − ri ⎝ dr ⎠ r = ri (3.49) A taxa de calor pode ser obtida multiplicando o fluxo pela área de troca, no caso de uma esfera, Ai = 4π ri 2 , resultando q = 4π kro ri Ti − To ro − ri (3.50) Pela observação da Eq. (3.50) pode-se concluir que a resistência térmica da casca esférica é Rt = 1 ⎛1 1⎞ ⎜ − ⎟ 4π k ⎝ ri ro ⎠ (3.51) No caso de uma casca esférica composta de duas camadas, por exemplo, com convecção interna e externa, a resistência térmica total será 52 Rt = 1 1 ⎛1 1⎞ 1 ⎛1 1⎞ 1 + ⎜ − ⎟+ ⎜ − ⎟+ hi Ai 4π k1 ⎝ ri r1 ⎠ 4π k2 ⎝ r1 ro ⎠ ho Ao (3.52) 3.4 Raio Crítico de Isolação Uma aplicação do conceito de resistência térmica é determinação de espessura anular que deve ser aplicada sobre a superfície externa de uma parede cilíndrica de temperatura conhecida Ti . A função da camada isolante colocada entre o raio ri e ro é reduzir a taxa total de transferência de calor entre o corpo interno e o fluido ambiente a T∞ e coeficiente h de troca convectiva. A Figura 3.7, no alto à direita, ilustra a camada de isolante térmico. A taxa total de transferência de calor varia inversamente com a resistência térmica, porque q = (Ti − T∞ ) / Rt . A resistência térmica neste caso pode ser calculada como Rt = ln ( ro / ri ) 2π kl + 1 h ( 2π rol ) (3.53) Para h e k constantes, Rt será uma função do raio externo ro . E quando a resistência térmica alcançar um mínimo a taxa de calor atingirá um máximo. Derivando Rt da Eq. (3.53) em relação a ro resulta ∂Rt / ∂ro = 1 / 2π klro − 1 / 2π lhro2 . Para se obter o ponto de mínimo ou máximo faz-se ∂Rt / ∂ro = 0 o que leva ao resultado do raio crítico de isolamento ro,c = k h (3.54) A resistência mínima será, portanto, Rt ,min = ln ( k / hri ) + 1 2π kl (3.55) Algumas conclusões que se pode tirar do conceito de raio critico de isolação é que, quando, o cilindro for espesso, de tal forma que ri > ro,c ou k < 1; hri (3.56) a adição de uma camada de material isolante sempre se traduz em aumento de Rt e, portanto redução de q como desejado. No caso oposto, quando, ri < ro,c ou k > 1; hri (3.57) 53 o enrolamento de uma primeira camada isolante reduzirá a resistência térmica. O efeito inicial será um aumento da transferência de calor. Apenas quando material suficiente tenha sido adicionado de modo que ro exceda ro ,c , a espessura de isolamento aumentará o valor de Rt e redução de q . No caso de isolação de um objeto esférico de raio ri , o raio critico de isolação será estimado pela relação: ro,c = 2 k h (3.58) Figura 3.7 Efeito do raio externo sobre a resistência térmica global de uma camada cilíndrica isolante. Exercício 3.2: Um fio isolado suspenso no ar gera aquecimento pelo efeito Joule à taxa de q′ = 1W / m . O fio cilíndrico de raio ri = 0,5 mm está 30 oC acima da temperatura ambiente. É proposto encapar fio com plástico de isolamento elétrico, cujo raio externo será ro = 1 mm . A condutividade térmica do material plástico k = 0,35W / mK . O plástico isolante aumentará o contato térmico entre fio e ambiente, ou promoverá efeito de isolamento térmico? Para verificar a resposta calcule a diferença de temperatura entre o fio e ambiente quando o fio estiver encapado pelo plástico. 54 3.5 Geração Interna de Calor Há casos que ocorre geração interna de energia dentro do objeto, como por exemplo, por efeito Joule em fio condutores de eletricidade, ou por efeito de aquecimento devido ao campo de radiação. Estes casos, Figura 3.8, serão considerados neste item. 3.5.1 Aquecimento Uniforme à Taxa q′′′ A incógnita aqui não a taxa total de transferência de calor, pois ela pode ser determinada multiplicando a taxa de geração pelo volume do corpo. Note que em regime permanente todo o calor gerado dentro da parede deve ser removido para o reservatório fluido. A questão é quão aquecido deve se tornar o interior para transferir esta taxa de calor para os lados. Desde que a incógnita é o campo de temperatura T ( x ) , ela pode ser obtida da equação: d 2T q′′′ + =0 dx 2 k (3.59) As condições de contorno, para a parede imersa num reservatório fluido à temperatura T∞ e coeficiente h , serão do tipo − q′′ = h (T − T∞ ) em x = − L / 2 (3.60) q′′ = h (T − T∞ ) em x = L / 2 (3.61) O sinal negativo é necessário no lado esquerdo da Eq. (3.60) por que (a) q′′ é considerado positivo quando apontando na direção do eixo x , e (b) na definição de h q′′ é assumido positivo quando apontando para dentro do fluido. Usando a Lei de Fourier para os fluxos de calor em ambas as Eqs. (3.60) e (3.61), as condições de contorno de tornam k dT = h (T − T∞ ) em x = − L / 2 dx (3.62) dT = h (T − T∞ ) em x = L / 2 dx (3.63) −k A solução da Eq. (3.59) tem a forma geral T = ( q′′′ / k ) ( x 2 / 2 ) + Ci x + C2 . Diferente do caso sem geração que leva a uma variação linear da temperatura, neste caso o perfil resultante é parabólico. As constantes de integração podem ser determinadas pelas condições de contorno (3.62) e (3.63). O resultado da distribuição de temperatura é da forma: 55 2 q′′′L2 ⎡ ⎛ x ⎞ ⎤ q′′′L T ( x ) = T∞ + ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥+ 8k ⎣⎢ ⎝ L / 2 ⎠ ⎦⎥ 2h (3.64) A temperatura máxima ocorrerá no centro da parede, ou seja, em x = 0 , e será da forma Tmax q′′′L2 = T∞ + 8k 4⎤ ⎡ ⎢1 + Bi ⎥ ⎣ ⎦ (3.65) na qual a quantidade adimensional Bi é denominada de número de Biot e é definida como Bi = hL k (3.66) As temperaturas das faces da parede serão calculadas por T ( ± L / 2 ) = T∞ + q′′′L q′′′L2 / k = T∞ + 2h 2 Bi Pode se ver que quando Bi (3.67) 1 , a temperatura das faces se aproxima da temperatura do fluido, neste caso, diz que o contato térmico entre a parede sólida e o fluido é bom. No caso em que Bi 1 , o contato entre parede e fluido é pobre e a temperatura das faces se aproxima da temperatura do plano médio, ou seja, o perfil de temperatura na parede se torna achatado. Figura 3.8 Distribuição de temperatura em regime permanente devido à geração interna uniforme em uma placa (a) em um cilindro ou esfera (b). 56 No caso de um corpo cilíndrico sólido; lado direito da Figura 3.8, a distribuição de temperatura pode ser obtida da equação: 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ q′′′ =0 ⎟+ ⎠ k (3.68) sujeita às seguintes condições de contorno dT = 0 em r = 0 dr −k dT = h (T − T∞ ) em r = ro dr (3.69) (3.70) A solução de (3.68) com as restrições (3.69) e (3.70) é do tipo (demonstre) 2 q′′′ro2 ⎡ ⎛ r ⎞ ⎤ q′′′ro ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ + T ( r ) = T∞ + 4k ⎢ ⎝ ro ⎠ ⎥ 2h ⎣ ⎦ (3.71) No caso de um corpo esférico sólido, a distribuição de temperatura pode ser obtida da equação: 1 d ⎛ 2 dT ⎜r r 2 dr ⎝ dr ⎞ q′′′ =0 ⎟+ ⎠ k (3.72) sujeita às seguintes condições de contorno dT = 0 em r = 0 dr −k dT = h (T − T∞ ) em r = ro dr (3.73) (3.74) A solução de (3.72) com as restrições (3.73) e (3.74) é do tipo (demonstre) 2 q′′′ro2 ⎡ ⎛ r ⎞ ⎤ q′′′ro ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ + T ( r ) = T∞ + 6k ⎢ ⎝ ro ⎠ ⎥ 3h ⎣ ⎦ (3.75) 3.5.1 Aquecimento Não Uniforme Dependente da Temperatura Suponha o caso em que o aquecimento ou taxa de geração não seja uniforme e dependa da temperatura local. No caso de um condutor elétrico a taxa de geração pode ser expressa como q′′′ = ρe J 2 (3.76) na qual J é densidade de corrente elétrica em (amperes/m2) e ρe é a resistividade do material que pode ser expressa em função da temperatura na forma 57 ρe ≅ ρe,o ⎡⎣1 + α (T − To ) ⎤⎦ (3.77) Em (3.77) ρe,o é a resistividade na temperatura To e α = 1 ⎛ d ρe ⎞ é o coeficiente de ρe,o ⎜⎝ dT ⎟⎠T =To temperatura da resistividade. Considere o caso de um condutor cilíndrico com condutividade térmica constante e perfeito contato com o ambiente a temperatura To de modo que a temperatura da superfície seja a própria temperatura ambiente. Neste caso tem-se as equações: 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ q′′′ =0 ⎟+ ⎠ k (3.78) sujeita às seguintes condições de contorno dT = 0 em r = 0 dr (3.79) T = To em r = ro (3.80) Em vista das equações (3.76) e (3.77) a Eq. (3.78) pode ser reescrita como 1 d ⎛ dT ⎜r r dr ⎝ dr ⎞ ⎟ + C1 + C2T = 0 ⎠ (3.81) na qual C1 e C2 são duas constantes empíricas do condutor C1 = J2 k ⎡ J 2 ⎛ d ρe ⎞ ⎛ d ρe ⎞ ⎤ T C ρ = − ⎢ e,o o ⎜ ⎜ ⎟ ⎟ ⎥ 2 k ⎝ dT ⎠T =To ⎝ dT ⎠T =To ⎥⎦ ⎢⎣ (3.82) O interesse neste tipo de problema é determinar a temperatura máxima de tal forma que o condutor não se torne instável termicamente. Desta forma, uma solução aproximada da Eq. (3.81) pode ser suficiente para determinação da temperatura máxima. Um perfil de temperatura da forma ⎡ ⎛ r ⎞2 ⎤ T = To + (Tmax − To ) ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⎢⎣ ⎝ ro ⎠ ⎥⎦ (3.83) Satisfaz as duas condições de contorno (3.79) e (3.80). Aplicando o operador ∫0 ∫0 ( ) rdr à Eq. (3.81) resulta 2π ro 2 ro ro ⎛ dT ⎞ ⎜r ⎟ + C1 + C2 ∫0 Trdr = 0 2 ⎝ dr ⎠ r = r0 (3.84) O primeiro termo da equação (3.84) por (3.83) será ( rdT / dr )r = r − 2 (Tmax − To ) . A integral o pode ser também avaliada substituindo (3.83) no terceiro termo de (3.84) e o resultado será 58 ro ∫0 Trdr = ro2 / 2 ⎡⎣To + (Tmax − To ) / 2 ⎤⎦ . Substituindo estes resultados em (3.84) e resolvendo para Tmax − To , obtém-se Tmax − To = 2 ( C1 + C2To ) (8 / r ) − C 2 o (3.85) 2 Analisando o denominador de (3.85), pode-se ver que Tmax permanecerá finita apenas se C2 < 8 / ro2 . Esta desigualdade deve ser satisfeita se uma distribuição de temperatura em regime permanente deve existir. Assim uma condição de instabilidade térmica será evitada se 1/ 2 23 / 2 ⎛ k ⎞ J< ⎜ ⎟ ro ⎝ ρe′ ⎠ (3.86) Se for obtida uma solução exata da Eq. (3.81) a solução será em termos de funções de Bessel. Neste caso, o fator 23 / 2 será substituído por 2,405, valor cerca de 15% menor. 3.6 Superfícies Estendidas (Aletas - Fins) No projeto de trocadores de calor, muitas vezes se torna necessário melhorar a eficiência do processo de troca, bem como aumentar a troca de calor. Uma das maneiras de conseguir tal objetivo é aumentar a área superficial do trocador. Devido a limitações de tamanho, por exemplo, uma maneira de aumentar a superfície de troca é pelo uso de aletas que são superfícies estendidas a partir de uma área base. As aletas tem as mais variadas formas e serão analisadas neste item. Aletas retangulares são ilustradas na Figura 3.9. Figura 3.9 Aumento da troca de calor na área coberta por aletas. 59 3.6.1 Melhoria da Transferência de Calor A proposta de melhoria ou aumento de transferência de calor entre uma superfície sólida e o fluido que a banha é comum em proposições de projetos de térmicos. Para entender como uma aleta funciona, considera-se, inicialmente, uma superfície plana d(sem aletas) de área A0 banhada por um fluido com coeficiente de troca h. A temperatura da superfície é Tb e temperatura do fluido é T∞ . Assim a taxa de calor através da superfície pode ser calculada por q0 = hA0 (Tb − T∞ ) (3.87) O fluxo de calor na superfície sem aletas (unfinned – u) suposto uniforme em toda área é definido como q0 / A0 . A taxa de calor na superfície aletada (finned) é definida por q . O objetivo é ter uma superfície aletada de forma que q > q0 . Isto poder alcançado com aletas que tenham boa condutividade térmica, de tal forma que a temperatura da superfície da aleta seja comparável à temperatura da base Tb . Uma maneira de medir a melhoria da troca de calor é através da definição de efetividade global da área projetada da aleta como ε0 = q q = q0 hA0 (Tb − T∞ ) (3.88) No caso da superfície aletada a área A0 será a soma das áreas sem aletas mais a projeção das áreas da aletas na base. Designando a área sem aletas por A0,u e a área projetada da aleta por A0 , f ; então, tem-se A0 = A0 , f + A0 ,u (3.89) A taxa de calor para a superfície aletada será estimada como q = qb′′A0 , f + hA0 ,u (Tb − T∞ ) (3.90) na qual qb′′ é o fluxo de calor médio através da base de um aleta e será o foco de cálculo. 3.6.2 Aletas de Seção Transversal Constante O caso mais simples de aletas é de aletas de seção transversal constante; Figura 3.10. Num modelo de condução longitudinal o fluxo de calor na base da aleta pode ser calculado como ⎛ dT ⎞ qb′′ = −k ⎜ ⎟ ⎝ dx ⎠ x =0 (3.91) 60 Portanto, o cálculo do fluxo de calor requer a determinação da distribuição de temperatura T ( x ) na aleta. Considere um elemento de volume de aleta de área superficial pΔx . Um balanço de energia neste volume leva a equação q′′x Ac − q′′x +Δx Ac − ( pΔx ) h (T − T∞ ) = 0 (3.92) Figura 3.10 Condução longitudinal através de uma aleta de seção transversal constante. O fluxo de calor em x + Δx pode ser expresso como q′′x +Δx = q′′x + dq′′x Δx + dx que substituído em (3.92) leva à equação − dq′′x ΔxAc − ( pΔx ) h (T − T∞ ) = 0 dx (3.93) Usando a Lei de Fourier para expressar q′′x em função da temperatura resulta kAc d 2T − hp (T − T∞ ) = 0 dx 2 (3.94) A Eq. (3.94) expressa o balanço entre o calor que é conduzido e chega à posição x e o que sai por convecção através da superfície da aleta. A Eq. (3.94) é uma EDO de segunda ordem e requer portanto duas condições de contorno para sua solução. 61 Aletas Longas. Considere, primeiro, o caso de aleta longa de forma que na sua ponta tem –se a seguinte condição de contorno: T → T∞ quando x → ∞ (3.95) A outra condição de contorno é obtida da hipótese de que sua raiz está na mesma temperatura da parede base, ou seja, T = Tb em x = 0 (3.96) Definido o excesso de temperatura como θ ( x ) = T ( x ) − T∞ (3.97) a Eq. (3.94) pode ser reescrita como d 2θ − m 2θ = 0 dx 2 (3.98) sujeita às condições de contorno θ = θb em x = 0 ( θb = Tb − T∞ ) θ → 0 quando x → ∞ (3.99) (3.100) m é um parâmetro crucial do arranjo aleta-fluido, definido como 1/ 2 ⎛ hp ⎞ m=⎜ ⎟ ⎝ kAc ⎠ (3.101) A solução Eq. (3.98) é do tipo θ ( x ) = c1 exp ( − mx ) + c2 exp ( mx ) (3.102) O uso das condições de contorno leva aos valores das constantes c1 e c2 : c2 = 0 c1 = θb (3.103) A distribuição de temperatura ao longo da aleta será, portanto, expressa como θ ( x ) = θb exp ( −mx ) (3.104) A temperatura decai exponencialmente da base para a ponta. Da mesma forma o fluxo convectivo h (T − T∞ ) = hθ decai exponencialmente. Uma aleta é considera longa quando a seguinte restrição é satisfeita mL (3.105) 1 A taxa de calor na base da aleta pode ser calculada como qb = qb′′Ac = θb ( kAc hp ) 1/ 2 que mostra como os parâmetros físicos afetam a troca de calor. (3.106) 62 Aleta de Comprimento Finito com a Ponta Isolada. Muitos projetos não satisfazem o critério de aleta longa; portanto, a aleta deve ser considerada de comprimento finito. Neste caso, como a temperatura da ponta da aleta é diferente da temperatura ambiente, a taxa de calor na ponta da aleta será qtip = hAc ⎡⎣T ( L ) − T∞ ⎤⎦ (3.107) Um passo intermediário antes deste caso mais geral é considerar a aleta com a ponta isolada, caso em que se tem dT dθ = 0 ou = 0 em x = L dx dx (3.108) Este caso limite é uma boa aproximação para o caso qb > qtip (3.109) A solução geral para este caso tem a forma: θ ( x ) = c1* senh ( mx ) + c*2 cosh ( mx ) (3.110) As condições de contorno (3.99) e (3.108) levam aos valores das constantes c*2 = θb e c1* = −θ b tanh ( mL ) (3.111) Este caso é ilustrado na Figura 3.11. A forma final da solução, após algumas manipulações, é: θ = θb cosh ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ (3.112) cosh ( mL ) Figura 3.11 Aleta com a ponta isolada (lado esquerdo) versus aleta com transferência de calor na ponta ((lado direito) 63 A temperatura na ponta das aleta será θ ( L) = θb (3.113) cosh ( mL ) A taxa de calor através da base da aleta será ⎛ dT ⎞ qb = Ac ⎜ −k ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ = θb ( kAc hp ) 1/ 2 (3.114) tanh ( mL ) Pode-se demonstrar que o caso de aleta com a ponta isolada é satisfeito quando 1/ 2 ⎛ hAc ⎞ 1 = ⎜ ⎟ qb senh ( mL ) ⎝ kp ⎠ qtip << 1 (3.115) Efeito de Transferência de Calor na Ponta. Neste caso, ilustrado, do lado direito da Figura 3.11, a condição de contorno é da forma − kAc dθ = hAcθ em x = L dx (3.116) A solução da Eq. (3.98) com as condições de contorno (3.99) e (3.116) é da forma θ = θb cosh ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ + ( h / mk ) s en h ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ (3.117) cosh ( mL ) + ( h / mk ) s en h ( mL ) A taxa de calor na base, neste caso, pode ser estimada da mesma forma que aleta da ponta isolada, porém, corrigindo o comprimento, de tal forma que ⎛ dT ⎞ qb = Ac ⎜ −k ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ = θb ( kAc hp ) 1/ 2 (3.118) tanh ( mLc ) na qual, o comprimento corrigido, Figura 3.12, é expresso como Lc = L + Ac p Por exemplo, para uma aleta plana de espessura t (3.119) e largura W , Ac = tW e p = 2 (W + t ) ≅ 2W . Neste caso, pode-se mostrar que Lc = L + t (aleta plana) 2 (3.119) Para uma aleta de seção cilíndrica de diâmetro D constante tem-se Lc = L + D (pino ou aleta cilíndrica) 4 (3.119) 64 Figura 3.12 Conceito de comprimento corrigido. A partir da Eq. (3.117) pode-se obter a derivada da temperatura na forma m s en h ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ + ( h / k ) cosh ⎡⎣ m ( L − x ) ⎤⎦ dθ = −θb dx cosh ( mL ) + ( h / mk ) s en h ( mL ) (3.120) A taxa de calor calculada pela expressão exata do gradiente em x = 0 seria da forma ⎛ dT ⎞ qb = Ac ⎜ − k ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ 1 / 2 senh ( mL ) + ( h / mk ) cosh ( mL ) = θb ( kAc hp ) cosh ( mL ) + ( h / mk ) sen h ( mL ) (3.121) Eficiência da aleta versus efetividade da aleta. O parâmetro adimensional que descreve quão bem são as funções da aleta como uma extensão da superfície da base é a eficiência da aleta η ( 0 < η < 1) : η= qb taxa real de transferencia de calor = maxima taxa de transferencia de calor hpLcθb (3.122) quando toda aleta esta na temperatura da base Usando a Eq. (3.118) obtém-se a eficiência da aleta na forma η= tanh ( mLc ) mLc Algumas vezes se usa como abscissa, no lugar de mLc , o parâmetro: (3.123) 65 1/ 2 ⎛ 2h ⎞ Lc ⎜ ⎟ ⎝ kt ⎠ (3.124) Alternativamente, se usa a efetividade da aleta como uma medida de sua performance. A efetividade ε f é definida como εf = q taxa total de transferencia de calor = b taxa de transferencia de calor que deveria hAcθb ocorrer atraves da area da base na ausencia da aleta (3.125) Figura 3.13 Eficiência de aletas bidimensionais com perfis retangular, triangular e parabólico. Se for para a aleta desempenhar sua função de aumento de transferência de calor apropriadamente, então, ε f deve ser maior do que 1. Uma boa aleta tem, portanto, efetividade maior do sua eficiência. A relação entre elas será ε f pLc area total de contato com o fluido = = Ac area da seçao transversal η (3.126) 66 A efetividade da aleta é também maior do que a efetividade global baseada na área superficial projetada. A relação entre ε 0 e ε f é obtida pela combinação de (3.88), (3.90) e (3.125): ε0 = ε f A0 , f A0 + A0 ,u A0 (3.127) 3.6.3 Aletas de Seção Transversal Variável No caso da aleta plana de seção transversal constante, ela é denominada de aleta retangular, pois olhando lateralmente vê-se um retângulo. Há casos em que a seção transversal da aleta diminui da base para sua ponta;Figura 3.14. O balanço de energia neste caso leva à equação: qx − qx +Δx − ( pΔx ) h (T − T∞ ) = 0 (3.128) Após simplificações resultará − dqx − hp (T − T∞ ) = 0 dx (3.129) Pelo uso da Lei de Fourier, qx = − kAc ( x ) dT / dx chega-se a d ⎛ dT ⎞ ⎜ kAc ⎟ − hp (T − T∞ ) = 0 dx ⎝ dx ⎠ (3.130) Figura 3.14 Condução longitudinal através de uma aleta de seção transversal variável. 67 Para dadas variações de Ac ( x ) e p ( x ) , o objetivo é determinar a taxa de transferência de calor que passa através da base da aleta: dT ⎞ ⎛ qb = − ⎜ kAc ( x ) ⎟ dx ⎠ x =0 ⎝ (3.131) O resultado final também pode ser quantificado em função eficiência da aleta na forma: η= qb hAexp (Tb − T∞ ) (3.132) na qual Aexp é área exposta da superfície da aleta, isto é, a área banhada pelo fluido. No caso de aletas triangulares e parabólicas, apenas a área da seção transversal varia, mas não o perímetro. No caso de uma aleta na foram de disco, Figura 3.15, ambos Ac e p variam. Figura 3.15 Eficiência de uma aleta anelar de espessura constante. 68 3.7 Superfícies Estendidas com Movimento Relativo e Geração Interna de Calor 3.7.1 Equação Geral de Condução O modelo de condução unidimensional da aleta clássica também encontra aplicação no caso de corpos longos. Considere o caso de um corpo cilíndrico de seção variável que tenha movimento relativo na direção x com velocidade U e está exposto a convecção num reservatório fluido; Figura 3.16. Suponha que exista geração interna no corpo. O balanço de energia neste caso leva à equação: qx − qx +Δx − ( pΔx ) h (T − T∞ ) + mix − mix +Δx + q′′′Ac Δx = 0 (3.133) na qual ix é a entalpia especifica do sólido na posição x . Tratando o sólido como incompressível, tem-se dix = cdT + 1 ρ (3.134) dP Para pressão constante, dix = cdT e, portanto, m ( ix − ix +Δx ) = − m dix dT Δx = − mc Δx dx dx Está implícita nesta derivação que a vazão mássica é conservada de uma seção transversal para outra: m = ρ AcU (3.135) Figura 3.16 Conservação da energia num corpo longo com movimento sólido e geração interna 69 A equação final de balanço de energia fica na forma: d ⎛ dT ⎞ dT + q′′′Ac = 0 ⎜ kAc ⎟ − hp (T − T∞ ) − ρ cAcU dx ⎝ dx ⎠ dx (3.136) 3.7.2 Extrusão de Plásticos e Trefilação Nestes processos de fabricação, após passar pelas matrizes, os corpos se comportam como superfícies estendidas em movimento relativo, Figura 3.17. Nestes processos pode-se desprezar a geração interna, e supondo Ac e U constantes, resulta para o excesso de temperatura, a equação: d 2θ U dθ − − m 2θ = 0 2 dx α dx (3.137) As condições de contorno para este caso são: θ = θb em x = 0 (3.138) θ → 0 quando x → ∞ (3.139) Figura 3.17 Distribuição de temperatura ao longo de uma fibra plástica em processo de extrusão;. A solução para este problema é imediata e da forma: ⎛ x⎞ ⎝ ⎠ θ ( x ) = θb exp ⎜ − ⎟ l (3.140) 70 na qual l é um comprimento característico em que a temperatura do sólido se aproxima da temperatura do fluido circundante: ⎧⎪ ⎡⎛ U ⎞ 2 ⎤ U ⎫⎪ 2 l = ⎨ ⎢⎜ m + − ⎥ ⎬ ⎟ ⎥⎦ 2α ⎪⎭ ⎪⎩ ⎢⎣⎝ 2α ⎠ −1 (3.141) Dois casos limites são de interesse. No limite de altas velocidades, U / 2α >> m , o comprimento de resfriamento é proporcional à velocidade da fibra plástica: U≅ ⎛ U ⎞ >> 1⎟ ⎜ ⎝ 2α m ⎠ U α m2 (3.142) No caso oposto, U / 2α << m , o comprimento de resfriamento aproxima-se de uma constante: l≅ 1 m ⎛ U ⎞ << 1⎟ ⎜ ⎝ 2α m ⎠ (3.143) Neste último caso, a fibra se comportas como uma aleta longa de seção constante. 3.7.2 Cabos Elétricos Nestes casos pode desprezar efeitos variação de entalpia e considerar o efeito Joule como geração interna, que é amortecido via condução no suporte, Figura 3.18. A equação a ser resolvida neste caso é da forma: d 2θ q′′′ − m 2θ + =0 2 dx k (3.144) sujeita às restrições: θ = θb em x = 0 (3.145) θ → valor finito quando x → ∞ (3.146) A solução para este problema é da forma θ ( x ) = θb exp ( −mx ) + q′′′ ⎡1 − exp ( − mx ) ⎤⎦ m2 k ⎣ (3.147) A interação por condução longitudinal com o suporte x = 0 é sempre sentida no comprimento de fator de escala 1 / m . Além deste comprimento, a temperatura do cabo se torna ( ) independente de x , isto é, θ ≅ q′′′ / m 2 k . Isto mostra que a seção do cabo se torna cada vez mais quente quando q′′′ cresce. Se o suporte será aquecido ou resfriado pelo cabo depende de como significativo é o efeito de q′′′ . Pelo cálculo da taxa de transferência de calor através da 71 raiz do cabo (saindo do suporte) pode-se mostrar que o suporte será aquecido pelo cabo ( qb < 0 ) se q′′′Ac >1 hpθb (3.148) Quando o valor do grupo grandeza da Eq. (3.148) for unitário, o cabo inteiro estará isotérmico. Figura 3.18 Distribuição de temperatura num cabo elétrico com aquecimento volumétrico. 3.8 Determinação experimental do perfil de temperatura em aletas: (Prática 3) Nesta parte do curso será realizada a segunda prática de laboratório, que trata da determinação de perfis de temperaturas em aletas (pinos) cilíndricas e cônicas, utilizando medidores de temperatura do tipo termopares confeccionados na Prática 1. A equação genérica da distribuição de temperatura em uma aleta pode ser escrita na forma: dT ( x ) ⎤ h ( x ) dS ( x ) d ⎡ ⎡T ( x ) − T∞ ⎤⎦ = 0 ; xb ≤ x ≤ xt ⎢ A( x) ⎥− dx ⎣ dx ⎦ k dx ⎣ na qual T ( x ) = (3.149) 1 ∫ T ( x ) dA ; A ( x ) é a área da seção transversal da aleta; dS ( x ) é um A ( x ) A( x ) elemento de área superficial da aleta. Definindo as variáveis adimensionais seguintes: X= T ( x ) − T∞ A( x) h ( x ) dS ( x ) * x ; λ = λ l0 ; θ ( x) = ; K(X ) = ; W (X ) = p0 h dx A0 l0 Tb − T∞ (3.150) 72 com A0 = uma área de referência, h = coeficiente médio de transferência de calor convectiva, l0 = comprimento de referência, λ2 = hp0 kA0 p0 = perímetro de referência; E sabendo que dS ( x ) / dx = p( x ) , obtém-se dθ ( X ) ⎤ * 2 d ⎡ ⎢K ( X ) ⎥ − λ W ( X )θ ( X ) = 0 dX ⎣ dX ⎦ (3.151) As condições de contorno consideradas são: θ ( X ) = 1 em X = X b dθ ( X ) dX = 0 em X = X t (3.152a) (3.152b) Existem várias técnicas para se obter a solução das Eqs. (3.151)-(3.152). Por exemplo, uma técnica de solução analítica conhecida como Técnica de Transformada Integral pode ser usada para solução. Se for admitida uma razão de áreas na forma: K (X ) = A( x) A0 = X 1− 2 m e W ( X ) = c 2 n 2 X 2c −2 K ( X ) resultará a equação genérica d 2θ ( X ) 1 − 2m dθ ( X ) + − λ *2 n 2 c 2 X 2 c − 2θ ( X ) = 0 2 dX X dX (3.153) A Eq. (3.153) é um caso especial da equação conhecida como equação generalizada de Bessel. No caso de pinos, ilustrado na Figura 3.19, a área da seção transversal e o perímetro serão: 73 A ( x ) = π ⎡⎣ r ( x ) ⎤⎦ ; A0 = π rb2 (3.154a) p ( x ) = 2π r ( x ) ; (3.154b) 2 p0 = 2π rb Figura 3.19 Pino de seção arbitrária. Neste caso definindo o raio adimensional e tomando l0 = b resultara R( X ) = r ( x) rb , X= x b (3.155a) Consequentemente, para origem na ponta do pino (spine) X t = 0, X b = 1 (3.155b) e 1/ 2 ⎛ 2h ⎞ λ =⎜ ⎟ ⎝ krb ⎠ * (3.156a) b K ( X ) = ⎡⎣ R ( X ) ⎤⎦ , W ( X ) = R ( X ) 2 (3.156b, c) A taxa de calor na base do pino será qb = kπ rb2 Tb − T∞ dθ (1) b dX (3.157a) E a máxima taxa de calor ocorreria se toda a superfície da aleta estivesse na temperatura da base 74 qmax = 2π rbb ∫0 R ( X ) h (Tb − T∞ ) dX 1 (3.157b) A eficiência da aleta pode ser estimada como η= dθ (1) qb 1 = 1 qmax λ*2 ∫ R ( x ) dX dX 0 (3.158) 3.8.1 Pino cilíndrico No caso do pino cilíndrico, Figura 3.20, a seção transversal será constante e, portanto, pode-se mostrar que r ( x ) = rb ou R ( X ) = 1 , (3.159a, b) K ( X ) = 1, W ( X ) = 1 (3.159c, d) Figura 3.20 Aleta ou barra ou pino cilíndrico. Em tal caso a Eq. (3.151) ficará idêntica à equação da aleta retangular de seção constante, cuja solução com as condições de contorno (3.152) já foi obtida e é da forma θ (X ) = ( cosh λ* X ( ) cosh λ * A eficiência da aleta será ) (3.160) 75 η= ( ) tanh λ* (3.161) λ* com 1/ 2 ⎛ 2h ⎞ λ =⎜ ⎟ ⎝ krb ⎠ * (3.156a) b 3.8.2 Pino cônico No caso do “espinho” (spine) cônico, Figura 3.21, o raio da seção transversal será da forma r ( x ) = rb r ( x) x ou R ( X ) = =X b rb (3.162a) Consequentemente, K(X ) = X2, W (X ) = X (3.162b, c) Figura 3.21 Pino (spine) cônico A Eq. (3.151) em tal caso ficará na forma d 2θ ( X ) dX 2 + 2 dθ ( X ) λ *2 − θ (X ) = 0 X dX X (3.163) 76 que quando comparada com a Eq. (3.153) podemos concluir que 1 1 m m = − , c = , n = 2, = −1 2 2 c (3.164) Em tal caso a solução da equação de Bessel (3.163) será da forma: ( * 1 I1 2λ X θ (X ) = X I1 2λ* ( ) ) (3.165) Na qual I1 é a função de Bessel modificada de primeiro tipo e ordem 1. No caso quando X = 0 , ponta do pino, aparece uma indeterminação do tipo 0 . Pela 0 regra de L´Hôpital pode mostrar então que ( ) ( ) ( ) X ) + I ( 2λ X ) ⎤ ⎦ dI1 2λ* X / d X 1 lim θ = I 2λ* X →0 d X /d X 1 ( = λ ) ( I ( 2λ ) * * 1 ⎡ I 0 2λ * ⎣ (3.166a) * 2 Na qual I 0 e I 2 são funções de Bessel modificadas de primeiro tipo de ordem 0 e 2 respectivamente. I 0 ( 0 ) = 1 e I 2 ( 0 ) = 0 . Portanto, θ ( 0) = λ* I1 ( 2λ* ) (3.166b) A eficiência do pino cônico pode ser calculada na forma ( ) ( ) * 2 I 2 2λ η= * λ I1 2λ* (3.167) 3.8.3 Aparato experimental para medida de temperaturas em superfícies estendidas O aparato experimental no laboratório de Transferência de Calor é constituído por quatro barras de secção circular, três de alumínio de comprimentos e diâmetros diferentes e uma de aço inox, além de um pino cônico de alumínio. Estes dados são mostrados na Tabela 3.1. Os pontos de leitura de temperaturas são indicados na Tabela 3.2. 77 Tabela 3.1 - Características das aletas do Lab. TCM, DEM, UNESP – Ilha Solteira. Barra Material Dimensões Condutividade Térmica k[W/mk] L [mm] D[in] 1 Alumínio 500 5/8 237 2 Alumínio 1000 5/8 237 3 Alumínio 1000 1 237 4 Aço Inox 1000 1 15,1 Tabela 3.2 – Posições ao longo da barra em que as temperaturas são medidas Barra Distância [mm] X1 X2 X3 X4 X5 X6 X7 X8 X9 X10 1 0 35 85 135 210 385 489 - - - 2 0 35 85 135 210 410 545 695 845 989 3 0 35 85 135 210 410 545 695 845 989 4 0 35 85 135 210 410 545 695 845 989 Para se calcular a transferência de calor por convecção da barra par o ar ambiente pode-se se usar correlações para estimativa de h. No caso de convecção natural, pode-se usar a correlação de Churchill & Chu (1975), que é da forma: ⎧ ⎫ hD ⎪ 0,387 Ra1D/ 6 ⎪ = ⎨0 , 6 + ⎬ / 8 27 k ⎡1 + ( 0 ,559 / Pr )9 / 16 ⎤ ⎪ ⎪ ⎣ ⎦ ⎩ ⎭ 2 (3.168) 78 na qual o número de Rayleigh é definido como RaD = gβ αν (Ts − T∞ ) D3 ; com as propriedades do ar: Pr, k, α, β, ν avaliadas na temperatura de filme T f = (Ts + T∞ ) / 2 . A taxa de calor por convecção pode ser estimada como q = ∫0 h( x ) (T ( x ) − T∞ ) π Ddx L (3.169) Para facilitar os cálculos pode-se organizar os dados, para cada posição x, como na Tabela 3.3 a seguir. Tabela 3.3 – Organização dos dados para cálculo de h Barra Posição - x Tf(x) 1 2 3 4 k ν α β Pr gβ/αν RaD h ( x) q 79 4. Condução de Calor Multidimensional em Regime Permanente A equação da condução de calor, que é o processo de transferência de energia que ocorre na fronteira de um sistema em repouso devido a um gradiente de temperatura, tem sido deduzida em muitos livros. Essa equação genérica é da forma: −∇iq (r , t ) + q′′′(r , t ) = ρ C p ∂T (r , t ) ∂t (4.1) na qual o primeiro termo do membro do lado esquerdo da equação representa a taxa de calor entrando através da superfície do sistema, o segundo termo representa a taxa de geração por unidade de volume e o termo do lado direito da equação representa a taxa de armazenamento de energia dentro do sistema. No caso de meios ou materiais em que a condutividade térmica independe da direção (meios isotrópicos), o vetor fluxo de calor pode ser definido na seguinte forma (Lei de Fourier): q = − k ∇T (4.2) em que k é a condutividade térmica que pode ser uma função da temperatura, k = k (T ) . A expressão para os componentes do fluxo de calor, em sistemas de coordenadas curvilíneas ortogonais ( x1 , x2 , x3 ) , é da forma qi = − k 1 ∂T ; i = 1, 2,3 hi ∂xi (4.3) na qual hi são fatores de escalas que aparecem em transformações de coordenadas de um sistemas de coordenadas para outro, em que se conheçam as relações, xi = xi ( u1 , u2 , u3 ) ; i = 1, 2,3 com ( u1 , u2 , u3 ) sendo a tripla de coordenadas no novo sistema. Os fatores de escalas são definidos na forma ⎛ ∂x ⎞ h = ∑⎜ j ⎟ j =1 ⎝ ∂ui ⎠ 2 i 3 2 (4.4) Nos sistemas de coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas têm-se os dados na Tabela 4.1 80 Tabela 4.1 – Sistemas de coordenadas ortogonais e fatores de escalas Coordenadas u1 u2 u3 Cartesianas x y z Cilíndricas r Esféricas r θ x1 x2 x3 x y z r.cos( θ ) r.sen( θ ) z θ φ r.cos( θ )sen( φ ) r.sen( θ )sen( φ ) r.cos( φ ) h1 h2 1 1 1 r r ⋅ sen (φ ) h3 1 1 r No sistema de coordenadas cartesianas z ( x, y , z ) , 1 os fluxos de calor ficam, então, definidos como q1 = − k ∂T ∂x (4.5a) q2 = − k ∂T ∂y (4.5b) q3 = − k ∂T ∂z (4.5c) Para coordenadas cilíndricas ( r , θ , z ) resulta: qr = − k ∂T ∂r (4.6a) qθ = −k ∂T r ∂θ (4.6b) qz = − k ∂T ∂z (4.6c) Para coordenadas esféricas ( r , θ , φ ) resulta: qr = − k ∂T ∂r (4.7a) qθ = −k ∂T rsen (φ ) ∂θ (4.7b) qφ = −k ∂T r ∂φ (4.7c) 81 A partir das Equações (4.1) e (4.3) pode-se obter 1 ⎡ ∂ ( h2 h3q1 ) ∂ ( h1h3 q2 ) ∂ ( h1h2 q3 ) ⎤ ∂T num domínio Ω, t > 0 (4.8) + + ⎢ ⎥ + q′′′ = ρ C p h1h2 h3 ⎣ ∂x1 ∂x2 ∂x3 ⎦ ∂t Substituindo os fluxos de calor dos sistemas de coordenadas (equações (4.5) a (4.7)) obtêm-se as equações para os sistemas de coordenadas cartesianas, cilíndricas e esféricas como a seguir. - Sistema de coordenadas retangulares: ∂ ⎛ ∂T ⎜k ∂x ⎝ ∂x ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎟+ ⎜k ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎟+ ⎜k ⎠ ∂z ⎝ ∂z ∂T ⎞ ⎟ + q′′′( x, y, z, t ) = ρ C p ∂t ⎠ (4.9) - Sistema de coordenadas cilíndricas: 1 ∂ ⎛ ∂T ⎜ kr r ∂r ⎝ ∂r ⎞ 1 ∂ ⎛ ∂T ⎟+ 2 ⎜k ⎠ r ∂θ ⎝ ∂θ ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎟+ ⎜k ⎠ ∂z ⎝ ∂z ∂T ⎞ ′′′ ⎟ + q (r ,θ , z, t ) = ρ C p ∂t ⎠ (4.10) - Sistema de coordenadas esféricas: 1 ∂ ⎛ 2 ∂T ⎜ kr r 2 ∂r ⎝ ∂r 1 ∂ ⎞ ⎟+ 2 2 ⎠ r sen (φ ) ∂θ ∂T + q′′′(r , θ , φ , t ) = ρ C p ∂t ⎛ ∂T ⎜k ⎝ ∂θ 1 ∂ ⎛ ∂T ⎞ ⎟+ 2 ⎜ ksen (φ ) ∂φ ⎠ r sen (φ ) ∂φ ⎝ ⎞ ⎟+ ⎠ (4.11) As condições de contorno em problemas de condução podem ser escritas na seguinte forma genérica, para uma superfície Si normal a um eixo de coordenadas xi ∓ ki ∂T ∂nì + γ iT = fi sobre Si , t > 0 (4.12) Si Assume-se que o domínio Ω tem um número de superfícies contínuas Si , i = 1, 2,… , s em número, tal que cada superfície Si coincide com a superfície do sistema de coordenadas ortogonal escolhido. As combinações ki = 0, γ i = 1 ou δ i = 1, γ i = 0 recuperam as condições de contorno de primeiro ou de segundo tipos respectivamente. O sinal mais ou menos depende se a normal a Si está apontando no sentido positivo ou negativo da direção xi respectivamente. 82 A condição inicial geralmente é da forma: T ( r , t ) = F ( r ) para t = 0 no domínio Ω (4.13) Os métodos de solução da equação de condução podem ser analíticos exatos, métodos analíticos aproximados ou métodos numéricos dependendo da complexidade do problema a ser analisado. Os métodos analíticos englobam os métodos de Separação de Variáveis, Técnica de Transformada Integral, Técnica de Transformada de Laplace, por exemplo. Os métodos analíticos aproximados incluem o Método Integral, Método de Rayleigh-Ritz, Método de Galerkin, entre outros. Os métodos numéricos clássicos são: Método de Diferença Finita, Método de Volume Finito e Método de Elemento Finito. Um método numérico também usado é o método de Monte-Carlo. Alguns destes métodos serão descritos a seguir. 4.1 Soluções Analíticas O método analítico clássico em problemas de condução de calor homogêneos é o método de separação de variáveis. O procedimento de separação de variáveis pode ser aplicado também ao caso dos problemas em regime permanente sem geração de calor quando apenas uma das condições de contorno seja não homogênea. Se várias condições de contorno são não homogêneas é possível separar o problema original em um conjunto de problemas em que cada um dos subproblemas tenha apenas uma condição de contorno não homogênea. Considere, por exemplo, o problema de condução multidimensional homogêneo em regime permanente com condição de contorno não homogênea definido a seguir: ∇ 2T ( r ) = 0 num domínio Ω (4.14a) ∂T + hT = fi sobre Si i ∂nì (4.14b) ki O problema definido por (4.14) pode ser separado em um conjunto de problemas mais simples de forma que apenas uma condição de contorno permaneça não homogênea. Cada subproblema será governado pelas seguintes equações ∇ 2T j ( r ) = 0 num domínio Ω ki ∂T j ∂nì + hT i j = δ ij f i sobre Si (4.15a) (4.15b) 83 nas quais i = 1, 2,… , s j = 1, 2,… , s ⎧1 se i = j ⎩0 se i ≠ j δ ij = ⎨ A solução para a distribuição de temperatura será a superposição das soluções dos problemas mais simples na forma s T ( r ) = ∑ Tj ( r ) (4.16) j =1 Considere o seguinte caso de condução num paralelepípedo 0 ≤ x ≤ a, 0 ≤ y ≤ b, 0 ≤ z ≤ c com as condições de contorno definidas a seguir ∂ 2T ∂ 2T ∂ 2T + + = 0 em 0 < x < a, 0 < y < b, 0 < z < c ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 T = T0 em x = 0 ; T = T∞ em x = a (4.17a) (4.17b, c) −k ∂T ∂T = q1′′ em y = 0 ; k + h1T = h1T∞ em y = b ∂y ∂y (4.17d, e) −k ∂T ∂T = q2′′ em z = 0 ; k + h2T = h2T∞ em z = c ∂z ∂z (4.17f, g) Como todas as condições de contorno são não homogêneas, inicialmente, faz a seguinte mudança de variável θ = T − T∞ , que homogeneíza três condições de contorno resultando ∂ 2θ ∂ 2θ ∂ 2θ + + = 0 em 0 < x < a, 0 < y < b, 0 < z < c ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 θ = θ 0 em x = 0 ; θ = 0 em x = a (4.18a) (4.18b, c) −k ∂θ ∂θ h1 + θ = 0 em y = b = q1′′ em y = 0 ; ∂y k ∂y (4.18d, e) −k ∂θ ∂θ h2 + θ = 0 em z = c = q2′′ em z = 0 ; ∂z k ∂z (4.18f, g) Agora propõe-se a separação do problema (4.18) em três problemas mais simples, cada um deles com apenas uma condição de contorno não homogênea, pela seguinte superposição: θ ( x, y, z ) = θ1 ( x, y, z ) + θ 2 ( x, y, z ) + θ3 ( x, y, z ) (4.19) 84 Pode-se obter os seguintes três problemas: Problema 1 ∂ 2θ1 ∂ 2θ1 ∂ 2θ1 + + = 0 em 0 < x < a, 0 < y < b, 0 < z < c ∂x 2 ∂y 2 ∂z 2 (4.20a) θ1 = θ 0 em x = 0 ; θ1 = 0 em x = a (4.20b, c) ∂θ1 ∂θ h = 0 em y = 0 ; 1 + 1 θ1 = 0 em y = b ∂y ∂y k (4.20d, e) ∂θ1 ∂θ h = 0 em z = 0 ; 1 + 2 θ1 = 0 em z = c ∂z ∂z k (4.20f, g) Problema 2 ∂ 2θ 2 ∂ 2θ 2 ∂ 2θ 2 + 2 + 2 = 0 em 0 < x < a, 0 < y < b, 0 < z < c ∂x 2 ∂y ∂z θ 2 = 0 em x = 0 ; θ 2 = 0 em x = a −k ∂θ 2 ∂θ 2 h1 + θ 2 = 0 em y = b = q1′′ em y = 0 ; ∂y k ∂y ∂θ 2 ∂θ 2 h2 = 0 em z = 0 ; + θ 2 = 0 em z = c ∂z ∂z k (4.21a) (4.21b, c) (4.21d, e) (4.21f, g) Problema 3 ∂ 2θ 3 ∂ 2θ 3 ∂ 2θ3 + + 2 = 0 em 0 < x < a, 0 < y < b, 0 < z < c ∂x 2 ∂y 2 ∂z (4.22a) θ3 = 0 em x = 0 ; θ3 = 0 em x = a (4.22b, c) ∂θ3 ∂θ3 h1 = 0 em y = 0 ; + θ3 = 0 em y = b ∂y ∂y k (4.22d, e) −k ∂θ3 ∂θ3 h2 + θ3 = 0 em z = c = q2′′ em z = 0 ; ∂z k ∂z (4.22f, g) A solução de cada um dos três problemas por separação de variáveis fica na forma θ ( x, y , z ) = X ( x ) Y ( y ) Z ( z ) (4.23) que substituída em qualquer das três equações (4.20a) ou (4.21a) ou (4.22a) resulta após algumas manipulações 1 d 2 X 1 d 2Y 1 d 2 Z + + =0 X dx 2 Y dy 2 Z dz 2 (4.24) 85 Para o problema 1 propões-se a seguinte separação: 1 d2X 1 d 2Y 1 d 2Z 2 2 2 2 = β = γ + η , = − γ e = −η 2 2 2 2 X dx Z dz Y dy (4.25) As equações separadas se tornam, então, d2X − β2X = 0 2 dx (4.26a) X = 0 em x = a (4.26b) d 2Y + γ 2Y = 0 dy 2 (4.27a) dY = 0 em y = 0 dy (4.27b) dY + H1Y = 0 em y = b dy (4.27c) d 2Z +η 2Z = 0 2 dz (4.28a) dZ = 0 em z = 0 dz (4.28b) dZ + H 2 Z = 0 em z = c dz (4.28c) Para o problema 2 propõe-se a seguinte separação: 1 d 2Y 1 d2X 1 d 2Z 2 2 2 2 = +γ = β + η e = −β , = −η 2 2 2 2 Y dy X dx Z dz (4.29) As equações separadas se tornam, então, d2X + β2X = 0 2 dx (4.30a) X = 0 em x = 0 (4.30b) X = 0 em x = a (4.30c) d 2Y − γ 2Y = 0 2 dy (4.31a) dY + H1Y = 0 em y = b dy (4.31b) d 2Z +η 2Z = 0 2 dz (4.32a) dZ = 0 em z = 0 dz (4.32b) 86 dZ + H 2 Z = 0 em z = c dz (4.32c) Para o problema 3 propõe-se a seguinte separação: 1 d 2Y 1 d2X 1 d 2Z 2 2 = − γ = − β , e =η2 = β 2 +γ 2 2 2 2 Y dy X dx Z dz (4.33) As equações separadas se tornam, então, d2X + β2X = 0 2 dx (4.34a) X = 0 em x = 0 (4.34b) X = 0 em x = a (4.34c) d 2Y + γ 2Y = 0 dy 2 (4.35a) dY = 0 em y = 0 dy (4.35b) dY + H1Y = 0 em y = b dy (4.35c) d 2Z −η 2 Z = 0 2 dz (4.36a) dZ + H 2 Z = 0 em z = c dz (4.36b) O Problema 1 requer a solução das equações (4.26), (4.27) e (4.28). A solução das equações (4.27) e (4.28) correspondem ao caso 4 da Tabela 4.2, portanto, são da forma Y ( γ n , y ) = cos ( γ n y ) ; γ ntg ( γ nb ) = H1 (4.37a) Z (η p , z ) = cos (η p z ) ; η p tg (η p c ) = H 2 (4.37b) Para completar a solução do Problema 1, falta resolver a equação (4.26). A solução da Equação (4.26a) que satisfaz a condição (4.26b) é do tipo X ( β m , x ) = senh ⎡⎣ β m ( a − x ) ⎤⎦ (4.37c) em que β m2 = β np2 = γ n2 + η p2 (4.38) Desta forma a solução do Problema 1 fica na forma ∞ ∞ θ1 ( x, y, z ) = ∑∑ cnp senh ⎡⎣ β np ( a − x ) ⎤⎦ cos ( γ n y ) cos (η p z ) n =1 p =1 (4.39) 87 Aplicando a condição de contorno em x = 0 resulta ∞ ∞ θ 0 = ∑∑ cnp senh ( β np a ) cos ( γ n y ) cos (η p z ) (4.40) n =1 p =1 Tabela 4.2 – Solução, Norma e Autovalores da Equação d2X + β 2 X = 0 em 0 < x < L para dx 2 as condições de contorno mostradas na Tabela. No. 1 2 3 Condições Condições Autofunções. Inverso da norma Autovalores de Contorno de Contorno X ( βm , x ) 1/ N ( β m ) são as raízes x=0 x=L − − − dX + H1 X = 0 dx dX + H2 X = 0 dx dX + H1 X = 0 dx dX =0 dx dX + H1 X = 0 dx X =0 positivas de β m cos β m x + + H1senβ m x 2 ⎛ H β 2 + H12 ⎜L β2 + H2 + 2 m m 1 ⎜ β m2 + H 22 ⎝ ( ( ) cos β m ( L − x ) ( ( 2 β m2 + H12 ) ) ) tg β m L = ⎞ ⎟+H 1 ⎟ ⎠ β m ( H1 + H 2 ) β m2 − H1H 2 β mtg β m L = H1 L β m2 + H12 + H1 senβ m ( L − x ) ( ( 2 β m2 + H12 ) ) β m ctg β m L = − H1 L β m2 + H12 + H1 ( ) dX =0 dx dX + H2 X = 0 dx cos β m x 5 dX =0 dx dX =0 dx * cos β m x 2 para β m ≠ 0 L 1 para β m = 0 L senβ m L = 0 6 dX =0 dx X =0 cos β m x 2 L cos β m L = 0 7 X =0 dX + H2 X = 0 dx senβ m x 2 β m2 + H 22 4 ( 2 β m2 + H 22 ) β mtg β m L = H 2 L β m2 + H 22 + H 2 ( ( ) ) β m ctg β m L = − H 2 L β m2 + H 22 + H 2 8 X =0 dX =0 dx senβ m x 2 L cos β m L = 0 9 X =0 X =0 senβ m x 2 L senβ m L = 0 Operando ambos os lados da equação (4.40) por ∫ b 0 cos ( γ i y ) dy e a condição de ortogonalidade das autofunções resulta ∫ c 0 cos (η q z ) dz e utilizando 88 θ0 sen ( γ nb ) sen (η p c ) γn ηp = cnp senh ( β np a ) N n N p (4.41) da qual se obtém cnp = θ 0 sen ( γ nb ) sen (η p c ) γn ηp 1 senh ( β np a ) N n N p (4.42) que substituída em (4.59) leva a forma da solução para o Problema 1 na forma ∞ sen ( γ nb ) sen (η p c ) senh ⎡⎣ β np ( a − x ) ⎤⎦ cos ( γ n y ) cos (η p z ) γn ηp N n N p senh ( β np a ) p =1 ∞ θ1 ( x, y, z ) = θ 0 ∑∑ n =1 (4.43) As normas na equação (4.43) correspondem ao caso 4 da Tabela 4.2 e, portanto, são 2 ( γ n2 + H12 ) 2 (η p2 + H 22 ) 1 1 ; = = N n b ( γ n2 + H12 ) + H12 N p c (η p2 + H 22 ) + H 2 (4.44) O Problema 2 requer a solução das equações 4.30 a 4.34. A solução do problema (4.30) corresponde ao caso 9 da Tabela 4.2 é da forma X ( β m , x ) = sen ( β m x ) ; sen ( β m a ) = 0 (4.45) A solução da equação (4.31a) que satisfaz (4.31b) pode ser encontrada e é do tipo Y ( γ n , y ) = γ n cosh ⎡⎣γ n ( b − y ) ⎤⎦ + H1senh ⎡⎣γ n ( b − y ) ⎤⎦ (4.46) 2 γ n2 = γ mp = β m2 + η p2 (4.47) na qual A solução da equação (4.32a) corresponde ao caso 4 da Tabela 4.2 e já foi mostrada na Equação (4.37b). A solução do Problema 2 fica na forma genérica ⎧γ mp cosh ⎡γ mp ( b − y ) ⎤ + ⎫ ∞ ∞ ⎪ ⎣ ⎦ ⎪ θ 2 ( x, y, z ) = ∑∑ cmp sen ( β m x ) ⎨ ⎬ cos (η p z ) ⎡ ⎤ m =1 p =1 H senh b y γ − ( ) ⎣ mp ⎦ ⎭⎪ ⎩⎪ 1 (4.48) da qual se obtém −k ∂θ 2 ( x, y, z ) ∂y ⎧ 2 ⎫ ⎪γ mp sen h ⎣⎡γ mp ( b − y ) ⎦⎤ + ⎪ = k ∑∑ cmp sen ( β m x ) ⎨ ⎬ cos (η p z ) m =1 p =1 ⎪⎩+γ mp H1 cos h ⎡⎣γ mp ( b − y ) ⎤⎦ ⎪⎭ ∞ ∞ (4.49) 89 Aplicando a condição de contorno (4.21d) resulta ∞ ∞ { } 2 q1′′ = k ∑∑ cmp sen ( β m x ) γ mp sen h ( γ mp b ) + γ mp H1 cos h ( γ mp b ) cos (η p z ) m =1 p =1 Operando ambos os lados da equação (4.50) por ∫ a 0 sen ( β m x ) dx e ∫ c 0 (4.50) cos (ηq z ) dz e utilizando a condição de ortogonalidade das autofunções resulta para a constante cmp = 1 q1′′ ⎡⎣1 − cos ( β m a ) ⎤⎦ sen (η p c ) 2 k βm Nm η p N p γ mp sen h ( γ mp b ) + γ mp H1 cos h ( γ mp b ) (4.51) que substituída em (4.48) leva a forma final da solução do Problema 2 ⎧ ⎫ ⎪γ mp cosh ⎣⎡γ mp ( b − y ) ⎦⎤ + ⎪ sen ( β m x ) ⎨ ⎬ cos (η p z ) ⎡ ⎤ q′′ ∞ ∞ ⎡1 − cos ( β m a ) ⎦⎤ sen (η p c ) ⎩⎪+ H1senh ⎣γ mp ( b − y ) ⎦ ⎭⎪ θ 2 ( x, y, z ) = 1 ∑∑ ⎣ 2 k m =1 p =1 βm Nm ηpNp sen h ( γ mp b ) + γ mp H1 cos h ( γ mp b ) γ mp (4.52) A norma N m corresponde ao caso 9 da Tabela 4.2. A norma N p corresponde ao caso 4 da Tabela 4.2. Assim tem-se ( ) 2 η p2 + H 22 1 2 1 = ; = N m a N p c η p2 + H 22 + H 2 ( ) (4.53) O Problema 3 é similar ao Problema 2, exceto a direção da condição de contorno não homogênea. Analogamente, então, tem-se a solução de (4.36a) e (4.36b) na forma Z (η p , z ) = η p cosh ⎡⎣η p ( c − z ) ⎤⎦ + H 2 sen h ⎡⎣η p ( c − z ) ⎤⎦ (4.54) 2 η p2 = η mn = β m2 + γ n2 (4.55) na qual A solução para θ3 , então, será da forma ⎧⎪ηmn cosh ⎡⎣η mn ( c − z ) ⎤⎦ + ⎪⎫ sen ( β m x ) cos ( γ n y ) ⎨ ⎬ ∞ ∞ ⎡1 − cos ( β a ) ⎤ sen γ b ⎡ ⎤ H senh η c z + − ( ) ⎪ ′′ ( ) mn 1 q m ⎣ ⎦ ⎭⎪ n ⎦ ⎩ θ3 ( x, y, z ) = 2 ∑∑ ⎣ 2 k m =1 n =1 βm Nm γ n Nn η mn sen h (ηmn c ) + η mn H1 cos h (η mn c ) (4.56) 90 4.2 Métodos aproximados Os métodos aproximados servem para estimativas de soluções quando alguma complicação dificulta uma solução analítica. Hoje, com o grande desenvolvimento de métodos numéricos e disponibilidade de computadores, talvez, os métodos aproximados sejam menos utilizados. Entre os vários métodos aproximados tem-se o método integral, método de análise de escala e métodos gráficos. 4.4.1 Método integral Considere o problema de encontrar a máxima temperatura na seção transversal de um condutor elétrico de dimensões L por H, cujo contorno esteja à temperatura T∞ , e com geração interna q′′′ . Este problema é governado pela seguinte equação, supondo condutividade térmica constante, q′′′ ∂ 2T ∂ 2T + 2 =− 2 k ∂x ∂y (4.57) com as condições de contorno T = T∞ em x = ± L / 2 (4.58a, b) T = T∞ em y = ± H / 2 (4.58c, d) A temperatura máxima para este problema ocorre na posição ( x = 0, y = 0 ) que é o ponto mais distante de todos os contornos. A chave do método integral é a escolha de um perfil de temperatura que satisfaça as condições de contorno e que quando substituído na equação integrada permita estimativa de parâmetros de interesse no problema. Definindo o excesso de temperatura como θ = T − T∞ . Um perfil razoável para T ( x, y ) pode ser da forma ⎡ ⎛ x ⎞2 ⎤ ⎡ ⎛ y ⎞2 ⎤ T ( x, y ) = T∞ + θ max ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⎢⎣ ⎝ L / 2 ⎠ ⎥⎦ ⎢⎣ ⎝ H / 2 ⎠ ⎥⎦ (4.59) que satisfaz as condições de contorno e no qual θ max é a incógnita. Integrando a equação (4.57) tem-se ⎛ ∂ 2T ∂ 2T ∫− L / 2 ∫− H / 2 ⎜⎝ ∂x 2 + ∂y 2 L/2 H /2 ⎞ q′′′ ⎟dxdy = − HL k ⎠ (4.60) 91 Derivando a equação (4.59) em relação a x e y duas vezes obtém-se 2 8θ max ⎡ ∂ 2T ⎛ y⎞ ⎤ = − 2 ⎢1 − 4 ⎜ ⎟ ⎥ L ⎣⎢ ∂x 2 ⎝ H ⎠ ⎦⎥ 8θ ∂ 2T = − max 2 ∂y H2 2 ⎡ ⎛x⎞ ⎤ ⎢1 − 4 ⎜ ⎟ ⎥ ⎝ L ⎠ ⎥⎦ ⎢⎣ (4.61a) (4.61b) Substituindo (4.61a, b) em (4.60) e integrando o lado esquerdo resulta − ⎛ H 2 + L2 ⎞ 16 q′′′ θ max ⎜ ⎟ = − HL 3 k ⎝ HL ⎠ (4.62) da qual se obtém a temperatura máxima como θ max = 3 q′′′ L2 H 2 16 k H 2 + L2 (4.63) A máxima diferença de temperatura aumenta proporcionalmente com a razão q′′′ / k e com o quadrado do menor dos dois lados. A fórmula (4.63) aproxima-se da solução exata quando a seção transversal é plana ( H >> L ou H << L ) . Ela é menos precisa no caso de uma seção quadrada, quando ela superestima a máxima diferença de temperatura em cerca de 27 %. 4.4.2 Método de análise de escala O primeiro termo na equação (4.57) representa a curvatura da distribuição de temperatura na direção x. A curvatura representa a mudança na inclinação ∂T / ∂x , a ordem de grandeza derivada segunda pode ser avaliada como ⎛ ∂T ⎞ ⎛ ∂T ⎞ −⎜ ⎜ ⎟ ⎟ ∂ T ⎝ ∂x ⎠ x = L / 2 ⎝ ∂x ⎠ x =0 ∼ ∂x 2 L/2−0 2 O símbolo ∼ significa da mesma ordem de grandeza. Por simetria, (4.64) ( ∂T / ∂x ) x =0 = 0 . O gradiente de temperatura deve ser proporcional à diferença máxima de temperatura; desta forma, θ ⎛ ∂T ⎞ ∼ − max ⎜ ⎟ L/2 ⎝ ∂x ⎠ x = L / 2 e conseqüentemente, (4.65) 92 θ ∂ 2T ∼ − max 2 2 ∂x ( L / 2) (4.66) Por um argumento semelhante pode-se concluir que θ ∂ 2T ∼ − max 2 2 ∂y ( H / 2) (4.67) Substituindo (4.66) e (4.67) em (4.57) resultará θ max ( L / 2) 2 + θ max ( H / 2) 2 ∼ q′′′ k (4.68) da qual se obtém a diferença máxima de temperatura como θ max q′′′ L2 H 2 ∼ 4k L2 + H 2 (4.69) A análise de escala levou a um resultado que é cerca de 33 % maior do que o resultado da análise integral (Eq. (4.63)). A análise de escala produz um resultado compacto e barato que concorda com a solução exata dentro de um fator de grandeza de ordem 1 com a solução exata do problema. 4.4.3 Método gráfico O método gráfico é ilustrado na Figura 4.1. Suponha o caso de uma região retangular com as faces esquerda e direita isoladas termicamente. Suponha que o topo esteja numa temperatura mais alta do que o fundo. As linhas horizontais serão linhas isotérmicas, normais a estas linhas têm-se as linhas de fluxo, que serão as linhas verticais. A taxa total de calor que entra na parede superior é suposta ser composta de n mini-correntes de igual dimensão, cada obtida como qi = q n ( i = 1, 2,… , n ) (4.70) Cada mini-corrente escoa através de um tubo de calor, isto é, o espaço entre duas linhas de fluxo adjacentes. 93 Figura 4.1 – Malhas de isotermas e linhas de fluxos: (a) malha quadrada; (b) malha curva O desenho das linhas de fluxo e das isotermas formam uma malha ou grade. Suponha que a dimensão de cada malha seja Δx × Δy . Se a dimensão vertical for dividida em m malhas, pode-se estimar a variação de temperatura em um malha como ΔT j = Th − Tc m ( j = 1, 2,… , m ) (4.71) De acordo com a lei de Fourier, a mini-corrente que passa através do quadrado ( i, j ) é qi = k ΔxW ΔT j Δy = kW ΔT j (4.72) na qual W é a dimensão normal ao plano da folha. Pela combinação das equações (4.70)(4.72) pode-se obter a taxa total de transferência de calor q= n Wk (Th − Tc ) m (4.73) Na equação (4.73), define-se o que se chama de fator de forma como S= n W m (4.74) 94 Este procedimento que resultou na Eq. (4.73) se aplica mesmo no caso das linhas isotermas e de fluxo serem curvas. Existem nos livros de transferência de calor fatores de forma para várias configurações. 4.3 Métodos numéricos Atualmente, com o desenvolvimento e maior disponibilização de computadores, os métodos mais comumente usados para se resolver a equação de condução multidimensional são métodos numéricos, em que um meio continuo é substituído por subdomínios que formam uma malha ou conjunto de pontos. Os pontos são nós (nódulos) na intersecção das linhas da malha ou grade. Em condução de calor, o método numérico mais comumente usado é o método de diferença finita. Com o uso de métodos numéricos, muitas das simplificações para se obter soluções analíticas não necessitam serem feitas. 4.3.1 Volume finito Considere um volume de controle de dimensões ( Δx ) × ( Δy ) × W , Figura 4.2, um balanço de energia leva ao qw + qe + qs + qn + q′′′ΔxΔyW = 0 (4.75) na qual foi assumido que as taxas de calor entram no volume de controle, cujo nó central é identificado pelo símbolo P . O subscrito w é a face oeste voltada para o nó W ; e a face leste voltada para o nó E ; s á face sul voltada para o nó S e n é a face norte voltada para o nó N . As taxas de calor são definidas como qn ≅ knW Δx qw ≅ k wW Δy TW − TP (δ x ) w TN − TP (δ y ) n ΔxΔyWq′′′ qs ≅ k sW Δx qe ≅ keW Δy TE − TP ( δ x )e (4.76) TS − TP (δ y ) s No centro da eq. (4.76) está indicada a taxa de geração de calor dentro do volume de controle. 95 Figura 4.2 – Volume de controle em torno de um ponto P. Substituindo (4.76) em (4.75) obtém-se ⎡ k Δx k Δx k Δy ke Δy ⎤ −⎢ s + n + w + ⎥ TP + ⎢⎣ (δ y ) s (δ y )n (δ x )w (δ x )e ⎥⎦ k Δy k Δy k Δx k Δx + w TW + e TE + s TS + n T + q′′′ΔxΔy = 0 (δ x ) w (δ x )e (δ y ) s (δ y )n N (4.77) se for considerado que a geração seja uma função da temperatura: q′′′ = S pTp + SC , a equação (4.77) fica na forma a pTP = aW TW + aETE + aS TS + aN TN + b (4.78) na qual aE = ke Δy ( δ x )e (4.79a) aW = k w Δy (δ x ) w (4.79b) aN = kn Δx (δ y )n (4.79c) aS = k s Δx (δ y ) s (4.79d) a p = aE + aW + aN + aS − S P ΔxΔy (4.79e) b = SC ΔxΔy (4.79f) 96 A equação (4.78) se escrita numa forma matricial sugere um arranjo pentadiagonal, que pode ser resolvida por técnicas numéricas bem conhecidas. No caso de um problema tridimensional, a coordenada z também será discretizada e existirão fluxos nas faces t (topo) e b (fundo), equação (4.78) e os coeficientes ficam na forma a pTP = aW TW + aETE + aS TS + aN TN + aT TT + aBTB + b (4.80) na qual aE = ke ΔyΔz ( δ x )e (4.81a) aW = k w ΔyΔz (δ x ) w (4.81b) aN = kn ΔxΔz (δ y )n (4.81c) aS = k s ΔxΔz (δ y ) s (4.81d) aT = kt ΔxΔy ( δ z )t (4.81e) aB = kb ΔxΔy ( δ z )b (4.81f) a p = aE + aW + aN + aS + aT + aB − S P ΔxΔyΔz (4.81g) b = SC ΔxΔyΔz (4.81h) No caso de problemas tridimensionais, a equação (4.80) sugere um arranjo heptadiagonal. 4.3.2 Diferença finita No caso em que se usa o método clássico de diferenças finitas pode-se ter as três seguintes aproximações para o gradiente de temperatura num ponto i, j , Figura 4.3, ∂T ΔT T ( i + 1, j ) − T ( i − 1, j ) ≈ = 2 Δx ∂x Δx (4.82a) ∂T ΔT T ( i, j ) − T ( i − 1, j ) ≈ = ∂x Δx Δx (4.82b) 97 ∂T ΔT T ( i + 1, j ) − T ( i, j ) ≈ = ∂x Δx Δx (4.82c) Figura 4.3 – Nomenclatura para discretização por diferença finita. As equações (4.82a), (4.82b) e (4.82c) são conhecidos como diferenças centrais, diferenças para trás e diferenças para frente respectivamente. Derivadas segundas podem ser aproximadas como ∂ ⎛ ∂T ⎜k ∂x ⎝ ∂x ⎞ k ⎡⎣T ( i + 1, j ) − T ( i, j ) − T ( i, j ) + T ( i − 1, j ) ⎤⎦ = ⎟≈ 2 ⎠ ( Δx ) k ⎡T ( i + 1, j ) − 2T ( i, j ) + T ( i − 1, j ) ⎤⎦ = ⎣ 2 ( Δx ) (4.83) Analogamente, tem-se ∂ ⎛ ∂T ⎜k ∂y ⎝ ∂y ⎞ k ⎡⎣T ( i, j + 1) − T ( i, j ) − T ( i, j ) + T ( i, j − 1) ⎤⎦ = ⎟≈ 2 ⎠ ( Δy ) = k ⎡⎣T ( i, j + 1) − 2T ( i, j ) + T ( i, j − 1) ⎤⎦ ( Δy ) (4.84) 2 Desta forma a equação de condução em regime permanente discretizada em diferenças finitas fica na forma T ( i, j − 1) T ( i − 1, j ) 2T ( i, j ) 2T ( i, j ) T ( i + 1, j ) T ( i, j + 1) q′′′ + − − + + + =0 2 2 2 2 2 2 k ( Δy ) ( Δx ) ( Δx ) ( Δy ) ( Δx ) ( Δy ) (4.85) que numa forma mais compacta fica como aTi , j −1 + bTi −1, j + cTi , j + bTi +1, j + aTi , j +1 = di , j na qual (4.86) 98 a=− b=− c= 1 (4.87a) 2 (4.87b) 1 ( Δx ) 2 ( Δx ) di , j = 2 ( Δy ) 2 + 2 ( Δy ) (4.87c) 2 q′′′ k (4.87d) 4.3.3 Elemento finito O método de elementos finitos, ilustrado na Figura 4.4, também tem sido usado para se resolver a equação de condução, devido sua versatilidade para discretizção de domínios complexos ( ) ∇i k ∇T + q′′′ = 0 (4.88) Multiplicando a equação (4.88) por uma função de ponderação W e integrando no domínio de um elemento, após uma integração por partes obtém-se ∫ Ωe W ∇ik ∇Td Ω + ∫ Wq′′′d Ω = 0 Ωe − ∫ ∇W ik ∇Td Ω + ∫ Wk ∇T ind Γ + ∫ Wq′′′d Ω = 0 Ωe ∫ Ωe Γe Ωe ∇W ik ∇Td Ω = ∫ Wk Γe (4.89) ∂T d Γ + ∫ Wq′′′d Ω Ωe ∂n Agora, interpola-se a temperatura dentro de um elemento na forma: { } T = N Te (4.90) na qual T ⎧ N1 ⎫ ⎪N ⎪ ⎪ ⎪ N =⎨ 2 ⎬ ; ⎪ ⎪ ⎪⎩ N Ne ⎪⎭ {T } e ⎧T1 ⎫ ⎪T ⎪ ⎪ ⎪ =⎨ 2 ⎬ ⎪ ⎪ ⎪⎩TNe ⎪⎭ (4.91a, b) em que N i e Ti são funções de interpolação conhecidas e associadas ao nó i de um elemento e os valores nodais da temperatura respectivamente num elemento. Tomando caso do método de Galerkin, em que 99 W = N (4.92) e substituindo (4.90) e (4.92) em (4.89) resultará ∫ Ωe { } ∇ { N }ik ∇ N d Ω T e = ∫ Γe {N } k ∂T d Γ + ∫ { N } q′′′d Ω Ωe ∂n (4.93) Figura 4.4 – Malhas de elementos finitos: (a) elementos triangulares; (b) elementos quadrilaterais. A equação (4.93) pode ser escrita numa forma matricial como { } { } ⎡⎣ K e ⎤⎦ T e = Q e (4.94) No caso de um problema bidimensional os elementos da matriz ⎡⎣ K e ⎤⎦ e do vetor fonte são definidos por ⎛ ∂N ∂N j ∂N i ∂N j ⎞ K ije = ∫ k ⎜ i + ⎟dxdy Ωe ∂y ∂y ⎠ ⎝ ∂x ∂x Qie = ∫ N i k Γe ∂T d Γ + ∫ N i q′′′dxdy Ωe ∂n (4.95) (4.96) 100 O primeiro termo do lado direito da Eq. (4.96) será avaliado somente nos elementos que tenha um contorno coincidindo com o contorno externo do domínio com fluxo de calor especificado. Se o domínio for discretizado em um número de elementos Nelem, considerando a contribuição de todos os elementos, resultará a forma matricial, [ K ]{T } = {Q} (4.97) na qual, agora, a matriz [ K ] e o vetor {Q} conterão a contribuição de todos os elementos: [ K ] = ∑ ⎡⎣ K e ⎤⎦ ; {Q} = ∑ {Qe } Nelem Nelem e =1 e =1 (4.98) O vetor {T } conterá as temperaturas de todos os pontos do domínio. A solução da equação (4.97) é feita após introdução dos valores conhecidos de temperatura em alguma parte do contorno do domínio, por técnicas numéricas apropriadas para solução de sistemas lineares esparsos. No caso de condução num meio anisotrópico, a equação de condução ficaria na forma: ∂ ∂xi ⎛ ∂T ⎞ ⎜⎜ kij ⎟⎟ + q′′′ = 0 x ∂ j ⎝ ⎠ (4.99) Em tal caso, a matriz ⎡⎣ K e ⎤⎦ será definida na forma para um problema tridimensional: K αβe ⎡ ∂Nα ∂N β ⎛ ∂N ∂N β ∂Nα ∂N β ⎞ ∂Nα + k12 ⎜ α + ⎢ k11 ⎟ + k22 ∂x ∂x ∂y ∂x ⎠ ∂y ⎝ ∂x ∂y ⎢ ⎢ ⎛ ∂N ∂N β ∂Nα ∂N β ⎞ ⎛ ∂Nα ∂N β ∂Nα = ∫ ⎢ + k13 ⎜ α + + ⎟ + k23 ⎜ Ωe ∂z ∂x ⎠ ∂z ⎢ ⎝ ∂x ∂z ⎝ ∂y ∂z ⎢ ⎢ + k ∂Nα ∂N β ⎢ 33 ∂z ∂z ⎣ ⎤ + ⎥ ∂y ⎥ ∂N β ⎞ ⎥ ⎟ + ⎥dxdydz (4.100) ∂y ⎠ ⎥ ⎥ ⎥ ⎥ ⎦ ∂N β O vetor do termo fonte ficará na forma ⎡⎛ ∂T ⎤ ∂T ∂T ⎞ + k12 + k13 ⎢⎜ k11 ⎟ n1 + ⎥ ∂y ∂z ⎠ ⎢⎝ ∂x ⎥ ⎢ ⎛ ∂T ⎥ ∂T ∂T ⎞ ⎥ Qαe = ∫ Nα ⎢ + ⎜ k21 n + k22 + k23 + ⎟ 2 d Γ + ∫Ωe Nα q′′′dxdydz Γe ∂x ∂y ∂z ⎠ ⎢ ⎝ ⎥ ⎢ ⎥ ⎢ + ⎛ k ∂T + k ∂T + k ∂T ⎞ n ⎥ 32 33 ⎟ 3 ⎥ ⎢⎣ ⎜⎝ 31 ∂x ∂y ∂z ⎠ ⎦ (4.101) Portanto, pode-se ver a vantagem de usar o método de elementos finitos neste problema mais complexo. 101 4.4 Resolução das Equações Geradas pelo Método de Diferenças Finitas Qualquer que seja o método numérico empregado para solução de uma equação diferencial parcial, o resultado final é a obtenção de um sistema algébrico de equações que pode ser escrito na seguinte forma genérica: AT = B (4.102) na qual A é a matriz de coeficientes que depende da geometria, das propriedades do material, etc. T é o vetor de incógnitas das temperaturas em pontos do domínio que depende do método de discretização. B é o vetor de termos fontes, etc. Existem vários métodos de solução: diretos e iterativos que podem ser encontrados na literatura. 4.4.1 Método de Inversão de Matriz Trata-se de um método direto, mas nem sempre pode ser aplicado, por exemplo, quando a matriz A depende de T , o que torna o problema não linear. Em essência o método consiste em multiplicar pela esquerda a Eq. (4.102) pela inversa de A , ou seja, por A−1 A−1 AT = A−1 B ⇔ IT = A−1 B ⇔ T = A−1 B (4.103) A solução para T pode também ser escrita na forma: T =C (4.104) C = A−1 B (4.105) em que 4.4.2 Método de Iterativo de Gauss-Seidel i −1 Dado To fazer Ti( k ) = Ti( k −1 ) + ( bi − ∑ aijT j( k ) − j =1 n ∑ aijT j( k −1 ) ) / aii , k = 1, 2, 3,.... (4.106). j =i +1 Nesta equação o termo i −1 n j =1 j =i +1 ∑ aijT j( k ) + ∑ aijT j( k −1 ) (4.107). pode ser simplesmente implementado como n ∑ aijTˆ j( k ) , onde Tˆ (k) = ( T1( k ) ,T2( k ) Ti(−1k ) ,Ti( k −1 ) Tn(−k1−1 ) ,Tn( k −1 ) )T j =1 (4.108) 102 Portanto, basta manter o vetor T atualizado e utilizar esta informação assim que se torne disponível. Abaixo apresenta-se o algoritmo baseado na equação (4.106) Algoritmo - Método iterativo de Gauss-Seidel Escolha um vetor inicial T(0), aproximante de T Defina o número máximo de iterações, iMax for k = 1:iMax T(k-1) = T(k) for i = 1:n Calcule o resíduo: r(k)(i) = b(i) – A(i,:)T(k)(:) T(k)(i) = T(k-1)(i) + r(i)/A(i,i) end for Calcule ||r(k)|| Calcule ||T(k) – T(k-1)|| Teste o critério de convergência, continue se necessário end for 103 5. Condução de Calor Multidimensional em Regime Transiente A condução transiente ocorre principalmente quando um sólido experimenta uma mudança repentina em seu ambiente térmico, por exemplo, nos processos de tratamento térmico. Os métodos usados para se resolver tais problemas englobam o modelo de capacitância concentrada ou o modelo de sólido semi-infinito, transformada de Laplace, transformada integral, métodos numéricos (diferença finita, elemento finito, etc.) e métodos aproximados. Alguns destes métodos serão vistos na seqüência. 5.1 O modelo da capacitância concentrada A essência do método da capacitância concentrada é a hipótese de que a temperatura do sólido é espacialmente uniforme em qualquer instante durante o processo transiente. Ou seja, despreza-se o gradiente de temperatura no interior do corpo. Sob determinadas condições, o modelo de capacitância concentrada pode ser aplicado. Normalmente, um processo de condução transiente inicia-se pela convecção imposta na superfície do sólido, mas dependendo do nível de temperatura pode ocorrer transferência radiativa. A Figura 5.1 ilustra o processo. Figura 5.1 – Resfriamento de um sólido por imersão num líquido. Considere uma situação na qual as condições térmicas de um sólido podem ser alteradas por convecção, radiação e fluxo de calor aplicados à superfície e geração interna de energia. Assume-se que no instante t = 0 a temperatura do sólido seja Ti diferente da temperatura do fluido T∞ e da temperatura da vizinha Tviz . Em parte da superfície é imposto um fluxo q′′ e a geração interna é qg . Desprezando gradientes de temperatura no interior do sólido, um balanço de energia fornece q′′As ,h + qg − qc′′As ,c − qr′′As ,r = ρVc dT dt (5.1) Substituindo os fluxos de calor convectivo e radiativo na equação (5.1) resulta a equação ( ) q′′As ,h + qg − h (T − T∞ ) As ,c − εσ T 4 − Tviz4 As ,r = ρVc dT dt A equação (5.2) é uma equação diferencial ordinária não linear que pode ser rearranjada na forma (5.2) 104 ( ) ⎡ ⎤ T 4 − Tviz4 dT q′′As ,h + qg − ⎢ hAs ,c + εσ As ,r ⎥ (T − T∞ ) = ρVc dt (T − T∞ ) ⎢⎣ ⎥⎦ ou definindo o excesso de temperatura, (5.3) θ = T − T∞ , resulta após algumas manipulações ⎛ q′′As ,h + qg dθ he (θ ) As ,c + θ −⎜ dt ρVc ⎝ ρVc ⎞ ⎟=0 ⎠ (5.4) na qual ⎡ T 4 − Tviz4 ) As ,r ⎤ ( ⎥ he (θ ) = ⎢ h + εσ (T − T∞ ) As ,c ⎥⎦ ⎢⎣ (5.5) Definindo a= he As ,c ρVc q′′As ,h + qg ; b= (5.6) ρVc a equação (5.4) pode ser reescrita como dθ ( t ) dt + a ( t )θ ( t ) − b ( t ) = 0 (5.7) com a condição inicial θ ( 0 ) = θi (5.8) A solução da Eq. (5.7) com condição inicial (5.8) é da forma ( ) ( θ ( t ) = θi exp − ∫ a ( t ′ ) dt ′ + exp − ∫ a ( t ′ ) dt ′ t 0 t 0 ) ∫ b (t′) exp ( −∫ a (t′′) dt′′) dt′ t t′ 0 0 (5.9) No caso em que se tenha somente convecção no contorno do sólido e nenhuma geração interna a= hAs , b=0 ρVc (5.10) Em tal caso, resulta a solução ⎛ hAs ⎞ t⎟ ⎝ ρVc ⎠ θ ( t ) = θi exp ⎜ − (5.11) Uma análise mostra que o modelo de capacitância concentrada é válido quando o número de Biot que é razão da resistência condutiva pela resistência convectiva for Bi = hLc < 0,1 k (5.12) 5.2 O modelo do sólido semi-infinito O modelo de capacitância concentrada se aplica quando a temperatura através do sólido tem praticamente o mesmo valor, num período que é denominado regime posterior, quando 105 t >> r02 α T ≅ T (t ) (5.13) na qual r0 é uma dimensão característica do corpo. No regime inicial, quando, t << r02 α T ≅ T ( r ,t ) (5.14) o modelo de capacitância concentrada não é mais válido. Neste caso o modelo de sólido semi-infinito é mais apropriado, Figura 5.5. Três casos são de interesse: temperatura constante no contorno, fluxo de calor constante no contorno ou superfície em contato com um fluido. Figura 5.2 – Modelo de sólido semi-infinito 5.2.1 O modelo do sólido semi-infinito: temperatura constante no contorno Considere o seguinte caso, ∂ 2T 1 ∂T = ∂x 2 α ∂t (5.15) com as condições inicial e de contorno definidas com a seguir, Condição inicial: T = Ti em t = 0 (5.16) Condições de contorno: T = T∞ em x = 0 (5.17) T → Ti em x → ∞ (5.18) A solução das equações (5.15) por ser pelo uso de variável de similaridade, desta forma, define-se η= x αt (5.19) 106 Os termos da Eq. (5.15) podem ser transformados como ∂T dT ∂η dT 1 = = ∂x dη ∂x dη α t (5.20) ∂ 2T d ⎛ ∂T ⎞ ∂η d 2T 1 = = ⎜ ⎟ ∂x 2 dη ⎝ ∂x ⎠ ∂x dη 2 α t (5.21) ∂T dT ∂η dT ⎛ x ⎞ = = − ⎜ 3/ 2 ⎟ ∂t dη ∂t dη ⎝ 2 α ⋅ t ⎠ (5.22) Que substituídos em (5.15) leva à equação: d 2T η dT + =0 dη 2 2 dη (5.23) Com as condições de contorno, agora, representadas por T = T∞ em η = 0 (5.24) T → Ti em η → ∞ (5.25) A Eq. (5.23) pode ser rearranjada como d (T ′ ) η dT = dη , T ′ = T′ dη 2 (5.26) Integrando duas vezes em η , a equação (5.26) leva ao seguinte resultado: lnT ′ = − η2 4 + ln C1 ⎛ η2 ⎞ dT = C1 exp ⎜ − ⎟ dη ⎝ 4 ⎠ T = C1 ∫ η 0 na qual β ⎡ ⎛ β ⎞2 ⎤ exp ⎢ − ⎜ ⎟ ⎥ d β + C2 ⎢⎣ ⎝ 2 ⎠ ⎥⎦ (5.27) (5.28) (5.29) é uma variável muda e de acordo com a equação (5.24), C2 = T∞ : T − T∞ = C1 ∫ η 0 ⎡ ⎛ β ⎞2 ⎤ exp ⎢ − ⎜ ⎟ ⎥ d β ⎣⎢ ⎝ 2 ⎠ ⎦⎥ (5.30) O membro direito da Eq. (5.30) lembra a função erro, definida como erf ( x ) = 2 π 1/ 2 ∫ x 0 exp ( − m2 ) dm (5.30) Com as seguintes propriedades erf ( 0 ) = 0 erf ( ∞ ) = 1 d 2 ⎡⎣ erf ( x ) ⎤⎦ x =0 = 1 / 2 = 1,1284 dx π O lado direito da equação (5.30) pode ser reformulado como (5.31a, b) (5.32) 107 T − T∞ = 2C1 ∫ ⎡ ⎛ β ⎞2 ⎤ ⎛ β ⎞ exp ⎢ − ⎜ ⎟ ⎥ d ⎜ ⎟ ⎣⎢ ⎝ 2 ⎠ ⎦⎥ ⎝ 2 ⎠ η 0 = 2C1 ∫ η/2 0 = 2C1 π ( ) exp − m 2 dm 1/ 2 2 2 π = C3erf (η / 2 ) 1/ 2 ∫ η/2 0 ( (5.33) ) exp − m2 dm Pela condição de contorno (5.25), C3 é determinada como, C3 = Ti − T∞ . A solução para T ( x,t ) fica na forma T ( x,t ) − T∞ Ti − T∞ ⎡ ⎤ x = erf ⎢ ⎥ 1/ 2 ⎢⎣ 2 (α t ) ⎥⎦ (5.34) A partir da equação (5.34) pode-se calcular o fluxo de calor por Ti − T∞ ⎛ ∂T ⎞ q′′ ( t ) = −k ⎜ ⎟ = −k 1/ 2 ⎝ ∂x ⎠ x =0 (πα t ) (5.35) 5.2.2 O modelo do sólido semi-infinito: fluxo de calor constante no contorno Considere, agora, o caso em que a condição de contorno em x = 0 , seja fluxo e calor constante especificado, ou seja, em lugar de (5.17) tem-se −k ∂T = q0′′ em x = 0 ∂x (5.36) Definindo uma nova variável como φ = −k ∂T ∂x (5.37) e introduzindo-a na eq. (5.15) resulta ∂ 2φ 1 ∂φ = ∂x 2 α ∂t (5.38) As condições inicial e de contorno ficam na forma para a variável φ =0 φ em t = 0 (5.39) φ = q0′′ em x = 0 (5.40a) φ →0 em x → ∞ (5.40b) De acordo com o item 5.5.1, a solução de (5.38) é da forma ⎛ ⎞ ⎟ + C2 ⎝ 2 αt ⎠ φ = C1erf ⎜ x Usando as condições de contorno (5.40a, b) obtém-se C1 = − q0′′ e C2 = q0′′ , e, portanto, (5.41) 108 ⎡ ⎞⎤ ⎛ x ⎞ ⎟ ⎥ = q0′′erfc ⎜ ⎟ ⎝ 2 α t ⎠⎦ ⎝ 2 αt ⎠ ⎛ φ = q0′′ ⎢1 − erf ⎜ ⎣ x (5.42) Substituindo (5.42) em (5.37) resulta q′′ ∂T ⎛ x ⎞ = − 0 erfc ⎜ ⎟ k ∂x ⎝ 2 αt ⎠ (5.43) que integrada leva ao resultado T =− q0′′ ∞ ⎛ x erfc ⎜ ∫ k x ⎝ 2 αt ⎞ ⎟dx + C ⎠ (5.44) Após integração por partes da integral na eq, (5.44) obtém-se e determinado a constante C obtém-se a solução para T ( x,t ) na forma ⎛ x 2 ⎞ q0′′x 2q0′′ ⎛ α t ⎞ ⎛ x ⎞ T ( x,t ) − Ti = erfc ⎜ ⎜⎜ ⎟⎟ exp ⎜ − ⎟− ⎟ k ⎝ π ⎠ ⎝ 2 αt ⎠ ⎝ 4α t ⎠ k (5.45) A partir de (5.45) pode-se obter a temperatura na face x = 0 como T0 = Ti + 2q0′′ ⎛ α t ⎞ ⎜ ⎟ k ⎜⎝ π ⎟⎠ (5.46) 5.2.3 O modelo do sólido semi-infinito: superfície em contato com um fluido Neste caso a condição de contorno em x = 0 é imposta na forma −k ∂T = h (T∞ − T ) em x = 0 ∂x (5.47) Por procedimentos similares aos dos casos anteriores chega-se á solução na forma: T ( x,t ) − T∞ Ti − T∞ ⎛ x = e rf ⎜ ⎝ 2 αt ⎛ x ⎛ hx h 2α t ⎞ h αt ⎞ ⎞ + + exp ⎟ ⎜ + 2 ⎟ erfc ⎜⎜ ⎟ k ⎠ k ⎠⎟ ⎠ ⎝ k ⎝ 2 αt (5.48) 5.3 Condução unidimensional O interesse em soluções unidimensionais transientes é que elas serão usadas, posteriormente, nas soluções multidimensionais. 5.3.1 Placa de espessura constante 109 Considere o caso de uma placa de espessura 2 L e temperatura inicial Ti , cujos lados são repentinamente expostos a um meio convectivo de temperatura T∞ e coeficiente h . Definindo o excesso de temperatura θ ( x,t ) = T ( x,t ) − T∞ , resulta o conjunto de equações para solução do problema: - equação de condução ∂ 2θ 1 ∂θ = ∂x 2 α ∂t (5.49) - condição inicial θ = θi em t = 0 (5.50) - condições de contorno ∂θ = 0 em x = 0 ∂x −k (5.51) ∂θ = hθ em x = L ∂x Pelo procedimento de separação de variáveis, adotando (5.52) θ ( x,t ) = X ( x )τ ( t ) , obtém-se d2X + λ2x = 0 dx 2 (5.53) dX = 0 em x = 0 dx (5.54) dX h + X = 0 em x = L dx k (5.55) dτ τ = −αλ 2 dt (5.56) A solução de (5.53) a (5.55) corresponde ao caso 4 da Tabela 4.2, sendo da forma: x⎞ ⎛ X = cos ⎜ λm L ⎟ L⎠ ⎝ (5.57) A solução de (5.56) é do tipo: τ = C exp ( −αλ 2t ) Portanto, a solução de θ (5.58) será da forma: ∞ θ ( x,t ) = ∑ Cm cos ( λm x ) exp ( −αλm2 t ) (5.59) m =1 Aplicando a condição inicial obtém-se ∞ θi = ∑ Cm cos ( λm x ) m =1 (5.60) 110 ∫ Operando ambos os da eq. (5.60) por L 0 cos ( λn x ) dx e usando a condição de ortogonalidade das autofunções θi ∫ cos ( λm x ) dx = Cm ∫ cos 2 ( λm x ) dx L L 0 (5.61) 0 Após efetuar as integrações em (5.61) chega à expressão da constante: Cm = 2θi sen ( λm L ) (5.62) λm L + sen ( λm L ) cos ( λm L ) A substituição de (5.62) em (5.59) leva à solução para a temperatura na forma: θ ( x,t ) T ( x,t ) − T∞ = θi Ti − T∞ sen ( am ) αt ⎞ ⎛ x⎞ ⎛ = 2∑ cos ⎜ am ⎟ exp ⎜ − am2 2 ⎟ L ⎠ ⎝ L⎠ ⎝ m =1 am + sen ( am ) cos ( am ) ∞ (5.63) na qual amtg ( am ) = hL , am = λm L k Na forma adimensional (5.64) T − T∞ , a temperatura depende de três grupos adimensionais: Ti − T∞ x αt hL , Fo = 2 , Bi = L L k (5.65) na qual Fo e Bi são os números de Fourier e de Biot respectivamente. A temperatura no plano médio da placa pode ser calculada fazendo x = 0 na eq. (5.63), resultando ∞ sen ( am ) Tc − T∞ exp − am2 Fo = 2∑ Ti − T∞ a sen a cos a + ( m) ( m) m =1 m ( ) (5.66) A temperatura em qualquer outro plano da placa pode ser calculada na forma: T ( x,t ) − T∞ Ti − T∞ ⎡ T ( x,t ) − T∞ ⎤ ⎡ Tc ( t ) − T∞ ⎤ =⎢ ⎥×⎢ ⎥ ⎣⎢ Tc ( t ) − T∞ ⎦⎥ ⎣ Ti − T∞ ⎦ (5.67) É comum graficar os termos entre colchetes na eq. (5.67) em função do número de Fourier tendo o número de Biot como um parâmetro para facilitar estimativas rápidas da temperatura. A taxa total de transferência de calor é de interesse. Considerando apenas metade da placa, a máxima taxa de transferência de calor num intervalo 0 − t é calculada por Qi = ρWHLc (Ti − T∞ ) (5.68) na qual W e H são a largura e altura da placa respectivamente frontal á transferência de calor. A taxa de calor real num intervalo 0 − t é sempre menor do que o máximo e pode ser calculada como Q ( t ) = WH ∫ q′′dt t 0 na qual (5.69) 111 ⎛ ∂T ⎞ q′′ = − k ⎜ ⎟ ⎝ ∂x ⎠ x = L (5.70) Normalmente se gráfica Q ( t ) / Qi em função de Bi 2 Fo . 5.3.2 Cilindro longo No caso de um cilindro longo, as equações governantes ficam na forma: - equação de condução ∂ 2θ 1 ∂θ 1 ∂θ + = ∂r 2 r ∂r α ∂t (5.71) - condição inicial θ = θi em t = 0 (5.72) - condições de contorno ∂θ = 0 em r = 0 ∂r −k (5.73) ∂θ = hθ em r = ro ∂r (5.74) A separação de variáveis agora é proposta como θ ( r,t ) = R ( r )τ ( t ) , que resulta em d 2 R 1 dR + + λ2R = 0 dr 2 r dr (5.75) dR = 0 em r = 0 dr (5.76) dR h + R = 0 em r = ro (raio externo) dr k (5.77) A equação na variável tempo é idêntica à do caso do item 5.3.1. A solução geral da eq. (5.75) é do tipo: R = C1 J 0 ( λ r ) + C2Y0 ( λ r ) (5.78) na qual J 0 e Y0 são funções de Bessel de ordem zero do primeiro e segundo tipos respectivamente. O valor finito da temperatura no centro do cilindro requer que C2 = 0 . A solução final para a temperatura será da forma: T ( r,t ) − T∞ Ti − T∞ ∞ =∑ n =1 ( ⎛ r⎞ 2 Bi J 0 ⎜ bn ⎟ exp −bn2 Fo 2 b + Bi J 0 ( bn ) ⎝ ro ⎠ 2 n ) ( ) (5.79) Na qual os números de Fourier e Biot são definidos como Fo = αt 2 o r , Bi = hro k (5.80) 112 e os autovalores bn = λn ro sã as raízes da equação transcendental: bn J1 ( bn ) − BiJ 0 ( bn ) = 0 (5.81) 5.3.3 Esfera No caso de uma esfera, as equações governantes ficam na forma: - equação de condução ∂ 2θ 2 ∂θ 1 ∂θ + = ∂r 2 r ∂r α ∂t (5.82) - condição inicial θ = θi em t = 0 (5.83) - condições de contorno ∂θ = 0 em r = 0 ∂r −k (5.84) ∂θ = hθ em r = ro ∂r Definindo uma nova variável (5.85) φ = rθ obtém-se um novo conjunto de equações na forma: - equação de condução ∂ 2φ 1 ∂φ = ∂r 2 α ∂t (5.86) - condição inicial φ = rθi em t = 0 (5.87) - condições de contorno φ =0 em r = 0 (5.88) ∂φ ⎛ h 1 ⎞ + ⎜ − ⎟ φ = 0 em r = ro ∂r ⎝ k ro ⎠ (5.89) As equações (5.86), (5.88) e (5.89), após separação de variáveis, correspondem ao caso 7 da Tabela 4.2 e, portanto, a solução é do tipo: ∞ φ = ∑ Cm sen ( λm r ) exp ( −αλm2 t ) (5.90) m =1 na qual ⎛ hro ⎞ − 1⎟ ⎝ k ⎠ λm r0 ctg ( λm ro ) = − ⎜ Aplicando a condição inicial obtém-se (5.91) 113 ∞ rθi = ∑ Cm sen ( λm r ) (5.92) m =1 Operando ambos os da eq. (5.92) por ∫ r0 0 cos ( λn r ) dr e usando a condição de ortogonalidade das autofunções θ i ∫ r s en ( λm r ) dr = Cm ∫ s en 2 ( λm r ) dr r0 r0 0 0 (5.93) Após efetuar as integrações em (5.89) chega à expressão da constante: Cm = 2θi ⎡⎣ sen ( λm r0 ) − λm r0 cos ( λm r0 ) ⎤⎦ λm ⎡⎣λm r0 − sen ( λm r0 ) cos ( λm r0 )⎤⎦ (5.94) A substituição de (5.94) em (5.90) leva à solução para a temperatura na forma: ∞ s en ( sm r / r0 ) m =1 sm r / r0 θ = 2θi ∑ K m exp ( − sm2 Fo ) (5.95) na qual 2 ⎡ sen ( sm ) − sm cos ( sm ) ⎤⎦ Km = ⎣ sm − sen ( sm ) cos ( sm ) (5.96) sm ctg ( sm ) = 1 − Bi, sm = λm r0 (5.97) Fo = αt 2 o r , Bi = hro k (5.98) Tanto no caso do cilindro quanto da esfera são apresentados resultados similares ao caso da placa de espessura finita. 5.4 Condução multidimensional Os resultados do item 5.3 podem ser usados para se determinar o campo de temperatura em condução multidimensional como será ilustrado a seguir. Considere o caso em que se deseja determinar a distribuição de temperatura numa barra retangular 2 L × 2 H . Como ilustrado na Figura 5.3, a distribuição de temperatura numa barra imersa num fluido pode ser determinada como o produto da solução da placa vertical pela solução da placa horizontal. A equação original é da forma ∂ 2θ ∂ 2θ 1 ∂θ + = ∂x 2 ∂y 2 α ∂t (5.99) Supondo uma solução na forma θ ( x,t, y ) = θ L ( x,t ) × θ H ( y,t ) (5.100) Derivando (5.100) duas vezes em relação a x e y, uma vez em relação ao tempo e substituindo em (5.99), podese verificar que ela é automaticamente satisfeita 114 ⎛ ∂ 2θ L 1 ∂θ L ⎜ 2 − α ∂t ⎝ ∂x ⎞ ⎛ ∂ 2θ H 1 ∂θ H θ + − ⎟ H ⎜ 2 α ∂t ⎠ ⎝ ∂y ⎞ ⎟θ L = 0 ⎠ (5.101) Ambos os termos entre parênteses são nulos o que mostra que a solução produto satisfaz a equação original. A solução (5.100) é respeitada apenas se a temperatura inicial também satisfaça θi = θi ,L × θi ,H (5.102) Dividindo (5.100) por (5.102) membro a membro, pode-se verificar que a temperatura adimensional da barra também é o produto das temperaturas adimensionais das placas, ou seja, ⎡ θ ( x, y,t ) ⎤ ⎡ θ ( x,t ) ⎤ ⎡ θ ( y,t ) ⎤ =⎢ ×⎢ ⎢ ⎥ ⎥ ⎥ θi ⎦ placa , θ i ⎦ placa , , ⎣ θi ⎦ barra ⎣ ⎣ 2 L× 2 H L = metade da espessura H = metade da espessura (5.103) Bejan (1993) mostra que a taxa total de transferência de calor pode ser calculada como Q (t ) Qi ⎛Q⎞ ⎛Q⎞ ⎛Q⎞ ⎛Q⎞ = ⎜ ⎟ +⎜ ⎟ −⎜ ⎟ ⎜ ⎟ ⎝ Qi ⎠ L ⎝ Qi ⎠ H ⎝ Qi ⎠ L ⎝ Qi ⎠ H (5.103) 115 Figura 5.3 Produto de soluções unidimensionais Outras soluções para outras geometrias podem ser obtidas da mesma maneira. Considere o caso de um cilindro curto de comprimento 2 L e raio externo ro , como ilustrado na Figura 5.4. 116 Figura 5.4 – Determinação da temperatura dependente do tempo num cilindro curto. A solução para este caso fica na forma ⎡ θ ( r,x,t ) ⎤ ⎡ θ ( r,t ) ⎤ ⎡ θ ( x,t ) ⎤ =⎢ ×⎢ ⎢ ⎥ cilindro curto , ⎥ ⎥ θi ⎦ placa , longo , ⎣ ⎣ θi ⎦ L = metade do comprimento ⎣ θi ⎦ cilindro r = raio L = metade da espessura ro = raio (5.104) o Os casos da placa semi-infinita e de um cilindro semi-infinito podem ser obtidos como ilustrado na Figura 5.5. Figura 5.5 – Determinação da temperatura dependente do tempo numa placa e num cilindro semi-infinitos. A solução da placa semi-infinita é o produto da solução da placa de espessura finita pela solução do sólido semi-infinito (item 5.5.3) e fica na forma 117 ⎡ θ ( x, y,t ) ⎤ ⎡ θ ( x,t ) ⎤ ⎡ θ ( y,t ) ⎤ =⎢ ×⎢ ⎢ ⎥ ⎥ ⎥ θ i ⎦ placa infinita , θ i ⎦ meio semi-infinito , semi −inf inita , ⎣ θi ⎦ Lplaca ⎣ ⎣ L = metade da espessura y = normal a superficie = metadade espessura (5.105) No caso do cilindro semi-infinito, a solução é da forma ⎡ θ ( r,x,t ) ⎤ ⎡ θ ( r,t ) ⎤ ⎡ θ ( x,t ) ⎤ =⎢ ×⎢ ⎢ ⎥ ⎥ ⎥ θ i ⎦ cilindro infinito , ⎣ θi ⎦ meio semi-infinito , semi − infinito , ⎣ θi ⎦ cilindro ⎣ r = raio r = raio x = normal a superficie o (5.106) o O calculo da taxa total de transferência de calor é feito nos casos das equações (5.104) a (5.106) por uma equação similar à eq. (5.103) Finalmente, no caso de um paralelepípedo, como ilustrado na Figura 5.6, a solução tridimensional pode ser obtida como ⎡ θ ( x, y,z,t ) ⎤ ⎡ θ ( x,t ) ⎤ =⎢ ⎢ ⎥ ⎥ θi θi ⎦ placa , , ⎣ ⎦ barra ⎣ L = metade da espessura 2 L× 2 H ⎡ θ ( y,t ) ⎤ ×⎢ ⎥ , ⎣ θi ⎦ Hplaca = metade da espessura (5.107) ⎡ θ ( z,t ) ⎤ ×⎢ ⎥ , ⎣ θi ⎦Wplaca = metade da espessura 5.6 - Determinação da temperatura dependente do tempo num paralelepípedo imerso num fluido. A taxa total de transferência de calor neste caso, de acordo com Bejan (1993) é calculada como Q (t ) Qi ⎛ Q ⎞ ⎛ Q ⎞ ⎡ ⎛ Q ⎞ ⎤ ⎛ Q ⎞ ⎡ ⎛ Q ⎞ ⎤⎡ ⎛ Q ⎞ ⎤ = ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ + ⎜ ⎟ ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⎢1 − ⎜ ⎟ ⎥ ⎝ Qi ⎠ L ⎝ Qi ⎠ H ⎢⎣ ⎝ Qi ⎠ L ⎦⎥ ⎝ Qi ⎠W ⎣⎢ ⎝ Qi ⎠ L ⎦⎥ ⎢⎣ ⎝ Qi ⎠ H ⎦⎥ (5.108) 5.5 Fontes e sumidouros concentrados Neste item consideram-se casos de condução dependente do tempo em que o aspecto principal é a geração (ou absorção) de calor em uma região muito pequena – uma região concentrada- do meio condutor. Quando calor é liberado no meio a partir desta pequena região, o processo será de condução transiente na 118 vizinhança de uma fonte de calor. Exemplos incluem fissuras cheias de vapor geotérmico, explosões subterrâneas, containeres de lixo nuclear ou químico, cabos elétricos enterrados no subsolo. Quando a pequena região recebe calor do meio infinito, a região funciona como um sumidouro concentrado de calor. Um exemplo é o caso de um duto enterrado de um trocador de calor através do qual uma bomba de calor recebe calor do meio ambiente (solo) a fim de aumentá-lo e depositá-lo num edifício. 5.5.1 Fontes e sumidouros instantâneos Considere, primeiramente, a direção x através de um meio infinito com propriedades constantes ( k ,α , ρ ,c ) , Figura 5.7. A equação de condução na direção x , para o excesso de temperatura θ ( x,t ) = T ( x,t ) − T∞ é: ∂ 2θ 1 ∂θ = ∂x 2 α ∂t (5.109) Uma solução que satisfaz (5.109) pode ser do tipo: θ ( x,t ) = ⎛ x2 ⎞ exp ⎜ − ⎟ αt ⎝ 4α t ⎠ K (5.110) na qual K é uma constante. Integrando a eq. (5.110) resulta ∫ ∞ −∞ θ ( x,t ) dx = ∫ ∞ −∞ ⎛ x2 ⎞ exp ⎜ − ⎟ dx αt ⎝ 4α t ⎠ K (5.111) Após um rearranjo a eq. (5.111) pode ser escrita como ⎧⎪ 2 −∞ ⎡ ⎛ η ⎞2 ⎤ ⎛ dη ⎞ 2 ∫−∞ θ ( x,t ) dx = Kπ ⎨− π 1/ 2 ∫0 exp ⎢⎢− ⎜⎝ 2 ⎟⎠ ⎥⎥ ⎜⎝ 2 ⎟⎠ + π 1/ 2 ⎪⎩ ⎣ ⎦ 1/ 2 =K π ⎡⎣ −erf ( −∞ ) + erf ( ∞ ) ⎤⎦ ∞ 1/ 2 ∫ =K π 1 / 2 ⎡⎣ − ⎡⎣ −erf ( ∞ ) ⎤⎦ + erf ( ∞ ) ⎤⎦ =K π 1 / 2 2erf ( ∞ ) ∞ 0 ⎡ ⎛ η ⎞ 2 ⎤ ⎛ dη ⎞ ⎫⎪ exp ⎢ − ⎜ ⎟ ⎥ ⎜ ⎟⎬ ⎢⎣ ⎝ 2 ⎠ ⎥⎦ ⎝ 2 ⎠ ⎪⎭ (5.112) =2π 1 / 2 K A integral do lado esquerdo da eq. (5.112) é proporcional ao inventário de energia interna do de meio inteiro: ∫ ∞ −∞ ∞ ∞ −∞ −∞ ρ ( u − u∞ ) Adx = ∫ ρ c (T − T∞ ) Adx = ρ cA∫ θ dx (5.113) na qual A é a grande área do plano normal à direção x . Mas ∫ ∞ −∞ ρ ( u − u∞ ) Adx = Q (5.114) é depósito de calor no plano x = 0 no instante de tempo t = 0 . Combinando as equações (5.112) a (5.114) obrem-se 119 K= na qual Q′′ (5.115) 2π 1 / 2 ρ c Q′′ = Q / A é o “poder” da fonte plana instantânea. Assim, o excesso de temperatura na vizinhança do plano x = 0 em que Q′′ é liberado no instante t = 0 é ⎛ x2 ⎞ Q′′ exp ⎜ − ⎟ 2 ρ c πα t ⎝ 4α t ⎠ θ ( x,t ) = (fonte plana instantânea) (5.116) Figura 5.7 – Distribuição de temperatura na vizinhança de uma fonte de calor instantânea. Fórmulas similares podem ser obtidas para fontes no formato de linha ou fontes pontuais. Em tais casos tem-se θ ( r,t ) = θ ( r,t ) = ⎛ r2 ⎞ Q′ exp ⎜ − ⎟ 4 ρ cπα t ⎝ 4α t ⎠ Q 8ρ c (πα t ) 3/ 2 (fonte linha instantânea) ⎛ r2 ⎞ exp ⎜ − ⎟ ⎝ 4α t ⎠ (fonte ponto instantânea) (5.117) (5.118) 5.5.2 Fontes e sumidouros persistentes (contínuos) A distribuição de temperatura dependente do tempo e o processo de condução que são induzidos por fontes que persistem no tempo podem ser determinados analiticamente pela superposição de efeitos de um grande número de fontes instantâneas. Assuma o caso, novamente, o caso da fonte plana, eq. (5.116), só que no instante t = 0 e no plano x = 0 , a magnitude da fonte seja Q0′′ . Então, pela eq. (5.116) tem-se a distribuição de temperatura θ 0 ( x,t ) = ⎛ x2 ⎞ Q0′′ exp ⎜ − ⎟ 2 ρ c πα t ⎝ 4α t ⎠ (5.119) 120 Assuma também que no instante t = t1 , o plano x = 0 recebe uma nova fonte, Q1′′ . Se esta nova fonte ocorrer só, ou seja, sem a presença de Q0′′ , então a variação de temperatura provocada por Q1′′ poderia ser escrito na forma ⎡ ⎤ x2 exp ⎢ − ⎥ 2 ρ c πα ( t − t1 ) ⎢⎣ 4α ( t − t1 ) ⎥⎦ Q1′′ θ1 ( x,t ) = (5.120) na qual, agora, t − t1 conta o tempo decorrido após a liberação de Q1′′ . Se Q1′′ ocorrer na presença da temperatura criada por Q0′′ no instante t = 0 , então, a distribuição de temperatura após t = t1 é simplesmente a soma de θ 0 ( x, t ) e θ1 ( x, t ) . Ou seja, para t > 0 pode-se escrever ⎧⎪θ 0 ( x, t ) 0 < t < t1 θ ( x, t ) = ⎨ t1 < t ⎪⎩θ 0 ( x, t ) + θ1 ( x, t ) Pode ser mostrado que θ = θ 0 + θ1 (5.121) satisfaz a eq. (5.109). Outras entradas podem ser adicionadas à eq. (5.121) se fontes adicionais de dimensão Qi′′ forem depositadas em tempos ti na fonte plana x = 0 . Por exemplo, após o tempo t = tn (isto é, após n + 1 depósitos), a distribuição de temperatura é dada por θ ( x, t ) = θ 0 + θ1 + θ 2 + + θn (5.122) Uma fonte contínua no plano x = 0 em o mesmo efeito que uma seqüência de um grande número de pequenas fontes planas instantâneas de igual tamanho: ΔQ′′ = q′′Δt ( na qual q′′ W / m 2 ) (5.123) é o depósito de calor por unidade de área e tempo, e Δt é a curta duração de cada depósito (tiro). Quando Δt se torna infinitesimalmente pequeno, a soma na eq. (5.122) é substituída por uma integral θ ( x, t ) = ∫ θi dτ t 0 ⎡ ⎤ x2 exp ⎢ − =∫ ⎥ dτ 0 2 ρ c πα ( t − τ ) ⎣⎢ 4α ( t − τ ) ⎦⎥ t q′′ No integrando, a variável muda τ (5.124) marca o tempo quando cada adicional fonte q′′dτ entra em ação. Quando a integral (5.124) é avaliada o resultado é a distribuição de temperatura próxima ao plano x = 0 em que fontes contínuas q′′ são ligadas no tempo t = 0 : ⎛ x ⎞ ⎛ x 2 ⎞ q′′ x q′′ ⎛ t ⎞ erfc ⎜ θ ( x,t ) = ⎜⎜ ⎟⎟ exp ⎜ − ⎟ (fonte plana contínua) ⎟− ρ c ⎝ πα ⎠ ⎝ 4α t ⎠ 2k ⎝ 2 αt ⎠ No plano x = 0 tem-se (5.125) 121 θ ( 0,t ) = 1/ 2 q′′ ⎛ t ⎞ ρ c ⎜⎝ πα ⎟⎠ (5.126) o que mostra que mesmo que a fonte plana persista em nível constante q′′ , a temperatura na fonte plana e no meio aumenta quando o tempo t cresce. As distribuições de temperatura também podem ser obtidas de forma similar para fontes linhas e pontuais contínuas. No caso de fontes linhas, pela eq. (5.117) pode obter θ ( r,t ) = q′ 4π k e−u ∫r 2 / 4α t u du ∞ (fonte linha contínua) (5.127) Em um tempo suficientemente longo e/ou para distâncias radiais pequenas, onde o grupo r / 4α t é menor do 2 que 1, a distribuição de temperatura se aproxima por θ ( r, t ) ≅ q′ 4π k ⎡ ⎛ 4α t ⎞ ⎤ ⎢ ln ⎜ r 2 ⎟ − 0,5772 ⎥ ⎠ ⎣ ⎝ ⎦ ⎛ r2 ⎞ ⎜ ⎟ << 1 ⎝ 4α t ⎠ (5.128) O efeito de uma fonte pontual contínua pode ser determinado pela superposição de um grande número de fontes pontuais instantâneas de igual tamanho: ⎛ q r2 ⎞ e rfc ⎜ − θ ( r,t ) = ⎟ 4π kr ⎝ 2 αt ⎠ (fonte pontual contínua) (5.129) Lembrando que erfc ( 0 ) = 1 , pode-se concluir que na medida em que o tempo cresce e o argumento 1/ 2 r / ⎡ 2 (α t ) ⎤ se torna consideravelmente menor do que 1, a distribuição de temperatura se estabiliza no nível ⎣ ⎦ θ ( r,∞ ) = q 4π kr (5.130) As mesmas fórmulas e equações se aplicam para o caso de sumidouros instantâneos e contínuos, pela simples troca dos sinais de ( Q′′, Q′, Q, q′′, q′, q ) nas respectivas equações. 5.5.3 Fontes de calor móveis Uma característica das fontes e sumidouros móveis é a simetria das isotermas em torno do local da fonte. Agora, considera o caso de fontes que se movem em relação ao meio condutivo com velocidade constante, como ilustrado na Figura 5.8, a qual pode representar um processo de soldagem de duas chapas. Após um longo período de tempo, pode-se escrever as equações governantes para essa fonte linha como ∂T ∂ 2T =α 2 U ∂x ∂y (5.131) T = T∞ em y = ±∞ (5.132) ∞ q′ = ∫ ρ cU (T − T∞ ) dy −∞ (5.133) 122 Figura 5.8 – Fonte móvel A solução do problema (5.131) a (5.133) pode ser obtida definindo as variáveis T ( x, y ) − T∞ = q′ / ρ c (U α x ) 1/ 2 θ (η ) (5.134) 1/ 2 ⎛U ⎞ η = y⎜ ⎟ ⎝αx ⎠ (5.135) as quais substituídas em (5.131) a (5.133) resulta d 2θ η dθ 1 + + θ =0 dη 2 2 dη 2 θ =0 ∫ ∞ −∞ em η = ±∞ θ dη = 1 (5.136) (5.137) (5.138) A solução de (5.136) que satisfaz (1.236) e (5.137) deve ser do tipo θ = Ce−η 2 /4 (5.139) a qual substituída em (5.138) leva ao resultado para a constante C ∞ C ∫ e −η / 4 dη = 1 2 −∞ ⎡ ∞ −⎛⎜ η ⎞⎟ ⎛ η ⎞ ⎤ 2C ⎢ ∫ e ⎝ 2 ⎠ d ⎜ ⎟ ⎥ = 1 ⎢ −∞ ⎝ 2 ⎠ ⎥⎦ ⎣ 2 2 ⎡ 0 −⎛⎜ η ⎞⎟ ⎛ η ⎞ ∞ −⎛⎜ η ⎞⎟ ⎛ η ⎞ ⎤ 2⎠ 2⎠ ⎝ ⎝ d⎜ ⎟+∫ e d ⎜ ⎟⎥ = 1 2C ⎢ ∫ e 2⎠ 0 ⎢ −∞ ⎝ ⎝ 2 ⎠ ⎥⎦ ⎣ 2 2 ⎛η ⎞ ⎛η ⎞ π 1/ 2 ⎡ 2 −∞ −⎜⎝ 2 ⎟⎠ ⎛ η ⎞ 2 ∞ −⎜⎝ 2 ⎟⎠ ⎛ η ⎞ ⎤ ⎢− 2C e d ⎜ ⎟ + 1/ 2 ∫ e d ⎜ ⎟⎥ = 1 0 2 ⎢ π 1/ 2 ∫0 2⎠ π ⎝ ⎝ 2 ⎠ ⎥⎦ ⎣ Cπ 1/ 2 ⎡⎣ −erf ( −∞ ) + erf ( ∞ ) ⎤⎦ = 1 2 Cπ 1/ 2 2erf ( ∞ ) = 1 C = 1/ π 1/ 2 2 A solução para θ será, portanto, da forma (5.140) 123 2 e −η / 4 θ = 1/ 2 2π (5.141) que substituída em (5.134) juntamente com (5.135) leva ao resultado para a distribuição de temperatura: T ( x, y ) − T∞ = q′ / ρ c ( 4π U α x ) 1/ 2 ⎛ Uy 2 ⎞ exp ⎜ − ⎟ ⎝ 4α x ⎠ (5.142) No caso de uma fonte pontual contínua, de forma similar pode-se obter a distribuição de temperatura como ⎛ Ur 2 ⎞ q / ρc T ( x, r ) − T∞ = exp ⎜ − ⎟ 4πα x ⎝ 4α x ⎠ (5.143) 5.6 Solidificação e fusão Os problemas de transferência de calor com mudança de fase envolvem um movimento de fronteira cuja posição deve ser determinada como parte da solução. Os casos considerados aqui são de fusão e solidificação. 5.6.1 Solidificação e fusão unidimensional A Figura 5.9 ilustra os casos de fusão e solidificação unidimensional de um material. Figura 5.9 – Processos de fusão e solidificação A Figura 5.10 ilustra o movimento da fronteira e balanço de energia na mudança de fase. Considerando um volume de controle em torno da fronteira móvel tem-se pela primeira lei da termodinâmica dδ ⎛ ⎜ρA dt ⎝ ⎞ ⎟ hl ⎠ dδ ⎛ −⎜ρA dt ⎝ ⎞ ⎛ ∂T ⎞ em x = δ ( t ) ⎟ hs = − kl A ⎜ ⎟ ⎠ ⎝ ∂x ⎠ x =δ ,lado liquido (5.144) 124 na qual A , hl hs são a entalpia são a área frontal do volume de controle, a entalpia específica do líquido e a entalpia específica do sólido respectivamente. O termo do lado direito de (5.144) representa a transferência de calor que chega de cima, isto é, do lado líquido da frente de fusão. Não foi considerado nenhum termo de transferência de calor do lado do sólido da frente de fusão, pois o sólido foi considerado isotérmico. O coeficiente kl é, portanto, a condutividade térmica do líquido. Figura 5.10 – Fusão de um sólido semi-infinito O cálculo da frente de fusão requer a determinação dos campos de temperatura. Uma solução simples é baseada na observação de que bem no início do processo, quando a camada de fusão é bem fina, a distribuição de temperatura é linear: T ( x,t ) − Tm T0 − Tm ≅ 1− x δ (t ) (5.145) da qual se obtém ∂T ( x,t ) ∂x ≅− T0 − Tm δ (t ) (5.146) Substituindo (5.146) em (5.144) resulta uma equação para determinar δ δ : dδ k ≅ l (T0 − Tm ) dt ρ hsl (5.147) cuja solução é 1/ 2 ⎡ kt ⎤ δ ( t ) ≅ ⎢ 2 l (T0 − Tm ) ⎥ ⎣ ρ hsl ⎦ (5.148) em que hsl = hl − hs é o calor latente de fusão do material. De acordo com Bejan (1993) uma solução exata foi obtida por Stefan e é da forma: π 1 / 2 λ exp ( λ 2 ) erf ( λ ) = c (T0 − Tm ) na qual c é o calor específico do líquido e hsl λ é um número adimensional definido como (5.149) 125 λ= δ 1/ 2 2 (α t ) (5.150) O grupo aparecendo do lado direito da eq. (5.149) é denominado por número de Stefan: Ste = c (T0 − Tm ) (5.151) hsl No caso em que há troca de calor tanto no líquido quanto no sólido como ilustrado nos processos de solidificação e fusão da Figura 5.11, a equação na interface fica na forma ks dδ ( t ) ∂Ts ∂T − kl l = ρ hsl em x = δ ( t ) ∂x ∂x dt (5.152) Se do lado líquido predominar um processo de troca convectiva com coeficiente de troca de calor convectivo h , a equação na interface fica na forma ks dδ ( t ) ∂Ts − h (T∞ − Tm ) = ρ hsl em x = δ ( t ) ∂x dt (5.153) Figura 5.11 Processo de mudança de fase: (a) solidificação; (b) fusão Se as densidades do líquido e do sólido forem diferentes, com ρ s > ρl e considerando movimento do líquido pelos efeitos volumétricos, a equação na interface fica como ks ∂Ts ∂T − kl l = ( ρl hl − ρ s hs ) Vx − ρl hV l l em x = δ ( t ) ∂x ∂x (5.154) na qual Vl é a velocidade do líquido pelos efeitos volumétricos e a velocidade da fronteira é Vx = dδ ( t ) dt (5.155) Um balanço de massa na fronteira leva ao resultado ( ρl − ρ s )Vx = ρlVl da qual se obtém (5.156) 126 Vl = ( ρl − ρ s )Vx (5.157) ρl Substituindo (5.157) em (5.154) obtém-se na interface ks ∂Ts ∂T − kl l = ρ s ( hl − hs ) Vx = ρ s hslVx em x = δ ( t ) ∂x ∂x (5.158) que é idêntica à eq. (5.152), exceto com a massa específica do sólido no lugar da massa específica constante. 5.6.2 Solidificação e fusão multidimensional No caso de um processo de fusão ou solidificação tridimensional, a frente de mudança de fase será uma superfície no espaço como ilustrado Figura 5.12 dada pela função F ( x, y,z,t ) = 0 . Figura 5.12 – Solidificação em três dimensões. Para um movimento da fronteira na direção da normal n , o balanço de energia na fronteira leva à equação ks ∂Ts ∂T − kl l = ρ ( hl − hs )Vn em F ( x, y,z,t ) = 0 ∂n ∂n (5.159) Uma forma explícita de escrever a função que representa a superfície de mudança de fase é: F ( x, y , z , t ) ≡ z − s ( x, y , t ) = 0 (5.160) O vetor normal à superfície pode ser calculado como n= A superfície ∇F (5.161) ∇F F está na temperatura de mudança de fase e, portanto, ela é uma superfície isotérmica; conseqüentemente, ∇T é normal a esta superfície, daí, n= ∇F ∇F = ∇Ti ∇Ti , i = s ou l A partir de (5.162) pode-se obter que (5.162) 127 ∂Ti ∇T i∇F = ∇Ti in = i , i = s ou l ∂n ∇F Vn = V in = (5.163) V i∇F (5.164) ∇F A derivada total de (5.160) é: ∂F ∂F ∂F ∂F dt + dx + dy + dz = 0 ∂t ∂x ∂y ∂z (5.165) da qual se obtém ∂F dx ∂F dy ∂F dz ∂F + + =− ∂x dt ∂y dt ∂z dt ∂t ∂F V i∇F = − ∂t Vn = V in = (5.166) −∂F / ∂t (5.167) ∇F Também se pode demonstrar que ∂F ∂s =− , ∂x ∂x ∂F ∂s =− , ∂y ∂y ∂F = 1, ∂z ∂F ∂s =− ∂t ∂t (5.168) 2 2 ∂Ti ⎡ ⎛ ∂s ⎞ ⎛ ∂s ⎞ ⎤ ∇Ti i∇F = ⎢1 + ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ ⎥ ∂z ⎢ ⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂y ⎠ ⎥ ⎣ ⎦ (5.169) 2 2 ∂Ti ∂Ti ⎡ ⎛ ∂s ⎞ ⎛ ∂s ⎞ ⎤ = ⎢1 + ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ ⎥ / ∇F ∂n ∂z ⎢ ⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂y ⎠ ⎥ ⎣ ⎦ (5.170) Substituindo (5.167) e (5.170) em (5.159) resulta para o caso tridimensional a equação na interface: ⎡ ⎛ ∂s ⎞2 ⎛ ∂s ⎞ 2 ⎤ ⎛ ∂T ∂T ⎞ ∂s em z = s ( x, y,t ) ⎢1 + ⎜ ⎟ + ⎜ ⎟ ⎥ ⎜ k s s − kl l ⎟ = ρ hsl ∂z ⎠ ∂t ⎢⎣ ⎝ ∂x ⎠ ⎝ ∂y ⎠ ⎥⎦ ⎝ ∂z (5.171) Os casos bidimensionais e unidimensionais podem ser obtidos a partir de (5.171) como ⎡ ⎛ ∂s ⎞ 2 ⎤ ⎛ ∂Ts ∂T ⎞ ∂s em z = s ( x,t ) (2D) − kl l ⎟ = ρ hsl ⎢1 + ⎜ ⎟ ⎥ ⎜ k s ∂z ⎠ ∂t ⎣⎢ ⎝ ∂x ⎠ ⎦⎥ ⎝ ∂z (5.172) ∂T ⎞ ds ⎛ ∂Ts em z = s ( t ) (1D) − kl l ⎟ = ρ hsl ⎜ ks dt ∂z ⎠ ⎝ ∂z (5.173) A eq. (5.173) é idêntica à eq. (5.152), bastando trocar z por x . 128 5.7 Métodos numéricos Os métodos numéricos utilizados para o caso de condução em regime permanente, também se aplicam aos casos de condução transiente bastando incluir o termo transiente na equação. 5.7.1 Volume finito Considere um volume de controle de dimensões ( Δx ) × ( Δy ) × W , Figura 5.13, um balanço de energia leva ao ∂E = qw + qe + qs + qn + qg ∂t (5.174) na qual foi assumido que as taxas de calor entram no volume de controle, cujo nó central é identificado pelo símbolo P . O subscrito w é a face oeste voltada para o nó W ; e a face leste voltada para o nó E ; s á face sul voltada para o nó S e n é a face norte voltada para o nó N . As taxas de calor que entram no volume de controle, a variação de energia dentro do volume de controle e a geração calor são definidas como qn ≅ knW Δx qw ≅ k wW Δy TW − TP (δ x ) w TN − TP (δ y )n ∂E ∂T , qg = ΔxΔyWq′′′ = ρΔxΔyWc ∂t ∂t qs ≅ k sW Δx TS − TP (δ y ) s qe ≅ keW Δy TE − TP ( δ x )e (5.175) 129 Figura 5.13 – Volume de controle em torno de um ponto P. A eq. (5.174) pode ser reescrita como ρ cΔV ∂T = qw + qe + qs + qn + q′′′ΔV ∂t (5.176) A discretização do termo transiente em (5.176) pode ser feita na forma ρc ΔV m +1 m +1 TP − TPm = f ( qw + qe + qs + qn ) + Δt ( ) + (1 − f )( qw + qe + qs + qn ) + m +f ( q′′′ ) m +1 (5.177) ΔV + (1 − f )( q′′′ ) ΔV m na qual 0 ≤ f ≤ 1 é um parâmetro para indicar se o esquema de discretização no tempo é explícito, f = 0 , semi-implícito, 0 < f < 1 ou totalmente implícito, f = 1 . m indica o passo de tempo e Δt = t m +1 − t m . O caso f = 0 ,5 é conhecido como esquema de Crank-Nicolson. Substituindo as definições das taxas da eq. (5.175) e q′′′ = S pTp + SC em (5.177) obtém-se ⎡ ΔxΔy ⎤ m +1 ⎢ ρ c Δt + f ( aS + aN + aW + aE − S p ΔxΔy ) ⎥ TP = ⎣ ⎦ = f ⎡⎣ aW TWm +1 + aETEm +1 + aS TSm +1 + aN TNm +1 ⎤⎦ + b (5.178) 130 ⎡ ΔxΔy ⎤ b = ⎢ρc − (1 − f ) ( aS + aN + aW + aE − S p ΔxΔy ) ⎥ TPm + Δt ⎣ ⎦ m m m m + (1 − f ) ⎡⎣ aW TW + aETE + aS TS + aN TN ⎤⎦ + (5.179) + (1 − f ) S P ΔxΔyTPm + Sc ΔxΔy Numa forma compacta a eq. (5.178) pode ser reescrita como a pTP = f ( aW TW + aETE + aS TS + aN TN ) + b (5.180) na qual o superscrito m + 1 foi desconsiderado e os coeficientes são: aE = ke Δy ( δ x )e (5.181a) aW = k w Δy (δ x ) w (5.181b) aN = kn Δx (δ y )n (5.181c) aS = k s Δx (δ y ) s (5.181d) ap = ρc ΔxΔy + f ( aE + aW + aN + aS − S P ΔxΔy ) Δt (5.181e) No caso de um problema tridimensional, a coordenada z também será discretizada e existirão fluxos nas faces t (topo) e b (fundo), equação (5.180) e os coeficientes ficam na forma a pTP = f ( aW TW + aETE + aS TS + aN TN + aT TT + aBTB ) + b (5.182) na qual aE = ke ΔyΔz ( δ x )e (5.183a) aW = k w ΔyΔz (δ x ) w (5.183b) aN = kn ΔxΔz (δ y )n (5.183c) aS = k s ΔxΔz (δ y ) s (5.183d) 131 aT = kt ΔxΔy ( δ z )t (5.183e) aB = kb ΔxΔy ( δ z )b (5.183f) ap = ρc ΔxΔyΔz + f ( aE + aW + aN + aS + aT + aB − S P ΔxΔyΔz ) Δt ⎡ ΔxΔyΔz ⎤ b = ⎢ρc − (1 − f ) ( aS + aN + aW + aE + aB + aT − S p ΔxΔyΔz ) ⎥ TPm + Δt ⎣ ⎦ m m m m m m + (1 − f ) ⎡⎣ aW TW + aETE + aS TS + aN TN + aBTB + aT TT ⎤⎦ + (5.183g) (5.183h) + (1 − f ) S P ΔxΔyΔzTPm + Sc ΔxΔyΔz 5.7.2 Diferença finita Será considerado o seguinte caso ρc ∂T ∂ ⎛ ∂T = ⎜k ∂t ∂x ⎝ ∂x ⎞ ∂ ⎛ ∂T ⎟+ ⎜k ⎠ ∂y ⎝ ∂y ⎞ ⎟ + q′′′ ⎠ (5.184) O lado direito da eq. (5.184) já foi discretizado na eq. (1.85) e, portanto, (5.184) pode ser reescrita, usando a notação da Figura 5.14, como 1 ∂T T ( i, j − 1) T ( i − 1, j ) 2T ( i, j ) 2T ( i, j ) T ( i + 1, j ) T ( i, j + 1) q′′′ = + − − + + + 2 2 2 2 2 2 α ∂t k ( Δy ) ( Δx ) ( Δx ) ( Δy ) ( Δx ) ( Δy ) Figura 5.14 – Nomenclatura para discretização por diferença finita. Ou usando a eq. (1.86) pode-se reescrever (5.185) como (5.185) 132 1 ∂T = aTi , j −1 + bTi −1, j + cTi , j + bTi +1, j + aTi , j +1 + di , j α ∂t (5.186) na qual, agora a= b= 1 2 (5.187a) 2 (5.187b) ( Δy ) 1 ( Δx ) c=− di , j = 2 ( Δx ) 2 − 2 ( Δy ) (5.187c) 2 q′′′ k (5.187d) A discretização do termo transiente na eq. (5.186) pode ser feita de várias formas, pelo uso do parâmetro f como na equação (5.177). Desta forma após discretizar o termo transiente em (5.186) tem-se m +1 m m +1 1 Ti , j − Ti , j = f ( aTi , j −1 + bTi −1, j + cTi , j + bTi +1, j + aTi , j +1 + di , j ) + Δt α + (1 − f ) ( aTi , j −1 + bTi −1, j + cTi , j + bTi +1, j + aTi , j +1 + d i , j ) (5.188) m Os casos clássicos são: método explícito, f = 0 , que é condicionalmente estável; método implícito, f = 1 , incondicionalmente estável e o caso f = 0,5 , esquema Crank-Nicolson que é uma discretização de segunda ordem no tempo. Considere o caso em que Δx = Δy e f = 0 . A eq. (5.188) pode ser reescrita como ( Ti ,mj +1 = Fo Ti , j −1 + Ti −1, j + Ti +1, j + Ti , j +1 + d i , j ( Δx ) ) 2 m + (1 − 4 Fo ) Ti ,mj (5.189) Na qual foi definido o número de Fourier com base no tamanho da malha Fo = αΔt ( Δx ) 2 (5.190) Para que o método explícito seja estável, a seguinte condição dever ser satisfeita: (1 − 4 Fo ) ≥ 0 , que leva a Fo ≤ 1 4 (5.191) O que restringe o passo de tempo em valores ( Δx ) Δt ≤ 4α 2 (5.192) 133 O caso f = 1 leva à seguinte equação para o método implícito: (1 + 4 Fo ) Ti ,mj+1 − Fo (Ti , j −1 + Ti −1, j + Ti , j + Ti +1, j + Ti , j +1 + di , j ( Δx ) ) 2 m +1 = Ti ,mj (5.193) 5.7.3 Elemento finito O método de elementos finitos, ilustrado na Figura 5.15, também tem sido usado para se resolver a equação de condução, devido sua versatilidade para discretização de domínios complexos. A equação de condução transiente é: ρc ( ) ∂T − ∇i k i∇T = q′′′ ∂t (5.194) Multiplicando a equação (5.194) por uma função de ponderação W e integrando no domínio de um elemento, após uma integração por partes obtém-se ∂T d Ω − ∫ W ∇ik i∇Td Ω = ∫ Wq′′′d Ω Ωe Ωe ∂t ∂T ∫Ωe W ρ c ∂t d Ω + ∫Ωe ∇W ik i∇Td Ω − ∫Γe Wk i∇T ind Γ =∫Ωe Wq′′′d Ω ∂T ∂W ∂T ∂T ∫Ωe W ρ c ∂t d Ω + ∫Ωe ∂xi kij ∂x j d Ω = ∫Γe Wkij ∂x j ni d Γ + ∫Ωe Wq′′′d Ω ∫ Ωe W ρc (5.195) 134 Figura 5.15 – Malhas de elementos finitos: (a) elementos triangulares; (b) elementos quadrilaterais. Nas equações onde aparecem os índices i e j está implícita a regra de soma de Einstein. Agora, interpola-se a temperatura dentro de um elemento na forma: { } T = N ( r ) T e (t ) (5.196) na qual T ⎧ N1 ⎫ ⎪N ⎪ ⎪ ⎪ N =⎨ 2 ⎬ ; ⎪ ⎪ ⎪⎩ N Ne ⎪⎭ {T } e ⎧T1 ⎫ ⎪T ⎪ ⎪ ⎪ =⎨ 2 ⎬ ⎪ ⎪ ⎪⎩TNe ⎪⎭ (5.197a, b) em que N i e Ti são funções de interpolação conhecidas e associadas ao nó i de um elemento e os valores nodais da temperatura respectivamente num elemento. Tomando caso do método de Galerkin, em que W = N e substituindo (5.196) e (5.198) em (5.195) resultará (5.198) 135 ⎧ ∂N ⎫ ∂N ⎧ dT e ⎫ e ∫Ωe ρ c { N } N d Ω ⎨⎩ dt ⎬⎭ + ∫Ωe kij ⎨⎩ ∂xi ⎬⎭ ∂x j d Ω T = ∂T ni d Γ + ∫ { N } q′′′d Ω = ∫ { N } kij Γe Ωe ∂x j { } (5.199) A equação (5.199) pode ser escrita numa forma matricial como ⎧ dT e ⎫ e e e ⎡⎣ M e ⎤⎦ ⎨ ⎬ + ⎡⎣ K ⎤⎦ T = Q ⎩ dt ⎭ { } { } (5.200) Na qual os elementos das matrizes de massa ⎡⎣ M e ⎤⎦ , de rigidez ⎡⎣ K e ⎤⎦ e do vetor carga {Q } são definidos como e M αβe = ∫ ρ cNα N β d Ω (5.201) Ωe ∂Nα ∂N β dΩ ∂xi ∂x j K αβe = ∫ kij Ωe Qαe = ∫ Nα kij Γe (5.202) ∂T ni d Γ + ∫ Nα q′′′d Ω Ωe ∂x j (5.203) O primeiro termo do lado direito da Eq. (5.203) será avaliado somente nos elementos que tenha um contorno coincidindo com o contorno externo do domínio com fluxo de calor especificado. A discretização do termo transiente na eq. (5.200) pode ser feita como nos casos de diferenças finitas, resultando a equação discretizada na forma ⎧T e ⎫ ⎡⎣ M ⎤⎦ ⎨ ⎬ ⎩ Δt ⎭ m +1 e { } = f Qe m ⎧T e ⎫ − ⎡⎣ M ⎤⎦ ⎨ ⎬ + f ⎡⎣ K e ⎤⎦ T e ⎩ Δt ⎭ { } m +1 { } e + (1 − f ) Q e m +1 { } + (1 − f ) ⎡⎣ K e ⎤⎦ T e m = (5.204) m ou ⎧T e ⎫ ⎡⎣ M ⎤⎦ ⎨ ⎬ ⎩ Δt ⎭ m +1 e { } + f Qe m +1 { } + f ⎡⎣ K ⎤⎦ T e { } + (1 − f ) Q e e m +1 m ⎧T e ⎫ ⎡ ⎤ = ⎣ M ⎦ ⎨ ⎬ − (1 − f ) ⎡⎣ K e ⎤⎦ T e ⎩ Δt ⎭ e { } m + (5.205) m Se o domínio for discretizado em um número de elementos Nelem, considerando a contribuição de todos os elementos, resultará a forma matricial, [G ]{T } = {Q} (5.206) 136 na qual, agora, a matriz [G ] e o vetor {Q} conterão a contribuição de todos os elementos: [G ] = Nelem ⎡1 ∑ ⎢⎣ Δt ⎡⎣ M e =1 e ⎤ ⎤⎦ + f ⎡⎣ K e ⎤⎦ ⎥ ⎦ (5.207) {Q} = ∑ ⎡⎢ ⎡⎣ M e ⎤⎦ − (1 − f ) ⎡⎣ K e ⎤⎦ ⎤⎥ {T e } Δt 1 Nelem e =1 ⎣ ⎦ m + ∑ {Q } Nelem e (5.208) e =1 O vetor {T } conterá as temperaturas de todos os pontos do domínio. A solução da equação (5.206) é feita após introdução dos valores conhecidos de temperatura em alguma parte do contorno do domínio, por técnicas numéricas apropriadas para solução de sistemas lineares esparsos. 137 6. Radiação Radiação diferentemente da condução e convecção é o mecanismo de troca de energia entre sistemas à distância, sem fazer contato direto. Uma transferência líquida de calor por radiação pode ocorrer mesmo que o espaço entre duas superfícies esteja evacuado. O campo de radiação eletromagnética é caracterizado em escala macroscópica pela definição em cada ponto r do espaço e para cada direção Ω de uma quantidade Iν , a intensidade monocromática relacionada com a freqüência ν . O campo de radiação resulta da distribuição de fótons (quanta de energia particular de Bose-Einstein que em repouso possuem massa nula) cada caracterizado pela freqüência ν , momentum p e spin s. Um quanta tem energia e = hν , onde h = 6, 625 x10−34 Js é a constante de Planck. Em radiação, energia é permanentemente trocada entre um sistema material e um campo de radiação pelos seguintes processos: - emissão espontânea de radiação que consiste na conversão de energia térmica (energia de vibração ou rotação, energia eletrônica, energia de fônons, etc. para uma energia radiativa (de fótons); - absorção de radiação pela conversão inversa de energia radiativa para energia térmica. Sob o ponto de vista de radiação, pode-se definir três tipos de meios: - meio transparente como aquele que não emite, não absorve, não reflete ou difunde, mas transmite toda radiação incidente qualquer que seja sua direção e freqüência; - meio opaco que não transmite qualquer radiação incidente ( I i ) que pode ser absorvida ( I a ) ou refletida ( I r ). O meio opaco também pode emitir a radiação ( I e ); - meio semitransparente que reflete, absorve ou difunde a radiação incidente, ou a transmite em distâncias finitas. 138 Figura 6.1 Radiação em meios transparente e opaco A análise de transferência radiativa é complicada pelo fato que a propagação de radiação em qualquer ponto em um meio não pode ser representada por um único vetor como no caso da condução de calor. Para especificar a radiação incidente em um dado ponto, é necessário conhecer a radiação de todas as direções porque os feixes de radiação de todas as direções são independentes uns dos outros. Portanto a quantidade fundamental freqüentemente usada em estudos de transferência radiativa para descrever a quantidade de energia de radiação transmitida pelo raio em qualquer dada direção por unidade de tempo é a intensidade de radiação monocromática (ou espectral). Para definir esta quantidade considere um elemento de superfície dA , sobre um espaço de coordenadas r , caracterizada por uma direção cuja normal é o vetor n como ilustrado na Figura 6.2. Seja dEν a quantidade de energia radiativa no intervalo de freqüência entre ν e ν + dν , confinada em um elemento de ângulo sólido dΩ ao redor da direção de propagação Ω escoando através do elemento de superfície dA (i.e., transmitida através ou emitida pela e/ou refletida da superfície) durante o intervalo de tempo entre t e t + dt . Seja θ o ângulo polar entre a direção normal n e a ( ) direção de propagação Ω . A intensidade de radiação monocromática Iν r , Ω, t é definida como ( ) Iν r , Ω, t = dEν dA cos θ d Ωdν dt (6.1) 139 Figura 6.2 – Símbolos para definição de intensidade Na equação (6.1) dA cos θ é a projeção da superfície dA sobre um plano perpendicular à direção dΩ ; daí a intensidade é definida com base na área projetada. De acordo com a Eq. (6.1) a intensidade monocromática é a quantidade de energia radiativa (em unidades apropriadas de energia) escoando através da unidade de área perpendicular à direção de propagação Ω , por unidade de ângulo sólido em torno da direção Ω , por unidade de freqüência sobre a freqüência ν , e por unidade de tempo sobre o tempo t . Se a intensidade de radiação para ou de um elemento de superfície é considerada na faixa de freqüência entre ν 1 e ν 2 e através do ângulo sólido entre Ω1 e Ω 2 , então a quantidade por metro quadrado ν 2 φ2 θ 2 Eν = Iν ( r , θ , φ , t ) cos θ senθ dθ dφ dν m 2 ∫ν1 ∫φ1 ∫θ1 (6.2) é o total de energia radiativa para ou da superfície por unidade de área e por unidade de tempo na faixa de freqüência entre ν 1 e ν 2 e através do ângulo sólido entre Ω1 e Ω 2 . Um elemento de ângulo sólido em coordenadas esféricas é representado por d Ω = senθ dθ dφ (6.3) na qual θ é o ângulo polar entre a direção normal n à superfície e a direção da intensidade e φ é o ângulo lateral como mostrado na Figura 6.3 140 Figura 6.3 Cálculo do ângulo sólido 6.1 Radiação em corpo negro A superfície de um sistema que participa em uma troca de calor por radiação pode ser classificada de acordo com sua habilidade de absorver a radiação que nela incide. O termo corpo negro é usado para denotar um corpo que possui a propriedade de permitir que toda a radiação incidente entre no meio sem reflexão pela superfície e sem permitir que ele deixe o meio novamente. Portanto um corpo negro deve possuir uma superfície que permite que a radiação incidente entre sem reflexão. Durante a propagação de radiação em um meio cada raio sofre certo enfraquecimento por causa da absorção; portanto um corpo negro deve ter espessura suficiente, dependendo do seu poder absorsivo, para assegurar que os raios não deixarão o meio. Um feixe viajando em um meio é desviado de seu caminho original e espalhado em todas as direções por causa da presença de pequenas impurezas e não homogeneidades. Embora no processo de espalhamento de radiação térmica a energia não seja nem criada nem destruída, um corpo negro não deve ter nenhuma ou ser desprezível suas propriedades de espalhamento para assegurar que a radiação entrando no meio não será espalhada para fora. Estas propriedades referem-se aos feixes de radiação vindos de todas as direções e para todos os comprimentos de onda. Daí um corpo negro absorve toda radiação incidente de todas as direções e em todas as freqüências, sem refletir, transmitir e espalhar os raios incidentes. 141 Da discussão anterior, conclui-se que um corpo negro é um perfeito absorvedor de radiação de todas as direções em todas as freqüências. Considere agora um corpo negro dentro de uma cavidade isotérmica cujas paredes absorvem e emitem radiação, e assuma que após um período de tempo o corpo negro e a cavidade alcancem o equilíbrio térmico e atinjam alguma temperatura uniforme. Enquanto em equilíbrio térmico um corpo emite tanta energia quanto absorve, e para um corpo negro a emissão de radiação deve ser máxima visto que ele absorve a máxima radiação possível de todas as direções e em todas as freqüências. Portanto a radiação emitida em qualquer dada temperatura T é um máximo para um corpo negro. Por considerar um corpo negro em equilíbrio térmico dentro de uma cavidade cujas paredes emitem e absorvem apenas em um intervalo de freqüência dν em torno de ν , e por um argumento similar, pode ser concluído que a radiação emitida por um corpo negro em uma dada temperatura T e freqüência ν é um máximo. Além do mais a radiação emitida por um corpo negro é isotrópica. A intensidade de radiação espectral ou monocromática emitida por um corpo negro em uma dada temperatura T no vácuo foi determinada por Planck e é dada por Iν b ,vac (T ) = 2hv 3 c02 ⎡⎣exp ( hν / kT ) − 1⎤⎦ (6.4) na qual h e k são, respectivamente, as constantes de Planck e de Boltzmann, c0 é a velocidade da luz no vácuo, T é a temperatura absoluta e ν é a freqüência. Em muitas aplicações de engenharia se usa mais o comprimento de onda do que a freqüência para caracterizar a intensidade monocromática. Para se escrever a Equação (6.4) em função do comprimento de onda considera-se que a radiação emitida no intervalo dν em torno de ν deveria ser igual àquela no comprimento de onda d λ0 em torno de λ0 , isto é, Iν dν = − I λ0 d λ0 (6.5) Desde que o comprimento de onda depende do meio em que a radiação está viajando, usa-se o subscrito 0 para denotar que o meio é um vácuo. A freqüência, entretanto, não depende do tipo de meio. A freqüência e comprimento de onda estão relacionados por ν= c0 (6.6a) λ0 Por diferenciação de (6.4) resulta dν = − c0 λ 2 0 d λ0 e d λ0 = − c0 ν2 dν (6.6b) 142 Pela utilização de (6.7) em (6.5) pode-se escrever I λ0b ,vac (T ) = − Iν b ,vac (T ) dν v2 = Iν b ,vac (T ) d λ0 c0 (6.7a) De (6.4) e (6.7a) obtém-se a intensidade de radiação de Planck em função do comprimento de onda: I λ0b ,vac (T ) = 2hc02 λ05 ⎡⎣exp ( hc0 / λ0 kT ) − 1⎤⎦ (6.7b) que representa a intensidade de radiação emitida por um corpo negro em um vácuo puro. Ou seja, ela representa a energia radiativa por unidade de área projetada, por unidade de tempo, por unidade de ângulo sólido, por unidade de comprimento de onda sobre λ0 . Por exemplo, em watts (joule por segundo), por metro quadrado, por esterorradiano, por mícron tem-se W / m 2 ⋅ sr ⋅ μ m . Quando energia radiante é emitida por um corpo negro em um meio que não seja vácuo, a Eq. (6.4) deverá ser substituída por Iν b (T ) = 2hv 3 c 2 ⎡⎣exp ( hν / kT ) − 1⎤⎦ (6.8a) na qual c é a velocidade de propagação de radiação no meio em questão. Para um meio dielétrico (meio com condutividade específica nula, ou perfeitamente não condutor elétrico), c = c0 / n , a Eq. (6.8) fica na forma: 2hv 3n 2 Iν b (T ) = 2 = n 2 Iν b ,vac (T ) c0 ⎡⎣exp ( hν / kT ) − 1⎤⎦ (6.8b) na qual n é o índice de refração do meio. Com ν = c0 / nλ e por um procedimento similar ao de obtenção da eq. (6.7b) pode-se mostrar que em função do comprimento de onda num meio que não seja vácuo, tem-se I λb (T ) = 2hc02 n 2 λ 5 ⎡⎣exp ( hc0 / nλ kT ) − 1⎤⎦ (6.9) na qual λ é o comprimento de onda no meio em questão. A intensidade de radiação emitida por um corpo negro sobre todas as freqüências (ou comprimentos de onda) é chamada de intensidade total de radiação do corpo negro e é obtida pela integração da intensidade monocromática de radiação do corpo negro sobre o espectro inteiro de energia: 143 I b (T ) = ∫ ∞ v =0 Iν b (T ) dν (6.10a) Pela substituição de (6.8b) em (6.10a) obtém-se I b (T ) = 2h ∞ v 3 n 2 dν c02 ∫ν =0 e hν / kT − 1 (6.10b) e se o índice refrativo n é assumido ser independente da freqüência, a Eq. (6.10b) pode ser rearranjada como 2hn 2 ⎛ kT ⎞ I b (T ) = 2 ⎜ ⎟ c0 ⎝ h ⎠ 4 ∞ ∫ν =0 ( vh / kT ) e hν / kT 3 ⎛ν h ⎞ d⎜ ⎟ − 1 ⎝ kT ⎠ (6.10c) ou I b (T ) = 2k 4 2 4 nT c02 h3 ( ) x3 2k 4 2 4 π 4 = dx ∫ν =0 e x − 1 c02 h3 n T 15 ∞ ( ) (6.10c) A Eq. (6.10c) pode ser rearranjada como 2π 5 k 4 T 4 T4 2 n σ = π 15c02 h3 π I b (T ) = n 2 (6.10d) na qual σ= 2π 5 k 4 15c02 h3 (6.10e) é a constante de Stefan-Boltzmann e seu valor em unidades SI é σ = 5, 67 x10−8 W/m 2 ⋅ K 4 ⋅ sr . Em muitas aplicações de engenharia uma quantidade física de interesse é o fluxo emissivo monocromático (ou espectral) ou poder emissivo do corpo negro Eλb (T ) definido como Eλb (T ) = ∫ 2π π /2 φ =0 =∫ 2π φ =0 ∫θ =0 1 ∫μ =0 I λb (T )senθ cos θ dθ dφ I λb (T )μ d μ dφ (6.11a) = π I λb (T ) Substituindo a Eq. (6.9) em (6.11) resulta Eλb (T ) = c1 n λ ⎡⎣exp ( c2 / nλT ) − 1⎤⎦ 2 5 (6.11b) na qual foram definidos c1 = 2π hc02 e c2 = hc0 k (6.11c) 144 O fluxo emissivo monocromático Eλb (T ) representa a quantidade de energia radiativa emitida por um corpo negro na temperatura T por unidade de área, por unidade de tempo, por unidade de comprimento de onda em todas as direções do espaço hemisférico. Em unidades SI, W / m 2 ⋅ μ m . A integração de Eλb (T ) sobre todos os comprimentos de onda de λ = 0 até infinito leva ao fluxo emissivo total ou poder emissivo total do corpo negro Eb (T ) : Eb (T ) = ∫ ∞ λ =0 Eλb (T )d λ = π ∫ ∞ I λ =0 λb (T )d λ = π Ib (T ) = n 2σ T 4 (6.12) O local de máximo do fluxo emissivo monocromático é determinado analiticamente pela regra de deslocamento de Wien, que é dada como ( λT ) q λb ,max = c3 (6.13) Em unidades SI, a terceira constante é: c3 = 2,8978 × 10−3 m ⋅ K . 6.2 Transferência de calor entre superfícies negras 6.2.1 O Fator de Forma Geométrico Considere o problema de determinar a taxa líquida de transferência de calor q1− 2 (W ) entre duas superfícies negras isotérmicas ( A1 , T1 ) e ( A2 , T2 ) mostradas na Figura 6.4. Esta análise pode ser feita nos seguintes passos: 5. A fração da radiação emitida pelo elemento de área dA1 e interceptada (absorvida totalmente) pelo elemento de área dA2 ; 6. A fração da radiação emitida pelo elemento de área dA2 e interceptada (absorvida totalmente) pelo elemento de área dA1 ; 7. A taxa de transferência líquida de dA1 para dA2 , isto é, a diferença entre as respostas da parte 1. e 2. e finalmente, 8. A taxa de transferência líquida de A1 para A2 , que é entre as duas áreas finitas isotérmicas. 145 Figura 6.4 – Parâmetros geométricos para cálculo do fator de forma Se r é a distância entre os elementos de áreas dA1 e dA2 , então o ângulo sólido através do qual dA2 é visto por um observador estacionado em dA1 é igual a dA2 cos φ2 / r 2 . Note que dA2 cos φ2 é a dimensão de dA2 após ele ter sido projetado na direção da linha dA1 − dA2 . Viajando de dA1 na direção de dA2 (e para todo o resto do espaço) tem-se a intensidade total de radiação de corpo negro I b ,1 = I b (T1 ) . O tamanho da área emitente que é normal à direção r é a área “ dA1 projetada”, dA1 cos φ1 . Portanto, a resposta ao item 1. é: qdA1 →dA2 = I b ,1dA1 cos φ1 dA2 cos φ2 r2 (6.14) A seta usada no subscrito dA1 → dA2 é para lembrar que qdA1 →dA2 representa a transferência de energia unidirecional por unidade de tempo, neste caso, de dA1 (emissor) para dA2 (alvo). Analogamente, a resposta ao item 2. será: qdA2 →dA1 = I b ,2 dA2 cos φ2 dA1 cos φ1 r2 (6.15) O terceiro passo consiste simplesmente de subtrair a Eq. (6.15) da Eq. (6.14) para calcular a transferência de calor líquida de dA1 para dA2 : 146 qdA1 − dA2 = qdA1 →dA2 − qdA2 →dA1 = ( I b ,1 − I b ,2 ) cos φ1 cos φ2 dA1dA2 r2 (6.16) Usando a equação 1(0.10d) para as intensidades de radiação de corpo negro, com n = 1 , a Eq. (6.16) pode ser reescrita como ( qdA1 − dA2 = σ T14 − T24 ) cos φπ rcos φ 1 2 2 (6.17) dA1dA2 Para se calcular q1− 2 (W ) deve-se somar as contribuições de todos os elementos de área de A1 e A2 , ou seja, ( q1− 2 = σ T14 − T24 )∫ ∫ A1 A2 cos φ1 cos φ2 dA1dA2 π r2 (6.18) No lado esquerdo da Eq. (6.18) o subscrito 1-2 estabelece que a taxa de transferência q1− 2 (W ) deixa a superfície A1 e entra (cruza) a superfície A2 . ( ) A unidade da integral dupla na Eq. (6.18) é metro quadrado m 2 . É conveniente definir um fator adimensional formado pela razão da integral dupla por A1 , denominado de fator de forma geométrico baseado em A1 : F12 = 1 cos φ1 cos φ2 dA1dA2 ∫ ∫ π r2 A1 A1 A2 (6.19) A equação (6.18) pode, então, ser reescrita como ( ) q1− 2 = σ T14 − T24 A1 F12 (6.20) O fator de forma é puramente geométrico, pois depende apenas de dimensões, orientações e posições relativas das duas superfícies. Alternativamente poderia se definir F21 = 1 A2 ∫ ∫ A1 cos φ1 cos φ2 dA1dA2 A2 π r2 (6.21) de modo que q1− 2 (W ) fica na forma ( ) q1− 2 = σ T14 − T24 A2 F21 (6.22) Assim para se calcular q1− 2 (W ) deve-se calcular ou F12 ou F21 . Ao se integrar a Eq. (6.14) obtém-se o resultado q1→2 = I b ,1 ∫ A1 ∫ cos φ1 cos φ2 dA1dA2 = σ T14 A1 F12 2 A2 r (6.23) 147 Pela equação (6.12) σ T14 A1 = Eb ,1 A1 que é o número de watts de radiação de corpo negro emitida pela superfície A1 em todas as direções que os pontos de A1 podem “olhar”. Apenas uma porção de Eb ,1 A1 é interceptada e absorvida por A2 (porque, em geral, A1 pode ser cercada por outras superfícies além de A2 ); aquela porção é q1→2 ou Eb ,1 A1 F12 . Em conclusão, o significado físico do fator de forma é: F12 = q1→2 radiaçao deixando A1 e sendo interceptada por A2 = radiaçao deixando A1 em todas as direçoes qb ,1 A1 (6.24) A razão formulada na Eq. (6.24) sugere que o fator de forma está no intervalo entre 0 e 1. Livros textos de transferência de calor apresentam gráficos e tabelas de fatores de forma para várias configurações. Vide Bejan (1993) Cap. 10, por exemplo. 6.2.2 Relações entre fatores de forma Várias relações permitem estimativas de fatores de forma para diversas configurações. Estas relações são de reciprocidade, aditividade e invólucro (enclosure). A relação de reciprocidade pode ser obtida comparando as equações (6.20) e (6.22) sendo da forma: A1 F12 = A2 F21 (Reciprocidade) (6.25) No caso em que a área A2 é composta de n pedaços (mosaico), A2 = A21 + A22 + + A2n , o fator de forma pode ser calculado somando-se os fatores de forma individuais, na forma: n F12 = ∑ F12i (Aditividade) (6.26) i =1 em que F12i é o fator de forma de A1 para cada pedaço da área A2 . Em geral nem toda radiação emitida por A1 é interceptada por A2 , porque outras áreas podem circundar A1 . Sejam as áreas ( A2 , A3 ,… , An ) que juntamente com A1 formam um invólucro (enclosure), Figura 6.5. A conservação de energia dentro da cavidade requer que Eb ,1 A1 = Eb ,1 A1 F11 + Eb ,1 A1 F12 + + Eb ,1 A1 F1n (6.27a) ou após dividir por Eb ,1 A1 resulta 1 = F11 + F12 + + F1n (6.27b) A Eq. (6.27b) pode ser generalizada como n 1 = ∑ Fij j =1 ( i = 1, 2,… , n ) (Invólucro) (6.28) 148 Figura 6.5 – Invólucro formado por n superfícies 6.2.3 Cavidade de duas superfícies Os casos clássicos de cavidades de duas superfícies são: duas placas paralelas, um cilindro interno a outro e uma esfera encapsulada por outra, como mostra a Figura 6.6. Nestes casos, a transferência líquida de calor é dada pela Eq. (6.20) sendo da forma: q1− 2 = ( Eb ,1 − Eb ,2 ) A1 F12 (6.29) na qual Eb ,1 = Eb (T1 ) = σ T14 e Eb ,2 = Eb (T2 ) = σ T24 . O produto A1 F12 desempenha o papel de condutância térmica e seu inverso é a resistência térmica de radiação, ou seja, Rr = 1 1 = A1 F12 A2 F21 (6.30) Figura 6.6 – Exemplos de cavidades de apenas duas superfícies e correspondente diagrama de resistência térmica. 149 6.3 Radiação em corpo cinza A maioria das superfícies não se comporta como corpos negros, e para analisar a transferência calor por radiação para superfícies reais é necessário considerar o que acontece com a irradiação, ou radiação térmica, incidente sobre a superfície. A irradiação incidente I i ou é absorvida dentro da superfície como I a , ou refletida como I r , ou transmitida como I t . Dessa forma, pode-se escrever Ii = I a + I r + It (6.31) ou na forma de frações I a I r It + + =1 Ii Ii Ii (6.32) Estas frações são definidas como Ia =α Ii (Absortividade) (6.33a) Ir = ρ (Refletividade) Ii (6.33b) It =τ Ii (6.33c) (Transmissividade) e a equação (6.32) pode ser reescrita como α + ρ +τ = 1 (6.34) Corpos opacos não transmitem radiação, dessa forma α + ρ =1 (6.35) Corpos negros não refletem nem transmitem radiação, daí α =1 (6.36) 6.3.1 Emissividade A intensidade de radiação emitida por uma superfície real de temperatura T é apenas uma fração da intensidade de um corpo negro. A intensidade de radiação monocromática de um corpo negro foi designada como I b ,λ ( λ , T ) . Já para uma superfície real esta intensidade será denominada I λ ( λ , T , φ , θ ) , pois, depende também da direção (φ , θ ) em que um dado raio 150 aponta. A razão entre I λ ( λ , T , φ , θ ) e I b ,λ ( λ , T ) é chamada emissividade monocromática direcional: ε λ′ ( λ , T , φ ,θ ) = I λ ( λ , T , φ ,θ ) I b ,λ ( λ , T ) ≤1 (6.37) O fluxo emissivo monocromático de uma superfície real ou poder emissivo monocromático da superfície se define como Eλ ( λ , T ) = ∫ 2π π /2 ∫θ φ =0 =0 I λ ( λ , T , φ ,θ )senθ cos θ dθ dφ (6.38) De maneira análoga, pode-se definir a emissividade monocromática hemisférica para uma superfície real como ελ (λ,T ) = Eλ ( λ , T ) Eb ,λ ( λ , T ) ≤1 (6.39) O fluxo emissivo da superfície é obtido da integração em todos os comprimentos de onda do fluxo emissivo monocromático, ou seja, E (T ) = ∫ ∞ λ =0 Eλ ( λ , T )d λ = ∫ ∞ ε ( λ , T ) Eb ,λ ( λ , T )d λ λ =0 λ (6.40) Correspondente a este fluxo emissivo se define a emissividade total hemisférica na forma ε (T ) = E (T ) Eb (T ) ≤1 (6.41) Usando as equações (6.12) e (6.40) se obtém ε (T ) = 1 σT 4 ∞ ∫λ =0 Eλ ( λ , T )d λ = 1 σT 4 ∞ ∫λ =0 ε λ ( λ , T ) Eb ,λ ( λ , T )d λ (6.42) Uma superfície cinza ou corpo cinza de temperatura T é a superfície cuja emissividade monocromática hemisférica é independente do comprimento de onda (i.e. uma constante se T é fixada), ou seja, ε λ ( λ , T ) ≅ ε λ (T ) ou ε λ ≠ funçao ( λ ) (6.43) Além do mais, pode-se mostrar a partir de (6.42) e (6.43) que a emissividade total hemisférica de um corpo cinza é igual à sua emissividade monocromática hemisférica ε (T ) = ε λ (T ) (6.44) Um corpo cinza é um meio opaco emissor difuso (emite uniformemente em todas as direções). Ele também é assumido como absorvedor e refletor difuso. O modelo de corpo cinza aproxima bem o comportamento de muitas superfícies em transferência de calor na engenharia, por exemplo, cobre, óxido de alumínio, tintas e papel. Superfícies metálicas 151 limpas e bem polidas são caracterizadas por baixos valores de ε . Superfícies não metálicas, por outro lado, têm altas emissividades: de fato, algumas destas satisfazem bem o modelo de corpo negro ε = 1 (fuligem, vidro liso, gelo). Superfícies metálicas que se tornam cobertas por óxidos e outras impurezas também adquirem consideravelmente altos valores de emissividade. 6.3.2 Absortividade e Refletividade Da mesma maneira que foram definidas as emissividades pode-se definir as absortividades. Seja I λ ( λ , T , φ ,θ ) a intensidade de radiação que atinge um elemento de uma superfície real vindo da direção (φ , θ ) . A quantidade relativa que é absorvida na superfície, I a ,λ ( λ , T , φ ,θ ) , é indicada pela absortividade monocromática direcional α λ′ : α λ′ ( λ , T , φ ,θ ) = I a ,λ ( λ , T , φ , θ ) I λ ( λ , T , φ ,θ ) (6.45) A absortividade monocromática hemisférica é definida como αλ ( λ, T ) = Ga ,λ ( λ , T ) Gλ ( λ , T ) (6.46) na qual o denominador Gλ ( λ , T ) ( W / m 2 ⋅ m ) é a irradiação monocromática, ou o número de watts que atinge a unidade de área de todas as direções por comprimento de onda e é definido como Gλ ( λ , T ) = ∫ 2π φ =0 π /2 ∫θ =0 I λ ( λ , T , φ ,θ )senθ cos θ dθ dφ (6.47) O numerador da equação (6.46) é a fração da irradiação que é absorvida pela superfície definido como Ga ,λ ( λ , T ) = ∫ 2π φ =0 π /2 ∫θ =0 I a ,λ ( λ , T , φ ,θ )senθ cos θ dθ dφ (6.48) Finalmente se define a absortividade total hemisférica como α (T ) = Ga (T ) G (T ) (6.49) na qual a irradiação total G (T ) é obtida pela integração ∞ G (T ) = ∫ Gλ ( λ , T ) d λ 0 (6.50) 152 O total absorvido é calculado como ∞ ∞ 0 0 Ga (T ) = ∫ Ga ,λ ( λ , T ) d λ = ∫ α λ ( λ , T ) Gλ ( λ , T ) d λ (6.51) Substituindo (6.51) em (6.49) obtém-se a expressão para a absortividade total hemisférica α (T ) = ∞ 1 α λ ( λ , T ) Gλ ( λ , T ) d λ ∫ G (T ) 0 (6.52) A diferença entre a irradiação total G (T ) e a absorvida total Ga (T ) é a porção refletida (caso de superfície opaca, ρ = 1 − α ; τ = 0 ) Gr (T ) . Dessa forma Gr = G − Ga = (1 − α ) G = ρ G (6.53) em que ρ é a refletividade da superfície. 6.3.3 Lei de Kirchhoff A lei de Kirchhoff estabelece que a absortividade monocromática direcional de uma superfície não negra é sempre igual à sua emissividade monocromática direcional quando a superfície está em equilíbrio térmico com a radiação que incide sobre ela, ou seja, α λ′ ( λ , TA , φ , θ ) = ε λ′ ( λ , TA , φ ,θ ) (Lei de Kirchhoff) (6.54) A Lei de Kirchhoff pode ser usada para estimar a absortividade de um corpo cinza? Para responder a esta questão, considere que para um absorvedor difuso α λ ( λ , T ) = α λ′ ( λ , T ) (6.55) Da mesma forma, para um emissor difuso ε λ ( λ , T ) = ε λ′ ( λ , T ) (6.56) Em conclusão, para uma superfície que é tanto um absorvedor difuso quanto emissor difuso, a Lei de Kirchhoff estabelece que αλ (λ,T ) = ε λ (λ,T ) (6.57) Para uma superfície cinza, a emissividade ε λ independe do comprimento de onda, ou seja, ε λ = ε (T ) . Portanto, pode-se se concluir que a absortividade também independe do comprimento de onda. Então (6.57) fica na forma α λ (T ) = ε (T ) Substituindo (6.58) em (6.52) pode-se demonstrar que para uma superfície cinza (6.58) 153 α ( T ) = ε (T ) (6.59) Portanto, pode-se estimar a absortividade total hemisférica de uma superfície cinza a partir de tabelas de emissividade total, desde que a superfície tenha a mesma temperatura da radiação que incide sobre ela. 6.4 Transferência de calor entre superfícies cinzas Considere agora o problema de determinar a taxa líquida de transferência de calor entre duas superfícies cinza que formam uma cavidade, Figura 6.7. As áreas temperaturas (T1 , T2 ) e as emissividades totais hemisféricas ( ε1 , ε 2 ) ( A1 , A2 ) , as são especificadas. Assuma que a menor das duas superfícies A1 é não côncava, de modo que F11 = 0 . Figura 6.7 Cavidade definida por duas superfícies cinzas e resistência térmica de A1 para A2 Seja G1 a irradiação total que chega num elemento de área dA1 . Na direção oposta está a porção refletida ρ1G1 mais o fluxo de calor emitido por dA1 em si, ε1 Eb ,1 . O fluxo de calor unidirecional que parte de dA1 representa o que se chama radiosidade da superfície ( ) denominada J1 W / m 2 : J1 = ρ1G1 + ε1 Eb ,1 (6.60) ( ) A diferença entre o fluxo de calor que deixa dA1 , J1 W / m 2 e o fluxo que chega G1 , é o fluxo líquido que deixa dA1 , q1′′ = J1 − G1 (6.61) 154 Eliminando G1 entre (6.60) e (6.61) e lembrando que para uma superfície cinza, ρ1 = 1 − α1 = 1 − ε1 , obtém-se q1′′ = J1 − J1 − ε1 Eb ,1 ρ1 = ε1 ( Eb,1 − J1 ) 1 − ε1 (6.62) A taxa líquida que deixa a superfície A1 é simplesmente q1 = q1′′A1 , então, q1 = ( Eb,1 − J1 ) ε1 A1 Eb ,1 − J1 ) = ( 1 − ε1 Ri (6.63) Em que o denominador é uma resistência interna que impede a passagem de q1 através de A1 . A corrente líquida de calor que sai de A1 deve ser provida por um agente externo (um aquecedor); esta corrente é bombeada através da superfície de A1 , isto é, de suas costas para a face que está na cavidade. A resistência interna tem a forma genérica Ri = 1− ε εA (6.64) A corrente total de calor J1 A1 tem todos os aspectos de Eb ,1 A1 já discutido anteriormente. Assim pode se calcular a corrente unidirecional J1 A1 como q1→2 = J1 A1 F12 = J1 A2 F21 (6.65) De maneira análoga pode se calcular a corrente unidirecional J 2 A2 obtendo-se q2→1 = J 2 A2 F21 = J 2 A1 F12 (6.66) A corrente líquida de na direção A1 → A2 é, portanto, q1− 2 = q1→2 − q2→1 = A1 F12 ( J1 − J 2 ) (6.67) Observando o circuito elétrico na Figura 6.7 pode-se verificar que a taxa líquida de calor pode ser calculada como se fosse um corpo negro na forma: q1− 2 = σ (T14 − T24 ) 1 − ε1 1 1− ε2 + + ε1 A1 A1 F12 ε 2 A2 (6.68) Pela conservação de energia através de A1 pode-se demonstrar que q1 = q1− 2 = − q2 (6.69) na qual q1 é calculado pela Eq. (6.63) e q2 e definido como q2 = ε 2 A2 ( Eb,2 − J 2 ) 1− ε2 (6.70) 155 Três casos de configurações importantes de cavidades de duas superfícies foram mostrados na Figura 6.6. Naqueles casos os fluxos líquidos podem ser avaliados como 1) Duas placas paralelas ( A1 = A2 = A ) q1− 2 = σ A (T14 − T24 ) 1 ε1 + 1 ε2 (6.71) −1 2) Espaço anelar entre dois cilindros infinitos ou entre duas esferas (não necessariamente concêntricos(as)) q1− 2 = σ A1 (T14 − T24 ) (6.72) ⎞ A ⎛1 + 1 ⎜ − 1⎟ ε1 A2 ⎝ ε 2 ⎠ 1 No caso em que uma superfície extremamente grande ( A2 ) circunda uma superfície convexa ( A1 , F11 = 0 ) tem-se ( q1− 2 = σ A1ε1 T14 − T24 ) (6.73) O caso de invólucros de mais de duas superfícies também pode ser analisado de forma similar ao caso de invólucro de duas superfícies. Considere o caso de um invólucro de n superfícies cinza, Figura 6.8. Em geral um observador sobre A1 pode ver as radiosidades de todas as n partes do invólucro. Por exemplo, a corrente de irradiação que emana da j-ésima superfície Aj e atinge A1 é J j Aj Fj1 . Segue que a corrente de irradiação que impinge sobre A1 é A1G1 = J1 A1 F11 + J 2 A2 F21 + = n ∑J j =1 = j A j F j1 j A1 F1 j + J n An Fn1 (6.74) n ∑J j =1 Figura 6.8 – Invólucro formado por n superfícies cinzas, e resistência associada com Ai 156 Do ponto de vista de A1 , a transferência de calor é ainda o cálculo da taxa de transferência líquida de calor q1 que deve ser suprida nas costas (atrás) de A1 . Esta corrente de calor pode ser avaliada usando a eq. (6.63) desde que a radiosidade J1 seja conhecida. O problema se reduz, então, ao cálculo de J1 . Substituindo a eq. (6.60) na eq. (6.74) obtém-se n J1 = (1 − α1 ) ∑ J j F1 j + ε1σ T14 (6.75) j =1 A eq. (1075) estabelece que a radiosidade da superfície A1 depende das propriedades de A1 (α1 , ε1 , T1 ) , das radiosidades de todas as superfícies que formam o invólucro ( J ; j = 1, 2,… , n ) e dos respectivos fatores de forma através dos quais estas superfícies são j visíveis de A1 . Um sistema de n equações para as n radiosidades pode ser obtido por escrever para cada superfície i que participa no invólucro: n J i = (1 − α i ) ∑ J j Fij + ε iσ Ti 4 ( i = 1, 2,… , n ) (6.76) j =1 Se a geometria e propriedades de todas as superfícies são especificadas, então o sistema (6.76) fornece os valores das n radiosidades. Uma equação para a taxa líquida de calor de cada superfície pode ser escrita como ε i Ai (σ Ti 4 − J i ) 1− εi qi = ( i = 1, 2,… , n ) (6.77) A seguinte restrição deve ser satisfeita, n ∑q i =1 i =0 (6.78) Alternativamente, a taxa de calor de cada superfície definida como qi = Ai J i − Ai Gi pode ser calculada como n qi = Ai J i − ∑ J j Ai Fij (6.79a) j =1 n ou lembrando que ∑F j =1 ij = 1 , tem-se n n j =1 j =1 qi = Ai J i ∑ Fij − ∑ J j Ai Fij (6.79b) ou após um rearranjo de (6.79b) resulta qi = ∑ Ai Fij ( J i − J j ) n j =1 (6.79c) 157 Os fatores de forma de um invólucro de n superfícies formam uma matriz n × n num total de n 2 fatores de forma. Nem todos deste número podem ser especificados ( ) independentemente. Existirão n 2 − n / 2 relações de reciprocidade, porque existirão n fatores ( ) na diagonal e n 2 − n / 2 fatores em cada lado da diagonal. Adicionalmente, n relações de n invólucro ( ∑ Fij = 1 ) podem ser escritas. Em conclusão, o número de fatores de forma j =1 independentes é: n2 − n 1 2 n − n − n = ( n − 1) 2 2 ( ) (6.80) Existem em livros textos tabelas e gráficos de arranjos de várias configurações de fatores de forma. 158 Bibliografia BEJAN, A., Transferência de Calor, Edgard Blücher, ISBN 8521200269, 1ª edição, 540 p.,1996. INCROPERA, F.P., Fundamentos de Transferência de Calor e Massa, Editora: LTC, ISBN 8521613784, 5ª edição, 698 p., 2003. TAINE, J., PETIT, J.P. Heat Transfer, ISBN 0-13-387994-1, Prentice Hall, 584 p.,1993. ÖZISIK, M.N., Transferência de Calor: Um Texto Básico, Editora LTC, ISBN 852770160X, 1ª Edição, 662 p., 1990. ÖZISIK, M.N., Heat Conduction, John Wiley & Sons, ISBN 047105481X, 687 p., 1980. KREITH, F., BOHN, M. S., Princípios de Transferência de Calor, Editora Thomson Pioneira, ISBN 8522102848, 1ª edição, 623 p., 2003. HOLMAN, J.P., Experimental Methods for Engineers, McGraw-Hill International Editions ISBN: 0071005013, 5ª edição, 549 p., 1989. HOLMAN, J.P., Heat Transfer, McGraw-Hill Science, ISBN: 0072406550, 9ª edição, 688 p., 2001. ARPACI, V.S., Conduction Heat Transfer, Pearson Custom Pub., ISBN: 0536580162, 490 p., 1991. ISMAIL, K.A.R., Fenômenos de Transferência - Experiências de Laboratório, Ed. Campos, 1982. BENEDICT, R.P., Fundamentals of Temperature, Pressure and Flow Measurements, John Wiley & Sons, 1977. DOEBLIN, E.O., Measurement Systems, Applications and Design, Tokio, McGraw-Hill, 1975. OBERT, E.F., GYOROG, A.D., Laboratório de Engenharia Mecânica - Projetos e Equipamentos, UFSC, Departamento de Engenharia Mecânica, 1976.