Eletrobrás - Centrais Elétricas Brasileiras
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Eletrobrás - Centrais Elétricas Brasileiras
Efeito Estufa EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO E DE METANO PELOS RESERVATÓRIOS HIDRELÉTRICOS BRASILEIROS Divisão de Meio Ambiente - DEAA Departamento de Engenharia e Meio Ambiente - DEA Diretoria de Engenharia - DE Centrais Elétricas Brasileiras S.A. - Eletrobrás Ministério de Minas e Energia - MME Ministério da Ciência e Tecnoloogia - MCT Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente - PNUD Divisão de Meio-Ambiente – DEAA Departamento de Engenharia e Meio Ambiente – DEA Diretoria de Engenharia – DE Centrais Elétricas Brasileiras S.A. – ELETROBRÁS Ministério de Minas e Energia – MME Ministério da Ciência e Tecnologia – MCT Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUD EMISSÕES DE DIÓXIDO DE CARBONO E DE METANO PELOS RESERVATÓRIOS HIDRELÉTRICOS BRASILEIROS Rio de Janeiro Maio de 2000 i.exe CENTRAIS ELÉTRICAS BRASILEIRAS S/A – ELETROBRÁS Presidente: FIRMINO FERREIRA SAMPAIO NETO Diretoria de Engenharia: MARCO AURÉLIO PALHAS DE CARVALHO Departamento de Engenharia e Meio Ambiente: LUCIANO NOBRE VARELLA Divisão de Meio Ambiente: ROGÉRIO NEVES MUNDIM Elaboração: Programa de Planejamento Energético – PPE/COPPE/UFRJ Projeto Gráfico ASSESSORIA DE COMUNICAÇÃO SOCIAL - PRC JORGE LUIS PIRES COELHO Normatização: DIVISÃO DE BIBLIOTECA E ARQUIVO Edição: GRÁFICA ELETROBRÁS. DEA. DEAA. Emissões de dióxido de carbono e de metano pelos reservatórios hidrelétricos brasileiros: relatório final / Centrais Elétricas Brasileiras S.A., DEA, DEAA; coordenado por Luiz Pinguelli Rosa. Rio de Janeiro: Eletrobrás, 2000. 176 p. – (inventário das emissões de gases de efeito estufa derivadas de hidrelétricas) 1. Meio ambiente. 2. Efeito estufa. I. Rosa, Luiz Pinguelli, coord. II. Título. III. Série . Departamento de Engenharia e Meio Ambiente Av. Pres. Vargas, 409 - 21º andar CEP 20071-003 – Rio de Janeiro Equipe Responsável: Coordenador: Prof. Luiz Pinguelli Rosa - [email protected] Prof. Bohdan Matvienko Sikar - [email protected] Marco Aurélio dos Santos - [email protected] Elisabeth Matvienko Sikar - [email protected] Acompanhamento Técnico da Eletrobrás: Carlos Frederico Menezes - [email protected] Ronaldo Sérgio M. Lourenço - [email protected] Eletrobrás AGRADECIMENTOS Agradecimentos especiais ao corpo técnico das empresas que nos forneceram as condições ideais para a realização do trabalho de campo: à CHESF - Ronaldo Jucá e Rosa Lúcia Lima Reis; à CEMIG - Maria Edith Rolla, Francisco Antônio Chagas Pinto, Nasser José Bhering Nasser, Affonso Pelli , Sonia Maria Ramos e Antonio Trindade; à CODEVASF - Marcelo José de Melo e Edson Vieira Sampaio; à COPEL - Luiz Carlos de Freitas, Luiz Augusto Marques Ludwig e Geraldo Arnaldo Stumm; à ELETRONORTE - Andrea Figueiredo, José Carlos Castro, Wilze Fray Casanova, Solange C. Nascimento, José Baia Amaral, José Elias Rosa e Roberto Keidi Miyai; Agradecimentos à Furnas Centrais Elétricas S.A. e à Serra da Mesa Energia S.A., pela liberação dos dados referentes ao estudo da hidrelétrica de Serra da Mesa; Agradecimentos à Itaipu Binacional, pela liberação dos dados referentes ao estudo da hidrelétrica de Itaipu. Agradecimentos à Eletrobrás e ao Ministério da Ciência e Tecnologia pelo apoio financeiro e técnico a este projeto. 5 Eletrobrás Prefácio Esta publicação resume o resultado do estudo denominado "Inventário das emissões de gases de efeito estufa derivadas de usinas hidrelétricas" realizado pela ELETROBRÁS através de contrato com a Fundação Coordenação de Projetos, Pesquisa e Estudos Tecnológicos - COPPETEC da Universidade Federal do Rio de Janeiro. O objetivo do estudo é avaliar a real contribuição das emissões de gases estufa provenientes da geração hidrelétrica para atender aos compromissos assumidos pelo Brasil perante a Convenção "Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima". A ELETROBRÁS, através do Departamento de Engenharia e Meio Ambiente, atenta para a importância das questões relacionadas as mudanças climáticas globais e face ao interesse no aprimoramento do conhecimento do tema e na definição de um posicionamento setorial tem materializado diversas iniciativas para consecução dos objetivos preconizados pela Convenção. Dentre estes estudos, destacou-se o de "Emissões de Metano e Dióxido de Carbono de Hidrelétricas na Amazônia Comparadas às Térmicas Equivalentes", concluído em 1994. O envolvimento da ELETROBRÁS com esta questão levou o Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT a convidar a empresa para coordenar este trabalho de forma a contribuir para a elaboração do inventário nacional de gases de efeito estufa. Com os dados gerados pelo estudo espera-se contribuir não só para o conhecimento e posicionamento das empresas do setor elétrico brasileiro como também para a complementação do inventário nacional de gases estufa coordenado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia. Considerando a natureza dinâmica da sistematização e produção de conhecimento sobre o assunto e, considerando ainda o seu ineditismo, os resultados apresentados neste relatório são preliminares e estão sujeitos a revisões e complementações. 6 Eletrobrás Índice: 1. Introdução............................................................................................................................... 06 2 - O Efeito Estufa e as Mudanças Climáticas............................................................................ 2.1 - O Mecanismo...................................................................................................................... 2.2 - O Efeito Estufa Natural....................................................................................................... 2.3 - Mudanças Globais............................................................................................................... 2.4 - Principais Gases e Fontes de Emissão................................................................................. 2.5 - Previsões do Aumento da Concentração de CO2 na Atmosfera.......................................... 2.6 - Algumas Conclusões do IPCC sobre as Mudanças Climáticas........................................... 2.7 - O Debate internacional das Controvérsias e das Conseqüências do Fenômeno.................. 08 08 09 10 12 14 16 18 3. Caracterização dos Reservatórios Hidrelétricos Estudados..................................................... 3.1 - Área de Estudo Compreendida............................................................................................ 3.2 - Reservatório Hidrelétrico de Miranda................................................................................. 3.3 - Reservatório Hidrelétrico de Três Marias........................................................................... 3.4 - Reservatório Hidrelétrico de Barra Bonita.......................................................................... 3.5 - Reservatório Hidrelétrico de Segredo ................................................................................ 3.6 - Reservatório Hidrelétrico de Xingó..................................................................................... 3.7 - Reservatório Hidrelétrico de Samuel................................................................................... 3.8 - Reservatório Hidrelétrico de Tucuruí.................................................................................. 19 19 20 23 27 28 31 35 38 4. Descrição dos Trabalhos e da Metodologia de Medição Empregada...................................... 40 5 -Resultados das Emissões de Gases de Efeito Estufa dos Reservatórios Hidrelétricos Estudados..................................................................................................................................... 44 5.1 - Descrição da Extrapolação dos Dados de Análise para o Reservatório............................... 44 5.2 - Resultados das Emissões dos Reservatórios por Faixa de Profundidade............................. 52 5.3 - Comparação das Emissões de Hidrelétricas e Termelétricas Equivalentes......................... 75 6 - As Emissões de Gases de Efeito Estufa do Parque Hidrelétrico Brasileiro............................ 94 6.1 - Extrapolação dos Dados Ponderados por Faixas de Profundidade para o Parque Hidrelétrico Brasileiro Utilizando a Latitude como Parâmetro...................................................................... 101 6.2 - Extrapolação dos Dados para o Parque Hidrelétrico Brasileiro Utilizando o Valor Médio da Teoria da Criticalidade Auto-Organizada como Parâmetro....................................................... 108 7 - Discussão das Técnicas de Medições Utilizadas................................................................... 118 8 . Comentários Finais ................................................................................................................ 128 9 - Referências Bibliográficas..................................................................................................... 131 7 Eletrobrás Anexo Anexo A - Trabalhos Anteriores sobre Emissão de Gases de Efeito Estufa na Geração de Energia Elétrica............................................................................................................................................ 136 Anexo B - Resultados de Medições Obtidas em Reservatórios Hidrelétricos e em Lagos Naturais........................................................................................................................................... 141 Anexo C - Descrição do Método de Trabalho................................................................................ 146 Anexo D - Descrição do Processo de Emissão de Gases................................................................ 173 8 Eletrobrás 1. Introdução O governo brasileiro, cumprindo as exigências da Convenção do Clima, instituiu uma Coordenadoria específica para tratar das mudanças climáticas no âmbito do Ministério da Ciência e Tecnologia. De forma a sistematizar estudos relacionados às emissões de gases de efeito estufa de atividades antropogênicas no país, o MCT coordenou a realização do inventário nacional das fontes de emissão destes gases e alguns estudos temáticos de caráter inovador no tocante à metodologia de inventários. Um destes estudos foi o desenvolvimento de uma metodologia para avaliar a contribuição dos reservatórios de hidrelétricas para a emissão dos gases de efeito estufa. No Brasil, excetuando-se os estudos da COPPE/UFRJ para a Eletrobrás em 1992/1993, para FURNAS em 1997/1998 e para Itaipu Binacional em 1998/1999, não existe registro de estudo científico “in locu” que determinasse as emissões totais de gases de efeito estufa (ebulição e difusão molecular), através de um programa de amostragem sistematizado. Mesmo internacionalmente estas investigações não são freqüentes. Este relatório técnico apresenta a avaliação das emissões de gases de efeito estufa derivadas das hidrelétricas no Brasil. O projeto de pesquisa partiu de uma iniciativa do Ministério da Ciência e Tecnologia, através do PNUD, e da ELETROBRÁS, com o apoio das empresas de geração de energia elétrica, CEMIG, COPEL, CHESF, ELETRONORTE e da CODEVASF, que forneceram o apoio logístico e os recursos humanos adicionais para a realização do trabalho de campo. Como objetivo principal, o trabalho propõe estabelecer uma metodologia para contabilizar as emissões de gases de efeito estufa derivadas de diferentes reservatórios hidrelétricos brasileiros e extrapolar estes valores para o parque hidrelétrico do país como um todo. A medição experimental dos gases emanados pelos reservatórios foi empregada para determinar especificamente as emissões de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2) sob a forma de bolhas, que emanam do fundo do lago por efeito da decomposição da matéria orgânica ou transportados verticalmente no gradiente do lago por difusão molecular. O trabalho foi organizado de forma a incluir a caracterização dos reservatórios; a descrição dos trabalhos e da metodologia de coleta de campo, a análise de laboratório e dos dados, a apresentação dos resultados, os aspectos teóricos, os índices utilizados, o modelo de cálculo do efeito relativo da emissão dos gases e a metodologia de extrapolação para o parque hidrelétrico brasileiro. 9 Eletrobrás As medições, divididas em duas campanhas, consistiram na coleta de dados de fluxo dos gases, regime de ventos, temperatura e pH da água nos reservatórios pesquisados. Também encontra-se aqui a comparação do emprego do método de medida da taxa de troca gasosa com as “pequenas câmaras”, com o método que utiliza uma câmara maior, usada por outros grupos de pesquisa. Outro tópico apresentado é a verificação da variabilidade e dos limites de detecção dos métodos cromatográficos aplicados para quantificar concentrações de metano e gás carbônico. Foi feita uma comparação entre as emissões das hidrelétricas estudadas com as emissões de plantas termelétricas hipotéticas de mesma potência, de forma a se quantificar a emissão evitada de carbono de uma tecnologia em relação a outra. Para a extrapolação existia o problema do cálculo da média dos resultados das observações experimentais feitas em algumas hidrelétricas, em alguns pontos e em alguns dias do ano. O problema consistia em obter um valor de emissões para cada reservatório e para o conjunto dos reservatórios existentes no país. Duas aproximações diferentes foram utilizadas: a primeira empírica e a segunda teórica. x média ponderada de acordo com a distribuição da profundidade em cada reservatório, agrupados por latitude; x média integrada para todos reservatórios assumindo a distribuição de emissões dada por uma lei de potência. Os resultados médios encontrados, a partir das duas metodologias, foram aplicados fornecendo uma estimativa da contribuição da geração hidrelétrica ao problema do efeito estufa. Estão incluídos também comentários e conclusões úteis para o planejamento de futuros trabalhos similares. 10 Eletrobrás 2 - O Efeito Estufa e as Mudanças Climáticas 2.1 - O Mecanismo O aquecimento da atmosfera terrestre é um fenômeno natural, resultante da interação dos processos naturais de entrada de radiação eletromagnética entre o sol (fonte geradora de radiação, luminosa, ultravioleta e infravermelha) e a emissão de radiação térmica do planeta terra (corpo receptor, dissipador e refletor da energia recebida pela fonte geradora). A intensificação das atividades humanas, principalmente a partir da revolução industrial, proporcionou o aumento da emissão de determinados gases para a atmosfera, que interagem em nível molecular com a radiação térmica emitida para a Terra. Este fenômeno foi denominado de Aquecimento Global, mais tarde, devido a similaridade do processo que acontece com a atmosfera do planeta Terra e das estufas construídas pelo homem no cultivo de plantas e alimentos, o fenômeno foi chamado de Efeito Estufa, embora os processos físicos não sejam exatamente iguais nos dois casos. Na estufa artificial, há um desequilíbrio térmico proposital, criado pelo homem para estabelecer condições microclimáticas, a partir da construção de anteparos que bloqueiam a saída da radiação térmica para a atmosfera, existe adicionalmente um papel da convecção do ar. Estes anteparos são feitos, geralmente, de vidro ou plástico transparente, que permite a passagem da radiação infravermelha e retém o calor no ambiente condicionado (UNEP, 1997). Em termos esquemáticos, no aquecimento global da Terra a armadilha para a retenção do calor é representada pela presença de certos gases na atmosfera terrestre (chamados de gases de efeito estufa), que desempenham uma função similar ao vidro ou plástico transparente na estufa artificial , ou seja, permitem a passagem da radiação luminosa (e as outras formas de radiação do espectro eletromagnético) como a radiação ultravioleta. Cada gás, interage em nível molecular, com a energia térmica, através da radiação eletromagnética que é reemitida pela Terra e outros corpos negros para a atmosfera. 2.2 - O Efeito Estufa Natural 11 Eletrobrás A radiação solar, compreeendida em sua maioria na região visível do espectro eletromagnético, aquece o nosso planeta naturalmente. Em termos médios globais, a Terra irradia aproximadamente a mesma quantidade de energia que provém do Sol, pois há uma parcela de energia na Terra que não é proveniente do Sol, como a da fissão nuclear, a geotérmica e a associada à rotação da Terra. Por ser um corpo muito mais frio do que o Sol1, a Terra tende a irradiar no comprimento de onda no infravermelho, pois quanto mais baixa a temperatura de um corpo, maior será a tendência a emitir calor na faixa de longo comprimento de onda. O Sol emite energia principalmente com comprimento de onda curto devido à sua temperatura na superfície ser da ordem de milhares de graus Celsius. Na atmosfera terrestre, as moléculas dos gases de efeito estufa interagem muito pouco com a radiação eletromagnética solar de curto comprimento de onda, porém, essas moléculas absorvem a radiação infravermelha emitida pela superfície da Terra e reemitem a quantidade de energia na forma térmica para a atmosfera. A superfície da Terra irradia para a atmosfera uma média de 390 W/m2 de energia na forma de radiação infravermelha. Desses, 240 W/m2 passam pela atmosfera e conseguem chegar ao espaço, enquanto que 150 W/m2 são absorvidos e reemitidos de volta pelos gases naturais de efeito estufa. Em termos gerais, o efeito estufa natural pode ser definido como estes 150 W/m2 de radiação infravermelha que as moléculas dos gases de efeito estufa aprisionam e reemitem para a Terra. Este fenômeno mantêm a superfície da Terra naturalmente mais aquecida em torno de 33o C em termos médios (IPCC,1995). Com o céu claro, em torno de 60-70% do efeito estufa natural é provocado pelo vapor d’água, gás de efeito estufa dominante na atmosfera terrestre (IPCC 1995). As nuvens também têm um outro papel importante no equilíbrio térmico do planeta. Elas refletem boa parte da radiação solar de volta para o espaço pelas superfícies brancas, promovendo um efeito contrário ao das moléculas dos gases causadoras do efeito estufa. Em termos gerais, as nuvens tem um efeito de esfriamento de aproximadamente 20 W/m2, fruto do balanço entre a energia que ela reflete diretamente para o espaço e a energia que ela aprisiona. Outro fenômeno associado ao balanço de energia entre a Terra e Sol é o albedo, que representa a refletividade da atmosfera e da superfície da Terra. O albedo médio situa-se na faixa de 30%. Em torno de 100 W/m2 da radiação solar é refletida diretamente para o espaço. A maioria do albedo atmosférico é causado pela presença de nuvens. 1 A temperatura média da superfície da Terra situa-se em torno de 33o Celsius enquanto a superfície do Sol é da ordem de milhares de graus Celsius. 12 Eletrobrás A figura 1 traz, em termos esquemáticos, a composição do balanço de energia entre o Sol e a Terra e o fenômeno do efeito estufa. Figura 1 – Balanço entre a Energia da Radiação Solar Incidente e da Radiação Térmica Emitida pela Terra 100 – 31 = 69 69 Energia do Sol (100) 22 (refletida pela atmosfera) 57 (emitida pela atmosfera) 12 20 (absorvido pela 7 (convecção, atmosfera) Radiação Solar (luminosa, ultravioleta e infravermelha) ventos) 9 (refletido pela superfície) 23 (evaporação, condensação) Efeito Estufa 102 (absorvido pela atmosfera) -114 - 30 49 (absorvido pela superfície) 95 Radiação Térmica da Terra -114+95= -19 Entra +19 Atmosfera Recebe 20+30+102=152 Perde 57+95 =152 2.3 - Mudanças Globais Dados de uma série de indicadores ambientais têm demonstrado, que em linhas gerais, há uma forte correlação entre o aumento das concentrações de gases de efeito estufa e a temperatura média junto à superfície da Terra, com impactos em escala global, já detectados pelos cientistas. Segundo as pesquisas científicas sobre o efeito estufa, a temperatura global do planeta adquiriu uma tendência de elevação ao longo do último século. Observações coletadas, até o presente momento, sugerem que a temperatura média da superfície terrestre subiu de 0,45 a 0,6 oC. Estas observações foram realizadas em estações meteorológicas, distribuídas em várias partes do 13 Eletrobrás planeta e após 1970 muitas destas observações, foram executadas por satélites a partir de medições diretas na alta atmosfera [Figura 2] (IPCC, 1995). Figura 2 - Tendência da Temperatura Global (1851-1997) Fonte: EPA, Global Warming Web Page, IPCC(1995) Este aumento médio da temperatura, possivelmente alterou o padrão de circulação geral da atmosfera, modificando o padrão de precipitação de algumas regiões do planeta. Em termos médios, a precipitação aumentou em torno de 1% sobre os continentes no último século, principalmente nas áreas de alta latitude, enquanto que nas áreas tropicais é sentido de um modo geral um declínio da precipitação (IPCC, 1995). Outro impacto já mensurado é o aumento do nível dos oceanos. Medições recentes realizadas em várias partes do planeta concluíram que o nível médio dos oceanos subiu cerca de 15 a 20 cm no último século, sendo a menor parte deste aumento atribuído ao degelo de calotas polares e geleiras e a outra parte devida à expansão dos oceanos derivada do aquecimento de suas águas (IPCC, 1995). 14 Eletrobrás 2.4- Principais Gases e Fontes de Emissão A atmosfera terrestre é composta basicamente por dois gases, o Oxigênio (O2) e o Nitrogênio (N2), que somados atingem cerca de 99% de seu volume total. Em segundo plano, com cerca de 0.9%, está o Argônio (Ar). Os restantes 0.1% estão distribuídos dentre os demais gases, inclusive os causadores do efeito estufa, na forma de gases traços. Esses gases, que ocorrem na atmosfera como traços, têm alto potencial de interação com outros elementos químicos e com a radiação infravermelha. Os gases de efeito estufa poderiam ser classificados numa primeira aproximação como de origem natural e de origem antropogênica. Durante o passado geológico deste planeta, diversas fontes naturais de gases de efeito estufa proporcionaram a manutenção das condições de temperatura na superfície terrestre. Entre estes encontram-se: x Vapor d'água (H2O)g - o mais importante dos gases naturais de efeito estufa; x Dióxido de Carbono (CO2) – naturalmente adicionado à atmosfera através das explosões vulcânicas e por processos de respiração celular dos organismos vivos. Os principais gases antropogênicos causadores do fenômeno do aquecimento global são os seguintes: x Dióxido de Carbono (CO2); x Metano (CH4); x Clorofluorcarbonos (CFCs); x Óxido Nitroso (N2O); A tabela 1 sintetiza a evolução, dos níveis de concentração, dos principais gases causadores do efeito estufa desencadeados pela aumento da atividade industrial. 15 Eletrobrás Tabela 1 - Índices de Concentração de Gases de Efeito Estufa CO2 CH4 PRÉ-INDUSTRIAL 280 ppmv 0,8 1750-1800 353 ppmv 1,72 ppmv NÍVEL ATUAL 0,50% 0,90% TAXA ATUAL DE CRESCIMENTO 50-200 10 VIDA MÉDIA NA ATMOSFERA (anos) CFC-11 N2O 0 280 pptv 4% 288 ppbv 310 ppbv 0,25% 65 150 Fonte: UNEP, 1997 Unidades: ppmv= partes por milhão por volume, ppbv= partes por bilhão por volume; pptv= partes por trilhão por volume O gás que tem maior conseqüência individual na geração do aquecimento global é o vapor d'água troposférico, mas sua concentração atmosférica tem contribuição mais das fontes naturais tais como evapotranspiração, vulcões, etc. (Watson and Rodhe, 1990). O volume das emissões é apenas um indicador quantitativo da presença dos gases na atmosfera, pois a contribuição efetiva de cada substância ao aquecimento global deve ser ponderada pelo peso molecular, pelo tempo de permanência médio na atmosfera e pelo efeito de aquecimento cumulativo de cada gás. A ponderação de todos estes fatores vai fornecer o Poder de Aquecimento Global (PAG) – Global Warming Potential (GWP)-, calculado pelo IPCC (Tabela 2). Tabela 2 - Potencial de Aquecimento Global (GWP) do CH4 em Relação ao CO2 Base Referência Massa IPCC - 1990 IPCC – 1992 IPCC - 1994 IPCC – 1995 IPCC – 1990 IPCC – 1992 IPCC – 1994 IPCC - 1995 Molar Horizonte de Tempo (anos) 20 100 500 63 21 9 35 11 4 62 24,5 7,5 56 21 6,5 22,9 7,6 3,2 12,7 4,0 1,4 22,5 8,9 2,7 20,1 7,3 2,6 Fonte: UNEP, 1997 16 Eletrobrás As principais fontes antropogênicas dos gases estufa são as atividades industriais, a produção e a utilização de energia e o desflorestamento associado à queimadas (como as atividades agropecuárias em geral). Os diferentes tipos de gases estão relacionados a fontes específicas de emissão, com uma grande variedade e extensão geográfica, dificultando um inventário completo da origem dos gases. A seguir, são apresentadas as principais fontes antropogênicas, de acordo com o tipo de gás emitido (OECD, 1991): x Dióxido de Carbono (CO2) - extração, transformação, transporte e uso final de combustíveis fósseis. Desmatamento associados à queimada de áreas florestadas . x Metano (CH4) - produzido através de processos de decomposição anaeróbica ou por combustão incompleta nas mudanças no uso do solo (cultivo de arroz em áreas alagadas, queima de biomassa - florestal e resíduos agrícolas, inundação de áreas florestadas em reservatórios) e áreas naturais pantanosas; criação de animais ruminantes (dejetos e criação), utilização energética (produção , armazenagem , queima de carvão mineral produção e transporte de gás natural). x Clorofluorcarbonos (CFCs) - atividade industrial, gases refrigerantes (ar condicionado, refrigeradores) e aerossóis. x Ozônio (O3) - conseqüência de reações complexas na alta atmosfera [reação fotoquímica com o Monóxido de Carbono – (CO) , metano – (CH4), e radicais oxidados de nitrogênio – (NOx)]. 2.5 - Previsões do Aumento da Concentração de CO2 na Atmosfera Estudos sobre cenários de emissão de gases de efeito estufa e de concentração de gases na atmosfera estão amplamente disseminados. Nas previsões sobre possíveis alterações climáticas de caráter global, o estudo mais comumente empregado é o do IPCC - Intergovernamental Panel on Climate Change (Painel Intergovernamental sobre Mudanças do Clima). O IPCC foi estabelecido em 1988 pela Organização Meteorológica Mundial - OMM e pelo Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, para avaliar a informação científica, técnica e sócio-econômica disponível no campo de mudança do clima. O IPCC está organizado em três grupos de trabalho: Grupo de Trabalho I que se concentra no sistema do clima, 17 Eletrobrás Grupo de Trabalho II avalia os impactos e opções de resposta das mudanças do clima e Grupo de Trabalho III que focaliza as dimensões econômica e social. O cenário mais otimista do IPCC assume que a população mundial chegue a 6,4 bilhões em 2010 e que a economia crescerá a uma taxa média de 2% por ano até 2025. De acordo com estas previsões, as emissões de CO2 crescerão de 7,4 gigatoneladas por ano hoje em dia até 8,8 Gt/ano em 2025 e deverão declinar para 4,6 Gt/ano em 2100. O cenário mais pessimista assume que a população mundial cresça para 13,1 bilhões de habitantes e que a economia cresça a uma taxa de 3% ao ano durante o próximo século. Desta forma, as emissões de CO2 aumentariam para 15,1 Gt/ano em 2025 e 35,8 Gt/ano em 2100. Hoje em dia, a concentração de CO2 na atmosfera corresponde a 360 ppm. Adotando-se a hipótese de crescimento das emissões do cenário otimista, a concentração de CO2 chegaria a 700 ppm no ano de 2100. De acordo com os cenários construídos pelo IPCC, no próximo século poderemos incrementar de 2 a 7 vezes a concentração atual de CO2 na atmosfera, considerando a faixa de hipóteses empregadas, ou seja, de 720 a 2.500 ppm de CO2 na atmosfera. A figura 3 mostra as emissões totais de carbono por grupos de países projetadas pelo IPCC até o ano de 2025 no cenário otimista. Figura 3 – Emissões de CO2 Totais Projetadas (Cenário Otimista do IPCC) Fonte: IPCC, 1992 18 Eletrobrás 2.6 - Algumas Conclusões do IPCC sobre as Mudanças Climáticas Aqui estão descritas algumas das principais conclusões do sumário para os “tomadores de decisão”, trabalho desenvolvido pelo Grupo de Trabalho I do IPCC (IPCC, 1995). x A concentração de gases de efeito estufa na atmosfera continuará crescendo. O aumento das concentrações de gases de efeito estufa desde a época pré-industrial levou a um forçamento radiativo do clima, fazendo com que o clima de um modo geral fique aquecido e produza alterações climáticas. A concentração de CO2 aumentou 30%, o metano (CH4) 145% e o óxido nitroso (N2O) 15% até 1992. Mantendo-se a uma taxa constante de crescimento, as emissões de CO2 deverão aumentar significativamente o nível de concentração do gás na atmosfera , chegando ao patamar de 500 ppmv no fim do século 21. A estabilização das concentrações de CH4 e N2O aos níveis atuais implicariam em reduções das emissões antropogênicas de 8% no caso do CH4 e mais do que 50% no caso do N2O. x Os aerossóis troposféricos tendem a produzir efeitos negativos de forçamento radiativo. Os aerossóis troposféricos (partículas microscópicas de poeira) resultantes da combustão de combustíveis fósseis, queima da biomassa e outras fontes naturais como erupções vulcânicas, estão levando a um efeito negativo direto da radiação da ordem de 0,5 W/m2, em média global, e com possibilidades de estar gerando outro efeito negativo indireto na mesma ordem de magnitude no efeito de resfriamento direto. x O clima tem mudado no último século. A temperatura média do ar na superfície terrestre aumentou entre 0,3 a 0,6o C desde meados do século 19. Os anos mais recentes tem sido mais quentes desde 1860, ou seja, a partir do período que empregou-se o registro instrumental, mesmo considerando o efeito de esfriamento provocado pela erupção do vulcão Pinatubo em 1991. Os dados até agora disponíveis são inadequados para determinar a magnitude das mudanças globais ou mesmo quantificar quanto eventos extremos ocorreram ao longo do século 20. Entretanto, na escala regional, existe a evidência de que a variabilidade climática existe (por exemplo a constatação do aumento da precipitação em algumas regiões do mundo). 19 Eletrobrás x O balanço das evidências sugere a indiscutível influência humana sobre o clima global. Desde o relatório do IPCC de 1990, considerável progresso foi realizado na distinção das influências naturais e antropogênicas sobre a mudança do clima. Tal progresso foi alcançado ao se incluir o efeito dos aerossóis nos gases de efeito estufa, tornando mais realística as estimativas das alterações induzidas pelo homem no padrão da mudança climática. Porém, ainda existem incertezas relacionadas à atribuição do componente antropogênico. Podemos ressaltar entre estas, o padrão e a magnitude da variabilidade natural de longo prazo e a questão do tempo de resposta do forçamento radiativo dos gases associado às mudanças de concentração dos gases de efeito estufa e de aerossóis, associados à mudanças de uso do solo. Em particular, para reduzir estas incertezas é necessário estimar as futuras emissões de carbono e o ciclo bio-geoquímico (incluindo fontes e sumidouros) de gases de efeito estufa, aerossóis, precursores e a projeção das futuras concentrações e propriedades radiativas dos gases. Propor a representação dos processos climáticos em modelos, incluindo a retroalimentação das nuvens, oceanos, geleiras e vegetação, de forma a melhorar as projeções das taxas e dos padrões regionais de mudança do clima parece ser indicado. x Aperfeiçoamento dos Estudos Através do conhecimento do ciclo global do carbono e da química da atmosfera, foram projetadas as concentrações de gases de efeito estufa, de aerossóis e a perturbação do forçamento radiativo natural. Modelos climatológicos estão sendo usados para desenvolver estas projeções do clima futuro. O aumento do realismo das simulações do clima passado e do atual, através do acoplamento de modelos de interação entre o oceano e a atmosfera estão conferindo maior confiabilidade para estas projeções. 20 Eletrobrás 2.7- O Debate Internacional em Torno das Controvérsias e das Conseqüências do Fenômeno Cientistas do mundo todo guardam ainda certa prudência ao examinar as conseqüências do acúmulo de gases de efeito estufa na atmosfera. Entretanto, há a certeza de que o fenômeno não está restrito apenas ao campo do aumento da temperatura global do planeta. Implica também em desdobramentos sérios no equilíbrio climático atual, efeitos diretos na economia da sociedade, tais como: inundação de áreas costeiras baixas - que sofreriam com um possível aumento do nível dos mares em consequência da aceleração do degelo das calotas polares - e alterações no padrão de circulação atmosférica - que provocariam perdas nas culturas agrícolas, anomalias climatológicas, etc. A grande questão sobre o aumento da concentração de gases que alteram o equilíbrio climático esta relacionada às consequências quantitativas das emissões e das interações complexas entre os processos climatológicos presentes na atmosfera. A variedade dos gases causadores , a dispersão e a quantidade das fontes geradoras, somados ao efeito sinérgico e cumulativo das interações dos elementos químicos na atmosfera são, com certeza, uma barreira ao conhecimento pleno do mecanismo de formação do Efeito Estufa. A natureza do fenômeno é caótico, ou seja com elevado grau de imprevisibilidade, confere ao problema uma grande incerteza, trazendo como consequência, uma grande divergência de opiniões entre os cientistas (Rosa et al, 1990). Segundo relatório da OECD, a estimativa das emissões irá colaborar na análise da escolha de medidas mitigadoras (escolha de tecnologias de controle, avaliação de custos de abatimento, ponderação da participação de cada fonte e de cada país nas emissões globais, etc.) (OECD, 1991). O relatório da OECD recomenda que as novas tentativas de contabilização contenham uma harmonização das contas, no sentido de facilitar as comparações internacionais, de acordo com os seguintes critérios mínimos: x ênfase nas emissões de fontes antropogênicas e nas medidas de abatimento também de origem antropogênicas; x todas as emissões devem utilizar como unidade, a massa molecular em unidade métrica ( ex.: Gg - giga grama) e em unidades de Carbono; x as estimativas devem ser totalizadas em CO2, já que as emissões de CO e CH4 transformam-se em CO2 na atmosfera; x as emissões devem ser representadas por país ou por sistema específico. 21 Eletrobrás As tentativas de estabelecimento de um consenso global sobre o atual estado da arte, que envolvem as bases científicas e a contribuição de cada país nas emissões globais de gases, estão sendo conduzidos em nível internacional pelo IPCC desde 1990. No IPCC, diversos cientistas e instituições governamentais de diversos países, conduzidos pelo PNUMA - Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente e pelo PMM - Programa Metereológico Mundial, vêm tentando harmonizar a base de conhecimentos sobre o assunto, visando obter um maior grau de certeza sobre essa questão. A questão das mudanças climáticas e do Efeito Estufa é inerentemente interdisciplinar, e tem de ser encarada como tal, visto que além das incertezas científicas, existem questões de caráter econômico e social dos países que produzem os gases causadores do fenômeno (taxa de crescimento populacional, crescimento econômico, aparecimento de novas tecnologias, etc.). Esse quadro agrava ainda mais o problema (Rosa et al, 1990). 3 - Caracterização dos Reservatórios Hidrelétricos Estudados 3.1 – Área de Estudo Compreendida Neste relatório estão apresentados os resultados finais das campanhas de campo para medições de metano e de dióxido de carbono, realizada nos reservatórios hidrelétricos de Miranda (MG), Três Marias (MG), Barra Bonita (SP), Segredo (PR), Xingó (AL,BA,SE), Samuel (RO) e Tucuruí (PA), nos anos de 1998 e de 1999. Por solicitação da Eletrobrás e com a autorização das respectivas empresas, incluímos também neste relatório os dados das medições realizadas nos reservatórios de Itaipu (Itaipu Binacional) e de Serra da Mesa (Furnas Centrais Elétricas S.A. e Serra da Mesa Energia S.A.) Quatorze campanhas de amostragens foram realizadas em sete diferentes reservatórios ao longo do território brasileiro. Para captar uma possível variação dos parâmetros de análise estabeleceu-se um critério de escolha das condições ambientais dos respectivos reservatórios. A alternativa encontrada foi optar por hidrelétricas que cobrissem significativamente a variação de latitude geográfica ocorrente em nosso país, de reservatórios com tempo de fechamento grandes e pequenos, reservatórios com presença de atividade antropogênica e outros com preservação das condições naturais e reservatórios com tempo médio de residência da água variável. As latitudes abrangidas vão de 2o S a 25o S e os tipos de vegetação compreendem a floresta equatorial úmida, a floresta sub-temperada, a floresta mata atlântica, o cerrado e a caatinga (semiárido), incluindo os principais ecossistemas brasileiros. As idades de inundação dos reservatórios 22 Eletrobrás hidrelétricos vão de 1 a 20 anos, o que confere boa representatividade temporal ao estudo. A tabela 3 a seguir fornece uma descrição suscinta dos reservatórios pesquisados. Tabela 3 – Sinopse da Caracterização dos Reservatórios Hidrelétricos Estudados Usina Data da Amostragem Ano de Fechamento Término do Enchimento Idade do Lago Latitude/ Longitude Biorregiões Potência Área do Reservatório Densidade de Potência Miranda 04/1998 03/1997 05/1997 04/1998 01/1961 - 04/1998 06/1962 05/1963 05/1998 06/1992 09/1992 Xingó 05/1998 06/1994 06/1994 Samuel 06/1998 11/1988 07/1989 Tucuruí 06/1998 09/1984 03/1985 18º55’S/ 40º02’W 18º10’S/ 45º16’W 20º31’s/ 48º33’W 26oS/ 52oW 9º35’S/ 37º50’W 8º45’S/ 63º28’W 3º45’S/ 49º40’W Cerrado Três Marias Barra Bonita Segredo 1 ano 37 anos 36 anos 6 anos 4 anos 9,6 anos 14 anos 390 MW 387,6 MW 140,80 MW 1.260 MW 3.000 MW 219 MW 4.000 MW 50,6 km2 1.040 km2 312 km2 82 km2 60 km2 559 km2 2.430 km2 7,7 W/m2 0,37 W/m2 0,45 W/m2 15,3 W/m2 50 W/m2 0,39 W/m2 1,65 W/m2 Cerrado Mata Atlântica Mata Atlântica Caatinga Amazônica Amazônica 3.2 - Reservatório Hidrelétrico de Miranda A hidrelétrica de Miranda pertence à CEMIG e situa-se na região do Triângulo Mineiro, próximo aos municípios de Araguari e de Uberlândia [Figura 4]. Miranda começou a ser construída no ano de 1990 e no dia 1º de agosto de 1997 ocorreu o fechamento das comportas da barragem e o enchimento do lago. O reservatório da hidrelétrica de Miranda, situado no rio Araguari, inundou cerca de 50,6 km2 [Figura 5 e Foto 1]. A capacidade instalada da usina é de 390 MW de potência. A área da bacia do rio Araguari apresenta duas fases climatológicas predominantes, com a estação seca, entre junho e agosto e a estação chuvosa, entre dezembro a março. A bacia enquadrase como de chuva tropical de natureza continental (IESA,1996). Segundo estudos realizados na época do projeto da hidrelétrica (IESA, 1995), a área do reservatório inundou os seguintes tipos de vegetação: Cerradão, Cerrado, Campo Sujo/Pasto Sujo, Campo de Várzea, Campo de Murundus, Pasto Limpo, Culturas Perenes, Culturas Anuais, Reflorestamento e Reflorestamento cortado. 23 Eletrobrás Figura 4 – Localização da Hidrelétrica de Miranda Fonte: Home-Page ,CEMIG 24 Eletrobrás Figura 5 – Detalhe de Localização do Reservatório da Hidrelétrica de Miranda Fonte: CEMIG Foto 1 – Visão Geral da Hidrelétrica de Miranda Fonte: Home-Page, CEMIG Abaixo, temos como exemplo uma área de cerradão, recentemente afogada pelo enchimento do reservatório hidrelétrico. Como podemos observar na foto que se segue, parte da vegetação 25 Eletrobrás permanece inundada, porém ainda há algumas espécies mais resistentes que ainda permanecem vivas, como o babaçu [Foto 2]. Foto 2 – Área Recentemente Inundada pelo Reservatório Hidrelétrico de Miranda Foto: M.A. Santos 3.3 - Reservatório Hidrelétrico de Três Marias O reservatório hidrelétrico de Três Marias, situa-se no rio São Francisco, na região do Alto São Francisco, a montante de Pirapora, a cerca de 270 km de Belo Horizonte. É um reservatório construído conjuntamente entre a CODESVASF e a CEMIG. Na figura a seguir, o reservatório de Três Marias corresponde ao número 6 [Figura 6]. 26 Eletrobrás Figura 6 – Localização do Reservatório de Três Marias Fonte: Homepage da CEMIG (www.cemig.gov.br) Esta usina iniciou sua operação no ano de 1962, com seis unidades geradoras de 66 MW de potência. A potência instalada na primeira etapa é de 396 MW. No projeto está previsto uma potência final de 516,85 MW. O reservatório tem cerca de 1.700 km2 de área e um volume de água de 21 bilhões de m3 [Figura 7]. 27 Eletrobrás Figura 7 – Área do Reservatório Hidrelétrico de Três Marias Fonte: Prefeitura Municipal de Três Marias As fotos a seguir, mostram uma visão geral da área do reservatório e o tipo de vegetação encontrada nas margens, a presença de frações da biomassa inicial afogada pelo enchimento do lago, ainda praticamente intactas, como é o caso de tronco de árvores que se encontram parcialmente decompostos e emersos em uma região abrigada do reservatório [Fotos 3 e 4]. 28 Eletrobrás Foto 3 – Vista Geral do Reservatório de Três Marias Foto: Home-Page Cemig Foto 4 – Parcela da Biomassa Inicial Afogada Intacta Foto: M.A.Santos 29 Eletrobrás 3.4 - Reservatório de Barra Bonita O reservatório hidrelétrico de Barra Bonita pertence a CESP e situa-se no rio Tietê, na região do médio Tietê, entre as cidades de Barra Bonita e Igaraçu (SP). É uma reservatório antigo, construído em 1964. A usina hidrelétrica de Barra Bonita tem uma potência nominal de 104,76 MW e uma área de 308 km2. É um reservatório bastante eutrofizado, pela alto grau de poluição orgânica que o reservatório recebe da região metropolitana de São Paulo. A figura 8 abaixo mostra a localização deste reservatório na bacia do rio Tietê [Figura 8]. Figura 8 – Localização do Reservatório Hidrelétrico de Barra Bonita Fonte: HomePage, CESP 30 Eletrobrás A foto 5 a seguir mostra a vegetação típica do entorno do reservatório de Barra Bonita. Foto 5 – Vegetação Ciliar do Reservatório de Barra Bonita Foto: Ronaldo Lourenço 3.5 - Reservatório de Segredo O reservatório de Segredo pertence a COPEL e situa-se no rio Iguaçu (PR), na região no médio curso do rio Iguaçu, próximo a desembocadura do rio Jordão, no município de Pinhão (PR). O lago tem uma área de 82,5 km2 para uma potência total da usina de 1.260 MW. O reservatório tem um volume total de 3.000.000 m3. As comportas foram fechadas no ano de 1992 e a profundidade média do reservatório é de 36,6 metros. A barragem da usina tem 145 metros de comprimento, do tipo enrocamento com face em concreto. (Agostinho e Gomes,1997). As temperaturas médias da região oscilam entre 17 a 18o C, com mínimas absolutas de –7o C e máximas de 38o C (Agostinho e Gomes, 1997). A figura abaixo mostra a localização do reservatório de Segredo na bacia do rio Iguaçu [Figura 9]. 31 Eletrobrás Figura 9 – Localização Geográfica do Reservatório de Segredo Fonte: Home-Page, COPEL Segundo estudo realizado pelo NUPELIA/UEM, a antiga área inundada pelo reservatório de Segredo era dominada pela matas do tipo de araucária, vegetação bastante incidente da região sul do país, ricas em taquarais e palmáceas e pela mata subtropical interior ( Agostinho e Gomes, 1997). Dois terços desta mata original já havia sido devastada e transformada em outros tipos de culturas, tais como: matas secundárias e roçados de rotação de culturas, intercalados com áreas de capoeira, matões e matas de galeria. A foto 6 , a seguir, traz uma vista panorâmica do vertedouro e da tomada d’água da usina de Segredo, mostrando ao fundo manchas mais claras na vegetação que representam áreas desmatadas intercaladas com áreas de vegetação natural. 32 Eletrobrás Foto 6 – Vista Geral da Tomada d’água da Usina Hidrelétrica de Segredo Foto: M.A.Santos O reservatório de Segredo pode ser considerado um lago profundo, podendo atingir em alguns pontos 100 metros de profundidades e com uma profundidade média de 36 metros. O tempo de renovação da água é de cerca de 50 dias e é considerado um reservatório de condições mesotróficas. Estudos limnológicos anteriores (Agostinho e Gomes, 1997), mostraram que o reservatório apresenta estratificação térmica e presença de termoclina no verão e no outono, em locais próximos a barragem. A foto 7, a seguir mostra uma vista panorâmica do eixo da barragem e do reservatório ao fundo. 33 Eletrobrás Foto 7 – Vista Geral do Eixo da Barragem da Hidrelétrica de Segredo Foto: Home-Page, COPEL 3.6 - Reservatório de Xingó O reservatório da hidrelétrica de Xingó pertence a CHESF e situa-se no rio São Francisco, no baixo curso da bacia do São Francisco, nas divisas dos estados de Alagoas, Sergipe e Bahia. A área de influência do empreendimento compreende a região a jusante do Complexo Hidrelétrico de Paulo Afonso até a cidade de Piranhas em Alagoas e o povoado de Canindé do São Francisco no Sergipe, conforme podemos observar na figura que se segue [Figura 10]. 34 Eletrobrás Figura 10 – Localização do Reservatório da Hidrelétrica de Xingó Fonte: Home-Page CHESF A hidrelétrica de Xingó tem uma potência total de 3.000 MW, previstos em 10 unidades a serem instalados ao longo de sua operação. A área de drenagem da bacia contribuinte de Xingó é de 608.700 km2 , com uma descarga média mensal de 2.980 m3/s. A área do reservatório é de 60 km2 e o comprimento atinge cerca de 60 km. Xingó está encravado em uma grande canyon do São Francisco e opera praticamente a fio d’água [Foto 8]. 35 Eletrobrás Foto 8 - Vista Aérea Após a Barragem e do Reservatório da Usina Hidrelétrica de Xingó Foto: M.A.Santos O enchimento de Xingó começou em 7 de julho de 1994 e já no dia 16 do mesmo mês o reservatório encontrava-se praticamente cheio. O clima na região da hidrelétrica é quente com temperaturas médias em torno de 25o C e totais pluviométricos anuais entre 413 a 907 mm /ano. O trimestre mais chuvoso é entre maio/julho e o mais seco entre setembro/novembro. Basicamente nesta região, a vegetação dominante é a caatinga, constituída por árvores de pequeno porte, arbustos caducifólios, plantas suculentas e espinháceas. É um tipo de vegetação adaptada a falta de água. Na área do reservatório de Xingó domina a caatinga hiperxerófila, dividida entre estratos arbóreos, arbustivos e arbustivo-arbóreo. Em outras áreas de influência do reservatório podem ocorrer contatos com o cerrado ralo e com a floresta estacional decidual. O reservatório inundou uma área de um canyon do vale do Rio São Francisco, o que conferiu a esta usina uma grande potência a partir de uma pequena área alagada [Fotos 9 e 10]. 36 Eletrobrás Foto 9 – Canyon Inundado pelas Águas do Reservatório de Xingó Foto: Ronaldo Lourenço Foto 10– Vista Aérea do Canyon do Rio São Francisco Inundado pela Hidrelétrica de Xingó Foto: Home-Page Chesf 37 Eletrobrás 3.7 - Reservatório de Samuel A Usina Hidrelétrica de Samuel pertence a Eletronorte e situa-se na bacia do rio Jamari, próximo a Porto Velho, capital do estado de Rondônia. A usina tem potência de 219 MW e o reservatório tem uma área de 559 km2 [Figura 11]. Figura 11 – Localização do Reservatório da Usina de Samuel Fonte: Encarte Eletronorte No Reservatório de Samuel foram identificados 7 tipos diferentes de formações florestais, a partir de dados da fitomassa inventariados em 13 hectares, divididos em quadras. O resultado da extrapolação da fitomassa para os diversos tipos de florestas encontradas estão dispostos a seguir. 38 Eletrobrás Tabela 4 - Dados de Fitomassa por Tipo de Floresta na área da UHE de Samuel Tipo de Vegetação Floresta Mista Ciliar Estacional Inundável Floresta Densa Terra Firme Relevo Plano Floresta Aberta Terra Firme Emergentes Floresta Semi-Aberta Terra Firme c/ Afloramentos Rochosos Floresta Aberta terra Firme Relevo Mal Drenado Área Desprovida de Cobertura Vegetal Vegetação Secundária (inclusive desmatamento) Fonte: Cardenas, 1986 área (ha) 2.363 (B) % 3,65 (C) Peso Úmido t/ha 196 (D) = A xC Peso Total (t) 463.148 34.580 53,36 525 18.154.500 3.693 5,7 390 1.440.270 1.524 2,35 310 472.440 11.370 17,55 286 3.251.820 3.935 6,07 - - 3.565 5,50 85 303.025 A foto 11 mostra a vegetação de porte arbóreo (Floresta Aberta de Terra Firme) afogada pelas águas do reservatório de Samuel. Foto 11– Área do Reservatório de Samuel com Vegetação Afogada ao Fundo (Paliteiro) Foto: Ronaldo Lourenço 39 Eletrobrás No caso da divisão da biomassa total da área do reservatório em segmentos, os valores médios encontrados foram: fuste (285 t/ha); galhos (185 t/ha); galhos finos (25 t/ha); folhas (5 t/ha); litter (10 t/ha). A tabela 5, a seguir, fornece com mais detalhe os valores de biomassa a partir da extrapolação para duas quadras (01 e 02) da área do reservatório de Samuel. Tabela 5 - Resultados de Inventário de Fitomassa nas quadras 01 e 02 (UHE SAMUEL) Variável Fuste Galhos Grossos Galhos Médios Galhos Finos Folhas Casca Cipó Raizame Litter Folhas Sub-Bosque Galhos Sub-Bosque Sub-Total Cipó Adicional Litter Adicional Galhos Secos Troncos Secos Total Fonte : Cardenas, 1986 Quadra 01 (t/ha) 184,99 66,92 22,63 32,77 11,65 44,24 4,59 1,96 9,38 11,13 1,83 396,09 0,72 0,96 1,15 4,18 403,10 40 Quadra 02 (t/ha) 178,80 59,59 26,82 12,54 29,67 16,48 10,77 10,60 5,35 2,50 9,09 363,21 2,09 3,43 4,59 2,93 375,25 Eletrobrás 3.8 - Reservatório de Tucuruí A Usina Hidrelétrica de Tucuruí pertence a Eletronorte e situa-se no rio Tocantins, no estado do Pará a cerca de 300 km de distância de Belém, capital do Estado. (Figura 12) Figura 12 – Localização da Hidrelétrica de Tucuruí no Estado do Pará Fonte: Encarte Eletronorte Inaugurada em 1984, a 1ª etapa da usina tem uma potência total de 4.000 MW instalados, com previsão de aproveitamento de 4.125 MW numa segunda etapa, o que perfaz um total de 8.125 MW de potência. O reservatório de Tucuruí tem uma área total de 2.430 km2 e um volume total de água de 45,8 bilhões de metros cúbicos. Atualmente são 12 grupos geradores de 350 MW e duas unidades auxiliares de 20 MW, movimentadas por turbinas do tipo Francis. A barragem tem cerca de 8 km de extensão sendo que cerca de 1.190 km são de estrutura em concreto. No Reservatório de Tucuruí, segundo o trabalho preliminar de foto interpretação (Cardenas et al, 1982), foram consideradas as seguintes formações: ZONA 1- MATA ALTA, homogênea sobre o relevo dissecado. 41 Eletrobrás ZONA 2- MATA DE PORTE MÉDIO A BAIXO, muito desmatada situada a margem do rio. ZONA 3- MISTO DE MATAS ALTAS E DENSAS COM BAIXAS E POUCO DENSAS. ZONA 4- MALTA ALTA, homogênea, em relevo mais suave, área desmatada, alturas e capoeiras. ZONA 5- MANCHAS de vegetação sobre o solo branco arenoso. ZONA 6 – VALE DO RIO TOCANTINS ZONA 7- VALE DO RIO CARAIPÉ ZONA 8- ZONA DE MATA (inundável estacionalmente). O trabalho também cita que após o ano de 1979, base das fotografias aéreas, foram realizados desmatamentos pela CAPEMI. A tabela 6, fornece resultados de estimativa da fitomassa por classe de mata e por segmento da biomassa, com base nas fotografias aéreas de 25 de junho de 1979. Tabela 6 - Resultado da Fitomassa Inventariada na Área do Reservatório de Tucuruí. Zonas/Classes Área (ha) Troncos (t/ha) Galhos (t/ha) Folhas (t/ha) Liteira (t/ha) de Mata 1 (a) 65.000 327 213 15 12 (b) 4.975 2 (a) 57.500 220 125 16,80 18,90 (b) 6.575 3 (a) 12.750 360 233,90 16 12 (b) 1.050 4 (a) 60.750 300 194,90 12 16,9 (b) 1.475 5 (a) 2.375 149 85,90 19,78 24 (b) 6 (a) 11.312 177,3 111 14,40 14,90 (b) 250 7 (a) 41.537 em estudo em estudo em estudo em estudo (b) 181 8 (a) 3.125 147,8 176 8,96 7,04 Fonte: Cardenas, 1986 Os estudos realizados com base em fotografias do satélite Landsat em 1979 junto com os trabalhos de campo concluíram que o total de biomassa é: Troncos 266 t/ha – 57,2%; Galhos 169 t/ha – 36,3%; Folhas 15 t/ha – 3,2%;Litter 15 t/ha – 3,3 %; Total 465 t/ha – 100% Dos 113 milhões de toneladas de biomassa inventariadas para os 2.430 km2, elimina-se a área correspondente a calha do antigo rio Tocantins (600 km2), ilhas (400 km2) e áreas desmatadas pela Eletronorte (400 km2), o que faz com que a área inundada com vegetação seja de 1.180 km2, o que nos fornece um total de 55 milhões de toneladas de biomassa afogada pelo enchimento do lago de Tucuruí. 42 Eletrobrás 4 - Descrição dos Trabalhos e da Metodologia de Medição Empregada Nas campanhas foram realizadas medidas dos seguintes tipos: -taxas de emissão de gás na forma de bolhas, usando-se funis para capturá-las após a sua liberação espontânea; As amostras de bolhas de ar foram coletadas empregando-se um conjunto de 16 funis coletores de bolhas (cones de napa sintética, com armação de alumínio, diâmetro de 1m e acoplados a garrafas coletoras de gases) [Foto 12]. Foto 12 - Funil Coletor de Bolhas em Sub-Superfície Fonte: Foto (M.A. Santos) Os funis foram dispostos em subsuperfície (em torno de 1 metro de profundidade) acopladas a garrafas plásticas que serviam como bóias e ancorados por poitas de pedras com cerca de 10kg cada uma [Fotos 13 e 14]. A escolha do sítio de amostragem e a sequência dos funis seguiram parâmetros como: densidade da vegetação alagada, tempo de enchimento do local (cota do reservatório), profundidade, presença de vegetação semi-afogada, região geográfica do reservatório. Os funis permaneciam por 24 horas no local, onde durante este período as bolhas que emanavam do fundo eram capturadas e as garrafas coletoras eram então fechadas herméticamente dentro da água e recolhidas para posterior análise em laboratório. 43 i.exe Eletrobrás Foto 13 – Área de Vegetação Semi-Afogada no Reservatório de Miranda Foto: M.A. Santos Foto 14 – Conjunto de Funis Coletores de Bolhas no Reservatório de Três Marias Foto: M.A. Santos -taxa de gás emitido por difusão, utilizando “câmaras de difusão”. Estas são dispositivos que se assemelham a pequenos copos invertidos com volume total de 75 ml e capazes de conter uma “bolha” de ar atmosférico submersa a pequena profundidade (cerca de 20 cm abaixo da superfície) com superfície de contato de 0,22 dm2 , através da qual se dá a troca 44 Eletrobrás gasosa, a emanação, aqui chamada de difusão. Após contato de 10 minutos, uma alíquota da “bolha” é levada ao laboratório e a variação da concentração de cada gás é estimada cromatograficamente, podendo-se dela calcular a taxa de emissão ou absorção, conforme o caso. A foto 15 a seguir traz uma visualização das câmaras de difusão empregadas neste estudo. Foto 15 – Câmaras de Difusão Acopladas à Bóias Foto: M.A.Santos 45 Eletrobrás No laboratório cromatográfico, instalado nos alojamentos próximos às represas, foram feitas 800 análises cromatográficas de amostras de gás ou gás dissolvido na água provenientes da represa [Foto 16 ]. Foto 16 - Laboratório de Cromotografia Gasosa Montado na UHE de Miranda Foto: M.A.Santos Para obter taxas de emissão, seja por bolhas ou por difusão, foram usados os valores medidos para as diversas faixas de profundidade e estabelecidas funções matemáticas aproximadas que descreviam as taxas de emissão em função da profundidade. Uma das funções empregadas foi uma reta e as outras funções exponenciais. Multiplicando-se os pares correspondentes de área e taxa se obtinha a massa total de gás emitido para cada faixa de profundidade da represa. A soma destes valores representa a massa emitida pela represa toda. A partir das massas totais foram calculadas as taxas médias da represa para cada gás. Uma descrição detalhada da metodologia de medição e de análise das amostras de gases dos reservatórios hidrelétricos estudados, do cálculo comparado da emissão evitada de carbono, bem como os processos de geração de gases na água estão no anexo deste relatório. 46 Eletrobrás 5 – Resultados das Emissões de Gases de Efeito Estufa dos Reservatórios Hidrelétricos Estudados 5.1 – Descrição da Extrapolação dos Dados de Análise para o Reservatório A questão primordial, mobilizadora para a realização deste trabalho foi quantificar quanto metano e dióxido de carbono são emitidos pelos reservatórios brasileiros para a atmosfera. A proposta escolhida, a partir da seleção de uma série de sete reservatórios localizados em várias latitudes e de diversas idades, foi avaliar a emissão dos referidos gases. Quanto ao modo de se avaliar a emissão em cada uma das represas selecionadas foi eleito o procedimento por amostragem em diversos pontos de cada represa, com subsequente “extrapolação” dos resultados para se obter um valor para a represa toda. Este modo de proceder contrasta com o que as vezes é chamado o “procedimento da torre”, na qual se mede a flutuação da concentração do gás, CO2 no caso, no ar a certa altura sobre o reservatório e se mapeiam velocidades de vento, horizontais e verticais. A partir de medidas executadas sob diversas direções do vento, pode-se calcular a emissão do reservatório. Não utilizamos o método da torre devido ao alto custo e à falta de portabilidade do equipamento. As medidas seguiram uma rotina bem estabelecida, contrastando com a “generalização” dos resultados, que devem ser vistos com reservas e podem constituir fonte de incertezas, afetando os resultados finais. Devido às condições existentes, as medidas precisavam ser pontuais não apenas no sentido local mas também temporalmente. De fato apenas duas séries de medidas eram exeqüíveis e ocorreram com um intervalo de seis meses. Esta escassa freqüência temporal também constitui fonte de incerteza mas, em termos práticos não seria viável aumentá-la. Quanto aos critérios de se obter médias ponderadas das taxas de emissão expressas, por exemplo, em kg CO2 km-2 d-1, e válidas para um dado reservatório, houve evolução no procedimento deste grupo. Em trabalho prévio realizado, sob auspícios da Eletrobrás, extensivo aos reservatórios de Balbina, Samuel e Tucuruí em 1993, observou-se que havia forte relação com tipo de ambiente e a taxa de emissão de metano por bolhas. Os ambientes percebidos como diferentes eram paliteiro, calha e àqueles ocupados por vegetação terrestre entre períodos anuais de inundação. Ao incluir dados de outros reservatórios, novas variáveis passaram a ser percebidas como importantes no estabelecimento do regime de emissão. Estas eram: profundidade do local, tipo de vegetação inundada, idade do afogamento, temperatura da água, regime de ventos e intensidade da correnteza. 47 Eletrobrás Estas características complementam o critério anteriormente adotado, na medida em que a idade do afogamento aumenta, a profundidade do local determina predominantemente a emissão por bolhas, embora afete pouco a emanação. Uma característica surpreendente que foi constatada e que afeta a troca difusiva, incluindo a emanação e a absorção, foi a concentração do gás carbônico dissolvido na água, apresentando uma uniformidade sobre uma grande faixa de latitudes, temperaturas, etc. Independentemente das demais características, a tensão osmótica do CO2 fica em torno dos 1000 ppm (expressa como concentração de CO2 no ar que estaria em equilíbrio com o dissolvido na água). Também foi possível fazer esta medida para um lago natural, lago Nahuel Huapi, situado em latitude 42o S, em clima temperado de altitude (700 m) e se confirmou a uniformidade da tensão osmótica com 978 ppm de CO2. No lago Loch Ness, em latitude 57o N constatamos 1200 ppm. A relativa uniformidade de concentração de gás carbônico na água proporciona um grande significado aos ventos no estabelecimento dos regimes de emissão. Na ausência de vento, sobre a superfície da água se estabelece uma camada de alta concentração de CO2, logo acima da água ocorre a mesma pressão parcial (1000 ppm CO2) do gás dissolvido na água. Em alturas maiores existe no ar 360 ppm de CO2, valor médio da atmosfera terrestre. Com o gradiente de concentração uniforme, o cálculo para esta situação resulta em pequeno valor, pois é obtido a partir da divisão da diferença entre as concentrações pela distância, que é muito grande. Como a taxa de difusão é proporcional ao gradiente, há pouca difusão. Na presença de vento, a constante mistura de ar superficial promove a difusão, pois continuamente leva o CO2 emanado e o repõe com ar de mais baixa concentração do gás. O regime de ventos tem forte dependência com a latitude. Em pequena faixa equatorial há tendência à calmaria, entretanto, nas baixas latitudes tropicais, ocorrem os ventos alísios fortes e constantes. No reservatório de Xingó este regime de vento é prontamente percebido. No limite dos trópicos há nova faixa de pouco vento, como por exemplo em Barra Bonita, pode-se notar o aumento de intensidade do vento ao avançar para latitudes temperadas, como no caso do reservatório de Segredo. Com estas variáveis em mente, estabeleceu-se um plano de coleta de gases fortemente calcaldo em faixas de profundidade. Este enfoque engloba o critério anterior, as baixas profundidades coincidem com as áreas periodicamente expostas e colonizadas por nova vegetação terrestre, e as maiores coincidem com as regiões de “calha”. 48 Eletrobrás Com este critério pode-se obter dados precisos sobre que proporção do reservatório situa-se em cada faixa de profundidade, eliminando a necessidade do julgamento subjetivo, da quantidade de área que é ocupada por, digamos, paliteiros. Na extrapolação tais tabelas são usadas, por exemplo, em um reservatório pode se ter para uma faixa entre 10 e 20 m de profundidade, uma área de 50.106 m2. Na extrapolação segue-se o seguinte procedimento: dados de emanação e ebulição tanto para metano como para CO2, são primeiro descritos por funções F em função da profundidade x. Aqui, devido à dispersão dos dados, resolveu-se usar F=const. para emanação e F = a + b x para ebulição. Calculando o valor de F para, digamos, uma profundidade x de 15 m tem-se o valor da emanação em kg CO2 km-2 d-1, que corresponde ao centro da faixa de profundidades entre 10 e 20 m. Multiplicando a área desta faixa pelo valor da função F se obtém a massa de CO2 emanado com que a faixa contribui, expressa em kg CO2 d-1. Somando parcelas semelhantes de todas faixas de profundidade obtém-se a massa total M emanada do reservatório, expressa em kg CO2 d-1. A média de emanação da represa expressa em kg CO2 km-2 d-1 pode ser obtida dividindo M pela área do reservatório. Uma questão relacionada com a extrapolação é a obtenção de tabelas que relacionam as extensões de faixas de área para cada intervalo de profundidades. As tabelas obtidas não estão completas e reproduzem áreas para as regiões menos profundas, no entanto, estas são as regiões mais importantes. É possível estender, por cálculo, tais tabelas para regiões mais profundas. O processo de extensão lança mão de modelos geométricos. 49 Eletrobrás Figura 13 - Porção de represa mostrada como corte, exibindo faixa de área 'A, parte do perímetro p, largura s da faixa, e incremento de altura 'h. Para a realização do cálculo de áreas é apreciada a inclinação das margens de algumas represas; também por processo baseado em modelo geométrico usando os símbolos da figura 13 se pode calcular a largura s da faixa notando que 'A = p s, ou s = 'A/p e a inclinação em percentual será: i = 100 'h/s A partir dos perímetros e faixas de área de que dispomos para algumas represas obteve-se a seguinte lista de inclinações: Represa i, inclinação % Samuel 0,7% Tucurui 5,0 Barra Bonita 4,3 Três Marias 5,0 Miranda 7,8 50 Eletrobrás Desta lista parcial conclui-se que a represa de Samuel apresenta um padrão diferenciado, por ter baixíssima inclinação de seu fundo. As demais da lista apresentam um comportamento similar. Com isto passamos a apresentar um modelo muito simples do corpo de água de uma represa para fins de estender por cálculo as tabelas parciais de profundidade em confronto com a área de que dispomos. Figura 14 - Representação Geométrica do Reservatório Na figura 14 a represa é idealizada como pirâmide. A área da superfície A diminui quando o nível baixa, ou seja, quando a altura da água h diminui. Ao considerar que a forma da superfície da água aqui é um triângulo [Figura 14] calcula-se sua área multiplicando a base pela semialtura. A base é proporcional à altura da água h. A semialtura também é proporcional a h e c a constante de proporcionalidade. Deste modo A é proporcional ao quadrado de h ou A = c h2 51 Eletrobrás A relação será usada da seguinte maneira: a partir das áreas conhecidas para alguns níveis da represa cheia será calculada a constante c e em seguida usada para calcular as áreas para níveis mais baixos. Nas listagens dadas a seguir a informação existente é marcada pela cor preta e a calculada pela cor vermelha . São mostradas a seguir algumas listagens onde constam áreas calculadas: Tabela 7 – Cota, Altura, Área Medida e Calculada do Reservatório de Miranda, queda 66,4 m h m 66,4 Área, 106 m2 Medida 50,63 Área Calculada 50,63 695,3 694,53 693,75 65,71 64,94 64,16 48,99 47,91 46,75 49,58 48,43 47,27 692,99 689,59 684,59 679,59 674,59 669,59 664,59 659,59 654,59 649,59 644,59 639,59 634,59 629,59 63,40 60,00 55,00 50,00 45,00 40,00 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 46,28 46,16 41,34 Cota m 695,99 28,71 18,37 10,34 4,59 1,14 0 52 Eletrobrás Tabela 8 – Cota, Altura, Área Medida e Calculada do Reservatório de Três Marias , queda 50,2 m Cota m 572,5 562,86 556,9 549,96 h m 50,2 40,56 34,6 27,66 Área, 106 m2 Medida 1009,32 788,38 593,42 416,92 Área calculada 1009,32 658,9 479,4 306,4 549,2 545 540 535 26,9 22,7 17,7 12,7 315,75 289,8 206,4 125,5 64,6 530 525 522,3 7,7 2,7 0 23,7 2,9 0 Tabela 9 – Cota, Altura, Área Medida e Calculada do Reservatório de Barra Bonita, queda 21,4 m Cota M 451,5 h m 21,4 Área, 106 m2 Medida 310,52 Área calculada 310,52 450 445 440 439,5 435,1 430,1 19,9 14,9 9,9 9,4 5 0 283,28 203,92 131,87 124,33 268,5 150,5 66,45 59,91 16,95 0 53 Eletrobrás Tabela 10 – Cota, Altura, Área Medida e Calculada do Reservatório de Tucuruí, queda 65,5 m, c=0,5664 h m 65,5 63,5 Cota m 72 70 Área, 106 m2 Medida 2430 2229,8 1779,6 1428,8 927,65 Área calculada 2430 2284 65 60 51,6 58,5 53,5 45,1 1938 1621 1152 46,5 36,5 40,0 30,0 906 509,8 26,5 16,5 6,5 20,0 10,0 0 227 56,6 0 Este modelo parece ser bem razoável, em alguns casos, por exemplo, no caso de Miranda nas profundidades entre 66,40 e 63,40 metros há uma forte coincidência entre os valores do SIPOTSistema do Potencial Hidrelétrico Brasileiro, fornecidos pela Eletrobrás e àqueles calculados. Em outros casos, o modelo mostra-se razoável, como na represa de Três Marias e chega a ser muito ruim no caso de Barra Bonita, em profundidades entre 14 e 9 metros. 54 Eletrobrás 5.2 – Resultados das Emissões dos Reservatórios por Faixa de Profundidade Os resultados das emissões de CO2 e de CH4 estão listados a seguir nas tabelas de número 11 a 40, para ebulição e difusão na série de amostragens das campanhas de coleta. 1ª Campanha Tabela 11 - UHE Miranda – Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade metros sítio [N2] [CH4] [CO2] 5 A 46.9r 37.6% 24.4 r 49.1% 0.12 r 38.7% 6.5 B 55.1 r 34.0% 51.7 r 56.5% 0.5 r 58.2% 10.5 B 492.9 r 62.8% 12.7 r 29.5% 1.3r 50.7% 13 C 107.2 r 65.0% 175.6r 76.5% 0.55 r 58.4% 14.5 D 14.7 1.48 0.03 22 E 48.0 r 28.0% 59.7 r 35.7% 0.17 r 34.3% 23 F 25.2 r 109.3% 2.1 r 137.6% 0.06 r 90.0% 40 G 1.45 r 63.9% <0.007 na 60 H 0.64 <0.002 na na – não analisado A – córrego Furnas B – sítio Boa Vista C – pasto e mata D - Ilha E – pasto, antiga ponte de Furnas F – Boa Vista, área de mata cerrado G – pasto H – córrego Boa Vista, área desmatada 55 Eletrobrás Tabela 12 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Miranda Horas Prof./Metros 15:15 6 21:25 6 3:09 6 13:19 15 7:15 15 21:04 20 8:26 22 16:40 22 3:44 27 22:00 27 10:27 40 9:15 40 7:44 40 22:38 60 16:18 60 A – Boa Vista B – Ilha C – Furnas D – Antiga Ponte de Furnas E – Sítio Boa Vista (próximo a barragem) Sítio Eman. CH4/ kg km-2 d-1 155 91 60 208 454 30 32 54 53 59 29 20 47 31 24 A A A B B C D D A A C C C E E 56 Eman. CO2/ kg km-2 d-1 61.182 3764 49.564 2.495 1.181 618 729 7.554 421 262 584 223 568 334 4.407 Eletrobrás Tabela 13 -UHE Três Marias- Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas (kg km-2 d-1) Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] metros 5 A 189 r 5.6% 450 r 2.2 % 5.2 r 21 % 5.3 B 0.24 < 0.001 na 5.3 C 372 r 33 % 533 r 45 % 8.3 r 150 % 10 A 306 r 24 % 485 r 50 % 3.4 r 49 % 11.5 C 421 r 12 % 1205 r 17 % 11 r 107 % 13 D 294 r 17 % 251 r 36 % 1.4 r 30 % 20 A 646 r 27 % 614 r 32 % 2.9 r 41 % 21 C 2.9 < 0.01 na 24.5 B 0.87 < 0.003 na 31.5 C 33 0.11 0.006 40.5 B 1.5 < 0.005 na 45 A 2.6 r 3.5 % < 0.01 na na - não analisado A – córrego dos Borrachudos B – rio São Francisco C – ribeirão do Boi D – córrego do Boi Estreito 57 Eletrobrás Tabela 14 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Três Marias Horas Prof./Metros Sítio 11:27 6:26 12:41 18:35 14:53 12:57 18:09 6:46 18:20 15:09 13:01 18:33 7:05 18:52 15:26 13:03 12:33 6:46 13:05 7:04 5,3 5,3 5,3 5,3 5,3 10 10 10 11,5 11,5 20 20 20 20 20 21 24,5 24,5 40,5 40,5 A A B C C D E E C C D E E C C B A A A A Eman. CH4/ kg km-2 d-1 5,4 5,1 77 47 44 80 146 24 226 51 80 26 196 17 241 35 0,90 1,1 14 17 A – Rio São Francisco B – Ribeirão do Boi C – Córrego do Boi (entrada das Bananeiras) D – Córrego dos Borrachudos E – Boca do rio Borrachudo 58 Eman. CO2/ kg km-2 d-1 1.482 33 364 3.229 6.790 795 828 10.060 621 911 2.277 2.029 1.035 1.201 1.615 828 745 1.035 580 1.325 Eletrobrás Tabela 15-UHE Barra Bonita- Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas (kg km-2 d-1) Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] metros 5.5 A 0.25 0.002 na 7 B 51 r 4.3 % 21 r 24 % 0.36 r 43 % 9.5 A 2.0 0.05 0.008 16 C 56 11 0.77 17 B 28 7.6 0.15 20 D 1.6 0.07 na na – não analisado A – Brejão (próximo à barragem) B – foz do rio Piracicaba (Três Rios) paliteiro, dia muito chuvoso C – foz do rio Piracicaba (Três Rios) paliteiro, rio Tietê-rio Bonito, dia muito chuvoso D – Brejão Vale Verde Tabela 16 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Barra Bonita Horas Prof./Metros Sítio 13:07 9:45 12:26 12:40 17:01 19:12 11:48 17:25 19:39 13:40 8:45 9:38 5 5,5 7 10 10 15 17 19 19 20 20 20 A B C A D E C F F A F D Eman. CH4/ kg km-2 d-1 11 29 8,8 8,1 5,2 15 25 54 3,1 4,0 5,4 A – Brejão (próximo a barragem) B – Brejão C – rio Piracicaba (condomínio Três Rios) D – Brejão Vale Verde E – fazenda Pujol (margem esquerda do rio Tiête) F - Pontal 59 Eman. CO2/ kg km-2 d-1 2.880 8.277 2.149 5.527 4.767 4.638 5.869 4.069 33.424 3.311 4.975 4.896 Eletrobrás Tabela 17 - UHE Xingó - Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] metros 5 A 0.91 <0.01 na 11 B 45 15 0.04 13 A 10 0.35 0.01 19 22 A B 8.8 3.2 0.49 0.34 0.01 0.004 56 B 8.0 0.66 0.01 72 A 27 2.0 0.06 na – não analisado A – E5; paliteiro; em frente a confluência do rio Talhado; 12 a 13-5-98 B – E3; adutora do sertão; 13 a 14-5-98 Tabela 18 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Xingó Horas Prof./Metros Sítio 17:49 00:53 17:25 16:00 2:05 22:10 12:46 13:07 10:40 13:52 10:04 12:06 12:24 17:26 01:41 5 5 5 6 6 6 6 22 22 56 56 72 72 72 110 A B C D D D D E E E E F F B D Eman. CH4/ kg km-2 d-1 16 89 13 7,4 17 110 4,7 16 12 11 19 142 58 7,5 4,8 A - Riacho do Talhado B – E5 (Talhado) C – Barragem D – E7 perto da barragem E – E3 adutora do sertão F – E5 em frente a confluencia do Talhado 60 Eman. CO2/ kg km-2 d-1 42.242 893 5.958 2.195 4247 4.105 755 1.478 443 29 256 981 8.850 2.189 4.363 Eletrobrás Tabela 19- UHE Segredo - Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] metros 3 A 8.2 <0.03 0.01 5.5 B 8.1 0.04 0.02 6 C 37 29 0.25 10 10.5 C B 1.4 14 0.03 0.67 2.0 0.04 14 A 5.9 0.81 0.01 18 C 1.2 0.01 0.002 24 A 5.4 0.06 0.007 27 B 24 9.3 0.08 36 A 11 <0.04 na 41 C 1.3 <0.004 na 64 B 5.1 <0.02 na – não analisado A – rio Capoteiro B – paliteiro da barragem Segredo, chuva quase contínua C – foz do rio Covó 0.005 Tabela 20 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Segredo Horas Prof./Metros Sítio Eman. CH4/kg km-2 d-1 Eman. CO2/kg km-2 d-1 11:06 5 A 0,007 1.290 11:52 5,5 B 50 0,1 16:01 10 C 7,0 800 01:18 10 D 4,8 2.924 02:20 10 B 1,7 1.347 11:57 10 D 14 0 16:14 10 A 5,6 13.578 02:16 10 E 1,8 1.874 15:26 10,5 D 1,4 1.383 15:09 37 D 22 624 01:36 40 D 4,1 365 02:37 40 B 1,8 304 15:36 40 F 3,2 3.610 10:42 41 A 10 259 11:16 64 B 1,6 3.462 A – Foz do rio Covó B – paliterio barragem C – barragem D – Bragança E – calha do rio Iguaçu F – rio Capoteiro 61 Eletrobrás Tabela 21 - UHE Samuel - Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] Metros 4.5 A 106 67 0.92 4.5 B 62 r 26 59 r 50% 1.8 r 36% 6.5 C 18 1.0 0.10 10 16 D E 253 r 140% 5.7 1.0 r 141% 1.2 1.3 0.03 17 B 1.8 0.0001 0.004 25 B 673 r 11% <38 r 132% A – margem direita do dique, 100 m do dique, 3 a 4-6-98 B – 10 km a montante do dique, 2 a 3-6-98 C – margem direita do dique, 500 m do dique, 3 a 4-6-98 D – 10 km a montante do dique, castanheira, 2 a 3-6-98 E – margem direita do dique, 1000 m do dique, 3 a 4-6-98 3.5 r 12% Tabela 22 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Samuel Horas Prof./Metros Sítio Eman. CH4/kg km-2 d-1 Eman. CO2/kg km-2 d-1 12:41 4,5 A 236 10.488 17:38 4,5 B 20 3.980 23:41 4,5 C 24 9.839 11:11 4,5 D 348 16.345 12:00 4,5 E 72 14.058 15:49 5 C 10 3.364 14:56 10 C 11 11.956 9:31 10 F 70 15.434 16:27 16 G 6,7 2.313 14:15 17 A 4,9 7.306 16:07 20 H 5,8 5.577 23:29 20 H 4,8 3.012 18:03 24 B 15 6.319 13:40 25 A 6,6 11.013 17:19 30 I 17 7.343 23:20 30 I 10 4.939 A – 10 km a montante do dique B – paliteiro do cabo C – cabo D – dique E – dique margem direita F – Catanheira G – 1km do dique da margem direita H – paliteiro I – M1 62 Eletrobrás Tabela 23 - UHE Tucuruí - Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] metros 4 A 0.88 5 B 189 r 54% 6 C 0.83 10.8 D 47 11 E 12 16 B 86 19 D 47 27 E 12 29 B 22 39 B 2.2 A – Pucuruí, macrófitas B – região 19 (15 km a montante da barragem) C – Caraipé, macrófitas D – Pucuruí E – Caraipé < 0.01 106 r 59% < 0.01 22 1.5 7.2 31 2.4 4.8 < 0.03 0.003 0.96 r 51% 0.002 0.23 0.05 0.24 0.29 0.06 0.08 0.007 Tabela 24 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Tucurí Horas Prof./Metros Sítio Eman. CH4/ Eman. CO2/ kg km-2 d-1 kg km-2 d-1 12:15 4 A 91 11.685 14:29 5 B 13 7.200 00:17 5 B 7,3 5.045 10:18 5 B 39 3.740 12:42 6 C 74 14.905 12:50 10,8 A 12 11.761 13:15 11 C 49 2.843 00:11 11 C 0,03 1.875 14:58 16 B 6,6 2.760 23:54 16 B 9,0 1.934 10:52 16 B 23 2.635 13:19 19 D 19 6.615 13:56 27 C 66 14.966 00:37 27 C 34 4.868 15:34 29 B 17 1.768 23:32 29 B 7,8 1.954 16:15 39 B 12 1.975 A – Pucuruí- Funai B – km 19 (15 km a montante da barragem) C – Caraipé D – Pucuruí (atrás da ilha da Castanheira) 63 Eletrobrás 2ª Campanha Tabela 25 - UHE Miranda – Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sitio [N2] [CH4] [CO2] metros 5 A 121,2 56,4 0,44 5 B 69,3 72,6 0,72 5 10 C A 71,9 98,3 66,3 42,2 0,87 0,29 10 B 6,9 0,45 0,01 10 C 19,8 4,7 0,08 17 C 19,2 3,3 0,08 20 A 43,6 5,6 0,09 23 37 B A 13,3 4,0 3,0 <0,03 0,04 0,01 40 B 12,5 0,3 0,02 40 C 38,9 20,4 0,21 A - sítio Barragem. Temperatura do ar 280C, água 290C. Hora 17:15. Dia 7-12-98. Localização 180 54’ 30,7” S e 480 01’ 17,8” W. B - sítio Furnas. Dia 8-12-98. Hora 17:20. C - sitio Posses. Temperatura do ar 310C, da água 280C. Dia 9-12-98. Hora 16:45. 64 Eletrobrás Tabela 26 - Medidas com Câmaras de Difusão Campanha no Reservatório de Miranda horas prof/ metros sitio difusão CH4/ kg km-2 d-1 difusão CO2/ kg km-2 d-1 temp. ar/ 0 C temp agua/ 0 C pH vento m/s conc. CH4/ ppm Conc. CO2/ ppm 17:57 05:37 15:58 19:08 06:09 13:44 17:07 06:39 16:19 18:20 06:05 15:33 18:42 06:30 14:32 17:34 06:18 15:45 17:56 15:06 18:45 06:23 15:11 05:57 17:31 06:50 15:03 19:30 07:05 14:47 18:18 07:07 15:30 18:13 05:34 14:07 5 5 5 5 5 5 5 5 5 10 10 10 10 10 10 10 10 10 17 17 20 20 20 20 23 23 23 37 37 37 40 40 40 40 40 40 A A A B B B C C C A A A D B B C C C C C A A A C B B B A A A B B B C C C 11,03 83,60 14,06 58,31 13,77 21,61 38,00 6,94 168,20 19,72 3,76 12,18 40,83 11,42 23,50 56,09 7,33 30,0 28,87 21,28 13,05 93,38 14,14 7,31 51,33 6,99 6,33 4,58 2,19 26,40 26,89 5,85 16,18 19,21 6,84 15,19 2.840 41.358 2.305 -1.834 7.364 1.238 3.580 4.172 2.046 5.923 -20.194 5.550 2.246 3.366 2.103 223 3.488 7.095 2.890 7.622 6.966 1.458 3.054 7.884 5.184 1.306 2.237 2.095 1.619 2.377 3.034 2.602 361 743 5.179 7.173 28,0 23,0 27,0 29,0 19,0 30,0 31,0 22,0 28,0 29,0 23,0 27,0 29,0 19,0 30,0 31,0 22,0 28,0 31,0 28,0 28,0 23,0 27,0 22,0 29,0 19,0 30,0 28,0 23,0 27,0 29,0 19,0 30,0 31,0 22,0 28,0 29,0 26,0 28,0 28,0 26,0 28,0 28,0 25,0 27,8 27,0 26,0 28,0 28,0 26,0 28,0 28,0 25,0 27,8 28,0 27,8 29,0 26,0 28,0 25,0 28,0 26,0 28,0 29,0 26,0 28,0 28,0 26,0 28,0 28,0 25,0 27,8 6,97 6,90 6,90 ? 6,95 6,87 5,50 6,00 6,90 6,97 6,90 6,90 ? 6,95 6,87 5,50 6,00 5,00 5,50 5,00 6,97 6,90 6,90 6,00 ? 6,95 6,87 6,97 6,90 6,90 ? 6,95 6,87 5,50 6,00 5,00 <1,0 <1,0 3,0 <1,0 <1,0 1,5 2,0 <1,0 0,0 4,0 <1,0 3,0 1,0 1,0 <1,0 2,5 <1,0 4a5 2,0 4,00 3,00 <1,0 3,0 0,5 3,0 1,0 2,5 <1,0 <1,0 4,0 2,0 1,5 6,0 3,5 0 a 1,5 1,0 5,22 3,64 12,74 56,11 10,17 17,21 12,48 5,18 4,55 17,41 5,16 10,33 28,81 9,51 21,83 55,67 4,90 16,13 27,28 22,81 9,78 3,41 17,15 4,89 47,90 5,14 10,35 5,53 3,42 25,89 24,91 5,65 17,41 22,15 4,34 15,52 991,18 732,67 709,00 457,33 735,63 944,97 470,67 1.015,9 872,08 1.451,4 742 785,91 598,67 826,61 685,74 402,84 1.142,4 1.551,9 615,31 2.270,9 864,44 1.043,0 1.097,5 1.180,2 949,74 634,00 740,10 1.075,0 929,48 1.112,9 888,15 706,50 525,29 703,96 2.138,2 2.095,5 A – Barragem B – Furnas C – Posses D – Ponte de Furnas 65 Eletrobrás Tabela 27 –UHE Três Marias- Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas (kg km-2 d-1) Profundidade Metros 4 4 5 5 7 7 9 9 20 29 29 sítio [N2] [CH4] [CO2] A B C D E A E B A E B 125,2 >79,7 81,3 0,72 0,95 0,28 1,35 3,2 26,7 1,09 5,4 112,9 >402,5 331,8 0 0 0 0 0,65 24,1 0 0,04 0,63 >23,3 9,4 na na na na 0,01 0,14 na 0,01 na – não analisado A - sítio Córrego dos Borrachudos no primeiro braço esquerdo, Cabana. Temperatura do ar 240C e da água 250C, término da chuva e aparecimento do sol. Início dia 2-3-99, 14:25 horas; final dia 3-399 as 9:30. B - sítio Córrego do Boi. Temperatura do ar 240C e da água 250C. Choveu durante a noite, dia ensolarado. Início dia 3-3 às 11:00 horas até dia 4-3 às 08:45. C – sítio Córrego do Boi. Início 4-3 as 08:30 até as 14:40. D - sítio Rio São Francisco. Temperatura do ar 280C e da água 280C. Início 4-3 às 10:20 horas até 5-3 às 08:57 horas. E – sítio próximo à Barragem, em frente ao hotel 66 Eletrobrás Tabela 28 - Resumo das Medidas com Câmaras de Difusão no Reservatório de Três Marias horas prof. / metros sitio 14:23 09:25 11:14 08:24 10:26 14:52 15:40 08:25 18:00 08:48 14:45 08:56 15:28 10:04 15:57 18:33 09:08 11:46 08:50 15:52 15:15 09:34 09:28 12:15 09:15 4 4 4 4 5 5 5 5 7 7 7 7 7 8 8 9 9 9 9 16 20 20 29 29 29 A A B B C B C C D D A A C C C D D B B C A A D B B difusão CH4/ kg km-2 d-1 6,03 8.037,0 49,13 6,82 3,28 70,75 5,66 0,0 2,34 0,66 1,85 3,93 4,25 2,14 5,31 1,72 1,56 5,91 11,40 5,63 3,04 2,34 2,10 4,26 2,10 difusão CO2/ kg km-2 d-1 temp. ar/ 0 C temp. agua/ 0C pH vento m/s conc. CH4/ ppm conc. CO2/ ppm 3.442 3.204 1.239 3.027 625 -241 -401 1.613 1.518 7.346 1.011 7.067 2.034 580 -168 1.582 3.990 856 4.176 4.719 2.649 3.266 2.512 2.018 1.559 24,0 25,0 26,0 25,0 28,0 32,0 32,0 24,0 24,0 24,0 24,0 25,0 29,0 28,0 32,0 24,0 24,0 26,0 25,0 29,0 24,0 25,0 24,0 26,0 25,0 25,0 28,0 28,0 28,0 28,0 30,0 30,0 27,5 26,0 26,0 25,0 28,0 28,0 28,0 30,0 26,0 26,0 28,0 28,0 28,0 25,0 28,0 26,0 28,0 28,0 7,00 7,00 5,70 6,30 5,20 7,30 6,30 7,00 6,90 6,90 7,00 7,00 5,90 5,20 6,30 6,90 6,90 5,70 6,30 5,90 7,00 7,0 6,90 5,70 6,30 0,0 1,5 2,0 <1,0 2,5 ? 3,0 2,0 2,5 3,0 0,0 2,5 3,0 2,5 3,0 2,5 1,0 1,0 1,0 1,5 0,0 3,0 1,5 2,5 1,0 6,12 787,72 35,89 3,43 4,58 78,35 6,29 3,98 4,11 2,68 3,55 4,87 5,69 4,09 5,75 3,46 2,94 7,80 3,56 7,22 2,93 3,76 2,54 5,82 3,86 685,05 1.011,6 773,65 767,68 607,73 473,89 445,33 547,94 777,45 714,27 630,11 923,10 654,73 688,72 388,41 832,90 791,18 770,62 527,78 613,09 946,34 1.371,9 871,98 497,49 644,04 A – córrego dos Borrachudos B – córrego do Boi C – rio São Francisco D – região próxima à Barragem, em frente ao hotel 67 Eletrobrás Tabela 29-UHE Barra Bonita–Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas (kg km-2 d-1) Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] 5 A 5,76 <0,05 0,14 5 B 3,59 10,94 0,002 5 C 2,88 <0,03 0,002 5 D 34,55 10,39 0,19 10 E 23,76 1,91 0,02 10 B 4,61 0,0004 0,01 10 F 21,30 2,06 0,15 12 G 56,88 15,48 0,04 18 H 6,78 3,60 0,01 21 B 16,34 0,45 0,01 metros A - Sítio Ancoradouro P1. Localizado a 220 31’ 18,9” S e 480 31’ 47” W. Temperatura do ar 220C e da água 23,50C. Dia 3/11/98. Hora 19:14 Comentário: algas nos funis. B - Sítio Brejão. Temperatura do ar 250C e da água 260C. Dia 4/11/98. Hora 18:00. Comentário: muitas algas nos gasômetros. C - Sítio rio Piracicaba P8. Temperatura do ar 290C, da água 280C. Velocidade do vento 2 m / s. pH=9,05. Dia 5/11/98. Hora 16:10 4 m / s. D - Sítio rio Tietê P10. Temperatura do ar 290C e da água 280C. Velocidade do vento pH=8,6. Dia 5/11/98. Hora 16:10 E - Sítio Ancoradouro P2 localizado a 220 31’ 16” S e 480 31’ 50” W. Dia 3/11/98. Hora 19:14. Temperatura do ar 220C, da água 23,50C. Comentário: algas nos funis 4 m / s. F - Sítio rio Tietê P9. Temperatura do ar 290C, da água 280C. Velocidade do vento pH=8,6. Data 5/11/98. Hora 16:10 G - Sítio rio Piracicaba P7. Temperatura do ar 290C, da água 280C. Velocidade do vento 2 m / s. pH=9,05. Dia 5/11/98. Hora 16:10 H - Sítio Ancoradouro P3 localizado a 220 31’ 20,5” S e 480 31’ 53,9” W. Temperatura do ar 220C e da água 23,50C. Dia 3/11/98. Hora 19:14 Comentário: algas nos funis. 68 Eletrobrás Tabela 30 - Resumo das Medidas com Câmaras de Difusão no Reservatório de Barra Bonita horas Prof. / metros sitio 10:07 15:08 15:23 23:50 10:10 16:54 18:24 11:15 13:27 10:27 15:54 00:06 9:52 18:00 12:50 16:32 11:50 10:49 16:17 00:26 09:31 5 5 5 5 5 5 5 5 5 10 10 10 10 10 10 12 12 18 18 18 21 A B B C D E F G G H B I D J G K G L B M D difusão CH4/ kg km-2 d-1 28,7 15,2 18,0 20,3 17,2 22,2 9,8 14,0 5,1 31,4 20,3 8,67 19,4 20,5 9,1 19,0 23,6 59,3 falhou 13,14 15,9 difusão CO2/ kg km-2 d-1 8.324 551 4.512 2.297 83 -1.922 1.151 -8.400 7.319 6.200 856 523 20.391 -1.670 2.562 falhou 2.097 18.831 temp. ar/ 0 C temp. agua/ 0C 20,0 30,5 30,5 19,5 22,0 29,0 25,0 27,5 27,5 20,0 30,5 19,5 22,0 28,5 27,5 29,0 27,5 20,0 30,5 19,5 22,0 23,0 25,5 25,5 23,5 24,0 28,0 26,0 26,5 26,5 23,0 25,5 23,5 24,0 28,0 26,5 28,0 26,5 23,0 25,5 23,5 24,0 A – ancoradouro CESP P1 B – ancoradouro CESP (próximo à represa) C – sítio P1 D – Brejão E – rio Piracicaba P8 F – rio Tietê P10 G – rio Piracicaba H – ancoradouro CESP P2 I – sitio P2 J – rio Tietê P9 K – rio Piracicaba P7 L – ancoradouro CESP P3 M – sitio P3 69 pH 7,40 9,05 8,60 9,05 6,67 vento m/s conc. CH4/ ppm conc. CO2/ ppm 3,0 0,0 18,84 11,44 10,44 26,64 12,57 14,84 10,93 10,07 5,36 21,23 18,92 7,54 12,08 6,16 7,41 19,77 6,74 43,51 falhou 11,43 13,97 962,18 672,52 643,75 1113,8 472,33 262,03 556,22 346,37 2129,9 970,18 666,76 657,10 289 -219,7 1617,6 falhou 761,87 591 0,0 0,5 2,0 4,0 0,5 0,5 4,0 0,0 ? 0,5 4,0 1,0 2,0 0,3 4,0 1,0 Eletrobrás Tabela 31 - UHE Segredo – Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] metros 5 A 10,3 0,8 0,02 5 B 27,6 15,4 0,10 5 C 20,5 1,7 0,07 10 A 17,1 2,6 0,03 10 C 0,57 0 não analisado 11 B 0,82 0 0 20 B 0,84 0 0 20 C 138,5 14,8 0,25 35 A 0,96 0 0 42 C 161,8 5,5 0,16 48 B 0,84 0 0 58 A 0,9 <0,01 0 A - Sítio Barragem / Paliteiro. Localizado a 270 47´42” S e 520 0,7’ 58,4” W. pH 7,15. Temperatura do ar 270C e da água 240C. Velocidade do vento 5,0 m/s nordeste. Dia 23/11/98. Hora 11:00 B - Sítio Rio Covó. Temperatura do ar 240C e da água 23,50C. Data 24/11/98. Hora 11:00 C - Sítio Bragança. Temperatura do ar 240C e da água 260C. pH=7,1. Data 25-11-98. Hora 11:00 70 Eletrobrás Tabela 32 - Resumo das Medidas com Câmaras de Difusão no Reservatório de Segredo horas prof. / metros sitio 11:41 18:11 05:34 11:15 17:51 06:15 10:54 17:45 05:28 12:05 18:29 05:51 18:14 06:32 11:10 18:04 05:44 11:36 11:52 18:27 06:49 11:25 18:21 06:01 12:27 18:49 06:08 11:41 06:18 12:10 18:48 07:06 12:53 19:07 06:25 5 5 5 5 5 5 5 5 5 10 10 10 10 10 10 10 10 11 20 20 20 20 20 20 35 35 35 42 43 48 48 48 58 58 58 A A A B B B C C C A A A B B C C C B B B B C C C A A A C C B B B A A A difusão CH4/ kg km-2 d-1 7,08 2,22 3,30 8,87 3,73 -212,9 325,40 8,39 7,24 5,96 3,04 2,14 4,24 3,27 5,82 9,24 9,96 5,79 2,51 4,89 3,24 6,26 12,64 4,53 3,58 14,59 3,32 4,59 10,57 2,50 7,51 6,33 5,08 3,14 2,96 difusão CO2/ kg km-2 d-1 6.934 -315 2.103 4.884 11.336 -4.688 -597 -959 -16.218 1.707 5.447 3.377 453 -165 378 -2.825 401 5.913 2.608 -7.069 -2.101 -4.697 -3.921 -1.699 1.471 305 10.809 -355 696 2.717 520 -759 -9.627 7.367 7.593 temp. ar/ 0 C 27,0 30,0 20,0 24,0 29,0 21,0 24,0 27,0 20,0 27,0 30,0 20,0 29,0 21,0 24,0 27,0 20,0 24,0 24,0 29,0 21,0 24,0 27,0 20,0 27,0 30,0 20,0 24,0 20,0 24,0 29,0 21,0 27,0 30,0 20,0 temp. agua/ 0 C 24,0 28,0 25,0 23,5 26,0 23,0 26,0 26,5 25,0 24,0 28,0 25,0 26,0 23,0 26,0 26,5 25,0 23,5 23,5 26,0 23,0 26,0 26,5 25,0 24,0 28,0 25,0 26,0 25,0 23,5 26,0 23,0 24,0 28,0 25,0 A – Barragem B – rio Covó C – Bragança 71 pH vento m/s 7,15 7,39 7,20 7,10 7,10 7,20 7,10 8,00 7,10 7,15 7,39 7,20 7,10 7,20 7,10 8,00 7,10 7,10 7,10 7,10 7,20 7,10 8,00 7,10 7,15 7,39 7,20 7,10 7,10 7,10 7,10 7,20 7,15 7,39 7,20 5,0 0,0 5,0 3,0 <1,0 <1,0 1,0 2,5 0,0 3,0 0,0 5,0 <1,0 0,0 <1,0 3,0 0,0 2,0 2,0 <1,0 ? <1,0 1,0 <1,0 2,0 0,0 1,0 <1,0 <1,0 1,0 <1,0 ? 1,0 0,0 2,0 conc. CH4/ ppm 5,34 2,84 4,54 4,85 5,12 2,26 347,77 10,44 3,43 5,93 2,36 3,77 5,22 3,39 2,67 9,62 3,77 6,50 4,42 3,72 3,46 2,87 3,65 5,30 4,89 1,91 4,64 3,63 4,71 2,92 3,00 2,53 3,08 4,01 4,18 conc. CO2/ ppm 666,67 412,04 508,05 820,27 473,00 530,89 289,19 271,66 508,33 1071,1 414,33 426,76 547,30 480,94 445,12 219,92 532,87 808,47 998,44 434,67 470,48 415,33 319,05 444,52 667,93 418 453,67 305,41 567,08 766,95 524,34 335,77 553,67 409 445 Eletrobrás Tabela 33 - UHE Xingó - Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sítio [N2] [CH4] [CO2] metros 4 A 2,8 1,26 0 5 B 46,4 2,08 0,07 5 C 29,9 32,2 0,13 5 D 193,0 407,3 1,9 6 C 11,1 0,78 0,01 11 B 38,8 2,04 0,06 12 A 12,0 16,0 0,04 21 B 8,6 0 0,01 22 A 3,2 1,93 0 A - sítio riacho Cabeça de Nego, penúltimo braço direito antes da barragem. Paliteiro entre as margens, distantes entre si por 100m. Temperatura do ar 310C, água 300C; pH 7,66. Início 25-3-99 as 11:00 horas; fim 25-3-99 às 14:55 horas. B - sítio Carranca, próximo à barragem, com uma faixa de paliteiro nessa profundidade. Temperatura do ar 320C, água 280C; pH 7,8. Início 24-3-99 às 10:02; fim 25-3-99 às 09:05. C - sítio entrada do Talhado. Início 25-3-99 às 16:00 horas, fim 26-3-99 às 14:11. D - sítio riacho Uruçu, braço direito do reservatório. Inicio 26-3-99 às 09:20; fim 26-3-99 às 14:36. 72 Eletrobrás Tabela 34 - Resumo das Medidas com Câmaras de Difusão no Reservatório de Xingó horas prof. / metros sitio 09:50 14:48 10:57 11:05 10:45 16:09 16:33 17:01 09:29 14:58 15:18 15:36 17:22 10:21 09:07 15:10 09:45 16:31 10:43 10:31 15:34 10:13 16:52 10:04 2 4 4 4 5 5 5 5 5 5 5 5 6 6 7 10 11 11 11 12 17 21 21 22 A B B C D D E E A A A A E C A B D D C B B D D B difusão CH4/ mg m-2 d-1 92,90 33,68 32,95 9,60 4,46 5,37 -163,7 9,73 49,93 62,76 82,85 48,16 -142,4 11,19 1776,4 42,45 9,99 3,54 12,28 48,23 25,04 6,86 4,81 46,60 difusão CO2/ mg m-2 d-1 15.510 16.438 13.671 -5.543 11.201 -1.320 -3.135 -1.337 3.149 -1.724 2.091 838 -1.253 -1.463 17.239 -1.359 -3.069 -5.614 -2.235 612 -1.057 912 -341 -81.966 temp. ar/ 0 C 29,0 32,0 31,0 31,0 32,0 34,0 33,0 33,0 29,0 34,0 34,0 34,0 33,0 31,0 29,0 32,0 32,0 34,0 31,0 31,0 32,0 32,0 34,0 31,0 temp. agua/ 0 C 29,0 30,5 30,0 29,0 28,0 29,0 30,0 30,0 29,0 30,0 30,0 30,0 30,0 29,0 29,0 30,5 28,0 29,0 29,0 30,0 30,5 28,0 29,0 30,0 A – riacho Uruçu, um braço do reservatório B – riacho Cabeça de Nego, penúltimo braço antes da barragem C – Cacamonhê, um braço direito do reservatório D – “Carranca”, próximo da barragem E – boca do Talhado 73 pH Vento m/s 7,28 7,40 7,66 7,90 7,80 8,10 7,25 7,25 7,28 7,90 7,90 7,90 7,25 8,00 7,28 7,40 7,80 8,10 8,00 7,66 7,40 7,80 8,10 7,66 0,0 1,0 1,0 0,0 0,0 1,5 2,5 3,0 2,0 0,0 1,0 1,0 3,0 3,5 1,0 1,0 2,5 0,0 1,0 2,0 2,5 1,5 0,0 2,0 conc. CH4/ ppm 27,18 26,55 28,14 7,98 2,75 3,37 6,80 10,41 50,48 46,79 7,45 15,10 6,51 11,28 21,88 20,98 5,65 4,16 3,60 42,62 18,00 7,72 3,64 41,46 conc. CO2/ ppm 528,33 531,00 412 317,61 373,67 295,65 105,18 235,27 679,67 411,50 399 423 11,19 -66,21 717 398,13 412,55 353,67 332,94 532,53 105,33 400,33 310,65 552,33 Eletrobrás Tabela 35 – UHE Samuel - Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sitio [N2] [CH4] [CO2] 4 A 47,7 24,0 0,79 5 B 77,6 37,6 1,20 9 A 29,8 12,7 0,30 10 B 4,00 0,19 0,02 16 A 2,00 0,04 0,01 21 B 1,42 0,07 0,01 metros A - Sítio Dique Direito, dentro do inicio do paliteiro. Coordenadas S 80 44’ 38,5’’ e W 630 25’ 43’’. B - Sítio no meio do paliteiro em frente da Ilha da Castanheira. Situado a S 80 46’ 43,4” e W 630 23’ 43,1”. 74 Eletrobrás Tabela 36 - Resumo das Medidas com Câmaras de Difusão no Reservatório de Samuel horas 11:12 15:08 11:29 14:54 11:29 11:07 17:11 13:57 11:47 16:03 10:22 16:52 09:35 09:53 prof. / metros difusão CH4/ kg km-2dia-1 14,61 10,89 10,75 11,97 6,99 9,18 9,27 15,86 123,52 9,73 6,13 6,53 17,16 11,76 sitio A A B C A B B B A A B B B B 4 4 5 6 9 10 10 10 16 16 21 21 21 21 difusão CO2/ kg km-2 d-1 11.814 9.184 4.145 24.283 7.150 4.672 3.420 2.209 23.078 4.813 4.416 3.302 4.331 4.753 temp. ar/ 0 C 28,5 31,0 30,0 32,0 28,5 30,0 29,5 30,0 28,5 31,0 30,0 29,5 30,5 30,5 temp. agua/ 0 C 29,5 31,0 29,5 31,5 29,5 29,5 32,0 33,0 29,5 31,0 29,5 32,0 30,5 30,5 pH 6,90 6,90 7,00 6,40 6,90 7,00 6,99 7,00 6,90 6,90 7,00 6,99 6,92 6,92 vento m/s 1 1 0 1 2 0 <1 2 0 0 0 0 conc. CH4/ ppm 9,15 9,54 10,81 14,12 6,46 8,47 6,51 8,27 3,74 8,72 7,95 9,04 6,52 5,99 conc. CO2/ ppm 2.570,3 2.336 1.520,7 3.213,1 2.399,1 1.403,2 1.365,4 801,1 1.056 1.833 1.398,96 1.325,95 932,33 1.049,27 Tabela 37 - Resumo das medidas com a camara grande (17,05 l) prof. / horas difusão CH4/ difusão CO2 / temp. sitio kg km-2 d-1 kg km-2 d-1 temp. ar / 0C agua / 0 metros Vento C PH m/s 15:10 4 A 52,29 (NT) 3786 (NT) 31,0 31,0 7,06 1,5 10:24 21 B 2,10 1551 31,0 29,5 7,00 0 9:19* 21 B 11,52 911 30,5 30,5 6,92 0 9:19* 21 B 1,61 413 30,5 30,5 6,92 0 13:40 10 B 8,11 1606 30,0 33,0 7,00 <1,0 13:40 10 B 7,85 1284 30,0 33,0 7,00 <1,0 NT – não termostatizado * - condições de luz com filme 100 ASA: F16 e 1/1000 segundo A – Dique direito B – Ilha da Castanheira C – Lago Espanha, um lago natural 75 Eletrobrás Tabela 38 - UHE Tucurui - Valores Médios de Liberação de Gases por Bolhas em kg km-2 d-1 Profundidade sitio [N2] [CH4] [CO2] 5,5 A 6,64 1,15 0,03 6 B 170,7 0,92 0,50 9 A 34,8 21,2 0,07 12 21 B B 23,9 0,55 0,12 0 0,04 n.a. 23 A 2,75 0 0 metros A - Sitio Repartimento, região de macrófitas. Temperatura do ar 330C e da água 320C; pH 7,6. Funis colocados dia 9-6-99 e retirados dia 10-6-99. B - Sitio km 19, aproximadamente 7 km à montante da barragem, margem esquerda. Temperatura do ar e da água 310C; pH 7,5. Funis colocados dia 10-6-99 e retirados dia 11-6-99. 76 Eletrobrás Tabela 39 - Resumo das Medidas com Câmaras de Difusão no Reservatório de Tucuruí (medidas com câmaras de difusão de 50 ml a 25 (C) e 50 (P) cm da superficie) Horas amostra 18:06 18:19 11:45 12:00 10:57 11:11 09:32 09:49 15:47 16:01 17:30 17:46 5C 6P 1C 2P 8C 8P 13C 14P 16C 17P 11C 12P prof. / metro s 6 6 9 9 9 9 9 9 10 10 14 14 sitio difusão CH4/ kgkm-2 d-1 difusão CO2/ kg km-2 d-1 temp. ar/ 0 C temp. agua/ 0 C pH vento m s-1 conc. CH4/ ppm conc. CO2/ ppm A A B B B B C C D D C C 4,44 6,84 8,95 6,37 13,04 7,86 9,63 8,69 13,41 8,29 28,53 14,71 32.961 2.118 -457 -1.451 4.251 481 3.443 2.912 1.750 25.846 1.926 4.417 31,0 31,0 33,0 33,0 30,0 30,0 28,5 28,5 31,5 31,5 31,0 31,0 31,0 31,0 32,0 32,0 31,0 31,0 30,0 30,0 32,0 32,0 31,0 31,0 7,5 7,5 7,6 7,6 7,5 7,5 7,3 7,3 7,5 7,5 7,5 7,5 <1 <1 <1 <1 1 1 3 3 0 0 3 3 6,03 5,50 7,28 7,30 13,40 7,14 10,77 7,00 10,76 7,69 13,48 11,58 487,33 260,35 323,78 658,80 762,33 1619 1.209,98 706,20 625,33 1.033,39 784,42 Tabela 40 - Resumo das Medidas com a Câmara Grande (17,05 litros) termostatizada Horas 18:00 11:25 11:35 10:42 09:22 15:44 15:44 17:17 prof. / amostra metro s 7G 6 3G 9 4G 9 10G 9 18G 9 15G 10 15G(2) 10 12G 14 difusão sitio CH4/ kg km-2 d-1 A 7,45 B 4,72 B 4,08 B 3,55 C 10,5 D 0,68 D 0,64 C 18,2 difusão CO2/ kg km-2 d-1 941 1.077 679 1.057 3.070 -1.263 654 3.478 A – próximo a barragem B – Repartimento C – km 19 D - Caraipé 77 temp. ar/ 0 C 31,0 33,0 33,0 30,0 28,5 31,5 31,5 31,0 Temp Agua/ 0 C 31,0 32,0 32,0 31,0 30,0 32,0 31,5 31,0 pH 7,5 7,6 7,6 7,5 7,3 7,5 32,0 7,5 vento m s-1 <1,0 <1,0 <1,0 1,0 3,5 0,0 0,0 3,0 Eletrobrás 5.3 – Comparação das Emissões de Hidrelétricas e Termelétricas Equivalentes Neste trabalho propôs-se calcular as emissões equivalentes das hidrelétricas pesquisadas com as diferentes tecnologias de geração termelétrica de potência equivalente no período de 1 ano, tomando a média das medições realizadas nas duas campanhas de amostragem extrapoladas para os reservatórios como um todo. Desta forma, procedeu-se a soma das partes advindas do transporte por bolhas e por difusão molecular e obteve-se a emissão total do lago para o período de tempo considerado. A taxa de emissão foi calculada tomando por base os dados obtidos nas medições experimentais (mg gás m-2 d-1), indicando o valor médio para as duas campanhas de cada reservatório. Este valor será empregado para a extrapolação pelo período de 1 ano. Os resultados são o produto de duas campanhas de coletas de dados e a extrapolação dos valores adotada é uma hipótese conservadora para o caso das emissões da hidrelétrica, pois as emissões são projetadas como constantes ao longo do período de tempo avaliado. Os resultados, expressos em massa, de cada gás, e por dois tipos de processo de transporte, encontram-se dispostos nas tabelas 41 e 42. Os valores expressos em massa de gás (kg) por unidade de área (km2) na unidade de tempo (dia) foram em uma primeira operação, transformados em massa de carbono, equivalente por unidade de área e multiplicados pelo número de dias do ano. Posteriormente, procedeu-se a transformação dos resultados de fluxo de carbono por unidade de área do reservatório. Finalmente, estes valores, expressos em kg de carbono equivalente foram transformados em toneladas de carbono equivalente de cada gás. 78 Eletrobrás Tabela 41 - Resultados da 1a. Campanha de Medições de Gases de Efeito Estufa de Sete Reservatórios Hidrelétricos Miranda Três Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí Bolhas kg km-2 d-1 CH4 29,2 273 4,81 2,01 1,85 19,3 13,1 Miranda Três Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí Total/Ano Total/Reservatório/Ano Total/Reservatório/Ano kg km-2 ano-1 C - CH4 C - CO2 kg C - CH4/ano kg C-CO2/ano t C - CH4/ano t C-CO2/ano 71.859,38 495.686,79 3.636.084,38 25.081.751,57 3.636,08 25.081,75 89.790,00 -13.646,32 93.381.600,00 -14.192.169,73 93.381,60 -14.192,17 5.228,63 640.411,41 1.631.331,00 199.808.358,98 1.631,33 199.808,36 2.819,63 476.675,51 231.209,25 39.087.391,78 231,21 39.087,39 8.171,44 979.130,71 490.286,25 58.747.842,81 490,29 58.747,84 50.260,50 805.043,12 28.095.619,50 450.019.106,32 28.095,62 450.019,11 57.268,50 1.038.453,87 139.162.455,00 2.523.442.907,75 139.162,46 2.523.442,91 CO2 0,38 5,16 0,32 0,032 0,024 0,65 0,15 Difusão kg km-2 d-1 CH4 233,3 55,37 14,37 8,27 28 164,3 192,2 CO2 4.980 -142,3 6.434 4.789 9.837 8.087 10.433 79 Total kg km-2 d-1 CH4 262,5 328 19,1 10,3 29,85 183,60 209,20 CO2 4.980 -137,1 6.434 4.789 9.837 8.088 10.433 Total/ano kg km-2 CH4 95.812,5 119.720 6.971,5 3.759,5 10.895,25 67.014 76.358 CO2 1.817.700 -50.041,5 2.348.410 1.747.985 3.590.505 2.952.120 3.808.045 Eletrobrás Tabela 42 - Resultados da 2a. Campanha de Medições de Gases de Efeito Estufa de Sete Reservatórios Hidrelétricos Miranda Três Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí Miranda Três Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí Bolhas kg km-2 d-1 CH4 18 55,8 3,1 2,1 19,5 13,6 2,4 CO2 0,16 2,03 0,04 0,07 0,04 0,39 0,16 Difusão kg km-2 d-1 CH4 27,4 9,1 21,7 5,7 27 10,8 12,2 Total kg km-2 ano-1 C - CH4/ano C - CO2/ano 12.428,25 17.766,38 6.789,00 2.135,25 12.729,38 6.679,50 3.996,75 377.737,22 240.079,63 134.173,85 59.820,84 224.850,69 532.514,93 648.573,32 Total kg km-2 d-1 CH4 45,4 64,9 24,8 7,8 46,5 24,40 14,60 CO2 3.795 2.410 1.348 601 2.259 5.350 6.516 Total/Reservatório/Ano kg C CH4/ano 628.869,45 898.978,58 343.523,40 108.043,65 644.106,38 337.982,70 202.235,55 kg C-CO2/ano 19.113.503,46 12.148.029,08 6.789.197,01 3.026.934,28 11.377.445,14 26.945.255,21 32.817.809,89 CO2 3.795 2.412 1.348 601 2.259 5.350 6.516 Total kg km-2 CH4/ano 16.571 23.688,5 9.052 2.847 16.972,5 8.906 5.329 CO2/ano 1.385.175 880.380 492.020 219.365 824.535 1.952.750 2.378.340 Total/Reservatório/Ano tCCH4/ano 628,87 898,98 343,52 108,04 644,11 337,98 202,24 t C-CO2/ano 19.113,50 12.148,03 6.789,20 3.026,93 11.377,45 26.945,26 3.2817,81 Dos resultados médios finais de cada reservatório tirou-se a média das duas campanhas expressos em tonelada de carbono equivalente por ano e extrapolou-se este valor para 1 ano (Tabela 43) Tabela 43 - Média dos Resultados das Campanhas de Medições de Gases de Efeito Estufa de Sete Reservatórios Hidrelétricos Miranda Três Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí Total/Reservatório/Ano (Média das 2 Campanhas) t C - CH4/ano t C-CO2/ano 2.132,48 22.097,63 47.140,29 -1.022,07 987,43 103.298,78 169,63 21.057,16 567,20 35.062,64 14.216,80 238.482,18 69.682,35 1.278.130,36 80 Eletrobrás De acordo com a metodologia descrita anteriormente, foi calculada a emissão evitada de carbono de cada uma das hidrelétricas medidas com a tecnologia de geração termelétrica, empregando-se diferentes combustíveis e eficiência da tecnologia. Foi feita a comparação com termelétricas virtuais de mesma potência, gerando a mesma quantidade anual de energia, levando em conta a eficiência de cada uma. Calculou-se a energia média gerada em um ano de funcionamento de cada hidrelétrica, tomando a sua capacidade instalada, expressa em MW, multiplicada por um fator de capacidade médio das hidrelétricas brasileiras, que gira em torno de 50% e o número de horas do ano (8.760), resultando na quantidade de energia gerada, expressa em MWh ano-1. Para o cálculo do carbono emitido pela tecnologia termelétrica optou-se por empregar a mesma energia anual gerada pela hidrelétrica, multiplicada por um fator de emissão de carbono, expresso em tC/MWh, dividido pela eficiência média de cada tecnologia, conjugada a um determinado combustível. A eficiência variou de 30% a 35% no caso do ciclo simples, movido a óleo diesel, carvão mineral e óleo combustível e 45 % no caso do ciclo combinado a gás natural. Para o cálculo do carbono evitado levou-se em consideração a emissão de carbono da termelétrica ao longo de 1 ano de operação, subtraindo a emissão de carbono equivalente do metano pela hidrelétrica multiplicada pelo potencial de aquecimento global para 1 ano, subtraindo também a emissão de dióxido de carbono da hidrelétrica em 1 ano. As tabelas de número 44 a 50 mostram o cálculo da emissão de carbono comparada entre as tecnologias termelétrica e hidrelétrica. 81 Eletrobrás Tabela 44 - Cálculo de Emissão de Carbono por Termelétrica Equivalente para Gerar mesma Energia em 1 ano - Hidrelétrica de Miranda Potência da Usina (MW) 390 D = E c T/ef E (MWh/ano) 1.708.200 Fator de Capacidade Médio 0,5 Óleo Combustível c (tC/MWh) 0,24 Carvão vapor c 0,30 Gás Natural c 0,12 Óleo Diesel c 0,24 No. de Horas/ano Energia Média Gerada/ano 8.760 1.708.200 T (n. de anos) 1 ef 0,35 D (tC) 1.171.337,14 T 1 ef 0,35 1.464.171,43 T 1 ef 0,45 455.520,00 T 1 ef 0,3 1.366.560,00 G Emissão de CH4 (termoelétrica) tC 1.171.337,14 (GWP 100 anos) 8,90 (Hidrelétrica) tC 2.132,50 Emissão de CO2 (Hidrelétrica) tC 22.097,60 1.130.260,29 1.464.171,43 8,90 2.132,50 22.097,60 1.423.094,58 455.520,00 8,90 2.132,50 22.097,60 414.443,15 1.366.560,00 8,90 2.132,50 22.097,60 1.325.483,15 Emissões da Hidr. 41.076,85 41.076,85 RI 28,52 35,64 455.520,00 41.076,85 11,09 1.366.560,00 41.076,85 33,27 E 1.708.200 E 1.708.200 E 1.708.200 Cálculo da Emissão Evitada de Carbono e = D- G K - J Emissão de CO2 Cálculo do Mérito (RI) Emissões da Term. 1.171.337,14 1.464.171,43 82 e óleo combustível (ciclo simples) carvão mineral (ciclo simples) gás natural (ciclo combinado) óleo diesel (ciclo simples) óleo (ciclo simples) carvão (ciclo simples) gás (ciclo combinado) diesel (ciclo simples) Eletrobrás Tabela 45 - Cálculo de Emissão de Carbono pela Termelétrica Equivalente para Gerar mesma Energia por 1 ano - Hidrelétrica de Barra Bonita Potência da Usina (MW) Fator de Capacidade Médio 140,8 0,5 Óleo Combustível D = E c T/ef E (MWh/ano) c (tC/MWh) 616.704 0,24 Carvão vapor E c 616.704 0,30 Gás Natural E c 616.704 0,12 Óleo Diesel E c 616.704 0,24 Cálculo da Emissão Evitada de Carbono e = D- G K - J Emissão de CO2 G No. de Horas/ano Energia Média Gerada/ano 8.760 616.704 T (n. de anos) 1 ef 0,35 D (tC) 422.882,74 T 1 ef 0,35 528.603,42 T 1 ef 0,45 164.454,40 T 1 ef 0,3 493.363,20 Emissão de CH4 Emissão de CO2 (Hidrelétrica) tC 103.298,77 310.795,86 e (termoelétrica) tC 422.882,74 (GWP 100 anos) 8,9 (Hidrelétrica) tC 987,42 528.603,43 8,9 987,42 103.298,77 416.516,55 164.454,40 8,9 987,42 103.298,77 52.367,52 493.363,20 8,9 987,42 103.298,77 381.276,32 Emissões da Hidr. 112.086,56 112.086,56 112.086,56 112.086,56 RI 3,77 4,72 1,47 4,40 Cálculo do Mérito (RI) Emissões da Term. 422.882,74 528.603,43 164.454,40 493.363,20 83 óleo combustível (ciclo simples) carvão mineral (ciclo simples) gás natural (ciclo combinado) óleo diesel (ciclo simples) Óleo (ciclo simples) Carvão (ciclo simples) gás (ciclo combinado) diesel (ciclo simples) Eletrobrás Tabela 46 - Cálculo de Emissão de Carbono pela Termelétrica Equivalente para Gerar mesma Energia por 1 ano - Hidrelétrica de Segredo Potência da Usina (MW) 1.260 D = E c T/ef E (MWh/ano) 5.518.800 Fator de Capacidade Médio 0,5 Óleo Combustível c (tC/MWh) 0,24 Carvão vapor E c 5.518.800 0,30 Gás Natural E c 5.518.800 0,12 Óleo Diesel E c 5.518.800 0,24 Cálculo da Emissão Evitada de Carbono e = D- G K - J Emissão de CO2 G No. de Horas/ano Energia Média Gerada/ano 8.760 5.518.800 T (n. de anos) 1 ef 0,35 D (tC) 3.784.320 T 1 ef 0,35 4.730.400 T 1 ef 0,45 1.471.680 T 1 ef 0,30 4.415.040 Emissão de CH4 Emissão de CO2 (Hidrelétrica) tC 21.057,16 3.761.753,16 e (termoelétrica) tC 3.784.320 (GWP 100 anos) 8,9 (Hidrelétrica) tC 169,63 4.730.400 8,9 169,63 21.057,16 4.707.833,16 1.471.680 8,9 169,63 21.057,16 1.449.113,16 4.415.040 8,9 169,63 21.057,16 4.392.473,16 Emissões da Hidr. 22.566,64 22.566,64 22.566,64 22.566,64 RI 167,70 209,62 65,21 195,64 Cálculo do Mérito (RI) Emissões da Term. 3.784.320 4.730.400 1.471.680 4.415.040 84 óleo combustível (ciclo simples) carvão mineral (ciclo simples) gás natural (ciclo combinado) óleo diesel (ciclo simples) óleo (ciclo simples) Carvão (ciclo simples) gás (ciclo combinado) diesel (ciclo simples) Eletrobrás Tabela 47 - Cálculo de Emissão de Carbono pela Termelétrica Equivalente para Gerar mesma Energia por 1 ano - Hidrelétrica de Xingó Potência da Usina (MW) 3.000 D = E c T/ef E (MWh/ano) 13.140.000 Fator de Capacidade Médio 0,5 Óleo Combustível c (tC/MWh) 0,24 Carvão vapor E c 13.140.000 0,30 Gás Natural E c 13.140.000 0,12 Óleo Diesel E c 13.140.000 0,24 Cálculo da Emissão Evitada de Carbono e = D- G K - J Emissão de CO2 G No. de Horas/ano Energia Média Gerada/ano 8.760 13.140.000 T (n. de anos) 1 ef 0,35 D (tC) 9.010.285,71 T 1 ef 0,35 11.262.857,14 T 1 ef 0,45 3.504.000 T 1 ef 0,30 10.512.000 Emissão de CH4 Emissão de CO2 (Hidrelétrica) tC 35.062,64 8.970.175,02 e (termoelétrica) tC 9.010.285,71 (GWP 100 anos) 8,9 (Hidrelétrica) tC 567,20 11.262.857,14 8,9 567,20 35.062,64 11.222.746,45 3.504.000 8,9 567,20 35.062,64 3.463.889,30 10.512.000 8,9 567,20 35.062,64 10.471.889,30 Emissões da Hidr. 40.110,72 40.110,72 40.110,72 40.110,72 RI 224,64 280,79 87,36 262,07 Cálculo do Mérito (RI) Emissões da Term. 9.010.285,71 11.262.857,14 3.504.000,00 10.512.000,00 85 óleo combustível (ciclo simples) carvão mineral (ciclo simples) gás natural (ciclo combinado) óleo diesel (ciclo simples) óleo (ciclo simples) Carvão (ciclo simples) gás (ciclo combinado) diesel (ciclo simples) Eletrobrás Tabela 48 - Cálculo de Emissão de Carbono pela Termelétrica Equivalente para Gerar mesma Energia por 1 ano - Hidrelétrica de Samuel Potência da Usina (MW) 216 D = E c T/ef E (MWh/ano) 959.220 Fator de Capacidade Médio 0,5 Óleo Combustível c (tC/MWh) 0,24 Carvão vapor E c 959.220 0,30 Gás Natural E c 959.220 0,12 Óleo Diesel E c 959.220 0,24 Cálculo da Emissão Evitada de Carbono e = D- G K - J Emissão de CO2 G No. de Horas/ano Energia Média Gerada/ano 8.760 959.220 T (n. de anos) 1 ef 0,35 D(tC) 657.750,86 T 1 ef 0,35 822.188,57 T 1 ef 0,45 255.792,00 T 1 ef 0,3 767.376,00 Emissão de CH4 Emissão de CO2 (Hidrelétrica) tC 238.482,18 292.739,16 e (termoelétrica) tC 657.750,86 (GWP 100 anos) 8,90 (Hidrelétrica) tC 14.216,80 822.188,57 8,90 14.216,80 238.482,18 457.176,87 255.792,00 8,90 14.216,80 238.482,18 -109.219,70 767.376,00 8,90 14.216,80 238.482,18 402.364,30 Emissões da Hidr. 365.011,70 365.011,70 365.011,70 365.011,70 RI 1,80 2,25 0,70 2,10 Cálculo do Mérito (RI) Emissões da Term. 657.750,86 822.188,57 255.792,00 767.376,00 86 óleo combustível (ciclo simples) carvão mineral (ciclo simples) gás natural (ciclo combinado) óleo diesel (ciclo simples) óleo (ciclo simples) carvão (ciclo simples) gás (ciclo combinado) diesel (ciclo simples) Eletrobrás Tabela 49 - Cálculo de Emissão de Carbono pela Termelétrica Equivalente para Gerar mesma Energia por 1 ano - Hidrelétrica de Tucuruí Potência da Usina (MW) 4.000 D = E c T/ef E (MWh/ano) 17.520.000,00 Fator de Capacidade Médio 0,5 Óleo Combustível c (tC/MWh) 0,24 Carvão vapor E c 17.520.000,00 0,30 Gás Natural E c 17.520.000,00 0,12 Óleo Diesel E c 17.520.000,00 0,24 Cálculo da Emissão Evitada de Carbono e = D- G K - J Emissão de CO2 G No. de Horas/ano 8.760 Energia Média Gerada/ano 17.520.000,00 T (n. de anos) 1 ef 0,35 alfa (tC) 12.013.714,29 T 1 ef 0,35 15.017.142,86 T 1 ef 0,45 4.672.000,00 T 1 ef 0,3 14.016.000,00 Emissão de CO2 (Hidrelétrica) tC 1.278.130,36 10.115.411,10 (termoelétrica) tC 12.013.714,29 (GWP 100 anos) 8,90 Emissão de CH4 (Hidrelétrica) tC 69.682,34 15.017.142,86 8,90 69.682,34 1.278.130,36 13.118.839,67 4.672.000 8,90 69.682,34 1.278.130,36 2.773.696,81 14.016.000 8,90 69.682,34 1.278.130,36 12.117.696,81 Emissões da Hidr. 1.898.303,19 1.898.303,19 1.898.303,19 1.898.303,19 RI 6,33 7,91 2,46 7,38 Cálculo do Mérito (RI) Emissões da Term. 12.013.714,29 15.017.142,86 4.672.000,00 14.016.000,00 87 e óleo combustível (ciclo simples) carvão mineral (ciclo simples) gás natural (ciclo combinado) óleo diesel (ciclo simples) óleo (ciclo simples) carvão (ciclo simples) gás (ciclo combinado) diesel (ciclo simples) Eletrobrás Tabela 50 - Cálculo de Emissão de Carbono pela Termelétrica Equivalente para Gerar mesma Energia por 1 ano - Hidrelétrica de Três Marias Potência da Usina (MW) 387,6 D = E c T/ef E (MWh/ano) 1.697.688 Fator de Capacidade Médio 0,5 Óleo Combustível c (tC/MWh) 0,24 Carvão vapor E c 1.697.688 0,30 Gás Natural E c 1.697.688 0,12 Óleo Diesel E c 1.697.688 0,24 Cálculo da Emissão Evitada de Carbono e = D- G K - J Emissão de CO2 G No. de Horas/ano Energia Média Gerada/ano 8760 1.697.688 T (n. de anos) 1 ef 0,35 D (tC) 1.164.128,91 T 1 ef 0,35 1.455.161,14 T 1 ef 0,45 452.716,80 T 1 ef 0,3 1.358.150,40 Emissão de CH4 Emissão de CO2 (Hidrelétrica) tC -1.022,07 745.602,41 e (termoelétrica) tC 1.164.128,91 (GWP 100 anos) 8,9 (Hidrelétrica) tC 47.140,29 1.455.161,14 8,9 47.140,29 -1.022,07 1.036.634,64 452.716,80 8,9 47.140,29 -1.022,07 34.190,29 1.358.150,40 8,9 47.140,29 -1.022,07 939.623,89 Emissões da Hidr. 418.526,51 418.526,51 418.526,51 418.526,51 RI 2,78 3,48 1,08 3,25 Cálculo do Mérito (RI) Emissões da Term. 1.164.128,91 1.455.161,14 452.716,80 1.358.150,40 88 óleo combustível (ciclo simples) carvão mineral (ciclo simples) gás natural (ciclo combinado) óleo diesel (ciclo simples) óleo (ciclo simples) carvão (ciclo simples) gás (ciclo combinado) diesel (ciclo simples) Eletrobrás A partir dos resultados obtidos neste cálculos, foi montada uma hierarquia das hidrelétricas estudadas, levando-se em conta a economia de emissão de gases em relação às termelétricas equivalentes. Na tabela 51 estão dispostos os resultados finais, que mostram as combinações entre as tecnologias de geração de energia elétrica (eficiência) e combustíveis utilizados. Como pode-se notar, há uma faixa de variação de resultados comparados entre hidrelétricas e termelétricas. Há hidrelétricas extremamente limpas (Xingó, Segredo) quanto à emissão de carbono em comparação com as térmicas, hidrelétricas intermediárias como o exemplo de Miranda,Tucuruí e Barra Bonita e, hidrelétricas que emitem muito carbono, como por exemplo Três Marias e Samuel. Estes resultados comparados focalizam, com maior evidência, que este problema deve ser investigado caso a caso, pois grandes variações podem ocorrer de uma hidrelétrica para outra. 89 Eletrobrás Tabela 51 – Economia de Emissão de Carbono das Hidrelétricas em Comparação com Termelétricas Virtuais de Potência Equivalente (4 tipo de combustíveis e três tipos de eficiência) Nome Xingó Xingó Xingó Segredo Segredo Segredo Xingó Segredo Miranda Miranda Miranda Miranda Tucuruí Tucuruí Tucuruí Barra Bonita Barra Bonita Barra Bonita Samuel Samuel Samuel Tucuruí Três Marias Três Marias Três Marias Barra Bonita Samuel Três Marias N* 280,79 262,07 224,64 209,62 195,64 167,7 87,36 65,21 35,64 33,27 28,52 11,09 7,91 7,38 6,33 4,72 4,4 3,77 3,21 2,99 2,57 2,46 2,22 2,07 1,78 1,47 0,99 0,69 Combustível e Tecnologia carvão mineral (ciclo simples 35% eficiência) óleo diesel (ciclo simples 30% eficiência) óleo combustível (ciclo simples 35% eficiência) carvão mineral (ciclo simples 35% eficiência) óleo diesel (ciclo simples 30% eficiência) óleo combustível (ciclo simples 35% eficiência) gás natural (ciclo combinado 45% de eficiência) gás natural (ciclo combinado 45% de eficiência) carvão mineral (ciclo simples 35% eficiência) óleo diesel (ciclo simples 30% eficiência) óleo combustível (ciclo simples 35% eficiência) gás natural (ciclo combinado 45% de eficiência) carvão mineral (ciclo simples 35% eficiência) óleo diesel (ciclo simples 30% eficiência) óleo combustível (ciclo simples 35% eficiência) carvão mineral (ciclo simples 35% eficiência) óleo diesel (ciclo simples 30% eficiência) óleo combustível (ciclo simples 35% eficiência) carvão mineral (ciclo simples 35% eficiência) óleo diesel (ciclo simples 30% eficiência) óleo combustível (ciclo simples 35% eficiência) gás natural (ciclo combinado 45% de eficiência) carvão mineral (ciclo simples 35% eficiência) óleo diesel (ciclo simples 30% eficiência) óleo combustível (ciclo simples 35% eficiência) gás natural (ciclo combinado 45% de eficiência) gás natural (ciclo combinado 45% de eficiência) gás natural (ciclo combinado 45% de eficiência) *N= Emissão de Carbono de uma Termelétrica Equivalente Emissão de uma Hidrelétrica Específica 90 Eletrobrás Os gráficos de 1 a 4, a seguir, retratam os resultados médios encontrados nos reservatórios pesquisados e em outros reservatórios estudados anteriormente. Além dos sete reservatórios, acrescentamos os dados referentes aos reservatórios de Curuá-Una (medidas de bolhas), na qual realizamos uma experiência conjunta com cientistas canadenses, Itaipú e Serra da Mesa, objetos de estudos específicos encomendados pelas respectivas empresas. Em termos gerais, para o caso do metano emitido por bolhas, pode-se notar que há uma tendência de apresentação de um decaimento entre os resultados apresentados na primeira campanha de amostragens em relação à segunda. Reservatórios mais jovens tendem a apresentar mais emissões por bolhas que os mais antigos. Excetuando-se o caso de Três Marias, todos os casos mostraram uma forte correlação entre o aumento da idade do reservatório e a diminuição do fluxo de gases. Este efeito pode ser verificado facilmente no caso do CH4 por ebulição, mostrado no gráfico 1. O gráfico a seguir mostra no eixo x o tempo decorrido em anos, quando da realização da amostragem, após o enchimento da barragem e no eixo y, o fluxo médio de carbono equivalente de metano emitido por bolhas, expresso em kg C equivalente de metano km-2 dia-1. Para o caso do dióxido de carbono emitido por bolhas a situação mostra-se diferente. Além de apresentar níveis de emissão bastante inferiores em relação aos do metano (cerca de 100 vezes menor), não foi possível notar nenhum tipo de dependência com profundidade da amostragem e decaimento das emissões com o tempo. A baixa presença do CO2 nas bolhas pode ser explicada pela sua grande solubilidade na água, implicando desta forma, em baixa segregação do gás por bolhas. O gráfico 2 ilustra este comportamento da emissão independente da idade do lago. 91 Eletrobrás Gráfico 1 - Emissão Média de Carbono no CH4 Derivada de Bolhas em Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros 273 Três Marias (03/1998 ) kg C km-2 d-1 100 Serra da Mesa 90 (11/1997) 80 70 60 50 Serra da Mesa (03/1998)) 40 Miranda Samuel 30 (03/1998) (06/1998) Samuel Samuel ( ) Xingó Miranda (05/1999) 20 ( /Balbina ) ) (12/1998 Tucuruí 1993 10) Xingó (06/1998) Tucuruí Tucuruí (05/1998) (1993) 0 (06/1999) 0 5 10 15 20 Segredo campanha Segredo (11/1998) Três Marias (03/1999 ) Curuá-Una 1997 25 Barra i (04/1998 ) Itaipú (12/1998 ) 30 Tempo da Amostragem após o Enchimento da Barragem (Anos) 92 35 Barra i (11/1998 ) 40 Eletrobrás Gráfico 2 -Emissão Média de Carbono no CO2 Derivada de Bolhas em Sete Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros kg C km -2 d 1,60 1,40 1,20 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 -1 Três Marias ( 03/1998) Segredo (11/1998) Segredo Samuel Três Marias (06/1998) (03/1999) Xingó (05/1998) Samuel (05/1999) Miranda 03/1998 Barra Bonita (04/1998) Tucuruí (06/1999) Barra Bonita 0 Miranda 12/1998 Xingó (03/1999) 10 Tucuruí (06/1998) 20 30 Data da Am ostragem após Enchim ento do Reservatório (Anos) 93 (11/1998) 40 Eletrobrás O outro processo de transporte de gás medido foi a difusão molecular. Neste caso, não foi encontrado um tipo de padrão de representação dos dados médios que explicassem um decaimento das emissões de metano e de dióxido de carbono. Os dados médios das duas campanhas de medição, representados nos gráficos a seguir, tem um comportamento diferente do encontrado para o metano por ebulição. Para a difusão, reservatórios com um tempo de fechamento da barragem maiores apresentam fluxos de ambos os gases, maiores que reservatórios recentemente fechados, ou seja, não apresentam dependência dos fluxos medidos com a idade do reservatório. Os fluxos de gases no processo de difusão são bem maiores que por ebulição, especialmente no caso do dióxido de carbono, que apresenta maior solubilidade em água. Cerca de 99% do CO2 que sai para a atmosfera, sai por difusão molecular do gás na água. No caso do CH4, há uma faixa de variação que vai de 14% a 90% de emissão do gás pelo processo de difusão molecular. Nos gráficos a seguir pode-se observar as taxas médias de emissão por difusão molecular confrontadas com a idade do reservatório. Nota-se, entretanto, que quando os resultados são comparados para um mesmo reservatório há uma tendência de resultados médios menores na segunda campanha. Porém, precisaria-se de mais medidas para uma afirmação mais precisa. 94 Eletrobrás Gráfico 3 - Emissão Média de Carbono no CO2 Derivada de Difusão em Sete Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros kg C km -2 d -1 3000,00 (06/1998) (05/1998) 2500,00 (06/1998) 2000,00 1500,00 (03/1998) (05/1999) 1000,00 (12/1998) (03/1999) 500,00 0,00 500,00 0 10 20 Tucuruí Xingó Samuel Tucuruí (06/1999) Miranda Samuel Barra Bonita (04/1998) Segredo 1a.Campanha Miranda Três Marias (03/1999) Xingó Segredo (11/1998) Barra Bonita 2a.Campanha Três Marias 30 (03/1998) Data da Amostragem após o Enchimento do Reservatório (Anos) 95 40 Eletrobrás Gráfico 4 - Emissão Média de Carbono no CH4 Derivada de Difusão em Sete Reservatórios Hidrelétricos Brasileiros k g C k m -2 d -1 2 0 0 ,0 0 M irand a (03/1998) T ucuruí 1 5 0 ,0 0 S a m uel (06/1998) (06/1998) 1 0 0 ,0 0 M irand a (12/1998) X in gó 5 0 ,0 0 T rês M arias ( 0 5ó/ 1 9 9 8 ) B arra X in gó T ucuruí (03/1999) S a m uel 0 ,0 0 S egred o Segredo 0 1a.Campanha (03/1998) i (04/1998) B arra (06/1999) (11/1998) T rês M arias (0 5/199 9 ) (03/1999) (1 1/199 8 ) 10 20 30 D a ta d a A m o s tra g e m a p ó s o E n c h im e n to d o R e s e rva tó rio ( A n o s ) 96 40 6 – As Emissões de Gases de Efeito Estufa do Parque Hidrelétrico Brasileiro 6.1 – Extrapolação dos Dados Ponderados por Faixa de Profundidade para o Parque Hidrelétrico Brasileiro Utilizando a Latitute como Parâmetro Os valores médios de fluxo de gases de efeito estufa foram empregados, a partir da ponderação de sua extrapolação por faixas de profundidade, de acordo com a metodologia exposta anteriormente, para este cálculo. A partir dos dados de fluxo e dos dados do parque hidrelétrico brasileiro em operação calculamos os valores de fluxo para outros projetos. Desta forma, os dados de Barra Bonita, por exemplo, só foram empregados no cálculo para aquele conjunto de hidrelétricas com latitudes próximas à do resevatório na qual o dado original foi retirado. De acordo com a Eletrobrás, o parque hidrelétrico brasileiro é composto por 512 hidrelétricas, divididas em grandes, médias e pequenas centrais. Empregou-se aqui o Banco de Dados Hidrelétricos da ANEEL, onde só foi possível obter dados de potência juntamente com a área do reservatório para um total de 217 hidrelétricas. Segundo consultas à Eletrobrás e à ANEEL (antigo DNAEE), esse conjunto de hidrelétricas é bastante significativo, pois representa cerca de 57 GW de potência instalada de um total instalado de 65 GW de potência. Esta relação de hidrelétricas inclui todas as barragens de médio e grande porte. O restante dos dados representam o conjunto de pequenas e mini centrais disseminadas ao longo do território brasileiro. Foram criados 9 grupos de hidrelétricas, considerando-se os sete reservatórios medidos no ano de 1999 e mais dois reservatórios medidos em 1997 , a saber: Itaipu, Serra da Mesa, Xingó, Três Marias, Tucurui, Samuel, Miranda, Segredo e Barra Bonita. As hidrelétricas com latitudes próximas às hidrelétricas de referência foram então agrupadas e os valores médios de emissão de metano e de dióxido de carbono desses reservatórios aplicados. Os valores de fluxo de emissão foram então multiplicados pela área dos reservatórios pertinentes e feita uma totalização em massa de carbono equivalente. Ao adotar este critério, as 217 hidrelétricas mais representaivas do território brasileiro estariam emitindo cerca de 43.988,24 t C dia-1. Os cálculos aplicados a esta metodologia encontram-se na tabela a seguir. Eletrobrás Tabela 52 - Cálculo da Emissão de Gases de Efeito Estufa para o Parque Hidrelétrico – Latitudes Nome POT. UF da Usina [MW] Latitude COARACY NUNES BALBINA 40,00 250,00 5500 15500 CURUÁ-UNA TUCURUI Araras 30,00 4.240,00 4,00 24722 34500 41209 Área Emissão de CO2 Emissão Total (kg/dia) Emissão de CH4 (kg/dia) Inundada [Km2] AP AM 23,10 2.360,00 195.760,95 19.999.820,00 2.584,89 264.084,00 55,32 5.652,01 PA PA CE 78,00 2.635,00 96,95 661.011,00 22.330.307,50 821.602,78 8.728,20 294.856,50 10.848,71 186,80 6.310,62 232,19 de Carbono (t/dia) GRUPO I SUB-TOTAL 12.436,95 GRUPO II BOA ESPERANÇA 235,30 64080 PI 352,20 2.366.431,80 36.628,80 672,80 Curemas 3,76 70100 PB 97,94 658.058,86 10.185,76 187,09 216,00 84500 RO 730,00 4.904.870,00 75.920,00 1.394,50 2.254,39 1.500,00 440,00 2,00 2.460,00 1.524,00 1.050,00 3.000,00 90600 92127 92200 92200 92200 93500 93705 PE AL BA BA BA BA SE 835,00 93,00 0,75 16,00 4,80 4.214,00 60,00 5.050.080,00 562.464,00 4.536,00 96.768,00 29.030,40 25.486.272,00 362.880,00 31.871,95 3.549,81 28,63 610,72 183,22 160.848,38 2.290,20 1.401,06 156,05 1,26 26,85 8,05 7.070,74 100,68 SAMUEL SUB-TOTAL GRUPO III ITAPARICA MOXOTÓ Piloto PAULO AFONSO IV PAULO AFONSO III, II e I SOBRADINHO XINGÓ SUB-TOTAL 8.767,37 GRUPO IV Braço Norte Juína Alto Fêmeas Mosquito São Domingos Presidente Goulart (Correntina) SERRA DA MESA PEDRA FUNIL Mambaí Culuene Casca III Primavera Pandeiros Machado Mineiro PARANOÁ 5,29 2,65 10,00 0,34 14,34 8,00 94956 111812 122700 125713 132426 133000 MT MT BA GO GO BA 0,20 3,08 0,01 0,57 2,25 0,07 794,60 12.236,84 39,73 2.264,61 8.939,25 278,11 10,23 157,51 0,51 29,15 115,07 3,58 0,22 3,46 0,01 0,64 2,52 0,08 1.275,00 23,00 30,00 0,35 1,79 12,42 5,80 4,20 3,05 26,00 135006 135300 141100 144116 144700 152131 152255 153011 153121 154714 GO BA BA GO MT MT MT MG MG DF 1.784,00 101,00 4,10 0,03 0,39 0,35 2,90 0,40 21,30 39,48 7.087.832,00 401.273,00 16.289,30 119,19 1.549,47 1.390,55 11.521,70 1.589,20 84.624,90 156.854,04 91.233,76 5.165,14 209,67 1,53 19,94 17,90 148,31 20,46 1.089,28 2.019,01 2.001,28 113,30 4,60 0,03 0,44 0,39 3,25 0,45 23,89 44,29 98 Eletrobrás José Fragelli Torixoréu Santa Marta Alto Garças Rochedo CORUMBÁ I SUB-TOTAL 1,20 2,40 1,68 desativada 4,00 375,00 155008 161715 163738 164318 172316 175932 MT MT MG MT GO GO 0,18 0,53 0,94 0,02 6,83 65,83 715,14 2.105,69 3.734,62 79,46 27.135,59 261.542,59 9,21 27,10 48,07 1,02 349,29 3.366,55 0,20 0,59 1,05 0,02 7,66 73,85 2.282,24 396,00 127,00 2.082,00 1.192,00 658,00 181254 182100 182525 182707 183009 MG ES MG MG GO 1.142,00 3,90 814,00 455,32 74,00 1.298.967,90 4.436,06 925.884,30 517.903,73 84.171,30 224.345,90 766,16 159.910,30 89.447,61 14.537,30 522,49 1,78 372,42 208,32 33,86 1.325,69 16,00 4,08 8,40 7,70 390,00 1.710,00 102,00 510,00 2,41 2,12 0,36 6,47 1.396,20 9,40 210,00 424,00 380,00 183331 183817 184303 184838 185444 190105 190656 190759 192524 194751 194917 195000 195104 195253 195900 200123 200144 MS MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG MG SP MG MG MG MG 0,31 1,50 0,80 0,20 50,60 772,25 5,80 446,58 0,36 0,60 0,01 0,15 647,00 6,00 38,96 36,00 221,70 1.360,13 6.581,25 3.510,00 877,50 222.007,50 3.388.246,88 25.447,50 1.959.369,75 1.579,50 2.632,50 43,88 658,13 2.838.712,50 26.325,00 170.937,00 157.950,00 972.708,75 47,72 230,93 123,16 30,79 7.789,87 118.887,89 892,91 68.750,99 55,42 92,37 1,54 23,09 99.605,65 923,70 5.997,89 5.542,20 34.130,72 0,41 1,97 1,05 0,26 66,38 1.013,14 7,61 585,88 0,47 0,79 0,01 0,20 848,82 7,87 51,11 47,23 290,86 13,80 30,60 12,88 21,40 320,00 1.050,00 200330 200505 200601 200643 200727 200902 ES ES MG MG MG SP 2,21 0,60 1,52 2,95 143,90 49,96 9.696,38 2.632,50 6.669,00 12.943,13 631.361,25 219.199,50 340,23 92,37 234,00 454,15 22.153,41 7.691,34 2,90 0,79 1,99 3,87 188,79 65,54 9,28 0,80 7,20 476,00 201250 201300 201422 201716 MG SP MG MG 4,00 0,01 27,00 272,50 17.550,00 43,88 118.462,50 1.195.593,75 615,80 1,54 4.156,65 41.951,38 5,25 0,01 35,42 357,50 1.440,00 201804 MG 459,00 2.013.862,50 70.663,05 602,18 4.188,31 3.444,00 4,65 5,52 6,40 202256 202347 203500 203900 SP ES SP SP 1.230,00 0,01 0,84 0,54 4.785.930,00 27,24 3.268,44 2.101,14 26.998,50 0,15 18,44 11,85 1.325,37 0,01 0,91 0,58 GRUPO V TRÊS MARIAS MASCARENHAS ITUMBIARA EMBORCAÇÃO Cachoeira Dourada SUB-TOTAL GRUPO VI COSTA RICA Paraúna Tronqueiras Martins MIRANDA SÃO SIMÃO SALTO GRANDE NOVA PONTE Dona Rita Sumidouro Bom Jesus do Galho Neblina AGUA VERMELHA Peti IGARAPAVA JAGUARA VOLTA GRANDE RIO BONITO SUIÇA GAFANHOTO* Emboque PORTO COLÔMBIA L.C.B. DE CARVALHO(Estreito) Rio de Pedras Buritis Cajuru MASCARENHAS MORAES(Peixoto) MARIMBONDO SUB-TOTAL GRUPO VII ILHA SOLTEIRA Jucu São Joaquim Dourados 99 Eletrobrás FURNAS MIMOSO (Assis Chateaubriand) JUPIA Anil Esmeril Sinceridade Coronel Domiciano Lobo Pinheirinho ITUTINGA PROMISSAO CAMARGOS São Sebastião ANNA MARIA PIAU Reinaldo Gonçalves CACONDE EUCLIDES DA CUNHA Rio do Peixe (Casa de Força I e II) LIMOEIRO (Armando S.Oliveira) Antas II (Walther Rossi ) Antas I (Engº Pedro A. Junqueira) IBITINGA Engº Ubirajara Machado Moraes Bortolan (José Togni) Marmelos Poço Fundo Gavião Peixoto ILHA DOS POMBOS Capão Preto Chibarro Ervália Xicão Monjolinho Santana BARIRI (Alvaro de Souza Lima) Laranja Doce Pinhal Salto Pinhal MOGI GUAÇU Três Saltos PORTO PRIMAVERA (1814MW) SANTA CECÍLIA Lençóis BARRA BONITA FUNIL BARRAGEM DE SANTANA 1.216,00 29,50 203953 204034 MG MS 1.522,60 15,40 5.924.436,60 59.921,40 33.421,07 338,03 1.640,66 16,59 1.551,20 2,08 1,76 1.42 5,04 2,5 0,64 52,00 264,00 48,00 0,68 1,56 18,01 1,00 80,40 108,80 204633 204906 205000 201321 210045 220943 210734 211730 211752 211932 212529 212909 213017 213400 213436 213611 SP MG SP MG MG SP MG MG SP MG MG MG MG SP SP SP 344,00 1,50 0,28 0,05 0,03 8,00 0,08 1,64 550,00 76,00 0,03 3,00 0,50 2,03 34,00 1,28 1.338.504,00 5.836,50 1.089,48 194,55 116,73 31.128,00 320,62 6.381,24 2.140.050,00 295.716,00 127,62 11.673,00 1.945,50 7.909,62 132.294,00 4.980,48 7.550,80 32,93 6,15 1,10 0,66 175,60 1,81 36,00 12.072,50 1.668,20 0,72 65,85 10,98 44,62 746,30 28,10 370,67 1,62 0,30 0,05 0,03 8,62 0,09 1,77 592,65 81,89 0,04 3,23 0,54 2,19 36,64 1,38 18,06 213720 SP 1.080,00 4.202.280,00 23.706,00 1.163,74 32,00 213731 SP 3,60 14.007,60 79,02 3,88 16,50 4,78 214450 214500 MG MG 0,020 0,01 77,82 42,80 0,44 0,24 0,02 0,01 131,49 0,80 214533 214633 SP MG 126,50 0,01 492.211,50 23,35 2.776,68 0,13 136,31 0,01 0,72 4,00 9,16 4,17 164,00 5,52 2,29 6,00 1,81 0,60 4,32 143,10 214654 214713 214727 215100 215100 215300 215300 215403 215508 220200 220400 220912 MG MG MG SP RJ SP SP MG MG SP SP SP 0,004 0,03 3,20 0,18 3,15 2,80 0,02 0,31 1,20 0,01 0,60 72,50 15,56 116,73 12.451,20 700,38 12.256,65 10.894,80 77,82 1.206,21 4.669,20 38,91 2.334,60 282.097,50 0,09 0,66 70,24 3,95 69,14 61,46 0,44 6,80 26,34 0,22 13,17 1.591,38 0,00 0,03 3,45 0,19 3,39 3,02 0,02 0,33 1,29 0,01 0,65 78,12 0,72 221449 SP 3,12 12.147,70 68,53 3,36 6,80 0,58 7,20 0,64 302,40 221700 221700 222247 222300 222828 SP SP SP SP SP 0,07 0,07 10,95 0,01 2.312,00 272,37 272,37 42.606,45 38,91 8.995.992,00 1,54 1,54 240,35 0,22 50.748,40 0,08 0,08 11,80 0,01 2.491,27 32,00 1,68 140,76 216,00 222858 223100 223110 223149 223155 RJ SP SP RJ RJ 2,50 0,12 334,00 40,16 6,36 9.727,50 466,92 1.299.594,00 156.262,56 24.746,76 54,88 2,63 7.331,30 881,51 139,60 2,69 0,13 359,90 43,27 6,85 100 Eletrobrás TAQUARUÇU 554,00 223240 SP 80,01 311.318,91 1.756,22 86,21 São Bernardo ROSANA 6,82 372,00 223340 223600 MG SP 0,57 220,00 2.217,87 856.020,00 12,51 4.829,00 0,61 237,06 Socorro VIGÁRIO 1,00 88,00 223600 223748 SP RJ 0,00 6,36 3,89 24.746,76 0,02 139,60 0,00 6,85 CAPIVARA 640,00 223940 SP 550,00 2.140.050,00 12.072,50 592,65 Sodré NILO PEÇANHA 0,60 380,00 223949 224100 SP RJ 0,00 3,24 5,84 12.606,84 0,03 71,12 0,00 3,49 PEREIRA PASSOS 100,00 224111 RJ 1,10 4.280,10 24,15 1,19 Eloy Chaves Americana Cariobinha FONTES NOVA 19,00 30,00 1,30 132,00 224200 224200 224200 224211 SP SP SP RJ 0,41 11,57 0,10 31,30 1.595,31 45.018,87 389,10 121.788,30 9,00 253,96 2,20 687,04 0,44 12,47 0,11 33,73 Bocaina BARRAGEM DE TÓCOS Isabel Jaguari SALTO GRANDE 0,64 2,64 11,80 73,79 224344 224458 224512 224900 225413 SP RJ SP SP SP 0,01 0,48 0,30 0,33 13,53 55,64 1.867,68 1.159,52 1.284,03 52.645,23 0,31 10,54 6,54 7,24 296,98 0,02 0,52 0,32 0,36 14,58 Salto Grande CANOAS 2 3,35 72,00 225600 225610 SP SP 0,04 23,61 155,64 91.866,51 0,88 518,24 0,04 25,44 CANOAS 1 82,50 225629 SP 31,00 120.621,00 680,45 33,40 Quatiara CHAVANTES 2,60 414,00 225706 230743 SP SP 0,93 416,00 3.614,74 1.618.656,00 20,39 9.131,20 1,00 448,26 PIRAJÚ JAGUARI 71,40 27,60 230913 231142 SP SP 17,20 60,50 66.925,20 235.405,50 377,54 1.327,98 18,53 65,19 JURUMIRIM 97,75 231232 SP 458,00 1.782.078,00 10.053,10 493,51 Porto Góes SANTA BRANCA TRÊS IRMÃOS Rasgão PARAIBUNA UHE VOTORANTIM Salesópolis UHE SANTA HELENA ITUPARARANGA Apucaraninha (Reserv. de Fiú) Apucaraninha (Res.Apucaraninha) Henry Borden FRANÇA Lavrinha 10,50 57,20 807,50 22,00 85,00 3,00 2,00 2,24 55,00 0,00 231233 232232 232235 232248 232436 233251 233349 233435 233645 234200 SP SP SP SP SP SP SP SP SP PR 0,25 28,00 785,00 0,81 186,00 0,18 0,50 0,46 24,10 2,00 972,75 108.948,00 3.054.435,00 3.151,71 723.726,00 700,38 1.945,50 1.789,86 93.773,10 7.782,00 5,49 614,60 17.230,75 17,78 4.082,70 3,95 10,98 10,10 529,00 43,90 0,27 30,17 845,87 0,87 200,42 0,19 0,54 0,50 25,97 2,16 9,50 234200 PR 0,50 1.945,50 10,98 0,54 889,00 29,50 0,48 235231 235626 235850 SP SP SP 138,66 12,70 0,04 539.526,06 49.415,70 155,64 3.043,59 278,77 0,88 149,41 13,68 0,04 1,00 235940 SP 0,07 272,37 1,54 0,08 Turvinho (Nova do Baixo Turvinho) 101 Eletrobrás São José FUMACA BARRA PORTO RASO Mourão ALECRIM SALTO IPORANGA SERRARIA SUB-TOTAL 0,88 240020 SP 0,97 3.774,27 21,29 1,05 36,40 40,40 28,40 7,50 72,00 36,80 24,00 240027 240127 240345 240400 240453 240559 240907 SP SP SP PR SP SP SP 6,92 1,93 1,48 12,25 1,54 2,69 2,13 26.925,72 7.509,63 5.758,68 47.664,75 5.992,14 10.466,79 8.287,83 151,89 42,36 32,49 268,89 33,80 59,05 46,75 7,46 2,08 1,59 13,20 1,66 2,90 2,30 11.778,67 0,80 7,20 0,79 2,34 252,00 243600 245744 250100 250200 250812 PR SP PR PR PR 2,90 4,30 2,90 7,20 14,00 494,65 733,45 494,65 1.228,10 2.387,98 60,26 89,35 60,26 149,62 290,92 0,18 0,27 0,18 0,45 0,87 1,50 6.300,00 251033 252537 PR PR 2,90 1.549,00 494,65 264.212,93 60,26 32.188,22 0,18 96,19 9,60 1,26 252600 252938 PR PR 2,90 2,90 494,65 494,65 60,26 60,26 0,18 0,18 98,68 1.078 1.240,00 1.420 36,00 6,54 1.260,00 0,00 18,00 253200 253300 253900 254334 254515 254718 254900 254919 PR PR PR PR PR PR PR PR 57,00 144,00 220,00 1,07 3,70 84,00 5,10 0,12 153.615,00 388.080,00 592.900,00 2.883,65 9.971,50 226.380,00 13.744,50 323,40 515,85 1.303,20 1.991,00 9,68 33,49 760,20 46,16 1,09 42,28 106,81 163,18 0,79 2,74 62,30 3,78 0,09 1,80 1.676,00 255900 260034 PR PR 2,90 163,00 7.815,50 439.285,00 26,25 1.475,15 2,15 120,90 0,96 0,5 1,35 17,7 17,6 7,6 5,7 6,7 4,4 1,76 2,6 9,6 226 1,10 1,40 4,29 1,00 260300 261700 261742 262100 263939 264000 264526 265300 272800 273000 273000 273300 273300 274000 275000 275200 283000 PR SC SC SC SC SC SC SC SC RS SC SC RS RS RS SC RS 2,90 0,06 0,12 1,34 3,10 2,94 0,08 0,00 0,05 1,90 0,06 0,74 155,00 0,03 0,02 10,40 0,03 7.815,50 161,70 323,40 3.611,30 8.354,50 7.923,30 215,60 0,81 134,75 5.120,50 161,70 1.994,30 417.725,00 86,24 53,90 28.028,00 80,85 26,25 0,54 1,09 12,13 28,06 26,61 0,72 0,00 0,45 17,20 0,54 6,70 1.402,75 0,29 0,18 94,12 0,27 2,15 0,04 0,09 0,99 2,30 2,18 0,06 0,00 0,04 1,41 0,04 0,55 114,97 0,02 0,01 7,71 0,02 GRUPO VIII Melissa JURUPARÁ Pitangui São Jorge (Res.Alagados) Governador Parigot de Souza Rio dos Patos ITAIPU Marumbi Cavernoso SUB-TOTAL GRUPO IX SALTO OSÓRIO SALTO CAXIAS SALTO SANTIAGO GUARICANA Derivação do Jordão SEGREDO Chaminé ( Res. Vosssoroca ) Chaminé (Res.Salto do Meio) Chopim I Gov. Bento Munhoz da Rocha Netto Salto do Vau São Lourenço Piraí Bracinho (*) Palmeiras (*) Cedros (*) Celso Ramos Salto Pery Guarita Ivo Silveira Garcia (*) PASSO FUNDO Forquilha SANTA ROSA Caveiras (*)(**) Ijuizinho 102 Eletrobrás Capigui Ernestina PASSO REAL JACUI Ivaí ITAÚBA Toca Passo do Inferno BUGRES CANASTRA HERVAL SUB-TOTAL 3,76 4,80 158,00 180,00 0,77 500,00 1,10 1,10 11,50 44,00 1,44 TOTAL 57.864,37 283000 283332 290100 290300 290700 291535 291600 291700 292100 292300 293000 RS RS RS RS RS RS RS RS RS RS RS 7,60 40,00 225,00 5,30 0,04 13,80 0,01 0,04 2,50 0,05 0,02 32.975,48 103 20.482,00 107.800,00 606.375,00 14.283,50 97,02 37.191,00 16,17 107,80 6.737,50 134,75 53,90 68,78 362,00 2.036,25 47,97 0,33 124,89 0,05 0,36 22,63 0,45 0,18 5,64 29,67 166,89 3,93 0,03 10,24 0,00 0,03 1,85 0,04 0,01 855,95 43.988,24 Eletrobrás 6.2 – Extrapolação dos Dados para o Parque Hidrelétrico Brasileiro Utilizando o Valor Médio da Teoria da Criticalidade Auto-Organizada como Parâmetro A lei de potência que usamos é típica de fenômenos chamados de criticalidade auto organizada, geralmente com um perfil fractal da intensidade do fenômeno no tempo. A lei de potência dá o número de eventos N por intensidade I (expressa no nosso caso em massa de carbono ou do gás emitida por unidade de área e de tempo) [Equação 1] N(I)= AI-O (1) As bases gerais desta teoria podem ser encontradas de forma compreensível no livro “How Nature Works – The Science of Self Organized Criticality” de Per Bak, do Niels Bohr Institute da Dinamarca, publicado em 1995, pela Universidade de Oxford. A idéia inicialmente exposta por este autor e colaboradores em publicação de 1987 está baseada em um modelo computacional do tipo autômato celular para simular o comportamento de uma pilha de areia sobre uma mesa, sobre a qual se deixa cair continuamente areia. A uma certa altura a pilha estabiliza-se rejeitando o excesso de areia através de avalanchas, em geral pequenas, algumas maiores ou grandes e muito poucas catastróficas, quando a pilha desaba total ou parcialmente. A distribuição do número N de desabamentos varia com a intensidade I elevada a uma potência negativa fixa, O, como na expressão acima. Uma análise crítica deste modelo pode ser encontrada no capítulo escrito por Marcelo Gomes da UFPe no livro “Complexidade e Caos” organizado por Moysés Nussenzveig da UFRJ, publicado em 1999. A lei de potência é bem conhecida na física nos fenômenos de invariância de escala, em que há transições de fase controladas por um parâmetro como a temperatura que pode ser sintonizada. Quando o valor crítico é atingido ocorre a mudança de fase. Por outro lado, data de 1896 a observação de Pareto de que a fração N de famílias com renda igual ou menor que I segue a lei acima escrita. A lei de Richter, cujo nome batiza uma das escalas de medidas de terremotos, mostra que o número de abalos sísmicos em função da intensidade segue esta mesma lei. Embora algumas extrapolações conjecturadas por Back sejam criticadas, há muitos casos em que ocorre a lei de potência como uma distribuição estatística, quando perturbações muito pequenas ou fatores não controlados levam a efeitos pequenos ou grandes indiferentemente. Em geral este comportamento é associado à influência de áreas vizinhas no que ocorre em um sítio, como se verifica no autômato celular nas simulações em computador. Tais casos são verificados em deslizamentos de terra e na dinâmica de bacias hidrográficas. 104 Eletrobrás Conjecturou-se ser cabível a aplicação da lei de potência no estudo estatístico das emissões de gases em hidrelétricas pelas seguintes razões: - As emissões medidas têm predominantemente baixa intensidade, algumas têm intensidade maior e poucas têm grande intensidade, em termos de massa de carbono por área na unidade de tempo (tC/m2 ano); - Foram observadas grandes variações da intensidade das emissões de um local para outro no mesmo tempo e em cada local da barragem ao longo do tempo, delineando um perfil fractal; - Há coexistência de vários fatores que influenciam a emissão no reservatório, desde o tempo de fechamento da barragem ou idade da represa, a vida e os processos no lago, o carbono trazido da bacia hidrográfica pela água, bombeado da atmosfera ou retirado do solo, a profundidade, a presença de oxigênio, a formação de camada anaeróbica no fundo, o regime hidrológico sazonal, a temperatura, o vento e a vazão. Portanto, torna–se difícil o controle para estabelecer uma relação causal e ao elegermos algum fator entre tantos estamos sujeitos a uma grande incerteza. - A dificuldade de se realizar as medições experimentais “in locu”, para acumular dados e obter uma boa estatística para cada barragem e para o conjunto delas, motivando a continuidade da pesquisa usando alguma técnica automática de medição. Portanto, buscou-se dar um tratamento estatístico usando uma hipótese teórica, a da lei de potência, além da média ponderada, empiricamente, por profundidade, bem como da extrapolação por latitude para o conjunto das hidrelétricas. Testamos duas distribuições do número de eventos por intensidade: - a distribuição da lei de potência acima definida; - a distribuição com decaimento exponencial . Nos resultados obteve-se coeficiente de correlação aceitável (cerca de 0,8) na primeira das hipóteses, melhor do que na segunda, a qual se revelou sofrível e foi abandonada em favor da distribuição da lei de potência. A distribuição com decaimento exponencial do número de emissões com o crescimento da intensidade significaria que cada emissão seria um evento independente, enquanto a lei de potência admite a influência da vizinhança e, através dela, de regiões distantes dentro do reservatório. Esta última, além de ter permitido melhor ajuste entre curva teórica e os dados é mais adequada a nossa interpretação do processo de emissão. 105 Eletrobrás Os dados foram agrupados em quatro classes combinando dois gases (CO2 e CH4) e dois processos de emissão (ebulição e difusão), cujas médias deram como valores: CO2 CH4 Ebulição Intermediários Menores Difusão Maiores Muito pequenos Os valores são apresentados no texto deste relatório. No cálculo da média de todos os reservatórios usando a lei de potência, fazemos uma integral entre limites dados pelo valor máximo e pelo mínimo, obtendo um resultado que é proporcional a uma subtração de potências negativas destes valores. Como um deles é muito maior que o outro, podemos desprezar o termo contendo o valor máximo, ficando o valor médio dependente apenas do mínimo. Se esta hipótese for verdadeira a emissão média teórica calculada pela lei de potência é menor do que pela média ponderada sobre o conjunto de dados acumulados, como é mostrado no texto. Deixamos claro que não podemos dar preferência a esta hipótese, colocando-a ao lado das outras formas de cálculo da média para comparações e discussão. Para se calcular a média da equação N(I)= AI-O temos que: Im ax I ³ ³ Im in Im ax Im in NIdN NdN dN OAI O 1dI (2) (3) Numerador = O O 1 AI I ( O ) AI dI ³ (4) OA 2 ³ I 2 O dI (5) ª I 2 O 1 º Im ax OA 2 « » ¬ 2O 1¼ Im in Im ax O A 2 >I 2 O 1 @Im in 2O 1 (6) (7) 106 Eletrobrás Denominador= ³ AI O ( O ) AI O 1dI OA 2 ³ I 2 O 1 dI 2 O > I I @ 2O Im in 2O 1 (10) Im ax Im in O 2 O 1 A 2 I min 2O 1 1 2 2O A I min 2 (9) Im ax ªI º OA 2 « » 2 O ¬ ¼ Im in 1 2 2O A I 2 (8) (11) (12) (13) Para o cálculo da extrapolação, empregando-se o seguinte critério, foram agregados os dados de todos os reservatórios em tipo de gás (CH4 e CO2) por dois tipos de processos de transporte (ebulição e emanação). Procedeu-se de tal forma devido a acumulação de dados por cada tipo de reservatório mostrar-se insuficiente para uma análise significativa do ponto de vista estatístico. Em seguida, criamos intervalos de classe para cada tipo de gás combinado com tipo de processo e procedemos a construção de gráficos de histogramas de forma a representar a relação entre a intensidade (emissão) e a freqüência (número de vezes que o dado se enquadrou no intervalo selecionado). 107 Eletrobrás Desta forma, para construir os histogramas utilizou-se o valor médio de cada intervalo de classe como sendo o valor representativo. Após esta etapa, procedemos a um ajuste estatístico dos valores, como forma de obter-se um padrão compatível com os pressupostos da teoria da lei da potência, ou seja, que os valores de freqüência dos dados obtidos deveriam decair na medida em que se aumentava a intensidade do fenômeno. Os ajustes realizados apresentam boa correlação, conforme mostraremos a seguir. 1) CO2 por Ebulição (I) aproximado (N)Numero de Ocorrências Faixa de Emissão 0,50 71 0-1 1,01-2 1,50 14 2,50 2 2,01-3 3,50 4 3,01-4 4,50 2 4,01-5 5,50 1 5,01-6 6,50 6,01-7 7,50 1 7,01-8 8,50 8,01-9 9,50 9,0110 10,50 10,01-11 11,50 2 11,01-12 12,50 12,01-13 13,50 1 13,01-14 14,50 14,01-15 15,50 1 15,01-16 16,50 16,01-17 17,50 17,01-18 18,50 1 18,01-19 19,50 1 19,01-20 108 Eletrobrás Gráfico 5 - Distribuição de Frequência das Emissões CO2 por Funis em 7 Hidrelétricas Brasileiras (N) número de eventos 80 60 y = 14,885x -1,0605 40 R = 0,7994 2 20 0 0,00 5,00 10,00 15,00 20,00 (I) mg (CO2/m2/dia) Para se obter o valor médio neste caso aplicamos a fórmula: I 2(1,0005) 0,5 0,33 kg CO2 km-2 dia-1 2(1,0005) 1 2) CO2 por Emanação (I) Aproximado 500 1500 2500 3500 4500 5500 6500 7500 8500 9500 10500 11500 12500 13500 14500 15500 16500 17500 18500 (N)Numero de Ocorrências 44 30 35 26 18 9 4 15 3 2 3 5 1 1 2 2 2 1 1 109 Faixa de Emissão 0-1000 1000-2000 2000-3000 3000-4000 4000-5000 5000-6000 6000-7000 7000-8000 8000-9000 9000-10000 10000-11000 11000-12000 12000-13000 13000-14000 14000-15000 15000-16000 16000-17000 17000-18000 18000-19000 25,00 Eletrobrás No caso da emissão de CO2 por difusão os valores estão melhor distribuídos, sendo que 20% das medidas situam-se na faixa de 0 a 1000 kg CO2 km-2 dia-1, enquanto outros 15% na faixa de 1000 a 2000 e outros 15% na faixa de 2000 a 3000. O gráfico com o fiting dos valores de CO2 por difusão também apresentou uma correlação em torno de 80% Gráfico 6 - Distribuição de Frequência das Emissoes de CO2 por Difusão em Sete Hidrelétricas Brasileiras (N) número de eventos 140 120 100 80 60 40 20 0 y = 293841x-1,2428 R2 = 0,7811 0 5000 10000 2 (I) mg (CO2/m /dia) A média foi calculada da seguinte forma : I 2(1,2428) 500 356,55 kg CO2 km-2 dia-1 2(1,2428) 1 110 15000 20000 Eletrobrás 3) CH4 por Ebulição I Aproximado Numero de Ocorrências 12,50 75 37,50 9 62,50 6 87,50 2 112,50 1 137,50 162,50 1 187,50 2 212,50 237,50 2 262,50 287,50 312,50 1 337,50 362,50 387,50 412,50 1 437,50 462,50 1 487,50 1 512,50 1 537,50 1 Faixa de Emissão 0-25 25,01-50 50,01-75 75,01-100 100,01-125 125,01-150 150,01-175 175,01-200 200,01-225 225,01-250 250,01-275 275,01-300 300,01-325 325,01-350 350,01-375 375,01-400 400,01-425 425,01-450 450,01-475 475,01-500 500,01-525 525,01-550 Para o metano que sai por ebulição (bolhas) o número de ocorrências dos valores encontrados está bastante concentrado. Dos valores totais 70% estão situados na faixa de 0 a 25 mg CH4 m-2 dia-1. Conforme o gráfico a seguir pode demonstrar, o ajuste estatístico mostrou uma correlação de 80% entre os parâmetros analisados. 111 Eletrobrás Gráfico 7 - Distribuição de Frequência das Emissões de CH4 por Funis em 7 Hidrelétricas Brasileiras (N) número de eventos 80 y = 345,27x-0,9936 R2 = 0,8049 60 40 20 0 0 200 400 (I) mg (CH4/m2/dia) A média encontrada foi: I 2(0,9936) 12,5 8,36 kg CH4 km-2 dia-1 2(0,9936) 1 4)CH4 por Difusão I. Aproximado Numero de Ocorrências 12,50 177 37,50 35 62,50 19 87,50 7 112,50 137,50 1 162,50 1 187,50 1 212,50 1 237,50 2 262,50 287,50 312,50 337,50 1 362,50 387,50 412,50 437,50 1 462,50 487,50 512,50 537,50 1 Faixa de Emissão 0-25 25,01-50 50,01-75 75,01-100 100,01-125 125,01-150 150,01-175 175,01-200 200,01-225 225,01-250 250,01-275 275,01-300 300,01-325 325,01-350 350,01-375 400,01-425 425,01-450 450,01-475 475,01-500 500,01-525 525,01-550 550,01-575 112 600 Eletrobrás Gráfico 8 - Distribuição de Frequência das Emissões CH4 por Difusão em 7 Hidrelétricas (N) número de eventos 200 150 y = 20306x-1,9368 R2 = 0,7002 100 50 0 0 100 200 300 400 500 600 2 (I) mg (CH4/m /dia) De acordo com o padrão anterior, as emissões de metano por difusão concetram-se em 70% dos valores medidos na faixa de 0 a 25 mg CH4 m-2 d-1, sendo a correlação resultante do ajuste da ordem de 70%. O gráfico a seguir ilustra o comportamento da frequência das emissões medidas de metano por difusão. I 2(1,9368) 12,5 9,93 kg CH4 km-2 dia-1 2(1,9368) 1 Restaria então somar as médias para cada tipo de gás para se obter o total da de cada gás: CO2 = 0,33+356,55 = 356,88 kg CO2 km-2 d-1 CH4 = 8,36 + 9,93 = 18,29 kg CH4 km-2 d-1 A partir de então pode-se extrapolar os valores médios encontrados para cada gás para as 217 hidrelétricas do parque hidrelétrico brasileiro, aplicando estes dados a tabela fornecida pela ANEEL. Adotou-se o mesmo critério para aplicação dos valores médios de fluxo para cada gás, multiplicando-se a área dos reservatórios pela média encontrada neste caso. O valor total é de 3.662 t C dia-1 . Os cálculos estão na tabela a seguir. 113 Eletrobrás Tabela 53 – Extrapolação das Emissões de Gases de Efeito Estufa para o Parque Hidrelétrico – Teoria da Criticalidade Nome POT. UF da Usina [MW] Latitude COARACY NUNES 40,00 5500 AP BALBINA 250,00 15500 CURUÁ-UNA TUCURUI Araras 30,00 4.240,00 4,00 BOA ESPERANÇA Área Emissão de CO2 (kg/dia) Emissão de CH4 (kg/dia) Emissão Total 23,10 8.243,93 422,50 2,565 AM 2.360,00 842.236,80 43.164,40 262,051 24722 34500 41209 PA PA CE 78,00 2.635,00 96,95 27.836,64 940.378,80 34.599,52 1.426,62 48.194,15 1.773,22 8,661 292,587 10,765 235,30 64080 PI 352,20 125.693,14 6.441,74 39,108 Curemas 3,76 70100 PB 97,94 34.952,83 1.791,32 10,875 SAMUEL 216,00 84500 RO 730,00 260.522,40 13.351,70 81,058 ITAPARICA 1.500,00 90600 PE 835,00 297.994,80 15.272,15 92,717 MOXOTÓ 440,00 92127 AL 93,00 33.189,84 1.700,97 10,327 Piloto 2,00 92200 BA 0,75 267,66 13,72 0,083 PAULO AFONSO IV 2.460,00 92200 BA 16,00 5.710,08 292,64 1,777 PAULO AFONSO III, II e I 1.524,00 92200 BA 4,80 1.713,02 87,79 0,533 SOBRADINHO 1.050,00 93500 BA 4.214,00 1.503.892,32 77.074,06 467,917 XINGÓ 3.000,00 93705 SE 60,00 21.412,80 1.097,40 6,662 Braço Norte Aripuanã Juína Alto Fêmeas 5,29 0,80 2,65 10,00 94956 101145 111812 122700 MT MT MT BA 0,20 3,08 0,01 71,38 0,00 1.099,19 3,57 3,66 0,00 56,33 0,18 0,022 0,000 0,342 0,001 Mosquito São Domingos Presidente Goulart (Correntina) 0,34 14,34 8,00 125713 132426 133000 GO GO BA 0,57 2,25 0,07 203,42 802,98 24,98 10,43 41,15 1,28 0,063 0,250 0,008 SERRA DA MESA PEDRA 1.275,00 23,00 135006 135300 GO BA 1.784,00 101,00 636.673,92 36.044,88 32.629,36 1.847,29 198,093 11,215 FUNIL 30,00 141100 BA 4,10 1.463,21 74,99 0,455 Pedro Pedrossian 1,68 143025 MT 0,00 0,00 0,000 Inundada [Km2] 114 de Carbono (t/dia) Eletrobrás Mambaí Culuene Casca III Casca II Primavera Pandeiros 0,35 1,79 12,42 3,52 5,80 4,20 144116 144700 152131 152131 152255 153011 GO MT MT MT MT MG 0,03 0,39 0,35 2,90 0,40 10,71 139,18 124,91 0,00 1.034,95 142,75 0,55 7,13 6,40 0,00 53,04 7,32 0,003 0,043 0,039 0,000 0,322 0,044 Machado Mineiro PARANOÁ José Fragelli Torixoréu Santa Marta 3,05 26,00 1,20 2,40 1,68 153121 154714 155008 161715 163738 MG DF MT MT MG 21,30 39,48 0,18 0,53 0,94 7.601,54 14.089,62 64,24 189,15 335,47 389,58 722,09 3,29 9,69 17,19 2,365 4,384 0,020 0,059 0,104 Alto Garças Alto Araguaia I Alto Araguaia II Rochedo CORUMBÁ I TRÊS MARIAS desativada 0,40 0,80 4,00 375,00 396,00 164318 171756 171756 172316 175932 181254 MT MT MT GO GO MG 0,02 6,83 65,83 1.142,00 7,14 0,00 0,00 2.437,49 23.493,41 407.556,96 0,37 0,00 0,00 124,92 1.204,03 20.887,18 0,002 0,000 0,000 0,758 7,310 126,806 MASCARENHAS 127,00 182100 ES 3,90 1.391,83 71,33 0,433 ITUMBIARA EMBORCAÇÃO Cachoeira Dourada COSTA RICA Paraúna 2.082,00 1.192,00 658,00 16,00 4,08 182525 182707 183009 183331 183817 MG MG GO MS MG 814,00 455,32 74,00 0,31 1,50 290.500,32 162.494,60 26.409,12 110,63 535,32 14.888,06 8.327,80 1.353,46 5,67 27,44 90,385 50,558 8,217 0,034 0,167 Tronqueiras 8,40 184303 MG 0,80 285,50 14,63 0,089 Martins MIRANDA 7,70 390,00 184838 185444 MG MG 0,20 50,60 71,38 18.058,13 3,66 925,47 0,022 5,619 SÃO SIMÃO 1.710,00 190105 MG 772,25 275.600,58 14.124,45 85,750 SALTO GRANDE 102,00 190656 MG 5,80 2.069,90 106,08 0,644 NOVA PONTE 510,00 190759 MG 446,58 159.375,47 8.167,95 49,588 Dona Rita 2,41 192524 MG 0,36 128,48 6,58 0,040 Sumidouro 2,12 194751 MG 0,60 214,13 10,97 0,067 Bom Jesus do Galho 0,36 194917 MG 0,01 3,57 0,18 0,001 Neblina 6,47 195000 MG 0,15 53,53 2,74 0,017 AGUA VERMELHA 1.396,20 195104 SP 647,00 230.901,36 11.833,63 71,842 Peti 9,40 195253 MG 6,00 2.141,28 109,74 0,666 IGARAPAVA JAGUARA 210,00 424,00 195900 200123 MG MG 38,96 36,00 13.904,04 12.847,68 712,58 658,44 4,326 3,997 115 Eletrobrás VOLTA GRANDE 380,00 200144 MG 221,70 79.120,30 4.054,89 24,617 RIO BONITO 13,80 200330 ES 2,21 788,70 40,42 0,245 SUIÇA 30,60 200505 ES 0,60 214,13 10,97 0,067 GAFANHOTO* 12,88 200601 MG 1,52 542,46 27,80 0,169 Emboque 21,40 200643 MG 2,95 1.052,80 53,96 0,328 PORTO COLÔMBIA L.C.B. DE CARVALHO(Estreito) Rio de Pedras 320,00 1.050,00 200727 200902 MG SP 143,90 49,96 51.355,03 17.829,72 2.631,93 913,77 15,978 5,547 9,28 201250 MG 4,00 1.427,52 73,16 0,444 Buritis Cajuru 0,80 7,20 201300 201422 SP MG 0,01 27,00 3,57 9.635,76 0,18 493,83 0,001 2,998 MASCARENHAS MORAES(Peixoto) MARIMBONDO ILHA SOLTEIRA 476,00 201716 MG 272,50 97.249,80 4.984,03 30,258 1.440,00 3.444,00 201804 202256 MG SP 459,00 1.230,00 163.807,92 438.962,40 8.395,11 22.496,70 50,967 136,578 Jucu 4,65 202347 ES 0,01 2,50 0,13 0,001 São Joaquim Dourados FURNAS MIMOSO (Assis Chateaubriand) JUPIA Anil Esmeril 5,52 6,40 1.216,00 29,50 203500 203900 203953 204034 SP SP MG MS 0,84 0,54 1.522,60 15,40 299,78 192,72 543.385,49 5.495,95 15,36 9,88 27.848,35 281,67 0,093 0,060 169,067 1,710 1.551,20 2,08 1,76 204633 204906 205000 SP MG SP 344,00 1,50 0,28 Sinceridade Coronel Domiciano Lobo 1.42 5,04 2,5 201321 210045 220943 MG MG SP 0,05 0,03 8,00 122.766,72 535,32 99,93 17,84 10,71 2.855,04 6.291,76 27,44 5,12 0,91 0,55 146,32 38,197 0,167 0,031 0,006 0,003 0,888 Pinheirinho ITUTINGA PROMISSAO 0,64 52,00 264,00 210734 211730 211752 MG MG SP 0,08 1,64 550,00 29,41 585,28 196.284,00 1,51 30,00 10.059,50 0,009 0,182 61,071 CAMARGOS São Sebastião ANNA MARIA PIAU 48,00 0,68 1,56 18,01 211932 212529 212909 213017 MG MG MG MG 76,00 0,03 3,00 0,50 27.122,88 11,71 1.070,64 178,44 1.390,04 0,60 54,87 9,15 8,439 0,004 0,333 0,056 Reinaldo Gonçalves CACONDE EUCLIDES DA CUNHA 1,00 80,40 108,80 213400 213436 213611 SP SP SP 2,03 34,00 1,28 725,47 12.133,92 456,81 37,18 621,86 23,41 0,226 3,775 0,142 Rio do Peixe (Casa de Força I e II) LIMOEIRO (Armando S.Oliveira) 18,06 213720 SP 1.080,00 385.430,40 19.753,20 119,922 32,00 213731 SP 3,60 1.284,77 65,84 0,400 116 Eletrobrás Antas II (Walther Rossi ) Antas I (Engº Pedro A. Junqueira) IBITINGA Engº Ubirajara Machado Moraes Bortolan (José Togni) Marmelos 16,50 4,78 214450 214500 MG MG 0,020 0,01 7,14 3,93 0,37 0,20 0,002 0,001 131,49 0,80 214533 214633 SP MG 126,50 0,01 45.145,32 2,14 2.313,69 0,11 14,046 0,001 0,72 4,00 214654 214713 MG MG 0,004 0,03 1,43 10,71 0,07 0,55 0,000 0,003 Poço Fundo Gavião Peixoto ILHA DOS POMBOS 9,16 4,17 164,00 214727 215100 215100 MG SP RJ 3,20 0,18 3,15 1.142,02 64,24 1.124,17 58,53 3,29 57,61 0,355 0,020 0,350 Capão Preto Chibarro 5,52 2,29 215300 215300 SP SP 2,80 0,02 Ervália 6,00 215403 MG 0,31 999,26 7,14 110,63 51,21 0,37 5,67 0,311 0,002 0,034 Xicão Monjolinho Santana BARIRI (Alvaro de Souza Lima) 1,81 0,60 4,32 143,10 215508 220200 220400 220912 MG SP SP SP 1,20 0,01 0,60 72,50 428,26 3,57 214,13 25.873,80 21,95 0,18 10,97 1.326,03 0,133 0,001 0,067 8,050 Laranja Doce 0,72 221449 SP 3,12 1.114,18 57,10 0,347 Pinhal Salto Pinhal MOGI GUAÇU Três Saltos PORTO PRIMAVERA (1814MW) 6,80 0,58 7,20 0,64 302,40 221700 221700 222247 222300 222828 SP SP SP SP SP 0,07 0,07 10,95 0,01 2.312,00 24,98 24,98 3.907,84 3,57 825.106,56 1,28 1,28 200,28 0,18 42.286,48 0,008 0,008 1,216 0,001 256,721 SANTA CECÍLIA 32,00 222858 RJ 2,50 892,20 45,73 0,278 Lençóis BARRA BONITA 1,68 140,76 223100 223110 SP SP 0,12 334,00 42,83 119.197,92 2,19 6.108,86 0,013 37,087 FUNIL 216,00 223149 RJ 40,16 14.332,30 734,53 4,459 223155 RJ 6,36 2.269,76 116,32 0,706 BARRAGEM DE SANTANA TAQUARUÇU 554,00 223240 SP 80,01 28.553,97 1.463,38 8,884 São Bernardo 6,82 223340 MG 0,57 203,42 10,43 0,063 ROSANA 372,00 223600 SP 220,00 78.513,60 4.023,80 24,429 Socorro VIGÁRIO 1,00 88,00 223600 223748 SP RJ 0,00 6,36 0,36 2.269,76 0,02 116,32 0,000 0,706 CAPIVARA 640,00 223940 SP 550,00 196.284,00 10.059,50 61,071 Sodré 0,60 223949 SP 0,00 0,54 0,03 0,000 NILO PEÇANHA 380,00 224100 RJ 3,24 1.156,29 59,26 0,360 PEREIRA PASSOS 100,00 224111 RJ 1,10 392,57 20,12 0,122 117 Eletrobrás Eloy Chaves Americana Cariobinha FONTES NOVA 19,00 30,00 1,30 132,00 224200 224200 224200 224211 SP SP SP RJ 0,41 11,57 0,10 31,30 146,32 4.129,10 35,69 11.170,34 7,50 211,62 1,83 572,48 0,046 1,285 0,011 3,476 Bocaina 0,64 224344 SP 0,01 5,10 0,26 0,002 224458 RJ 0,48 171,30 8,78 0,053 BARRAGEM DE TÓCOS Isabel 2,64 224512 SP 0,30 106,35 5,45 0,033 Jaguari SALTO GRANDE 11,80 73,79 224900 225413 SP SP 0,33 13,53 117,77 4.828,59 6,04 247,46 0,037 1,502 Salto Grande CANOAS 2 3,35 72,00 225600 225610 SP SP 0,04 23,61 14,28 8.425,94 0,73 431,83 0,004 2,622 CANOAS 1 82,50 225629 SP 31,00 11.063,28 566,99 3,442 Quatiara CHAVANTES 2,60 414,00 225706 230743 SP SP 0,93 416,00 331,54 148.462,08 16,99 7.608,64 0,103 46,192 PIRAJÚ JAGUARI 71,40 27,60 230913 231142 SP SP 17,20 60,50 6.138,34 21.591,24 314,59 1.106,55 1,910 6,718 JURUMIRIM 97,75 231232 SP 458,00 163.451,04 8.376,82 50,856 Porto Góes SANTA BRANCA 10,50 57,20 231233 232232 SP SP 0,25 28,00 89,22 9.992,64 4,57 512,12 0,028 3,109 TRÊS IRMÃOS 807,50 232235 SP 785,00 280.150,80 14.357,65 87,165 Rasgão PARAIBUNA 22,00 85,00 232248 232436 SP SP 0,81 186,00 289,07 66.379,68 14,81 3.401,94 0,090 20,653 UHE VOTORANTIM 3,00 233251 SP 0,18 Salesópolis 2,00 233349 SP 0,50 UHE SANTA HELENA 2,24 233435 SP 0,46 ITUPARARANGA 55,00 233645 SP 24,10 64,24 178,44 164,16 8.600,81 3,29 9,15 8,41 440,79 0,020 0,056 0,051 2,676 Apucaraninha (Reserv. de Fiú) 0,00 234200 PR 2,00 713,76 36,58 0,222 Apucaraninha (Res.Apucaraninha) 9,50 234200 PR 0,50 178,44 9,15 0,056 Henry Borden 889,00 235231 SP 138,66 49.484,98 2.536,09 15,397 FRANÇA 29,50 235626 SP 12,70 4.532,38 232,28 1,410 Lavrinha 0,48 235850 SP 0,04 14,28 0,73 0,004 Turvinho (Nova do Baixo Turvinho) São José 1,00 235940 SP 0,07 24,98 1,28 0,008 0,88 240020 SP 0,97 346,17 17,74 0,108 FUMACA 36,40 240027 SP 6,92 2.469,61 126,57 0,768 118 Eletrobrás BARRA 40,40 240127 SP 1,93 688,78 35,30 0,214 PORTO RASO 28,40 240345 SP 1,48 528,18 27,07 0,164 Mourão ALECRIM 7,50 72,00 240400 240453 PR SP 12,25 1,54 4.371,78 549,60 224,05 28,17 1,360 0,171 SALTO IPORANGA 36,80 240559 SP 2,69 960,01 49,20 0,299 SERRARIA 24,00 240907 SP 2,13 760,15 38,96 0,237 Melissa Iúna 0,80 0,14 243600 244330 PR ES 2,90 1.034,95 0,00 53,04 0,00 0,322 0,000 JURUPARÁ Pitangui São Jorge (Res.Alagados) Governador Parigot de Souza 7,20 0,79 2,34 252,00 245744 250100 250200 250812 SP PR PR PR 4,30 2,90 7,20 14,00 1.534,58 1.034,95 2.569,54 4.996,32 78,65 53,04 131,69 256,06 0,477 0,322 0,799 1,555 Rio dos Patos ITAIPU 1,50 6.300,00 251033 252537 PR PR 2,90 1.549,00 1.034,95 552.807,12 53,04 28.331,21 0,322 171,999 Marumbi Cavernoso SALTO OSÓRIO 9,60 1,26 1.078 252600 252938 253200 PR PR PR 2,90 2,90 57,00 1.034,95 1.034,95 20.342,16 53,04 53,04 1.042,53 0,322 0,322 6,329 SALTO CAXIAS SALTO SANTIAGO 1.240,00 1.420 253300 253900 PR PR 144,00 220,00 51.390,72 78.513,60 2.633,76 4.023,80 15,990 24,429 GUARICANA 36,00 254334 PR 1,07 381,86 19,57 0,119 Derivação do Jordão SEGREDO Chaminé ( Res. Vosssoroca ) Chaminé (Res.Salto do Meio) 6,54 1.260,00 0,00 254515 254718 254900 PR PR PR 3,70 84,00 5,10 1.320,46 29.977,92 1.820,09 67,67 1.536,36 93,28 0,411 9,327 0,566 18,00 254919 PR 0,12 42,83 2,19 0,013 Chopim I Gov. Bento Munhoz da Rocha Netto 1,80 1.676,00 255900 260034 PR PR 2,90 163,00 1.034,95 58.171,44 53,04 2.981,27 0,322 18,099 Salto do Vau São Lourenço Piraí 0,96 0,5 1,35 260300 261700 261742 PR SC SC 2,90 0,06 0,12 1.034,95 21,41 42,83 53,04 1,10 2,19 0,322 0,007 0,013 Bracinho (*) 17,7 262100 SC 1,34 478,22 24,51 0,149 Palmeiras (*) 17,6 263939 SC 3,10 1.106,33 56,70 0,344 Cedros (*) 7,6 264000 SC 2,94 1.049,23 53,77 0,326 Celso Ramos Salto 5,7 6,7 264526 265300 SC SC 0,08 0,00 28,55 0,11 1,46 0,01 0,009 0,000 Rio do Peixe Pery Guarita 0,6 4,4 1,76 270000 272800 273000 SC SC RS 0,00 0,05 1,90 0,00 17,84 678,07 0,00 0,91 34,75 0,000 0,006 0,211 119 Eletrobrás Ivo Silveira Garcia (*) 2,6 9,6 273000 273300 SC SC 0,06 0,74 21,41 264,09 1,10 13,53 0,007 0,082 PASSO FUNDO 226 273300 RS 155,00 55.316,40 2.834,95 17,211 Forquilha SANTA ROSA Caveiras (*)(**) Ijuizinho Capigui 1,10 1,40 4,29 1,00 3,76 274000 275000 275200 283000 283000 RS RS SC RS RS 0,03 0,02 10,40 0,03 7,60 11,42 7,14 3.711,55 10,71 2.712,29 0,59 0,37 190,22 0,55 139,00 0,004 0,002 1,155 0,003 0,844 Ernestina 4,80 283332 RS 40,00 14.275,20 731,60 4,442 PASSO REAL 158,00 290100 RS 225,00 80.298,00 4.115,25 24,984 JACUI 180,00 290300 RS 5,30 1.891,46 96,94 0,589 Ivaí 0,77 290700 RS 0,04 12,85 0,66 0,004 ITAÚBA 500,00 291535 RS 13,80 4.924,94 252,40 1,532 Toca 1,10 291600 RS 0,01 2,14 0,11 0,001 Passo do Inferno 1,10 291700 RS 0,04 14,28 0,73 0,004 BUGRES CANASTRA 11,50 44,00 292100 292300 RS RS 2,50 0,05 892,20 17,84 45,73 0,91 0,278 0,006 1,44 57.861,58 293000 RS 7,14 0,37 0,002 3.662,83 HERVAL TOTAL 120 0,02 32.975,48 Eletrobrás 7 – Discussão das Técnicas de Medições Utilizadas A primeira pesquisa sobre emissões de gases do efeito estufa em hidrelétricas, realizada há alguns anos, através de projeto com a Eletrobrás, enfatizava, teoricamente, a decomposição do estoque de biomassa pré-existente na área do reservatório. Deu–se atenção às emissões de metano (CH4), objeto das medições, embora a metodologia de análise adotada, explicitava que nem toda a emissão se dava por esta via, admitindo a presença do dióxido de cabono (CO2), incluído nos cálculos. Admitia-se por hipótese que as emissões, pelos processos biológicos e físico–químicos na água do reservatório, formado pela barragem, permaneciam, com menor intensidade, após decair a decomposição do estoque inicial de biomassa. A medição era feita por funis que detetavam mais o metano emitido por ebulição (bolhas). Nesta concepção, foi desenvolvido um modelo matemático para descrever a emissão no lago ao longo do tempo, em função do decaimento da decomposição da biomassa. Admitiu-se por observações empíricas, que nem toda a biomassa se decompõe no prazo de muitos anos após o fechamento, resistindo por muitas décadas ou secularmente. Assim, a biomassa vegetal foi decomposta em duas partes: raízes, troncos e galhos grossos, que resistem no tempo; folhas e galhos finos, que se decompõem em alguns anos. O modelo impunha a conservação da massa do carbono, cuja taxa de variação era dada por uma equação diferencial ordinária com um termo de fonte caracterizado por um decaimento exponencial. Os parâmetros eram a constante de tempo deste decaimento, a densidade de biomassa no local e o seu conteúdo em carbono, a fração da biomassa que se decompõe no horizonte de cem anos, a fração de carbono emitido sob forma de CH4 e a emitida como CO2, a vazão de água carregando o gás horizontalmente. O carbono emitido para atmosfera era resultante da diferença entre o produzido no lago e o carregado pela água. Deste modelo deduz–se a constante de tempo da emissão do gás para a atmosfera, ajustada depois aos dados das medições feitas na primeira pesquisa de medições, em diferentes tempos após o fechamento das barragens, com ênfase nas grandes barragens na Amazônia. A comparação com as emissões de termelétricas foi feita, levando em conta a energia gerada no horizonte de tempo de 50 ou 100 anos, os coeficientes de emissão dos combustíveis fósseis (tC/tep) e a eficiência das tecnologias de geração elétrica, desde a turbina a vapor a carvão e óleo combustível até a turbina a gás natural e o ciclo combinado. 121 Eletrobrás No caso da hidrelétrica variam de um caso a outro a potência por área inundada (W/m2), a densidade de biomassa (tC/m2) e o fator de capacidade. Um problema teórico que colocamos e tem até hoje repercussão na literatura especializada internacional é o do potencial de aquecimento global (GWP), definido (IPCC, 1990, 1992, 1994) para comparar os efeitos no aquecimento global de emissões de CH4 e de CO2 simultâneas, na comparação de emissões de hidrelétricas, variando sensívelmente no tempo com as de termelétricas constantes ao longo dos anos, desde que funcione continuamente. Generalizou-se o GWP para comparar não só emissões de CH4 com as de CO2, como também emissões de CO2 não simultâneas, como ocorre na comparação de emissões de hidrelétricas com as de termelétricas. Estas considerações aumentaram o peso das emissões das hidrelétricas no cálculo, o que foi pouco compreendido pelos críticos nas publicações internacionais. Em relatório anterior, entretanto, sempre foi usado alternativamente o GWP publicado pelo IPCC para facilitar comparações com outros trabalhos publicados no exterior. Neste segundo projeto de pesquisa com a Eletrobrás, cujo relatório é agora apresentado, abriu-se uma nova perspectiva ampliando o trabalho anterior. Logo de início, no seminário organizado na Eletrobrás foi feito um cotejo de metodologias com convidados do Canadá, com os quais manteve-se contato em uma Conferência da Agência Internacional de Energia em Londres e em um Workshop na Hydro Quebec, para o qual foram apresentados os resultados anteriores. Em conseqüência foi realizado um experimento conjunto da COPPE/UFRJ e da USP – São Carlos com o grupo da Universidade de Quebec na barragem de Curuá–Una, com ajuda também da UFPa e o apoio do CNPq/MCT. Como resultado deste experimento o grupo da COPPE/UFRJ passou a usar câmaras de difusão além de funis e o grupo canadense passou a usar funis além de câmaras de difusão, onde foi possível observar então que as emissões de CO2 se revelavam muito maiores. Nesta segunda pesquisa com a Eletrobrás, foi verificado emissões altas pontualmente em barragens antigas, fechadas há muitos anos. Ademais, houveram grandes variações nos valores medidos. Estas questões foram discutidas no Workshop Internacional realizado na COPPE/UFRJ no fim do ano de 1998, com apoio do MCT e da ANEEL além da Eletrobrás, publicado pelo Instituto Virtual de Mudanças Globais / Faperj (1999). Na pesquisa aqui relatada foram consideradas na comparação com as termelétricas as emissões medidas em experimentos nos reservatórios, independentemente do cálculo teórico do estoque de biomassa pré-existente e feita a extrapolação para o parque hidrelétrico como um todo. 122 Eletrobrás Neste caso, há o problema do cálculo da média e da extrapolação dos resultados das observações experimentais feitas em algumas hidrelétricas, em alguns pontos e em alguns dias do ano. O problema é obter um valor de emissões para cada reservatório e para o conjunto dos reservatórios existentes no país. Usamos duas aproximações diferentes, a primeira empírica e a segunda teórica: - média ponderada de acordo com a distribuição da profundidade em cada reservatório, agrupados por latitude; - média integrada para todos reservatórios assumindo a distribuição de emissões dada por uma lei de potência. De forma a tornar claro o problema do método da amostragem empregado, segue aqui uma discussão a respeito das técnicas de medição empregadas especificamente neste novo estudo. A tabela 54 mostra os parâmetros empregados na extrapolação por faixas de profundidade (média ponderada). Nesta tabela, A1 é a área total do reservatório; xo é a profundidade máxima até a qual ocorre ebulição, começando da margem. Na coluna “emissão CH4 por bolhas QCH4 mg m-2 d-1” são dados dois valores. O primeiro é a intensidade de emissão na faixa onde ocorre emissão. O valor entre parenteses é a taxa média calculada sobre a área total da represa e não em relação somente a faixa que emite. Tabela 54 - Ebulição CH4(Funis) A1 area / 106 m2 Miranda Tres Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí 50,63 1.009,32 310,5 81 60 560 2.430 x0 Area que emite/ 106 m2 36,9 24,1 38,3 71,3 19,3 17,3 25,2 39,5 736 310,5 71,0 21,7 460 1469 emissão CH4 por bolhas QCH4 kg km-2 d-1 23,1 (18,02) 76,6 (55,8) 3,1 (3,1) 2,4 (2,1) 53,9 (19,5) 16,5 (13,6) 4,0 (2,42) Nas tabela 55 e 56 são apresentadas as médias de emanação de gases. São dados valores para várias faixas de amostragem, representando médias sobre cada reservatório. Constam também as variabilidades expressas como porcentagens. As latitudes geográficas dos reservatórios são também mostradas. Tabela 55 - Difusão - Metano 123 Eletrobrás 0 19 S Reservatório Miranda 180 S Tres Marias 230 S Barra Bonita 260 S Segredo 100 S Xingó 90 S Samuel 40 S Tucuruí 90 S Lago Espanha (kg CH4 km-2 d-1) 10 m 17 – 23 m 37 – 40 m 22,7 r 7,5% 26,9 r 101% 13,7 r 68% 7–9m 16 – 29 m 3,73 r 81% 3,25 r 44% 10 – 12 m 18 – 21 m 19,0 r 39% 29,4 r 88% 10 – 11 m 20 – 35 m 42 – 58 m 5,5 r 49% 6,17 r 71% 5,34 r 51% 10 – 12 m 17 – 22 m 23,3 r 88% 20,8 r 93% 9 – 10 m 16 – 21 m 10,3 r 37% 10,2 r 44% 9 – 10 m 14 m 9,5 r 26% 21,6 r 45% - CH4 5m 46,2 r 110% 4–5m 20,2 r 140% 5m 16,7 r 41% 5m 5,83 r 46% 2–6m 37,0 r 83% 4–5m 12,05 r 15% 6m 5,64 r 30% 6m 11,97 Tabela 56 – Difusão de Dióxido de Carbono latitude Reservatório 190 S 180 S 230 S 260 S 100 S 90 S 40 S 90 S Miranda Tres Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí Lago Espanha CO2 kg CO2 km-2 d-1 media t9m 3.795 r 210% 2.410 r 82% 1.348 r 590% 601 r 902% 2.259 r 281% 5.350 r 51% 6.516 r 167% 24.283 2.725 r 190% 2.733 r 47% 1.126 r 957% 713 r 632% -1.519 r 140% 3.990 r 23% 4.310 r 181% - Proporção das experiências em que houve absorção de CO2 5,5% 12% 43% 43% 55% 0 17% - Na emanação de metano nota-se que não há prevalência de emissão para profundidades menores de sítios de amostragem. Por exemplo no reservatório de Samuel, onde a variabilidade não passou de 44%, há essencialmente independência de emissão em relação à profundidade do sítio. Conclui-se que é justificável fazer para cada reservatório uma média única da emanação de metano; isto foi feito para inclusão da média na tabela de resumo. Durante a segunda campanha constatou-se a absorção do CO2 atmosférico pelos reservatórios em parte das experiências, com excessão a represa de Samuel. Na represa de Xingó 55% das experiências mostraram absorção. Porém as médias tomadas sobre a área toda foram de emissão. 124 Eletrobrás Considerando na tabela 57 os resultados de liberação dos gases para cada reservatório verifica-se a dependência da emissão em função da latitude. Se os resultados forem ordenados pela intensidade de emissão, obtem-se a seguinte sequência para a segunda campanha: Tabela 57 - Taxas medias de gases emitidos pelas represas* Ebulição kg km-2 d-1 CH4 CO2 Miranda 18,0 0,16 Tres Marias 55,8 2,03 Barra Bonita 3,1 0,04 Segredo 2,1 0,07 Xingó 19,5 0,04 Samuel 13,6 0,39 Tucuruí 2,4 0,16 Lago Espanha * Incluída a emanação medida no Samuel. “ponderação” por total (soma) media aritmetica kg km2 d-1 emanação kg km2 d-1 CH4 CO2 CH4 CO2 27,4 3.795 45,4 3.795 9,1 2.410 64,9 2.412 21,7 1.348 24,8 1.348 5,7 601 7,8 601 27,0 2.259 46,5 2.259 10,8 5.350 24,4 5.350 12,2 6.516 14,6 6.516 12,0 24.283 12,0 24.282 Lago Espanha, lago natural nas proximidades da represa de Reservatório emissão latitude -2 -1 kg CO2 km d Tucuruí 6.516 4o Samuel 5.350 9o Miranda 3.795 19o Tres Marias 2.412 18o Xingó 2.259 10o Barra Bonita 1.348 23o Segredo 601 26o Com excessão da represa de Xingó o conjunto ficou ordenado em função da latitude geográfica. Porém os resultados da primeira campanha se ordenam da seguinte maneira: Reservatório Tucuruí Xingó emissão latitude kg CO2 km-2 d-1 10.433 4o 9.837 10o 125 Eletrobrás Samuel Barra Bonita Miranda Segredo Tres Marias 8.088 6.434 4.980 4.789 -137 9o 23o 19o 26o 18o Pode-se observar que as intensidades de emissão obtidas na primeira campanha não seguem a ordem das latitudes, mas há pequena tendência à ordenação. Há ordenação melhor quando são feitas médias usando valores da primeira e segunda campanhas, para cada reservatório separadamente. Neste caso a ordenação para o dióxido de carbono é quase perfeita, com apenas Três Marias destoando. Reservatório Tucuruí Samuel Xingó Três Marias Miranda Barra Bonita Segredo latitude média, 1a e 2acamp. kgCO2km-2d-1 kgCH4km-2d-1 8.475 112 4o 6.719 104 9o 6.048 38 10o 1.138 196 18o 4.388 154 19o 3.891 22 23o 2.695 9,1 26o Existem evidências que, possivelmente, o valor baixo da média encontrada para a represa de Três Marias esteja relacionado à situação atípica que existia quando da primeira campanha, cuja absorção foi de 137 kg CO2 km-2 d-1 ao invés de um valor de emissão possivelmente mais característico da situação. Considerando as médias de emissão obtidas na primeira e na segunda campanha e dando atenção para as respectivas variabilidades verifica-se que é justificável observar os dois conjuntos de dados como variações estatísticas de um só conjunto de dados, assim sendo, tirar a média faz algum sentido. 126 Eletrobrás Gráfico 9 – Emissão de Gás Carbônico pelas Represas em Função de sua Latitude. Médias de duas campanhas. De acodo com o gráfico 9, pode-se desprezar o valor para Três Marias como sendo um “outlyer” com pouco probabilidade de ocorrência, os demais valores estão sobre uma curva polinomial. Se apenas a insolação contasse seria uma cossenóide. Gráfico 10 – Taxas de Emissão de Metano em Função da Latitude e Ajuste por Curva Exponencial. 127 Eletrobrás Na tabela 58 são confrontadas concentrações de metano e dióxido de carbono dissolvidos na água. Ao observar a primeira linha da tabela listando dados do reservatório de Miranda: pela dupla dessorção medimos na água para o metano uma pressão parcial de 109 ppm, enquanto por difusão foi obtida uma pressão parcial de 16,1 ppm. Para o gás carbônico a diferença foi menos drástica, mas existe também. A explicação para esta diferença consiste no fato de que nem todo metano e gás carbônico residentes em um volume de água estão dissolvidos. Parte destes gases encontram-se dentro de partículas que constituem sólidos em suspensão, por exemplo detritos ou plâncton morto. No método da difusão mensura-se, principalmente, o gás molecularmente dissolvido. Já no método de extração dupla ocorre forte agitação que libera, senão todo, pelo menos grande parte do gás das partículas. Este é um dos resultados deste relatório, os gases não estão homogeneamente distribuídos em solução na água, evidencia-se que parte dos gases está associada a partículas heterogêneas em suspensão. Esta distribuição heterogênea pode contribuir à variabilidade da amostragem nos experimentos de difusão. Tabela 58 - Gases Dissolvidos na Água Superficial (quantificados por dupla dessorção) Reservatório Miranda Tres Marias Barra Bonita Segredo Xingó (Urucu) Samuel Tucuruí Metano mg CH4 L-1 6,2 0,84 3,0 2,6 0,92 9,9 5,2 128 gás carbônico mg CO2 L-1 2,60 0,85 1,7 0,18 19,5 4,2 0,98 Eletrobrás Tabela 59 - Concentração de Gases na Água Superficial (determinada por dupla dessorção ou a partir da constante C obtida dos dados de difusão das câmaras pequenas) Reservatório Miranda Tres Marias Barra Bonita Segredo Xingó Samuel Tucuruí dessorção ppm CH4 109 r 65% 21,2 r 31% 116 r 41% 85,7 r 5% 760 108 r 13% 153 r 50% “difusão” ppm CH4 16,1 r 86% 8,9 r 182% 14,5 r 61% 4,26 r 43% 18,5 r 83% 8,6 r 25% 8,99 r 32% Dessorção ppm CO2 1580 r 18% 835 r 34% 236 r 60% 356 1076 r 17% 1564 r 18% 2344 r 95% Cx 1142 “difusão” ppm CO2 963 r 46% 718 r 29% 795 r 62% 1262 r 346% 394 r39% 1657 r 43% 770 r 51% Cx 928 Para fins de caracterização das medidas fornecemos um resumo dos ventos dominantes na ocasião das coletas de amostras. Tabela 60 - Velocidades de Vento Máximas, Mínimas e Médias Medidas Durante a Segunda Campanha, em m s-1 Represa Barra Bonita Segredo Miranda Tres Marias Xingó Samuel Tucuruí Máxima 4 5 6 3 3,5 2 3 Mínima 0 0 0 0 0 0 0 Média 2,3 3,2 2 1,8 1,4 0,3 1,5 Pode-se atribuir à ação do vento a uniformidade de concentração prevalecente na camada superficial da água de pelo menos 0,5 m de espessura. O método de medir troca gasosa, com o uso de câmaras pequenas, produz essencialmente os mesmos resultados que o o método tradicional que usa a câmara estática. A medição da taxa de troca gasosa feita a 25 cm de profundidade produz resultados similares à medição feita a 50 cm de profundidade, levando a valores também similares aos que se obteriam se a medição fosse feita na interface água-atmosfera. Explicamos esta coincidência pela ação do vento. Este, embora intermitente, sempre esteve presente. Ele promove uma convecção da camada superficial da água, homogeneizando os solutos, inclusive gases dissolvidos. 129 Eletrobrás A intensidade de emissão de gases em um reservatório não é invariante no tempo. Há flutuações com períodos de duração irregular. No entanto a variação é modulada por um conjunto de influências, as principais sendo: temperatura, regime de vento, insolação características da água, composição da biosfera. Estas influências podem combinar-se de maneira a se perceber uma tendência das taxas de emissão serem tenue função da latitude, onde latitudes mais altas tendendo a apresentar menores taxas de emissão. Porem a ordenação não está sempre presente. 130 Eletrobrás 8 – Comentários Finais Pelas comparações realizadas entre os reservatórios estudados, pode-se concluir que há uma grande variação entre os dados de emissão de gases de efeito estufa, o que indicaria mais cuidado na escolha de futuros projetos por parte do setor elétrico brasileiro. Segundo esta medidas, a intensidade de emissão de gases em um reservatório varia com o tempo, porém com comportamento de flutuações com períodos de duração irregular. No entanto, a variação é modulada por um conjunto de influências, as principais sendo: temperatura, intensidade dos ventos, insolação, parâmetros físico-químicos da água, composição da biomassa, etc. Devido ao somatório de incertezas encontradas ao longo do estudo, obteve-se uma diferença significativa entre os resultados da extrapolação para o parque hidrelétrico brasileiro. Optou-se desta forma, por oferecer duas opções de extrapolação, considerando variações inerentes a esta incerteza. A utilização dos resultados das medições foi privilegiada, em detrimento dos cálculos teóricos, com base no estoque inicial de biomassa. A emissão de CH4 pelas hidrelétricas é sempre desfavorável, pois mesmo que o carbono tenha se originado de fontes naturais, ele se torna um gás de maior GWP no computo final. A emissão de CO2, em parte pode ser originada da atmosfera e ser incorporada ao sistema do reservatório, porém é uma parcela do gás que está presente naturalmente no ciclo do carbono. Uma outra parte pode ser atribuída à decomposição da matéria orgânica, causada pela hidrelétrica. Os dados das duas campanhas não permitiram uma análise temporal de longo termo do comportamento das emissões, tendo em vista as restrições logísticas e financeiras impostas. A extrapolação para o parque hidrelétrico brasileiro, foi feita com critérios arbitrários e outros métodos poderiam resultar em valores globais bastante diferenciados, como por exemplo o emprego da média aritmética para todos os reservatórios ou o emprego de algum outro coeficiente. Há que se considerar as variações de emissão dos gases inter e intra reservatórios, visto que os reservatórios apresentam diferentes regimes de circulação de águas, que proporcionam condições diferenciadas de qualidade de água e geração de matéria orgânica. A diferença marcante entre as emissões de bolhas de metano, que são praticamente inexistentes nas áreas da antiga calha fluvial dos rios inundados e as altas taxas encontradas nas regiões abrigadas dos reservatórios, mostram claramente este padrão diferenciado das emissões nos reservatórios. Em todos os reservatórios estudados o dióxido de carbono é mais emitido por difusão, porém como este gás faz parte do ciclo natural do carbono, em algumas medições foram verificadas 131 Eletrobrás absorção de CO2 pelo corpo d’água do reservatório, via fotossíntese da produção primária do lago. No caso do metano este gás sempre é emitido, seja por bolhas ou por difusão molecular. Em alguns reservatórios foi possível notar que o regime de operação também pode influir na emissão dos gases. Dependendo da operação da usina o reservatório pode deplecionar-se de forma rápida, possibilitando que os braços dendríticos rasos sejam expostos periodicamente à colonização por vegetação terrestre. Estas regiões mostraram intensa metanogênese devido à decomposição desta vegetação. Este efeito ocorreu nos reservatórios de Três Marias e Samuel. Uma aferição dos métodos de análise cromatográfica, durante a segunda série de companhas, confirmou que a variabilidade das taxas de emissão é menor que 5%. Desta forma, deve-se concluir que as grandes variações das taxas de emissão constatadas entre os resultados da primeira e segunda séries de campanhas representam a realidade e não são imperfeições do procedimento analítico. A principal controvérsia científica encontra-se na extrapolação das emissões medidas por 2 m , em partes selecionadas do reservatório, para a área total do reservatório. As emissões podem variar de acordo com a profundidade e com a distribuição da biomassa submergida. As emissões também variam no tempo, provavelmente com um pico rápido, que acontece logo após submersão, depois da qual seguem a uma taxa desconhecida. Estudos de monitoramento por períodos de tempo longos devem ser estimulados, para caracterizar a curva do comportamento das emissões. Também há a evidência que os fluxos de carbono dentro do sistema reservatório são complexos, e o carbono pode fluir para o reservatório a partir da bacia de drenagem. Este é um tópico a ser desenvolvido em trabalhos ulteriores. Em termos gerais pode-se dizer que o risco de emissões de gases de efeito estufa podem ser reduzidos: - evitando a baixa densidade de potência na escolha dos reservatórios (W/m2 ); - desmatando o reservatório antes da inundação (deve-se observar que esta medida tem que ser analisada sob o ponto de vista econômico). 132 Eletrobrás Deste estudo também pode-se concluir que a energia hidrelétrica não é uma fonte isenta de emissões atmosféricas, tal qual se afirmava em estudos ambientais da década de 70 e 80. O reservatório de uma hidrelétrica emite gases de origem biogênica, tais como o CO2, CH4, N2O e H2S. Porém, os estudos comparados de emissão de gases da superfície do reservatório com as emissões de tecnologias de geração termelétrica mostram que na maioria dos casos analisados as hidrelétricas apresentaram resultados melhores, demonstrando que em termos comparativos são uma solução viável de abatimento das emissões na geração de energia elétrica. 133 Eletrobrás 9 - Referências Bibliográficas x Agostinho, A.A. e Gomes,L.C (1997) – Reservatório de Segredo – Bases Ecológicas para o Manejo. COPEL/EDUEM/UEM-Nupelia, 1997. x Alvald, P.C,; Kirchorff,V.W.J.H.; Pavão, H.G. (1998) – “O Metano na Atmosfera – Produção de Metano em Regiões de Queimadas e Áreas Alagadas” – Revista Biotecnologia, Ciência e Desenvolvimento, 1998. x Aselmann, I. and Crutzen, P. (1989) - Global Distribution of Natural Freshwater Wetlands and Rice Paddies, Their Primary Productivity, Seasonality and Possible Methane Emissions. Journal of Atmospheric Chemistry. 8: 307-358. x Bartlett, K.B.; Harris, R.C. 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June 1987. 136 Eletrobrás x Watson, R.; Rodhe, H. , 1990 - Greenhouse Gases and Aerossols - PEER Reviwed Assessment for WG1 - IPCC, April, 1990 137 Eletrobrás ANEXO 138 Eletrobrás Anexo A -Trabalhos Anteriores sobre Emissão de Gases de Efeito Estufa na Geração de Energia Elétrica As emissões de gases de efeito estufa podem ser divididas em dois grupos, no caso da geração de energia elétrica: 1) O CO2 na queima de combustíveis fósseis principalmente na operação de usinas termelétricas e o CH4 por escape na exploração armazenamento e transporte do gás natural; 2) Na alteração do uso do solo, principalmente devido ao enchimento de reservatórios das usinas hidrelétricas em regiões florestadas, sob a forma de CO2 e CH4. O primeiro caso não constitui grande problema, pois a documentação sobre estimativas de emissão de gases derivados do uso de combustíveis fósseis é considerável e o tema foi objeto de constantes debates em nível nacional e internacional ( CNUMAD-92, IPCC-1991, RIO CIÊNCIA92, OECD EXPERT MEETING - 1991), somados às características dos aproveitamentos termelétricos, que podem fornecer dados sobre o consumo de combustível utilizado na geração de energia. Dados sobre emissões de poluentes atmosféricos ( SOx, NOx, CO2, material particulado) estão disponíveis na literatura internacional e podem ser utilizados com confiança e confrontados com as estimativas do caso brasileiro: Hamilton (1984); Pearse (1987); United Nations (1986); United Nations (1986a); Voss et allii (1987); Izrael (1987). No segundo caso, estritamente ligado a construção e operação de hidrelétricas em regiões florestadas, o acervo é bem reduzido, mesmo no panorama internacional. O relatório OECD/OCDE "Estimation of Greenhouse Gas Emissions and Sinks" (OECD, 1991), dedicou um capítulo especial para as alterações do uso do solo e florestas como fontes de emissão de gases, onde considera a inundação de áreas como uma da atividades potenciais de emissão de CH4. O relatório não apresenta, entretanto, conclusões sobre o método a ser empregado nas estimativas, mas considera necessário novos estudos, principalmente porque essa fonte de emissão varia enormemente com o tipo de ecossistema que é alagado. A construção de hidrelétricas é apontada como uma grande fonte de CH4 neste tipo de atividade, enfatizada significantemente em nível nacional. A metodologia não apresenta medições em barragens devido à hidrelétricas, mas estabelece ordens de grandeza de emissões de CH4 em áreas naturalmente alagadas [Tabela A1] (Aselmann, I. and Crutzen ,1989). 139 Eletrobrás Tabela A1 - Emissão Média de Metano de Áreas Naturais Categoria Taxa da Emissão Período de Produção mg CH4-C/m2/dia (dias) 11 (11-38) 178 Brejos 60 (21-162) 169 Pântano 63 (43-84) 274 Charco 189 (103-299) 249 Várzea 75(37-150) 122 Lagos 32(13-67) 365 Áreas Úmidas c/ vegetação em decomposição Fonte: Aselmann and Crutzen, 1989 No caso brasileiro, além dos trabalhos da COPPE/UFRJ há o conhecimento de dois trabalhos, entretanto considerados preliminares pelos autores: Bruce (1990) e Fearnside(1992). O trabalho de Bruce, procura estabelecer uma comparação entre as emissões de gases derivados das duas tecnologias: hidrelétrica de 112 MW de potência em média (Balbina) e uma térmica de igual capacidade de geração de energia. Como parâmetros básicos de comparação, utilizam a vida útil do projeto, a capacidade de geração de energia, a densidade de biomassa florestal afogada no caso da hidrelétrica e o tipo de combustível empregado no caso da termelétrica. A estimativa deste trabalho, utiliza dois cenários de emissões possíveis, no caso da hidrelétrica: 1) todo carbono emitido sai sob a forma de CO2; 2) 5% do carbono emitido sai sob forma de CH4; O método empregado neste caso, foi multiplicar a área inundada do reservatório pela densidade de carbono existente na floresta alagada (155 tC/ha). Posteriormente é obtido um índice parametrizado pela potência da usina (tC/MW ), que é comparado com o índice de emissão de uma usina térmica semelhante. O resultado pode ser criticado pelo fato de que não foram considerados outros parâmetros de sensibilidade, que podem influir nos cálculos, tal qual a parcela da biomassa que pode ser imediatamente decomposta e gaseificada após o enchimento do reservatório ou a eficiência de cada tecnologia, trazendo como conseqüência uma ponderação maior nas emissões devidas à hidreletricidade. 140 Eletrobrás Já o trabalho de Fearnside é um apanhado das fontes de emissão e sumidouros de carbono nas florestas, publicado em um workshop sobre florestas tropicais e mudanças globais, sob a responsabilidade do Lawrence Berkeley Laboratory(EUA) e USP, com financiamento da EPAEnvironmental Protection Agency(EUA) e do IPCC. A participação do desmatamento e das queimadas na região amazônica e a sua contribuição para o aquecimento global são bem exploradas. A questão da alteração do uso do solo e seus impactos ecológicos também são abordados (expansão da fronteira agropecuária, produção de carvão vegetal e utilização de lenha e barragens artificiais). Segundo este trabalho, a construção das barragens em áreas de florestas tropicais apresentam sérios impactos ecológicos, entre os quais a contribuição de gases causadores do efeito estufa. Fearnside considera que na Amazônia, as barragens são na maioria dos casos, piores do que as térmicas que utilizam combustíveis fósseis, sob o ponto de vista das emissões dos gases. A emissão de CH4 derivado de barragens pode atingir (caso todas as usinas planejadas para a Amazônia fossem construídas) a mesma ordem de magnitude das emissões das várzeas naturais amazônicas (considerada como uma das maiores fontes mundiais de metano). Entretanto, o trabalho não utiliza dados da região, confiando na média das emissões em lagos naturais do mundo (43 mg CH4/m2/dia), acreditando inclusive que o dado é conservador para os lagos artificiais da região amazônica, que apresentam condições favoráveis a decomposição anaeróbica da matéria orgânica do fundo. As emissões segundo o autor são significativas, e para os reservatórios com enchimento em 1988 (Samuel) , as emissões totalizaram 20 X 106 M t de C no CO2 que escapou para a atmosfera. A crítica que se pode fazer a abordagem de Fearnside é justamente a falta de medições "in locu" e a extrapolação de dados sem critério científico, que podem com certeza superestimar as emissões devidas às hidrelétricas. De acordo com a metodologia OECD/OCDE para o IPCC, é recomendado que verificações empíricas sejam realizadas a fim de estabelecer critérios e metodologias de cálculo de emissões próximas a realidade dos ecossistemas afetados. Nas hidrelétricas brasileiras, a possibilidade de situações diferenciadas, que por sua vez podem afetar os cálculos são numerosas (desmatamento prévio antes do enchimento, composição e densidade da biomassa afogada, variações sazonais de cota dos reservatórios, etc...) implicando necessariamente em estudos de caso, antes da criação de indicadores gerais, ou críticas ao enchimento dos reservatórios. 141 Eletrobrás Estudos sobre a presença de carbono na água de rios da Amazônia vêm sendo publicados por diversos autores ao longo dos últimos anos: Sioli (1967) ; Gibbs (1972); Furch (1984); Shalard (1980). Os rios transportam materiais sólidos dissolvidos na água, entre eles carbono orgânico. Segundo Junk(1985), há íntima interação entre as terras inundadas e os rios, sendo difícil obter medidas diretas do carbono que vai de um sistema para outro. Este problema se relaciona com a estimativa das taxas de decomposição da biomassa, importante para nosso estudo. É possível diferenciar entre vegetais lenhosos e não lenhosos, mas é difícil fazer essa diferenciação entre material lenhoso da floresta nas áreas inundadas e nas não inundadas. Tipos diferentes de vegetais se decompõem de forma muito diferenciadas sob a água. As taxas de decomposição variam nas fases terrestre e aquática. As plantas com baixo conteúdo de celulose e lignina, como herbáceas, se decompõem muito facilmente. Segundo Richey (1982), 50% do peso das plantas herbáceas são perdidos em duas semanas após o enchimento, sendo de 70 a 90 % do peso perdidos após 4 meses de exposição à água. Estes dados variam muito para outros casos, podendo-se tomar em média 40% do peso sendo perdido em quatro meses, entre as plantas que se decompõem (Richey, 1982). A situação é outra no caso da madeira de troncos e galhos de árvores, sendo verificado pelos autores que árvores de duas áreas inundadas têm decomposição reduzida na falta de oxigênio, podendo resistir por longos períodos (Richey, 1982). A metodologia da OECD para estimativa de emissão de carbono refere-se à emissão de CH4 por áreas inundadas, entre elas as represas de hidrelétricas. Há uma variedade de situações de áreas inundadas, como pântanos, planícies, lagos. Os dados de Aselmann, I. and Crutzen (1989) para -2 -2 emissão média de metano vão desde 11 mg C m dia-1 até 189 mg C m dia-1. O período anual de produção de CH4 varia de 122 a 365 dias. Convertendo os valores acima para emissão anual, ela vai -2 -2 de 4 g C m ano-1 a 69 g C m ano-1. Mais especificamente, Devol et al (1988) mediram o fluxo de CH4 em áreas inundadas pelo -2 rio Amazonas no início do período de cheias. A emissão média encontrada foi de 75 mg C m dia-1 -2 -2 na floresta inundada, de 90 mg C m dia-1 em lagos e de 590 mg C m dia-1 onde havia plantas -2 2 flutuantes. Convertendo-os em valores anuais temos respectivamente 27 g C m- ano-1, 33 g C m2 ano e 215 g C m- ano-1. Outro ponto importante para comparação é a presença do carbono na água, sob forma de CO2 e CH4. A alta presença de CO2 nas águas das terras inundadas, é maior do que a concentração de equilíbrio com a atmosfera (Junk ,1985) e (Richey, 1982). 142 Eletrobrás Junk (1985) concluiu independentemente das represas, que as terras inundadas na Amazônia são uma importante fonte de carbono, o qual é transportado pelos rios normalmente. Furch (1984) encontrou valores médios do carbono total nas águas da Amazônia entre 8,7 e 16,2 mg C L-1. 143 Eletrobrás Anexo B – Resultados de Medições Obtidas em Reservatórios Hidrelétricos e em Lagos Naturais Medidas de fluxo de CO2 e de CH4 foram realizadas em 25 lagos e 4 rios na região norte do Alaska, encontrando importante presença de ambos os gases. O fluxo de gás para a atmosfera proveniente dos corpos d’água variou de –6,5 (absorção) até 59,8 mmol de CO2 m-2 d-1 e de 0.08 a 1,02 mmol de CH4 m-2 d-1. A emissão média de carbono fixou-se em torno de 24 g C m-2 ano-12. (Kling et alli, 1992) Estudos de emissão de metano nas áreas alagadas tropicais tiveram um grande avanço na década de 80, principalmente na Amazonia e em áreas de florestas equatoriais africanas. (Batlett et al, 1993) As medições foram realizadas em florestas alagadas, corpos d’água sem vegetação e corpos d’água com cobertura vegetal. Os fluxos medidos variaram de 7,5 mg CH4 m-2 dia-1 a 967 mg CH4 m-2 dia-1 e nas áreas alagadas com cobertura vegetal fluxo médio de 200 mg CH4 m-2 dia-1. Fluxos difusivos de CO2 e de CH4 na interface água-ar foram calculados a partir da concentração dos gases na água em planícies de inundação vegetadas no Pantanal, baseados em dados coletados ao longo do período de 1 ano. (Hamilton et alli, 1995) Os resultados revelaram que é cerca de duas vezes maior o fluxo de CO2 que sai da água em relação ao que entra de O2. Os fluxos médios medidos foram: O2: 0,18 nmol cm-2 s-1; CO2: 0,34 nmol cm-2 s-1; CH4: 0,017 nmol cm-2 s-1. Segundo trabalhos desenvolvidos pelo U.S.Geological Survey concluiu-se que as emissões anuais de CH4 e de CO2 em lagos da região central do Minnessota dependem (são proporcionais) à contribuição hidrológica de carbono pelas águas da bacia de drenagem contribuinte. (Striegl et al, 1998) As emissões médias anuais foram estimados em: Lago William: 1,6 mol CH4 m-2 ano-1; Lago Shingobee: 1,9 mol CH4 m-2 ano-1; Lago Shingobee: 8,0 mol CO2 m-2 ano-1. Medidas de concentração de metano realizadas em testemunhos de sedimentos em lagos de tundra e taiga no Alaska indicam que a concentração de metano aumenta na medida em que as amostras são retiradas de regiões mais profundas do sedimento. (Phelps et alli , 1998) 2 Corresponde a 65,75 mg C m-2 d-1 144 Eletrobrás Medições de fluxo de metano também foram realizadas empregando-se câmaras de difusão indicando forte desprendimento do gás logo após o degelo do lago. Os valores medidos com as câmaras variam de 2,07 g CH4 m-2 ano-1 3 em 1995 a 1,49 g CH4 m-2 ano-1 4 em 1996, sendo esta medida realizada cerca de dez dias após o degelo do lago. Estimativas de emissão também foram realizadas empregando-se o modelo de difusão na camada limite e por medidas de concentração de metano na água, chegando a valores de 1,79 g CH4 m-2 ano-1 5 dez dias após o degelo e de 2,28 g CH4 m-2 ano-1 6 na estação do verão. Experimentos para a investigação de taxas de emissão de CH4 em riachos do estado do Tennessee , Estados Unidos, foram realizados revelando supersaturação deste gás na camada limite da água. Os valores encontrados variam de 17,6 a 41,4 vezes maior do que a concentração de equilíbrio na atmosfera adjacente. (Jones et al, 1998) As taxas de emissão situaram-se numa faixa de 0,4 a 13,2 mg CH4 m-2 d-1. Segundo este trabalho diferenças de resultados de concentração versus emissão podem ser atribuídos a variações na descarga subsuperficial e na concentração da água subterrânea. Os resultados sugerem que a principal fonte de metano é o solo orgânico inundado. Emissões de CH4 e de CO2 foram determinadas em 11 pontos de amostragem para dois reservatórios hidrelétricos no Canadá, inundados em 1978 e em 1983. A campanha de coleta de dados perdurou por dois anos seguidos e os fluxos de CH4 para atmosfera situaram-se entre 5 a 10 mg CH4 m-2 d-1, enquanto que para o CO2 os valores variaram de 500 a 1.000 mg CO2 m-2 d-1. (Duchemin et allii, 1995) Foram determinados dois tipos de fluxos: (a)regulares: 88% do total no caso do CH4 e 87% no caso do CO2; (b)acima da média: que refletem condições de forte vento e colunas de água menores que 1 m. Perfis de concentração de CO2 e de CH4 de gás dissolvido na coluna d’água revelaram que a oxidação e a advecção horizontal são os fatores de controle chave para a emissão de gases para a atmosfera. Medições de gases de efeito estufa também foram realizadas no reservatório da Hidrelétrica de Petit Saut, na Guiana Francesa, fechado em 1994 e com cerca de 300 km2 de área.(Galy Lacaux et allii, 1997) Os resultados encontrados são da ordem de: 3 4 5 6 Corresponde a 5,6 mg CH4 m-2 d-1 Corresponde a 4,0 mg CH4 m-2 d-1 Corresponde a 4,9 mg CH4 m-2 d-1 Corresponde a 6,2 mg CH4 m-2 d-1 145 Eletrobrás Fluxos difusivos de metano: medições realizadas entre março de 1994 a fevereiro de 1995 (de 120 a 3.240 mg CH4 m-2 d-1); Fluxos de metano por bolhas: medição realizada em março de 1994 ( 2-3 metros de profundidade 1.404 mg CH4 m-2 d-1 e 6 metros de profundidade 936 mg CH4 m-2 d-1) e em Setembro de 1994 ( 5 a 6 metros de profunidade 600 mg m-2 d-1 e 7 a 9 metros 240 mg CH4 m-2 d-1); Fluxos difusivos de dióxido de carbono: média das emissões em três diferentes locais do reservatório em mg CO2 m-2 d-1 ( setembro de 1994 - 1.296; dezembro de 1994 – 4.800; maio de 1995- 5.328; setembro de 1995 – 10.248) Um trabalho experimental desenvolvido para medir fluxos contínuos de emissão de gases de efeito estufa de lagos foi desenvolvido por uma equipe de pesquisadores dos Estados Unidos. Segundo este estudo, três parâmetros são fundamentais para o calculo de emissões de acordo com o modelo de cálculo de fluxo na camada limite água-ar, a saber (Sellers et alli , 1995): - Concentração de CO2 na água (dissolvido); - Concentração de CO2 no ar, imediatamente superior a camada d’água; - Velocidade do vento. A freqüência das medidas é fundamental para a precisão dos resultados pois os fatores variam conforme mudam as condições ambientais. Para se ter medidas de alta freqüência, é preciso de um medidor contínuo de concentração de CO2 na água, no ar e de velocidade do vento. A partir destas medidas, chegou-se a conclusão que em lagos eutróficos e rasos, alterações diárias podem ocorrer devido as altas taxas de respiração e fotossíntese. Em lagos oligotróficos a concentração de CO2 na água e no ar tendem ao equilíbrio. Uma pesquisa realizada no ano de 1992, em 1993-1994 (inverno) e 1994-1995 (inverno) no Lago Nojiri no Japão (4,4 km2) revelou que o fluxo difusivo de metano não é o sumidouro significante de CH4 naquele lago. (Utsumi et allii, 1998) A taxa média de emissão foi de 4,5 kg CH4 d-1 para todo o lago, o que corresponde a uma taxa de 1,02 mg CH4 m-2 dia-1. Os autores chegaram a conclusão que o principal sumidouro de CH4 é a oxidação na coluna d’água, removendo cerca de 94% do CH4 no período analisado. A taxa de oxidação situou-se em 67,8 kg d-1 para o lago todo, correspondendo a 15,4 mg m-2 dia-1. Outra pesquisa realizada pelo U.S.Geological Survey dos Estados Unidos em lagos do estado do Minessota descobriu que apenas uma pequena proporção do CH4 dissolvido na água é originário de fontes externas, sendo que uma parcela do metano pode estar dissolvido em águas subterrâneas que alimentam o lago (Striegl et al, 1998). 146 Eletrobrás Ainda, segundo este trabalho, a maioria do CH4 dissolvido na água em lagos temperados do norte é produzida por decomposição anaeróbica no sedimento do lago. O CH4 produzido na medida que migra para regiões superiores da coluna d’água pode ser transformado em biomassa ou em CO2 pelas bactérias metanotróficas ou então ser emitido para a atmosfera. Os lagos tendem a emitir CH4 continuamente para a atmosfera durante o período de degelo, enquanto que no caso do CO2 o fluxo pode ser positivo ou negativo, dependendo das condições de fotossíntese ou respiração biológica do lago. Muitos lagos são emissores líquidos de CO2 para a atmosfera, em bases anuais. Porém, as relações entre inputs de carbono para os lagos, processos dentro do lago e emissões gasosas para a atmosfera não são bem conhecidos. Medições de CO2 e de CH4 foram realizadas em lagos naturais dos E.U.A., empregando-se câmaras de difusão, entre o mês de maio e de outubro de 1992. Foram empregadas 12 câmaras para cada lago (no total de dois lagos), sendo as câmaras de 0,25 m de diâmetro e 0,30 m de altura, com coletas empregando-se seringas a cada 30-45 minutos. A concentração do gás foi determinada por cromatografia gasosa (Striegl et all, 1988). Neste caso, foi detectado que 67% das emissões de CH4 e 46% das emissões de CO2 ocorrem durante o 1º dia após o degelo da camada superficial do lago. Os valores medidos para câmaras de difusão variam de 0,12 a 94,1 mmol CH4 m-2 dia-1 no lago Willians e de 0,8 a 46,4 mmol de CH4 m2 dia-1 no lago Shingobee. Os fluxos de CO2 são respectivamente 0,36 a –0,15 mol CO2 m-2 dia-1 (Willians Lake) e de 0,29 a –0,12 mol CO2 m-2 dia-1 (Shingobee Lake). Segundo os cálculos realizados, o lago Willians recebe cerca de 2,0 mol C m-2 ano-1, via inputs hidrológicos e perde cerca de 1,5 mol C m-2 ano-1 para a atmosfera. No lago Shingobee, os inputs são da ordem de 6,5 a 8,6 mol de C m-2 ano-1 e as perdas pela atmosfera 9,9 mol C m-2 ano-1. Neste mesmo estudo, estimou-se que cerca de 62% (WL) e 79% (SL) do CH4 produzido nos lagos é também consumido internamente e a diferença emitida para a atmosfera. O Laboratório de Ozônio do INPE vem estudando as emissões de metano proveniente de áreas alagadas e da queima da biomassa (Alvald et allii, 1998). Desde 1994 o INPE, em conjunto com a UFMS, realiza um programa experimental na região do Passo da Lontra, no Pantanal mato-grossense. Nesse experimento mede-se a emissão de metano em uma lagoa perene da região. Foram empregadas câmaras estáticas flutuantes, onde são coletadas amostras de ar em tempos regulares, em cilindros de aço inoxidável. As amostras são encaminhadas ao laboratório do INPE para cromatografia gasosa, empregando-se um cromatógrafo com detetor de ionização de chama. 147 Eletrobrás Foram realizadas campanhas mensais nos anos de 1997 e 1998, no período de verão (janeiro, fevereiro e março) onde ocorre a inundação do Pantanal, trazendo maior número de nutrientes para a lagoa. O fluxo médio neste período foi de 101,2 ± 111,60 mg CH4 m-2 dia-1 em áreas com pouca ou nenhuma cobertura vegetal e temperatura média da água em torno de 33o C. No período de inverno (maio, junho e julho) o fluxo médio foi de 1,0 ± 0,6 mg CH4 m-2 dia-1 e temperatura da água de 23o C. Foi verificada um desnível da água de 1 metro entre o verão e o inverno e observou-se uma variação sazonal de 1 para 100 nas medições realizadas. Em um estudo recente desenvolvido pela UQAM para a Hydro Quebec (Duchemin et allii, 1999) , que analisa as amostras coletadas no último verão em alguns reservatórios e lagos naturais no Canadá, demonstra que os dados provenientes de câmaras de difusão e do método da camada limite dos reservatórios hidrelétricos são da mesma ordem de magnitude dos lagos naturais pesquisados. Os valores encontrados são os seguintes: Tabela B1 – Valores Médios de Fluxo de Dióxido de Carbono e Metano em Reservatórios Hidrelétricos e Lagos Naturais no Canadá Reservatório Fluxo de CO2 N Numero de Fluxo de CH4 mg CO2 m-2 d-1 Amostragens mg CH4 m-2 d-1 1.165 +/- 685 11 4,5 +/-2,8 N = Número de Amostragens 18 10 9,4 +/- 3,6 9 19 15 +/- 10 24 16 2,2 +/- 2,3 14 9 11,5 +/- 1,4 12 10 36,5 +/- 10 12 10 9,3 +/- 2,9 11 Gouin (idade de 80 anos) Lagos de Referência 1.700 +/- 950 (Gouin) Manic 5 (idade de 35 1.170 +/- 470 anos) Lagos de Referência 1.010 +/- 405 (Manic 5) Lake Brome 1.360 +/- 400 (poluído) Lake St-Louis (Rio 2.090 +/- 820 St-Lawerence ) Lake Croche (menos 730 +/- 170 poluído) Fonte: Duchemin et all, 1999 148 Eletrobrás Anexo C - Descrição do Método de Trabalho 1 - Método de Amostragem dos Gases 1.1 - Amostragem dos Gases por Funis As amostras foram coletadas empregando-se um conjunto de 16 funis coletores de bolhas (cones de napa sintética, com armação de alumínio , diâmetro de 70 cm e acoplados a garrafas coletoras de gases). (Foto C1) Foto C1 – Funil Coletor de Bolhas Acoplado a Garrafa Coletora de Gases foto M.A.Santos Na maioria dos casos, os funis eram colocados em um “transect”, partindo de regiões mais rasas até locais mais profundos. Nas regiões mais rasas, eram colocados cerca de 5 funis, diminuindo este número na medida em que se caminhava para áreas mais profundas. Os funis eram submersos e ar totalmente retirado para evitar contaminação pelo ar atmosférico presente. Após este processo, as garrafas coletoras, cheias de água eram acopladas ao funil.(Foto C2) 149 Eletrobrás Foto C2 – Grupo de Funis Colocados em Uma Região Rasa do Reservatório de Miranda foto M.ASantos A escolha do sítio de amostragem e a seqüência dos funis foram determinadas por parâmetros como: densidade da vegetação alagada, tempo de enchimento do local (cota do reservatório), profundidade, presença de vegetação semi-afogada, região geográfica do reservatório. Consideramos ainda como variável de decisão, o tempo de deslocamento de barco até o local da amostragem, bem como sua representatividade para o reservatório como um todo. Na maioria das vezes os funis permaneciam por 24 horas no local, onde durante este período as bolhas que emanavam do fundo eram capturadas e as garrafas coletoras eram então fechadas hermeticamente dentro da água e recolhidas para posterior análise em laboratório. Entretanto em algumas ocasiões empregou-se um tempo menor do que 24 horas e os valores obtidos extrapolados para o tempo exato da experiência. Pela experiência acumulada nas amostragens de gases com funis admite-se que há uma correlação inversa forte entre profundidade e emissão de gases por bolhas. Desta forma, incluíamos um número maior de funis nas regiões mais rasas, que desprendem mais gás. 150 Eletrobrás 1.2 - Amostragem dos Gases por Câmaras de Difusão 1.2.1 - O Processo de Troca Difusiva de Gás Medido por Meio de Câmaras Na interface água/atmosfera se processa continuamente troca de gases. Os gases dissolvidos na água emanam para o ar e os componentes do ar se dissolvem na água. Neste processo um equilíbrio dinâmico tende a se estabelecer e ele é alcançado para um certo gás quando sua taxa de emanação fica igual a sua taxa de dissolução. Processos difusivos relevantes neste trabalho são facilmente representáveis se a concentração de cada gás for expressa em termos de pressão parcial. Na fase gasosa a pressão parcial de cada componente é a fração da pressão total que é devida a este componente. Por exemplo, em um local onde a pressão atmosférica é 100 quilopascal (kPa) a pressão parcial do oxigênio é de 21 kPa pois este gás está presente na atmosfera em proporção de 21 vol%. A concentração do oxigênio dissolvido na água pode ser expressa em termos de sua pressão osmótica. Água com oxigênio dissolvido exibindo pressão osmótica de 21 kPa estará em equilíbrio com a atmosfera mencionada. Em termos de massa por unidade de volume a pressão osmótica de oxigênio de 21 KPa corresponde a cerca de 9 mg O2 L-1, a 25oC. Quanto à nomenclatura pode ser observado na literatura recente, que o termo “pressão osmótica” como medida de concentração às vezes é substituído pelas denominações “pressão” ou “pressão parcial” ou “tensão parcial”, grandezas estas representadas em kPa. A média mundial da concentração de gás carbônico no ar é de 360 ppm em volume que corresponde a uma pressão parcial de 0,036 kPa; a do metano é de 1,8 ppm. Água com pressões parciais superiores emanará estes gás para a atmosfera. Por exemplo, se encontram em reservatórios tipicamente tensões parciais de CO2 dissolvido na água entre 0,05 e 0,15 kPa, valores estes correspondendo a concentrações atmosféricas de 500 a 1500 ppm de CO2 em volume. Deve-se mencionar aqui que tais valores de pressões parciais de CO2 e CH4 dissolvidos na água são obtidos, sem explicitamente serem procurados, no decorrer do trabalho com câmaras na medida de taxas de emanação devido aos cálculos intermediários que intervêm. 151 Eletrobrás 1.2.2 - Procedimento da Medida de Taxas de Emanação No presente trabalho foram utilizadas câmaras resultantes de um longo processo de aperfeiçoamento inspirado no equipamento utilizado por Lucotte et all (1996). (Workshop sobre gases de efeito estufa, UFPA, Santarém 1996). O equipamento original era proposto para medir troca gasosa na interface água-ar. Para isto era utilizada uma câmara de acrílico transparente, melhor descrita como uma caixa sem tampa, usada em posição “invertida” tocando a superfície da água de modo a aprisionar um certo volume de ar. Periodicamente eram retiradas amostras do volume e analisadas por cromatografia. Se houvesse emanação de, digamos, gás carbônico, sua concentração no volume da câmara cresceria com o tempo, o gráfico concentração versus tempo permitiria o cálculo da taxa de emanação. Como dificuldades com estas câmaras são: aquecimento do volume gasoso pela radiação solar, dificuldade de manuseio na presença de ondas, susceptibilidade a ocasional captura de bolha, duração de cerca de 5 vezes o tempo com a câmara menor, devido ao grande volume em comparação à área (grande espessura de camada gasosa, a 20 cm). As modificações introduzidas foram: - Miniaturização da câmara, diminuindo o volume de tipicamente 20 L para 40 mL o que baixou a espessura de camada gasosa para 2 cm, possibilitando a redução do tempo para 10 minutos. - Utilização simultânea de duas câmaras idênticas para tempos de troca de 5 min e 10 min, evitando com isto do possível efeito da diminuição do volume resultante da amostragem repetida em câmara única. - Uso da câmara miniaturizada na posição ligeiramente submersa obtendo-se com isto uma redução da ação das ondas e termostatização. 152 Eletrobrás 1.2.3 - Princípio de Medição das Taxas de Troca O uso das câmaras visa obter dados que permitam calcular as taxas de troca de gás carbônico ou de metano. No experimento o número mínimo de equilibrações, para determinar a taxa de troca, seria duas, por exemplo com duração de 3 e 6 minutos. Mas como será discutido adiante, adicionando uma terceira equilibração, por exemplo com 12 minutos de duração, é possível aumentar a confiabilidade da medição, decorrendo da redundância. O volume de 50 mL do ar introduzido em cada câmara tem uma superfície de contato com a água de 22 cm2, como se a câmara fosse um copo “invertido”, mantido sobre 22 cm2 da superfície natural mas com a diferença da câmara estar submersa. Os mesmos processos de troca gasosa que se passam na superfície natural se iniciam também na superfície de 22 cm2 da câmara submersa. A seguir temos uma foto com a câmara de difusão (Foto C3) Foto C3 – Câmara de Difusão para Medição de Gases foto M.A Santos Em uma experiência típica de equilibração dirigíamos ao lugar a ser amostrado e com o barco ancorado em lugar de profundidade desejada se executava o experimento de equilibração. Para isto primeiro era tomado um volume de ~500 mL de ar, aspirando-o com a bomba de pistão provida de tubo de transferência. Este ar era tomado a cerca de 10 cm acima do nível da água. Cerca de 35 mL eram então transferidos para um tubo de ensaio, para posterior determinação das concentrações dos gases investigados. 153 Eletrobrás As câmaras eram abastecidas com os 50 mL de ar da seguinte maneira: o tubo de transferência da bomba era ligado à válvula da câmara e a câmara submersa e preenchida com água, pendendo de sua bóia. Eram transferidos os 50 mL de ar da bomba, provocando expulsão de volume igual de água de seu interior. O tempo do início da equilibração era observado, a válvula da câmara era fechada e o tubo de transferência desligado. Assim o conjunto câmara-bóia passava a flutuar quase livremente, agitado pela ondulação. Um cordão amarrado à bóia da câmara mantinha-o ao alcance. Terminado o tempo de equilibração, por exemplo 3 minutos, a câmara era fechada ainda de baixo da água o que era possível devido a um pistão que cada câmara possuía e que além de fechála servia ainda para depois expulsar o ar do seu interior. Isto era feito após ligá-la a um tubo de ensaio por tubo de transferência e com manipulação apropriada de sua válvula e de seu pistão. Assim, em três experimentos de equilibração, eram obtidas três amostras de ar que passaram por equilibrações de 3, 6, e 12 minutos. No reservatório de Xingó, por exemplo, em um dos experimentos foram obtidas três amostras. Os respectivos resultados da análise, junto com o da amostra 9C3 inicial, não equilibrada, são mostrados listando a concentração y de CO2 em função do tempo t de equilibração. T(min) Y 0 411,5 ppm CO2 3 603,5 ppm CO2 6 749,5 ppm CO2 12 945,8 ppm CO2 A função y(t) que representa a concentração de CO2 , em ppm, na câmara após t minutos de equilibração pode ser descrita por um a função exponencial da forma: y = C + A exp(-k t ) Esta forma é o resultado teórico decorrente de uma suposição simples, qual seja que a taxa de troca de gás dy / dt, entre a água do reservatório e o ar da câmara, seja proporcional à diferença das concentrações C na água e y no ar da câmara. Simbolicamente dy/dt = k (C – y) onde k é a constante de proporcionalidade. Através de integração se obtém a função dada acima, ou seja y = C + A exp(-kt), onde A é constante arbitrária de integração. 154 Eletrobrás Esta função permite calcular a taxa de emanação verdadeira ou seja a taxa que prevalece entre a superfície da água e a atmosfera. No experimento de equilibração com câmaras, precisa ser levado em conta o efeito de saturação. As amostras foram representadas em gráficos em função do tempo de equilibração, nota-se que existe um efeito de saturação: com o correr do tempo a concentração de gás carbônico dentro da câmara se aproxima assintoticamente do valor C que é a concentração deste gás dissolvido na água, neste exemplo 1171,87 ppm; a saturação acontece porque o volume contido na câmara é pequeno comparado à área da superfície de troca [Gráfico C1]. Gráfico.C1 - Pontos experimentais da concentração y nas câmaras de difusão, em função do tempo de equilibração. A curva sólida (cor) foi ajustada estatisticamente aos quatro pontos experimentais, sendo ela y = 1171,87 – 762,54 exp(-0,09972 t). Duas observações podem ser feitas sobre o efeito da saturação: (a) mesmo em presença da saturação a taxa de troca no instante inicial, dentro da câmara, é idêntica à que prevalece na superfície livre da água. Esta igualdade é conseqüência de a taxa ser proporcional à diferença das concentrações C-y, e no instante inicial a concentração y dentro da câmara ainda não foi atingida pelo efeito de saturação por isto sendo idêntica à concentração fora da câmara. (b) A saturação é teoricamente prevista e o grau em que os experimentos seguem a previsão é uma medida da confiabilidade dos resultados. 155 Eletrobrás Para se obter o ajuste da função y(t) optou-se pela abordagem algébrica: há uma função y = C + A exp(-kt) onde o tempo t é a variável independente, a concentração y a dependente e C, A, k são três constantes com seus valores a determinar. Se y e t forem conhecidos experimentalmente, como o são após experimentos com câmaras, a função pode ser escrita como uma equação em que C, A, k são três incógnitas. Usando três pares de dados experimentais se escrevem então três equações com três incógnitas: 411,5 = C + A exp(-k.0) 603,5 = C + A exp(-k.3) 749,5 = C + A exp(-k.6) Este conjunto caracteriza um sistema de 3 equações com três incógnitas. Quando resolvido se obtém para as constantes os seguintes valores numéricos: C = 1212,9 ppm A = - 801,4 ppm k = 0,0913 min-1 Dentro do enfoque algébrico apenas três dos quatro pares experimentais de y-t podem ser usados. O quarto par experimental, embora carregue informação, não pode ser usado no ajuste das constantes neste formalismo, pois o procedimento algébrico em sua exatidão não tolera pequenos desvios experimentais dentro de um conjunto onde há redundância de dados, entrando em colapso na presença do menor erro experimental. Tais desvios, porém, são perfeitamente tolerados por outro método, o método estatístico. Ele permite usar um conjunto redundante de dados, neste caso um número maior de equações (4) do que número de incógnitas (3). Ajusta a função ao conjunto experimental, mesmo redundante, definindo uma função de desvio quadrático S, algo semelhante à variança, e impondo a condição que o conjunto das três constantes C, A, k seja aquele que produz desvio S mínimo[Equação 5]: S = 6 (yi – (C + Aexp(-tik)))2 onde yi ti são pares experimentais de concentração e tempo. A minimização de S implica que suas derivadas parciais em relação a C, a A, e a k devem ser nulas simultaneamente. 156 Eletrobrás wS/wC = 0 wS/wA = 0 wS/wk = 0. Comparando a trinca de constantes obtidas anteriormente pelo método algébrico com esta conseguida pela minimização estatística de S se nota uma ligeira diferença porém o método estatístico tendo usado um universo maior de dados leva a vantagem da amostragem maior e é por isto melhor, no sentido de estar mais de acordo com a experiência. Outra vantagem do método estatístico é ele permitir computar uma função de desvio para medir de quanto é o afastamento dos dados medidos em relação a função ideal. Neste trabalho definimos um s relativo à constante C assim : s(%) = 100 . S1/2/ (n C) onde n é o número de pares experimentais de dados, aqui n = 4. Pode-se dizer que s é uma espécie de desvio percentual de um ponto experimental típico em relação ao valor ideal da função. A utilidade do desvio s é no julgamento da confiabilidade de um conjunto de dados de equilibração. Estimativas de emissão de CO2 com s pequeno são mais confiáveis que os de s grande. O exemplo dado acima com as amostras de Xingó era um caso de emissão de CO2 da água para o ar. A taxa verdadeira de emissão prevalece na câmara apenas no primeiro instante da equilibração, quando a concentração de CO2 dentro da câmara é idêntica à sua concentração no ar da superfície da represa. Nos instantes seguintes a crescente saturação dentro da câmara reduz a taxa de emissão. Porém pequena manipulação algébrica permite calcular a taxa verdadeira a partir da função que ficou disponível pelo ajuste aos dados: y = C + A exp(-kt) Tomando sua derivada temporal resulta: dy/dt = - A k exp(-kt) Esta derivada representa a variação T da concentração y dentro dos 50 mL do volume da câmara, com o avanço do tempo, que no caso do exemplo foi um crescimento. Esta derivada pode ser calculada para qualquer instante t, inclusive para o instante inicial, usando para a variável t o valor apropriado. No instante inicial t = 0. Substituindo este valor se obtém: (dy/dt)t=0 = - A k. 157 Eletrobrás ou seja, T = - A k. Usando os valores das constantes A = -762,54 e k = 0,09972 achados pelos ajustes estatísticos obtém-se: T = 76,04 (ppm min-1) que é a taxa segundo a qual a concentração de CO2 crescia dentro da câmara no primeiro instante da equilibração. A taxa T que descreve o aumento temporal da concentração dentro da câmara pode ser transformada na taxa Q que mede quanta massa de CO2 atravessa por minuto ou por dia a interface de contato de 22 cm2 entre a água e o ar da câmara. Como esta transformação é feita, pode ser observado na equação seguinte : Q(mg CO2 m 2 d 1 ) T ( ppm min 1 ).10 6 ( ppm 1 ).50 (mL).1440 (min d 1 ).44(mg CO2 mmol 1 ) 22.10 4 (m 2 ). 25,11(mL mmol 1 ) ou Q = 57,35 T (mg CO2m-2d-1) 158 Eletrobrás Da fração constam: o volume de ar da câmara, que é de 50 (mL), o fator 1440 (min d-1) que converte min-1 para d-1, a massa milimolar do CO2 que é 44 (mg CO2mmol-1), a área da câmara de 22.10-4 (m2), e o volume milimolar de um gás ideal que em Xingó na ocasião dos experimentos era de 22,11 (mL mmol-1). Deve-se observar que as dimensões que constam da fração se simplificam resultando mg CO2m-2d-1. Em resumo, para as experiências de equilibração em Xingó a taxa Q (mg CO2m-2d-1) é obtida a partir da taxa T (ppm min-1), multiplicando T pelo fator 57,35. Para o exemplo aqui usado resulta: Q = 4361 mg CO2m-2d-1 valor este derivado das amostras constitui emissão de CO2. O desvio s associado a este valor foi de s = 0,56%. A taxa T, que é idêntica a dy/dt, por sua vez é obtida usando os quatro pares de dados experimentais de equilibração, ajustando a eles a função y(t) e calculando dy/dt no instante de t=0. Mais rara nos resultados da última campanha foi a absorção de CO2 pela água. Foi, no entanto, constatada na maioria dos reservatórios. A seguir está exemplificada através do conjunto das amostras equilibradas, escolhidas para mostrar um caso de conformidade menor entre os valores experimentais e os teóricos. As concentrações achadas na análise foram: t(min) CO2 (ppm) 0 471,6 3 473,4 6 462,5 12 397,2 159 Eletrobrás Gráfico. C2 Concentração de CO2,, em ppm, nas câmaras, em função do tempo de equilibração, verificadas no conjunto de amostras, obtidas no reservatório de Segredo e mostrando absorção de CO2 pela água.. No conjunto houve também desvio maior, com s = 1,0%, do que no exemplo anterior. Em seguida tem-se mais considerações sobre os resultados obtidos com o uso das câmaras de equilibração. A hipótese de que a velocidade de troca gasosa entre a água e o ar contido na câmara seja proporcional à diferença das respectivas concentrações e que resulta na forma da função que descreve a equilibração, ficou plenamente justificada no decurso deste trabalho. A concentração de CO2 (ou metano) no instante inicial dentro da câmara é idêntica à concentração no ar ambiente e sendo assim é interessante examinar o efeito do vento que afeta a concentração no ar. Se há constante emanação de gás da água para a atmosfera, na ausência de vento, se estabeleceria sobre a água uma camada de concentração elevada de, digamos, CO2 e este se difundiria através do ar para as grandes altitudes onde prevalece a pressão parcial média mundial. A turbulência estabelecida pelo vento tem dois efeitos. Chegam “pulsos” de ar com concentração menor, seja vindo das margens seja das alturas, e ficam sobrepostos à difusão de uma segunda rota de fuga do CO2 do lago, que é a convecção. Assim, na presença de vento, se estabelece uma flutuação na concentração do CO2 no ar atmosférico que se constata quando trazido ao laboratório como amostra do “instante inicial”. Tal flutuação descreve a contínua variabilidade das condições de troca gasosa entre água e o ar e não conduz a erro, e sim a uma avaliação mais realista da situação. 160 Eletrobrás No ambiente aquático existe um sumidouro para o CO2 dissolvido que é a fotossíntese realizada pelo fitoplâncton. A fotosíntese converte CO2 em compostos orgânicos a uma taxa de, tipicamente, 100-300 mg C m-2 d-1 tomando taxas encontradas na represa do Broa como exemplo. Mas concomitantemente com a fotosíntese a respiração libera CO2 ao longo da cadeia alimentar. Dependendo das atividades relativas entre fotosíntese e cadeia alimentar pode haver emanação ou absorção de CO2 atmosférico. Durante a noite a fotosíntese diminui sensivelmente devido à falta de luz, mas a respiração e metanogênese continuam. Por esta razão devem ser investigadas não apenas as taxas diurnas de troca difusiva de CO2 mas também as noturnas. Pela mesma razão pode-se esperar variações de taxas difusivas em função da intensidade de iluminação, as condições podem ser de sol intenso, nublado, nuvens carregadas etc. Contracenando com estes fatores citados que tendem a introduzir flutuações aparentando aleatoriedade, vem o conteúdo de CO2 dissolvido na água a agir em direção da estabilização. A água é um reservatório de CO2 dissolvido. Em água relativamente rasa de, digamos 30 m de profundidade, com a concentração de a500 mol CO2 m-3, há a1500 mol CO2 m-2, que compreende a ordem de grandeza que a produção primária consegue consumir em um dia. Já na coluna da atmosfera a 360 ppm CO2 existem a1000 mol CO2 m-2. Os dois valores são da mesma ordem de grandeza: a massa total de CO2 residente na atmosfera e a massa total dissolvida na água rasa que se contracenam em cada metro quadrado de interface de contato. Assim, não se deve esperar que um destes dois reservatórios domine sobre o outro, impondo uma rígida constância de concentrações, mas deve-se esperar flutuações moderadas sem mudanças drásticas da concentração de CO2 no decurso de um dia. Possivelmente em períodos mais longos, tanto a fotosíntese como a troca gasosa estão sempre presentes, mesmo com intensidade pulsante, e a troca gasosa não conseguiria alterar as concentrações rapidamente, pois seu efeito seria moderado pelos lastros dos dois reservatórios. Sob o ponto de vista do confronto de dois reservatórios, cabe idealizar um método adicional para quantificar a taxa de troca gasosa através da interface: se for medida a concentração de um gás na água e no ar perto da interface e se forem simultaneamente avaliadas as condições de vento é de se esperar que haja boa correlação do conjunto destes parâmetros com a taxa de troca. Tal procedimento, por ser mais simples, permitiria aumentar o número de sítios amostrados, dentro dos recursos disponíveis. 161 Eletrobrás 2 - Método de Análise das Amostras As baixas concentrações de metano foram analisadas por detetor de ionização de chama na saída de uma coluna de polímero poroso (hayesep D). Concentrações de O2, N2 e CH4 foram analisadas por detetor de condutividade térmica com uma coluna de tamiz molecular 5A. O gás carbônico foi analisado pelo mesmo detetor com a coluna hayesep D. Os gases utilizados foram: ar sintético SS, hidrogênio UP e nitrogênio AP adquiridos da Aga. No laboratório cromatográfico, instalado em um dos alojamentos próximos à represa, foram feitas 800 análises cromatográficas de amostras de gás provenientes da represa. (Foto C4 ) Foto C4 - Laboratório de cromatografia Gasosa Montado na UHE de Segredo Foto (M.A.Santos) O cromatógrafo com detetor de condutividade térmica é o modelo U-13 da Construmaq São Carlos. O cromatógrafo de ionização de chama usa um eletrômetro Gow-Mac processando sinal provindo de detetor adaptado ao mesmo cromatógrafo. Os dois tipos de detetores fornecem áreas dos picos cromatográficos relativos aos gases analisados. Estes foram CH4, CO2, N2 e O2. 162 Eletrobrás PADRONIZAÇÃO A sensibilidade a cada um dos gases foi determinada através de um procedimento de padronização repetido diariamente. Para o metano primeiro foi produzido um padrão concentrado através da reação CH3 – COONa + NaOH Æ CH4 + CO(ONa)2 Esta é efetuada misturando-se massas aproximadamente iguais de acetato de sódio e de hidróxido de sódio, ambas na forma seca, e introduzindo a mistura (a 10 g) em tubo reator. Este é fechado com rolha provida de tubo de transferência. Aquecendo-se a mistura acima de 2700C a reação se inicia havendo vigoroso desprendimento de metano. Despreza-se o gás gerado durante alguns minutos para que seja purgado o ar inicialmente contido no reator. Em seguida se recolhe o metano em um tubo de ensaio, ele servirá de padrão. Mas primeiro sua pureza é estabelecida por análise cromatografica. As impurezas contidas no padrão são oxigênio e nitrogênio do ar. São obtidas purezas típicas acima de 98%, levando em conta a pureza, produz-se um padrão com 10 ppm de metano, diluindo o padrão concentrado usando como diluente hidrogênio cromatográfico. A finalidade do padrão diluído, contendo 10 ppm de metano, é estabelecer a sensibilidade do cromatógrafo. Para estabelecê-la 1 ml deste padrão é injetado no cromatógrafo com detetor de ionização de chama e se obtém a área correspondente, por exemplo 20000 u. a. (unidades de área). O fator q de sensibilidade se obtém dividindo a concentração (10 ppm) pela área (20000 u. a.). Resulta neste caso 5.10-4 ppm (u. a.)-1. Ao analisar amostras provenientes de câmaras de difusão injeta-se também 1 ml e se usa a área A correspondente ao pico de metano, por exemplo A=3000 u. a., para calcular a concentração C na amostra que será [Equação 10]: C=q.A = 5 . 10-4 . 3000 = 1,5 ppm Este procedimento é equivalente à comparação da amostra com o padrão de 10 ppm. 163 Eletrobrás O procedimento de padronização do CO2 é análogo. As reações de produção são: K2CO3 + 2 HCl Æ 2 KCl + H2CO3 H2CO3 Æ CO2 + H2O A reação é efetuada em solução aquosa, usando soluções de carbonato de potássio e de ácido clorídrico: Em um tubo de ensaio inicialmente cheio de solução de acido clorídrico é injetada mediante seringa solução concentrada de carbonato de potássio. A reação é extremamente rápida, mesmo em temperatura ambiente, e o tubo de ensaio fica preenchido com gás carbônico. O gás obtido é analisado cromatograficamente. Purezas típicas acima de 97% são obtidas, as impurezas sendo N2 e O2 do ar. Considerando a pureza se prepara um padrão diluído contendo 1000 ppm CO2 para com este obter-se a sensibilidade do cromatógrafo ao gás carbônico, em analogia com que é feito para o metano. Quanto à questão de como é possível usar um cromatógrafo para a padronização antes de sua sensibilidade ter sido estabelecida, tem-se com resposta que: as impurezas são os componentes do ar devido à sua composição muito constante com 78% N2, 21% O2 e 0,9% Argônio. A resposta, então é: em corrida preliminar se usa o ar ambiental como padrão e se estabelece a sensibilidade para o nitrogênio e o oxigênio que permite determinar que quantidade destes gases existem no padrão concentrado, estabelecendo assim sua pureza. 164 Eletrobrás 3 – Comentários Adicionais sobre a Medição das Taxas de Troca Difusiva Em resumo, usamos nas medidas, simultaneamente, três câmaras de 50 ml cada. Localizadas 25 cm abaixo do nível da água e, tendo uma interface água – ar, expondo os 50 ml de ar contidos à troca difusiva com o gás dissolvido na água. Nas três câmaras a troca se processa durante tempos diferentes, sendo estes 3, 6 e 12 minutos. Decorridos estes tempos o processo de troca é interrompido e o ar de cada câmara é levado em tubo seco para análise da concentração de metano e Gás Carbônico; verifica-se que a concentração destes gases não varia linearmente com o tempo em que foi exposto à troca gasosa mas que existe um efeito de saturação. Usando este efeito de saturação, se estabelece, mediante cálculo, a taxa de troca gasosa no instante inicial da experiência, quando o efeito de saturação ainda não se manifestava. Esta é então tomada como taxa de troca verdadeira, aquela que normalmente existe entre a superfície da represa e o ar atmosférico. Figura C1 - Duas câmaras de troca gasosa, com volume de 50 mL, a duas profundidades diferentes e “câmara estática” com 18 L de volume suportada por bóias na superfície. (Não estão representados, nas câmaras, os dispositivos de alimentação e retirada do ar para equilibração) 165 Eletrobrás Concebeu-se então uma maneira de verificar se é mensurável uma eventual diferença entre a taxa de troca difusiva quando a interface de troca não é a superfície livre da represa. Em vez de 25 cm de profundidade, a posição da câmara for 50 cm abaixo do nível da água, o efeito da profundidade deverá ser cerca de duas vezes maior. Por outro lado, se o efeito da profundidade não for mensurável, taxas obtidas a partir de câmaras situadas a 25 cm e a 50 cm de profundidade deverão ser estatisticamente indistinguíveis. Com o intuito de avaliar um possível efeito foram conduzidas várias medições de taxas, usando no mesmo local do reservatório três câmaras a 25 cm de profundidade e simultaneamente outras três a 50 cm, cada trinca de câmaras produzindo uma taxa de troca gasosa por experimento. A taxa referente a 25 cm poderá ser então comparada com a de 50 cm. As câmaras com 50 mL de volume foram por nós desenvolvidas e diferem do equipamento padrão utilizado por outros grupos de pesquisa, que têm utilizado câmaras estáticas. Fizemos também comparações entre nossas câmaras, que são usadas em método dinâmico, e a câmara estática. Inicialmente serão apresentados a descrição do procedimento e as taxas de troca obtidas com nossas câmaras dinâmicas a diferentes profundidades. (Figura C1) As medidas com câmaras dinâmicas foram feitas em dois reservatórios, o de Tucuruí (reservatório incluído nesta pesquisa) e o de Itaipú (objeto de um outro contrato com Itaipú Binacional). As taxas resultantes das amostragens a 25 cm de profundidade são marcadas com C enquanto as referentes à profundidade de 50 cm com P. Da tabela C1 se vê que as diferenças percentuais variam entre –61% e +54% numa distribuição aparentemente aleatória, a simetria da distribuição sugere fortemente que P e C são estatisticamente indistinguíveis. 166 Eletrobrás Tabela C1 - Comparação de taxas de emanação de metano, medidas simultaneamente a 25 cm (C) e 50 cm (P) de profundidade, em vários sítios das represas de Itaipu e de Tucurui. As diferenças entre P e C são expressas como % em relação a cada taxa C. 9% 17% 4,44 6,84 Tucuruí 8,95 6,37 13,04 7,86 mg CH4 m-2 d-1 57,30 (1,55) 22,13 (19,74) (excluíd -61% o) (1174%) mg CH4 m-2 d-1 9,63 13,41 28,53 8,69 8,29 14,71 54% -29% -40% -10% C 1,99 P 2,78 Diferença, P-C 40% C P Diferença P-C Itaipu 2,13 2,32 1,44 1,69 -38% -48% MÉDIA 1,3% -19% MÉDIA Quanto à comparação entre os resultados obtidos com nossas câmaras dinâmicas e a câmara estática, temos três séries de medidas obtidas nos reservatórios de Tucuruí, Samuel e Itaipú. As medidas de Tucuruí e Samuel sugeriam que a câmara estática estava subestimando as taxas por um fator de cerca de 2. O experimento em Itaipu foi conduzido com o ar da câmara “estática” circulado por bomba externa a uma taxa de 1,5 L min-1, entre a bomba de cerca de 10 mL de volume e a câmara de 18 L. O efeito do bombeamento era de apenas circular o ar contido na câmara, pois a bomba era ligada à câmara por dois dutos. Por um deles a bomba aspirava o ar da câmara e o devolvia pelo outro. Com isto a diferença das taxas medidas com câmaras dinâmicas e com a câmara estática foram reduzidas significativamente. Para diminuir o efeito do aquecimento interno da câmara bloqueou-se a entrada de luz solar direta na câmara em dois reservatórios pesquisados, ao cobrir a câmara com um tecido branco, de malha, que bloqueava a luz solar direta mas permitia passar a claridade difusa. Ficou claro que existe vulnerabilidade da câmara estática perante a luz solar e a temperatura. Alternativamente, o uso de cobertura da câmara com papel alumínio bloqueia qualquer tipo de entrada de luz, tornando o ambiente interno da câmara ainda mais artificial, possivelmente alterando atividade fotossintética no seu interior. Tabela C2. Comparação das taxas de emanação de metano obtidas mediante uso de câmaras pequenas, C (50 mL, processo dinâmico) e a câmara grande, G (18 L, processo estático). 167 Eletrobrás mg CH4 m-2 d-1 Tucuruí C 4,44 8,95 13,04 9,63 (13,41) 28.5 G 7,45 4,72 4,08 10,05 ( 0,68) 18,2 Razão (excluid C/G 0,60 1,9 3,2 0,96 a) -2 Samuel mg CH4 m d C (14,6) 6,13 15,86 G (52,3) 2,10 8,11 Razão (excluid C/G a)* média 1,7 1,6 -1 média 2,4 2,9 2,0 *por falta de termostatização A razão C/G compara as taxas obtidas usando câmaras pequenas e grandes. Razão igual à unidade indica concordância que de fato houve quando o ar da câmara grande estava circulando. Com a variabilidade das medidas reportadas, a média 1,0 da razão C/G surpreende. A comparação do desempenho das câmaras pequenas e grande foi feita usando as taxas de emanação de metano. Foi escolhido o metano e não o gás carbônico por se tratar, no caso, de um sistema mais simples. Todos resultados obtidos nas campanhas aqui reportados da troca difusiva de metano mostraram que havia apenas emanação deste gás para o ar mas nunca absorção. Já no caso do gás carbônico havia tanto emanação quanto absorção, com esta última acontecendo em quase metade das coletas; no conjunto de fontes e sumidouros de gás carbônico que existe nas camadas superficiais da água havia, no caso do gás carbônico, ora dominância de umas ora de outras. Já o sistema metano-água-ar, com a dominância da emanação apenas, é menos complicado que o do gás carbônico sendo assim mais apropriado para a comparação do desempenho das câmaras. 168 Eletrobrás 4 - Determinação da variabilidade e dos limites de detecção do método cromatográfico O método cromatográfico de análise usado nas determinações da concentração de metano e gás carbônico foi examinado quanto à sua reprodutibilidade e sensibilidade. Repetiu-se vinte vezes a análise de um padrão com concentrações próximas às das amostras. Dos dois conjuntos resultantes, de vinte valores de concentração (n=20), foram calculadas as médias x e os desvios padrão s, e destes foi calculada a variabilidade v, expressa como porcentagem [Euqação 11]: v = 100 s / x [%] Em um segundo conjunto de análises, injetando sempre volume de ar igual no cromatógrafo, diminuí-a-se a concentração de metano ou de gás carbônico, até que a altura do pico cromatográfico tivesse altura duas vezes maior que a altura dos picos do ruído (flutuações aleatórias da linha base). A concentração que cumprisse esta condição era tomada como limite de detecção. Variabilidade e limites de detecção constam da tabela 10. Tabela C3 - Variabilidade e limite de detecção das análises cromatográficas Espécie Variabilidade limite de detecção CO2 CH4 3,18 % 4,33 % 27,8 ppm 0,12 ppm O modo de determinação do limite de detecção aqui empregado é especificar a concentração que produz pico cujo quadrado é duas vezes o quadrado dos picos de ruído. Em tal critério os limites de detecção seriam, aproximadamente , 8,3 ppm CO2 e 0,04 ppm CH4 . 169 Eletrobrás 5 - Concentração de Metano e Gás Carbônico na Água No ítem “discussão das técnicas de medições utilizadas” constam duas tabelas que visam caracterizar os reservatórios pela concentração dos gases metano e dióxido de carbono dissolvidos na água. Há nelas uma justaposição de concentrações obtidas de duas maneiras. Uma delas, provém da equação de ajuste das concentrações obtidas com as câmaras pequenas, as equações têm a forma [Equação 12]: y = C + A exp(-Kt) e descrevem a concentração y do Gas, no ar contido na câmara, em função do tempo t. As grandezas C, A e K são constantes. A constante C representa a concentração do gás dissolvido na água em unidades de pressão parcial dada em ppm. Por exemplo, se a constante C em uma das medições for 900 ppm CO2, o significado é: na água existia CO2 em tal concentração que estaria em equilíbrio com ar contendo 900 ppm de CO2. A pressão parcial do gás dissolvido na água medida como pressão parcial em ppm e a correspondente massa de gás contido na água medida em mg L-1 se relacionam por meio do coeficiente de solubilidade que pode ser encontrado em tabelas. Neste relatório foram listados a concentração dos gases na água em mg L-1 mas os valores não foram obtidos das respectivas pressões parciais e coeficientes de solubilidade tabelados. Como consegui-se estas concentrações, está descrito a seguir: Em um pequeno número de amostras de água superficial, tipicamente 2 a 4 amostras por reservatório, eram coletados 250 ml de água da superfície, em frascos de 250 ml, e levados ao laboratório. Vinte e cinco ml da água eram substituídos por gás hidrogênio, o frasco era agitado intensamente durante 60 segundos para estabelecer partição de equilíbrio do CO2 (ou CH4) entre a água e o hidrogênio, e em seguida determinava-se, por cromatografia, a massa de CO2 (ou CH4) que tinha passado da água para o hidrogênio. Por meio de duas extrações seqüenciais deste tipo era possível calcular a massa total de gás contido na amostra de água, determinando assim a concentração do gás na água em mg L-1. A partir do resultado da análise cromatográfica calculavase também a pressão parcial de equilíbrio do gás contido na água expresso em ppm. Este último valor é comparado com o valor medido pela constante C, mencionada acima. 170 Eletrobrás 6 - Método do Cálculo da Emissão de Carbono das Hidrelétricas Comparadas às Termelétricas O método baseia-se no princípio da emissão de carbono evitada por uma determinada planta hidrelétrica em comparação com um outro tipo de tecnologia de geração de energia elétrica. (Rosa et allii, 1996) Para tanto, foram definidos alguns parâmetros necessários ao cálculo proposto, ou sejam: - densidade de biomassa da vegetação afogada em (t/ha); - percentual de carbono estocado na biomassa em (%); - percentual da biomassa que sofre decomposição e que se transforma em CH4 (%); - a área inundada pelo reservatório em (km2); - coeficiente de potência elétrica por m2 inundado. Para o cálculo da emissão de CH4 e CO2 no período de tempo considerado pode-se fazê-lo por uma simples extrapolação das emissões medidas nos reservatórios hidrelétricos estudados. Esta é uma forma conservadora de fazer a extrapolação, mas os resultados até agora encontrados revelam a presença de outras fontes de matéria orgânica, além da biomassa pré-existente e que foi afogada. Caso tivéssemos apenas a emissão da decomposição da biomassa afogada, pois o valor da emissão da biomassa afogada decresce com o tempo, tería-se um valor projetado de emissão ao longo do tempo decrescente. Pode-se admitir que este período de tempo considerado está dentro de uma vida útil média de 50 anos para a usina, admitindo-se uma renovação de mais 50 anos. A Emissão Evitada de Carbono (EEC) representa a diferença entre a quantidade de carbono emitido por uma termelétrica de potência equivalente à de uma hidrelétrica e a quantidade de carbono emitida pela hidrelétrica. Deve-se ponderar a emissão do CH4 com um fator-peso, definido pelo Intergovernamental Panel on Climate Change - IPCC, que representa o poder de aquecimento da superfície terrestre pelo eficácia do gás em relação ao CO2 ( GWP - Global Warming Power). Para obter-se a Emissão de Carbono Evitada é preciso antes calcular a energia gerada anualmente pela hidrelétrica estipulada, por unidade de área inundada caso não se tenha este dado a mão : E=fPH (1) onde, 171 Eletrobrás E = energia gerada no ano/unidade de área; f = fator de capacidade da hidrelétrica; P = potência da hidrelétrica por unidade de área; H = número de horas anuais (8.760 horas); A emissão de CO2 pela termelétrica equivalente que substituiria a hidrelétrica, para gerar a mesma quantidade de energia elétrica E por ano, ao longo de T anos, é [Equação 14]: D EcT e (2) onde, E = energia gerada; c = coeficiente de emissão de CO2 do combustível. T = número de anos; e = eficiência da termelétrica; O fator de capacidade expressa a relação prevista entre a potência média efetivamente utilizada, ao longo de um período grande de tempo, e a potência instalada nominalmente. Este fator é tipicamente f = 0,5 nas hidrelétricas brasileiras, supermotorizadas para atenderem a ponta ( máximo de potência diário) além de fornecerem a energia firme. Esta é garantida pelos reservatórios grandes, dimensionados para armazenar a água prevendo períodos de seca. É possível mudar esta configuração visando reduzir a área inundada. Isto implicaria em perda da energia firme, obrigando o uso da complementação térmica da geração elétrica em períodos secos. A eficiência da termelétrica varia com a tecnologia, sendo otimizada com o uso do ciclo combinado com turbinas a gás e a vapor em seqüência. Esta limitação termodinâmica dá às termelétricas uma eficiência típica de 30 a 35%, atingindo 45% a 50% no caso mais favorável, enquanto que as hidrelétricas ultrapassam 90% de eficiência na conversão da energia hidráulica em eletricidade. O coeficiente de emissão de CO2 varia com o combustível sendo máximo para o carvão e mínimo para o gás natural, ficando os derivados de petróleo em posição intermediária. Na hipótese de uso da biomassa, esta pode ser renovável, no caso do bagaço de cana ou da lenha de floresta plantada ou manejada e emissões líquidas nulas. É preciso definir de maneira mais geral possível, a Emissão de Carbono Evitada (ECE) num tempo T : e=E-F (3) 172 Eletrobrás onde E e F são as emissões totais ponderadas de carbono pela termelétrica e pela hidrelétrica, respectivamente. Usando a aproximação usual tomar um valor G, dado pelo potencial de aquecimento global definido pelo IPCC, para ponderar o efeito do metano no aquecimento global, podemos escrever: E = D+ G I (4) F=J+GK (5) onde D= emissão de CO2 pela termelétrica; G = fator de ponderação do metano em relação ao CO2 (GWP); I = emissão de CH4 pela termelétrica; J = emissão de CO2 pela hidrelétrica; K = emissão de CH4 pela hidrelétrica. Pode-se considerar nas emissões das hidrelétricas além da decorrente da biomassa preexistente que foi submersa, outra permanentemente produzida após o enchimento. Vamos designar as emissões devidas a esta por O e P , referindo-se respectivamente ao (CH4) metano pela hidrelétrica e ao (CO2 ) dióxido de carbono pela hidrelétrica. Em contrapartida há as emissões de metano e de dióxido de carbono devido às inundações sazonais na área, sem a barragem. Vamos designá-las por S (para o caso do metano) e V (para o caso do dióxido de carbono), que devem ser subtraídos das emissões das hidrelétricas. Podemos incluir nos termos S e V a absorção dos dois gases da atmosfera pelo espelho d'água da represa. Como uma primeira hipótese de trabalho, na subtração E - F cancelamos os termos como se as contribuições, positivas e negativas, com valores inferiores aos dos termos dominantes, se anulassem. GI-GO-P+GS+V=D#0 (6) onde: 173 Eletrobrás I = emissão de CH4 pela termelétrica; O = emissão de CO2 pela hidrelétrica; P = emissão de CO2 permanentemente produzida pelo reservatório; S = emissão de metano por inundações sazonais; V = emissão de CO2 por inundações sazonais; G= fator de ponderação do metano em relação ao CO2 (GWP); Com esta aproximação, restaria calcular : e = D- G K - J (7) D= emissão de CO2 pela termelétrica; G = fator de ponderação do metano em relação ao CO2 (GWP); J = emissão de CO2 pela hidrelétrica; K = emissão de CH4 pela hidrelétrica. admitindo que o erro cometido fica dentro da ordem de magnitude das incertezas dos parâmetros usados. J pode ser da ordem de grandeza de K , conforme nossas considerações sobre o biogás. Por outro lado o fator G é grande de modo que G K pode ser maior que J. Haverá uma economia de emissão de carbono, do ponto de vista do aquecimento global se E>F (8) implicando e>0 o que indica o mérito da hidrelétrica em relação à termelétrica. Se e < 0 não há o mérito. Para avaliar o quanto cada opção contribui para o aquecimento global, pode-se definir um coeficiente relativo análogo ao inverso do R : RI E F ou RI E na hipótese de cancelamento da emissão de CH4 pela termelétrica J sendo obviamente a condição de mérito da hidrelétrica em relação à termelétrica expressa pela desigualdade 174 Eletrobrás RI > 1 Na abordagem acima fez-se um balanço das emissões contabilizando o metano emitido multiplicando-o por um fator G, dado pelo GWP conforme o IPCC. É mais correto definir R a partir dos efeitos integrados das emissões, considerando-se essas contínuas ao longo do tempo, generalizando o conceito de GWP. 175 Eletrobrás Anexo D – Descrição dos Processos de Emissão de Gases A represa contém no fundo biomassa inundada que se decompõe emitindo principalmente CH4, N2 e secundariamente CO2 devido à decomposição anaeróbica. Na decomposição aeróbica apenas CO2 e N2 são emitidos. Além dos gases emitidos há durante a decomposição a formação de resíduo biologicamente inerte que é a humina e os ácidos húmicos e fúlvicos, podendo estes últimos serem lixiviados e levados pela água. Estes compostos inertes são polímeros fenólicos e se originam principalmente da lignina, presente no material lenhoso. Desta forma parte do carbono originalmente presente é emitido como gases, outra parte dele é levada pela água como ácidos húmicos e fúlvicos e há o resíduo fenólico insolúvel e inerte, a humina, que pode ser incorporado ao fundo da represa como sedimento e, junto com sílica e argila sedimentadas, se encaminhar para a fossilização. No fundo da represa há a biomassa terrestre inundada e algum sedimento fresco formado por detritos do plâncton. A decomposição do sedimento, efetuada principalmente por bactérias, demanda oxigênio a taxas superiores que a difusão pode suprir e se estabelece o regime anóxico. Neste ocorre o re-arranjo das ligações químicas dentro do material orgânico gerando energia que as bactérias necessitam. Em um primeiro estágio resultam ácidos orgânicos que em seguida são decompostos sob formação de CH4 e CO2 como pode ser exemplificado com o ácido acético sujeito à metanogênese: CH3 – CO OH Æ CH4 + CO2 Naquele ambiente é gerado também nitrogênio gasoso pela desnitrificação e pela decomposição de aminoácidos. Estes gases são gerados molecularmente e ficam inicialmente dissolvidos na água intersticial dentro do sedimento. Mas no caso do metano e do nitrogênio gasoso que são pouco solúveis há segregação dos mesmos em bolhas. Estas crescem em tamanho até não poderem mais ser retidas no interior do sedimento, quando irrompem e sobem à superfície. O gás carbônico tende a permanecer em solução por ser mais solúvel mas pequena fração entra nas bolhas formadas. Nem todo metano gerado no sedimento é transportado no gradiente vertical da água por bolhas. Parte dele difunde pela água em direção à superfície. Mas em seu caminho pelas camadas superiores há concentração crescente de oxigênio. Bactérias presentes em suspensão têm a capacidade de utilizar o metano para fins energéticos combinando-o com oxigênio produzindo gás carbônico e possivelmente outros compostos orgânicos. 176 Eletrobrás Desta forma a camada oxigenada do reservatório atua como uma fonte de absorção para o metano, podendo chegar mesmo a absorver metano contido no ar atmosférico, caso em que se estabelece um fluxo de metano na direção ar-água. De modo semelhante a fotossíntese forma uma fonte de absorção para o gás carbônico, podendo haver um fluxo deste gás da atmosfera para a água. O gás emitido devido à decomposição da biomassa inundada constitui apenas uma fração do total de gás emitido pela represa pois há outra fonte de emissão de gases: na água da represa existem organismos. O fitoplâncton constituído principalmente por algas, efetua fotossíntese usando o gás carbônico presente sob forma dissolvida na água. A biomassa fitoplanctônica cresce a uma taxa típica de 100 mg a 300 mg de carbono por m2 por dia, valor constatado nas grandes represas Amazônicas. A biomassa gerada por fotosíntese dá início à cadeia alimentar, na qual existem seqüências como esta: algas alimentam protozoários que alimentam microcrustáceos que alimentam peixes. Nestas seqüências há geração de CO2 e possivelmente CH4 que junto com os corpos dos indivíduos mortos servem de alimento a bactérias que por sua vez geram gases etc, seja em suspensão planctônica, seja incorporadas ao sedimento. O gás emitido pela represa provém, pois, da decomposição de matéria de duas origens. Uma da biomassa original inundada e a outra da biomassa formada durante a fotosíntese sempre em curso na água da represa. A primeira parte, ao longo de sua decomposição, vai reduzindo o estoque de carbono proveniente da biomassa inundada e caminha para a inércia biológica devendo diminuir sua parcela de emissão de gases ao longo do tempo. Já o gás emitido em conseqüência do plâncton tem taxa essencialmente constante ao longo do tempo pois é constantemente renovada sua fonte. Biomassa gerada por fotosíntese, em águas com temperaturas acima dos 300 C, se decompõe sem deixar resíduo insolúvel. Se pode estabelecer um limite superior de emissão de gases para o estado contínuo da represa, atingido quando a biomassa original inundada deixar de emitir gás. Este é 80 mg C m-2 d-1 e seria atingido se não houvessem compostos solúveis gerados na decomposição pois estes seriam removidos por lixiviação sem que houvesse emissão de gás. Há incerteza sobre quê fração do material fotossintético planctônico é liberado sob forma de gás. É certo no entanto que, na ausência de importação de substâncias orgânicas, se os gases emitidos excederem esta taxa de 80 mg C m-2 d-1, a diferença certamente seria devida à decomposição de biomassa inundada originalmente. Este critério poderá ser útil no julgamento sobre a existência do regime contínuo (steady state) em uma represa. Em resumo, as taxas de gases emitidos podem decompor-se em duas parcelas: uma que decresce a partir do enchimento da represa 177 Eletrobrás e outra constante. Uma das interrogações que surgirão na utilização dos resultados deste trabalho é acerca do conhecimento se na taxa de emissão de gases apenas a idade de inundação conta ou se a profundidade também tem influência. Em outras palavras, se a profundidade influencia a decomposição de maneira a variar a proporção de partição do carbono entre gás emitido e ácidos húmicos lixiviados. 178 Eletrobrás _________________________________________________ Prof. Luiz Pinguelli Rosa Coordenador do Projeto ET-250 162 _____________________________________________________ Prof. Maurício T. Tolmasquim Coordenador do Programa de Planejamento Energético – COPPE/UFRJ _____________________________________________________ Beatriz Telles Diretora Executiva da Fundação COPPETEC 179