Untitled - dinâmia`cet-iul - iscte-iul
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1 Habitações para o maior número: Lisboa, Luanda, Macau Projecto de Investigação financiado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT) PTDC/ATP-AQI/3707/2012 Investigadora Responsável – Ana Vaz Milheiro INVESTIGADORES Ana Vaz Milheiro | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Bruno Macedo Ferreira | DINÂMIA'CET-IUL Débora Félix | CIAAM Filipa Fiúza | DINÂMIA'CET-IUL Hugo Coelho | Macau Isabel Martins | Universidade Agostinho Neto Isabel Guerra | DINÂMIA'CET-IUL João Cardim | DINÂMIA'CET-IUL Jorge Figueira | CES | DARQ-UC José Luís Saldanha | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Juliana Guedes | UTANGA Luís Urbano | FAUP Mónica Pacheco | DINÂMIA’CET-IUL / CIAAM Paulo Tormenta Pinto | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Rogério Paulo Vieira de Almeida | DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Rui Leão | DOCOMOMO, Macau Sandra Marques Pereira | DINÂMIA'CET-IUL CONSULTORES CIENTÍFICOS José António Bandeirinha | CES / DARQ-UC, Coimbra Ângela Mingas | Universidade Lusíada de Angola, Luanda Monique Eleb | LABORATOIRE ACS Architecture, Culture, Société XIXe-XXIe siècles, Paris Fernão Lopes Simões de Carvalho | FA-UTL, Lisboa Manuel Vicente (até 2013) | Dep. Arq.-UAL, Lisboa-Macau ENTIDADES PARTICIPANTES ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa DINÂMIA'CET-IUL IHRU – Instituto de Habitação e Reabilitação Urbana AAM – Associação dos Arquitectos de Macau Proceedings available at: www.http://optimisticsuburbia.wix.com/portuguese 2 TEMA DA Optimistic Suburbia CONFERÊNCIA Large housing complexes for the middle-class beyond Europe A conferência internacional “Optimistic Suburbia” parte da investigação sobre conjuntos habitacionais nos arredores das cidades de Lisboa, Luanda e Macau. Durante as últimas décadas de colonização portuguesa, em África e Macau, estes conjuntos foram instrumentais para a expansão destas cidades, revelando paralelismos mas também diferenças. É a partir deste contexto que a conferência pretende alargar a reflexão sobre estes conjuntos a outras realidades, equacionando as características multifacetadas de urbanizar em diversos contextos, tanto geográficos, cronológicos e/ou sociais. O objectivo é colocar em perspectiva a formação e o padrão de bairros autónomos, tanto de iniciativa privada quanto de promoção pública, na periferia das grandes cidades, destinados à classe média, construídos na segunda metade do século XX. Originalmente isolados, caracterizavam-se por serem constituídos por edifícios em altura, de desenho e traçado urbano modernos, progressivamente articulados com a cidade histórica através da construção de grandes vias, e outras infraestruturas, que acabariam por determinar os seus limites. Este modelo surgiu, de uma forma geral, em cidades afectadas pela guerra, marcando cerca de 40 anos de planeamento urbano convicto das vantagens de descongestionar os centros históricos, libertando-os das suas condições de vida degradadas e insalubres. Apostou na racionalização e no desenvolvimento de metrópoles servidas por sistemas de circulação e de transportes públicos que ligavam o núcleo histórico denso até aos subúrbios arborizados. Imbuído de desejos de progresso e aspirações sociais de uma nova cultura e optimismo, foi igualmente controverso e alvo de críticas. Apesar da origem inicial do referido modelo se enquadrar no âmbito de uma cultura arquitectónica de matriz centro-europeia, a sua utilização ocorreu num tempo alongado e em contextos muito diversos, como África, América do Sul e Ásia (ao contrário dos Estados Unidos da América, onde nunca vingou face à força da “American dream house”). Teve como alvo privilegiado a classe média. Com esta conferência pretende-se reconhecer os pressupostos iniciais do modelo urbano e residencial proposto para a classe média, descrever e refletir sobre a diversidade de resultados da sua aplicação, e das diferentes formas de apropriações ocorridas em contextos geográficos, sociais, cronológicos e culturais também muito diversos. 3 CONFERENCE THEME Optimistic Suburbia Large housing complexes for the middle-class beyond Europe The "Optimistic Suburbia" International Conference has its starting point in a research on large housing complexes in the outskirts of Lisbon, Luanda and Macau. In the last decades of Portuguese domain in Africa and Macau, these housing complexes were instrumental for the urban growth, showing similarities as well as diferences. Drawing from this context the Conference intends to open the reflection on these complexes on broad realities, showing the multiple features of urbanizations in several geographical, chronological and social contexts. The objective is to put into perspective the shaping and the pattern of autonomous neighbourhoods, both of private and public promotion, on the outskirts of big cities, for the middle-class and designed in the second half of the twentieth century. Originally isolated in the orbit of large cities, they were characterized by a set of high-rise buildings of modern design, which were progressively articulated with the evolution of the historical city through major roads, which often ended up determining its limits. This model, which arose in the interwar period (1918-1939), marked, globally and in particular in the cities which were most affected by the two major wars, more than 40 years of an urban planning convinced of the benefits of decongesting the historic centres – freeing them of degraded and insalubrious living conditions –, of the rationalization of the city and of the development of metropolises served by circulatory systems of transportation to wooded suburbs. Imbued with desires of progress and social aspirations of a new culture and optimism, this model was also controversial and the target of criticism. Although the origin of the referred model is located within an architectonic culture of central European matrix, its use occurred throughout a long time and in very diverse contexts, such as in Africa, South America and Asia (while in the United States of America this model never triumphed, facing the strength of the “American dream house”), with the middle-class as its target. The objective of this International Conference is that of acknowledging the initial principles of the model proposed for the middle-class, describing and reflecting on the diversity of results and on the different ways of appropriation in very diverse geographical, social, chronological and cultural contexts. 4 Programa 20 de Maio Ed.II Exposição Optimistic Suburbia? The Students’ Perspective Galeria Hestnes Ferreira 17:30-18:00 Optimistic Suburbia? The Students’ Perspective Inauguração Galeria Hestnes Ferreira 18:00-18:30 Abertura Optimistic Suburbia Large housing complexes for the middle-class beyond Europe Aud. B203 Maria Eduarda Gonçalves Directora do DINÂMIA’CET – IUL Abertura Ricardo Fonseca Aud. B203 Director da Escola de Tecnologias e Arquitectura - ISTA Conferência Inaugural Aud. B203 Ana Vaz Milheiro Investigadora Responsável Habitações para o maior número: Lisboa, Luanda, Macau 18:30-20:00 Manuel Aires Mateus Aud. B203 5 Programa Sessões Únicas 21 de Maio Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma 9:00-9:30 José António Bandeirinha [DARQ/FCTUC. Coimbra] Little boxes on the hill side - Uma leitura pós-colonial do subúrbio angloamericano 9:30-11:00 Habitações para o maior número: Lisboa, Luanda, Macau Ana Vaz Milheiro, Filipa Fiúza, Rogério Vieira de Almeida, Débora Felix LLM: a research project story (perspectives and methodology) Sandra Marques Pereira Portela: an (almost) incident story of success Isabel Guerra The life story of a colonial real state utopia: The Prenda Neighbourhood in Luanda, 2014 11:30-12:30 Margarida Acciaiuoli de Brito [FCSH/IHA, Lisboa] O regime da Propriedade Horizontal e a figura da casa própria 14:00-16:00 Sessões Paralelas – Ver programa 16:15-18:00 Sessões Paralelas – Ver programa 18:30-20:00 Carlos Eduardo Comas [UFRGS, Porto Alegre] Optimistic Brasília. The Superquadra Story 6 Programa Sessões Únicas 22 de Maio Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma 9:00-9:30 Rui Leão [DOCOMOMO Macau] A Habitação em Macau 9:30-11:00 Habitações para o maior número: Lisboa, Luanda, Macau Bruno Macedo Ferreira Área Metropolitana Norte de Lisboa - casos de estudo Débora Félix A Habitação Colectiva na Área Metropolitana de Lisboa: o caso do arquitecto Fernando Silva José Luís Saldanha De São Paulo de Luanda a São Paulo de Macau. Fundação e consolidação de duas cidades quinhentistas no Ultramar Português Jorge Figueira Habitar Pós-Moderno: Manuel Vicente em Macau 11:30-12:30 Rui Ramos [FAUP, Porto] Casa-crise. Por uma história crítica. A defesa do estado-social 14:00-16:00 Sessões Paralelas – Ver programa 16:15-18:00 Sessões Paralelas – Ver programa 18:00-18:30 Workshops – Inauguração da Exposição Ed I – Corredor Este – Piso 2 18:30-20:00 Monique Eleb [LABORATOIRE ACS Architecture, Culture, Société XIXe-XXIe siècles, Paris] Grands ensembles pour les classes moyennes des années 50 à 70 7 Oradores 20 de Maio 18h30 Auditório B203 Ed. II Manuel Aires Mateus Manuel Aires Mateus nasceu em Lisboa em 1963 e formou-se na Faculdade de Arquitectura /U.T.L. em 1986. Começou a colaborar com o Arqº Gonçalo Byrne em 1983 e começou a desenvolver projectos com o seu irmão Francisco em 1988. O atelier Aires Mateus foi nessa altura constituído pelos dois irmãos apesar de ocupar um espaço dentro do atelier do Arq. Gonçalo Byrne. A crescente escala de projectos fê-los estabelecer um espaço autónomo para responder às solicitações de trabalho. Desde essa altura a dimensão e quantidade de trabalho tem sido prolífica resultando em diversos prémios de arquitectura nacionais e internacionais. A visibilidade do seu trabalho fez com que fossem convidados para fazer conferências e lecionar em várias instituições. Entre elas estão a Graduate School of Design em Harvard, A Accademia de arquitectura de Mendrisío e outras em Portugal. A estrutura neste momento abrange dois escritórios, ambos em Lisboa, tendo estabelecidas diversas parcerias com ateliers locais para os projetos internacionais. Manuel Aires Mateus was born in Lisbon in 1963 and graduated from “Faculdade de Arquitectura / U.T.L” in 1986. He started collaborating with the Arch. Gonçalo Byrne in 1983 and started developing projects with his brother Francisco in 1988. The office Aires Mateus was then established independently by the two brothers although it was housed in Gonçalo Byrne’s studio in the first years. The increasing scale of work made them establish a larger and autonomous space to fulfil the demands. Since then the scale and the amount of projects has been prolific, resulting in several national and international awards. The visibility of their work has made them being invited and accepting lecturing and teaching at several institutions. Among these are the Graduate School of Design in Harvard, The Accademia di Architetura in Mendrízio as well as several others in Portugal. The structure right now spans through two studios both based in Lisbon, having several partnerships with local studios for international works. 8 Oradores 21 de Maio 09h00 Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma José António Bandeirinha É arquitecto pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto (1983). Exerce profissionalmente e é Professor Associado com Agregação do Departamento de Arquitectura da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra, onde se doutorou em 2002 com uma dissertação intitulada O Processo SAAL e a Arquitectura no 25 de Abril de 1974. Tomando como referência central a arquitectura e a organização do espaço, tem vindo a dedicar-se ao estudo de diversos temas — cidade, teatro, cultura. É investigador do Centro de Estudos Sociais. Foi Presidente do Conselho de Departamento de Arquitectura da Universidade de Coimbra. Foi Pró-Reitor para a Cultura da Universidade de Coimbra. Foi Director do Colégio das Artes da Universidade de Coimbra. Das suas publicações destacam-se: ⋅ O Processo SAAL Arquitectura e Participação 1974-1976. Porto: Fundação de Serralves, 2014 ⋅ Fernando Távora Modernidade Permanente Permanent Modernity. Porto: Casa da Arquitectura, 2012 ⋅ O Processo SAAL e a Arquitectura no 25 de Abril de 1974. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2007 ⋅ Quinas Vivas. Memória Descritiva do conflito entre fazer moderno e fazer nacional na Arquitectura portuguesa dos anos 40. Porto: FAUP Publicações, 1996. Is an architect, graduated in Escola Superior de Belas-Artes of Porto (1983), associate professor in Department of Architecture from Science and Technology Faculty of Coimbra University, where he did a PhD in 2002 entitled The SAAL process and the architecture in April 25th 1974. Having as main reference architecture and space organization, he has been devoting his work to diverse subjects — city, housing, theatre, culture. He is a senior researcher in Centre of Social Studies, coordinator of Cities, Cultures and Architecture research group. He was President of the Department of Architecture of the University of Coimbra and Prorector for Cultural Issues. He was Director of the College of Arts of the University of Coimbra. Between others has published: ⋅ O Processo SAAL e a Arquitectura no 25 de Abril de 1974. Coimbra: Imprensa da Universidade, 2014. ⋅ The SAAL Process Architecture and Participation 1974-1976. Porto: Fundação de Serralves, 2014. ⋅ Fernando Távora Modernidade Permanente Permanent Modernity. Porto: Casa da Arquitectura, 2012. ⋅ Quinas Vivas. Memória Descritiva do conflito entre fazer moderno e fazer nacional na Arquitectura portuguesa dos anos 40. Porto: FAUP Publicações, 1996. 9 Oradores 21 de Maio 11h30 Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma Margarida Acciaiuoli de Brito É Professora Catedrática do Departamento de História da Arte da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa. É coordenadora e docente da área de História da Arte Contemporânea – tendo sido, até à data e entre o ciclo de Mestrado e o de Doutoramento, responsável pela orientação de 88 teses. É doutorada em História da Arte Contemporânea (1991) pela FCSH-UNL. Foi curadora das exposições Almada Negreiros – Exposição Retrospectiva (CAM-FCG, 1984), Amadeo de Souza-Cardoso (Europália - Museu de Arte Moderna de Bruxelas, 1991) e KWY. Paris 1958-1968 (CCB, 2001). É autora de diversificada bibliografia, tendo, entre outros títulos, publicado: ⋅ Exposições do Estado Novo. 1934-1940, Livros Horizonte, 1998; ⋅ Os Cinemas de Lisboa, Bizâncio, 2012; ⋅ António Ferro – A Vertigem da Palabra, Bizâncio, 2013. Trabalha actualmente num livro dedicado ao tema A casa comum entre dois terramotos. Is a Full Professor at the Art History Department of Faculdade de Ciências Sociais e Humanas of Universidade Nova de Lisboa. She is the coordinator of the Contemporary Art History section – and has been, between Master and PhD levels, responsible for the supervision of 88 thesis. She has a PhD in Contemporary Art (1991) from FCSH-UNL. She curated the exhibitions Almada Negreiros – Exposição Retrospectiva (CAM-FCG, 1984), Amadeo de Souza-Cardoso (Europália – Museu de Arte Moderna de Bruxelas, 1991) and KWY. Paris 1958-1968 (CCB, 2001). She is the author of a diverse bibliography, having published, between other titles: ⋅ Exposições do Estado Novo. 1934-1940, Livros Horizonte, 1998; ⋅ Os Cinemas de Lisboa, Bizâncio, 2012; ⋅ António Ferro – A Vertigem da Palabra, Bizâncio, 2013. Currently Works on a book dedicated to the theme The common house between two earthquakes. 10 Oradores 21 de Maio 18h30 Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma Carlos Eduardo Comas Arquiteto formado na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (1966). Mestre em Planejamento Urbano e Arquitetura pela University of Pennsylvania (1977) e doutor em Projet Architectural et Urbain pela Université de Paris VIII (2002). É Professor Titular e foi Coordenador do Programa de Pesquisa e Pós-graduação em Arquitetura (2005-2008), na Universidade Federal do Rio Grande do Sul (PROPAR- UFRGS). Coordenador do DOCOMOMO Núcleo- RS (2005-2007 e 2012) e coordenador geral do DOCOMOMO Brasil de 2008 a 2011. Representante adjunto da área na CAPES no triénio 2005-2007. Membro do conselho editorial das revistas Arqtexto (UFRGS), Arcos (ESDI/UERJ), Arquitextos- Vitruvius e Architectural Research Quarterly (Cambridge University). Membro do CICA (Comité Internacional dos Críticos de Arquitetura) da União Internacional de Arquitetos. É presentemente curador convidado do Museu de Arte Moderna de Nova York para a exposição "Latin America in Construction. Architecture 1955-1980," inaugurada em março de 2015. Tem publicado extensamente sobre a arquitetura e o urbanismo modernos com ênfase na experiência brasileira, de que se destacam: ⋅ La Casa Moderna Latinoamericana ⋅ Le Corbusier y Suramérica ⋅ Solid states: concrete in transition ⋅ Cruelty and Utopia: landscapes and cities of Latin America ⋅ Transculturation: cities, spaces and architectures of Latin America ⋅ Le Corbusier. An Atlas of Modern Landscapes ⋅ Latin America in construction. Architecture 1966-1980 Architect by the Federal University of Rio Rande do Sul (1966). Master in Urban Planning and Architecture by the University of Pennsylvania (1977) and PhD in Architectural and Urban Design by the University of Paris VIII (2002). He is Full Professor and Coordinator of Research and Post-graduate Studies in Architecture (2005-2008) at the Federal University of Rio Grande do Sul. Coordinator of DOCOMOMO (RS, Brasil, 2005-2007, and 2012), and DOCOMOMOBrasil (2008-2011). Deputy representative of CAPES (2005-2007). Member of editorial board of several reviews (Arqtexto-UFRGS, Arcos -ESDI/UERJ, Arquitextos- Vitruvius e Architectural Research Quarterly Cambridge University. Member of CICA (International Committee of Architectural Critics). He is the curator exhibition of "Latin America in Construction. Architecture 1955-1980," (2015), in the MOMA (Museum of Modern Art, New York). Has published widely, mainly on modern architecture and urbanism in Brasil, amongt which: ⋅ La Casa Moderna Latinoamericana ⋅ Le Corbusier y Suramérica ⋅ Solid states: concrete in transition ⋅ Cruelty and Utopia: landscapes and cities of Latin America ⋅ Transculturation: cities, spaces and architectures of Latin America ⋅ Le Corbusier. An Atlas of Modern Landscapes ⋅ Latin America in construction. Architecture 1966-1980 11 Oradores 22 de Maio 09h00 Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma Rui Leão Arquitecto com actividade em Macau. Conjuntamente com a sua prática de arquitectura, é professor convidado na Universidade de Hong Kong (HKU SPACE Architecture), na Inuvsersidade de Saint Joseph (Macau) e na Universidade de São Paulo (Brasil). Tem escrito sobre Arquitectura e Design em Macau, e é editor correspondente do Jornal dos Arquitectos (Ordem dos Arquitectos, Lisboa). De 2001 a 2006 foi editor de AM (Arquitectura Macau) publicado pela Associação dos Arquitectos de Macau. Recebeu em 2006 a Medalha de Ouro Arcasia de Arquitectura e o Prémio da UNESCO para o Património da Ásia-Pacífico. As suas obras de arquitectura, design e planeamento urbano têm sido publicadas internacionalmente (AD – Architectural Design of London, INTERNI, Arquitectura & Vida) e patente em exposições no Salone Satellitte (Milan’s Salone del Mobile), Experimenta Design / Bienal de Lisboa, IDExpo, Concepta, Trienal de Arquitectura (Lisboa), Habitar Portugal 2005, 10ª Exposição Internacional de Arquitectura da Bienal de Veneza e na 7ª Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo (Brasil). Foi membro do Comissão da Arcasia para a Educação em Arquitectura, é Vice-Presidente do Conselho Internacional dos Arquitectos de Língua Portuguesa, Vice-Presidente da Associação dois Arquitectos de Macau e membro do Comissão de Planeamento Urbano do Governo de Macau. Tem em curso investigação de doutoramento em Arquitectura e Urbanismo no Royal Melbourne Institute of Technology. Architect located in Macao. In parallel to his Architectural practice he is a visiting professor at the HKU SPACE Architecture program and a visiting lecturer at USJ and USP (University of S. Paulo, Brasil). He has writings on Architecture and Design in Macau, and is a corresponding editor for JA (Jornal dos Arquitectos, Lisbon, OA). From 2001 to 2006 he was editor of AM (Arquitectura Macau) published by AAM (Macau Architects Association). He is the recipient of the Arcasia Gold Medal for Architecture 2006, and the UNESCO Asia-Pacific Heritage Awards. His Architectural Work has been widely published internationally (AD – Architectural Design of London, INTERNI, Arquitectura & Vida). His Design, Architecture and Urban Design works have been exhibited in the Salone Satellitte of Milan’s Salone del Mobile, Experimenta Design / Lisbon Biennale, IDExpo, Concepta, Trienal de Arquitecura (Lisboa), Habitar Portugal 2005, 10th Mostra Internazionale di Architectura of the Biennale di Venezia and at the 7th Bienal Internacional de Arquitectura de São Paulo. He is a past chairperson of the Arcasia Committee for Architectural Education and is currently Vice-President of CIALP (International Council of Portuguese Speaking Architects), Vice-President of the Architects Association of Macau and the nominated member of the Urban Planning Committee (CPU) of the Macau Government. Currently conducts research for PhD in the RMIT (Royal Melbourne Institute of Technology) on Architecture and Urbanism 12 Oradores 22 de Maio 11h30 Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma Rui Ramos Rui Jorge Garcia Ramos (Alvarães, Viana do Castelo, 1961) é arquitecto e Professor Associado com Agregação da Faculdade de Arquitetura da Universidade do Porto (FAUP) onde leciona as unidades curriculares de Projeto, no Mestrado Integrado (MIARQ), e de Teoria, no Programa de Doutoramento (PDA). Doutorado em Arquitetura (FAUP, 2005). Investigador do grupo Atlas da Casa no Centro de Estudos de Arquitetura e Urbanismo (CEAU-FCT) onde coordena diversos projetos. Tem como principiais áreas de estudo os dispositivos espaciais da casa; a relação entre sistemas culturais e formas de habitar; a questão identitária e arquitetura na passagem para o século XX português, sobre os quais tem diversos trabalhos publicados. É membro do Conselho de Administração da Fundação Arquiteto Marques da Silva (FIMS), integra o Conselho Científico, é Director do Programa de Doutoramento em Arquitectura (PDA) da FAUP, e vice-reitor da Universidade do Porto. Publicou entre outros: ⋅ Leituras de Marques da Silva. Reexaminar a modernidade no início do século XXI: arquitectura, cidade, historia, sociedade, ciência, cultura. Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva, 2011. ⋅ A Casa: Arquitectura e projecto doméstico na primeira metade do século XX portugués. Porto, 2010. Rui Jorge Garcia Ramos (1961) is an Architect and Associate Professor with Habilitation lecturer at the Faculty of Architecture of the University of Porto (FAUP). He is currently engaged in the Integrated Master’s Degree course (MIARQ) and in the Ph.D. Programme in Architecture (PDA). He presented his PhD dissertation in Architecture (2005) with the title «The Bourgeois Single-Family Dwelling in Portuguese Architecture: change and continuity in the domestic space in the first half of the 20th century». He is a researcher at the Study Centre of Architecture and Urbanism (CEAU) in the working group "Atlas da Casa", financed by the Portuguese Foundation for Science and Technology (FCT). His research interests include: the house; living spaces and lifestyles; culture and housing; architecture and identity in 20th-century Portugal. He is a regular participant in courses, conferences and workshops, both in Portugal and abroad. He is a member of the Governing Board of the Architect José Marques da Silva Foundation (FIMS) and the Scientific Committee of FAUP and is Director of the PhD Program in Architecture (PDA) of FAUP, e vice-dean of University of Porto. Books: ⋅ Leituras de Marques da Silva. Reexaminar a modernidade no início do século XXI: arquitectura, cidade, historia, sociedade, ciência, cultura. Fundação Instituto Arquitecto José Marques da Silva, 2011. ⋅ A Casa: Arquitectura e projecto doméstico na primeira metade do século XX português. Porto, 2010. 13 Oradores 22 de Maio 18h30 Auditório Afonso de Barros Ala Autónoma Monique Eleb Psicóloga, doutorada em sociologia e com habilitação para a direcção de investigações (HDR). Professora na ’École Nationale Supérieure d'Architecture de Paris-Malaquais, onde dirige o Laboratoire Architecture Culture et Société, XIXe-XXe siècle, de l’UMR/CNRS/MCC. O seu âmbito de pesquisa é a genealogia da habitação, a análise da concepção arquitectónica e a sociologia do habitat e dos modos de vida. Participou em 2010 na 2ª Trienal de Arquitectura de Lisboa, a convite de Ana Vaz Milheiro. Trabalha actualmente sobre a “Habitabilidade dos territórios” para o Centre National de Recherche Scientifique, fazendo parte da equipa de MVRDV/ACS/AAF que trabalha sobre a Grand Paris. Autora de numerosas publicações sobre a socio-história do habitat e a produção de arquitectura contemporânea, entre as quais: ⋅ Penser l'habiter. Mardaga, 1988, (with A.-M. Châtelet et T. Mandoul); ⋅ Architectures de la vie privée; maisons et mentalités. XVIIe-XIXe s. AAM, 1989 (with A. Debarre); ⋅ L'invention de l'habitation moderne : Paris, 1880-1914. AAM/Hazan, 1995, (with A. Debarre) ; ⋅ Entre voisins. Dispositif architectural et mixité sociale. Edition de l'Epure, 2000 (avec JeanLouis Violeau). ⋅ Vu de l'intérieur. Habiter un immeuble en Ile de France (1945-2010), (co-auteur ⋅ Sabri Bendimérad avec deux articles de Thierry Roze et de Lionel Engrand). ⋅ Entre confort, désir et normes. Le logement contemporain,1995-2010. Mardaga, (avec Philippe Simon). ⋅ Les 101 mots de l’habitat à l’usage de tous. Ed. Archibooks, 2014. Psychologist, PhD in Sociology, and entitled to direct researches (HDR). Professeur at the the Paris-Malaquais School of Architecture, she is director of the Architecture, Culture et Société research unit (part of UMR/AUSSER, C.N.R.S./MCC). Her research work focus on genealogy and sociology of housing and on the analysis of contemporary trends in the architecture of housing. She participated in the 2nd Lisbon Architecture Triennale 2010 invited by Ana Vaz Milheiro. She is working now on « L’habitabilité des territoires » for the CNRS with the team of ACS she run, working on « the Grand Paris » with MVRDV. Her published work includes: ⋅ Penser l'habiter. Mardaga, 1988, (with A.-M. Châtelet et T. Mandoul); ⋅ Architectures de la vie privée; maisons et mentalités. XVIIe-XIXe s. AAM, 1989 (with A. Debarre); ⋅ L'invention de l'habitation moderne : Paris, 1880-1914. AAM/Hazan, 1995, (with A. Debarre); ⋅ Entre voisins. Dispositif architectural et mixité sociale. Edition de l'Epure, 2000 (with JeanLouis Violeau). ⋅ Vu de l'intérieur. Habiter un immeuble en Ile de France (1945-2010). (co-author ⋅ Sabri Bendimérad with articles of Thierry Roze and Lionel Engrand). ⋅ Entre confort, désir et normes. Le logement contemporain,1995-2010. Mardaga (with Philippe Simon). ⋅ Les 101 mots de l’habitat à l’usage de tous. Ed. Archibooks, 2014. 14 Programa 21 de Maio Auditório Afonso de Barros Sessão Temática 1 Resgatando a distopia espacial. Grandes complexos habitacionais para a classe média Sessão 1.1 | Ana Vaz Milheiro 14.00 – 16.00 Tom Broes – Ghent University, Dept. of Architecture & Urban Planning, Bélgica Michiel Dehaene – Ghent University, Dept. of Architecture & Urban Planning, Bélgica When the market produced housing for the greatest numbers: the short-lived optimism of private property tycoons in post-war Belgium Tiago Bragança Borges – ISCTE-IUL, Portugal Ana Vaz Milheiro DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Filipa Fiúza DINÂMIA'CET-IUL Urban Expansion in Aveiro: the Dr. Álvaro Sampaio Neighbourhood in the work of Alfredo Ângelo de Magalhães Els De Vos – Faculty of Design Sciences, Antuérpia João Cardim DINÂMIA'CET-IUL Bruno Macedo Ferreira DINÂMIA'CET-IUL High-Rise Suburbia in Antwerp. An analysis of diverse large housing complexes Elisiário Miranda – Universidade do Minho Este tema tem como objectivo reflectir sobre o papel destes conjuntos habitacionais no quadro da cultura arquitectónica e urbana do século XX. Enquanto modelo urbano, constituem uma síntese de ideias e de conceitos que desde o século XIX em torno de questões formais, culturais, sociais e técnicas sobre a cidade tais como o higienismo e saúde; a cidade-jardim; o direito à habitação para todos; a cidade do futuro; a cidade e as novas máquinas (transportes e telefone); as relações casa-trabalho, as novas técnicas construtivas e a consciência geral de uma nova situação histórica. O resultado da confluência de debates, reflexões e propostas caracterizou-se muitas vezes por edifícios modernos em altura, rodeados de espaços verdes e servidos por um traçado viário funcional. O enquadramento analítico pode variar desde a análise de casos de estudo, até ao estudo do fenómeno em âmbitos nacionais ou transnacionais. Através de enfoques morfológicos, historiográficos ou mais estritamente conceptuais, pretende-se que as diversas abordagens possam incluir: 1.1 | Os conceitos e formas que estão presentes nestes conjuntos habitacionais; 1.2 | Os antecedentes e contextos que levaram à formulação de modelos de habitação em massa; 1.3 | A forma como o modelo foi utilizado, importado, exportado e adaptado numa grande multiplicidade de contextos cronológicos, geográficos e culturais; 1.4 | Os novos conjuntos como campo de experiência para novos conceitos de habitação e novas técnicas de construção; 1.5 | O contributo dos mesmos em torno de debates como a (des)densificação e a cidade compacta; 1.6 | A pertinência do conceito de megaform (Frampton, 1999) à luz destes projectos; ou, por oposição, do de megaestrutura. Programmatic Microcosms: Modern referential buildings from the urban landscapes of Mozambican colonial cities Sessão 1.2 | João Cardim 16.15 – 18.00 Inês Lima Rodrigues – ESTAB-UPC, Barcelona Urban strategies in Lisbon, Luanda and Macau through modern “boxes and People Shelves” for many people Ana Magalhães The Unité as an unavoidable model: three case studies of collective housing in Angola and Mozambique Maria Pommrenke – ISCTE-IUL, Portugal Habitação lisboeta dos anos de 1950: a obra do arquitecto Manolo Potier Gaia Caramellino – Politecnico di Torino, Italia Cristina Renzoni – IUAV University of Venice, Italia Negotiating the postwar Italian city. Shaping public spaces and facilities through housing complexes for the middleclass: 1950s-1970s. 15 Programa 22 de Maio Auditório Afonso de Barros Sessão Temática 1 Resgatando a distopia espacial. Grandes complexos habitacionais para a classe média Ana Vaz Milheiro DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Filipa Fiúza Sessão 1.3 | Bruno Macedo Ferreira 16.15 – 18.00 Ana Mafalda Soudo Pinheiro – MIA ISCTE-IUL, Portugal Um Mundo Novo: Transformações na Margem Sul (o sector industrial como gerador de habitação) Telma Ribeiro Da "Barraca" à Casa e da Casa à Cidade. O Programa Especial de Realojamento em Lisboa (Casos de Estudo) João Cardim Da Célula à Cidade: Composição Modular e Planeamento Urbano na Obra de Justino Morais (1966-1975) Filipa Serpa – CIAUD-FAUL, Portugal A habitação como projecto de cidade. Lisboa, os projectos de promoção pública – 1910|2010 DINÂMIA'CET-IUL João Cardim DINÂMIA'CET-IUL Bruno Macedo Ferreira DINÂMIA'CET-IUL 16 Programa 21 de Maio Auditório Silva Leal Sessão Temática 2 Re-territorialização metropolitana. A expansão urbana e os grandes complexos habitacionais Paulo Tormenta Pinto Sessão 2.1 | Paulo Tormenta Pinto 14.00 – 16.00 Délia Paulo Luís Cristino da Silva, Nova Oeiras, Portugal (1952- 1967) João Pedro Caria Lopes – ISCTE-IUL, Portugal A Mancha, a Linha e o Ponto: A expansão de Lisboa ao longo da Linha de Sintra Vitor Mingacho – DINÂMIA’CET-IUL A ambição de metropolização das cidades médias do interior Português. O PDM como projecto de cidade: o caso de Castelo Branco DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM José Luís Saldanha DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Bruno Macedo Ferreira DINÂMIA'CET-IUL Bruno Macedo Ferreira – DINÂMIA’CET-IUL Plano Director da Região de Lisboa, 1964 Sessão 2.2 | José Luís Saldanha Os novos bairros modernos implicam uma articulação territorial com a cidade existente, tendo sido num primeiro momento entendidos enquanto pólos de fixação que contribuíam para o crescimento sustentável das metrópoles. Nas décadas subsequentes verificam-se fenómenos como a sua absorção pela cidade e/ou integração numa realidade metropolitana mais vasta, até à sua renovação face a fenómenos como as “shrinking cities”. Efectivamente, contrariamente ao que muitos autores previram relativamente às consequências urbanas das novas tecnologias digitais, as cidades não só se mantiveram como cresceram, muitas vezes com padrões de densificação altos. No contexto mais alargado das realidades metropolitanas e territoriais, estes conjuntos desafiam noções e conceitos relativamente estabilizados do ponto de vista disciplinar e sobre os quais importa reflectir: 16.15 – 18.00 2.1 | A dialéctica entre os modelos central, policêntrico ou bipolar por oposição à cidade sectorizada; 2.2 | A organização e controle (social, político, administrativo) do espaço na (des)agregação de fragmentos; 2.3 | Os limites e contextos de subúrbio e periferia, em particular nos casos das megacidades, e a articulação destas novas realidades territoriais e metropolitanas; 2.4 | O entendimento da cidade não enquanto entidade mas enquanto processo; 2.5 | O papel das infra-estruturas viárias (e portanto do planeamento estratégico de transportes) no desenvolvimento de modelos urbanos de larga escala, bem como os seus potenciais e constrangimentos; 2.6 | O modo como as novas realidades territoriais e metropolitanas do final do século XX e início do século XXI evoluíram a partir destes modelos. Jorge Bassani – FAUUSP, São Paulo, Brasil Rui Leão – DOCOMOMO Macau Novas propostas habitacionais em Macau: o conjunto Fai Chi Kei Juliana Guedes Rodrigues – Univ. Técnica de Angola Programas nacionais de habitação de Angola. A nova cidade do Quilamba Ahmed Abd Elghany Morsy The urban upgrading projects in Cairo Through social sustainable perspective Periferias metropolitanas em São Paulo – territorialização 17 Programa 21 de Maio Sala AA 229 Sessão Temática 3 Morte e vida dos grandes complexos habitacionais. Apropriações, usos e identidades Sessão 3.1 14.00 – 16.00 Olivier Boucheron – ENSAPLV/LAA/LAVUE/CNRS, França Maria Anita Palumbo ENSAPLV/LAA/LAVUE/CNRS, França In between slabs, the “infraordinary” of Modernity Jorge Gonçalves – IST, CESUR-Centro de Sistemas Regionais e Urbanos, Portugal Da simpliCidade à complexiCidade ou a urgência da transformação dos complexos habitacionais Isabel Guerra DINÂMIA'CET-IUL Maria Assunção Gato – DINÂMIA’CET- ISCTE/IUL, Portugal Sandra Marques Pereira DINÂMIA'CET-IUL Sessão 3.2 Débora Félix Investigadora LLM A partir de meados do século XX, os bairros de subúrbio tinham como destinatário inicial uma classe média cuja aspiração era a de uma habitação moderna e de um novo estilo de vida fora da cidade tradicional, virado para o futuro e marcado pelo progresso tecnológico. Muitas vezes descritos, pejorativamente, pela sua monofuncionalidade residencial, anonimato e isolamento do espaço privado – a casa – em relação ao espaço colectivo, estes bairros originam um conjunto de questões a partir destes pressupostos: 3.1 | Qual a correspondência entre as propostas desses modelos habitacionais modernos e os modos de vida efetivos dos seus habitantes? 3.2 | De que modo a modernidade arquitectónica e o cosmopolitismo interagiram com aspectos formais e/ou informais de identidade local e com outros aspectos mais abrangentes relativos a novas políticas públicas e novas identidades urbanas? 3.3 | Qual o impacto do espaço físico na estruturação dos modos de vida e de que modo a diversidade das sucessivas ocupações se reflectiram na manutenção ou alteração desses espaços, dada e a sua exposição posterior a usos e a contextos sociais e culturais muito diversos? 3.4 | De que modo a construção de bairros em contextos geográficos não europeus, com ocupações muito diversificadas na sua origem étnica, religiosa, social e cultural se relaciona com o seu “sucesso" ou “insucesso”, quer económico, quer social? 3.5 | Como se verificou a coexistência entre o cosmopolitismo inicial destes bairros com elementos de pertença local, e a emergência de fenómenos identitários, de indiferença ou anonimato? Parque das Nações - a selective large housing complex? 21/5/2015, 16.15 – 18.00 | Sala AA 229 Diego Beja Inglez de Souza – Univ. Católica de Pernambuco (UNICAP), BR Tumulto no conjunto: Habitação, utopia e urbanização nos limites de duas metrópoles contemporâneas, São Paulo / Paris (1960-2010) Marta Santos – GEBALIS, Portugal Dialéctica espacial na promoção pública de habitação: o factor dimensão de bairro na satisfação residencial Roberto Vanacore – Univ. of Salerno, Dept. of Civil Eng., Itália Felice De Silva – Univ. of Salerno, Dept. of Civil Eng., Itália Open spaces and design of public residential settlements of the late twentieth century 18 Programa Sessão 4.1 | 22 de Maio Auditório Afonso de Barros Bruno Parente – DATMC ISCTE-IUL, Portugal Sessão Temática 4 Rute Figueiredo 14.00 – 16.00 Quando o modernismo chegou à “Arquitectura” – a divulgação de dois casos de habitação colectiva em Alvalade O problema da habitação na imprensa periódica de arquitectura: manifesto, crítica e divulgação Rui Seco – Universidade de Coimbra Rute Figueiredo Luciane Scottá – FAUP ETH Zurich / D-ARCH/gta Margarida Brito Alves FCSH/IHA Rogério Vieira de Almeida DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM As publicações de arquitectura desempenharam um papel fundamental quer na abertura do debate em torno do problema da habitação, quer na divulgação de modelos e tipologias habitacionais. Com efeito, apesar da sua utilização generalizada ter ocorrido depois da Segunda Guerra Mundial, já na década de 1930 os Grands Ensembles faziam o seu aparecimento na imprensa periódica da especialidade (L’Architecture d’Aujourd’hui, vol. 1, no. 6, Junho 1935), passando a ser um tema recorrente nas décadas subsequentes. Procura-se, assim, reflectir sobre as diferentes formas de que se revestiu a presença desse modelo na imprensa periódica. De um modo geral, pretende-se discutir: Portugal, antes de zero João Silva – Portugal Publi/cidades: uma leitura do problema da habitação a partir da divulgação publicitária A habitação moderna no livro-catálogo Brazil Build: Architecture New and Old; 1652-1942 Daniela Simões – Instituto de História da Arte, FCSH– Universidade Nova de Lisboa, Portugal A questão da habitação na revista Binário 4.1 | Em que medida a presença destes conjuntos nos periódicos de arquitectura contribuiu para a discussão e utilização dos mesmos? 4.2 | Que protagonistas foram difundidos e qual a expressão dessa difusão? 4.3 | Que tipo de análise e discussão crítica é possível detectar? 4.4 | Que discursos predominantes – de aceitação, rejeição ou crítica – se formaram a partir da presença destes conjuntos nas publicações periódicas de arquitectura? 4.5 | Até que ponto estas publicações se constituem actualmente como matéria de reflexão sobre a habitação? 19 Programa 22 de Maio Sala AA 229 (Ala Autónoma) Sessão Temática 5 Para além do modelo. Deslocamentos conceptuais Mónica Pacheco DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Ana Vaz Milheiro DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Rogério Vieira de Almeida DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Os conjuntos habitacionais tiveram ao longo de várias décadas uma situação diversa relativamente à sua produção. Panaceia inicial para os problemas de habitação e resposta ao sonho de uma classe média em ascensão, foram adoptados por parte de promotores públicos e privados: Ao mesmo tempo alvo de críticas, e proibição legislativa (França, 1973), mais recentemente foram considerados como património a salvaguardar (Faut-il protéger les Grands Ensembles?, Ministère de la Culture, DAPA, 2007). Finda a época vitoriana e a redefinição do espaço interior que alastrou um pouco a toda a Europa e findo também o período mais conturbado de realojamentos de larga escala, o tema da habitação perdeu de certa forma o seu elã inicial. É eventualmente a partir dos grandes promotores privados que se desenvolvem alguns dos modelos mais interessantes para uma classe média com novas aspirações, síntese de quase um século de investigação sobre a habitação. Por outro lado, o facto de esta ser uma classe que se movia de carro para o trabalho alterou também, de algum modo, a configuração do espaço público e do entendimento sobre este. Enquanto alguns exemplos reinterpretaram o conceito de Clarence Perry de Unidade de Vizinhança, outros constituíram-se como autênticos bairros dormitório. No âmbito deste tema pretende-se entender: 5.1 | Se de um ponto de vista tipológico existe, ou não, correspondência entre uma determinada ideia de urbanidade inerente ao modelo na definição da domesticidade actual? 5.2 | Que modos de vida urbana, social e individual propõe este modelo e de que forma se reflectem no desenho do espaço público/colectivo e do espaço mais íntimo da “casa”? 5.3 | De que forma determinados contextos, quando confrontados com este modelo, o transformaram numa cidade satélite, numa “unidade de vizinhança” ou simplesmente num bairro dormitório? 5.4 | Que transformações implicaram as diferenças entre os contextos locais, climatéricos, culturais, sociais, ou até mesmo as diferentes estruturas familiares, na implementação deste modelo? 5.5 | De que modo o estudo e análise destes modelos arquitectónico-urbanísticos se reflectem na produção? 5.6 | De que forma a diversidade de promotores (privados e públicos) interroga o impacto de um modelo habitacional “universalista”, centrado numa cultura moderna e ocidentalizada, e na emergência de posições mais abrangentes de afirmação e combate sobre o urbanismo e arquitectura da habitação da classe média? Sessão 5.1 | Mónica Pacheco 14.00 – 16.00 David Peleman – Dept of Architecture and Urban Planning Faculty of Engineering and Architecture GHENT UNIVERSITY, Bélgica Urbanization without a model. Searching for an urban project for the Belgian territory Ricardo Camacho – Dar al-Athar al-Islamiyyah, Arabian Gulf Street, Kuwait City, Kuwait Kuwait experimental housing, from land use policies to social display António Carvalho – Universidade Católica Portuguesa, Universidade da Beira Interior, Portugal Alvalade neighbourhood: towards an optimist ageing in place Rodrigo Coelho – CEAU-FAUP, Portugal O espaço público como suporte da expansão da cidade: modelos, antecedentes, experiências recentes Inês Lima Rodrigues – ESTAB-UPC, Espanha Around the Form of Portuguese Modern Housing in the Lisbon-Luanda-Macau triangle 20 Programa 22 de Maio Auditório Silva Leal Sessão Temática 6 Outside looking in. Visões do outro − arte, literatura, cinema e música Jorge Figueira CES / DARQ, Coimbra José Luís Saldanha Sessão 6.1 | Alexandra Areia | Luís Urbano 14.00 – 16.00 | Auditório Silva Leal Alessandra Como – Univ. of Salerno, Itália Luisa Smeragliuolo Perrotta, Univ. of Salerno, Itália Crossing Stories for an Interpretation of Modernity Fabrícia Maria Silva Valente – Universidade de Évora, Portugal Lisboa mapeada por sons pós-modernos João Rosmaninho – Escola de Arquitectura da Universidade do Minho, Portugal The Portela Story: uma margem à margem de Lisboa Maximina Almeida – DINÂMIA’CET - IUL, Portugal Provocação excêntrica em NO PLACE LIKE DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Luís Urbano Sessão 6.2 | FAUP Jorge Figueira Alexandra Areia 16.15 – 18.00 DINÂMIA'CET-IUL António Olaio – Darq FCTUC, Coimbra, Portugal Os bairros modernos de subúrbio constituíram desde cedo uma realidade social e icónica, fonte de atracção para vários campos de produção artística. Como centro problemático de acção e/ou representação ou cenário presente, o subúrbio moderno está presente em inúmeros meios de expressão cultural como a pintura, a produção cinematográfica, a literatura e a música, revelando uma multiplicidade de significados e perspectivas. É sobre a diversidade de olhares que a produção cultural desenvolveu que se pretende reflectir, privilegiando as perspectivas cruzadas, designadamente: 6.1 | De que modo particular foram utilizados os meios artísticos como veículos críticos? 6.2 | De que modos contribuíram as artes para a construção de um determinado imagético urbano? 6.3 | Como é que o meio artístico representou estes lugares, contribuindo para a forma como a cidade é agora imaginada e/ou (re)lembrada? 6.4 | Qual o papel da produção artística, que espelha esta realidade, na definição da cultura arquitectónica e urbana contemporânea? 6.5 | Como é que a multiplicidade de significados que estes meios podem sobrepor contribuíram para a ideia actual de classe média e suas aspirações? O individuo enquanto acontecimento urbano Bruno Gil – Darq FCTUC, Coimbra, Portugal Em contraciclo com a realidade. Desarmonias projectuais e expositivas do subúrbio americano Margarida Brito Alves – FCSH – Universidade Nova de Lisboa On Tract Houses, Temporary Constructions and Vacant Lots. Suburbia and Contemporary Art Leonor Matos Silva – DINÂMIA’CET-IUL Tempos de optimismo. Expressões sobre a cidade da Escola de Belas-Artes de Lisboa no pós-25 de Abril 21 Programa Sessão 7.1 | 22 de Maio Sala AA 229 (Ala Autónoma) Katila Godinho Vilar – Universidad del Bio-Bio, Chile Sessão Temática 7 Habitação e cidade: tema aberto Ana Vaz Milheiro DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Filipa Fiúza DINÂMIA'CET-IUL Rogério Vieira de Almeida DINÂMIA'CET-IUL / CIAAM Rogério Vieira de Almeida 16.15 – 18.00 Desenho Urbano e Capital Social em assentamentos precários Rita Patinha Pereira Dias – MIA ISCTE-IUL, Portugal Arquitectura Residencial Mineira. Aljustrel 1898-1993 João Rafael Santos – CIAUD-FAUL, Portugal Lisbon suburbia: entre a rotura infraestrutural e a produção de um tecido metropolitano conectivo Ana Silva Fernandes | Augusto Nascimento Dream cities’ in africa: polemics around expu gongá, the ‘new city of São Tomé’ 22 Abstracts Sessão 1.1 Autores: Tom Broes Michiel Dehaene W hen the market produced housing for the greatest numbers: the short-lived optimism of private property tycoons in post-war Belgium. When the market produced housing for the greatest numbers: the short-lived optimism of private property tycoons in post-war Belgium. In the Belgian context, the production of Public Mass housing remained limited in scope. Apart from a few well published examples Cité Moderne (Braem), Kiel (Braem), Luchtbal (Van Kuyck), Cité de Droixhe (Groupe EGAU), Belgian housing policies focused on the promotion and construction of private homeownership. Mass housing in Belgium took the form of the massive production of private houses, constituting a sprawled urban landscape that has been described as the ‘banlieue radieuse’. Less studied is the short lived but quantitatively significant private production of large scale high-rise apartments. This paper studies the close relationship between the production of these very different forms of ‘mass housing’: low- and high rise, inner-city and suburban. While the public policy context is rather well known (De Meulder et al., 1999; Van Herck et al., 2006; Devos, 2008; De Caigny, 2010; Smets, 1977; Grosjean, 2010), the private developers that produced this landscape have hardly been studied. This paper studies major players (Amelinckx n.v., Etrimo n.v., Extensa n.v., Van Kerkhove & Gilson n.v.,…) and the architectural and development models through which they managed to create and capture a vast market of commodified housing. Through the detailed reconstruction of large scale commercial development schemes in Antwerp and Brussels, the paper describes the optimism of these mavericks of the Belgian property boom and recollects the radiant suburban promise they delivered. The underrepresented history of these property tycoons leads back to the inter-war period. Somewhat surprisingly, an emerging real estate business reached out to the public sector, aiming to install a joint practice of property and urban development, exploring working methods that easily transcend today’s forms of public private partnership. Moreover, this modus operandi was fueled with a 1938 law that allowed private development companies to accumulate individual savers’ capital. As such, the middle-class masses were openly invited to actively co-produce their own daily environment in the Belgian suburbs. History has proven these ambitions to be far too optimistic. Looking back at it now, these property tycoons seem to have been waiting for a political context and a public that never catered to their entrepreneurial ambitions. In the post-war period, the developers radically changed tactics, swaying from optimistic coproduction to commercial opportunism. Lacking a thorough governmental framework, they started to develop their own spatial policies. This privatization of the real estate sector inspired tycoons such as Jean-Florian Collin (Etrimo n.v.) and François Amelinckx (Amelinckx n.v.) to become the founding fathers of professional organizations such as the U.P.C.L. (1957, Union professionnelle des créateurs de lotissements et de logements) and the U.E.C.L. (1958, Union Européenne des Constructeurs de Logements / secteur privé). Such an international turn was a logical next step in the sequence of earlier evolutions in the liberal Europe of the fifties (with the unified European coal and steel market in 1951, the establishment of the European Economic Community in 1957 as main examples). This ongoing professionalization and de-contextualization led to an extreme abstraction of their modus operandi, both in terms of architecture and urbanization and increasingly left private property development at odds with social housing policy. Although these property tycoons seem to have had little difficulty in luring in the middle classes and in persuading local political boards, today it becomes clear that the premises with which they sold the suburban dream were in most cases imbued with a thin instantaneous optimism that appeared to be too volatile and unilateral to keep up with today’s totalizing and multiple logics of urbanization. While their activities are mostly remembered for the trauma of their bankruptcy affecting many private investors, this paper will highlight the collective failure to embed these large scale endeavors within enduring and intelligent (public) urban development strategies. 23 Abstracts Sessão 1.1 Autor: Tiago Bragança Urban Expansion in Aveiro: the Dr. Álvaro Sampaio Neighbourhood in the work of Alfredo Ângelo de M agalhães Partindo do estudo das dinâmicas de crescimento e expansão da cidade de Aveiro, este ensaio pretende enquadrar a obra do arquitecto portuense Alfredo Ângelo de Magalhães (1919 – 1988), com raízes aveirenses, no desenvolvimento e consolidação do tecido urbano da cidade. Alfredo Magalhães iniciou a sua carreira em 1943, com o projecto turístico do pinhal de Ofir (Fão, Esposende), tendo feito, durante o seu percurso profissional, um significativo número de edifícios ligados ao turismo, provenientes não só da encomenda de grupos hoteleiros, mas também de famílias pertencentes à emergente burguesia industrial. A obra deste arquitecto, ainda em inventariação e estudo, constitui-se por um grande números de projectos de desenvolvimento turístico, desde complexos turísticos de grande escala (Complexo Hoteleiro da Restinga de Ofir, Ofir 1968) a moradias unifamiliares de programa reduzido (casa Alfredo Ângelo de Magalhães, Ofir 1943), bem como por projectos de programas residenciais unifamiliares (casa António Pereira do Vilar, Ofir 1956) ou industriais (fábrica de lanifícios em Arrancada do Vouga) A encomenda privada de moradias unifamiliares a Alfredo Magalhães está, na sua maioria, associada ao desenvolvimento da indústria que se registou em Portugal nos anos subsequentes à Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945). A encomenda privada de projectos residenciais, feita por uma classe média em crescimento, ligada sobretudo à industria e comércio a retalho, traduziuse urbanisticamente na expansão dos centros urbanos. Os planos urbanísticos iniciados pelo Estado Novo (1933 – 1974) com vista ao ordenamento do território, constituíram-se não só em “melhoramentos” de determinados aglomerados urbanos, mas também em planos de expansão de cidades. Estes planos visaram controlar o sentido de crescimento dos centros urbanos mais desenvolvidos, ancorando-se, na generalidade dos casos, a equipamentos públicos, como por exemplo, numa primeira fase, as estações de caminhos de ferro e mais tardiamente os liceus. Inseridos nos planos de expansão dos centros urbanos, estes equipamentos constituíram-se como elementos de referência urbana, nomeando estas áreas, como se verifica no caso de Aveiro, onde a zona de expansão Sudeste, o bairro Dr. Álvaro Sampaio, corresponde, na cidade, ao “Bairro do Liceu”. A ocupação desta área de crescimento da cidade constituiu-se, numa fase inicial, por moradias unifamiliares, isoladas ou em banda, e blocos plurifamiliares de dois e três pisos, sendo o carácter do bairro de acentuado cariz residencial. O bloco residencial, encomendado por José Pereira Zagalo, que Alfredo Ângelo de Magalhães projectou em 1958 para esta área da cidade destaca-se pelo facto de se encontrar implantado por forma a definir toda a frente do quarteirão sem, no entanto estar adossado às construções adjacentes, de menor escala. Com um programa residencial e de comércio – localizado no extremo noroeste, em contacto com o tecido urbano preexistente – este bloco possui uma rua de serviço, afecta apenas aos moradores, à qual estão associadas as circulações, exteriores, e as zonas de serviço de cada um dos três pisos. Interessa perceber que importância teve este bloco de habitação e comércio, na definição do desenvolvimento residencial, que posteriormente se registou e que definiu uma significativa área de expansão da cidade de Aveiro. 24 Abstracts Sessão 1.1 High-Rise Suburbia in Antwerp An analysis of diverse large housing complexes In the postwar period, there was a serious housing shortage in Belgium, as well as in the rest of Europe. Although the majority of the surrounding countries fully choose for high-rise buildings in order to solve the housing need, that was not the case in Belgium. The Christian-Democrats who dominated the political landscape, argued for free standing single family homes on the countryside, their electoral territory. The social-democrats on the other hand, promoted high-rise buildings and large housing complexes in urban areas where the employment rate was high. In Antwerp, where the social-democrats were in power since the second World War and even before, high-rise housing was seen as a good solution. In a belt around the city, mixed development estates with high-rises were developed. In the North of Antwerp, the Luchtbal-estate of Hugo Van Kuyck (1954-1962) emerged, at the left bank in the West Europark designed by Aelbrecht, Bruynswijck, Moureau and Wathelet (1968-1972), and in the South the Kiel-estate designed by Renaat Braem (1953). Although all the four complexes are modernist projects, they completely differ in concept, architectural quality, degree of detailing, etcetera. While the oldest estate, the Kiel-estate is appreciated as a very prestigious, avant-garde social housing project, the youngest one, Europark, is rather seen as a watered down version of modernist housing. And while Renaat Braem was inspired by the Russian Constructivists and Le Corbusier, Hugo Van Kuyck was influenced by American modernism. The layout of the apartments was clearly influenced by the modernist movement. For example, all apartments contain a small laboratory kitchen in line with modernist ideas of the rationalization of the household. However, the size and the plans of the apartments in the various complexes differed considerable. In terms of population, a quite parallel evolution took place in all complexes. While the housing complexes were initially seen as a symbol of progress and modernity, nowadays they are stigmatized as places of marginality and associated with criminality, illegal dumping and migrants. Initially, middle and lower middle class people inhabited the complexes. However, in the seventies, the majority of the initial population left; the newcomers mainly belong to a very social vulnerable class of society. The aim of this paper is to show the diversity of modernist high rise buildings in the fringe of Antwerp. By a comparative analysis, a broad range of modernist high rises and the different concepts that lay at its design, will be revealed. In order to trace back their very roots, some trips to the interwar period will be made. Autor: Els De Vos 25 Abstracts Sessão 1.1 Programmatic M icrocosms: M odern referential buildings from the urban landscapes of M ozambican colonial cities O investimento do governo central e provincial no desenvolvimento infraestrutural de Moçambique, que assumiu maior dimensão no período entre o final da II Guerra Mundial e o eclodir da guerra colonial ou de libertação, conduziu a um acréscimo na programação e construção de edifícios de equipamento coletivo destinados a colmatar as lacunas existentes e acompanhar o contínuo crescimento populacional. O que confere homogeneidade a estas arquiteturas de grande escala não reside na natureza oficial ou privada da sua encomenda e produção ou na especificidade do seu programa, mas antes na formação e prática dos seus autores nos princípios, métodos e linguagens da arquitetura do Movimento Moderno. Mas é igualmente garante desta identidade a liberdade permitida pelas estruturas oficiais e pelos clientes particulares para aplicação de uma nova linguagem, bem como a sua adequação às condicionantes programáticas, económicas, climáticas, tecnológicas e produtivas de um território em acelerada expansão, e ao icónico papel urbano que quase sempre desempenharam. Ao longo desta comunicação serão observados dois exemplos de edifícios de grande dimensão e complexidade, a filial do Banco Nacional Ultramarino, em Lourenço Marques, atual Maputo, e o Complexo Comercial, Turístico e Habitacional Montegiro, em Quelimane. À época da sua edificação ambos constituíram microcosmos programáticos que incorporaram espaços de uso coletivo e espaços habitacionais privados, atuaram como elementos referenciais no continuum espacial das paisagens urbanas nas quais se inscreveram, e simbolizaram os valores de progresso, modernidade e permanência proclamados pelo regime do Estado Novo e expressos pelas sociedades coloniais locais. Autor: Elisiário Miranda 26 Abstracts Sessão 1.2 Urban strategies in Lisbon, Luanda and M acau through modern “boxes and People Shelves” for many people Esta apresentação pretende abordar os antecedentes e os legados da habitação coletiva moderna, através de experiências realizadas em Lisboa, Luanda e Macau. O fio condutor é justamente a cultura arquitetónica portuguesa e a utopia do Movimento Moderno transformada em realidade através do habitar coletivo à escala da cidade. Com o epicentro na Europa, os princípios modernos foram implantados tardiamente em Portugal, e projetaram-se em Angola e Macau quando já não era esperado pela crítica internacional. A partir de 1950 assistiu-se ao protagonismo do bloco de apartamentos como interveniente no processo de construção da cidade, integrado em amplos espaços verdes e numa estrutura viária eficaz. Influenciada por Le Corbusier e pela arquitectura moderna brasileira, a primeira geração moderna portuguesa movia-se entre os ideais dos CIAM. Reconhecemos a supremacia da forma linear que prevalecerá na ordem do traçado urbano e no triunfo de muitos conjuntos habitacionais. Em Lisboa, são exemplo: os vários casos da avenida EUA e o conjunto Montepio na avenida Brasil em Alvalade, as propostas de Martins e Melo e a Unité de Abel Manta nos Olivais ou o conjunto da avenida Infante Santo. Na década de 60, os fundamentos modernos e a influência brasileira foram perdendo o seu protagonismo em Portugal continental e em simultâneo, foram projetados com pujança nos contextos tropicais. Luanda foi transformada num laboratório urbano de experimentação da modernidade ocidental, que se refletiu quer em visões globais de transformação urbana e territorial, quer em séries de obras isoladas e dispersas pela cidade. Evidenciamos as Unidades de Vizinhança de Simões de Carvalho à luz da Carta de Atenas e da regra das 7V de Le Corbusier ou os edifícios isolados de Vieira da Costa, Pereira da Costa, entre outros. Traçamos o percurso do edifício em Torre, desde as experiências de Pereira e Portas no bairro Olivais às torres macaenses do Leal Senado de Ramalho e do projeto-tipo de Vicente como um modelo a ser aplicado em diferentes pontos de Macau e ainda em Luanda. São respostas que não se esgotam e que apareceram em décadas e lugares distintos para fazer cidade dentro e fora do tecido urbano consolidado, como forma de extensão, ou para facilitar operações de descentralização. Destacamos a modernidade dos programas residenciais a nível arquitetónico, urbano e social, mas também a investigação formal e tecnológica que a fundamentou. Valorizam-se espaços ajardinados coletivos, desenvolvem-se sistemas entre universalidade e a adaptação, a funcionalidade e a economia, a veracidade dos materiais e a sinceridade da estrutura. Estes projetos, suscetíveis de ser entendidos como modelos gerais, têm implícitos na sua proposta urbano-arquitectónica elementos de análise e de racionalidade num contexto particular. A clareza das fórmulas compositivas, sistemas de ordem e uso que se traduzem numa determinada estrutura viária, na organização dos bairros residenciais e na forma de incluir os espaços verdes. Autora: Inês Lima 27 Abstracts Sessão 1.2 The Unité as an unavoidable model: three case studies of collective housing in Angola and M ozambique O projecto da Unidade de Habitação de Marselha, desenhada por Le Corbusier entre 1945 e 1952, contribuiu de modo significativo e universal para a definição das tipologias de habitação colectiva no segundo pós-guerra. A “Unité d’habitation de grandeur conforme”, desenvolvida como um protótipo que reequaciona a dimensão funcionalista através da expressão-manifesto da casa como máquina de habitar, permitirá uma experimentação alargada no estudo do alojamento para as massas, pesquisando novas formas de conjugação e de organização interna dos fogos, esquemas de circulação ou de hierarquização dos espaços. O modelo da Unidade de Habitação, bloco misto e repetível, será explorado exaustivamente, não apenas na reconstrução europeia do período pós-guerra, mas também noutros territórios e geografias, procurando adaptar-se a diferentes climas, culturas ou contextos sociais. Nas cidades de Angola e Moçambique, antigas colónias portuguesas, a doutrina e a obra de Le Corbusier têm um especial impacto na produção arquitectónica das décadas de 50 e 60, especialmente na obra de encomenda privada. Embora o modelo urbano predominante nas principais cidades africanas de colonização portuguesa se caracterize por um modelo de cidade sectorizada de desenho inspirado na Cidade- jardim assente numa composição radial e axial, de avenidas largas e extensas áreas residenciais de baixa densidade que privilegiam a habitação unifamiliar, observam-se, pontualmente, e especialmente em Luanda ou Maputo, alguns planos de pormenor que se enquadram conceptual e formalmente em modelos urbanos desenvolvidos a partir da Carta de Atenas e que fomentam a construção de unidades de habitação colectiva. Estes edifícios de habitação, dirigidos a uma burguesia colonial urbana, são projectados a partir do final da década de 50 e marcam significativamente as maiores cidades de Angola e Moçambique durante a década de 60. Embora de dimensão muito inferior à Unidade de Habitação de Marselha, são blocos mistos de habitação, serviços e comércio, que partem das premissas do modelo de referência e ensaiam novas tipologias habitacionais adequadas a um clima tropical. Em Maputo, o edifício Tonelli (1954-1958), projectado por Pancho Miranda Guedes (1925-), o edifício do Montepio de Moçambique (1955-1960), de Alberto Soeiro (1917-?), ou no Lobito, o edifício Universal (1957-1961), desenhado por Francisco Castro Rodrigues (1920-2015), são casos exemplares da interpretação do protótipo corbusiano. A circulação em galeria periférica exterior, a composição hábil da estrutura de conjugação das células de habitação e o sentido racional da organização interna dos fogos são denominadores comuns aos três projectos e reflectem não apenas uma adequada às características climáticas mas também o desejo de modernização da sociedade colonial. Estas obras, herdeiras da Unité e das premissas modernas, são, no entanto, exemplos tardios, desenvolvidos entre o final da década de 50 e ao longo da década de 60, no momento em que, na Europa, os arquitectos ganhavam uma consciência crítica relativamente às posições dogmáticas do Movimento Moderno. Autora: Ana Magalhães 28 Abstracts Lisbon housing from the 1950s: the work of the architect M anolo Potier Sessão 1.2 Embora pouco conhecido, Manolo Gonzalez Potier (1922) “o arquitecto violinista” tem um significativo contributo na construção do território lisboeta nos anos 50 do seculo XX e luandense nas décadas de 60 e 70. Em Lisboa, em parceria com o José Lima Franco, constrói em dez anos cerca de 110 edifícios, sendo assim com outros contemporâneos desta altura contribuiu seguramente para a dinâmica e crescimento urbanístico da capital portuguesa depois da segunda guerra mundial. A considerável produção arquitectónica, principalmente habitação privada marca bairros, ruas e quarteirões inteiros entre eles a Rua Dr. Gama Barros no bairro Alvalade e uma grande parte dos prédios na Rua João do Nascimento Costa no bairro da Picheleira. Em geral trata-se de uma construção simples com uma planta que corresponde aos mínimos de comodidades de saúde e higiene, isto é, habitação económica para uma “nova” classe media. Falamos maioritariamente de uma arquitectura de continuidade que procura um compromisso entre um estilo tradicionalista e uma arquitectura mais moderna. Mas é o conjunto de três edifícios no lote definido pela Avenida Fontes Pereira de Mello, pela Avenida Sidónio Pais e pela Avenida Augusto Aguiar que marcou a arquitectura dos anos 50 na capital. A dupla Potier/Lima Franco é responsável por um momento inovador com a “configuração do prédio de rendimento, encarado como grande conjunto de unidades de habitação ou trabalho” em pleno centro de lisboa. Os apartamentos em bateria de habitação multifamiliar são facilmente transformável em escritório expansível, casa temporária unipessoal ou até num aparthotel. Os arquitectos renovaram a imagem arquitectónica no arranque das avenidas novas junto ao Parque Eduardo sétimo com uma estética mais modernista, anteriormente caracterizado por projectos do estilo ”portuguese suave” e a introdução funcional de uma grande flexibilidade programática. Segundo Ana Tostões este projecto de 1955 reflecte a postura da C.M.L perante uma arquitectura moderna, encerrando definitivamente a questão da “procura do estilo lisboeta” . E é este projecto que Potier, anos depois de ter deixado Lisboa em 1959 para trabalhar em Angola, mantem na memória e concretiza de forma semelhante quanto ao conceito e a configuração contudo agora na antiga Avenida dos Combatentes em luanda. A arquitecto pertence com as suas obras em Angola a geração de arquitectos portugueses que levaram a lição da arquitectura moderna para o universo colonial português na segunda metade do século XX, marcando desta forma a arquitectura moderna tropical. Manolo Potier volta para Lisboa em 1975, altura em que se torna violinista de profissão principal ainda hoje tocando uma vez por semana no Palácio Estoril. Autora: Maria Pommrenke 29 Abstracts Sessão 1.2 Negotiating the postwar Italian city. Shaping public spaces and facilities through housing complexes for the middle-class: 1950s-1970s. Urban public facilities embrace a range of spaces, diverse in terms of dimension and use, shaped and produced through a variety of different policies, as well as through the encounter between a plurality of actors and initiatives (private, public, semi-public…). This paper observes the patchwork of fragmented collective spaces and public facilities shaped in the Italian cities between the 1950s and the 1970s, as the result of processes of negotiation between public institutions, private developers and stakeholders, in relation to the construction of residential buildings and large-scale housing complexes devoted to the middle-class. Our contribution deals with medium and small-sized public spaces/facilities as the typical outcome of the building process that marked the construction of the Italian cities between the 1950s and 1970s. From the scale of the playground – originated close to the “condominio” – to the mediumsized public park at the edge of the new residential sectors, from the neighborhood’s kindergartens and primary schools, to the community’s and sport centers, the analysis of a number of case studies help to revise some interpretative assumptions and consolidated rhetoric on the construction of post-war Italian cities. As part of an ongoing research on the Italian middle-class housing, this paper aims at contributing to the construction of a more nuanced narrative of the forms and the phases of the urban growth in Italy since WWII. Facilities and housing have mainly been studied separately and in a “sectorial” way, as the product of processes that are rarely interweaved, often addressed through one unique perspective - the one of the city plan on the one hand, or the one based on the study of social housing, on the other. However, in middle-class housing complexes, these two dimensions of “living/inhabiting” are closely interrelated and together they contributed to actively build the “ordinary” Italian city. In fact, the aggregation between middle-class houses and shared/collective spaces bring to the light a fragmented process of construction, implemented through series of punctual processes of negotiations between private and public actors. Nowadays their interrelationships still represent a focal point of social cohesion, urban quality and livability. Autoras: Gaia Caramellino Cristina Renzoni 30 Abstracts Sessão 1.3 Um M undo Novo: Transformações na M argem Sul (o sector industrial como gerador de habitação) A industrialização na segunda metade do século XIX aumentou a procura pela habitação de baixo custo nas cidades. Cerca de um terço da população residente na cidade de Lisboa era maioritariamente constituída por pessoas de origem rural. Os fluxos migratórios justificavam-se com a esperança de conseguir trabalho nas indústrias que floresciam. O desenvolvimento industrial das últimas décadas do século XIX corresponde ao período onde existiram mais transformações tecnológicas e mudanças estruturais no sector, foi também marcado por acontecimentos políticos e por mudanças sociais forte impacto para a sociedade portuguesa à época. Autora: Mafalda Pinheiro Assiste-se a um período de declínio na manufaturação e ao crescimento da produção industrial . As condições de vida dos trabalhadores agravam-se nas últimas décadas do século XIX, correspondendo ao período de concentração da indústria na capital. Os salários reais sofrem uma forte quebra e em paralelo dá-se um aumento nos preços de alimentação, vestuário e habitação. A introdução das maquinarias nas fábricas fez com que se poupasse a força humana, permitindo desta forma a redução do preço de mão-de-obra de mulheres e crianças nos meios industriais. Originando a que as famílias de operários procurassem a habitação de custo mais reduzido. A partir de 1870, começou-se a construir a “vilas” para as classes sociais mais baixas. Esta foi uma iniciativa tomada quer por pequenos proprietários quer por industriais, que construíam habitação para os seus próprios operários. Não se pode dizer que existia uma classe operária que se distinguisse. Os trabalhadores industriais coabitavam com outros estratos socias de ocupação mais tradicional, formando um grupo social denominado por “classes laboriosas” que ocupavam os “pátios” e “vilas”. A habitação torna-se uma questão de discussão politica. Até ao final do século tanto as entidades governamentais como as autoridades municipais rejeitavam a responsabilidade na construção de habitação de baixo custo. Tendo como preocupação dar incentivos a promotores privados para a construção de habitação e controlar a atividade desses construtores privados. Na nova cidade em que os tecidos urbanos se expandem para além dos tradicionais limites. O planeamento urbano é substituído pelos interesses privados de promotores imobiliários em que as suas múltiplas propostas e desconexas entre si geram uma cidade decomposta e ineficaz. 31 Abstracts Sessão 1.3 Autora: Telma Ribeiro Da "Barraca" à Casa e da Casa à Cidade. O Programa Especial de Realojamento em Lisboa (Casos de Estudo) Numa análise geral do programa PER, pode dizer-se que, tal como acontecia com programas de realojamento anteriores, este pretendia construir habitação de baixo custo, com o objetivo específico de realojar, num curto espaço de tempo, grandes massas que viviam anteriormente em condições consideradas indignas. Algumas questões, mesmo que aparentemente simples, ganhavam forma à medida que progredia a pesquisa: Será o PER um programa totalmente bem-sucedido? Qual a qualidade arquitectónica destes bairros de baixo custo? Quem os desenhou e em que contexto foram construídos? Quais as condições atuais de vida dos seus habitantes? Uma das questões de fundo deste trabalho de investigação abordava ainda novos pontos: perante a diversidade de programas de realojamento testados desde a Revolução de Abril de 1974, que aspetos inovadores podiam ser apontados ao PER? Teria este programa sido bemsucedido na construção de uma cultura nova na abordagem ao problema da habitação em massa? Existiria um modelo de intervenção às diferentes escalas de projeto (cidade, bloco residencial, célula habitacional) que distinguisse o programa PER? Que conclusões poderíamos retirar após 21 anos do início do desenvolvimento do PER e com 65 bairros construídos, dos quais 25 são promovidos pelo próprio município e 40 por aquisição realizada por várias entidades, no total de 8.817 unidades residenciais, e uma população estimada em 8.595 habitantes realojados, num custo total de 446.579.504 €? Finalmente, que cidade construíram os diferentes bairros concretizados ao abrigo do Programa? Com o estudo de alguns bairros PER na área metropolitana de Lisboa, este trabalho visa, então, analisar um tema que não foi ainda estudado de forma ampla. Limita-se o estudo a uma área geográfica muito definida: a Cidade de Lisboa, tendo em conta a extensão possível desta dissertação, que não permitiria uma análise mais alargada do PER, estendendo-a ao Porto onde o programa também foi implementado, por exemplo. Optando por apenas uma zona, a escolha recaiu sobre aquela que se encontra mais próxima e, portanto, mais acessível para observação direta. 32 Abstracts Sessão 1.3 Autor: João Cardim Da Célula à Cidade: Composição M odular e Planeamento Urbano n a Obra de Justino M orais (1966-1975) Esta comunicação incide na apresentação de uma proposta de investigação, a sua breve descrição e uma proposta metodológica para o seu desenvolvimento, no âmbito do programa de Doutoramento em Arquitectura dos Territórios Metropolitanos Contemporâneos do ISCTE - Instituto Universitário d Lisboa. Pretende-se, nesta tese de doutoramento, efectuar um estudo comparativo de 19 conjuntos habitacionais projectados e construídos entre 1966 e 1975 em várias cidades do território português, no âmbito das Habitações Económicas - Federação de Caixas de Previdência (HE-FCP) e do Fundo de Fomento da Habitação (FFH). O elo de ligação entre estes conjuntos, bem como o especial interesse no seu estudo, reside no facto de terem sido desenhados pelo mesmo arquitecto – Justino Morais (1928-2011) – e de serem o resultado da aplicação de um “Sistema Modular” desenvolvido por Morais em 1962 enquanto “Arquitecto Regional” das HE-FCP. A análise destes conjuntos, que totalizam cerca de 4500 fogos e que estão localizados em diversas zonas do país – como na Grande Lisboa, em Braga, Setúbal, Portalegre ou Évora – permitirá colmatar em parte a carência de estudos sobre a habitação económica fora do Município de Lisboa entre 1960 e 1980 (segundo Francisco Silva Dias, in Portas, 2013: 11). Pretende-se, igualmente, enquadrar esta produção urbanística e arquitectónica no contexto temporal, conceptual e territorial em que se insere. Importa então perceber como se efectuou a discussão multifacetada em torno da questão do habitat humano nos anos do pós-guerra, nomeadamente nos países ocidentais, e como este tema foi introduzido e desenvolvido em Portugal, dando especial enfoque ao design modular como ferramenta de projecto e como resposta mais económica e eficiente aos desafios da habitação em grande escala. 33 Abstracts Sessão 1.3 A habitação como projecto de cidade. Lisboa, os projectos de promoção pública – 1910|2010 A cidade constrói-se ao longo do tempo através da conjugação de duas partes essenciais que compõem o seu tecido urbano – os espaços públicos e os espaços privados (COELHO et al. 2013). Se aos espaços públicos se atribui a missão de estruturar a cidade, aos espaços privados cabe o papel de dar corpo ao conjunto. Este corpo, é essencialmente constituído por habitação, a função que, sendo a mais “silenciosa” face ao protagonismo do espaço público, é a que constitui o seu tecido conjuntivo. A esta leitura de que a cidade é, essencialmente, constituída por matéria residencial, junta-se a questão da crise da habitação cuja problemática marca o século XX; estudam-se, portanto, os projectos habitacionais de promoção pública, desenvolvidos entre 1910 e 2010, em Lisboa. A «cidade das sete colinas», conhecida pela sua topografia acidentada e decorrente diversidade urbana, apresenta um manancial vasto de tecidos residenciais de natureza morfológica distinta. No decurso destes 100 anos, os desenhos dos projectos, tanto o desenho legal como o desenho urbano, registam alterações que são dignas de reflexão e registo. Verificados o início e o fim de um processo, importa fazer um balanço, que, neste contexto, se dedica à questão do projecto urbano habitacional. No processo de leitura dos projectos habitacionais de promoção pública planeados e construídos na cidade de Lisboa a partir de 1910, implementação da I República e até 2010, podem ser identificadas diversas invariantes sociais, politicas, legais, processuais, de localização, morfológicos, tipológicos e de relação com a cidade e território existentes capazes de estabelecer padrões de ocupação per si. Através da leitura dos projectos habitacionais de promoção pública construídos em Lisboa e das suas invariantes, este trabalho propõem-se identificar padrões morfológicos na produção da cidade habitacional de promoção pública no período de 1910 a 2010. Propõem-se, então, a construção de um quadro morfológico assente no cruzamento de factores de ordem supra-estrutural, de abordagens de análise ao nível da estrutura da cidade assim como de uma leitura formal dos conjuntos edificados que, articulados com a análise de uma tábua diacrónica desenhada, constroem o argumento deste trabalho. Resulta deste cruzamento a definição de uma Cronologia dos Projectos Habitacionais de Promoção Pública em Lisboa entre 1910 e 2010. O desenho de uma classificação permite uma sistematização que, a par, propõe uma reflexão acerca da capacidade destes projectos para o fazer cidade. Das características próprias do objecto e do objectivo do estudo, decorre a necessidade de utilizar uma metodologia comparativa de análise, assente no desenho como instrumento de reflexão. É, portanto, pela análise de casos de estudo e verificação, por via do desenho, de fenómenos urbanos que, pela sua permanência constituem padrões, que são deduzidas as “regras abstractas” (BUSQUETS e CORREA 2006) ou implícitas que desenham uma categorização. Desta proposta de classificação tipo-morfológica, resulta a leitura de sete tipos que estabilizam as formas urbanas dos projectos habitacionais de promoção pública produzidos em Lisboa no séc. XX. Autora: Filipa Serpa 34 Abstracts Luís Cristino da Silva, Nova Oeiras, Portugal (1952- 1967) Sessão 2.1 Será Nova Oeiras, uma Ville Contemporaine portuguesa? Sob a égide desta questão pretende-se uma reflexão sobre o papel que a utopia exerce no modo de pensar e fazer arquitectura, originando mudanças de paradigma nos nossos modos de habitar e viver a cidade. À luz deste postulado interessa-nos perceber, por um lado, de que modo os ensinamentos de Corbusier, e mais precisamente a Ville Contemporaine de 3 millions de habitants (1922) estão ou não decalcados em Nova Oeiras; por outro lado, como a realidade de meio século passado português bebeu estes ensinamentos, aplicou-os e repecurtiu-os nos métodos dos nossos dias. A Ville, no pensamento corbusiano constituí os princípios fundamentais do urbanismo moderno. É uma utopia de blocos-torre criteriosamanete zonados num imenso verde com sol e ar para todos. É através do zonamento tipológico, da relação da arquitectura com a natureza, bem como no conteúdo dessa arquitectura que são estabelecidos os paralelos com Nova Oeiras. É na organização zonal das tipologias do plano (equipamentos e habitacionais - torres, blocos e moradias), que a grande mudança de paradigma habitacional reside. No centro da composição, para a classe média são projectadas torres. Não se deixa de viver individualmente mas passa-se a viver em colectivo, vive-se na casa mas é na torre que a vida moderna é vivida em sociedade. No entanto, é esta mudança que carece aceitação por parte da sociedade portuguesa. Se por um lado a torre é ao longo dos tempos objecto de desejo, é também de controversia. Neste sentido, aquando da construção do plano de Nova Oeiras, mais do que o papel difusor das publicações periódicas, foi o 1º Congresso Nacional de Arquitectura (1948) o factor preponderante na divulgação e consequente aceitação do postulado corbusiano: por via do congresso, a ideologia moderna de Corbusier difundiu-se propocionando a mudança de mentalidade e originando uma revisão nos modos de habitar. A desinficação vertical, a torre, é a imagem do colectivo e do moderno. Ao longo dos tempos tem sido o objecto de diversas utopias, e foi o objecto que gerou controversia na aceitação do plano de Nova Oeiras. No entanto, a imagem que associamos a Nova Oeiras, e a imagem que pretendemos preservar, é a de seis torres implantadas num verdejante parque urbano à procura do melhor sol. Foi esta mesma imagem de torre que domina uma paisagem, que Cristino da Silva na década de 60 perseguiu em diversos estudos. “Utopiou” uma torre de 20 pisos para o centro do plano que jamais foi construída. Nas seis torres (D, E, F, G -1958; I, H-1965), construídas, de 10 pisos, os seus 39 fogos estavam pensados de modo a adequarem-se à realidade social e económica das famílas que os iriam habitar. Internamente organizavam-se funcionalmente em consonância com a melhor exposição solar para cada zona da casa (privada, social e serviços). Apesar dos contextos urbanos serem distintos, encontram-se similitudes entre a torre do Areeiro e as torres de Nova Oeiras, algo que nos deixa a reflectir. Autora: Délia Paulo 35 Abstracts A M ancha, a Linha e o Ponto: A expansão de Lisboa ao longo da Linha de Sintra Sessão 2.1 Tendemos a avaliar o outro por analogia connosco próprios; o mesmo tem acontecido entre a Cidade e o seu outro – o Subúrbio – o que trouxe ao estudo desta nova forma urbana, contínuas confusões e vagas designações como difuso, disperso, fragmentado, extensivo, descontínuo. Desde os anos 60 que termos como Exurbia (Vernon 1962), Metropolis (Vance 1964), Outer City (Herrington 1984), Edge City (Garreau 1992), Ville Archipel (Viard 1994), Troisiéme Ville (Mongin 1995), Métapolis (Archer 1995), Ville Émergente (Dubois-Taine, G. e Chalas, Y. 1997), Ville Éclatée (Haumont e Lévy 1998) e Pulp Urbanscape (Gaspar 1999) têm sido utilizados para suportar reflexões sobre o crescimento de territórios plurais nas formas de ocupação e de povoamento, em torno de grandes cidades. No caso específico de Lisboa, recentes estudos sobre a alteração da mobilidade e da demografia – “Da cidade pedestre à metrópole do automóvel” e “Dos subúrbios citadinos aos subúrbios metropolitanos”, Nunes (2009/10) – da forma – “Formas de habitat suburbano”, Cavaco (2011) – da infraestrutura – “A rua da estrada”, Domingues (2012) – e da cartografia multi-temporal – “Processos de expansão de urbana e mudanças na paisagem”, Sá Marques (2012) – que informam os mesmos territórios suburbanos através do estudo de elementos específicos e de pontos de vista disciplinares diferentes mas complementares. Ainda assim, o processo de suburbanização de Lisboa é menos conhecido (Nunes 2010), especialmente a partir da dinâmica dos povoamentos que a constituem, em vez de analisar o mesmo a partir da cidade de Lisboa. Quando olhamos a evolução demográfica de Lisboa e dos seus subúrbios verificamos não estar perante uma cidade que tenha assimilado os habitantes exteriores a si, num sentido centrípeto, esvaziando-se depois para os territórios contíguos, num sentido centrífugo, num processo de suburbanização clássico. Lisboa-cidade nunca teve mais de 800 mil habitantes (1981, INE 1960-2011), o que faz com que os restantes 1,2 milhões de residentes na AML, tenham vindo diretamente para o subúrbio, fazendo parte da evolução dos povoamentos periféricos, antes de fazerem parte da metrópole. O artigo a entregar é um ensaio para o desenvolvimento de uma investigação mais ampla que ambiciona rever as transformações urbanas dos últimos 60 anos na região metropolitana de Lisboa através de um novo ponto de vista: em vez de centrar na cidade para estudar a mancha suburbana, propõe-se analisar a expansão de Lisboa através do crescimento das povoações da periferia. Para tal escolheu-se a Linha de Sintra como caso de estudo, desde Sintra à Amadora, pela sua variedade de tecidos urbanos, de planos realizados e de intervenções urbanas recentes, como o Cacém Polis, mas também por ser a linha suburbana que maior concentração demográfica alcançou nas últimas décadas, atualmente com mais de 555 mil residentes. Propõe-se através deste ensaio a revisão crítica do modelo vigente, a “mancha de óleo”, demonstrando – através das diferentes evoluções morfológicas e demográficas dos povoamentos ao longo da Linha de Sintra – que os fluxos demográficos/urbanos entre campo/cidade/subúrbio são melhor definidos através de uma ideia de relação gravitacional e expansiva entre pontos (aglomerados rurais e urbanos) do que como uma expansão difusa em mancha, tendo a cidade de Lisboa como centro de origem do “derrame”. Autor: João Pedro Caria Lopes 36 Abstracts Sessão 2.1 Autora: Vítor Mingacho A ambição de metropolização das cidades médias do interior Português. O PDM como projecto de cidade: o caso de Castelo Branco O presente artigo pretende contribuir para a compreensão sobre o modo como os Planos Directores Municipais se estabeleceram como o grande projecto de concretização das ambições de metropolização das cidades médias do interior de Portugal. Efectuar-se-á, assim, uma contextualização das origens e objectivos na criação destes instrumentos de planeamento urbano. Segue-se numa leitura crítica do PDM de Castelo Branco, do seu regulamento e das suas sucessivas alterações, bem como na verificação das previsões de crescimento aí presentes e no questionamento dos seus pressupostos programáticos. Será assim explicitado o modo como este instrumento de planeamento se estabelece como um marco fundamental na criação de uma economia de urbanização, assente numa forte expansão da oferta habitacional de iniciativa privada, destinada a uma classe média emergente fortemente ligada à criação de valências públicas. Analisar-se-á, ainda, a forma como este modelo de desenvolvimento se implanta num contexto de valores de crescimento económico, mais lentos que a média nacional, e em que a iniciativa privada se revela incapaz de acompanhar o investimento público e promover, por si só, grandes acções de modificação da realidade urbana destas cidades. 37 Abstracts A (re)produção urbana de Luanda, O caso da Cidade do Kilamba Sessão 2.2 Compartilhando da crescente inquietação que agita os meios especializados no destino da função urbana e arquitetônica atual em Luanda, província sede do governo de Angola, este artigo está orientado, através do estudo de caso da Cidade do Kilamba, a produzir uma reflexão sobre o processo de (re)produção do espaço urbano, planeado como parte do Programa Nacional de Reconstrução nos primeiros dez anos do pós guerra civil (de 2002 a 2012). Durante os 26 anos da guerra civil angolana, a capital foi a que mais sofreu alteração na sua estrutura urbana, pois recebeu fugitivos de todas as outras províncias do país, gerando um aumento significativo da sua densidade populacional. A atual morfologia é resultado de um processo histórico que reflete desigualdades sociais materializadas em territórios segregados no interior do tecido urbano e que se expandem para além dos limites da cidade formal. Problemas de infraestrutura, ocupação irregular, carência habitacional e falta de planeamento são realidades que influenciam a qualidade do ambiente construído. Com o fim da guerra, o Governo de Angola passou a criar políticas de reconstrução e desenvolvimento com o intuito de reordenar e regulamentar o território e de reduzir o deficit habitacional presente em todos os níveis sociais, projetando assim, um futuro com mais condições de habitabilidade para a população. Contemplada com vários programas de investimentos públicos e privados, Luanda viveu uma década de um acelerado processo de urbanização gerando intensa expansão do seu caráter metropolitano e modificando as interligações urbanas. A Cidade do Kilamba, para além de ser o maior projecto habitacional implementado em Angola, é também o primeiro a se desenvolver no âmbito das novas estratégias definidas pelo governo e serviu como modelo de reprodução em diversas províncias do país. O objetivo do estudo é avaliar algumas das variantes do modelo de intervenção, produzindo indicativos que possam apontar factores determinantes do resultado do espaço construído. Pretende-se identificar como se deu o processo de criação e implementação da Cidade do Kilamba e quais foram os modelos e as referências utilizados. Interessa perceber de que forma este território se articula e de que forma se relaciona com a capital. Quatro anos depois de sua inauguração, que contraposição é possível apontar entre os objetivos iniciais do projeto e a realidade que se apresenta. Autora: Juliana Guedes 38 Abstracts The urban upgrading projects in Cairo. Through social sustainable perspective Sessão 2.2 Most Developing nations suffer from exploding and hard to harness Housing problems primarily manifested in a steadily expanding gap between provision and demand in the lower socioeconomic sectors of the population. Autor: Ahmed Abd Elghany Morsy The troubles are further accentuated by rapidly deteriorating housing stock, high rates of population development, regional imbalance, urbanization explosion, low productivity, deficient housing &construction industry, inappropriate formal housing policies and inadequate housing and development legislations. Which of necessity lead to the topic of urban deteriorated pockets specially in the center of the old town , the state tries hard to resolve the trouble. But most of the state effort in the three past decades didn’t succeed to solve the problem or to change the physical situation of the existing areas, for a number of reasons, the most important one is the financial burden, and the main conflict existing between the different types of stakeholders : Local Landowners those are seeking for rebuilding their land , for themselves use and limited investment. Housing units occupiers , who are seeking for securing their homes after upgrading . Some investors those are seeking for the maximum revenues. It demands to change our vision to the problem and to freshen up the mechanisms of upgrading to boost the stakeholders participation under the state supervision , to boil down the state burdens , and to balance between the rights of all types of stakeholders This research seeks to present a fresh look to the urban mechanisms for dealing with the deteriorated areas, depending on the local community participation, which can help to encourage stakeholders, to develop their local deteriorated areas, taking into account the different needs and objectives of each type of stakeholders. This paper will focus on the stackholders participation approache in order to plan for equality in the urban planning and upgrading projects , with application on one of the most famous upgrading projects in cairo (maspero) . 39 Abstracts In between slabs, the “infraordinary” of M odernity Sessão 3.1 Between the 1950s and the 1980s housing projects where constructed around the globe embodying an idea of modernity, due to the construction technology and to the way everyday life was given shape, whether it was the habitat for a “modern way of life”, in the west, or for the collective life of the “home nouveau”, in the east. This globalized form of towers and (high-rise) blocks of social housing is interesting at a double level: as an « imposed » urbanism provoking a standardization of way of life and, at the same time, as the context of multiple forms of reappropriation and transformations by inhabitants. In fact, from Europe to Asia, passing by Africa and North and South America, we can observe diverse “evolutions” and “hybridizations” of the same urban-architectural form reshaped by the forces of everyday practices and initiatives of ordinary citizens or communities transforming them. In the context of contemporary debate on 1) conservation or destruction of these architectural and urban form and 2) informality and the city, attention must be paid to the genesis and comparisons of these diverse inhabitant’s initiatives that have been and are taking place within the context of big social housing projects. In this paper we will focus on the process of hybridizations of such a “hard” urban model by analysing the “infraordinary” production of space as emancipation from the “form”, emancipation from Modernity and its ideal way of inhabiting the world. We will present a comparative and inter-disciplinary study built on cases from France, Italy, Senegal, Mongolia, Vietnam, and Myanmar. Our paper seeks to critically examine the re-shaping forces of everyday practice and community appropriation of hard and standardise habitat in order to discuss this process as the place where the conflict between globalized design trends and the struggle to locally belong unfolds. Following the idea that focusing on the interaction between standardisation and differentiation is a way to reframe our understanding of mainstream urban planning, our paper presents and examines worldwide situated case-studies of this phenomenon, particularly from a grounded, i.e. ethnographical, and inter-disciplinary perspective. Autores: Olivier Boucheron Maria Anita Palumbo 40 Abstracts Sessão 3.1 Da simpliCidade à complexiCidade ou a urgência da transformação dos complexos habitacionais O crescimento suburbano foi quase sempre um crescimento optimista. Optimista para proprietários que rentavelmente davam destino a terrenos há muito desligados das práticas agrícolas; para especuladores que se valiam da enorme pressão de uma procura sem alternativas viáveis no mercado do alojamento; para os compradores que, na contínua (e aparentemente infinita) valorização da propriedade, viam o seu património inchar; para o capital financeiro que encontrava níveis de rentabilização estratoféricos e a muito baixo risco; para as autarquias, enfim, que dali obtinham recursos (envenenados pelo que representam no futuro) que eram parte significativa dos seus orçamentos anuais. Foi deste optimismo irrepetível, espécie de alienação colectiva, que se permitiu o surgimento de uma área metropolitana carente de ordenamento territorial. Este, aliás, seria uma exigência pouco aceitável neste quadro de euforia para todos, inclusivamente para o Estado central que sentia com agrado o alívio da pressão social neste domínio. Relembre-se que já no período de formação dos bairros clandestinos (hoje AUGI) o Estado permitia a construção “à multa”, isto é, ao mesmo tempo que marcava a sua presença autoritária através de uma fiscalização soft jamais o fazia de modo a dissuadir os proprietários da construção da sua própria casa, já que isso lhe estava a resolver um dos maiores problemas que tinha entre mãos. Estas breves notas ajudam a contextualizar as duas originalidades que esta comunicação pretende fazer ressaltar duas originalidades ligadas aos grandes complexos habitacionais dos subúrbios lisboetas: a sua geração em espaços que tiveram apenas de acolher infra-estruturas e que correspondiam integralmente a propriedades que ficaram perpetuadas na toponímia dessas urbanizações (ou complexos habitacionais) - Quinta da Piedade, Alto da Eira, Quinta das Drogas, Morgado, etc., - e sem qualquer articulação entre si do ponto de vista viário, espaço público, urbanístico ou arquitectónico; a sua organização e estrutura interna onde se destaca a aridez funcional e a ausência de centralidades formais, isto é, espaços públicos que se constituam como referências identitárias para as comunidades residentes. A ideia de complexo parece assim completamente despropositada na sua aplicação a estes conjuntos de edifícios esmagadoramente de natureza habitacional sem capacidade de estabelecer relações com os demais espaços construídos (também eles nas mesmas condições) mas também sem capacidade de promover no seu seio a coesão interna e a multifuncionalidade de que são feitas os espaços urbanos de sucesso. E assim se construiu o subúrbio. O optimismo de ciclo curto da especulação exige agora o realismo para contrariar o declínio e garantir o ciclo longo da sustentabilidade. Pretende-se, assim, olhar de perto para casos emblemáticos da primeira e segunda coroa metropolitana de modo a demonstrar estas duas originalidades que fazem a simpliCidade e contribuir para a concepção de mecanismos e instrumentos capazes de a reverter para uma maior complexiCidade, através do ajustamento dos instrumentos de gestão urbanística; de financiamento municipal e comunitário; de intervenções urbanísticas dirigidas para a criação de espaços de referência; de animação urbana e comunitária. Autor: Jorge Gonçalves 41 Abstracts Sessão 3.1 Autora: Marta Santos Dialéctica espacial na promoção pública de habitação: o factor dimensão de bairro na satisfação residencial Resultado da promoção pública de habitação na cidade de Lisboa existem hoje, com especial incidência na cintura interna, 66 núcleos habitacionais bastante heterogéneos do ponto de vista da sua antiguidade e da sua dimensão (que vão desde as 20 habitações até 2173). Os residentes destes bairros foram objeto de um inquérito de satisfação residencial e participação cívica promovido pela empresa municipal GEBALIS (entidade gestora do arrendamento social no concelho de Lisboa). Os resultados desta pesquisa apontam para uma relação muito significativa entre a dimensão de bairro e os indicadores de satisfação residencial, ao mesmo tempo que dão conta de fortes sentimentos de identidade local depositado nestes espaços habitacionais que interrogam as veiculadas «imagens» estigmatizantes dos bairros de realojamento. Trata-se de pistas de reflexão, sobre a associação entre a construção do espaço físico e a sua apropriação, prática e simbólica, que evidenciam por um lado, a diversidade que se estrutura por detrás de uma aparência de homogeneidade social e a complexidade da conceptualização da satisfação residencial para populações onde a cidade é, ao contrário de outras, o lugar da não escolha. 42 Abstracts Sessão 3.2 Habitação, utopia e urbanização nos limites de duas metrópoles contemporâneas São Paulo / Paris (1960-2010) A partir do entendimento simultâneo da situação de territórios emblemáticos de habitação social na periferia de São Paulo e Paris - a Cité Balzac, um grand ensemble característico dos anos 1960 que atravessou recentemente um profundo processo de ‘renovação urbana’ confrontada com um fragmento da Cidade Tiradentes, o maior complexo de conjuntos habitacionais da América Latina, na tese de doutorado em cotutela recentemente defendida procuramos estabelecer similitudes, contrastes, questões comuns e ‘olhares cruzados’ entre a história da habitação social nos últimos cinquenta anos em ambos os países, para além das diferenças entre os dois contextos nacionais. Esta ‘aventura comparativista’ nos permite entrever o que há de estrutural nos projetos de grandes conjuntos habitacionais tanto na Europa quanto na América do Sul, além de acompanhar em paralelo as transformações que este modelo urbanístico sofreu ao longo das últimas cinco décadas. Projetos recentes de renovação urbana, de novos conjuntos habitacionais e equipamentos públicos de excelência em ambos os territórios confirmam a excepcionalidade dos casos estudados, apontando para transformações nos horizontes políticos, nas utopias e nos paradigmas projetuais. Nesta comunicação, após uma breve apresentação dos territórios estudados e de sua história dos dias gloriosos à crise, passando pelas transformações sociais e pelo começo do fim, com a generalização da violência e da estigmatização de seus moradores, procuraremos enfocar três aspectos que emergem como traços comuns entre os dois contextos, agrupados esquematicamente sob os títulos ‘a nova velha ‘questão’ da habitação social’, ‘heterotopias ou novas utopias’ e ‘tumulto no conjunto’. Autor: Diego Beja Inglez de Souza 43 Abstracts Parque das Nações - a selective large housing complex? Sessão 3.2 Parque das Nações is a very recent neighbourhood of Lisbon and one of the most prestigious. Located in the eastern part of the city and spreading over five miles of river front, this territory results from the major operation of urban regeneration inherited from the World Exhibition Expo'98, that brought it a new centrality, multifunctional though largely residential, and greatly increasing its value in economic, social, aesthetic and symbolic terms. While some positive urban solutions were implemented, it was also impossible to avoid some of the most common weaknesses attached to this model of urban projects, namely, the financial interests of the private sector and the discretionary nature of the urban project. The success achieved in commercializing the site meant it took approximately 10 years to finish the project and this area has become emblematic of the sophisticated and contemporary image that Lisbon wants to present to the world. The result was a new neighbourhood with a more or less deliberate system of social identity and selective belonging, repeating examples of appropriation of renewed waterfronts by groups with higher economic power. Moreover, the exceptional circumstances involved in its construction, its image of urban unity, the contrast with its surroundings and the homogeneous characteristics of residents (in social, economic, cultural and lifestyle terms) allow perceiving a strong link between the residents and their space and a social identity constructed internally by them as a way of distinction from the outside world. Despite the close proximity, the Parque das Nações is not a suburban territory. However, some of its urban and experiential components allow to establish some parallels with large housing complexes, as it’s intended to demonstrate. Autora: Maria Assunção Gato 44 Abstracts Sessão 3.2 Autores: Roberto Vanacore Felice De Silva Open spaces and design of public residential settlements of the late twentieth century. The quality of the open spaces in the public residential settlements determines the quality of living and acts on the overall quality of the city. In this view the paper is about the issue of the quality of the open spaces of public residential settlements through a survey on the habitability of the open spaces in the southern suburbs of the city of Avellino, to explore their physical dimension, but also the social and symbolic one, and represents an opportunity to reconsider the regeneration project of the public residential settlements starting just from their open spaces, with a critical view on the new ways of living in the house and in the city. 45 Abstracts Sessão 4.1 Autor: Bruno Parente Quando o modernismo chegou à “Arquitectura” – a divulgação de dois casos de habitação colectiva em Alvalade Suporte de eleição para a experiência do moderno em Lisboa, o plano de Faria da Costa para o Bairro de Alvalade permitiu, além da expansão periférica da cidade face ao núcleo histórico central, a concretização de algumas das bases canónicas do modernismo enunciadas na Carta de Atenas. Este património moderno tem porém sofrido, ao longo das últimas décadas, alterações significativas decorrentes de reconfigurações do uso e de apropriações informais por parte dos seus habitantes. São mutações que questionam a resiliência identitária do modernismo e a racionalidade proposta no urbanismo progressista de Corbusier. O artigo que nos propomos desenvolver procura, a partir de um conjunto seleccionado de edifícios modernistas de habitação colectiva do Bairro de Alvalade, analisar, numa perspectiva diacrónica, o discurso presente na divulgação e representação deste edificado na imprensa e publicações da especialidade. A análise dos artigos publicados incidirá sobre as seguintes obras: Bairro das Estacas - Ruy Jervis d’Athouguia e Sebastião Formosinho Sanchez Conjunto habitacional na intersecção da Avenida de Roma com a Avenida Estados Unidos América - Filipe Figueiredo e José Segurado Conjunto habitacional na Avenida Estados Unidos América, 12-48 - Manuel Laginha, Pedro Cid e João Esteves Conjunto habitacional na Avenida Estados Unidos América, 113-131 - Croft de Moura, Henrique Brandão Albino e Nuno Craveiro Lopes. Procurar-se-á evidenciar a amplitude do debate disciplinar em torno da divulgação do projecto moderno ao longo de mais de meio século na imprensa especializada e a evolução desse discurso durante a consolidação, o declínio e a influência que o modernismo recuperou na contemporaneidade e que Eduardo Souto de Moura sintetiza num artigo de 2001 do Jornal dos Arquitectos: “O que me interessa no Bairro das Estacas é a sua referência hoje. É o Método 50 anos depois; (…) passados 50 anos por muito que nos custe, a Carta de Atenas ainda não tem alternativa viável”1. No entanto, as mesmas imagens de suporte fotográfico que surgem publicadas no artigo evitam todas as apropriações e deformações introduzidas no conjunto pelos seus moradores e expõem antes uma realidade nostálgica recortada e filtrada que não tem correspondência com a expressão real do edificado na actualidade. Pretende-se assim confrontar o modo como a difusão dos fundamentos metodológicos, políticos e sociais do modernismo se tem intersectado criticamente com a experiência efectiva do uso e da vivência e qual a expressão dessa crítica na imprensa periódica perante as fendas e lacunas que o racionalismo moderno abriu ou deixou sem resposta. 46 Abstracts Portugal, antes de zero. Sessão 4.1 1976 era baptizado o ano dois de Portugal pelo olhar exterior de uma das grandes referências editoriais de arquitectura da época, a revista L’Architecture d’Aujourd’hui, através da publicação de um dossier temático dedicado ao país. A visibilidade adquirida pela revolução de abril e pelo processo que se lhe seguiu – em contraste com a afirmação da cultura pop de que a revolução não seria televisionada – orientava-se também para o âmbito disciplinar da arquitectura e para a sua relação com a transformação social em curso. Essa atenção viria a ser determinante para a internacionalização da arquitectura portuguesa, que ganharia máxima expressão no protagonismo que posteriormente viria a adquirir Álvaro Siza. No rescaldo do entusiasmo por um período em que todas as possibilidades pareciam em aberto, inteiras e limpas, o dossier ‘Portugal an II’ apresentava uma abordagem algo ecléctica, que procurava sintetizar a experiência do período anterior, sob o regime de ditadura, para depois apresentar experiências diversas, de arquitectos que desenvolviam soluções individuais, baseadas nas suas experiências e influências particulares. Os autores apresentados faziam já parte do universo publicado dentro do país anteriormente, alguns deles ligados ao grupo que tinha tomado a dianteira do debate e da divulgação na revista Arquitectura. Sintomaticamente, no período a seguir à revolução, esta iniciativa editorial tinha esmorecido – era o tempo de participar e de fazer, mais do que de reflectir. Mas e antes, antes desse ano zero? Como se discutia a arquitectura e a cidade, como se processava o debate num tempo em que se estimava uma necessidade massiva e premente de produção de habitação? Propõe-se aqui realizar uma análise da discussão disciplinar, a partir das publicações periódicas especializadas, relacionando-a com o âmbito internacional e a sua perspectiva sobre o país. Num tempo em que na Europa se questionava a cidade produzida no pós-guerra, se contestava sem a premência de desenvolver novos modelos, o momento contrastava com a situação portuguesa, em que a necessidade era ainda de construir, e o modo como se debatia era também a preparação do futuro que viria. Autor: Rui Seco 47 Abstracts Sessão 4.1 Publi/cidades: uma leitura do problema da habitação a partir da divulgação publicitária. Entre as décadas de 1940 e 1980 assistiu-se a um crescimento significativo do parque habitacional português. Durante este período, delimitado pela construção dos primeiros conjuntos habitacionais no segundo pós-guerra e pelo início da construção dos grandes empreendimentos nas periferias das principais cidades, a construção de habitação em larga escala perseguiu a supressão das enormes carências habitacionais do país e constituiu um factor determinante na definição da expansão das cidades, assim como dos modos de habitar que lhe são inerentes. Os periódicos portugueses especializados em arquitectura assumiram um papel fundamental neste debate e os anúncios publicitários, especificamente os publicados nas suas páginas, oferecem (hoje) uma possibilidade de reinterpretação deste fenómeno à luz daquilo que é uma característica intrínseca da publicidade: o despertar do desejo sobre um determinado produto e consequente definição dos parâmetros do que se considera “desejável”, factor decisivo para a aceitação, por parte do público – neste caso, o consumidor-utilizador –, das tipologias habitacionais e modelos de cidade então propostos. Recorrendo aos anúncios publicados nos periódicos Arquitectura e Binário durante estas décadas, traçaremos um panorama da publicidade de imobiliário – da publicidade à construção e consumo e da forma como esta acompanhou o referido processo de urbanização – e analisaremos as imagens de urbanidade e do doméstico que a constitui e lhe dá forma, procurando os modelos propostos e o estilo de vida subjacente. Por um lado, demonstraremos que os complexos habitacionais expostos pela publicidade obedecem a uma lógica de criação de desejo no consumidor-utilizador através do recurso sistemático a uma narrativa ancorada na promessa de uma “felicidade inadiável”; por outro, verificaremos que, por essa razão, assumiram um papel singular na divulgação dos propósitos que nortearam essas construções – sobretudo ao nível da interpretação do gosto e das aspirações de toda uma população –, contribuindo, desta forma, para a definição do crescimento da cidade. Autor: João Silva 48 Abstracts A habitação moderna no livro-catálogo Brazil Builds Sessão 4.1 O presente artigo busca traçar um perfil para o programa da habitação através da análise das obras existentes no livro-catálogo Brazil Builds: Arquitetura nova e Antiga: 1652-1942. A produção arquitetónica do Brasil nas primeiras décadas do século XX foi bastante expressiva, e isto chamou a atenção do Museu de Arte Moderna (MoMA) de Nova York, que resolveu montar uma exposição em Nova York, seguida de um catálogo chamado Brazil Builds: Arquitetura nova e Antiga: 1652-1942. A produção arquitetónica mostrada naquele período era bastante expressiva e a repercussão foi grande, inicialmente na exposição em Nova York, que passou por mais algumas cidades da América e com o catálogo que levou a outros países. Este livro-catálogo, com 300 fotografias coloridas e a preto-e-branco, se tornou um documento importante ao retratar a arquitetura antiga e a nova arquitetura modernista brasileira. Embora também retratasse a arquitetura antiga, foi a arquitetura moderna e suas inovações que desencadearam maior interesse. O fato impressionante era a arquitetura derivar das premissas modernas europeias, mas conter um certo nacionalismo. Foi a busca por se adequar às características locais que transformaram esses exemplares em obras únicas e intrigantes. O Brasil vinha atravessando um período de crescente urbanização, juntamente com a industrialização e a instalação de rodovias e ferrovias, e realizava neste momento uma intensa campanha de modernização e revitalização das suas cidades. O modo de morar também se atualizava e ao mesmo tempo que surgiam arranha-céus residenciais multifamiliares nos centros das cidades, eram reservados à elite os bairros-jardins nas periferias. A procura por habitações multifamiliares se acentuou bastante, modificando drasticamente a paisagem do centro urbano em São Paulo e a orla marítima do Rio de Janeiro. Para esta análise será apenas considerada a parte da Arquitetura Nova, ou seja, a então promissora arquitetura moderna. O número de exemplares arquitetónicos residenciais nesta parte é considerável, correspondendo a mais de 1/3 do total. O livro-catálogo revela os mais diferentes tipos de habitações: há residências multifamiliares e unifamiliares; edifícios de apartamento somente para moradia, e os que agregam outras funções. O foco principal desse estudo será o Edifício Esther, de Álvaro Vital Brazil e Ademar Marinho, que é um dos edifícios mais representativos deste período e um exemplar instigante, já que conjuga vários usos no mesmo edifício. No entanto estará entrelaçado a uma rede já que os demais edifícios serão analisados e categorizados para montar um panorama que possibilite o entendimento da esfera habitacional nessa época. Autora: Luciane Scottá 49 Abstracts A questão da habitação na revista Binário Sessão 4.1 Criada em 1958 e com grande longevidade (1977), a revista “Binário. Arquitectura, Construção, Equipamento” procurou manter os profissionais ligados ao sector da construção informados dos desenvolvimentos decorrentes nos campos da arquitectura, urbanismo, engenharia civil e design. A questão da habitação foi sem dúvida uma das mais debatidas no periódico, com exemplos predominantemente oriundos do continente americano mas também europeu. O presente artigo procura focar‐se na forma como a habitação foi debatida ao longo dos anos na imprensa especializada, particularmente, na revista Binário. Desta forma, procura‐se mapear e quantificar as distintas latitudes bem como as práticas discursivas decorrentes da publicação de grandes conjuntos habitacionais. Autora: Daniela V. de Freitas Simões Encontraremos assim um modelo crítico e reflexivo sobre a divulgação e publicação destes modelos no contexto nacional através de um veículo tautológico como o são as revistas de arquitectura. Este artigo insere‐se na pesquisa desenvolvida durante o projecto de I&D financiado pela FCT, “O Lugar do Discurso” (PTDC/CPC‐HAT/4894/2012) 50 Abstracts Sessão 5.1 Urbanization without a model Searching for an urban project for the Belgian territory As Bernardo Secchi characterized it, ‘urbanism is in essence not a collection of works, projects, theories or norms unified by a subject, by a language and by a discursive Autor: David Peleman organization.[…] It rather must be understood as the trace left behind by a wide range of practices’.1 In that case, to practice urbanism is a matter of reading this trace and gently ordering the multiple sources from which it resulted. It is a matter of organizing a conversation among the many stakeholders who contribute to the making – and in some cases also the designing – of the inhabited space. According to Erik Swyngedouw, the urban designer is only one of many actors involved in making the city and in the process of creating a properly governed space. Swyngedouw observes how ‘urban governing today is carried by a wide variety of institutions and organisations. It operates through a range of geographical scales, and mobilises a wide assortment of social actors, including private agents, financial engineers, designers, architects, and planners, non-‐governmental organisations, civil-‐society groups, corporations, and the more traditional forms of local, regional or national government. Therefore, the starting point for this paper is a meticulous reading of a coherent number of sources that cover this wide variety of actors involved in urbanization: a series of thematic booklets published in 1958 – as part of the series Cahiers d’Urbanisme – at the occasion of the World Fair in Brussels during the same year. The booklets address various topics of the Belgian urbanization and they were published on demand by the State’s department of Urban Planning. Each booklet had a different author, who was an architect or an expert in the field that was being covered by the specific booklet: industry, agriculture, green spaces, commerce, housing (images above: covers of the booklets). The booklets aimed to inform and educate a broad audience about the ‘modern’ future of the nation’s territory and how this future could create a sort of added value for everyday life. In this paper I will in particular address the booklet on housing (L’Habitat) and how this booklet – that was clearly inspired by the modern dogma’s from CIAM’s Charter of Athens – tried to establish a systematic approach to urbanism. An approach that was not defined by rigid models, but rather by the search for an almost scientific precision in establishing an urbanized society. More specifically, I will look at the premises and forms of urbanization that were suggested in this booklet, and what was the role of housing in the entire discourse that was being established for this new modern Belgium of the postwar era. Thereby, following Secchi, I start from the presumption that the added value of urbanizition can not be read in terms of an intelligent variety of (housing) models that are projected on the territory, but rather in terms of the interaction that emerges from a diverse set of practices on the territory. 51 Abstracts Sessão 5.1 Kuwait experimental housing. From land use policies to social display. This paper examines a series of urban and architectural dwelling schemes in the context of post-oil Kuwait – an arab city-state that has undergone a rapid urban development based on the distribution of oil revenues through housing policies started in the 1950s after the discovery of oil. The demolition of the old town together with its built environment and urban hierarchies brought a unique dependency on material modes of social equality and representation such as the house and the residential neighborhood. The national housing program and the domestic space in particular, are then “a way to” the new and the modern, either by the attribution of land to individuals for the construction of their family homes, known as social housing, or ready homes under public housing. The public programs, initially conceived to relocate the old town residents outside its walls and to extinguish the rural life, will produce a contemporary culture of urban suburbia dependent on “drive through” and “highways”. The new life standards supported by the low price of fuel and foreign man power have been stimulated by popular social policies, legitimated by the 1962 constitutional rights, that subsidize individuals and their families keeping those at home. Policies that together with the local building codes and regulations transformed the modern Kuwait in a dense amalgamations of gigantic homes between 1200m2 and 2800m2. Boxes with 15mx15mx15m above the ground, detached from each others 3m, and taking over the street sidewalks spiting cars and boats. The relocation of the governmental “jobs” outside the city and the post 1952 conception of neighborhood units based on local serviced cores, including schools, clinic, post ofce, commercial gallery and supermarket, will support a centralized satellite cities scheme. To this day, the right for housing and the fascination for the construction of a new and modern urban 'scape' dominates the local community social structure and behavior. During the early stages of Kuwait modernization, representational images of national pride and identity were reproduced through buildings at a institutional and domestic level. These images became part of local urban 'scape' and navigation systems. Many of them were produced by a certain elite of foreign architects or foreign educated Kuwaitis that, mainly during 1970's became aware of the region modes of life and building performance. The diversity of production sources together with the local strong motivation for experimentalism generated and still generates a series of remarkable architectonic-urbanistic models. The study and analyses of these schemes produced by authors as Alison and Peter Smithson, Candilis-Josic-Woods, Arthur Erickson, Luigi Moretti, Jafar Tukan or corporations as BBPR studio, Iraq Consult, The Architects Collaborative (TAC) , Doxiadis Associates, Dorsch Consult, Energoprojekt, I. M. Pei & Partners and recently OMA, AGI and Pad10, offers a relevant content for the debate of the arab town development in particular and the housing urbanism and architecture in general. Autor: Ricardo Camacho 52 Abstracts Alvalade neighbourhood: towards an optimist ageing in place Sessão 5.1 The Alvalade Plan (Faria da Costa, 1945) was designed in a suburban area of Lisbon, aiming to house the growing population fleding from the countryside into the capital and also to relocate many low income families displaced from the city center. During the long implementation of the plan, from its inception (1947) until the last building blocks to be raised (in the 1970’s) Portuguese society changed. Autor: António Carvalho An area intended to mix different social levels of population managed in fact to consolidate and absorbe very different typologies, architectural languages and social changes throughout these decades until now. Conceived upon a system of urban cells, much inspired on Clarence Perry’s (1929) neighbourhood unit concept, Alvalade became a successful mixed urban area, which meant a great resilience from the urban fabric and social tissue, whose population remained, ageing in place. This paper will discuss the Alvalade neighbourhood virtues and potential towards an age-friendly city (WHO, 2007) dealing with the new Portuguese demographic reality: in the year 2000 the young were surpassed by the old for the first time in Portugal — and this tendency remains: until 2050, only the age groups above 65 years of age will grow. Considering the nature of the Alvalade plan, based upon the repetition of buildings with the same design layout —in order to get a faster implementation to house the growing population of the 1950’s—, we selected some buildings for case studies. Based on these case studies, we will show, propose and discuss in this paper how to refurbish the average existing apartment buildings in order to become age-friendly, allowing its residents to age in place (Pastalan, 1999). Small scale interventions on the existing buildings, preserving its (highly qualified) image will be presented and discussed, somehow turning the normal apartment building into an assisted living facility for the coexistence of different generations. A similar approach will be presented and discussed towards the urban space around these selected buildings, proving that Alvalade Plan, differently from other suburban plans which followed it in the 1960’s, had a global design of buildings and outside spaces, with a highly qualified and human-friendly urban environment. This characteristic allows the development of small scale (acupuncture) urban design solutions necessary for an age-friendly city, which will be presented and discussed. The final point of the paper will be the discussion on how to recycle the Alvalade neighbourhood, from its original aim of housing an ever growing young and active population towards the need of keeping in place a fastly ageing population, taking advantage of the new silver economy, thus contributing to the local economy, the use of all the existing urban facilities, while mixing generations in a friendly manner and facilitating the gradual renewal of the city social tissue through the minimal architectural refurbishing of the existing urban fabric. From an initial suburb, Alvalade neighbourhood grew into a central and prestigious urban area. The next step beyond will be turning it into a real age-friendly environment. 53 Abstracts Sessão 5.1 Autor: Rodrigo Coelho O espaço publico como suporte de da expansão da cidade: modelos, antecedentes, experiências recentes Se, na primeira metade do século XX, as propostas de habitação colectiva se constituíram no principal protagonista da construção da cidade europeia, já na segunda metade do século o programa de habitação colectiva transforma-se num importante factor da sua desagregação, contribuindo decisivamente para a perda de coerência do espaço urbano, que de uma forma geral podemos reconhecer na cidade do Movimento Moderno de entre Guerras. A questão fulcral neste processo está não apenas ligada aos violentos fenómenos de urbanização dispersa, decorrentes da especulação imobiliária e do aumento da população, mas reside também no facto das expansões de cidade das últimas duas décadas (mesmo aquelas conotadas com uma arquitectura ou urbanismo de autor) negarem de forma mais ou menos subtil a importância urbanística do espaço público e o papel do desenho urbano nos processos de construção da cidade. Por um lado verificamos que as recentes expansões de cidade, geradas, em muitos casos, a partir da individualidade arquitectónica e apoiadas do ponto de vista do espaço público na ideia do fragmento (em detrimento de concepções de sistemas urbanos integrados e em detrimento da valorização da continuidade urbana) constituem uma das razões pelas quais o espaço público perde a sua vocação arquitectónica e urbanística. Considerando este diagnóstico procuraremos nesta comunicação reflectir sobre os novos temas e problemas, centrando a reflexão sobre o papel que o espaço público pode desempenhar na estruturação da cidade nova, por forma a garantir, dentro das condições urbanas actuais, uma ideia de cidade como lugar habitável e estruturado, capaz de tornar significativa a vivência nestas novas partes de cidade. O primeiro tópico de reflexão, e problema de projecto mais específico prende-se com as respostas possíveis à inserção ou integração dos novos fragmentos urbanizados no meio do território heterogéneo e pulverizado, resultante da sobreposição do rural com o urbano e do artificial com o natural. Como segundo tópico de análise mais específico, julgamos crucial considerar e reflectir sobre as diferentes tipologias de espaço público, por forma a lidar com o problema da dispersão, da fragmentação, assim como com a perda de significado e legibilidade do espaço público. Tal como alguns autores (entre os quais Jordi Borja ou Oriol Bohigas) têm vindo a salientar, defenderemos que a recuperação da consistência e significado urbano no desenho da cidade e dos seus espaços públicos depende, em larga medida, da recuperação da ideia de tecido, que nas expansões recentes foi abandonada. Referimo-nos fundamentalmente à necessidade de continuidade e complementaridade morfológica e funcional, bem como da consideração da interdependência entre os vários componentes que compõem o espaço urbano. Procuraremos enquadrar esta reflexão recorrendo a referentes históricos mas também exemplos recentes. Os exemplos que nos interessam (que se balizarão entre os siedlungen centro-europeus construídos nos anos 20 e 30 do século XX e propostas construídas mais recentemente como o Plano de Bornéu-Sporenburg, ou o Bairro da Malagueira), estão directamente filiados em modelos de edificação em linha que tomam da Cidade-Jardim a exigência de uma relação imediata com o espaço livre, e da cidade concentrada a preferência pela habitação plurifamiliar organizada em blocos . 54 Abstracts A forma da casa moderna em 3 cidades lusas: Lisboa, Luanda e M acau Sessão 5.1 Esta apresentação explora os fundamentos de projeto que caracterizam a casa moderna lusa, através da análise de casos paradigmáticos em Lisboa, Luanda e Macau. Em Portugal, o moderno apadrinhado pelo Internacional Style arrancou tarde, no final da década de quarenta. Em Lisboa, ganham forma novos bairros residenciais - Alvalade e Olivais - entendidos como zonas de expansão da cidade. Em Luanda, Simões de Carvalho projetou diferentes Unidades de Vizinhança e, a outra escala, Manuel Maneiras realizou o conjunto S. Francisco em Macau. Realçam-se também, as obras residenciais projetadas para os Funcionários do Estado, como o bloco de Vieira da Costa em Luanda ou, a torre Leal Senado de Ramalho e o projeto-tipo Torre de Vicente, cujo objetivo seria a repetição em diversos pontos de Macau e ainda em Luanda. Autor: Inês Lima Rodrigues No entanto, poder-se-á falar de «vitória» dos ideais da geração moderna? Reconhecemos a luta por iniciativas de promoção pública e principalmente duma “habitação para todos”, ainda que muitas das intervenções tenham sido de iniciativa privada, definitivamente mais aberta à modernidade. Alguns exemplos são os blocos na avenida Brasil promovidos pela Montepio ou o bloco Águas Livres patrocinado pela Fidelidade. No caso de Luanda, destacam-se as iniciativas da Precol responsável pela construção dos conjuntos residenciais no bairro Prenda ou da Cirilo&Irmão que construiu a Unité de Pereira da Costa, junto à baia de Luanda. Poder-se-ão recuperar estas obras? Falamos de conjuntos urbanos completos quanto às quatro funções: habitar, trabalhar, recrear e circular, com o objetivo de consolidar zonas residenciais centrais ou periféricas da cidade, que tiveram no entanto resultados muito diferentes. Podemos evidenciar o triunfo dos bairros lisboetas em oposição ao fracasso das experiências angolanas, pois não foram concluídas em toda sua dimensão e escala. Casos como o Prenda ou S. Francisco são hoje bairros esquecidos e descaraterizados. A comparação de tipologias permite identificar a casa moderna lusa com as bases conceptuais do Movimento Moderno em tudo o que concerne a relação entre objecto e paisagem, entre casa e cidadão. A evolução para a forma linear aparece como um resultado lógico, os acessos em galeria como solução económica e coletiva, as cozinhas funcionais e as salas de estar abertas para espaços exteriores. Procuram-se as condições ótimas de ventilação e luz natural para todas as peças da casa. Projetos que materializaram novos métodos de estandardização e produção em série, que permitiram alcançar rapidez e economia na construção da habitação e, portanto, do seu custo. A diversidade tipológica demostra a vontade de impulsionar novos laços sociais e coletivos entre diversos tipos de famílias e classes sociais. São modelos que foram projetados com princípios de sustentabilidade e de prática de projeto e poderiam, sem modificação alguma, adaptar-se às necessidades atuais. Ao identificar as qualidades inerentes aos projetos selecionados, pretende-se abrir, o debate sobre a sua recuperação e requalificação. Atualmente, mais de meio século passado, estamos em condições de interpretar os factos ocorridos como um processo normal de evolução e progresso. Aprender da história dos últimos cinquenta anos, ativá-la com as tecnologias de hoje para eventualmente ser aplicada amanhã. 55 Abstracts Crossing Stories for an Interpretation of M odernity Sessão 6.1 The Cité des 4000 is in La Courneuve, a town not far from Paris. The quarter was designed to respond to the increased urban crowding of the capital city. When its construction was finished, in 1956, the Cité offered 4000 new accommodations, a large number which gave the name to the housing complex. Ten years after its construction, Jean-Luc Godard set there his film Two or three things I know about her, tying the events of the leading character with the city and the neighbourhood life till a degree of a total identification. Stories of social problems intersect with the story of a city that is growing and expanding. The difficulty of not finding a meaning of life beyond the comfort and the reassurance of an average life expressed by the Godard film had made the Cité the unforgettable setting representing the disillusion of the modernity dream. In the 80s, the neighbourhood was one of the most criticized banlieues of France. Later an urban regeneration process started, leading to its gradual demolition. Autores: Alessandra Como Luisa Smeragliuolo Perrotta, In the same years of the construction of the Citè, in an another continent, in the American town of St. Louis, begun the design project of Pruitt Igoe. 2,870 housing units in 33 buildings of eleven floors, designed for the middle class. After the initial enthusiasm for the design project, there were many problems and, long time before its full demolition, in 1973, the Pruitt Igoe was considered an unsuccessful experiment. The implosion shown on television of the buildings has created an enduring symbol of the American failure in the collective memory. That sequence of demolition has gone around the world as a symbol of the failure of the CIAM and of the modern solution to the housing problems. The director Godfrey Reggio has used shots of the abandoned Pruitt Igoe - just before its demolition - and the famous sequence of the demolition, has been used as a clip in the documentary Koyaanisqatsi, which deals on the topics of nature, humanity and modern civilization. What connects these stories and these movies? The Cité des 4000 and the Pruitt Igoe have crossed destinies. They are both complex, they carry loads of aspirations, they were greeted with great enthusiasm and then they had finally become a mountain of dust. Their stories - their beginnings and their demolition - inspired two directors who, in different ways, used them as critical tools for the interpretation of modernity. There are no remains of something real and concrete of the two complexes. Their story and their meaning that convey from the movies, such as the interpretation of modernity, today communicate a sense of memory of the places and of the disregarded aspirations of the modern and social urban model. This study – here proposed - explores the relationship between the built environment and cinematography in the work of the two directors, showing the diversity and how technical and narrative solutions reflect the binding of cinematic stories with the real life of the two complexes. 56 Abstracts Sessão 6.1 Autora: Fabrícia Valente Lisboa mapeada por sons pós-modernos A Arquitectura e a Música são disciplinas que sempre se relacionaram intimamente através da materialização em formalizações de espaços físicos e criações de atmosferas musicais que, na génese de ritmos, matérias, vazios e sensações, ditam condutas quotidianas do Homem. Fazendo analogia à expressão de Goethe “Arquitectura é Música Petrificada” mais do que estabelecer paralelismos entre Musicais e Arquitectura interessa explorar géneros musicais enquanto fruto de contextos sociais e urbanos, onde a arquitectura de um lugar e de um tempo promove encontros e convulsões. O cenário de fundo é geralmente, de um modo muitas vezes inconsciente, o centro gerador de novos referentes imaginários. As cidades, enquanto espaços de encontros entre culturas e contextos económico-sociais, são locais privilegiados para a origem de fenómenos musicais, onde as malhas urbanas e os contextos arquitectónicos são paradigmáticos para a produção musical. Por conseguinte, as grandes cidades albergam diferentes subúrbios remetentes para geografias, tempos e histórias alternativas, promovendo ambientes, dinâmicas, apropriações de espaço público e modelos arquitectónicos específicos que estimulam um olhar particular e originam sonoridades distintas. Estas analogias são confirmadas por leituras que estreitam relações entre cidades e fenómenos musicais que delas surgem, como são exemplo o “grunge” de Seatlle, a franja Rock associada ao betão do pós-industrial de Manchester, os “guetos” que trouxeram um som específico de Brooklyn, a cultura hip-hop suburbana de Nova Iorque ou experimentações electrónicas de Tóquio. Em Portugal, as diferenças musicais nas cidades são traduzidas em projectos realmente distintos, entre a apreensão de referências absorvidas num contexto internacional e a adaptação específica a um contexto local. Do Porto, o pop/rock dos GNR, dos BAN ou dos Ornatos Violeta são exemplos de como em diferentes tempos a cidade trouxe sons dificilmente surgidos noutro contexto e em Lisboa as diferenças são notórias tanto no contexto da cidade para o País, como nas ramificações que existem em si mesma. A grande Lisboa promove distintas traduções musicais. Certamente podemos mapear Lisboa através de cartografias musicais e entender as suas pautas numa leitura da composição urbana manifestada através da música. Não nos foquemos na óbvia associação da cidade ao Fado, mas numa análise fenomenológica, territorial e social que apresenta dos anos 80 até à actualidade especificidades do circuito Pop/Rock. Associamos a sonoridade dos Heróis do Mar à vivência específica das Avenidas Novas, no contexto pós moderno dos anos 80? Que diferença notamos para a música oriunda da margem Sul em relação ao centro da cidade? O que potenciou o optimismo do Estoril traduzido no som dos Delfins? Qual a base dos recentes fenómenos musicais da Linha da Amadora, como Boss AC e Buraka Som Sistema? Analisando o contexto específico dos Olivais, um dos subúrbios da cidade de Lisboa que contribuiu, ao longo da década de 80, para um contexto de contracultura que ainda hoje subsiste por sucessivas metamorfoses intrinsecamente enraizadas num momento histórico onde a produção arquitectónica desempenhou um papel absolutamente fundamental. A vivência deste bairro originou o aparecimento de bandas tão importantes como os Radar Kadafi em 84 e continua a originar novos grupos como os actuais The Poppers. Os paradigmas são distintos e a abertura a um contexto internacional eminente mas o contexto local ditado pela arquitectura continua a ser uma âncora fundamental. Conhecer a Cidade de Lisboa não negando mas, pelo contrario, aceitando a mais-valia dos contextos suburbanos produzidos através da análise destas camadas musicais, arquitectónicas, sociais e imaginárias dando lugar a um entendimento do Pós Moderno da Cidade, numa pluralidade de interfaces que permitem ouvir Lisboa ser entoada por sons díspares e ainda assim unificadores. 57 Abstracts Sessão 6.1 Autor: João Rosmaninho The Portela Story: uma margem à margem de Lisboa Desde há cerca de cem anos que Lisboa tem sido construída no cinema através de uma sucessão de visões singulares muito dificilmente categorizável. Sob diferentes géneros ou inúmeras autorias, segundo longas ou curtas-metragens, em lugares comuns ou incomuns, localizada nos centros ou na periferia da urbe, a ficção cinematográfica na cidade tem permitido transformar territórios aparentemente negligenciáveis em espaços de carga e presença espacial indiscutíveis. Na verdade, a montagem de paisagens Lisboetas tem sido experimentada, permanentemente, desde a sinfonia anedótica da cidade ou da comédia de bairro até ao objecto militante ou produto importado mais recente. Sem concessões, o cinema enquanto processo de construção de imagens (e, também, de espaços) tem, então, explorado tantas aproximações para Lisboa quantas as suas identidades e complexidades. Nesta comunicação, com base em obras de ficção cinematográfica rodadas na Urbanização da Portela ou nas suas margens (que se adivinham posteriores a 1974), sugerir-se-ão alguns problemas urbanos cuja formulação e contemporaneidade importa relevar. A partir de excertos de filmes tão distantes entre si quanto Dina e Django (1983), de Solveig Nordlund, Arena (2009), de João Salaviza, ou Tabú (2012), de Miguel Gomes, procurar-se-á primeiro definir e depois propor um corpo crítico para uma leitura e análise do espaço urbano, seguindo diferentes escalas e usos e especificamente concretizado no objecto de estudo que é o subúrbio da Portela. 58 Abstracts Sessão 6.1 Autor: Maximina Almeida Provocação excêntrica em NO PLACE LIKE A apresentação centra-se especificamente num fragmento da Representação Portuguesa na 12ª Exposição Internacional de Arquitectura na Bienal de Veneza de 2010. Tem como objectivo principal fazer uma interpretação, a diferentes profundidades, daquilo que se entende ser a provocação despoletada pelo filme produzido por João Onofre - o artista e convidado - para um dos pares das casas de No Place Like - 4 Houses, 4 Films, a casa em Santa Isabel, Lisboa, de Ricardo Bak Gordon. Questiona-se sobre os eventuais olhares daquele criador - destemido nos meios utilizados, desvinculado das obrigações disciplinares da arquitectura, ou desconcertante nas imagens produzidas - ou ainda, meramente absorvido pela ideia de uma provocação excêntrica, inspirada em imaginários de campanhas publicitárias conhecidas e contemporâneas. Estará a excentricidade no desejo do proprietário em ver erguida a sua casa unifamiliar num dos bairros mais densamente construídos da cidade de Lisboa, ou, na vontade do arquitecto em fazer renascer uma cidade oculta através da ocupação desses espaços vazios? É na inflexão de Optimistic Suburbia ou, na quase inversão do seu limite que se tenta interrogar o alcance desta ficção. 59 Abstracts O individuo enquanto acontecimento urbano Sessão 6.2 Quando Duchamp deixa esta frase para que seja o seu epitáfio, deixa-a também para a posteridade como declaração significante na definição da identidade deste artista, da identidade de um artista, ou, melhor, da identidade de um indivíduo. Porque, mais do que artista, Duchamp afirma a condição de ter gozado da possibilidade de ser um indivíduo. E, assim, a própria arte como manifestação desta condição. Autor: António Olaio Mas, quando se morre, são os outros que morrem. E Duchamp revela, assim, uma identidade que se traduz pelos outros, que existe enquanto polo de relações interpessoais. Na relação entre o ser individual e o ser colectivo, Armando Azevedo, em 1976, faz cartazes anunciando a sua exposição no Círculo de Artes Plásticas de Coimbra, deixando que um buraco com a silhueta do perfil da sua cabeça se preencha com a propaganda política. Uma identidade assim multiplicada, mas também definida, pelos escritos daquelas paredes. Na exposição “A Casa Pública”, enquadrados numa série de trabalhos que exploram a ideia de uma subjectividade enquanto assimilação de uma condição urbana, alunos de desenho do curso de arquitectura da Universidade de Coimbra criam percursos nas silhuetas do corpo enquanto território. Manifestação plástica do espaço público interiorizado nesta Casa no lugar de Causa. Na forma como o sujeito se assume simultaneamente colectivo e individual, encontramos a dimensão ética da arte, não só na diluição de fronteiras entre o eu e os outros como na própria possibilidade da arte ser ubíqua, na simultaneidade de pontos de vista. A exposição “Heading West”, que fiz na galeria Appleton Square em Lisboa, partindo da representação de alunos de arquitectura, coloca os seus corpos num enquadramento que lhes omite a cabeça e, na ausência desta, é exponenciada a teia de relações espaciais, gerando-se um espaço que reforça a ideia de um espaço expositivo enquanto espaço urbano, condição que esta galeria de arte reconhece no seu próprio nome, na arte enquanto celebração desta condição. 60 Abstracts Sessão 6.2 Em contraciclo com a realidade. Desarmonias projectuais e ex positivas do subúrbio americano O projecto expositivo do Museum of Modern Art de Nova Iorque, principalmente a partir do Departamento dedicado à Arquitectura, promoveu reconhecidamente ao longo do seu historial exposições dedicadas à questão da habitação: desde a mostra itinerante “Look at your Neighborhood”, de 1944, até à recente “Foreclosed: Rehousing the American Dream”, de 2012. Autor: Bruno Gil De facto, a promoção e curadoria destas exposições é normalmente disciplinar e com uma visão subjacente institucional. Mas é igualmente pertinente a percepção de como a arte e o prosaico, o conceptual e o quotidiano, são colocados no mesmo patamar – sinónimo de um quadro cultural particular – que neste artigo procuramos aferir tomando a habitação e o subúrbio como tema. Em “Look at your Neighborhood”, em pleno pós-guerra, era transportada uma visão simultaneamente optimista e paternalista para os visitantes, através de mensagens que evocavam a relevância do planeamento do bairro à cidade, pensado para o individual, a família, a comunidade. Em perspectiva, o subúrbio americano era sinónimo do American Dream. A desurbanização em extensão era caracterizada por conjuntos habitacionais, de casas, lares – as “Homes for America” – que Dan Graham fotografa e representa em 1966. Entre 24 novos aglomerados enunciava já Levittown, com a qual Denise Scott Brown e Robert Venturi também aprenderiam, nos anos 1970. Em 4 de Abril de 1968, Martin Luther King é assassinado. Este episódio é marcante para a criação no mesmo ano da Urban Development Corporation (UDC) em Nova Iorque, um organismo destinado ao desenvolvimento de soluções habitacionais colectivas, de promoção pública. Em parceria com o Institute for Architecture and Urban Studies (IAUS), que iniciara em 1970 a investigação “Streets Project”, são desenhadas tipologias arquitectónicas em alternativa à torre. A recuperação da escala da rua e do bairro é procurada, em sintonia com o “sidewalk ballet” de Jane Jacobs e a demolição de Pruitt Igoe em 1972, que Charles Jencks enunciaria como a “morte do modernismo”. Os resultados dos projectos dos conjuntos habitacionais, para Brooklyn e Staten Island, são apresentados no MoMA em 1973, em “Another Chance for Housing”, simbolicamente no momento em que se dá início à construção de um dos conjuntos projectados, Marcus Garvey, em Brooklyn. Será esta exposição que aprofundaremos, a partir do catálogo da exposição que pudemos encontrar no arquivo pessoal do arquitecto Duarte Cabral de Mello, fruto da sua colaboração enquanto investigador no IAUS. Faremos a leitura disciplinar das soluções arquitectónicas em cruzamento com a sua divulgação expositiva. A par dos desenhos e maquetes colocados perante o olhar do visitante, e que conceptualizavam as transições tipológicas da construção em altura para a denominada LRHD (“low rise high density”), a exposição era igualmente composta por desenhos perspécticos coloridos que perspectivavam a arquitectura e a sua habitabilidade, através de uma visão ideal de um subúrbio optimista. As figuras humanas desenhadas com contorno e sem cor, eram no entanto acríticas do difícil contexto social, marcadamente turbulento nas convivências raciais entre comunidades de negros, judeus e hispânicos, que caracterizavam aquele lugar – Brownsville – um bairro em Brooklyn. Por fim, será explorado o contraponto com a apropriação do bairro, até à contemporaneidade. Tido ainda como o mais problemático subúrbio de Nova Iorque, marcado pelo crime, e que Al Pacino percorre em “Serpico” de 1973, Brownsville mantém uma identidade íntrinseca através de expressões sociais e raciais manifestadas pelo rap e o hip hop. A cultura artística de rua é, por ventura, a demonstração de optimismo naquele quotidiano. 61 Abstracts Sessão 6.2 On tract houses, temporary constructions and vacant lots. Suburbia and contemporary art In twentieth-century art, it´s clearly identifiable a general overcoming of the traditional boundaries between different media, and the development of obvious interchanges between art and architecture in particular. Autora: Margarida Brito Alves In fact, the transgressive process initiated in the scope of the first avant-gardes, was recaptured and consolidated during the second half of the century by the dynamics created by the neo avantgardes – in which we can recognize a deliberate convergence between the fields conventionally established by artistic and architectural production. From the 1950s on, a contact zone between these two areas has been defined: a blurred territory determined not only by a mutual influence, but even by the sharing of a tectonic lexicon. In a scenario determined by slips between media, and in articulation with the revisions of modernism that began to emerge, it was then that artistic practice, somehow functioning as an heterotopia, became a critical space where architecture was analyzed, confronted and challenged. Moreover, revisiting and discussing its practices, and questioning its solutions, to a certain extent, art expanded the debate on architecture. Recapturing some of the main theoretical references that define this process, and drawing from the work of several artists, this paper aims to discuss some of the multiple ways contemporary art has been addressing urban growth and suburbia. 62 Abstracts Sessão 6.2 Autora: Leonor Matos Silva Tempos de optimismo. Expressões sobre a cidade da Escola de Belas Artes de Lisboa no pós-25 de Abril. Até ao ano 1986 existiam apenas dois cursos de arquitectura em Portugal - no Porto e em Lisboa ambos sediados, de origem, nas respectivas Escolas de Belas-Artes, e portanto ambos enraizados na tradição beaux-arts. O convívio entre os estudantes dos vários cursos ministrados na ESBAL (Escola Superior de Belas Artes de Lisboa) era uma consequência lógica da geminação programática entre as diversas disciplinas - o que resultava num quotidiano, se não fraterno, inquestionavelmente próximo. Com a Revolução de 25 de Abril, Portugal inicia uma viagem cultural inédita que tem, no campo da arquitectura, um paralelo com o questionamento ao Movimento Moderno veiculado pelo pósguerra – embora de natureza por vezes diametralmente oposta, como será referido neste estudo. O contexto académico é particularmente importante para esta crítica porque a considera (idealmente) como uma disciplina; a Direcção do curso de Arquitectura da ESBAL tem como lema, na década de 1980, a criação de uma “contra-cultura”; no entanto a crítica cultural que ocorre é, mais do que uma intenção programática, o resultado de uma soma de acidentes “felizes” - ou optimistas, no sentido da euforia pós-traumática que experiencia o tempo presente e o indivíduo (ainda que em expressão colectiva), e que o faz de forma descomprometida. Ao darmos conta de alguma da produção criativa que se desenrolou ao abrigo dos cursos da ESBAL neste período – nomeadamente do curso de Arquitectura, mas não só – observamos esse modo não convencional, para a época, de uma crítica que nos leva, de uma forma implícita mas extremamente expressiva e sagaz, a refletir sobre cidade de Lisboa e sobre a identidade portuguesa desde então. Esta comunicação pretende dar a conhecer parte de um trabalho de fundo para doutoramento que, pelo seu carácter, assenta grandemente na recolha de fontes primárias e que trata de uma leitura da cultura arquitectónica portuguesa, e nomeadamente lisboeta, entre 1976 e 1986, através de testemunhos e documentos relativos ao curso de arquitectura da ESBAL. De modo a estabelecer uma análise estruturada, será exposta uma parte desta recolha, nomeadamente exemplos de manifestações artísticas que integrem duas componentes: (1) ser produzidas pelo Centro de audiovisuais da ESBAL – designado de Centro de Estudos Técnicos de Informação e Teoria da Comunicação em Arquitectura e criado em 1983 com uma forte componente de vídeo - e (2) ter como temática central a cidade de Lisboa. Procurou-se de seguida agrupar estes trabalhos sob três pontos de vista: (1) experiências académicas e artísticas de alunos; (2) registos documentais dos alunos; (3) registos documentais semi-profissionais. Por fim, será dado um exemplo de desdobramentos artísticos de autores singulares para cada uma destas três abordagens previamente citadas - nomeadamente no campo da literatura, fotografia e vídeo. A necessidade de estruturar uma lógica para a apresentação destes casos é sintomática da reflexão teórica que se irá propôr como ponto de partida a qual argumenta que é no campo aberto para a expressividade artística que se estabelece a miscigenação que caracteriza uma geração de arquitectos - ou seja, que só é possível o entendimento deste tempo histórico como uma soma de expressões individuais. Esta comunicação permitirá portanto o desenvolvimento de uma reflexão sobre a cultura arquitectónica polarizada no centro cultural e social do país na década de 1980, revelando-a como componente fundamental da definição da cultura urbana de hoje. 63 Abstracts Sessão 7.1 Lisbon suburbia: Entre a rotura infraestrutural e a produção de um tecido metropolitano conectivo A rápida urbanização e a pobreza fizeram dos assentamentos espontâneos um dos artefactos sociais dominantes do século XXI. Actualmente, reconhece-se que estes territórios são um modo de vida de muitas populações nos países emergentes e não podem ser facilmente erradicados. Desde o final dos anos 90 que existe uma preocupação urgente em encontrar estratégias de planeamento e de desenho urbano eficazes que visem a redução da pobreza, a integração espacial bem como a inclusão e a coesão social das comunidades de baixa renda. Neste sentido, tendo como referente o contexto histórico do fenómeno de expansão da cidade de Medellín e os processos antrópicas assentes no bairro Moravia, este estudo visa compreender a inter-relação entre meio social, meio natural e meio construído, a partir de um ponto de vista multi-dimensional da teoria do desenvolvimento local e do discurso do “Urbanismo Social” como estratégia de planeamento territorial. Autor: Katila Vilar Entre 2005-2011, o bairro Moravia foi intervido pelo Plano Parcial de Melhoramento Integral (PPMIM), desenvolvido a partir de três componentes: de urbanismo/ambiental, sociocultural e a socioeconômica. Este, sobretudo através de estratégias de desenho urbano, pretendeu atender aos problemas ambientais, de salubridade, de habitabilidade e habitação bem como aos problemas sociais inerentes que atravessava a comunidade. Para tal, desenvolve-se a partir do reconhecimento e do fortalecimento das capacidades dos diferentes actores e da construção dos laços de associativismo e de confiança mútua. A requalificação do território in-loco veio trazer a recuperação física, ecológica, cultural e social do assentamento de gênese precária, bem como permitiu recuperar a memória histórica da comunidade e fortalecer alguns aspectos do capital social, nomeadamente as redes bridging e linking. A investigação pretende identificar, compreender e avaliar os processos de inclusão social através da transformação urbanística integral que se desenvolveu em Moravia e como é que esta se pronunciou no capital social da comunidade. Para tal, parte inicialmente do discurso de planeamento do PPMIM onde prevalece o conceito de sustentabilidade, para posteriormente identificar, através da análise do projecto realizado, quais as estratégias de desenho urbano implementadas e qual o impacto destas ao nível da percepção e da vivência da comunidade relativamente ao território requalificado e, por fim, como é que estas incidiram relativamente ao tema do capital social. Para finalizar, a investigação apoia-se em conceitos como desenho urbano, capital social, desenvolvimento local e sustentabilidade. Ao nível do desenho urbano parte dos princípios actuais de “construção de lugares” e do novo urbanismo, bem como das prácticas, no terreno, exercidas por uma nova geração de arquitectos/urbanistas que têm como principal fundamento ético, projectar para o desenvolvimento com o intuito de criar mais oportunidades e um maior impacto social. Ao nível do capital social e da teoria do desenvolvimento, assenta-se nos discursos de alguns autores tais como, James Coleman, Robert Putman e Bernard Kliksberg. Por fim, pretende sintetizar, no âmbito das estratégias de desenho urbano em assentamentos precários, uma proposta inter-disciplinar que tenha como enfoque fulcral o fortalecimento do capital social e por conseguinte, a melhoria da qualidade de vida dos habitantes deste tipo de territórios e sua sustentabilidade. 64 Abstracts Arquitectura Residencial M ineira - Aljustrel 1898-1993 Sessão 7.1 Este artigo derivou das minhas raízes familiares e da aprendizagem adquirida ao longo de todo o percurso académico, que me permitiu compreender a oportunidade que seria estudar a Vila Mineira de Aljustrel. Autor: Rita Patinha O objectivo da dissertação de Mestrado foi entender a forma como a Indústria Mineira foi capaz de gerar tecido urbano neste concelho, directa e indirectamente. Sobretudo, durante o período em que a Société Anonyme Belge des Mines d’Aljustrel foi proprietária da empresa, entre 1898 e 1993. Realizei o levantamento e o estudo da contribuição que esta Sociedade teve no desenvolvimento urbanístico da Vila de Aljustrel, um crescimento que resultou de uma relação paternalista entre empregador e empregado. Esta relação garantiu a construção de residências para todos os funcionários, sendo que o cargo que desempenhavam na empresa definia a tipologia habitacional onde residiam, assim como a sua localização e até investimento estético. Contudo, não foram as únicas infra-estruturas criadas. Para além dos edifícios industriais, a SABMA criou infra-estruturas sociais e de lazer para os seus funcionários e comunidade em geral. Para a metodologia utilizada na elaboração deste trabalho teórico foi essencial o contacto directo e pessoal com esta realidade, para além da bibliografia recolhida. Assim como a possibilidade de aceder aos arquivos e espólios, tanto da Câmara Municipal da Aljustrel como da actual empresa proprietária da empresa de extracção do minério, a ALMINA Minas do Alentejo, SA, para além de bibliografia complementar. Este conhecimento permitiu-me escolher casos de estudo de tipologias habitacionais, representativas de todas as classes trabalhadoras. Analisei as residências seleccionadas e produzi um estudo sobre cada uma, de forma a perceber o grau de satisfação com as residências e as diferenças habitacionais entre os diferentes funcionários. Assim como, a entrevista que tive oportunidade de realizar ao único projectista que ainda consegue relatar a experiência de projectar para a SABMA, o Arquitecto Pedro da Cunha Paredes. 65 Abstracts Sessão 7.1 Lisbon suburbia: Entre a rotura infraestrutural e a produção de um tecido metropolitano conectivo A transformação do território metropolitano de Lisboa ocorrida entre meados da década de 1960 e meados da década de 1990 pautou-se por diversos níveis de rotura na relação entre o desenvolvimento do suporte infraestrutural e a produção do espaço urbano: rotura entre a programação e a implementação das redes de acessibilidade, transporte e abastecimento; rotura pela desagregação e fraccionamento da matriz rústica, base do mosaico cadastral da urbanização. De uma estrutura urbana assente em radiais definidas no século XIX, emergem padrões de crescimento urbano de configuração mais difusa e intensidade muito variável, apoiados numa rede de acessibilidade viária e numa rede eléctrica que, em conjunto, permitem a desconcentração residencial e produtiva por áreas mais afastadas das linhas de transporte ferroviário. As tensões geradas entre as dimensões funcional e morfológica traduzem-se numa produção frágil e coalescente do tecido urbano, suportada por uma pauta mínima de suporte funcional e ambiental que, só a partir dos anos 1990, é reforçada com a concretização diferida de infraestruturas de escala metropolitana antes programadas. Autor: João Rafael Santos Neste quadro, a produção de grandes conjuntos residenciais constitui um processo que só pode ser entendido numa perspectiva dialéctica com outras formas e suportes de produção do urbano metropolitano. A própria condição de grande conjunto residencial, no contexto lisboeta, apresenta caracteres próprios e relativamente distintos face a situações análogas no contexto europeu – onde ganharam considerável protagonismo espacial e disciplinar na arquitectura e na urbanística: por um lado, nas formas e nos agentes de promoção; por outro, nos modelos urbanos e tipológicos; finalmente, pelo quadro económico, social e político que reflecte um profundo estado de transição de que se destaca a revolução de 1974. Na transição de século, as formas de tecedura metropolitana reflectem já uma recomposição interna induzida por operações singulares de regeneração urbana e ambiental e de demarcação intensiva de programas específicos. Associam-se a uma topologia conectiva cada vez mais equipotencial, mas reflectem, ainda assim, uma inércia de produção urbana mais corrente que tende a colmatar os espaços disponíveis, num quadro de maior formalização normativa e paramétrica conferida pela aprovação de instrumentos de gestão territorial de vária ordem. 66 Abstracts Sessão 7.1 ‘DREAM CITIES’ IN AFRICA: POLEM ICS AROUND EXPU GONGÁ, THE ‘NEW CITY OF SÃO TOM É’ In the African archipelago of São Tomé and Príncipe, a new project announced an urban revolution: involved in great polemics, the Expu Gongá - a private development by the Chinese group Guangxi Hidroeclectric Contruction Bureau and the Angolan company Investimentos e Projectos Angolanos, with public participation -, if confirmed, would be located in the outskirts of the capital city and occupy 210 hectares of land, in a 58-month construction process of 300 million dollars of investment. Autor: Ana Silva Fernandes Augusto Nascimento In a country of around 187.000 inhabitants, two thirds of which living below the poverty line and in precarious dwelling conditions (according to the Census of 2012), and where housing policies hardly contribute to tackling the needs of the low-income population, the prospect of a ‘new beginning’ appears fascinating. Nevertheless, while some see this project as the ultimate opportunity of modernization, critics arise to the process, the adequacy to the demand and the indifference to the problems within the existing urban areas. Indeed, on the one hand, where the public capacities for improvement of the built environment are very limited and dependent on unpredictable external aid, private investment is not only welcomed but thoroughly encouraged. The long-desired house in a brand new ‘dream city’ - picture profoundly imprinted in the imaginary of a society to which much if often denied - is here advertised by the developers as finally possible, both for the upper and middle classes and for the low-budget families. Nevertheless, on the other hand, a process that started with a 25-day competition for a proposal for both design and construction of a development area of this size, raises questions right at the launching point: by limiting the number and profile of interested participants and rushing the suggested solutions. This commission raises comparisons with other large-scale developments in African contexts - sector in which the Chinese construction companies have been very active -, which have been intensely criticized for inadequate high-density solutions and low-quality construction standards. Furthermore, recent experiences of current housing provision - both in São Tomé and Príncipe and other African territories -, when not accompanied by careful economic support, have often proved incapable of reaching the lower-income populations, therefore perpetuating the inadequate living conditions of the most needed and offering no solutions whatsoever for the most severe situations. The future of this specific project is still uncertain: as the government changed, the new political decision-makers have announced that this process is to be suspended. Nevertheless, rather than discussing the content of the proposal or its future, this paper aims at debating the process, the social aspirations and representations, as well as the political background that have created the conditions for this process to take place and that have shaped the discourses and debates around it. 67 20 DE MAIO | EDIFÍCIO II EXPOSIÇÃO OPTIMISTIC SUBURBIA ABERTURA E CONFERÊNCIA INAUGURAL 21-22 DE MAIO | ALA AUTÓNOMA CONFERÊNCIAS SESSÕES ÚNICAS E SESSÕES PARALELAS 22 DE MAIO | EDIFÍCIO I INAUGURAÇÃO DOS WORKSHOPS 68