A NECESSIDADE DE RECONSTRUÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
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A NECESSIDADE DE RECONSTRUÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA
A NECESSIDADE DE RECONSTRUÇÃO TEÓRICO-PRÁTICA DAS CATEGORIAS: EDUCAÇÃO, RURALIDADE E ALTERIDADE: apontando para novas pesquisas Ada Augusta Celestino Bezerra1 Anne Rozell de Oliveira2 Elisângela Celestino Bezerra da Silva Oliveira3 RESUMO Comunicação que fundamenta cientificamente a necessidade de reconstrução teórico-prática de categorias emergentes das discussões sobre Educação e Desenvolvimento em Áreas Rurais, estando calcada em investigação bibliográfica realizada na Biblioteca Nacional de Portugal, em Lisboa. Delimita, à luz de critérios, as fontes secundárias (Manuais Escolares) a serem analisadas e interpretadas nesse processo reconstrutivo de representações. Trata-se de trabalho que conta com o apoio financeiro da CAPES, através do Edital 038/2010/CAPES/INEP. Palavras-chave: Manuais escolares – Estado Novo – Representações de Educação, Ruralidade e Alteridade. INTRODUÇÃO Este artigo refere-se à identificação da necessidade de reconstrução teóricoprática de categorias emergentes das discussões sobre Educação e Desenvolvimento em Áreas Rurais, fundando-se em fontes secundárias (revisão da literatura), como elemento a ser confrontado em pesquisas futuras do GPGFOP, a partir da análise e interpretação de fontes primárias (Manuais Escolares). Trata-se de trabalho que conta com o apoio financeiro da CAPES, através do Edital 038/2010/CAPES/INEP. O Relatório publicado pela ONU, em 2003, de alcance planetário – Education for rural development: toardas new policy responses – Coordenado e editado por David Atchoarena, da UNESCO/Instituto Internacional de Planejamento da Educação Alimentação e Agricultura e Lavinia Gasperini, da FAO/Departamento de Desenvolvimento Sustentável) aponta exemplos atuais ou iniciativas de educação rural, na perspectiva do desenvolvimento rural em vários países como África Subsaariana, Argentina, Ásia, Austrália, Bangladesh, Butão, Botswan, Brasil, Camboja, Chile, China, Colômbia, Cuba, Gana, Honduras, Índia, Jordânia, Quênia, Laos, Malawi, Mongólia, Marrocos, Namíbia, Níger , Pacífico, Panamá, Senegal, Sri Lanka, Suazilândia, 1 Pós-doutora em Educação pelo Instituto de Educação da Universidade de Lisboa. Doutora em Educação pela Universidade de São Paulo. Mestra em Educação pelo Instituto de Estrudos Avançados em Educação da Fundação Getúlio Vargas – RJ. Pedagoga. Professora do Mestrado em Educação do PPED/UNIT e do Curso de Pedagogia da UNIT. Líder do Grupo de Pesquisa em Políticas Públicas, Gestão Socioeducacional e Formação de Professores (GPGFOP/UNIT/CNPq). Coordenadora do Observatório de Educação da UNIT/CAPES. Coordenadora Local do Doutorado, em Exercício, DINTER/PUCRS/UNIT. 2 Mestranda em Educação pela Universidade Tiradentes 3 Pedagoga atuante na UAB/UFS e no PROJOVEM/PMA Tailândia e Tonga, com caracteres e financiamentos específicos, focados, cada um, em determinados ângulos da questão. O aprofundamento da questão implica a necessidade de avançar da posição crítica que vimos trabalhando a educação em áreas rurais, de inspiração dialéticomarxista, considerando a contribuição da ciência histórica, em especial da história da educação. Para o fim de aprofundar o conhecimento histórico sobre a concepção de Escola como Instituição, sua relação com o Estado-Nação, a História e a Modernidade recorremos a Magalhães (2010) que demonstra a existência de uma relação entre a história e a educação, considerando como cenário o contexto do racionalismo do Século XVIII ao decurso da Modernidade: “a história, como inquérito à racionalidade e à gesta humanas, memória e mestra da vida, e a educação, como presente, racional e ordenado, e construção do futuro.” (p.11). Assim, ele nos põe diante do “contrato social”, fruto da evolução da civilização e da humanidade, como o parâmetro da relação Modernidade, Educação e História, em que esta última constitui-se não só fundamento como condição educativa. Magalhães (2010) esclarece as múltiplas dimensões da história e o sentido que dá à educação, entendida como pessoalização, para o que parte da própria origem etimológica da palavra, em que já se encontra presente o sentido de transformações sucessivas. Defende a tese de que a história está na base da educação e esta, na base da Modernidade, sendo a escola e a cultura escolar constituintes e instituintes da Modernidade, esta compreendida como um longo ciclo histórico que se estende dos finais do Século XVIII ao “curto Século XX”, no qual, por tensões progressivas, buscou-se harmonizar sujeitos e instituições, reificando-se a educação como experiência e processo, meio e substância de aculturação e comunicaçãp, disciplina e organização, intelecção e racionalidade. Desse modo podemos falar da cultura escolar entendida como ecossistema social e humano, em que seres organizam sua vida, integrante da materialidade da escola com seu aparato funcional e burocrático (agentes e dispositivos pedagógicos), simbólico e repertórios de pensamentos, informações e práticas de formação humana, assimilando disciplina e cultura, em sentido preventivo, com a presença de uma prudência e uma moral. Trata-se de questão que os clássicos já buscavam ainda no Século XVII, como Comênio, que enfatizava princípios educativos à luz da natureza (perfeita, divina) como: gradação do simples para o complexo; cada etapa a seu tempo e reconhecimento da importância do contexto: todo fruto amadurece sob condições. No Século XVIII, Rousseau definiu, como pressuposto do Emílio, que é bom tudo que sai das mãos do Criador da natureza e tudo degenera nas mãos do homem; daí preconizava o desenvolvimento livre e espontâneo do homem; sua educação deveria ser a própria vida da criança, do homem. Nesse sentido Magalhães (2010) chama a atenção para a dicotomia a ser superada entre a tendência do retorno ao selvagem, ao natural e o estágio atual de desenvolvimento da humanidade. A visão retrospectiva é importante mas não pode negar o progresso. Magalhães (2010) afirma que só se concretizaram ideais de escolas experimentais no Século XIX, com Herbart e, no Século XX, com Freinet. O primeiro buscou uma pedagogia científica que associava a educação à instrução e preocupou-se em formalizar passos formais da aprendizagem do aluno (preparação da aula e da classe, apresentação, associação conhecimentos novos/anteriores, sistematização e aplicação dos conhecimentos adquiridos). No contexto do Século XX, Freinet destaca-se com seu experiencialismo, com sua ideia construtiva do tateio pedagógico via educação, cooperativismo e trabalho produtivo, associando o cooperativismo à ação apriorística pedagógica com seus numerosos axiomas que permitem à escola um agir (re) criativo, gerando novos cidadãos e não réplicas conforme esperava a escola tradicional. Dessa forma deu-se o afrontamento da escolástica. A busca contemporânea de explicitar a concepção de educação, vista pela sociedade civil como prática social de apropriação/superação da cultura historicamente acumulada, pela qual o homem se humaniza e à sociedade, vem atravessando a esteira das relações sociais da população na busca da satisfação das suas demandas, nos diferentes contextos históricos pari passu com o avanço das ciências sociais e humanas. A história revela que muitas são as posições teóricas sobre a educação ao longo dos séculos, no movimento pendular de construção, crítica, avanços e retrocessos, que caracteriza a convivência de teorias diferentes nos diversos períodos, inclusive neste século XXI. CONTRIBUIÇÕES DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO Tomando como marco o Século XX, verificamos que algumas dessas teorias têm forte componente conservador como as de: Émile Durkheim (1858 – 1917; educação como processo de modelagem para a vida societária do homem egoísta, na perspectiva da busca da harmonia); Talcott Parsons (1902 -1979; educação como sistema social de troca de equivalentes, desconsideradas as contradições); Karl Mannheim (1893 – 1947) e John Dewey (1859 – 1952; ambos entendem a educação como a própria vida, valorizam o ato inovador do indivíduo na dinamização das estruturas sociais em função do objetivo final que seria a democracia planejada, autoritária e consentida pelo povo). Ainda na primeira metade desse século (XX), alguns teóricos passaram a considerar as contradições e os conflitos das sociedades de classe, configurando-se como críticos: Pierre Bourdieu (1930 – 2002) e Jean-Claude Passeron (voltados para a violência simbólica, o desvelamento da educação como reprodução e da escola como instrumento e causa da sociedade de classes); Louis Althusser (1918 – 1990), Roger Establet (1938) e Nicos Poulantzas (1936 – 1979; identificaram a escola como um dos AIE – aparelhos ideológicos do Estado, ao lado da família, Igreja e outras instituições da sociedade civil – que não cria, mas reforça a sociedade de classes). Nesse período, no movimento pendular das teorias de educação, através de Gary Becker (1930) e Theodore Schultz (1902 – 1998), emergiu a teoria da educação como capital humano, com taxa de retorno individual e social. Embora as teorias crítico-reprodutivistas tenham desvelado a realidade da educação nas sociedades de classes – o que representou grande avanço na Sociologia da Educação – provocaram perplexidade e certo imobilismo nos educadores que se negavam a exercitar a função meramente reprodutora, que lhes reduzia de professores a impostores, a serviço da classe dominante. Daí fortaleceram-se teses como: sociedade sem escolas (Ivan Illich), falência da escola pública, com efeitos contraditórios, pois que eram os escolarizados que pediam o fechamento das escolas. Nesse cenário emergiu a significativa contribuição de Antonio Gramsci (1891–1937) que, apesar de não ser um teórico da educação, foi o marxista “clássico” que mais avançou na reflexão sobre a escola, apontando sua função dialética e de outras instituições, na instância da sociedade civil, no sentido de, contraditoriamente, conservar e minar as estruturas sociais vigentes, hegemônicas. Assim fundamentou-se a teoria dialética da educação, que fez a crítica da crítica. Gramsci enfatizou a importância dos intelectuais na organização da cultura, no sentido de tornarem críticas atividades já existentes. Nessa perspectiva, os professores, por suas posturas pedagógicas, sociais e políticas podem ser caracterizados como tradicionais (assumindo suposta neutralidade) ou orgânicos (oriundos das fileiras da própria classe que defendem), ou ainda progressistas (aqueles que aderem à doutrina ou à ótica do dominado, independentemente de sua origem), como acrescenta Georges Snyders (1917). Através de Magalhães (2010) fica evidente o cuidado que se deve ter nessa perspectiva para que não se radicalize ou linearize o discurso crítico ou se cristalize a dicotomia teorias reprodutivistas e teorias progressistas. Seu ponto de vista é que toda a educação, inclusive a tradicional, carrega em si a esperança de mudança, representando uma contradição importante, como o fato de que no pragmatismo anglo-americano (de Dewey) o processo de pessoalização já se fazia presente, embora na acepção indexada ao sujeito (self). Assim, ele demonstra que educação seria sempre reconstrução; no caso de Dewey seria a reorganização de experiências. Na compreensão da educação como o processo de socialização/apropriação da cultura acumulada, que humaniza o indivíduo (pessoaliza) e à sociedade, ampliam-se na contemporaneidade as fontes de conhecimento. A educação volta-se para a formação do homem, sendo desenvolvida pela família, pelo meio social, pela escola (especialmente), pela Igreja, pelo próprio trabalho e, também, pelos novos espaços educativos (de cunho comunitário, os quais preenchem espaços vazios deixados tanto pelo setor público quanto pelo privado, como é o caso das Organizações Não Governamentais – ONG). Nesse contexto, o aluno representa eixo das preocupações pedagógicas, assim como o trabalho dos professores configura-se como prática social fundamental, pela qual é (re) produzida a própria existência, constituindo-se de relações do homem com a natureza e com os demais homens, o que é corroborado por Magalhães (2010); assim, a educação cria a própria humanidade do aluno, o pessoaliza, por um processo de humanização progressiva que se dá via apropriação da cultura produzida/acumulada social e historicamente, com a mediação docente. No processo de pessoalização, a instituição escolar desenvolve uma relação dialética entre educação – cultura – comunicação que regula o movimento da sociedade. Magalhães (2010) caracteriza a “longa duração pedagógica” de que fala, como período compreendido entre o final do séc. XVIII até a década de 1960, como marcado não só por continuidades (em relação ao norte do progresso e modernização, sob os pontos de vista ideológico, cultural, político e tecnológico) como também por rupturas e conflitos. Nesse sentido fala do Movimento da Escola Nova, nascido no final do Século XIX, como tentativa de ruptura com a escola tradicional, submetendo o formalismo e o magistrocentrismo ao tirocínio científico e processual, embora possa ser analisado em sua ambiguidade de modernidades em conflito e interdependentes: uma face progressiva, racionalista, competitiva e tecnológica; outra, culturalmente crítica e autocrítica, desvelando valores da primeira. O movimento da Escola Nova consagrou a institucionalidade do escolar como campo educativo, factor e agente da modernização e da transformação social, em alternativa ao processo instrucional, nacionalista, magistrocêntrico. (MAGALHÃES, 2010, p. 16) A partir do final do Século XIX, os coletivos nacionais, as organizações laborais e os proletários passaram a objeto de estudo da Economia, Psicologia e Sociologia (emergência das ciências sociais e humanas). No cruzamento transversal da pedagogia teleológica, científica e técnica, Magalhães (2010) menciona: Dewey, Claparéde, Binet, Simon e Decroly. Conforme sua análise, os regimes políticos progressistas, inspirados no liberalismo, na democracia e no socialismo, posicionaramse na competição como entidades estruturantes e usaram a escolarização como tecnologia do social e do individual, num processo lento e conflituoso, cuja faceta menos visível foi o Estado/Nação. O Estado legitimou a sua acção pelos elementos jurídico, administrativo, econômico, mas a sua afirmação perante a Nação resultou da cultura normalizada e vulgarizada pela escola. A educação cumpriu funções de prevenção, projecção, especialização, normalização. (MAGALHÃES, 2010, p.15) A grande contribuição de Magalhães (2010) refere-se ao seu reconhecimento de que na formação do cidadão influem o regime e o grau de autonomia das instâncias local, regional e nacional, no bojo de uma tensão do corporativismo e do Estado, em que a leitura e a escrita configuraram-se como meios e instrumentos de memória e etnologia nacionais, o que pode representar para nós a esperança de encontrar o fio da meado para o devido trato da educação em áreas rurais. Nesse sentido, a pedagogia escolar, com o experimentalismo e as lições de coisas, acabou conciliando escolástica e catequística com nacionalismo, isto porque com a ausência de experimentação em educação fortaleceu-se o significado e a exemplaridade da história como ciência e ilustração da dialética tradição/mudança/diversidade (memória coletiva que se tornou constitutiva da pessoa humana e da sociedade. A educação visou a mudança da história, em especial da história da educação., com a tendência à normalidade. O mínimo sociocultural escolar (tradição, normas, convenções, praxeologias) “foi, a seu modo, o húmus das diacronias mais genéricas da história social e cultural (tradicionalismo, classicismo, modernismo, pós-modernismo)” (MAGALHÃES, 2010, p. 18). Quanto à especificidade da história da educação, articulando tempo, história e educação, bem como as questões do transversal, do local e do institucional, Magalhães (2010) amplia a concepção de educação, tratando-a como complexo de múltiplas dimensões e categorial transformativo escalar, interdisciplinar, de geografia variável, sendo afetada por ideologias. Caracteriza os objetos educacionais mediante parâmetros como: totalidade, historicidade, materialidade, significado, narratividade, receptividade e transmissão, afirmando a dialética singular/transversal; global/nacional/local; flexibilização e subjetivação de saberes, saberes/fazer, axiologias, atitudes seletivas, projetivas (planos pedagógico, didático, social, antropológico)/a normalização. Diferencia o discurso historiográfico, que articula o processual com o espaço-temporal, do hagiográfico, o simbólico, com níveis diferenciados de conceitualização e proximidade da ação. O objeto educacional escolar, por ter assentada a sua historiografia na normalização (como meta e objeto), comporta uma contradição historiográfica, por historiar a norma e a normalização. Assim combina uma heurística e uma hermenêutica específicas com os princípios metodológicos e narrativos da história-ciência. Sua historiografia combina genealogia/contextualização, representação teórica/ denominativa/orgânico-uncional, matéria de informação/prova. Nesse sentido as categorias de análise são entendidas como figurações emergentes do objeto e denominadas no entroncamento com uma teoria, constituindo-se em “um complexo conceptual específico ou remetem para um modelo orgânico-funcional.” (MAGALHÃES, 2010, p. 23) Ao relacionar tempo, história e educação Magalhães (2010) retoma a especificidade e complexidade da educação como meio e processo, em especial dos movimentos, fenómenos e fatos educativos que impõe uma historiografia multifactorial, articulada em termos da consideração da duração (longa, média e curta), dos objetos historiográficos, espaços, tempos, instâncias, agentes e sujeitos, com sua (s) diacronia (s)/anacronia (s). Nesse sentido define o “horizonte de expectativa”, como o tempo mediador de ideação entre a expectativa e a realização educacional, que considera de grande fertilidade pedagógica e contributo da nova prevalência das relações simbólicas. Assim define a historiografia e a historiologia como ciência pos-facto, valorizando a experiência do historiador como suporte da hermenêutica. Sobre a relação do transversal, com o local e o institucional, que tanto nos interessa neste trabalho, Magalhães (2010) fala da estruturação em espiral ascendente da historiografia que, a partir de 1970, tem explorado a comunalidade e a transversalidade dos eixos de desenvolvimento que, desde o Iluminismo congregam Modernidade e educação, o que se aguça com as tecnologias informacionais e a mundialização que ensejam a projeção sobre o passado de teorias e matrizes macro da história mundial. Ao mesmo tempo evidencia que a educação e a história da educação vem abordando o local e o institucional na perspectiva da renovação, tendo como eixo a relação sujeitorealidade, para o que tem ampliado as fontes, valorizado os acontecimentos e os testemunhos regionais e locais. Essa dialética local/global na abordagem à escola e ao processo de escolarização explica-se pelo nacional/universal, destacando-se que o local não é uma réplica do global, nem seu nível elementar, mas uma singularidade na sua existência como totalidade em organização e evolução, razão pela qual a história da educação é reelaborada de país a país. É a abordagem dialética tem permitido elucidar que o local, em determinadas circunstâncias, tem sido alternativa ao nacional, até porque ele usufrui de maior autonomia, ritmo próprio e ampla margem de liberdade (criatividade), inclusive em contextos de centralização, embora a ausência e/ou insuficiência de fontes documentais dificulte a contraposição do hagiográfico à efeméride, à memória, ao coletivo e à dialética memória/arquivo, como elucida Magalhães (2010). Evidencia-se que a historiografia é reconstituição e não a aplicação descentralizada de uma narrativa global, representando forma de pensamento e participação social e cultural significativa pedagógica e antropologicamente. Permite fazer história/conhecimento da realidade e pensar a realidade humana com história, fomentando a cidadania do local. Desse modo a valorização da história da educação nos currículos emerge como estratégia idiossincrática em favor da identidade e da base cognoscente da cidadania, apontando para uma modernidade epistêmica na história da educação que conjuga o triângulo: objeto do conhecimento/sujeito cognoscente/norma e núcleo sujeito instituição-ação. No plano pedagógico, como no epistêmico, o grau de proximidade e de familiaridade do sujeito (especificamente do infanto-juvenil) com a realidade é decisivo no acesso e domínio de quadros de representação amplos e abstractos. No ensino da história e, de uma forma geral, em todo o processo educativo, a apropriação e as capacidades de transferência são afectadas pelo grau de conscientização do (s) sujeito (s). (MAGALHÃES, 2010, p. 39) Ao tratar da escola como objeto historiográfico, Magalhães (2010) demonstra que a escola é um objeto recorrente na história da educação e que sua historiografia está sendo não só ampliada como renovada, destacando-se dois grupos: um centrado na cultura escrita e outro nas práticas pedagógico-didáticas. Em sua perspectiva, a epistemologia interna à escola funda-se na teoria da cultura escolar, em que o manual é seu ícone como mediação entre a cultura escrita e o curriculum das práticas pedagógicas. Convívio e participação são conceitos que permitem agregar ao estudo dops manuais a distinção entre internato tradicional ou escola cooperativa, pois que reconfiguram a semântica das salas de aulas. A escola é entendida aqui como instância sociocultural que se reifica na materialidade, na transformação e ressignificação do local (com seus vínculos com o nacional e o global) como constitutiva da Modernidade. Sua história é marcada por transversalidades e subjetivações no currículo escolar, na apropriação das informações e conhecimentos, bem como no domínio das competências intelectuais e técnicas (referindo-se à escrevente, investigativa e projetiva). Os indivíduos assumem-se, progressivamente, como sujeitos educativos e transformam-se em pessoas, pela incorporação de atitudes éticas e estéticas normalizadas e pela coletivação de sociabilidades, com a mediação da comunicação e da externalização. Com muita propriedade, Magalhães (2010) destaca como principais fontes de informação sobre a escola: a materialidade (de domínio recente; a substância, os processos, a denominação, a transformação escola infantil/liceu/escola técnica/universidade): arquivos, museus e memoriais (que preservam vestígios); listagens, atas, dossiês, cadernos, processos e provas de exames escolares (documentação indireta e pos-facto, sendo raros os artefactos e testemunhos sobre a atividade do professor e sobre os processos de aprendizagem, sobretudo referente à instrução elementar); a organização e a ação pedagógico-didática (a pragmática); vivências e memórias (dimensão simbólica; é na memória e experiências docentes e discentes que o quotidiano é gravado e torna-se significativo), chamando a atenção para o fato de que, em geral, a historiografia da escola tem como fundamento documentos a posteriori para certificação. Em relação aos processos, segundo Magalhães (2010), a escola tem ao longo da história revelado como seu eixo agregador a formalização (incluindo norma e normatividade), configurando-se processualmente ora por fugir do positivismo, ora por tender ao relativismo das convenções, sempre conciliando modus vivendi com modus operandi, de modo que se tornou o formal escolar, com suas especificidades como modalidade de uma pragmática e de uma etnologia. Sob essa ótica, todo o aparato escolar, com suas dimensões internas e extra-muros, tem um duplo significado: interpretam e são formas de conceber o real (convenções) e informam sobre o funcionamento da realidade (sociadade/escola). Quanto à questão do trabalho docente, Magalhães (2010) embora reconheça na identidade profissional e sociocultural do professor a representação integrada das facetas da escola, informa que o referente básico da transformação escolar reside no coletivo de alunos, inclusive nas pedagogias magistrocêntricas (oficialização do aluno como modelo de educado, que repercutiu nos avanços dos espaços escolares). “A funcionalidade, a eficácia e a universalidade deste modelo tornaram a alteridade e a coletivização escolares mais válidas que a casa agrícola, a oficina, a empresa, a corporação, a cidade.” (p.40). Voltando a tratar do binômio escola/sociedade, Magalhães (2010) o define como principal referente do Estado Nação, égide da política educativa e escolar utilizada pelos agentes do poder, especialmente na regionalização e municipalização. Na base dessa evolução situa a cultura escrita e daí as matérias escolares, envolvendo práticas sociais e identidades coletivas (representações simbólicas). Por essa via Magalhães (2010) trabalha o conceito de Alteridade, na aliança sociedade/identidade, no que são percebidas as dimensões micro (no âmbito dos sujeitos) e macro (das políticas públicas). A CATEGORIA DA ALTERIDADE Trata-se de categoria que vimos trabalhando no âmbito da educação em áreas rurais, focada nas políticas públicas, práticas pedagógicas e narrativas docentes. Agora, com Magalháes (2010) vamos aprofundar seu sentido na pedagogia institucional, pela qual o educacional escolar configura-se como alteridade/instituinte por continuidade, complementaridade ou reprodução, em especial na modalidade de cooperativa pedagógica, contemplando aspectos da arqueologia do poder escolar, com ênfase à disciplina e aos conteúdos. No âmbito da alteridade, destaca-se a importância dos alunos de per si e como portadores dos resultados da escolarização. Sua heurística é que permite a cartografia da geografia humana e educacional, bem como a avaliação processual por agentes internos e externos (especialistas e comércio editorial). As instâncias formativas consagradas pela historiografia educacional: institucional, nacional e local, bem como a escala e a duração como instrumentos metodológicos por excelência, contribuem para identificação dessa categoria. Tanto a bipolaridade escola/sociedade quanto a singularidade do educacional escolar são consideradas por Magalhães (2010) como perspectivas significativas da historiografia escolar (social e cultural). “A escola desenvolveu-se inscrita e instituinte da realidade histórica. O educacional escolar é uma sociocultura e a cultura escolar é uma antropologia. A história da escola é, por consequência, social e cultural.” (p.45). A tese de Magalhães (2010) é que: “A história da escola combina a cultura material e a cultura escrita com a oficialização e a subjetivação do aluno.” (p. 45). Afirma tratar-se a escola de uma instituição criada para regenerar a sociedade que tem convivido com o paradoxo hermenêutico de reproduzir e inovar, preparar o futuro e manter a tradição e a norma, tendo como referência o instituído, ao que a historiografia da escola e das reformas da instrução pública tem sido sensível. “De elementar e básica, a escola alargou-se ao ensino técnico-profissional e, uma vez escolarizada a educação fundamental, tornou compreeniva a educação secundária.” (p.48). Assim é possível identificar outras tensões como: escola como convenção e a experiêencia escolar como simulação; o local e o transcultural; a endogenia e a exogenia. Nessa perspectiva, tanto para as forças progressistas quanto para as conservadoras, a expectativa em relação à escola tem sido a regeneração social e promoção de uma outra sociedade (justa, culta, democrática), via modernização e transformação dos indivíduos. Na Modernidade, a construção do Estado Nação foi o principal objetivo da cultura escolar, assim como a cidadania foi fator de desenvolvimento, progresso e ruptura com o Antigo Regime. Sobre a história e os paradoxos escolares, Magalhães (2010) afirma que no contexto da soberania progressiva do povo, os instrumentos fundamentais tem sido o contrato social e o constitucionalismo, tendo como meio a cidadania desenvolvida pela cultura escolar e pela escola. Assim, a escola situa-se como instância de cidadania., desde finais do Século XVIII, como resultante da confluência do iluminismo com a pragmática, sendo que a atual crise da escola do impresso e do ofício escrevente comporta sua desindexação ao Estado Nação, a ruína do paradigma científicoinformacional e a perda da sua exclusividade de habilitação para a cultura escrita. É sua maior crise após o rompimento com a escolástica. É nessa perspectiva histórica que passamos a analisar a pertinência do rural como objeto de estudo, especialmente na área da educação, como uma realidade desafiante ainda hoje e em relação ao futuro. Foi no passado, na primeira metade do Século XX, inclusive gerando no âmbito das políticas públicas o propalado ruralismo de Salazar em Portugal e o ruralismo pedagógico no Brasil, de Vargas, em ambos os países durante o Estado Novo, contextos cujas histórias entrelaçam-se, o que justifica esta investigação da questão do rural na escola estadonovista portuguesa e brasileira, através de fontes secundárias e primárias, com foco na educação e no desenvolvimento local. A RURALIDADE COMO CATEGORIA TEÓRICA Retomando Zulberti, Gasperini, Gaviria; Boerger, Umayahara e Rodriguez (2004), e Corvalán (2004), em relação à ruralidade versus desigualdade frente ao conceito de oportunidades educacionais, evidencia-se que, historicamente, duas posições destacam-se: uma centrada na noção da especificidade da cultura rural e outra nas noções de desigualdade e falta de oportunidades para a população rural. A primeira abordagem configura-se como fundamentalmente cultural, com ênfase nos hábitos e costumes rurais que devem ser preservados pelos canais públicos, incluindo a escola, sob o argumento da profunda diferença da população rural em relação à urbana. Portanto, fundamenta a dicotomia rural e urbano, além do que homogeneiza o rural, desconsiderando suas próprias diferenças internas (indígenas, quilombolas, sertanejos etc.), assim fundando propostas de educação e políticas públicas gerais. Nesse âmbito a crítica incide sobre a escola na perspectiva da cultura a preservar, que exige um tipo de conteúdo e organização da prática pedagógica para tal fim, ou seja um currículo específico. Trata-se de tendência em construção com questões diversas a pesquisar. Já na segunda abordagem identificada por Zulberti, Gasperini, Gaviria; Boerger, Umayahara e Rodriguez (2004), o fóco recai na desigualdade e na falta de oportunidades educacionais para a população das áreas rurais, em relação às áreas urbanas. A análise aqui volta-se para os déficits quanto aos padrões urbanos e/ou ideais de qualidade da educação. Para Corvalán (2004): Esta abordagem não percebe as diferenças de problemas educacionais tardios, entre rural e urbano, sendo elas principalmente de qualidade e realização educacional e, em um nível mais básico, de cobertura e oferta de recursos educacionais (p. 12). . Trad. Bezerra, A.A.C. (2012). Seu argumento tem fundo probabilístico e comparativo, a partir do pressuposto que um sujeito educado tem maior possibilidade de elevar sua qualidade de vida pela mudança de sua prática e pelo desejo que se instala da educação permanente. Nesse sentido, Corvalán (2004) recorre a Reimers (1999) para descrever os níveis de oportunidades educacionais: QUADRO Nº 03 OS CINCO NÍVEIS DE OPORTUNIDADE EDUCACIONAL Quinto nível Quarto nível Terceiro nível Segundo nível Primeiro Nível A oportunidade de que o aprendido no ciclo sirva para ter outro tipo de oportunidades sociais e econômicas, para ter mais opções na vida. A oportunidade de ter conhecimentos e habilidades comparáveis aos dos demais graduados nesse ciclo. A oportunidade de completar um ciclo de ensino A oportunidade de aprender na primeira série o suficiente para complementá-la e ter a base que permita ir avançando na pirâmide educacional A oportunidade de ingressar na primeira série de uma escola FONTE: Reimers, F. El estudio de las oportunidades educativas de los pobres en América Latina. In: Revista Latinoamericana de Estudios Educativas. Volumen XXIX, n º 1 pp 17-68, México, 1999. Apud Corvalán, 2004, p. 12. Trad. Bezerra, A.A.C. (2012). CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS DE PESQUISA A partir do exposto a pesquisa se propõe a investigar 12 Manuais Escolares das décadas de 1940 a 1970, da categoria de Livro Único, selecionados a partir do levantamento bibliográfico na biblioteca nacional e de Magalhães (2011), adquiridos via reimpressão e comercialização pelas livraras das estações do Metro, em Lisboa, que seguem indicados. São eles: EDITORA EDUCAÇÃO NACIONAL, DE ADOLFO MACHADO. Aritmética: para todas as classes do ensino primário. Aprovada oficialmente. Nova edição. Porto, Portugal, s/d. (Série Escolar Educação; 165p.) ______. Gramática elementar: para a 3ª e 4ª classes do ensino primário. Aprovada oficialmente por despacho ministerial de 6-1-1961. Porto, Portugal, s/d. (Série Escolar Educação; 92p.) _____. Geografia: para a 3ª e 4ª classes do ensino primário. Aprovada oficialmente. Nova edição. Porto, Portugal, s/d. (Série Escolar Educação; 90p.) ______. História: para a 4ª classes do ensino primário elementar. Aprovada oficialmente. Nova edição. Porto, Portugal, s/d. (Série Escolar Educação; 109p.) PORTUGAL/MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO NACIONAL. O livro da primeira classe: ensino primário elementar. Porto: Editora A Educação Nacional, s/d (com Português e Aritmética, 144 p.) ______. O livro da segunda classe: ensino primário elementar. 6. ed. Porto: Editora Educação Nacional de Adolfo Machado. 1958 (com Português e Aritmética, 138 p.) LIVRO DE LEITURA DA 3ª CLASSE: ensino primário elementar. s/e; s/d (com Português e História, 213 p.) LIVRO DE LEITURA: para a 4ª classe; ensino primário; textos com aprovação oficial. 6. ed. Porto: Editora Educação Nacional de Adolfo Machado. 1958 (Série Escolar Educação) [com Português e História, 142 p.] SUBTIL, Manuel; FILIPE, Cruz; ARTUR, Faria e MENDONÇA, Gil. Leituras: I classe. Ilustrações de Eduardo Romero. 45. ed. Todo original dos autores. Lisboa (PT): Sá da Costa, 1956. (72 p.) ______. Leituras: II classe. Ilustrações de Eduardo Romero. 77. ed. Todo original dos autores. Lisboa (PT): Sá da Costa, 1947. (131 p.) ______. Leituras: III classe. Ilustrações de Eduardo Romero. 116. ed. Todo original dos autores, com vocabulário e regras ortográficas. Ortografia rigorosamente actualizada, aprovado oficialmente. Lisboa (PT): Sá da Costa, 1960. (160 p.) _____. Leituras: IV classe. Ilustrações de Eduardo Romero. 106. ed. Todo original dos autores, com vocabulário e regras ortográficas. Ortografia rigorosamente actualizada, aprovado oficialmente. Lisboa (PT): Sá da Costa, 1960. (208 p.) O GPGFOP/UNIT/CNPq prepara-se agora para esboçar uma etnohistoriografia do livro escolar em Portugal do Estado Novo, de modo a verificar uma possível integração interdisciplinar via metodologia pragmática, aprofundando a análise de modo a contemplar a articulação numa mesma linha historiográfica perspectivas metódicas como: o inventário/seriação, a análise histórica e pedagógica, a interdisciplinaridade dos historiadores da educação com os didáticos e a dialética entre as abordagens, as perspectivas, as políticas educacionais e os mecanismos de aculturação. Nessa perspectiva serão abordadas as questões anunciadas na Introdução, especialmente as relações Estado – Igreja - Família – Escola, visando à formulação de hipóteses sobre as representações nos Manuais Escolares. E expectativa é que o trabalho venha a reconstruir, via representações dos manuais, categorias de análise emergentes deste estudo como: conformismo social, família patriarcal e autoritária, trabalho camponês, naturalidade da pobreza, subsistência medíocre, resignação social, caridade, obediência, vivência aldeã, espírito de abnegação, patriotismo, autenticidade. pureza, pragmatismo, mundivivência urbana, nacionalismo, dimensões do Estado Novo (Deus, Pátria e Família), função social e política do professor. Dessa forma a pesquisa avança para caracterizar as representações de ruralidade e alteridade presentes nos manuais escolares adotados no estado novo, bem como nos programas de formação de agentes de desenvolvimento e transformação para áreas rurais (professores, regentes e agentes de desenvolvimento rural) – Brasil e Portugal REFERÊNCIAS ADÃO, Áurea. 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