Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para
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Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid Luís Cláudio Palma Pereira*, Rogério Botteon Romano, Fabrício Lira Figueiredo, André Luís de Souza, Antônio Augusto Netto de Faria, Fabrício Poloni dos Santos, Maria Luiza Carmona Braga, Moisés dos Santos, William Lima de Souza Este artigo apresenta os principais resultados alcançados em um projeto de desenvolvimento experimental realizado no âmbito do programa de P&D Aneel. O programa teve como principal objetivo o desenvolvimento e a validação da concepção de uma rede experimental híbrida sem fio, por meio da integração de segmentos baseados nos padrões IEEE 802.15.4 (ZigBee) e 802.11b/g (Wi-Fi), da implementação da funcionalidade Ad Hoc Mesh e do uso de faixas de frequência licenciadas com atribuição Anatel SLP (Serviço Limitado Privado) nos segmentos do espectro de 250 MHz e 370 MHz. A validação desse conceito foi realizada em testes de campo no CPqD, onde foram instalados os protótipos da rede híbrida desenvolvidos, avaliados seu desempenho, suas funcionalidades e capacidade de suportar aplicação típica de telemedição, através de aquisição remota de dados disponibilizados por medidores eletrônicos. Palavras-chave: Smart grid. Telemedição. Wi-Fi Mesh. ZigBee. SLP. Abstract This paper presents a brief description the main results achieved by a wireless access network solution developed at CPqD and subject to requirements proposed within the scope of the R&D program. A solution aimed at providing a hybrid wireless access network, integrating segments based on wellestablished standards, including IEEE 802.15.4 (ZigBee) and Ad Hoc Mesh 802.11b/g (Wi-Fi), but using proprietary radio interfaces especially developed in order to operate in the SLP (Serviço Limitado Privado – Limited Private Service) licensed frequency bands, as recently regulated by Anatel, was proposed and approved. The new bands, comprising part of the reframed spectrum in the 250 MHz and 370 MHz bands were used in the Ad Hoc Mesh backhaul segment and the ZigBee wireless devices, respectively, the latter being integrated with residential smart metering devices in order to provide the means for large scale telemetering in high density urban areas. Validation of the hybrid experimental network concept and the developed prototypes was carried out in a field test environment set up at CPqD facilities. Key words: Smart grid. Telemetering. Wi-Fi Mesh. ZigBee. SLP. * Autor a quem a correspondência deve ser dirigida: [email protected]. 1 Introdução Atualmente, existe grande interesse das concessionárias de energia em tornar os diversos segmentos da infraestrutura de fornecimento de energia elétrica mais eficientes e rentáveis. Esse interesse se traduziu em um esforço concentrado de todas as partes envolvidas do setor elétrico mundial, que resultou inicialmente na criação do conceito de arquitetura IntelliGrid pelo EPRI (Electric Power Research Institute) e, posteriormente, do conceito de smart grid, na Comunidade Europeia. A arquitetura IntelliGrid foi definida como uma arquitetura aberta, padronizada e voltada para a integração das redes de comunicação e dos equipamentos necessários para suportar o “Sistema de Transporte de Energia do Futuro”. O termo smart grid refere-se a uma rede de distribuição de energia elétrica que integra as ações dos envolvidos nos segmentos de Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid fornecimento e de consumo, possibilitando o desenvolvimento de um ecossistema capaz de fornecer bens e serviços de forma mais eficiente. Assim, o conceito de smart grid viabiliza o fornecimento de serviços inovadores aos consumidores e também proporciona aos fornecedores de energia, entre vários benefícios, um melhor controle da rede e maior simplicidade em operações como levantamento de informações de consumo, implementação de mecanismos de redução das perdas, incluindo as econômicas, e modalidades de tarifação. Nesse contexto, se destaca a relevância da solução de rede sem fio proposta, com potencial para suportar aplicações em telemedição alinhadas com a visão estratégica das concessionárias. A solução desenvolvida com esse intuito apresenta importantes diferenciais em comparação a soluções convencionais de comunicações sem fio, que vêm sendo adotadas recentemente como suporte à implantação de smart grids, as quais são normalmente baseadas em sistemas que utilizam faixas de frequência não licenciadas ou são suportadas pelos serviços de rede de dados disponíveis, GPRS (General Packet Radio Service) e UMTS (Universal Mobile Telecommunications System), comercializados pelas operadoras celulares. De fato, a solução apresentada neste artigo se baseia na utilização de tecnologias padronizadas de redes sem fio, adaptadas para operação em faixas de frequência licenciadas abaixo de 1 GHz, com atribuição Anatel para Serviço Limitado Privado (SLP), e, adicionalmente, incorpora todas as vantagens associadas a uma topologia de rede sem fio Mesh. Essas características tornam a solução única em termos de robustez, flexibilidade e adequação ao cenário regulatório do País e potencializam a flexibilidade e a penetração da rede, por meio da utilização de faixas de frequência mais baixas e da exploração das funcionalidades das redes Mesh. A solução, proposta e testada, mostrou-se bem adaptada à aplicação em cenários urbanos de morfologia complexa. Outras vantagens da solução são o custo otimizado da infraestrutura, em virtude da ampliação da cobertura alcançada por nó, proveniente da operação em faixas sub-1 GHz, e a disponibilidade de dispositivos que implementam padrões abertos e orientados à interoperabilidade na interface aérea. 32 2 Visão estratégica da aplicação de rede sem fio em smart grid/telemedição O aumento da eficiência nas operações das concessionárias e consequentes benefícios financeiros estão fortemente relacionados a ações específicas que incorporam o conceito de smart grid e podem gerar resultados importantes para o futuro do setor elétrico. Ações prioritárias são direcionadas aos seguintes temas: tratamento das perdas comerciais e técnicas, com a implementação da telemedição, associada à capacidade de realização de corte e religamento remotos; expansão da automação da rede de subtransmissão/distribuição, com automação das chaves de linhas de subtransmissão e instalação de chaves automatizadas nos circuitos primários de distribuição; integração de sistemas, incluindo telemedição, bases de dados georreferenciadas, supervisão e controle, e faturamento. Nesse contexto, verifica-se a importância, para a empresa, do aumento da capacidade da realização de telemedição, com desdobramentos nos seguintes resultados operacionais: redução das perdas não técnicas de energia; redução da inadimplência; execução de 100% da sugestão comercial de corte para a redução do tempo de consumo irregular; redução da PCLD (Provisão para Crédito de Liquidação Duvidosa); redução do custo de leitura; redução dos custos de inspeção e com equipes de combate à fraude; redução de consumo próprio dos equipamentos de medição (substituição de eletromecânicos); redução do valor de corrente de partida registrado pelos medidores; identificação das perdas por trecho da rede de distribuição (balanço de energia), com a melhoria do direcionamento das ações preventivas. As vantagens advindas da concretização desses resultados devem ser ponderadas com base nos eventuais aumentos dos custos com a infraestrutura de telecomunicações necessária, motivando a investigação de alternativas e abrindo espaço para inovação. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid A solução de rede sem fio é apresentada na próxima seção, que aborda algumas dessas questões e mantém o foco, num contexto de prova de conceito, na capacidade de suporte à telemedição. 3 Descrição da solução de rede sem fio proposta para prova de conceito de aplicações de telemedição por gateways Wi-Fi Mesh/ZigBee (Mestre) e elementos ZigBee Clientes; FAN (Field Area Network): transporta o tráfego da NAN para a rede corporativa e é composta por gateway Wi-Fi Mesh/ZigBee (Mestre) e roteadores Wi-Fi Mesh instalados na infraestrutura de distribuição entre os gateways e o ponto de concentração. Ambos os segmentos operam em topologias Ad Hoc e Mesh, em que os nós da rede se comunicam entre si, sem que haja um controle centralizado. Nesse caso, as rotas mais adequadas às conexões entre os nós da rede são estabelecidas de acordo com protocolos de camada 3, distribuídos e abertos. Foram adotados os protocolos OLSR (Optimized Link State Routing – RFC 3626) (IETF, 2003b) para o segmento Wi-Fi A arquitetura proposta no projeto é apresentada na Figura 1 e integra dois segmentos de rede sem fio baseados nos padrões IEEE 802.15.4 (ZigBee) e 802.11b/g (Wi-Fi) (IEEE, 2006, 2007), que correspondem respectivamente aos seguintes domínios: NAN (Neighborhood Area Network): transporta o tráfego dos pontos de medição, ou eventualmente telecomando, composta Figura 1 Arquitetura de referência da solução que integra redes Wi-Fi Mesh e ZigBee Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 33 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid e AODV (Ad hoc On Demand Distance Vector – RFC 3561) (IETF, 2003a) para o segmento ZigBee. Esses protocolos foram escolhidos porque foram desenvolvidos especificamente para redes sem fio. O protocolo OLSR permite a atualização constante das tabelas de roteamento e, por essa razão, é apropriado para redes com grande número de nós. O protocolo AODV foi projetado para maximizar a eficiência e a escalabilidade, reduzindo a disseminação de tráfego de controle e, consequentemente, minimizando o overhead no tráfego de dados. Sua aplicação é indicada para nós com baixa capacidade de processamento e memória, como nos dispositivos ZigBee. A rota só é descoberta no momento em que se faz necessário transmitir um pacote, o que resulta em uma maior economia de energia. As rotas estabelecidas compreendem conexões com múltiplos saltos entre os nós de origem e destino, que envolvem nós intermediários e gateways de interface para redes externas. Com o objetivo de atender o segmento FAN, foram desenvolvidos roteadores Wi-Fi Mesh que suportam a operação na faixa de 250 MHz, destinada à modalidade de serviço SLP. Esses roteadores constituem o backhaul da rede, com o qual se estabelece a conexão com a rede corporativa IP, provedora dos servidores de infraestrutura e das aplicações específicas de uma rede de telemedição. A interface de RF (Radio Frequency) dos roteadores Wi-Fi Mesh incorpora até duas antenas adequadas à faixa de 250 MHz e largura de canal de 5 MHz, utilizada conforme estabelecido em regulamentação de uso do espectro para essa faixa, publicada pela Anatel em dezembro de 2010, no Anexo à Resolução № 555 (ANATEL, 2010a). O segmento ZigBee confere maior versatilidade à topologia (ponto a ponto, estrela ou mista) da rede empregada na solução. Na configuração, conhecida como peer-to-peer, podem ser estabelecidos padrões arbitrários de conexões entre os nós, limitadas pelo alcance dos sinais de rádio e pelas perdas da capacidade de transmissão de dados, que normalmente ocorrem quando a comunicação entre os nós se dá através de múltiplos saltos. O sistema incorpora a capacidade de autoformação e de regeneração da rede, estabelecendo padrões de comunicação entre os nós clientes, sob a coordenação de um elemento-mestre. O nó cliente pode ser configurado como um elemento roteador da rede e conectado diretamente a um equipamento ou dispositivo, monitorado ou 34 telecomandado para enviar informações ou dados por ele gerado. A interface de RF dos nós da rede ZigBee incorpora antenas adequadas à faixa de 370 MHz e largura mínima de canal de 1,25 MHz, utilizada conforme estabelecido em regulamento específico da faixa, publicado em dezembro de 2010 pela Anatel, no Anexo à Resolução № 556 (ANATEL, 2010b). A prova de conceito dessa solução, conforme os objetivos do projeto, demandou a execução das seguintes atividades: desenvolvimento de protótipos de módulos componentes das redes ZigBee e Wi-Fi Mesh nas frequências propostas; integração com medidores eletrônicos de consumo de energia; testes-piloto em campo (CPqD). 4 Comparação com alternativas à solução de rede sem fio Conforme descrita na seção anterior, a solução de rede sem fio adotada é baseada na tecnologia Wi-Fi Mesh. Porém, como o padrão WiMAX, em sua difundida versão IEEE 802.16e, também é uma alternativa ao backhaul do segmento da rede de telemedição NAN, responsável pelo transporte do tráfego dos pontos de medição, ou eventualmente telecomando, é importante destacar alguns pontos que justificaram a escolha do padrão Wi-Fi. As funcionalidades da tecnologia WiMAX são adequadas às aplicações em sistemas com as seguintes características principais: terminais com mobilidade; grande variação da carga de tráfego na rede sem fio; ambientes de propagação complexos, com grande ocorrência de múltiplos percursos e de desvanecimentos rápidos e lentos; diversidade de serviços oferecidos e de perfis de usuários, que demanda adequações dos critérios de qualidade de serviço (QoS); existência de aplicações críticas, particularmente relativas à latência; infraestrutura para instalação de radiobases. Por outro lado, as funcionalidades da tecnologia Wi-Fi Mesh são adequadas às aplicações em sistemas com as seguintes características: Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid capacidade para atender clientes fixos ou com baixa mobilidade; variação moderada da carga de tráfego na rede sem fio; ambientes de propagação complexos, com ocorrência de múltiplos percursos, interferências e níveis elevados de ruído; ambientes operacionais característicos de zonas urbanas, com alta densidade de edificações e impedimentos ou baixa disponibilidade para instalação dos rádios em pontos elevados; homogeneidade de serviços e perfis de usuários; inexistência de aplicações críticas relativas à latência ou em situações em que a rede sem fio apresente recursos de banda disponíveis. Outro ponto-chave na seleção da tecnologia é a capacidade de transmissão de dados. Em um sistema ponto-multiponto, essa capacidade varia com a distância entre o terminal e a estação-base. A Tabela 1 e a Tabela 2 apresentam taxas líquidas de transmissão máximas nas implementações das tecnologias WiMAX e WiFi, com operação em 250 MHz e largura de canal de 5 MHz. As taxas baseiam-se em avaliações realizadas em laboratório. Para a capacidade de transmissão do WiMAX, foi considerado um valor típico de distribuição do quadro TDD e foram estimados valores para um sistema com operação em MIMO 2x2 (SMSpacial Multiplex). Na Tabela 3, são comparadas as capacidades de transmissão máximas das duas tecnologias no sentido uplink, normalmente o sentido de transmissão que limita a comunicação. As distâncias são estimadas com o uso de modelos teóricos para ambiente urbano SUI (Stanford University Interim). Nessas estimativas, foi considerado o limite de potência radiada atualmente em vigor e estabelecido por norma (25 dBm). Esses resultados mostram a maior capacidade de transmissão da tecnologia Wi-Fi Mesh nos cenários considerados. Tabela 2 Taxas líquidas WiMAX (uplink) máximas em função do nível de sinal recebido (RRSI) Tabela 1 Taxas líquidas Wi-Fi Mesh máximas em função do nível de sinal recebido (RSSI) RSSI (dBm) - 86 - 83 - 66 Taxa líquida (Mbps) Tráfego nos 2 Tráfego em 1 sentidos sentido 1,6 3,0 2,3 5,0 6,0 12,0 v Taxa líquida (Mbps) SISO MIMO (2x2) - 86 0,9 1,8 - 83 1,3 2,6 - 66 2,5 5,0 Tabela 3 Taxas líquidas (uplink) máximas em função de distâncias (tráfego em um sentido) Distância (m) Taxa líquida (Mbps) Ambiente urbano Wi-Fi Mesh WiMAX (MIMO) 1.750 3,0 1,8 1.550 5,0 2,6 800 12,0 5,0 Esses resultados indicam a adequação da tecnologia Wi-Fi Mesh ao cenário de aplicação considerado e os ganhos obtidos em comparação com a solução baseada na tecnologia WiMAX. Esses ganhos envolvem outros aspectos, tais como maior simplicidade da implementação, flexibilidade e adequação aos cenários de instalação. 5 Desenvolvimento da solução ZigBee O desenvolvimento de protótipos e módulos componentes do segmento ZigBee da rede experimental incluiu a implementação de uma solução baseada na técnica de conversão de frequência e integração com as camadas da pilha padrão, tanto para o módulo com funções de coordenador (mestre) quanto para o módulo cliente (roteador). Foram desenvolvidas soluções de integração física e funcional, com um medidor eletrônico de consumo de energia para o módulo cliente, e com o gateway da rede Wi-Fi Mesh para o módulo coordenador. As principais características do padrão IEEE 802.15.4 (Physical Layer and Medium Access Control – PHY/MAC), especificadas para a plataforma utilizada como base para os desenvolvimentos, são as seguintes: faixa de frequência padrão utilizada para conversão: 902-928 MHz; dez canais espaçados de 2 MHz; modulação DSSS (Direct Sequence Spread Spectrum) e BPSK (Binary Phase Shift Keying), com concentração da energia em uma faixa de 1,2 MHz; modulação O-QPSK (Offset Quadrature Phase Shift Keying); Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 35 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid taxa bruta máxima de transmissão: 40 kbps (BPSK) ou 250 kbps (O-QPSK); método de acesso ao meio: CSMA/CA (Carrier Sense Multiple Access with Collision Avoidance); topologias de rede compatíveis: ponto a ponto, estrela, mesh e árvore; padrão de segurança dos dados (encriptação) utilizado é o AES (Advanced Encryption Standard) de 128 bits. Para integração com o medidor eletrônico, a solução desenvolvida incluiu as seguintes funcionalidades na camada de aplicação: aquisição remota de dados de leitura de consumo de energia disponibilizada pelo medidor eletrônico, utilizando protocolo da Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT NBR 14522 (ABNT, 2008), e implementada através de aplicação fornecida por uma concessionária do setor elétrico; endereçamento do nó cliente na rede ZigBee associada à identificação do medidor ao qual se encontra conectado. A Figura 2 ilustra a integração dos componentes da solução para a rede ZigBee, desenvolvida no escopo do projeto, com o gateway e o medidor eletrônico. Na integração com o medidor eletrônico, foram considerados os seguintes requisitos: interface física: porta óptica/porta serial RS232; protocolo de comunicação para operação de aquisição de dados: ABNT; tempo de resposta máximo suportado pelo protocolo: 60 s; velocidade de transmissão requerida pela operação de aquisição: 9,6 kbps; banda máxima requerida pela operação de aquisição: 258 bytes. Foi necessária a acomodação do módulo cliente no interior da caixa metálica padrão E, utilizada para abrigar o medidor, conforme Figura 3. Figura 2 Integração dos componentes da solução para a rede ZigBee, com medidor eletrônico e gateway Figura 3 Caixa padrão tipo E utilizada na integração do módulo ZigBee cliente 36 Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid 5.1 Protótipo de módulo ZigBee em baixa frequência para medidores eletrônicos A Figura 4 representa a arquitetura do módulo ZigBee cliente desenvolvido, com diagrama de blocos que representam seus principais componentes e as respectivas conexões. conversor de frequência atendendo as subfaixas 364,150 - 367,900 MHz, 371,025 - 372,275 MHz e 374,150 376,650 MHz, todas com espaçamento de 1,25 MHz. Inclui os componentes necessários à amplificação e à filtragem nessas frequências, mantendo as características do sinal definido pelo padrão IEEE 802.15.4. A solução de empacotamento mecânico desenvolvido para integração física do protótipo na caixa tipo E, conforme Figura 3, é exibida na Figura 5 e na Figura 6. Figura 4 Diagrama de blocos (cinza) do módulo ZigBee cliente (370 MHz) As principais funcionalidades implementadas pelos blocos, em componentes distintos montados em uma única placa, são as seguintes: microcontrolador implementando a pilha ZigBee definida pela ZigBee Alliance e a aplicação que define a ação do módulo cliente. Aplicação implementando o protocolo de comunicação com o medidor eletrônico, com controle de sinalização e armazenamento de dados na memória EEPROM (Electrically Erasable Programmable Read-Only Memory) para possibilitar posteriores consultas; interface de comunicação serial (transceiver), com unidade serial padrão EIA232, que viabiliza a comunicação entre o módulo ZigBee e o medidor eletrônico (taxa de dados máxima de 9.600 bps). Suporta o protocolo de comunicação para configuração e leitura remota dos dados contidos no medidor eletrônico com o uso de aplicação fornecida pelo fabricante; unidade de memória EEPROM não volátil, com comunicação serial padrão I2C e capacidade de armazenamento das medidas coletadas pelo medidor eletrônico; transceptor RFIC (Radio Frequency Integrated Circuit) + MAC/PHY, com interface SPI (System Packet Interface) para as faixas 700/800/900 MHz, incluindo as camadas MAC/PHY IEEE 802.15.4; Figura 5 Vista frontal do empacotamento do módulo ZigBee cliente Figura 6 Vista interna do empacotamento do módulo ZigBee cliente A disposição do protótipo no interior da caixa, juntamente com o medidor eletrônico de uso residencial, é mostrada na Figura 7. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 37 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid componentes de casamento de impedância na estrutura de excitação em microfita. Figura 7 Vista interna da caixa tipo E com medidor eletrônico e fixação do empacotamento do módulo ZigBee cliente A instalação do módulo ZigBee cliente no interior da caixa tipo E impõe requisitos adicionais para a antena a ser integrada ao módulo. Para a determinação de uma solução adequada, devem ser considerados os seguintes aspectos: diversidade de cenários de instalação, tanto no posicionamento da caixa na alvenaria quanto nos detalhes de construção da caixa, tais como formato do visor de leitura e junções entre suas partes, principalmente entre a tampa e o corpo da caixa; inconveniência de instalação de cabos para conexão com uma antena externa à caixa; dimensões das antenas, necessárias na obtenção de eficiências condizentes com a operação adequada do sistema; aspectos relacionados à segurança, com a recomendação de que os componentes do sistema não fiquem excessivamente expostos e sujeitos a manipulação e danos. Com base nesses aspectos, foi desenvolvida uma solução em que as aberturas ou fendas da caixa fossem utilizadas como elementos radiadores. A excitação dessas aberturas foi feita por meio de microlinhas e as paredes internas da caixa foram utilizadas como planos metálicos. A Figura 8 mostra os detalhes da estrutura de excitação das fendas frontais do visor da caixa, ajustada experimentalmente, e incorporando os 38 Figura 8 Detalhe da estrutura em microfita utilizada na excitação das fendas frontais da caixa tipo E A Figura 9 reproduz a curva dos valores de perda de retorno atingidos na faixa de frequência de 360 a 380 MHz. O casamento de impedância, feito com um capacitor em série de 3,3 pF e outro em paralelo de 2,2 pF, permitiu atingir valores satisfatórios de perda de retorno, abaixo de -10 dB na faixa de 360 a 380 MHz. Observou-se, no entanto, uma grande sensibilidade dessa sintonia, resultando em pequenas variações na estrutura da caixa, por exemplo, na posição da sua tampa ou até no acúmulo de poeira no vidro, que podem modificar a frequência de sintonia. Figura 9 Curva de perda de retorno para a excitação das fendas frontais da caixa tipo E na faixa de frequência de 360 a 380 MHz Outra possibilidade de utilização de fenda caixa como antena foi explorada com excitação da junção lateral da tampa. Figura 10 mostra a fixação da estrutura excitação em microfita nessa alternativa. da a A de Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid Quanto à requisição remota de dados disponibilizados pelos medidores eletrônicos, a camada de aplicação viabiliza o repasse das mensagens do protocolo ABNT. A Figura 12 e a Figura 13 ilustram a integração e a montagem da placa do módulo ZigBee coordenador no gateway, através da conexão com o processador de rede do módulo host (PQII). Com esse módulo ZigBee, é possível a utilização de antena comercial. Figura 10 Visão do interior da caixa tipo E com detalhe da fixação da estrutura em microfita utilizada na excitação da fenda lateral 5.2 Protótipo de módulo ZigBee em baixa frequência para gateway ZigBee/Wi-Fi Mesh O diagrama de blocos apresentado na Figura 11 representa a arquitetura do módulo ZigBee coordenador (mestre) desenvolvido. A implementação foi integrada ao gateway, que, conforme Figura 2, incorpora a unidade de comunicação provedora do backhaul Wi-Fi Mesh. As principais diferenças da implementação do módulo ZigBee mestre em relação ao cliente estão na camada de aplicação, onde a pilha ZigBee definida pela ZigBee Alliance define a ação funcional do módulo como coordenador, e na conexão com o módulo host do gateway através de uma interface Ethernet. Adicionalmente, a camada de aplicação proporciona os meios para a obtenção de informações relativas à rede ZigBee, incluindo conexões estabelecidas e parâmetros como identificadores de nós e níveis de sinal. Figura 11 Diagrama de blocos (cinza) do módulo ZigBee coordenador (370 MHz) Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Figura 12 Detalhe da montagem do gateway ZigBee (370 MHz) / Wi-Fi Mesh (250 MHz) com a face superior da placa metálica de suporte aos módulos de comunicação Figura 13 Detalhe da montagem do gateway ZigBee (370 MHz) / Wi-Fi Mesh (250 MHz) indicando a posição do módulo ZigBee coordenador na face inferior da placa metálica de suporte aos módulos de comunicação 39 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid 5.3 Integração funcional dos medidores de consumo de energia com a rede ZigBee/Wi-Fi Mesh A integração entre os medidores e a rede sem fio de transporte compreende a implementação do cliente ZigBee para leitura dos medidores eletrônicos de energia elétrica. O protocolo utilizado pelos fabricantes de medidores é o ABNT NBR 14522:2008. Esse protocolo define o padrão de intercâmbio de informações no sistema de medição de energia elétrica, com o objetivo de garantir a compatibilidade entre os sistemas e os equipamentos de medição de energia elétrica de diferentes procedências. No modo convencional, esse protocolo opera de forma assíncrona, com velocidade de 9.600 bps (com desvio máximo de 2%), bidirecional não simultâneo e com unidades de informação de 8 bits. Como o protocolo ABNT define, originalmente, a interface serial (RS232) para a transferência dos comandos e respostas entre o leitor e o medidor, foi necessário adaptá-lo para que os comandos e as respostas pudessem ser transmitidos na rede ZigBee. Essa adaptação consistiu basicamente no encapsulamento e no particionamento dos dados transportados segundo o protocolo padrão ABNT, preservando os fluxos de mensagens e requisitos de operação do sistema. O tempo máximo para o procedimento de obtenção de leitura do medidor conectado ao cliente ZigBee, com a aplicação de requisição (PLAW), é de 25 segundos, incluindo operações de extração do endereço de rede do dispositivo, particionamento de mensagem do protocolo e empacotamento de acordo com o padrão ZigBee. Outros aspectos importantes referentes à integração com o sistema de medida de energia dizem respeito à implementação do cliente ZigBee anteriormente descrita. É importante ressaltar que os dispositivos clientes Zigbee são configurados como roteadores, sem o uso de baterias e com alimentação no medidor. Por fim, cabe lembrar que a solução prevê a inclusão de memória de massa adicional no cliente ZigBee. Essa memória seria complementar à memória contida no próprio medidor, que já dispõe de capacidade de armazenamento dos dados de medição gerados. 6 Desenvolvimento da solução Wi-Fi Mesh Conforme indicado na arquitetura de referência sintetizada na Figura 1, o segmento da rede Wi-Fi Ad Hoc Mesh compreende dois elementos: o gateway e o roteador. Para ambos os elementos, o desenvolvimento da solução 40 para operação na faixa de 250 MHz baseou-se em conversão de frequência, com módulo OEM (Original Equipment Manufacturer), segundo o padrão IEEE 802.11 b/g, com as seguintes características principais: faixa de frequência padrão utilizada para conversão: 907-917 MHz; taxa bruta máxima de transmissão: 14 Mbps (64 QAM – Quadrature Amplitude Modulation); segurança: WPA (Wi-Fi Protected Access); largura de canal de transmissão: 5 MHz (agregando canais de 1,25 MHz); método de acesso ao meio: CSMA/CA. Sob o aspecto funcional, o estágio de RF desenvolvido para integração com o módulo OEM compreende um transceptor que opera nas mesmas frequências de transmissão e de recepção, com o uso de duplexação por divisão no tempo (Time Division Duplexing – TDD), com as seguintes funções básicas: translação espectral do sinal Wi-Fi 900 MHz (802.11b/g) para canais na faixa de 228.75 a 238.75 MHz, com largura de banda de 5 MHz; amplificação do sinal de RF em potência para a transmissão; amplificação do sinal de RF em baixo ruído para a recepção; manutenção da qualidade do sinal, dentro e fora da banda de operação, com ótimo funcionamento do sistema em si e compatibilidade com outros sistemas de transmissão que compartilham o espectro de frequências. A Figura 14 ilustra a integração do estágio de RF desenvolvido, segundo os modelos de referência das arquiteturas lógicas do gateway e do roteador Wi-Fi Mesh. Figura 14 Modelos de referência das arquiteturas dos componentes do sistema Wi-Fi Mesh (250 MHz) incluindo gateway e roteador Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid A Figura 15 representa o diagrama funcional do estágio de RF desenvolvido, seus principais blocos componentes, a integração do CI (Circuito Integrado) responsável pela conversão de frequência, e os demais blocos, responsáveis pela amplificação e filtragem do sinal convertido. Figura 15 Diagrama de blocos da solução do estágio de RF desenvolvida A Figura 12 ilustra a integração do estágio de RF no gateway e a Figura 16 e a Figura 17 apresentam a integração no roteador e seu empacotamento mecânico, respectivamente. Figura 16 Colocação do módulo conversor no roteador Wi-Fi Mesh (250 MHz) 7 Piloto em campo de teste no CPqD A fim de validar a concepção de rede sem fio proposta no projeto e o suporte à telemedição, foi desenvolvido um campo de teste a céu aberto nas instalações do CPqD. Nesse campo, foi instalada a rede experimental, com a integração dos protótipos desenvolvidos, exercitadas as funcionalidades e avaliado o desempenho da rede. Embora o campo de teste não reproduza exatamente as características do ambiente de uma instalação típica em área urbana densa, algumas delas, como as distâncias e a disposição de elementos da rede ao longo das vias de circulação, se aproximam das encontradas nesse cenário. Entre os elementos mais adversos do campo, destacamse a presença de desnível abrupto no terreno e de obstruções por vegetação. Os testes em campo foram realizados após a execução de uma sequência planejada de testes de desenvolvimento em laboratório e ambiente controlado, com a avaliação dos aspectos funcionais, da integração e do desempenho dos protótipos desenvolvidos. Esses testes preliminares permitiram a validação e o refinamento das adaptações necessárias para garantir a compatibilidade com o protocolo de comunicação e a utilização da aplicação de requisição de dados do medidor eletrônico. Além desses testes, foram realizados também testes de avaliação da atenuação nas faixas de frequência utilizadas e de alcance das antenas desenvolvidas para a caixa tipo E. A Figura 18 exibe o teste de alcance realizado, com a medição dos níveis de sinal CW (Continuous Waveform) (375 MHz) obtidos entre caixas com fendas frontais utilizadas como antena, em várias situações de obstrução, e com as caixas posicionadas na altura típica de instalação. Em conformidade com um nível de referência de sensibilidade de -90 dBm, foram obtidas variações de alcance em torno de 50 m. Figura 17 Empacotamento mecânico do roteador Wi-Fi Mesh (250 MHz) Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Figura 18 Exemplo de cenário de obstrução para testes de alcance com caixas tipo E 41 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid Figura 19 Arquitetura de referência utilizada nos testes de campo no CPqD Os testes no campo de teste foram executados em três etapas principais. Inicialmente, foram realizados testes somente no segmento ZigBee da rede, após instalação do módulo ZigBee coordenador e das caixas tipo E, contendo os módulos ZigBee clientes conectados aos medidores eletrônicos com cargas. Em seguida, foi instalado e avaliado o segmento Wi-Fi Mesh da rede, com a instalação do gateway e do backhaul. Finalmente, foram realizados os testes na rede integrada. A Figura 19 representa o diagrama da arquitetura de referência utilizada nos testes de campo no CPqD, incluindo a integração das redes ZigBee, backhaul Wi-Fi Mesh e sistema de requisição de dados dos medidores eletrônicos. A Figura 20 ilustra a instalação típica de caixa tipo E em campo, conectada à lâmpada para medição de consumo de energia, e a Figura 21 exibe a instalação de roteador Wi-Fi Mesh. Figura 21 Instalação do roteador backhaul Wi-Fi Mesh Figura 20 Caixa tipo E com carga resistiva, instalada no campo de teste no CPqD 42 A Figura 22 reproduz a vista aérea do campo de teste, com uma configuração típica da rede experimental e indicação da distribuição das caixas tipo E, localizações do gateway e do laboratório onde foi colocado o PC com a aplicação PLAW e o backhaul Wi-Fi Mesh. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid Figura 22 Distribuição das caixas tipo E, com módulos ZigBee clientes (9), backhaul Wi-Fi Mesh e detalhe das ruas principal e lateral e indicação das posições das caixas As seguintes condições foram consideradas na configuração do cenário de testes: frequências: 252 MHz (Wi-Fi Mesh) e 372,275 MHz (ZigBee); EIRP (Effective Isotropically Radiated Power): 23 dBm (Wi-Fi Mesh) e 0 dBm (ZigBee). Os seguintes resultados foram obtidos durante os testes: funcionalidades da rede ZigBee, incluindo capacidade de formação de rotas alternativas e estabelecimento de comunicação através de nós intermediários; funcionalidades de configuração da rede ZigBee (Personal Area Network Identification – PAN-ID); estabilidade da rede, incluindo avaliações do comportamento na ocorrência de desligamentos temporários do sistema ou de nós específicos, em períodos de curta e longa duração; funcionalidades de aquisição de parâmetros da rede; capacidade de suporte às operações de requisição remota de dados de leitura de consumo de energia disponibilizados pelos medidores eletrônicos; neste caso, utilizando a aplicação selecionada pela concessionária (PLAW). Foram consideradas diversas situações, incluindo interrupções e religamentos do sistema ou de nós específicos; funcionalidades dos modos de aquisição dos dados dos medidores disponibilizados pela aplicação (PLAW), tais como parâmetros atualizados, armazenados, totalizados, registros de alterações e períodos de quedas de energia; avaliações de desempenho, com a verificação da capacidade de transmissão da interface aérea; alcance e conectividade em campo, para a rede ZigBee, com os módulos instalados na caixa tipo E. Os principais resultados de desempenho obtidos foram: vazão medida durante o período de transmissão unidirecional contínua em enlace Wi-Fi Mesh, com potência de transmissão de 25 dBm: taxa de transmissão máxima de 7,98 Mbps (Transmission Control Protocol – TCP) para um nível de sinal na recepção de -59 dBm e de 1,5 Mbps para um nível de recepção de -97 dBm. Cad. CPqD Tecnologia, Campinas, v. 10, n. 1, p. 31-44, jan./jun. 2014 43 Desenvolvimento de solução híbrida de rede sem fio para aplicação de telemedição – Smart grid 8 vazão medida no enlace Wi-Fi Mesh, com ocorrência de um salto: vazão máxima de 2,5 Mbps (TCP) para níveis de sinal de -67 dBm na recepção e de 48 dBm nos nós extremos, e -45 dBm e -52 dBm no nó intermediário; RTT (Round Trip Time) medida em enlace Wi-Fi Mesh com um salto: 30 ms com vazão de 2,5 Mbps e pacotes de 1.518 bytes; vazão medida em enlace ZigBee com modulação BPSK, pacotes de 1000 bytes (fragmentação): 6 kbps com BER (Bit Error Rate) de 0,8%; alcance máximo entre módulo coordenador e ZigBee cliente com antena fenda lateral: 325 m. Conclusão Neste artigo, foi apresentada a solução híbrida de rede sem fio voltada para aplicações de telemedição, no contexto de smart grids. A solução foi desenvolvida no escopo do projeto Aneel e tem como uma de suas principais características a utilização de faixas de frequência licenciadas abaixo de 1 GHz, recentemente regulamentadas pela Anatel, e com atribuição de utilização SLP. Outra característica importante é a utilização de padrões abertos, como base de desenvolvimento, que oferece várias vantagens técnicas e econômicas. A apresentação da solução incluiu a descrição dos desenvolvimentos e a integração dos seus componentes de hardware e software, materializados em protótipos, bem como a abordagem adotada para sua avaliação, que inclui montagem de infraestrutura de testes e realização de piloto a céu aberto, em campo de teste no CPqD. Nesse cenário, foram apresentados os resultados que comprovam a efetividade da rede concebida, bem como das soluções encontradas, particularmente adaptações e adequações necessárias à viabilização da aplicação de telemedição. Essas adequações abrangeram aspectos físicos e funcionais, incluindo a integração com o medidor eletrônico, com a sua caixa de instalação e com a aplicação de requisição de dados selecionada pela concessionária. ______. Anexo à Resolução № 556, Regulamento sobre canalização e condições de uso de radiofrequências na faixa de 360 a 380 MHz, 2010b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 14522-2008, Intercâmbio de informações para sistemas de medição de energia elétrica, maio 2008. INSTITUTE OF ELECTRICAL AND ELECTRONICS ENGINEERS (IEEE). Std 802.15.4-2006. Part 15.4: Wireless Medium Access Control (MAC) and Physical Layer (PHY) Specifications for Low-Rate WirelessPersonal Area Networks (LR-WPANs), September 2006. ______. Std 802.11-2007. Part 11: Wireless LAN Medium Access Control (MAC) and Physical Layer (PHY) Specifications, June 2007. THE INTERNET ENGINEERING TASK FORCE (IETF). RFC 3561 Ad hoc On-Demand Distance Vector (AODV) Routing, July 2003a. ______. 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