Caras e caros, Esta é uma lista especial em homenagem ao Grande

Transcrição

Caras e caros, Esta é uma lista especial em homenagem ao Grande
Caras e caros,
Esta é uma lista especial em homenagem ao Grande Steve Jobs que tanto
possibilitou a nós ampliar nossos horizontes por meio da tecnologia. Nesta
lista, contei com a valiosa contribuição dos alunos Luiz Gustavo e Vitor Castro
do segundo ano pela indicação da questão sobre o humor e o politicamente
correto em torno do caso do Rafinha Bastos. Boa leitura a todos.
Abraços a todos,
Professor Estéfani Martins
[email protected]
opera10.blogspot.com
sambluesoul.blogspot.com
idearium.com.br
Twitter - @opera10
Facebook e Orkut - Estéfani Martins
1 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e PV
Sobre as raízes do humor, do sarcasmo, da ironia e do escárnio 1
http://revistaalfa.abril.com.br/entretenimento/humor/os-jovens-humoristas-e-afalta-de-compaixao/
2 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e PV
Gênios, inovações e paradoxos
http://blogs.estadao.com.br/link/diferente-e-muito-melhor/
3 - 1º anos, 2º anos, 3º anos e PV
Para uma visão mais realista e ponderada sobre o crime
http://www.estadao.com.br/especiais/geografia-do-crime-em-saopaulo,135704.htm
4 - 2º anos, 3º anos e PV
Sobre as raízes do humor, do sarcasmo, da ironia e do escárnio 2
http://www.viomundo.com.br/voce-escreve/rosane-pavam-o-humor-do-coronelrafinhabastos.html?awesm=fbshare.me_AeHl2&utm_campaign=&utm_medium=fbshar
e.me-facebook-post&utm_source=facebook.com&utm_content=fbshare-js-large
5 - 2º anos, 3º anos e PV
Um mestre trabalhando
http://www.youtube.com/watch?NR=1&v=e3TVarcqt5o
6 - 3º anos e PV
A paz das mulheres
http://cienciahoje.uol.com.br/especiais/premio-nobel-2011/laurea-feminina
7 - 3º anos e PV
Sobre a inversão dos valores ou sobre como o poder e o dinheiro corrompem?
Jornada do hip-hop rumo à cultura popular é sua história de amor com
capitalismo
Steve Yates
O último álbum da dupla de titãs do hip-hop foi um sucesso recorde. Após o
seu lançamento, em agosto deste ano, “Watch the Throne”, de Jay-Z e Kanye
West, teve o maior índice de vendas de primeira semana para um novo álbum
já registrado pelo iTunes. Um total de 290 mil cópias foi baixado pela Internet
naquela semana, e quando se contabiliza também os CDs, as vendas do álbum
chegam a quase 450 mil unidades.
“Watch the Throne” é um símbolo do status especial do qual o hip-hop
atualmente desfruta. Originário do bairro de South Bronx, na cidade de Nova
York, no final da década de setenta, quando artistas começaram a fazer raps
com batidas tiradas de discos de soul e funk, o hip-hop desde então penetrou
no coração da cultura popular.
Jay-Z é casado com Beyonce Knowles, a rainha do rythm and blues, e juntos
eles são o casal mais influente e poderoso da música global. Segundo a
“Forbes”, Jay-Z tem uma fortuna de cerca de US$ 450 milhões, e ele teve 12
álbuns no primeiro lugar na parada de sucessos musicais dos Estados Unidos
(somente os Beatles, com 19 álbuns, superam este número). A fortuna de West
é de aproximadamente US$ 70 milhões. “Watch the Throne” é repleto de
referências à riqueza: “Rap de luxo, o Hermes dos versos”, canta West,
referindo-se à marca com uma pronúncia francesa, para que ninguém possa
pensar que ele esteja confundindo a fábrica de produtos de alto luxo com um
místico mensageiro grego.
Mas, para os que gostam do gênero, esse materialismo se constitui em um dos
três pecados mortais do rap, juntamente com a violência e a misoginia. Fãs
casuais do hip-hop muitas vezes veem o aspecto materialista desse gênero
como algo que é minimizado ou adotado com ironia. Alguns comentaristas têm
uma opinião mais crítica. Quando as arruaças irromperam pela Inglaterra neste
verão, muita gente considerou que uma das causas principais do problema foi
o fato de o hip-hop fazer apologia do materialismo. Paul Routledge, escrevendo
no “Mirror”, resumiu esse ponto de vista quando disse: “Eu culpo a cultura
perniciosa de ódio que existe em torno da música rap, que glorifica a violência,
detesta a autoridade e exalta o materialismo vulgar”.
Routledge não está inteiramente errado. A história da jornada do hip-hop rumo
à cultura popular é a história do caso de amor desse gênero musical com o
capitalismo. Mas esta visão do hip-hop como um gênero preocupado apenas
com as formas mais básicas de materialismo se constitui em uma séria
simplificação excessiva da questão. Ela não compreende a maneira como a
relação do rap com o capitalismo alimentou a criatividade do gênero e o
conduziu ao sucesso.
Embora o hip-hop moderno seja desavergonhadamente materialista, os seus
ancestrais eram diferentes. Já na década de sessenta, artistas como The Last
Poets e Gil Scott-Heron combinavam música afro-americana e poesia falada.
Mas Scott-Heron, assim como outros daquela geração, era um crítico do
materialismo passivo que ele via penetrar na cultura negra. Essa consciência
política foi assumida na década de oitenta pelo Public Enemy, um grupo de
Nova York que misturou política incendiária com música apocalíptica.
No início da década de noventa, o frenesi do “gangsta rap” estava eclipsando
este hip-hop “consciente”. A motivação do gangsta rap foi muito bem
sumarizada pelo NWA, o grupo que codificou esse subgênero, na sua faixa
“Gangsta Gangsta” - “life ain't nothing but b------ and money” (algo como, “a
vida não passa de m---- e dinheiro”). Mas, apesar do aparente niilismo do
grupo, o NWA abraçou com entusiasmo o sonho americano.
Lentamente, a mensagem política inicial do hip-hop foi substituída por esse
foco na acumulação financeira. Um dos principais empresários do hip-hop foi
Percy “Master P” Miller, que transformou o seu No Limit de uma loja de discos
em Los Angeles em uma gravadora e, a seguir, em um conglomerado. Não se
contentando apenas com música, Miller diversificou bastante o seu negócio:
roupas, imóveis, bonecas Master P – até mesmo serviços do tipo disque sexo.
Em 1998, as companhias de Miller valiam US$ 160 milhões.
Em Nova York, os interesses empresariais de Sean “Diddy” Combs evoluíram
segundo linhas similares: música, uma revista, a inevitável linha de vestuários,
tudo com a estampa do nome dele, de uma forma a conduzir o consumidor à
imagem do próprio empresário. Dan Charnas, no seu livro “The Big Payback:
The History of the Business of Hip-Hop” (“A Grande Retribuição: A História do
Hip-Hop como Negócio”), descreve Miller e Combs como sendo “a encarnação
do artista com poder excessivo, duas marcas centradas em pessoas, a
concretização do sonho de autodeterminação e posse – não apenas para os
artistas de hip-hop, não apenas para artistas negros, mas também para todos
os artistas norte-americanos”.
Assim, embora o hip-hop tenha começado como underground, e
frequentemente como movimento político, durante muitos anos ele tem
buscado um relacionamento cada vez mais íntimo com os negócios financeiros.
Foi esse abraçar do capitalismo que fez com que o hip-hop trocasse o seu
status de gênero alternativo pelo de integrante do centro da cultura norteamericana.
Variantes britânicas do rap também têm crescido com sucesso. Mas o
contraste com os Estados Unidos é marcante. Talvez as atitudes conflitantes
sejam originárias do realismo econômico: o mercado é bem menor, e o hip-hop
britânico conta com uma plateia internacional limitada. Talvez seja por isso que
o namoro do rap britânico com o bizarro materialismo “bling” tenha tido uma
vida comparativamente curta. No início da década passada, o grupo So Solid
Crew, da zona sul de Londres, emergiu no universo “garage”. Os seus
membros imitavam o ritmo, mas não os sotaques, dos astros do rap norteamericano, aliando-os a ritmos eletrônicos de dança. Eles se transformaram
instantaneamente no som da juventude negra de Londres.
O So Solid Crew, juntamente com outros grupo do gênero garage, trouxeram a
cultura bling de estilo norte-americano para os clubes britânicos. Roupas
sofisticadas e champanhe transformaram-se em itens obrigatórios dos salões
de dança. Mas isso logo provocou uma reação. Wretch 32 é um artista de 26
anos de idade do bairro londrino de Tottenham que descobriu a fama neste ano
com duas músicas que ficaram em primeiro lugar nas paradas de sucesso e
um álbum que ficou entre os cinco primeiros. Ele acredita que as normas do
hip-hop norte-americano nem sempre se aplicam bem ao Reino Unido: “Eu
creio que, devido à nossa cultura, os ouvintes não apreciam coisas desse tipo –
as pessoas que fazem esse tipo de música acham que quem tem menos
dinheiro é inferior”.
Como resposta, a zona leste de Londres criou o seu próprio som, chamado
grime – um gênero baseado no rap, com uma batida eletrônica pesada, e letras
que lembram uma luta em uma lanchonete especializada em frango frito.
E o grime tem tido os seus triunfos. Dizzee Rascal obteve um sucesso
significativo com a sua estreia em 2003, “Boy in Da Corner”. Outros, como
Tinchy Stryder, Tinie Tempah e agora Wretch 32 seguiram os passos de
Dizzee, adaptando cada vez mais o som ao gosto popular.
O rap Road é o equivalente do sul de Londres ao grime, da zona leste da
capital inglesa. Mais lento e agressivo do que o grime, e lembrando mais o rap
gangsta dos Estados Unidos, ele não tem mostrado muito interesse em
conquistar a aceitação popular. O maior expoente do gênero, Giggs, já cumpriu
pena por posse de armas – ele começou a sua carreira musical quando saiu da
cadeia. Mas a sua carreira tem sido marcada pela interferência policial. Os
seus shows tem sido frequentemente cancelados e negociações para um
contrato com uma grande gravadora foram suspensas, supostamente após a
gravadora ter recebido um telefonema da Operation Trident, a unidade da
Polícia Metropolitana de Londres que lida com a criminalidade nas
comunidades negras.
A determinação discreta do rap Road parece estar muito distante das ambições
enormes do hip-hop norte-americano, cuja projeção sempre foi mais expansiva.
“Não existem protocolos para as coisas que estou vendendo, porque o que
estou vendendo é a minha cultura”, disse-me em 2003 Damon Dash, parceiro
de Jay-Z. Dash foi a força propulsora para o crescimento do Roc-A-Fella, a
sociedade musical deles, cujo nome é uma referência explícita às alturas
capitalistas aos quais eles pretendiam se alçar.
Nos últimos 30 aos, o hip-hop trilhou o terreno da política e do gangsterismo.
Mas ao final ele se acomodou no capitalismo, que o energizou e lhe deu a
dominância global. Rappers norte-americanos como Diddy e Master P, homens
que abriram caminho rumo à fama, fizeram isso vendendo uma imagem de
conquista de poder e de sucesso material. Essa imagem também pode ser
encontrada, embora de uma forma menos vívida, na música rap britânica. E,
embora o hip-hop possua detalhes desagradáveis, a mensagem central, de que
as pessoas podem ter vidas melhores, é sem dúvida nenhuma positiva.
(Steve Yates é um colaborador regular da revista britânica “Word Magazine”).