Onde estão as deusas.pmd
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Ana Luisa Alves Cordeiro Onde estão as Deusas? Asherah, a Deusa proibida, nas linhas e entrelinhas da Bíblia São Leopoldo/RS 2011 © Centro de Estudos Bíblicos Rua João Batista de Freitas, 558 B. Scharlau - Caixa Postal 1051 93121-970 - São Leopoldo/RS Fone: (51) 3568-2560 Fax: (51) 3568-1113 [email protected] www.cebi.org.br Autoria: Ana Luisa Alves Cordeiro Arte da Capa: Samuca Mendonça Diagramação e Arte-Finalização: Rogério Sávio Link ISBN 978-85-7733-129-1 C794o Cordeiro, Ana Luisa Alves Onde estão as Deusas? Asherah, a Deusa proibida, nas linhas e entrelinhas da Bíblia / por Ana Luisa Alves Cordeiro. — São Leopoldo : CEBI, 2011. 82 p. : il. ; color. ISBN 978-85-7733-129-1 1. Divindade - Sagrado. 2. Deusa Asherah. 3. Bíblia. I. Título. CDU 291.21 Catalogação na Publicação: Bibliotecária Eliete Mari Doncato Brasil - CRB 10/1184 Entrelinhas Debruço-me sobre textos que não são meus Atenta às entrelinhas que deixam escapar o que não deviam E diante da proibição e negação desvendo véus Extasio-me ao encontrar o que alguém escondia Mulher, em tudo simplesmente mulher Mesmo quando tentam me fazer cativa Escancaro as janelas e me mostro mulher E grito, não, eu canto libertina Cativa ou liberta, silenciada ou silenciosa Reinvento e transgrido o que não devia Pois por essência preciso ser eu mesma Visto que isso me é uma questão de vida! (Ana Luisa Alves Cordeiro) 3 Sumário Apresentação ........................................................................ 9 Introdução ........................................................................... 13 Por que pesquisar e falar sobre as Deusas? ..................... 17 As Deusas nas linhas e entrelinhas da Bíblia ................... 23 Em memória delas .............................................................. 65 Conclusão ............................................................................ 71 Anexo - Os períodos arqueológicos da Palestina (Do Neolítico até a Idade do Ferro) .............................. 73 Referências ......................................................................... 75 5 Índice de ilustrações Figura 1 – Jarro do Templo do Fosso de Laquis ............... 38 Figura 2 – Inscrição protocananeia sobre o jarro do Templo do Fosso em Laquis .......................................... 38 Figura 3 – Pingente ugarítico ............................................. 39 Figura 4 – Estatuetas judaítas de pilar feitas de cerâmica representando Deusas da fertilidade ............ 39 Figura 5 – Pedestal de culto de Tanac ............................... 40 Figura 6 – Pinturas e inscrições sobre um pithos em Kuntillet ‘Ajrud .............................................................. 42 Figura 7 – Pintura egípcia do túmulo do faraó Tutmósis III .................................................................... 43 Figura 8 – Pintura de árvore sagrada flanqueada por leões ......................................................................... 43 7 Apresentação É com muita alegria que lhes apresentamos este trabalho de Ana Luisa. Embora seja do Estado do Mato Grosso do Sul, tive a graça de conhecê-la num encontro de estudos bíblicos quando ela morava em Porto Alegre. Ainda em 2003, em Sapucaia do Sul, estivemos juntos novamente para olhar mais de perto, na Bíblia, a situação da mulher em meio aos pobres. Ali, entre outras questões, analisamos a presença de Asherah, a Deusa-Mãe na Sagrada Escritura. Vimos como ela foi cultuada ao lado de Javé desde as origens de Israel até o exílio babilônico, em meados do séc. VI a.C. Depois, com a imposição do monoteísmo patriarcal no pós-exílio, o culto à Deusa foi banido, censurado e demonizado na Bíblia Hebraica, canonizada pelo clero exclusivamente masculino do templo reconstruído. Por ocasião daqueles nossos encontros bíblicos, havia ainda poucos escritos em português a respeito da Deusa-Mãe. E recordo que, já naquele momento, Ana Luisa estava decidida a fazer sua pesquisa sobre a presença de Asherah no antigo Israel e no Primeiro Testamento. Ela havia percebido que a memória da Deusa-Mãe seria uma força imensa na reconstrução de uma linguagem mais inclusiva e de novas relações, ainda tão desiguais em nosso meio, seja no campo social, eclesial ou ambiental. E assim fez. Foi a Goiânia estudar Teologia e fazer Mestrado em Ciências da Religião. Em ambos os cursos, 9 seu foco foi o estudo a respeito de Asherah. Além da monografia e da dissertação, já escreveu outros artigos sobre a Deusa-Mãe. E agora está em suas mãos mais esta contribuição, que é seu trabalho de conclusão do Mestrado com um novo rosto. Por um lado, estamos convictos de que as descobertas de Ana Luisa nos ajudam a avançar no equilíbrio entre o feminino e o masculino na nossa experiência com o Sagrado, na nossa espiritualidade e, consequentemente, em nossas atitudes, pois nossos atos são reflexos de nossa mística, de nossa experiência mais profunda. Assim, contribuiremos na superação de todas as formas de discriminação e violência, não só contra as mulheres, mas também contra as pessoas que vivem outras formas de masculinidade e feminilidade. De outro lado, a leitura feminista libertadora a respeito da presença da Deusa-Mãe no antigo Israel proposta aqui por Ana Luisa não é somente tarefa para as mulheres. É também missão para os homens que, aos poucos, estamos nos libertando da cultura patriarcal da qual também somos vítimas. Embora as mulheres sejam as mais violentadas pelo patriarcado, também os homens somos vitimados por ele na medida em que esse sistema nos desumaniza. Não é verdade, por exemplo, que homem não pode chorar. Desde criança, mata-se nele esse dom da sensibilidade. O mesmo vale para a emoção, a ternura, a compaixão, o senso de justiça, de não violência, etc. Ana Luisa convida-nos a não fazer meramente uma descoberta intelectual da presença de Asherah na Bíblia. Sua preocupação básica é vital. Está persuadida de que a memória da Deusa-Mãe em Israel permite ir à Bíblia como ferramenta para tomarmos consciência das estruturas de exclusão presentes no próprio texto, bem 10
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