Tese de Doutoramento em Psicologia, Rita Francisco
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Tese de Doutoramento em Psicologia, Rita Francisco
UNIVERSIDADE DE LISBOA FACULDADE DE PSICOLOGIA PERTURBAÇÕES ALIMENTARES NA ADOLESCÊNCIA: COREOGRAFIAS PROTECTORAS E DE RISCO EM BAILARINOS E GINASTAS Rita Mafalda Costa Francisco Tese orientada pela Prof. Doutora Isabel Narciso e pela Prof. Doutora Madalena Alarcão DOUTORAMENTO EM PSICOLOGIA (Psicologia da Família) 2010 À memória de minha Mãe, com quem aprendi o sorriso, o carinho, a dedicação… AGRADECIMENTOS Chegar ao final desta etapa e olhar para trás é, também, lembrar e agradecer a todos os que, de alguma forma, me acompanharam e ajudaram ao longo deste percurso. Em primeiro lugar, à minha orientadora, Professora Doutora Isabel Narciso. O agradecimento que tenho a fazer-lhe não cabe nestas linhas, nem tão pouco se reflecte em palavras apenas… mas aqui fica um muito obrigado pelo enorme carinho, amizade e apoio incondicional em todos os momentos da minha vida nos últimos anos. Pelo exemplo de sabedoria e criatividade que tem sido, desde os últimos anos da licenciatura, por todos os ensinamentos, rigor e exigência que me fazem, a cada dia, crescer profissionalmente. Por acreditar e confiar em mim, por ser muito mais do que uma orientadora de Doutoramento, por ser a minha “mãe adoptiva”! À minha co-orientadora, Professora Doutora Madalena Alarcão, pelo rigor e pela competência admiráveis, pela atenção, apoio e afecto com que sempre me acompanhou. Por todas as aprendizagens que os nossos encontros facilitaram e pelo contributo imenso para este processo de crescimento académico, muito obrigada! À Professora Teresa Ribeiro, pelo carinho, atenção e amizade com que sempre me presenteou, pelo seu sorriso e abraço tão reconfortantes! Ao Professor Wolfgang Lind, pela sua boa disposição e pelas gargalhadas que partilhamos. Aos outros professores da Faculdade de Psicologia, com quem me fui cruzando ao longo deste tempo, em especial à Professora Salomé Santos, Professora Maria José Chambel, Professor Luís Curral, Professora Alexandra Marques Pinto, Professora Ana Ferreira, Professora Isabel Dória, Professora Rosa Novo e Professora Luísa Barros. Obrigada pelo interesse demonstrado e pelas palavras de encorajamento. Às minhas colegas de Doutoramento, as “meninas sistémicas”, obrigada pela partilha de aventuras científicas e não científicas, a vossa presença tornou-as tão mais doces, ricas e interessantes! Uma palavra especial a cada uma de vós… à Ana Lídia Pego, pela amizade recheada de bons momentos que, em pouco tempo, temos vindo a construir, pelo apoio e encorajamento constantes, pela disponibilidade com que reviu os artigos em inglês e pela companhia na Faculdade (na nossa biblioteca!) e fora dela. À Ana Prioste, pela doçura, pelas v mensagens de força e pelas narrativas que fomos co-construindo. À Anabela Duarte Costa, pela amizade já longa que nos une. Sabemos que estamos sempre lá uma para a outra, nos bons e nos maus momentos, e isso é muito bom! À Diana Cruz, pelo apoio e incentivo especial nesta recta final. À Elsa Carapito, pelo sorriso meigo e pelo exemplo de organização e disciplina! À Marta Pedro, pelas aprendizagens partilhadas, pelo carinho sempre presente e pela bonita amizade que temos vindo a construir. À Patrícia Pascoal, pela energia e boadisposição contagiantes, e pela empatia, apoio e disponibilidade que caracterizam a nossa amizade! Aos responsáveis das escolas de dança e clubes de ginástica, que abriram as suas portas para que este estudo pudesse ser realizado, em especial à Professora Constança Couto (Escola de Dança do Conservatório Nacional), à Professora Helena Dias (Clube Recreativo Piedense), ao Professor Lourenço França (Acro Clube da Maia), ao Professor Ramiro Fernandes (Ginásio Clube Português) e ao Professor José Augusto Dias (Lisboa Ginásio Clube). Ainda ao Professor Paulo Barata, da Federação de Ginástica de Portugal, pelo interesse e empenho demonstrados no processo de recolha de dados. Um agradecimento especial aos jovens bailarinos e ginastas (e respectivos pais), que generosamente partilharam connosco as suas experiências e perspectivas em entrevistas de grupo, individuais e na resposta aos questionários. São vocês que dão sentido a este trabalho! Aos responsáveis dos Conselhos Executivos e psicólogas das Escolas do 3º Ciclo e Ensino Secundário e do Colégio Campo de Flores, e sobretudo aos seus alunos (e respectivos pais), pela colaboração no preenchimento dos questionários. Ao Pedro Rocha e à Marta Pedro, pela assistência nos focus groups. À Joana Cruz e à Sofia Mendes, pela ajuda na realização das entrevistas e pela agradável companhia em vários momentos de recolha de dados. À Sofia Carruço e à Filipa Inácio, pela preciosa ajuda na recolha dos protocolos em Leiria e em Tomar. À Filipa Castanheira e à Carla Crespo, por terem sido incansáveis na resposta às minhas dúvidas sobre as equações estruturais e pelo exemplo de qualidade e seriedade científicas que as suas teses de Doutoramento constituem. Filipa, obrigada ainda pelo apoio emocional, pelos conselhos, pelas palavras e sorrisos que me incentivaram a continuar vi quando as forças já eram poucas… pela amizade que começámos a construir e que espero que se fortaleça! A la Profesora Doctora Rosa Mª Raich, del Departamento de Psicología Clinica y de la Salud De la Universidad Autonoma de Barcelona, por el cariño y la generosidad con que me acogio durante tres meses y por lo mucho que me enseño. A todo el equipo de la Unidad de Evaluación e Intervención en Imagen Corporal, en especial a la Dra.Teresa Gutiérrez, Dra. Marisol Mora y Rocío Roses, por compartir conocimientos y por haberme integrado tan afectuosamente al equipo. Y muy especialmente a Marcela González, por haber sido mi compañera de trabajo, compartiendo conmigo tanto en el ambito profesional como en el personal. ¡Muchísimas gracias por todo! À Fundação para a Ciência e a Tecnologia, pela concessão da bolsa de investigação e todo o apoio que permitiu a concretização deste trabalho. Aos meus amigos de “fora da faculdade”, com quem partilho momentos preciosos da minha vida… por entenderem as minhas ausências em tantos momentos ao longo deste percurso, pela companhia em todos os outros e por continuarem a estar presentes, sempre. Pela força, coragem e incentivo. Convosco, conheço o verdadeiro significado da amizade! Um agradecimento especial à Sara Ascenso e à Susana Pimenta, cuja ideia para um trabalho de licenciatura foi a semente para este projecto! E à Sílvia Velez, por continuar a ser o anjinho que me empresta as suas asas, quando as minhas já não sabem voar… Por fim, o agradecimento mais importante, à minha família, pelo amor incondicional. À minha irmã, que está sempre lá quando é preciso e que continua a partilhar comigo momentos tão importantes da minha vida, e ao Pedro, sempre atento e cuidadoso. Ao meu irmão, pela cumplicidade que partilhamos e pelas constantes palavras de estímulo. Ao meu Pai, pelo exemplo de força, coragem e empenho, por acreditar sempre nas minhas capacidades. À minha Mãe, que acompanhou o início desta aventura e, esteja onde estiver, sei que continua a acreditar em mim e a cuidar de nós, como sempre fez. Porque este trabalho é também um pouco de todos vós… um enorme bem-haja a todos! vii O trabalho de investigação conducente a esta dissertação foi co-financiado por fundos nacionais do Ministério da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pelo Fundo Social Europeu, no âmbito do Programa Operacional Ciência e Inovação 2010 (POCI 2010) e do Programa Operacional Sociedade do Conhecimento (POS_C) do III Quadro Comunitário de Apoio (2000-2006), através da Bolsa de Investigação com a referência SFRH/BD/27472/2006, concedida pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia. viii DECLARAÇÃO De acordo com o artigo 41º do Regulamento de Estudos Pós-Graduados da Universidade de Lisboa, aprovado pela Deliberação da Reitoria nº 1506/2006, esta dissertação engloba artigos científicos submetidos para publicação em revistas nacionais e internacionais indexadas, em colaboração com outros autores. A autora declara que foi responsável pela recolha de dados, análise e interpretação dos resultados, assim como pela redacção, submissão e revisão dos manuscritos dos artigos enviados para publicação. Rita Mafalda Costa Francisco Novembro de 2010 ix RESUMO Enquanto desportos estéticos, a dança clássica e a ginástica são considerados contextos de risco para o desenvolvimento de perturbações alimentares na adolescência. Nesta dissertação pretende-se compreender os processos subjacentes a esse risco, tendo como base teórica uma perspectiva ecossistémica e conceptualizando as perturbações alimentares como um continuum, desde as preocupações com o peso e comportamentos restritivos até às perturbações alimentares enquanto doença psiquiátrica. Utilizando metodologias qualitativas e quantitativas, num processo de investigação abdutivo, exploraram-se relações entre o comportamento alimentar perturbado e variáveis específicas destes contextos, bem como com variáveis sócio-relacionais, familiares e individuais de jovens bailarinos e ginastas. No primeiro estudo, de carácter qualitativo e exploratório da realidade portuguesa em que se inserem os jovens bailarinos e ginastas de elite, realizaram-se quatro focus groups com estudantes de dança de ensino profissionalizante e ginastas de alta competição, de ambos os sexos (N = 24; 12-17 anos). Utilizando uma metodologia de análise indutiva-dedutiva, foram identificados diversos factores de risco e factores protectores específicos, associados a diversas fontes de influência. A pressão para a magreza, enquanto regra implícita da subcultura dos desportos estéticos de elite, e enquanto regra explícita, transmitida na escola de dança/clube de ginástica, por exemplo, através de comentários críticos sobre o peso, alimentação e imagem corporal (especialmente por parte dos professores/treinadores), é considerada o factor de risco mais importante. Todavia, os pares e os pais parecem ter também um papel relevante na protecção ou risco de desenvolvimento de comportamentos alimentares perturbados entre estes adolescentes. Numa etapa intermédia desta investigação, procedeu-se à adaptação e estudo da validação de um instrumento de avaliação da insatisfação com a imagem corporal para adolescentes e adultos (N = 1423), a Contour Drawing Rating Scale (M. A. Thompson & Gray, 1995), bem como de um instrumento de avaliação de factores de risco e factores protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares para adolescentes (N = 793), o McKnight Risk Factor Survey-IV (The McKnight Investigators, 2003), em relação ao qual se adaptou também uma versão masculina que não existia originalmente. Ambos os instrumentos xi revelaram boas qualidades psicométricas, pelo que foram utilizados nos três estudos empíricos seguintes, de cariz quantitativo, juntamente com outros instrumentos, de forma a avaliar o comportamento alimentar perturbado, a auto-estima, a vinculação aos pais e a percepção de pressão para a magreza e de suporte no contexto desportivo. No primeiro estudo empírico quantitativo, compararam-se potenciais factores de risco, factores protectores e nível de comportamento alimentar perturbado, bem como a relação entre estes, em atletas de desportos estéticos de elite, atletas não-elite e num grupo de controlo de adolescentes da população em geral (N = 725; 12-22 anos). Entre as raparigas, as atletas elite apresentaram maior risco de desenvolvimento de perturbações alimentares que as atletas não-elite e raparigas do grupo de controlo, enquanto os três grupos de rapazes não diferiram entre si. Por outro lado, as análises multi-grupos, realizadas com recurso a modelos de equações estruturais, revelaram diferenças quanto à relação entre os factores de risco incluídos no modelo e o comportamento alimentar perturbado dos adolescentes dos três grupos. Apesar da relevância da pressão social como preditora de comportamento alimentar perturbado (que corresponde ao preditor mais forte entre os atletas não-elite e grupo de controlo), entre os atletas elite a insatisfação com a imagem corporal contribui ainda mais para a explicação da variância do seu comportamento alimentar perturbado. Este grupo de atletas é, também, o único em que as influências parentais assumem significância enquanto preditor (directo e indirecto) do comportamento alimentar perturbado. Estes resultados indicam, assim, eventuais especificidades individuais e dos contextos familiares dos atletas elite que suscitaram o desenho dos estudos seguintes, já que os grupos de controlo e atletas não-elite se revelaram mais semelhantes entre si. Para examinar diversas influências familiares na insatisfação com a imagem corporal e comportamento alimentar perturbado de atletas elite (comparativamente com um grupo de controlo), recorreu-se também a uma amostra de pais (223 mães e 198 pais), em relação aos quais se avaliou a insatisfação com a imagem corporal e o nível de comportamento alimentar perturbado. Em termos de valores médios das variáveis familiares investigadas, atletas e grupo de controlo diferirem apenas nalguns padrões de vinculação insegura aos pais. Todavia, surgem diferenças nas variáveis familiares que contribuem para a explicação da variância da insatisfação com a imagem corporal e do comportamento alimentar perturbado nos dois grupos. A variável influências parentais, sob a forma de comentários críticos em relação ao peso e importância da magreza para os pais, foi considerada a única xii variável familiar preditora entre os atletas, segundo os modelos de regressão múltipla. Por seu turno, entre os adolescentes em geral, para além das mesmas influências parentais, também a qualidade do ambiente familiar e a modelagem de alguns comportamentos maternos em relação ao peso e alimentação parecem ter um impacto importante. Assim, os pais de atletas devem ser incluídos nos eventuais programas de prevenção a ser desenvolvidos, pois comentários positivos em relação ao desempenho dos atletas e comentários que valorizem a saúde e o bem-estar físico, em detrimento da magreza, poderão ser promovidos e revelar-se potenciadores de comportamentos alimentares mais saudáveis. Por último, compararam-se especificamente variáveis individuais e contextuais entre os atletas, separando bailarinos (n = 113) e ginastas (n = 136) por sexo e nível de competição. As bailarinas de nível recreativo mostraram menor risco de desenvolvimento de perturbações alimentares que as restantes atletas, sendo que, entre os rapazes, não se verificaram diferenças. Uma usefulness analysis revelou que um indicador de insatisfação com a imagem corporal específica para a prática da modalidade é um melhor preditor de comportamento alimentar perturbado entre os atletas do que o indicador de insatisfação com a imagem corporal geral. A análise de regressões hierárquicas revelou ainda que, para além da baixa auto-estima e da insatisfação com a imagem corporal, a percepção de pressão para a magreza no contexto desportivo (mas não a fraca percepção de suporte) é preditora de comportamento alimentar perturbado nos atletas, sendo efectivamente mais relevante do que a prática da modalidade ao nível de alta competição ou não. Este é um dado importante e que pode facilitar o desenho de intervenções preventivas eficazes. A prática de desportos estéticos de elite parece colocar as raparigas em maior risco de desenvolvimento de perturbações alimentares, comparativamente com as raparigas da população em geral. Contudo, tal parece verificar-se, sobretudo, com as bailarinas, cuja prática a um nível recreativo parece ser até protectora, já que as bailarinas não-elite apresentam comportamento alimentar significativamente menos perturbado que as raparigas da população em geral. Pelo contrário, as praticantes de ginástica não-elite apresentam nível semelhante de comportamento alimentar perturbado ao das ginastas elite, diferindo também menos entre si nos factores de risco estudados, nomeadamente em relação à insatisfação com a imagem corporal. Para os rapazes, todavia, a prática de desportos estéticos não parece constituir um factor de risco adicional. xiii Não pretendendo alterar a cultura dos desportos estéticos, em que a regra “magreza=sucesso” está bastante enraizada, diversas pistas para a prevenção de perturbações alimentares em atletas podem ser delineadas com base nos resultados dos vários estudos realizados, de forma a dotar os seus intervenientes de ferramentas que proporcionem aos atletas uma vivência mais positiva e saudável do seu corpo. Neste sentido, para além de um trabalho mais individualizado, o papel que os pais e os intervenientes no contexto desportivo (professores/treinadores, pares) mostraram desempenhar em relação ao comportamento alimentar perturbado dos atletas, constitui uma indicação da necessidade de os incluir nas acções preventivas (participativas e ecológicas), que devem ser desenvolvidas em escolas de dança de ensino profissionalizante e em clubes de ginástica onde treinem atletas de diversos níveis de competição. Palavras-chave: dança clássica, ginástica, perturbações alimentares, factores de risco, factores protectores. xiv ABSTRACT This dissertation aims to provide insight into the processes that underlie the risk of adolescents who practice aesthetic sports developing an eating disorder (ED). Using focus groups as an exploratory methodology, the first study identified risk and protective factors specific to ballet dancers and elite gymnasts (N = 24) associated with several sources of influence. Pressure towards thinness, either as an explicit or implicit rule in these contexts, was considered the most important risk factor. Following the adaptation to the Portuguese population of two instruments – Contour Drawing Rating Scale (N = 1423) and McKnight Risk Factor Survey-IV (N = 793) –, both revealing good psychometric qualities, these and other instruments were used in the subsequent three quantitative empirical studies. The first of them showed that elite female athletes were at greater risk of developing an ED when compared with the control group, while no differences were identified regarding boys. The relationship between risk/protective factors and disordered eating (DE) was different among elite athletes, non-elite athletes and the control group (N = 725). Body image dissatisfaction (BID) was found to be the best predictor of DE among elite athletes, the only group where parental influences were also a significant predictor. On the second study, which included a sample of parents of elite athletes and parents of boys and girls from the control group (223 mothers, 198 fathers), parental influences, like concern with thinness and weight teasing by parents, were considered the only family predictor variable of DE among athletes. For all other adolescents, modelling maternal eating behavior and the quality of the family environment also seemed to play an important role. The last study compared ballet dancers (n = 113) and gymnasts (n = 136) and revealed that nonelite female dancers were at a lower risk than the other groups of female athletes. The specific indicator of BID for each sport explained the variance of DE better than the general indicator of BID. The perception of pressure to be thin in the sport context was also identified as a good predictor (but not the low support perception), more than the level of competition. Preventive actions including all involved within the sport context – teachers/coaches, peers and parents –, should be developed in professional dance schools and in gymnastic clubs. Keywords: ballet, gymnastics, eating disorders, risk factors, protective factors. xv ÍNDICE GERAL Índice de Tabelas ________________________________________________________ xx Índice de Figuras _________________________________________________________ xxii Introdução _____________________________________________________________ 1 Contorno conceptual __________________________________________________ 3 O corpo na adolescência e as perturbações alimentares ______________________ 5 A família e o desenvolvimento de perturbações alimentares __________________ 6 Participação desportiva na adolescência, desportos estéticos e risco de desenvolvimento de perturbações alimentares _____________________________ 8 Desafios colocados à investigação _______________________________________ 12 Contorno metodológico _______________________________________________ 15 Desenho da investigação _______________________________________________ 17 Estrutura da dissertação _______________________________________________ 20 Capítulo I - Estudo Exploratório ____________________________________________ 23 Aesthetic sports as high-risk contexts for eating disorders — Young elite dancers and gymnasts perspectives _____________________________________________ 25 Abstract ________________________________________________________ 25 Introduction _____________________________________________________ 26 Method _________________________________________________________ 28 Results _________________________________________________________ 30 Discussion _______________________________________________________ 38 Capítulo II - Adaptação e contributos para o processo de validação de instrumentos para a população portuguesa ______________________________________________ 45 (In)Satisfação com a imagem corporal em adolescentes e adultos portugueses: Contributo para o processo de validação da Contour Drawing Rating Scale _______ 47 Resumo _________________________________________________________ 47 Abstract ________________________________________________________ 48 Introdução ______________________________________________________ 49 Método _________________________________________________________ 51 Resultados ______________________________________________________ 54 xvii Discussão _______________________________________________________ 66 Conclusão _______________________________________________________ 70 Avaliação de factores de risco do desenvolvimento de perturbações alimentares: Desenvolvimento e validação da versão portuguesa do Mcknight Risk Factor Survey IV ___________________________________________________________ 73 Resumo _________________________________________________________ 73 Abstract ________________________________________________________ 74 Introdução ______________________________________________________ 75 Método _________________________________________________________ 78 Resultados ______________________________________________________ 80 Discussão _______________________________________________________ 95 Capítulo III - Dança e ginástica: Contextos de risco para o desenvolvimento de perturbações alimentares? ________________________________________________ 99 Individual and relational risk factors for the development of eating disorders in aesthetic athletes and adolescents in general ______________________________ 101 Abstract ________________________________________________________ 101 Introduction _____________________________________________________ 102 Method _________________________________________________________ 105 Results _________________________________________________________ 108 Discussion _______________________________________________________ 115 Parental influences on elite aesthetic athletes body image dissatisfaction and disordered eating ____________________________________________________ 121 Abstract ________________________________________________________ 121 Introduction _____________________________________________________ 122 Method _________________________________________________________ 125 Results _________________________________________________________ 128 Discussion _______________________________________________________ 139 Individual and contextual variables: Specific predictors of disordered eating among elite and nonelite dancers and gymnasts __________________________________ 145 Abstract ________________________________________________________ 145 Introduction _____________________________________________________ 146 xviii Method _________________________________________________________ 150 Results _________________________________________________________ 152 Discussion _______________________________________________________ 161 Capítulo IV - Discussão Integrada e Considerações Finais ________________________ 167 Integração dos Principais Resultados _____________________________________ 170 Factores protectores, factores de risco e preditores de comportamento alimentar perturbado ______________________________________________ 170 Nível individual e cronossistémico _______________________________ 171 Nível micro e cronossistémico __________________________________ 175 Nível macro e cronossistémico __________________________________ 181 Comportamento alimentar perturbado ________________________________ 183 Implicações para a Intervenção com Atletas _______________________________ 186 Contributos para a Investigação, Limitações e Indicações para Estudos Futuros ___ 190 Referências Bibliográficas _________________________________________________ 197 Apêndices Apêndice A - Protocolos de investigação para adolescentes e pais Apêndice B - Sistema hierárquico de categorias (Node Summary Report - NVivo7) Apêndice C - Referências incluídas nas categorias "Comentários críticos em relação ao peso e imagem corporal" e "Suporte social" Apêndice D - Correlations between variables (Study 4) Apêndice E - Comparações de médias das variáveis estudadas por grupo etário Apêndice F - Resultados das sub-escalas do EDE-Q dos participantes nos estudos 4 e6 Anexo A - Critérios Diagnósticos de Perturbações Alimentares (DSM-IV) xix ÍNDICE DE TABELAS Table 1. Focus group questions _____________________________________________ 29 Tabela 2. Distribuição da frequência dos participantes adolescentes, de ambos os sexos, pelas classes de IMC _______________________________________ 55 Tabela 3. Distribuição da frequência dos participantes adultos, de ambos os sexos, pelas classes de IMC ____________________________________________ 55 Tabela 4. Resultados médios dos participantes de ambos os sexos, entre os dois grupos etários, nas variáveis relativas à imagem corporal _____________________ 56 Tabela 5. Aparência Actual e IMC no sexo feminino _____________________________ 57 Tabela 6. Aparência Actual e IMC no sexo masculino ____________________________ 58 Tabela 7. Aparência Ideal em ambos os sexos __________________________________ 60 Tabela 8. Discrepância com a Aparência Ideal em ambos os sexos, por faixa etária ____ 62 Tabela 9. Coeficientes de correlação de Spearman entre a discrepância com a ICA e sub-escalas e score global do EDE-Q ________________________________ 66 Tabela 10. Resumo dos resultados da análise factorial exploratória dos itens do MRFSIV, matriz de correlações entre factores e valores de alpha de Cronbach ___ 82 Tabela 11. Estatística descritiva do MRFS-IV e diferenças entre sexos _______________ 91 Tabela 12. Correlações de Pearson entre os factores e indicadores do MRFS-IV com CDRS, QAEG e EDE-Q ____________________________________________ 93 Table 13. Means, standard deviations, and results of Kruskal-Wallis test for Comparison means _______________________________________________________ 109 Table 14. Significant standardized indirect effects for the three final models ________ 114 Table 15. Descriptive statistics by sex and group and comparison means ___________ 129 Table 16. Distribution of participants by patterns of attachment to the mother and father and Chi-square test _______________________________________ 131 Table 17. Correlations between parental influences, BID and disordered eating parental and female childs variables _______________________________________ 135 Table 18. Correlations between parental influences, BID and disordered eating parental and male childs variables ________________________________________ 136 xx Table 19. Summary of multiple linear regression analyses for variables predicting athletes’ and controls’ body image dissatisfaction ____________________ 137 Table 20. Summary of multiple linear regression analyses for variables predicting athletes’ and controls’ disordered eating ___________________________ 138 Table 21. Descriptive statistics and comparison means in dancers _________________ 154 Table 22. Descriptive statistics and comparison means in gymnasts _______________ 155 Table 23. Correlations between variables _____________________________________ 157 Table 24. Summary of hierarchical regression analysis for variables predicting athletes disordered eating ______________________________________________ 160 Table D1. Correlations between variables – Total sample _________________ Apêndice D Table D2. Correlations between variables – Control group ________________ Apêndice D Table D3. Correlations between variables – Nonelite athletes _____________ Apêndice D Table D4. Correlations between variables – Elite athletes _________________ Apêndice D Tabela E1. Estatística descritiva e comparação de médias das principais variáveis nas raparigas de 3 grupos etários __________________ Apêndice E Tabela E2. Estatística descritiva e comparação de médias das principais variáveis nos rapazes de 3 grupos etários ____________________ Apêndice E Tabela E3. Distribuição dos participantes pelos padrões de vinculação à mãe e ao pai nos 3 grupos etários e resultados do teste do χ2 _________ Apêndice E Tabela F1. Médias das sub-escalas e score global do EDE-Q dos participantes no Estudo 4 ____________________________________________ Apêndice F Tabela F2. Médias das sub-escalas e score global do EDE-Q dos participantes no Estudo 6 ____________________________________________ Apêndice F xxi ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Mapa conceptual do estudo qualitativo _______________________________ 18 Figura 2. Mapa conceptual do estudo quantitativo _____________________________ 20 Figure 3. Levels of influence among elite athletes ______________________________ 42 Figura 4. Contour Drawing Rating Scale ______________________________________ 53 Figura 5. Índice de Insatisfação com a Imagem Corporal entre os adolescentes de ambos os sexos _________________________________________________ 63 Figura 6. Índice de Insatisfação com a Imagem Corporal entre os adultos de ambos os sexos _________________________________________________________ 64 Figure 7. Initial structural model of adolescent’s disordered eating ________________ 111 Figure 8. Model A, final structural model of elite athlete’s disordered eating _________ 112 Figure 9. Model B, final structural model of nonelite athlete’s disordered eating ______ 113 Figure 10. Model C, final structural model of control athlete’s disordered eating _____ 113 xxii INTRODUÇÃO INTRODUÇÃO O espaço do corpo é o corpo tornado espaço. (Gil, 2001, p.19) CONTORNO CONCEPTUAL O trabalho que aqui se apresenta pretende contribuir para a compreensão dos processos subjacentes ao risco de desenvolvimento de perturbações alimentares na adolescência, especificamente em dois contextos considerados de alto risco, a Dança Clássica e a Ginástica, tendo como quadro teórico de referência a perspectiva da complexidade sistémica (Bertalanffy, 1968; Morin, 1994) e como lente conceptual o modelo ecossistémico de desenvolvimento humano (Bronfenbrenner, 1977, 1979, 1992; Bronfenbrenner & Morris, 1998). O bailarino, como o ginasta, “prolonga o espaço que rodeia a sua pele, tece com as barras, os tapetes, ou simplesmente com o solo que pisa relações de conivência tão íntimas como as que tem com o seu corpo” (Gil, 2001, p. 57). Este não é apenas o seu corpo físico, é todo o espaço envolvente como prolongamento da sua existência; mas não deixa de ser ele próprio, constituído pelos seus pequenos sistemas funcionais, orgânicos. Ao longo deste trabalho, esta visão complexa do corpo pretende também guiar-nos, enquanto metáfora, no processo de compreensão do desenvolvimento de perturbações alimentares nestes palcos da dança e da ginástica, onde a perfeição estética e artística se encontram, coordenadas com a música que orquestra toda a performance. A concepção multifactorial das perturbações alimentares, para as quais contribuem variáveis de ordem individual, familiar e sócio-cultural (e.g. Keery, van den Berg, & Thompson, 2004; Polivy & Herman, 2002; Shisslak et al., 1998; Tylka & Subich, 2004), é consonante com a perspectiva da complexidade sistémica, que enfatiza a necessidade de compreender o todo, cada uma das partes e as multi-relações que entre elas se estabelecem. Assim, a compreensão da complexidade inerente às perturbações alimentares exige a simultaneidade de uma leitura holística, ou seja, do todo significante que resulta das 3 INTRODUÇÃO influências interactivas de cada um dos níveis sistémicos, de uma leitura do particular (o conhecimento de cada uma das variáveis/factores intervenientes) e de uma leitura do singular, de modo a captar e dar visibilidade a determinadas idiossincrasias dos indivíduos, dado que um todo é também menos do que a soma (Morin, 1977). Na sua conceptualização ecossistémica, Bronfenbrenner (1977, 1979, 1992) entende que o processo de desenvolvimento humano ocorre sempre em contexto, considerando cinco níveis sistémicos: o nível microssistémico, que se refere aos contextos mais imediatos e de maior influência onde o indivíduo está inserido, os quais se caracterizam por determinados padrões de actividades, papéis e relações interpessoais aí estabelecidas; o nível mesossistémico que compreende as relações e processos que têm lugar entre dois ou mais contextos do microssistema nos quais a pessoa em desenvolvimento participa directamente; o nível exossistémico que corresponde, igualmente, a relações e processos entre contextos do microssistema, sendo que a pessoa não participa directamente pelo menos num deles; o nível macrossistémico referente ao contexto cultural, económico ou político da sociedade a que pertence; e, por último, um nível transversal, o cronossistémico que remete para os processos de estabilidade e mudança, não apenas na pessoa, mas também nos contextos em que se insere (Bronfenbrenner, 1992; Bronfenbrenner & Morris, 1998). Estes contextos e níveis sistémicos encontram-se integrados e em permanente interacção, influenciando-se mutuamente. Adoptando, pois, como guia, esta lente conceptual, debruçamo-nos essencialmente sobre os processos intra-individuais e inter-relacionais do nível microssistémico – sistemas individual, familiar e contextual específico (dança e ginástica) –, tendo como pano de fundo o nível macrossistémico – o contexto sócio-cultural em que vivem os adolescentes que constituem o alvo desta investigação. Procuramos, assim, entender os processos que podem levar ao desenvolvimento de perturbações alimentares nestes adolescentes, como produto destes vários sistemas em interacção e não como resultado do comportamento ou atitude isolada de um dos elementos de um sistema ou mesmo de um único sistema (Bertalanffy, 1968). 4 INTRODUÇÃO O CORPO NA ADOLESCÊNCIA E AS PERTURBAÇÕES ALIMENTARES A adolescência caracteriza-se como um período de intensas mudanças físicas, psicológicas e sociais, que levam à construção da identidade e à autonomia do jovem. A aceitação do corpo em mudança torna-se uma tarefa fundamental para o adolescente, desde o final da infância, quando se inicia a maturação sexual e uma aceleração do crescimento físico. O desenvolvimento dos músculos e o aumento da massa gorda, sobretudo nas raparigas, implica um aumento do peso corporal (Levine & Smolak, 2002). Sendo uma fase de vida em que os adolescentes estão mais atentos às mudanças que ocorrem com o seu corpo, surgem frequentemente as preocupações com a aparência física, a insatisfação com a imagem corporal e os comportamentos alimentares perturbados, de forma a compensar essa insatisfação e a alcançar o corpo idealizado, geralmente construído com base nos ideais de beleza transmitidos pela sociedade (Attie & Brooks-Gunn, 1989; A. E. Field et al., 2001; Ricciardelli, McCabe, & Banfield, 2000; Stice & Shaw, 2002). Actualmente, esta pressão cultural não se faz apenas sobre as raparigas e mulheres – exigindo-lhes corpos excessivamente magros e impossíveis de atingir para a maioria –, mas também, e cada vez mais, sobre os rapazes e homens. A estes pede-se que “construam” corpos moderadamente musculados e atléticos, o que tem levado a um aumento da preocupação com a imagem corporal e à utilização de métodos de controlo de peso e da forma corporal entre os jovens do sexo masculino, bem como a prevalências de perturbações alimentares consideráveis, acima do que se pensava até então (A. E. Field et al., 2001; Kjelsås, Bjørnstrøm, & Götestam, 2004; Ousley, Cordero, & White, 2008). De facto, a pressão social para a magreza parece contribuir para uma sobrevalorização da aparência, entendida como um dos componentes principais da auto-estima dos adolescentes (Harter, 1999), fortemente influenciada por comentários críticos relacionados com a sua imagem corporal, por parte de amigos e família (Ata, Ludden, & Lally, 2007; Benas & Gibb, 2008; Gleason, Alexander, & Somers, 2000; Jones, Vigfusdottir, & Yoonsun, 2004; Taylor et al., 2006). Ao longo deste trabalho, adoptamos a conceptualização de perturbações alimentares num continuum, como defendido por diversos autores (Garner, Olmsted, & Garfinkel, 1983; Peck & Lightsey Jr, 2008; Shisslak, Crago, & Estes, 1995; Stice, Killen, Hayward, & Taylor, 1998), que integra diversas manifestações de comportamento alimentar perturbado (“disordered eating”, no inglês). De facto, este continuum inclui desde as preocupações com 5 INTRODUÇÃO o peso e comportamentos restritivos até às perturbações alimentares enquanto doença psiquiátrica, que preenchem os critérios diagnósticos definidos no Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais1 (DSM-IV, American Psychiatric Association, 2002), como Anorexia Nervosa (AN) ou Bulimia Nervosa (BN). Efectivamente, os comportamentos de dieta são muitos frequentes entre os adolescentes, especialmente do sexo feminino, mas são também transitórios para a maioria, sendo poucos aqueles que evoluem para preocupações e métodos de controlo de peso mais extremos (Patton, 1988), acompanhados de complicações médicas graves. Entre estes dois pólos do continuum, encontram-se as síndromes parciais de perturbações alimentares que são, pelo menos, duas vezes mais frequentes nas populações não clínicas que as síndromes completas (Shisslak et al., 1995). O último estudo de prevalência das perturbações alimentares em Portugal, realizado com raparigas adolescentes (12-23 anos) em duas fases distintas, revelou que 2.37% apresentavam Perturbações Alimentares Sem Outra Especificação (PASOE), enquanto apenas 0.39% apresentavam AN e 0.30% BN (Machado, Machado, Gonçalves, & Hoek, 2007). Os autores sugerem que grande parte das PASOE apresentadas pelas adolescentes corresponde a futuras síndromes completas, tendo em conta as idades jovens das adolescentes em causa, reforçando a ideia de progressão de alterações menos graves para alterações mais severas no comportamento alimentar (Patton, 1988; Shisslak et al., 1995). A FAMÍLIA E O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES Numa fase em que grandes mudanças ocorrem no adolescente, também as relações entre pais e filhos e o funcionamento familiar no seu todo necessitam de alterar-se, para que as funções primordiais da família – socialização e individualização – se cumpram. A investigação sobre a influência da família nas perturbações alimentares começou por debruçar-se sobre amostras clínicas, encontrando características no funcionamento familiar que dificultavam o cumprimento destas funções. Excessivo emaranhamento, superprotecção, rigidez, evitamento de conflitos, coligações familiares e conflitos conjugais não resolvidos, eram frequentemente encontrados nas famílias de pacientes com AN, 1 Vide Anexo A para Critérios Diagnósticos de AN, BN e PASOE, segundo o Manual de Diagnóstico e Estatística das Perturbações Mentais (DSM-IV, American Psychiatric Association, 2002). 6 INTRODUÇÃO enfatizando a intervenção familiar como uma componente essencial na recuperação das pacientes (e.g. Bruch, 2001; Minuchin, Rosman, & Baker, 1978; Palazzoli, 1978). Contudo, é fundamental compreender o funcionamento familiar antes do surgimento da doença (Steinberg & Phares, 2001), estudando amostras não-clínicas. Neste sentido, alguns autores têm vindo a demonstrar, por exemplo, que adolescentes menos satisfeitos com a qualidade do ambiente familiar, que referem relações mais conflituosas com os pais, ou que apresentam padrões de vinculação insegura relatam mais frequentemente preocupações excessivas com o peso ou imagem corporal e comportamentos alimentares menos saudáveis (e.g. Archibald, Graber, & Brooks-Gunn, 1999; Barbosa & Costa, 2001/2002; Crespo, Kielpikowski, Jose, & Pryor, 2010; May, Kim, McHale, & Crouter, 2006; Sharpe et al., 1998). Por outro lado, para além da evidência de uma possível componente genética no desenvolvimento de perturbações alimentares, baseada na investigação com familiares de pacientes, gémeos, e estudos de genética molecular (Bulik, 2005), os estudos com a população em geral têm mostrado ainda outras formas de influência familiar. Enquanto agente de socialização primordial, a transmissão de mensagens e valores associados ao corpo e aparência física começa por fazer-se neste contexto, podendo intensificar ou minimizar a influência sócio-cultural. Os estudos têm mostrado que esta transmissão faz-se por diversas vias, quer directas – como comentários críticos e discussão sobre questões relacionadas com a alimentação, peso ou imagem corporal, encorajamento à adopção de comportamentos de dieta (Ata et al., 2007; Smolak, Levine, & Schermer, 1999; Vincent & McCabe, 2000; Wertheim, Martin, Prior, Sanson, & Smart, 2002) –, quer indirectas, como a modelagem de atitudes e comportamentos relacionados com o peso e imagem corporal, essencialmente por parte das mães (Keel, Heatherton, Harnden, & Hornig, 1997; Keery, Eisenberg, Boutelle, Neumark-Sztainer, & Story, 2006; Pike & Rodin, 1991; Vincent & McCabe, 2000). 7 INTRODUÇÃO PARTICIPAÇÃO DESPORTIVA NA ADOLESCÊNCIA, DESPORTOS ESTÉTICOS E RISCO DE DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES A participação regular em actividades desportivas, estruturadas, tem sido considerada promotora do desenvolvimento dos adolescentes, com resultados positivos em termos de melhoria da saúde física – nomeadamente, reduzindo o risco de obesidade (e.g. Patrick et al., 2004), considerado um sério problema de saúde pública nos países desenvolvidos, do qual Portugal não é excepção (Carmo et al., 2006) –, no desenvolvimento de competências motoras – fundamentais para a prossecução da actividade a nível recreativo ou de competição – e no desenvolvimento de competências psicossociais – como cooperação, disciplina, liderança e auto-controlo (Côté, Strachan, & Fraser-Thomas, 2007). Contudo, a prática de actividade física pelos adolescentes reveste-se de outras especificidades quando esta se desenvolve ao nível de elite (alta competição ou profissionalizante). Considerado “uma arte total, um espectáculo onde os limites são ultrapassados na perfeição estética dos comportamentos” (Lipovetsky, 2010, p. 136), o desempenho a este nível pode ter, também, algumas consequências negativas em termos físicos – como hipertrofia muscular, fadiga crónica, alterações no sono e maior risco de lesões físicas (Dishman, 1992; Malina, 1992) – e psicossociais – como exclusão social ou dinâmicas de grupo menos positivas, dado o nível de competitividade (Côté et al., 2007; Fraser-Thomas & Côté, 2009; Hansen, Larson, & Dworkin, 2003). Uma das consequências a nível físico e psicológico prende-se com o risco de desenvolvimento de perturbações alimentares (Dishman, 1992; Hausenblas & Carron, 1999; Smolak, Murnen, & Ruble, 2000). Por exemplo, um dos estudos de prevalência metodologicamente mais sólido, realizado em duas fases (Sundgot-Borgen & Torstveit, 2004), com todos os atletas Noruegueses de elite entre os 15 e os 39 anos, revelou que estes apresentam prevalência de perturbações alimentares (AN, BN ou PASOE, diagnosticadas com base em entrevistas clínicas) mais elevada que a população em geral, quer no sexo feminino (20% vs 9%), quer no sexo masculino (8% vs 0.5%). Quando ao comportamento alimentar perturbado, ou a perturbações alimentares, se associam a amenorreia e a osteoporose, estamos na presença de uma síndrome muito comum nos atletas do sexo feminino, a tríade da mulher atleta, considerada a “tríade de perturbações médicas potencialmente mais letal” (Yeager, Agostini, Nattiv, & Drinkwater, 1993, p. 775). Esta é, frequentemente, despoletada por dietas extremas como resposta a pressões para 8 INTRODUÇÃO alcançar um peso ou forma corporal irrealista, resultando num défice de energia, irregularidades menstruais e diminuição da densidade óssea, aumentando o risco de lesões (International Olympic Committee Medical Commission, 2010), pelo que é igualmente vista num continuum que necessita de ser investigado e sobre a qual se deve intervir em fases anteriores ao surgimento dos três componentes em simultâneo (Torstveit & SundgotBorgen, 2005). Diversas explicações têm sido encontradas para este risco mais elevado de perturbações alimentares que os atletas apresentam. Alguns autores defendem uma explicação intra-individual, considerando que determinadas características, manifestadas pelos “bons atletas” e, frequentemente, encorajadas e reforçadas nos meios desportivos de elite, os tornam mais vulneráveis ao desenvolvimento de perturbações alimentares (Bachner-Melman, Zohar, Ebstein, Elizur, & Constantini, 2006; Leung, Geller, & Katzman, 1996; R. A. Thompson & Sherman, 1999b). O perfeccionismo, a persistência que leva os atletas a treinar e a competir até à exaustão (por vezes, para agradar aos treinadores), a determinação em serem os melhores, o facto de colocarem os interesses, prioridades e necessidades da equipa antes dos seus próprios, ou a tolerância ao sofrimento físico são, de certa forma, características semelhantes às de pacientes com AN (R. A. Thompson & Sherman, 1999b). Por outro lado, uma explicação sócio-cultural aplicada ao desporto é sustentada pelo facto de os ideais de beleza transmitidos pelas culturas ocidentais exigirem, especialmente às mulheres, que se alcance o corpo ideal através da dieta e do exercício físico. Entre os atletas, estas pressões intensificar-se-iam, dado que estão expostos a pressões adicionais por parte dos treinadores, colegas de equipa e juízes para alcançarem um peso e forma corporais que se aproximem do ideal para a prática de excelência em determinado desporto (Dosil & González-Oya, 2008). Neste sentido, o contexto desportivo é visto como uma sub-cultura onde as pressões sociais para a magreza são reforçadas (Striegel-Moore, Silberstein, & Rodin, 1986), sendo os atletas encorajados a adoptar comportamentos alimentares e de controlo de peso pouco saudáveis (Byrne & McLean, 2002; Gvion, 2008; Kerr, Berman, & De Souza, 2006; Petrie, 1993). Os desportos estéticos, como a dança, a ginástica, a natação sincronizada ou a patinagem artística, onde a aparência física é considerada fundamental e se exigem corpos magros, são considerados de alto risco para o desenvolvimento de perturbações 9 INTRODUÇÃO alimentares (United States Olympic Committee, 1998, citado por Dosil & Díaz, 2008), como o têm demonstrado diversos estudos internacionais, realizados a partir dos anos 80 (e.g. Anshel, 2004; Byrne & McLean, 2002; Garner & Garfinkel, 1980; Petrie, 1993; Rosen & Hough, 1988; Sundgot-Borgen, 1994; Sundgot-Borgen & Torstveit, 2004; Toro et al., 2005; Torstveit, Rosenvinge, & Sundgot-Borgen, 2008). Sobretudo quando praticados ao nível de elite, para além das suas componentes estética e artística, os elementos atléticos e competitivos tornam-se essenciais na busca da perfeição e do sucesso, na superação dos limites do corpo. Neste projecto, escolhemos a dança clássica2 e a ginástica como os desportos estéticos a serem estudados mais aprofundadamente, por serem suficientemente semelhantes e distintos entre si. Mais do que um desporto, a dança clássica é considerada uma arte pelos que a praticam, mas também a mais física das artes performativas (Aalten, 2004). Assim, os bailarinos são também considerados atletas especiais. As enormes exigências em termos de treino físico diário, as pressões para manterem um corpo extremamente magro, que alie os ideais estético e performativo, bem como a necessidade de serem excelentes do ponto de vista técnico, artístico e estético (Davis & Strachan, 2001; Koutedakis & Jamurtas, 2004; Krasnow, 2005; Schluger, 2010), tornam estas duas actividades semelhantes entre si e contextos interessantes para o estudo do risco de desenvolvimento de perturbações alimentares. Em ambos os contextos, o corpo é a ferramenta de trabalho, pois é através dele, daquilo que com ele se consegue fazer, que o movimento perfeito é alcançado. A perfeição do movimento passa pela perfeição do corpo e, neste sentido, o corpo é trabalhado, muitas vezes, até à exaustão, numa tentativa de se alcançar o corpo ideal, que é também o mais magro possível (Aalten, 2007; Gvion, 2008). Estes desafios do trabalho constante do e com o corpo colocam os bailarinos e ginastas num permanente confronto com o mesmo. Como 2 A dança moderna/contemporânea não foi aqui incluída, fundamentalmente, pela menor exigência que é feita em relação à magreza destes bailarinos, já que existe uma maior aceitação de diversidade em termos de formas e pesos corporais. Assim, os menores constrangimentos e restrições, quer físicas, quer artísticas (Clabaugh & Morling, 2004), parecem colocar os seus praticantes em menor risco de desenvolverem perturbações alimentares. Recentemente, Schluger (2010) encontrou o dobro da prevalência de comportamentos alimentares perturbados em bailarinas de dança clássica em relação a bailarinas de dança moderna (24.4% vs. 12.2%). 10 INTRODUÇÃO refere José Gil (2001, p. 20) em relação ao bailarino, “é preciso que (…) se encontre no seu corpo na ausência de toda a estranheza; ou seja, que os seus movimentos se insiram no espaço com a mesma intimidade e a mesma familiaridade com a qual habita o seu corpo”. Contudo, relembrando a “fragilidade” da imagem corporal dos adolescentes em geral, facilmente se compreende que a imagem corporal e a auto-estima dos bailarinos e ginastas sejam afectadas pelos efeitos do poder de uma cultura autoritária, em que controlo, opressão e expressão estão intimamente associados ao corpo (Benn & Walters, 2001). De facto, a par dos elevados níveis de perturbação alimentar apresentados por estes jovens, em comparação com outros atletas ou com adolescentes da população em geral, a literatura tem também mostrado resultados mais baixos de auto-estima e de satisfação com a imagem corporal, sobretudo relativamente às bailarinas e ginastas do sexo feminino (e.g. Bettle, Bettle, Neumärker, & Neumärker, 2001; Petrie, 1993), já que os rapazes são consideravelmente menos estudados em relação a estas matérias. Estas são duas variáveis consideradas essenciais pela literatura, relativa à população em geral, como desencadeadoras de comportamentos alimentares perturbados e frequentemente entendidas como mediadoras da influência de outras variáveis, como características prémórbidas, acontecimentos de vida stressantes ou comentários críticos de outros significativos (e.g. Ata et al., 2007; Barker & Bornstein, 2010; Fairburn & Harrison, 2003; A. E. Field et al., 2001; Ghaderi, 2001; Keel, Fulkerson, & Leon, 1997; Kichler & Crowther, 2009; Littleton & Ollendick, 2003; Neumark-Sztainer, Story, Hannan, Beuhring, & Resnick, 2000). No nosso país, que tenhamos conhecimento, os estudos de Silva (2001) e de Malheiro e Gouveia (2001) são os únicos, até agora publicados, que procuram avaliar o comportamento alimentar perturbado de atletas Portugueses, ambos centrados no sexo feminino. No primeiro, a autora compara os resultados do Eating Disorder Inventory (EDI, Garner, Olmstead, & Polivy, 1983) de atletas de seis modalidades distintas (incluindo ginástica) com os dados do perfil de pacientes com perturbação alimentar (Profile Form do EDI), mostrando algumas semelhanças relativamente a algumas características psicológicas (Medo da Maturidade e Desconfiança Interpessoal), mas não ao nível de comportamentos alimentares perturbados. Contudo, a autora reconhece a reduzida dimensão das amostras como uma limitação importante do estudo, e que poderá ter contribuído, por exemplo, para a ausência de diferenças significativas entre grupos (C. M. Silva, 2001). Por seu turno, 11 INTRODUÇÃO Malheiro e Gouveia (2001) encontraram uma relação positiva entre a ansiedade física social e as atitudes e comportamentos alimentares de risco de 100 atletas de natação, ginástica, andebol e futebol, apesar de semelhante à encontrada num grupo de controlo, constituído por estudantes universitárias. Contudo, entre as atletas de natação e ginástica esta relação revelou-se mais forte que nas não-atletas, aspecto que as autoras associam às pressões e exigências de magreza típicas das modalidades, consideradas de risco elevado para o desenvolvimento de perturbações alimentares. Efectivamente, foram também as ginastas que apresentaram níveis significativamente mais elevados nas sub-escalas Desejo de Emagrecer, Bulimia e Ascetismo do EDI-2. Um terceiro estudo português, na área da Nutrição, procurou caracterizar a ingestão nutricional e a composição corporal de atletas de ginástica rítmica e de ginástica artística de competição, tendo-se verificado que a ingestão energética das atletas era inferior às suas necessidades, colocando em causa, quer os processos de crescimento e maturação, quer o rendimento desportivo, sobretudo pelo facto das ginastas de nível competitivo mais elevado apresentarem ingestão energética mais reduzida (M. R. Silva, 2007). Apesar da sintomatologia clínica de perturbações alimentares não ter sido avaliada neste estudo, os seus resultados constituem um sinal de alerta para o risco deste grupo de atletas Portuguesas desenvolverem perturbações alimentares e para a necessidade da investigação neste campo. DESAFIOS COLOCADOS À INVESTIGAÇÃO Para além da quase ausência de estudos sobre o comportamento alimentar dos atletas Portugueses, a própria revisão de literatura internacional revela algumas áreas ainda pouco exploradas no que se refere à compreensão do risco de desenvolvimento de perturbações alimentares entre os atletas. Byrne e McLean (2001) sublinham a necessidade de desenvolvimento de investigação que procure compreender a natureza e distribuição das perturbações alimentares nestes contextos, pois os resultados que daí advenham podem ser vitais para os profissionais que trabalham com os atletas e para os próprios atletas. Efectivamente, estes profissionais deparam-se muitas vezes com atletas que apresentam características específicas que os predispõem mais facilmente ao surgimento de perturbações alimentares, mas que podem também “legitimar” grande parte dos seus 12 INTRODUÇÃO sintomas nestes contextos específicos, associando-os à dedicação e empenho, tornando, assim, mais difícil a identificação e tratamento (Sherman & Thompson, 2001; Sherman, Thompson, Dehass, & Wilfert, 2005; R. A. Thompson & Sherman, 2000). Por outro lado, e aplicando o que é defendido por Striegel-Moore e Bulik (2007) relativamente à importância do estudo dos factores de risco em geral, só com base nesta caracterização será possível definir os grupos de atletas em maior risco e que devem ser alvo de intervenções; desenhar programas de prevenção e adequar os seus conteúdos à população-alvo; e, em última instância, informar a comunidade desportiva para que algumas medidas possam ser adoptadas de forma a proteger estes adolescentes do desenvolvimento de perturbações alimentares. Assim, torna-se fundamental encontrar uma explicação para o desenvolvimento de comportamentos alimentares perturbados em atletas de desportos estéticos de ambos os sexos, que traduza a complexidade inerente aos mesmos, tal como a investigação com a população em geral já apresenta (e.g. Keery et al., 2004; Shisslak et al., 1998; Tylka & Subich, 2004). A conceptualização das perturbações alimentares num continuum, que permite a identificação dos seus factores precipitantes (Scarano & Kalodner-Martin, 1994), bem como o modelo ecossistémico de desenvolvimento humano Bronfenbrenner (1977, 1979, 1992; Bronfenbrenner & Morris, 1998), pela potencialidade de uma análise multissistémica, constituem um pano de fundo essencial para o cumprimento desta tarefa. Ainda pouco se sabe acerca dos factores que tendem a reduzir ou agravar os comportamentos alimentares perturbados ou a expressão de perturbações alimentares nos atletas de desportos estéticos. Neste sentido, importa conhecer em pormenor as características dos contextos desportivos específicos (nível microssistémico) em que os jovens atletas estão inseridos, sobretudo os adolescentes que aspiram a ser bailarinos profissionais e os que participam em competições internacionais de ginástica, pela centralidade que estes papéis têm nas suas vidas actuais e futuras. Por outro lado, características individuais e características de outros contextos microssistémicos, nomeadamente a família (raramente considerada nos estudos com atletas), devem também ser explorados, tendo em conta as relações e influências mútuas entre os diversos contextos. Alguns dos factores de risco ou protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares poderão ser específicos de determinados contextos, da mesma forma que a 13 INTRODUÇÃO extensão da influência de factores conhecidos para a população em geral pode ser diferente nestes atletas. Neste sentido, a comparação de variáveis individuais e sistémicas entre atletas de desportos estéticos e grupos de controlo, constituídos por adolescentes das mesmas idades, é fundamental para entender possíveis diferenças e semelhanças na influência de diversos factores no processo de desenvolvimento de comportamentos alimentares perturbados. Segundo Bronfenbrenner (1992), quando uma estrutura social tem o potencial de se tornar numa sub-cultura, pela partilha de determinados valores, crenças, estilos de vida, expectativas ou recursos sócio-económicos, esta pode ser também denominada de macrossistema e torna-se possível investigar a natureza dos vários aspectos que afectam os processos desenvolvimentais em níveis mais próximos. Desta forma, para além da sociedade actual em geral, a sub-cultura dos desportos estéticos (como referimos anteriormente) é, aqui, encarada como um outro contexto macrossistémico ao qual os atletas pertencem. Comparando os atletas com um grupo de adolescentes da população em geral, não pertencentes a esta sub-cultura, estamos a cumprir uma das indicações de Bronfenbrenner acerca da investigação ecossistémica, pois só contrastando, pelo menos, dois macrossistemas, é possível determinar até que ponto os processos desenvolvimentais hipotetizados funcionam, ou não, da mesma forma. Para além deste desafio maior, dois outros se colocam à investigação acerca do desenvolvimento de perturbações alimentares em atletas de desportos estéticos. Primeiro, os adolescentes que praticam estes desportos de forma recreativa ou não competitiva (sobretudo no que se refere à dança clássica) têm sido pouco considerados nos estudos realizados até ao momento (Hausenblas & Carron, 1999). Poderá a sub-cultura dos desportos estéticos influenciar de forma diferente o comportamento alimentar destes adolescentes, por não existir uma “imersão” tão profunda na mesma? E em que sentido ocorrerá esta influência? Em termos do nível mesossistémico, poderão os diversos contextos microssistémicos (família, pares, escola de dança, clube de ginástica) interrelacionar-se também de forma diferente, resultando, daí, diversos níveis de comportamento alimentar perturbado? Por último, apesar das diferenças entre sexos, em relação às perturbações alimentares na população em geral, estarem relativamente bem estabelecidas, não é claro se estas se encontram ao mesmo nível nos atletas de desportos 14 INTRODUÇÃO estéticos (Byrne & McLean, 2001), já que os estudos realizados até ao momento se centram, quase exclusivamente, no sexo feminino (e.g. de Bruin, Oudejans, & Bakker, 2007; Petrie, 1993; Toro, Guerrero, Sentis, Castro, & Puértolas, 2009) e os resultados dos estudos que integram atletas do sexo masculino são algo incongruentes (Milligan & Pritchard, 2006; Neumärker, Bettle, Neumärker, & Bettle, 2000; Petrie, 1996). Assim, torna-se essencial estudar, de um ponto de vista ecossistémico, atletas de ambos os sexos e de diferentes níveis de competição e, simultaneamente, um grupo de controlo, para uma correcta caracterização do risco de desenvolvimento de perturbações alimentares em praticantes de desportos estéticos. CONTORNO METODOLÓGICO “A arte do bailarino consiste (…) em construir um máximo de instabilidade, em desarticular as articulações, em segmentar os movimentos, em separar os membros e os órgãos a fim de poder reconstruir um sistema de um equilíbrio infinitamente delicado” (Gil, 2001, p. 26). Da mesma forma, e uma vez que é impossível compreender o todo sem conhecer as partes e vice-versa (Morin, 1994), nesta investigação, procurámos compreender o melhor possível a realidade (ainda que de forma imperfeita, dada a sua complexidade) olhando de forma aproximada para cada um dos sistemas que a compõem, e, simultaneamente, para o todo, numa tentativa de apreensão dos significados e processos que levam à adopção de comportamentos alimentares perturbados por parte de atletas de desportos estéticos. Assim, a presente investigação enquadra-se no paradigma póspositivista (Guba & Lincoln, 1994), baseado numa abordagem mista, conjugando métodos qualitativos e (predominantemente) quantitativos (Hesse-Biber & Leavy, 2011; Teddlie & Tashakkori, 2009). Numa etapa preliminar do estudo, optou-se por uma abordagem qualitativa, considerada a melhor forma de explicar processos e fenómenos de contextos específicos (Hesse-Biber & Leavy, 2011; Miles & Huberman, 1994), no sentido de explorar a realidade portuguesa em que se inserem os jovens bailarinos e ginastas de elite. Seleccionámos a metodologia de focus group para, através da própria linguagem dos participantes e da interacção entre eles, aceder aos seus pontos de vista, crenças e atitudes em relação à 15 INTRODUÇÃO temática em causa (Hesse-Biber & Leavy, 2011; Morgan, 1998; Vaughn, Schumm, & Sinagub, 1996). Esta metodologia tem como objectivo explorar os processos e as características psicológicas e sócio-culturais de sub-grupos populacionais (Basch, 1987, citado por Mates & Allison, 1992) e tem-se revelado de grande utilidade no estudo de contextos ainda pouco conhecidos (e.g. James, Rienzo, & Frazee, 1997; Mates & Allison, 1992; Tiggemann, Gardiner, & Slater, 2000), como o que pretendemos estudar. Como sugerem Byrne e McLean (2001), os estudos qualitativos oferecem-nos informações mais detalhadas que podem ser usadas para enquadrar hipóteses em estudos subsequentes, ajudando a construir o nosso conhecimento acerca da natureza e desenvolvimento de perturbações alimentares em atletas. Efectivamente, os resultados deste primeiro estudo exploratório foram essenciais para a definição do quadro conceptual do estudo posterior, de cariz quantitativo (e igualmente transversal), de forma a obter uma visão mais geral, de conjunto, através dos padrões de resultados de um número consideravelmente maior de adolescentes, que constituíram grupos de estudo diversos. A comparação entre os vários grupos, bem como a análise intra-grupo, com recurso a métodos estatísticos, revelou-se fundamental para responder às questões que a análise de dados do estudo qualitativo levantou. Neste sentido, a complementaridade de métodos mostra um processo de investigação abdutivo, baseado na dialéctica entre a lógica predominantemente indutiva do primeiro estudo e, na sua sequência, dedutiva do segundo estudo (Teddlie & Tashakkori, 2009), procurando, em diferentes terrenos, ajuda para gerar novas possibilidades de explicação do fenómeno (Daly, 2007). O “diálogo” contínuo entre recolha e análise dos dados ocorreu mesmo no segundo estudo (que, como veremos, se apresenta sub-dividido em três estudos distintos mas complementares), já que a descoberta de determinados padrões fez emergir novas questões às quais fomos procurando responder, focando-nos em realidades cada vez mais concretas, para que o todo pudesse emergir da forma mais completa possível. 16 INTRODUÇÃO DESENHO DA INVESTIGAÇÃO Quais as especificidades dos contextos da dança e da ginástica que os tornam de risco para o desenvolvimento de perturbações alimentares? Que outras características, individuais, familiares e relacionais, podem colocar em risco, ou proteger, os adolescentes que praticam desportos estéticos de desenvolverem este tipo de perturbações? Estas questões iniciais orientaram todo o processo de investigação, à qual se procurou responder através de dois estudos empíricos de carácter distinto. Para o primeiro estudo, de carácter exploratório e qualitativo, definiram-se três objectivos: (1) investigar características e pressões específicas que os jovens bailarinos e ginastas encontram nos contextos em que se inserem; (2) compreender a forma como os professores/treinadores, pares e pais, influenciam os comportamentos e atitudes dos jovens bailarinos e ginastas em relação ao peso e imagem corporal; (3) investigar características específicas destes contextos que possam proteger os jovens bailarinos e ginastas de desenvolverem algum tipo de perturbação alimentar. A Figura 1 apresenta o mapa conceptual deste primeiro estudo, representando, graficamente, os principais constructos investigados. Dadas as características exploratórias do estudo, os constructos que nos guiaram foram essencialmente os sistemas e subsistemas (micro, meso e macrossistemas) em que os atletas de desportos estéticos de elite estão envolvidos. A partir destes, procurámos entender comportamentos, atitudes e percepções, fundamentalmente relativos ao peso, alimentação e imagem corporal, associados à prática da modalidade. As variáveis tempo, sexo e modalidade correspondem aos contornos do mapa conceptual, no sentido em que, para além de características comuns, procurámos ter em conta as diferenças entre rapazes e raparigas, bailarinos e ginastas, bem como entre adolescentes de diferentes níveis etários. 17 INTRODUÇÃO Tempo Comportamentos Escola de Dança ou Clube de Ginástica Atleta Percepções Sub-cultura Desportos Estéticos de Elite Modalidade Família Atitudes Escola Sociedade Peso Alimentação Imagem Corporal Sexo Figura 1. Mapa conceptual do estudo qualitativo No segundo estudo, de carácter quantitativo3, os objectivos foram formulados de acordo com os resultados do estudo anterior. Assim, pretendíamos: (1) avaliar o risco de desenvolvimento de perturbações alimentares nos atletas de desportos estéticos, comparativamente com um grupo de controlo, tendo em conta a) o sexo, b) a modalidade praticada e c) o nível de competição; (2) investigar a influência de variáveis do sistema individual como idade, índice de massa corporal, perfeccionismo, auto-estima, insatisfação com a imagem corporal nos comportamentos alimentares perturbados dos adolescentes; (3) estudar a influência de variáveis do contexto microssistémico familiar relacionadas directamente com o próprio adolescente (como vinculação aos pais, influências parentais em relação à magreza, qualidade das relações com os pais e do ambiente familiar) e variáveis exclusivamente parentais (insatisfação 3 Vide exemplo de protocolos de investigação no Apêndice A. 18 INTRODUÇÃO com a imagem corporal e comportamento alimentar perturbado de ambos os pais) nos comportamentos alimentares perturbados dos adolescentes; (4) investigar a influência de variáveis sócio-relacionais nos comportamentos alimentares perturbados dos adolescentes, como a pressão social para a magreza e o suporte social; (5) investigar a influência de variáveis do contexto microssistémico desportivo (dança/ginástica), como a percepção de pressão para a magreza e de suporte, nos comportamentos alimentares perturbados dos atletas; (6) compreender a relação entre as diversas variáveis anteriormente referidas e a influência desta interacção na protecção ou risco de desenvolvimento de perturbações alimentares; (7) adaptar para o contexto Português um instrumento de avaliação da (in)satisfação com a imagem corporal de adolescentes e adultos, bem como um instrumento de avaliação de factores de risco e factores protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares em adolescentes de ambos os sexos, contribuindo, assim, para o processo de validação dos mesmos. O mapa conceptual que se apresenta na Figura 2 representa os diversos constructos e relações entre os mesmos, definidos a partir dos resultados do estudo anterior, bem como de outros estudos empíricos ou teóricos revistos. Assim, consideramos quatro grandes grupos de variáveis independentes – individuais, familiares, sócio-relacionais e contextuais desportivas específicas. As variáveis individuais auto-estima e insatisfação com a imagem corporal assumem uma posição intermédia, no sentido em que são consideradas como mediadoras da influência das variáveis independentes (em relação às quais são dependentes) no comportamento alimentar perturbado dos adolescentes, entendido, aqui, como variável dependente, quer dos primeiros quatro grupos de variáveis, quer das variáveis intermédias. As variáveis sexo e modalidade praticada correspondem, à semelhança do estudo anterior, aos contornos do mapa conceptual, uma vez que, na maioria das análises estatísticas realizadas, os participantes foram separados por sexos e por grupos de atletas (elite e não-elite) ou controlo. A idade, todavia, passou a ser considerada como variável demográfica, integrada no conjunto de variáveis individuais. 19 INTRODUÇÃO Figura 2. Mapa conceptual do estudo quantitativo ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO Esta dissertação organiza-se em quatro capítulos4. No primeiro capítulo – Estudo Exploratório – apresenta-se o primeiro estudo empírico realizado com atletas de desportos estéticos em contextos de elite, exploratório e de cariz qualitativo (Estudo 1), o qual constitui uma base para os estudos seguintes. No segundo capítulo – Adaptação e Contributos para o Processo de Validação de Instrumentos para a População Portuguesa – apresentam-se os estudos de adaptação de 4 Os estudos que integram os capítulos I, II e III são apresentados em formato de artigo científico por se tratar de estudos submetidos para publicação em revistas científicas nacionais e internacionais. Quer o primeiro, quer o terceiro capítulos são apresentados em língua inglesa, pelo facto de constituírem artigos submetidos para publicação em revistas científicas internacionais cuja língua oficial é o inglês. 20 INTRODUÇÃO dois instrumentos utilizados na etapa seguinte, Contour Drawing Rating Scale (Estudo 2) e McKnight Risk Factor Survey-IV (Estudo 3). O terceiro capítulo – Dança e Ginástica: Contextos de Risco para o Desenvolvimento de Perturbações Alimentares? – encontra-se dividido em três estudos empíricos de carácter quantitativo. No primeiro, pretendemos comparar potenciais factores de risco e de protecção, bem como a relação destes com o nível de comportamento alimentar perturbado, em atletas de desportos estéticos de dois níveis distintos de competição (elite e não-elite) e adolescentes da população em geral, especificando possíveis preditores de perturbações alimentares nos três grupos (Estudo 4). De seguida, procuramos explorar a influência do contexto microssistémico familiar na insatisfação com a imagem corporal e comportamento alimentar perturbado dos atletas de elite, incluindo resultados destas mesmas variáveis nos pais (Estudo 5). O último estudo empírico procura analisar características individuais e características específicas do contexto microssistémico desportivo, quer em bailarinos quer em ginastas de elite e não-elite, potencialmente preditoras de comportamentos alimentares perturbados nestes contextos (Estudo 6). Por fim, no último capítulo – Discussão Integrada e Considerações Finais – procuramos efectuar uma leitura integrada e holística dos principais resultados dos vários estudos, encontrando respostas e novas interrogações face às questões de investigação e objectivos definidos inicialmente. Procuramos, ainda, reflectir criticamente sobre o processo de investigação e sobre as implicações que este projecto apresenta para a intervenção preventiva e terapêutica nestes contextos e para investigações futuras. 21 INTRODUÇÃO 22 CAPÍTULO I ESTUDO EXPLORATÓRIO ESTUDO EXPLORATÓRIO 24 ESTUDO EXPLORATÓRIO AESTHETIC SPORTS AS HIGH-RISK CONTEXTS FOR EATING DISORDERS—YOUNG ELITE DANCERS AND GYMNASTS PERSPECTIVES5 Abstract This is the first study developed in Portugal which investigates specific characteristics of dance and gymnastics environments that make them high-risk contexts for the development of eating disorders. Four focus groups were conducted with thirteen ballet students from a professional dance school and nine gymnasts from a gymnastics club (aged 12 to 17 years), which were subjected to an inductive-deductive analysis procedure. Specific risk and protective factors were identified. Among their respective sources of influence, teachers and coaches are those who exert a stronger influence upon young athletes. We also explored some themes related to the influence of peers, parents, and environmental characteristics, which could have an important role on the development or prevention of disordered eating. Keywords: eating disorders; ballet; gymnastics; adolescents; focus group 5 Francisco, R., Alarcão, M., & Narciso, I. (2010). Aesthetic sports as high risk contexts for eating disorders: Young elite dancers and gymnasts perspectives. Submetido a The Spanish Journal of Psychology (2ª versão). 25 ESTUDO EXPLORATÓRIO Introduction Eating Disorders (ED), defined as abnormal eating habits associated with a permanent worry about weight and body image, have been considered a public health threat, mainly affecting female adolescents and young adults. Over the last three decades, a great number of studies have documented a higher risk, prevalence, and incidence of ED among athletes, compared with the general population (e.g. Garner & Garfinkel, 1980; Hausenblas & Carron, 1999; Toro et al., 2005). Striegel-Moore and colleagues (1986) compared the sport environment to a subculture where the influence of environmental and sociocultural factors is amplified. Today’s society constantly pushes individuals into achieving an “ideal” body through diets and exercise. However, athletes are also exposed to the internal pressures of their sport, which often overemphasize the link between peak performance and a specific weight (Hausenblas & Carron, 1999; Toro et al., 2005). On the other hand, high expectations and pressure from parents, coaches, and teammates are among the main factors causing ED (Dosil & González-Oya, 2008). A meta-analysis of 34 studies ranging from 1975 to 1999 concerning female athletes and eating problems revealed that elite athletes are more at risk of suffering from ED than nonathletes or nonelite athletes, especially those from sports in which the required body aesthetic demands thinness (Smolak et al., 2000). In fact, aesthetic sports, such as rhythmic and artistic gymnastics, ice-skating, or dance, are considered by Dosil and Díaz (2008), according to the United States Olympic Committee criteria, as high-risk sports for ED (as well as weight division sports, gym sports, or endurance sports). The judges’ criteria which stress thinness are another essential factor in the etiology of ED in some sports (R. A. Thompson & Sherman, 1993). Therefore, ballet dancers and gymnasts, for example, are more prone to engaging in extreme and unhealthy eating and weight-control behaviors (Engel et al., 2003; Petrie, 1993) in the name of commitment and competition (Gvion, 2008; R. A. Thompson & Sherman, 1999b). Despite clear differences among them (for example, ballet has a fundamentally artistic component, while gymnastics has a strong sport component, as well as the artistic one), these two aesthetic sports were selected to be studied together. Similarity of demands in terms of the extreme pressure to be thin and long hours of physical training (Davis & Strachan, 2001), for example, are important reasons to combine dancers 26 ESTUDO EXPLORATÓRIO and gymnasts as a group of “athletes”, as we have seen in the literature for a long time (Smolak et al., 2000). In Portugal there are no studies reporting levels of prevalence of ED among dancers or gymnasts. Toro and his colleagues (2005) studied Spanish athletes from different sports and found a ratio of athletes with some type of ED, including eating disorders not otherwise specified (EDNOS), five times higher than that in the general population (22.6% vs. 4.1%). Athletes competing in rhythmic sports, such as gymnasts, displayed the highest percentages. Another study (Dosil & Díaz, 2008) which analyzed the relationships between athletes’ ideal and real weight reached the conclusion that rhythmic gymnasts show high levels of weight dissatisfaction (77.2% of them considered that their real weight was above their ideal weight, according to the weight required for their discipline, in which competition judges reward an exceptionally thin body, when compared with the ideal weight for the normal population). A study of female ballet dancers (Ringham et al., 2006) revealed that 83% of them reported some form of eating pathology, including Anorexia Nervosa (6.9%), Bulimia Nervosa (10.3%), and EDNOS (55%). Thomas, Keel and Heatherton (2005), upon comparing the prevalence of disordered eating attitudes and behaviors among adolescent ballet dancers at national, regional, and local schools, suggested a combination of individual (e.g., perfectionism) and environmental (e.g., competition) variables as mediators of the phenotypic expression of ED. Despite the fact that a dancer’s extra-thin body is looked upon as a sign of ultimate control and professional achievement (Gvion, 2008), it is necessary to have an accurate understanding of the aspects of the dance school environment and relationships established there, as well as at gymnastics clubs, that may inhibit or contribute to the development of an ED. It is well known that the prevalence of ED is substantially higher among females than males. For this reason, male athletes are rarely included in studies of athletes’ eating behaviors (dancers are also excluded because there are far fewer male than female dancers). However, some of these few studies show that the male athletes competing in sports that emphasize a lean body shape or a low body weight also evidenced a significantly higher prevalence of ED than other athletes and non-athletes (e.g. Byrne & McLean, 2002). On the other hand, male dancers and gymnasts are part of the systems studied, so they can influence the development of ED among girls’ counterparts positively or negatively, and should be taken into account. 27 ESTUDO EXPLORATÓRIO The purpose of this study was to understand the specifics of dance and gymnastics’ environments that make them high-risk contexts for the development of ED among female and male adolescents, adopting a qualitative methodological approach. We tried to investigate (1) specific types of pressures and characteristics young Portuguese dancers and gymnasts found within their contexts, (2) the way teachers/coaches, peers/teammates, and parents sway their body image and weight attitudes and behaviors, and (3) specific environmental characteristics that could prevent young dancers and gymnasts from developing ED. The ecological perspective, which considers the systems that surround these adolescents and specifically understands the forces shaping adolescents’ development (and possible ED) in their environments, is an adequate theoretical frame to answer these questions (Bronfenbrenner, 1979). As “seeing research participants’ lives from the inside often gives a researcher otherwise unobtainable views” (Charmaz, 2006, p. 14), qualitative research is considered the best way to explain processes and phenomena from specific contexts (Miles & Huberman, 1994). Method Participants The participants (N = 22; M = 11, F = 11) were 13 female and male ballet students (mean age = 14.6 years, SD = 1.56) from a professional Portuguese dance school, and 9 gymnasts (mean age = 15.1 years, SD = 1.27) from a Portuguese gymnastics club, who compete at national and international level. Ballet students from different classes were separated into two focus groups (FG) according to their artistic level (FG1: 3rd to 5th levels; FG2: 6th to 8th levels), and gymnasts were also separated according to their gymnastics disciplines (FG3: artistic and rhythmic gymnastics; FG4: acrobatic gymnastics). All of the participants’ parents gave written authorization for their children to participate in the research, and all of them signed informed consent. 28 ESTUDO EXPLORATÓRIO Procedure Focus groups were selected as a data collection method because they are particularly useful for exploratory research when little is known about the context (e.g. James et al., 1997; Tiggemann et al., 2000). The goal is not to generalize to larger populations; instead, our intention is to fully understand particular aspects through the different ideas that emerge. The interaction between participants enables them to express their views of the world where they live, their beliefs and attitudes in their own words. Thus, the participants were recruited through purposive sampling, according to the project’s goal of generating the most productive discussions possible with the focus groups (Morgan, 1998). The session with each group (60-90 min) was based on the questioning route with open-ended questions developed for that purpose (see Table 1). The study was part of a PhD project (about the individual, family, and environmental characteristics that put young dancers and gymnasts at higher risk or protect them from the development of ED) and as such was scrutinized by the appropriate university research committees and the Foundation for Science and Technology (Portugal). Table 1. Focus Group Questions 1. When you hear about dance/gymnastics, what comes to your mind? 2. What would an ideal dancer/gymnast's body look and be like? 3. You live in an environment that greatly values the body and the physical appearance— does this have any impact on your life? 4. How is your relationship with your teachers/coaches? 5. How do your parents deal with the Dance School/Gym Club demands? 6. How do you live through auditions/competition exams? The focus group discussions were recorded and transcribed verbatim and subjected to an inductive-deductive content analysis procedure. First, the focus groups’ data were analyzed deductively for meaningful units (references), which were defined as sets of sentences about the same topic. Then, meaningful units that shared common features were 29 ESTUDO EXPLORATÓRIO identified and organized into distinct categories and were combined to form more abstract categories, as engaged in successive levels of analysis (Charmaz, 2006), based on new labels or pre-existing concepts in the literature. Triangulation by the researchers helps to ensure the credibility and validity of the research (Miles & Huberman, 1994). Therefore, raw data responses were individually identified and grouped into themes and subthemes developed by the first researcher and checked for reliability and validity by a second researcher until a consensus was reached. The QSR Nvivo7 software (QSR, 2006) was used to search, store, explore, and organize the qualitative material. Results The content analyses of the focus groups’ responses yielded 84 interrelated categories, organized in a hierarchical system6. Two main categories were seen as having the most potential for the purpose of the study: a) Factors of Influence among dancers’ and gymnasts’ attitudes, behaviors, and wellbeing. They were separated into risk factors for the development of problems among young elite athletes (corresponding to 58% of the coded references), protective factors (29%), and ambiguous factors (because the type of the influence was not clarified by the participants or it is not referred to in the literature; 13%). Among the risk and protective factors, we have distinguished those specifically related to ED and those related to problems in general. The inclusion criteria in each category were a reference to the theme by participants at focus groups or in the literature reviewed. b) Sources of Influence, which indicate the source of the influence factors. We have found three main sources of influence—dance school/gymnastics club (72%), classical dance world/elite gymnastics world (13%), and parents (9%). We will present a detailed analysis of each source of influence upon dancers’ and gymnasts’ attitudes and behaviors, to try to understand which factors appear to be most related to each source. To provide insight into the experiences of the participants, some of 6 Appendix B presents the hierarchical system, which includes the 84 categories; Appendix C presents all the references included into 2 categories (Negative comments about weight and body image; Social support), as an example. 30 ESTUDO EXPLORATÓRIO their quotations are included within the explanation of each factor of influence (names given to respondents are pseudonyms to guarantee anonymity). Dancers Dance School Five essential categories emerged within the dance school: teachers (31%), peers (13%), system (culture and rules of dance school; 19%), training (15%), and schedules (4%). Teachers. Teachers appear to be the major source of influence upon ballet students. The category most frequently referred to was the negative relationship between teacher and students (41.5%), which includes features such as feeling that teachers are not accessible, fear of them, or expressions of partiality (“showing preferences”) and hostility toward students, which is likely to contribute to lower self-esteem, poor perception of social support, and so on. Some teachers aren’t approachable (...) we can hardly say Teacher, I’m in pain, what can I do? (Ana, 16-year-old girl) (...) in my first year, I had a teacher who acted like this was the military (...) because when we did something wrong she’d scream at us! (Carolina, 12-year-old girl) This category is strongly related to some risk factors for ED, such as pressure for thinness; emotional distress (including anxiety, sadness, and frustration); and negative comments about eating, weight, and body image (which sometimes involve the indication of food restriction as a weight control method). This appears to happen with both female and male students but seems to be more frequent and cause more emotional distress in girls. They suffer a lot (...) sometimes they have to hear things like you’re really fat! You’d better start losing weight! or You’ll never fit into a tutu! (Henrique, 17-year-old boy) On the other hand, dancers also talk about, although less frequently, a positive relationship between teacher and students (23.1%), which we considered a protective factor for problems in general. This factor includes themes such as the impartiality and professionalism of teachers, and empathy and trust between teachers and students. I think he’s a great teacher, and he works hard for his students! (José, 12-year-old boy) 31 ESTUDO EXPLORATÓRIO We can trust him and talk to him... (Ana, 16-year-old girl) Another relevant category is the undervaluing of health (10%), especially related to ED symptoms. There was that thing with Teresa, who was obviously anorexic, and the teacher kept saying you look nice! (...) If teachers encourage that, how are we supposed to care about health? (Ana, 16-year-old girl) Peers. The most frequently mentioned factors associated to peers are all risk factors for ED, especially negative comments about weight and body image (36.2%), which seem to be a trigger of emotional distress and many different weight control behaviors. Interestingly, negative comments are not mentioned by older dancers (aged 15 to 18) at all. There was talk about what I ate (...) I don’t know if it’s on purpose, it probably isn’t on purpose, but they should realize they’re tearing other people down. (...) sometimes we have really nice colleagues *ironic tone+ who say we’re fat and that day I decided to stop eating. That day I didn’t have lunch or dinner... (Madalena, 13-year-old girl) We also have to underline the frequency of comparisons between dancers who are exposed to a high level of competition (competitive comparisons, 27.6%), although these are more referred to by younger dancers. However, older dancers also recognize the classical dance environment as extremely competitive, which is considered a strong risk factor for ED. I think there are people who worry too much about other people instead of worrying about themselves. (Carolina, 12-year-old girl) You have to be better than other people. (Paulo, 17-year-old boy) System. Pressure for thinness (23.3%) and food restriction (24.4%) as a method of weight control are, undoubtedly, the risk factors for ED most related to this source of influence. These two themes are widespread in the classical dance subculture (e.g., Gvion, 2008), and are no exception at this Portuguese dance school. 32 ESTUDO EXPLORATÓRIO When we’re a little bigger (...) I always think will this mean I can’t be in this school, can they ask me to leave because of that? (Carolina, 12-year-old girl) (...) if people tell me I’m skinny or even anorexic, because I know it’s not true, it’s actually a compliment to me! (...) It’s almost my goal! (Ana, 16-year-old girl) Two other categories are only mentioned by students from higher artistic degrees: early demand for maturity (which we considered a risk factor for problems in general) and great maturity that students feel they attain, truly, and view as an advantage of studying at this dance school (which can work as a protective factor for ED). I’ve seen teachers talk to 1st year girls and boys and be very hard on them: You have to grow up, you have to learn! Do you want to be a dancer or what are you here for? Don’t be an idiot! (Paulo, 17-year-old boy) One thing I think a dancer gets out of this is... knowing how to deal with life (...) thinking about everything that surrounds each person and other people much more easily and much earlier than normal people who go to other schools. (Henrique, 17year-old boy) However, they are frequently related to some forms of emotional distress. We’re more mature, but we make up for it in nerves and stress! (Ana, 16-year-old girl) We have to devote ourselves to dance! Which is very hard! (Sérgio, 15-year-old boy) Training. The factors with the greatest number of references related to this source of influence are intensive training (20.6%) and overtraining (20.6%). Just as some characteristics of athletes are similar to the characteristics of patients with Anorexia Nervosa (R. A. Thompson & Sherman, 1993), the boundaries between these two themes are unclear. Thus, we considered intensive training as a characteristic of the work developed at the dance school, within reasonable limits, and overtraining (Sundgot-Borgen, 1994) as the situation where dancers consider they work their bodies besides what is reasonable or acceptable, which sometimes is related to injuries. You have to work hard, but not by hurting your body. (Paulo, 17-year-old boy) Absolutely. We push our bodies... (Henrique, 17-year-old boy) 33 ESTUDO EXPLORATÓRIO I have classmates who got injured, and said I can’t stop because I have goals to achieve!, but then there were consequences! (Diana, 13-year-old girl) Injuries are considered risk factors for ED in the literature because of their influence on rhythm and training habits. Athletes who stop training for some time frequently gain weight. As a consequence, they may adopt restrictive behaviors to compensate for the lack of exercise or over-exercise when they get back to training, as referred to by our participants. When we have to stop, we sometimes don’t burn as many calories every day (...) and then when we get back to work we have to give 110, 120% to lose it. (Carolina, 12year-old girl) Schedules. Dance school schedules are considered too excessive by older ballet students. These are associated to a great time demand (65%) for dancing and, consequently, to social isolation (60%), because of a withdrawal from social contacts or task-centered social contacts. I don’t have time for myself. (...) I miss something else! (...) having fun! Of hanging out with other people too, because we’re in this school 12 hours a day around the same people! (Henrique, 17-year-old boy) Classical Dance World This source is particularly related to the pressure for thinness (44.3%; risk factor for ED), as well as to dependence on public approval (8.5%; risk factor for problems in general). We work for the audience (...) We can look in the mirror and not like what we’re doing, but if the audience likes it, we’ll keep up that work. (Paulo, 17-year-old boy) At the same time, social support (10.4%), as a consequence of appreciation of dancers’ performances by those who watch their auditions is cited as an important encouragement. If we get a compliment from the teachers or even from the audience, it’s an incentive! (Ana, 16-year-old girl) 34 ESTUDO EXPLORATÓRIO Parents Our participants cited social support from parents (25.5%; protective factor for ED) as a good way to deal with emotional distress caused by auditions or by important episodes at school. (...) my parents have been suffering a lot because of school, because when we suffer they suffer too and they always try to help us as best they can. (Henrique, 17-year-old boy) However, the category most frequently mentioned regarding parents is the pressure to pursue a dancing career (38.3%), often reflecting their parents’ ambitions rather than their own. *my mother+ tried *to be a dancer+ when she was little, but it didn’t work out...! So she put me in this school, I didn’t want to come here! (Leonor, 15-year-old girl) Gymnasts Gymnastics Club Four principal categories emerged within the gymnastics club: coaches (56%), peers (2%), training (13%), and schedules (7%). Coaches. The majority of references to risk factors for ED related to coaches are pressure for thinness (27.7%), associated to weight control (30.4%), especially through advice on food restriction, monitoring athletes’ weight, and negative comments (22.3%), particularly about eating and, with fewer references, about weight and body image. We’ve had our last training session, we’re going on holiday *4 days+, and she weighed everybody—as if she meant to say I’m weighing you so you won’t be heavier when you come back! (Susana, 17-year-old girl) While dancers have made many more references to the negative relationship between teacher and students than to the positive relationship, the number of references among gymnasts was very similar (17.6% and 18.9%, respectively). It is important to underline that the negative relationship between coach and gymnasts is more related to female gymnasts 35 ESTUDO EXPLORATÓRIO and also seems to provoke higher emotional distress in female gymnasts, especially related to negative comments about eating and control of eating by coaches. Sometimes, the girls are afraid of coaches (...) we respect them... the girls mind what the coaches say a lot more. (Mário, 16-year-old boy) (...) once I went with a friend of mine to McDonald’s after an event, and... I think I’m so used to it I was eating and keeping a look to see if any coach was coming! And then, to make fun of me, she said There’s the coach!, and I started looking and I got very nervous! (Catarina, 13–year-old girl) On the other hand, almost all male gymnasts made references to an absence of eating control by coaches (12.2%). This factor was considered an ambiguous factor of influence because of the deficiency of this aspect in the reviewed literature, as well as of possible effects on athletes’ health from a total lack of eating control. We simply, I mean, eat a lot at breakfast and at lunch and nobody says anything! We eat chocolates in front of the coaches and it’s okay. (Mário, 16-year-old boy) Despite showing little expression in terms of number of references, the fact that gymnasts talked about knowledge of ED cases among their female coaches, even specifying some symptomatic behaviors, is indeed alarming. I’ve noticed she keeps weighing herself (...) I think I see her weighing herself at every practice! (Miguel, 16-year-old boy) Peers. The more relevant category is related to a protective factor, the poor competitiveness (58.3%) that gymnasts feel among peers inside their own club, between different clubs, and at competitions. There was a group where there was more competitiveness and more pressure, but otherwise... basically it was if everything goes right they win. (Susana, 17-year-old girl) Training. There were two ambiguous factors related to this source of influence— intensive training (38.5%) and physique and body composition changes (35.9%)—associated 36 ESTUDO EXPLORATÓRIO to each other because daily intensive training has some effects on physique and body composition. I think we know from the start we’re never going to be like that *like models+ (...) we have a different life. (Susana, 17-year-old girl) We look fuller. (Rute, 15-year-old girl) Despite the fact that regular training could result in different body shapes compared to their nonathlete peers (e.g., muscular hypertrophy of thoracic and arm musculature in male gymnasts), this factor does not appear excessively related to emotional distress. Sometimes they make fun of me and call me ‘shorty’, ‘pygmy’ (...) It’s good for a gymnast, but... sometimes I don’t like being like this. (Carlos, 14-year-old boy) Schedules. To this source of influence are associated, essentially, time demands (79.2%)—3 to 4 hours of training a day, after school—but not so much social isolation, as is the case with dancers. This probably has to do with the fact that their social contacts are not too centered on gymnastics, contrary to that of ballet students (who attend dance classes, in addition to completing a high school curriculum, at the same place, and with the same colleagues). Nevertheless, gymnasts also feel some limitations, when comparing themselves to their school peers, specifically concerning the common activities of adolescents. If our friends want to do something in the afternoon, we can’t because we have practice. And at night we shouldn’t go either because we have practice the next day. But I usually go out at night anyway! (Miguel, 16-year-old boy) Elite Gymnastics World Pressure for thinness is associated to the elite gymnastics world, with the same frequency of references as weight control (19.4%)—specifically food restriction. These behaviors are seen as “normal”, especially to female gymnasts, and are considered important risk factors for ED. They don’t eat, that’s it. But with girls it’s different! (Mário, 16-year-old boy) 37 ESTUDO EXPLORATÓRIO Parents When asked about the way parents deal with the demands of elite gymnastics, gymnasts’ answers seemed to indicate a dismissive relation family pattern (47.8%), showing poor involvement of parents in gymnastics issues. It’s convenient for them, because we’re here every day (...) (Daniel, 15-year-old boy) I sometimes tell what my parents when I disagree with my coach. And my parents pretend they’re kind of not listening. (Carlos, 14-year-old boy) However, our data also reflect a protective factor for ED—parental support (30.4%)—, although very different from the almost “unconditional” support that dancers talk about. She *mother+ supports us *me and my sister+ (...) My dad isn’t like that, but because we only live with our mom, she lets us do what we want. (Susana, 17-year-old girl) Discussion Our data show that risk factors (58%), for ED or problems in general, are twice as referred to as protective factors (29%). This fact underlines dance and gymnastics as risk contexts and suggests a need to investigate them, even besides ED issues. Using the dance school and the gymnastics club as sources of influence, there emerged the same essential categories, except the sub-category related to the system, which is only mentioned by dancers. The gymnastics club is not referred to by gymnasts as having a specific culture or rules which influence them, probably because they spend much less time inside this system, compared to dancers and their dance school (about 3-4 hours vs. 10-12 hours a day, respectively). So, for gymnasts the coaches are seen as the principal source of influence (56% of gymnasts’ references vs. 31% of dancers’ references) and even peers seems to have much less influence among gymnasts than among dancers (2% vs. 13%, respectively). Specifically related to ED, the main risk factor is, undoubtedly, the pressure for thinness, which is similar to what happens in these contexts in other countries (e.g. Neumärker, Bettle, Dudeck, & Neumärker, 1998; Sundgot-Borgen, 1994; Toro et al., 2005). Among gymnasts, this pressure comes essentially from coaches, who often make negative comments about eating, monitoring of athletes’ weight, and advice on food restriction. For 38 ESTUDO EXPLORATÓRIO ballet students, thinness is experienced as an implicit rule of the world of classical dance and the system itself (Dance School), but it is viewed also as an explicit rule because of critical comments from teachers and peers about eating, weight, and food. Since this pressure comes from different sources, the demand to maintain their bodies as thin as possible seems to be more internalized among dancers. Different studies have demonstrated a strong association between the pressure from coaches of elite athletes to lose weight (Donohue, Miller, Crammer, Cross, & Covassin, 2007; Kerr et al., 2006), dieting behaviors, and the clinical and subclinical syndromes of ED (Toro et al., 2005). We believe the same could happen with dancers and their teachers. Sundgot-Borgen, Skårderud, and Rodgers (2003, p. 390) support the idea that “the important factor may not be dieting per se, but rather the situation in which the performer is told to lose weight, the words used and whether the athlete receives guidance.” Our sound data about the impact of the negative/positive relationship with their tutors (teachers or coaches) on well-being, attitudes, and behaviors, reinforce this idea. The positive relationship referred to by our participants can, eventually, be considered to be a protective factor for ED, especially if teachers can encompass health and overall well-being and not just performance. Therefore, preventive actions should promote and improve positive relationships among athletes and their respective tutors, particularly based on empathy, trust, an open dialogue, and more attention to the individual differences and idiosyncrasies of each athlete. It is also important that coaches and teachers learn about the effect of their comments on athletes’ self-esteem and body image (Kerr et al., 2006). Besides that, the dancers’ idea that extra-thinness (and even Anorexia Nervosa) is sometimes interpreted by the professional community as a way to achieve success and perfection (Sundgot-Borgen et al., 2003), reinforces the hypothesis that, in these contexts, there is a normalization of some ED symptoms, and bodies are seen as “machines” independent of physical needs (Gvion, 2008). Although pressure for thinness and weight control are also associated to the elite gymnastics world—indicating that these factors are grounded at this elite gymnastics subculture—they do not emerge as such an undervaluing of health as with dancers. Moreover, because of the crucial role coaches play in athletes’ lives (Dosil & González-Oya, 2008; Kerr et al., 2006; Lopiano & Zotos, 1992), the fact that coaches present ED symptomatic behaviors in front of their athletes is alarming and should be carefully evaluated in future research. 39 ESTUDO EXPLORATÓRIO Are there any differences related to the age of participants? Older dancers and gymnasts (ages 15 to 17 years) felt under more pressure to reduce weight and to be thin. However, it was the younger dancers and gymnasts who made more references to negative comments highly related to emotional distress. This could be a sign of such an acceptance of the thinness “rule” that the pressure to attain it is no longer felt as such by older athletes. It is something totally accepted, respected, and unquestionable. On the other hand, it also could be a sign that they have found different ways to deal with this kind of pressure that do not translate into emotional distress. The fact that older dancers do not make references to negative comments from peers could be a sign of a stronger relationship between them (perhaps because of the rapport they have been building for at least four years) and could protect them more effectively against this influence. Thus, promoting affective social skills since their entry into dance school and gymnastics clubs would help to prevent ED among elite athletes. Another theme which was only referred to by ballet students from higher artistic degrees—maturity—which is something new in research in this field, as we know. Although somewhat expected, it is the first time we hear adolescents talking about it and referring to implications for their lives. An early demand of maturity is felt from the beginning of their “career” at ballet school, although this is only realized when they get older, when comparing themselves with other adolescents, and in some way, feeling they are best prepared to go through the real professional world. However, because of the relationship they establish between maturity and emotional distress, they do not seem to be “emotionally mature”, which can be a risk factor for ED and other problems in their future lives. Future studies should focus on this, as well as preventive actions. The major differences between female and male athletes are related to the pressure for thinness and other factors related to that, like negative comments from teachers and coaches (independent of tutors’ gender) or the rules “imposed” by the subculture of the classical dance and gymnastics worlds. Interestingly, these gender differences are also clearly mentioned by male athletes. Female athletes appear to be more at risk for ED, which is in accordance to other empirical studies (Hausenblas & Carron, 1999). However among male athletes, the dancers seem to be more pressured to be thin than gymnasts (who often cited an absence of control about their weight or eating, contrary to the dancers), which should be considered in future research. 40 ESTUDO EXPLORATÓRIO Different levels of competitiveness were found among dancers and gymnasts. Ballet students feel a lot of competition between peers and also during their professional careers, as was expected according to the literature. Indeed, high levels of competitiveness at ballet schools (especially in national schools, such as the one we are studying) are associated with an increased risk of disordered eating (e.g. Garner & Garfinkel, 1980; Levine & Smolak, 2002; Thomas et al., 2005). With regards gymnasts, despite them being from a club with some of the best Portuguese athletes, they revealed poor competitiveness (justified by the prestigious and excellent results from their club), which has been considered a strong protective factor for ED among them. We think that this aspect could be related to the fact that high school also has a central role in their lives, contrary to the ballet students, for whom dance is “everything” in their lives. In fact, their references to time demands and social isolation are related to that, as it may influence the development of problems such as lack of identity in other roles besides being an “athlete” or “dancer” (Lopiano & Zotos, 1992). Thus, we consider these two aspects as important risk factors for ED, which should be taken into account in specific research and psychotherapeutic interventions with ballet students from professional schools. As referred to by Gvion (2008, p. 79) regarding Israeli dancers who are “trained to communicate through performance, disregard pain and aim toward extra-thinness, reinforcement from either an audience or significant others compensates for the difficulties dancers encounter.” Among significant others, parents are particularly important to help ballet students in coping with emotional distress. As in the general population (Crago, Shisslak, & Ruble, 2001), parental support can also be an important protective factor of ED to dancers. As girls who feel closer to their parents and spend more time with them report fewer weight and eating concerns (Swarr & Richards, 1996), the role of parents in supporting their athletic children should be further explored, especially among gymnasts, who revealed poor involvement of their parents in gymnastics issues. A final factor related to parental influence which we have considered in our study to be an important risk factor for ED is the pressure to pursue a dancing career. In fact, a study with adolescent girls (ED patients, psychiatric patients, and healthy adolescents) demonstrated that the only experience that distinguished ED patients from other girls was inappropriate parental 41 ESTUDO EXPLORATÓRIO pressures, such as being forced to engage in activities that reflect parents’ ambitions (Horesh, Apter, Ishai, & Danziger, 1996). Bronfenbrenner ecological model (1979) is useful to understand and systematize the diverse levels of influence among elite athletes (vide Figure 3). We have focused on the microsystem settings where these adolescents live—mainly the dance school or gymnastics club (we described the complex activities, roles, and relations established there) and also their families and high school, especially in the case of gymnasts because dancers only attend one school, which integrates both curricula—where we identified specific risk and protective factors for ED. The interrelations among family, high school, and dance school or gymnastics club (mesosystems) are considered very relevant to the development of adolescents, namely because the social support received is an important protective factor for ED. The world of classical dance or elite gymnastics is considered a specific area among the macrosystem (society), where the values and beauty ideals shared by an industrialized culture roughly have the same influence among adolescents. As said by Striegel-Moore and colleagues (1986), this specific world is a subculture where the influence of environmental and sociocultural factors is amplified, with additional characteristics that we have identified here. Finally, the dimension time (Bronfenbrenner & Morris, 1998) seems to have an extremely important role, as highlighted by the age differences found in our data. Figure 3. Levels of influence among elite athletes (adapted from Bronfenbrenner, 1979; Bronfenbrenner & Morris, 1998) 42 ESTUDO EXPLORATÓRIO There were a number of limitations in this study. First, the methods of analysis did not allow direct causality to be established. Second, we had a restricted participation of gymnasts at focus groups, only from one gymnastics club. Also, ballet students were all from one professional classical dance school, the only one in Portugal that prepares young dancers for professional dance careers. Nevertheless, purposive sampling was adequate for a first qualitative approach to these Portuguese contexts, and the study presents some practical implications for family and teachers/coaches in charge of athletes. It seems essential to us that all participants in these contexts value athletes’ health more, respect the body’s limits and needs, and become aware of the need to eat adequately, especially with regard to female dancers and gymnasts. Because some characteristics of the classical dance and elite gymnastics worlds cannot be easily changed, factors such as social support or positive relationships between athletes and tutors could be vital to prevent the development of ED in these contexts and contribute to the well-being of dancers and gymnasts. Based on this work, further research should focus on a wide range of gymnastics clubs and dance schools, both in elite/competitive and recreational environments, and evaluate the risk for disordered eating among these athletes. 43 ESTUDO EXPLORATÓRIO 44 CAPÍTULO II ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA 46 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA (IN)SATISFAÇÃO COM A IMAGEM CORPORAL EM ADOLESCENTES E ADULTOS PORTUGUESES: CONTRIBUTO PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DA CONTOUR DRAWING RATING SCALE7 Resumo Com este trabalho pretende estudar-se a satisfação com a imagem corporal de adolescentes e adultos portugueses de ambos os sexos. Apresentam-se também os estudos de validade e fiabilidade da Contour Drawing Rating Scale (CDRS; M. A. Thompson & Gray, 1995). Participaram no estudo 1423 adolescentes e adultos, preenchendo a CDRS e o Eating Disorder Examination–Questionnaire. Com o objectivo de estudar a estabilidade temporal da CDRS, 55 estudantes universitários preencheram a CDRS em dois momentos distintos, com intervalo de duas semanas entre aplicações. A maioria dos adolescentes, de ambos os sexos, apresentou um peso corporal considerado normal, bem como as mulheres adultas, enquanto a maioria dos homens adultos apresentou excesso de peso. Verificaram-se diferenças geracionais e de género significativas quanto à satisfação com a imagem corporal, encontrando-se os adolescentes mais satisfeitos que os adultos e sendo a satisfação mais elevada no sexo masculino. A CDRS apresenta bons resultados psicométricos quando aplicada a uma amostra Portuguesa, suportando a sua utilização como medida adequada de percepção e satisfação com a imagem corporal na população em geral, permitindo ainda distinguir grupos com e sem indicação de perturbação alimentar, ao nível da insatisfação com a imagem corporal. Palavras-chave: imagem corporal, Contour Drawing Rating Scale, validade concorrente, estabilidade temporal, adolescentes, adultos. 7 Francisco, R., Narciso, I., & Alarcão, M. (2010). (In)Satisfação com a imagem corporal em adolescentes e adultos Portugueses: Contributo para o processo de validação da Contour Drawing Rating Scale. Submetido a Análise Psicológica. 47 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Abstract The main objective of the present study is to examine body image (dis)satisfaction among female and male Portuguese adolescents and adults. In addition, psychometric studies of the Portuguese version of the Contour Drawing Rating Scale (CDRS; M. A. Thompson & Gray, 1995) are presented. Participants were 1423 adolescents and adults, who completed the CDRS and the Eating Disorder Examination–Questionnaire. In order to study test-retest reliability of CDRS, 55 college students completed CDRS at two times of measurement, with an interval of two weeks between assessments. Most female and male adolescents, as well as female adults, presented a normal weight; however, most of men were overweight. Significant generation and gender differences related to body image satisfaction were found: adolescents were more satisfied with their body image than adults; body image satisfaction was higher among males than females. Results clearly support the reliability and the validity of the CDRS in a Portuguese sample, emphasizing its usefulness as a measure of body image perception and satisfaction in the general population. Further, this measure allowed distinguishing groups with and without clinical criteria of eating disorders in regards to body image dissatisfaction. Keywords: body image, Contour Drawing Rating Scale, concurrent validity, test-retest reliability, adolescents, adults. 48 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Introdução A imagem corporal é um conceito multidimensional, definido como “as percepções, pensamentos e sentimentos de uma pessoa acerca do seu corpo” (Grogan, 2008, p. 3). Pode dizer-se, desta forma, que é um conceito em constante alteração, pois para a sua “construção” contribuem não só diversos aspectos do desenvolvimento do indivíduo (características físicas ou de personalidade, processos de socialização e experiências interpessoais anteriores), mas também acontecimentos de vida recentes ou precipitantes (como a prática de exercício físico ou a exposição do corpo em público), aos quais se associam determinados pensamentos, emoções ou acções (Cash, 2002). Dada a sua complexidade, a imagem corporal tem sido alvo de muitos estudos nas últimas décadas, em ambos os sexos e em diversas etapas do ciclo de vida, mas especialmente na adolescência (e.g. T. E. Davison & McCabe, 2006; Jones, 2004; Stice & Whitenton, 2002), etapa em que a imagem corporal assume um importante papel no desenvolvimento psicológico e interpessoal. É também durante a adolescência que a imagem corporal mais influencia a auto-estima (sobretudo das raparigas de culturas industrializadas), estando uma imagem corporal negativa frequentemente associada a baixa auto-estima, depressão, ansiedade e tendências obsessivo-compulsivas (Levine & Smolak, 2002). Apenas mais recentemente, a investigação nesta área começou a debruçar-se sobre a imagem corporal masculina e insatisfação com a mesma. Tem-se verificado que para essa insatisfação contribuirão basicamente os mesmos factores, apesar de ser menos frequente e menos severa do que no sexo feminino (Smolak, Levine, & Thompson, 2001). Uma diferença de género importante reside no facto dos rapazes e homens referirem maior insatisfação com a forma e desejarem ser mais musculados, ao passo que as raparigas e mulheres são mais insatisfeitas com o peso e desejam ser mais magras (Corson & Andersen, 2002), facto este claramente influenciado pelos ideais de beleza da sociedade actual. Especial atenção tem sido dada à relação entre imagem corporal e perturbações alimentares (PA), particularmente entre adolescentes e jovens adultas (e.g. Ackard & Peterson, 2001; Bearman, Presnell, Martinez, & Stice, 2006; Keery et al., 2004), uma vez que a insatisfação com a imagem corporal é um dos factores mais relevantes neste tipo de perturbação psiquiátrica (mais frequente no sexo feminino e com início na adolescência), 49 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA constituindo um factor de risco preditor das PA consistentemente estabelecido na literatura (Levine & Smolak, 2002; Shisslak & Crago, 2001; Striegel-Moore & Bulik, 2007) e um dos critérios de diagnóstico do DSM-IV (American Psychiatric Association, 2002). Estudos com diferentes gerações mostram que a insatisfação com a imagem corporal e as preocupações com a aparência e o peso mantêm-se ao longo da vida, apesar de serem sempre mais elevadas no sexo feminino. Por outro lado, à medida que o corpo vai ficando um pouco mais volumoso, como comummente acontece com o avanço da idade, também o volume da imagem considerada ideal aumenta (quer porque as expectativas se tornam mais realistas, quer porque diminui a importância dada à aparência física), pelo que o nível de satisfação com a imagem corporal manter-se-ia ao longo do tempo (e.g. Lamb, Jackson, Cassiday, & Priest, 1993; Pliner, Chaiken, & Flett, 1990; Tiggemann, 2004). A insatisfação com a imagem corporal, definida como “os pensamentos e sentimentos negativos de uma pessoa acerca do seu corpo” (Grogan, 2008, p. 4), geralmente, envolve uma discrepância entre a avaliação que a pessoa faz da sua imagem corporal actual e a sua imagem corporal ideal. Esta discrepância é, então, entendida por grande parte dos investigadores como uma medida de satisfação ou insatisfação com a imagem corporal. Uma forma relativamente rápida e simples de avaliar esta discrepância passa por apresentar aos indivíduos escalas de silhuetas ordenadas, de muito magras a muito gordas, e solicitar que indiquem quais as figuras que melhor correspondem à imagem corporal actual e à imagem corporal ideal (para uma revisão destas escalas ver M. A. Thompson & Gray, 1995, ou Cororve Fingeret, Gleaves, & Pearson, 2004, para uma revisão mais actual). Uma destas escalas – Contour Drawing Rating Scale – foi desenvolvida por M. A. Thompson e Gray (1995), procurando suprir algumas falhas de escalas anteriores, como a ausência de traços faciais ou a desproporção entre os membros superiores e inferiores. Este estudo tem, essencialmente, dois objectivos. O primeiro consiste em avaliar o nível de (in)satisfação com a imagem corporal de adolescentes e adultos portugueses, de ambos os sexos, uma vez que não existem estudos publicados em Portugal sobre a temática com esta amplitude de amostra. Permitir-nos-á entender, ainda que de forma transversal, a evolução da satisfação com a imagem corporal (comparando dois grupos geracionais distintos) e a sua relação com uma medida antropométrica (índice de massa corporal) na população Portuguesa. O segundo objectivo prende-se com o contributo para o processo de 50 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA validação da Contour Drawing Rating Scale (CDRS; M. A. Thompson & Gray, 1995) para a população portuguesa, através do estudo da estabilidade temporal, pela aplicação da medida em dois momentos distintos, e da validade convergente, pela sua correlação com um instrumento de indicação de patologia alimentar, o Eating Disorder ExaminationQuestionnaire (EDE-Q; Fairburn & Beglin, 1994), e com o peso e o índice de massa corporal. Método Participantes Participaram no estudo 1423 adolescentes e adultos de ambos os sexos: 829 adolescentes (527 raparigas e 302 rapazes), com idades compreendidas entre os 12 e os 21 anos (M = 15.25, DP = 2.07), e 594 adultos (321 mulheres e 273 homens), com idades compreendidas entre os 24 e os 71 anos (M = 45.68, DP = 6.24). Dentro de cada sub-grupo geracional, os participantes foram separados em classes relativamente à sua idade. Assim, os adolescentes foram separados em 3 grupos distintos (12-14, 15-17 e 18-21 anos) e os adultos em 5 (24-30, 31-40, 41-50, 51-60 e >60 anos). Os participantes são residentes em diversas zonas de Portugal, sendo que 49.3% residem na zona de Lisboa e Vale do Tejo, 25.2% no Alentejo, 17.7% na zona Centro do país, 5.7% no Norte e 2.2% no Algarve e Arquipélago da Madeira. Com o objectivo de estudar a estabilidade temporal da CDRS, 55 estudantes universitários (41 do sexo feminino e 14 do sexo masculino), com idades compreendidas entre os 17 e os 56 anos (M = 21.55, DP = 8.65), preencheram a CDRS em dois momentos distintos, com um intervalo de 2 semanas entre as aplicações. Medidas Questionário Sócio-Demográfico Constituído para recolher dados pessoais dos participantes, como idade, sexo e zona de residência. Contour Drawing Rating Scale (CDRS, M. A. Thompson & Gray, 1995) Constituída por uma sequência de 9 figuras (uma sequência com silhuetas femininas e outra com silhuetas masculinas; vide figura 4), ordenadas da menos volumosa para a mais 51 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA volumosa. Pede-se a cada participante que indique o número da figura que mais se identifica com a sua aparência actual e com a sua aparência ideal (“A figura que mais se identifica com a minha aparência actual tem o número __” e “A figura que mais se identifica com o que considero ser a aparência ideal tem o número __”). A discrepância entre estas duas respostas é considerada o indicador do nível de insatisfação com a imagem corporal. Assim, valores iguais a zero indicam satisfação com a imagem corporal ideal, valores negativos (entre -9 e -1) indicam insatisfação com a imagem corporal com idealização de uma figura menos volumosa, valores positivos (entre 1 e 9) indicam insatisfação com a imagem corporal com idealização de uma figura mais volumosa. A fiabilidade teste-reteste da escala original, numa pequena amostra de jovens adultos (n = 32), foi de r = .78, tendo a validade de constructo sido estabelecida através das correlações da figura representativa da imagem corporal actual com o peso (r = .71) e com o índice de massa corporal (r = .59). O estudo de Wertheim, Paxton e Tilgner (2004) demonstrou que a CDRS pode também ser utilizada com jovens adolescentes, tendo apresentado resultados psicométricos semelhantes. Eating Disorder Examination-Questionnaire (EDE-Q, Fairburn & Beglin, 1994) Foi utilizada a versão Portuguesa da 5ª edição do EDE-Q (Machado, 2007). O EDE-Q é um questionário de auto-relato de 28 itens, largamente utilizado em investigação sobre perturbações alimentares, que se organizam em 4 sub-escalas, cuja média resulta num score global de perturbação alimentar. Num estudo recente com participantes do sexo feminino, acerca das propriedades psicométricas do EDE-Q (Peterson et al., 2007), os autores encontraram níveis aceitáveis de consistência interna para o score global (α = .90) e subescalas: Restrição (α = .70), Preocupação com a Comida (α = .73), Preocupação com a Forma (α = .83) e Preocupação com o Peso (α = .72). No presente estudo, também demonstrou boas qualidades psicométricas [Score global (α = .89), Restrição (α = .79), Preocupação com a Comida (α = .76), Preocupação com a Forma (α = .90), Preocupação com o Peso (α = .81)], com valores de α de Cronbach mais elevados em todas as sub-escalas. Índice de Massa Corporal (IMC) Calculado com base no peso e altura relatados pelos participantes (kg/m2). Diversos estudos (e.g. Bulik et al., 2001) têm revelado correlações muito elevadas do peso e altura auto-relatados com o peso e altura medidos pelos investigadores (de r = .90 a r = .98), pelo 52 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA que, dadas as dificuldades logísticas que esta medição imporia com grandes amostras, como a deste estudo, optou-se por adoptar os valores de peso e altura reportados pelos participantes no protocolo de investigação. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Figura 4. Contour Drawing Rating Scale. © M. A. Thompson e J. J. Gray. Reproduzida com permissão dos autores 53 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Procedimento Todos os participantes preencheram um consentimento informado, sendo que os adolescentes tiveram também a autorização dos encarregados de educação para participarem no estudo. Os dados aqui reportados fazem parte de um estudo mais alargado (investigação de doutoramento da primeira autora), que pretende identificar factores de risco e factores protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares em adolescentes de contextos de risco específicos (projecto aprovado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia; aplicação do protocolo de investigação nas escolas de ensino básico e secundário autorizada pela Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação). A maioria dos adolescentes preencheu os protocolos de investigação durante uma aula nas suas escolas, na presença da investigadora, enquanto os adultos (grande parte são os pais dos participantes adolescentes) o fizeram nas suas residências, tendo os protocolos sido devolvidos mais tarde, em envelope fechado e sem identificação, respeitando-se assim o anonimato. Aos participantes no estudo da estabilidade temporal da CDRS foi dito que o objectivo era a validação da mesma para a população portuguesa. À semelhança de outros estudos realizados com a CDRS (Wertheim, Paxton, & Tilgner, 2004), as aplicações teste-reteste realizaram-se com um intervalo de 2 semanas, ao contrário do estudo original (1 semana), no final de uma aula do 1º ano da licenciatura em Psicologia, na Faculdade de Psicologia da Universidade de Lisboa. Resultados Índice de Massa Corporal (IMC) As tabelas 2 e 3 apresentam a distribuição da frequência dos participantes de ambos os sexos, consoante o grupo etário, pelas classes de IMC (≤17.54 Magreza extrema; 17.5518.49 Magreza; 18.5-24.99 Peso normal; 25-30 Excesso de peso; >30 Obesidade). O teste de Qui-Quadrado revela diferenças significativas entre sexos nesta distribuição, quer nos adolescentes *Χ2 (4) = 19.016, p < .01, n = 810+, quer nos adultos *Χ2 (4) = 63.528, p < .001, n = 591]. Comparando os valores médios do IMC, o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney revelou diferenças de género significativas, quer no grupo de adolescentes (U = 60320.50, p < .001), 54 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA quer no grupo de adultos (U = 23167.00, p < .001), bem como diferenças geracionais significativas, no sexo feminino (U = 30332.00, p < .001) e no sexo masculino (U = 8914.00, p < .001). São as participantes do sexo feminino e os adolescentes, respectivamente, que apresentam valores de IMC mais baixos (vide tabela 4). Tabela 2. Distribuição da Frequência dos Participantes Adolescentes, de ambos os Sexos, pelas Classes de IMC (percentagens entre parêntesis) IMC Raparigas (n = 516) Rapazes (n = 294) TOTAL (N = 810) ≤ 17.54 104 (20.2%) 43 (14.6%) 147 (18.1%) 17.55 – 18.49 66 (12.8%) 22 (7.5%) 88 (10.9%) 18.5 – 24.99 325 (63%) 200 (68%) 525 (64.8%) 25 – 30 18 (3.5%) 24 (8.2%) 42 (5.2%) > 30 3 (0.6%) 5 (1.7%) 8 (1%) Tabela 3. Distribuição da Frequência dos Participantes Adultos, de ambos os Sexos, pelas Classes de IMC (percentagens entre parêntesis) IMC Mulheres (n = 318) Homens (n = 273) TOTAL (N = 591) ≤ 17.54 2 (0.6%) 0 2 (0.3%) 17.55 – 18.49 5 (1.6%) 0 5 (0.8%) 18.5 – 24.99 209 (65.7%) 98 (35.9%) 307 (51.9%) 25 – 30 84 (26.4%) 140 (51.3%) 224 (37.9%) > 30 18 (5.7%) 35 (12.8%) 53 (9%) 55 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 4. Resultados Médios dos Participantes de ambos os Sexos, entre os dois Grupos Etários, nas Variáveis relativas à Imagem Corporal (desvios-padrão entre parêntesis) Raparigas Mulheres Rapazes Homens IMC 19.86 (2.76) 23.79 (3.83) 21.02 (3.34) 26.55 (3.48) ICA 4.73 (1.39) 5.87 (1.51) 5.38 (1.09) 6.23 (1.19) ICI 3.99 (1.01) 4.44 (1.12) 5.22 (0.63) 5.27 (0.75) IcIC -0.74 (1.30) -1.43 (1.34) -0.16 (1.06) -0.96 (1.02) Variáveis Nota. IMC = índice de massa corporal; ICA = imagem corporal actual; ICI = imagem corporal ideal; IcIC = insatisfação com a imagem corporal Aparência Actual e IMC As tabelas 5 e 6 apresentam o número de participantes (do sexo feminino e do sexo masculino, respectivamente), de cada faixa etária, que seleccionaram cada uma das 9 silhuetas como a que melhor representaria a sua imagem corporal actual (ICA), bem como a média e desvio-padrão do índice de massa corporal (IMC) dos mesmos. Em ambos os sexos, a figura representativa da ICA situa-se entre a 2 e a 9, não tendo havido nenhum participante a seleccionar a figura menos volumosa (1). Comparando os valores médios da ICA, o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney revelou diferenças de género significativas no grupo de adolescentes (U = 55881.50, p < .001) e no grupo de adultos (U = 37854.00, p < .01), bem como diferenças geracionais significativas no sexo feminino (U = 48835.50, p < .001) e no sexo masculino (U = 24440.00, p < .001), com resultados mais elevados nos adultos e no sexo masculino (vide tabela 4). 56 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 5. Aparência Actual e IMC no Sexo Feminino; Número de Participantes que seleccionaram cada Silhueta, por Faixa Etária Número da Silhueta (“A figura que mais se identifica com a minha aparência actual tem o número…”) Idade 12-14 15-17 18-21 24-30 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - 16 (8.0) 23 (11.5) 71 (35.5) 53 (26.5) 27 (13.5) 6 (3.0) 2 (1.0) 2 (1.0) 200 - 16.4 (1.02) 17.2 (2.4) 18.1 (1.7) 19.3 (2.1) 20.3 (2.8) 22.8 (1.5) 28.1 22.5 (4.7) 18.7 (2.5) - 10 (3.9) 25 (9.7) 79 (30,5) 67 (25.9) 39 (15.1) 30 (11.6) 8 (3.1) 1 (4.0) 259 - 17.8 (1.0) 18.4 (1.6) 18.9 (1.4) 20.4 (1.8) 21.8 (1.8) 23.5 (2.5) 26.2 (4.6) 25.9 20.4 (2.7) - 1 (1.5) 10 (14.7) 12 (17.6) 20 (29.4) 14 (20.6) 9 (13.2) - 2 (2.9) 68 - 18.9 19.3 (1.7) 19.8 (1.0) 20.8 (1.5) 21.5 (1.7) 23.3 (2.4) 28.7 (1.9) 21.0 (2.4) - - 1 (14.3) 3 (42.9) 1 (14.3) 1 (14.3) 1 (14.3) - 7 19.8 20.2 (1.4) 18.7 19.9 25.4 31-40 41-50 51-60 >60 - 20.6 (2.3) - 1 (1.5) 6 (9.1) 10 (15.2) 16 (24.2) 15 (22.7) 10 (15.2) 6 (9.1) 2 (3.0) 66 - 18.0 19.7 (2.0) 22.2 (2.2) 22.1 (1.9) 24.9 (3.1) 24.6 (2.7) 27.5 (3.9) 32.9 (3.9) 23.7 (3.7) - 2 (1.0) 8 (3.8) 20 (9.6) 47 (22.5) 50 (23.9) 48 (23.0) 28 (13.4) 6 (2.9) 209 - 19.7 (2.2) 19.8 (1.7) 21.1 (1.7) 21.3 (1.6) 22.9 (1.9) 25.6 (2.4) 29.0 (2.9) 34.4 (7.1) 24.0 (4.0) - 1 (2.9) 1 (2.9) 4 (11.4) 7 (20.0) 8 (22.9) 8 (22.9) 6 (17.1) - 35 - 18.8 19.7 20.9 (0.4) 22.1 (2.6) 23.6 (1.9) 24.5 (2.3) 27.4 (4.3) - - 1 (25.0) - - 1 (25.0) 2 (50.0) - 25.2 22.9 (3.4) TOTAL TOTAL 24.0 23.6 (3.3) - 4 23.7 (2.3) - 31 (3.7) 75 (8.8) 199 (23.5) 211 (24.9) 155 (18.3) 114 (13.4) 50 (5.9) 13 (1.5) 848 - 17.3 (1.4) 18.5 (2.2) 19.1 (2.0) 20.6 (2.0) 22.3 (2.5) 24.5 (2.6) 28.1 (3.5) 30.8 (6.8) 21.4 (3.7) Nota. Os valores apresentados na linha de cima correspondem à frequência (e respectiva percentagem) de participantes de cada faixa etária que seleccionaram cada silhueta como a sua Aparência Actual; os valores apresentados na linha de baixo, a negrito, correspondem ao IMC médio e desvio-padrão desses mesmos participantes. 57 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 6. Aparência Actual e IMC no Sexo Masculino; Número de Participantes que seleccionaram cada Silhueta, por Faixa Etária Idade 12-14 15-17 18-21 24-30 Número da Silhueta (“A figura que mais se identifica com a minha aparência actual tem o número…”) 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - - 1 (0.9) 24 (21.2) 51 (45.1) 20 (17.7) 16 (14.2) 1 (0.9) - 15.8 17.7 (2.5) 18.6 (2.0) 19.7 (2.8) 22.8 (2.8) 24.4 1 (0.6) 5 (3.2) 23 (14.6) 63 (40.1) 39 (24.8) 20 (12.7) 5 (3.2) 1 (0.6) 157 27.8 19.2 (1.4) 19.5 (1.7) 20.8 (1.8) 21.9 (1.8) 25.2 (3.3) 29.3 (1.5) 26.3 21.8 (3.0) - - - 15 (46.9) 9 (28.1) 7 (21.9) 1 (3.1) - 32 22.5 (1.6) 24.1 (1.6) 25.7 (3.6) 33.6 1 (50) - 1 (50) - - - - - - - 26.1 31-40 41-50 51-60 - - - - - 1 (1.9) - TOTAL - - - 113 19.2 (2.8) 24.0 (3.1) - 26.4 2 26.3 (0.2) 2 (6,5) 4 (12.9) 14 (45.2) 9 (29) 1 (3.2) 1 (3.2) 31 23,1 (1,8) 24.9 (2.1) 25.7 (2.6) 27.2 (1.6) 31.0 (2.9) 38.1 26.4 (3.3) 2 (1,1) 15 (8,5) 26 (14.7) 56 (31.6) 54 (30.5) 23 (13) 1 (0.6) 177 22,8 (0,3) 23,0 (1,8) 24.3 (1.7) 25.3 (2.0) 28.2 (2.8) 29.9 (2.9) 46.1 26.5 (3.5) - 4 (7,5) 11 (20.8) 14 (26.4) 14 (26.4) 8 (15.1) 1 (1.9) 53 23,6 (3,7) 24.8 (2.2) 26.1 (1.9) 28.1 (2.3) 28.7 (2.5) 41.5 26.7 (3.6) - - 5 (50) 4 (40) 1 (10) - 10 25.5 (3.4) 26.2 (3.0) 34.1 18.9 >60 TOTAL - 26.7 (3.9) 2 (0.3) 8 (1.4) 68 (11.8) 171 (29.7) 157 (27.3) 125 (21.7) 40 (7) 4 (0.7) 575 23.3 (6.3) 19.7 (2.5) 20.0 (3.1) 21.2 (2.9) 23.8 (3.0) 26.7 (3.3) 29.6 (2.8) 38.0 (8.5) 23.7 (4.4) Nota. Os valores apresentados na linha de cima correspondem à frequência (e respectiva percentagem) de participantes de cada faixa etária que seleccionaram cada silhueta como a sua Aparência Actual; os valores apresentados na linha de baixo, a negrito, correspondem ao IMC médio e desvio-padrão desses mesmos participantes. Em termos absolutos, a silhueta seleccionada com mais frequência pelas participantes do sexo feminino foi a número 5 (24.9%), com um IMC médio de 20.6 (±2), que corresponde a um valor médio um pouco mais baixo que o IMC médio da amostra feminina global (21.4±3.7). Contudo, entre as adolescentes, com IMC médio de 18.1 (±1.7) a 19.8 (±1), a figura mais frequentemente identificada como a ICA é a número 4. É importante realçar que entre as adolescentes mais velhas (18-21 anos) a ICA mais escolhida é a número 5, seguida da 6 e só depois a número 4. Nas mulheres adultas a figura mais vezes seleccionada é a número 6, com IMC entre 19.9 e 25.2. 58 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Quanto aos participantes do sexo masculino, a silhueta mais frequentemente seleccionada como correspondendo à ICA foi a número 5 (29.7%), com um IMC médio de 21.2 (±2.9), abaixo da média da amostra masculina global (23.7±4.4). Também entre os adolescentes, a silhueta mais frequente é a 5, com IMC médio de 18.6 (±2) a 22.5 (±1.6), à medida que a faixa etária aumenta, mas, nos homens adultos, a silhueta identificada como a que melhor corresponde à ICA é a número 6, com IMC médio entre 25.3 (±2) e 26.1 (±1.9). Aparência Ideal A tabela 7 apresenta os dados dos participantes do sexo feminino e masculino relativamente à imagem corporal ideal (ICI), por faixa etária. No sexo feminino, a silhueta mais frequentemente escolhida como a mais representativa da imagem que cada participante considera ser a sua ICI tem o número 4 (34.6%), sendo que para o sexo masculino esta corresponde ao número 5 (59.5%), quer no grupo de adolescentes, quer no grupo de adultos. No que se refere ao sexo feminino, a silhueta 4 é a mais frequentemente escolhida pelas raparigas, ao contrário das mulheres adultas que seleccionam mais frequentemente a silhueta 5. Em ambos os sexos, a silhueta representativa da ICI dos participantes situa-se entre a 1 e a 8, não tendo havido nenhum participante a seleccionar a silhueta mais volumosa (9). A ICI das participantes do sexo feminino situa-se, essencialmente, entre as silhuetas 3 e 5. Sendo raras as que escolhem as silhuetas 1, 7 e 8, há ainda alguma representatividade das raparigas adolescentes que seleccionam a silhueta 2 e das mulheres adultas que seleccionam a silhueta 6 como correspondendo à sua ICI. Entre os participantes do sexo masculino, as silhuetas 1, 8 e 9 nunca foram seleccionadas como ICI, e raramente o foram as silhuetas 2, 3 e 7, sendo as mais representativas da ICI destes participantes as silhuetas 5 e 6. Segundo o teste de Wilcoxon-Mann-Whitney, existem diferenças de género significativas na ICI seleccionada, quer no grupo de adolescentes (U = 25367.50, p < .01), quer no grupo de adultos (U = 24349.00, p < .01), com resultados médios mais elevados no grupo do sexo masculino. Contudo, quanto a diferenças geracionais, estas são significativas no sexo feminino (U = 66938.50, p < .001), com as mulheres a seleccionarem ICI mais 59 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA volumosas que as adolescentes, mas não no sexo masculino (U = 40224.50, p = .566) (vide tabela 4). Tabela 7. Aparência Ideal em ambos os Sexos; Número de Participantes que seleccionaram cada Silhueta, por Faixa Etária Idade 12-14 F M 15-17 F M 18-21 F M 24-30 F M 31-40 F M 41-50 F M 51-60 F M >60 F M TOTAL F M Número da Silhueta (“A figura que mais se identifica com o que considero ser a aparência ideal tem o número…”) TOTAL 1 2 3 4 5 6 7 8 9 - 16 (8.0) - 44 (22) 2 (1.8) 73 (36.5) 4 (3.5) 63 (31.5) 86 (76.1) 3 (1.5) 20 (17.7) 1 (0.5) 1 (0.9) - - 200 113 4 (1.5) - 17 (6.6) 1 (0.6) 58 (22.4) 1 (0.6) 94 (36.3) 9 (5.7) 77 (29.7) 90 (57.3) 7 (2.7) 55 (35) 2 (0.8) 1 (0.6) - - 259 157 - 2 (2.9) - 15 (22.1) - 27 (39.7) 2 (6.3) 21 (30.9) 17 (53.1) 3 (4.4) 13 (40.6) - - - 68 32 - - 3 (42.9) - 2 (28.6) 1 (50) 1 (14.3) 1 (50) 1 (14.3) - 1 (14.3) - - - 7 2 - 2 (3) - 13 (19.7) - 28 (42.4) 1 (3.2) 17 (25.8) 18 (58.1) 6 (9.1) 9 (29) 3 (9.7) - - 66 31 - 6 (2.9) - 33 (15.8) 1 (0.6) 57 (27.3) 14 (7.9) 78 (37.3) 102 (57.6) 28 (13.4) 53 (29.9) 6 (2.9) 7 (4) 1 (0.5) - - 209 177 - 1 (2.9) - 8 (22.9) 2 (3.8) 11 (31.4) 10 (18.9) 5 (14.3) 22 (41.5) 7 (20) 15 (28.3) 3 (8.6) 4 (7.5) - - 35 53 - - 1 (25) - 1 (25) 1 (10) 2 (50) 6 (60) 3 (30) - - - 4 10 4 (0.5) - 44 (5.2) 1 (0.2) 175 (20.6) 6 (1) 293 (34.6) 42 (7.3) 264 (31.1) 342 (59.5) 55 (6.5) 168 (29.2) 12 (1.4) 16 (2.8) 1 (0.1) - - 848 575 Nota. Os valores apresentados na linha de cima correspondem à frequência (e respectiva percentagem) de participantes do sexo feminino de cada faixa etária, que seleccionaram cada silhueta como a sua Aparência Ideal. Na linha de baixo, a negrito, encontram-se os valores dos participantes do sexo masculino. 60 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Discrepância entre Aparência Ideal e Actual como Índice de Insatisfação com a Imagem Corporal (IcIC) A diferença entre a imagem corporal actual e a imagem corporal ideal tem sido frequentemente considerada como uma medida de insatisfação com a imagem corporal (IcIC). Assim, na tabela 8, apresenta-se a discrepância média referida pelos participantes de ambos os sexos, por faixa etária. Valores próximos de zero indicam uma baixa discrepância e, consequentemente, maior satisfação com a sua imagem corporal actual, uma vez que seleccionaram a mesma silhueta para representar a ICA e a ICI. Na amostra total, 26.49% dos participantes apresentam-se satisfeitos com a sua imagem corporal (valor de discrepância igual a zero), distribuindo-se da seguinte forma, consoante a geração e o sexo: 38.74% rapazes, 29.03% raparigas, 20.88% homens e 15.58% mulheres. Assim sendo, são as mulheres adultas que se encontram mais insatisfeitas com a sua imagem corporal. Entre o sexo feminino, todas as participantes que seleccionaram até à silhueta 3 como ICA, em geral, idealizam uma imagem mais volumosa. A silhueta 4 é aquela que surge mais associada a satisfação com a imagem corporal (ainda que desejem ser ligeiramente mais magras), sendo que, a partir daí, a idealização com uma imagem menos volumosa aumenta à medida que a silhueta associada à ICA também aumenta. Os participantes do sexo masculino que seleccionaram a silhueta 5 como a sua ICA são aqueles que apresentam valores de discrepância mais próximos de zero (e, consequentemente, maior satisfação com a imagem corporal). Abaixo da silhueta 5 como ICA, todos os rapazes e homens adultos desejam ter uma aparência mais volumosa. Tal como no sexo feminino, também no sexo masculino, os valores de discrepância aumentam à medida que aumenta o número da silhueta representativa da ICA. Comparando ambos os sexos, é de notar que os valores negativos de discrepância surgem a partir da silhueta 4 como ICA para o sexo feminino, enquanto para o sexo masculino estes valores surgem fundamentalmente a partir da silhueta 6. 61 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 8. Discrepância com a Aparência Ideal (Imagem Ideal menos a Imagem Actual) em ambos os Sexos, por Faixa Etária Idade Sexo 12-14 F M 15-17 F M 18-21 F M 24-30 F M 31-40 F M 41-50 F M 51-60 F M >60 F M TOTAL F M Silhueta identificada como Aparência Actual 4 5 6 7 1 2 3 - .69 (.79) - .39 (.89) .0 (-) .07 (.74) .92 (.41) -.64 (.94) .14 (.35) -2.04 (.94) -.65 (.59) - .70 (1.42) 3.0 (-) .16 (.94) 1.40 (1.34) -.24 (.96) .96 (.48) -.97 (.89) .29 (.68) - 4.0 (-) - .50 (.85) - -.50 (.52) - - - .0 (-) - - 3.0 (-) - - TOTAL 8 9 -2.33 (1.21) -1.75 (.86) -3.0 (.0) -3.0 (-) -4.0 (.0) - -.46 (1.28) -.13 (1.0) -1.77 (.74) -.72 (.46) -2.30 (.70) -1.40 (.60) -2.25 (.89) -2.20 (.45) -5.0 (-) -2.0 (-) -.90 (1.27) -.12 (1.09) -.65 (.75) .20 (.56) -1.64 (.84) -.67 (.71) -2.67 (1.12) -1.43 (.54) -2.0 (-) -4.0 (.0) - -.96 (1.45) -.47 (.92) .0 (1.0) - -1.0 (-) .0 (-) -3.0 (-) - -1.0 (-) -3.0 (-) - - -.71 (1.25) -1.50 (2.12) .33 (.52) - -.90 (.74) .50 (.71) -1.06 (.57) .50 (.58) -1.13 (.83) -.71 (.47) -2.80 (.42) -1.22 (.83) -2.67 (.82) -3.0 (-) -4.0 (.0) -2.0 (-) -1.36 (1.31) -.74 (.97) 3.0 (2.83) - .25 (1.04) 2.0 (.0) -.10 (.91) .60 (.51) -1.11 (.91) -.15 (.68) -1.46 (.86) -.88 (.43) -1.87 (.87) -1.44 (.60) -2.68 (1.16) -2.04 (.64) -4.33 (1.03) -2.0 (-) -1.48 (1.37) -.94 (.97) - 1.0 (-) 3.0 (-) .0 (-) - -.75 (.50) .25 (.96) -1.14 (1.07) -.45 (.82) -1.63 (.74) -1.14 (.77) -1.75 (1.49) -1.36 (.63) -2.17 (1.17) -1.75 (.71) -4.0 (-) -1.43 (1.20) -1.02 (1.14) - - 1.0 (-) - - - -3.0 (-) -.40 (.55) -2.0 (.0) -2.0 (.0) -4.0 (-) - -1.5 (1.73) -1.40 (1.27) - 1.03 (1.40) 3.0 (.0) 0.31 (.87) 1.38 (1.19) -.17 (.87) .81 (.53) -.90 (.89) .12 (.63) -1.65 (.87) -.79 (.53) -2.14 (.93) -1.48 (.67) -2.56 (1.05) -2.10 (.71) -4.23 (.73) -2.50 (1.0) -1.0 (1.36) -.54 (1.11) Nota. Os valores apresentados na linha de cima correspondem à discrepância média (e desviopadrão) apresentados pelos participantes do sexo feminino de cada faixa etária, com base na silhueta seleccionada como correspondendo à sua Aparência Actual. Na linha de baixo, a negrito, encontram-se os valores dos participantes do sexo masculino. Valores positivos indicam a idealização de uma imagem mais volumosa, enquanto valores negativos indicam a idealização de uma imagem menos volumosa. Para agrupar os participantes consoante o seu grau de insatisfação com a imagem corporal, considerou-se o seguinte: participantes com valor de discrepância igual a zero foram incluídos no grupo “Satisfeitos”; participantes com valores de discrepância entre -2 e -1, e entre 1 e 2, foram incluídos no grupo “Relativamente Insatisfeitos”, idealizando uma IC menos ou mais volumosa, respectivamente; participantes com valores de discrepância 62 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA inferiores a -2, e superiores a 2, foram incluídos no grupo “Muito Insatisfeitos”, idealizando uma IC bastante menos ou mais volumosa, respectivamente. O teste do Qui-Quadrado revelou diferenças significativas entre os sexos, quer nos adolescentes *Χ2 (4) = 43.883, p < .01, n = 829+, quer nos adultos *Χ2 (4) = 30.736, p < .001, n = 594], o que é também visível nas figuras 5 e 6. Independentemente da geração, são as participantes do sexo feminino que se encontram mais insatisfeitas com a sua imagem corporal actual, idealizando imagens menos volumosas, como indicam os resultados da comparação de médias do teste de Wilcoxon-Mann-Whitney, que revelou diferenças de género significativas no grupo de adolescentes (U = 58791.50, p < .001) e no grupo de adultos (U = 34372.50, p < .001). Quanto a diferenças geracionais, estas são também significativas, quer para o sexo feminino (U = 59154.00, p < .001), quer para o sexo masculino (U = 23855.00, p < .001), apresentando-se os grupos de adultos mais insatisfeitos que os grupos de adolescentes (vide tabela 4). Figura 5. Índice de Insatisfação com a Imagem Corporal entre os adolescentes de ambos os sexos 63 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Figura 6. Índice de Insatisfação com a Imagem Corporal entre os adultos de ambos os sexos Indicação Clínica de Perturbação Alimentar e Insatisfação com a Imagem Corporal De acordo com o ponto de corte (Fairburn & Cooper, 1993; Machado, 2007) que distingue a população clínica da não-clínica, 173 participantes (12.16%) da nossa amostra apresentam sintomatologia clínica significativa (81.5% do sexo feminino), distribuindo-se em termos absolutos da seguinte forma: 118 adolescentes (104 raparigas e 14 rapazes) e 55 adultos (37 mulheres e 18 homens). Tendo em conta o IMC, 4.7% apresentam magreza extrema, 4.7% magreza, 59.6% tem peso normal, 21.6% excesso de peso e 9.4% obesidade. Compararam-se as médias da Discrepância destes 173 participantes com os participantes sem indicação clínica e encontraram-se diferenças significativas (U = 43823.50, p < .001), apresentando os participantes com indicação clínica de PA resultados mais elevados de insatisfação com a imagem corporal (M = -2.06, DP = 1.28 vs. M = -0.64, DP = 1.19). 64 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Correlações entre CDRS, Peso, IMC e EDE-Q – Validade Convergente De forma a testar a validade convergente da CDRS, à semelhança do que fizeram M. A. Thompson e Gray (1995), determinou-se o coeficiente de correlação entre a figura da CDRS seleccionada como a imagem corporal actual (ICA) dos participantes e o peso, bem como entre a ICA e o IMC. A ICA surge fortemente correlacionada com o peso indicado pelos mesmos (r = .65, p < .01), sendo esta correlação mais elevada nas participantes do sexo feminino (r = .72, p < .01) que nos participantes do sexo masculino (r= .62, p < .01). No que se refere ao IMC, este também surge fortemente correlacionado com a ICA (r = .72, p < .01), um valor mais elevado que no estudo original (r = .59, p < .001), surgindo igualmente mais elevado nas participantes do sexo feminino (r = .74, p < .01) que nos participantes do sexo masculino (r = .68, p < .01), sendo estes valores próximos dos encontrados por Thompson (1993, cit. por M. A. Thompson & Gray, 1995). O IMC surge, ainda, negativamente correlacionado com a IcIC (resultado da discrepância), com valores mais elevados no sexo masculino (r = -.64, p < .01) que no sexo feminino (r = -.59, p < .01). Procurando testar de outra forma a validade convergente da CDRS, determinou-se também o coeficiente de correlação de Spearman entre o score global do EDE-Q e os resultados das suas sub-escalas, e o resultado da discrepância da CDRS, dado que a insatisfação com a imagem corporal é mais frequente na população clínica com perturbação alimentar. Na amostra global, a discrepância com a ICA surge significativa e negativamente correlacionada com o score global (r = -.53, p < .01) e com as 4 sub-escalas do EDE-Q, sendo que o valor mais baixo da correlação se verifica com a sub-escala Preocupação com a Comida (r = -.34, p < .01) e o mais alto com a sub-escala Preocupação com o Peso (r = -.53, p < .01). O facto de as correlações serem negativas indica que valores mais elevados de perturbação alimentar correspondem a valores inferiores de discrepância (valores negativos), que indicam maior insatisfação com a imagem corporal, com idealização de uma imagem mais magra que a actual. Em relação à amostra global, a força das correlações é ligeiramente superior no sexo feminino e inferior no sexo masculino, como consta da Tabela 9. 65 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 9. Coeficientes de Correlação de Spearman entre a Discrepância com a ICA (dada pela CDRS) e Subescalas e Score Global do EDE-Q, na Amostra Total e nas Sub-amostras consoante o Sexo dos Participantes Amostra Total Sexo Feminino Sexo Masculino CDRS e Restrição -.406** -.409** -.338** CDRS e Preocupação com a Forma -.518** -.536** -.423** CDRS e Preocupação com a Comida -.342** -.347** -.259** CDRS e Preocupação com o Peso -.528** -.543** -.449** CDRS e Score Global -.527** -.537** -.456** Nota. ** p < .01 Estabilidade Temporal – Fiabilidade da CDRS Sendo o índice de insatisfação com a imagem corporal um item único, a avaliação da fiabilidade da CDRS realiza-se através do estudo da estabilidade temporal (teste-reteste), tendo, para tal, sido utilizado o coeficiente de correlação de Pearson entre os valores da discrepância com a aparência actual nas duas aplicações. Os resultados do coeficiente (r = .91, p < .01) demonstram uma associação de magnitude elevada, sendo esta associação mais elevada do que a encontrada no estudo original (r = .78, p < .001), o que sugere uma forte estabilidade temporal da CDRS na população Portuguesa. Discussão Neste estudo, procurámos avaliar o nível de satisfação com a imagem corporal de adolescentes e adultos Portugueses, podendo dizer-se que, regra geral, os adolescentes encontram-se mais satisfeitos que os adultos, e que esta satisfação é mais elevada no sexo masculino do que no sexo feminino. No grupo de adolescentes, é evidente e preocupante a percentagem de rapazes (14.6%) e raparigas (20.2%) extremamente magros, isto é, apresentando um IMC inferior a 17.5, o qual corresponde a um dos critérios de diagnóstico da Anorexia Nervosa (American Psychiatric Association, 2002). Contudo, a maioria dos adolescentes (64.8%) apresenta um IMC correspondente a um peso normal e adequado à sua idade, sendo poucos os que apresentam excesso de peso ou obesidade (5.2% excesso de peso e 1% obesidade), quando 66 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA comparados com os adolescentes (10-20 anos) que participaram num estudo recente realizado em Portugal (M. G. Matos et al., 2006). Neste último estudo, 2.8% dos adolescentes eram obesos e 15.2% apresentavam excesso de peso, o que é claramente superior à nossa amostra. Semelhante aos nossos dados é a percentagem de adolescentes com peso normal (68.3% no estudo de 2006), o que reforça a ideia de que a grande diferença se encontra nos extremos, pois entre os adolescentes com peso abaixo do normal – 17.1% de rapazes e 10.4% de raparigas no estudo de Matos e colaboradores (2006), 22.1% de rapazes e 33% de raparigas no presente estudo –, a diferença é bastante considerável, sobretudo nas raparigas (3 vezes mais). Uma possível explicação para este facto reside na idade dos participantes nos dois estudos. Apesar do estudo de Matos e colaboradores (2006) incluir jovens dos 10 aos 20 anos, os dados foram recolhidos apenas nos 6º, 8º e 10º anos de escolaridade, pelo que a média de idades é de 14 anos e apenas 15.3% da amostra tem mais de 15 anos (no nosso estudo a média de idades é de 15.25 anos, incluindo jovens do 7º ano até ao Ensino Superior). Por outro lado, no estudo de Matos a maior percentagem de excesso de peso e obesidade verifica-se no grupo inferior aos 12 anos, diminuindo com o aumento da idade dos adolescentes, faixa etária que não está incluída na nossa amostra. Nota-se, ainda, uma clara diferença de género no sentido inverso ao do estudo de Matos e colaboradores (2006), já que, nesse, as raparigas com peso inferior ao normal são bastante menos que os rapazes nas mesmas circunstâncias, o que, mais uma vez, se pode justificar com a idade dos participantes, pois nas raparigas o desenvolvimento pubertário e o consequente aumento de peso ocorrem mais cedo do que nos rapazes (Bitar, Coudert, Vernet, & Vermorel, 2000) e o excesso de peso nas crianças é mais frequente no sexo feminino que no masculino (Padez, Fernandes, Mourão, Moreira, & Rosado, 2004). Entre os adultos, a maioria das mulheres apresenta um peso normal, ao passo que os homens estão maioritariamente na classe do excesso de peso, o que são dados concordantes com o último estudo de prevalência da obesidade em adultos portugueses (Carmo et al., 2006). O nosso estudo confirma, assim, a elevada proporção de portugueses adultos com pré-obesidade e obesidade, bem como o aumento do IMC com a idade (e do excesso de peso e obesidade, consequentemente), quando se comparam diferentes grupos geracionais, o que é consistente com diversos estudos internacionais que comparam várias gerações no mesmo estudo ou estudos semelhantes realizados com intervalos de alguns 67 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA anos (Hulens et al., 2001; Neovius, Janson, & Rössner, 2006; Ogden, 2006; Wang, Chyen, Lee, & Lowry, 2008). O conjunto dos dados aponta para a necessidade urgente de implementação de estratégias efectivas de prevenção da obesidade, junto de crianças e adolescentes, dados os elevados riscos para a saúde, a médio e longo prazo, associados à mesma (e.g. Lobstein, Baur, & Uauy, 2004). As diferenças de género, significativas nas variáveis IMC, Imagem Actual, Imagem Ideal e Insatisfação com a Imagem Corporal, vão de encontro à maioria dos estudos (e.g. Bulik et al., 2001; Lamb et al., 1993), reforçando a ênfase sócio-cultural colocada na magreza feminina como ideal de beleza, já que, quer as adolescentes, quer as mulheres adultas, apresentam-se mais insatisfeitas com a sua imagem corporal que os participantes do sexo masculino, apesar de estes apresentarem valores de IMC mais elevados e seleccionarem silhuetas mais volumosas como representativas da sua imagem actual (o facto da imagem ideal ser também mais volumosa implica que a insatisfação seja menor). A maioria das raparigas adolescentes selecciona a silhueta 4 como a que melhor representa a sua imagem actual (à semelhança, aliás, da silhueta mais vezes seleccionada como imagem ideal), estando um número abaixo da silhueta mais seleccionada pelos rapazes adolescentes (5 para ambas as imagens). Contudo, o mesmo não se verifica na geração mais velha: mulheres e homens adultos seleccionam a mesma silhueta (6) como a mais representativa da imagem corporal actual (e também a mesma – 5 – como imagem ideal), apesar de o IMC médio desses participantes ser bastante diferente. Com efeito, o IMC médio das mulheres que seleccionam a silhueta 6 como ICA encontra-se na classe do peso normal (19.9 a 25.2) enquanto o dos homens reporta excesso de peso (25.3 a 26.1), pelo que colocamos a hipótese de os homens adultos subestimarem, defensivamente, o volume da sua imagem corporal, desvalorizando os riscos associados à obesidade e não adoptando estratégias de redução do peso (alteração de hábitos alimentares, prática de exercício físico, etc.). Tendo em conta as diferenças geracionais relativamente à imagem ideal, é de sublinhar o facto desta se manter a mesma no sexo masculino nas duas gerações e não diferir ao longo das várias faixas etárias. O mesmo não se verifica entre as duas gerações no sexo feminino, uma vez que a maioria das adolescentes selecciona a silhueta 4 e as mulheres adultas a silhueta 5 como imagem corporal ideal. Este dado pode ser um indicador 68 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA da adequação das expectativas quanto à sua imagem corporal, tendo em conta a evolução natural do corpo da mulher com a idade, sugerida por Lamb e colaboradores (1993). Contudo, a discrepância entre ICI e ICA nas mulheres adultas da nossa amostra é superior à discrepância nas adolescentes, pelo que não poderá dizer-se que o nível de insatisfação se mantém ao longo do ciclo de vida (ainda que o peso aumente e a imagem corporal ideal se torne mais volumosa), acompanhando o aumento do volume da imagem corporal actual. Estudos longitudinais poderão, de futuro, explicar melhor a evolução da (in)satisfação com a imagem corporal em ambos os sexos, mas especialmente no sexo feminino, em que se verificam maiores diferenças inter-geracionais nestas variáveis. Os trabalhos de Tiggemann e colaboradores (Tiggemann & Lynch, 2001; Tiggemann & Stevens, 1999) poderão fornecernos algumas pistas úteis na definição de hipóteses e variáveis a estudar, ao sugerirem que, apesar da insatisfação corporal permanecer elevada, o impacto psicológico desta diminui à medida que a idade das mulheres aumenta. Ainda relativamente aos valores da discrepância, há a sublinhar alguns aspectos. Em geral, a idealização de uma imagem corporal mais magra por parte do sexo feminino surge a partir da silhueta 4 enquanto imagem corporal actual (imagem que corresponde a maior satisfação com a imagem corporal); a imagens corporais abaixo desse número está associado o desejo de uma imagem um pouco mais volumosa. No sexo masculino, contudo, a idealização de uma imagem mais magra só acontece a partir da silhueta 6, sendo a silhueta 5 aquela que surge mais associada a satisfação com a imagem corporal, isto é, onde os valores de discrepância surgem mais próximos de zero. Mais uma vez, estas diferenças de género parecem reflectir o ideal de beleza veiculado pela sociedade actual, valorizando uma imagem feminina mais magra e esbelta e uma imagem masculina mais forte. O agrupamento que se fez relativamente aos valores da discrepância (de Muito Insatisfeito com idealização de figura menos volumosa a Muito Insatisfeito com idealização de figura mais volumosa) facilita a leitura e parece adequado à interpretação dos dados, uma vez que mantém significativas as diferenças de género e as diferenças geracionais encontradas. Relativamente ao nosso segundo objectivo, demonstrámos aqui as boas qualidades psicométricas da CDRS, quer no que se refere à validade convergente, quer à estabilidade temporal da escala, quando aplicada à população Portuguesa de adolescentes e adultos, suportando a sua utilização como uma medida de percepção e satisfação com a imagem 69 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA corporal (M. A. Thompson & Gray, 1995). Regra geral, o volume das figuras seleccionadas como representativas da imagem corporal actual aumenta na mesma proporção que o peso e IMC dos participantes, dados estes que são corroborados pelas correlações fortes entre estes dois indicadores antropométricos e os resultados da CDRS para a ICA e para a discrepância. Por outro lado, para além das correlações significativas entre o EDE-Q (subescalas e score global) e a CDRS (discrepância), as diferenças significativas encontradas ao nível da insatisfação (dada pelo resultado da discrepância) entre o grupo com indicação clínica de perturbação alimentar, segundo o EDE-Q, e o grupo não clínico, reforça a utilidade da CDRS na detecção rápida e simples de possíveis casos de comportamento alimentar perturbado, que não se prendem apenas com casos de excesso de peso ou obesidade (em que, naturalmente, a discrepância entre imagem ideal e actual será maior), pois 59.6% do grupo com indicação clínica de PA apresenta peso normal e 9.4% magreza ou magreza extrema. Sugere-se, contudo, que estudos futuros comprovem esta adequação com a aplicação da CDRS a amostras clínicas, com diagnósticos já estabelecidos de Anorexia Nervosa e Bulimia Nervosa, bem como de obesidade. Por último, a forte fiabilidade testereteste num intervalo de 2 semanas, com coeficientes superiores aos encontrados no estudo original num intervalo de 1 semana, atesta a estabilidade temporal da CDRS. Conclusão Que tenhamos conhecimento, este é o primeiro estudo que avalia a insatisfação com a imagem corporal de adolescentes e adultos portugueses em simultâneo, com uma grande amostra proveniente de diversas zonas geográficas, permitindo comparar diferentes gerações. A maioria dos adolescentes, de ambos os sexos, apresenta um peso corporal considerado normal, bem como as mulheres adultas, enquanto a maioria dos homens adultos apresenta excesso de peso. Contudo, entre os adolescentes destacam-se 14.6% de rapazes e 20.2% de raparigas extremamente magros, o que nos parecem números algo preocupantes. As diferenças de género e geracionais significativas quanto à satisfação com a imagem corporal (adolescentes mais satisfeitos que os adultos e homens mais satisfeitos que as mulheres) corroboram os estudos internacionais e reflectem a excessiva valorização de um corpo magro como ideal de beleza feminina actual. Por último, os estudos 70 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA psicométricos da versão portuguesa da CDRS revelaram bons resultados ao nível da validade convergente e da estabilidade temporal, suportando a sua utilização como medida adequada de percepção e satisfação com a imagem corporal na população em geral. O estudo apresenta, porém, diversas limitações, tal como a reduzida dimensão da amostra nas faixas etárias jovens adultos e adultos com mais de 60 anos. Também o facto de muitos dos adultos que participaram no estudo serem pais dos participantes adolescentes pode ser considerado uma limitação, já que é possível que a imagem corporal ideal seja influenciada por uma partilha familiar de valores, ideais e expectativas do que será considerada a imagem ideal de uma mulher ou um homem (Lamb et al., 1993), para além de uma possível transmissão genética relativamente à própria constituição física, com implicações ao nível do peso e índice de massa corporal. Este é um aspecto que deve ser tido em conta em investigações futuras que devem procurar recolher dados de participantes sem qualquer ligação familiar entre si. 71 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA 72 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA AVALIAÇÃO DE FACTORES DE RISCO DO DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES: DESENVOLVIMENTO E VALIDAÇÃO DA VERSÃO PORTUGUESA DO MCKNIGHT RISK FACTOR SURVEY IV8 Resumo Este trabalho apresenta o processo de desenvolvimento e os estudos de validação da versão portuguesa, para ambos os sexos, do McKnight Risk Factor Survey IV (MRFS-IV; The McKnight Investigators, 2003), um instrumento de avaliação de factores de risco e protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares (PA) em adolescentes, originalmente desenvolvido apenas para raparigas. Participaram no estudo 793 alunos do 3º ciclo do ensino básico e secundário (12–20 anos), preenchendo o MRFS-IV, bem como outras medidas (Contour Drawing Rating Scale, Questionário de Auto-Estima Global, Eating Disorder Examination-Questionnaire) que permitiram avaliar a validade convergente. Da análise factorial exploratória, realizada com a maioria dos itens, resultou uma estrutura de 9 factores – Preocupação com a Magreza, Auto-Estima, Pressão Social, Voracidade Alimentar, Uso de Substâncias e Métodos Compensatórios, Suporte Social, Influências Parentais, Sintomatologia Depressiva-Ansiosa e Perfeccionismo –, com níveis bastante adequados de consistência interna. Os restantes itens foram organizados em 8 indicadores de outros aspectos importantes na avaliação do risco de PA. O estudo psicométrico do instrumento revelou, ainda, bons resultados quanto à validade convergente e discriminação de possíveis casos clínicos de PA. A versão portuguesa do MRFS-IV pode constituir-se como um instrumento de avaliação do risco de desenvolvimento de PA, fundamentalmente na área da investigação e prevenção. Palavras-chave: perturbações alimentares, factores de risco e protectores, estudo instrumental, validade, McKnight Risk Factor Survey IV. 8 Francisco, R., Alarcão, M., & Narciso, I. (2010). Avaliação de factores de risco do desenvolvimento de perturbações alimentares: Desenvolvimento e validação da versão portuguesa do McKnight Risk Factor Survey IV. Submetido a Psicologia: Teoria e Pesquisa. 73 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Abstract This paper presents the development and validation study of the Portuguese version (both male and female) of the McKnight Risk Factor Survey IV (MRFS-IV; The McKnight Investigators, 2003). MRFS-IV assesses potential risk and protective factors for the development of eating disorders (ED) in adolescents, and was originally developed to be used only with females. Seven hundred and ninety three middle and high school students (aged 12 to 20 years), completed MRFS-IV, as well as other measures in order to evaluate its convergent validity (Contour Drawing Rating Scale, Global Self-Esteem Questionnaire, Eating Disorder Examination-Questionnaire). Exploratory factor analysis used with most items resulted in a nine factor structure with quite adequate levels of internal consistency – Concern with Thinness, Self-Esteem, Social Pressure, Overeating, Substance Use and Compensatory Methods, Social Support, Parental Influences, Anxiety-Depression Symptomatology and Perfectionism. Remaining items were organized in eight indicators of other important aspects of ED risk evaluation among adolescents. The psychometric study also showed good results concerning convergent validity and the identification of possible ED cases. The Portuguese version of MRFS-IV can thus be a significant instrument for assessing the risk of the development of ED, both in investigation and prevention fields. Keywords: eating disorders, risk and protective factors, instrumental study, validity, McKnight Risk Factor Survey IV. 74 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Introdução A adolescência é o período de maior risco de desenvolvimento de comportamentos alimentares perturbados, devido às alterações físicas, sociais e emocionais que a acompanham. Estas perturbações ocorrem, geralmente, num continuum (Peck & Lightsey Jr, 2008; Shisslak et al., 1995; Stice et al., 1998) e podem ir desde as preocupações com o peso e imagem corporal até às perturbações alimentares (PA) que apresentam critérios de diagnóstico bem estabelecidos (American Psychiatric Association, APA, 2002), como a Anorexia Nervosa (AN) ou Bulimia Nervosa (BN). Em Portugal, o estudo mais recente revelou uma prevalência de 3.06% de PA entre raparigas adolescentes (12-23 anos), correspondendo 0.39% ao diagnóstico de AN, 0.30% a BN e 2.37% a PASOE (Perturbações Alimentares Sem Outra Especificação) ou casos sub-clínicos (Machado et al., 2007). Tendo em conta a idade das participantes, muitos destes casos de PASOE podem reflectir estádios iniciais do desenvolvimento de síndromes completas de PA. Assim, a detecção precoce do risco de desenvolvimento de PA poderá evitar a evolução para síndromes completas, mais difíceis de tratar (Shisslak et al., 1995), tal como a intervenção ao nível dos factores de risco e protectores pode mesmo evitar o surgimento de comportamentos alimentares perturbados. Os factores de risco referem-se às condições antecedentes que estão associadas a uma maior probabilidade de se desenvolverem determinadas situações adversas, indesejáveis ou patológicas. Por factores protectores, entendem-se as condições antecedentes associadas a uma menor probabilidade de desenvolvimento de situações adversas ou maior probabilidade de surgirem situações positivas, podendo actuar de diversas formas, desde prevenir a ocorrência do próprio factor de risco, até atenuar os seus efeitos devido à interacção que com ele estabelece (Kazdin, Kraemer, Kessler, & Kupfer, 1997). No que se refere à investigação sobre o desenvolvimento de PA, diversos estudos de revisão são consensuais ao afirmar que a sua etiologia é multifactorial, apesar do conhecimento acerca dos factores que as desencadeiam e mantêm ser ainda muito incompleto (Jacobi, Hayward, de Zwaan, Kraemer, & Agras, 2004; Striegel-Moore & Bulik, 2007; Striegel-Moore & Cachelin, 2001). 75 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA A exposição aos ideais de beleza actualmente veiculados pelas sociedades ocidentais – excessivamente magros e impossíveis de atingir para a maioria das mulheres, e substancialmente musculados e atléticos para os homens – e a sua internalização, conduzem, frequentemente, a níveis elevados de preocupação e insatisfação com o corpo e imagem corporal, e à adopção de comportamentos restritivos ou outros métodos que permitam alterar a imagem corporal, aumentando o risco de desenvolvimento de PA (e.g. A. E. Field et al., 2001; Ricciardelli et al., 2000; Stice & Whitenton, 2002), sobretudo a partir da adolescência. Adolescentes inseridos em contextos onde estes ideais são sobrevalorizados, pela associação entre a magreza e o desempenho óptimo, como acontece com bailarinos, ginastas e modelos, apresentam um risco acrescido (e.g. Garner & Garfinkel, 1980; Smolak et al., 2000). Os comentários críticos em relação à alimentação ou aparência física, por parte de pares, familiares ou outros significativos, também têm sido considerados importantes factores de risco para o desenvolvimento de PA em adolescentes de ambos os sexos (Taylor et al., 2006; Vincent & McCabe, 2000). Da mesma forma, modelos de comportamento alimentar desadequados (A. E. Field et al., 2001; Ricciardelli et al., 2000; Rojo et al., 2003), bem como a história familiar de PA, obesidade, depressão ou abuso de substâncias (Fairburn & Harrison, 2003), constituem factores importantes a ter em conta. A baixa auto-estima tem sido considerada um dos principais factores de risco individuais para o desenvolvimento de PA (e.g. Ghaderi & Scott, 2001; Peck & Lightsey Jr, 2008; Wiseman, Peltzman, Halmi, & Sunday, 2004). O perfeccionismo é um traço de personalidade que predispõe os indivíduos para o desenvolvimento de PA e um importante factor de risco (Bulik et al., 2003; Forbush, Heatherton, & Keel, 2007), apesar de alguns estudos não encontrarem relações significativas deste com sintomatologia de PA (e.g. Rosenvinge, Borgen, & Börresen, 1999). Estas apresentam muitas vezes comorbilidade com quadros depressivos, ansiosos e obsessivo-compulsivos, bem como com o consumo de substâncias (e.g. O'Brien & Vincent, 2003), apesar de não estar ainda claramente estabelecido, na literatura, o tipo de relação entre estes potenciais factores de risco e as PA. Por fim, acontecimentos de vida adversos (e.g. alterações importantes nas relações familiares, ameaças à segurança física, abuso sexual) têm sido identificados como estando relacionados com o início de PA, especialmente no ano que antecede o surgimento da 76 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA doença (Neumark-Sztainer et al., 2000; Welch, Doll, & Fairburn, 1997), constituindo-se, também, como factores de risco. A investigação relativa aos factores que podem proteger os adolescentes de desenvolverem PA é bastante mais escassa. Contudo, a percepção de suporte social e suporte parental, especificamente (Littleton & Ollendick, 2003; McVey, Pepler, Davis, Flett, & Abdolell, 2002), bom desempenho escolar (Croll, Neumark-Sztainer, Story, & Ireland, 2002) e a participação em actividades culturais e sociais (Littleton & Ollendick, 2003), têm recebido apoio empírico enquanto factores protectores neste campo. O McKnight Risk Factor Survey (The McKnight Investigators, 2003; Shisslak et al., 1998; Shisslak et al., 1999), desenvolvido nos Estados Unidos da América, consiste num questionário de auto-relato para avaliação de factores de risco e protectores do desenvolvimento de PA em raparigas (pré-adolescentes e adolescentes). Apesar da prevalência de PA ser bastante mais elevada no sexo feminino – de acordo com a APA (2002), existe um ratio de 9 mulheres para 1 homem com diagnóstico de AN ou BN –, diversos estudos têm vindo a demonstrar um aumento da preocupação com a imagem corporal e da utilização de métodos de controlo de peso e forma corporal entre os rapazes, bem como prevalências de síndromes parciais e completas de PA consideráveis, acima do que se pensava até então (e.g. A. E. Field et al., 2001; Kjelsås et al., 2004; Ousley et al., 2008). Neste sentido, e dado que a maioria dos estudos tem indicado mais semelhanças do que diferenças entre os factores de risco associados ao desenvolvimento de PA em raparigas e rapazes (para uma revisão, ver Ricciardelli & McCabe, 2004), entendemos ser importante utilizar instrumentos de avaliação semelhantes. Os instrumentos de medida relacionados com PA, adaptados para a população portuguesa são, essencialmente, de carácter clínico, centrados em atitudes e comportamentos associados às PA, como o Eating Disorder Examination-Questionnaire (EDE-Q; Fairburn & Beglin, 1994; Machado, 2007) ou o Eating Disorders Inventory (EDI; Garner, Olmstead et al., 1983; Machado, Gonçalves, Martins, & Soares, 2001), não permitindo avaliar muitos dos factores de risco e protectores identificados na literatura. Assim, o objectivo deste estudo consiste no desenvolvimento da versão portuguesa do MRFS-IV, para adolescentes de ambos os sexos, e na avaliação das qualidades 77 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA psicométricas, verificando a validade da sua utilização em contextos de investigação e prevenção. Método Participantes A amostra é constituída por 793 adolescentes de ambos os sexos (499 raparigas e 294 rapazes), com idades compreendidas entre os 12 e os 20 anos (M = 15.07; DP = 1.85), alunos do 3º ciclo do ensino básico (45.8%) e secundário de várias zonas do país (45.3% Lisboa e Vale do Tejo, 27.1% Alentejo, 20.4% Centro e 7.2% outras zonas). A maioria dos adolescentes provém de famílias nucleares intactas (74.4%) e quase 50% dos agregados familiares apresenta um nível sócio-económico médio-alto ou alto. Instrumentos McKnight Risk Factor Survey IV (MRFS-IV, The McKnight Investigators, 2003) Corresponde à versão revista do MRFS-III (Shisslak et al., 1999). A versão para adolescentes (utilizada neste estudo) é constituída por 103 itens agrupados em domínios teóricos relacionados com as PA, cuja análise em componentes principais identificou 7 factores: Pressão Social e Preocupação com a Magreza, Uso de Substâncias, Influências Parentais, Influências Psicológicas Gerais, Suporte Social, Número de Acontecimentos de Vida Negativos e Desempenho Escolar. A maior parte dos itens é respondida numa escala de tipo Likert de 5 pontos (Nunca a Sempre). Existem, ainda, alguns itens dicotómicos, 2 itens com mais do que uma opção (identificação de figuras de apoio relevantes e de actividades extra-curriculares), 2 itens com a Stunkard Figure Rating Scale (relativos aos pais biológicos), e 1 item com escala de tipo Likert de 4 pontos sobre o desempenho escolar (Insatisfatório a Muito Bom). No estudo longitudinal de 4 anos, 4 itens do factor Pressão Social e Preocupação com a Magreza foram discriminativos na identificação de novos casos de PA, dado terem identificado 80% dos estudantes que adoeceram nesse período (The McKnight Investigators, 2003). 78 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Contour Drawing Rating Scale (CDRS, M. A. Thompson & Gray, 1995) Consiste numa sequência de 9 figuras, ordenadas da menos volumosa para a mais volumosa. Procura avaliar a satisfação com a imagem corporal, medida pela discrepância entre os números das figuras seleccionadas como correspondendo à aparência ideal e à aparência actual. A versão portuguesa utilizada apresenta boas qualidades psicométricas (Francisco, Narciso, & Alarcão, 2010a), quer em relação à validade convergente (com IMC r = -.52, p < .01; com EDE-Q r = -.53, p < .01), quer em relação à fiabilidade (r = 0.91, p < .01). Questionário de Auto-Estima Global (QAEG, Rosenberg, 1965) É constituído por 10 itens que pretendem avaliar a auto-estima global. A versão portuguesa utilizada (Azevedo & Faria, 2004) apresenta boas qualidades psicométricas quando aplicada a adolescentes portugueses (α = .89), tal como no presente estudo (α = .89). Eating Disorder Examination-Questionnaire (EDE-Q, Fairburn & Beglin, 1994) Utilizou-se a versão portuguesa da 5ª edição (Machado, 2007) do EDE-Q, que consiste num questionário de 28 itens que pretende avaliar determinados comportamentos, atitudes e sentimentos associados às PA. Agrupa-se em 4 sub-escalas, cuja média resulta num score global, indicador de PA. Um estudo internacional recente (Peterson et al., 2007) demonstrou níveis aceitáveis de consistência interna para o score global (α = .90) e subescalas: Restrição (α = .70), Preocupação com a Comida (α = .73), Preocupação com a Forma (α = .83) e Preocupação com o Peso (α = .72). No presente estudo, o EDE-Q também demonstrou boas qualidades psicométricas [score global (α = .92), Restrição (α = .82), Preocupação com a Forma (α = .91), Preocupação com a Comida (α = .76) e Preocupação com o Peso (α = .84)]. Tradução e adaptação do MRFS-IV Aquando da tradução e adaptação do MRFS-IV para a população Portuguesa de adolescentes, optou-se por elaborar, igualmente, uma versão para o sexo masculino. Também com autorização prévia dos autores, fizeram-se as seguintes alterações: - nos itens relativos ao surgimento da menarca e/ou ao primeiro namoro, ao invés de questionar sobre o ano de escolaridade que frequentavam nesse momento, optou-se por 79 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA questionar especificamente sobre a idade dos participantes, pelo facto de, nas situações de reprovação escolar, o ano de escolaridade não constituir um bom indicador da faixa etária; - no item que pretende identificar as figuras de suporte a quem o adolescente recorre, dividiram-se as 2 primeiras opções em 4, uma vez que nos pareceu importante considerar separadamente mãe e madrasta, bem como pai e padrasto; - por questões éticas, e considerando a possibilidade de muitos adolescentes não terem contacto com os seus pais biológicos (por divórcio ou morte dos pais, ou por adopção), eliminaram-se os itens relativos às figuras representativas da imagem corporal destes. Depois do instrumento traduzido (pelas autoras do estudo) e retrotraduzido por uma psicóloga bilingue, os itens que suscitaram dúvidas quanto à tradução para português foram discutidos com duas adolescentes de 16 e 18 anos, para uma melhor adequação à linguagem própria dos adolescentes. Após autorização da aplicação do protocolo de investigação nas escolas de ensino básico e secundário, pela Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular do Ministério da Educação, deu-se início à recolha de dados. Os participantes preencheram um consentimento informado e responderam ao protocolo de investigação após terem sido autorizados pelos encarregados de educação a participarem no estudo. A maioria respondeu na escola, durante uma aula cedida pelos professores para o efeito, na presença da investigadora principal. Resultados Para o tratamento estatístico dos dados foi utilizado o pacote estatístico SPSS (versão 17.0). Como referido anteriormente, a maioria dos itens do MRFS-IV apresenta uma escala de tipo Likert de 5 pontos. Uma vez que supomos que os factores a encontrar estão relacionados entre si, teoricamente, realizámos uma análise factorial exploratória com utilização do método Componentes Principais, seguida de rotação oblíqua Promax (A. Field, 2009). Esta análise foi apenas realizada com 66 dos 68 itens respondidos na escala de tipo Likert de 5 pontos. Dos restantes itens, alguns foram considerados adicionais e tidos como indicadores de determinados aspectos, outros foram excluídos por razões teóricas ou de 80 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA fiabilidade e, ainda, dois outros itens foram, posteriormente, incluídos num dos factores, conforme a seguir será explicado em maior detalhe. Análise factorial exploratória A medida Kaiser-Meyer-Olkin (KMO = .93) revelou uma excelente adequação da amostra (N = 654) para a realização da análise factorial (A. Field, 2009). O teste de esfericidade de Bartlett [χ2 (2145) = 24164.10, p < .001] revelou correlações entre os itens suficientemente elevadas para a realização da análise factorial. Realizámos uma análise inicial, de forma a obter eigenvalues para cada factor, sendo que 14 factores apresentavam eigenvalues acima de 1 (critério de Kaiser), juntos explicando 64.13% da variância. Contudo, o scree-plot apresentava-se um pouco ambíguo, com 2 pontos de inflexão, indicando que deveríamos reter apenas 6 ou 9 factores. Seguimos a última opção, pelo que repetimos a análise factorial em componentes principais, com rotação Promax, mas com a indicação de extracção de 9 factores. A Tabela 10 apresenta a saturação de cada factor (valores superiores a . 40, como sugerido por A. Field, 2009) com base nos coeficientes de correlação após rotação. Não se verificaram diferenças relevantes entre sexos no que respeita à estrutura factorial, pelo que toda a amostra foi analisada em conjunto. A variância explicada pelo conjunto dos 9 factores é de 55.41%. Optou-se por manter os itens que apresentavam saturação superior a .40 em mais do que um factor naqueles onde apresentavam maior carga factorial, à excepção do item 30. Apesar deste item apresentar uma carga factorial ligeiramente superior no factor 2, em detrimento do factor 8 (respectivamente .637 e .592; vide Tabela 10), teoricamente seria mais coerente a sua inclusão neste último; por outro lado, no estudo da consistência interna do MRFS-IV, a inclusão do item 30 no factor 8 fez aumentar claramente o valor do alpha de Cronbach (de .73 para .78) e a sua exclusão do factor 2 aumentou ligeiramente o alpha deste factor (de .86 para .87), pelo que optámos por tal alteração. Os itens 43 e 85 foram eliminados por apresentarem saturação inferior a .40. 81 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 10. Resumo dos Resultados da Análise Factorial Exploratória (Coeficientes de Correlação) dos Itens do MRFS-IV (N=654), com Saturação Superior a .40, Matriz de Correlações entre Factores e Valores de alpha de Cronbach. A Negrito estão os Valores de Saturação dos Itens que, na Versão Final, pertencem a cada Factor ITEM 1. No último ano, com que frequência se sentiu confiante? 2. No último ano, com que frequência fez dieta PARA PERDER PESO? 3. No último ano, com que frequência se preocupou com o facto de ter gordura (“banhas”) no corpo? 4. No último ano, com que frequência fez jejum (não comeu) durante um dia ou mais PARA PERDER PESO? 5. No último ano, com que frequência bebeu álcool quando estava sozinha ou com amigos(as)? 6. No último ano, com que frequência comeu menos do que o habitual quando estava aborrecida? 7. No último ano, com que frequência se sentiu gorda? 8. No último ano, com que frequência tentou perder peso? 9. No último ano, com que frequência pensou que queria ser mais magra? 10. No último ano, com que frequência o seu pai fez algum comentário acerca do seu peso ou da sua alimentação que a fez sentir mal? 11. No último ano, com que frequência mudou a sua alimentação quando estava com outras raparigas? 12. No último ano, com que frequência teve alguém que a ouvisse quando precisou de conversar? 13. No último ano, com que frequência reduziu aquilo que comeu PARA PERDER PESO? 14. No último ano, com que frequência consumiu drogas? 15. No último ano, com que frequência comeu menos do que o habitual para tentar sentir-se melhor consigo mesma? 16. No último ano, com que frequência teve alguém com quem partilhar as suas preocupações e receios mais íntimos? 17. No último ano, com que frequência outras raparigas (incluindo irmãs) gozaram consigo por causa do seu peso? Factor 1 Factor 2 -.633 Factor 3 .434 .440 Factor 4 Factor 5 Factor 6 Factor 7 Factor 8 Factor 9 .853 .832 .485 .528 .607 .473 .872 .909 .881 .602 .504 .441 .552 .471 .488 .424 .544 .486 .566 .816 .899 .442 .653 .864 .471 .843 .685 82 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 10. Continuação 18. No último ano, com que frequência tomou laxantes ou diuréticos PARA PERDER PESO? 19. No último ano, com que frequência se sentiu feia? 20. No último ano, com que frequência “saltou” refeições PARA PERDER PESO? 21. No último ano, com que frequência gostou da maioria das coisas em si? 22. No último ano, com que frequência teve dores de cabeça? 23. No último ano, com que frequência começou a comer e sentiu que não conseguia parar? 24. No último ano, com que frequência um professor ou treinador fez algum comentário acerca do seu peso que a fez sentir-se mal? 25. No último ano, com que frequência comeu mais do que o habitual quando estava aborrecida? 26. No último ano, com que frequência fumou tabaco? 27. No último ano, com que frequência se sentiu sem valor? 28. No último ano, com que frequência reparou que não tinha tanta energia como costuma ter? 29. No último ano, com que frequência fez exercício físico PARA PERDER PESO? 30. No último ano, com que frequência se sentiu “em baixo” ou “deprimida”? 31. No último ano, com que frequência se sentiu gira? 32. No último ano, com que frequência teve dores de estômago? 33. No último ano, com que frequência tentou mudar o seu peso para não ser gozada por rapazes (incluindo irmãos)? 34. No último ano, com que frequência PROVOCOU o vómito PARA PERDER PESO? 35. No último ano, com que frequência se sentiu feliz por ser como é? 36. No último ano, com que frequência comeu menos doces ou gorduras PARA PERDER PESO? 37. No último ano, com que frequência rapazes (incluindo irmãos) gozaram consigo por causa do seu peso? 38. No último ano, com que frequência a sua mãe fez algum comentário acerca do seu peso ou da sua alimentação que a fez sentir mal? 39. No último ano, com que frequência teve alguém para a ajudar a compreender um problema quando precisou? 40. No último ano, com que frequência comeu menos do que o habitual quando estava chateada? .488 .411 .730 .751 .440 .415 .446 .418 .729 .532 .783 .431 .474 .421 .403 .831 .710 .739 .449 .437 .588 .728 .637 .669 .421 .592 .562 .497 .749 .518 .441 .765 .415 .433 .791 .811 .487 .489 .819 .515 .659 83 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 10. Continuação 41. No último ano, com que frequência tomou comprimidos PARA EMAGRECER? 42. No último ano, com que frequência comeu mais do que o habitual para tentar sentir-se melhor consigo mesma? 43. No último ano, com que frequência as suas amigas falaram sobre o desejo de perder peso? 44. No último ano, com que frequência mudou a sua alimentação quando estava com rapazes? 45. No último ano, com que frequência teve dificuldade em concentrar-se? 46. No último ano, com que frequência comeu mais do que o habitual quando estava chateada? 47. No último ano, com que frequência teve dificuldade em divertir-se em actividades com que habitualmente se divertia? 48. No último ano, com que frequência comeu uma grande quantidade de comida num curto espaço de tempo, SEM ser a uma refeição ou numa festa? 49. No último ano, com que frequência tentou mudar o seu peso para não ser gozada por raparigas (incluindo irmãs)? 50. No último ano, com que frequência as fotografias/imagens de raparigas/mulheres magras a fizeram desejar ser magra? 51. No último ano, em que medida se preocupou com a possibilidade de ganhar 1 quilo? 52. Se os rapazes (incluindo irmãos) gozaram consigo por causa do seu peso no último ano, em que medida é que isso mudou o modo como se sente consigo própria? 53. No último ano, em que medida o seu peso influenciou o modo como se sente consigo própria? 54. No último ano, em que medida se sente feliz com o aspecto do seu corpo? 55. Em que medida pensa que, no último ano, o seu peso fez com que os rapazes NÃO gostassem de si? 56. No último ano, em que medida foi importante para os seus amigos que você fosse magra? 57. Se as raparigas (incluindo irmãs) gozaram consigo por causa do seu peso no último ano, em que medida é que isso mudou o modo como se sente consigo própria? 58. No último ano, em que medida tentou ser parecida com as raparigas ou mulheres que vê na televisão, nos filmes ou nas revistas? .539 .624 .467 .658 .439 .581 .431 .813 .467 .554 .712 .479 .814 .450 .460 .481 .407 __ __ __ __ .759 .488 .455 .535 .705 .524 .538 .412 .717 .544 .433 __ __ .768 .622 __ .564 __ __ __ __ __ __ __ __ .455 .526 __ __ __ .423 84 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 10. Continuação 59. No último ano, em que medida foi importante para a sua mãe que você fosse magra? 60. Em que medida pensa que, no último ano, o seu peso fez com que outras raparigas NÃO gostassem de si? 61. No último ano, em que medida foi importante para o seu pai que você fosse magra? 62. No último ano, em que medida foi importante para os(as) seus(suas) amigos(as) serem magros(as)? 84. Na minha família, só se aceitam desempenhos excelentes. 85. Eu esforço-me muito para não desapontar os meus pais e professores. 86. Eu preciso de ser a melhor em tudo. 87. Eu sinto que devo fazer as coisas na perfeição ou então prefiro não as fazer. 88. Eu tenho objectivos extremamente elevados. 89. Com que frequência se preocupa com o que as outras pessoas pensam de si? Eigenvalues % de variância explicada Matriz de Correlações Factor 1 Factor 2 Factor 3 Factor 4 Factor 5 Factor 6 Factor 7 Factor 8 Factor 9 α .400 .780 .619 .421 .765 .601 .628 .786 .695 .741 17.00 25.75 .468 4.13 6.26 3.18 4.81 2.81 4.26 2.28 3.45 2.22 3.36 1.92 2.91 1.57 2.38 1.47 2.23 1 .39 .54 .40 .27 .04 .35 .39 .19 .96 1 .37 .42 .09 -.01 .38 .37 .09 .87 1 .31 .17 -.08 .44 .26 .14 .91* 1 .24 .09 .35 .39 .18 .82 1 -.06 .09 .34 .04 .65 1 .05 .03 .05 .88 1 .30 .18 .72 1 .18 .78 1 .71 Nota. * O cálculo do alpha de Cronbach inclui os itens 52 e 57, ao contrário da análise factorial exploratória. 85 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Excepto num dos factores, cujo alpha de Cronbach é de .65 (factor 5), o estudo da consistência interna revelou valores bastante adequados, de .71 (factor 9) a .96 (factor 1), como consta da Tabela 10. O estudo da consistência interna fez alterar ligeiramente a constituição de alguns factores, nomeadamente: - no factor 1, excluímos os itens 51 e 58, por diminuírem o valor de alpha; - no factor 2, excluímos os itens 89 (por diminuir o valor de alpha) e 30 (conforme referido acima); - no factor 3, acrescentámos os itens 52 e 57. Estes não foram considerados na análise factorial dado que, para além dos 5 pontos da escala de Likert, apresentavam uma sexta opção (zero) equivalente a “Não se aplica”; sendo esta classificada como missing value, apenas 174 participantes seriam tidos em conta no processo de análise em componentes principais (ao invés de 654), o que não seria aceitável, dado o número total de itens da escala. A sua inclusão no factor 3 repercutiu-se numa subida considerável do valor de alpha (de .86 para .91), como seria de esperar de acordo com o teor dos itens e com a estrutura factorial do instrumento original; - no factor 7 excluímos o item 62, quer por diminuir consideravelmente o valor de alpha (de .72 para .68), quer por não se enquadrar no conjunto dos outros itens, que dizem respeito às influências parentais. Versão final do instrumento MRFS-IV A escala e os factores A distribuição dos itens pelos diversos factores assemelha-se, em parte, à estrutura proposta pelos autores (The McKnight Investigators, 2003). Ao factor Pressão Social e Preocupação com a Magreza, do instrumento original, correspondem 2 factores distintos na versão portuguesa – Preocupação com a Magreza (factor 1, constituído por 12 itens) e Pressão Social (factor 3, 12 itens) – que integram a maioria dos itens do factor original. O primeiro, para além de avaliar a preocupação com a apresentação de um corpo magro, avalia, ainda, a utilização de comportamentos para alcançar esse corpo (e.g. restrição alimentar, prática de exercício físico). O factor Pressão Social avalia, sobretudo, a influência que os pares têm na forma como os adolescentes se sentem e comportam em relação ao peso e alimentação. Também a maioria dos itens que 86 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA constituem o factor Influências Psicológicas Gerais, do instrumento original, estão distribuídos por dois factores distintos na versão portuguesa, especificamente Auto-Estima (factor 2, 7 itens) e Sintomatologia Depressiva-Ansiosa (factor 8, 8 itens), sendo que a este último acrescem outros 6 itens que no instrumento original não estavam integrados em nenhum factor. O factor Auto-estima engloba itens relativos ao facto de os adolescentes sentirem-se confiantes e felizes com os seus corpos e consigo próprios, enquanto o factor Sintomatologia Depressiva-Ansiosa procura avaliar sintomas relacionados com estados depressivos ou ansiosos (dificuldades de concentração, tristeza, dores de cabeça ou de estômago e diminuição de ingestão alimentar associada a estados emocionais negativos). O factor 4, Voracidade Alimentar, é constituído por 5 itens, relacionados com possíveis episódios de ingestão compulsiva, 4 dos quais não pertenciam a nenhum factor originalmente (o item 42 pertencia ao factor Influências Psicológicas Gerais). O factor 5, Uso de Substâncias e Métodos Compensatórios, inclui os 3 itens que constituíam o factor Uso de Substâncias do instrumento original, bem como 4 itens adicionais correspondentes à utilização de métodos compensatórios (um deles, relacionado com o jejum, pertencia originalmente ao factor Pressão Social e Preocupação com a Magreza; os restantes não estavam integrados em nenhum factor). Este factor engloba, assim, itens relativos ao consumo de substâncias lícitas (tabaco, álcool) e ilícitas (drogas), bem como itens relacionados com a utilização de métodos compensatórios característicos de PA (jejum, vómito, comprimidos e laxantes). O factor 6 recebeu a mesma designação que na versão original – Suporte Social – e inclui 3 dos 4 itens que o constituíam, pretendendo avaliar a disponibilidade de figuras de suporte. Também os itens que constituem o factor 7 coincidem com os 4 itens do factor Influências Parentais do instrumento original, relativos a comentários críticos negativos sobre o peso, proferidos pelos pais dos adolescentes, bem como relativos à importância que os pais dão à magreza, pelo que se manteve a mesma denominação. Por último, o factor 9, Perfeccionismo, é constituído por 4 itens associados ao desempenho de excelência, por imposição do próprio ou da família, que, originalmente, não estavam incluídos em nenhum dos factores. A versão original apresenta, ainda, os factores Número de Acontecimentos de Vida Negativos e Desempenho Escolar. Relativamente ao primeiro, os 10 itens que o constituíam foram agrupados com outros 4 itens que correspondem a Situações de Stress, constituindo87 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA se, assim, o indicador com esse nome. O Desempenho Escolar corresponde a um indicador na versão portuguesa, não sendo considerado um factor por ser constituído apenas por um item. Itens adicionais Relativamente aos restantes itens do MRFS-IV tomaram-se diversas opções. Os itens 63 e 64, relativos à Idade da menarca (raparigas) e à Idade do primeiro namoro (raparigas e rapazes), são considerados indicadores destes mesmos acontecimentos e de possível maturação precoce. Catorze itens dicotómicos (65, 67-75, 77, 79, 80 e 100) foram agrupados numa nova variável relativa às Situações de stress vividas no último ano (e.g. mudança de escola, divórcio parental, doença), como referido acima, cujo resultado corresponde à soma dos itens. As sub-questões dos itens 66 e 76 – “Se sim (No último ano, o seu corpo mudou), em que medida se sente incomodada(o) com as mudanças no seu corpo?” e “Se sim (No último ano, houve outras pessoas que notaram mudanças no seu corpo), em que medida se sentiu incomodada(o) por outras pessoas notarem mudanças no seu corpo?” – apresentam-se numa escala de tipo Likert de 5 pontos, pelo que a sua média é considerada um indicador do Incómodo com as alterações corporais decorrentes da puberdade e/ou adolescência (à semelhança do que fizeram os autores da escala original). A análise da consistência interna deste indicador revelou-se adequada (α = .79). O item 82, para além de ser utilizado como indicador do Número de figuras de suporte para o adolescente (à semelhança do instrumento original), foi ainda organizado em 2 grupos, separando as figuras familiares (máximo de 7) de outras figuras de suporte (máximo de 7). O item 83, relativo aos resultados escolares do último ano, é considerado um indicador do Desempenho escolar (resultados Negativos a Muito Bons), como referido anteriormente. Eliminaram-se os quatro itens (90-93) que representam as dimensões que seriam importantes para o bem-estar pessoal, como força física, inteligência, magreza e assertividade, por não apresentarem um nível de consistência interna suficientemente elevado (α = .62) e não serem integrados em qualquer factor no instrumento original. 88 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Também o item 94 – “No último ano, houve alguma mulher (algum homem) importante na sua vida que você admirasse e/ou com quem conversasse sobre as coisas que lhe acontecem?” – foi eliminado por ser considerado redundante em relação ao item 82, em que se identificam as figuras de suporte relevantes para o respondente. Os itens 81, 95 e 97, que pretendiam medir a percepção de risco de PA, foram eliminados da versão portuguesa por não apresentarem um índice de consistência interna minimamente adequado (α = .28). O item 99, relativo à história familiar de PA, foi eliminado pelo facto de não estarmos seguros de que a questão tivesse sido compreendida pela maioria dos respondentes9. Por fim, a soma das 12 opções do item 101 é tida como um indicador da Participação em actividades extra-curriculares satisfatórias, da mesma forma que a soma dos itens 78, 96 e 98a-d corresponde a um indicador da Participação em actividades associadas à pressão para a magreza (e.g. dança, ginástica). As correlações entre estes indicadores e os 9 factores provenientes da análise factorial anteriormente descrita mostram que, exceptuando a Idade da menarca, todos os outros indicadores apresentam correlações significativas com alguns dos factores que constituem o MRFS-IV. Contudo, apenas as Situações de stress e o Incómodo com as alterações corporais apresentam correlações significativas moderadas (r > .30; Cohen, 1992, cit. por A. Field, 2009): as Situações de stress correlacionam-se com a Sintomatologia Depressiva-Ansiosa (r = .41, p < .01) e o Incómodo com as alterações corporais correlaciona-se com 6 dos 9 factores, especificamente com a Preocupação com a Magreza (r = .48, p < .01), Auto-estima (r = -.38, p < .01), Pressão Social (r = .46, p < .01), Voracidade Alimentar (r = .33, p < .01), Influências Parentais (r = .35, p < .01) e Sintomatologia Depressiva-Ansiosa (r = .36, p < .01). A versão final do instrumento apresenta, assim, um total de 82 itens distribuídos por 9 factores (62 itens) e 8 indicadores (20 itens)10. 9 Durante o preenchimento do protocolo, muitos adolescentes questionaram a investigadora acerca do que seriam consideradas PA (colocando como hipóteses “diabetes”, “anemia”, etc.). 10 A versão masculina é constituída por 81 itens, distribuídos por 9 factores (62 itens) e 7 indicadores (19 itens), uma vez que não se incluiu nenhum item semelhante à idade da menarca nas raparigas, que pudesse ser um indicador de maturação nos rapazes. 89 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Estatística descritiva do MRFS-IV e diferenças entre sexos As médias e desvios-padrão das pontuações dos 9 factores e 8 indicadores para ambos os sexos encontram-se na Tabela 11, bem como os resultados do teste T de diferenças de médias entre rapazes e raparigas. As raparigas apresentam-se significativamente mais preocupadas com a magreza e incomodadas com as alterações corporais devido à puberdade/adolescência, percepcionam maior pressão social relativamente à aparência física e alimentação, apresentam mais sintomatologia depressiva e/ou ansiosa, bem como índices mais elevados de voracidade alimentar. Revelam, ainda, maior percepção de suporte social, indicam mais pessoas externas à família como figuras de suporte, relatam melhor desempenho escolar e maior participação em actividades onde prevalece a pressão para a magreza. Os rapazes apresentam uma auto-estima significativamente mais elevada e referem ter tido o primeiro namoro numa idade mais precoce que as raparigas. Não foram encontradas diferenças de sexo significativas em relação à utilização de substâncias e métodos compensatórios, às influências parentais, ao perfeccionismo, ao número de situações de stress, de figuras de suporte em geral e de familiares em particular, nem em relação à participação em actividades extra-curriculares satisfatórias. 90 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 11. Estatística Descritiva do MRFS-IV e Diferenças entre Sexos Raparigas FACTOR/INDICADOR F1. Preocupação com a Magreza F2. Auto-estima F3. Pressão Social F4. Voracidade Alimentar F5. Uso de Substâncias e Métodos Compensatórios F6. Suporte Social F7. Influências Parentais F8. Sintomatologia Depressiva-Ansiosa F9. Perfeccionismo Idade da menarca (raparigas) Idade do primeiro namoro Número de situações de stress Incómodo com alterações corporais Número de figuras de suporte - Familiares - Outras Desempenho escolar Participação actividades extra-curriculares satisfatórias Participação actividades associadas a pressão para magreza Nota. *** p < .001, ** p < .01 Range Mín. Máx. 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 1-5 --0-14 1-5 0-14 0-7 0-7 0-3 0-12 0-6 1 1.29 1 1 1 1 1 1.38 1 9 9 0 1 0 0 0 0 0 0 4.75 5 3.92 4.60 4.14 5 4.25 4.25 4.75 17 16 9 5 6 4 3 3 7 3 Rapazes Teste T Média (DP) Mín. Máx. Média (DP) t (DF), p 2.20 (1.02) 3.41 (0.76) 1.37 (0.55) 1.80 (0.74) 1.29 (0.41) 4.10 (0.98) 1.33 (0.57) 2.22 (0.61) 2.55 (0.91) 12.27 (1.36) 12.95 (1.61) 2.46 (1.77) 2.20 (1.03) 2.47 (1.17) 1.25 (1.04) 1.22 (0.64) 1.87 (0.79) 2.32 (1.60) 0.62 (0.74) 1 1.14 1 1 1 1 1 1.13 1 -8 0 1 0 0 0 0 0 0 1.56 (0.76) 3.72 (0.73) 1.23 (0.49) 1.57 (0.64) 1.27 (0.35) 3.49 (1.18) 1.26 (0.52) 1.90 (0.53) 2.54 (0.95) -12.48 (2.03) 2.27 (1.67) 1.77 (0.85) 2.34 (1.46) 1.26 (1.14) 1.08 (0.76) 1.63 (0.86) 2.12 (1.49) 0.42 (0.73) 9.98 (747.25)*** -5.56 (791)*** 3.75 (679.14)*** 4.65 (676.64)*** 0.67 (790) 7.47 (526.60)*** 1.66 (755) 7.70 (682.73)*** 0.09 (790) -2.81 (356.14)** 1.43 (753) 4.90 (396.80)*** 1.33 (512.12) -0.11 (567.46) 2.81 (790)** 3.76 (510.82)*** 1.75 (647.27) 3.66 (614.35)*** 4.67 5 2.42 3.20 2.57 5 2.75 3.50 5 -16 9 4.50 7 4 4 3 8 3 91 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Estudo da validade convergente do MRFS-IV Para além da análise factorial e da matriz de correlações entre os factores já apresentadas acima, procedemos, ainda, à análise da validade convergente do MRFS-IV, correlacionando-o com outros instrumentos que avaliam conceitos associados às PA. A Tabela 12 apresenta os resultados das correlações entre os factores e indicadores do MRFSIV com a CDRS, o QAEG e as sub-escalas e score global do EDE-Q. Exceptuando o Suporte Social, que apenas apresenta uma correlação fraca com o QAEG (r = .24, p < .01) mas, ainda assim, estatisticamente significativa, todos os outros factores do MRFS-IV encontram-se correlacionados com todos os instrumentos, variando a força destas mesmas correlações. Há a ressaltar as fortes correlações apresentadas pela Preocupação com a Magreza (factor 1) com todas as sub-escalas do EDE-Q (de r = .65 a r = .83, p < .01) e com o seu score global (r = .84, p < .01), revelando que estamos, efectivamente, a medir comportamentos e atitudes semelhantes, associados a comportamentos alimentares perturbados. Também a correlação entre o factor 1 e a CDRS (r = -.65, p < .01) indica que, quanto maior a insatisfação com a imagem corporal e o desejo de apresentar uma imagem menos volumosa, maior a preocupação com a magreza. A forte correlação (r = .77, p < .01) entre o QAEG e o factor Auto-estima do MRFS-IV reforça a ideia de que ambos medem um conceito muito semelhante. Os factores Uso de Substâncias e Métodos Compensatórios e Perfeccionismo são os que apresentam correlações mais fracas com os indicadores de PA (de r = .13 a r = .27, p < .01). Relativamente aos indicadores, apenas o Incómodo com alterações corporais apresenta correlações estatisticamente significativas moderadas a fortes com todos os instrumentos utilizados, de r = -.38 (p < .01) com o CDRS a r = .55 (p < .01) com o score global do EDE-Q. Assim, as correlações encontradas com outros instrumentos parecem suportar a validade deste instrumento na identificação de factores de risco de PA em adolescentes. 92 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Tabela 12. Correlações de Pearson entre os factores e indicadores do MRFS-IV com CDRS, QAEG e EDE-Q. A Negrito encontram-se as Correlações com Valores Superiores a .30 FACTOR/INDICADOR F1. Preocupação com a Magreza F2. Auto-estima F3. Pressão Social F4. Voracidade Alimentar F5. Uso de Substâncias e Métodos Compensatórios F6. Suporte Social F7. Influências Parentais F8. Sintomatologia Depressiva-Ansiosa F9. Perfeccionismo Idade da menarca (raparigas) Idade do primeiro namoro Número de situações de stress Incómodo com alterações corporais Número de figuras de suporte - Familiares - Outras Desempenho escolar Participação actividades extra-curriculares satisfatórias Participação actividades associadas a pressão para magreza Nota. ** p < .01; * p < .05 CDRS QAEG -.652** .327** -.454** -.178** -.183** -.047 -.344** -.268** -.140** .054 -.057 -.075* -.375** .036 .047 -.006 .013 -.016 -.019 -.404** .769** -.483** -.298** -.140** .241** -.279** -.489** -.074* .085 -.040 -.270** -.408** .102** .163** -.063 .154** .037 -.080* EDE-Q Restrição .751** -.321** .501** .263** .227** .021 .396** .378** .179** -.025 .066 .090* .415** -.031 -.044 .012 .080* .064 .153** EDE-Q Preoc. Forma .827** -.547** .699** .410** .272** -.013 .475** .505** .189** -.022 .116** .185** .544** -.053 -.102** .059 .038 .025 .090* EDE-Q Preoc. Comida .650** -.409** .647** .403** .216** -.060 .481** .428** .126** .001 .046 .139** .466** -.038 -.073* .042 .052 .055 .143** EDE-Q Preoc. Peso .806** -.502** .688** .358** .260** -.032 .459** .437** .175** -.019 .075 .178** .534** -.069 -.096** .021 .024 .050 .120** Score global EDE-Q .844** -.501** .700** .394** .273** -.022 .496** .483** .190** -.019 .087* .168** .545** -.054 -.088* .037 .050 .053 .134** 93 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Adolescentes em risco De acordo com o ponto de corte que distingue a população clínica da não clínica (Fairburn & Cooper, 1993; Machado, 2007), 15.8% dos adolescentes (106 raparigas, 19 rapazes) apresentam sintomatologia clínica significativa de PA. Neste sentido, compararamse as médias dos resultados dos participantes com e sem indicação clínica de PA. O teste T para amostras independentes revela diferenças significativas entre os dois grupos em todos os factores, excepto no Suporte Social [t(789) = 1.02, ns]. Em média, o grupo com indicação clínica apresenta níveis significativamente (p < .001) mais elevados de Preocupação com a Magreza [M = 3.46, SEM = 0.07 vs M = 1.68, SEM = 0.03; t(788) = -24.75], Pressão Social [M = 2.06, SEM = 0.07 vs M = 1.18, SEM = 0.01; t(130.62) = -11.96], Voracidade Alimentar [M = 2.17, SEM = 0.07 vs M = 1.63, SEM = 0.03; t(776) = -7.99], Utilização de Substâncias e Métodos Compensatórios [M = 1.49, SEM = 0.05 vs M = 1.25, SEM = 0.01; t(136.29) = -4.42], Influências Parentais [M = 1.77, SEM = 0.07 vs M = 1.22, SEM = 0.02; t(137.67) = -7.40], Sintomatologia Depressiva-Ansiosa [M = 2.61, SEM = 0.05 vs M = 2.01, SEM = 0.02; t(789) = 10.93] e Perfeccionismo [M = 2.92, SEM = 0.09 vs M = 2.48, SEM = 0.03; t(788) = -5.03], e níveis mais baixos de Auto-estima que o grupo sem indicação clínica [M = 2.86, SEM = 0.06 vs M = 3.65, SEM = 0.03; t(789) = 11.37]. Comparando as médias dos indicadores, o grupo com indicação clínica apresenta, em média, valores mais elevados no Incómodo com as alterações corporais [M = 3.19, SEM = 0.19 vs M = 2.52, SEM = 0.09; t(121.22) = -9.70, p < .001], no número de Situações de stress [M = 3.01, SEM = 0.12 vs M = 1.83, SEM = 0.04; t(751) = -4.08, p < .001] e na Participação em actividades associadas a pressão para a magreza [M = 0.69, SEM = 0.08 vs M = 0.52, SEM = 0.04; t(786) = -3.14, p < .01]. Estas diferenças entre os grupos com e sem indicação clínica de PA constituem outra fonte de suporte da validade do MRFS-IV. 94 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA Discussão O objectivo do presente estudo consistiu na descrição do desenvolvimento da versão portuguesa do McKnight Risk Factor Survey-IV (MRFS-IV) para adolescentes de ambos os sexos, a par da apresentação dos estudos que contribuem para o seu processo de validação. A análise factorial exploratória, com utilização do método Componentes Principais, com a maioria dos itens do MRFS-IV, resultou numa versão final constituída por 9 factores, replicando parte da estrutura original do instrumento (organizada em 7 factores). A análise dos restantes itens, não incluídos na análise factorial por questões metodológicas, levou à definição de 8 indicadores (7 na versão masculina) de risco de desenvolvimento de PA em adolescentes. A versão portuguesa do MRFS-IV, constituída por 82 itens, revelou-se uma medida consistente dos diversos factores de risco e protectores de PA que pretende avaliar. Os níveis de consistência interna apresentados pela maioria dos factores, avaliados pelo alpha de Cronbach, revelaram-se elevados e bastante adequados. O valor de alpha mais baixo apresentado pelo factor 5 (Uso de Substâncias e Métodos Compensatórios) poderá ser explicado pela junção, no mesmo factor, de itens relacionados com 2 constructos muito distintos entre si, apesar de, por vezes, se encontrarem positivamente associados, sobretudo no sexo feminino (e.g. Granillo, Jones-Rodriguez, & Carvajal, 2005). A validade de constructo do instrumento foi demonstrada através das correlações de Pearson entre os vários factores e indicadores do MRFS-IV e outros instrumentos que avaliam constructos semelhantes (para além da análise factorial e das correlações dos factores e indicadores do MRFS-IV entre si). A elevada correlação positiva do QAEG com o factor Auto-estima do MRFS-IV, bem como valores de consistência interna muito próximos, reforçam a ideia de que ambos medem o mesmo constructo. As correlações negativas mais elevadas do CDRS estabelecem-se com a Preocupação com a Magreza, Pressão Social, Influências Parentais e Incómodo com Alterações Corporais, indicando que maior insatisfação com a imagem corporal está associada a maior incómodo com as alterações corporais decorrentes do período pubertário/adolescência, maior preocupação em apresentar um corpo magro e adopção de comportamentos coincidentes com essa preocupação, bem como a uma maior percepção de pressão dos pares e familiares (e.g. A. 95 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA E. Field et al., 2001; McCabe & Ricciardelli, 2004; Shisslak et al., 1998; Vincent & McCabe, 2000). Os elevados valores do coeficiente de correlação das sub-escalas e score global do EDE-Q com a maioria dos factores do MRFS-IV reforça a validade convergente deste instrumento. A fraca correlação do EDE-Q com o factor Uso de Substâncias e Métodos Compensatórios poderá ser explicada, mais uma vez, pela reunião, no mesmo factor, de itens relacionados com o consumo de tabaco, álcool ou drogas ilícitas (não necessariamente associado a comportamentos alimentares perturbados, apesar da comorbilidade já referida), e itens relativos à utilização de métodos compensatórios, muito directamente associados a comportamentos bulímicos (APA, 2002; Shisslak et al., 1998) que, por sua vez, são mais frequentes em adolescentes com idades superiores à média de idades da nossa amostra, sendo a faixa etária dos 20 aos 24 anos a de maior risco para estes comportamentos (Hoek & van Hoeken, 2003). Também o Perfeccionismo apresenta correlações fracas com todos os indicadores do EDE-Q. Uma vez que a relação deste constructo com as PA ainda não é consensual na literatura, como referimos anteriormente (e.g. Bulik et al., 2003; Rosenvinge et al., 1999), estudos futuros deverão procurar esclarecer esta ligação. O facto do Suporte Social não surgir significativamente correlacionado, no sentido inverso, com nenhum dos indicadores de PA do EDE-Q, não é coincidente com a literatura que refere este conceito como um importante factor protector das pressões socioculturais relacionadas com a aparência física (Crago et al., 2001; Littleton & Ollendick, 2003; Stice & Whitenton, 2002). Contudo, alguns estudos têm vindo a demonstrar que o défice de suporte social não prediz a insatisfação com a imagem corporal e, consequentemente, distúrbios ao nível do comportamento alimentar dos adolescentes (Byely, Archibald, Graber, & Brooks-Gunn, 2000; Presnell, Bearman, & Stice, 2004). Foram, ainda, exploradas as diferenças de sexo, bem como as diferenças entre os grupos com e sem indicação clínica de PA segundo o EDE-Q. Os resultados apoiam as diferenças de género extensamente referidas na literatura quanto ao risco de desenvolvimento de PA, mais associado ao sexo feminino. A diferença encontrada relativamente à percepção de maior suporte social nas raparigas, especificamente por parte de elementos exteriores à família, poderia ser considerada protectora para estas, apesar de os restantes resultados não indicarem esta associação. As diferenças encontradas entre grupos com e sem indicação clínica são também consistentes com a literatura (e.g. Jacobi et 96 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA al., 2004; Littleton & Ollendick, 2003; Striegel-Moore & Bulik, 2007). A única área onde não surgem diferenças, não coincidindo com a maioria dos estudos revistos, diz respeito ao suporte social, apesar de tal ser já esperado nesta amostra, tendo em conta que este factor não surge correlacionado com nenhuma das sub-escalas do EDE-Q. A versão portuguesa do MRFS-IV pode constituir-se como um instrumento de avaliação do risco de desenvolvimento de PA, essencialmente útil na identificação precoce de eventuais factores de risco e protectores, que deverão ser tidos em conta no desenho de investigações futuras, bem como de intervenções de cariz preventivo. O estudo apresenta, todavia, algumas limitações. Relativamente à adaptação do instrumento para a população masculina de adolescentes, pensamos que alguns dos itens devem ser modificados ou mesmo acrescentados, de forma a captar o desejo de se ser mais musculado e adoptar comportamentos nesse sentido, uma vez que os rapazes com PA, geralmente, apresentamse mais preocupados com os músculos e forma corporal, e não necessariamente com a perda de peso, como é mais frequente nas raparigas (Ousley et al., 2008). Outra limitação prende-se com o facto de não ter sido estudada a estabilidade temporal do instrumento (teste-reteste). Estudos futuros acerca do MRFS-IV deverão ser desenvolvidos de forma a superar estas limitações. Por outro lado, será ainda necessário conduzir um estudo longitudinal que explore em que medida determinados resultados base ou alterações dos mesmos poderão predizer o desenvolvimento de comportamentos alimentares perturbados, avaliando, assim, a potencialidade do MRFS-IV como instrumento de screening de PA na população portuguesa, tal como está já estabelecido para a população norteamericana. 97 ADAPTAÇÃO E CONTRIBUTOS PARA O PROCESSO DE VALIDAÇÃO DE INSTRUMENTOS PARA A POPULAÇÃO PORTUGUESA 98 CAPÍTULO III DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? 100 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? INDIVIDUAL AND RELATIONAL RISK FACTORS FOR THE DEVELOPMENT OF EATING DISORDERS IN AESTHETIC ATHLETES AND ADOLESCENTS IN GENERAL 11 Abstract This study compared potential risk and protective factors, level of disordered eating (DE), and their relationship among young aesthetic athletes (elite and nonelite) and controls (N=725). Female elite athletes showed a greater risk of developing eating disorders than nonelite athletes and controls, with no difference between the three groups of boys. Multiple group analyses revealed important differences in DE predictors. While social pressure is the strongest DE predictor in nonelite athletes and controls, in elite athletes it is body image dissatisfaction. Although parental influences are DE predictors in elite athletes, self-esteem is not, unlike what happens in the other two groups. These results highlight the importance of studying specific characteristics associated to DE in aesthetic athletes. Keywords: aesthetic athletes, disordered eating, risk and protective factors. 11 Francisco, R., Narciso, I., & Alarcão, M. (2010). Individual and relational risk factors for the development of eating disorders in aesthetic athletes and adolescents in general. Submetido a Eating Disorders. 101 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Introduction The multifactorial nature of eating disorders (ED) has been proven, whether by studies which focus their attention on individual, familial, and sociocultural influences (Polivy & Herman, 2002), or studies which aim to provide a more holistic and integrated vision of the numerous risk and protective factors of ED development (e.g. Keery et al., 2004; Shisslak et al., 1998; Tylka & Subich, 2004). However, knowledge of these factors and the way in which they interact is still unclear, thus making it difficult to establish its aetiology or design an effective preventive or therapeutic approach (Striegel-Moore & Bulik, 2007). Thirty years ago, Garner and Garfinkel (1980) drew attention to the fact that involvement in activities which demand more attention and control over body image could be considered to be a risk in contributing to the development of ED in adolescents. The two meta-analyses undertaken on the studies of athletes of various sports showed a greater prevalence of ED in comparison to the general population, with differences being especially prevalent when comparing different sports and levels of competition (Hausenblas & Carron, 1999; Smolak et al., 2000). More specifically, the relationship has been shown between aesthetic sports – sports which emphasise thinness, with associated improvements in performance and where there is frequently a correlation between aesthetic ideals and subjective evaluation such as dancing, gymnastics or figure-skating – and higher levels of clinical and sub-clinical ED syndromes in both sexes (e.g. Anshel, 2004; Byrne & McLean, 2002; Garner & Garfinkel, 1980; Le Grange, Tibbs, & Noakes, 1994; Sundgot-Borgen & Torstveit, 2004). However, recent studies show higher levels of ED within the general population in adolescents of both sexes, in relation to athletes (Rosendahl, Bormann, Aschenbrenner, Aschenbrenner, & Strauss, 2009), namely, elite athletes (Martinsen, Bratland-Sanda, Eriksson, & Sundgot-Borgen, 2010). On the other hand, Smolak et al (2000) also demonstrated that nonelite athletes, especially in high school, had reduced risk of eating problems compared to controls. Therefore it is fundamental that the investigation is extended, analysing risk and protective factors associated to the development of ED in aesthetic sports athletes at different levels of competition, seeking to understand possible similarities and differences between them and in relation to the general adolescent population, which may lead to explain a greater or lesser prevalence of ED in these contexts. 102 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Despite, in principle, being a female being associated to higher concerns about weight and body image, thus making them more susceptible to ED (Fairburn & Harrison, 2003), recent studies have suggested that such concerns are ever more frequent among males (Kjelsås et al., 2004). The risk of developing ED appears to be higher as body mass index (BMI) increases, with this correlation being mediated by concerns with the body and the ensuing dissatisfaction thereof (Keel, Fulkerson et al., 1997; Lynch, Heil, Wagner, & Havens, 2008; Presnell et al., 2004). Amongst athletes, females appear to be at greater risk although few studies include male aesthetic athletes. According to Hausenblas and Carron (1999), until 1999, only 16.9% of the comparisons involved male athletes. However, the authors mention that the difference between male athletes and male controls is greater than the difference between female athletes and female controls, therefore it is important to compare athletes and controls, separating them by sexes. Certain characteristics are associated to ED, such as perfectionism, low self-esteem and body image dissatisfaction (Ghaderi, 2001; Stice & Shaw, 2002). Unlike perfectionism, which is a personality trait and therefore a more stable characteristic throughout life, low self-esteem and body image dissatisfaction seem to appear with greater intensity from puberty and develop concurrently in young people of both genders. Despite being similar, they do not appear to cause one another (Mendelson, White, & Mendelson, 1996; Phares, Steinberg, & Thompson, 2004). A recent study of female collegiate athletes shows that lower levels of self-esteem were associated with higher levels of disordered eating, and the same does not occur with perfectionism (Petrie, Greenleaf, Reel, & Carter, 2009). Despite some studies showing a clear correlation between ED symptoms and lower body image satisfaction among athletes (e.g. Bettle et al., 2001; Petrie, 1993), and even being considered a mediator variable of the social influence for thinness, anxiety about athletic performance, and negative appraisal of athletic achievement (Williamson et al., 1995), others show the absence of this correlation. For example, in the Byrne and McLean (2002) study, athletes showed higher levels of ED than non-athletes but had similar incidences of body dissatisfaction. Society in general is seen as a vehicle for somewhat unrealistic and unhealthy aesthetic ideals, especially in females, through the mass media, which contributes to their being taken on by young people through comparison of their own bodies with those 103 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? depicted in the media, in addition to concerns about image and weight (A. E. Field et al., 2001). However, it is possible that the messages given out by the media only become a problem if and when reinforced by the socialising agents closest to the adolescents, such as peers and family (Dunkley, Wertheim, & Paxton, 2001), or other significant role models like coaches, in the case of athletes. Countless studies have shown a significant impact of appearance-related teasing and criticism on weight concerns, body image dissatisfaction, low self-esteem, depressive symptoms and ED, both in terms of the general population (Ata et al., 2007; Benas & Gibb, 2008; Gleason et al., 2000; Jones et al., 2004; Taylor et al., 2006; Vincent & McCabe, 2000), and specifically among athletes (Kerr et al., 2006; Muscat & Long, 2008). Despite there having been fewer studies of male participants, very similar patterns of influence have been found in males and females (e.g. Phares et al., 2004). In addition to high self-esteem, some studies showed that a high level of social support, from peers, parents or significant others, can also function as an important protective factor from ED (McVey et al., 2002; Stice, Presnell, & Spangler, 2002), despite there being no studies of athletes which show this variable as a possible predictor of ED. As a large amount of literature establishes body image dissatisfaction and low selfesteem as strong predictors of ED in athletes and the general population, this study considers them potential (partial or full) mediators of influence of other factors (female, perfectionism, high BMI, peer and parental pressure for thinness, low social support) which predict them in the development of disordered eating. Furthermore, in our understanding, they can also be mediators of other outcomes – substance abuse and depressive and anxiety symptomatology, believed to be considered as risk factors in the development of ED – through frequent comorbidity (O'Brien & Vincent, 2003; Shisslak et al., 1999). The objectives of this study are comparing both female and male elite athletes, nonelite athletes and controls in terms of (a) potential risk and protective factors for the development of eating disorders, (b) level of disordered eating, and (c) the relationship between risk and protective factors and disordered eating. 104 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Method Participants Participants were 725 adolescents of both sexes (62.5% females), aged between 12 and 22 years (M=15.34, SD=2.12), of whom 245 were aesthetic athletes (133 gymnasts and 112 ballet dancers) and 480 were adolescents who did no aesthetic sports outside school (control group). In the group of athletes, participants were grouped according to professional/competitive level. Therefore the elite athletes group is formed of gymnasts who take part in international competition and dancers who study at professional dance schools; the group of nonelite athletes includes gymnasts from lower levels of competition and adolescents who do classical dance in recreational dance schools. Most of the adolescents belong to the 15 to 17 age group (50.9%), 36.4% are between 12 and 14 years old and 12.7% are over 17. The female nonelite athletes are younger than their elite colleagues (U = 3938.50, p < .01) and the controls (U = 10381.50, p < .01), with no age differences between male groups. The participants lived in various different areas of Portugal, namely Lisbon Metropolitan Area (46.9%), Centre (43.6%), North (6.9%), South (2.3%) and Madeira Islands (0.3%). As far as the socio-economic status (SES) of the participants’ households is concerned, 51.4% had a medium-high or high SES, 23.5% were considered medium SES and 25.1% low SES. Measures McKnight Risk Factor Survey-IV (MRFS-IV, The McKnight Investigators, 2003) MRFS-IV consists of a self-report questionnaire created to evaluate potential risk factors in the development of ED in female adolescents. A version adapted for Portugal was used (Francisco, Alarcão, & Narciso, 2010b) which includes both male and female versions and has 82 items distributed over 8 indicators (age of first period, age of dating, number of stress life events, bothered by body changes, number of supportive people, school performance, good satisfactory participation in extra-curricular activities and participation in activities associated with pressure for thinness) and 9 factors with suitably adequate internal consistence: Concern with Thinness (α = .96), Self-Esteem (α = .87), Social Pressure (α = .91), Overeating (α = .82), Substance Use and Compensatory Methods (α = .65), Social 105 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Support (α = .88), Parental Influences (α = .72), Anxiety-Depression Symptomatology (α = .78) and Perfectionism (α = .71). The MRFS-IV adaptation study revealed good convergent validity indices for the Concern with Thinness using EDE-Q (Fairburn & Beglin, 1994), and with the Contour Drawing Rating Scale (M. A. Thompson & Gray, 1995) and the Self-Esteem factor using the Rosenberg Self-Esteem Scale (Rosenberg, 1965). Only 9 factors (consisting of 62 items rated on a 5-point Likert scale from “never” to “always”) were used. Contour Drawing Rating Scale (CDRS, M. A. Thompson & Gray, 1995) The CDRS, consisting of a sequence of 9 silhouettes ordered from the thinnest to the largest, allows body image dissatisfaction (BID) to be assessed, requiring participants to indicate which silhouette best represents their current and ideal body size; the current-ideal discrepancy is the indicator of BID. The Portuguese version used in this study (Francisco, Narciso et al., 2010a), shows a reliability test-retest index of r = .91 from a sample of university students (n = 55). The correlations of the silhouette representing current body size with weight (r = .65) and with body mass index (r = .72) with a sample of 1423 adolescents and adults, proved the construct validity of CDRS. Eating Disorder Examination-Questionnaire (EDE-Q, Fairburn & Beglin, 1994) The EDE-Q (Portuguese version of the 5th edition, Machado, 2007) was used to assess participants along a continuum of disordered eating. It consists of a self-report with 28 items, grouped into 4 subscales (Restraint, Eating Concern, Shape Concern, and Weight Concern). The average result of which result in a global score, used in this study. Items are rated on a 7-point Likert scale (from “Never”/“Nothing” to “Every day”/“Extremely”), with an indication of number of days, relating to the previous 28-day period during which certain behaviors, attitudes and feelings associated to eating disorders occurred. A recent international study (Peterson et al., 2007), with female participants, showed a good level of internal consistency for the global score (α = .90) with a similar result occurring when applied to this sample (α = .92). 106 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Procedure All participants filled in an informed consent form prior to answering the investigation protocol12. For the participation of adolescents, authorization was sought from their parents/guardians. The majority of athletes answered the protocols at home, after having been given by the main researcher to dance teachers/gymnastics coaches, who in turn gave them to their students/gymnasts. They were returned subsequently in sealed envelopes without any form of identification, thus preserving anonymity. All the adolescents in the control group filled in the investigation protocols during normal classes at their schools, in the presence of the researcher. Statistical analyses The statistical analysis was conducted using SPSS 17.0. The Kruskal-Wallis test was used to evaluate mean differences and the Mann-Whitney test was used as a post hoc procedure, with the application of the Bonferroni correction (A. Field, 2009). The Chi-square test was used to evaluate differences in the clinical disordered eating indicator. Structural equation modeling (SEM), and in particular multiple group analysis with the AMOS software package (Arbuckle, 2007), was used to compare various competing structural models, as recommended by Anderson and Gerbing (1988). In all analyses, the Maximum Likelihood Estimation Method and the covariance matrix were used. The overall goodness-of-fit was based on the combination of several fit indices as recommended by Hu and Bentler (1999). Models were compared based on Chi-square difference tests, and on other fit indices: the Standardized Root Mean Square (SRMR), the Incremental Index of Fit (IFI), the Bentler Comparative Fit Index (CFI), and the Root Mean Square Error of Approximation (RMSEA). To assess whether indirect effects were statistically significant, the bias-corrected (BC) bootstrap 95% confidence intervals (CIs) with 5000 bootstrap samples procedure was used (Hayes, 2009). 12 The PhD project of the first author, subjacent to this study, was approved by the Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Portugal) and by the Postgraduate Study Commission of the Faculty in which the PhD is being taken. The application of the protocol in schools was authorized by the Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular of the Ministry of Education. 107 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Results Descriptive Statistics and Differences between Groups Table 13 shows the descriptive statistics of all variables in addition to the mean differences for the three groups being studied (elite athletes, nonelite athletes and controls) for males and females, separately. Risk and protective factors Amongst girls, mean differences are statistically significant for the majority of the variables being studied, excluding self-esteem, social support, parental influences, and perfectionism. The BMI of elite and nonelite athletes is similar, but control females presented a significantly higher BMI than the elite (U = 9525.00, p < .001) and nonelite athletes (U = 10415.50, p < .01). The elite athletes were significantly more dissatisfied with their body image than nonelite athletes (U = 3997.00, p < .01), idealizing a thinner body image than the current one. However, they showed levels of body image dissatisfaction (BID) similar to the control group, which, in turn, does not differ significantly from the nonelite athletes. The elite athletes showed greater concern with thinness than the nonelite athletes (U = 3049.00, p < .001) and the controls (U = 9220.00, p < .01). The elite athletes also scored higher in social pressure when compared to the nonelite athletes (U = 3768.50, p < .01), but not in relation to the controls, who also did not differ from the nonelite athletes. The nonelite athletes showed significantly lower levels of overeating than the elite athletes (U = 3888.00, p < .01) and the controls (U = 10480.00, p < .01). With regards to substance use and compensatory methods, elite and nonelite athletes did not differ between themselves but there was a difference to the control group, which showed significantly higher levels (U = 10409.50, p < .01; U = 8518.50, p < .001, respectively). Finally, the control group showed significantly higher levels of anxiety-depression symptomatology than the nonelite athletes (U = 9944.50, p < .01), but similar to those of the elite athletes, who also do not differ from the nonelite athletes. Males only differed significantly in social pressure, showing the nonelite athletes having less social pressure to be thin than controls (U = 1032.00, p < .01), as elite athletes did not differ from their nonelite peers, nor from controls. 108 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 13. Means, Standard Deviations, and Results of Kruskal-Wallis Test for Comparison Means (N=725) Age (years) Girls (n=453) Elite Nonelite Control (n=101) (n=99) (n=253) 15.67 (2.30) 14.89 (2.40) 15.30 (1.76) H (2) p< 9.05 .05 Boys (n=272) Elite Nonelite Control (n=30) (n=15) (n=227) 16.36 (3.28) 15.60 (2.90) 15.26 (1.96) BMI 19.16 (2.15) 19.52 (2.55) 20.36 (2.88) 14.17 .01 Concern with Thinness 2.70 (1.06) 2.02 (0.94) 2.20 (0.98) Self-Esteem 3.38 (0.76) 3.56 (0.69) Social Pressure 1.43 (0.59) Overeating H (2) p < 3.00 ns 20.43 (2.71) 21.43 (3.29) 21.10 (3.30) 0.82 ns 24.53 .001 1.63 (0.75) 1.61 (0.62) 1.58 (0.76) 0.87 ns 3.36 (0.80) 5.25 ns 3.68 (0.71) 3.86 (0.55) 3.70 (0.74) 0.41 ns 1.26 (0.41) 1.41 (0.60) 8.43 .05 1.26 (0.47) 1.02 (0.05) 1.24 (0.50) 7.51 .05 2.00 (0.85) 1.66 (0.67) 1.89 (0.79) 8.52 .05 1.59 (0.60) 1.49 (0.52) 1.61 (0.66) 0.23 ns Subst Use and Comp. Methods 1.26 (0.39) 1.18 (0.36) 1.37 (0.45) 25.42 .001 1.24 (0.32) 1.18 (0.21) 1.27 (0.32) 0.60 ns Social Support 4.07 (1.01) 4.09 (0.97) 4.11 (0.95) 0.23 ns 3.64 (0.95) 3.76 (1.07) 3.48 (1.19) 1.29 ns Parental Influences 1.42 (0.67) 1.27 (0.48) 1.35 (0.58) 2.95 ns 1.27 (0.44) 1.12 (0.21) 1.25 (0.51) 1.22 ns Anx-Depr Sympt. 2.15 (0.54) 2.07 (0.58) 2.29 (0.62) 10.90 .01 2.04 (0.48) 1.79 (0.39) 1.89 (0.54) 3.50 ns Perfectionism 2.52 (0.92) 2.71 (0.90) 2.59 (0.92) 1.56 ns 2.83 (0.86) 2.97 (0.84) 2.56 (0.96) 5.47 ns BID -0.88 (1.21) -0.51 (1.19) -0.81 (1.31) 6.68 .05 -0.11 (0.83) 0.27 (0.96) -0.17 (1.09) 1.41 ns EDE-Q Global Score 1.69 (1.32) 1.01 (1.11) 1.22 (1.25) 19.22 .001 0.56 (0.84) 0.34 (0.26) 0.52 (0.77) 0.95 ns 109 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Disordered eating (DE) Elite athletes showed a significantly higher level of DE than the nonelite athletes (U = 3199.50, p < .001) and the controls (U = 9605.00, p < .001), with no significant difference between the nonelite athletes and the controls. There were no statistically significant differences amongst the males. According to the EDE-Q cut-off, 34% of the female elite athletes, 15.3% of the nonelite athletes e 21.7% of controls showed a clinical level of DE *χ2 (2) = 10.32, p < .01]. DE level is not independent of the group to which the adolescent belongs, with elite athletes showing significantly higher levels of DE than nonelite athletes *χ 2 (1) = 9.29, p < .01+ and controls *χ2 (1) = 5.71, p < .05]. The nonelite athletes and controls do not differ amongst themselves. As far as males are concerned, only 6.7% of elite athletes and 6.2% of controls showed DE at a clinical level, which is, in turn, independent of belonging to a specific group *χ 2 (2) = 1.00, ns]. Predictors of Disordered Eating In order to create a parsimonious model of DE development in adolescents, the only variables chosen were those which showed, at least, moderate correlations (r > .40, Cohen, 1992) with the EDE-Q global score, considered the general indicator of DE13, in the three study groups. The concern with thinness variable of MRFS-IV showed and excessively high correlation with the EDE-Q global score (r = .85 in the total sample, r = .86 in the control group, r = .82 in the elite and nonelite athletes groups), which could cause problems when trying to create the model (Kline, 2005). On the other hand, the content analysis of the items which constitute these two latent variables showed great similarity (feeling fat, dieting or exercising to lose weight, etc.); therefore, it was decided to eliminate the first as EDE-Q is better established in the literature as a good measure of DE. In order to test the influence of the selected variables on adolescent DE, we used a model generation application of SEM (Kline, 2005). Considering the problems caused by the estimation of all observed items and latent variables (insufficient power and under- 13 Due to being excessively long, the correlation tables of variables of the three study groups and total sample are not presented, but are available upon request (see Appendix D). 110 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? identification; Bentler & Chou, 1987), we assumed the scale and latent variables to be identical. An initial model (see Figure 7) was tested in the three study groups separately–– elite athletes, nonelite athletes and controls––, and the non-significant common relationships (structural paths from parental influences to BID, and from BID to overeating and anxiety-depression symptomatology) were withdrawn from the subsequent analyses, in order to achieve results that are both theoretically sound and empirically supported. Groups were compared using multiple group analyses. The baseline model demonstrated a good fit to the data *χ2 (30) = 78.37, p < .001; SRMR = 0.04; IFI = 0.98; CFI = 0.98; RMSEA = 0.05]. We tested for equality constraints for each structural relationships and found significant differences by group for all of them. After that, we performed a series of two-group analyses with equality constraints (elite––nonelite athletes, elite athletes––controls and nonelite athletes––controls). Only the structural path from social pressure to DE proved to be non-significant for nonelite athletes––controls *Δχ2 (2) = 5.74, p = .057] and elite–– nonelite athletes *Δχ2 (2) = 3.68, p = .159] comparisons. Sex Overeating BMI Self-Esteem Anxiety-Depression Symptomatology Social Pressure Parental Influences Body Image Dissatisfaction Disordered Eating Figure 7. Initial structural model of adolescent’s disordered eating 111 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Having withdrawn the non-significant structural paths for each group, the models which are intended to present risk factors in the development of DE in adolescents produced acceptable fits, especially in Model C, control group *χ 2 (12) = 32.30, p < .01; SRMR = 0.04; IFI = 0.99; CFI = 0.99; RMSEA = 0.06+, followed by Model B, nonelite athletes *χ 2 (17) = 28.28, p < .05; SRMR = 0.07; IFI = 0.97; CFI = 0.97; RMSEA = 0.08]. Model A produced the worst fit and corresponds to the elite athletes *χ 2 (20) = 44.91, p < .01; SRMR = 0.12; IFI = 0.94; CFI = 0.93; RMSEA = 0.10], which probably reveals the existence of additional risk factors in sports contexts which are not found in the general population and which the measuring instruments used could not detect. Figures 8, 9, and 10 represent each model with the standardized regression weights and significance levels for each structural path. The amount of variance explained of adolescents disordered eating is 64.6% for controls, 64.7% for nonelite athletes, and 63.7% for elite athletes. Related to the indirect effects, results indicated that all path coefficients for the indirect effects were significant and in the expected directions for the three final models (see Table 14). Sex Overeating BMI Self-Esteem Anxiety-Depression Symptomatology Social Pressure Parental Influences -.32** Body Image Dissatisfaction Disordered Eating Figure 8. Model A, final structural model of elite athlete’s disordered eating 112 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Sex Overeating .22** BMI Self-Esteem Anxiety-Depression Symptomatology .31*** Social Pressure .19* -.30*** Body Image Dissatisfaction Parental Influences Disordered Eating Figure 9. Model B, final structural model of nonelite athlete’s disordered eating Sex Overeating .12** BMI Self-Esteem Anxiety-Depression Symptomatology .30*** .30*** Social Pressure Parental Influences -.33*** Body Image Dissatisfaction .09** .15*** Disordered Eating Figure 10. Model C, final structural model of control’s disordered eating 113 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 14. Significant Standardized Indirect Effects (Bias-corrected 95% CI) for the Three Final Models a Sex Model A Self-Esteem - Overeating - Anx-Depr Sympt. - BID - Disordered Eating BMI B C -.096** -.059** (-.19, -.03) (-.10, -.02) .089** .059*** (.03, .18) (.03, .09) .104** .096*** (.03, .20) (.06, .14) -.067** -.039** (-.14, -.02) (-.07, -.02) .130*** .207** .193*** (.07, .21) (.09, .33) (.14, .25) A Parental Influences B C -.140** -.147*** (-.25, -.05) (-.20, -.10) .129** .101*** .081* (.05, .24) (.06, .14) (.02, .17) .151** .119*** .071* (.07, .25) (.07, .17) (.01, .15) -.097** -.097*** (-.19, -.04) (-.14, -.07) .168*** .300*** .308*** (.10, .26) (.16, .43) (.24, .37) - - - - Social Pressure Self-Esteem A B C A B C A B C - - - - - - - - - - - .173*** .138** .068** (.09, .27) (.06, .24) (.02, .12) - - - - - .151*** .194*** .172*** (.08, .25) (.11, .30) (.13, .23) - - - - - - - - - - - - - - - .135*** .224*** .218*** -.057** -.063*** (.07, .21) (.14, .32) (.17, .27) (-.13, -.02) (-.10, -.04) - a Note. Dummy Variable coded 0 for male and 1 for female; *** p < .001, ** p < .01, * p < .05, ns non-significant 114 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Discussion In this study, we aimed to compare both female and male elite athletes, nonelite athletes and controls in terms of (a) potential risk and protective factors for the development of eating disorders, (b) level of disordered eating, and (c) the relationship between risk and protective factors and disordered eating. The differences between elite athletes, nonelite athletes and controls are especially prevalent among females, with males being much more similar between themselves as far as potential protective or risk factors are concerned, as well as at the level of disordered eating. In fact, only the perception of social pressure for thinness is significantly different between boys of the control group and the group of nonelite athletes, with the latter showing lower levels of pressure. Interestingly, the pressure felt by elite athletes and controls does not differ significantly and the same pattern of differences for this variable occurs with females. The fact that the nonelite athletes do an aesthetic sport can lead to the development of a body closer to the social ideal, making them less likely to be victims of teasing or critical comments. On the other hand, the similar level of pressure for thinness felt by the elite athletes and controls could be due to the fact that these athletes (especially the girls), despite having a lower BMI than the controls, are the target of additional pressure in the sports contexts in which they find themselves, to present a thin body image, suited to the sport, in addition to those most adolescents are subject to. Therefore, future studies should use measuring instruments which differentiate between the socio-cultural pressure which affects all adolescents and the specific pressure they feel in the sports contexts. Interestingly, in males, the differences relating to social pressure are not accompanied by differences in BID or the EDE-Q global score, which does not agree with the results of the Petrie study (1996), for example, in which male nonathletes showed higher body dissatisfaction. However, some differences between the three groups of males may not have been detected due to the restricted sample of both elite and nonelite athletes, comparing to controls, thus making it imperative that future studies include larger samples of male athletes. 115 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? With regards to the two hypothesized protective factors – social support and selfesteem – neither of them showed significant differences between elite athletes, nonelite athletes and controls, either in males or in females. As far as social support is concerned, we have no knowledge of any studies which evaluate their relationship with DE, specifically in athletes, with which we can compare results, despite there being some studies of adolescents from the general population associating the support of peers and parents to lower DE indices (McVey et al., 2002). Therefore, the absence of differences between the three groups and their weak correlation with DE, causes us to refute the hypothesis of this being a protective factor in the development of eating disorders. However, a previous qualitative study of elite aesthetic athletes suggested that positive relationships with dance teachers or gymnastics coaches, based on empathy and trust, and parental support in matters more related to the idiosyncrasies of doing aesthetic sports at the highest level, could be considered to be protective factors for eating disorders or other types of problem within these contexts (Francisco, Alarcão, & Narciso, 2010a). Future studies should therefore, seek to evaluate specific support in a sport context as different types of support can be considered to be predictors or not of DE in these contexts. With regards self-esteem, the absence of significant differences between athletes and controls is unexpected when considering the studies that indicate higher self-esteem in the former in comparison to the latter (Armstrong & Oomen-Early, 2009; Taub & Blinde, 1992), as well as in elite athletes when compared to nonelite athletes and nonathletes (Findlay & Bowker, 2009). Findlay and Bowker (2009) associate these differences to the greater physical competence shown by elite athletes, a construct which may not contribute in the same way to the global self-esteem of the athletes in our sample. However, and unlike social support, self-esteem showed significant correlations with the DE indicator and is therefore understood to be a protective factor. The absence of significant differences in perfectionism in both genders, agrees in part with the literature as there are contradictory results in a number of studies. If, on the one hand, higher levels of perfectionism were found in female adolescent dancers compared to nondancers (Anshel, 2004) and athletes from different sports compared to nonathletes (Taub & Blinde, 1992), other studies have not shown these differences (Petrie et al., 2009), 116 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? as perfectionism does not seem to be a characteristic of adolescents engaged in elite sport activities, as suggested by some authors (e.g. Thomas et al., 2005). On the other hand, and like Petrie et al. (2009), there is also no association between perfectionism and the level of DE, therefore this was not considered to be a potential DE predictor in the structural model constructed. As far as use and/or compensatory methods, despite the female controls showing higher level than both groups of female athletes, the fact that the same factor includes two very distinct constructs, although often correlated (Francisco, Alarcão et al., 2010b), may be considered to be a consequence of the weak correlation with the DE indicator. Future studies should seek to evaluate both constructs separately. To be a nonelite athlete appears to protect female adolescents from developing depressive and/or anxious symptomatology as the results of this variable are significantly lower than those of the elite athletes and controls. This result is consistent with the studies which show that collegiate athletes have lower levels of depressive symptoms than nonathletes, suggesting that sport participation positively influences mental health outcomes like these (Armstrong & Oomen-Early, 2009). However, as seen through the SEM, anxiety-depression symptomatology is not a DE predictor in any of the groups of athletes, unlike the control group. So, this cannot be considered to be an indicator of lower risk of DE for nonelite athletes. On the other hand, lower indices of overeating and especially higher body image satisfaction of nonelite athletes, may indicate a reduced risk of DE in these when compared to the elite athletes and controls. Amongst females, the elite athletes showed significantly higher levels of concern with thinness and DE in comparison to the other two groups. This result is corroborated by the significantly higher percentage of cases signposted by the EDE-Q cut-off, an indicator of clinical-level disturbance. In all these indicators the nonelite athletes and controls do not differ between themselves, reinforcing the idea of the elite context of aesthetic sports creating a higher risk for adolescent females to develop eating disorders (e.g. SundgotBorgen & Torstveit, 2004). However, unlike other authors (Rosendahl et al., 2009; Smolak et al., 2000), we cannot affirm that nonelite athletes present a lower risk than nonathletes, despite their lower body image dissatisfaction, but a similar risk. 117 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Rosendahl et al. (2009) recently found a significantly higher frequency of DE in both boys and girls elite athletes compared to nonelite athletes, which is partially corroborated by our results, as this pattern is noticeable only for females. In our study, males showed levels of DE regardless of the context they belonged to, which brings us to suggest that males who take part in aesthetic sports, at any level, do not present a lower risk of eating disorders than nonathletes. The structural equation models allow us to test the contribution of each of the potential risk or protective factors in predicting DE in the adolescents of each group, as well as the form in which they relate, this responding to the third aim of the study. Multiple group analyses showed important differences in the way in which different factors predict DE in elite athletes, nonelite athletes and general adolescent population. The Torstveit, Rosenvinge and Sundgot-Borgen study (2008) had already suggested that different indicators of DE behaviors would be valid to predict clinical eating disorders among leanness athletes, nonleanness athletes and controls. Our study effectively shows that risk and protective factors involved in the development of DE are not universally valid, as well. As comparisons of the mean of risk factors and DE indicator already suggested, final structural models also show more similarities between nonelite athletes and controls and divergences between these two groups and the elite athletes. Specifically, it is very interesting to note that social pressure (especially from peers as mentioned previously) has an influence (both directly and indirectly) that is significantly higher on nonelite athletes and controls DE than on elite athletes DE; this pressure, unlike that on elite athletes, is influenced by sex and BMI. In turn, parental influences are predictors of low self-esteem (and indirectly, through it, of overeating and anxiety-depression symptomatology) and DE only among elite athletes. This is a new result and is very important when investigating DE in athletes, as primacy is often given to the impact of critical comments by coaches (Kerr et al., 2006; Muscat & Long, 2008). Therefore it appears to be important that future studies explore the impact that other family variables, such as parental DE or BID, may have on elite athletes’ DE. The lack of significance of the impact of parental influences on BID in any group was an unexpected result. In the Vincent and McCabe study (2000) only the BID of boys (and not girls) was partially predicted by maternal negative commentary about body, meaning that our result may be due to the higher number of females in the groups being studied. 118 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Synthesizing the role of mediating variables, it is worth highlighting some differences in the three groups. BID predicted by the same risk factors in all three groups (sex, BMI and social pressure), corresponds to the strongest predictor of DE in elite athletes, but neither for nonelite athletes nor controls. For the latter two groups, social pressure has a more relevant role. This result puts great emphasis on the BID of elite athletes, making it essential to deepen the study of this variable and the aspects of the context which may influence it, both positively and negatively, in order to design effective preventive actions. On the other hand, self-esteem, considered to be a relevant protective factor in this model, was not a predictor (in the negative sense) of DE in elite athletes, to the contrary of the other two groups. This was an unexpected result, in accordance with the literature, especially due to the frequent association between DE and low self-esteem in athletes of aesthetic sports (e.g. Bettle, Bettle, Neumärker, & Neumärker, 1998; Petrie, 1993). It is therefore considered necessary to continue the investigation into this relationship in future studies. Furthermore, it is understood that social pressure, as aforementioned, relates essentially to peer pressure, is the strongest predictor of self-esteem in the three groups. At the same time as peers take on a fundamental role in this life stage, physical self-esteem corresponds to one of the main components of self-esteem of adolescents (Harter, 1999), for which it depends on the comments they receive on their physical appearance. Therefore, we believe that the lesser influence of critical comments they receive from peers on the self-esteem of athletes in relation to the controls can be explained by particular benefits to adolescent self-concept resulting from participation in a recreational or competitive sport (Findlay & Bowker, 2009), namely attributing greater importance to other components of self-esteem and not only physical self-esteem. The study showed some limitation which should be considered. Despite fulfilling the minimum criteria to construct samples to undertake structural equation models (Kline, 2005), the small number of male participants in the samples of elite and nonelite athletes may have skewed the results in some way. Future studies should therefore seek to test the same models with distinct samples of male and female athletes, and to determine the generalizability of these findings. On the other hand, the cross-sectional design of this study does not permit causal inference, which only longitudinal studies allow. Finally, a clinical evaluation of adolescents classified with disordered eating and those who did not report 119 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? disordered eating is needed to examine the prevalence of true eating disorders, especially among athletes, because is known that many athletes, in particular those from leanness sports, underreport DE behavior (Torstveit et al., 2008). 120 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? PARENTAL INFLUENCES ON ELITE AESTHETIC ATHLETES BODY IMAGE DISSATISFACTION AND DISORDERED EATING 14 Abstract The present study examined perceived parental influences on body image dissatisfaction (BID) and disordered eating (DE) of elite aesthetic athletes (n=85) and controls (n=142), aged 12-22 years. Adolescents completed measures of direct influences (concern with thinness and weight teasing by parents), attachment to father and mother, perceived quality of relationship with each parent and family environment, BID and DE. Their parents, 223 mothers and 198 fathers, also completed measures of BID and DE. Athletes and controls differ in some patterns of insecure attachment to the parent of the opposite sex. In general, parents of athletes do not present higher levels of BID or DE than controls parents. Interesting differences were found between athletes and controls BID and DE predictors. Among athletes, direct influences are the only significant predictive family variable. The findings highlight the importance of critical comments of parents in the expression of body image dissatisfaction and disordered eating in athletes, but also of maternal modeling among adolescents in the general population. Such parental behavior may be an appropriate target in different prevention programs. Keywords: aesthetic athletes, parental influences, body image dissatisfaction, disordered eating, predictors. 14 Francisco, R., Alarcão, M., & Narciso, I. (2010). Parental influences on elite aesthetic athletes body image dissatisfaction and disordered eating. Submetido a Journal of Family Issues. 121 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Introduction Family influence in the development of body image and eating disturbances has been recognized and identified by several studies with patients diagnosed with eating disorders (e.g. Latzer, Hochdorf, Bachar, & Canetti, 2002; Minuchin et al., 1978), as well as in the general population of adolescents and young adults. The only literature review to date about parental influence only includes studies in the general population, since in clinical samples, behaviors and attitudes of parents regarding weight, eating and body image, can be influenced by the diagnosis or therapeutic interventions (Rodgers & Chabrol, 2009). Although most of these studies have been conducted with female adolescents and with mothers, the authors suggest that both mothers and fathers are important sources of influence for their both female and male offspring, and this influence may take place by different mechanisms. The first mechanism, which has been subject to more attention, concerns the direct transmission of weight-related attitudes and opinions. Both cross-sectional and longitudinal studies with preadolescents and adolescents show that critical negative comments about eating and weight are predictors of body image dissatisfaction, weight concerns and disordered eating (Ata et al., 2007; Pike & Rodin, 1991; Smolak et al., 1999; Wertheim et al., 2002), in the same way that lower levels of disordered eating are associated with the perception of more positive messages (Gross & Nelson, 2000; Kichler & Crowther, 2009). Indeed, this influence can have several long-term effects, not only in body dissatisfaction and disordered eating but also in self-esteem and depressive symptoms, as shown by some retrospective studies with undergraduate students focusing their experiences about parental weight-related teasing in childhood and adolescence (Benas & Gibb, 2008; Taylor et al., 2006). Vincent and McCabe study (2000) reveals some specific features of influence of each parent, showing that each parent can have a different role in their children’s disordered eating, in both sexes, and that research should include them both. Specifically, the discussion with both parents on topics related to weight or diets, and the encouragement of weight loss, proved to be predictors of disordered eating among girls, but in boys only maternal encouragement predicted weight loss behaviors and binge eating. 122 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? On the other hand, also in the Vincent and McCabe study (2000), maternal dieting behaviors emerged as an important source of influence on weight loss behaviors among adolescent girls. Thus, another mechanism of influence is related to parental modeling of the dysfunctional eating attitudes and behaviors. Several studies with adolescent girls and their parents have shown significant associations between abnormal eating attitudes of mothers and daughters (Pike & Rodin, 1991), and most times the same does not happen in relation to fathers when they are included (Keel, Heatherton et al., 1997; Yanez, Peix, Atserias, Arnau, & Brug, 2007). Since it is still unclear whether parental eating behaviors are associated with dysfunctional eating behaviors in adolescent boys (Keery et al., 2006; Vincent & McCabe, 2000), the weight of the influence of each parent modeling needs to be clarified, specifically about boys and girls. A final form of parental influence referred in the literature relates to the quality of family relationships, mainly family environment and relationships with parents. Family connectedness has been shown to be associated with higher body satisfaction, either in boys or in girls (Boutelle, Eisenberg, Gregory, & Neumark-Sztainer, 2009; Crespo et al., 2010). Moreover, several specific aspects of relationships that adolescents have with each of their parents have proven to be rather important. Parent-adolescent conflict was suggested by May, Kim, McHale and Crouter (2006) as the most important relationship quality indicator linked to adolescent weight concerns, although other dimensions of the relationship with the mother were also considered as predictors of weight concerns in young girls, such as a decrease in intimacy and in knowledge of children's daily experiences. Also other studies carried out only with girls, have shown that perceptions of negative parental relationships are associated with less healthy dieting and body image, recognizing the role of the relationship with both mothers and fathers in the development of healthy or disordered eating of adolescent girls (Archibald et al., 1999; Swarr & Richards, 1996). This relationship with parents can also be understood in light of the attachment theory. Especially at a time when adolescents are seeking to become autonomous and differentiate themselves from their parents, while continuing to require parents as sources of security (P. M. Matos, 2002), the attachment pattern they have established with them is essential. Early in the study of this domain eating disorders have been associated with adolescent girls’ difficulties to become autonomous from their family (Bruch, 1973; Latzer et al., 2002). More 123 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? recently, several studies have documented the relationship between insecure attachment to parents and eating disorders (for a recent review, see O'Shaughnessy & Dallos, 2009). Studies with non-clinical population have also found associations between insecure attachment to parents and body image or disordered eating. Using a single-item attachment measure, Sharpe and her colleagues (1998) found that insecurely attached preadolescent and adolescent girls were more concerned with weight and thinness than were securely attached girls. In Portugal, a study of both female and male adolescents (Barbosa & Costa, 2001/2002) showed that those with a secure attachment to the father were more satisfied with their weight and less concerned with appearance, and within the insecure group, the fearful presented the highest risk (curiously, the attachment to the mother showed no effect on these variables). The authors of both studies suggest that an insecure attachment makes adolescents more vulnerable to internalization and idealization of socio-cultural messages, given the tendency to seek acceptance from others. Adolescents who practice elite aesthetic sports are considered a high risk group for developing eating disorders (e.g. Byrne & McLean, 2002; Sundgot-Borgen & Torstveit, 2004). These adolescents are subject to additional pressures on the part of coaches, to have thin bodies and to control weight and body shape in order to achieve excellence in performance, so that many studies consider coaches as having a major influence on body image and eating behaviors of athletes (Byrne & McLean, 2002; Toro et al., 2009). Despite the need mentioned by some authors (Ringham et al., 2006; Thomas et al., 2005), there are very few studies with athletes that include family variables, so that the concrete influence of parents on body dissatisfaction and disordered eating of their aesthetic athletes children remains unknown. In 2001, a study on female ballet dancers (Klump, Ringham, Marcus, & Kaye, 2001) showed that they had significantly higher levels of family history of eating disorders than a control group, suggesting that genes could facilitate the involvement in a specific sub-culture which values thinness, such as dance schools. The only published study found that evaluates the relationship between eating behaviors of mothers and athlete daughters (Harris & Foltz, 1999) was performed with competitive tennis players, but not elite players, and did not show an association between eating behaviors of mothers and daughters. However, they used a small sample size, which may explain the absence of significant correlations. 124 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? From our point of view, family relations and, specifically, the attachment pattern that athletes have with their parents, can influence the way those perceive the messages that are transmitted in these high-risk contexts, and their impact on body image dissatisfaction and eating behaviors. As elite athletes are frequent targets of critical comments (Kerr et al., 2006; Muscat & Long, 2008), and as it seems to happen to adolescents in general, athletes with insecure attachment patterns may be more vulnerable to these comments and to the adoption of unhealthy eating behaviors. In a previous study, we found direct parental influences (as parent concern with children thinness and weight teasing) in disordered eating among elite athletes, but not in nonelite athletes or in the control group (Francisco, Narciso, & Alarcão, 2010b). So, the aim of the present study is to evaluate the role of other family variables in these adolescents body image dissatisfaction and disordered eating, particularly 1) parent concern with children thinness and weight teasing by parents, 2) the attachment to the father and mother, 3) the perceived quality of relationships with each one of them and the family environment, as well as 4) the level of their parents' disordered eating and body image dissatisfaction. Method Participants The study involved 227 adolescents of both sexes––85 athletes and 142 controls–– between 12 and 22 years old (athletes M = 15.35, SD = 2.73; controls M = 14.58, SD = 1.81), and their parents (223 mothers and 198 fathers), aged between 29 and 71 years (mothers M = 44.71, SD = 5.34; fathers M = 47.25, SD = 6.43). Athletes are professional dance students (n = 41) and gymnasts participating in international competitions (n = 44). Therefore, they are considered elite aesthetic athletes. The majority (79.3%) comes from intact nuclear families, 11.1% of single-parent families and the rest reported other family configurations. Almost half of participants’ households presents a medium-high or high socio-economic status (SES) (49.6%), 25.2% medium SES and 25.2% low SES. They live in different parts of Portugal, as Centre (48%), Lisbon Metropolitan Area (47.6%), North (3.5%) and South (0.9%). The participants 125 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? represent a part of a sample used in a previous study on predictive risk factors of disordered eating (Francisco, Narciso et al., 2010b) with elite athletes, nonelite athletes and controls, whose parents returned their questionnaires. Measures Measures completed by adolescents McKnight Risk Factor Survey-IV (MRFS-IV; The McKnight Investigators, 2003). It is a self-report questionnaire that assesses potential risk factors for the development of eating disorders. The Portuguese version used in this study (Francisco, Alarcão et al., 2010b) consists of 82 items (most of them rated on a 5-point Likert scale, from "Never" to "Always"), organized into 8 indicators and 9 factors. The “Parental Influences” factor (α = .72), consisting of four items––“In the past year, how often has your father (mother) made a comment to you about your weight or your eating that made you feel bad?” and “In the past year, how important has it been to your father (mother) that you be thin?”––was used to evaluate the influence of parent concern with thinness and weight teasing by parents. Questionnaire of Attachment to Father and Mother (QVPM, P. M. Matos & Costa, 2001). In order to assess the perceptions that adolescents have of attachment relationships with each of their parents, we used the revised version of the QVPM, consisting of 30 items rated on a 6-point Likert scale (from "Strongly disagree" to "Strongly agree"). It is organized in three dimensions––“Quality of the Emotional Bond”, “Separation Anxiety (and dependency)”, and “Inhibition of Exploration and Individuality”––originally composed of 10 items each. A principal component analysis (performed separately for items related to father and mother; N = 689 father version, N = 705 mother version) was conducted on the 30 items with oblique rotation (Promax) and revealed that the distribution of items per dimensions is quite similar to the structure proposed by Costa and Matos (2001), with the exception of two items (one of them was excluded from the father version, because it did not saturate in any factor; the other was moved from factor 2 to factor 1, due to its higher saturation in the latter, in both versions). With our sample, the study of internal consistency of QVPM revealed Cronbach's alpha values between .79 and .94 for the three dimensions of the questionnaire. The distribution of participants in four clusters allows us to identify participants according to their pattern of attachment, theoretically based on the work of 126 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Bartholomew––secure, dismissing, fearful, and preoccupied (Bartholomew & Horowitz, 1991; P. M. Matos, 2002). Perception of relationships’ quality with parents and family environment. Through three single items rated on a 5-point Likert scale (from "Very bad" to "Very well/good"), adolescents are questioned about the quality of the relationship with each parent––"How is your relationship with your father (mother)?"––and the quality of family environment–– "How is your family environment?”. Measures completed by both adolescents and parents Contour Drawing Rating Scale (CDRS, M. A. Thompson & Gray, 1995). Body image dissatisfaction (BID) was assessed by the Portuguese version of CDRS (Francisco, Narciso et al., 2010a), consisting of a sequence of 9 silhouettes ordered from the thinnest to the largest. The discrepancy between the silhouettes chosen as representing their current and ideal body size is an indicator of BID. It has good test-retest reliability (r = .91) and construct validity (r = .65 with weight; r = .72 with BMI) among both adolescents and adults. Eating Disorder Examination-Questionnaire (EDE-Q, Fairburn & Beglin, 1994). The level of disordered eating (DE), understood in a continuum, was evaluated using the Portuguese version of the 5th edition of EDE-Q (Machado, 2007). This is a self-report questionnaire of 28 items grouped into four subscales (“Restraint”, “Shape Concern”, “Eating Concern”, and “Weight Concern”), which the average constitutes a global score. Items are rated on a 7point Likert scale (from "None"/"Nothing" to "Everyday"/"Extremely"), indicating the number of days, regarding the previous 28, in which certain behaviors, attitudes and feelings occurred. International studies have shown that EDE-Q is an appropriate assessment of DE, with adolescents (Peterson et al., 2007) and adults (Mond, Hay, Rodgers, Owen, & Beumont, 2004). When applied to our sample, EDE-Q showed good psychometric properties with internal consistency values greater in the sample of adolescents than in the sample of parents [Global Score (adolescents α = .92; parents α = .83), Restraint (adolescents α = .81; parents α = .75), Shape Concern (adolescents α = .91; parents α = .86), Eating Concern (adolescents α = .77; parents α = .68) and Weight Concern (adolescents α = .84; parents α = .75)]. 127 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Procedure All participants completed an informed consent before answering the research protocol15. For the participation of adolescents, authorization was sought from their parents/guardians. Most athletes completed the protocols at home, after delivery by the main researcher to the dance teachers/gymnastics coaches, who in turn handed them over to their students/gymnasts. The questionnaires were later returned in sealed envelopes with no identification, thus respecting anonymity. All adolescents in the control group completed the research protocols during normal classes at their schools, in the presence of the researcher. The participants’ parents received their protocols via their children, which, in turn, returned them a week later in a sealed envelope. Statistical Analyses The statistical analysis was conducted using SPSS 17.0. We used the Kruskal-Wallis test to assess means differences between groups (athletes vs. controls), given the small sample size of male athletes (n < 30). Chi-square tests examined categorical frequencies. When the expected counts were less than five, the Fisher exact test was used. Relationships between parental and child variables were investigated using Spearman correlations. Multiple regressions were used to investigate which parental variables predict adolescents BID and disordered eating. Results Descriptive Statistics and Groups Differences Table 15 presents the descriptive statistics of all variables and the means differences for the two groups (athletes and controls), boys and girls separately, and their parents. 15 The PhD project of the first author, subjacent to this study, was approved by the Fundação para a Ciência e a Tecnologia (Portugal) and by the Postgraduate Study Commission of the Faculty in which the PhD is being taken. The application of the protocol in schools was authorized by the Direcção Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular of the Ministry of Education. 128 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 15. Descriptive Statistics by Sex and Group and Comparison Means (N=227) Athletes (n=60) Girls (n=142) Controls (n=82) U p< Athletes (n=25) Boys (n=85) Controls (n=60) U p< Adolescents Age (years) 15.05 (2.40) 14.51 (1.81) 2193.50 ns 16.08 (3.33) 14.68 (1.81) 596.00 ns BMI 18.66 (2.17) 19.79 (2.62) 1925.50 .05 20.96 (3.21) 20.54 (3.42) 634.00 ns Parental Influences 1.42 (0.59) 1.21 (0.41) 2068.50 ns 1.16 (0.36) 1.18 (0.34) 641.50 ns BID -0.55 (1.25) -0.61 (1.34) 2425.50 ns -0.21 (0.89) -0.07 (1.17) 729.00 ns Restraint 1.33 (1.33) 0.78 (1.18) 1861.50 .01 0.47 (0.67) 0.36 (0.83) 626.50 ns Shape Concern 1.81 (1.65) 1.46 (1.36) 2365.50 ns 0.67 (0.98) 0.77 (1.05) 729.50 ns Eating Concern 0.97 (1.24) 0.46 (0.68) 2042.00 .05 0.13 (0.23) 0.25 (0.48) 742.50 ns Weight Concern 1.97 (1.80) 1.59 (1.56) 2264.50 ns 0.45 (0.81) 0.59 (0.95) 743.50 ns EDE-Q Global Score 1.52 (1.41) 1.07 (1.09) 2135.50 ns 0.43 (0.56) 0.49 (0.73) 721.50 ns Relationship with Mother 4.63 (0.54) 4.66 (0.62) 2234.50 ns 4.71 (0.47) 4.56 (0.74) 707.50 ns Relationship with Father 4.50 (0.65) 4.34 (0.88) 2232.00 ns 4.64 (0.63) 4.37 (0.73) 628.50 ns Family environment 4.47 (0.60) 4.38 (0.72) 2356.50 ns 4.50 (0.86) 4.24 (0.80) 712.50 ns 129 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 15. Continued Mother BMI 23.27 (3.68) 23.94 (3.84) 1893.50 ns 24.78 (7.14) 24.53 (4.45) 525.50 ns BID -1.50 (1.31) -1.14 (1.34) 2015.00 ns -1.64 (2.02) -1.49 (1.40) 557.50 ns Restraint 0.54 (0.92) 0.73 (0.97) 2154.50 ns 0.96 (1.60) 1.05 (1.43) 624.50 ns Shape Concern 1.16 (1.24) 1.22 (1.12) 2044.50 ns 1.25 (1.87) 1.24 (1.39) 667.00 ns Eating Concern 0.26 (0.61) 0.22 (0.50) 2291.00 ns 0.46 (1.04) 0.13 (0.37) 623.50 ns Weight Concern 1.22 (1.32) 1.15 (1.14) 2004.50 ns 1.30 (1.79) 1.26 (1.33) 666.00 ns EDE-Q Global Score 0.79 (0.89) 0.83 (0.78) 1909.00 ns 0.99 (1.49) 0.92 (1.01) 657.50 ns BMI 26.58 (3.83) 26.76 (3.38) 1705.50 ns 28.28 (4.38) 26.80 (4.12) 339.50 .05 BID -1.24 (0.94) -0.83 (1.11) 1654.00 ns -1.50 (1.09) -0.93 (0.91) 362.00 .05 Restraint 0.67 (0.98) 0.61 (1.17) 1844.50 ns 0.54 (1.02) 0.37 (0.75) 462.00 Shape Concern 1.06 (1.25) 0.71 (1.13) 1676.00 ns 0.96 (0.94) 0.58 (0.97) 377.50 .05 Eating Concern 0.24 (0.43) 0.23 (0.65) 1932.00 ns 0.10 (0.28) 0.07 (0.21) 526.00 ns Weight Concern 1.09 (1.40) 0.89 (1.41) 1841.00 ns 0.93 (0.94) 0.67 (1.04) 381.00 ns EDE-Q Global Score 0.76 (0.86) 0.61 (0.94) 1733.00 ns 0.63 (0.53) 0.42 (0.65) 305.00 .01 Father ns 130 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Regarding the results of adolescents, male athletes and controls show no significant differences in any of the variables, while female athletes have lower BMI and higher levels of restraint and eating concern than the controls, two subscales of EDE-Q. Regarding adolescents’ parents, there are no significant differences in any variable between the mothers of both female and male athletes and controls, or between the fathers of female athletes and controls. However, there are some differences between fathers of male athletes and controls; the fathers of male athletes have significantly higher BMI than controls, which is associated to higher levels of BID, shape concern and EDE-Q global score. Table 16 presents the distribution of participants by different attachment patterns and the results of Chi-square test. There are significant differences between female athletes and controls in the attachment to the father (but not the mother), while male athletes differ from controls in the attachment to the mother (but not the father). There are significantly fewer female athletes to present a fearful pattern of attachment to the father, compared with control females, with no differences found in other patterns. As for boys, there are significantly fewer athletes with a fearful pattern of attachment to the mother and more athletes having a preoccupied pattern, compared with controls. Table 16. Distribution of Participants by Patterns of Attachment to the Mother and Father and Chi-square test Athletes n (%) Attachment to Mother Girls (n=142) Controls 2 χ n (%) 4.11 p< Athletes n (%) Boys (n=85) Controls n (%) ns 2 χ p< 7.73 a .05 Secure 27 (45) 28 (34.1) - 9 (36) 16 (26.7) 0.74 ns Dismissing 7 (11.7) 5 (6.1) - 2 (8) 10 (16.7) 1.09 ns Fearful 14 (23.3) 27 (32.9) - 3 (12) 21 (35) 4.61 .05 12 (20) 22 (26.8) - 11 (44) 13 (21.7) 4.34 .05 a ns Preoccupied Attachment to Father 7.83 .05 6.56 Secure 31 (51.7) 32 (39) 2.24 ns 7 (28) 20 (33.3) - Dismissing 7 (11.7) 8 (9.8) 0.13 ns 2 (8) 5 (8.3) - Fearful 7 (11.7) 26 (31.7) 7.80 .01 4 (16) 22 (36.7) - Preoccupied 15 (25) 16 (19.5) 0.61 ns 12 (48) 13 (21.7) - Note. a Fisher’s exact Test 131 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Family characteristics of the group with clinical indication of DE Taking into account the EDE-Q cut-off, we compared the results of the adolescents’ family variables with levels of DE similar to the clinical population (n = 37; 17 athletes and 20 controls) with those of adolescents who score below the EDE-Q cut-off16. Adolescents with clinical indication of DE report significantly higher levels of parental influences (M = 1.64, SD = 0.67 vs M = 1.19, SD = 0.38; U = 1796.00, p < .001), perceive lower quality in their relationship with father (M = 3.86, SD = 0.99 vs M = 4.51, SD = 0.68; U = 2357.00,p < .01), in their relationship with mother (M = 4.14, SD = 0.94 vs M = 4.70, SD = 0.52; U = 2583.50, p < .01) and family environment (M = 3.82, SD = 1.01 vs M = 4.44, SD = 0.64; U = 2664.00, p < .01) than the other participants. In turn, parents of these adolescents also reveal some differences. Mothers are more concerned about their body shape (M = 1.65, SD = 1.19 vs M = 1.17, SD = 1.29; U = 2368.50, p < .05) and weight (M = 1.53, SD = 1.23 vs M = 1.15, SD = 1.28; U = 2606.00, p < .05), while fathers have higher levels of restraint (M = 0.99, SD = 1.27 vs M = 0.48, SD = 0.95; U = 1883.00, p < .01), weight concern (M = 1.48, SD = 1.70 vs M = 0.75, SD = 1.16; U = 1736.50, p < .05) and EDE-Q global score (M = 0.95, SD = 1.05 vs M = 0.52, SD = 0.76; U = 1655.00, p < .05), compared to parents of adolescents who do not exhibit DE symptoms at a clinical level. Regarding attachment patterns, significant differences emerge only in the attachment to the father [χ2 (3) = 16.36, p < .01], where the dismissing pattern [χ2 (1) = 15.06, p < .01] is more frequent in patients with clinical indication of DE than in other adolescents (27% vs 6.3%). Correlations between Parental and Child Variables Both boys and girls show few significant correlations with the parental variables, which are mostly weak (r < .40). Interestingly, among girls parental influences do not appear correlated with their parents BID or DE (see Table 17), contrary to what happens with boys (see Table 18). In the group of male athletes, parental influences are not correlated with any maternal variable, but are negatively correlated with fathers’ restraint, shape concern, weight concern and EDE-Q global score, with even moderate to strong correlations. Among 16 Since among these adolescents there are only 6 boys and clinical indication of DE has not proven to be 2 associated with belonging to the athletes or control group [χ (1) = 1.46, n.s.], both male and female athletes and controls with EDE-Q scores above the cut-off were analyzed together and compared with all other adolescents who scored below EDE-Q cut-off. 132 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? male athletes, it’s also noteworthy the significant correlations (moderate) of children’s BID with mothers’ eating concern and fathers’ restraint, as well as children’s eating concern with parents’ BID. BID and Disordered Eating Family Predictors Although the sample size is relatively small for multiple regression, we chose to separate athletes (n = 85) and controls (n = 142). In order to use at least 10 participants per predictive variable for each of the dependent variables (BID and DE), three sets of variables were tested separately. In all groups, individual variables sex and BMI were included, given the strong relationships established in the literature between females and DE and between high BMI and DE (e.g. A. E. Field et al., 2001). The first group included BID and subscales of mother’s EDE-Q; the second included BID and subscales of father’s EDE-Q; the third included parental influences, relationship with father, relationship with mother, family environment, secure attachment to the father and secure attachment to the mother. Those predictors which were significant (p < .05) or near significant (p < .10) were then culled from these preliminary regressions and used in the final model. Sex and BMI proved to be significant predictors in all analysis and for both samples. Athletes Regarding BID dependent variable, we retained only mothers’ restraint of the first set of variables and parental influences of the third set, so these variables were included in the final model, along with sex and BMI. As to the dependent variable EDE-Q global score, no variable was retained from the first and second sets, so the final model includes only parental influences, sex and BMI. Controls In regards to BID dependent variable, we retained only mother’s BID and weight concern of the first set of variables, which were included in the final model, along with sex and BMI. For the dependent variable EDE-Q global score, we retained mother’s eating and weight concern of the first set of variables, and no variable related to the father (second set) proved significant. From the third set, parental influences, perception of family environment and secure attachment to father and mother appeared as potential predictors. As it was shown that a secure/insecure attachment could be a good predictor of DE, two tests were 133 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? also performed to verify which patterns of insecure attachment to either father or mother should be included in the final model. Dismissing and fearful patterns of attachment to the mother proved significant, whereas none of the patterns of insecure attachment to the father showed significant predictive ability, so therefore only secure attachment to the father was included in the final model. Tables 19 and 20 show the final regression models in both samples, for BID and DE, respectively. Regarding athletes’ BID, sex, BMI and parental influences were significant predictors, but not mother restraint, accounting for 40% of the variance. For controls’ BID, sex, BMI, mother BID and mother weight concern were all significant contributors, but only explained 27% of the variance. For athletes’ DE, sex, BMI and parental influences were the only predictors, accounting for 42% of the variance, whereas in the controls model, to these variables it can be added mother's eating and weight concern and perceived family environment, together explaining 52% of DE the variance of DE. Although they were potential predictors in the previous analysis, attachment patterns were not significant in predicting controls’ DE, when combined with other variables in the model. 134 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 17. Correlations between Parental Influences, BID and Disordered Eating Parental and Female Childs Variables (N = 142 girls, 140 mothers and 125 fathers) Mother Variables Father Variables Child Variables 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 Parental Influences ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns .39** ns ns ns ns ns (ns) (ns) (-.25*) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns (ns) (ns) (.41**) (ns) (.37**) (.36**) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns .29* ns (ns) (ns) (.28*) (ns) (.27*) (.23*) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns -.34* ns ns ns .31* ns (ns) (ns) (.42**) (ns) (.40**) (.36**) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns -.30* ns ns ns .29* ns (ns) (ns) (.27*) (ns) (.25*) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) 1. BID 2. Restraint 3. Shape Concern 4. Eating Concern 5. Weight Concern 6. EDE-Q Global Score ns (ns) ns (ns) ns ** (.34 ) ns (ns) ns ** (.31 ) ns -.29 * (.27 ) * (ns) * ns ns ns .31 (ns) (ns) (ns) (ns) ns (ns) Note. Athletes are in the upper line and controls are in the lower line of each child variable, between parentheses; **p < .01, *p < .05 135 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 18. Correlations between Parental Influences, BID and Disordered Eating Parental and Male Childs Variables (N = 85 boys, 83 mothers and 73 fathers) Mother Variables Child Variables Parental Influences 1. BID 2. Restraint 3. Shape Concern 4. Eating Concern 5. Weight Concern 6. EDE-Q Global Score 1 2 3 4 Father Variables 5 6 1 2 3 * ns ns ns ns ns ns ns -.45 (ns) (.27*) (ns) (.31*) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns .47* ns ns ns (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns (ns) (.27*) ns 5 6 * -.62** ns -.50 (.29*) (ns) (ns) (ns) -.53* ns ns ns ns (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns ns (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns ns ns ns (ns) (.33*) (.31*) (.37**) (ns) (ns) (ns) (.31*) (ns) (ns) ns ns ns ns ns .46* ns ns ns ns ns (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (.32*) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns (ns) (ns) (ns) (.27*) (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) (.31*) (ns) (ns) ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns ns (ns) (ns) (ns) (ns) (ns) * (.33 ) * (.26 ) * (.33 ) (ns) (ns) -.51 4 * (ns) * (.28 ) Note. Athletes are in the upper line and controls are in the lower line of each child variable, between parentheses; ** p < .01, * p < .05 136 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 19. Summary of Multiple Linear Regression Analyses for Variables Predicting Athletes’ and Controls’ Body Image Dissatisfaction Athletes Variable Controls B SE B β B SE B β Sexa -0.80 0.25 -.31** -0.62 0.20 -.23** BMI -0.26 0.04 -.56*** -0.20 0.03 -.45*** Mother BID - - - -0.18 0.08 -.20* Mother Weight Concern - - - -0.21 0.10 -.20* Mother Restraint -0.12 0.10 -.11 - - - Parental Influences -0.45 0.19 -.22* - - - R2 .40 .27 F 12.21*** 11.66*** Note. a Dummy Variable coded 0 for male and 1 for female; *** p < .001, ** p < .01, * p < .05 137 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 20. Summary of Multiple Linear Regression Analyses for Variables Predicting Athletes’ and Controls’ Disordered Eating Athletes Controls Variable B SE B β B SE B β Sexa 1.15 0.27 .39*** 0.81 0.14 .38*** BMI 0.18 0.05 .35*** 0.60 0.02 .17* Mother Eating Concern - - - -0.45 0.18 -.20* Mother Weight Concern - - - 0.25 0.07 .29** 1.06 0.21 .44*** 0.92 0.16 .40*** Family environment - - - -0.26 0.12 -.18* Secure attachment to Mother - - - -0.33 0.21 -.15 Dismissing attachment to Mother - - - -0.07 0.29 -.02 Fearful attachment to Mother - - - 0.15 0.18 .07 Secure attachment to Father - - - 0.16 0.18 .07 Parental Influences R2 .42 .52 F 18.44*** 13.23*** Note. a Dummy Variable coded 0 for male, insecure, non-dismissing and non-fearful attachment; and 1 for female and secure attachment; *** p < .001, ** p < .01, * p < .05 138 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Discussion This study sought to focus on the influences of several family variables––particularly related to the mothers and fathers of adolescents––in body image dissatisfaction and disordered eating of elite aesthetic athletes, having adolescents (and their parents) who do not practice any aesthetic sport as a control group. The absence of significant differences in BID and in DE indicators of the mothers of athletes and controls and the fathers of female athletes and controls, in general, do not support the results of the only study we have had access to up to now which compares one group of aesthetic athletes with controls, and showed increased DE among relatives of ballet dancers (Klump et al., 2001). Despite the significant differences between fathers of young male athletes and controls in two indicators of DE and BID, we think that these are due to the fact that parents of athletes presented significantly higher BMI, so the associated dissatisfaction may lead to the adoption of certain attitudes or behaviors possibly appropriate and essential to the reduction of their excess weight. It is also among the fathers of male athletes that parental influences (parental concern with thinness and weight teasing by parents) are moderately to strongly associated with lower levels of restraint, shape concern, weight concern and global DE of the fathers. However, we believe that the small size of the sample of male athletes and fathers have contributed to these unexpected results. Moreover, the absence of significant correlations between parental influences and indicators of BID or DE on parents in the other studied groups, leads us to hypothesize that rather than being motivated by their own concerns, such influences may be a reflection of socio-cultural pressures, and the parents are just another means of reinforcing the standard of beauty as thinness. Individual variables show the expected differences according to the literature (e.g. Byrne & McLean, 2002), with female athletes showing lower BMI and higher levels of two indicators of DE (restraint and eating concern), relative to controls. However, we also expected to find a global level of DE significantly higher, according to our previous study in which these same adolescents participated, along with others whose parents have not returned their research protocols (Francisco, Narciso et al., 2010b). Since the average values of DE are lower in this study, we found two possible explanations for this fact: 1) 139 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? adolescents with higher levels of DE may have been less ready to seek cooperation from parents to the study, since the subject of the investigation could trigger conversations with their parents (something that, as we know, people with DE generally avoid); 2) parents of adolescents with higher levels of DE may have refused to participate, possibly because they had also more unhealthy eating behaviors and attitudes. In variables concerning the family, significant differences were only found between athletes and controls in some attachment patterns. Although the percentage of athletes and controls with secure attachment to both parents did not differ significantly (neither in girls nor in boys), there are some differences in the pattern of insecure attachment, curiously, only in relation to the parent of the opposite sex of the adolescent. Male athletes show a higher proportion of preoccupied pattern and, among both girls and boys, the athletes with a fearful pattern are significantly less when compared with controls. This can be understood based on the dynamic balance between the need for autonomy and individuality and the maintenance of close bonds with parents. In fact, individuals who have a fearful pattern have particularly more difficulty in renegotiating this balance, which might not be compatible with the dedication to dance and gymnastics that is required for these athletes, often involving participation in activities outside the city or country they live in. Moreover, taking into account the internal working models of the self and others, each one of them dichotomized into positive and negative, individuals with fearful attachment pattern have a negative view of themselves or of others, while those with a preoccupied pattern equally have a negative assessment of themselves, but positive of others (Bartholomew & Horowitz, 1991). So, both female and male athletes seem to have a more positive view of others than controls, which may be associated with participation in several auditions and competitions, and therefore they are more reinforced by those around them. Still, it seems that this reinforcement does not translate into a sense of greater appreciation of themselves, as one might think, so that future studies should better explore the characteristics of parental attachment in athletes. Among adolescents who scored above EDE-Q cut-off, the only attachment feature that distinguishes them relates to the attachment to the father, most often presenting a dismissing pattern, characterized by a negative view of themselves or others (Bartholomew & Horowitz, 1991). The fact that attachment to the father has shown to be a distinguishing 140 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? factor (not the attachment to the mother) coincides with the study of Barbosa and Costa (2001/2002), reinforcing the idea that a positive emotional bond with the father is crucial for a positive body experience. However, the authors point to fearful pattern (relative to the father) as associated to the group of adolescents at greater risk for high physical appearance and weight concern, which does not occur in our data. The dismissing pattern in relation to the father that we find in these adolescents coincides partly with Ward and colleagues study (2001), which shows a preponderance of this pattern among patients with Anorexia Nervosa and their mothers. The other differences found between the groups of adolescents who scored above and below EDE-Q cut-off are in agreement with the literature that investigates family characteristics associated to DE, specifically the perception of lower quality in the relationship with both parents, as well as with the family environment (Archibald et al., 1999; Crespo et al., 2010), and more concern with children thinness and weight teasing (Ata et al., 2007; Smolak et al., 1999) among those adolescents revealing higher risk. Also the differences among their parents coincide with Pike and Rodin study (1991), who found associations between mothers and daughters disordered eating, but not with studies which included the father (Keel, Heatherton et al., 1997; Yanez et al., 2007). Our data suggest, therefore, the need to study the fathers eating behavior, often neglected in these studies. Finally, regressions results show differences in the predictive family variables of body image dissatisfaction and disordered eating in athletes and controls. As expected according to literature (e.g. A. E. Field et al., 2001) and our previous study adolescents’ sex and BMI are significant predictors of either BID or DE, among athletes and controls. In addition to these two individual predictors, the only family variable that proved predict athletes BID and DE was the parental influences, especially as a DE predictor. This shows the need to integrate parents in preventive actions in contexts where aesthetic elite sports are practiced and alert them to the influence of their comments and values they transmit, because they can strengthen the concerns of adolescents and their social contexts (peers and coaches). In this sense, it is essential that the family system provides conditions that balance the demands of the sport context, in relation to the pressure to be thin that adolescents go through. In relation to controls, these parental influences are not predictive of BID, to which contribute, instead, BID and weight concerns of mothers. Among the DE predictors in the 141 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? control group, we found more family variables. Apart from parental influences, in line with Field and colleagues study (2001), and weight concern of mothers, confirming the influence of maternal modeling of other authors (e.g. Pike & Rodin, 1991), also the negative perception of the quality of family environment has proved to be an important predictor, as opposed to the quality of the specific relationship with each parent. Family environment should be taken into account in the future because it is important to explore the specific features that make it a predictor of disordered or healthy eating behaviors. Lastly, and despite some attachment patterns having shown to be potential DE predictors in the control group, when they are integrated into the regression model together with the other predictors they are no longer significant. More than the quality of the basic relationships between the adolescent and parents, their critical comments and the value they place on thinness, together with the family environment and maternal modeling of certain behaviors or attitudes to eating and weight, seem to be the family variables that contribute most to the DE of adolescents in general. In conclusion, as found by Wertheim and colleagues (2002), our data also seem to show a greater importance of parental influences in the form of parent concern with children thinness and weight teasing by parents rather than parental modeling of dieting or body concerns, especially among athletes, which are studied here for the first time. Exposure to so many other social models of eating behavior – as peers, television and coaches in the specific case of athletes – can diminish the contribution of parents as such. However, among adolescents in the general population, maternal modeling still seems to have a major impact in the BID and in the DE. This should be taken into account in preventive actions, particularly because healthy food models can also predict healthy eating behaviors of adolescents. The study has some limitations that should be taken into account when interpreting the results. Firstly the small sample size of athletes, which had implications, especially in carrying out multiple regressions. Thus, these regressions are preliminary and potentially unstable, and are offered only as indicators of future research, which should also seek to test these models in different samples of male and female athletes. The cross-sectional design represents another limitation, not allowing causal inferences to be made with regard to the influence of family variables in the development of adolescents’ body image 142 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? dissatisfaction and disordered eating. Longitudinal studies are needed for a proper explanation of this influence. However, to our knowledge, it is the first time a characterization of the family influence on body image dissatisfaction and disordered eating is done with both female and male aesthetic athletes, and being thus considered an exploratory study, enabled the identification of some specific and relevant aspects of elite aesthetic athletes’ families. 143 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? 144 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? INDIVIDUAL AND CONTEXTUAL VARIABLES: SPECIFIC PREDICTORS OF DISORDERED EATING AMONG ELITE AND NONELITE DANCERS AND GYMNASTS 17 Abstract Potential specific predictors of disordered eating (DE) were analyzed among 249 young dancers and gymnasts. Males of both activities present a lower level of DE than their female counterparts. Among girls, nonelite dancers present a lower risk of DE than the elite dancers, but elite and nonelite gymnasts do not differ. A usefulness analysis showed that dissatisfaction with specific body image to the practice of a particular sport is the best predictor of DE in athletes compared to dissatisfaction with body image in general, especially in dancers. Besides self-esteem and specific body image dissatisfaction, hierarchical regression analysis showed that the pressure to be thin was more important than the level of competition for understanding athletes' level of disordered eating. Perception of support did not appear to be relevant. The findings underline the need for preventive action in dance schools and gyms, including athletes and coaches. Keywords: dancers, gymnasts, disordered eating, body image dissatisfaction, self-esteem, pressure to be thin, social support. 17 Francisco, R., Narciso, I., & Alarcão, M. (2010). Individual and contextual variables: Specific predictors of disordered eating among elite and nonelite dancers and gymnasts. Submetido a Journal of Applied Sport Psychology. 145 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Introduction Dancers and gymnasts, as practitioners of aesthetic sports, are considered high-risk groups for developing eating disorders. Most studies have revealed a significantly higher prevalence of clinical and subclinical syndromes in these particular groups of athletes than in athletes of other sports and the general population, as well as being higher in elite athletes than in nonelite athletes (e.g. Byrne & McLean, 2002; Garner & Garfinkel, 1980; Sundgot-Borgen & Torstveit, 2004). Despite presenting a body mass index (BMI) lower than the control groups (Bettle et al., 1998; Toro et al., 2009), the female ballet dancers and dance students in professional schools express, in general, the desire to achieve an even lower weight, amounting to about 82% below normal body weight (Bettle et al., 1998). They also reveal poor results in selfesteem and body image satisfaction, lower than in female nondancers (Bettle et al., 2001), and also symptomatology similar to the ones found in patients with eating disorders (Davis & Strachan, 2001; Ringham et al., 2006). It is worth noting the lack of studies with adolescents who practice dance, specifically classical ballet, recreationally or non-professionally. In one of the first studies that compares professional female young ballet students and amateurs (Doumenc, Sudres, & Sztulman, 2005), the authors found that professional dancers displayed a current and ideal weight, BMI, and silhouette lower than amateur dancers. However, professional dancers did not present significantly higher rates of eating disorders or body dissatisfaction when compared to amateurs. Nevertheless, a more recent study, of similar characteristics, showed that professional dancers were more concerned with their weight, despite being more satisfied with the various areas of their body than amateur dancers (Pollatou, Bakali, Theodorakis, & Goudas, 2010). Most studies include only female dancers, with the exception of the work developed by Bettle and Neumärker’s team. Although the male ballet students present results of higher body image dissatisfaction compared to non-dancers, this is not associated with a higher drive for thinness (Neumärker et al., 2000), possibly because they already show a significantly lower BMI (Bettle et al., 2001). Compared to their female counterparts, male dancers seem to be more satisfied with their bodies, despite having similar BMI (Bettle et 146 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? al., 1998), which may reflect a greater pressure on the female dancers to have extremely thin bodies, as a sign of dedication and success (Francisco, Alarcão et al., 2010a; Gvion, 2008). However, the weight loss and energy deprivation necessary to achieve these aesthetic ideals, particularly in girls, have serious health implications, such as menstrual irregularities, risk of bone fractures and negative effects on the cardiovascular system (Dotti et al., 2002; Reijonen, Pratt, Patel, & Gredanus, 2003). As regards gymnasts, there are relatively few studies investigating specifically this context, alone or in comparison with nonathletes. In the case of male gymnasts, we know of no research that focuses them as a main study group (or compared to female gymnasts) in relation to their eating habits, and when assessed, they are integrated into groups of lean sports athletes. The results of these studies have proved to be somewhat inconsistent, as some have shown levels of eating disorders comparable to non-lean sports athletes and normative groups (Petrie, 1996), while other more recent studies, emphasize the increased risk to these male athletes, as they show higher levels of disordered eating and body dissatisfaction (Milligan & Pritchard, 2006). On the contrary, the eating behaviors of female gymnasts have been subject to more attention. As mentioned previously in relation to female dancers, female gymnasts, whether elite or nonelite, also seem to want to lose more weight than girls in the control group, even though they show a significantly lower BMI (de Bruin et al., 2007). For example, a group of elite rhythmic gymnasts had very similar BMI values to those of Anorexia Nervosa (AN) patients, although they didn’t reveal other similarities in measures related to eating disorders, whose values are closer to the results of nonathletes (high school students) (Salbach, Klinkowski, Pfeiffer, Lehmkuhl, & Korte, 2007). These data contrast with those of previous studies that showed high frequency of pathological eating and weight control behaviors among female collegiate gymnasts (Petrie, 1993; Rosen & Hough, 1988) associated with lower self-esteem and body satisfaction (Petrie, 1993). In a recent study conducted by us (Francisco, Narciso et al., 2010b), which combined both dancers and gymnasts in groups of elite and nonelite athletes, of both sexes, elite female athletes showed higher levels of disordered eating than nonelite female athletes and female nonathletes. No differences were found between the three groups of boys. In addition, the individual and relational variables studied point to different predictors, and 147 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? with different degrees of relevance, in each group. The group of elite athletes presents the smallest number of disordered eating predictors, which leads us to think that other variables, more specific to the context of sport, may strongly contribute to higher levels of disordered eating of elite athletes. Thus, we find that it is essential to develop more research on the differences between the educational contexts of professional and recreational dance, as well as between different levels of competition, in gymnastics. Such research could indicate more specifically which distinctive aspects of each of these cultures/systems may better predict disordered eating of athletes, which should be taken into account in specific preventive interventions of systemic orientation (e.g. Piran, 1999b). The high degree of competitiveness (Garner & Garfinkel, 1980; Picard, 1999) and pressure from teachers and coaches (de Bruin et al., 2007; Byrne & McLean, 2002; Kerr et al., 2006; Muscat & Long, 2008; Sundgot-Borgen, 1994; Toro et al., 2009) are considered specific risk factors in these contexts, as well as possible explanations for the high levels of disordered eating among dancers and gymnasts. A qualitative exploratory study of the contexts of elite gymnastics and professional education of classical dance in Portugal identified the pressure to be thin as a main risk factor. This pressure can be understood as addressed to young athletes in the form of critical comments from teachers/coaches and peers about eating, weight and food, but also as an implicit rule, imposed by the subculture of classical dance and gymnastics. This is especially noticeable with girls. On the other hand, the importance given by the young athletes to a positive relationship with teachers/coaches and parental support for many aspects of dance or gymnastics (Francisco, Alarcão et al., 2010a), leads us to consider support in the context of sport as a possible protective factor of disordered eating in these elite athletes. Both low self-esteem and body image dissatisfaction appear to be important determinants in the development of eating disorders in the general population (Jacobi et al., 2004), but also among athletes. Some studies have shown that athletes, especially elite athletes, have higher global self-esteem than non-athletes (Armstrong & Oomen-Early, 2009; Findlay & Bowker, 2009; Marsh, 1998), which can be described as an important protective factor for eating disorders in these adolescents. However, we conducted a study that found no differences in athletes self-esteem (both elite and nonelite) compared to nonathletes, neither did low self-esteem proved to be predictive of disordered eating in elite 148 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? athletes (Francisco, Narciso et al., 2010b). Therefore it seems important to re-investigate this hypothesis. With regard to body image, in contexts where the focus and overconcern with body are common, body image dissatisfaction makes the athletes more susceptible to extreme and inappropriate eating and weight control behaviors (Davis, 1992; Davis & Strachan, 2001; Muscat & Long, 2008; Petrie, 1993; Williamson et al., 1995). However, the meta-analysis by Hausenblas e Downs (2001) shows that, in general, athletes have greater satisfaction with their body image than nonathletes, and no differences were found among athletes in aesthetic, endurance and ball game sports. Also, the athletes in the study of Byrne and McLean (2002) showed significantly higher levels of eating disorders than nonathletes, but not of body dissatisfaction, as occurs between thin-build athletes and normalbuild athletes. As body dissatisfaction is a central factor in eating disorders, these findings may be due to the concept of "body image" that the athletes are asked to assess. In fact, the aesthetic/performance requirements of each sport imply that in many cases, the ideal body image conveyed by society in general is quite different from the ideal image for the practice of a particular activity, leading many athletes, especially females, to live a paradox in relation to their body image (Russell, 2004). For example, Toro and colleagues (2009) showed that BMI above 18 in female ballet students was only associated with weight dissatisfaction for artistic reasons, but not for personal reasons. In this sense, it seems important among athletes to assess body image dissatisfaction, either associated with the activity performed, or associated with daily life and current social standards. Most studies do not include athletes under the age of 18, but mainly collegiate athletes. Nevertheless, girls as young as 5, who participate in aesthetic sports, already have more weight concerns than girls who participate in non-aesthetic sports or no sports (K. K. Davison, Earnest, & Birch, 2002), and appear to initiate weight control behaviors during puberty or adolescence (Sundgot-Borgen, 1994), which is the most vulnerable period for the development of eating disorders. Thus, it is also the best period in which to identify athletes at risk and implement preventive measures. Therefore, with this study we intend to 1) investigate the level of disordered eating, understood in a continuum (Shisslak et al., 1995), in both female and male adolescents, practitioners of classical dance and gymnastics at different levels of competition; 2) compare the predictive ability of two indicators of body image dissatisfaction in athletes disordered eating; and finally 3) assess the predictive ability 149 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? of the perception of pressure to be thin and of support in sports contexts, self-esteem and body image dissatisfaction on athletes' disordered eating. Method Participants The study involved 249 young dancers (n = 113) and gymnasts (n = 136) of both sexes aged between 12 and 22 (M = 15.41, DP = 2.55), living in different parts of Portugal, as Lisbon Metropolitan Area (54.6%), North (20.5%), Centre (17.3%), South (6.8%), and Madeira Islands (0.8%). The elite dancers group consists of 66 ballet students (53 girls and 13 boys; M = 14.53, SD = 2.28) from two professional dance schools in Portugal, with academic and arts education––Grades 7 to 12 (n = 57) or College (n = 9). The group of nonelite dancers is formed only by girls18 (n = 47; M = 14.57, SD = 2.30) from eight dance schools of recreational education. The group of gymnasts includes athletes of four different disciplines––acrobatics (n = 62), trampolines (n = 28), rhythmic gymnastics (n = 27) and artistic gymnastics (n = 19)––, from 16 Portuguese gymnastics clubs. The 69 gymnasts participating in international competitions (high competition) are considered the elite group (50 girls and 19 boys; M = 16.33, SD = 2.59), while the rest were integrated into the group of non-elite gymnasts (52 girls and 15 boys; M = 15.27, SD = 2.56). Measures Pressure to be Thin and Support To assess the perceptions of behaviors, attitudes, negative beliefs and pressures regarding weight control in sport clubs, as well as the perception of social support received or provided to athletes in those contexts by coaches or parents, we used the subscales “Pressure to be Thin” (12 items) and “Support” (15 items) from Climate in Sport Setting Scale (CISSS, Buchholz, Mack, McVey, Feder, & Barrowman, 2008), originally developed for 18 At the time of the study, in dance schools of recreational education, only two boys had the ages required to participate and therefore were excluded from this study. 150 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? the context of gymnastics. Items are answered on a 5-point Likert scale (from "Completely agree" to "Completely disagree"). From the psychometric study of the original instrument we only know the result of internal consistency of subscale “Pressure to be Thin” for gymnasts (α = .72) and we know that it is significantly correlated with other risk factors such as body esteem and eating attitudes (Buchholz, Mack, Steringa & Matthias, 2003, cit. by Buchholz et al., 2008). In this study both subscales demonstrated good internal consistency (Pressure to be Thin α = .83; Support α = .78). Self-Esteem To assess participants’ global self-esteem we used the Portuguese version of Rosenberg Self-Esteem Scale (RSES, Rosenberg, 1965; Faria, 2000), consisting of 10 statements related to self-esteem, for which participants graded themselves on a 6-point Likert scale (from "Strongly disagree" to "Strongly agree"). Both the study of adaptation to the Portuguese population (Azevedo & Faria, 2004), and the present study revealed a good internal consistency of the scale (α = .89 for both). Body Image Dissatisfaction (BID) Body image dissatisfaction was evaluated using the Contour Drawing Rating Scale (CDRS, M. A. Thompson & Gray, 1995), which consists of a sequence of nine silhouettes, ordered from the thinnest to the heaviest one. The discrepancy between the silhouettes selected as current and as ideal body size is considered an indicator of BID level. The higher the value of the discrepancy, the greater the BID; a negative sign in the value of the discrepancy indicates BID with a desire to have a thinner image, while a positive sign indicates BID with a desire to have a larger image than the current. The construct validity of the Portuguese version used (Francisco, Narciso et al., 2010a) was established with a sample of 1423 adolescents and adults through the correlations of the silhouette representative of actual body size with the actual weight (r = .65) and the BMI (r = .72). The test-retest reliability verified with a sample of university students (n = 55) was adequate (r = .91). In the present study, athletes were also asked to indicate the silhouette they considered being the ideal image specifically for the practice of classical dance/gymnastics, thus obtaining two BID indicators (general and specific BID). 151 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Disordered Eating (DE) To assess participants along a continuum of disordered eating, we used the 5 th edition of Eating Disorder Examination-Questionnaire (EDE-Q, Fairburn & Beglin, 1994; Machado, 2007), a self-report questionnaire consisting of 28 items, rated on a 7-point Likert scale. It is organized into four subscales (Restraint, Eating Concern, Weight Concern and Shape Concern), which mean results in a global score. Recently, a study of the psychometric properties of the EDE-Q (Peterson et al., 2007), with female participants, showed acceptable levels of internal consistency for the subscales (from α = .70 to α = .83) and global score (α = .90), the same obtained in this study (α = .90 for global score), where it is used as a global indicator of severity of DE. Control Variables Age, sex and BMI (kg/m2), as well as level of competition (elite vs. nonelite) are considered control variables in some statistical analysis, as we shall see. Procedure Participants completed an informed consent and research protocol after having been authorized by parents to participate in the study. The protocols were delivered by the chief investigator for dance teachers/gymnastics coaches, who in turn handed them over to their students/athletes. Two weeks later, the protocols were returned in a sealed envelope and no identification, respecting thus the anonymity. Data analysis was conducted using SPSS 17.0. Results Differences between Sexes and Level of Competition by Activity For each activity (dance or gymnastics), the participants were separated by sex and level of competition, and comparisons of results were made using the Kruskal-Wallis nonparametric test, given the small size of the groups of males (n < 30). When differences were found between the groups, the Mann-Whitney nonparametric test was used as post hoc procedure, applying the Bonferroni correction, as suggested by Field (2009). Tables 21 152 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? and 22 show the descriptive statistics and the differences between means variables, respectively in the groups of dancers and gymnasts. Body mass index (BMI) Regarding dancers, there were no significant differences in BMI, neither in gender, nor in the level of competition. As for gymnasts, elite boys have significantly higher BMI than elite girls (U = 220.00, p < .01) and nonelite girls (U = 221.50, p < .01). Perceived pressure to be thin and support19 In dancers, significant differences were found regarding the perceived pressure to be thin and support in dance schools, but only in relation to the level of competition, since elite boys and girls do not differ. The average scores of elite boys and girls are very similar, both showing a higher level of pressure to be thin (elite boys U = 43.00, p < .001; elite girls U = 284.50, p < .001) and lower perceptions of support (elite boys U = 64.50, p < .001; elite girls U = 422.00, p < .001), compared to the nonelite group. In gymnasts, there are significant differences regarding the pressure to be thin, but not in the support received in gymnastics clubs. Elite girls perceive greater pressure to be thin than nonelite girls (U = 664.00, p < .001) and than nonelite boys (U = 236.50, p < .0167), but show similar levels to elite boys. Self-esteem Differences found in relation to self-esteem of the three groups of dancers are not statistically significant. Among the gymnasts, there are significant differences. The elite boys have a higher self-esteem than elite (U = 245.50, p < .01) and nonelite girls (U = 254.00, p < .01), but similar levels to non-elite boys. 19 The values of the variables pressure to be thin and support must be interpreted in the opposite direction, i.e., the higher the result, the lower the perceived pressure to be thin and the lower the perception of support. 153 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 21. Descriptive Statistics and Comparison Means in Dancers Elite male dancers (n=13) Min Max M (SD) Age (years) BMI 12 20 14.38 (2.36) 15.81 20.72 18.22 (1.68) Elite female dancers (n=53) Min Max M (SD) 12 20 15.42 (2.45) 14.88 22.96 18.12 (1.85) Non-elite female dancers (n=47) Min Max M (SD) 12 20 K-W H (2 df) 14.57 (2.30) 4.65 13.24 27.57 19.04 (2.26) 3.44 1 2.89 2.13 (0.51) 1 4.11 2.22 (0.67) 1 4.78 3.42 (0.75) 51.08*** Support 2.23 3.92 2.78 (0.46) 1.77 4.08 2.67 (0.55) 1.15 2.85 1.94 (0.48) 39.34*** Self-esteem 3.50 5.80 4.60 (0.61) 2 6 4.42 (0.97) 2 6 4.82 (0.90) 5.71 General BID -1 1 0.31 (0.86) -4 2 -0.89 (1.25) -2 2 -0.23 (0.94) 14.35*** Specific BID -1 1 0.08 (0.95) -5 1 -1.45 (1.32) -5 2 -0.72 (0.95) 16.99*** EDE-Q Global Score 0 1.74 0.46 (0.52) 0 4.74 1.54 (1.27) 0 3.54 0.69 (0.90) 19.44*** Pressure to be Thin Note. ** p < .01, * p < .05 154 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 22. Descriptive Statistics and Comparison Means in Gymnasts Elite male gymnasts (n=19) Min Max M (SD) Age (years) Elite female gymnasts (n=50) Min Max M (SD) Non-elite male gymnasts (n=15) Min Max M (SD) Non-elite female gymnasts (n=52) Min Max M (SD) K-W H (3 df) 12 22 17.47 (3.30) 12 22 15.82 (2.13) 12 21 15.60 (2.90) 12 21 15.17 (2.47) 4.65 BMI 16.89 25.47 21.83 (2.26) 15.22 24.01 20.16 (1.99) 16.19 27.26 21.43 (3.29) 15.01 28.28 19.94 (2.42) 11.84** PressureThin 1.22 3.44 2.68 (0.61) 1.22 4.44 2.40 (0.77) 1.67 3.78 2.79 (0.58) 1.22 4.67 3.02 (0.73) 19.67*** Support 1.31 3.46 2.39 (0.59) 1.23 3.92 2.37 (0.65) 1.15 3.00 2.29 (0.48) 1 3.69 2.23 (0.56) 1.60 Self-esteem 2 6 5.21 (0.93) 2.20 5.90 4.52 (0.96) 3.8 6 4.98 (0.61) 2.80 5.90 4.64 (0.82) 12.92** General BID -2 1 -0.26 (0.81) -5 3 -0.84 (1.30) -1 3 0.27 (0.96) -5 2 -0.75 (1.34) 13.51** Specific BID -2 1 -0.58 (1.02) -4 1 -1.20 (1.04) -1 2 0.07 (1.03) -3 1 -1.00 (1.02) 16.59** EDE-Q 0 4.13 0.56 (0.99) 0 4.97 1.80 (1.38) 0 .91 0.34 (0.26) 0 4.14 1.30 (1.20) 28.12*** Note. PressureThin = Pressure to be Thin; EDE-Q = EDE-Q Global Score; * p < .05; ** p < .01 155 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Body image dissatisfaction (BID) There are significant differences in the three groups of dancers concerning both indicators of BID. Elite girls appear more dissatisfied than elite boys (general BID U = 154.00, p < .001; specific BID U = 129.00, p < .001) and than nonelite girls (general BID U = 862.50, p <. 01; specific BID U = 866.00, p < .01), wishing to present a thinner body than the current. The boys differ from elite and nonelite girls on specific BID (U = 180.00, p < .01) but not in regard to general BID, the first being more satisfied than the latter. Comparing the values of both indicators of BID, the Wilcoxon signed-rank test indicates that elite and nonelite female dancers are significantly more dissatisfied with their image as a dancer than with the overall image (T = 0, p < .001, in both groups). In males, there is a closer approximation (T = 0, p = 250) between the two ideal images. Also among the gymnasts there are significant differences in both indicators of BID. Nonelite boys are significantly more satisfied with their body image than elite girls (general BID U = 170.00, p < .001; specific BID U = 149.00, p < .001) and nonelite girls (general BID U = 212.00, p < .01; specific BID U = 193.50, p < .01). Although most gymnasts maintain the same value of BID in the two indicators, the Wilcoxon signed-rank test shows that when we do find differences, elite boys (T = 0, p < .05), elite girls (T = 3, p < .01) and nonelite girls (T = 6, p < .05) are significantly more dissatisfied with their body image as gymnast than with their overall image. The same is not true for male gymnasts from nonelite group (T = 1, p = 317), who reveal closer ideal images. Disordered eating (DE) Among dancers, elite girls results are significantly higher in EDE-Q global score than elite boys (U = 146.50, p < .001) and than nonelite girls (U = 683.50, p < .001). However, elite boys and nonelite girls show no significant differences in the global indicator of DE. As for gymnasts, regarding sex differences, elite girls present significantly higher DE results than elite (U = 166.00, p < .001) and nonelite boys (U = 105.50, p < .001), as well as non-elite girls (elite boys U = 266.00, p < .01; nonelite boys U = 202.50, p < .001). Among gymnasts of the same sex, no significant differences were found between elite and nonelite groups. 156 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 23. Correlations between Variables (N=249) Variables 1. 2. 1. Sexa - 2. Age -.120 - 3. BMI -.206** .449** - 4. Activitya -.172** .172** .378** - 5. Level of Competitiona -.138* .171** -.080 -.084 - 6. Pressure to be Thin .090 -.132* .090 .004 -.501** - 7. Support -.098 .186** .069 -.050 .351** -.407** - 8. Self-esteem -.166** -.053 -.135* -047 -.106 .225** -.294** - 9. General BID -.245** -.263** -.377** -.057 -.117 .164** -.220** .341** - 10. Specific BID -.312** -.279** -.312** .023 -.149* .224** -.227** .378** .846** 11. EDE-Q Global score .283** .086 .195** -.321** .203** -.553** -.628** -.641** .170** 3. .255** 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. - Note. a Dummy Variables coded 0 for Male, Dance and Nonelite, and 1 for Female, Gymnastics and Elite; * p < .05; ** p < .01 157 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Dancers vs. Gymnasts Since many differences were found between sexes in both dance and gymnastics groups, we compared their mean scores dividing them by gender. Thus, among girls, gymnasts have the higher BMI mean (20.00 vs. 18:55, U = 2993.00, p < .001) and EDE-Q global score (1.52 vs. 1.15, U = 4019.50, p < .05). However, if we only consider the elite athletes, there are no longer significant differences in the level of DE, the BMI of the gymnasts remains significantly higher (U = 575.50, p < .001) and the dancers perceive lower support than the gymnasts (U = 1003.00, p < .05). In the boys group, gymnasts, when compared to dancers, have significantly higher BMI (21.64 vs. 18:22, U = 62.00, p < .001) and self-esteem (5.12 vs. 4.60, U = 113.00, p < .01), lower perception of pressure to be thin (2.74 vs. 2.13, U = 95.50, p < .01) and greater perception of support (2.35 vs. 2.78, U = 120.00, p < .01). Comparing only the elite groups from the two activities, differences remain the same in all these variables (BMI U = 21.00, p < .001, self-esteem U = 51.00, p < .01; pressure to be thin U = 60.00, p < .05; support U = 76.50, p < .05), and a new result appears, as there are significant differences in the general BID (U = 78.00, p < .05). Disordered Eating Predictors among Athletes General and specific body image dissatisfaction Since the correlation (see Table 23) between the two indicators of BID (general and specific BID) showed multicollinearity (r = .846, p < .01), before performing multiple regressions, we attempted to evaluate the predictive validity of both indicators. Thus, we tested the hypothesis that in athletes the discrepancy with the ideal image for the practice of the activity is more relevant in the development of DE than the discrepancy with the ideal image in general. For each group of athletes (gymnasts and dancers), usefulness analysis was done (Darlington, 1968), which allows to compare the change in R2 associated with a set of independent variables, when the effects of other variables were controlled in the equation. Thus, we sought to test the incremental change in explained variance of DE that is attributable to the specific BID beyond the contribution of the control variables (sex, age, BMI and level of competition) and general BID. Both independent variables (general and specific BID) were introduced in the regression analysis in separate steps, in two possible orders to assess the unique variance explained by each of these independent variables on 158 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? the dependent variable (DE). Two sets of usefulness analysis were tested for each group of athletes. Control variables were entered in the first step, general BID in the second step, and specific BID in the third step. In the second set of analysis, control variables were entered in the first step, specific BID in the second step, and general BID in the third step. Among gymnasts, in the first set of analysis specific BID explained an extra 3% of the variance in DE (ΔR2 = 0.030, ΔF = 7.23, p < .01), beyond the contribution of general BID; and in the second set of analysis, the incremental variance explained decreased significantly but it is still significant (ΔR2 = 0.022, ΔF = 5.30, p < .05). However, among dancers the amount of unique variance explained by general BID is not significant anymore when entered in subsequent step to specific BID (ΔR2 = 0.032, ΔF = 6.50, p < .05; ΔR2 = 0.002, ΔF = 0.43, p = .513). Thus, in the following analysis, specific BID was the only variable used as a BID indicator in athletes. Multiple regression analysis Since the activity practiced showed no correlation with any of the major study variables (see Table 23) and the multiple regression analysis would be stronger if made with all athletes (N=249), thus meeting the necessary conditions (A. Field, 2009), we chose not to separate dancers from gymnasts. Therefore we conducted a hierarchical multiple regression analysis, integrating in the first step the control variables (sex, age, BMI and level of competition), after the dichotomous variables were transformed into dummy variables; in the second step, we introduced the two variables that are well established in the literature as predictors of DE (BID and self-esteem), and in the third step, we included the perceptions of pressure to be thin and support in the sport context. The results are summarized in Table 24, showing that age is not a predictor of DE in any of the models and the significance of sex, BMI and level of competition, as predictors of DE, clearly diminishes when self-esteem and BID are included in the next step. The level of competition no longer is a predictor of DE when the variable pressure to be thin is taken into account in the third step. Thus, the final model explains 56.6% of the DE variance among athletes, to which contribute mainly the high BID (β = -.38, p < .001) and lower self-esteem (β = -.33, p < .001), but also the perceived pressure to be thin (β = -.19, p < .001), a higher BMI (β = .18, p < .01) and, finally, being female (β = .17, p < .01). The perception of support did not prove to be a good predictor. 159 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Table 24. Summary of Hierarchical Regression Analysis for Variables Predicting Athletes Disordered Eating (N = 244) Model 1 Variable Model 2 Model 3 B SE B β B SE B β B SE B β Sexa 1.24 0.18 .40*** 0.47 0.16 .15** 0.53 0.16 .17** Age -0.01 0.03 -.01 -0.02 0.02 -.05 -0.03 0.02 -.05 BMI 0.18 0.03 .36*** 0.07 0.03 .15** 0.09 0.03 .18** Level of Competitiona 0.65 0.14 .27*** 0.32 0.11 .13** 0.18 0.12 .07 BID -0.43 0.06 -.41*** -0.40 0.06 -.38*** Self-esteem -0.46 0.06 -.34*** -0.44 0.07 -.33*** Pressure to be Thin -0.28 0.08 -.19*** Support -0.15 0.10 -.07 R2 .26 .54 .57 F for change in R2 20.58*** 73.84*** 6.62** Notes: a Dummy Variables coded 0 for Male and Nonelite, and 1 for Female and Elite; * p < .05, ** p < .01, *** p < .001 160 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? Discussion This study attempted to assess the level of disordered eating in young dancers and gymnasts, from both sexes and different levels of competition, as well as its relationship with two contextual variables – pressure to be thin and support in the sport context – and two individual variables fundamental to the development of eating disorders – self-esteem and body image dissatisfaction. For the last variable, we also intended to assess the predictive ability of two separate indicators (general and specific BID). The comparisons between means obtained, taking into account sex and level of competition, suggest some interesting new results. At the elite level, either in dance or gymnastics, there are no differences between boys and girls in perceived pressure to be thin in the sport context. Differences in this variable are only found when comparing elite and nonelite groups. This result supports the idea of thinness as an implicit rule that underlies elite culture of classical dance and gymnastics (Francisco, Alarcão et al., 2010a). It also supports other studies that report high pressure of gymnastics coaches in the contexts of high competition and professional dance schools, linking it to increased risk for the development of eating disorders (e.g. Kerr et al., 2006; Toro et al., 2009). However, our study shows that, more than belonging to the elite group, it is the level of athletes perceived pressure to be thin that increases the risk of DE. Two concrete data support this hypothesis: 1) when the variable pressure to be thin is introduced in the multiple regression model, the level of competition is no longer significant in the prediction of athletes DE; 2) gymnasts (both female and male) do not show significant differences of DE between the elite and nonelite group, although this is found among female elite and nonelite dancers. Indeed, the group of nonelite gymnasts in our study is quite heterogeneous, including athletes who have never participated in any competition, and gymnasts participating in national competitions, so the pressure on the latter could be significantly higher than on the first. On the contrary, in classical dance there seems to be a closer relationship between the elite level and pressure to be thin. The differences in perceived pressure to be thin, despite the absence of significant differences in elite and nonelite dancers BMI, may indicate that the pressure on dancers to lose weight is seen as "necessary" only in professional contexts and 161 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? not in recreational settings, where correspondence to the ballerina aesthetic ideal is less demanding. Interestingly, the poor perception of support in the sport context has not prove to be predictor of DE in athletes, and even presented very weak correlations (r < .30) with the global indicator of DE, but also with the other individual variables in the study (self-esteem and BID). Previous studies have revealed no significant correlations between social support in general and DE, both in general population, and in athletes (Byely et al., 2000; Francisco, Narciso et al., 2010b). The present study confirms this lack of relation, even when considering a specific support in the sport context. However, it seems important to take into account that elite dancers reported less support than nonelite dancers and elite gymnasts, in both sexes. In this sense, the perception of poor support in professional dance schools–– one of the main contexts where the elite dancers grow and develop––may potentiate negative experiences and outcomes, like less positive identity and burnout (Strachan, Côté, & Deakin, 2009), and should be investigated in the future. Low self-esteem proved to be a good predictor of DE in athletes, which is in line with most literature. However, and confirming the results of our study with aesthetic athletes and controls (Francisco, Narciso et al., 2010b), here too the elite and nonelite athletes showed similar levels of self-esteem, when separated by activity. Even taking into account the sex of participants, it is interesting to observe that only the elite male gymnasts have significantly higher self-esteem than girls (elite and nonelite). This was not expected because, generally, boys present higher results of self-esteem than girls (e.g. Azevedo & Faria, 2004). Physical self-esteem is considered the component that contributes the most to the global self-esteem of adolescents (Harter, 1999), and this is one of the main explanations for the higher self-esteem in boys vs. girls. However among the athletes, this relationship possibly does not occur in the same way. The study by Bowker, Gadbois and Cornock (2003) with young sport participants (competitive and recreational) showed that, despite boys were more satisfied with the way they look, boys and girls were not significantly different with regard to global self-esteem. The same is true in our study, which also shows relatively low correlations between self-esteem and indicators of BID. Thus, the skills of girls in other areas, particularly related to sports participation, may offset the higher 162 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? results of BID, explaining the lack of differences in global self-esteem in relation to male dancers and nonelite male gymnasts. The elite female dancers are significantly more dissatisfied with their body image than nonelite dancers, as opposed to two studies published with professional and amateur dancers (Doumenc et al., 2005; Pollatou et al., 2010). Yet the higher satisfaction of elite male dancers in relation to their female counterparts, together with the absence of difference in BMI, coincides with the study of Bettle et al. (1998). However, male dancers and female nonelite dancers only differ in the specific BID, reinforcing the idea of a ballerina aesthetic ideal much thinner than that of a male dancer, as well as compared with the aesthetic ideals of society in general. It also stresses the necessity to distinguish the two concepts of body image. Among gymnasts, levels of BID seem to be more similar, as only girls (both elite and nonelite) present themselves as more dissatisfied than nonelite male gymnasts in both indicators of BID. The pressure to conform to an ideal body shape for reasons of athletic performance, greater than the pressure on nonelite male gymnasts, may explain the absence of significant differences between elite male and female gymnasts. Overall, girls seem to make a greater distinction between general and specific ideal body image, since in every group there are significant differences between the two indicators of BID, always showing more dissatisfaction with their image as athletes. Like de Bruin and colleagues (2007), and taking into account the mean values of general BID, we hypothesize that most female dancers and gymnasts feel relatively well and thin enough in their daily life, but believe they need to present a thinner body for the practice of classical dance and gymnastics, making it coincide with the aesthetic ideals that enable them to achieve more success. Among males, the two ideal images seem to co-exist more easily, reflecting the actual male aesthetic ideal, lean and muscular (McCabe, Ricciardelli, & Finemore, 2002), since only the male elite gymnasts idealize an image to the practice of their activity significantly less heavy than the image of their daily life. These differences support our initial hypothesis and the result of the usefulness analysis, which showed that the specific BID is a better predictor of DE in athletes than the general BID, especially in dancers, where general BID does not even explain the variance of DE when specific BID is taken into account. Thus, the athletes BID assessment, especially girls, must take into account these differences, because the role of "athlete", "gymnast" or "dancer" often 163 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? becomes central to the lives of these young people, particularly at professional education and high competition level, ruling many aspects of their life (Lopiano & Zotos, 1992). Among gymnasts, we found the expected gender differences in relation to higher levels of DE on girls, regardless of the level of competition. Among elite dancers, these gender differences also occur, but, interestingly, between elite male dancers and nonelite female dancers they do not exist, both having significantly lower DE levels than elite female dancers. On the one hand, this result could indicate higher levels of DE in male dancers than in male nonathletes; on the other it could point to lower DE levels on nonelite female dancers than on female nonathletes. In an earlier study we conducted with a group of nonathletes (Francisco, Narciso et al., 2010b), we found DE levels on male nonathletes similar to those of male dancers (mean EDE-Q global score 0.52 and 0.46, respectively), and DE levels on female nonathletes much higher than on nonelite female dancers (mean EDE-Q global score 1.22 and 0.69, respectively). In this sense, we put the hypothesis that the practice of recreational classical dance is protective of development of eating disorders in young girls, which should be further explored with larger samples. To our knowledge, this is the first study comparing gymnasts and ballet dancers in variables related to disordered eating, so it is important to note some differences in the results of DE variables predictive of these two groups of athletes. Even though they did not show higher DE levels than male gymnasts, male dancers present two important risk factors: significantly lower self-esteem and more perceived pressure to be thin. The lower BMI presented by the dancers, in turn, can act as a protective factor, since high BMI proved to be a significant predictor of DE. As for girls, the gymnasts present significantly higher BMI and DE levels than the dancers. However, when comparing only elite female gymnasts and dancers, the differences in DE cease to exist, showing that it is the significantly lower results on female nonelite dancers, as seen previously, that contributes to these differences. Again, the level of competition appears to distinguish the two groups of dancers, putting elite dancers at greater risk, although the same does not happen with gymnasts, whose elite and nonelite groups seem more similar to each other. Some limitations can be pointed to our study, namely the small size of the groups of male athletes and, specifically, the absence of a group of nonelite male dancers, which is related to the reduced participation of boys in classical dance. The cross-sectional design of 164 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? the study does not allow a full comprehension of the relationship between participation in aesthetic sports and the development of DE, which only longitudinal studies may clarify. The use of self-report questionnaires, and the fact that we have not taken into account the percentage of respondents and non-respondents, constitute a limitation to our study and may have contributed to DE symptoms being underreported. As we know, athletes who have higher levels of disturbance prefer not to show it (not participating in research or denying some symptoms), even when anonymity conditions are guaranteed (Muscat & Long, 2008), as occurred in this study. Finally, despite the perception of pressure to be thin in the club where the athlete trains has been considered a good predictor and correlates with indicators of DE, future studies should seek to evaluate the perceived pressure to be thin on the athlete. Specifically, it is important to distinguish between pressure on female and male athletes, since a recent study showed higher prevalence of male (vs. female) elite athletes who reported being on a diet ordered by the coaches (Martinsen et al., 2010). In general, this characterization of the contexts of elite and nonelite dance and gymnastics also offers some clues for possible preventive actions, which in our opinion are essential in professional dance schools and in gyms where athletes from different levels of competition train. On a more individual level, these actions should focus on promoting young dancers/gymnasts self-esteem and satisfaction with their specific body image, which is essential to reduce the impact of pressure to be thin in their eating and weight control behaviors (Martinsen et al., 2010; Petrie et al., 2009). Nevertheless, other agents of sport contexts, mainly coaches, should also be the target of these actions, so they can understand the impact of their behavior and comments, specifically those that lead athletes to adopt unhealthy practices (Buchholz et al., 2008; Kerr et al., 2006), and try to adjust their demands to healthier ideal body requirements for the practice of classical dance or gymnastics. Thus, in a recursive way, they will also be contributing to the increase of athletes’ satisfaction with their specific body image, regarded as the strongest predictor of disordered eating in these adolescents. 165 DANÇA E GINÁSTICA: CONTEXTOS DE RISCO PARA O DESENVOLVIMENTO DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES? 166 CAPÍTULO IV DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS 168 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS O espaço (…) nunca detém os movimentos dos bailarinos, como nunca os limites do corpo próprio impedem os gestos de se prolongarem para além da pele. (Gil, 2001, p.143) Este projecto foi desenhado com a finalidade de aprofundar o conhecimento acerca dos processos subjacentes ao risco de desenvolvimento de perturbações alimentares na adolescência, especificamente entre jovens que praticam Dança Clássica e Ginástica. Assim, foram desenvolvidos quatro estudos (para além dos dois estudos de adaptação de instrumentos para a população Portuguesa), com amostras e metodologias diversas, oferecendo, cada um, uma perspectiva única acerca deste risco e, simultaneamente, contribuindo para a sua compreensão global. Com estes estudos, procurámos entender as especificidades dos contextos da dança e da ginástica, que os tornam de risco para o desenvolvimento de perturbações alimentares, bem como outras características individuais, familiares e relacionais que possam colocar em risco ou proteger os adolescentes, que praticam desportos estéticos, de desenvolverem este tipo de perturbações. Os seus resultados foram apresentados nos capítulos anteriores de forma independente, pelo que, neste capítulo, propomo-nos realizar uma análise integrada dos mesmos. Pretendemos, ainda, reflectir sobre as principais limitações dos estudos desenvolvidos, sobre os principais contributos e implicações que este projecto apresenta para a intervenção preventiva e terapêutica nestes contextos, e apresentar algumas questões relevantes para investigações futuras. 169 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS INTEGRAÇÃO DOS PRINCIPAIS RESULTADOS Factores Protectores, Factores de Risco e Preditores de Comportamento Alimentar Perturbado A utilização do modelo ecossistémico de desenvolvimento humano (Bronfenbrenner, 1977, 1979, 1992; Bronfenbrenner & Morris, 1998), integrado na perspectiva da complexidade sistémica (Bertalanffy, 1968; Morin, 1994), revelou-se fundamental neste projecto. A relação entre os vários preditores de comportamento alimentar perturbado nos adolescentes dos diversos grupos em estudo reforçou a ideia de perturbações alimentares enquanto doenças multifactoriais (Keery et al., 2004; Tylka & Subich, 2004). Assim, procuraremos integrar os principais resultados dos diversos estudos anteriormente apresentados, relativos aos factores de risco e factores protectores, tendo em conta, quer o nível individual, quer os diferentes níveis sistémicos de influência. Uma vez que o nível cronossistémico é transversal aos vários níveis, optámos por avaliar a sua influência concomitante. Apenas no primeiro estudo (qualitativo), em que realizámos uma comparação entre os atletas de dois grupos etários distintos, encontrámos algumas diferenças associadas à idade. Nos três estudos empíricos quantitativos, apresentados no terceiro capítulo, a idade não se revelou preditora do comportamento alimentar perturbado (apresentando correlações muito fracas ou mesmo não significativas), pelo que decidimos, em cada um deles, não analisar diferenças entre grupos etários. Contudo, uma análise de diferentes grupos etários (12-14 anos, 15-17 anos, ≥ 18 anos) pode constituir um indicador hipotético da evolução dos comportamentos alimentares perturbados entre estes adolescentes, pelo que a integramos neste último capítulo20, deixando como sugestão a sua avaliação mais aprofundada, em estudos posteriores e com desenho longitudinal. 20 Os resultados destas análises estatísticas encontram-se no Apêndice E. Uma vez que a dimensão das amostras de atletas elite e não-elite é relativamente reduzida (sobretudo do sexo masculino), comparativamente com a amostra do grupo de controlo, optámos por comparar os participantes segundo as 3 faixas etárias, separando-os apenas por atletas e não-atletas, quer no sexo feminino, quer no sexo masculino, para que as análises estatísticas realizadas fossem mais robustas. 170 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS Nível Individual e Cronossistémico Sexo e IMC Como era expectável, dado o sólido corpo de literatura existente, ser rapariga, tal como apresentar IMC elevado, constituem factores de risco para o desenvolvimento de perturbações alimentares (e.g. Fairburn & Harrison, 2003; Lynch et al., 2008; Presnell et al., 2004). No estudo 4, revelaram-se ambos preditores indirectos de comportamento alimentar perturbado nos três grupos (atletas elite, não-elite e grupo de controlo), através da insatisfação com a imagem corporal. Contudo, o sexo feminino é também um preditor directo de comportamentos alimentares perturbados nos atletas elite e no grupo de controlo, o que não acontece com os atletas não-elite, nos quais funciona apenas como preditor indirecto. Os resultados quase sempre mais elevados das raparigas nas variáveis que integram o questionário de factores de risco (MRFS-IV, adaptado para a população Portuguesa, estudo 3) e nas variáveis mais especificamente associadas ao risco de perturbações alimentares nos contextos desportivos (estudo 6), a par dos níveis efectivamente mais elevados de comportamento alimentar perturbado (inclusivamente com significado clínico), são uma confirmação inequívoca deste risco elevado associado ao sexo feminino, comparativamente com o sexo masculino. Insatisfação com a imagem corporal Entre as variáveis individuais estudadas, a insatisfação com a imagem corporal revelou-se aquela com maior capacidade preditiva de comportamentos alimentares perturbados nos atletas elite, e uma das variáveis mais importantes também nos atletas não-elite e no grupo de controlo (estudo 4). Sabemos que nenhuma característica individual existe ou exerce qualquer influência no desenvolvimento do indivíduo em isolamento, uma vez que necessita de um contexto para encontrar significado (Bronfenbrenner, 1992). Desta forma, a opção relativamente ao facto de se estudar a insatisfação com a imagem corporal dos atletas em dois contextos distintos, especificando o tipo de actividade praticada pelos atletas (dança clássica ou ginástica), revelou-se, ao longo do processo de investigação, essencial. 171 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS O estudo 4, onde comparámos a insatisfação com a imagem corporal geral dos grupos de atletas (elite e não-elite) e controlo, mostrou níveis de insatisfação mais elevados nas raparigas atletas de elite em relação às atletas não-elite, mas níveis semelhantes às raparigas do grupo de controlo. Porém, quando, no grupo de atletas, utilizamos o indicador específico de insatisfação com a imagem corporal21 (uma vez que o estudo 6 o identificou como sendo um melhor preditor de comportamentos alimentares perturbados nos bailarinos e ginastas), surgem diferenças significativas. Nesta situação, as atletas elite mostram-se mais insatisfeitas que as raparigas do grupo de controlo22, reforçando a ideia de que o indicador de insatisfação com a imagem corporal a avaliar deve estar associada ao contexto mais valorizado pelos adolescentes. Efectivamente, ao nível da dança profissionalizante e da ginástica de alta competição, o papel de “bailarina” e “ginasta” assumem uma enorme centralidade na vida dos adolescentes (Gvion, 2008; Lopiano & Zotos, 1992), já que, “para alguns atletas, a participação desportiva é a sua vida” (Sherman & Thompson, 2001, p. 31). Estas diferenças relativamente à insatisfação com a imagem corporal não se verificam entre aos rapazes, o que confirma a maior semelhança na satisfação com as duas imagens dos atletas (estudo 6), possivelmente reflectindo uma também maior semelhança entre os ideais de beleza masculinos transmitidos pela sociedade em geral e pela sub-cultura dos desportos estéticos. Esta “estabilidade” parece verificar-se também ao longo do tempo, já que os rapazes dos diferentes grupos etários não revelaram diferenças significativas na insatisfação com a imagem corporal, quer geral, quer específica para a modalidade praticada pelos atletas23. Relativamente às raparigas, contudo, surgem algumas diferenças entre grupos etários24 sobre as quais importa reflectir. Entre as raparigas, verifica-se um aumento da insatisfação com a imagem corporal dos 12-14 para os 15-17 anos, quer nas atletas, quer no grupo de controlo. Todavia, se tivermos em conta a insatisfação com a imagem corporal 21 No estudo 6, distinguimos a imagem corporal ideal veiculada pela sociedade em geral da imagem corporal ideal para a prática da dança clássica ou ginástica, o que deu origem a um indicador geral e a um indicador específico de insatisfação com a imagem corporal, respectivamente. 22 Atletas elite M = -1.38, DP = 1.19, grupo de controlo M = -0.81, DP = 1.31 (U = 9826.50, p < .001) 23 Vide Tabela E2 do Apêndice E. 24 Vide Tabela E1 do Apêndice E. 172 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS específica para a prática da modalidade, surge uma tendência para um aumento da insatisfação ao longo do tempo, já que as atletas de 12-14 anos são as que apresentam níveis de satisfação mais elevados, diferindo significativamente das atletas de 15-17 e com mais de 17 anos. As últimas mostram também uma tendência para estar mais insatisfeitas que as atletas da faixa etária anterior, apesar da diferença não ser significativa. Neste sentido, a tendência para a estabilização do nível de insatisfação relativamente à imagem corporal, associada aos ideais estéticos da sociedade em geral, não ocorrerá da mesma forma relativamente à imagem idealizada para a prática da dança clássica ou da ginástica, que parece continuar a aumentar. Esta questão prende-se, provavelmente, com o aumento significativo do IMC, que se verifica de umas faixas etárias para as seguintes, e que não se coaduna com os ideais associados à prática dos desportos estéticos. Perfeccionismo Com o objectivo de alcançarem a imagem corporal e o desempenho perfeitos, bailarinos e ginastas envolvem-se, frequentemente, em treinos intensivos, por vezes de uma forma excessiva e sacrificando a sua própria saúde física, como referido pelos participantes nos focus groups (estudo 1). Esta é uma característica frequente nos atletas de alta competição e bastante valorizada nestes contextos (Gvion, 2008; Piran, 1999b; R. A. Thompson & Sherman, 1999b), e que tem sido associada ao perfeccionismo (Nordin, Harris, & Cumming, 2003; Powers & Johnson, 1999). Contudo, o estudo 4 não confirmou esta hipótese, já que os atletas elite não apresentam diferenças em relação ao grupo de controlo, nem em relação aos atletas não-elite, ao contrário de alguns estudos anteriores (Anshel, 2004; Archinard & Scherer, 1995; Taub & Blinde, 1992). Este resultado poderia ser considerado protector, caso se tivessem encontrado correlações significativas entre a medida geral de perfeccionismo, por nós utilizada, e os indicadores de perturbação alimentar do EDE-Q, mas verificaram-se apenas correlações muito fracas (r < .20; estudos 3 e 4). Vários autores têm, recentemente, considerado o perfeccionismo de uma forma multidimensional, associando diferentes componentes do mesmo a diversos tipos de patologia. Neste sentido, é possível que dimensões específicas como a preocupação com os erros e dúvidas em relação a acções, que surgem mais fortemente associadas à presença de perturbações alimentares na população em geral (Bulik et al., 2003), possam contribuir para 173 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS as características de dedicação exclusiva, a tolerância ao sofrimento físico e a desvalorização da saúde, a favor do desempenho óptimo, entre os atletas elite, pelo que futuramente será importante avaliar as várias dimensões do perfeccionismo nestes adolescentes. Auto-Estima A auto-estima foi considerada uma variável individual protectora entre os atletas, no sentido em que a baixa auto-estima contribuiu para uma percentagem significativa da variância explicada do comportamento alimentar perturbado (estudo 6), embora o modelo de equações estruturais dos atletas de elite não tenha revelado esta associação (estudo 4). Contudo, as relações frequentes entre baixa auto-estima, insatisfação com a imagem corporal e perturbações alimentares em praticantes de desportos estéticos (e.g. Bettle et al., 2001; Petrie, 1993), levam-nos a crer que a auto-estima dos atletas (sobretudo de alta competição) seja muito influenciada pela percepção que têm do seu corpo, o seu “instrumento de trabalho”, e vice-versa, num processo dialógico que alguns estudos já demonstraram (Benn & Walters, 2001; Lindeman, 1994). Desta forma, a influência da autoestima no comportamento alimentar ocorreria indirectamente através da insatisfação com a imagem corporal25. A ausência de diferenças significativas na auto-estima de atletas elite, atletas não-elite e grupo de controlo constitui um resultado discordante em relação à literatura que, geralmente, evidencia níveis mais elevados de auto-estima nos atletas, considerando que a participação desportiva, nomeadamente ao nível elite, apresenta um contributo extraordinário para a construção do auto-conceito e auto-estima dos atletas (Findlay & Bowker, 2009). Considerando apenas os atletas, os ginastas do sexo masculino apresentam auto-estima mais elevada que os bailarinos do sexo masculino, assim como os ginastas de elite apresentam auto-estima mais elevada que as raparigas ginastas de ambos os níveis de competição, o que não acontece em relação à dança clássica. Neumärker e colaboradores (2000) verificaram que a única diferença significativa entre os jovens bailarinos do sexo masculino e os seus pares não bailarinos dizia respeito aos sentimentos de maior insegurança em relação à sua própria personalidade e ambições, mostrando-se os bailarinos 25 A exploração desta influência, através dos métodos estatísticos utilizados (SEM), exigiria uma amostra de maior dimensão do que aquela a que tivemos acesso, pelo que tal deverá ocorrer em investigações futuras. 174 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS mais jovens (11-12 anos) com mais sentimentos de ineficácia. Neste sentido, pensamos que a menor aceitação social da prática da dança clássica por rapazes e o preconceito da homossexualidade entre os bailarinos (Adams, 2005) sejam questões relevantes e que interfiram, de alguma forma, na construção da identidade de género, do auto-conceito e da auto-estima destes adolescentes. Relativamente às diferenças entre grupos etários, a auto-estima mantém-se constante para os rapazes e para as raparigas do grupo de controlo, mas diminui na fase intermédia da adolescência nas atletas do sexo feminino26. Efectivamente, as atletas mais novas (12-14 anos) apresentam auto-estima significativamente mais elevada que as atletas dos 15 aos 17 e com mais de 17 anos, sendo que estes dois últimos grupos não diferem entre si. Esta poderá ser mais uma confirmação da inter-influência entre auto-estima e insatisfação com a imagem corporal, sobretudo nas atletas, já que esta diminuição da auto-estima acompanha o aumento da insatisfação com a imagem corporal específica para a prática da dança clássica ou ginástica. Nível Micro e Cronossistémico Contexto Desportivo Mais do que os ginastas em relação ao seu clube de ginástica, os bailarinos da escola de dança profissionalizante consideram-na um sistema com uma cultura e regras próprias. Para além da maior “maturidade” que os bailarinos dos últimos anos artísticos referem que lhes é exigida, e que, efectivamente, sentem que alcançam, pelo facto de aprenderem desde muito cedo a definir os seus objectivos e a lidar com situações do dia-a-dia da escola, que os preparam para o mundo profissional, outras características muito associadas a esta sub-cultura podem constituir factores de risco importantes para o desenvolvimento de perturbações alimentares. Porém, são características comuns à sub-cultura dos desportos estéticos de elite – pressão para a magreza e restrição alimentar enquanto forma de alcançar o corpo ideal –, já que são partilhadas por bailarinos e ginastas, e associadas, por 26 Vide Tabelas E1 e E2 do Apêndice E. 175 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS estes, também, ao mundo da dança clássica e da ginástica de alta competição em geral (estudo 1), como veremos na análise relativa ao nível macrossistémico. Os Professores e Treinadores Os professores de dança e os treinadores de ginástica são, claramente, fontes de influência essenciais no desenvolvimento dos jovens bailarinos e ginastas, e, especificamente, das suas atitudes e comportamentos em relação ao corpo e alimentação, nestes contextos de elite. A pressão para a magreza, por eles exercida, essencialmente, através de comentários críticos negativos acerca do peso, imagem corporal ou alimentação, indicações para restrição alimentar e monitorização do peso, é o factor de risco mais referido pelos atletas de ambas as modalidades. Sobretudo entre os bailarinos, esta pressão surge enquadrada numa relação negativa entre professores e alunos, pouco apoiante, frequentemente associada a estados emocionais negativos. Por outro lado, relações mais positivas, baseadas na confiança e empatia, parecem ser um pouco mais frequentes entre os ginastas, apesar de mais referidas pelos ginastas do sexo masculino, por oposição às suas colegas raparigas. Estas diferenças são coincidentes com os resultados da percepção de pressão para a magreza no contexto desportivo entre os atletas de elite (estudo 6). Curiosamente, quer na dança quer na ginástica, os atletas elite de ambos os sexos percepcionam níveis semelhantes de pressão para a magreza nas escolas de dança ou clubes de ginástica em que estão inseridos, mostrando que a magreza é entendida como uma regra subjacente à sub-cultura dos desportos estéticos de elite (Gvion, 2008; StriegelMoore et al., 1986; Sundgot-Borgen et al., 2003), e que, apesar de estar mais associada ao sexo feminino, é percepcionada e reconhecida por todos, mesmo que não sejam directamente alvo desta pressão. Apesar da ausência de diferenças entre as várias faixas etárias, em ambos os sexos, relativamente à percepção de pressão para a magreza no contexto desportivo27, no estudo exploratório qualitativo, são os bailarinos e ginastas da faixa etária mais elevada (15-17 anos) que fazem mais referências à pressão para a magreza. Contudo, são os atletas de idades inferiores (12-14 anos) que relatam mais comentários críticos sobre o peso, imagem 27 Vide Tabelas E1 e E2 do Apêndice E. 176 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS corporal ou alimentação, o que pode revelar uma alteração da forma de pressão sobre os jovens atletas, ao longo do tempo. Efectivamente, o instrumento de medida da pressão para a magreza no contexto desportivo não engloba apenas mensagens de pressão explícitas, como os comentários críticos, mas também atitudes e crenças sobre a importância da magreza, que funcionam como mensagens implícitas transmitidas nestes contextos. Desta forma, pensamos que a assumpção da regra “magreza=sucesso” ir-se-á fazendo à medida que o adolescente vai progredindo na escola de dança ou no clube de ginástica, de tal forma que os comentários deixam de ser tão frequentes e esta pressão é transmitida de forma mais implícita, apesar do aumento progressivo e significativo do IMC, em ambos os sexos 28, e de um eventual afastamento do ideal estético associado à modalidade. Um dos resultados mais interessantes relativamente à pressão para a magreza prende-se com o facto de esta se ter revelado um melhor preditor de comportamentos alimentares perturbados entre os atletas, em detrimento da prática da modalidade a um nível de elite ou não-elite (estudo 6), o que é um indicador relevante para intervenções preventivas no contexto dos desportos estéticos. De facto, poder-se-ia supor uma correlação extremamente forte entre nível de competição e pressão para a magreza, mas esta é apenas moderada (r = .50). Este resultado mostra, efectivamente, que bailarinas de escolas de dança recreativa e outros ginastas, que não apenas os de alta competição, podem igualmente ser alvo de pressões para a magreza que levam ao desenvolvimento de comportamentos alimentares perturbados, como confirma a ausência de diferenças significativas neste indicador entre as ginastas elite e não-elite. A fraca percepção de suporte no contexto desportivo não se revelou um preditor significativo de comportamentos alimentares perturbados, surgindo, também, muito pouco correlacionada com a baixa auto-estima e com a insatisfação com a imagem corporal. Apesar da importância que os jovens bailarinos e ginastas, que participaram nos focus groups, apontam relativamente às relações apoiantes com os professores e treinadores, para o seu bem-estar emocional, a percepção de suporte parece não proteger directamente os atletas de desenvolverem comportamentos alimentares perturbados. Esta poderá, eventualmente, ser considerada essencial para outros aspectos da vida destes atletas, como 28 Vide Tabelas E1 e E2 do Apêndice E. 177 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS a motivação e o desempenho ao longo de todo o processo de aprendizagem, bem como nas audições de dança ou competições de ginástica (Jackson, Knapp, & Beauchamp, 2009). Os Pares no Contexto Desportivo Os pares foram, também, considerados uma fonte de influência importante para os atletas que participaram no estudo qualitativo, sobretudo entre os bailarinos. Estes, ao contrário dos ginastas, referiram frequentes comentários críticos acerca do peso e imagem corporal, com consequências relevantes ao nível emocional e de comportamentos de controlo do peso, referindo-se também a comparações frequentes entre si, nomeadamente em relação ao corpo. Este aspecto parece estar muito relacionado com o facto de os bailarinos sentirem a escola de dança (e a dança profissional) como um ambiente muito competitivo, o que não acontece com os ginastas, que referem mesmo pouca competitividade no clube, mas também com outros clubes, o que pode ser considerado protector para os últimos (Fulkerson, Keel, Leon, & Dorr, 1999; Garner & Garfinkel, 1980; Thomas et al., 2005). Contudo, estas referências a comentários críticos e a comparações competitivas surgem mais frequentemente entre os atletas mais jovens (12-14 anos), numa altura em que a pertença ao grupo de pares começa a ter uma importância fundamental para os adolescentes. Tendo em atenção que os bailarinos referem uma quase ausência de relações entre iguais fora da escola, sobretudo quando passa a existir uma grande exigência de tempo dedicado à dança (estudo 1), as relações com os colegas da escola de dança constituem-se, muitas vezes, como o único palco onde os bailarinos podem ensaiar a sua identidade, desenvolver competências sociais e relações de proximidade (Warburton, 2009). Este é um aspecto que deverá ser tido em conta em acções preventivas nestes contextos (Piran, 1999c), como veremos adiante, pois a relação que os atletas dos contextos de elite estabeleçam entre si poderá ser protectora relativamente a outras fontes de pressão a que estejam sujeitos. Contexto Familiar O estudo qualitativo exploratório mostrou a relevância da investigação do contexto familiar dos atletas de desportos estéticos, até ao momento raramente considerado em 178 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS estudos relacionados com perturbações alimentares. Constatou-se, ainda, que determinadas influências parentais, como comentários críticos da parte dos pais e importância da magreza para estes, surgiam como preditores directos de comportamento alimentar perturbado nos atletas elite, ao contrário do que se verificou com os atletas nãoelite e com o grupo de controlo (estudo 4). Neste sentido, um estudo mais aprofundado da influência familiar nos atletas elite foi equacionado (estudo 5). A ideia transmitida pelos ginastas que participaram nos focus groups, de que haveria pouco envolvimento da parte dos pais nos assuntos relacionados com a prática desportiva (que considerámos poder indiciar um padrão familiar mais desligado), despertou-nos a curiosidade de avaliar outras características do funcionamento familiar dos atletas de desportos estéticos, que pudessem contribuir para o desenvolvimento de perturbações alimentares nestes contextos. Diferenças na percepção da qualidade da relação com cada um dos pais ou do ambiente familiar não foram encontradas entre atletas e grupo de controlo. Contudo, surgiram algumas diferenças interessantes quanto aos padrões de vinculação insegura ao pai (pelas raparigas) e à mãe (pelos rapazes). Sendo menos os atletas a apresentar padrão de vinculação amedrontado, comparativamente com o grupo de controlo, a dificuldade em conciliar a necessidade de autonomia e individualidade com a manutenção das ligações de proximidade com os pais (P. M. Matos, 2002) parece ser menor nos atletas de elite, o que pode ter sido uma aprendizagem fundamental resultante da participação em desportos de elite. Por outro lado, conjugando este resultado com o facto de os atletas do sexo masculino apresentarem um padrão mais preocupado que os rapazes do grupo de controlo, poderíamos dizer que os atletas apresentam uma visão mais positiva dos outros (embora não de si próprios, o que coincide com a ausência de diferenças em relação à auto-estima, e que se esperaria ter encontrado, como referimos acima) (Bartholomew & Horowitz, 1991). Assim, pensamos que a interacção que os atletas estabelecem noutros contextos e com outras figuras, nomeadamente no quadro da prática desportiva de elite, possa ter-se constituído como um espaço de reorganização vinculativa importante, apesar não se verificarem diferenças significativas quando se separam os 179 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS participantes por grupos etários29. Todavia, estes são dados que, naturalmente, merecem ser mais estudados. Por último, a referência dos bailarinos a situações específicas em que eles próprios (ou colegas) frequentam a escola de dança profissionalizante especialmente por vontade dos pais, levou-nos a procurar explorar a ideia de alguns autores (Klump et al., 2001; Thomas et al., 2005) de que os genes ou a história familiar aumentariam a probabilidade de envolvimento em determinadas actividades onde a magreza fosse extremamente valorizada, sendo mesmo determinados comportamentos alimentares perturbados mais aceites. Desta forma, pareceu-nos relevante investigar o comportamento alimentar dos próprios pais de atletas e de um grupo de controlo, mas também a sua insatisfação com a imagem corporal (considerada a variável com mais capacidade preditiva dos comportamentos alimentares perturbados dos atletas elite), enquanto possíveis aspectos a serem “modelados” entre pais e filhos. Contudo, e ao contrário dos resultados do estudo de Klump e colaboradores (2001), em geral, as mães e os pais de atletas não revelaram índices mais elevados de insatisfação com a imagem corporal ou comportamentos alimentares perturbados. No que se refere às possíveis variáveis familiares preditoras de insatisfação com a imagem corporal e comportamentos alimentares perturbados, apenas no grupo de controlo encontramos influência da modelagem materna (insatisfação com a imagem corporal e preocupação com o peso), já que, entre os atletas, somente os comentários críticos e a importância da magreza para os pais, enquanto influências parentais, apresentam significância estatística, especialmente como preditores de comportamentos alimentares perturbados, apresentando mesmo um peso superior às variáveis sexo e IMC. Os atletas de elite parecem, assim, ser bastante influenciados por valores e comentários relacionados com o corpo transmitidos pelos pais, podendo, estes, potenciar as preocupações dos próprios adolescentes e outros significativos nas suas vidas, como os professores, treinadores e pares. Por outro lado, podem também funcionar como efeito protector de tais influências, se valores mais saudáveis forem transmitidos, o que deve ser 29 A separação dos participantes (atletas e grupo de controlo) pelos 3 grupos etários implicou frequências muito reduzidas em cada grupo, sobretudo no grupo de atletas do sexo masculino, pelo que estes resultados devem ser considerados apenas meros indicadores do que, eventualmente, sucederia com uma amostra de maior dimensão. Vide Tabela E3 do Apêndice E. 180 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS tido em consideração em acções preventivas. Da mesma forma, é possível que exista uma influência também significativa dos pais relativamente a outras circunstâncias da vida desportiva dos seus filhos atletas, sobre a qual importa reflectir. Efectivamente, a análise qualitativa dos resultados dos focus groups mostrou que o apoio recebido da parte dos pais em relação a situações negativas relacionadas com a prática da dança na escola, com os colegas ou os professores, bem como o seu envolvimento nas actividades da escola de dança, foram considerados fundamentais pelos bailarinos, mais claramente do que pelos ginastas. Neste sentido, o suporte parental foi equacionado como uma das principais especificidades da relação entre os contextos familiar e desportivo, ao nível mesossistémico. Contudo, os estudos quantitativos não permitiram estudar especificamente esta relação 30. Nível Macro e Cronossistémico A pressão social para a magreza e o suporte social correspondem aos potenciais factores de risco e protecção, respectivamente, transversais a todos os contextos micro e mesossistémicos, quer para os atletas, quer para os adolescentes em geral. De facto, a pressão social avaliada no estudo 4 (através do factor Pressão Social do MRFS-IV), diz respeito, fundamentalmente, à influência que os pares, em geral, têm na forma como os adolescentes se sentem e comportam em relação ao peso e alimentação, nos diversos contextos sociais em que se movem. Da mesma forma, as figuras de suporte que os adolescentes consideram quando avaliam a disponibilidade destas para os ajudar a lidar com problemas do dia-a-dia (através do factor Suporte Social do MRFS-IV), poderão ser provenientes de e actuar em contextos muito distintos, interligando estes mesmos contextos. O estudo qualitativo, por seu turno, permitiu-nos debruçar um pouco sobre o contexto macrossistémico específico ao qual os atletas pertencem, a sub-cultura dos desportos estéticos, e sobre as suas relações com o contexto macrossistémico geral, através 30 Ainda que o instrumento utilizado para avaliar o suporte no contexto desportivo seja constituído também por alguns itens relacionados com os pais, e não apenas com os treinadores, a análise factorial exploratória não revelou uma distinção entre estes dois tipos de suporte, pelo que não é possível fazer essa distinção na análise dos dados. 181 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS do discurso e das perspectivas dos jovens bailarinos de dança clássica e ginastas de alta competição. A fraca percepção de suporte social, e à semelhança do que se verificou relativamente ao suporte específico no contexto desportivo (estudo 6), também não se revelou preditor de comportamentos alimentares perturbados (estudo 4), nem tão pouco distintivo dos grupos com e sem indicação clínica (estudo 3). Como apontam Ata e colaboradores (2007), é possível que a própria relação de suporte (especialmente da parte dos pares) seja ambígua, nalgumas situações, na medida em que os mesmos amigos que oferecem suporte emocional aos adolescentes podem ser também aqueles que os incentivam e ajudam a encontrar formas de alcançar o corpo que idealizam, já que se verificam, frequentemente, correlações significativas entre comportamentos alimentares perturbados dentro dos mesmos grupos de amigas (Hutchinson & Rapee, 2007; Paxton, Schutz, Wertheim, & Muir, 1999). A pressão social para a magreza, por seu turno, revelou-se o principal preditor de PA nos grupos de controlo e de atletas não-elite, quer com uma influência directa, quer indirecta (através da auto-estima e da insatisfação com a imagem corporal). Nestes dois grupos, e ao contrário do que acontece com os atletas elite, a pressão social é maior no caso das raparigas e quando o IMC é mais elevado, o que está de acordo com os estudos realizados com a população em geral (e.g. Neumark-Sztainer, Falkner, Story, Perry, & Hannan, 2002). Especificamente em relação aos atletas elite, a pressão social, para além de predizer de uma forma muito significativa a baixa auto-estima destes adolescentes, é também uma das duas variáveis que melhor prediz os comportamentos alimentares perturbados (apesar da insatisfação com a imagem corporal ser o preditor mais forte), mas não apresenta o sexo ou o IMC como seus preditores. Este resultado mostra, mais uma vez, o carácter transversal e generalizado da pressão para a magreza nos contextos macrossistémicos que envolvem os bailarinos e ginastas de elite. Efectivamente, o estudo qualitativo mostrou que as “regras” pressão para a magreza, controlo do peso e restrição alimentar são comuns ao mundo da dança clássica e da ginástica de alta competição, confirmando a ideia de Striegel-Moore e colaboradores (1986) de contextos cuja sub-cultura acentua a pressão para a magreza da sociedade actual. 182 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS À semelhança do que ocorre relativamente à pressão para a magreza específica do contexto desportivo, os rapazes de diferentes grupos etários também não diferem entre si nos níveis de pressão social31. Todavia, entre as raparigas existem algumas diferenças32, que poderão reflectir a décalage relativamente aos períodos mais acentuados de crescimento físico das raparigas em geral e das atletas de desportos estéticos, para a qual contribui o exercício físico intenso (Klentrou & Plyley, 2003; Rogol, Clark, & Roemmich, 2000). De facto, entre as atletas, a pressão social acentua-se dos 14 para os 15 anos, diminuindo ligeiramente (mas não significativamente) a partir dos 18 anos, enquanto os valores de pressão social nas raparigas do grupo de controlo são mais elevados logo na faixa etária mais baixa (12-14 anos), assemelhando-se à faixa etária seguinte, mas diminuindo significativamente dos 17 para os 18 anos, quando, habitualmente, os comentários e influências dos pares diminuem (Paxton, Eisenberg, & Neumark-Sztainer, 2006). Comportamento Alimentar Perturbado De forma geral, os resultados dos estudos empíricos quantitativos mostram níveis mais elevados de comportamentos alimentares perturbados por parte de praticantes de desportos estéticos de elite, do sexo feminino, quando comparadas com as praticantes de nível não-elite e com um grupo de controlo, constituído por adolescentes da população em geral. Estes resultados coincidem com um grande corpo de literatura sobre perturbações alimentares em atletas de diversos desportos, idades e níveis de competição (e.g. Byrne & McLean, 2002; Garner & Garfinkel, 1980; Rosendahl et al., 2009; Smolak et al., 2000; Sundgot-Borgen & Torstveit, 2004; Toro et al., 2005), mas diferem de um estudo recente com atletas entre os 15 e os 16 anos, que encontrou níveis de comportamento alimentar perturbado mais elevados no grupo de controlo e em atletas de desportos menos centrados na magreza (Martinsen et al., 2010). Este é, contudo, um estudo realizado com atletas Noruegueses, que têm sido alvo de diversos estudos e alguns esforços de prevenção de perturbações alimentares (Sundgot-Borgen & Torstveit, 2004), pelo que esta diferença pode reflectir essas acções. 31 32 Vide Tabela E2 do Apêndice E. Vide Tabela E1 do Apêndice E. 183 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS Tendo em conta a modalidade de desportos estéticos praticada, as bailarinas elite apresentam comportamento alimentar significativamente mais perturbado que as bailarinas não-elite, o que não acontece com as ginastas. Estes resultados das bailarinas contrastam com os do estudo de Doumenc e colaboradores (2005), que não revelou diferenças entre em bailarinas profissionalizantes e amadoras. No nosso estudo, quando se inclui o grupo de controlo na comparação, as raparigas que não praticam desportos estéticos apresentam um nível de comportamento alimentar perturbado inferior às bailarinas elite33, mas superior às bailarinas não-elite34. Este é um resultado novo e interessante, uma vez que estes três grupos ainda não haviam sido comparados em simultâneo. Conjugando com os resultados que vimos acima relativamente aos factores de risco e protecção apresentados, consideramos que a prática da dança clássica a um nível recreativo pode ser protectora do desenvolvimento de perturbações alimentares nas raparigas. Por seu turno, no grupo de ginastas não existem diferenças entre aquelas que participam em competições internacionais (elite) e as restantes, mostrando uma homogeneidade maior de comportamentos perturbados e de factores de risco, como vimos acima, no contexto da ginástica. As ginastas elite, contudo, apresentam níveis mais elevados de comportamentos alimentares perturbados que as raparigas do grupo de controlo35, em relação às quais as ginastas não-elite também não diferem36. Estes resultados vão ao encontro de um estudo com uma amostra de ginastas de características semelhantes, com idades compreendidas entre os 13 e os 20 anos (de Bruin et al., 2007), onde as ginastas elite apresentavam mais comportamentos de dieta e de controlo do peso que as raparigas do grupo de controlo, as quais, por sua vez, não diferiam das ginastas não-elite. Todavia, são discordantes da ideia transmitida por Smolak e colaboradores (2000), na sua meta-análise sobre perturbações alimentares em atletas do sexo feminino, de que as ginastas que competem ao nível nacional ou internacional não difeririam significativamente das nãoatletas, apesar de, em geral, considerarem que as atletas de desportos estéticos de elite apresentam maior risco. 33 Bailarinas elite M = 1.54, DP = 1.27, grupo de controlo M = 1.22, DP = 1.25 (U = 5514.00, p < .05) Bailarinas não-elite M = 0.69, DP = 1.19, grupo de controlo M = 1.22, DP = 1.25 (U = 4339.00, p < .01) 35 Ginastas elite M = 1.86, DP = 1.37, grupo de controlo M = 1.22, DP = 1.25 (U = 4091.00, p < .01) 36 Ginastas não-elite M = 1.30, DP = 1.20, grupo de controlo M = 1.22, DP = 1.25 (U = 6083.50, p = .52) 34 184 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS Para os rapazes, a participação em desportos estéticos não constitui um risco elevado para o desenvolvimento de perturbações alimentares, já que os atletas, independentemente do nível de competição ou da modalidade praticada, não apresentam diferenças significativas relativamente ao grupo de adolescentes em geral, tal como acontece no estudo de Petrie (1996). Os nossos dados não coincidem, contudo, com estudos recentes que mostram níveis mais elevados de comportamentos alimentares em rapazes não-atletas que em atletas elite (Martinsen et al., 2010), ou o contrário (Milligan & Pritchard, 2006), o que reflecte a inconsistência que ainda existe quanto ao carácter de maior ou menor risco associado a estes contextos, possivelmente devido à heterogeneidade de amostras, instrumentos e critérios de classificação dos comportamentos alimentares perturbados entre os estudos. Para além do score global do EDE-Q, utilizado neste projecto como indicador do nível de comportamento alimentar perturbado, os resultados das sub-escalas (Restrição, Preocupação com a Forma, Preocupação com a Comida, Preocupação com o Peso)37 também foram considerados na distinção entre o grupo de adolescentes cujos comportamentos, atitudes e sentimentos se aproximam dos da população clínica (um resultado acima de 3.5 em qualquer uma das sub-escalas ou score global do EDE-Q é indicador de sintomatologia clínica significativa; Fairburn & Cooper, 1993; Machado, 2007). Tendo em conta este ponto de corte, verificamos que, entre as participantes do sexo feminino, 34% de atletas elite, 15.3% das atletas não-elite e 21.7% de raparigas do grupo de controlo apresentariam sintomatologia clínica significativa. Relativamente ao sexo masculino, apenas 6.7% atletas elite e 6.2% de rapazes do grupo de controlo pontuam acima do ponto de corte, sendo que nenhum dos atletas não-elite foi identificado como tal. Enquanto nas raparigas o teste do Qui-Quadrado mostra que a pertença ao grupo de atletas elite se associa à sintomatologia clínica significativa, nos rapazes não se verifica essa associação. Contudo, quando nos debruçamos sobre os resultados dos atletas, especificamente, verificamos que 19.5% dos bailarinos (18 raparigas elite, 3 raparigas nãoelite e 1 rapaz elite) e 21.64% dos ginastas (16 raparigas elite, 12 raparigas não-elite e 1 rapaz elite) apresentam sintomatologia clínica significativa, mas que, apenas entre as 37 Por uma questão de gestão do espaço em alguns artigos científicos (estudos 4 e 6), estes dados não foram apresentados anteriormente, pelo que se encontram nas Tabelas F1 e F2 do Apêndice F. 185 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS bailarinas, esta se associa significativamente à prática da dança clássica ao nível profissionalizante38, mostrando, mais uma vez, o carácter de risco mais associado à dança clássica a nível de elite, mas em ambos os níveis quando nos referimos à ginástica. Apesar de este não pretender ser um estudo de prevalência (e de o ponto de corte do EDE-Q não poder ser considerado como indicador único de perturbação ao nível do comportamento alimentar com significado clínico), estes valores parecem-nos reveladores do maior e menor risco associado aos diferentes contextos em estudo. Devem, assim, ser entendidos como indicadores da importância de um aprofundamento da investigação do comportamento alimentar de jovens praticantes de desportos estéticos. IMPLICAÇÕES PARA A INTERVENÇÃO COM ATLETAS As principais implicações deste projecto decorrem do estudo dos factores considerados de risco ou protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares entre os adolescentes de contextos específicos de desportos estéticos. São, desta forma, implicações ao nível da prevenção primária e secundária, com o objectivo de reduzir o comportamento alimentar perturbado entre bailarinos e ginastas. A abordagem ecossistémica, utilizada na investigação, é concordante com as abordagens preventivas – participativas e ecológicas –, que atentem nas experiências dos atletas, enquanto membros de um sistema, e incorporem esse conhecimento no conteúdo e processo de prevenção (e.g. Buchholz et al., 2008; Levine & Piran, 2001; Piran, 1999a, 1999c). Parece-nos inevitável que a magreza continue a ser “regra” na dança clássica profissional e na ginástica de alta competição, pois, caso contrário, estar-se-ia a negar a história, os valores e a própria cultura destes desportos estéticos. O problema surge quando a magreza é levada ao extremo e coloca em risco a saúde dos atletas, sendo, muitas vezes, difícil encontrar o equilíbrio entre a magreza estética/artística e a magreza extrema, que colide com limites saudáveis para o ser humano. O nosso estudo mostrou que a pressão para a magreza não tem, exclusivamente, que ver com a prática da dança ou da ginástica ao nível de elite (apesar de mais frequente nestes, naturalmente), o que pode facilitar o desenho de intervenções preventivas. Não pretendendo alterar a cultura dos desportos 38 2 χ (1) = 11.42, p < .01 186 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS estéticos, importa dotar os seus intervenientes de ferramentas que proporcionem aos atletas uma vivência positiva do seu corpo, sobretudo durante o processo de crescimento e desenvolvimento físico, nos contextos onde esta cultura é dominante (Piran, 1999b). Os resultados indicam que são as raparigas das escolas profissionalizantes de dança e as ginastas dos diversos níveis de competição que se encontram em maior risco de desenvolverem perturbações alimentares, pelo que devem ser os alvos principais da intervenção preventiva. Todavia, esta deve fazer-se ao nível do sistema individual, mas também dos sistemas que o envolvem de uma forma mais próxima, para que seja uma intervenção efectiva. Assim, deve incidir ao nível das relações com os professores/treinadores, pares e família, já que importantes factores de risco e protectores foram encontrados nos contextos desportivo e familiar, envolvendo intervenientes de ambos os contextos. O papel que os professores de dança e treinadores de ginástica mostraram desempenhar, entre os atletas, tem implicações importantes para a intervenção preventiva. Parece-nos fundamental que os comentários críticos sobre o peso, a alimentação e a imagem corporal, realizados pelos professores/treinadores, sejam evitados, enfatizando-se mais as componentes mentais e emocionais do desempenho, a par da saúde física, ao invés da forma corporal (Piran, 1999a; Powers & Johnson, 1999; R. A. Thompson & Sherman, 2005). As “vozes” dos próprios atletas oferecem-nos claramente estas pistas, “eu disse, professora, eu acho que não estou a conseguir alcançar o meu objectivo. E ela disse ah, mas vais conseguir! Eu gosto muito dos professores que dão força e energia”; “Se estamos demasiado magras, [a professora] diz então, tens de comer mais, para teres equilíbrio…” (bailarina, 12 anos). Acima de tudo, porém, parece-nos relevante que a forma e as circunstâncias em que estes comentários são realizados (Sundgot-Borgen et al., 2003) sejam alvo de intervenção com os professores/treinadores. As próprias indicações sobre a necessidade de fazer professores/treinadores dieta, e atletas devem ser baseadas enquadrados na empatia, em relações confiança, entre cuidado e reconhecimento das diferenças individuais, relações estas que devem ser promovidas, intervindo directamente com os professores/treinadores. “Acho que, com a experiência, *o treinador] vai adquirindo, por exemplo, a relação com a outra pessoa, compreender o lado 187 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS do ginasta também e não tanto do treinador. É isso que se calhar às vezes falta ao nosso treinador” (ginasta, 16 anos). Parece-nos essencial que a relação entre os atletas também seja fortalecida, através de intervenções que criem um grupo de pares coeso, que possa funcionar como fonte de suporte e protecção relativamente a pressões, provenientes do contexto desportivo, que afectem a auto-estima e a satisfação com a imagem corporal dos atletas. Neste sentido, os atletas devem evitar gozar com os colegas e fazer comentários críticos sobre o seu peso, alimentação ou imagem corporal (Paxton, 1999; Piran, 1999c). Este aspecto parece-nos especialmente importante entre os bailarinos de elite, uma vez que, para estes adolescentes, o grupo de pares da escola de dança é, frequentemente, o único grupo de iguais onde têm a oportunidade de explorar a sua identidade, autonomia e desenvolver relações próximas (Warburton, 2009), essenciais para o seu desenvolvimento social. A família deve, também, passar a ser vista enquanto fonte fundamental de suporte emocional para os atletas, e, nesse sentido, ser incluída em possíveis acções de prevenção. O resultado relativo às influências parentais na predição de insatisfação com a imagem corporal, mas sobretudo do comportamento alimentar perturbado, indica que é necessário que a família mude o seu discurso, de forma a diminuir a ênfase da importância dada à forma e peso corporais, bem como mostrar menos tolerância em relação a comentários depreciativos em relação à aparência entre os membros da família. De igual forma, a transmissão de valores associados à saúde física, em detrimento dos associados à magreza, a par de bons modelos de comportamento alimentar saudável, pode fazer com que o contexto familiar seja verdadeiramente protector em relação às influências do contexto desportivo. Por fim, para além da necessidade de um trabalho preventivo que incida na promoção de competências sócio-afectivas diversas, tais como auto-conhecimento, empatia, tolerância à frustração, flexibilidade, realismo e gestão de relações (Bar-On, 2000), é fundamental que os jovens bailarinos e ginastas possam questionar e criticar alguns dos ideais e exigências que a prática da sua actividade lhes coloca, ao invés de os aceitarem passivamente, salvaguardando, assim, o seu bem-estar e a sua saúde física e psicológica (Benn & Walters, 2001). Da mesma forma que, entre raparigas adolescentes da população em geral, os programas de prevenção que envolvem a educação para os media (“media 188 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS literacy”, no inglês), criticando o modelo estético feminino e a sua disseminação através da informação apresentada pelos media, têm apresentado bons resultados, especialmente entre as raparigas que apresentam mais factores de risco (Raich, Portell, & PeláezFernández, 2010; Stice & Shaw, 2004), também o questionamento de alguns ideais de magreza extrema e exigências de treino excessivo, transmitidos aos atletas, pode ser útil para a adopção de comportamentos alimentares e de trabalho mais saudáveis. Os resultados mostram, ainda, a necessidade específica de uma intervenção focada na promoção da auto-estima, do auto-conceito e da satisfação com a imagem corporal dos atletas, indo ao encontro do que outros autores têm verificado (e.g. Benn & Walters, 2001; Bettle et al., 2001; Petrie et al., 2009). Em relação à imagem corporal, há que ter em atenção a distinção que é feita, sobretudo por atletas do sexo feminino, entre imagem ideal em geral e a imagem ideal para a prática da modalidade, pois diferentes aspectos necessitarão de ser abordados, dependendo do contexto em relação ao qual se refere a insatisfação. Pelo seu carácter dinâmico, cada contexto microssistémico deve ser entendido como potenciador de mudanças a um nível mais global, já que as mensagens mais saudáveis transmitidas pelos diversos intervenientes, bem como a dinâmica relacional desenvolvida, podem proteger o atleta do efeito negativo de mensagens focadas num ideal corporal muito magro, transmitidas por intervenientes do mesmo ou outro contexto microssistémico. Neste sentido, encontrando-se os atletas mais “protegidos” no seu microssistema, é possível que as influências do nível macrossistémico, quer da sub-cultura dos desportos estéticos, quer da sociedade em geral, sejam atenuadas, diminuindo, assim, o risco de desenvolverem perturbações alimentares. Uma implicação prática para a prevenção secundária de perturbações alimentares entre os atletas de desportos estéticos surgiu, essencialmente, do estudo exploratório, onde alguns dos participantes referiram a desvalorização, por parte de alguns professores de dança ou treinadores de ginástica, da saúde dos atletas, perante potenciais sinais de perturbações alimentares ou outro tipo de problemas. Parece-nos clara a necessidade de melhorar os esforços para educar todos intervenientes no contexto desportivo, sobretudo os professores/treinadores, para a detecção precoce de comportamentos alimentares perturbados e preocupações excessivas com o peso ou aparência física, que podem evoluir 189 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS para síndromes clínicas, já que estes detêm a melhor posição para identificar os atletas em risco, mas também correm o risco de não reconhecer potenciais sinais e sintomas de um verdadeiro problema (Kerr et al., 2006; Piran, 1999b; Powers & Johnson, 1999; Sherman et al., 2005; R. A. Thompson & Sherman, 1999a, 1999b), por serem frequentemente vistos como normais e até valorizados. Por último, em termos de implicações para a intervenção terapêutica com atletas com perturbações alimentares, parece-nos essencial ressaltar a importância da proximidade que os professores/treinadores têm com os atletas. Neste sentido, e à semelhança do que é defendido por Zimmerman (1999) em relação aos atletas com lesões, uma abordagem sistémica será a mais apropriada na intervenção com os atletas que apresentem comportamentos alimentares perturbados com significado clínico. Para além da atenção às especificidades individuais que contribuíram para o desenvolvimento da perturbação alimentar do atleta, bem como da intervenção com os pais, é fundamental incluir os professores/treinadores no tratamento e recuperação destes atletas, no sentido em que estes estabelecerão com os atletas algumas regras para o (eventual) regresso ao treino e às competições, actuando como figuras significativas e de autoridade no contexto desportivo, ao mesmo tempo que os padrões de comunicação (e mesmo a relação) entre professor/treinador e atleta são reestruturados. CONTRIBUTOS PARA A INVESTIGAÇÃO, LIMITAÇÕES E INDICAÇÕES PARA ESTUDOS FUTUROS Este projecto trouxe diversos contributos para a investigação relativa às perturbações alimentares e aos atletas de desportos estéticos, de uma forma geral, mas também para a investigação dos atletas portugueses, especificamente. De facto, pela primeira vez, lançámos um olhar sistémico aos contextos da dança clássica profissionalizante e da ginástica de alta competição, ouvimos as “vozes” dos seus participantes, na primeira pessoa, e abrimos, desta forma, uma porta para o estudo mais alargado e, assim o julgamos, mais adequado, das variáveis que contribuem para o maior risco de desenvolvimento de perturbações alimentares habitualmente associado a estes contextos. Para que o estudo dessas variáveis pudesse ocorrer, foi necessário traduzir e adaptar um instrumento de avaliação da insatisfação com a imagem corporal para adolescentes e adultos – Contour Drawing Rating Scale (M. A. Thompson & Gray, 1995) –, bem como um 190 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS instrumento de avaliação de factores de risco e factores protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares – McKnight Risk Factor Survey-IV (The McKnight Investigators, 2003), em relação ao qual adaptámos também uma versão masculina, que não existia originalmente. Através deste processo, contribuímos, também, para o processo de validação dos mesmos para a população Portuguesa, pretendendo que seja útil futuramente, quer para investigações, quer para detecção precoce de adolescentes em risco, uma vez que ambos revelaram boas qualidades psicométricas. O reconhecimento e a constatação da utilidade de distinguir entre a (in)satisfação com a imagem corporal geral, mais associada aos padrões estéticos veiculados pela sociedade, e a (in)satisfação com a imagem corporal específica, mais adequada à prática da modalidade desportiva, constitui um contributo importante para a investigação nesta área. Pensamos que a ausência desta distinção nos estudos com atletas, realizados até ao momento, poderá explicar a ausência de diferenças significativas ou, mesmo, os níveis mais elevados de satisfação com a imagem corporal de atletas relativamente aos grupos de controlo, reveladas por alguns estudos (Hausenblas & Downs, 2001), desvalorizando-se, assim, a importância desta variável, nomeadamente ao nível da intervenção preventiva. Efectivamente, entre os dois indicadores, o indicador específico de insatisfação revelou-se um preditor mais forte de comportamento alimentar perturbado entre os atletas das duas modalidades, bem como o melhor preditor entre os atletas elite, o que deve ser tido em consideração nas investigações e intervenções futuras. A utilização de uma medida de interiorização dos ideais estéticos transmitidos pela sociedade (e.g. Sociocultural Attitudes towards Appearance Questionnaire, SATAQ; Heinberg, Thompson, & Stormer, 1995; Smolak et al., 2001) poderia ter sido útil para avaliar a influência do contexto macrossistémico de uma forma mais abrangente, distinguindo-a da influência da sub-cultura dos desportos estéticos, permitindo avaliar o impacto de cada uma nos dois indicadores de insatisfação com a imagem corporal. Uma limitação dos instrumentos de medida utilizados prende-se com a avaliação da pressão para a magreza nos rapazes. Mais do que a pressão e a preocupação com a magreza, deveria ter sido avaliada a pressão em relação à alteração do peso (em ambos os sentidos) e ao aumento da massa muscular, uma vez que se sabe que cerca de metade dos rapazes insatisfeitos com o seu corpo gostariam de diminuir de peso e a outra metade de 191 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS aumentar, aproximando-se dos ideais estéticos actuais, mais musculados (e.g. McCabe & Ricciardelli, 2001). Estudos futuros deverão ter em conta estas diferenças e adoptar instrumentos que permitam captá-las, mas de forma a que os resultados de rapazes e raparigas possam ser comparados (e.g. Drive for Muscularity Scale, DMS; McCreary & Sasse, 2000). Também as medidas de percepção de suporte social (quer geral, quer específico do contexto desportivo) utilizadas, poderão constituir uma limitação desta investigação. A discrepância entre os resultados dos estudos qualitativo e quantitativos, levam-nos a crer que, possivelmente, as medidas quantitativas utilizadas não terão sido suficientemente finas para detectar diferenças quanto ao impacto do suporte social enquanto factor protector ou de risco. Pela primeira vez, tanto quanto é do nosso conhecimento, diversas variáveis familiares foram estudadas em atletas de desportos estéticos, incluindo uma amostra de pais destes adolescentes, o que constitui um ponto forte do nosso trabalho e um contributo importante para a investigação futura, uma vez que suscitou algumas questões relevantes, nomeadamente, em relação à vinculação destes adolescentes. Por exemplo, é difícil entender a razão pela qual as diferenças no padrão de vinculação ocorrem apenas em relação ao progenitor do sexo oposto ao do atleta. Será porque, na maior parte das situações, o professor/treinador principal é do mesmo sexo que o atleta? Que benefícios trará aos jovens atletas, relativamente aos padrões de vinculação que estabelecem com os seus pais, a participação em ginástica de alta competição e a profissionalização da dança clássica? Estas interrogações deverão ser esclarecidas em estudos futuros, eventualmente, incluindo o treinador enquanto figura de vinculação também importante, dada a importância que os estudos 1 e 6 revelaram acerca da relação com os treinadores e do impacto da pressão para magreza exercida, por estes, no comportamento alimentar dos atletas. Na mesma linha, o estudo do comportamento alimentar e da satisfação com a imagem corporal dos treinadores deve ser tido em conta, pois é possível que um processo de modelagem de determinados comportamentos de risco dos atletas ocorra por influência destes, mais do que por influência dos pais. Algumas limitações, especificamente relacionadas com as amostras utilizadas, podem ser apontadas a esta investigação, devendo ser superadas em estudos futuros. Por um lado, 192 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS dada a reduzida dimensão da amostra de atletas do sexo masculino, é especialmente relevante integrar amostras maiores de rapazes praticantes de dança clássica e ginástica em investigações futuras, já que os nossos resultados relativos à predição do comportamento alimentar perturbado (estudos 3, 4 e 5) poderão estar enviesados pela dimensão bastante maior de participantes do sexo feminino. Todavia, a inclusão de atletas do sexo masculino constitui uma mais-valia do nosso trabalho, já que os estudos com estes atletas são pouco frequentes (especialmente no que se refere aos bailarinos) e apresentam resultados pouco congruentes entre si. Por outro lado, o grupo de ginastas não-elite da nossa amostra inclui uma grande diversidade de níveis competitivos (desde a ausência de participação em competições até à participação em competições nacionais), bem como quatro modalidades de ginástica distintas, revelando-se muito heterogéneo quando comparado com as bailarinas de dança clássica de nível recreativo. Neste sentido, estudos futuros devem procurar incluir amostras de ginastas com uma dimensão suficiente que permita distinguir as modalidades de ginástica artística, rítmica, acrobática e trampolins, pois diferentes exigências em termos estéticos e de desempenho podem implicar diferente risco de desenvolvimento de perturbações alimentares (Nordin et al., 2003), bem como distinguir atletas que participam em competições nacionais, regionais ou que não participam, de todo, em competições. No que se refere aos níveis de comportamento alimentar, a literatura tem sublinhado que os atletas de elite parecem ocultar determinados sintomas associados a perturbações alimentares, quando avaliados através de instrumentos de auto-relato, especialmente os praticantes de desportos que enfatizam a magreza, verificando-se, posteriormente, uma grande percentagem de falsos negativos aquando da realização de entrevistas diagnósticas (Sundgot-Borgen, 1994; Torstveit et al., 2008). Este risco, contudo, poderá ter sido minimizado, nesta investigação, pelo facto da confidencialidade e anonimato dos resultados ter sido assegurada. Ainda assim, a utilização exclusiva de instrumentos de auto-relato para avaliar o comportamento alimentar perturbado constitui uma limitação do nosso estudo. Porém, os constrangimentos de tempo e os recursos disponíveis não permitiriam a realização de entrevistas individuais numa amostra de dimensões semelhantes àquela por nós avaliada. Neste sentido, estudos futuros deverão procurar replicar os resultados encontrados, combinando a utilização de medidas de auto-relato e de entrevista. 193 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma das limitações desta investigação prende-se com a impossibilidade de generalizar os seus resultados para os atletas de desportos estéticos, ou mesmo para os praticantes de dança clássica e de ginástica. Apesar de incluírem bailarinos e ginastas de várias escolas e clubes, bem como de zonas do país muito diversificadas, as amostras não são representativas da população de adolescentes que praticam desportos estéticos. Neste sentido, estudos futuros deverão procurar replicar os resultados por nós encontrados com outras amostras de jovens bailarinos e ginastas, bem como de outras modalidades, de forma a aumentar a possibilidade de generalização. Apesar disso, a utilização de amostras diferentes no estudo qualitativo e nos estudos quantitativos, mas sobretudo de metodologias diversas de análise dos dados recolhidos, corresponde a um ponto forte deste trabalho. A integração dos resultados que apresentámos acima mostra que, em geral, os resultados de uns estudos são confirmados por outros (para além de, por vezes, se explicarem mutuamente), revelando padrões que parecem manter-se, aumentando a nossa confiança nas conclusões a retirar. Por fim, e de uma forma geral, também o carácter transversal dos nossos estudos constitui uma limitação importante, impossibilitando o estabelecimento de relações causais entre as variáveis estudadas. Futuramente, estudos longitudinais deverão ser desenhados, de forma a clarificar as relações hipotetizadas entre os factores de risco considerados preditores de comportamentos alimentares perturbados, bem como a sua contribuição para o desenvolvimento de efectivas perturbações alimentares, como Anorexia ou Bulimia Nervosas, acompanhando atletas desde o início da adolescência até à idade adulta. Por outro lado, a investigação deve também procurar compreender melhor as trajectórias de vida dos atletas que relatem vivências mais positivas do corpo nestes contextos considerados de risco, através de entrevistas individuais que possam captar mais facilmente estas experiências e explorar outros factores protectores do desenvolvimento de perturbações alimentares. Só desta forma, integrando factores protectores e factores de risco dos diversos níveis sistémicos em que os adolescentes se movem, poderemos desenhar eficazes programas de prevenção de perturbações alimentares e de promoção da saúde e bem-estar de bailarinos e ginastas. Neste sentido, seria importante o estabelecimento de parcerias entre investigadores, clínicos, escolas de dança e clubes de ginástica, no sentido de sensibilizar adolescentes, pais e professores/treinadores para a 194 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS necessidade de uma intervenção específica (quer ao nível da prevenção, quer da intervenção terapêutica) e, sobretudo, acerca do papel fundamental que cada um desempenha e poderá desempenhar na construção de coreografias protectoras ou de risco na vida dos atletas de desportos estéticos. 195 DISCUSSÃO INTEGRADA E CONSIDERAÇÕES FINAIS 196 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 198 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Aalten, A. (2004). 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PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO VERSÃO FEMININA (GINÁSTICA) N.º ____/G___ Doutoranda: Rita Mafalda Costa Francisco Orientadora: Professora Doutora Isabel Narciso Co-Orientadora: Professora Doutora Madalena Alarcão Doutoramento em Psicologia 2008 Consentimento Informado A investigação para a qual pedimos a sua colaboração está a ser feita no âmbito da tese de doutoramento em Psicologia de Rita Mafalda Costa Francisco, da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Lisboa. O objectivo desta investigação é compreender melhor o contributo de diferentes factores para a protecção ou risco de desenvolvimento de perturbações alimentares em adolescentes. A participação no estudo é voluntária e os dados disponibilizados são anónimos e confidenciais, não havendo quaisquer consequências para quem se recusar participar. Tomei conhecimento do objectivo do estudo e do que tenho de fazer para participar no estudo. Fui informada que tenho o direito a recusar participar e que a minha recusa em fazê-lo não terá consequências para mim. Assim, declaro que aceito participar na investigação. Rúbrica (por favor não indicar o nome ou outro dado que permita a sua identificação): _____________ Data: ___ /___ /_____ QUESTIONÁRIO GERAL Data _________ É muito importante que leia atentamente e responda a todas as questões. Deixar questões em branco inutiliza todo o questionário e impossibilita que as suas respostas sejam incluídas na investigação. Quando não tiver a certeza acerca de um valor ou resposta, por favor, responda com dados aproximados. 1. Idade ____ anos 2. Escolaridade 2.1. Ano escolar actual ___º ano 2.2. Último ano escolar que frequentou ___º ano 2.3. Número de reprovações desde o início dos estudos _____ 3. Zona de Residência Habitual Norte1 Centro3 Grande Lisboa5 Arq. Madeira7 Algarve2 Alentejo4 Arq. Açores6 Outra8 ______________________ 4. Com quem habita no período de aulas? _______________________________________ 5. Irmãos Número de irmãos___ Idade e sexo dos irmãos: ___ anos (F/M); ___ anos (F/M); ___ anos (F/M); ___ anos (F/M) 6. Teve acompanhamento psicológico ou psiquiátrico? Nunca teve1 Teve no passado2. Motivo: _________________________________________________ Tem actualmente3. Motivo: _________________________________________________ 7. Tem problemas/doenças físicas? Sim1 Não2 Qual/Quais?______________________________________________________ 8. É crente em alguma religião? Sim1 Não2 Qual?__________________________________________ É praticante? Sim1 Não2 9. Ginástica Modalidade de Ginástica que pratico ___________________________ Faço ginástica desde os ___ anos Entro em competições regionais desde os ___ anos / Nunca entrei Entro em competições nacionais desde os ___ anos / Nunca entrei Entro em competições internacionais desde os ___ anos / Nunca entrei Geralmente, quantos dias treina por semana? ____ dias Em cada um desses dias, quanto tempo treina, em média? ____ horas 10. Pratica algum desporto fora do seu Clube? Sim1 Não2 Que modalidade? _____________________________________ Geralmente, quantos dias treina por semana? ____ dias Em cada um desses dias, quanto tempo treina, em média? ____ horas 11. Pais – Estado Civil 11.1. Pai Casado/União de Facto1 Divorciado/Separado2 Viúvo3 Solteiro4 Não sei5 11.2. Mãe Casada/União de Facto1 Divorciada/Separada2 Viúva3 Solteira4 Não sei5 12. Pais – Profissão 12.1. Pai ____________________________ 12.2. Mãe 13. Pais Nível de Escolaridade 13.1. Pai 13.2. Mãe Até 4º ano1 5º a 6º ano2 7º a 9º ano3 10º a 12º ano4 Licenciatura5 Pós-licenciatura6 Até 4º ano1 5º a 6º ano2 7º a 9º ano3 10º a 12º ano4 Licenciatura5 Pós-licenciatura6 14. Os seus pais praticam exercício físico? 14.1. Pai Sim1 Não2 14.2. Mãe Sim1 Não2 15. Como se entende com os seus pais? (Assinale com uma cruz a opção mais adequada) 15.1. Com o Pai Muito Mal1 Mal2 Nem mal, nem bem3 Bem4 Muito bem5 15.2. Com a Mãe Muito Mal1 Mal2 Nem mal, nem bem3 Bem4 Muito bem5 16. Como considera ser o seu ambiente familiar? (Assinale com uma cruz a opção mais adequada) Muito mau1 Mau2 Nem mau, nem bom3 Bom4 Muito bom5 MRFS-IV (Shisslak e col., 1999; versão portuguesa Francisco, Alarcão & Narciso, 2008) As questões que se seguem dizem respeito ao que é ser-se rapariga hoje em dia. Não há respostas certas ou erradas. Só queremos saber o que pensa. Para as perguntas que se seguem, escolha uma das seguintes alternativas: Nunca 1 Um pouco 2 Às vezes 3 Muito 4 1. No último ano, com que frequência se sentiu confiante? 2. No último ano, com que frequência fez dieta PARA PERDER PESO? 3. No último ano, com que frequência se preocupou com o facto de ter gordura (“banhas”) no corpo? 4. No último ano, com que frequência fez jejum (não comeu) durante um dia ou mais PARA PERDER PESO? 5. No último ano, com que frequência bebeu álcool quando estava sozinha ou com amigos(as)? 6. No último ano, com que frequência comeu menos do que o habitual quando estava aborrecida? 7. No último ano, com que frequência se sentiu gorda? 8. No último ano, com que frequência tentou perder peso? 9. No último ano, com que frequência pensou que queria ser mais magra? 10. No último ano, com que frequência o seu pai fez algum comentário acerca do seu peso ou da sua alimentação que a fez sentir mal? (Lembre-se que “pai” é o adulto do sexo masculino que na sua vida se comporta mais como pai para si.) 11. No último ano, com que frequência mudou a sua alimentação quando estava com outras raparigas? 12. No último ano, com que frequência teve alguém que a ouvisse quando precisou de conversar? 13. No último ano, com que frequência reduziu aquilo que comeu PARA PERDER PESO? 14. No último ano, com que frequência consumiu drogas? 15. No último ano, com que frequência comeu menos do que o habitual para tentar sentir-se melhor consigo mesma? 16. No último ano, com que frequência teve alguém com quem partilhar as suas preocupações e receios mais íntimos? 17. No último ano, com que frequência outras raparigas (incluindo irmãs) gozaram consigo por causa do seu peso? 18. No último ano, com que frequência tomou laxantes ou diuréticos PARA PERDER PESO? 19. No último ano, com que frequência se sentiu feia? 20. No último ano, com que frequência “saltou” refeições PARA PERDER PESO? 21. No último ano, com que frequência gostou da maioria das coisas em si? Sempre 5 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 1 1 0 2 2 2 3 4 5 3 4 5 3 4 5 Eu não tenho contacto com ninguém que eu considere como “pai” 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Nunca 1 Um pouco 2 Às vezes 3 Muito 4 22. No último ano, com que frequência teve dores de cabeça? 23. No último ano, com que frequência começou a comer e sentiu que não conseguia parar? 24. No último ano, com que frequência um professor ou treinador fez algum comentário acerca do seu peso que a fez sentir-se mal? 25. No último ano, com que frequência comeu mais do que o habitual quando estava aborrecida? 26. No último ano, com que frequência fumou tabaco? 27. No último ano, com que frequência se sentiu sem valor? 28. No último ano, com que frequência reparou que não tinha tanta energia como costuma ter? 29. No último ano, com que frequência fez exercício físico PARA PERDER PESO? 30. No último ano, com que frequência se sentiu “em baixo” ou “deprimida”? 31. No último ano, com que frequência se sentiu gira? 32. No último ano, com que frequência teve dores de estômago? 33. No último ano, com que frequência tentou mudar o seu peso para não ser gozada por rapazes (incluindo irmãos)? 34. No último ano, com que frequência PROVOCOU o vómito PARA PERDER PESO? 35. No último ano, com que frequência se sentiu feliz por ser como é? 36. No último ano, com que frequência comeu menos doces ou gorduras PARA PERDER PESO? 37. No último ano, com que frequência rapazes (incluindo irmãos) gozaram consigo por causa do seu peso? 38. No último ano, com que frequência a sua mãe fez algum comentário acerca do seu peso ou da sua alimentação que a fez sentir-se mal? (Lembre-se que “mãe” é o adulto do sexo feminino que na sua vida se comporta mais como mãe para si.) 39. No último ano, com que frequência teve alguém para a ajudar a compreender um problema quando precisou? 40. No último ano, com que frequência comeu menos do que o habitual quando estava chateada? 41. No último ano, com que frequência tomou comprimidos PARA EMAGRECER? 42. No último ano, com que frequência comeu mais do que o habitual para tentar sentir-se melhor consigo mesma? 43. No último ano, com que frequência as suas amigas falaram sobre o desejo de perder peso? 44. No último ano, com que frequência mudou a sua alimentação quando estava com rapazes? 45. No último ano, com que frequência teve dificuldade em concentrar-se? 46. No último ano, com que frequência comeu mais do que o habitual quando estava chateada? Sempre 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 1 2 2 3 3 4 4 5 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 0 Eu não tenho contacto com ninguém que eu considere como “mãe” 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Nunca 1 Um pouco 2 Às vezes 3 Muito 4 Sempre 5 47. No último ano, com que frequência teve dificuldade em divertir-se em actividades com que habitualmente se divertia? 48. No último ano, com que frequência comeu uma grande quantidade de comida num curto espaço de tempo, SEM ser a uma refeição ou numa festa? 49. No último ano, com que frequência tentou mudar o seu peso para não ser gozada por raparigas (incluindo irmãs)? 50. No último ano, com que frequência as fotografias/imagens de raparigas/mulheres magras a fizeram desejar ser magra? 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Para as perguntas que se seguem, escolha uma das seguintes alternativas: Absolutamente nada 1 Pouco Relativamente Muito Totalmente 2 3 4 5 51. No último ano, em que medida se preocupou com a possibilidade de ganhar 1 quilo? 52. Se os rapazes (incluindo irmãos) gozaram consigo por causa do seu peso no último ano, em que medida é que isso mudou o modo como se sente consigo própria? 53. No último ano, em que medida o seu peso influenciou o modo como se sente consigo própria? 54. No último ano, em que medida se sente feliz com o aspecto do seu corpo? 55. Em que medida pensa que, no último ano, o seu peso fez com que os rapazes NÃO gostassem de si? 56. No último ano, em que medida foi importante para os seus amigos que você fosse magra? 57. Se as raparigas (incluindo irmãs) gozaram consigo por causa do seu peso no último ano, em que medida é que isso mudou o modo como se sente consigo própria? 58. No último ano, em que medida tentou ser parecida com as raparigas ou mulheres que vê na televisão, nos filmes ou nas revistas? 59. No último ano, em que medida foi importante para a sua mãe que você fosse magra? (Lembre-se que “mãe” é o adulto do sexo feminino que na sua vida se comporta mais como mãe para si.) 60. Em que medida pensa que, no último ano, o seu peso fez com que outras raparigas NÃO gostassem de si? 61. No último ano, em que medida foi importante para o seu pai que você fosse magra? (Lembre-se que “pai” é o adulto do sexo masculino que na sua vida se comporta mais como pai para si.) 62. No último ano, em que medida foi importante para os(as) seus(suas) amigos(as) serem magros(as)? 1 2 0 3 4 5 1 2 3 4 5 Eu não fui gozada 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5 Eu não fui gozada 1 2 3 4 5 0 Eu não tenho contacto com ninguém que eu considere como “mãe” 1 2 1 2 3 4 5 3 4 5 0 Eu não tenho contacto com ninguém que eu considere como “pai” 1 2 1 2 3 4 5 3 4 5 Para as perguntas que se seguem, escolha uma das seguintes alternativas: Não 0 Sim 1 63. Já teve a sua primeira menstruação? Se Sim, que idade tinha quando teve a sua primeira menstruação? 64. Já alguma vez namorou/saiu com alguém? Se Sim, que idade tinha quando isso aconteceu pela primeira vez? 65. Este ano está numa escola diferente daquela onde esteve o ano passado? 66. No último ano, o seu corpo mudou? Se Sim, em que medida se sente incomodada com as mudanças no seu corpo? 0 1 ___ anos 0 1 ___ anos 0 1 0 1 67. No último ano, terminou algum namoro? 68. No último ano, esteve gravemente doente ou lesionada? 69. No último ano, perdeu algum(a) amigo(a) (por exemplo, por causa de uma discussão ou mudança de escola/casa)? 70. No último ano, algum dos seus animais de estimação morreu? 71. No último ano, sentiu-se rejeitada por alguém importante para si? 72. No último ano, sentiu-se ameaçada na escola? 73. No último ano, morreu alguém importante para si? 74. No último ano, os seus pais separaram-se ou divorciaram-se? 75. No último ano, sentiu-se ameaçada fora da escola? 76. No último ano, houve outras pessoas que notaram mudanças no seu corpo? Se Sim, em que medida se sente incomodada por outras pessoas notarem mudanças no seu corpo? 0 0 1 1 0 1 0 0 0 0 0 0 1 1 1 1 1 1 0 1 77. No último ano, algum dos seus pais voltou a casar? 78. No último ano, foi vocalista de um grupo musical ou pertenceu a um grupo de dança? 79. No último ano, teve que tomar medicamentos para a ajudar a estar atenta e melhorar as suas notas? 80. No último ano, teve que tomar insulina para a ajudar a controlar a Diabetes? 81. No último ano, sentiu, ou outras pessoas disseram-lhe, que come menos do que devia? 82. Por favor, coloque um círculo à volta da opção que corresponde à pessoa com 0 1 0 1 0 1 0 1 0 1 1 Absolutamente nada 1 Absolutamente nada 2 Pouco 2 Pouco 3 Relativamente 3 Relativamente 4 Muito 4 Muito 5 Totalmente 5 Totalmente quando tem um problema: (Pode escolher mais do que uma opção) A. Mãe H. Amigo(a) B. Pai I. Namorado(a) C. Madrasta J. Professor(a) D. Padrasto L. Treinador(a) E. Irmão/Meio-irmão M. Psicólogo(a) F. Irmã/Meia-irmã N. Padre/Pastor G. Outro familiar: ________ O. Outra pessoa: _______ P. Ninguém quem conversa 83. No último ano, como têm sido os seus resultados na escola, de uma maneira geral? 0 Negativos 1 Suficientes 2 Bons 3 Muito Bons Para as perguntas que se seguem, escolha uma das seguintes alternativas: Nunca 1 Um pouco 2 Às vezes 3 Muito 4 84. Na minha família, só se aceitam desempenhos excelentes. 85. Eu esforço-me muito para não desapontar os meus pais e professores. 86. Eu preciso de ser a melhor em tudo. 87. Eu sinto que devo fazer as coisas na perfeição ou então prefiro não as fazer. 88. Eu tenho objectivos extremamente elevados. 89. Com que frequência se preocupa com o que as outras pessoas pensam de si? Sempre 5 1 1 1 2 2 2 3 3 3 4 4 4 5 5 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Para as perguntas que se seguem, escolha uma das seguintes alternativas: Nada importante 1 Pouco importante 2 Importante Muito importante 3 4 90. Para se sentir bem consigo própria, em que medida é importante ser forte fisicamente? 91. Para se sentir bem consigo própria, em que medida é importante ser inteligente? 92. Para se sentir bem consigo própria, em que medida é importante ser magra? 93. Para se sentir bem consigo própria, em que medida é importante defender os seus direitos ou opiniões? Extremamente importante 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 Para as perguntas que se seguem, escolha uma das seguintes alternativas: Não 0 Sim 1 94. No último ano, houve alguma mulher importante na sua vida que você admirasse e/ou com quem conversasse sobre as coisas que lhe acontecem? 95. Já alguém lhe disse que você tem uma perturbação do comportamento alimentar (como anorexia ou bulimia)? 96. Está a estudar/treinar para ser bailarina ou dançarina profissional? 97. Pensa que tem uma perturbação do comportamento alimentar actualmente (como anorexia ou bulimia)? 98. No último ano, treinou ao nível de competição nalgum dos desportos que se seguem: Patinagem Natação Ginástica Atletismo 99. Já alguém na sua família teve uma perturbação do comportamento alimentar? 100. No último ano, sentiu-se pressionada para ter relações sexuais? 0 1 0 1 0 1 0 1 0 0 0 0 1 1 1 1 0 0 1 1 101. Assinale com uma cruz as actividades EM QUE PARTICIPA que a fazem sentir muito bem consigo mesma: __ Desportos organizados (por exemplo, basquetebol, voleibol, futebol) __ Natação/Saltos para a água __ Atletismo __ Ginástica __ Serviço Comunitário (por exemplo, voluntariado num Hospital ou no Jardim Zoológico) __ Escutismo __ Grupos de jovens da Igreja __ Jornal/Clube de Escrita/Rádio escolar __ Dança __ Teatro __ Música/Banda/Coro __ Outra (por favor, escreva qual: _______________________________________________) CDRS (Thompson & Gray, 1995; versão portuguesa Francisco, Alarcão & Narciso, 2008) Após observar atentamente as diferentes figuras, seleccione a que mais se aproxima da sua aparência actual, a que se aproxima mais da aparência que considera ideal e a que se aproxima mais da aparência que considera ideal para a prática da modalidade de ginástica que pratica. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1. A figura que mais se identifica com a minha aparência actual tem o número ____. 2. A figura que mais se identifica com o que considero ser a aparência ideal tem o número ____. 3. A figura que mais se identifica com o que considero ser a aparência ideal para a prática da ginástica tem o número ____. EDE-Q5.2 Pag 1 Questionário de Alimentação Instruções: As questões que se seguem dizem respeito APENAS às últimas quatro semanas (28 dias). Por favor leia cada questão cuidadosamente e responda a todas as questões. Obrigado. Questões 1 a 12: Por favor responda a cada questão cautelosamente e faça um círculo à volta do número apropriado à direita. Nenhum 1-5 dias 6-12 dias 13-15 dias 16-22 dias 23-27 dias Todos os dias Tentou limitar propositadamente (com ou sem sucesso) a quantidade de comida que ingeriu para influenciar o seu peso ou forma corporal? 0 1 2 3 4 5 6 Passou longos períodos de tempo (8 horas ou mais) sem comer nada para influenciar o seu peso ou forma corporal? 0 1 2 3 4 5 6 Tentou evitar comer alimentos de que gosta (tendo ou não conseguido) para influenciar o seu peso ou forma corporal? 0 1 2 3 4 5 6 Tentou seguir regras rígidas relativamente à sua alimentação (por exemplo, um limite máximo de calorias) para influenciar o seu peso ou forma corporal (tendo ou não conseguido)? 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 Pensar sobre comida, comer ou calorias tornou muito difícil concentrar-se em coisas em que estava interessada (por exemplo, trabalhar, seguir uma conversa ou ler)? 0 1 2 3 4 5 6 Pensar sobre o peso ou forma corporal tornou muito difícil concentrar-se em coisas em que estava interessada (por exemplo, trabalhar, seguir uma conversa ou ler)? 0 1 2 3 4 5 6 9 Teve medo intenso de perder o controlo sobre o que comia? 0 1 2 3 4 5 6 10 Teve um medo claro de poder ganhar peso? 0 1 2 3 4 5 6 11 Se sentiu gorda? 0 1 2 3 4 5 6 12 Teve um grande desejo de perder peso? 0 1 2 3 4 5 6 Quantos dias nos últimos 28 dias ..... 1 2 3 4 5 6 7 8 Teve um desejo claro de ter o seu estômago vazio para influenciar o seu peso ou forma corporal? Teve um desejo claro de ter um estômago completamente liso? ©Paulo PP Machado CIPsi – UM 2007 EDE-Q5.2 Pag 2 Questões 13 a 18: Por favor responda indicando o número adequado no espaço à direita de cada questão. Lembre-se que as questões se referem apenas às últimas quatro semanas (28 dias). Nas últimas quatro semanas (28 dias) ...... 13 Nos últimos 28 dias, quantas vezes comeu o que outras pessoas considerariam uma quantidade invulgarmente grande de comida (dadas as circunstâncias)? ..................... 14 .... Em quantas destas vezes sentiu que perdeu o controlo sobre o que estava a comer (enquanto estava a comer)? ..................... 15 Nos últimos 28 dias, em quantos DIAS ocorreram estes episódios de comer demasiado (i.e., comeu uma grande quantidade de comida e teve na altura uma sensação de perda de controlo)? ..................... 16 Nos últimos 28 dias, quantas vezes provocou o vómito para controlar o seu peso ou a forma corporal? ..................... 17 Nos últimos 28 dias, quantas vezes tomou laxantes para controlar o seu peso ou a forma corporal? ..................... 18 Nos últimos 28 dias, quantas vezes fez exercício excessivo ou de um modo compulsivo para controlar o seu peso, forma corporal ou quantidade de gordura, ou para queimar calorias? ..................... Questões 19 a 21: Por favor responda a cada questão cautelosamente e faça um círculo à volta do número apropriado à direita. Note que para estas questões o termo “episódio de ingestão alimentar compulsiva” significa comer o que outras pessoas considerariam uma quantidade invulgarmente grande de comida, dadas as circunstâncias, e tendo uma sensação de falta de controlo sobre o acto de comer. 19 20 Nos últimos 28 dias, em quantos dias comeu em segredo (i.e., às escondidas, furtivamente)? Nenhum dia 1-5 dias 6-12 dias 13-15 dias 16-22 dias 23-27 dias Todos os dias ... não conte os episódios de ingestão alimentar compulsiva 0 1 2 3 4 5 6 Metade Mais de metade A maioria Sempre 3 4 5 6 Quantas vezes, a seguir a comer, se sentiu culpada (sentiu que falhou) por causa do efeito que isso teria no seu peso ou forma corporal? ... não conte os episódios de ingestão alimentar compulsiva 21 Nos últimos 28 dias, até que ponto esteve preocupada com o facto das outras pessoas a verem comer? ... não conte os episódios de ingestão alimentar compulsiva ©Paulo PP Machado CIPsi – UM 2007 Nenhuma Algumas Menos de metade 0 1 Nada 0 2 Ligeira mente 1 2 Modera damente 3 4 Extrema mente 5 6 EDE-Q5.2 Pag 3 Questões 22 a 28: Por favor responda fazendo um círculo à volta do número apropriado à direita. Lembre-se que as questões se referem apenas às últimas quatro semanas (28 dias). Quantos dias nos últimos 28 dias ..... 22 23 24 25 26 27 28 Nada Ligeira mente Modera damente Extrema mente O seu peso influenciou o modo como se julga ou pensa sobre si própria como pessoa? 0 1 2 3 4 5 6 A sua forma corporal influenciou o modo como se julga ou pensa sobre si própria como pessoa? 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 Até que ponto ficaria aborrecida se lhe pedissem para se pesar uma vez por semana (nem mais nem menos vezes) durante as próximas quatro semanas? Até que ponto se sentiu insatisfeita com o seu peso? Até que ponto se sentiu insatisfeita com a sua forma corporal? Até que ponto se sentiu desconfortável ao ver o seu corpo (por exemplo, ao espelho, no reflexo de uma montra, enquanto se despia ou enquanto tomava banho)? Até que ponto se sentiu desconfortável com o facto dos outros verem o seu corpo (por exemplo, em balneários, enquanto nadavam ou quando usa roupas justas)? Qual o seu peso neste momento? (O mais aproximado possível, por favor) ..................................................... Qual é a sua altura (O mais aproximado possível, por favor) ....................................................... Se for mulher: Nos últimos três ou quatro meses falhou algum período menstrual? ....................................... Se sim, quantos períodos menstruais lhe falharam? ...................................... Tem tomado a pílula? ©Paulo PP Machado CIPsi – UM 2007 ....................................... Questionário de Auto-Estima Global (Autor Rosenberg, 1965; adaptação Luísa Faria, 2000) Segue-se uma lista de afirmações respeitantes ao modo como se sente acerca de si própria. À frente de cada uma delas assinale com uma cruz (X), na respectiva coluna, a resposta que mais se lhe adequa. Concordo Totalmente A Concordo B Concordo Discordo Parcialmente Parcialmente C D Discordo E Discordo Totalmente F 1. Globalmente estou satisfeita comigo própria. A B C D E F 2. Por vezes penso que nada valho. A B C D E F 3. Sinto que tenho um bom número de qualidades. A B C D E F 4. Sou capaz de fazer as coisas tão bem como a maioria das outras pessoas. A B C D E F 5. Sinto que não tenho muito de que me orgulhar. A B C D E F 6. Por vezes sinto-me de facto uma inútil. A B C D E F 7. Sinto que sou uma pessoa com valor, pelo menos num plano de igualdade com os outros. A B C D E F 8. Gostaria de ter mais respeito por mim própria. A B C D E F 9. Em termos gerais inclino-me a achar que sou uma falhada. A B C D E F 10. Adopto uma atitude positiva perante mim própria. A B C D E F QVPM – IV (Matos & Costa, 2001) Neste questionário, vai encontrar um conjunto de afirmações sobre as relações familiares. Leia atentamente cada uma das questões e assinale com um círculo (O) a resposta que melhor exprime o modo como se sente com cada um dos seus pais no momento actual. Responda em colunas separadas para o pai e para a mãe, tendo em conta as seis alternativas que se seguem: Discordo Totalmente 1 Discordo 2 Discordo Concordo Moderamente Moderamente 3 4 QUESTÕES 1. Os meus pais estão sempre a interferir em assuntos que só têm a ver comigo. 2. Tenho confiança que a minha relação com os meus pais se vai manter no tempo. 3. É fundamental para mim que os meus pais concordem com aquilo que eu penso. 4. Os meus pais impõem a maneira deles de ver as coisas. 5. Apesar das minhas divergências com os meus pais, eles são únicos para mim. 6. Penso constantemente que não posso viver sem os meus pais. 7. Os meus pais desencorajam-me quando quero experimentar uma coisa nova. 8. Os meus pais conhecem-me bem. 9. Só consigo enfrentar situações novas se os meus pais estiverem comigo. 10. Não vale muito a pena discutirmos, porque nem eu nem os meus pais damos o braço a torcer. 11. Confio nos meus pais para me apoiarem em momentos difíceis da minha vida. 12. Estou sempre ansiosa por estar com os meus pais. 13. Os meus pais preocupam-se demasiadamente comigo e intrometem-se onde não são chamados. 14. Em muitas coisas eu admiro os meus pais. Concordo 5 Concordo Totalmente 6 PAI MÃE 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 Discordo Totalmente 1 Discordo 2 Discordo Concordo Moderamente Moderamente 3 4 QUESTÕES 15. Eu e os meus pais é como se fossemos um só. Concordo 5 Concordo Totalmente 6 PAI 1 2 3 4 5 6 MÃE 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 21. Faço tudo para agradar aos meus pais. 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 22. Os meus pais dificilmente me dão ouvidos. 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 1 2 3 4 5 6 16. Em minha casa é problema eu ter gostos diferentes dos meus pais. 17. Apesar dos meus conflitos com os meus pais, tenho orgulho neles. 18. Os meus pais são as únicas pessoas importantes na minha vida. 19. Discutir assuntos com os meus pais é uma perda de tempo e não leva a lado nenhum. 20. Sei que posso contar com os meus pais sempre que precisar deles. 23. Os meus pais têm um papel importante no meu desenvolvimento. 24. Tenho medo de ficar sozinha se um dia perder os meus pais. 25. Os meus pais abafam a minha verdadeira forma de ser. 26. Não sou capaz de enfrentar situações difíceis sem os meus pais. 27. Os meus pais fazem-me sentir bem comigo própria. 28. Os meus pais têm a mania que sabem sempre o que é melhor para mim. 29. Se tivesse de ir estudar para longe dos meus pais, sentirme-ia perdida. 30. Eu e os meus pais temos uma relação de confiança. CISSS – PM (Buchholz e col., 2008; versão portuguesa Francisco, Alarcão & Narciso, 2008) Pense sobre o seu Clube de Ginástica. O que é mais frequente no seu Clube? Leia cada uma das afirmações que se seguem, começando cada afirmação com “No meu Clube…” Algumas afirmações poderão ser verdadeiras para o seu Clube, outras não. Escolha a resposta que melhor descreve o que geralmente acontece no seu Clube, utilizando a seguinte escala: Concordo totalmente 1 Concordo parcialmente 2 Não concordo nem discordo 3 Discordo parcialmente 4 Discordo totalmente 5 No meu Clube... 1. ... há muitos tamanhos e formas corporais diferentes entre os atletas. 1 2 3 4 5 2. ... ter um baixo peso corporal parece ajudar um atleta a ter sucesso. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 8. ... comentários acerca do peso e forma corporais são habituais. 1 2 3 4 5 9. ... atletas com baixo peso parecem estar em desvantagem na ginástica. 1 2 3 4 5 10. ... há pressões para perder peso e/ou manter um peso baixo. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 3. ... os corpos dos atletas são comparados uns com os outros e/ou com atletas de grande sucesso. 4. ... os treinadores preocupam-se com o tamanho e peso corporais dos seus atletas. 5. ... os atletas mais pesados parecem ter mais probabilidade de se magoar. 6. ... os atletas preocupam-se com o aspecto do corpo nos seus fatos desportivos. 7. ... ter mamas e ancas é visto como uma desvantagem para o desempenho das raparigas na ginástica. 11. ... raparigas com peso e forma corporais muito diferentes são encorajados a participar e a alcançar bons resultados. 12. ... atletas são elogiados quando perdem peso. CISSS – S (Buchholz e col., 2008; versão portuguesa Francisco, Alarcão & Narciso, 2008) Pense sobre o seu Clube de Ginástica. O que é mais frequente no seu Clube? Leia cada uma das afirmações que se seguem, começando cada afirmação com “No meu Clube…” Algumas afirmações poderão ser verdadeiras para o seu Clube, outras não. Escolha a resposta que melhor descreve o que geralmente acontece no seu Clube, utilizando a seguinte escala: Concordo totalmente 1 Concordo parcialmente 2 Não concordo nem discordo 3 Discordo parcialmente 4 Discordo totalmente 5 No meu Clube... 1. ... atletas e treinadores têm uma boa relação. 2. ... atletas acham difícil conversar com os treinadores sobre as suas preocupações pessoais. 3. ... os treinadores ajudam a planear fases de transição como por exemplo quando o atleta deixa a ginástica. 4. ... os treinadores continuam a ter contacto com antigos atletas. 5. ... os pais sentem que podem dar a sua opinião ou expressar as suas preocupações em relação à forma como os seus filhos estão a ser treinados. 6. ... os atletas são encorajados a exprimir abertamente os seus sentimentos (por exemplo, felicidade, medo, excitação, dor…). 7. ... gozar com os atletas utilizando alcunhas ou “chamando nomes” é comum. 8. ... os treinadores, por vezes, recomendam que os atletas procurem a ajuda de alguém, como um nutricionista ou um psicólogo. 9. ... os atletas são tratados de modo diferente, em função do seu desempenho. 10. ... os pais têm demasiadas expectativas em relação aos atletas. 11. ... os treinadores encorajam os atletas a terem uma vida para além da ginástica. 12. ... os treinadores utilizam uma linguagem ofensiva (e.g. calão, asneiras) quando estão zangados. 13. ... os treinadores esforçam-se por conhecer os atletas enquanto pessoas. 14. ... os pais apoiam e encorajam todos os atletas, e não apenas os seus próprios filhos. 15. ... os pais encorajam outras actividades para além da ginástica. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 MUITO OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO! PROTOCOLO DE INVESTIGAÇÃO VERSÃO PAIS (GINÁSTICA) N.º ____/G___ Doutoranda: Rita Mafalda Costa Francisco Orientadora: Professora Doutora Isabel Narciso Co-Orientadora: Professora Doutora Madalena Alarcão Doutoramento em Psicologia 2008 Consentimento Informado A investigação para a qual pedimos a sua colaboração está a ser feita no âmbito da tese de doutoramento em Psicologia de Rita Mafalda Costa Francisco, da Faculdade de Psicologia e de Ciências de Educação da Universidade de Lisboa. O objectivo desta investigação é compreender melhor o contributo de diferentes factores para a protecção ou risco de desenvolvimento de perturbações alimentares em adolescentes. A participação no estudo é voluntária e os dados disponibilizados são anónimos e confidenciais, não havendo quaisquer consequências para quem se recusar participar. Tomei conhecimento do objectivo do estudo e do que tenho de fazer para participar no estudo. Fui informado(a) que tenho o direito a recusar participar e que a minha recusa em fazê-lo não terá consequências para mim ou para o(a) meu(minha) filho(a). Assim, declaro que aceito participar na investigação. Rúbrica (por favor não indicar o nome ou outro dado que permita a sua identificação): _____________ Data: ___ /___ /_____ QUESTIONÁRIO GERAL Data _________ É muito importante que leia atentamente e responda a todas as questões. Deixar questões em branco inutiliza todo o questionário e impossibilita que as suas respostas sejam incluídas na investigação. Quando não tiver a certeza acerca de um valor ou resposta, por favor, responda com dados aproximados. 1. Idade ____ anos 2. Sexo Masculino1 Feminino2 3. Teve acompanhamento psicológico ou psiquiátrico? Nunca teve1 Teve no passado2. Motivo: _________________________________________________ Tem actualmente3. Motivo: _________________________________________________ 4. Tem problemas/doenças físicas? Sim1 Não2 Qual/Quais?______________________________________________________ 5. É crente em alguma religião? Sim1 Não2 Qual?__________________________________________ É praticante? Sim1 Não2 6. Como se entende com o(a) seu(sua) filho(a)? (Assinale com uma cruz a opção mais adequada) Muito Mal1 Mal2 Nem mal, nem bem3 Bem4 Muito bem5 7. Como considera ser o seu ambiente familiar? (Assinale com uma cruz a opção mais adequada) Muito mau1 Mau2 Nem mau, nem bom3 Bom4 Muito bom5 8. Por favor, responda às seguintes questões consoante a sua experiência pessoal, utilizando a seguinte escala: Concordo Concordo Não concordo Discordo Discordo totalmente parcialmente nem discordo parcialmente totalmente 1 2 3 4 5 8.1. Sinto que posso dar a minha opinião ou expressar as minhas preocupações em relação à forma como o(a) meu(minha) filho(a) está a ser treinado(a) no Clube. 8.2. Tenho expectativas muito elevadas em relação ao(à) meu(minha) filho(a) enquanto ginasta. 8.3. Apoio e encorajo todos os ginastas, e não apenas o(a) meu(minha) filho(a). 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 EDE-Q5.2 Pag 1 Questionário de Alimentação Instruções: As questões que se seguem dizem respeito APENAS às últimas quatro semanas (28 dias). Por favor leia cada questão cuidadosamente e responda a todas as questões. Obrigado. Questões 1 a 12: Por favor responda a cada questão cautelosamente e faça um círculo à volta do número apropriado à direita. Nenhum 1-5 dias 6-12 dias 13-15 dias 16-22 dias 23-27 dias Todos os dias Tentou limitar propositadamente (com ou sem sucesso) a quantidade de comida que ingeriu para influenciar o seu peso ou forma corporal? 0 1 2 3 4 5 6 Passou longos períodos de tempo (8 horas ou mais) sem comer nada para influenciar o seu peso ou forma corporal? 0 1 2 3 4 5 6 Tentou evitar comer alimentos de que gosta (tendo ou não conseguido) para influenciar o seu peso ou forma corporal? 0 1 2 3 4 5 6 Tentou seguir regras rígidas relativamente à sua alimentação (por exemplo, um limite máximo de calorias) para influenciar o seu peso ou forma corporal (tendo ou não conseguido)? 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 Pensar sobre comida, comer ou calorias tornou muito difícil concentrar-se em coisas em que estava interessado(a) (por exemplo, trabalhar, seguir uma conversa ou ler)? 0 1 2 3 4 5 6 Pensar sobre o peso ou forma corporal tornou muito difícil concentrar-se em coisas em que estava interessado(a) (por exemplo, trabalhar, seguir uma conversa ou ler)? 0 1 2 3 4 5 6 9 Teve medo intenso de perder o controlo sobre o que comia? 0 1 2 3 4 5 6 10 Teve um medo claro de poder ganhar peso? 0 1 2 3 4 5 6 11 Se sentiu gordo(a)? 0 1 2 3 4 5 6 12 Teve um grande desejo de perder peso? 0 1 2 3 4 5 6 Quantos dias nos últimos 28 dias ..... 1 2 3 4 5 6 7 8 Teve um desejo claro de ter o seu estômago vazio para influenciar o seu peso ou forma corporal? Teve um desejo claro de ter um estômago completamente liso? ©Paulo PP Machado CIPsi – UM 2007 EDE-Q5.2 Pag 2 Questões 13 a 18: Por favor responda indicando o número adequado no espaço à direita de cada questão. Lembre-se que as questões se referem apenas às últimas quatro semanas (28 dias). Nas últimas quatro semanas (28 dias) ...... 13 Nos últimos 28 dias, quantas vezes comeu o que outras pessoas considerariam uma quantidade invulgarmente grande de comida (dadas as circunstâncias)? ..................... 14 .... Em quantas destas vezes sentiu que perdeu o controlo sobre o que estava a comer (enquanto estava a comer)? ..................... 15 Nos últimos 28 dias, em quantos DIAS ocorreram estes episódios de comer demasiado (i.e., comeu uma grande quantidade de comida e teve na altura uma sensação de perda de controlo)? ..................... 16 Nos últimos 28 dias, quantas vezes provocou o vómito para controlar o seu peso ou a forma corporal? ..................... 17 Nos últimos 28 dias, quantas vezes tomou laxantes para controlar o seu peso ou a forma corporal? ..................... 18 Nos últimos 28 dias, quantas vezes fez exercício excessivo ou de um modo compulsivo para controlar o seu peso, forma corporal ou quantidade de gordura, ou para queimar calorias? ..................... Questões 19 a 21: Por favor responda a cada questão cautelosamente e faça um círculo à volta do número apropriado à direita. Note que para estas questões o termo “episódio de ingestão alimentar compulsiva” significa comer o que outras pessoas considerariam uma quantidade invulgarmente grande de comida, dadas as circunstâncias, e tendo uma sensação de falta de controlo sobre o acto de comer. 19 20 Nos últimos 28 dias, em quantos dias comeu em segredo (i.e., às escondidas, furtivamente)? Nenhum dia 1-5 dias 6-12 dias 13-15 dias 16-22 dias 23-27 dias Todos os dias ... não conte os episódios de ingestão alimentar compulsiva 0 1 2 3 4 5 6 Metade Mais de metade A maioria Sempre 3 4 5 6 Quantas vezes, a seguir a comer, se sentiu culpado(a) (sentiu que falhou) por causa do efeito que isso teria no seu peso ou forma corporal? ... não conte os episódios de ingestão alimentar compulsiva 21 Nos últimos 28 dias, até que ponto esteve preocupado(a) com o facto das outras pessoas o(a) verem comer? ... não conte os episódios de ingestão alimentar compulsiva ©Paulo PP Machado CIPsi – UM 2007 Nenhuma Algumas Menos de metade 0 1 Nada 0 2 Ligeira mente 1 2 Modera damente 3 4 Extrema mente 5 6 EDE-Q5.2 Pag 3 Questões 22 a 28: Por favor responda fazendo um círculo à volta do número apropriado à direita. Lembre-se que as questões se referem apenas às últimas quatro semanas (28 dias). Quantos dias nos últimos 28 dias ..... 22 23 24 25 26 27 28 O seu peso influenciou o modo como se julga ou pensa sobre si próprio(a) como pessoa? A sua forma corporal influenciou o modo como se julga ou pensa sobre si próprio(a) como pessoa? Até que ponto ficaria aborrecido(a) se lhe pedissem para se pesar uma vez por semana (nem mais nem menos vezes) durante as próximas quatro semanas? Até que ponto se sentiu insatisfeito(a) com o seu peso? Até que ponto se sentiu insatisfeito(a) com a sua forma corporal? Até que ponto se sentiu desconfortável ao ver o seu corpo (por exemplo, ao espelho, no reflexo de uma montra, enquanto se despia ou enquanto tomava banho)? Até que ponto se sentiu desconfortável com o facto dos outros verem o seu corpo (por exemplo, em balneários, enquanto nadavam ou quando usa roupas justas)? Nada Ligeira mente Modera damente Extrema mente 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 0 1 2 3 4 5 6 Qual o seu peso neste momento? (O mais aproximado possível, por favor) ..................................................... Qual é a sua altura (O mais aproximado possível, por favor) ....................................................... Se for mulher: Nos últimos três ou quatro meses falhou algum período menstrual? ....................................... Se sim, quantos períodos menstruais lhe falharam? ...................................... Tem tomado a pílula? ©Paulo PP Machado CIPsi – UM 2007 ....................................... Contour Drawing Rating Scale (Thompson & Gray, 1995; versão portuguesa Francisco, Alarcão & Narciso, 2008) Após observar atentamente as diferentes figuras, seleccione a que mais se aproxima da sua aparência actual e a que se aproxima mais da aparência que considera ideal. Se for mulher: 1 4. 2 3 4 5 6 7 8 9 A figura que mais se identifica com a minha aparência actual tem o número ____. 5. A figura que mais se identifica com o que considero ser a aparência ideal tem o número ____. Se for homem: 1 2 3 4 5 6 7 8 9 1. A figura que mais se identifica com a minha aparência actual tem o número ____. 2. A figura que mais se identifica com o que considero ser a aparência ideal tem o número ____. CISSS – PM (Buchholz e col., 2008; versão portuguesa Francisco, Alarcão & Narciso, 2008) Pense sobre o Clube de Ginástica do(a) seu(sua) filho(a). O que é mais frequente no Clube do(a) seu(sua) filho(a)? Leia cada uma das afirmações que se seguem, começando cada afirmação com “No clube do(a) meu(minha) filho(a)…” Algumas afirmações poderão ser verdadeiras para o Clube do(a) seu(sua) filho(a), outras não. Escolha a resposta que melhor descreve o que geralmente acontece no Clube do(a) seu(sua) filho(a), utilizando a seguinte escala: Concordo totalmente 1 Concordo parcialmente 2 Não concordo nem discordo 3 Discordo parcialmente 4 Discordo totalmente 5 No Clube do(a) meu(minha) filho(a)... 1. ... há muitos tamanhos e formas corporais diferentes entre os atletas. 1 2 3 4 5 2. ... ter um baixo peso corporal parece ajudar um atleta a ter sucesso. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 8. ... comentários acerca do peso e forma corporais são habituais. 1 2 3 4 5 9. ... atletas com baixo peso parecem estar em desvantagem na ginástica. 1 2 3 4 5 10. ... há pressões para perder peso e/ou manter um peso baixo. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 3. ... os corpos dos atletas são comparados uns com os outros e/ou com atletas de grande sucesso. 4. ... os treinadores preocupam-se com o tamanho e peso corporais dos seus atletas. 5. ... os atletas mais pesados parecem ter mais probabilidade de se magoar. 6. ... os atletas preocupam-se com o aspecto do corpo nos seus fatos desportivos. 7. ... ter mamas e ancas é visto como uma desvantagem para o desempenho das raparigas na ginástica. 11. ... raparigas ou rapazes com peso e forma corporais muito diferentes são encorajados a participar e a alcançar bons resultados. 12. ... atletas são elogiados quando perdem peso. CISSS – S (Buchholz e col., 2008; versão portuguesa Francisco, Alarcão & Narciso, 2008) Pense sobre o Clube de Ginástica do(a) seu(sua) filho(a). O que é mais frequente no Clube do(a) seu(sua) filho(a)? Leia cada uma das afirmações que se seguem, começando cada afirmação com “No clube do(a) meu(minha) filho(a)…” Algumas afirmações poderão ser verdadeiras para o Clube do(a) seu(sua) filho(a), outras não. Escolha a resposta que melhor descreve o que geralmente acontece no Clube do(a) seu(sua) filho(a), utilizando a seguinte escala: Concordo totalmente 1 Concordo parcialmente 2 Não concordo nem discordo 3 Discordo parcialmente 4 Discordo totalmente 5 No Clube do(a) meu(minha) filho(a)... 1. ... atletas e treinadores têm uma boa relação. 2. ... atletas acham difícil conversar com os treinadores sobre as suas preocupações pessoais. 3. ... os treinadores ajudam a planear fases de transição como por exemplo quando o atleta deixa a ginástica. 4. ... os treinadores continuam a ter contacto com antigos atletas. 5. ... os pais sentem que podem dar a sua opinião ou expressar as suas preocupações em relação à forma como os seus filhos estão a ser treinados. 6. ... os atletas são encorajados a exprimir abertamente os seus sentimentos (por exemplo, felicidade, medo, excitação, dor…). 7. ... gozar com os atletas utilizando alcunhas ou “chamando nomes” é comum. 8. ... os treinadores, por vezes, recomendam que os atletas procurem a ajuda de alguém, como um nutricionista ou um psicólogo. 9. ... os atletas são tratados de modo diferente, em função do seu desempenho. 10. ... os pais têm demasiadas expectativas em relação aos atletas. 11. ... os treinadores encorajam os atletas a terem uma vida para além da ginástica. 12. ... os treinadores utilizam uma linguagem ofensiva (e.g. calão, asneiras) quando estão zangados. 13. ... os treinadores esforçam-se por conhecer os atletas enquanto pessoas. 14. ... os pais apoiam e encorajam todos os atletas, e não apenas os seus próprios filhos. 15. ... os pais encorajam outras actividades para além da ginástica. 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 1 2 3 4 5 MUITO OBRIGADA PELA SUA COLABORAÇÃO! APÊNDICE B SISTEMA HIERÁRQUICO DE CATEGORIAS (NODE SUMMARY REPORT – NVIVO7) Node Summary Report Project: Estudo Focus Groups - Contextos de Risco para o Desenvolvimento de PA Generated: 22-11-2010 19:42 FONTES DE INFLUÊNCIA Description Fontes de Influência nos comportamentos e atitudes em relação ao peso e imagem corporal dos estudantes de dança e dos ginastas de alta competição Created On 19-06-2007 12:34 By RF Modified On 26-11-2010 19:13 By RF FONTES DE INFLUÊNCIA\MUNDO DANÇA CLÁSSICA ou GINÁSTICA DE COMPETIÇÃO Description Mundo da dança clássica, profissional OU mundo da ginástica de alta competição, enquanto fontes de influência nos estudantes de dança ou ginastas Created On 31-07-2007 11:35 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources Document 4 107 3.204 131 4 107 3204 131 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO Description Escola de Dança ou Ginásio Created On 31-07-2007 11:37 By RF Modified On 30-03-2008 13:39 By RF Users 1 Cases 22 Type Sources References Words Document 4 659 17.548 807 4 659 17548 807 Total Node Summary Report Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 1 of 24 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\PARES Description Colegas da escola de dança ou ginásio Created On 31-07-2007 11:38 By RF Modified On 30-03-2008 13:39 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources Document 4 70 2.183 71 4 70 2183 71 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\PROFESSORES ou TREINADORES Description Professores da escola de dança ou treinadores do ginásio Created On 31-07-2007 11:38 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources Document 4 278 7.129 343 4 278 7129 343 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\VESTUÁRIO Description Roupa usada pelos estudantes de dança e bailarinos na escola e em espectáculos Created On 31-07-2007 11:41 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Words Document 2 7 487 8 2 7 487 8 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\TRABALHO Description Trabalho desenvolvido na escola ou ginásio - aulas, treino, etc. Created On 31-07-2007 11:45 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 19 Type Sources Document 4 107 3.624 135 4 107 3624 135 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 2 of 24 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\TESTES E ESPECTÁCULOS ou PROVAS Description Espectáculos, audições (fora da EDCN), testes de avaliação, ou provas de competição (nível nacional ou internacional) Created On 31-07-2007 11:46 By RF Modified On 30-03-2008 13:39 By RF Users 1 Cases 22 Type Sources References Words Document 4 136 3.749 175 4 136 3749 175 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\HORÁRIOS Description Horários das aulas na escola de dança ou dos treinos no ginásio Created On 31-07-2007 11:41 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 14 Type Sources Document 3 44 1.417 47 3 44 1417 47 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\FUNCIONÁRIOS Description Pessoal não docente Created On 31-07-2007 11:40 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Words Document 1 17 272 20 1 17 272 20 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\ESCOLA ou GINÁSIO\SISTEMA Description Cultura, regras e funcionamento do sistema escolar (EDCN) ou do sistema desportivo (Ginásio) Created On 02-09-2007 11:15 By RF Modified On 16-03-2008 23:46 By RF Users 1 Cases 10 Type Sources Document 2 90 2.255 129 2 90 2255 129 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 3 of 24 FONTES DE INFLUÊNCIA\PAIS Description Pais dos bailarinos/ginastas de alta competição Created On 31-07-2007 11:38 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources Document 4 70 2.005 95 4 70 2005 95 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\SOCIEDADE Description Sociedade em geral Created On 31-07-2007 11:49 By RF Modified On 29-02-2008 20:31 By RF Users 1 Cases 13 Type Sources Document 4 35 1.077 35 4 35 1077 35 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FONTES DE INFLUÊNCIA\PRÓPRIO Description Características individuais dos bailarinos e ginastas de alta competição Created On 01-08-2007 12:36 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 19 Type Sources References Words Document 4 76 2.546 101 4 76 2546 101 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA Description Factores de influência sobre os jovens bailarinos e ginastas de alta competição Created On 12-07-2007 19:54 By RF Modified On 11-03-2008 23:22 By RF Node Summary Report Page 4 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO Description Factores de risco para o desenvolvimento de problemas entre os jovens bailarinos e ginastas de alta competição Created On 31-07-2007 11:27 By RF Modified On 26-11-2010 19:03 By RF Users 1 Cases 22 Type Sources References Words Document 4 572 16.245 718 4 572 16245 718 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES Description Factores de risco associados ao desenvolvimento de PA entre os adolescentes/bailarinos/ginastas de alta competição, identificados na literatura ou referidos pelos entrevistados Created On 31-07-2007 11:30 By RF Modified On 26-11-2010 19:12 By RF Users 1 Cases 22 Type Sources References Words Document 4 494 14.569 609 4 494 14569 609 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Pressão para a Magreza Description Pressão sócio-cultural para a magreza, no sentido de "beleza igual a magreza", incentivo à magreza excessiva (professores, etc.) por razões estéticas ou de desempenho Created On 31-07-2007 12:26 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 20 Type Sources Document 4 135 4.014 165 4 135 4014 165 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 5 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Lesões físicas Description Lesões físicas Created On 31-07-2007 15:26 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 11 Type Sources Document 4 23 851 23 4 23 851 23 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Insatisfação Imagem Corporal Description Insatisfação com a imagem corporal Created On 31-07-2007 16:13 By RF Modified On 26-02-2008 17:08 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Document 3 4 255 5 3 4 255 5 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Perfeccionismo Description Perfeccionismo Created On 31-07-2007 16:16 By RF Modified On 26-02-2008 17:08 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources References Words Document 3 21 865 36 3 21 865 36 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Emotional distress Description Emotional distress ou estado de tensão negativo (incluindo ansiedade, tristeza, frustração...) Created On 31-07-2007 16:27 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 22 Type Sources Document 4 107 4.333 142 4 107 4333 142 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 6 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Desvalorização da saúde Description Desvalorização da saúde Created On 31-07-2007 18:19 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources Document 4 30 868 56 4 30 868 56 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Pressão para o desempenho Description Pressão para o desempenho atlético/artístico Created On 31-07-2007 18:53 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 9 Type Sources Document 3 25 905 41 3 25 905 41 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Competição Description Competição entre estudantes de dança (e bailarinos profissionais) ou entre ginastas de alta competição (do mesmo clube ou outros) Created On 31-07-2007 18:55 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 7 Type Sources References Words Document 3 8 223 8 3 8 223 8 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Oscilações de peso Description Oscilações de peso Created On 31-07-2007 18:57 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Document 2 6 208 6 2 6 208 6 Total Node Summary Report Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 7 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Visibilidade/exposição do corpo Description Visibilidade e exposição do corpo em público Created On 31-07-2007 18:57 By RF Modified On 18-03-2008 15:59 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Document 2 7 487 8 2 7 487 8 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Treino excessivo Description Treino excessivo (para além do que seria aceitável...) Created On 01-08-2007 19:45 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 11 Type Sources Document 4 22 738 33 4 22 738 33 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Controlo Peso Description Diversas formas de controlar o peso dos estudantes de dança/ginastas, quer pelo próprio (restrição alimentar, vómito, etc.), quer por outras pessoas (e.g. professores, treinadores) Created On 01-08-2007 20:46 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 20 Type Sources References Words Document 4 99 2.673 105 4 99 2673 105 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Controlo Peso\Restrição alimentar Description Restrição alimentar, incluindo formas específicas de controlar a fome (tabaco, café, água antes das refeições, etc.) Created On 01-08-2007 20:45 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 18 Type Sources Document 4 74 2.002 74 4 74 2002 74 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 8 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Controlo Peso\Medição do peso Description Medição do peso dos estudantes de dança ou ginastas (pelos professores ou treinadores) Created On 01-08-2007 21:04 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 11 Type Sources Document 3 16 222 20 3 16 222 20 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Controlo Peso\Não específica Description Referência à necessidade de controlar o peso/imagem corporal, mas o entrevistado não especifica a forma como o faria Created On 02-08-2007 19:52 By RF Modified On 05-03-2008 15:43 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Document 1 4 411 4 1 4 411 4 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Controlo Peso\Vómito Description Recurso a métodos purgativos para controlo do peso Created On 02-08-2007 19:55 By RF Modified On 09-02-2008 1:03 By RF Users 1 Cases 2 Type Sources References Words Document 1 5 37 5 1 5 37 5 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Objectified body consciousness Description Tendência para se ver a si próprio como um objecto para ser observado e avaliado pelos outros Created On 02-08-2007 9:54 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Document 2 3 204 3 2 3 204 3 Total Node Summary Report Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 9 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Preocupação com Imagem corporal Description Preocupação com a imagem corporal Created On 02-08-2007 10:32 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Document 2 5 341 5 2 5 341 5 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos Description Comentários críticos negativos acerca do desempenho, alimentação, peso ou imagem corporal dos estudantes de dança ou ginastas Created On 02-08-2007 10:33 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources Document 4 78 2.559 93 4 78 2559 93 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos\Comentários Alimentação Description Comentários críticos negativos acerca da alimentação dos estudantes de dança ou ginastas Created On 02-08-2007 10:35 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 16 Type Sources References Words Document 4 45 1.203 54 4 45 1203 54 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos\Comentários Peso e imagem corporal Description Comentários críticos negativos acerca do peso ou imagem corporal dos estudantes de dança ou ginastas Created On 02-08-2007 10:35 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 19 Type Sources Document 4 45 1.523 59 4 45 1523 59 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 10 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos\Comentários Desempenho Description Comentários críticos negativos relativos ao desempenho dos bailarinos/ginastas Created On 30-01-2008 0:01 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Document 3 6 340 7 3 6 340 7 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comparações entre bailarinos ou ginastas Description Comparações entre estudantes de dança e ginastas de alta competição, em termos de estrutura/imagem corporal, desempenho, etc. Created On 02-08-2007 19:43 By RF Modified On 09-02-2008 0:33 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Document 1 4 338 4 1 4 338 4 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Isolamento social Description Diminuição ou anulação de contactos sociais ou contactos sociais centrados na tarefa Created On 08-08-2007 0:10 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources References Words Document 3 16 655 18 3 16 655 18 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Exigência de tempo Description Exigência de tempo excessivo dedicado à dança ou à ginástica Created On 08-08-2007 0:16 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 12 Type Sources Document 3 32 1.189 32 3 32 1189 32 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 11 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Episódios de ingestão exacerbada Description Episódios de ingestão exacerbada, como consequência da restrição alimentar Created On 08-08-2007 11:12 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 7 Type Sources Document 3 16 239 16 3 16 239 16 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comparações Competitivas Description Comparações entre bailarinos ou ginastas, que demonstram competição entre os mesmos Created On 10-01-2008 17:18 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 6 Type Sources Document 2 22 639 24 2 22 639 24 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Mudanças na puberdade Description Mudanças que ocorrem no corpo dos bailarinos/ginastas durante a puberdade Created On 02-08-2007 19:56 By RF Modified On 05-03-2008 15:45 By RF Users 1 Cases 6 Type Sources References Words Document 2 9 426 9 2 9 426 9 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Sexo feminino Description Aspectos específicos relacionados com as bailarinos/ginastas, que as diferencia dos seus colegas do sexo masculino Created On 12-02-2008 22:13 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 12 Type Sources Document 4 53 1.515 53 4 53 1515 53 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 12 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Conhecimento de casos de AN Description Conhecimento de casos de Anorexia Nervosa (ou com alguns sintomas de AN) entre os pares, professores/treinadores ou dentro do mundo da dança clássica/ginástica de alta competição Created On 26-02-2008 0:36 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 12 Type Sources References Words Document 4 25 441 25 4 25 441 25 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Padrão familiar desligado Description Padrão familiar desligado, revelando pouco envolvimento entre pais e filhos nas questões relacionadas com a ginástica/dança Created On 28-02-2008 14:27 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 4 Type Sources Document 1 11 328 11 1 11 328 11 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Pressão para carreira na dança Description Pressão para a carreira na dança, por parte dos pais, muitas vezes como consequência de um sonho dos pais que não se concretizou, levando a que os estudantes de dança permaneçam na EDCN por "obrigação" ou com pouca vontade de serem bailarinos Created On 25-03-2008 15:25 By RF Modified On 25-03-2008 15:30 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources Document 2 18 363 37 2 18 363 37 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 13 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. GERAIS Description Factores de risco associados ao desenvolvimento de problemas em geral (não específicos) entre os adolescentes/bailarinos/ginastas de alta competição Created On 31-07-2007 11:31 By RF Modified On 26-11-2010 19:06 By RF Users 1 Cases 18 Type Sources References Words Document 4 127 3.613 178 4 127 3613 178 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. GERAIS\Negativismo Description Desvalorização pessoal, pessimismo, negativismo dos bailarinos/ginastas em relação ao seu desempenho Created On 28-08-2007 18:10 By RF Modified On 05-03-2008 15:50 By RF Users 1 Cases 4 Type Sources Document 2 11 406 20 2 11 406 20 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. GERAIS\Exigência precoce de maturidade Description Exigência precoce de maturidade por parte do sistema escolar (essencialmente professores) Created On 02-09-2007 18:12 By RF Modified On 26-02-2008 17:08 By RF Users 1 Cases 4 Type Sources References Words Document 1 15 463 30 1 15 463 30 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. GERAIS\Super-protecção da escola Description Super-protecção por parte da escola/ginásio Created On 03-09-2007 15:01 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 2 Type Sources References Document 1 7 179 14 1 7 179 14 Total Node Summary Report Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 14 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. GERAIS\Dependência Description Hipervalorização da opinião/aprovação dos outros (pais, professores, treinadores, etc.) Created On 14-12-2007 11:33 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 4 Type Sources Document 2 15 321 15 2 15 321 15 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. GERAIS\Distanciamento da família Description Distanciamento da família, relacionado com o pouco tempo que pais e filhos passam juntos Created On 17-12-2007 16:19 By RF Modified On 05-03-2008 15:50 By RF Users 1 Cases 2 Type Sources References Document 1 2 171 2 1 2 171 2 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. GERAIS\Relação negativa professor-aluno ou treinador-atleta Description Relação negativa entre professor/treinador e aluno/ginasta, caracterizada por distanciamento por parte dos professores, hostilidade, professores centrados em si próprios, distinção entre alunos e medo da reacção dos professores/treinadores Created On 06-02-2008 11:34 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 18 Type Sources Document 4 80 2.233 102 4 80 2233 102 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 15 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES Description Factores protectores do desenvolvimento de problemas entre os jovens bailarinos e ginastas de alta competição Created On 31-07-2007 11:28 By RF Modified On 26-11-2010 19:04 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources References Words Document 4 289 8.712 355 4 289 8712 355 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES Description Factores protectores do desenvolvimento de PA entre os adolescentes/bailarinos/ginastas de alta competição, identificados na literatura ou referidos pelos entrevistados Created On 31-07-2007 11:33 By RF Modified On 26-11-2010 19:12 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources Document 4 178 5.412 191 4 178 5412 191 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Crença necessidade alimentação adequada Description Crença dos estudantes de dança ou ginastas na necessidade de terem uma alimentação adequada ao trabalho físico que desenvolvem Created On 31-07-2007 12:29 By RF Modified On 05-03-2008 15:55 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources References Words Document 2 23 994 23 2 23 994 23 Total Node Summary Report Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 16 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Aceitação de outras formas corporais Description Aceitação de outras formas corporais (não apenas a magreza ou estatura estandardizada) na dança, ginástica ou sociedade em geral Created On 31-07-2007 12:36 By RF Modified On 19-02-2008 16:27 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Words Document 4 7 258 7 4 7 258 7 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Auto-eficácia Description Sentimento de auto-eficácia Created On 31-07-2007 15:21 By RF Modified On 09-02-2008 22:52 By RF Users 1 Cases 4 Type Sources References Document 1 7 359 7 1 7 359 7 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Crença necessidade respeitar o corpo Description Crença na necessidade de ouvir e respeitar o corpo Created On 31-07-2007 15:31 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 9 Type Sources References Words Document 4 20 665 22 4 20 665 22 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Suporte social Description Suporte social sentido como importante pelos estudantes de dança ou ginastas Created On 31-07-2007 16:16 By RF Modified On 05-03-2008 15:57 By RF Users 1 Cases 13 Type Sources Document 3 51 1.515 59 3 51 1515 59 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 17 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Valorização da beleza interior Description Valorização da beleza interior em detrimento da beleza exterior Created On 31-07-2007 18:32 By RF Modified On 07-02-2008 22:00 By RF Users 1 Cases 4 Type Sources References Document 1 4 113 4 1 4 113 4 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Comentários críticos construtivos Description Comentários críticos positivos acerca do desempenho, alimentação, peso ou imagem corporal dos estudantes de dança ou ginastas Created On 06-08-2007 17:17 By RF Modified On 05-03-2008 15:55 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Document 2 3 59 4 2 3 59 4 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Pouca competitividade Description Ambiente pouco competitivo (dentro do mesmo ginásio e/ou entre ginastas de diferentes ginásios) Created On 18-02-2008 16:47 By RF Modified On 30-03-2008 13:39 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources References Words Document 2 23 559 23 2 23 559 23 Total Node Summary Report Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 18 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Sexo masculino Description Aspectos específicos relacionados com os bailarinos/ginastas, que os diferencia das suas colegas do sexo feminino Created On 26-02-2008 0:22 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 7 Type Sources References Words Document 3 31 660 33 3 31 660 33 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Maior valorização do sucesso escolar em detrimento do sucesso desportivo Description Maior valorização do sucesso escolar, em detrimento do sucesso desportivo Created On 26-02-2008 0:55 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Document 1 6 222 6 1 6 222 6 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Desconhecimento de casos de AN Description Desconhecimento de casos de Anorexia Nervosa entre ginastas Created On 28-02-2008 15:13 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 3 Type Sources References Words Document 1 6 156 6 1 6 156 6 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. GERAIS Description Factores protectores do desenvolvimento de problemas em geral (não específicos) entre os adolescentes/bailarinos/ginastas de alta competição Created On 31-07-2007 11:34 By RF Modified On 26-11-2010 19:05 By RF Users 1 Cases 21 Type Sources Document 4 127 3.649 180 4 127 3649 180 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 19 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. GERAIS\Motivação para dançar ou treinar Description Maior motivação para dançar/treinar no seguimento de algum acontecimento (e.g. paragem devido a lesão física, participação em audições/competições,...) Created On 06-08-2007 13:24 By RF Modified On 19-02-2008 14:17 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources References Words Document 3 17 386 27 3 17 386 27 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. GERAIS\Maior maturidade Description Maior maturidade, sentida pelos estudantes de dança ou ginastas, quando comparados com outros adolescentes das mesmas idades Created On 02-09-2007 0:14 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 11 Type Sources Document 3 26 687 40 3 26 687 40 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. GERAIS\Auto-regulação Description Auto-regulação das emoções e sentimentos Created On 12-12-2007 16:24 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 12 Type Sources References Words Document 3 17 723 22 3 17 723 22 Total Node Summary Report Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 20 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. GERAIS\Relação positiva com professores ou treinadores Description Relação positiva entre alunos/ginastas com os professores/treinadores, nomeadamente confiança entre ambos, empatia, imparcialidade, profissionalismo e empenho da parte dos professores Created On 06-02-2008 23:46 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 15 Type Sources Document 4 58 1.642 73 4 58 1642 73 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. GERAIS\Avaliação contínua Description Avaliação contínua do desempenho dos bailarinos Created On 07-02-2008 0:03 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Words Document 1 10 244 20 1 10 244 20 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES Description Factores de influência ambivalentes quanto ao seu impacto no desenvolvimento de problemas entre os jovens bailarinos e ginastas, no sentido em que a sua direcção de influência não foi clarificada pelos entrevistados ou não surge referida na literatura Created On 31-07-2007 11:29 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 22 Type Sources Document 4 125 3.078 130 4 125 3078 130 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 21 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Trabalho intensivo Description Trabalho intensivo na Escola de Dança ou Ginásio Created On 31-07-2007 14:56 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 13 Type Sources Document 4 36 1.216 39 4 36 1216 39 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Selecção rigorosa Description Selecção muito rigorosa dos estudantes de dança que permanecem na EDCN, aquando da passagem de ciclo Created On 03-09-2007 11:27 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 5 Type Sources References Document 1 6 61 7 1 6 61 7 Total Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Dissuasão carreira dança Description Tentativa de dissuadir os estudantes de dança de continuarem na EDCN devido ao grau de exigência da mesma Created On 04-09-2007 11:25 By RF Modified On 12-02-2008 22:45 By RF Users 1 Cases 1 Type Sources References Words Document 1 1 58 2 1 1 58 2 Total Node Summary Report Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 22 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Controlo externo da alimentação Description Controlo da alimentação dos estudantes de dança ou ginastas por parte de outros que não o próprio (e.g. pais, professores, treinadores) Created On 12-12-2007 12:53 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 13 Type Sources References Words Document 3 36 979 36 3 36 979 36 Total Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Ausência de controlo da alimentação por outros Description Ausência de controlo da alimentação por parte de outros, que não os estudantes de dança ou ginastas (pais, professores, treinadores, etc.) Created On 12-12-2007 12:54 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 14 Type Sources Document 3 22 395 22 3 22 395 22 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Alterações físicas Description Alterações no desenvolvimento e/ou metabolismo do corpo decorrentes do treino na ginástica ou dança Created On 15-02-2008 0:41 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 10 Type Sources References Words Document 3 21 524 21 3 21 524 21 Total Node Summary Report Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 23 of 24 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Despreocupação com a alimentação Description Ausência de preocupação com o tipo e quantidade de alimentos ingeridos Created On 17-02-2008 18:40 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 8 Type Sources Document 4 19 403 19 4 19 403 19 Total References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 FACTORES DE INFLUÊNCIA\AMBIVALENTES\Relação ambígua treinador-atleta Description Relação entre treinador e atleta com características ambíguas ou sentimentos ambivalentes associados Created On 27-02-2008 16:23 By RF Modified On 25-03-2008 19:07 By RF Users 1 Cases 7 Type Sources Document 2 11 179 11 2 11 179 11 Total Node Summary Report References Words Paragraphs Region Duration Rows 0 Page 24 of 24 APÊNDICE C REFERÊNCIAS INCLUÍDAS NAS CATEGORIAS “COMENTÁRIOS CRÍTICOS EM RELAÇÃO AO PESO E IMAGEM CORPORAL” E “SUPORTE SOCIAL” Coding Summary Report Project: Estudo Focus Groups - Contextos de Risco para o Desenvolvimento de PA Generated: 22-11-2010 20:16 Coding By Name Initials Rita Francisco RF Total Users 1 Internals\Bailarinos\FG1 Document Focus group bailarinos 3.º - 5.º ano artístico Node Coding References Tree Nodes\FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos\Comentários Peso e imagem corporal Reference 1 Coverage 0,73% 20 Coverage 5,41% Character Range 35432 - 36108 Mo – Eu acho que... aqui na escola de dança depende da mentalidade de cada um. Há umas raparigas que são mais sensíveis ou uns rapazes são mais sensíveis se dissermos “estás gordo!” são mais sensíveis e “Estou gordo! E agora que faço?!”, há pessoas que reagem mal a isso, há outras pessoas que estão-se a marimbar porque sabem que têm um corpo ali, que está sempre ali, como estão a alongar, não há problema. Há pessoas que têm um corpo um bocadinho menos que as colegas, estão um bocadinho mais salientadas, que às vezes pensam que é o fim do mundo! E não devem pensar isso, devem trabalhar nas aulas, porque o trabalho na aula, na minha opinião, faz com que isso desapareça. Reference 2 Coverage 0,76% Character Range 39676 - 40377 (T) Por exemplo, a minha opinião é que as pessoas não podem ser demasiado magras nem demasiado gordas, as pessoas têm é que trabalhar o seu corpo. Não podem ser perfeitas, nenhuma pessoa é perfeita, por assim dizer. E então se uma pessoa diz isto “Estás gordo” ou “Estás demasiado magro”, uma pessoa não pode levar isso a peito, a pessoa fica com aquilo na cabeça, mas vai tentar corrigir por assim dizer, esse erro, não vai ficar ali... sei lá, chateada consigo mesmo, poque está gorda ou demasiado magra. A pessoa deve continuar com o seu ritmo, que está a ter, ou melhorar ainda mais o trabalho que está a ter e continuar com o seu corpo, porque o seu corpo vai mudar ao longo da idade que vai ter. Reference 3 Coverage 0,29% Character Range 40920 - 41191 (Ma) E outra coisa é quando as pessoas dizem “estás gorda” ou “estás magra”, aqui estão a falar com adolescentes, crianças, e essas pessoas às vezes... “vou fazer mudanças na minha alimentação” mas não sabem como e então, qual é o caminho que elas tomam, o mais rápido... Reference 4 Coverage 0,38% Character Range 41922 - 42271 Mo – Na nossa escola há aquela coisa de “ah, aquela ali está gorda” mas se a gente puser numa escola normal elas são magras, muito magras, mas cá na escola como há miúdas tão fininhas, mais magras, há uma que é um bocadinho mais gorda, vai para outra escola, e é a mais magra de todas. Por isso, cá na escola as pessoas não devem levar isso a peito. Reference 5 Coding Summary Report Coverage 0,75% Character Range 44701 - 45396 Page 1 of 15 B – Eu quando estive de férias, pronto, estava bem, estava contente com o meu corpo, às vezes também via assim umas raparigas mais gordinhas que eu, e assim, e depois quando cheguei à escola, no primeiro dia, fiquei um bocado deprimida, porque estávamos a vestir para ir para a aula e eu via toda a gente quase metade de mim e... fiquei um bocadinho triste. E depois ainda por cima nesse dia, nós às vezes também temos uns colegas muito agradáveis [tom irónico] que nos dizem que estamos gordos, e eu nesse dia decidi que ia deixar de comer. Pronto, nesse dia não almocei, não jantei... mas, pronto, depois percebi que era uma estupidez, que eu assim não ia conseguir mesmo chegar a lado nenhum! Reference 6 Coverage 0,21% Character Range 45400 - 45592 Mo – Esta é uma daquelas mentalidades que ela já teve, que se ela fosse para outra escola, as raparigas iam dizer “vou roubar o corpo àquela menina!” [B sorri], noutra escola seria magríssima! Reference 7 Coverage 0,07% Character Range 45836 - 45899 A – E não podem dizer assim de uma maneira bruta “estás gorda!” Reference 8 Coverage 0,21% Character Range 45903 - 46094 Ma – Às vezes é assim, apetece-me dizer, hoje estou mal-disposta e hoje vejo tudo ao contrário, e apetece-me dizer que aquela está gorda e vou-lhe dizer! E depois disso surge um efeito mau... Reference 9 Coverage 0,52% Character Range 46098 - 46577 C – Eu acho que pode haver um colega, como a B disse, menos agradável que diz “ah estás gorda, tens que emagrecer!” e não sei quê, enquanto pode haver esses, pode haver outros que sejam amigos da própria pessoa que dêem conselhos, de uma maneira mais agradável, que dão conselhos para ela ter cuidado! Não é "ah estás gorda, tens que deixar de comer para voltares ao normal!" porque depois, se nós deixarmos de comer, quando nós voltarmos a comer ele já não vai aceitar a comida! Reference 10 Coverage 0,01% Character Range 46581 - 46592 Coverage 0,51% Character Range 46596 - 47068 A – Exacto. Reference 11 Ma – E é assim, quando eu digo uma coisa a alguém, isso vai ter um efeito, e o efeito ou vai ser bom ou vai ser mau, não há efeitos intermédios. Se uma pessoa disser para ajudar a pessoa, porque sabe que, por exemplo, no mundo do ballet clássico se essa pessoa não for assim tão magra não vai ter tantas possibilidades, e como há formas para ajudar essa pessoa... portanto, a pessoa vai fazer os possíveis, e há aquelas que dizem que está mal porque...porque lhes apetece! Reference 12 Coding Summary Report Coverage 0,05% Character Range 47072 - 47114 Page 2 of 15 A (simultaneamente) – Porque lhes apetece. Reference 13 Coverage 0,17% Character Range 47118 - 47279 L – Por exemplo, eu uma vez disse a uma colega minha que ela estava gorda. Eu não disse isso para ofender, ela levou isso a peito, mas eu fiquei assim... triste! Reference 14 Coverage 0,08% Character Range 47636 - 47710 L – Não sei, mas eu acho que ela não almoçou quando eu lhe disse aquilo... Reference 15 Coverage 0,07% Character Range 47714 - 47782 A – É que depois as pessoas tomam logo medidas drásticas, não comem! Reference 16 Coverage 0,02% Character Range 47786 - 47802 Coverage 0,01% Character Range 47806 - 47817 Coverage 0,29% Character Range 48022 - 48291 Mo – Ou vomitam! Reference 17 A – Pois... Reference 18 B – Eu acho que também, aqui na nossa escola, nós devíamos estar unidos, porque precisamos de algum apoio e às vezes os nossos colegas não são assim o mais simpático! Por exemplo, gostam muito de comentar, só que não comentam as coisas deles, só comentam as dos outros! Reference 19 Coverage 0,03% Character Range 48295 - 48323 A – Dos outros, exactamente! Coding Summary Report Page 3 of 15 Reference 20 Coverage 0,26% Character Range 60908 - 61144 (C) E uma coisa, se nós estamos com o corpo desadequado... se estamos um bocadinho mais cheias, ela diz “cuidado com a alimentação...!”; se estamos um bocadinho... demasiado magras, “então, tens que comer mais, para teres equilíbrio...” Node Coding References Tree Nodes\FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Suporte social Reference 1 Coverage 0,40% 12 Coverage 4,93% Character Range 16475 - 16849 (B) eu não tenho... um corpo... pronto, perfeito, gostava de ter. E às vezes chego a casa um bocadinho triste, e não sei quê, e a minha família tenta-me ajudar, mas às vezes só faz pior porque eu digo assim “oh mãe, estou um bocadinho gorda, é melhor...”, e a minha mãe “oh filha, não estás nada, tu és tão magrinha, estás perfeita” (risos) pronto, é um bocadinho estranho. Reference 2 Coverage 0,39% Character Range 16987 - 17349 C – E acho também, nós aqui não temos frequentemente, mas nos seminários ou nas oficinas coreográficas, nós ainda não chegámos lá, ainda nos faltam alguns anos, mas é sempre bom, no final de nós fazermos o que nos cabe, ouvir os aplausos do público, eu acho que é das coisas mais fantásticas, depois de nós fazermos mesmo aquilo que queríamos mostrar ao público. Reference 3 Coverage 0,52% Character Range 46098 - 46577 C – Eu acho que pode haver um colega, como a B disse, menos agradável que diz “ah estás gorda, tens que emagrecer!” e não sei quê, enquanto pode haver esses, pode haver outros que sejam amigos da própria pessoa que dêem conselhos, de uma maneira mais agradável, que dão conselhos para ela ter cuidado! Não é "ah estás gorda, tens que deixar de comer para voltares ao normal!" porque depois, se nós deixarmos de comer, quando nós voltarmos a comer ele já não vai aceitar a comida! Reference 4 Coverage 0,01% Character Range 46581 - 46592 Coverage 0,51% Character Range 46596 - 47068 A – Exacto. Reference 5 Ma – E é assim, quando eu digo uma coisa a alguém, isso vai ter um efeito, e o efeito ou vai ser bom ou vai ser mau, não há efeitos intermédios. Se uma pessoa disser para ajudar a pessoa, porque sabe que, por exemplo, no mundo do ballet clássico se essa pessoa não for assim tão magra não vai ter tantas possibilidades, e como há formas para ajudar essa pessoa... portanto, a pessoa vai fazer os possíveis, e há aquelas que dizem que está mal porque...porque lhes apetece! Reference 6 Coverage 0,46% Character Range 48875 - 49298 (Ma) Na escola, não sei, é assim, há pessoas que são competitivas, por natureza, mas às vezes há pessoas que são amigas..., há vários casos, há pessoas que podem ser amigas, podem estar a ajudar, e há outras competitivas, e as competitivas fazem sentir... às vezes geram situações que fazem sentir as pessoas muito mal! E que se calhar se as pessoas se dessem de outra maneira, a produtividade de ambos ia ser muito melhor! Coding Summary Report Page 4 of 15 Reference 7 Coverage 0,58% Character Range 58655 - 59193 (Ma) Depois, à medida que os anos vão passando e que a pessoa vai evoluindo na escola, vai-se criando cada vez mais proximidade com os professores e há professores nesta escola que são muito bons e vê-se que estão a fazer pelos nossos interesses, pelo nosso futuro... e isso dá-nos muito prazer... e saber que temos agora... por exemplo, quando eu era pequenina não, os professores estavam muito acima, mas agora não, eu sei que tenho professores em quem eu posso confiar, até, e falar com eles sobre algumas coisas... e isso é muito bom! Reference 8 Coverage 0,21% Character Range 66025 - 66217 A – A minha mãe não, a minha mãe é assim, quando ela acha que eu tenho razão, diz que eu tenho razão, mas quando eu estou errada ela chama-me a atenção e diz que o professor é que tinha razão. Reference 9 Coverage 0,12% Character Range 66377 - 66486 C – Pois, estamos a falar do artístico. Porque a minha mãe sabe que eu me esforço e ela não tem dúvida disso. Reference 10 Coverage 1,00% Character Range 67375 - 68304 (C) “mas não te esqueças que os professores têm sempre razão” e eu “oh mãe, não é bem assim, não é, as pessoas não têm sempre razão!” e a minha mãe disse “não, os professores se não têm, têm sempre razão porque se tu entrares em guerra com os professores, tu nunca vais conseguir ganhar uma guerra com eles e nunca é bom responder aos professores!”. Eu acho mesmo que eu estou muito contra alguns professores, tanto académico como artístico. Mas eu não discuto e não digo nada; quer dizer, há alguns que sim, mas... eu não discuto porque sei que se eu disser alguma coisa isso vai prejudicar-me! Mas a minha mãe, ela diz sempre, “C tu tens que ter cuidado...”; a minha mãe está sempre de acordo, mas ela diz sempre isto, nas reuniões “por muito que os professores tenham razão, isto não quer dizer que eu não deixe de defender a minha filha; porque quando ela tem razão, ela tem razão e eu chamo-a à atenção quando ela não tem!”. Reference 11 Coverage 0,44% Character Range 68308 - 68712 B – Eu normalmente só me queixo quando acho que tenho razão, quando acho que não tenho razão não me queixo! Uma vez uma professora chamou-me e teve uma conversa particular comigo e não me disse umas coisas assim lá muito agradáveis! E a minha mãe dessa vez ficou mesmo muito chateada, e até queria vir à escola... só que eu não deixei porque depois eu também tinha medo da reacção da professora a seguir! Reference 12 Coverage 0,29% Character Range 83997 - 84263 B – Eu fico sempre muito mais nervosa quando são só júris! Eu prefiro quando está também outro público a assistir porque sinto mais prazer a dançar, não são só aqueles que nos estão a avaliar. Pronto, a minha família, que me apoia, pronto, está a ver o meu trabalho! Total References Coverage Total Users Internals\Bailarinos\FG2 32 5,17% 1 Document Focus group bailarinos 6.º - 8.º ano artístico Coding Summary Report Page 5 of 15 Node Coding References Tree Nodes\FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos\Comentários Peso e imagem corporal Reference 1 14 Coverage 1,12% Coverage 0,02% Character Range 36118 - 36141 Coverage 0,04% Character Range 36308 - 36355 Character Range 36359 - 36483 Te – Mas eles avisam.. Reference 2 G – Agora é mais “vocês estão a comer de mais! Reference 3 Coverage 0,12% F – ...um professor vê que estamos com umas coxas um bocadinho mais no limite e dizem-nos “tu podes controlar um bocadinho! Reference 4 Coverage 0,04% Character Range 36487 - 36526 0,09% Character Range 36530 - 36629 I – Não é só nas coxas, é o rabo, ou.. Reference 5 Coverage F – Exacto. Depois dizem só... são delicados... “então comeste guloseimas, foi?” ou qualquer coisa Reference 6 Coverage 0,12% Character Range 36633 - 36763 Te – Eles fazem-nos perceber que nós temos que ter cuidado connosco! Eles dizem “O problema é vosso!”, é isso que eles transmitem Reference 7 Coverage 0,13% Character Range 36824 - 36959 I – Eu acho que os bons professores vêm ter connosco e dizem “engordaste e acho que devias emagrecer”, que é o caso da minha professora Coding Summary Report Page 6 of 15 Reference 8 Coverage 0,23% Character Range 37120 - 37364 M – ...no sentido do “estás gorda”. Porque... em relação a elas, mais elas, nós não tanto, mas elas sofrem imenso nesse aspecto, porque... às vezes não conseguem controlar e têm que ouvir dizer “estás gordíssima! É bom que comeces a emagrecer!” Reference 9 Coverage 0,05% Character Range 37425 - 37476 Character Range 37480 - 37642 M – Ou então “um tutu nunca te vai caber no corpo!” Reference 10 Coverage 0,15% F – E quantas vezes... isto é um caso muito, muito frequente, é nós estarmos a comer um chocolate ou umas batatas fritas, e então vemos um professor e escondemos. Reference 11 Coverage 0,02% Character Range 37646 - 37667 Coverage 0,02% Character Range 37671 - 37696 Coverage 0,06% Character Range 37939 - 37997 Character Range 38082 - 38095 Todos – E escondemos… Reference 12 F – Mas é muito, muito.. Reference 13 (M) Mas em relação a elas, elas sofrem muito com isso! Reference 14 Coverage 0,01% M – Sim, sim. Node Coding Tree Nodes\FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Suporte social Coding Summary Report References 27 Coverage 2,38% Page 7 of 15 Reference 1 Coverage 0,08% Character Range 18694 - 18778 F – Sim, mesmo o recebermos um elogio dos professores ou do público, é um incentivo! Reference 2 Coverage 0,08% Character Range 19034 - 19123 F – Um espectáculo sem público não é a mesma coisa. O público é praticamente o incentivo! Reference 3 Coverage 0,06% Character Range 19335 - 19397 0,04% Character Range 19401 - 19440 0,03% Character Range 19444 - 19475 0,08% Character Range 32056 - 32140 Te – Depois consoante o meu resultado, o público gosta ou não. Reference 4 Coverage I – Mas isso é agora na escola, talvez. Reference 5 Coverage Te – Sim, agora na escola, sim. Reference 6 Coverage Te – Eu acho que as pessoas com quem nós temos mais afinidade é com os funcionários. Reference 7 Coverage 0,02% Character Range 32144 - 32161 Coverage 0,02% Character Range 32203 - 32223 G e F – Hum, hum. Reference 8 Coding Summary Report Page 8 of 15 Te – Mais confiança. Reference 9 Coverage 0,04% Character Range 32276 - 32314 0,17% Character Range 32318 - 32495 M – Sim, sim, sim, mais confiança sim. Reference 10 Coverage G – Há pessoas que se sentam numa cadeira e falam connosco, connosco sentados no chão, e há outros que se sentam connosco no chão, e é por esses que nós sentimos mais afinidade! Reference 11 Coverage 0,03% Character Range 32499 - 32527 0,03% Character Range 32531 - 32566 0,05% Character Range 32717 - 32767 Character Range 32798 - 32869 F – Metaforicamente falando. Reference 12 Coverage M – Isso sim. Muito bem, G! [risos] Reference 13 Coverage Te – Depende dos funcionários... eu digo no geral! Reference 14 Coverage 0,07% F – Quando nós temos um espectáculo, em quem é que nós pensamos, na P.! Reference 15 Coverage 0,01% Character Range 32873 - 32883 I – Claro! Coding Summary Report Page 9 of 15 Reference 16 Coverage 0,10% Character Range 32887 - 32987 M – A P. costuma ser do guarda-roupa, ou seja, ajuda-nos a vestir, a coser... faz tudo, basicamente. Reference 17 Coverage 0,48% Character Range 32991 - 33497 F – E é isso que nós queremos num espectáculo, não é o professor a dar-nos o apoio... sim, também é importante o professor dar-nos o apoio, mas antes do espectáculo nós queremos estar prontos, estar bem arranjados! Aliás, ao sentirmo-nos bonitos a dançar... até depois, pronto, parece, não é o caso, “corre sempre tudo melhor”, e por isso para estarmos bonitos, é preciso a funcionária, neste caso é a P. C., nós chamamos P., que nos ajuda sempre imenso, e arranja sempre... está sempre ali com a agulha... Reference 18 Coverage 0,06% Character Range 33501 - 33561 Character Range 33565 - 33612 Character Range 33616 - 33687 M – Sim, tem sempre as suas piadas e... Reference 19 Coverage 0,04% M – Vive para nós, basicamente, nessas alturas. Reference 20 Coverage 0,07% F – Mais do que para os professores, os funcionários estão cá para nós. Reference 21 Coverage 0,03% Character Range 33691 - 33723 0,03% Character Range 52128 - 52160 0,14% Character Range 52164 - 52315 M – Nós brincamos e tudo o mais! Reference 22 Coverage (F) Apoiam-nos, eu acho que sim Reference 23 Coding Summary Report Coverage Page 10 of 15 M – Por exemplo, os meus pais têm sofrido imenso com a escola, porque quando nós sofremos eles também sofrem e eles tentam-nos sempre ajudar ao máximo Reference 24 Coverage 0,17% Character Range 52373 - 52554 M – Não, desculpa, é verdade! Desculpa, quando tu perdes algo, isso é completamente normal, pelo menos os meus são assim! Eles ajudam-nos sempre a levantar para cima, no sentido... Reference 25 Coverage 0,35% Character Range 52944 - 53308 G – Depois acho também, se eles disserem não, nós vamos ficar logo mesmo desmoralizados! Eles dizem “nós não gostamos de te ver dançar!” e nós... pronto! Eu acho que a opinião dos nossos pais é muito importante. Se eles dizem que não gostam, pronto, nós saímos e vamos para outra coisa. Acho que para nós sermos bons bailarinos os pais têm que gostar de nos ver.. Reference 26 Coverage 0,01% Character Range 53312 - 53323 Coverage 0,09% Character Range 53327 - 53426 F – Exacto Reference 27 G – ...têm sempre de nos apoiar e vir a tudo o que nós fazemos e ver-nos e dizer “ah gostei muito! Total References Coverage 41 1,75% Total Users 1 Internals\Ginastas\FG3 Document focus group 3 - GCP - 19/12/2007 Node Coding References Tree Nodes\FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos\Comentários Peso e imagem corporal Reference 1 Coverage 0,38% 7 Coverage 3,21% Character Range 5712 - 5881 – Às vezes brincam comigo, assim „minorca‟, „pigmeu‟... quer dizer, eu já estou habituado, eles são meus amigos, mas às vezes, por um lado, torna-se um bocado... chato. Coding Summary Report Page 11 of 15 Reference 2 Coverage 0,90% Character Range 11803 - 12203 (Be) E a minha primeira prova que foi fora de Lisboa, eu era pequenina e fizeram-me assim uma partida! Nós tinhamos levado montes de chocolates e coisas assim, e disseram que a nossa treinadora ía ver os quartos, ligaram-nos pelo telefone, e então estava lá toda stressada para esconder e não ía lá, mas depois fizemos tanto barulho que levámos mesmo um raspanete, mas foi pelo barulho e pela comida. Reference 3 Coverage 0,60% Character Range 16374 - 16640 Be – Nem é bem o peso, nem é bem isso, é mais „ah, tens de emagrecer, tens de fazer isto, tens de fazer aquilo, tens de comer menos aqui e ali‟, essas coisas! Uma treinadora minha, quando eu era mais nova, chegou-me a dizer que eu tinha celulite! Fiquei... está bem! Reference 4 Coverage 0,65% Character Range 17133 - 17421 Jo – Por exemplo, nós temos dois colegas nossos que têm se calhar mais facilidade para engordar, e a eles, pronto, dizem „olha, tens que ter cuidado, tens que tentar...‟, mas é... esporadicamente, não é como elas que chegam ao cúmulo de dizer o que é que têm que comer em casa, ao jantar! Reference 5 Coverage 0,13% Character Range 17425 - 17482 Character Range 17486 - 17600 At – Estão gordos e isso! Quer dizer, não estão gordos... Reference 6 Coverage 0,26% P – Isso é um bocado a gozar com eles, é a chamar-lhes a atenção, mas eles podem continuar a fazer o que quiserem! Reference 7 Coverage 0,31% Character Range 17604 - 17743 Jo – Se calhar eles têm mais facilidade em engordar, tem que se ter mais atenção do que uma pessoa que não tenha tanta tendência para isso. Total References Coverage Total Users Internals\Ginastas\FG4 7 3,21% 1 Document Focus group 4 - GCP - 19/12/2007 Coding Summary Report Page 12 of 15 Node Coding References Tree Nodes\FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES DE RISCO\FACTORES RISCO P. ALIMENTARES\Comentários críticos negativos\Comentários Peso e imagem corporal Reference 1 Coverage 4 0,42% Coverage 3,40% Character Range 8679 - 8771 Ti – Ela no outro dia disse; pronto, eu pesei-me e ela disse que isto não era peso de gente! Reference 2 Coverage 0,14% Character Range 8775 - 8806 Coverage 2,73% Character Range 20809 - 21401 S – Pesaste pouco? Ti – Sim. Reference 3 S – Quando vamos a provas, à noite as volantes comem sempre sopa, isso elas já sabem que têm que comer sempre sopa. As bases sabem que também não podem abusar... pronto, nas provas é que eles dizem... Por exemplo, agora ela estava a falar connosco, com o meu trio, a dizer que agora no Natal tínhamos que ter cuidado com o que comíamos, porque eram 4 dias sem treinar, e tínhamos que ter muito cuidado principalmente à noite, porque se comêssemos demasiado à noite, depois... engorda mais. Tínhamos que ter cuidado principalmente à noite, para não comer muito. Pronto, foi isso que ela disse. Reference 4 Coverage 0,10% Character Range 21405 - 21427 Ra – Connosco, também. Node Coding References Tree Nodes\FACTORES DE INFLUÊNCIA\FACTORES PROTECTORES\FACTORES PROTECTORES P. ALIMENTARES\Suporte social Reference 1 Coverage 0,75% 12 Coverage 4,75% Character Range 11877 - 12040 S – Apoia-nos, „queres ir, vais‟. O meu pai já não tanto, mas como nós vivemos só com a nossa mãe, pronto, a nossa mãe deixa-nos fazer o que nós quisermos (ri-se). Reference 2 Coverage 0,68% Character Range 12044 - 12192 Ti – A minha mãe apoia-me, o meu pai também... sim, apoia, mas diz que são muitos treinos, e que o sábado não sei quê, que já é muito treino, mas... Coding Summary Report Page 13 of 15 Reference 3 Coverage 0,43% Character Range 12196 - 12290 S – A nossa mãe é professora de Educação Física, e então pronto, ela percebe melhor as coisas. Reference 4 Coverage 0,40% Character Range 12294 - 12381 Ra – Os meus apoiam-me na mesma, mas pronto, às vezes acham que é um bocadinho de mais. Reference 5 Coverage 0,08% Character Range 14230 - 14247 Coverage 0,38% Character Range 14251 - 14333 Ra – Deu força... Reference 6 S – Sim, dão força, não nos vão dar na cabeça. Dão-nos na cabeça se for no treino. Reference 7 Coverage 0,64% Character Range 14387 - 14526 S – Agora numa competição eles tentam sempre animar-nos e... pronto, tentar levantar o moral e dar força para fazer melhor no dia a seguir. Reference 8 Coverage 0,05% Character Range 14530 - 14541 Coverage 0,10% Character Range 14545 - 14566 Coverage 0,54% Character Range 14779 - 14896 V – É isso. Reference 9 Ra – Sim, apoiam-nos. Reference 10 Coding Summary Report Page 14 of 15 Ra – A minha mãe só não vai quando está a trabalhar e não tem hipótese. Não é que eu queira muito que ela vá [rise]! Reference 11 Coverage 0,45% Character Range 14954 - 15051 S – Eu acho que isto são fases... este ano acho que já vou pedir à mãe para ela ir ver as provas. Reference 12 Coverage 0,24% Character Range 15055 - 15108 Ti – Eu não vou pedir, mas os meus pais vão na mesma! Total References Coverage Total Users Coding Summary Report 16 4,08% 1 Page 15 of 15 APÊNDICE D CORRELATIONS BETWEEN VARIABLES (STUDY 4) Table D1. Correlations between Variables – Total Sample (N = 725) Variables 1. Sex a 2. Age 3. BMI 4. Concern with Thinness 5. Self-Esteem 6. Social Pressure 7. Overeating 8. Substance Use and Comp. Methods 9. Social Support 10. Parental Influences 11. Anx.-Depr. Sympt. 12. Perfectionism 13. BID 14. EDE-Q Global Score 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. -.028 .351** ** ** .293** * ** -.480** .242 ** .602 ** -.510** .123 ** .391 ** -.329 ** .352** .212 ** .274 ** -.128 ** ** .288** - ** -.014 .086* .549 ** .261 ** .204 ** -.061 - .464 ** .436 ** .310 ** .008 .297** .147 ** .153 ** .045 ** .135** ** ** -.141** ** ** -.185 .338 - ** -.188 ** .156 -.075 .140 ** -.039 .169 ** .289 ** .361 ** .050 .266 ** .096 ** .250 ** -.009 .321 -.137 * -.014 .002 .241 ** .125 ** .077 .205 ** .021 ** -.088 ** * -.244 - .084 * .008 -.434 .247 ** ** - .042 - .221 ** .444 ** .495 ** .163 ** -.034 ** ** -.650 .848 ** -.299 ** -.518 ** .347 -.513 Note. a Dummy Variables coded 0 for Male and 1 for Female; ** p < .01; * p < .05 ** .172 -.103 -.465 .693 ** ** - -.215 .422 ** ** .058 -.213 .261 ** ** - -.029 -.007 .148 -.354 .486 ** -.298 .500 .185 -.595** Table D2. Correlations between Variables – Control Group (n = 480) Variables 1. Sex a 2. Age 3. BMI 4. Concern with Thinness 5. Self-Esteem 6. Social Pressure 7. Overeating 8. Substance Use and Comp. Methods 9. Social Support 10. Parental Influences 11. Anx.-Depr. Sympt. 12. Perfectionism 13. BID 14. EDE-Q Global Score 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. .012 .335** - ** .064 .357** -.028 * -.482** ** .636 ** -.519** .314 ** ** .271 ** -.118 .336 - ** -.214 ** .155 ** -.082 .186 ** .195 ** .122 ** .350 ** .292 ** * -.016 ** ** .097 .323 .010 -.253 .317 .095 * ** ** .213 -.008 .024 .020 -.117 .278 .063 .156 ** .030 .299 ** .111 * .022 -.478 .293 ** ** - .049 .468 ** .526 ** .149 ** -.669 .855 ** ** -.281 .349** - ** .232** - ** -.078 -.021 .150** -.284 ** .595 ** .246 ** .206 ** -.002 - -.505 ** .444 ** .422 ** .293 ** .056 .298** .128 ** .128 ** .064 ** -.064 .222 .000 .322 ** -.509 Note. a Dummy Variables coded 0 for Male and 1 for Female; ** p < .01; * p < .05 ** .153 -.484 .722 ** ** -.120 .379 ** ** .018 -.149 .253 ** ** - -.061 .031 .172 -.384 .493 ** ** .111* -.146** ** ** -.290 .528 - ** .171 -.585** Table D3. Correlations between Variables – Nonelite Athletes (n = 114) Variables 1. Sex a 1. 2. -.101 3. BMI * 5. Self-Esteem 6. Social Pressure 7. Overeating 8. Substance Use and Comp. Methods 9. Social Support 10. Parental Influences 11. Anx.-Depr. Sympt. 12. Perfectionism 13. BID 14. EDE-Q Global Score 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. - 2. Age 4. Concern with Thinness 3. -.239 .148 -.145 .207 * .088 -.001 .116 .113 .163 -.101 -.222 .216 * * .399** .283 .443** ** ** -.562** .258 ** .648 ** -.450** .313 ** .538 ** ** .418** .260 ** .323 ** * ** .373** - * -.046 -.006 .495 ** .309 ** .376 ** -.123 - .486 ** .576 ** .366 ** -.134 .235* - -.024 -.004 .180 -.264 .072 .430 ** .461 ** .057 .165 .316 - ** ** .050 -.184 * .164 -.287 - -.015 -.070 .185 .393 ** .491 ** .080 -.077 -.384 .340 ** ** .206 -.516 .820 * ** ** -.436 -.207 .160 -.221 -.566 * ** -.075 .373 ** -.540 Note. a Dummy Variables coded 0 for Male and 1 for Female; ** p < .01; * p < .05 ** .294 -.227 .166 -.443 .721 ** ** - .195 * -.317 ** .522 ** .175 -.303 .278 ** ** - .049 -.174 -.304 .458 ** ** -.071 ** * -.318 .509 - ** .224 -.568** Table D4. Correlations between Variables – Elite Athletes (n = 131) Variables 1. Sex a 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. -.130 3. BMI * .529** ** * .186* - -.037 -.136 -.439** .112 .513 ** -.501** .503 ** -.414 ** .306** - .356 ** -.327 ** .156 .441** - ** -.119 .039 -.041 - -.384 ** .418 ** .107 -.236** - -.533 ** .544 ** -.076 .338** .237 ** -.007 * -.227 4. Concern with Thinness .412 5. Self-Esteem -.170 7. Overeating 8. Substance Use and Comp. Methods 9. Social Support 10. Parental Influences 11. Anx.-Depr. Sympt. 12. Perfectionism 13. BID 14. EDE-Q Global Score 13. - 2. Age 6. Social Pressure 12. .203 .135 -.044 * .406 ** .368 ** .211 .018 .165 .108 .088 -.135 -.277 .365 ** ** .051 -.092 .086 .092 -.275 ** .104 - .303 ** .366 ** -.138 .106 .254 ** .067 -.376 ** .211 * .052 .400 ** .446 ** .193 -.701 .823 * ** ** - .262 -.147 .408 ** -.522 Note. a Dummy Variables coded 0 for Male and 1 for Female; ** p < .01; * p < .05 ** - -.406 .627 ** ** .256 ** .391 ** .236 ** -.447 .471 ** ** .334 ** .182 * -.411 ** .357 ** .045 -.070 .183 -.270 .477 ** ** .221* -.191* ** * -.313 .441 - ** .221 -.651** APÊNDICE E COMPARAÇÕES DE MÉDIAS DAS VARIÁVEIS ESTUDADAS POR GRUPO ETÁRIO Tabela E1. Estatística Descritiva e Comparação de Médias das Principais Variáveis nas Raparigas de 3 Grupos Etários (N=452) IMC Atletas (n=202) 12-14 15-17 ≥ 18 (n=80) (n=86) (n=36) 18.47 (2.50) 14.58 (2.18) 20.51 (1.63) 29.14*** Insatisfação IC Geral -0.23 (1.20) -0.92 (1.14) -1.22(1.25) 25.95*** -.60 (1.35) -.98 (1.29) -.45 (1.26) 7.51* Auto-Estima 3.68 (.71) 3.36 (0.73) 3.32 (0.65) 8.93.73* 3.31 (0.84) 3.35 (0.77) 3.64 (0.79) 4.23 Influências Parentais 1.22 (.52) 1.43 (.64) 1.35 (.47) 7.43* 1.28 (.59) 1.42 (0.60) 1.16 (.28) 11.24** Relação com Pai 4.63 (.75) 4.34 (.75) 4.30 (.73) 12.40** 4.37 (0.88) 4.11 (0.85) 4.45 (0.80) 7.89* Relação com Mãe 4.75 (.50) 4.54 (.61) 4.48 (.57) 8.13* 4.57 (.66) 4.61 (.65) 4.64 (.58) .410 Ambiente Familiar 4.55 (1.06) 4.29 (.70) 4.24 (.79) 8.35* 4.36 (.85) 4.26 (.77) 4.70 (.48) 6.62* Suporte Social 4.04 (1.06) 4.12 (.10) 4.18 (.86) .648 3.92 (1.09) 4.17 (.82) 4.36 (.65) 3.07 Pressão Social 1.25 (.50) 1.45 (.57) 1.28 (.31) 12.92** 1.48 (.71) 1.40 (.55) 1.23 (.48) 6.05* Score Global EDE-Q .86 (1.11) 1.67 (1.27) 1.67 (1.25) 25.87*** 1.16 (1.27) 1.33 (1.24) .75 (1.18) 7.36 P. Magreza – Desp. 2.89 (.85) 2.67 (.90) 2.63 (.81) 4.07 - - - - Suporte – Desp. 2.19 (.60) 2.37 (.63) 2.46 (.61) 5.57 - - - - -0.65 (1.01) -1.29 (1.04) -1.75 (1.18) 30.33*** - - - - Insat. IC Específica Nota. *** p < .001, ** p < .01, * p < .05 H (2) Controlos (n=250) 12-14 15-17 ≥ 18 (n=84) (n=144) (n=22) 19.19 (2.59) 20.91 (2.87) 21.20 (2.77) H (2) 21.66*** Diferenças entre faixas etárias (Teste de Mann-Whitney) IMC: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2204.00, p < .001; grupo de controlo U = 3996.50, p < .001); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 513.00, p < .001; grupo de controlo U = 597.00, p < .01); 15-17 vs ≥ 18 (atletas U = 1108.00, p < .05) Insat. IC Geral: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2082.50, p < .001; grupo de controlo U = 5010.00, p < .05); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 758.00, p < .001) Auto-Estima: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2558.50, p < .01); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 1033.50, p < .05); 15-17 vs ≥ 18 (grupo de controlo U = 1234.50, p < .05) Influências Parentais: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2624.00, p < .05; grupo de controlo U = 4741.50, p < .01); 15-17 vs ≥ 18 (grupo de controlo U = 1176.50, p < .05) Relação com Pai: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2513.50, p < .01; grupo de controlo U = 5000.50, p < .05); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 943.50, p < .01) Relação com Mãe: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2752.00, p < .05); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 1044.50, p < .01) Ambiente Familiar: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2682.00, p < .05); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 1030.50, p < .05); 15-17 vs ≥ 18 (grupo de controlo U = 1191.00, p < .05) Pressão Social: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 2367.50, p < .01); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 1008.50, p < .05); 15-17 vs ≥ 18 (grupo de controlo U = 1177.50, p < .05) Score global EDE-Q: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 1967.00, p < .001); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 736.00, p < .001); 15-17 vs ≥ 18 (grupo de controlo U = 1115.00, p < .05) Insat. IC Específica: 12-14 vs 15-17 (U = 2200.50, p < .001); 12-14 vs ≥ 18 (U = 663.00, p < .001); 15-17 vs ≥ 18 (U = 1227.00, p = .057) Tabela E2. Estatística Descritiva e Comparação de Médias das Principais Variáveis nos Rapazes de 3 Grupos Etários IMC Atletas (n=47) 12-14 15-17 ≥ 18 (n=18) (n=14) (n=15) 18.42 (2.83) 21.54 (2.11) 22.76 (1.65) Insatisfação IC Geral 0.33 (0.77) -0.14 (1.10) -0.33 (0.72) 3.90 -.25 (1.03) -.12 (1.14) -.39 (1.04) 1.35 Auto-Estima 4.77 (1.00) 4.95 (0.57) 5.22 (0.60) .03 3.82 (0.77) 3.63 (0.72) 3.65 (.73) 5.02 Influências Parentais 1.45 (0.37) 1.16 (0.47) 1.02 (0.06) 17.93*** 1.27 (0.49) 1.23 (0.53) 1.20 (4.22) 1.40 Relação com Pai 4.56 (0.73) 4.46 (0.52) 4.50 (0.65) .66 4.56 (0.67) 4.32 (0.93) 4.22 (0.73) 5.89 Relação com Mãe 4.50 (0.73) 4.54 (0.52) 4.17 (0.47) 1.78 4.61 (0.70) 4.58 (0.70) 4.67 (0.59) .69 Ambiente Familiar 4.44 (0.63) 4.08 (.86) 4.64 (0.50) 4.43 4.32 (0.79) 4.15 (0.79) 4.44 (0.71) 5.60 Suporte Social 3.50 (1.17) 3.72 (1.08) 3.95 (0.65) .821 3.32 (1.27) 3.60 (1.13) 3.44 (1.20) 1.66 Pressão Social 1.24 (0.46) 1.16 (0.40) 1.07 (0.18) 1.20 1.28 (0.59) 1.22 (0.46) 1.20 (0.32) .35 Score Global EDE-Q .52 (1.03) .45 (0.52) .37 (0.29) 1.07 .47 (0.81) .54 (0.72) .69 (0.97) 2.27 P. Magreza – Desp. 2.69 (0.73) 2.53 (0.51) 2.51 (0.58) 1.70 - - - - Suporte – Desp. 2.38 (0.57) 2.53 (0.51) 2.51 (0.58) 2.25 - - - - Insat. IC Específica 0.06 (1.10) -0.07 (1.00) -0.60 (0.99) 2.80 - - - - Nota. *** p < .001, ** p < .01, * p < .05 H (2) 18.34*** Controlos (n=223) 12-14 15-17 ≥ 18 (n=84) (n=121) (n=18) 19.42 (2.70) 21.76 (3.01) 24.52 (3.66) H (2) 45.92*** Diferenças entre faixas etárias (Teste de Mann-Whitney) IMC: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 32.00, p < .01; grupo de controlo U = 2969.50, p < .001); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 19.00, p < .001; grupo de controlo U = 153.00, p < .001); 15-17 vs ≥ 18 (grupo de controlo U = 565.50, p < .01) Influências Parentais: 12-14 vs 15-17 (atletas U = 49.00, p < .01); 12-14 vs ≥ 18 (atletas U = 33.50, p < .001) Tabela E3. Distribuição dos Participantes pelos Padrões de Vinculação à Mãe e ao Pai nos 3 Grupos Etários (percentagens entre parêntesis) e Resultados do Teste do Qui-Quadrado Raparigas (n=142) Idade (anos) Vinculação à Mãe 12-14 Seguro 14 (56.0%) 2 (8.0%) 5 (20.0%) 4 (16.0%) Desinvestido Amedrontado Preocupado Atletas 15-17 ≥ 18 Desinvestido Amedrontado Preocupado χ (6) 12-14 Controlo 15-17 ≥ 18 11.45 ns 11 (42.3%) 5 (19.2%) 7 (26.9%) 3 (11.5%) 2 (22.2%) 0 (0.0%) 2 (22.2%) 5 (55.6%) 17 (68.0%) 2 (8.0%) 2 (8.0%) 4 (16.0%) 11 (42.3%) 5 (19.2%) 4 (15.4%) 6 (23.1%) 3 (33.3%) 0 (0.0%) 1 (11.1%) 5 (55.6%) 2 χ (6) 12-14 Atletas 15-17 ≥ 18 4.79 ns 14 (29.2%) 4 (8.3%) 17 (35.4%) 13 (27.1%) 11 (36.7 %) 1 (3.3 %) 10 (33.3 %) 8 (26.7 %) 3 (75.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 1 (25.0%) 9.74 ns Vinculação ao Pai Seguro 2 Rapazes (n=85) 9 (30.0%) 6 (20.0%) 8 (26.7%) 7 (23.3%) 2 (50.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 2 (50.0%) χ (6) 12-14 Controlo 15-17 ≥ 18 5.88 ns 5 (50.0%) 0 (0.0%) 2 (20.0%) 3 (30.0%) 2 (33.3%) 1 (16.7%) 1 (16.7%) 2 (33.3%) 2 (22.2%) 1 (11.1%) 0 (0.0%) 6 (66.7%) 10.92 ns 21 (43.8%) 2 (4.2%) 18 (37.5%) 7 (14.6%) 2 4.75 ns 8 (25.0%) 5 (15.6%) 14 (43.8%) 5 (15.6%) 7 (26.9%) 5 (19.2%) 6 (23.1%) 8 (30.8%) 1 (50.0%) 0 (0.0%) 1 (50.0%) 0 (0.0%) 9.67 ns 5 (50.0%) 0 (0.0%) 2 (20.0%) 3 (30.0%) 1 (16.7%) 1 (16.7%) 2 (33.3%) 2 (33.3%) 1 (11.1%) 1 (11.1%) 0 (0.0%) 7 (77.8%) χ2 (6) 8.71 ns 12 (37.5%) 1 (3.1%) 15 (46.9%) 4 (12.5%) 7 (26.9%) 4 (15.4%) 7 (26.9%) 8 (30.8%) 1 (50.0%) 0 (0.0%) 0 (0.0%) 1 (50.0%) APÊNDICE F RESULTADOS DAS SUB-ESCALAS DO EDE-Q DOS PARTICIPANTES NOS ESTUDOS 4 E 6 Tabela F1. Médias das Sub-escalas e Score Global do EDE-Q dos Participantes no Estudo 4 (N=725) Restrição Raparigas (n=453) Grupo de Elite Não-Elite Controlo (n=101) (n=99) (n=253) 1.46 (1.35) 0.83 (1.13) 0.92 (1.27) 22.26 .001 Rapazes (n=272) Grupo de Elite Não-Elite Controlo (n=30) (n=15) (n=227) 0.47 (0.78) 0.35 (0.51) 0.31 (0.72) Preocupação Forma 2.06 (1.61) 1.29 (1.31) 1.65 (1.59) 13.61 .01 Preocupação Comida 0.96 (1.12) 0.56 (0.87) 0.61 (0.95) 13.73 Preocupação Peso Score Global EDE-Q H (2) p< H (2) p < 3.39 ns 0.75 (1.05) 0.50 (0.42) 0.75 (1.08) 0.75 ns .01 0.28 (0.68) 0.11 (0.26) 0.23 (0.51) 0.74 ns 2.28 (1.73) 1.36 (1.49) 1.70 (1.67) 17.77 .001 0.73 (1.23) 0.40 (0.43) 0.78 (1.15) 0.20 ns 1.69 (1.32) 1.01 (1.11) 1.22 (1.25) 19.22 .001 0.56 (0.84) 0.34 (0.26) 0.52 (0.77) 0.95 ns Tabela F2. Médias das Sub-escalas e Score Global do EDE-Q dos Participantes no Estudo 6 (N=249) Rapazes Elite (n=13) Bailarinos (n=113) Raparigas Raparigas Elite Não-Elite (n=53) (n=47) H (2) p< Rapazes Elite (n=19) Ginastas (n=136) Raparigas Rapazes Raparigas H (3) Elite Não-Elite Não-Elite (n=50) (n=15) (n=52) p< Restrição 0.20 (0.33) 1.29 (1.33) 0.56 (0.93) 16.58 .001 0.60 (.92) 1.60 (1.35) 0.35 (0.51) 1.07 (1.24) 19.85 .001 Preocupação Forma 0.73 (1.01) 2.02 (1.64) 0.97 (1.11) 15.57 .001 0.68 (1.07) 2.02 (1.61) 0.50 (0.42) 1.58 (1.42) 20.09 .001 10.15 .01 0.27 (0.82) 1.21 (1.29) 0.11 (0.26) 0.76 (0.93) 24.77 .001 Preocupação Comida 0.25 (0.35) 0.70 (0.87) 0.35 (0.75) Preocupação Peso 0.65 (0.72) 2.14 (1.80) 0.88 (1.18) 17.63 .001 0.70 (1.46) 2.36 (1.66) 0.40 (0.43) 1.80 (1.61) 32.89 .001 Score Global EDE-Q 0.46 (0.52) 1.54 (1.27) 0.69 (0.90) 19.44 .001 0.56 (.99) 1.80 (1.38) 0.34 (0.26) 1.30 (1.20) 28.12 .001 ANEXO A CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS DE PERTURBAÇÕES ALIMENTARES (DSM-IV) CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA ANOREXIA NERVOSA (DSM-IV, APA, p. 589) A. Recusa em manter o peso corporal igual ou superior ao minimamente normal para a idade e altura (por exemplo, perda de peso que leva a manter um peso inferior a 85% do esperado; ou incapacidade em ganhar o peso esperado para o crescimento, ficando aquém de 85% do previsto). B. Medo intenso de ganhar peso ou de engordar, mesmo quando o peso é insuficiente. C. Perturbação na apreciação do peso e forma corporal, indevida influência do peso e forma corporal na auto-avaliação, ou negação da gravidade do grande emagrecimento actual. D. Nas jovens após a menarca, amenorreia, ou seja, ausência de pelo menos 3 ciclos menstruais consecutivos. (Uma mulher é considerada amenorreica se a menstruação ocorrer somente após administração de hormonas, por exemplo, estrogénios.) Tipo Restritiva: durante o episódio actual de Anorexia Nervosa a pessoa não recorre regularmente a ingestão compulsiva de alimentos nem a purgantes (por exemplo, vómito ou abuso de laxantes, diuréticos e enemas) Tipo Ingestão Compulsiva/Purgativa: durante o episódio actual de Anorexia Nervosa a pessoa tem comportamentos bulímicos ou purgativos (vómito ou abuso de laxantes, diuréticos e enemas). CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA BULIMIA NERVOSA (DSM-IV, APA, p. 594) A. Episódios recorrentes de ingestão alimentar compulsiva. Um episódio é caracterizado pelos 2 critérios seguintes: 1) comer, num período curto de tempo (por exemplo, num período até 2 horas), uma quantidade de alimentos que é definitivamente superior à que a maioria das pessoas comeria num período de tempo semelhante e nas mesmas circunstâncias; 2) sensação de perda de controlo sobre o acto de comer durante o episódio (por exemplo, um sentimento de incapacidade para parar de comer ou controlar a quantidade e qualidade dos alimentos). B. Comportamento compensatório inapropriado recorrente para impedir o ganho ponderal, tal como vomitar; usar laxantes, diuréticos, enemas ou outros medicamentos; jejum; ou exercício físico excessivo. C. A ingestão compulsiva de alimentos e os comportamentos compensatórios inapropriados ocorrem ambos, em média, pelo menos 2 vezes por semana em 3 meses consecutivos. D. A auto-avaliação é indevidamente influenciada pelo peso e forma corporais. E. A perturbação não ocorre exclusivamente durante os episódios de Anorexia Nervosa. Tipo Purgativo: durante o episódio actual de Bulimia Nervosa a pessoa induz regularmente o vómito a purgantes ou abusa de laxantes, diuréticos ou enemas. Tipo Não Purgativo: durante o episódio actual de Bulimia Nervosa a pessoa usa outros comportamentos compensatórios inapropriados, tais como jejum, ou exercício físico excessivo, mas não induz o vómito nem abusa de laxantes, diuréticos e enemas. CRITÉRIOS DIAGNÓSTICOS PARA PERTURBAÇÃO DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR SEM OUTRA ESPECIFICAÇÃO (DSM-IV, APA, p. 594-5) A Perturbação do Comportamento Alimentar Sem Outra Especificação é uma categoria para perturbações que não preencham os critérios completos para uma Perturbação do Comportamento Alimentar específica. Os exemplos incluem: 1. Para mulheres, todos os critérios de Anorexia Nervosa estão presentes excepto a amenorreia. 2. Todos os critérios de Anorexia Nervosa estão presentes excepto que, apesar de uma perda de peso significativa, este encontra-se dentro dos valores normais. 3. Todos os critérios de Bulimia Nervosa estão presentes excepto que os episódios de ingestão compulsiva e os mecanismos compensatórios inapropriados ocorrem numa frequência inferior a 2 vezes por semana, ou têm uma duração inferior a 3 meses. 4. Uso regular de comportamentos compensatórios inapropriados por uma pessoa de peso normal após ingestão de pequenas quantidades de alimentos (por exemplo, indução de vómito após comer 2 bolachas). 5. Mastigar e cuspir repetidamente, mas não engolir, grandes quantidades de alimentos. 6. Perturbação de ingestão alimentar maciça: episódios recorrentes de ingestão alimentar maciça na ausência dos comportamentos compensatórios inapropriados característicos de Bulimia Nervosa.