do Século XII ao Século XXI - Universidade da Beira Interior

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do Século XII ao Século XXI - Universidade da Beira Interior
‘Minimalismo’ Cisterciense: do
Século XII ao Século XXI
Ana Maria Tavares Martins
Universidade da Beira Interior
[email protected]
RESUMO
Neste texto responde-se às questões: quais os ideais arquitectónicos cistercienses e como se
materializaram na realidade ao longo do tempo; como foi entendida, de modo arquitectónico,
a espiritualidade cisterciense desde a “Apologia” de S. Bernardo até aos nossos dias; qual o
legado cisterciense, tendo em conta os ideais subjacentes e a materialização dos mesmos,
ao longo do tempo; qual a possível relação entre a reabilitação contemporânea e os ideais
cistercienses e a criação arquitectónica cisterciense de raiz que tem lugar no séc. XXI.
PALAVRAS-CHAVE
Cistercienses, Arquitectura Cisterciense, S. Bernardo, Apologia, Mínimo
ABSTRACT
This text responds to the questions: which are the Cistercian architectural ideals and how it was
materialized into reality over time; as it was understood, under an architectural way, the Cistercian
spirituality since the “Apology” of St. Bernard until the present day; which is the Cistercian legacy,
taking into account the underlying ideals and its materialization, over time; which is the possible
connection between contemporary rehabilitation and the Cistercian ideals and the Cistercian
architectural creation that takes place in the 21st century.
KEYWORDS
Cistercians, Cistercian Architecture, St. Bernard, Apologia, Minimum
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INTRODUÇÃO
Os Mosteiros Cistercienses, quer sejam filiados, quer sejam fundados, apresentam
características próprias que ao longo do tempo vão sendo adaptadas ao sabor dos gostos e
pensamentos de cada época. De facto, pretende-se apresentar os princípios, fundamentos
e bases do ideal cisterciense, assim como a sua materialização arquitectónica, de grande
simplicidade e ascetismo, tanto na sua génese inicial, sobretudo no século XII, como no início
do novo milénio. Muitas das reabilitações, levadas a cabo em mosteiros cistercienses, tanto
nacionais como internacionais, tiveram que fazer a ponte entre o conceito de simplicidade
e austeridade cistercienses primitivas e o conceito de mínimo, nos moldes como é hoje
entendido, no âmbito da Teoria da Arquitectura.
Deste modo, existem questões para as quais é necessário procurar uma resposta. Quais
os ideais arquitectónicos cistercienses e como se materializaram na realidade ao longo do
tempo? Como foi entendida, de modo arquitectónico, a espiritualidade cisterciense desde
a “Apologia” de S. Bernardo até aos nossos dias? Qual o legado cisterciense, tendo em
conta os ideais subjacentes e a materialização dos mesmos, ao longo do tempo? Qual a
possível relação entre a reabilitação contemporânea e os ideais cistercienses?... E a criação
arquitectónica cisterciense de raiz, terá lugar no séc. XXI?
No dia 1 de Maio de 2009, a Assembleia Geral da Carta Europeia das Abadias e Sítios
Cistercienses (European Charter of Cistercian Abbeys and Sites) teve lugar em Alcobaça.
No discurso de abertura desta Assembleia Geral, o Presidente da Comissão Europeia José
Manuel Durão Barroso afirmou que:
“Sem dúvida, na nossa cultura europeia, o legado cultural da Ordem de Cister é muito
importante. (…) A União Europeia também apoia projectos para preservar o nosso Património
cultural. Estes projectos ajudam-nos a ter um sentimento de pertença, identidade, um sentido
de comunidade: precisamente o tipo de ideais inspirados pelos Cistercienses (…)” (BARROSO
2009).
Percorremos adiante o legado arquitectónico de Cister e confirmamos a senda da revelação
do espírito que o informou e a importância que hoje releva.
ESTÉTICA BERNARDINA E SEU REFLEXO NA ARQUITECTURA
Na Idade Média, sobretudo no decorrer do século XII, é importante ter em atenção a
existência de duas correntes estéticas paralelas, mas inteiramente opostas, no que respeita à
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espiritualidade da arte. Por um lado, encontra-se uma concepção da espiritualidade da arte
defendida por Sugério de S. Dinis (1081-1151), assim como pelos cluniacenses, em geral,
segundo a qual se procura um equilíbrio entre o sensível, o belo e o sumptuoso per visibilia
ad invisiblia. (VITI 1995: 29). A Cluny correspondiam a exterioridade, a exuberância, a
opulência, a efusiva decoração de carácter figurativo e simbólico de modo a dar relevo à
casa de Deus. A materialidade era um meio de atingir a espiritualidade, era necessário o
“valor da riqueza e da beleza como homenagem à fé, para fazer realçar a claridade e o belo
fulgor da luz Divina” (DIAS 1997a: 14). Para os cluniacenses, imbuídos de um espírito
profundamente feudal, Deus era o Senhor sendo por isso atribuída uma grande importância
ao ofício Divino pelo que a liturgia era celebrada em estruturas grandiosas. Por outro lado,
encontra-se uma outra concepção da espiritualidade da arte defendida em particular por S.
Bernardo e pelos cistercienses, segundo a qual é rejeitada a analogia entre a beleza terrena e
o esplendor celeste, constituindo a ascese, por consequência, a renúncia dos sentidos, o meio
de alcançar Deus.
Os cistercienses pretendiam a união mística com Deus, sendo o Homem necessitado
de penitência, e realçando a função ascética do trabalho manual num ambiente retirado
e humilde (DIAS 1997a: 14). Para S. Bernardo, o luxo é inútil e perigoso estando não
só em contradição com as exigências da vida espiritual como também em conflito com
esta. Segundo S. Bernardo, a alma necessita de concentração interior para poder atingir o
conhecimento. No que respeita à arquitectura, esta oposição entre S. Bernardo e Sugério de
S. Dinis demonstra que a diferença que os distingue não pode ser considerada em termos
meramente arquitectónicos, mas sim segundo termos teológicos e teóricos (MARTINS
2009: n48-59).
Este novo modo de encarar a arte tem início com a publicação de um dos primeiros tratados
de S. Bernardo, Apologia ad Guillelmum Sancti Theoderici Abbatem que foi o resultado de
uma querela, entre Cistercienses e Cluniacenses, sobre a interpretação da Regra de S. Bento
e traduziu-se na resposta de S. Bernardo, então já abade de Claraval, a Guilherme, abade
de S. Teodorico (Bernardus Claraevallensis Abbas [1090-1153]). Além da edição daquela
na Patrologia Latina de Jacques Paul Migne, atualmente em rede na coleção Documenta
Catholica Omnia, foi possível consultar dois trabalhos sobre a mesma: a tradução do latim
para o inglês de Michael Casey com introdução de Jean Leclercq (1970) e a versão bilingue
latim-português com tradução para o português de Geraldo Coelho Dias (1997a). Como
refere Dom Angelico Surchamp, duas interpretações da mesma regra, ambas abençoadas
pela Providência, não podiam deixar de se afrontar mais tarde ou mais cedo (Surchamp
1982 : 16).
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Fig.1
Monge Negro e Monge Branco representados em pintura
mural, da autoria de Cláudio Pastro, existente na Sala do
Capitulo do Mosteiro beneditino de Singeverga, Portugal
(arquivo Frei Geraldo Coelho Dias).
Neste escrito ideológico, encontra-se a dissertação teórica das diferenças entre as duas
observâncias da Regra Beneditina que deste modo opunham “beneditinos cluniacenses”
a “beneditinos cistercienses”, isto é, “monges negros” a “monges brancos” (Fig.1). Até esse
momento, e após um longo período de desenvolvimento, os beneditinos viviam as suas vidas
moderadas não só pela Regra de S. Bento como também por diversos costumes resultantes
de condicionantes de ordem vária: eclesiástica, litúrgica, económica, sociológica, psicológica
(Leclercq 1970: 3-4). Em contraste, encontravam-se os Cistercienses que reviviam a
primitiva observância da Regra de S. Bento e nela encontravam a sua fundamentação ao
seguirem as suas vidas com simplicidade e pobreza sem a obstrução de costumes acumulados
ao longo dos anos. A procura de simplicidade era tal que nem os seus hábitos eram tingidos.
Isto era também símbolo de aspiração à primitiva observância da Regra, caracterizada por
simplicidade e pobreza, daí os Cistercienses serem apelidados de Monges Brancos nome que
também surge para os distinguir dos Monges Negros, os Beneditinos, cujos hábitos eram
tingidos de negro. Os cistercienses procuraram um equilíbrio entre Opus Dei, Lectio Divina
e Labor manum que constituíam as componentes fundamentais da Regra de S. Bento. Este
equilíbrio foi conseguido através de um espírito de grande rigor, pobreza, árduo trabalho
manual, solidão e uniformidade de vida.
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Aquele texto de S. Bernardo pode dividir-se em três partes:
I. Unidade e pluralidade das Ordens Religiosas na Igreja;
II. Observância cisterciense;
III. Crítica aos cluniacenses.
Desta maneira, o novo modo de encarar a arte e a arquitectura encontrava já reflexo na
Apologia pelo que se pode afirmar que esta não se constitui como um compêndio de arte
e estética, mas sim como um tratado de espiritualidade monástica (DIAS 1997a: 16). A
arquitectura e a arte cistercienses não têm como finalidade o deleite. Nada deverá desviar a
atenção de Deus. Assim, desde o plano das abadias à simplicidade dos materiais escolhidos,
tudo se conjuga para elevar a procura de Deus e busca da santidade. Para os defensores da
via ascética e da pobreza, apenas através da libertação dos bens materiais e da dádiva pode o
Homem encontrar o amor espiritual e Deus. Cister é uma rigorosa demanda de perfeição,
a arte cisterciense é austera, despojada, disciplinada, fundamentando-se na busca de pureza
de linhas.
Deste modo, é feita a apologia de uma “estética da pobreza” segundo a qual apenas deverão
ser apresentadas formas funcionais extremamente simples, limitando-se à essência.
Consequentemente, a uma opulência exuberante, que está patente na arte românica, opõese uma estética da pobreza e da simplicidade que se limita ao essencial, apresentando apenas
formas funcionais de extrema simplicidade, mas plena de significações. É essa exuberância
decorativa românica que S. Bernardo censura para os mosteiros cistercienses referindo:
“De resto, nos claustros, diante dos irmãos a fazer leituras, que faz aquela ridícula monstruosidade,
aquela disforme beleza e bela disformidade? Para que estão lá aqueles imundos macacos? Para
quê os leões ferozes? Para quê os centauros monstruosos? Para quê os semi-homens? Para
quê os tigres às manchas? Para quê os soldados a combater? Para quê os caçadores a tocar
trombeta? Vês uma cabeça com muitos corpos e um corpo com muitas cabeças. Daqui vê-se um
quadrúpede com cauda de serpente, dali um peixe com cabeça de quadrúpede. Ali uma besta
tem frente de cavalo e de cabra a parte de trás; acolá um animal cornudo tem traseiro de cavalo.
Tão grande e tão admirável aparece por toda a parte a variedade das formas que mais apetece
ler nos mármores que nos códices, gastar todo o dia a admirar estas coisas que a meditar na lei
de Deus. Meu Deus! Se a gente não se envergonha destas frivolidades, porque não tem pejo das
despesas?” (BERNARDO DE CLARAVAL 1997: 66-67).
A curiosidade é inimiga da introspecção pois pode colocar em perigo o espírito, distraindo-o.
Assim, nada deverá deter o olhar ou o espírito daquilo que é essencial, ou seja, a concentração
interior para buscar Deus. A procura do conhecimento de Deus, por parte dos Cistercienses,
fazia-se também com elementos simbólicos e arquitectónicos, porém bem distintos daqueles
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que os cluniacenses utilizavam. Deste modo, através do despojamento das suas igrejas, para
os cistercienses bastava a simplicidade das linhas, a harmonia dos volumes, a elegância das
proporções, a esbelteza dos arcos, a pureza das paredes caiadas, a luminosidade e o seu
claro-escuro para se elevarem em direcção a Deus. Procurava-se assim uma articulação dos
três registos da vida contemplativa, isto é uma articulação do corpo, da alma e do espírito
procurando eliminar o que pudesse de alguma forma desviar a alma da incessante busca
interior do divino (DIAS 1997a: 17).
Fig.2
Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Alcobaça, Portugal.
(arquivo da autora)
S. Bernardo condenava a ornamentação e a beleza sumptuosas não porque fora insensível
aos seus encantos, antes pelo contrário, precisamente por ser capaz de os sentir de modo a
aperceber-se que estes constituíam uma sedução invencível, logo um perigo irreconciliável
com as exigências do sagrado, sendo para si mais importante a busca da contemplação
Divina do que o fascínio pela arte (Panofsky 1989: 92). No entanto, S. Bernardo limita
esta crítica aos mosteiros e admite a importância da arte nas outras igrejas, que não as dos
mosteiros. O critério subjacente à estética bernardina não será propriamente artístico mas
sim ético e ascético como refere a Apologia:
“E, de facto, uma é a razão dos bispos, outra a dos monges. Sabemos, com efeito, que aqueles, sendo
devedores a sábios e insensatos, promovem a devoção do povo carnal com adornos materiais por
não poder com os espirituais. Nós, porém, que já nos saímos do povo, que, por Cristo, deixámos
as coisas preciosas e belas do mundo, todas as lindamente brilhantes, musicalmente embaladoras,
suavemente inebriantes, docemente saborosas, agradáveis ao tacto, enfim, julgamos todos os
prazeres do corpo como estrume para lucrarmos a Cristo, pergunto-vos a quem é que incitamos
com elas a devoção? Que fruto disso pretendemos colher: a admiração dos insensatos ou a oferta
dos simples? Acaso, porque andamos misturados com pagãos, aprendemos as obras deles e ainda
prestamos culto às suas esculturas? (BERNARDO DE CLARAVAL 1997: 64-65).
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Deste modo, a crítica exercida por S. Bernardo na Apologia para Guilherme, abade constitui
essencialmente o texto elementar no qual estão patentes os seus ideais. Através da crítica ao
luxo e aos excessos de ornamentação (superfluitas), às deformações e distorções fantásticas
da arte românica (curiositas), aos excessos das proporções (supervacuitas), S. Bernardo abre
caminho para uma estética da moderação (moderatio) ornamental onde a necessidade
(necessitas) e a utilidade (utilitas) constituem os novos critérios estéticos (MARTINS 2006:
92-93).
A arte deve elevar o espírito de modo a torná-lo livre favorecendo a contemplação, e não
ser apelativa aos sentidos, pois mais que a fruição da arte por si só encontra-se “o gozo da
presença de Deus, que a imaterialidade das coisas, as paredes nuas, a luz com os contrastes
do claro-escuro e as formas dos arcos a elevar-se para as a alturas, como mãos erguidas em
ogiva, sugerem e proporcionam” de modo a permitir o encontro com o Deus da absoluta
beleza (DIAS 1997a: 17). Por este motivo, os cistercienses, partindo de objectivos muito
claros de espiritualidade, criaram normas e regras para construírem os seus mosteiros e
igrejas, no entanto, sem nunca estabelecerem os princípios rígidos característicos de uma
escola de arte ou de arquitectura.
Consequentemente, as abadias e mosteiros cistercienses caracterizavam-se sobretudo pela
racionalidade na articulação dos espaços e no despojamento de elementos decorativos.
Porém, usaram-se soluções locais com materiais disponíveis in loco assimilando as tradições
culturais existentes. Os cistercienses utilizaram a arte e os modos de construir característicos
da região e do país onde se inseriam sem, no entanto, deixar de aplicar alguns dos princípios
que norteavam a sua espiritualidade de carácter austero e simples.
Segundo Otto von Simson, as opiniões artísticas de S. Bernardo, mais do que as de alguém
que pode ser descrito como um puritano, estão carregadas da influência de S. Agostinho
(SIMSON 2000: 60). É certo que se encontra bem patente a influência de S. Agostinho no
pensamento de S. Bernardo, podendo mesmo considerar-se a existência de um paralelismo
entre a experiência musical de S. Agostinho e a experiência espacial de S. Bernardo. No
entender de von Simson, a experiência musical vai-se apoderando da imaginação de S.
Agostinho ao ponto de este encontrar na harmonia o termo apropriado para designar a
obra de reconciliação com Cristo (SIMSON 2000: 60). Não encontrará paralelo nesta
experiência musical a perspetiva espacial de S. Bernardo quando este pergunta, no seu De
Consideratione: “O que é Deus?” (Quid est Deus?) E ao mesmo tempo responde que Este “é
comprimento, largura, altura e profundidade” (Longitudo, latitudo, sublimitas et profundum)
(BERNARDO DE CLARAVAL 1994: 226. Não são estes, numa leitura simplificada, os
atributos intrínsecos da Arquitectura, também?
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O que se considera hoje como movimento artístico cisterciense, sobretudo no que se refere
aos primeiros séculos, e com particular destaque para o pensamento de S. Bernardo sobre a
arte, foi profundo. No entender de G. Viti não parece ser exagerado falar-se numa estética
cisterciense ou mesmo numa estética bernardina, correspondente a uma nova era dotada de
um total rigor ascético (VITI 1995: 32).
A Arte cisterciense não se reporta aos sentidos nem ao mundo das sensações, mas sim
à razão, à racionalidade imersa na simplicidade e clareza das relações geométricas e da
geometria pura. No que respeita à Arquitectura em geral para além dos princípios de
proporção e de simetria patentes na própria arquitectura, existe também a preocupação com
o próprio fim a que se destina, isto é, o uso e a finalidade do espaço que se cria pelo que
a funcionalidade e a estética devem conformar um conjunto harmonioso. A arquitectura
permite a interligação e a harmonização estéticas do espaço interior do edificado com a
sua formalização exterior. Também a Arquitectura de Cister se centra nestes princípios. A
simplicidade, a funcionalidade, a que São Bernardo chamava autenticidade, o despojamento
e a austeridade, que permitem deixar a descoberto e visíveis as paredes e as estruturas,
destacando apenas a harmonia e a beleza das formas per si sem acrescentos. O único
elemento iconográfico presente numa Igreja cisterciense, pelo menos no seu início, era a
imagem da Virgem Maria uma vez que todos os Mosteiros eram dedicados a Santa Maria
(KINDER 1998: 123).
As Abadias cistercienses caracterizavam-se sobretudo pela racionalidade na articulação
dos espaços e o despojamento de elementos decorativos. Porém, como já foi referido
anteriormente, usam-se soluções locais ou regionais com materiais disponíveis in loco,
assimilando as tradições culturais existentes. A arquitectura cisterciense, do ponto de vista
estilístico, apresenta, assim, certas influências ora regionais, ora eclécticas, provenientes de
diversos meios e aceites pelos monges, quando ainda não existia nenhuma doutrina que
versasse o tema.
A Arquitectura Cisterciense nasce como reacção à ostentação e riqueza das Arquitecturas
suas contemporâneas e, sobretudo, como resposta à opulência dos Cluniacenses. Nela,
encontra-se presente um modelo de clareza, simplicidade e precisão. A simplicidade era
a ideia e o ideal subjacente a todos e a tudo o que estivesse inserido na Ordem de Cister,
estando patente não só na arquitectura e na arte, mas também no modo de vida, no trabalho,
na alimentação, nas vestes e na liturgia.
Salienta-se, assim, a importância da Arquitectura cisterciense na história de Portugal como
refere também Alberto Estima:
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“edifícios que melhor expressam a vocação religiosa dos seus autores são anteriores ao século
XX e reportam às obras dos monges construtores, os cistercienses. A importância que atribuíam
ao edifício religioso fica expresso, não só no estudo exaustivo do projecto como no grau de
perfeccionismo com que o edificavam. A Abadia de Alcobaça é provavelmente o seu paradigma
maior” (ESTIMA 2006-2007: 156).
A austeridade cisterciense reflectia-se não só na rotina quotidiana dos monges, mas
também na própria lógica, na racionalidade da articulação dos espaços arquitectónicos e no
despojamento de elementos decorativos, no que respeita à arquitectura: “Proibimos que haja
esculturas ou pinturas nas nossas igrejas ou em quaisquer dependências do mosteiro, pois
quando se olha para elas, deita-se a perder a utilidade da boa meditação ou a disciplina da
gravidade monástica. No entanto, temos cruzes pintadas que são de madeira” (Statuta XX
in Nascimento 1999: 84).
O plano arquitectónico cisterciense nunca foi estático: adaptou-se consoante as suas
necessidades e as demandas da realidade do contexto em que se inseriam. Apesar da utilização
de um plano tipo, dificilmente se encontram duas abadias cistercienses idênticas, pois devese ter em atenção não só as devidas adaptações e alterações, como também as condicionantes
de cada local. A tipologia das igrejas cistercienses tinha por base uma tipificação espacial
que foi apelidada de Plano Cisterciense ou mesmo de Plano Bernardino. Dois dos exemplos
mais representativos deste plano são o da abadia de Fontenay, em França, e o da primitiva
abadia de Alcobaça, em Portugal.
De facto, é a influência do pensamento de S. Bernardo que vai proporcionar a utilização das
linhas simples e direitas e que vai repercutir-se, sobretudo, nas igrejas dos mosteiros com
filiação em Claraval como é o caso de mosteiros em solo português. As outras fundações
e filiações também adoptaram este programa e esta linguagem. No entanto, a utilização
de mão-de-obra local e as influências das arquitecturas regionais trouxeram elementos
característicos do próprio local onde se inseriam. Os cistercienses adaptaram as suas
arquitecturas não só à topografia dos locais escolhidos como também tiveram em atenção
os cursos de água e as direcções dos ventos dominantes.
Os mosteiros cistercienses eram, como tem vindo a ser referido, complexos sistemas
arquitectónicos. A parte mais interna da cerca monástica era composta por edificações
próprias para o serviço divino e para a habitação, dispostos de “more nostrum”, seguindo um
rígido esquema, enquanto os espaços acessórios, mas igualmente necessários, como oficinas,
armazéns, enfermaria, eram colocados de um modo mais livre. A zona mais afastada do
edificado principal do mosteiro era constituída pelas granjas que eram essencialmente zonas
de trabalho agrícola, isto é, quintas distanciadas no máximo a um dia de viagem do mosteiro
e administradas pelos conversos.
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Nos primórdios, sobretudo na primeira metade de século XII, a arquitectura cisterciense
progrediu rapidamente. Num primeiro momento, o Românico, e depois o Gótico, ajustados
a esta austeridade, apresentam-se como resposta às exigências dos Cistercienses, traduzindo
perfeitamente a espiritualidade da Ordem.
Nos territórios onde se implantava a Ordem de Cister, eram apresentadas soluções
inovadoras, o que não significa que permanecessem como tal fora destes territórios,
pois os cistercienses sempre souberam utilizar as premissas singulares dos locais onde se
encontravam. Estas construções sofreram influências de particularidades locais para além do
carácter de homogeneidade. Esta homogeneidade foi resultado não só de uma organização
centralizada, mas também devido à existência do Capítulo Geral a partir do qual eram
tomadas todas as decisões destinadas a todos os mosteiros aliadas às visitações regulares dos
mosteiros. Os planos, a disposição do edificado, a linguagem arquitectónica e os materiais
serão escolhidos de acordo com os princípios definidos pela Regra de S. Bento.
Fig.3
Planta-tipo (rés-do-chão) de mosteiro cisterciense
(elaborada pela autora)
Bernardo de Claraval uniu a experiência estética e a religiosa ao apresentar a arquitectura
cisterciense como a expressão que mais se adequava à nova actividade religiosa. A partir de
1150, começa-se a desenvolver o conceito de uma construção e disposição dos diferentes
espaços arquitectónicos (Fig. 3) de more nostro (do nosso modo). O mosteiro desenvolve-se a
partir da Igreja e em torno do claustro. O claustro era o epicentro do espaço monástico, três
dos seus lados correspondem às funções essenciais: spiritus (igreja), a norte; anima (sacristia,
sala do capítulo, salas de trabalho intelectual), a este; corpus (cozinha, calefactório, refeitório,
latrinas), a sul; e o quarto lado do claustro, a oeste, é aberto aos irmãos conversos, é o domus
conversorum (celeiro, dormitório, refeitório, latrinas). Note-se a diferença de significados
e oposição entre o lado do spiritus e o lado do corpus, surgindo a dicotomia terra-céu e
matéria-espírito.
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A difusão da Ordem de Cister na Europa originou a elaboração de plantas e alçados muito
semelhantes, denotando uma repetição de modelos e homogeneidade que apontavam para
alguma “standardização”. A arquitectura cisterciense contemplava já a ampliação ou mesmo
a reconstrução que se estendia para além da Igreja e se alargava aos dormitórios, à cozinha,
ao refeitório, e outros edifícios necessários devido à disposição planimétrica do edificado
(Kinder 1998: 98). O desenvolvimento da arquitectura cisterciense não correspondeu apenas
ao tipo e estilo da sua construção mas também à disposição de todo o conjunto monástico
ou seja, igreja, edifícios regulares, construções agrícolas e industriais, assim como todo o tipo
de anexos (Fergusson 1998: 40). Assim, a arquitectura de um mosteiro cisterciense (fig.4)
acomoda-se a:
I. Particularidades do sítio;
II. Dimensão da comunidade nele instalada;
III. Necessidade da dualidade ora et labora que preenche a vida de cada monge
cisterciense segundo a Regra de S. Bento;
IV. Existência de dois grupos diversos, de duas sociedades bem hierarquizadas e
distintas compostas pelos monges do coro e pelos conversos que ocupavam diferentes
espaços. Por este facto, é tão importante a relação entre espaço e tempo dentro de um
mosteiro cisterciense.
Fig.4
Elementos que se encontram
na génese arquitectónica
de um mosteiro cisterciense
(imagem elaborada pela autora
e retirada de (MARTINS 2011:
235)
Para além de toda a sua carga simbólica, o mosteiro é um local funcional onde tudo tem
a sua justificação e se insere no seu lugar planeado pois acima de tudo o mosteiro é um
local de habitação dos Homens (os monges) mas também de Deus espelhando a Jerusalém
celeste na terra (DIAS 1997b: 13-17). Um mosteiro cisterciense deveria ser encarado como
uma cidade ideal e dotado de todos os elementos necessários à subsistência:
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“Se possível for, deve o mosteiro ser construído de forma a ter de portas a dentro tudo o
necessário, a saber: água, moinho, horta, oficinas onde se exerçam os diversos ofícios, para que os
monges não tenham necessidade de andar lá por fora, o que não é nada conveniente para as suas
almas.” (Regra do Patriarca S. Bento 1992: cap. LXVI)
O claustro segundo Bernardo de Claraval era o Paradisum Claustralis sendo a vida no
claustro cisterciense não só um ideal de vida mas também uma imagem e uma antecipação
do paraíso (MUMFORD 1961: 271 e SIMSON 2000: 64). S. Bernardo referirá, a cidade
ideal, este Paraíso na sua Epistola 64 ao referir-se à Abadia de Claraval desejando que esta
fosse para os monges a possível Jerusalém Celeste na terra BERNARDO DE CLARAVAL
2003: 246-247). Assim, desde o plano das abadias à simplicidade dos materiais escolhidos,
tudo se conjuga para elevar a procura de Deus e busca da santidade. A economia de meios,
o rigor, os jogos de volumes e luminosidade, traduzem-se através da perfeita unidade entre
um ideal espiritual e as escolhas formais. Deste modo, a arquitectura cisterciense, para além
de tudo o que foi referido, pode sintetizar-se através de quatro definições intrínsecas: a
austeridade, a simplicidade, a funcionalidade e os regionalismos que absorveu adaptando-os
à sua construção nos locais onde se inseria (AA.VV. 1997: 22-23).
Em paralelo, e consequentemente, destaca-se a repetibilidade das suas arquitecturas que
foram exequíveis devido à uniformidade do pensamento e de obediência à Regra de S.
Bento, havendo sempre lugar à liberdade conformada pelos regionalismos destas mesmas
arquitecturas (Fig.5). Esta liberdade, para além dos regionalismos, corresponde também à
liberdade da escolha do local de implantação e às necessidades regionais que eram justapostas
ao programa-base, desenvolvido através dos princípios da Regra de S. Bento, a utilização de
materiais próprios de uma região. É exemplo deste facto a existência de mosteiros edificados
em pedra, como o granito (no caso português), e outros edificados em tijolo correspondendo
a locais parcos em pedra.
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Fig.5
Elementos definidores da
arquitectura cisterciense
(MARTINS 2011: 237).
“MINIMUM” VS. “CURIOSITAS”…
UMA INFLUENCIA DO SÉC XII NOS SÉCS. XX E XXI
A Ordem de Cister é dotada de uma linguagem arquitectónica própria (plantas tipo, linhas
sóbrias, simplicidade, luz) onde se incluem elementos e directivas que possuem um certo
paralelismo com a actualidade.
As características anteriormente enunciadas foram também responsáveis pelos rasgos de
modernidade existentes não só na arquitectura, como também na construção cisterciense
e que evidenciam o espírito de austeridade que procura a simplicidade na sua forma mais
pura. Não confundir com simplista, pelo contrário, esta era uma simplicidade coerente e
complexa, permitindo a procura do “mínimo” ou seja do “minimum” que contrasta com a
“curiositas” dos estilos coevos (do românico e por vezes mesmo do gótico). Este “minimum”
irá influenciar muitos artistas e arquitectos, desde o Modernismo até à contemporaneidade,
tais como Le Corbusier, John Pawson e Claudio Silvestrin como a bibliografia comprova
(HERVÉ 2001; PETIT 1961; PAWSON 1996 e SILVESTRIN 1994 e 1999).
O património monástico medieval, com particular atenção para o cisterciense, inspirou
artistas e arquitectos a produzir novos trabalhos. Desta forma, Le Corbusier encontrou
inspiração nas suas visitas ao Mosteiro Cartuxo de Ema (Itália) e ao Mosteiro Cisterciense
de Le Thoronet (França) para projectar o Mosteiro Dominicano de La Tourette (França).
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Do mesmo modo, o arquitecto minimalista inglês, John Pawson, em Minimum (1996)
(Fig.6), foi influenciado pela austeridade, profundidade e eficácia da organização espacial
do Mosteiro Cisterciense de Le Thoronet (Fig.7) sendo o autor do recente Mosteiro
Cisterciense de Novy Dvur (República Checa).
Fig.6
Os dois livros que fazem a ponte entre o século XII e
os arquitectos dos séc. XX e XXI. (a.) Capa do livro de
fotografias de Lucien Hervé, cuja temática é o Mosteiro
de Le Thoronet, que tanto influenciou Le Corbusier como
John Pawson. (b.) Capa do livro “minimum” obra-prima
do pensamento teórico de John Pawson com referências
recorrentes à arquitectura cisterciense e à sua influência
(MARTINS 2011: 300).
Fig.7
Mosteiro Cisterciense de Le Thoronet (arquivo da autora).
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De facto, pode-se assinalar a importância da Ordem de Cister, não só no que respeita a
arquitectura das Ordens Monásticas, em geral, mas também no que concerne a arquitectura
contemporânea. Como refere o arquitecto Cláudio Silvestrin no seu ensaio “On Cistercian
architecture”, apresentado numa conferência em The Insel Hombroich, Neuss, em 1996:
“The monastery is therefore a spiritual place where man can speak to God, unfettered by
material desires and distractions: it is not a place designed to be admired. The form matter of the
building is therefore conceived in such a way that there are no material features which divert the
eye from the hyper-sensitive communication with the invisible – paradoxically, the form-matter
must be so simple and essential that it comes across as non-existent: metaphorically speaking,
the material is transformed into formlessness. / Non-object entities, such as space, light, thought
and energy are therefore intensified to their highest potency. / (...) Simplicity became for the
Cistercians a quality of life. / It was understood, together with immortality and free will, as one
of the three fundamental characteristics of the soul” (SILVESTRIN 1999: 219).
Em 1999, o Abade do Mosteiro de Sept-Fons (França) que viria a ser a Casa-Mãe do
Mosteiro de Novy Dvur, na República Checa, deparou-se acidentalmente com o livro,
de John Pawson, “Minimum”. Nesta obra, reconheceu as referências aos primórdios da
Arquitectura cisterciense ao encontrar, nas imagens de Pawson, a linguagem arquitectónica
simples e austera da arquitectura cisterciense medieval. Na introdução ao mesmo livro
pode-se encontrar a necessidade, por parte do arquitecto, em ir ao âmago das coisas através
desta aproximação ao “mínimo” o que requer paciência, esforço e cuidado como refere o
próprio: “To create simplicity, to reduce an artifact, an object, an artwork, or a room to its essential
minimum, requires patience, effort and care” (PAWSON 1996: introduction). Na mesma
introdução, refere igualmente que, na Ordem de Cister, a vontade de definir uma forma
mais pura e simples de Cristianismo se reflectia tanto na vida dos monges como na forma e
carácter dos mosteiros que para si construíam. Refere ainda que cada fundação cisterciense
era construída segundo um mesmo plano e apresentava o mesmo tipo de restrições no uso
de materiais e formas. No seu entender, foi esta restrição que conduziu a alguns dos mais
belos trabalhos de arquitectura alguma vez conseguidos pela Humanidade:
“In the medieval Cistercian order, the aspiration to define a purer, simpler form of Christianity
was reflected both in the lives of the monks and in the form and character of the monasteries
that they built for themselves. Cistercian monks made a virtue of poverty (…). Every Cistercian
foundation was built to the same plan, and displayed exactly the same restraint in its use of
materials and shapes. (…)In fact, restraint has produced some of the most beautiful works of
architecture that mankind has ever achieved”. (PAWSON 1996: introduction).
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É sem dúvida extraordinário que John Pawson tenha escrito este conjunto de afirmações
em 1996 para ser descoberto pelo Abade de Sept-Fons três anos depois e oito anos antes da
inauguração da obra da sua vida: o Mosteiro de Novy Dvur. Tal como S. Bernardo, Pawson
defende que a ausência de distracções, visuais ou funcionais, permite cumprir o objectivo
da vida monástica: a concentração em Deus: “An absence of visual and functional distraction
supports the goal of monastic life: concentration on God.”. Desta forma, foi objectivo de Pawson
permanecer fiel ao espírito de S. Bernardo e ao plano dito Bernardino, enquanto expressão
do espírito cisterciense, mas no entanto introduzindo algum vocabulário novo resultante
dos avanços tecnológicos e construtivos como é o caso da cobertura das alas claustrais em
consola (Fig.8). Pawson questionou a necessidade de cada elemento utilizado, inclusive a
própria estrutura.
Tanto para os monges de Novy Dvur como para o arquitecto Pawson, este novo mosteiro,
cuja génese teve as suas origens na reabilitação de uma antiga quinta devoluta do séc. XVIII,
partiu de projecto com raízes no seu próprio tempo, ou seja, no séc. XXI. De facto, há algo
de contemporâneo no profundo desejo de eliminar a ostentação e o supérfluo, dar primazia
à escolha das soluções e materiais e mais simples, sem no entanto descurar a qualidade, e
sobretudo não descurar a importância e qualidade da luz natural. A simplicidade, a utilidade
e a economia são os princípios basilares da estética arquitectónica cisterciense. Refere um
monge de Sept-Fons, e depois de Novy Dvur, que Pawson ao construir para os monges,
apesar de ser um absoluto minimalista, teve que desenvolver uma aproximação ainda mais
radical à simplicidade para dar resposta ao Projecto de Novy Dvur (AA.VV 2002: 72). O
Mosteiro Cisterciense de Nossa Senhora de Novy Dvur, na República Checa, obteve o
prémio internacional “Frate Sole” para Arquitectura Sacra em Outubro de 2008.
Fig.8
Ala claustral do Mosteiro de Novy Dvur
(arquivo Novy Dvur, consultado em linha em Março de
2011, em http://www.novydvur.cz/index.html).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Com o passar dos séculos, a arquitectura cisterciense foi perdendo o seu cunho característico
ao abraçar as correntes estilísticas que se iam sucedendo ao longo do tempo. Apenas no
século XX e XXI voltará a buscar o “minimum” arquitectónico que a distinguiu nas primeiras
centúrias da sua existência. A relação entre a arquitectura medieval da Ordem de Cister
e a actualidade estão profundamente conectadas quer seja através do seu contributo para
algumas arquitecturas de cunho contemporâneo quer através da reabilitação arquitectónica
(Fig.9).
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