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PCH Notícias & SHP News Ano 15 Revista vol. 57 Nº 02 ABR/MAI/JUN - 2013 Movimentos para voltar a crescer Movements to return growth Do you have a road map? Do you have a road map? Proeminentes mercados existentes para a energia hídrica mundial Outstanding markets exist for hydropower worldwide Os desafios ambientais para a expansão do setor elétrico brasileiro The environmental challenges in the expansion of the Brazilian electric energy sector ISSN 1676-0220 técnicos + Artigos Technical articles de eventos + Agenda Events schedule Publicação apoiada pela Associação Internacional de Máquinas Hidráulicas Comitê Diretor do CERPCH Director Committee CEMIG / FAPEPE / IEE-USP / FURNAS / IME / EletrobrAs / ANEEL / MME Comitê Editorial Editorial Committee Presidente - President Geraldo Lúcio Tiago Filho - CERPCH/UNIFEI Editores Associados - Associated Publishers Adair Matins - UNCOMA - Argentina Alexander Gajic - University of Serbia Alexandre Kepler Soares - UFMT Ângelo Rezek - ISEE/UNIFEI Antônio Brasil Jr. - UnB Artur de Souza Moret - UNIR Augusto Nelson Carvalho Viana - IRN/UNIFEI Bernhard Pelikan - Bodenkultur Wien - Áustria Carlos Barreira Martines - UFMG Célio Bermann - IEE/USP Edmar Luiz Fagundes de Almeira - UFRJ Fernando Monteiro Figueiredo - UnB Frederico Mauad - USP Helder Queiroz Pinto Jr. - UFRJ Jaime Espinoza - USM - Chile José Carlos César Amorim - IME Marcelo Marques - IPH/UFRGS Marcos Aurélio V. de Freitas - COPPE/UFRJ Maria Inês Nogueira Alvarenga - IRN/UNIFEI Orlando Aníbal Audisio - UNCOMA - Argentina Osvaldo Livio Soliano Pereira - UNIFACS Regina Mambeli Barros - IRN/UNIFEI Zulcy de Souza - LHPCH/UNIFEI Editorial Editorial Mercado Market Opinião 10 Opinion You have a road map? Do you have a road map? Prominentes Mercados Existentes para a Energia Hídrica Mundial Outstanding Markets Exist for Hydropower Worldwide Os desafios ambientais para a expansão do setor elétrico brasileiro The environmental challenges in the expansion of the Brazilian electric energy sector Artigos Técnicos 15 TECHNICAL COMMITTEE Technical Articles Agenda 54 Schedule Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Mauá – Bibliotecária Margareth Ribeiro- CRB_6/1700 R454 Revista Hidro & Hydro – PCH Notícias & Ship News, UNIFEI/CERPCH, v.1, 1998 -- Itajubá: CERPCH/IARH, 1998 – v.15, n. 57, abr./jun. 2013. Expediente Editorial Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News é uma publicação trimestral do CERPCH The Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News is a three-month period publication made by CERPCH Tiragem/Edition: 6.700 exemplares/issues contato comercial: [email protected] / site: www.cerpch.org.br 06 Movimentos para voltar a crescer Movements to return growth Prof. François AVELLAN, EPFL École Polytechnique Fédérale de Lausanne, Switzerland, [email protected], Chair; Prof. Eduardo EGUSQUIZA, UPC Barcelona, Spain, [email protected], Vice-Chair; Dr. Richard K. FISHER, VOITH Hydro Inc., USA, [email protected], Past-Chair; Mr. Fidel ARZOLA, EDELCA, Venezuela, [email protected]; Dr. Michel COUSTON, ALSTOM Hydro, France, [email protected]; Dr. Niklas DAHLBÄCK, VATENFALL, Sweden, [email protected]; Mr. Normand DESY, ANDRITZ Hydro Ltd., Canada, [email protected]; Prof. Chisachi KATO, University of Tokyo, Japan, [email protected]; Prof. Jun Matsui, Yokohama National University, [email protected]; Dr. Andrei LIPEJ, TURBOINSTITUT, Slovenija, [email protected]; Prof. Torbjørn NIELSEN, Norwegian University of Science and Technology, Norway, [email protected]; Mr. Quing-Hua SHI, Dong Feng Electrical Machinery, P.R. China, [email protected]; Prof. Romeo SUSAN-RESIGA, “Politehnica” University Timisoara, Romania, [email protected]; Prof. Geraldo TIAGO F°, Universidade Federal de Itajubá, Brazil, [email protected]. Editor Geraldo Lúcio Tiago Filho Coord. Redação Camila Rocha Galhardo Jornalista Resp. Adriana Barbosa MTb-MG 05984 Redação Adriana Barbosa Camila Rocha Galhardo Fabiana Gama Viana Colaborador Angelo Stano Projeto Gráfico Net Design Diagramação e ArteLidiane Silva Cidy Sampaio Tradução Adriana Candal Joana Sawaya de Almeida Revisão Patrícia Kelli Silva de Oliveira Impressão Editora Acta Ltda 04 Trimestral. Editor chefe: Geraldo Lúcio Tiago Filho. Jornalista Responsável: Adriana Barbosa – MTb_MG 05984 ISSN 1676-0220 1. Energia renovável. 2. PCH. 3. Energia eólica e solar. 4. Usinas hi_ drelétricas. I. Universidade Federal de Itajubá. II. Centro Nacional de Re_ ferência em Pequenas Centrais Hidrelétricas. III. Título. Universidade Federal de Itajubá ISSN 1676-0220 Av. BPS, 1303 - Bairro Pinheirinho Itajubá - MG - Brasil - cep: 37500-903 e-mail: [email protected] [email protected] Fax/Tel: +55 (35)3629 1443 3 EDITORIAL Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), Abr,jun/2013 Dear readers, Prezado Leitor, É notório que durante os últimos anos o setor elétrico tem sido afetado pela falta de políticas governamentais no que se refere a investimentos em pequenas centrais hidrelétricas. Porém, nos últimos meses, depois de muito tempo fora dos leilões de energia, as PCHs voltaram ao cenário. Hoje, no Brasil, dos quase 160GW de potencial hidrelétrico que o país tem para ser explorado, 17GW ficam por conta das pequenas centrais hidrelétricas, números estes que não seriam desprezados por nenhum outro país. Nesta edição a matéria principal aborda às mudanças regulatórias e os impactos gerados pela falta de expansão no mercado de PCHs. Aborda, ainda, o panorama da hidro geração mundial no artigo Prominentes Mercados Existentes para a Energia Hídrica Mundial de autoria de Elizabeth Ingram. Outro ponto abordado na revista são os desafios ambientais para a expansão do setor elétrico brasileiro, onde os autores Adriana Coli e Luiz Fernando Viana fazem uma radiografia da hidroeletricidade no país. Espero que essas matérias possam proporcionar uma reflexão sobre o setor, desejo a todos uma boa leitura! During the last years it was notorious that electric sector was affected by lack of government policies concerning investments in small hydro power plants. However, in the last months, after a long time out from energy auctions, SHP´s are back to the current scenario. Currently in Brazil, from almost 2160 GW of hydro power potential available for exploitation, 17GW are from SHP´s, numbers which would not be dismissed by any other country. In this edition, the main matter adresses regulatory changes as well as impacts generated by lack of expansion on SHP´s market. This edition also addresses the worlwide hydro power panorama in the matter named “Prominent Existing Markets for Worldwide Hydro Power” by Elizabeth Ingram. Another matter of the magazine is “Environmental Challenges for Brazilian Electric Sector”, where authors Adriana Coli and Luiz Fernando Viana, achieve a radiography of hydro power in Brazil. I hope that these matters may give you a reflection on the sector, I wish a good reading to you all! Geraldo Lúcio Tiago Filho Geraldo Lúcio Tiago Filho Apoio: IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS 4 . 5 Mercado Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), Abr,jun/2013 Movimentos para voltar a crescer Da Redação Depois de muito tempo fora dos leilões de energia, as PCHs voltaram ao jogo. O sinal, junto com mudanças regulatórias e regras de financiamento, podem mostrar um novo caminho para a maior participação da fonte na matriz brasileira. Arquivo pessoal Dos quase 160 GW de potencial hidrelétrico que o Brasil tem para ser explorado, 17 GW ficam por conta das pequenas centrais hidrelétricas (PCHs). Uma parcela de 10% que não seria desprezada na matriz elétrica de nenhum país do mundo. No entanto, no Brasil, esta fonte limpa, que é capaz regular o despacho de grandes usinas hidrelétricas, tem uma participação nanica, com 4,5 mil MW de capacidade instalada, ou seja, fatia de 3,5% da base instalada. Na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), estão em análise quase 700 projetos, que somam cerca de 7 mil MW. O segmento tem ainda mais de 144 projetos em elaboração, 519 eixos disponíveis, 331 estudos de inventários, dos quais 231 estão em análise com o órgão regulador. Quem sabe não é um prenúncio de que o planejamento vai dar um tratamento mais equânime para a fonte. "Esperamos que no próximo leilão A-5 venham mais PCHs. No entanto, não tenho uma previsão da quantidade de usinas que vão entrar", analise Maurício Tolmasquim, presidente da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), destacando a ação recente do planejamento, junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), para melhorar as condições de financiamento para a fonte. Mudanças regulatórias Maurício Tolmasquim Qual é o futuro das PCHs no Brasil? Que fatia elas podem ter no planejamento energético nos próximos anos? Essas são algumas das perguntas que circulam nos congressos e nas reuniões dos agentes com reguladores, planejadores e o Ministério de Minas e Energia (MME). Se ninguém arrisca uma resposta com pé firme, pelo menos nos últimos meses, um movimento diferente trouxe novas perspectivas para a evolução da fonte. Um deles foi a negociação de oito empreendimentos no leilão A-5, de 29 de agosto, localizados nos estados de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Santa Catarina e Paraná. Os projetos somam capacidade instalada de 173,5 MW e garantia física de 92,3 MW médios. Embora seja um número muito pequeno para refletir a realidade de um mercado que vem há uns cinco anos perdendo fôlego, o resultado sinaliza um melhor cenário daqui para a frente. Os números não deixam dúvidas sobre a força das PCHs no país, que ao longo dos anos formou uma sólida cadeia produtiva, com domínio técnico e mão-de-obra especializada. 6 Além da volta aos leilões do mercado regulado, das mudanças nos financiamentos, a indústria ganhou novo alento do lado regulatório. Uma delas está circunscrita à audiência pública, feita ao longo do mês de outubro, para alterar o artigo 22 e fazer a revisão da resolução 343, de 2008, que trata do registro, da elaboração, do aceite, da análise, da seleção e da aprovação de projetos básicos das PCHs. O artigo 22 estabelece que os pedidos feitos antes da resolução, e que estejam adequados às regras, sejam analisados segundo a resolução 395, que dispensa a necessidade da licença ambiental para a aprovação dos projetos básicos. Outro movimento da agência foi na direção de analisar por ordem cronológica os projetos básicos com pedidos de registro até 22 de dezembro, sem exigir a licença. "Esta audiência tem uma conotação voltada para projetos que hoje estão em competição, exigindo licenciamento dos interessados para fazer as análises", explica Charles Lenzi, presidente da Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa (Abragel), acrescentando que PCH é o único empreendimento que precisar ter o projeto básico aprovado. A ideia é que a Aneel proceda as análises, independente do licenciamento ambiental. "Com esta alteração, haveria a possibilidade de ter mais empreendimentos nos leilões de energia, ficando o licenciamento para a fase de obras", explica Lenzi. A Abragel trabalha com a proposta de ampliar a capacidade instalada das PCHs em 5 mil MW nos próximos 10 anos, com um investimento potencial de R$ 35 bilhões a R$ 40 bilhões. Outros pontos da agenda da entidade são a implementação de leilões anuais específicos com quantidades contratadas definidas e ajustadas com a demanda, nos leilões A-5 e A-3; e o estabelecimento de um programa com período de 10 a 15 anos, que seja compatível com o Plano Decenal de Energia (PDE). Se não têm dúvidas de que este seja o caminho para a expansão da fonte, os agentes esperam ainda por parte do governo um melhor sinal de preços para viabilizar um maior número de projetos. Afinal, o preço médio de R$ 127,01 MWh não refletiu na medida exata a realidade do segmento em termos de custos para a instalação de cada kV de um projeto. Os agentes Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 Market Movements to retu rn to growth Translation: Joana Sawaya de Almeida The bid, along with regulatory changes and funding rules, can show a new path to greater participation of the source in the Brazilian matrix. Of the nearly 160 GW of hydropower potential that Brazil has to be explored, 17 GW would come from small hydropower plants (SHPs). This is a 10% portion that would not be neglected in the energy matrix of any country in the world. However, in Brazil, this clean source, which is able to regulate the order of large hydroelectric plants, has a tiny participation, with 4500 MW of installed capacity, representing a 3.5 % share of the installed base. What is the future of SHPs in Brazil? What share can they have in the energy planning in the coming years? These are some of the questions circulating in conferences and meetings with regulators, planners and the Ministry of Mines and Energy (MME). Since no one ventured a firm response, at least in recent months, a different movement has brought new perspectives for the evolution of the source. One was the August 29th negotiation of eight projects in the A-5 auction, located in the states of Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Pernambuco, Santa Catarina and Paraná. The projects totaled an installed capacity of 173.5 MW and a guaranteed an of average 92.3 MW. Although it is a very small number to reflect the reality of a market that has been losing steam in the past five years, the result indicates a better scenario going forward. The numbers leave no doubt about the strength SHPs have in the country, which has formed a solid productive chain over the years, with technical know-how and skilled labor. There are nearly 700 projects being analyzed at the National Agency of Electric Energy (ANEEL), totaling approximately 7,000 MW. The segment also has over 144 projects in the works, 519 available axles, 331 inventory studies, of which 231 are under review with the regulating agency. Perhaps it’s a sign that the planning will give a more equitable treatment to the source. "Hopefully there will be more SHPs at the next A-5 auction. However, I do not have an estimate of how many plants will enter," an analysis of Maurício Tolmasquim, president of the Energy Research Company (EPE), highlighting the recent action plan with Banco Nacional de Desenvolvimento Economico e Social (BNDES), to improve financing conditions for the source. Regulatory changes Besides the return of the regulated market to the auction and changes in funding, the industry has gained new impetus from the regulatory side. One of them is limited to the public hearings done throughout the month of October, to amend Article 22 to make the revision of the 2008 Resolution 343, which deals with the registration, preparation, acceptance, analysis, selection and approval of basic SHPs designs. Article 22 establishes that applications made before the resolution, and that are in compliance with the rules, are analyzed according to Resolution 395, which eliminates the need for an environmental permit for the approval of basic designs. Another Arquivo pessoal After a long time out of energy auctions, SHPs are back in the game. Charles Lenzi movement by the agency was to review the basic designs in a chronological order with applications for registration by December 22, without requiring a license. "This hearing seems to lean toward projects that are now in competition, requiring licensing of the stakeholders in order to do the analysis," explains Charles Lenzi, president of the Brazilian Association for Clean Energy Generation (Abragel), adding that SHP is the only venture that needs to have the basic design approved. The idea is for Aneel to do the analyzing regardless of environmental licensing. "With this change, it would be possible to have more projects in energy auctions, leaving the licensing for the construction phase," said Lenzi. The Abragel works with the proposal to expand the SHP installed capacity of 5000 MW in the next 10 years, with a potential investment of R$35 billion to R$40 billion. Other items on the entity’s agenda are the implementation of specific annual auctions with contracted quantities defined and adjusted with demand, in the A-5 and A-3 auctions, and the establishment of a program period of 10 to 15 years, which is compatible with the Ten-Year Energy Plan (TYP). If they have no doubts that this is the way for the expansion of the source, the agents still expect the government to provide a better price bid to facilitate a greater number of projects. After all, the average price of R$127.01/MWh did not exactly reflect the segment’s reality in terms of costs for the installation of each kW of a project. Agents estimate R$170.00 per MWh as an ideal price to unshelve the projects. "To increase the participation of SHPs, a higher ceiling price would be needed," adds Lenzi. 7 Mercado estimam R$ 170,00, por MWh, como preço ideal para tirar os projetos da gaveta. "Para aumentar a participação das PChs, teria que ter um preço teto maior", acrescenta Lenzi. No campo preço da fonte, de acordo com os especialistas, o maior problema está relacionado ao fato de não se contabilizar as vantagens que estas usinas trazem para o sistema. E a situação piora com o aumento dos custos de construção devido às complexidades ambientais vividas pelos empreendedores nos últimos anos. O resultado na ponta é a perda de competitividade das usinas. O presidente do Instituto Acende Brasil, Claudio Sales, defende uma mudança na sistemática dos leilões para dar mais gás às pequenas usinas. Segundo ele, hoje nos leilões primeiro se vê a quantidade de energia ofertada pelo menor preço possível. "Ao fazer isso, o planejador deixa de lado uma série de outros atributos que são relevantes como a localização da usina, a capacidade de atendimento à ponta e também a possibilidade de fazer a modulação do sistema", explica Sales. Para ele, se os mecanismos dos leilões considerassem tais fatores, as PCHs teriam mais condições energéticas e econômicas para competir com as demais fontes. Roberto d"Araújo, presidente do Instituto Ilumina, vê nas mudanças de critério de segurança um caminho para destravar o desenvolvimento das pequenas usinas. Como não são despachadas pelo Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as pequenas usinas permitem fazer o desconto de carga de energia. "Nosso critério de segurança está muito furado. Estamos usando os nossos reservatórios até o fundo, desprezando qualquer ajuda. As PCHs poderiam ajudar", comenta o consultor. “ Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), Abr,jun/2013 Impactos da falta de expansão A falta de projetos para os leilões de energia provocou sérios danos para a cadeia produtiva do segmento. Estimativas do mercado apontam para uma queda entre 35% a 50% no volume de negócios desta indústria, das consultorias aos produtores de equipamentos. Fabricantes de grande porte, como a Voith Hydro Brazil, buscaram a saída de fora para aguentar o tranco. "O impacto foi controlado, uma vez que tomamos ações preventivas. A empresa se adaptou à situação de poucos pedidos de PCHs no Brasil, concentrando seus esforços de vendas nos países importantes da América Latina", conta Osvaldo San Martin, CEO da empresa. "A região, por sua vez, aumentou significativamente a quantidade de projetos em desenvolvimento", acrescenta. Segundo o executivo, com as mudanças em marcha e a sinalização do leilão A-5, as perspectivas para o médio prazo estão se tornando cada vez mais claras. "Nossa expectativa é que o segmento de PCHs seja retomado fortemente, impulsionado pelo retorno dos leilões, a equiparação dos benefícios fiscais, a possível separação das fontes nos leilões e a grande quantidade de projetos represados nos últimos anos", diz o CEO da Voith Hydro Brazil, na qual o peso do negócio PCH no portfólio varia de 10% a 20%. Em meio a tantas boas iniciativas para tentar destravar a expansão das PCHs uma deixou os agentes preocupados. Tratase do projeto de lei 3712, de 2012, aprovado recentemente na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados. O projeto estabelece prazo máximo de cinco anos para a instalação e início da operação das usinas. Se neste prazo o empreendimento não ficar de pé, a outorga será cancelada. "Na maior parte das vezes, os atrasos acontecem por condições que vão além do controle dos empreendedores, como as diferenças entre as políticas estaduais de licenciamento ambiental", diz Charles Lenzi, da Abragel. Para ele, o projeto de lei, se aprovado, só vai atrapalhar o desenvolvimento das PChs. "Temos conversado para convencer os deputados de que este projeto de lei não contribui em nada com o segmento", acrescenta Lenzi. Adriana Barbosa Temos conversado para convencer os deputados de que este projeto de lei não contribui em nada com o segmentos. ” "O impacto foi controlado, uma vez que tomamos ações preventivas. A empresa se adaptou à situação de poucos pedidos de PCHs no Brasil, concentrando seus esforços de vendas nos países importantes da América Latina". Osvaldo San Martin 8 "The impact was controlled, since we took preventive actions. The company has adapted to the lack of requests for SHPs in Brazil, focusing its sales efforts in important Latin American countries," Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 According to experts, in terms of source price, the biggest problem is the failure to account for the benefits that these plants bring to the system. The situation worsens with construction costs increases due to environmental complexities experienced by entrepreneurs in recent years. The end result is a loss of competitiveness for the plants. The President of Acende Brazil, Claudio Sales, advocates a change in the auctions to benefit small plants. According to him, currently at the auctions, one sees the amount of supplied energy at the lowest possible price. "By doing this, the planner sets aside a number of other relevant attributes such as the location of the plant, the supply capacity and also the possibility to make the modulation of the system," explains Sales. According to him, if the mechanisms of auctions consider such factors, SHPs would have more energy and economic conditions to compete with other sources. "Our security criteria is flawed. We are using our reservoirs to the maximum, discarding any help. SHPs could help," said the consultant. “ Market "The impact was controlled, since we took preventive actions. The company has adapted to the lack of requests for SHPs in Brazil, focusing its sales efforts in important Latin American countries," says Osvaldo San Martin, CEO of the company. "The region, in turn, significantly increased the number of projects in development," he adds. According to the executive, with the changes in motion and the bids at the A-5 auction, the outlook for the middle ground is becoming increasingly clear. "Our expectation is that the SHP segment resumes strongly, boosted by the return of the auctions, the equal tax benefits, the possible separation of the sources at the auctions and the large quantities of shelved projects in recent years," says the CEO of Voith Hydro Brazil, which has a SHPs business portfolio ranging from 10% to 20%. In the midst of so many good initiatives to try to unlock the expansion of SHPs, Law No. 3712, of 2012, recently approved in the Finance and Tax commission of the Chamber of Deputies, left the agents concerned. The bill establishes a maximum term of five years for the installation and start of operation of the plants. If within this period the project is not started, the grant will be canceled. "In most cases, delays occur due to conditions beyond the control of the entrepreneurs, such as the differences between the state and environmental licensing policies," says Abragel’s Charles Lenzi. According to him, the law, if approved, will only hinder the development of SHPs. "We have talked to convince members that this law does nothing for the segment," adds Lenzi. We have talked to convince members that this law does nothing for the segment. Impacts of the lack of expansion Lack of projects for energy auctions caused serious damage to the supply chain segment. Market estimates suggest a decline from 35% to 50% in the turnover of this industry, from consulting to equipment producers. Large manufacturers, like Voith Hydro Brazil, looked to the foreign market to soften the blow. ” OPINIÃO Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 DO You have a road map? “Ad augusta per angusta.” (Às coisas excelentes pelos caminhos estreitos.) Por Decio Michellis Jr.* Arquivo Pessoal Esta expressão remete a outra frase latina: “Commoditas omnis fert sua incommoda” (Em toda parte há um pedaço de mau caminho). Esta verdade nunca foi tão atual como o desafio de tirar do papel uma PCH. Mesmo cumprindo rigorosamente e com qualidade todas as etapas de: i) Inventário Hidrelétrico da Bacia Hidrográfica (inclui o Estudo Integrado da Bacia Hidrográfica – instrumento sem previsão legal); ii) Estudo de Viabilidade Técnica, Econômica e Ambiental (cabe até mesmo mensurar as externalidades positivas e negativas do empreendimento); iii) Projeto Básico e a iv) Via Crucis (e bota dolorosa nisso) do Licenciamento Ambiental, uma PCH pode nunca virar realidade. Dois são os principais desafios: financiabilidade e o equacionamento das questões ambientais. A baixa previsibilidade dos custos associados ao empreendimento bem como as incertezas dos cronogramas previstos comprometem a viabilidade econômica e consequentemente o financiamento do projeto. Neste contexto precisamos explorar melhor uma importante ferramenta na gestão de riscos: o planejamento. Perceber a realidade, estabelecer objetivos e metas mensuráveis, reportáveis e verificáveis, construir o road map, revisar sistematicamente todo o processo, deveriam ser atividades intrínsecas ao processo de planejamento. Como o lado racional da ação, envolve objetivos complexos, ambiente de negócios crítico de alto risco e consequentemente de perda potencial de atratividade, prejuízo mesmo. Pode consumir valores expressivos de tempo e dinheiro. Sendo um processo cíclico e prático, sua continuidade exige uma constante realimentação de restrições, alternativas, soluções e ganhos. Este processo contínuo de tomada de decisão tem de ser baseado na multidisciplinaridade e interatividade. A quantidade de incerteza ao longo da vida de um projeto diminui à medida que avançamos. Minimizar o máximo arrependimento com o objetivo de limitar os máximos prejuízos em todos os cenários de planejamento foi o conceito desenvolvido pelo Setor Elétrico Brasileiro na década de 90 com o aplicativo Modelo MODPIN. Embora o uso do mesmo tenha sido limitado, os conceitos envolvidos continuam atuais e merecem uma abordagem contemporânea das especificidades e singularidades no planejamento de PCHs. O Plano Decenal de Expansão de Energia 2021 do Ministério de Minas e Energia considera 62 PCHs totalizando 7.098 MW instalados ou (3,9% de acréscimo na década e 3,9% da matriz elétrica no final do horizonte - 2021). Temos uma política pública fixada em Lei: o PROINFA - Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica. Sua segunda etapa (a partir de janeiro de 2011), que prevê a meta de 3.300 MW, será desenvolvido de forma que as fontes eólica, pequenas centrais hidrelétricas e biomassa atendam a 10% (dez por cento) do consumo anual de energia elétrica no País. Esse objetivo deve ser alcançado em até 20 (vinte) anos (2022), aí incorporados o prazo e os resultados da primeira etapa (Lei 10.438/02, Art. 3º, inciso II, alínea a). Igualmente, obriga a aquisição anual de compra da energia elétrica de cada produtor, de forma que as referidas fontes atendam ao mínimo de 15% (quinze por cento) do incremento anual da energia elétrica a ser fornecida ao mercado consumidor nacional, compensando-se os desvios verificados entre o previsto e realizado de cada exercício, no subsequente (Lei 10.438/02, Art. 3º, inciso II, alínea c). As PCHs observaram trajetória decrescente de competitividade nos leilões desde 2009. O grande desafio é a efetividade. Será a lei observada pelos agentes que devem respeitar e cumprir a legislação e o ordenamento jurídico sem discriminação? Precisamos intensificar a articulação institucional e parlamentar para recompor a atratividade econômica da atividade do segmento de PCHs, voltadas para uma economia mais limpa com políticas energéticas e climáticas que criem vantagens competitivas numa economia de baixo carbono. A escassez de recursos para investimento pode fazer com que uma PCH atraente em termos econômicos, seja substituída por outra PCH ou outra fonte alternativa mais cara, mas com disponibilidade de recursos financeiros. Com as limitações crescentes na capacidade do BNDES de continuar sendo a principal (e quase única) fonte de financiamento da infraestrutura no Brasil, uma nova janela de oportunidades está se abrindo aos investidores: o Project Finance ou financiamento relacionado a projeto. Esta é uma forma de engenharia financeira suportada contratualmente pelo fluxo de caixa de um projeto, no caso uma PCH, servindo como garantia os ativos e recebíveis desse mesmo projeto. Peça chave no processo do Project Finance (como desdobramento das atividades de planejamento de uma PCH), a elaboração do Plano de Negócios (Business Plan) é um documento que especifica, em linguagem escrita, uma representação do modelo de negócios a ser seguido. Reúne informações de como a PCH é ou deverá ser. Nele o investidor se apoia para decidir a aplicar recursos no empreendimento. Como documento vivo, precisa ser constantemente atualizado para que seja útil na materialização do Project Finance. Poucos empresários conseguem compreender e fazer o uso correto desta ferramenta para conciliar a sua estratégia pessoal de inserção no mercado com a realidade empresarial do mundo das finanças. Mesmo considerando que geralmente agimos primeiro e planejamos depois, que procuramos projetos bons e viáveis ao invés de projetos ótimos, planejar é fundamental. Mas isto é apenas o começo dos problemas reais (o papel aceita tudo). Às coisas excelentes pelos caminhos estreitos. Não se vence na vida sem lutas. Planejar é preciso! (*) Diretor de energia do Departamento de Infraestrutura da FIESP - Federação das Indústrias do Estado de São Paulo e conselheiro do COSEMA da FIESP - Conselho Superior de Meio Ambiente. 10 Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 OPINION Do you have a road map? “Ad augusta per angusta.” (To high places through narrow roads.) Translation: Joana Sawaya de Almeida This expression refers to another Latin phrase: “Commoditas omnis fert sua incommoda” (Every trip has its inconveniences). This is as true as the challenge for getting SHPs off paper. Even when rigorously complying well with all the stages: i) Water Basin Hydropower Inventory (including Integrated Study of Water Basin Viability – an instrument without legal provision) ii) Technical, Economic and Environmental Viability Study (also measuring the negative and positive externalities of the venture); iii) Basic Design, and iv) the Via Crucis (quite painful) of the Environmental Licensing process, an SHP might still never get off the ground. There are two main challenges: financing and addressing environmental issues. Low predictability of the costs associated with the venture as well as uncertainties related to the forecast chronograms hinder the economic viability and, consequently, financing for the project. Within this context we need to better explore an important risk management tool: planning. Acknowledging the reality, establishing measurable, reportable and verifiable objectives and goals, build a road map, and systematically review the entire process should all be activities intrinsic to the planning process. Since the rational side of the action involves complex objectives, an environmental of critical high risk business and consequently the loss of potential appeal, quite a loss. This can consume expressive values of time and money. Since it is a cyclic and practical process, its continuity requires a constant feed of restrictions, alternatives, solutions and gains. This continuous process of decision-making needs to be based on a multidisciplinary approach and interactivity. The amount of uncertainty throughout the life span of a project reduces the speed of advancement. Minimizing regret to the maximum with the objective of limiting the losses at a maximum in all of the planning scenarios was a concept developed by the Brazilian Electric Sector in the 1980s with the MODPIN Model application. Although its use has been limited, the concepts involved continue to be current and deserve a contemporary approach of the specifications and singularities in planning SHPs. The 2021 Ten-Year Energy Expansion Plan of the Ministry of Mines and Energy considers 62 SHPs totaling 7,098 installed MW (3.9% growth in the decade and 3.9% of the electric matrix at the end of the horizon – 2021). There is a legally fixated policy: PROINFA – Incentive Program for Alternative Sources of Electric Energy. Its second stage (started in January 2011, forecasting the goal of 3,300 MW, will be developed in a way so wind energy, small hydropower plants and biomass meet 10% (ten percent) of the annual consumption of electric energy in the country. This objective should be reached in up to 20 (twenty) years (2022), and so the deadline and results of the first stage are incorporated (Law 10.438/02, Article 3, section II, point a). Likewise, it demands the annual acquisition of the purchase of electric energy of each producer in a way that such sources meet at least 15% (fifteen percent) of the annual increment of electric energy to be supplied to the national consumer market, by compensating the verified divergence between the forecast and what is carried out each year, subsequently (Lei Law 10.438/02, Article 3, section II, point c). SHPs observe a decreasing path of competitiveness at auctions since 2009. The great challenge is effectiveness. Is it a law observed by agents who should respect and comply with legislation and the legal system without discrimination? We need to strengthen the institutional and parliamentary articulation in order to restore the economic attractiveness of the SHP segment activities, aiming at a cleaner economy with low-carbon energy and climate policies. The shortage of investment funds can make an SHP attractive in economic terms, replaced by an SHP or other more expensive alternative source, but with available financial resources. With the increasing limitations of BNDES’s capacity for continuing to be the main (practically only) source for infrastructure financing in Brazil, a new window of opportunity is opening up to investors: Project Finance or financing related to projects. This is a form of financial engineering contractually supported by the cash flow of a project, in this case an SHP, serving as a guarantee of the assets and receivables of the same project. The key piece of the Project Finance process (like the unfolding of planning activities for an SHP), is the elaboration of the Business Plan. This is a document that specifies, in writing, a representation of the business model to be followed. It gathers information on how the SHP is or should be. Within it, the investor is supported in order to make the decision of applying resources to the venture. As a live document, it needs to be constantly updated in order for it to be useful when materializing Project Finance. Few entrepreneurs can understand and correctly use this tool to reconcile their personal strategy of entering the market with the business reality of the finance world. Even when considering that we generally act first and plan later, look for good and viable projects instead of great ones, planning is fundamental. But, this is only the beginning of real problems (paper accepts everything). Great things through narrow paths, in life there is no gain without a fight. Planning is needed! Curta nossa fan page: www.facebook.com/cerpchoficial @cerpch (*) Director of energy of the Infrastructure Department of FIESP – Federation of Industries of the State of São Paulo and counsel for COSEMA of FIESP – High Counsel of the Environment. 11 OPINIÃO Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 ProEminentes Mercados Existentes para a Energia Hídrica Mundial Por Elizabeth Ingram* Arquivo Pessoal A energia hidrelétrica é uma parte próspera do mercado de energia renovável em todo o mundo. Em abril, a empresa de contabilidade com sede em Londres Ernst & Young lançou seu 10º anual Índice de Atratividade dos Países com Energia Renovável e encontrou os EUA o local mais atraente do mundo para a energia renovável. Completando o top 10 estavam: China, Alemanha, Reino Unido, Japão, Austrália, Canadá, França e Índia. Por específico índice para hidrelétricas e energia marinha , o país melhor classificado foi a China, seguida pelos EUA, Canadá, Japão, Brasil, Alemanha, Peru, Noruega, Itália e Índia. O que torna os EUA tão atraente? O relatório citou a "estabilidade macro" da sua economia, facilidade em fazer negócios , e a bancabilidade das energias renováveis. Nos EUA, em 2011 (os dados mais recentes disponíveis), as fontes renováveis (incluindo hidrelétrica convencional) foram responsáveis por 13% de toda a eletricidade gerada, de acordo com a Administração de Informação de Energia dos EUA. Esta ação está prevista para crescer 16% até 2040. A energia hidrelétrica é de longe a maior parte da equação, produzindo 3,17 quatrilhões de BTUs de energia em 2011, em comparação com outras energias renováveis em 1,58 quatrilhões de BTU. Vou me concentrar em três áreas para ilustrar a força da hidrelétrica no mercado global de energia renovável: o novo desenvolvimento, pequenas centrais hidrelétricas e energia marinha. Na área de desenvolvimento de novas hídricas, vamos começar com o Canadá, um dos principais países em ambas as listas da Ernst & Young. O Ministro da Energia, Bob Chiarelli da província de Ontário disse recentemente: "A energia hidrelétrica é um pilar central do portfólio de energia renovável do governo. "O compromisso da província para hidrelétrica será enfatizado em seu Plano de energia a longo prazo, a ser lançado ainda este ano. Em 2010, este plano estabeleceu um objetivo de 9.000 MW de energia hidrelétrica a ser gerado em 2018. Para quantificar as oportunidades de desenvolvimento disponíveis, o trabalho está em andamento em uma análise atualizada e avaliação do potencial hidrelétrico na região norte da província, onde a hidrelétrica pode apoiar o crescimento do setor de mineração. Um exemplo de um projeto que está sendo desenvolvido nesta área é uma GitchiAnimki de 19 MW sobre o Rio Branco, que está sendo desenvolvido pelo Poder Regional em parceria com o Pic Mobert First Nation. De um outro país melhor classificado, Peru veio a notícia no início de outubro que o Ministério de Minas e Energia concedeu direitos de passagem essencial para a construção do projeto Chaglla de 406 MW. O projeto de 1.200 milhões dólares (US) está sendo desenvolvido pela Empresa Generaction Huallaga SA, que é uma subsidiária da Odebrecht do Brasil. O financiamento para o projeto foi concedido pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (US$ 150 milhões) em 2011, e Chaglla está prevista para ser concluída até Janeiro de 2016. Naturalmente, o desenvolvimento de hidro energia também está ocorrendo em países que não estão no top 10. Por exemplo, em outubro Iberdrola comemorou a conclusão de 12 sua La Muela usina de 2.000 MW de armazenamento bombeado no Rio Jucar na bacia Espanha. Este projeto de US$ 1,37 bilhões criou milhares de postos de trabalho por meio de contratos colocados em mais de 30 países da região de Valência. E no Paquistão, o Fundo da OPEP para o Desenvolvimento Internacional concordou no início de outubro em fornecer um empréstimo de 50 milhões de dólares para o Paquistão para o desenvolvimento da planta Neelum Jhelum de 969 MW. O primeiroministro Nawaz Sharif Muhammed disse que espera que a planta gere energia até o final de 2015. Pequenas hidrelétricas continuam sendo uma área de potencial inexplorado em muitos países. Na Libéria, por exemplo, o Banco Mundial planeja encomendar os estudos de pré-viabilidade de seis a nove pequenos locais para hidrelétricas. O banco está ajudando a financiar o Programa de Eletrificação e Energia Renovável no país, que focará no uso de pequenas centrais hidrelétricas e projetos de biomassa, apoiados por sistemas fotovoltaicos, para servir as áreas rurais que possam permanecer fora da rede da Libéria por muitos anos. Na Escócia, Albion Ventures investiu 15 milhões de dólares no desenvolvedor Green Highland Renewables para desenvolver um projeto de 2 MW perto de Loch Carron. O projeto está previsto para ser concluído no primeiro trimestre de 2015. Finalmente, um setor que não é tão distante como hidrelétrica convencional, mas em que estão sendo feitos grandes avanços, é a energia marinha. Ocean Power Technologies Inc. nos EUA assinaram um acordo em outubro com a Mitsui Engineering & Shipbuilding Co. Ltd. para promover o desenvolvimento e comercialização de tecnologia da onda PowerBuoy da OPT. Nos termos deste acordo, a Mitsui tem os direitos licenciados para essa tecnologia para aplicações autônomas conectadas à rede no Japão, Filipinas, Malásia, Vietnã, Moçambique, África do Sul e Namíbia. Mesmo o Chile está recebendo no ato, quase US$ 3 milhões em financiamento a ser anunciado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento no início de outubro e vai ajudar a financiar o desenvolvimento de dois programas-piloto de energias marinhas ao largo da costa sul do país, uma corrente e uma onda . Um estudo financiado pelo banco mostrou que o país tem o potencial para produzir até mais de 200 GW de energia verde do que está sendo produzido atualmente. De ano para ano, a composição da lista Top 10 da Ernst & Young muda. Mas um tema comum em todo o mundo é o potencial de energia hidrelétrico para continuar a desempenhar um papel vital na força e crescimento dos mercados de energia renovável. Elizabeth Ingram é editora sênior da HRW-Hydro revisão Worldwide e a Hydro Review. Este artigo foi preparado com as informações publicadas na HydroWorld.com, o portal on-line para as revistas HRW e Hydro Review. Para as mais recentes notícias e informações, visite www.hydroworld.com. OPINION Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 Outstanding Markets Exist for Hydropower Worldwide Internet Translation: Joana Sawaya de Almeida Hydroelectric power is a thriving part of the worldwide renewable energy market. In April, London-based accounting firm Ernst & Young released its 10th annual Renewable Energy Country Attractiveness Index and found the USA the most attractive place in the world for renewable energy. Rounding out the top 10 were: China, Germany, the United Kingdom, Japan, Australia, Canada, France and India. On the index specific for hydro and marine energy, the top-ranked country was China, followed by the USA, Canada, Japan, Brazil, Germany, Peru, Norway, Italy and India. What makes the USA so attractive? The report cited its economy’s “macro stability,” ease of doing business, and the bankability of renewables. In the USA in 2011 (the most recent data available), renewable sources (including conventional hydropower) accounted for 13% of all electricity generated, according to the U.S. Energy Information Administration. This share is predicted to grow to 16% by 2040. Hydropower is by far the largest part of the equation, producing 3.17 quadrillion Btu of energy in 2011, compared with other renewables at 1.58 quadrillion Btu. I will focus on three areas to illustrate the strength of hydro in the global renewable energy market: new development, small hydropower and ocean energy. In the area of new hydro development, let’s start with Canada, one of the top countries on both Ernst & Young lists. Minister of Energy Bob Chiarelli for the province of Ontario recently said, “Hydroelectric power is a central pillar of the government’s renewable electricity portfolio.” The province’s commitment to hydropower will be emphasized in its Long-Term Energy Plan, to be released later this year. In 2010, this plan established an objective of 9,000 MW of hydropower to be in service by 2018. To quantify available development opportunities, work is under way on an updated analysis and evaluation of hydroelectric potential in the province’s northern region, where hydro can support growth of the mining sector. One example of a project being developed in this area is 19-MW Gitchi Animki on the White River, being developed by Regional Power in partnership with the Pic Mobert First Nation. From another top-ranked country, Peru, came news in early October that the Ministry of Energy and Mines had granted rights of way essential for construction of the 406-MW Chaglla project. The US$1.2 billion project is being developed by Empresa de Generaction Huallaga SA, which is a subsidiary of Brazil’s Odebrecht Group. Financing for the project was received from the Inter-American Development Bank ($150 million) in 2011, and Chaglla is expected to be complete by January 2016. Naturally, hydro development is also taking place in countries not on the Top. 10. For example, in October Iberdrola celebrated the completion of its 2,000-MW La Muela pumpedstorage plant in the Jucar River basin Spain. This US$1.37 billion project created thousands of jobs through contracts placed with more than 30 countries in the Valencia region. And in Pakistan, the OPEC Fund for International Development agreed in early October to provide a US$50 million loan to Pakistan for development of the 969-MW Neelum Jhelum plant. Prime Minister Muhammed Nawaz Sharif said he hopes the plant is generating power by the end of 2015. Small hydropower continues to be an area of untapped potential in many countries. In Liberia, for example, the World Bank plans to commission pre-feasibility studies of six to nine small hydropower sites. The bank is helping finance a Renewable Energy Electrification Program in the country that will focus on the use of small hydro and biomass projects, backed up by photovoltaic systems, to serve rural areas likely to remain off Liberia’s grid for many years. And In Scotland, Albion Ventures invested $15 million into energy developer Green Highland Renewables to develop a 2-MW project near Loch Carron. The project is expected to be complete in the first quarter of 2015. Finally, a sector that is not so far along as conventional hydro, but in which great advances are being made, is ocean energy. Ocean Power Technologies Inc. in the USA signed an agreement in October with Mitsui Engineering & Shipbuilding Co. Ltd. to advance development and commercialization of OPT’s PowerBuoy wave technology. Under this agreement, Mitsui has the licensed rights to this technology for grid-connected and autonomous applications in Japan, the Philippines, Malaysia, Vietnam, Mozambique, South Africa and Namibia. Even Chile is getting in on the act, with nearly $3 million in funding being announced by the Inter-American Development Bank in early October that will help finance the development of two marine energy pilot programs off the country’s southern coast, one tidal and one wave. A bank-financed study showed the country has the potential for up to 200 GW more green energy than it is currently producing. From year to year, the composition of Ernst & Young’s Top 10 list shuffles. But one common theme around the world is the potential for hydropower to continue to play a vital role in the strength and growth of renewable energy markets. Elizabeth Ingram is senior editor of HRW-Hydro Review Worldwide and Hydro Review. This article was prepared using information published on HydroWorld.com, the online portal for HRW and Hydro Review magazines. For the latest hydro news and information, visit www.hydroworld.com. 13 3rd LATAM POWER HYDRO & RENEWABLES SUMMIT 7 e 8 de Agosto Hotel Intercontinental / Santiago, Chile www.latampowersummit.com Perspectivas e desafios sobre transmissão e integração energética na região O futuro da energia hidrelétrica Financiamento, projetos de grande envergadura e mecanismos para introduzir uma maior percentagem de ERNC Potencial das micro e pequenas hidrelétricas Organiza: Alguns dos 30 palestrantes confirmados: Salvatore Bernabei Jorge Bunster Gerente Geral Enel Ministro de Energia Governo de Chile Rafael Mateo José Ignacio Escobar CEO Acciona Energia Gerente Geral Mainstream Renewable Power Chile Daniel Fernández Marcelo Tokman CEO Hidroaysén Ex-Ministro de Energia José Antonio Valdés José Venegas Vicepresidente Executivo Pacific Hydro Vicepresidente de Gestão de Energia para América Latina Endesa Supporting Organizations Silver Sponsor Booklet Sponsor Media Partners com Información y Negocios segundo a segundo Para maiores informações, contátenos: (+56 2) 2941 0328 2941 0361 [email protected] [email protected] 14 Associates THE OIL & GAS YEAR INFLUÊNCIA DO EMPREGO E DA TEMPERATURA NA DEMANDA POR ELETRICIDADE NO MUNICÍPIO DE MANAUS.............................16 INFLUENCE OF TEMPERATURE ON EMPLOYMENT AND DEMAND FOR ELECTRICITY IN THE CITY OF MANAUS André Beltrão de Lucena, Antonieta Lago Vieira LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE USINAS EÓLICAS NO ESTADO DE MINAS GERAIS ...................................................................23 ENVIRONMENTAL LICENSING OF WIND POWER PLANTS IN THE STATE OF MINAS Wilson Pereira Barbosa Filho, Abílio César Soares de Azevedo, Thiago Veiga Manini Fernandes MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO EM ESTRUTURAS HIDRÁULICAS DE CONCRETO..................................................................... 29 MECHANISMS OF DETERIORATION IN HYDRAULIC CONCRETE STRUCTURES RELVA, Stefania Gomes, FAIS, Laura Maria Canno Ferreira, DALFRE FILHO, José Gilberto ARTIGOS TÉCNICOS Aplicação de técnicas de engenharia para o controle de erosão e estabilidade de taludes .................................34 Applying engineering techniques for erosion control and slope stability Santos V. C, Barison M. R., Pereira L. C. IAHR DIVISION I: HYDRAULICS TECHNICAL COMMITTEE: HYDRAULIC MACHINERY AND SYSTEMS Classificação Qualis/Capes B5 B4 ENGENHARIAS I; III e IV Biodiversidade Interdisciplinar TECHNICAL ARTICLES Technical Articles Seccion Áreas de: Recursos Hídricos Meio Ambiente Energias Renováveis e não Renováveis A revista está indexada no DOI sob o prefixo 10.14268 15 ARTIGOS TÉCNICOS Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 INFLUÊNCIA DO EMPREGO E DA TEMPERATURA NA DEMANDA POR ELETRICIDADE NO MUNICÍPIO DE MANAUS André Beltrão de Lucena 2 Antonieta Lago Vieira 1 RESUMO Entre as fontes energéticas no Brasil, a demanda por eletricidade quadruplicou em quatro décadas. A pesquisa, delimitada ao “Sistema Manaus”, dedicou-se a avaliar fatores relevantes para produção de eletricidade. Os dados foram obtidos junto a fontes oficiais como a ELETROBRAS, INMET e MTE, trabalhos científicos sobre a área em estudo e os obtidos pela análise ARDL. Tal análise tem sido muito usada a partir da publicação de Pesaran em 2001, por permitir evidenciar relacionamento entre variáveis. Foi encontrada evidência de relacionamento entre eletricidade, temperatura da zona urbana e número de postos de trabalho no setor de serviços e comercial. Para o emprego no setor industrial, não foi evidenciado relacionamento com a eletricidade. Foi calculado um modelo usando a técnica ARDL que pôde estimar a produção eletricidade com erro de 3,7% comparado com a realidade. Palavras-chave: Sistemas Elétricos Isolados, Técnica ARDL e Demanda de Eletricidade em Manaus. INFLUENCE OF TEMPERATURE ON EMPLOYMENT AND DEMAND FOR ELECTRICITY IN THE CITY OF MANAUS ABSTRACT Among the energy sources in Brazil, the demand for electricity has quadrupled in four decades. The research, limited to “Manaus System”, seeks to evaluate the relevant factors to electricity production. The data were obtained from official sources such as ELETROBRAS, INMET and MTE, scientific papers on the area under study and those obtained from ARDL statistical analysis. Such analysis has been widely used since the publication of Pesaran in 2001, by allowing demonstrates relationship evidence between variables. Relationship evidence was found between energy, temperature of the urban area and the number of jobs in the service and commercial sectors. For the industrial sector jobs, it was not found long-run relationship with electricity. A regressive model was calculated using ARDL technique which could estimate the production of electricity with a maximum error of 3.7% compared with the reality. KEYWORDS: Isolated Electrical Systems, ARDL Procedure and Manaus Electrical Demand. 1. INTRODUÇÃO Como sintetiza Gómez, (2010, p.6251, tradução nossa) sobre o acesso a serviços atuais de energia elétrica; “um dos requisitos básicos para desenvolvimento sustentável desde que tais serviços são o centro da industrialização moderna e melhoria do bem-estar”. A eletricidade tem presença marcante no desenvolvimento da sociedade, evidenciado também, quando comparamos a evolução do mercado de energia elétrica junto a outras fontes energéticas. A participação da eletricidade, em termos do consumo final da matriz energética nacional, evoluiu de 5,5% em 1970 para 18,1% em 2011 (EPE, 2012, p.22 e p.53). Conforme explicita Frota, (2004, p. 89) “Merece destaque a preocupação com o suprimento ao mercado da cidade de Manaus, maior sistema elétrico isolado da Região Norte“. A cidade de Manaus abriga polo industrial incluído na Zona Franca de Manaus, onde empresas são incentivadas a desenvolver processos produtivos com incentivos fiscais únicos no país. O custo de produzir eletricidade nos sistemas isolados é maior do que no Sistema Interligado Nacional (SIN) (FROTA, 2010, p. 3830), e o mesmo autor contrasta esta situação com a riqueza do estado em recursos naturais “Estes recursos classificam o estado como sendo o maior produtor de gás natural e terceiro maior produtor de petróleo em terra do Brasil.” (FROTA, 2010, p. 3830, tradução nossa). Assim, o estudo da demanda e planejamento de sistemas elétricos isolados é de grande relevância mesmo em relação ao SIN. A pesquisa, delimitada ao sistema elétrico denominado “Sistema Manaus”, que se caracteriza pela energia consumida nos municípios de Manaus, Iranduba e Presidente Figueiredo, procura abordar os fatores ligados à demanda por eletricidade, contribuir para sua compreensão e traçar perspectivas futuras. Metodologicamente, a contribuição será de utilizar a técnica de avaliação de limites de cointegração, em uma abordagem ARDL (Autoregressão com Defasagens Distribuídas) sugerido por Pesaran, Shin e Smith (2001). Esta técnica é bastante utilizada na atualidade para representar evidência de relacionamento entre variáveis. Payne (2010, p. 729, tradução nossa) classificou 38 estudos sobre eletricidade e crescimento econômico e entre suas conclusões sugere o uso da técnica ARDL “A aproximação ARDL funciona bem em pequenas amostras, o que é geralmente o caso na literatura sobre consumo de eletricidade e crescimento”. Ozturk (2010, p. 347, tradução nossa) conclui no seu trabalho que; “deve ser compreendido que artigos científicos usando métodos tradicionais, com variáveis consolidadas, apenas mudando o período de análise não têm potencial para fazer contribuições na literatura que relaciona a energia e o crescimento econômico.” Portanto, devemos buscar métodos com desenvolvimento recente. Entre os métodos sugeridos por Ozturk, está a técnica ARDL, proposta por Pesaran, Shin e Smith. 2. Modelo Estatístico Em trabalhos de pesquisa recentemente publicados são adotadas variáveis cuja relação com o consumo de energia elétrica é o mais relevante na região em estudo. IFAM – Instituto Federal do Amazonas. E-mail: [email protected] UFAM – Universidade Federal do Amazonas. E-mail: [email protected] 1 2 16 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), abr,mai,jun/2013, da pág. 16-22 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES Dergiades (2008, p. 2723) usou a equação [1], do tipo Cobb– Douglas para descrever o consumo de eletricidade nos EUA. (1) Onde; Ce(t) é o consumo de eletricidade; Y(t) é a renda; Pe(t) é o preço da eletricidade; CH(t) representa a temperatura; S(t) representa o número de consumidores e e(t) é o erro. Aplicando a função logaritmo natural em ambos os lados da equação, teremos uma função linear nos parâmetros, que pode ser resolvida pelo método dos mínimos quadrados ordinários (GUJARATI, p. 175). No presente trabalho usaremos dados mensais de produção de eletricidade, emprego e temperatura na cidade de Manaus para estudar uma relação linear entre essas variáveis usando a técnica ARDL. O modelo geral ARDL para uma variável independente e de ordem p , q , r e s é representado na equação [2]. (2) Onde ut e representa o erro, Y representa a energia elétrica consumida, TP representa a temperatura, EC representa a quantidade de empregos no setor comercial e ES representa a quantidade de empregos no setor de serviços. 3. Técnica ARDL O Software estatístico usado neste trabalho, é o MICROFIT 4.0, que possibilita realizar testes estatísticos para avaliar características relevantes de dados e implementar funções complexas como estimação com Mínimos quadrados ordinários e a técnica ARDL para estudar o relacionamento entre variáveis. Usando a técnica ARDL pode-se procurar se as variáveis em análise seguem a mesma dinâmica ao longo do tempo, mostrando evidências de que entre elas possa existir relacionamento de longo prazo (RAGIMANA, 2012, p. 81). A técnica ARDL sugerida por Pesaran, Shin e Smith (2001), tem sido usada na atualidade em estudos que buscam relacionar variáveis econômicas para as quais seja necessário planejamento de longo prazo. Uma característica destacada é a possibilidade de a técnica produzir resultados confiáveis com pequena quantidade de amostras, como citado por Baci (2007, p. 21, tradução nossa) “Esta aproximação traz resultados robustos em pequenas amostras, enquanto o teste de Johansen para testar relação entre variáveis necessita grandes amostras para ter validade.” A técnica ARDL pode ser usada para amostras a partir de 30 observações, o que nos possibilita analisar o consumo de eletricidade no Amazonas. A técnica ARDL estima (p+1)k equações possíveis, para testar todas as possibilidades de atrasos entre as variáveis. p é o número de atrasos a serem considerados das variáveis e k, o número de variáveis independentes (SHAHBAZ, AHMED e ALI, 2008, p. 187). Como nossos dados são mensais, e o número máximo de atrasos é 12, o número de modelos será (12 + 1)3 = 2197, pois temos três variáveis independentes. Assim, poderemos detectar influências relevantes na variável independente, até para uma dinâmica de 12 meses atrás. Para aplicar a técnica, será usado um procedimento de três passos. A primeira etapa é estabelecer um modelo linear entre as variáveis que se deseja estudar. O próximo passo é verificar a ordem de integração das variáveis. A técnica ARDL pode ser usada independentemente se as variáveis são estacionárias, integráveis de primeira ordem ou parcialmente integráveis (ordem de integração entre 0 e 1) (FERREIRA 2009, p.44), flexibilidade normalmente não encontrada nas técnicas estatísticas tradicionais. Para avaliar a ordem de integração, é usado o teste de Dickey-Fuller Aumentado (ADF) (NAKAHODO 2007, p. 56). O próximo passo é estimar a estatística-F. Pesaran, Shin e Smith (2001) desenvolveram tabelas para os valores críticos da estatística-F, que devem ser comparados com o valor encontrado para o modelo em estudo. Existem dois valores críticos, superior e inferior. Se o valor calculado da estatística-F está acima do valor superior, significa que existe relação de longo prazo entre as variáveis. Se o valor calculado está abaixo do valor superior, mas acima do valor inferior, o teste é inconclusivo. Se o valor calculado é abaixo do valor inferior, significa que não existe relação entre as variáveis. Narayan, P.K. revela uma limitação da técnica ARDL (2005, p. 1981, tradução nossa) “Os valores críticos de Pesaran foram gerados para amostras entre 500 e 1000 observações”. Narayan calculou valores para a estatística-F para amostras entre 30 e 80 observações. O próximo passo é estimar os coeficientes da equação [2]. O modelo ainda deve ser submetido a diversos testes para analisar a coerência da estimação. Estes testes estatísticos irão verificar se a equação estimada é válida segundo medidas estatísticas tradicionais. Para verificar a estabilidade do modelo ao longo das amostras, também devem ser plotadas as medidas CUSUM (soma cumulativa dos resíduos) e CUSUMQ (soma quadrática dos resíduos), sugeridas por Pesaran, Shin e Smith (2001). Como etapa adicional, para analisar o desempenho do modelo calculado, pode-se comparar valores reais para o consumo de eletricidade com valores calculados pelo modelo estimado. 4. Variáveis Consideradas Com relação aos fatores influentes do consumo de energia elétrica, Dias (2008, p. 20 e p. 77) pesquisou modelo de previsão para o consumo de energia elétrica e testou 35 variáveis com relação à sua significância para a demanda por eletricidade. As únicas variáveis consideradas relevantes foram a variável que expressa a produção industrial e outra variável que expressa a demanda por energia elétrica defasada de um período de tempo (mês anterior). Achão (2003, p. 44) pesquisou sobre o consumo residencial no Brasil e afirma “quanto maior o poder aquisitivo e mais equipado o domicílio, maior será a energia útil consumida”. Assim, variáveis que representem o poder aquisitivo e quantidade de eletrodomésticos devem estar relacionadas à evolução do consumo da classe residencial. Andrade (2009, p. 14, tradução nossa) compôs tese sobre modelo de previsão de demanda por eletricidade e entre os trabalhos citado pelo autor esta o uso da técnica ARDL “um dos trabalhos mais completos de descrição de demanda, com dados anuais da economia, do clima e do consumo residencial de energia elétrica nos Estados Unidos”. Andrade se refere ao trabalho de Dergiades e Tsoulfidis (2008, p. 2727), no qual as variáveis com maior significância foram o próprio consumo de eletricidade desfasado em tempo e um índice de residências ocupadas. Peirson (1994, p. 235, tradução nossa), estudou as dinâmicas que envolvem temperatura e consumo de eletricidade e ressalta que “Temperatura, e mais genericamente condições naturais, é a Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), abr,mai,jun/2013, da pág. 16-22 17 ARTIGOS TÉCNICOS mais importante causa do consumo de eletricidade no curtíssimo prazo”. Assim, a análise de dados de curta periodicidade, como horas, dias e até meses, deve levar em consideração a variável temperatura. Dergiades e Tsoulfidis (2011, p. 529) estudaram os fatores determinantes para o consumo de eletricidade entre renda, preço da eletricidade e clima na Grécia, e as conclusões principais foram que o preço da eletricidade e a renda não são fatores fundamentais para o consumo e o clima desempenha papel importante na demanda por eletricidade. Shahbaza, Tang e Shabbir (2011, p. 3535) pesquisaram a demanda por eletricidade em Portugal e concluíram que consumo de eletricidade e emprego em Portugal têm a mesma evolução no longo prazo. Zaman, et al. (2012, p. 625) pesquisou sobre os fatores determinantes para a demanda de eletricidade no Paquistão e sintetiza que é consenso entre as pesquisas atuais que o emprego é fator de causalidade para o consumo de eletricidade em longo prazo. Para caracterizar o consumo de eletricidade da região, também foram consultados documentos oficiais da Eletrobrás. Trimestralmente, e com disponibilidade desde 2004, a Eletrobrás divulga o documento “Informe de Mercado Sistemas Isolados Norte”, no qual são descritas informações relevantes para as variações observadas no consumo de energia elétrica. Entre Setembro de 2007 e Setembro de 2008, a Eletrobrás publicou sua mais recente Pesquisa de Posse de Eletrodomésticos e Hábitos de Uso - Classes Residencial, Industrial e Comercial. Na classe residencial foram aplicados 9.847 questionários, na industrial 478 e na comercial 953 questionários em 16 estados, incluindo o Amazonas (PROCEL, 2008b, p. 3). A pesquisa de campo teve como objetivo quantificar a posse e obter a declaração da utilização de equipamentos elétricos. Tal projeto foi realizado com recursos doados pelo Global Environment Facility (GEF), e com o suporte do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD). 4.1 Informe de Mercado Sistemas Isolados Norte. Entre as informações trazidas pelos informes, pode-se destacar as citações à temperatura em Manaus no primeiro trimestre de 2010 como relevante para o aumento do consumo de eletricidade. No primeiro semestre de 2011, o crescimento do consumo de eletricidade foi considerado pequeno e entre os fatores relevantes estão as temperaturas menores em Manaus em relação ao mesmo período do ano anterior (ELETROBRÁS, 2013b). Outro fator recorrente nos informes de mercado, são as referências ao desempenho industrial. Na análise do consumo em 2004, o aumento em relação à 2003 foi creditado em primeiro lugar ao consumo industrial do Amazonas. No segundo trimestre de 2005, o aumento do consumo nos sistemas isolados foi maior do que o crecimento Brasileiro, fato creditado à contribuição do pólo industrial de Manaus. No primeiro trimestre de 2009, o crescimento de 1% no consumo de eletricidade foi creditado primeiramente à redução de 11,5% no consumo industrial em Manaus. No primeiro semestre de 2011, o aumento do consumo industrial em Rondônia e Amazonas impulsiona o consumo nos sistemas isolados (ELETROBRÁS, 2013b). O Setor Comercial também tem destaque nos informes de mercado. Na análise do consumo para o ano de 2004 o incremento nesta classe é destacado como relevante para o aumento do consumo nos sistemas isolados. Nos resultados do quarto 18 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 trimestre de 2005, o expressivo incremento da classe comercial é creditado ao crescimento do comércio varejista na cidade de Manaus e no estado de Rondônia (ELETROBRÁS, 2013b). 4.2 Pesquisa Procel O relatório destaca a importância do consumo residencial, que pode atingir um terço de toda a eletricidade consumida no país, na próxima década (PROCEL, 2007, p. 7). O relatório descreve os principais usos residenciais da eletricidade por região e no país. No caso da região Norte, o principal uso é para condicionamento ambiental (40% do uso), seguido pelo armazenamento de alimentos (25%) (PROCEL, 2007, p. 15). No caso da região Norte, tal fato pode ser explicado pelas condições de temperatura e umidade da região. O relatório também destaca entre as características de consumo da classe residencial, a quantidade de moradores por unidade consumidora. Conforme os dados levantados pela pesquisa, quanto maior o número de moradores de uma unidade consumidora, maior o consumo (PROCEL, 2007, p. 23). Percebese que o número de moradores por domicílio é informação importante para o consumo de eletricidade da classe residencial. Entre as características de consumo da classe industrial, a quantidade de empregados por unidade consumidora é variável destacada. O relatório conclui que consumidores da classe industrial com maior número de empregados, apresentam maior consumo de eletricidade (PROCEL, 2008b, p. 17). Este fato pode ser evidência no sentido de indicar a quantidade de empregados como fator importante para eletricidade no setor industrial. Similar à industrial, os dados levantados mostram que consumidores da classe comercial com maior número de pessoas por empreendimento apresentam maior consumo de eletricidade do que empresas com menor número de empregados (PROCEL, 2008a, p. 7). Deve-se ainda considerar o setor de serviços, que apesar de não ser citado na pesquisa Procel atua em diversos setores da economia com a prestação de serviços, e apresenta dinâmica ao longo dos meses e anos que guarda semelhanças com a dinâmica da energia elétrica mostrado quando os gráficos são comparados e evidenciado na análise estatística. Este trabalho se limita aos dados disponíveis. Assim, são usados dados sobre número de empregos nos setores econômicos e dados sobre temperatura como as variáveis que podem influenciar de forma significativa o consumo de energia elétrica. O período em que todos os dados mensais são disponíveis é de 2006 a 2012. Além dos dados apresentados, também foram considerados ao longo da pesquisa dados sobre intensidade pluviométrica e umidade, faturamento e produção industrial e dados populacionais. Porém, para estes dados, não foram encontradas evidências que justificassem sua inclusão no grupo de variáveis relevantes para o consumo de energia elétrica, exceto para as informações populacionais, que apesar de haverem indícios de sua importância, não foram encontrados dados que representassem essa variável mensalmente no município de Manaus. 4.3 Dados de Energia Elétrica Gerada Os dados foram coletados no site da Eletrobrás (ELETROBRAS, 2013a). O gráfico 1 mostra a evolução da quantidade de energia elétrica produzida. Pode-se destacar que 2008 e 2009 têm valores de energia parecidos ao longo do ano, e os anos de 2006 e 2007 têm valores de energia parecidos nos últimos seis meses do ano. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), abr,mai,jun/2013, da pág. 16-22 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES Fonte: Preparado pelo autor com base em Eletrobrás, 2013. FIG. 1: Energia Gerada para atendimento do “sistema Manaus”. Fonte: Preparado pelo autor com base em INMET, 2013. FIG. 2: Temperatura Média Mensal estação INMET para a cidade de Manaus. Fonte: Preparado pelo autor, base em MTE, 2013. FIG. 3: Empregos no setor industrial de Manaus. Fonte: Preparado pelo autor, base em MTE, 2013. FIG. 4: Empregos no setor Comercial de Manaus. 4.4 Dados de Temperatura Os dados foram coletados no site do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET, 2013). No gráfico 2 tem-se a evolução da temperatura no período considerado. Comparando os gráficos 1 e 2, pode-se perceber ao longo de um mesmo ano, semelhança entre a evolução da temperatura e da energia elétrica produzida para o “sistema Manaus”. Valores menores nos primeiros meses do ano, com uma elevação gradual até outubro, e redução em novembro e dezembro. 4.5 Dados de Empregos Os dados foram coletados no site do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE, 2013). A seguir temos os gráficos 3, 4 e 5, que mostram respectivamente a evolução do emprego no setor industrial, comercial e de serviços no município de Manaus. No gráfico 3, pode-se perceber que o nível de empregos no setor industrial não segue uma tendência ao longo dos anos ou mesmo dentro de um mesmo ano que guarde alguma semelhança com os dados de energia gerada. Fonte: Preparado pelo autor, base em MTE, 2013. FIG. 5: Empregos no setor de Serviços da cidade de Manaus Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), abr,mai,jun/2013, da pág. 16-22 19 ARTIGOS TÉCNICOS No gráfico 4, vemos que o nível de empregos se eleva a cada ano, e num mesmo ano, apresenta aumento no final de cada ano. Estas características também são observadas no gráfico para a quantidade de energia gerada para o sistema Manaus. No gráfico 5, o nível de empregos apresenta aumento com o passar dos anos e elevação no final de cada ano. Pode-se perceber também, que os traços para os anos de 2006 e 2007 são mais próximos entre sí do que entre os outros anos, o mesmo fato pode ser observado em 2008 e 2009 entre os meses de março e outubro, comportamento semelhante ao da Energia Elétrica mostrada no gráfico 1. Como análise preliminar de relacionamento entre as variáveis, foi aplicada função de correlação entre as variáveis de emprego, temperatura e energia elétrica gerada, e o resultado foi de correlação positiva entre a eletricidade produzida e as variáveis de temperatura e níveis de emprego. 5. Análise dos Dados Para as variáveis da equação 2, foi verificada a ordem de integração e mostrada na tabela 1. Tabela 1: Teste de ordem de integração para as variáveis em análise Variável Teste ADF Nível* Temperatura Primeira diferença** -3,8608 Empregos Comércio -0,2199 -4,4677 Empregos Serviços -0,9158 -6,1988 Elétricidade Produzida -1,5447 -3,5564 * Valor para 95% de confiança < -3,4730; ** Valor para 95% de confiança < -2,9029 Fonte: Preparado pelo autor com base em Eletrobrás, INMET e MTE. Percebe-se que a variável temperatura é estacionária em nível, a energia elétrica, os empregos na indústria e setor de serviços, são estacionários em primeira diferença. Importante destacar que para a variável que representa o emprego no setor industrial, não foi identificada evidência de relacionamento com a energia elétrica na aplicação da estatística-F, por isso essa variável não foi incluída no modelo a ser estudado. O próximo passo é estimar a estatística-F, cujo resultado é mostrado na tabela 2, bem como os valores para os limites inferior e superior. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 Os resultados das estatísticas para validade do modelo são mostrados na Tabela 3. Tabela 3: Saída do MICROFIT com os Testes de diagnóstico para o modelo calculado Teste de diagnóstico Probabilidade de aceitar H0 Hipótese (H0) Correlação serial dos resíduos Sem correlação serial 0,537 Forma Funcional Forma Correta 0,713 Normalidade dos resíduos Existe Normalidade 0,892 Heterocedasticidade Sem Heterocedasticidade 0,120 Fonte: Preparado pelo autor com base em Eletrobrás, INMET e MTE. Nos testes de diagnóstico vemos que não existem evidências de problemas com; correlação serial, forma funcional, Normalidade e Heterocedasticidade. Todas as hipóteses são aceitas para um nível de significância acima de 90% (Probabilidades acima de 0,1). Ainda pode-se citar a medida R-quadrado médio, que indica que 92,87% das variações na energia elétrica são explicadas pelo modelo calculado. O modelo estimado ainda pode ser objeto de refinamento, que possa servir para estimar o consumo de eletricidade. Este não é o objetivo do presente trabalho, que se limita a analisar o relacionamento entre as variáveis. Na avaliação das medidas CUSUM e CUSUMQ, foi verificado que os parâmetros estimados do modelo variam dentro de um intervalo de confiança de 95%. Como etapa adicional, no gráfico 6 foram plotados os valores reais (linha cheia), e os valores calculados (linha tracejada). A tabela 4 mostra os valores dos quatro últimos meses, que não foram usados na elaboração do modelo ARDL e a comparação com valores estimados por meio do modelo. O maior erro encontrado entre os valores reais e valores estimados é de 3,7% (2012M9). Pode-se verificar também que a média dos resíduos para o período usado na elaboração do modelo e para o período estimado, tem a mesma ordem de grandeza. 6. ConclusÃO Tabela 2: Teste F para cointegração entre as variáveis Variável Dependente Estatística F calculada Eletricidade Produzida 6,3078 Limite Inferior 4,098*** Limite Superior 5,570*** *** Valor para 99% de confiança Fonte: Preparado pelo autor com base em Eletrobrás, INMET e MTE. Os dados para os limites superior e inferior foram coletados na tabela para o caso III (Unrestricted intercept and no trend), 70 amostras, (NARAYAN, 2005, p. 1988). O resultado acima mostra que não pode ser rejeitada a hipótese de relacionamento de longo prazo entre as variáveis, quando o consumo de eletricidade é tomado como variável dependente. O próximo passo é estimar os coeficientes que são mostrados na equação [3]. In(Yt) = 2,4162 + 0,24904 . ln(Yt – 1) + 0,41319 . ln(Yt – 2) – 0,03966 . ln(Yt – 3) – 0,024955 . ln(Yt – 4) + 0,16553 . ln(Yt-5) – 0,29175 . ln(Yt – 6) + 0,69146 . ln(ESt) + 0,075635 . ln(ECt) – 2,6705 . ln(ECt – 1) + 2,2042 . ln(ECt – 2) + 1,2604 . ln(TPt) – 0,36439 . ln(TPt – 1) – 0,66353 . ln(TPt – 2) 20 Fonte: Preparado pelo autor com base em Eletrobrás, INMET e MTE FIG. 4: Comparação entre o gráfico real e calculado para a energia elétrica. Tabela 3: Comparação entre os valores reais e calculados para a energia elétrica (ln(kWh)) Amostra Real Previsto Erro Período Média dos resíduos 2007M1 à 2012M6 0,021496 2012M7 à 2012M12 0,020858 2012M9 13,4392 13,4762 -0,037036 2012M10 13,5241 13,5072 0,016938 2012M11 13,5213 13,4907 0,030661 2012M12 13,3899 13,3838 0,0060614 Fonte: Preparado pelo autor com base em Eletrobrás, INMET e MTE. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (1), abr,mai,jun/2013, da pág. 16-22 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES Este estudo mostrou haver relacionamento entre a produção de eletricidade para o “Sistema Manaus”, a temperatura urbana e os níveis de emprego no setor de serviços e comercial no município de Manaus entre 2006 e 2012. Os dados da pesquisa Procel mostram o condicionamento ambiental como principal uso da eletricidade no consumo residencial na região norte. A mesma pesquisa mostra que o número de postos de trabalho nos setores comercial e industrial é importante para o consumo de energia elétrica. Informes de mercado da Eletrobrás mencionam a temperatura e os desempenhos dos setores industrial e comercial como relevante para o consumo de eletricidade nos sistemas isolados na região norte. Os gráficos para consumo mensal de energia elétrica e temperatura apresentam dinâmicas semelhantes. A correlação entre as variáveis estudadas é positiva, e o modelo calculado usando a técnica ARDL apresentou erro máximo de 3,7%. A estatística-F mostra evidência de relacionamento de longo prazo entre as variáveis e os testes de diagnóstico mostram não haver deficiências junto às medidas estatísticas de diagnóstico tradicionais. Apesar de não ser utilizado indicador do número de moradores por unidade consumidora no setor residencial, e a estatística-F não mostrar evidência de relacionamento quando incluímos o número de postos de trabalho para o setor industrial no modelo, os resultados permanecem válidos para os objetivos do trabalho. Neste sentido, recomenda-se, estudos para avaliar o consumo de eletricidade do setor industrial no município de Manaus, e estudo sobre ocupação residencial. 7. Referências • ACHÃO, C.C.L. Análise da Estrutura de Consumo de Energia pelo Setor Residencial Brasileiro. 2003. 122 f. 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Para tanto, foram realizadas pesquisas em publicações nacionais e internacionais, visitas técnicas a usinas eólicas em diversos estados brasileiros e discussões com o grupo de trabalho sobre licenciamento ambiental de usinas eólicas em superfície terrestre do Ministério do Meio Ambiente, do qual faz parte a Feam e que tem como escopo à formatação de planos, projetos e programas de energia eólica, conforme o disposto na Carta dos Ventos. Essas pesquisas foram realizadas ao longo dos últimos três anos e serviram de base para a execução de trabalhos pertinentes ao tema. Palavras-chave: Eólica, impacto ambiental, energia ENVIRONMENTAL LICENSING OF WIND POWER PLANTS IN THE STATE OF MINAS ABSTRACT This article presents a study on the environmental licensing of wind farms in the state of Minas Gerais. Therefore, studies were carried out in national and international publications, visits to wind farms in several states and discussions with the working group on environmental licensing of wind farms on land surface of the Ministry of Environment, which Feam is part and that is scoped to the formatting of plans, projects and programs wind power, according to the provisions of the Charter of the Winds. These surveys were carried out over the last three years and served as the basis for the execution of works related to the theme. KEYWORDS: Powerwind, environmental impact, energy 1. INTRODUÇÃO Diante do avanço das atividades humanas que utilizam os recursos naturais, tanto de forma direta ou indireta, ou mesmo que impactam o meio ambiente, surgiu a necessidade de estabelecerse normas e limites legais. Criou-se, então, o licenciamento ambiental, que consiste em um procedimento para a obtenção da permissão de intervenção no meio ambiente intitulada como licença ambiental pelo qual o órgão ambiental competente permite a localização, instalação, ampliação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos naturais. A licença ambiental é a permissão dada pelo ente federativo, para que determinada atividade seja desenvolvida por pessoas físicas ou jurídicas (empreendedores), de forma controlada, visando evitar danos irreparáveis ao meio ambiente, ou ainda, que permita a ação de mitigação ou compensação do dano, tendo como foco, a preservação do mesmo para as presentes e futuras gerações. Essa licença passou a ser exigida sempre que a atividade for considerada poluidora, potencialmente poluidora ou ambientalmente poluidora, conforme preconiza o artigo 225 da Constituição da República de 1988. Todas as leis, editadas anteriormente à Constituição Federal de 1988 (CF/88) e que com ela não se choquem, foram recepcionadas pelo ordenamento jurídico vigente de forma integral, como é o caso da Lei Federal nº 6.938/81, que institui a Política Nacional do Meio Ambiente. Essa lei regulamenta a Constituição Federal sobre competência em termos de matéria ambiental, e dispõe que o licenciamento ambiental deverá ser coordenado pelo órgão ambiental competente (Federal, Estadual ou Municipal), cabendo ao empreendedor buscá-lo obrigatoriamente. Além da lei citada, as Resoluções Normativas Conama nº 001/86 e nº 237/97, são normas aplicáveis ao licenciamento ambiental em questão, pois norteiam o órgão ambiental competente, no que tange ao procedimento administrativo aplicável a ser seguido. Vale ressaltar o disposto no art. 8º da Resolução Conama nº 237/97: I. Licença Prévia (LP) – concedida na fase preliminar do planejamento do empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua implementação; II. Licença de Instalação (LI) – autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo determinante; III. Licença de Operação (LO) – autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Parágrafo único – As licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade. Caso seja o empreendimento de significativo impacto ambiental, o empreendedor deverá apresentar o Estudo de Impacto Ambiental e respectivo Relatório de Impacto ambiental Analista Ambiental, Gerência de Energia e Mudanças Climáticas - GEMUC, Fundação Estadual do Meio Ambiente - FEAM. Contado: (31) 39151431, e-mail: [email protected] Abílio: Abilio Cesar Soares de Azevedoe-mail: [email protected] 3 Thiago Veiga Manini Fernandes [email protected] 1 2 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), abr,mai,jun/2013, da pág. 23-28 23 ARTIGOS TÉCNICOS Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 (EIA e RIMA), sendo para os demais empreendimentos exigidos estudos mais simplificados. Esses estudos deverão ser apresentados na etapa de LP, a qual também define medidas mitigadoras e compensatórias, de forma a estabelecer as condições para que o projeto atenda às exigências de desenvolvimento sustentável. A LI visa autorizar o início da obra ou a instalação do empreendimento de acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes. A LO deve ser solicitada antes da operação da atividade ou empreendimento, e após a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinados para a operação. Sua concessão está condicionada à vistoria, na qual o órgão ambiental competente deverá verificar se todas as exigências e detalhes técnicos descritos no projeto aprovado foram atendidos e desenvolvidos ao longo da instalação e em acordo com o previsto nas LP e LI. Tabela 1: Determinação da classe do empreendimento a partir do potencial poluidor da atividade e do porte 2. REGULARIZAÇÃO AMBIENTAL EM MINAS GERAIS Tabela 2: Determinação de potencial poluidor/degradador geral A obrigatoriedade de licenciamento ambiental no estado mineiro está disposta no Decreto Estadual n º 44.844/08, que estabelece normas para licenciamento ambiental e autorização ambiental de funcionamento (AAF), tipifica e classifica infrações às normas de proteção ao meio ambiente e aos recursos hídricos, além de estabelecer procedimentos administrativos de fiscalização e aplicação das penalidades. As atribuições do licenciamento ambiental e da AAF são exercidas pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (Copam), das Unidades Regionais Colegiadas (URCs), das Superintendências Regionais de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Suprams), que representa a Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam), o Instituto Mineiro de Gestão das Águas (Igam) e o Instituto Estadual de Florestas (IEF). (SEMAD, 2010). Os empreendimentos ou atividades considerados de impacto ambiental não significativo estão dispensados do licenciamento ambiental e devem, obrigatoriamente, requerer a Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF), que é um processo mais simples e rápido para a regularização. Para a regularização ambiental, considera-se a classificação dos empreendimentos nos termos da Deliberação Normativa do Copam nº 74/04 (DN), que estabelece critérios de classificação, segundo o porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente passíveis de AAF ou de licenciamento ambiental no nível estadual. O artigo 16, da DN nº 74/04 prevê que para fins de AAF, de licenciamento ambiental e fiscalização ambiental, os empreendimentos e atividades serão classificados em função de seu porte e potencial poluidor ou degradador, da seguinte forma: Classe 1 – pequeno porte e pequeno ou médio potencial poluidor. Classe 2 – médio porte e pequeno potencial poluidor. Classe 3 – pequeno porte e grande potencial poluidor ou médio porte e médio potencial poluidor. Classe 4 – grande porte e pequeno potencial poluidor. Classe 5 – grande porte e médio ou médio potencial poluidor ou médio porte e grande potencial poluidor. Classe 6 – grande porte e grande potencial poluidor. Segundo a norma supracitada, os empreendimentos e atividades modificadoras são enquadrados nas seis classes, ora descritas, que conjugam o porte e o potencial poluidor ou degradador do meio ambiente, conforme Tabela 1 a seguir: 24 Potencial Poluidor / Degradador Geral da Atividade Porte do empreendimento P M G P 1 1 3 M 2 3 5 G 4 5 6 Fonte: DN 74/04. O porte do empreendimento é considerado pequeno (P), médio (M) ou grande (G) conforme os limites fixados nas listagens. Enquanto que o potencial poluidor/degradador da atividade é considerado pequeno (P), médio (M) ou grande (G), em função das características intrínsecas da atividade. O potencial poluidor é considerado sobre as variáveis ambientais: ar, água e solo, incluindo sobre o ar os efeitos de poluição sonora, e sobre o solo os efeitos nos meios biótico e socioeconômico, e é obtido na tabela 2 a seguir: Potencial Poluidor / Degradador Variáveis Variáveis Ambientais Ar/Água/Solo Geral P P P P P P M M M G P P P M M G M M G G P M G M G G M G G G P P M M M G M M G G Fonte: DN 74/04. Os empreendimentos e atividades modificadoras do meio ambiente, cujo potencial poluidor/degradador geral, após conjugação dos impactos nos meios físico, biótico e antrópico forem enquadrados nas classes 3, 4, 5 ou 6, serão passíveis de licenciamento ambiental. Enquanto que, aqueles enquadrados nas classes 1 e 2, considerados de impacto ambiental não significativo, ficam dispensados do processo de licenciamento ambiental, mas sujeitos à AAF pelo órgão ambiental estadual competente. Há que se salientar que, a DN Copam nº 12/94 prevê a realização de audiência pública, nos processos em que o requerimento de licença é instruído por EIA/Rima. A regularização ambiental de um empreendimento não termina, entretanto, com a obtenção da LO ou da AAF. O fato de ter obtido um ou outro desses diplomas legais significa que o empreendimento atendeu a uma exigência legal, mas a manutenção da regularidade ambiental pressupõe o cumprimento permanente de diversas exigências legais e normativas, explícitas ou implícitas na licença ambiental ou na AAF. (SEMAD, 2010) 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3.1 Grupo de Trabalho do Ministério do Meio Ambiente O Ministério do Meio Ambiente (MMA) visando avaliar os procedimentos de Licenciamento Ambiental e Normatização de empreendimentos de geração de energia elétrica a partir da fonte eólica criou um grupo de trabalho (GT) com representantes de órgãos estaduais de meio ambiente e com o Ibama, para que esses apresentassem em reuniões os estudos solicitados, critérios e normas legais adotados para o licenciamento estadual. Esse GT identificou dentro das dificuldades encontradas pelas secretarias estaduais, a ausência de normas específicas, necessidades de diretrizes para os estudos ambientais, além da necessidade de identificação das áreas ideais para a instalação das usinas eólicas. Quanto à normatização para o licenciamento Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), abr,mai,jun/2013, da pág. 23-28 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES ambiental das atividades do setor, foi questionado a necessidade de se constar em normas federais a definição e identificação dos impactos decorrentes do setor, os tipos de estudos para cada potencial/capacidade instalada e um enquadramento do setor nas Resoluções Conama. Outro ponto conflitante é relativo artigo 2º, inciso XI, da resolução Conama nº 01/86, que dispõe da obrigatoriedade de realização do EIA/Rima para usinas de geração de eletricidade de qualquer natureza com potencial instalado acima de 10 MW. Também conflitante é o texto da Resolução Conama nº 279/2001, que em seu art. 1º, permite o licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, incluindo no inciso IV, as Usinas Eólicas, não definindo, porém, a regra a ser seguida para enquadramento da intensidade do potencial de um impacto ambiental. A tabela 3, realizada pelo MMA, lista o resultado obtido, quanto ao licenciamento ambiental adotado nos estados brasileiros. Tabela 3: Estudo sobre licenciamento ambiental por estado brasileiro ESTADOS QUE APRESENTAM EMPREENDIMENTOS DE GERAÇÃO DE ENERGIA EÓLICA ESTADOS Bahia Ceará Espirito Santo Minas Gerais Paraíba Paraná Piauí Rio Grande do Norte ÓRGÃO ESTUDOS LICENCIADOR SOLICITADOS IMA SEMACE SEAMA FEAM SUDEMA IAP SEMAR IDEMA CRITÉRIOS ADOTADOS NORMAS LEGAIS RAS Baixo Impacto Ambiental Conama 01/86, 237/97, 303/02, e 369/06; Lei 4771/65, 10431/06 e 9648/98; Dec. 11235/08; Res. Aneel 245/99; RAS Potência instalada, localização e tamanho do parque eólico Conama 01/86, 279/01 e 237/97Coema 08/04 RCA Nº de aerogeradores e localização do parque eólico Normas federais; e Decreto 1777-R EIA/RIMA; RCA; PCA Potência instalada Conama 01/86; Lei Est. Florestal; DN Copam 74/04 RAS Potência instalada e localização do parque eólico Conama 01/86, 279/01 e 237/97 EIA/RIMA; RAS Potência instalada, localização e tamanho do parque eólico Conama 01/86, 279/01 e 237/97 RAS Conama 279/01 Lei 6938/81 e 9433/97; Lei est. 4854/96,5165/00; Conama 237/97 e 279/01 Localização do parque eólico LC Est. 272/04; Cód. Florestal; Conama 279/01, 303/02, e 369/06; Leg. de Uso e Ocup. do Solo Mun.cipal e Decreto 5300/04 RAS Conama 237/97, 369/06, 302/02 e 303/02; Código Florestal; Lei Est. 11520; Lei da Mata Atlântica; Cód. Florestal Est.; Decreto 6660/08 Rio Grande do Sul FEPAM EIA/RIMA; RAS Localização do parque eólico e um Termo de Referência existente Santa Catarina FATIMA EIA/RIMA; RAS Potência instalada Res. Cosema 03/08; Cód. Est. do Meio Ambiente RAS Potência instalada, nº de aerogeradores e localização do parque eólico Conama 237/97, 302/02, 303/02, e 279/01 e NBR 10151 e NBR 10152 Sergipe AEMA Fonte:MMA, 2010. Face aos conflitos identificados pelo GT coordenado pelo MMA foi realizada uma minuta de resolução, que está em apreciação no Conama, específica para o licenciamento ambiental de usinas eólicas. Também um Termo de Referência unificado para o desenvolvimento dos estudos ambientais que subsidiarão a análise dos pedidos de licenciamento. 3.2 Proposta de Alteração da Deliberação Normativa Copam nº 74/04 No Estado de Minas Gerais as usinas eólicas estão prédefinidas como empreendimentos de pequeno potencial poluidor/degradador, conforme código E-02-05-4 da DN Copam nº 74/2004. As classes as quais se refere a DN nº 74/04, são definidas pelo cruzamento entre porte e potencial poluídos, conforme Tabela 4 a seguir. Tabela 4: Código E-02-05-4 da DN Copam nº 74/04 E-02-05- Usinas Eólicas Pot. Poluidor/degradador Ar: P Água: P Solo: M Geral: P Porte: Área Útil ≤ 10 ha : pequeno Área útil > 50 ha ou Capacidade Instalada > 50 MW : grande 10 < Área útil ≤ 50 ha e 10 < Capacidade Instalada ≤ 50MW : médio Fonte: DN nº 74/04 Na DN nº 74/2004, empreendimentos definidos como de pequeno porte enquadram-se nas classes 1 ou 2, as quais, a princípio, estão sujeitas a regularização ambiental mediante Autorização Ambiental de Funcionamento , processo que não exige do empreendedor a apresentação da documentação solicitada na resolução Conama 279/2001 para um licenciamento ambiental simplificado. Além disso, os possíveis sítios com potencial para geração normalmente, em Minas Gerais, se encontram em pontos mais elevados, coincidindo, por vezes, com áreas de maior fragilidade, circunstância que obriga uma análise prévia de sua localização, que, no caso do procedimento das AAFs, se veria prejudicada (algumas consideradas inclusive de preservação permanente – APP). Presentemente os técnicos da Gemuc/Feam estão desenvolvendo uma proposta de alteração da capacidade instalada de usina eólica em função do avanço tecnológico dos aerogeradores e do sistema atual de mercado de energia que é definido em leilões. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), abr,mai,jun/2013, da pág. 23-28 25 ARTIGOS TÉCNICOS Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 3.3 Impactos Ambientais • Principais impactos sobre o meio físico A utilização da energia eólica configura-se como uma importante alternativa na geração de energia elétrica, sobretudo quando tratamos de mudanças climáticas e a necessidade de redução na emissão de gases de efeito estufa do setor energético. Os impactos ambientais gerados estão relacionados principalmente ao impacto visual e ao impacto sobre a fauna e flora. A Tabela 5 traz um resumo do tema. As usinas eólicas quando em operação ou em processo de instalação podem degradar consideravelmente a área ocupada, devido ao processo de desmatamento e de terraplenagem, pois é necessária a criação e manutenção de uma rede de vias de acesso para os aerogeradores. Os impactos gerados pela terraplanagem estão relacionados com atividades de retirada e soterramento da cobertura vegetal, abertura de cortes transversais e longitudinais e aterros, para a abertura de vias de acesso, área de manobra para caminhões, pás mecânicas e tratores de esteira, e preparação do terreno para a instalação do canteiro de obras. A implantação de usinas geradoras de energia eólica podem promover interferência em sítios arqueológicos, o que traz a necessidade de além de estudos técnicos precedentes, que haja monitoramento da área afetada. As atividades de terraplanagem podem também alterar o nível hidrostático do lençol freático, influenciando no fluxo de água subterrânea, visto que os cortes e aterros possivelmente serão submetidos a obras de engenharia para a estabilidade dos taludes e as vias compactadas para possibilitar a continuidade do tráfego de caminhões. Outro fator de alteração do nível hidrostático do lençol freático está vinculado à produção de concreto para confecção das fundações das torres eólicas, visto que é elevado o volume de material a ser utilizado. Ou seja, há interferência na disponibilidade hídrica local devido ao elevado consumo de água na fabricação do concreto. Tabela 5: Impactos ambientais Impactos Ambientais Supressão da vegetação Meio Biótico Meio Físico Interferência na população da avifauna e de mamíferos Degradação da área afetada Alteração do nível hidrostático do lençol freático Emissão de ruído Impacto visual Meio Socioeconômico Corona visual ou ofuscamento Interferência eletromagnética Efeito Estroboscópico Interferências locais Fonte: Desenvolvido pelo autor. • Principais impactos sobre o meio biótico O desmatamento promove a supressão de ambiente com fauna e flora e a fragmentação local dos ecossistemas relacionados. Estudos demonstram que essa atividade geralmente é realizada em um sistema ambiental de preservação permanente podendo gerar a extinção de setores fixados pela vegetação, bem como a supressão de ecossistemas antes ocupados por fauna e flora específicas. (MEIRELES, 2009). Entre os impactos na fauna, a implantação de uma usina eólica pode gerar de forma direta e indireta danos sobre as aves como risco de colisão com os aerogeradores (rotores, pás e torres de suporte); colisão com as linhas de transporte de energia; alteração do sucesso reprodutor; perturbação na migração (mudanças nos padrões de migração); perda de habitat de reprodução e alimentação; alteração dos padrões de movimentação e utilização do habitat devido à perturbação associada à presença das turbinas (ORLOFF & FLANNERY, 1992). As turbinas de vento para geração de energia eólica representam uma grande ameaça para as populações de morcegos. A rotação das turbinas causa uma queda da pressão atmosférica na região próxima à extremidade das lâminas, e quando um morcego passa por essa zona de baixa pressão seus pulmões sofrem uma expansão repentina, o que resulta no rompimento dos vasos capilares do órgão causando hemorragia interna, algo similar ao que acontece com mergulhadores que experimentam mudanças repentinas de pressão. Embora alguns sejam afetados por golpes diretos desferidos pelas hélices das turbinas, a principal causa de morte é essa queda repentina de pressão próxima das estruturas dos aerogeradores. As aves são menos impactadas que os morcegos, pois, graças ao seu sistema respiratório mais robusto, não sofrem com o problema de despressurização (VILLEY MIGRANE, 2004). Visitas técnicas realizadas em áreas fundiárias que receberam a construção de usinas eólicas evidenciam o bom convívio de animais com as torres. 26 • Principais impactos sobre meio socioeconômico Das vantagens atribuídas à energia eólica destaca-se o fato de que ela não utilizar a água como elemento chave para a geração da energia elétrica, não apresenta resíduos radioativos ou emissões gasosas nocivas. Além destes aspectos, é relevante salientar que cerca de 99 % da área utilizada para a implantação da usina eólica pode ser utilizada para outros fins como a agricultura, pecuária, etc. Os principais impactos negativos sobre o meio socioeconômico causados pela geração da energia eólica estão relacionados aos seguintes aspectos: emissão de ruído; impacto visual; corona visual ou ofuscamento; interferência eletromagnética; efeito estroboscópico; e interferências locais. Esses aspectos podem ser minimizados ou mesmo eliminados por meio de planejamento e estudos adequados, aliados aos avanços e inovações tecnológicos sempre em desenvolvimento. As turbinas eólicas produzem dois tipos de ruído: o ruído mecânico de engrenagens e geradores, e ruído aerodinâmico das pás. Os ruídos mecânicos têm sido praticamente eliminados por meio de materiais de isolamento. O ruído aerodinâmico é produzido pela rotação das pás gerando um som sibilante que é uma função da velocidade de ponta. Os projetos modernos de usinas eólicas estão sendo otimizados com escopo de reduzir o ruído aerodinâmico. O ruído no interior ou em torno de uma usina eólica varia consideravelmente dependendo de uma série de fatores, como: o leiaute da usina, o modelo de turbinas instaladas, o relevo do terreno, a velocidade e a direção do vento e o ruído de fundo. Níveis de ruído diminuem à medida que aumenta a distância entre turbinas eólicas e são mais comumente expressos em dB(A), decibéis medidos na escala A de compensação do aparelho medidor (decibelímetro), por ser essa a escala que mais se aproxima da percepção humana do ruído. As previsões dos níveis sonoros em usinas eólicas futuras são de extrema importância a fim de prever o impacto do ruído. Quando há pessoas que vivem perto de uma usina eólica, os cuidados devem ser tomados para garantir que o som das turbinas de Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), abr,mai,jun/2013, da pág. 23-28 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES vento seja em um nível razoável em relação ao nível de som ambiente na área. Os modernos aerogeradores, com alturas das torres superiores a 100m e comprimento das pás de acima de 30m, constituem obviamente uma alteração visual da paisagem. Os estudos de impacto ambientais devem identificar, descrever e avaliar os efeitos diretos e indiretos do projeto sobre a paisagem. A corona visual ou ofuscamento é a quantidade de radiação eletromagnética deixando ou chegando a um ponto sobre uma superfície. Pode ser minimizado utilizando pinturas opacas nas torres e pás. Outro impacto detectado está relacionado as interferências eletromagnéticas, visto que os aerogeradores, em alguns casos podem refletir as ondas eletromagnéticas. Isso implica que podem interferir e perturbar sistemas de telecomunicações. Os campos eletromagnéticos de turbinas de vento podem afetar a qualidade de rádio e telecomunicações, bem como comunicações de microondas, celular, internet e transmissão via satélite. A avaliação de impacto deve abordar o problema, mas nem sempre pode garantir a segurança da distribuição ótima do campo magnético. A interferência eletromagnética com a comunicação aeronáutica não será um problema criado pela usina eólica, desde que o projeto contemple uma distância mínima do aeroporto e, ainda, uma área de servidão radioelétrica de ação da torre de eólica em relação à rota de navegação da aeronave. O efeito estroboscópico é devido à passagem das lâminas antes do sol que ocorre no início ou no final do dia, quando o sol está mais baixo no céu. O grau de sombreamento intermitente depende da distância da torre, da latitude do local, do período do dia e do ano. Torna-se mais relevante quanto menor for a distância das pás e o receptor, bem como o fato de estar em uma mesma altitude. Segundo pesquisas, o sombreamento intermitente pode causar incômodo e prejudicar pessoas que sofrem de epilepsia, além de náuseas e dores de cabeça nos moradores afetados. O efeito é sentido em uma distância até dez vezes o diâmetro das pás e depende da direção das turbinas eólicas de residências. O efeito é bem documentado em diversos países do mundo, porém mal regulado. Para a população situada no entorno da área de influência direta, os impactos mais significativos gerados pela execução das obras de construção da usina eólica se relacionam com as interferências locais e as expectativas geradas em razão da efetivação do empreendimento. A implantação causa alguns desconfortos temporários à população residente próxima as obras, bem como pode interferir no cotidiano da comunidade local: aumento de fluxo de veículos, poluição sonora, insegurança no trânsito, aumento temporário da densidade demográfica local, geração de emprego, dinamização das atividades econômicas e aumento da especulação imobiliária. O aumento do fluxo de veículos, principalmente de veículo pesado, pode gerar uma insegurança aos motoristas por eventuais desvios e interrupções do tráfego. Para diminuir os transtornos, a empresa de engenharia responsável pela execução da obra deve elaborar um plano detalhado dos procedimentos relacionados à movimentação de veículos, estabelecendo um cronograma que oriente o fluxo destes de forma racional, como a sinalização das obras, o isolamento necessário, instalações de dispositivos de segurança e ainda a divulgação junto às comunidades das atividades que eventualmente interfiram no tráfego. Nesse plano deve ainda ser observada a capacidade de suporte do pavimento, transportando tanto quanto possível cargas com peso compatível, evitando assim danos à pavimentação das vias, bem como às residências. Para utilização parcial ou total das estradas e acessos existentes, além de um plano de logística de transporte, devem ser avaliadas as melhorias para que as estradas e acessos possam garantir o caráter permanente de tráfego, incluindo alterações e novas construções na estrutura viária. Essas melhorias podem ser um legado do empreendimento à população local, visto que podem facilitar o escoamento de mercadorias e o acesso às propriedades. Com relação aos resíduos provenientes da construção civil deverá ser seguido às instruções normativas referentes ao acondicionamento, transporte e destinação final dos diferentes tipos de resíduos gerados durante as obras, em especial a CONAMA nº. 307/2002. 3.4 Linhas Gerais sobre os Termos de Referências para usinas eólicas Estudos Ambientais são todos e quaisquer estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação, operação e ampliação de uma atividade ou empreendimento, apresentado como subsídio para a análise da licença requerida, tais como: relatório ambiental, plano e projeto de controle ambiental, relatório ambiental preliminar, diagnóstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperação de área degradada e análise preliminar de risco. Em Minas Gerais, os estudos ambientais solicitados durante o processo de licenciamento ambiental são: Estudo de Impacto Ambiental (EIA): deve ser elaborado por equipe multidisciplinar, visando demonstrar a viabilidade ambiental do empreendimento ou atividade a ser instalada, e é solicitado durante a LP. Relatório de Impacto Ambiental (Rima): explicita as conclusões do EIA e necessariamente o acompanha. Deve ser elaborado por equipe multidisciplinar, redigido em linguagem simples, devidamente ilustrado com mapas, gráficos e tabelas, de forma a facilitar a compreensão de todas as consequências ambientais e sociais do projeto por parte de todos os segmentos sociais interessados, principalmente a comunidade da área diretamente afetada, atendendo assim, o princípio da informação. Relatório de Controle Ambiental (RCA): documento exigido em caso de dispensa de EIA/Rima. É por meio do RCA que o empreendedor identifica as não conformidades efetivas ou potenciais decorrentes da implantação e da operação do empreendimento para o qual está sendo requerida a licença. Plano de Controle Ambiental (PCA): documento no qual o empreendedor apresenta os planos e projetos capazes de prevenir e ou controlar os impactos decorrentes da instalação e da operação do empreendimento, para o qual está sendo requerida a licença. O PCA é sempre necessário, independentemente de ser exigido EIA/RIMA ou RCA, sendo solicitado durante a LI. Relatório de Avaliação de Desempenho Ambiental do Sistema de Controle e demais Medidas Mitigadoras (RADA): tem como escopo subsidiar a análise do requerimento de revalidação de LO, de acordo com o artigo 3º, inciso III, da DN Copam nº 17/96. O procedimento de revalidação da LO visa fazer com que o desempenho ambiental do empreendimento seja formalmente submetido a uma avaliação periódica, correspondente ao prazo de vigência da LO vincenda. A revalidação da LO é também a oportunidade para que o empreendedor explicite os compromissos ambientais voluntários porventura assumidos, bem como algum passivo ambiental não conhecido ou não declarado por ocasião da LP ou da LI, ou ainda da primeira LO, ou mesmo por ocasião da última revalidação. (SEZINI, 2010) Os estudos ambientais devem ser apresentados ao órgão licenciador acompanhados dos projetos e demais documentos exigidos. Esse analisa os estudos e realiza as vistorias que julgar Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), abr,mai,jun/2013, da pág. 23-28 27 ARTIGOS TÉCNICOS necessárias, e se for o caso, solicita esclarecimentos adicionais e complementares. Depois disso, não sendo exigível a audiência pública para o licenciamento o órgão licenciador competente emite parecer técnico e, quando for o caso, parecer jurídico, deferindo ou indeferindo o pedido de licença. A Gerência de Desenvolvimento e Apoio a Infraestrura Gedif/Feam, atual Gerência de Energia e Mudanças Climáticas – Gemuc/Feam disponibilizou à Semad, em 16 de dezembro de 2010, os seguinte documentos (http://www.feam.br/mudancasclimaticas/energia-eolica): Termo de Referência para elaboração de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e respectivo Relatório de Impacto Ambiental (Rima) para usinas eólicas. Termo de Referência para elaboração Relatório de Controle Ambiental (RCA) para usinas eólicas. Termo de Referência para elaboração do Plano de Controle Ambiental (PCA) para usinas eólicas. O EIA deverá analisar todas as alternativas de concepção, tecnológicas, de localização e de técnicas construtivas previstas, justificando a alternativa adotada, sob os pontos de vista técnico, ambiental e econômico. Devem ser apresentadas alternativas locacionais para instalação do empreendimento dentro da área de concessão. Para cada uma delas, deverá ser apresentado um conjunto de informações contemplando o potencial eólico, o diagnóstico da região e a avaliação de impactos com a implantação do empreendimento. O RCA deverá justificar a alternativa locacional e tecnológica adotada, sob os pontos de vista técnico, ambiental e econômico. O PCA constituir-se-á do detalhamento do empreendimento e dos planos, programas e projetos básicos que consubstanciam as medidas de prevenção, mitigação, compensação e monitoramento de impactos propostas no EIA ou no RCA, bem como aquelas acrescentadas em condicionantes, aprovadas na LP, para as fases de planejamento, implantação, operação/manutenção e desativação. 4. CONCLUSÃO A geração de eletricidade a partir da energia eólica temse mostrado crescentemente convidativa, seja por constituir o aproveitamento de uma fonte renovável, seja por não apresentar a magnitude dos impactos ambientais geralmente associados às demais formas de aproveitamento energético. Entretanto, os impactos ambientais decorrentes da implantação e operação de uma usina eólica não podem ser negligenciados. Ficando explícita a necessidade da localização da usina e a distribuição dos aerogeradores que a compõem serem definidas com base em apurado estudo ambiental. Após a etapa de construção há uma tendência natural de recuperação de vegetação, o que favorece o retorno da fauna a seu habitat. Outro ponto interessante observado são os projetos de educação ambiental e de monitoramento da área da usina, que tende a agregar turismo ao município. Por meio das discussões com o GT do MMA evidenciou-se a necessidade de criação de normativa de nível federal para o licenciamento ambiental de usinas eólicas que definisse o contexto de pequeno e grande potencial poluidor. Essas discussões aliadas a dos técnicos da Feam demonstraram a necessidade de alteração no código da DN Copan nº 74/2004, que trata do licenciamento ambiental de usinas eólicas no estado. Para tanto, a proposta Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 recomenda a alteração da capacidade instalada em função do avanço tecnológico dos aerogeradores e do sistema atual de mercado de energia que é definido em leilões. 5. REFERÊNCIAS • AMARAL, S. M. S. Análise Comparativa da Avaliação de Impacto Ambiental de Parques Eólicos em Portugal, 2009. Disponível em: < http://repositorio.ul.pt/ bitstream/10451/1419/1/20479_ulfc080629_tm.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2013. • CONAMA – CONSELHO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE. Disponível em <http://www.mma.gov.br/port/conama/legi. cfm >. Acesso em: 20 mai. 2013. • CUSTÓDIO, R. S. Energia Eólica para produção de energia elétrica. 1ªed. Ed. Eletrobrás. 2009. • ENERCON – ENERGIE FUR DIE WELT. Disponível em: <http:// www.enercon.de/de-de/technologie%20.htm >. Acesso em: 20 maio 2013. • ENERFIN – ENERFIN ESPANHA. Disponível em < www.enerfin. es >. Acesso em 15 mai. 2013. • EPA – ENVIRONMENTAL PROTECTION AGENCY. 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Disponível em: <http://www.countryguardian.net/ Location.pdf>. Acesso em: 20 maio 2013. ANOTAÇÕES 28 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), abr,mai,jun/2013, da pág. 23-28 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES MECANISMOS DE DETERIORAÇÃO EM ESTRUTURAS HIDRÁULICAS DE CONCRETO 1 RELVA, Stefania Gomes FAIS, Laura Maria Canno Ferreira 3 DALFRE FILHO, José Gilberto 2 RESUMO Uma barragem possui como função primária a elevação do nível de água, criando assim, um reservatório, que pode atender a uma ou mais funções. No Brasil, estas estruturas desempenham papel fundamental no desenvolvimento econômico, visto que grande parte delas se destina à geração de energia elétrica. Algumas das barragens brasileiras estão em operação há aproximadamente 40 anos, estando, portanto, sujeitas à deterioração, o que aumenta a preocupação com a sua segurança. O Brasil conta com um Programa Nacional de Segurança de Barragens recentemente aprovado, quando foi sancionada a Lei n. 12.334/2010, que define responsabilidades e atribuições na questão de segurança das barragens. Tal fato ilustra o quão recente é a preocupação nacional em regulamentar o assunto. Considerando que estas estruturas são construídas com o intuito de terem uma vida útil longa, é necessário que haja preocupação com a segurança da barragem. Portanto, é importante monitorar os fatores que podem influenciar negativamente no bom funcionamento das estruturas hidráulicas. Sendo assim, este trabalho tem como objetivo identificar e relacionar os mecanismos de deterioração que podem ocorrer naturalmente em estruturas hidráulicas de concreto. Este mapeamento fornecerá subsídios para a engenharia preditiva estabelecer critérios de monitoramento adequados para a segurança destas estruturas. Palavras-chave: barragens, mecanismos de deterioração, barragem de concreto, segurança de barragens. MECHANISMS OF DETERIORATION IN HYDRAULIC CONCRETE STRUCTURES ABSTRACT The main function of a dam is raising the level of the water so as a reservoir can be created to take one or more functions. In Brazil, these structures play a fundamental role, because a lot of them are used to electricity generation. Some of these dams operate for about 40 years and so they are subject to deterioration, which increases the worry about its safe. Brazil has recently approved the National Program of Dam Safety, when the Law number 12.334/2010, which defines the responsibilities and the power related to dam safety was sanctioned. This fact illustrates how recent is the national worry about regulating this subject. If one considers that these structures are built to be long useful, it is necessary that one worries about dam safety. Therefore it is important to monitor the factor that can negatively influence the good operation of hydraulic structures. So the objective of this paper is to identify and relate the mechanisms of deterioration which can naturally happen in concrete hydraulic structures. This mapping will supply information so as the predictive engineering can set appropriate monitor criteria to the safe of these structures. KEYWORDS: Dams, mechanisms of deterioration, concrete dam, dam safety. 1. INTRODUÇÃO Estruturas hidráulicas correspondem a complexas obras que podem possuir inúmeras funções e características diferentes. Dentre as estruturas hidráulicas mais importantes encontram-se as barragens. De acordo com o Manual de Segurança e Inspeção de Barragens, desenvolvido pelo Ministério da Integração Nacional em 2002, uma barragem é uma estrutura construída transversalmente a um rio ou talvegue com a finalidade de se obter a elevação de seu nível d’água e/ou de criar um reservatório de acumulação, seja de regulação das vazões do rio, seja de outro fluido. A Lei n. 12.334/2010 que estabelece a Política Nacional de Segurança de Barragens define barragem como sendo qualquer estrutura em um curso permanente ou temporário de água para fins de contenção ou acumulação de substâncias líquidas ou de misturas de líquidos e sólidos, compreendendo o barramento e as estruturas associadas. Uma barragem pode ser construída em terra, enrocamento, concreto ou pela composição desses materiais e, dependendo da configuração, pode ser tipo gravidade, arco, contrafortes e arcos múltiplos, ou a composição destes tipos. A barragem a ser construída deve levar em consideração as características hidrológicas e geológicas do local e seu dimensionamento deve levar em conta, principalmente, o nível d’água esperado em função de estimativas da precipitação, do tipo de solo e do local onde a estrutura será construída. As barragens podem variar de pequenos maciços de terra a enormes estruturas de concreto. O Brasil possui grande potencial hidrelétrico e, dentre os países que utilizam a energia hidráulica como fonte, está como o terceiro maior produtor mundial. Assim, as barragens foram construídas com o intuito de formar um reservatório para a geração de energia. Segundo Ferreira e Umada (2009), o Brasil tem 96,8% da sua energia produzida por cerca de 600 barragens. Uma grande parte das barragens nacionais está envelhecendo e, de acordo com Perini (2009), algumas estão com a capacidade operacional limitada e outras representam perigo à segurança de pessoas e bens. Engenheira Civil, Universidade Estadual de Campinas, e-mail: [email protected] Pós Doutoranda, Universidade Estadual de Campinas, e-mail: [email protected] 3 Professor Doutor, Universidade Estadual de Campinas, e-mail: [email protected] 1 2 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (3), abr,mai,jun/2013, da pág. 29-33 29 ARTIGOS TÉCNICOS Além disso, com o crescimento da população e da economia, há a necessidade de investimento para o aumento da disponibilidade de energia elétrica. O Plano Decenal de Expansão de Energia para o período de 2007 a 2016 prevê um investimento de 107 bilhões em usinas hidrelétricas. Para que o país possa suprir essa demanda é de extrema importância que haja, além de investimentos, um bom monitoramento dos recursos hídricos e energéticos. É também essencial que as hidrelétricas e estruturas que as compõem mantenham-se funcionando adequadamente e sejam constantemente avaliadas quanto a sua segurança e funcionalidade. O problema é que o país não possui uma cultura de monitoramento e de regulamentações das barragens e das demais estruturas hidráulicas, considerando tanto as existentes, quanto as que deverão ser construídas. O Brasil possui um Programa Nacional de Segurança de Barragens, recentemente aprovado, quando foi sancionada a Lei n. 12.334/2010 que define responsabilidades e atribuições na questão da segurança das barragens. Tal fato ilustra o quão recente é a preocupação nacional em regulamentar o assunto. Desta forma, as hidrelétricas nacionais permaneceram sem um padrão de monitoramento e análise de riscos e da segurança. Considerando que todo o dimensionamento e construção de uma barragem ocorram sem falhas ou enganos, ainda assim deve haver preocupação com a segurança da barragem. Isto se deve ao fato de tais estruturas serem construídas com o intuito de possuírem uma vida útil longa. 1.1 SEGURANÇA DAS BARRAGENS Devido às diferentes técnicas e materiais utilizados na construção das barragens e considerando a magnitude dessas obras, o conhecimento de todos os mecanismos possíveis de deterioração é complexo. Um eventual colapso de uma barragem pode causar prejuízos catastróficos, portanto, é extremamente importante o conhecimento dos fatores que podem afetar a segurança desta. Perini (2009) estimou baseado em notícias disponibilizadas pela imprensa, quais foram os principais problemas que originaram ruptura ou acidente em barragens no período de 2008/2009. O autor concluiu que há uma grande quantidade de acidentes e rupturas que ocorrem sem o conhecimento técnico das causas. Isso demonstra grave falta de monitoramento do desempenho das estruturas hidráulicas em funcionamento. Segundo Veltrop (1991), a idade de uma barragem é um dos fatores primordiais para a determinação das condições de segurança. Os mecanismos de deterioração devido à idade da barragem costumam ser lentos, aumentando o risco à segurança gradativamente. Ou seja, tais mecanismos não são fáceis de serem detectados sem um monitoramento. As características ambientais do local onde a estrutura está inserida podem sofrer modificações ao longo dos anos, como por exemplo, o aumento das precipitações ou mudança da qualidade da água. Tais alterações podem fazer com que a barragem seja solicitada de uma maneira diferente daquela para qual foi projetada, acarretando riscos à sua segurança. Portanto, segundo USBR (1987), quaisquer alterações das condições locais devem gerar revisões nos critérios anteriormente determinados. Segundo a Agência Nacional de Águas (2010) uma barragem para ser considerada segura deve apresentar um bom desempenho no que diz respeito aos aspectos estruturais, econômicos, ambientais e sociais. Para isso, devem ser realizadas 30 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 inspeções que identifiquem possíveis deficiências em relação ao desempenho considerado satisfatório. Tais inspeções devem avaliar as características hidráulicas, hidrológicas, estruturais e operacionais. As inspeções devem ser executadas por profissionais qualificados e treinados para identificar irregularidades e anomalias, que afetem a segurança da barragem. Com isso, nota-se a importância do monitoramento dos fatores naturais e ações devidas ao tempo, que podem influenciar negativamente no bom funcionamento das estruturas hidráulicas, principalmente das barragens. 1.2 MECANISMOS DE FALHAS Muitos acidentes ocorridos em estruturas hidráulicas são resultados da falta de monitoramento do desempenho da estrutura. Os mecanismos de deterioração, em sua maioria, ocorrem de forma lenta e gradativa. Zuffo (2005) cita diferentes fatores que podem originar mecanismos de deterioração em barragens e estruturas adjacentes, além de evidenciar a relação do agravamento dos mecanismos de deterioração em função do tempo de vida das barragens e da falta de monitoramento e inspeções. O USBR (1987) e a Comissão Regional de Segurança de Barragens (1999) listam as causas mais comuns de falhas em estruturas hidráulicas. Dentre as causas listadas, podem ser citadas: obstruções nos vertedores, revestimentos fraturados, altas subpressões, lixiviação, sobrecargas, dentre outras. Camelo (2011) analisa os mecanismos de deterioração específicos do concreto, citando o aparecimento de fissuras em função do efeito das variações de temperaturas internas e externas e os efeitos de cavitação e lixiviação. Silveira (2006) explica o aparecimento de fissuras no barramento em função dos recalques que a estrutura sofre ao longo dos anos, e alerta para a necessidade de controlar as subpressões e percolações nas fundações. Além disso, o autor faz uma comparação entre as vazões de percolação em barragens de terra e barragens de enrocamento com face de concreto. Balbi (2008) cita em seu trabalho uma série de informações sobre barragens que romperam, indicando a idade, a data, o local, a geometria e a causa, o que contribuiu para o levantamento de alguns mecanismos de deterioração das estruturas. Dentre as barragens listadas por Balbi (2008) estão a Barragem de Malpasset, na França a de Saint Francis, nos Estados Unidos, e a de Orós, no Brasil. Nota-se que a literatura fornece dados para o mapeamento de diversos mecanismos de deterioração, porém, não apresenta esses dados de forma sistemática. Sendo assim, este estudo objetiva contribuir para o melhor conhecimento dos mecanismos de deterioração das estruturas hidráulicas de concreto devido a fatores diversos, identificando esses fatores e definindo como estes afetam as estruturas. 2. MATERIAIS E MÉTODOS A variedade de combinações de materiais para a construção de uma barragem torna o estudo complexo. Como não existem modelos pré-definidos de proporção ou combinação dos tipos dos materiais para a construção de uma barragem, focou-se o trabalho em estruturas hidráulicas de concreto. Para a melhor compreensão dos mecanismos de deterioração, foi elaborado o Quadro 1 que evidencia os mecanismos de deterioração mais comuns nas estruturas hidráulicas de concreto. A construção de estruturas hidráulicas é um tema abrangente, com diversas particularidades. Cada projeto precisa levar em Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (3), abr,mai,jun/2013, da pág. 29-33 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES consideração as características específicas do local onde a obra será realizada. Essas características permitem que outros mecanismos de deterioração em potencial sejam identificados, possibilitando um monitoramento de outros mecanismos adicionais, não listados neste estudo. As estruturas consideradas para a elaboração do Quadro 1 foram: fundações de barragens, barragens, estruturas de dissipação e vertedouros. Estas estruturas em concreto são componentes importantes em uma barragem e, não conformidades não corrigidas em qualquer uma delas pode levar ao colapso da estrutura. Adicionalmente, para os casos em que há necessidade da armação do concreto, é importante verificar os possíveis mecanismos de deterioração. O Quadro 2 mostra quais mecanismos de deterioração foram encontrados nas armações do concreto. Quadro 1: Mecanismos de deterioração em estruturas hidráulicas de concreto e concreto armado. Mecanismo Erosão Origem Estrutura Fundação, barragem, Água de Percolação; abrasão; vertedouro, estruturas cavitação de dissipação Água de percolação, colmatação dos drenos, vazamento na galeria de drenagem. Barragem, vertedouro, estruturas de dissipação Aumento da vazão do vertedor, presença de fissuras irregularidades, presençade pedras e cascalhos no fluxo d’água Vertedouro, estruturas de dissipação Água de percolação em concreto muito comprimido Fundação, barragem Aumento de tensões na barragem; presença de troncos e entulhos na entrada no vertedor. Barragem Revestimentos Fraturados Galgamento da barragem, pedras e cascalhos no fluxo d'água. Barragem, vertedouro Surgimento de Fissuras e irregularidades Galgamento da barragem; revestimentos fraturados; gradientes de temperatura; reações álcali-agregados; reações sulfáticas; ação de gelo e degelo; juntas danificadas. Fundação, barragem, vertedouro Água de Percolação, exposição climática Fundação, barragem Abrasão Cavitação Amolecimento Galgamento Lixiviação Quadro 2: Mecanismos de deterioração na armação do concreto armado. Mecanismo Origem Estrutura Água de Percolação; exposição climática. Fundação, barragem, vertedouro, Fadiga Aumento de tensões na barragem Fundação, barragem Corte e ruptura Aumento de tensões na barragem Fundação, barragem Esfolamento Aumento de tensões na barragem Fundação, barragem, vertedouro Corrosão 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Observando os mecanismos de deterioração do Quadro 1, nota-se que alguns deles, além de causarem impacto na estrutura, também são a causa de outros, o que evidencia a correlação entre os mecanismos de deterioração. Nota-se ainda que três principais aspectos estão envolvidos na maior parte dos mecanismos de deterioração, sendo estes: a água de percolação, o surgimento de fissuras e irregularidades na superfície e o aumento das tensões solicitantes na barragem. A partir dos mecanismos de deterioração apresentados nos Quadros 1 e 2, foi elaborado um fluxograma de maneira a evidenciar as inter-relações destes em estruturas de concreto, como se mostra na Figura 1. Como exemplo, o galgamento pode ser originado pelo aumento das tensões solicitantes na barragem. Este, por sua vez, pode ser causado tanto por modificações ambientais (aumento do nível de precipitações e da concentração de materiais na água) quanto por deficiências de monitoramento da atividade da barragem. A presença de troncos e entulhos no fluxo d’água pode bloquear a passagem da água pelo vertedor, causando assim, o aumento do nível d’água no reservatório e de tensões na barragem. Normalmente, o galgamento ocasiona o surgimento de fissuras que permitem a percolação da água, e esta, por sua vez, pode ocasionar uma série de outros mecanismos de deterioração como a corrosão da armadura e a lixiviação. A presença de cascalhos e pedras no fluxo d’água podem provocar, ainda, falhas nos revestimentos dos vertedores, originando um processo de abrasão e cavitação. A cavitação é o processo que origina a erosão em vertedouros e bacias de dissipação e também pode ocorrer em função de excesso de vazão no vertedor. Caso a vazão seja excessiva, o perfil de escoamento pode mudar, alterando a velocidade ou/e a direção do escoamento rapidamente, provocando então, a cavitação. Já a erosão que ocorre em barragens e fundações, normalmente tem origem pela abrasão, que ocorre em função da água de percolação. O principal fator que contribui para o excesso de água de percolação é a presença de fissuras no corpo do barramento e a colmatação dos drenos. Também não se pode deixar de considerar a relação entre falhas nas estruturas, tais como vertedores e bacias de dissipação e a barragem, propriamente dita. Qualquer mecanismo de falha que provoque um mau funcionamento do vertedor (por exemplo, erosão por cavitação, mau funcionamento das comportas ou excesso de troncos e entulhos que obstruam a passagem de água), poderá gerar um problema na barragem. Se a bacia de dissipação erodir, de maneira que não haja suficiente perda de energia, a água pode voltar ao curso d’água com velocidade tal que acarrete erosão no leito. A erosão pode chegar até o pé da barragem, provocando o colapso da estrutura. Assim, ao avaliar a segurança de uma barragem, deve-se levar em consideração a interação entre os diferentes componentes. Ressalta-se também que uma barragem de concreto, por exemplo, possui fundação e deteriorações nas fundações podem levar a ruptura da barragem. A água de percolação na fundação, somada aos grandes esforços de compressão no concreto podem acarretar no processo de amolecimento deste, fator suficiente para ocasionar a ruptura de uma barragem. Alguns dos mecanismos são oriundos de aspectos ambientais, como as características das bacias hidrográficas, que podem determinar o transporte de sedimentos, as características hidrológicas e climáticas, que determinam os fluxos sazonais pelas estruturas e interferências térmicas nos materiais e de aspectos técnicos, como falhas no projeto, execução da obra e do posterior monitoramento das estruturas. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (3), abr,mai,jun/2013, da pág. 29-33 31 ARTIGOS TÉCNICOS O processo de lixiviação, por exemplo, pode ocorrer em função da água de percolação mal controlada, mas também em função da exposição do concreto à “água mole” (ou seja, exposição climática). A água mole é considerada aquela que possui pouco, ou nenhum íon de cálcio (normalmente água de condensação de neblina). Essa água tende a hidrolisar produtos contendo cálcio, ou seja, o cimento Portland. No que se refere à armação das estruturas de concreto, nota-se que o principal fator dos mecanismos de deterioração é o aumento de tensões solicitantes na barragem. Contudo é difícil inspecionar a armação quanto à fadiga, corte e ruptura, e esfolamento. Além disso, as armações, quando submetidas à exposição climática, corroem. Porém, para a armação estar submetida à exposição climática, o concreto já sofreu anteriormente lixiviação ou erosão por abrasão. A partir da revisão da literatura, nota-se que são vários os materiais considerados para a construção de uma barragem e a combinação entre eles é grande. Estes fatores, associados aos diferentes métodos de construção utilizados, local da obra e tipo da barragem dificultam a padronização dos mecanismos de deterioração que podem surgir. Essas análises ilustram a complexidade das correlações entre os mecanismos de deterioração, mostradas no fluxograma da Figura 1. 4. CONCLUSÃO A segurança de barragens é um tema que preocupa técnicos da área no mundo todo. As estruturas estão envelhecendo, sendo que muitas delas não possuem plano ou instrumentação para mensurar parâmetros importantes para a avaliação da sua segurança, tais como deformações, recalques e sobrepressão. Em casos de acidentes, não há, na maioria das vezes, informações documentadas para que se possa avaliar o real 32 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 motivo da falha, ou até mesmo da ruptura da barragem. Muitas vezes as informações se encontram dispersas entre os relatórios. Determinar os mecanismos de deterioração de uma estrutura hidráulica não é tarefa simples. Nota-se falta de padronização na nomenclatura utilizada na literatura, além de grande variação das configurações e técnicas de construção das estruturas hidráulicas. Além disso, quando há na literatura referência a algum mecanismo de deterioração, este só é citado porque pode causar risco à barragem, propriamente dita. Há poucos estudos focados na segurança de outras estruturas hidráulicas que fazem parte de uma barragem, tais como vertedores, estruturas de dissipação e fundação. Isso ocorre porque o colapso de uma barragem acarreta danos muito maiores do que o colapso das outras estruturas. Logo, procura-se citar os mecanismos de deterioração de outras estruturas, com o único objetivo de contribuir para o bom funcionamento de um complexo hidráulico como um todo. As características e tipos de estruturas hidráulicas são muito variados, assim como os aspectos ambientais. Por isso é importante ressaltar que este estudo definiu alguns dos mecanismos mais ocorrentes nas estruturas de concreto, e que devem ser monitorados nas obras hidráulicas. Outros mecanismos também podem ocorrer em função de particularidades de projetos e características ambientais, que também devem ser monitoradas ao longo da vida útil da estrutura. O fluxograma apresentado permite determinar a origem de alguns dos mecanismos de deterioração, além da inter-relação entre eles. Percebeu-se que um mecanismo de falha pode ser também a condição inicial de outro mecanismo, como é o caso do galgamento de uma barragem. Além disso, notou-se que a água de percolação, o surgimento de fissuras e irregularidades nas estruturas e o aumento das tensões solicitantes na barragem são condições determinantes para o aparecimento de falhas. É importante que Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (3), abr,mai,jun/2013, da pág. 29-33 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES haja monitoramento eficiente das estruturas hidráulicas, e isso só é possível com o conhecimento prévio dos mecanismos de deterioração e a relação entre estes. É importante ressaltar que não é possível avaliar a segurança de uma estrutura como uma barragem de maneira isolada. Problemas em um dos componentes podem acarretar outros problemas, levando, em último caso, ao colapso da estrutura. Considerando que no Brasil apenas inicia-se uma cultura de monitoramento e prevenção de acidentes em estruturas hidráulicas, as inter-relações evidenciadas neste trabalho poderão auxiliar os profissionais responsáveis pelas vistorias nas estruturas. A compreensão destas relações permitirá evidencias outras origens de falhas e atuar preventivamente para a segurança das estruturas. 5. REFERÊNCIAS • AGENCIA NACIONAL DE ÁGUAS (Brasil). Modelo sugerido para ficha de inspeção de segurança regular de barragem. Disponível em: <http://www2.ana.gov.br/Paginas/servicos/ cadastros/barragens/relatoriosInspecao.aspx>. Acesso em: 21 set. 2012. • BALBI, Diego Antonio Fonseca. 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ANOTAÇÕES Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (3), abr,mai,jun/2013, da pág. 29-33 33 ARTIGOS TÉCNICOS Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 Aplicação de técnicas de engenharia para o controle de erosão e estabilidade de taludes Santos V. C. Barison M. R. Pereira L. C. 1 2 RESUMO Este trabalho aborda um problema presente e muito comum em centenas de municípios brasileiros, que estão relacionados à erosão e instabilidade de encostas. A erosão de encostas por falta de planejamento e dimensionamento correto de taludes é tão comum que em todos os períodos chuvosos é possível se deparar com notícias de deslizamentos ou de estradas interditadas por quedas de blocos. Na construção de represas hidrelétricas tem que se ter também uma atenção especial, pois há grandes movimentações de terra aumentando os riscos de deslizamento de terras. A erosão de encosta aqui apresentado é um caso que envolve uma questão de planejamento prévio na execução de qualquer obra. Para tal planejamento são necessárias uma série de medidas e análises topográficas para que seja escolhido um novo recorte do solo (retaludamento) e selecionadas novas e atuais medidas de dissipação de energia em locais onde existam fluxos de água concentrados (enxurradas). Este trabalho indica novos recortes do talude inicial, uma vez que cada tipo de solo ou da associação de camadas distintas de materiais implica em um traçado ótimo para sua estabilidade. Tal intervenção deverá ser feita em conjunto com o dimensionamento de um sistema de drenagem superficial, abordado de forma individual para cada porção do talude, evitando assim possíveis erosões muito profundas. Para a conclusão do projeto é de grande importância que seja feita a cobertura vegetal no solo antes exposto. Este trabalho poderá servir de base para outros futuros trabalhos de contenção de erosão e de instabilidade de encostas, assim como o de testar as medidas e as estruturas de contenção. Palavras-chave: erosão, talude, controle. Applying engineering techniques for erosion control and slope stability ABSTRACT This paper reports a problem very common in hundreds of municipalities, which are related to erosion and hillside instability. The hillside erosion by lack of planning and correct sizing slope is so common in every rainy period. These periods are possible to come across news of landslides or road closures by falling blocks. In the construction of hydroelectric dams have to also have special attention, as there are large movements of earth thus increasing the risk of landslides. The hillside erosion shown here is a case that involves a question of prior planning in the execution of any work. For such planning are a number of necessary measures and topographical analysis to be chosen a new crop soil (slope cutting) and selected new and existing measures of energy dissipation in places where concentrated flows of water (runoff). This work indicates the initial slope of new clippings, since each soil type or combination of layers of different materials implies a great dimension for its stability. Such intervention should be each portion of the slope, thus avoiding possible erosions very deep. For the project conclusion is of great importance to be made to cover the exposed soil before. This work could serve as basis for future studies of other containment of erosion and hillside instability, as well as to test the measures and containment structures. KEYWORDS: erosion, slopes, control. 1. INTRODUÇÃO O Brasil devido a sua extensão encontra-se sob o domínio de diferentes morfologias e regimes climatológicos. Essas diferenças muitas vezes são causadoras de problemas regionais. A erosão dos solos, na sua forma mais ampla, embora seja um dos fenômenos naturais mais estudados, ainda é pouco compreendida, principalmente no que se refere à sua previsão, tanto no espaço quanto no tempo (Fernandes et al., 2001). Municípios situados em regiões montanhosas e com altos índices pluviométricos, estão sempre sujeitos a problemas de erosão e deslizamentos nas encostas. A solução destes problemas muitas vezes é complicada e dependem de órgãos públicos e também da população, que muitas vezes desrespeitam estas áreas construindo suas casas perto destas encostas. Os deslizamentos nas encostas trazem enormes prejuízos econômicos, bloqueiam vias expressas colocam em riscos obras hidráulicas como barragens, canais de adução e, com frequência, levam à perda de muitas vidas (Amaral, 1997). Em centros urbanos os deslizamentos assumem frequentemente proporções catastróficas, uma vez que os inúmeros cortes, aterros, depósitos de lixo, desmatamentos, modificações na drenagem, entre outras agressões, geram novas relações com os fatores condicionantes naturais associados à geomorfologia e à geologia (Brunsden e Prior, 1984). Este tipo de problema é também muito comum em recortes de taludes de rodovias, sendo muitas vezes agravados por problemas de exposição indevida do solo, falhas ao se realizar o corte, ficando o talude com uma inclinação superior a capacidade a qual o solo resiste, além de drenagens mal feitas ou inexistentes. Araújo (2005) definiu o termo erosão superficial ou erosão do solo como a remoção das camadas superficiais do solo por ação do vento e da água, ocasionalmente pelo gelo (em alguns países do hemisfério norte), iniciada por forças de arrasto, de impacto ou de tração agindo em partículas individuais da superfície do solo. Fatores como o intemperismo têm influência UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá, Instituto de Recursos Naturais - IRN, Av. BPS, 1303, Itajuba, MG, Brazil, 37500-903 – Tel.: (35) 3629-1547, e-mail: [email protected] UNIFEI – Universidade Federal de Itajubá, Instituto de Recursos Naturais - IRN, Av. BPS, 1303, Itajuba, MG, Brazil, 37500-903 – Tel.: (35) 3629-1468, e-mail: [email protected] 1 2 34 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (4), abr,mai,jun/2013, da pág. 34-38 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES direta neste processo, desestruturando as rochas e quebrandoas em partículas menores, enfraquecendo as ligações entre as partículas. Segundo Bertolini et al (1993, apud COSTA & MATOS, 1997), só no Estado de São Paulo são perdidos, anualmente, devido à erosão, cerca de 194 milhões de toneladas de terras férteis, das quais 48,5 milhões de toneladas chegam aos mananciais em forma de sedimentos transportados, causando assoreamento e poluição. O presente trabalho caracteriza-se como um estudo de caso de movimentação de terra para isto utilizou-se coleta de dados no local escolhido. Foi também realizada uma análise dos problemas de erosão do talude propondo com isso soluções para contenção de novos deslizamentos e processos de erosão. Inicialmente, se identificou no local os pontos de erosão de uma forma visual, por meio de visita in loco e fotos apresentadas no decorrer deste trabalho. Após esta etapa, foi realizado um levantamento topográfico a fim de gerar um mapa que apresente as curvas de nível e locais problemáticos quanto a inclinação e desmoronamento. Em uma etapa seguinte, retirou-se de Vieira et al (2007) dados de análises físicas do solo local, afim de um melhor entendimento do material e declividade ideal do talude. Complementar tais análises são importantes implantações de melhorias locais e também no entorno da área. As melhorias locais podem ser escadas de dissipação de energia, canaletas para direcionar os fluxos de água impedindo erosões e também caixas dissipadoras de energia. Melhorias no local e seu entorno, devem ser realizadas por meio do plantio de vegetação para que se aumente a infiltração local, e também reduza a energia de escoamento. Considera-se a aplicabilidade do conjunto de medidas como novos recortes de talude, sistema de drenagem individual para cada talude e cobertura vegetal no solo serão suficientes para a contenção de novos deslizamentos e aberturas de futuros ravinamentos no local, contribuindo para uma melhor manutenção da estrada local, diariamente utilizada por moradores. 1.1Objetivos O objetivo principal deste trabalho é avaliar a dinâmica de processos erosivos bem como a estabilidade de taludes tendo como área piloto o município de Itajubá. Dentre os objetivos específicos estão: o levantamento das condições atuais do terreno; a análise dos diferentes tipos de solo e rochas; a aplicação de técnicas de retaludamento; e o estabelecimento de estruturas de drenagem superficial. pelo predomínio de migmatitos com estruturas dobradas, por vezes granatíferos e subordinadamente rochas metabásicas e níveis cataclásticos (COMIG, 1994 apud Vieira, 2007). A geomorfologia regional para o município consiste em um conjunto de serras alongadas, escarpas e esporões digitados, com incisões de drenagem da ordem de 158 a 201m e declividade entre 11 e 24°; localizada no ecótono entre a floresta ombrófila densa e a floresta ombrófila mista. Quanto ao solo da região, é predominante o Latossolo Vermelho Escuro Distrófico (RADAMBRASIL, 1983 apud Vieira, 2007). A área de estudo é um recorte de terreno que está situado no caminho que liga a estrada da nova sede da PMI até a estrada Itajubá - Maria da Fé (figura 1). A posição em coordenadas UTM são as seguintes: 23455600 E (22°25´04 S). 7520899 N (45°25´54 O). FIG. 1: Imagem de satélite evidenciando o acesso à área de estudo. (fonte: Google Earth, 26 de março de 2012) A intensificação do processo de sulcamento do solo pela maior concentração do fluxo leva à formação de ravinas. O ravinamento do solo já indica significativa gravidade da ação erosiva, pois implica em grandes perdas de solo e no comprometimento da regularidade do terreno (BASTOS, 1999). Tal processo de formação de ravinas pode ser observado na figura 2 e 3. FIG. 2: Processo de formação de ravinas profundas no trecho da estrada que liga a nova sede da Prefeitura Municipal de Itajubá até a Rodovia de Maria da Fé. 2. Material e Métodos 2.1 Caracterização da área de estudo A cidade de Itajubá está localizada em uma região montanhosa a uma altitude média de 845 metros, e apresenta uma grande área construída em encostas, por este motivo tem vários problemas com estabilidade de taludes e erosão. O município de Itajubá localiza-se no sul do Estado de Minas Gerais, estando a 442 km de Belo Horizonte, 261 km de São Paulo e 304 km do Rio de Janeiro. Segundo a Prefeitura Municipal de Itajubá o clima é do tipo tropical temperado, com temperatura média de 20ºC, além de um verão quente e úmido e um inverno frio e seco. O íncide pluviométrico anual médio é de 1.409,5mm, sendo os maiores índices nos meses de janeiro e dezembro. A região de Itajubá está situada numa unidade de rochas metamórficas de alto grau do complexo Paraisópolis caracterizado FIG. 3: Processo de erosão já acentuado no trecho da estrada que liga a nova sede da Prefeitura Municipal de Itajubá até a Rodovia de Maria da Fé. Bertoni (1990) observou que a erosão não é a mesma para todos os solos. Fatores físicos tais como textura, estrutura, permeabilidade e densidade bem como fatores químicos e biológicos do solo exercem diferentes influências na erosão. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (4), abr,mai,jun/2013, da pág. 34-38 35 ARTIGOS TÉCNICOS O conteúdo de matéria orgânica, a profundidade do solo e as características do subsolo também exercem efeito nas perdas por erosão, pois contribuem para a capacidade de armazenamento da água e uma melhor estrutura para os solos. A mecânica do processo erosivo é constituída basicamente de três eventos sequenciais caracterizados pelo desprendimento das partículas dos agregados do solo, o transporte e a deposição das partículas carreadas nas seções inferiores das paisagens. Esse destacamento e transporte são causados pela ação das gotas de chuvas e da força cisalhante do escoamento superficial, constituindo a fase inicial e mais importante da erosão hídrica. Os mecanismos erosivos podem ocorrer também por meio do transporte de partículas por fluxos subsuperficiais ou, ainda, por movimentos de massa mais complexos (BASTOS et al., 2001). Araújo (2005) afirmou que a proteção à erosão consiste em diminuir as forças de tração ou de arrasto, diminuindo a velocidade do fluxo d’água sobre a superfície, ou dissipando a energia da água, bem como o aumento da resistência à erosão por meio do reforço da superfície com uma cobertura adequada ou pelo aumento da força de ligação entre as partículas. A cobertura vegetal exerce um papel protetor, fazendo com que a remoção de solo seja lenta, sendo compensada pelos processos de formação dos mesmos. Além disso, os vegetais correspondem aos elementos naturais de estabilização de encostas, promovida principalmente pela ação das raízes. Solos expostos, onde se efetuou a remoção total da cobertura vegetal, são ambientes de grande geração de fluxos superficiais, uma vez que não são encontrados os elementos e mecanismos que definem a condição de infiltração da água para a subsuperfície (COELHO NETTO, 2003). Araújo (2005), em seus trabalhos, observou que os taludes estão sujeitos a dois processos de degradação, dentre eles: os erosivos e os movimentos de massa. Este fenômeno é caracterizado pelo movimento descendente de materiais que formam a encosta – rochas, solos, enchimentos artificiais ou a combinação desses materiais. Os movimentos de massa são popularmente conhecidos como deslizamentos de terra. Falando estritamente, entretanto, os deslizamentos se referem a um tipo particular de movimento de massa. Dentre as principais técnicas de estabilidade de encostas que sofrem erosão está o retaludamento do terreno, que consiste de Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 alterações na geometria dos taludes, principalmente por meio de cortes nas porções superiores da encosta, para alívio da carga ali atuante. Os retaludamentos podem abranger desde porções restritas da encosta até modificações de todo o perfil do talude e, para sua execução, necessitam de espaço disponível suficiente. Muitas vezes, também são executados aterros compactados na base dos taludes, que agem como uma carga estabilizadora no trecho inferior da encosta (CUNHA, 1991). As obras de drenagem são complementares e têm por finalidade captar e conduzir convenientemente às águas superficiais e subterrâneas de uma encosta, visando evitar a ocorrência de erosões e escorregamentos. Assim, quando se executa um retaludamento, a eficiência da obra estaria seriamente afetada caso não fossem construídos sistemas de drenagem superficial apropriado. Também no sistema viário, a drenagem das águas pluviais é indispensável, garantindo a trafegabilidade e evitando o desenvolvimento de erosões e enchentes (CUNHA, 1991). 2.2 Levantamento Topográfico Para o levantamento da topografia do terreno foi utilizado o sistema GPS Promark2, esse sistema oferece um levantamento de precisão. Para a execução do procedimento foram utilizados dois receptores GPS, duas antenas, dois tripés e todos os componentes necessários para a produção dos dados. Uma base GPS foi instalada em um marco conhecido dentro da Universidade Federal de Itajubá, outro aparelho foi utilizado no local do talude. Inicialmente fez-se uma medição durante 15 minutos como base, em seguida foram levantados outros pontos por 20 segundos cada. A altura da antena para ambos os aparelhos foi de 2 metros de altura. Os dados foram coletados no sentido da cidade de Maria da Fé – Itajubá. Estes dados coletados foram do primeiro talude em diferentes altitudes até parte adiante de seu topo, além de que em sua base os dados foram coletados até o outro lado da estrada que corta o trecho. Após coletados os dados foram processados em conjunto com o Software Ashtech Solutions, software de pós-processamento. Depois de geradas as curvas, estas receberam seus devidos pontos e altitude referentes, e foram exportadas para o AutoCad (Figura 4). Foi realizada também uma caracterização visual da área no dia 27/03/2012. Maria da Fé bá aju ura feit re aP It de rad Est FIG. 4: Mapa topográfico detalhado do local de estudo. 36 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (4), abr,mai,jun/2013, da pág. 34-38 Itajubá Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO O levantamento topográfico foi realizado como descrito no item de metodologia. Com estes dados gerados se levantou o mapa topográfico realizado no local de estudo na Estrada da Prefeitura Municipal de Itajubá – Rodovia Itajubá com a cidade de Maria da Fé. Com o mapa topográfico em mãos foi realizada uma visita no local tiradas fotos dos pontos mais críticos, onde cada foto recebeu uma numeração que correspondente à mesma do mapa topográfico (Figura 4). As fotos seguem abaixo com as respectivas numerações adicionadas. Na caracterização visual foi observado que no centro do talude existe um núcleo de rocha alterada e este vai se modificando na seguinte ordem até a superfície do morro, são essas: rocha alterada, saprolito, solo residual jovem e solo residual maduro. In loco foi observado que o processo de ravinamento tem início nos locais de transição do solo residual maduro para o solo residual jovem, justamente por este último estar mais sujeito a tais processos, uma vez que não possui uma laterização. Na figura 5 (Foto 1 e 2) este processo de erosão que acontece nas transições de solo podem ser observados claramente. 1 Outro problema também detectado foi nos locais de rocha alterada-saprolito, onde a o sentido de da falha está favorecendo uma queda de massas do talude. Essa observação pode ser feita na figura 6 (Foto 3 e 4), enquanto que o sentido favorável à queda pode ser observado na figura 7 por estar concordante com a direção da foliação da rocha. 3 4 FIG. 6: Foto 3 e 4 conforme está indicado na Figura 4 no mapa topográfico. 2 FIG. 7: Sentido da foliação principal da rocha, concordante com a direção da instabilidade da encosta. FIG. 5: Foto 1 e 2 conforme está indicado na Figura 4 no mapa topográfico. A tendência é que quando cortamos mais o talude se encontre um material de uma rocha dura do que a casca encontrada atualmente. Nos pontos mais graves (foto 1 e 4) o trabalho de drenagem tem que ser realizado. A sugestão é uma escada de cimento e canaletas para dissipação da água. Senti d Esco o de amen to e o d to d i t n n Se oame c Es Est rad re aP feit u e ra d Itaj ub R á- odo via u Itaj bá -M d aria aF é FIG. 8: Projeto do novo talude com os sentidos de escoamento principal e com a indicação das estruturas de drenagem: canaletas e escadas d´água. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (4), abr,mai,jun/2013, da pág. 34-38 37 ARTIGOS TÉCNICOS 3.1PERFIS Utilizando-se do perfil topográfico gerado, foram traçados os sentidos de escoamento. Além dos perfis de dois lados do talude, sendo o perfil 1 o local mais crítico de todo o talude, o perfil 2 representa uma parte do talude mais próxima a rodovia. Na figura 8 estão indicados tais perfis, o perfil 1 por possuir uma grande inclinação apresenta a escada de dissipação em toda sua extensão, com esta recolhendo o escoamento e outras plataformas do mesmo talude, apresentando um escoamento no sentido da cidade de Itajubá. Enquanto que o perfil 2 apresenta calhas de escoamento, direcionadas até uma escada lateral, que termina de direcionar este escoamento no sentido da rodovia Itajubá-Maria da Fé. Estas escadas devem possuir 60 cm de largura e descem em toda a extensão do talude até a berma. Os sentidos de escoamento foram determinados de forma a minimizar as obras, levando o escoamento o máximo possível em seu sentido natural, esta formatação pode ser observada na Figura 8, onde também são mostrados os locais de implantação das calhas e escadas de dissipação. Geralmente a caixa de dissipação são blocos de concreto na dimensão de (1x1x1) metros, podendo também ser um pouco menor. A dimensão das canaletas de drenagem apresentam de 60 a 80 cm de largura e também se estendem por toda a berma. 4. CONCLUSÃO Uma vez que o solo do centro do talude apresenta uma qualidade muito inferior para o perfil atual, recomendase que sejam feitas alterações e melhorias no local e em seu entorno como escadas de dissipação de energia, canaletas para direcionar os fluxos de água impedindo erosões e também caixas dissipadoras de energia, assim como o plantio de vegetação para que se aumente a infiltração local e também reduza a energia de escoamento. Outras importantes intervenções a ser realizada são novos recortes de talude, uma vez que cada tipo de solo necessita de um traçado ótimo para sua estabilidade. Tal intervenção deverá ser feita em conjunto com um sistema de drenagem individual para cada talude, para evitar possíveis erosões. Como medida de estabilidade de deslizamento da encosta, é sugerido que na sua base seja construído um muro gabião, percorrendo toda a sua extensão, próximo da margem da rodovia. Embora não tenha sido objeto deste estudo abordar as questões de cobertura vegetal, esta etapa de finalização do projeto é de grande importância para conter ainda mais a erosão das águas de chuvas na superfície do terreno, além de trazer uma minimização dos impactos visuais e ser um atrativo paisagístico para o local. Acredita-se que a aplicabilidade do conjunto de medidas citadas anteriormente serão suficientes para a contenção de Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 novos deslizamentos e aberturas de futuros ravinamentos no local, contribuindo para uma melhor manutenção da estrada local, diariamente utilizada por moradores, proporcionando uma via com segurança e conforto para os mesmos. 5. 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ANOTAÇÕES 38 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (4), abr,mai,jun/2013, da pág. 34-38 TECHNICAL ARTICLES ANOTAÇÕES Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57, abr,mai,jun/2013, anotações 39 ARTIGOS TÉCNICOS Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 ANOTAÇÕES 40 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57, abr,mai,jun/2013, anotações Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 TECHNICAL ARTICLES ANOTAÇÕES Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57, abr,mai,jun/2013, anotações 41 ARTIGOS TÉCNICOS TECHNICAL ARTICLES INSTRUÇÕES AOS AUTORES INSTRUCTIONS FOR AUTHORS Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 56 (1), jan,mar/2013 Forma e preparação de manuscrito Form and preparation of manuscripts Primeira Etapa (exigida para submissão do artigo) First Step (required for submition) O texto deverá apresentar as seguintes características: espaçamento 1,5; papel A4 (210 x 297 mm), com margens superior, inferior, esquerda e direita de 2,5 cm; fonte Times New Roman 12; e conter no máximo 16 laudas, incluindo quadros e figuras. Na primeira página deverá conter o título do trabalho, o resumo e as Palavras-chave. Os quadros e as figuras deverão ser numerados com algarismos arábicos consecutivos, indicados no texto e anexados no final do artigo. Os títulos das figuras deverão aparecer na sua parte inferior antecedidos da palavra Figura mais o seu número de ordem. Os títulos dos quadros deverão aparecer na parte superior e antecedidos da palavra Quadro seguida do seu número de ordem. Na figura, a fonte (Fonte:) vem sobre a legenda, à direta e sem ponto final; no quadro, na parte inferior e com ponto final. O artigo em PORTUGUÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em português, RESUMO (seguido de Palavras-chave), TÍTULO DO ARTIGO em inglês, ABSTRACT (seguido de keywords); 1. INTRODUÇÃO (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. AGRADECIMENTOS (se for o caso); e 6. REFERÊNCIAS, alinhadas à esquerda. O artigo em INGLÊS deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em inglês; ABSTRACT (seguido de Keywords); TÍTULO DO ARTIGO em português; RESUMO (seguido de Palavras-chave); 1. INTRODUCTION (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALAND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (se for o caso); e 6. REFERENCES. O artigo em ESPANHOL deverá seguir a seguinte sequência: TÍTULO em espanhol; RESUMEN (seguido de Palabra llave), TÍTULO do artigo em português, RESUMO em português (seguido de palavras-chave); 1. INTRODUCCTIÓN (incluindo revisão de literatura); 2. MATERIALES Y METODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (se a lista de conclusões for relativamente curta, a ponto de dispensar um capítulo específico, ela poderá finalizar o capítulo anterior); 5. RECONOCIMIENTO (se for o caso); e 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. Os subtítulos, quando se fizerem necessários, serão escritos com letras iniciais maiúsculas, antecedidos de dois números arábicos colocados em posição de início de parágrafo. No texto, a citação de referências bibliográficas deverá ser feita da seguinte forma: colocar o sobrenome do autor citado com apenas a primeira letra maiúscula, seguido do ano entre parênteses, quando o autor fizer parte do texto. Quando o autor não fizer parte do texto, colocar, entre parênteses, o sobrenome, em maiúsculas, seguido do ano separado por vírgula. O resumo deverá ser do tipo indicativo, expondo os pontos relevantes do texto relacionados com os objetivos, a metodologia, os resultados e as conclusões, devendo ser compostos de uma sequência corrente de frases e conter, no máximo, 250 palavras. Para submeter um artigo para a Revista PCH Notícias & SHP News o(os) autor(es) deverão entrar no site www.cerpch.unifei. edu.br/submeterartigo. Serão aceitos artigos em português, inglês e espanhol. No caso das línguas estrangeiras, será necessária a declaração de revisão linguística de um especialista. Segunda Etapa (exigida para publicação) The manuscript should be submitted with following format: should be typed in Times New Roman; 12 font size; 1.5 spaced lines; standard A4 paper (210 x 297 mm), side margins 2.5 cm wide; and not exceed 16 pages, including tables and figures. In the first page should contain the title of paper, Abstract and Keywords. The tables and figures should be numbered consecutively in Arabic numerals, which should be indicated in the text and annexed at the end of the paper. Figure legends should be written immediately below each figure preceded by the word Figure and numbered consecutively. The table titles should be written above each table and preceded by the word Table followed by their consecutive number. Figures should present the data source (Source) above the legend, on the right side and no full stop; and tables, below with full stop. The manuscript in PORTUGUESE should be assembled in the following order: TÍTULO in Portuguese, RESUMO (followed by Palavras-chave), TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); 1. INTRODUÇÃO (including references); 2. MATERIAL E MÉTODOS; 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO; 4. CONCLUSÃO (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. AGRADECIMENTOS (if it is the case); and 6. REFERÊNCIAS, aligned to the left. The article in ENGLISH should be assembled in the following order: TITLE in English; ABSTRACT in English (followed by keywords); TITLE in Portuguese; ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCTION (including references); 2. MATERIAL AND METHODS; 3. RESULTS AND DISCUSSION; 4. CONCLUSIONS (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5. ACKNOWLEDGEMENTS (if it is the case); and 6. REFERENCES. The article in SPANISH should be assembled in the following order: TÍTULO in Spanish; RESUMEN (following by Palabrallave), TITLE of the article in Portuguese, ABSTRACT in Portuguese (followed by keywords); 1. INTRODUCCTIÓN (including references); 2. MATERIALES Y MÉTODOS; 3. RESULTADOS Y DISCUSIÓNES; 4. CONCLUSIONES (if the list of conclusions is relatively short, to the point of not requiring a specific chapter, it can end the previous chapter); 5.RECONOCIMIENTO (if it is the case); and 6. REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS. The section headings, when necessary, should be written with the first letter capitalized, preceded of two Arabic numerals placed at the beginning of the paragraph. References cited in the text should include the author’s last name, only with the first letter capitalized, and the year in parentheses, when the author is part of the text. When the author is not part of the text, include the last name in capital letters followed by the year separated by comma, all in parentheses. Abstracts should be concise and informative, presenting the key points of the text related with the objectives, methodology, results and conclusions; it should be written in a sequence of sentences and must not exceed 250 words. For paper submission, the author(s) should access the online submission Web site www.cerpch.unifei.edu.br/submeterartigo (submit paper). The Magazine PCH Notícias & SHP News accepts papers in Portuguese, En-glish and Spanish. Papers in foreign languages will be requested a declaration of a specialist in language revision. Second Step (required for publication) O artigo depois de analisado pelos editores, poderá ser devolvido ao(s) autor(es) para adequações às normas da Revista ou simplesmente negado por falta de mérito ou perfil. Quando aprovado pelos editores, o artigo será encaminhado para três revisores, que emitirão seu parecer científico. Caberá ao(s) autor(es) atender às sugestões e recomendações dos revisores; caso não possa(m) atender na sua totalidade, deverá(ão) justificar ao Comitê Editorial da Revista. After the manuscript has been reviewed by the editors, it is either returned to the author(s) for adaptations to the Journal guidelines, or rejected because of the lack of scientific merit and suitability for the journal. If it is judged as acceptable by the editors, the paper will be directed to three reviewers to state their scientific opinion. Author(s) are requested to meet the reviewers, suggestions and recommendations; if this is not totally possible, they are requested to justify it to the Editorial Board. Obs.: Os artigos que não se enquadram nas normas acima descritas, na sua totalidade ou em parte, serão devolvidos e perderão a prioridade da ordem sequencial de apresentação. Obs.: Papers that fail to meet totally or partially the guidelines above described will be returned and lose the priority of the sequential order of presentation. 42 reserve a data IlatinamericanMEETING HYDRO POWER AND SYSTEMS Participe e tenha acesso ao intercâmbio entre entidades de pesquisa e especialistas nas áreas de máquinas hidráulicas, componentes associados e sistemas. DE 29 A 31 DE OUTUBRO DE 2013 CENTRO DE CONVENÇÕES DA UNICAMP - CAMPINAS/SP www.latiniahr.org/meeting & 6TH HYDRO POWER FOR TODAY FORUM 3RD TECHNICAL WORKSHOP OF THE REGIONAL PROGRAM "Small Hydro Energy; A local Solution to Climate Change and Sustainable Development" A Unido - Organização de Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas e o Observatório de Energias Renováveis da América Latina organizarão os eventos: 6th Hydro Power for Today Forum e 3rd Technical Workshop of the regional Program "Small Hydro Energy; A local Solution to Climate Change and Sustainable Development" em conjunto com a a primeira edição do LATIN AMERICAN HYDRO POWER & SYSTEMS MEETING. PROMOÇÃO ORGANIZAÇÃO latinamerican HYDRO POWER AND SYSTEMS UNITED NATIONS INDUSTRIAL DEVELOPMENT ORGANIZATION OPINIÃO Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 Os desafios ambientais para a expansão do setor elétrico brasileiro Por Adriana e Luiz Fernando* Arquivo Pessoal O setor elétrico brasileiro necessita acrescentar, segundo o Plano Decenal de Energia - PDE, elaborado pela Empresa de Pesquisa Energética - EPE, de 5 a 6 mil megawatts por ano, nos próximos dez anos. Isso significa construir uma usina do porte de Itaipu a cada dois anos. Interessante ressaltar que esse crescimento ocorre apesar do PIBinho, que reluta em crescer. Evidentemente, caso haja uma reversão nessa expectativa, os planos terão que ser revistos e a necessidade de acréscimo de energia nova aumentará. O desafio é grande, nossa engenharia na área de energia elétrica é reconhecida mundialmente e o mundo dispõe de estoque de capital para fazer frente a esse volume de obras, mas alguns desafios regulatórios no setor elétrico ainda precisam ser equacionados para que os investidores mantenham a segurança para investir no País. O Brasil, ao lado dos demais países do Bric, cada vez mais se mostra atrativo para capitais. Então, o que falta? Qual o maior desafio? A resposta é simples: sem sombra de dúvida, a questão ambiental carece de equacionamento. No presente artigo vamos apresentar nossa visão sobre os principais aspectos envolvidos na questão ambiental e os respectivos desafios, sem a pretensão de esgotar o assunto: FIG. 2: Distribuição geográfica do potencial 1. Hidreletricidade, a grande vocação nacional Não há dúvidas que a fonte hidrelétrica é ─ e continuará sendo ─ a grande vocação nacional para geração de energia elétrica. O Brasil possui um potencial hidrelétrico de quase 250 mil megawatts, conforme a FIGURA 1. Do total desse potencial, metade, portanto cerca de 124 mil megawatts, ainda não foi explorado. Destes, cerca de 65%, ou seja, mais de 80 mil megawatts, localizam-se na região Norte, conforme FIGURA 2, o que a caracteriza esta região como a atual fronteira energética brasileira. FIG. 1: Potencial hidrelétrico brasileiro Ainda, de acordo com o PDE, observamos na FIGURA 3 que em 2012 as usinas hidrelétricas representavam cerca de 72% da capacidade instalada do País. A previsão é que em 2021 essa fonte represente 65% da matriz elétrica brasileira, demonstrando a vocação nacional, atual e futura, pela hidreletricidade. FIG. 3: Capacidade instalada no Sistema Interligado Nacional A região Norte, onde se localiza a maior floresta tropical do mundo ─ a Floresta Amazônica abrange grande parte da região Norte e está presente nos estados do Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, compondo a Amazônia Legal e correspondendo a cerca de 60% do território brasileiro ─ faz com que o Brasil seja um campeão de biodiversidade, encabeçando a lista dos países megadiversos. Além da questão biodiversidade, ressalta-se o fato de que residem na Amazônia Legal: (i) cerca de 56% da população indígena brasileira, ou seja, aproximadamente 250 mil pessoas, segundo o Siasi (Sistema de Informação da Atenção à Saúde Indígena); e (ii) 77 terras quilombolas já tituladas, o que representa 71% de todas as terras de quilombos já regularizadas no Brasil, com cerca de 630 mil hectares já titulados na Amazônia, onde vivem 144 comunidades1 . Essas situações, aliadas ao fato de que até dezembro de 2010 havia na Amazônia Legal 307 Unidades de Conservação, totalizando 1.174.258 km2 (o que corresponde a 23,5% desse território), atraem uma centena de ONGs2 e tornaram a Amazônia uma vitrine mundial. 1 As comunidades com terras regularizadas, no entanto, são ainda a minoria. Para ser ter uma ideia, na Amazônia Legal temos mais de 400 comunidades com processo para titulação de suas terras tramitando no Incra. (fonte: Fórum Amazônia Sustentável) 2 Declarações de diversos seguimentos nacionais divergem na quantidade de ONGs atuantes na Amazônia Legal, Exército, o estado do Amazonas, Governo Federal e a própria Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais não chegam a um consenso sobre o número delas. Estima-se de 27 a mais de 100 mil organizações, o que mostra uma disparidade muito grande entre os recenseamentos. 44 Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 OPINION The environmental challenges in the expansion of the Brazilian electric energy sector Translation: Joana Sawaya de Almeida Arquivo Pessoal The Brazilian electric sector needs growth of five to six thousand megawatts per year in the next ten years according to the 10-Year Energy Plan (PDE), elaborated by the Energy Research Center (EPE). This means building power plants the size of Itaipu every two years. It is interesting to note that this type of growth occurs despite our little GDP, which is reluctant to grow. Evidently, IF there were a reversal to this expectation, the plans would have to be revised and the need for new energy growth would increase. The challenge is great. Our engineering in the area of electric energy is known worldwide and the world provides a stock of capital in order to lead this volume of works, but some regulatory challenges in the electric sector still need to be calculated for investors to remain secure in investing in the country. Brazil, along with the other BRIC countries, is showing itself more and more attractive to capitals. So, what’s missing? What is the biggest challenge? The answer is simple: without a shadow of a doubt, the environmental issue needs to be addressed. In the following paper we will present our vision of the main aspects involved in the environmental issue and the respective challenges, without exhausting the subject: will represent 65% of the Brazilian energy matrix, showing the current and future national vocation for hydropower. FIG. 2: Geographic distribution of Brazilian Hydropower potential 1. Hydroelectricity, a great national vocation There is no doubt that hydropower is and will continue to be a great national vocation for the generation of electric energy. Brazil has a hydroelectric potential of nearly 250 thousand megawatts, according to Figure 1. FIG. 1: Brazilian Hydropower Potential Of the total of this potential, half, 124 thousand megawatts, still has not been explored. Of these, about 60%, or in other words, more than 80 thousand megawatts, are found in the northern region, according to Figure 2, which characterizes this region as the current Brazilian energy frontier. Yet, according to the TYP, we see that in Figure 3, in 2012 the hydropower plants represent around 72% of the installed capacity of the country. The forecast is that in 2021 this source FIG. 3: Installed capacity in the Interconnected System (INS), 2011, 2021 The northern region, where the largest tropical rainforest in the world is found, The Amazon Rainforest, covers the states of Acre, Amazonas, Amapá, Maranhão, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima and Tocantins, composing the Legal Amazon and corresponds to about 60% of the Brazilian territory. This makes Brazil the champion in biodiversity, leading the list of mega diverse countries. Aside from the biodiversity issue, it is worth noting those who reside in the Legal Amazon: (i) about 56% of the Brazilian indigenous population, i.e. 250 thousand people, according to Siasi (Information System of the Attention to Indigenous Health); and (ii) 77 titled quilombola lands that represent 71% of all the regulated quilombola lands in Brazil, with about 630 thousand titled acres in the Amazon, where 144 communities live1. These situations, allied with the fact that by December 2010 there were 307 Conservation Units in the Legal Amazon, totaling 1,174,258 km2 (which corresponds to 23.4% of this territory) attracts hundreds of NGOs2 and make the Amazons a global showcase. 1 Communities with regulated lands, although they are still the minority. For example, in the Legal Amazon there are more than 400 communities in the process of titling of their lands being handled at Incra. (Source: Sustainable Amazon Forum) 2 Declarations of various national segments vary in the number of NGOs acting in the Legal Amazon, Army, and Amazon State, Federal Government and even the Brazilian Association of Non-Governmental Organizations. Non-Governmental organizations do not reach consensus on the number of them. It is estimated that of 27 to over one. 45 OPINIÃO Desafio: Planejar, projetar e construir usinas hidrelétricas na região amazônica, atual fronteira energética brasileira, em harmonia com o meio ambiente, aproveitando o potencial energético dessa fonte e mantendo a vocação brasileira de possuir uma matriz elétrica predominantemente hidráulica. 2. O Brasil necessita de usinas hidrelétricas com reservatórios A importância dos reservatórios na humanidade não é recente. Na verdade, remonta o século 21 aC. Em 2.059 aC ─ chamado como o Ano do Tigre ─ nasceu em Sì Wénmìng, China, Yü chamado por muitos com o status lendário de Yu, o Grande. Ele foi o primeiro governante e fundador da Dinastia Xia. Ocasionalmente identificado como um dos “Três Augustus e os Cinco Imperadores”, ele é melhor lembrado por ter ensinado às pessoas técnicas de controle das cheias para domar os rios e lagos da China. Uma das suas obras de engenharia mais conhecidas foram as destinadas ao controle ─ com sucesso ─ das enchentes do rio Amarelo, que prejudicavam o crescimento econômico e social da região, motivo pelo qual virou Imperador. Como já citamos, a hidreletricidade é a vocação natural do Brasil, fonte energética com preços e custos altamente competitivos, conforme demonstrado na FIGURA 4. FIG. 4: Energia hidráulica x custo da energia Além do benefício do custo, os reservatórios das usinas hidrelétricas (UHEs) possibilitam: (i) usos múltiplos da água (abastecimento pesca, turismo, navegação, irrigação); (ii) regularização de vazões e controle de enchentes (eventos extremos); (iii) preservação das áreas do entorno; (iv) desenvolvimento sustentável da região em que se localizam; e (v) geração de créditos de carbono — recentemente, tivemos no Brasil um case mundial, devido ao porte do empreendimento, que foi o enquadramento, pela ONU, da UHE Jirau (3.300 MW) no Mecanismo de Desenvolvimento Limpo - MDL, fazendo jus, entre outras vantagens, à comercialização dos seus créditos de carbono no mercado internacional. Até a década de 1970, a implantação de hidrelétricas ocorreu, relativamente, à luz de menor grau de disciplinamento de uso e ocupação do espaço, como foi o caso das UHEs Balbina e Tucuruí. Na oportunidade foram implantados os grandes empreendimentos hidrelétricos que, além de contribuírem para o desenvolvimento 46 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 do País, caracterizaram-se por possuir, em sua maioria, reservatórios com capacidade de regularização. Posteriormente, as décadas de 1980 e 1990 são caracterizadas por um vazio de planejamento de hidrelétricas, o que é retomado a partir de 2000 em função de um ambiente econômico internacional favorável aos investimentos em infraestrutura, resultando no aumento da exploração do potencial hidrelétrico orientada, especialmente, como já mencionado, para a região Amazônica. Ocorre que a maioria das usinas hidrelétricas planejadas/ construídas após a década de 2000 são a fio d’água, ou seja, não possuem capacidade de regularização. O resultado dessa política foi a perda gradual da capacidade de regularização dos reservatórios, com os consequentes desdobramentos para a operação do sistema elétrico brasileiro, conforme podemos verificar na FIGURA 5, que relaciona energia armazenada e carga. Fica evidente a degradação da capacidade de suprimento da carga do setor elétrico brasileiro. FIG. 5: Capacidade de regularização dos reservatórios. Isso se dá devido à pressão de ONGs ambientalistas, Ministério Público e outras entidades que atuam no País. Ocorre que não se considera a questão holística, ou seja, toda energia que “se perde” em um aproveitamento hidrelétrico, devido a seu baixo fator de capacidade, necessita ser suprida de alguma forma, ou através de outras fontes (usualmente termelétricas) ou através de outras usinas hidrelétricas localizadas em bacias com hidraulicidade diversa. O fato é que a viabilização de usinas hidrelétricas a fio d’água impacta menos determinado em âmbito local, mas qual a consequência ambiental e energética para o País? Outro mito que envolve os reservatórios é a afirmação de que são grandes emissores de gases de efeito estufa (GEE), o que carece de comprovação científica. Existem no Brasil dois grandes centros de pesquisa — a Coppe/UFRJ, no Rio de Janeiro, e o Lactec, no Paraná — que estão debruçados sobre essa questão, efetuando medições e desenvolvendo metodologias para tal, uma vez que não existe normatização e consenso internacional no assunto. Segundo o relatório Renewable energy sources and climate change mitigation, publicado pelo Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC em 2011, não é possível provar que as hidrelétricas contribuem para o aumento do efeito estufa, pois as emissões de GEE apontadas por decomposição de matéria orgânica em sistemas de água doce naturais e artificiais podem estar superestimadas, sendo até possível que algumas hidrelétricas funcionem como sumidouros de GEE. A questão do impacto da área dos reservatórios também é bem interessante, se tomarmos como exemplo a UHE Belo Monte, com capacidade instalada de 11.233 MW e fator de capacidade 40,7%. Verificamos que Belo Monte necessitou desmatar uma área correspondente a três meses do desmatamento anual da região amazônica. A relação área alagada/potência da usina é 0,04 km²/MW, ao passo que a média nacional é 0,49 km²/MW. Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 Challenge: Plan, design and build hydropower plants in the Amazon region, the current Brazilian energy, in harmony with the environment, exploiting the energy potential of this source and maintaining the Brazilian vocation of having a predominantly hydraulic energy matrix. 2. Brazil needs hydropower plants with reservoirs The importance of reservoirs for humanity is nothing new. Actually, it dates back to the 21st century AC. In 2059 AC, called the Year of the Tiger, born in Sì Wénmìng, China, Yü, called by many with a legendary status as Yu, The Great. He was the first governor and founder of the Xia Dynasty. Occasionally identified as one of the “Three Augustus and the Five Emperors”, he is best remembered for teaching people techniques to control the floods to tame the rivers and lakes of China. One of his best-known engineering works was destined to successfully control the floods of the Yellow River, which had hindered the economic and social growth in the region, which is why he became emperor. As previously stated, hydropower is a natural vocation of Brazil, an energy source which has highly competitive prices and costs, as shown in Figure 4. FIG. 4: Hydraulic Energy x energy cost Aside from the cost benefit, hydropower plants’ (UHE) reservoirs allow: (i) multiple uses of water (fishing supply, tourism, navigation, irrigation); (ii) regulation of flows and flood control (extreme events); (iii) preservation of surrounding areas; (iv) sustainable development of the region found; (v) carbon credit generation, recently the was a world case in Brazil, due to the scale of the venture, which was the framework from the UN, of UHE Jirau (3,300 MW) in the Clean Development Mechanism (MDL) Until the 1970s the implantation of hydropower plants was relatively in light of a lesser degree of the discipline in the use and occupation of space, as was in the case of UHE Balbina and Tucuruí. With this opportunity, great hydropower ventures were implanted, which, aside from contributing to the development OPINION of the country, were characterized as having, in most cases, a reservoir with a regulating capacity. Thereafter, in the 1980s and 1990s, they were characterized by empty hydropower planning, which took footing again after 2000 due to an economic environment internationally favorable to investment in infrastructure. This resulted in the increase of exploitation of oriented hydropower potential, especially, as previously stated, in the Amazon region. It is seen that most hydropower plants that are planned or built after the 2000s, are river-of-the river, i.e., do not have a regulating capacity. The result of this policy was the gradual loss of regulating capacity of the reservoirs, with consequences for the operation of the Brazilian electric system, as shown in Figure 5, relating to the energy stored and charged. The degradation of the charge supply capacity of the electric energy sector is evident. FIG. 5: Regularisation capacity of reservoirs This is due to the pressure of environmental NGOs, Public Ministry and other entities that act in the country. It so happens that it is considered holistically, i.e., all of the energy that is “lost” in a hydropower venture, due to its low capacity factor, needs to be supplied in some way, or through other sources (usually thermoelectric) or through other hydropower plants located in basins with diverse hydraulicity. The fact is that the viability of river-of-the-river hydropower plants impacts less locally. But, what is the environmental and energetic consequence for the country? Another myth involving reservoirs is the affirmation that they are large emitters of Greenhouse Gases (GHG), which lacks scientific proof. There are two large research centers in Brazil, Coppe/UFRJ, in Rio de Janeiro and Lactec in Paraná, that are poring over this issue, taking measures and developing methodologies for such, since there is not any international consensus or norms on the subject. According to a report on Renewable energy sources and climate change mitigation, published by the Intergovernmental Panel on Climate Change - IPCC in 2011, it is not possible to prove that hydropower plants contribute to Greenhouse Gases since GHG emissions are identified by decomposition of organic material in natural and artificial freshwaters are overestimated, being even possible that some hydropower plants function as GHG sinks. The issue of the impact of reservoir areas is also very interesting IF we see UHE Belo Monte as an example, with an installed capacity of 11,233 MW and a capacity factor of 40.7%. It has been verified that UHE Monte Belo needed to deforest an area corresponding to three months of the annual deforestation in the Amazon region. The relationship between the flooded area and plant potential is of 0.04 km²/MW, while the national average is 0.49 km²/MW. 3 The geological structure present in the Amazon Rainforest comes from geological phenomena occurring over millions of years, which consolidates the formation of depressions and plains, predominantly characterized in practically all of the states that make up the Amazon. Amidst this information, according to the classification of geographer Jurandir Ross ─ member of the editorial counsel of the magazine Revista do Instituto Florestal (Forest Institute), of the magazine Revista Brasileira de Geomorfologia (Geomorphology), the advisory board of the Bulletin of Geography of the State University of Maringá and professor at the University of São Paulo, the state of Amazonas explicits the following relief variations: Depression of Western Amazon; Marginbal Depression of Northern Amazon; Marginal Depression of Southern Amazon; Residual Plateaus of Northern Amazon; the Plains of the Amazon River; and the Plateaus of Eastern Amazon. 4 Doctor of Hydrology, university professor, former president of Copel, Itaipu and Escelsa, former minister of Mines and Energy. 47 OPINIÃO Outra questão importante (mito?) é o fato de, por ser a região amazônica extramente plana3 , a construção de usinas hidrelétrica com reservatórios com capacidade de regularização ficaria impossibilitada. Segundo Francisco Gomide4, considerando-se que os reservatórios não precisam necessariamente estar localizados junto ao aproveitamento hidrelétrico ─ podem, por exemplo, se localizar junto às cabeceiras dos rios ─ há possibilidade sim de implantação de UHEs com reservatórios com capacidade de acumulação na Amazônia. Desafio: Avaliar, na etapa do planejamento, a possibilidade de dotar as novas usinas hidrelétricas a ser construídas no País de reservatórios com capacidade de regularização, em harmonia com o meio ambiente, possibilitando “firmar” energia de fontes intermitentes, como eólicas, biomassa e solar. 3. Mudanças climáticas e o setor elétrico brasileiro: o País mais realista que o rei! O Brasil, conforme podemos ver na FIGURA 6, possui uma das matrizes elétricas mais limpas do mundo ─ sendo composta de aproximadamente 86% de fontes renováveis, ao passo que a média mundial é de 18%. Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 pequeno decréscimo das fontes renováveis, caindo para 83% do total. Ressalte-se que o setor elétrico brasileiro é responsável por somente 1,5% do total de emissões de gás de efeito estufa no País. Diversos trabalhos comprovam que o sistema hidrotérmico é o que proporciona maior garantia de suprimento e também a operação mais econômica para o sistema. Conforme podemos ver no gráfico da FIGURA 7, até 2002 o sistema elétrico brasileiro era hídrico, com complementaridade térmica. Atualmente o sistema é hidrotérmico, ou seja, não é possível o suprimento de energia sem as usinas termelétricas. Para entendermos melhor a questão das mudanças climáticas no Brasil em relação ao setor elétrico brasileiro é importante recordarmos da cronologia das tratativas do tema: 1999: Foi instituída a Comissão Interministerial de Mudança do Clima – CIMGC Dez./2008: Aprovado o Plano Nacional sobre Mudança do Clima Dez./2009: Aprovada a Política Nacional sobre Mudança do Clima – PNMC (Lei nº 12.187), sancionada logo após a COP-15, em 29.12.2009, que estabelece redução entre 36,1 e 38,9% das emissões projetadas para 2020. 2010: Durante a COP 16, surgiram as Namas (Nationally Appropriate Mitigation Actions), que são ações nacionais que os países em desenvolvimento já possuem ou pretendem adotar para adaptação e mitigação das mudanças climáticas, o chamado Acordo de Copenhagen. 2010: Promulgado o Decreto nº 7.390, que regulamenta a Lei nº 12.187, determinando a redução de emissões para a área de energia de 6,1 a 7,7%, e dispondo que o Plano Decenal de Expansão de Energia - PDE integraria o PNMC. Com base na cronologia acima, fica evidente que: FIG. 6: Matriz elétrica Brasil X mundo FIG. 7: Composição do sistema elétrico brasileiro O Plano Nacional de Energia (PNE) 2030 indica que, no horizonte por ele compreendido, a matriz elétrica brasileira continuará sendo predominantemente renovável, com um i. a “dose de sacrifício” imposta ao país pela PNMC (redução de 36,1 a 38,9% das emissões 2020) parece ter sido excessiva, pois no Brasil, o setor elétrico, que é responsável por somente 1,5% das emissões de GEE, está arcando com 18,4% da meta do País; ii. o Decreto nº 7.390/2010, que regulamentou a PNMC, promulgado “no calor” da COP 16 e que estabeleceu reduções 6,1 a 7,7% de emissões para o setor de energia, carece de melhor avaliação política e técnica; iii. o setor elétrico brasileiro possui — e vai continuar possuindo em 2020, independente do já estabelecido no PNMC — uma das matrizes mais limpas do mundo, sendo portanto exagerado o sacrifício imposto ao País na questão das mudanças climáticas. Desafio: Fazer com que as usinas termelétricas voltem a participar de maneira estruturada do planejamento do setor elétrico, possibilitando que o Brasil mantenha sua vocação hídrica e um parque térmico adequado para o sistema hidrotérmico nacional. 3 A estrutura geológica presente na região da Floresta Amazônica é oriunda de fenômenos geológicos ocorridos ao longo de milhões de anos, que consolidaram a formação de depressões e planícies, características predominantes em praticamente todos os estados que fazem parte da Amazônia. Diante dessas informações, segundo a classificação do geógrafo Jurandir Ross ─ membro do conselho editorial da Revista do Instituto Florestal, da Revista Brasileira de Geomorfologia, do conselho consultivo do Boletim de Geografia da Universidade Estadual de Maringá e professor titular da Universidade de São Paulo ─, o Estado do Amazonas explicita as seguintes variações de relevo: Depressão da Amazônia Ocidental; Depressão Marginal Norte-Amazônica; Depressão Marginal Sul-Amazônica; Planaltos Residuais Norte-Amazônicos; Planícies do Rio Amazonas; e Planalto da Amazônia Oriental. 4 Doutor em Hidrologia, professor universitário, ex-presidente da Copel, Itaipu e Escelsa, ex-Ministro das Minas e Energia. 48 Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 Another important issue (myth) is the fact that, since the Amazon region is extreme flat3, the construction of hydropower plants with reservoir with a regulating capacity would be impossible. According to Francisco Gomide4, it should be considered that the reservoir do not need to be located by the hydropower plant necessarily. It could, for example, be located by the river heads, and so it is possible to implant UHEs with reservoirs with an accumulation capacity in the Amazon. Challenge: Evaluate, in the planning stage, the possibility of equipping the new hydropower plants to be built in the country with reservoirs with a regulating capacity, in harmony with the environment, making it possible to “firm” energy from imminent sources, such as wind, biomass and solar. 3. Climate changes and the Brazilian electric sector: the country more realistic than the king! As shown in Figure 6, Brazil has one of the cleanest matrixes in the world, composed of approximately 86% of renewable energy, while the world average is 18%. OPINION In order to better understand the issue on climate change in Brazil, in relation to the Brazilian electric sector, it is important to remember the negotiations on the subject: 1999: The Interminstral Commision of Climate Change CIMGC was created CIMGC. Dez./2008: The National Plano on Climate Change was approved. Dez./2009: The National Policy on Climate Change – PNMC (Law No. 12.187), sanctioned Just after COP-15, in 29/Dec/2009, that establishes the reduction between 36.1 and 38.9% of the emissions projected for 2020. 2010: During the COP 16, Namas (Nationally Appropriate Mitigation Actions) came to be, which are national actions, which the developing countries already have or intend to adopt in order to adapt and mitigate climate changes, known as the Copenhagen Act. 2010: Promulgated Decree No. 7390, which regulates Law No. 12,187, determining the reduction of emissions to energy area from 6.1 to 7.7%, and providing that the Ten Year Plan for Energy Expansion - PDE would integrate the NPCC. Based on the chronology above, it is evident that: FIG. 6: Matriz elétrica Brasil X mundo i.the “amount of sacrifice” imposed in the country by the PNMC (reduction of 36.1 to 38.9% of 2020 emissions) seems to have been excessive, since in Brazil the energy sector is responsible for only 1.5% of GHG emissions and is bearing 18.4% of the country’s goal; ii. Decree No. 7.390/2010, which regulated the NPCC, promulgated "in heat" of COP 16 and established reductions from 6.1 to 7.7% of emissions for the energy sector, lacking better policy and technical assessment; iii.the Brazilian electric sector has, and will continue to have one of the cleanest electric sectors in the world, regardless of the established in the PNMC, however exaggerated the sacrifice imposed in the country regarding the climate change issue. Challenge: Make it so thermoelectric plants go back to participating with structured planning of the electric sector, allowing Brazil to maintain its hydro vocation and a thermal park suitable for the national hydrothermal system. 4. Environmental Evaluation Issues FIG. 7: Composição do sistema elétrico brasileiro The National Energy Plan – NEP 2030 indicates that the Brazilian electric matrix will continue to be predominantly renewable, with a small decrease of renewable energy falling to 83% in total. It is worth noting that the Brazilian energy sector is responsible for only 1.5% of the total of greenhouse gas emissions in Brazil. Various works prove that the hydrometric system provides the most supply guarantee and also a more economic operation for the system. As shown in Figure 1, by 2003, the Brazilian electric sector was hydro, with thermal compliments. Currently, the system is hydrothermal, i.e., it is not possible to supply energy without thermoelectric plants. The grounds for the Environmental Evaluation Process was established in the United States of America in 1969, whetn the American Congress approved the National Environmental Policy of Act, known as NEPA. In Brazil, Law No. 6.938/1981 was the first legal provision related to environmental impact assessment (EIA), and was composed as an Instrument of National Environment Policy - NEP. Currently there is confusion among the environmental evaluations used as a planning tool (Environmental Evaluation Strategy - AAE, Integrated Environmental Evaluation - AAI) and Environmental evaluations used as a Environmental licensing tool (Environmental Impact Study and Environmental Impact Report, EIA/Rima, Environmental Control Report - RCA, Simplified Environmental Report - RAS, among others). 49 OPINIÃO 4. A questão das avaliações ambientais Os fundamentos do processo das Avaliações Ambientais foram estabelecidos nos Estados Unidos em 1969, quando o Congresso Americano aprovou a National Environmental Policy of Act, conhecida pela sigla NEPA. No Brasil, a Lei nº 6.938/1981 foi o primeiro dispositivo legal relacionado à Avaliação de Impactos Ambientais (AIA) e constou como Instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente – PNMA. Atualmente existe uma confusão entre avaliações ambientais utilizadas como instrumento de planejamento (Avaliação Ambiental Estratégica - AAE, Avaliação Ambiental Integrada - AAI) e avaliações Ambientais utilizadas como instrumento do licenciamento Ambiental (Estudos de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental - EIA/Rima, Relatório de Controle Ambiental - RCA, Relatório Ambiental Simplificado - RAS, entre outros). A incompreensão da diferenciação dos instrumentos de planejamento e de licenciamento traz consequências negativas para o desenvolvimento de empreendimentos de infraestrutura do setor elétrico, como é o caso da construção de UHEs no Mato Grosso do Sul, onde os Ministérios Públicos Federal e Estadual ingressaram com ação civil pública para suspender a construção de hidrelétricas nos rios do entorno do Pantanal até que seja feito um estudo único sobre o impacto cumulativo das obras. Segundo a ação, existem 126 empreendimentos instalados ou em curso na região e outros 23 projetos em fase de análise pelo órgão licenciador, num total de 149 empreendimentos. Nota-se na ação civil pública do Mato Grosso do Sul que o Ministério Público está exigindo um instrumento de planejamento para empreendimentos já instalados, em fase de instalação ou em licenciamento prévio, sendo que as iniciativas de AAE no Brasil não se revestem sequer de atendimento a uma exigência legal, como é o caso do EIA necessário para o licenciamento de obras ou atividades potencialmente causadoras de significativa degradação ambiental. Para a instituição da AAE no Brasil, é necessária uma base legal mínima que apoie e facilite sua implementação, determinando: (i) responsabilidades dos órgãos e das instituições encarregadas da formulação de política e do planejamento; (ii) instâncias e fontes de recurso para a realização dos estudos; (iii) instâncias encarregadas da revisão do processo, (iv) o papel dos órgãos e instituições de meio ambiente; e (v) os mecanismos de consulta aos grupos de interesse. Desafio: Prever no ordenamento jurídico a exigência das avaliações ambientais estratégicas para determinados planos e programas de governo que possam causar efeitos significativos ao meio ambiente, de forma que estas ocorram previamente ao licenciamento de projetos. 5. A intrincada questão indígena Como já mencionado, grande parte do potencial hidrelétrico inexplorado do Brasil está na Amazônia Legal. Ocorre que grande parte das terras indígenas também está nessa região, sendo que diversos projetos de usinas hidrelétricas e suas linhas de transmissão associadas interferem em terras indígenas5. São muitos os debates relacionados às questões indígenas no Brasil. A cronologia abaixo resume alguns dos principais pontos. 2008: Discussão sobre a PEC 188/2007 (Criação do território brasileiro indígena); Comissão Nacional de Política Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 Indigenista; e manifesto indígena em audiência com a Eletrobras. 2009: Decisão do Território Indígena Raposa Serra do Sol, onde ocorreram 19 recomendações do STF. 2011: Emissão da Portaria Interministerial nº 419/2011, que regulamenta a atuação dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal envolvidos no licenciamento ambiental. 2012: Emitida a Instrução Normativa Funai nº 01/2012, que estabelece os procedimentos para participação da entidade no processo de licenciamento. As civilizações indígenas vêm aprofundando suas relações com a sociedade e participando ativamente na dinâmica sociopolítica. Hoje os indígenas fundam entidades e associações, elaboram projetos (econômicos, educacionais e políticos), participam do mercado como produtores e consumidores, tornam-se eleitores políticos e, cada vez mais, ocupam cargos públicos. São ações manifestadas politicamente como “identidade étnica”. Em um evento realizado pelo Instituto Acende Brasil em 2012, Rogério Pateo6 citou que “As culturas não são imutáveis, elas são hoje fruto do processo de colonização e querendo ou não já sofreram influência, e mesmo os que nunca tiveram contato com o ‘homem branco’ não vivem da mesma maneira que viviam há 500 anos atrás. Levar o desenvolvimento aos índios não os descaracteriza como índios. Porém benefícios em forma de programas, como pesca, agricultura, piscicultura são melhores do que o aporte de recursos financeiros propriamente dito”. Neste cenário, o relacionamento com as questões indígenas vem sendo repensado. Entendemos que é necessária a adequação do ordenamento jurídico brasileiro e o consequente arcabouço normativo. Além do reconhecimento das questões indígenas, os empreendimentos, que já são caracterizados pelo interesse nacional, devem ser reconhecidos como de “relevante interesse público” da União – nos termos da Constituição. Uma questão importante a regulamentar é a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho – OIT, referente à oitiva sobre empreendimentos a serem implantados e que interfiram em terras indígenas. Nesse sentido, o objeto da consulta, de acordo com a fase da usina, deve ser bem evidente, com a definição: (i) da área inundada e consequente redução de parte do território indígena; (ii) dos impactos positivos e negativos provocados pela usina; e (iii) da repartição dos benefícios do empreendimento. Por outro lado, é importante ressaltar o que não devem ser objetos da consulta: (i) a decisão sobre a implantação do empreendimento; (ii) o arranjo de engenharia; (iii) a localização do empreendimento; e (iv) o prazo para execução da obra. Outros pontos a serem considerados sobre a consulta são: (a) o timing, ou seja, quando deve ser feita? desde os estudos de inventário? na Avaliação Ambiental Integrada? e (b) quantas consultas devem ser feitas, e em quais fases (estudo de inventário, estudo de viabilidade, leilão, projetos básico e executivo, construção e operação). Entendemos que a questão deve evoluir também no processo demarcatório das terras indígenas e nas medidas compensatórias, tanto financeiras como territoriais. Nesse sentido, os povos indígenas precisam concordar sobre os mecanismos para recebimento, com especificação clara da fonte dos recursos, da sua utilização e da distribuição (destinatários) dos benefícios. Isso, evidentemente, pode envolver o estabelecimento de uma estrutura institucional para administrar a implementação do acordo entre o empreendedor e a população indígena. Ressaltamos os projetos de UHE: Bem Querer; São Luiz do Tapajós; Marabá; São Simão Alto; São Simão Baixo; e Água Limpa. Rogério Pateo, Antropólogo, Doutor em Antropologia Social, Professor Universitário e membro do Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da USP. 5 6 50 Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 The misunderstanding of the difference of the planning and licensing tools brings with it negative consequences for the development of infrastructure ventures for the electric sector, as is the case of the construction of UHEs in Mato Grosso do Sul, where the Federal, State and Public Ministries entered with a public civil action to suspend the construction of hydropower plants on the rivers surrounding the Pantanal until a single study is done on the cumulative impact of the works. According to the action, there are 126 venture installed or under construction in the region, and another 23 projects being analyzed by the licensing agency, totaling 149 ventures. It is noted in the public civil action of Mato Grosso do Sul that the Public Ministry is demanding a planning instrument for installed ventures, in the installation or previous licensing phases, being that for the AAE initiatives in Brazil do not enduing any response to the legal demands, as in the case of the EIA needed for the licensing of the works or activities that are potentially causes of significant environmental degradation. For the AAE institution in Brazil, a minimum legal basis that supports and facilitates its implementation is needed, determining the following: (i) responsibilities of the agencies and institutions responsible for the formulation of policies and planning; (ii) instances and funding sources for performing studies; (iii) instances responsible for revising the process, (iv) the role of environmental agencies and institutions; and (v) the mechanisms for consulting the interest groups. Challenge: Foresee the legal requirements of the strategic environmental evaluations for certain plans and government programs that may cause significant effects to the environment in a way that occurs previous to project licensing. 5. The intricate indigenous issue As previously mentioned, a great part of unexploited hydropower potential in Brazil is in the Legal Amazon. It happens that a great part of indigenous lands is also in this region, so various hydropower plant projects and their associated transmission lines interfere with indigenous lands5. There are many debates related to indigenous issues in Brazil. The chronology below summarizes some main points. 2008: Discussion about PEC 188/2007 (Creation of Brazilian indigenous territory); National Commission of Indigenous Politics; indigenous protest while meeting with Eletrobras. 2009: Decision of Indigenous Territory Raposa Serra do Sol, where 19 STF recommendations occurred. 2011: Issue Interministerial Ordinance No. 419/2011, which regulates the activity of the organs and entities of the Federal Public Administration involved in the environmental licensing. 2012: Funai Normative Instruction No. 01/2012 establishing procedures for the entity's participation in the licensing process. The indigenous civilizations have been rooting their relationships with society and actively participating in sociopolitical dynamics. Today, the indigenous found entities and associations, elaborate projects (economic, educational and political), participate in the market as producers and consumers, have become po- OPINION litical voters and have increasingly occupied public office positions. These are actions politically manifested as an “ethnic identity”. In an event held by the Acende Brazil Institute in 2012, Rogério Pateo6 stated that “Cultures are not immutable. Today they are the fruit of the colonization process and, regardless, have suffered from influence, and even those who have never had contact with the “white man” do not live the same way that they did 500 years ago. Bringing developments to the Indians does not decharacterize them as Indians. However, benefits in the form of programs, such as fishing, agricultures and fish farming are better than financial resource contributions alone”. In this scenario, the relationship with the indigenous issues has been reconsidered. We believe that there is a need for adequacy of the Brazilian legal system and consequently the normative framework. Aside from acknowledging the indigenous issues, the ventures, which are already characterized by national interest, should be recognized as relevant public interest of the Union, in the terms of the Constitution. One important issue to be regulated is about Convention 169 of the International Work Organization – OIT, referring to hearsay on ventures to be implanted and that interfere with indigenous lands. In this sense, the object to be consulted, according to the plant’s phase, should be clearly evident, with the following definition: (i) the flooded area and consequent reduction in parts of indigenous lands (ii) the positive and negative impacts caused by the plant (iii) the share of benefits of the venture;. However, it is important point out that the following should not be consulting objects: (i) the decision on venture implantation (ii) the engineering setup; (iii) the venture location; and (iv) the execution deadline for the work. Other points to be considered are: (a) timing, in other words, when should it be done? from the inventory studies? during the Integrated Environmental Evaluation? and, (b) how many consultations should be done, and in which phases (inventory study, viability study, auction, basic and executive design, construction and operation). It is understood that the issue should also evolve the demarcation process of the indigenous lands and in compensating measures, be it financial or territorial. In this sense, the indigenous peoples need to agree on receipt mechanisms, clearly specifying the funding source, its use and distribution (recipients) of the benefits. This can evidently involve the establishment of an institutional structure to administrate the implementation of the agreement between the entrepreneur and the indigenous population. Challenge: Regulate the Federal Constitution in relation to the exploitation of water resources in indigenous lands, with the authorization of the National Congress for the distribution of benefits, as well as regulate Convention 169 of the OIT in reference to hearings from impacted community hearings. With specific regard to environmental licensing, various factors have contributed to the lack of predictability of deadlines and costs. A public hearing has recently taken place on August 8th, 2013, at the Commission of Mines and Energy of the House of Representatives. The hearing was fruit of an institutional meeting of the Electric Sector of the Environmental Forum (FMASE), with the participation of the commission president, Some highlighted UHE projects: Bem Querer; São Luiz do Tapajós; Marabá; São Simão Alto; São Simão Baixo; and Água Limpa. Rogério Pateo, Anthropologist, PhD. in Social Anthropology, University Professor and member of the Indigenous History and Indigenism Nucleus at USP. 1 2 51 OPINIÃO Desafio: Regulamentar a Constituição Federal no que tange à exploração dos recursos hídricos em terras indígenas, mediante autorização do Congresso Nacional, à repartição dos benefícios, bem como regulamentar a Convenção 169 da OIT referente à oitiva das comunidades impactadas. No que se refere especificamente ao licenciamento ambiental, diversos fatores tem contribuído para que não ocorra com previsibilidade de prazos e custos. Recente audiência pública sobre licenciamento ambiental foi realizada em 14.08.2013, na Comissão de Minas e Energia da Câmara dos Deputados. A audiência foi fruto de uma reunião institucional do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico (FMASE), com participação do Presidente da comissão, Deputado Eduardo da Fonte, MME, Aneel, Ibama, Iphan, Funai e FMASE. Nela, os órgãos governamentais do setor elétrico (MME e Aneel) não apresentaram muitas contribuições sobre os entraves do licenciamento ambiental, porém o Ibama manifestou interesse em tornar o processo de licenciamento mais eficiente, para o quê manifestou ter aumentado bastante seu quadro de analistas, e sugeriu que fossem estabelecidos modelos de termos de referência por tipologia do empreendimento. Além disso, ressaltou que, embora a discussão sobre a matriz elétrica não caiba ao licenciamento ambiental, os órgãos ambientais poderiam estar mais próximos nas discussões prévias sobre o assunto, facilitando o processo de liberação de licenças. Na audiência, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional - Iphan informou que atua nos licenciamentos do setor elétrico em função da Lei nº 3.964/1961, que tornou compulsório o reconhecimento dos itens arqueológicos.Segundo a entidade, o órgão está trabalhando junto ao Ministério de Meio Ambiente na reformulação da Portaria Interministerial nº 419/2011, que regulamenta a atuação dos órgãos e entidades da Administração Pública Federal envolvidos no licenciamento ambiental, citando que deverá ser elaborada uma instrução normativa com o objetivo de tornar o processo de licenciamento mais célere. Segundo o representante do Iphan, o principal entrave do órgão hoje é a falta de analistas (há apenas 38 para atender os licenciamentos no Brasil). Para sanar a situação, solicitou que o Congresso aprovasse um projeto de lei em tramitação há alguns anos, que permite novas contratações. O representante da Funai manifestou ter o mesmo problema de falta de pessoal e reconheceu que há entraves na interlocução do próprio órgão junto às lideranças indígenas. 52 Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 Os agentes do setor elétrico foram representados pelo FMASE, que traçou um panorama do setor elétrico hoje, detalhando os principais entraves para o licenciamento ambiental dos empreendimentos do setor: (i) falta de quadro de pessoal do Iphan e da Funai; (ii) responsabilização criminal do analista responsável por liberar as licenças ambientais; (iii) ausência de regulamentação; (iv) não cumprimento de prazos; (v) falta de padrão dos termos de referência. Com base nestas observações, foram sugeridas pelo FMASE algumas ações que poderiam tornar o processo de licenciamento mais eficiente, entre as quais: (a) elaborar de padrão para os TRs, por tipologia; (b) norma única para aplicabilidade de estudos ambientais; (c) regulamentação de audiências e consultas públicas; (d) renovação automática das Licenças de Operação (LOs); e (e) estabelecimento dos prazos de licenciamento em lei. Os desafios ao desenvolvimento de obras de infraestrutura no setor elétrico devidos à questão ambiental são muitos. Como se pode observar, ideias e propostas de solução também são inúmeras. Resta saber se os desafios serão superados e se o Brasil poderá contar com a energia elétrica necessária ao crescimento e desenvolvimento do País, afortunadamente, promissores. * Adriana Coli Pedreira é sócia do Setor ambiental do Escritório Siqueira Castro Advogados no Rio de Janeiro e assessora técnico-jurídica do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico – FMASE; e Luiz Fernando Leone Vianna é Presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica - Apine e vice-coordenador do FMASE Hidro&Hydro - PCH Notícias & SHP News | ISSN 1676-0220 Deputy Eduardo da Fonte, MME, Aneel, Ibama, Iphan, Funai and FMASE. At the meeting, the governmental agencies of the electric sector (MME and Aneel) did not present many contributions on the problems with environmental licensing, however Ibama manifested interest in making the licensing process more efficient for greatly increasing its staff of analysts. He also suggested there be established models for reference terms of typology of the venture. Aside from this, he highlighted that, although the discussion about the electric matrix was not fit for environmental licensing, the environmental agencies could be closer to previous discussions on the subject, facilitating the granting process of licensing. At the hearing, the National Institute of Historic and Artistic Heritage – Iphan informed that it acts in the electric sector licensing process according to Law No. 3.964/1961, which made the recognition of archeological items compulsory. According to the entity, the agency is working along with the Environmental Ministry to reform Interministrial Ordinance No. 419/2011, which regulates the participation of agencies and entities of the Federal Public Administration involved in the environmental licensing process, stating that the instructive normative should be elaborated with the objective of making the licensing process quicker. According to the Iphan representative, the biggest problem is that the agency lacks analysts (there are only 38 to provide licensing in Brazil). To remedy the situation, he requested that Congress pass a bill in progress for some years, permitting new hires. OPINION The Funai representative manifested that he has the same problem of the lack of personnel and acknowledged that there are obstacles in a dialogue with the agency and indigenous leaders. The agents of the electric sector were represented by FMASE, which drew a picture of the electric sector today, detailing the main obstacles in environmental licensing of sector ventures? (i) lack of staff in Iphan and Funai; (ii) criminal accountability of the analyst responsible for granting environmental licensing (iii) lack of regulation; (iv) failure to comply with deadlines; (v) lack of standards of reference terms. Based on these observations, FMASE suggested some actions that could make the licensing process more efficient: (a) elaborate Standards for TRs by typology; (b) a single norm for the applicability of environmental studies (c) regulation of public hearings and consult; (d) Automatic renovation of Operation Licenses (OLs); and (e) the establishment of licensing deadline by law. The challenges in developing the infrastructure of the electric sector due to environmental issues are great. As can be observed, ideas and proposals to resolve these issues are also vast in numbers. The question is whether or not the challenges will be overcome and IF Brazil will be able to count on the electric energy needed for the country’s development, which are promising, fortunately. *Adriana Coli Pedreira is a member of the Environmental sector of the Offices of Siqueira Castro Advogados in Rio de Janeiro and technical legal-advisor of the Electric Energy Environmental Forum – FMASE; Luiz Fernando Leone Vianna is the President of the Brazilian Association of Administration Counsel of Independent Electric Energy Produces and vice-coordinator of FMASE. 53 AGENDA/SCHEDULE Hidro&Hydro: PCH Notícias & SHP News, 57 (2), Abr,jun/2013 Eventos em Junho eventos em Setembro Dia 13 e 14 – SEMEAR: Seminário de Meio Ambiente e Recursos Energéticos Local: Universidade Federal de Itajubá – UNIFEI/EXCEN Site: www.cerpch.unifei.edu.br/semear Dia 24 a 26 – Hydro Vision Brasil Local: Transamercia Exp Center – São Paulo / SP. Site: www.hydrovisionbrasil.com/en/index.html Dia 5 e 8 – Construction Expo 2013 Local: São Paulo Site: www.constructionexpo.com.br/ eventos em Julho Dia 17 a 19 – EnerSolar + Brasil Local: Centro de Exposições Imigrantes – São Paulo/ SP. Site: www.feiraecoenergy.com.br/ Dia 17 a 19 – Ecoenergy 2013 Local: São Paulo Site: www.feiraecoenergy.com.br/ Dia 3 a 5 – Brasil Windpower Local: Centro de Convenções Sulamerica – Rio de Janeiro/RJ Site: www.brazilwindpower.org/pt/home.asp eventos em Outubro Dia 17 – 4° Workshop de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Site: planejabrasil.wordpress.com/proximo-evento/ Dia 13 a 16 – XXII Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica Local: Brasília - DF Site: www.xxiisnptee.com.br eventos em Agosto Dia 29; 30 e 31 – IAHR Local: UNICAMP – Campinas / SP. Site: www.latiniahr.org/meeting/ Dia 20 e 23 – Seminário de Energia & Utilidades Local: Curitiba /PR. Site: www.abmbrasil.com.br/seminarios/energiaeutilidades eventos em Novembro Dia 20 e 23 – FENASUCRO – 21° Feira Internacional de Tecnologia Suco energética Local: Curitiba /PR. Site: www.fenasucro.com.br/ ° Semana de Engenharia Nuclear Dia 26 a 30 – 3 Local: Auditório da COPPE, CT2 - UFRJ Site: www.aben.com.br/eventos ° Seminário Nacional de Tecnologia de Soldagem Dia 28 a 29 – 3 Site: http://planejabrasil.wordpress.com/proximo-evento/ Dia 30, 31 e 1 – XI Conferência de Centrais Hidrelétricas – Mercado e Meio Ambiente Local: FECOMÉRCIO – São Paulo/SP Site: www.centraishidreletricas.com.br 54 4º CBGE – CONGRESSO BRASILEIRO DE GEOLOGIA Dia 3 a 8 – 1 DE ENGENHARIA E AMBIENTAL Local: Dependências do CPRM - Serviço Geológico do Brasil - Rio de Janeiro, RJ. Site: www.acquacon.com.br/14cbge/ Dia 5 a 7 – XV FIMAI / SEMAI - Feira Internacional de Meio Ambiente e Sustentabilidade Local: EXPO Center Norte – Pavilhão Azul / São Paulo - SP. Site: www.fimai.com.br/ Dia 17 a 22 – XX Simpósio Brasileiro De Recursos Hídricos Local: Bento Gonçalves-RS. Site: www.abrh.org.br/SGCv3/index.php Dia 27 a 28 – 2° ENESAN – Encontro Técnico de engenharia Sanitária e Ambiental Site: http://planejabrasil.wordpress.com/proximo-evento/ Juntos, nós podemos transformar ideias inovadoras em energia limpa. Através do constante investimento em pesquisas e da persistência no desenvolvimento de novas soluções, a Parker tem o compromisso com seus clientes de prover as melhores e mais eficientes maneiras de viabilizar ideias e projetos. Para nós, inovar é gerar mais energia com menos recursos, é proporcionar melhores resultados de maneira sustentável e estar sempre à frente; com você. [email protected] www.parker.com.br