condicionamento acústico para a igreja católica do bairro século xx
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condicionamento acústico para a igreja católica do bairro século xx
1 UNIVERSIDADE DE CAXIAS DO SUL CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO CONDICIONAMENTO ACÚSTICO PARA A IGREJA CATÓLICA DO BAIRRO SÉCULO XX Leandro Daniel Girardi Caxias do Sul Junho 2010 2 LEANDRO DANIEL GIRARDI CONDICIONAMENTO ACÚSTICO PARA A IGREJA CATÓLICA DO BAIRRO SÉCULO XX Trabalho apresentado como parte dos requisitos para aprovação na disciplina de Laboratório de Arquitetura e Urbanismo. Orientador: Arqº Ms. Carlos Eduardo Mesquita Pedone Campo de Estágio: Royal Arquitetura Supervisor: Arqª Dra. Maria Fernanda de Oliveira Nunes Caxias do Sul Junho 2010 3 4 Aos meus pais Danilo e Tereza e esposa Fabiana. 5 AGRADECIMENTOS À Royal Arquitetura, pela oportunidade de realização deste trabalho. Ao orientador, arquiteto e professor Carlos Eduardo Mesquita Pedone pela conduta e apoio. Estendendo o agradecimento à equipe do escritório, Arquiteta Daniela Fastofski e acadêmico de arquitetura Rafael Giacomin. À supervisora, arquiteta e professora Maria Fernanda de Oliveira Nunes, pela conduta e incentivo. Ao Padre Jorge pelo depoimento e apoio. Aos colegas, que vieram a contribuir para a realização deste trabalho. 6 RESUMO Este trabalho trata do condicionamento acústico interno em um projeto de uma igreja católica em Caxias do Sul, baseado em simulações computacionais para a escolha dos materiais e dispositivos mais adequados para garantir a qualidade sonora na nave central. O trabalho está inicialmente estruturado em uma breve revisão bibliográfica dos conceitos acústicos diretamente relacionados ao condicionamento de recintos internos. Partindo em seguida para estudos de casos em ambientes de igrejas e do uso de software de simulação acústica CattAcoustics. Por fim, há uma descrição do objeto de estudo, bem como a modelagem do mesmo no software escolhido e posteriores simulações e análises dos resultados obtidos em função da alteração dos materiais de revestimento interno e na geometria original. Os resultados obtidos nas simulações deste trabalho mostram a necessidade de pequenas intervenções para que a igreja analisada possa melhorar o desempenho em qualidade acústica. Palavras-chave: acústica; condicionamento acústico; acústica de igrejas. 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1: Os diferentes setores dos estudos acústicos. Adaptado de R.B. Linday ...................16 Figura 2: Analogia da Reflexão do Som com: a) Jogada de sinuca b) Projeção da luz de uma lanterna .....................................................................................................................................18 Figura 3: a) Superfície Plana b) Superfície Côncava c) Superfície Convexas .........................18 Figura 4: Como evitar o efeito flutter echo ..............................................................................19 Figura 5: Caminho do som no diversos recintos ......................................................................19 Figura 6: Tempo Ótimo de Reverberação ................................................................................21 Figura 7: Gráfico para obtenção dos tempos de reverberação recomendado para outras freqüências, com porcentagem do TR em 500 Hz obtido da Figura 6. ....................................21 Figura 8: Absorção, Transmissão e Reflexão do som ..............................................................23 Figura 9: Difração de um som agudo .......................................................................................24 Figura 10: Crescimento e decaimento sonoro em recintos com indicação do tempo de reverberação, T60 .....................................................................................................................25 Figura 11: Variação do RT60 com freqüência “coloração” .....................................................26 Figura 12: Coeficiente dos materiais de absorção sonora ........................................................29 Figura 13: a) painel nas paredes Laterais b) Reboco removido para embutir painel ...............33 Figura 14: Gráfico comparativo entre TR calculado no Ecotect e TR ótimo 500 Hz ..............36 Figura 15: Gráfico de TR decorrentes do dispositivo de madeira, do estouro de balões e do cálculo.......................................................................................................................................37 Figura 16: Planta baixa da igreja CSFA com as posições de medição e fonte sonora .............42 Figura 17: Definição (D-50) média por freqüência e posição. .................................................43 Figura 18: Clareza (C-80) média por freqüência e posição......................................................43 Figura 19: EDT médio por frequência e posição.....................................................................44 Figura 20: TR médio por freqüência e posição ........................................................................44 Figura 21: a) Tempo de Reverberação Medido, EDT b) Tempo de Reverberação Medido, T20 c) Tempo de Reverberação Medido, T30 d)Gráfico de Índice Alcons e Inteligibilidade da Fala ..................................................................................................................................................46 Figura 22: Modelos geométricos com valores mapeados e relacionados à escala de cores Resultados do Teatro Alfa ........................................................................................................48 Figura 23: Situação...................................................................................................................50 Figura 24: a) Localização b) Foto do terreno ...........................................................................51 Figura 25: Concepção Arquitetônica a) pavimento inferior b) pavimento térreo ....................51 Figura 26: Perspectiva (Teste) a) Vista Sudeste b) Vista Noroeste..........................................52 Figura 27: Planta Subsolo.........................................................................................................52 8 Figura 28: Planta Térrea ...........................................................................................................53 Figura 29: Cortes ......................................................................................................................53 Figura 30: Fachadas..................................................................................................................54 Figura 31: Perspectiva Interna a) vista do altar b) vista da entrada noroeste ...........................54 Figura 32: Modelo de Plataforma do software CATT-Acoustic versão demo 8.0...................57 Figura 33: a) Ruído Branco b) Ruído Rosa ..............................................................................59 Figura 34: Modelagem do Projeto Original - a) lateral b) Planta Baixa c) modelo tridimensional ...........................................................................................................................62 Figura 35: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring)........................................62 Figura 36: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) ..................63 Figura 37: Modelagem da Proposta 1a - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional ..................................................................................................................................................63 Figura 38: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring)........................................64 Figura 39: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) ..................64 Figura 40: Modelagem da Proposta 1b - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional ..................................................................................................................................................65 Figura 41: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring)........................................66 Figura 42: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) ..................66 Figura 43: Modelagem da Proposta 2 - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional 67 Figura 44: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring)........................................67 Figura 45: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) ..................68 Figura 46: Modelagem da Proposta 3 - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional 69 Figura 47: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring)........................................69 Figura 48: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) ..................70 Figura 49: Modelagem da Proposta 4a - a) lateral b) Planta Baixa c) modelo tridimensional.71 Figura 50: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring)........................................71 Figura 51: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) ..................71 Figura 52: Modelagem da Proposta 4b - a) lateral b) Planta Baixa c) modelo tridimensional 72 Figura 53: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring)........................................73 Figura 54: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) ..................73 Figura 55: Comparação Numérica - RaSTI entre as propostas a) Original, b) Proposta 1a, c) Proposta 1b, d) Proposta 2, e) Proposta 3, f) Proposta 4a, g) Proposta 4b ...........................74 Figura 56: Comparação Gráfica - RaSTI entre as propostas: a) Original, b) Proposta 1a, c) Proposta 1b, d) Proposta 2, e) Proposta 3, f) Proposta 4a, g) Proposta 4b ...........................75 Figura 57: Comparação D-50 entre as propostas......................................................................76 9 Figura 58: Comparação C-80 entre as propostas......................................................................76 Figura 59: Comparação EDT entre as propostas ......................................................................77 Figura 60: Comparação SPL entre as propostas.......................................................................77 Figura 61: Localização em planta baixa dos pontos de receptor e fonte sonora ......................78 Figura 62: Comparação RaSTI entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b .......................................................................................................................79 Figura 63: Comparação STI entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b...........................................................................................................................79 Figura 64: Comparação D-50 entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b...........................................................................................................................80 Figura 65: Comparação C-80 entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b...........................................................................................................................80 Figura 66: Comparação EDT entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b...........................................................................................................................81 Figura 67: Comparação SPL entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b...........................................................................................................................81 Figura 68: Analise do comportamento do som – vista Lateral.................................................82 Figura 69: Analise do comportamento do som – vista Tridimensional....................................83 Figura 70: Analise do comportamento do som – vista Topo....................................................84 Figura 71: Coeficientes de absorção do produto painel parede – Idealtec Perfurado – T32 ø8 – LR 2,5 cm .................................................................................................................................96 Figura 72: Coeficientes de absorção do produto forro – Sonex illtec Plano 20 mm................96 10 LISTA DE QUADROS Quadro 1: Relação Per capita em função do tipo de recinto ....................................................20 Quadro 2: Valores obtidos no AURORA x critérios de qualidade...........................................32 Quadro 3: Valores obtidos no CATT-ACOUSTICS x critérios de qualidade .........................32 Quadro 4: Tempo de reverberação ótimo corrigido** por templo de acordo com a freqüência ..................................................................................................................................................41 Quadro 5: Parâmetros arquitetônicos das Igrejas avaliadas .....................................................42 Quadro 6: STI médio e Ruído de fundos das igrejas avaliadas ................................................42 Quadro 7: Relação dos materiais utilizados nas simulações e seus respectivos coeficientes de absorção e bibliografia..............................................................................................................60 Quadro 8: Resumo das propostas com suas áreas de superfície e volumes .............................61 Quadro 9: Valores recomendados para a inteligibilidade da fala.............................................74 Quadro 10: Resumo das Propostas ...........................................................................................78 11 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO.....................................................................................................................13 1.1 Justificativa.....................................................................................................................13 1.2 Problema de Pesquisa .....................................................................................................13 1.3 Objetivos.........................................................................................................................13 1.3.1 Objetivo Geral .........................................................................................................14 1.3.2 Objetivo Específico .................................................................................................14 1.4 Estrutura do Trabalho .....................................................................................................14 2 ACÚSTICA EM AMBIENTES INTERNOS .......................................................................16 2.1 Geometria dos Recintos..................................................................................................17 2.2 Parâmetros e Grandezas .................................................................................................20 2.2.1 Grandezas ................................................................................................................22 2.2.2 Parâmetros ...............................................................................................................24 2.3 Materiais para Condicionamento Acústico.....................................................................28 2.4 Apresentação de Casos ...................................................................................................30 2.4.1 Igreja da Paz em São Paulo .....................................................................................30 2.4.2 Catedral Metropolitana de Porto Alegre..................................................................32 2.4.3 Complexo da Pampulha em Belo Horizonte ...........................................................34 2.4.4 Basílica Nossa Senhora Medianeira de Santa Maria ...............................................36 2.4.5 Templos Religiosos de Maceió................................................................................39 2.4.6 Igrejas Barrocas de Ouro Preto................................................................................41 2.4.7 Igrejas do Século XIX de Porto Alegre ...................................................................45 2.4.8 Análise do Programa de Simulação Acústica de Teatros de São Paulo ..................47 3 MÉTODOS E RESULTADOS .............................................................................................50 3.1 Objeto de Estudo ............................................................................................................50 3.2 Simulação Computacional..............................................................................................55 3.2.1 Processo de Simulação Computacional...................................................................56 3.2.2 Modelagem do Objeto de Estudo ............................................................................58 3.2.3 Características das fontes sonoras ...........................................................................59 3.3 Apresentação das Propostas............................................................................................59 3.3.1 Projeto original do escritório ...................................................................................61 3.3.2 Proposta 1a ..............................................................................................................63 12 3.3.3 Proposta 1b ..............................................................................................................64 3.3.4 Proposta 2 ................................................................................................................66 3.3.5 Proposta 3 ................................................................................................................68 3.3.6 Proposta 4a ..............................................................................................................70 3.3.7 Proposta 4b ..............................................................................................................72 3.4 Análise comparativa entre as propostas .........................................................................73 3.5 Sínteses das Análises ......................................................................................................81 3.5.1 Análise do comportamento das partículas de som no recinto .................................82 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................85 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................................87 APÊNDICE A ..........................................................................................................................89 ANEXO A ................................................................................................................................95 13 1 INTRODUÇÃO As igrejas são locais de meditação. Em todos os tempos o homem busca o contato com um poder divino. Essa busca se faz através de um elemento simbólico ou um local especial, como já se fez no passado, junto de uma montanha, caverna, vales, sob uma grande árvore ou simplesmente junto a uma grande pedra. Esse cenário contribui para que as pessoas se coloquem em uma disposição receptiva para perceber o contato com o divino. (CAAS, 2005) 1.1 Justificativa As igrejas são edificações significativas na sociedade, sendo importante que sejam adequadamente analisados os dispositivos ou soluções mais apropriados para promover a melhor inteligibilidade da comunicação no seu interior. Nos templos católicos, objeto específico deste trabalho existe a crença de que a divindade se faz presente pela reunião dos fiéis e pela força da Palavra – na forma de cânticos e leitura das escrituras sagradas (CAAS, 2005). De acordo com (BARBO et all, 2008), as exigências quanto às qualidades acústicas em ambientes de igreja abrangem a combinação de parâmetros relacionados diretamente à fala e à música. O escritório Royal Arquitetura possui um projeto arquitetônico de um templo religioso, a nova Igreja Católica Filantrópica localizada no bairro Século XX, em Caxias do Sul. Visando contribuir com projeto do escritório, este trabalho propõe um estudo técnico de condicionamento acústico através de simulação computacional específica para este caso, de forma a atender as necessidades ambientais da igreja, tendo como foco principal a acústica de igrejas. 1.2 Problema de Pesquisa Quais alterações no revestimento interno e/ou na geometria mais adequados para a maximização da qualidade sonora do interior da igreja? Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 1.3 Objetivos 14 Os estudos a respeito da qualificação acústica desenvolvidos neste trabalho proporcionarão uma grande oportunidade de se adquirir conhecimentos e exercitá-los. Sendo áreas que buscam o benefício do ser humano através da diminuição dos problemas de saúde física e psico-emocional, além da melhoria do desempenho de audição nos ambientes, seu domínio é primordial para o bom desenvolvimento de projetos. 1.3.1 Objetivo Geral Este trabalho vem a contribuir com o projeto original na forma de proposição de vários cenários para a obtenção das condições mais adequadas a inteligibilidade da fala através do controle do tempo de reverberação. 1.3.2 Objetivo Específico O objetivo específico deste trabalho é caracterizar o objeto de estudo segundo os dados físicos do ambiente da nave central da igreja e apresentar propostas para a escolha dos melhores materiais de revestimentos de acústica e elementos arquitetônicos, baseados nos resultados obtidos nas simulações apresentadas. 1.4 Estrutura do Trabalho Para a estruturação deste trabalho no capítulo 2, inicialmente será realizada a revisão bibliográfica, abordando os principais elementos relacionados à acústica em ambientes internos buscando referência nas questões sobre as igrejas, objeto deste estudo. Também, serão revisados de forma breve, os fatores cruciais para o bom condicionamento acústico, analisando informações referentes às características físicas mais importantes a serem consideradas. Logo após, serão relacionadas as principais grandezas e parâmetros necessários ao processo de análise como um todo, assim como uma breve conceituação a respeito dos materiais acústicos. A partir das informações até então levantadas, serão apresentados ainda Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 15 neste capítulo, diversos estudos de caso de recintos de igrejas ou similares, onde vários autores demonstram diretamente as aplicações utilizadas em seus trabalhos. No capítulo 3, este trabalho tratará diretamente dos métodos utilizados e os resultados obtidos. Inicialmente, o objeto de estudo será caracterizado, demonstrando as diretrizes conceituais de composição arquitetônica adotadas para a igreja em estudo. Na seqüência, será apresentada a metodologia aplicada para o trabalho, tratando diretamente do processo de uso do software escolhido, considerando suas limitações e formas de inserção dos dados. A partir deste momento, o trabalho apresentará os resultados obtidos nas simulações da igreja, analisando o comportamento apresentado pelo projeto original e posteriormente, serão apresentadas as propostas baseadas na alteração de materiais, alteração de superfícies e alterações de volume. Por fim, no capítulo 4 serão indicadas recomendações para servir de suporte as decisões do autor, sugerindo algumas intervenções no projeto para contribuir com o desempenho do condicionamento acústico da referida igreja. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 2 ACÚSTICA EM AMBIENTES INTERNOS 16 Segundo Bistafa (2006): “A Acústica é a ciência do som, incluindo sua geração, transmissão e efeitos.” (BISTAFA, 2006, p. V) A acústica trabalha diretamente no sentido humano da audição e, em sua forma mais abrangente, através do uso da voz, através da palavra falada e nos mais diversos formatos de comunicação (ex. música), promovendo os mais variados efeitos psicológicos nos indivíduos. A ciência e a tecnologia têm investigado as diversas formas com que o som se comporta nos ambientes, substâncias e nos corpos, ilustrado na Figura 1. (BISTAFA, 2006) Figura 1: Os diferentes setores dos estudos acústicos. Adaptado de R.B. Linday Fonte: (BISTAFA, 2006) O som permeia as atividades humanas 24 horas por dia, de maneira que a qualidade de vida dos indivíduos pode ficar comprometida quando os problemas relacionados ao ruído vêm a Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 17 prejudicar o bem estar das pessoas. Neste aspecto, evidenciam-se os problemas relacionados diretamente com a saúde quando apresentam enfermidades de ordem física e mental, entre outros. Em função disso, se observa uma tendência de que têm se mostrado mais exigentes com relação a produtos e equipamentos que apresentem melhor desempenho acústico. (BISTAFA, 2006) Na palavra falada, o som se comporta como uma “animação das partículas”, com formato esférico. Geralmente, na parte frontal da fonte sonora, no caso o interlocutor, o som apresenta-se de forma limpa e clara. Entretanto, o som que é refletido quando encontra com as superfícies, é o fator que deve receber tratamento para o condicionamento acústico adequado. (CATT, 2010) 2.1 Geometria dos Recintos De maneira geral, o condicionamento acústico de uma sala se faz com a finalidade de controlar ou corrigir os ruídos dos ambientes, ajustando ecos, e tempos de reverberação com a finalidade de melhorar a inteligibilidade da palavra e percepção dos sons em geral (SILVA, 2005). Silva (2005) afirma que quando uma onda sonora atinge uma superfície qualquer, parte da energia incidente é refletida e parte é dissipada, isso porque as superfícies, geralmente as rígidas, vibram devido a energia das ondas sonoras, como se fossem diafragmas e re-irradiam a energia incidente sobre elas. O comportamento padrão das ondas sonoras pode ser descrito como um percurso em linha reta e seguem dirigidas ao longo de sua trajetória até que sejam dissipadas ou encontrem uma superfície, onde os raios se refletem nas tangentes perpendiculares a incidência desses raios emitidos. Dessa forma, o ângulo do raio incidente é igual ao mesmo raio refletido, considerando-se anormal à superfície refletora, seja em superfícies planas, côncavas ou convexas. O som, quando encontra com alguma uma superfície, rebate de forma geométrica, semelhança com uma jogada de sinuca, ou, uma projeção da luz de uma lanterna, refletida numa superfície espelhada, conforme exemplos representados na Figura 2. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 18 Figura 2: Analogia da Reflexão do Som com: a) Jogada de sinuca b) Projeção da luz de uma lanterna Fonte: (EGAN, 1998) As superfícies côncavas tendem a convergir os raios, porque depois de serem refletidos, os raios se concentram em um foco, os que fazem com que essas ondas sonoras se superponham. Já nas superfícies convexas, os raios sonoros tendem a difusão, promovendo a dispersão do som no recinto, conforme Figura 3. Figura 3: a) Superfície Plana b) Superfície Côncava c) Superfície Convexas Fonte: (SILVA, 2006) Esse comportamento dos raios sonoros levam ao chamado método geométrico, que utiliza o sentido e a direção da onda sonora em comportamento idêntico ao do raio luminoso. Através desse método é possível identificar tanto em corte esquemático com em planta baixa, de modo a evitar ecos ou outros parâmetros prejudiciais (SILVA, 2005). A forma geométrica de um recinto é um dos fatores que influência diretamente as condições para o tempo de reverberação no ambiente. De maneira geral, superfícies muito próximas, Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 19 assim como distâncias muito grandes entre paredes tendem a gerar ecos nos ambientes. Distâncias muito grandes entre o palco e algumas fileiras da platéia comprometem a audibilidade dos sons, entretanto as formas dos ambientes, tais como formatos retangulares ou trapezoidais tendem a produzir resultados aceitáveis, assim como os desvios de percurso dos sons refletidos adicionados aos sons diretos tendem a prejudicar a audibilidade (CARVALHO, 2006). A respeito de salas trapezoidais, Egan (1988) sugere um ângulo preferencial de 30° em relação ao alinhamento do palco para que sejam evitadas distorções de perspectiva do som. Para se evitar o efeito flutter echo é indispensável que as paredes não devam ser paralelas, ou que uma delas seja absorvedora ou difusora como mostrada nas Figuras 4 e 5. (VALLE, 2006). Figura 4: Como evitar o efeito flutter echo Fonte: (VALLE, 2006) Figura 5: Caminho do som no diversos recintos Fonte: (EGAN, 1988) Carvalho (2006) destaca como sendo importante que o volume dos ambientes deve ser adequado ao uso, uma vez que quando estes volumes são inadequados dificultam a correção Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 20 do tempo de reverberação nos recintos. Para esse requisito, o autor sugere uma relação de volume ‘per capita’ em função do tipo de recinto, ver Quadro 1. Volume Mínimo (m³) Volume Bom (m³) Volume Máximo (m³) Igrejas Católicas Outras Igrejas 5,1 5,1 8,5 7,2 12 9,1 Salas de Concertos Casas de Ópera 6,2 4,5 7,8 5,7 10,8 7,4 Cinemas 2,8 3,5 5,6 Salas de Conferência Salas de uso múltiplo 2,3 2,8 3,1 3,5 4,3 5,6 Ambiente Quadro 1: Relação Per capita em função do tipo de recinto Fonte: (CARVALHO, 2006) 2.2 Parâmetros e Grandezas A NBR 12179 de 1992, que aborda do tratamento acústico em recintos fechados, afirma que o condicionamento acústico é o “processo pelo qual se procura garantir em um recinto o tempo ótimo de reverberação”, considerando também os tipos de materiais empregados nas superfícies do recinto. Para os recintos fechados, os sons de música e de palavra falada apresentam comportamentos diferentes e, portanto, devem ter parâmetros específicos a serem analisados em função de cada tipo de ambiente, bem como sua forma geométrica e volume da sala, para que o condicionamento acústico atue de tal forma que propicie o tempo de reverberação mais apropriado para cada tipo de uso. Para isso, o gráfico da Figura 6 representa os tempos ótimos de reverberação de salas, com destaque para a igreja católica, de forma que a inteligibilidade dos sons tenha melhor capacidade de reconhecimento pela audição humana, neste exemplo, para uma igreja católica, a leitura do volume do recinto é de 3.000,00 m³, indicando um tempo de reverberação ótimo para 500 Hz de 1,75s. (SILVA, 2005) O Gráfico 7 ilustra uma compensação de TR60 em 500 Hz onde deve-se aumentar em torno de 50% na freqüência 125 Hz (grave), e baixar em 10% na freqüência 2.000 Hz (agudo), para que se equilibre a curva do tempo de reverberação. (VALLE, 2006) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 21 Figura 6: Tempo Ótimo de Reverberação Fonte: (ABNT, 1992) Figura 7: Gráfico para obtenção dos tempos de reverberação recomendado para outras freqüências, com porcentagem do TR em 500 Hz obtido da Figura 6. Fonte: (BISTAFA, 2006) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 2.2.1 Grandezas • 22 Freqüência (f) – é o número de ciclos ou oscilações por unidade de tempo. Ela é expressa em Hertz (Hz), equivaler expor, um Hz igual a um ciclo por segundo. As freqüências de áudio se dividem em três grupos: sons graves (de 20 Hz até 200 Hz); médios (de 200 Hz até 6 kHz) e agudos (de 6 kHz até 20 kHz). Já o período (s), é o tempo de duração de um ciclo, por isso, o período é o inverso da freqüência. (VALLE, 2006) • Reverberação – é um fenômeno que se dá em ambientes fechados. Trata do aumento necessário de reflexões de um som emitido e se relaciona diretamente com a inteligibilidade em um recinto. (CARVALHO, 2006) • Ecos - Segundo Silva (2005), as superfícies lisas e rígidas distantes a mais de onze metros de uma fonte sonora têm a característica de refletir as ondas sonoras primárias. O autor ainda diz que quando o receptor recebe o som emitido e o refletido, num intervalo de tempo maior do que 1/15 segundos, produz uma repetição do som original permitindo a percepção do atraso de dois sons distintos - este fenômeno é chamado de Eco. Outro elemento a considerar é o flutter echo. Trata-se de um efeito acústico bastante desagradável ocasionado por reflexões rápidas e sucessivas que ocorrem quando existem duas paredes paralelas que são refletivas e se encontram próximas. (VALLE, 2006) • Reflexão – A reflexão é uma mudança de direção e sentido de uma onda sonora, o mesmo comportamento encontrado nos ângulos de incidência de um raio de luz numa superfície, como na Figura 8. A reflexão sonora pode aprimorar a qualidade da difusão de voz e música no ambiente. (CARVALHO, 2006) • Absorção – é um comportamento que uma onda sonora sofre quando incide sobre uma superfície. Parte desta energia é absorvida pelo material e transformada em calor e a outra parte é refletida de volta para o ambiente, como ilustra a Figura 8. Quanto maior a quantia absorvida, maior é o coeficiente de absorção sonora da superfície. (VALLE, 2006) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 23 Figura 8: Absorção, Transmissão e Reflexão do som Fonte: (SILVA, 2005) Diferenças entre isolamento e absorção – O isolamento sonoro é utilizado para que os ruídos sejam impedidos de serem transmitidos a outros recintos. Os materiais de isolamento são, geralmente, os que apresentam maior densidade. Já a absorção trata de materiais mais leves e vem justamente a contribuir para o controle do tempo de reverberação no recinto. Recomenda para que o parâmetro da absorção não deva ser tratado como única fonte de correção do recinto. Cabe salientar que o volume de ar nos recintos contribui para a absorção dos sons emitidos, muito embora sejam desprezados para fins de cálculo. (BISTAFA, 2006) • Difusão – Semelhante à reflexão, mas as ondas sonoras são espalhadas em várias ondas de intensidades menores, quando atinge uma superfície, para todas as direções. Depende da freqüência da onda e da natureza dos materiais, sendo os mais porosos os que mais distribuem estas ondas, produzindo um efeito de suavização sonora em todo o ambiente. (VALLE, 2006) • Difração - É a propriedade da onda sonora de contornar as barreiras, ao qual assume um comportamento de alterar a direção e reduzir sua intensidade, quando o comprimento da onda do som for igual ou superior as dimensões dos obstáculos, ver Figura 9. (CARVALHO, 2006) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 24 Figura 9: Difração de um som agudo Fonte: (CANDIDO, 2008) • Direcionalidade – É uma propriedade direcional de uma fonte sonora, e são percebidas em diversas faixas de freqüência. Este índice é medido em decibéis e calculado através da diferença do nível de pressão sonora e entre a fonte produzida e a média da pressão sonora do receptor. (MAGARIO et all, 2003) 2.2.2 Parâmetros • Tempo de Reverberação (TR ou RT) – O tempo de reverberação é considerado o elemento responsável pela percepção acústica dos ambientes. O tempo de reverberação é o intervalo de tempo necessário para que ocorra a redução de 60 dB após a interrupção do sinal sonoro (ver Figura 10). Tem se observado que quando o som é emitido em um recinto fechado, a energia produzida tende a ser refletida pelas paredes e demais superfícies internas diminuindo sua intensidade. As igrejas, objeto deste trabalho, são as edificações onde os tempos de reverberação têm se mostrado excessivos (SILVA, 2005). Inclusive, cabe destacar que nas grandes catedrais, devido ao seu grande volume no interior, tal comportamento se apresenta recorrente. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 25 Figura 10: Crescimento e decaimento sonoro em recintos com indicação do tempo de reverberação, T60 Fonte: (BISTAFA, 2006) Silva (2005) afirma que o professor Sabine1 desenvolveu uma fórmula empírica para determinar o tempo de reverberação, considerando o volume cúbico do recinto e os coeficientes de absorção e as áreas das superfícies dos materiais encontrados no interior do ambiente em análise. Tr = 0,161 V Sn × αn (1) Sendo que: Tr é o tempo de reverberação obtido, em segundos; V é o volume do recinto, em m³; Sn é a área de superfície dos materiais utilizados, em m²; n é o coeficiente de absorção de cada material, em porcentagem. Para o caso de superfícies muito absorventes, existe a fórmula de Eying que trata do tempo de reverberação de forma mais adequada. (SILVA, 2005) Tr = 0,161 × V − Sl n (1 − α m ) + xV (2) Sendo que: Tr é o tempo de reverberação obtido, em segundos; V é o volume do recinto, em m³; S é a área de superfície dos materiais utilizados, em m²; m é o coeficiente de absorção médio dos materiais, em porcentagem; ln é o logaritmo neperiano de (1- m); x é o coeficiente de absorção para o ar. 1 • “Wallace Clement Sabine, 1868-1919. Professor de física da Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, é considerado o pai da moderna acústica arquitetônica, por seu pioneirismo em aplicar o método cientifico ao estudo da acústica de recintos. É dele a definição de coeficiente de absorção sonora.” (SILVA, 1997, p. 232) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 26 Silva (2005) ainda relata que a fórmula de Sabine não se mostra precisa quando se tratam de superfícies muito absorventes. Dessa forma, quando o coeficiente de absorção (dado pela fórmula abaixo) resultar em valor inferior a 0,5 em ambientes pouco absorventes deve-se empregar a fórmula de Sabine, e quando o valor se apresentar superior em salas muito absorventes, deve-se empregar a fórmula de Eyring. αm = Sα S (3) Sendo que: S é a área de superfície dos materiais utilizados, em m²; m é o coeficiente de absorção médio dos materiais, em porcentagem; S é a absorção de cada material. A Norma Brasileira estabelece o TR ótimo para a freqüência de 500 Hz (BISTAFA, 2006). Complementando esta informação, Valle (2006) afirma que a absorção acústica para cada material varia conforme a freqüência, e consequentemente, o TR60 também varia. A esse novo índice, chama-se Coloração. Numa sala em equilíbrio os índices de absorção devem considerar os tempos de reverberação de TR60 ideais para as várias freqüências, de forma que os parâmetros se mantenham próximos aos padrões demonstrados no gráfico da Figura 11. (VALLE, 2006) Figura 11: Variação do RT60 com freqüência “coloração” Fonte: (VALLE, 2006) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX • 27 Nível de Pressão Sonora (NPS ou SPL) – é a intensidade da pressão da energia sonora no ambiente, e que será transmitida para os tímpanos do ouvinte (MAGARIO et all, 2003). O decibel é uma unidade de nível sonoro que demonstra a variação da potência sonora detectável pelo sistema auditivo expresso em escala logarítmica e é usado para comparação de potências (BISTAFA, 2006). Segundo Carvalho (2006), o decibel (dB) é o sistema universal que define em um único valor o nível de pressão acústica, e ainda, por ser a aferição que mais se aproxima da sensação de audibilidade humana, este parâmetro possui aceitação internacional. Em outras palavras, o decibel indica a intensidade do som. (SONEX, 2010) • Tempo de Decaimento Inicial (EDT) – é relacionado com a impressão subjetiva de como sinal emitido se modifica em função da reverberação do recinto, trata-se portanto, do “tempo necessário para que a curva de decaimento energético caia os primeiros 10dB, multiplicado por seis”. (BISTAFA, 2010) • Definição (D50) – é uma forma de reflexão que contribui para a audibilidade dos sons produzidos, sendo diretamente relacionado com a inteligibilidade da fala, mesclando a energia sonora direta e a refletida. Trata da característica da reflexão que atinge o receptor em até 50ms após a chegada do som direto (BOTTAZINI et all, 2007). Em seu artigo, (BOTTAZZINI et all, 2007; apud BARROM, 1998) afirma que a definição se correlaciona com a inteligibilidade da fala, pois compara a energia do som direto e as reflexões úteis com a energia total do impulso. Araújo et all (2006) recomenda que valores de D50 sejam maiores que 70%, pois indicam 95% de inteligibilidade da fala. • Clareza (C80) – De acordo com Bistafa (2010) é o parâmetro que trata das reflexões que atingem o ouvinte até 80ms após a emissão do som direto. Sendo usualmente obtidas a partir da resposta impulsiva, e se caracterizam como transparência da música. Para Valle (2006) os valores admissíveis dependem do tipo de musica executada, ou seja: de -2 dB a +2 dB para instrumentos de sopro; de 0 dB a +4 dB para música clássica, sinfônica, cordas e corais, sendo considerada ideal para igrejas tradicionais; de 2 dB a +6 dB para instrumentos de cordas puxadas, musica pop e música religiosa moderna e de +4 dB a +8 dB para instrumentos de percussão e rock’n roll, inclusive Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 28 em igrejas. Valores maiores de 8 dB não são recomendados pelos autores Bottazzini e Bertolli (2007; apud FABRI et all, 1998) reafirmam valores de -2 db e 2 dB para o parâmetro C80, considerando ainda, aceitáveis valores entre -4 dB e + 4 dB. • Índice de Transmissão da Fala – (STI - speech transmission index) – é o índice de transmissão da fala que considera o ruído de fundo e o tempo de reverberação que contribuem para a interferência na compreensão do discurso. Os critérios admissíveis admitem valores entre 0, considerado ruim e 1, considerado excelente. (BARBO, et all, 2009) Cabe mencionar que existe o Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI), que é uma forma simplificada do STI, obtido diretamente a partir das perdas de ALcons. Este índice é comumente utilizado na Europa e aceito no Brasil através dos seguintes índices: valores entre 0,6 e 1,0 - são considerados ótimos; entre 0,45 e 0,6 - são bons; entre 0,3 e 0,45 - são razoáveis, entre 0,25 e 0,3 - são ruins e entre 0,0 e 0,25 são considerados inaceitáveis. (VALLE, 2006) • Inteligibilidade – é a capacidade de reconhecimento da palavra falada ou dos sons nos recintos (SILVA, 2005). As perdas relacionadas à inteligibilidade, principalmente as da fala, são aquelas relacionadas à articulação das consoantes. Os holandeses Pleutz e Klein estabeleceram uma forma de calcular e estabelecer parâmetros para essa perda de articulação de consoantes, o ALcons (articulation loss of consonants) da seguinte forma: perdas da ordem de 0% a 5%, a inteligibilidade é considerada excelente; perdas de 5% a 10% - considerada boa; perdas de 10% a 15% - considerada aceitável e perdas acima de 15%, a inteligibilidade é considerada inaceitável. (VALLE, 2006) 2.3 Materiais para Condicionamento Acústico Segundo Nunes (2005), os materiais que trabalham acusticamente por absorção o fazem através da dissipação da energia sonora por atrito, de forma que o material permite a entrada e movimentação das moléculas de ar no seu interior. Portanto, os materiais apresentam coeficientes de absorção específicos, que variam em função da freqüência do som incidente (ver Figura 12). Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 29 No que se refere aos materiais com propriedades de absorção e reflexão acústicas podem ser classificados como sendo de três tipos básicos: porosos e fibrosos, painel ressonador e ressonador de Helmholtz. Os materiais fibrosos tais como lã de vidro, tecidos, entre outros, e os porosos, tais como espumas, esponja, etc., apresentam maior eficiência de absorção nas altas freqüências. Estes tipos de materiais absorventes requerem proteção contra pó, respingos e sujeira, de forma cuidadosa para garantir a entrada da movimentação das moléculas de ar no seu interior. As membranas ressonadoras apresentam maior eficiência nas baixas freqüências e pequena absorção nas medias e altas freqüências. Trata-se de uma chapa fina de madeira ou metal fixado um pouco afastado na superfície a ser tratada, de forma a trabalhar através da camada de ar criada pelo dispositivo. Por fim, os ressonadores de Helmholtz são superfícies com cavidades ou furos de forma que a absorção venha a ter bom desempenho apenas nas baixas freqüências. (NUNES, 2005) Figura 12: Coeficiente dos materiais de absorção sonora Fonte: (NUNES, 2005) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 2.4 Apresentação de Casos 30 Segundo Bistafa (2010) o desempenho acústico das salas que utilizam a palavra falada são diretamente influenciadas pelas características físicas do projeto arquitetônico, de modo que as condições ideais acústicas possam ser analisadas ainda na fase de projeto. O autor sugere que essa premissa justifica a realização de diversos estudos e projetos de pesquisa relacionados a trabalhos de medições e simulações computacionais por diversos autores, antes da sua execução. Nesta fase, o projeto do ambiente representa um ganho de desempenho acústico, evitando futuro tratamento acústico na edificação, que pode resultar em gastos extras no orçamento. Bistafa (2010) ainda afirma que nos ambientes de audição crítica, como é o caso das igrejas, os atributos acústicos subjetivos se relacionam diretamente com alguns índices objetivos. Entretanto, a carência de índices mais especializados induz a utilização de softwares especializados na caracterização e simulações acústicas das salas estudadas. O autor observa que certas características apresentadas em medições são confirmadas nas simulações computacionais por traçado de raios. Tem-se observado que a acústica arquitetônica tem buscado promover a qualidade sonora nos recintos, de forma a virem de encontro com as expectativas de experiência acústica dos ouvintes. Considerando as particularidades de cada tipo de sala, muitas vezes, estão envolvidas várias dimensões subjetivas, sendo, portanto, necessário dispor de índices que venham a quantificar objetivamente essas impressões subjetivas, por esse fato é que o parâmetro da acústica de salas de audição critica ainda se encontram em pesquisa e desenvolvimento. (BISTAFA, 2010) A seguir serão expostos artigos de pesquisas realizados em salas de audição crítica, especificamente tratando de casos de igrejas. 2.4.1 Igreja da Paz em São Paulo A busca de um índice que possa quantificar as impressões subjetivas através da avaliação por métodos, medições e simulações, para avaliar o desempenho sonoro a que é submetida uma Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 31 igreja, levou Araújo et all (2006) a escolher para análise, a igreja luterana Igreja da Paz, em São Paulo - SP, por apresentar uso crítico do espaço através da palavra falada e da música. A metodologia adotada consistiu no levantamento de dados através da medição de área e volume do recinto, bem como o levantamento dos elementos existentes que configuram o ambiente. As medições acústicas visaram identificar parâmetros objetivos da sala através da leitura da Resposta Impulsiva (RI), utilizando o software Aurora. Os dados de RI foram obtidos a partir de três tipos de sinais, repetindo cada sinal três vezes, totalizado vinte e sete medições. As fontes sonoras foram posicionadas no centro do altar, sendo as leituras obtidas em três locais da igreja, através da média aritmética dos valores apurados da RI encontrada. Os dados foram sistematizados através de um código para cada tipo de sinal, para cada ponto de medição, pela ordem (seqüência) das medições e um para a média dos valores obtidos. Para a obtenção da resposta impulsiva, os autores chamam a atenção para o fato de que a relação dos equipamentos escolhidos determina o sucesso da medição, uma vez que deve haver uma relação de sinal e ruídos de forma favorável. No estudo, foi identificado que um dos sinais apresentou distorção em função das características físicas da igreja e pela mesma se encontrar vazia, prejudicando o parâmetro relacionado a reverberação. Inclusive, em alguns procedimentos, os dados apresentaram problemas específicos referentes a alguns parâmetros, indicando que quando um parâmetro não esta adequado, os resultados mostram-se imprecisos. Após as medições, os dados foram tabulados e tratados através de gráficos e tabelas para a apresentação da análise. As simulações analisadas foram desenvolvidas no software CattAcoustics, através de um modelo virtual do ambiente implantado no programa. O modelo tridimensional foi construído minuciosamente no software Autocad para a definição de todas as superfícies do ambiente. Usualmente, o software Catt-Acoustics gera um arquivo de informações relativas ao modelo gerado, indicando possíveis erros na definição dos planos. Uma vez feitas as adequações no modelo, foram informados os dados dos materiais de acabamento das superfícies. Os dados foram sintetizados e tabulados nas freqüências adequadas. Foram definidos os parâmetros acústicos no software Aurora, uma vez que mostram uma melhor relação com as sensações subjetivas correspondentes. Os resultados obtidos com este software foram apresentados em uma tabela e comparados com critérios de qualidade ideais e se mostraram desfavoráveis, indicando que a igreja é muito reverberante, prejudicando o entendimento da Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 32 fala e a clareza. Somente o ponto mais próximo da fonte sonora mostrou condições um pouco melhores. Como demonstram os dados dos Quadros 2 e 3, os resultados obtidos com o software CATT-Acoustics através dos mesmos parâmetros utilizados nas medições com o software AURORA indicaram a maioria dos dados desfavoráveis, entretanto os dados obtidos de C80 e D50 se mostraram melhores no CATT-Acoustics. As curvas de simulação acústica se mostraram próximas entre si, o que diferiu bastante dos dados obtidos na medição. Quadro 2: Valores obtidos no AURORA x critérios de qualidade Fonte: (ARAÚJO, et all, 2006). Quadro 3: Valores obtidos no CATT-ACOUSTICS x critérios de qualidade Fonte: (ARAÚJO, et all, 2006). A conclusão é que ambos os softwares confirmaram a percepção subjetiva obtida “in loco” pelos autores, sendo de que a igreja não é apropriada à fala. Inclusive, a condição reverberante da sala vazia prejudica seu uso principal. O distanciamento dos valores obtidos em relação aos valores ideais indica a necessidade de correção acústica da sala considerada. 2.4.2 Catedral Metropolitana de Porto Alegre Simões et all (2001) realizaram um estudo acústico da Catedral Metropolitana de Porto Alegre - RS, e posterior projeto e execução do condicionamento acústico, para o qual foram Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 33 ajustados parâmetros como o tempo de reverberação, através da instalação de materiais e revestimentos apropriados, buscando preservar as características arquitetônicas e o valor histórico da edificação. Para este trabalho, os autores, relatam que usaram uma metodologia que consistiu na demarcação das fontes de ruído e de pontos de medição, lidos por equipamentos portáteis e pelo software AcoustaCADD. Para este trabalho, foram considerados parâmetros tais como: tempo de reverberação, acústica geométrica, inteligibilidade da palavra e ruído de fundo. Em todos os casos, os dados obtidos foram utilizados para simulações do modelo no software, buscando referência com valores ideais esperados para este tipo de ambiente. Com o resultado das simulações, foram escolhidos materiais de revestimentos adequados, sua localização e ajustes de potência da fonte sonora, de forma a aproximar os níveis acústicos para os níveis semelhantes ao da voz humana. Os autores relatam que os dados obtidos das fontes sonoras foram tabulados e comparados com os índices da tabela de materiais e revestimentos, para o ajuste do modelo e posterior simulação de absorções para a correção da reverberação. Foram escolhidos materiais certificados de absorção sonora que puderam ser integrados na arquitetura do ambiente. Os materiais foram trabalhados de forma a garantir maior absorção e aproveitamento através de materiais de correção. Figura 13: a) painel nas paredes Laterais b) Reboco removido para embutir painel c e d) Colocação de revestimento de lã de vidro nas cornijas e fundo da igreja Fonte: (SIMÕES et all, 2001) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 34 Simões et all (2001) buscaram trabalhar nas paredes da catedral, pois eram as áreas que não possuíam elementos artísticos comprometedores, podendo estas superfícies receberem painéis de absorção (ver Figura 13). Conforme os autores, as ornamentações têm bastante absorção, o que vem a contribuir positivamente na reverberação dos ambientes. Como conclusão do trabalho foi identificada que as alterações empregadas produziram melhoras significativas no comportamento acústico da Catedral, inclusive pela manifestação dos usuários que perceberam a melhora na inteligibilidade da palavra falada, atingindo o objetivo do trabalho, considerando os parâmetros específicos para igrejas e as limitações características do local. 2.4.3 Complexo da Pampulha em Belo Horizonte A arquitetura modernista traz nos seus princípios, o uso de estruturas leves, independentes e o uso de planos que conformam de ambientes. Em função dessas características, Cornacchia e Viveiros (2008), realizaram um trabalho de análise do desempenho acústico dos edifícios do complexo da Pampulha em Belo Horizonte, MG, uma vez que estes edifícios apresentam baixa qualidade acústica, evidenciadas por altos valores do tempo de reverberação obtidos nos mesmos. No trabalho, as autoras relacionam uma breve descrição das características da arquitetura modernista no Brasil, chamando a atenção para o fato de que os edifícios privilegiam os aspectos formais em detrimento da funcionalidade. As autoras ainda descrevem o conjunto da Pampulha datado da década de 50, projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer para a prefeitura de Belo Horizonte. O conjunto de edifícios foi projetado em torno na lagoa artificial da Pampulha, sendo destinados a configurarem uma área de lazer. O programa englobou um cassino, um clube elegante, um salão de danças popular, uma igreja e um hotel de férias (este último, não construído). De maneira geral, a composição dos edifícios traz uma composição baseada em volumes planos e curvos, pano de vidro e pé direito duplo. O interior das edificações é luxuoso, com diversos elementos reflexivos nas paredes. Cornacchia e Viveiros (2008) esclarecem que o conforto acústico envolve sensação de bem estar, tranqüilidade emocional e satisfação dos usuários. Uma pesquisa feita pelas autoras demonstrou que a orientação acústica é uma necessidade desejável pelos usuários em geral, Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 35 mas considerada, pelos profissionais e estudantes de arquitetura, uma necessidade somente para edificações específicas para essa finalidade. Conceitualmente, o tempo de reverberação é considerado um dos principais parâmetros responsáveis pela qualidade acústica dos ambientes, juntamente com o nível de ruído de fundo, o que vem a ser o objetivo do trabalho das autoras. A metodologia utilizada se baseou nas definições específicas do tempo de reverberação, considerando o volume do ambiente, as áreas dos materiais e o coeficiente de absorção dos materiais. Dessa forma, foi estimado o tempo de reverberação das edificações do complexo da Pampulha, com foco principal a nave central da igreja. O método estatístico determinou o tempo de reverberação de ambientes específicos do complexo arquitetônico, utilizando o software ECOTECT. Foram levantados todos os materiais de revestimentos das superfícies e determinado os coeficientes de absorção sonora. Os ambientes são estudados, a partir, dos espaços vazios, ou seja, sem usuários, tornando a análise em condição crítica, uma vez que ambientes desocupados ou com poucas pessoas baixam os valores de absorção. Os dados obtidos nas medições foram confrontados e adequados entre os volumes e o desempenho dos ambientes, e tabulados em um gráfico comparativo com os parâmetros recomendados na norma brasileira para os ambientes estudados. Foi identificado que os edifícios se enquadram no grupo de comunicação verbal, que é o caso de edifícios religiosos Igreja de São Francisco de Assis de 1943. Em todos os edifícios, Cornacchia e Viveiros (2008) relatam que foram encontrados valores de TR muito superiores aos valores tidos como ótimos, como demonstra o gráfico abaixo, evidenciando a forte presença de diversos tipos de materiais reflexivos, panos envidraçados, e grandes volumes. A conclusão das pesquisadoras é de que o complexo arquitetônico da Pampulha apresenta atributos muito particulares, tornando os edifícios de baixa qualidade quanto aos atributos acústicos. Os resultados da Figura 14 sugerem ainda que, na maioria dos casos, edifícios de arquitetura moderna apresentam ambientes com índices exagerados no tempo de reverberação. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 36 Figura 14: Gráfico comparativo entre TR calculado no Ecotect e TR ótimo 500 Hz Fonte: (CORNACCHIA et all, 2008) 2.4.4 Basílica Nossa Senhora Medianeira de Santa Maria De maneira geral, as basílicas são edificações imponentes, com pé direito muito elevado e de grande capacidade de concentração de pessoas. As exigências quanto às qualidades acústicas em ambientes de igreja abrangem a combinação de parâmetros relacionados diretamente à fala e a música Barbo et all (2008; apud MAKRINENKO, 1994). Os autores realizaram um trabalho de análise do comportamento acústico de uma igreja de arquitetura contemporânea, a Basílica de Nossa Senhora Medianeira na cidade de Santa Maria - RS. A basílica em questão possui arquitetura singular, de tipologia contemporânea, planta em formato de sino, vitrais, aplicações em madeira entalhada e altura variável do teto. O estudo tratou dos parâmetros: tempo de reverberação e o tempo de decaimento inicial, sendo que os mesmos se deram em função dos dados obtidos através de respostas a fontes impulsivas no ambiente. Segundo os autores o trabalho foi feito através do levantamento detalhado dos materiais encontrados no ambiente a fim de obter os dados referentes aos cálculos do tempo de reverberação, obtidos por fontes impulsivas colocadas em pontos estratégicos dentro da basílica, em distâncias de acordo com normatização técnica. Os dados registrados foram tabulados em função da pressão sonora e sinais obtidos pelas fontes impulsivas dos dispositivos empregados (madeira e balão). Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 37 Os resultados obtidos com o dispositivo de madeira indicaram desvios padrões com disparidades entre os parâmetros analisados em altas e baixas freqüências. Já na medição com balões, os índices mostraram valores menores nos casos correspondentes. Estes dados indicaram que os valores oscilam em função da posição da fonte e do receptor. Para o cálculo do tempo de reverberação, os pesquisadores utilizaram diretamente a fórmula de Sabine, empregada aos materiais relacionados. Em seguida, os autores agruparam em um gráfico ilustrativo os dados obtidos em cada experimento para comparação (ver Figura 15). O gráfico gerado indicou que os dados tanto dos dispositivos quanto os do emprego da fórmula de Sabine apresentam valores similares, exceto aqueles obtidos analiticamente (fórmula matemática) sob caracterização de materiais com coeficientes de absorção desconhecidos (caso dos vitrais moldados sob placas de concreto). Figura 15: Gráfico de TR decorrentes do dispositivo de madeira, do estouro de balões e do cálculo. Fonte: (BARBO et all, 2008) De maneira geral, Barbo et all (2008) concluíram que os valores obtidos para o tempo de reverberação são extremamente superiores aos ideais recomendados tanto para a fala quanto para execução de música, concluindo que a basílica não possui o ambiente adequado para a fala e tão pouco para a música sacra. Em outro artigo, Barbo et all (2009), relatam a carência na qualidade sonora, prejudicando a compreensão da palavra falada e da música litúrgica, neste mesmo santuário. Desta forma, o desempenho acústico de uma basílica de arquitetura contemporânea como é o caso do objeto de estudo do trabalho apresentado pelos autores, visa Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 38 analisar a eficácia da resposta impulsiva de uma fonte alternativa, experimentada in loco, 2 para a avaliação da qualidade acústica de um recinto de grandes dimensões. O trabalho realizado vem a mostrar a comparação entre as medições com a fonte em posições frontais e outras distribuídas nas laterais e no fundo da referida basílica. Alem dos dispositivos empregados, foram utilizados equipamentos eletrônicos para as medições e os dados foram processados no software dBBati32. No que se refere a metodologia adotada, os autores avaliaram parâmetros acústicos com os ideais de norma técnica especifica. As medições se distribuíram em três etapas, sendo que a primeira tratou da validação da fonte impulsiva para se obter os dados para avaliação e comparação com o tempo de reverberação e o tempo de decaimento inicial, através de dados medidos a partir da resposta do sinal impulsivo obtido por duas fontes distintas: pelo estouro de balões e pelo dispositivo de madeira. A segunda etapa tratou dos levantamentos dos parâmetros acústicos. Já a terceira etapa consistiu na locação dos pontos em locais estratégicos dentro da basílica. Cabe salientar que para este tipo de ensaio, o balão apresenta um comportamento ideal quanto a baixas freqüências, mas apresenta maiores oscilações no espectro, alem de problemas de qualidade do material, de maneira geral, tais como falta de homogeneidade na superfície e problemas referentes a falta de controle em relação ao volume e da pressão do ar, inclusive, há o aumento no tempo dispendido para a realização do experimento em função do enchimento dos balões. Por outro lado, o uso do dispositivo de madeira apresenta maior economia e praticidade, o que apresenta uma boa eficácia para este tipo de medição. Para o calculo do tempo de reverberação, foi empregada diretamente a fórmula de Sabine. Também foi realizado o levantamento das superfícies para a determinação da absorção total do recinto. Neste caso, foram ignorados os bancos por atuarem com difratores sonoros, que geraria um efeito de sombra acarretando em uma menor intensidade do som. Por outro lado, os autores decidiram incluir a absorção sonora do ar, em função do grande volume do recinto, que neste caso, vem a influenciar o calculo do tempo de reverberação. 2 Bottazzini et all (2007) dizem que a maior parte dos índices objetivos podem ser obtidos a partir da resposta impulsiva, que é a resposta da pressão sonora registrada na posição do receptor. Essa fonte sonora tem a característica de produzir um sinal muito intenso e de curta duração (citando Barrom, 1998). O dispositivo alternativo empregado é um equipamento artesanal de madeira que tem a função de gerar um impulso de curta duração quando o mesmo é fechado manualmente. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 39 Os resultados encontrados a partir do ensaio mostraram variações dos dados obtidos para o TR e EDT com os dois tipos de dispositivo. Isso se deve ao fato de que os equipamentos apresentam dificuldades de excitação nas bandas de freqüência analisadas. Foi verificado que os coeficientes de absorção obtidos de tabelas padrão apresentam TR maiores dos dados experimentados, uma vez que são relevantes as dificuldades encontradas nos dados referentes aos materiais e componentes com detalhes específicos encontrados nos mesmos. Os autores concluem que o dispositivo de madeira pode ser empregado como expectativa de respostas confiáveis. O tempo de reverberação apresentou resultados acima dos valores de referência conhecidos para os volumes similares aos da basílica. Por fim, a Basílica da Medianeira não apresenta condições acústicas ideais para o tipo de recinto, prejudicando a qualidade sonora do ambiente e dificulta o entendimento da mensagem religiosa transmitida para os fieis. 2.4.5 Templos Religiosos de Maceió Em seu artigo, Santos e Oiticica (2005) avaliaram a qualidade acústica de seis igrejas na cidade de Maceió, Alagoas, sendo as mesmas caracterizadas como templos Batista, Católico e Evangélico. Os templos estudados apresentam sérios problemas acústicos, principalmente em função da má inteligibilidade da palavra recebida pelos ouvintes. Tais problemas foram identificados pelos autores como provenientes da platéia, do locutor e interferências externas ao recinto, promovidas pelo tráfego intenso de veículos e pessoas. A acústica é agravada pela iniciativa da instalação de amplificadores de som nos templos, vindo a intensificar os ruídos internos e acarretando desconforto também para a vizinhança, extrapolando as tolerâncias admitidas nos templos e os níveis de conforto requeridos para áreas de habitação. Os pesquisadores chamam a atenção para o fato de que cada tipo de religião tem propriedades acústicas distintas de serem analisadas, uma vez que em igrejas protestantes, é predominante o uso da palavra falada, enquanto que em igrejas católicas, predomina a música litúrgica. Essas diferenças acarretam necessidades especificas quanto aos parâmetros referentes ao Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 40 tempo de reverberação em cada caso: baixo em igrejas protestantes e altos em igrejas católicas. Os autores evidenciam problemas relacionados à alta capacidade de pessoas para cada templo. Para os que promoveram este estudo, foram selecionadas igrejas com características físicas semelhantes, de forma analisar a qualidade acústica de forma a focalizar os resultados na avaliação dos materiais encontrados nos ambientes, quanto aos padrões de reverberação e quanto a intensidade dos ruídos apresentados. O levantamento dos materiais indicou maior uso de elementos em madeira nas igrejas católicas, bancos em madeira e PVC nas igrejas batistas e maior quantidade de elementos em PVC nas igrejas evangélicas. Na grande maioria dos casos foram encontrados dispositivos sonoros (amplificadores), elementos de climatização (ventiladores de teto) e grande variedade de materiais reflexivos no ambiente. Os autores realizaram os estudos através de metodologia baseada nos levantamentos gráficos, de materiais de revestimento e mobiliário. Foram calculados os tempos de reverberação em cada templo com 50% e 100% de ocupação e analisados os dados obtidos comparados aos ideais. As medições foram feitas através de decibelímetro em momentos específicos, com e sem celebração a fim de obter-se a leitura de ruídos de fundo. As análises dos resultados foram separadas por tipo de templo, considerando valores ideais para cada um dos casos, utilizando as correções necessárias para cada uma das freqüências analisadas. Os dados foram tabulados em uma única tabela comparativa entre os valores corrigidos e os valores encontrados. Em todos os casos, os dados encontrados se mostraram fora dos padrões ideais, tanto os referentes aos da acústica arquitetônica quanto aos tempos de reverberação encontrados. Quanto às medições de ruído de fundo, as leituras se deram em momentos distintos: com e sem celebração. Os dados foram tabulados e comparados com índices recomendáveis (ver Quadro 4). Os dados obtidos nas tabelas concluem que os níveis de ruído estão muito acima dos recomendáveis, que os ruídos externos interferem nos dados obtidos internamente e que apesar de a relação sinal-ruído ser satisfatória, ocorre a falta de concentração e estresse aos usuários. Também ficou apontada a necessidade de implantação de barreira acústica aos ruídos tanto internos quanto externos, (interior-exterior e exterior-interior). Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 41 Quadro 4: Tempo de reverberação ótimo corrigido** por templo de acordo com a freqüência Fonte: (SANTOS et all, 2005) Os autores concluem que os problemas encontrados advêm em parte do projeto arquitetônico sem preocupação com a qualidade acústica, indicando a necessidade de atenção com os parâmetros de reverberação e condições de ruído ambiental, incluindo a necessidade do isolamento acústico dos edifícios estudados. 2.4.6 Igrejas Barrocas de Ouro Preto Bottazzini et all (2007) observam que as celebrações religiosas ocorridas nas igrejas católicas têm utilizado, além do uso da palavra falada, a necessidade de promover a qualidade acústica para a audição musical. Em virtude da importância das igrejas barrocas mineiras no Brasil e os problemas acústicos reclamados pelos padres e fiéis, os pesquisadores analisaram a caracterização acústica de cinco igrejas barrocas de Ouro Preto, em Minas Gerais. As igrejas foram edificadas no século XVIII em alvenaria de taipa com pavimentos e tetos em madeira. A maioria delas possui planta retangular com o teto da nave em formato arqueado ou semiarqueado, enquanto que nas outras, tem a planta possui formato elíptico com o teto retangular ou semi-arqueado. Entretanto, em todas elas existem adereços e esculturas feitas em madeira. Os resultados deste artigo se apresentam como um modelo referencial de análise para a Igreja do Bairro Século XX, sendo, portanto, os dados melhor descritos. Os autores analisaram parâmetros arquitetônicos tais como o volume, formato, e área de entalhes e outras superfícies de madeira (ver Figura 16 e Quadro 5). Dentre os parâmetros Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 42 acústicos, foram utilizados o STI, clareza, definição, EDT e o tempo de reverberação, sendo que os mesmos foram calculados segundo norma específica. Os dados foram obtidos através do método da técnica impulsiva, utilizando o programa de avaliação de salas Dirac – Bruel & Kjaer. Figura 16: Planta baixa da igreja CSFA com as posições de medição e fonte sonora Fonte: (BOTTAZZINI et all, 2007) Quadro 5: Parâmetros arquitetônicos das Igrejas avaliadas Fonte: (BOTTAZZINI et all, 2007) A análise dos dados tabulados mostrou que apenas uma igreja apresentou índices razoáveis de STI, sendo que as demais foram classificadas como índices muito ruins, como os apresentados no Quadro 6. Quadro 6: STI médio e Ruído de fundos das igrejas avaliadas Fonte: (BOTTAZZINI et all, 2007) A Definição mostrou valores de D50 diminuindo conforme aumentava a distância em relação a fonte sonora em algumas igrejas e os valores se mantiveram constantes em outras, indicando Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 43 que a forma elíptica da igreja se relaciona com a concentração de energia. Os gráficos da Figura 17 também mostram que os parâmetros analisados têm direta relação com as superfícies de madeira. Entretanto, altos valores de ruído de fundo prejudicam a inteligibilidade dentro dos ambientes. Figura 17: Definição (D-50) média por freqüência e posição. Fonte: (BOTTAZZINI et all, 2007) Quanto a Clareza, os valores encontrados para C80 em algumas igrejas demonstram melhores condições para a execução da música, uma vez que apresentam resultados mais equilibrados e dentro da faixa ideal para esse parâmetro (ver Figura 18). Figura 18: Clareza (C-80) média por freqüência e posição Fonte: (BOTTAZZINI et all, 2007) O EDT das igrejas apresentou valores menores que o TR tanto para as bandas de freqüência de 125 a 4.000 Hz. Quanto às posições de medição os valores se apresentaram menores nas áreas mais próximas da fonte sonora (ver Figura 19). Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 44 Figura 19: EDT médio por frequência e posição Fonte: (BOTTAZZINI et all, 2007) O tempo de reverberação apresentou dados bastante homogêneos, sendo que na maioria das igrejas analisadas, os dados relacionados à freqüência apresentaram pouca variação (ver Figura 20). Cabe salientar que o EDT e o TR mostraram valores proporcionais quanto à presença das superfícies de madeira, entretanto a forma geométrica exerce bastante influência, tanto para aumento quanto para diminuição destes índices. Figura 20: TR médio por freqüência e posição Fonte: (BOTTAZZINI et all, 2007) A forma elíptica mostrou uma tendência a concentrar energia e ao desenvolvimento das ondas sonoras “defeituosas” (BISTAFA, 2004). Por outro lado, a forma retangular proporcionou uma melhor distribuição do som no ambiente em função dos entalhes de madeira porque criam uma maior difusão sonora, criando um campo acústico homogêneo de forma geral. De maneira geral, se concluiu que maiores quantidades de superfícies em madeira, assim como a regularidade de distribuição dos elementos decorativos em madeira, apresentaram melhores resultados para o parâmetro D50. A forma da igreja mostrou direta relação para os valores de C80, considerando ainda o equilíbrio fornecido pela influência dos elementos em madeira. As sensações de reverberação foram diminuídas em função dos EDTs obtidos, contribuindo positivamente para a qualidade acústica dos ambientes. As igrejas barrocas apresentaram valores de TR reduzidos em baixas freqüências, ligeiro aumento nas medias freqüências e redução nas altas, indicando que se mostram como uma exceção quanto ao Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 45 comportamento acústico da maioria das igrejas em geral, uma vez que é comum encontrar tempos de reverberação elevados nas medições. Entretanto, nas igrejas barrocas, o estilo arquitetônico influenciou diretamente e positivamente a qualidade sonora pela inteligibilidade da fala e da música. 2.4.7 Igrejas do Século XIX de Porto Alegre Simões et all (2005) realizaram um estudo das igrejas do século XIX em Porto Alegre, RS, sendo escolhidas quatro igrejas para serem realizados os levantamentos e mais a Catedral de Porto Alegre, sendo que neste caso, os dados necessários foram os adquiridos por outro estudo realizado anteriormente para a mesma. Através dos dados obtidos das igrejas analisadas os autores buscaram elaborar recomendações para aperfeiçoar o desempenho acústico da catedral metropolitana, bem como estabelecer recomendações/diretrizes de projeto para arquitetura de espaços urbanos similares. A metodologia de trabalho consistiu na realização de medições nos locais, levantamentos e demais informações fornecidas pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional - IPHAN, bem como a utilização de dados coletados em pesquisas anteriores para o caso da catedral. Os dados obtidos foram tabulados e foram realizadas simulações computacionais através do software AcoustaCadd para a construção dos modelos virtuais. As medições foram obtidas a partir do método do impulso integrado, obtidos em diferentes pontos marcados em planta baixa. Os dados obtidos em cada ponto foram recebidos por duas respostas e por duas freqüências (de 125 Hz a 4.000 Hz). A seguir, os dados foram analisados para determinar o tempo de reverberação médio das salas e em diversas freqüências para EDT, T20 e T30. Também foi ensaiado o estudo da inteligibilidade da palavra através de indicadores que avaliam a perda da inteligibilidade das consoantes, em função da distancia entre o emissor e o receptor e do tempo de reverberação da sala. Foi fixado o nível de ruído de fundo para efeito de comparação entre as igrejas analisadas. Os resultados obtidos se apresentaram na forma de gráficos que ilustram os comportamentos das igrejas em comparação simultânea para cada tipo de gráfico, ilustrados pela Figura 21. As Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 46 análises dos resultados apontaram que os revestimentos e acabamentos internos influenciam o comportamento acústico das igrejas e que quanto mais rebuscados/detalhados forem os adornos, contribuem para uma melhor acústica geral dos recintos. As igrejas analisadas apresentam variação gradual quanto a quantidade de adornos, do mais ornamentado – que é o caso da catedral, para o menos rebuscado, de arquitetura moderna. Figura 21: a) Tempo de Reverberação Medido, EDT b) Tempo de Reverberação Medido, T20 c) Tempo de Reverberação Medido, T30 d)Gráfico de Índice Alcons e Inteligibilidade da Fala Fonte: (SIMÕES et all, 2005). Os autores recomendam escolhas adequadas quanto aos materiais de revestimento e elementos construtivos ainda na fase de projeto, sendo que essa pratica favorece o conforto acústico desejado para este tipo de recinto. Através da variedade de tipologias estudadas, conclui-se ainda que igrejas de volume interno grande requerem investimentos em tratamento acústico, e que quanto menor o pé direito do ambiente, o conforto acústico se torna mais fácil de ser alcançado. Também se observou que os ornamentos contribuem para o conforto acústico em virtude de aumentarem a difusão do som no recinto. Quanto aos materiais a serem utilizados, os autores recomendas materiais absorventes em paredes e forros uma vez que, sendo eles, os mesmos se dividem em dois grupos: os absorventes porosos que apresentam comportamento ideal para sons médios e agudos e os absorventes em placas, melhor utilizados em sons graves. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 47 Por fim, em função dos casos estudados nas igrejas do século XIX, recomendam como diretrizes: o controle do volume interior do recinto, buscar evitar composições de lados paralelos e superfícies côncavas; a preferência por superfícies convexas; a busca pelo controle das reflexões longas nos ambientes; o uso de tecidos e materiais fibrosos (cortinas, tapetes, etc.); a utilização de forros com propriedades de absorção acústica; a busca pelo controle do ruído interno através do isolamento acústico adequado e o controle do ruído ambiental através do planejamento urbano. 2.4.8 Análise do Programa de Simulação Acústica de Teatros de São Paulo Os autores realizaram uma experiência de simulação computacional com o software de traçado de raios o Catt-Acoustics para diagnóstico do desempenho acústico em oito salas para a palavra falada na cidade de São Paulo. (GRANADO et all, 2003) Para o uso de programa computacional para simulação do comportamento acústico de uma sala é necessário que se tenham bons conhecimentos de acústica para a adequada escolha dos parâmetros e para o correto entendimento dos dados gerados para uma estimativa da qualidade acústica das salas, uma vez que há a carência a respeito dos coeficientes de absorção dos materiais de revestimento e muitas incertezas referentes aos coeficientes de difusão dos materiais. Por tudo isso, foi avaliado que um dos produtos gerados pelo CattAcustics, que apresenta modelos geométricos mapeados e relacionados a cores contribui qualitativamente para os resultados apresentados e os medidos em campo. Foram consideradas nas simulações duas posições de fonte sonora, sendo uma dirigida para a platéia e outra direcionada de forma transversal ao palco. Os parâmetros objetivos analisados foram a clareza, o índice de transmissão da fala e o índice rápido de transmissão da fala. Para os parâmetros tradicionais foram analisados o tempo de reverberação (TR), o tempo de decaimento inicial (EDT), o critério de nível da fala para teatros e as curvas de avaliação de ruído. Primeiramente foram simuladas a potência sonora e a direcionalidade da fonte utilizadas nas medições, mas somente analisados os resultados obtidos na fonte central. Como a biblioteca do software é reduzida e os valores dos coeficientes de absorção dos revestimentos apresentavam incertezas, houve a dificuldade em se definir os coeficientes de difusão das Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 48 superfícies, em função disso, foram estabelecidas correções para a inserção dos dados no programa. Neste ponto, cabe salientar a insegurança gerada pelos resultados gerados pelas simulações, mas, apesar disso, os valores se apresentaram benéficos no sentido de melhorar a aproximação dos dados com aqueles obtidos nas medições. Observou-se que os índices objetivos mapeados e relacionados com a escala de cores apresentaram resultados qualitativos bons quanto aos dados avaliados em campo. Por isso, os autores optaram por apresentar os resultados dos parâmetros mapeados do estudo na forma de representações bidimensionais qualitativas por escala de cores. Assim, não foram apresentados os resultados de TR e EDT, pois esses parâmetros são determinados pelos coeficientes de absorção e muito influenciados pelos coeficientes de difusão empregados. Os resultados apresentados na Figura 22 mostram que em posições mais afastadas do palco há a redução do parâmetro clareza, principalmente junto ao eixo central das salas e melhorando nas posições mais próximas ao fundo da sala e mais próximas ao palco. Figura 22: Modelos geométricos com valores mapeados e relacionados à escala de cores - Resultados do Teatro Alfa Fonte: (BARBO et all, 2009) O índice de transmissão da fala apresentou valores mais elevados nas posições próximas ao palco e junto ao eixo da fonte sonora, e também, nas paredes do fundo e abaixo dos balcões. Contribuem para esse resultado o fato de que o balcão e a presença de revestimento fonoabsorvente nas paredes do fundo e laterais melhoram a inteligibilidade da fala no recinto. Os autores também observaram nos gráficos que na maioria dos parâmetros as diferenças entre os valores com e sem difusão não se mostraram significativas, exceto para o parâmetro da clareza. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 49 Com essa pesquisa os autores procuraram testar essa ferramenta para auxílio na tarefa de se projetar acusticamente uma sala. Como não foi possível a comparação entre os valores medidos e os simulados de forma precisa, eles concluíram que o software apresenta carências e a necessidade de atualização dos índices encontrados no programa a fim de corrigir eventuais distorções para evitar resultados incoerentes. Entretanto, o produto gerado na forma de mapeamento gráfico por escala de cores colaborou qualitativamente para a visualização de algumas características acústicas observadas nas medições dos parâmetros de inteligibilidade no recinto. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 3 MÉTODOS E RESULTADOS 50 A partir deste momento, o objeto de estudo será brevemente caracterizado e serão abordadas informações importantes para a metodologia de construção do modelo e sua posterior simulação de condicionamento acústico. 3.1 Objeto de Estudo A edificação institucional escolhida para elaboração deste trabalho é a Igreja do Bairro Século XX, propriedade da Mitra Diocesana de Caxias do Sul. O escritório Royal Arquitetura tem como Arquiteto Responsável Carlos Eduardo Mesquita Pedone, somado com esforços da equipe do escritório3. A igreja será localizada na cidade de Caxias do Sul, no Bairro Século XX (ver Figura 23). Figura 23: Situação 3 Colaboradores: Arq. Daniela Fastofski; Arq. Grécie Corso; Acad. Arq. Fernanda Turra; Acad. Arq. Giuseppe Tomasi; Acad. Arq. Rafael Dameto; Acad. Arq. Rafael Giacomin Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 51 Implantada em local privilegiado, a igreja possuirá três testadas principais, conformando-se ao Norte pela Avenida Alcides Webber, ao Leste pela Rua Waldemar Betanin e ao Sul pela Rua Juvenal da Silva, totalizando uma área de terreno de 1.018,00 m² (ver Figura 24). Figura 24: a) Localização b) Foto do terreno Fonte: a) Escritório Royal Arquitetura (adaptado) b) tirado no dia 13 de maio de 2010 Segundo informações do Arquiteto Carlos E. M. Pedone a planta da igreja foi projetada com base nas Diretrizes do Concílio Vaticano II (ver Figura 25). O projeto da igreja possui traços contemporâneos, inovação formal, simplificação e funcionalidade. De maneira geral, o arquiteto buscou a redução da ornamentação através da limpeza formal, inspirando-se nos conceitos do arq. Mies Van Der Rohe como expressa a famosa frase “Menos é Mais”. O projeto da igreja apresenta vasto estudo geométrico, inspirado nos livros Geometria Sagrada de Nigel Pennic (1980) e Architectura Sagrada de Caroline Humphrey e Piers Viebsky (1997), utilizando a triangulação dos duplos quadrados, sempre buscando as formas naturais para alcançar a unidade e harmonia nos espaços litúrgicos e, com isso, o caráter da morfologia da natureza, obtido através da transição do “natural” para o “arquitetônico” (jogo dos traços e preenchimento das formas). Figura 25: Concepção Arquitetônica a) pavimento inferior b) pavimento térreo Fonte: Escritório Royal Arquitetura (adaptado) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 52 O projeto da igreja se conforma em um volume de dois pavimentos (ver Figura 26). O pavimento inferior (subsolo), com acesso principal norte pela Avenida Alcides Webber com saída ao sul pela Rua Juvenal da Silva. Existem dois pontos de acesso em cada lado, sendo que os mesmos se dão em níveis diferentes, decorrentes do perfil do terreno. Em ambos os pavimentos, os acessos são unidos por um eixo de circulação, e criando um espaço de integração no interior deles. Figura 26: Perspectiva (Teste) a) Vista Sudeste b) Vista Noroeste No primeiro pavimento, semi-enterrado, o programa de necessidades consiste no arranjo de salas de apoio e catequese. Estes ambientes são distribuídos da seguinte forma: uma sala de convivência no eixo norte-sul, quatro salas menores ao leste, ao oeste por uma sala e um conjunto de sanitários feminino e masculino (ver Figura 27). Figura 27: Planta Subsolo Fonte: Escritório Royal Arquitetura (adaptado) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 53 No pavimento térreo, propriamente dito, a nave central se desenvolve no nível da Avenida Alcides Webber e Rua Juvenal da Silva. Segundo Pedone, a composição arquitetônica atende aos elementos fundamentais para configuração do espaço litúrgico de forma integrada, de forma que no meio da composição encontra-se a nave central, o ponto cardeal de toda a construção. Dentro do corpo principal da nave, ao leste encontra-se o altar, ao nordeste a sacristia, ao norte o confessionário, ao sudeste o coro e ao oeste, ocorre ainda um espaço de transição. Ainda, ao norte, encontra-se o acesso externo principal coberto, com um pequeno hall interno, enquanto que no sudoeste, se configura um batistério e uma saída secundária descoberta (ver Figura 28, 29, 30 e 31). Figura 28: Planta Térrea Fonte: Escritório Royal Arquitetura (adaptado) Figura 29: Cortes Fonte: Escritório Royal Arquitetura (adaptado) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 54 Figura 30: Fachadas Fonte: Escritório Royal Arquitetura (adaptado) Figura 31: Perspectiva Interna a) vista do altar b) vista da entrada noroeste Fonte: Escritório Royal Arquitetura Ainda, o arquiteto informa que o sistema construtivo proposto para a execução será fundamentalmente em Steel Frame e em estrutura de concreto ciclópico alocados estrategicamente nos quatro cantos principais. Os revestimentos internos laterais serão executados em placas de gesso acartonado e externamente em placas cimentícias. Em ambos os casos, as placas serão fixadas na estrutura metálica, onde o espaço vazio gerado virá a proporcionar o conforto térmico e acústico, devido à camada de ar contida no interior deste sistema de fechamento das paredes. Dessa forma a execução da obra se torna ágil e econômica. Os revestimentos internos dos materiais escolhidos inicialmente pelo escritório consistem em piso em granilite na nave central, hall interno e bastitério. O piso do altar, coro, sacristia e confessionário serão em taco de madeira colado. A estrutura do prédio será em concreto ciclópico aparente. As paredes gerais serão em placas de gesso acartonado. Os forros receberão placas em gesso acartonado. As portas de acesso externo serão em vidro temperado Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 55 e as demais, em madeira maciça envernizada. Os vidros fixos serão em vidro comum montados sobre caixilhos metálicos. 3.2 Simulação Computacional Ao longo da pesquisa para o desenvolvimento deste trabalho, se observou a recorrência do uso do software CATT-Acoustic para a realização de diversas simulações computacionais por diversos autores em artigos de pesquisa científica sobre acústica. Inclusive, cabe salientar que em diversos textos publicados pelo professor Bistafa (2003) ele menciona o uso deste recurso em diversas simulações apresentadas. Sendo este autor, importante referência nacional no ramo da acústica, e sendo ele um dos principais autores referenciados neste trabalho, foi escolhido este software, na versão de demonstração4, para a realização das simulações da Igreja do Século XX, objeto deste estudo. O roteiro adotado para o desenvolvimento deste trabalho está fundamentado em simulações computacionais, realizadas com o software CATT-Acoustic. Este trabalho tratará somente de simulações correspondentes a fonte sonora emitida diretamente do altar e fonte receptora no auditório localizado na nave central da igreja. Serão ignoradas fontes sonoras emitidas por equipamentos eletrônicos, uma vez que tal análise dependeria especificamente dos equipamentos e suas respectivas capacidades sonoras. Geralmente, as medições acústicas realizadas em locais existentes são feitas com os ambientes sem o público, considerando somente a absorção das pessoas nos ambientes estudados através dos parâmetros indicados por norma técnica - com os assentos vazios (só para comparação) ou com dados estatísticos por pessoa na ordem de 2/3 de ocupação dos assentos (SILVA, 2005). 4 Segundo tutorial do software, a versão 8.0 demo do CATT-Acoustic requer equipamento com sistema operacional Windows de 32 bits para as versões 95,98, ME, NT4, 2000, XP ou Vista), porém as limitações ocorrem principalmente quanto aos limites em ordens de reflexão e raios utilizados num máximo de três, não permite interface de importação com o software AutoCad, informações sobre certificação de dados de carregamento de voz e a auralização é simplificada, porém a versão demo possui o tutorial completo. Os resultados não são afetados pelo fato da versão ser demo. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 56 As simulações obtidas através do software CATT-Acoustic permitem simular os ambientes com fontes receptoras - o público, através de superfície de ocupação, trazendo um grande ganho produtivo nas análises simuladas. (CATT, 2010) Em função do tipo de recinto a ser analisado, são determinados os parâmetros a serem considerados nas simulações analisadas, fixando o tempo de reverberação admissível para o caso deste trabalho (SILVA, 2005). Os parâmetros acústicos considerados para avaliar a qualidade acústica da Igreja do Bairro Século XX, bem como propor alternativas de revestimento foram: TR (tempo de reverberação - TR60 ideal ou referência, TSabine e TEyring), EDT, C-80, D-50, SPL, RaSTI e STI (inteligibilidade da fala). 3.2.1 Processo de Simulação Computacional O roteiro do processo de simulação computacional utilizando o software CATT-Acoustics, descrito a seguir, foi baseado na monografia de Magario et all (2003). A acústica geométrica é a base para as simulações computacionais no segmento da acústica arquitetônica, uma vez que utiliza métodos geométricos e fórmulas matemáticas para a geração do modelo computacional, dos gráficos, tabelas e demais produtos resultantes (ver Figura 32). Sendo o software escolhido estar na versão de demonstração, sendo que os dados devem ser inseridos no programa de uma maneira descritiva através de entrada de dados pelo método cartesiano. De maneira geral, o modelo tridimensional é inserido através de uma descrição textual dos pontos, informando os vértices das coordenadas cartesianas tridimensionais e os planos das superfícies estabelecidas, onde são aplicados e testados os materiais mais adequados para o estudo em questão. Uma vez construído recinto de forma tridimensional, define-se a posição do receptor, da fonte sonora no ambiente, seu direcionamento e a intensidade para as faixas de freqüências mais usuais para o ambiente em estudo. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 57 Figura 32: Modelo de Plataforma do software CATT-Acoustic versão demo 8.0 Fonte: (CATT, 2010) Neste trabalho são utilizados até 998 raios. A fonte sonora é a do tipo espectro branco (ruído branco), de direcionalidade omni, com 94 dB, freqüência de 1.000Hz, localizada no altar e com altura de 1,60 metros5. O receptor 1 localiza-se na posição próxima ao fundo da igreja e à direita do altar a 1,80 metros de altura. Posteriormente, serão testados um total de quatro posições diferentes dos receptores 1, 2, 3 e 4, descritas posteriormente, para a checagem do mapa gráfico. O Catt-Acoustics trabalha em uma plataforma baseada em algoritmos híbridos de maneira que combina fontes virtuais com animação de partículas, gerando uma modelagem animada que demonstra o comportamento quadro-a-quadro (1 ms) da energia sonora emitida pela fonte sonora e seu percurso e reflexões, difusão e absorção no recinto analisado. O modelo geométrico tridimensional do recinto é inserido no programa através da descrição dos vértices dos planos das superfícies através de coordenadas cartesianas no sentido antihorário (regra da mão direita). Também, cabe ressaltar que os dados de superfície, a mesma deverá possuir três ou mais vértices, deve ser plana ou segmentos planos (para o caso de superfície curva), e por fim, a entrada destes dados deve usar unidade em metros. O programa 5 Estas características da fonte são as utilizadas em medições in loco. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 58 dispõe de recursos de interface gráfica para alteração da geometria e a apresentação do modelo em diversas perspectivas e os materiais de revestimento podem ser diretamente atribuídos nas superfícies existentes no modelo. (PORTELA, 2008) 3.2.2 Modelagem do Objeto de Estudo A NBR 12179 (ABNT, 1992) Indica o estudo geométrico-acústico e o cálculo do tempo de reverberação para o condicionamento acústico do recinto a ser analisado, de forma a conhecer o comportamento da distribuição dos sons diretos, reflexões, difusão e absorção e assim obter as melhores condições de audibilidade para o ambiente. Uma vez definido o software Catt-Acoustics, se tornou imprescindível conhecer os elementos fornecidos pelo programa, através do uso do tutorial fornecido, onde o mesmo orienta na construção de um modelo simplificado – uma caixa de sapatos. Num segundo momento, foi testada a modelagem do Estúdio Pentagonal estudado por Magario (2003), sendo que esse procedimento veio a proporcionar melhor entendimento do próprio programa, assim como visualizar os diversos produtos que o software pode gerar. Por fim, utilizando a metodologia complexa apresentada por Magario (2003), foi produzida a modelagem da Igreja - objeto deste trabalho, em acordo com as diretrizes propostas pelo escritório, a seguir descrita: Inicialmente foi gerado o modelo tridimensional da igreja no Autocad na versão 10 para serem obtidas as coordenadas cartesianas dos vértices da edificação. Com esses dados, foi editado o arquivo-fonte em formato de texto (incluído no apêndice deste trabalho). Foi escolhida a fonte sonora conforme as características de ruído branco, especificado a seguir, e definido que a mesma fosse posicionada no altar da igreja, localizada no centro do púlpito e direcionada ao longo do eixo da sala. O receptor foi localizado nos fundos do recinto, próximo ao canto da parede direita da edificação. Neste trabalho, serão trabalhadas condições fixas de temperatura de 20°C e umidade relativa em 50%, estando pré-definido nas configurações do software. Uma vez pronto o modelo, foi analisada a simulação dos dados gerados a partir das diretrizes iniciais fornecidos pelo autor do projeto. A seguir, foram simuladas mudanças aplicando alternativas tais como: Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 59 - alteração apenas de materiais, sem alterar o formato do recinto ou características do edifício; - aplicação de elementos arquitetônicos para uma solução em sintonia com a monografia em andamento da aluna Manuela Bof sobre iluminação natural, na mesma igreja estudada; - simulação de aumento no pé-direito e, resultando alteração no volume da sala. 3.2.3 Características das fontes sonoras Para que sejam geradas as simulações, foram escolhidos como parâmetros os mesmos tipos de ruídos utilizados para medições em ambientes pré-existentes. Segundo BISTAFA (2006), os sons emitidos para análise têm um comportamento contínuo, isto é: ruídos aleatórios de banda larga, e por isso, são aplicados o ruído branco ou ruído rosa (ver Figura 33). O ruído branco é conhecido como aquele onde a energia é constante para todas as freqüências do espectro, e se parece com o ruído de jatos de ar comprimido. O ruído rosa se caracteriza por um nível com decaimento de 3 dB por oitava e se parece com o som produzido pelo televisor quando não sintoniza nenhum canal. Figura 33: a) Ruído Branco b) Ruído Rosa Fonte: (CANDIDO, 2010) 3.3 Apresentação das Propostas As simulações das propostas da Igreja do Bairro Século XX abrangem, além da modelagem tridimensional do modelo, a caracterização dos elementos de materiais construtivos e de revestimentos para as análises do projeto original e das alternativas propostas. Em todos os casos, as apreciações são baseadas nos dados obtidos da aplicação das fórmulas de Sabine e Eyring comparando com o T60 (Ref RT) obtido do gráfico da norma para a freqüência de 500 Hz. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 60 O trabalho aqui apresentado se estabelece da seguinte forma: as análises se dão em função dos gráficos de TR e gráfico de cores RaSTI. No gráfico de TR são analisadas a quantidade de materiais e suas relações com os coeficientes de absorção nas freqüências usuais (de 125 a 4000 Hz). No gráfico de cores RaSTI estão sendo analisados a forma de distribuição da inteligibilidade da fala no recinto. Primeiramente, trata-se das alterações nas características geométricas da igreja, nas superfícies - na inclinação do forro e na parede; simulando as interferências de prateleira de luz e, por fim, quanto ao aumento de volume, alteração de pé direito. Paralelamente, são integradas características dos materiais na forma dos coeficientes de absorção e suas metragens, tratando uma situação (a) sobre os elementos de absorção aplicados no altar e numa situação (b) com os elementos aplicados no fundo da igreja. Por fim, são comparadas as três melhores propostas demonstradas pelos gráficos do RaSTI com ao projeto original. Nesta fase é comparada as diferenças em relação a posição dos receptores dentro do recinto. No Quadro 7, são relacionados os materiais utilizados, bem como os coeficientes de absorção (%) correspondentes e a indicação dos códigos de localização e bibliografia referenciada. Material Coeficiente de Absorção Referências 01 Porta de madeira 14 – 10 – 6 – 8 – 10 – 10 NBR 12179_92 02 Vidro comum em caixilho 35 – 25 – 18 – 12 – 7 – 4 BISTAFA, 2006 03 Vidro temperado grande 18 – 6 – 4 – 3 – 2 – 2 BISTAFA, 2006 04 Frontão em régua madeira encerada 40 – 30 – 20 – 17 – 15 – 10 COM 13 - CARVALHO, 2006 05 Piso em granilite 2–2–2–4–5–5 PL&DT 4 - CARVALHO, 2006 06 Piso de taco colado 4 – 4 – 6 – 12 – 10 – 17 NBR 12179_92 4–4–7–6–6–7 BISTAFA, 2006 08 Tacos madeira colado sobre contrapiso Parede de concreto 2–2–2–4–5–5 PL&DT 3 - CARVALHO, 2006 09 Audiência 19 – 24 – 30 – 33 – 32 – 29 10 Gesso acartonado 10 – 8 – 5 – 3 – 3 – 3 EUC 315 - VALLE, 2006 95 pessoas sentadas BISTAFA, 2006 11 Placa cimentícia pintada 2–3–3–3–4–7 NBR 12179_92 12 Parede Ideatec perfurado T32 28 – 50 – 60 – 53 – 28 – 16 Catálogo Ideatec 13 14 15 16 Forro Sonex Illtec plano 20mm Forro Gyptone Quatro 20 300mm Parede Abnt 117 Forro Amf 123 11 – 17 – 32 – 50 – 56 – 67 55 – 85 – 85 – 75 – 70 – 75 11 – 33 – 90 – 60 – 79 – 68 45 – 39 – 57 – 72 – 61 – 43 Catálogo Sonex PLA 208 - CARVALHO, 2006 ABNT - CARVALHO, 2006 AMF CARVALHO, 2006 07 Quadro 7: Relação dos materiais utilizados nas simulações e seus respectivos coeficientes de absorção e bibliografia Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 61 Para as simulações apresentadas no decorrer deste trabalho, são apresentadas quatro propostas, conforme ilustra o Quadro 8, identificadas como: simulações do Projeto Original (PO), avaliando o condicionamento acústico segundo características originais de projeto; Proposta 1 que trata de uma variação do Projeto Original relacionado ao material aplicado no altar (a) e uma variação do PO relacionada ao material aplicado nos fundos da igreja (b). A Proposta 2 trata dos materiais aplicados nos fundos da igreja, com alteração na geometria do forro e na parede do canto do pilar direito localizado junto ao coro. A Proposta 3 pretende vincular a aplicação dos itens da Proposta 2 com um estudo paralelo de conforto luminoso na referida igreja, de autoria da Acadêmica de Arquitetura Manuela Boff (2010), através da inserção de uma prateleira de luz na forma de uma laje em concreto estendida a partir da cobertura do hall para dentro da igreja, em torno de 1,20 metros de largura e 15 cm de espessura. Proposta 4 abrange os elementos da Proposta 3, porém com a aplicação de materiais absorventes no altar (a) e uma segunda situação de aplicação do mesmo material nas paredes do fundo da igreja (b). Volume (m³) Superfície (m²) Geometria Capacidade (pessoas) Volume per capita (m³/pés.) Proj. Original 967,5 880,9 Original 143,0 6,8 Proposta Proposta 1a 1b 967,5 967,5 880,9 880,9 Original 143,0 143,0 6,8 6,8 Proposta Proposta 2 3 965,6 958,0 878,8 919,0 Alterada 143,0 143,0 6,8 6,7 Proposta Proposta 4a 4b 1.067,1 1.067,1 943,6 943,6 Alterada + Volume 143,0 143,0 7,5 7,5 Quadro 8: Resumo das propostas com suas áreas de superfície e volumes 3.3.1 Projeto original do escritório A simulação do condicionamento acústico do projeto original incorpora as características geométricas para a modelagem do objeto, descrito anteriormente no item 3.1 deste trabalho. Os materiais aplicados nesta simulação do objeto original (ver Figura 34), bem como a quantidade de área de superfície dos mesmos são os relacionados a seguir: 511,4m² de gesso acartonado; 136,5m² de audiência (absorção de 95 pessoas sentada em banco de igreja); 70,4m² de piso em granilite; 50,2m² de piso de tacos colados, 49,5m² de parede de concreto; 25,8m² de vidro temperado; 17,2m² de vidro comum; 11,7m² de frontão em madeira e 8,2m² de porta de madeira. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 62 Figura 34: Modelagem do Projeto Original - a) lateral b) Planta Baixa c) modelo tridimensional No projeto original, o gráfico analítico demonstra uma situação inversa ao comportamento esperado, demonstrado pela linha Ref RT (ver Figura 35). Os cálculos de Sabine e Eyring demonstram um cruzamento das linhas nas baixas freqüências apresentando uma absorção maior e nas freqüências médias e altas, demonstra uma menor absorção. A indicação é de que sejam substituídos os materiais nas baixas freqüências para eliminar o cruzamento das linhas, aproximando-as da linha de referência. E, então aplicar materiais com maior absorção nas médias e altas freqüências. Figura 35: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring) A simulação indicou uma grande variação na inteligibilidade da sala (audiência das pessoas) uma vez que o gráfico de cores demonstra grande mescla de pontos com indicadores e muito abaixo do esperado, que para o parâmetro RaSTI deveria chegar a 75. Os dados da Figura 36 mostram maior afastamento dos parâmetros ideais, ou seja, é a posição central da sala onde há maior perda da inteligibilidade da sala, por outro lado, junto as paredes do fundo os dados se mostraram mais favoráveis. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 63 Figura 36: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) 3.3.2 Proposta 1a A Proposta 1a mantém as características de volumetria, porém trata de uma variação do Projeto Original onde há a aplicação de material com superfícies absorvedoras somente no altar da igreja, conforme Figura 37. Os materiais aplicados nesta proposta 1a, bem como a quantidade de área de superfície dos mesmos são os relacionados a seguir: 78,7m² de gesso; 136,5m² de audiência (absorção de 95 pessoas sentada em banco de igreja); 70,4m² de piso em granilite; 50,2m² de piso de tacos colados; 81,6m² de parede de concreto; 317,8m² de placa cimentícia; 55,4m² de forro Sonex; 42,9m² de vidro temperado; 27,5m² de parede Ideatec; 11,7m² de frontão e 8,2m² de porta de madeira. Figura 37: Modelagem da Proposta 1a - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional Destaque para a localização dos materiais de absorção. (cor verde) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 64 Na Proposta 1a, o gráfico analítico demonstra uma situação recomendada, demonstrado pela linha Ref RT em concordância com as linhas demonstradas nos cálculos de Sabine e Eyring. Neste caso, os dados estão dentro de um limite previsto de tolerância na ordem de 10% para mais ou para menos em relação ao TR recomendado. A Figura 38 demonstra um comportamento ideal nas baixas freqüências, corrigidas pela substituição da grande massa de gesso acartonado pelas placas cimentícias e a aplicação de painéis de Ideatec perfurado T32 aplicados no altar. O forro também recebeu em torno de 50% de sua área de superfície em painel acústico Sonex e o restante em placa cimentícia. Figura 38: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring) A simulação indicada na Figura 39 demonstra uma melhora na variação da inteligibilidade da sala (audiência) uma vez que o gráfico de cores se apresenta mais definido e se evidenciam uma maior homogeneidade nas áreas próximas das paredes. Nessa proposta, ainda não foram atingidos os indicadores ideais (acima de 75). Figura 39: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) 3.3.3 Proposta 1b Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 65 A Proposta 1b mantém as características de volumetria, porém trata de uma variação do Projeto Original onde há a aplicação de material com superfícies absorvedoras somente nos planos nos fundos da igreja, junto ao hall de entrada, conforme Figura 40. Os materiais aplicados nesta proposta 1b, bem como a quantidade de área de superfície dos mesmos são os relacionados a seguir: 78,7m² de gesso; 136,5m² de audiência; 74,0m² de granilite; 50,2m² de piso de tacos; 81,6m² de parede de concreto; 310,4m² de placa cimentícia; 55,4m² de forro Sonex; 42,9m² de vidro temperado; 31,1m² de parede Ideatec; 11,7m² de frontão e 8,2m² de porta de madeira. Figura 40: Modelagem da Proposta 1b - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional Destaque para a localização dos materiais de absorção. (cor verde) Na Proposta 1b, o gráfico analítico demonstra uma situação favorável, demonstrado pela linha Ref RT em concordância com as linhas demonstradas nos cálculos de Sabine e Eyring e dentro do limite previsto de tolerância na ordem de 10%. O gráfico demonstra um comportamento ideal nas baixas freqüências, corrigidas pela substituição da grande massa de gesso acartonado pelas placas cimentícias e a aplicação de painéis de Ideatec perfurado T32 aplicados nos fundos da igreja, na parede do hall de entrada e laterais posteriores da nave central, conforme indicado na Figura 41. O forro manteve os 50% de sua área de superfície em painel acústico Sonex e o restante em placa cimentícia. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 66 Figura 41: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring) A simulação indicada pela Figura 42 mostra considerável melhora na variação de cores referentes a inteligibilidade da sala (audiência) uma vez que o gráfico apresenta poucas falhas no centro do recinto, e maior homogeneidade geral da sala. Nessa proposta, os indicadores se aproximaram bastante do índice ideal (acima de 75). Figura 42: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) 3.3.4 Proposta 2 A Proposta 2 propõe alteração na geometria do forro, inclinando a sua superfície em torno de 8,0%, aplicando superfícies absorvedoras no fundo da nave central, junto ao hall de entrada, e alteração na inclinação do canto da coluna de concreto junto ao coro, conforme Figura 43. Essa melhor percepção se mostrou evidente quando foi simulado através da animação de partículas o comportamento do som dentro do ambiente com essas alterações. Inclusive, esta proposta evita o paralelismo das superfícies, solucionando o efeito de “flutter echo”. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 67 Os materiais aplicados nesta Proposta 2, bem como a quantidade de área de superfície dos mesmos são os relacionados a seguir: 6,7m² de gesso; 136,0m² de audiência; 67,8m² de granilite; 49,5m² de piso de tacos; 123,0m² de parede de concreto; 422,0m² de placa cimentícia; 14,6m² de forro Gyptone; 46,1m² de vidro temperado; 8,8m² de forro Sonex; 41,9m² de parede Ideatec; 7,2m² de frontão e 9,5m² de porta de madeira. Figura 43: Modelagem da Proposta 2 - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional Destaque para a localização dos materiais de absorção. (cor verde) Na Proposta 2, o gráfico analítico demonstra uma situação favorável, demonstrado pela linha Ref RT com maior coincidência com as linhas demonstradas nos cálculos de Sabine e Eyring e dentro do limite previsto de tolerância na ordem de 10%. O gráfico da Figura 44 demonstra um comportamento ideal para todas as freqüências, corrigidas pela substituição dos materiais de absorção aplicados nos fundos da igreja, conforme relatado na proposta anterior. O forro manteve em torno da metade de sua área de superfície em painel acústico Sonex, forro Gyptone e o restante em placa cimentícia. Figura 44: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring) A simulação indicada pela Figura 45 apresenta uma interferência significativa na variação de cores referentes a inteligibilidade da sala (audiência) uma vez que o gráfico volta a apresentar Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 68 desempenho menor no centro do recinto, e a perda da homogeneidade obtida na proposta anterior. Nessa proposta, os indicadores se distanciaram do índice ideal (acima de 75). Figura 45: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) 3.3.5 Proposta 3 A Proposta 3 mantém a alteração na geometria do forro da Proposta 2, porém integra uma alteração proposta por um estudo paralelo de conforto luminoso na mesma igreja, anteriormente referenciado. Trata-se de uma prateleira de luz que se configura na forma de um prolongamento da laje em concreto do hall de entrada e que se estende em 1,20 metros de largura a partir da cobertura para dentro da igreja. As superfícies absorvedoras são aplicadas no fundo da nave central e junto ao hall de entrada, conforme representada na Figura 46. Os materiais aplicados nesta Proposta 3, bem como a quantidade de área de superfície dos mesmos são os relacionados a seguir: 6,7m² de gesso; 136,0m² de audiência; 67,8m² de granilite; 49,5m² de piso de tacos; 123,0m² de parede de concreto; 422,0m² de placa cimentícia; 14,6m² de forro Gyptone; 46,1m² de vidro temperado; 8,8m² de forro Sonex; 5,9m² de vidro comum; 41,9m² de parede Ideatec; 7,2m² de frontão e 9,5m² de porta de madeira. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 69 Figura 46: Modelagem da Proposta 3 - a) lateral b) Planta Baixa c) ) modelo tridimensional Destaque para a localização dos materiais de absorção. (cor verde) Na Proposta 3, o gráfico analítico manteve a situação ideal, demonstrado pela linha Ref RT em coincidência com as linhas demonstradas nos cálculos de Sabine e Eyring e dentro do limite previsto de tolerância na ordem de 10%. A Figura 47 demonstra um comportamento ideal para todas as freqüências, corrigidas pela substituição dos materiais de absorção aplicados nos fundos da igreja, conforme relatado na proposta anterior. O forro manteve em torno da metade de sua área de superfície em painel acústico Sonex, forro Gyptone e o restante em placa cimentícia. A alteração proposta pela inserção das prateleiras de luz apresentou pequena diferença devido a diminuição do volume do recinto e aumento da área de superfície de concreto. A alteração apresentada no TR foi solucionado através da substituição de parte de material de absorção nas paredes. Figura 47: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring) A simulação indicada pela Figura 48 mostra uma dispersão significativa na variação de cores referentes a inteligibilidade da sala (audiência) uma vez que o gráfico apresentou um espalhamento maior no centro do recinto, e o comprometimento maior do recinto obtido da proposta anterior. Nessa proposta, os indicadores não conseguiram se aproximar do índice ideal (acima de 75). Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 70 Figura 48: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) 3.3.6 Proposta 4a A Proposta 4a mantém a alteração da Proposta 3, porém com variação na altura do pé-direito da edificação com um aumento de 0,60 metros, passando de 4,20m para 4,80m, com isso, há o aumento de volume em torno de 15%. As superfícies absorvedoras são aplicadas no fundo do altar, conforme representada na Figura 49. Os materiais aplicados nesta Proposta 4a, bem como a quantidade de área de superfície dos mesmos são os relacionados a seguir: 6,7m² de gesso; 136,5m² de audiência; 67,8m² de granilite; 49,5m² de piso de tacos; 123,8m² de parede de concreto; 422,8m² de placa cimentícia; 46,1m² de vidro temperado; 8,8m² de parede Abnt 117; 5,9m² de vidro comum; 41,9m² de parede Ideatec; 7,2m² de frontão e 9,5m² de porta de madeira. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX Figura 49: Modelagem da Proposta 4a - a) lateral b) Planta Baixa c) modelo tridimensional 71 Destaque para a localização dos materiais de absorção. (cor verde) Na Proposta 4a, o gráfico analítico manteve a situação ideal, demonstrado pela linha Ref RT em coincidência com as linhas demonstradas nos cálculos de Sabine e Eyring e dentro do limite previsto de tolerância na ordem de 10%. O gráfico da Figura 50 demonstra um comportamento ideal para todas as freqüências, corrigidas pela substituição dos materiais de absorção aplicados no altar da igreja, mantendo os demais elementos da proposta anterior. Como houve aumento do volume foi necessário aumentar um pouco a área de absorção nas paredes acima da prateleira de luz, rompendo parte da parede de concreto do projeto original defendida pelo autor do projeto, não interferindo na estética interna da igreja. Figura 50: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring) Na Figura 51, a simulação indicou uma significativa melhora na variação de cores referentes a inteligibilidade da sala (audiência), porém o gráfico apresentou um espalhamento maior no lado esquerdo da audiência. Devido ao aumento do volume houve uma perda de desempenho em relação a proposta anterior, havendo um desequilíbrio entre os lados do recinto. Nessa proposta, os indicadores também não conseguiram se aproximar do índice ideal (acima de 75). Figura 51: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 72 3.3.7 Proposta 4b A Proposta 4b mantém a alteração da Proposta 3, porém com alteração na altura do pé-direito da edificação com um aumento de 0,60 metros, passando de 4,20m para 4,80m, com isso, há o aumento de volume em torno de 15%. As superfícies absorvedoras são aplicadas no fundo da nave central e hall, conforme indicada na Figura 52. Os materiais aplicados nesta Proposta 4b, bem como a quantidade de área de superfície dos mesmos são os relacionados a seguir: 6,7m² de gesso; 136,5m² de audiência; 67,8m² de granilite; 49,5m² de piso de tacos; 123,0m² de parede de concreto; 422,0m² de placa cimentícia; 14,6m² de forro Gyptone; 46,1m² de vidro temperado; 8,8m² de parede Abnt 117; 5,9m² de vidro comum; 3,2m² de forro Amf; 41,9m² de parede Ideatec; 7,2m² de frontão e 9,5m² de porta de madeira. Figura 52: Modelagem da Proposta 4b - a) lateral b) Planta Baixa c) modelo tridimensional Destaque para a localização dos materiais de absorção. (cor verde) Na Proposta 4b, o gráfico analítico manteve a situação ideal, demonstrado pela linha Ref RT em coincidência com as linhas demonstradas nos cálculos de Sabine e Eyring e dentro do limite previsto de tolerância na ordem de 10%. O gráfico da Figura 53 demonstra um comportamento ideal para todas as freqüências, corrigidas pela substituição dos materiais de absorção aplicados no fundo da igreja, mantendo os demais elementos e volume da proposta anterior. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 73 Figura 53: Tempo de Reverberação – Tref (60) x (Sabine eEyring) A simulação indicada pela Figura 54 mostra uma queda nos valores comparativos de cores referentes a inteligibilidade da sala (audiência). O gráfico apresentou um espalhamento na maior parte do ambiente, demonstrando uma perda de desempenho em relação a proposta anterior. Nessa proposta, os indicadores também não conseguiram se aproximar do índice ideal (acima de 75). Figura 54: Simulação da sala - Índice Rápido de Transmissão da Fala – (RaSTI) 3.4 Análise comparativa entre as propostas Sendo anteriormente apresentadas as propostas e as respectivas análises, será possível avaliar as simulações comparativas entre o projeto original e as melhores propostas de desempenho encontradas. Neste caso é importante salientar que as comparações de desempenho aqui avaliadas ocorrem em função da posição dos materiais absorvedores no recinto, considerando as propostas 1a e 4a referentes a elementos no altar e as propostas 1b e 4b referentes a intervenções nos fundos da igreja. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 74 A seguir serão apresentadas, de forma resumida no Quadro 9, as propostas demonstradas pelos gráficos do RaSTI com o projeto original onde se verificam os melhores indicadores de desempenho de inteligibilidade relacionados ao receptor 1 e na freqüência de 500 Hz – utilizada para comparação com a voz humana. Inteligibilidade STI RaSTI Ruim 0 – 0,3 0 – 0,25 Pobre 0,3 – 0,45 0,25 – 0,30 Razoável 0,45 – 0,6 0,3 – 0,45 Boa 0,6 – 0,75 0,45 – 0,6 Excelente 0,75 – 1,0 0,6 – 1,0 Quadro 9: Valores recomendados para a inteligibilidade da fala Fonte: Adaptado de Valle (2006) para RaSTI e Bottazzini et all (2007) para o STI Na Figura 55, os dados se apresentam muito próximo quando comparado ao STI, pois o software permite somente o mapeamento RaSTI, mas fornece os dados numéricos de ambos os parâmetros. Os dados da tabela são fornecidos em indicadores inteiros (1), enquanto o gráfico fornece os valores dados numéricos (100) 70 60 50 40 30 20 10 0 Original Proposta 1a Proposta 1b Proposta 2 Proposta 3 Proposta 4a Proposta 4b RaSTI 44,2 50,3 52,4 52,3 53,8 53,7 53,2 STI 48,4 52,8 54,3 54,1 55,1 55,4 54 Figura 55: Comparação Numérica - RaSTI entre as propostas a) Original, b) Proposta 1a, c) Proposta 1b, d) Proposta 2, e) Proposta 3, f) Proposta 4a, g) Proposta 4b A Figura 56, ilustra um comparativo das simulações do RaSTI pela escala de cores. Inicialmente, é apresentado o resultado da simulação do Projeto Original para análise simultânea de todas as demais Propostas elaboradas e relacionadas na seção anterior. Cabe destacar nas figuras a fragilidade dos pontos em marcados em azul na escala gráfica e em amarelo e vermelho, se destacam melhor desempenho acústico nas áreas onde aparecem. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 75 Figura 56: Comparação Gráfica - RaSTI entre as propostas: a) Original, b) Proposta 1a, c) Proposta 1b, d) Proposta 2, e) Proposta 3, f) Proposta 4a, g) Proposta 4b A Definição (D50) esta diretamente relacionada ao STI e o RaSTI, apresentado valores muito aproximados, entretanto, o projeto original demonstra situação mais crítica. Os melhores resultados são encontrados nas Propostas 3 e 2. Observa-se na Figura 57 que os melhores resultados são aqueles em que os materiais encontram-se aplicados no fundo da igreja. Ao compararmos os volumes das propostas, percebe-se pequena interferência sobre a definição, porém a disposição dos materiais absorvedores influencia neste parâmetro, comprometendo seu desempenho. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 76 70 60 (%) 50 40 30 20 10 0 D-50 Original Proposta 1a Proposta 1b Proposta 2 Proposta 3 Proposta 4a Proposta 4b 34,8 43,9 49,5 50,3 50,4 43,9 49,2 Figura 57: Comparação D-50 entre as propostas A Clareza (C80) demonstra semelhança no encaminhamento dos pontos. Porém, conforme a literatura, recomenda-se melhores resultados quando os valores se aproximam ao zero. Neste caso, a Figura 58 demonstra que o melhor desempenho é encontrado na Proposta 1a. Todas as demais propostas se encontram dentro da faixa aceitável de valores - entre -2 dB e +2 dB. Ao compararmos os volumes das propostas, percebe-se pouca influencia sobre a clareza, porém a disposição dos materiais absorvedores exercem influencia neste parâmetro. 2 1,5 1 (dB) 0,5 0 -0,5 -1 -1,5 -2 C-80 Original Proposta 1a Proposta 1b Proposta 2 Proposta 3 Proposta 4a Proposta 4b -1,4 0,2 1,2 1,3 1,6 0,5 1,3 Figura 58: Comparação C-80 entre as propostas O Tempo de Decaimento Inicial (EDT) se relaciona diretamente a percepção da reverberação pelos ouvintes quando apresentam valores menores que os dados de TR encontrados e, por outro lado, quando apresentam valores maiores, aumentam a sensação subjetiva de um espaço mais reverberante (Bottazzini et all, 2007). A Figura 59 indica que os dados encontrados em todas as propostas indicam espaços muito reverberantes, pois o TR simulado apresenta valores entre 1,40 a 1,60 na freqüência de 500 Hz. Aqui, o volume tem pouca influencia sobre o EDT, porém a disposição dos materiais absorvedores influenciam neste parâmetro, aumentando a sensação de ambiente reverberante. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 77 3 2,5 (s) 2 1,5 1 0,5 0 EDT Original Proposta 1a Proposta 1b Proposta 2 Proposta 3 Proposta 4a Proposta 4b 2,5 2,18 1,87 1,89 1,83 2,13 1,73 Figura 59: Comparação EDT entre as propostas O Nível de Pressão Sonora (NPS ou SPL) encontrados nas simulações apresentam um comportamento muito semelhante aos encontrados no EDT, porém se mantém abaixo dos 94dB da fonte de emissão sonora, como ilustra a Figura 60. Na proposta original percebe-se uma maior pressão sobre os ouvintes, gerando uma maior sensação de mal estar, enquanto que nas demais propostas a pressão sonora se encontra mais uniforme. 94 92 (dB) 90 88 86 84 82 80 SPL Original Proposta 1a Proposta 1b Proposta 2 Proposta 3 Proposta 4a Proposta 4b 88,3 85,8 86,2 86,4 86,3 86,4 86,1 Figura 60: Comparação SPL entre as propostas Em função dos resultados encontrados nos gráficos foram selecionadas propostas com as melhores comparações com o projeto original, tomando-se o cuidado de não misturar aplicações de materiais em lados opostos de forma a manter simulações correlacionadas. As três propostas selecionadas foram aquelas em que a aplicação de materiais estavam no fundo da igreja, indicando que não é apenas o RaSTI quem define os melhores resultados. É necessário outros parâmetros para complementar a escolha, tais como: D50, C80, EDT e SPL. Conforme o Quadro 10, são escolhidos para a comparação entre as diferenças geométricas: o Projeto Original, a Proposta 1b, a Proposta 3 e a Proposta 4b. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 78 Geometria Propostas Volume (m³) Superfície (m²) Original Proj. Original 967,5 880,9 Original Proposta Proposta 1a 1b 967,5 967,5 880,9 880,9 Alterada Proposta Proposta 2 3 965,6 958,0 878,8 919,0 Alterada + Volume Proposta Proposta 4a 4b 1.067,1 1.067,1 943,6 943,6 Quadro 10: Resumo das Propostas A partir deste momento serão checados os resultados encontrados para o receptor 1 e comparadas com os outros três pontos de receptores, analisando as implicações da percepção do ouvinte as demais posições – R2, R3 e R4 (ver Figura 61). Neste caso, o condicionamento acústico é proporcional em toda a área interna do recinto, pois no projeto existe uma clara intenção de simetria, destacando em sua geometria os usos nas suas extremidades, quais sejam: o coro, a sacristia e o confessionário. Conforme a geometria simulada na proposta original e na proposta 6a se observa um desequilíbrio no comportamento do som, apresentado pela falta de simetria nas paredes laterais da igreja. Figura 61: Localização em planta baixa dos pontos de receptor e fonte sonora O projeto original apresenta o desempenho mais desfavorável em relação as demais propostas, sendo que estas, também atingem uma boa inteligibilidade conforme classificada por Valle (2006). Quanto ao receptor, percebe-se uma melhor performance próxima ao altar e uma perda maior no centro da igreja. Inclusive, há uma pequena diferença entre o receptor 1 e o receptor 2, mesmo ambos se encontrando nos fundos e em lados opostos, tendo melhor reflexão do lado do receptor 1 devido a menor distancia entre a parede da sacristia e o receptor (ver Figura 62). Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 79 70 60 50 40 Rec 1 Rec 2 Rec 3 Rec 4 Projeto Original 44,2 43,4 40,4 46,6 Proposta 1b 52,4 51,2 48,5 55,4 Proposta 3 53,8 53,2 48,5 53 Proposta 4b 53,2 52,6 48,5 53,9 Figura 62: Comparação RaSTI entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b Em relação a STI, o projeto original também apresenta um desempenho desfavorável em relação as demais propostas, sendo que estas, conforme a classificação de Bottazzini et all (2007) demonstram uma razoável inteligibilidade da fala. Quanto aos receptores, apresentam considerações semelhantes aquelas anteriormente apresentadas pelo RaSTI (ver Figura 63). 70 60 50 40 Rec 1 Rec 2 Rec 3 Rec 4 Projeto Original 48,4 48,7 45,5 51,3 Proposta 1b 54,3 53,2 50,6 57,1 Proposta 3 55,1 54,7 49,8 55,5 Proposta 4b 54 53,6 49,2 55,6 Figura 63: Comparação STI entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b A Definição demonstra interferência da geometria nos ouvintes conforme sua posição. Este parâmetro e apresenta no receptor 2 os melhores valores encontrados, ficando muito próximos com aqueles encontrados no altar e a proposta 4b apresenta uma media mais equilibrada (ver Figura 64). Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 80 75 65 (%) 55 45 35 25 Rec 1 Rec 2 Rec 3 Rec 4 Projeto Original 34,8 33,9 26,8 38,3 Proposta 1b 49,5 45 39 50 Proposta 3 50,4 51,4 37,5 48,1 Proposta 4b 49,2 50,3 40,5 50,4 Figura 64: Comparação D-50 entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b A Clareza apresenta maiores diferenças entre receptores, pois se comporta melhor na frente do altar no projeto original, diferente das demais propostas. Todas as propostas atendem aos valores aceitáveis para esse parâmetro sendo que no centro da igreja se encontra o maior equilíbrio nas propostas simuladas (ver Figura 65). 2 (dB) 1 0 -1 -2 Rec 1 Rec 2 Rec 3 Rec 4 Projeto Original -1,4 -1,3 -1,6 -0,3 Proposta 1b 1,2 0,9 0,8 2 Proposta 3 1,6 1,8 0,5 1,3 Proposta 4b 1,3 1,8 1,3 1,7 Figura 65: Comparação C-80 entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b O EDT da proposta 4b apresenta valores mais próximos do TR, portanto há um melhor equilíbrio na sensação de reverberação do ambiente. Em relação a posição do receptor 1 e 2, existe uma maior diferença entre as duas posições no fundo da igreja, onde o receptor 1 apresenta o menor valor, aproximando-se ao ideal (ver Figura 66). Porém todas as propostas estão com os dados acima do TR, indicando um ambiente mais reverberante. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 81 3 2,5 (s) 2 1,5 1 Rec 1 Rec 2 Rec 3 Projeto Original 2,5 2,79 2,5 Rec 4 2,49 Proposta 1b 1,87 1,89 1,87 1,69 Proposta 3 1,83 1,78 1,77 1,84 Proposta 4b 1,73 1,94 1,66 1,66 Figura 66: Comparação EDT entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b A pressão sonora na frente do altar é maior que os demais locais, porém se observa uma situação de pressão decrescente a medida que se avança para os fundos da igreja (ver Figura 67). 94 92 (dB) 90 88 86 84 Rec 1 Rec 2 Rec 3 Rec 4 Projeto Original 88,3 88,1 88,5 89,5 Proposta 1b 86,2 86,8 87,2 88,3 Proposta 3 86,3 87 87,2 88,3 Proposta 4b 86,1 86,7 86,6 87,9 Figura 67: Comparação SPL entre as propostas a) Original, b) Proposta 1b, c) Proposta 3, f) d) Proposta 4b 3.5 Sínteses das Análises Das análises apresentadas, a Proposta 4b é aquela que apresenta bons resultados, porém ficando muito próximo da Proposta 3 o qual tem menor interferência no projeto original, pois não necessita de alteração no volume da igreja. Conforme sugere Carvalho (2006), a relação de volume per capita de ocupação do recinto, deve aproximar-se de 8,5m³ como volume recomendado e, no projeto original, esse valor apresenta apenas uma relação de 6,8m³ e com a alteração proposta, pode ser alcançado 7,5m³ de volume per capita, ficando ainda abaixo do Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 82 valor ideal. Em virtude de que essa alteração não proporciou uma significativa melhora para o condicionamento acústico, ficando indicada a Proposta 3 como sendo a solução recomendada para a Igreja do Bairro Século XX em Caxias do Sul. 3.5.1 Análise do comportamento das partículas de som no recinto A seguir, são apresentados os resultados da simulação do comportamento do som dentro do recinto da igreja em estudo. É apresentado um comparativo simultâneo entre o Projeto Original e a Proposta 3 - considerada aquela que apresentou melhor desempenho dos parâmetros das avaliações anteriores. A Figura 68 demonstra, em corte esquemático, a influência da inclinação do forro na distribuição do comportamento das partículas do som no recinto. São avaliados quadro-a-quadro o comprimento das ondas e as mudanças da intensidade sonora ao longo do tempo, variando seus decibéis conforme ilustra o espectro de cor. Figura 68: Análise do comportamento do som – vista Lateral Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 83 Cabe destacar que a distribuição das animações das partículas do som emitidas pela fonte sonora localizada no altar vem a concordar com a geometria em leque da planta baixa, espalhando-se ao longo da progressão do comprimento da onda em sucessivos raios esféricos, demonstradas nas seqüências de quadros em milisegundos (ms) das Figuras 69 e 70. É possível concluir que a geometria em planta baixa é considerada favorável ao desempenho acústico da sala. Figura 69: Análise do comportamento do som – vista Tridimensional Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 84 Figura 70: Análise do comportamento do som – vista Topo Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS 85 Ainda pouco difundida, a acústica arquitetônica é parte chave na solução dos problemas e a potencialização das qualidades no conforto ambiental. É interessante que exista um estudo preliminar de acústica antes da execução da edificação, pois colabora na qualificação o projeto, corrigindo eventuais interferências significativas para o conforto acústico, quais sejam: quanto a geometria, os materiais de revestimento, volume e capacidade de pessoas no recinto. A fim de dar suporte as decisões de projeto da Igreja do Bairro Século XX, apresentam-se algumas recomendações para a escolha de materiais e alteração de pontos específicos da geometria, tais como: alteração do forro e inclinação de uma parede do coro, pois o projeto original, nos aspectos analisados, apresentou desempenho prejudicado. Neste trabalho, pode ser observado que os princípios básicos da idéia original do projeto apresentaram um bom desempenho nas simulações. Entretanto, para melhorar o condicionamento acústico são recomendadas pequenas alterações na geometria da sala, sugerindo inclinação da superfície do pilar do coro (conforme Figuras 69 e 70 entre os tempos de 20 a 26 ms), mudando a sua inclinação para redirecionar a reflexão do som para o centro da igreja, evitando assim o retorno do som para o altar. O forro do altar poderia ser inclinado para evitar paralelismo das superfícies entre o piso e o forro, solucionando o efeito flutter echo. Reforçando essa situação, o som tende a espalhar melhor pela nave central. Também, pudemos observar que a intenção de inserir um elemento arquitetônico favoreceu o condicionamento percebido na sala, observados nos desenhos de comparação gráfica indicadas na Figura 56, onde se percebe uma pequena melhora entre as Propostas 2, sem este dispositivo e na Proposta 3, com a inserção deste novo elemento. Portanto, a prateleira de luz ocasiona pouca interferência na qualidade sonora do recinto, neste caso, para melhor. Para atingir este resultado, recomenda-se a aplicação de uma pequena faixa de revestimento de absorção na face frontal do altar para evitar o retorno do som para a origem. A questão de aumentar o pé direito apresentou dualidade nas soluções apresentadas, pois em alguns momentos se apresentou favorável a um tipo de parâmetro e desfavorável para outro, significando que isso pouco interfere na acústica desta igreja como explicado na síntese das Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 86 análises no item 3.5. Por esse motivo, não é recomendável essa modificação, pois altera a originalidade do projeto. Em relação a escolha dos materiais recomenda-se uma substituição quase que total do revestimento interno de gesso acartonado da paredes e forro, pois absorvem um percentual maior nas baixas freqüências (125 e 250Hz), por isso, sugere-se a substituição para a placa cimentícia, que apresenta valores menores de absorção nestas freqüências, evitando o cruzamento dos gráficos de reverberação analisados. Recomenda-se a aplicação de materiais de absorção no fundo da igreja para absorver o som e evitar o retorno do mesmo e, com isso, evitar a reverberação do ambiente, conforme observados nos parâmetros da definição e no tempo de decaimento inicial analisados para a inteligibilidade da fala. Como a sala se encontra próxima dos valores de tempos de reverberação recomendados, existem poucos locais para intervenções. Neste caso, superfícies tais como piso, porta de madeira, aberturas de vidro e paredes de concreto não sofreram alterações e, por esse motivo, o critério de simulação fixou os valores de coeficiente de absorção de forma a permitir maior liberdade para simular melhor superfícies tais como as paredes e o forro. A oportunidade de uso de um software específico de acústica se mostrou uma ferramenta valiosa para o auxílio na tomada de decisões, ainda na fase de projeto, vindo a promover ou melhorar o condicionamento acústico das edificações. Neste trabalho, foram apresentadas diversas referências de pesquisas em ambientes de igrejas. Todas elas, inclusive a Igreja do Bairro Século XX – objeto deste trabalho, apresentam características muito especiais, que exercem influências sonoras específicas sobre o recinto, demonstrando que esse tipo de edificação é um campo rico para estudo e investigações futuras em acústica de igrejas. Com a tendência de melhoria no desempenho das edificações, respostas eficientes conseguidas através do uso das tecnologias disponibilizadas pelos fornecedores, o domínio de softwares específicos e o conhecimento dos profissionais técnicos da construção civil, logo se tornarão importante diferencial competitivo num mercado cada vez mais conhecedor e exigente. Esta exigência se torna ainda mais presente quando se pensa em um prédio de uso público e diferenciado, caso da igreja objeto da análise, onde, mais que simplesmente uma necessidade, uma excelente acústica é um item indispensável. Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 87 ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Citações em documento – apresentação. NBR 12179. Tratamento Acústico em recintos Fechados. Rio de janeiro, 1992. ARAÚJO, B. C. D.; BELDERRAIN, M.; PALAZZO, T.; BISTAFA, S. R.; NEVES, R. Análise Ambiental: Estudo acústico de salas de uma igreja. In: XI ENCONTRO NACIONAL DE TECNOLOGIA NO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Anais... Florianópolis: ANTAC, 2006. BARBO, M. N., PAIXÃO, D. X. da; VERGANA, E. F. Análise do Comportamento Acústico de uma Basílica em Santa Maria – RS. In: VI CONGRESSO IBEROAMERICANO DE ACÚSTICA. Anais... Buenos Aires: ANTAC, 2008. BARBO, M. N., PAIXÃO, D. X. da; VERGANA, E. F., PAVANELLO, L. R. Desempenho Acústico de uma Basílica com Arquitetura Contemporânea através da Resposta Impulsiva com Fonte de Impacto Manual. In: X ENCONTRO NACIONAL E VI ENCONTRO LATINO AMERICANO DE CONFORTO NO AMBIENTE CONSTRUÍDO. Anais... 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Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 89 APÊNDICE A Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 90 Dados geométricos inseridos no software CATT-Acoustics para simulação do projeto original do escritório – arquivo fonte. master igreja pedone original 2.txt ;IGREJASECULOXX.GEO ABS piso_granilite = <2 2 2 4 5 5> PL&DT 4, carvalho ABS piso_taco_colado = <4 4 6 12 10 17> NBR 12179 ABS parede_concreto = <2 2 2 4 5 5> PL&DT 3 rustico, carvalho ABS gesso_acartonado = <10 8 5 3 3 3> ; bistafa ABS porta = <14 10 6 8 10 10> NBR 12179 ABS vidro_comum_caixilho = <35 25 18 12 7 4> ; bistafa ABS vidro_temperado_grande = <18 6 4 3 2 2> ; bistafa ABS audiencia = <19 24 30 33 32 29> ; EUC 315, carvalho ABS parede_abnt_117 = <11 33 90 60 79 68> ; ABNT, carvalho ABS forro_amf_123 = <45 39 57 72 61 43> ; AMF, carvalho ABS frontao_regua_madeira_encerada = <40 30 20 17 15 10> ; COM 13, carvalho CORNERS ;CANTOS PISO NAVE CENTRAL HALL 1 0.4577 4.00 0 2 6.20 4.00 0 3 6.40 3.20 0 4 7.1375 0.25 0 5 15.2625 0.25 0 6 16.00 3.20 0 7 16.20 4.00 0 8 19.9423 4.00 0 9 20.9423 8.00 0 10 20.2756 10.6667 0 11 19.20 10.6667 0 12 17.00 13.60 0 13 5.40 13.60 0 14 3.20 10.6667 0 15 2.1244 10.6667 0 16 1.3288 7.4846 0 17 2.20 4.00 0 ;CANTOS PISO DEGRAU 21 0.4577 4.00 0.17 22 6.20 4.00 0.17 23 6.40 3.20 0.17 24 7.1375 0.25 0.17 25 15.2625 0.25 0.17 26 16.00 3.20 0.17 27 16.20 4.00 0.17 28 19.9423 4.00 0.17 29 20.9423 8.00 0.17 30 20.2756 10.6667 0.17 31 19.20 10.6667 0.17 32 17.00 13.60 0.17 33 5.40 13.60 0.17 34 3.20 10.6667 0.17 35 2.1244 10.6667 0.17 36 1.3288 7.4846 0.17 37 2.20 4.00 0.17 38 19.4423 14.00 0.17 39 18.70 14.00 0.17 40 19.1375 15.75 0.17 41 15.2119 15.75 0.17 42 14.70 14.00 0.17 43 5.70 14.00 0.17 ;CANTOS PISO ALTAR 50 15.075 15.75 0.34 51 13.575 17.75 0.34 52 8.825 17.75 0.34 53 7.325 15.75 0.34 54 7.0125 15.75 0.34 55 5.70 14.00 0.34 56 14.70 14.00 0.34 57 15.2119 15.75 0.34 58 19.1375 15.75 0.34 59 3.20 10.6667 0.34 ;CANTOS FORRO CORO 60 20.3106 10.5267 2.80 61 19.1294 10.5267 2.80 62 16.8244 13.60 2.80 63 15.2119 15.75 2.80 64 19.1375 15.75 2.80 65 18.70 14.00 2.80 66 19.4423 14.00 2.80 67 20.2756 10.6667 2.80 68 20.9423 8.00 2.80 69 15.075 15.75 2.80 ;CANTOS FORRO SACRISTIA 70 7.1881 15.75 2.80 71 7.0125 15.75 2.80 72 3.20 10.6667 2.80 73 2.1244 10.6667 2.80 74 2.0894 10.5267 2.80 75 3.2706 10.5267 2.80 76 5.5756 13.60 2.80 77 7.325 15.75 2.80 Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 91 78 7.5125 16.00 2.80 79 0.4577 4.00 2.80 ;CANTOS FORRO HALL 80 6.20 4.00 3.10 81 6.40 3.20 3.10 82 7.1375 0.25 3.10 83 15.2625 0.25 3.10 84 16.00 3.20 3.10 85 16.20 4.00 3.10 ;CANTOS FORRO ALTAR 90 15.075 15.75 3.16 91 14.8875 16.00 3.16 92 7.5125 16.00 3.16 93 7.325 15.75 3.16 94 7.1881 15.75 3.16 95 5.5756 13.60 3.16 96 16.8244 13.60 3.16 97 15.2119 15.75 3.16 98 13.575 17.75 3.16 99 8.825 17.75 3.16 ;CANTOS FORRO NAVE CENTRAL 100 0.4577 4.00 4.20 101 3.20 4.00 4.20 102 6.20 4.00 4.20 103 16.20 4.00 4.20 104 19.20 4.00 4.20 105 19.9423 4.00 4.20 106 20.9423 8.00 4.20 107 20.3106 10.5267 4.20 108 19.1294 10.5267 4.20 109 16.8244 13.60 4.20 110 5.5756 13.60 4.20 111 3.2706 10.5267 4.20 112 2.0894 10.5267 4.20 113 1.3288 7.4846 4.20 114 2.20 4.00 4.20 ;CANTOS POÇO LUZ ALTAR 120 14.8875 16.00 4.20 121 15.3798 17.75 4.20 122 13.575 17.75 4.20 123 8.825 17.75 4.20 124 7.0202 17.75 4.20 125 7.5131 15.9979 4.20 ;CANTOS FORRO POÇO LUZ ALTAR 130 14.8875 16.00 7.10 131 15.3798 17.75 7.10 132 7.0202 17.75 7.10 133 7.5125 16.00 7.10 140 1.3288 7.4846 7.00 141 0.4577 4.00 8.20 142 2.20 4.00 8.20 143 1.4577 8.00 2.80 144 1.3288 7.4846 2.80 145 2.20 4.00 2.80 146 2.4577 4.00 2.80 147 6.20 4.00 2.80 148 2.4577 4.00 4.20 149 1.4577 8.00 4.20 ;CANTOS JANELAS 150 6.40 3.20 2.40 151 7.1375 0.25 2.40 152 15.2625 0.25 2.40 153 16.00 3.20 2.40 160 0.4577 4.00 3.50 161 3.20 4.00 3.50 162 6.20 4.00 3.50 163 16.20 4.00 3.50 164 19.20 4.00 3.50 165 19.9423 4.00 3.50 170 0.6577 4.80 5.30 171 1.0458 6.3522 5.30 172 0.6577 4.80 6.90 173 1.0458 6.3522 6.90 174 1.3288 7.4846 6.90 175 1.3288 7.4846 5.30 176 0.4577 4.00 5.30 177 0.4577 4.00 6.90 180 14.8875 16.00 5.55 181 7.5125 16.00 5.55 ;OUTROS CANTOS 190 3.20 4.00 2.80 191 19.9423 4.00 2.80 192 5.70 14.00 2.80 ;CANTOS CIRCULACAO 201 8.8859 4.00 0.00 202 10.4858 13.60 0.00 203 13.5141 4.00 0.00 204 11.9142 13.60 0.00 PLANES [1 Piso A1 / 4 5 7 203 204 202 201 2 / piso_granilite ] [2 Piso A2 / 21 37 36 / piso_taco_colado ] [3 Piso A3 / 33 32 31 30 38 39 40 41 42 43 / piso_taco_colado ] [4 Piso A4 / 50 51 52 53 54 55 56 57 / piso_taco_colado ] [5 Forro B1 / 148 149 112 111 110 109 108 107 106 105 104 103 102 / gesso_acartonado ] [6 Forro B2 / 85 83 82 80 / gesso_acartonado ] [7 Forro B3 / 60 61 63 64 65 66 / gesso_acartonado ] [8 Forro B4 / 97 96 95 94 93 92 91 90 / gesso_acartonado ] Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 92 [9 Forro B5 / 75 74 73 72 71 70 / gesso_acartonado ] [10 Forro B6 / 120 121 122 / vidro_comum_caixilho ] [11 Forro B7 / 123 124 125 / vidro_comum_caixilho ] [12 Forro B8 / 145 146 143 144 / gesso_acartonado ] [13 Forro B9 / 133 132 131 130 / gesso_acartonado ] [14 Forro B10 / 140 142 141 / gesso_acartonado ] [15 Rodapé Y1 / 2 17 37 22 / parede_concreto ] [16 Rodapé Y2 / 3 2 22 23 / parede_concreto ] [17 Rodapé Y3 / 5 4 24 25 / piso_granilite ] [18 Rodapé Y4 / 7 6 26 27 / parede_concreto ] [19 Rodapé Y5 / 8 7 27 28 / parede_concreto ] [20 Rodapé Y6 / 9 8 28 29 / piso_granilite ] [21 Rodapé Y7 / 10 9 29 30 / piso_granilite ] [22 Rodapé Y8 / 11 10 30 31 / piso_granilite ] [23 Rodapé Y9 / 12 11 31 32 / piso_granilite ] [24 Rodapé Y10 / 13 12 32 33 / piso_granilite ] [25 Rodapé Y11 / 14 13 33 34 / piso_granilite ] [26 Rodapé Y12 / 15 14 34 35 / piso_granilite ] [27 Rodapé Y13 / 16 15 35 36 / piso_granilite ] [28 Rodapé Y14 / 17 16 36 37 / piso_granilite ] [29 Rodapé Y16 / 43 42 56 55 / piso_taco_colado ] [30 Rodapé Y17 / 42 41 57 56 / piso_taco_colado ] [31 Rodapé Y18 / 41 40 58 57 / gesso_acartonado ] [32 Parede X1 / 21 79 147 22 / parede_concreto ] [33 Parede X2 / 23 22 80 81 / parede_concreto ] [34 Parede X3 / 151 150 81 82 / gesso_acartonado ] [35 Parede X4 / 25 24 82 83 / gesso_acartonado ] [36 Parede X5 / 153 152 83 84 / gesso_acartonado ] [37 Parede X6 / 27 26 84 85 / parede_concreto ] [38 Parede X7 / 28 27 163 165 / parede_concreto ] [39 Parede X8 / 29 28 191 68 / gesso_acartonado ] [40 Parede X9 / 30 29 68 67 / gesso_acartonado ] [41 Parede X10 / 38 30 67 66 / gesso_acartonado ] [42 Parede X11 / 39 38 66 65 / parede_concreto ] [43 Parede X12 / 40 39 65 64 / gesso_acartonado ] [44 Parede X13 / 50 58 64 63 97 90 / gesso_acartonado ] [45 Parede X16 / 51 50 90 98 / gesso_acartonado ] [46 Parede X17 / 52 51 98 99 / gesso_acartonado ] [47 Parede X18 / 53 52 99 93 / gesso_acartonado ] [48 Parede X20 / 54 53 93 94 70 71 / gesso_acartonado ] [49 Parede X21 / 55 54 71 192 / porta ] [50 Parede X22 / 34 43 192 72 / gesso_acartonado ] [51 Parede X23 / 35 34 72 73 / porta ] [52 Parede X24 / 36 35 73 144 / gesso_acartonado ] [53 Parede X25 / 21 36 144 79 / gesso_acartonado ] [54 Parede Z1 / 85 80 162 163 / parede_concreto ] [55 Parede Z2 / 165 164 104 105 / parede_concreto ] [56 Parede Z3 / 68 191 105 106 / gesso_acartonado ] [57 Parede Z4 / 60 68 106 107 / gesso_acartonado ] [58 Parede Z5 / 61 60 107 108 / gesso_acartonado ] [59 Parede Z6 / 62 61 108 109 / gesso_acartonado ] [60 Parede Z7 / 63 62 96 97 / gesso_acartonado ] [61 Parede Z10 / 98 91 120 122 / gesso_acartonado ] [62 Parede Z11 / 99 98 122 123 / gesso_acartonado ] [63 Parede Z12 / 92 99 123 125 / gesso_acartonado ] [64 Parede Z15 / 76 70 94 95 / gesso_acartonado ] [65 Parede Z16 / 75 76 110 111 / gesso_acartonado ] [66 Parede Z17 / 74 75 111 112 / gesso_acartonado ] [67 Parede Z18 / 143 74 112 149 / gesso_acartonado ] Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 93 [68 Parede Z19 / 146 143 149 148 / gesso_acartonado ] [69 Parede Z20 / 146 148 101 190 / gesso_acartonado ] [70 Parede Z21 / 79 144 113 100 / gesso_acartonado ] [71 Parede Z22 / 145 79 100 114 / gesso_acartonado ] [72 Parede Z23 / 144 145 114 113 / gesso_acartonado ] [73 Parede Z24 / 91 92 181 180 / gesso_acartonado ] [74 Parede Z25 / 96 109 110 95 / frontao_regua_madeira_encerada ] [75 Parede Z26 / 121 120 130 131 / gesso_acartonado ] [76 Parede Z27 / 124 121 131 132 / gesso_acartonado ] [77 Parede Z28 / 125 124 132 133 / gesso_acartonado ] [78 Parede Z29 / 147 190 161 162 / parede_concreto ] [79 Parede Z30 / 100 113 175 176 / gesso_acartonado ] [80 Parede Z31 / 171 175 174 173 / gesso_acartonado ] [81 Parede Z32 / 176 170 172 177 / gesso_acartonado ] [82 Parede Z33 / 177 174 140 141 / gesso_acartonado ] [83 Parede Z34 / 114 100 141 142 / parede_concreto ] [84 Parede Z35 / 113 114 142 140 / gesso_acartonado ] [85 Janela B1 / 4 3 150 151 / vidro_temperado_grande ] [86 Janela B2 / 6 5 152 153 / vidro_temperado_grande ] [87 Janela B3 / 164 161 101 104 / vidro_temperado_grande ] [88 Janela B4 / 170 171 173 172 / vidro_comum_caixilho ] [89 Janela B5 / 180 181 133 130 / vidro_comum_caixilho ] [90 Audiencia C1 / 201 202 13 14 15 16 17 / audiencia ] [91 Audiencia C2 / 8 9 10 11 12 204 203 / audiencia ] Dados referentes a localização e características técnicas da fonte sonora, informados para simulação do projeto original do escritório. Src igreja white.txt ;SRC.LOC LOCAL src_z = 1.94 SOURCEDEFS ;id --pos x y z -- directivity -- aim point (has no effect with omni) -A0 11.2 16.00 src_z OMNI 11.20 18.00 src_z Lp1m_a = LP_white 94; white spectrum, 94 dB at 1kHz Dados referentes a localização do receptor. Rec igreja 3.txt ;REC.LOC LOCAL src_z = 1.80 RECEIVERS 1 18.17 5.89 src_z Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 94 Dados gerados pelo software CATT-Acoustics versão 8.0 demo - Parâmetro (Interativo RT estimado) Settings = E:\catt acoustics trabalhos\igreja\OUT\CATT igreja sec xx 3.PRD Project = igreja sec xx MASTER = MASTER IGREJA PEDONE ORIGINAL 2.GEO The absorption is used as follows: ----------------------------------------------------------------------------------Relative absorption area [%] Key name Area [m²] Area [%] < 125 250 500 1k 2k 4k> Used ----------------------------------------------------------------------------------GESSO_ACARTONADO 511,4 58,1 < 52,2 46,4 32,4 20,0 20,6 21,1> 50 AUDIENCIA 136,5 15,5 < 26,5 37,1 51,9 58,7 58,8 54,5> 2 PISO_GRANILITE 70,4 8,0 < 1,4 1,6 1,8 3,7 4,7 4,8> 11 PISO_TACO_COLADO 50,2 5,7 < 2,1 2,3 3,8 7,9 6,8 11,8> 5 PAREDE_CONCRETO 49,5 5,6 < 1,0 1,1 1,3 2,6 3,3 3,4> 13 VIDRO_TEMPERADO 25,8 2,9 < 4,7 1,8 1,3 1,0 0,7 0,7> 3 VIDRO_COMUM_CAI 17,2 1,9 < 6,1 4,9 3,9 2,7 1,6 0,9> 4 FRONTAO_REGUA_M 11,7 1,3 < 4,8 4,0 3,0 2,6 2,4 1,6> 1 PORTA 8,2 0,9 < 1,2 0,9 0,6 0,9 1,1 1,1> 2 ----------------------------------------------------------------------------------880,9 List of planes using each surface property: ----------------------------------------------------------------------------------AUDIENCIA 90-91 FRONTAO_REGUA_M 74 GESSO_ACARTONADO 5-9 12-14 31 34-36 39-41 43-48 50 52-53 56-73 75-77 79-82 84 PAREDE_CONCRETO 15-16 18-19 32-33 37-38 42 54-55 78 83 PISO_GRANILITE 1 17 20-28 PISO_TACO_COLADO 2-4 29-30 PORTA 49 51 VIDRO_COMUM_CAI 10-11 88-89 VIDRO_TEMPERADO 85-87 ----------------------------------------------------------------------------------- Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 95 ANEXO A Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX 96 Características específicas dos materiais com os coeficientes de absorção fornecidos pelos fabricantes dos produtos. Figura 71: Coeficientes de absorção do produto painel parede – Idealtec Perfurado6 – T32 ø8 – LR 2,5 cm Fonte: (SONEX, 2010) Figura 72: Coeficientes de absorção do produto forro – Sonex illtec7 Plano 20 mm Fonte: (SONEX, 2010) 6 Características técnicas - Composição: Painéis em MDF revestidos com madeira ou melamina, resistentes à umidade e ao fogo. Os painéis de paredes são disponíveis na modulação de 1200 x 600mm 2430 x 400mm, com borda macho / femea e instalados com perfis e clips metálicos especiais. 7 Características técnicas - Material: illtec expandido semi rigido, de estrutura micro celular; Cores: Natural: cinza claro; Pintado: branca, bege, marfim, palha, verde, azul; Dimensões: placas com 1.250 x 625 mm ou 625 x 625 mm; Espessuras: 20, 30, 40 ou 50 mm Condicionamento Acústico para a Igreja Católica do Bairro Século XX