Programação Detalhada e Resumos
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Programação Detalhada e Resumos
Programação e Resumos UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ Alex Bolonha Fiúza de Mello Reitor Regina Fátima Feio Barroso Vice-Reitora Licurgo Peixoto de Brito Pró-Reitor de Ensino e Graduação Roberto Dall’Agnol Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação Ney Cristina Monteiro de Oliveira Pró-Reitora de Extensão Simone Andréa Lima do Nascimento Baía Pró-Reitora de Administração Sibele Maria Bitar de Lima Caetano Pró-Reitora de Desenvolvimento e Gestão de Pessoal Sinfrônio Brito Moraes Pró-Reitor de Planejamento INSTITUTO DE LETRAS E COMUNICAÇÃO Luiz Roberto Vieira de Jesus Diretor Geral Rosa Maria de Sousa Brasil Diretora Adjunta PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM LETRAS Myriam Crestian Chaves da Cunha Coordenadora Sílvio Augusto de Oliveira Holanda Vice-Coordenador Línguas e Literaturas: Diversidade e Adversidades na América Latina Programação e Resumos De 06 a 08 de abril de 2009 Belém-Pará-Brasil COMISSÃO ORGANIZADORA Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes Presidente da comissão organizadora Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras Dra. Myriam Crestian Cunha Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Letras Dra. Carmen Reis Rodrigues Docente do Programa de Pós-Graduação em Letras Dra. Gessiane Lobato Picanço Bolsista de Desenvolvimento Científico Regional (FAPESPA/CNPq), afiliada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Dra. Valéria Augusti Bolsista de Desenvolvimento Científico Regional (FAPESPA/CNPq), afiliada ao Programa de Pós-Graduação em Letras Secretaria do Mestrado EM LETRAS Eduardo Antonio Ribeiro de Brito (Secretário) Antelmo Vigílio Barros de Nascimento (Secretário) Amanda Faustino de Pinho (Bolsista) Universidade Federal do Pará Instituto de Letras e Comunicação Programa de Pós-Graduação em Letras Cidade Universitária Professor José da Silveira Netto Rua Augusto Corrêa, 01, Guamá CEP 66.075-900, Belém - PA Fone-Fax: (91) 3201-7499 E-mail: [email protected] Site: www.ufpa.br/mletras Apresentação O Congresso Internacional de Estudos Linguísticos e Literários na Amazônia (CIELLA) é um evento bianual que resultou do bom desenvolvimento e projeção de um tradicional encontro intitulado Jornada de Estudos Linguísticos e Literários (JELL), promovido pelo Programa de PósGraduação em Letras da Universidade Federal do Pará (UFPA) durante 10 anos consecutivos. O II CIELLA tem como tema principal “Línguas e Literaturas: diversidade e adversidades na América latina”. O objetivo do encontro é integrar os pesquisadores da área de estudos linguísticos, literários e culturais implicados na discussão de problemas característicos do contexto latino-americano e na busca de soluções diferenciadas, oportunizando o diálogo com os demais atores sociais envolvidos, de modo a favorecer a elaboração de propostas político-educacionais diversificadas. Como evento acadêmico, o II CIELLA volta-se para professores universitários, pesquisadores, estudantes de Graduação e Pós-Graduação de instituições locais, nacionais e internacionais. Assinalamos que o evento caracteriza-se também por estabelecer um diálogo com profissionais e gestores interessados nas repercussões econômicas, políticas e sócio-culturais dessas pesquisas. Além disso, abre-se, de forma pioneira, na Região Norte, para estudantes de Ensino Médio, participantes do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica Júnior da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Pará. Essa dinâmica, congregando vários atores sociais, pretende estabelecer intercâmbio efetivo entre a academia e as comunidades envolvidas, garantindo maior circulação dos resultados de pesquisas. Comissão Organizadora do II CIELLA COMISSÃO CIENTÍFICA Abdelhak Razky, UFPA Ana Carla dos Santos Bruno, INPA Andrea Ciacchi, UFPB Christophe Golder, UFPA Daniel dos Santos Fernandes, IDEPA / Faculdade Ipiranga Germana Maria Araújo Sales, UFPA Heraldo Maués, UFPA Joel Cardoso da Silva, UFPA José Carlos Chaves da Cunha, UFPA José Carlos Paes de Almeida Filho, UnB Lindinalva Messias do Nascimento Chaves, UFAC Luís Heleno Montoril del Castilo, UFPA Maria Aparecida Lopes Rossi, UNITAU Maria do Socorro Galvão Simões, UFPA Maria Risolêta da Silva Julião, UFPA Mário César Leite, UFMT Marcello Moreira, UESB Marília de N. de Oliveira Ferreira, UFPA Marilúcia Barros de Oliveira, UFPA Marli Tereza Furtado, UFPA Sidney da Silva Facundes, UFPA Sílvio Augusto de Oliveira Holanda, UFPA Simone Cristina Mendonça de Souza, UF de Viçosa Thomas Massao Fairchild, UFPA COMISSÃO DE APOIO Coordenação: Thayana Albuquerque. Adriana Oliveira, Adrielson Barbosa, Alex Moreira, Alice Oliveira, Aline Silva, Aline Souza, Ana Maria de Jesus, Ana Paula Silva, Anny Linhares, Brenda Lima, Bruna Pimentel, Carla Guedes, Crystian Alfaia, Daniele Chaves, Edimara Santos, Eduardo Lopes, Elma Lima, Eveline Nascimento, Fabiana Silva, Gézika Ferreira, Glaciane Serrão, Jonatas Silva, Josemare da Silva, Joyce Costa, Jucineide Ribeiro, Kelly Souza, Layse Oliveira, Maria Elisabete Blanco, Maria Iracema Lima, Marla de Abreu, Martha Luz, Maxwell Maciel, Mayara Rocque, Michela Garcia, Natália Magno, Nathalia Carvalho, Nilsineia Simões, Ordilene Souza, Patrícia Martins, Patrick Pimenta, Paulo Alberto dos Santos, Phillippe Souza, Priscila Castro, Rafaela Margalho, Raicya Coutinho,Samara Queiroz, Sara Costa, Shirlene Ribeiro, Shirley Silva, Tayana Barbosa, Thiago Nascimento, Thiago Souza, Wladimilson Mota. WEBMASTER Samuel Marques Campos ([email protected]) PROJETO GRÁFICO, EDITORAÇÃO ELETRÔNICA E CAPA Jorge Domingues Lopes ([email protected]) S u má rio 9 _________________________________ Atividades 13 _________________________________ Minicursos 17 _________________________________ Programação 55 _________________________________ Resumos 225 _________________________________ Normas para publicação de trabalhos nos Anais FOTO: Jorge D. Lopes Theatro da Paz – Belém-PA Atividades De 06 a 08 de abril de 2009 Belém-Pará-Brasil II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Horários 06/04 - SEGUNDA-FEIRA CREDENCIAMENTO (08h às 12h30) 8h30 às 10h30 ABERTURA SOLENE (10h às 10h30) 10h30 às 11h Pausa 11h às 12h30 CONFERÊNCIAS 12h30 às 14h Almoço SESSÕES DE COMUNICAÇÕES 14h às 16h30 PAINÉIS 10 16h30 às 17h Pausa 17h às 18h30 RELATOS DE EXPERIÊNCIAS 17h às 19h MINICURSOS 19h em diante PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL Cronograma de Atividades 07/04 - TERÇA-FEIRA 08/04 - QUARTA-FEIRA DEBATES DEBATES MESAS-REDONDAS MESAS-REDONDAS Pausa Pausa CONFERÊNCIAS CONFERÊNCIAS Almoço Almoço SESSÕES DE COMUNICAÇÕES SESSÕES DE COMUNICAÇÕES PAINÉIS PAINÉIS Pausa Pausa RELATOS DE EXPERIÊNCIAS LANÇAMENTO DE LIVROS MINICURSOS PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICO-CULTURAL ENCERRAMENTO (18h) COM PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA 11 FOTO: Jorge D. Lopes Chalé de Ferro – Núcleo do Meio Ambiente UFPA – Belém-PA Minicursos 06 e 07 de abril de 2009 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia ENSAIO DE NARRADORES NA LITERATURA LATINO-AMERICANA Ministrante: Dra. Ana Cecília Olmos (USP) Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC) HARMONY Ministrante: Dr. Douglas Pulleyblank (University of British Columbia - EUA) Local: Auditório da Reitoria A PRODUÇÃO CULTURAL NO CONTEXTO DA INTEGRAÇÃO REGIONAL Ministrante: Dr. Jorge Carlos Guerrero (University of Ottawa - Canadá) Local: Auditório do Atelier de Artes (ICA) APRESENTANDO UM AUTOR NOSSO Ministrante: Dr. José Edilson de Amorim (UFCG) Local: Auditório de Biológicas (ICB) PRODUÇÃO LITERÁRIA SOBRE O CICLO DA BORRACHA NA AMÉRICA LATINA Ministrante: Dr. Leopoldo Bernucci (University of California at Davis – EUA) Local: Auditório do pavilhão K IDENTIDADES E REGIÃO Ministrante: Dr. Mário Cezar Silva Leite (UFMT) Local: Auditório do CAPACIT OS ESCRITORES VÃO AO CINEMA (1897-1930) Ministrante: Dra. Miriam Vivane Garate (Unicamp) Local: Auditório Setorial Básico 1 ANALOGICAL CHANGE, GRAMMATICALIZATION, AND LEXICALIZATION Ministrante: Dr. Paul Kiparsky (Stanford University – EUA) Local: Auditório de Filosofia (IFCH) 14 Minicursos ENSINAR O ORAL PELOS GÊNEROS E AVALIÁ-LO: O DEBATE PÚBLICO E A ENTREVISTA RADIOFÔNICA Ministrante: Prof. Serge Erard (Institut Universitaire de Formation à l’Enseignement de l’Université de Genève - Suíça) Local: Auditório Setorial Básico 2 TIPOLOGIA DIACRÔNICA: PARA UMA EXPLICAÇÃO DE PADRÕES COMUNS Ministrante: Dr. Spike Gildea (University of Oregon). Local: Auditório de Geociências (IGC) IDENTIDADES, MIGRÂNCIAS E HIBRIDAÇÕES Ministrante: Dra. Zilá Bernd (UFRGS) Local: Auditório do ITEC 15 FOTO: Jorge D. Lopes Borboletário do Mangal das Garças – Belém-PA Programação Belém-Pará-Brasil, de 06 a 08 de abril de 2009 Programação sujeita a alterações Credenciamento 06/04 (das 8h às 12h30) – Pátio externo da Reitoria da UFPA (próximo ao “Vadião”) 07 e 08/04 – Secretaria do Curso de Mestrado em Letras (prédio atrás do Instituto de Letras e Comunicação) Segunda-feira 06 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA ABERTURA SOLENE – 10h às 10h30 Local: Espaço de lazer “Vadião” – UFPA (na beira do rio Guamá) 6 CONFERÊNCIAS – 11h às 12h30 DIÁLOGOS LITERÁRIOS NA AMÉRICA LATINA Conferencista: Dr. Leopoldo Bernucci Local: Auditório Setorial Básico 1 MUDANÇA DE SOM Conferencista: Dr. Paul Kiparsky Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC) PARA UM ENSINO DA MODALIDADE ORAL EM LÍNGUA MATERNA Conferencista: Dr. Serge Erard Local: Auditório Setorial Básico 2 POESIA COMO ENCANTARIA DA LINGUAGEM Conferencista: Dr. João de Jesus Paes Loureiro Local: Auditório Setorial Profissional (ITEC) SESSÕES DE COMUNICAÇÕES – 14h às 16h30 SESSÃO 01 (Sala Fb2) Maria Lucilena Gonzaga Costa – Jornal Gazeta Official e a (in)formação do literário na Belém do século XIX 14h20 às 14h40 Edimara Ferreira Santos – Literatura no Pará oitocentista: os romances folhetins como “riquezas” na Belle Époque 14h40 às 15h Patricia Carvalho Martins – As folhas literárias do Jornal do Pará (1862-1878) 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Patrícia Aparecida Beraldo Romano – Monteiro Lobato: um escritor a ser redescoberto na sala de aula 15h35 às 15h55 Maricilde de Oliveira Coelho – Entre livros e leitores: o livro escolar Alma e coração 15h55 às 16h15 Maria Auxiliadora Cunha Rossi – Leitura literária e informação estética: poesia e música, palavra e voz 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms Maria Lucilena Gonzaga Costa 14h às 14h20 18 Programação do II CIELLA SESSÃO 03 (Sala Fb4) Otávio Rios – A experiência estética de Raul Brandão: variantes textuais e construção narrativa em Uns – UEA 14h20 às 14h40 Sandra Regina Marcelino Pinto – A língua medieval – cantigas de Santa Maria 14h40 às 15h Eliana Pires de Almeida – Esboço de uma cartografia literária paraense: 1908-1952 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Juliana de Souza Gomes Nogueira – O sujeito moderno: tensões e fragmentações na poesia de Iderval Miranda 15h35 às 15h55 Loíde Leão dos Santos – O leitor, a metamorfose e o silêncio em Meu tio, o Iauaretê 15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. Otávio Rios 14h às 14h20 SESSÃO 04 (Sala Gb1) 14h às 14h20 14h20 às 14h40 14h40 às 15h 15h às 15h15 José Victor Neto – Narrativas orais de Castanhal: do nordeste brasileiro ao nordeste paraense Antonio José Rodrigues Xavier – Musas e moscas nos repentes urbanos de Lucy Brandão: contracultura, modernidade e performance Ana Maria de Carvalho – Cordel: entre um verso e outro, rastros de oralidade COMENTÁRIOS 19 Segunda-feira Gilson da Conceição Vitor Farias – Ciclo da castanha e latifúndios da Amazônia em Safra, de Abguar Bastos 14h20 às 14h40 Marisa de Assis Souza – A representação típica da pobreza social na prosa brasileira do Oiapoque ao Chuí 14h40 às 15h Paolo Targioni – Direitos humanos da contemporaneidade 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Assunção de Maria Sousa e Silva – Maíra – tradição e identidades 15h35 às 15h55 Sylvia Maria Trusen – A abertura do Amazonas, canto de Joaquim Serra: a visão do próprio e do alheio 15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Sylvia Maria Trusen 14h às 14h20 06 / 04 / 2009 SESSÃO 02 (Sala Fb3) Segunda-feira 06 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA Daniel Glaydson Ribeiro – Altazor, de Vicente Huidobro: o gesto político numa das epopeias de XX 15h35 às 15h55 Jovelina Maria Ramos de Souza – Desvendando Homero 15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. José Victor Neto 15h15 às 15h35 SESSÃO 05 (Sala Gb2) Luis Filipe de Andrade Sousa – Behold this harlot here: dupla sujeição de gênero no contexto colonial em Visions of Daughters of Albion, de William Blake 14h20 às 14h40 Marcelo de Cassio Colares da Silva – Relações de poder na narrativa Os anões, de Haroldo Maranhão 14h40 às 15h Solange da Luz Rodrigues – Escrita feminina: lócus de subversão 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Paulo Jorge Martins Nunes – A cachoeira de Dalcídio, ou o devaneio sobre a Capital da República Bolivariana 15h35 às 15h55 Francisco Ewerton Almeida dos Santos – Colagem, subversão e antropofagia no romance Galvez Imperador do Acre, de Márcio Souza 15h55 às 16h15 Maria Luiza Teixeira Batista – Julio Cortázar: um antropófago latino americano? 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Dr. Paulo Jorge Martins Nunes 14h às 14h20 SESSÃO 06 (Sala Gb3) Nelma Silva Milhomen – Paratopias Lilian Reichert Coelho – Paul Auster em trânsito pela literatura e pelo cinema 14h40 às 15h Davina Marques – Nas trilhas do Ritornelo em Rosa 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Tânia Sarmento-Pantoja – Olhares da infância na narrativa pós-ditatorial latino-americana: literatura e cinema 15h35 às 15h55 Claudio Cledson Novaes – Glauber Rocha e o pensamento liminar Riverão Sussuarana 15h55 às 16h15 Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues – Macunaíma: a obra fílmica em seu caráter parodístico em relação à obra literária 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Nelma Silva Milhomen 14h às 14h20 14h20 às 14h40 20 Programação do II CIELLA SESSÃO 08 (Sala Hb2) Ana Maria Leal Cardoso – As questões de poder na obra de Alina Paim 14h20 às 14h40 Daniele Barbosa de Souza Almeida – As relações de poder em A sombra do patriarca, de Alina Paim 14h40 às 15h Ana Rita Santiago da Silva – Vozes diferenciadoras em poéticas afro-femininas 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Anita Martins Rodrigues de Moraes – Notas sobre a presença da teoria de Antonio Candido nos estudos de literaturas africanas de língua portuguesa 15h35 às 15h55 Alessandra Greyce Gaia Pamplona – Revista Amazônia: a concretização de um projeto periodístico 15h55 às 16h15 Carolina Duarte Damasceno Ferreira – A crítica biográfica na berlinda: conflitos entre o biografismo e teorias recentes sobre a figura do leitor 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Anita Martins Rodrigues de Moraes 14h às 14h20 21 Segunda-feira Marinilce Oliveira Coelho – A crítica literária: novos horizontes 14h20 às 14h40 Ricardo Meirelles – Baudelaire no Brasil: Ignácio de Souza Moitta e as Flores do mal 14h40 às 15h José Francisco da Silva Queiroz – O Estado do Pará no contexto modernista 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Adna Candido de Paula – Paul Ricoeur, Michael Riffaterre e Gérard Genette: considerações acerca do duplo regime do objeto literário 15h35 às 15h55 Alessandra Carlos Costa Grangeiro – O som e a fúria: identidade, tempo e história 15h55 às 16h15 Sebastião Alves Teixeira Lopes – Os entre-lugares das narrativas pós-coloniais: reflexões para o contexto latino-americano 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Marinilce Oliveira Coelho 14h às 14h20 06 / 04 / 2009 SESSÃO 07 (Sala Gb4) Segunda-feira 06 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA SESSÃO 09 (Sala Hb3) Mariana Samos Bicalho Costa Furst – As tecnologias da informação como grandes aliadas das aulas de Língua Portuguesa 14h20 às 14h40 Terezinha Fatima Martins Franco Brito – Uma análise sóciodiscursiva de uma coleção didática para o ensino de português no Ensino Fundamental 14h40 às 15h Marcos dos Reis Batista – Análise do aspecto (inter)cultural em um manual de Português Brasileiro para estrangeiros 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Maria Amélia Carvalho Fonseca – Selecionar livros didáticos para uso em escolas de idiomas: uma tarefa nada fácil 15h35 às 15h55 Marília dos Santos Borba – O ensino de língua inglesa: a leitura dos gêneros textuais como proposta de letramento 15h55 às 16h15 Layra Patricia Moy de Abreu – A Gramática nos materiais de FLE (5ª série) e sua transposição nas práticas de ensino 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Maria Amélia Carvalho Fonseca 14h às 14h20 SESSÃO 10 (Sala Hb4) Eneida Lúcia Garcia Klautau / Suely Claudia Lobato Maciel – O texto como atividade humana interativa: a importância de se desenvolver no aluno as capacidades de ação, enunciativa e lingüístico-textual 14h20 às 14h40 Girlene Lima Portela – Ler para compreender; escrever para interagir: o papel dos processos e das estratégias de escrita no ensino-aprendizagem 14h40 às 15h Dircilene G. Batista – A modalização na produção de texto 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Marcus de Souza Araújo / Mônica Maria Montenegro de Oliveira – As competências do professor no ensino de língua estrangeira instrumental 15h35 às 15h55 Renata de Cássia Dória da Silva – Propostas de atividades da modalidade escrita em aulas de Português Língua Estrangeira (PLE) 15h55 às 16h15 Kelly Cristina Marigliani Melo – Modalidades de avaliação e suas implicações para o ensino/aprendizagem de português LM 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. Marcus de Souza Araújo 14h às 14h20 22 Programação do II CIELLA SESSÃO 12 (Sala Hb6) Raimunda Benedita Cristina Caldas / Tabita Fernandes da Silva / Márcia Goretti Pereira de Carvalho – A dêixis espacial em Ka’apór e Tembé 14h20 às 14h40 Antonio Almir Silva Gomes – Notas sobre o sistema de caso em Mebêngôkre 14h40 às 15h Marília Fernanda Pereira de Freitas – Revisitando os Verbos em Parkatêjê: questões relevantes para um estudo morfossintático 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Dennis Albert Moore – Construções causativas em Gavião de Rondônia 15h35 às 15h55 Hein Van Der Voort – Possessive expressions in the Southwestern Amazon 15h55 às 16h15 José Pedro Viegas Barros – Problemas en la determinación del tipo de relación existente entre lenguas en contacto: el caso Guaicurú-Mataguayo (Gran Chaco) 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Márcia Goretti Pereira de Carvalho 14h às 14h20 23 Segunda-feira José Nilson Santos da Costa Filho – O gênero de discurso notícia policial em Teresina: algumas considerações sóciodiscursivas 14h20 às 14h40 Leila Patricia Alves Dantas – O gênero “aviso” em uma perspectiva sócio-discursiva 14h40 às 15h Lafity dos Santos Silva – O papel axiológico dos nomes próprios em editoriais de jornal 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires Teixeira – A oralidade do discurso radiofônico da Tempo FM: uma perspectiva pragmática 15h35 às 15h55 Maria Lourdilene Vieira – A questão dos gêneros híbridos: considerações a partir de uma análise de casos em gêneros promocionais 15h55 às 16h15 Ana Cleide Guimbal de Aquino – O discurso midiático de Belém Nova 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ana Cleide Guimbal de Aquino 14h às 14h20 06 / 04 / 2009 SESSÃO 11 (Sala Hb5) Segunda-feira 06 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA SESSÃO 13 (Sala Ib1) Olga Alejandra Mordente – Identidade cultural e linguística nas falas dos italianos imigrantes 14h20 às 14h40 Sandra Regina Garcia Leite – Quando o trem passa: retratos em 3x4 de imigrantes italianos no sul fluminense 14h40 às 15h Ernâni Getirana de Lima – Usos linguísticos como elementos construtores da identidade social de Bamburristas de Gema de Opala no Município de Pedro II – PI 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 José Sena da Silva Filho – Imagem e discurso social: processos identitários na cultura superpop 15h35 às 15h55 José Ribamar Lopes Batista Júnior – Identidades docentes nas práticas de letramento inclusivo 15h55 às 16h15 Nilma do Socorro Nogueira Machado – Contradições e encontros em autobiografias: marcas linguísticas do professor de leitura em língua materna 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: José Sena da Silva Filho 14h às 14h20 SESSÃO 14 (Sala Lb1) Juliana Geórgia Gonçalves de Araújo – Estudo sobre os advérbios modalizadores em “–mente” em artigos de opinião da Folha de São Paulo 14h20 às 14h40 Márcia Cristina Romero Lopes – Gramática operatória e uso da língua: estudo semântico do verbo “quebrar” 14h40 às 15h Ediene Pena Ferreira – Aspectos do processo de gramaticalização: um olhar sobre o verbo “chegar” 15h às 15h20 Benedito José Brabo Pantoja – Papéis semânticos do sujeito em orações com verbos considerados da voz ativa pelas gramáticas tradicionais 15h20 às 15h40 Francisco Ednardo Pinho dos Santos – Traços categoriais na predicação e padrões de adequação explanatória da Gramática Funcional 15h40 às 16h Althiere Frank Valadares Cabral – Retomada do pronome 16h às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Ediene Pena Ferreira 14h às 14h20 24 Programação do II CIELLA PAINÉIS – 14h às 16h30 Local: Corredor do pavilhão Gb Adriana Gerlandia Ferreira – O despertar para o si mesmo e para o outro no conto Amor, de Clarice Lispector Alan Douglas Moura dos Santos – O papel do intelectual em Caliban, de Fernandez Retamar Alessandra Pantoja Paes – Bibliotecas privadas das elites paraenses (1870-1890) Alex Dax de Sopusa / Natasha de Queiroz Almeida – A memória e tradição amazônica na composição das narrativas do acervo IFNOPAP Allan Victor Flor da Silva – A produção de Marques de Carvalho na província do Pará Ananias Agostinho da Silva – O humanismo de Miguel Torga no herói Garrinchas: a pureza e a ironia dum patriarca no conto Natal Camilla da Silva Souza – As meninas, de Lygia Fagundes Telles: da literatura ao cinema Cristiana Mota – Viagens pelo mundo lusófono: literatura e sebastianismo Danielle dos Reis Blanco – Entre Cultura Popular e Indústria Cultural: práticas do Boi de Máscaras “Veludinho” em Belém-PA 25 Segunda-feira Nilsa Brito Ribeiro – Sentidos de leitura de educadoras e educadores do campo 14h20 às 14h40 Maria Cristina Macedo Alencar – Representações de mulheres do campo sobre o letramento escolar 14h40 às 15h Tereza do Carmo Bentes de Vasconcelos – Leituramento: uma ferramenta alternativa aplicada as aulas de língua portuguesa nas regiões ribeirinhas 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Tavifa Smoly Silva – Letramento: aproximações e diferenças entre uma escola urbana e uma rural de Rio Branco-AC 15h35 às 15h55 Mariza Andrade Guedes Alves – O professor fomentador de autonomia: um olhar sobre a prática pedagógica da EJA 15h55 às 16h15 Renata dos Santos Lameira – O ensino de língua materna: o professor em foco 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Nilsa Brito Ribeiro 14h às 14h20 06 / 04 / 2009 SESSÃO 15 (Sala Lb2) Segunda-feira 06 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA Débora Renata de Freitas Braga – O Portugal de Garret: Viagens na minha terra e memória nacional Elizandra Fernandes Reis – Franklin de Oliveira: uma contribuição para análise crítica do simbolismo epigráfico em Sagarana Érika Guiomar Martins de Aquino – José Veríssimo, Historiador e crítico da literatura brasileira Jorge Luís Ferreira Pantoja – O envelhecer em Uma estória de amor Local: Corredor do pavilhão Hb Adriana Alves de Oliveira – A transposição de gêneros em situação de trabalho: uma reflexão sobre os fenômenos linguísticos recorrentes nas Revistas Natura Alegna Thallita Silva Nunes – O ensino dos gêneros nas práticas da educação média Ana Ester de Negreiros da Silva – A posição de morfemas pós-verbais em Xipaya (Tupi) Andréia Meireles de Oliveira – La langue en ligne – As tecnologias favorecendo a prática e a elaboração didática em aulas de FLE Anna Mayra Araújo Teófilo – Repetição como fator interacional atuante no processo de aquisição do inglês como segunda língua Cyntia de Sousa Godinho – A ocorrência de anglicismos nos nomes de estabelecimentos comerciais na cidade de Santarém-PA Daniela Silva de Oliveira / Wilker Melo da Silva – Distribuição Geo-sociolingüística de /l/ nos dados do ALiB-Norte Daniela Moraes de Jesus – O Tempo, Modo e Aspecto no crioulo guianense de Caiena: notícia do Projeto Características lingüísticas do crioulo guianense de Caiena Eliane Oliveira da Costa – Variação Lexical na Região Norte do Brasil: uma abordagem geolinguística Elisa Mara de Bittencourt Furtado – Requiescat in pace: análise discursiva de inscrições tumulares no cemitério Santa Isabel RELATOS DE EXPERIÊNCIA – 17h às 18h RELATO 01 (Sala Fb2) 17h às 17h20 26 Gerliane Andrade Pereira – O poder da palavra: narrativas míticas sobre Frei Hermes em Capanema-PA Programação do II CIELLA Luciana Kinoshita da Silva – Criação de manual didático de PL2 para o contexto amazônico 17h20 às 17h40 Edirnelis Moraes dos Santos – A produção escrita em português como língua estrangeira por meio dos gêneros textuais 17h40 às 18h Marcos de Almeida Matos – A Comissão Pró-Índio e as línguas indígenas no Acre 18h às 18h20 Cinthia de Lima Neves – A tecnologia da documentação 18h20 às 18h50 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Profa. Luciana Kinoshita da Silva 17h às 17h20 RELATO 03 (Sala Fb4) Claudia Arantes Batista – Tongue Twister on line Josenilda Brandão Costa – Trabalhando a intertextualidade através da música 17h40 às 18h Tavifa Smoly Silva – Desenvolvendo o interesse pela leitura a partir das histórias em quadrinhos, numa turma de segundo ano do Ensino Fundamental 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Esp. Claudia Arantes Batista 17h às 17h20 17h20 às 17h40 RELATO 04 (Sala Gb1) 17h às 17h20 Lorena Bischoff Trescastro / Cilene Maria Valente da Silva – Blog: instrumento de aprendizagem interativa de formadores de alfabetizadores 27 Segunda-feira RELATO 02 (Sala Fb3) 06 / 04 / 2009 José Victor Neto – A “presença do corpo”: do gravador à filmadora, um percurso metodológico na coleta de narrativas orais 17h40 às 18h Nataly de Moura Silva – Povo indígena: mito da teoria de Rousseau ou luta pela sobrevivência cultural? 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. José Victor Neto 17h20 às 17h40 Segunda-feira 06 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA Maricilda Nazaré Raposo de Barros / Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues – Constituição de saberes na formação continuada de professores alfabetizadores 17h40 às 18h COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Lorena Bischoff Trescastro 17h20 às 17h40 RELATO 05 (Sala Gb2) José Carlos Gonçalves – Projeto comunicação é saúde: transformando encontros de serviços da saúde em contextos para a cura 17h20 às 17h40 Alan Victor Flor da Silva / Kelly Andresa Leite Souza / Tayana Andreza de Sousa Barbosa – O jogo discursivo no jogo de cartas: o resgate de antigas tradições na pósmodernidade 17h40 às 18h COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Esp. José Carlos Gonçalves 17h às 17h20 28 Programação do II CIELLA 7 PRESERVAÇÃO DE LÍNGUAS/CULTURAS MINORITÁRIAS Debatedores: Dra. Ana Carla Bruno, Dr. Denis Moore, Dr. Hein Van Der Voort Mediadora: Dra. Lucy Seki Local: Auditório Setorial Básico 2 MESAS-REDONDAS – 8h30 às 10h30 Literatura oral na Amazônia Dra. Maria do Perpétuo Socorro Galvão Simões – Um percurso de história, memória e tradição da narrativa oral Dra. Josebel Akel Fares – Matrizes narrativas orais em obras literárias Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes – Literatura oral e populações tradicionais Coordenadora da mesa: Dra. Marlí Tereza Furtado Local: Auditório de Ciências Biológicas (ICB) Memória, Política, História e Crônica Dr. Eduardo José Tollendal – A literatura política de Jorge Amado e Alejo Carpentier Ms. Giane da Silva Mariano Lessa – Oralidade e escrita na Nueva Crônica y bien gobierno de Felipe Guamán Poma de Ayala – um gênero que emerge nas dobras da Conquista da América Dr. Paulo Bungart Neto – A guerra do Paraguai nas Memórias do Visconde de Taunay: drama e apreensão da construção da identidade nacional Ms. Jane Adriane Gandra – Historiografia da Imagem: Pinheiro Chagas entre tempos Coordenadora da mesa: Dra. Germana Maria Araújo Sales Local: Auditório de Filosofia (IFCH) 29 Terça-feira NARRATIVA CONTEMPORÂNEA NA AMÉRICA LATINA Debatedores: Dra. Miriam Garate, Dr. Marcos Natali, Dra. Ana Cecília Olmos Mediador: Dr. Luís Heleno Montoril del Castilo Local: Auditório Setorial Básico 1 07 / 04 / 2009 DEBATES – 8h30 às 10h30 Terça-feira 07 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA Escrita e interação Dra. Rosa Maria de Souza Brasil – Como abordar língua e discurso em textos publicitários Dr. Thomas Massao Fairchild – Entre o periódico e o permanente: o papel das revistas na produção de sentidos e circulação de impressos de role-playing game (RPG) Dra. Maria Eulália Sobral Toscano – O jogo da polidez nas interações virtuais Dr. Francisco Alves Filho – Referenciação e gêneros do discurso: o que um tem a ver com o outro? Coordenadora da mesa: Dra. Lívia Barbosa Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC) Ensino/Aprendizagem de línguas: perspectivas atuais Dra. Rosalina Maria Sales Chianca – Relações interacionais interindividuais e intergrupais e ensino de línguas estrangeiras Dra. Walkyria Magno e Silva – Um modelo processual da motivação Dra. Izabel Cristina Rodrigues Soares / Dra. Lilia Silvestre Chaves – Escrever na era da Internet Coordenador da mesa: Dr. José Carlos Chaves da Cunha Local: Auditório do CAPACIT CONFERÊNCIAS – 11h às 12h30 O ROMANCE HISTÓRICO CONTEMPORÂNEO E A GUERRA DO PARAGUAI Conferencista: Dr. Jorge Carlos Guerrero Local: Auditório Setorial Básico 1 INTERAÇÃO RESTRITA Conferencista: Dr. Douglas Pulleyblank Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (Instituto de Letras e Comunicação) GÊNEROS DISCURSIVOS E A TEXTUALIZAÇÃO DA EXPERIÊNCIA HUMANA EM SOCIEDADE: CONTRIBUIÇÕES PARA O ESTUDO E O ENSINO DE LÍNGUAS Conferencista: Dra. Désirée Motta-Roth Local: Auditório Setorial Profissional (Instituto Tecnológico) FILOSOFIA E POESIA Conferencista: Dr. Benedito José Viana da Costa Nunes Local: Auditório Setorial Básico 2 30 Programação do II CIELLA 07 / 04 / 2009 SESSÕES DE COMUNICAÇÕES – 14h às 16h30 SESSÃO 16 (Sala Fb2) Henrique Silvestre Soares / Andréa Maria Lopes Dantas – Entre sal, jabá e cordéis: a leitura singra os rios amazônicos 14h20 às 14h40 Valéria Augusti – O livreiro e o gabinete: histórias em torno de uma parceria 14h40 às 15h Izenete Garcia Nobre – Godinho Tavares & Cia: livros à vista e pelo menor preço 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Maria do Socorro Pereira Lima – Objetos de leitura: para quê e para quem? 15h35 às 15h55 Suani Trindade Corrêa – O estudo comparativo dos personagens Dodó e Valério na era da internet 15h55 às 16h15 Almir Pantoja Rodrigues – Manifestações literárias portuguesas em jornais paraenses na segunda metade do século XIX 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra.Valéria Augusti 14h às 14h20 Terça-feira SESSÃO 17 (Sala Fb3) Augusto Sarmento-Pantoja – Discurso, poder e resistência no Qorpo Santo 14h20 às 14h40 Alcione Corrêa Alves – Análise da obra El reino de este mundo, de Alejo Carpentier, sob a perspectiva das formas de mobilidade próprias da resistência ao poder 14h40 às 15h Abílio Pacheco de Souza – Aspectos de resistência, relações familiares e relações de poder em Verdes anos 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Jairo José Campos da Costa – Mulheres à frente de seu tempo: Conceição, Noemi e Maria Moura 15h35 às 15h55 Alleid Ribeiro Machado – Tessituras do discurso feminino 15h55 às 16h15 Jane Pinheiro de Freitas – A outra face de Vênus: escritura como transgressão na literatura de mulheres 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. Abílio Pacheco de Souza 14h às 14h20 31 Terça-feira 07 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA SESSÃO 18 (Sala Fb4) Vinícius Carvalho Pereira – Da página de papel ao papel higiênico: textos fecais na obra de Rubem Fonseca e Patrícia Melo 14h20 às 14h40 Aldo José Barbosa – O pioneirismo crítico de Tereza Fite 14h40 às 15h Rosalina Albuquerque Henrique – A recepção crítica em Darandina e Os cimos, de Primeiras estórias 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Wanúbya do Nascimento Moraes Campelo – A recepção crítica de Tutaméia 15h35 às 15h55 Marcellus da Silva Vital – A legalidade da violência em A hora e vez de Augusto Matraga 15h55 às 16h15 Ingred Lourdes Pereira – Estilística e evolução na crítica rosiana 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ingred Lourdes Pereira 14h às 14h20 SESSÃO 19 (Sala Gb1) Elaine Pastana Valério – A presença da oralidade no romance Três casas e um rio, de Dalcídio Jurandir 14h20 às 14h40 Marinei Almeida – Oralidade e escrita na poesia de Manoel de Barros 14h40 às 15h Nildecy de Miranda Bastos – Samarica e Karolina: musas do Olimpo Sertanejo 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Lauro Roberto do Carmo Figueira – A rapsódia de Os contos amazônicos 15h35 às 15h55 Sarah Maria Forte Diogo – O contador de histórias em tempos modernos: considerações sobre o narrador de estórias no projeto estético-literário de Guimarães Rosa 15h55 às 16h15 Luciana Aparecida Silva – O trabalho com o insólito no microrrelato de Augusto Monterroso 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Dr. Lauro Roberto do Carmo Figueira 14h às 14h20 32 Programação do II CIELLA 07 / 04 / 2009 SESSÃO 20 (Sala Gb2) Décio Torres Cruz – Literatura pop: mídia, cinema e outras artes 14h20 às 14h40 Francisco Osvanilson Dourado Veloso – O terrorismo quadro a quadro: análise multimodal de HQs pós 11-9 14h40 às 15h COMENTÁRIOS 15h às 15h15 Mara Rodrigues Tavares – Amarelo manga: o filme em carnavais bakhtinianos 15h15 às 15h35 Denize Helena Lazarin – Da palavra de Humbert à imagem de Lolita: o cinema como mitificador da obra Nabokov 15h35 às 15h55 Raphael Bessa Ferreira – A travessia do Mutus em Mutum: do hipotexto literário ao hipertexto fílmico 15h55 às 16h15 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Esp. Denize Helena Lazarin 14h às 14h20 Terça-feira SESSÃO 21 (Sala Gb3) Márcia Mani Miguel Feitosa – Paisagem e literatura em Mia Couto: o viés da identidade 14h20 às 14h40 Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa – Dos lagos da Lunda ao mar de Itaparica: uma geografia identitária 14h40 às 15h Antonio Marcos Moreira da Silva – Identidade e culpa em Dom Casmurro 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Sérgio Afonso Gonçalves Alves – A memória e a nação em Milton Hatoum 15h35 às 15h55 Robert Madeiro Dias – Viagem à Amazônia sob os olhares de Brasilidade: Waldemar Henrique e Mário de Andrade, o lugar e o intelectual 15h55 às 16h15 Ivone dos Santos Veloso – Sob o traçado do imaginá(rio): narrando a identidade amazônica 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Dr. Sérgio Afonso Gonçalves Alves 14h às 14h20 33 Terça-feira 07 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA SESSÃO 22 (Sala Gb4) Enéias Farias Tavares – O satã, de Milton, e O guesa, de Sousândrade: a emergência do anti-herói moderno? 14h20 às 14h40 Afrânio Gurgel de Lucena – O mito do amor medieval em O guarani 14h40 às 15h Jorge Luiz Mendes Júnior – Interação com o arquivo: Saramago se apropia de Ricardo Reis 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Carlos Alberto Corrêa Dias Júnior – Os significados do baile: a crítica e o mistério em Corpo de baile 15h35 às 15h55 Sílvio Augusto de Oliveira Holanda – Guimarães Rosa e a crítica italiana: o caso de Ettore Finazzi-Agrò 15h55 às 16h15 Iandra Fernandes Pereira Caldas – Os múltiplos ecos de narciso no conto Laços de família, de Clarice Lispector 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda 14h às 14h20 SESSÃO 23 (Sala Hb2) Rodolfo Rorato Londero – O próprio e o alheio em El delírio de Turing: realismo mágico e ficção cyberpunk no romance de Edmundo Paz Soldán 14h20 às 14h40 Luciana Ornelas Martins Assis – Olhares e lugares da literatura latino-americana na pós-modernidade 14h40 às 15h Aline de Souza Muniz – Culturas periféricas: repetição e diferença 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Ingrid Sinimbu Cruz – A estrutura das narrativas de enterro do acervo IFNOPAP 15h35 às 15h55 Luciano Fussieger – A antropofagia entre a escrita e a oralidade: o caso de Benedicto Monteiro 15h55 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. Rodolfo Rorato Londero 14h às 14h20 SESSÃO 24 (Sala Hb3) 14h às 14h20 34 Francisco Wellington Borges Gomes – Percepções discentes sobre disciplinas on line em cursos presenciais Programação do II CIELLA Aline de Souza Brocco – Discussão sobre forma e comunicação no ensino e aprendizagem de português como língua estrangeira em um contexto virtual 14h20 às 14h40 Greice da Silva Castela – Estratégias de leitura hipertextual on line em uma aula de espanhol como língua estrangeira 14h40 às 15h Luciana de Oliveira Alves – A leitura hipertextual: em busca de autonomia na compreensão escrita em francês 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Naira Augusta Pedroso de Sousa – Polifonia no hipertexto: uma análise discursiva 15h35 às 15h55 Marcela da Silva Amaral – Using voicethread in English classes 15h55 às 16h15 Ana Lilia Carvalho Rocha – Technology in the Anglophone Literature Class 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Esp. Marcela da Silva Amaral 14h às 14h20 SESSÃO 26 (Sala Lb2) 14h às 14h20 Aline Maria Rezende Freitas – Editorial das revistas: uma análise discursiva na perspectiva social do discurso 35 Terça-feira SESSÃO 25 (Sala Hb4) 07 / 04 / 2009 Maria Cristina Ataide Lobato – Atividades discursivas de professores em fórum educacional de licenciatura em Letras 14h40 às 15h Ana Lygia Almeida Cunha – A construção da identidade no gênero fórum de discussão de curso on line 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Jerônimo Coura-Sobrinho / Roberto Márcio dos Santos – O professor de Inglês diante do mundo tecnológico 15h35 às 15h55 Márcio Oliveiros Alves da Silva / Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva – Ensino de Língua Materna: trabalhando o fazer e o aprender das novas tecnologias educacionais 15h55 às 16h15 Cristhiane Miranda Vaz – O uso de novas tecnologias aplicadas ao ensino de PLE 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Ana Lygia Almeida Cunha 14h20 às 14h40 Terça-feira 07 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA Valéria Viana Sousa – O comportamento dos imperativos em outdoors 14h40 às 15h Juliene do Socorro Cardoso Rodrigues – O ethos no discurso de comemoração dos 50 anos das Universidade Federal do Pará – Ano de 2007 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Leonardo Rodrigues de Souza – Estudo da linguagem jurídica sob a ótica da visão performativa de Austin 15h35 às 15h55 Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires Teixeira – A utilização de implícito no discurso radiofônico: mudanças de significados no contexto social e educacional 15h55 às 16h15 Ângela de Oliveira Rodrigues – A diversidade cultural nas políticas curriculares educacionais 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Esp. Aline Maria Rezende Freitas 14h20 às 14h40 SESSÃO 27 (Sala Hb6) Antônia Alves Pereira – Subordinação em Asuriní do Xingu: a oração complemento 14h20 às 14h40 Ana Carla Bruno – Educação indígena e questões linguísticas: quando a ortografia torna-se um problema – a experiência waimiri atroari 14h40 às 15h Eneida Alice Gonzaga dos Santos – L1 X L2: Análise contrastiva como base para ensino de português nas escolas waimiri atroari 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Rogério Vicente Ferreira – O falar ofayé: um estudo lexicográfico 15h35 às 15h55 Ana Sousa da Silva – O acervo linguístico da fauna e flora araweté: a formação dos lexemas 15h55 às 16h15 Lucy Seki – Levantamento de nomenclatura da avifauna e identificação de espécies 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Lucy Seki 14h às 14h20 SESSÃO 28 (Sala Ib1) 14h às 14h20 36 Luciana Kinoshita da Silva – Variação linguística: come com farinha? Programação do II CIELLA Jorge Augusto Alves da Silva / Maristela Alves da Silva – Mulheres, negras, quilombolas: uma incursão sobre o comportamento social e linguístico das mulheres de Cinzento-BA e Velame-BA 14h20 às 14h40 Sandra Carneiro de Oliveira – Aspectos sócio-históricos e sociolinguísticos de uma comunidade afro-brasileira 14h40 às 15h Giselda da Rocha Fagundes – RAP: o movimento de reação do negro na sociedade brasileira contemporânea 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Marcilene de Assis Alves Araújo – Linguagem e identidade cultural: estudo das variações linguísticas em músicas regionais 15h35 às 15h55 Tadeu Luciano Siqueira Andrade – A Sociolinguística e Dialectologia no estudo da língua: algumas reflexões 15h55 às 16h15 Patrícia Goulart Tondineli – Um olhar semiolinguístico sob o manto da princesa do Norte: história oral e dialetologia 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Esp. Patrícia Goulart Tondineli 14h às 14h20 37 Terça-feira SESSÃO 29 (Sala Lb1) 07 / 04 / 2009 Francisca Natália Sampaio Pinheiro – Atos de comando codificados pelo Imperativo na fala de professores de Fortaleza-CE: Uma análise variacionista 14h40 às 15h Jeane Maria Alves de Mendonça – A expressão de obrigação na fala culta de Fortaleza-CE 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Maria da Guia Taveiro Silva – A construção de sentido na interação entre pessoas de competências comunicativas distintas 15h35 às 15h55 Zilda Laura Ramalho Paiva / Betânia Rocha de Sousa – O ensino da língua portuguesa na formação cidadã dos educandos 15h55 às 16h15 Yana Liss Soares Gomes – Livros didáticos de português: instrumentos de naturalização ou mudança linguística? 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Zilda Laura Ramalho Paiva 14h20 às 14h40 Terça-feira 07 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA SESSÃO 30 (Sala Hb1) Maria Eneida Pires Fernandes – A realização variável da palatal lh nos estados do Amapá e Pará 14h20 às 14h40 Eliane Pereira Machado Soares – Variação geosociolinguística da nasal palatal no estado do Pará 14h40 às 15h Marilucia Barros de Oliveira – Mapeamento Geosociolinguístico da variação de /l/ no Estado do Pará 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Natália Cristina Prado – Haplologia na formação de palavras das Cantigas de Santa Maria 15h35 às 15h55 Doriedson do Socorro Rodrigues / Giussany Socorro Campos dos Reis – Escola-Educação: ações e reações na linguagem dos amazônidas 15h55 às 16h15 Soélis Teixeira do Prado Mendes – A concordância variável como marca de oralidade em manuscritos setecentistas de Minas Colônia 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Marilucia Barros de Oliveira 14h às 14h20 PAINÉIS – 14h às 16h30 Local: Corredor do pavilhão Gb Bruno Neves Rati de Melo Rocha / Evandro Landulfo Teixeira P. Cunha – Texto e imagem em manuscritos medievais: iluminuras, miniaturas e capitulares Flávia Rodrigues de Melo / Antonia Marly Moura da Silva – Devaneio e embriaguez duma rapariga: uma análise da figura feminina no conto de Clarice Lispector Francisco Aedson de Souza Oliveira / Antonia Marly Moura da Silva – Aqueles dois: a representação da identidade cindida Francisco Rafael Silva Barros – O processo tradutório: as traduções de Orlando para o português Geraldo Magella de Menezes Neto – Cordel e oralidade no Pará no período da segunda guerra mundial João Fábio Bittencourt – Teatros e Salões: uma reportagem teatral de Oswald de Andrade Jonatas Alves da Silva – Cartas do [des]cobrimento do Brasil em O Tetraneto Del-Rei: a paródia e o pastiche de Haroldo Maranhão Kelly Andressa Leite Souza – Agradecemos aos jornais...: a permuta de informações entre os jornais oitocentistas. Uma prática de leitura? 38 Programação do II CIELLA Bruno Neves Rati de Melo Rocha / Evandro Landulfo Teixeira Paradela Cunha – A oralidade na escrita: reflexões acerca do “internetês” Camilla Mendes Batista – Um estudo da história, do estatuto teórico e dos princípios de gramaticalização Estêvão Domingos Soares de Oliveira – As relações interacionais na elaboração do conhecimento Fabiana Almeida dos Santos – O marcador Yadï da língua xipaya (Tupi) Glaciane Felipe Serrão – O ethos no discurso ambiental sobre a Amazônia: uma abordagem da revista Atitude da Vale Laura Viviani dos Santos Bormann – WebQuest: uma alternativa para o ensino de língua portuguesa Leila Rachel Barbosa Alexandre / Bruno Diego de Resende Castro – Uma análise semântica, discursiva e de gênero da ambiguidade em anúncios publicitários Marcela de Lima Gomes – O uso dos diminutivos derivacionais no gênero música Mílton Ribeiro da Silva Filho – Quando “fritar” e porque “dar close”? Um olhar sobre a sociabilidade e a formação de identidades LGBT´s em Belém-PA Wilson Alexandre Gonçalves – O dialogismo bakhtiniano e semiótica: um construto para uma interpretação do discurso 39 Terça-feira Local: Corredor do pavilhão Hb 07 / 04 / 2009 Leidiane Maciel Leal – O valor social da literatura para a qualidade de vida de escritores idosos da Academia Paraense de Letras e do Movimento Literário Extremo Norte Marcel Franco da Silva – A dialogia polifônica presente no conto: O precipício, de Benedicto Monteiro Maria Zilvania Gomes Rabelo – A participação de Raquel de Queiroz no primeiro tempo modernista do Ceará Natasha de Queiroz Almeida – A memória e tradição amazônica na composição das narrativas do acervo IFNOPAP Rafaella Gomes Monteiro / Mayla Trindade Diniz – Paisagem e estética em Milton Hatoum: o conflito entre o amazonas e o Oriente Rafhaelle Claudine da Paixão Vilhena – A coluna folhetim do periódico Diário do Gram-Pará do século XIX Ricelly Jáder Bezerra da Silva – To The Lighthouse e suas traduções para o português Shirley Laianne Medeiros da Silva – Inglês de Souza ou Luís Dolzani: dos jornais aos portais Stéfanie dos Prazeres Gaia – Diário do Gram-Pará, periódico noticioso e literário do século XIX Veridiana Valente Pinheiro – As intercessões entre literatura e cinema a partir de uma leitura do romance Em câmera lenta 07 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA RELATOS DE EXPERIÊNCIA – 17h às 18h RELATO 06 (Sala Fb2) Max de Souza Pinheiro – A biblioteca digital e os estudos literários e culturais na América Latina 17h20 às 17h40 Alice Áurea Penteado Martha – Leituras na prisão: coerência no caos 17h40 às 18h Dulcilene Rodrigues da Silva Barreto – A mediação do professor e as práticas leitoras pelo viés da contação de histórias na formação do leitor: uma experiência para além da leitura 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Max de Souza Pinheiro Terça-feira 17h às 17h20 RELATO 07 (Sala Fb3) Gustavo Cândido Pinheiro – O preconceito e as construções dos sentidos da violência no repente 17h15 às 17h30 Maria Mônica Ramos de Melo – O discurso machista no forró pé de serra 17h30 às 17h45 Marília Pinheiro Ribeiro – A construção de ideologias machistas na prática cultual do Forró 17h45 às 18h Ana Malba Araújo de Queiroz – Jogos designativos na Literatura de Cordel 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Gustavo Cândido Pinheiro 17h às 17h15 RELATO 08 (Sala Fb4) Greice da Silva Castela – O chat no ensino-aprendizagem de espanhol para universitários: estratégias e possibilidades 17h20 às 17h40 Jorge Domingues Lopes – Francês Instrumental: considerações sobre a práxis 17h40 às 18h Deborah Edds – Experiences with young Spanish as Second Language learners 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. Jorge Domingues Lopes 17h às 17h20 40 Programação do II CIELLA 07 / 04 / 2009 RELATO 09 (Sala Gb1) Vania Maria Batista Ferreira / Cilene Valente da Silva – Práticas de produção escrita na escola: uma experiência de trabalho com professores alfabetizadores na Ilha de Mosqueiro, Belém/PA 17h20 às 17h40 Rita de Cássia Macedo Leal – Professor de Língua Portuguesa: do discurso à pesquisa que fomenta a prática docente 17h40 às 18h Rivanda dos Santos Nogueira – A linguagem na escola: entre falas e escritas 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Vania Maria Batista Ferreira 17h às 17h20 Terça-feira RELATO 10 (Sala Gb2) Marilia de Melo Costa – Alunos gerenciando a sala de aula: um caminho possível 17h20 às 17h40 Nelma do Socorro Santana Queiroz – As práticas voltadas para a motivação e autonomia dos aprendentes na leitura e escrita em língua materna 17h40 às 18h Deborah Batista Marques – Estratégias para o fomento de autonomia 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Marilia de Melo Costa 17h às 17h20 RELATO 11 (Sala Gb3) Marcos dos Reis Batista – Planejamento e execução de atividades interculturais na aula de português para estrangeiros 17h20 às 17h40 Estêvão Domingos Soares de Oliveira – As metáforas na aquisição de português como língua estrangeira 17h40 às 18h Gilmara dos Reis Ribeiro – Língua portuguesa como uma língua estrangeira: reflexões de uma experiência com um aluno indiano 18h às 18h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Marcos dos Reis Batista 17h às 17h20 41 Quarta-feira 08 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA DEBATES – 8h30 às 10h30 8 REGIONALISMOS, TRANSFERÊNCIAS CULTURAIS E HIBRIDAÇÃO LITERÁRIA NA FICÇÃO BRASILEIRA E LATINO-AMERICANA Debatedores: Dra. Zilá Bernd, Dr. Mário Cezar Leite, Dr. José Edilson de Amorim Mediador: Dr. José Guilherme dos Santos Fernandes Local: Auditório Setorial Básico 1 A RENOVAÇÃO DO ENSINO DO PORTUGUÊS NO BRASIL: AVANÇOS, OBSTÁCULOS E PERSPECTIVAS Debatedores: Dra. Désirée Motta-Roth, Dr. José Carlos Chaves da Cunha, e o Representante da Secretaria de Ensino Básico – MEC Mediadora: Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa Local: Auditório Setorial Básico 2 MESAS-REDONDAS – 8h30 às 10h30 Construção de novas identidades na América Latina Dra. Laura Masello – Lenguas dominantes-lenguas dominadas en narrativas identitárias latinoamericanas Dra. Idalia Morejón Arnaiz – Nativos excéntricos: literatura cubana y subversión de la nacionalidad Dra. Elisabeth Baldwin – Guiana, Guianas, centro cultural da América Latina Dr. Luís Heleno Montoril del Castilo – A construção de identidade na literatura latino-americana da Amazônia Coordenador da mesa: Dr. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda Local: Auditório de Filosofia (IFCH) As faces de Artur Azevedo Dra. Larissa de Oliveira Neves – Artur Azevedo e o teatro Ms. Elen de Medeiros – Artur Azevedo e a defesa da nacionalidade: a caminho do teatro brasileiro moderno Ms. Tatiana Oliveira Siciliano – Artur Azevedo e os seus Contos ligeiros: cotidiano e (in)fidelidade na Belle Époque fluminense Coordenadora da mesa: Dra. Valéria Augusti Local: Auditório do Pavilhão K 42 Programação do II CIELLA 08 / 04 / 2009 Quarta-feira Questões Gramaticais em Línguas Indígenas Dra. Walkíria Neiva Praça – De demonstrativos espaciais a partículas de segunda posição: um caso de gramaticalização em Tapirapé Dra. Marilia de Nazare de Oliveira Ferreira – Aspectos do sistema de marcação de caso em Parkatêjê Dra. Ana Vilacy Galucio – Causativização em Sakurabiat Dra. Cristina Martins Fargetti / Dra. Carmen Lúcia Rodrigues – Orações relativas em xipaya e juruna Coordenadora da mesa: Dra. Alzerinda de Oliveira Braga Local: Auditório do CAPACIT Questões de Semântica, Pragmática e Cognição Dr. Magdiel Medeiros Aragão Neto – Metáfora Regular e Translinguística Dr. Kilpatrick Müller Bernardo Campelo – O estatuto conceitual e funcional das proformas. Pronome: o protótipo das proformas Dra. Elena Godoi / Ms. Sebastião Lourenço dos Santos – Análise da interpretação de piadas: uma abordagem pragmática Ms. João Carlos Alves dos Santos – Análise Semântica Latente: uma introdução Coordenadora da mesa: Dra. Maria Eulália Sobral Toscano Local: Auditório da Reitoria Dalcídio Jurandir: diversidade e adversidade na Amazônia Dra. Marlí Tereza Furtado – Dalcídio Jurandir: a Amazônia na construção de um projeto estético-ideológico Dr. Paulo Jorge Martins Nunes – Dalcídio Jurandir, devaneios panamazônicos: Cachoeira, a simbólica capital da República bolivariana Dra. Josebel Akel Fares – A escola na Amazônia de Dalcídio Jurandir: o professor moquém e outros mestres Coordenadora da mesa: Dra. Elizabete de Lemos Vidal Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC) CONFERÊNCIAS – 11h às 12h30 AS OUTRAS MARGENS: LÍNGUAS E IDENTIDADES EM CONFRONTO Conferencista: Dr. Patrick Dahlet Auditório do Setorial Básico 2 43 Quarta-feira 08 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA MUDANÇA HISTÓRICA NA MARCAÇÃO DE PESSOA NA FAMÍLIA CARIBE Conferencista: Dr. Spike Gildea Local: Auditório Prof. Paulo Mendes (ILC) RELIGIÃO E MEDICINA POPULAR NA AMAZÔNIA: A ETNOGRAFIA DE UM ROMANCE Conferencista: Dr. Heraldo Maués Local: Auditório Setorial Básico 1 SESSÕES DE COMUNICAÇÕES – 14h às 16h30 SESSÃO 31 (Sala Fb2) Edwiges Conceição de Souza Fernandes – Filmes e programas de TV na elaboração de material didático: incentivo e motivação ao ensino-aprendizagem de língua estrangeira 14h20 às 14h40 Nilton Varela Hitotuzi – Educação global através do ensino de línguas 14h40 às 15h Cleuma de Almeida Matos Nascimento – Motivação em língua estrangeira através do gênero teatro 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Claudia Valeria França Vidal – Motivação e representação cultural em um livro didático de inglês como língua estrangeira 15h35 às 15h55 Margarete de Oliveira Santos Nogueira / Isabel Patrícia Mercado de Faustino – De instrutor a educador – uma abordagem multicultural 15h55 às 16h15 Luciana Martins Amoras – Ensino-aprendizagem a distância 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Edwiges Conceição de Souza Fernandes 14h às 14h20 SESSÃO 32 (Sala Fb3) 14h às 14h20 44 Austria Rodrigues Brito – Os saberes construídos na formação acadêmica/profissional e suas teceduras com a prática docente: um olhar sobre as práticas de leitura e escrita Programação do II CIELLA Alice Áurea Penteado Martha – Mercado editorial e efeméride: Machado de Assis para crianças e jovens 14h20 às 14h40 Juliana Maia de Queiroz – A carteira de meu tio: circulação, ficção e história 14h40 às 15h Germana Maria Araújo Sales – O mapa do romance na Belém do século XIX 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Alexandre Ranieri Ferreira – “Caminhos do romance”: o valor dos romances brasileiros do século XIX na internet 15h35 às 15h55 Cláudio Augusto Carvalho Moura – Hipertexto literário: uma experiência estética anterior à informática 15h55 às 16h15 Karina Chianca Venâncio – O poema e seu movimento corporal 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Germana Maria Araújo Sales 14h às 14h20 SESSÃO 34 (Sala Gb1) 14h às 14h20 14h20 às 14h40 14h40 às 15h 15h às 15h15 Edilberto Cleutom dos Santos – Memória e oralidade no romanceiro de Dona Militana Elizabete de Lemos Vidal – Nas pegadas de Ulisses, Marajó, minha vida: retorno da memória pelo caminho das águas Carlos André Pinheiro – As marcas da tradição oral na poesia de Zilá Mamede COMENTÁRIOS 45 Quarta-feira SESSÃO 33 (Sala Fb4) 08 / 04 / 2009 Herciliza Maria Celso de Castro – Disciplina Pedagógica como ferramenta para a formação específica (leitura e produção textual) do professor de língua materna 14h40 às 15h Maria de Fátima Ribeiro da Rocha – Professores e suas provas: concepções de letramento na formação de professor 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Ronaldo Barros Ripardo – Por que o professor de matemática precisa saber produzir textos? 15h35 às 15h55 Gilmar Ferreira de Souza Filho – O ensino de Língua Portuguesa para alunos com surdez: uma proposta inclusiva Coordenadora da sessão: Ms. Austria Rodrigues Brito 14h20 às 14h40 Quarta-feira 08 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA Rodrigo Márcio Gomes Monteiro – Valorização da cultura mazaganense: origem e simbologia da dança do sairé no distrito do Carvão 15h35 às 15h55 Ricardo Postal – Do povo ao palco: Malazarte de Mário de Andrade 15h55 às 16h15 Riovaldo Maia Barroso – Barracas de ervas do Ver-o-Peso: práticas de magia ou crença popular 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Elizabete de Lemos Vidal 15h15 às 15h35 SESSÃO 35 (Sala Gb2) Daiana Nascimento dos Santos – A foice e o martelo na escrita de Jorge Amado 14h20 às 14h40 Manoel Freire Rodrigues – O imaginário popular nas crônicas de Lima Barreto 14h40 às 15h Thales Branche Paes de Mendonça – ...e foi quando Shakespeare caiu no boi-bumbá: no limiar entre arte e cultura popular 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Carmen Izabel Rodrigues – Hortência: natureza, desvio e diferença em um romance amazônico 15h35 às 15h55 Marcelo Vieira da Silva Dias – Rio de raivas: literatura, história e paródia em Haroldo Maranhão 15h55 às 16h15 Lívia Sousa da Cunha – A representação histórica e social no conto O rebelde, de Inglês de Souza: relação entre o fantástico e o maravilhoso 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Marcelo Vieira da Silva Dias 14h às 14h20 SESSÃO 36 (Sala Gb3) 14h às 14h20 14h20 às 14h40 14h40 às 15h 15h às 15h15 15h15 às 15h35 46 Evaneide Araújo da Silva – O realismo de Memórias de um sargento de milícias Maria Rita Santos – Marcas de ironia no Jornal de Timon, de João Lisboa Johann Raphael Gomes Guimarães – O “espelho”: a dúvida como método COMENTÁRIOS Antonia Marly M. da Silva – Identidade e transgressão no romance Em liberdade, de Silviano Santiago Programação do II CIELLA 08 / 04 / 2009 Everton Luís Farias Teixeira – A lógica dos nomes: pessoa, indivíduo e a antropologia da literatura em Guimarães Rosa 15h55 às 16h15 Brenda de Sena Maués – “A volta do marido pródigo” e as narrativas greco-romanas e judaico-cristãs 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. Everton Luís Farias Teixeira 15h35 às 15h55 Quarta-feira SESSÃO 37 (Sala Gb4) João Costa Gouveia Neto – Vivências musicais relatadas nos romances Vencidos e degenerados, de Nascimento Moraes, e O mulato, de Aluízio Azevedo, na São Luís do final do século XIX 14h20 às 14h40 Junia Regina de Farias Barreto – Victor Hugo e Gama Malcher: a saga do Bug-Jargal: da literatura à ópera 14h40 às 15h Rodrigo de Albuquerque Marques – Poesia brasileira e música atonal 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Maria Stella Faciola Pessôa Guimarães – Chico Buarque queria ser Guimarães Rosa 15h35 às 15h55 Christophe Golder – O tradutor entre o som e a imagem 15h55 às 16h15 Melissa da Costa Alencar – A visualidade na obra de Max Martins 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Dr. Christophe Golder 14h às 14h20 SESSÃO 38 (Sala Hb2) 14h às 14h20 14h20 às 14h40 14h40 às 15h 15h às 15h15 15h15 às 15h35 15h35 às 15h55 Marcos Vinícius Scheffel – Às margens do jornal, às margens do diário Denise Santos de Figueiredo – Ficção e documentalidade em À margem da história, de Euclides da Cunha Danilo de Oliveira Nascimento – A crítica diletante e militante de Raul Pompéia COMENTÁRIOS Elielson de Souza Figueiredo – Considerações sobre a poética de Max Martins Lilia Silvestre Chaves – Dulcinéia Paraense, Ruy Barata e Manuel Bandeira: gestos e raízes 47 Quarta-feira 08 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA José Denis de Oliveira Bezerra – Memórias cênicas: poéticas teatrais na Amazônia paraense 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Lilia Silvestre Chaves 15h55 às 16h15 SESSÃO 39 (Sala Hb3) Renata Ferrreira Rios – Estratégias discursivo-interacionais em interação de compra x venda em feira de Palmas-TO 14h20 às 14h40 Patrícia de Castro Joubert – A hesitação e a construção de imagem no gênero entrevista 14h40 às 15h Suzana Pinto do Espírito Santo – As marcas da presença do locutor no texto falado: um caso de parentização 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Paulo Leôncio da Silva – Sistemas lexicogramaticais, macrofunção relacional e metafunção interpessoal: interação social desativada no texto científico 15h35 às 15h55 Candida Jamile dos A. do Rosário – O estudo da modalidade na interação professor x aluno em um contexto universitário 15h55 às 16h15 Rita de Cássia Macedo Leal / Eunice Braga Pereira / Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva – Estratégias de (im)polidez: o caso de uma reunião de professores 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Renata Ferreira Dias 14h às 14h20 SESSÃO 40 (Sala Hb4) 14h às 14h20 14h20 às 14h40 14h40 às 15h 15h às 15h15 15h15 às 15h35 15h35 às 15h55 48 Teresa Cristina Nascimento – O ensino de língua portuguesa e o desenvolvimento de competências e habilidades Jordana Tavares Silveira – Práticas de ensino e produção de textos escritos na 8ª série do Ensino Fundamental: o Quadro Europeu Comum de Referência como ferramenta Patrícia Sousa Almeida – A escrita que se ensina – o trabalho docente em uma turma de alfabetização COMENTÁRIOS Débora Cristina do Nascimento Ferreira – Aula de português no Ensino Médio: o processo de construção de objetos gramaticais no trabalho docente Bruno Sousa dos Santos – Ensino-aprendizagem da língua portuguesa no Ensino Fundamental: da marginalidade à cidadania Programação do II CIELLA Jorge Domingues Lopes – A inter-relação do ensinoaprendizagem de FLE e a exploração didática da literatura 14h20 às 14h40 Gabriela Delia Leighton – La interpretación, el mapeo pragmático y la connotación en la enseñanza de Español como lengua 2da. y extranjera en zonas de vulnerabilidad social 14h40 às 15h Rosamaria Reo Pereira – Adaptações de contos literários nas aulas de inglês 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Raimundo Nonato de Oliveira Falabelo – A leitura literária como acontecimento interdiscursivo entre jovens: práticas teórico-metodológicas em sala de aula 15h35 às 15h55 Maria do Perpétuo Socorro Dias Pastana – Pensando a poesia na Escola 15h55 às 16h15 Nelivaldo Cardoso Santana – Atividade de compreensão com poemas no livro didático de 5a série do Ensino Fundamental 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenador da sessão: Ms. Jorge Domingues Lopes 14h às 14h20 SESSÃO 42 (Sala Hb6) 14h às 14h20 14h20 às 14h40 14h40 às 15h 15h às 15h15 15h15 às 15h35 15h35 às 15h55 Maria Helena Rodrigues Chaves – O gênero seminário escolar: ser ou não ser um objeto de ensino? Eis a questão... Luís de Nazaré V. Valente – O oral também se ensina: modos de ensino e apropriação do gênero exposição oral na escola Jane Miranda Alves – A seleção de informações e o tratamento dos temas no discurso dos alunos da 3ª série do ensino fundamental COMENTÁRIOS Paula de Carvalho Ferreira – Oralidade e escrita em contextos diversos Rita de Nazareth Souza Bentes – O trabalho docente: as atitudes ético-discursivas e os instrumentos didáticos do professor face ao objeto de ensino 49 Quarta-feira SESSÃO 41 (Sala Hb5) 08 / 04 / 2009 Jacqueline Jorente – O exercício com léxico em sala de aula: uma reflexão enunciativa 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Débora Cristina do Nascimento Ferreira 15h55 às 16h15 08 / 04 / 2009 15h55 às 16h15 Quarta-feira Programação do II CIELLA SESSÃO 43 (Sala Lb1) Karina Figueiredo Gaya – Produção Oral em Aulas de Português como Língua Estrangeira (PLE) – Preparação para o exame de Proficiência CELPE-Bras 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Ms. Maria Helena Rodrigues Chaves Stella Virginia Telles de Araujo Pereira Lima – Nasalidade em Latundê e Lakondê 14h20 às 14h40 Gessiane Picanço – Consoantes parcialmente nasalizadas em línguas Tupi 14h40 às 15h Cláudio André C. Couto – Estudo preliminar da Fonologia da língua dos índios Jamináwa (Pano) do Igarapé Preto 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Nayara da Silva Camargo – Aspectos Fonológicos da língua Tapajúna-Goronã 15h35 às 15h55 Elissandra Barros da Silva – Palatalização de /d/ em Kuruaya 15h55 às 16h15 Ana Carolina Ferreira Alves – Análise acústica das vogais nasais de Sakurabiat 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Gessiane Picanço 14h às 14h20 SESSÃO 44 (Sala Lb2) 14h às 14h20 14h20 às 14h40 14h40 às 15h 15h às 15h15 15h15 às 15h35 15h35 às 15h55 15h55 às 16h15 50 Telma Domingues da Silva – Divulgação científica e meio ambiente: o sujeito do uso e o sujeito do manejo Fátima Cristina da Costa Pessoa – A forma de organização informacional e tópica em periódicos empresariais Paulo da Silva Lima – O processo argumentativo/ discursivo em editoriais COMENTÁRIOS Dylia Lysardo-Dias – Citações de cultura: um estudo das representações na mídia José Carlos Gonçalves – Representações da doença e percepções do serviço na interação profissional-cliente Gustavo Biasoli Alves – Memória e projetos políticos: os Conselhos Gestores Municipais: História e contexto na tríplice fronteira Programação do II CIELLA 08 / 04 / 2009 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Dra. Fátima Cristina da Costa Pessoa SESSÃO 45 (Sala Ib1) LANÇAMENTO DE LIVROS – 17h às 18h (ver páginas 52-53) ENCERRAMENTO – 18h COM PROGRAMAÇÃO ARTÍSTICA Local: Espaço de lazer “Vadião” – UFPA (na beira do rio Guamá) 51 Quarta-feira Rosana Rodrigues Almeida – Estudo etnotoponímico e histórico do município de Dianopólis 14h20 às 14h40 Luiz Eduardo Neves dos Santos – A Toponímia Ludovicense: os logradouros centrais e sua identidade 14h40 às 15h Genésio Seixas Souza – Aspectos toponímicos em Notícia do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa 15h às 15h15 COMENTÁRIOS 15h15 às 15h35 Zuleide Ferreira Filgueiras – A presença da identidade italiana na antropotoponímia de Belo Horizonte 15h35 às 15h55 Rosana Ferreira Alves – Análise de obra lexicográfica: aspectos linguísticos – texto crítico – glossário 15h55 às 16h15 Elias Mendes Gomes – Proposta para a elaboração de um compreensivo léxico de verbos árabe-portugueses 16h15 às 16h30 COMENTÁRIOS Coordenadora da sessão: Zuleide Ferreira Filgueiras 14h às 14h20 08 / 04 / 2009 Programação do II CIELLA Quarta-feira INTERCÂMBIOS BRASIL QUÉBEC: CIRCULAÇÃO DE SABERES Claudio Cledson Novaes / Lícia Soares de Sousa (orgs.) Local: Sala Hb3 VEM DO BAIRRO DO JURUNAS: SOCIABILIDADE E CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES EM ESPAÇO URBANO Carmem Izabel Rodrigues Local: Sala Hb2 L’AMOUR EN ÉCHEC: LYRISME ET MÉLANCOLIE CHEZ GUILLAUME APOLLINAIRE ET VINICIUS DE MORAES Karina Chianca Venâncio Local: Sala Gb1 LINHA LITERÁRIA: COLETÂNEA DE TEXTOS DO MULTICAMPIARTES Jorge Domingues Lopes (org.) Local: Sala Hb6 52 Programação do II CIELLA 08 / 04 / 2009 Quarta-feira LE TESTAMENT DU PEUPLE DES ARBRES. O TESTAMENTO DO POVO DAS ÁRVORES Rosalina Maria Sales Chianca Local: Sala Gb2 L´INTERCULTUREL : DECOUVERTE DE SOI MEME ET DE L´AUTRE Rosalina Maria Sales Chianca Local: Sala Gb2 O POP: LITERATURA, MÍDIA E OUTRAS ARTES Décio Torres Cruz Local: Sala Hb4 INTERAÇÃO, CONTEXTO E IDENTIDADE José Carlos Gonçalves Local: Sala Hb5 53 FOTO: Myriam Crestian Cunha Vitórias-régias no Museu Paraense Emílio Goeldi – Belém-PA Resumos O conteúdo e a redação dos resumos deste livro são de inteira responsabilidade de seus respectivos autores. Eventuais modificações dos textos originais devem-se unicamente à necessidade de adequação técnica da publicação. II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Abilio Pacheco de Souza ASPECTOS DE RESISTÊNCIA, RELAÇÕES FAMILIARES E RELAÇÕES DE PODER EM VERDES ANOS Resumo: A partir do texto de Luiz Fernando Emediato, Verdes Anos, e tendo por base aspectos do Novo Historicismo e pressupostos da Análise do Discurso, em especial no que tange as relações de poder, pretende-se discutir o vínculo entre a produção literária e a história brasileira recente, colocando em destaque o impacto da imigração interna e a influência dos atos do poder público (militar) nas relações familiares, bem como aspectos de resistência na (con)vivência do protagonista sob o poder autoritário. Palavras-chave: Novo Historicismo; Análise do Discurso; relações de poder; resistência política. Adna Candido de Paula PAUL RICOEUR, MICHAEL RIFFATERRE E GÉRARD GENETTE: CONSI-DERAÇÕES ACERCA DO DUPLO REGIME DO OBJETO LITERÁRIO Resumo: O projeto institucional Teoria Literária em Foco: uma Investigação Epistemológica dos Processos Hermenêuticos está sendo desenvolvido, sob minha coordenação, na Universidade Federal da Grande Dourados. Com base nas pesquisas já realizadas e considerando a importância da construção de uma rede dialógica entre as teorias literárias, esta comunicação tem por objetivo apresentar a articulação entre os pressupostos teóricos de três autores: Paul Ricoeur, com suas proposições hermenêuticas do conflito das interpretações e da dialética entre explicar e compreender; Michael Riffaterre, com sua defesa do sentido da explicação dos fatos literários, e Gérard Genette, com sua distinção entre os modos de existência da arte – os regimes de imanência e os modos de transcendência. Palavras-chave: Teoria Literária; Hermenêutica; Epistemologia. Adriana Alves de Oliveira A TRANSPOSIÇÃO DE GÊNEROS EM SITUAÇÃO DE TRABALHO: UMA REFLEXÃO SOBRE OS FENÔMENOS LINGUISTICOS RECORRENTES NAS REVISTAS NATURA Resumo: As pesquisas linguísticas atuais consideram a linguagem uma forma de interação e reconhecem que é também por meio dela que os sujeitos produzem o contexto histórico, social, cultural e ideológico no qual estão inseridos. Bakhtin afirma que os enunciados são acontecimentos concretos e únicos que emergem de uma dada esfera da atividade humana e refletem as condições específicas e as finalidades desta esfera na qual foram produzidos. Os estudos realizados pelo filósofo e seu círculo muito têm contribuído em diversas pesquisas, em várias áreas de conhecimento. Dentre essas áreas, encontra-se a Análise do discurso de linha francesa, que tem por objetivo associar o linguístico às suas condições de produção. Este trabalho consiste em investigar o uso da linguagem e seu funcionamento no contexto do trabalho, considerando seus aspectos históricos e sociais, o que implica dizer que busca elementos que caracterizam e individualizam os escritos nesse meio social. A adoção dessa perspectiva permite que o corpus seja analisado como uma atividade enunciativa ligada a gêneros de discurso. A análise das Revistas Natura 56 Resumos de trabalhos surge como significativo para análise, uma vez que a empresa não apresenta mais apenas os catálogos de vendas, mudando, assim, o suporte nesse tipo de situação de trabalho. A Revista Natura é uma ferramenta estratégica de comunicação da empresa com suas promotoras, consultoras e consumidores da marca. A publicação tem sempre um tema central e trazem diversos gêneros de discurso, tais como: matérias, entrevistas, cartas, serviços e produtos da marca, além das principais crenças e valores da empresa. Palavras-chave: Análise do discurso; gênero do discurso; Revista Natura. Adriana Gerlandia Ferreira O DESPERTAR PARA O SI MESMO E PARA O OUTRO NO CONTO AMOR, DE CLARICE LISPECTOR Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar a construção da identidade feminina no conto Amor, integrante de Laços de Família, de Clarice Lispector, destacando o processo de conhecimento de si mesmo e do outro experimentados por Ana, a personagem central da história. Ao longo de toda a narrativa, é bastante visível o estado de estranhamento vivenciado pela figura feminina e o despertar mágico para o auto-conhecimento. No conto, a personagem encena um momento de êxtase decorrente de seu despertar para si mesma e para a vida. Nessa perspectiva, com a finalidade de perceber o caráter dual que marca a caracterização da mulher na obra clariciana, bem como o modo de configuração desse despertar, é que esse estudo se lança à análise da ação da personagem e do espaço – a casa e a rua – por entendermos que esses elementos funcionam como eixos condutores para a compreensão do conteúdo narrado. Tomaremos como referência os conceitos de narcisismo e de estranhamento formulados por Freud, além da significação contida na metáfora do duplo. Vale destacar que no conto, o cego, é o desencadeador de todo o processo de estranhamento e de autorreconhecimento de uma realidade nunca antes percebida e da inserção da mulher em um novo mundo, emblematizado na imagem do Jardim Botânico. As responsabilidades domésticas, o cuidado com os filhos e o cotidiano representam um mundo que começa a se romper no ato metafórico de quebrar os ovos. Palavras-chave: duplo; estranhamento; identidade. Afrânio Gurgel de Lucena O MITO DO AMOR MEDIEVAL EM O GUARANI Resumo: Apresentamos uma análise do texto literário que contempla a constituição mítica da personagem feminina. Em O Guarani (1857), de José de Alencar, observamos Cecília como uma adaptação “estática” de uma jovem senhora medieval, nesta, encontraremos os vestígios do mito medieval do amor como fonte temática que equilibra as personagens opostas. Para apoio teórico, temos: Moisés (20042005), com mythos e as demarcações e relações das personagens planas e redondas; Spalding (1973) e Brunel (1988), as dicionarizações temáticas; Samuel (2000), a literariedade mítica de um povo; Candido (2000-2002) e Coutinho (1988-2004), a gênese literária e o romantismo brasileiro. Assim sendo, compreendemos que há uma contextualização de temáticas da Idade Média (amor cortês/amor servil e outras características) na composição do romance indianista. Palavras-chave: mito; adaptação; personagem feminino. 57 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Alan Douglas Moura dos Santos O PAPEL DO INTELECTUAL EM CALIBAN, DE FERNANDEZ RETAMAR Resumo: Retamar vê em Caliban o símbolo ideal para representar a América Latina, levando em consideração a própria metáfora de A tempestade, que representaria o processo colonizatório da América. “Nosso símbolo, então, não é Ariel, como pensou Rodó, mas Caliban” (RETAMAR, 1988, p.29). Caliban é o nativo colonizado oprimido e escravizado pelo colonizador europeu, que luta agora para construir sua identidade e manifestar-se de forma mais independente em relação ao colonizador. Assim, o trabalho em questão visa refletir sobre como Retamar em seu ensaio, Caliban, vê a identidade latino-americana, e como essa identidade é influênciada pelo domínio norte-americano. Além de repensar toda a história latino-americana, agora não mais a partir do colonizador, mas a partir da raízes da nação. Palavras-chave: Identidade; pós-colonial; Caliban. Alan Victor Flor da Silva A PRODUÇÃO DE MARQUES DE CARVALHO NA PROVÍNCIA DO PARÁ Resumo: O escritor e jornalista paraense João Marques de Carvalho (1866 – 1910) é conhecido, principalmente por ter ajudado a fundar, no ano de 1900, a Academia Paraense de Letras e por sua obra Hortência, publicada no ano de 1888, cujo enredo narra o incesto entre dois irmãos. No entanto, pouco foi divulgado a respeito do seu trabalho nos periódicos de Belém. O autor foi colaborador em vários jornais como, por exemplo, A Província do Pará, na qual foi autor dos contos A cereja, A comédia do amor e Que bom marido! e do romance A leviana: História de um coração, além de publicar outros gêneros. O objetivo deste trabalho, por conseguinte, é apresentar e analisar as peculiaridades da estrutura narrativa das obras do escritor paraense presentes nos periódicos A Província do Pará, a fim de divulgar o seu trabalho nos jornais que circularam pela capital paraense no século XIX. Vale ressaltar que os gêneros conto e romance são definidos pelo próprio autor, uma vez que a definição de tais gêneros, no século XIX, não estava bem delimitada. Este trabalho é resultado do projeto Lendo o Pará: a publicação do Romance-folhetim nos jornais de Belém do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900) (UFPA/CNPq), coordenado pela Profa. Dra. Germana Maria Araújo Sales. Palavras-chave: Marques de Carvalho; contos; romance; periódicos; análise narrativa. Alan Victor Flor da Silva / Kelly Andresa Leite Souza / Tayana Andreza de Sousa Barbosa O JOGO DISCURSIVO NO JOGO DE CARTAS: O RESGATE DE ANTIGAS TRADIÇÕES NA PÓS-MODERNIDADE Resumo: O homem pós-moderno, em meio a tantas contradições e conflitos, sentese desorientado, sem rumo, sem referência, por conseguinte, procura no jogo de cartas de baralho, assim como em outras práticas, um porto seguro onde possa se apoiar para não se sentir naufragando junto ao mundo no qual está inserido, devido à inconstância emocional, psicológica e ideológica – características surgidas na pósmodernidade –, que moldam o ser humano como um sujeito angustiado, permeado de incertezas, inseguro de si mesmo e do mundo que o cerca. Alvo de uma procura constante, porque o homem sempre teve curiosidade em conhecer o seu futuro e 58 Resumos de trabalhos ter consciência das melhores opções que lhe avizinham, a cartomancia não tende a desaparecer, mas a expandir-se, como, aliás, todo tipo de oráculo, pois o acesso à informação é cada vez maior e as publicações disponíveis no mercado são igualmente crescentes. Este trabalho, por conseguinte, tem a pretensão de fazer um estudo sobre a construção discursiva entre indivíduos praticantes da cartomancia e as pessoas que buscam seus serviços, dando ênfase aos traços de identidade pós-moderna presentes nessa relação, de tal modo que se tomará como base teórica a perspectiva enunciativa de Bakhtin (1997), expondo de maneira sucinta noções vinculadas a ela. Convém ressaltar que não se objetiva provar se a cartomancia é uma prática cientificamente comprovada, mas apontar o jogo discursivo existente nesse processo de “negociação” discursiva e os fatores que levam o homem pós-moderno a utilizar esse serviço, mesmo sendo este de tradição antiga. Palavras-chave: Discurso; cartomantes; pós-modernidade; dialogismo; identidade. Alcione Corrêa Alves ANÁLISE DA OBRA EL REINO DE ESTE MUNDO, DE ALEJO CARPENTIER, SOB A PERSPECTIVA DAS FORMAS DE MOBILIDADE PRÓPRIAS DA RESISTÊNCIA AO PODER Resumo: Ao propor uma análise da obra El reino de este mundo (1949), cabe ressaltar que este trabalho não visa ao estudo de quaisquer aspectos concernentes ao real maravilhoso, categoria a qual Alejo Carpentier é amiúde associado e acerca da qual inúmeras pesquisas têm sido consagradas. Esta proposta mostra-se afim ao subtema Literatura, diferenças culturais e relações de poder, visto que se atém a um episódio do romance supracitado – o envenenamento da comida dos senhores pelos escravos lotados na cozinha das fazendas – a partir da metáfora do panóptico, segundo leituras da Microfísica do poder e da quarta conferência de A verdade e as formas jurídicas, de Michel Foucault. A hipótese norteadora aposta na interpretação do envenenamento, do gado e da comida dos senhores, como uma forma de resistência móvel dos escravos ao poder imposto pelos colonizadores sob a forma do estabelecimento de não-lugares aos escravos ou, dito de outro modo, através do estabelecimento de lugares panópticos aos escravos – como, por exemplo, a senzala, o pastoreio e a cozinha. O processo de apropriação e significação da cozinha, de tal modo que esta aceda à condição de lugar provido de identidade, história e relação (Augé), é interpretado como ato de resistência ao poder instituído, enquanto insubmissão ao estabelecimento de lugares e, portanto, insubmissão a práticas de dominação do espaço pelos colonizadores. Palavras-chave: poder; mobilidade cultural; lugar. Alcir de Vasconcelos Alvarez Rodrigues MACUNAÍMA: A OBRA FÍLMICA E SEU CARÁTER PARODÍSTICO EM RELAÇÃO À OBRA LITERÁRIA Resumo: Este artigo tem como objetivo fundamental comparar dois corpora − Macunaíma herói sem nenhum caráter (1928), romance de Mário de Andrade, e o filme Macunaíma (1969), de Joaquim Pedro de Andrade − considerando a relação entre os objetos artísticos de forma não hierárquica. A película seria um tipo de paródia do romance-rapsódia, ele mesmo sendo já um tipo de paródia. Tal releitura é uma 59 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia tradução intersemiótica que pressupõe uma revalorização do romance em decorrência das atualizações presentes no filme. Em decorrência desse fato, o filme não é uma obra menor que o livro, pelo contrário, pois sua linguagem híbrida permite incorporar valores de outras artes. Neste caso, a música: o Tropicalismo − um movimento musical brasileiro dos anos de 1960, que influenciou o cinema do país. A ‘intertextualidade das diferenças’ é um conceito útil usado por nós nesta análise. O Modernismo (o livro) e o Tropicalismo (o filme) mantêm um diálogo construtivo, principalmente quando pintam a realidade brasileira com cores carnavalescas. Macunaíma é, por isso, um herói trapaceiro, do povo, sem caráter por não ter caráter distintivo, não um mau caráter. Às vezes, dentro da narrativa, ele vence; outras, perde. Mas continua lutando contra o capitalista, Venceslau Pietro Pietra, o gigante Piaimã, devorador de gente. E especificamente, no filme, o herói ainda tem que enfrentar a ira reacionária do golpe militar de 1964, quando é chamado de subversivo porque simplesmente diz em praça pública “Pouca saúde e muita saúva/ Os males do Brasil são”. Palavras-chave: Macunaíma; paródia; Modernismo; Tropicalismo. Aldo José Barbosa O PIONEIRISMO CRÍTICO DE TEREZA FITE Resumo: Em sua Dissertação de Mestrado, intitulada As articulações do lúdico em ‘O recado do morro’ de João Guimarães Rosa, de 1973, Tereza Fite debate a respeito do lúdico neste conto. Ela é uma das pioneiras a fazer um trabalho de fôlego sobre a obra. Segundo Fite, a personagem central, Pedro Orósio, tem que juntar os elementos da cantiga, como se fosse um jogo para conseguir decifrar seu destino, e o leitor, fazendo o papel de um jogador, tem que juntar cada peça do recado, como se fosse um enigma ou um quebra-cabeça do tipo “o que é, o que é?”, como é ressaltado no estudo de Maurice Capovilla (1964). A pesquisadora busca relacionar as fases, no decorrer da narrativa, com as etapas de um jogo de cartas chamado truco. Conforme suas palavras, a atividade literária “é, então, experiência lúdica tanto para o autor quanto para o leitor; escrever e ler apresentam o desafio e tensão, o divertimento e responsabilidade em trabalhar a palavra” (FITE, 1973, p. 47), segundo esse argumento, após passar por várias rodadas do jogo literário, Pedro consegue apreender o significado de O recado do morro, o que se dá por meio de uma canção composta pelo poeta Laudelim, intérprete do discurso da natureza. Palavras-chave: Experiência lúdica; O recado do morro; Tereza Fite. Alegna Thallita Silva Nunes O ENSINO DOS GÊNEROS NAS PRÁTICAS DA EDUCAÇÃO MÉDIA Resumo: Este trabalho investigou as práticas de ensino de três professoras do Ensino Médio de uma escola pública de Belém, para saber se utilizam a prática de ensino dos gêneros no ensino-aprendizagem de Língua Portuguesa. Para essa pesquisa foi aplicado um questionário, a fim de investigar as atividades com os textos. Com o intuito de verificar a adequação dessas atividades ao ensino dos gêneros, foram analisados os materiais usados por duas semanas em cada série do Ensino Médio. A abordagem teórica dos gêneros baseou-se na visão de Michail Bakhtin, estudada em fontes como Rojo (2005),Gomes-Santos (2003), Travaglia (2007), Dolz e Schneuwly (em Rojo e Cordeiro, 2004). Também tomaram-se como referência os Parâmetros 60 Resumos de trabalhos Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa (Brasil,1998). Conforme os estudos de Bakhtin (apud Rojo 2004) os gêneros são caracterizados por três elementos: conteúdo temático, estilo e construção composicional. Travaglia (2007) acrescenta objetivos e funções comunicativas, características da superfície linguística, condições de produção e suporte que estão diretamente ligados a sociedade, sujeito, ideologia e língua. O ensino baseado nas tipologias textuais toma o texto como instrumento de uso para a interpretação textual e aplicação do conteúdo programático referente às normas gramaticais. O ensino dos gêneros toma o texto como objeto de ensino da linguagem em seu uso social. Após a pesquisa sobre o tema, constatamos que há indícios do ensino dos gêneros, demonstrando fazer, as professoras, uma tentativa de aproximação desse ensino. Palavras-chave: gênero; ensino; texto; linguagem. Alessandra Carlos Costa Grangeiro O SOM E A FÚRIA: IDENTIDADE, TEMPO E HISTÓRIA Resumo: Este artigo apresentará uma discussão acerca das relações existentes entre identidade, tempo e história. Essa discussão se dará a partir da leitura de uma obra literária: O Som e a Fúria, de William Faulkner. Esse estudo parte do pressuposto de que estudos sobre o tempo sempre desencadeiam uma aporia, visto que o tempo, como ser, é um fato, mas não possui legitimação teórica; entretanto, o tempo como aparecer é justificável teoricamente, é utilizável e é operacional. A obra literária, nesse contexto, será vista como uma possibilidade de solução para a aporia do tempo. Ela é o espaço em que o tempo se configura, aparece, e, por isso, também é o espaço em que é possível apreender as mudanças do mundo humano, interesse básico da história, e a reelaboração constante dos processos identitários, que mantêm uma relação com a temporalidade e com o outro. Nesse sentido, as interpretações objetivistas e subjetivistas do tempo aparecerão de forma justaposta. Sendo assim, essas questões serão abordadas numa perspectiva interdisciplinar, visto que percepção dessa obra lançará olhares sobre a história, a literatura, a física, a sociologia e a antropologia. A leitura desse romance nos demonstrará o alcance do processo de ficcionalização de Faulkner: ascensão e queda da aristocracia do sul dos EUA. Esse percurso será feito, a partir, inicialmente, das considerações de Ian Watt acerca da ascensão do romance, especialmente no que diz respeito à questão do tempo. Posteriormente, discorreremos sobre o ser do tempo e apontaremos a relação das técnicas modernistas, utilizadas por Faulkner, com o contexto histórico norte-americano. Palavras-chave: técnicas narrativas modernistas; história; tempo; identidade; interdisciplinaridade; Faulkner. Alessandra Greyce Gaia Pamplona REVISTA AMAZÔNICA: A CONCRETIZAÇÃO DE UM PROJETO PERIODÍSTICO Resumo: A produção realizada por José Veríssimo, em Belém do Pará, nas décadas de 70 e 80 do século XIX, foi marcada por momentos distintos, a começar pela apresentação de temáticas relacionadas à cultura da sociedade brasileira, de maneira geral. Com esse propósito, esse escritor paraense – conhecido no cenário nacional pela sua atividade crítico-literária, define-se na Revista Amazônica – periódico por ele fundado, em 1883 – com um novo perfil intelectual, aquele cujo projeto periodístico estava maturado 61 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia estudos de ordem amazônida. Qual reseau de homens e de temas estaria montado por trás da então vislumbrada Região de natureza exuberante dos oitocentos é um dos objetivos a que me proponho discutir nesta sessão de comunicação, resultado de um capítulo de minha dissertação de mestrado apresentada ao programa de Pós-Graduação em Letras da Universidade Federal do Pará. Palavras-chave: Século XIX; José Veríssimo; Revista Amazônica. Alessandra Pantoja Paes BIBLIOTECAS PRIVADAS DAS ELITES PARAENSES (1870-1890) Resumo: O estudo de bibliotecas privadas tornou-se, no século XX, objeto de interesse de historiadores e de críticos literários dedicados ao campo de pesquisa da história do livro e da leitura. Tanto na Europa quanto no Brasil, investigações têm demonstrado que a análise das obras que compõe esse tipo de biblioteca muitas vezes fornece pistas para compreender mentalidades pessoais ou coletivas, bem como ações dos homens no espaço público, já que via de regra as leituras são formadoras de crenças, orientando escolhas e tomadas de decisões. Tendo isto em vista, o presente trabalho objetiva apresentar os resultados parciais do projeto de pesquisa Bibliotecas privadas das elites paraenses (1870-1890), que tem como fontes primárias inventários e testamentos post mortem. Palavras-chave: história do livro e da leitura; bibliotecas privadas; inventários; testamentos post mortem. Alex Dax de Sopusa / Natasha de Queiroz Almeida A MEMÓRIA E TRADIÇÃO AMAZÔNICA NA COMPOSIÇÃO DAS NARRATIVAS DO ACERVO IFNOPAP Resumo: Contar histórias é o meio pelo qual as pessoas passam de geração em geração seus hábitos, crenças, costumes e comportamentos, sendo assim a mais antiga de todas as artes. No entanto, é importante ressaltar que na tradição oral existe a tendência de muitas histórias se perderem com o passar do tempo. Nesse contexto, surgiu o projeto IFNOPAP, o qual busca o resgate da valorização da memória e da tradição amazônica paraense por meio de um de trabalho de coleta de narrativas orais populares que, atualmente, estão no formato digital, em virtude da necessidade de preservação deste rico material de pesquisa. Nestes tempos, no acervo IFNOPAP tem se desenvolvido um trabalho de classificação das narrativas catalogadas, em temáticas e tipologia. A impressionante diversidade temática das narrativas tem somado a pesquisa e o interesse acadêmico nesta área ainda em expansão e reflete traços marcantes e marcados da memória e tradição do amazônida paraense. Para tanto, alguns temas merecem destaque: narrativas de enterro, bestialidade, preconceito, drama familiar, mistério, sobrenatural, seres da floresta (curupira, matinta perera), seres do rio (boto, cobra grande). Dentre os seguintes tipos: lendas, fábulas, conto, canção, piadas, ditos, parábolas. Este trabalho de classificação narrativa potencializa os estudos em função de produção de um texto sobre memória, tema ou tradição amazônicas, viabilizando o acesso a este material tão rico e diverso, de forma organizada e sistemática. Palavras-chave: tradição oral; memória e tradição amazônica; narrativas orais; temáticas e tipologia. 62 Resumos de trabalhos Alexandre Ranieri Ferreira CAMINHOS DO ROMANCE: O VALOR DOS ROMANCES BRASILEIROS DO SÉCULO XIX NA INTERNET Resumo: O presente estudo procura fazer uma análise, com base em conceitos de valor literário, dos romances do século XIX na Internet, levando em consideração a incidência desses romances em bibliotecas digitais e observando a com maior atenção o site Caminhos do Romance, cujo acervo destaca-se por um juízo de valor diferenciado: romances esquecidos do grande público, em sua maioria. Palavras-chave: Romance; Internet; Bibliotecas Digitais; Valor. Alice Áurea Penteado Martha LEITURAS NA PRISÃO: COERÊNCIA NO CAOS Resumo: Neste texto, relatamos resultados de pesquisa desenvolvida na Penitenciária Estadual de Maringá, de 2006 a 2008, com a realização do Projeto Literatura, leitura e escrita: a ressignificação da identidade por indivíduos em situação de exclusão social, coordenado pela autora deste texto e pela Dra. Marilurdes Zanini (UEM), cujos objetivos eram não só conhecer melhor a dura realidade daqueles que vivem privados do convívio social e de seus diretos civis bem como ajudá-los de maneira mais concreta no processo de recuperação, ou de preparação para enfrentar melhor os desafios da vida no cárcere e mesmo depois de libertados. O projeto, fundamentado em teorias linguísticas, literárias e sociológicas, especialmente aquelas que buscam compreender o homem em sua relação com a linguagem do texto artístico e com a escrita, nasceu do interesse de professores e alunos do Curso de Letras (Graduação e Pós-graduação) em atuar junto aos detentos, possibilitando-lhes o contato com a leitura e a produção de textos, a partir da realização de Oficinas de Leitura e Produção que privilegiaram o lúdico e a reflexão bem como o compartilhamento de emoções e de experiências de linguagem, com o intuito de observar como a leitura de textos literários e de imagens artísticas pode propiciar a ressignificação de identidades dos encarcerados. A hipótese era a de que, ao perscrutarem seus sentimentos mais particulares, com a leitura de textos artísticos de naturezas diversas, tais leitores pudessem reconhecer o significado de suas experiências de vida. Palavras-chave: Literatura; Leitura; Identidade; Oficinas de Leitura. Alice Áurea Penteado Martha MERCADO EDITORIAL E EFEMÉRIDE: MACHADO DE ASSIS PARA CRIANÇAS E JOVENS Resumo: Em 2008, ano do centenário de falecimento de Machado de Assis, o Brasil prestou homenagens ao escritor, um dos maiores expoentes da literatura em língua portuguesa. Se, em vida, o escritor não passou por severas dificuldades para publicação de suas obras, depois da morte e a cada data comemorativa, as edições de suas produções se sucedem em ritmo alucinante e em modalidades e suportes surpreendentes. Nesta comunicação, ainda que o levantamento sobre os modos como o mercado editorial prestigiou a efeméride não seja exaustivo, pretendemos apontar peculiaridades de projetos gráfico-editoriais das obras de e sobre Machado, voltadas aos jovens leitores, publicadas durante o ano comemorativo. Desse modo, buscamos enfatizar a importância do olhar que incide sobre as escolhas que definem corpo e 63 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia alma do livro e contribuem para a formação de leitores, uma vez que, de modo geral, os mediadores de leitura, notadamente pais e professores, não têm percepção da influência de aspectos que configuram o projeto gráfico-editorial de um livro, como qualidade do papel, tamanho e formato da letra, encadernação, quantidade de texto e de ilustração em cada página, bem como do conteúdo e realização de paratextos, no processo de leitura de cada leitor. Palavras-chave: Mercado Editorial; Efeméride; Machado de Assis. Aline de Souza Brocco DISCUSSÃO SOBRE FORMA E COMUNICAÇÃO NO ENSINO E APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA EM UM CONTEXTO VIRTUAL Resumo: Tem-se como objetivo apresentar como se realizam episódios com foco na forma em interações em português para estrangeiros (PLE) em contexto teletandem, um tipo de aprendizagem em tandem em que duas pessoas, cada uma proficiente em uma língua diferente, encontram-se regularmente para aprender a língua um do outro por intermédio do computador. Estas pessoas tentam, de forma autônoma e colaborativa, aprender a língua e a cultura do outro em interações autênticas, sendo que o parceiro mais proficiente ajuda o parceiro menos proficiente na língua e viceversa. As sessões compõem-se de duas partes: uma voltada para a interação na língua de um parceiro e a outra para a interação na língua do outro parceiro, de forma que cada parte da sessão seja realizada em uma língua apenas. Com base nos dados coletados nas interações realizadas neste contexto, verificou-se que o contexto é propício à negociação de significado e, por este motivo, o foco na forma ocorre ao acaso, de modo não planejado, no curso das interações, que são primeiramente focadas no significado. Palavras-chave: teletandem; português como língua estrangeira; foco na forma; comunicação. Aline de Souza Muniz CULTURAS PERIFÉRICAS: REPETIÇÃO E DIFERENÇA Resumo: As descobertas marítimas não serviram apenas para alargar as fronteiras visuais e econômicas, conforme Silviano Santiago, elas também serviram para fazer da história europeia, História universal. Assim, nossa história, nossa cultura e nossa literatura serão formadas desde o processo de colonização por assimilação e imposição do europeu, posteriormente, nossa “inteligência” passará a analisar as questões de fonte e influência sobre a produção das áreas periféricas, o que nos faz pensar essa literatura como cópia, portanto, secundária ao original. Obviamente, a dependência é inegável, contudo, em vez de uma simples imitação, a produção latino-americana pode contribuir com algo de original. O diálogo entre as literaturas é necessário e inevitável, sobretudo em se tratando da literatura brasileira; assim, deve-se assinalar quais elementos marcam a sua diferença, o que a faz criar um entrelugar e a torna universal. Dessa forma, este trabalho pretende observar as discussões feitas a respeito da literatura latino-americana apontados pelos trabalhos de Silviano Santiago, Antonio Candido e Roberto Schwarz. Palavras-chave: Literatura; repetição; diferença. 64 Resumos de trabalhos Aline Maria Rezende Freitas EDITORIAL DAS REVISTAS: UMA ANÁLISE DISCURSIVA NA PERSPECTIVA SOCIAL DO DISCURSO Resumo: Este trabalho tem como objetivo dar ênfase ao discurso numa perspectiva social focalizando as conexões entre o contexto e as estratégias textuais, sem deixar de lado as ideologias que são naturalizadas no meio social através do uso da linguagem. Observaremos a força que as palavras têm ao serem utilizadas como prática discursiva no texto. Este corpus é um recorte que limita a nossa pesquisa, pois é uma análise de uma edição da revista Capricho e uma edição da revista Atrevida, ambas distribuídas no mesmo período. São revistas elaboradas para o público jovem que disputam sua simpatia e fidelidade e para isso usam estratégias comunicativas a fim de influenciar ou até transformar seus leitores em algum aspecto social. Faremos uma análise descritiva e uma análise interpretativa dos editoriais de duas revistas diferentes, cuja ênfase será dada à concepção tridimensional de Fairclough (2001) e suas funções sociais. Palavras-chave: Prática Social; prática discursiva; pressuposição; ideologias; sentido. Alleid Ribeiro Machado TESSITURAS DO DISCURSO FEMININO Resumo: A mulher e sua representação social parecem-nos ser uma preocupação recorrente nas narrativas de Júlia Nery, autora portuguesa contemporânea, responsável por privilegiar, por meio da construção de personagens psicologicamente densas e instigantes, a mulher portuguesa em sua vida de sentimentos e ações, em sua maneira de lidar consigo e com o mundo. Este trabalho pretende investigar e traçar características do discurso feminino, situado no espaço da Crónica de Brites (2008), a partir da análise da personagem histórica Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota, que, segundo conta a tradição popular, teria matado sete mouros com a pá de seu forno, e cuja narração de suas memórias, subliminarmente nos mostra a resistência da protagonista ao papel de mulher e à própria “natureza feminina”, paradigmas conferidos pela sociedade patriarcal. Por meio de um estudo que tange o erostismo de Bataille, as contribuições da psicanálise e alguns estudos em torno da escrita no feminino, objetivamos entender como a autora trata pontos importantes e subliminares que falam da condição social da mulher, de seu silenciamento, da educação recebida nos séculos passados, da imposição e do comprometimento religioso, e os pontos de resistência que colocam a mulher em um não-lugar que socialmente é esperado para ela. Palavras-chave: discurso feminino; erotismo; narrativa; mulher. Almir Pantoja Rodrigues MANIFESTAÇÕES LITERÁRIAS PORTUGUESAS EM JORNAIS PARAENSES NA SEGUNDA METADE DO SÉCULO XIX Resumo: A proposta de trabalho tem como objetivo apreender a relação Jornal e Literatura na segunda metade do século XIX, na Província do Grão-Pará. Para tanto, recorre-se a publicação de manifestações literárias de autoria portuguesa em jornais, como por exemplo, O Diário do Grão-Pará, O Diário de Belém, A Província do Pará, Gazeta Oficial e O Liberal do Pará. Trata-se de um estudo que além de abordar a relação 65 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Jornal e Literatura no Pará oitocentista, examina também as condições de leitura na província e mostra o quanto a prática de publicação de textos literários em periódicos jornalísticos contribuiu não somente com a circulação de textos literários na Região, mas também com a formação da Literatura Brasileira de Expressão Amazônica. Palavras-chave: Manifestações literárias portuguesas; jornais de Belém; século XIX. Althiere Frank Valadares Cabral RETOMADA DO PRONOME Resumo: O pronome “onde” em construções relativas tem ocorrido, no Português Brasileiro, diverso dos postulados da Gramática Normativa, segundo os quais, tal pronome deve retomar um sintagma que assume, na oração subordinada relativa, a função de adjunto adverbial de lugar. Partindo de pressupostos da Gramática Gerativa e da teoria dos Espaços Mentais, analisou-se o pronome “onde” em construções cuja retomada não se enquadra nos cânones gramaticais, procurando-se perceber nas regularidades dessas construções os princípios e/ou mecanismos computacionais que explicam sua realização e boa formação do ponto de vista da produção/interpretação em estruturas enunciativas do Português Brasileiro. Palavras-chave: Pronome Onde; Anáfora; Relativo. Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires Teixeira A ORALIDADE DO DISCURSO RADIOFÔNICO DA TEMPO FM: UMA PERSPECTIVA PRAGMÁTICA Resumo: Dentro os meios de comunicação de massa, o rádio pode ser considerado como o mais acessível, pois utiliza a oralidade para a transmissão de seus enunciados. Talvez isso, esteja fortemente relacionado ao fato de o rádio ser percebido como o “companheiro de todas as horas” para seus ouvintes. Dessa forma, esta pesquisa tem como objetivo analisar como a concepção pragmática é capaz de servir como alicerce para um melhor entendimento da oralidade do discurso radiofônico no cotidiano de seus ouvintes. Para isso, utilizaremos como metodologia a pesquisa bibliográfica, onde nos apoiamos nos estudo de Ferraretto, Gonzales, Kato, Koch, Levinson, Maingueneau e Mcleish. E da pesquisa de campo, que se realizou através de entrevistas com os profissionais da emissora de rádio Tempo FM, situada em Fortaleza, no período de agosto a outubro de 2008. As entrevistas foram feitas com os seguintes profissionais: a proprietária da emissora, locutores, programadores de programação, sonoplastas. Durante a análise dos resultados, constatamos a relevância da adequação do discurso radiofônico – ou seja, todos os elementos que compõe a programação da emissora, como: publicidade, música, locução entre outros. Palavras-chave: Linguagem Radiofônica; Pragmática; Programação. Amaurícia Lopes Rocha Brandão / Letícia Adriana Pires Teixeira A UTILIZAÇÃO DE IMPLÍCITO NO DISCURSO RADIOFÔNICO: MUDANÇAS DE SIGNIFICADOS NO CONTEXTO SOCIAL E EDUCACIONAL Resumo: Este relato refere-se a uma pesquisa realizada com o apoio do Programa de Iniciação Científica da FIC, em 2008, que apresentou dificuldades, como bibliografia insuficiente a respeito da linguagem implícito no discurso radiofônico, o que resultou na falta de conhecimento acerca do assunto, por parte dos entrevistados, que tiveram 66 Resumos de trabalhos muita dificuldade em identificar os anúncios que continham o implícito. Isso foi comprovado, devido a muitas questões do questionário com esse enfoque, não terem sido respondidas. Tal estudo tinha como objetivo analisar como ocorre a produção dos significados da linguagem implícita em textos publicitários veiculados em rádios de Fortaleza. Para isso, utilizamos como metodologia, a pesquisa bibliográfica, baseada, principalmente, em Ferrarreto, Vetergaard e Portela, esta descreve a concepção de implícito exposta por Ducrot. E a pesquisa de campo, onde realizamos a aplicação de questionários com 50 pessoas de nível escolar e econômico diferentes. Durante esse momento, os participantes ouviram dez anúncios exibidos em rádio de Fortaleza do segmento adulto, jovem e popular, e a partir daí, eles respondiam um questionários, no qual teriam que identificar os implícitos contidos nesses anúncios, além de, expressarem suas dificuldades de entendimento. Com isso, podemos constatar a grande influência que um anúncio é capaz de produzir, quando este está focado adequadamente ao segmento do produto anunciado. Contudo, caso o contrário, poderá comprometer no entendimento durante sua recepção. Palavras-chave: Rádio; Implícito; Significado. Ana Carla Bruno EDUCAÇÃO INDÍGENA E QUESTÕES LINGUÍSTICAS: QUANDO A ORTOGRAFIA TORNA-SE UM PROBLEMA – A EXPERIÊNCIA WAIMIRI ATROARI Resumo: Os Waimiri-Atroari estão dispersos numa região dos afluentes da margem esquerda do Baixo rio Negro e do rio Amazonas, entre os Estados do Amazonas e Roraima. Com uma população de aproximadamente 1.113 Kinja (auto-denominação do grupo), distribuídas em 19 aldeias, os Waimiri-Atroari vivem do produto de suas roças coletivas, da coleta de frutos silvestres, da caça e da pesca. A Língua é falada por crianças, adultos e velhos. Linguisticamente, quando comparado com outros grupos da Amazônia, a língua Waimiri-Atroari mostra-se numa excelente condição. Ao pensar-se sobre que papel a língua de um grupo tem na promoção e manutenção dos seus estilos de vida, pressupõe-se que o bem estar e a sobrevivência física da espécie humana dependem não somente das condições biológicas, mas da existência de uma rede intelectual de vida, de um espaço que contemple a diversidade linguística (Krauss, 1996). Neste sentido, a existência desta rede intelectual pode estar ameaçada quando a língua materna de um grupo de falantes não é necessariamente a língua oficial de um país. Sistemas ortográficos não devem ser elaborados simplesmente como uma redução da fala para escrita, mas como um processo de escolha de símbolos que carregam significados históricos, culturais e políticos. Em minha experiência na área Waimiri Atroari, foi observado que quando os kinja vivenciaram as primeiras experiências nos processos de alfabetização, as ortografias utilizadas por eles tiveram diferentes significados históricos e políticos. Palavras-chave: Problemas Linguísticos; Educação Indígena; Escola Waimiri Atroari; Ortografia. Ana Carolina Ferreira Alves ANÁLISE ACÚSTICA DAS VOGAIS NASAIS DE SAKURABIAT Resumo: A língua Sakurabiat é falada por menos de 30 pessoas e não está sendo transmitida às novas gerações, o que a coloca entre as línguas brasileiras em maior 67 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia risco de desaparecimento. Trabalhos vêm sendo desenvolvidos com o objetivo de salvaguardar o máximo possível dessa língua, pois além de ser parte do patrimônio imaterial do país é um importante elemento cultural desse grupo indígena. Em estudo anterior foi desenvolvida a análise acústica das vogais orais presentes na língua e foi observado um interessante fenômeno: uma anteriorização da ], resultando em uma vogal anterior alta relaxada vogal central alta [ ]. O presente trabalho visa verificar, também por meio da análise Ι [ acústica, se o mesmo fenômeno ocorre com as vogais nasais. Uma análise acústica consiste no estudo da onda sonora, que permite verificar correlatos acústicos os quais são interpretados como aspectos fonéticos capazes de fazer a distinção entre os sons vocálicos, como a qualidade vocálica, o acento, a presença de tom etc. Neste trabalho, os correlatos observados foram os Formantes (F1 e F2) e a Duração. Os Formantes permitem identificação da qualidade de cada segmento vocálico e a visualização da distribuição dos mesmos no espaço acústico. A Duração, por sua vez, torna possível a distinção entre vogais breves e longas. Os resultados obtidos serão fundamentais tanto para o entendimento sincrônico da língua e sua contribuição para os estudos tipológicos quanto para auxiliar o projeto comparativo da família Tupari, além de colaborar para o conhecimento das propriedades fonéticas das línguas indígenas. Palavras-chave: Segmentos Vocálicos; Análise Acústica; Fonética da Língua Sakurabiat (Mekens). Ana Cleide Guimbal de Aquino O DISCURSO MIDIÁTICO DE BELÉM NOVA Resumo: Na presente pesquisa, busca-se apresentar reflexões sobre a construção discursiva da identidade literária amazônica, a partir de um arquivo composto por folhetins da década de 1920, intitulado Belém Nova. Com base nos pressupostos teórico-metodológicos da Análise do Discurso de linha francesa, principalmente alguns pressupostos de Foucault (A Arqueologia do saber, 1981) e Maingueneau (Discurso literário, 2006), no que se refere aos conceitos de discursos, formação discursiva e midium e à relação existente entre o discurso, a História e a Memória, desenvolveu-se o estudo, com o objetivo de analisar e examinar alguns procedimentos discursivos representativos para a constituição da identidade literária amazônica. Sabe-se que a vida social é possível através da produção e da troca de informações, logo, o conteúdo midiático de Belém Nova, bem como as relações existentes entre os sujeitos produtores desse discurso, as condições de produção e o sentido que é produzido no processo de interlocução, a partir das relações estabelecidas entre os fatores acima elencados, é marcado também pelas questões de gênero e pelo interdiscurso, observando, principalmente, a relação Sujeito, História e Memória. De acordo com Maingueneau (Discurso literário, 2006), a maneira como um texto se institui materialmente é parte integrante de seu sentido, logo, a análise dos folhetins se faz pertinente para discutir o funcionamento discursivo do referido objeto midiático no resgate da memória e no estabelecimento da identidade literária regional do amazônida. Palavras-chave: discurso; revista literária; literatura amazônica. 68 Resumos de trabalhos Ana Ester de Negreiros da Silva A POSIÇÃO DE MORFEMAS PÓS-VERBAIS EM XIPAYA (TUPI) Resumo: Apresentaremos neste trabalho, a posição e distribuição dos morfemas he, anu e de que acompanham a classe de verbos, em xipaya. Os morfemas he e anu, cuja função sintático-semântica ainda apresenta várias lacunas, são bastante produtivos na língua. Esses morfemas ocorrem, à primeira vista, com nuâncias aspectuais, e, estão em distribuição complementar, pois não co-ocorrem. O morfema de só ocorre com verbos transitivos, com a função de marcar o objeto do verbo. Normalmente, aparece no predicado verbal quando o objeto é omitido, no entanto, pode co-ocorrer com o objeto explícito (Rodrigues C., 1995). Interessa-nos, aqui, identificar a distribuição desses morfemas e suas possíveis posições, no predicado verbal, em relação a outros morfemas com os quais podem co-ocorrer, como os pronomes clíticos, por exemplo. O levantamento dos dados para essa pesquisa está sendo feito a partir de trabalhos já realizados, sobre a língua xipaya, pela Professora Carmen Rodrigues, orientadora dessa pesquisa. Palavras-chave: língua xipaya; morfema; verbo. Ana Lilia Carvalho Rocha TECHNOLOGY IN THE ANGLOPHONE LITERATURE CLASS Abstract: This communication focuses on the use of technological tools to improve Anglophone Literature teaching and learning. It is a result of the work presented in the subject Outline of Anglophone Literature to Letras students of the third semester and it has taken place at the Universidade Federal do Pará (UFPA) in Cametá – Pará campus. It emphasizes the importance of virtual interaction and virtual aids to the development of a nice atmosphere inside the classroom. The purpose of linking Literature and Technology is make teachers and students aware of which resources are available to promote a more attractive and more meaningful class. Virtual resources as Youtube and Teachertube videos, audio books, power point presentations and webpages that deal with the Anglophone Literature topic and that were available on the internet will be presented. All these resources were applied to different Literature styles presented in the subject. During the subject students had the opportunity to watch and listen to some of the authors’ main works (as Hemingway, Edgar A. Poe, Oscar Wilde and so on). Students were also recquired to follow some assessment activities that were presented on the website developed by Lilia Rocha and Marcela Amaral at the Specialization in Linguistics Applied to the Teaching of English Language Course at UFPA. This webpage contains some quizzes developed with the use of Hot Potatoes, videos and texts related to the studied topic. Key words: Technology; Anglophone Literature; Teaching. Ana Lygia Almeida Cunha A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NO GÊNERO FÓRUM DE DISCUSSÃO DE CURSO ON LINE Resumo: A ausência de interação, durante muito tempo, serviu de argumento aos desafetos da educação a distância. O advento da Internet, porém, e, mais especificamente, os fóruns de discussão, possibilitaram a interação de professores e alunos dando novo impulso a essa modalidade educacional. A ferramenta passou a ser 69 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia vista como vital para o processo de ensino-aprendizagem em cursos on line. Porém, é necessária a reflexão sobre as implicações de seu uso com o objetivo de torná-la mais eficaz – e isso implica o estímulo à participação dos alunos nessa interação –, o que certamente contribuirá para a construção de uma metodologia de ensino na modalidade. Segundo Bazerman (In HOFFNAGEL e DIONISIO, 2006, p. 101), “ao percebermos um enunciado como sendo de um certo tipo ou gênero, engajamo-nos numa forma de vida, juntando falantes e ouvintes, escritores e leitores em relações particulares de um tipo familiar ou inteligível.” Observar como participantes de cursos on line se comportam na interação que se dá em fóruns de discussão no sentido de se comprometer com a identidade que querem construir dentro desse domínio particular é o objetivo deste trabalho. Para isso, serão levados em consideração a maneira como se engajam com seus interlocutores, os papéis específicos que assumem nessa interação e os recursos que utilizam para participar das experiências e atividades desse espaço de interação. Assim será possível compreender em que sentido “os gêneros moldam as intenções, os motivos, as expectativas, a atenção, a percepção, o afeto e o quadro interpretativo” (BAZERMAN, In HOFFNAGEL e DIONISIO, 2006, p. 102). Pretende-se, com a pesquisa, evidenciar como o fórum de discussão pode levar os participantes a adotar atitudes de acordo com as possibilidades de ação deste gênero particular. Palavras-chave: Linguagem; Gêneros; Identidade. Ana Malba Araújo de Queiroz JOGOS DESIGNATIVOS NA LITERATURA DE CORDEL Resumo: Este artigo é parte de um projeto de pesquisa mais amplo intitulado “As construções dos sentidos da violência nas práticas culturais do Sertão Central do Ceará,” que tem como objetivo investigar as práticas discursivas e práticas sociais de violência na chamada cultura “popular nordestina”, para entender como se dá constituição de sentidos nos diversos jogos de linguagem reais do cotidiano e suas repercussões na vida social. De forma especifica, procuro analisar a constituição de “identidades” para mulher no discurso da literatura de cordel, utilizando como aparato teóricometodológico a Analise Crítica do Discurso (CHOULIARAK e FAIRCLOUGH, 1999, FAIRCLOUGH, 1989, 19992, 2003, RESENDE e RAMALHO 2006) para questionar de que maneira os processos semântico-descursivos de nomeação e designação de gênero naturalizam e legitimam ideologias machistas que violentam no próprio ato de fala, na medida em que marca o sujeito com uma identificação linguística da qual ele não consegue se livrar. Partindo da ideia de que a linguagem corporifica a violência e de que tais sentidos corporificados na materialidade linguística podem gerar tanto violência física como simbólica. A análise sócio-discursiva realizada permite depreender que, em grande parte os sentidos veiculados nas práticas culturais do cotidiano, têm caráter ideológico e sustentam relações assimétricas de poder, por reforçar crenças, conceitos e valores que contribuem para a construção de uma identidade social negativa para mulheres, naturalizando a discriminação e violência sofrida pelo sexo feminino em nossa sociedade. Palavras-chave: literatura de cordel; identidade; discurso; violência; relações de poder. 70 Resumos de trabalhos Ana Maria de Carvalho CORDEL: ENTRE UM VERSO E OUTRO, RASTROS DE ORALIDADE Resumo: A temática desta comunicação é proveniente da pesquisa que realizo no mestrado com folhetos de cordéis. A seu respeito é possível dizer que eles se situam entre a fronteira da escritura e da voz, fronteira que não deve ser entendida como separação, mas como continuidade e complementação. Nesse caso o verso impresso seria essa continuação e complementação do oral, tendo em vista que embora seja uma produção escrita, sua transmissão não ocorria somente por meio da leitura silenciosa e individual. Ela também se dava através da leitura oral que se materializava nas leituras comunitárias feitas nas rodas de terreiros. A leitura em voz alta também era um meio do poeta vender seus folhetos nas feiras, uma vez que eram lidos alguns trechos das narrativas para chamar a atenção do público leitor. Outras marcas de oralidade são os chamamentos, as evocações que surgem no decorrer dos folhetos, assim como o uso de provérbios populares, existindo quase sempre uma relação de causa e efeito. Desta forma essa comunicação tem por objetivo discutir a relação oral/escrito presente nos folhetos de cordéis. Palavras-chave: Cordel; oral; escrito. Ana Maria Leal Cardoso AS QUESTÕES DE PODER NA OBRA DE ALINA PAIM Resumo: A escritora sergipana Alina Paim, ainda desconhecida pela academia e pelo público em geral, produziu uma vasta obra literária (10 romances), de temas variados. Baseados nos aportes teóricos de Joseph Campbell, Jung e na crítica feminista traçaremos um panorama do poder feminino no seio da família nordestina da primeira metade do século XX, nas obras A sombra do patrarca, Estrada da liberdade e Simão Dias. Palavras-chave: literatura; poder; família; critica feminista. Ana Rita Santiago da Silva VOZES DIFERENCIADORAS EM POÉTICAS AFRO-FEMININAS Resumo: Através da literatura afro-feminina, escritoras negras baianas deixam suas marcas poéticas, pois narram suas experiências, trajetórias pessoais e visões de mundo. Neste sentido, se constitui como representações e escritas de si, não através de um Eu autoral, mas de um Eu ficcional. Isso lhes garante uma identidade autoral, pois sua tessitura se faz, não de forma intimista, mas em meio à memória coletiva e às discursividades, embora sua invisibilidade nos circuitos literários e de leitura. Vale ressaltar que essa escritura se delineia por se configurar como discursos poéticos e ficcionais, em que se imprimem afirmações e ressignificações das africanidades e, concomitantemente, desconstruções de atributos e de pensamentos depreciativos, racistas e excludentes às populações e culturas afro-brasileiras. Diante disso, este texto propõe-se a compreender as vozes poéticas, ainda silenciadas e ausentes, de autoria feminina negra, como invenções e discursos diferenciadores de cosmovisões, histórias, vivências e culturas afro-brasileiras, em relação àqueles que compõem a história da literatura brasileira, do período colonial ao contemporâneo. Neles, perpassam uma representação sobre negros/as, na qual se institui a diferença marcada pela negatividade e inferioridade. Diante disso, este texto pretende também 71 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia entender a literatura afro-brasileira, de autoria feminina, como um outro pensamento e uma invenção diferenciada de se tornar negra/o no Brasil. Palavras-chave: africanidades; diferenças culturais; vozes poéticas; escritoras negras. Ana Sousa da Silva O ACERVO LINGUÍSTICO DA FAUNA E FLORA ARAWETÉ: A FORMAÇÃO DOS LEXEMAS Resumo: Os Araweté, grupo constituído por um número aproximado de 400 pessoas, vivem divididos em três aldeias vizinhas (ipixuna, Pakajã, Paissandu) às margens do Igarapé Ipixuna, no município de Altamira, estado do Pará. A língua araweté ainda possui uso corrente nas aldeias, mas a comunidade já caminha para um breve bilinguismo araweté-português. Juntamente com as línguas ararandewára; anambé do cairari e assurini do Xingu, a língua araweté está classificada como parte do subconjunto V da família Tupi-Guarani do tronco Tupi (Rodrigues, 2002). A língua araweté é ainda pouco divulgada na literatura ameríndia e, até o momento, pouco se conhecesse sobre o seu funcionamento. Neste trabalho apresentaremos um estudo preliminar sobre a formação dos lexemas da fauna e flora a desta língua. As análises se desenvolveram sob perspectiva teórica funcional e obedeceram aos seguintes procedimentos: aquisição de um corpus com frases e palavras; listagem das palavras com formas semelhantes; separação por campo semântico; segmentação das palavras, identificação dos morfemas e seus alomorfes. O corpus utilizado nas análises é constituído por aproximadamente 400 palavras e sua aquisição se deu por meio de pesquisa “in locus”. Palavras-chave: araweté; fauna; flora; morfologia. Ana Vilacy Galucio CAUSATIVIZAÇÃO EM SAKURABIAT Resumo: A língua Sakurabiat compõe a família linguística Tupari, tronco Tupi, e é falada no estado de Rondônia por um pequeno grupo de menos de 30 pessoas. O objetivo deste trabalho é discutir causativização em Sakurabiat, que muuma das derivações de aumento de valência na língua. Existem três maneiras de formar causativos na língua Sakurabiat, duas morfológicas, através da afixação de um prefixo ao verbo, e uma sintática, através de uma construção perifrástica. Os dois causativos morfológicos, causativo simples e comitativo causativo ou sociativo causativo, geralmente funcionam como morfemas de aumento de valência, que adicionam um argumento à estrutura argumental do verbo. Sendo que a distinção entre esses dois causativos morfológicos se dá no campo semântico. O causativo sintático é semanticamente similar ao causativo simples e também acrescenta um participante à estrutura do evento. Discutiremos neste trabalho a tipologia da causitivização na língua Sakurabiat, especificando as propriedades sintáticas, semânticas e morfológicas dos três causativos identificados. Palavras-chave: causativos; mudança de valência; Sakurabiat. Anna Mayra Araújo Teófilo REPETIÇÃO COMO FATOR INTERACIONAL ATUANTE NO PROCESSO DE AQUISIÇÃO DO INGLÊS COMO SEGUNDA LÍNGUA Resumo: A presente pesquisa ilustra e analisa alguns padrões da linguagem oral identificados no discurso educacional professor-aluno como estratégias que estimulam 72 Resumos de trabalhos e aumentam a perspectiva interacional da conversação. Este trabalho busca analisar a conversação, sua natureza altamente organizada e como ela reflete as informações interpretadas pelos interlocutores. O estudo seguiu uma perspectiva etnográfica visto que os dados foram coletados em contexto real de uso, sendo levados em consideração o contexto e o ponto de vista de cada um dos participantes envolvidos nessa pesquisa de campo. Através de fundamentos da metodologia qualitativa, foram realizadas gravações autênticas em áudio, as quais foram desenvolvidas em sua totalidade em cursos de extensão em língua inglesa da Universidade Federal da Paraíba- Campus I- João Pessoa/PB. Sendo assim, este artigo acadêmico fixa como escopo a repetição como um recurso interacional atuante durante o processo de aquisição de língua inglesa como segunda língua, tanto na questão de negociação de sentidos, como na construção do próprio conhecimento. A pesquisa teve como base teórica os estudos que envolvem a Análise da Conversação de base Etnometodológica; a Interação Social, e, prioritariamente os estudos da Linguística Cognitiva. Desta maneira serão privilegiados os estudos de Luiz Antônio Marcuschi (1995) e (2001), Herbert Clark (1986); Ingedore Koch (1992); Charles Goodwin & Alessandro Duranti (1992), Lorenza Mondada (2001) e Margarida Salomão (1997). Palavras-chave: Cognição; interação; repetição. Ananias Agostinho da Silva O HUMANISMO DE MIGUEL TORGA NO HERÓI GARRINCHAS: “A PUREZA E A IRONIA DUM PATRIARCA” NO CONTO NATAL Resumo: O presente estudo refere-se à análise do conto “Natal”, publicado na coletânea de contos Novos contos da Montanha, de Miguel Torga, pseudônimo criado pelo médico otorrinolaringologista Adolfo Correia Rocha. Assim, primeiro nos adentraremos no universo do autor, procurando compreende sua obra de maneira geral e suas características humanistas, bastante presentes em sua obra, abrangendo um telurismo que desencadeia uma grande discussão acerca do homem e sua relação com o exterior (terra e mundo), a morte, a solidão e demais tragédias pessoais. Posteriormente, procuraremos compreender a coletânea de contos Novos Contos da Montanha, publicada pela primeira vez em 1944, composta por vinte e dois contos, retrata o cotidiano das aldeias de Portugal, transparecendo a cultura, os costumes, a convivência de modo geral nas aldeias. Por fim, nos deteremos à análise do conto Natal, de Torga, atentando à crítica que o autor faz à população transmontana, observando que o autor quebra alguns preceitos religiosos e tenta imprimir no leitor um momento de reflexão sobre esses preceitos. O instrumento dessa pesquisa é documental bibliográfico, assim, utilizamos autores como Ferreira (2001), Gancho (1999), Lourenço (1994), Moisés (1960), dentre outros. Concluímos que a intelectualidade de Torga é tão imensa que nos seus contos não encontramos histórias acabadas em si, mas materiais com os quais devemos construir um mundo que o texto apenas esboça. Palavras-chave: Garrinchas; Miguel Torga; Natal. Andréa Maria Lopes Dantas / Henrique Silvestre Soares ENTRE SAL, JABÁ E CORDÉIS: A LEITURA SINGRA OS RIOS AMAZÔNICOS 73 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Resumo: Para termos, hoje, no Brasil, a Biblioteca Nacional, uma longa viagem empreenderam os livros: da Europa ao Rio de Janeiro, conforme nos dá conta Lilia Moritz Schwarcz, construindo histórias e identidades. Distância parecida e piores condições percorreram regatões e alguns outros aventureiros para, rompendo interdições, levar aos mais longínquos recantos amazônicos – seringais acreanos, além de alimentos para o corpo, um desejado e cobiçado objeto: o livro. Esta comunicação pretende descrever e analisar alguns suportes de textos, em especial o cordel, buscando evidenciar, além da trajetória dos livros até os seringais, práticas de leitura instauradas, articulando-as à História do Acre e a constituição de sujeitos leitores. Com esse fim, nossa análise é realizada à luz dos pressupostos teóricos advindos da História Cultural, particularmente o que se refere à História do Livro, através dos estudos de Roger Chartier, e da Análise do Discurso francesa. Palavras-chave: Práticas de Leitura; História do Livro; Cordel; Amazônia; Acre. Andréia Meireles de Oliveira LA LANGUE EN LIGNE – AS TECNOLOGIAS FAVORECENDO A PRÁTICA E A ELABORAÇÃO DIDÁTICA EM AULAS DE FLE Resumo: O objetivo deste trabalho é investigar o uso das tecnologias no ensino/ aprendizagem de línguas e mostrar como os recursos tecnológicos podem ser suportes facilitadores na aprendizagem do francês como língua estrangeira (FLE). Para a realização do trabalho, buscou-se não apenas conhecer, através da análise de manuais e de relatos de experiências pessoais, os critérios de seleção do material didático on line e a forma como as atividades são materializadas em sala de aula de FLE, como também apresentar sugestões para um melhor aproveitamento, na prática, das tecnologias e do trabalho de elaboração didática. Palavras-chave: Tecnologias; ensino/aprendizagem; material didático; FLE. Ângela de Oliveira Rodrigues A DIVERSIDADE CULTURAL NAS POLÍTICAS CURRICULARES EDUCACIONAIS Resumo: Toda sociedade se organiza mediante a linguagem que é um meio de expressão e de comunicação. A escola, percebida como instituição social, é capaz de produzir e transmitir deveres e direitos dos cidadãos, por meio da linguagem. Sendo assim, ela é vista como principal divulgadora e produtora do processo de organização das sociedades. Nesta perspectiva, refletir sobre o tema da diversidade cultural, nos documentos de políticas curriculares para a educação brasileira, possibilita-nos identificar concepções que fundamentam aquela organização. O estudo que ora desenvolvemos, no Curso de Mestrado em Letras: Linguagem e Identidade, da Universidade Federal do Acre, procura, nas páginas da lei, investigar os conceitos de diversidade cultural vistos pelo poder público. Para esse estudo, utilizaremos referenciais teóricos advindos da Análise do Discurso de raiz francesa, buscando descrever e analisar o modo como os discursos sobre o tema da diversidade se incluem nas políticas curriculares, especificamente nos instrumentos legais que organizam e regulamentam o ensino, procurando explicitar o embate entre os diferentes discursos, a luta de poder existente entre os diferentes grupos sociais envolvidos no processo educativo. 74 Resumos de trabalhos Palavras-chave: Linguagem; Análise do Discurso; Diversidade Cultural; Políticas Educacionais. Anita Martins Rodrigues de Moraes NOTAS SOBRE A PRESENÇA DA TEORIA DE ANTONIO CANDIDO NOS ESTUDOS DE LITERATURAS AFRICANAS DE LÍNGUA PORTUGUESA Resumo: Na Formação da literatura brasileira, Antonio Candido propõe o conceito de sistema literário, definindo seu estudo como a investigação do processo de constituição desse sistema no Brasil, sua “formação”. Na presente comunicação, trato do aproveitamento da abordagem de Candido no âmbito dos estudos das literaturas africanas de língua portuguesa. Discuto, num primeiro momento, aspectos da proposta de Candido, a partir das contribuições de Luiz Costa Lima (Pensando nos trópicos). Descrevo, então, como tem se dado a apropriação do conceito de sistema literário e da ideia de formação nos estudos de literaturas africanas, especialmente nos trabalhos de Rita Chaves (A formação do romance angolano) e Benjamin Abdala Jr. (Literatura, história e política). Com esta estratégia, pretendo tanto notar aspectos comuns na constituição das literaturas de países marcados pelo colonialismo português, como flagrar um momento do percurso da crítica literária nestes países. Nesse sentido, trata-se de avaliar a apropriação da ideia de formação e de sistema literário nos estudos de um corpus não trabalhado por Candido, notando-se, assim, desenvolvimentos teóricos novos. A avaliação da apropriação da teoria de Candido nos estudos de Rita Chaves e Abdala orienta-se por algumas questões: 1) Como o conceito de sistema literário se articula, na teoria de Candido e em suas apropriações, à ideia de literatura nacional e de história literária? 2) Como a ideia de formação se articula, então, à de sistema? 3) é possível notar, a partir da avaliação de aspectos da recepção crítica, problemas comuns à produção literária de países marcados pela experiência colonial? Palavras-chave: literatura nacional; história literária; Antonio Candido; sistema literário; literaturas africanas. Antônia Alves Pereira SUBORDINAÇÃO EM ASURINÍ DO XINGU: A ORAÇÃO COMPLEMENTO Resumo: Este trabalho objetiva apresentar como é formada a oração complemento na língua Asuriní do Xingu. Essa língua, conforme classificação de Rodrigues (1986), pertencente à família Tupí-Guaraní, grupo Tupí. Nessa língua, a oração complemento estrutura-se a partir da afixação de nominalizadores à raiz verbal. Após esse processo, a oração nominaliza-se e passa a desempenhar a função de argumento de outra oração. Os afixos envolvidos na nominalização desse tipo de oração são os que aparecem a seguir:{-tap}, {-ama’e}, {-tat} e {-emi}. O uso de um ou outro nominalizador está estritamente relacionado à natureza do complemento nominalizado. Os argumentos nesse tipo de oração são expressos através de pronomes clíticos ou nominais e relacionais. Assim, sujeitos e objetos são expressos da mesma forma, isto é, não existe um critério morfológico que faça distinção entre sujeito e objeto na oração complemento, tampouco existe distinção formal entre os diferentes tipos de sujeito, como existe nas orações independentes. A codificação da terceira pessoa nesse tipo de oração se distingue da codificação das demais pessoas, enquanto a primeira e a 75 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia segunda pessoa são codificadas por pronomes clíticos e relacionais, a terceira pessoa não aceita um nominal ou pronome clítico e o prefixo {i-} simultaneamente, sendo este correferencial com o nominal ou pronome clítico. Nos casos em que somente a morfologia não é suficiente para distinguir um argumento de outro, a sintaxe é de fundamental importância para se reconhecer que papel sintático está sendo desempenhado por um dado argumento. Palavras-chave: morfologia; complemento; argumento. Antonia Marly Moura da Silva IDENTIDADE E TRANSGRESSÃO NO ROMANCE EM LIBERDADE, DE SILVIANO SANTIAGO Resumo: Este trabalho pretende analisar a construção da identidade do sujeito no romance Em liberdade (1981) de Silviano Santiago, destacando os modos de figuração do outro, seja na questão tensa dos gêneros na ficção contemporânea, seja na relação mimese e realidade ou no caráter ambíguo dos papéis exercidos pelo autor e narrador. Trata-se de um livro de memórias em que o autor reinventa e reelabora a prosa de Graciliano Ramos. Na narrativa, Graciliano Ramos é o personagem inventado por Silviano Santiago, o pseudo-narrador que testemunha e fala de si como se fosse o verdadeiro escritor nordestino. Em nome de uma poética descentrada e plural, num processo de devoração antropofágica, Santiago apropriase da obra e do estilo do autor de Memórias do Cárcere numa atitude diferenciada e recriadora. O romance Em liberdade fornece as bases para questionamentos sobre a instância autoral e o liame entre ficção e realidade, biografia e autobiografia, bem como literatura e história. No enfoque do “eu” e no seu desdobramento, o escritor tece, metaforicamente, o processo construtivo do discurso autobiográfico, através de um ato narrativo plural em que é praticamente inviável tentar localizar o conteúdo simbólico contido nessa identificação híbrida. Palavras-chave: Silviano Santiago; Em liberdade; Graciliano Ramos; identidade. Antonio Almir Silva Gomes NOTAS SOBRE O SISTEMA DE CASO EM MEBÊNGÔKRE Resumo: Apresento neste trabalho as relações gramaticais que se estabelecem em sentenças bêngôkre (língua Jê setentrional do Brasil falada) simples da língua Me por aproximadamente 5 000 pessoas ao longo de terras indígenas nos estados do Pará e do Mato Grosso). Argumento em favor de uma relação delineada basicamente via sintaxe – especialmente no caso de sintagmas nominais plenos – e da coocorrência de um padrão de caso nominativo-acusativo com um padrão de caso ergativo-absolutivo; sendo que o primeiro padrão ocorre basicamente com as formas pronominais de 1ª e 2ª pessoa e o segundo padrão ocorre basicamente com as formas pronominais de 3ª pessoa. As formas pronominais de 3ª pessoa da língua bêngôkre evidenciam, inicialmente, um padrão ergativo, já que a)Me mia, ao passo que) posição de argumento externo de A é preenchida por t wa, juntamente com a) a posição de argumento interno é preenchida por t posição de S. Todavia, definir o padrão ergativo no sistema pronominal bêngôkre não é tão simples quanto possa parecer, já) de 3ª pessoa em Me que é possível encontrar sentenças transitivas cuja posição de wa – própria de) argumento externo é preenchida pela forma pronominal t wa além da 76 Resumos de trabalhos posição de A e S, também ocupa,) S e O. Nesse sentido, t obrigatoriamente, a posição de O, o que configuraria um terceiro padrão de caso na referida língua. Palavras-chave: bêngôkre; Caso; Argumento ): Me. Antônio José Rodrigues Xavier MUSAS E MOSCAS NOS REPENTES URBANOS DE LUCY BRANDÃO: CONTRACULTURA, MODERNIDADE E PERFORMANCE Resumo: Filiado à linha de pesquisa Literatura, Cultura e Sociedade, este trabalho investiga os diálogos estabelecidos entre a literatura e a contracultura. Pretende-se compreender como as pulsões contraculturistas das décadas de 60, 70 e 80 marcaram a produção poética da comunidade maceioense a partir da produção poética de Lucy Brandão (repentista urbana e performer) – projeto inédito e marginalizado pelas políticas editoriais da época. Essa pesquisa justifica-se pela necessidade de empreendimentos na compreensão da construção dos imaginários do corpo social local, seus possíveis movimentos e processos de hibridação cultural por via das poéticas da oralidade. Do ponto de vista metodológico, qualitativo em sua natureza, a partir de arquivo eletrônico e da leitura de alguns textos poéticos registrados em documentos pessoais da repentista urbana Lucy Brandão, verificou-se um processo de desterritorialização das linguagens fomentado pelas pulsões contraculturistas. Resgatou-se eventos das operações textuais e, através de entrevistas com artistas e intelectuais da época, verificou-se a presença estética da existência contraculturista de Lucy Brandão. Palavras-chave: contracultura; hibridismo cultural; repentes urbanos; poesia; Lucy Brandão; performance. Antonio Marcos Moreira da Silva IDENTIDADE E CULPA EM DOM CASMURRO Resumo: A questão da identidade perpassa toda a obra de Machado de Assis. De forma explícita ou implícita, o tema é discutido mesmo sem a percepção de seus leitores. Elogiado por ser um escritor grego, criticado por o ser, Machado de Assis parece discutir o tema da identidade e do estranhamento para além da capacidade de compreensão de sua época. Ao escrever o famoso texto sobre a Identidade Nacional, o que menos se identifica ali é o tema que, a principio, deveria ser o central. A identidade se diferencia a todo instante em sua obra. Escolhemos a identidade em Casmurro para comprovar nossa teoria. Casmurro é o personagem que se diferencia, que escapa de si mesmo e se ressente por isso. A culpa seria de Capitu, do outro, do tempo, de si mesmo? Existe culpa? O tema da identidade é fundamental na leitura de Casmurro para se repensar o próprio tema da culpabilidade da diferença. Palavras-chave: Casmurrice; identidade; diferença; resentimento; culpa; Capitu; alteridade. Assunção de Maria Sousa e Silva MAÍRA – TRADIÇÃO E IDENTIDADES Resumo: O objetivo desta comunicação é apresentar uma leitura de Maíra, de Darcy Ribeiro, romance revelador da condição do índio no cenário brasileiro, desde a descoberta e fundação do Brasil, na tentativa de discutir a questão da identidade 77 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia nacional. Da aldeia dos índios mairuns, ligados umbilicalmente à tradição e aos riscos e ataques da civilização branca, os personagens indígenas buscam a sobrevivência de si e de sua comunidade, de forma que vão se revelando as contradições, as despersonalizações e a tentativa de reapropriação de identidades. Tensões e distensões que resultam em espaço e tempo narrativos que imprimem as relações étnicas construtoras da identidade nacional brasileira. Palavras-chave: Maíra; identidade nacional; personagens; indígenas. Augusto Sarmento-Pantoja DISCURSO, PODER E RESISTÊNCIA NO TEATRO DE QORPO-SANTO Resumo: O teatro de Qorpo-Santo é conhecido por muitos como uma grande miscelânea do absurdo no século XIX. No entanto, podemos dizer que é muito mais que isso, haja vista que sua produção mesmo não tematizando os conceitos e os discurso das relações de poder e resistência, eles estão imanentes enquanto estrutura. Neste sentido, o teatro quorposantense revela-se como desembocadura dos conflitos humanos ligados ao uso do discurso para construir as relações de poder e resistência. Palavras-chave: Discurso; Poder; Resistência; Teatro; Qorpo-Santo. Austria Rodrigues Brito OS SABERES CONSTRUÍDOS NA FORMAÇÃO ACADÊMICA/ PROFISSIONAL E SUAS TECEDURAS COM A PRÁTICA DOCENTE: UM OLHAR SOBRE AS PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA Resumo: O presente trabalho investiga os saberes construídos na formação acadêmica/ profissional e a práxis docente, buscamos compreender quais as principais contribuições do curso para a formação dos alunos; quais são os saberes e as práticas formativas que favorecem a integração das aquisições sobre as atividades de leitura e escrita, nas diversas ordens: saberes disciplinares, saberes didático-pedagógicos e saberes relacionados à cultura profissional; como os saberes são produzidos no curso, assimilados e utilizados na prática cotidiana? Esta pesquisa se desenvolve em diálogo permanente com as atividades curriculares previstas no PPCL, sobretudo aquelas que trazem a reflexão sistemática sobre o ensino de língua materna nos níveis de ensino fundamental e médio, tais como as atividades curriculares: Leitura e produção textual I e II, Estágio de Língua Materna I, II, III e IV e aquelas em que os professores em formação passam por um processo de estágio no âmbito do ensino fundamental e médio, tais como: Estágio supervisionado em língua materna I, II, III e IV. As disciplinas de estágio vem como desafio para esse professor em formação para repensar os problemas ora identificados e espera-se que, na vivência de tais práticas, este tenha oportunidade de sistematizar os saberes até então construídos e ser capaz de refletir sobre as situações de aprendizagem experienciadas das práticas. Palavras-chave: Formação docente; saberes; leitura e escrita. Benedito José Brabo Pantoja PAPÉIS SEMÂNTICOS DO SUJEITO EM ORAÇÕES COM VERBOS CONSIDERADOS DA VOZ ATIVA PELAS GRAMÁTICAS TRADICIONAIS Resumo: A concepção de sujeito a partir do olhar das gramáticas tradicionais contempla, sobretudo, o aspecto técnico de ordenação da oração, acabando por 78 Resumos de trabalhos fazer, em muitos casos, com que ela pareça uma equação matemática, até porque a sintaxe, pela sua própria natureza e alcance, não encampa a verdadeira realidade linguística. Os estudos linguísticos de base funcionalista, a propósito, consideram que a sintaxe serve apenas para codificar as realizações semânticas e pragmáticas dos fatos linguísticos. Por outro lado, no que diz respeito à concepção de sujeito a partir da teoria linguística, não é muito simples dispor de uma definição completa e acabada, porque, para tal, seria necessário que houvesse um padrão de sujeito para todas as línguas, o que não é possível. No máximo, existem aproximações para um maior ou menor grau de tendências entre as línguas. Neste trabalho, fazemos breve consideração a respeito de alguns papéis semânticos desempenhados pelo sujeito, conforme classifica Comrie (1981, p.58), traçando uma releitura de amostras extraídas das gramáticas tradicionais, tidas por estas, simplesmente, como ilustrações do sujeito da voz ativa. Palavras-chave: sujeito; papéis semânticos; gramáticas tradicionais. Brenda de Sena Maués A VOLTA DO MARIDO PRÓDIGO E AS NARRATIVAS GRECO-ROMANA E JUDAICO-CRISTÃ Resumo: O ficcionista mineiro João Guimarães Rosa opera um diálogo do conto A volta do marido pródigo — segunda narrativa de Sagarana — com a fábula esópica e a parábola do filho pródigo. O objetivo desta comunicação é explicitar de que maneira a figura do malandro, encarnada pela personagem Lalino de Souza Salãthiel, é importante na representação burlesca (paródia) da Parábola do filho pródigo, que é efetivada, no conto, pela comicidade que assume o personagem principal em função da sua evidente procedência folclórica. Além disso, pretende-se estabelecer a relação entre o referido conto e A estória do cágado e do sapo, tendo em vista que Lalino pode ser apontado como correlato do sapo, animal astuto, lembre-se que o personagem principal é malandro, sobretudo, pela linguagem, e é por meio dela que a astúcia do protagonista pode ser observada. É pelo uso da linguagem que ele obtém a persuasão das pessoas à sua volta, é capaz de dominar tudo por meio da comunicação adequada a cada interlocutor. Desse modo, Guimarães Rosa absorve a tradição da fábula greco-romana e da parábola judaico-cristã, por meio de hábitos (a conversa) e personagens (o malandro Lalino) visceralmente brasileiros. Palavras-chave: Guimarães Rosa; Sagarana; fábula esópica; parábola. Bruno Sousa dos Santos ENSINO-APRENDIZAGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA NO ENSINO FUNDAMENTAL: DA MARGINALIDADE À CIDADANIA Resumo: As aulas de Língua portuguesa no ensino fundamental ainda se confundem com aulas de um conjunto confuso de regras que nada, ou quase nada, tem a ver com o uso real da língua, com a interação linguística realizada por sujeitos falantes e escreventes, condicionados sócio-historicamente. Os professores, principais atores desse ensino, não assumem a responsabilidade de enfrentar a realidade encontrada nas escolas, pois, para eles, esse enfrentamento é responsabilidade de instâncias superiores. Essa problemática parece ter consequências devastadoras quando as práticas de sala de aula de língua portuguesa estão situadas numa 79 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia região marginalizada. Questiona-se em que grau essas práticas contribuem para o agravamento, para a simples manutenção ou para a solução das situações de exclusão em que se encontram os alunos do ensino fundamental de uma região marginalizada. Nesse contexto, entende-se que uma pesquisa bibliográfica e outra de campo de caráter etnográfico dão conta da análise da situação problema. A primeira, foco dessa apresentação, permitirá adentrar às temáticas – educação, ensino-aprendizagem da língua portuguesa, variação linguística e marginalidade. Já a segunda, será realizada por meio de coleta e a análise de dados qualitativos das práticas didáticas em que possa se inferir reflexões sobre o fenômeno da variação linguística, usando como recurso a filmagem e o diário de campo, bem como entrevistas com professores e alunos, possibilitando, dessa forma, um estudo interpretativo, fundamentado na teoria sociointeracionista. Esperamos, assim, contribuir com a melhoria da qualidade da educação, mas especificamente, do ensino-aprendizagem de língua portuguesa em escolas de regiões marginalizadas. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Língua portuguesa; Marginalidade; Cidadania. Bruno Diego de Resende Castro / Leila Rachel Barbosa Alexandre UMA ANÁLISE SEMÂNTICA, DISCURSIVA E DE GÊNERO DA AMBIGUIDADE EM ANÚNCIOS PUBLICITÁRIOS Resumo: O gênero anúncio recorre a toda expressividade que a língua dispõe para apresentar seus produtos e, por ser uma atividade social muito pautada na linguagem, tornou-se um corpus muito rico para a descrição linguística. O fenômeno linguístico a ser descrito no presente trabalho será a ambiguidade, por exigir tanto do receptor quanto do locutor um maior cuidado na (re)construção do sentido do enunciado. Na produção, deve-se observar a intenção, o público a que se destina e se vai causar o efeito esperado. Na recepção é importante salientar que o texto poderá possuir dois sentidos e cabe ao receptor identificar o mais adequado ao contexto ou a possibilidade de dois sentidos coexistirem. Assim, o presente trabalho, além de identificar as marcas sintáticas, semânticas, discursivas e lexicais, procurará apresentar no contexto o que desfaz a ambiguidade criada, isto é, se a ambiguidade pode ser desfeita através de elementos do texto ou do contexto. Desse modo o trabalho poderá nos permitir fazer uma análise do fenômeno linguístico e tentar apresentar as principais funções pragmáticas da ambiguidade tendo como corpus os anúncios publicitários retirados da revista Nova Escola, abordando aspectos já citados. O âmbito semântico será a base desse trabalho, pois os elementos linguísticos superficiais do texto vão “denunciar” a ambiguidade e nos permitirão observar a recorrência desses elementos relacionando-os ao discurso. Será observado também conceitos como leis do discurso, vaguidade e gênero. Palavras-chave: ambiguidade; gênero; discurso; estratégia; clareza. Bruno Neves Rati de Melo Rocha / Evandro Landulfo Teixeira Paradela Cunha TEXTO E IMAGEM EM MANUSCRITOS MEDIEVAIS: ILUMINURAS, MINIATURAS E CAPITULARES Resumo: Até a invenção e a difusão da impressão, a principal forma de transmissão dos textos escritos, na Europa ocidental, foi por meio de manuscritos em pergaminho e papel. Tais manuscritos eram produzidos laboriosamente e, muitas vezes, contavam 80 Resumos de trabalhos com o trabalho de várias pessoas, que exerciam diversas funções a fim de obter não apenas um texto, mas uma verdadeira obra de arte também do ponto de vista visual. Além do autor ou do copista, trabalhavam no manuscrito também o rubricador, inserindo os títulos e as letras capitulares, e o iluminador, que acrescentava imagens às letras capitulares e/ou aos espaços reservados para as miniaturas (representações pictóricas, geralmente relacionadas ao conteúdo do texto). Daí, tem-se que a atividade do iluminador era exatamente a de ilustrar o manuscrito, criando uma obra de arte que pode ser compreendida por si só, mas que ganha riqueza ao ser pensada em conjunto com o texto. O objetivo deste trabalho é analisar o valor da imagem no manuscrito medieval, versando especialmente na relação intermidiática que estabelece com o texto ao qual está vinculada. Será apresentado um resumo da história do manuscrito iluminado e das razões que levaram à frequente inserção das variadas figuras nos livros mais trabalhados, além de exemplos que demonstram o papel das iluminuras, miniaturas e capitulares como chaves de leitura dos textos. Finalmente, concluir-se-á que o livro iluminado é composto por palavra e imagem unidas de forma indissociável e complementar, cada uma concorrendo para o melhor entendimento da mensagem que veiculam. Palavras-chave: história do livro; manuscritos medievais; iluminuras; miniaturas e capitulares. Bruno Neves Rati de Melo Rocha / Evandro Landulfo Teixeira Paradela Cunha A ORALIDADE NA ESCRITA: REFLEXÕES ACERCA DO “INTERNETÊS” Resumo: Com o objetivo de descrever as preferências estilísticas dos jovens usuários de internet em contextos virtuais com motivação oral, foi realizada uma pesquisa observando as escolhas ortográficas usadas em sites de relacionamento, chats, fóruns, etc. Foram coletados dados nos quais se observou algum tipo de fuga à norma padrão do português escrito e, a partir daí, foram analisadas as realizações dos usuários. Entretanto, no decorrer desse processo, observou-se ainda um fenômeno interessante que, aparentemente, passou despercebido em outros trabalhos a respeito do “internetês”: nas realizações escritas cuja motivação é a fala, pôde-se encontrar uma série de relações com fenômenos presentes no processo de formação histórica das línguas românicas e dos crioulos de base românica, o que parece indicar que a escrita baseada na oralidade segue padrões já conhecidos pela linguística e mantém características comuns ao desenvolvimento do sistema ortográfico das línguas, a despeito das inúmeras críticas feitas ao “internetês”. Este relato de experiência pretende apresentar os fenômenos presentes na formação tanto do “internetês” quanto das línguas românicas e crioulos de base românica, além de abordar questões a respeito da rejeição e da discriminação sofridas pelo “internetês”, por parte tanto de educadores quanto dos próprios usuários, explicitando a inconsistência teórica dessas críticas. Serão igualmente levantadas questões metodológicas acerca da pesquisa, tais como a escolha do corpus e a classificação dos fenômenos relevantes. Além disso, pretende-se apontar possíveis rumos de investigação que essa e outras pesquisas podem tomar no que tange a esse assunto ainda insuficientemente explorado. Palavras-chave: variação e mudança linguística; oralidade e escrita; língua portuguesa; internetês; netspeak. 81 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Camilla da Silva Souza AS MENINAS, DE LYGIA FAGUNDES TELLES: DA LITERATURA AO CINEMA Resumo: Lygia Fagundes Telles é uma grande escritora nacional, que de certa forma é pouco lembrada pelos estudos literários das escolas de ensino fundamental e médio, mas que a partir da apresentação da novela Ciranda de Pedra, criou-se certo interesse. Dentre suas várias obras, têm-se o romance As Meninas, que se tornou o projeto cinematográfico de David Neves, dirigido por Emiliano Ribeiro. A obra literária foi inspirada no momento político do qual o Brasil passava, narrando a história de três jovens universitárias que moram num pensionato de freiras, vivendo uma época de guerrilhas urbanas e repressão política. Com este romance Lygia conquistou os prêmios nacionais mais importantes: o Coelho Neto, da Academia Brasileira de Letras, o Jabuti, da Câmara Brasileira do Livro e o de “Ficção” da Associação Paulista de Críticos de Arte. Com a adaptação da obra para filme obtém-se um diálogo entre as duas artes: literatura e cinema, demonstrando a sociedade da época, seus conflitos e a ditadura militar sob a forma escrita e audiovisual fazendo assim, uma interligação entre ambas as artes, frisando que o cinema não deve ser fiel à literatura. Um fator a se observar ainda, é que o cinema propõe um novo recurso didático para o ensino-aprendizagem da literatura. O longa-metragem é de 1996, e pode ser trabalhado nas escolas analisando a História do Brasil, meio a ditadura militar, assim como, o comportamento dos jovens frente aos problemas sociais. Evidenciando-se uma interdisciplinaridade. Este é um dos trabalhos do projeto Audiovisual: “o cinema como recurso didático”. Palavras-chave: As Meninas; Lygia Fagundes Telles; literatura; cinema; História. Camilla Mendes Batista UM ESTUDO DA HISTÓRIA, DO ESTATUTO TEÓRICO E DOS PRINCÍPIOS DE GRAMATICALIZAÇÃO Resumo: O presente trabalho intenta, em primeiro lugar, apresentar os autores que primeiramente especularam sobre processos de gramaticalização, tal como Meillet (1958). Em segundo lugar, apresentar as controvérsias em torno do estatuto teórico de processos de gramaticalização. Por outras palavras, definir se a gramaticalização representa uma subárea específica de descrição da língua ou deve ser compreendida em processos mais gerais relativos à mudança linguística. Em terceiro lugar, expor os princípios erigidos por Hopper (1993) e Lehmann (1995) para delimitar a incidência de processos de gramaticalização em âmbito morfológico e sintático. Por fim, interessa ressaltar a contribuição da noção de metáfora conceitual para a compreensão de processos de gramaticalização. Palavras-chave: gramaticalização; princípios; metáfora. Candida Jamile dos Anjos do Rosário O ESTUDO DA MODALIDADE NA INTERAÇÃO PROFESSOR X ALUNO EM UM CONTEXTO UNIVERSITÁRIO Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar como o uso da modalidade indica as intenções comunicativas dos falantes, em uma interação entre uma docente e seus alunos do curso de Direito da UFPA, observando os diferentes significados dos elementos modais no discurso. Este estudo baseia-se na concepção da Gramática Sistêmico Funcional de Michael Halliday (1994), particularmente na metafunção 82 Resumos de trabalhos interpessoal. São levantadas as diferentes ocorrências de modalidade, para em seguida serem analisados os significados dessas escolhas em diferentes momentos da aula. O corpus da pesquisa é constituído de uma gravação em DVD com duração de 1h40min de aula. Os resultados preliminares apontam que em uma interação professor-aluno há a predominância de operadores modais e metáforas modais, com o significado de probabilidade, nos momentos em que a professora solicita informação aos alunos, no que se refere ao assunto da aula. Palavras-chave: gramática sistêmico funcional; metafunção interpessoal; interação professor-aluno. Carlos Alberto Corrêa Dias Júnior OS SIGNIFICADOS DO BAILE: A CRÍTICA E O MISTÉRIO DE CORPO DE BAILE Resumo: A proposta desta comunicação é perfilar um histórico de estudos que se debruçam sobre os variados aspectos da hermenêutica da obra Corpo de Baile (1956) do escritor mineiro João Guimarães Rosa. Não se trata de um estudo minucioso das novelas que compõem o compêndio, mas da relação entre elas, ou seja, dos diversos significados apontados pela crítica que vê, em Corpo de Baile, a verdadeira representação da arte escrita de Rosa. Por outro viés, a discussão dos aspectos filosóficos nos revela diversas possibilidades interpretativas para as relações que as narrativas empreendem. O ensaísta Benedito Nunes já havia feito essa observação de forma não tão específica, agora a crítica mais recente tenta buscar o sertão-mundo-poético de Rosa em uma relação das narrativas vista por diversos ângulos: misticismo, recepção, linguagem, astrologia etc. Esta comunicação vincula-se ao projeto de pesquisa EELLIP (Estudos Estético-Recepcionais acerca da Literatura de Língua Portuguesa: Guimarães Rosa), que se centra no exame da recepção crítica de Guimarães Rosa. Palavras-chave: Guimaraes Rosa; recepção crítica; Corpo de Baile. Carlos André Pinheiro AS MARCAS DA TRADIÇÃO ORAL NA POESIA DE ZILA MAMEDE Resumo: Zila Mamede é um dos nomes mais significativos da literatura do Rio Grande do Norte. A autora viveu momentos expressivos da infância no sítio de seu avô, de modo que as lembranças do passado rural estão permeadas por um componente de gosto popular. Com efeito, as festividades, as crenças, a literatura oral e os hábitos interioranos foram elementos decisivos para a configuração da poesia mamediana e contribuíram para manter vivas a tradição nordestina e a memória coletiva da região. Apesar de Zila Mamede ter tido uma bagagem cultural de cunho popular muito intensa, essa tradição seria recriada no momento em que a autora entraria em contato com a cultura e o modo de vida da capital potiguar. Dessa forma, as estórias, as cantigas de roda, os causos e lendas nordestinas ganham uma nova leitura em suas mãos. Esse encontro cultural proporcionou o nascimento de uma poesia dialética, em que o erudito e o popular convivem em relativa harmonia. Com base no que foi exposto, neste trabalho pretendemos analisar o substrato da cultura popular presente na obra de Zila Mamede, atentando especialmente para o modo como a poetisa usa os elementos da narrativa oral para compor seu texto; interessa-nos mostrar a função desempenhada pelos elementos da tradição oral para a configuração do texto poético. O tema será 83 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia desenvolvido através da leitura crítica dos poemas Cantiga (construído em cima de uma conhecida cantiga de roda) e A cruz da menina (baseado em um causo popular). Palavras-chave: poesia; Zila Mamede; oralidade. Carmem Izabel Rodrigues HORTÊNCIA: NATUREZA, DESVIO E DIFERENÇA EM UM ROMANCE AMAZÔNICO Resumo: Este trabalho é uma proposta interdisciplinar de analisar algumas articulações entre linguagem literária e linguagem sócio-antropológica, como duas formas de expressão, diferentes em suas motivações e objetivos, mas complementares em seus resultados, e através das quais os sujeitos-atores sociais buscam explicar/interpretar as sociedades e/ou culturas – reais ou fictícias – que constituem seu objeto de análise. Partimos de um romance naturalista, Hortência, de Marques de Carvalho, cujo tema, o desvio social – tema antiquado, mas recorrente, tanto na literatura quanto nas ciências sociais – nos ajuda a pensar sobre as diversas formas de representação da diferença – social, racial, sexual – assim como sobre as diferentes “falas” através das quais uma sociedade pode ser enfocada, seja pela via romanceada da ficção literária, seja pela descrição pretensamente objetiva do cientista social, especialmente quando o escritorromancista pretende ser, também, um narrador de acontecimentos reais. Palavras-chave: natureza; cultura; desvio; diferença. Carmen Lúcia Reis Rodrigues / Cristina Martins Fargetti RELATIVIZAÇÃO EM XIPAYA E EM JURUNA Resumo: Apresentaremos uma comparação entre as estratégias de relativização em xipaya e juruna, línguas remanescentes da família juruna, tronco tupi. Em trabalhos anteriores (Rodrigues, 1995, 2006; Fargetti, 2001), as autoras apresentam descrições que apontam para diferenças significativas entre as duas línguas (uso de partícula única em xipaya e de dois sufixos em juruna), suficientes para questionamentos tipológicos e comparativos, que, numa análise agora conjunta, permitem trazer contribuições novas, inclusive redimensionando pontos obscuros já mencionados nos referidos trabalhos. A comparação entre as línguas permite lançar luzes para a compreensão do que teria sido o proto-juruna, numa perspectiva histórica, que tem sido ultimamente perseguida pelas autoras (em especial quanto ao sistema fonológico). Palavras-chave: orações relativas; língua xipaya; língua juruna. Carolina Duarte Damasceno Ferreira A CRÍTICA BIOGRÁFICA NA BERLINDA: CONFLITOS ENTRE O BIOGRAFISMO E TEORIAS RECENTES SOBRE A FIGURA DO LEITOR Resumo: Embora a crítica biográfica tenha há muito perdido sua posição de destaque, alguns de seus ecos ainda se fazem presentes no âmbito da análise literária, principalmente nas narrativas em primeira pessoa, em que a tendência de aproximar autor e narrador é mais acentuada. O propósito deste trabalho é destacar o conflito entre a interpretação biográfica e teorias recentes sobre a figura do leitor. A reflexão proposta terá como base A rainha dos cárceres da Grécia, de Osman Lins, cujo narrador escreve notas sobre o romance completamente inédito de sua falecida amante, Júlia Marquezin Enone. Esse livro coloca em primeiro plano os bastidores 84 Resumos de trabalhos da leitura e configura-se, assim, como um interessante campo de reflexão sobre os processos de atribuição de sentido, discutindo inclusive os limites da intencionalidade do autor na interpretação da obra literária. Palavras-chave: Osman Lins; crítica biográfica; figura do leitor. Christophe Golder O TRADUTOR ENTRE SOM E IMAGEM Resumo: Leconte de Lisle não foi propriamente nem músico nem pintor, mas sua poesia é de fato o casamento da arte dos sons com a das imagens. É notório que o mestre do parnasianismo foi um hábil e rigoroso versificador. Sabe-se menos que sua poesia e tão cheia de notações visuais quanto a de seu ilustre admirador, o visionário Victor Hugo. É óbvio nos famosos poemas descritivos (cenários naturais como La Fontaine aux lianes, ou poemas animalescos como La Panthère noire), mas verifica-se também em poemas ideológicos, como Hypatie ou La Tristesse du Diable. O discurso nunca se mantém abstrato; toda ideia é ilustrada, figurativizada por uma imagem, alegórica ou não, de maneira que o texto se dirige aos sentidos: à audição diretamente, à visaõ indiretamente. O tradutor de Leconte de Lisle (no nosso caso, para o português) deve, portanto, além de procurar a maior fidelidade semântica, conciliar as exigências musicais – particularmente rítmicas – com as imaginais. As tensões que resultam dessas duas forças, muitas vezes, pelo menos na perspectiva da tradução, tão conflitantes quanto a famigerada oposição rima/razão, são o objeto de nossa comunicação. Palavras-chave: Tradução poética; Leconte de Lisle; imagem; versificação. Cinthia de Lima Neves A TECNOLOGIA DA DOCUMENTAÇÃO Resumo: A tecnologia faz-se presente em várias facetas da contemporaneidade. Torna-se, portanto, evidente a relevância das mediações tecnológicas em operosidades na organização social; no que tange ao ensino, à aprendizagem e à descrição de línguas. Este trabalho objetiva contemplar experiências da possibilidade de junção entre aplicações tecnológicas e documentação da língua Parkatêjê, falada atualmente em duas aldeias localizadas ao longo da BR222, no município de Bom Jesus do Tocantins, sudeste do Pará. O estudo conta com gravações em áudio e vídeo da cultura Parkatêjê – textos narrativos com temática de histórias de vida, mitos e histórias do dia-a-dia – visando à preservação e viabilizando a manutenção e a revitalização desta língua. Palavras-chave: documentação; áudio; vídeo; Parkatêjê. Claudia Arantes Batista TONGUE TWISTER ONLINE Resumo: Promover o interesse e motivação do aluno pela língua inglesa utilizando formas divertidas de aprender, integrando as mídias digitais ao ensino-aprendizagem. Esse projeto foi desenvolvido com alunos do ensino médio, da disciplina língua estrangeira moderna – inglês, da escola pública de idiomas Centro de Línguas de Brasília. Durante um bimestre, os alunos de quatro turmas com níveis de proficiência diferentes utilizaram mídias digitais para realização deste projeto, cujo tema é o trava-língua, ou, tongue twister. A utilização das tecnologias digitais promoveu 85 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia o aumento do tempo de exposição do aluno à língua-alvo fora de sala de aula, contribuindo para o desenvolvimento das quatro habilidades básicas. A metodologia utilizada foi a pedagogia de projetos por produzir a participação ativa do aluno no ensino-prendizagem. Na primeira fase, a professora enviou para os alunos, por email, um Webquest descrevendo as tarefas e procedimentos do trabalho a ser desenvolvido. Os alunos pesquisam na internet os sites indicados, e buscaram outros, para se familiarizarem com Tongue Twisters, em inglês. Na segunda fase, os alunos apresentaram suas Tongue Twisters favoritas, compartilhando o conhecimento com os demais alunos. Na terceira fase, os alunos criaram um Tongue Twister, em inglês, tendo por base o seu próprio nome. Por exemplo: Lucas little love likes lyzard (criação de um aluno do nível básico). Na quarta fase do projeto, com a utilização de uma câmera digital, os alunos foram gravados, falando a Tongue Twister de sua criação. A professora criou um blog, onde os alunos têm acesso a todas as gravações e podem postar comentários, em inglês. Palavras-chave: inglês; mídias; projetos. Claudia Valeria França Vidal ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA; MOTIVAÇÃO; REPRESENTAÇÃO CULTURAL; MATERIAL DIDÁTICO Resumo: Nos últimos anos a questão cultural tem ganhado cada vez mais espaço nas pesquisas da área de ensino-aprendizagem de línguas. Uma vez que os materiais didáticos estão entre os principais suportes no processo de ensino-aprendizagem de línguas estrangeiras, as representações de cultura que estes materiais apresentam podem influenciar nas crenças e atitudes dos aprendentes em relação à língua alvo e, consequentemente, em sua motivação para aprendê-la. Compreende-se que cultura envolve uma gama de aspectos diferentes, entretanto, ao analisar o manual didático de inglês como língua estrangeira Touchstone, pode-se observar que as amostras de cultura apresentadas nesse material referem-se basicamente a aspectos históricogeográficos e informações turísticas. Assim, esta pesquisa apresenta reflexões acerca da considerável limitação da representação cultural no manual analisado, tendo como foco principal a maneira como esta afeta a motivação do aprendente. Palavras-chave: Motivação; representação de cultura; livro didático. Cláudio André Cavalcanti Couto ESTUDO PRELIMINAR DA FONOLOGIA DA LÍNGUA DOS ÍNDIOS JAMINÁWA (PANO) DO IGARAPÉ PRETO Resumo: Nosso estudo objetiva descrever e analisar a fonologia da língua dos índios Jamináwa, família linguística Pano (Rodrigues, 1986), habitantes da T.I. Jamináwa do Igarapé Preto, situada no município de Rodrigues Alves, no estado do Acre. Essa língua é falada no Brasil, no Peru e na Bolívia, mas não teve ainda qualquer estudo sobre sua variedade falada na mencionada Terra Indígena. Assim, nos debruçaremos sobre os dados coletados em 2008, junto aos últimos falantes desse idioma no Igarapé Preto. Nossa análise partirá dos procedimentos de descoberta da fonologia tradicional, através da abordagem estruturalista distribucional, adequada à descrição de línguas ágrafas, e terá como marco teórico a fonologia moderna. Desse modo, demonstraremos, de forma preliminar, como se apresenta e funciona o 86 Resumos de trabalhos sistema fonológico dessa variedade da língua Jamináwa, em seu nível segmental e suprasegmental. Palavras-chave: Fonologia; Línguas indígenas; Línguas Pano. Cláudio Augusto Carvalho Moura HIPERTEXTO LITERÁRIO: UMA EXPERIÊNCIA ESTÉTICA ANTERIOR À INFORMÁTICA Resumo: A presente comunicação se propõe a validar como fenômeno literário as práticas hipertextuais, frequentemente atribuídas ao boom tecnológico que culmina com a criação e desenvolvimento da internet. Partindo de um breve histórico sobre os estudos da hipertextualidade são observadas ao longo do seu desenvolvimento características hipertextuais elencadas por teóricos como George P. Landow e Katherine Hayles para que uma obra se constitua como hipertexto. Dentre essas características podem ser destacadas a feitura do texto, sua capacidade interativa e os papéis do autor e leitor, entre outras. Por meio dos pressupostos teóricos explicitados são feitas comparações entre as produções escritas impressas e eletrônicas a fim de clarificar os pontos comuns referentes à manifestação da hipertextualidade nas mesmas. Dessa forma tenta-se desconstruir a ideia de que a hipertextualidade se atrela necessariamente a um veículo informático como condição para a sua existência, retirando o peso conferido ao suporte na observação do fenômeno e transferindo-o para questões referentes à textualidade das obras. Palavras-chave: Hipertextualidade; Suporte; Livro impresso; Internet. Claudio Cledson Novaes GLAUBER ROCHA E O PENSAMENTO LIMINAR EM RIVERÃO SUSSUARANA Resumo: Analisamos o romance de Glauber Rocha, discutindo os aspectos éticos e estéticos da tensão discursiva radical sobre a cultura, a identidades e a memória nacional desconstruída na obra. Mapeamos as configurações e diálogos de Riverão Sussuarana (1978) com as narrativas literárias e cinematográficas brasileiras, a fim de discutirmos o conceito de “pensamento liminar” no discurso glauberiano, problematizando a representação tradicional e a ruptura da política cultural brasileira depois 1960. Palavras-chave: literatura; cinema; identidade; cultura; contemporânea. Cleuma de Almeida Matos Nascimento MOTIVAÇÃO EM LÍNGUA ESTRANGEIRA ATRAVÉS DO GÊNERO TEATRO Resumo: O objetivo desta comunicação é discutir o papel da motivação no processo de aprendizagem de língua estrangeira. Apresentaremos uma experiência realizada por meio do gênero teatro como uma proposta inovadora que pode nortear a prática docente de professores de língua inglesa. Acreditamos que ao trabalhar a língua, seus códigos e expressões por meio do teatro, integrando as línguas materna e inglesa, realizamos uma intervenção pedagógica útil e produtiva não apenas para a construção de situações comunicativas, mas também para evidenciar que a motivação é um esteio de qualquer experiência de aprendizagem (LILE, 2002). As diferentes facetas da motivação no processo de aprender uma língua estrangeira ficam evidenciadas na 87 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia preparação longitudinal desse gênero (DÖRNYEI, 2001). O prazer proporcionado pela dramatização motiva um maior interesse pelos estudos, dada a linguagem lúdica e multifacetada do teatro, atuando como um importante elemento catalizador de aprendizagem. Em seguida, outros tipos de motivação assumem papéis fundamentais na manutenção dos esforços demandados nesse processo. Palavras-chave: Motivação; Língua Inglesa; Teatro. Cristhiane Miranda Vaz O USO DE NOVAS TECNOLOGIAS APLICADAS AO ENSINO DE PLE Resumo: É notório tanto para os professores quanto para os alunos que, a combinação livro didático, explicação do professor e quadro negro, já não é suficiente no mundo atual, onde as informações são recebidas instantaneamente e a tecnologia avança em um segundo. Existem hoje no mundo da informática e da tecnologia, diversos recursos e ferramentas que podem ser utilizadas pelo professor para agilizar e auxiliar no trabalho de conseguir que seus alunos alcancem determinados objetivos linguísticos. Essas ferramentas são extremamente úteis e profícuas principalmente no que tange o ensino de línguas. O objetivo deste trabalho é mostrar algumas dessas ferramentas que estão sendo utilizadas com sucesso no ensino de português como língua estrangeira, para alunos de nacionalidades diferentes na Universidade de Brasília. Palavras-chave: tecnologia; ensino de português língua estrangeira; ferramentas didáticas. Cristiana Mota VIAGENS PELO MUNDO LUSÓFONO: LITERATURA E SEBASTIANISMO Resumo: O viajante, teoricamente, é possuidor de um olhar duplo: o que leva de sua terra em relação ao desconhecido e o que passará a possuir quando chegar àquele. Influencia e é influenciado. É esse olhar o qual se busca alcançar através do projeto de pesquisa A Nau portuguesa: história, memória e literatura no mundo lusófono, o qual é dividido em dois eixos, sendo um deles “Viagens pelo mundo lusófono: literatura e sebastianismo”, a fim de se saber como foi o processo de construção da identidade sócio-cultural tanto lusitana como suas influências no imaginário popular nacional. Elegeram-se duas obras, para tanto. Em Viagens na minha terra, de Almeida Garret, procura-se contemplar a visão de quem fez uma viagem pela sua própria terra (Portugal), um reconhecimento da história do país, num misto de narrativa de viagem, romance, novela e diário. Analisado o interior do país colonizador, dirige-se o olhar para o exterior, o colonizado. Na obra de Ariano Suassuna, o Romance d’ A Pedra do Reino e o príncipe do sangue do vai-e-volta, investiga-se a conservação de um dos maiores mitos portugueses: o Sebastianismo, crença de que o rei D. Sebastião, desaparecido na Batalha de Alcácer-Quibir, na África, irá retornar para salvar a nação. Há, então, um diálogo entre as duas nações. A esperança do retorno de um ser que salvará a pátria fixou-se no Brasil, principalmente no Maranhão e no litoral paraense. Apresentar-se-á alguns traços dessa ponte existente entre o um e outro como resultado parcial do projeto. Palavras-chave: viagem; literatura; sebastianismo. 88 Resumos de trabalhos Cristiane Checchia DE SARMIENTO A SAER: O HIBRIDISMO DOS GÊNEROS E A INVENÇÃO DE UMA TRADIÇÃO Resumo: A superação de definições atemporais de gêneros ou subgêneros literários é já uma herança da qual todo o escritor contemporâneo está, ou deveria estar, ciente, desde a primeira linha que escreve, depois que escritores como Mallarmé, Proust, Joyce, e tantos outros romperam definitivamente com os limites entre prosa, poesia, ensaio e reflexões teóricas sobre o próprio fazer textual, em um processo de experimentação que teve desdobramentos específicos no cenário literário latinoamericano. Se isso é ponto pacífico, para a crítica passa a interessar o modo como cada escritor contemporâneo, liberado de camisas-de-força normativas e voltado para o trabalho com a materialidade da linguagem, pode forjar uma obra singular, rompendo as expectativas de leitura que os gêneros ainda representam e reinventando novos horizontes, sempre provisórios. O escritor argentino Juan José Saer trabalhou toda sua vasta obra de ficção nesse embaralhamento de gêneros, sobretudo a partir da mescla de registros poéticos e narrativos, mas também com a preocupação de tecer sempre no texto uma dimensão metalinguística. Se isso é evidente em sua ficção, o que dizer de El río sin orillas, um livro ao que o próprio autor atribui um caráter inclassificável? A princípio, poder-se-ia denominá-lo um ensaio, mas seria totalmente desinteressante fincar pé numa definição de gênero a priori. Mais frutuosa parece ser a tentativa de ler o gesto do autor em reforçar o hibridismo do livro e, a partir daí, experimentar as possibilidades de interpretação abertas por esse gesto. É esse o objetivo desta comunicação. Palavras-chave: Literatura argentina; Juan José Saer; tradições literárias; hibridismo de gêneros. Cyntia de Sousa Godinho A OCORRÊNCIA DE ANGLICISMOS NOS NOMES DE ESTABELECIMENTOS COMERCIAIS NA CIDADE DE SANTARÉM – PARÁ Resumo: Em um mundo cada vez mais globalizado, somos absorvidos pela ocorrência de estrangeirismos provindos de línguas de maior influência, tanto política quanto ideológica. A Língua Inglesa é a responsável pela maior repercussão linguística e cultural dos últimos tempos, por ser a língua adotada mundialmente como língua internacional, pela influência, principalmente, política e econômica dos países ingleses. No Brasil, diariamente sofremos o impacto de palavras e expressões vindas da Língua Inglesa através da mídia, indústria, comércio, informática, filmes, músicas, etc. No município de Santarém é possível observar esse acontecimento, principalmente, em nomes de estabelecimentos comerciais, no centro da cidade, bem como, na mídia local, principalmente nas rádios, através de músicas ou expressões inglesas, nos produtos que compramos nas mercearias ou supermercados, nos programas de TV, nas roupas etc. Este trabalho visa a análise desses empréstimos em nomes de estabelecimentos comerciais, localizados no centro da cidade do município de Santarém, pautado nas teorias de estudiosos como Maingueneau (2004), Rajagopalan (2005) e outros envolvidos no estudo desse comportamento dos contatos entre as línguas. Para isso surge a necessidade de identificarmos, através da 89 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia coleta de um corpus, os nomes de estabelecimentos comerciais, no centro da cidade, de forma, a definir o tipo e a estrutura das ocorrências desses empréstimos linguísticos e explicar o impacto dessas estruturas para os falantes nativos: comerciantes e/ou consumidores de Santarém. Palavras-chave: Empréstimos linguísticos; estabelecimentos comerciais; Santarém. Daiana Nascimento dos Santos A FOICE E O MARTELO NA ESCRITA DE JORGE AMADO Resumo: En el pretendido trabajo partimos de las más relevantes obras de la primera fase de la actividad literaria del escritor brasileño Jorge Amado, con la finalidad de analizar en qué medida la ficcionalizacion de la historia en las novelas Cacau (1933), Suor (1934), Jubiabá (1935), Seara Vermelha (1946) y la trilogía Os Subterraneos da liberdade (1954) están orientadas por sus convicciones políticas comunistas y, más concretamente en el ámbito literario por una adaptación del Realismo Socialista. Revisaremos sus argumentos y la retórica socialista que se realiza desde la actuación de los personajes. En esta medida, analizaremos el concepto de pueblo que se presenta en la narrativa según sus conceptos políticos. Por último, retomaremos las concepciones marxistas de Jorge Amado y analizaremos las transformaciones significativas del Realismo Socialista en la realidad brasileña. Palavras-chave: Realismo Socialista; Jorge Amado; Literatura. Daniel Glaydson Ribeiro ALTAZOR, DE VICENTE HUIDOBRO: O GESTO POLÍTICO NUMA DAS EPOPEIAS DE XX Resumo: A corrente proposta de comunicação ramifica-se de dissertação em curso, intitulada Voo criacionista e épico do sentido ao ser da linguagem em Altazor de Vicente Huidobro. O poema do escritor chileno integra a reconfiguração do gênero épico operada no século XX, junto a obras de Marinetti, Eliot, Pound, Neruda, Jorge de Lima e outros. Tal reconfiguração está calcada no que chamo de escritura mitológica – ou reescritura, porque há uma mutação específica ao épico que é a do recontar próprio à oralidade metamorfoseando-se no rescrever próprio ao intertexto, categoria esta não essencial à palavra lírica. Este vínculo entre o épico e a tradição oral exige ressaltar a liberdade expositiva daquele, seu caráter não obediente a uma pura transcrição. O poeta épico maneja o Mito para expressar uma Ideologia. Mito, agente de crítica à racionalidade, que vai deixando de ser captado do mundo oral para ser trazido dialeticamente das outras epopeias; e Ideologia, funcionando como modo, limitado entre limitados, de conceber o mundo. Em Altazor, o mito do “gran poeta” posto em xeque – tendo como interlocutor o “greatest poet” de Whitman em Leaves of Grass – engendra uma viagem pela condição filosófica e política (épica?) da linguagem em XX e na América Latina. A desmontagem da língua em seu salto/ queda autoconsciente rumo ao mero significante faz ultrapassar ao sentido o ser, sendo o último Canto o rito da renovação (revolução?) tribal – algo contra essa coisa instalada que foi a língua do colonizador, ou que ainda é. Palavras-chave: Épico; Linguagem; Política. 90 Resumos de trabalhos Daniela Moraes de Jesus O TEMPO, MODO E ASPECTO NO CRIOULO GUIANENSE DE CAIENA: NOTÍCIA DO PROJETO CARACTERÍSTICAS LINGUÍSTICAS DO CRIOULO GUIANENSE DE CAIENA Resumo: Este projeto integra o NEALA – Núcleo de Estudos e Arquivos da América Latina e apoia-se na linha de pesquisa Acervos da Memória Cultural. Tem por objetivo investigar características linguísticas e sócio-históricas da formação do crioulo guianense de Caiena e adota o conceito de Centros Culturais proposto por Eduardo Coutinho (2004). Assim, elegemos como um dos centros culturais da América Latina o “Centro Cultural Guiana, guianas” tendo como cidade-eixo Caiena, um importante pólo de confluências culturais e linguísticas que culminaram na formação de um complexo mosaico linguístico e cultural tão característico da Guiana. Interessados no crescimento econômico da Guiana colonial, os primeiros colonos franceses passaram a importar escravos negros para que trabalhassem em suas grandes plantações, período conhecido como Ciclo da Plantação. As populações africanas, deslocadas do seu mundo, passaram a lutar para sobreviver num contexto hostil. Proibidos de usar suas línguas, os escravos tiveram como modelo a língua do seguimento político dominante e adquiriram-na defectivamente. Estudos crioulísticos demonstram que as entidades linguísticas surgidas nos séculos XVII, XVIII e XIX, a partir dos contatos entre línguas mutuamente inteligíveis variam em seus parâmetros sócio-demográficos e etno-linguísticos, podendo surgir, nesse contexto, pidgins, crioulos e/ou variedades linguísticas da língua alvo (LUCCHESI, 2003). Assim, propõe-se, neste trabalho, expor os primeiros resultados da análise do corpus do Projeto Características linguísticas do crioulo guianense de Caiena no que se refere ao uso de partículas antepostas ao verbo para indicar tempo, modo e aspecto – o sistema TMA; bem como a discussão de algumas características sóciohistóricas que influíram na formação do referido crioulo. Palavras-chave: Contato linguístico; Crioulo; Guiana. Daniela Silva de Oliveira / Wilker Melo da Silva DISTRIBUIÇÃO GEO-SOCIOLINGUÍSTICA DE /L/ NOS DADOS DO ALIB-NORTE Resumo: Esta pesquisa visa à investigação da realização variável de /l/ diante de [i] nos dados do ALiB-Norte, mais especificamente, no que concerne à palatalização do fonema no estado do Pará. Sabe-se que a palatalização de /l/ é um fenômeno descoberto e estudado muito recentemente na Língua Portuguesa. A palatalização de /l/ tem se mostrado um caso peculiar no estado do Pará. Este segmento parece traçar uma rota específica no espaço paraense (Oliveira, 2007). O que se verificou é que este fenômeno da palatalização de /l/ prevocálico praticamente não foi estudado, talvez por apresentar pouca produtividade frente a outros casos de palatalização como a das consoantes /t/ e /d/. Daí a necessidade de se empreender este estudo com vistas a identificar, descrever e mapear a rota traçada por esta realização dentro do espaço paraense. Portanto, propõe-se através desta, a partir de dados do Português falado no estado do Pará, utilizando-se uma abordagem multidimensional capaz de proporcionar identificação das diferenças diatópicas, diastráticas e diageracionais, intrarregião, a distribuição geo-sociolinguística do fenômeno a partir de dados 91 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia extraídos dos questionários fonético-fonológico e semântico-lexical (ALiB, 2001). Estes dados foram transcritos grafemática e foneticamente por pesquisadores do projeto nacional, com sede na Bahia, e posteriormente selecionados segundo os contextos de interesse da pesquisa em andamento para análise geo-sociolinguística. Os pressupostos teórico-metodológicos que permeiam este estudo submetem-se à Sociolinguística Variacionista. O tratamento sistemático dos dados foi realizado pelo pacote estatístico VARBRUL. Fatores de cunho linguístico e extralinguístico foram considerados, tais como: posição da variável dependente na palavra, posição do acento, sexo, escolaridade, entre outros. Pretende-se também a confecção de cartas e disponibilização das variantes linguísticas nestas. Verifica-se então sob este projeto uma autenticidade inovadora que constitui um fator altamente relevante para o contínuo do projeto e a divulgação de novidades quanto ao quadro promotor de uma certa identidade linguística do falar paraense. Palavras-chave: mudança; sociolinguística; palatalização. Daniele Barbosa de Souza Almeida AS RELAÇÕES DE PODER EM A SOMBRA DO PATRIARCA, DE ALINA PAIM Resumo: Alina Paim em A sombra do patriarca (1950) problematiza a noção simplista e dicotômica do homem dominante e mulher dominada. Essa obra do realismo social observa que o poder se exerce em várias direções e que os sujeitos dicotômicos são na verdade homens e mulheres de várias classes, raças, religiões e idades. Este artigo tem como objetivo destacar as estratégias utilizadas pela autora para criar novas identidades de gênero não só femininas, mas masculinas também através da protagonista Raquel e da personagem Oliveira, observando que tanto mulheres quanto homens sofrem preconceito ao desviar das condutas privilegiadas pela sociedade enquanto norma. Para tanto, utilizaremos como aportes teóricos escritores que privilegiem questões de identitárias e de gênero como Bordo, Butler, Bourdieu e Foucault. Palavras-chave: identidade; gênero; corpo. Danielle dos Reis Blanco ENTRE CULTURA POPULAR E INDÚSTRIA CULTURAL: PRÁTICAS DO BOI DE MÁSCARAS “VELUDINHO”, EM BELÉM-PA Resumo: Este trabalho apresenta como principal proposta estudar de que maneira a cultura de um determinado povo passa à democratização de certa forma que vem a contribuir com a identidade cultural de um Estado, através de vários fatores como, a intervenção governamental, o trabalho e a ideia de folclore, perpetuando e difundindo costumes de populações tradicionais e periféricas. Podemos levar em consideração que através dessas ações, em grande parte governamentais, esta cultura, que muitas vezes é proveniente das populações tradicionais, acaba perdendo um pouco de sua dinamicidade e cria a tendência de tornar-se o que teóricos da Escola de Frankfurt nomeiam como indústria cultural, termo proposto por tratar de produção em grande escala, pausterizando determinadas práticas culturais, como em uma grande indústria, tornando, dessa maneira, parte de um produto que passa a apresentar características de um produto comercial. O método utilizado para esta pesquisa é a narrativa oral das pessoas que participam do grupo folclórico Boi Veludinho do Bairro do Guamá, criado por um conterrâneo de São Caetano de Odivelas, migrante para a periferia de 92 Resumos de trabalhos Belém; neste contexto podemos perceber a dinamicidade de populações tradicionais e populações periféricas, através da observação das ideologias e costumes do grupo, bem como o estudo de conceitos como: folclore, cultura popular, antagonismos sociais e lutas de classes. Palavras-chave: Cultura popular; Indústria Cultural; Identidade Cultural. Danilo de Oliveira Nascimento A CRÍTICA DILETANTE E MILITANTE DE RAUL POMPÉIA Resumo: Aos vinte nove anos de idade, Raul Pompéia (1863-1895) abandona a ficção para dedicar-se integralmente à imprensa especificamente ao ‘jornalismo político’ e ao ‘jornalismo literário’. Durantes os anos de 1893 a 1895, o cronista e escritor publicou simultaneamente crônicas sobre fatos políticos referentes à República como críticas de arte e literária em vários jornais. Pandora Crítica, seção mantida no jornal A Gazeta de Notícias e também em seções do Jornal do Comércio divulgaram sua visão, ideias e concepções estéticas e literárias de seu caderno de notas íntimas. Seu exercício de crítica de jornal sobre romances fancarias e naturalistas, livros de contos e livros de poesias baseou-se naquilo que o cronista rotulou de ‘impressão sintética’, mas também em simpatias e desafetos, além da tendência a valorizar ou desvalorizar a obra a partir do escritor ou do poeta e da recepção da obra em detrimento da análise propriamente dita. Ao lado dessa atividade de ‘diletante’, Pompéia combateu, em suas crônicas, a mediocridade do ambiente cultural, artístico e literário do Brasil da segunda metade do século XIX evidente não apenas a partir dos produtos culturais e artísticos, mas do comportamento de seus produtores: donos de jornais, literatos e jornalistas e de seus consumidores, os leitores e interlocutores. Palavras-chave: Jornalismo; crítica; literatura. Davina Marques NAS TRILHAS DO RITORNELO EM ROSA Resumo: Reafirmando as potências que existem na filosofia e na literatura, através de encontros entre textos de Gilles Deleuze-Félix Guattari e um dos contos de João Guimarães Rosa, este trabalho discute o funcionamento do conceito de ritornelo em Campo Geral. O objetivo é explorar como o autor usa a canção e uma espécie de refrão intensivamente no enredo para, em seguida, buscar de que maneira isto acontece na sua adaptação para o cinema em “Mutum”, de Sandra Kogut (2007). Palavras-chave: ritornelo; literatura; cinema. Débora Cristina do Nascimento Ferreira AULA DE PORTUGUÊS NO ENSINO MÉDIO: O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DE OBJETOS GRAMATICAIS NO TRABALHO DOCENTE Resumo: O trabalho tematiza acerca do ensino de objetos gramaticais durante as práticas de ensino da disciplina escolar Língua Portuguesa. O estudo busca analisar o processo de institucionalização de tais objetos a partir do trabalho docente, isto é, investigar quais os gestos e instrumentos utilizados pelo professor para que o referido objeto de ensino passe a ser efetivamente ensinado. O corpus a ser analisado consiste em aulas de língua portuguesa gravadas em vídeo e MP3, no primeiro semestre do ano de 2007. Seguindo as orientações teóricas da pesquisa etnográfica 93 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia (Moita Lopes, 1994; André, 1995), realizamos a geração de dados, observando uma turma do primeiro ano do Ensino Médio, de uma escola da rede particular de ensino, da cidade de Belém-PA. Do ponto de vista teórico, assumimos uma concepção enunciativo-discursiva de linguagem (tal como proposta em Bakhtin, 1929/1995); adotamos as contribuições teóricas sobre o ensino de língua portuguesa referentes ao contexto brasileiro (Britto, 1997; Batista, 1997) e os estudos produzidos pelo grupo de didática das línguas de Genebra, coordenado por Schneuwly, Dolz e colaboradores (2000, 2001, 2005), que tem pesquisado, atualmente, os modos de construção de objetos de ensino no seio das práticas didáticas, processo em que tais objetos instituem-se objetos ensinados por intermédio do trabalho do professor. A análise dos dados permitiu ratificar o predomínio de práticas de ensino de português consideradas tradicionais (concepção representacionista de linguagem, métodos de ensino que privilegiam a repetição e a memorização, entre outros). A relevância da investigação reside em discutir o processo didático que conduz ao ensino de objetos gramaticais no Ensino Médio e como esse saber, do ponto de vista didático, passa a ser didatizado e institucionalizado na aula de português. Palavras-chave: Ensino Médio; ensino de Língua Portuguesa; trabalho docente; objetos gramaticais. Deborah Batista Marques ESTRATÉGIAS PARA O FOMENTO DE AUTONOMIA Resumo: Desde que a autonomia no aprendizado de línguas tornou-se um campo de estudo, poucas evidências que mostram como professores promovem a autonomia do aprendente, no que se refere à sala de aula, foram coletadas (VIEIRA, 2007). As pesquisas foram centradas no aprendiz e nas suas necessidades. Assim, estudos sobre como incitar o comportamento autônomo pela parte do aprendente são baseados, principalmente, nas experiências pessoais de cada autor (AOKI, 2002). Portanto, a presente pesquisa tem como objetivo coletar estratégias de ensino que promovam um ambiente de aprendizado autônomo. Para tal, fez-se uma revisão da literatura sobre aprendizado autônomo, learner traning e o papel do professor ao fomentar autonomia. Então, com o auxilio de um check-list, observações de aulas foram feitas com o objetivo de coletar estratégias de ensino que promovem as condições necessárias para haver o aprendizado autônomo. Os dados coletados foram organizados de acordo com a frequência e tipo de estratégias. Palavras-chave: autonomia; aprendizado autônomo; estratégias de ensino. Deborah Edds EXPERIENCES WITH YOUNG SPANISH AS SECOND LANGUAGE LEARNERS Abstract: In this paper I relate my experience teaching Spanish to American students between the ages of 3 and 9. I will discuss some methods such as vocabulary memorization with songs, practice with TPR games, and object lessons, reflecting on the role that maturity and age played in language learning, as well as the benefits and drawbacks of one-on-one versus small group learning. I found age of students to be a determining factor in the rate of acquisition of vocabulary. Older students were better able to focus, and were able to learn more vocabulary and quicker as well. Also, certain types of songs were able to help students remember the vocabulary more quickly than 94 Resumos de trabalhos others. Songs that were entirely in the target language were much more difficult for the students to learn than songs which juxtaposed the target language with the native language. More research on the use of the native language with the target language might shed some light on the process of second language acquisition of young learners. Key words: Second Language Learning; Spanish as a Foreign Language; Young Learners. Débora Renata de Freitas Braga O PORTUGAL DE GARRETT: VIAGENS NA MINHA TERRA E MEMÓRIA NACIONAL Resumo: Teresa Cerdeira, em ensaio publicado na coletânea O avesso do bordado (2000), afirma que, na tradição portuguesa, falar de viagens é uma redundância a que se não pode fugir. Assim, propomos analisar o livro Viagens na Minha Terra, de Almeida Garrett, a partir da perspectiva de um texto que se constitui como uma proposta moderna de formação da nacionalidade portuguesa, pautada na fixação à terra, paradoxalmente, ao avesso da inclinação lusitana para viagens marítimas. À medida que se evidencia a necessidade de redescobrir a própria casa, a narrativa garrettiana constrói-se como possibilidade de oposição ao mar como único símbolo da glória nacional e, segundo o filósofo Eduardo Lourenço, em Mitologia da Saudade (1999), de instauração do país da saudade, destinado à busca de si mesmo. Palavras-chave: Garrett e um ideal de nação portuguesa; o mar e a terra; saudade e redescoberta. Décio Torres Cruz LITERATURA POP: MÍDIA, CINEMA E OUTRAS ARTES Resumo: Este trabalho investiga a relação entre literatura, cinema, mídia e outras artes como uma das tendências da escrita das décadas de 60 a 80, conhecida como literatura pop. Serão abordados os aspectos que a constituem e a caracterizam: a indústria cultural, a democratização das artes, a carnavalização da linguagem, as técnicas cinematográficas, o kitsch, os personagens e a identidade mítica criada pelo cinema e pela mídia. A literatura pop abrange uma variedade de obras de escritores de diferentes partes do mundo. Trechos de obras de Roberto Drummond, Agripino de Paula, Rogério Menezes, Manuel Puig, Ítalo Calvino, Donald Barthelme, Beatles, dentre outros, serão destacados. Palavras-chave: literatura; cinema; mídia; artes plásticas. Denise Santos de Figueiredo FICÇÃO E DOCUMENTALIDADE EM À MARGEM DA HISTÓRIA, DE EUCLIDES DA CUNHA Resumo: Quando encontramos citações sobre a obra de Euclides da Cunha em diversos autores, aparece sempre uma questão dicotômica: seria ele um historiador com pendor literário ou um romancista com olhar historiográfico? Este trabalho procura compreender a obra À Margem da História (1909), de Euclides da Cunha, como um gênero ficcional, ainda que dotado de um forte teor documental, próprio da literatura naturalista do século XIX que, no Brasil, com a obra euclidiana, adentra o século seguinte. Baseada principalmente nos estudos de Luiz Costa Lima1 e Silviano 95 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Santiago2, me proponho, neste trabalho, demonstrar a pertinência das ideias desses dois autores — sobre o “veto ao ficcional” e o “romance de tese”, respectivamente — na escrita euclidiana, uma vez que À Margem da História constitui-se em uma narrativa que, apesar da formação positivista de Euclides e do cientificismo predominante na literatura ocidental nesse período, possui uma literariedade romanesca capaz de falar com poeticidade do sofrimento e da história do homem pobre da Amazônia. Palavras-chave: Literatura; ficção; documento. Denize Helena Lazarin DA PALAVRA DE HUMBERT À IMAGEM DE LOLITA: O CINEMA COMO MITIFICADOR DA OBRA DE NABOKOV Resumo: O presente trabalho pretende contrastar as representações da personagem Lolita no livro de Vladmir Nabokov, de 1954, bem como na adaptação cinematográfica produzida por Stanley Kubrick de 1962. As duas construções da personagem serão exploradas objetivando as múltiplas leituras entre a obra de Nabokov e a do texto fílmico. Observa-se no texto literário, por exemplo, uma voz narradora (Humbert) que produz um determinado discurso a respeito da personagem Lolita: uma ninfeta, ou seja, uma criança sedutora e manipuladora; já no texto fílmico, apesar de manter o tom irônico do texto literário, ameniza-se a noção de discurso, ou seja, de construção de sentidos a partir de um determinado ponto de vista (Humbert), criando um efeito de realidade. Desta forma, a imagem assume uma ideia de verdade. Palavras-chave: Lolita; discurso; imagem. Dennis Albert Moore CONSTRUÇÕES CAUSATIVAS EM GAVIÃO DE RONDÔNIA Resumo: As construções causativas na língua Gavião de Rondônia são interessantes para a tipologia de causativos nas línguas amazônicas. A língua tem duas construções causativas sintáticas. Na primeira, uma partícula derivacional, /matéé/, homófona com um radical de verbo transitivo /ma-téé/ ‘mandar’ segue imediatamente ou um radical de verbo ou um verbo, e a construção que resulta é ou um radical de verbo transitivo sintático ou um verbo sintático. Na segunda construção causativa, uma outra partícula causativa, /tígí/, homófona com o radical de verbo transitivo / tígí/ ‘derrubar’ ocorre imediatamente depois de ou um radical de adjetivo ou uma nominalização abstrata. A nominalização pode ser ou morfológica ou sintática. A construção que resulta é um verbo sintático ou um radical de verbo transitivo sintático. Em todas as construções causativas, o causado é opcionalmente indicado como objeto do marcador de oblíquos, /kay/. A estrutura constituinte das construções será demonstrada. O prefixo transitivizador, /ma-/ de larga distribuição nas línguas Tupí, pode produzir radicais de verbos transitivos com sentido causativo. Palavras-chave: causativo; Gavião de Rondônia; sintaxe. Doriedson do Socorro Rodrigues / Giussany Socorro Campos dos Reis ESCOLA-EDUCAÇÃO: AÇÕES E REAÇÕES NA LINGUAGEM DOS AMAZÔNIDAS Resumo: O Trabalho discute, a partir do fenômeno da nasalização vocálica pretônica diante de consoante nasal na sílaba seguinte, no interior do português falado no 96 Resumos de trabalhos município de Cametá, nordeste do Pará, Brasil, a atuação da escola junto ao homem e à mulher da Amazônia cametaense, mediante as orientações da Sociolinguística de linha laboviana e do materialismo histórico-dialético. Tem-se observado, via linguagem, a atuação de uma escola ainda permeada pelo viés capitalista, primandose pela homogeneidade em detrimento da heterogeneidade, bem como pela atenuação do sentimento de classe, elemento importante para uma superação do modo de produção que prima pela exploração do homem pelo homem. Palavras-chave: Consciência de Classe; Variação; Escola. Dircilene Guedes Batista A MODALIZAÇÃO NA PRODUÇÃO DE TEXTO Resumo: O presente trabalho está inserido no campo das pesquisas sociointeracionistas sobre leitura e produção de texto no contexto escolar, cujos propósitos são colaborar para uma proposta de intervenção didática que tem como objetivo contribuir com o ensino-aprendizagem de língua portuguesa, no que se refere ao uso de itens modalizadores e seus efeitos discursivos em textos e, fornecer dados para a construção de um corpus que possibilite a instrumentalização de recursos; está voltado para alunos da educação básica, podendo ser adaptado a outro público alvo. O estudo fundamenta-se numa concepção sociodiscursiva da linguagem, cujo aporte teórico emabasa-se, entre outras, em contribuições de Vygostki (1934), Bakthin (1952), Habermas (1987), e, sobretudo, nos estudos de Bronckart (2006). Palavras-chave: modalização; leitura e produção de textos; interacionismo sociodiscursivo. Douglas Pulleyblank CONSTRAINED INTERACTION Abstract : Natural language phonologies exhibit robust patterns of assimilation, harmony, dissimilation, metathesis, and so forth. Such patterns exhibit different arrays of properties, with such differences often prompting researchers to postulate very different constraint types for different types of phenomena. A common strategy is to build process-specific mechanisms into the constraints driving the patterns. For example, recent work on long-distance harmony has suggested that local assimilation and long-distance harmony should be attributed to completely different types of constraints. This paper argues for an opposing strategy, one deriving a wide variety of superficially distinct phenomena through instantiations of a single constraint type. The core ideas are the following: Phonological patterns are defined by output constraints; phonological representations are based on feature-sized units; the combination and sequencing of feature-sized units is governed by a single set of constraints; features and constraints on features are rooted in phonetics. These ideas are neither new nor complex. It will be shown, however, that the surface phenomena they generate exhibit considerable complexity. Phenomena discussed include glottalisation (Nuu-chahnulth), tonal polarity (Margi), tongue root harmony (Setswana), vowel assimilation (Basque), vowel distribution (Tiv), nasal harmony (Moba Yoruba). The central hypothesis is that phonological systems depend crucially on identifying a set of featural elements, and that these elements are constrained in two related ways: Some feature specification F may be prohibited from cooccurring with some feature G (*[F,G]); some feature specification F may be prohibited from preceding or following some 97 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia feature specification G (*[F][G]). For example, we see in languages like Fula that high vowels must be produced with an advanced tongue root (*[-ATR,+high]), an example of a constraint based on coincidence; in Setswana, the same featural cooccurrence condition operates sequentially since high vowels must be preceded by a vowel with an advanced tongue root (*[-ATR][+high]). Dulcilene Rodrigues da Silva Barreto A MEDIAÇÃO DO PROFESSOR E AS PRÁTICAS LEITORAS PELO VIÉS DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NA FORMAÇÃO DO LEITOR: UMA EXPERIÊNCIA PARA ALÉM DA LEITURA Resumo: Este trabalho centra-se na valorização da Literatura Infanto-Juvenil, via contação de história, como um meio de formação das competências leitoras no Ensino Fundamental I. Buscou-se, também, identificar que fatores caracterizam os alunos leitores sistemáticos; o entendimento dos limites que orientam a mediação do professor no despertar do interesse da criança e do jovem para a leitura; os critérios que definem um livro como atraente para o leitor, o conhecimento efetivo acerca do processo de formação de leitores e de como transformar a leitura em uma atividade prazerosa. O tratamento metodológico de eleição para a consecução dos objetivos deste estudo, desenvolvido em etapas, alia à pesquisa empírica uma pesquisa de campo, com alunos do 4º ano do Ensino Fundamental de uma escola da rede pública municipal de ensino de Fortaleza. Por meio das descrições de cada fase das dinâmicas de contação e das atividades correspondentes, fornece-se, assim, um acervo instrumental pedagógico aos interessados em reproduzi-lo ou enriquecê-lo. Os resultados permitiram concluir que uma leitura sistematizada e constante do texto infanto-juvenil é capaz de despertar no aluno o gosto pela leitura, desenvolvendo, consequentemente, suas habilidades intelectuais linguísticas, sua criticidade e criatividade; o trabalho em foco sinaliza com a possibilidade de estudos que apontem em outras direções, as quais diante da Literatura Infanto-Juvenil possam constituirse como efetivo meio de formação do leitor autônomo, maduro e sensível, perante quaisquer textos dos quais venha a apropriar-se. Palavras-chave: Formação do leitor; contação de histórias; mediação em leitura. Dylia Lysardo Dias CITAÇÕES DE CULTURA: UM ESTUDO DAS REPRESENTAÇÕES NA MÍDIA Resumo: O presente trabalho analisa o uso e os efeitos de sentido das citações de cultura utilizadas, parcial ou integralmente, em notícias veiculadas por jornais brasileiros de grande circulação. O objetivo dessa análise é (i) ampliar a compreensão do funcionamento das citações de cultura em situações efetivas de interação verbal, especificamente em situação de interação midiática; (ii) abordar os modos de incorporação das formas codificadas na mídia como uma estratégia discursiva que se baseia na mobilização do sendo comum e (iii) descrever o movimento dialógico e polifônico instaurado pela presença das citações de cultura nos jornais impressos. Para tanto, utilizaremos um corpus formado por notícias que utilizam diferentes tipos de citações de cultura em diferentes momentos da sua constituição, corpus que foi descrito/analisado qualitativamente a partir dos pressupostos teóricos da Análise do 98 Resumos de trabalhos Discurso no que se refere à polifonia, à interdiscursividade e ao jogo intersubjetivo que se instaura na enunciação. Postulamos que a mídia mobiliza representações coletivamente instituídas, deixando entrever sua dimensão de fenômeno social que tanto constrói quanto reflete uma dada compreensão da “realidade” por meio da e na atividade discursiva. O que está em jogo são saberes de crença (Charaudeau, 2006) cuja credibilidade advém do seu status de “verdade coletiva”. Sob a forma de máximas, ditos populares, provérbios e slogans, tais enunciados compõem o gênero proverbial, cuja especificidade reside reunir formas breves que dependem de outro gênero que o incorpore (Lysardo-Dias, 2001) em seu fazer comunicativo. Nossa pesquisa sinalizou que as citações de cultura são mobilizadas pela mídia como uma estratégia discursiva fundada na retomada de um “já-dito” amplamente difundido e que elas constituem um material simbólico diretamente vinculado às representações vigentes. Constatamos ainda que as formas breves promovem uma economia cognitiva devido à codificação que lhes é inerente. Palavras-chave: representações sociais; automatismos verbais; mídia. Ediene Pena Ferreira ASPECTOS DO PROCESSO DE GRAMATICALIZAÇÃO: UM OLHAR SOBRE O VERBO “CHEGAR” Resumo: Esta pesquisa encontra-se abrigada no paradigma do Funcionalismo, que concebe os padrões sintáticos como resultado do uso da língua; em outras palavras, as regularidades da língua são determinadas pelas necessidades comunicativas. É à luz do funcionalismo linguístico que buscamos subsídios para a análise de diferentes usos de chegar. Dentre esses diversos usos, temos particular interesse pelo uso de chegar seguido de preposição a mais verbo no infinitivo (chegar a + INF). Considerando esse uso, pretendemos, neste trabalho, discutir os critérios de identificação de verbos auxiliares, para avaliar o estatuto de auxiliaridade de chegar, observando em que medida esse item apresenta tal estatuto e analisando as funções que esse item exerce no uso da língua portuguesa. Sabemos que é comum o processo de auxiliação, por meio do qual os verbos se gramaticalizam para expressar categorias gramaticais, tais como Tempo, Aspecto e Modo. A incidência de tais processos é responsável pela fluidez nos limites da categoria, sendo o verbo atingido no seu estatuto de predicado – elemento controlador da predicação. Em observância aos usos de chegar, questionamos se esse verbo, ao sofrer o processo de gramaticalização, passa a expressar categorias gramaticais como Tempo, Aspecto e Modo e/ou passa a desempenhar funções gramaticais ligadas à construção textual-discursiva. Para a análise, consideramos os sete estágios de gramaticalização propostos por Heine (1993). Utilizamos como corpus amostras de textos do Corpus Mínimo de Textos Escritos da Língua Portuguesa – COMTELPO, organizado por Figueiredo-Gomes e Pena-Ferreira (2006), constituído de diferentes gêneros do século XII ao século XX. Palavras-chave: gramaticalização; auxiliaridade; verbo chegar. Edilberto Cleutom dos Santos MEMÓRIA E ORALIDADE NO ROMANCEIRO DE DONA MILITANA Resumo: O presente estudo visa a estabelecer relações quanto ao significado sóciocultural do fenômeno emergente de Dona Militana para a cultura potiguar. Para 99 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia isso tomamos suas lembranças dos romances como peças de um contexto social, relacionados ao tempo e ao espaço, influenciando a vida material e moral do seu grupo social. Ressaltamos, com isso, o fenômeno da memória individual em sua relação com a memória coletiva. Propomos, nesse sentido, supor que a retenção e a permanência desses romances na memória da romanceira revelam uma dinâmica de seu grupo social para a constituição de sua identidade. Nesse sentido, servimonos como referencial teórico dos estudos de Maurice Halbwachs, no que tangem as discussões relativas à memória coletiva em paralelo aos estudos de Paul Zunthor, quando tratamos das funções da oralidade para a formação da identidade. Para a execução do trabalho, é de fundamental importância, naturalmente, o relato de vida da própria Dona Militana em confronto com os simbolismos culturais presentes nos romances, em vista de flagrarmos as (co)incidências que demarquem seus vínculos de identidade com o universo cultural em que se insere. Em função disso, tomamos como objeto de análise desde os depoimentos apresentados em entrevistas, até os romances em seus aspectos poéticos, linguísticos e mitológicos, passando inclusive pelos significados que a performance da romanceira revela. Objetivamos, portanto, a uma compreensão dialógica da relação entre a memória individual (o caso de Dona Militana), com a memória coletiva, calcada sobre a concepção hipotética de que subjaz à aparente singularidade desse fenômeno – até certo ponto um fato isolado – uma razão intrínseca e complexa que se revela como a ponta de um iceberg, em que confluem motivações históricas inconscientes de uma formação cultural. Palavras-chave: memória coletiva; identidade cultural; oralidade. Edimara Ferreira Santos LITERATURA NO PARÁ OITOCENTISTA: OS ROMANCES-FOLHETINS COMO “RIQUEZAS” DA BELLE-ÉPOQUE Resumo: No Brasil, o Romantismo, encontrou na narrativa a forma ideal para explorar o pensamento da sociedade de época. Assim, atrelado a este movimento literário, surgem os chamados folhetins, os quais, mais tarde, a partir da década de 1840, passariam a ser denominados de romances-folhetins. Para este gênero, a imprensa brasileira, no século XIX, representou, por um lado, o principal veículo por meio do qual era difundido e, por outro, representou uma espécie de “laboratório” para os autores que surgiram ao longo do século; autores que passaram a publicar nos jornais suas obras “recortadas” nas notas de rodapés. Dessa forma, a pesquisa com periódicos paraenses revelou que no Pará oitocentista, a imprensa representou papel semelhante ao que desempenhou para o Brasil: o de fazer circular esse gênero literário e, também, de estabelecer um espaço para surgimento de novos autores. A “narrativa folhetinesca”, como ficou conhecida, fez parte da nossa Literatura e teve, ao longo da história, influência europeia, como demonstra a influência francesa nos folhetins publicados no jornal O Liberal do Pará nos anos de 1860-1880. Este período coincide com o contexto no qual a cidade de Belém vive uma época de grandeza cultural, chamada de “Belle-Époque” e passou por transformações culturais, econômicas e sociais que modificaram não só o cenário paraense como também, da região amazônica. Por esse motivo, a circulação dos romances-folhetins atuou como mecanismo privilegiado na difusão e incorporação de ideias, hábitos, costumes e estilos literários europeus, principalmente, as de influência francesa, como parte das “riquezas” produzidas na Bellé-Époque belenense. Palavras-chave: Romances; folhetins; circulação; imprensa. 100 Resumos de trabalhos Edirnelis Moraes dos Santos A PRODUÇÃO ESCRITA EM PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA POR MEIO DOS GÊNEROS TEXTUAIS Resumo: O ensino de Português como Língua Estrangeira (PLE) tem mostrado um sensível crescimento no Brasil e no mundo. Acordos internacionais, de caráter acadêmico e comercial, colocam a língua portuguesa em lugar de destaque. Impulsionados por esses acordos, muitos profissionais e estudantes estrangeiros têm procurado por cursos de PLE. Alguns desses se submeterão ao exame CELPE-Bras – iniciativa do Ministério da Educação do Brasil para consolidar o ensino de PLE no mundo. Os professores que atuam na preparação de estrangeiros candidatos a esse exame deparam-se com dificuldades para encontrar materiais que possibilitem o desenvolvimento da produção escrita de seus alunos. Neste trabalho, procuramos mostrar um caminho para o ensino-aprendizagem da produção escrita em PLE partindo dos gêneros textuais. Para tanto, adotamos uma base teórica fundamentada no Interacionismo Sociodiscursivo (Teoria dos Gêneros, modelo de Sequência Didática) e em uma Abordagem Comunicativa para o Ensino de Línguas, com o intuito de propiciar o desenvolvimento da produção escrita de discentes estrangeiros. Palavras-chave: Português Língua Estrangeira; Produção Escrita; Interacionismo Sociodiscursivo; Gênero Textual; Sequencia didática. Eduardo José Tollendal A LITERATURA POLÍTICA DE JORGE AMADO E ALEJO CARPENTIER Resumo: No horizonte intelectual dos anos 1930, na América Latina, a divulgação do ideário marxista virá acrescentar aos projetos literários uma determinação política: promover a reabilitação dos povos marginalizados, acompanhada de uma leitura crítica do processo histórico. Nesta ficção, as personagens representativas do atraso deixam de ser vistas como exóticas para serem vistas como agentes – ou não – da própria história. Nesta comunicação – no campo dos estudos comparados de literatura –, pretendo rever o modo como Amado e Carpentier atendem a esta determinação, aderindo ao realismo socialista; considero, portanto, uma opção estética que faz de suas literaturas, francamente nacionais, respostas ao colonizador engajado. Complementarmente, pretendo repensar de que modo as diferentes trajetórias históricas do Brasil e de Cuba, no correr do século XX, levaram à superação ou à reiteração desta opção estética na trajetória dos dois autores. Palavras-chave: romance latino-americano; realismo socialista; literatura comparada. Edwiges Conceição de Souza Fernandes FILMES E PROGRAMAS DE TV NA ELABORAÇÃO DE MATERIAL DIDÁTICO: INCENTIVO E MOTIVAÇÃO AO ENSINO-APRENDIZAGEM DE LÍNGUA ESTRANGEIRA Resumo: Bons professores buscam constantemente maneiras inovadoras de conduzir seus alunos à aprendizagem. Em nossas práticas de ensino de inglês como língua estrangeira (EFL) temos percebido que o interesse dos aprendentes aumenta quando utilizamos partes de filmes e de programas televisivos, em qualquer fase do processo de aprendizagem. Além de mostrar os benefícios que os recursos multimídia podem nos proporcionar, esta apresentação visa compartilhar algumas 101 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia das ideias desenvolvidas e praticadas em nossas aulas. Concluímos que a utilização de tais recursos para fins didáticos facilita a compreensão, permite a prática das quatro habilidades, oferece oportunidades para discutir aspectos culturais, além de ser uma forma criativa e inspiradora de promover a comunicação. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de língua estrangeira; recursos multimídia; motivação. Elaine Pastana Valério A PRESENÇA DA ORALIDADE NO ROMANCE TRÊS CASAS E UM RIO, DE DALCÍDIO JURANDIR Resumo: O Ciclo do Extremo-Norte, conjunto de obras de Dalcídio Jurandir, possui uma ambiência regional, porém a temática é universal, daí notarmos, nos romances dalcidianos, temáticas variadas a serem analisadas. A proposta desta comunicação é fazer um estudo das narrativas orais presentes no romance Três casas e um rio, de Dalcídio Jurandir, pois através delas, as personagens recriam sua realidade, dando a ela um novo significado e um novo sentido. Isso acontece devido a relação que elas têm com alguns elementos da natureza, principalmente o rio e a floresta. É a partir da vivência com esses elementos que acontece a narração de mitos e lendas pelas personagens do romance Três casas e um rio. Na obra a ser estudada, a oralidade – que é entendida como marca cultural porque seus contos são criações coletivas – se faz presente na ação narrativa, percebidas através de algumas particularidades, tais como: a interlocução entre narrador e ouvinte; as marcas linguísticas próprias da oralidade; a performance. Dalcídio Jurandir sentiu necessidade de dar voz a pessoas simples, ao fazê-las narrar histórias que se misturam com suas vivências particulares, pois oralidade é a união da experiência de vida e do conhecimento. Sendo assim, essa pesquisa visa analisar a oralidade no romance Três casas e um rio, de Dalcídio Jurandir e mostrará que as narrativas orais são marcas culturais de um povo e que dependem da época em que foram narradas. Palavras-chave: cultura; oralidade; narrativas; memória. Elen de Medeiros ARTUR AZEVEDO E A DEFESA DA NACIONALIDADE: A CAMINHO DO TEATRO BRASILEIRO MODERNO Resumo: As discussões e controvérsias a respeito da modernização do teatro brasileiro se referem a um processo histórico conturbado e muitas vezes repetido, no sentido de que houve várias tentativas de modernização, em diferentes épocas e de diferentes maneiras. Destacando-se desse panorama histórico, Artur Azevedo não visava propriamente à modernização do teatro brasileiro – ligado que era às tradições –, mas buscou sobretudo valorizar a nacionalização dos temas dramáticos. Curiosamente, foi lutando para que os dramaturgos escrevessem sobre o Brasil que ele pôs em evidência um paradigma que, mais tarde, no século XX, será considerado como um dos principais fatores de modernização da literatura brasileira e, por conseguinte, do teatro nacional. Em vista disso, esta comunicação tem por objetivo analisar alguns temas considerados nacionais e entender como isso torna o autor, em certo aspecto, um visionário e personagem contraditória. Para tanto, analisaremos elementos nacionalizantes em O Tribofe e A Capital Federal. Palavras-chave: Artur Azevedo; teatro brasileiro; teatro moderno; teatro do séc.XIX. 102 Resumos de trabalhos Elena Godoi / Sebastião Lourenço dos Santos ANÁLISE DA INTERPRETAÇÃO DE PIADAS: UMA ABORDAGEM PRAGMÁTICA Resumo: Nosso objetivo neste trabalho é discutir o gênero piada pela perspectiva da pragmática. O foco principal nesta investigação será abordar como é que se processa a interpretação, bem sucedida ou não, da piada pelo ouvinte. Nós fundamentaremos na Teoria da Relevância (Sperber & Wilson, 1986/95). Partiremos da abordagem das principais teorias do humor que analisam a piada como uma incongruência (Raskin, 1985; Attardo, 1994) e discutiremos algumas propostas de análise discursiva da piada, bem como postulamos a existência de uma estrutura prototípica da piada. Nossa hipótese é que para processar a interpretação, ou seja, para resolver essa incongruência, o ouvinte tem que, necessariamente, fazer uso de vários tipos de inferências, sejam estas semânticas ou pragmáticas. Além disso, apontamos para a ideia de que no processamento da interpretação da piada, além das inferências e do conhecimento de mundo, que abrange crenças, valores e convenções sociais, entra em jogo um sistema dedutivo que demanda complexos processos cognitivos do ouvinte. Assim, diremos que, para rir de uma piada não basta o ouvinte perceber a incongruência, como propõem Raskin e Attardo: é necessário resolvê-la. O corpus da análise constitui-se de um repertório variado de piadas retiradas de vários sites, livros e revistas humorísticas. Palavras-chave: Piada; Pragmática; Teoria da Relevância; Incongruência. Eliana Pires de Almeida ESBOÇO DE UMA CARTOGRAFIA LITERÁRIA PARAENSE: 1908-1952 Resumo: Na literatura brasileira verificam-se parcas análises acerca da produção literária paraense e a maioria desses estudos, considerados relevantes, centralizarem-se no centro-sul do país, por questões históricas de força político-econômica. O presente trabalho busca catalogar dados analíticos sobre os movimentos literários paraenses do século XX por ser uma época marcada por diversos rompantes culturais. Entre tais produções/ movimentos destacam-se os literatos modernistas (1908-1929) e a geração dos novos (1946-1952). Assim, a partir da análise da trajetória dessas gerações literárias, iremos inquirir se essa literatura transcende as fronteiras do local e do regional, se firmando como manifestações culturais importantes para a literatura brasileira. O diálogo com a História será relevante para o presente estudo cartográfico. Palavras-chave: cartografia literária; literatura paraense; movimentos literários. Eliane Oliveira da Costa VARIAÇÃO LEXICAL NA REGIÃO NORTE DO BRASIL: UMA ABORDAGEM GEO-SOCIOLINGUÍSTICA Resumo: Este trabalho apresenta caráter lexical. Tem como objetivo mapear a variação diatópica (espacial), a diastrática (sócio-cultural) e a diagenérica (referente ao sexo dos informantes) nas capitais da região Norte do Brasil (Belém, Boa Vista, Macapá, Manaus, Porto Velho e Rio Branco), adotando os pressupostos teóricos da Dialetologia e o método Geolinguístico. Justifica-se pela necessidade de ampliar os estudos de Geografia Linguística no Brasil, visando à concretização de um atlas nacional em que os diferentes usos linguísticos são levados em consideração como 103 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia indicadores de diferença e de identidade de uma comunidade, haja vista que cada região brasileira se caracteriza não só pelos seus aspectos físicos, econômicos e políticos, mas também pelas suas particularidades culturais e linguísticas. Para a realização desta pesquisa foram estudados dados das seis capitais referidas. Em cada uma delas foi aplicado o questionário Semântico-Lexical a oito informantes, totalizando-se 48, os quais seguem a seguinte estratificação: idade (de 18 a 30 e de 30 a 65 anos), escolaridade (fundamental e superior) e sexo (feminino e masculino), de acordo metodologia do projeto nacional Atlas Linguístico do Brasil – ALiB. Esse projeto objetiva descrever, por meio de cartas linguísticas, a realidade linguística do Brasil. Os dados utilizados na pesquisa foram recortados do arquivo sonoro construído pela equipe do projeto e organizados em arquivos que, posteriormente, foram inseridos num programa computacional que possibilita a identificação e o mapeamento de dados lexicais (cf. RAZKY, 2009). Por meio desse programa vaise demonstrar a distribuição geo-sociolinguística das variantes lexicais obtida na região Norte. Palavras-chave: Variação l; Dialetologia; Método Geolinguístico. Eliane Pereira Machado Soares VARIAÇÃO GEOSOCIOLINGUÍSTICA DA NASAL PALATAL NO ESTADO DO PARÁ Resumo: Neste trabalho realizamos uma pesquisa sobre as variantes da nasal palatal em seis cidades do Estado do Pará, a saber, Altamira, Belém, Bragança, Marabá, Soure, Santarém, cada uma delas localizada em uma mesorregião do estado. O corpus é constituído de fala espontânea, obtida em forma de narrativa de experiência pessoal junto a 24 informantes nascidos nessas cidades, totalizando 144 informantes, selecionados de acordo com os pressupostos teóricos da Sociolinguística Quantitativa. O tratamento dos dados leva em conta, além da origem dos falantes, as variáveis sociais tais como sexo, escolaridade,faixa etária consideradas condicionantes do fenômeno de variação em estudo cuja análise estatística é feita pelo uso do pacote de programas VARBRUL (98) em rodadas ternárias, conforme a quantidade de variantes identificadas para cada variável linguística. Palavras-chave: variação linguística; nasal palatal; língua falada. Elias Mendes Gomes PROPOSTA PARA A ELABORAÇÃO DE UM COMPREENSIVO LÉXICO DE VERBOS ÁRABE-PORTUGUESES Resumo: Embora a língua árabe – com a prosa e a poesia altamente desenvolvida na época da Jāhilīya – tivesse seu indiscutível lugar na Península Arábica, foi somente com o advento e expansão do Islamismo é que ela ganhou a projeção que a levou para além de suas fronteiras linguísticas históricas. Através dos séculos, a religião continuou a desempenhar um papel primordial na expansão da língua árabe, visto ser esta a língua litúrgica do islamismo, mas, ultimamente, outros fatores têm contribuído para um interesse maior pelo idioma, pouco, porém, tem sido feito para facilitar a sua aprendizagem, especialmente entre os lusófonos. Esta pesquisa está particularmente preocupada com a falta de apoio didático para a aprendizagem e 104 Resumos de trabalhos o aprofundamento no conhecimento linguistico que, via de regra, se adquire com a leitura no idioma almejado; por isso esta pesquisa propõe a elaboração de um dicionário de verbos árabe-português. O esteio científico será a Escola de Filologia de Kufa que considerava o verbo como o “originador” do universo lexical árabe. O levantamento do corpus verbal será metalexicográfico, primordialmente baseado no trabalho de Hans Wehr (Dictionary of Modern Written Arabic) e, na existência de deficiências, cotejar-se-á outros dicionários para uma complementação do corpus. Devido ao escopo do árabe padrão moderno, como a “língua franca” entre todos os países árabes, e por ser esta a vertente mais usada no ensino de árabe para estrangeiros, escolheu-se essa variante para este trabalho. Palavras-chave: dicionário; árabe padrão moderno; verbo árabe; Kufa. Elielson de Souza Figueiredo CONSIDERAÇÕES SOBRE A POÉTICA DE MAX MARTINS Resumo: A comunicação a ser proferida constitui-se em exercício conceitual e teórico acerca da poética de Max Martins, poeta paraense cuja produção está principalmente delimitada entre as décadas de 50 e 80. Sua poética está aqui tomada como construção estética norteada pela permanente auto-referencialidade e pelo ecoar de algumas vozes cujo desvelamento constitui a tônica deste trabalho. Para ler Max Martins e suas reflexões sobre a criação literária percorremos conceitos acerca do Estético enunciados por Marcuse, Eagleton, Foucault, Barthes, Sartre e Otávio Paes. O objetivo maior desta reflexão é saber o que todas essas vozes Outras podem dizer acerca da atividade criadora de Max Martins. Pretende-se analisar os andaimes do seu edifício poético, seu ato criador doloroso, seu laborioso trabalho de re-presentificação do mundo através do verbo re-dimensionado e convertido em significante táctil, arquitetônico e plástico. Assim, ao discorrer sobre os sinuosos caminhos por onde Max Martins constrói sua trajetória como artista, esta comunicação pretender ser mais uma peça no mosaico que procura traçar móveis contornos em torno da poesia latino-americana contemporânea. Palavras-chave: Estético; Poética; Max Martins. Elisa Mara de Bittencourt Furtado REQUIESCAT IN PACE: ANÁLISE DISCURSIVA DE INSCRIÇÕES TUMULARES NO CEMITÉRIO SANTA ISABEL Resumo: Este trabalho visa analisar as inscrições tumulares, agrupando os discursos em torno de categorias como classe social, sexo e faixa etária. Para isso, elegeu-se como local de pesquisa o Santa Isabel, por ser uma das necrópoles mais antigas de Belém, cujas lápides, pertencentes às mais variadas épocas, permitem, mais do que qualquer outro cemitério da cidade, um estudo mais abrangente acerca dos discursos tumulares. Palavras-chave: Inscrições tumulares; discurso; Santa Isabel. Elisabeth Baldwin GUIANA, GUIANAS, CENTRO CULTURAL DA AMÉRICA LATINA Resumo: Com o fortalecimento da abordagem dos arquivos e o novo valor conferido à pesquisa da memória dos povos, passou-se a desconfiar dos estudos dos documentos 105 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia como monumentos, que perpetuavam a herança de uma memória monumental e disponibilizavam-na nos museus, acervos e bibliotecas, referendando o seu caráter de monumentalidade. A história nova substituiu a história fundada essencialmente no texto, no documento escrito, por uma história baseada em documentos variados – escritos, orais, fotografias, filmes, depoimentos. Por outro lado, a história nova vê, também, alongado seu sentido, concentrando-se não só sobre grandes homens e acontecimentos notáveis, grandes culturas, cartografias e geografias estabelecidas, línguas ou idiomas nacionais e padronizados, mas também sobre todos os homens, seus cotidianos espaços e eventos, seus frágeis e variáveis idiomas. Apontando para a construção de uma nova cartografia linguístico-cultural da América Latina sob o ponto de vista da comunidade latino-americana, as recentes pesquisas dos Estudos Culturais têm enfatizado a realização de um novo desenho da latinidade, mais abrangente e mais complexo. Eduardo Coutinho (COUTINHO, 2004) propõe um conceito fundamental para a elaboração de qualquer história literária (e acrescento: qualquer história linguística ou cultural) da América Latina: o de Centros Culturais que seriam tanto o ponto de difusão como o de recepção de ideias, imagens, conceitos. Os Centros Culturais constituiriam os novos arquivos dessa latinidade que se desenha. Dessa forma, eleger, como Centros Culturais da América Latina, alguns espaços ampliados que ultrapassam os limites meramente geográficos, criando um espaço imaginário, além das noções tradicionais de nação e de idioma nacional, que misturam colonização francesa, espanhola, portuguesa, indígena, africana e outras e que se revelam povoados com as mesmas imagens, os mesmos conceitos e as mesmas ideias, reforça, paradoxalmente, os conceitos – diversidade, heterogeneidade e interdisciplinaridade. Coutinho, em outro momento, sugere também, que este Centro Cultural poderia ser constituído em torno de uma cidadeeixo, uma cidade que tenha a função de pólo estratégico de influência simbólicocultural. Nesta comunicação elegeremos Caiena como cidade-eixo do centro cultural Guiana, guianas e descreveremos a configuração da comunidade brasileira nesta cidade-eixo e a historia da sua formação. Assim, descrever a emergência de traços identitários dessa cultura em diáspora reforçará o desenho de uma nova brasilidade construtora, talvez, de uma nova latinidade. Lingua, crenças, costumes e imagens (re)construidas nos quarenta anos de imigração de brasileiros para Guiana passam a constituir o material de analise para este trabalho. Palavras-chave: América Latina; Centros culturais; Guiana Francesa. Elissandra Barros da Silva A PALATALIZAÇÃO DO /D/ EM KURUAYA Resumo: Neste trabalho discuto o fenômeno da palatalização gradativa da consoante oclusiva /d/ na língua Kuruaya, família Mundurukú, tronco Tupi. As discussões apresentadas aqui foram motivadas pelas lacunas e divergências nos estudos anteriores sobre a língua (Costa 1998; Picanço 2005; Mendes 2007) e também com base nos dados coletados por mim durante a pesquisa de campo. O fenômeno é examinado tanto do ponto de vista da fonética acústica quanto de seus aspectos fonológicos, objetivando demonstrar como o fonema /d/ é realmente realizado na língua. Palavras-chave: palatalização; Kuruaya; fonética acústica. 106 Resumos de trabalhos Elissandro Lopes de Araújo LUIZ RONCARI E O CÃO DO SERTÃO: UMA LEITURA HISTÓRICA DE DÃO-LALALÃO Resumo: As narrativas de Guimarães Rosa, em sua história recepcional, já foram lidas sob diversas perspectivas. Entre as interpretações mais recentes, destaca-se a de Luiz Roncari (Universidade de São Paulo) que propõe um exame da obra rosiana que a compreende intrinsecamente conectada ao horizonte histórico nacional. Contrário aos primeiros críticos de Guimarães Rosa, que denunciavam a alienação histórica das narrativas, considerando-as herméticas, alheias ao contexto brasileiro, Luiz Roncari aponta a íntima ligação das estórias rosianas com os períodos históricos brasileiros de instituição da República, inclusive, propondo uma possível marcação cronológica para as obras. Diante destas breves considerações, a presente comunicação discute os parâmetros interpretativos da crítica roncariana direcionada à novela Dão-Lalalão, parte do volume Noites do Sertão, de Guimarães Rosa. Baseando-se na hermenêutica literária proposta por Gadamer e Jauss, analisar-se-á a hipótese interpretativa de Luiz Roncari, procurando destacar os principais pontos do livro O Cão do Sertão (2006), cujo primeiro capítulo se volta para a novela Dão-Lalalão; um dos quais se refere à relação entre o mito e a história na interpretação da narrativa do Ão. Vale destacar, ainda, que a obra crítica de Roncari representa um marco, pois foi um dos primeiros autores a compreender Guimarães Rosa numa dimensão histórica, considerando-o um intérprete do Brasil. Palavras-chave: Luiz Roncari; Dão-Lalalão; Guimarães Rosa. Elizabete de Lemos Vidal NAS PEGADAS DE ULISSES, MARAJÓ, MINHA VIDA: RETORNO DA MEMÓRIA PELO CAMINHO DAS ÁGUAS Resumo: Resulta do estudo de fragmentos de memórias individual e coletiva reconstituídas no livro de Dita Acatauassú, Marajó minha vida, sob a perspectiva de várias instâncias temporais que se cruzam e se confundem no discurso da reminiscência: passado remoto, passado recente, presente e futuro, em diálogo permanente e em constante relação com o mundo, porquanto se integra ao contexto geral da cultura de uma determinada época. Neste sentido, as experiências do sujeito, adquiridas em tempos diferentes, preenchem as “lembranças do tempo não recuperado” na perspectiva do Narrador, de Walter Benjamin. Em Marajó minha vida, a reelaboração do passado pertence à memória de um sujeito com mais de oitenta anos. Portanto, o estudo de Ecléa Bosi em Memória e Sociedade: lembranças de velhos dá suporte ao estudo das imagens reconstituídas no presente. Quanto à matéria e aos fluxos da memória, no percurso da lembrança, este estudo se desenvolve sob a orientação de Matéria e Memória, de Henri Bergson. O sujeito de Marajó minha vida realiza a viagem de todos nós.Um retorno ao passado que se justifica, não pelo gosto da rememoração, ou pelo culto do passado. Trata-se de uma busca da própria identidade guardada na lembrança da jovem de dezoito anos, durante o percurso da primeira travessia. Palavras-chave: literatura; tempo; memória. 107 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Elizandra Fernandes Reis FRANKLIN DE OLIVEIRA: UMA CONTRIBUIÇÃO PARA ANÁLISE CRÍTICA DO SIMBOLISMO EPIGRÁFICO EM SAGARANA Resumo: Franklin de Oliveira (1916-2000), crítico e jornalista maranhense de renome, amigo de Guimarães Rosa, a quem destinou um artigo intitulado Guimarães Rosa, publicado na antologia crítica A Dança das Letras (1991), extraído do ensaio Viola d’Amore (1965), e publicado, também, no livro A Literatura no Brasil (1986), de organização de Afrânio Coutinho, no qual recebeu o nome de Sagarana: as epígrafes. Nesse artigo, retomado nas três publicações de Franklin de Oliveira, o valor simbólico e a condensação ideológica das epigrafes presentes em Sagarana (1946) são enfatizados e analisados. Pois, nesta obra, o trabalho epigráfico é um elemento que sobressai, em virtude de seu dinamismo, esse exigido pela forma elaborada do livro, constituído por um conjunto de novelas ou contos, nos quais a apresentação do cenário sertanejo, a temática do trabalho pecuário, da vida dinâmica, rural e rústica e o lirismo amoroso ganham uma nova roupagem, porquanto suscitam questões filosóficas, míticas e psíquicas. Deste modo, as epigrafes deixam a esfera de simples objetos inócuos, enfeites ou confissões de influência, para tornarem-se índices que apontam para o caráter reflexivo e metafísico em Sagarana. São mais que resumos; excitam no leitor a capacidade de meditação sobre a obra que irá ser lida. Dessa forma, este trabalho objetiva apresentar a análise crítica de Franklin de Oliveira a respeito das epigrafes presentes em Sagarana, e o seu conteúdo intrínseco à obra, fundamentado na abordagem de uma nova crítica, assumida por esse crítico, que, ao adotá-la, contribui, de forma significativa, à crítica rosiana. Palavras-chave: Sagarana; Franklin de Oliveira; Guimarães Rosa. Enéias Farias Tavares O SATÃ, DE MILTON, E O GUESA, DE SOUSÂNDRADE: A EMERGÊNCIA DO ANTI-HERÓI MODERNO? Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar um estudo que perceba as relações temáticas no trabalho do poeta inglês John Milton (1562-1647) e do poeta brasileiro Joaquim de Sousa Andrade (1832-1902), sobretudo no que concerne à descrição do herói nos poemas épicos O Paraíso Perdido e O Guesa Errante. A título de contraste, este estudo também prevê um comentário da configuração desse novo modelo de herói em outros poemas do gênero épico anterior, como nos poemas de Homero, Virgílio, Dante e Camões. Nesse caso, observaremos como os dois poetas em questão alteram uma representação já canônica de um protagonista épico, modelo de uma série de características ideais da cultura que o produziu. Tanto Satã quanto o casal edênico do Paraíso Perdido quanto o Guesa dO Guesa Errante ao lado do primeiro homem de Novo Éden apresentam um surpreendente contraste com essa figuração de heroísmo épico tradicional. Para tanto, primeiramente estudaremos como essa configuração poética se dá no caso da épica clássica, medieval e renascentista. Após, estudaremos a inovação articulada por Milton no épico O Paraíso Perdido e no poema dramático O Sansão Antagonista. Por fim, nos aprofundaremos na poesia de Sousândrade sob três perspectivas: primeiramente, na sua relação tanto com a tradição clássica quanto com a obra de John Milton; em segundo lugar, em seu contraponto com a poesia romântica brasileira, sobretudo no ideal épico de Gonçalves Dias e de José 108 Resumos de trabalhos de Alencar; e por fim, como um prenúncio das inovações e experimentações que veríamos quase meio século depois, no Modernismo. Palavras-chave: Crítica Literária; John Milton; Sousândrade; herói épico. Eneida Alice Gonzaga dos Santos L1 X L2: ANÁLISE CONTRASTIVA COMO BASE PARA ENSINO DE PORTUGUÊS NAS ESCOLAS WAIMIRI ATROARI Resumo: O Brasil é um país que se julga monolíngue. No entanto, há mais de uma centena de outras línguas faladas em todo o território nacional. Apesar desta realidade plurilígue, temos somente uma língua oficial, a língua portuguesa. Dominar este código é, sem dúvida alguma, uma necessidade para os falantes de outras línguas, principalmente, para os povos indígenas, na medida em que, necessitam negociar e dialogar com a sociedade envolvente em vários momentos de interação. Desconhecer a língua portuguesa causa inúmeros prejuízos aos autóctones. O ensino da língua portuguesa como segunda língua para os Waimiri Atroari, em específico, o gênero e o número nominal do português para os waimiri atroari é o foco deste trabalho, que faz a análise contrastiva do gênero e do número nominal, e a partir de tal análise das estruturas das duas línguas, em sala de aula, pretende motivar os alunos a, não somente, estudar a língua portuguesa (língua dois) e o que ela representa (cultura e ideologia), mas e, sobretudo, aprofundar seus conhecimentos linguísticos em waimiri atroari (língua um), buscando a valorização do conhecimento do aluno em sua própria língua e cultura na sala de aula, tornando este espaço, um local onde, o conhecimento “de fora” é dosado pala necessidade do próprio povo, na tentativa de minimizar os efeitos de uma relação assimétrica com a sociedade nacional. Palavras-chave: ensino; análise contrastiva; língua 1; língua 2. Eneida Lúcia Garcia Klautau / Suely Claudia Lobato Maciel O TEXTO COMO ATIVIDADE HUMANA INTERATIVA: A IMPORTÂNCIA DE SE DESENVOLVER NO ALUNO AS CAPACIDADES DE AÇÃO, ENUNCIATIVA E LINGUÍSTICO-TEXTUAL Resumo: Projeto de Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa desenvolvido com base nos pressupostos teóricos do interacionismo sociodiscursivo (BRONCKART,1999), cujos estudos se apóiam na concepção de língua como atividade humana interativa, por meio da qual se atua sobre o mundo e sobre o outro. Para Bronckart (1999), o texto é a unidade de produção de linguagem situada, oral ou escrita, que veicula uma mensagem linguisticamente organizada, em relação de interdependência com as propriedades do seu contexto de produção e que tende a produzir um efeito de coerência sobre o destinatário. No ensino escolar de leitura e produção de textos, não se deve perder de vista essa função sócio-interativa da linguagem, pois é a partir dela que se podem conduzir atividades didáticas em que o aluno compreenda que a forma e o conteúdo textuais emergem de uma situação específica de uso social da língua, ou seja, que todos os textos, orais ou escritos, são condicionados pelas circunstâncias sócio-comunicativas de sua produção. Sendo assim, este Projeto tem como objetivo principal a formação da competência de leitura e escrita dos alunos por meio do desenvolvimento de suas de capacidades de ação, enunciativa e linguístico-textual, com vistas a conscientizá-lo do uso dessas capacidades em suas práticas linguageiras cotidianas. 109 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Palavras-chave: Atividade de linguagem; interacionismo sociodiscursivo; capacidades linguageiras. Érika Guiomar Martins de Aquino JOSÉ VERÍSSIMO, HISTORIADOR E CRÍTICO DA LITERATURA BRASILEIRA Resumo: O estudo vai apresentar os resultados obtidos por meio da execução do plano de trabalho que objetivou levantar os autores amazônicos e suas obras no contexto da História da Literatura Brasileira formulada por José Veríssimo. Para que isso fosse possível, foram relacionados os autores literários ao cânone da literatura brasileira do final do século XIX e início do século XX e abordados conceitos estéticos e ideológicos apoiados na história da recepção da literatura brasileira e universal. José Veríssimo na condição de crítico e estudioso da literatura estava preocupado em discutir os rumos da produção nacional, sempre pautado por um apelo a uma identidade da nação. Na pesquisa foi articulada a abordagem da produção literária da Amazônia no contexto nacional e foi constatado que os autores amazônicos da época recortada pela pesquisa, foram excluídos da literatura brasileira por uma questão de recepção de suas obras, poucos eram os leitores fora do contexto regional das produções amazônicas e para estar no mérito do cânone tinham que estar na condição de literatura nacional. Mas, tal critério, na verdade, não deixou de excluir autores que mereciam entrar para o cânone da Literatura Brasileira. A partir disso surge outra questão: a contraposição entre o Regional e o Universal. A valorização do regional (não no sentido de enaltecê-lo, mas como objeto de estudo) se dá quando este faz parte de estudos etnográficos nos trabalhos do crítico, onde surge o olhar do viajante, com a exaltação da variedade, da grandiosidade dos rios e florestas, da vida “sem ambição” do caboclo. Com exceção dos contos, na rápida passagem de Veríssimo pela ficção. No entanto, excluiu do cânone sua própria obra. Palavras-chave: José Veríssimo; História e Crítica da Literatura Brasileira; Regionalismo. Ernâni Getirana de Lima USOS LINGUÍSTICOS COMO ELEMENTOS CONSTRUTORES DA IDENTIDADE SOCIAL DE BAMBURRISTAS DE GEMA DE OPALA NO MUNICÍPIO DE PEDRO II – PI Resumo: Conhecido nacional e internacionalmente como “Terra da Opala” por ser o maior exportador mundial dessa gema, o município piauiense de Pedro II possui cerca de 600 homens (os bamburristas) que trabalham de forma precária em garimpos locais. O artigo, fruto de minha dissertação de mestrado, procura estabelecer algumas relações entre a lingua(gem) utilizada por este grupo socialmente invisibilizado, inserido em uma sociedade que os ignora e a seu processo de construção identitária a partir do garimpo como espaço simbólico. A conclusão é de que a lingua(gem) é um dos componentes fundamentais na construção da identidade social do grupo, perpassando os demais elementos formadores dessa identidade e os amalgamando. Palavras-chave: opala; bamburristas; identidade social. 110 Resumos de trabalhos Estêvão Domingos Soares de Oliveira AS METÁFORAS NA AQUISIÇÃO DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Resumo: Alguns fatores são essenciais para que os falantes de uma determinada língua se expressem metaforicamente: o tempo, a cultura – de uma forma mais abrangente – e o contexto social em um aspecto mais específico. O objetivo deste trabalho é perceber como alunos/estudantes estrangeiros de Língua Portuguesa, de diversas nacionalidades, em fase de aquisição/aprendizagem do português brasileiro em território nacional, conseguem construir e realizar metáforas que estão inseridas no linguajar português. Este estudo está alicerçado na teoria da metáfora conceptual – desenvolvida no âmbito da Linguística Cognitiva –, proposta por Lakoff e Johnson (2002). Para os autores, nossa linguagem cotidiana está eivada de metáforas e nosso sistema conceptual é essencialmente metafórico. Algumas metáforas foram apresentadas aos alunos estrangeiros e foi pedido para que eles externassem o que abstraíram delas. Assim, entendemos a metáfora conceptual como agente formador não somente de expressões que a esta língua lhe são peculiares, mas também como um traço sistemático que atravessa a língua em todo seu arcabouço sócio-cultural, semântico e cognitivo. Palavras-chave: Linguagem; metáforas conceptuais; cognição. Estêvão Domingos Soares de Oliveira AS RELAÇÕES INTERACIONAIS NA ELABORAÇÃO DO CONHECIMENTO Resumo: Segundo Marcuschi (2007), no momento de conversação, os participantes da interação falam ao mesmo tempo, misturam e cruzam alguns tópicos da conversa, não terminam suas observações, fazem atravessamentos no meio das histórias contadas, pulam de um assunto para outro com muita facilidade. Essa interação mostra um aparente caos. Como se consegue absorver algum conhecimento, alguma informação com tantos desvios na organização da fala? Contudo, todo esse caos faz sentido quando inserido num certo contexto, ou seja, esse sentido só é encontrado no contexto onde foi produzido. Este trabalho se propõe a apresentar uma análise dos efeitos da interatividade na construção conceptual de enunciados situados contextualmente, a partir da análise de recursos linguísticos usados com as funções comunicativas de repetições e hesitações, reparos e correções. Procura, ainda, revelar a natureza complexa das estratégias interacionais; as características sociais compartilhadas e negociadas da língua; sua motivação cognitiva, contextualização e significação adotada pelos participantes da interação. Para o desenvolvimento deste trabalho foram utilizados dados gravados em áudio coletados num contexto real de uso. Estes dados foram transcritos e analisados. Concluímos, assim, que, como na escrita, existem regras na conversação e há uma organização dos participantes da interação para que haja uma compreensão dos enunciados. As descontinuidades encontradas na fala não são resultados de falta de planejamento, e sim recursos interacionais, que operam sócio-cognitivamente e promovem, além da comunicação e interação, a construção de conhecimento entre os indivíduos. Palavras-chave: Linguagem; cognição; interação. 111 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Eunice Braga Pereira / Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva / Rita de Cássia Macedo Leal ESTRATÉGIAS DE (IM)POLIDEZ: O CASO DE UMA REUNIÃO DE PROFESSORES Resumo: Nesta comunicação apresentaremos os resultados da análise realizada num trecho de interação, extraído de uma reunião institucional entre professores. Sob a perspectiva teórica da análise da conversação, analisamos as estratégias de polidez utilizadas pelos interactantes para amenizarem a introdução de um ato ameaçador de face (AAF). Nesse quadro interacional foi pertinente observar também o surgimento de um outro fenômeno relacionado com o AAF, a saber, a impolidez, instaurada pelo participante que teve sua face ameaçada. As estratégias mais utilizadas no trecho analisado e por isso as mais relevantes para o nosso estudo foram: o tropo comunicacional, o uso de “nós” na função de solidariedade, o enunciado preliminar e o uso de modalizadores. Num sentido complementar mostramos o encadeamento entre os atos ameaçadores de face e os atos reparadores de face (ARF). Utilizamos como suporte teórico para empreender essa análise os trabalhos de KerbratOrecchioni e de Brown & Levinson. Palavras-chave: Polidez; Impolidez; Ato Ameaçador de Face. Evaneide Araújo da Silva O REALISMO DE MEMÓRIAS DE UM SARGENTO DE MILÍCIAS Resumo: O projeto neste momento está voltado para o estudo das manifestações literárias do realismo existentes desde o surgimento da picaresca, no século XVI, até o século XVIII na França, com ênfase em uma das características desse realismo, qual seja, os procedimentos utilizados no romance picaresco. A partir de leituras das teorias do realismo característico do século XVIII, nos dedicaremos mais precisamente ao estudo das características realistas na obra de Manuel Antônio de Almeida, Memórias de um sargento de milícias, pois pretendemos mostrar que essa obra não está filiada à estética realista do final do século XIX, mas liga-se à tradição realista dos séculos anteriores, que conserva alguns pressupostos básicos até o século XVIII. É essencialmente sobre o realismo do século XVIII que vamos nos debruçar. Nesse sentido, interessa-nos ainda determinar as semelhanças que podem existir entre essa obra e o romance realista francês Histoire, de Gil Blas de Santillane, publicado no século XVIII. Palavras-chave: Realismo; Picaresca; Romance; Século XVIII. Everton Luís Farias Teixeira A LÓGICA DOS NOMES: PESSOA, INDIVÍDUO E A ANTROPOLOGIA DA LITERATURA EM GUIMARÃES ROSA Resumo: O presente trabalho propõe uma leitura hermenêutica da palavra de Guimarães Rosa por outras abordagens interpretativas, tais como a dos Estudos Sociais. Ligada à agenda anual do projeto EELLIP, esta comunicação adentra as narrativas rosianas A hora e vez de Augusto Matraga, inscrita em Sagarana e Grande sertão: veredas, sob a ótica da “antropologia da literatura” formulada por Roberto DaMatta em seu Carnavais, malandros e heróis, ao analisar este conto produzido pelo autor mineiro. Pela leitura desenvolvida pelo ensaísta, pode-se 112 Resumos de trabalhos observar as incursões do personagem Matraga pelas categorias antropológicas de pessoa e indivíduo, de acordo com os rituais de morte e renascimentos sociais por ele encenados. O ex-jagunço Riobaldo e as transformações de seu nome sinalizam a sua passagem pelos diversos segmentos sociais no decurso da narrativa de Grande sertão: veredas, levando o protagonista da condição de simples sertanejo a grande chefe do banditismo social mineiro. Segundo DaMatta, a dicotomia existente entre pessoa (dentro do meio social) e indivíduo (excluído das obrigações civis com a ordem) auxilia na explicação da fragilidade latente das nossas instituições sócioculturais. O objetivo deste trabalho é, portanto, examinar como a criação rosiana, por meio de uma dessacralização da matéria ficcional, estabelece um diálogo entre a literatura e a sociedade brasileira, recriando os objetos presentes na realidade factual. Assim, Guimarães Rosa, em suas obras, aproxima suas personagens de figuras históricas nacionais, como Virgulino Ferreira da Silva (o Lampião), que dentro ou fora das esferas sociais, escreveram seus nomes na cultura do país. Palavras-chave: Antropologia; Guimarães Rosa; Roberto DaMatta. Fabiana Almeida dos Santos O MARCADOR YADÏ DA LÍNGUA XIPAYA (TUPI) Resumo: O presente trabalho desenvolveu-se com o objetivo de analisar sistematicamente o morfema yadï observando seu comportamento nos contextos em que se encontram, para que pudéssemos descrever seus possíveis valores semânticosfuncionais no discurso da língua xipaya. Os estudos sobre o morfema yadï foram realizados a partir de dados retirados de textos relatados pela informante Maria Xipaya, coletados pela Profa. Carmen Rodrigues. Os resultados da pesquisa demonstraram que o comportamento desse morfema é influenciado pelo contexto em que está inserido de acordo com a intenção comunicativa do falante. Dessa forma, foram encontrados mais de um valor semântico-funcional para o morfema yadï da língua xipaya. Nesta pesquisa nos deteremos em mostrar as ocorrências de yadi em posição. Palavras-chave: xipaya; morfema; verbo dicendi. Fátima Cristina da Costa Pessoa A FORMA DE ORGANIZAÇÃO INFORMACIONAL E TÓPICA EM PERIÓDICOS EMPRESARIAIS Resumo: Apoiados em uma abordagem modular dos discursos (ROULET; FILLIETTAZ; GROBET, 2001), os trabalhos realizados no âmbito do projeto de pesquisa “Linguagem e atividades de trabalho: a comunicação corporativa” partiram de uma abordagem global na observação da organização e do funcionamento discursivos em periódicos empresariais em direção a uma abordagem pontual daquilo que os sujeitos dizem e fazem por meio dos discursos. Já foram alvos de investigações anteriores as representações praxeológicas, os quadros de ação e as estruturas operacionais que estão na base do processo de construção de sentidos dos textos que compõem os periódicos empresariais, destinados a fortalecer a relação entre empresas e clientes. A abordagem que se pretende neste atual trabalho é descrever e analisar as formas de organização informacional e tópica, buscando os índices das negociações em torno das redes conceituais construídas na interação por meio dos periódicos empresariais. Considerando-se que na interação por meio 113 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia desses suportes ocorre a conjunção entre as ações de informar e fazer consumir, a descrição e a análise das formas de organização informacional e tópica permitirão a compreensão do percurso de construção dos objetos de discurso, ao mesmo tempo que permitirão a compreensão do percurso de construção da imagem social de cada um dos participantes da interação. Como definir os objetos de discurso, como se posicionar diante deles, de que forma valorizá-los são movimentos discursivos que articulam de modo bastante complexo a formação das redes conceituas ao processo de co-construção das identidades sociais. Palavras-chave: Abordagem modular do discurso; organização informacional e tópica; periódicos empresariais. Flávia Rodrigues de Melo / Antonia Marly Moura da Silva DEVANEIO E EMBRIAGUEZ DUMA RAPARIGA: UMA ANÁLISE DA FIGURA FEMININA NO CONTO DE CLARICE LISPECTOR Resumo: O objetivo deste trabalho é apresentar uma análise do modo de representação da figura feminina em Devaneio e embriaguez duma rapariga, conto de Laços de família de Clarice Lispector. Busca, sobretudo, enfatizar a ação da personagem, destacando os papéis sociais assumidos pela mulher, bem como o conflito existencial vivido pela mulher. Nas diversas culturas, a mulher é símbolo da maternidade, além de ser vista como dona-de-casa e “rainha do lar”. Na narrativa de Clarice Lispector, é possível visualizar essa ideologia, principalmente a conflituosa relação de gêneros. No conto Devaneio e embriaguês duma rapariga, vemos, por um lado, a imagem da mulher condicionada aos valores de uma sociedade patriarcal e, por outro lado, a inquietude de quem interroga esses valores. Considerando esse recorte temático na leitura do texto lispectoriano, tomaremos como referencial básico os estudos de BRAIT (1985) e CANDIDO (1968), sobre a categoria personagem; CHEVALIER e GHEERBRANT (1992), FREUD (1996) e BRUNEL (1998) sobre o narcisismo e a simbologia do duplo, dentre outros. Os aspectos da narrativa e os elementos temáticos que sugerem a configuração da personagem mulher, enfocando os papéis que está desempenha na sociedade serão o foco de nossa análise. Palavras-chave: Clarice Lispector; papel da mulher; maternidade; sociedade. Francisca Natália Sampaio Pinheiro ATOS DE COMANDO CODIFICADOS PELO IMPERATIVO NA FALA DE PROFESSORES DE FORTALEZA-CE: UMA ANÁLISE VARIACIONISTA Resumo: Seguindo a linha da Sociolinguística Variacionista e do Funcionalismo Linguístico, fazemos uma análise do uso do imperativo associado à forma indicativa e à forma subjuntiva numa perspectiva sincrônica e real. A primeira teoria vê a língua como sistema social e heterogêneo, admitindo que, em uma comunidade de fala, existem várias formas linguísticas em variação, e que estas formas podem estar em processo de mudança; a segunda, além de se preocupar com a estrutura gramatical, busca, no contexto discursivo, a motivação para os fatos da língua, estudando a gramática associada ao uso, às situações reais de comunicação. Avaliamos dados obtidos através de amostras de fala de professores do Ensino Fundamental e Médio de Fortaleza-CE. A pesquisa tem o intuito de verificar a variação entre as referidas formas, tentando perceber que fatores condicionam a variação nos usos do imperativo no indicativo e 114 Resumos de trabalhos no subjuntivo. Na análise dos dados, foram verificados os seguintes grupos de fatores linguísticos: tipo de pronome; polaridade da estrutura (sentença afirmativa e negativa); tipos de verbo (atividade, estado, accomplishment, achievements, conforme a tipologia adotada por Vendler); presença/ausência do vocativo; menção de formas de polidez. Não foi possível controlar variáveis extralinguísticas, uma vez que os dados ainda estão em processo de coleta para uma pesquisa de mestrado em andamento. A partir da análise dos fatores linguísticos, constata-se que o uso das formas imperativas não segue a regra de formação do imperativo prescrita pela norma gramatical. Palavras-chave: Sociolinguística; Funcionalismo linguístico; imperativo. Francisco Aedson de Souza Oliveira / Antonia Marly Moura da Silva AQUELES DOIS: A REPRESENTAÇÃO DA IDENTIDADE CINDIDA Resumo: O tema do duplo é questão privilegiada desde a antiguidade clássica até a contemporaneidade, aqui poderíamos lembrar o mito de Narciso e o mito do andrógino evidenciando uma questão inquietante da condição humana: Quem sou eu? Na poética de Caio Fernando Abreu, o duplo se apresenta como forma de revelar a busca do Eu que se converte no encontro com o Outro. No caso especifico do conto Aqueles dois, integrante da obra Morangos Mofados, os personagens Raul e Saul vivenciam de maneira dramática, o esfacelamento do eu. Da cisão entre o eu e o mundo decorre a duplicidade dos personagens, apresentando indícios com a teoria do homem andrógino. Nessa perspectiva, considerando que a questão é tema recorrente no conto referido, faremos uma leitura da narrativa à luz dos estudos de CHEVALIER e GHEERBRANT (1992), ECO (1989) e BRUNEL (1998) com o objetivo de analisar a representação do duplo. No conto, os dois homens parecem querer encontrar sua alma gêmea, a complementação com aquele ser desconhecido que deseja conhecer. Em Aqueles dois, o duplo habita na estrutura narrativa revelando, através da imagem de sujeitos múltiplos e cindidos, o conflito da personalidade humana. Palavras-chave: Caio Fernando Abreu; Aqueles dois; Duplo; Personagens. Francisco Alves Filho REFERENCIAÇÃO E GÊNEROS DO DISCURSO: O QUE UM TEM A VER COM O OUTRO? Resumo: Os estudos sobre referenciação têm oferecido contribuições bastante importantes para a compreensão dos fenômenos sócio-cognitivos ligados à produção e compreensão de textos e discursos, como a fabricação de referentes, o caráter argumentativo velado das expressões referenciais, o conhecimento enciclopédico requerido do interlocutor. No entanto, muitas dessas contribuições possuem um caráter muito geral, subjazendo tacitamente a elas a tese de que a referenciação poderia se manifestar de igual modo independentemente do gênero do discurso aos quais os enunciados pertencem. Visando apresentar contribuições para o problema acima mencionado, o objetivo desta comunicação é elencar as restrições impostas e as possibilidades estimuladas pelos gêneros do discurso para as estratégias de referenciação. Faz-se uma análise contrastiva de enunciados dos seguintes gêneros do discurso: fábula, editorial, notícia e conto infantil. Foi possível perceber que, de fato, os gêneros do discurso orientam o trabalho de referir dos locutores indicando estratégias obrigatórias e facultativas. A análise contrastiva também evidencia que 115 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia os processos referenciais contribuem para caracterizar as convenções genéricas (dos gêneros), de modo a se poder dizer que os gêneros do discurso são o que são também pelo fato de marcarem a opção e/ou a recusa por certos processos referenciais. Palavras-chave: referenciação; gêneros do discurso; enunciado concreto. Francisco Ednardo Pinho dos Santos TRAÇOS CATEGORIAIS NA PREDICAÇÃO E PADRÕES DE ADEQUAÇÃO EXPLANATÓRIA DA GRAMÁTICA FUNCIONAL Resumo: A Gramática Funcional (GF) de Dik (1997) descreve a oração por meio de uma estrutura subjacente em camadas, em que são contemplados aspectos morfossintáticos, semânticos e pragmáticos. Na primeira dessas camadas, a da predicação nuclear, o ponto de partida é uma estrutura de predicado que especifica quantitativa e qualitativamente a grade argumental do predicado. Vemos, pois, que a teoria, no tratamento dos aspectos representacionais e morfossintáticos da frase, é largamente tributária de estudos clássicos em teoria da valência. É dessa opção teórica que trataremos neste trabalho, naturalmente limitados a alguns aspectos. Inicialmente, apresentamos a proposta de descrição da oração da GF e discutiremos a necessidade de associar valência lógica e semântica a classe vocabular. Admitimos que a estrutura de predicado, em seus aspectos ideacionais, é determinada pela parte lexical do item vocabular, sendo de importância secundária sua classe ou Tipo. Em seguida, procuramos demonstrar que essa possível revisão na abordagem da predicação pode contribuir com os padrões de adequação explanatória da GF, quais sejam, a adequação tipológica, psicológica e cognitiva da teoria gramatical. Veremos, ainda, como a distinção entre o morfossintático e o representacional na predicação é coerente com a Gramática Funcional do Discurso (HENGEVELD, 2004), assentada justamente na modularidade hierarquizada dos níveis interpessoal, representacional e estrutural. Acreditamos, assim, contribuir com a discussão sobre o tratamento da predicação como processo básico de constituição do enunciado de maneira tipológica, psicológica e pragmaticamente adequada. Palavras-chave: Gramática Funcional; predicação; teoria da valência. Francisco Ewerton Almeida dos Santos COLAGEM, SUBVERSÃO E ANTROPOFAGIA NO ROMANCE GALVEZ IMPERADOR DO ACRE, DE MÁRCIO SOUZA Resumo: O presente projeto aborda o romance Galvez Imperador do Acre, lançado em 1976 pelo amazonense Márcio Souza, observando a maneira parodística como o mesmo retoma a Belle Époque e a extração do látex na Amazônia e sua estética fragmentária, constituída de diversas citações de autores canônicos, investigando, assim, o funcionamento da paródia e colagem antropofágicas como principais ferramentas de crítica e subversão ao processo cultural de importação de valores europeus vivido pelas capitais amazônicas. Palavras-chave: Galvez Imperdor do Acre; antropofagia; colagem. Francisco Osvanilson Dourado Veloso O TERRORISMO QUADRO A QUADRO: ANÁLISE MULTIMODAL DE HQS PÓS 11-9 Resumo: Este trabalho tem como objetivo investigar as representações dos eventos e participantes envolvidos nos ataques às torres do World Trade Center, em Nova 116 Resumos de trabalhos Iorque, em 11 de setembro de 2001. O corpus da pesquisa é composto de histórias em quadrinhos (HQs) publicadas pelas editoras Marvel e DC Comics, a partir de 11/09/2001. Haja vista que HQs constroem significados através de linguagem visual e verbal, adota-se neste trabalho uma abordagem multimodal (Kress & van Leewen, 2001) dos dados, considerando a função ideacional da linguagem (Halliday & Matthiessen, 2004) como foco de interesse para verificar o processo de construção da realidade nos textos. A dimensão social da análise é discutida com base na Teoria da Estruturação (Giddens, 1984), conforme sugerido por Meurer (2004, 2006). Os resultados revelam que a narrativa das HQs tendem a dispor de questões complexas de maneira simplista e maniqueísta, promovendo um apagamento da História e limitando a possibilidade de discussões mais profundas acerca das ações que tornaram os eventos de 11-9 possíveis. Palavras-chave: Multimodalidade; Linguistica Sistêmico-Funcional; História em Quadrinhos; Terrorismo. Francisco Rafael Silva Barros O PROCESSO TRADUTÓRIO: AS TRADUÇÕES DE ORLANDO PARA O PORTUGUÊS Resumo: O presente estudo analisa o processo de tradução do romance Orlando – A Biography (1928), da escritora moderna britânica Virginia Woolf, que, para o contexto brasileiro, gerou dois romances com o mesmo título. Mas essas traduções são divididas por diferentes épocas e tradutores. O título Orlando foi primeiramente publicado em 1948, traduzido pela consagrada poetisa (ou “poeta”, como gostava de ser chamada) Cecília Meireles e, posteriormente, em 1994, pela tradutora Laura Alves. A escritura de Orlando (1929) acarreta em sua tecitura, além do estilo psicológico da autora, vários conceitos e questões estilísticas de Woolf como a descrição de elementos biográficos (que foi o gênero escolhido por ela para guiar-se na estória – A Biography), inclusive sobre a evolução histórico-literária inglesa. Analisa-se o processo de escrita da tradução em ambas as épocas e a recepção de cada texto, mas, principalmente, busca-se responder a indagações tais como: o porquê da existência de duas traduções, por dois tradutores diferentes, da mesma obra? E qual o efeito nos dois diferentes momentos históricos do público brasileiro à leitura dos textos? Para tanto, utilizam-se os conceitos de “reescritura” de Lefevere (1992) e de tradução como agente político e formadora de identidades estrangeiras de Venuti (2002). Os resultados apontam para a domesticação dos dois textos em diferentes âmbitos: a de Meireles, uma domesticação estilística, onde a autora reconstrói o texto woolfiano dentro de uma estética poética brasileira, comparável, por exemplo, aos textos de Clarisse Lispector; e o de Laura Alves uma domesticação estrutural, onde a tradutora adapta a sintaxe e o vocabulário do texto, dando-lhe um aspecto menos fluente em língua portuguesa. Palavras-chave: tradução; literatura; domesticação/estrangeirização. Francisco Wellington Borges Gomes PERCEPÇÕES DISCENTES SOBRE DISCIPLINAS ON LINE EM CURSOS PRESENCIAIS Resumo: Atualmente, os recursos oferecidos pelas tecnologias digitais não só viabilizam, mas, principalmente, incentivam propostas de ensino menos centradas 117 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia no professor e mais voltadas para a interação e o diálogo. A internet, por exemplo, além de possibilitar a comunicação à distância, fornece ferramentas técnicas e pedagógicas que facilitam a produção de conhecimento colaborativo à medida que alunos interagem em ambientes virtuais de aprendizagem. Consequentemente, no âmbito do ensino universitário, tais ambientes de aprendizagem vêm sendo cada vez mais usados com resultados bastante positivos, especialmente na motivação dos alunos e na qualidade das interações entre estes e os professores. Entretanto, poucas pesquisas sobre o uso da internet e ambientes virtuais consideram as percepções que os alunos têm sobre os mesmos. Este trabalho visa apresentar uma investigação sobre as percepções acerca de uma disciplina on line por um grupo de alunos do curso de letras da Universidade Federal do Piauí (UFPI), matriculados em cursos presenciais regulares. Os resultados obtidos indicam percepções predominantemente positivas, especialmente no que diz respeito à motivação e à qualidade das interações on line, embora percepções negativas, principalmente aquelas relacionadas ao nível de letramento digital, também estejam presentes. Palavras-chave: Percepções; Ensino mediado por computador; Linguagem e Tecnologia. Gabriela Delia Leighton LA INTERPRETACIÓN, EL MAPEO PRAGMÁTICO Y LA CONNOTACIÓN EN LA ENSEÑANZA DE ESPAÑOL COMO LENGUA 2DA. Y EXTRANJERA EN ZONAS DE VULNERABILIDAD SOCIAL Resumo: Abordando la enseñanza de lengua a través de la literatura, haré referencia al área del Partido de San Martín. En el Programa de Español como Lengua Segunda y Extranjera de la UNSAM, más de la mitad de los alumnos no ha terminado su educación secundaria; esto nos insta a postular un nuevo modelo de enseñanza que presentaré, seguido de un ejemplo real de aula. Luego de pasar revista a algunas de las muchas investigaciones que se están realizando sobre la enseñanza de lengua a través de la literatura, haré referencia en mi trabajo al área donde se encuentra mi Universidad: el Partido de San Martín. Aunque lo desarrollaré más adelante, se me hace necesario considerar que muchas zonas del Partido son consideradas de vulnerabilidad social, y en el Programa, que enseña a adultos desde los 18 años, más de la mitad de los alumnos no ha terminado su educación secundaria. Esto necesariamente condiciona el universo simbólico de los futuros alumnos de nuestros egresados, y su sistema de representación también se ve afectado. Es necesario, entonces, postular métodos que se adapten a este alumno con el que tenemos que trabajar, inmigrante más o menos reciente, que necesita ferozmente aprender español para conseguir empleo y que tiene un nivel de análisis mucha veces muy deficiente. Voy a postular entonces un modelo de enseñanza de lengua a través de la literatura para alumnos de zonas vulnerables socialmente, seguido de un ejemplo real de aula. Palavras-chave: Español como Lengua Segunda y Extranjera; Vulnerabilidad Social; Nuevos modelos de enseñanza. Genésio Seixas Souza ASPECTOS TOPONÍMICOS EM NOTÍCIA DO BRASIL, DE GABRIEL SOARES DE SOUSA Resumo: O trabalho pretende um breve demonstrativo dos registros toponímicos inscritos no manuscrito quinhentista Notícia do Brasil, de Gabriel Soares de Sousa, 118 Resumos de trabalhos sendo o corpus constituído de 270 capítulos segmentados em duas partes, onde na Parte I, um <> sobre a costa do Brasil, apresentar-se-á, brevemente, alguns elementos lexicais representativos da toponímia de origem portuguesa e indígena. Tendo o Roteiro Geral com largas informações de toda a costa que pertence ao Estado do Brasil e a descripção de muitos lugares della especialmente da Bahia de Todos os Santos um vasto campo semântico que, no escopo do inventário lexicográfico, abarca as múltiplas denominações onomásticas no que tange às especificações do delineamento geomórfico da linha costeira marítima da Carreira do Brasil, validam a obra notável de Gabriel Soares, tida como a “enciclopédia do século XVI”. A compilação dos dados registrados, que compõem o glossário, mostra um pequeno recorte da minha tese de doutoramento, que objetiva destacar, confrontar e comentar a passagem de um designativo comum de língua à categoria de topônimo, como resultado de um mecanismo espontâneo de nomeação, embora motivado externamente pelas conjunções do meio. Buscando uma metodologia que comporte um ordenamento através das taxeonomias toponímicas, utiliza-se os geomorfotopônimos, designação em que se acham situadas as formações litorâneas, dado à natureza do códice em estudo e da terminologia específica dos acidentes geográficos assinalados. Perseguindo a mudança toponímica que possa ser identificada através de uma interface entre o séc. XVI e o momento atual, procurarse-á situar no Tratado e nos documentos cartográficos dos séculos posteriores, todas as substituições que se efetivaram no decorrer dos séculos, seja no escopo roteirístico do códice, seja na descrição da gênese da cidade da Baía, abordagens intervenções centradas em uma perspectiva histórico-diacrônica. Palavras-chave: Linguística Histórica; lexicografia; toponomástica. Geraldo Magella de Menezes Neto CORDEL E ORALIDADE NO PARÁ NO PERÍODO DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL Resumo: O presente trabalho analisa a importância da literatura de cordel como fonte de informação das camadas populares acerca dos acontecimentos da Segunda Guerra Mundial. Para a análise será considerada a relação oral/escrito, já que a leitura dos folhetos de cordel era realizada na maioria das vezes de uma forma coletiva, em um período onde a taxa de analfabetismo era elevada. A estrutura narrativa dos folhetos, em forma de poesia, facilitava a compreensão e memorização acerca dos assuntos tratados, sendo o cordel um mediador entre o oral e o escrito. As fontes utilizadas são os folhetos de cordel produzidos pela editora Guajarina, editora de maior sucesso no norte do Brasil na primeira metade do século XX, folhetos que estão disponíveis no acervo Vicente Salles do Museu da UFPA, e os jornais da época da guerra. Palavras-chave: Literatura de cordel; Oralidade; Segunda Guerra Mundial. Gerliane Andrade Pereira O PODER DA PALAVRA: NARRATIVAS MÍTICAS SOBRE FREI HERMES EM CAPANEMA- PA Resumo: O presente trabalho constitui um breve relato de experiências sobre minha pesquisa, ainda em andamento, acerca das narrativas orais sobre o religioso capuchinho Frei Hermes, ao qual se tem atribuído diversos acontecimentos sobrenaturais, que vão desde ao rogo de maldições e profecias até ao suposto controle de fenômenos 119 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia naturais, como a chuva. Tais narrativas orais, correntes na cidade de Capanema-PA, constituem relatos de caráter mítico, visto que, mesmo após a morte de Frei Hermes, ainda exercem um poder coercitivo no quotidiano dos moradores da cidade. Palavras-chave: Narrativas; Mito; Memória; Oralidade: Frei Hermes. Germana Maria Araújo Sales O MAPA DO ROMANCE NA BELÉM DO SÉCULO XIX Resumo: O hábito de ler romances estava presente no cotidiano dos leitores no século XIX brasileiro. Essa experiência pode ser comprovada tanto nas páginas das obras escritas e publicadas nessa época, cujos enredos registram a presença de leitores, leitoras e livros, como nos anúncios de vendas de livros em jornais do século, que evidenciam, em especial, o comércio de romances. Ler romances, de fato, constituiu uma febre nacional nos anos oitocentos e essa prática não ficou localizada apenas na capital do Império ou nas vizinhanças. Ao Norte, na capital da província do Pará, o mapa da leitura de ficção também tomou proporções significativas, fato confirmado, principalmente, pelos reclames do comércio livreiro recorrentes nas principais folhas periódicas da cidade. Dessa maneira, este trabalho tem como objetivo apresentar as obras que foram noticiadas nos jornais de Belém, na segunda metade do século XIX, assim como comparar em que medida os livros aqui divulgados equivaleram-se às obras que circularam na Corte, no mesmo período. Palavras-chave: Romances; comércio livreiro; folhas periódicas. Gessiane Lobato Picanço CONSOANTES PARCIALMENTE NASALIZADAS EM TUPI Resumo: Na maioria das línguas Tupi, oclusivas orais e nasais exibem várias variações alofônicas. Elas podem ser realizadas como nasais plenas, nasais parcialmente oralizadas (pré- ou pós-oralizadas), oclusivas orais parcialmente nasalizadas, ou simplesmente, oclusivas orais. Neste estudo, uma comparação de alofones parcialmente nasais é elaborada para 16 línguas Tupi, com base em seus aspectos fonéticos. O objetivo principal é determinar até que ponto esses sons são foneticamente distintos uns dos outros nas várias línguas Tupi ou, contrariamente, até que ponto alofones correspondentes dividem semelhanças fonéticas em línguas diferentes. As línguas examinadas são as seguintes: Awetí, Gavião, Salamãy, Suruí, Mundurukú, Kuruaya, Karo, Makurap, Ayuru, Tupari, Tenharim, Parintintin e Tembé. Essa investigação demonstra que há muito mais envolvido na produção de consoantes nasais em Tupi do que tem sido observado até o momento. Palavras-chave: Línguas Indígenas; Tupi; Consoantes Nasais; Fonética Acústica. Giane da Silva Mariano Lessa ORALIDADE E ESCRITA NA NUEVA CORÓNICA Y BUEN GOBIERNO DE FELIPE GUAMÁN POMA DE AYALA – UM GÊNERO QUE EMERGE NAS DOBRAS DA CONQUISTA DA AMÉRICA Resumo: Este estudo pretende mostrar algumas características do desenvolvimento e da criação da Nueva Corónica y Buen Gobierno, de Felipe Guamán Poma de Ayala. Trata-se de uma crônica alternativa às crônicas de autores europeus, escrita 120 Resumos de trabalhos por um índio ladino, que ao longo de sua vida, foi intérprete, escrivão, informante etc., viajando por todo o reino, compilando as narrativas orais de diversos povos, cumprindo também o papel de etnógrafo. Ao escrever do lugar de indígena, oferecendo-nos uma descrição densa das práticas culturais indígenas e mudando a perspectiva dos objetivos unicamente pessoais para a perspectiva das necessidades coletivas, Guamán Poma interferiu no conteúdo do gênero crônica, alterando-o e nele instaurando outra contingência ideológica. Para cumprir sua tarefa, o autor andino se apropriou de vários tipos de discurso que circulavam na colônia e inseriu desenhos, feitos por ele, mesclando iconografia cristão e iconografia andina, com o objetivo de reivindicar justiça e a implementação do que poderia vir a ser um bom governo. Além disso, inseriu em sua obra glossas de mais de nove línguas nativas, chamando a atenção para a diversidade cultural do mundo andino. Ao fazê-lo, Guamán Poma inaugurou um gênero híbrido que, acima de tudo, representou um ato de resistência e subversão à ordem colonial que se estabelecia. Palavras-chave: oralidade; escrita; diversidade cultural; resistência; poder. Gilmar Ferreira de Souza Filho O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA PARA ALUNOS COM SURDEZ: UMA PROPOSTA INCLUSIVA Resumo: O presente trabalho tem por intuito discutir, numa perspectiva inclusiva, a importância do profissional de Letras no ensino do aluno com surdez, principalmente quando tratamos do ensino de língua materna como segunda língua para esses. O trabalho trata do histórico da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), passando por tendências subjacentes à educação de pessoas com surdez e pelos mais recentes métodos de ensino para essas. O trabalho busca ainda evidenciar todo o processo de educação de alunos com surdez por meio do Atendimento Educacional Especializado (AEE) – Proposto pelo Ministério da Educação/MEC – e suas etapas de funcionamento e de aplicação nesse âmbito que são o AEE em LIBRAS na Escola Comum, o AEE para o ensino de LIBRAS e o AEE para o ensino de Língua Portuguesa, tendo em vista a necessidade de um planejamento, organização didática do espaço educativo e todas outras ferramentas mais que auxiliarão/facilitarão esse trabalho de inclusão do aluno com surdez em sala de aula comum, facilitando, assim, sua escolarização. Palavras-chave: atendimento educacional especializado; língua portuguesa; aluno com surdez. Gilmara dos Reis Ribeiro LÍNGUA PORTUGUESA COMO UMA LÍNGUA ESTRANGEIRA: REFLEXÕES DE UMA EXPERIÊNCIA COM UM ALUNO INDIANO Resumo: O presente artigo aborda a experiência da aplicação do ensino de língua portuguesa, para um aluno indiano, fazendo uma reflexão sobre possíveis abordagens adotadas para essa aplicação, em um curto período de dois meses de aula. A importância desse artigo dá-se por tecer possíveis vieses entre a teoria aprendida no Curso de Licenciatura em Letras e a prática do ensino de Língua Portuguesa, como uma língua estrangeira. Palavras-chave: Língua Portuguesa; Estrangeiro; Ensino; Abordagem; Reflexão. 121 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Gilson da Conceição Vitor Farias CICLO DA CASTANHA E LATIFÚNDIOS DA AMAZÔNIA EM SAFRA, DE ABGUAR BASTOS Resumo: O ciclo da borraccha na Amazônia acabou no início do século XX e deu lugar ao Ciclo da csatanha, tempo em que os donos de castanhais ganharam muito dinheiro com a venda do produto aos mercados internacionais. Porém o pequeno extrativista estva ligado a uma interminável dívida ao dono do latifúndio do lugar onde trabalhava. Abguar Bastos, escritor paraense não muito conhecida pelo grande público mas de vasta obra na Literatura Brasileira, publicou em 1937 o romance Safra, narrativa que focaliza a época dos altos lucros dados pela extração da castanha e mostra a situação do coletor deste produto subjugado pela realidade local, onde os latifundiários impunham suas leis e se tornavam donos das pessoas daquele lugar. Por isso o trabalho pretende observar como a questão do latifúndio é apresentada na obra e a relação de compra e venda das castanhas entre os donos de terra e seus empregados. Palavras-chave: Literatura; Ciclo da castanha; Latifúndio; Amazônia. Girlene Lima Portela LER PARA COMPREENDER; ESCREVER PARA INTERAGIR: O PAPEL DOS PROCESSOS E DAS ESTRATÉGIAS DE ESCRITA NO ENSINO-APRENDIZAGEM Resumo: A produção escrita pode ser comparada a uma resolução de problemas, visto que, quando lemos e escrevemos, estamos exercitando nossa apreensão do mundo e, consequentemente, ampliando nossa capacidade de armazenar e recriar informações. Para melhor entender a tarefa da escrita, nos apoiamos nos postulados propostos por diferentes correntes teóricas, a saber, a psicologia cognitiva, a didática da escrita e a linguística textual, pois estas visam, dentre outros objetivos, desvendar os mecanismos mentais do sujeito, as etapas, os processos e as estratégias de escrita. Tais correntes serviram de base à nossa pesquisa, no sentido em nos guiaram buscando responder às questões que orientaram nosso estudo desenvolvido em duas escolas públicas de Feira de Santana-BA. Durante as etapas da pesquisa, buscávamos compreender, dentre outros aspectos, a maneira como os escritores concebiam os processos cognitivos e seus sub-processos, assim como as estratégias implicadas no ato da escrita. Além desses aspectos, pretendíamos conhecer como se dava a interação entre escritor/ leitor. Após a etapa diagnóstica do nosso estudo, estimulamos a troca entre os pares para a valorização das experiências plurais de cada ator implicado na pesquisa, na fase da intervenção. A fim de alcançarmos nossos objetivos, utilizamos o método da observação direta e indireta, a fim de melhor compreendermos o comportamento dos sujeitos. Nesse contexto, o presente texto sugere, a partir dos resultados obtidos ao longo do estudo empreendido, uma proposta de melhoria do trabalho do professor e, consequentemente, da qualidade dos textos dos nossos alunos. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de escrita; processos; estratégias. Giselda da Rocha Fagundes RAP: O MOVIMENTO DE REAÇÃO DO NEGRO NA SOCIEDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA Resumo: O rap de protesto, produzido na periferia, é o elemento do Hip Hop que mais utiliza o material verbal em sua composição, nesse sentido, a análise de sua estrutura revela, além do conteúdo político-ideológico, uma forma de identificar 122 Resumos de trabalhos e valorizar a história e a realidade cultural do povo afro-brasileiro. Além disso, o rap configura-se como um gênero que muito bem ilustra a interação verbal, pois a linguagem se apresenta como um ato social pelo qual os membros de uma sociedade interagem. Com base na teoria dos gêneros da Mikhail Bakhtin, algumas letras de rap nacionais foram analisadas visando identificar, por meio dos elementos linguísticos e estratégias discursivas, como a carnavalização, de que forma se apresenta a imagem social no negro na atualidade, acentuando os ideais que determinam o rap como principal agente conscientizador do Movimento Hip Hop. Palavras-chave: negro; rap; carnavalização. Glaciane Felipe Serrão O ETHOS NO DISCURSO AMBIENTAL SOBRE A AMAZÔNIA: UMA ABORDAGEM DA REVISTA ATITUDE DA VALE Resumo: A questão do meio ambiente tem sido foco de debate na sociedade. Consequentemente, cada vez mais, grandes empresas com altos índices de impacto ambiental têm se preocupado e investido em sua imagem perante a sociedade, de forma a garantir a sua atuação. Isso posto, este trabalho visa compreender o processo de construção do ethos a partir do discurso de “responsável ambiental” empreendido pela Companhia Vale do Rio Doce (CVRD) em sua revista virtual, a Atitude, por meio de reportagens e propagandas que tem como enfoque a Amazônia. Para tanto, esta proposta tem como escopo os postulados da Análise do Discurso de linha francesa, em particular, as contribuições do linguista Dominique Maingueneau. Palavras-chave: Ethos; discurso; Amazônia e responsabilidade ambiental. Greice da Silva Castela O CHAT NO ENSINO-APRENDIZAGEM DE ESPANHOL PARA UNIVERSITÁRIOS: ESTRATÉGIAS E POSSIBILIDADES Resumo: Esse relato de experiência constitui um breve recorte de minha investigação de mestrado defendida na UFRJ. Indagamos aqui quais são os recursos e estratégias utilizadas por estudantes de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) na interação em um Chat espanhol com hispano-hablantes. A escolha do corpus se justifica por ser um intercâmbio comunicativo real na língua meta, na qual os estudantes não costumam ser inseridos ao longo da graduação e que exige rapidez na compreensão e na escrita das mensagens, o que contribui para a prática na língua alvo. Analisamos a interação em espanhol de onze universitários do sexto semestre na graduação em Letras (Português-Espanhol) em uma universidade pública no Rio de Janeiro com participantes de um canal Amistad de um chat espanhol. O questionário aplicado ao final da interação revelou que os estudantes, por unanimidade, consideram que os graduandos em Letras devem ter contato com esse tipo de interação. Palavras-chave: chat; estratégias interacionais; espanhol como língua estrangeira. Greice da Silva Castela ESTRATÉGIAS DE LEITURA HIPERTEXTUAL ON LINE EM UMA AULA DE ESPANHOL COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA Resumo: Este trabalho constitui um breve recorte da investigação de doutorado em Letras Neolatinas que desenvolvo na UFRJ. Nesse artigo enfocaremos as estratégias de 123 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia leitura e interacionais utilizadas por estudantes de Espanhol como Língua Estrangeira (E/LE) durante uma aula presencial voltada para a leitura on line de hipertextos eletrônicos em um Centro de Estudos de Línguas Estrangeiras Modernas (CELEM) no oeste do Paraná. Consideramos que a concepção de leitura que os alunos possuem e presente no questionário elaborado pela docente sobre os hipertextos a serem lidos assim como a maneira como a docente conduziu a atividade contribuíram para o uso das estratégias observadas na aula gravada. A análise do corpus é realizada a partir de um embasamento teórico sobre concepções de leitura, hipertexto e utilização de novas tecnologias no ensino. Palavras-chave: leitura on line; estratégias; espanhol como língua estrangeira. Gustavo Biasoli Alves MEMÓRIA E PROJETOS POLÍTICOS: OS CONSELHOS GESTORES MUNICIPAIS: HISTÓRIA, TEXTO E CONTEXTO NA TRÍPLICE FRONTEIRA Resumo: Discute-se as concepções de sociedade civil, papel, modelo de Estado, participação e cidadania nos discursos de Conselheiros Gestores focando a memória das lutas pela redemocratização na construção destes conceitos. O foco é o papel que a memória desempenha no embate entre projetos políticos (neoliberal e democráticoparticipativo) que têm ressonância nos Conselhos. O estudo tem por base a memória discursiva, e também os conceitos de momento, elemento e articulação formulados por Laclau e Mouffe. As perguntas e hipóteses que nos guiam são: Que conhecimento tem os conselheiros sobre o passado e como o significam? Como concebem Sociedade Civil, Estado, democracia e participação? Qual o papel da memória aí? Considera-se que o posicionamento dos conselheiros será articulado por elementos do passado e que estarão presentes resignificações dos projetos em disputa onde o passado é presente. Como há transito de membros entre Sociedade Civil e Estado nos Conselhos, há também a possibilidade que o discurso do Conselheiro mude conforme a posição ocupada por este. Os estudos veem confirmando as hipóteses e também apontando aspectos não cobertos pela pelas pesquisas, como por exemplo o papel da mídia e o fato de que a sociedade civil da época tem sido tida pelos conselheiros mais antigos como fonte de informação, o que não acontece hoje nos Conselhos. Palavras-chave: memória; projetos políticos; conselhos gestores; discurso; sociedade civil; participação; fronteira. Gustavo Cândido Pinheiro O PRECONCEITO E AS CONSTRUÇÕES DOS SENTIDOS DA VIOLÊNCIA NO REPENTE Resumo: Este trabalho é parte de um projeto de pesquisa mais amplo intitulado As construções dos sentidos da violência nas práticas culturais do Sertão Central do Ceará que pretende investigar as práticas discursivas e práticas sociais do preconceito e da violência vivenciadas no referido local. Nosso objetivo é analisar os processos semântico-discursivos de nomeação e designação de gênero, para entender como a prática cultural do repente reifica sentidos para as formas de violência cotidiana. Neste trabalho, pretendo explorar a nomeação e designação de gênero em uma abordagem tridimensional do discurso e tentar perceber as identidades que são dadas discursivamente para homens e mulheres, explorarei também a pragmática levando 124 Resumos de trabalhos em consideração os atos de fala que corporificam a violência, naturalizando ideologias machistas. Farei também uma relação da analise do discurso com as ciências sociais, com base principalmente no contexto da modernidade tardia em que o sujeito pôsmoderno, conceptualizado como não tendo uma identidade fixa essencial ou permanente (HALL, 1997). A pesquisa utiliza o aparato teórico-metodológico a Pragmática (WITTGENSTEIN, 1989) e a Análise do Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 1992, 2003). Os dados coletados até o momento mostram que a linguagem das práticas culturais em questão corporificam a violência através dos atos de fala de nomeação e designação, tais como: “cabra macho como eu por essas bandas não há igual”, “no meu terreiro quem canta de galo sou eu”. Essas designações constroem e reivindicam identificações tradicionais legitimando ideologias machistas e preconceituosas onde diversas formas de violência são corporificadas, contribuindo para a formação das relações sociais de poder. Palavras-chave: Discurso; Identidade; Violência; Preconceito. Hein Van Der Voort POSSESSIVE EXPRESSIONS IN THE SOUTHWESTERN AMAZON Abstract: The Southwestern region of the Amazon river basin, which covers the Bolivian and Brazilian sides of the Guaporé, Mamoré and Upper Madeira rivers, is one of the world’s linguistically most diverse places. The region harbours representatives of seven linguistic stocks, including Arawak, Chapacura, Macro-Jê, Nambikwara, Pano, Tacana and the majority of the branches of the Tupi linguistic stock. Furthermore twelve language isolates or unclassified languages are spoken in the region. Kwazá is a language isolate spoken by approximately 25 people in the Southwestern Amazon. In this presentation I will sketch the types of adnominal possessive expression found in Kwazá and discuss the similarities with possessive expressions in a genetically and typologically diverse selection of other languages of the region: Aikanã (isolate), Arikapú (Macro-Jê), Baure (Arawak), Kanoê (isolate), Latundê (Nambikwara), Mekens (Tupí) and Wari’ (Chapacura). Two main types of adnominal possessive strategies were encountered, both expressed in a wide range of different varieties. Type I is characterised by the occurrence of a general possessive element that is attached to the possessor. It forms the standard possessive construction in Aikanã, Kanoê and Kwazá. Type II is characterised by the attachment of possessor agreement morphemes or person markers to the possessum. This is the standard possessive construction in Arikapú, Baure, Latundê, Mekens and Wari’. In addition to these structural types, I will discuss (in)alienability effects and the different roles of classifiers. Given that languages discussed here belong to different families, explanations for similarities probably are either found in universals or in areal diffusion. Key words: Possessives; Guaporé region; Areal diffusion. Heraldo Maués RELIGIÃO E MEDICINA POPULAR NA AMAZÔNIA: A ETNOGRAFIA DE UM ROMANCE Resumo : Utilizando os dados de um romance de Dalcídio Jurandir ambientado na ilha do Marajó e considerando, também, a experiência de pesquisa de campo do autor sobre catolicismo popular e pajelança na região do Salgado, no estado do Pará, 125 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia o artigo pretende construir uma breve etnografia a respeito dos principais aspectos religiosos daquela ilha, na primeira metade do século XX. Tal tentativa, além de uma justificativa teórica, que estabelece um vínculo entre antropologia e literatura, devese à relativa carência de estudos sobre o tema no Marajó, locus de grande importância para se entender tais crenças e práticas populares, já estudadas por outros estudiosos em várias sub-regiões da Amazônia. Palavras-chave: Dalcídio Jurandir; ilha do Marajó; Amazônia; religião popular; pajelança. Herciliza Maria Celso de Castro DISCIPLINA PEDAGÓGICA COMO FERRAMENTA PARA A FORMAÇÃO ESPECÍFICA (LEITURA E PRODUÇÃO TEXTUAL) DO PROFESSOR DE LÍNGUA MATERNA Resumo: Este trabalho tem por objetivo relatar o impacto da disciplina pedagógica como ferramenta para a formação específica, no caso, leitura e produção textual do futuro professor de língua materna. Exercemos a função docente em uma universidade particular de Belém (PA), ministrando disciplinas da área pedagógica em cursos de formação de professores e vimos percebendo a dificuldade dos alunos em ler com entendimento os textos acadêmico-científicos trabalhados na disciplina. Esse problema não é restrito aos acadêmicos em formação, como também, está presente nos demais níveis de ensino da Educação Básica e Superior, como nos relata a mídia, ao falar do desempenho de alunos em diversos exames nacionais como o Exame Nacional de Ensino Médio (ENEM) entre outros. O estudo foi realizado com alunos universitários que cursam o terceiro semestre do Curso de Língua Portuguesa de uma universidade particular do Pará, através de suas anotações em diários de aprendizagem, no decorrer das aulas da Gestão da Sala de Aula. Ancoramos a pesquisa no diálogo com alguns autores que abordam a temática sobre leitura, produção textual, letramento e uso do diário, como instrumento para o autoconhecimento e, também, nos pressupostos teóricos na construção do conhecimento dentro da perspectiva sócio-interacionista e discursiva. A metodologia adotada na pesquisa foi do tipo qualitativa, de natureza etnográfica e de cunho interpretativista. Dessa maneira, os diários de aprendizagem foram instrumentos metodológicos bastante coerentes na formação dos futuros professores, pois foram eles, os grandes responsáveis pelo estudo em sala de aula, ou seja, o meu corpus de pesquisa. Palavras-chave: disciplina pedagógica; formação do professor; diário. Herodoto Ezequiel Fonseca da Silva / Márcio Oliveiros Alves da Silva ENSINO DE LÍGUA MATERNA: TRABALHANDO O FAZER E O APRENDER DAS NOVAS TECNOLOGIAS EDUCACIONAIS Resumo: Esta seção de comunicação tem como objetivo propor o termo Tecnologia Educacional não apenas como instrumento (ferramenta), mas também como procedimento (modo de fazer e aprender) por meio da divulgação das ações do grupo de estudo e de trabalho (UFPA) que trata das novas tecnologias da comunicação e informação no processo de ensino-aprendizagem de língua materna de acordo com o contexto amazônico. Dentre os recursos tecnológicos investigados (televisão, rádio, jornal), observa-se o computador que disponibiliza a rede mundial de informação (Internet) que, por sua vez, oportuniza o procedimento de ensino da Webquest (DODGE, 126 Resumos de trabalhos 1995; ABAR & BARBOSA, 2008). Outro dado importante é a nova formação que os graduandos de Letras vêm tendo por meio da disciplina Recursos Tecnológicos no Ensino do Português, resultando em orientação de TCC. O grupo de estudo e de trabalho, por fim, terá um projeto de experimentação pedagógica a ser executado em escola pública de Belém para concretizar o Programa FORTALECER (SEDUC-PA – UFPA). Palavras-chave: Tecnologias Educacionais; Formação de Professores; Ensino de Língua Materna. Iandra Fernandes Pereira Caldas OS MÚLTIPLOS ECOS DE NARCISO NO CONTO LAÇOS DE FAMÍLIA, DE CLARICE LISPECTOR Resumo: A sondagem interior é sem dúvida o drama das personagens de Clarice Lispector. “Quem sou?” é um questionamento recorrente nos contos integrantes de Laços de família (1960), constituindo-se um dos principais viés da matéria ficcional. O interesse pela problemática existencial representada na ficção lispectoriana, constitui, entretanto, apenas um aspecto de um vasto universo crítico. A experiência da identidade, atrelada a da alteridade, fundamenta o suporte místico e mítico expresso em sua obra. Nesta perspectiva, o objetivo deste trabalho é analisar os possíveis ecos do mito de Narciso no conto Laços de Família, parte da coletânea homônima, por reconhecermos nesta obra a expressão de sujeitos narcísicos, fragmentados e estilhaçados. Trata-se de um enfoque crítico-analítico que tenta sublinhar algumas questões teóricas sobre o mito de Narciso, tomando como referência a perspectiva do narcisismo moderno. Na leitura pretendida, busca-se a figurativização do mito de Narciso, a partir de imagens e metáforas que configuram o tema do duplo. O propósito é identificar o modo de representação de personagens que se entrelaçam, mas, não se reconhecem; portanto, configuram-se como personagens marcadas por um narcisismo mal resolvido, sujeitos que não enxergam o outro com quem se relacionam e não têm consciência de sua imagem refletida e das máscaras e papéis que representam na sociedade. Palavras-chave: Clarice Lispector; Laços de família; mito de Narciso; duplo; identidade. Idalia Morejón Arnaiz NATIVOS EXCÉNTRICOS: LITERATURA CUBANA Y SUBVERSIÓN DE LA NACIONALIDAD Resumo: Si bien la literatura cubana de los últimos cincuenta años cuenta con un vasto expediente de historias de arraigo y/o desarraigo producidas fundamentalmente desde el exilio en los Estados Unidos, el nuevo orden mundial ha estimulado la movilidad de los escritores cubanos por otros territorios, como es el caso los antiguos países comunistas del Este europeo. Interesa aquí mencionar a dos autores jóvenes: José Manuel Prieto (1962) y Carlos A. Aguilera (1970), y dos de sus novelas, respectivamente: Livadia. Mariposas nocturnas del imperio ruso (1999) y Teoría del alma china (2006). Estas obras no nos trasmiten la idea de que existe una nueva residencia localizada (Cuba o los Estados Unidos), sino que se trata de una serie de encuentros de viaje, que James Clifford ha denominado con más precisión “residencia en viaje”. Estas obras responden a prácticas de desplazamiento diferentes una de 127 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia otra, pero tienen en común el hecho de no ser apenas extensiones o transferencias culturales, sino un núcleo constitutivo de significado cultural: no reclaman la pertenencia a un país o la participación civil en los marcos de la nacionalidad desde una postura de nómadas, puesto que continúan siendo “nativos”. Sin embargo, ¿cómo probar su identidad con la lengua y la literatura de un país, si a partir de determinado momento se encuentran permanentemente fuera de él? Para tratar de responder a esta pregunta, este trabajo se propone analizar algunos aspectos que tornan estas novelas representativas del debate literario sobre (pos)nacionalismo y otredad: los lazos que estos libros postulan con las formas tradicionales de representación de la realidad en la literatura cubana; los modos “exóticos” de representación del poder político y/o económico; la parodia de los clichés del orientalismo; la figura del emigrante como exota. Palavras-chave: Exotismo; Narrativa cubana; Literaturas Posnacionales. Ingred de Lourdes Pereira ESTILÍSTICA E EVOLUÇÃO NA CRÍTICA ROSIANA Resumo: Grande sertão: veredas, do escritor mineiro João Guimarães Rosa (19081967), tem recebido apreciação crítica de correntes teóricas variadas, desde o momento de sua publicação. Uma das primeiras vertentes críticas a propor hipóteses interpretativas para a narrativa rosiana foi a crítica estilística, que tem como representantes nomes como Cavalcanti Proença, em Trilhas do grande sertão (1958), e Oswaldino Marques, em Canto e plumagem das palavras (1957). Os estudos de tais pesquisadores frutificaram e deram origem a outros, como o da professora Ivana Gallery, Os prefixos intensivos em Grande sertão: veredas (1969), resultado de uma tese de doutorado na época em que cursos de pós-graduação desta natureza ainda eram parcos no ambiente universitário brasileiro. Sobre o último trabalho citado recai a ênfase desta comunicação, cujo objetivo é o exame da recepção crítica de Grande sertão: veredas. Como suporte metodológico, baseamo-nos na teoria da estético-recepcional, formulada por Hans Robert Jauss. Palavras-chave: Guimarães Rosa; crítica estilística; Grande sertão: veredas. Ingrid Sinimbu Cruz A ESTRUTURA DAS NARRATIVAS DE ENTERRO DO ACERVO IFNOPAP Resumo: De acordo com Fernandes (2007), a estrutura da narrativa de enterro compreende até seis partes: a origem, a anunciação, a manifestação, a marcação, a provação e o desenlace. No presente estudo, verifica-se, portanto, se a estrutura estabelecida por Fernandes (2007) para as narrativas de enterro pantaneiras é aplicada às narrativas de enterro orais amazônicas do acervo IFNOPAP. Neste sentido, vinte narrativas orais do acervo em questão foram selecionadas e analisadas. Como resultado da análise, verificou-se que a estrutura estabelecida por Fernandes (2007) é aplicável às narrativas de enterro amazônicas. Constatou-se, igualmente, que as narrativas amazônicas analisadas se assemelham às narrativas pantaneiras por não seguirem uma ordem linear em alguns momentos ou mesmo terem partes da estrutura ausentes. Outra característica comum às narrativas amazônicas e pantaneiras compreende a apresentação não direta de algumas partes. Palavras-chave: Narrativas de Enterro; Narrativas orais; Estrutura da Narrativa; Amazônia Paraense; IFNOPAP. 128 Resumos de trabalhos Isabel Cristina França dos Santos Rodrigues / Maricilda Nazaré Raposo de Barros A CONSTITUIÇÃO DE SABERES NA FORMAÇÃO CONTINUADA DE PROFESSORES ALFABETIZADORES Resumo: O presente trabalho expõe as reflexões a respeito das práticas docentes durante os assessoramentos realizados em 07 escolas da rede municipal de Belém/ PA, pautando-se nas propostas do Projeto Expertise em Alfabetização em 2008. Ele traz à tona produções (orais e escritas) dos profissionais envolvidos no projeto. A ideia é mostrar de que maneira os professores se apropriam dos conhecimentos e realizam ou não a transposição didática. Assim, mostraremos as formas de apropriação desses saberes. Partiremos do pressuposto bakhtiniano da compreensão responsiva ativa de que os professores diante das orientações feitas nos encontros mensais do projeto não são passivos. Por conta disso, desenvolveu-se um trabalho que pretendia valorizar práticas sociais de contar lendas, contos de fadas, fábulas presentes no repertório cultural dos alunos que, na maioria das vezes, são bastante preteridas pela instituição escolar. Dessa forma, pretende-se criar um espaço para discutirmos questões pertinentes ao processo de aquisição da leitura e da escrita, na escola, como produto das reflexões dos docentes que participam de cursos de formação continuada estabelecendo relações intertextuais entre os encontros do projeto, seus conhecimentos de mundo e suas práticas pedagógicas anteriores ao projeto, que perpassam, consciente ou inconscientemente, a elaboração e condução das atividades de leitura e escrita propostas aos alunos durante o desenvolvimento do projeto. Para tanto, traremos para discussão os estudos de Kleiman (1996; 2001), Chön (2002); Mey (2001), Fiad (1997) e Soares (2000). Palavras-chave: Saberes; produção textual; gêneros discursivos; letramento. Isabel Patricia Mercado de Faustino / Margarete de Oliveira Santos Nogueira DE INSTRUTOR A EDUCADOR – UMA ABORDAGEM MULTICULTURAL Resumo: O professor de língua estrangeira muitas vezes enfatiza somente os aspectos linguísticos ao trabalhar com seus alunos a aquisição de uma nova língua. Esse trabalho frequentemente apresenta-se dissociado da realidade e o professor não consegue estabelecer um vínculo entre ensino de língua e cultura. Torna-se um mero instrutor: um repetidor de estruturas línguísticas. Em nossa comunicação propomos mostrar aos professores que é possível trabalhar a língua estrangeira com uma abordagem intercultural. Para isso elencaremos algumas sugestões que poderão ajudar o professor a internacionalizar o seu ensino e, ao mesmo tempo, ajudar os seus alunos a criar uma consciência global. As sugestões vão desde o professor repensar seu papel como educador até modificar o ambiente de trabalho, a sala de aula, para torná-la um local que reflita um encontro de culturas. A criação de projetos de classe, bem como a de projetos que envolvam toda a instituição voltados para o multiculturalismo e a consciência global também fazem parte de ações que podem ser desenvolvidas pelo educador. Palavras-chave: Multiculturlismo e aquisição de língua; cultura e língua; consciência global. 129 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Ivone dos Santos Veloso SOB O TRAÇADO DO IMAGINÁ(RIO): NARRANDO A IDENTIDADE AMAZÔNICA Resumo: Até as primeiras décadas do século XX, a ocupação e a urbanização da Amazônia seguiram o traçado do rio, acompanhando, assim, a disposição geográfica que este apresentava. Daí, a razão histórica para a relevância que o rio tem para a região como meio de subsistência, de transporte, e, sobretudo, para a constituição do imaginário social da/sobre essa região, imprimindo-lhes muitas vezes o seu “tempo lento”, bem como a sua configuração labiríntica, deslizante e sinuosa. Desse modo, emerge no imaginá(rio) amazônico a relação rio x homem na representação da identidade amazônica, uma relação tão arraigada que quando falamos em identidade dos povos dessa região, inevitavelmente, a imagem do ribeirinho e tão logo lembrada como a mais típica representação da cultura da região (CRUZ, 2007), contudo, a força dessa imagem acaba por narrar uma Amazônia homogênea, constituindo-a como uma comunidade imaginada, visto que se assenta na ideia de um homem ingênuo, cordial, ligado às coisas da natureza e de hábitos e crenças esdrúxulas, sendo, portanto, mais uma peça desse cenário em que a natureza é sempre pitoresca. Tendo em vista isso, o trabalho ora proposto tenta observar como e até que ponto a imagem do rio afeta as representações identitárias na literatura da Amazônia, sem, contudo, homogeneizála. Para tanto me reporto ao personagem Missunga, do romance Marajó, de Dalcídio Jurandir, cuja narrativa apresenta uma relação significativa entre o rio e a personalidade desse protagonista, seja pela sua lassidão, melancolia, ou pelo seu caráter deslizante e sinuoso, conformando, assim, um novo signo cultural Palavras-chave: Rio; Identidade; Literatura. Izabel Cristina Rodrigues Soares / Lilia Silvestre Chaves ESCREVER NA ERA DA INTERNET Resumo: Nesta comunicação serão apresentadas algumas reflexões sobre a escrita na tela, particularmente sobre o papel dos recursos tecnológicos – sobretudo daqueles que são oferecidos pela Internet – no desenvolvimento da habilidade de produção escrita em francês língua estrangeira (FLE). Trata-se de um trabalho de investigação desenvolvido no âmbito da pesquisa Ler e escrever na era da Internet, cujo objetivo é identificar as especificidades da escrita na tela para, futuramente, propor, com base em algumas possibilidades oferecidas pela informática, práticas pedagógicas inovadoras de modo a desenvolver uma certa autonomia em situações de escrita em alunos de FLE. Palavras-chave: escrita; tela; internet; FLE. Izenete Garcia Nobre GODINHO TAVARES & CIA: LIVROS A VISTA E PELO MENOR PREÇO Resumo: Até 1840, Belém possuía duas livrarias que não atendiam às necessidades do público leitor. Segundo Antônio Ladislau Baena, não havia bibliotecas na cidade e as livrarias que existiam não eram suficientes para o cultivo do intelecto. Com a liberação da navegação pelo Amazonas, esse contexto se modifica. Nota-se a instalação de pequenos comerciantes de livros, que, paulatinamente, tornar-se-iam livreiros. Assim, se na primeira metade do século se vendia basicamente livros que 130 Resumos de trabalhos “enriquecessem o espírito” como códigos de boa conduta, vida dos santos e livros filosóficos, na segunda metade do século, a presença constante de romances, novelas e contos anunciados nos jornais tornou-se uma realidade. Não importava o gênero ou o formato do livro, o que os livreiros prometiam eram livros pelo menor preço do mercado. Avaliando esse contexto de mudança no consumo livresco, o objetivo desta comunicação é apresentar um livreiro conhecido como Godinho Tavares, que divulgava principalmente romances entre os anos de 1857 a 1861. Palavras-chave: Livros; romances; comércio; século XIX. Jacqueline Jorente O EXERCÍCIO COM LÉXICO EM SALA DE AULA: UMA REFLEXÃO ENUNCIATIVA Resumo: Ao observar exercícios tradicionais voltados à questão lexical, não é difícil nos depararmos com atividades descontextualizadamente construídas, as quais trabalham com frequência com um preestabelecimento de significações. Muitas vezes essas atividades aparecem como mera solicitação de substituição mecânica de termos, sem contemplar uma reflexão sobre sentidos veiculados a cada enunciação. Pautados pela Teoria das Operações Predicativas e Enunciativas, de Antoine Culioli, em iniciação científica desenvolvida ao longo do ano de 2007 e no começo do desenvolvimento do trabalho de Mestrado a que temos nos dedicado, discutimos um pouco tais exercícios em questão. Apresentaremos nessa comunicação tais discussões. Antoine Culioli, autor francês que, a partir de um trabalho com o conceito de noção, concebe a significação de forma dinâmica, permite olharmos para algumas atividades de uma maneira diferente daquela a partir da qual são tradicionalmente concebidas. Trata-se de pensar na necessária articulação língua/linguagem, que tomada em relação a questões de ensino, implica uma articulação entre produção e interpretação de textos. Tal visão vai permitir questionarmos uma abordagem de termos tomados isoladamente quando se pensa em questões lexicais em sala de aula. Em particular no trabalho a ser apresentado, a crítica a um exercício, tomado como exemplo, conduz as reflexões que propomos fazer. Nosso objetivo é, a partir de uma atividade ilustrativa, levantar uma discussão voltada ao ensino/aprendizagem de Língua Portuguesa, tendo a ótica enunciativa como sustentação. Palavras-chave: linguística; ensino; língua portuguesa. Jairo José Campos da Costa MULHERES À FRENTE DE SEU TEMPO: CONCEIÇÃO, NOEMI E MARIA MOURA Resumo: O presente trabalho objetiva fazer uma análise de três personagens femininas de Rachel de Queiroz, respectivamente Conceição, em O Quinze, Noemi, de Caminho de Pedras e Maria Moura, do seu último romance, Memorial de Maria Moura, sob o olhar dos estudos de literatura e sociedade. Basicamente, é feito um mapeamento dessas três personagens romanescas criadas pela escritora cearense, observando as suas construções dentro do espaço literário em que as mesmas se situam e, pela forma como se comportam, depreender se elas demonstram avanço ou recuo na difícil caminhada pela igualdade dos espaços, nesse modelo de sociedade patriarcal, excludente e que define, de forma preconceituosa, os papéis comportamentais e as relações de poder entre os gêneros. 131 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Palavras-chave: Rachel de Queiroz; romance; personagens femininas; literatura e sociedade. Jane Adriane Gandra HISTORIOGRAFIA DA IMAGEM: PINHEIRO CHAGAS ENTRE TEMPOS Resumo: Dificilmente alguém hoje, mesmo os leitores mais vorazes de literatura portuguesa, saiba quem foi Manuel Pinheiro Chagas (1842-1895) ou tenha lido alguma obra sua. Depararam-se com esse nome fatalmente são quanto às suas investidas “retrógadas” nos embates com a ínclita Geração de 70, principalmente com Eça de Queirós – importante antagonista de Chagas em algumas polêmicas. Eça tentou reduzi-lo à imagem caricatural de um anacrônico “Brigadeiro do tempo de D. Maria I”, figura que depois passou a ser quase a única referência sobre esse escritor na historiografia. Contudo, mesmo a crítica do autor do Poema da mocidade (1865) ter sido enxovalhada por seus opositores, existem, mesmo que em minoria, estudos como os de Maria Fernanda de Abreu (1994) que recuperam as análises desse autor de forma positiva, considerando-as sensíveis e avançadas para as concepções de seu tempo. Estabelecemos, a partir disso, que nem tudo que as histórias literárias veiculam sobre Pinheiro Chagas são asseverações irrefutáveis e que esse ostracismo, pelo menos o do crítico literário, em especial em seus estudos sobre Dom Quixote, é imerecido. Tal evidência só corrobora a necessidade de uma revisão do conjunto de sua obra, principalmente de sua ficção, pois só assim poderíamos de forma justa e incontestável matizar e corrigir as avaliações restritivas as obras desse polígrafo português, dono de um espólio literário contabilizado em cerca de uma centena de escritos, mas que se encontra na atualidade desprezado e esquecido. Palavras-chave: Manuel Pinheiro Chagas; Eça de Queirós; Histórias Literárias; Polêmicas; Ultrarromantismo; Realismo. Jane Miranda Alves A SELEÇÃO DE INFORMAÇÕES E O TRATAMENTO DOS TEMAS NO DISCURSO DOS ALUNOS DA 3ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Resumo: Este estudo propõe descrever e analisar o processo de apropriação do gênero exposição oral por alunos da terceira série do ensino fundamental de uma escola pública federal da zona urbana de Belém (PA) no contexto das práticas de ensino-aprendizagem da língua portuguesa. Esta pesquisa se particulariza não apenas pelo contexto específico em que os dados foram gerados, mas também pelo perfil dos envolvidos na situação de aprendizagem, crianças cuja inserção ativa em práticas de letramento orais formais e públicas é ainda incipiente, constituindo-se, não raro, em estreita articulação com a inserção, essa nem sempre ativa, na cultura escolar, em seus rituais, no tempo-espaço em que se constitui. O estudo desenvolveu-se com base em uma perspectiva metodológica interpretativista, mais particularmente nos procedimentos da pesquisa colaborativa, tal como encaminhada em diversos estudos em linguística aplicada brasileiros. A base teórica, por sua vez, convocou os estudos enunciativo-discursivos de base bakhtiniana e vygotskyana, além de contribuições dos estudos em didática de línguas e linguística aplicada. A análise das produções dos alunos permite reconstituir um dos traços do processo de apropriação da exposição, o tratamento dado aos temas da exposição na ocasião do planejamento da primeira e da 132 Resumos de trabalhos segunda exposição oral. Centrada no processo de aprendizagem do aluno, a análise permite evidenciar alguns dos prováveis efeitos da sequência didática implementada pelo professor. Com base ainda na reflexão sobre práticas efetivas de ensino do português, o estudo permite problematizar as propostas curriculares que tomam os gêneros discursivos como objetos de ensino. Palavras-chave: ensino-aprendizagem de língua; exposição oral; sequência didática. Jane Pinheiro de Freitas A OUTRA FACE DE VÊNUS: ESCRITURA COMO TRANSGRESSÃO NA LITERATURA DE MULHERES Resumo: Nos anos que antecedem à década de 60, momento de várias manifestações de movimentos feministas, é possível encontrarmos já alguns vestígios de mulheres que não se acomodavam bem dentro de sua restrita condição social. E por isso eram vistas na época como transgressoras, rompiam com obrigações e parâmetros impostos pelo patriarcalismo, construindo a duras penas seu próprio caminho, por onde não havia muitas sombras, nem atalhos com flores. No viés dos estudos de literatura e sociedade, a primeira pode também agir como espelho da segunda, refletindo os recortes de um momento histórico com suas práticas e costumes; por isso essas transformações são visíveis nas obras de várias escritoras da época, entre elas Clarice Lispector e Maria Judite de Carvalho. Nos conflitos vividos pelas personagens dessas duas escritoras encontramos o choque entre o desejo de ser livre e as regras impostas ao comportamento da mulher, a quem era destinada uma conduta passiva e quase sempre construída em relação a um sujeito masculino. Palavras-chave: feminino; transgressão; sociedade. Jeane Maria Alves de Mendonça A EXPRESSÃO DE OBRIGAÇÃO NA FALA CULTA DE FORTALEZA-CE Resumo: Segundo a Sociolinguística variacionista, há duas ou mais maneiras de se dizer a mesma coisa com o mesmo valor de verdade. Assim, a partir desta teoria, analisam-se neste trabalho as expressões de obrigação “ter que/de” e “dever”; na fala culta de Fortaleza-CE. Para tal fim, valemo-nos de um corpus de linguagem oral, o PORCUFORT (Português Culto de Fortaleza), e elegemos grupos de fatores pragmáticodiscursivos e extralinguísticos, os quais julgamos possíveis condicionadores do fato linguístico em apreciação. Para esta pesquisa, usamos, como já mencionado antes, a Teoria da Variação e Mudança, por operarmos com regra variável e, também, o Funcionalismo, por entendermos que forma e função estão diretamente relacionadas e que a língua é dinâmica e deve ser analisada em uso real e/ou em interação social. Com o auxílio do programa estatístico VARBRUL, foi-nos possível averiguar como os modais instauradores de obrigação “dever” e “ter que/de” portam-se em relação aos grupos de fatores controlados na pesquisa. Constatamos, por exemplo, que o grupo “pessoa do discurso” mostrou-se estatisticamente relevante, sendo a terceira pessoa condicionadora do auxiliar “dever” e a segunda pessoa condicionadora do modal “ter”. Porém, por esse artigo fazer parte de uma pesquisa em andamento, busca-se, ainda, entender se o fenômeno em estudo trata-se de variação ou mudança. Palavras-chave: Obrigação; modalidade; variação. 133 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Jerônimo Coura-Sobrinho / Roberto-Márcio dos Santos O PROFESSOR DE INGLÊS DIANTE DO MUNDO TECNOLÓGICO Resumo: Dependendo da forma como é utilizado, o computador apoia o professor na sua prática, sobretudo se vier aliado aos princípios norteadores do ensino contextualizado e com base comunicativa. No ensino de Inglês, pode-se trabalhar as habilidades linguísticas (i.e., ouvir, falar, ler, escrever) e a diversidade de gêneros textuais, atendendo aos PCN e às tendências do ensino contemporâneo através da tecnologia. Esse estudo busca exemplificar a realização dessa prática na sala de aula de Inglês, no âmbito da educação básica do sistema educacional brasileiro. A Internet e a linguagem digital, veículos de acesso aos diversos gêneros textuais, podem ser ferramentas importantes, cuja inclusão na escola viabiliza a utilização de materiais autênticos, atualizados, e possibilita a prática contextualizada e próxima da comunicação real. Por outro lado, essa inclusão deve ser consciente e adequada, de forma a não se endeusar a tecnologia em detrimento dos saberes profissionais do docente. Para esse estudo, foram realizadas entrevistas com professores de Inglês em serviço, das redes pública e privada, e com formadores de professores, a fim de verificar se, na formação inicial, há alguma preparação para lidar com o uso e as demandas geradas pela informática no ensino. Como suporte teórico, estão as ideias de Maingueneau e Marcuschi (gêneros textuais) e de Sharma e Barret (blended learning, combinação balanceada de recursos tecnológicos e práticas tradicionais). Assim, esse trabalho pretende verificar a relevância das tecnologias no ensino, na formação e na atuação do professor de Inglês, a partir da situação profissional e visão dos professores. Palavras-chave: tecnologia e ensino/aprendizagem de línguas; computador e ensino de línguas estrangeiras; blended learning. João Carlos Alves dos Santos ANÁLISE SEMÂNTICA LATENTE: UMA INTRODUÇÃO Resumo: O tema trata de uma abordagem introdutória sobre Análise Semântica Latente (LSA), a qual é uma técnica que visa extrair o significado do uso contextual de palavras de um texto em um grande corpus. A técnica LSA trás em si a ideia de que a agregação de todas as palavras de uma unidade de discurso pelo número de vezes que cada palavra aparece produz um conjunto de tensões que é gerado pela maneira como as palavras estão relacionadas entre si. A técnica LSA tem sido adequada para extrair o conhecimento humano de várias maneiras onde destacamos a pontuação de respostas de estudantes em questões analítico-discursivas: dois textos podem ter um alto cosseno de similaridade mesmo se eles não possuem termos em comum – basta que seus termos sejam semanticamente similares por análise de co-ocorrência. O procedimento da técnica é relativamente simples. Inicialmente construímos uma matriz termo-documento onde cada entrada (i,j) da matriz representa a quantidade de vezes em que o termo i aparece no texto j. Em seguida, obtemos uma decomposição a valores singulares desta matriz. Em seguida, quando possível, reduz-se a dimensão do espaço para uma melhor aproximação, frequentemente em espaços 2-dimensional ou 3-dimensional para proporcionar visualização. Finalmente, a medida de similaridade é usualmente o cosseno entre os vetores dos documentos. Palavras-chave: análise; matriz; espaço; cosseno. 134 Resumos de trabalhos João Costa Gouveia Neto VIVÊNCIAS MUSICAIS RELATADAS NOS ROMANCES VENCIDOS E DEGENERADOS DE NASCIMENTO MORAES E O MULATO, DE ALUÍZIO AZEVEDO, NA SÃO LUÍS DO FINAL DO SÉCULO XIX Resumo: São Luís, capital da província do Maranhão, no último quartel do XIX, era uma sociedade complexa e contrastante que, trazia em seu bojo todas as contradições inerentes a sua organização social elitista e escravista. Através dos romances Vencidos e Degenerados de Nascimento Moraes e O Mulato, de Aluízio Azevedo, ambos escritores maranhenses que, relataram os hábitos da sociedade ludovicense, como um todo, e em especial o ambiente cultural dos homens e mulheres que vivenciaram aquele presente, pretendo traçar um olhar sobre as vivências musicais da sociedade de São Luís. Utilizarei ainda, alguns jornais a fim de visualizar com maiores detalhes a organização da cidade e seus habitantes, naquele final do século XIX. Palavras-chave: Literatura; História; Vivências Musicais; São Luís; Século XIX. João Fabio Bittencourt TEATROS E SALÕES: UMA REPORTAGEM TEATRAL DE OSWALD DE ANDRADE Resumo: O artigo aborda possíveis influências na obra de Oswald de Andrade baseado na coluna teatral, Teatros e Salões do jornal Diário Popular, de 14 de abril de 1909 a 30 de agosto de 1911. Para a qual autor Modernista, em sua juventude, trabalhava como repórter, conforme relata em seu livro de memórias Um homem sem profissão – sob as ordens de mamãe. O objetivo é realçar o panorama cultural da cidade de São Paulo em início do século XX através das notícias do, então, “foca” do periódico cobrindo a movimentação artística e mundana da capital paulista. Pois, as ocorrências refletem um espaço de ares provincianos, porém, cosmopolita ao receber óperas, operetas, revistas, zarzuelas, vaudevilles e o cinema. Abrigando tanto os cânones como os contemporâneos, nacionais e internacionais dos palcos. Não desdenhando, ainda, da crônica mundana que destaca personagens históricos na literatura, música, teatro, política. Dessa forma, a coluna testemunhou a efervescência cultural. Logo, o estudo se propõe a iluminar a relação recíproca entre a urbis-artes e o artista em formação. Pois, as obras ficcionais de Oswald de Andrade, tal como classificadas por Antonio Candido no ensaio Estouro e Libertação, requerem um olhar aos antecedentes de 22. Assim dividem-se: primeiro momento, Trilogia do Exílio, e segundo, a dupla Memórias Sentimentais de João Miramar e Serafim Ponte Grande. As quais retratam respectivamente a atmosfera de fim de século da belle époque e inovações audaciosas dos iconoclastas modernistas. Ainda, há a perspectiva cinematográfica apontada por Haroldo de Campos em Miramar na Mira. Palavras-chave: Pré-Modernismo; Panorama Cultural; Oswald de Andrade; Reportagem; Jornalismo. Johann Raphael Gomes Guimarães O ESPELHO: A DÚVIDA COMO MÉTODO Resumo: Várias imagens são vistas pelo personagem diante do espelho, na décima primeira narrativa do livro Primeiras Estórias (1962). Diante do espelho, o narrador não nomeado vê-se como um monstro, como uma onça, com traços que lhe lembram 135 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia seu pai e avô, como um vazio, ou simplesmente como a ausência de uma aparência, e, por fim, ele vê, diante dos seus olhos, a imagem de uma criança. A partir da dúvida inicial de quem ele seria por trás da máscara de ilusões sensoriais, o narrador empreende uma jornada de especulações diante do espelho, tendo como único método a dúvida e a negação. O conto O espelho ocupa, espacialmente, o centro de Primeiras Estórias, uma posição estratégica segundo Heloisa Vilhena. Para ela o centro possui grande importância para Guimarães Rosa e “quando se trata de coletâneas de contos, o escritor costuma colocar no centro o texto que define a perspectiva de onde olhar a obra.” (ARAUJO, 1998, p. 19). Tendo em vista tal afirmação, o estudo do conto O espelho ganha relevância, sendo ele um definidor do modo de olhar a obra. Este trabalho se concentrará na relação entre a filosofia e a literatura, dando atenção ao método cartesiano que o narrador usa. Palavras-chave: Primeiras Estórias; Guimarães Rosa; O espelho. Jonatas Alves da Silva CARTAS DO [DES]COBRIMENTO DO BRASIL EM O TETRANETO DEL-REI: A PARÓDIA E O PASTICHE DE HAROLDO MARANHÃO Resumo: Nos últimos anos, observou-se um crescente interesse, por parte da academia, pelo estudo da obra de Haroldo Maranhão, um dos maiores prosadores do Pará. Sua obra mais abordada na academia é justamente O Tetraneto Del-Rei, o que confirma sua singularidade. Ao longo da graduação, e já se foram quatro anos, fez parte de nossas leituras e pesquisas a obra de Haroldo Maranhão, escritor que nos cativou desde o primeira leitura. Desde então, já vínhamos pensando em trabalhar com Haroldo em nosso TCC e assim chegamos a O Tetraneto Del-Rei, depois de muitas idas e vindas. Por necessidade, nos atemos às cartas de Jerônimo de Albuquerque, personagem principal de O Tetraneto Del-Rei, que têm importância singular na obra como um todo. Nelas, o protagonista relata à sua amada, de modo adulterado, as conquistas dos lusitanos no “Novo Mundo”. Essas cartas, já numa primeira leitura, põem em xeque os textos oficiais do descobrimento do Brasil e possibilitam uma nova visão do contato primeiro entre europeus e os índios brasileiros, na qual toma lugar a desconfiança. A pretensão foi esmiuçar o conteúdo de cada carta, explicitando os recursos linguísticos utilizados por Maranhão na elaboração das mesmas, com ênfase à paródia e ao pastiche para as quais dedicamos todo um capítulo, bem como “escavar” os textos dos quais o autor se valeu para a construção desses escritos e apontar os textos para os quais essas cartas fazem menção. Palavras-chave: Paródia, Pastiche e Carta. Jordana Tavares Silveira PRÁTICAS DE ENSINO E PRODUÇÃO DE TEXTOS ESCRITOS NA 8ª SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL: O QUADRO EUROPEU COMUM DE REFERÊNCIA COMO FERRAMENTA Resumo: Trata-se de um projeto de pesquisa sobre as práticas de ensino e os materiais didáticos utilizados em uma turma de 8ª série do Ensino Fundamental para a produção de texto escrito. Optamos por este tema porque observamos em nossa prática docente as dificuldades enfrentadas pelos professores para planejarem e executarem aulas dinâmicas de produção de texto escrito, e, também as dificuldades 136 Resumos de trabalhos que as crianças têm para produzir textos escritos quando são submetidas ao “velho” ensino da Língua Portuguesa, ou seja, ao ensino da nomenclatura gramatical apenas. Nossas inquietações se voltaram para o fato de que a prática de produção de texto fica sempre presa à narração, descrição e dissertação sem uma finalidade prática e social para essa tarefa, a não ser a avaliação bimestral e anual. Temos como objetivo geral o desenvolvimento de um estudo sobre a produção de texto escrito em turmas de 8ª série do ensino fundamental, visando identificar quais os procedimentos habituais do professor observado diante de suas dificuldades para ensinar produção de texto escrito aos seus alunos; analisar o material didático utilizado nessas aulas; propor práticas de ensino de LM para o desenvolvimento da interação verbal através da produção escrita; e, propor, a título de sugestão, atividades de produções escritas desenvolvidas ao público alvo. Fui utilizado como base para o desenvolvimento desse estudo o Quadro Europeu Comum de Referência (QECR) como ferramenta de trabalho. Palavras-chave: práticas de ensino; materiais didáticos; texto escrito. Jorge Augusto Alves da Silva / Maristela Alves da Silva MULHERES, NEGRAS, QUILOMBOLAS: UMA INCURSÃO SOBRE O COMPORTAMENTO SOCIAL E LINGUÍSTICO DAS MULHERES DE CINZENTO-BA E VELAME-BA Resumo: O presente estudo analisa o comportamento social e linguístico de seis mulheres negras oriundas de duas comunidades quilombolas situadas no interior do estado da Bahia. A primeira comunidade, chamada de Cinzento, localiza-se a 450 km da capital do estado, Salvador. Tal comunidade foi formada nos meados do século XIX e constitui-se de negros “fugidos” que encontraram numa terra pouco hospitaleira o local para fixar as famílias que até hoje mantêm padrões socioculturais atávicos, praticando a endogamia, a agricultura de subsistência e alguns ritos religiosos ligados à sujeição. A outra comunidade chamada de Velame localiza-se a cerca de 500 km da capital do estado. Essa comunidade foi formada no início do século XX e para lá se dirigiram negros desbravadores que viram naquelas terras uma tentativa de solução para os problemas gerados pela seca. Velame é constituído por 21 famílias (num total de 126 pessoas) que vivem basicamente da agricultura de subsistência (cultivo da mandioca, do milho e do urucum). A pesquisa demonstra que as mulheres das duas comunidades têm seus dialetos em processo de alteração, pois as mais velhas apresentam características linguísticas bem como comportamentais mais ligadas aos valores atávicos que agora passam a ser questionados no que se refere às relações sociais com outros grupos e ao conjunto das expectativas de vida. Observa-se uma tendência à aproximação de valores linguísticos mais ligados à vida citadina e à norma culta quando comparamos os dados das mais velhas com os dados das mais novas moradoras da comunidade. A pesquisa demonstra que a aprendizagem de formas prestigiadas, como as da concordância verbal, tipificam as mudanças em curso nas duas comunidades. Palavras-chave: Mulher quilombola; variação linguística; mudanças comportamentais. 137 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Jorge Domingues Lopes A INTER-RELAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM DE FLE E A EXPLORAÇÃO DIDÁTICA DA LITERATURA Resumo: Partindo das definições do termo Literatura no âmbito da Teoria Literária, da Linguística e da Didática das línguas, faz-se o estudo das relações existentes entre o ensino-aprendizagem de Francês Língua Estrangeira (FLE) e a exploração didática da literatura nos cursos de FLE, bem como se busca explorar aspectos linguísticos de obras literárias nos cursos específicos de literatura francesa e francófona. A partir dos resultados obtidos com a pesquisa de campo, apresentam-se propostas de procedimentos metodológicos para exploração didática do texto literário em classes de FLE, baseadas em novas tecnologias de ensino. Palavras-chave: Ensino-Aprendizagem de Língua Francesa; Literatura Francófona; Prática de Ensino. Jorge Domingues Lopes FRANCÊS INSTRUMENTAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRÁXIS Resumo: Nos últimos anos tenho me dedicado ao ensino-aprendizagem do francês com objetivo específico, denominado geralmente de instrumental, nos Cursos de Licenciatura Plena em Letras dos Campi da Universidade Federal do Pará situados fora da Capital. Geralmente inserida no início da grade curricular desses cursos, a disciplina Francês Instrumental contribui não somente para a “instrumentalização” do estudante para lidar com a diversidade linguística das línguas estrangeiras, mas principalmente para ampliar suas perspectivas acerca da diversidade cultural e das relações de alteridade no mundo. É com base nesta experiência que apresentarei uma reflexão sobre a práxis e o conteúdo relacionados a essa disciplina a fim de colaborar com a formação inicial de professores de língua estrangeira. Palavras-chave: Francês Instrumental; Ensino-Aprendizagem de Línguas; Metodologia de Ensino. Jorge Luís Ferreira Pantoja O ENVELHECER EM UMA ESTÓRIA DE AMOR Resumo: Publicadas em Corpo de Baile (1956), as novelas Uma Estória de Amor e Campo Geral ganharam um volume independente intitulado Manuelzão e Miguilim (1964), que traz no título os nomes das personagens protagonistas e, apesar de as duas narrativas constituírem tramas independentes uma em relação à outra, a discussão das descobertas do menino Miguilim, em Campo Geral, e as ponderações do idoso Manuelzão, em Uma Estória de Amor, trazem à tona o tema de que busca tratar esta comunicação: a vivência de experiências que enfrentamos e amaneira como lidamos com isso no momento derradeiro de todo ser humano: a velhice. Em Uma Estória de Amor, Manuelzão é o capataz da fazenda Samarra, propriedade de Federico Freire; o velho boiadeiro dedicou boa parte da juventude à fazenda, deixando a vida pessoal em segundo plano. A partir da festa que Manuelzão organiza para inaugurar a capela dedicada à mãe, Dona Quilina, várias questões começam a fazer parte de sua rotina, tais quais: sua condição de trabalhador há tantos anos em uma fazenda que não é sua e a solidão que o trabalho lhe impôs, contra a qual ele, aparentemente, não soube reagir a tempo de recomeçar uma vida conjugal. O presente trabalho procura 138 Resumos de trabalhos analisar, fundamentado na Estética da Recepção (Jauss), a representação do velho em Uma Estória de Amor, considerando o estudo crítico de Sandra Vasconcelos em Puras Misturas (1997). Palavras-chave: Uma Estória de Amor; Manuelzão; velhice. Jorge Luiz Mendes Júnior INTERAÇÃO COM O ARQUIVO: SARAMAGO SE APROPRIA DE RICARDO REIS Resumo: O trabalho pretende sugerir uma hipótese de leitura da obra O ano da morte de Ricardo Reis, através da metáfora da ida do escritor ao arquivo, do qual recorta elementos para reinventá-los em sua obra. Dessa forma, propõe-se repensar a noção de arquivo, encarando-o como uma instância sempre em aberto, sujeita a constantes visitações e acréscimos. Para tal trabalho, tem-se por principais escopos teóricos Mal de Arquivo, de Derrida, e Arqueologia do Saber, de Foucault. Palavras-chave: arquivo; literatura; José Saramago; Jacques Derrida; Michel Foucault. José Carlos Gonçalves REPRESENTAÇÕES DA DOENÇA E PERCEPÇÕES DO SERVIÇO NA INTERAÇÃO PROFISSIONAL-CLIENTE Resumo: O presente trabalho reporta aspectos de uma pesquisa da conversa-eminteração no contexto da saúde, envolvendo analistas do discurso/conversação, estudantes de pós-graduação, pacientes e profissionais de saúde. O principal objetivo da pesquisa é adquirir um entendimento mais amplo e mais documentado das representações da doença para os pacientes e profissionais da saúde através de um estudo envolvendo a triangulação de três tipos de dados: a) as narrativas dos pacientes e as versões dos profissionais de saúde; b) a gravação de consultas e atendimentos; c) entrevistas com médicos e outros profissionais de saúde. Em uma análise microetnográfica da conversa-em-interação, descrevem-se processos, pistas de contextualização, estratégias comunicativas e mecanismos linguísticos verbais e não-verbais dos interlocutores no processo de negociação do significado das interações de trabalho. O foco é posto na representação do controle ou descontrole da própria vida, as representações do self e da identidade dos pacientes, as trajetórias sociais nas narrativas de mudanças na vida dos pacientes, antes e após a doença, a representação discursiva da doença no ambiente interacional clínico e não clínico e a percepção do atendimento e do tratamento de saúde pelo paciente e pelos profissionais em clínicas de hemodiálise, cirurgia plástica, hospital de olhos, postos de saúde, clínicas de atendimento a dependentes químicos e adolescentes grávidas. A análise busca também entender o conflito entre a percepção pelos pacientes do atendimento recebido e a percepção pelos profissionais do tratamento dispensado. Palavras-chave: interação; identidades; representação. José Carlos Gonçalves PROJETO COMUNICAÇÃO É SAÚDE: TRANSFORMANDO ENCONTROS DE SERVIÇOS DA SAÚDE EM CONTEXTOS PARA A CURA Resumo: O Objetivo do relato é informar a comunidade científica e discutir a experiência de implantação do Projeto de Pesquisa Comunicação é Saúde: 139 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia transformando encontros de serviços de saúde em contextos para a cura. O foco do projeto é uma pesquisa da conversa-em-interação no contexto da saúde, envolvendo analistas do discurso/conversação, estudantes de pós-graduação, pacientes e profissionais de saúde. O principal objetivo da pesquisa é adquirir um entendimento mais amplo e mais documentado das representações da doença para os pacientes e profissionais da saúde através da triangulação dos dados extraídos de as narrativas dos pacientes e as versões dos profissionais de saúde; a gravação de consultas e atendimentos; entrevistas com médicos e outros profissionais de saúde. Explicitase a análise microetnográfica da conversa-em-interação, que busca compreender de maneira mais abrangente a condição de saúde do paciente e os processos de constituição e expressão das representações da doença por pacientes e profissionais. Discutem-se também questões cruciais para a pesquisa: a percepção dos agentes e a causalidade da doença, a representação do controle ou descontrole da própria vida, as representações do self e da identidade dos pacientes, as trajetórias sociais nas narrativas de mudanças na vida dos pacientes, antes e após a doença, a representação discursiva da doença no ambiente interacional clínico e não clínico e a percepção do atendimento e do tratamento de saúde pelo paciente e pelos profissionais. O relato discute ainda a necessidade de aplicação prática dos resultados da pesquisa em iniciativas de treinamento pré e em-serviço de profissionais da saúde. Palavras-chave: microanálise; interação; identidades. José Denis de Oliveira Bezerra MEMÓRIAS CÊNICAS: POÉTICAS TEATRAIS NA AMAZÔNIA PARAENSE Resumo: O projeto em questão tem por escopo realizar um estudo das memórias do teatro no Pará, no século XX (1950-1980), a partir de marcos históricos como a criação da Escola de Teatro da UFPA, na década de 1960; do grupo Cena Aberta, na década de 1970; e a criação do Teatro Experimental Waldemar Henrique, na década de 1980, além de considerar a memória e o discurso de personalidades ligadas ao fazer teatral, tais como Margarida Schiwazzappa, Luís Otávio Barata, Maria Silvia Nunes, entre outros. A pesquisa pretende problematizar as temáticas da modernidade, a modernização e o modernismo relacionadas aos estudos teatrais, na Amazônia paraense, além de discutir o valor estético e político do fazer cênico paraense. Tal estudo se aporta em teorias que abordam os temas da memória, velhice, oralidade, tradição, modernidade e do teatro, em Bosi (1994), Le Goff (1992), Pollack (1989) e Salles (1994). Dessa forma, essa proposta visa historiografar criticamente a construção do conceito de teatro paraense a partir século XX. Palavras-chave: memória; teatro; Amazônia. José Francisco da Silva Queiroz O ESTADO DO PARÁ NO CONTEXTO MODERNISTA Resumo: A evolução do pensamento modernista, desde a Semana de Arte Moderna até os seus desdobramentos no estado do Pará. Sua recepção entre os intelectuais locais, bem como o esforço dos mesmos para integrar as letras paraenses ao cenário literário nacional. Discussão da importância da Academia dos Novos e seu papel ordenador entre o grupo de jovens que atuariam na posterior efervescência literária local, tanto na crítica como na produção de literatura. Além de enfocarmos a 140 Resumos de trabalhos importância da atuação de Max Martins na inovação literária que se fez presente com publicação do livro O Estranho, do Suplemento Literário Arte & Literatura do periódico Folha do Norte e das revistas Encontro e Norte. Palavras-chave: Modernismo; produção e recepção; Max Martins. José Guilherme dos Santos Fernandes LITERATURA ORAL E POPULAÇÕES TRADICIONAIS Resumo: As manifestações culturais de populações tradicionais são marcada pelo viés da experiência cotidiana, objetiva em narrativas orais. Sendo assim, a transmissão de valores, práticas e concepções de mundo ocorre mediante histórias de vida, o que implica em grande importância da literatura oral como produção narrativa que determina comportamentos e valores. Esta comunicação tem o objetivo de apontar as características e a morfologia dessas narrativas, enquanto representações destas populações. Palavras-chave: literatura oral, populações tradicionais, história oral. José Nilson Santos da Costa Filho O GÊNERO DE DISCURSO NOTÍCIA POLICIAL EM TERESINA: ALGUMAS CONSIDERAÇÕES SÓCIO-DISCURSIVAS Resumo: Neste trabalho, nos baseamos em Bakhtin (2003) no intuito de discorrermos sobre a noção de enunciados, gêneros do discurso e dialogismo, buscando tratar desses conceitos de forma entrelaçada, já que abordá-los de modo diferente parece ser impossível, uma vez que esses conceitos aparecerem de forma bastante imbricada na obra de Bakhtin como um todo. Para a noção de tema, nos alicerçamos também em Bakhtin (1997) e Bakhtin (2003), ressaltando a necessidade de não confundir tal conceito com o conceito de conteúdo ou assunto. Como aplicação desta teoria, analisamos a notícia policial “Tribunal anula julgamento de delegado e manda a novo júri”, que foi veiculada no dia 13 de dezembro de 2008, pelo jornal teresinense Diário do Povo. Adotamos alguns aspectos como o dialogismo, a tematização dos objetos de discurso referidos, o estilo e a composição desta matéria e que relação estes aspectos têm com o posicionamento valorativo em notícias policiais. Desta análise percebemos que a forma de construção dos enunciados – o estilo, o tema e a composição – está intimamente ligada a interesses das esferas da comunicação discursiva, ou melhor, da própria empresa jornalística que veicula as notícias. Palavras-chave: Gêneros do discurso; notícia policial; sócio-discursividade. José Pedro Viegas Barros PROBLEMAS EN LA DETERMINACIÓN DEL TIPO DE RELACIÓN EXISTENTE ENTRE LENGUAS EN CONTACTO: EL CASO GUAICURÚ-MATAGUAYO (GRAN CHACO) Resumo: Hasta el momento, los especialistas no se han puesto de acuerdo acerca de cuál es el tipo de relación existente entre las lenguas de las dos familias Guaicurú (Kadiweu, Abipón, Mocoví, Toba, Pilagá) y Mataguayo (Maká, Niwaklé, Chorote, Wichí). Por una parte, existen sin duda transferencias léxicas y gramaticales, así como calcos semánticos muy obvios, todo lo cual se puede explicar como resultado del contacto linguístico y la difusión areal. Sin ambargo, la mayor parte de las semejanzas Guaicurú-Mataguayo 141 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia presentan características como las siguientes: (1) las semejanzas léxicas se encuentran fuera del llamado vocabulario cultural; (2) las semejanzas no ocurren sólo en lenguas o dialectos en contacto sino en todas o casi todas las lenguas de cada una de las dos familias (pudiendo reconstruirse independientemente las correspondientes formas originarias tanto en Proto-Guaicurú como en Proto-Mataguayo); (3) el isomorfismo gramatical es de un tipo diferente al que ocurre en situaciones de Sprachbund típicas (p. ej. en las lenguas de los Balcanes o en el caso Aimara-Quechua), dado que las semejanzas Guaicurú-Mataguayo no solo son funcionales sino generalmente también formales, involucrando muchas veces correspondencias fonológicas aparentemente regulares. Al parecer, hay sólo dos conclusiones posibles: o bien existe realmente un parentesco lejano entre las dos familias (al cual se han sumado luego fenómenos de difusión), o bien la situación actual es el resultado de una larga relación de equilibrio puntuado similar al que Dixon ha postulado para las lenguas de Australia. Una de las metas de esta ponencia es evaluar ambas posibilidades. Palavras-chave: Contacto; Parenteco; Gran Chaco; Guaicurú; Mataguayo. José Ribamar Lopes Batista Júnior IDENTIDADES DOCENTES NAS PRÁTICAS DE LETRAMENTO INCLUSIVO Resumo: Neste trabalho, analisamos a prática social de letramento inclusivo de pessoas surdas. Nosso objetivo foi identificar os discursos docentes sobre a inclusão de pessoas surdas no Ensino Regular e compreender as identidades docentes nas práticas de letramento (práticas de leitura e escrita). Como base teórica, adotamos a Teoria Social do Letramento (Street, 1984, 1995, 2001; Barton, 1994; Barton e Hamilton, 1998; Barton, Hamilton e Ivanic, 2000; Rios, 2002) e a Teoria Social do Discurso (Chouliaraki & Fairclough, 1999; Fairclough, 2003) e como metodologia a Etnografia. A pesquisa foi realizada em duas escolas públicas inclusivas do Distrito Federal (DF), no período de outubro a dezembro de 2007 e fevereiro a maio de 2008. O corpus é formado pela entrevistas realizadas com seis professoras e um professor, bem como pelas observações feitas em sala de aula. Obtivemos como resultados que os discursos da Educação Especial marcam as identidades docentes de professoras e professor, além disso, essas identidades são contraditórias e absorvem tanto o discurso tradicional (docente e da família) sobre a educação como o discurso da educação especial, mas que em contato com a prática de letramento inclusivo novos olhares, novos valores emergem no contexto escolar voltados para a valorização do ser humano. Palavras-chave: Identidades Docentes; Surdez; Práticas de Letramento Inclusivo. José Sena da Silva Filho IMAGEM E DISCURSO SOCIAL: PROCESSOS IDENTITÁRIOS NA CULTURA SUPERPOP Resumo: A sociedade contemporânea situa-se na atmosfera de Produtos Culturais e práticas discursivas múltiplas, complexas nas formas diversas de dizer e expressar, sempre em um processo dialógico, sendo transformada e transformando os sujeitos nelas envolvidos. Como se trata de processos comunicacionais em um mundo globalizado com uma política capitalista de interação, temos então fortes embates de cunho ideológico e cultural, situados nas linhas imaginárias entre um eu e um outro. 142 Resumos de trabalhos Nesse sentido, a questão do consumo, tratada de modo bem amplo, necessariamente como uma maneira de apropriação simbólica de bens, materiais ou imateriais, parece estar em foco no contexto atual. É partindo dessas questões, que o presente trabalho intenta discutir os processos de construções indentitárias na festa de aparelhagem Superpop, tomada aqui como Produto Cultural, a partir de práticas discursivas de sujeitos da Amazônia Paraense no contexto pós-moderno. Palavras-chave: Discurso; Identidade; Superpop. José Victor Neto NARRATIVAS ORAIS DE CASTANHAL: DO NORDESTE BRASILEIRO AO NORDESTE PARAENSE Resumo: As narrativas orais correntes no município de Castanhal-PA aproximamse muito de outras narrativas coletadas na região Nordeste por renomados pesquisadores do campo da oralidade, como Jerusa Pires Ferreira, Francisco Assis Lima e Câmara Cascudo. Tal fato pode ter relação direta com a colonização da região nordeste do Pará, onde está situada a cidade de Castanhal, por nordestinos cearenses, que para cá migraram durante o primeiro ciclo da borracha, no século XIX. No decorrer da pesquisa, chamou-me a atenção o imenso número de narrativas coletadas em Castanhal que apresentaram correspondentes oriundas da região Nordeste do Brasil, inclusive obras escritas, como no caso de um trecho da obra Infância, de Graciliano Ramos, e do folheto de cordel As Proezas de João Grilo, de João Ferreira de Lima. Tal perspectiva leva-nos a lançar um novo olhar sobre a cultura amazônica, buscando destacar a heterogeneidade cultural desta região, e perceber a contribuição dos nordestinos que migraram para as terras Amazônicas durante o século XIX, bem como os processos de “ressignificação” ocorridos nas referidas narrativas, como resultado da inter-relação entre os diferentes grupos humanos que constituem a região. Palavras-chave: Narrativas; Oralidade; Ressignificação; Nordestinos; Migração. José Victor Neto A “PRESENÇA DO CORPO”: DO GRAVADOR À FILMADORA, UM PERCURSO METODOLÓGICO NA COLETA DE NARRATIVAS ORAIS Resumo: Este trabalho constitui uma reflexão acerca da coleta e do estudo de narrativas orais, surgida a partir de minhas pesquisas sobre as narrativas que circulam entre os vigias noturnos do centro da cidade de Castanhal-PA. Pretendo, portanto, descrever o percurso metodológico e a opção pela mudança de equipamentos utilizados nas coletas em campo realizadas em 2004 e 2007, de um mini-gravador de fitas cassete para uma filmadora. O registro exclusivo da voz não se mostra suficiente para aproximar-se da experiência de “performance” do narrador, de modo que elementos não verbais (gestos, expressões faciais, ambiência, etc.) acabam por serem perdidos. Portanto, no intuito de valorizar o “empenho do corpo”, a opção pela filmagem surge como uma possibilidade de “mediação”, de que nos fala Paul Zumthor em Performance, recepção, leitura (2007), sendo uma forma de aproximação da natureza oral com que circulam essas narrativas, preservando assim alguns dos elementos não verbais envolvidos no ato de comunicação. Pretende-se ainda abordar a relação do tipo de equipamento de registro das narrativas com as mudanças no modo como 143 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia foram narradas as histórias pelos vigias em 2004 e 2007, respectivamente, além de discutir problemas relacionados à transcrição das narrativas, bem como a opção política pela anexação de narrativas orais em formato audiovisual aos trabalhos de pesquisa científica. Palavras-chave: Oralidade; Coleta em campo; Vídeo; Performance; Mediação; Narração. Josebel Akel Fares A ESCOLA NA AMAZÔNIA DE DALCÍDIO JURANDIR: O PROFESSOR MOQUÉM E OUTROS MESTRES Resumo: A obra de Dalcídio Jurandir reflete sobre a cultura amazônica do século XX, especialmente a primeira metade, infere saberes sobre diferentes aspectos, que ainda hoje são presentes na vida da região. O espaço ficcional, que oscila entre cidades marajoaras e Belém, registra retratos não só de paisagens fisiográficas, mas de cenas, costumes, saberes e muitos personagens. Neste contexto, em que a incessante busca pelo saber formal representa uma possibilidade de ascensão social de Alfredo, o protagonista, a figura do professor é coadjuvante essencial. A comunicação pretende mostrar alguns excertos de cenas dos romances protagonizados por professores e apresentar o Professor Moquém, do romance Primeira Manhã. Palavras-chave: Dalcídio Jurandir; cultura amazônica do século XX; espaço ficcional. Josebel Akel Fares METAMORFOSES EM MITOS AMAZÔNICOS Resumo: A metamorfose é um tema recorrente em todas as literaturas. Das formas mais simples as mais complexas, essas transmutações estão presentes nas literaturas da letra e da voz em todos os tempos. Uma extensa bibliografia estuda os processos metamórficos nos mitos gregos. Os trabalhos explicam o assunto a partir de um ou de um conjunto de mitos, nas mais diversas abordagens, como as centradas nas personagens, no tempo, no espaço – que implicam em conteúdo – ou demonstram que as transformações acontecem também em nível formal do texto, ou seja, as maneiras de dizer também sofrem metamorfose. Esta comunicação apresenta o tema a partir da leitura de alguns textos paradigmáticos da literatura universal e do complexo repertório mítico da Amazônia brasileira, em especial, a marajoara. Palavras-chave: mito; metamorfose; Amazônia brasileira. Josenilda Brandão Costa TRABALHANDO A INTERTEXTUALIDADE ATRAVÉS DA MÚSICA Resumo: Na perspectiva da Linguística Textual, a intertextualidade sempre foi vista como um dos critérios de textualidade de considerável relevância por ser a referência – explícita ou implícita – a outros textos, tomados num sentido bem amplo (orais, escritos, visuais, música, propaganda). Por esse motivo, o educador tem de ter claro que todo texto é resultado de outros textos orais ou escritos, os quais dialogam entre si. A utilização da música, na sala de aula, é relevante porque além de prender a atenção dos alunos, por causa da melodia, oferecem em suas letras riquíssimos elementos para a análise linguística, leitura e produção de textos, bem como contribui para o desenvolvimento cognitivo e emocional. Acrescenta-se ainda, o fato de estimular 144 Resumos de trabalhos a criatividade enquanto descontrai o ambiente. É interessante que ao selecionar as músicas para trabalhar em sala o professor conheça o contexto em que foram escritas e considere a realidade de seus alunos, para não haver uma discrepância entre o que se aborda em sala e a vivência do indivíduo. Assim, objetiva-se com o presente trabalho relatar a experiência de trabalhar com o fator de textualidade (intertextualidade) a partir de textos musicalizados, na turma do primeiro ano do ensino médio, mediante a um estágio de conclusão de curso. Palavras-chave: Música; intertextualidade; leitura. Jovelina Maria Ramos de Souza DESVENDANDO HOMERO Resumo: Para os gregos, esse fenômeno estrutural do pensamento grego chamado poesia, envolve todos os elementos constitutivos da tradicional educação aristocrática, como a música, o canto, o coro, o teatro, o mito e tem em Homero o seu principal representante. Nossa análise observará a influência da tradição poética no processo constitutivo da cultura grega, tomando como base o papel educativo e normativo da poesia, pois os poetas foram não só os primeiros educadores hegemônicos da cidade, mas também os primeiros a tentar explicar a origem e a ordem do mundo. De Homero a Platão, a cultura grega mostra-se completamente impregnada pelos efeitos da poesia na formação ética, política e pedagógica das crianças e dos jovens. Nesse sentido, pretendemos mostrar que, a poesia, entre os gregos, sempre foi norteada por determinados valores, sendo justamente a partir destes valores e princípios que Homero define a ação de seus personagens, assim como Platão, mais tarde, censura a influência que a ação destes mesmos personagens exerce na educação da cidade. Pretendemos compreender o caráter próprio da poesia grega como fato de cultura, centrados em duas perspectivas, primeiro, a da controvérsia existente entre os estudiosos de Homero a respeito de sua existência histórica. Em seguida, evidenciaremos o valor do aedo como transmissor das leis e dos costumes através de seus relatos orais. Destacaremos, sobretudo, sua importância como educador, em uma sociedade em que a escrita ainda não é predominante e as informações, normas e valores fundamentais são repassados através de seus cantos. Palavras-chave: Homero; aedo; tradição oral. Juliana de Souza Gomes Nogueira O SUJEITO MODERNO: TENSÕES E FRAGMENTAÇÕES NA POESIA DE IDERVAL MIRANDA Resumo: Este trabalho faz uma leitura de alguns poemas do escritor Iderval Miranda que, escritos no final do século XX, apontam para uma quebra das relações sociais na cidade. Para tanto, partimos de uma reflexão sobre a modernidade, na voz de seus principais estudiosos, a fim de, posteriormente, analisar como as composições selecionadas remetem aos aspectos da fragmentação e da tensão, característicos da modernidade. Palavras-chave: Modernidade; Iderval Miranda; fragmentação; tensão. Juliana Geórgia Gonçalves de Araújo ESTUDO SOBRE O ADVÉRBIOS MODALIZADORES EM “–MENTE” EM ARTIGOS DE OPINIÃO DA FOLHA DE SÃO PAULO 145 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Resumo: Este trabalho pretende apresentar algumas considerações sobre os advérbios modalizadores terminados em “–mente” nos artigos de opinião do jornal Folha de São Paulo, considerando-se as posições que eles podem ocupar na representação subjacente da oração e os diversos valores semânticos que emprestam aos enunciados. Os objetivos do nosso estudo sobre os advérbios modalizadores em “–mente” foram: identificar os tipos de advérbios em “–mente” modalizadores epistêmicos em artigo de opinião; descrever esses advérbios modalizadores conforme a posição e seu valor semântico-discursivo; analisar a relação entre o uso dos advérbios em –mente e o gênero textual artigo de opinião. Para a constituição do corpus de análise, utilizamos ocorrências desses advérbios em artigos de opinião do jornal Folha de São Paulo na versão em CD-ROM. Podemos verificar que muitos advérbios não são, de fato, modificadores e outros não estão, por outro lado, ligados a circunstâncias de nenhuma natureza. Encontramos 101 ocorrências de advérbios modalizadores epistêmicos de um total de 140 ocorrências de advérbios em “–mente”, o que já evidencia a grande frequência desse tipo de modalizador, pelo menos no gênero analisado. As demais ocorrências se dividiam entre advérbios intensificadores, focalizadores e qualitativos. Observamos que os advérbios mais frequentes, com relação ao valor semântico, foram os asseverativos, o que condiz com o gênero textual analisado. Também vale observar que, embora no total, a posição mais comum tenha sido a intercalada, com os advérbios quase-asseverativo e asseverativos relativos, a posição mais frequente foi a mais próxima da esquerda da frase. Palavras-chave: advérbio; modalizadores; artigos de opinião. Juliana Maia de Queiroz A CARTEIRA DE MEU TIO: CIRCULAÇÃO, FICÇÃO E HISTÓRIA Resumo: O presente trabalho tem como objetivo analisar aspectos relacionados à composição e circulação do romance A carteira de meu tio, de Joaquim Manuel de Macedo, publicado em 1855, no Rio de Janeiro. Neste romance específico, Macedo transporta para a ficção muitos fatos que marcaram a vida social e política dos anos cinquenta do II Reinado. Em tom satírico, o autor constrói sua narrativa repleta de críticas ao sistema político da época em que viveu, diferindo assim, tanto em estrutura quanto em temática, de outros romances pelos quais ficou conhecido na maioria das Histórias Literárias do Século XX. Além de discutir a apropriação ficcional de alguns fatos históricos, procuramos também observar o quanto o papel político e social de Macedo na sociedade imperial do século XIX foi relevante para a produção e circulação desta obra específica. Palavras-chave: Joaquim Manuel de Macedo; ficção; história. Juliene do Socorro Cardoso Rodrigues O ETHOS NO DISCURSO DE COMEMORAÇÃO DOS 50 ANOS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁ – ANO DE 2007 Resumo: O Campo acadêmico tem exercido um papel fundamental no contexto de construção da sociedade brasileira, seja enquanto um espaço formador de massa crítica seja como instrumento reprodutor de uma racionalidade capitalista. Dentro dessa perspectiva, no âmbito de comemoração dos 50 anos da Universidade Federal do Pará (doravante UFPA), convém fazer a seguinte indagação: De que maneira o 146 Resumos de trabalhos discurso de comemoração dos 50 anos da UFPA, empreendido pela gestão de então, é instrumento revelador de Ethos político-ideológico? Levanta-se a hipótese de que há estratégias de construção de Ethos no discurso de comemoração, com o objetivo de persuadir e buscar a adesão dos atores sociais envolvidos na construção do conhecimento na universidade. Nesse sentido, tem-se como objetivo geral analisar o Ethos no discurso de comemoração dos 50 anos da UFPA. Como caminho teóricometodológico o materialismo histórico e dialético, optando-se pela metodologia qualitativo-quantitativa e o estudo de caso. Palavras-chave: Ethos; discurso; UFPA. Junia Regina de Faria Barreto VICTOR HUGO E GAMA MALCHER: A SAGA DE BUG-JARGAL DA LITERATURA À ÓPERA Resumo: Na origem, o escritor francês Victor Hugo teria se inspirado para a construção de seu texto do personagem real Toussaint Louverture, chefe dos negros subjugados e revoltados no Haiti, em 1793, então colônia francesa. Seu personagem romanesco, Bug-Jargal, príncipe africano sequestrado, escravizado e martirizado na colônia de Santo-Domingo, é considerado o primeiro herói negro da literatura francesa moderna, contrariando os estereótipos do negro bom ou revoltado. A primeira versão do texto de Hugo é escrita em 1820, a segunda em 1826 e o libretto de Vicenzo Valle e a música do compositor paraense Gama Malcher, que já trabalhava na adaptação dez anos antes, estreiam na ópera de mesmo nome, em 1890. Nos interessa aqui confrontar os dois textos, o romanesco e o operístico, a partir do momento político em que surgem nos cenários francês e brasileiro, apontando as transformações ocorridas na operação intersemiótica da tradução e ainda investigar se o material que constitui o tecido da escritura hugoana é, de alguma forma, preservado sob a forma de ópera. Palavras-chave: Literatura; Música; Victor Hugo; Gama Malcher; Bug-Jargal. Karina Chianca Venâncio O POEMA E O SEU MOVIMENTO CORPORAL Resumo: Guillaume Apollinaire (1880-1918) e Vinicius de Moraes (1913-1980) cantam a dor de amar um objeto perdido. As suas obras se caracterizam pelo movimento no espaço e no tempo. No momento em que pintam o quadro da vida, é o movimento das cores e das luzes que dá forma nas diferentes paisagens. Assim, a dança, a música e a pintura se juntam numa mesma busca sobre a arte moderna. Escrita corporal, a dança se inscreve numa metáfora da escrita. O corpo responde às frases líricas da música pelo movimento que se coloca a serviço da elegância e da graça. Com as suas curvas, seus arabescos e seus saltos, a dança pode sugerir o movimento orquestrado pela pintura e pela música. O gesto se esvanece a cada instante, tornando-o inacessível. Esta forma fugaz da dança, estes sinais efêmeros a ligam à figura feminina e ao amor. Palavras-chave: amor; dança; figura feminina. Karina Figueiredo Gaya PRODUÇÃO ORAL EM AULAS DE PORTUGUÊS COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA (PLE) – PREPARAÇÃO PARA O EXAME DE PROFICIÊNCIA CELPE-BRAS 147 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Resumo: O presente trabalho insere-se no campo de ensino-aprendizagem de línguas e trata especificamente do desenvolvimento da competência comunicativa de alunos estrangeiros do PEC-G (Programa de Estudante-Convênio de Graduação). Ele visa a favorecer a aprendizagem da produção oral em PLE desses alunos no âmbito de uma preparação intensiva (20h por semana durante nove meses) para os exames do CELPE-Bras (Certificado de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros). O referencial teórico tem por base as concepções de Hymes (1972), sobre competência comunicativa, re-configurada por Moirand (1982) e a perspectiva accional do ensino-aprendizagem de língua estrangeira desenvolvida no âmbito do Conselho da Europa (Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas – Aprendizagem, ensino, avaliação, 2001). A investigação proposta será realizada à luz da pesquisa-ação, metodologia que pressupõe ser o pesquisador, ao mesmo tempo, observador crítico e participante da ação. Palavras-chave: CELPE-Bras; Produção Oral; Sócio Interacionismo; Competência Comunicativa. Kelly Andresa Leite Souza AGRADECEMOS AOS JORNAES...: A PERMUTA DE INFORMAÇÕES ENTRE OS JORNAIS OITOCENTISTAS: UMA PRÁTICA DE LEITURA? Resumo: A realização de pesquisas desenvolvidas com periódicos circulantes em Belém do Pará na década de 70 do século XIX permitiu observar e analisar, dentre as diversas informações catalogadas, os dados extraídos da seção Noticiario do jornal A Regeneração cuja circulação corresponde ao período de 1873 a 1876. Dentre essas observações pôde-se notar a frequência com que os jornais locais, regionais e até internacionais permutavam com o periódico. Portanto, este trabalho tem por objetivo divulgar os dados analisados por esta pesquisa que observou, dentre outros resultados a ocorrência da permuta de informações entre os jornais oitocentistas. Dessa forma, este trabalho corresponderá aos objetivos do plano de pesquisa Perfil dos leitores da sociedade belenense: uma visão panorâmica dos anúncios de livros nos periódicos oitocentistas circulados em Belém do Pará, que faz parte do projeto Lendo o Pará: a publicação do romance-folhetim em Belém do Pará na segunda metade do século XIX, coordenado pela Profa. Dra. Germana Sales (UFPA/CNPq/FAPESPA). Palavras-chave: século XIX; impressos de jornal; práticas de leitura; permuta de informações; noticiário. Kelly Cristina Marigliani Melo MODALIDADES DE AVALIAÇÃO E SUAS IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO/ APRENDIZAGEM DE PORTUGUÊS LM Resumo: Nos anos 80, a crise vivenciada pela escola pública, materializada no aumento da repetência e da evasão escolar, teve como consequência uma maior conscientização por parte dos estudiosos da área de educação em relação à necessidade de melhorar o processo de ensino/aprendizagem. Na área da avaliação escolar, essa crise, dentre outros problemas, fez com que os estudiosos dessa área criticassem o tipo de avaliação exclusivamente somativa, predominante nas práticas avaliativas tradicionais, e valorizassem a avaliação de cunho mais formativo. Surgiram então numerosas propostas de transformação das práticas avaliativas, dentre elas a avaliação autêntica, 148 Resumos de trabalhos a democrática, a dialógica, a formativo-reguladora, a mediadora e a participativa, geralmente pouco ou nada específicas no que tange ao ensino de línguas. A aparente multiplicidade de concepções avaliativas e as dificuldades que essa variedade suscita para o professor de português por si só justificam que seja empreendido um estudo no sentido de oferecer a este profissional melhor clareza conceitual e condições para integrar reflexão em língua e reflexões em avaliação. Este estudo foi realizado por meio de uma pesquisa bibliográfica. O corpus é composto de obras impressas que apresentam modalidades de avaliação alternativas à avaliação tradicional, favorecendo o processo de aprendizagem. O objetivo deste trabalho é contribuir para melhor conhecer as noções que envolvem a concepção formativa de avaliação com vistas à integração de concepções mais atuais de avaliação no processo de ensino/aprendizagem de português língua materna, condição sine qua non para a renovação efetiva dessa área. Palavras-chave: Avaliação formativa; ensino/aprendizagem de português. Kilpatrick Muller Bernardo Campelo O ESTATUTO CONCEITUAL E FUNCIONAL DAS PROFORMAS. PRONOME: O PROTÓTIPO DAS PROFORMAS Resumo: Em primeiro lugar, a categorização tradicional emperra em uma série de incongruências em virtude da ausência de um modelo epistemológico que conjugue, de forma harmônica, o binarismo aristotélico e as escalas construídas com base em protótipos. Para tanto, valer-nos-emos da teorização de Givón (1995), que construiu uma aliança proveitosa entre o modelo de discretude da tradição do pensamento ocidental e o modelo recente, mais flexível, que contempla zonas de fronteiras, em que as noções teóricas de escalaridade e prototipia tornam-se fundamentais para categorizar todo e qualquer referente. Em segundo lugar, é mister diferençar léxico e gramática, a fim de determinar os traços de ordem pragmática, cognitiva, semântica, sintática, morfológica e fonológica determinantes para a inclusão ou exclusão de um dado item lexical no âmbito lexical ou gramatical. Para esse fim, os autores compulsados são Hopper (1990), Lehmann (1982), Heine, Claudi & Hunnemeyer (1991), Newmeyer (2001), Bybee (2001), inter alios. Em terceiro lugar, não há um modelo descritivo que apresente um arcabouço coerente do trânsito de formas lexicais para a gramática em todas as classes de palavras. Com base na tese de Campelo (2007), apresenta-se um modelo que discute a perda dos traços de nominalidade como condição de inserção em classes lexicais mais gramaticais e a recomposição das classes mais gramaticais com base na incidência de processos de metaforização de formas decalcadas do léxico. Dividem-se as classes em dois grupos de macroclasses, denominadas pleriformas e proformas. Propõe-se, para a compreensão geral das macroclasses proformais, a categoria da proformalidade, a qual incide em todas os níveis de manifestação da língua. Por fim, discute-se que a tradição gramatical reconheceu a proformalidade tãosomente entre as proformas nominais, tradicionalmente chamadas de pronomes. Palavras-chave: proformalidade; gramaticalização; prototipia. Lafity dos Santos Silva O PAPEL AXIOLÓGICO DOS NOMES PRÓPRIOS EM EDITORIAIS DE JORNAL Resumo: Os discursos produzidos pelos sujeitos nas mais diferentes situações não podem ser desprovidos de apreciação axiológica, pois para Bakhtin (2002[1929]), as palavras 149 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia não têm sentido sem uma entoação, sem um caráter apreciativo, já que, dependendo do contexto em que nos encontremos, uma mesma palavra pode ter valorações diferentes. Em função disso, far-se-á uma correlação da concepção valorativa de Bakhtin com as teorias de referenciaçao de Koch (2002) e Mondada e Dubois (2003), as quais defendem que os processos de referenciação podem ser vistos como uma atividade discursiva responsável pela construção de objetos de discurso mediante a atribuição de valor de juízo às coisas do mundo. Com base nesta perspectiva, o objetivo desta comunicação é buscar explicar os juízos de valor atribuídos aos nomes próprios presentes em editoriais de jornal. Fazendo uso de leituras de caráter explicativo e interpretativo, constatamos, através da análise dos editoriais selecionados para essa pesquisa, que os jornais de circulação no estado do Piauí não mencionam nomes próprios designadores de figuras de poder, quando os temas são locais e a apreciação é pejorativa. Entretanto, há uma certa recorrência do uso de nomes de figuras de poder que representam a esfera política local, quando os temas são locais e a apreciação é meliorativa. A pesquisa mostra que o observação do uso dos nomes próprios no discurso da mídia apresenta marcantes indícios da tomada de posição por parte das instituições jornalísticas. Palavras-chave: nomes próprios; editoriais; apreciação axiológica. Layra Patricia Moy de Abreu A GRAMÁTICA NOS MATERIAIS DE FLE (5ª. SÉRIE) E SUA TRANSPOSIÇÃO NAS PRÁTICAS DE ENSINO Resumo: Face às dificuldades do ensino de LE na cidade de Belém, em particular nas escolas da rede pública, selecionamos duas escolas (uma federal e outra municipal) a fim de levantar dados sobre a realidade e as perspectivas do ensino de FLE, enfatizando a análise do ensino gramatical, o que resultou na elaboração do TCC intitulado: La grammaire dans les matériels de FLE (classe de sixième) et sa transposition dans les pratiques d’enseignement. Tal trabalho teve como principal objetivo a criação de um material didático e de propostas de intervenção para os professores da 5a. série do ensino fundamental, no sentido de auxiliar estes profissionais a melhor articular as orientações didáticas e as necessidades do seu público às suas práticas de ensino. Palavras-chave: Gramática; ensino-aprendizagem; FLE. Larissa de Oliveira Neves ARTUR AZEVEDO E “O TEATRO” Resumo: Esta comunicação tem como objetivo apresentar as crônicas teatrais de Artur Azevedo, publicadas semanalmente no jornal A Notícia, entre os anos de 1894 e 1908. A coleção completa dos artigos, que totaliza 680 textos, virá a público pela primeira vez em uma edição comemorativa do centenário de falecimento de autor, patrocinada pela Petrobrás, com o incentivo do Ministério da Cultura. Nas crônicas, Artur Azevedo, além de criticar os espetáculos em cartaz, traçou um fiel panorama do dia-a-dia do meio teatral, com informações sobre os costumes da população e as dificuldades vivenciadas pela gente de teatro. Podemos, também, por meio da leitura desse rico material, determinar a postura teórico-crítica do comediógrafo acerca da literatura dramática e dos aspectos de cena. Por fim, as crônicas, a despeito de seguirem uma temática definida (o teatro), incluem, em diversos momentos, comentários sobre outros assuntos de relevo à época, como as reformas urbanas 150 Resumos de trabalhos do Rio de Janeiro, os problemas com os meios de transporte, as novas formas de divertimento que surgiam, além de referências à vida pessoal do autor. Palavras-chave: Artur Azevedo; teatro; crônica. Laura Masello LENGUAS DOMINANTES-LENGUAS DOMINADAS EN NARRATIVAS IDENTITARIAS LATINOAMERICANAS Resumo: Los intentos de emancipación de la dependencia cultural en las tres Américas latinas surgieron a menudo en forma aislada, pudiendo decirse que aún hoy las diferentes geografías del continente se caracterizan por la falta de conocimiento mutuo. Dentro de la heterogeneidad de iniciativas y aspectos que configuran el debate, uno de los grandes problemas fue tener que expresarse en la lengua y los esquemas interpretativos del Otro europeo. Hubo, sin embargo, dos concepciones que se esforzaron por revertir esa situación en regiones que aparentemente mantenían pocos contactos entre sí: la Antropofagia en Brasil y la Creolización las Antillas. Además de presentar elementos comunes, algunos autores han planteado que ambas posturas representan una alternativa para superar el impasse en que se encontraría el debate identitario latinoamericano. Así, Walter Moser propone que la Antropofagia, con su cuestionamiento de la pureza pre-determinante y su desacralización de “lo nacional”, podría alimentar la reflexión tanto del resto de América Latina como del norte. Sería el principal punto de convergencia con la Creolización, desarrollada como oposición a toda forma de integrismo, reivindicación de raíz única o mestizaje previsible. Mi idea es establecer dinámicas entre ambas corrientes, no sólo como elaboraciones aplicables al contexto del que emergieron, sino como instrumentos para cruzar sus manifestaciones literarias. En este trabajo, que forma parte de mi tesis de Doctorado, estudio la elaboración de ambos discursos estéticos-literarios, incluyendo la lucha por espacios para las lenguas no hegemónicas y el posicionamiento frente a los modelos literarios heredados de las culturas europeas. Palavras-chave: Lenguas y culturas no hegemónicas; debate identitario; Antropofagia; Creolización literária. Laura Viviani dos Santos Bormann WEBQUEST: UMA ALTERNATIVA PARA O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA Resumo: Este trabalho possui como temática o uso da informática como recurso didático nas aulas de Língua Portuguesa e pretende apresentar as conclusões da aplicação de uma Webquest numa turma de ensino médio de uma escola pública da região metropolitana de Belém, por meio da exposição dos trabalhos desenvolvidos pelos próprios alunos e dos resultados dos questionários de avaliação aplicados entre discentes e docentes da escola. Palavras-chave: Tecnologia Educacional; Webquest; Ensino de Língua Materna. Lauro Roberto do Carmo Figueira A RAPSÓDIA DE OS CONTOS AMAZÔNICOS Resumo: Os Contos amazônicos (1893), de Inglês de Sousa, constituem uma rapsódia. Neste sentido, lenda, mito, crenças diversas e História se confundem a compor 151 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia um painel da formação do caboclo na Amazônia brasileira no decurso do século XIX, tempo da cristalização da cultura e do homem da floresta, este, um autóctone, produto de variada etnia. O ficcionista Inglês de Sousa se apropria de um memorial fluente às margens da Bacia Amazônica e os desenvolve em nove narrativas cenas cotidianas plenas de tradições ao lado de detalhamentos psicológicos e perspectivas ideológicas em dois segmentos: narrativas de matéria histórica e narrativas de matéria do imaginário. As “cenas” do autor perfazem um épos amazônico de teor primitivo. Palavras-chave: rapsódia; Amazônia; Inglês de Sousa. Leidiane Maciel Leal O VALOR SOCIAL DA LITERATURA PARA A QUALIDADE DE VIDA DE ESCRITORES IDOSOS DA ACADEMIA PARAENSE DE LETRAS E DO MOVIMENTO LITERÁRIO EXTREMO NORTE Resumo: O presente trabalho registra uma investigação sobre o valor social da literatura na vida de escritores idosos, tendo como objetivo verificar de que forma as manifestações culturais e artísticas, a exemplo da arte literária, proporcionam qualidade de vida, inclusão social e cidadania de pessoas idosas, escritoras do Movimento Literário Extremo Norte e da Academia Paraense de Letras. Considerando que o fenômeno do envelhecimento é caracterizado por experiências e vivências das pessoas, foram realizados estudos e pesquisas dentro de uma abordagem fenomenológica. Através deste método, pretendeu-se apreender o que significa para cada um dos pesquisados a experiência da escrita literária, o sentido que assume em suas vidas. Foram entrevistados seis idosos, e aplicados questionários socioeconômicos a sete, totalizando treze escritores e escritoras que contribuíram com a pesquisa. O estudo apresenta conceitos de arte, cultura, cidadania, qualidade de vida, relacionando-os à velhice e ao envelhecimento. A partir dos dados obtidos concluímos que a literatura é um meio que proporciona a integração social, bem como a valorização do idoso, na medida em que, ao participarem de grupos literários, a exemplo dos estudados, os idosos, como agentes transformadores da realidade, têm a oportunidade de mostrarem o seu potencial, de serem reconhecidos e de contribuírem ativamente para a preservação de nossa memória cultural, derrubando, deste modo, estigmas e estereótipos ainda interiorizados, alcançando, assim, uma melhor qualidade de vida. Palavras-chave: Idoso; literatura; cidadania; qualidade de vida. Leila Patricia Alves Dantas O GÊNERO “AVISO” EM UMA PERSPECTIVA SÓCIO-DISCURSIVA Resumo: Neste trabalho, a partir da visão sócio-histórica e discursiva dos gêneros, representada por C. Miller, Bazerman, Bhatia, entre outros, e influenciada por Bakhtin, propomos uma análise em que se verifique a relação entre o gênero trabalhado – aviso – e a sua contribuição na organização social e histórica em que está inserido, além da sua funcionalidade. A partir de um corpus de trinta textos, dos quais escolhemos quinze, demonstramos que esse gênero não só organiza a vida do grupo observado, mas de toda a comunidade, além de tornar evidente a organização cultural do grupo e promover a mudança social, a partir de suas ações. Palavras-chave: gênero; ação social; funcionalidade. 152 Resumos de trabalhos Leonardo Rodrigues de Souza ESTUDO DA LINGUAGEM JURÍDICA SOB A ÓTICA DA VISÃO PERFORMATIVA DE AUSTIN Resumo: Fundamentado no pensamento de que a cultura contemporânea se caracteriza, dentre outros aspectos, pela dificuldade de se delimitar os domínios discursivos, este trabalho se justifica na tentativa de estudar a linguagem jurídica sob os apontamentos da visão performativa, ou seja, da concepção de que a linguagem é o lugar de conflito no qual se rompem as fronteiras entre o linguístico e o filosófico. Considerando que a teoria procedimental do direito, que procura descrever a realidade tomando a linguagem ordinária como mediadora, não se ocupa com questões de natureza filosófica como a busca obsessiva do homem pelo fundamento das coisas, estudei sentenças indenizatórias dos juizados especiais cíveis de Anápolis, Goiás, a fim de observar em que medida a tentativa de abandono das questões filosóficas propicia condições para as práticas de exclusão social em litígios que versam sobre matéria subjetiva, como honra, dignidade, moral, bons costumes. A pesquisa ainda é incipiente, mas até agora pude perceber que as decisões judiciais, conjunto dos atos de fala de todo um processo, garantem o direito subjetivo nos moldes da ciência logocêntrica, tão combatida por Austin (1976), vez que separa o sujeito do objeto, tentando conferir status de objeto científico à ordem jurídica. Palavras-chave: Linguagem ordinária. Linguagem jurídica. Exclusão social. Lilia Silvestre Chaves DULCINÉA PARAENSE, RUY BARATA E MANUEL BANDEIRA: GESTOS E RAÍZES Resumo: O poeta experimenta o universo, modificando-o e obrigando-o a reagir às palavras. Nada pode ser atingido, no entanto, se não houver conhecimento e cultura e, como uma espécie de união desses termos, se não houver experiência. Nesta comunicação, pretende-se fazer uma leitura de três poemas de Dulcinéa Paraense, Ruy Barata e Manuel Bandeira, do ponto de vista de suas próprias palavras poéticas, das marcas de seu tempo e de suas cidades, enfim, do ponto de vista da experiência que cada um desses poetas brasileiros imprime em seus versos. Trata-se, inicialmente, de aproximar os poetas paraenses do poeta pernambucano, em busca de diferenças e semelhanças na maneira de criar, no tema e no tom escolhidos, nas ideias ou nas palavras de cada um, tendo o modernismo como ponto de união, para em seguida distanciar um poeta do outro, na direção de pólos diversos, nas margens do movimento caudaloso que foi o modernismo brasileiro. Palavras-chave: poesia; natureza x homem; experiência; modernismo. Lilian Reichert Coelho PAUL AUSTER EM TRÂNSITO PELA LITERATURA E PELO CINEMA Resumo: Reflete comparativamente sobre a construção do bairro do Brooklyn como topofilia em duas produções contemporâneas do mesmo artista, Paul Auster, em linguagens distintas: o romance Desvarios no Brooklyn (2005) e o documentário Sem fôlego (1997). Palavras-chave: espaço; topofilia; literatura; cinema. 153 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Livia Sousa da Cunha A REPRESENTAÇÃO HISTÓRICA E SOCIAL NO CONTO O REBELDE, DE INGLÊS DE SOUSA: RELAÇÃO ENTRE O FANTÁSTICO E O MARAVILHOSO Resumo: O conto O Rebelde, da obra Contos Amazônicos (1893), de Inglês de Sousa, juntamente com os contos Voluntário e A Quadrilha de Jacó Patacho, tem como conflito central um acontecimento do mundo real. Estas narrativas apresentam um recontar e um posicionamento acerca da Guerra do Paraguai, Voluntário, dos momentos que antecedem a Cabanagem e a Cabanagem, nos outros dois contos. É a partir da constatação desse fato histórico no conto O Rebelde, que se desenvolve a pesquisa em questão, atentando para o jogo estabelecido entre o real e o ficcional, ou seja, como um fato histórico, a Cabanagem, foi recriado no plano ficcional, partindo da leitura de textos teóricos como os de Luiz Costa Lima, Fábio Lucas, Lynn Hunt, bem como, atentando para os conflitos raciais e sociais presente na construção da obra. Neste sentido, observar-se-á como os personagens são caracterizados, pobres e ricos; brancos, negros, índios e mestiços; como os espaços são (re)criados, o maior que é a Amazônia e os menores como as casas, os sítios influenciam os personagens, as ações e a história como um todo. Verificar a existência de duas maneiras de contar os acontecimentos, uma que defende e aponta o porquê da luta dos cabanos, a de Paulo da Rocha, e a outra, que por vezes condena o movimento, a voz do narrador Luís. Outro ponto de destaque nesta pesquisa é a presença de um caráter fantástico e maravilhoso na organização dos fatos, assim como, no imaginário dos personagens que transitam na narrativa. Palavras-chave: real; ficcional; imaginário. Loíde Leão dos Santos O LEITOR, A METAMORFOSE E O SILÊNCIO EM MEU TIO O IAUARETÊ Resumo: Pretende-se, com a abordagem do conto Meu tio o iauaretê, da obra póstuma Estas Estórias (1969), de João Guimarães Rosa, mostrar que o leitor, no percurso do texto ficcional, pode assumir uma dupla postura. O conto é um texto constituído como uma escritura vocalizada, e o leitor pode participar de sua atualização, preenchendo as lacunas e observando atentamente os vestígios deixados pelo narrador. Isto será feito com base no trabalho de pesquisa de Thais Tait sobre O jogo e a performance em Meu Tio o Iauaretê (2007), assim como, nas afirmações do teórico Haroldo de Campos no ensaio A linguagem do iauaretê (1967). Busca-se evidenciar, no plano do discurso, a figura do leitor implícito e do leitor explícito. Enfatizam-se as fronteiras entre a escritura e a fala na busca de uma oralidade moldada à escrita literária. Evidencia-se o pacto metamórfico investido na experiência da metamorfose materializada em todos os níveis narrativos. Procura-se destacar as transições do interlocutor ao leitor; da letra à voz; da linguagem articulada à desarticulação da linguagem primitiva e selvagem, pura presença vocal, que nos remete ao silêncio primordial das origens. Palavras-chave: Meu tio o Iauaretê; leitor; metamorfose. Lorena Bischoff Trescastro / Cilene Maria Valente da Silva BLOG: INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM INTERATIVA DE FORMADORES DE ALFABETIZADORES 154 Resumos de trabalhos Resumo: Este trabalho apresenta o blog como instrumento de aprendizagem interativa que favorece a formação de formadores de alfabetizadores. O estudo é decorrente da análise do curso Formação do Formador, destinado aos formadores do ECOAR, que iniciou em 02 de fevereiro de 2009, na perspectiva de dialogar, estudar, refletir e elaborar conjuntamente sobre a problemática da alfabetização nas escolas municipais de Belém – SEMEC, utilizando novas mídias de comunicação. O curso, mediado pelo blog, tem por objetivo estudar sobre a formação de professores alfabetizadores, articulando os conteúdos estudados com a prática de formador. A formação fundamenta-se no estudo, elaboração, vivência, reflexão e pesquisa com a finalidade de refletir sobre a prática profissional e o conhecimento dos formadores de professores alfabetizadores. Os procedimentos metodológicos utilizados são: interação virtual assíncrona e individual; interação presencial e coletiva; retorno reflexivo sobre as postagens; mediatização e socialização da reflexão; entrecruzamento de resultados. Por favorecer a interatividade entre os participantes, o blog possibilita o intercâmbio de saberes e conhecimentos, promovendo um espaço de interação simultânea e trocas sociais que favorecem o processo de ensino-aprendizagem. Neste caso, a situação de interatividade permite aos participantes dialogar e intervir no processo comunicacional com ações, reações, provocações, intervenções, necessárias à construção de conhecimentos. Palavras-chave: blog; interatividade; formação de formadores; alfabetização. Luciana Aparecida da Silva O TRABALHO COM O INSÓLITO NO MICRORRELATO DE AUGUSTO MONTERROSO Resumo: Durante a Idade Média, as fábulas utilizaram a narrativa, por meio da retórica, para que os ouvintes, através da atuação dos personagens ─ que geralmente eram animais, objetos inanimados, etc. ─ refletissem como conselhos ou recomendações sólitas as morais das histórias, após os desfechos destas. Posteriormente, apareceram escritas na prosa por meio de autores consagrados como Esopo, La Fontaine, etc. Já os contos apresentaram uma forma cristalizada, e eram construídos com narrativas breves, com temas variados, com espaços e tempos imaginários e um efeito surpresa no desfecho; e cabe a cada leitor ativo interpretá-lo, de forma subjetiva, conforme a experiência sócio-cultural no mundo plural o qual vivemos. Através da junção das fábulas e dos contos, o autor Monterroso através do microrrelato, apresenta um texto insólito brevíssimo e utiliza a narrativa com o léxico de fácil compreensão aos leitores, e por meio da paródia, humor e ironia, etc., apresenta histórias diferentes e correlacionadas com as vidas dos seres humanos. Como exemplo, recorro ao texto traduzido para a língua portuguesa, por Millôr Fernandes, escrito abaixo: O Fabulista e seus críticos. Na Selva vivia há muito tempo um Fabulista cujos criticados se reuniram um dia e o visitaram para queixar-se dele (fingindo alegremente que não falavam por eles, mas pelos outros), na base de que suas críticas não nasciam da boa intenção, mas do ódio. Como ele estava de acordo, eles se retiraram envergonhados, como na vez em que a Cigarra se decidiu e disse à Formiga tudo o que tinha de dizer Palavras-chave: fábulas; contos; microrrelato. 155 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Luciana de Oliveira Alves A LEITURA HIPERTEXTUAL: EM BUSCA DE AUTONOMIA NA COMPREENSÃO ESCRITA EM FRANCÊS Resumo: Como já foi demonstrado em pesquisas sobre leitura no domínio da psicolinguística, o ato de ler apresenta-se como uma atividade interativa, durante a qual o leitor é convidado a elaborar hipóteses, realizar inferências, ativar seu conhecimento de mundo ou buscar novas fontes de informação para construir o sentido do texto que lê. Mais especificamente na leitura em língua estrangeira (LE), o aluno vale-se dessas estratégias de leitura para compreender textos escritos em um código que ele ainda pouco conhece. Sabe-se também que as possibilidades de situação de leitura ampliaram-se, imprimindo ao ato de ler uma nova dimensão. Atualmente, encontramos no ciberespaço uma nova textualidade, aquilo que se tem convencionado chamar “hipertexto” – texto que vai além do texto –, que permite ao leitor, mais do que nunca, construir seu próprio percurso de leitura, o que requer um domínio ainda maior de estratégias e habilidades do leitor ainda não proficiente em LE. O propósito deste trabalho é verificar como os alunos de Francês língua estrangeira (FLE) se comportam diante do texto-tela, propondo intervenções e parâmetros suscetíveis de guiá-los na busca de maior proficiência em leitura. Acreditamos que um estudo dessa natureza poderá contribuir para o desenvolvimento da autonomia em leitura de textos em FLE, habilidade central e imprescindível no âmbito do ensino-aprendizagem. Palavras-chave: leitura; hipertexto; FLE; autonomia. Luciana Kinoshita da Silva CRIAÇÃO DE MANUAL DIDÁTICO DE PL2 PARA O CONTEXTO AMAZÔNICO: FACES DE UM DESAFIO Resumo: É fato que não existe manual didático perfeito e jamais o professor encontrará um que se adequa perfeitamente à sua sala de aula e aos seus alunos. Baseada nesta angústia e também na escassez de manuais de PLE/PL2 de qualidade no mercado, há alguns anos, decidi montar meu próprio manual, que passa por atualizações e reformulações a cada semestre. O objetivo deste relato de experiência é expor as dificuldades, necessidades e expectativas que um professor de língua estrangeira tem ao criar seu próprio material didático, quando nada do que até então existe no mercado parece estar adequado ao contexto da sua sala de aula, visando deixar outros professores a par da situação que é ensinar língua portuguesa como segunda língua em um contexto de imersão cultural. A pesquisa em questão justificase devido à necessidade de descrever dificuldades e facilidades relacionadas que podem acontecer dentro de uma área de atuação no ensino-aprendizagem de línguas que nos últimos tem se desenvolvido bastante. Palavras-chave: Amazônia; ensino-aprendizagem de língua PLE/PL2; imersão cultural; manual didático. Luciana Kinoshita da Silva VARIAÇÃO LINGUÍSTICA: COME COM FARINHA? Resumo: Maneiras de trabalhar a variação linguística nas aulas de língua portuguesa vêm sendo discutidas há algum tempo. O objetivo deste trabalho é descrever e analisar como a heterogeneidade linguística é trabalhada no início do Ensino Fundamental 156 Resumos de trabalhos II, além das dificuldades enfrentadas por professores de escolas públicas do Pará em ensinar língua materna valendo-se de uma perspectiva sociolinguística, visando apontar possíveis soluções. A metodologia utilizada foi a pesquisa de campo e a bibliográfica, tendo por base autores como Bagno (2001), Bortoni-Ricardo (2004 e 2005), Scherre (2005) e Simões (2006), entre outros. Para a pesquisa de campo foram entrevistadas 2 (duas) professoras que ministram aulas de Língua Portuguesa para 6° ano do Ensino Fundamental em uma escola de municipal de Ensino Fundamental e Médio de Ananindeua, região metropolitana de Belém, ambas concluíram o curso superior no final da década de 90 e atuam neste nível de ensino a um pouco mais de 4 anos, sendo que uma possui um curso de especialização Lato Sensu e a outra não. Os dados coletados durante as entrevistas foram gravados, com a prévia autorização dos sujeitos, e posteriormente transcritos para que então as informações fossem comparadas e analisadas. A pesquisa em questão justifica-se devido à necessidade de descrever como as variantes linguísticas presentes na escola e fora dela estão sendo trabalhadas nas aulas de Língua Portuguesa no início do Ensino Fundamental II, nível mais baixo de ensino no qual professores com graduação em Licenciatura Plena em Letras podem atuar, o que significa que até iniciar este nível de escolaridade, durante todo o resto da vida escola, o aluno teve sua aprendizagem linguística orientada por profissionais de outras áreas como pedagogos e técnicos em educação. Palavras-chave: ensino-aprendizagem de língua portuguesa; ensino fundamental; heterogeneidade; variação linguística. Luciana Martins Amoras ENSINO-APRENDIZAGEM À DISTÂNCIA Resumo: A temática desta pesquisa se centrará nos aspectos interacionais e motivacionais, em cursos na modalidade a distância, mais especificamente no Curso de Especialização Ensino-Aprendizagem da Língua Portuguesa. Nesse sentido, abordaremos os conceitos e características dos aspectos acima mencionados para, então, podermos analisar de que modo isso se dá no citado curso. Nesse âmbito, iremos analisar os aspectos linguísticos presentes na ferramenta fórum, de modo a apresentar como essa interação ocorre. Palavras-chave: Modalidade a distância; interação; Motivação; aspectos linguísticos. Luciana Ornelas Martins Assis OLHARES E LUGARES DA LITERATURA LATINO-AMERICANA NA PÓS-MODERNIDADE Resumo: É através do olhar que a vida, o mundo e o outro são por nós capturados, apreendidos. Desta apreensão, surge o que somos, afinal, a Psicanálise nos ensinou que a construção do eu se dá pelas relações de semelhança e de diferença com o outro. Assim, a partir das reflexões que nos são propostas pela troca de olhares entre o personagem-narrador e suas vítimas no conto Olhar, de Rubem Fonseca, objetiva-se refletir como hoje, diante da emergência dos discursos das minorias e da demanda cultural da Pós-modernidade, o intelectual latino-americano olha para a cultura europeia e para a literatura canônica, baseando-nos, sobretudo, nos pareceres de Antônio Cândido, Silviano Santiago, Ricardo Piglia e Jorge Luís Borges. Palavras-chave: Literatura latino-americana; Cânone; Crítica Literária; Pós-modernidade. 157 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Luciano Fussieger A ANTROPOFAGIA ENTRE A ESCRITA E A ORALIDADE, O CASO DE BENEDICTO MONTEIRO Resumo: O presente trabalho defende que, tomadas algumas obras da moderna literatura brasileira, há a eclosão de uma escrita anômala, fundada num espaço entre as esferas poéticas da escrita e as da oralidade. Pensa-se em textos como Grande Sertão: Veredas, Sargento Getúlio, Verde Vagomundo, O Minossauro, Aquele Um e A Terceira Margem do Rio; todos propondo uma escritura que forja um ato comunicativo nos moldes orais. Todos arquitetam a narração de uma narração, ou melhor, de um ato narrativo. Tal ato, praticado pela personagem central, encena na escrita um ato performático, típico dos contextos poéticos da oralidade e de seus agentes: os contadores de histórias. Nesse ato encenado, instaura-se, nos moldes da oralidade, uma relação intersubjetiva. O EU construído na narrativa funda, em relação ao seu discurso, um TU fictício que recebe o narrado e interagem com o eu via presença presumida. Essa escritura “anômala” instaura-se como forma cujo significado deve ser buscado no conteúdo construído e veiculado pelo discurso do eu. De fato, é notório que nas obras citadas ganham voz personagens construídas sob bases do imaginário popular. Tais personagens se constroem pelo seu discurso-teia que é um tecer de citações de lugares, saberes culturais, falas regionais, os quais circunscrevem um imaginário que cristaliza uma espécie de figura-mito (os jagunços Riobaldo e Getúlio, na obra de Rosa e Ubaldo representando o Sertão e seu povo; o caboclo Miguel representando a Amazônia e seu povo, na obra de Monteiro) representada sempre pelo eu que se constrói no enunciado e que se contrasta, a título de diferença, com o outro, o tu da enunciação. Palavras-chave: Escrita; Oralidade; Escritura anômala. Lucy Seki LEVANTAMENTO DE NOMENCLATURA DA AVIFAUNA E IDENTIFICAÇÃO DE ESPÉCIES Resumo: O relato trata da experiência em trabalho de levantamento da nomenclatura Kamaiurá de aves e identificação de espécies, feito como parte da elaboração de dicionário bilíngue. Pontos principais a serem focalizados são: (1) apreciação crítica de metodologia e procedimentos geralmente adotados nesse tipo de trabalho e (2) argumentação sobre a importância de se levar em conta questões culturais e visão de mundo dos falantes. Palavras-chave: Kamaiura; aves; nomenclatura; metodologia. Luís de Nazaré Viana Valente O ORAL TAMBÉM SE ENSINA: MODOS DE ENSINO E APROPRIAÇÃO DO GÊNERO EXPOSIÇÃO ORAL NA ESCOLA Resumo: A finalidade deste trabalho é descrever e analisar uma experiência escolar concreta e situada de ensino de Português, cujo objeto de ensino foi o gênero oral formal público exposição oral (seminário). As atenções se voltaram para os modos de ensino e apropriação do gênero seminário durante as produções e apresentações realizadas por alunos da quarta série de uma escola municipal de ensino fundamental da cidade de Cametá. A pesquisa foi do tipo qualitativa etnográfica-ação (MOITA 158 Resumos de trabalhos LOPES, 2004). O processo da coleta de dados foi realizado a partir de duas gravações transcritas de seminário baseada na ferramenta metodológica de Dolz e Schneuwly (2004), chamado Sequência Didática, da qual o corpus selecionado foram duas das seis etapas: a produção inicial e a produção final. As análises mostraram que o procedimento “sequência didática” viabiliza o ensino do oral, e que, além disso, os alunos se apropriam gradativamente dos gêneros orais formais, uma vez que estes se constituem de várias fases, sendo necessária a mobilização de várias habilidades, inclusive não-linguísticas como postura, gestos, dentre outros. Palavras-chave: Gênero exposição oral; seminário; ensino da língua. Luis Filipe de Andrade Sousa BEHOLD THIS HARLOT HERE: DUPLA SUJEIÇÃO DE GÊNERO NO CONTEXTO COLONIAL EM VISIONS OF DAUGHTERS OF ALBION, DE WILLIAM BLAKE Resumo: Neste trabalho, pretendo investigar como William Blake, poeta britânico do início do século XIX, no poema Visions of Daughters of Albion (1793), representa a voracidade e a auto-indulgência do imperialismo britânico utilizando metáforas relacionadas à questão de gênero. Parto da hipótese que Blake, ao representar o espaço geográfico americano como um espírito feminino, representa não só a expropriação e exploração econômica violenta (sob a metáfora do ‘estupro’) das colônias americanas pelo império britânico, como a situação de dupla sujeição da mulher no contexto colonial; explorada pela autoridade colonial e silenciada por um patriarcalismo igualmente violento. Para sustentar minha análise, me utilizo do arcabouço teórico da teoria pós-colonial e pós-moderna, principalmente das hipóteses de Gayatri Spivak (1999), a respeito do que ela chama de “axiomática do imperialismo”, ou o conjunto de representações discursivas que sustentam o projeto de “civilização-como-missão”, que constrói o Ocidente como provido de “alma” ou subjetividade, diferente do Outro habitante da margem colonial. Assim, minha leitura segue em busca da maneira pela qual Blake representa, através da alegoria colonial do poema, os discursos associados a “axiomática” do imperialismo e a maneira como ele representa a posição da mulher subalterna na cena colonial. Como conclusão, defendo como Blake critica, a partir da emergência do discurso subalterno da personagem mulher do poema (que rejeita seu lugar estereotipado tanto na economia simbólica patriarcalista, quanto no discurso imperial), as construções discursivas que sustentam a empreitada imperial britânica. Palavras-chave: Literatura estrangeira; literatura inglesa; imperialismo; sujeição; gênero. Luiz Eduardo Neves dos Santos A TOPONÍMIA LUDOVICENSE: OS LOGRADOUROS CENTRAIS E SUA IDENTIDADE Resumo: O trabalho apresenta uma discussão acerca da Toponímia dos logradouros da cidade de São Luís, Estado do Maranhão, no que tange a sua mais antiga área de ocupação, o centro, composto por onze bairros. Investiga-se historicamente, de que forma estes topônimos foram formados e por que alguns deles permanecem e outros não. A análise das relações existentes entre a linguagem toponímica e a identidade do 159 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia grupo que se apropria dela é outra questão que merece destaque no texto. Procura-se atestar ainda que a nomeação dos logradouros é um traço cultural inquestionável, por isso construtor e externalizador de identidades, mas também se constitui enquanto uma estratégia de poder, representado pela instituição de leis por parte do poder público, que determinam a maneira como acontecerá a nomeação. O objetivo da pesquisa é manter viva a história dos topônimos, resgatando seus antigos nomes e procurando entender quais as reais motivações que o grupo possui na sua relação com o seu lugar de entorno. A metodologia de classificação dos topônimos é baseada a partir da proposta de Dick (1999). São abordados ainda os aspectos quantitativos, com aplicação de questionários por amostragem em todos os logradouros da área centro de São Luís. E os aspectos qualitativos, que são enfatizados a partir dos relatos orais gravados em áudio com moradores desta parte da cidade. A aquisição de dados e fontes históricas foram também de extrema relevância para a pesquisa. Palavras-chave: Toponímia; Identidade; Logradouros; São Luís. Magdiel Medeiros Aragao Neto METÁFORA REGULAR E TRANSLINGUÍSTICA Resumo: Este trabalho aborda a metáfora sob a perspectiva de George Lakoff & Mark Johnson (1980, 2002), que afirmam ser a metáfora um processo de compreensão de uma coisa em termos de outra e que tal processo é cognitivo e, em muitos casos, ao contrário do que já se supusera, regular. Em seguida, apresenta o Léxico gerativo, teoria linguístico-computacional de semântica lexical, desenvolvida por James Pustejovsky (1995), que visa a organização do uso criativo da polissemia regular no contexto sentencial através de níveis de representação (estrutura de argumentos, estrutura de eventos, estrutura de qualia e estrutura de herança lexical) e de mecanismos gerativos (coerção de tipo, ligação seletiva, cocomposicionalidade). Analisa, então, seguindo a perspectiva de Lakoff & Johnson, que em alguns casos a metáfora, especificamente aquela em que entidades inanimadas recebem adjetivação característica de seres animados − texto generoso / generous text / texte généreux e mercado financeiro nervoso / nervous financial market / mérchand financer nerveux, por exemplo −, é translinguística e, devido a sua regularidade, pode ser explicada por meio da Teoria do léxico gerativo. Palavras-chave: Metáfora; Léxico Gerativo; semântica. Manoel Freire Rodrigues O IMAGINÁRIO POPULAR NAS CRÔNICAS DE LIMA BARRETO Resumo: De acordo com a sua concepção de literatura militante, Lima Barreto rejeita, desde logo, os modelos fundados nos preceitos clássicos que sustentam a retórica do “bom gosto”, pois só dessa maneira, segundo a sua visão, o escritor poderia aproximar-se do cotidiano da população marginalizada, dando expressão aos seus anseios, crenças e angústias. Essa “opção pelo popular” define, de certo modo, a linguagem e os temas dos romances e contos de Lima Barreto, mas é numa série de crônicas escritas já no final da vida do autor que o imaginário popular aparece de forma direta, não apenas definindo os temas e a expressão, mas constituindo a própria matéria do relato. O imaginário da população suburbana torna-se agora vivo na escrita de Lima Barreto, seja através da incursão do autor pelos subúrbios do Rio 160 Resumos de trabalhos de Janeiro, onde recolhe, no corpo a corpo com a população humilde, o material para compor os seus textos, seja pela via da memória, que atualiza as histórias ouvidas no passado. Este trabalho tem por objetivo analisar a presença do imaginário poular em algumas crônicas de Lima Barreto, tentando compreender oi modo como as histórias contadas pelo povo no anonimato das ruas migram para o espaço do texto literário, tranfigurando-se na forma, porém conservando o seu caráter de resistência, ao atualizar-se como expressão e permanência de traços da identidade nacional. Palavras-chave: Lima Barreto; literatura; imaginário pupular; identidade. Mara Rodrigues Tavares AMARELO MANGA: O FILME EM CARNAVAIS BAHKTINIANOS Resumo: A bissexualidade como fuga dos papéis sexuais rígidos e socialmente impostos; a celebração do grotesco, das partes inferiores, como recusa de qualquer visão puritana e como agressão provocadora da estética clássica e apolínea e a ideia de inversões sociais e subversão dos valores são elementos que se apresentam no texto fílmico Amarelo Manga e discutidas por Robert Stam no livro Bakhtin: da teoria literária à cultura de massa. Logo, a proposta deste trabalho, é fazer uma análise na estrutura narrativa do texto fílmico e seus aspectos temáticos, a fim de apontar alguns aspectos do sujeito contemporâneo por meio dos personagens presentes no filme, sob o viés teórico da perspectiva enunciativa de Mikhail Bakhtin, bem como, na análise estrutural da narrativa de Rolam Barthes, observando, desta forma, a diversidade de sentidos e sensações sinestésicas que provocam no leitor/espectador um redimensionamento de suas percepções cognitivas e posicionamentos subjetivos. Palavras-chave: Amarelo Manga; narrativa; carnavalização. Marcel Franco da Silva A DIALOGIA POLIFÔNICA PRESENTE NO CONTO O PRECIPÍCIO, DE BENEDICTO MONTEIRO Resumo: Este estudo tem como objetivo apresentar uma perspectiva dialógica e polifônica do conto O Precipício, do escritor paraense Benedicto Wilfred Monteiro. O Precipício é uma das sete narrativas presente no livro O Carro dos Milagres que revela uma atitude explícita do relato oral e a transmissão de acontecimentos singulares extraídos da experiência comum do homem do campo (o vaqueiro). A saga do personagem principal, Miguel dos Santos Prazeres, figura presente na tetralogia benedictina (Verde Vagomundo, O Minossauro, A Terceira Margem e Aquele Um), inicia-se, pois, a partir do conto O Precipício. É importante salientar que os elementos imagéticos e sonoros evidenciados no conto em questão estão coligados a dialogia proposta por Mikhail Bakhtin. O Precipício está marcado pela presença dos elementos discursivos, dialógicos, polifônicos e intertextuais (estilísticos) que permitem um estudo mais acurado sobre a narrativa, como, por exemplo, a valorização da figura paterna, a relação intertextual entre os contos O Precipício (Benedicto) e A Terceira Margem do Rio (Guimarães Rosa), os saberes e a diversidade cultural na Amazônia. Além disso, a narrativa benedictina apresenta características importantes para os estudos linguísticos e literários, como o uso da linguagem metafórica, do anaforismo, das composições por justa-posição, dos elementos da narrativa oral (a próclise indevida, por exemplo), o emprego das falas regionais do caboclo paraense. 161 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Por fim, Benedicto Monteiro no seu fantástico conto O Precipício reinventa a língua, compondo o cenário de uma narrativa lírica e épica, uma lição de luta e valorização da diversidade cultural. Palavras-chave: Dialogia; Polifonia; O Precipício; Benedicto Monteiro; Baktin. Marcela da Silva Amaral USING VOICETHREAD IN ENGLISH CLASSES Resumo: This communication focuses on the teaching project presented as the final paper of the Specialization in Linguistics Applied to the Teaching of English Language Course held at the Universidade Federal do Pará. The project was developed as an attempt to improve students speaking abilities through computer technology. The project was applied for intermediate students at Cursos Livres, an extension language course offered by the Federal University of Pará to its students and community. Because of the experimental character of the project, the idea was to integrate an Internet project to one of the units of the textbook they were using in class. Blended learning is a keyword in this project. Blended classes are a combination of face-to-face and on line classes. The use of web tools could motivate students to participate in class because they had opportunities to speak in a virtual environment where they were able to build their self-confidence in order to participate and consequently strengthen their communicative competence through oral interactions. Blended classes can offer the opportunity to have both virtual and face-to-face interactions by using a voice web tool like the one it was used in the project: voicethread. The voicethread is a web tool which combines any type of media: images, documents and videos and voice that can be recorded through a microphone, telephone or webcam. It also allows text and audio file. A voicethread allows people to make comments and share them with anyone. Voicethread is easy to use and no technical knowledge is required. Palavras-chave: blended learning; computer technology; voicethread. Marcela de Lima Gomes O USO DOS DIMINUTIVOS DERIVACIONAIS NO GÊNERO MÚSICA Resumo: Neste trabalho, abordamos os morfemas diminutivos, no gênero música, a partir da teoria derivacional. Ao contrário de algumas gramáticas que os considera, como morfemas flexivos De acordo com Laroca (1994), os linguistas dividem a morfologia em flexional e lexical. Baseado nisso, é que propomos uma análise dos diminutivos derivacionais (nas três dimensões, afetiva, pequena e pejorativa) no gênero música. Já que este trabalho se pauta no estudo do léxico, julgamos necessário a definição de morfemas, isto é, unidades mínimas de significado. É relevante para essa pesquisa, estabelecer a distinção entre a visão da gramática e da noção linguística em relação ao grau, pois de acordo com a primeira, o grau dos diminutivos é flexional enquanto a segunda, o considera, como derivacional. Tal distinção é interessante, já que nosso objetivo é mostrar a relevância e o entendimento da abordagem linguística, no que se refere aos diminutivos. Para o desenvolvimento desta pesquisa, construímos um corpus, para a análise dos morfemas diminutivos derivacionais, nas três dimensões. Nosso corpus é constituído de 11 (onze) amostras a partir do gênero música. Além de estabelecermos a distinção entre a noção da gramática e da linguística, mostramos também a diferença entre morfemas flexionais 162 Resumos de trabalhos e morfemas derivacionais. Baseado nessa distinção é que esta pesquisa aborda o grau dos diminutivos de acordo com a teoria linguística. Esta pesquisa contribuiu para aprofundarmos assuntos que aparentemente parecem ser simples, mas que na verdade trata-se de questões extremamente complexas. Palavras-chave: morfemas; morfemas diminutivos derivacionais; morfemas flexionais; gênero música. Marcellus da Silva Vital A LEGALIDADE DA VIOLÊNCIA EM A HORA E VEZ DE AUGUSTO MATRAGA Resumo: A violência é um elemento que está intrinsecamente relacionado ao universo rosiano, local em que o “direito codificado”, quase sempre, cede espaço para os códigos e para as leis instauradas por aqueles que foram empossados pelo prestígio social ou pelo uso da “violência legalizada”, ou ainda, pelo cumprimento de “honrados” acordos interpessoais: coronéis, jagunços, bandidos, etc. Amparado pela influência social — herança oligárquica deixada por seu pai —, o coronel Nhô Augusto, personagem central de A hora e vez de Augusto Matraga, nono e último conto de Sagarana (1946), faz da violência o seu instrumento de materialização dos desejos e, também, seu elemento mantenedor do respeito e da aceitação social. Seu comportamento arbitrário — que não respeita sentimentos e muito menos importa-se com posicionamentos éticos —, torna-se uma constante, e não um desvio de regra, em uma região onde a conduta violenta é quem dita as regras a serem seguidas. Portanto, analisar os motivos legitimadores da violência no sertão de A hora e vez de Augusto Matraga, é o objetivo do estudo proposto, tendo como embasamento teórico, principalmente, a análise crítica desse conto de Guimarães Rosa, realizada pelo antropólogo Roberto DaMatta. Palavras-chave: Guimarães Rosa; violência; A hora e vez de Augusto Matraga. Marcelo de Cassio Colares da Silva RELAÇÕES DE PODER NA NARRATIVA OS ANÕES, DE HAROLDO MARANHÃO RESUMO: O objetivo da pesquisa consiste em analisar como o escritor Haroldo Maranhão utiliza a linguagem para abordar a temática do Poder na sua narrativa: Os anões. Recorreremos a um corpus teórico composto de escritos do filósofo Michael Foucault, que no decorrer de sua obra se propôs a realizar uma genealogia do poder, na qual defende a noção de poder como relação. Palavras-chave: Literatura e filosofia; Haroldo Maranhão (Os anões); Relações de poder. Marcelo Vieira da Silva Dias RIO DE RAIVAS: LITERATURA, HISTÓRIA E PARÓDIA EM HAROLDO MARANHÃO Resumo: A presente pesquisa tem como objetivo analisar as relações entre literatura e história na obra Rio de Raivas, de Haroldo Maranhão, sob o prisma do embate entre o poder político, do braço do Estado, simbolizado pela figura de Cagarraios Palácio, e o poder da imprensa, da palavra, retratado em Palma Cavalão, dono e diretor do jornal Folharal. A ideia é encontrar no discurso paródico de Maranhão 163 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia os elementos que calcados, em maior ou menor grau, em uma realidade- esses mecanismos e formas de discurso do autor, que são indicadores de seu projeto estético e de sua representação dos grupos sociais contemplados nestas obras. A paródia, em particular, será um elemento destacado nesta pesquisa, uma vez que este discurso define o tom da narrativa de Rio de Raivas e de sua representação da cidade e do embate retratados em suas páginas. Para a consecução desta pesquisa, será necessário ter em vista a aproximação entre a Literatura e História, compreendendo a primeira como, para além de fenômeno estético, como uma manifestação cultural, e a segunda como um grupo de narrativas, dentre outras possíveis, que registram os discursos de grupos sobre uma determinada sociedade. Palavras-chave: Literatura; história paródia; Haroldo Maranhão. Márcia Cristina Romero Lopes GRAMÁTICA OPERATÓRIA E USO DA LÍNGUA: ESTUDO SEMÂNTICO DO VERBO “QUEBRAR” Resumo: Inscrito na Teoria das Operações Enunciativas, de A. Culioli, este artigo consagra se, por meio da descrição do funcionamento do verbo “quebrar” no português do Brasil, à questão da identidade semântica das unidades linguísticas e ao modo como essa identidade apreende os diferentes valores semânticos observados em discurso. Ao propor uma definição semântica de “quebrar” sustentada por um esquema operatório invariante que se manifesta em seus empregos, suscitamos uma reflexão que, mais do que explicar os sentidos verificados pelo verbo no uso da língua, permite integrar, ao processo de construção de significação do enunciado, a sistematicidade inerente ao funcionamento gramatical. Tomando como fundamento para a busca desta identidade as formas linguísticas e nada mais, somos levados a nos posicionar em prol de uma gramática de natureza operatória, visto ser a invariância característica da referida identidade não só de ordem linguística, mas relativa à própria atividade de linguagem, i.e. às operações que sustentam o processo do dizer. Respaldado por manipulações do material empírico, que expõe as circunstâncias e restrições referentes ao emprego do verbo em articulação com seus contextos de inserção, nosso trabalho, além da apresentação desse modelo de identidade lexical, propõe se ainda a repensar classificações usuais tais como as inspiradas em categorias primitivas, para as quais os verbos são a priori verbos de estado, processo, acontecimento ou ação, para citar uma das tipologias mais tradicionais, ou a natureza das expressões figuradas, apreendidas comumente como ampliação da “significação própria” às unidades. Palavras-chave: gramática operatória; identidade lexical; verbo quebrar. Marcia Goretti Pereira de Carvalho / Raimunda Benedita Cristina Caldas / Tabita Fernandes da Silva A DÊIXIS ESPACIAL EM KA’APÓR E TEMBÉ Resumo: Este trabalho tem por objetivo investigar a manifestação de algumas noções dêiticas espaciais nas línguas Ka’apór e Tembé, ambas pertencentes, respectivamente, aos ramos VIII e IV da família Tupí-Guaraní, (Rodrigues 2006), observando como o sistema dêitico dessas línguas é organizado em sua estruturação morfológica e sintática, bem como estabelecendo comparações entre os dois sistemas. Observam-se as implicações semânticas relacionadas às manifestações 164 Resumos de trabalhos dêiticas por meio das considerações obtidas pelas expressões que servem para indicar as informações locativas nessas línguas. As línguas em estudo possuem uma variedade de representações para expressar noções dêiticas espaciais, valendo-se do uso de demonstrativos, dos auxiliares posicionais, bem como das posposições e das partículas dêiticas, as quais contribuem nas estruturas frasais com noções de espaço em relação às informações locativas, assim como de demarcações posicionais do referente. Esta descrição fundamenta-se em princípios cognitivistas, bem como em estudos já existentes sobre as línguas indígenas da família Tupí-Guaraní. Palavras-chave: dêixis espacial; Ka’apór; Tembé. Márcia Manir Miguel Feitosa PAISAGEM E LITERATURA EM MIA COUTO: O VIÉS DA IDENTIDADE Resumo: O presente trabalho se propõe ao estudo da obra do escritor moçambicano Mia Couto, mais especificamente dos romances produzidos no período póscolonização. O enfoque convergirá sobre a categoria espaço, lida como paisagem vivida, lugar de encontros e desencontros, de busca e abandono. Com base nas reflexões suscitadas por Gaston Bachelard, em sua A poética do espaço, e em YiFu Tuan, renomado geógrafo chinês, autor de Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente (1980), a análise estabelecerá um diálogo sui generis entre a ciência geográfica e o universo literário naquilo que move a condição humana: a sua identidade. Serão abordados, portanto, e aprofundados conceitos como paisagem, cenário, espaço e lugar, com vistas à leitura da dimensão simbólica e imaginária da Moçambique dos anos contemporâneos, mergulhada na língua portuguesa e nos dialetos de seu povo. Palavras-chave: paisagem; identidade; imaginário. Marcilene de Assis Alves Araújo / Marcélia Silva Sales de Andrade / Noélia Pereira dos Santos LINGUAGEM E IDENTIDADE CULTURAL: ESTUDO DAS VARIAÇÕES LINGUÍSTICAS EM MUSICAS REGIONAIS Resumo: Esse trabalho tem por objetivo o estudo das variações linguísticas ocorridas em três canções regionalistas, sendo uma do Estado de Goiás e duas do Tocantins. Pretende-se identificar aspectos da identidade cultural evidenciados por meio da linguagem utilizada na construção desses textos. Desse modo, esse estudo desenvolvese de acordo com a Teoria Sociolinguística, considerando as variações linguísticas, demonstradas nos processos de metaplasmos quanto à supressão, acréscimo e substituição, por meio de uma análise quantitativa e qualitativa desses processos. É demonstrado, também, o contexto histórico, geográfico e sociocultural, mostrando suas diversidades e mudanças, responsáveis pela constante evolução da comunicação, a partir da análise desses textos. O corpus de análise dessa pesquisa consta de três letras de canções interpretadas por representantes da cultura rural tocantinense e goiana. Por se tratar de uma pesquisa analítica, esse trabalho retrata as variações linguísticas, buscando despertar o interesse dos jovens para uma aprendizagem contextualizada, levando ao entendimento plural da cultura valorizada nos usos e costumes do Tocantins e região. Dessa forma, o trabalho com as variações linguísticas, por meio de textos musicais, torna-se uma estratégia de reconstrução teórica, seja de aspectos linguísticos, 165 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia seja da cultura como um todo. A linguagem e tema presentes nas letras selecionadas para análise aproximam-se do meio vivencial da comunidade goiana e tocantinense, caracterizando sujeitos da cultura rural e sertaneja. Nesse sentido, esse trabalho visa contribuir para adequação do uso da língua de forma natural, estudando, identificando e descrevendo as variações linguísticas no gênero canção. Palavras-chave: Sociolinguística; Variações Linguísticas; Músicas Regionais. Marcos de Almeida Matos A COMISSÃO PRÓ-ÍNDIO E AS LÍNGUAS INDÍGENAS NO ACRE Resumo: Esta apresentação faz um apanhado de parte dos trabalhos recentemente desenvolvidos pela Comissão Pró-Índio do Acre (CPI/AC) com as línguas indígenas no Acre. A CPI/AC vem, desde a sua fundação em 1979, trabalhando em parceria com os grupos indígenas acreanos, criando processos formativos e educacionais voltados para o fomento de uma autoria indígena. Trata-se da “promoção e emergência das ações dos membros de sociedades indígenas como coletividades e indivíduos, no cenário local e nacional. Eles buscam otimizar e difundir o uso da palavra oral e escrita, do desenho, das imagens, inibidas e silenciadas na história das relações com a sociedade nacional e com o Estado ao longo de cinco séculos” (CPI/AC, Proposta Político Pedagógica e Curricular de Formação de Agentes Agroflorestais Indígenas do Acre, 2007, p. 20). Ao longo desse trabalho, a equipe da CPI/AC tem se esforçado para conceituar e explicitar as questões de política linguística envolvidas em sua práxis, com o objetivo de conceber e programar uma política “pró-língua indígena”. A partir de 2006, além do espaço dedicado às técnicas e teorias da alfabetização, e aos estudos de línguas indígenas, os Cursos de Formação oferecidos pela CPI/AC aos professores indígenas acreanos passaram a incluir a construção de uma pesquisa sociolinguística, voltada para incentivar uma reflexão conjunta sobre o destino das línguas acreanas. Esta apresentação tece algumas reflexões sobre questões surgidas ao longo desse trabalho. Palavras-chave: política linguística; sociolinguística; línguas indígenas no Acre. Marcos dos Reis PLANEJAMENTO E EXECUÇÃO DE ATIVIDADES INTERCULTURAIS NA AULA DE PORTUGUÊS PARA ESTRANGEIROS Resumo: A sala de aula é um espaço de encontro, de pensar o mundo, de problematizálo, dentre muitas outras coisas. Quando se trata de ensino de língua estrangeira, o espaço físico é um detalhe se comparado à viagem que se pode fazer quando se começa a conhecer e a aprender uma nova língua. Nesse ambiente não se ensina somente o linguístico, mas também o cultural. Este relato de experiência tem o propósito de apresentar o planejamento e a execução de aulas de português brasileiro para estrangeiros com ênfase no cultural, principalmente quanto às regras sociais e quanto aos aspectos folclóricos do Brasil e dos países de origem dos aprendentes. Assim, por meio das exposições dos alunos e do professor, percebeu-se encontros e conflitos entre as culturas presentes e que por meio de atividades interculturalmente planejadas, pode-se chegar ao diálogo, sem abandonar convicções a hábitos. Palavras-chave: atividades interculturais. 166 Resumos de trabalhos Marcos Vinícius Scheffel ÀS MARGENS DO JORNAL, ÀS MARGENS DO DIÁRIO Resumo: Procuro analisar as relações entre as crônicas e os relatos do Diário Íntimo de Lima Barreto em sua produção ficcional. Esses textos são vistos como apontamentos da realidade histórica, política e social que o autor registra para depois utilizá-los na feitura de seus romances. Desta forma revela-se o como que o autor tinha um projeto literário, desfazendo-se a imagem de um escritor pouco preocupado com as questões estéticas. Os referenciais teóricos utilizados passam pelos estudos de Antonio Candido, síntese literária e processo social, e as obras de Walter Benjamin que analisam as relações entre história e criação literária. O presente estudo é parte de tese a ser defendida no Curso de Teoria Literária da Universidade Federal de Santa Catarina. Palavras-chave: Lima Barreto; crônica; diários e suas relações com a produção ficcional; crítica literária. Marcos dos Reis Batista ANÁLISE DO ASPECTO (INTER) CULTURAL EM UM MANUAL DE PORTUGUÊS BRASILEIRO PARA ESTRANGEIROS Resumo: O manual didático (MD) tem muitas funções no ensino-aprendizagem de línguas. Uma delas é ser fonte de informação sobre a cultura dos países em que a língua-alvo é a língua materna. Com isso, o MD se mostra como um campo importante para as investigações no ensino de línguas em uma perspectiva ou abordagem cultural e, também, intercultural. Assim, este trabalho tem como objetivo apresentar uma pesquisa que tem como propósito expor uma análise sobre como a(s) cultura(s) é (são) abordada(s) em um MD para o ensino do português brasileiro para estrangeiros. Nesse MD, observamos e examinamos os assuntos e as atividades presentes, assim como apresentamos os aspectos da cultura brasileira (estereotipada ou não) veiculados nele. Por meio de pesquisa qualitativa, expomos as considerações diante da problemática acerca do aspecto (inter) cultural no MD analisado. A partir dessa análise, entendemos que a cultura brasileira, nesse manual, ainda apresenta características consideravelmente informativas quanto ao cultural e traz poucas atividades que tratam do intercultural. Além disso, os aspectos (inter) culturais não são rígidos, isto é, são dinâmicos conforme a sua comunidade de fala, por isso o MD do aluno não tem como abordar todos os aspectos da cultura brasileira a não ser de modo geral, entretanto, o MD pode ser um instrumento delineador de um programa de ensino-aprendizagem. Consideramos que mais pesquisas nessa área são necessárias, pois devemos pensar em outras maneiras de explorar uma abordagem (inter) cultural satisfatória para o processo de ensinoaprendizagem de uma língua estrangeira ou segunda. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem de Línguas; Material didático; Português brasileiro; Cultura; Intercultura. Marcus de Souza Araújo / Mônica Maria Montenegro de Oliveira AS COMPETÊNCIAS DO PROFESSOR NO ENSINO DE LÍNGUA ESTRANGEIRA INSTRUMENTAL Resumo: O ensino-aprendizagem instrumental de línguas estrangeiras trouxe novos conhecimentos e mudanças nas práticas de sala de aula no Brasil. Não obstante, 167 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia seu desenvolvimento trouxe vários mitos o que, talvez, tenha contribuído para que essa área seja, hoje, vista com certo descrédito em alguns currículos da academia (RAMOS, 2005). Assim, qualquer tentativa de tratamento adequado do tema demandaria múltiplos olhares e detalhadas análises. Esta comunicação limitar-se-á a tratar de alguns desafios e competências da formação de professores de línguas no ensino instrumental brasileiro, assim como habilidades de ensino que são exigidas/esperadas desse profissional diante das novas perspectivas que se abrem no mercado como nas ambientações de sua realização. Serão, também, apresentados e discutidos alguns princípios fundamentais da abordagem instrumental necessários para a formação do professor e sua realização na prática de sala de aula, além de desmistificar mitos construídos ao longo dos anos. Daí a necessidade de uma maior visibilidade para políticas de formação de professores de língua instrumental já que a formação docente é um processo complexo e contínuo. Palavras-chave: abordagem instrumental; formação de professor; competências. Maria Amélia Carvalho Fonseca SELECIONAR LIVROS DIDÁTICOS PARA USO EM ESCOLAS DE IDIOMAS: UMA TAREFA NADA FÁCIL Resumo: Selecionar livros didáticos para uso em escolas de idiomas envolve muito mais que o domínio do idioma a ser ensinado, a experiência do professor que assume esta tarefa e a identificação do público-alvo. Segundo Cunningsworth (1995), um bom modo de alcançar uma avaliação efetiva é levar em consideração que devemos fazer perguntas apropriadas e saber interpretar as respostas obtidas. Entendemos que estabelecer critérios objetivando avaliar livros didáticos traz múltiplos benefícios, não somente para alunos e professores, como também para a instituição de ensino na qual o livro é utilizado. Uma avaliação criteriosa irá evitar o risco de selecionar um livro inapropriado o que poderá comprometer tanto o processo de ensino e aprendizagem como a motivação de alunos e professores. Nesta comunicação abordaremos alguns requisitos e critérios que poderão ser utilizados ao avaliar e selecionar um livro didático antes de decidir adotá-lo. Palavras-chave: livro didático; público-alvo; critérios. Maria Auxiliadora Cunha Grossi LEITURA LITERÁRIA E INFORMAÇÃO ESTÉTICA: POESIA E MÚSICA, PALAVRA E VOZ Resumo: A presente comunicação pretende suscitar reflexões sobre os processos de recepção e interpretação do texto literário, tomando como base experiências educativas teóricas e práticas, desenvolvidas no Brasil e na França. Nestes diferentes contextos e realidades, diversas pesquisas investigaram práticas cotidianas com a leitura de poesia, a palavra e a performance vocal, bem como o trabalho com a palavra cantada em sala de aula e diferentes espaços de cultura e educação. Buscando fundamentações sobre tais experiências estéticas, esta comunicação pretende explicitar e fundamentar formas pelas quais a recepção e o prazer estético desencadeiam um conjunto de estímulos que se voltam não somente ao objeto artístico em si, mas a relações subjetivas, de experiência humana. Para tanto, tomarei como base algumas abordagens hermenêuticas da teoria literária e da estética da 168 Resumos de trabalhos recepção, buscando refletir sobre realidades interpretativas e experiências de leitura que englobam novas concepções de interação entre obra e leitor, desempenhando importantes funções na compreensão do fato literário. Palavras-chave: Literatura; leitura; recepção; música; poesia; voz. Maria Cristina Ataide Lobato ATIVIDADES DISCURSIVAS DE PROFESSORES EM FÓRUM EDUCACIONAL DE LICENCIATURA EM LETRAS Resumo: Em um artigo que sintetiza algumas considerações sobre elementos comunicativos que envolvem a maioria das atividades humanas, Bazerman (2006, p.131) afirma que “a tipificação dos procedimentos verbais e a distribuição das tarefas verbais – tais como quem pode dar as instruções sobre o trabalho e estabelecer o seu ritmo – ajudam a organizar a atividade e as relações sociais dos vários participantes”. Na tarefa de produzir discurso, essa organização processual e formal das atividades, bem como os procedimentos que a cercam, tanto modelam o produto discursivo final como enquadram a participação de cada pessoa naquele evento discursivo. Assim, ao entrar nos complexos discursivos de um campo específico, cada pessoa precisa aprender a lidar com aqueles meios e processos comunicativos que medeiam a participação com outros. Neste trabalho, objetiva-se investigar, em fóruns de discussão do Curso de Licenciatura em Letras (Habilitação em Língua Portuguesa) da Universidade Federal do Pará, as diferentes ações e atividades discursivas dos professores ao interagirem com os alunos. Desse modo, pretende-se analisar as escolhas discursivas feitas pelos professores que retratam seus interesses comunicativos e as pistas linguísticas e discursivas que sinalizam suas performances interacionais, moldando seus papéis e relações e orientando suas percepções e cognições individuais para a aprendizagem dos alunos. O exame da organização discursiva desse campo de produção de conhecimento poderá oferecer subsídios para compreender como os professores sinalizam e controlam a condução da interação no discurso e assim compreender como os indivíduos agem em determinados espaços comunicativos e como obtêm êxito na realização do trabalho disciplinar. Palavras-chave: Linguística; Discurso; Educação a Distância. Maria Cristina Macedo Alencar REPRESENTAÇÕES DE MULHERES DO CAMPO SOBRE O LETRAMENTO ESCOLAR Resumo: A pesquisa que ora apresentamos investigou os processos discursivos de constituição de identidade(s) de mulheres do campo não escolarizadas Procurouse refletir sobre a representação que essas mulheres fazem do letramento escolar e de suas relações com práticas de leitura. O trabalho de campo efetivou-se pela observação das práticas sócio-discursivas através das quais essas mulheres (re) criam a realidade (CERTEAU,1994). O paradigma indiciário norteou os procedimentos de registro e análise dos dados coletados em campo (acampamento do MST/PA) por meio de conversas informais, entrevistas semi-esquemáticas, além de pesquisa bibliográfica sobre o MST, Educação do campo e letramento. A análise nos mostrou que a identidade destas mulheres é construída a partir de representações que têm de si como pessoas que não frequentaram a escola, condição que é representada sempre 169 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia como falta, incompletude, prevalecendo em suas representações uma concepção de letramento acima das práticas situadas, tal como preconiza a escola que só valoriza as práticas de leituras individuais, indiciando uma concepção de letramento autônomo (Street apud Kleiman, 1995). Os resultados nos mostram, portanto, que a identidade não é um dado fixo, inerente ao sujeito, mas (re) construída na relação social, é cambiante, dependendo da posição sócio-histórica em que se encontram os sujeitos na relação com o seu Outro. As diferentes práticas de leitura nas quais as mulheres estão inseridas no acampamento não são identificadas ( por elas) como processos sociais dos quais tomam parte ativamente em seu cotidiano, prevalecendo em seus imaginários um grau zero de letramento. Palavras-chave: Identidade; Educação do Campo; Letramento. Maria Eulália Sobral Toscano O JOGO DA POLIDEZ NAS INTERAÇÕES VIRTUAIS. Resumo: As atividades humanas, em suas variadas esferas, têm suscitado a emergência de uma quantidade inumerável de formas sociocomunicativas que se constituem nas práticas sociais do dia-a-dia, revelando, assim, a natureza dinâmica da sociedade. Nesse sentido, “a língua penetra na vida através dos enunciados que a realizam, e é também através dos enunciados concretos que a vida penetra na língua” (BAKHTIN, 1992, p. 282). E a vida da era cibernética penetra na língua, por meio do surgimento de situações de interlocução possibilitadas pelas tecnologias de informação e comunicação. Navegar por mares nunca dantes navegados, para estabelecer/estreitar laços sócio-afetivos com o outro, constitui atividade de linguagem que se tem disseminado no mundo virtual. Essas trocas corteses instauram estruturas de participação (GOFFMAN, 1979) cujo formato de recepção é complexo, tanto na dimensão da relação da alocução, quanto na dimensão do valor pragmático do enunciado. Os arranjos interlocutivos, que então se constroem, colocam à mostra o esforço do produtor do texto para lidar com o desejo de dizer ao outro sobre sua estima e consideração, cuidando, contudo, para não “avançar” demasiadamente nos “assuntos” desse outro. Mais ainda, demonstram o desejo de deferência e de reforço de seu “outdoor pessoal”, conforme depoimentos de internautas. Este trabalho investiga, portanto, como se estabelece esse jogo da polidez em interações virtuais, com base na análise do status de participação (GOFFMAN, 1979) dos sujeitos do evento discursivo. É uma investigação de cunho empírico-indutivo, construída na confluência da Análise do Discurso em Interação, da Sociolinguística Interacional e da Pragmática. Palavras-chave: Interação virtual; polidez; estrutura de participação. Maria da Guia Taveiro Silva A CONSTRUÇÃO DE SENTIDO NA INTERAÇÃO ENTRE PESSOAS DE COMPETÊNCIAS COMUNICATIVAS DISTINTAS Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir a construção de sentido no discurso de pessoas com competências comunicativas visivelmente distintas no uso da linguagem em diferentes situações. A análise centra-se em dois fragmentos de discursos envolvendo interlocutores com formação linguística diferente. Para tanto nos valemos da semântica discursiva como aporte metodológico. Os dois fragmentos mostram a interação discursiva de uma senhora com um médico e de 170 Resumos de trabalhos um senhor com o médico em uma consulta. Os dois falantes pacientes são de origem rural e os episódios ocorreram em duas consultas médicas distintas. A análise está relacionada à construção de sentido estabelecida entre os interlocutores, mostrando a importância do contexto partilhado para a construção e significação da linguagem. Nesse contexto, tanto a cultura, o acesso a bens culturais, como a escrita, quanto as relações de poder são variáveis determinantes para a construção de sentido. Palavras-chave: sentido; língua materna; variação; discurso. Maria de Fátima Ribeiro da Rocha PROFESSORES E SUAS PROVAS: CONCEPÇÕES DE LETRAMENTO NA FORMAÇÃO DE PROFESSOR Resumo: Nessa dissertação, objetiva-se demonstrar em que medida a formação do professor, suas crenças e seus letramentos incentivam o aluno a superar suas limitações em relação ao ensino da leitura e da escrita. Por meio da observação de enunciados de provas, objetiva-se, também, verificar se as práticas letradas acumuladas pelo professor de Ensino Superior ao longo de sua trajetória estão presentes em sua prática cotidiana. Para tanto, na parte teórica visa-se estabelecer os fundamentos de conceitoschave no estudo da linguística, tais como: língua, linguagem, leitura, letramento, enunciado e gênero. A análise foi realizada com 18 enunciados de provas, de seis diferentes professores de uma instituição de Ensino Superior de Belém do Pará. Os enunciados das provas analisados revelam professores ainda presos a velhos padrões de avaliação, que, por sua vez, apontam para concepções tradicionais de língua, linguagem, leitura e letramento. Isso significa que esses docentes, responsáveis pela formação das novas gerações de professores, ainda não assimilaram a noção de língua como entidade viva, sempre em transformação, construída em um determinado contexto histórico-social, em que todos os enunciadores são igualmente importantes e em que existe respeito por todas as modalidades (da oral à escrita) e normas (padrão e popular). Tal rigidez na concepção de língua materna, pelos docentes pesquisados, tem raiz nas suas práticas letradas e em sua vida como alunos. A análise dos enunciados revela, também, vários professores com posturas intermediárias, ora tendendo para as concepções tradicionais, ora buscando alternativas contemporâneas, o que, por sua vez, demonstra que existe vontade de mudança. Esse desejo de mudança, no entanto, pode ser tolhido por variados fatores, como a falta de formação continuada, a ausência de materiais de apoio, tanto didáticos, quanto paradidáticos, e/ou condição de trabalho abaixo da ideal. Há também professores que superam práticas antigas de letramento e conseguem oferecer a seus alunos vivência atualizada de um letramento que considera a vida social em seu escopo. Palavras-chave: gêneros discursivos; letramento; formação de professor. Maria do Perpétuo Socorro Dias Pastana PENSANDO A POESIA NA ESCOLA Resumo: Este estudo pretende analisar como os alunos da sexta série do Ensino Fundamental se apropriam do gênero Poesia em situação de produção oral e escrita. A pesquisa foi fundamentada em uma concepção dialógica da linguagem tendo como referencial teórico o estudo do gênero por meio de sequências didáticas proposto por Dolz & Schneuwy. A partir dessa observação, foi possível planejar atividades com 171 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia o objetivo de desenvolver competências para a leitura/produção deste gênero, por meio de uma sequência didática, no período de um bimestre escolar. A análise da produção oral e escrita dos alunos sobre o gênero foi feita com base em elementos que constituem este gênero. As atividades, desenvolvidas em sala de aula, tinham como objetivo dotar os alunos de competências para uma melhor produção do gênero, prevista como atividade final, após a sequência didática. Assim foi possível, por meio da comparação entre a primeira e a última produção textual, observarmos que houve mudanças importantes. Palavras-chave: Ensino-aprendizagem; Língua portuguesa; Dialogismo, Gênero discursivo; Sequência didática. Maria do Rosário Girão Ribeiro dos Santos RUMO A UMA POÉTICA INTERARTES... Resumo: Haverá, porventura, suporte mais relevante para o mito literário do que as artes figurativas? Longe de se reduzirem a meras ilustrações, elas conferem-lhe, como texto outro, uma expressão inédita, passível de esclarecimento de um qualquer detalhe que a versão literária negligenciou. Assim é que a iconografia esteve, desde os tempos primordiais eliadianos, ao serviço da mitologia... Suportes não literários, as inter-artes, que não deixam de se assumir, no âmbito dos estudos comparatistas, como um veículo essencial de expansão e de modernização incessantes do mito, tendem para os jogos interactivos, praticando um sincretismo por vezes brutal e amalgamando substratos míticos heterogéneos. Não tenderia a especificidade da literatura a delir-se paulatinamente se não fosse esta globalização da cultura e esta universalização de uma linguagem plural? Palavras-chave: Interartes; mitologia; cultura. Maria do Socorro Pereira Lima OBJETOS DE LEITURA: PARA QUÊ E PARA QUEM? Resumo: Este artigo se insere nos estudos relacionados à leitura no Brasil e ousa mostrar o resultado de um piloto realizado para a qualificação da dissertação de mestrado na linha de Saberes Culturais e Educação na Amazônia, do Mestrado em Educação da Universidade do Estado do Pará, que investiga objetos, práticas e dizeres de leitura num espaço não escolar: o centro comercial de Belém- Pará. Ainda em andamento, a investigação tem como sujeitos-leitores os trabalhadores ambulantes que vivem, trabalham e constroem conhecimento nesse espaço discursivo. A problemática da pesquisa está fundamentada nas práticas cotidianas de leitura que permanecem controladas pela escola, que as reduz, as limita, ao privilegiar apenas o livro didático como suporte de leitura, esquecendo, assim, do sujeitoleitor. Trata-se de um estudo do tipo etnográfico, cujo encaminhamento teórico está pautado em autores que fundamentam seus estudos à luz da história cultural. Os procedimentos metodológicos para a produção dos dados do piloto foram gerados por meio da observação, seguida de entrevistas e registros fotográficos, e analisados na perspectiva da Análise do Discurso. Palavras-chave: objetos de leitura; práticas de leitura; educação. 172 Resumos de trabalhos Maria do Socorro Simões UM PERCURSO DE HISTÓRIA, MEMÓRIA E TRADIÇÃO DA NARRATIVA ORAL Resumo: O trabalho tem como objetivo mostrar a indiscutível importância sóciocultural e literária da narrativa oral, cujas manifestações e finalidades variam de acordo com as circunstâncias, o que exige tanto do contador maneiras particulares de relatar suas histórias, o que permitiu o surgimento de várias espécies narrativas, quanto exige de nós, estudiosos do gênero, um esforço redobrado para tornar os estudos, nesta sub-área, reconhecidos, na academia, em igualdade de destaque e importância já amplamente alcançados pela literatura canônica. Vale referir que essa diversidade narrativa promove o contato com ideias que acabam por constituir o patrimônio cultural da humanidade. Assim sendo, destaque-se que a convivência com a literatura oral amplia o conhecimento de mundo e da própria história do homem. Os trabalhos, por conseguinte, encarregar-se-ão de traçar, também, um breve histórico dos caminhos percorridos pela oralidade, com realce para narrativas orais da Amazônia paraense. Palavras-chave: narrativa oral; memória; cultura e imaginário. Maria Eneida Pires Fernandes A REALIZAÇÃO VARIÁVEL DA PALATAL LH NOS ESTADOS DO AMAPÁ E PARÁ Resumo: Este estudo aborda a variação do fonema palatal /lh/ em sete cidades do estado do Pará e duas do Amapá, localidades que constituem ponto de inquérito do Projeto Atlas Linguístico do Brasil (ALiB) – Região Norte. A metodologia baseia-se na Sociolinguística Quantitativa e no método Geolinguístico. O corpus analisado é composto de 915 dados extraídos da fala de 44 informantes, estratificados socialmente em idade, sexo, escolaridade, localidade e estado; consideraram-se também critérios linguísticos que podem condicionar a variação de /lh/. Os resultados obtidos apontam o uso quase categórico da variante palatal lateral [lh] nas nove cidades pesquisadas. Palavras-chave: Palatal; Variação fonética; Geo-sociolinguística. Maria Gabriela Cardoso Fernandes da Costa DOS LAGOS DA LUNDA AO MAR DE ITAPARICA – UMA GEOGRAFIA IDENTITÁRIA Resumo: O presente ensaio busca evidenciar em Luiji – O nascimento dum império, de Pepetela, e Viva o povo brasileiro, de João Ubaldo Ribeiro, a questão da construção identitária de que os dois romances dão conta. O espaço geográfico – a Lunda e Luanda, do lado angolano, e o Recôncavo baiano, sobretudo, do lado brasileiro, trazido para a ficção, é substancial para a construção das identidades angolana e brasileira veiculadas pelas personagens Lueji, Lu e Maria da Fé. “Donzelasguerreiras”, elas portam como símbolos de poder o lukano, a rosa de porcelana e a araçanga. Com características próprias,marcadas sobretudo pela diferença, elas irmanam-se no cumprimento da missão que cada uma delas tem de cumprir, como um dos princípios que regem a personalidade da donzela-guerreira. Enquanto Lueji e Maria da Fé elegem o povo como prioridade dessa missão, Lu encarrega-se de resgatar, no passado, os elementos essenciais que lhe permitam por em cena um 173 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia bailado, metáfora da construção da identidade nacional com base na diversidade. Palavras-chave: literatura angolana; literatura brasileira; diversidade cultural; identidade nacional. Maria Helena Rodrigues Chaves O GÊNERO SEMINÁRIO ESCOLAR: SER OU NÃO SER UM OBJETO DE ENSINO? EIS A QUESTÃO... Resumo: Este estudo é uma reflexão acerca das práticas tradicionais de ensino de língua portuguesa construídas ao longo de nossa carreira na educação básica. Partimos do pressuposto de que há mais à sombra do trabalho do professor do que tem sido visto pelos estudos que se limitam aos procedimentos da denúncia e da receita. Tendo por base teórica, os pressupostos de Bakhtin (1997, 2003), Chervel (1998), Schneuwly (2000; 2001, etc.) e seus colaboradores, implementamos uma pesquisa de cunho colaborativo-etnográfico junto a uma turma de alunos de primeiro ano de ensino médio de uma escola pública da periferia de Belém. Tal pesquisa consistiu na realização de duas sequências didáticas – uma sobre o gênero escrito crônica e outra sobre o gênero oral seminário escolar – em que procuramos, a partir da observação dos modos como professora colaboradora e alunos tomaram esses dois gêneros, analisar o lugar que o gênero seminário ocupa no contexto escolar enquanto objeto de ensino. Uma das reflexões a que chegamos sugere que o ensino dos gêneros orais não tem tradição em nossas escolas, mas o diálogo entre a escola e a academia muito pode contribuir, para que esses gêneros adquiram o estatuto de objeto de ensino-aprendizagem em nosso país. Palavras-chave: trabalho docente; ensino-aprendizagem; gêneros discursivos; dialogismo. Maria Lourdilene Vieira A QUESTÃO DOS GÊNEROS HÍBRIDOS: CONSIDERAÇÕES A PARTIR DE UMA ANÁLISE DE CASOS EM GÊNEROS PROMOCIONAIS Resumo: Neste trabalho, partimos de considerações da literatura de gêneros de discurso, utilizando dentre outros, Bakhtin (2003 [1979]), na definição de gêneros como tipos relativamente estáveis de enunciados e na classificação entre gêneros primários e secundários; Bazerman (2005) com a concepção de linguagem como forma de ação social, sendo os gêneros que organizam essas ações. Na abordagem da questão dos gêneros híbridos, tomamos por base Koch (2007 [2006]) e Marcuschi (2008) que definem o fenômeno, respectivamente, como hibridização ou intertextualidade intergêneros e intergenericidade; consideramos ainda Bhatia (1997) quando trata de mistura ou imbricação de gêneros, nos gêneros promocionais. A partir de um corpus formado por textos publicados em revistas com casos de gêneros híbridos e que divulgam marcas, produtos etc., analisamos como se dá a construção do sentido do texto pautada em mais de uma estrutura genérica, considerando que o texto geralmente é definido como um todo significativo construído em satisfação de um propósito comunicativo e que é esse propósito comunicativo que direciona o uso de um padrão genérico em detrimento de todos os outros. No entanto, apresentamos casos que apresentam padrões genéricos num único texto, casos em que o mesmo texto apresenta propósitos comunicativos, diferentes funções. Assim, consideramos 174 Resumos de trabalhos que, na propaganda ou nos textos que visam à promoção ou divulgação de algo, a criatividade é um fator fundamental para a própria repercussão que o texto deverá ter na sociedade, sentidos cada vez mais diferentes são construídos, baseados em lógicas interessantes e originais voltadas para um público amplo e diversificado. Palavras-chave: Gênero híbrido; Gênero promocional; Propósito comunicativo; Sentido. Maria Lucilena Gonzaga Costa JORNAL GAZETA OFFICIAL E A (IN)FORMAÇÃO DO LITERÁRIO NA BELÉM DO SÉCULO XIX Resumo: A chegada da Imprensa ao Brasil colaborou significativamente para a liberdade de expressão e a Independência dos brasileiros. Com surgimento do Romantismo, escola literária que propunha a originalidade dos temas nacionais e a valorização da cor local, instaurou-se o romance-folhetim entre nós. Importado inicialmente da França, o romance-folhetim motivou os escritores brasileiros a escreverem e publicarem suas obras em capítulos de jornais. Na província do Pará, vários jornais auxiliaram na expansão da leitura e divulgação do conteúdo literário, entre eles, há que se destacar a atuação da folha Gazeta Official, publicada entre 1858 a 1866. Nesse sentido, o objetivo desta comunicação é fazer a divulgação do material literário encontrado na Gazeta, a fim de estabelecer sua importância para a (in)formação do literário na Belém do século XIX. Palavras-chave: Jornal Gazeta Official; Literatura; Leitura. Maria Luiza Teixeira Batista JULIO CORTÁZAR: UM ANTROPÓFAGO LATINO-AMERICANO? Resumo: Neste trabalho temos a intenção de apresentar uma leitura da obra de Julio Cortázar à luz de dois críticos brasileiros, Haroldo de Campos e Silviano Santiago. No seu texto Da razão antropofágica: diálogo da diferença na cultura brasileira, Haroldo de Campos retoma o conceito de antropofagia literária de Oswald de Andrade, ampliando sua aplicação para o resto da América Hispânica. Campos entende a antropofagia na sua dialética entre o local e o universal; denomina os escritores latino americanos como novos bárbaros, devoradores de ouras literaturas e culturas, antropófagos que se nutrem do alheio para fortalecer sua própria literatura. Neste sentido, Julio Cortázar também é considerado um destes novos bárbaros que se apropriou do legado cultural universal em busca de uma maneira própria de expressão. Pensando no caminho que o escritor latino-americano percorreu nesta busca, vemos que Silviano Santiago também encontrou no escritor latino-americano a presença do antropófago literário que aqui mencionamos. Santiago entende o conceito de leitura como um convite a praticar a escrita. O escritor latino-americano se transforma em um devorador de livros e suas leituras estimulam seu processo de criação e é o principio organizador da sua obra. Como é sabido, a leitura sempre esteve presente na vida de Cortázar, por este motivo, afirma não temer que reconheçam a presença de outros escritores nos seus textos, pois muitas de suas leituras ficaram, de uma ou outra forma, sedimentadas na sua escrita; suas preferências literárias e sua erudição se refletem na sua literatura. Palavras-chave: Antropofagia; Julio Cortázar; Haroldo de Campos; Silviano Santiago. 175 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Maria Mônica Ramos de Melo O DISCURSO MACHISTA NO FORRÓ PÉ DE SERRA Resumo: Este trabalho é parte de um projeto mais amplo intitulado As construções do sentido da violência das práticas culturais do Sertão Central do Ceará que é uma proposta de investigação das práticas discursivas e práticas sociais da violência vivenciadas no Sertão Central do Ceará. Nosso objetivo é analisar os processos semânticos discursivos de nomeação e designação de gênero para entender como a prática cultural do forró “pé de serra” reifica sentidos para formas de violência cotidiana. Queremos mostrar como a mulher é representada nessas práticas culturais, no entanto, para isso começaremos com a sua historicidade, assim, buscamos entender esse discurso tradicional no qual a figura feminina é sempre inferior. Podemos observar nas letras das músicas que o homem exerce autoridade total sobre a mulher camponesa, representada como submissa isso ocorre porque a nossa sociedade tem sustentado um discurso de discriminação a mulher. Nosso objetivo é fazer uma análise deste discurso para que possamos refletir como esta imagem feminina foi construída e estar presente no nosso cotidiano. A cultura também tem um poder de construir imagens, pois as pessoas são influenciadas diretamente pelo seu conteúdo. Utilizamos como aparato teórico e metodológico a pragmática (WITTGENSTEIN, 1988) e a análise do discurso crítica (FAIRCLOUGH, 1992, 2003). Os dados coletados até o momento nos levam a entender que a linguagem corporifica a violência através dos atos de fala de nomeação e designação que constroem e reivindicam identificações tradicionais para homens e mulheres do campo, legitimando ideologias machistas. Palavras-chave: ideologia; cultura; forró; discurso. Maria Rita Santos MARCAS DE IRONIA NO JORNAL DE TÍMON, DE JOÃO LISBOA Resumo: A ironia se irrompe do ajustamento entre atitude/situação. Por serem ramos do mesmo tronco, os diversos processos de expressão irônica guardam um traço comum – a evocação da ideia do riso ou do sorriso (sub-riso). Sem poder ser diferente, o riso e o sorriso têm uma função social na proporção em que correspondem a algumas exigências da vida em comum, de onde resulta a significação cultural e ou as dimensões sociais. A ironia tem assim a sua marca social permeada pela base cultural. O riso é uma ação polivalente, porque proporciona ao homem assumir várias posições face ao mundo. Assim sendo, observa-se bem marcada/demarcada a ironia por Tímon, no seu Jornal-pretexto com base cultural, política e social. Palavras-chave: ironia; Jornal de Tímon; Cultura. Maria Stella Faciola Pessôa Guimarães CHICO BUARQUE QUERIA SER GUIMARÃES ROSA Resumo: Muitas letras da MPB (Música Popular Brasileira) de Chico Buarque travam enlevado diálogo com a cultura literária, fruto da sólida formação intelectual do autor – filho do historiador e crítico literário Sérgio Buarque de Holanda. Desde a infância e a mocidade, Chico sempre viveu cercado de livros e conviveu com personalidades como Antonio Candido, Vinicius de Moraes, Rubem Braga, Afonso Arinos, Manuel Bandeira, Antônio Houaiss e Antonio Callado. Na criação de Chico Buarque de Hollanda, é comum encontrarmos vestígios e referências de obras de 176 Resumos de trabalhos Dante, Baudelaire, Walter Benjamin, Platão, Goethe, Sófocles, Eurípides, Fernando Pessoa, Carlos Drummond de Andrade, Jorge de Lima, Brecht, Neruda, Nelson Rodrigues, Gonçalves Dias e Guimarães Rosa, por exemplo. Assim, uma forma de promover ou incentivar a leitura da literatura é partir da MPB de Chico, tirando proveito da penetração trivial da música e da emoção que ela provoca nas pessoas. É um caminho possível para o gaio cruzamento popular / erudito. Esta apresentação traça paralelos entre Chico Buarque – especialmente com a análise das letras de Pedro pedreiro, Todo sentimento, Assentamento e Imagina – e a multissignificação rosiana que universalizou o regional e reinventou a literatura brasileira. A concatenação Chico / Rosa objetiva ampliar as leituras da MPB de Chico e, ao mesmo tempo, recuar intimidações de leitores diante de Guimarães Rosa – e sua fama de escritor difícil e intransponível –, através do desfrute do prazer de comparar e associar ideias. Palavras-chave: Chico Buarque; Guimarães Rosa; MPB. Maria Zilvania Gomes Rabelo A PARTICIPAÇÃO DE RAQUEL DE QUEIROZ NO PRIMEIRO TEMPO MODERNISTA DO CEARÁ Resumo: O presente trabalho tem como objetivo discutir o contexto do primeiro tempo modernista no Ceará do início do século XX, contextualizando a produção literária cearense dos anos 20 e 30. Inicialmente temos como fontes primárias os exemplares de Maracajá, encarte cultural do jornal O Povo que circulou em abril e maio de 1929 e a folha autônoma Cipó de Fogo (1931), bem como o livro O canto Novo da Raça (1927), que demonstram bem as forças múltiplas que formaram o modernismo cearense. Entre os autores que tiveram participação nas manifestações modernistas, analisaremos a contribuição da escritora cearense Raquel de Queiroz procurando entender o corpo poético por ela utilizado, como se deu sua atuação na folha modernista e qual a sua proposta de regionalismo para um fator dinâmico local na chamada dialética do universal e do particular. Utilizando como aparato teórico o pensamento de Antonio Candido, visamos contextualizar um dos momentos decisivos do sistema literário brasileiro, buscando compreender, sob uma perspectiva sociológica e literária, as principais manifestações do primeiro tempo modernista nas diversas regiões do país, em especial, no Nordeste e, mais especificamente no Ceará. Com isto, pretende-se acrescer à bibliografia existente ensaios que reconheçam a cultura oral na prática modernista no Ceará. Palavras-chave: Modernismo; Regionalismo; Cultura oral. Mariana Samos Bicalho Costa Furst AS TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO COMO GRANDES ALIADAS DAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA Resumo: Vivemos em uma época de constantes mudanças, sabemos que as novas tecnologias levam nossos alunos a lerem cada vez mais os novos gêneros produzidos pela mídia. Em vista disso, acreditamos existir uma grande necessidade de buscar um novo rumo às aulas de Língua Portuguesa. Dessa forma, cabe ao professor estar atento aos novos produtos da mídia e ser capaz de oferecer “óculos” a fim de que seus alunos consigam compreender e questionar as novas fontes de leitura. O presente artigo objetiva defender a importância de se trabalhar infográficos em sala 177 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia de aula a fim de desenvolvermos habilidades em nossos alunos para que se tornem cidadãos letrados. Palavras-chave: Infográficos; leitura; gêneros textuais; letramento. Maricilde Oliveira Coelho ENTRE LIVROS E LEITORES: O LIVRO ESCOLAR ALMA E CORAÇÃO Resumo: Com a expansão da escola primária no Brasil, em meados do século XIX, cresce a produção e venda de livros específicos para a escola, ou livros escolares. O estudo desses livros permite ao pesquisador observar qual o projeto proposto para a formação da infância brasileira. O objetivo desta comunicação é analisar o livro de leitura Alma e Coração, do paraense Higino Amanajás, que teve cinco edições publicadas entre 1900 e 1905, e era destinado aos alunos do segundo ano do curso primário elementar, como suporte de consolidação dos valores morais e cívicos necessários às novas gerações da recente sociedade republicana. Palavras-chave: História Cultural; História da Educação; História do Livro Didático. Marilia de Melo Costa ALUNOS GERENCIANDO A SALA DE AULA: UM CAMINHO POSSÍVEL Resumo: Este trabalho visa mostrar um caminho para o gerenciamento de uma sala de aula pelos próprios alunos. Nossa proposta é um ensino que se volte à autonomização do aluno, ou seja, um ensino que fomente a autonomia, de acordo com o conceito de autonomia veiculado em Benson (2001) de que ela é “a capacidade de controlar seu próprio processo de aprendizagem” e pode ter vários aspectos, por isso “em outras palavras, aceita-se que autonomia seja uma capacidade multidimensional que toma diferentes formas para indivíduos diversos, e até para o mesmo indivíduo, em diferentes contextos ou em épocas diferentes” (BENSON, 2001, p.47). Seguindo essa ideia, propomos um caminho para fomentar a autonomia do aluno por meio da possibilidade de ele gerenciar a sala de aula em certos momentos, decidindo o que fazer, como fazer e por que fazer determinada atividade, com o auxílio do professor para alcançar esses objetivos. Partimos da teoria desenvolvida por Scharle e Szabó (2000) e Dam (2003) para construirmos nossa proposta. Pretendemos mostrar um caminho possível dentre múltiplos outros que existem. Palavras-chave: Língua Portuguesa; Autonomia; Ensino; Aprendizagem. Marilia de Nazare de Oliveira Ferreira ASPECTOS DO SISTEMA DE MARCAÇÃO DE CASO EM PARKATÊJÊ Resumo: A língua Parkatêjê apresenta distintos padrões em seu sistema de marcação de caso. Com verbos intransitivos, observa-se uma cisão condicionada pela natureza semântica das raízes verbais. Verbos cujas raízes são semanticamente ativas ocorrem com a série de pronomes livres da língua, enquanto que os verbos não-ativos ou estativos ou descritivos ocorrem com a série de pronomes dependentes. Dependendo do tempo e do aspecto verbal, verbos transitivos ocorrem com diferentes tipos de pronominais, forma do verbo também distinta morfologicamente e uma partícula que recai sobre o sujeito A da oração, marcando-o como argumento ergativo, quando a língua opera no sistema Ergativo-Absolutivo, a saber, no tempo passado e aspecto completivo. São essas situações que o presente trabalho pretende discutir. Palavras-chave: Parkatêjê; marcação de caso; tempo; aspecto; sintaxe. 178 Resumos de trabalhos Marília dos Santos Borba O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA: A LEITURA DOS GÊNEROS TEXTUAIS COMO PROPOSTA DE LETRAMENTO Resumo: Este artigo, de natureza exploratória e bibliográfica tem como tema central a utilização da teoria dos gêneros textuais nas aulas de língua estrangeira em escolas públicas brasileiras com o propósito de letramento. Apresenta reflexões acerca da importância do trabalho da leitura nas aulas de línguas, enfatizando o papel social da mesma, como instrumento primordial para a formação de cidadãos com postura crítica e participativa. A fim de despertar o interesse dos profissionais de educação desta área para novas formas de pensar e melhorar a sua prática pedagógica faz-se uma abordagem teórica dos conceitos dos Gêneros Textuais, no intuito de mostrar a sua relevância e utilização nas aulas de leitura em Língua Estrangeira, e o de Letramento, a fim de enfatizar a sua importância no contexto social. Em seguida, um paralelo entre os temas gênero textual, letramento e a função social da leitura destacam como essas abordagens estão correlacionadas ao ensino de língua inglesa, bem como o papel fundamental do professor no processo de ensino-aprendizagem. Após as discussões, o texto busca reforçar a necessidade do profissional de língua estrangeira em redimensionar os possíveis caminhos a serem seguidos com o objetivo de contribuir de forma significativa para o letramento dos sujeitos aprendizes. Palavras-chave: Gênero Textual; Letramento; Leitura; Língua Inglesa. Marília Fernanda Pereira de Freitas REVISITANDO OS VERBOS EM PARKATÊJÊ: QUESTÕES RELEVANTES PARA UM ESTUDO MORFOSSINTÁTICO Resumo: O presente trabalho tem como objetivo central apresentar algumas das principais características de verbos da língua parkatêjê. A comunidade Parkatêjê vive no Km 30 da BR-222, na reserva Mãe Maria, em Bom Jesus do Tocantins. O referido estudo constituiu-se a partir dos dados presentes em Ferreira (2003) e consulta ao material contido em seu acervo, o qual também contém dados de Araújo (em diferentes momentos de sua pesquisa com a língua parkatêjê), sendo este estudo constituído a partir de pesquisa bibliográfica. O tema foi escolhido por haver uma necessidade de se aprofundar os estudos nesta língua, já que são poucos os trabalhos linguísticos descritivos feitos sobre o parkatêjê. Inicialmente, tentar-se-á definir o termo verbo, a partir da perspectiva de autores como Payne (1997), Lyons (1979), Schachter (1985), Lehmann (1981) e Givón (1984); em seguida, será mostrada uma visão panorâmica das principais características das línguas pertencentes ao tronco Macro-Jê, tronco linguístico do qual faz parte a língua em estudo, com base em Rodrigues (1999) e Ribeiro (2006); as principais características da língua parkatêjê serão apresentadas em seguida, com base em Ferreira (2003); por fim, as principais características dos verbos nessa língua serão focalizadas, ainda com base em Ferreira (2003). Palavras-chave: Verbos; língua indígena; tronco Macro-jê; Parkatêjê. Marília Pinheiro Ribeiro A CONSTRUÇÃO DE IDEOLOGIAS MACHISTAS NA PRATICA CULTUAL DO FORRÓ 179 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Resumo: Este artigo é parte de um projeto de pesquisa mais amplo intitulado As construções dos sentidos da violência nas praticas culturais do Ceará, tendo como objetivo focalizar novas possibilidades de investigar e teorizar a linguística, enfatizando o papel do linguista e a contribuição para a vida social. De forma especifica procuro analisar a constituição identitária do sexo masculino na prática cultural do forró. Utilizando como aparato teórico-metodológico a Análise do Discurso Crítico (CHOULIARAK e FAIRCLOUGH, 1999, FAIRCLOUGH, 1989, 1992, 2003, RESENDE e RAMALHO 2006) para questionar de que maneira as nomeações e designações de gêneros contidas no forró naturalizam e legitimam ideologias machistas. Partindo da ideia de que as praticas culturais do Nordeste têm manifestado uma expressiva e crescente forma de violência tanto física como simbólica, percebemos escolhas linguísticas que violentam o próprio ato de fala, construindo sentidos negativos para homens e mulheres. A analise sócio-discursivo nos permite depreender que o perfil identitário dos homens presentes nas letras de forró baseia-se numa visão machista e estereotipada, reforçando relações de poder, uma vez que, inferioriza a mulher, designando o sexo feminino como submisso e vulgar. Palavras-chave: ADC; Cultura; identidade; atos de fala; violência. Marilucia Barros de Oliveira MAPEAMENTO GEO-SOCIOLINGUÍSTICO DA VARIAÇÃO DE /L/ NO ESTADO DO PARÁ Resumo: Trata o presente trabalho da realização variável de /l/ diante segmentos vocálicos anteriores altos a partir de dados do falar paraense, mais especificamente da palatalização de /l/. A orientação teórica adotada está de acordo com a Teoria da variação e mudança linguísticas. Utilizou-se a metodologia da Sociolinguística Quantitativa (LABOV, 1972). A ferramenta utilizada para o tratamento estatístico foi o pacote de programas computacionais VARBRUL. Foram avaliados dados que resultaram da aplicação do questionário fonético-fonológico a 32 falantes, sendo oito de Belém, quatro de Bragança, quatro de Altamira, quatro de Almerim, quatro de Soure, quatro de Marabá e quatro de Jacareacanga; todos paraenses e filhos de pais paraenses. Na capital foram entrevistadas quatro pessoas de ensino superior e quatro de ensino fundamental (quatro homens e quatro mulheres). Nas demais localidades foram entrevistados apenas falantes de ensino fundamental, sendo dois homens e duas mulheres em cada município. Os resultados fornecidos pelo instrumental computacional revelam a significativa ocorrência de palatalização no espaço paraense, resultado que difere do encontrado nos outros espaços brasileiros. Palavras-chave: Geo-sociolinguística. Palatalização. Variação. Marinei Almeida ORALIDADE E ESCRITA NA POESIA DE MANOEL DE BARROS Resumo: Propomos nesta comunicação algumas reflexões sobre a relação oralidade e escrita em poemas do escritor brasileiro Manoel de Barros, reconhecido, atualmente, como um dos mais originais do país. O trabalho poético de Manoel de Barros resulta de uma constante experimentação poética, tendo como objetivo maior atingir o fôlego primeiro do nascimento de uma palavra. Tal trabalho é centrado, sobretudo, na criação de novas palavras, no reaproveitamento e resgate de outras em desuso, e por vezes no aproveitamento da linguagem oral e costumes 180 Resumos de trabalhos culturais da região pantaneira, espaço que comparece, em grande parte da obra desse poeta brasileiro, como motivo de reflexão poética. Dessa maneira, a atenção deste trabalho recairá, sobretudo, na leitura da obra Livro de Pré-coisas (1985), a qual apresenta “releituras” de lendas e costumes da cultura oral, bem como da regional. Apresentaremos, portanto, uma leitura de alguns elementos que comparecem nessa obra, os quais julgamos importantes, no que concerne à discussão sobre oralidade e escrita na poesia do poeta brasileiro Manoel de Barros. Palavras-chave: Manoel de Barros; poesia; oralidade; escrita. Marinilce Oliveira Coelho A CRÍTICA LITERÁRIA: NOVOS HORIZONTES Resumo: A crítica literária no Brasil, após 1945, fortalecia e ampliava o movimento modernista iniciado nas décadas anteriores. Uma crítica que abriu espaço para o debate da interpretação da literatura em seus mais diferentes gêneros textuais. Discutia sobre a descentralização do espaço literário nacional, sobre a literatura regional e a universal, as correntes filosóficas, sociológicas e culturais que ressoavam na literatura da época. No Pará, o suplemento Arte Literatura (1946-1951), encarte dominical, do jornal “Folha do Norte”, publicou artigos de críticos já reconhecidos, como por exemplo: Alceu Amoroso Lima, Álvaro Lins, Brito Broca, Lúcia Miguel Pereira, Otto Maria Carpeaux, Sérgio Milliet, Sérgio Buarque de Holanda, Roger Bastide e Wilson Martins. Entre os integrantes locais nomes, como o de Francisco Paulo Mendes, Benedito Nunes, Cleó Bernardo, Rainero Maroja e de autores como Bruno de Menezes, Cécil Meira e Haroldo Maranhão. O objetivo desse estudo é analisar a crítica literária divulgada neste suplemento e verificar a construção histórica de uma crítica dedicada ao conhecimento e à elaboração do fazer literário. Palavras-chave: crítica-literária; história literária; literatura do pós-guerra. Marisa de Assis Souza A REPRESENTAÇÃO TÍPICA DA POBREZA SOCIAL NA PROSA BRASILEIRA DO OIAPOQUE AO CHUÍ Resumo: A representação típica da pobreza social na prosa brasileira do Oiapoque ao Chuí Marisa de Assis Souza (USP) Este estudo visa descrever a relação entre literatura e a representação típica da pobreza social na prosa brasileira. Em alguns romances, embora o discurso econômico esteja amenizado, não há uma separação definitiva das consequências do sistema capitalista. Não se trata de autores regionalistas, mas da inclusão da pobreza nas páginas literárias, às vezes, mais como parte da paisagem humana. Em alguns como compromisso ideológico, do que qualquer outra coisa, em outros, uma desabafo da condição em que vivenciou. Isto é, se pensarmos os anos 1930 em diante e mais contemporaneamente, é possível verificar que, às vezes, às tentativas de ficcionalizar a pobreza, no geral, soam pouco verossímeis. Entre eles, Erico Verissimo (O tempo e o vento), Carolina Maria de Jesus (Quarto de despejo), Paulo Lins (Cidade de Deus), Miltom Hatoum (Relato de um certo Oriente / Dois irmãos) – há um com um olhar e uma realidade social diferente. Desse modo, a reordenação da tradição literária brasileira mostra-se empenhada e interessada, em que o literato é também um historiador, um sociólogo. Palavras-chave: Compromisso; desabafo; paisagem; pobreza; sociedade brasileira. 181 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Mariza Andrade Guedes Alves O PROFESSOR FOMENTADOR DE AUTONOMIA: UM OLHAR SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA DA EJA Resumo: Este artigo constitui-se de uma pesquisa-piloto sobre autonomia, em especial, a construção da Autonomia pelo professor de Educação de Jovens e Adultos (EJA), tema de que nos ocupamos em nossa dissertação de mestrado na área do ensino-aprendizagem. Pretendemos, com essa reflexão inicial feita a partir do questionário de Dam (2003), verificar se os professores desse nível de ensino têm consciência de que a sua prática se encaminha ou não em direção a Autonomização do Aprendente. Os resultados obtidos, por meio das respostas dos professores, acreditamos servirão de base para se pensar o contexto, que reveste às atitudes didáticas do professor, aproximando-as ou distanciando-as das condições de desenvolvimento da autonomia. Palavras-chave: Autonomia; EJA; trabalho docente. Max de Souza Pinheiro A BIBLIOTECA DIGITAL E OS ESTUDOS LITERÁRIOS E CULTURAIS NA AMÉRICA LATINA Resumo: Registro da importância da Biblioteca Digital Ayacucho no processo ensino/ aprendizagem da Literatura e da Cultura Hispano-Americanas no Instituto Natureza e Cultura, no município de Benjamin Constant, fronteira com o Peru e a Colômbia. Relata como se utilizou a biblioteca digital venezuelana para suprir a carência de obras impressas no Brasil. Objetiva afirmar o quão útil é o texto digital livremente disponibilizado na internet e discutir a possibilidade da criação de uma biblioteca digital da Literatura da Amazônia Brasileira. Parte da experiência como docente no curso de Licenciatura Dupla em Letras: Português e Espanhol, da Universidade Federal do Amazonas, discutindo os conceitos de Literatura e Cultura HispanoAmericanas, expondo as dificuldades em obter no Brasil obras Hispano-Americanas produzidas entre os séculos XVI e XIX para, finalmente, apresentar a iniciativa do governo venezuelano em disponibilizar gratuitamente o acesso por meio da internet a versões digitalizadas de várias dessas obras. Conclui com uma reflexão sobre a necessidade de se democratizar o acesso a obras seminais da Literatura da Amazônia Brasileira, não sem antes discutir tal conceito. Palavras-chave: Biblioteca; Literatura; Cultura; Hispano-Americana; Amazônia; Internet. Melissa da Costa Alencar A VISUALIDADE NA OBRA DE MAX MARTINS Resumo: O presente trabalho levanta a hipótese de considerar o poeta Max Martins como pioneiro da visualidade na Amazônia. Buscamos através das suas poesias e colagens avaliarmos a interface de um poeta sendo paraense, mas de linguagem universal. Desenvolvemos a partir do percurso traçado pelo poeta tratar historicamente do movimento modernista e sua desenvoltura no processo de rupturas, apresentamos os principais expoentes do Modernismo. Outro movimento é o Concretismo e o seu desenlace na nova forma de ler um texto. Tratamos também dos três pilares do movimento concreto: Décio Pignatari, Haroldo e Augusto de Campos, possível influência espacial da poesia de Max Martins. Logo a seguir falamos no parentesco 182 Resumos de trabalhos da poesia com a fotografia, pintura, publicidade e artes plásticas, tendo como ponta de lança as teorias de Philadelpho Menezes, poeta multimídia; Lúcia Santaella; e Piere Lévy, teóricos que irão abordar conceitos da poesia intersigno, da simultaneidade e a descompartimentalização da leitura. Palavras-chave: Poesia e Arte; Colagem; Poesia Visual; Max Martins. Mílton Ribeiro da Silva Filho QUANDO “FRITAR” E PORQUE “DAR CLOSE”? UM OLHAR SOBRE A SOCIABILIDADE E A FORMAÇÃO DE IDENTIDADES LGBT EM BELÉM Resumo: Proposta de trabalho acerca das formas de sociabilidade e formação de identidades LGBT’s através da análise das gírias amplamente utilizadas pela comunidade: o bajubá. Estruturou-se o trabalho a fim de acompanhar a dinâmica dos grupos e suas formas de sociabilidade nos “locais de pegação”. Estabelecer uma conexão entre as referências simbólicas e a realidade da comunidade LGBT foi o ponto de partida para construção teórica do trabalho, pois a partir desta relação constatou-se que a utilização das gírias faz parte do rito de passagem – compondo a “saída do armário” – para inclusão na “cosmovisão gay”. O bajubá demonstra a marginalização que assombra esses indivíduos, pois o mesmo nasce a partir da tentativa de se protegerem, entretanto, ele transpõe a barreira da homonormatividade, quando passa a fazer parte do cotidiano heterossexual, e, uma vez que isso acontece há modificação semântica dos vocábulos/expressões. Palavras-chave: Identidade; Bajubá; Sociabilidade; Homossexualidade. Naira Augusta Pedroso de Sousa POLIFONIA NO HIPERTEXTO: UMA ANÁLISE DISCURSIVA Resumo: O presente trabalho tem como objetivo abordar a importância de se trabalhar com o hipertexto, em ambiente escolar, no desenvolvimento de trabalhos voltados para a leitura, a partir de uma concepção de língua como lugar de interação; visto que a situação da leitura é amplamente discutida pelos estudiosos da linguagem, assim como também, é objeto de grande preocupação no que se refere à maneira como torná-la mais prazerosa e atrativa, especialmente no âmbito educacional. O desenvolvimento de leitores críticos, capazes de ler qualquer texto e de desenvolver leituras produtivas, é um desafio que se apresenta ao profissional de Letras. Entendese, para tanto, a necessidade de se criar novas formas de trabalhar com o texto, a fim de alterar a lamentável realidade de indivíduos que não encontram prazer na atividade da leitura, contribuindo na formação de leitores mais críticos e conscientes. Na pesquisa bibliográfica desenvolvida, foi analisado um hipertexto eletrônico, com uma temática polêmica: o aborto, abordando os aspectos discursivos existentes, como as formações ideológica e discursiva, a polifonia, o sujeito e a construção do sentido. Visando contribuir para a reflexão de práticas educacionais referentes à leitura hipertextual, abordaremos, nessa pesquisa, aspectos relevantes dos estudos sobre a Análise do Discurso e a Polifonia, a fim de mostrarmos em que medida esses conhecimentos podem ajudar na produção da leitura de hipertextos. Palavras-chave: Hipertexto; Análise do Discurso; Polifonia. 183 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Natália Cristine Prado HAPLOLOGIA NA FORMAÇÃO DE PALAVRAS DAS CANTIGAS DE SANTA MARIA Resumo: O objetivo deste trabalho é observar o fenômeno de haplologia que ocorre na formação de palavras em português arcaico. Este estudo é realizado a partir de um corpus constituído das 420 Cantigas de Santa Maria, de autoria do rei Afonso X de Castela (cf. Mettmann, 1986, 1988, 1989, 1972). A partir deste corpus, analisamos a haplologia que ocorre nos nomes deverbais formados através da adjunção do sufixo –çon. Segundo Crystal (2000 p.137), haplologia é um termo da fonologia que indica a “omissão de alguns dos sons que ocorrem em uma sequência de ARTICULAÇÕES semelhantes”. No geral, a literatura sobre o assunto considera o fenômeno como a queda total de uma sílaba, como vemos em Leal (2006, p.44): “A haplologia é um tipo de redução em que há apagamento total de uma sílaba, se estiver adjacente a outra e se seus segmentos forem iguais ou semelhantes”; e Tenani (2002, p. 137): “A haplologia é definida, portanto, como sendo um processo em que há a queda total de uma silaba”. Pudemos perceber observando os casos de haplologia que o traço [+coronal] está sempre presente nas sílabas que são suprimidas na formação do derivado, assim como também está presente na consoante /s/ do sufixo. Esses dados indicam que este fenômeno ocorre por conta do Princípio do Contorno Obrigatório (PCO ou OCP em inglês) que, segundo Cagliari (1997, p.14), é um princípio que “obriga a não ocorrência de seguimentos iguais e adjacentes” num determinado contexto fonológico. Palavras-chave: Cantigas de Santa Maria; Fonologia; Haplologia. Nataly de Moura Silva POVO INDÍGENA: MITO DA TEORIA DE ROUSSEAU OU LUTA PELA SOBREVIVÊNCIA CULTURAL? Resumo: Esse artigo tem como objetivo fazer um traçado do cotidiano indígena numa perspectiva sociocultural e no paralelo estético-literário, utilizando o gênero poesia em trans-semiose com a música “um índio” do cantor e compositor, Caetano Veloso. Observamos na pesquisa realizada, a recepção dos textos em uma comunidade indígena do Agreste de Pernambuco, assim como é dado o procedimento de políticas públicas de leitura nessa área, no que diz respeito, ao incentivo à produção escrita ou literária na língua falada entre os sujeitos. Posteriormente, comparamos os resultados em oficinas de leitura com discentes do segundo ano do ensino médio da rede estadual da região metropolitana da cidade do Recife, desmistificando a visão eurocêntrica do povo indígena para a humanística e crítica a qual o ratifica na formação da sociedade brasileira e o revela na pós-modernidade. Palavras-chave: Poesia; Estética da recepção e Leitura. Nayara da Silva Camargo ASPECTOS FONOLÓGICOS DA LÍNGUA TAPAJÚNA-GORONÃ Resumo: A pesquisa tem como principal objetivo a descrição de aspectos da fonologia da língua Tapajúna-Goronã (Tronco Linguístico Macro Jê, Família Jê) e, dessa forma, contribuir para um entendimento mais detalhado sobre a fonologia da referida língua. Com isso, ofereceremos subsídios para a classificação da mesma dentro do Tronco Linguístico Jê, além de permitir estudos mais seguros sobre o funcionamento interno 184 Resumos de trabalhos das estruturas gramaticais da língua, tais como aspectos morfológicos, sintáticos e pragmáticos. Resultados preliminares apontam para um inventario fonético de 20 vogais, (10 orais e 10 nasais) e 22 consoantes. A pesquisa insere-se na área de estudo de línguas indígenas, mais especificamente na análise, descrição e documentação das línguas naturais. Apresenta a metodologia a ser seguida no trabalho de campo (tais como viagens para coleta e análise de dados), orientações teóricas utilizadas para análise e interpretação desses dados. Espera-se obter o máximo de rigor com a especificação de cada etapa do trabalho (tanto na identificação de fonemas, quanto no estudo dos ambientes em que eles se apresentam), de modo que haja consistência na análise dos dados coletados da língua. Verifica-se que a pesquisa realizada com a língua Tapajúna-Goronã é necessária para que possamos descrever e documentar a língua com segurança, pois sabe-se que o estudo de aspectos da fonologia é primordial para uma sequência de estudos da gramática de qualquer língua, uma vez que proporciona subsídios para a realização de estudos mais abrangentes, no que diz respeito à fonética-fonologia, morfologia, sintaxe, semântica, pragmática. Palavras-chave: fonologia; descrição; línguas indígenas. Nelivaldo Cardoso Santana ATIVIDADE DE COMPREENSÃO COM POEMAS NO LIVRO DIDÁTICO DE 5ª. SÉRIE DO ENSINO FUNDAMENTAL Resumo: O objetivo deste trabalho é realizar uma breve reflexão acerca das atividades de compreensão com poemas contidas no livro de língua portuguesa de 5ª. série do Ensino Fundamental intitulado Português: construindo consciência, das autoras Celina Diaféria & Mayra Pinto (2006). O critério utilizado para análise foi perceber a concepção de linguagem adotada pelas autoras e a relação dessa concepção com as atividades de compreensão com poemas. Os resultados apontam que o livro contempla uma diversidade significativa de gêneros textuais, entre eles os poemas, como um grande aliado para o ensino aprendizagem de língua em sala de aula, mas não rompem com os modelos tradicionais de ensino. Palavras-chave: compreensão; poema; gênero textual e livro didático. Nelma do Socorro Santana Queiroz AS PRÁTICAS VOLTADAS PARA A MOTIVAÇÃO E AUTONOMIA DOS APRENDENTES NA LEITURA E ESCRITA EM LÍNGUA MATERNA Resumo: A considerar que todo e qualquer processo de ensino/aprendizagem tem como foco o aluno e, por conseguinte, toda a prática do professor de línguas tem por finalidade o desenvolvimento das habilidades e competências comunicativas do mesmo, argumenta-se em favor de um elemento motivacional que os favoreçam. Sendo assim, optou-se por voltar o olhar, neste trabalho, para o papel do professor enquanto agente estimulador da autonomização do aluno, visto que tal trabalho versa sobre uma intervenção didática desenvolvida com alunos da quinta série numa escola da rede estadual de ensino do Pará. O procedimento foi realizado paralelamente aos estudos sobre autonomia e motivação na disciplina Tópicos avançados do Mestrado em Linguística, na Universidade Federal do Pará, disciplina esta que serviu de suporte, juntamente com os pressupostos de Schneuwly e Dolz (2004), para o desenvolvimento da sequência didática realizada com esses alunos. A intervenção didática teve como 185 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia impulso a problemática de leitura e escrita dos alunos da referida série e a dificuldade dos professores em trabalhar com tais alunos que estavam em estágio avançado de repetência. O desenvolvimento do procedimento didático não teve como foco apenas o despertar para a motivação dos estudos em si, mais que isso, procurou-se voltar atenção para a competência oral e escrita, bem como para o incentivo da leitura, o que culminou na produção do livro Nossos poemas de autoria dos próprios alunos. Palavras-chave: práticas docentes; autonomia; motivação; leitura; escrita. Nelma Silva Milhomem PARATOPIAS LITERÁRIAS Resumo: Estudo comparativo entre a novela Buriti / Noites do sertão, de Corpo de baile (1956) de Guimarães Rosa e o poema-canção Assentamento (1997), da discografia de Chico Buarque, com base nos pressupostos da estética do posicionamento como referência teórica para a análise da narrativa de nação contida no diálogo entre os dois textos, em seus respectivos contextos de enunciação – a Primeira República e a atualidade. O estudo visa aproximar aspectos ligados aos conflitos inerentes à inserção do homem brasileiro na dimensão social de uma estrutura econômicopolítica que manteve resquícios do colonialismo lusitano e cujas transformações decorrentes do avanço do capitalismo no Brasil e na América Latina provocaram a desestruturação da vida provinciana e rural, tratados sob diferentes pontos de vista nas duas obras. Tais conflitos, embora enunciados por diferentes olhares – o do “narrador / agregado” da família patriarcal de Buriti e o do “eu lírico” do migrante / camponês em “Assentamento” – e a partir de diferentes linguagens ficcionais, uma em prosa e outra em versos, trazem ao leitor / ouvinte / espectador da realidade brasileira contemporânea a densidade da visão de mundo de nossos artistas que, mesmo pertencendo a diferentes gerações, conseguiram fazer a “fusão de horizontes” preconizada pela teoria literária e introduzindo novas possibilidades de interpretação. Palavras-chave: Paratopia; Buriti; Guimarães Rosa; Assentamento; Chico Buarque. Nildecy de Miranda Bastos SAMARICA E KAROLINA: MUSAS DO OLIMPO SERTANEJO Resumo: A cultura urbana, no Brasil, tende a desvalorizar a poesia oral, principalmente a originada entre as camadas populares, confundindo-a com folclore. Assim é que, muitas vezes, uma arte que não é novidade para a maioria dos brasileiros continua a provocar reações de estranhamento. Insistindo na ideia de que a arte deve ser buscada em manifestações orais, Zumthor salienta que um número crescente de artistas se engaja numa busca dos valores perdidos da voz. A partir destas ideias, retomam-se duas narrativas orais de Luís Gonzaga, para lançar luz sobre a espontaneidade com que Luiz Gonzaga se apresenta, através de uma expressão onde o elemento poético está efetivamente envolvido. Seus versos se preenchem de vocalidade, e o prosaico, dentro deles, toma forma poética, traduzindo, além de aspectos sociais, aquele lugar que, segundo Paul Zumthor (1997), “só se nomeia por metáforas: fonte, fundo, eu, vida...”. Palavras-chave: poéticas orais; literatura popular; cancioneiro gonzaguiano; literatura e performance. 186 Resumos de trabalhos Nilma do Socorro Nogueira Machado CONTRADIÇÕES E ENCONTROS EM AUTOBIOGRAFIAS: MARCAS LINGUÍSTICAS NA FORMAÇÃO IDENTITÁRIA DO PROFESSOR DE LEITURA EM LÍNGUA MATERNA Resumo: O presente trabalho, na área de Linguística Aplicada, aborda uma pesquisa etnográfica com dados autobiográficos de seis professores de uma escola da rede pública municipal de ensino de Belém. O estudo objetivou identificar as marcas linguísticas que evidenciam o sucesso ou insucesso do professor de Língua Materna, bem como confrontar a relação entre seus propósitos e a forma de agir docente, suas crenças e valores. Os corpora da pesquisa constituem-se de narrativas autobiográficas e um questionário, cuja análise, visou observar como esses professores de Língua Materna de ciclo inicial do Ensino Fundamental percebem sua formação inicial/continuada, a partir de suas lembranças dos primeiros passos rumo à escola, até constituir-se professor. Considerando o uso da linguagem no processo de reflexão da trajetória profissional, os dados coletados foram analisados ancorando-se na perspectiva do letramento, buscando interpretar o processo de construção do conhecimento, a formação docente com base no conceito de ethos, ideologia e posicionamento. Os dados demonstraram: as marcas linguísticas que evidenciam o sucesso do ensino de leitura dos sujeitos pesquisados, nos enunciados em que constam as circunstâncias nas quais essas práticas ocorrem, questão que não ficou evidente no relato de um dos sujeitos; os ethé emergem de acordo com o posicionamento dos sujeitos nas práticas discursivas; os sujeitos refletem a questão ideológica que permeia as relações em contextos sócio-histórico, implicando no aspecto contraditório que revela a não homogeneidade existente em todas as pessoas. Assim, o estudo possibilitou um entendimento dos significados relativos à constituição do sujeito e de sua identidade profissional. Palavras-chave: Construção identitária; Formação Continuada; Letramento. Nilsa Brito Ribeiro SENTIDOS DE LEITURA DE EDUCADORAS E EDUCADORES DO CAMPO Resumo: Assumimos nesta reflexão uma concepção de linguagem assentada no princípio do dialogismo e da alteridade, conforme postula Bakhtin (1988), compreendendo que a linguagem não se origina nem no sujeito nem na sistematicidade da língua, mas na interação orientada pela história e pela ideologia. Desta concepção resulta a compreensão de que a leitura também não resulta de uma prática solitária e individual, mas do entrecruzamento de discursos em circulação e da posição que o sujeito ocupa na esfera social. Centrando suas bases nesta concepção de linguagem, este trabalho objetiva analisar sentidos de leitura que educadores e educadoras do campo constroem sobre o seu próprio percurso formativo, considerando o ato de rememorar experiências como espaço possível de re-criação e construção de novos saberes. Palavras-chave: Linguagem; Discurso; Leitura. Nilton Varela Hitotuzi EDUCAÇÃO GLOBAL ATRAVÉS DO ENSINO DE LÍNGUAS Resumo: Este trabalho visa apresentar o Modelo Dramático-Problematizador (MDP), um “caminho” alternativo para uma educação pelas línguas em que o aprendente transcende o mero aprendizado linguístico. A composição do MDP se deu através 187 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia de uma intervenção, nos moldes da Pesquisa-Ação, em uma escola da zona rural do município de Tefé, estado do Amazonas. Os 16 alunos do sétimo ano do Ensino Fundamental que participaram como co-pesquisadores durante o semestre escolar em que o MDP foi aplicado apresentaram um elevado nível de proficiência na línguaalvo (inglês) em relação ao seu nível inicial. Também se mostraram e relataram estar mais motivados a estudar inglês apesar de essa não ser a matéria preferida da maioria deles. Outro fator positivo, verificado durante e ao final da intervenção, foi a capacidade de o MDP propiciar ampla oportunidade para a reflexão sobre temas relacionados à realidade dos participantes. Palavras-chave: Modelo Dramático-Problematizador; educação global; ensino de línguas. Olga Alejandra Mordente IDENTIDADE CULTURAL E LINGUÍSTICA NAS FALAS DOS ITALIANOS IMIGRANTES Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar nas entrevistas realizadas com os italianos chegados após a Segunda Guerra Mundial a questão da identidade. Nas falas dos italianos imigrantes podemos perceber elementos que formam suas identidades culturais. A questão do sotaque, ou de ser provisório no país, retrata um pouco, como estes sujeitos se sentem frente ao país onde moram, onde são vistos, como diferentes das outras pessoas. Por outro lado, através dos depoimentos podemos observar que uma pessoa como imigrante se distancia da cultura de origem ou da sua língua materna quando tem a convicção de que a sua permanência no Brasil será definitiva. A identidade constitui-se como um termo polissêmico: está relacionado tanto ao indivíduo num âmbito pessoal, como às relações entre o indivíduo e a coletividade. Palavras-chave: identidade cultural; linguística; imigrantes italianos. Otávio Rios A EXPERIÊNCIA ESTÉTICA DE RAUL BRANDÃO: VARIANTES TEXTUAIS E CONSTRUÇÃO NARRATIVA EM HÚMUS Resumo: A reescrita constante dos textos e a consciência do fazer literário são marcas da escritura de Raul Brandão, autor português do final do século XIX e primeiras décadas do XX. Esta comunicação reproduz o texto exposto à banca examinadora de minha Dissertação de Mestrado, defendida na UFRJ (Letras Vernáculas) em 2007, e tem como objetivo central perscrutar a modernidade de Húmus, a partir da perspectiva de uma ruptura com a tradição do romance realista e da experienciação de novas possibilidades estéticas de construção narrativa. Coloca-se em pauta a problemática da narração, da crise da escrita da história e do romance, nesse que é, nas palavras de Vergílio Ferreira, o mais atual escritor do meio-século lusitano. Palavras-chave: cânone e margem na literatura portuguesa; história e narração; romance moderno. Paolo Targioni DIREITOS HUMANOS NA CONTEMPORANEIDADE Resumo: A Declaração Universal dos Direitos Humanos completou 60 anos no ano passado. Porém, ainda hoje, temos uma grande parte da população mundial que não sabe o que são os direitos humanos, que vive escravizada, que vive fora 188 Resumos de trabalhos do padrão de vida esperado pelos constitucionalistas que pensaram e escreveram a Declaração. Uma parte do mundo ainda vive em condições, para outros, absurdas, porém, ao mesmo tempo temos uma novidade: uma parte da população rica e bem sucedida, que goza de todos estes direitos e que, pelo que pode parecer absurdo abdicou voluntariamente de alguns deles. Este será, a partir do conto do escritor boêmio Franz Kafka Na colônia penal, o incipit de uma reflexão sobre os usos e as escolhas das liberdades no mundo contemporâneo. Palavras-chave: Direitos humanos; Globalização; Medo. Patrícia Aparecida Beraldo Romano MONTEIRO LOBATO: UM ESCRITOR A SER REDESCOBERTO NA SALA DE AULA Resumo: Ao se estudar Literatura Infanto-Juvenil Brasileira percebemos que ela, enquanto gênero, é vista antes e depois de Lobato. Foi ele quem encontrou o caminho criador de que nossa Literatura Infantil estava necessitando ao romper com as ideias de um ensino de literatura estereotipado e criar uma forma inovadora de produzir textos para as crianças na primeira metade do século XX. As aventuras da turma do Sítio do Picapau Amarelo e as traduções lobatianas de clássicos da literatura infantil são, hoje, no século XXI, a redescoberta, por parte de professores e de alunos, de que o jovem leitor continua a ter excelentes textos para lhe despertar o prazer de ler. Compete, portanto, ao professor, leitor de Lobato, mostrar ao aluno como descobrir, nos textos lobatianos, o lúdico mundo criado por esse artista da palavra que influenciou toda a geração contemporânea de escritores infanto-juvenis. Palavras-chave: Monteiro Lobato; jovem leitor; leitura. Patricia Carvalho Martins AS FOLHAS LITERÁRIAS DO JORNAL DO PARÁ (1862-1878) Resumo: O presente estudo objetiva evidenciar o papel do Jornal do Pará (1862-1878) como suporte para publicação de prosas de ficção, mostrando os espaços reservados à circulação de um número significativo de textos ficcionais distribuídos pelas colunas Litteratura, Variedade, Folhetim, Miscellanea, Gazetilha e Transcripção. Teoricamente recorremos à Historiografia Literária, para auxiliar na inserção de pesquisas à margem do cânone literário ou vistas em segundo plano. Para o desenvolvimento deste estudo em análise, o exame de material primário, fontes do passado literário da região, além de publicações atuais que trazem resultados do trajeto literário no período oitocentista, nos são de grande importância para traçar uma evolução na literatura do contexto regional paraense, possibilitando um diálogo que envolve a literatura brasileira no século XIX, a imprensa periódica e suas relações com o meio social. Palavras-chave: Jornal do Pará; prosas de ficção; imprensa; século XIX. Patrícia de Castro Joubert A HESITAÇÃO E A CONSTRUÇÃO DE IMAGEM NO GÊNERO ENTREVISTA Resumo: Este trabalho investiga o funcionamento da hesitação em uma entrevista televisiva. Partindo-se do pressuposto de que a hesitação, além de ser um fenômeno 189 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia de processamento, influi no andamento do discurso, assume-se que, no tipo de interação analisada, suas diferentes formas de manifestação contribuem para a projeção da imagem do locutor como um sujeito inseguro em seu dizer, em constante preocupação com as suas escolhas lexicais e sintáticas, que devem ser favoráveis à reconstituição de uma imagem nacional. Trata-se de um estudo de caráter empíricoindutivo, que assume o tratamento da linguagem em seu uso, e que se desenvolve segundo os princípios teóricos da Análise da Conversação. Palavras-chave: Hesitação; projeção de imagem; Análise da Conversação. Patrícia Sousa Almeida A ESCRITA QUE SE ENSINA – O TRABALHO DOCENTE EM UMA TURMA DE ALFABETIZAÇÃO Resumo: Este trabalho intenta descrever e analisar o trabalho de uma professoraalfabetizadora em uma turma de 1ª série de uma escola pública municipal localizada no bairro Curuçambá, periferia de Ananindeua-PA. A turma é composta por 22 crianças entre oito e 11 anos de idade, todas com experiência escolar caracterizada como fracassada. Para interpretar o modo com que ela presentifica objetos de ensino em contexto alfabetizador, serão elencados os seus gestos profissionais, os instrumentos dos quais se utiliza para elementarizá-los e as tarefas propostas, tomando como pressuposto a noção de atividade docente como sendo um trabalho, no sentido marxista do termo, em que o trabalhador lança mão de instrumentos com a finalidade de transformar seu objeto e é também transformado em consequência de sua intervenção. No episódio selecionado para este trabalho, a professora ensina um objeto de ordem gramatical/morfológica – o conceito de palavra –, posto na cena didática por ocasião de uma demanda surgida em classe. A atividade será descrita e analisada de forma a reconstituir sua construção interativa, discursiva e didática. Palavras-chave: trabalho docente; alfabetização; objeto de ensino; instrumentos didáticos. Patrícia Goulart Tondineli UM OLHAR SEMIOLINGUÍSTICO SOB O MANTO DA PRINCESA DO NORTE: HISTÓRIA ORAL E DIALETOLOGIA Resumo: Comparando dados do período entre 1997 e 2006, verifica-se um crescente desenvolvimento em Montes Claros-MG causado, conforme nosso entendimento, pela ampliação da rede de ensino superior. Esse big-bang educacional fez com que o perfil do montesclarense fosse (re)significado pela sua intersecção com outros sujeitos-universos configurando, além de uma reformulação da sócio-cultura, um novo modelo linguístico, o qual distancia-se, na mesma proporção do crescimento educacional e populacional, do dialeto-raiz. Será que vivemos um processo de transculturação? Ou apenas uma (re)culturação desencadeada por essa diversidade sígnica e, por que não dizer, elevação cultural? Se assim for, e partimos do princípio de que tal conjectura seja real, a linguagem, como consequência dessa ascendência, modificou-se? Até que ponto? Como? Por quê? Assim sendo, este Projeto objetiva analisar histórica e dialetologicamente o discurso oral urbano de Montes Claros. Para tanto, coletamos depoimentos de moradores nativos, mais de 6 horas de gravação (abrangendo as variáveis sociolinguísticas sexo, faixa etária, escolaridade e rendar), 190 Resumos de trabalhos os quais foram transcritos pelo método NURC. Verificou-se que o convívio com outras pessoas fez com que a linguagem do visitante fosse absorvida pelo morador nativo, caracterizando o fenômeno da transculturação ou entrelaçamento cultural (ORTIZ, 1983) e/ou de homogenização linguística (CHAMBERS,1995). Outra prova disto é a pouquíssima ocorrência de marcas linguísticas como indiota, porquera, troxi, catredal, bestage, tão características da oralidade da região. Objetiva-se, agora, comparar a verossimilhança histórica dos textos-corpus, quantificar as variáveis dialetológicas através do VARBRUL, formando o primeiro banco de dados linguísticos da região, proporcionando, aos pesquisadores, novas possibilidades de estudos. Palavras-chave: dialetologia; homogeneização linguística; transculturação. Paul Kiparsky SOUND CHANGE Abstract: Allophones can become independent phonemes when their conditioning environment is lost. This simple phenomenon constitutes a long-standing theoretical problem. From a contemporary perspective, it is the diachronic analog to the problem of opacity in synchronic phonology. The structuralists explained the phonologization of allophones by locating sound change outside of phonology, so that it alters the phonetic implementation of speech blindly and structureindependently. On this view, sound change is insulated from the phonological system, and affects it only indirectly through reanalysis of the output. There are several things that this approach cannot explain. (1) Allophones do not always remain: they sometimes revert. (2) Sound change can be constrained by the phonological system, and interact with it. (3) Sound changes never subvert phonological universals. I argue on the contrary that phonology must be enriched with phonetic information, and that the original concept of a phoneme as a contrastive entity has to be abandoned. I introduce the Stratal OT framework and show how its distinction between the lexical and postlexical strata provides independent theoretical support for this new view of phonology. I offer an account of phonologization based on Stratal OT, which explains (1)-(3), and leads to precise and testable predictions about the conditions under which sound change leads to new phonemes, and under which it interacts with existing phonology. I provide empirical evidence that these predictions are correct. Paula de Carvalho Ferreira ORALIDADE E ESCRITA EM CONTEXTOS DIVERSOS Resumo: O presente artigo tem por objetivo descrever e analisar os usos de oralidade e de escrita na escola e na comunidade. O corpus é um recorte de uma dissertação de mestrado em desenvolvimento, e foi obtido a partir de uma pesquisa etnográfica, por meio da técnica de observação participante. Inserido no meio social e escolar do informante, o pesquisador grava, filme e relata em um diário de campo, os usos de oralidade e de escrita. A pesquisa constatou que o educando nas suas relações sociais em geral, através de um exercício constante de usos da língua ou da linguagem expressa emoções, pensamentos e dialoga com o seu semelhante, constituindo assim um processo sociointerativo e comunicativo. No entanto, esses usos da língua ou da linguagem no contexto escolar restringem-se a atividades de escrita pautadas no exercício mecânico da cópia ou de resposta do livro didático, como “verdades” 191 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia prescritas para serem digeridas por quem adentra aquele ambiente formal de ensino. O espaço reservado às atividades de oralidade é relegado ao plano do silêncio, pois o professor em um gesto canônico suprime essa atividade enquanto gerada pelo aluno. Assim, o aluno adentra o contexto escolar e vivencia, apenas em silêncio, a possibilidade de sistematização das inúmeras atividades escolares, através das quais se trabalharia a oralidade como o seminário, o teatro, a palestra, a mesa-redonda enquanto um ponto de partida para um estudo “consciente” da escrita. Por outro lado, a contraface dessa ignorância dos usos de oralidade do educando, negligenciada pela escola e extensiva a sua comunidade de fala, é constatada em eventos comunicativos tais como, conversas de porta de rua, partida de futebol, atividades religiosas, entre outras, tão comumente praticados na comunidade da qual participam os alunos. Quanto à escrita, usam-na, também, no controle de estoque de mercadoria, anúncios publicitários, preces religiosas, carta pessoal, bilhetes, receitas de bolo, de remédios caseiros, grafites, dentre outros. Palavras-chave: Oralidade; Escrita; Usos; Escola; Comunidade. Paulo Bungart Neto A GUERRA DO PARAGUAI NAS MEMÓRIAS DO VISCONDE DE TAUNAY: DRAMA E APREENSÃO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NACIONAL Resumo: Das cinco partes em que foram divididas as Memórias (1848, obra póstuma) de Alfredo d’Escragnolle Taunay (Visconde de Taunay, 1843-1899), três tratam da árdua expedição à fronteira do Mato Grosso do Sul com o Paraguai (durante a chamada Guerra do Paraguai), da qual Taunay participara como Segundo-Tenente do exército brasileiro e membro da Comissão de Engenheiros. O contato com as terras matogrossenses entre 1865 e 1870 (atualmente parte do território de Mato Grosso do Sul) fez o monarquista convicto empreender uma verdadeira viagem de (re) conhecimento de um Brasil longínquo e inóspito, mas fundamental para o processo de construção de uma identidade, àquela altura, ainda em configuração, em um país que se remodelava com a troca do sistema escravagista para o livre e do regime monárquico para o republicano. Todas estas dúvidas e angústias são liricamente retratadas nas Memórias, de Taunay, que ainda deixou um relato histórico sobre episódio da guerra (Retirada de Laguna, 1879) e um romance romântico ambientado na região: Inocência (1872). Palavras-chave: Memórias; identidade nacional; Guerra do Paraguai. Paulo da Silva Lima O PROCESSO ARGUMENTATIVO/DISCURSIVO EM EDITORIAIS Resumo: O processo argumentativo/discursivo em editoriais O presente trabalho tem por objetivo analisar, com base na teoria da Argumentação e em fundamentos da Análise do Discurso, editoriais que abordam a questão da crise aérea brasileira entre os anos de 2006 e 2007. Para isso, exploram-se dois textos do jornal O Estado de São Paulo e dois da Folha de São Paulo. Essa pesquisa é sustentada por autores como Aristóteles, cuja abordagem retrata os estudos retóricos da Antiguidade e que até hoje perduram nas pesquisas sobre argumentação. Também são usadas as teorias de Perelman Tyteca, dando-se ênfase à nova retórica em Tratado da Argumentação, de Olivier Reboul, que aborda as principais questões sobre o estudo da retórica. São 192 Resumos de trabalhos utilizadas para a análise do corpus, teorias da Análise do Discurso de linha francesa que consideram que o processo discursivo abrange tanto o aspecto linguístico quanto o social, pois o enunciador é marcado por fatores sócio-históricos que são determinados pelas formações discursivas e ideológicas que regem qualquer ato discursivo. Assim, são identificados os recursos retóricos e linguísticos que servem para demonstrar que o editorial é um gênero altamente argumentativo, já que em sua essência há sempre a presença da ideologia pertencente à instituição jornalística. Por isso, mostram-se quais técnicas argumentativas os referidos jornais usam na tentativa de persuadir e propagar sua postura ideológica em relação aos problemas da aviação brasileira. Palavras-chave: Retórica; Argumentação; Jornalismo; Editoriais; Análise do Discurso. Paulo Jorge Martins Nunes A CACHOEIRA DE DALCÍDIO, OU O DEVANEIO SOBRE A CAPITAL DA REPÚBLICA BOLIVARIANA Resumo: Identificar na literatura de Dalcídio Jurandir, entre outros, o método narrativo lukacsiano que ressalta o ser humano como referência fundamental da representação. Desse modo, o autor aproximará ficto e facto e se destacará como um dos “arquitetos” do panamazonismo histórico através do projeto literário do CEN. Palavras-chave: ficção; história; representação literária; Dalcídio Jurandir. Paulo Leôncio da Silva SISTEMAS LEXICOGRAMATICAIS, MACROFUNÇÃO RELACIONAL E METAFUNÇÃO INTERPESSOAL: INTERAÇÃO SOCIAL DESATIVADA NO TEXTO CIENTÍFICO Resumo: Há reduzida interação social entre escritor e leitor no gênero textual expositivo, monológico e especializado. Objetivo comunicar resultados da distribuição de Sujeitos como escolhas lexicogramaticais Modo Oracional e Modo Verbal que desativam a Macrofunção Relacional e a Metafunção Interpessoal entre escritor e leitor. A síntese de resultados foi revelada pela aplicação, em corpus textual científico, das perspectivas teóricas de SMITH JR. (1985) e HALLIDAY (1994). Palavras-chave: gênero textual; interação social; relações; metafunção interpessoal. Rafaella Gomes Monteiro PAISAGEM E ESTÉTICA EM MILTON HATOUM: O CONFLITO ENTRE O AMAZONAS E O ORIENTE Resumo: Relato de um certo Oriente debruça-se sobre o resgate da identidade de um personagem a partir de sua relação com o lugar, permeado pela existência de diversas especificidades culturais entre o Amazonas e o Oriente. De acordo com a perspectiva teórica do geógrafo chinês Yi-Fu Tuan, em seu livro Topofilia: um estudo da percepção, atitudes e valores do meio ambiente, publicado em 1980, no qual evidencia a ligação dos laços afetivos do homem com o meio ambiente material, observamos no romance de Milton Hatoum o lugar como o vetor que possibilitará todo o desenrolar da narrativa resgatando a memória de uma infância perdida através de relatos das mais intensas experiências estéticas a partir de uma visão topofílica. Palavras-chave: Literatura; paisagem; identidade; experiência. 193 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Rafhaelle Claudine da Paixão Vilhena A COLUNA FOLHETIM DO PERIÓDICO DIÁRIO DO GRAM-PARÁ DO SÉCULO XIX Resumo: O projeto Lendo o Pará: publicação do romance-folhetim nos jornais de Belém do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900), inserido no programa de bolsas PIBIC-JR, traz como proposta, a partir do plano de trabalho intitulado “A coluna folhetim do periódico Diário do Gram-Pará do século XIX, a pesquisa de romances-folhetins em jornais do século XIX no Pará. Baseado em tais afirmações, e de acordo com a primeira etapa de realização do cronograma de meu plano de trabalho, observar-se-á a constante e periódica publicação de obras literárias portuguesas e brasileiras no período 1858 a 1860. Palavras-chave: Século XIX; Diário do Grão Pará; folhetins. Raimundo Nonato de Oliveira Falabelo A LEITURA LITERÁRIA COMO ACONTECIMENTO INTERDISCURSIVO ENTRE JOVENS: PRÁTICAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS EM SALA DE AULA Resumo: Esta comunicação tem o objetivo de mostrar a relação de jovens com textos, enquanto campo de sentidos e significados, evocando imagens, o lúdico, o entretenimento, o prazer, num jogo em que leitura e escrita são vividas como um acontecimento interdiscursivo. Como embasamento teórico, assume-se que o indivíduo singulariza-se nas relações intersubjetivas, mediadas pela cultura e pela linguagem; estas sendo vividas como processo de interação e de constituição de nossa subjetividade. A metodologia com textos poéticos e narrativos insinuava-se a buscar o envolvimento dos alunos e a possibilidade de articular-se a uma determinada temática que eles poderiam explorar em suas produções textuais, tais como amor, vida, trabalho, juventude, dignidade, direitos, preconceito, discriminação, etc. – temáticas indissociáveis do campo de sentidos e significados de suas vivências. A leitura e a literatura foram trabalhadas enquanto magia, sedução, ativação do imaginário. A leitura como móvel para colocar a linguagem em funcionamento e em movimento, vivendo e experimentando-a como prática social: desestabilização, ruptura com a vida cotidiana, deslocamento de lugares, articulação com outros campos de sentidos – a experiência dos leitores, isto é, a compreensão das tensões e contradições da vida e da formação de nossa humanidade. Os alunos, assim, viveram a leitura e escritura como um tecer em aberto num enlace de fios e pontos que se cruzam e entrecruzam-se, sem que as urdiduras das tramas se presumam fechadas, porque inescapavelmente a enunciar-se e deixar-se verter em muitos horizontes de sentidos possíveis... ante o leitor. Palavras-chave: Leitura; Literatura; Interdiscursividade. Raphael Bessa Ferreira A TRAVESSIA DO MUTUS EM MUTUM: DO HIPOTEXTO LITERÁRIO AO HIPERTEXTO FÍLMICO Resumo: Devido ao espaço aberto entre linguagem verbal e linguagem audiovisual por meio de cinema e literatura, o presente trabalho propõe-se a discutir e analisar a transposição fílmica do conto Campo Geral, de João Guimarães Rosa por Sandra Kogut em Mutum. Para isso, nos basearemos nos estudos de transposição fílmica 194 Resumos de trabalhos e teoria cinematográfica de Robert Stam, que afirma ser o filme um incorporador e modificador de vários outros textos. Os conceitos de hipertextualidade ou toda relação que une um texto B (hipertexto) a um texto A (hipotexto) de Gerard Genette, não deixando, ainda, de desconsiderar as contribuições das análises narratológicas de transposições de Yannick Mouren e nas análises estilísticas de Jean-Claude Carrière. Investigar os processos de transposição e os elementos que compõe os processos de construção: diferenças e aproximações entre as duas expressões artísticas fazem-se como metas do trabalho a fim de destacar as potencialidades que unem sistemas de signos tão distintos: palavra e imagem. Palavras-chave: Literatura; Cinema; Hipertextualidade; Guimarães Rosa; Mutum. Renata de Cássia Dória da Silva PROPOSTAS DE ATIVIDADES DA MODALIDADE ESCRITA EM AULAS DE PLE Resumo: Este trabalho visa expor algumas atividades de compreensão e produção escrita em português que foram utilizadas durante as aulas de preparação de uma turma de aprendizes estrangeiros para ao Exame Celpe-bras. Desta forma, procurouse desenvolver um trabalho que possibilitasse tais estudantes, se expressarem em Língua Portuguesa por meio da modalidade escrita de comunicação nos mais variados contextos situacionais. Para isso, fez-se: uma pesquisa bibliográfica que permitiu aprofundar os aspectos teóricos relativos ao ensino-aprendizagem da modalidade escrita em Línguas Estrangeiras. Em seguida, partiu-se para o estudo das tarefas escritas do Exame Celpe-bras, e posteriormente, deu-se início a elaboração de atividades escritas condizentes com as propostas do exame ao qual os estudantes seriam submetidos. Vale ressaltar que, apesar de ser um público com um objetivo bastante específico para aprender português. Também se levou em conta a necessidade de levar para a sala de aula exemplos de textos escritos que circulam em nosso meio social. Uma vez que estes estudantes estavam em situação de imersão no Brasil e precisavam se familiarizar com os textos correntes em nosso dia a dia. Palavras-chave: ensino-escrita; P.L.E. Renata dos Santos Lameira O ENSINO DE LÍNGUA MATERNA: O PROFESSOR EM FOCO Resumo: O Ensino de Língua Materna, ao longo de décadas, vem sendo debatido e discutido na academia. Muitas pesquisas e publicações têm o objetivo de contribuir para um ensino de língua eficaz no que se refere à competência comunicativa. Assim, a inquietude de saber se tais avanços acadêmicos têm chegado à escola fez surgir essa pesquisa que tem por escopo correlacionar, ainda que com limitações, as contribuições de alguns estudos da área da linguagem – seja nos livros especializados, seja nos PCN’s – para a realidade da sala de aula. Para isso, utilizou-se de pesquisa bibliográfica e de campo. A pesquisa de campo foi realizada em dois momentos e com objetivos diferenciados. No primeiro momento, foram analisadas as concepções e a prática docente de quatro professores e as consequências delas no entendimento dos alunos acerca do ensino. No segundo momento, a pesquisa voltou-se para um fazer diferente do encontrado anteriormente, foi analisada uma turma da rede pública de ensino do Programa Aceleração da Aprendizagem. O acompanhamento da turma 195 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia foi limitado às aulas de Língua Materna. A pesquisa bibliográfica foi realizada ao longo de toda a trajetória do processo, pois foi suporte para as questões levantadas na pesquisa de campo. Após coleta e análise dos dados, foi constatado que as práticas pesquisadas se contrapõem e demonstram que o ensino de Língua Portuguesa está fadado ao fracasso ou ao sucesso a partir da prática do professor. Palavras-chave: Ensino; Língua Portuguesa; Competência Comunicativa. Renata Ferreira Rios ESTRATÉGIAS DISCURSIVO-INTERACIONAIS EM INTERAÇÃO DE COMPRA X VENDA EM FEIRA DE PALMAS-TO Resumo: A situação social de compra e venda constitui terreno fértil para estudos de interação. Este estudo teve como foco a fala dos vendedores de feira livre, situada em Palmas-TO, e buscou evidenciar as principais estratégias discursivo-interacionais verificadas nas falas desses participantes. Para isso, são adotadas algumas das contribuições teórico-metodológicas da Sociolinguística Interacional, da Pragmática, no que tange à Teoria da Polidez de Brown & Levinson e da Análise da Conversa de base etnometodológica. De acordo com os Sacks (1984), os fenômenos verbais ocorrem de maneira metódica e ordenada. Tendo em vista esta organização, o presente estudo buscou, inicialmente, identificar as regularidades presente no discurso dos feirantes para proporcionar melhor compreensão deste contexto social. A interação de compra e venda na feira apresenta peculiaridades que influenciam diretamente no enquadre que situa as falas dos participantes. Existem limitações do espaço físico que podem apresentar dificuldades para o cliente e em decorrência dessas possíveis dificuldades, o feirante, normalmente, recorre a atenuadores discursivos, mitigações e trabalhos de face. Além disso, é importante ressaltar que, embora a feira, a princípio, sinalize um contexto informal e mais pessoal, cabe ao feirante manter a impessoalidade muitas vezes necessária à sua atividade. Desfocalização do agente, uso da voz passiva, mitigação do preço ou da relevância das instalações físicas na hora da venda são algumas das estratégias que promovem a manutenção de um clima agradável entre os participantes. Palavras-chave: Feira; compra e venda; estratégias discursivo-interacionais. Ricardo Meirelles BAUDELAIRE NO BRASIL: IGNÁCIO DE SOUZA MOITTA E AS FLORES DO MAL Resumo: Discuto a relevância da tradução na História da Literatura Brasileira, partindo das traduções dos poemas do livro francês Les Fleurs du mal, de Charles Baudelaire, de 1857, verdadeiro marco da literatura ocidental, traduzido por mais de sessenta poetas brasileiros – alguns traduzindo apenas um poema, outros, o livro todo – constituindo uma significativa recepção crítica dessa obra. Alguns desses tradutores se destacam por suas qualidades estéticas ou sua importância literária. Observa-se, em particular, o poeta e tradutor paraense Ignácio de Souza Moitta como expressão proeminente dessa recepção, visto que foi um dos três poetas que traduziram todos os poemas do livro francês. Esse ilustre jurista marabaense foi desembargador (1956-9) e outrora havia fundado a Academia Marabaense de Letras (1925); publicou seu livro em Belém (1971), pelo Conselho Estadual de Cultura, 196 Resumos de trabalhos que permanece desconhecido do grande público. Além do resgate historiográfico promovido, recuperando mais uma importante e significativa leitura dessa obra francesa, comparando suas traduções com outras produzidas ao longo do tempo, levanto questões sobre a possibilidade da tradução poética e tento obter respostas junto a algumas teorias da tradução em discussão, sempre levando em conta aspectos linguísticos, históricos e culturais. Vislumbro não uma evolução, mas uma diferenciação entre as abordagens tradutórias, construídas sempre dentro de seu momento ideológico. Aponto algumas considerações: não há tradução perfeita, absolutamente correta, eterna e unanimemente aceitável; a fidelidade ao texto diz respeito a uma interpretação do texto de partida, que será sempre produto da língua, cultura e subjetividade do tradutor; a tradução é sempre uma recriação. Palavras-chave: poesia; tradução; Baudelaire. Ricardo Postal DO POVO AO PALCO: MALAZARTE, DE MÁRIO DE ANDRADE Resumo: Este artigo discute a apropriação da narrativa oral e do populário em Malazarte (1928), de Mário de Andrade. Esta ópera cômica, que o autor não viu representada, toma o tema de Pedro Malazarte, recontando uma de suas aventuras. Porém, ao invés da forma narrativa em que tal intriga se origina, ela é apresentada ao público configurada numa ópera, gênero erudito e europeu. Discute-se aqui de que maneira essa produção marginal dialoga com Macunaíma, também de 1928, a qual igualmente toma por base a temática popular, mas que em sua forma, a da rapsódia, traz parentesco com os cantos de rua e bailados brasileiros. Pedro Malazarte já tinha sido aparecido na cena pré-modernista pela mão de Graça Aranha em sua peça Malazarte (1911), fazendo supor que era uma personagem brasileira relevante, já que muito popular nas narrativas orais. Sua consequente permanência em nossas letras é insignificante, e essas duas realizações são consideradas menores dentro das obras de seus autores. Considerando as estratégias de nivelamento e desnivelamento entre o popular e o erudito estudadas por Mário de Andrade, elencadas por Gilda de Mello e Souza n’O Tupi e o Alaúde, estendemos o questionamento sobre as significações da tentativa de adequar dentro de um projeto nacionalista do modernismo, as formas poéticas de suas realizações e os temas da brasilidade, tomando Malazarte como estudo de caso. Palavras-chave: Modernismo; narrativas orais; Pedro Malazarte; Mário de Andrade. Ricelly Jáder Bezerra da Silva TO THE LIGHTHOUSE E SUAS TRADUÇÕES PARA O PORTUGUÊS Resumo: Esta pesquisa investiga a tradução do romance To the Lighthouse (1927), da escritora britânica Virginia Woolf para as seguintes traduções para o português: Rumo ao Farol (2003), Ao Farol (1993), e Passeio ao Farol (1986), todas traduções de Luiza Lobo. Sabe-se que a narrativa de Woolf descreve os processos mentais das personagens por meio da técnica do fluxo de consciência. Assim, investigaremos quais estratégias foram utilizadas nas traduções em seus respectivos meios e de que maneira os fluxos de consciência foram organizados em cada uma, indagando se tais traduções seguem ou não um mesmo padrão ao serem produzidas. Leva-se em consideração ainda, nesta análise, o fato de o romance, em inglês, ser primeiramente escrito e publicado em uma época/cultura que difere notadamente dos períodos 197 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia sócio-culturais que recebem essas traduções em português. Como base teórica, empregamos os conceitos de tradução como agente político de Lawrence Venuti (1998) e suas definições de Estrangeirização (quando a tradução é feita de forma que está mais aproximada do língua partida) e Domesticação (quando a tradução é feita de forma que se adapta mais às estruturas da língua receptora); também empregamos o conceito de tradução como Reescritura, de André Lefevere (1992). Palavras-chave: tradução; domesticação/estrangeirização; reescritura. Riovaldo Maia Barroso BARRACAS DE ERVAS DO VER-O-PESO: PRÁTICAS DE MAGIA OU CRENÇA POPULAR Resumo: A pesquisa se propõe a suscitar uma análise sobre a religiosidade AfroBrasileira no âmbito de nossa cultura Amazônica, sendo o seu foco de estudo principal o sincretismo. Onde vem detalhar, como os frequentadores enxergam estas formas de cura espiritual, física e emocional. Tem-se como um dos Objetivos desta pesquisa tornar os alunos cidadãos, capazes de garantir a igualdade de direitos entre raças e uma melhor liberdade de culto e respeito. Ampliando o senso crítico dos educadores. A partir de um determinado ato de benção, busca-se uma determinada cura espiritual, para algumas pessoas apenas um ato de magia popular, para outras, um ato de súplica, de imploração, de pedidos insistentes... Possibilitando que as “entidades” tragam as boas novas, produzindo benefícios aos mortais como o: pena maracá (instrumento utilizado pelo Pajé em referência aos seus ancestrais indígenas), ou seja, o maracá é um dos elos desta ligação de duas culturas. Palavras-chave: religiosidade afro-Brasileira; sincretismo; benzedeiras; cientistas populares. Rita de Cássia Macedo Leal PROFESSOR DE LÍNGUA PORTUGUESA: DO DISCURSO À PESQUISA QUE FOMENTA A PRÁTICA DOCENTE Resumo: Na área da licenciatura plena o profissional professor de Língua Portuguesa é um dos que se apresenta em grande número na sociedade brasileira, uma vez que o curso de Letras é oferecido tanto nas instituições superiores públicas quanto em instituições privadas, nestas em grande escala. Essa proliferação, assim como qualidade do ensino são alguns dos motivos para que questões sobre a formação (inicial e continuada) desse profissional estejam em voga. Especialistas esforçam-se para trazer à tona discussões que favoreçam reflexões sobre a formação, como também sobre a prática docente. O relato de experiência o qual nos propomos a apresentar refere-se ao estreitamento entre a prática de sala de aula e as bases teóricas e metodológicas da acadêmica, ocorrido precisamente no segundo semestre de 2006, ano em que tivemos a oportunidade de ter participado como professora-colaboradora, de um projeto de pesquisa aplicando uma proposta de ensino da língua materna por meio dos gêneros do discurso, proposta esta que teve como propósito caracterizar os modos de circulação do gênero seminário escolar pela descrição e análise tanto do trabalho do professor quando do ensino desse gênero quanto os modos de apropriação dele pelos alunos. Aos alunos fora apresentada uma proposta de trabalho em que os mesmos teriam que se engajar numa sequência de atividades que os facilitaria aprender como realizar de maneira satisfatória um 198 Resumos de trabalhos “seminário”; enquanto que para a professora fora dado o privilégio de ter contato com os estudos sobre língua/gem e colocá-los em prática. Palavras-chave: Pesquisa; prática docente; formação de professor. Rita de Nazareth Souza Bentes O TRABALHO DOCENTE: AS ATITUDES ÉTICO-DISCURSIVAS E OS INSTRUMENTOS DIDÁTICOS DO PROFESSOR FACE AO OBJETO DE ENSINO Resumo: Este trabalho inscreve-se na área de Linguística Aplicada. Discute as formas do trabalho docente no ensino de língua materna e faz uma reflexão breve acerca das atitudes ético-discursivas na prática docente e do uso dos instrumentos didáticos, destacando os modos como a professora apresenta o estudo do texto narrativo O Pequeno Príncipe, de Saint-Exupéry. Esses modos de trabalho são decorrentes das trocas interativas entre a professora e alunos envolvidos no processo de transposição desses objetos escolares a partir desses movimentos discursivos e dos instrumentos didáticos utilizados. A condição de existência dessas trocas encontra-se nos procedimentos didáticos da professora, quando propõe atividades em questão. Nesse contexto, o corpus é constituído por gravações em vídeo das aulas de português, de uma turma de 5ª série do ensino fundamental da escola pública federal de Belém-PA. A orientação teóricometodológica dá-se à luz da concepção e dos procedimentos da pesquisa etnográfica (MOITA LOPES, 2003; GEERTZ, 2006). A análise é fundamentada no conceito de vozes por meio dos quais podem ocorrer discursos autoritário/internamente persuasivo (BAKHTIN, 2002), observando os conflitos de vozes na interação na aula, baseada nas réplicas dos diálogos entre o professor e os alunos, no estudo referente à construção do objeto ensinado por meio dos instrumentos didáticos, estudos estes coordenados por Schneuwly, Dolz e seus colaboradores (2000, 2001, etc.), da Universidade de Genebra, A análise dos dados nos permitiu revelar o modo que a professora ensina este gênero, focalizando as réplicas dos alunos jus ao uso dos diversos instrumentos didáticos e das vozes necessárias pelo professor, para transformá-lo em objeto ensinado. Palavras-chave: trabalho docente; atitudes ético-discursivas; instrumentos didáticos; objeto de ensino. Rivanda dos Santos Nogueira A LINGUAGEM NA ESCOLA: ENTRE FALAS E ESCRITAS Resumo: Este relato está ancorado na compreensão de que escrever não é um ato mecânico (DURIGAN, 1987, p.13) e na observância da dicotomia presente nos textos dos estudantes do ensino público noturrno que, muito embora demonstrem uma certa desenvoltura em expressar-se oralmente, apresentam dificuldades em redigir. Tenho observado no desempenho das atividades escolares, como também nos momentos de planejamento coletivo, que há uma tendência em atribuir ao professor de Língua Portuguesa a responsabilidade pelo baixo desempenho dos alunos no que tange à produção textual, como se este fosse o único responsável no processo de letramento. Nesta perspectiva, minha experiência objetiva estimular a formação de leitores e escritores críticos, como forma de empreender um trabalho formador leitores e produtores de textos. A opção metodológica que adoto nas disciplinas Filosofia e Sociologia proporciona aos estudantes a produção textual sem desconsiderar os conteúdos curriculares e as inter-relações sociais para, como orienta os PCN (1997), 199 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia formar estudantes leitores, através de diversas produções de gêneros textuais. Acredito que os resultados poderiam ser mais exitosos se os estímulos à linguagem oral/escrita fossem o mote dos projetos político-pedagógicos e a produção textual se desse numa perspectiva interdisciplinar, evitando produzir/reproduzir um discurso que pode legitimar um processo histórico de negação da cidadania. Palavras-chave: produção textual; linguagem oral/escrita; autonomia. Robert Madeiro Dias VIAGEM À AMAZÔNIA SOB OS ARES DE BRASILIDADE: WALDEMAR HENRIQUE E MÁRIO DE ANDRADE, O LUGAR E O INTELECTUAL (1927-1945) Resumo: O trabalho defende a ideia de que no bojo do movimento modernista a Amazônia ganhou em força e identidade, em potencialidades simbólicas de sua realidade constituinte. Quando comparada a um Brasil moderno foi tomada em um mistério renovado, revelando abordagens artísticas e visões de nacionalidade. Em Waldemar Henrique e Mário de Andrade, por meio de seus trabalhos artísticos, a série de Lendas Amazônicas do músico paraense e no literato paulista, de modo especial, o trabalho Macunaíma. Este trabalho perscruta cada vez mais a Amazônia e este forte elemento de atração que exerce, em nosso enfoque, sobre o intelectual e o artista. Palavras-chave: Waldemar Henrique; Mário de Andrade; Amazônia; Modernismo. Rodolfo Rorato Londero O PRÓPRIO E O ALHEIO EM EL DELIRIO DE TURING: REALISMO MÁGICO E FICÇÃO CYBERPUNK NO ROMANCE DE EDMUNDO PAZ SOLDÁN Resumo: O objetivo deste trabalho é analisar o romance El delirio de Turing (2003), do escritor boliviano Edmundo Paz Soldán, principalmente a partir da sua relação com a ficção cyberpunk, subgênero da ficção científica surgido originalmente no contexto norte-americano dos anos 1980. Esta relação aparece, desde já, nas epígrafes da obra, onde um escritor cyberpunk (Neal Stephenson) é citado: na verdade, duas obras deste escritor, Nevasca (1992) e Cryptonomicon (1999), surgem como referências intertextuais em El delirio de Turing. Mas Paz Soldán, como integrante da geração McOndo – uma paródia globalizada a Macondo de García Márquez –, também trava um intenso diálogo com seus antecedentes latino-americanos, os escritores do realismo mágico. É nesse embate entre o próprio e o alheio (Carvalhal), entre as referências literárias latino e norteamericana, que buscaremos compreender a obra de Paz Soldán. Palavras-chave: Cyberpunk; realismo mágico; Literatura Comparada. Rodrigo de Albuquerque Marques POESIA BRASILEIRA E MÚSICA ATONAL Resumo: A fim de organizar os recursos que João Cabral de Melo Neto e os poetas concretistas utilizaram para criar uma poesia “antimusical”, este trabalho analisa o livro Serial (1961) e alguns poemas concretistas que se valeram da teorização dodecafônica. Organizado sob o signo do número 4 e de seus múltiplos, Serial se assemelha a uma produção em massa, como se João Cabral de Melo Neto houvesse 200 Resumos de trabalhos encontrado uma forma para escrever poemas em série, condicionados a um rigor matemático e técnico em que não há espaço para o improviso ou o acaso. Semelhante sistema se afina com o serialismo de Schoenberg e com a ressignificação dos modos de produção urbano-industrial. Por sua vez, a poesia concretista também dialogou com a música da Segunda Escola de Viena, a participação de Stockhausen e as contribuições teóricas de Boulez serviram de matéria prima para os voos estéticos de Augusto de Campos, Haroldo de Campos e Décio Pignatari. Palavras-chave: João Cabral de Melo Neto; concretismo; música serial; Segunda Escola de Viena. Rodrigo Márcio Gomes Monteiro VALORIZAÇÃO DA CULTURA MAZAGANENSE: ORIGEM E SIMBOLOGIA DA DANÇA DO SAIRÉ NO DISTRITO DO CARVÃO Resumo: O município de Mazagão, localizado na margem direita do rio Vila Nova, ao sul do Estado do Amapá, distante 29 km da capital, é o retrato da riqueza cultural amapaense, pois suas raízes históricas estão inseridas no processo de organização/ ocupação do espaço amazônico como estratégica de defesa dos canais de acesso ao rio Amazonas pelos invasores estrangeiros. Assim, uma vila planejada, composta de muitas quadras que se distribuíam nas terras firmes às margens do rio que a partir de então recebeu o nome da vila, Rio Mazagão. Nome este, em homenagem as famílias que deixaram a velha Mazagão, no Marrocos, em função dos conflitos armados entre mouros e cristãos (1750-1769), que deu origem a Festa de Santiago. Com a miscigenação dos povos, do colonizador (português), mais o escravizado (negro e índio), o município agregou várias manifestações folclóricas, que são cultuadas até hoje. No Distrito do Carvão, podemos comprovar a presença da cultura quilombola através das festas religiosas, nas quais os moradores cantam e dançam ao ritmo do Batuque, Marabaixo e Sairé. Esta última, no estado do Amapá, só pode ser presenciada na comunidade, devido sua peculiaridade local. O trabalho visa valorizar a dança do sairé, procurando identificar sua origem e compreender sua simbologia como manifestação popular religiosa, através das tradições orais, representadas pelas cantigas e ladainhas. O rito é realizado em homenagem a São Tomé no final do mês de dezembro e dançado apenas por mulheres ao som de dois tambores, denominado de macaxico, onde o canto é uma espécie de desafio, que retrata amores perdidos, traição, amores correspondidos ou não, além de temas da vida cotidiana; regado a uma bebida típica, conhecida como gengibirra. Palavras-chave: Mazagão; Cultura; Sairé. Rogério Vicente Ferreira O FALAR OFAYÉ: UM ESTUDO LEXICOGRÁFICO Resumo: O objetivo principal deste trabalho é apresentar o projeto que está sendo desenvolvido sobre um estudo lexicográfico da língua Ofayé, mais especificamente um Dicionário Ofayé-Português-Ofayé. O estudo lexicográfico fornecerá ao leitor informações gramaticais, semânticas e pragmáticas. Para tal, realizaremos uma abordagem teórica nos baseando em autores como Zgusta (1970), Landau, (1980), Ulmann (1964), entre outros. Após a realização do projeto faremos uma adaptação do dicionário para que possa ser utilizado pelos membros do grupo, como material 201 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia de apoio nas escolas da comunidade. A pesquisa linguística contribuirá, assim, com a educação dos Ofayé. Palavras-chave: lexicografia; línguas indígenas; ofayé. Ronaldo Barros Ripardo POR QUE O PROFESSOR DE MATEMÁTICA PRECISA SABER PRODUZIR TEXTOS? Resumo: É indiscutível que uma das finalidades a que se busca com a educação escolar é potencializar o uso da capacidade para a linguagem que o ser o humano possui e que se manifesta inicialmente com o uso da língua, cujo aluno que chega à instituição escolar mostra-se usuário dela em sua forma oral, cabendo à escola proporcionar parte dos meios necessários ao aperfeiçoamento desse uso e “introduzir-lhe no mundo da escrita”. Desse modo, a instituição escolar como um todo deve caminhar em direção a esse propósito. Contudo, tem estado presente nesse ambiente, até mesmo entre professores, que esta é uma incumbência do professor de língua portuguesa. Somandose esse fato e outros internos ao ensino de línguas, além de outros extra-escolares, a escola tem produzido alunos semi-analfabetos, com poucas habilidades para fazer uso da língua e da linguagem de um modo geral nas diversas atividades de sua vida. Esse trabalho aborda os resultados de uma pesquisa de mestrado em andamento que aborda a temática “Na arena da produção textual: os professores de matemática em cena”, tendo como objetivos principais: i) verificar o desempenho do professor de matemática em atividades de produção escrita, e ii) discutir a necessidade da inserção de atividades de produção textual no ensino de matemática. Os resultados apontam para o fato de que os professores de matemática têm um desempenho qualitativamente baixo em atividades de produção textual escrita e que não utilizam-se dessas práticas no ensino de matemática, o que evidencia parte do problema dos altos índices de analfabetismo funcional apresentados no país. Palavras-chave: letramento; produção textual; professor de matemática. Rosalina Albuquerque Henrique A RECEPÇÃO CRÍTICA EM DARANDINA E OS CIMOS, DE PRIMEIRAS ESTÓRIAS Resumo: Esse trabalho tem como propósito realizar uma análise de narrativas rosianas selecionadas do livro Primeiras Estórias (1962) – Darandina e Os cimos –, abordando o tema da alteridade nelas existente. A produção literária de João Guimarães Rosa destaca-se no cenário da Literatura Brasileira pela habilidade em valorizar o mundo do sertanejo por meio da recriação e tradução poética de sua linguagem, que se deve a anos de dedicação aos estudos das Letras, de contatos com os sertanejos, mascates, garimpeiros, praças de polícia, caçadores, vaqueiros, bichos e paisagens mineiras, transcriando-os em ficção universal a expressar a condição humana e seus conflitos fundamentais. O autor mineiro trata o homem, seja pelo viés da loucura, seja pelo devaneio da imaginação de uma criança, sendo um eterno criador em contato com a realidade mágica, um entrelaçar do mundo de fantasia e da realidade, a vitória do irracional sobre o racional, narrando o inenarrável. O exame aqui proposto tem como base textos críticos de estudiosos já consagrados da recepção rosiana como Paulo Rónai e Ana Paula Pacheco. Palavras-chave: Guimarães Rosa; Darandina; Os cimos. 202 Resumos de trabalhos Rosalina Maria Sales Chianca RELAÇÕES INTERACIONAIS INTERINDIVIDUAIS E INTERGRUPAIS E ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS Resumo: Sabemos que aprender uma língua viva subentende também aprender a se comportar socialmente com esta língua. Assim o aprendente é levado a agir, a interagir, a se deslocar, a comunicar... com a língua objeto, mesmo no caso deste se encontrar em um meio exolingue. Parece-nos outrossim que o ensino de uma língua dita estrangeira (LE) poderia permitir dar aos fenômenos linguageiros todo o espaço que lhes é devido no processo de ensino-aprendizagem. Neste sentido o ‘ensinador’ deveria levar os aprendentes a observar e a analisar o uso da língua materna (LM) nas suas trocas conversacionais cotidianas visando uma tomada de consciência dos aspectos verbais, não verbais e para-verbais que intervem em toda interação verbal; a língua-cultura materna tornar-se-ia assim um documento pedagógico indispensável ao fazer didático-pedagógico, viabilizando a re-descoberta da cultura de cada um e de todos. Nessa perspectiva, os interactantes fariam vir à tona a sua identidade de origem, dentro de uma análise contrastiva das culturas nacionais e transnacionais em presença. As relações interindividuais intermediariam relações intergrupais favorecendo uma competência interativa sociocultural. Este trabalho tem um enfoque interdisciplinar apoiando-se na sociolinguística interacional. Palavras-chave: ensino de línguas estrangeiras, competência interativa sociocultural, didactologia. Rosa Maria de Souza Brasil COMO ABORDAR LÍNGUA E DISCURSO EM TEXTOS PUBLICITÁRIOS Resumo: Há uma inquietação patente relativa à exploração de textos publicitários como material didático utilizados no ensino de língua materna. Alguns livros didáticos os apresentam para fins unicamente interpretativos, vinculando aspectos visuais ao verbal e ao contexto social; outros os utilizam como pretexto para a abordagem gramatical desvinculada do uso, do sentido e da acepção social. Na sociedade pósmoderna, na qual a imagem floresce em todos os lugares e suportes, “abrindo as portas” para a leitura do texto verbal a ela associado, a propaganda de produtos e serviços, no suporte impresso, particularmente em revistas, apresenta vasta fonte de análise no campo do discurso e da língua. Evidencia o jogo dialógico bakhtiniano, no qual é reflexo do reflexo, ou da compreensão responsiva ativa dos interlocutores. Para persuadir, o publicitário precisa conhecer o público-alvo, suas intenções, para então reestruturá-las, modificá-las a fim de servirem à “venda” da ideia, da “imagem”, do produto. Para tanto, o estudo do intertexto e do interdiscurso serão foco de análise. Por outro lado, completando essa perspectiva da ordem do discurso, será realizada orientação para seleção e abordagem de textos publicitários na perspectiva gramatical, de linha funcionalista, pautada em estudos de Dik (1997), Givón (1984), Du Bois (1993), Hengeveld (2000), Neves (2006) e outros. Interessa evidenciar o “como se faz” para trabalhar uma “gramática funcional discursiva” (Bakker, 1999; 2001) no gênero em questão, com o intuito de desenvolver a competência comunicativa do sujeito, considerando que o discurso “conforma” a gramática, pressiona o sistema e é “dirigido” pelo falante. Palavras-chave: Discurso; gramática; propaganda. 203 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Rosamaria Reo Pereira ADAPTAÇÕES DE CONTOS LITERÁRIOS NAS AULAS DE INGLÊS Resumo: Textos literários autênticos podem ser adaptados e utilizados como fonte de leitura e escrita nas aulas de LE. O uso do texto literário vem sendo usado como um instrumento no ensino e aprendizagem de uma LE. Pode-se utilizar o texto literário com o objetivo de listening, leitura e compreensão do texto, introdução à escrita, expressão oral, aquisição de vocabulário, etc. Embora todas as habilidades sejam acionadas ao trabalhar com o texto literário nas aulas de LE, interessa-nos aqui, particularmente, leitura e compreensão de textos literários adaptados. O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma sugestão de atividade desenvolvida pelos alunos da graduação de Letras da Universidade Federal do Pará. As atividades foram elaboradas em sala de aula, a partir dos contos de Kate Chopin que foram adaptados para serem lidos pelos alunos de inglês dos cursos livres da Universidade Federal do Pará. Tais atividades foram preparadas com atividades de pre-reading, whilereading e post- reading. Este trabalho apoia-se nas perspectivas teóricas apresentadas por Carter e Long (1993), Lazar (1993) e Duff e Maley (2002). Eles acreditam que língua e literatura podem interagir oferecendo ao aluno de LE a oportunidade de aprendizagem e de crescimento pessoal. Palavras-chave: Ensino de literatura; leitura; escrita. Rosana Ferreira Alves ANÁLISE DE OBRA LEXICOGRÁFICA: ASPECTOS LINGUÍSTICOS – TEXTO CRÍTICO – GLOSSÁRIO Resumo: Procura-se analisar a obra lexicográfica de Cunha (1949): O Cancioneiro de Joan Zorro: aspectos linguísticos – texto crítico – glossário, tendo em vista os critérios básicos explícitos em Mateus (1995), Cunha (1996) e Haensch, Ettinger & Werner (1982). Assim, verifica-se, principalmente, os seguintes pontos: (i) a extensão e apresentação do glossário (se o autor especifica para quem é destinada à obra; se está claramente especificado o que o autor pretende realizar); (ii) se há explicitação dos critérios a serem adotados na preparação da obra; (iii) caso os critérios estejam explícitos, é importante observar se os mesmos são coerentemente seguidos pelo autor. Em conclusão, evidencia-se que, o glossário em análise caracteriza-se uma obra de grande contribuição filológica, principalmente tendo em vista a época na qual foi escrita, ou seja, há mais de meio século. Entretanto, se a mesma dispusesse de um texto introdutório evidenciando claramente os critérios, procedimentos adotados e constando da explicitação de abreviaturas e símbolos utilizados, certamente seria melhor e mais compreensível ao leitor, fato que elevaria a sua excelência em qualidade. Palavras-chave: Crítica Textual; Lexicografia; Filologia. Rosana Rodrigues Almeida ESTUDO ETNOTOPONÍMICO E HISTÓRICO DO MUNICÍPIO DE DIANOPÓLIS Resumo: O presente artigo constitui um estudo etnotoponímico e histórico-cultural de cunho científico do nome Dianopólis, município localizado no estado do Tocantins. A história de seu surgimento está ligada predominantemente ao aparecimento na 204 Resumos de trabalhos região, dos aldeamentos indígenas e das minas de ouro durante o século XVIII. Com a pesquisa toponímica espera-se conhecer e compreender as motivações que levaram as várias designações do topônimo: Duro, São José do Duro e finalmente Dianopólis, tendo como subsídios teórico-metodológicos a história oficial já documentada, como também a vivenciada pelos moradores locais registrada em entrevistas, com o intuito de comprovar que o topônimo carrega as experiências e transformações políticas, religiosas e sócio-culturais de uma comunidade. O resgate do processo histórico do município inicia-se através de leituras bibliográficas, pesquisa cartográfica e de campo, e entrevistas com moradores da comunidade. A partir dos levantamentos de dados, serão utilizadas as taxeonomias criadas por Dick para realização propriamente dita da pesquisa etnotoponímia e etnolinguística do topônimo Dianopólis, visando averiguar os motivos das várias denominações e o preenchimento da ficha lexicográfica, com o intuito de contribuir para a elaboração do Atlas toponímico do estado do Tocantins. Palavras-chave: etnotoponímia; topônimo; Dianopólis. Sandra Carneiro de Oliveira ASPECTOS SÓCIO-HISTÓRICOS E SOCIOLINGUÍSTICOS DE UMA COMUNIDADE AFRO-BRASILEIRA Resumo: Este artigo descreve e analisa a variação dos pronomes sujeitos nós e a gente no português falado em Caimbongo, uma comunidade rural afro-brasileira descendente de quilombolas, localizada no município de Cachoeira-BA. O fato de ainda não haver estudos concluídos dando conta do estágio dessa variação no português rural afrobrasileiro e o continuado aumento no uso de a gente no lugar de nós nas variedades do português popular, principalmente urbano, e no português considerado culto (OMENA, 1998; MENON, LAMBACH e LANDARIN, 2003; LOPES, 2003, 2007; MACHADO, 1995; VIANNA, 2006 e outros), motivaram a pesquisa. Com base nos pressupostos teóricos e metodológicos da Sociolinguística Variacionista (LABOV, 1983; 2001; SANKOFF, 1988; LEMOS MONTEIRO, 2002), foi constituído um corpus com 12 informantes, divididos em três faixas etárias para verificar o fenômeno. Os resultados revelam altos índices da forma a gente na comunidade, motivados por fatores sociais como saídas da comunidade, viagens e exposição à mídia e outros como escolaridade, faixa etária e gênero. Considerando a análise linguística, embora o nós pareça prestes a desaparecer da fala dos mais jovens, sua permanência é assegurada, pelo menos, em alguns contextos. Palavras-chave: Nós; a gente; variação; sócio-história; português rural. Sandra Regina Garcia Leite QUANDO O TREM PASSA: RETRATOS EM 3X4 DE IMIGRANTES ITALIANOS NO SUL FLUMINENSE Resumo: Este trabalho trata da minha pesquisa de Doutorado em Estudos Literários Neolatinos na qual, a partir da coleta de histórias de vida de imigrantes italianos no sul fluminense, sob um olhar da Sociolinguística Interacional, analisei a construção de identidade de dois imigrantes italianos, em situação de pesquisa, enfocando a organização discursiva da fala dos entrevistados e suas diferentes dimensões identitárias, bem como apontei as estratégias de envolvimento por eles utilizadas e suas implicações para a construção da identidade dos narradores. Além disso, após 205 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia observar em que medida as histórias de vida dos entrevistados foram orientadas por valores da cultura italiana e por se encontrarem em condição de imigrantes no Brasil foi elaborado um relato de apresentação das histórias dos entrevistados e do percurso da pesquisadora levando-se em conta que as identidades constituem-se simultaneamente nos universos da história, da interação e dos valores sócio-culturais. Palavras-chave: narrativa; história oral; imigração italiana. Sandra Regina Marcelino Pinto A LÍNGUA MEDIEVAL – CANTIGAS DE SANTA MARIA Resumo: O projeto tem como objeto de estudo as Cantigas de Santa Maria, escritas em galego português por Afonso X. A fundamentação da pesquisa é o estudo dos elementos técnicos e culturais que permitem esclarecer um texto literário. Sendo o texto o objeto principal da filologia, e a Filologia a ciência que estuda uma língua, literatura, cultura, ou civilização sob uma visão histórica, a partir de documentos escritos, o projeto encontra embasamento necessário para sua concretização no estudo e aprofundamento desta ciência. A Filologia não subsiste sem o texto escrito, manuscrito e impresso, antigo ou moderno. Dessa forma, aborda, portanto, problemas de datação, localização e edição de textos; para tanto, ela se apoia na História e em seus ramos (como a história das religiões etc.) elementos extraordinariamente pertinentes ao desenvolvimento da pesquisa, uma vez que os textos pesquisados são referentes ao século XIII. Para maior compreensão e conhecimento do período a ser abordado no projeto; evocando a Filologia, vê-se que nela se encontram por tradições acadêmicas de várias nações, uma ampla acepção desse termo, que denominam o estudo de uma língua juntamente com a sua literatura e os contextos históricos e culturais, que são indispensáveis para uma compreensão das obras literárias e de outros textos culturalmente significativos, com destaque ao tema referente ao projeto que aborda textos de língua galego-portuguesa da Idade Média. Uma vez que a proposta deste projeto é trabalhar com textos de uma língua que foi falada durante a baixa Idade Média, a Filologia oferece forte embasamento para a composição deste projeto uma vez que ela não subsiste se não existe o texto (pois o texto é a razão de ser da Filologia). Palavras-chave: Filologia; Cantigas de Santa Maria; trovadorismo. Sarah Maria Forte Diogo O CONTADOR DE ESTÓRIAS EM TEMPOS MODERNOS: CONSIDERAÇÕES SOBRE O NARRADOR DE ESTÓRIAS NO PROJETO ESTÉTICO-LITERÁRIO DE JOÃO GUIMARÃES ROSA Resumo: Esta comunicação tem por objetivo tecer considerações sobre o contador de estórias no projeto estético-literário de João Guimarães Rosa. Para tanto, procederemos a uma breve revisão da fortuna crítica roseana, destacando certos clichês, para, a seguir, aprofundarmo-nos em certos aspectos desse projeto, como a peculiar noção de regionalismo deste autor, o seu trabalho com a linguagem e a figura do contador de estórias, de matriz oral, que, não por acaso, será por nós interpretada como um narrador que atua em tempos modernos. Utilizaremos como aporte teórico o texto de Walter Benjamin, acerca do narrador na obra de Nikolai Leskov. Em relação aos aportes literários, faremos uso da figura de diversos contadores de 206 Resumos de trabalhos estórias que surgem em obras de João Guimarães Rosa, nos fixando em especial nas novelas Buriti e Cara-de-bronze. Nosso objeto de estudo configura-se basicamente como uma indagação: que faz a ancestral figura do contador de estórias em uma narrativa moderna? Nossas considerações desejam oferecer trilhas, pistas, para se compreender o lugar que ocupa a categoria contador de estórias nos textos de Rosa, categoria essa haurida da literatura oral. Palavras-chave: João Guimarães Rosa; Linguagem; Estória. Sebastião Alves Teixeira Lopes OS ENTRE-LUGARES DAS NARRATIVAS PÓS-COLONIAIS, REFLEXÕES PARA O CONTEXTO LATINO-AMERICANO Resumo: As narrativas pós-coloniais se mostram libertárias em relação ao discurso eurocêntrico de supremacia racial e moral. São também capazes de fomentar a multiplicidades de vozes, dotando de visibilidade social e políticas identidades até então marginalizadas por narrativas hegemônicas e centralizadoras. Nesta comunicação, contudo, pretendo refletir sobre o espaço cultural e ideologicamente ambíguo ocupado por essas narrativas, que também se encontram perfeitamente inseridas em uma lógica de mercado. Trabalho especialmente com o conceito de in-betweeness, de Bhabha, sugerindo que as narrativas pós-coloniais são produzidas a partir de zonas de contato, a partir de um tecido híbrido, marcado por interseções culturais. Reflito, contudo, sobre a incapacidade demonstrada por essas narrativas de chegarem ao que chamo de margem da margem, ou seja, àquelas culturas e identidades que não se expressam através de uma língua europeia. Lanço mão também da noção de mercantilização do exótico como elaborada por Huggan, que nos leva a refletir sobre o espaço mercadológico ocupado pelas narrativas pós-coloniais. Apesar do título dessa comunicação ser por demais abrangente, baseio muito de minhas reflexões em minha prática de ensino específica junto à Universidade Federal do Piauí, ensino de graduação e pós, em que tenho trabalhado com narrativas póscoloniais, esperando, quem sabe, que parte dessas reflexões e preocupações possam encontrar ecos nas práticas pedagógicas de outros colegas em outros lugares. Palavras-chave: Pós-colonialismo; identidade; hibridismo; entre-lugares Serge Erard POUR UN ENSEIGNEMENT DE L’ORAL EN LANGUE MATERNELLE Resumé : Le conférence se fixe pour objectif de présenter les conditions d’une démarche structurée d’apprentissage de la parole publique en français langue maternelle et un modèle de l’enseignement de l’oral dans le cadre de l’interactionisme sociodiscursif (Bronckart& Schneuwly). Mots-clés : Eléments historiques ; Spécificités de l’oral et démarche didactique ; oral privé / oral public ; l’enseignement de la parole publique par les genres ; des oraux sociaux de référence aux modèles didactiques ; dimensions enseignables et spécificités du genre ; progression et améliorations des capacités langagières ; statut de l’écrit dans l’oral ; réflexion sur les normes et l’évaluation de l’oral. Sérgio Afonso Gonçalves Alves A MEMÓRIA, A NAÇÃO EM MILTON HATOUM 207 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Resumo: A partir do conceito de nação, e de teorias da memória, segundo pensadores da contemporaneidade, realizo uma reflexão sobre a circulação de signos outros em um meio aparentemente reservado, favorecendo o hibridismo cultural, a superação das dicotomias, a desterritorialização e a mobilidade de fronteira. O texto base é a obra do escritor Milton Hatoum compreendida como um repensar de seus espaços e tempos originais que transplanta o leitor para outros espaços e tempos graças à mediação de elementos híbridos. Palavras-chave: Nação; memória; hibridismo cultural. Shirley Laianne Medeiros da Silva INGLÊS DE SOUZA OU LUIS DOLZANI: DOS JORNAIS AOS PORTAIS Resumo: A imprensa, no século XIX, foi o grande veículo de propagação dos mais diversos textos, responsável pela circulação de um grande volume de obras literárias, rompendo fronteiras e consagrando escritores, visto que os periódicos como suporte proporcionavam maior e mais fácil acesso dos leitores aos textos. Destacamos, nesse contexto, o autor paraense Herculano Marcos Inglês de Souza (1853-1918) que, embora tenha publicado no formato convencional, o livro, obras como o Coronel Sangrado (1877) e O Missionário (1891), publicou também em periódicos obras como O Cacaualista (O baixo Amazonas, 1878) e O Sineiro da Matriz (A Província do Pará, 1877, sob o pseudônimo Luís Dolzani. No século XXI, o papel ocupado pela imprensa oitocentista passa a ser da Internet. A facilidade de acesso dos leitores a qualquer tipo de texto é dada pelo grande volume de informações veiculadas e curto espaço de tempo em que são encontradas neste suporte. A partir das informações disponibilizadas pelo projeto Lendo o Pará: a publicação do Romance-folhetim em Belém do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900) (CNPq) e confrontando-as com dados da Internet, propomo-nos a observar, em que medida as obras de Inglês de Souza superaram seu tempo, passando dos suportes de sua época – jornais e livros – para o mais informativo de nossa época – internet – nesses mais de cem anos que nos separam das suas primeiras edições. Palavras-chave: Inglês de Souza; periódicos oitocentistas; Internet; práticas de leitura. Sílvio Augusto de Oliveira Holanda GUIMARÃES ROSA E A CRÍTICA ITALIANA: O CASO DE ETTORE FINAZZI-AGRÒ Resumo: A presente comunicação é um estudo interpretativo da recepção crítica de Guimarães Rosa pela crítica italiana recente, procurando cingir-nos ao período compreendido entre 1998 e 2007. Nesse período, que é posterior ao lançamento das mais importantes traduções de textos rosianos para a língua italiana, devidas ao labor e senso poético de Edoardo Bizzarri, saíram, em Língua Portuguesa, muitos estudos acerca da poética rosiana e suas implicações. Entre os intérpretes, destaca-se, sem dúvida alguma, o professor Ettore Finzzi-Agrò, da Universidade de Roma. Segundo este autor, haveria, subjacente à produção rosiana, uma espécie de lógos trágico. Com base em George Steiner, o professor italiano rediscute a relação entre mito e romance moderno, tema bastante comum na crítica brasileira acerca de Grande sertão: veredas, para defini-la como a “dolorosa tomada de consciência de que aquilo que nos aguarda é apenas o atormentado, humano aguardar” (FINAZZI-AGRÒ, 2002, p. 123). No 208 Resumos de trabalhos livro Um lugar do tamanho do mundo (2001), relendo trecho do célebre parágrafo inicial — “Lugar sertão se divulga: é onde os pastos carecem de fechos...” (ROSA, 1956, p. 9) —, o pesquisador busca examinar tempos e espaços na ficção rosiana. Ao tratar da segunda categoria, lê o espaço como oblíquo, indefinido, nun definir e abolir, dialeticamente, de fronteiras. Então, o espaço da obra se situa no âmbito da tensão exatidão vs. precisão e “se dispõe [...] no interstício que se recorta entre contar e ouvir, na fenda que corre entre a pergunta e a resposta.” (FINAZZI-AGRÒ, 2001, p. 55). Palavras-chave: Guimarães Rosa; crítica italiana; Ettore Finzzi-Agrò. Soélis Teixeira do Prado Mendes A CONCORDÂNCIA VARIÁVEL COMO MARCA DE ORALIDADE EM MANUSCRITOS SETECENTISTAS DE MINAS COLÔNIA Resumo: Serão discutidos dados referentes à concordância variável (nominal e verbal) que fazem parte de minha tese de doutoramento, Combinações lexicais restritas em manuscritos setecentistas de dupla concepção discursiva: escrita e oral, defendida em 2008 na Universidade Federal de Minas Gerais. Os corpora que serviram de base são processos-crime civis, exarados, na sua maioria, por escrivães portugueses, no período de 1724 a 1750, em Vila Rica (atual Ouro Preto) e Vila Real de Sabará (atual Sabará). O assunto a ser discutido não foi o objeto da pesquisa, mas reforçou a argumentação de que tais documentos são detentores de traços de oralidade. A análise desses dados se justificou, porque, durante a transcrição dos 14 processos civis, esse fenômeno sintático levantou-nos a seguinte questão: se, na atualidade, essa concordância variável é mais prototípica dos gêneros orais (NARO & SCHERRE, 2007), em especial do português não-padrão, é possível que também o fosse no português antigo? O que explicaria a presença desse fenômeno na escrita daqueles escrivães? Amostra de dados levantados: 1) ...dera Manoel Perei rade|souza comhu facam deP ran xa na|caradocapi tan Francis correada|silva de querezultou ofazerlheAS|FERIDA Ø quedeclaraoauto (...) (AP –1750 Linhas: 3847-3849) 2)...foraõ|apresentadas dascoais seus nomes|ditos idades eCostumes saõ OSQUEAODI| ANTESESEGUE Ø deque para constar fiz|estetermo; [AP-1735 – Linhas 2548-2550] Essas e outras evidências reforçaram a nossa hipótese de que a manifestação da oralidade se dá no corpus sob análise, não só na concepção discursiva, mas também na estrutura linguística do texto. Palavras-chave: oralidade-escrita; processos-crime; concordância variável. Solange da Luz Rodrigues ESCRITA FEMININA: LÓCUS DE SUBVERSÃO Resumo: Quando se fala em escrita feminina, atribui-se principalmente ao feminismo o desnudamento dos determinantes de um contexto sócio-histórico na produção literária, como foi o caso de muitas escritoras reproduzirem a perpetuação do seu status quo. Já em 1928, no livro Um teto todo seu, a escritora inglesa Virginia Woolf reivindicava independência financeira e um espaço (um quarto silencioso) para a mulher escrever. Para fundamentar essa reflexão, dialogar-se-á com as ideias da feminista francesa Hèléne Cixous, segundo a qual o corpo da mulher e sua escrita, se libertos da censura patriarcal heterossexual, podem-se transformar em arma que irá desconstruir o falocentrismo. Para a teórica, a mulher é possuidora de um poder pessoal e, a partir dele, deve compor sua própria história e ganhar a capacidade de 209 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia “voar”. Isso poderia ser feito por intermédio da voz. Dessa forma, Cixous instiga a mulher para trazer-se para dentro da escrita, para dentro de seus corpos, a escrever para as mulheres, colocando-se dentro do texto e, por conseguinte, para dentro do mundo e da história com o seu próprio ato. A partir desse estudo pretende-se trazer uma contribuição para uma discussão sobre a escrita feminina e de como ela pode ser um espaço de ruptura e meio de mudança. Palavras-chave: Escrita feminina; subversão; falocentrismo. Spike Gildea PROCURANDO UMA EXPLICAÇÃO PARA SINCRETISMO NA MARCAÇÃO DE PESSOA NA FAMÍLIA CARIBE: GENERALIZAÇÕES, CONSTRUÇÕES E DIACRONIA Resumo : Na família Karíb, há uma série de prefixos pessoais que aparecem em várias funções como, por exemplo, marcando nome inalianavelmente possuído para a pessoa do possuidor, posposição para a pessoa do objeto, verbos para a pessoa do absolutivo ou do acusativo, auxiliares para a pessoa do nominativo, e como parte de um sufixo complexo, marcando verbos transitivos para a pessoa do ergativo. Tipologicamente, tanto sincretismo morfológico é raro. Essa procura de generalizações sincrônicas leva-nos a decidir que há uma única série de prefixos já que todos mostram a mesma alomorfia e também alternam com sintagmas nominais livres. Mas o sincretismo formal não se correlaciona com uma função unificada, o que nos leva a questionar se há uma análise unificada. Resolvemos o problema analítico sincrônico através da noção de construção, que chama a atenção para a importância do contexto construcional na interpretação da semântica de morfemas, e que de fato nega a possibilidade de entender o valor semântico de morfemas sem dar conta da construção em que aparecem. Tomando a perspectiva de Gramática de Construções (Construction Grammar), resolvemos que a parte semântica do papel gramatical vem da construção e não está inerente no morfema. Depois, tomando uma perspectiva diacrônica, podemos ver que esta série de prefixos tem uma origem unificada, e assim, podemos reconstruir a fonte de cada construção que impõe um novo papel gramatical na série. No final, podemos unificar os prefixos diacronicamente, porém, sincronicamente, temos que separá-los em construções distintas. Stéfanie dos Prazeres Gaia DIÁRIO DO GRAM-PARÁ, PERIÓDICO NOTICIOSO E LITERÁRIO DO SÉCULO XIX Resumo: Esta proposta de painel compõe o plano de trabalho intitulado Diário do Gram-Pará, periódico noticioso e literário do século XIX, pertencente ao projeto PIBIC JR, vinculado ao Lendo o Pará: publicação do romance-folhetim nos jornais de Belém do Pará na segunda metade do século XIX (1850-1900), coordenado pela professora Germana Maria Araújo Sales. Objetiva-se, sobretudo, apresentar a primeira etapa dessa pesquisa feita na Fundação Tancredo Neves – CENTUR, a qual consistiu no estudo dos anúncios de livros do primeiro jornal de circulação diária de Belém do Pará, Diário do Grão-Pará. Observa-se que a venda de livros era constante, possibilitando que a população pudesse ter mais acesso à literatura, pois este comércio facilitava isso. Palavras-chave: Século XIX; Diário do Gram-Pará; anúncios. 210 Resumos de trabalhos Stella Virginia Telles de Araujo Pereira Lima NASALIDADE EM LATUNDÊ E LAKONDÊ Resumo: As línguas indígenas Latundê e Lakondê (Família Nambikwára, Grupo do Norte) são muito próximas entre si. Em nível da fonologia, as línguas apresentam um inventário de cinco vogais orais simples, com suas correspondentes laringais (creaky voice), /ι ,ε ,α ,ο ,υ/ /, somando um total dez vogais orais contrastivas. 0ι ,0ε ,0α ,0ο ,0υ/ Além destas, há mais uma série de seis vogais, três delas laringais, /,)0υ ,)υ ,0)α ,)α ,0)ι ,)ι que apresentam oposição pelo traço nasal, / elevando o inventário vocálico para um total de dezesseis segmentos. A oposição da nasalidade apenas ocorre em sílabas tônicas. Em sílabas átonas, as vogais orais podem ser nasalizadas, como resultado de variação alofônica, decorrente da assimilação de consoante nasal adjacente. Neste caso, a vogal oral átona realiza-se opcionalmente nasal pela assimilação da nasalidade regressiva da consoante nasal não tautossilábica. As vogais nasais subjacentes ocorrem, quase restritamente, seguidas por consoante nasal tautossilábica. A ocorrência dessas vogais, em ambiente de consoante nasal contígua, pode basear a hipótese de que o fenômeno de nasalização na língua seja resultado de alofonia, não se constituindo em oposição válida. No entanto, ao lado dessas restrições de ocorrência das vogais nasais, a com superfície ,/N)α/ ↔ /Nα/oposição entre segmentos orais e nasais, ], respectivamente, em ambiente idêntico,)α ,ν)α] e [α ,να[ apresenta-se como um forte argumento para se confirmar a subjacência das vogais nasais. (Compare, por exemplo, as oposições ‘sangue’)./ετ∩√ν0αν∪/ ] εδ∩0αν∪ ‘folha’ e [/ετ∩√ν)0αν∪/ ]εδ∩)0αν∪[ Neste trabalho, serão demonstrados os processos que envolvem as vogais nasais em Latundê e Lakondê, buscandose contrastar seu comportamento, a fim de se discutir seu estatuto fonológico e a correspondências da nasalidade vocálica em ambas as línguas. Palavras-chave: Palavras-chaves: nasalidade; vogais; Latundê e Lakondê. Suani Trindade Corrêa O ESTUDO COMPARATIVO DOS PERSONAGENS DODÓ E VALÉRIO NA ERA DA INTERNET Resumo: Percebendo a importância do texto escrito, esta comunicação abordará o estudo comparativo (parcial) dos personagens Dodó de O santo e a porca, de Ariano Suassuna, e Valério, de O avarento, de Molière, ambas peças teatrais. Tal estudo será descrito, divulgado e compartilhado com os usuários da Internet. Esses usuários se lançam no imenso universo que ela é, desafiando as suas interfaces, estabelecendo e criando relações com os outros usuários através dos MSNs, blogs, chats etc., configurando uma rede/teia de interconexões de informações. Nessa interconexão, pretendo suscitar discussões acerca desse estudo, no intuito dos internautas compartilharem suas impressões, opiniões e sugestões sobre ele. Palavras-chave: personagem; teatro; internet. Suzana Pinto do Espírito Santo AS MARCAS DA PRESENÇA DO LOCUTOR NO TEXTO FALADO: UM CASO DE PARENTIZAÇÃO Resumo: O estudo que ora apresentamos traz à baila uma investigação no campo da oralidade, com enfoque para uma das estratégias discursivas usadas pelo locutor na 211 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia realização da conversação face a face: as inserções parentéticas. Frisamos que nosso estudo não se propõe exaustivo, demonstrando, portanto, apenas um caso da inserção parentética, o foco no locutor, de acordo com a classificação feita por Jubran (2002). Neste tipo de parêntese, identificamos a presença do locutor no seu texto, que insere uma estrutura parentética para qualificar-se ou não sobre o tópico discursivo, atribuir referencia a outros discursos, manifestar interesse pelo assunto entre outras funções. Essas inserções proporcionam uma desaceleração no tópico discursivo desenvolvido, com isto, podemos dizer que elas exercem uma função interacional, sobre a qual norteamos nossa análise, pois tomamos como base teórica a concepção de linguagem como ato de interação social. Nossa investigação sobre as inserções parentéticas é o resultado de uma pesquisa realizada na cidade de Oriximiná, localizada na Amazônia paraense. In loco, constituímos um corpus de doze (12) narrativas de experiência pessoal. As entrevistas constituem inquéritos do tipo diálogo entre informante e documentador (DID), coletadas por meio de gravações e posteriormente transcritas, obedecendo a proposta apresentada pelo NURC (Projeto Norma Culta Urbana), com duração que varia entre vinte a cinquenta minutos. O trabalho apresenta um importante recorte da descrição do português falado no interior da Amazônia, pois julgamos imprescindível penetrar na comunidade de fala para pormos à mostra o verdadeiro vernáculo. Palavras-chave: texto oral; inserção parentética; locutor; conversação; sentido. Sylvia Maria Trusen A ABERTURA DO AMAZONAS, CANTO DE JOAQUIM SERRA: A VISÃO DO PRÓPRIO E DO ALHEIO Resumo: Em 1867, é publicado no Diário do Grão-Pará poemeto da autoria de Joaquim Serra do Maranhão, “um escriptor tão distincto como modesto”, informa o jornal, que celebra, como parte dos festejos da independência, a abertura do Rio Amazonas à navegação internacional de barcos a vapor. Os versos de enaltecimento às “mattas seculares e “seu colossal mysterio” celebram simultaneamente a majestade do cenário amazônico e a índole hospitaleira de seu povo. Assim, o canto parece evocar um segundo texto, The Amazon River and Atlantic Slopes of South America (1853), de Matthew Fontaine Maury, editado em português pela Typographia M. Barreto, que pleiteia não só uma política de comércio com o país regado pelo Amazonas, como também traça os desígnios para o lugar. O exame comparado entre essas duas leituras da região permite ler o desenho a partir do qual Joaquim Serra elabora, não só a imagem de sua própria terra, mas também interpreta e traduz o projeto de desenvolvimento almejado a partir do olhar do outro. Palavras-chave: estudo comparado; olhar; interpretação; tradução. Tadeu Luciano Siqueira Andrade A SOCIOLINGUÍSTICA E DIALECTOLOGIA NO ESTUDO DA LÍNGUA: ALGUMAS REFLEXÕES Resumo: Vivemos numa sociedade plural na qual se entrecruzam diferentes etnias, culturas, linguagens, costumes entre outros aspectos. Como as relações se dão na, pela e com a linguagem, é impossível analisarmos essas relações sem levarmos em conta a língua e sua diversidade de usos. Assim, falar em variação e diversidade linguísticas implica percorrer dois caminhos de naturezas diversas. Um que descreve a língua no 212 Resumos de trabalhos contexto social, outro, analisa a língua no aspecto geográfico. Considerando o aporte da Sociolinguística e da Dialetologia, esse trabalho objetivo descrever o papel dessas duas ciências na descrição e análise da língua. Para tanto, seguiremos os estudos de natureza sociolinguística, fundamentando-nos em Taralo (1995), Labov (1966), Paul (1966), Scherre (2006), Mattos e Silva (2006) e outros. Do ponto de vista da Dialectologia, seguiremos as pesquisas de Cardoso (1997, 2003, 2005), Motta (2003), Aguilera (2002), Aragão (1985) e alguns dados do projeto Atlas Linguístico do Brasil – ALIB que nos mostra um perfil da realidade linguística do Brasil. A língua é o cartão postal do falante e, por isso, não pode ser descrita sem levar em conta a relação homem e sociedade, como também homem e espaço. Dessa forma, essas duas ciências nos dão subsídios que fundamentam toda e qualquer descrição linguística que considere a língua como um organismo vivo e dinâmico, inseparável do homem e do espaço onde se dão as relações sociolinguísticas. Palavras-chave: língua; sociolinguística; dialectologia; diatópica; diastrática. Tânia Sarmento-Pantoja OLHARES DA INFÂNCIA NA NARRATIVA PÓS-DITATORIAL LATINOAMERICANA: LITERATURA E CINEMA Resumo: Com o intuito de compreender aspectos relacionados ao funcionamento das narrativas de resistência, este trabalho pretende traçar algumas reflexões sobre universos atravessados pela emergência de estados autoritários a partir do olhar da infância. Para tanto filmes, como Kamchatka (2002), Machuca (2004) e O ano em que meus pais saíram de férias (2006) serão confrontados com narrativas literárias. Palavras-chave: Narrativa pós-ditatorial; Literatura; Cinema; Autoritarismo; Infância. Tatiana Oliveira Siciliano ARTHUR AZEVEDO E OS SEUS CONTOS LIGEIROS: COTIDIANO E (IN)FIDELIDADES NA BELLE ÉPOQUE FLUMINENSE Resumo: O maranhense Arthur Azevedo (1855-1908) veio para o Rio de Janeiro em 1873, onde fez carreira e residiu até sua morte. Mais conhecido como teatrólogo, também foi contista, jornalista, cronista e funcionário público, sendo colega na repartição de Machado de Assis. Assim como Machado, Arthur estava inserido no “campo” intelectual da época e participou da fundação da Academia Brasileira de Letras. Arthur Azevedo publicou, em vida, quatro livros de contos: Contos Possíveis (1889), Contos Fora de Moda (1894), Contos Ephemeros (1897), Contos em Verso (1909, que saiu após seu óbito). A coletânea Contos Ligeiros, organizada e editada por Magalhães Jr em 1974 – que subsidia este trabalho – selecionou parte da “série” de contos, publicadas semanalmente na coluna Contos Ligeiros, entre agosto de 1906 e outubro de 1908, em O Século. Os enredos bem humorados retratavam dimensões da vida cotidiana, como as interações sociais e os amores – lícitos ou ilícitos – dos habitantes da cidade do Rio de Janeiro, entre o Segundo Reinado e as duas primeiras décadas da República. Esta comunicação privilegiará dezenove contos que exploram situações jocosas de (in)fidelidades conjugais. Dentro dessa concepção, serão investigados aspectos dos contos como sinais, no sentido utilizado por Ginzburg, do padrão discursivo e performativo da relação entre gêneros nessa época e das novas possibilidades de individualização proporcionadas pela urbanização. Ao seguir as 213 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia trilhas dos personagens, procuraremos desvendar alguns dos “indícios” da dinâmica da ação social, interpretando o significado atribuído pelos atores sociais. Palavras-chave: Arthur Azevedo; Contos urbanos; Infidelidades conjugais; Rio de Janeiro. Tavifa Smoly Silva DESENVOLVENDO O INTERESSE PELA LEITURA A PARTIR DAS HISTÓRIAS EM QUADRINHOS, NUMA TURMA DE SEGUNDO ANO DO ENSINO FUNDAMENTAL Resumo: O relato refere-se a uma atividade desenvolvida no Colégio de Aplicação em Rio Branco-Acre, com a utilização de revistas em quadrinhos, como tentativa de despertar o interesse dos alunos pela leitura. Tal atividade foi realizada no período de maio, e à dezembro de 2008. Demonstrou que, a partir da experiência, o interesse pela leitura, naquela turma, aumentou, fazendo com que outros gêneros textuais literários e não literários fossem apresentados e lidos pelos alunos daquela escola. Palavras-chave: Revista em quadrinhos; leitura; escola. Tavifa Smoly Silva LETRAMENTO: APROXIMAÇÕES E DIFERENÇAS ENTRE UMA ESCOLA URBANA E UMA RURAL DE RIO BRANCO-AC Resumo: Inserir o aluno no mundo letrado é o desafio para a escola, em todo o mundo. Do ensino fundamental ao superior, é comum professores se queixarem de que os alunos lêem mal e não abem usar os materiais de estudo. Por mais que se queira admitir o contrário, é perceptível que em muitas escolas as crianças são alfabetizadas pelos métodos tradicionais, o que pode conduzi-los ao desinteresse por serem levadas a compreender estes conhecimentos por meios de repetição e materiais desinteressantes. A partir dessas deficiências sempre referidas, o estudo proposto por este projeto busca descrever e analisar os processos de alfabetização em 2 escolas de Rio Branco – Acre, uma escola situada na zona urbana (Escola Mozart Donizete) e outra, na zona rural (Escola Tufi Assmar). Nosso estudo será pautado nos conceitos de Letramento proposto por Mary Kato, Ângela Kleiman e Magda Soares, buscando evidenciar as diferentes concepções veiculadas nas escolas selecionadas. Palavras-chave: Letramento; Leitura; Escola. Telma Domingues da Silva DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E MEIO AMBIENTE: O SUJEITO DO USO E O SUJEITO DO MANEJO Resumo: O IBAMA produz materiais (cartilhas, DVDs etc.) que devem funcionar como elementos de intermediação ou auxiliares na intermediação entre a lei ambiental do Estado brasileiro e o cidadão ou a chamada “população local”. A nossa proposta é apresentar as análises discursivas que estamos fazendo, e que remetem ao âmbito da educação para populações não-urbanas. Segundo análises da legislação ambiental e de cartilhas do IBAMA já realizadas, observa-se que o sentido da política ambiental produz-se como “racionalização sobre o uso do meio ambiente/recursos naturais”, isto é, um sentido administrativo e técnico de planejamento/gestão. A lei dirige-se a seus cidadãos e, desse modo, a política ambiental identifica-se à constituição de uma posição de sujeito do manejo (racionalização/planejamento sobre os recursos) como posição 214 Resumos de trabalhos de tutela sobre a posição de sujeito do uso, identificado ao cidadão/ homem, gerindo sobre esses usos (sobre o conceito de posição sujeito, cf. Pêcheux, 1988). A análise das cartilhas do IBAMA foi significativa sobre a produção de uma diferenciação entre sujeito do uso e sujeito do manejo, no âmbito do direito à exploração dos recursos naturais. Nessa textualidade, uma série de paráfrases de conhecimento científico, de um lado, e de conhecimento tradicional, de outro lado, constroem sentidos para o sujeito, a partir da diferenciação entre “formas de conhecimento”: os termos conhecimento científico e conhecimento tradicional constituem, assim, uma representação das partes envolvidas na questão do manejo de áreas florestais e demais áreas ditas “de preservação”, que autoriza alguns sujeitos e desautoriza outros. Palavras-chave: discurso ambiental; sujeito; educação ambiental. Teresa Cristina Nascimento O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA E O DESENVOLVIMENTO DE COMPETÊNCIAS E HABILIDADES Resumo: A partir dos anos 60, principalmente, os estudos desenvolvidos no âmbito da Linguística passaram a influenciar debates, mudanças e diretrizes para o ensino de Língua Portuguesa. Na última década do século XX, presenciou-se significativa produção científica sobre Gêneros textuais. O interecionismo sócio discursivo, proposto por Bronckart (1997/1999), seguido de ampla literatura desenvolvida nesse âmbito, revela-se capaz de nortear a transposição didática das teorias que abordam os gêneros textuais para seu uso na sela de aula.Nesse contexto, as posturas construtivistas piagetianas cedem espaço às vygotskianas; o gênero textual torna-se o objeto de ensino da língua materna; chega-se à concepção de linguagem como interação no processo de construção do sujeito. Ao ensino de Língua Portuguesa, desse modo, subjaz a visão de linguagem como instrumento pelo qual o homem age e se posiciona, do ponto de vista político, social, cultural, ético e estético, frente aos discursos que circulam na sociedade. Consequentemente, apenas codificar e decodificar textos ou lidar com nomenclaturas e regras advindas da Gramática Normativa não se adequa como objetivo central do ensino de Língua Portuguesa. O foco desse ensino é o desenvolvimento de competências e habilidades de uso da língua e da reflexão sobre esse uso. Nessa perspectiva, ao invés de conteúdos fragmentados e descontextualizados,estabelece-se o desafio de as aulas de língua materna oportunizarem ao aluno situações que o tornem capaz de realizar, a partir de diversos gêneros textuais, operações de contextualização, tematização, enunciação e textualização. Palavras-chave: ensino; Língua Portuguesa; gênero; competências; habilidades. Tereza do Carmo Bentes de Vasconcelos LEITURAMENTO: UMA FERRAMENTA ALTERNATIVA APLICADA AS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA NAS REGIÕES RIBEIRINHAS Resumo: A realidade das comunidades ribeirinhas do interior da Amazônia,em especial do Oeste do Pará,tem um aspecto singular de acordo com a região em que se localiza.Embora o conteúdo programático elaborado pela secretaria de educação em sua maioria não sejam adaptados,de fato,segundo as diretrizes dos PCNs,ou para o período especial,denominação do período letivo nas regiões ribeirinhas.Aplicar um metodologia baseada no conceito de letramento tornou-se um desafio com 215 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia resultados interessantes ,ao longo de oito meses de aula.Aprópria resistência dos demais professores,ainda arraigados em conceitos tradicionais de educação,e a forte influência política na nomeação de cargos foram desafios que se impuseram para que a interação dos docentes não visasse um mesmo objetivo quanto ao aprendizado dos alunos.A vivência destes em seu ambiente social,ao ser confrontrada com assuntos voltados para temas e instrumentos urbanos,causava um certo estranhamento percebido ao decorrer das aulas iniciais,o que me fez elaborar novas temáticas a serem desenvolvidas nas aulas seguintes,de acordo com o conhecimento de mundo que eles dispunham. Essa experiência “in loco” dos efeitos políticos e sistematizados do ensino em nosso país, serviu de base para uma melhor preparação profissional e acadêmica,onde em sala de aula arrisquei a criação de textos regionais para que meus alunos pudessem ampliar suas percepções a partir do cotidiano por eles vivenciados. Assim,considero essa uma experiência gratificante em todos os aspectos,em que pude exercer amplamente as designações a mim atribuídas quando, em juramento,encerrei minha graduação em Letras. Palavras-chave: experiência; letramento; língua portuguesa. Terezinha Fatima Martins Franco Brito UMA ANÁLISE SÓCIODISCURSIVA DE UMA COLEÇÃO DIDÁTICA PARA O ENSINO DE PORTUGUÊS NO ENSINO FUNDAMENTAL Resumo: O trabalho, em fase inicial, objetiva levantar questões que levem à revisitação acerca das abordagens psicodidático-sociais envolvidas no processo de leitura e interpretação de textos contidos nos livros didáticos, especialmente o livro Português: Linguagens (Ensino Fundamental), de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães, e os discursos neles envolvidos. Nas aulas de Língua Portuguesa, tanto quanto nas demais disciplinas da Matriz Curricular, a partir dos ideais interdisciplinares, buscam-se, entre outros objetivos referentes à disciplina, promover reflexões sobre valores de vida em sociedade. Podem-se dinamizar debates, a oralidade, argumentação e reflexões sobre o papel exercido no meio em que vivemos, bem como a identidade que se constrói através dos discursos proclamados. Além disso, é fundamental despertar hábitos de leitura e reconsiderar a importância da boa escolha de textos que garantam a formação identitária do indivíduo como agente de transformações sociais e de novos textos que garantam sua identidade cultural. Trata-se de uma pesquisa qualitativa e interpretativista, através da análise de textos e contextualização dos mesmos. As questões a serem aqui respondidas são: os textos apresentados são de interesse da faixa etária e identitária a que se destinam e levam a uma reflexão promotora de valores de vida que conduza os educandos a atuarem responsavelmente nas questões da realidade em que vivem? A obra é de caráter sócio-cultural inclusivo? Palavras-chave: livros didáticos; identidade; discursos; contextualização. Thales Branche Paes de Mendonça ...E FOI QUANDO SHAKESPEARE CAIU NO BOI-BUMBÁ: NO LIMIAR ENTRE ARTE E CULTURA POPULAR Resumo: Partindo do questionamento acerca de que maneira a cultura artística estabelece relação com a cultura popular e considerando as diferenças relativas 216 Resumos de trabalhos aos processos pelos quais esses dois sistemas culturais diferenciados geram seus produtos, este trabalho de pesquisa visa discutir essa aproximação. Para tanto, será tomado como objeto de estudos o espetáculo teatral O Boi do Romeu no curral da Julieta, roteiro e adaptação de Wlad Lima, trabalho que integra o repertório do grupo de teatro Palhaços Trovadores, que sob a direção de Marton Maués desenvolvem pesquisa, fundamentalmente, na linguagem do palhaço e da cultura popular. A leitura do espetáculo teatral será realizada considerando aspectos referentes ao projeto estético desenvolvido pelo grupo e elementos constituintes da totalidade semiológica do objeto estético teatral, tais como texto dramático, elementos visuais e sonoros. Busca-se, enfaticamente, por meio da leitura do espetáculo teatral, compreender de que maneira se estabelece o espaço limiar entre arte e cultura popular. Palavras-chave: Arte; cultura popular; teatro. Thomas Massao Fairchild ENTRE O PERIÓDICO E O PERMANENTE: O PAPEL DAS REVISTAS NA PRODUÇÃO DE SENTIDOS E CIRCULAÇÃO DE IMPRESSOS DE ROLEPLAYING GAME (RPG) Resumo: Durante a última década passou-se a discutir no Brasil, sobretudo por iniciativa de jogadores e autores de role-playing games (RPGs), a relação entre a prática desses jogos e o bom desempenho escolar, com base na premissa de que os RPGs levariam seus praticantes à assiduidade de leitura, à autonomia de estudos etc. Neste trabalho investigo o papel exercido pelas revistas especializadas na história dos RPGs no Brasil. Na primeira parte, caracterizo algumas revistas de RPG brasileiras e comento algumas funções que elas buscam exercer, como as de antecipar e divulgar lançamentos, ajudar leitores a localizar livros ou a entrar em contato uns com os outros etc. Na segunda parte, analiso um dado que ilustra um momento inicial da inserção do RPG no país, quando as editoras procuram formar um público apto a praticar (e consumir) o hobby. Busco mostrar que o movimento de escolarização dos role-playing games não está desvinculado de um movimento que é o da expansão comercial de algumas marcas e, ao mesmo tempo, dos processos de diferenciação identitária entre leitores que compartilham o mesmo “rótulo” de RPGistas mas não necessariamente as mesmas leituras. As análises pautam-se teoricamente na articulação entre Análise do Discurso e História da Leitura e buscam somar-se às discussões sobre os efeitos da leitura de impressos periódicos, os percursos de formação leitora que se desenham em situações extra-escolares e a incorporação de novos materiais à escola. Palavras-chave: Leitura de revistas; formação de leitores; comunidades discursivas; role-playing games (RPG). Valéria Augusti O LIVREIRO E O GABINETE: HISTÓRIAS EM TORNO DE UMA PARCERIA Resumo: Aos 8 anos de idade, o português Antonio Maria Pereira tornava-se aprendiz do ofício de livreiro-encadernador na Casa dos Vinte e Quatro, em Lisboa. Em 18 de agosto de 1848, abria, na mesma cidade, um estabelecimento para venda e encadernação de livros. Esse era o início de um empreendimento editorial que, 217 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia envolvendo sucessivas gerações da mesma família, seria responsável pela publicação de um sem número de autores, entre eles Camilo Castelo Branco e Fernando Pessoa. Do outro lado do Atlântico, fundava-se, em 1867,o Gremio Litterario Portuguez, na Província do Pará. Entidade de “caráter cultural”, pretendia instruir os associados nas línguas nacional e estrangeiras, bem como proporcionar-lhes distração por meio de uma biblioteca escolhida. Foi justamente essa biblioteca a responsável por fazer cruzarem os caminhos do livreiro português Antonio Maria Pereira com os do gabinete de leitura recém fundado. É dessa parceria, estabelecida em 1868, que tratará a presente comunicação, uma vez que dela resultou parcela significativa das obras que ainda hoje constituem o acervo do gabinete de leitura, atualmente conhecido como Grêmio Literário e Recreativo Português. Palavras-chave: livreiro-editor; gabinetes de leitura; século XIX. Valéria Viana Sousa O COMPORTAMENTO DOS IMPERATIVOS EM OUTDOORS Resumo: Na tradição gramatical do Português Brasileiro, o imperativo afirmativo para o pronome você é prescrito a partir da terceira pessoa do tempo presente do modo subjuntivo. Dessa forma, há um paradigma que obedeceria ao seguinte padrão: P3SbPr → P2IpAf, como no enunciado Que ele experimente o que for preciso → Experimente o que for preciso! Á revelia disso, devido à dinamicidade da língua, na atualidade, a realização do imperativo em textos orais é comumente feita a partir da terceira pessoa do singular do presente do indicativo (3PIdPr), como em: Ele experimenta o que for preciso → Experimenta o que for preciso! É interessante registrar que, no modo imperativo, ao contrário dos demais modos, essa desobediência à tradição gramatical não acarreta problema na significação do enunciado. Atentos a esse fenômeno linguístico, pretendemos verificar se essa tendência ao comportamento do modo imperativo em textos orais permanece nos textos escritos, constatando, dessa forma, que as variantes linguísticas evidenciadas na fala quanto ao uso do imperativo avançam também para a escrita. Nessa perspectiva, o presente trabalho apresenta uma análise do uso do modo imperativo direcionado exclusivamente à segunda pessoa – pronome você, em 30 (trinta) mensagens veiculadas em outdoor, na cidade de Vitória da Conquista- BA, nos anos de 2007, 2008 e 2009. Para tanto, fundamentaremos teoricamente a nossa pesquisa em Alves (2004). Scherre (2005), Scherre (2008). Palavras-chave: pronome você; imperativo indicativo;imperativo subjuntivo. Vanessa Cristina Monteiro Tin A CRISE DO DRAMA E A CRÍTICA TEATRAL DE ARTUR AZEVEDO N´O PAÍS Resumo: A partir da última década do século XIX, começaram a ser encenadas no Brasil obras de dramaturgos inovadores, o que causou muitas discussões por parte da crítica jornalística. Artur Azevedo se destacou nas discussões, expondo suas opiniões acerca das inovações dramáticas presentes nessas obras. Dentre os autores reformadores cujas obras foram encenadas entre os anos de 1895 e 1899, todas por companhias estrangeiras, encontram-se Henrik Ibsen, Ivan Turgueniev, Hermann Sudermann. Artur Azevedo, um dos maiores cronistas teatrais do período, colaborou n´O país, jornal carioca, na Seção Artes e Artistas, discutindo, 218 Resumos de trabalhos entre outros temas, as encenações e interpretações dos dramas Os espectros, de Ibsen, O Pão Alheio, de Turgueniev, A Honra, de Sudermann. Nesse sentido, o objetivo desta comunicação é analisar as ideias teatrais de Artur Azevedo a partir da leitura das crônicas sobre a encenação desses dramas inovadores, que acabaram por acarretar a crise do drama tradicional. Palavras-chave: drama; Artur Azevedo; teatro; crítica teatral; crise do drama. Vania Maria Batista Ferreira / Cilene Maria Valente da Silva PRÁTICAS DE PRODUÇÃO ESCRITA NA ESCOLA: UMA EXPERIÊNCIA DE TRABALHO COM PROFESSORES ALFABETIZADORES NA ILHA DE MOSQUEIRO, BELÉM-PA Resumo: O trabalho apresenta os resultados dos assessoramentos realizados em 07 escolas situadas em Mosqueiro. A ideia era orientar a prática do alfabetizador, visando a garantir a aprendizagem da língua escrita baseando-se no trabalho com diferentes gêneros. Consideramos que a prática do professor influencia na maneira como os alunos aprendem, favorecendo a re-significação do processo de escrita na Alfabetização. A análise das produções dos alunos incide na forma como o alfabetizador realiza a transposição didática. Para tanto, motivamos o professor a investir na capacidade do aluno de aprender a ler e escrever, trabalhando com leitura e escrita todos os dias, incentivando a leitura de livros que apresentassem uma diversidade textual. Além disso, associar a esse trabalho atividades a partir de jogos didáticos com letras e números; escrita coletiva, em dupla e individual observando um determinado campo semântico; planejamento de condições didáticas favoráveis a aprendizagem; conteúdos de alfabetização, elaborando atividades que desafiassem as crianças a pensar. A base teórica para investigar as questões mencionadas, reside nos trabalhos de Esther Grossi (1997); Vygotsky (1994); Kleiman (2000; 1995); Rojo (1994); Lerner (2002); Souza (1994); Soares (2000) e Schön (1992). A Metodologia utilizada pautou-se na avaliação e sistematização mensal da aprendizagem dos alunos; encontros de formação; estudo dos conteúdos da alfabetização; análise das condições didáticas de alfabetização; análise coletiva do planejamento docente; intervenção didática nas turmas de CI 1º ano. O lócus desse trabalho são 07 (sete) escolas municipais da Ilha de Mosqueiro com 02 formadores, 20 professores alfabetizadores, 07 coordenadores, 523 alunos. Palavras-chave: alfabetização; formação; prática escrita; prática docente. Veridiana Valente Pinheiro AS INTERCESSÕES ENTRE LITERATURA E CINEMA A PARTIR DE UMA LEITURA DO ROMANCE EM CÂMERA LENTA Resumo: Com o objetivo de observar as ressonâncias de um determinado período histórico/cultural, o da ditadura militar de 1964, o trabalho em questão parte da relação entre literatura e cinema e de seus efeitos, na composição do romance Em Câmera Lenta (1977), do paraense Renato Tapajós, em particular a maneira como o autor utilizou técnicas do cinema para compor a narrativa e de que forma, essa estratégia ficcional faz emergir a resistência na medida, em que um dos aspectos de resistência é o discurso utilizado pelo autor para composição do romance. Palavras-chave: Literatura; Cinema; Ficção. 219 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Vinícius Carvalho Pereira DA PÁGINA DE PAPEL AO PAPEL HIGIÊNICO: TEXTOS FECAIS NA OBRA DE RUBEM FONSECA E PATRÍCIA MELO Resumo: Trombeteira do apocalipse, a mídia alardeia o fim da literatura, sendo substituída pela apoteose do audiovisual. Todavia, a literatura, prática inerente à condição humana, só pode ter seu fim anunciado em profecias irracionais, visto que apenas o desaparecimento do gênero humano acarretaria a morte da arte da palavra. De fato, há na pós-modernidade uma mudança nos paradigmas segundo os quais concebemos o fenômeno literário, tanto no que tange à própria tessitura textual quanto à sua produção e recepção. Porém, não está morta a literatura, tem apenas uma nova forma de ser, em paralelo à tradicional impressão em offset sobre papel branco: os avanços tecnológicos dão ensejo a inovadoras possibilidades literárias, prescindindo inclusive do suporte físico do livro. Como prova disso, observa-se o crescimento da literatura on line, ora valendo-se do digital como veículo de divulgação, ora como mecanismo próprio do processo de enunciação. Nesse contexto, destacam-se as obras Copromancia, de Rubem Fonseca e Jonas, o copromanta, de Patrícia Melo, as quais, ironizando as falsas profecias do fim da literatura, são textos de papel que mostram estar a arte da palavra em todo o lugar, inclusive nas fezes que seus protagonistas, exegetas intestinais, tomam por literárias. Desse modo, seja no papel, na Internet ou mesmo na latrina, este trabalho investiga de que maneira a metáfora das fezes como sistema semiótico na obra dos autores supracitados promove uma reflexão acerca das mudanças do literário quanto à própria materialidade do texto e sua enunciação na contemporaneidade. Palavras-chave: Fezes; livro; enunciação; suporte físico. Walkyria Magno e Silva UM MODELO PROCESSUAL DA MOTIVAÇÃO Resumo: De maneira geral, motivação pode ser definida como “um estado alerta cumulativo e dinamicamente mutante em alguém que inicia, direciona, coordena, amplia, conclui e avalia os processos cognitivos e motores por meio dos quais os desejos e vontades iniciais são selecionados, priorizados, operacionalizados e executados (com ou sem sucesso)” (DORNYEI e OTTO, 1998 apud DORNYEI, 2001, p. 9). A busca sem cessar por alunos motivados pode ter um novo enfoque depois de estudos teóricos sobre o tema. Trabalhos recentes (DORNYEI, 2005; USHIODA, 2001) são produtivos para a compreensão do assunto, colocando a motivação como um dos caminhos mais poderosos para se alcançar a autonomia na aprendizagem de línguas. Dornyei propõe um modelo processual da motivação com dois componentes básicos: o processo motivacional e as influências motivacionais. Esse modelo, integrador de diversas teorias antecessoras, articula-se em torno do eixo temporal da motivação e é capaz de dar conta das fases pré-acional, acional e pósacional da aprendizagem. A compreensão sobre os tipos de motivação envolvidos em cada uma dessas fases é a grande contribuição do modelo, podendo subsidiar as ações docentes. Nesta comunicação, uma breve introdução teórica sobre o modelo será apresentada e exemplos retirados de narrativas de aprendizagem de aprendentes de línguas estrangeiras ilustrarão elementos cruciais do processo. Palavras-chave: motivação, autonomia, aprendizagem de línguas estrangeiras, narrativas de aprendizagem. 220 Resumos de trabalhos Walkiria Neiva Praça DE DEMONSTRATIVOS ESPACIAIS A PARTÍCULAS DE SEGUNDA POSIÇÃO: UM CASO DE GRAMATICALIZAÇÃO EM TAPIRAPÉ Resumo: Este trabalho discute o processo de gramaticalização de demonstrativos espaciais em morfemas que denotam aspecto/tempo em Tapirapé. O verbo, nessa língua, recebe basicamente as marcas de pessoa. O tempo não é uma categoria verbal, podendo ser expresso lexicalmente ou por partículas. Por sua vez, o aspecto pode ser marcado no verbo por reduplicação ou por dois morfemas, cujas reanálises ainda são aparentes. A recategorização de demonstrativos a partículas aspectuais e temporais está vinculada à segunda posição da sentença, ou seja, posição destinada aos auxiliares. O Tapirapé pertence à família linguística Tupi-Guarani, subconjunto IV (Rodrigues (1984/1985) e Rodrigues & Cabral (2002)), e é falada por aproximadamente 700 pessoas que vivem em duas áreas indígenas no nordeste do Mato Grosso. Os demonstrativos espaciais são pró-formas que revelam uma relação intrínseca entre a forma/posição e a localização do referente em relação ao falante. Ou seja, os demonstrativos espaciais indicam a locação espacial de seus referentes, na qual vinculam forma/posição, focando a perspectiva do falante, que é sempre entendido como um ponto de referência dêitica, isto é, o eixo egocêntricolocalista. Segundo Leite (1998), a forma da entidade está associada e é dependente de sua posição ‘deitado’, ‘sentado’ ou ‘em pé’. Ao mudar a posição do objeto, automaticamente, sua forma é alterada. Palavras-chave: gramaticalização; demonstrativos espaciais; tempo; aspecto; Tapirapé. Wanúbya do Nascimento Moraes Campelo A RECEPÇÃO CRÍTICA DE TUTAMÉIA Resumo: O presente processo tem como escopo analisar a última obra em vida de Guimarães Rosa: Tutaméia. O autor, até então consagrado por seus extensos romances, agora experienciava uma nova forma de demonstrar sua maestria como escritor, publicando estes contos que propiciam uma leitura mais rápida, em função do seu tamanho reduzido. Isto de certa forma chocou a crítica que relegou ao livro um aspecto de inferioridade em contraponto ao conjunto da obra roseana. A propósito da dificuldade da crítica em aceitar as inovações linguísticas de Guimarães Rosa que aproximavam a narrativa da lírica, isto é, a prosa da poesia; é interessante perquirir a obra Tutaméia sob a óptica da Estética da Recepção, verificando se a crítica, de fato compreendeu as inovações literárias da mesma. Palavras-chave: Tutaméia; Estética da Recepção; Crítica. Wilker Melo da Silva DISTRIBUIÇÃO GEO-SOCIOLINGUÍSTICA DE /L/ NOS DADOS DO ALIB-NORTE Resumo: Esta pesquisa visa à investigação da realização variável de /l/ diante de [i] nos dados do ALiB-Norte, mais especificamente, no que concerne à palatalização do fonema no estado do Pará. Sabe-se que a palatalização de /l/ é um fenômeno descoberto e estudado muito recentemente na Língua Portuguesa. A palatalização de /l/ tem se mostrado um caso peculiar no estado do Pará. Este segmento parece traçar uma rota específica no espaço paraense (Oliveira, 2007). O que se verificou é 221 II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia que este fenômeno da palatalização de /l/ prevocálico praticamente não foi estudado, talvez por apresentar pouca produtividade frente a outros casos de palatalização como a das consoantes /t/ e /d/. Daí a necessidade de se empreender este estudo com vistas a identificar, descrever e mapear a rota traçada por esta realização dentro do espaço paraense. Portanto, propõe-se através desta, a partir de dados do Português falado no estado do Pará, utilizando-se uma abordagem multidimensional capaz de proporcionar identificação das diferenças diatópicas, diastráticas e diageracionais, intrarregião, a distribuição geo-sociolinguística do fenômeno a partir de dados extraídos dos questionários fonético-fonológico e semântico-lexical (ALiB, 2001). Estes dados foram transcritos grafemática e foneticamente por pesquisadores do projeto nacional, com sede na Bahia, e posteriormente selecionados segundo os contextos de interesse da pesquisa em andamento para análise geo-sociolinguística. Os pressupostos teórico-metodológicos que permeiam este estudo submetem-se à Sociolinguística Variacionista. O tratamento sistemático dos dados foi realizado pelo pacote estatístico VARBRUL. Palavras-chave: Mudança; Sociolinguística; Palatalização. Wilson Alexandre Gonçalves O DIALOGISMO BAKHTINIANO E SEMIÓTICA UM CONSTRUCTO PARA UMA INTERPRETAÇÃO DO DISCURSO Resumo: A semiótica é um modelo de interpretação geral que abarca em si o todo. Peirce afirma que toda realidade faz parte de uma entidade semiótica tal fato pode ser comprovado quando se percebe que toda ideia é um signo junto ao fato de que a vida é uma série de ideias. O olhar semiótico tem a amplitude da totalidade, pois nada pode ser percebido a não ser pelo seu caráter sígnico e o mundo pela visão psíquica é um emaranhado de símbolos que se interagem. O dialogismo bakhtiniano é um modelo que aos moldes da semiótica oferece uma chave de interpretação ao supor que as ideias são oriundas de um diálogo entre a cultura e o próprio indivíduo em um entrelaçamento indissociável que influenciará a percepção da realidade. Bakhtin ao propor o modelo dialógico percebeu que o ser humano é um ser social, através disso desenvolveu todos os seus conceitos de interpretação que são amplamente producentes se incorporados aos ditames da semiótica. A proposta deste trabalho é buscar as conexões entre as ideias do Dialogismo bakhtiniano e a Semiótica na interpretação da linguagem sertaneja de Riobaldo, em o Grande Sertão: Veredas, de João Guimarães Rosa. Palavras-chave: Dialogismo. Interpretação; Linguagem; Semiótica; Grande Sertão: Veredas. Yana Liss Soares Gomes LIVROS DIDÁTICOS DE PORTUGUÊS: INSTRUMENTOS DE NATURALIZAÇÃO OU MUDANÇA LINGUÍSTICA? Resumo: Neste artigo buscamos uma reflexão acerca dos discursos do livro didático de Língua Portuguesa (LDP) com relação às variações linguísticas. Nosso objetivo é analisar como o LDP, enquanto uma instância discursiva social, contribui para a naturalização e/ou manutenção das relações hegemônicas e ideológicas com relação 222 Resumos de trabalhos ao aspecto da variação linguística. Optamos por uma análise crítica do discurso na perspectiva da Teoria Social do Discurso, segundo Fairclough (2001). Tal escolha se justifica pelo fato desse tipo de análise possibilitar uma investigação descritiva e interpretativa das condições sociais de produção discursivas, colocando em evidência das produções ideológicas e hegemônicas expressas através dos livros didáticos de português. Palavras-chave: Livro didático; Discurso; Ideologia; Hegemonia. Zilda Laura Ramalho Paiva / Betânia Rocha de Sousa O ENSINO DA LÍNGUA PORTUGUESA NA FORMAÇÃO CIDADÃ DOS EDUCANDOS Resumo: Este trabalho é resultado de um estudo realizado no âmbito de um Doutorado em Didática da Língua Portuguesa – LP cujo objetivo era perceber em que aspectos o ensino do Português poderia contribuir na formação cidadã dos educandos. Os sujeitos envolvidos nesta pesquisa encontravam-se inseridos em cursos de formação de adultos (EFA – Educação e Formação de Adultos) e no Ensino Fundamental (EJA – Educação de Jovens e Adultos) em dois contextos diferentes – Portugal e Brasil. Para alcançar os objetivos a que nos propusemos fizemos uso, principalmente, de entrevistas semi-estruturadas, da interação direta junto ao público-alvo e da pesquisa de elementos linguísticos que remetessem para a relação Língua e Sociedade. Entre os resultados obtidos iremos destacar as características do Português falado em Portugal e no Brasil que possibilitam a discussão acerca das concepções de certo e errado na língua e o papel da sociedade na formulação desses conceitos. Palavras-chave: Educaçao de Adultos; Ensino-aprendizagem; Língua Portuguesa. Zuleide Ferreira Filgueiras A PRESENÇA DA IDENTIDADE ITALIANA NA ANTROPOTOPONÍMIA DE BELO HORIZONTE Resumo: A Toponímia, como uma disciplina da Linguística, tem como princípio básico a análise da relação do homem com o meio, no que se refere à designação dos topos, demonstrando, com isso, a relação existente entre língua, cultura e sociedade. Considerando que Belo Horizonte sofreu forte influência da imigração italiana, no final do século XIX, época da sua construção, pretende-se analisar se – na denominação atual de seus logradouros públicos (alamedas, avenidas, ruas, parques, jardins, etc.) – há antropotopônimos (aqueles constituídos a partir de prenomes, apelidos de família, sobrenomes ou alcunhas) de imigrantes italianos, objetivando averiguar se tais personalidades deixaram marcas toponímicas na capital que ajudaram a construir e descobrir qual foi a motivação do denominador ao escolher tais nomes para nomear o espaço. Palavras-chave: Toponímia; Antropotoponímia; Belo Horizonte; Imigrante Italiano; Construção da Capital de Minas Gerais. 223 FOTO: Jorge D. Lopes Entardecer na Baía do Guajará – Belém-PA Normas para publicação de trabalhos nos Anais II Congresso Internacional de Estudos Linguisticos e Literários na Amazônia Para serem incluídos nos Anais do evento, os textos devem impreterivelmente respeitar as seguintes normas: 1. Redigir o texto em português, inglês, francês ou espanhol. 2. Utilizar margens de 3 cm, à esquerda, 2 cm, à direita, 3 cm, na margem superior e 2 cm, na margem inferior em formato de papel A4. 3. O texto digitado deve ter entre 4 mil e 8 mil palavras, incluindo os anexos. 4. Digitar o texto em Word for Windows (versão 6.0 ou superior), fonte Garamond, corpo 12, espaçamento simples entre linhas e parágrafos, em modo justificado. 5. Entre partes do texto e entre texto e exemplos, citações, tabelas, ilustrações etc., utilizar espaço duplo. Para fazer isso, basta redigi-los na segunda linha após o parágrafo anterior. 6. Para texto citado com mais de três linhas, adentrar o texto em 2 cm e utilizar fonte Garamond, corpo 10. 7. Para texto citado com menos de três linhas, usar aspas no próprio corpo do texto. 8. Para notas de rodapé, usar fonte Garamond, corpo 10. 9. Utilizar paragrafação automática. 10. Apresentar o texto na seguinte seqüência: – título do artigo, – nome(s) do(s) autor(es), – resumo na língua do artigo e em alemão, francês, espanhol ou inglês, – palavras-chave em português e na outra língua do resumo apresentado, – texto, – referências e – anexos. 11. Digitar o título do artigo centralizado na primeira linha da primeira página com fonte Garamond, tamanho 12, em formato negrito, todas as letras maiúsculas. 12. Digitar o(s) nome(s) do(s) autor(es) de forma completa na ordem direta, na segunda linha abaixo do título, com alinhamento à direita, seguido do nome completo da Instituição de filiação, entre parênteses. Letras maiúsculas devem ser utilizadas apenas para as iniciais e para o sobrenome principal. 13. Os resumos devem ser antecedidos pela expressão RESUMO em maiúsculas, seguida de dois pontos, na terceira linha abaixo do nome do autor 226 Normas para publicação de trabalhos nos Anais e sem adentramento. O texto dos resumos segue na mesma linha e deve ficar entre 100 e 150 palavras. Digitá-lo em fonte Garamond, corpo 11. 14. As palavras-chave devem ser antecedidas pela expressão PALAVRASCHAVE em maiúsculas, seguida de dois pontos, na segunda linha abaixo do resumo e duas linhas acima do início do texto. Utilizar entre três e cinco palavras-chave com fonte Garamond, tamanho 11, separadas por ponto e vírgula. 15. Digitar os títulos de seções com fonte Garamond, tamanho12, em negrito. O título da introdução deve ser redigido na terceira linha após as palavraschave. Os demais títulos, duas linhas após o último parágrafo da seção anterior (pular linha). Os títulos de seções são numerados com algarismos arábicos seguidos de ponto (por exemplo, 1. Introdução, 2. Fundamentação teórica). Apenas a primeira letra de cada subtítulo deve ser grafada com caracteres maiúsculos, exceto nomes próprios. 16. Digitar a primeira linha de cada parágrafo de texto com adentramento. 17. As referências no texto devem ser indexadas pelo sistema autor data. Para citar, resumir ou parafrasear um trecho da página 36 de um texto de 2005 de Pedro da Silva, a indexação completa deve ser: (SILVA, 2005, p. 36). Quando o sobrenome vier fora dos parênteses deve-se utilizar apenas a primeira letra em maiúscula, por exemplo, Silva (2005, p. 36). 18. Citações no meio do texto sempre devem vir entre aspas e nunca em itálico. Use itálico para indicar ênfase ou grafar termos estrangeiros. 19. Exemplos de corpora analisados devem vir no padrão de citação. 20. Caso seja necessária transcrição fonética, o autor deve enviar a fonte utilizada juntamente com seu artigo, a fim de que a mesma possa ser instalada para editoração do artigo. 21. Notas devem ser digitadas em rodapé em seqüência numérica. Se houver nota no título, marcar com asterisco (*). Não se deve usar nota para citar referência. 22. Tabelas, quadros, ilustrações (desenhos, gráficos, etc.) devem ser entregues prontos para a editoração eletrônica. Não se admitem ilustrações xerocopiadas. Elas deverão ser devidamente escaneadas e inseridas no texto. Os títulos de figuras devem ser digitados com fonte Garamond, tamanho 12, em formato normal, centralizado. Tabelas, quadros, ilustrações devem ser identificados por legendas. 23. Os anexos devem ser entregues prontos para a editoração eletrônica. Para anexos que se constituem de textos já publicados, o autor deve incluir referência bibliográfica completa. 24. As referências devem ser antecedidas da expressão REFERÊNCIAS, em negrito. A primeira referência deve ser redigida na segunda linha abaixo dessa expressão. As referências devem seguir a NBR 6023 da ABNT: – os autores devem ser citados em ordem alfabética, sem numeração, sem espaço entre as referências e sem adentramento; 227 – o principal sobrenome do autor em maiúsculas, seguido de vírgula e iniciais dos demais nomes do autor. Se houver outros autores devem ser separados uns dos outros por ponto e vírgula; – título de livro, de revista e de anais, em itálico; – título de artigo: letra normal, como a do texto; – se houver mais de uma obra do mesmo autor, seu nome deve ser substituído por um traço de cinco toques; – mais de uma obra do mesmo autor no mesmo ano, use uma letra (a, b, ...) após a data. Ordene referências de mesmo autor em ordem decrescente. Exemplos: FERREIRA, M. Morfossintaxe da Língua Parkatêjê. Munique: Lincom-Europa, 2005. FURTADO, M. T. A visão da Amazônia em Euclides da Cunha, Ferreira de Castro e Dalcídio Jurandir. In: XX JORNADA NACIONAL DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS – GELNE, 2004, João Pessoa, Paraíba. Anais... João Pessoa, 2004. p.1869-1874. MAGNO E SILVA, W. Estratégias de Aprendizagem de Línguas Estrangeiras – Um Caminho em Direção à Autonomia. Intercâmbio, vol. XV. São Paulo: LAEL/PUCSP, 2006. Disponível em: http://www.pucsp.br/pos/lael/intercambio/pdf/silva_w. pdf. Acesso em: 5 set. 2007. PESSOA, F. C. As relações interpessoais nos domínios do contar e fazer contar as narrativas populares da Amazônia paraense. In: MARINHO, J. H. C.; PIRES, M. S. O.; VILLELA, A. M. N. (orgs.). Análise do discurso: ensaios sobre a complexidade discursiva. Belo Horizonte: CEFET-MG, 2007, p. 139-157. SALES, G. M. A. Um público leitor em formação. Moara, Belém, v. 23, p. 23-42, 2006. Mapa da UPFA Cidade Universitária Prof. José da Silveira Netto Belém-PA Patrocínio Realização Universidade Federal do Pará Pós-Graduação em Letras