o one programme em cabo verde
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O ONE PROGRAMME EM CABO VERDE \ REPUBLICA DE CABO VERDE 1 “A verdadeira medida do sucesso para as Nações Unidas não é o quanto prometemos mas o quanto fazemos para os que mais necessitam de nós” Secretário Geral Ban Ki-moon1 1 Discurso proferido no acto de investidura na Assembleia Geral após a sua eleição, 61ª Assembleia Geral, Sessão plenária, 31ª, a 13 de Outubro de 2006. 2 Siglas e acrónimos ANMCV: Associação Nacional dos Municípios de Cabo verde APD : Ajuda Pública ao Desenvolvimento EFPNU : Escritório dos Fundos e Programas das Nações Unidas OIT : Organização International do Trabalho CCCD: Comissão de Coodenação de Combate contra a Droga CCI : Centro do Comécio Internacional QDMP : Quadro das Despesas a Médio Prazo CEB : Chief Executive Board – Conselho dos Chefes do Secretariado (CCS) CI : Agência Cabo-verdiana de Investimentos CNUCED : Conferência das Nações Unidas sobre o Comércio e o Desenvolvimento CPAP : Plano de Acção do Programa Comum do País DECRP : Documento Estratégia de Crescimento e Redução da Pobreza EPNU : Equipe das Agências das Nações Unidas FAO : Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura GAT : Grupo de Apoio à Transição ICIEG: O Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade do Género IEFP: Instituto de Emprego e Formação Profissional INE : Instituto Nacional de Estatísticas MFAP: Ministério das Finanças e Administração Pública NOSI: Núcleo Operacional da Sociedade de Informação OIM : Organização Internacional das Migrações OMC : Organização Mundial do Comércio ODM : Objectivos de Desenvolvimento do Milénio OMS : Organização Mundial da Saúde ONUDI : Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial ONUSIDA : Programa Comum das Nações Unidas sobre o VIH/SIDA PAM : Programa Alimentar Mundial PMA : Países Menos Avançados PNUD : Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento PNUA : Programa das Nações Unidas para o Ambiente PTA : Plano de Trabalho Anual SEJD: Secretaria de Estado da Juventude e Desportos SNU : Sistema das Nações Unidas UCRE: Unidade de Coordenação da Reforma do Estado UNCT: Equipa das Agências das Nações Unidas UNDAF : Plano-Quadro das Nações Unidas para a Assistência ao Desenvolvimento UNESCO : Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura UNFPA : Fundo das Nações Unidas para a População UNICEF : Fundo das Nações Unidas para a Infância UNODC : Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime UN/ISDR : United Nations International Strategy for Disaster Reduction – Estratégia Internacional das Nações Unidas para a Redução de Desastres VNU : Programa dos Voluntários das Nações Unidas 3 SUMÁRIO Siglas e acrónimos Preâmbulo 1. Base da Cooperação 1.1 Contexto da assistência das Naões Unidas em Cabo Verde 1.2 Papel e Impacto do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde 1.3 Implementação da Réforma das Nações Unidas em Cabo Verde 2. Análise da Situação 2.1 Progressos, desafios & realização dos ODM 2.2 Gestão do período pós-graduação 2.3 Visão do desenvolvimento de Cabo Verde e prioridades nacionais 3. O One Programme em Cabo Verde 3.1 Objectivo do One Programme 3.2 Estrutura e Conteúdo do One programme 3.2.1 Questões transversais 3.2.2 Eixos temáticos do One Programme 1. Boa Governação 2. Promoção do Crescimento e das Oportunidades Económicas 3. Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta a Desastres 4. Capital Humano e Protecção Social 3.2.3 Sub-programas e parceiros 1. Alcançar a graduação económica e a inserção na economia mundia 2. Reforçar a segurança 3. Consolidar a democracia 4. Promoção do Crescimento e das Oportunidades Económicas 5. Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta aos Desastres 6. Qualidade do Sistema Educativo 7. Participação da juventude 8. Contribuição para a reforma do sector da saúde 9. Protecção da Criança e Protecção Social 4. Estratégia de execução 4.1 Gestão do One Programme 4.2 Estratégia de parceria 4.3 Seguimento e Avaliação 4.4 Outras provisões 3 5 6 6 6 7 8 8 12 13 14 14 15 15 16 16 16 16 16 17 18 18 18 18 19 19 19 19 19 20 20 21 22 22 4 Preâmbulo « Um país aberto ao mundo, com um sistema produtivo forte e dinâmico, fundado na valorização do seu capital humano, na formação tecnológica e na sua cultura. Uma sociedade solidária, de paz e justiça social, democrática, aberta e tolerante. Um país dotado de um desenvolvimento humano sustentável, com um desenvolvimento regional equilibrado, com o sentido de estética e de ambiente, assente numa consciência ecológica desenvolvida2. » Para que esta visão do Estado cabo-verdiano se realize, o Governo de Cabo Verde e o Sistema das Nações Unidas comprometeram-se a dar uma resposta colectiva e adequada aos grandes desafios do desenvolvimento sustentável. O desenvolvimento social e económico, preservando as gerações presentes e futuras, está centrado na promoção dos direitos humanos em Cabo Verde. Cabo Verde comprometeu-se a realizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) até 2015, ratificou a maior parte das convenções e dos instrumentos internacionais de protecção dos direitos humanos e inseriu a Declaração Universal dos Direitos do Homem na sua Constituição. A assistência do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde é ainda mais importante no âmbito da recente graduação do Cabo Verde da lista dos Países Menos Avançados (PMA) e a sua adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC). De acordo com as recomendações da Assembleia Geral das Nações Unidas, os países retirados da lista dos PMA deveriam adoptar “um período de transição”, em colaboração com os seus parceiros, a fim de assegurar que a sua graduação não constitua um freio ao seu desenvolvimento.3. Isto engaja tanto o Governo como a Comunidade Internacional e, portanto, o Sistema das Nações Unidas. O Sistema das Nações Unidas compromete-se a levar a cabo a reforma das Nações Unidas iniciada desde 1997. Compromete-se a trabalhar em parceria com todos os actores do Governo de Cabo Verde e sob a direcção do Governo para os progressos sensíveis nos principais domínios do desenvolvimento humano. Para o efeito, ambas as partes, nomeadamente o Ministro dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, em nome do Governo do Cabo Verde, e o Coordenador Residente do Sistema das Nações Unidas (SNU) em Cabo Verde, em nome do SNU, se acordaram sobre um documento de programação, designado mais adiante por “One Programme”. O “One Programme”, previsto para o período 2008-2010, inscreve-se na continuidade da cooperação entre o Governo e as Organizações do SNU, nomeadamente como apresentado no Plano Quadro das Nações Unidas para a Assistência ao Desenvolvimento (UNDAF) 2006-2010. O “One Programme” tem por objectivo melhorar a coerência, a sinergia e a complementaridade no seio das Agências, Comissões, Fundos e Programas das Nações Unidas em Cabo Verde, e melhor posicionar a ajuda ao Governo no que diz respeito aos desafios existentes e emergentes, tais como identificados pelo Governo por ocasião do Fórum que reuniu o Governo, o Sistema das Nações Unidas e a Sociedade Civil, realizado na Praia a 22 de Outubro de 2007, e inscritos no DECRP II. Em resposta a estes desafios identificados, vinculados (i) à realização dos objectivos internacionais de desenvolvimento, entre os quais os ODM; (ii) à gestão do período pós-graduação; e (iii) à fase pós-adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC), foram definidas prioridades estratégicas conjuntamente pelas agências residentes e não residentes do Sistema das Nações Unidas (UNCT) e os parceiros nacionais. São elas designadamente (1) o sucesso da inserção do país na economia internacional, (2) a segurança (3) a consolidação da democracia, (4) a promoção do crescimento e das oportunidades económicas (5) o ambiente, a energia e a prevenção das catástrofes, (6) a qualidade do sistema educativo, (7) a participação da juventude, (8) a contribuição para a reforma do sector da saúde e (9) a protecção da criança e a protecção social. 2 3 As Grandes Opções do Plano 2002-2005 / os Planos Nacionais de Desenvolvimento (PND) 2002-2005. Resolução 59/209 da Assembleia Geral / 20 de Dezembro de 2004. 5 Ambas as partes declaram que as responsabilidades relacionadas com o presente programa serão levadas a cabo em estreita colaboração. 1. Base da Cooperação 1.1 Contexto da assistência das Nações Unidas em Cabo Verde 1. Em Cabo Verde, o Governo está fortemente implicado na definição e implementação das suas políticas de desenvolvimento. Assim, é o Governo de Cabo Verde que dirigiu o exercício que conduziu o país à retirada dos PMA, que organiza o alinhamento e a coordenação dos doadores e que exprimiu a vontade de ver o Sistema das Nações Unidas unido na acção em Cabo Verde. 2. A fim de incrementar a harmonização e a coordenação da ajuda, Cabo Verde aderiu, em Julho de 2006, à Declaração de Paris sobre a eficácia da ajuda. A apropriação nacional, definida como a capacidade do país de exercer a liderança e a coordenação eficaz das suas políticas e estratégias de desenvolvimento4, está no meio da Declaração de Paris sobre a eficácia da ajuda. 3. A Ajuda Pública ao Desenvolvimento (APD) de Cabo Verde passou de cerca de 75 milhões de euros em 2005 para cerca de 125 milhões de euros em 2007, ou seja um aumento de mais de 60%, e que representa hoje cerca de 15% do PIB. De acordo com o Governo, esta ajuda deveria duplicar no período 2008-2010 para permitir ao país realizar os objectivos fixados no âmbito da agenda de transformação económica e atingir os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). 4. Um grupo de seis doadores, compreendendo o Banco Africano de Desenvolvimento, o Banco Mundial, a Comissão Europeia, a Áustria, a Espanha e os Países Baixos, assinou em Dezembro de 2006 um Memorando de Acordo com o Governo no sentido de encaminhar a totalidade ou parte da sua ajuda via o canal orçamental. Esta medida vem em resposta às boas práticas do Governo de Cabo Verde e deverá permitir que o apoio orçamental, que representa hoje cerca de 22% do APD, conheça um acréscimo sensível nos próximos anos. 5. Paralelamente, foram empreendidas acções pelo Governo com vista a harmonizar estas intervenções e haver um maior recurso aos procedimentos e sistemas nacionais. Contudo, revelamse ainda necessários esforços da parte da comunidade dos doadores e do Governo, em especial no que se refere à gestão da ajuda e o acompanhamento dos resultados. 6. O alargamento da acção do SNU em Cabo Verde, num momento em que os seus parceiros financeiros optam por um maior apoio orçamental, permitirá igualmente preservar o papel central do SNU, unido na acção em Cabo Verde. O resultado global deverá ser uma maior coerência e esforços colectivos de todas as agências das Nações Unidas para melhorar a qualidade de vida das Cabo-verdianas e dos Cabo-verdianos. 1.2 Papel e Impacto do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde 7. Estando presente no país desde a Independência, e com uma assistência ao longo de todo o processo de desenvolvimento do país, o SNU é considerado como um parceiro de confiança pelo Governo bem como pelos outros principais parceiros de desenvolvimento, como pela sociedade civil e pelo sector privado. 8. Em Cabo Verde, o papel do SNU é caracterizado pelo apoio aos parceiros nacionais em matéria de identificação das prioridades nacionais, da planificação e implementação de estratégias nacionais de desenvolvimento. Inúmeros análises, estudos de impacto, avaliações técnicas e relatórios sobre avanços foram realizados com a participação do SNU e que contribuíram para a formulação de políticas nacionais e a identificação dos grandes projectos de desenvolvimento de Cabo Verde. 9. O SNU assegura a assistência à produção de dados factíveis efectivos, o seguimento e a avaliação das tendências do desenvolvimento social e económico e a coerência entre o quadro nacional do desenvolvimento e as questões regionais, garantindo a participação dos parceiros nacionais nas reuniões, nos ateliers e seminários regionais. Este apoio do SNU contribui para a troca das boas 4 Capítulo sobre Cabo Verde do Inquérito de Seguimento da Declaração de Paris 2006 / OCDE. 6 práticas e a participação do país nas redes regionais de cooperação bem como da cooperação sulsul para o desenvolvimento. 10. No que diz respeito aos doadores, o SNU assegura a sua coordenação, nomeadamente através da organização de reuniões periódicas, em conformidade com a Declaração de Paris. 11. Esta posição estratégica permite-lhe igualmente desempenhar um papel essencial que é o de apoio à mobilização dos recursos pelo Governo. Esta função, que se exprime tanto pelo diálogo político como através de intervenções técnicas, vem reforçar o carácter estratégico da parceria com o SNU em Cabo Verde. 12. Estas vantagens comparativas do SNU provocaram numerosos resultados evidentes para o país. 13. No plano do diálogo político, foram alcançados progressos significativos no âmbito da redução da dívida, da criação de um quadro de planificação a médio e longo prazos, do roteiro relativo à saída dos Países Menos Avançados (PMA) e a aceitação de Cabo Verde para o sistema de Quadro Integrado - apesar da saída do grupo dos PMA. 14. No plano operacional, foram actualmente tomadas pelo Governo diversas iniciativas no âmbito dos programas nacionais em todo o território do país. 15. O Governo reafirmou várias vezes o seu engajamento em relação à reforma das Nações Unidas, em vista a uma maior eficácia e coerência na ajuda prestada pelo SNU no quadro da implementação da estratégia de desenvolvimento nacional e do processo de saída do grupo dos PMA. 16. Para o efeito, o SNU deverá prosseguir ou mesmo aumentar os serviços consultivos e o diálogo sobre as políticas ao mais alto nível com o Governo, recorrendo à vasta capacidade técnica de que dispõe, nomeadamente das agências especializadas não residentes cujo potencial poderá revelar-se de um grande valor para o Governo. 1.3 Implementação da Reforma das Nações Unidas em Cabo Verde 17. O Governo demonstrou uma forte liderança na condução da iniciativa da reforma das Nações Unidas em Cabo Verde. 18. Em 2004, o exame trienal do conjunto das políticas do Sistema das Nações Unidas5 apela aos Fundos, Programas e Agências especializadas a colocar os planos nacionais de desenvolvimento no centro da sua programação, a reforçar as capacidades nacionais e a responder assim aos desafios em matéria de harmonização e alinhamento da ajuda ao desenvolvimento. 19. Em Julho de 2005, seis agências residentes assinaram com o Governo um Plano-Quadro para a Assistência ao Desenvolvimento para o período 2006-2010 (UNDAF). Os resultados esperados no UNDAF 2006-2010 estão alinhados com as prioridades nacionais enunciadas pelo Governo no seu DECRP I. 20. Desde Janeiro de 2006, que quatro agências trabalham juntas no âmbito do primeiro modelo de “Escritório Comum”, com só um Representante, um escritório comum (designado por Escritório dos Fundos e Programas das Nações Unidas em Cabo Verde), um só programa comum e só um plano de acção (Plano de Acção do Programa Comum do País - CCPAP), e um conjunto de práticas orçamentais. 21. O presente Programa Comum, designado mais adiante por “One UN Programme” é aprovado pelas agências participantes tornando-se no seu documento de programação comum com os seus parceiros nacionais. Foi objecto de um consenso entre o Governo e as agências participantes. 5 Exame detalhado trienal de políticas (Triennial Comprehensive Policy Review – TCPR) 7 2. Análise da Situação 2.1 Progressos, desafios & realização dos ODM 22. Em 33 anos de Independência, Cabo Verde conheceu progressos consideráveis, nomeadamente em matéria de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) e do rendimento per capita, a melhoria da saúde, da esperança de vida e da educação. 23. Os desempenhos macroeconómicos de Cabo Verde nos últimos anos foram muito satisfatórios. A taxa de crescimento real do Produto Interno Bruto (PIB) foi em média de 5.7% por ano entre 2000 e 2005. A taxa de crescimento foi de 10.8% de acordo com os dados preliminares de 2006. Estima-se a 6.9% em 2007 para uma previsão de 7.7% para o ano 2008. A inflação atingiu 5.7% em 2007. A situação das finanças públicas melhorou com um défice orçamental (incluindo donativos) em diminuição - 3% do PIB em 2007 em oposição a - 5.0% em 2006 e - 6.3% em 2005 (FMI/Relatório de Janeiro de 2008). 24. O desenvolvimento humano conheceu também progressos notáveis em Cabo Verde: em 2006, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é de 0,736 equivalente ao 102º lugar na escala mundial (PNUD 2007/2008). As estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas (INE) indicam que o Índice de Pobreza Humana (IPH-1) de Cabo Verde é de 15.8% em 2006, ou seja cerca de 13% menos que o seu nível em 1990. A progressão do IDH e a redução consecutiva do IPH resulta sobretudo da boa gestão dos recursos do país e da parceria eficaz existente entre Cabo Verde e os seus parceiros de desenvolvimento. Os indicadores da boa governação e da valorização dos recursos humanos também atingiram as metas previstas. 25. A nível dos serviços sociais básicos, Cabo Verde conheceu progressos consideráveis relativos à realização dos ODM. A nível da saúde, foi registada uma redução significativa das taxas de mortalidade infantil, materna e geral e o aumento da esperança de vida à nascença. A nível da educação, o Objectivo dos ODM “Assegurar a educação primária para todos” foi atingido. 26. De uma maneira geral, admite-se que em Cabo Verde a promoção de um desenvolvimento equitativo exige, para além do crescimento económico, que os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio sejam atingidos. Cabo Verde, como outros países, alinhou os seus objectivos nacionais a médio e longo prazos, identificados no Documento de Estratégia para o Crescimento e a Redução da Pobreza (DECRP II), sobre os ODM. A tendência é favorável à realização dos ODM até 2015. 27. Estes bons resultados não devem contudo ocultar as reais vulnerabilidades que caracterizam Cabo Verde. Estes ganhos em termos de desenvolvimento foram conseguidos, ao mesmo tempo que as assimetrias regionais cresciam, o que reforçou a cadeia das migrações internas, bem como as desigualdades em matéria de rendimento e consumo da população. As desigualdades continuam a ser elevadas e têm tendência a aumentar. O coeficiente de GINI passou de 0.43 em 1989 para 0.59 em 2002. 28. Assim, e embora as estimativas do Instituto Nacional de Estatísticas indiquem uma diminuição da pobreza absoluta em Cabo Verde de 49% em 1989 para 37% em 2002 e 28% em 2006, os esforços devem prosseguir-se a fim de fazer face aos seguintes desafios identificados: 29. A nível do Crescimento e da Luta contra a Pobreza, os seguintes desafios foram identificados: 30. A prevalência da pobreza é mais marcante no meio rural (62%) e atinge em especial as mulheres com uma forte desigualdade entre as ilhas. Constituindo-se o acesso ao trabalho em Cabo Verde a principal fonte de rendimentos, o desemprego é por isso a principal causa da pobreza: 18% da população activa, de acordo com o Inquérito sobre o Emprego de 2006, realizado pelo INE e pelo IEFP6, encontra-se no desemprego. Este último atinge particularmente as mulheres: 23% das mulheres de mais de 15 anos estão no desemprego contra 14% dos indivíduos de sexo masculino. No meio rural, a taxa de desemprego das mulheres é de 28% contra 15% relativamente aos homens (QUIBB-2006). 6 Instituto do Emprego e da Formação Profissional. 8 31. A dupla insularidade de Cabo Verde - ilhas dispersas entre elas e afastadas do continente acrescenta importantes constrangimentos relativamente aos transportes, comunicações e ao custo dos factores básicos para a dinamização da actividade económica. A insularidade fragmentada sobre nove das dez ilhas, com uma orografia muito escarpada (na maior parte das ilhas), é um obstáculo à circulação de pessoas e bens no território nacional, levando a custos extremamente elevados das infra-estruturas básicas e dos serviços essenciais. Estes custos de transporte e de distribuição de produtos são mais elevados do que na maior parte dos países concorrentes, o que constitui um freio importante, nomeadamente, ao desenvolvimento de actividades industriais. Estes custos sancionam também a população que depende do abastecimento de produtos alimentares e da Tecnologia de Informação e Comunicação (TIC) que provem do exterior. A estes constrangimentos acrescenta-se o recente aumento dos preços dos géneros alimentícios a nível mundial e da sua repercussão no país, com maior incidência na população mais pobre e mais vulnerável em Cabo Verde. 32. A economia de Cabo Verde continua a ser muito dependente da ajuda pública ao desenvolvimento (APD) - que financiou 90% dos investimentos públicos em 2005 - e das transferências da diáspora residente na Europa e nos Estados Unidos. Isto torna a economia vulnerável, considerando que o APD deve diminuir à medida que o rendimento per capita aumenta. Do mesmo modo, as transferências de dinheiro da diáspora são susceptíveis de diminuir com as segundas e terceiras gerações de emigrantes que terão relações mais fracas com o seu país de origem. 33. A nível do Capital humano e a Protecção Social, os seguintes desafios foram identificados: 34. As vulnerabilidades estão em primeiro lugar associadas às pressões demográficas: num contexto de fracos recursos, com uma população jovem, da qual 67% tem menos de 30 anos, subsistem bastantes desafios importantes para o Governo nos domínios da educação, da formação profissional, da saúde, do emprego e dos comportamentos de risco. Estas vulnerabilidades são associadas às disparidades de género, com impactos negativos na mulher e na violação de certos direitos das crianças. A ausência notável do pai não assegura, na maior parte do tempo, a protecção dos direitos essenciais da criança. A pobreza é mais acentuada nas famílias chefiadas pelas mulheres: em Cabo Verde, 45% das famílias são chefiadas por mulheres (QUIBB 2006). Uma percentagem elevada de crianças apresenta sintomas de desnutrição crónica. Os últimos dados relativos à situação nutricional indica que 5% das crianças do meio rural sofrem de desnutrição aguda, 22% sofrem de desnutrição crónica e 13%7 sofrem de uma taxa irreversível de atraso no crescimento. As gravidezes não desejadas entre as raparigas do ensino secundário constituem igualmente um desafio. Neste contexto, a capacidade institucional das estruturas da Juventude nacionais e municipais tem sido reforçada, nomeadamente através da implementação do Plano Estratégico da Juventude e da promoção do voluntariado nacional, e através do reforço dos Centros Juvenis a nível nacional. 35. Cabo Verde ratificou desde 1991 a Convenção sobre os Direitos da Criança e sempre se preocupou com a problemática da infância e da adolescência. Apesar das medidas de políticas específicas instituídas, esforços devem ainda ser consentidos no sentido de lutar contra o abuso sexual de menores, o abandono das crianças e os maus-tratos, o registo tardio dos nascimentos, o fenómeno das crianças de rua, as desigualdades sociais, o trabalho das crianças e as consequências nefastas do turismo, particularmente a prostituição infanto-juvenil. A reforma do Quadro Legal e Institucional da Criança está em curso e um Estatuto da Criança e do Adolescente será adoptado em 2008, tomando em consideração toda a legislação na matéria. 36. O Sistema de Protecção Social de Cabo Verde integra regimes diferentes, dos quais o contributivo, o não-contributivo e um regime especial. Este Sistema de Protecção Social está num processo de reforma, caracterizado pela aplicação de medidas de ordem legal e institucional, nomeadamente a integração dos funcionários públicos no regime da previdência social e a fixação de uma pensão social única para os mais pobres. Em 2005, uma estratégia foi elaborada para o Desenvolvimento da Protecção Social, com vista a assegurar a protecção social de todos os cidadãos e permitir uma intervenção multi-sectorial e harmonizada dos intervenientes neste sector. 7 Inquérito de seguimento sobre a vulnerabilidade alimentar das famílias no meio rural, realizado pela Direcção dos Serviços de Segurança Alimentar (DSSA) de 2005. 9 37. Os desempenhos no domínio da educação e da saúde permanecem igualmente tributários da ajuda pública que o país recebe dos parceiros de desenvolvimento. 38. A nível da educação, Cabo Verde já atingiu o objectivo da educação primária universal (96.9%) em 2005. No entanto, o problema da qualidade persiste, nomeadamente no meio rural, onde se encontram ainda professores não qualificados. Um dos desafios que o Ministério da Educação fixou é aumentar em 83% o número de professores qualificados no primário, para além da introdução das TIC e da revisão dos currículos. No que diz respeito ao ensino técnico, está previsto consolidar e alargar o ensino técnico, em articulação com a formação profissional de forma a adaptá-la ao mundo do trabalho. 39. Além disso, o país registou ganhos substanciais: a educação básica universal foi atingida, o Ensino Secundário está em expansão e o Ensino Superior e Formação Profissional estão em pleno desenvolvimento. Actualmente, existe uma estabilização dos efectivos deste ciclo de estudos. Um elemento importante que explica o comportamento dos efectivos é a baixa ocorrida nos últimos anos, a nível dos efectivos do primeiro ano, que se explica por duas razões fundamentais: a) a aplicação mais rigorosa da legislação que fixa a idade oficial do acesso (o acesso é aos 7 anos, mas todos os alunos que fizeram pelo menos dois anos de pré-escolar podem aceder com a idade de 6 anos) e; b) um aumento muito ligeiro da população de 6 anos e 7 anos, em relação às outras fracções de idade (a população de 6 e 7 anos constitui a maior parte dos efectivos do primeiro ano, ou seja 94%.). Os progressos alcançados a nível da educação e o carácter não discriminatório da mesma contribuem para a emancipação efectiva das mulheres e para os progressos notáveis em matéria de equidade. Graças aos investimentos na educação, cerca de 97% dos jovens de 15-24 anos sabem ler e escrever e, neste caso preciso, o índice de paridade é de 101%, com benefício das mulheres. 40. Se a paridade do género é efectiva a nível da educação, a discriminação de género é contudo ainda visível no acesso ao emprego. Do mesmo modo, o Índice de Desenvolvimento ajustado ao Género (IDG) é de 0.749, ou seja cerca de 5 pontos abaixo do IDH não ajustado, traduzindo as desigualdades de desenvolvimento humano baseado no género. 41. No domínio da saúde, a luta contra as doenças transmissíveis prioritárias, nomeadamente as que são evitáveis pela vacinação, deverá prosseguir. O risco de epidemias e a ameaça que representa a insegurança sanitária a nível mundial necessitam de um reforço da vigilância/resposta, bem como um esforço para a aplicação do regulamento sanitário internacional de 2005. 42. Do mesmo modo, as doenças crónicas e não transmissíveis, tais como o cancro, as doenças cardiovasculares, o alcoolismo, as diabetes, a hipertensão arterial, e os seus factores de risco, constituem uma carga na morbidade e na mortalidade e desafios acrescidos para o sistema nacional de saúde. 43. A saúde materna, infantil e da população geral conheceu progressos importantes. A mortalidade infantil foi reduzida em mais de 50% entre 1995-2006 e foi atingida uma taxa de 24,9 para mil. Contudo, há já alguns anos, que a tendência tem sido para a estagnação, nomeadamente no que diz respeito à mortalidade neo-natal. Isto constitui um desafio importante, pois as causas estão relacionadas com a qualidade das prestações na consulta pré-natal e no parto que implica intervenções de forte componente técnica. 44. Assim, persistem desafios no domínio da Saúde Reprodutiva, nomeadamente na aplicação efectiva do subvencionamento das Doenças da Infância, da Atenção Integrada à Saúde da Mulher, da atenção específica orientada para os adolescentes, jovens e homens. 45. Apesar da taxa relativamente baixa da prevalência do VIH/SIDA de 0.8% (IDSR-2005), persistem ainda importantes preocupações, nomeadamente a nível da melhoria dos conhecimentos epidemiológicos, do acesso à prevenção, sobretudo da transmissão mãe crianças e no seio dos jovens, do acesso ao tratamento, da luta contra a discriminação, e do financiamento sustentável do programa. A incidência do paludismo continua a ser muito fraca em Cabo Verde. No entanto, o desafio situa-se a nível do compromisso do Governo em eliminar o paludismo até 2020. A tuberculose constitui ainda um problema de saúde pública persistindo o desafio de reforçar a cobertura dos DOTS e da redução do abandono do tratamento. 10 46. Uma estratégia de comunicação para o desenvolvimento, a ser implementada no âmbito do “One Programme”, deverá ter em conta os desafios da mudança de comportamento relativamente à saúde, educação, juventude e protecção social, de uma maneira articulada. 47. A nível do Ambiente, os seguintes desafios foram identificados: 48. Cabo Verde é altamente dependente das importações dos produtos petrolíferos para a produção da energia, que tem vindo a aumentar devido ao crescimento acelerado da economia, com o aumento da energia tanto a nível doméstico como a nível industrial (40% da água consumida provem da água de mar dessalinizada). Sómente 3% da energia utilizada provem de fonte renovável. O Governo tomou a resolução de que 25% da energia utilizada em Cabo Verde deverá ser de origem renovável até o ano 2015. 49. As vulnerabilidades ecológicas registadas poderão, se não forem debeladas, pôr em perigo a sustentabilidade do modelo de crescimento prosseguido pelo Governo. São elas a erosão, a desertificação, a extenuação dos magros recursos hídricos e a perda da biodiversidade devido à exploração exaustiva dos recursos. 50. No que respeita aos graves problemas de seca, da diminuição da estação das chuvas e do aumento dos períodos de seca com efeitos devastadores e fragilizantes sobre o eco-sistema e a disparidade da biodiversidade. 51. O objectivo para 2015 que era de 71%, 80% da população (urbana 86%, rural 73%) com acesso à água potável em Cabo Verde foi já atingido. No entanto, o objectivo para 2015 que era de 62%, da população com acesso ao saneamento, sómente 43% (urbana 61%, rural 19%8) tem acesso. Os esforços em matéria de saneamento, particularmente no meio rural, devem por conseguinte prosseguir. 52. Os riscos em matéria de ambiente estão igualmente relacionados com a acção dos homens: práticas agrícolas inadequadas contribuem para a degradação dos solos, o êxodo rural contribui para a ocupação anárquica do espaço urbano, implicando uma poluição do solo, ar e água (formas de exploração e ocupação dos espaços). A interdependência entre o ambiente e a pobreza é tal que a pressão demográfica crescente no meio urbano provoca uma saturação das infra-estruturas, o aumento da pobreza urbana e problemas ambientais que têm impactos nas condições de vida e na saúde pública. 53. As mudanças climáticas à escala mundial arriscam a ter consequências directas em Cabo Verde, tais como o aumento da temperatura, a redução drástica das precipitações, a subida do nível do mar nas costas de baixas marés e o aumento dos riscos sobre a saúde pública. Neste contexto, o Governo, com o apoio do Sistema das Nações Unidas, efectuou estudos para identificar os riscos potenciais e tem em execução projectos de reforço das capacidades com vista à atenuação dos efeitos e à adaptação às mudanças climáticas. 54. Devido ao importante stress hídrico, uma atenção particular é dirigida à protecção dos lençóis, à conservação dos solos, à promoção de uma utilização racional da água, à higiene e ao saneamento, que ultrapassam o âmbito do ambiente ou da saúde das populações, constituindo elementos importantes do desenvolvimento. 55. Para fazer face aos riscos de desastres e catástrofes, o Governo de Cabo Verde, com o apoio do SNU, elaborou um plano de contingência e criou uma plataforma nacional para a redução dos riscos e a atenuação dos efeitos (Quadros de Acção de Hyogo 2005-2015). 56. No plano internacional, Cabo Verde ratificou a maior parte dos Acordos Multilaterais relativos ao Ambiente (Mudanças Climáticas, biodiversidade/biosegurança, desertificação, protecção da camada do ozono). Cabo Verde aderiu igualmente aos planos e políticas comuns das organizações sub-regionais de que é membro (Política comum da CEDEAO em matéria de ambiente, Plano de Acção do CILSS para a Luta contra a Desertificação) que deverão converter-se em acções concretas no plano nacional. O respeito destas obrigações, o desenvolvimento das capacidades nacionais, a preparação de relatórios nacionais, a adopção de medidas regulamentares, constituem exigências para as quais o SNU se compromete a apoiar o Governo. 8 Situação das Crianças no Mundo 2008 / UNICEF. 11 57. A nível da Governação, os seguintes desafios foram identificados: 58. Os desafios relativos à governação democrática são inúmeros, e os diferentes Governos de Cabo Verde demonstraram uma vontade constante em pôr os marcos de uma cultura democrática que garantisse a estabilidade e uma alternância democrática harmoniosa. A governação democrática cabo-verdiana assenta sobre conquistas que necessitam de um acompanhamento sistemático com o objectivo de consolidar a coesão social e de oferecer um espaço de participação maior aos cidadãos na gestão da coisa pública. Importa sublinhar, em particular, que o carácter insular do país incita à inovação na gestão descentralizada: inúmeras desigualdades sociais e inequidades de uma ilha para outra são ao mesmo tempo, desafios e oportunidades com o propósito de um desenvolvimento nacional equitativo. 59. Apareceram vulnerabilidades no domínio da segurança, devido à situação estratégica de Cabo Verde, a meio caminho entre a Europa, a África, a América do norte e América do Sul. Esta posição geográfica e a existência de uma vasta área marítima (700 km2 de águas territoriais) constituem factores favoráveis à atracção de grupos e de redes internacionais organizadas relacionados com a grande criminalidade transfronteiriça. O país é utilizado como uma importante ponte para escala/armazenagem e passagem de diversos tráficos, tais como: de droga, de armas, a migração clandestina, em particular, a direccionada para Europa. 60. Uma parte de droga que transita permanece no país, alimentando um consumo local em expansão. A cannabis, produzida localmente (há cerca de 30 anos) é a droga mais consumida em Cabo Verde, seguido do crack, da cocaína e da heroína (injectável). Em 2001, os serviços da saúde consideraram que 6.7% dos seropositivos identificados são consumidores de drogas injectáveis (heroína). Os consumidores têm em média entre os 15 e os 30 anos. O abuso da droga pelos jovens está associado a outros problemas sociais como o desemprego, a delinquência, a violência, a prostituição e a desintegração da família. 61. Perante esta criminalidade transfronteiriça, as capacidades institucionais de Cabo Verde para a prevenção e a luta contra o tráfico ilícito internacional de drogas e a criminalidade transnacional organizada são limitadas. A precariedade da situação sócio-económica das populações constitui igualmente um obstáculo sério à estratégia de controlo do tráfico de drogas. 62. Não obstante estes obstáculos, o Governo aplicou importantes recursos financeiros em acções, programas e projectos em importantes sectores para o desenvolvimento (saúde, educação, água, saneamento, infra-estruturas, etc.) a fim de garantir a segurança. Neste contexto, o apoio dos parceiros é indispensável para a implementação de programas e projectos que visam a luta destes desafios e ameaças comuns (narcotráfico, branqueamento de capitais, tráfico de armas de pequeno calibre, migração clandestina) que nenhum país no mundo poderá combater isolado, ainda mais se fôr um país de recursos limitados. 63. A estes desafios se juntam os relacionados com a gestão do período pós-graduação de Cabo Verde dos PMA, entre as quais a sustentação da transparência financeira, permitindo a aplicação das responsabilidades em conformidade com o Estado de Direito. A transparência financeira é uma componente intrínseca da governação. Políticas económicas óptimas são elaboradas a fim de assegurar a responsabilidade no que diz respeito à sociedade civil incentivando ao mesmo tempo a liberdade e a competitividade dos mercados nos quais as forças produtivas do sector privado se expandem. 64. Também, apesar dos importantes progressos registados na realização dos ODM, Cabo Verde deverá prosseguir os seus esforços de modo que a sua saída do grupo dos PMA em Janeiro de 2008 não venha alterar as tendências, nem pôr em perigo a sustentabilidade do seu desenvolvimento. 2.2 Gestão do período pós-graduação 65. Cabo Verde foi membro do grupo dos PMA de 1977 a 2007. Satisfazendo a dois dos três critérios de saída desta lista em 1994, 1997, 2000 bem como por ocasião da última revisão em 2004, saiu do grupo dos PMA no dia 1 Janeiro de 2008. Os critérios segundo os quais o desempenho foi 12 considerado satisfatório são o rendimento per capita e o índice do capital humano, enquanto que o da vulnerabilidade económica, baseada sobretudo na instabilidade agrícola e na fraca diversificação da economia, continua a constituir um desafio para o país. 66. As consequências imediatas, directas ou indirectas, decorrendo da sua saída do grupo dos PMA, foram apresentadas pelo Governo de Cabo Verde em vários fóra: na Assembleia Geral das Nações Unidas realizada em Nova Iorque em Setembro de 2007 e por ocasião do Retiros das Agências das Nações Unidas realizada na Praia em Outubro de 2007. 67. Sendo Cabo Verde um país que dispõe de um contexto macro-económico específico, sobretudo no que diz respeito à dependência do seu orçamento em relação ao financiamento externo, a saída do grupo dos PMA lança novos desafios, nomeadamente: a redução gradual dos donativos, e dos empréstimos concessionários. Posto isto, a gestão da dívida pública deverá fazer-se num ambiente de concertação entre as Políticas Orçamental do Estado e Monetária do Banco de Cabo Verde, com vista a assegurar a sustentabilidade da dívida pública baseada numa sustentabilidade fiscal e do regime de taxas de câmbio, bem como da reserva do financiamento público para projectos estruturantes e de baixas taxas de rendimento, em relação ao processo de desenvolvimento do país. 68. Do ponto de vista comercial, a saída da lista dos PMA afectará em primeiro lugar os sectores de exportação, através do impacto da perda das preferências comerciais. 69. De acordo com a recomendação da Resolução A/59/209 da Assembleia Geral das Nações Unidas, o Governo de Cabo Verde, com o apoio da comunidade internacional, criou o Grupo de Apoio à Transição (GAT) a fim de examinar e propôr uma estratégia de gestão do processo de saída dos PMA, e assegurar-se de que a referida saída possa contribuir efectivamente para o desenvolvimento sustentável do país. 70. As recomendações do GAT compreendem designadamente a melhoria do acesso ao mercado internacional, a simplificação do acesso às novas formas de financiamento e de investimento, o reforço das capacidades nacionais, o apoio ao engajamento da diáspora no processo de desenvolvimento do país e a parceria reforçada com o sector privado que conduzam à transformação económica, social, cultural e tecnológica de Cabo Verde. 71. A aprovação pelo Conselho Geral, a 18 de Dezembro de 2007, da adesão de Cabo Verde à Organização Mundial do Comércio (OMC) marca uma era nova para a transformação sócioeconómica do país. Ao concluir as negociações, Cabo Verde comprometeu-se a realizar importantes reformas para liberalizar o seu regime comercial, para acelerar a sua integração na economia mundial e para oferecer um ambiente transparente e previsível para o comércio e o investimento estrangeiro. 72. Neste contexto, o SNU tem o dever fundamental para com Cabo Verde de assegurar que o seu apoio ao processo de desenvolvimento não diminuirá ou não cessará. 73. A reforma das Nações Unidas em Cabo Verde deverá desempenhar um papel dinâmico para apoiar os esforços nacionais e assegurar a inclusão das populações mais vulneráveis. Para que Cabo Verde consiga atingir todos os ODM, esforços significativos deverão ser realizados a fim de assegurar que a saída do grupo dos PMA não terá impacto negativo, e que pelo contrário permitirá aumentar as possibilidades de atingir um desenvolvimento sustentável. 2.3 Visão do desenvolvimento de Cabo Verde e prioridades nacionais A visão de Cabo Verde para o ano 2025, inscrita nas « Grandes Opções do Plano 20022005 » e e nos « Planos Nacionais de Desenvolvimento 2002-2005 », é a seguinte: Um país aberto ao mundo, com um sistema produtivo forte e dinâmico, inscrito na valorização do seu capital humano, na formação tecnológica e na sua cultura. Uma sociedade solidária, de paz e justiça social, democrática, aberta e tolerante. Um país dotado de um desenvolvimento humano sustentável, com um desenvolvimento regional equilibrado, com o sentido de estética e de ambiente, assente numa consciência ecológica desenvolvida. 13 74. Esta visão do Estado, a médio e longo prazo, para a economia nacional como um todo é apoiada pelas prioridades estabelecidas pelo Governo. 75. As previsões de crescimento económico para os próximos anos permitem considerar que o país conhecerá um crescimento sustentado que deverá acelerar-se, induzido nomeadamente pelo forte crescimento dos investimentos estrangeiros, pela expansão do sector turístico e pela exportação de serviços. 76. A realização de uma taxa de crescimento a dois dígitos é um objectivo prosseguido pelo Governo a médio prazo no actual contexto de saída do grupo dos PMA e do DECRP II para o período 20082011. O Quadro de Despesas a Médio Prazo (QDMP) para o período 2008-2010, traduzirá de forma operacional as condições de implementação do DECRP II. Os investimentos e as reformas dos sectores produtivos e dos sectores prioritários (tais como a educação, a saúde, a protecção social e o ambiente) serão realizados para promover o crescimento e o desenvolvimento humano. 77. Após a saída de Cabo Verde do grupo dos PMA, a 1 de Janeiro de 2008, e por ocasião da «Reunião dos Chefes das missões diplomáticas e dos organismos internacionais acreditados em Cabo Verde» que teve lugar em Janeiro de 2008 na Praia, com a participação das Agências das Nações Unidas, o Governo reiterou as suas prioridades estratégicas: a criação de emprego, o crescimento e a competitividade da economia, a inserção de Cabo Verde na economia mundial, o desenvolvimento das capacidades dos Cabo-verdianos com o propósito da sua maior implicação na transformação económica do seu país, bem como a protecção do ambiente. 78. Estas prioridades estratégicas estão enunciadas nas Grandes Opções do Plano em 5 eixos estratégicos, do seguinte modo: 1 Eleger a boa governação como factor de desenvolvimento, reformando o Estado, intensificando a democracia e reforçando a cidadania 2 Promover a capacidade empresarial, a competitividade e o crescimento; alargar a base produtiva 3 Desenvolver o capital humano e orientar o sistema de ensino/formação para os sectores prioritários do desenvolvimento 4 Apoiar uma política global de desenvolvimento social, lutando contra a pobreza e reforçando a coesão e a solidariedade 5 Desenvolver infra-estruturas básicas e económicas e promover o ordenamento do território para um desenvolvimento equilibrado 3. O One Programme em Cabo Verde 3.1 Objectivo do One Programme O objectivo do One Programme é maximizar e utilizar eficazmente a contribuição conjunta das agências participantes para melhor acompanhar Cabo Verde nas suas políticas nacionais para acelerar o crescimento económico, promover a competitividade e a criação de empregos produtivos, e lutar contra a pobreza. O One Programme tem pois, por objectivo apoiar o Governo na realização das prioridades nacionais, propostas no decurso do Fórum que reuniu o Governo, o Sistema das Nações Unidas e a Sociedade Civil - realizado na Praia a 22 de Outubro de 2007. São elas: (i) a realização dos objectivos internacionais de desenvolvimento, entre os quais os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM); (ii) o sucesso da gestão do período pós-graduação e (iii) a assistência na fase pós-adesão à Organização Mundial do Comércio (OMC). 14 3.2 Estrutura e Conteúdo do One Programme 3.2.1 Questões transversais 79. O One Programme dispensa igualmente uma atenção especial às questões transversais: o reforço das capacidades, a luta contra o VIH/SIDA, o género, a comunicação para o desenvolvimento e os direitos humanos. 80. O género é tido sistematicamente em conta no One Programme, a fim de garantir a sua integração efectiva em todos os projectos e programas, no plaidoyer, na comunicação e no seguimento/avaliação. A igualdade do género será promovida assegurando que as mulheres e os homens gozam dos mesmos direitos económicos, sociais, políticos, civis e de um acesso equitativo aos serviços sociais, a um trabalho decente, ao crédito e à protecção legal. A questão do género traduz-se em actividades específicas de promoção da igualdade e equidade de oportunidades, de acordo com os desequilíbrios identificados. 81. A acção conjunta do SNU na luta contra o VIH/SIDA visa o acesso universal à prevenção, ao tratamento, aos cuidados e ao apoio, nomeadamente, das populações vulneráveis. O objectivo de desenvolvimento estabelecido pela Declaração do Milénio é inverter a tendência na propagação da infecção do VIH e fazê-lo recuar nas mulheres, nos homens e nas crianças até 2015. Trata-se de uma condição prévia para a realização da maior parte dos outros objectivos de desenvolvimento. Por conseguinte é integrado no One Programme de maneira transversal, em todos os subprogramas, no plaidoyer, na comunicação, no seguimento e avaliação. Uma atenção particular é dada à problemática da toxicodependência. 82. Os Direitos Humanos estão integrados no One Programme, objectivando um desenvolvimento sustentável e equitativo, e fornecer a cada cidadão as oportunidades de contribuir para o progresso social e económico da sociedade cabo-verdiana. Uma Abordagem Baseada nos Direitos Humanos é integrada no documento. Uma atenção especial é dispensada aos princípios da não discriminação, da acessibilidade aos serviços, à igualdade e equidade do género e aos grupos vulneráveis. 83. A Comunicação para o desenvolvimento foi identificada como uma prioridade transversal pelas Agências das Nações Unidas para o Delivering as One. A comunicação é hoje um desafio fundamental, não somente porque ela condiciona o desenvolvimento, mas igualmente porque constitui o instrumento essencial à construção de uma sociedade mais equitativa e mais solidária. Neste quadro, uma maior capacidade de resposta e de adaptação das populações mais vulneráveis perante os desafios de desenvolvimento sustentável - deve ser procurada. A emergência de uma nova sociedade fundada no saber e na utilização das novas tecnologias de informação e comunicação, com todas as implicações sociais, culturais e éticas, torna esta missão mais actual que nunca. Para aproveitar estes recursos e utilizar realmente a comunicação como resposta aos problemas de desenvolvimento social, convém possuir o saber e a experiência adequados. Com efeito, as TIC constituem um instrumento de imenso potencial para o ensino e a elaboração de conteúdos educativos, com vista a uma mudança de comportamentos. Podem contribuir para a luta contra o analfabetismo, as doenças endémicas, a protecção do ambiente, etc. e a pobreza em geral. São necessários esforços para se conseguir uma estratégia compreensiva e coordenada no quadro da implementação do One Programme, efectivando assim o Delivering as One UN. 84. Por outro lado, tenciona-se elaborar uma estratégia de comunicação conjunta para as agências “Speaking as One UN in Cape Verde” (Falando numa só NU em Cabo Verde) e sobre o One Programme a fim de assegurar a promoção deste último. Esta estratégia de comunicação tornarão visíveis os progressos e resultados do Delivering as One em Cabo Verde. Permitirá igualmente ao SNU e aos seus parceiros defender de maneira mais efectiva as questões de desenvolvimento, tais como os ODM ou outros valores das Nações Unidas. 85. O desenvolvimento das capacidades está no centro do One Programme. Permitirá às populações mais vulneráveis participar no desenvolvimento do país, através, nomeadamente, do acesso à educação, à formação profissional contínua de qualidade, e à integração de valores tais como os direitos humanos, a equidade do género e a cidadania. 15 3.2.2 Eixos temáticos do One Programme 86. Seis Agências, Fundos e Programas residentes (PNUD, UNICEF, UNFPA, PMA, FAO, OMS) participaram no UNDAF, e actualmente, vinte Agências (residentes e não residentes), Fundos e Programas tomam parte no One UN Programme. 87. O One Programme 2008-2010, integrando ao mesmo tempo o UNDAF 2006-2010, nomeadamente os seus quatro eixos temáticos, toma em consideração os desafios essenciais aos quais o país faz face, nomeadamente no âmbito da adesão à OMC, da gestão do período pós-graduação e da realização dos ODM até 2015, enunciados no DECRP II e explicitados mais acima. O One Programme responde assim a um vasto leque de prioridades nacionais, agrupadas em quatro eixos temáticos. Cada um destes eixos temáticos subdivide-se em um ou vários sub-programas. 88. Os quatro eixos temáticos do One Programme são : 1. Boa Governação. As autoridades nacionais já identificaram as necessidades de reformas em vários sectores bem como a necessidade de reforço da eficácia governamental de suporte à saída do país da categoria dos PMA e à sua adesão à OMC. Face a estas necessidades, o Sistema das Nações Unidas deverá contribuir para o sucesso da graduação em Cabo Verde, para o reforço da segurança, do Estado de Direito, para uma cidadania participativa em Cabo Verde. A resposta das Agências se articulará à volta dos seguintes subprogramas: A. Sub-programa «Sucesso da graduação económica e da inserção na economia mundial»; B. Sub-programa «Reforço da segurança»; C. Sub-programa «Consolidação da democracia». 2. Promoção do Crescimento e das Oportunidades Económicas. A luta contra a pobreza é um dos maiores desafios que se coloca às autoridades cabo-verdianas. Perante esta situação, o Governo estabeleceu como objectivo reduzir a extrema pobreza e a fome e promover o crescimento, a competitividade e os direitos sócio-económicos. O SNU tenciona acompanhar os esforços das autoridades nacionais destinados a tornar o sector privado mais competitivo, a promover o emprego produtivo, a reforçar as capacidades nacionais através da formação profissional, a mobilizar a diáspora, a implicar mais as populações mais vulneráveis no processo de desenvolvimento sócio-económico equitativo do país e a promover o seu acesso a meios que satisfaçam de forma sustentável as suas necessidades. Para o efeito, as agências apoiarão a estratégia do Governo através do seguinte sub-programa: D. Sub-programa «Promoção do Crescimento e das Oportunidades Económicas». 3. Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta a Desastres. A preservação do ambiente é um elemento fundamental do desenvolvimento sustentável de Cabo Verde. O Governo determinou como objectivo a protecção do ambiente, a promoção da utilização eficaz dos recursos naturais, a diminuição da dependência do país em relação às energias fósseis, e o reforço da sua capacidade para fazer face aos desastres e catástrofes. O SNU propõe-se a contribuir para a melhoria da gestão sustentável do Ambiente, a preservação da qualidade de vida e a gestão preventiva dos desastres. O SNU propõe-se igualmente a apoiar o Governo para que as populações e as instituições sejam partes integrantes destes processos. A esse respeito, a resposta das Agências organizar-se-á através do seguinte sub-programa: E. Sub-programa «Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta a Desastres». 4. Capital Humano e Protecção Social. O desenvolvimento sustentável do país está centrada nas capacidades humanas. A melhoria do sistema educativo e da formação profissional, da protecção da criança e da protecção social, o reforço da aplicação “da estratégia de aceleração para a sobrevivência da criança”, da participação da juventude, o reforço das capacidades a nível comunitário e da família em matéria de saúde bem como a reforma do sector da saúde, são elementos essenciais que integram a estratégia nacional de desenvolvimento do capital humano. Um novo sinal é registado com a instalação da Universidade Pública de Cabo Verde. Para o efeito, é necessário por conseguinte não somente debruçar-se sobre o ensino básico e secundário, mas também assegurar, como sendo prioritário, um ensino superior que se enquadra no projecto 16 colectivo de desenvolvimento do país e que realiza as expectativas legítimas dos estudantes, dos empresários, dos poderes locais, dos organismos não governamentais e da sociedade geral, relativamente à qualidade do ensino superior, à criação de instrumentos legais e estratégicos que servem de base à melhoria da gestão do sub-sistema. Para participar no desenvolvimento do capital humano em Cabo Verde, as Agências deverão contribuir até 2010 para a melhoria do desempenho dos serviços sociais básicos com vista a uma melhor qualidade dos serviços e a uma maior acessibilidade dos referidos serviços aos grupos mais necessitados. Deve-se por isso garantir que as instituições nacionais, municipais e as organizações da sociedade civil assegurem que os direitos à inclusão sócio-económica efectiva das populações seja considerada. Isso integrará os seguintes sub-programas: F. Sub-programa «Qualidade do sistema educativo»; G. Sub-programa «Participação da juventude»; H. Sub-programa «Contribuição para a reforma do sector da saúde»; I. Sub-programa «Protecção da criança e Protecção Social». 3.2.3 Sub-programa e parceiros 89. Uma matriz que apresenta um cenário geral dos resultados do One Programme e a sua relação com o UNDAF e o DECRP II é apresentada no Anexo I. Matrizes mais detalhadas a nível dos resultados, actividades, recursos e responsabilidades são preparados pelos Grupos de Trabalho Técnicos dos Sub-programas. Estas matrizes apresentam igualmente um esboço da divisão do trabalho entre as agências líderes e as outras agências participantes nos sub-programas, tomando em consideração o seu respectivo mandato, as suas vantagens comparativas e o seu domínio de especialidade. 90. O quadro abaixo ilustra a relação entre os eixos temáticos e cada sub-programa. CABO VERDE 2008 -2010 ONE PROGRAMME I. EIXO TEMÁTICO GOVERNAÇÃO II. EIXO TEMÁTICO CRESCIMENTO SUB-PROGRAMA SUB-PROGRAMA 1. SUCESSO DA GRADUAÇÃO ECONÓMICA E DA INSERÇCÃO NA ECONOMIA MUNDIAL; 2. REFORÇO DA SEGURANÇA; 3. CONSOLIDAÇÃO DA DEMOCRACIA. GÉNERO 4. PROMOÇÃO DO CRESCIMENTO E DAS OPORTUNIDADES ECONÓMICAS. DESENVOLVIMENTO DAS CAPACIDADE III. Eixo Amb/Energia/ Prevenção/Resposta ... IV. EIXO TEMÁTICO CAPITAL HUMANO & PROTECÇAO SOCIAL SUB-PROGRAMA SUB-PROGRAMA 5. AMBIENTE, ENERGIA, PREVENÇÃO E RESPOSTA A DESASTRES. 6. QUALIDADE DO SISTEMA EDUCATIVO ; 7. PARTICIPAÇÃO DA JUVENTUDE ; 8. CONTRIBUIÇÃO PARA A REFORMA DO SECTOR DA SAÚDE; 9. PROTECÇÃO DA CRIANÇA E PROTECÇÃO SOCIAL. DIREITOS HUMANOS COMUNICAÇÃO PARA O DESENVOLVIMENTO VIH/SIDA E TOXICODEPENDÊNCIA EIXOS TRANSVERSAIS 17 I - Boa Governação: 1. Alcançar a graduação económica e a inserção na economia mundial Este sub-programa visa apoiar os esforços nacionais para fazer face aos novos desafios que emergem no âmbito da gestão do período pós-graduação e da adesão à OMC, com base na promoção do acesso a novas formas de financiamento e de investimento (prioridade nacional). As operações deste sub-programa são articulados com o Quadro Integrado. Agências: CNUCED (líder), CCI, FAO, ONUDI (membros do Grupo inter-agências do CEB para o Comércio e a Capacidade Produtiva) e UIT. O PNUD porá à disposição deste sub-programa recursos humanos e financeiros para apoiar as actividades deste sub-programa. Parceiros nacionais: Ministério da Economia, Crescimento e Competitividade, Ministério das Finanças e Administração Pública, Ministério do Ambiente e Agricultura, Banco Central, Agência Cabo-verdiana de Investimentos, Sectores privado e académico. 2. Reforçar a segurança Este sub-programa visa reforçar o Estado de Direito e lutar contra a criminalidade organizada. Agências: ONUDC (líder), UIT, OIM9, PNUD, UNFPA, UN-HABITAT, UNHCR e UNIFEM. Parceiros nacionais: Ministério da Justiça, Ministério dos Negócios Estrangeiros, Cooperação e Comunidades, Ministério da Família, Ministério da Administração Interna, Ministério da Educação, Ministério das Finanças e instituições bancárias, Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade do Género, Comissão de Coordenação de Combate contra a Droga. 3. Consolidar a democracia Este sub-programa visa promover e reforçar a gestão descentralizada, combatendo as disparidades em termos de desenvolvimento, induzidas pela dupla situação insular de Cabo Verde. Agências: PNUD (líder), UNFPA e UNIFEM. Parceiros nacionais: Comissão Nacional Eleitoral, Assembleia Nacional, DGCS, INE, Unidade de Coordenação da Reforma do Estado, DGT, DGAL, Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade do Género, Associação Nacional dos Municípios de Cabo Verde, NOSI, UGCC, e Sociedade civil. II – Promoção do Crescimento e das Oportunidades Económicas: 4. Promoção do Crescimento e das Oportunidades Económicas Este sub-programa visa reduzir as desigualdades em termos de oportunidade económica, a dependência da economia de Cabo Verde relativamente à APD e à diáspora, promovendo um crescimento económico robusto, a competitividade das micro, pequenas e médias empresas, a criação de empregos decentes e produtivos e por último, promover de forma sustentável a luta contra a pobreza. Agências: ONUDI (líder), OIT, CNUCED, UIT, FAO, ONUSIDA, PNUD, UNCDF, UNESCO, UNFPA, UNIFEM, OIT, UNCDF, PNUD, UNICEF, OIM10 e FMI. Parceiros nacionais: Ministério da Economia, Crescimento e Competitividade, Ministério das Finanças e Administração Pública, Instituições bancárias, Agência para o Desenvolvimento do Sector privado, CI, associações comerciais e industriais, municípios, Instituto das Comunidades, Instituto Cabo-verdiano para Igualdade e Equidade do Género, Plataforma das ONG, câmaras de comércio, universidades, diáspora, CCS-SIDA, Instituto Nacional de Estatísticas, INGRH, Ministério do Ambiente e Agricultura, Ministério da Defesa, Secretaria de Estado da Juventude e Desportos, ONG, NOSI, sociedade civil. 9 Embora não seja uma agência do SNU, a OIM é um parceiro importante, parte integrante da Equipa das Agências das NU alargada no quadro do processo do Delivering as One. 10 Idem. 18 III- Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta a Desastres: 5. Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta a Desastres Este sub-programa visa reduzir a dependência do país relativamente às energias fósseis e permitir enfrentar as vulnerabilidades ecológicas, reforçando nomeadamente a protecção do ambiente e a capacidade de resposta a desastres. Agências: PNUD (líder), PNUA, FAO, ONUDI, UNESCO, WMO, OMS, UNFPA, UN/ISDR, UNICEF e UNOCHA. Parceiros nacionais: Ministério do Ambiente e Agricultura, Ministério da Economia, Crescimento e Competitividade, Serviço Nacional da Protecção Civil, INGRH, Instituto Nacional de Meterologia e Geofísica, Associação Nacional de Municípios de Cabo Verde, Laboratório de Engenharia Civil, Associações Comerciais e Industriais, Plataforma das ONG. IV- Capital Humano e Protecção Social: 6. Qualidade do Sistema Educativo Este sub-programa visa principalmente reforçar as capacidades para materializar a visão de transformação social e económica de Cabo Verde. Agências: UNESCO (líder), OIT, FAO, OMS, ONUSIDA, PAM, UIT, UNFPA, UNICEF, ONUDI e UNIFEM. Parceiros nacionais: Ministério da Educação e Ensino Superior, Ministério da Qualificação e Emprego, Ministério do Trabalho, Família e Solidariedade, Universidades, ICIEG, ICASE. 7. Participação da juventude Este sub-programa visa apoiar os jovens capacitando-os para exercer os seus direitos de participação activa no desenvolvimento do país, através da promoção do voluntariado e do reforço das instituições e organizações da sociedade civil. Agências: UNFPA (líder), UNICEF, OMS, ONUSIDA e VNU. Parceiros nacionais: Secretaria de Estado da Juventude e Desportos, ONG, Liga das associações juvenis, câmaras municipais, Federação Cabo-verdiana da Juventude. 8. Contribuição para a reforma do sector da saúde Este sub-programa visa apoiar as instituições nacionais na implementação e acompanhamento dos progressos obtidos na realização dos direitos humanos relativos aos serviços de saúde. Uma atenção particular será dispensada às pessoas em situação de vulnerabilidade. Agências: OMS (líder), UNICEF, ONUSIDA, PAM, PNUD e UNFPA. Parceiros nacionais: Ministério da Saúde, Ministério da Educação e Ensino Superior, Ministério do Trabalho, Família e Solidariedade Social, CCS/SIDA, ICIEG, Câmaras municipais, Associações de deficientes, ONG. 9. Protecção da Criança e Protecção Social Este sub-programa visa apoiar as instituições nacionais e municipais de forma a garantir um ambiente protector da criança e um sistema de protecção social eficaz e sustentável. Agências: UNICEF (líder), FAO, ONUDC, ONUSIDA, PAM, UIT, UNFPA, e OMS. Parceiros nacionais: Ministério da Saúde, Ministério da Educação e Ensino Superior, Ministério do Trabalho, Família e Solidariedade, CCS/SIDA, ICIEG, ICCA, Câmaras municipais, Associações de deficientes, de ONG. 19 4. Estratégia de execução 4.1 Gestão do One Programme 91. O One Programme é uma iniciativa conjunta do SNU e do Governo de Cabo Verde, que será gerida pelas Agências das Naões Unidas sob a liderança do Coordenador Residente. 92. Em virtude do princípio de «alinhamento da ajuda com as prioridades, sistemas e procedimentos dos países parceiros e apoio ao reforço das suas capacidades11», as Nações Unidas em Cabo Verde decidiram alinhar os mecanismos de gestão do One Programme com os do sistema nacional de gestão, de seguimento e avaliação do Governo (DECRP II). Para o efeito, o SNU apoiará o seu reforço e desenvolvimento. 93. Os órgãos de gestão do One Programme são os seguintes: 94. O Comité de Pilotagem é co-dirigido pelo Governo, através do Ministro dos Negócios Estrangeiros, Comunidades e Cooperação e pelas Agências do SNU em Cabo Verde, através do Coordenador Residente. O Comité de Pilotagem assegura a liderança estratégica, a orientação e o acompanhamento da execução de todas as componente do One Programmea. Os termos de referência do Comité de pilotagem estão em anexo. 95. A Equipa das Agências das Nações Unidas constitui o órgão de coordenação e de tomada de decisão no seio do SNU. A Equipa das Agências das Nações Unidas deverá apoiar, de maneira coordenada, o Governo do Cabo Verde nos seus esforços de desenvolvimento. A Equipa das Agências das Nações Unidas é apoiada pelo escritório do Coordenador Residente. O Coordenador Residente orienta a elaboração e a gestão do Delivering as One UN. 96. Os Grupos de Trabalho articulam-se de acordo com os eixos transversais e os sub-programas. Cada agência líder assegurará a coordenação estratégica do seu sub-programa ou do seu eixo transversal, em concertação com as agências participantes e em conformidade com os respectivos ministérios técnicos. Cada agência líder assegurará igualmente a integração dos eixos transversais no seu sub-programa. Os termos de referência dos Grupos de Trabalho estão em anexo. 97. O sistema de seguimento/avaliação do One Programme produzirá periódicamente relatórios sobre os progressos relativamente aos indicadores definidos para os eixos temáticos, os eixos transversais e os sub-programas. 98. Numa visão estratégica, todos os instrumentos de gestão do One Programme são flexíveis. Serão reavaliados em função das necessidades e sob sugestão das partes. 99. O Fundo de Transição corresponde aos recursos comuns a serem mobilizados, conservando cada agência o seu orçamento próprio. Os termos de referência do Fundo de Transição são propostos em anexo. 100. A gestão do Fundo de Transição depende de mecanismos específicos: os critérios de afectação dos recursos devem se estabelecidos; as Agências recebem os fundos através do Agente Administrativo (AA). Cada Agência participante assina um Memorando de acordo (MOU) com o Coordenador Residente e o Agente Administrativo (AA). Um Arranjo Administrativo Standard (SSA) é assinado entre o doador, o Coordenador Residente e o Agente Administrativo (AA). Estes documentos encontram-se em anexo. 101. Segue abaixo uma curta apresentação da previsão para o orçamento do One Programme: a coluna de Gap orçamental corresponde ao Fundo de Transição. 11 Declaração de Paris sobre a eficácia da Ajuda ao Desenvolvimento (2005). 20 Quadro orçamental previsto para o One Programme em Cabo Verde Total % Funding EIXO TEMÁTICO 1: Received/Pledged Funding Gap Gap/ Total Governação 1 Sub-Programa: Governação (Graduação Económica) $2,018,500 $1,070,000 34.64% 2 Sub-Programa: Governação (Segurança) $7,031,450 $6,293,050 47.23% 3 Sub-Programa: Governação (Democracia) $785,000 $865,000 52.42% Total Governação $9,834,950 $8,228,050 45.55% EIXO TEMÁTICO 2: Total % Funding Crescimento e Oportunidades Económicas Received/Pledged Funding Gap Gap/ Total 4 Sub-Programa: Crescimento e Oportunidades Económicas $6,293,114 $8,263,479 56.77% Total Crescimento EIXO TEMÁTICO 3: Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta a Desastres 5 Sub-Programa: Ambiente, Energia, Prevenção e Resposta a Desastres Total Ambiente EIXO TEMÁTICO 4: Capital Humano / Protecção Social 6 Sub-Programa: Qualidade do sistema educativo 7 Sub-Programa: Participação da juventude 8 Sub-Programa: Contribuição para a reforma do sector da saúde 9 Sub-Programa: Protecção da criança e Protecção Social Total Capital Humano / Protecção Social TEMAS TRANSVERSAIS TOTAL One Programme* Em percentagem: $6,293,114 $8,263,479 Total Received/Pledged Funding Gap $9,855,000 $6,241,000 $9,855,000 $6,241,000 Total Received/Pledged Funding Gap $7,103,000 $2,255,000 56.77% Total $3,088,500 $13,324,500 $1,650,000 $18,063,000 Total $14,556,593 $14,556,593 % Funding Gap/ Total Total 38.77% 38.77% % Funding Gap/ Total $16,096,000 $16,096,000 24.10% $9,358,000 Total $800,000 $570,000 41.61% $1,370,000 $4,994,000 $2,226,000 30.83% $7,220,000 $1,480,000 $801,000 35.12% $2,281,000 $14,377,000 $5,852,000 $468,000 $300,000 28.93% 39.06% $20,229,000 $768,000 $40,828,064 $28,884,529 41.43% $69,712,593 58.57% 41.43% G 100.00% 4.2 Estratégia de parceria 102. Para facilitar a mobilização de recursos e a coerência das actividades efectuadas pelo SNU, uma estratégia de parceria será desenvolvida e implementada, em estreita coordenação com o Governo. Esta abordagem deverá permitir ao Fundo de Transição mobilizar recursos de forma rápida e gradual junto dos parceiros bilaterais que já exprimiram o seu interesse em apoiar as intervenções do SNU em Cabo Verde. 103. O Governo apoiará os esforços das agências para mobilizar os fundos necessários para a implementação do One Programme e colaborará com as Agências através das seguintes acções: a) incentivar os potenciais Governos doadores a pôr à disposição das Agências os fundos necessários para executar as componentes não financiadas do programa; b) apoiar os esforços das Agências para mobilizar os fundos junto do sector privado, a nível internacional assim como em Cabo Verde com vista à execução do programa; c) autorizar as contribuições de indivíduos, de sociedades e de fundações cabo-verdianas para apoiar este programa, e atribuir-lhes isenção (ões) fiscal (is). 21 104. O Governo será responsável pela desalfandegação, recepção, armazenamento, distribuição e gestão contabilística dos alimentos, aabastecimentos e equipamentos que as Agências colocarão à sua disposição e que serão isentos de taxas, direitos de trânsito ou de alfândega nos termos deste One Programme. 105. O Governo facilitará as visitas periódicas aos lugares dos projectos e a observação das actividades levadas executadas, para avaliar os progressos realizados e reunir informações sobre o desenvolvimento dos produtos e de sub-produtos, o seu seguimento e a sua avaliação. 106. O Governo em estreita colaboração com a Equipa das Agências das Nações Unidas organizará anualmente uma avaliação do One Programme e facilitará a participação dos parceiros, das ONG e da sociedade civil nesta actividade. O Governo toma parte das decisões relativas ao One Programme através do Comité de Pilotagem e dos Grupos de Trabalho Técnico. 4.3 Seguimento e Avaliação 107. O objectivo global da criação de um sistema de Seguimento/Avaliação (SA) para o One Programme é atingir uma gestão mais efectiva do referido Programa, incluindo os eixos transversais, medindo e avaliando o desempenho dos resultados e dos produtos, conhecidos como sendo resultados de desenvolvimento. 108. Uma unidade de SA, apoiada por um Grupo de trabalho de SA, será criada e reforçada em função das necessidades do One Programme. Isto permitirá ao Comité de Pilotagem do One Programme e à Equipa das Agências das Nações Unidas acompanhar os progressos e avaliar os resultados. A unidade estabelecerá um plano de S/A, e definirá os instrumentos a utilizar no quadro do One Programme, com vista a analisar os resultados. A unidade elaborará relatórios (relatório anual e relatórios regulares de progressos), coordenará as validações (visitas de terreno, avaliações externas) e participará nos grupos de trabalho, reuniões, revisões anuais, e sob convocação do Coordenador Residente, nas reuniões do Comité de Pilotagem e da Equipa das Agências das Nações Unidas. 109. O Plano de Seguimento e Avaliação comporta três elementos: a parte narrativa, o quadro de Seguimento/Avaliação e um calendário de realização. 110. A parte narrativa descreve os mecanismos de coordenação e as estratégias de execução do plano. O grupo de trabalho é responsável pelo alinhamento, pela coordenação e promoção do Plano SA. 111. O quadro de Seguimento/Avaliação destaca os objectivos (resultados/produtos) para permitir um acompanhamento eficaz pelo Comité de Pilotagem, pela Equipa das Agências das Nações Unidas e pelo grupo de trabalho. Para cada resultado/produto (retirar produto), um indicador é seleccionado. A escolha dos indicadores é alinhada na medida do possível com os do DECRP II, os ODM ou ainda os da Declaração de Paris. A informação de base (baseline) relativa aos indicadores é compilada; alvos específicos são identificados e a data final é especificada. Dados são recolhidos regularmente para avaliar se as metas são atingidas. 112. O calendário do SA apresenta as actividades de SA por período (ano ou semestre) a fim de facilitar a sua coordenação. 4.4 Outras provisões 113. O presente One Programme pode ser modificado de comum acordo entre o Governo e as Agências, com base nos resultados das avaliações anuais ou quando as circunstâncias o exigirem. 114. Qualquer diferendo entre o Governo e uma agência das Nações Unidas é resolvido em conformidade com os acordos de cooperação existentes. Qualquer diferendo entre as agências participantes no One Programa é resolvido exclusivamente entre estas agências e por conciliação. 115. Nenhum elemento deste One Programme será interpretado como excluindo ou limitando a protecção do SNU ao abrigo das disposições e do espírito da Convenção Geral sobre os Privilégios e Imunidades das Nações Unidas (1946), que foi ratificada pelo Governo. 22 116. Este documento foi preparado em língua francesa, guardando cada uma das partes um exemplar do original. 117. Também, os abaixo assinados, devidamente autorizados, aprovaram este One Programme a 1 de Julho de 2008, na Praia, Cabo Verde. 23 ONE PROGRAMME EM CABO VERDE 2008-2010 Sr. José Brito Sra. Petra Lantz Ministro dos Negócios Estrangeiros, Coordenadora Residente Cooperação e Comunidades do Sistema das Nações Unidas em Cabo Verde A 1 de Julho de 2008, na Praia, Cabo Verde 24 Agências das Nações Unidas Residentes12 OMS Dr. Alain Christophe Brun, Representante FAO Sra. Petra Lantz, Representante a.i. PAM Sra. Petra Lantz, Representante PNUD Sra. Petra Lantz, Representante UNFPA Sra. Petra Lantz, Representante UNICEF Sra. Petra Lantz, Representante Agências das Nações Unidas Não-Residentes CNUCED Sra. Manuela Tortora, Directora do Serviço de Cooperação Técnica OIT Sr. Dramane Haidara, Directeur a.i. do Escritório sub-regional para o Saheldu OMM Sr. Mohamed Boulama, Representante para Africa do Norte, Central e Ocidental ONU-HABITAT Sr. Alioune Badiane, Director para Africa e Países árabes ONUDC Sr. Antonio L. Mazzitelli, Representante Regional para Africa Central e Ocidental ONUDI Secretariado-Viena Sr. Klaus Billand Coordenador Senior para as a Coerência do Sistema das NU do Departamento Regional e de Operações do terreno ONUSIDA Dr. Meskerem Grunitzky Bekele, Directora Regional UNIFEM Sra. Cécile Mukarubuga, Directora Regional para Africa Ocidental PNUE/Kenya Sra. Cristina Boelcke, Directora da Divisão da Cooperação Regional UIT Sra. Margarida Evora-Sagna, Representante de zona para Africa Ocidental UNESCO / BREDA Sra. Francisco Seddoh Komlavi, Director Regional Outra Organização OIM Sr. Abye Makonnen, Representante Regional para Africa Ocidental e Central 12 Agências por ordem alfabética 25 26