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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÙDE INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: POLÍTICA E ECONOMIA DA SAÚDE Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) como ferramenta epidemiológica Luciana Castaneda Ribeiro Rio de Janeiro 2012 Luciana Castaneda Ribeiro UTILIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF) COMO FERRAMENTA EPIDEMIOLÓGICA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como Requisito a obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva Orientadora: Ligia Bahia Rio de Janeiro 2012 Luciana Castaneda Ribeiro UTILIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF) COMO FERRAMENTA EPIDEMIOLÓGICA Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como Requisito a obtenção do Título de Mestre em Saúde Coletiva Aprovada em __________________________________ Ligia Bahia Prof. Dra. Universidade Federal do Rio de Janeiro __________________________________ Ronnir Raggio Luiz Prof. Dr. Universidade Federal do Rio de Janeiro __________________________________ Rosalina Koifmann Prof. Dra. Escola Nacional de Saúde Pública __________________________________ Anke Bergmann Prof. Dra. Instituto Nacional do Câncer A minha avó Nelza (in memorian) pelo legado de amor e afeto . Agradecimentos A Prof. Dra. Ligia Bahia, minha orientadora pelo acolhimento e confiança na execução deste trabalho e pelos valiosos ensinamentos sobre a saúde pública. A Prof. Dra. Anke Bergmann, por elucidar os caminhos metodológicos e por toda a atenção disponibilizada. A Prof. Dra. Rosalina Koifman pela contribuição fundamental no exame de qualificação do presente trabalho. Ao Prof. Dr. Ronir Raggio pelas esclarecedoras aulas de Bioestatística e pelo suporte na execução da presente dissertação. A Roberto Unger, bibliotecário do IESC por ser sempre tão solicito e disposto a elucidar os aspectos pertinentes a formatação e referencial teórico. A minha família (mãe, pai, irmã, irmão e avô), que com suas características próprias contribuíram para a minha formação pessoal. A minha família adquirida: Paulus Roberto Eyler, pelo abraço apertado; Flávia Maria Eyler, pelo grande exemplo acadêmico e por todo o carinho e a Valentina Eyler, pelos momentos mais que felizes. A Flávia Lima, minha amiga de sempre e pra sempre. As minhas queridas amigas do mestrado: Caroline Madalena, Jurema e Carol Borges pelas longas e divertidas tardes no Campus da Ilha do Fundão. A Fabrício Eyler, pela linda e sincera história de amor. Aos meus filhos Leonardo e Davi, amores infinitos e incondicionais. CASTANEDA, Luciana. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) como ferramenta. Dissertação – Mestrado em Saúde Coletiva. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. RESUMO O aumento das doenças crônicas decorrente dos processos de transição demográfica e epidemiológica iniciados no século passado coloca em pauta a necessidade de informações em saúde que superem o modelo biomédico tradicional com foco somente nos dados de mortalidade. Nesse sentido, o aprimoramento dos dados de prevalência de agravos à saúde nos Sistemas de Informação em saúde é fundamental. Tais dados são gerados pelas bases de dados primárias e secundárias. A Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) é uma ferramenta com grande aplicabilidade no âmbito epidemiológico. Possui linguagem universal e perspectiva biopsicossocial, além de fornecer um regime sistemático para codificação de dados em saúde. A presente dissertação está estruturada em dois artigos e tem o objetivo de demonstrar a aplicabilidade da CIF nos sistemas de informação. O primeiro artigo visa demonstrar a possibilidade de utilização da classificação em inquéritos epidemiológicos, através da identificação de conteúdo comum entre a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios e a CIF. O segundo artigo trata de uma revisão sistemática e objetiva demonstrar como a ferramenta tem sido utilizada na prática clínica e assim verificar a possibilidade de geração de dados epidemiológicos. A CIF apresenta grande potencial para melhoria da qualidade das informações nos sistemas de informação. No entanto, alguns aspectos psicométricos da classificação precisam ser aprimorados. Palavras-chave: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde; Sistemas de Informação; Morbidade; Transição demográfica; Coleta de dados; Literatura de revisão como assunto; Epidemiologia. CASTANEDA, Luciana. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF) como ferramenta epidemiológica. Dissertação – Mestrado em Saúde Coletiva. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2012. ABSTRACT The increase in chronic diseases due to the processes of demographic and epidemiological transition started in the last century brings forth the need for health information that overcome the traditional biomedical model focused only on mortality data. In this sense, the improvement of morbidity data in health information systems is essential. Such data bases are generated by the primary and secondary data. The International Classification of Functioning (ICF) is a tool with great applicability in epidemiology. The classification has a universal language and biopsychosocial perspective, and provides a systematic scheme for encoding data in health. This dissertation is structured in two articles and aims to demonstrate the applicability of the ICF in information systems. The first article seeks to demonstrate the possibility of using the classification of primary data, by identifying common content between the PNAD and the ICF. The second article deals with a systematic review and aims to demonstrate how the tool has been used in clinical practice and thus verify the possibility of generation of epidemiological data. The ICF has great potential for improving the quality of information in information systems. However some aspects of psychometric property need to be improved. Key-words: International Classification of Functioning, Disability and Health; Information Systems; Morbidity; Demographic Transition; Data Collection; Review Literature as Topic; Epidemiology. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Modelo de interação dos conceitos da CIF...............................................................28 LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 – Ampliação do conceito saúde – doença.................................................................18 Tabela 1 – Temas dos Suplementos da PNAD, 1972 – 2008...................................................22 Tabela 2 – Módulos contidos nos instrumentos de coleta do Suplemento Saúde da PNAD (1998, 2003 e 2008).................................................................................................................24 Quadro 2 – Quadro de definições da CIF.................................................................................29 ARTIGO I - LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1- Fluxograma das etapas realizadas na metodologia do trabalho............................36 Figura 2 – Número de conteúdos significativos identificados na PNAD – 2008 e suas distribuições entre os componentes da CIF.......................................................................... 39 ARTIGO I - LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 – Blocos e Seções do instrumento de coleta da PNAD - 2008............................34 Quadro 2 – Regras de ligação da CIF..................................................................................36 Quadro 3 – Regras específicas para ligação das medidas do estado de saúde....................38 Tabela 1 –Frequências relativas dos resultados da ligação dos módulos selecionados do instrumento de coleta de dados da PNAD – 2008 com a CIF.............................................40 Quadro 4 – Ligação do Suplemento Saúde da PNAD – 2008 com a CIF............................41 ARTIGO II - LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1 – Fluxo de diagrama dos estudos selecionados.......................................................58 Figura 2 – Frequência da metodologia utilizada nos artigos da CIF inclusos na revisão sistemática..............................................................................................................................59 Figura 3 – Frequência de utilização dos qualificadores utilizados nos artigos da CIF inclusos na revisão sistemática.............................................................................................................59 Figura 4 – Áreas de conhecimento dos artigos da CIF inclusos na revisão sistemática...........60 Figura 5 – Frequência dos desenhos de estudo selecionados na revisão sistemática...............60 ARTIGO II - LISTA DE QUADROS E TABELAS Quadro 1 – Descrição dos resultados dos estudos selecionados...........................................60 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CIDID – Classificação Internacional de Deficiência, Incapacidade e Desvantagem CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde OMS – Organização Mundial de Saúde OPAS – Organização Pan-americana de Saúde PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio SCIELO – Scientific Electronic Library Online STROBE - Strengthening the Reporting of Observational studies in Epidemiology SUS – Sistema Único de Saúde WHOQOL – World Health Organization Quality of Life SUMÁRIO 1.Introdução......................................................................................................................17 1.1Padrão epidemiológico atual............................................................................17 1.2 Sistemas de informação..................................................................................19 1.2.1Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.....................................22 1.3 Classificação Internacional de Funcionalidade..................................................25 2. Justificativa.................................................................................................................30 3.Objetivos.......................................................................................................................30 4. Artigo I: Construtos de Incapacidade na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD): uma análise baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF)........31 5. Artigo II: The International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) and the application on Clinical Practice: A systematic review ………………………………………...............................................................................53 6. Comentários Finais....................................................................................................71 7. Referências Bibliográficas...............................................................................................72 8. Anexos.....................................................................................................................75 8.1 Instrumento de coleta do Suplemento Saúde da PNAD-2008...............................75 8.2 Checklist adaptado do STROBE............................................................................79 17 1. Introdução 1.1 Padrão Epidemiológico atual No âmbito da transição epidemiológica, novos problemas de saúde aparecem devido à redução da mortalidade por doenças infectocontagiosas e pelo predomínio das doenças crônicas e degenerativas e as causas externas. O foco dos indicadores ao longo dos últimos 50 anos se deslocou da mortalidade para a morbidade. Destacam-se os indicadores com capacidade de mensuração da habilidade de as pessoas desenvolverem as atividades de vida diária e seus papéis sociais, e mais recentemente a abordagem positiva com enfoque na avaliação do bem-estar, satisfação com o estado de saúde e qualidade de vida (Costa, 2008). Desde o início da década de 90, a Organização Mundial de Saúde difunde estudos sobre a Carga Global de Doenças, que apontam o aumento na carga de doenças crônicas não transmissíveis, atualmente chegando perto de quase a metade de toda a carga. Este fato não se restringe somente aos países desenvolvidos, pois nos países de baixa e média renda este padrão de morbidade está em torno de 45%. Fatores como o envelhecimento populacional, mudanças nos fatores de risco estão acelerando a participação das doenças crônicas não transmissíveis na carga total de doenças (WHO, 2008). No mundo contemporâneo, o monitoramento do estado de saúde das populações passou a ser fundamental para a formulação e a avaliação de políticas e programas de saúde. Este interesse deve fazer parte da agenda de todos os níveis de governo, da sociedade em geral e de suas organizações, com o objetivo de buscar melhores patamares de saúde. O conceito de estado de saúde passa a integrar novas dimensões que respondem ao avanço atual do conceito de saúde-doença. Essas novas dimensões são captadas por indicadores diferenciados dos tradicionais e por métodos distintos de mensuração (Barros, 2008). Além disso, os indicadores clássicos como as taxas de mortalidade por causa específica e os indicadores de morbidade (prevalência da doença) tornaram-se insuficientes para avaliar o bem estar, estado de saúde e necessidades de serviços, pelo fato, de não refletirem com precisão a saúde e a situação de morbidade. Ademais, a grande redução da mortalidade, o aumento da sobrevida e da prevalência de doenças crônicas (que embora apresentem baixa letalidade, são acompanhadas de muitas incapacidades), coloca em pauta a mudança no padrão epidemiológico e consequentemente a maneira de se medir o impacto desse perfil de doenças na população (Camargos et al., 2008). 18 Neste contexto, ter uma doença diagnosticada não implica necessariamente prejuízo nas condições de saúde e desempenho das tarefas cotidianas, que irá depender da magnitude e gravidade com que o status de saúde afeta as atividades e participações do indivíduo. Este impacto passa a ser capturado por instrumentos com a capacidade de avaliar a preservação de atividades da vida diária (básica, instrumentais e avançadas) e da qualidade de vida relacionada à saúde. Este processo passa pela quantificação de aspectos subjetivos da percepção e avaliação das pessoas sobre a própria condição de saúde (Barros, 2008). Quadro 1. Ampliação do Conceito de Saúde-Doença. Ampliação do Conceito de Saúde-Doença Mortalidade Acidentes e Violências Morbidade e Co-morbidades Limitações e incapacidades Atividades de vida diária Qualidade de vida em saúde Fonte: Barros, 2008. Considerando a crescente importância das condições de saúde de natureza crônica, tem se dado cada vez mais atenção as consequências dos problemas sobre a saúde tanto dos indivíduos como das populações humanas. Sendo assim, o estudo da prevalência de agravos a saúde em populações requer, geralmente, diversas fontes de dados. Esta necessidade se justifica pela natureza multidimensional do conceito de morbidade, além disso, ao longo da vida um indivíduo (Costa et al., 2009). pode ser acometido por mais de um evento mórbido 19 Os dados sobre a prevalência de agravos a saúde relacionada à incapacidade e deficiência não são consistentes nos sistemas de informação. Além disso, não há definição sobre os conceitos de incapacidade e deficiência que caracterizam o novo padrão epidemiológico. Diferentes definições sobre deficiência podem ser relevantes para garantir a pluralidade do fenômeno nos diferentes âmbitos políticos. Um indivíduo pode ser considerado como deficiente para uma determinada política social e saudável para outra. Se por um lado são aceitáveis diferentes definições de incapacidade e deficiência para o âmbito das políticas sociais, o mesmo não é verdade para a generalização dos dados de prevalência utilizados nos sistemas de informação. Este panorama coloca em pauta a necessidade de uma ferramenta comum para a definição e descrição desses fenômenos na população (Cerniauskaite et al., 2011). 1.2 Sistemas de Informação Grandes investimentos vêm sendo realizados pelos países com o objetivo de capturar dados sobre o panorama de saúde da população, possibilitando a compreensão atual dos problemas sanitários. Faz-se necessário aprimorar a qualidade das informações, de modo que os esforços empregados no aprimoramento da saúde populacional possam ser mais efetivos. A percepção da qualidade das informações se traduz através de diversas iniciativas, como: padronização das terminologias, facilidade de acesso as informações, disseminação dos processos envolvidos na elaboração dos indicadores, produção e análise dos dados (Lima, 2010). No Brasil, as informações em saúde assumem um escopo cada vez mais amplo, não se limitando somente as informações que são produzidas pelo Ministério da Saúde. Somam-se as informações do Ministério, as informações produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), sistemas de informação de outras entidades públicas, dentre outras. Contudo, existe ainda a dificuldade em se delimitar a abrangência das informações em saúde considerando o conceito amplo do processo saúde-doença (que engloba as condições gerais de vida e trabalho da população). É sabido que as informações em saúde podem se traduzir em ações voltadas à melhoria das condições e práticas de saúde. No entanto, apesar dos grandes avanços e esforços tecnológicos na área, a não utilização do conhecimento pelos profissionais e instituições de saúde, faz com que o uso das informações seja limitado, reforçando assim a lógica fragmentadora e a gestão pulverizada das informações. Alguns diagnósticos relacionados à produção e a gestão da informação em saúde no Brasil se relacionam a falta de 20 integração entre as informações produzidas, sistemas desarticulados e desintegrados, produção de informação duplicada, fragmentada e redundante, dificuldades de acesso e disseminação das informações (Pinto, 2010). A mudança do padrão epidemiológico, a ampliação da jurisdição do processo saúdedoença e a promoção em saúde coloca em pauta a necessidade de aprimorar e reorientar os informações em saúde. Estas se tornaram fundamentais para a avaliação, implantação, planejamento e gestão tanto em nível individual como em coletivo. Embora as informações provenientes de fontes secundárias sejam de extrema importância, não são suficientes para responder as questões atuais. Estes fatores em conjunto apontam para a necessidade da realização de inquéritos nacionais de saúde. No Brasil, as informações em saúde são obtidas pelos Sistemas Nacionais de Informação em Saúde que são subordinados ao Sistema Único de Saúde e aquelas obtidas pelos inquéritos nacionais ou regionais realizados principalmente a partir da década de 80 (Malta et al., 2008) Os inquéritos de prevalência de agravos a saúde são provavelmente a forma mais encontrada de inquéritos de saúde. Tem o intuito de obter dados sobre a frequência de agravos à saúde que ocorrem na população. Faz-se importante que os dados obtidos nos inquéritos reproduzam a verdadeira situação que existe na população e que possam ser quantificados, mesmo que as informações sejam constituídas por opiniões, sensações e outras manifestações subjetivas. Os inquéritos podem ser classificados de maneiras distintas e estão dispostos no quadro 2. Existem os que são por entrevistas e os que são por exames (clínicos e/ou laboratoriais); de acordo com a extensão que alcancem (nacionais ou locais); em função dos tipos de prevalência de agravos a saúde incluídos na pesquisa, os gerais abrangem todos os agravos à saúde e os específicos somente um dano à saúde ou um grupo de condições. Podem também ser classificados em função da medida de frequência da doença utilizada (incidência e prevalência) e em função da base de dados (populacionais ou institucionais) (Pereira, 1995). Em relação às bases de dados secundários dos sistemas de informação, as de dados epidemiológicos são as tradicionalmente empregadas para a construção de indicadores de saúdem que juntamente com os demais indicadores (sociais, demográficos e econômicos), permitem realizar e elaborar diagnósticos sobre as condições de vida e da população, e servir como instrumento na avaliação de programas de intervenção (Coeli et al., 2009). A utilização integrada das bases de dados secundários e primários potencializa a utilidade das bases por contribuir para uma melhor qualidade dos dados registrados e 21 ampliando dessa forma a possibilidade do escopo de análises e o seguimento longitudinal das coortes (Coeli et al., 2009). Em relação aos dados sobre mortalidade, há uma ampla disponibilidade dos dados. Cabe destacar a unanimidade do conceito de morte, que não varia em função das diferenças sociais e culturais. Estas variações interferem de maneira mais direta na aferição de eventos relacionados à saúde, como a percepção de bem-estar e a avaliação da qualidade de vida, dificultando a uniformidade dos conceitos contidos dentro dos fenômenos de morbidade (Costa et al., 2009). Além disso, não há uma uniformidade no padrão de descrição da linguagem utilizada nos instrumentos de coleta dos dados de prevalência, o que dificulta a comparação e utilização de modo complementar dentro dos sistemas de informação em saúde. No cenário epidemiológico atual, um diagnóstico de doença pode ou não ser acompanhado de co-morbidades. Fatores como gravidade, extensão, natureza e enfrentamento da doença podem determinar o grau de saúde que os indivíduos experimentam. Instrumentos que mensurem a independência ou dependência nas atividades básicas, instrumentais e avançadas de vida diária e qualidade de vida passam a ser fundamentais no dimensionamento e caracterização do impacto das doenças. Estes instrumentos têm como característica quantificar fatores subjetivos da percepção dos indivíduos e podem ser diferenciados entre os que avaliam o estado como um todo da saúde e os que têm foco em determinadas dimensões como, dor, incapacidade, bem estar e etc. Esta temática é uma das questões centrais no aprimoramento dos instrumentos (tanto de bases de dados primárias, como secundárias), pois tratam da validação, desenvolvimento e avaliação das escalas, instrumentos e questionários utilizados. O padrão de uniformidade em uma linguagem unificada possibilitaria comparações internacionais, intersetoriais e interdisciplinares (Raty et al.,2003). 1.2.1 Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) implantou no país no ano de 1967, um sistema de pesquisas domiciliares com objetivos diversos, denominado Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). A investigação tem o objetivo de buscar informações não-disponíveis ou não-suficientemente cobertas pelos sistemas convencionais de informação econômica e social, de maneira a traçar um panorama geral e atualizado do país. A PNAD é um inquérito anual (com exceção dos anos censitários), utiliza medidas de prevalência e é realizado com amostras probabilísticas. As informações que são produzidas 22 pelo inquérito enfatizam as principais finalidades do inquéritos: demonstrar a situação da época, através de dados quantitativos sobre certos aspectos da população. As informações podem ser utilizadas em comparações entre regiões, antecipação de tendências e nas atividades de planejamento, como subsidiar e justificar medidas de intervenção. Tratando-se de inquéritos de prevalência, que se repetem a intervalos regulares, seus resultados possibilitam o acompanhamento da evolução da situação e avaliação dos objetivos realmente alcançados e suas respectivas proporções (Pereira, 1995). Por solicitação do Ministério da Saúde foi elaborado e realizado um suplemento com o tema Saúde no ano de 1998, visando à produção de informações comparativas sobre a evolução do quadro geral de acesso aos serviços de saúde e informações sobre morbidade. Nos anos de 2003 e 2008 outro suplemento similar ao de 1998 foi realizado (Travassos et al.,2008). Tabela 1: Temas dos Suplementos da PNAD, 1972-2008. Ano dos Suplementos da PNAD 1972 1973 1976 1977 1978 1979 1981 1982 1983 1984 1985 1986 1987 1988 1989-1990 1992-1993 1995 1996 1997 1998 1999 2001 2003 Tema Fecundidade, Rendimento, Bens de Consumo Fecundidade e Migração Migração, Cor, Religião e Fecundidade Bens de consumo duráveis, Características das habitações e Fecundidade Fecundidade Consumo de energia Saúde Educação Previdência e Mão-de-obra Fecundidade e Nupcialidade – transição demográfica Situação do menor Acesso aos serviços de saúde, Suplementação alimentar, Associativismo e Anticoncepção Cor (1 quesito) Participação político-social/vitimização Trabalho Migração, Fecundidade e Nupcialidade Migração, Fecundidade e Nupcialidade Mobilidade social Migração e Fecundidade Acesso e utilização dos serviços de saúde Migração e Fecundidade Trabalho infantil Acesso e utilização dos serviços de saúde 23 Educação, segurança alimentar e transferência de renda em programas sociais Acesso a internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal 2005 Trabalho infantil, aspectos complementares da educação e 2006 transferência de renda em programas sociais Educação de jovens e adultos e educação tecnológica profissional 2007 Acesso e utilização dos serviços de saúde 2008 Fonte: Travassos et al., 2008. 2004 O primeiro inquérito com a temática da saúde foi a campo no ano de 1981 e contemplou diversos temas, como, morbidade, uso de serviços de saúde, cobertura vacinal, cuidado da mãe e da criança, hospitalização, assistência odontológica, portadores de deficiência e incapacidade física, além de informações sobre gastos privados em saúde e fontes de financiamento do consumo de serviços de saúde. Após dezessete anos sem informações de saúde nos suplementos da PNAD, foi aplicado um novo questionário sobre acesso e utilização de serviços. Com isto, foi inaugurada uma série histórica qüinqüenal de informação de base populacional sobre saúde e consumos de serviços de saúde. Esta serie histórica possibilita o acompanhamento de aspectos relevantes da saúde da população brasileira e o monitoramento com distintos recortes geográficos e socioeconômicos, possibilitando a incorporação das informações de saúde pela sociedade e por diferentes áreas do governo favorecendo as ações intersetoriais (Travassos et al., 2008). Embora o suplemento tenha importância fundamental existem algumas limitações. Uma das limitações dos inquéritos populacionais é o fato de que geralmente, o desenho do estudo ou o tamanho da amostra não possibilita geração de estimativas para áreas pequenas, o que vai de encontro ao caráter descentralizado proposto pelo SUS. Outro aspecto metodológico limitante é o uso de informantes secundários que são empregados nos inquéritos. Como suplemento da PNAD, o suplemento saúde tem limitações referentes ao número de quesitos que pode conter, sob pena de inviabilizar a própria PNAD que por si só já é bastante longa e demorada (Viacava et al., 2006). Analisando os questionários utilizados nos Suplementos percebe-se que no ano de 2003, o módulo de saúde dos moradores se dividiu em: morbidade, cobertura de plano de saúde, acesso aos serviços de saúde, utilização dos serviços de saúde e internação. Já no ano de 2008, além das divisões supracitadas, foram incluídas questões referentes a atendimento de urgência no domicílio, violência, acidente de trânsito e sedentarismo. Já no módulo que tratava sobre a mobilidade física e fatores de risco a saúde dos moradores, foi abordado o 24 tema de atividade física. Os módulos contidos nos Suplemento Saúde da PNAD estão dispostos na tabela 1. Tabela 2. Módulos contidos nos instrumentos de coleta do Suplemento Saúde da PNAD (1998, 2003 e 2008). 1998 1. Saúde dos moradores 2003 2008 1. Acesso aos serviços preventivos de saúde em mulheres (25 anos ou mais de idade) 1. Acesso aos serviços preventivos de saúde em mulheres (25 anos ou mais de idade) 2. Mobilidade física dos 2. Saúde dos moradores moradores de 14 anos ou mais de idade 2. Saúde dos moradores X 3. Mobilidade física dos 3. Mobilidade física e fatores de moradores de 14 anos ou mais risco à saúde dos moradores de de idade 14 anos ou mais de idade X X 4. Tabagismo dos moradores (15 anos ou mais) No Suplemento Saúde dos anos de 1998, 2003 e 2008, três domínios relativos ao conceito de qualidade de vida relacionada à saúde foram abordados: deficiências (morbidade referida para doenças crônicas), percepção sobre o próprio estado de saúde e funcionalidade. A avaliação da funcionalidade se deteve sobre a restrição e a limitação das atividades de vida habituais. Em relação à restrição das atividades habituais, foi feita por meio de dois indicadores que contemplavam o número de dias com restrição de tais atividades e o número de dias acamado, ambos por motivos de saúde, nas duas últimas semanas. Já a limitação das atividades foi feita por meio de um questionário com sets itens dirigido para pessoas com 14 anos de idade ou mais. Em todos os itens, o grau de dificuldade da tarefa foi medido por uma escala ordinal com quatro níveis (não tem dificuldade, tem pequena dificuldade, tem grande dificuldade e não consegue). Caso a resposta ao primeiro item indicasse uma dificuldade completa para a realização das atividades de cuidado pessoal, a avaliação era encerrada sem que os outros itens fossem respondidos (Costa, 2008). 1.3 A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde 25 A mensuração da capacidade funcional, mobilidade e de atividades físicas são freqüentemente utilizadas em estudos de base populacional. Em adição, a mensuração de níveis de funcionalidade oferece uma forma conveniente de comparar o impacto de diferentes tipos de doença nas diferentes populações em distintos momentos. A mensuração também fornece informações importantes sobre a necessidade de assistência em cuidado pessoal, na habilidade de viver de forma independente e no prognóstico (Raty et al., 2003). Na tentativa de unificar as diferentes linguagens utilizadas no entendimento dos processos de funcionalidade, incapacidade e deficiência, a OMS publicou a Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF). A CIF é fundamentada a partir de uma abordagem biopsicossocial, integrando as várias perspectivas da saúde (biológica, individual e social), descritos nos componentes: Estrutura e Função do corpo; Atividade e Participação, permeados pelos Fatores Ambientais (Sampaio & Luz, 2009). A funcionalidade é utilizada para designar os aspectos positivos da condição de saúde, ou seja, que não apresentam problemas (neutros) e Incapacidade para os negativos, resultante da disfunção apresentada pelo indivíduo, limitação de suas atividades e restrição de suas participações sociais (Farias & Buchalla, 2005). Após sua publicação surgiu à necessidade de explorar o uso prático da CIF nas pesquisas epidemiológicas. Existe a possibilidade de ligação dos instrumentos já esclarecidos e utilizados na literatura e suas características psicométricas com as categorias presentes na CIF (Raty et al., 2003). Através do processo de ligação de medidas clínicas e do estado de saúde com a CIF pode se obter a dimensão da capacidade de cobertura de ferramentas e questionários utilizados nos processos de avaliação em relação aos componentes da funcionalidade e da qualidade de vida e dessa forma complementar a avaliação com outros instrumentos que cubram aspectos pertinentes e relevantes, consagrados na literatura como bons preditores dos quadros de morbidade e mortalidade (Cieza et al., 2005). Há algumas décadas, começou a ser construído o conceito de Família das classificações da OMS. Este conceito decorre da percepção que apenas uma classificação não teria capacidade de cobrir todas as possibilidades que se relacionam ao processo saúdedoença. Questões sobre estados referentes a conseqüências das doenças deveriam ser coletados, quantificados e avaliados. A concretização dessa família de classificações se dá a partir de uma nova abordagem em relação às estatísticas de saúde (Buchalla e Laurenti, 2010). Em 1980, a OMS elaborou uma classificação para descrever as conseqüências das condições adversas de saúde ou doenças, denominada Classificação Internacional de Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID). Esta classificação tinha como 26 referencial teórico a incapacidade, dividida em três dimensões, operacionalizadas como conseqüência de uma doença ou lesão em uma seqüência linear. As conseqüências das doenças se manifestavam como danos/lesões no nível corporal, que eram definidas como anormalidades corporais ou de estruturas orgânicas e funções (impairments/deficiências); incapacidade, definida como restrição da habilidade pessoal para realizar tarefas básicas (disability/incapacidade); e desvantagem experimentada ao desempenhar um papel social (handicap/ desvantagem). A concepção de um modelo de relação causal linear no qual o dano a uma estrutura ou função corporal leva a uma incapacidade e esta a determina como uma desvantagem para a realização dos papéis sociais começou a sofrer críticas e questionamentos. Dentre os questionamentos, estava a progressão fixa de uma seqüência de eventos baseada em acometimentos clínicos. Diante da necessidade de adequação do modelo, diversos centros colaboradores da OMS, em conjunto com organizações governamentais e não governamentais, incluindo grupos de pessoas portadoras de necessidades especiais, se engajaram para revisar a CIDID. Em 2001, a OMS aprovou a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF é um sistema de classificação que descreve a funcionalidade e incapacidade relacionada às condições de saúde, refletindo uma nova filosofia que deixa de focalizar apenas as conseqüências da doença para destacar também a funcionalidade como um componente da saúde. O modelo teórico da CIF avança em relação à CIDID à medida que classifica a saúde pela perspectiva biológica, individual e social em uma relação multidirecional (OPAS-OMS, 2003). A CIF é considerada pela OMS como uma das duas classificações internacionais para informações em saúde e relacionada à saúde. A outra classificação é a Classificação Internacional de Doenças (CID). Condições de saúde geralmente são classificadas utilizando a CID-10, compreendendo diagnósticos de doenças, desordens e outras condições de saúde. E os fenômenos de funcionalidade e incapacidade associados a tais condições são classificados pela CIF (Stucki, 2005). Dessa forma, a oferta de recursos para a identificação e avaliação das reais necessidades em saúde, permitirá o acompanhamento de medidas que possam refletir bons resultados na qualidade de vida a nível individual e populacional. A CIF resulta do interesse em ter conhecimento e aprofundamento sobre as conseqüências dos problemas de saúde e sobre os acontecimentos que sucedem um diagnóstico. Diferente do que ocorre com a CID, que é amplamente utilizada como uma ferramenta epidemiológica, a CIF pode ser utilizada em outras áreas, como Educação e Reabilitação e Seguridade Social. 27 A CIF tem o objetivo de sintetizar de modo coerente a visão das diferentes perspectivas em saúde (principalmente a biomédica e a social) a partir de um panorama individual, biológico e social. Fornece uma abordagem múltipla para a classificação da funcionalidade e incapacidade através de um processo interativo e evolutivo (Raty et al., 2003). O diagrama representado na figura I demonstra o entendimento da interação dos componentes da CIF. A interação entre os componentes no modelo se dá em duas direções, e as intervenções que afetam um componente podem potencialmente modificar um ou mais dos outros componentes. Figura 1. Modelo de interação dos conceitos da CIF. Condição de Saúde (desordem ou doença) Funções/ Estruturas Corporais Fatores Ambientais Atividades Participação Fatores Pessoais Fonte: OPAS/OMS, 2003. A CIF possui uma estrutura hierárquica. É apresentada em duas partes, cada uma contendo dois componentes separados. A primeira parte é relacionada à Funcionalidade e Incapacidade e inclui os componentes: Funções Corporais (b) e Estruturas Corporais (s) e Atividades e Participação (d). A parte 2 se relaciona aos fatores contextuais e inclui os componentes: Fatores Ambientais (e) e Fatores Pessoais (não passíveis de classificação alfanumérica). Cada componente consiste de vários domínios e, cada domínio consiste de várias categorias que são as unidades da classificação (Sampaio e Luz, 2009). A classificação visa fornecer um sistemático esquema de codificação para os sistemas de informação em saúde. Pode ser utilizada como uma ferramenta estatística tanto para a coleta quanto para o registro de dados e como ferramenta de pesquisa. A CIF é um excelente 28 sistema de classificação, pois fornece um padrão operacional para as definições de funcionalidade e incapacidade relacionadas às condições de saúde (Nubila e Buchalla, 2008). Quadro 2 Quadro de definições da CIF. Componente Definição Funções do Corpo (b) Funções fisiológicas Estruturas do Corpo (s) Estruturas anatômicas Atividade (d) Execução de uma tarefa ou ação Participação (d) Envolvimento de um indivíduo em uma situação real Fatores Ambientais (e) Ambiente físico, social e de atitudes em que a pessoa vive Fatores Pessoais (não passíveis de classificação) Histórico particular da vida e do estilo de vida de um indivíduo Deficiência Problemas nas funções e/ou estruturas do corpo Termo genérico ("chapéu") para deficiências, limitações de atividade e restrições na participação. Ele indica os aspectos negativos da interação entre um indivíduo (com uma condição de saúde) e seus fatores contextuais (ambientais e pessoais). Fonte: Adaptado de OPAS/OMS, 2003. Incapacidade Os conceitos de estado de saúde, estado funcional, bem estar, qualidade de vida e qualidade de vida relacionada à saúde, muitas vezes são aplicados de maneira indistinta em pesquisas de resultados, o que dificulta o entendimento, interpretação e comparação dos resultados. Enquanto a incapacidade se refere às limitações e restrições relacionadas a um problema de saúde, a qualidade de vida diz respeito a como o indivíduo se sente em relação a essas limitações e restrições. Um grande número de instrumentos concorrentes, relacionados a condições especificas e genéricas, foi desenvolvido ao longo das últimas décadas e novas versões de velhos instrumentos continuam a aparecer na literatura. Por isso, tem se tornado difícil para os investigadores e pesquisadores clínicos selecionar o instrumento mais apropriado, pois com tanta variedade a comparação e interpretação dos resultados com diferentes estudos são complexas. Para direcionar essas mudanças uma ferramenta de referência para o entendimento de tais fenômenos é de extrema importância. Com a CIF, uma nova compreensão conceitual relacionada a medidas de desfecho está emergindo. 29 Representando a possibilidade de relação entre variáveis dependentes e independentes e ajudando a organizar a diversidade dos estudos e a complexidade das possibilidades de interação entre as diferentes variáveis (Cieza et al., 2005). 2. Justificativa Visando a melhoria da qualidade da informação dos Sistemas de Informação em saúde relacionados à deficiência e incapacidade, a CIF aparece no cenário acadêmico como ferramenta com grande aplicabilidade epidemiológica, no entanto, poucos trabalhos na literatura nacional exploraram o tema. Sendo assim, a presente dissertação está estruturada em dois artigos. O primeiro tem o intuito de demonstrar a aplicabilidade da CIF como ferramenta epidemiológica em bases de dados primários. O segundo tem o objetivo de demonstrar como a classificação vem sendo utilizada na prática clínica para o fornecimento de dados secundários relacionados à funcionalidade e a incapacidade. 3. Objetivos O primeiro artigo intitulado “Construtos de Incapacidade na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD): uma análise baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF)” tem o intuito de demonstrar a aplicabilidade da CIF como ferramenta epidemiológica em inquéritos epidemiológicos. Como a presente dissertação tem o objetivo de analisar o inquérito sobre a ótica da incapacidade e deficiência, serão abordados alguns aspectos referentes à deficiência e incapacidade presentes nos Suplementos Saúde da PNAD. O segundo artigo “A Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) e sua utilização na prática clínica: Uma revisão sistemática” tem o objetivo de demonstrar como a classificação vem sendo utilizada na prática clínica para o fornecimento de dados primários e secundários relacionados à deficiência e incapacidade por meio de uma revisão sistemática. 30 4. Artigo I TÍTULO – Construtos de Incapacidade na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD): uma análise baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) RESUMO - Objetivo: realizar a identificação de construtos relacionados a Incapacidade presentes na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) tendo como ferramenta teórica a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). Metodologia: trata-se de estudo metodológico do tipo descritivo. A primeira etapa da pesquisa foi referente à identificação dos blocos presentes no instrumento de coleta que continham conteúdos referentes à funcionalidade, incapacidade e deficiência. Posteriormente, realizou-se a extração dos conteúdos significativos dos blocos e módulos selecionados. Na última etapa, os conteúdos destacados foram codificados para as categorias da CIF. Resultados: os domínios mais frequentes foram os relacionados a atividades e participação, seguido dos domínios de funções do corpo. Apenas um conteúdo se relacionou aos fatores ambientais. Conclusão: a CIF é uma ferramenta com grande aplicabilidade nos sistemas de informação de dados primários. Por sua linguagem universal e perspectiva biopsicossocial, a classificação deve ser mais explorada no campo da epidemiologia. Palavras–Chave: Inquéritos epidemiológicos; Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde; Coleta de dados; Sistemas de Informação; Epidemiologia. ABSTRACT- Objective: To perform the identification of common content between the (PNAD) to the International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF). Methodology: It is a descriptive methodological study. The first stage of the research was related to the identification of the blocks present in the data collection instrument containing content related to functioning, disability and disability. Then carried out to extract the meaningful content of the blocks and modules selected. In the last step, the contents have been coded to the ICF categories. Results: The most common domains were related to activities and participation, followed by the domains of body functions. Only um content was related to environmental factors. Conclusion: The ICF is a tool with wide applicability in the information systems of primary data. For its universal language and biopsychosocial perspective, the classification should be further explored in the field of epidemiology. Key-Words: Health Surveys; International Classification of Functioning, Disability and Health, Data collection; Information Systems; Epidemiology. 31 INTRODUÇÃO A importância de inquéritos populacionais como fontes de informações sobre saúde é amplamente reconhecida. Servem como fonte primária de dados que só podem ser obtidas de tal maneira e são úteis para o estudo de desigualdades no estado de saúde, no acesso e uso de serviços e no gasto privado. Esses estudos têm a capacidade de fornecer informações pertinentes ao perfil de saúde e dos fatores de risco ou de proteção em uma determinada população. Podem ter ainda atualização periódica e cobrir distintas regiões geográficas. Além disso, é possível correlacionar dados de problemas de saúde com as condições socioeconômicas e assim dimensionar a iniquidade em saúde persistente no quadro nacional (Viacava et al., 2006). A necessidade de conhecer a realidade epidemiológica reafirma o papel dos inquéritos domiciliares de saúde como ferramenta ideal para a geração dos dados, através de estudos transversais com periodicidade previamente definida havendo também a possibilidade de realização em diferentes períodos, sendo possível avaliar em uma perspectiva longitudinal e temporal o efeito de intervenções como as políticas de saúde que visam à promoção da saúde e comparar os diferentes padrões de polarização epidemiológica (Waldman et al., 2008). Desde o início de sua história, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) foi responsável pela elaboração e produção de uma série de pesquisas cujo conteúdo foi bastante significativo para a produção de informações sobre as características demográficas e socioeconômicas da população brasileira. Uma das ferramentas utilizadas pelo Instituto para a produção das informações é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) (Oliveira e Simões, 2005). Desde a década de 50, há uma expansão no desenvolvimento de medidas de avaliação funcional para aplicações clínicas, em pesquisa e nos inquéritos. A maioria dos instrumentos se baseia na autoavaliação dos indivíduos, na observação direta de um indivíduo desempenhando uma variedade de testes ou em medidas baseadas em desempenho. O desenvolvimento de medidas de avaliação funcional vem sendo criticadas por serem descoordenadas. Uma razão para isso é a falta de uma ferramenta teórica e conceitual clara. Da perspectiva dos inquéritos domiciliares de saúde isso dificulta a comparação de resultados 32 (Raty et al., 2003). A aferição da ocorrência de deficiência em grupos populacionais tem sido alvo de discussão acadêmica (McDermoth & Turk, 2011; Altman, 2011) e até mesmo possíveis distorções nos números são apontadas (Altman & Gulley, 2009). Esses problemas podem decorrer das dificuldades teóricas em torno do termo deficiência. Visando unificar a linguagem dos processos de funcionalidade e incapacidade, a Organização Mundial de Saúde em 2001, publicou a Classificação Internacional de Funcionalidade (WHO, 2001), que se baseia em uma abordagem biopsicossocial, uma síntese das abordagens médica e social ao processo de incapacidade, onde cada dimensão desse processo (Funções e Estruturas corporais, Atividades e Participação) é conceitualizada como uma interação dinâmica entre os fatores intrínsecos ao indivíduo e o seu ambiente físico e social (Fatores ambientais) (Sigl et al., 2006). A informação da CIF se organiza através de dois componentes. A parte 1 diz respeito à funcionalidade e incapacidade e é representada pelas categorias de Funções do Corpo (b), Estruturas do Corpo (s) e Atividades & Participação (d). A parte 2 trata dos Fatores contextuais e contem os Fatores Ambientais (e) e os Fatores Pessoais (OPAS-OMS, 2003). Considerando a relevância da PNAD como peça fundamental no sistema de informação de bases de dados primários em saúde no âmbito nacional, ao se fazer o processo de identificação dos conteúdos comuns presentes no instrumento de coleta da pesquisa com a CIF, será possível evidenciar de que maneira o inquérito aborda a temática da deficiência e dos processos de funcionalidade e incapacidade. Com esse panorama pode-se proceder à identificação das dimensões do processo incapacitante possivelmente não contempladas e ajustes no questionário podem ser sugeridos, podendo também complementar a avaliação com outros instrumentos que cubram outros componentes pertinentes e relevantes, já que estes são consagrados na literatura como bons preditores dos quadros de morbidade e mortalidade (Fayed, et al., 2011).Sendo assim, o presente estudo tem o objetivo de fazer a identificação de conteúdos comuns referentes à deficiência, incapacidade e funcionalidade presentes no instrumento de coleta da PNAD – 2008 com a CIF. METODOLOGIA Trata-se de estudo metodológico, do tipo descritivo. O instrumento de coleta analisado foi referente ao Suplemento Saúde da PNAD – 2008, descrito no Quadro 1. O estudo foi divido em 3 etapas dispostas na figura 1. 33 Quadro 1. Blocos e Seções do instrumento de coleta da PNAD – 2008. Blocos da PNAD - 2008 Seções 1 - Acesso aos serviços preventivos de saúde em mulheres (25 anos ou mais de idade) X 2 - Saúde dos Moradores Morbidade; Cobertura de Plano de Saúde; Acesso aos serviços de saúde; Utilização dos serviços de saúde; Internação; Atendimento de urgência no domicílio; Violência; Acidente de trânsito; Sedentarismo 3 - Mobilidade física e fatores Atividade Física de risco à saúde dos moradores de 14 anos ou mais de idade Tabaco fumado; Usuário diário de tabaco fumado; usuário ocasional de tabaco fumado; Ex-usuário de tabaco fumado; Tabaco sem 4 - Tabagismo dos moradores fumaça; Usuário diário de tabaco sem fumaça; usuário ocasional de (15 anos ou mais) tabaco sem fumaça; Usuário ocasional de tabaco sem fumaça; Exusuário de tabaco sem fumaça Fonte: IBGE. Disponível em www.ibge.gov.br A primeira etapa consistiu da análise dos blocos e seções do instrumento de coleta. A segunda etapa foi referente à extração dos conteúdos significativos das questões das seções e blocos selecionados e a terceira etapa relacionou-se a ligação do conteúdo significativo selecionado com a categoria da CIF mais precisa. Foram selecionados os blocos de Saúde dos Moradores (Seção de Morbidade) e o Bloco sobre Mobilidade física e fatores de risco à saúde dos moradores de 14 anos ou mais de idade (Todas as seções). Para a identificação do conteúdo comum do questionário do inquéritos com a CIF, o conteúdo das questões foi analisado. A CIF foi utilizada como um guia e as perguntas do instrumento de coleta foram mapeadas com as categorias da CIF. O processo de ligação entre os questionários dos Inquéritos e a CIF é baseado na metodologia amplamente difundida na literatura (Glassel et al., 2011; Khan et al., 2010; Geyh et al., 2007; Schepers et al., 2007), proposta por Cieza et al (2005). Os autores propuseram oito regras para ligação entre as medidas de resultado (medidas clínicas, do estado de saúde e técnicas) com a CIF e mais cinco regras adicionais (dispostas nos Quadros 2 e 3). As regras 34 específicas determinam que todos os conceitos significantes devam ser considerados antes de se realizar a ligação com as categorias da CIF e que as opções de resposta quando contenham conceitos relevantes sejam incluídas. No caso do conceito de algum item conter exemplos, estes também devem ser ligados. Estas regras foram desenvolvidas baseadas na experiência acumulada durante o processo de ligação de centenas de documentos de medidas clínicas e do estado de saúde realizadas desde a publicação da CIF em 2001. Figura 1. Fluxograma das etapas realizadas na metodologia do trabalho. Quadro 2. Regras de ligação da Classificação Internacional de Funcionalidade. Número 1. Regra Após uma pessoa fazer a ligação dos conceitos presentes com as categorias da CIF, outro deve ter bom conhecimento sobre os conceitos e propriedades taxonômicas 35 fundamentais da CIF, assim como dos capítulos, domínios, categorias e de detalhes da classificação, incluindo suas definições 2. Cada conceito significativo deve ser ligado com a categoria da CIF mais precisa 3. A denominação “outra especificada” representada unicamente pelo código de número 8 não deve ser utilizada. Caso o conteúdo de um conceito significativo não seja expressamente indicado com a categoria da CIF correspondente, a informação adicional que não pode ser ligada deve ser documentada 4. A denominação “não especificada” representada pelo código de número 9 não deve ser utilizada. Nesse caso, a categoria de menor nível hierárquico deve ser utilizada 5. Se a informação fornecida pelo conceito significativo não é suficiente para tomar uma decisão sobre a categoria da CIF mais precisa, o conceito deve ser ligado à denominação nd (não-definida) Casos especiais para essa regra: a. Conceitos significativos referentes à saúde, saúde física ou mental (emocional), devem ser atribuídas às siglas nd-gh, nd-ph ou nd-mh (não definido- saúde geral, não definido – saúde física ou não definido-saúde mental), respectivamente b. Conceitos significativos referentes à qualidade de vida devem ser atribuídos a nd-qol (não definido-qualidade de vida) 6. Se o conceito significativo não está contido na CIF, mas é claramente um fator pessoal, deve ser atribuído a sigla pf (fator pessoal) 7. Se o conceito significativo não está contido na CIF e claramente não é um fator 36 pessoal, deve ser atribuída a sigla nc (não coberto) 8. Se o conceito significativo se refere a um diagnostico ou a uma condição de saúde, deve ser atribuída a sigla hc (health condition) Fonte: Adaptado de Cieza et al., 2005. Quadro 3. Regras específicas para ligação das medidas do estado de saúde. Nota a. Regras específicas para medidas do estado de saúde Após iniciar o processo de ligação das medidas do estado de saúde com as categorias da CIF, identificar todos os conteúdos significativos dentro de cada item em consideração b. As opções de resposta de um item devem ser ligadas as categorias da CIF, caso contenham conceitos significativos c. O intervalo de tempo a que os itens se referem como “durante a semana passada” não deve ser ligado a CIF d. Se um dos conceitos significativos de um item é explicado através de exemplos, tanto o conceito como o exemplo deve ser ligado. No entanto, a categoria da CIF a que os exemplos forem ligados deve ser colocada entre parênteses. Fonte: Adaptado de Cieza et al., 2005. RESULTADOS Em relação à Seção de Morbidade do Bloco sobre Saúde dos Moradores, das dezoito perguntas foram extraídos quarenta e um conteúdos significativos. Já para o Bloco sobre Características de Mobilidade física e fatores de risco à saúde dos moradores de 14 anos ou 37 mais de idade, das dezesseis perguntas foram extraídos quarenta e cinco conteúdos, conforme disposto na Figura 2. Figura 2. Número de conteúdos significativos identificados na PNAD – 2008 e suas distribuições entre os componentes da CIF. 34 perguntas contidas nos Blocos e Seções selecionadas 86 conteúdos extraídos 39 não ligados a CIF 47 ligados a CIF 39 ligados a Atividade e Participação 7 ligados a Funções Corporais 1 ligado a Fatores Ambientais Dos 86 conteúdos significativos extraídos do questionário do Suplemento Saúde da PNAD do ano de 2008, 39 são referentes a categorias de Atividades & Participação (d), 7 referentes a Funções Corporais (b), 1 referente a Fatores Ambientais (e), 31 não são cobertos pela classificação, 2 eram não definíveis – saúde mental, 5 não definíveis - Atividades & Participação e 1 não definível- saúde geral. A análise descritiva está disposta no Quadro 4 e a análise por frequências relativas está disposta na Tabela 1. Tabela 1. Frequências relativas dos resultados da ligação dos módulos selecionados do instrumento de coleta de dados da PNAD 2008 com a CIF. 38 Resultados da Ligação PNAD 2008 com a CIF (Morbidade e Características de Mobilidade Física e Fatores de Risco a Saúde dos Moradores de 14 anos ou mais de idade) Funções Corporais (b) F fr (%) 7 8,1 39 45,3 Fatores Ambientais (e) 1 1,1 Não definível - Atividade e Participação (nd - A&P) 5 5,8 Não definível - Saúde Mental (nd - mh) 2 2,3 Não definível - Saúde Geral (nd - gh) 1 2,3 Não coberto 31 36 Total 86 100 Atividade e Participação (d) Legenda: F – Frequência Absolta e fr – frequência relativa. Para o Bloco de Saúde dos Moradores (seção de Morbidade), dos 41 conteúdos significativos extraídos, 3 se referem a categorias de Atividades & Participação (d), 6 referentes a Funções Corporais (b), 26 não são cobertos pela classificação, 2 eram não definíveis – saúde mental, 3 não definíveis - Atividades & Participação e 1 não definívelsaúde geral. Para a seção sobre Características de Mobilidade Física e Fatores de Risco a Saúde dos Moradores de 14 anos ou mais de idade, dos 45 conteúdos, 36 se referem a Atividades e Participação, 1 se refere a Fatores Ambientais, 1 a Funções corporais, 2 não definíveis Atividades & Participação e 5 não eram cobertos pelos domínios da CIF. . Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF. Pergunta da PNAD 39 Conteúdo significativo Módulo Morbidade (Condição de saúde) 3 - De um modo geral, considera o seu próprio estado de saúde como: Estado de saúde Categoria da CIF nd-gh Atividades habituais 4 – Nas duas ultimas semanas, deixou de realizar quaisquer de suas (trabalhar, ir à escola, nd-A&P (d850- Trabalho remunerado, d820 – atividades habituais (trabalhar, ir à escola, brincar, afazeres brincar, afazeres domésticos) Educação escolar, nd-A&P, d640 – Realização de domésticos etc) por motivo de saúde? tarefas domésticas) 5 - Nas duas ultimas semanas, quantos dias deixou de realizar suas Dias atividades habituais por motivo de saúde? nc 6 – Qual foi o principal motivo que impediu de realizar suas Atividades habituais atividades habituais nas duas ultimas semanas? nd-A&P 01 – Diarréia ou vomito Diarréia, vomito b525 – Funções de Regurgitação e vômito 02 – Problema respiratório Problema respiratório b4 – Funções dos sistemas cardiovascular, hematológico, imunológico e respiratório 03 – Problema de coração ou pressão b4 – Funções dos sistemas cardiovascular, Problema de coração, hematológico, imunológico e respiratório, b420 – problema de pressão Funções da pressão sanguínea 04 – Dor nos braços ou nas mãos Dor nos braços, dor nas b28014 – Dor em membro superior, b28014 – mãos Dor em membro superior defecação, b5106 – 40 Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação). 05 – Problema mental ou emocional Problema mental, problema emocional nd-mh, nd-mh 06 – Outra doença Outra doença hc 07 – Problema odontológico Problema odontológico hc 08 – Acidente no local de trabalho Acidente no local de trabalho hc 09 – Acidente no trânsito Acidente no trânsito hc 10 – Outro acidente Outro acidente hc 11 – Agressão Agressão hc 12 – Outro motivo Outro motivo hc 7 – Nas duas ultimas semanas, esteve acamado (a)? Acamado 8 – Nas duas ultimas semanas, quantos dias esteve acamado (a)? Dias nd-gh nc 9 – Algum médico ou profissional de saúde disse que tem doença de Doença de coluna, doença de hc, hc costas coluna ou costas? 10 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem artrite ou reumatismo? Artrite, reumatismo hc, hc hc 11- Algum médico ou profissional de saúde disse que tem câncer? Câncer 12 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem diabetes? Diabetes hc 41 Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação). 13 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem bronquite Bronquite, asma ou asma? hc, hc 14 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem hipertensão Hipertensão (pressão alta)? hc 15 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem doença do Doença do coração coração? hc 16 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem Insuficiência renal crônica insuficiência renal crônica? hc 17 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem depressão? Depressão hc 18 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem Tuberculose tuberculose? hc 19 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem tendinite Tendinite, tenossinovite ou tenossinovite? hc 20 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem cirrose? Cirrose hc Características de Mobilidade Física e Fatores de Risco a Saúde dos Moradores de 14 anos ou mais de idade Alimentar-se 3 – Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para Tomar banho alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro? Ir ao banheiro 4 – Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para correr, levantar objetos pesados, praticar esportes ou realizar trabalhos pesados? Correr d550 – Comer d510- Lavar-se d530 – Cuidados relacionados aos processos de excreção d4552 – Correr 42 Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação). 5 – Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para empurrar mesa ou realizar consertos domésticos? Levantar objetos d430 – Levantar e carregar objetos Praticar esportes d9201 – Praticar esportes Realizar trabalhos pesados nd-A&P Empurrar mesa d4551 – Empurrar Realizar domésticos consertos Subir ladeira 6 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para subir Subir escada ladeira ou escada? 7 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para abaixar-se, ajoelhar-se ou curvar-se? d440 – Uso fino da mão d4502 – Andar sobre superfícies diferentes d4551 - Subir Abaixar-se d4101 – Agachar-se Ajoelhar-se Curvar-se d4102 – Ajoelhar-se d4105 – Inclinar-se Andar mais que um d4501 – Andar distâncias longas 8 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para andar quilômetro mais do que um quilômetro? 9 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para andar Andar cerca de 100 metros d4500 – Andar distâncias curtas cerca de 100 metros? Fazer compras de alimentos d6200 – Comprar 9a - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para fazer Fazer compras de roupas d6200 – Comprar compras de alimentos, roupas e medicamentos sem ajuda? Fazer compras de d6200 – Comprar medicamentos 43 Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação). Ajuda 10 – Costuma ir a pé ou de bicicleta de casa para o trabalho? 11 – Quanto tempo gasta para ir e voltar do trabalho? Ir a pé d450 – Andar Bicicleta d475 – Conduzir Casa nc Trabalho d850 – Trabalho remunerado Tempo nc Trabalho d850 – Trabalho remunerado Andar 12 – No seu trabalho, anda a maior parte do tempo, carrega peso ou Carregar peso faz outra atividade que requer esforço físico intenso? 13 – Quem costuma fazer a faxina (limpeza pesada) na sua casa? e3 – Apoio e relacionamentos d450 - Andar d430 – Levantar e transportar objetos Atividade nd – A&P Esforço físico intenso b455 – Funções de tolerância ao exercício Faxina d6402 – Limpar a habitação Exercício físico 14 – Nos três últimos meses, praticou algum tipo de exercício físico Esporte ou esporte d920 – Recreação e Lazer 15 – Qual a modalidade de exercício físico ou esporte que pratica? d920 – Recreação e Lazer, d9201 - Desporto Exercício físico ou esporte d9201 - Desporto 44 Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação). 1 – Caminhada Caminhada 2 – Futebol, basquete, ginástica aeróbica, corrida ou tênis Futebol, ginástica aeróbica, d9201 - Desporto, d920 - Recreação e lazer, d450 corrida ou tênis - Andar, d9200 - Desporto 3 – Outro 4 - Não pratica mais Outro Não pratica nc nc 16 – Quantos dias por semana pratica exercício físico ou esporte Dias por semana nc d450 - Andar 17 – No dia que pratica exercícios físicos ou esporte, quanto tempo Tempo nc dura esta atividade? Legenda: nd-gh (não definível – saúde geral); nd –A&P (não definível – Atividade & Participação); nd-mh (não definível – saúde mental, nc – não coberto. 45 DISCUSSÃO O Ministério da Saúde no ano de 1998 solicitou a realização de um inquérito sobre acesso e utilização de serviços. Com isto, foi inaugurada uma série histórica quinquenal de informação de base populacional sobre saúde e consumos de serviços de saúde. Esta série histórica possibilita o acompanhamento de aspectos relevantes da saúde da população brasileira e o monitoramento com distintos recortes geográficos e socioeconômicos, possibilitando a incorporação das informações de saúde pela sociedade e por diferentes áreas do governo, favorecendo assim as ações intersetoriais (Travassos et al., 2008) A estrutura da PNAD é contemplada por dois níveis informativos, sendo que no primeiro fazem parte, dados em relação aos domicílios e no segundo informações sobre os indivíduos residentes (inclusive aqueles que estão ausentes por um período de até doze meses). No nível do domicilio são coletadas informações sobre características gerais, condições de ocupação, abastecimento de água, esgoto sanitário, iluminação elétrica, bens (telefones fixos, celulares, computador e acesso a internet) e destino de lixo. Já no nível individual, informações demográficas, cor ou raça, migração, características do trabalho e rendimento para maiores de 10 anos de idade, características do trabalho infantil, fecundidade e escolaridade são também contempladas pelo questionário (Travassos et al, 2008). Com a análise do instrumento de coleta do Suplemento Saúde da PNAD 2008 é possível contribuir para uma melhor compreensão dos conceitos de funcionalidade, incapacidade e qualidade de vida contemplados no instrumento. Ao fazer a ligação das medidas do estado de saúde presentes no questionário com a CIF, pode-se verificar a relação existente entre o conteúdo do instrumento com a classificação e assim esclarecer e elucidar seus conceitos, de acordo com a linguagem unificada proposta pela OMS. Analisando as perguntas do instrumento de coleta, em relação ao módulo de saúde dos moradores que tratava das morbidades, as opção de resposta da pergunta 3 ( Como você considera seu estado de saúde geral?), foram “muito bom, bom, regular, ruim, muito ruim”. Estas estão de acordo com as opções utilizadas no questionário de qualidade de vida recomendado pela OMS: WHOQOL (questionário esse traduzido e validado para o português) (Fleck et al, 1999). Já as perguntas 4a, 5 e 6 tratavam sobre incapacidades (a primeira sobre a prevalência de incapacidade, com opções de resposta “sim e não”; a segunda referente à duração da incapacidade nas duas últimas semanas e a terceira sobre o motivo da incapacidade). 46 As perguntas 7 e 8 eram sobre o indivíduo estar acamado e a duração desse processo, respectivamente. As questões de número 9 a 20 diziam respeito à prevalência de agravos de doenças crônicas (com opções de resposta “sim e não”). É importante ressaltar que esta questão se refere ao fato de algum médico ou profissional de saúde ter dito que o indivíduo tem ou não o agravo ou doença crônica, o que diminui o viés de classificação. Esta mudança ocorreu a partir do Suplemento de 2003 (no do ano de 1998, não fazia referência ao médico ou profissional de saúde). No módulo de atividade física, contido dentro do bloco sobre Mobilidade física e fatores de risco, a pergunta 10 que trata sobre como o indivíduo vai para o trabalho (se é a pé ou de bicicleta), existe provavelmente uma dificuldade de se ir de bicicleta em um centro urbano movimentado e que configuraria um possível viés de informação. A pergunta 12 apresenta alguns conteúdos distintos, como andar, carregar peso ou outra atividade que requer esforço físico intenso e que tem como opções de resposta “sim e não”. As atividades perguntadas na questão necessitam de diferentes níveis de capacidade funcional, já que a tarefa de andar requer maior capacidade de membros inferiores e carregar peso depende mais dos membros superiores. A pergunta 13 sobre faxina (limpeza pesada) pode ser fortemente influenciada pelos distintos estratos econômicos e diferenças regionais. A 14 trata sobre exercício físico ou esporte nos últimos três meses e tem como opções de resposta (sim e não), também podem ser influenciadas pelas diferenças e conformidades geográficas de cada região. As opções de resposta sobre características de mobilidade física e fatores de risco à saúde dos moradores são: “não consegue, tem grande dificuldade, tem pequena dificuldade e não tem dificuldade”. Nessa escala com 4 opções não existe a opção moderado que pode ter grande diferença entre a gravidade grande e pequena. Em uma análise de três indicadores sobre a sobre a temática da incapacidade na PNAD-1998, verificou-se que a prevalência de incapacidade para abaixar-se, ajoelhar-se ou curvar-se nos idosos foi de 4,4% (2,7% para o sexo masculino e 5,7% no sexo feminino), já para as tarefas de alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro a prevalência foi de 2,0% (1,8% para os homens e 2,2% para as mulheres); para a tarefa de andar mais de um quilômetro foi de 6,2% (4,2% e 7,9% para homens e mulheres, respectivamente). A escolha dos dois primeiros indicadores se deveu ao fato que geralmente essas tarefas são incluídas nos estudos epidemiológicos sobre o tema e também por se tratarem de indicadores relacionados à perda da autonomia e o último indicador por indicar à capacidade do idoso de realizar atividades físicas de intensidade leve a moderada (Lima-Costa et al., 2003). 47 Costa (2006) ao analisar os dados sobre incapacidade no suplemento saúde da PNAD no ano de 2003, aponta que entre todos os entrevistados, 21% relataram dificuldade para correr, levantar objetos pesados, praticar esportes ou trabalhos pesados (3,5% não conseguiram realizar a tarefa), sendo esta a atividade mais comprometida. A limitação das atividades foi menor entre 14 e 39 anos e maior a partir dos 60 anos. Na faixa etária de 40 a 59 anos a prevalência de incapacidade variou de 20% a 30%. Em sua discussão o autor aponta que a os resultados para a última faixa etária mencionada (40 a 59 anos) reafirmam a preocupação de outros autores com a elevada carga de morbidade que se origina na vida adulta e repercute negativamente na qualidade de vida dos idosos. Aponta um possível viés que pode ter interferido nos resultados; a maior prevalência de incapacidade na população feminina que pode ser influenciada pelo viés de sobrevivência seletiva (maior carga de mortalidade precoce no sexo masculino e estrutura envelhecida da população feminina). Nesse sentido, Parahyba e Veras (2008), assinalam que a questão “dificuldade para alimentarse, ir ao banheiro ou tomar banho” pode conter um viés de informação por conta das diferenças na acessibilidade das instalações sanitárias para os diferentes grupos, em um país heterogêneo como o Brasil. Além disso, em uma mesma pergunta estão contidas três atividades que exigem capacidades funcionais diferentes. No entanto, os autores apontam que embora os dados apresentem certas limitações possuem robustez e que em relação as diferentes coortes (1998 e 2003) houve redução no declínio funcional dos idosos brasileiros. O presente estudo apresentou as seguintes limitações: as regras de ligação propõe que a metodologia deve ser realizada por dois profissionais com experiência na utilização da CIF e que análises de concordância inter-examinador devem ser realizadas, no intuito de observar a confiabilidade dos resultados. Essa metodologia não foi possível de realização por se tratar de um trabalho individual. Portanto, os resultados devem ser interpretados com cautela e futuros estudos se fazem necessários para generalização dos resultados. O fato de não existir nenhum estudo na literatura nacional com o mesmo tipo de metodologia (ligação da CIF com inquéritos de saúde de base populacional), limita a discussão externa no trabalho. No entanto, em um estudo internacional que realizou a ligação da CIF com diversos inquéritos europeus (conduzidos de 1998 – 2002), verificou-se que a maior parte dos questionários utilizados apresenta maior freqüência de perguntas relacionadas a Atividades & Participação, seguida de questões sobre Funções Corporais, poucas perguntas tratavam dos fatores ambientais (Raty et al., 2003). Os resultados encontrados nesse estudo vão de encontro com os resultados encontrados no presente trabalho. 48 Apenas um conteúdo significativo foi relacionado aos fatores ambientais. O ambiente é um dos seis componentes propostos pela CIF como parte do processo de funcionalidade e incapacidade e dessa forma se relaciona intimamente com os demais componentes (funções corporais, estruturas corporais, fatores pessoais, atividades e participação). Não contemplar os fatores ambientais no processo de coleta de dados sobre a incapacidade empobrece a análise dos quadros de morbidade na população. É sabido que pessoas com a mesma condição de saúde podem apresentar diferentes níveis de funcionalidade e incapacidade ao passo que pessoas com diferentes condições de saúde podem experimentar o mesmo grau de funcionalidade e incapacidade. A OMS conceitua que estes fenômenos além de multifatoriais, são influenciados pela condição de saúde, pelos recursos (econômicos e habilidade pessoais) e também pelo ambiente onde está inserida. Versões futuras da PNAD poderiam incluir em seus instrumentos de coleta essa temática de modo mais consistente CONCLUSÃO Ao utilizar a CIF como uma ferramenta padrão para o embasamento dos instrumentos de coleta nos inquéritos, é possível que se tenha uma diretriz em relação às perguntas contempladas e que com isso a comparação entre o mesmo inquérito em diferentes períodos seja otimizada. Os resultados encontrados podem servir como exemplo da utilização dos itens dos inquéritos para a comparação de instrumentos e questões e a sua ligação com as categorias da CIF. REFERÊNCIAS 1. Alghwiri, A. A.; Marchetti, G. F.; Whitney, S. L. Content comparison of self-report measures used in vestibular rehabilitation based on the international classification of functioning, disability and health. Physical Therapy, Indianapolis, v. 91, n. 3, p. 346-57, 2011. 2. Altman BM. A reply to: the myth and reality of disability prevalence: measuring disability for research and service. Disabil Health J. n. 4, v. 3, p. 198; author reply 198-9, 2011. 3. Altman BM, Gulley SP. Convergence and divergence: differences in disability prevalence estimates in the United States and Canada based on four health survey instruments. Soc Sci Med. v. 69, n. 4, p. 543-52, 2009. 4. Cieza, A. et al. ICF linking rules: an update bases on lessons learned. 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Artigo II TITLE: The International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) and the application on clinical practice: A systematic review LUCIANA CASTANEDA¹, ANKE BERGMANN², LIGIA BAHIA¹ ¹ Institute for Studies in Public Health, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – RJ, Brazil. ² Augusto Motta University Center and National Cancer Institute, Rio de Janeiro – RJ, Brazil. Luciana Castaneda – Av. Brigadeiro Trompowisky s/n, Praça da Prefeitura da Cidade Universitária, 21949-900, Rio de Janeiro RJ. E-mail: [email protected]. Phone Number: 55 21 2553-1370. 52 ABSTRACT Purpose: To systematically review the use of International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF) in clinical practice. Method: This study is a systematic review of articles that contain the International Classification of Functioning in the title. We included observational design available in the databases, such as PubMed, Lilacs, and Scielo, published in English and Portuguese in the period from January 2001 to June 2011. We excluded those in which the samples did not comprise individuals, those with children and adolescents, and articles of qualitative methodology. After reading the abstracts of 275 articles identified, 65 articles met the inclusion criteria. Of these, 18 were excluded. To the 47 articles included, the Checklist adapted from the Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) with 15 items needed for observational studies was applied. Items that met 12 criteria were included in this systematic review. Results: We included 29 articles. Regarding the methodology of ICF application, the Checklist was used in 31%, Core Set in 31%, ICF categories in 31%, and in 7%, it was not possible to define the methodology applied. With regard to the use of qualifiers, their original form was the most frequent (41%). Analyzing the studies by the area of knowledge, most of the studies were related to the area of Rheumatology (24%) and Orthopedics (21%). Regarding the study design, 83% of the articles used cross-sectional studies. Conclusion: The results indicate a wide scientific production related to ICF over the past 10 years. Different areas of knowledge are involved in the debate on the improvement of information on morbidity. However, there are only a few quantitative epidemiological studies involving the use of ICF in clinical practice. Future studies are needed to improve secondary data related to functioning and disability. Keywords: International Classification of Functioning, Disability, and Health; Chronic disease; Review Literature as Topic; Data Collection; Evidence-based Practice. 53 INTRODUCTION The measurement of disability and functioning are topics of growing interest since the time when chronic diseases have shown high prevalence and incidence, and increased life expectancy has become a characteristic phenomenon in modern societies. Disability, in particular, is a subjective and ambiguous category [1]. As a result, the World Health Organization (WHO), for nearly 30 years, has been developing models for the understanding and classification of functioning, disability, and health [2]. In 1980, the WHO developed a classification to describe the consequences of adverse health conditions or diseases, called the International Classification of Impairments, Disabilities, and Handicaps (ICIDH). This classification is a theoretical reference, in which disability is divided into three dimensions, operationalized as a consequence of an illness or injury in a linear sequence. The consequences of the disease manifest as damage/injury to the body level, which are defined as abnormalities or bodily functions and body structures (impairments/disabilities); incapacity, defined as restriction of personal ability to perform basic tasks (disability/incapacity); and disadvantage experienced by playing a social role (handicap/disadvantage) [3]. The design of a linear causal relationship model – in which damage to a body structure or function leads to a disability, which leads to a disadvantage in achieving social roles faced critical questions. Among them was the progression of a fixed sequence of events based on clinical effects. Considering the need to adapt the model, several WHO collaborating centers, together with governmental and nongovernmental organizations, including groups of people with disabilities, got engaged to review the ICIDH. In 2001, the WHO published the International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF) [4]. 54 The ICF is a classification system that describes the functioning and disability related to health conditions, reflecting a new approach that not only focuses on the consequences of the disease, but also emphasizes the functioning as a component of health. The theoretical model of the ICF advances in relation to the ICIDH, because it classifies health from biological, individual, and social perspective in a multidirectional relationship [5]. In this context, the ICF is a tool designed to provide a common language for describing phenomena related to health status and is the most recent and comprehensive taxonomic model for the functioning and disability within a unified and universal perspective. The new model offers a new perspective on impairment and disability, which exceeds the predominant biomedical model [6]. The information is organized into two parts with two components each. Part 1 (Functioning and Disability) consists of the domains of Body functions (b), Body structures (s), and Activities and Participation (d). Part 2 (Contextual Factors) comprises Environmental Factors (e) and Personal Factors (not yet eligible for classification). Functioning involves the presence of a qualifier (which works with a generic scale from 0 to 4, where 0 means no impairment and 4 indicates complete impairment). The qualifiers demonstrate the magnitude of impairment, limitation, restriction, barriers, or facilitators of health conditions [7]. ICF supplements the indicator that traditionally focuses on deaths or illnesses. Despite the fact that indicators of mortality and morbidity diagnoses are important, they do not adequately capture the consequences of the disease in individuals and populations. The concepts presented in the classification introduce a new paradigm for thinking and working impairment and disability, perceived not only as a result of the conditions of the binomial health/disease, but also determined by the context of social and physical environment, different cultural perceptions and attitudes on disability, and availability of services and 55 legislation. This model of understanding the functioning is more dynamic and compatible with the complexity of the concept of health [8]. According to Cieza et al. (2009) [9], the information about functioning and disability is essential for routine activities, such as clinical diagnosis of the consequences of health conditions, assignments and management of interventions, and evaluation of treatment outcomes. However, there are a few studies in the literature using the ICF in a quantitative design. Most of them are about the concepts of classification and the importance of inserting the tool in the health field. Gaidhane et al (2008) [10] suggested that the use of ICF as a quantitative systematic coding scheme of information on functioning, disability, and disability has several advantages, such as standardization of terminology, improved communication between health professionals, improvement of data allowing comparisons among countries, disciplines, and services over time, and highlighting the usefulness of the tool to identify the nature and magnitude from the complex involved in the multifactorial dimensions of disability and disability. In this regard, this paper aims to conduct a systematic review on the use of ICF in clinical practice, discussing how the classification has been used in the areas of knowledge, describing how it has been applied in clinical practice, and identifying the main challenges to implement the tool in the service routines. 56 METHODS A systematic literature review was performed, considering observational design (prospective, retrospective, or cross-sectional) as inclusion criteria. We excluded articles in which the samples did not comprise individuals, studies with assessment in children and adolescents, and articles of qualitative methodology (case report, focus group, and linking rules). We selected articles with the keyword International Classification of Functioning in the title, available in databases, such as PubMed (U.S. National Library of Medicine), the Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS), and Scientific Electronic Library Online (SciELO), published between January 2001 and June 2011 in English and Portuguese. The data were collected during the months of June and July 2011. After reading the title and abstracts of the 275 articles selected in the initial search, it was selected 65. Of these, 30 did not meet the established inclusion criteria for this review and were excluded. The adapted checklist from the Strengthening the Reporting of Observational Studies in Epidemiology (STROBE) was applied to the 35 articles identified. This checklist contained 15 qualitative items needed for observational studies. The 29 publications that have contemplated 12 items were included for analysis and discussion (Figure 1). 57 Figure 1 – Criteria for studies identification Search in electronic bases (January of 2001 until June of 2011) Records identified (n=275) MEDLINE = 254 LILACS and SCIELO = 21 Full-text articles assessed (n=65) Records excluded bases on title and abstract analysis (n=210) Full text articles excluded (n=30) - Linking rules methodology (n=15) - Case report (n=3) - Service evaluation (n=1) - Review (n=1) Full –text articles evaluated according the adapted STROBE Checklist (n=35) - Delphi methodology (n=1) - Article not available (n=1) - Conceptual methodology (n=8) - Full-text articles excluded by scoring less than 12 in the adapted Strobe Checklist (n=6) Studies included in the systematic review (n=29) RESULTS This review included the critical assessment of 29 articles that met the established inclusion criteria. Of these, 83% were cross-sectional studies and 17% comprised prospective cohorts. Most of the studies used additional tools for classification of functioning and disability. Table 1 summarizes the main characteristics of the studies reviewed. 58 Regarding the methodology of the ICF application, 31% used the Checklist, 31% employed Core Set, 31% employed the ICF categories, and in 7%, it was not possible to define the methodology applied (Figure 2). The qualifiers in its original form, were used in 41% of the studies analyzed (Figure 3). Figure 2 - Frequency of qualifiers used in the studies included in the systematic review (n = 29). Figure 3- Frequency of ICF qualifiers included in the articles of the systematic review (n=29). 59 Analyzing the studies based on the area of knowledge, most of the studies were related to the area of rheumatology (24%) and orthopedics (21%). Figure 4. Kknowledge areas of the ICF articles (n=29). Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). 60 Author, year Knowledge area Study design Patients with IBD 192 Checklist Not definable x Stroke patients 197 Checklist Original MIF Cross sectional Patients with Examine these relationships using osteoarthritis about to separate measures of each construct undergo hip and knee 413 and structural equation modeling. joint replacement Categories Adapted x Cross sectional Reports prevalence rates for mild, moderate, and severe/extreme Subjects disability by the domains of activities years and participation of the ICF in elderly people Not definable Original WHODAS II Cross sectional To identify and quantify the differences in functioning of Patients with spinal individuals with tetraplegia 1048 cord injury versus paraplegia using the ICF as a frame of reference Not definable Adapted x Internal medicine Prospective cohort Neurology Prospective cohort Virués-Ortega 2011[15] et Orthopedic al., Herrmann et al., 2011[16] Geriatrics Neurology Additional instruments YRSM, HDRS, MIDAS, EDSS, MIF Peyrin-Biroulet 2011 [12] Pollard et al., 2011[14] Qualifiers (Original ou adapted) Original Cross sectional Gojlar et al., 2011[13] n Checklist Health conditions al., Assess whether valid scales of Capacity and Performance could be developed from the „„Activities and Participation‟‟ domain of the ICF checklist. Develop the first disability index for Inflammatory Bowel Disease (IBD) by selecting the most relevant ICF categories that are affected by the disease To determine whether the ICF model is adequate for assessing disability patterns in stroke survivors in the subacute habilitation setting in terms of potential changes in functional profiles over time Study population Patients with 11 different chronic 1092 conditions Almansa et al., 2011[11] et Objective ICF methodology (Categories, Checklist or Core Set) aged ≥75 503 Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation) 61 Gradinger et al., 2011[17] Neurology Cross sectional Identify the most common problems of people with any kind of (primary) sleep Patients with disorder in a clinical setting using the disorder ICF as a frame of reference sleep 99 Checklist Adapted x Core Set Adapted UW-QOL Rogers et al., 2010 [18] Oncology Cross sectional Developed a patient self-completed questionnaire from the items of the brief core set (BCSQ-H&N), compared the CSQ-H&N questionnaire with the Patients with head and 364 University of Washington v.4 (UW- neck cancer QOLv4) and compared the BCSQH&N results with a clinician-rated evaluation Rauch et al., 2009[19] Rheumatology Cross sectional Identify similarities and differences in functioning in AS and RA using the Patients with AS and 230 ICF as the framework for the RA description of functioning. Core Set Original x Cross sectional To determine the categories of the ICF Checklist and core sets of rheumatoid arthritis and ankylosing spondylitis frequently occurring in people with psoriatic arthritis (PsA) and to compare Patients with PsA the number of such categories with scores on self-report measures of participation restrictions and activity limitations 94 Checklist Original WHODAS II, PAR-PRO, SF-36, Psa-QOL, HAQDI Taylor et al., 2010 [20] Rheumatology Cieza et al., 2009[9] Orthopedic Cross sectional To explore whether it is possible to construct clinical measures of functioning by integrating information Patients obtained across the categories of the osteoarthritis ICF using the Core Set of osteoarthritis (OA) as a case in point 437 Core Set Original X Tsutsui et al., 2008[21] Neprology Cross sectional To identify the common health Patients in HD problems of Japanese patients on treatment for at least 136 hemodialysis (HD) using the ICF five years Checklist Not definable x Cross sectional To assess the level of functioning in patients with head and neck cancer Patients with HNC (HNC) using the ICF Checklist Original EORTC Tschiesner et al., 2009 Oncology [22] with 145 62 Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation) Hilfiker et al., 2009 [23] Rastogi et al., 2008 [24] Orthopedic Orthopedic Bautz-Holter et al., 2008 Orthopedic [25] Prospective cohort Test the reliability of the qualifiers Patients with LBP scale of the ICF Core Set for LBP Core Set Adapted SF-36, SCQ Prospective cohort Quantify the level of importance for each of 32 previously identified concerns pre-operatively, and across Patients undergoing the first six weeks following primary 54 primary TKA TKA and convey this change in importance post-operatively using the components of the ICF Categories Adapted NPRS, KOOS Cross sectional Evaluate the Norwegian form of the ICF Core Set for low back pain (LBP) Patients with LBP and investigate the feasibility in clinical practice Core Set Original SF-36, SCQ, ODI Core Set Not definable SF-36, SCQ Core Set Adapted MHAQ, SF-36 Core Set Adapted X Categories Original X Xie et al., 2008 [26] Orthopedic Cross sectional Uhlig et al [27] Rheumatology Prospective cohort 118 To validate the International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF) Brief Core Set for osteoarthritis (OA) by Patients with comparing the preliminary Brief Core 122 osteoarthritis Set to a selection of categories from the Comprehensive Core Set that explain most of the variance of functioning and health Study the responsiveness of the ICF Core Set for RA in rheumatology Patients with RA 46 practice Grill and Stucki, 2008[28] Health conditions Cross sectional Examine whether clinical ratings of ICF categories can be integrated into parametric scales, which provide a reliable estimation of specified patient problems and rehabilitation goals using the example of mobility of the upper and lower extremities in the acute hospital situation Gaidhane et al., 2008 [10] Cross sectional Determine reported self-care by performance qualifier of People Living With HIV AIDS (PLWHA) and to find PLWHA out reported self-care by capacity qualifier of PLHIV Infectious Diseases 61 Patients with musculoskeletal 234 conditions in the acute hospital 194 Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation) Jonsson et al., 2008 [29] Neurology Farin et al., 2007 [30] Health conditions 63 Cross sectional To describe the social networks involved in the everyday lives of adults Adults with CP with cerebral palsy (CP) Cross sectional Development of an adaptive, ICForiented patient questionnaire on Patients with different mobility and self-care based on an item 1019 health conditions response theory model (MOSES questionnaire) 16 To investigate whether the use of an ICF–based instrument to structure multidisciplinary care improves clinical effectiveness and satisfaction Patients with RA 165 in patients with rheumatoid arthritis (RA) admitted for multidisciplinary team care To assess observer agreement when Patients with different describing and classifying functioning 25 health conditions with the ICF Categories Original X Categories Not definable X Categories Not definable MACTAR, DAS28 Categories Adapted X Verhoef et al., 2007 [31] Rheumatology Prospective cohort Grill et al., 2007 [32] Health conditions Cross sectional Rheumatology Cross sectional Identified the common health problems of patients with ankylosing spondylitis Patients with AS (AS) based on the ICF from the perspective of the patient Checklist Original SACQ, BASFI Cross sectional To propose a method to select ICF categories when a large amount of ICFbased data have to be handled, and b) Patients with health to identify candidate ICF categories for 1.039 Checklist conditions a Generic ICF Core Set by examining their explanatory power in relation to item one of the SF-36 Adapted SF-36 Cross sectional To identify the most common health problems experienced by patients with acute inflammatory arthritis using the Patients with acute 130 ICF, and to provide empirical data for inflammatory arthsritis the development of an ICF Core Set for acute inflammatory arthritis Adapted X Echteld et al., 2006 [33] Cieza et al., 2006 [34] Zochling et al., 2006 [35] Health conditions Rheumatology 111 Categories RaQol, Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation) Riberto et al [36] Buchalla [37] e Cavalheiro Rheumatology Cross sectional Description of the results from the Patients application of the Core Set for chronic fibromyalgia widespread pain Infectious Diseases Cross sectional Propose a preliminary Core Set for Patients HIV HIV/AIDS 64 with with 29 Core Set Original X 42 Categories Not definable X Legend: YRSM, Young Rating Scale of Mania; HDRS, Hamilton Depression Rating Scale; MIDAS, Migraine Disability Assessment Questionnaire; EDSS, Expanded Disability Status Scale; MIF, Medida de Independência Funcional; WHODAS II - WHO Disability Assessment Schedule II; SF-36, Medical Outcomes Study Short-Form 36; PsA-QOL, PsA-Specific QOL ;instrument; HAQ-DI, Health Assessment Questionnaire Damage Index; SQC, Social Communication Questionnaire; ODI, Oswestry Disability Index; MHAQ, Modified Health Assessment Questionnaire; BASFI, Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index; SACQ, Self-Administered Comorbidity Questionnaire; UWQOL, University of Washington Quality of Life; NPRS, Numeric Pain Rating Scale; KOOS, Knee Injury and Osteoarthritis Outcome Scale; MACTAR, McMaster Toronto Arthritis Patient Preference Disability Questionnaire; RaQol, Rheumatoid Arthrits Quality of life questionnaire; DAS28, Disease Activity Score. 65 DISCUSSION The ICF appears on the world scene of rehabilitation as a promising tool with great potential for applicability and adhesion [19]. Almansa et al. (2011) [11] pointed out that a major goal of this classification is the systematic recording of information regardless of the method used to obtain or access the information. They also emphasized that the classification should not be restricted to the qualitative and/or conceptual use. The present study therefore aimed to review studies that used the ICF with quantitative designs. After a few years of publication of the ICF classification, the WHO identified that ICF, in its original format with approximately 1500 categories, was very slow and impractical for daily use. Therefore, it suggested that lists summarized with relevant concepts should be developed for specific health conditions and chronic conditions. The Core Sets, as they are called, aims to encourage health professionals to use the tool and make it practical as well as provide easy access to ICF. There are two versions of the document: Comprehensive and Brief, with the first being recommended for research purposes and the second being used in clinical practice. There are models for stroke, chronic obstructive pulmonary disease, obesity, heart disease, orthopedic conditions, among the others, which have already been published or under development [38]. However, the use of Core Sets is not fully accepted by the scientific community, because there are fears that this mode of the use of ICF could transform into the biomedical model (focus of the disease and not the functioning). The ICF is a tool that can be used as the model for understanding the functioning and also as a statistical and epidemiological tool. Therefore, the decision on which mode of the ICF should be used is personal and depends on the user's interest, institution, and purpose. This review found a large number of articles that 66 used the core set in its methodology (31%), both in the comprehensive and abbreviated versions. It was also noted that no authors used the full version of ICF and that the articles that used the ICF categories mostly assembled these categories of questionnaires and clinical scales. There are some difficulties in the implementation of ICF in clinical practice because this tool does not provide explanation regarding how to assess; i.e., it does not provide the instruments needed for the evaluation of the incapacity and functionality. Appropriate usage of instruments depends on the user and purpose, and there are many options for measurement, requiring further refinements and modifications in the classification. In this sense, Grill et al. (2007) [32] pointed out that the ICF does not present psychometric characteristics with definite purpose, thus compromising its properties of reliability, validity, and sensitivity. They also emphasized that the basis for application of the ICF in clinical practice as well in the field of research is through practical tools, such as the core sets. In a recent review regarding the implementation and operation of ICF since its publication, it was shown that there are growing number of scientific publications with the purpose of disseminating the use of ICF in its various aims, such as education, social insurance, and work. The authors concluded that the greater the availability of tools guided by the ICF, the better is the data on the health of the population within the information systems. However, this review was qualitative and the results should be interpreted with caution [39]. In another systematic review, Jelsma (2009) [40] concluded that ICF, over the past few years, has led to a major impact on how the data on disability and disability are conceptualized, collected, and processed. She noted that the classification has been used in several disciplines, health status, sectors, and settings, and that the use of ICF in developing countries should be encouraged. 67 Another question that can limit the use of ICF is that the qualifiers require standardization and present some difficulty in their psychometric characteristics. Golja et al. (2011) [13] emphasized that the use of the ICF qualifiers is not yet fully operational, although many attempts have been made towards validating the use of operational scales. However, these difficulties and obstacles can only be solved if there is adherence by practitioners and practical use of the ICF. Our results indicate that about 35% of the studies used adapted qualifiers that go against the difficulties encountered by several authors. These authors generally carried out an adaptation of the qualifiers for dichotomous response option, thus providing a measure of prevalence of disability and not an analysis of the phenomenon of gravity. This systematic review aimed to demonstrate how the ICF has been used in clinical practice; however, the study's main limitation is the fact that it did not consider the quality of the articles. In an attempt to reduce this problem, we used an adapted version of STROBE, which is an international research initiative to adopt measures recommended for observational studies. The checklist of the initiative is not an evaluative document; however, it was used in an attempt to select the items with better methodological quality. The document consisted of 15 adapted questions and we included articles that met at least 12 criteria. The cutoff chosen was subjective. The results of this review can be a starting point for further discussions involving the quantitative aspects of the ICF. Questions regarding the use of the Core Sets, the psychometric properties of the qualifiers, and areas of knowledge must be explored in future studies. CONCLUSION 68 The results indicate a wide scientific production related to the ICF over the past 10 years. Different areas of knowledge are involved in the debate on the improvement of information on morbidity. However, quantitative epidemiological studies involving the use of ICF in clinical practice are limited. Future studies are needed to improve the secondary data related to functioning and disability. REFERENCES 1. Jette A. toward a common language for function, disability and health. Phys Ther 2006; 86:723-734. 2. Stucki G, Cieza A, Melvin J. The International Classification of Functioning, Disability and Health: a unifying model for the conceptual description of the rehabilitation strategy. J Rehabil Med 2007; 39: 279–285. 3. Squitieri L, Reichert H, Kim HM, Chung KC. 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Muitas dificuldades metodológicas estão sendo apontadas desde sua publicação. No entanto, a dificuldade não se refere somente as caracteristicas psicométricas da classificação, como também ao fenômeno que a CIF se propoe a avaliar ser de difícil mensuração. No primeiro artigo proposto na presente dissertação, observou-se o predomínio de categorias presentes na PNAD que se referem ao componente de Atividade e Participação. O fato de somente uma categoria ter sido relacionada aos Fatores Ambientais ressalta a importância de contextualização e inserção do papel do ambiente no processo saúde-doença. Os resultados do segundo artigo demonstram que embora haja uma ampla produção relacionada à CIF na literatura, poucos ainda são os estudos que utilizam a ferramenta de maneira quantitativa visando a melhoria das informações relacionadas à deficiência e incapacidade nos sistemas de informação. Em relação a utilização da classificação nos sistemas de informação, a viabilidade de utilização da CIF no campo dos inquéritos epidemiológicos e dos dados primários em saúde parece de mais fácil resolução se comparado aos dados secundários. A unificação da linguagem relacionada a deficiência e incapacidade nos instrumentos de coleta dos inquéritos requer menor esforço se comparada a mudança do modelo hegemônico predominante para o modelo biopsicossocial necessária para a real introdução da CIF na prática clinica e consequente fornecimento de dados secundários. A introdução da CIF no campo da epidemiologia no Brasil ainda encontra resistência. Poucos estudos nacionais foram incluídos na revisão sistemática e/ou serviram como referencial teórico para a confecção da presente dissertação. O que demonstra que o caminho 76 para solução do problema deve ser a disseminação da informação e conscientização sobre a eminente necessidade de dados epidemiológicos sobre a deficiência e incapacidade no panorama brasileiro. 7. Referências Bibliográficas 1. Barros, M. S. Inquéritos domiciliares de saúde: potencialidade e desafios. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 11, n. 1, p. 6-19, 2008. Suplemento. 2. Buchalla, C. M.; Laurenti, R. A família de classificações internacionais da Organização Mundial de Saúde. Cadernos de Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 1, p. 55-61, 2010. 3. Camargos, M. C., Machado, C. J.; Rodrigues, R. B. Life expectancy among eldery brasilians in 2003 according to different levels of functional disability. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 24, n. 4, p. 845-822, 2008. 4. Cerniauskaite, M. et al. Systematic literature review on ICF from 2001 to 2009: its use, implementation and operationalization. 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Introdução Detalha o referencial teórico e as razões para executar a pesquisa Descreve os objetivos específicos 2.1 Métodos – Desenho do estudo Apresenta, no início do artigo, os elementos-chave relativos ao desenho do estudo 2.2 Métodos – Contexto Descreve o contexto, locais e datas relevantes, incluindo os períodos de recrutamento e coleta de dados Descreve como utilizou a classificação (Categorias da CIF, Core Set, Checklist) 2.3 Métodos – Participantes Apresenta os critérios de elegibilidade, as fontes e os métodos de seleção dos participantes 2.4 Métodos – Variáveis quantitativas Explica como foram tratadas as variáveis quantitativas na análise. Descreve as categorizações que foram adotadas e por que 3.1 Resultados - Participantes Reporta o número de indivíduos em cada fase do estudo 3.2 Resultados – análise descritiva Fornece características dos participantes do estudo (dados demográficos, clínicos e sociais) Sim Não 84 4.1 Discussão – Principais resultados Resume os principais resultados relacionando com os objetivos do estudo 4.2 Discussão – Limitações Discute as limitações do estudo, considerando as fontes de viés ou imprecisão 4.3 Discussão – Interpretação Fornece uma interpretação cautelosa dos resultados globais, considerando as limitações, resultados de estudos semelhantes e outras evidências relevantes 4.4 Discussão – Generalização Discute a generalização (validade externa) dos resultados do estudo
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