universidade federal do rio de janeiro

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universidade federal do rio de janeiro
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÙDE
INSTITUTO DE ESTUDOS EM SAÚDE COLETIVA
MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: POLÍTICA E ECONOMIA DA SAÚDE
Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade
e Saúde (CIF) como ferramenta epidemiológica
Luciana Castaneda Ribeiro
Rio de Janeiro
2012
Luciana Castaneda Ribeiro
UTILIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE
FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF) COMO
FERRAMENTA EPIDEMIOLÓGICA
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva,
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
Requisito a obtenção do Título de
Mestre em Saúde Coletiva
Orientadora: Ligia Bahia
Rio de Janeiro
2012
Luciana Castaneda Ribeiro
UTILIZAÇÃO DA CLASSIFICAÇÃO INTERNACIONAL DE
FUNCIONALIDADE, INCAPACIDADE E SAÚDE (CIF) COMO
FERRAMENTA EPIDEMIOLÓGICA
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós Graduação em Saúde Coletiva,
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
Requisito a obtenção do Título de
Mestre em Saúde Coletiva
Aprovada em
__________________________________
Ligia Bahia
Prof. Dra. Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________
Ronnir Raggio Luiz
Prof. Dr. Universidade Federal do Rio de Janeiro
__________________________________
Rosalina Koifmann
Prof. Dra. Escola Nacional de Saúde Pública
__________________________________
Anke Bergmann
Prof. Dra. Instituto Nacional do Câncer
A minha avó Nelza (in memorian) pelo
legado de amor e afeto
.
Agradecimentos
A Prof. Dra. Ligia Bahia, minha orientadora pelo acolhimento e confiança na execução deste
trabalho e pelos valiosos ensinamentos sobre a saúde pública.
A Prof. Dra. Anke Bergmann, por elucidar os caminhos metodológicos e por toda a atenção
disponibilizada.
A Prof. Dra. Rosalina Koifman pela contribuição fundamental no exame de qualificação do
presente trabalho.
Ao Prof. Dr. Ronir Raggio pelas esclarecedoras aulas de Bioestatística e pelo suporte na
execução da presente dissertação.
A Roberto Unger, bibliotecário do IESC por ser sempre tão solicito e disposto a elucidar os
aspectos pertinentes a formatação e referencial teórico.
A minha família (mãe, pai, irmã, irmão e avô), que com suas características próprias
contribuíram para a minha formação pessoal.
A minha família adquirida: Paulus Roberto Eyler, pelo abraço apertado; Flávia Maria Eyler,
pelo grande exemplo acadêmico e por todo o carinho e a Valentina Eyler, pelos momentos
mais que felizes.
A Flávia Lima, minha amiga de sempre e pra sempre.
As minhas queridas amigas do mestrado: Caroline Madalena, Jurema e Carol Borges pelas
longas e divertidas tardes no Campus da Ilha do Fundão.
A Fabrício Eyler, pela linda e sincera história de amor.
Aos meus filhos Leonardo e Davi, amores infinitos e incondicionais.
CASTANEDA, Luciana. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF) como ferramenta. Dissertação – Mestrado em Saúde Coletiva.
Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2012.
RESUMO
O aumento das doenças crônicas decorrente dos processos de transição demográfica e
epidemiológica iniciados no século passado coloca em pauta a necessidade de informações
em saúde que superem o modelo biomédico tradicional com foco somente nos dados de
mortalidade. Nesse sentido, o aprimoramento dos dados de prevalência de agravos à saúde
nos Sistemas de Informação em saúde é fundamental. Tais dados são gerados pelas bases de
dados primárias e secundárias. A Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) é uma
ferramenta com grande aplicabilidade no âmbito epidemiológico. Possui linguagem universal
e perspectiva biopsicossocial, além de fornecer um regime sistemático para codificação de
dados em saúde. A presente dissertação está estruturada em dois artigos e tem o objetivo de
demonstrar a aplicabilidade da CIF nos sistemas de informação. O primeiro artigo visa
demonstrar a possibilidade de utilização da classificação em inquéritos epidemiológicos,
através da identificação de conteúdo comum entre a Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios e a CIF. O segundo artigo trata de uma revisão sistemática e objetiva demonstrar
como a ferramenta tem sido utilizada na prática clínica e assim verificar a possibilidade de
geração de dados epidemiológicos. A CIF apresenta grande potencial para melhoria da
qualidade das informações nos sistemas de informação. No entanto, alguns aspectos
psicométricos da classificação precisam ser aprimorados.
Palavras-chave: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde;
Sistemas de Informação; Morbidade; Transição demográfica; Coleta de dados; Literatura de
revisão como assunto; Epidemiologia.
CASTANEDA, Luciana. Utilização da Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde (CIF) como ferramenta epidemiológica. Dissertação – Mestrado em
Saúde Coletiva. Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. Universidade Federal do Rio de
Janeiro, Rio de Janeiro, 2012.
ABSTRACT
The increase in chronic diseases due to the processes of demographic and epidemiological
transition started in the last century brings forth the need for health information that overcome
the traditional biomedical model focused only on mortality data. In this sense, the
improvement of morbidity data in health information systems is essential. Such data bases are
generated by the primary and secondary data. The International Classification of Functioning
(ICF) is a tool with great applicability in epidemiology. The classification has a universal
language and biopsychosocial perspective, and provides a systematic scheme for encoding
data in health. This dissertation is structured in two articles and aims to demonstrate the
applicability of the ICF in information systems. The first article seeks to demonstrate the
possibility of using the classification of primary data, by identifying common content between
the PNAD and the ICF. The second article deals with a systematic review and aims to
demonstrate how the tool has been used in clinical practice and thus verify the possibility of
generation of epidemiological data. The ICF has great potential for improving the quality of
information in information systems. However some aspects of psychometric property need to
be improved.
Key-words: International Classification of Functioning, Disability and Health; Information
Systems; Morbidity; Demographic Transition; Data Collection; Review Literature as Topic;
Epidemiology.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Modelo de interação dos conceitos da CIF...............................................................28
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 – Ampliação do conceito saúde – doença.................................................................18
Tabela 1 – Temas dos Suplementos da PNAD, 1972 – 2008...................................................22
Tabela 2 – Módulos contidos nos instrumentos de coleta do Suplemento Saúde da PNAD
(1998, 2003 e 2008).................................................................................................................24
Quadro 2 – Quadro de definições da CIF.................................................................................29
ARTIGO I - LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1- Fluxograma das etapas realizadas na metodologia do trabalho............................36
Figura 2 – Número de conteúdos significativos identificados na PNAD – 2008 e suas
distribuições entre os componentes da CIF.......................................................................... 39
ARTIGO I - LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 – Blocos e Seções do instrumento de coleta da PNAD - 2008............................34
Quadro 2 – Regras de ligação da CIF..................................................................................36
Quadro 3 – Regras específicas para ligação das medidas do estado de saúde....................38
Tabela 1 –Frequências relativas dos resultados da ligação dos módulos selecionados do
instrumento de coleta de dados da PNAD – 2008 com a CIF.............................................40
Quadro 4 – Ligação do Suplemento Saúde da PNAD – 2008 com a CIF............................41
ARTIGO II - LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1 – Fluxo de diagrama dos estudos selecionados.......................................................58
Figura 2 – Frequência da metodologia utilizada nos artigos da CIF inclusos na revisão
sistemática..............................................................................................................................59
Figura 3 – Frequência de utilização dos qualificadores utilizados nos artigos da CIF inclusos
na revisão sistemática.............................................................................................................59
Figura 4 – Áreas de conhecimento dos artigos da CIF inclusos na revisão sistemática...........60
Figura 5 – Frequência dos desenhos de estudo selecionados na revisão sistemática...............60
ARTIGO II - LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 – Descrição dos resultados dos estudos selecionados...........................................60
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CIDID – Classificação Internacional de Deficiência, Incapacidade e Desvantagem
CIF – Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia Estatística
LILACS - Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde
OMS – Organização Mundial de Saúde
OPAS – Organização Pan-americana de Saúde
PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
SCIELO – Scientific Electronic Library Online
STROBE - Strengthening the Reporting of Observational studies in Epidemiology
SUS – Sistema Único de Saúde
WHOQOL – World Health Organization Quality of Life
SUMÁRIO
1.Introdução......................................................................................................................17
1.1Padrão epidemiológico atual............................................................................17
1.2 Sistemas de informação..................................................................................19
1.2.1Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios.....................................22
1.3 Classificação Internacional de Funcionalidade..................................................25
2. Justificativa.................................................................................................................30
3.Objetivos.......................................................................................................................30
4. Artigo I: Construtos de Incapacidade na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio
(PNAD): uma análise baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF)........31
5. Artigo II: The International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF) and
the
application
on
Clinical
Practice:
A
systematic
review
………………………………………...............................................................................53
6. Comentários Finais....................................................................................................71
7. Referências Bibliográficas...............................................................................................72
8. Anexos.....................................................................................................................75
8.1 Instrumento de coleta do Suplemento Saúde da PNAD-2008...............................75
8.2 Checklist adaptado do STROBE............................................................................79
17
1. Introdução
1.1 Padrão Epidemiológico atual
No âmbito da transição epidemiológica, novos problemas de saúde aparecem devido à
redução da mortalidade por doenças infectocontagiosas e pelo predomínio das doenças
crônicas e degenerativas e as causas externas. O foco dos indicadores ao longo dos últimos 50
anos se deslocou da mortalidade para a morbidade. Destacam-se os indicadores com
capacidade de mensuração da habilidade de as pessoas desenvolverem as atividades de vida
diária e seus papéis sociais, e mais recentemente a abordagem positiva com enfoque na
avaliação do bem-estar, satisfação com o estado de saúde e qualidade de vida (Costa, 2008).
Desde o início da década de 90, a Organização Mundial de Saúde difunde estudos sobre a
Carga Global de Doenças, que apontam o aumento na carga de doenças crônicas não
transmissíveis, atualmente chegando perto de quase a metade de toda a carga. Este fato não se
restringe somente aos países desenvolvidos, pois nos países de baixa e média renda este
padrão de morbidade está em torno de 45%. Fatores como o envelhecimento populacional,
mudanças nos fatores de risco estão acelerando a participação das doenças crônicas não
transmissíveis na carga total de doenças (WHO, 2008).
No mundo contemporâneo, o monitoramento do estado de saúde das populações passou a
ser fundamental para a formulação e a avaliação de políticas e programas de saúde. Este
interesse deve fazer parte da agenda de todos os níveis de governo, da sociedade em geral e de
suas organizações, com o objetivo de buscar melhores patamares de saúde. O conceito de
estado de saúde passa a integrar novas dimensões que respondem ao avanço atual do conceito
de saúde-doença. Essas novas dimensões são captadas por indicadores diferenciados dos
tradicionais e por métodos distintos de mensuração (Barros, 2008). Além disso, os
indicadores clássicos como as taxas de mortalidade por causa específica e os indicadores de
morbidade (prevalência da doença) tornaram-se insuficientes para avaliar o bem estar, estado
de saúde e necessidades de serviços, pelo fato, de não refletirem com precisão a saúde e a
situação de morbidade. Ademais, a grande redução da mortalidade, o aumento da sobrevida e
da prevalência de doenças crônicas (que embora apresentem baixa letalidade, são
acompanhadas de muitas incapacidades), coloca em pauta a mudança no padrão
epidemiológico e consequentemente a maneira de se medir o impacto desse perfil de doenças
na população (Camargos et al., 2008).
18
Neste contexto, ter uma doença diagnosticada não implica necessariamente prejuízo
nas condições de saúde e desempenho das tarefas cotidianas, que irá depender da magnitude e
gravidade com que o status de saúde afeta as atividades e participações do indivíduo. Este
impacto passa a ser capturado por instrumentos com a capacidade de avaliar a preservação de
atividades da vida diária (básica, instrumentais e avançadas) e da qualidade de vida
relacionada à saúde. Este processo passa pela quantificação de aspectos subjetivos da
percepção e avaliação das pessoas sobre a própria condição de saúde (Barros, 2008).
Quadro 1. Ampliação do Conceito de Saúde-Doença.
Ampliação do Conceito de Saúde-Doença
Mortalidade
Acidentes e
Violências
Morbidade e
Co-morbidades
Limitações e
incapacidades
Atividades de
vida diária
Qualidade de vida
em saúde
Fonte: Barros, 2008.
Considerando a crescente importância das condições de saúde de natureza crônica, tem
se dado cada vez mais atenção as consequências dos problemas sobre a saúde tanto dos
indivíduos como das populações humanas. Sendo assim, o estudo da prevalência de agravos a
saúde em populações requer, geralmente, diversas fontes de dados. Esta necessidade se
justifica pela natureza multidimensional do conceito de morbidade, além disso, ao longo da
vida
um
indivíduo
(Costa et al., 2009).
pode
ser
acometido
por
mais
de
um
evento
mórbido
19
Os dados sobre a prevalência de agravos a saúde relacionada à incapacidade e
deficiência não são consistentes nos sistemas de informação. Além disso, não há definição
sobre os conceitos de incapacidade e deficiência que caracterizam o novo padrão
epidemiológico. Diferentes definições sobre deficiência podem ser relevantes para garantir a
pluralidade do fenômeno nos diferentes âmbitos políticos. Um indivíduo pode ser considerado
como deficiente para uma determinada política social e saudável para outra. Se por um lado
são aceitáveis diferentes definições de incapacidade e deficiência para o âmbito das políticas
sociais, o mesmo não é verdade para a generalização dos dados de prevalência utilizados nos
sistemas de informação. Este panorama coloca em pauta a necessidade de uma ferramenta
comum para a definição e descrição desses fenômenos na população (Cerniauskaite et al.,
2011).
1.2 Sistemas de Informação
Grandes investimentos vêm sendo realizados pelos países com o objetivo de capturar
dados sobre o panorama de saúde da população, possibilitando a compreensão atual dos
problemas sanitários. Faz-se necessário aprimorar a qualidade das informações, de modo que
os esforços empregados no aprimoramento da saúde populacional possam ser mais efetivos. A
percepção da qualidade das informações se traduz através de diversas iniciativas, como:
padronização das terminologias, facilidade de acesso as informações, disseminação dos
processos envolvidos na elaboração dos indicadores, produção e análise dos dados (Lima,
2010).
No Brasil, as informações em saúde assumem um escopo cada vez mais amplo, não se
limitando somente as informações que são produzidas pelo Ministério da Saúde. Somam-se as
informações do Ministério, as informações produzidas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), sistemas de informação de outras entidades públicas, dentre outras.
Contudo, existe ainda a dificuldade em se delimitar a abrangência das informações em saúde
considerando o conceito amplo do processo saúde-doença (que engloba as condições gerais de
vida e trabalho da população). É sabido que as informações em saúde podem se traduzir em
ações voltadas à melhoria das condições e práticas de saúde. No entanto, apesar dos grandes
avanços e esforços tecnológicos na área, a não utilização do conhecimento pelos profissionais
e instituições de saúde, faz com que o uso das informações seja limitado, reforçando assim a
lógica fragmentadora e a gestão pulverizada das informações. Alguns diagnósticos
relacionados à produção e a gestão da informação em saúde no Brasil se relacionam a falta de
20
integração entre as informações produzidas, sistemas desarticulados e desintegrados,
produção de informação duplicada, fragmentada e redundante, dificuldades de acesso e
disseminação das informações (Pinto, 2010).
A mudança do padrão epidemiológico, a ampliação da jurisdição do processo saúdedoença e a promoção em saúde coloca em pauta a necessidade de aprimorar e reorientar os
informações em saúde. Estas se tornaram fundamentais para a avaliação, implantação,
planejamento e gestão tanto em nível individual como em coletivo. Embora as informações
provenientes de fontes secundárias sejam de extrema importância, não são suficientes para
responder as questões atuais. Estes fatores em conjunto apontam para a necessidade da
realização de inquéritos nacionais de saúde. No Brasil, as informações em saúde são obtidas
pelos Sistemas Nacionais de Informação em Saúde que são subordinados ao Sistema Único de
Saúde e aquelas obtidas pelos inquéritos nacionais ou regionais realizados principalmente a
partir da década de 80 (Malta et al., 2008)
Os inquéritos de prevalência de agravos a saúde são provavelmente a forma mais
encontrada de inquéritos de saúde. Tem o intuito de obter dados sobre a frequência de agravos
à saúde que ocorrem na população. Faz-se importante que os dados obtidos nos inquéritos
reproduzam a verdadeira situação que existe na população e que possam ser quantificados,
mesmo que as informações sejam constituídas por opiniões, sensações e outras manifestações
subjetivas. Os inquéritos podem ser classificados de maneiras distintas e estão dispostos no
quadro 2. Existem os que são por entrevistas e os que são por exames (clínicos e/ou
laboratoriais); de acordo com a extensão que alcancem (nacionais ou locais); em função dos
tipos de prevalência de agravos a saúde incluídos na pesquisa, os gerais abrangem todos os
agravos à saúde e os específicos somente um dano à saúde ou um grupo de condições. Podem
também ser classificados em função da medida de frequência da doença utilizada (incidência
e prevalência) e em função da base de dados (populacionais ou institucionais) (Pereira, 1995).
Em relação às bases de dados secundários dos sistemas de informação, as de dados
epidemiológicos são as tradicionalmente empregadas para a construção de indicadores de
saúdem que juntamente com os demais indicadores (sociais, demográficos e econômicos),
permitem realizar e elaborar diagnósticos sobre as condições de vida e da população, e servir
como instrumento na avaliação de programas de intervenção (Coeli et al., 2009).
A utilização integrada das bases de dados secundários e primários potencializa a
utilidade das bases por contribuir para uma melhor qualidade dos dados registrados e
21
ampliando dessa forma a possibilidade do escopo de análises e o seguimento longitudinal das
coortes (Coeli et al., 2009). Em relação aos dados sobre mortalidade, há uma ampla
disponibilidade dos dados. Cabe destacar a unanimidade do conceito de morte, que não varia
em função das diferenças sociais e culturais. Estas variações interferem de maneira mais
direta na aferição de eventos relacionados à saúde, como a percepção de bem-estar e a
avaliação da qualidade de vida, dificultando a uniformidade dos conceitos contidos dentro dos
fenômenos de morbidade (Costa et al., 2009).
Além disso, não há uma uniformidade no
padrão de descrição da linguagem utilizada nos instrumentos de coleta dos dados de
prevalência, o que dificulta a comparação e utilização de modo complementar dentro dos
sistemas de informação em saúde.
No cenário epidemiológico atual, um diagnóstico de doença pode ou não ser
acompanhado de co-morbidades. Fatores como gravidade, extensão, natureza e enfrentamento
da doença podem determinar o grau de saúde que os indivíduos experimentam. Instrumentos
que mensurem a independência ou dependência nas atividades básicas, instrumentais e
avançadas de vida diária e qualidade de vida passam a ser fundamentais no dimensionamento
e caracterização do impacto das doenças.
Estes instrumentos têm como característica
quantificar fatores subjetivos da percepção dos indivíduos e podem ser diferenciados entre os
que avaliam o estado como um todo da saúde e os que têm foco em determinadas dimensões
como, dor, incapacidade, bem estar e etc. Esta temática é uma das questões centrais no
aprimoramento dos instrumentos (tanto de bases de dados primárias, como secundárias), pois
tratam da validação, desenvolvimento e avaliação das escalas, instrumentos e questionários
utilizados. O padrão de uniformidade em uma linguagem unificada possibilitaria comparações
internacionais, intersetoriais e interdisciplinares (Raty et al.,2003).
1.2.1
Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) implantou no país no ano de
1967, um sistema de pesquisas domiciliares com objetivos diversos, denominado Pesquisa
Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD). A investigação tem o objetivo de buscar
informações não-disponíveis ou não-suficientemente cobertas pelos sistemas convencionais
de informação econômica e social, de maneira a traçar um panorama geral e atualizado do
país. A PNAD é um inquérito anual (com exceção dos anos censitários), utiliza medidas de
prevalência e é realizado com amostras probabilísticas. As informações que são produzidas
22
pelo inquérito enfatizam as principais finalidades do inquéritos: demonstrar a situação da
época, através de dados quantitativos sobre certos aspectos da população. As informações
podem ser utilizadas em comparações entre regiões, antecipação de tendências e nas
atividades de planejamento, como subsidiar e justificar medidas de intervenção. Tratando-se
de inquéritos de prevalência, que se repetem a intervalos regulares, seus resultados
possibilitam o acompanhamento da evolução da situação e avaliação dos objetivos realmente
alcançados e suas respectivas proporções (Pereira, 1995).
Por solicitação do Ministério da Saúde foi elaborado e realizado um suplemento com o
tema Saúde no ano de 1998, visando à produção de informações comparativas sobre a
evolução do quadro geral de acesso aos serviços de saúde e informações sobre morbidade.
Nos anos de 2003 e 2008 outro suplemento similar ao de 1998 foi realizado (Travassos et
al.,2008).
Tabela 1: Temas dos Suplementos da PNAD, 1972-2008.
Ano dos
Suplementos da
PNAD
1972
1973
1976
1977
1978
1979
1981
1982
1983
1984
1985
1986
1987
1988
1989-1990
1992-1993
1995
1996
1997
1998
1999
2001
2003
Tema
Fecundidade, Rendimento, Bens de Consumo
Fecundidade e Migração
Migração, Cor, Religião e Fecundidade
Bens de consumo duráveis, Características das habitações e
Fecundidade
Fecundidade
Consumo de energia
Saúde
Educação
Previdência e Mão-de-obra
Fecundidade e Nupcialidade – transição demográfica
Situação do menor
Acesso aos serviços de saúde, Suplementação alimentar,
Associativismo e Anticoncepção
Cor (1 quesito)
Participação político-social/vitimização
Trabalho
Migração, Fecundidade e Nupcialidade
Migração, Fecundidade e Nupcialidade
Mobilidade social
Migração e Fecundidade
Acesso e utilização dos serviços de saúde
Migração e Fecundidade
Trabalho infantil
Acesso e utilização dos serviços de saúde
23
Educação, segurança alimentar e transferência de renda em
programas sociais
Acesso a internet e posse de telefone móvel celular para uso pessoal
2005
Trabalho infantil, aspectos complementares da educação e
2006
transferência de renda em programas sociais
Educação de jovens e adultos e educação tecnológica profissional
2007
Acesso e utilização dos serviços de saúde
2008
Fonte: Travassos et al., 2008.
2004
O primeiro inquérito com a temática da saúde foi a campo no ano de 1981 e
contemplou diversos temas, como, morbidade, uso de serviços de saúde, cobertura vacinal,
cuidado da mãe e da criança, hospitalização, assistência odontológica, portadores de
deficiência e incapacidade física, além de informações sobre gastos privados em saúde e
fontes de financiamento do consumo de serviços de saúde.
Após dezessete anos sem
informações de saúde nos suplementos da PNAD, foi aplicado um novo questionário sobre
acesso e utilização de serviços. Com isto, foi inaugurada uma série histórica qüinqüenal de
informação de base populacional sobre saúde e consumos de serviços de saúde. Esta serie
histórica possibilita o acompanhamento de aspectos relevantes da saúde da população
brasileira e o monitoramento com distintos recortes geográficos e socioeconômicos,
possibilitando a incorporação das informações de saúde pela sociedade e por diferentes áreas
do governo favorecendo as ações intersetoriais (Travassos et al., 2008).
Embora o suplemento tenha importância fundamental existem algumas limitações.
Uma das limitações dos inquéritos populacionais é o fato de que geralmente, o desenho do
estudo ou o tamanho da amostra não possibilita geração de estimativas para áreas pequenas, o
que vai de encontro ao caráter descentralizado proposto pelo SUS. Outro aspecto
metodológico limitante é o uso de informantes secundários que são empregados nos
inquéritos. Como suplemento da PNAD, o suplemento saúde tem limitações referentes ao
número de quesitos que pode conter, sob pena de inviabilizar a própria PNAD que por si só já
é bastante longa e demorada (Viacava et al., 2006).
Analisando os questionários utilizados nos Suplementos percebe-se que no ano de
2003, o módulo de saúde dos moradores se dividiu em: morbidade, cobertura de plano de
saúde, acesso aos serviços de saúde, utilização dos serviços de saúde e internação. Já no ano
de 2008, além das divisões supracitadas, foram incluídas questões referentes a atendimento de
urgência no domicílio, violência, acidente de trânsito e sedentarismo. Já no módulo que
tratava sobre a mobilidade física e fatores de risco a saúde dos moradores, foi abordado o
24
tema de atividade física. Os módulos contidos nos Suplemento Saúde da PNAD estão
dispostos na tabela 1.
Tabela 2. Módulos contidos nos instrumentos de coleta do Suplemento Saúde da PNAD
(1998, 2003 e 2008).
1998
1. Saúde dos moradores
2003
2008
1.
Acesso
aos
serviços
preventivos de saúde em
mulheres (25 anos ou mais de
idade)
1.
Acesso
aos
serviços
preventivos de saúde em
mulheres (25 anos ou mais de
idade)
2. Mobilidade física dos 2. Saúde dos moradores
moradores de 14 anos ou mais
de idade
2. Saúde dos moradores
X
3. Mobilidade física dos 3. Mobilidade física e fatores de
moradores de 14 anos ou mais risco à saúde dos moradores de
de idade
14 anos ou mais de idade
X
X
4. Tabagismo dos moradores
(15 anos ou mais)
No Suplemento Saúde dos anos de 1998, 2003 e 2008, três domínios relativos ao
conceito de qualidade de vida relacionada à saúde foram abordados: deficiências (morbidade
referida para doenças crônicas), percepção sobre o próprio estado de saúde e funcionalidade.
A avaliação da funcionalidade se deteve sobre a restrição e a limitação das atividades de vida
habituais.
Em relação à restrição das atividades habituais, foi feita por meio de dois
indicadores que contemplavam o número de dias com restrição de tais atividades e o número
de dias acamado, ambos por motivos de saúde, nas duas últimas semanas. Já a limitação das
atividades foi feita por meio de um questionário com sets itens dirigido para pessoas com 14
anos de idade ou mais. Em todos os itens, o grau de dificuldade da tarefa foi medido por uma
escala ordinal com quatro níveis (não tem dificuldade, tem pequena dificuldade, tem grande
dificuldade e não consegue). Caso a resposta ao primeiro item indicasse uma dificuldade
completa para a realização das atividades de cuidado pessoal, a avaliação era encerrada sem
que os outros itens fossem respondidos (Costa, 2008).
1.3 A Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde
25
A mensuração da capacidade funcional, mobilidade e de atividades físicas são
freqüentemente utilizadas em estudos de base populacional. Em adição, a mensuração de
níveis de funcionalidade oferece uma forma conveniente de comparar o impacto de diferentes
tipos de doença nas diferentes populações em distintos momentos. A mensuração também
fornece informações importantes sobre a necessidade de assistência em cuidado pessoal, na
habilidade de viver de forma independente e no prognóstico (Raty et al., 2003). Na tentativa
de unificar as diferentes linguagens utilizadas no entendimento dos processos de
funcionalidade, incapacidade e deficiência, a OMS publicou a Classificação Internacional de
Funcionalidade (CIF). A CIF é fundamentada a partir de uma abordagem biopsicossocial,
integrando as várias perspectivas da saúde (biológica, individual e social), descritos nos
componentes: Estrutura e Função do corpo; Atividade e Participação, permeados pelos
Fatores Ambientais (Sampaio & Luz, 2009). A funcionalidade é utilizada para designar os
aspectos positivos da condição de saúde, ou seja, que não apresentam problemas (neutros) e
Incapacidade para os negativos, resultante da disfunção apresentada pelo indivíduo, limitação
de suas atividades e restrição de suas participações sociais (Farias & Buchalla, 2005).
Após sua publicação surgiu à necessidade de explorar o uso prático da CIF nas
pesquisas epidemiológicas. Existe a possibilidade de ligação dos instrumentos já esclarecidos
e utilizados na literatura e suas características psicométricas com as categorias presentes na
CIF (Raty et al., 2003). Através do processo de ligação de medidas clínicas e do estado de
saúde com a CIF pode se obter a dimensão da capacidade de cobertura de ferramentas e
questionários utilizados nos processos de avaliação em relação aos componentes da
funcionalidade e da qualidade de vida e dessa forma complementar a avaliação com outros
instrumentos que cubram aspectos pertinentes e relevantes, consagrados na literatura como
bons preditores dos quadros de morbidade e mortalidade (Cieza et al., 2005).
Há algumas décadas, começou a ser construído o conceito de Família das
classificações da OMS. Este conceito decorre da percepção que apenas uma classificação não
teria capacidade de cobrir todas as possibilidades que se relacionam ao processo saúdedoença. Questões sobre estados referentes a conseqüências das doenças deveriam ser
coletados, quantificados e avaliados. A concretização dessa família de classificações se dá a
partir de uma nova abordagem em relação às estatísticas de saúde (Buchalla e Laurenti, 2010).
Em 1980, a OMS elaborou uma classificação para descrever as conseqüências das
condições adversas de saúde ou doenças, denominada Classificação Internacional de
Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID). Esta classificação tinha como
26
referencial teórico a incapacidade, dividida em três dimensões, operacionalizadas como
conseqüência de uma doença ou lesão em uma seqüência linear. As conseqüências das
doenças se manifestavam como danos/lesões no nível corporal, que eram definidas como
anormalidades corporais ou de estruturas orgânicas e funções (impairments/deficiências);
incapacidade, definida como restrição da habilidade pessoal para realizar tarefas básicas
(disability/incapacidade); e desvantagem experimentada ao desempenhar um papel social
(handicap/ desvantagem). A concepção de um modelo de relação causal linear no qual o dano
a uma estrutura ou função corporal leva a uma incapacidade e esta a determina como uma
desvantagem para a realização dos papéis sociais começou a sofrer críticas e questionamentos.
Dentre os questionamentos, estava a progressão fixa de uma seqüência de eventos baseada em
acometimentos clínicos. Diante da necessidade de adequação do modelo, diversos centros
colaboradores da OMS, em conjunto
com
organizações
governamentais e não
governamentais, incluindo grupos de pessoas portadoras de necessidades especiais, se
engajaram para revisar a CIDID. Em 2001, a OMS aprovou a Classificação Internacional de
Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF). A CIF é um sistema de classificação que
descreve a funcionalidade e incapacidade relacionada às condições de saúde, refletindo uma
nova filosofia que deixa de focalizar apenas as conseqüências da doença para destacar
também a funcionalidade como um componente da saúde. O modelo teórico da CIF avança
em relação à CIDID à medida que classifica a saúde pela perspectiva biológica, individual e
social em uma relação multidirecional (OPAS-OMS, 2003).
A CIF é considerada pela OMS como uma das duas classificações internacionais para
informações em saúde e relacionada à saúde. A outra classificação é a Classificação
Internacional de Doenças (CID). Condições de saúde geralmente são classificadas utilizando a
CID-10, compreendendo diagnósticos de doenças, desordens e outras condições de saúde. E
os fenômenos de funcionalidade e incapacidade associados a tais condições são classificados
pela CIF (Stucki, 2005). Dessa forma, a oferta de recursos para a identificação e avaliação
das reais necessidades em saúde, permitirá o acompanhamento de medidas que possam refletir
bons resultados na qualidade de vida a nível individual e populacional.
A CIF resulta do
interesse em ter conhecimento e aprofundamento sobre as conseqüências dos problemas de
saúde e sobre os acontecimentos que sucedem um diagnóstico. Diferente do que ocorre com a
CID, que é amplamente utilizada como uma ferramenta epidemiológica, a CIF pode ser
utilizada em outras áreas, como Educação e Reabilitação e Seguridade Social.
27
A CIF tem o objetivo de sintetizar de modo coerente a visão das diferentes
perspectivas em saúde (principalmente a biomédica e a social) a partir de um panorama
individual, biológico e social. Fornece uma abordagem múltipla para a classificação da
funcionalidade e incapacidade através de um processo interativo e evolutivo (Raty et al.,
2003).
O diagrama representado na figura I demonstra o entendimento da interação dos
componentes da CIF. A interação entre os componentes no modelo se dá em duas direções, e
as intervenções que afetam um componente podem potencialmente modificar um ou mais dos
outros componentes.
Figura 1. Modelo de interação dos conceitos da CIF.
Condição de Saúde
(desordem ou doença)
Funções/ Estruturas
Corporais
Fatores Ambientais
Atividades
Participação
Fatores Pessoais
Fonte: OPAS/OMS, 2003.
A CIF possui uma estrutura hierárquica. É apresentada em duas partes, cada uma
contendo dois componentes separados. A primeira parte é relacionada à Funcionalidade e
Incapacidade e inclui os componentes: Funções Corporais (b) e Estruturas Corporais (s) e
Atividades e Participação (d). A parte 2 se relaciona aos fatores contextuais e inclui os
componentes: Fatores Ambientais (e) e Fatores Pessoais (não passíveis de classificação
alfanumérica). Cada componente consiste de vários domínios e, cada domínio consiste de
várias categorias que são as unidades da classificação (Sampaio e Luz, 2009).
A classificação visa fornecer um sistemático esquema de codificação para os sistemas
de informação em saúde. Pode ser utilizada como uma ferramenta estatística tanto para a
coleta quanto para o registro de dados e como ferramenta de pesquisa. A CIF é um excelente
28
sistema de classificação, pois fornece um padrão operacional para as definições de
funcionalidade e incapacidade relacionadas às condições de saúde (Nubila e Buchalla, 2008).
Quadro 2 Quadro de definições da CIF.
Componente
Definição
Funções do Corpo (b)
Funções fisiológicas
Estruturas do Corpo (s)
Estruturas anatômicas
Atividade (d)
Execução de uma tarefa ou ação
Participação (d)
Envolvimento de um indivíduo em uma situação real
Fatores Ambientais (e)
Ambiente físico, social e de atitudes em que a pessoa
vive
Fatores Pessoais (não
passíveis de classificação)
Histórico particular da vida e do estilo de vida de um
indivíduo
Deficiência
Problemas nas funções e/ou estruturas do corpo
Termo genérico ("chapéu") para deficiências,
limitações de atividade e restrições na participação.
Ele indica os aspectos negativos da interação entre
um indivíduo (com uma condição de saúde) e seus
fatores contextuais (ambientais e pessoais).
Fonte: Adaptado de OPAS/OMS, 2003.
Incapacidade
Os conceitos de estado de saúde, estado funcional, bem estar, qualidade de vida e
qualidade de vida relacionada à saúde, muitas vezes são aplicados de maneira indistinta em
pesquisas de resultados, o que dificulta o entendimento, interpretação e comparação dos
resultados. Enquanto a incapacidade se refere às limitações e restrições relacionadas a um
problema de saúde, a qualidade de vida diz respeito a como o indivíduo se sente em relação a
essas limitações e restrições. Um grande número de instrumentos concorrentes, relacionados
a condições especificas e genéricas, foi desenvolvido ao longo das últimas décadas e novas
versões de velhos instrumentos continuam a aparecer na literatura. Por isso, tem se tornado
difícil para os investigadores e pesquisadores clínicos selecionar o instrumento mais
apropriado, pois com tanta variedade a comparação e interpretação dos resultados com
diferentes estudos são complexas.
Para direcionar essas mudanças uma ferramenta de
referência para o entendimento de tais fenômenos é de extrema importância. Com a CIF, uma
nova compreensão conceitual relacionada a medidas de desfecho está emergindo.
29
Representando a possibilidade de relação entre variáveis dependentes e independentes e
ajudando a organizar a diversidade dos estudos e a complexidade das possibilidades de
interação entre as diferentes variáveis (Cieza et al., 2005).
2. Justificativa
Visando a melhoria da qualidade da informação dos Sistemas de Informação em saúde
relacionados à deficiência e incapacidade, a CIF aparece no cenário acadêmico como
ferramenta com grande aplicabilidade epidemiológica, no entanto, poucos trabalhos na
literatura nacional exploraram o tema. Sendo assim, a presente dissertação está estruturada em
dois artigos. O primeiro tem o intuito de demonstrar a aplicabilidade da CIF como ferramenta
epidemiológica em bases de dados primários. O segundo tem o objetivo de demonstrar como
a classificação vem sendo utilizada na prática clínica para o fornecimento de dados
secundários relacionados à funcionalidade e a incapacidade.
3. Objetivos
O primeiro artigo intitulado “Construtos de Incapacidade na Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílio (PNAD): uma análise baseada na Classificação Internacional de
Funcionalidade (CIF)” tem o intuito de demonstrar a aplicabilidade da CIF como ferramenta
epidemiológica em inquéritos epidemiológicos. Como a presente dissertação tem o objetivo
de analisar o inquérito sobre a ótica da incapacidade e deficiência, serão abordados alguns
aspectos referentes à deficiência e incapacidade presentes nos Suplementos Saúde da PNAD.
O segundo artigo “A Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF) e sua utilização na
prática clínica: Uma revisão sistemática” tem o objetivo de demonstrar como a classificação
vem sendo utilizada na prática clínica para o fornecimento de dados primários e secundários
relacionados à deficiência e incapacidade por meio de uma revisão sistemática.
30
4. Artigo I
TÍTULO – Construtos de Incapacidade na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD):
uma análise baseada na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF)
RESUMO - Objetivo: realizar a identificação de construtos relacionados a Incapacidade
presentes na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) tendo como ferramenta
teórica a Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF).
Metodologia: trata-se de estudo metodológico do tipo descritivo. A primeira etapa da pesquisa
foi referente à identificação dos blocos presentes no instrumento de coleta que continham
conteúdos referentes à funcionalidade, incapacidade e deficiência. Posteriormente, realizou-se
a extração dos conteúdos significativos dos blocos e módulos selecionados. Na última etapa,
os conteúdos destacados foram codificados para as categorias da CIF. Resultados: os
domínios mais frequentes foram os relacionados a atividades e participação, seguido dos
domínios de funções do corpo. Apenas um conteúdo se relacionou aos fatores ambientais.
Conclusão: a CIF é uma ferramenta com grande aplicabilidade nos sistemas de informação de
dados primários. Por sua linguagem universal e perspectiva biopsicossocial, a classificação
deve ser mais explorada no campo da epidemiologia.
Palavras–Chave: Inquéritos epidemiológicos; Classificação Internacional de Funcionalidade,
Incapacidade e Saúde; Coleta de dados; Sistemas de Informação; Epidemiologia.
ABSTRACT- Objective: To perform the identification of common content between the
(PNAD) to the International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF).
Methodology: It is a descriptive methodological study. The first stage of the research was
related to the identification of the blocks present in the data collection instrument containing
content related to functioning, disability and disability. Then carried out to extract the
meaningful content of the blocks and modules selected. In the last step, the contents have
been coded to the ICF categories. Results: The most common domains were related to
activities and participation, followed by the domains of body functions. Only um content was
related to environmental factors. Conclusion: The ICF is a tool with wide applicability in the
information systems of primary data. For its universal language and biopsychosocial
perspective, the classification should be further explored in the field of epidemiology.
Key-Words: Health Surveys; International Classification of Functioning, Disability and Health, Data
collection; Information Systems; Epidemiology.
31
INTRODUÇÃO
A importância de inquéritos populacionais como fontes de informações sobre saúde é
amplamente reconhecida. Servem como fonte primária de dados que só podem ser obtidas de
tal maneira e são úteis para o estudo de desigualdades no estado de saúde, no acesso e uso de
serviços e no gasto privado. Esses estudos têm a capacidade de fornecer informações
pertinentes ao perfil de saúde e dos fatores de risco ou de proteção em uma determinada
população. Podem ter ainda atualização periódica e cobrir distintas regiões geográficas. Além
disso, é possível correlacionar dados de problemas de saúde com as condições
socioeconômicas e assim dimensionar a iniquidade em saúde persistente no quadro nacional
(Viacava et al., 2006). A necessidade de conhecer a realidade epidemiológica reafirma o papel
dos inquéritos domiciliares de saúde como ferramenta ideal para a geração dos dados, através
de estudos transversais com periodicidade previamente definida havendo também a
possibilidade de realização em diferentes períodos, sendo possível avaliar em uma perspectiva
longitudinal e temporal o efeito de intervenções como as políticas de saúde que visam à
promoção da saúde e comparar os diferentes padrões de polarização epidemiológica
(Waldman et al., 2008).
Desde o início de sua história, o Instituto Brasileiro de Geografia Estatística (IBGE) foi
responsável pela elaboração e produção de uma série de pesquisas cujo conteúdo foi bastante
significativo para a produção de informações sobre as características demográficas e
socioeconômicas da população brasileira. Uma das ferramentas utilizadas pelo Instituto para a
produção das informações é a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
(Oliveira e Simões, 2005).
Desde a década de 50, há uma expansão no desenvolvimento de medidas de avaliação
funcional para aplicações clínicas, em pesquisa e nos inquéritos. A maioria dos instrumentos
se baseia na autoavaliação dos indivíduos, na observação direta de um indivíduo
desempenhando uma variedade de testes ou em medidas baseadas em desempenho. O
desenvolvimento de medidas de avaliação funcional vem sendo criticadas por serem
descoordenadas. Uma razão para isso é a falta de uma ferramenta teórica e conceitual clara.
Da perspectiva dos inquéritos domiciliares de saúde isso dificulta a comparação de resultados
32
(Raty et al., 2003). A aferição da ocorrência de deficiência em grupos populacionais tem sido
alvo de discussão acadêmica (McDermoth & Turk, 2011; Altman, 2011) e até mesmo
possíveis distorções nos números são apontadas (Altman & Gulley, 2009). Esses problemas
podem decorrer das dificuldades teóricas em torno do termo deficiência. Visando unificar a
linguagem dos processos de funcionalidade e incapacidade, a Organização Mundial de Saúde
em 2001, publicou a Classificação Internacional de Funcionalidade (WHO, 2001), que se
baseia em uma abordagem biopsicossocial, uma síntese das abordagens médica e social ao
processo de incapacidade, onde cada dimensão desse processo (Funções e Estruturas
corporais, Atividades e Participação) é conceitualizada como uma interação dinâmica entre os
fatores intrínsecos ao indivíduo e o seu ambiente físico e social (Fatores ambientais) (Sigl et
al., 2006). A informação da CIF se organiza através de dois componentes. A parte 1 diz
respeito à funcionalidade e incapacidade e é representada pelas categorias de Funções do
Corpo (b), Estruturas do Corpo (s) e Atividades & Participação (d). A parte 2 trata dos Fatores
contextuais e contem os Fatores Ambientais (e) e os Fatores Pessoais (OPAS-OMS, 2003).
Considerando a relevância da PNAD como peça fundamental no sistema de
informação de bases de dados primários em saúde no âmbito nacional, ao se fazer o processo
de identificação dos conteúdos comuns presentes no instrumento de coleta da pesquisa com a
CIF, será possível evidenciar de que maneira o inquérito aborda a temática da deficiência e
dos processos de funcionalidade e incapacidade. Com esse panorama pode-se proceder à
identificação das dimensões do processo incapacitante possivelmente não contempladas e
ajustes no questionário podem ser sugeridos, podendo também complementar a avaliação com
outros instrumentos que cubram outros componentes pertinentes e relevantes, já que estes são
consagrados na literatura como bons preditores dos quadros de morbidade e mortalidade
(Fayed, et al., 2011).Sendo assim, o presente estudo tem o objetivo de fazer a identificação de
conteúdos comuns referentes à deficiência, incapacidade e funcionalidade presentes no
instrumento de coleta da PNAD – 2008 com a CIF.
METODOLOGIA
Trata-se de estudo metodológico, do tipo descritivo. O instrumento de coleta analisado
foi referente ao Suplemento Saúde da PNAD – 2008, descrito no Quadro 1. O estudo foi
divido em 3 etapas dispostas na figura 1.
33
Quadro 1. Blocos e Seções do instrumento de coleta da PNAD – 2008.
Blocos da PNAD - 2008
Seções
1 - Acesso aos serviços
preventivos de saúde em
mulheres (25 anos ou mais de
idade)
X
2 - Saúde dos Moradores
Morbidade; Cobertura de Plano de Saúde; Acesso aos serviços de
saúde; Utilização dos serviços de saúde; Internação; Atendimento de
urgência no domicílio; Violência; Acidente de trânsito;
Sedentarismo
3 - Mobilidade física e fatores Atividade Física
de risco à saúde dos
moradores de 14 anos ou mais
de idade
Tabaco fumado; Usuário diário de tabaco fumado; usuário ocasional
de tabaco fumado; Ex-usuário de tabaco fumado; Tabaco sem
4 - Tabagismo dos moradores
fumaça; Usuário diário de tabaco sem fumaça; usuário ocasional de
(15 anos ou mais)
tabaco sem fumaça; Usuário ocasional de tabaco sem fumaça; Exusuário de tabaco sem fumaça
Fonte: IBGE. Disponível em www.ibge.gov.br
A primeira etapa consistiu da análise dos blocos e seções do instrumento de coleta. A
segunda etapa foi referente à extração dos conteúdos significativos das questões das seções e
blocos selecionados e a terceira etapa relacionou-se a ligação do conteúdo significativo
selecionado com a categoria da CIF mais precisa. Foram selecionados os blocos de Saúde dos
Moradores (Seção de Morbidade) e o Bloco sobre Mobilidade física e fatores de risco à saúde
dos moradores de 14 anos ou mais de idade (Todas as seções). Para a identificação do
conteúdo comum do questionário do inquéritos com a CIF, o conteúdo das questões foi
analisado. A CIF foi utilizada como um guia e as perguntas do instrumento de coleta foram
mapeadas com as categorias da CIF.
O processo de ligação entre os questionários dos Inquéritos e a CIF é baseado na
metodologia amplamente difundida na literatura (Glassel et al., 2011; Khan et al., 2010; Geyh
et al., 2007; Schepers et al., 2007), proposta por Cieza et al (2005). Os autores propuseram
oito regras para ligação entre as medidas de resultado (medidas clínicas, do estado de saúde e
técnicas) com a CIF e mais cinco regras adicionais (dispostas nos Quadros 2 e 3). As regras
34
específicas determinam que todos os conceitos significantes devam ser considerados antes de
se realizar a ligação com as categorias da CIF e que as opções de resposta quando contenham
conceitos relevantes sejam incluídas. No caso do conceito de algum item conter exemplos,
estes também devem ser ligados. Estas regras foram desenvolvidas baseadas na experiência
acumulada durante o processo de ligação de centenas de documentos de medidas clínicas e do
estado de saúde realizadas desde a publicação da CIF em 2001.
Figura 1. Fluxograma das etapas realizadas na metodologia do trabalho.
Quadro 2. Regras de ligação da Classificação Internacional de Funcionalidade.
Número
1.
Regra
Após uma pessoa fazer a ligação dos conceitos presentes com as categorias da CIF,
outro deve ter bom conhecimento sobre os conceitos e propriedades taxonômicas
35
fundamentais da CIF, assim como dos capítulos, domínios, categorias e de detalhes
da classificação, incluindo suas definições
2.
Cada conceito significativo deve ser ligado com a categoria da CIF mais precisa
3.
A denominação “outra especificada” representada unicamente pelo código de
número 8 não deve ser utilizada. Caso o conteúdo de um conceito significativo não
seja expressamente indicado com a categoria da CIF correspondente, a informação
adicional que não pode ser ligada deve ser documentada
4.
A denominação “não especificada” representada pelo código de número 9 não deve
ser utilizada. Nesse caso, a categoria de menor nível hierárquico deve ser utilizada
5.
Se a informação fornecida pelo conceito significativo não é suficiente para tomar
uma decisão sobre a categoria da CIF mais precisa, o conceito deve ser ligado à
denominação nd (não-definida)
Casos especiais para essa regra:
a. Conceitos significativos referentes à saúde, saúde física ou mental
(emocional), devem ser atribuídas às siglas nd-gh, nd-ph ou nd-mh (não
definido- saúde geral, não definido – saúde física ou não definido-saúde
mental), respectivamente
b. Conceitos significativos referentes à qualidade de vida devem ser atribuídos
a nd-qol (não definido-qualidade de vida)
6.
Se o conceito significativo não está contido na CIF, mas é claramente um fator
pessoal, deve ser atribuído a sigla pf (fator pessoal)
7.
Se o conceito significativo não está contido na CIF e claramente não é um fator
36
pessoal, deve ser atribuída a sigla nc (não coberto)
8. Se o conceito significativo se refere a um diagnostico ou a uma condição de saúde,
deve ser atribuída a sigla hc (health condition)
Fonte: Adaptado de Cieza et al., 2005.
Quadro 3. Regras específicas para ligação das medidas do estado de saúde.
Nota
a.
Regras específicas para medidas do estado de saúde
Após iniciar o processo de ligação das medidas do estado de saúde com as
categorias da CIF, identificar todos os conteúdos significativos dentro de cada item
em consideração
b.
As opções de resposta de um item devem ser ligadas as categorias da CIF, caso
contenham conceitos significativos
c.
O intervalo de tempo a que os itens se referem como “durante a semana passada”
não deve ser ligado a CIF
d.
Se um dos conceitos significativos de um item é explicado através de exemplos,
tanto o conceito como o exemplo deve ser ligado. No entanto, a categoria da CIF a
que os exemplos forem ligados deve ser colocada entre parênteses.
Fonte: Adaptado de Cieza et al., 2005.
RESULTADOS
Em relação à Seção de Morbidade do Bloco sobre Saúde dos Moradores, das dezoito
perguntas foram extraídos quarenta e um conteúdos significativos. Já para o Bloco sobre
Características de Mobilidade física e fatores de risco à saúde dos moradores de 14 anos ou
37
mais de idade, das dezesseis perguntas foram extraídos quarenta e cinco conteúdos, conforme
disposto na Figura 2.
Figura 2. Número de conteúdos significativos identificados na PNAD – 2008 e suas distribuições entre
os componentes da CIF.
34 perguntas contidas nos Blocos e
Seções selecionadas
86 conteúdos
extraídos
39 não ligados a CIF
47 ligados a CIF
39 ligados a Atividade e
Participação
7 ligados a Funções
Corporais
1 ligado a Fatores
Ambientais
Dos 86 conteúdos significativos extraídos do questionário do Suplemento Saúde da
PNAD do ano de 2008, 39 são referentes a categorias de Atividades & Participação (d), 7
referentes a Funções Corporais (b), 1 referente a Fatores Ambientais (e), 31 não são cobertos
pela classificação, 2 eram não definíveis – saúde mental, 5 não definíveis - Atividades &
Participação e 1 não definível- saúde geral. A análise descritiva está disposta no Quadro 4 e a
análise por frequências relativas está disposta na Tabela 1.
Tabela 1. Frequências relativas dos resultados da ligação dos módulos selecionados do
instrumento de coleta de dados da PNAD 2008 com a CIF.
38
Resultados da Ligação PNAD 2008 com a CIF
(Morbidade e Características de Mobilidade Física e
Fatores de Risco a Saúde dos Moradores de 14 anos ou
mais de idade)
Funções Corporais (b)
F
fr (%)
7
8,1
39
45,3
Fatores Ambientais (e)
1
1,1
Não definível - Atividade e Participação (nd - A&P)
5
5,8
Não definível - Saúde Mental (nd - mh)
2
2,3
Não definível - Saúde Geral (nd - gh)
1
2,3
Não coberto
31
36
Total
86
100
Atividade e Participação (d)
Legenda: F – Frequência Absolta e fr – frequência relativa.
Para o Bloco de Saúde dos Moradores (seção de Morbidade), dos 41 conteúdos
significativos extraídos, 3 se referem a categorias de Atividades & Participação (d), 6
referentes a Funções Corporais (b), 26 não são cobertos pela classificação, 2 eram não
definíveis – saúde mental, 3 não definíveis - Atividades & Participação e 1 não definívelsaúde geral. Para a seção sobre Características de Mobilidade Física e Fatores de Risco a Saúde dos
Moradores de 14 anos ou mais de idade, dos 45 conteúdos, 36 se referem a Atividades e
Participação, 1 se refere a Fatores Ambientais, 1 a Funções corporais, 2 não definíveis Atividades & Participação e 5 não eram cobertos pelos domínios da CIF. .
Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF.
Pergunta da PNAD
39
Conteúdo significativo
Módulo Morbidade (Condição de saúde)
3 - De um modo geral, considera o seu próprio estado de saúde como:
Estado de saúde
Categoria da CIF
nd-gh
Atividades
habituais
4 – Nas duas ultimas semanas, deixou de realizar quaisquer de suas (trabalhar, ir à escola, nd-A&P (d850- Trabalho remunerado, d820 –
atividades habituais (trabalhar, ir à escola, brincar, afazeres brincar, afazeres domésticos) Educação escolar, nd-A&P, d640 – Realização de
domésticos etc) por motivo de saúde?
tarefas domésticas)
5 - Nas duas ultimas semanas, quantos dias deixou de realizar suas
Dias
atividades habituais por motivo de saúde?
nc
6 – Qual foi o principal motivo que impediu de realizar suas
Atividades habituais
atividades habituais nas duas ultimas semanas?
nd-A&P
01 – Diarréia ou vomito
Diarréia, vomito
b525 – Funções de
Regurgitação e vômito
02 – Problema respiratório
Problema respiratório
b4 – Funções dos sistemas cardiovascular,
hematológico, imunológico e respiratório
03 – Problema de coração ou pressão
b4 – Funções dos sistemas cardiovascular,
Problema
de
coração,
hematológico, imunológico e respiratório, b420 –
problema de pressão
Funções da pressão sanguínea
04 – Dor nos braços ou nas mãos
Dor nos braços, dor nas b28014 – Dor em membro superior, b28014 –
mãos
Dor em membro superior
defecação,
b5106
–
40
Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação).
05 – Problema mental ou emocional
Problema mental, problema
emocional
nd-mh, nd-mh
06 – Outra doença
Outra doença
hc
07 – Problema odontológico
Problema odontológico
hc
08 – Acidente no local de trabalho
Acidente no local de trabalho hc
09 – Acidente no trânsito
Acidente no trânsito
hc
10 – Outro acidente
Outro acidente
hc
11 – Agressão
Agressão
hc
12 – Outro motivo
Outro motivo
hc
7 – Nas duas ultimas semanas, esteve acamado (a)?
Acamado
8 – Nas duas ultimas semanas, quantos dias esteve acamado (a)?
Dias
nd-gh
nc
9 – Algum médico ou profissional de saúde disse que tem doença de Doença de coluna, doença de hc, hc
costas
coluna ou costas?
10 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem artrite ou
reumatismo?
Artrite, reumatismo
hc, hc
hc
11- Algum médico ou profissional de saúde disse que tem câncer?
Câncer
12 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem diabetes?
Diabetes
hc
41
Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação).
13 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem bronquite
Bronquite, asma
ou asma?
hc, hc
14 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem hipertensão
Hipertensão
(pressão alta)?
hc
15 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem doença do
Doença do coração
coração?
hc
16 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem
Insuficiência renal crônica
insuficiência renal crônica?
hc
17 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem depressão? Depressão
hc
18 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem
Tuberculose
tuberculose?
hc
19 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem tendinite
Tendinite, tenossinovite
ou tenossinovite?
hc
20 - Algum médico ou profissional de saúde disse que tem cirrose?
Cirrose
hc
Características de Mobilidade Física e Fatores de Risco a Saúde dos Moradores de 14 anos ou mais de idade
Alimentar-se
3 – Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para
Tomar banho
alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro?
Ir ao banheiro
4 – Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para correr,
levantar objetos pesados, praticar esportes ou realizar trabalhos
pesados?
Correr
d550 – Comer
d510- Lavar-se
d530 – Cuidados relacionados aos processos de
excreção
d4552 – Correr
42
Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação).
5 – Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para
empurrar mesa ou realizar consertos domésticos?
Levantar objetos
d430 – Levantar e carregar objetos
Praticar esportes
d9201 – Praticar esportes
Realizar trabalhos pesados
nd-A&P
Empurrar mesa
d4551 – Empurrar
Realizar
domésticos
consertos
Subir ladeira
6 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para subir
Subir escada
ladeira ou escada?
7 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para
abaixar-se, ajoelhar-se ou curvar-se?
d440 – Uso fino da mão
d4502 – Andar sobre superfícies diferentes
d4551 - Subir
Abaixar-se
d4101 – Agachar-se
Ajoelhar-se
Curvar-se
d4102 – Ajoelhar-se
d4105 – Inclinar-se
Andar mais que um
d4501 – Andar distâncias longas
8 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para andar quilômetro
mais do que um quilômetro?
9 - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para andar
Andar cerca de 100 metros d4500 – Andar distâncias curtas
cerca de 100 metros?
Fazer compras de alimentos
d6200 – Comprar
9a - Normalmente, por problema de saúde tem dificuldade para fazer
Fazer compras de roupas
d6200 – Comprar
compras de alimentos, roupas e medicamentos sem ajuda?
Fazer
compras
de
d6200 – Comprar
medicamentos
43
Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação).
Ajuda
10 – Costuma ir a pé ou de bicicleta de casa para o trabalho?
11 – Quanto tempo gasta para ir e voltar do trabalho?
Ir a pé
d450 – Andar
Bicicleta
d475 – Conduzir
Casa
nc
Trabalho
d850 – Trabalho remunerado
Tempo
nc
Trabalho
d850 – Trabalho remunerado
Andar
12 – No seu trabalho, anda a maior parte do tempo, carrega peso ou
Carregar peso
faz outra atividade que requer esforço físico intenso?
13 – Quem costuma fazer a faxina (limpeza pesada) na sua casa?
e3 – Apoio e relacionamentos
d450 - Andar
d430 – Levantar e transportar objetos
Atividade
nd – A&P
Esforço físico intenso
b455 – Funções de tolerância ao exercício
Faxina
d6402 – Limpar a habitação
Exercício físico
14 – Nos três últimos meses, praticou algum tipo de exercício físico
Esporte
ou esporte
d920 – Recreação e Lazer
15 – Qual a modalidade de exercício físico ou esporte que pratica?
d920 – Recreação e Lazer, d9201 - Desporto
Exercício físico ou esporte
d9201 - Desporto
44
Quadro 4. Ligação do Suplemento Saúde da PNAD-2008 com a CIF (continuação).
1 – Caminhada
Caminhada
2 – Futebol, basquete, ginástica aeróbica, corrida ou tênis
Futebol, ginástica aeróbica, d9201 - Desporto, d920 - Recreação e lazer, d450
corrida ou tênis
- Andar, d9200 - Desporto
3 – Outro
4 - Não pratica mais
Outro
Não pratica
nc
nc
16 – Quantos dias por semana pratica exercício físico ou esporte
Dias por semana
nc
d450 - Andar
17 – No dia que pratica exercícios físicos ou esporte, quanto tempo
Tempo
nc
dura esta atividade?
Legenda: nd-gh (não definível – saúde geral); nd –A&P (não definível – Atividade & Participação); nd-mh (não definível – saúde mental, nc –
não coberto.
45
DISCUSSÃO
O Ministério da Saúde no ano de 1998 solicitou a realização de um inquérito sobre
acesso e utilização de serviços. Com isto, foi inaugurada uma série histórica quinquenal de
informação de base populacional sobre saúde e consumos de serviços de saúde. Esta série
histórica possibilita o acompanhamento de aspectos relevantes da saúde da população
brasileira e o monitoramento com distintos recortes geográficos e socioeconômicos,
possibilitando a incorporação das informações de saúde pela sociedade e por diferentes áreas
do governo, favorecendo assim as ações intersetoriais (Travassos et al., 2008)
A estrutura da PNAD é contemplada por dois níveis informativos, sendo que no
primeiro fazem parte, dados em relação aos domicílios e no segundo informações sobre os
indivíduos residentes (inclusive aqueles que estão ausentes por um período de até doze
meses). No nível do domicilio são coletadas informações sobre características gerais,
condições de ocupação, abastecimento de água, esgoto sanitário, iluminação elétrica, bens
(telefones fixos, celulares, computador e acesso a internet) e destino de lixo. Já no nível
individual, informações demográficas, cor ou raça, migração, características do trabalho e
rendimento para maiores de 10 anos de idade, características do trabalho infantil, fecundidade
e escolaridade são também contempladas pelo questionário (Travassos et al, 2008).
Com a análise do instrumento de coleta do Suplemento Saúde da PNAD 2008 é
possível contribuir para uma melhor compreensão dos conceitos de funcionalidade,
incapacidade e qualidade de vida contemplados no instrumento. Ao fazer a ligação das
medidas do estado de saúde presentes no questionário com a CIF, pode-se verificar a relação
existente entre o conteúdo do instrumento com a classificação e assim esclarecer e elucidar
seus conceitos, de acordo com a linguagem unificada proposta pela OMS.
Analisando as perguntas do instrumento de coleta, em relação ao módulo de saúde dos
moradores que tratava das morbidades, as opção de resposta da pergunta 3 ( Como você
considera seu estado de saúde geral?), foram “muito bom, bom, regular, ruim, muito ruim”.
Estas estão de acordo com as opções utilizadas no questionário de qualidade de vida
recomendado pela OMS: WHOQOL (questionário esse traduzido e validado para o português)
(Fleck et al, 1999). Já as perguntas 4a, 5 e 6 tratavam sobre incapacidades (a primeira sobre a
prevalência de incapacidade, com opções de resposta “sim e não”; a segunda referente à
duração da incapacidade nas duas últimas semanas e a terceira sobre o motivo da
incapacidade).
46
As perguntas 7 e 8 eram sobre o indivíduo estar acamado e a duração desse processo,
respectivamente. As questões de número 9 a 20 diziam respeito à prevalência de agravos de
doenças crônicas (com opções de resposta “sim e não”). É importante ressaltar que esta
questão se refere ao fato de algum médico ou profissional de saúde ter dito que o indivíduo
tem ou não o agravo ou doença crônica, o que diminui o viés de classificação. Esta mudança
ocorreu a partir do Suplemento de 2003 (no do ano de 1998, não fazia referência ao médico
ou profissional de saúde).
No módulo de atividade física, contido dentro do bloco sobre Mobilidade física e fatores
de risco, a pergunta 10 que trata sobre como o indivíduo vai para o trabalho (se é a pé ou de
bicicleta), existe provavelmente uma dificuldade de se ir de bicicleta em um centro urbano
movimentado e que configuraria um possível viés de informação. A pergunta 12 apresenta
alguns conteúdos distintos, como andar, carregar peso ou outra atividade que requer esforço
físico intenso e que tem como opções de resposta “sim e não”. As atividades perguntadas na
questão necessitam de diferentes níveis de capacidade funcional, já que a tarefa de andar
requer maior capacidade de membros inferiores e carregar peso depende mais dos membros
superiores. A pergunta 13 sobre faxina (limpeza pesada) pode ser fortemente influenciada
pelos distintos estratos econômicos e diferenças regionais. A 14 trata sobre exercício físico ou
esporte nos últimos três meses e tem como opções de resposta (sim e não), também podem ser
influenciadas pelas diferenças e conformidades geográficas de cada região.
As
opções
de resposta sobre características de mobilidade física e fatores de risco à saúde dos moradores
são: “não consegue, tem grande dificuldade, tem pequena dificuldade e não tem dificuldade”.
Nessa escala com 4 opções não existe a opção moderado que pode ter grande diferença entre a
gravidade grande e pequena.
Em uma análise de três indicadores sobre a sobre a temática da incapacidade na
PNAD-1998, verificou-se que a prevalência de incapacidade para abaixar-se, ajoelhar-se ou
curvar-se nos idosos foi de 4,4% (2,7% para o sexo masculino e 5,7% no sexo feminino), já
para as tarefas de alimentar-se, tomar banho ou ir ao banheiro a prevalência foi de 2,0% (1,8%
para os homens e 2,2% para as mulheres); para a tarefa de andar mais de um quilômetro foi de
6,2% (4,2% e 7,9% para homens e mulheres, respectivamente). A escolha dos dois primeiros
indicadores se deveu ao fato que geralmente essas tarefas são incluídas nos estudos
epidemiológicos sobre o tema e também por se tratarem de indicadores relacionados à perda
da autonomia e o último indicador por indicar à capacidade do idoso de realizar atividades
físicas de intensidade leve a moderada (Lima-Costa et al., 2003).
47
Costa (2006) ao analisar os dados sobre incapacidade no suplemento saúde da PNAD
no ano de 2003, aponta que entre todos os entrevistados, 21% relataram dificuldade para
correr, levantar objetos pesados, praticar esportes ou trabalhos pesados (3,5% não
conseguiram realizar a tarefa), sendo esta a atividade mais comprometida. A limitação das
atividades foi menor entre 14 e 39 anos e maior a partir dos 60 anos. Na faixa etária de 40 a
59 anos a prevalência de incapacidade variou de 20% a 30%. Em sua discussão o autor aponta
que a os resultados para a última faixa etária mencionada (40 a 59 anos) reafirmam a
preocupação de outros autores com a elevada carga de morbidade que se origina na vida
adulta e repercute negativamente na qualidade de vida dos idosos. Aponta um possível viés
que pode ter interferido nos resultados; a maior prevalência de incapacidade na população
feminina que pode ser influenciada pelo viés de sobrevivência seletiva (maior carga de
mortalidade precoce no sexo masculino e estrutura envelhecida da população feminina).
Nesse sentido, Parahyba e Veras (2008), assinalam que a questão “dificuldade para alimentarse, ir ao banheiro ou tomar banho” pode conter um viés de informação por conta das
diferenças na acessibilidade das instalações sanitárias para os diferentes grupos, em um país
heterogêneo como o Brasil. Além disso, em uma mesma pergunta estão contidas três
atividades que exigem capacidades funcionais diferentes. No entanto, os autores apontam que
embora os dados apresentem certas limitações possuem robustez e que em relação as
diferentes coortes (1998 e 2003) houve redução no declínio funcional dos idosos brasileiros.
O presente estudo apresentou as seguintes limitações: as regras de ligação propõe que
a metodologia deve ser realizada por dois profissionais com experiência na utilização da CIF
e que análises de concordância inter-examinador devem ser realizadas, no intuito de observar
a confiabilidade dos resultados. Essa metodologia não foi possível de realização por se tratar
de um trabalho individual. Portanto, os resultados devem ser interpretados com cautela e
futuros estudos se fazem necessários para generalização dos resultados.
O fato de não existir nenhum estudo na literatura nacional com o mesmo tipo de
metodologia (ligação da CIF com inquéritos de saúde de base populacional), limita a
discussão externa no trabalho. No entanto, em um estudo internacional que realizou a ligação
da CIF com diversos inquéritos europeus (conduzidos de 1998 – 2002), verificou-se que a
maior parte dos questionários utilizados apresenta maior freqüência de perguntas relacionadas
a Atividades & Participação, seguida de questões sobre Funções Corporais, poucas perguntas
tratavam dos fatores ambientais (Raty et al., 2003). Os resultados encontrados nesse estudo
vão de encontro com os resultados encontrados no presente trabalho.
48
Apenas um conteúdo significativo foi relacionado aos fatores ambientais. O ambiente
é um dos seis componentes propostos pela CIF como parte do processo de funcionalidade e
incapacidade e dessa forma se relaciona intimamente com os demais componentes (funções
corporais, estruturas corporais, fatores pessoais, atividades e participação). Não contemplar os
fatores ambientais no processo de coleta de dados sobre a incapacidade empobrece a análise
dos quadros de morbidade na população. É sabido que pessoas com a mesma condição de
saúde podem apresentar diferentes níveis de funcionalidade e incapacidade ao passo que
pessoas com diferentes condições de saúde podem experimentar o mesmo grau de
funcionalidade e incapacidade. A OMS conceitua que estes fenômenos além de multifatoriais,
são influenciados pela condição de saúde, pelos recursos (econômicos e habilidade pessoais) e
também pelo ambiente onde está inserida. Versões futuras da PNAD poderiam incluir em seus
instrumentos de coleta essa temática de modo mais consistente
CONCLUSÃO
Ao utilizar a CIF como uma ferramenta padrão para o embasamento dos instrumentos
de coleta nos inquéritos, é possível que se tenha uma diretriz em relação às perguntas
contempladas e que com isso a comparação entre o mesmo inquérito em diferentes períodos
seja otimizada. Os resultados encontrados podem servir como exemplo da utilização dos itens
dos inquéritos para a comparação de instrumentos e questões e a sua ligação com as
categorias da CIF.
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Suplemento 1.
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Disability and Health. WHO, 2001.
51
9. Artigo II
TITLE: The International Classification of Functioning, Disability and Health (ICF)
and the application on clinical practice: A systematic review
LUCIANA CASTANEDA¹, ANKE BERGMANN², LIGIA BAHIA¹
¹ Institute for Studies in Public Health, Federal University of Rio de Janeiro, Rio de Janeiro –
RJ, Brazil.
² Augusto Motta University Center and National Cancer Institute, Rio de Janeiro – RJ, Brazil.
Luciana Castaneda – Av. Brigadeiro Trompowisky s/n, Praça da Prefeitura da Cidade
Universitária, 21949-900, Rio de Janeiro RJ. E-mail: [email protected].
Phone Number: 55 21 2553-1370.
52
ABSTRACT
Purpose: To systematically review the use of International Classification of Functioning,
Disability, and Health (ICF) in clinical practice. Method: This study is a systematic review of
articles that contain the International Classification of Functioning in the title. We included
observational design available in the databases, such as PubMed, Lilacs, and Scielo, published
in English and Portuguese in the period from January 2001 to June 2011. We excluded those
in which the samples did not comprise individuals, those with children and adolescents, and
articles of qualitative methodology. After reading the abstracts of 275 articles identified, 65
articles met the inclusion criteria. Of these, 18 were excluded. To the 47 articles included, the
Checklist adapted from the Strengthening the Reporting of Observational Studies in
Epidemiology (STROBE) with 15 items needed for observational studies was applied. Items
that met 12 criteria were included in this systematic review. Results: We included 29 articles.
Regarding the methodology of ICF application, the Checklist was used in 31%, Core Set in
31%, ICF categories in 31%, and in 7%, it was not possible to define the methodology
applied. With regard to the use of qualifiers, their original form was the most frequent (41%).
Analyzing the studies by the area of knowledge, most of the studies were related to the area of
Rheumatology (24%) and Orthopedics (21%). Regarding the study design, 83% of the articles
used cross-sectional studies. Conclusion: The results indicate a wide scientific production
related to ICF over the past 10 years. Different areas of knowledge are involved in the debate
on the improvement of information on morbidity. However, there are only a few quantitative
epidemiological studies involving the use of ICF in clinical practice. Future studies are
needed to improve secondary data related to functioning and disability.
Keywords: International Classification of Functioning, Disability, and Health; Chronic
disease; Review Literature as Topic; Data Collection; Evidence-based Practice.
53
INTRODUCTION
The measurement of disability and functioning are topics of growing interest since the
time when chronic diseases have shown high prevalence and incidence, and increased life
expectancy has become a characteristic phenomenon in modern societies. Disability, in
particular, is a subjective and ambiguous category [1]. As a result, the World Health
Organization (WHO), for nearly 30 years, has been developing models for the understanding
and classification of functioning, disability, and health [2].
In 1980, the WHO developed a classification to describe the consequences of adverse
health conditions or diseases, called the International Classification of Impairments,
Disabilities, and Handicaps (ICIDH). This classification is a theoretical reference, in which
disability is divided into three dimensions, operationalized as a consequence of an illness or
injury in a linear sequence. The consequences of the disease manifest as damage/injury to the
body level, which are defined as abnormalities or bodily functions and body structures
(impairments/disabilities); incapacity, defined as restriction of personal ability to perform
basic tasks (disability/incapacity); and disadvantage experienced by playing a social role
(handicap/disadvantage) [3].
The design of a linear causal relationship model – in which damage to a body structure
or function leads to a disability, which leads to a disadvantage in achieving social roles faced
critical questions. Among them was the progression of a fixed sequence of events based on
clinical effects. Considering the need to adapt the model, several WHO collaborating centers,
together with governmental and nongovernmental organizations, including groups of people
with disabilities, got engaged to review the ICIDH. In 2001, the WHO published the
International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF) [4].
54
The ICF is a classification system that describes the functioning and disability related
to health conditions, reflecting a new approach that not only focuses on the consequences of
the disease, but also emphasizes the functioning as a component of health. The theoretical
model of the ICF advances in relation to the ICIDH, because it classifies health from
biological, individual, and social perspective in a multidirectional relationship [5].
In this context, the ICF is a tool designed to provide a common language for
describing phenomena related to health status and is the most recent and comprehensive
taxonomic model for the functioning and disability within a unified and universal perspective.
The new model offers a new perspective on impairment and disability, which exceeds the
predominant biomedical model [6].
The information is organized into two parts with two components each. Part 1
(Functioning and Disability) consists of the domains of Body functions (b), Body structures
(s), and Activities and Participation (d). Part 2 (Contextual Factors) comprises Environmental
Factors (e) and Personal Factors (not yet eligible for classification). Functioning involves the
presence of a qualifier (which works with a generic scale from 0 to 4, where 0 means no
impairment and 4 indicates complete impairment). The qualifiers demonstrate the magnitude
of impairment, limitation, restriction, barriers, or facilitators of health conditions [7].
ICF supplements the indicator that traditionally focuses on deaths or illnesses. Despite
the fact that indicators of mortality and morbidity diagnoses are important, they do not
adequately capture the consequences of the disease in individuals and populations. The
concepts presented in the classification introduce a new paradigm for thinking and working
impairment and disability, perceived not only as a result of the conditions of the binomial
health/disease, but also determined by the context of social and physical environment,
different cultural perceptions and attitudes on disability, and availability of services and
55
legislation. This model of understanding the functioning is more dynamic and compatible
with the complexity of the concept of health [8]. According to Cieza et al. (2009) [9], the
information about functioning and disability is essential for routine activities, such as clinical
diagnosis of the consequences of health conditions, assignments and management of
interventions, and evaluation of treatment outcomes.
However, there are a few studies in the literature using the ICF in a quantitative
design. Most of them are about the concepts of classification and the importance of inserting
the tool in the health field. Gaidhane et al (2008) [10] suggested that the use of ICF as a
quantitative systematic coding scheme of information on functioning, disability, and disability
has several advantages, such as standardization of terminology, improved communication
between health professionals, improvement of data allowing comparisons among countries,
disciplines, and services over time, and highlighting the usefulness of the tool to identify the
nature and magnitude from the complex involved in the multifactorial dimensions of
disability and disability.
In this regard, this paper aims to conduct a systematic review on the use of ICF in
clinical practice, discussing how the classification has been used in the areas of knowledge,
describing how it has been applied in clinical practice, and identifying the main challenges to
implement the tool in the service routines.
56
METHODS
A systematic literature review was performed, considering observational design
(prospective, retrospective, or cross-sectional) as inclusion criteria. We excluded articles in
which the samples did not comprise individuals, studies with assessment in children and
adolescents, and articles of qualitative methodology (case report, focus group, and linking
rules).
We selected articles with the keyword International Classification of Functioning in
the title, available in databases, such as PubMed (U.S. National Library of Medicine), the
Latin American and Caribbean Health Sciences (LILACS), and Scientific Electronic Library
Online (SciELO), published between January 2001 and June 2011 in English and Portuguese.
The data were collected during the months of June and July 2011.
After reading the title and abstracts of the 275 articles selected in the initial search, it
was selected 65. Of these, 30 did not meet the established inclusion criteria for this review
and were excluded.
The adapted checklist from the Strengthening the Reporting of
Observational Studies in Epidemiology (STROBE) was applied to the 35 articles identified.
This checklist contained 15 qualitative items needed for observational studies. The 29
publications that have contemplated 12 items were included for analysis and discussion
(Figure 1).
57
Figure 1 – Criteria for studies identification
Search in electronic bases
(January of 2001 until June of 2011)
Records identified (n=275)
MEDLINE = 254
LILACS and SCIELO = 21
Full-text articles assessed (n=65)
Records excluded bases on title
and abstract analysis (n=210)
Full text articles excluded (n=30)
- Linking rules methodology (n=15)
- Case report (n=3)
- Service evaluation (n=1)
- Review (n=1)
Full –text articles evaluated according
the adapted STROBE Checklist (n=35)
- Delphi methodology (n=1)
- Article not available (n=1)
- Conceptual methodology (n=8)
- Full-text articles excluded by scoring less
than 12 in the adapted Strobe Checklist (n=6)
Studies included in the systematic
review (n=29)
RESULTS
This review included the critical assessment of 29 articles that met the established
inclusion criteria. Of these, 83% were cross-sectional studies and 17% comprised prospective
cohorts. Most of the studies used additional tools for classification of functioning and
disability. Table 1 summarizes the main characteristics of the studies reviewed.
58
Regarding the methodology of the ICF application, 31% used the Checklist, 31%
employed Core Set, 31% employed the ICF categories, and in 7%, it was not possible to
define the methodology applied (Figure 2). The qualifiers in its original form, were used in
41% of the studies analyzed (Figure 3).
Figure 2 - Frequency of qualifiers used in the studies included in the systematic review (n =
29).
Figure 3- Frequency of ICF qualifiers included in the articles of the systematic review (n=29).
59
Analyzing the studies based on the area of knowledge, most of the studies were related
to the area of rheumatology (24%) and orthopedics (21%).
Figure 4. Kknowledge areas of the ICF articles (n=29).
Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29).
60
Author, year
Knowledge area
Study design
Patients with IBD
192
Checklist
Not definable
x
Stroke patients
197
Checklist
Original
MIF
Cross
sectional
Patients
with
Examine these relationships using osteoarthritis about to
separate measures of each construct undergo hip and knee 413
and structural equation modeling.
joint
replacement
Categories
Adapted
x
Cross
sectional
Reports prevalence rates for mild,
moderate,
and
severe/extreme
Subjects
disability by the domains of activities
years
and participation of the ICF in elderly
people
Not definable
Original
WHODAS II
Cross
sectional
To identify and quantify the
differences
in
functioning
of
Patients with spinal
individuals
with
tetraplegia
1048
cord injury
versus paraplegia using the ICF as a
frame of reference
Not definable
Adapted
x
Internal medicine
Prospective
cohort
Neurology
Prospective
cohort
Virués-Ortega
2011[15]
et
Orthopedic
al.,
Herrmann et al., 2011[16]
Geriatrics
Neurology
Additional instruments
YRSM, HDRS, MIDAS,
EDSS, MIF
Peyrin-Biroulet
2011 [12]
Pollard et al., 2011[14]
Qualifiers
(Original ou
adapted)
Original
Cross
sectional
Gojlar et al., 2011[13]
n
Checklist
Health conditions
al.,
Assess whether valid scales of
Capacity and Performance could be
developed from the „„Activities and
Participation‟‟ domain of the ICF
checklist.
Develop the first disability index for
Inflammatory Bowel Disease (IBD) by
selecting the most relevant ICF
categories that are affected by the
disease
To determine whether the ICF model is
adequate for assessing disability
patterns in stroke survivors in the subacute habilitation setting in terms of
potential changes in functional profiles
over time
Study population
Patients
with
11
different
chronic 1092
conditions
Almansa et al., 2011[11]
et
Objective
ICF
methodology
(Categories,
Checklist or
Core Set)
aged
≥75
503
Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation)
61
Gradinger et al., 2011[17]
Neurology
Cross
sectional
Identify the most common problems of
people with any kind of (primary) sleep Patients with
disorder in a clinical setting using the disorder
ICF as a frame of reference
sleep
99
Checklist
Adapted
x
Core Set
Adapted
UW-QOL
Rogers et al., 2010 [18]
Oncology
Cross
sectional
Developed a patient self-completed
questionnaire from the items of the
brief core set (BCSQ-H&N), compared
the CSQ-H&N questionnaire with the Patients with head and
364
University of Washington v.4 (UW- neck cancer
QOLv4) and compared the BCSQH&N results with a clinician-rated
evaluation
Rauch et al., 2009[19]
Rheumatology
Cross
sectional
Identify similarities and differences
in functioning in AS and RA using the Patients with AS and
230
ICF as the framework for the RA
description of functioning.
Core Set
Original
x
Cross
sectional
To determine the categories of the ICF
Checklist and core sets of rheumatoid
arthritis and ankylosing spondylitis
frequently occurring in people with
psoriatic arthritis (PsA) and to compare Patients with PsA
the number of such categories with
scores on self-report measures of
participation restrictions and activity
limitations
94
Checklist
Original
WHODAS II, PAR-PRO,
SF-36, Psa-QOL, HAQDI
Taylor et al., 2010 [20]
Rheumatology
Cieza et al., 2009[9]
Orthopedic
Cross
sectional
To explore whether it is possible to
construct
clinical
measures
of
functioning by integrating information Patients
obtained across the categories of the osteoarthritis
ICF using the
Core Set of
osteoarthritis (OA) as a case in point
437
Core Set
Original
X
Tsutsui et al., 2008[21]
Neprology
Cross
sectional
To identify the common health Patients
in
HD
problems of Japanese patients on treatment for at least 136
hemodialysis (HD) using the ICF
five years
Checklist
Not definable
x
Cross
sectional
To assess the level of functioning in
patients with head and neck cancer Patients with HNC
(HNC) using the ICF
Checklist
Original
EORTC
Tschiesner et al., 2009
Oncology
[22]
with
145
62
Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation)
Hilfiker et al., 2009 [23]
Rastogi et al., 2008 [24]
Orthopedic
Orthopedic
Bautz-Holter et al., 2008
Orthopedic
[25]
Prospective
cohort
Test the reliability of the qualifiers
Patients with LBP
scale of the ICF Core Set for LBP
Core Set
Adapted
SF-36, SCQ
Prospective
cohort
Quantify the level of importance for
each of 32 previously identified
concerns pre-operatively, and across
Patients
undergoing
the first six weeks following primary
54
primary TKA
TKA and convey this change in
importance post-operatively using the
components of the ICF
Categories
Adapted
NPRS, KOOS
Cross
sectional
Evaluate the Norwegian form of the
ICF Core Set for low back pain (LBP)
Patients with LBP
and investigate the feasibility in
clinical practice
Core Set
Original
SF-36, SCQ, ODI
Core Set
Not definable
SF-36, SCQ
Core Set
Adapted
MHAQ, SF-36
Core Set
Adapted
X
Categories
Original
X
Xie et al., 2008 [26]
Orthopedic
Cross
sectional
Uhlig et al [27]
Rheumatology
Prospective
cohort
118
To
validate
the
International
Classification
of
Functioning,
Disability, and Health (ICF) Brief Core
Set for osteoarthritis (OA) by
Patients
with
comparing the preliminary Brief Core
122
osteoarthritis
Set to a selection of categories from the
Comprehensive Core Set that explain
most of the variance of functioning and
health
Study the responsiveness of the ICF
Core Set for RA in rheumatology Patients with RA
46
practice
Grill and Stucki, 2008[28] Health conditions
Cross
sectional
Examine whether clinical ratings of
ICF categories can be integrated into
parametric scales, which provide a
reliable estimation of specified patient
problems and rehabilitation goals using
the example of mobility of the upper
and lower extremities in the acute
hospital situation
Gaidhane et al., 2008 [10]
Cross
sectional
Determine reported self-care by
performance qualifier of People Living
With HIV AIDS (PLWHA) and to find PLWHA
out reported self-care by capacity
qualifier of PLHIV
Infectious Diseases
61
Patients
with
musculoskeletal
234
conditions in the acute
hospital
194
Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation)
Jonsson et al., 2008 [29]
Neurology
Farin et al., 2007 [30]
Health conditions
63
Cross
sectional
To describe the social networks
involved in the everyday lives of adults Adults with CP
with cerebral palsy (CP)
Cross
sectional
Development of an adaptive, ICForiented patient questionnaire on
Patients with different
mobility and self-care based on an item
1019
health conditions
response theory model (MOSES
questionnaire)
16
To investigate whether the use of an
ICF–based instrument to structure
multidisciplinary
care
improves
clinical effectiveness and satisfaction
Patients with RA
165
in
patients
with rheumatoid arthritis (RA)
admitted for multidisciplinary team
care
To assess observer agreement when
Patients with different
describing and classifying functioning
25
health conditions
with the ICF
Categories
Original
X
Categories
Not definable
X
Categories
Not definable
MACTAR,
DAS28
Categories
Adapted
X
Verhoef et al., 2007 [31]
Rheumatology
Prospective
cohort
Grill et al., 2007 [32]
Health conditions
Cross
sectional
Rheumatology
Cross
sectional
Identified the common health problems
of patients with ankylosing spondylitis
Patients with AS
(AS) based on the ICF from the
perspective of the patient
Checklist
Original
SACQ, BASFI
Cross
sectional
To propose a method to select ICF
categories when a large amount of ICFbased data have to be handled, and b)
Patients with health
to identify candidate ICF categories for
1.039 Checklist
conditions
a Generic ICF Core Set by examining
their explanatory power in relation to
item one of the SF-36
Adapted
SF-36
Cross
sectional
To identify the most common health
problems experienced by patients with
acute inflammatory arthritis using the Patients with acute
130
ICF, and to provide empirical data for inflammatory arthsritis
the development of an ICF Core Set for
acute inflammatory arthritis
Adapted
X
Echteld et al., 2006 [33]
Cieza et al., 2006 [34]
Zochling et al., 2006 [35]
Health conditions
Rheumatology
111
Categories
RaQol,
Table 1. Main characteristics of the studies reviewed (n = 29). (continuation)
Riberto et al [36]
Buchalla
[37]
e
Cavalheiro
Rheumatology
Cross
sectional
Description of the results from the
Patients
application of the Core Set for chronic
fibromyalgia
widespread pain
Infectious Diseases
Cross
sectional
Propose a preliminary Core Set for Patients
HIV
HIV/AIDS
64
with
with
29
Core Set
Original
X
42
Categories
Not definable
X
Legend: YRSM, Young Rating Scale of Mania; HDRS, Hamilton Depression Rating Scale; MIDAS, Migraine Disability Assessment Questionnaire; EDSS, Expanded Disability Status Scale; MIF, Medida de Independência Funcional;
WHODAS II - WHO Disability Assessment Schedule II; SF-36, Medical Outcomes Study Short-Form 36; PsA-QOL, PsA-Specific QOL ;instrument; HAQ-DI, Health Assessment Questionnaire Damage Index; SQC, Social
Communication Questionnaire; ODI, Oswestry Disability Index; MHAQ, Modified Health Assessment Questionnaire; BASFI, Bath Ankylosing Spondylitis Functional Index; SACQ, Self-Administered Comorbidity Questionnaire; UWQOL, University of Washington Quality of Life; NPRS, Numeric Pain Rating Scale; KOOS, Knee Injury and Osteoarthritis Outcome Scale; MACTAR, McMaster Toronto Arthritis Patient Preference Disability Questionnaire; RaQol,
Rheumatoid Arthrits Quality of life questionnaire; DAS28, Disease Activity Score.
65
DISCUSSION
The ICF appears on the world scene of rehabilitation as a promising tool with great
potential for applicability and adhesion [19]. Almansa et al. (2011) [11] pointed out that a
major goal of this classification is the systematic recording of information regardless of the
method used to obtain or access the information. They also emphasized that the classification
should not be restricted to the qualitative and/or conceptual use. The present study therefore
aimed to review studies that used the ICF with quantitative designs.
After a few years of publication of the ICF classification, the WHO identified that
ICF, in its original format with approximately 1500 categories, was very slow and impractical
for daily use. Therefore, it suggested that lists summarized with relevant concepts should be
developed for specific health conditions and chronic conditions. The Core Sets, as they are
called, aims to encourage health professionals to use the tool and make it practical as well as
provide easy access to ICF. There are two versions of the document: Comprehensive and
Brief, with the first being recommended for research purposes and the second being used in
clinical practice. There are models for stroke, chronic obstructive pulmonary disease, obesity,
heart disease, orthopedic conditions, among the others, which have already been published or
under development [38].
However, the use of Core Sets is not fully accepted by the scientific community,
because there are fears that this mode of the use of ICF could transform into the biomedical
model (focus of the disease and not the functioning). The ICF is a tool that can be used as the
model for understanding the functioning and also as a statistical and epidemiological tool.
Therefore, the decision on which mode of the ICF should be used is personal and depends on
the user's interest, institution, and purpose. This review found a large number of articles that
66
used the core set in its methodology (31%), both in the comprehensive and abbreviated
versions. It was also noted that no authors used the full version of ICF and that the articles
that used the ICF categories mostly assembled these categories of questionnaires and clinical
scales.
There are some difficulties in the implementation of ICF in clinical practice because
this tool does not provide explanation regarding how to assess; i.e., it does not provide the
instruments needed for the evaluation of the incapacity and functionality. Appropriate usage
of instruments depends on the user and purpose, and there are many options for measurement,
requiring further refinements and modifications in the classification. In this sense, Grill et al.
(2007) [32] pointed out that the ICF does not present psychometric characteristics with
definite purpose, thus compromising its properties of reliability, validity, and sensitivity. They
also emphasized that the basis for application of the ICF in clinical practice as well in the field
of research is through practical tools, such as the core sets.
In a recent review regarding the implementation and operation of ICF since its
publication, it was shown that there are growing number of scientific publications with the
purpose of disseminating the use of ICF in its various aims, such as education, social
insurance, and work. The authors concluded that the greater the availability of tools guided by
the ICF, the better is the data on the health of the population within the information systems.
However, this review was qualitative and the results should be interpreted with caution [39].
In another systematic review, Jelsma (2009) [40] concluded that ICF, over the past
few years, has led to a major impact on how the data on disability and disability are
conceptualized, collected, and processed. She noted that the classification has been used in
several disciplines, health status, sectors, and settings, and that the use of ICF in developing
countries should be encouraged.
67
Another question that can limit the use of ICF is that the qualifiers require
standardization and present some difficulty in their psychometric characteristics. Golja et al.
(2011) [13] emphasized that the use of the ICF qualifiers is not yet fully operational, although
many attempts have been made towards validating the use of operational scales. However,
these difficulties and obstacles can only be solved if there is adherence by practitioners and
practical use of the ICF. Our results indicate that about 35% of the studies used adapted
qualifiers that go against the difficulties encountered by several authors. These authors
generally carried out an adaptation of the qualifiers for dichotomous response option, thus
providing a measure of prevalence of disability and not an analysis of the phenomenon of
gravity.
This systematic review aimed to demonstrate how the ICF has been used in clinical
practice; however, the study's main limitation is the fact that it did not consider the quality of
the articles. In an attempt to reduce this problem, we used an adapted version of STROBE,
which is an international research initiative to adopt measures recommended for observational
studies. The checklist of the initiative is not an evaluative document; however, it was used in
an attempt to select the items with better methodological quality. The document consisted of
15 adapted questions and we included articles that met at least 12 criteria. The cutoff chosen
was subjective.
The results of this review can be a starting point for further discussions involving the
quantitative aspects of the ICF. Questions regarding the use of the Core Sets, the
psychometric properties of the qualifiers, and areas of knowledge must be explored in future
studies.
CONCLUSION
68
The results indicate a wide scientific production related to the ICF over the past 10
years. Different areas of knowledge are involved in the debate on the improvement of
information on morbidity. However, quantitative epidemiological studies involving the use of
ICF in clinical practice are limited. Future studies are needed to improve the secondary data
related to functioning and disability.
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75
6. Comentários Finais
Pela primeira vez, há uma ferramenta reconhecida internacionalmente com estrutura
multidisciplinar que permite demonstrar que a incapacidade é resultado da interação entre o
ambiente, o indivíduo e seu estado de saúde. Além disso, a descrição da funcionalidade é
fundamental para identificar problemas de saúde e necessidades de indivíduos e populações.
É a abordagem inicial para se conhecer melhor a saúde das populações e indivíduos. A CIF
aparece no cenário mundial como a classificação ideal para mensuração de tais fenômenos.
A
mudança
de
paradigma
para
se
pensar
e
trabalhar
o
conceito
da
deficiência/incapacidade fica mais difícil ainda, se tratando do campo da epidemiologia, que
apresenta tradicionalmente seu foco nas medidas de mortalidade.
Muitas dificuldades
metodológicas estão sendo apontadas desde sua publicação. No entanto, a dificuldade não se
refere somente as caracteristicas psicométricas da classificação, como também ao fenômeno
que a CIF se propoe a avaliar ser de difícil mensuração.
No primeiro artigo proposto na presente dissertação, observou-se o predomínio de
categorias presentes na PNAD que se referem ao componente de Atividade e Participação. O
fato de somente uma categoria ter sido relacionada aos Fatores Ambientais ressalta a
importância de contextualização e inserção do papel do ambiente no processo saúde-doença.
Os resultados do segundo artigo demonstram que embora haja uma ampla produção
relacionada à CIF na literatura, poucos ainda são os estudos que utilizam a ferramenta de
maneira quantitativa visando a melhoria das informações relacionadas à deficiência e
incapacidade nos sistemas de informação.
Em relação a utilização da classificação nos sistemas de informação, a viabilidade de
utilização da CIF no campo dos inquéritos epidemiológicos e dos dados primários em saúde
parece de mais fácil resolução se comparado aos dados secundários. A unificação da
linguagem relacionada a deficiência e incapacidade nos instrumentos de coleta dos inquéritos
requer menor esforço se comparada a mudança do modelo hegemônico predominante para o
modelo biopsicossocial necessária para a real introdução da CIF na prática clinica e
consequente fornecimento de dados secundários.
A introdução da CIF no campo da epidemiologia no Brasil ainda encontra resistência.
Poucos estudos nacionais foram incluídos na revisão sistemática e/ou serviram como
referencial teórico para a confecção da presente dissertação. O que demonstra que o caminho
76
para solução do problema deve ser a disseminação da informação e conscientização sobre a
eminente necessidade de dados epidemiológicos sobre a deficiência e incapacidade no
panorama brasileiro.
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sistemas de informação em saúde: subsídios para a construção de uma metodologia adequada
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Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2010.
11. Malta, D. et al. Inquéritos nacionais de saúde: experiência acumulada e proposta para o
inquérito de saúde brasileiro. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 11, n. 1, p.
159-167, 2008. Suplemento.
12. Organização Panamericana de Saúde (OPAS); Organização Mundial da Saúde (OMS).
CIF: Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde, São Paulo:
EDUSP, 2003.
13. Pereira, M. G. Morbidade. In: _____. Epidemiologia: teoria e prática. Rio de Janeiro:
Guanabra Koogan, 1995. Cap. 5. P. 88-93.
14. Pinto, R. Sistemas de informações hospitalares de Brasil, Espanha e Portugal:
semelhanças e diferenças. 2010. 162 f. Dissertação (Mestrado em Saúde Pública)-- Fundação
Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2010.
15. Raty, S.; Aromaa, A.; Koponen, P. Measurement of physical functioning in
comprehensive national health surveys – ICF as a framework. Oakland: National Public
Health
Institute,
2003.
171
p.
Disponível
em:
<http://www.euhsid.org/docs/HISHESphase2_sub4.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2011.
16. Sampaio, R. F.; Luz, M. L. Funcionalidade e incapacidade humana: explorando o escopo
da classificação internacional da Organização Mundial da Saúde. Cadernos de Saúde Pública,
Rio de Janeiro, v. 25, n. 3, p. 475-483, mar. 2009.
17. Stucki, G. International Classification of Functioning, Disability, and Health (ICF): a
promising framework and classification for rehabilitation medicine. American Journal of
Physical Medicine Rehabilitation, Indianapolis, v. 84, n. 10, p. 733-740, 2005.
78
18. Travassos, C.; Viacava, F.; Laguardia, J. Os suplementos saúde na Pesquisa Nacional por
Amostra de Domicílios (PNAD) no Brasil. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v.
11, p. 98-112, 2008. Suplemento 1.
19. Viacava, F.; Dachs, N.; Travassos, C. Os inquéritos domiciliares e o Sistema Nacional de
Informações em Saúde. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 11, n. 4, p. 863-869,
2006.
20. World Health Organization (WHO). The global burden of disease: 2004 update. Geneva:
WHO, 2008.
79
8. Anexos
8.1 Instrumentos de coleta do Suplemento Saúde da PNAD-2008.
80
81
82
83
8.2 Checklist adaptado do STROBE (pontuação máxima: 15 pontos)
Item
1. Título e Resumo
Indica o desenho do estudo no título ou no resumo, com termo comumente
utilizado
Disponibiliza no resumo um sumário informativo e equilibrado do que foi feito
e do que foi encontrado
2. Introdução
Detalha o referencial teórico e as razões para executar a pesquisa
Descreve os objetivos específicos
2.1 Métodos – Desenho do estudo
Apresenta, no início do artigo, os elementos-chave relativos ao desenho do
estudo
2.2 Métodos – Contexto
Descreve o contexto, locais e datas relevantes, incluindo os períodos de
recrutamento e coleta de dados
Descreve como utilizou a classificação (Categorias da CIF, Core Set, Checklist)
2.3 Métodos – Participantes
Apresenta os critérios de elegibilidade, as fontes e os métodos de seleção dos
participantes
2.4 Métodos – Variáveis quantitativas
Explica como foram tratadas as variáveis quantitativas na análise. Descreve as
categorizações que foram adotadas e por que
3.1 Resultados - Participantes
Reporta o número de indivíduos em cada fase do estudo
3.2 Resultados – análise descritiva
Fornece características dos participantes do estudo (dados demográficos,
clínicos e sociais)
Sim
Não
84
4.1 Discussão – Principais resultados
Resume os principais resultados relacionando com os objetivos do estudo
4.2 Discussão – Limitações
Discute as limitações do estudo, considerando as fontes de viés ou imprecisão
4.3 Discussão – Interpretação
Fornece uma interpretação cautelosa dos resultados globais, considerando as
limitações, resultados de estudos semelhantes e outras evidências relevantes
4.4 Discussão – Generalização
Discute a generalização (validade externa) dos resultados do estudo