Elos - Colégio Sagrado Coração de Maria

Transcrição

Elos - Colégio Sagrado Coração de Maria
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SUMÁRIO
Pág 4
MISSÃo VISÃo E VALorES
Pág 6
CAEP
Pág 7
HortA VErtICAL
Pág 8
ProjEto PArAquEdAS
Pág 10
PoESIA E CANtorIA
Pág 12
joGoS MAtEMátICoS
Pág 14
EM dEFESA dA VIdA
Pág 16
AS INtErCAMbIStAS
Pág 18
ProjEtoS SoCIoEduCAtIVoS
Pág 22
dA VIdA À VIdA
Pág 24
rEAjE
Pág 26
EXPEdIENtE
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APrESENtAÇÃo
PrESIdENtE: ir. Ana Helena Andreão
CAEP (Centro Administrativo Educacional da Província):
CoordENAdorA EduCACIoNAL: ir. maria Cristina Caetano
CoordENAdorA AdM/FINANCEIro: ir. maria Aparecida da rocha moreira (ir. Paré)
EquIPE EdItorIAL
Ana Carolina Possas - Coordenadora de Comunicação Estratégica
débora C.B. duarte - Assessora Educacional
deise Elen Abreu do Bom Conselho - Assessora Educacional
maria Beatriz silva - Assessora Educacional
Waldemar Bettio - Coordenador do serviço de orientação religiosa do CAEP
CoLAborAdorES: diretoras, Pedagogas, Professores e funcionários
ProjEto GráFICo: reciclo Comunicação
PrEPArAÇÃo dE tEXtoS: Assessoras Educacionais do CAEP e da rEAJE
rEVISÃo: maria Catarina r. s. rodrigues
IMPrESSÃo: rona Editora
tIrAGEM: 3000 exemplares
SoCIEdAdE CIVIL CASAS dE EduCAÇÃo
rua Cura d’Ars, 62 - Prado
belo Horizonte/MG - CEP:30411-123
tel(s).: (31) 3334-5730 Caep: (31) 3372-0192
www.redesagrado.com.br – [email protected]
APRESENTAÇÃO
Apresentação
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A ELOS – Educação: Linhas & Olhares é uma
publicação que tem como propósito ser um
espaço para divulgação de projetos e trabalhos, para troca de vivências e experiências
entre os profissionais da Rede Sagrado colégios Sagrado Coração de Maria e toda
sociedade. A construção deste espaço é
uma grande responsabilidade, compartilhada com todos os que dele participam.
“Toda a educação varia sempre em função
de uma “concepção de vida”, refletindo,
em cada época, a filosofia predominante
que é determinada, a seu turno, pela estrutura da sociedade.” (Manifesto dos Pioneiros, 1932). Para nós da Rede Sagrado
– colégios Sagrado Coração de Maria, educar é “promover a vida e a dignidade das
pessoas menos favorecidas na sociedade,
colocando-nos ao serviço dos que têm
mais necessidade de justiça”. A concepção
de vida na qual acreditamos é a de lutar
“para que todos tenham vida e vida em
abundância” (Jo 10,10). Essa era a missão
de Pe. Gailhac que nos foi deixada como
legado e da qual somos continuadores(as).
Assim, celebrando os 81 anos do Manifesto
dos Pioneiros e fiéis aos nossos valores e
convicções, buscamos fazer da ELOS 2013
um manifesto. Manifesto à capacidade
criativa, à competência e à dinamicidade
daqueles e daquelas que dão vida à nossa missão e constroem nossa visão. Nesta
edição, contamos com nossos colaboradores - professores, alunos, coordenadores,
funcionários – que, com suas contribuições, representam o trabalho desenvolvido
em todas as unidades da Rede Sagrado.
A cada ELOS publicada fica mais evidente
o crescimento e o amadurecimento dos
profissionais da Rede Sagrado que se esmeram na descrição de suas práticas, de
seus projetos, de suas experiências, demonstrando o desejo de socializarem suas
vivências e contribuírem para a consolidação de conhecimentos. Nesse sentido, a
ELOS constitui-se como uma instância da
práxis pedagógica, um convite “à leitura, à
reflexão e à interlocução”.
Atentos à missão de Defesa da Vida, trazemos o artigo“Projetos socioeducativos:
que educação é essa?”, escrito pela Coordenadora de Projetos Sociais na Rede de
Ação Junto aos Excluídos (REAJE), Mercês
Ambrósio, que busca esclarecer um pouco
mais o trabalho realizado nos projetos socioassistenciais. Trabalho este de fundamental importância para a sociedade.
Um dos quatro pilares do Serviço de
Orientação Religiosa (SOR) da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria, o Ensino Religioso, nos é apresentado
no artigo do professor Waldemar Bettio
como “área de conhecimento, cujo objeto
de estudo é o fenômeno religioso nas diversas tradições religiosas da humanidade.” Entender e comprometer-se com os
objetivos do trabalho nesta área de conhecimento é um dos grandes diferenciais da
Rede Sagrado – CSCM.
“Horta Vertical” é o relato do professor
Paulo Sérgio sobre o projeto desenvolvido
com os estudantes do 6º ano do Ensino
Fundamental – do Colégio Sagrado Coração de Maria – BH, que teve como objetivos
incentivar os estudantes a repensarem hábitos alimentares, priorizando opções saudáveis; desenvolver o prazer pelo cultivo de
plantas, otimizando espaços e instituir os
Elos
“
“
As palavras voam, mas os exemplos
triunfam sempre nos corações, mesmo
nos mais obstinados. o testemunho
de vida tem um poder divino.
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3R do meio ambiente - Reduzir, Reutilizar e
Reciclar - na rotina diária de cada um. Vale
a leitura e a aprendizagem!
No CSCM-Brasília, o projeto “Paraquedas
– utilização de conceitos físicos na construção de um paraquedas eficiente”, proposto
aos estudantes do Ensino Médio pelo professor William Santos, mostrou que, com
criatividade, planejamento e dedicação é
possível ‘driblar’ as dificuldades e a falta
de interesse dos estudantes na aprendizagem da Física. “Ao trabalhar com projetos,
temos a oportunidade de promover a construção de significados relevantes, relacionando a realidade, o dia a dia das pessoas a
conceitos e fenômenos.” Fica a dica!
Aumentar o interesse, a reflexão e a motivação dos estudantes por meio da leitura,
da escrita e da musicalidade, quebrando o
paradigma de que a linguagem popular é
inferior foi o objetivo da professora Gisela
Ribeiro no projeto desenvolvido com os estudantes da Educação de Jovens e Adultos
(EJA) do colégio Sagrado Coração de Maria do Rio de Janeiro: “Poesia e Cantoria”.
A linguagem trabalhada por meio das can-
tigas populares, cordéis e repentes enfatiza a literatura popular como instrumento
fundamental para a formação do educando. Além de tornar a aprendizagem mais
significativa, o projeto trouxe para dentro
da escola muita diversão e alegria.
No CSCM de Ubá, a “Construção de jogos
matemáticos” transformou-se em uma
aprendizagem solidária no projeto desenvolvido pelo professor Evandro Ávila com
os alunos do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio. Além
de exercitar a criatividade, os estudantes
tiveram a oportunidade de compartilhar
suas ideias e construções com meninos e
meninas assistidos pelo Projeto Vida Irmã
Maria de Aquino, entidade mantida pelo
colégio de Ubá e pelo Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria. Confira!
As relações entre Ciência, Tecnologia
e Sociedade foi o tema escolhido pelas
professoras Eldis Maria Sartori, Luciana
do Nascimento Rodrigues, Rivana Souza
Batista para o projeto realizado com estudantes da 2ª série do Ensino Médio do
Colégio Sagrado Coração de Maria – Vi-
Pe. Gailhac
tória que teve como objetivo desenvolver
habilidades de crítica e análise. Além dos
objetivos específicos, o projeto também visou ao desenvolvimento da capacidade de
autorregulação dos estudantes. A parceria
que as professoras estabeleceram com
duas instituições de Ensino Superior é um
dos pontos mais significativos do projeto.
Finalmente, trazemos, ainda, breves relatos de nossas primeiras intercambistas
internacionais que, com certeza, deixarão
os leitores com vontade de conhecer todos
os colégios da Rede Sagrado no Brasil e
no mundo.
Ao entregar-lhes a ELOS – Educação: Linhas & Olhares 2013 pretendemos, como
sempre, provocar reflexão, discussões,
trocas buscando, por meio da socialização de projetos e vivências, incentivar uma
aprendizagem cada vez mais significativa.
IR. MARIA CRIStINA CAEtANO
Coordenadora de Gestão Pedagógica
e Educação Religiosa do CAEP
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MISSÃO
Proporcionar uma educação de excelência para crianças, adolescentes, jovens
e adultos fundamentada nos valores cristãos, promovendo protagonismo na
construção de competências, cultura da solidariedade e compromisso com a
transformação social.
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VISÃO
ser referencial de uma educação de excelência, inovadora,
pautada nos valores éticos e cristãos.
VALORES
• compromisso com a vida - expressa a essência da instituição e convoca
a atitudes concretas como solidariedade, partilha e respeito à diversidade.
• ética - fundamenta as atitudes, relações com transparência
e honestidade, cidadania.
• excelência - busca permanente de qualidade, competência e protagonismo.
• sustentabilidade – refere-se à responsabilidade quanto a geração,
uso e manutenção dos recursos ambientais, econômicos e sociais.
• inovação – busca conjuntos de práticas inovadoras e troca de saberes.
CAEP
Centro Administrativo
e Educacional da Província
CAEP
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7
O Centro Administrativo e Educacional da
Província – CAEP é o órgão orientador, articulador e animador da Missão da Rede
Sagrado - colégios Sagrado Coração de
Maria – que tem como função coordenar
o planejamento, a execução e a avaliação
dos setores administrativo, pedagógico e
religioso, visando assegurar uma educação de excelência e uma gestão administrativa coerentes com a Missão, a Visão e
os Valores da Rede Sagrado.
A gestão Pedagógica e da Educação Religiosa, coordenadas pela Ir. Maria Cristina
Caetano e a gestão Administrativa, coor-
denada pela Ir. Maria Aparecida Moreira
(Ir. Paré), garantem processos cada vez
mais efetivos. Ambas as coordenações se
orientam com base em valores cristãos,
iluminados pelo carisma de Padre Gailhac e pela espiritualidade das Religiosas
do Sagrado Coração de Maria, buscando
uma gestão orientada para resultados,
com a implementação de estratégias com
vistas à excelência do ensino e à autossustentabilidade da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração de Maria
O CAEP, ao longo de seus 18 anos, vem
desenvolvendo ações voltadas para a for-
mação contínua e capacitação em serviço
de seus profissionais. Nesse sentido, as
coordenações de gestão Pedagógica/Educação Religiosa e Administrativa, contando com o apoio de suas assessorias - Pedagógica, de Comunicação, de Recursos
Humanos e Contábil-financeira - têm investido em cursos, encontros e intercâmbios entre os colégios que possibilitam
a prática do benchmarking e a troca de
experiências, contribuindo, assim, para a
concretização da missão e dos objetivos
estratégicos da Rede Sagrado – colégios
Sagrado Coração de Maria.
BH
HORTA
VERTICAL:
UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
COM OS ESTUDANTES DO 6º ANO
Paulo Sérgio Galvão Silva1
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1 - Graduado em Geografia pela
Pontifícia Universidade Católica
de Minas Gerais; especialização
em Juventude e escola, pela
Universidade Federal de Minas
Gerais. Professor do 6º ao 9º ano
do EFII, unidade Belo Horizonte.
2 - Também conhecido como os
3R da sustentabilidade (Reduzir,
Reutilizar e Reciclar), são ações
práticas que visam estabelecer
uma relação mais harmônica entre
consumidor e Meio Ambiente.
Adotando estas práticas, é possível
diminuir o custo de vida (reduzir
gastos, economizar), além de
favorecer o desenvolvimento
sustentável (desenvolvimento
econômico com respeito e
proteção ao meio ambiente).
Horta Vertical
CAEP
O projeto Horta Vertical, desenvolvido com
os estudantes do 6º ano do EFII do Colégio
Sagrado Coração de Maria – BH, objetivou
incentivar os bons hábitos alimentares;
repensar questões relacionadas à saúde;
desenvolver o prazer e a apreciação pelo
cultivo de plantas; acompanhar o processo
de germinação, crescimento e desenvolvimento de plantas medicinais e hortaliças;
conhecer os benefícios advindos da utilização desses recursos para a saúde; otimizar
pequenos espaços para plantação; instituir
os 3R do meio ambiente2.
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O projeto foi dividido em três fases diferentes. Primeiro foi o plantio das sementes,
montagem da estrutura da horta vertical,
utilizando garrafas PET. Esta etapa envolveu
também a leitura de textos informativos sobre agricultura sustentável, sobre as plantas
que foram semeadas, a utilidade, finalidade
e benefícios de uma horta vertical com aproveitamento de pequenos espaços.
Na segunda fase, foram plantadas diversas
sementes, dentre elas plantas medicinais e
comestíveis, sendo identificado cada vaso
com informações do plantio: nome da planta
(científico e popular), data do semeio e aluno
responsável.
Na terceira fase, foi o momento de cuidar das
sementes para que elas pudessem germinar
e frutificar. Nos vasos de sementes que não
germinaram, foi feita uma segunda semeadura. A partir dessa situação-problema, os
Referências:
estudantes tiveram a oportunidade de elaborar hipóteses sobre as possíveis causas
para a não germinação, além de conhecer,
de elaborar e verificar as aprendizagens, de
tratar, analisar e avaliar dados e informações
provenientes de diversas fontes.
A partir da abordagem interdisciplinar e
considerando também a perspectiva do planejar, executar e avaliar (PLEA), estudada
no PROFEAD (2012), foi possível enriquecer
as atividades pedagógicas. Na área de Linguagens e suas tecnologias, diversos tipos
de textos foram produzidos a partir das observações referentes às fases de desenvolvimento das sementes. No Ensino Religioso,
foram feitas reflexões relacionadas à fraternidade e à saúde pública, tema da Campanha da Fraternidade do ano de 2012, um
importante subsídio teórico e metodológico
desse assunto tão debatido e alvo de tantos
questionamentos no país. Houve ainda o estudo do texto introdutório do Projeto: Erva
Sagrada Guarani-Erva Mate.
A parceria entre as disciplinas de Geografia
e Ciências incentivou a discussão sobre a
importância da agricultura para a humanidade, os tipos de agricultura e os riscos de
algumas delas para o meio ambiente, o reaproveitamento de materiais, otimização dos
pequenos espaços e o desenvolvimento de
hábitos de alimentação saudável.
A análise de alguns dados estatísticos envolvendo fatores sobre a obesidade infanto-ju-
venil repercutiu na sensibilização de todos os
envolvidos no processo de formação do aluno, inclusive dele mesmo, em experimentar
novos alimentos, provocando mudanças significativas nos hábitos alimentares. O CSCM-BH mais uma vez reforça hábitos alimentares positivos, oferecendo a seus alunos, por
meio dos serviços da cantina escolar, um cardápio nutritivo e diversificado.
Durante esse processo de estudo investigativo dos usos de plantas medicinais,
algumas hipóteses levantadas foram comprovadas e outras refutadas, envolvendo
usos e cuidados com a automedicação,
inclusive aquela proveniente do consumo
diário de chás sem orientação médica.
Conhecimento que gera vida, pois reflete
na observação e reflexão de costumes do
âmbito familiar.
O Projeto Horta Vertical proporcionou um
significado de alta relevância pessoal e social no processo de formação dos alunos
do CSCM-BH. Por meio dele, os alunos
puderam refletir sobre ações simples ao
alcance de todos, capazes de proporcionar e/ou melhorar o equilíbrio não só do
corpo físico, mas também emocional e
social, além de desenvolver, nos estudantes, atitudes que requerem persistência,
criatividade, organização, compromisso,
capacidade de trabalhar em colaboração,
flexibilidade de raciocínio e gosto pelas diferentes disciplinas.
PROFead. Programa de formação e educação a distância – Rede Sagrado Coração de Maria. Metacognição e
autorregulação da aprendizagem. CAEP/SCCE. 2012.
Texto base da campanha da Fraternidade. Fraternidade e Saúde Pública. Que a saúde se difunda sobre a Terra. 2012.
Consultas
realizadas:
Brasil. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Geografia/ Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. 156 p
Diálogo – Revista do Ensino Religioso. N° 64 – Outubro/Dezembro 2011.
Jornal Estado de Minas. 14 de maio de 2012. Caderno Agropecuário – Dona Horta.
www.hortavertical.com.br
www.sistemashidropônicos.com.br
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bSB
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Projeto
Paraquedas
Utilização de Conceitos Físicos na
Construção de um Paraquedas Eficiente
William Santos Junior1
1 - Prof. William Santos - Licenciatura plena em Física pela Universidade Católica de Brasília. Mestrando em ensino de Física na Universidade de
Brasília. Experiência de 10 anos ministrando aulas de Física para o Ensino Fundamental e Médio
Referências:
MORIN, E. A Cabeça Bem Feita: repensar a reforma, reformar o pensamento. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2008.
HERNANDEZ, R. & VENTURA, M. A Organização do Currículo por Projetos de Trabalho. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
Projeto Paraquedas
Sendo docente na disciplina de Física há
alguns anos, observo a dificuldade dos
alunos em estabelecer conexões entre
conceitos estudados tão importantes
para o aprendizado dessa ciência.
Historicamente, a compartimentalização
do conhecimento se fez necessária no
momento em que se massificou o ensino,
no intuito de torná-lo mais acessível. Mas
produziu no estudante a falsa impressão
de que a ciência é fragmentada, dificultando ainda mais a construção das relações.
Os livros didáticos, muitas vezes, apresentam conceitos completamente isolados e,
em sua aplicação, quase sempre desprezam fatores importantes que influenciariam
na consecução de resultados. Isso aumenta a dificuldade do educando e também do
educador em contextualizar, ou seja, fazer a
ligação do conceito com o dia a dia.
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Para tentar rever essa compartimentalização, uma saída é a aprendizagem por
projetos, que tem como objetivo: dar significado à aprendizagem, aplicar os conceitos
abordados em sala de aula e compreender
a construção do conhecimento. Ao elaborar
um projeto, o professor deve questionar-se:
“como e por que eu devo trabalhar tal assunto? Como torná-lo acessível? Como torná-lo significativo para os aprendentes?“.
Pensando nisso e com o intuito de aplicarmos
conceitos estudados em sala, propus aos estudantes um trabalho relacionando Leis de
Newton, resistência do ar, atrito e cinemática.
O projeto, denominado: “Projeto Paraquedas – Utilização de Conceitos Físicos na
Construção de um Paraquedas Eficiente”,
consistiu na confecção de um paraquedas
que seria acoplado a um corpo de 150g e
lançado de uma altura equivalente a um
prédio de 3 andares (9 metros). O protótipo
deveria ser confeccionado por uma dupla de
alunos, utilizando apenas materiais reciclados, sem nenhum motor, gás ou nada que
pudesse influenciar nos resultados. No dia
dos lançamentos, cada dupla teve direito a
três lançamentos por paraquedas, descartando-se os dois menores tempos de queda.
Para a confecção, os alunos até pesquisaram modelos prontos na internet, mas,
com o tempo, observaram que a melhor
forma seria a empírica: “tentativa e erro”.
Desde a apresentação da proposta até o
dia dos lançamentos, foram aproximada-
mente 45 dias, ou seja, tempo suficiente
para errarem e acertarem bastante.
Cada dupla elaborou um relatório em duas
etapas: a primeira, 20 dias antes do lançamento, constituiu-se da apresentação dos
materiais utilizados, descrição da elaboração do modelo e apresentação de um projeto gráfico da elaboração. A segunda etapa
aconteceu após o lançamento, as duplas
apresentaram suas conclusões, relacionando os conceitos estudados em sala com
os resultados obtidos com a prática.
Os testes com os paraquedas foram realizados na escola. O horário da prática coincidiu
com a saída dos alunos da Educação Infantil,
proporcionando um pequeno espetáculo, bastante ovacionado pelos pais e pelos pequenos.
O projeto proporcionou uma competição
saudável a partir da comparação entre os
melhores tempos. A dupla com o maior
tempo ganhou o prêmio “Mabel de Física”,
uma analogia ao Nobel de Física. As estruturas construídas pelos alunos superaram qualquer expectativa: vários tipos de
papéis, plásticos, formas e até camadas
duplas de tecido foram utilizados por eles,
que exercitaram bastante a criatividade.
CONCLUSÃO
Frequentemente, em ambientes escolares e
fora deles, fala-se da falta de interesse de
estudantes e da dificuldade de aprendizagem em Física. Ao trabalhar com projetos,
temos a oportunidade de promover a construção de significados relevantes, relacionando a realidade, o dia a dia das pessoas a
conceitos e fenômenos.
Respondendo a questões clássicas como:
“para que serve isso?” “Quando utilizarei
isso na minha vida?” A Física experimental
visa à investigação das propriedades da matéria e de suas transformações, geralmente
realizadas em condições laboratoriais universalmente repetíveis.
O experimento realizado durante o projeto
demonstrou didaticamente, com aparelhagem simples, o movimento de queda livre,
possibilitando aos estudantes aprenderem
experimentalmente a cinemática do mo-
vimento retilíneo uniformemente variado
(MRUV) e a matemática associada.
Compreender a necessidade de estimular
e desafiar estudantes secundaristas é também provocar reflexões metodológicas a
partir da zona de conforto do professor, possibilitando o questionamento de práticas e a
revisão de conceitos.
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RJ
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POESIA E
CANTORIA
PROJETO INTERDISCIPLINAR DE LÍNGUA
PORTUGUESA, CULTURA POPULAR E ARTES
Gisela Ribeiro da Silva1
1 - Pedagoga, professora do Ensino Fundamental e especialista em Alfabetização de Jovens e Adultos pela Pontifícia Universidade Católica
do Rio de Janeiro (PUC-RJ).
2 - Na língua iorubá “amapô” quer dizer “mulher” e “ocó”, “homem”. Nome dado ao grupo exaltando a inclusão de homens na EJA em 2012.
Este nome exigiu pesquisa na internet e votação entre os alunos.
REFERÊNCIAS:
BAGNO, Marcos. Preconceito linguístico: o que é, como se faz. São Paulo: Loyola, 2006.
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20/12/1996. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. DOU, 23/12/1996.
BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Arte. Brasília: MEC/SEF, 1997.
CAVALCANTI, Maria Laura Viveiros de Castro. Entendendo o folclore. Rio de Janeiro, março de 2002. Disponível em:
www.cnfcp.gov.br. Acesso em: 16/04/2013.
FREIRE, Paulo. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz & Terra, 1987, p. 78-9
Poesia e Cantoria
O Projeto Poesia e Cantoria trabalhou a linguagem por meio das cantigas populares,
cordéis e repentes, visto que a literatura
popular é instrumento fundamental para a
formação do educando. O projeto visou também aumentar o interesse, a reflexão e a
motivação dos alunos por meio da leitura, da
escrita e da musicalidade, quebrando o paradigma de que a linguagem popular é inferior. Sem a pretensão de formar músicos, os
alunos foram levados a resgatarem cirandas
populares, cordéis e repentes relacionados
à vida deles e passaram a conhecer esse
material como patrimônio cultural.
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A presença da música na EJA é importante,
pois contribui para o enriquecimento do ensino. A cantoria desenvolve o campo da leitura
e da escrita. Por meio da cantoria, busca-se
a transformação individual, sensibilizando
o aluno enquanto se faz o resgate de sua
memória musical. Não se pode transformar
nada sem passar pela cultura, não se pode
dar identidade sem isso, porque a cultura
diz quem somos. No conjunto do projeto, a
Língua Portuguesa e as Artes se fortalecem
como uma perspectiva a ser compreendida
e assumida enquanto finalidade das práticas
educativas emancipatórias.
O compartilhamento da proposta de trabalho
com os alunos, fornecendo uma visão geral
do processo a ser desenvolvido, é o ponto inicial para com eles buscarmos os caminhos e
o repertório inicial de cantigas. Esse momento tem grande importância, pois é quando o
interesse e a curiosidade serão aguçados.
Foram valorizados os conhecimentos prévios
dos alunos, aqueles que, jovens e adultos, adquiriram em suas experiências de vida sobre
o assunto, conhecimento importante para
relacioná-lo intencionalmente ao que se quer
ampliar é desenvolvido por meio de rodas de
conversa, troca rica de ideias.
Considerando a heterogeneidade dos alunos
em níveis de conhecimento, a faixa etária de
jovens e adultos e as necessidades especiais
de alguns, as atividades se desenvolveram
de forma bem abrangente. Foram propostas
estratégias bem diversificadas, como aulas
dialogadas, projeção de vídeos, leitura de
textos impressos, redações coletivas e individuais, pesquisas na internet, confecção de
mural de fotos, exercícios rítmicos com instrumentos de percussão e corda, confecção
do estandarte do Grupo Nação Amapô Ocó2,
instrumentos de sucata, adereços e roupas
para as apresentações.
A sistematização do conhecimento consistiu na retomada do percurso, organizando
os principais debates, por meio de registros
escritos e visuais, promovendo a apropriação
das aprendizagens desenvolvidas pelos alunos e permitindo a toda comunidade escolar
uma visão geral do trabalho, com os avanços
e as dificuldades encontradas. Na culminância do projeto, durante a Mostra Pedagógica,
os trabalhos, a exposição de fotos e a apresentação do Grupo Nação Amapô Ocó2 coroaram nossos esforços.
A avaliação constituiu-se de observação
contínua do desempenho global dos alunos
nas etapas, observando a manipulação dos
instrumentos, a confecção dos trabalhos,
os avanços nas relações interpessoais, os
avanços das expressões oral e escrita e a
coordenação motora. O interesse maior foi
motivá-los e encorajá-los a experimentar
instrumentos musicais nunca manuseados,
a não desistir, a prosseguir sempre com os
estudos e a não temer o novo.
Este projeto mostrou-se de extrema relevância, pois exigiu dos alunos a ativação de
conhecimentos e um grande envolvimento
participativo. O resultado final dos trabalhos
escritos, musicais e manuais foi excelente. As
linguagens da Língua Portuguesa e das Artes
foram reinventadas no cotidiano. Por meio
das atividades desenvolvidas, passamos a conhecer mais a cultura brasileira, agora “não
mais entendida como um conjunto aleatório
de comportamentos, mas sim como sistemas
de significados permanentemente atribuídos
pelos homens e mulheres ao mundo em que
vivem” (CAVALCANTI, 2002). Observa-se que,
para tanto, algumas questões somaram pontos. O diálogo entre as disciplinas e a opção
pelo tema contribuíram para o sucesso. Os
alunos sentiram-se envolvidos ao reconhecer o que já conheciam, conhecer o novo e
trabalhar com aspectos da cultura brasileira. O papel da professora como mediadora e
aprendiz contribuiu no processo, pois os alunos sentiram-se mais à vontade. A organização do projeto também contribuiu para que
a socialização do conhecimento acontecesse.
Não importa se somos desafinados, muitas
vezes fora do ritmo ou musicalmente limitados, o importante é percebermos que o
ritmo da cantoria é um ritmo subordinado à
palavra, à frase e ao texto. O importante é sonhar com o diferente, visando ao crescimento
intelectual dos alunos. Acreditamos que o
professor tem que ser um empreendedor da
educação, beneficiar-se da criatividade, fazer
da sala de aula um espaço de pesquisa, ter
fé e acreditar, porque só assim teremos força
para seguir em frente e viver uma educação
libertadora. Ouvir os alunos, buscar a sua realidade, descobrir seus anseios, tudo isso é
meio caminho percorrido para encontrar alternativas positivas e quebrar as algemas de
uma educação opressora.
Dessa maneira, o educador já não é o que
apenas educa, mas o que, enquanto educa,
é educado, em diálogo com o educando, que,
ao ser educado, também educa (...). Já agora
ninguém educa, ninguém, como tampouco
ninguém se educa a si mesmo: os homens
se educam em comunhão, mediatizados pelo
mundo. (FREIRE, 1987)
De acordo com a perspectiva de Paulo Freire,
a educação aceita os riscos humanos sem
medo de cometer erros, porque os erros nessa visão são novas alternativas para redirecionamento do processo.
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UBá
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CONSTRUÇÃO
DE JOGOS
MATEMÁTICOS
APRENDIZAGEM SOLIDÁRIA
Professor Evandro Ávila 1
1 - LARA, e Ávila, Evandro de. Licenciado em Matemática pela Universidade Federal de Viçosa. Mestre em Estatística Aplicada e Biometria pela mesma instituição. Professor de Matemática do 9º do Ensino
Fundamental 2 à 3ª série do Ensino Médio e Coordenador de área de Matemática no Colégio Sagrado Coração de Maria, Ubá - MG.
2 - O projeto Vida Irmã Maria de Aquino é uma iniciativa do CSCM-Ubá e do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria que busca dar uma resposta à carência vivenciada no município, principalmente por crianças e pré-adolescentes. Carência relacionada à desestruturação familiar, violência doméstica, uso de drogas, envolvimento com o tráfico, pobreza, analfabetismo, inexistência de campanhas
educativas/preventivas e, principalmente, desconhecimento de direitos básicos.
Referências:
SPODEK, B & SARACHO, O.N. Ensinando crianças de 3 a 8 anos. Porto Alegre: Artmed, 1998.
Rede Sagrado – Colégios Sagrado Coração de Maria. Proposta Curricular De Matemática. Belo Horizonte. CAEP, 2012.
Construção de Jogos Matemáticos
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O Colégio Sagrado Coração de Maria de Ubá,
fiel aos valores e aos princípios que o sustentam em sua história centenária, insere-se na sociedade ubaense por meio de ações
concretas de solidariedade e partilha na
busca constante da qualidade na educação.
Conscientes da missão dos fundadores dessa
casa, Pe. Jean Gailhac e Ir. Saint Jean, unimo-nos a serviço da vida e contra injustiças que
promovam a exclusão social. Acreditamos
que oferecer uma educação de excelência
para nossos estudantes é proporcionar-lhes
formação acadêmica e humana, desenvolvendo neles autonomia, proatividade, criticidade e capacidade de autorregulação.
como proporcionar condições para a aquisição de novos conhecimentos matemáticos.”
Tais organizações implicam a construção
de esquemas mentais fundamentais para o
desenvolvimento da inteligência ao longo da
vida humana, e a fase da primeira infância é
muito importante nesse processo. Por isso, a
qualidade das experiências ofertadas em jogos, brincadeiras ou desafios constitui a base
de um longo e complexo processo de aprendizagem e desenvolvimento humano. “Os jogos são um tipo diferente de brincadeira. Eles
são altamente estruturados e incluem regras
específicas a serem sugeridas.” (Spodek &
Saracho, 1998, p. 217).
Dentro desse contexto, propusemos aos alunos do 9º ano do Ensino Fundamental à 2ª série do Ensino Médio, um projeto para a construção de jogos educativos de matemática
com o objetivo de desafiar os alunos a aprenderem construindo e compartilhando saberes. Associamos a esse objetivo a proposta
de levarmos os jogos construídos para as
crianças em idade de educação infantil assistidas pelo Projeto Vida Irmã Maria de Aquino2
e ensiná-las a como utilizá-los. A ideia de unir
a construção dos jogos pelos alunos do colégio à utilização dos mesmos pelas crianças
do projeto surgiu devido à nossa certeza de
que a falta de ferramentas, jogos e brincadeiras nas escolas regulares (onde as crianças
do projeto estão matriculadas) pode comprometer o aprendizado significativo delas. Segundo a Proposta Curricular de Matemática
da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração
de Maria, “a instituição de educação infantil
pode ajudar as crianças a organizarem melhor as suas informações e estratégias, bem
A partir dessa ideia, o projeto iniciou-se com
a formação de grupos de quatro a seis estudantes, com o propósito de desenvolver jogos
que pudessem ajudar na aprendizagem da
matemática, em especial, no segmento da
Educação Infantil. Para isso, os estudantes
colheram depoimentos das professoras do
segmento relatando as principais dificuldades no ensino da matemática. Os depoimentos geraram discussões e debates ao fim dos
quais as conclusões foram sistematizadas,
ideias criativas foram compartilhadas e as
tarefas definidas. Encerrado o prazo para
confecção dos jogos, os trabalhos foram expostos na quadra do colégio onde, além de
vistos e apreciados por todos, foram analisados por uma equipe avaliadora composta por
professores e coordenadores do CSCM - Ubá
que, com olhar crítico, prático e especialista,
avaliou os trabalhos a partir de critérios pré-estabelecidos pelo coordenador da área de
Matemática, tais como durabilidade do trabalho, aplicação matemática, criatividade,
praticidade, adequação do tipo de material
utilizado ao público-alvo, dentre outros.
Por fim, dez trabalhos foram premiados. Os
projetos “A vila” e “Dominó” receberam o 1º
lugar e os autores foram convidados a aplicá-los com as crianças do Projeto Vida Ir. Maria
de Aquino. O trabalho nomeado “A vila” consiste em um jogo de trilha em que a criança
é desafiada a percorrer um caminho com
obstáculos matemáticos a serem resolvidos.
Já o trabalho Dominó oferece a oportunidade
de as crianças associarem os algarismos às
quantidades de bolinhas tendo como regra
básica o tradicional jogo de Dominó. Distribuímos ainda medalha de prata e bronze para
os trabalhos “Passos matemáticos” e “Sudoku”, “Amarelávila” e “Escola de Matemática”, respectivamente.
A realização do projeto comprovou que a busca por práticas inovadoras leva à construção
da excelência, conforme estabelece nossa
Missão. Percebemos que os estudantes,
quando desafiados, descobriram aplicações e
soluções para o melhor ensino da matemática. Fato que demonstra o desenvolvimento de
competências e habilidades, como: ler e interpretar criticamente a realidade, criar, trabalhar em equipe, solidarizar-se com o outro,
etc. Capacidades que deles serão exigidas ao
longo da vida. Às crianças do Projeto Vida,
conseguimos mostrar que a Matemática não
é a imposição de procedimentos e algoritmos
sem significados praticados muitas vezes em
sala de aula. Mostramos o quanto pode ser
divertido ser desafiado e tivemos uma reciprocidade positiva das crianças quanto ao
desenvolvimento do saber matemático.
15
VIt
CiênCiA, tECnoloGiA E soCiEdAdE
EM dEFESA
dA VIdA
16
Eldis maria sartori 1| luciana do nascimento rodrigues 2 | rivana souza Batista 3
Em consonância com o pesquisador em Educação em Ciências Chassot (2000), acreditamos que a ciência é uma linguagem para
facilitar a leitura do mundo. Entretanto, na
vida cotidiana escolar, observam-se as dificuldades dos alunos para compreenderem
de maneira positiva esta disciplina e perceberem sua importância para a sociedade. As
relações entre Ciência, tecnologia e Sociedade (CtS) na educação científica são consideradas atualmente desafios para as pesquisas
do ensino. O projeto Ciência, tecnologia e
Sociedade em defesa da Vida realizado com
alunos da 2ª série do Ensino Médio do Colégio
Sagrado Coração de Maria – Vitória tratou da
perspectiva CtS para formar uma concepção
crítica e uma permanente transformação.
• Identificar nos produtos tecnológicos os conceitos das várias áreas do conhecimento buscando compreender a integração das ciências;
• Promover a integração entre a educação
superior e a educação básica de ensino;
• Informar aos alunos a existência de Comitês de Éticas em Pesquisas para propiciar reflexões sobre os limites que a ética
estabelece à elaboração e ao emprego do
progresso da ciência.
• Reconhecer a importância dos pesquisadores e a aplicação dos seus projetos nas
demandas sociais;
A concepção do projeto foi motivada, entre
outras coisas, pelo desejo de fomentar a autorregulação da aprendizagem nos educan-
O projeto teve como principais objetivos:
1 - Professora de Química do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES) e mestranda em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo. | 2 - Coordenadora de processos seletivos e professora de Química do Colégio Sagrado Coração de Maria (Vitória/ES). Cursa o mestrado em Química pela Universidade Federal do Espírito Santo. | 3 - Coordenadora da área de Ciências da Natureza e professora do Laboratório de Ciências do Colégio Sagrado Coração de
Maria (Vitória/ES). Cursa o mestrado de Educação em Ciências e Matemática pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Espírito Santo.
rEfErênCiAs:
CHASSOT, A. I. Alfabetização científica: questões e desafios para a educação. IJUI: UNIJUI, 2000.
HAVEN, K. As cem maiores descobertas científicas de todos os tempos. São Paulo: EDIOURO, 2008.
ROSÁRIO, P. S. L. et al. Auto-regulação em crianças sub-10 projecto Sarilhos do Amarelo. Porto: Porto Editora, 2007.
Ciência, tecnologia e sociedade
17
dos. O pesquisador Rosário (2007) nos lembra que a aprendizagem deve ocorrer como
um processo ativo, pois a consciência do
aprendiz é que o torna capaz de estabelecer
objetivos que vão orientar sua aprendizagem
e seus esforços para alcançá-la, por meio do
seu monitoramento, motivações e controle
de seus processos.
Nesse sentido, os educandos escolheram, analisaram e avaliaram pesquisas com cunho científico, tecnológico, social e ambiental. Discussões, pesquisas e reflexões que propiciaram o
desenvolvimento de processos metacognitivos
de “aprender a aprender” que contribuem para
a formação de sujeitos autônomos e críticos.
O PASSO A PASSO
O projeto foi desenvolvido com uma turma
de 2ª série do Ensino Médio, com aproximadamente 42 alunos. A turma foi dividida em
nove grupos. O trabalho foi realizado no período de três trimestres. No primeiro trimestre,
os alunos foram levados a pesquisar notícias
em revistas que apontassem paradoxos existentes entre os benefícios e os malefícios do
desenvolvimento científico e tecnológico na
sociedade em que vivemos. Um dos textos
utilizados como ferramenta para reflexão dos
alunos foi “A Ciência não tem sentido senão
quando serve aos interesses da humanidade”, do cientista Albert Einstein.
Os educandos foram levados a refletir por
meio deste e de outros textos sobre a necessidade de sermos críticos em relação ao que
lemos, ao que ouvimos e ao que se divulga
como sendo “avanço científico e tecnológico”, pois a ciência não é neutra nem ingênua.
Como síntese do debate e da reflexão fomentados pelas professoras, cada grupo foi
desafiado a elaborar um cartaz com o título
“O VERSO E O REVERSO DA CIÊNCIA”, utilizando colagem de imagens selecionadas de
revistas e jornais usados, mostrando essas
duas vertentes da Ciência. Ainda no primeiro
trimestre, os alunos foram a campo conhecer de perto os processos realizados por uma
indústria mineradora da região, a Samarco.
Nessa visita técnica, foram observadas as
relações entre o desenvolvimento científico,
tecnológico e a sociedade.
A atividade investigativa no segundo trimestre teve como objetivo apresentar situações-problema de diferentes áreas do conhecimento e favorecer a reflexão dos educandos
sobre a relevância das situações propostas
para a compreensão de alguns fenômenos
naturais e da produção tecnológica. Nessa
etapa, apresentamos aos alunos o livro do
autor Kendall Haven “As cem maiores descobertas científicas de todos os tempos”.
Cada grupo escolheu uma das cem maiores
descobertas científicas da humanidade relatadas no livro e avaliou a descoberta segundo
alguns critérios, estabelecidos pelas professoras. Ao término dessa investigação, cada
grupo apresentou a descoberta escolhida
para a turma: a vacina, o efeito Doppler, os
antibióticos, o genoma humano. Os grupos
expuseram os impactos sociais, tecnológicos
e ambientais que essas descobertas suscitaram no desenvolvimento das Ciências e da
própria sociedade.
Com o objetivo de aproximar os alunos da
realidade acadêmica da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e do Instituto
Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do
Espírito Santo (IFES), deu-se início à terceira etapa da investigação. Os professores, em
uma reunião da área de Ciências da Natureza, trouxeram alguns projetos desenvolvidos
no campo acadêmico dessas instituições,
que foram selecionados e apresentados aos
alunos como trabalhos com ênfase na investigação descritiva e/ou classificatória.
Os grupos de estudantes receberam orientação para escolher um dos projetos de pesquisa selecionados e para entrar em contato
com os pesquisadores da UFES e do IFES a
fim de conhecerem os trabalhos. Após a visita, cada grupo apresentou a pesquisa selecionada para a turma e cada aluno avaliou,
em uma escala de 1 a 5, o real benefício da
pesquisa para a sociedade. A apresentação das investigações foi organizada em um
painel com ilustrações e sínteses. O encerramento do projeto contou com a presença
dos alunos da 1ª série do Ensino Médio, dos
pesquisadores da UFES e do IFES, que fizeram um breve relato sobre seus projetos de
pesquisa, todos visando a resultados ecologicamente corretos, economicamente viáveis,
socialmente justos e culturalmente aceitos.
17
Intercâmbio
As
intercambistas
“If I can make it there I’ll make it anywhere
It’s up to you, New York, New York”
18
No final de 2012, selecionamos quatro alunas de
nossos colégios para participarem do I Intercâmbio
Internacional da Rede Sagrado – CSCM. As alunas
selecionadas tiveram a oportunidade de, durante
um mês, frequentarem as aulas em nossa escola
de Nova Iorque, o Marymount College.
A seguir estão trechos dos depoimentos de cada
uma das meninas sobre a experiência. A íntegra
dos textos pode ser lida no site da Rede Sagrado
CSCM - www.redesagrado.com.br
Elos
Teresa Maciel - CSCM Vitória
A oportunidade de intercâmbio oferecida
pela Rede Sagrado Coração de Maria este
ano foi a minha última chance de participar
dessa experiência antes do terceiro ano do
ensino médio e, ainda, colocar em prática o
inglês aprendido.
19
A viagem para Nova Iorque foi muito tranquila, pois já havia tido contato com as brasileiras e tivemos toda a assistência da agência
de intercâmbio e das escolas, tanto no Brasil
como nos Estados Unidos. Saindo do aeroporto, fomos direto para o prédio da Marymount. Ele fica na Quinta Avenida, tem seis
andares e é muito bonito, uma antiga mansão. Ficamos no primeiro momento com as
coordenadoras e alunas representantes do
corpo estudantil, que nos mostraram a escola, nos deram as nossas carteiras de es-
tudante, passes de metrô, o computador e a
saia xadrez.
Uma das aulas que as juniors têm (eu e Fernanda Vasques) é de literatura britânica. Um
trabalho que tivemos que fazer foi uma paródia ao famoso monólogo de Hamlet “ser
ou não ser”. O tema era de escolha livre e eu
fiz sobre “ser ou não ser uma intercambista
em NYC”:
“To stay: to go;
“Ficar: ir;
The yellow cabs and the thousand of Chinese restaurants
Os táxis amarelos e os milhares de restaurantes chineses
That crazy capitalism and all the consumism
Aquele capitalismo louco e todo o consumismo
Devoutly to be wish’d. To stay, to go;
Devotamente desejar. Ficar, ir;
To go: perchance to dream: ay, there’s the Statue of Liberty;
Ir: talvez sonhar: ah, há a Estátua da Liberdade;
For in that city of snow what dreams may come
Para naquela cidade de neve que os sonhos podem vir
When I be away of this warm country,
Quando eu ficar longe deste país quente,
Must give us pause: there’s the breakfast with bacon and eggs
Uma pausa: há o café da manhã com bacon e ovos
That makes shorter our so long life;
Que torna mais curta a nossa tão longa vida;
(...)
(...)
And lose 10 years when see all white.--Soft this snow!
E perder 10 anos, quando vir tudo branco - Suave essa neve!
The delicious Big Apple! Thank you for your piece,
A deliciosa Grande Maçã! Obrigada pelo seu pedaço,
Be all this month remember’d”.
Seja todo este mês lembrado “
No more; and by going to NYC we start
Sem mais, e, indo para NYC começamos
19
Intercâmbio
Fernanda David – CSCM RJ
Ter tido a oportunidade de representar o Colégio Sagrado Coração de Maria do Rio de Janeiro em Nova Iorque, mais precisamente no
Colégio Marymount, foi uma experiência singular, um sonho realizado. Nas semanas iniciais, em solo americano,
o maior inimigo foi o frio, com temperaturas
negativas. Porém, estávamos bem equipadas
e as famílias anfitriãs fizeram questão de emprestar casacos e aumentar a calefação em
casa! Fui muito bem recebida, tanto pela escola quanto pelas pessoas da casa, todos estavam extasiados com a nossa presença e se
mostraram bastante acolhedores.
Os momentos religiosos foram muito significativos e emocionantes. Logo no nosso
segundo dia, participamos de uma missa de
aniversário da escola e nossa presença foi
anunciada pela diretora para toda a comunidade educativa. Tudo era lindo: a capela, o coral, as músicas e os rituais.
20
Fernanda Vasques – CSCM Brasília
Para escrever esse artigo recorri ao meu diário do intercâmbio, mas não porque esqueci
minha experiência lá, de jeito nenhum! Decidi
ler o meu diário para reviver Nova York, reviver
Marymount e reviver o intercâmbio, e assim
tentar lhes passar melhor um pouco do que
eu vivi. Jamais essa tão sonhada aventura que
o Sagrado, Marymount e New York City me
proporcionaram vai sair da minha cabeça. O
quanto eu aprendi e cresci em apenas um mês
foi surpreendente, e quando digo aprendizado
não me refiro somente ao que estudei na escola e à intensiva prática de falar inglês.
seum, o Central Park e, em alguns dias, a neve
caindo e todas as árvores com aquela linda
camada branca sobre elas. O sistema educacional é diferente; então, estudava apenas sete
matérias e tinha horários livres em meio ao
período escolar que começava de manhã e se
estendia até o meio da tarde; quem muda de
sala são as alunas, então subia vários lances
de escada para chegar a uma sala e depois de
45 minutos de aula descia novamente para assistir à outra aula. As missas comemorativas
eram celebradas em uma igreja maravilhosa
à qual íamos a pé da escola.
A escola era uma linda mansão, com lustres e
escadarias elegantes e com enormes janelas
pelas quais podíamos ver o Metropolitan Mu-
Para mim, há algo diferente naquela cidade,
algo incrível, que é perceptível na mais simples tarefa de andar pelas ruas; quase como
algo mágico que te inspira a cada segundo.
Andei muito pelas ruas tanto para ir e voltar
da escola quanto para aproveitar essa sensação e sempre que podia, visitava o Central
Park para apreciar sua pacata paisagem de
inverno. Essa experiência toda me passou
mais segurança, confiança e maturidade para
encarar o mundo. Foram tantas experiências
diferentes, difícil até de relatar. Ao relembrar
tudo, me sinto honrada de ter sido parte de
algo tão grande. Ao ler as palavras que escrevi
enquanto estava lá, as mais marcantes refletem liberdade, independência e aprendizado,
aprendizado de vida.
Elos
Maria Clara – CSCM BH
Nova York é a cidade mais populosa dos Estados Unidos e muito importante mundialmente, mas, para mim, Nova York se tornou mais
que isso, em um mês, a cidade passou a ser
minha casa, meu lar, e, desde então, é difícil
dissipar a energia que a cidade deixa em quem
permite ser conquistado por ela. Frank Sinatra
escreveu “I wanna wake up in the city that never sleeps, And find I’m king of the hill” e não
há palavras que descrevam melhor a sensação de estar em Nova York. Depois de ter sido
selecionada como a representante do Sagrado
Coração de Maria de BH que iria participar do
primeiro intercâmbio da Rede, começaram os
21
preparativos e a ansiedade por não saber o
que me esperava.
Marymount School of New York é uma escola católica só para meninas localizada na 5th
Avenue, organizada de forma diferente das
escolas brasileiras. Academicamente, as
matérias que estudei são muito semelhantes
às que tinha estudado no Brasil. Cada aluna
recebeu seu próprio laptop para usar durante
as aulas e em casa para fazer anotações, atividades, trabalhos e cada professor tinha sua
forma de explorar a matéria com os recursos
disponíveis na internet. Ao longo do dia tínhamos diversos free periods nos quais podíamos
fazer os deveres e conversar com as outras
alunas. Geralmente, íamos para a tea house,
onde ficam os escaninhos e algumas mesas e
também chás, chocolate quente, frutas e outras coisas à disposição das alunas.
É claro que também tiramos um tempo para
aproveitar a cidade como turistas. As outras
brasileiras e eu fomos ao Metropolitan Museum que é muito conhecido e possui lindas
obras, assistimos ao musical Annie na Broadway, que se passa na cidade de Nova York
e cuja maior parte do elenco é composta por
crianças. Também fomos conhecer a famosa
Times Square e fazer compras no Soho.
21
Projetos Sociais
22
Projetos
socioeducativos:
que educação é essa?
Mercês Ambrosio 1
Elos
Educação... quando o senhor chega e diz “educação”, vem do seu
mundo, o mesmo, um outro. Quando eu sou quem fala vem dum outro
lugar, de um outro mundo. Vem dum fundo de oco que é o lugar da
vida dum pobre, como tem gente que diz... Sabe? Tem vez que eu penso
que pros pobres a escola ensina o mundo como ele não é. (...)
2
Há algum tempo eu trabalhava com um texto
do antropólogo e educador Carlos Rodrigues
Brandão, intitulado “Ciço, o que é educação?”
Nesse texto, Brandão, por meio da fala de
um camponês, contrapõe a educação “dos
professor”, como diz Ciço, e a educação que
era então possível a um homem do campo
pretender exibir. E são as condições socioeconômicas e de acesso à cultura que definem
tal pretensão.
23
Se uma criança/adolescente tem condições
socioeconômicas favoráveis; tem em casa
um ambiente propício à leitura, ao cultivo da
musicalidade, aberto a novos conhecimentos,
aberto ao outro; se tem uma família, seja ela
de que formato for, que lhe dê apoio e recursos
para se conhecer e desenvolver seu potencial,
ela/ele se beneficiará de todos os recursos
disponíveis na escola formal. Se o cenário for
bem diverso e essa criança/adolescente não
dispuser das condições socioeconômicas e
culturais acima sugeridas, mas, pelo contrário, for membro de uma família de perfil social
hoje classificado como “vulnerável”- próximo
à linha da pobreza, em todos os sentidos, sua
chance de aproveitar os recursos culturais,
tecnológicos e de conhecimento acumulado
na escola formal, será bastante limitada Em
uma sociedade que é fruto da organização
de um sistema que gera exclusão e desigualdade, a realidade de milhares de crianças e
adolescentes é, por conseguinte, de exclusão
e desigualdade.
No Brasil, a partir da promulgação do Estatuto
da Criança e do Adolescente (ECA), a situação
de vulnerabilidade de crianças e adolescentes das classes empobrecidas tem sido uma
prioridade assumida pelos governos - até por
ser constitucional – mas, principalmente por
pressões exercidas por aqueles segmentos
historicamente envolvidos com a luta pelos
direitos de minorias. Os projetos socioeducativos se inserem nos programas voltados à
educação e ao cuidado com esses seres em
desenvolvimento.
O que são projetos socioeducativos?
Em consonância com as diretrizes do ECA
e com a Lei Orgânica da Assistência Social
(LOAS), essas ações representam iniciativas
de proteção social básica, de caráter preventivo e referem-se ao atendimento socioeducativo em meio aberto, junto a crianças e a
adolescentes. Privilegiam a convivência familiar e comunitária para o atendimento desse
público, especialmente àqueles em situação
de vulnerabilidade social. Considerando as
especificidades locais, propõem-se atividades socioeducativas, como: inclusão digital,
acesso ao lazer, esporte, segurança alimentar,
oficinas de artes, apoio pedagógico, teatro,
artesanato, capoeira, dança, música, dentre
outras, realizadas principalmente no contra
turno da escola formal, visando à formação e à
proteção integral das crianças e adolescentes
envolvidos.
De acordo com a Tipificação Nacional de Serviços Socioassistenciais (MDS, 2009), a Província Brasileira do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria (IRSCM) elaborou, em
2008, o Diretório de Ações Socioassistenciais Manual para realização de projetos e serviços
sociais, que regula essas ações na instituição,
com ênfase no resgate da cidadania:
“Todas as ações devem ser avaliadas pelos
usuários, educadores, familiares e pessoas
envolvidas na organização das mesmas... As
unidades deverão manter a participação nas
instâncias de controle social e articulação do
trabalho em rede, estimulando a adesão dos
usuários e familiares.” Trata-se de ações que trabalham a dignidade
e a autoestima dos adolescentes e crianças
envolvidos; o conhecimento, valorização e inserção na cultura dos grupos e etnias a que
eles pertencem. Na estrutura organizacional
da Rede Sagrado – colégios Sagrado Coração
de Maria, rede pertencente ao IRSCM, cabe
aos colégios manter e acompanhar os projetos socioeducativos: são os Projetos Vida. O
IRSCM, por meio da Rede de Ação Junto aos
Excluídos (REAJE), coordena esses projetos
mais o Centro Educacional Comunitário Bom
Pastor, em Curvelo/MG, sob o aspecto da proposta e da metodologia de trabalho social aí
praticada, além disso, atua em parceria com
outros projetos sociais e outras redes.
O escopo teórico e a prática dos projetos socioeducativos confere a eles um caráter próprio de educação, diferenciado da escola formal. Não se trata apenas de um espaço para
afastar crianças e adolescentes das drogas,
ou apenas um lugar onde eles possam ficar
no contra turno escolar, com alimentação
adequada e gente para “vigiá-los”. Crianças e
adolescentes - se já iniciam a vida com menos
do que lhes seria de direito exigir, como seres
humanos pertencentes a uma sociedade humana organizada e relativamente próspera –
têm direito a bem mais que isso. Têm direito a
ter acesso e a usufruir da cultura e do desenvolvimento tecnológico na sociedade em que
vivem e são contados como pertencentes; têm
direito, portanto, a tudo o que qualquer criança
ou adolescente pode almejar. E é com isso que
os projetos socioassistenciais se propõem a
contribuir para concretizar.
Mas, indaga Ciço, é possível fazer diferente?
A uma provocação de Brandão, ele contrapõe
sua reflexão:
“Ciço, e uma educação dum outro jeito? Um
saber pro povo, do mundo como ele é?” Esse
eu queria ver explicado... Aí o senhor diz que
isso ‘bem podia ser feito; tudo junto: gente daqui, de lá, professor, peão, tudo’. Daí eu pergunto. “Pode? Pode ser dum jeito assim? Pra
quê? Pra quem?”
1 - Maria das Mercês Bonfim Ambrosio é Assistente Social, Mestre em Educação e tem a função de Coordenadora de Projetos Sociais na Rede de Ação Junto
aos Excluídos (REAJE), setor do Instituto das Religiosas do Sagrado Coração de Maria que tem como parte de sua missão propor “ações efetivas junto à criança,
adolescente, juventude e mulher, promovendo seu protagonismo, na busca da transformação social, baseada na Justiça, Paz e Integridade da Criação”.
2 - Brandão, Carlos Rodrigues. Ciço, o que é educação? In: A questão política da educação popular – Projetos educativos. 4ed. São Paulo: Brasiliense, 1984.
23
Caep
24
1 - Prof. Waldemar Bettio - Bacharel em Filosofia e em Teologia; pós-graduado em metodologia do Ensino Médio; especialista em Ensino Religioso.
Experiência como agente de pastoral e coordenação em colégios confessionais de BH; indigenista; membro do CAEP.
Referências:
IRSCM. Educação Religiosa – da reflexão à ação solidária. 2ª Ed. Belo Horizonte: SCCE, 2007, p.5.
IRSCM. 5º Planejamento Participativo Trienal. Belo Horizonte: Província Brasileira, 2012, p. 15.
Elos
O ENSINO RELIGIOSO NA REDE SAGRADO
COLÉGIOS SAGRADO CORAÇÃO DE MARIA
DA VIDA À VIDA.
Prof. Waldemar Bettio 1
O Ensino Religioso na Rede Sagrado – Colégios Sagrado Coração de Maria é um dos
quatro pilares que constituem o Serviço de
Orientação Religiosa (SOR), junto e interligado
com a Celebração da Fé, o Programa Social-Missionário e a Espiritualidade.
25
“Entendido como área de conhecimento, cujo
objeto de estudo é o fenômeno religioso nas
diversas tradições religiosas da humanidade,
e resguardando o que diz a atual legislação,
que assegura o respeito à diversidade religiosa do país, procura superar qualquer atitude
proselitista e favorecer o diálogo inter-religioso”. Para tanto, tem como referências os
seguintes documentos: Parâmetros Curriculares Nacionais do Ensino Religioso (PCNER)
e o Programa de Ensino Religioso da Rede
Sagrado (PER). O primeiro foi construído pelo
Fórum Nacional Permanente do Ensino Religioso (FONAPER), que reúne especialistas de
diversas confissões religiosas referendados
pelo Ministério da Educação (MEC). O segundo
foi sistematizado pelos coordenadores e pelas
coordenadoras do SOR dos diversos colégios
da Rede Sagrado, assessorados por pedagogas e teólogos.
Com tais referenciais, o Ensino Religioso dos
colégios SCM propõe-se a valorizar a manifestação do Transcendente nos diferentes tempos, lugares e contextos e sua apreensão pelos diversos povos e culturas, apreensão esta
que gerou e continua gerando a diversidade
religiosa da humanidade. A variedade de nomes dados ao Transcendente, a influência dos
grandes líderes religiosos e das muitas religiões ao longo da história, a multiplicidade de rituais, festas e símbolos religiosos, a pluralidade de valores que formam o ethos das várias
expressões religiosas, a riqueza de conteúdo
presente nas escrituras sagradas e tradições
orais, o sentido e a esperança que as religiões
trazem à existência dos que creem... Tudo isso
constitui um patrimônio cultural tão expressivo que, se desconhecido pelos estudantes, os
empobreceria como indivíduos e cidadãos. Ao
inserir esse patrimônio no âmbito escolar, o
Ensino Religioso contribui para a formação integral dos educandos, motiva-os a reconhecer
e respeitar as diferenças, fornecendo a eles
elementos para um posicionamento pessoal
consciente, livre, responsável perante a vida,
os outros, a realidade e o Transcendente.
Essa formação é construída de maneira gradual e sistêmica, respeitando as características das idades e dos estágios cognitivos dos
estudantes. Assim, começa-se despertando a
admiração pela natureza, pelo corpo humano,
pelos entes queridos e pelas instituições próximas (família, escola...); prossegue-se enfatizando atitudes, palavras, opções e ações de
lideranças judaico-cristãs (Abraão, Moisés,
Jesus, Pe. Gailhac, Mère Saint-Jean...), estabelecendo-se relações com situações pessoais, grupais e sociais contemporâneas; termina-se com o conhecimento de cerca de vinte
diferentes tradições e movimentos religiosos
da humanidade, conectado a questões de Bioética, projeto de vida e protagonismo juvenil.
Os educandos são levados a se autoconstruirem como homens e mulheres consistentes, verdadeiramente humanos, capazes de
promover “ações que visem a uma sociedade economicamente justa, ecologicamente
equilibrada, socialmente equitativa e solidária, politicamente democrática, culturalmente pluralista e religiosamente ecumênica; uma sociedade em que todos sejam
reconhecidos e respeitados em sua dignidade humana e em suas diferenças, vivendo
em fraternidade e sororidade”, de forma que
a vida em plenitude se faça realidade em tudo
e em todos.
Trabalho tão rico é conduzido por professores
e professoras especialistas com sólida formação acadêmica e se caracteriza por uma
metodologia investigativa, dialogal e dinâmica,
que valoriza as diferenças religiosas existentes
nas turmas e busca estabelecer relações com
as demais áreas de conhecimento. Graças a
isso, o Ensino Religioso dos colégios SCM tem
conquistado o interesse e o respeito dos alunos e de suas famílias.
Enquanto área de conhecimento e disciplina
escolar, o Ensino Religioso dos colégios SCM
visa contribuir para que os estudantes desenvolvam uma visão de totalidade da realidade,
vislumbrando inclusive sentido no não sentido
e esperança na desesperança. Afinal, ao lado
do mito, da filosofia, da ciência, da arte e do
senso comum, também a religião capta o real
a partir de um ponto de vista específico, indo
além das aparências, transcendendo a imanência e descobrindo nuances que às outras
dimensões do conhecimento humano passam
despercebidas. Por isso ela tem o que dizer e,
por meio do reconhecimento mútuo e do diálogo respeitoso, dá sua contribuição para que
o desvelamento da verdade avance, seja em
relação à natureza, ao ser humano, à história
ou ao sentido da existência.
Concluindo, podemos afirmar que o trabalho
realizado pelos profissionais do Ensino Religioso nos colégios Sagrado Coração de Maria dá
aos estudantes a confiança de que, se agirem
de acordo com as orientações, conhecimentos
recebidos e ações praticadas, sendo crentes
ou não, estarão realizando a vontade do Transcendente – como quer que o nomeemos – e a
intenção profunda de todas as religiões.
25
Reaje
26
REAJE
REDE DE AÇÃO SOCIAL JUNTO AOS EXCLUÍDOS
1 - Capítulo Geral 2007
Elos
DE ONDE VIEMOS...
Ao chegar ao Brasil, em março de 1911, as primeiras Religiosas do Sagrado Coração de Maria/ RSCM – portuguesas, coordenadas pela Ir.
Maria de Aquino - assumiram a educação de
crianças e jovens, abrindo os Colégios Sagrado Coração de Maria em Ubá/MG, no Rio de
Janeiro/RJ e, a seguir, em outras localidades.
Apoiadas pela Igreja e abertas às necessidades locais, procuraram atender a educação da
classe média. Fiéis à inspiração e às orientações do Fundador, Padre Gailhac, e da Irmã
Saint Jean, instalaram, junto aos colégios, orfanatos e escolas para crianças pobres.
A realidade do mundo e da Igreja foi mudando.
O cenário do país também e outras necessidades surgiram na área social. Nas décadas
de 1960/1970, a Igreja, motivada pelas conclusões do Vaticano II, Medellín e Puebla, foi
alertando a Vida Religiosa para uma resposta
profética aos sinais dos tempos. Sensibilizada,
a Província Brasileira ouviu o clamor do povo
e se abriu, procurando ocupar outros espaços
junto ao povo sofrido, tendo sempre diante
de si a missão: “PARA QUE TODOS TENHAM
VIDA”, sonho primeiro do Padre Gailhac.
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Organizando-se em resposta a essas necessidades, e respeitando o sonho de “uma sociedade economicamente mais justa, socialmente
equitativa e solidária, politicamente democrática, culturalmente pluralista e religiosamente
ecumênica; uma sociedade onde todos(as)
sejam reconhecidos(as) e respeitados(as) em
sua dignidade humana e em suas diferenças1”, as RSCM formaram, em 1998, um grupo
denominado EAJE – Equipe de Ação Junto aos
Excluídos -, com o objetivo de refletir e articular a questão dos(as) excluídos(as), pessoas
que vivem em situação pessoal e/ou social
de risco e/ou vulnerabilidade. A proposta foi
zelar pela fidelidade e continuidade do sonho
e carisma de Gailhac, que ilumina toda nossa
ação social e assim poder contribuir, de fato,
para a conquista de uma vida mais digna para
cada pessoa que participa conosco nas ações
realizadas, de forma direta e em parceria com
outras instituições movidas pelo mesmo ideal.
Social Junto aos Excluídos da Província Brasileira das RSCM, a proposta e missão da REDE
tem sido debatida e reconstruída com as Coordenadoras dos Projetos Vida Pe. Gailhac e
Irmã Maria de Aquino e CEC Bom Pastor; com
os Trios Gestores dos Colégios da rede e com
centros socioeducativos e ações socioassistenciais em parceria.
Após uma intensa caminhada de reflexão e
trabalho, as RSCM perceberam a necessidade de ampliação da Equipe, para maior
articulação entre os projetos e ações socioassistenciais desenvolvidos. Para dar início a
essa proposta de reestruturação, foram convidadas leigas com formações distintas para
compor o grupo: assistente social, psicóloga
e pedagogas, que contribuiriam com a Equipe, agregando outras experiências e assumindo a missão de formar a Rede de Ação
Social. Assim sendo, no ano de 2010 surgiu a
REAJE - Rede de Ação Junto aos Excluídos,
com a proposta de apoiar e criar condições
ao desenvolvimento de ações efetivas junto à
criança, ao adolescente, à juventude e à mulher, promovendo o protagonismo de grupos e
coletividades, na busca da transformação social. Uma Rede que surgiu da necessidade de
apostar na ação conjunta e em colaboração,
para que se possa alcançar a justiça social,
fomentando uma sociedade mais humana e
fraterna a partir de cada ação realizada. Uma
Rede que busca criar conexões e sinergia para
transformar nossos sonhos em realidade, reagindo a toda situação que coloque em risco a
dignidade da vida humana.
Atualmente, a equipe interna é composta por:
Coordenadora Geral; Coordenadora de Projetos Sociais; Analista de Projetos Sociais; Assistente Social, constituindo um setor que funciona no Centro Administrativo da Província.
ONDE ESTAMOS: A REAJE, HOJE
Na perspectiva de construirmos um processo
que dê alinhamento à ação socioeducativa e
socioassistencial da REAJE - Rede de Ação
MISSÃO da REAJE:
Agir Junto aos Excluídos à luz dos valores
Evangélicos e do Carisma e Missão das RSCM,
com o lema “para que todos tenham vida”,
contribuindo na construção da sociedade
nova, mais humana, fraterna e solidária, com
ações efetivas junto à criança, ao adolescente,
à juventude e à mulher, promovendo seu protagonismo, na busca da transformação social,
baseada na Justiça, Paz e Integridade da Criação, articulando e tecendo novas relações em
REDE a partir de ações em defesa da Vida.
A partir daí, fica clara a concepção da REAJE
como rede que tem projetos próprios, compõe
a área da Missão, junto com o Centro Administrativo Educacional da Província/CAEP, Família Ampliada e Juventude da Província. É parte
de outras redes e apoia projetos de outras instituições; que se articula a grupos e movimentos sociais, exercitando o papel que lhe cabe
na defesa das boas práticas, sejam elas de
iniciativa pública, de empresas ou da sociedade civil. Sua ação está pautada nos Princípios
da Ação Social, definidos pela Província para
responder aos apelos do tempo presente.
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