Orientações adicionais para a elaboração do TCC/2001
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Orientações adicionais para a elaboração do TCC/2001
KARINA F. F. M. NEVES RENATO DEL BEL MODELAMENTO DO MAPEAMENTO ENERGO-AMBIENTAL DA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA, VISANDO OS EFEITOS AMBIENTAIS DA INTRODUÇÃO DO GÁS NATURAL DO PRÉ-SAL ENQUANTO RECURSO ENERGETICO, COM BASE NA METODOLOGIA DO PIR Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental São Paulo 2010 KARINA F. F. M. NEVES RENATO DEL BEL MODELAMENTO DO MAPEAMENTO ENERGO-AMBIENTAL DA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA, VISANDO OS EFEITOS AMBIENTAIS DA INTRODUÇÃO DO GÁS NATURAL DO PRÉ-SAL ENQUANTO RECURSO ENERGETICO, COM BASE NA METODOLOGIA DO PIR Projeto de Formatura apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, no âmbito do Curso de Engenharia Ambiental Orientador: PhD Miguel Edgar Morales Udaeta São Paulo 2010 i “ (...) O homem selvagem, quando acabou de comer, está em paz com toda a natureza, e é amigo de todos os seus semelhantes. Se, algumas vezes, tem de disputar o seu alimento, não chega nunca ao extremo sem ter antes comparado a dificuldade de vencer com a de encontrar noutro lugar a sua subsistência; e, como o orgulho não se mistura ao combate, ele termina por alguns socos. O vencedor come e o vencido vai procurar fortuna noutra parte, e tudo está pacificado. mas, no homem da sociedade, é tudo bem diferente; trata-se, primeiramente, de prover ao necessário, depois, ao supérfluo. em seguida, vêm as delícias, depois as imensas riquezas, e depois súbditos e escravos. Não há um momento de descanso. o que há de mais original é que, quanto menos as necessidades são naturais e prementes, tanto mais as paixões aumentam, e o que é pior, o poder de as satisfazer. de sorte que, após longas prosperidades, depois de haver devorado muitos tesouros e desolado muitos homens, o meu herói acabará por tudo arruinar, até que seja o único senhor do universo. Tal é, abreviadamente, o quadro moral, senão da vida humana, pelo menos das pretensões secretas do coração de todo homem civilizado. Comparai, sem preconceitos, o estado do homem civilizado com o do homem selvagem, e investigai, se o puderdes, como além da sua maldade, das suas necessidades e das suas misérias, o primeiro abriu novas portas à miséria e à morte. Se considerardes os sofrimentos do espírito que nos consomem, as paixões violentas que nos esgotam e nos desolam, os trabalhos excessivos de que os pobres estão sobrecarregados, a moleza ainda mais perigosa à qual os ricos se abandonam, uns morrendo de necessidades e outros de excessos; se pensardes nas monstruosas misturas de alimentos, na sua perniciosa condimentação, nos alimentos corrompidos, nas drogas falsificadas, nas velhacarias dos que as vendem, nos erros daqueles que as administram, no veneno do vasilhame no qual são preparadas; se prestardes atenção nas moléstias epidémicas oriundas da falta de ar entre multidões de seres humanos reunidos, nas que ocasionam a nossa maneira delicada do viver, as passagens alternadas das nossas casas para o ar livre, o uso de roupas vestidas ou despidas sem precauções, e todos os cuidados que a nossa sensualidade excessiva transformou em hábitos necessários, e cuja negligência ou privação nos custa imediatamente a vida ou a saúde; se puserdes em linha de conta os incêndios e os tremores de terra que, consumindo ou derrubando cidades inteiras, fazem morrer os habitantes aos milhares; em uma palavra, se reunirdes os perigos que todas essas causas acumulam continuamente sobre as nossas cabeças, sentireis como a natureza nos faz pagar caro o desprezo que temos dado às suas lições.” Jean-Jacques Rousseau, em “Discurso sobre a origem e os fundamentos da desigualdade entre os homens” (1755) ii SUMÁRIO 1 2 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA ..................................................................... 13 OBJETIVOS ....................................................................................................... 19 2.1 Objetivo Geral ............................................................................................. 19 2.2 Objetivos Específicos .................................................................................. 19 3 METODOLOGIA ................................................................................................ 20 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................... 21 4.1 Meio Ambiente, Impactos e Sustentabilidade ............................................. 21 4.2 Energia: Impactos e Planejamento ............................................................. 25 4.3 O PIR na USP ............................................................................................. 29 4.4 Caracterização do GN................................................................................. 38 5 ESTUDO DE CASO ........................................................................................... 44 5.1 Definição do estudo de caso ....................................................................... 44 5.2 Compilação de indicadores ......................................................................... 44 5.2.1 Meio Antrópico ....................................................................................... 44 5.2.2 MeioTerrestre ........................................................................................ 49 5.2.3 Meio Aéreo ............................................................................................ 50 5.2.4 Meio Aquático ........................................................................................ 50 5.3 Mapeamento Energo-Ambiental ................................................................. 51 5.3.1 Histórico da região ................................................................................. 52 5.3.2 Meio Antrópico ....................................................................................... 54 5.3.3 Demografia e Território .......................................................................... 59 5.3.4 Habitação .............................................................................................. 61 5.3.5 Saúde .................................................................................................... 62 5.3.6 Empregos e Rendimentos ..................................................................... 65 5.3.7 Saneamento .......................................................................................... 71 5.3.8 Mobilidade ............................................................................................. 76 5.3.9 Energia .................................................................................................. 77 5.3.10 Desenvolvimento econômico.............................................................. 79 5.3.11 Qualidade de vida .............................................................................. 86 5.4 Meio Terrestre........................................................................................... 90 5.4.1 Características naturais e biodiversidade .............................................. 92 5.4.2 Uso e ocupação do solo ........................................................................ 99 5.4.3 Contaminantes..................................................................................... 102 5.5 Meio Aéreo.............................................................................................. 103 5.5.1 Poluentes ............................................................................................. 105 5.5.2 Dinâmica da atmosfera ........................................................................ 114 5.5.3 Gases de efeito estufa (GEEs) ............................................................ 115 5.6 Meio Aquático ......................................................................................... 116 5.6.1 Qualidade das águas ........................................................................... 118 5.6.2 Águas de abastecimento ..................................................................... 121 5.6.3 Petróleo e gás na Bacia de Santos...................................................... 122 5.6.4 Recursos pesqueiros ........................................................................... 124 5.6.5 Dinâmica do oceano ............................................................................ 125 5.7 Análise e Restrições Legais .................................................................... 125 5.7.1 Meio Antrópico ..................................................................................... 125 5.7.2 Meio Terrestre ..................................................................................... 127 5.7.3 Meio Aéreo .......................................................................................... 129 iii 5.7.4 Meio Aquático ...................................................................................... 133 5.8 Cenários energéticos de referência .......................................................... 136 5.9 Seleção e Projeção dos Vigilantes ............................................................ 141 5.9.1 Meio Antrópico ..................................................................................... 141 5.9.2 Meio Terrestre ..................................................................................... 144 5.9.3 Meio Aéreo .......................................................................................... 147 5.9.4 Meio Aquático ...................................................................................... 156 6 CONCLUSÕES ................................................................................................ 161 iv AGRADECIMENTOS Agradecemos o apoio e orientação prestados durantes esses anos por nossos professores, e neste trabalho especialmente ao nosso orientador Prof. Miguel Edgar Morales Udaeta e a Prof.ª Patrícia Matai. Agradecemos ainda aos nossos pais, irmãos e familiares pelo incentivo e apoio, aos nossos amigos e aos nossos colegas, com quem trabalhamos em nossos projetos de formatura: Carla Ferracini, Gabriel Romano e Gilberto Amaral Jr., bem como aos colegas que fazem ou fizeram parte do PIR e que nos ajudaram com incentivos e orientações: Pascoal Rigolin, Felipe Iwamoto, Rafael Juliano, Jonathas Bernal e Paulo Kanayama. Agradecemos ainda o apoio da Agência Nacional do Petróleo - ANP, da Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP e do Ministério da Ciência e Tecnologia - MCT por meio do Programa de Recursos Humanos da ANP para o Setor Petróleo e Gás - PRH-ANP/MCT. v RESUMO Este trabalho teve como escopo estudar o comportamento de variáveis ambientais na Região Metropolitana da Baixada Santista frente à produção e à utilização do GN advindo da Camada Pré-Sal da Bacia de Santos como fonte energética por meio de ferramentas da metodologia de Planejamento Integrado de Recursos Energéticos na USP – PIR, quais sejam o Mapeamento Energo-Ambiental, a Valoração dos Recursos Energéticos do GN e a Construção de Cenários Energéticos, num horizonte de 30 anos. Para isso foi necessário estudar o panorama dos indicadores ambientais existentes para a região, levantar o conjunto de dados reunidos pelo monitoramento ambiental existente, selecionar os indicadores de análise, realizar inferências sobre dados ausentes, sistematizar as informações quantitativas e qualitativas, reunir informações relevantes da legislação vigente bem como das normas nacionais e internacionais e recomendações, selecionar os indicadores para projeção num horizonte de 30 anos, então chamados vigilantes, definir os REs, advindos da exploração do GN do Pré-Sal mais relevantes para a RMBS, confeccionar cenários energético no horizonte de estudo e projetar os vigilantes selecionados. Com isso, obteve-se informações sistematizadas acerca do meio ambiente regional que caracterizam a RMBS nos meios aéreo, terrestre, aquático e antrópico para o momento presente do tempo, e caracterizou-se a exploração do GN do Pré-Sal como fonte potencial de REs para a região, a partir dos cenários projetados. Desse modo, foi possível verificar os efeitos ambientais da exploração do GN como fonte de REs e indicar situações de alerta pela violação de padrões de qualidade. Além disso, o trabalhou propiciou fazer-se uma análise das ferramentas do PIR utilizadas como instrumento de planejamento energético. vi ABSTRACT The scope of this work was to study the behavior of environmental variables in the metropolitan area of Santos (Região Metropolitana da Baixada Santista – RMBS) when faced with the production and use of natural gas originated from the Pre-Salt Layer in the Santos Basin as an energy source by using tools of the methodology of the Integrated Planning of Energy Resources in USP (Planejamento Integrado de Recursos Energéticos – PIR), that is to say the Energetic – Environmental Mapping, the Valuation of Energy Resources of NG and the Construction of Energy Scenarios for next 30 years. For this, we had to study the landscape of existing environmental indicators for the region, search data gathered by existing environmental monitoring, selecting indicators for analysis, draw inferences about missing data, organize quantitative and qualitative information, gather information about relevant national legislation as well as national and international standards and recommendations, select the indicators for projecting on a horizon of 30 years, so-called vigilants, define the ERs, resulting from the operation of the Pre-Salt GN most relevant to RMBS, produce energy scenarios on the horizon of study and project the selected the vigilants. Thus, we obtained systematic information about the regional environment that characterize the RMBS in the air, land, water and antropic environment for the present moment of time, and characterized the holding of Pre-Salt GN as a potential source of ERs for the region from the projected scenarios. Thus, it was possible to verify the environmental effects of exploration of natural gas as a source of ERs and indicate alarm situations in which quality standards are not respected. In addition, the work made possible to analyse PIR used as a tool for energz planning. vii LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Superexploração (REES; WACKERNAGEL, 1996) .................................. 24 Figura 2 - Evolução do consumo de energia (COOK apud GOLDEMBERG, 2003) .. 26 Figura 3- Origem das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em 2004. (IPCC, AR4, WG3) .................................................................................................... 27 Figura 4 - Matriz Energética Mundial (IEA, 2008)...................................................... 28 Figura 5 - Matriz Energética Brasileira (IEA, 2008) ................................................... 29 Figura 6 - Diagrama Esquemático do PIR na USP (BERNAL, 2009). ....................... 32 Figura 7 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). ..... 54 Figura 8 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). ..... 55 Figura 9 – Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). .... 56 Figura 10 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). ... 56 Figura 11 -Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). .... 57 Figura 12 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). ... 57 Figura 13 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). ... 58 Figura 14 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). ... 58 Figura 15 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). ... 59 Figura 16 - Área dos Municípios da RMBS (km2) (SEADE,2008) ............................. 60 Figura 17 - População dos Municípios da RMBS (km2) (SEADE,2010) ................... 60 Figura 18 - Densidade Demográfica dos Municípios da RMBS (SEADE, 2010) ....... 61 Figura 19 - Número de dentistas por dois mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2008) .......................................................................................................... 62 Figura 20 Número de enfermeiros por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2008) .......................................................................................................... 63 Figura 21 - Número de médicos por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 63 Figura 22 - Número de leitos do SUS por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2009) .......................................................................................................... 64 Figura 23 - Número de leitos de internação por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2009) .............................................................................................. 64 Figura 24 - Número de Unidades Básicas de Saúde por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2009) ......................................................................................... 65 Figura 25 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Bertioga (SEADE, 2009) ........................................................................................... 65 Figura 26 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Cubatão (SEADE, 2009) ........................................................................................... 65 Figura 27 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Guarujá (SEADE, 2009) ............................................................................................ 66 Figura 27 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Itanhaém (SEADE, 2009) .......................................................................................... 66 Figura 28 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Mongaguá (SEADE, 2009) ........................................................................................ 66 Figura 29 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Peruíbe (SEADE, 2009) ............................................................................................ 67 Figura 30 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Praia Grande (SEADE, 2009).................................................................................... 67 Figura 31 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Santos (SEADE, 2009) .............................................................................................. 67 viii Figura 32 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em São Vicente (SEADE, 2009)...................................................................................... 68 Figura 33 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Bertioga (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 68 Figura 34 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Cubatão (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 68 Figura 35 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Guarujá (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 69 Figura 36 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Itanhaém (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 69 Figura 37 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Mongaguá (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 69 Figura 38 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Peruíbe (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 70 Figura 39 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Praia Grande (SEADE, 2008) .......................................................................................................... 70 Figura 40 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Santos (SEADE, 2008) ......................................................................................................................... 70 Figura 41 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em São Vicente (SEADE, 2008) .......................................................................................................... 71 Figura 42 - Mapeamento do Sistema de Saneamento Básico da Baixada Santista – Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Santos, São Vicente (CETESB, 2004).. 73 Figura 43 - Mapeamento do Sistema de Saneamento Básico da Baixada Santista Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe (CETESB, 2004) .................................................... 73 Figura 44 - Participação no valor adicionado por setor em Bertioga (SEADE, 2007) 80 Figura 45 - Participação no valor adicionado por setor em Cubatão (SEADE, 2007)80 Figura 46 - Participação no valor adicionado por setor em Guarujá (SEADE, 2007) 81 Figura 47 - Participação no valor adicionado por setor em Itanhaém (SEADE, 2007) .................................................................................................................................. 81 Figura 48 - Participação no valor adicionado por setor em Mongaguá (SEADE, 2007) .................................................................................................................................. 82 Figura 49 - Participação no valor adicionado por setor em Peruíbe (SEADE, 2007) 82 Figura 50 - Participação no valor adicionado por setor em Praia Grande (SEADE, 2007) ......................................................................................................................... 83 Figura 51 - Participação no valor adicionado por setor em Santos (SEADE, 2007) . 83 Figura 52 - Participação no valor adicionado por setor em São Vicente (SEADE, 2007) ......................................................................................................................... 84 Figura 53 - Participação nas exportações do estado por município (SEADE, 2008) . 84 Figura 54 - PIB per capita em mil reais correntes por município (SEADE, 2007)...... 85 Figura 55 - PIB em bilhões de reais correntes por município (SEADE, 2007)........... 85 Figura 56 - IDH por município da RMBS (SEADE, 2000) .......................................... 87 Figura 57 - Índice Futuridade por município da RMBS (SEADE, 2008) .................... 88 Figura 58 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio terrestre (autor) ..... 91 Figura 59 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio terrestre (autor) ..... 91 Figura 60 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio terrestre ................. 92 Figura 61 - Formações vegetais da RMBS (Programa Biota, 2010) ......................... 97 Figura 62 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aéreo (autor) ....... 104 Figura 63 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aéreo (autor) ....... 105 Figura 64- Rede de monitoramento da qualidade do ar .......................................... 106 Figura 65 - Médias anuais das concentrações de MP10 (CETESB; RQAr 2009) .... 110 ix Figura 66 - Médias anuais das concentrações de FMC (CETESB; RQAr 2009) ..... 111 Figura 67 - Médias anuais das concentrações de PTS ........................................... 112 Figura 68 - Médias anuais das concentrações de SO2 ........................................... 113 Figura 69 - Rosa de Vento (Cubatão - Centro)........................................................ 115 Figura 70 - Rosa de Vento (Cubatão - V. Parisi) ..................................................... 115 Figura 71 - Emissões totais de CO2 por ano, na RMBS ......................................... 116 Figura 72 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) ... 117 Figura 73 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) ... 117 Figura 74 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) ... 118 Figura 75 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) ... 118 Figura 79 - Blocos exploratórios e campos em produção na Bacia de Santos (Fonte: ANP) ........................................................................................................................ 122 Figura 80 - Conexão das cartas SAO da Bacia de Santos ...................................... 124 Figura 81 - Nº de ultrapassagens do padrão e do nível de atenção, para o O 3 ...... 133 Figura 79 - Porcentagem de praias que permaneceram próprias o ano todo ......... 134 Figura 80- Porcentagem dos cursos d’água que atenderam à legislação ............... 135 Figura 81 - Projeção das emissões de MP .............................................................. 153 Figura 82 - Projeção das concentrações de MP10 em V. Parisi ............................. 154 Figura 83 - Projeções das contrações de PTS em V. Parisi .................................... 155 Figura 84 - Projeções do indicador CO2 ................................................................. 156 Figura 85 - Projeção do IQA .................................................................................... 158 Figura 86 - Projeção do IVA .................................................................................... 159 Figura 87 - Projeção da % de praias próprias o ano inteiro .................................... 160 x LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Níveis de emissões de poluentes em kg por milhão de Btu gerado de energia a partir da combustão (COMAR, 2006) ........................................................ 39 Tabela 2 - Situação dos domicílios por município da RMBS (SEADE,2000) ............ 62 Tabela 3 - Atendimento do sistema público de esgoto e carga poluidora por município (CONSEMA, 2007).................................................................................... 71 Tabela 4 - Saneamento na RMBS (CETESB, 2004) ................................................. 72 Tabela 5 - Atendimento do sistema público de água por município (SNIS, 2006)..... 74 Tabela 6 - Volume produzido e consumido de água e economias por município (AGEM, 2008) ........................................................................................................... 75 Tabela 7 - Quantidade diária de lixo produzido, IQR e disposição final dos resíduos (CONSEMA, 2007) .................................................................................................... 75 Tabela 8 - Frota de veículos por município na RMBS (SEADE, 2003 e 2009) .......... 76 Tabela 9 - Consumo de energia elétrica em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008).............................................................................. 77 Tabela 10 - Consumo de energia elétrica em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008) ........................................................... 77 Tabela 11 - Consumo de gás natural em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008)................................................................................... 77 Tabela 12 - Consumo de gás natural em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008)................................................................................... 78 Tabela 13 - Consumo de derivados de álcool hidratado e petróleo em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008)........................... 78 Tabela 14 - Tipologia de ICMS por município da RMBS (SEADE, 2007).................. 86 Tabela 15 - Posição no ranqueamento dos municípios por município da RMBS (SEADE, 2000) .......................................................................................................... 87 Tabela 16 - Porcentagem da população exposta aos grupos IPVS por município da RMBS (SEADE, 2000) .............................................................................................. 89 Tabela 17 - Grupo IPRS por município da RMBS (SEADE, 2006) ........................... 90 Tabela 18 - Área de vegetação por município (CONSEMA, 2010) ........................... 96 Tabela 19 - Área críticas por município por tipo de ocorrência (AGEM, 2008) ....... 101 Tabela 20 - Principais problemas ambientais por município da RMBS (AGEM, 2008) ................................................................................................................................ 101 Tabela 21 - Acidentes envolvendo substâncias perigosas (CONSEMA, 2007)....... 102 Tabela 22 - Áreas contaminadas e reabilitadas (CETESB, 2007) ........................... 103 Tabela 23 - Parâmetros de qualidade do ar monitorados (RQAr; 2009) ................. 106 Tabela 24 - Emissões de poluentes por empresa (fontes prioritárias) .................... 108 Tabela 25 - Médias anuais das concentrações de MP10 ......................................... 110 Tabela 26 - Médias anuais das concentrações de FMC ......................................... 110 Tabela 27 - Médias anuais das concentrações de PTS .......................................... 111 Tabela 28 - Médias anuais das concentrações de SO2 ........................................... 112 Tabela 29- Nº de ultrapassagens do padrão e do nível de atenção, para o O 3....... 113 Tabela 30 - Emissões Totais de CO2 por ano, RMBS ............................................ 116 Tabela 31 - Porcentagem de praias que permaneceram próprias o ano todo, por município ................................................................................................................. 119 Tabela 32 - Porcentagem dos cursos d’água que atenderam à legislação, por município ................................................................................................................. 120 Tabela 33- Índices de qualidade das águas ............................................................ 121 Tabela 34 - Disponibilidade e demanda total de água para abastecimento (Fonte: RQAmb 2010) ......................................................................................................... 122 xi Tabela 35 - Situação dos domicílios por município da RMBS (SEADE,2000)......... 126 Tabela 36 - Principais problemas ambientais por município da RMBS (AGEM, 2008) ................................................................................................................................ 128 Tabela 37- Padrões de qualidade do ar .................................................................. 130 Tabela 38 - Índices de qualidade do ar ................................................................... 130 Tabela 39 – Padrões de Balneabilidade .................................................................. 133 Tabela 40 - Índices de qualidade do ar ................................................................... 135 Tabela 41 - Matriz energética cenário tendencial (10³ Kcal) ................................... 138 Tabela 42 - Matriz energética cenário gás total (10³ Kcal) ...................................... 140 Tabela 43 - Rendimento médio dos vínculos empregatícios – Cenário Tendencial 142 Tabela 44 - Rendimento Médio dos Vínculos Empregatícios - Cenário de Gás Total ................................................................................................................................ 142 Tabela 45 - Frota de Automóveis - Cenário Tendencial .......................................... 143 Tabela 46 - Número de habitantes por automóvel .................................................. 143 Tabela 47 - Frota de Automóveis - Cenário de Gás Total ....................................... 144 Tabela 48 - Áreas contaminadas - Cenário tendencial............................................ 145 Tabela 49 - Áreas contaminadas - Cenário de Gás Total ....................................... 145 Tabela 50 - Residentes em áreas críticas - Cenário Tendencial ............................ 146 Tabela 51 - Residentes em áreas críticas - Cenário de Gás Total .......................... 146 Tabela 52 - Histórico de emissões por empresa de MP (ton).................................. 148 Tabela 53 - Taxas de substituição do coque por GN - Tendencial .......................... 151 Tabela 54 - Taxas de substituição do coque por GN - Gás Total ............................ 152 Tabela 55 - Projeção das emissões de MP ............................................................. 152 Tabela 56 - Cálculo para isolar as emissões industriais de MP10 ............................ 153 Tabela 57 - Emissão de CO2 - Cenário Tendencial ................................................ 155 Tabela 58 - Emissão de CO2 - Cenário de Gás Total ............................................. 155 Tabela 59 - Projeção das taxas de coleta de esgoto por município ....................... 157 Tabela 60 - Projeção dos índices de coleta de esgoto ............................................ 157 Tabela 61 - Projeção do IQA ................................................................................... 158 Tabela 62 - Projeção do IVA ................................................................................... 159 Tabela 63 - Projeção da % de praias próprias o ano inteiro .................................... 159 xii LISTA DE SIMBOLOS ACC Análise de Custos Completos CETESB Companhia Ambiental do Estado de São Paulo CVPC Cômputo e Valoração do Potencial Completo En/In Envolvidos/Interessados GEEs Gases de Efeito Estufa GN Gás Natural PIR Planejamento Integrado de Recursos RMBS Região Metropolitana da Baixada Santista (Estado de São Paulo) RE Recurso Energético RELD Recurso Energético da Lado da Demanda RELO Recurso Energético do Lado da Oferta 13 1 INTRODUÇÃO E JUSTIFICATIVA Define-se o meio ambiente como o conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas (BRASIL, 1981). A partir dessa definição, podese inferir que o debate acerca das questões ambientais não deve se resumir apenas aos impactos sobre a saúde pública, a fauna e a vegetação decorrentes do consumo de recursos naturais e da poluição gerada nas atividades humanas. Na realidade, o mundo contemporâneo necessita da compreensão que as questões ambientais envolvem todos os aspectos do meio em que a sociedade está inserida e da própria organização da sociedade, bem como as inúmeras relações desse sistema complexo. Desse modo, justifica-se considerar, entre outras, as esferas econômica, política, social e tecnológica naturalmente inseridas no contexto ambiental, não sendo necessário, por conseqüência, destacar a consideração dessas esferas ao longo de todas as análises e discussões que se sucedem. O PIR, Planejamento Integrado de Recursos Energéticos, enquadra-se nesse contexto ambiental contemporâneo e, particularmente, na necessidade de uma nova abordagem para o planejamento e tomada de decisão na área de suprimento energético. Essa necessidade tem origem nos novos paradigmas estabelecidos pelo contexto do desenvolvimento sustentável, que cobram uma abordagem holística para problemas até então discutidos apenas no âmbito técnico e econômico, ou seja, uma abordagem que integre o máximo de variáveis e relações pertinentes produzindo um sistema a ser analisado que necessariamente justifique e demonstre a eficácia do plano de ação. Pode-se avaliar o contexto dos novos paradigmas para planejamento e tomada de decisão na área de suprimento energético como de vital importância para que as conseqüências ambientais das alternativas escolhidas para uma determinada região sejam analisadas dentro dos conceitos de gestão ambiental, produção mais limpa e prevenção da poluição, entre outros, garantindo a manutenção de padrões mais sustentáveis de utilização de recursos e a minimização de níveis de interferência no meio ambiente, levando em consideração a grande participação da demanda energética na emissão de poluentes e de GEEs e consumo de recursos naturais, dentre outros impactos ambientais relevantes. Adicionalmente, é possível identificar com clareza a influência dessa recente conjuntura na concepção de diretrizes e políticas públicas para a atividade energética em várias esferas do governo. Para isso, basta analisar a capítulo 4 da publicação “Cenários Ambientais 2020” da Secretaria do Meio Ambiente do Governo do Estado de São Paulo, denominado Propostas de Políticas Públicas. Nele, o tema Energia é tratado dentro do macrotema Desenvolvimento Socioeconômico e Infraestrutura e o texto apresentado para definição das diretrizes gerais desse macrotema; “Promover o desenvolvimento sustentável, de forma a garantir o crescimento econômico com respeito aos limites ambientais e a melhoria dos níveis de desenvolvimento humano.” já demonstra essa preocupação ambiental. Ao detalhar as propostas de políticas públicas do estudo supracitado para o tema Energia, pode-se comprovar 14 novamente a temática ambiental inserida no contexto do planejamento, inclusive na própria definição do objetivo; “Gerir de maneira eficiente a matriz energética paulista, tanto em relação à oferta quanto à demanda, e incluir critérios ambientais na mesma.” No caso brasileiro, essa necessidade de uma nova abordagem para planejar o suprimento energético é bastante evidente, pois historicamente as consequencias ambientais dos planos e programas não são avaliadas adequadamente através de conceitos científicos. Na prática, a tomada de decisão nesse setor estratégico para a economia brasileira é, assim como em outros setores, influenciada fortemente por questões políticas e financeiras. Para exemplificar, um caso consagrado de decisão ineficiente é o da usina de Balbina, no Amazonas. Até da década de 70, a demanda energética do município de Manaus era atendida através de termelétricas que utilizavam petróleo como combustível. O aumento dos preços do petróleo, a partir de 1973, levou o governo a optar pela construção de uma usina hidrelétrica capaz substituir as termoelétricas. O local escolhido para a nova usina, chamada Balbina, foi o Rio Uatumã, na floresta amazônica. Idealizada na ditadura militar e inaugurada em 1989, ela custou, na época, US$ 1 bilhão. Inundou 2,6 mil km² de riquíssimas florestas nativas, criando um dos maiores lagos artificiais do mundo e alterando completamente as características de um ecossistema considerado, por sua importância, um patrimônio natural mundial. Os milhões de árvores que tiveram suas raízes submersas não foram sequer retirados e transformados em madeira produtiva. As águas do lago imenso produzem hoje apenas de 120 MW a 130 MW de energia; é a unidade de geração mais ineficiente entre todas as hidrelétricas do País. Os erros começaram pela de uma área extremamente plana, onde as águas se espalharam extremamente rasas por uma área imensa. A disparidade entre a área inundada e a capacidade de produção de energia é imensa. Para ficar na própria região amazônica, a usina de Tucuruí, no Pará, também alagou uma grande área; lá, o lago ocupa 2,4 mil km², mas a água represada do Rio Tocantins tem força para tocar uma usina de 4.245 MW, 17 vezes superior a Balbina. Apesar de ser um caso não muito recente, a usina de Balbinas demonstra como as decisões podem simplesmente contrariar os conceitos associadas à consequências drásticas. Atualmente, os planos e programas nacionais para o setor energético no Brasil são definidos por dois documentos principais o Plano Nacional de Energia – PNE 2030 e o Plano Decenal de Expansão de Energia 2019 – PDE 2019. O PNE 2030 é um estudo pioneiro de caráter energético e de longo prazo, realizado por um ente governamental no Brasil, abordando a questão da energia elétrica e dos demais energéticos principais; petróleo, gás natural, carvão mineral, biomassa, nuclear e outros. Basicamente, as projeções 15 constantes no PNE 2030 são definidas a partir de estudos macroeconômicos que consideram os cenários mundiais, os cenários demográficos e de domicílios e os cenários econômicos nacionais, os quais compõem as premissas básicas na elaboração das projeções de demanda por energia a serem utilizadas. O Plano Decenal, por sua vez, apresenta um planejamento de curto e médio prazo (período de dez anos), através de uma visão integrada da expansão da demanda e da oferta de recursos energéticos, definindo um cenário de referência, que sinaliza e orienta as decisões no mercado de energia e constitui uma base sólida para apoiar o crescimento econômico, pois a expansão do investimento produtivo exige oferta de energia com qualidade e confiabilidade. Analisando a eficiência e as consequências ambientais advindas do atual panorama do planejamento energético no Brasil, considerando principalmente as publicações citadas anteriormente, é evidente a situação de necessidade de uma nova abordagem. Isso porque, a metodologia empregada para o desenvolvimento desses estudos não contempla a complexidade de todas as relações que definem, de fato, o resultado da implementação dessas políticas, materializado nos impactos e nos níveis de interferência sobre o ambiente. Para comprovar a afirmativa do parágrafo anterior, não é necessário descrever casos consagrados de políticas e projetos ineficientes. Basta analisar o próprio escopo desses estudos. O PNE 2030, não reserva sequer um capítulo para abordar as consequências ambientais das projeções definidas. Na realidade, ao apresentar a metodologia geral empregada, a publicação supracitada garante que o Meio Ambiente é considerado nos estudos de demanda e oferta (inclusive no diagrama que representa a metodologia geral), porém não há detalhes ao longo do texto que caracterizem, detalhem ou comprovem, de fato, a execução desses paradigmas. O único aspecto relevante nesse contexto é o volume reservado para abordar a questão da eficiência energética, porém ele, por si só, é insuficiente para garantir o menor custo global dos cenários traçados. Já o PDE 2019 é dividido em quatro temas principais; Contextualização e Demanda, Oferta de Energia Elétrica, Oferta de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis e Aspectos de Sustentabilidade. O tema Aspectos de Sustentabilidade é subdivido em dois capítulos; Eficiência Energética e Análise Socioambiental. Ao longo do texto, diversas vezes é possível destacar frases que objetivam convencer o leitor que o contexto do Desenvolvimento Sustentável é uma das principais premissas para a confecção dos cenários, como no seguinte trecho, extraído das considerações inicias do capítulo sobre Análise Socioambiental: “O conceito de sustentabilidade, fundamentado em aspectos relacionados à capacidade de suporte e à conservação da base de recursos naturais, à qualidade ambiental, ao desenvolvimento econômico sustentado e à justiça social, constitui o paradigma que orientou os 16 estudos socioambientais desenvolvidos para esta versão do Plano Decenal. Por conseguinte, a consideração de questões associadas à redução dos impactos locais e globais, à utilização de fontes renováveis para geração de energia elétrica, à utilização sustentável dos recursos hídricos e à minimização dos impactos sobre os ecossistemas e a biodiversidade constituem a extensão desse conceito, tendo requerido a formulação de novos critérios e procedimentos e o aperfeiçoamento daqueles então adotados nas versões mais recentes do Plano.” (PDE 2019) Sem dúvida, a apresentação de conceitos cientificamente bem fundamentos ao longo do capítulo, como no trecho acima, representa um avanço significativo em relação ao que existia há cerca de dez anos. Porém o que se observa analisando com maior detalhe o estudo é que o planejamento proposto carece de uma análise sistemática, holística e multidimensional dos efeitos ambientais relacionados com o setor energético. O próprio relatório assume essa necessidade, como é possível observar no seguinte trecho: “A construção de um índice de sustentabilidade para usinas hidrelétricas e linhas de transmissão foi o primeiro passo para a adoção de procedimentos capazes de avaliar o caminho para a sustentabilidade dos sucessivos planos de expansão de energia. A construção de índices de sustentabilidade para todos os projetos e para as diferentes fontes do Plano, bem como indicadores gerais e integrados, capazes de medir, acompanhar e avaliar os avanços setoriais, como um todo, em direção ao desenvolvimento sustentável é uma meta a ser atingida.” (PDE 2019) Os índices de sustentabilidade destacados no trecho acima, basicamente, avaliam os impactos ambientais diretos das usinas hidrelétricas e das linhas de transmissão (como área alagada por potência, presença e/ou proximidade de UCs, etc.) individualmente, isto é, empreendimento por empreendimento e não é traçada uma análise integrada do setor elétrico. Para os demais recursos energéticos, existe apenas uma análise sucinta e superficial dos aspectos ambientais mais relevantes. A maior crítica nesse contexto em relação ao PDE 2019 é a carência de uma análise integrada do setor energético, com vista na identificação das oportunidades de atuação mais relevantes, objetivando a otimização do sistema e a minimização dos impactos. Por outro lado, a atual conjuntura econômica e, principalmente política para o caso brasileiro, ainda afeta em muito a aplicação ótima de todos os conceitos relacionados à esfera ambiental e essas considerações inclusive são apresentados no penúltimo tópicos do capítulo, denominado Desafios para Sustentabilidade. 17 O PIR surge como uma alternativa promissora para subsidiar o processo de tomada de decisão no planejamento energético, pois, na sua abordagem, são consideradas as demandas e as ofertas energéticas de uma determinada região buscando, de uma forma bastante objetiva, o menor custo global para a exploração e implementação dos recursos energéticos, em vista da demanda considerada pelos cenários energéticos de referência. Esse menor custo global pode ser interpretado como o ponto ótimo das quantidades consumidas de cada recurso energético na composição final do balanço entre oferta e demanda em uma determinada região, visando minimizar e otimizar os níveis de interferência sobre o meio, através da confecção dos diferentes cenários energéticos, projeções e monitoramento dos indicadores selecionados como de maior relevância. A metodologia do PIR, a qual será melhor detalhada ao longo do capítulo reservado para a revisão bibliográfica, conta com quatro fases distintas de execução: informações prévias, ranqueamento dos REs, plano integrado de REs preferencial e plano de ação. (UDETA, 2010) Nesse trabalho pretende-se estudar um modelo de Mapeamento EnergoAmbiental da RMBS e sua aplicação, com vista nos efeitos ambientais da introdução do GN da Camada Pré-Sal da Bacia de Santos como fonte de recursos energéticos para a região, através da projeção dos indicadores de análise num horizonte de 30 anos, com base na metodologia do PIR. O objetivo principal do trabalho de Mapeamento Energo-Ambiental é fornecer informações do meio ambiente regional, buscando realizar isso em uma base de dados municipalizada, que caracterizam a região definida para aplicação do PIR nos meios aéreo, terrestre, aquático e antrópico. Tal caracterização define e apresenta as informações ambientais para o momento presente do tempo através da geração de um banco de dados. Pode-se entender o Mapeamento, também, como a definição da situação atual de qualidade ambiental da região. Os dados compilados são comparados com a legislação vigente e as principais normas internacionais e, com isso, pode-se avaliar e qualificar a situação atual dos indicadores e caracterizar e identificar as fontes e focos de elevada pressão e saturação sobre as condições ambientais, possibilitando que alternativas adequadas de planejamento energético sejam definidas e monitoradas no tempo. O Mapeamento Energo-Ambiental também objetiva delimitar os indicadores de análise que podem ser influenciados através de novas alternativas e projetos de expansão energética da região. Tais indicadores também são denominados, no PIR, de Vigilantes, devido a sua principal função de verificar os efeitos da implementação dos REs sobre o ambiente e indicar violação de padrões de qualidade e situações de alerta e/ou não desejadas pela população. A construção dos cenários energéticos de referência, num horizonte de 30 anos, visa subsidiar as projeções dos indicadores de análise considerando as principais tendências e definições que influenciam o ambiente da região, como 18 acordos internacionais, projetos de leis, restrições de mercado, etc. Assim, como se pode observar, os objetivos do presente trabalho se apresentam no contexto dos primeiros esforços para a aplicação da metodologia do PIR na RMBS, com vistas somente no GN do Pré-Sal. Dessa forma, a utilização das ferramentas do PIR (Mapeamento Energo-Ambiental, construção de cenários e projeções dos Vigilantes) servirá ainda para a validação das mesmas dentro da totalidade do escopo do PIR para a RMBS em projetos futuros. 19 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Estudar um modelo de Mapeamento Energo-Ambiental da RMBS e sua aplicação, com vista nos efeitos ambientais da introdução do GN da Camada Pré-Sal da Bacia de Santos como fonte de recursos energéticos para a região, através da projeção dos indicadores de análise num horizonte de 30 anos, com base na metodologia do PIR. 2.2 Objetivos Específicos Fornecer informações sistematizadas acerca do meio ambiente regional, buscando fazê-lo em uma base de dados municipalizada, que caracterizem a RMBS nos meios aéreo, terrestre, aquático e antrópico para o momento presente do tempo. Comparar os dados compilados com a legislação vigente e as principais normas internacionais, visando avaliar e qualificar a situação atual dos indicadores e caracterizar e identificar as fontes e focos de elevada pressão e saturação sobre as condições ambientais Delimitar os indicadores que podem ser influenciados através de novas alternativas e projetos de expansão energética da região e melhor monitorem a implementação de tais alternativas e projetos (seleção dos Vigilantes). Definir os cenários energéticos de referência para a RMBS para o horizonte de 30 anos e projetar os Vigilantes, com vista nos efeitos decorrentes da introdução do GN como fonte de REs. Caracterizar, a partir dos cenários e projeções, a introdução do GN do Pré-Sal como fonte potencial de REs para a RMBS e avaliar a metodologia do PIR, focando o Mapeamento Energo-Ambiental como ferramenta para o planejamento energético. 20 3 METODOLOGIA A pesquisa foi iniciada com uma revisão bibliográfica dos assuntos pertinentes aos estudos ambientais e energéticos, incluindo o marco teórico do PIR, do Mapeamento Energo-Ambiental e dos indicadores de análise já consagrados. Adicionalmente, foi realizado um estudo de revisão visando caracterizar o GN como fonte de REs. O levantamento do conjunto de dados reunidos pelo monitoramento ambiental, a exemplo dos Indicadores da Agenda 21 (Global e a proposta pelo IBGE), Indicadores de Seattle, Índice de Qualidade de Vida Urbana de Belo Horizonte, etc., foi sistematizado e organizado numa base de dados, e foi obtido por meio de contatos com profissionais e pesquisas a sites de instituições do governo, ONGs, empresas, dentre outras. Com os dados compilados foi realizada uma seleção dos indicadores que se configuram como de maior importância para a sociedade em geral e aqueles que melhor se adaptam aos estudos energéticos e às características da região, nos meios aquático, terrestre, aéreo e antrópico. Os indicadores selecionados constituiram o que foi chamado de Caracteres Ambientais. Nos casos em que, para algum Caracter Ambiental da região, não existisse informações, ou em que as informações não se encontrasse municipalizada, foram feitas inferências, por meio de hipóteses e critérios explicitados. Foi realizado um levantamento sobre legislações, normas e recomendações nacionais e internacionais referentes aos indicadores selecionados, visando avaliar e qualificar a situação atual dos indicadores e caracterizar e identificar as fontes e focos de elevada pressão e saturação sobre as condições ambientais Também foi realizado um estudo sobre as políticas energéticas, ambientais e de desenvolvimento socioeconômico para a região. Essas informações foram base para a construção dos cenários energéticos de referência e para selecionar os Vigilantes; indicadores a serem projetados num horizonte de 30 anos. Ressalta-se que a projeção dos indicadores foi feita tendo o GN do PréSal como testemunho, ou seja, sempre tendo em vista as alterações que a introdução do GN, como fonte potencial de REs, proporcionará na região. Por último, foi realizada uma análise comparativa das projeções visando caracterizar a introdução do GN do Pré-Sal como fonte potencial de REs para a RMBS e avaliar a metodologia do PIR, focando o Mapeamento EnergoAmbiental como ferramenta para o planejamento energético. 21 4 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 4.1 Meio Ambiente, Impactos e Sustentabilidade Basicamente é possível separar as principais definições ou conceitos estabelecidos de meio ambiente em dois grupos; as definições legais e acadêmicas. Algumas definições legais amplamente conhecidas são: “O conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química e biológica, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas” (BRASIL, 1981). “O espaço onde se desenvolvem as atividades humanas e a vida dos animais e vegetais” (MINAS GERAIS, 1980). “O sistema de elementos bióticos, abióticos e socioeconômicos, com o qual interage o homem, de vez que se adapta ao mesmo, o transforma e o utiliza para satisfazer suas necessidades” (CUBA, 1980). “As condições físicas que existem numa área, incluindo o solo, a água, o ar, os minerais, a flora, a fauna, o ruído e os elementos de significado histórico ou estético” (CALIFORNIA, 1981). “Todos os aspectos do ambiente do homem que o afetem como indivíduo ou que afetem os grupos sociais” (AUSTRALIA, 1975). “O conjunto de elementos naturais, artificiais ou induzidos pelo homem, físicos, químicos e biológicos, que propiciem a sobrevivência, transformação e desenvolvimento de organismos vivos” (MEXICO, 1982). Entre o grupo das definições acadêmicas é possível destacar: “As condições, influência ou força que envolvem e influem ou modificam: o complexo de fatores climáticos, edáficos bióticos que atuam sobre um organismo vivo ou uma comunidade ecológica e acaba por determinar sua forma e sua sobrevivência; a agregação das condições sociais e culturais (costumes, leis, idioma, religião e organização política e econômica) que influenciam a vida de um indivíduo ou de uma comunidade” (WEBSTER´S, 1976). “O conjunto, em um dado momento, dos agentes físicos, químicos, biológicos e dos fatores sociais susceptíveis de terem um efeito direto ou indireto, imediato ou a termo, sobre os seres vivos e as atividades humanas” (POUTREL; WASSERMAN, 1977). “A soma das condições externas e influências que afetam a vida, o desenvolvimento e, em última análise, a sobrevivência de um organismo” (THE WORLD BANK, 1978). “O conjunto de todos os fatores físicos, químicos, biológicos e socioeconômicos que atuam sobre um indivíduo, uma população ou uma comunidade” (INTERIM MEKONG COMMITTEE, 1982). Analisando todas essas definições apresentadas, percebe-se a tendência de considerar o ambiente como um sistema extremamente complexo que compreende inúmeros fatores e todas as relações entre as condições físicas do espaço e as ações dos organismos que nele convivem. Essa visão sistêmica sobre o ambiente é fruto das próprias experiências acumuladas pela humanidade ao longo se sua existência e, atualmente, é inaceitável do ponto 22 de vista científico hipóteses que desprezam ou não consideram os efeitos do ambiente sobre as sociedades. As agressões antropogênicas ao meio ambiente se tornaram significantes após a Revolução Industrial, e particularmente no século XX, devido ao aumento populacional e ao grande aumento no consumo per capita, quando iniciou-se uma exploração desenfreada dos recursos naturais, utilizando-se tecnologias em larga escala para obtenção de energia, sem preocupações ou conhecimento das conseqüências disso. A preocupação maior era alcançar o crescimento econômico e tecnológico, e aumentar de modo geral oferta e mercado. (GOLDEMBERG, 2003). Um dos principais conceitos estabelecidos dentro das pesquisas em torno dessa temática é o de impacto ambiental. O conceito de poluição foi ora sendo substituído, ora complementado pelo conceito mais abrangente de impacto ambiental (SANCHEZ, 2006). Inclusive ele é definido legalmente no Brasil como “qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetem:(I) a saúde, a segurança e o bem-estar da população;(II) as atividades sociais e econômicas; (III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais” (BRASIL, 1986). Outras definições, não ligadas à legislação, para impacto ambiental podem ser destacadas: “Qualquer alteração no sistema ambiental físico, químico, biológico, cultural e socioeconômico que possa ser atribuída a atividades humanas relativas às alternativas em estudo para satisfazer as necessidades de um projeto” (CANTER, 1977). “Impacto ambiental pode ser visto como parte de uma relação de causa e efeito. Do ponto de vista analítico, o impacto ambiental pode ser considerado como a diferença entre as condições ambientais que existiriam com a implantação de um projeto proposto e as condições ambientais que existiriam sem essa ação” (DIEFFY, 1985). “É uma alteração (ambiental) pode ser natural ou induzida pelo homem, um efeito é uma alteração induzida pelo homem e um impacto inclui um julgamento do valor da significância de um efeito” (MUNN, 1979). “É a estimativa ou o julgamento do significado e do valor do efeito ambiental para os receptores natural, socioeconômico e humano. Efeito ambiental é a alteração mensurável da produtividade dos sistemas naturais e da qualidade ambiental, resultante de uma atividade econômica” (HORBERRY, 1984). A partir dessas definições é possível afirmar que os seres humanos, assim como todos os organismos vivos, estão sempre interagindo com o meio para sobreviver e, portanto, estão o impactando. Os simples atos de respirar, beber água, se alimentar e muitas outras necessidades de sobrevivência interagem com o espaço alterando suas características e, portanto, impactando-o. As interações antrópicas com o meio, atualmente, excedem em muito essas de necessidades. Isso foi proporcionado basicamente pelo desenvolvimento das 23 sociedades. De uma maneira geral, o desenvolvimento econômico está associado a incrementos no nível de bem-estar da população proporcionados pela produção e consumo de bens e serviços convencionais (HUFSCHMIDT, 1983). Para viabilizar esse bem-estar mais recursos foram utilizados gerandose mais resíduos e emissões, ou seja, aumentando a carga de poluição ou impactando mais o meio. Esse contexto muito se deve aos problemas agudos de poluição, especialmente os relacionados à qualidade do ar, que ganharam importância no inicio da década de 70 com o intenso processo de industrialização da Europa e dos EUA, principalmente. Há registros em jornais da década de 60 e especialmente de 70, de episódios agudos de poluição do ar que levaram a população ao pânico devido aos fortes odores, decorrentes do excesso de poluentes lançados pelas indústrias na atmosfera, causando mal-estar e lotando os serviços médicos de emergência (CETESB, 2010). Além disso, episódios como o acidente na planta industrial da Union Carbide, em Bophal na Índia, o caso de contaminação do Love Canal, próximo as Cataratas do Niágara nos EUA, a degradação decorrente do pólo industrial de Cubatão, no Brasil, entre outros, são casos famosos de poluição que resultaram em danos à saúde humana, incluindo mortes, e foram muito importantes para o reconhecimento da necessidade de se analisar a questão do ambiente de maneira mais ampla e, principalmente, eficaz. Já a preocupação da sociedade com a escassez de recursos naturais tem sido sucessivamente reiterada e superada ao longo da história, pela descoberta das Américas, pela abertura de novos caminhos para as Índias, e pelo desenvolvimento tecnológico que propiciou ganhos de produtividade agropastoril e do trabalho humano. (Bezerra, 1996). A escassez de recursos é um problema ambiental quando a oferta não consegue suprir a demanda da sociedade. Tendo em vista a atenuação e a solução desses problemas que interferiram no bem-estar dos seres humanos, gerados pela sua própria ação no ambiente, muitos estudos foram direcionados para o entendimento das causas e efeitos desses impactos. A partir dessas reflexões surgiu o termo desenvolvimento sustentável que foi consolidado com a publicação do relatório NOSSO FUTURO COMUM (1988) como “o desenvolvimento que garante o atendimento das necessidades do presente sem comprometer a capacidade das gerações futuras atenderem também às suas necessidades”. Percebe-se que o conceito apresentado para sustentabilidade denota considerável subjetividade, principalmente quanto à necessidade. Por exemplo, as necessidades do presente variam muito de acordo com a cultura e o próprio nível de desenvolvimento da sociedade, assim como pela riqueza individual de cada cidadão. Definir as necessidades futuras, então, é tarefa mais subjetiva ainda. Existem definições que visam ser mais objetivas para a sustentabilidade dentro de um significado específico – evitar a superexploração, visto que o problema 24 existe se os nossos impactos extrapolam os limites da natureza. Superexploração ocorre quando a demanda humana excede o suprimento da natureza em escala local, nacional ou global, como representado na Figura 1 (REES; WACKERNAGEL, 1996). O nível de superexploração é a quantidade de uso da capacidade biológica da natureza que excede a sua taxa de regeneração (EDE, 2002). ‘ Figura 1 - Superexploração (REES; WACKERNAGEL, 1996) Mesmo soando com maior objetividade, o desenvolvimento sustentável sob essa perspectiva carece da definição exata dessa capacidade de suporte ao consumo que indicará a ocorrência de superexploração. Para definir sustentabilidade, de maneira específica e mensurável, são necessários balanços biofísicos para que determinemos se estamos caminhando em direção à superexploração ou a evitando (EDE, 2002). Esses balanços biofísicos resultam no que se chama também de biocapacidade. Algumas ferramentas foram desenvolvidas a fim de se estimar essa relação entre biocapacidade e consumo, dentre as quais se destaca a pegada ecológica. No entanto, obter exatidão nesse calculo é uma tarefa bastante complexa e as opiniões dos pesquisadores divergem bastante em relação a esse tema devido, basicamente, ao nível de conhecimento atual sobre a natureza (e seus ecossistemas) e a organização das sociedades. Apesar disso, o debate em torno do desenvolvimento sustentável ganhou muita força na comunidade científica desde que surgiu até os dias de hoje e foi de fundamental importância para a definição de conceitos práticos extremamente importantes, dentre os quais se destacam os de prevenção da poluição, produção mais limpa e gestão ambiental. De acordo com notas de aula de MIERZWA, Jose C. (2010), prevenção da poluição surgiu do reconhecimento de que é necessário otimizar o uso dos recursos naturais ou a emissão de poluentes nos processos humanos para reduzir a carga total de poluição. No entanto, a melhora do desempenho ambiental de uma determinada atividade pode ir além da prevenção, uma vez 25 que para evitar a geração de poluição deve-se considerar as etapas de reciclagem e reuso dos subprodutos gerados e o tratamento para minimizar os impactos da disposição final adequada definida para os diferentes resíduos. Por último, gestão ambiental é o esforço multidisciplinar que envolve uma combinação entre teorias e práticas, científicas, legais, técnicas e de gerenciamento, (como as citadas anteriormente) com o objetivo de proteger o ser humano e o meio ambiente. Percebe-se que apesar do conceito de desenvolvimento sustentável ser considerado relativamente subjetivo, ele foi de fundamental importância para a implementação de práticas que visam integrar os seres humanos e o ambiente, assim como para o avanço nas pesquisas que visam entender as relações antrópicas com o meio bem como as relações entre todas as espécies que nele convivem. 4.2 Energia: Impactos e Planejamento Energia é um insumo essencial para a sobrevivência de qualquer ser vivo. Para comprovar essa afirmação basta verificar que o metabolismo de todo organismo vivo depende da obtenção de energia para seu funcionamento (SILVA et al, 2003). No entanto, desde o domínio do fogo até os dias de hoje, a necessidade de utilização de energia para a realização das atividades humanas aumentou e novas fontes foram introduzidas. Esse cenário é resultante do próprio processo de desenvolvimento das sociedades. Existem diversas estimativas para quantificar a evolução do consumo de energia pela humanidade. Na Pré-História estima-se que o homem nômade consumia 5 mil kcal/dia, enquanto o agricultor após a revolução neolítica em 5000 a.C. passa a usar 10 mil kcal/dia. Com a urbanização desencadeada ao final da Idade Média (1400 d.C.) e a conseqüente ocupação de vastas florestas européias o consumo elevou-se para 26 mil kcal/dia. Em plena era industrial, por volta de 1875, o uso intensivo do carvão permitiu atingir o nível médio de 77 mil kcal/dia. Estes números representam um crescimento de cerca de 15 vezes nos últimos 12 mil anos, um aumento exponencial com o tempo (TESSMER, 2002). Outra quantificação pode ser verificada na Figura 2. Destaca-se que essa série inclui o consumo do homem tecnológico e evidencia a tendência exponencial dessa série histórica. 26 Figura 2 - Evolução do consumo de energia (COOK apud GOLDEMBERG, 2003) Comprovado o cenário de crescimento do consumo, é necessário verificar os efeitos ambientais desse processo com vista no contexto da sustentabilidade e dos impactos ambientais. O uso da energia estará sempre vinculado a impactos, pois quando o ser humano usa a energia, ao mesmo tempo está interagindo e modificando o ambiente. A industrialização, a agricultura de quase todo o planeta, a comunicação e o transporte, entre outras coisas, não são (nem teriam sido) possíveis sem a energia. Sendo assim, quando se fala em meio ambiente e desenvolvimento sustentável, está-se falando em energia (no contexto do desenvolvimento socioeconômico real), quer dizer: na combustão das fontes fósseis de energia (carvão, petróleo, gás); no uso da lenha nas regiões rurais dos países em desenvolvimento; nas grandes barragens para a geração de energia elétrica; nas usinas nucleares; e também no aproveitamento das fontes renováveis como o sol, a água e o vento (UDAETA, 1997). Na realidade, muitos outros impactos podem ser identificados durante as atividades de exploração de energia, os quais vão depender basicamente das fontes energéticas, tecnologia de geração e uso final. As usinas hidrelétricas provocam vários impactos ambientais, como a inundação de áreas (destruindo a flora e a fauna), interferência no curso natural dos rios e nos seus ciclos (devido ao represamento e controle das águas) e deslocamento de populações. As linhas de transmissão também produzem impactos ambientais, embora de dimensão bastante inferior aos das usinas de geração. Até mesmo as energias solar e eólica (fontes renováveis e vistas como “limpas”) causam impacto ambiental: a primeira exige um processo de mineração poluidor para extração do minério utilizado na fabricação da célula fotovoltaica, já a segunda causa ruídos elevados nas proximidades dos geradores eólicos e ambas, além de deslocar a fauna e flora locais, ocupam espaços que poderiam dar lugar a outras atividades (ONS, 2010). 27 Uma discussão em especial, por sua relação com a exploração energética, que tem repercutido de forma bastante intensa na mídia e na comunidade cientifica é sobre as mudanças climáticas. “Mudança Climática refere-se a uma mudança no estado climático que pode ser identificada (i.e. utilizando testes estatísticos) como mudanças na média e/ou na variabilidade de suas propriedades, e que persiste por um extenso período de tempo, tipicamente décadas ou mais. Mudança Climática pode ser devida a processos naturais internos ou de forças externas, ou de mudanças antrópicas persistentes na composição da atmosfera ou no uso do solo” (IPCC). Atualmente, muitos esforços governamentais, privados e do terceiro setor estão sendo direcionados ao setor energético objetivando solucionar esse problema. A estratégia que vem sendo empregada é a redução das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEEs) advindas principalmente da queima de combustíveis fósseis. A Figura 3 comprova a significativa influência da produção energética e uso de energia, pelos diferentes setores, na emissão mundial de GEEs. Figura 3- Origem das emissões antrópicas de gases de efeito estufa em 2004. (IPCC, AR4, WG3) Em 2001 o IPCC publicou relatório onde conclusões acusavam que a temperatura média da superfície subiu de 0,4 a 0,8°C a partir de 1860, que o nível dos oceanos subiu de 10 a 20 centímetros no século XX, que a precipitação de chuvas em muitas regiões continua aumentando, a cobertura de neve e gelo sobre os continentes continua decrescendo, e que está havendo mudanças nos padrões de circulação da atmosfera bem como aumento do número de eventos climáticos extremos (GOLDEMBERG, 2003). Por outro lado, muitos pesquisadores afirmam que as mudanças climáticas são fenômenos naturais que, inclusive, já ocorreram ao longo da história do planeta Terra e não possuem relação com as emissões antrópicas de GEEs. Essa visão cética é alvo de muita pressão, pois as mudanças climáticas repercutem de maneira intensa no âmbito político. Inclusive há países que já assinaram acordos multilaterais que contemplam metas de redução das emissões de 28 GEEs, dentre os quais se destaca o Protocolo de Kyoto em 1997 e entrou em vigor no ano de 2005. No entanto, muitas das criticas às conclusões do IPCC também estão enraizadas no método científico e devem ser analisadas cuidadosamente, pois sabe-se que o mercado em torno da redução das emissões GEEs já ganhou muita importância pelo fluxo financeiro que pode propiciar. Desse modo, qualquer política que incentive essa redução das emissões de GEEs pode representar interesses conflitantes e se tornar alvo de disputas por capital que, por sua vez, pode direcionar as análises e conclusões dos estudos em torno do tema. Um conceito muito importante dentro dessa discussão é o de matriz energética. Matriz energética é uma representação quantitativa da oferta de energia, ou seja, da quantidade de recursos energéticos oferecidos por um país ou por uma região. A análise da matriz energética de um país, ao longo do tempo, é fundamental para a orientação do planejamento do setor energético, que tem de garantir a produção e o uso adequado da energia produzida. Uma informação importante, obtida a partir da análise de uma matriz energética, é a quantidade de recursos que está sendo utilizada. Dispor desta informação nos permite avaliar se a utilização desses recursos está sendo feitos de forma racional (ELETROBRAS, 2010). As Figuras 4 e 5 apresentam a matriz energética mundial e brasileira, respectivamente. Figura 4 - Matriz Energética Mundial (IEA, 2008) 29 Figura 5 - Matriz Energética Brasileira (IEA, 2008) O contexto ambiental se relaciona fortemente com a matriz energética, pois essa indica quais fontes predominam para a obtenção de energia em uma determinada região. Desse modo, os aspectos ambientais da geração energética podem ser mais bem analisados visando identificar as principais causas dos impactos mais relevantes. Para exemplificar essa importância, basta verificar a participação dos combustíveis fósseis na matriz energética mundial e relacionar esse cenário com as mudanças climáticas. No entanto, é no mínimo razoável imaginar que o planejamento energético de uma região ou de um país compreende muitos fatores além do ambiental. Isso porque os níveis de suprimento energético e a sua infraestrutura interagem biunivocamente com o desenvolvimento socioeconômico, e conseqüentemente impactam o meio ambiente e, portanto a sua sustentabilidade (UDAETA, 1997). Em outras palavras, a interação entre planejamento energético e desenvolvimento é recíproca e extremamente dinâmica. Somado a esse fato a importância de minimizar os impactos ambientais decorrentes da exploração de fontes de energia, uma abordagem sistêmica, integrada e holística se mostra necessária para subsidiar e monitorar o planejamento energético de uma região. 4.3 O PIR na USP O Planejamento Integrado de Recursos Energéticos, conhecido como PIR na USP, está inserido no Projeto de Pesquisa FAPESP 03/06441-7: “Novos Instrumentos de Planejamento Energético Regional Visando Desenvolvimento Sustentável”, e nos últimos anos foi utilizado, na sua totalidade, para a construção de um Plano Preferencial de Recursos Energéticos para a Região Administrativa de Araçatuba (RAA) pelo GEPEA (Grupo de Energia do Departamento de Energia e Automação Elétricas da EPUSP). O PIR tem como objetivo geral ser uma ferramenta no auxílio à tomada de decisão no âmbito energético de forma regionalizada, ou seja, busca encontrar a melhor forma de atendimento à demanda energética presente e futura de uma região utilizando-se de uma classificação dos recursos energéticos encontrados na própria região, e que satisfaça as necessidades de todos os 30 En/In. Essa classificação é baseada em critérios que serão abordados posteriormente e prevê a avaliação do desempenho do recurso nos âmbitos social, técnico, político, econômico e ambiental. Nesse contexto, a particularidade do PIR como uma ferramenta de planejamento é considerar os aspectos econômico, ambiental e social de forma integrada, preditiva e a priori, “diferentemente do processo tradicional de planejamento, onde estes são elementos anexos, considerados como impactos a serem gerenciados a posteriori. (...) O processo considera estes aspectos de forma integrada e não sequencial, podendo resultar em que alternativas consideradas melhores possam ter avaliações gerais menos favoráveis, em vista de seus desempenhos no campo social, ambiental e político. Com esta abordagem, é possível conhecer-se, de maneira prévia, as vantagens e riscos associados a cada alternativa energética e,dessa forma, gerenciar previamente os benefícios e ou impactos negativos de sua inserção (ou não) na localidade a ser assistida.” (GIMENES, 2004) “Com esta abordagem, pretende-se ir além do encarecimento das alternativas pela simples contabilização de externalidades. Pretende-se, ao contrário, oferecer à sociedade a possibilidade de escolher, entre diversas alternativas, aquela que lhe ofereça a melhor combinação de impactos e benefícios, ou seja, o menor custo completo” (GIMENES, 2004). O PIR pode ainda, além desse objetivo geral, servir a diversos outros objetivos, característicos da região específica em que está sendo aplicado. No caso da RAA, utilizou-se ainda a ferramenta para consolidar a caracterização do potencial não utilizado dos recursos energéticos de energia da região, de maneira a estimular o seu uso pelos atores locais. A metodologia propõe um tratamento dos elementos do planejamento que contemplem o seguinte: Conhecimento abrangente da localidade a ser atendida ou afetada pela alternativa energética; Participação ampla da sociedade ou dos Envolvidos/Interessados; Consideração de todas as possibilidades tecnológicas e energéticas segundo uma caracterização técnica,econômica, social e ambiental das mesmas; Avaliação e classificação das alternativas energéticas a partir das dimensões técnica, econômica, social e ambiental, através da Avaliação de Custos Completos; Busca do menor custo completo e Processo iterativo em que decisões de um momento afetam as escolhas do momento seguinte 31 Na aplicação do PIR na RAA pôde-se avaliar o potencial da referida metodologia para satisfazer os objetivos a que se propõe, qual seja balizar a tomada de decisão no planejamento energético da região. O presente trabalho, dessa forma, insere-se no contexto dos primeiros esforços de aplicação da metodologia do PIR na região de influência do Pré-Sal da Região Metropolitana da Baixada Santista (RMBA), de forma a avaliar o desempenho dos REs advindos da região nesse novo panorama político, econômico, social e tecnológico, ou seja, ambiental, da região. Antes de apresentar a metodologia do PIR, é importante conceituar recurso energético. Recurso energético do lado da demanda (RELD) pode ser conceituado como “composição de uma fonte primária de energia utilizada por uma forma ou tecnologia de aproveitamento.” (JUNIOR, 2008), já o recurso do lado da oferta (RELO) são implantações de tecnologias nos usos finais que permitem conservar ou economizar energia, bem como alterações nos hábitos de consumo de tenham o mesmo efeito. A metodologia do PIR está esquematicamente representada na Figura 6: 32 Informações prévias Inventário Ambiental Listagem e Seleção de Recursos Identificação dos En-In Atores da Região Meio Aquático Meio Aéreo Recursos Energéticos do Lado da Oferta Prefeituras Ongs Meio Terrestre Meio Antrópico Recursos Energéticos do Lado da Demanda Sociedade em geral Especialistas Caracterização de Recursos Energéticos Valoração Dimensão Ambiental Tecnologia de aproveitamento Potencial Teórico RELOs Dimensão Social RELDs Fontes energéticas Treinamento e Capacitação Aplicação de Questionários Dimensão Política Dimensão TecnicoEconômica En-In Identificação de Espectativas Ranqueamento dos Recursos ACC Determinística ACC Holística Monitoramento ao longo do PIR Mapeamento Local Cenários Meio Aquático Dados Econômicos Cenários Energéticos Dados de Infraestrutura Meio Aéreo Meio Terrestre Dados Usos Múltiplos Cenários Socioeconômicos Dados Recursos Naturais Previsão de Demanda Dados Sociais Meio Antrópico Dados Ambientais Plano Preferencial Integrado de Recursos Energéticos Incertezas Riscos Integração de Recursos Carteira de Recursos Plano de Ação Recursos Implementados Figura 6 - Diagrama Esquemático do PIR na USP (BERNAL, 2009). 33 Observa-se no diagrama que o PIR pode ser dividido em 4 etapas: 1) Coleta de informações prévias. Essas informações serão a base de todos os trabalhos posteriores e propiciam um conhecimento das características da região de estudo nos meio aquático, terrestre, antrópico e aéreo, bem como dos recursos disponíveis na região tanto do lado da oferta quanto do lado da demanda e dos envolvidos e interessados no processo de planejamento de recursos energéticos da região. Formalmente divide-se nas seguintes etapas: Inventário Ambiental, Construção da Mina de Dados, Listagem e Seleção dos Recursos do Lado da Oferta e da Demanda e Identificação dos En/In. 2) Ranqueamento. Nessa etapa os REs da região são avaliados, a partir de metodologias consolidadas, e ranqueados segundo seu desempenho. Para isso executa-se o CVPC do lado da oferta e da demanda nas dimensões ambiental, social, política e técnico-econômica, a Caracterização dos REs (tecnologia de aproveitamento, fontes energéticas e potencial teórico), Treinamento e Capacitação da equipe, Aplicação de questionários e identificação de expectativas dos En/In, ACC determinística e ACC holística (para Ranqueamento dos Recursos) Mapeamento Energo-Ambiental Local e Construção dos Cenários (Energéticos, Econômicos, e Previsão de Demanda num horizonte de 30 anos). 3) Plano Integrado de Recursos energéticos Preferencial. Trata-se da integração dos resultados obtidos para o desempenho dos REs contemplando as tarefas de Cálculo de Incertezas e Riscos, Integração de Recursos e Construção de Carteiras de Recursos. 4) Plano de Ação Preferencial. Etapa final que traz à luz dos En/In os resultados obtidos. O plano de ação comporta os recursos energéticos que devem ser implementados de imediato dando inicio ao processo do PIR visando o desenvolvimento sustentável. À partir da coleta de informações prévias acerca dos REs tanto do lado da oferta quanto do lado da demanda procede-se ao Cômputo e Valoração do Potencial Completo de Recursos para os mesmos e posterior Ranqueamento dos Recursos. Paralelamente, as informações coletadas acerca da região irão compor o Inventário Ambiental e a Mina de Dados, que serão utilizados no Mapeamento Energo-Ambiental. Cabe salientar que, dentro da metodologia do PIR, considera-se o GLD – Gerenciamento do Lado da Demanda como um recurso energético equivalente aos recursos de suprimento, visto a capacidade de a energia economizada poder apresentar diversas vantagens em relação a inserção de uma nova fonte de energia. Entende-se aqui GLD por atividade de gerenciamento que foquem medidas de uso racional e eficiente de energia e de conservação de energia nos usos finais e hábitos de uso. (GIMENES, 2004) 34 Essas informações servirão de base para o construção dos Cenários Ambientais num horizonte de 30 anos, bem como para o Plano Integrado de Recursos Energéticos. Inventário Ambiental Dentro do contexto do PIR, pode-se definir inventario ambiental como a obtenção de dados sistematizados do meio antrópico, do meio aquático, do meio terrestre e do meio aéreo. Esses dados são posteriormente analisados e organizados de forma a comporem uma fotografia ambiental da região. “O Inventário Ambiental possibilita ao tomador de decisão ter uma visão sistêmica sobre determinada região, com informações sobre diversos aspectos relacionados ao equilíbrio de trocas de insumos, resíduos e energia entre diversos sistemas.” (KANAYAMA, 2007) O Inventário Ambiental é de primordial importância no contexto do PIR. Isso porque a aplicação do PIR é baseado majoritariamente em informações sobre as características regionais e sobre o potencial energético local. Dessa forma, a etapa do Inventário deve ser cuidadosamente elaborada porque dela depende todo o restante do processo de aplicação da metodologia do PIR. A abrangência do Inventário Ambiental é determinada pelas características do estudo que o demanda. No caso do PIR, o Inventário deve conter ainda informações sobre os recursos energéticos implantados e potenciais presentes na região, bem como as potencialidades e limitações da região. Pode-se citar como exemplo de Inventário Ambiental o Inventário Nacional de Emissão de GEE (Inventário Nacional de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa não Controlados pelo Protocolo de Montreal), construído a partir do IPCC Guidelines for National Greenhouse Gas Inventories do IPCC. Esse Inventário deve ser elaborado pelos países signatários da CQNUMC e periodicamente atualizado. No Brasil, os setores inventariados foram energia, processos industriais, uso de solventes e afins, agropecuária, mudança no uso da terra e florestas e tratamento de resíduos. Um problema encontrado pelo Brasil na elaboração do Inventário foi o fato de o documento base que continha a metodologia ter sido elaborado por países desenvolvidos que tem majoritariamente suas emissões de GEEs devidas à utilização de combustíveis fósseis. No caso do Brasil, tem-se ainda grande parte do balanço de emissões e remoções devida à agricultura e à mudança de uso de solos e florestas, porém existe uma grande deficiência de dados necessários para avaliar essa emissões e remoções, o que caracterizou um grande obstáculo para a elaboração do Inventário. A divisão em meios visa sistematizar a pesquisa e organizar os dados, porém deve-se observar que os meios mantem entre si uma relação de dependência e devem ser posteriormente analisados baseados nessa relação, durante a etapa do Mapeamento Energo-Ambiental. 35 Dentre outros, o Inventário Ambiental deverá: Identificar, qualificar e quantificar os recursos, apresentando o mapeamento geográfico que mostre como determinados empreendimentos ou ações na demanda podem ser viáveis ou não em função de sua localização; Quantificar e qualificar o estado de preservação, apresentando a quantificação do quanto ainda é possível ou não utilizá-los em termos de impactos; Mostrar as possibilidades de trade-offs entre os agentes, no caso de recursos já esgotados; Caracterizar a atividade socioeconômica recente e suas relações com a energia A etapa de análise e organização dos dados tem como objetivo passar os dados de um estado bruto para o status de informação acerca das características da região, como vocação natural, potencialidades, limitações, necessidades, e os estados em que se encontram os quatro meios analisados, como características geográficas e climáticas da região, utilização de recursos naturais, dentre outros, de forma a comporem uma visão sistêmica da região. A sistematização dos dados se dará, dentre outros, pela municipalização dos dados, além das divisões características dos meios, como as bacias para os meios aéreo e aquático. Dessa forma, o Inventário Ambiental como produto final se apresentará como uma lista de indicadores que, no jargão do PIR, são denominados Caracteres Ambientais. Esses Caracteres Ambientais estarão separados por meio na lista. Os quatro meios em que serão divididos os dados tem suas descrições a seguir: Meio aéreo: são analisadas as bacias aéreas, sendo a bacia aérea a “área cuja topografia , delimitada por uma cota mínima, dificulta a dispersão de poluentes gerados pelas atividades industriais, socioeconomicas e do setor de transportes” (UDAETA, 2009). Essas unidades são entendidas como as áreas em que as fontes de emissões e seus respectivos efeitos se encontram. No contexto do PIR iremos caracterizar o meio aéreo quanto aos poluentes atmosféricos (MP, fumaça, dióxido de enxofre, etc.) e quanto aos GEEs separadamente. Meio antrópico: é aquele influenciado diretamente pela ação antrópica, e que diz respeito mais diretamente ao homem. São pesquisados dados como evolução histórica, densidade demográfica, distribuição por faixa etária e sexo da população, saúde, educação, indicadores sociais como IDH, PIB e Valor Adicional Fiscal, infraestrutura, saneamento básico, transporte, energia, política, etc. 36 Meio aquático: constituído pela água no estado líquido, são analisadas quantitativa e qualitativamente as águas superficiais (rios, córregos e águas drenadas de chuvas), águas interiores (aqüíferos subterrâneos) e águas litorâneas, bem como são buscadas informações de utilização dos corpos d’água. Também nessa caso se dá a abordagem por bacias hidrográficas, entendidas como o “conjunto de terras drenadas por um rio principal, seus afluentes e subafluentes, associada à noção de existências de nascentes, divisores de águas e características dos cursos d’água, principais e secundários, denominados afluentes e subafluentes”. Meio terrestre: é caracterizado segundo a biodiversidade (fauna vegetal e animal), o relevo e o solo (tipos de solo, susceptibilidade à erosão e á poluição, etc.). Esses dados são encontrados em diversas fontes disponibilizadas ao público como institutos privados ou governamentais, ONGs, empresas, etc, e são organizados numa base de dados. Indicadores Ambientais As primeira tentativas de utilização de indicadores ambientais nasceram no contexto da Conferência Mundial do Meio Ambiente – Rio 92, como um esforço para avaliar e medir padrões de desenvolvimento sustentável de forma a auxiliar na tomada de decisão em todos os níveis. Observa-se que quanto maior a complexidade da relação entre ser humano e natureza, maiores foram os impactos que o primeiro causou na segunda. Esses impactos são de difícil interpretação e mensuração, visto as complexas relações de interdependências entre os meios, e relações de causa e efeito. Dessa forma, os indicadores e índices ambientais aparecem como um auxílio ao entendimento dessas relações, de forma a criar modelos individualizadas dos fenômenos envolvidos nas questões a serem estudadas, e diminuindo a quantidade de medidas e parâmetros necessário para explicar o fenômeno. Os Indicadores Ambientais podem ser utilizados para a elaboração de modelos para estudos de fenômenos da natureza, especificamente referindo-se aos meios aqui tratados, quais sejam antrópico, aéreo, terrestre e aquático. Para tal, os indicadores devem contar com três qualidades: simplicidade,·quantificação estatístic Devem, ainda, ser adequados para explicar os mecanismos e lógicas atuantes na área de análise e quantificar adequadamente os fenômenos principais encontrados no sistema. (SICHE, 2007). Ainda, os indicadores podem ser utilizados como parâmetros de alarme do sistema, ou seja, podem ser controlados por valores de referência (superiores ou inferiores) que se atingidos demandam respostas do sistema de controle. Definem-se os seguintes (OCDE, 2002): 37 Indicador: “Parâmetro, ou valor calculado a partir de parâmetros, fornecendo indicações sobre, ou descrevendo o estado de um fenômeno do meio ambiente ou de uma zona geográfica, de uma amplitude superior às informações diretamente ligadas ao valor de um parâmetro”. Índice: “Conjunto de parâmetro ou de indicadores agregados ou ponderados descrevendo uma situação”. Parâmetro: “Propriedade de medida ou observada”. À partir das definições acima, deve- salientar a diferença entre os conceitos de índice e indicador, sendo indicador uma “ uma ferramenta que permite a obtenção de informações sobre uma dada realidade”, e já o índice pode ser entendido como uma ferramenta que “revela o estado de um sistema ou fenômeno” (Siche, 2007). Para efeitos de simplificações, utiliza-se aqui o termo indicador como sinônimo de indicador e de índice. Deve-se ter cautela quando da escolha dos indicadores: os mesmos não devem prescindir de uma base teórica muito bem fundamentada, de forma a sustentar o indicador como sendo realmente representativo do fenômeno que se pretende estudar. Quanto às fontes de dados utilizadas para a construção dos indicadores, temse as seguintes recomendações (OCDE, 2002): Disponibilidade e acessibilidade a uma relação custo-benefício razoável; Qualidade da fonte de dados atestada e reconhecida; Fonte de dados com atualizações em intervalos regulares, segundo procedimentos conhecidos. E ainda recomenda-se que os dados tenham as seguintes características: Ser cientificamente correto, relevante e confiável; Ser de fácil compreensão por todos os En/In e mostrar a evolução verificada no tempo; Ser sensível às mudanças que deve medir; Ser mensurável e atualizável periodicamente; Ser baseado em dados e informações existentes de qualidade e fácil determinação e Ser comparável, permitindo o emprego de bases referencias. 38 Mapeamento Energo-Ambiental O Mapeamento Energo-Ambiental tem como principais objetivos os seguintes: caracterização Energo-Ambiental da região e comparação dos valores e estados encontrados na Dessa forma, observa-se que o Mapeamento conterá toda a caracterização da região qualitativa e quantitativa, que será feito por meio dos Caracteres Ambientais selecionados à partir do Inventário Ambiental, e que esses Caracteres Ambientais serão avaliados e comparados com os valores encontrados em normas, legislação e recomendações. As etapas do Mapeamento Energo-Ambiental são as seguintes: Seleção de indicadores para consolidação dos Caracteres Ambientais, segundo as diretrizes metodológicas do Mapeamento Ambiental; Inferências simplificadas específicos e para dados ausentes em indicadores Levantamento dos valores normativos previstos primeiramente na legislação ambiental nacional, em normas e recomendações internacionais. Desta forma, consolidado o Inventário Ambiental, dá-se prosseguimento à seleção de indicadores ambientais que irão formar os Caracteres Ambientais, produto final do Mapeamento Energo-Ambiental. Essa seleção de indicadores se baseia em sua importância de mercado, ou seja, serão selecionados aproximadamente 10 indicadores por meio, que serão os indicadores que melhor representam a região num contexto energético e que mais estão em estado de atenção e controle pela legislação, normas, ONGs, empresas, e pela sociedade como um todo. Para os dados ausentes dos Caracteres Ambientais selecionados a partir dos indicadores advindos do Inventário Ambiental serão feitas inferências simplificados, baseadas predominantemente na utilização de dados de municípios afins da região com ajustes que dependerão dos fatores conhecidos que interferem no determinado Caracter Ambiental. 4.4 Caracterização do GN Para seus produtores, o GN é uma alternativa ótima para resolver o equacionamento dos maiores dilemas enfrentados pela humanidade atualmente: a crescente demanda por energia, e a necessidade de se reverter o quadro de aquecimento global e poluição causados por essa demanda. (WGC, 2009) Isso se deve preponderantemente a dois fatores, o primeiro sendo de segurança: o fato de o GN ser mais leve que o ar o que possibilita que em caso de vazamento ele suba, diminuindo os riscos de acúmulo e explosão. Além 39 disso, o metano, principal componente do GN, demanda uma alta energia de ativação para a combustão, o que aumenta a segurança no armazenamento. (FERNANDES, 2009) O segundo fator reside numa questão ambiental: a queima do gás natural é muito mais limpa do que a queima do petróleo em motores a combustão, apresentando como subproduto da queima majoritariamente o dióxido de carbono, porém estão presentes em menores quantidades (comparativamente aos derivados líquidos à temperatura ambiente) monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio, dióxido de enxofre e outros componentes sulfurosos, compostos orgânicos voláteis, metano e material particulado. (HUANCA, 2007) Esses compostos podem ser responsáveis por efeitos nocivos como aumento do efeito estufa, problemas respiratórios, chuva ácida, smog fotoquímico, toxicidade e carcinogenecidade em animais e fauna vegetal, dentre outros. Mundialmente, o Gás Natural é estratégico tanto num contexto de transição para fontes de energia mais limpas, quando num contexto posterior, em que serviria como um complemento às variações de produção dessas novas fontes de energia. (WGC, 2009). A Tabela 1 confirma o GN com fonte menos poluente de REs. Tabela 1 - Níveis de emissões de poluentes em kg por milhão de Btu gerado de energia a partir da combustão (COMAR, 2006) Poluente Dióxido de Carbono Monóxido de Carbono Óxidos de Nitrogênio Dióxido de enxofre Particulados Mercúrio Gás Natural 53.118 18,2 41,8 0,5 3,2 0 Derivados de Petróleo 74.456 15,0 203,4 509,4 38,1 0,003178 Carvão 94.432 94,4 207,5 1.176,3 1.245,8 0,007264 O GN é uma mistura de hidrocarbonetos leves (metano, etano, propano, butano e até hexano), gasoso a temperatura ambiente e pressão atmosférica. É encontrado no subsolo, acompanhado ou não de petróleo, acumulado em rochas sedimentares porosas e permeáveis e cobertas por camadas impermeáveis. O gás acompanhado de petróleo é chamado de Gás Associado, podendo ser encontrado dissolvido no óleo ou como uma camada de gás acima do mesmo. Já o gás não acompanhado de petróleo é conhecido como Gás Não-Associado,se apresentando livre ou com pequenas quantidades (residual) de gás. No primeiro caso, a exploração comercial da jazida se dá para o GN e o óleo, no segundo caso, apenas o GN é viável economicamente. Seu componente principal é o metano, sendo que o gás não-associado apresenta proporções significantemente maiores de metano, enquanto gás associado apresenta ainda etano, propano, butano e hidrocarbonetos mais pesados. É formado pela degradação de matéria orgânica tanto animal quanto vegetal por bactérias anaeróbias, por temperatura (gradiente geotérmico) e pressão 40 elevadas (juntamente com o carvão) ou pela alteração térmica de hidrocarbonetos mais pesados. Essas alterações ocasionam aumento de temperatura e pressão local, o que força as rochas acima e as quebras, fazendo com que esse material suba até encontrar uma camada resistente. Inclui-se ainda na formação de petróleo e GN elementos de proteção contra a oxidação e a destruição bacteriana. Esse processo de formação dura milhares de anos e denomina-se ”maturação”. Dependendo da localização, da profundidade e da idade (tempo de soterramento) das jazidas, as características do óleo e do gás serão diferentes, visto que a localização determina as características da matéria depositada, bem como o gradiente geotérmico, e a idade determinam a fase do processo em que a mistura de encontra. As fases da maturação são as seguintes: Diagênese: início da decomposição química formando o metano biogênico, e com o aumento de temperatura e da pressão forma-se o querogêno (matéria orgânica fóssil). Catagênese: aumento da pressão faz com que o querogêno vire óleo cru. Nessa fase ainda dá-se o craqueamento das moléculas a 150°C. Metagênese: Produção de gás natural, principalmente na forma de metano (CH4), sendo o carbono residual deixado na rocha-fonte. Podem ainda estar associados ao gás e ao óleo substâncias como dióxido de carbono, nitrogênio, hidrogênio sulfurado, água, ácido clorídrico, metanol, impurezas mecânicas, dentre outros. Os principais produtos obtidos com o óleo e o gás são o metanol, misturas de hidrogênio e monóxido de carbono, hidrogênio puro, amônia sintética e seus produtos, etileno, acetileno, carbono negro, compostos aromáticos, butadieno, mono olefinas, hélio, gasolina, óleo diesel e querosene. O GNL, gás natural liquefeito, é composto por metano e etano a -160°C, o GLP é uma composição de propano e butano obtidos no processamento do GN nas UPGNs e em refinarias de petróleo e o GNV é o GN pressurizado. A cadeia produtiva do gás natural compreende o “up-stream” que é o grupo de atividades de obtenção do gás, e o “down-stream”, atividades de utilização do gás. O up-stream pode ser resumido nas seguintes etapas (MARIN, 2006): 1) Exploração: pesquisa da probabilidade de ocorrência do produto na região e viabilidade econômica. a) Definição de bacias para prospecção: processamentos geofísicos, aplicação de ferramentas de exploração não-sísmicas, exploração geológica b) Avaliação geológica de formação 41 2) 3) Explotação: projeto e construção. a) b) Perfuração/ avaliação Projetos/ instalações c) Completação, recompletação Produção: a) Produção e transporte b) Processamento em campo (remoção da porção pesada do gás associado) c) Recursos não convencionais 4) Processamento (recuperação de hidrocarbonetos líquidos e gás residual): 5) 6) a) Processamento em campo b) Processamento em planta c) Liquefação Transporte e armazenamento a) Compressão b) Transporte em gasoduto c) Armazenamento d) GNL Distribuição: a) Malha de distribuição (termoelástica/ termorígida ou metálica): projeto/ construção/ instalação/ operação e manutenção/ comissionamento de tubulações. b) Controle (produtos/vazão/temperatura/pressão): regulagem, medição, caracterização química. Após a extração, o GN é transportado para uma UPGN (Unidade de Processamento de GN), onde ocorrem os processos de produção e transporte citados acima. O produto dessas transformações são o GN residual (metano e etano), o GNL (propano e butano, comercializado como GLP) e os hidrocarbonetos mais pesados. (HUANCA, 2007) 42 Já o down-stream pode ser representado, dentre outras, pelas seguintes atividades, que incluem a transformação, a utilização como energia, o transporte e a distribuição até os usuários finais (MARIN, 2006): 1) Indústrias: 2) 3) 4) a) Matéria-prima b) Redutor siderúrgico c) Cogeração d) Fornos e caldeiras e) Climatização de ambientes e refrigeração de processos f) Aquecimento e tratamento de processos Automotivo: a) Instalações, reabastecimento b) Motores c) Armazenamento d) Veículos Comércio: a) Climatização ambiental e refrigeração b) Geração energia elétrica/ cogeração c) Cocção d) Aquecimento de água e) Equipamentos domésticos Residências: a) Climatização b) Geração energia elétrica/ cogeração c) Refrigeração d) Aquecimento de água 43 e) 5) Cocção Geração de energia: a) Turbina a gás b) Motores a gás c) Cogeração/ ciclo combinado d) Caldeira/ turbinas a vapor e) Células de combustível Os usos finais do GN compreendem tanto o setor industrial, quanto o comercial e residencial. As aplicações industriais do gás natural vão desde a indústria de alimentos e bebidas, ferro gusa e aço, ferro-ligas, cimento, cerâmica, vidro, têxtil, mineração/pelotização, química, não-ferrosos até papel e celulose, dentre outros. Ente o setor comercial, encontram-se estabelecimentos como hospitais, padarias e lanchonetes, restaurantes, hotéis, lavanderias, clubes e academias. 44 5 ESTUDO DE CASO 5.1 Definição do estudo de caso Como já descrito nas seções anteriores, o estudo de caso será o Mapeamento Energo-Ambiental da RMBS, em que se dará a introdução do GN da Camada Pré-Sal, bem como a projeção dos indicadores de análise num horizonte de 30 anos, para o PIR. Para tanto, o estudo contará com a análise do inventário ambiental disponível para a região; a compilação dos indicadores e a produção de uma base de dados municipalizada e sistematizada de acordo com os meios aéreo, terrestre, aquático e antrópico constando a comparação entre os dados levantados e as legislações, normas ou recomendações; a seleção dos indicadores de análise que representam os Vigilantes; a definição dos cenários energéticos de referência da região, bem como com a projeção dos Vigilantes num horizonte de 30 anos; e uma análise de incertezas acerca dos resultados obtidos. 5.2 Compilação de indicadores O inventário ambiental com vista à aplicação das ferramentas do PIR na RMBS foi desenvolvido a partir de pesquisas em livros, dissertações, teses, relatórios científicos, dentro outros. O acesso a essa bibliografia se deu por meio de consultas à Bibliotecas da Universidade de São Paulo, de órgãos públicos como a CETESB e a SMA, bem como aos sites desses órgãos e de institutos que levantam e compilam dados como o IBGE e a SEADE. Todos os dados coletados constituem dados secundários do estado ambiental da região, e constam nos anexos às fontes para tais dados. Segue uma descrição básica dos dados compilados, divididos entre os meios antrópico, terrestre, aquático e aéreo, com alguns desses dados se situando na interface entre dois ou mais meios, o que evidencia que o dado analisado pode consistir numa informação do sistema de estudo acerca de mais de um meio. 5.2.1 Meio Antrópico O meio antrópico compreende os dados acerca da população e das atividades humanas no geral. Foram divididos no presente estudos por setor de atividade, território e população, indicadores sociais, dentro outros. Segue abaixo os dados levantados. 5.2.1.1 Aspectos Território 1. Área por município (km2) 2. População (Hab) 3. Densidade demográfica (hab/km2) Demográficos e 45 4. Taxa geométrica de crescimento anual da população (% a.a.) 5. População feminina e masculina (Hab) 6. População rural e urbana (Hab) 7. Grau de urbanização (%) 8. Saldo migratório 9. Taxa líquida de migração (Por mil hab) 10. Taxa de Fecundidade Geral (Por mil mulheres entre 15 e 49 anos) 11. Taxa de Natalidade (Por mil habitantes) 12. Taxa de Mortalidade Geral (por local de residência) (Por mil habitantes) 13. Taxa de Mortalidade por Causas Externas (Por cem mil habitantes) 14. Taxa de Mortalidade Pós Neonatal (Por mil nascidos vivos) 15. Taxa de Mortalidade Neonatal Precoce (Por mil nascidos vivos) 16. Taxa de Mortalidade Neonatal Tardia (Por mil nascidos vivos) 17. Taxa de Natimortalidade (Por mil nascidos vivos ou mortos) 5.2.1.2 Habitação 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Número de domicílios Número de domicílios urbanos Número de domicílios rurais Número de cortiços Número de família residindo em cortiços Existência de favelas Número de áreas de risco ocupadas por moradia 5.2.1.3 Saúde 1. 2. 3. 4. 5. 6. Dentistas Registrados no CRO/SP (Por dois mil habitantes) Enfermeiros Registrados no COREN/SP (Por mil habitantes) Médicos Registrados no CRM/SP (Por mil habitantes) Mães Adolescentes (com menos de 18 anos) (Em %) Nascimentos de Baixo Peso (menos de 2,5kg) (Em %) Partos Cesáreos (Em %) 5.2.1.4 Emprego e Rendimentos A maior parte dos dados aqui apresentados sobre empregos e rendimentos estão divididos por setor, quais sejam Agropecuária, Comércio, Construção Civil, Serviços, Indústria. Os dados a seguir são dessa forma divididos: 1. Participação dos Vínculos Empregatícios no Setor no Total de Vínculos (Em %) 2. Vínculos Empregatícios no Setor 3. Rendimento Médio nos Vínculos Empregatícios no Setor (Em reais correntes) 46 Já os seguintes dados são dados gerais de renda dos municípios: 4. Total de Vínculos Empregatícios 5. Renda per Capita (Em salários mínimos) 6. Domicílios com Renda per Capita até 1/2 do Salário Mínimo (Em %) 7. Domicílios com Renda per Capita até 1/4 do Salário Mínimo (Em %) 8. Rendimento Médio Mensal das Pessoas Responsáveis pelos Domicílios Particulares Permanentes (Em reais de julho de 2000) 5.2.1.5 Saneamento 1. Abastecimento de água i. Nível de atendimento (Em %) ii. Domicílios Urbanos Abastecidos com Rede Pública de Distribuição de Água (Em %) iii. Economias Residenciais Ligadas ao Sistema de Abastecimento de Água iv. Órgão ou Empresa Operadora do Sistema de Abastecimento de Água 2. Coleta de Lixo i. Ano de Início do Programa Municipal de Coleta Seletiva de Lixo Domiciliar/Comercial ii. Área Urbana Ocupada Atendida por Coleta de Lixo (Em %) iii. Nível de Atendimento (Em %) iv. Existência de Programa Municipal de Coleta Seletiva de Lixo Domiciliar/Comercial v. Lixo Coletado pela Administração Direta (Em %) vi. Lixo Coletado por Empresa ou Autarquia Municipal (Em %) vii. Lixo Coletado por Empresa Privada (Em %) viii. Participação da Administração Direta na Varrição de Ruas (Em %) ix. Participação de Empresa ou Autarquia Municipal na Varrição de Ruas (Em %) x. Participação de Empresa Privada na Varrição de Ruas (Em %) 3. Destinação Final do Lixo i. Lixo Domiciliar/Comercial com Outras Destinações (Em %) ii. Lixo Domiciliar/Comercial Destinado a Aterro Controlado (Em %) iii. Lixo Domiciliar/Comercial Destinado a Aterro Sanitário Comum (Em %) iv. Lixo Domiciliar/Comercial Destinado a Aterro Sanitário em Valas (Em %) v. Lixo Domiciliar/Comercial Destinado a Céu Aberto (Em %) vi. Lixo Domiciliar/Comercial Destinado a Formas Sanitariamente Recomendáveis (Em %) vii. Lixo Domiciliar/Comercial Destinado a Reciclagem (Em %) 47 viii. Lixo Domiciliar/Comercial Destinado a Usina de Compostagem (Em %) ix. Lixo Domiciliar/Comercial Incinerado (Em %) 4. Esgoto Sanitário i. Economias Residenciais Ligadas ao Sistema de Esgotamento Sanitário ii. Domicílios Urbanos Servidos por Rede Pública de Coleta de Esgotos (Em %) iii. Esgoto Sanitário - Nível de Atendimento (Em %) iv. Órgão ou Empresa Operadora do Sistema de Esgotamento Sanitário v. Esgoto Sanitário Tratado (Em %) 5.2.1.6 Educação 1. 2. 3. 4. Média de anos de estudo da população População de 25 Anos e Mais com Menos de 8 Anos de Estudo (Em %) Taxa de Evasão do Ensino Fundamental Total (Em %) Taxa de Evasão do Ensino Médio Total (Em %) 5.2.1.7 Transporte 5. Frota Total de Veículos 6. Número de Habitantes por Total de Veículos 7. Existência de Terminais Rodoviários 8. Existência de Serviço de Transporte Escolar Mantido pela Prefeitura 9. Veículos em Operação no Serviço de Lotação Regularizado 10. Frota de automóveis, caminhões, microônibus e camionetas, motos e assemelhados, ônibus, reboques. 11. Taxis registrados 12. Número de Habitantes por Automóvel 13. Existência do Serviço de Transporte Municipal por Ônibus 14. Ônibus e/ou Trólebus em Operação 15. Passageiros Transportados por Ônibus (Em 1.000) 16. Quilometragem Percorrida pelos Ônibus em Operação (Em mil km) 17. Valor da Tarifa Única de Ônibus Urbano (Em reais de 2009) 5.2.1.8 Segurança 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Ocorrências de Crimes Previstos no Código de Caça Ocorrências de Crimes Previstos no Código de Pesca Ocorrências de Crimes Previstos no Código Florestal Ocorrências de Furto Consumado Ocorrências de Furto Qualificado Consumado Ocorrências de Homicídio Doloso Ocorrências de Roubo Consumado 48 8. Ocorrências de Roubo de Veículos Consumado 9. Ocorrências de Roubo Seguido de Morte (Latrocínio) 5.2.1.9 Energia 1. Total de Despesas Municipais - Energia (Em reais de 2009) 2. Consumidores de Energia Elétrica por Setor (Comércio e Serviços, Iluminação, serviços públicos e outros, Industrial, Residencial, Rural, Total) 3. Consumo de Energia Elétrica por Setor (Em MWh) (Comércio e Serviços, Iluminação, serviços públicos e outros, Industrial, Residencial, Rural, Total) 4. Potência de geração de energia (solar, nuclear, termoelétrica, eólica, UEHs, PCHs, CGHs) (Em kW) 5.2.1.10 Meio Ambiente 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Existência de Conselho Municipal de Meio Ambiente Existência de Consórcios Intermunicipais Relacionados a Meio Ambiente Total de Consórcios Intermunicipais Relacionados a Meio Ambiente Existência de Leis Específicas para Proteção ou Controle Ambiental Existência de Unidades de Conservação Ambiental Municipais Total de Unidades de Conservação Ambiental Municipais Unidade de Gerenciamento de Recursos Hídricos a que Pertence o Município 8. Existência de Lei de Zoneamento Especial de Interesse Ambiental 9. Existência de Lei de Estudo de Impacto de Vizinhança 10. Existência de Leis Específicas para Proteção ou Controle Ambiental 11. Existência de Lei de Zoneamento Especial de Interesse Cultural 12. Existência de Lei de Zoneamento Especial de Interesse Social 13. Existência de Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano 14. Existência de Lei de Parcelamento do Solo 15. Existência de Lei de Perímetro Urbano 16. Existência de Lei de Zoneamento 17. Existência de Lei de Plano Diretor 18. Existência de Ocupação Urbana em Área Rural 5.2.1.11 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. Qualidade de vida Existência de Conselho Municipal de Assistência Social Existência de Fundo Municipal de Assistência Social IDH IDH -Ranqueamento dos municípios Índice Futuridade Índice Futuridade – Dimensão Proteção Social Índice Futuridade – Dimensão Participação 49 8. Índice Futuridade – Dimensão Saúde 9. IPVS - Grupo 1- Nenhuma Vulnerabilidade (% da população exposta) 10. IPVS - Grupo 2- Vulnerabilidade Muito Baixa (% da população exposta) 11. IPVS - Grupo 3- Vulnerabilidade Baixa (% da população exposta) 12. IPVS - Grupo 4- Média Vulnerabilidade (% da população exposta) 13. IPVS - Grupo 5- Vulnerabilidade Alta (% da população exposta) 14. IPVS - Grupo 6- Vulnerabilidade Muito Alta (% da população exposta) 15. Índice Paulista de Responsabilidade Social – IPRS 16. IPRS - Dimensão Escolaridade 17. IPRS - Dimensão Longevidade 18. IPRS - Dimensão Riqueza 19. Esperança de Vida - Esperança de Vida ao Nascer (Em anos) 5.2.1.12 Desenvolvimento econômico 1. Número de Estabelecimentos por Setor (Comércio e Serviços, Iluminação, serviços públicos e outros, Industrial, Residencial, Rural, Total) 2. Proporção de Estabelecimentos por Setor (Comércio e Serviços, Iluminação, serviços públicos e outros, Industrial, Residencial, Rural, Total) 3. Estabelecimentos de hospedagem 4. ICMS Arrecadado por Setor (Em reais de2009) (Comércio e Serviços, Iluminação, serviços públicos e outros, Industrial, Residencial, Rural, Total) 5. Participação do Setor no Total do Valor Adicionado (Em %) (Comércio e Serviços, Iluminação, serviços públicos e outros, Industrial, Residencial, Rural, Total) 6. Valor Adicionado Fiscal por Setor (Em reais de 2009) (Comércio e Serviços, Iluminação, serviços públicos e outros, Industrial, Residencial, Rural, Total) 7. Participação nas Exportações do Estado (Em %) 8. Valor das Exportações (US$ FOB) 9. Valor das Importações (US$ FOB) 10. PIB (Em milhões de reais correntes) 11. Participação no PIB do Estado (Em %) 12. PIB per Capita (Em reais correntes) 5.2.2 MeioTerrestre 5.2.2.1 Características biodiversidade 1. 2. 3. 4. Formações vegetais Erosão (criticidade e potencial) Precipitação máxima (mm) e acumulada (mm) Relevo naturais e 50 5. Formação geológica 6. Tipo de clima 7. Assoreamento 8. Correntes marinhas 9. Águas subterrâneas 10. Biodiversidade 5.2.2.2 Uso e ocupação do solo 1. 2. 3. 4. 5. 6. Áreas contaminadas e reabilitadas Produção diária de RSU (t/dia) IQR Emergências químicas (ocorrências) Agropecuária (nº de estabelecimentos) Áreas críticas (inundação, deslizamento, erosão, ocupação irregular) 5.2.3 Meio Aéreo O meio aéreo compreende os dados acerca da qualidade do ar, da dinâmica atmosférica e das emissões de GEEs na região. Segue abaixo os dados levantados. 5.2.3.1 Poluentes 1. 2. 3. 4. 5. 6. Rede de monitoramento Caracterização das fontes de poluição Médias anuais das concentrações por poluente monitorado Índices de qualidade por poluente monitorado Nº de ultrapassagens dos padrões (para o O3) Máximas semestrais (dos valores de AOT40 trimestral) 5.2.3.2 Dinâmica da Atmosfera 1. Rosa de Ventos 5.2.3.3 Gases de Efeito Estufa 1. Emissão total de CO2 por ano 5.2.4 Meio Aquático O meio aquático compreende os dados acerca da qualidade das águas, da disponibilidade e demanda de água para abastecimento, dos blocos de 51 extração de petróleo e gás, da sensibilidade ambiental costeira a derramamento de óleo, dos recursos pesqueiros e da dinâmica oceânica na região. Segue abaixo os dados levantados. 5.2.4.1 Qualidade das águas 1. Balneabilidade (porcentagem de praias que permaneceram próprias o ano inteiro) 2. Porcentagem dos cursos d’água avaliados que atenderam à legislação 3. Índices de qualidade das águas doces 5.2.4.2 Águas de abastecimento 1. Disponibilidade total 2. Demanda total 5.2.4.3 Petróleo e gás na Bacia de Santos 1. Blocos exploratórios e campos em produção 2. Cartas de sensibilidade ambiental a derramamento de óleo 5.2.4.4 Recursos pesqueiros 1. Dez espécies que mais desembarcaram 2. Receita pela pesca extrativista marinha 5.2.4.5 Dinâmica do oceano 1. Caracterização das correntes marítimas 5.3 Mapeamento Energo-Ambiental O Mapeamento Energo-Ambiental, como descrito anteriormente, tem por finalidade a elaboração de uma fotografia ambiental da região na atualidade. Para tanto, os dados foram divididos, ainda no Inventário, em meio aéreo, antrópico, aquático e terrestre, e nos municípios constituintes da RMBS. Esses dados, representantes de indicadores do estado ambiental da região, são relacionados aos Caracteres ambientais e seus Sub-caracteres, e são uma medida qualitativa e quantitativa dos mesmo. 52 No Mapeamento Energo-Ambiental ainda irá-se proceder à comparação entre os valores encontrados para os indicadores ambientais (que serão determinados adiante) com os valores legais ou recomendados. 5.3.1 Histórico da região Em 1996 foi criada pela Lei Complementar Estadual nº815 a RMBS, juntamente com o Condesb e o Fundesb (Conselho de Desenvolvimento da RMBS e Fundo de Desenvolvimento Metropolitano da Baixada Santista, respectivamente). Em 1998, também por lei complementar estadual, foi criada a Agem, Agência Metropolitana da Baixada Santista. A região, constituída pelos municípios de Bertioga, Cubatão, Guarujá, Itanhaém, Mongaguá, Peruíbe, Praia Grande, Santos e São Vicente, conta com 0,9% da área do estado, e 4,1% da população, sendo que a região convive com uma expressiva população flutuante, em relação ao seu total populacional. As atividades econômicas desenvolvidas tem marcada expressão no Porto de Santos, nas indústrias química, siderúrgica e petroquímica, no comércio e serviços e no turismo. Esses atividades foram responsáveis pelo acelerado crescimento das cidades de Santos, Cubatão e Guarujá, que servem de pólo de empregos para as demais cidades da região. Hoje, a RMBS é o terceiro maior aglomerado urbano do estado, tendo seu crescimento médio anual maior do que o do estado na última década (com exceção do município de Santos que se manteve estável), isso também devido à procura de fixação de residência por habitantes do resto do estado, principalmente a RMSP. No final do século XIX a organização urbana da região era caracterizada por pequenos núcleos portuários. Essa configuração foi alterada nessa época com a construção da ferrovia São Paulo Railway que ligou a região ao desenvolvimento de São Paulo. Na década de 50 do século passado, com o processo de expansão das rodovias estaduais, se deu o início do adensamento populacional que hoje se observa na região. O município de Bertioga foi criado em 1991, emancipado do município de Santos. Nessa época era habitada marcadamente por caiçaras que viviam da atividade pesqueira, porém hoje tem como sua função ser uma cidade residencial, tendo ainda condomínios de alto padrão, além das atividades pesqueiras, de construção civil e turística. Com grande parte de seu território ocupado por mata atlântica, tem 85% de sua área constituída de área de preservação ambiental. Conta com uma aldeia indígena, a Aldeia do Rio Silveira, no bairro de Boracéia. O desenvolvimento da cidade de Cubatão foi baseada no grande potencial de transporte fluvial, que influenciou a formação de agrupamentos em torno do rio. Além disso, a proximidade do Porto de Santos e a grande oferta de energia 53 elétrica da região estimulou a criação de indústrias no município, que foi fundado em 1948. A atividade industrial absorve a maior parte da população economicamente ativa, sendo a cidade considerada um dos maiores pólos industriais do país. Na década de 1990, devido ao estado ambiental em que se encontrava a cidade decorrente das atividades industriais, houve grande problemas de saúde pública, e a fuga de diversas indústrias da região, que não queriam ter seus nomes ligados à má reputação ambiental da cidade. O município de Guarujá, um dos primeiros da região, tendo sua formação ocorrido no século XVI, tem sua atividades econômicas mais desenvolvidas nas áreas de comércio, serviço e turismo. É separado do continente pelo canal de Bertioga, sendo, portanto, uma ilha. Possui o distrito de Vicente de Carvalho, que tem como função de bairro-dormitório para a população que trabalha nas áreas industriais de Santos e Cubatão. Itanhaém, tendo sido o segundo município a ser implantado no país e à época voltado para o cultivo de cana-de-açucar, hoje tem como atividades mais importantes o turismo, os serviços e a pesca. Tem ainda a escarpa preservada, enquanto que a planície litorânea é marcada pelo cultivo de banana e manguezais. É um dos municípios componentes do Parque Estadual da Serra do Mar, onde se encontram a maior parte da mata de restinga e dos manguezais do município. O município de Mongaguá tem ainda como uma de suas principais atividades aquela que remete à fundação do povoado no século XVI, quando o mesmo ainda era composto de índios fugidos do avanço português: o cultivo de banana. Além desse, encontra-se desenvolvida a construção civil e o comércio, ligados ao turismo. A cidade possui ainda os parque ecológicos A Tribuna e o Poço das Antas. Ainda, existe em seu território duas aldeia indígenas, Itaóca e Aguapeú, em local de reserva ambiental da mata atlântica. Peruíbe, da mesma forma, é um município que tem como principais atividade econômicas o cultivo de banana, o turismo, inclusive o turismo ecológico, e a pesca. Conta com 4 unidades de conservação ambiental, uma delas inclusive, a Juréia-Itatins, sendo considerado patrimônio natural mundial pela UNESCO. O município de Praia Grande foi desmembrado de São Vicente em 1964, e tem como principal atividade econômica o turismo, com grande quantidade de condomínios e colônias de férias. A cidade conta ainda com o Morro de Itapuí, em que a mata atlântica encontra-se preservada, e por construções de engenharia militar. Antes de a cidade de Santos desenvolver atividades portuárias, a atividade econômica da região era o cultivo de cana-de-açúcar. A atividade portuária veio a se desenvolver concomitante ao desenvolvimento da cidade de São Paulo e seu entorno, visto que o Porto de Santos escoa mercadoria e pessoas para o sudeste, para outras regiões do país e para o exterior. Com o desenvolvimento do cultivo cafeeiro, em 1866, uma ferrovia entre Santos e o interior de São Paulo foi construída para facilitar as exportações, e no século XX foram construídas as rodovias Anchieta e Imigrantes. A cidade conta ainda, como 54 atividade econômica, com o comércio, turismo e lazer, 5 universidades e é a capital brasileira de triátlon. A cidade de São Vicente, anteriormente marcada pelo cultivo da cana e engenhos de açúcar, hoje tem suas principais atividades econômicas na indústria, no comércio e no turismo histórico e na atividade náutica. 5.3.2 Meio Antrópico Para o meio antrópico, os Caracteres escolhidos para serem analisados foram Demografia e Território, Habitação, Saúde, Empregos e Rendimentos, Saneamento, Energia, Desenvolvimento Econômico e Qualidade de Vida. Esses Caracteres, seus Subcaracteres e seus respectivos indicadores são apresentados nas figuras que se seguem. Nos organogramas, as cores mais fortes representam os Caracteres, as intermediárias os Subcaracteres, e as mais claras, os indicadores. Figura 7 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). 55 Figura 8 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). 56 Figura 9 – Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). Figura 10 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). 57 Figura 11 -Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). Figura 12 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). 58 Figura 13 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). Figura 14 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). 59 Figura 15 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio antrópico (autor). 5.3.3 Demografia e Território A RMBS extende-se por uma área de 4430 km2, sendo seus maiores municípios as cidades de Itanhaém e Bertioga, e o menor, Cubatão. A área offshore da Bacia de Santos correspondente à RMBS ocupa uma área de aproximadamente 100.000 km2 No gráfico abaixo, pode-se observar as extensões da cidades que compõem a RMBS. 60 Figura 16 - Área dos Municípios da RMBS (km2) (SEADE,2008) O gráfico que se segue mostra a distribuição da população da RMBS em seus municípios no ano de 2010. O município mais populoso da região é o município de Santos com 433.502 habitantes, seguindo por São Vicente (334.653 hab) e Guarujá (317.843 hab). Já os menos populosos são Mongaguá (46.447 hab) e Peruíbe (56.019 hab). A população da RMBS tem seu número profundamente alterado durantes os períodos de temporada e feriados, podendo chegar a população a um aumento de 60%. Figura 17 - População dos Municípios da RMBS (km2) (SEADE,2010) Definindo-se a densidade demográfica de uma região como a relação entre a população e a área, apresenta-se no gráfico X a densidade demográfica dos municípios da RMBS. 61 Figura 18 - Densidade Demográfica dos Municípios da RMBS (SEADE, 2010) Observa-se que os municípios mais populosos são Guarujá, Praia Grande e São Vicente. Em 2010, os municípios com maiores Taxas Geométricas de Crescimento anual foram Bertioga (4,45%a.a.), Itanhaém (2,90%a.a.) e Mongaguá (2,73%a.a.). Para a relação entre sexos na população por município em 2010 temos uma configuração de aproximadamente metade mulheres e metade homens para todos os municípios da região. Ainda, na região segue-se a tendência atual de população predominantemente urbana, pois em nenhuma município a população rural excede os 2% da população total. Da mesma forma, em nenhum dos municípios da região encontra-se grau de urbanização inferior à 98%. 5.3.4 Habitação Conceituam-se domicílio improvisado e domicílio permanente como características da natureza do domicílio. Os domicílios permanentes são aqueles que foram designados para servir estritamente ao uso residencial, já o domicílio improvisado se caracteriza pela ocupação residencial de um edifício não designado para esse fim. O domicílio particular é caracterizado pela separação e independência. Já os domicílios coletivos se caracterizam pela ocupação por um grupo de pessoas com relações que se restringem à subordinação administrativa e ao comprimento de normas de convivência, habitados por mais de cinco famílias ou por mais de cinco pessoas não parentes. Quanto à situação dos domicílios da região, por município, em 2000, tem-se o apresentado na tabela abaixo. 62 Tabela 2 - Situação dos domicílios por município da RMBS (SEADE,2000) No ano de 2006, a porcentagem de pessoas vivendo em domicílios subnormais foi 9,35% da população no Guarujá, 17,92% em São Vicente, 41,37% em Cubatão e 38,91% no Guarujá. 5.3.5 Saúde Em 2008, o número de dentistas, enfermeiros e médicos registrados atuando na região foi a seguinte: Figura 19 - Número de dentistas por dois mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2008) 63 Figura 20 Número de enfermeiros por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2008) Figura 21 - Número de médicos por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2008) Quanto às instalações dos serviços de saúde temos o seguinte: 64 Figura 22 - Número de leitos do SUS por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2009) Figura 23 - Número de leitos de internação por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2009) 65 Figura 24 - Número de Unidades Básicas de Saúde por mil habitantes por município da RMBS (SEADE, 2009) 5.3.6 Empregos e Rendimentos Para o ano de 2008, a participação dos vínculos empregatícios por setor no total de vínculos empregatícios por município é mostrado no gráfico X: Figura 25 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Bertioga (SEADE, 2009) Figura 26 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Cubatão (SEADE, 2009) 66 Figura 27 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Guarujá (SEADE, 2009) Figura 28 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Itanhaém (SEADE, 2009) Figura 29 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Mongaguá (SEADE, 2009) 67 Figura 30 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Peruíbe (SEADE, 2009) Figura 31 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Praia Grande (SEADE, 2009) Figura 32 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em Santos (SEADE, 2009) 68 Figura 33 - Porcentagem de vínculos empregatícios por setor no total de vínculos em São Vicente (SEADE, 2009) Quanto ao rendimento médio por setor de atividade, observa-se o seguinte: Figura 34 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Bertioga (SEADE, 2008) Figura 35 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Cubatão (SEADE, 2008) 69 Figura 36 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Guarujá (SEADE, 2008) Figura 37 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Itanhaém (SEADE, 2008) Figura 38 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Mongaguá (SEADE, 2008) 70 Figura 39 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Peruíbe (SEADE, 2008) Figura 40 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Praia Grande (SEADE, 2008) Figura 41 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em Santos (SEADE, 2008) 71 Figura 42 - Rendimento médio por setor no total de vínculos em São Vicente (SEADE, 2008) 5.3.7 Saneamento A RMBS, por seu relevo e características geológicas, apresenta uma grande dificuldade para a implantação de infraestrutura de saneamento. Dentre essas dificuldades destacam-se os as regiões de encostas susceptíveis a erosão, as áreas de preservação, as regiões de lençois freáticos aflorantes e as enseadas, delimitadas por promontórios. No tocante ao saneamento básico, tem-se que o nível de coleta de esgoto é extremamente baixo na totalidade dos municípios da região, excetuando-se Santos, porém o nível de tratamento do esgoto coletado é alto. Na tabela seguinte encontra-se a porcentagem de coleta e tratamento, bem como a carga poluidora (expressão da quantidade de poluente lançada pela fonte de emissão, para águas é normalmente expressa em DBO) e o corpo receptor do esgoto tratado por município. Tabela 3 - Atendimento do sistema público de esgoto e carga poluidora por município (CONSEMA, 2007) Município Atendimento Carga Poluidora (kgDBO/dia) Corpo receptor Bertioga Cubatão Coleta 34 35 Tratamento 100 100 Potencial 2522 6386 Remanescente 1836 4598 Guarujá 58 100 16310 8742 Itanhaém 11 81 4707 4371 Mongaguá Peruíbe Praia Grande 21 20 100 100 23609 3381 1971 2840 Rio Poço, Rio Itanhaém, Rio Curitiba Mar Rio Preto 46 100 12956 8188 Mar Rio Itapanhaú Rio Cubatão Enseada / Estuário de Santos 72 Município Atendimento Carga Poluidora (kgDBO/dia) Coleta Tratamento Potencial Remanescente Santos 98 100 22858 4937 São Vicente 61 100 17457 8938 Corpo receptor Baia de Santos e Canal São Jorge Rio Mariana A região conta com 7 ETEs (estações de tratamento de esgoto) e 4 emissários submarinos, e as estações com lodo ativado são predominantes da região, como se pode observar na tabela abaixo: Município Tabela 4 - Saneamento na RMBS (CETESB, 2004) Esgoto Quantidade Tipo de tratamento ETEs Cubatão 1 ETE 1 ETE Guarujá 1 EPC e 1 ES Bertioga Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2 ETEs 1 ETE Lodos ativados Lagoa aerada EPC + Emissário Submarino 1 ETE 2 EPC e 2 ES Lodos ativados, outros Lodos ativados Sistema Australiano (lagoa de estabilização) EPC + 2 Emissários submarinos 1 EPC e 1 ES 1 ETE EPC + Emissário Submarino Lodos ativados Corpo Receptor Rio Itapanhaú Rio Cubatão Enseada/ Estuário de Santos Rio Poço e Rio Itanhaém / Rio Curitiba Mar Rio Preto Mar Baia de Santos/ Canal de São Jorge Rio Mariana Cinco emissários submarinos estão presentes na RMSP, um no Guarujá, um em Santos, e dois na Praia Grande, todos operados pela SABESP. Há ainda outro emissário operado pela Petrobrás, o TEMAR, Terminal Marítimo da Petrobrás. Os emissários da Sabesp recebem a água proveniente do tratamento de esgoto de seus municípios, que passa pelas seguintes fases de tratamento: gradeamento, peneiramento para remoção dos sólidos e por cloração. O Programa Onda Limpa da SABESP tem como objetivo aumentar os níveis de atendimento do sistema público de coleta de esgoto para 95%, bem como o tratamento para 100% em todos os municípios. Na figura abaixo apresenta-se um mapeamento do saneamento na região. 73 Figura 43 - Mapeamento do Sistema de Saneamento Básico da Baixada Santista – Bertioga, Cubatão, Guarujá, Praia Grande, Santos, São Vicente (CETESB, 2004) Figura 44 - Mapeamento do Sistema de Saneamento Básico da Baixada Santista Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe (CETESB, 2004) 74 A captação de água da região é feita por meio de nascentes, águas superficiais e águas subterrâneas, sendo 5m3/h de captação das nascentes, 311,75m 3/h de águas subterrâneas e 114.311,89m3/h de águas superficiais. As águas subterrâneas da região têm o potencial de geração de 15m 3/s para a região para usos que não os de consumo humano. A região não possui reservatórios de regularização para o abastecimento de águas, possuindo apenas um para acréscimo do potencial hidro-energético da UHE Henry Borden (Reservatório do Rio das Pedras). A SABESP possuiu 48 reservatórios de água na região, com capacidade de reservação de 259.213 m 3, dos quais a maior parte situa-se nos municípios de Santos, São Vicente (os dois juntos perfazem 61% da capacidade de reservação da Baixada Santista), Guarujá, Itanhaém e Mongaguá. Além disso, a região conta com suprimento de água vinda da represa Billings e utilizada pela UHE Henry Borden. Ainda duas transposições na região desviam 1,5m3/s de água para a Bacia do Alto Tietê: a do Rio Capivari e a do Rio Branco, para o reservatório da Guarapiranga. Ocorrem cinco captações em Bertioga, que conta com um sistema isolado de distribuição, três em Cubatão que se ligam ao Sistema Integrado de Distribuição que atende ainda os municípios de Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande, dois no Guarujá, também interligado ao Sistema Integrado, e mais um em Itanhaém que abastece o segundo Sistema Integrado de Distribuição, que atende os municípios de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe, sendo que os dois últimos também contam com captações individuais. Quanto ao índice de atendimento do abastecimento público de água temos o seguinte para o ano de 2006: Tabela 5 - Atendimento do sistema público de água por município (SNIS, 2006) Município Atendimento (%) Bertioga 100 Cubatão 66,3 Guarujá 72,2 Itanhaém 82,3 Mongaguá 86,5 Peruíbe 84,9 Praia Grande 91,1 Santos 100 São Vicente 87,6 Quanto ao atendimento das demandas industriais por águas, tem-se que as vazões captadas para uso industrial foram 8,55m 3/s (superficial) e 0,03m3/s em 2008. A demanda global de água superficial e subterrânea na região é responsabilidade dos usos industriais e residenciais, não contando a região 75 com necessidade de irrigação, visto sua agricultura pouco representativa. A demanda para o setor residencial urbano é de 10,3m3/s e para o setor industrial é 12,46m3/s, enquanto a disponibilidade hídrica média da região é de 155m 3/s e a mínima é de 38m3/s. Os volumes produzidos e consumidos de água e o número de economias por município podem ser visualizados na tabela abaixo. Tabela 6 - Volume produzido e consumido de água e economias por município (AGEM, 2008) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Total Economias de águas (un) Volume produzido Volume consumido (m3/mês) (m3/mês) 18004 24008 105786 47228 3334 30360 158789 166180 1612000 2165689 325333 483667 1758667 705667 3458000 513000 2131333 3375667 1408667 14160001 263000 440333 1480333 511333 306667 405333 1511333 3188000 98635 8204967 Índice de perdas (%) 19,2 9 15,8 27,5 33 21 29,1 5,6 12,6 19 Conceitua-se índice de perdas como a quantidade de água que se perda no sistema, devido a vazamento, ligações clandestinas, etc., em relação à quantidade de água produzida. O balanço hídrico da região encontra-se em situação crítica visto que a população equivalente de demanda de recursos hídricos é aproximadamente 50% superior à população efetiva da região. No tocante à geração de lixo, a seguinte tabela mostra a quantidade diária de lixo produzido por município na RMSP e o respectivo IQR para o ano de 2005. O IQR – índice de qualidade de aterro de resíduos – é uma medida das condições ambientais e sanitários dos locais de destinação final dos resíduos. Os critérios de avaliação são a área de influência e intervenção do aterro, infraestrutura implantada, condições operacionais, gestão ambiental, potencial de recuperação e aproveitamento do biogás e potencial de projetos de MDL. A classificação dos aterros de resíduos é feita por meio de uma escala com varia4ão de 0 a 10 e compreende as classes lixão, aterro controlado, aterro sanitário, aterro com gestão ambiental ou aproveitamento energético, aterro com mecanismos de desenvolvimento limpo. Tabela 7 - Quantidade diária de lixo produzido, IQR e disposição final dos resíduos (CONSEMA, 2007) Município Bertioga Lixo (t/dia) 20,6 IQR 9,4 Disposição Santos, aterro particular 76 Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 59,1 181 36,5 19,7 24,9 148,1 249,5 194,4 9,4 9,4 3,5 2,4 6,2 8,9 9,4 8,9 Santos, aterro particular Santos, aterro particular Mauá, aterro particular Santos, aterro particular Mauá, aterro particular O IQR tem sua escala variando de 0 a 10, qualitativamente compreendendo disposições “inadequadas, controladas e adequadas”. Os municípios de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe tem sua disposição final avaliada como inadequada, enquanto os demais municípios tem uma disposição adequada. Segundo dados do SNIS – Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, o aterro de Santos possui todas as características necessários ao aterro, quais sejam impermeabilização de base, drenagem de águas pluviais, recirculação de chorume, drenagem de chorume, tratamento interno e externo de chorume e monitoramento. Já o aterro de Mauá não possui recirculação e tratamento interno de chorume 5.3.8 Mobilidade A malha viária da RMBS compreende os seguintes sistemas rodoviários: Sistema Anchieta (SP–150) – Imigrantes (SP – 160): liga o Planalto ao Litoral. Rodovia Caiçara (SP– 55): liga a Cônego Domênico Rangoni (antiga Piaçagüera-Guarujá) ao Guarujá, Vicente de Carvalho e Bertioga. Rodovia Padre Manuel da Nóbrega (SP– 55), já duplicada em seu trecho inicial: estabelece o elo entre Cubatão, Praia Grande, Mongaguá, Itanhaém e Peruíbe. Rodovia Ariovaldo de Almeida Viana (SP–61): estende-se desde a zona urbana do Guarujá até a balsa, que dá acesso ao município de Bertioga, que é ligado ao Planalto (Mogi das Cruzes) através da Rodovia Dom Paulo Rolim Loreiro (SP–98). A frota de veículos da RMBS encontra-se na tabela abaixo: Tabela 8 - Frota de veículos por município na RMBS (SEADE, 2003 e 2009) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Automóveis 2009 5505,00 19502,00 40356,00 11280,00 5555,00 10165,00 38984,00 Habitantes/ Caminhão Microônibus automóvel 2009 8,05 6,37 7,74 8,14 8,17 5,48 6,39 2009 407,00 3537,00 2431,00 665,00 456,00 553,00 1895,00 2009 1122,00 2944,00 5980,00 1898,00 954,00 1631,00 5613,00 Moto Reboques Taxi Ônibus Outros 2009 3724,00 8850,00 35838,00 6290,00 2470,00 5252,00 23223,00 2003 292,00 2105,00 1566,00 335,00 238,00 235,00 839,00 2003 10,00 83,00 234,00 93,00 20,00 26,00 132,00 2009 4548,00 14140,00 2659,00 1037,00 7114,00 2009 27,00 243,00 62,00 22,00 10,00 38,00 70,00 77 Grande Santos São Vicente 131839,00 3,28 8354,00 18191,00 57667,00 8555,00 1161,00 24404,00 852,00 45353,00 7,31 1997,00 5398,00 34146,00 847,00 207,00 71,00 - 5.3.9 Energia Quanto ao consumo de energia elétrica por setor (em MWh) na RMBS por município, pode-se observar o seguinte: Tabela 9 - Consumo de energia elétrica em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008) EE Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Residencial Cons. kWh 37.777 79.899.005 33.256 62.992.366 120.691 277.604.631 55.030 77.730.534 37.319 43.227.873 34.315 54.164.824 182.212 272.914.230 176.483 508.106.498 114.049 245.407.473 Comercial Rural Industrial Cons. kWh Cons. kWh Cons. kWh 1.797 32.216.235 8 28.229 718 11.907.645 2.366 71.102.836 0 0 111 3.440.703.076 6.567 202.418.996 20 501.298 758 61.379.802 2.620 28.677.592 197 1.105.966 337 2.775.940 1.829 13.812.249 68 141.660 135 2.825.660 2.509 21.849.177 349 2.797.815 349 2.180.748 6.371 109.304.996 1 172 287 7.765.881 18.148 445.936.741 0 0 570 133.872.857 5.134 92.572.775 0 0 245 48.628.865 Tabela 10 - Consumo de energia elétrica em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008) Iluminação Pública Poder Público Serviço Público Consumo Próprio Cons. kWh Cons. kWh Cons. kWh Cons. kWh Bertioga 24 10.348.011 90 -58.361 20 2.663.077 2 89.546 Cubatão 46 8.817.316 248 15.720.899 39 78.493.973 6 212.365 Guarujá 20 24.986.429 433 10.792.831 78 11.260.988 6 355.894 Itanhaém 42 11.964.300 205 4.018.689 26 5.759.583 4 209.627 Mongaguá 41 7.144.526 134 3.831.939 14 772.354 0 0 Peruíbe 43 7.989.720 160 2.938.622 22 948.992 1 14.572 Praia Grande 131 28.476.961 442 13.992.030 22 3.053.324 8 379.394 Santos 147 27.887.772 1.143 33.706.588 61 12.540.928 9 880.882 São Vicente 72 18.918.867 634 12.324.002 73 7.250.548 8 370.507 EE Cons. 40.436 36.072 128.573 58.461 39.540 37.748 Total kWh 137.093.387 3.678.042.831 589.300.869 132.242.231 71.756.261 92.884.470 189.474 435.886.988 196.561 1.162.932.266 120.215 425.473.037 Quanto ao consumo de gás natural, tem-se o seguinte: Tabela 11 - Consumo de gás natural em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008) Município Residencial Comercial Rural Automotivo Cogeração Termogeração Total 78 Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 0 34.962 - 0 9.966 - 323.949.016 554.696 - 5.004.374 641.738 - 0 0 - 0 0 - 328.953.390 1.241.362 - Tabela 12 - Consumo de gás natural em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Gasolina Automativa Gasolina Óleo Querosene GLP Coque de Óleo diesel combustível de aviação (10^3) (10^3) aviação 8.712.100 0 5.847.100 11.527.104 1.981 131.066.467 34.155.642 1.255 48.341.522 9.333.000 103.500 5.679.460 6.504.970 0 3.052.230 9.886.000 20.000 5.458.271 33.441.500 79.162.286 0 26.164.600 67.349 123.444.009 39.426.111 0 29.561.525 Álcool hidratado Asfalto 0 9.680.140 7.174.014 0 0 0 0 0 0 0 0 0 2.415 0 5.681.100 2.479 97.791 7.353.537 7.840 0 25.926.902 2.954 0 6.265.000 964 0 5.882.278 3.667 0 10.228.695 0 415.252 620.317 18.437 0 11.421 89.050 0 7.981 0 24.752.487 895.065 1.394.600 12.302 0 61.814.115 3.881.121 1.107.030 5.975.530 0 9.635 6.734 26.798.575 184.374 Tabela 13 - Consumo de derivados de álcool hidratado e petróleo em kWh por município na RMBS (Secretaria de Saneamento e Energia, 2008) Municípios Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Santos São EE (10^3 kcal) GN (10^3 kcal) AH (10^3 kcal) 117.900.313 0 28.973.610 3.163.116.835 2.668.140.945 37.503.039 506.798.747 0 132.227.201 113.728.319 0 31.951.500 61.710.384 0 29.999.618 79.880.644 0 52.166.346 374.862.810 0 126.237.682 1.000.121.749 10.068.689 315.251.987 365.906.812 0 136.672.733 A geração de energia é feita nos seguintes: Dpet (10^3 kcal) Total (10^3 kcal) Emissão CO2 (10^6t/ano) 131.426.395 8.055.926.037 789.650.534 138.871.841 81.862.380 144.969.645 528.998.317 1.754.284.300 716.911.135 278.300.318 13.924.686.856 1.428.676.482 284.551.660 173.572.382 277.016.635 1.030.098.809 3.079.726.725 1.219.490.680 0,0373 0,9888 0,2314 0,0393 0,0232 0,0409 0,1533 0,5224 0,1929 79 UHE: Usina Hidrelétrica de Energia, que gera energia com potência superior a 30.000kW. PCH: Pequena Central Hidrelétrica, que gera energia com potência entre 1.000 e 30.000kW. CGH: Central Geradora Hidrelétrica, que gera energia com potência menor que 1.000kW. UTE: Usina Termoelétrica de Energia (óleo combustível, óleo diesel ou gás natural). UTN: Usina Termonuclear. SOL: Central Geradora Solar Fotovoltaica. Quanto à geração de energia elétrica na região tem-se duas UHE, a Henry Borden e a UHE de Itatinga, localizada em Bertioga, sendo a energia nela gerada dedicada ao Porto de Santos. No que concerne à produção de energia na região, observa-se apenas a existência de produção de energia elétrica e termoelétrica. Quanto à energia termoelétrica, tem-se a Usina Negra de Fumo, com potência outorgada e fiscalizada de 24.400kW, localizada em Cubatão, que produz gás de processo para a Columbian Chemicals Brasil Ltda., a usina da Cosipa com potência outorgada e fiscalizada de 27.000KW, localizada também em Cubatão, que produz gás de alto forno para a Companhia Siderúrgica Paulista, a usina da RPBC com potência outorgada e fiscalizada de 24.000kW, localizada também em Cubatão, que produz gás de refinaria para a Petrobrás. Tem-se ainda a usina da Euzébio da Rom, com potência de 249.900kW, que produz gás natural para a Petrobrás e a Unidade de Navegação Aérea em Santos, com potência de 24kW, que produz óleo diesel para a Empresa Brasileira de Infraestrutura Portuária. Em construção, tem-se a Bunge nº1 Cubatão que irá produzir gás de processo para a Bunge Fertilizantes S.A., com potência outorgada de 11500kW. Quanto à energia elétrica, temos a CGH (Central Geradora Hidrelétrica) de Cajuru em Cubatão, propriedade da Usina Hidrelétrica Rio Grande Ltda., com potência outorgada e fiscalizada de 607kW, a PCH (Pequena Central Hidrelétrica) de Itatinga, de propriedade da Companhia Docas do Estado de São Paulo, com potência outorgada e fiscalizada de 15.000kW, localizada em Bertioga, e a Usina Henry Borden, da Empresa Metropolitana de Águas e Energia, com potência fiscalizada e outorgada de 889.000kW, localizada em Cubatão. 5.3.10 Desenvolvimento econômico O valor adicionado é o valor criado por um agente econômico quando transforma um serviço ou produto, ou seja, o valor dos bens produzidos por uma economia, depois de deduzidos os custos dos insumos adquiridos por terceiros utilizados na produção. 80 Figura 45 - Participação no valor adicionado por setor em Bertioga (SEADE, 2007) Figura 46 - Participação no valor adicionado por setor em Cubatão (SEADE, 2007) 81 Figura 47 - Participação no valor adicionado por setor em Guarujá (SEADE, 2007) Figura 48 - Participação no valor adicionado por setor em Itanhaém (SEADE, 2007) 82 Figura 49 - Participação no valor adicionado por setor em Mongaguá (SEADE, 2007) Figura 50 - Participação no valor adicionado por setor em Peruíbe (SEADE, 2007) 83 Figura 51 - Participação no valor adicionado por setor em Praia Grande (SEADE, 2007) Figura 52 - Participação no valor adicionado por setor em Santos (SEADE, 2007) 84 Figura 53 - Participação no valor adicionado por setor em São Vicente (SEADE, 2007) Figura 54 - Participação nas exportações do estado por município (SEADE, 2008) O Produto interno bruto (PIB) é uma medida do desempenho econômico do país e é medido segundo uma relação entre consumo privado, investimentos totais feitos na região, gastos do governo, exportações e importações. Já o PIB per capita é o PIB dividido pelo número de habitantes da região. 85 Figura 55 - PIB per capita em mil reais correntes por município (SEADE, 2007) Figura 56 - PIB em bilhões de reais correntes por município (SEADE, 2007) 86 A tipologia de ICMS representa o setor econômico preponderante no local. Tabela 14 - Tipologia de ICMS por município da RMBS (SEADE, 2007) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Tipologia Perfil de serviços Perfil industrial com relevância no Estado Perfil multissetorial Perfil de serviços Perfil de serviços Perfil de serviços Perfil multissetorial Perfil multissetorial Perfil multissetorial Quanto à agropecuária, pode-se notar a preponderância da agropecuária e da fruticultura da região, principalmente nos municípios de Itanhaém e Peruíbe (pastagens e fruticultura) e Mongaguá. Observa-se ainda, em pequena porcentagem, a presença na região de silvicultura, horticultura e culturas temporárias. Ainda, os municípios de Cubatão e São Vicente apresentam baixa incidência de atividades ligadas à agropecuária. 5.3.11 Qualidade de vida O IDH, Índice de Desenvolvimento Humano, utilizado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, se baseia nos conceitos de riqueza, expectativa de vida ao nascer e educação, se afastando assim da premissa de se medir o desenvolvimento de um país apenas considerando seus indicadores econômicos. A educação é medida pelos índices taxa de alfabetização de pessoas com 15 ou mais anos de idade, e a taxa de escolarização, somatório das pessoas na faixa de idade entre 7 e 22 anos que estão matriculadas em algum curso, seja ele fundamental, médio ou superior. A longevidade é avaliada considerando a expectativa de vida ao nascer de todas as crianças nascidas em um determinado ano de referência, refletindo condições de saúde e salubridade do local. Já a riqueza é medida através do PIB per capita do município porém isso é feito numa base normalizada por meio da Paridade do Poder de Compra (ou Paridade do Poder Aquisitivo), que considera as diferenças de câmbio entre as moedas. Varia de 0 a 1, sendo 0 o pior valor para o índice, e 1 o valor que detonada o maior desenvolvimento. 87 Tabela 15 - Posição no ranqueamento dos municípios por município da RMBS (SEADE, 2000) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente IDH Ranqueamento dos municípios 220 378 256 322 288 288 193 3 179 Figura 57 - IDH por município da RMBS (SEADE, 2000) O Índice Futuridade é um índice que trata das condições de vida do idoso nos municípios do estado. É pautado pelos princípios de independência, participação, dignidade, assistência e auto-realização dos idosos e, portanto, tem como pilares a saúde do idoso, a proteção social ao idoso e a participação. A saúde é medida pelo índice de mortalidade precoce (60 a 69 anos) de idoso e pela proporção de óbitos de 60 a 69 anos no total de óbitos de 60 anos e mais. A proteção social é medida pela relação entre a quantidade de idosos atendidos e a população demandante dos serviços de proteção social de baixa, média e alta complexidade (básica e especial). Já a participação é medida pela oferta de atividades ou programas culturais, de esporte e turismo realizados pela prefeitura para a população idosa e pela existência do conselho municipal do idoso. A classificação das cidades podem ser alto, médio-alto, médio e baixo. 88 Figura 58 - Índice Futuridade por município da RMBS (SEADE, 2008) O IPVS, vulnerabilidade social de pessoas, famílias ou comunidades pode ser definida como uma combinação de fatores que podem produzir uma deterioração do seu nível de bem-estar social, em conseqüência de sua exposição a determinados fatores externos. Essa vulnerabilidade congrega uma fragilidade interna a pessoa, família ou comunidade, e uma externa a ela, a que representa o desamparo institucional dos cidadãos pelo estado. Assim, a maior ou menor vulnerabilidade refere-se à maior ou menor capacidade de controlar os efeitos das forças que afetam seu bem-estar. Dessa forma, o Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, utilizado no estado de São Paulo, engloba critérios como renda, composição familiar, condição de saúde, acesso a serviços médicos, acesso e qualidade do sistema educacional, possibilidade de se obter trabalho com qualidade e remuneração adequadas, existência de garantias legais e políticas, dentre outros. O indicador classifica como unidade um setor censitário (território contíguo que abriga em média 300 domicílios), e tem como unidade de informação o domicílio. São consideradas portanto as dimensões sócio-econômicas e demográficas para a classificação da área unitária. A classificação é composta por 6 grupos de vulnerabilidade, de nenhuma vulnerabilidade a vulnerabilidade muito alta. O grupo de maior vulnerabilidade é composto por famílias jovens, com chefes jovens, com baixos níveis de renda e escolaridade e presença significativa de crianças pequenas. Já o grupo com nenhuma vulnerabilidade é aquele em que os chefes possuem os mais elevados níveis de renda e escolaridade, seus chefes tendem a ser mais velhos e há marcadamente baixa presença de crianças pequenas e de moradores nos domicílios. 89 Tabela 16 - Porcentagem da população exposta aos grupos IPVS por município da RMBS (SEADE, 2000) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente IPVS - Grupo 1- IPVS - Grupo 2Nenhuma Vulnerabilidade Vulnerabilidade Muito Baixa (% (% da população da população exposta) exposta) 0,49 1,19 0,37 16,1 1,79 12,46 0,05 23,9 27,86 24,43 0,26 33,86 12,52 64 1,03 32,55 IPVS - Grupo 3Vulnerabilidade Baixa (% da população exposta) 28,47 23,34 22,7 19 18,6 14,47 16,15 7,64 28,7 IPVS - Grupo 4- IPVS - Grupo 5- IPVS - Grupo 6Média Vulnerabilidade Vulnerabilidade Vulnerabilidade Alta (% da Muito Alta (% da (% da população população população exposta) exposta) exposta) 55,97 0,84 13,04 17,97 21,19 21,04 16,86 25,22 20,97 9,49 26,58 20,99 15,49 21,15 16,9 3,86 33,5 23,73 17,94 11,6 20,19 3,21 7,51 5,12 12,59 10,79 14,34 O IPRS é um índice utilizado no estado de São Paulo que visa expressar o desempenho econômico e social de seus municípios, bem como seu desempenho ambiental. O índice utiliza-se de indicadores sensíveis a variações de curto prazo e capazes de incorporar informações das dimensões que o compõem, quais sejam riqueza municipal, longevidade e escolaridade, classificando os municípios numas escala de 0 a 100 para cada dimensão. A riqueza municipal é constituída pelas variáveis consumo de energia elétrica por economia residencial, consumo de energia elétrica na agricultura, no comércio e nos serviços por ligação, valor adicionado fiscal per capita, remuneração média dos empregados com carteira assinada e do setor público. A longevidade é a combinação de mortalidades: a mortalidade perinatal, infantil, de pessoas de 15 a 39 anos, e de pessoas de 60 anos ou mais. A escolaridade é um indicador que combina as taxas de conclusão do ensino fundamental, taxa de ao menos 4 anos de escolaridade para jovens de 15 a 17 anos, taxa de 90 conclusão do ensino médio para jovens entre 18 e 19 anos e porcentagem de crianças de 5 a 6 anos que freqüentam a pré-escola. Para a classificação final em grupo, usa-se uma combinação dos três indicadores sendo o grupo melhor classificado o Grupo 1 (alta riqueza com alta ou média longevidade e alta ou média escolaridade) e o pior classificado o Grupo 5 (baixa riqueza, baixa escolaridade e baixa longevidade). Tabela 17 - Grupo IPRS por município da RMBS (SEADE, 2006) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Índice Paulista de Responsabilidade Social - IPRS Grupo 2* Grupo 2* Grupo 2* Grupo 2* Grupo 2* Grupo 2* Grupo 2* Grupo 2* Grupo 2* O grupo 2 do IPRS é composto por municípios com alguma das seguintes características: alta riqueza, baixa longevidade atrelada à baixa, média ou alta escolaridade, média e alta longevidade atreladas à baixa escolaridade. 5.4 Meio Terrestre A análise do meio terrestre na região foi feita a partir de dois focos: as características naturais e biodiversidade, as características de uso e ocupação do solo e os contaminantes. Para o meio terrestre, os Caracteres escolhidos para serem analisados foram Características Naturais e Biodiversidade, e Uso e Ocupação do Solo. Esses Caracteres, seus Subcaracteres e seus respectivos indicadores são apresentados nas figuras que se seguem. Como no meio anterior, nos organogramas, as cores mais fortes representam os Caracteres, as intermediárias os Subcaracteres, e as mais claras, os indicadores. 91 Figura 59 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio terrestre (autor) Figura 60 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio terrestre (autor) 92 Figura 61 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio terrestre 5.4.1 Características naturais e biodiversidade Geomorfologia e Formações geológicas A Baixada Santista é uma região de transição entre o litoral norte do estado, em que predominam as planícies costeiras estreitas, e o litoral sul, com planícies costeiras mais desenvolvidas. Limita-se a nordeste pela UGRHI 3, do litoral norte, a leste e a sul pelo oceano atlântico, a sudoeste com a UGRHI 11, do Rio Ribeira do Iguape, e a norte com a UGRHI 6, do Alto Tietê. O relevo da região é caracterizado por duas unidades morfológicas, as escarpas da Serra do Mar, e a planície litorânea ou costeira. A planície litorânea, da era cenozóica, é formada por sedimentos, argila, silte e areia, depositados pelo mar e pelos rios que aí desembocam, e foi sempre condicionada aos diversos estágios de flutuações do nível do mar que ai ocorreram. Observa-se ainda que os rios na região das planícies costeiras são fortemente influenciados pelo mar e pelas marés, sendo portanto constituídos de água salobra, e colaborando para o desenvolvimento dos mangues. Ainda, os lençóis freáticos da região são de pouca profundidade. A costa brasileira pertence a uma região de levantamento da costa atlântica. Essa levantamento fez aflorar rochas cristalinas pré-cambrianas, até então cobertas por sedimentos. Essas rochas foram sendo erodidas e a planície litorânea foi tomando lugar para dentro do continente. Essa região hoje forma o sistema Serra do Mar-Mantiqueira. Na região, esse sistema é caracterizado 93 como borda de planalto, ente 800 e 1200m de altitude. Dessa maneira, a serra forma um grande fronte dissecado de falhas em que termina o Planalto Atlântico. Há ainda na planície os morros litorâneos formados por afloramentos de rochas cristalinas, com drenagem com padrão dendrítico. O solo da região possui limitações muito severas em relação à agropecuária devido à sua qualidade. Tais solos são de origem arenosa, ou apresentam-se em excesso de água permanente. Em tais solos, desenvolvem-se apenas cultivos como o de banana, que ocupa 75% da área cultivada da região, ou o reflorestamento econômico de espécies como o eucalipto e o pinus. Clima A região é ainda caracterizada pelo clima tropical chuvoso, sem estação seca. A temperatura pode chegar a 40°C nos meses mais quentes, enquanto que a precipitação média mensal está na faixa dos 3000m. Essa precipitação concentra-se marcadamente na região serrana, declinando sua intensidade e freqüência conforme se aproxima da costa. (SIGRH, 2010) Erosão Os tipo de processos erosivos presentes na RMBS são escorregamento nas encostas e nos vales, erosão lateral em canais de drenagem, erosão laminar , erosão linear na forma se sulcos e ravinas (associadas a escorregamento nas encostas e a terraços marinhos). O potencial de erosão pode ser classificado em Muito Alto, Alto, Médio e Baixo, segundo as seguintes características: Muito Alto: áreas urbanas não consolidadas, declividade superior a 20% em morros, serras e escarpas. Alto: áreas de lazer, declividade superior a 20% em morros, serras e escarpas. Médio: cultura anuais e áreas de lazer em morros. Baixo: áreas com declividade inferior a 6% e com cobertura vegetal de porto médio a alto em reservas florestais, matas nativas, manguezais, reflorestamentos e áreas urbanas consolidadas. Na RMBS, 90% da área corresponde a áreas de baixo potencial de erosão, 4% da área corresponde a áreas de alto potencial de erosão, 2%, a médio potencial de erosão e 4%, a muito alto potencial de erosão. As piores situações em relação à erosão se dão nos municípios de Peruíbe, Itanhaém e Mongaguá, e em menor escala em Cubatão, Guarujá e São Vicente. Esses processos erosivos tem como principais conseqüências na região o fato de tornar inadequados os assentamentos humanos em diversas regiões, principalmente em encosta, e o carreamento de materiais levando a processos de assoreamento. Assoreamento 94 As sub-bacias da RMBS que sofrem com o assoreamento são as do Rio Preto Sul, Itanhaém, Rio Boturoca, Rio Cubatão, Rio Piaçabuçu, Ilha de São Vicente, Rio Mogi, Ilha de Santo Amaro, Rio Cabuçu, Rio Jurubatuba, Rio Quilombo e Rio Itapanhaú. Nas Baías de Santos e São Vicente os sedimentos areno-siltosos são transportados para o interior do estuário. Formações Vegetais Com relação à vegetação, observa-se a predominância da Mata Atlântica, dos manguezais e das restingas. Essa última originalmente ocupava toda a faixa entre a areia e a Serra do Mar, se encontrando hoje em níveis críticos de degradação devido à ocupação humana da região. Ainda pode-se encontrar vestígios significativos dessa vegetação no município de Bertioga, porém mesmo lá se encontra sob a pressão dos loteamentos. Os manguezais ainda encontram alguma expressão em Santos e em Bertioga. A Mata Atlântica é caracterizada por ser uma floresta tropical densa com diversos extratos vegetais e representantes de fauna e flora. A unidade durante toda a história da região sofreu com a ocupação humana, e hoje está presente em pequena porcentagem da mata original, aproximadamente 7%, conservada em unidades de conservação. As restingas ocorrem sobre depósitos marinhos nas planícies litorâneas. É um ecossistema extremamente diversificado, sendo condicionado por características da região como o nível do lençol freático, o tipo de solo, a proximidade do mar, a ventilação, dentre outros. Na região da Baixada Santista, a restinga faz a ligação entre os remanescentes de Mata Atlântica e as areias das praias. Os mangues ocorrem em estuários tropicais onde há o encontro entre as águas doces dos rios com a água salgado do mar. É de extrema importância para a fauna oceânica de moluscos, crustáceos, aves e peixes, por ser um ambiente de alimentação, reprodução e proteção para tais, e por ser o único sistema vivo resistente e resilente às duras condições entre-marés, e, por esses motivos, é considerada área de proteção permanente. Em 2008, um decreto do governo do estado por meio da Secretaria de Meio Ambiente transformou todos os mangues do litoral sul de São Paulo na Área de Proteção Ambiental Marinha do Litoral Sul e Área de Relevante Interesse Ecológico de Guará. Rios Todos os municípios da RMBS fazem parte da UGRHI 07 – Baixada Santista, e perfazem o total dos municípios constituintes da unidade. Ainda, a bacia hidrográfica que serve a região é a Bacia Hidrográfica da Baixada Santista (Vertente Atlântica). 95 Os rios que correm na região são acidentes quando descem a serra e podem apresentar meandros quando cortam as planícies litorâneas. Em geral os tipos de rio que ai correm podem ser divididos nos rios com nascentes na Serra que são torrenciais nesse trecho e por esse motivo causam erosão e formam meandros e mangues quando chegam às planícies, trazendo sedimentação fluvial que se deposita na região da planície, e os rios com cursos pequenos de planícies que entram em contato com a água salobra devido ao movimento das marés. Os rios Cubatão, Perequê e Quilombo fazem parte do primeiro tipo, já os rios Casqueiro, Santo Amaro e Cascalho, do segundo. Os principais rios da região são os seguintes: Cubatão, Perequê, Moji, Quilombo, Itapanhaú, Cabuçú, Guaratuba e Preto. A UGRHI 7 tem vinculação hídrica com a UGRHI 6 – Alto Tietê – devido à reversão das águas do Canal do Rio Pinheiros para controle de inundações na RMSP. Águas subterrâneas As águas subterrâneas da região encontram-se em dois sistemas de aqüíferos, que são os seguintes: Sistema aqüífero cristalino: formado por rochas cristalinas do embasamento, são aqüíferos heterogêneos, descontínuos e eventuais, de extensão regional. Sua condição de ocorrência é em regime de porosidade de fissuras. Podendo alcançar grandes espessuras, ocorre tanto em condições freáticas quanto semi-confinadas, e tem alta produtividade. Sua reserva permanente é 4vezes superior à do sistema descrito abaixo. Sistema aqüífero sedimentar litorâneo: formado por sedimentos cenozóicos, de deposição de sedimentos marinhos e fluviais lagunares é muito variado vertical e horizontalmente e composto por areias, argilas e siltes. São influenciados pelas marés que causam intrusões localizadas de água salobra e salina. A água do aqüíferos sedimentar, pela sua concentração de sais, não é uma água propícia ao consumo público, mas apenas a usos industriais, dentre outros. As vazões potencias de explotação dos aqüíferos são 8m3/s para o aqüífero cristalino e 7m3/s para o sedimentar, apesar do volume no aqüífero cristalino ser muito superior. Isso ocorre porque o mesmo se apresenta como de baixa transmissividade, alta heterogeneidade e descontinuidade em comparação com o sistema sedimentar. Nota-se sobre esses sistemas de aqüíferos, marcadamente no segundo tipo, a acentuada pressão que também se manifesta nas vegetações e nos rios. Dessa forma, os aqüíferos da região também se encontram em estado de atenção. Biodiversidade Quanto à biodiversidade a região conta com diversas espécies características de regiões litorâneas ou marítimas ameaçadas. Dentre elas podem-se destacar 96 as seguinte: caranguejo-uçá e espécies de anêmona-do-mar, ceriantos, gorgônia, coral-de-fogo, estrelas-do-mar, ouriços-do-mar, pepino-do-mar, esponja, molusco e poliquetas, entre eles o verme-de-fogo, 17 espécies de peixes marinhos, as 5 espécies de tartarugas marinhas (a tartaruga-verde, a tartaruga-de-pente, a tartaruga-cabeçuda, a tartaruga-de-couro e a tartaruga oliva), algumas espécies de cetáceos, dentre outros. Além disso, existem na região espécies de primeira importância para a manutenção dos ecossistemas característicos da região, com algas bentônicas, peixes marinhos, peixes recifais, aves aquáticas costeiras, migrantes de longos percursos, insulares costeiras e oceânicas ou pelágicas, diversas espécies de cetáceos, diversas espécies de mamíferos, dentre outros. Quanto à existência de florestas nativas, tem-se a presença na região da floresta ombrófila densa ou floresta de encosta, a formação arbórea/ arbustiva em região de várzea e a formação arbórea/ arbustiva-herbácea de terrenos marinhos lodosos, nas seguintes quantidades por município: Tabela 18 - Área de vegetação por município (CONSEMA, 2010) Município Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Ombrófila Densa (ha) 39448 7892 6852 48198 11434 23549 9160 17167 8725 Arbórea Arbórea / Arbustiva/Arbustiva em Herbácea de Terrenos Região de Várzea Marinhos Lodosos (ha) (ha) 177 1421 2019 33 926 84 473 12 123 899 5 823 83 2762 1727 Total geral (ha) (% da superfície) 41046 9911 7811 48755 11446 24572 9988 20012 10452 83,5 69,7 54,8 81,4 79,9 75,3 67 71,4 70,4 Constata-se que a média da região da manutenção da vegetação nativa é de 69%, enquanto no estado de São Paulo esse número é de 14%. 97 Figura 62 - Formações vegetais da RMBS (Programa Biota, 2010) Municípios O município de Bertioga possui planície litorânea larga e pouco recortada em comparação aos demais municípios da região. Suas praias são extensas e contam com a presença dos Morros do Itaguá, São Lourenço e da Enseada. Três rios do município tem grande importância devido ao fato de abrigarem manguezais, o rio Caraguatatuba, Itaguaré e Itapanhaú. Destaca-se ainda a expressivos remanescentes de restinga na região, que sofrem pelo adensamento urbano. O município de Guarujá fica localizado na Ilha de Santo Amaro, contando ainda com grande porcentagem de restinga e manguezais. Seu litoral é bastante recortado, e quase 70% da costa é formada por costões rochosos. Santos possui uma parte continental e outra insular, a ilha de São Vicente. A parte continental é pouco ocupada devido ao fato de ser uma região de escarpas da Serra do Mar. Como a ilha está quase totalmente ocupada, há poucos vestígios de vegetação. Possui ecossistemas de serras e de planícies, e seus manguezais encontram-se em estágios gravemente prejudicados devido à ocupação humana. Os remanescentes de Mata Atlântica do município encontram-se em áreas de preservação, como o Parque Estadual da Serra do 98 Mar. A ilha é relativamente plana com algumas formações montanhosas em seu centro, livre de ocupação humana. É o município da região com maior índice pluviométrico. Sua orla marítima não apresenta acidente geográficos. Assim como Santos, o município de São Vicente possui uma parte continental e uma parte insular, na Ilha de São Vicente. Suas áreas de manguezais encontram-se fortemente impactadas, e a existência da Mata Atlântica se restringe a áreas de preservação ambiental como o Parque Estadual da Serra do Mar e o Parque Estadual Xixová-Japuí. Uma especificidade importante do município é que a configuração de sua orla marítima, fechado ao mar, dificulta a circulação de poluentes e portanto sua diluição, o que contribui para o declínio da qualidade das águas marítimas e salobras da região. Praia Grande conta com uma extensa orla marítima, que em toda a sua extensão não possui acidentes geográficos. Como é observado em grande parte da Baixada Santista, a maior parte do mangue e da restinga encontramse degradados, e a maior parte da Mata Atlântica, em áreas de preservação. Mongaguá é o menor município da Baixada Santista, com a planície cheia de morros, porém com uma linha de costa retilínea e sem acidentes geográficos. Não existe no município áreas de manguezais, e a restinga encontra-se degradada. Sua porção de Mata Atlântica encontra-se principalmente no Núcleo Mongaguá do Parque Estadual da Serra do Mar. O município de Itanhaém é o maior em área da Baixada Santista, tendo vasta planície litorâneas e litoral sem acidentes geográficos. Na região central encontra-se a foz do Rio Itanhaém, que tem sua área de manguezal degradada devido à pressão populacional. Peruíbe tem grande parte de sua área pertencente a áreas de proteção legal, quais sejam o Parque Estadual da Serra do Mar e a Estação Ecológica da Juréia, e possui poucos manguezais. Cubatão fica localizado no sopé da Serra do Mar e é o único município da região que não possui face voltada para o mar. Sua localização prejudica a dispersão de poluentes, que tendem a ficar confinados junto à serra. Conta com um grande número de indústrias, dentre elas indústrias altamente poluidoras. Unidades de Conservação Unidade de conservação é um espaço geográfico claramente definido, reconhecido, dedicado e gerido, através de meios legais ou outros igualmente eficientes, com o fim de obter conservação ao longo do tempo da natureza, com os serviços associados aos ecossistemas e os valores culturais. No ano de 2003, a RMBS contava com 7 unidades de conservação municipais, duas no Guarujá, duas em Mongaguá, duas em Santos e uma em São Vicente. 99 Dentre as unidades de conservação ambiental presentes na região, podemos citar as seguintes: EE Tupiniquins (federal), EE Juréia-Itatins (estadual), PE Marinho da Laje de Santos, PE Serra do Mar, PE Xixová-Japuí, PE Itinguçu, RVS Abrigo e Guararitama. APA Cananeia – Iguape – Peruíbe (federal), ARIE Ilha do Ameixal, ARIE das Ilhas Queimada Pequena e Queimada Grande (federal), RDS Barra do Una. ANT Caminho do Mar (estadual), ANT Morro do Botelho (estadual), ANT Morro do Monduba (estadual), do Pinto e Icanhema (estadual), ANT Serra de Guararú (estadual), ANT Ilha do Litoral Paulista (estadual), ANT Serra do Mar e Paranapiacaba (estadual), ANT Vale do Quilombo, TI Peruíbe Bananal (federal), TI Guarani do Iguapé (federal), TI Guarani do Aguapéu (federal), TI Guarani do Ribeirão Silveira (federal), TI Itaóca (federal), TI Rio Branco (federal). Estação Ecológica Juréia-Itatins Possui cerca de 80 mil hectares e se extende pelos municípios de Peruíbe, Iguape e Pedro de Toledo. Faz parte da região de Lagamar, considerada como um dos três principais conjuntos de ecossistemas do mundo em termos de produtividade primária, e uma das últimas regiões não poluídas do AtlânticoSul. É uma região formada por centenas de cursos d’água, rios de maré, lagunas e mangues Parque Estadual da Serra do Mar Possui 315 mil hectares e se extende por todo o litoral paulista e representa a maior porção contínua preservada da mata atlântica no Brasil. O núcleo administrativo de Cubatão tem 115 mil hectares e compreende 15 municípios da Região Metropolitana de São Paulo e da Baixada Santista. No parque existem diversas espécies ameaçadas de extinção protegidas como o palmito, a orquídea Laelia purpurata, o macaco-prego, o bicho-preguiça e a anta. Além disso, seus rios garantem o abastecimento de água da região da Baixada Santista. 5.4.2 Uso e ocupação do solo A industrialização da RMBS se deveu, expressivamente, à existência de uma rica rede fluvial que favoreceu esse modal. Mesmo assim, a tendência à descentralização da indústria e a expansão da rede ferroviária propiciou um boom da indústria na região. Além disso, houve uma grande concentração populacional ao longo da Via Anhanguera, e da antiga Companhia Paulista de Estradas de Ferro. A maioria dos municípios da RMBS tem suas habitações dispersas em todo seu território, o que dificulta e encarece a instalação de infraestrutura. Santos, 100 por outro lado, passa por um fenômeno semelhante ao que se observa em São Paulo, que é o esvaziamento da região central de habitações, demandando, portanto, processos de reocupação da região para aproveitamento da infraestrutura já instalada. Além disso, alguns municípios da região, como Santos, São Vicente, Guarujá e Praia Grande passam por um processo de aumento do índice de verticalização. A existência do Porto de Santos, do Terminal Marítimo de Cubatão, do TEMAR e dos demais terminais marítimos da região, determina a necessidade de dragagem periódica dos canais de navegação tanto do Porto quanto do canal da COSIPA (Piaçaguera), que dá acesso fluvial a Cubatão, para manter as condições de navegabilidade dos navios que ali trafegam. O material dragado é disposto a 13 km da entrada do Canal de Santos, nas imediações da Ponta do Manduba. A acumulação de sedimentos na região é devida à grande energia adquirida pelas águas dos rios que vem da serra, carregando sedimentos. Os sedimentos mais grosseiros são acumulados já no começo da planície, enquanto que os sedimentos mais finos vão sendo depositados mais adiante, e os siltes e as argilas só sedimento por processos de floculação que ocorrem quando a água doce encontra a água do mar. A dragagem é uma atividade que exige cuidados especiais na região pois, devido ao Porto, a região sofre de acúmulo de contaminantes nos sedimentos do estuário, como metais pesados e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs), que podem ser recirculados quando da dragagem, contaminando assim as águas da região. Como pode-se observar chuvas durante todo o ano, com maior intensidade no verão, devido à questão do adensamento urbano na região e da falta de saneamento da mesma, a qualidade das praias é sempre uma questão delicada por o escoamento das águas da chuva podem levar às praias águas paradas com esgotos ou contaminantes. Quanto à ocupação pela população, tem-se que no Guarujá a área mais densamente povoada é voltada para o litoral e para o Porto de Santos. Essa área consiste no distrito de Vicente de Carvalho. Em Peruíbe, a população se localiza no litoral, porém há uma pressão populacional em direção à Serra, principalmente sobre a região de Guaraú, que encontra-se em uma unidade de conservação. Nesses e nos demais municípios da região o litoral já se encontra completamente ocupado e a tendência é de se ocupar as regiões da planícies. A ocupação nas faixas litorâneas é predominantemente verticalizada, principalmente nos municípios de Santos, Guarujá, São Vicente, Praia Grande, e parte de Mongaguá, já nas áreas que margeiam o sistema viário não localizado na área mais próxima à litorânea, a ocupação se dá de forma horizontalizada, e essa mesma forma de ocupação é predominante nos municípios de Cubatão, Itanhaém, Peruíbe e áreas de Mongaguá. 101 Quanto ao sistema viário dos municípios, o município de Santos é o único que possui um sistema viário adequada, tendo os outros municípios uma porcentagem baixa de pavimentação das vias. A região tem, ainda, a maior parte dos seus rios com potencial para navegação e, portanto, transporte de produtos. Em 2002, a AGEM (Agência Metropolitana da Baixada Santista) institui o PRIMAC – Programa Regional de Identificação e Monitoramento de Áreas Críticas de Inundações, Erosão e Deslizamentos. Os dados levantados durante o Programa para número de áreas críticas por município da RMBS podem ser observados na tabela abaixo: Tabela 19 - Área críticas por município por tipo de ocorrência (AGEM, 2008) Município Inundação Deslizamento Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Total 18 8 27 7 10 24 37 31 90 252 1 0 4 2 2 1 0 8 8 26 Erosão 1 0 15 2 0 0 0 1 1 20 Ocupação Irregular 0 11 12 0 0 0 0 1 0 24 Preservado 0 0 0 0 1 0 0 0 0 1 Total por município 20 19 58 11 13 25 37 41 99 323 As atividades de mineração na região se resumem às matérias-primas da construção civil, são elas areia, brita, cascalho e pedra. Cabe ressaltar que, com a contração dos gastos públicos e privados que ocorreram nas duas últimas décadas levando à diminuição da oferta de emprego e devido à estreita faixa de terra passível de ser ocupada, a taxa de crescimento da mancha urbana da região teve uma diminuição. Segundo o Plano da Bacia Hidrográfica da AGEM, os problemas ambientais mais críticas apresentados pelos municípios da RMBS são os seguintes: Tabela 20 - Principais problemas ambientais por município da RMBS (AGEM, 2008) Município Bertioga Cubatão Guarujá Principais problemas ambientais Falta de esgotamento sanitário Alto número de ligações clandestinas de esgoto Deficiências no sistema de tratamento Dispersão de esgoto em valas de drenagem Demora do licenciamento do aterro por parte do Estado Invasão de áreas de preservação ambiental Ocupações irregulares em áreas de mangues e morros Falta de legislação municipal ambietal 102 Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Falta de programas voltados a conscientização da população Saneamento básico Invasão de áreas de preservação ambiental Pesca predatória Ocupações irregulares em áreas de preservação ambiental Poluição dos rios Preto e Branco Degradação da vegetação natural nas margens desses rios Visita desordenada à estação ecológica Juréia-Itatins Invasão e aterro dos mangues Deposições irregulares de resíduos sólidos em vias públicas Poluição sonora Poluição dos mangues, fezes de animais em logradouros públicos Ligações clandestinas de esgoto Esgotamentos sanitários Enchentes Ocupações irregulares 5.4.3 Contaminantes Na tabela abaixo pode-se observar o total de acidentes envolvendo substância perigosas na RMBS durante os anos de 1997 a 2005. Tabela 21 - Acidentes envolvendo substâncias perigosas (CONSEMA, 2007) Municípios Classificação dos produtos Líquidos inflamáveis Praia Grande Santos Nº de acidentes por classe Total de acidentes do município 3 Corrosivos Subst. perigosas diversas 1 Gases Líquidos inflamáveis 4 13 9 42 Subst. oxidantes / peróxidos orgânicos 1 Subst. tóxicas / infectantes 1 178 Corrosivos Subst. perigosas diversas 41 Não identificado 80 9 103 Municípios Classificação dos produtos Gases Líquidos São Vicente inflamáveis Corrosivos Não identificado Nº de acidentes por classe Total de acidentes do município 1 5 16 6 4 Área contaminada: É definida como uma área, local ou terreno onde há comprovadamente poluição ou contaminação causada pela introdução de quaisquer substâncias ou resíduos que nela tenham sido depositados, acumulados, armazenados, enterrados ou infiltrados de forma planejada, acidental ou até mesmo natural. As áreas contaminadas e reabilitadas da região são em seguinte número: Tabela 22 - Áreas contaminadas e reabilitadas (CETESB, 2007) Municípios Bertioga Cubatão Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente Áreas contaminadas e reabilitadas 10 29 10 6 5 24 63 17 Os contaminante presentes nas áreas contaminadas dos muncípios são combustíveis líquidos, solventes aromáticos, PAHs, solventes halogenados, metais, PCBs e metano/ vapores/ gases. Os níveis de contaminação variam entre contaminação do solo superficial, do subsolo, de águas superficias, subterrâneas, de sedimentos, do ar e da biota. 5.5 Meio Aéreo A análise do meio aéreo foi desenvolvida com foco na atual situação da RMBS acerca dos poluentes atmosféricos e nos dados disponíveis sobre as emissões de CO2. Os Caracteres, seus Subcaracteres e seus respectivos indicadores são apresentados nas figuras que se seguem. Como no meio anterior, nos organogramas, as cores mais fortes representam os Caracteres, as intermediárias os Subcaracteres, e as mais claras, os indicadores. 104 Figura X: Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aéreo (autor). Figura 63 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aéreo (autor) 105 Figura 64 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aéreo (autor) 5.5.1 Poluentes Os dados compilados sobre a qualidade do ar, emissões e concentrações de poluentes com os quais aqui trabalhamos foram obtidos a partir de consulta à CETESB, através de sua pagina na internet. A rede de monitoramento do órgão ambiental compreende 4 pontos de tomada de dados na região: as estações de Vila Parisi, Vale do Mogi e Centro, localizadas no município de Cubatão, e a estação de Santos. A seguir são apresentadas as localizações das estações supracitadas. 106 V. Parisi V. Mogi Centro Santos Figura 65- Rede de monitoramento da qualidade do ar Como pode-se observar na Figura 64, a distribuição dos pontos de amostragem na RMBS é totalmente adensada em torno dos municípios de Cubatão e Santos, e inexistente em outros municípios da região. Segundo o Relatório de Qualidade do Ar (CETESB; 2009), os parâmetros monitorados em cada estação são os apresentados na tabela abaixo, porém, os dados disponíveis não compreendem todos esses parâmetros e se limitam aos dados aqui discutidos, quais sejam MP10, PTS, SO2, FMC e O3.) Tabela 23 - Parâmetros de qualidade do ar monitorados (RQAr; 2009) Estação Parâmetros Monitorados Cubatão - Centro MP10, SO2, NO, Nox, NO2, O3, UR, Temp, VV, DV, P Cubatão - Vila Parisi MP10, SO2, NO, NO2, VV, DV, PTS Cubatão - Vila Mogi MP10, SO2, NO, NO2, Nox, O3, UR, Temp, VV, DV, Rad Santos FMC, SO2 A interpretação das siglas para os parâmetros apresentados é a seguinte: MP10 Partículas inaláveis UR Umidade relativa do ar SO2 Dióxido de enxofre TEMP Temperatura NO Monóxido de nitrogênio VV Velocidade do vento 107 NO2 Dióxido de nitrogênio DV Direção do vento NOx Óxidos de nitrogênio P Pressão atmosférica CO Monóxido de carbono RAD Radiação Total e Ultra-Violeta O3 Ozônio Os dados coletados, como se pode observar, referem-se apenas aos municípios de Cubatão e Santos, não tendo se obtido, portanto, informações acerca de tais parâmetros nos demais municípios da RMBS. No entanto, considera-se que todos os demais locais da região devem ter concentrações de tais poluentes menores, forçosamente, do que os municípios de Santos e Cubatão. Essa afirmação se baseia em dois motivos: a maior densidade industrial da RMBS e, conseqüentemente, o local de maior emissão de poluentes industriais, localiza-se no pólo industrial de Cubatão As estações de V. Parisi e V. Mogi são localizadas nessa região para monitorar diretamente a qualidade devido às atividades do pólo industrial de Cubatão, e a estação de Cubatão – Centro tem como finalidade monitorar o impacto das emissões industriais na qualidade do ar da área urbano no município. Além disso, a cidade de Santos, com população, atividades portuárias e número de veículos em circulação marcadamente superior ao resto da região, tem da mesma forma responsabilidade por uma grande parcela de emissões. Porém, diferentemente de Cubatão em que as emissões são pontuais, em Santos as emissões são devidas a fontes difusas que, além do descrito acima, compreende pequenas fábricas, aterros de pequeno e médio porte, dentre outros. No município, a estação de Santos Centro visa monitorar a influência das emissões indústrias sobre a área urbana, que possui elevada concentração demográfica. Dessa forma, consideramos que as emissões em quaisquer outros locais da RMBS são inferiores àquelas apresentadas aqui, bem como a qualidade do ar deverá ser superior às coletadas nas referidas estações, o que nos permite analisar apenas os dados obtidos, representado eles os casos mais extremos da região. 108 Emissões atmosféricas A área do Pólo Industrial de Cubatão, que abriga predominantemente empresas do setor petroquímico, siderúrgico e de fertilizantes, concentra as atividades industriais da RMBS e ficou conhecida pelos problemas agudos de poluição atmosférica, em função das grandes emissões de poluentes, sua topografia acidentada e das condições meteorológicas desfavoráveis à dispersão. Ao todo, são identificadas 230 fontes de poluição no município de Cubatão e a tabela abaixo, apresenta as emissões das indústrias consideradas prioritárias pelo órgão ambiental por poluentes para ano de 2009. Tabela 24 - Emissões de poluentes por empresa (fontes prioritárias) Empresa Bunge Fertilizantes S/A - Planta 1 Bunge Fertilizantes S/A - Planta 2 Carbocloro Indústrias Químicas Columbian Chemical do Brasil Ltda. Companhia Brasileira de Estireno - CBE Usiminas (antiga COSIPA) Copebrás Ltda. Indústrias de Fertilizantes Cubatão MD Papéis Cubatão Mosaic Fetilizantes do Brasil S/A Petrobras Distribuidoras S/A - tecub Petrobras Distribuidoras S/A - RPBC Petrobras Transportes S/A - Transpetro Petrocoque S/A - Indústria e Comércio Quatar Química S/A (antiga Polietilenos) Ultrafértil Complexo Cubatão - CCB Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Emissão de poluentes 2009 (ton/ano) CO % HC % Nox % 0,00 0,00 38,70 0,43 0,10 0,00 1,00 0,01 78,90 0,88 22,30 1,13 214,30 2,39 170,70 5,20 4,80 0,24 36,20 1,10 4,80 0,05 1748,20 53,22 11,50 0,58 3255,20 36,31 0,60 0,03 10,80 0,12 3,90 0,12 0,00 2,10 0,11 23,00 0,26 15,70 0,48 0,30 0,02 15,20 0,17 1,40 0,04 231,10 11,67 0,00 1273,60 38,77 1648,80 83,24 4060,30 45,29 54,40 2,75 0,00 0,40 0,02 401,40 4,48 1,90 0,06 3,90 0,20 35,00 0,39 29,40 0,90 0,10 0,01 485,60 5,42 0,40 0,01 336,30 3,75 SOx MP 400,80 2,58 99,50 6,50 0,04 33,70 1,10 0,01 7,20 29,40 0,19 26,00 0,10 0,00 0,20 5520,30 35,54 2001,40 680,00 4,38 43,10 5,40 14,00 0,09 2,50 99,50 0,64 25,70 6227,00 40,09 560,90 1536,90 9,89 65,60 0,20 0,00 2,70 1,90 1015,60 6,54 316,20 3,09 1,05 0,22 0,81 0,01 62,09 1,34 0,17 0,08 0,80 17,40 2,04 0,08 0,06 9,81 NH3 0,10 1,00 0,90 1,50 1,40 2,10 FCloro HCl 10,40 0,50 2,80 0,50 6,20 5,70 2,30 2,40 - 109 Empresa Ultrafértil Terminal Marítimo - TM Votorantim Cimentos Brasil Ltda. Total Emissão de poluentes 2009 (ton/ano) CO % HC % Nox % SOx MP NH3 F0,00 0,60 0,02 0,50 0,03 3,40 0,10 4,10 0,05 1,70 0,01 30,80 0,96 3284,9 1980,8 8964,6 15533,10 3223,4 Cloro HCl - Fonte: CETESB; RQAr 2009 Podemos observar na tabela as fontes mais relevantes dos poluentes aqui tratados. A empresa USIMINAS e a RPBC da Petrobras são responsáveis por aproximadamente 90% da emissão de CO por fonte pontual na região. Quanto aos HCs, a RPBC compreende mais de 80% de sua emissão. O NOx é emitido preponderantemente pela RPBC e pela USIMINAS, bem como o SOx e o MP, sendo que esse último conta ainda com grande quantidade advinda da Ultrafértil Complexo Piaçaguera. MP10 e FMC MP10 são grupos de poluentes definidos pelas partículas de material sólido ou líquido (diâmetro aerodinâmico < 10 μm). que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem, etc. FMC (fumaça) está associada ao material particulado suspenso na atmosfera proveniente dos processos de combustão. O método de determinação da fumaça é baseado na medida de refletância da luz que incide na poeira (coletada em um filtro), o que confere a este parâmetro a característica de estar diretamente relacionado ao teor de fuligem na atmosfera Basicamente, as principais fontes desses poluentes são os processos de combustão nas indústrias e veículos automotores e o aerossol secundário (formado na atmosfera). Para a RMBS, os dados disponíveis pelo órgão ambiental sobre as concentrações anuais de MP10 se referem às estações de Vila Parisi e Centro, no município de Cubatão. A seguir são apresentadas as concentrações anuais nessas estações. 110 Tabela 25 - Médias anuais das concentrações de MP10 Estação Cubatão - Vila Parisi Cubatão - Centro Concentração de MP10 (µg/m3) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 88 88 93 94 104 91 93 99 108 99 68 37 39 36 34 33 33 36 37 32 29 Figura 66 - Médias anuais das concentrações de MP10 (CETESB; RQAr 2009) Os dados disponíveis pelo órgão ambiental sobre as concentrações anuais de FMC se referem à estação de Santos. A seguir, são apresentadas as concentrações anuais nessas estações Tabela 26 - Médias anuais das concentrações de FMC Estação Santos 1999 36 2000 36 2001 26 Concentração de FMC (µg/m3) 2002 2003 2004 2005 26 21 25 40 2006 33 2007 32 2008 26 2009 23 111 Figura 67 - Médias anuais das concentrações de FMC (CETESB; RQAr 2009) PTS PTS é o grupo de poluentes definido pelas partículas de material sólido ou líquido (diâmetro aerodinâmico < 100 μm). que ficam suspensos no ar, na forma de poeira, neblina, aerossol, fumaça, fuligem, etc. Basicamente, as principais fontes desses poluentes são os processos industriais, veículos motorizados (exaustão), poeira de rua ressuspensa, queima de biomassa, além de fontes naturais (pólen, aerossol, mar e solo). Para a RMBS, os dados disponíveis pelo órgão ambiental sobre as concentrações anuais de MP10 se referem às estações de Vila Parisi e Centro, no município de Cubatão. A seguir, são apresentadas as concentrações anuais nessas estações. Tabela 27 - Médias anuais das concentrações de PTS Estação Cubatão - Vila Parisi Cubatão - Centro Concentração de PTS (µg/m3) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 187 199 192 235 222 216 270 217 138 62 66 65 57 32 - 112 Figura 68 - Médias anuais das concentrações de PTS SO2 SO2 é um gás incolor, com forte odor, semelhante ao gás produzido na queima de palitos de fósforos. Pode ser transformado a SO3, que na presença de vapor de água, passa rapidamente a H2SO4. É um importante precursor dos sulfatos; um dos principais componentes das partículas inaláveis. As principais fontes desse poluente são os processos que utilizam queima de óleo combustível, refinaria de petróleo, veículos a diesel, produção de polpa e papel e as indústrias de fertilizantes. Para a RMBS, os dados disponíveis pelo órgão ambiental sobre as concentrações anuais de SO2 se referem às estações de Vila Parisi e Centro, no município de Cubatão e à estação de Santos. A seguir, são apresentadas as concentrações anuais nessas estações e a comparação com a legislação vigente. Tabela 28 - Médias anuais das concentrações de SO2 Estação Cubatão - Vila Parisi Cubatão - Centro Santos Concentração de SO2 (µg/m3) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 28 28 25 18 20 25 19 24 18 19 20 13 12 12 13 14 10 11 11 10 11 11 11 10 10 10 113 Figura 69 - Médias anuais das concentrações de SO2 O3 O3 é um gás incolor, inodoro nas concentrações ambientais e o principal produto da reação entre os óxidos de nitrogênio e compostos orgânicos voláteis, na presença de luz solar. Por isso mesmo ele é utilizado como parâmetro indicador da presença de oxidantes fotoquímicos na atmosfera que formam a chamada “névoa fotoquímica” ou “smog fotoquímico”, que causa na atmosfera diminuição da visibilidade. É sempre bom ressaltar que o ozônio troposférico, na faixa de ar próxima do solo, é tóxico, pois além de prejuízos à saúde, pode causar danos à vegetação. Entretanto, na estratosfera (a aproximadamente 25 km de altitude) o ozônio tem a importante função de filtrar os raios ultravioletas emitidos pelo Sol. Para a RMBS, os dados disponíveis pelo órgão ambiental sobre as concentrações anuais de SO2 se referem às estações de Vila Parisi e Centro, no município de Cubatão e à estação de Santos. A seguir, são apresentados dados que mostram a quantidade de vezes em que a concentração de O3 ultrapassou os limites, tanto o padrão quanto para estado de atenção. Tabela 29- Nº de ultrapassagens do padrão e do nível de atenção, para o O3 Estação Cubatão - Centro Concentração de O3 (µg/m3) 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 15 18 21 17 2 4 6 5 6 8 7 5 2 3 7 7 1 2 2 0 2 0 114 5.5.2 Dinâmica da atmosfera O fluxo de vento e, conseqüentemente, as condições de dispersão dos poluentes dentro da área de Cubatão são fortemente influenciados pela topografia local, sob todas as condições meteorológicas. Isso é particularmente importante sob o domínio de anticiclones com céu claro, quando os deslocamentos atmosféricos na área são quase dominados pelos fenômenos meso e micrometeorológicos. Podem ser identificadas duas bacias aéreas principais: a do Vale do Mogi, que se estende de norte para nordeste da Vila Parisi e a área urbana de Cubatão, entre a montanha (Serra do Mar) e a região de manguezal. O clima na região está sujeito às variações de posição do anticiclone marítimo tropical, com os ventos de leste soprando da costa. A grande variação da pluviosidade na região é controlada pelas circulações de vento mar-terra e montanha-vale, havendo uma grande influência da convergência da brisa marítima na variação diurna de precipitação sobre Cubatão. O comportamento do vento de drenagem é muito localizado e dependente do horário, da incidência solar e do ângulo de declividade. O escoamento do vento de drenagem começa depois do pôr-do-sol ou mais cedo e é favorecido pelos declives voltados para norte - noroeste, que são fracamente aquecidos durante o dia. Fortes ventos de drenagem vindos do Vale do Mogi e dos declives voltados para nordeste do fundo do Vale do Quilombo fundem-se para levar as emissões industriais na direção da Vila Parisi. Observações realizadas ao amanhecer, no fundo do Vale do Mogi, mostram que a massa de ar estável, com a maior parte das emissões das indústrias de fertilizantes, desloca-se da base da montanha até a área urbana de Cubatão. O aquecimento solar dos declives resulta no desenvolvimento de ventos que ascendem à encosta (anabáticos) e de brisas marítimas, facilmente visualizadas pela trajetória das plumas das chaminés, gerando um fluxo do vale para as encostas da serra. Em situação de aproximação de frentes frias (pré-frontal), na região de Vila Parisi os ventos de direção norte e norte-nordeste podem sofrer uma intensificação, em função da topografia local, gerando condições para a ressuspensão de material particulado. Estudos revelam que, assim como na RMSP, no inverno as condições meteorológicas são mais desfavoráveis à dispersão e diluição dos poluentes na atmosfera, observando-se períodos de calmaria durante a noite e madrugada, com ocorrências de inversões térmicas próximas à superfície. Assim, deve-se objetivar a máxima redução da emissão de poluentes nesta época do ano. A seguir são apresentadas as rosas de vento para as estações de Cubatão-Centro e Cubatão-Vila Parisi, onde se observa uma predominância do vento, em ambas as estações, da direção sul - sudoeste, seguido pela contribuição de norte-nordeste. 115 Figura 70 - Rosa de Vento (Cubatão - Centro) Fonte: CETESB; RQAr 2009 Figura 71 - Rosa de Vento (Cubatão - V. Parisi) Fonte: CETESB; RQAr 2009 5.5.3 Gases de efeito estufa (GEEs) As informações disponíveis acerca das emissões de GEEs são as constantes no Balanço Energético do Estado de São Paulo e correspondem à totalidade de emissões do Estado pela queima de recursos energéticos. A CETESB recentemente realizou uma consulta pública dos relatórios de referência para o inventário estadual de gases de efeito estufa do estado de São Paulo, porém os dados não foram totalmente consolidados e optou-se por utilizar somente as emissões referentes ao setor energético. A inferência das emissões de CO2 na RMBS foi feita a partir da relação entre a população total do Estado de São Paulo e a população da RMBS. A seguir, são apresentados os resultados dessa extrapolação. 116 Tabela 30 - Emissões Totais de CO2 por ano, RMBS Estação Santos 1998 3,075 1999 3,045 Emissões Totais de CO2 por ano (10^6ton) 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2,975 2,876 2,85 2,862 2,903 2,905 2006 2,933 2007 3,058 2008 3,117 Figura 72 - Emissões totais de CO2 por ano, na RMBS 5.6 Meio Aquático A análise do meio aquático foi desenvolvida com foco na atual situação da qualidade das águas, demanda e disponibilidade das águas de abastecimento, atividades de exploração offshore de petróleo e gás, recursos pesqueiros e dinâmica do oceano. Os Caracteres, seus Subcaracteres e seus respectivos indicadores são apresentados nas figuras que se seguem. Novamente, nos organogramas, as cores mais fortes representam os Caracteres, as intermediárias os Subcaracteres, e as mais claras, os indicadores. 117 Figura 73 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) Figura 74 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) 118 Figura 75 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) Figura 76 - Caractere, Subcaractere e indicadores para o meio aquático (autor) 5.6.1 Qualidade das águas Balneabilidade Balneabilidade é o conceito para análise da qualidade das águas destinadas à recreação de contato primário, sendo este entendido como um contato direto e prolongado com a água (natação, mergulho, esqui-aquático, etc.), onde a possibilidade de ingerir quantidades apreciáveis de água é elevada. Para sua avaliação é necessário o estabelecimento de critérios objetivos. Estes critérios devem se basear em indicadores a serem monitorados e seus valores confrontados com padrões pré estabelecidos, para que se possa identificar se as 119 condições de balneabilidade em um determinado local são favoráveis ou não; podem-se definir, inclusive, classes de balneabilidade para melhor orientação dos usuários. Corpos d'água contaminados por esgoto doméstico ao atingirem as águas das praias podem expor os banhistas a bactérias, vírus e protozoários. Crianças e idosos, ou pessoas com baixa resistência, são as mais suscetíveis a desenvolver doenças ou infecções após terem nadado em águas contaminadas. As doenças relacionadas ao banho, em geral, não são graves. A doença mais comum associada à água poluída por esgoto é a gastroenterite. Ela ocorre numa grande variedade de formas e pode apresentar um ou mais dos seguintes sintomas: enjôo, vômitos, dores de estômago, diarréia, dor de cabeça e febre. Outras doenças menos graves incluem infecções de olhos, ouvidos, nariz e garganta. Em locais muito contaminados os banhistas podem estar expostos a doenças mais graves, como disenteria, hepatite A, cólera e febre tifóide. A principal dificuldade do monitoramento da qualidade da água de um determinado local para fins de recreação de contato primário é o estabelecimento de indicadores adequados e a definição dos critérios a serem adotados para a avaliação da balneabilidade. Nesse sentido, procura-se relacionar a presença de indicadores microbiológicos de poluição fecal no ambiente aquático, e o risco potencial de se contrair doenças infecciosas por meio de sua utilização para recreação. Esses critérios devem estar sempre associados ao bem estar, à segurança e à saúde da população. Analisar todos os micro-organismos veiculados pela água associados a doenças é inviável, tanto em termos de tempo quanto pelo elevado custo envolvido. Por estas razões, é uma prática comum monitorar uma bactéria, normalmente não patogênica, presente em alta densidade nas fezes humanas e animais, cuja presença em altas concentrações no meio aquático indica a existência de contaminação fecal e a possível presença de patógenos entéricos. As condições do ambiente marinho dificultam o isolamento de bactérias patogênicas; isso explica porque as pesquisas sobre a contaminação microbiana do litoral limitamse geralmente à determinação das concentrações de bactérias indicadoras da poluição fecal. No mundo o grupo mais utilizado nessas pesquisas são os coliformes e, mais recentemente, os estreptococos fecais. O indicador selecionado para compilação quanto à balneabilidade foi a porcentagem de praias que permaneceram próprias o ano todo, por município. Abaixo, encontramse os dados compilados. Tabela 31 - Porcentagem de praias que permaneceram próprias o ano todo, por município Município Bertioga Guarujá Santos São Vicente 2000 92% 86% 76% 36% Porcentagem de praias próprias o ano todo 2001 2002 2003 2004 2005 2006 99% 100% 99% 93% 98% 89% 89% 95% 90% 82% 89% 80% 69% 90% 66% 51% 54% 54% 49% 50% 25% 60% 46% 45% 2007 97% 92% 60% 50% 2008 89% 73% 49% 39% 2009 99% 89% 52% 39% 120 Município Praia Grande Mongaguá Itanhaém Peruíbe 2000 71% 87% 88% 90% Porcentagem de praias próprias o ano todo 2001 2002 2003 2004 2005 2006 66% 80% 49% 66% 61% 42% 90% 92% 84% 70% 83% 69% 92% 91% 92% 81% 95% 75% 88% 100% 96% 85% 93% 70% 2007 74% 74% 20% 33% 2008 55% 66% 80% 80% 2009 51% 71% 78% 80% Cursos d’água afluentes à praia Os cursos d’água que deságuam no litoral paulista são os principais responsáveis pela variação da qualidade das águas das praias, pois recebem freqüentemente contribuição de esgotos domésticos não tratados. O conhecimento da qualidade sanitária dessas águas, monitoradas duas vezes por ano, é fundamental para se compreender os resultados observados no “Programa de Balneabilidade das Praias Paulistas” e orientar ações de gestão ambiental. É importante que se faça uma distinção entre os locais onde é feita a avaliação das condições de balneabilidade das praias e aqueles em que se coletam amostras para a caracterização dos corpos de água. Para a balneabilidade das praias, consideramse representativos locais em que já tenha ocorrido a mistura das águas do mar com aquelas provenientes de corpos de água potencialmente poluídos. Já para os córregos, rios e canais são realizadas as determinações das densidades de coliformes termotolerantes em zonas em que não haja influência das marés, ou seja, as coletas são realizadas antes do córrego atingir a faixa de areia das praias. O indicador selecionado para compilação foi a porcentagem dos cursos d’água que atenderam à legislação, por município. Abaixo, estão os resultados da compilação. Tabela 32 - Porcentagem dos cursos d’água que atenderam à legislação, por município Cursos D'água Avaliados que Atenderam à Legislação (<= 1.000 UFC/100 mL) RMBS 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Bertioga 62% 39% 45% 52% 52% 49% 35% 51% 23% Guarujá 25% 15% 24% 11% 10% 23% 12% 14% 8% Santos 9% 9% 9% 0% 5% 20% 0% 0% 0% São Vicente 38% 36% 25% 5% 0% 0% 23% 0% 7% Praia Grande 2% 2% 1% 3% 2% 1% 7% 0% 1% Mongaguá 35% 18% 31% 11% 9% 15% 20% 0% 0% Itanhaém 35% 15% 21% 20% 32% 24% 30% 2% 8% Peruíbe 36% 40% 12% 19% 28% 32% 30% 0% 19% 2009 40% 31% 13% 22% 1% 30% 16% 29% Água doce Para os corpos d’água que não desembocam diretamente no mar, a CETESB mantém na RMBS o monitoramento padrão aplicado a rios e reservatórios. Ao todo são monitorados sete pontos, a saber; reservatório Capivari-Monos, Canal de Fuga II, rio Cubatão (2 pontos), rio Moji, rio Perequê e rio Piaçaguera. 121 Para análise desses cursos foram compilados os índices de qualidade divulgados pelo órgão ambiental. As principais vantagens dos índices de qualidade de águas são a facilidade de comunicação com o público não técnico, o status maior do que os parâmetros individuais e o fato de representar uma média de diversas variáveis em um único número, combinando unidades de medidas diferentes em um única unidade. No entanto, sua principal desvantagem consiste na perda de informação das variáveis individuais e da interação entre as mesmas. O índice, apesar de fornecer uma avaliação integrada, jamais substituirá uma avaliação detalhada da qualidade das águas de uma determinada bacia hidrográfica. A crescente urbanização e industrialização de algumas regiões do Estado de São Paulo tem como conseqüência um maior comprometimento da qualidade das águas dos rios e reservatórios, devido, principalmente, à maior complexidade de poluentes que estão sendo lançados no meio ambiente e à deficiência do sistema de coleta e tratamento dos esgotos gerados pela população. Assim, a partir de 2002, a CETESB tem utilizado índices específicos para os principais usos do recurso hídrico: IAP (águas destinadas para fins de abastecimento público) e IVA (águas destinadas para a proteção da vida aquática). A seguir, são apresentados os dados compilados acerca dos índices de qualidade. Tabela 33- Índices de qualidade das águas Índice IQA IAP IVA 2004 62 48 5,5 Evolução do IQA 2005 2006 58 61 47 41 5,8 5,2 2007 54 36 5,0 2008 59 49 5,0 5.6.2 Águas de abastecimento No que diz respeito à demanda e disponibilidade hídrica, temos dois tipos de indicadores. No caso da demanda global de água, o cálculo é expresso em m 3/s utilizados de água disponível e discriminados pelos seguintes usos: urbano, industrial, irrigação e outros. A disponibilidade hídrica superficial é calculada com base na variável Q 7,10 , ou seja, a vazão mínima de sete dias consecutivos, com período de retorno de 10 anos. A disponibilidade hídrica subterrânea é calculada pela reserva de águas explotáveis que são armazenadas nos poros e fissuras das rochas. 122 Tabela 34 - Disponibilidade e demanda total de água para abastecimento (Fonte: RQAmb 2010) Balanço hídrico da RMBS (2010) Demanda (m³/s) Origem Tipos de uso RMBS Disponibilidade (m³/s) Vazão Mín. Reservas Dispon. Superf. Subter. Superf (Q7, 10) Subter. Total 38 15 53 24,37 0,09 Urb. Ind. Irrig. Outros usos (3) 17,33 6,38 0 0,76 Demanda Demanda / Disponib. (%) total 24,46 46,16 5.6.3 Petróleo e gás na Bacia de Santos A Bacia de Santos atualmente é o foco das atenções do setor petroleiro nacional, pois nela estão situadas as reservas descobertas na camada Pré-Sal. Abaixo são apresentados os blocos exploratórios e os campos em produção na Bacia de Santos. Figura 77 - Blocos exploratórios e campos em produção na Bacia de Santos (Fonte: ANP) Recentemente o caso do vazamento no golfo do México nos poços da empresa BP acendeu o debate acerca do risco de acidentes e contaminações advindas das atividades exploratórias. No Brasil a principal ferramenta para estudo nesse âmbito são as cartas de sensibilidade ao óleo derramado (cartas SAO). As “Especificações e Normas Técnicas para a Elaboração de Cartas de Sensibilidade Ambiental para Derramamentos de Óleo” foram elaboradas pela 123 Secretaria de Qualidade Ambiental (SQA/MMA) em conjunto com o IBAMA, o responsável direto pelo controle ambiental e também pelo licenciamento das atividades petrolíferas, e pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), órgão regulador do setor petrolífero, que consultaram as normas internacionais sobre o tema, em especial as informadas pela Organização Marítima Internacional e pela “National Oceanic and Atmospheric Administration” – NOAA, dos Estados Unidos. As Cartas SAO incluem três tipos de informações principais: Sensibilidade ambiental do litoral ao óleo, definida por um Índice de Sensibilidade do Litoral (ISL), estabelecido com base no conhecimento das características geomorfológicas da costa, considerando o tipo de substrato, a declividade do litoral e o grau de exposição à energia de ondas e marés; Recursos biológicos sensíveis ao óleo existentes na área da carta, com informação em nível de espécie e especial atenção para espécies protegidas, raras, ameaçadas ou em perigo de extinção, e para locais onde ocorrem concentrações ou fases importantes do ciclo de vida das espécies, como áreas de alimentação, reprodução, berçários, habitats de nidificação e áreas de trânsito/rotas de migração; Atividades socioeconômicas que podem ser prejudicadas por derramamentos de óleo ou afetadas pelas ações de resposta, incluindo áreas de recreação, lazer e veraneio no litoral, áreas de pesca e maricultura, áreas sob gerenciamento especial (unidades de conservação, sítios históricos ou culturais), tomadas d’água para plantas industriais ou de energia, salinas, portos e terminais, etc. A Bacia de Santos limita-se ao Norte pelo município de Cabo Frio, no Rio de Janeiro, e ao Sul pelo município de Laguna, em Santa Catarina. O atlas de sensibilidade da bacia de Santos contém Cartas de Sensibilidade Ambiental ao derramamento de Óleo (Cartas SAO), com informações sobre o ecossistema e a ocupação de todas as regiões da bacia. A Carta Estratégica foi elaborada na escala de 1:850.000. Adicionalmente, foram elaboradas dez cartas táticas na escala de 1:150.000 e trinta e três cartas SAO operacionais na escala de 1:50.000 que apresentam a classificação detalhada dos índices de sensibilidade do litoral. 124 Figura 78 - Conexão das cartas SAO da Bacia de Santos 5.6.4 Recursos pesqueiros As dez espécies de recursos pesqueiros que mais desembarcaram no ano de 2005 nos municípios de Santos e Guarujá foram: Corvina Sardinha Goete Camarão-sete-barbas Polvo Caranguejo-vermelho Betara Caranguejo-real Linguado Abrótea Fonte: Produção Pesqueira Marinha do ESP no ano de 2005 Instituto de Pesca/SP A receita devido às atividades pesqueiras representou, para o ano de 2005, R$ 92.767.467, aproximadamente 80% da receita total desse setor no Estado de São 125 Paulo, um valor extremamente significativo inclusive pela participação no PIB da região. 5.6.5 Dinâmica do oceano Em oceanografia, chamam-se correntes oceânicas ou correntes marítimas ao fluxo das águas dos oceanos, ordenadas ou não, decorrentes principalmente da inércia da rotação do planeta Terra, dos ventos e da diferença de densidade. Suas movimentações não são bem definidas por haver continentes e ilhas ao longo da sua movimentação, portanto, correm com grande variabilidade. Influenciam na pesca, na vida marinha e no clima. As duas correntes que influenciam a dinâmica da costa na RMBS são a Corrente do Brasil e a Corrente das Malvinas. A Corrente do Brasil é uma corrente oceânica quente do Oceano Atlântico Sul cujo movimento é paralelo à costa leste da América do Sul. Após cruzar a altura do Rio da Prata encontra-se com a Corrente das Malvinas, uma corrente fria, ao sul do paralelo 45. A Corrente das Malvinas ou Corrente das Falklands é uma corrente oceânica do tipo fria, proveniente das Malvinas, banha toda costa Argentina, Uruguai, Sul e Sudeste (durante parte do ano) do Brasil, sua influência na precipitação pluviométrica e clima vão até 18°S de latitude. Favorece a pesca no Estado de Santa Catarina, e nesta corrente também ocorrem as rotas dos pingüins, que durante o verão passeiam por ela e só voltam para o seu lugar de origem no inverno. 5.7 Análise e Restrições Legais 5.7.1 Meio Antrópico No Meio Antrópico não se encontra nenhum indicador que seja submetido a regulamentações. Porém nesse meio podem-se observar indicadores cujos estados qualitativos ou quantitativos sinalizam a necessidade de se observar mais atentamente a situação em que seus respectivos Caracteres e Subcaracteres se encontram. São os seguintes: 126 Habitação Tabela 35 - Situação dos domicílios por município da RMBS (SEADE,2000) Dos dados contidos na tabela a respeito dos indicadores de habitação, pode-se inferir que a maior parte dos domicílios da região conta com espaço suficiente, porém o município de Bertioga, Mongaguá, Itanhaém, Peruíbe e Praia Grande contam com mais de 20% dos domicílios inadequados em relação ao seu espaço. Quanto à infraestrutura interna urbana, os municípios de Cubatão, Itanhaém, Peruíbe, Guarujá, Mongaguá e Bertioga apresentam mais de 20% dos seus domicílios em situação de inadequada infra-estrutura interna urbana. Saneamento Os dois problemas principais concernentes ao saneamento básico na região são a coleta de esgoto e a disposição de RSU. Como já descrito no respectivo item, a região não é favoravél geológicamente e por conta de seu relevo à implantação de infraestrutura de saneamento adequada, e essa inadequação se agrava se considera-se a situação das habitações em encostas susceptíveis a erosão, áreas de preservação, regiões de lençois freáticos aflorantes e as enseadas, delimitadas por promontórios, habitações essas que correspondem a uma parcela considerável das habitações da região, como visto anteriormente. Dessas dificuldades, entre outros motivos, tem-se que o nível de coleta de esgoto é extremamente baixo na totalidade dos municípios da região, excetuando-se Santos, porém o nível de tratamento do esgoto coletado é alto. O outro problema relativo ao saneamento da região consiste na disposição de resíduos sólidos urbanos. O IQR, Índice de Qualidade de Aterros, tem sua escala variando de 0 a 10, qualitativamente compreendendo disposições “inadequadas, controladas e adequadas”. Os municípios de Itanhaém, Mongaguá e Peruíbe tem sua disposição final avaliada como inadequada, não contando com aterros para a disposição, enquanto os demais municípios têm uma disposição adequada, que se baseiam nos aterros de Santos e Mauá. Qualidade de vida 127 A região como um todo, excetuando-se o município de Santos, apresenta valores baixos nos índices que medem a Qualidade de Vida. Em 2000, o município de Santos se apresentava como 3° maior IDH do estado de São Paulo, 0,87, enquanto os demais municípios da região apresentam-se no ranqueamento em 170° para baixo. O IDH mede a riqueza, longevidade e educação. O Índice Futuridade que apresenta informações sobre as condições do idoso (saúde, proteção social e participação). O município de Guarujá tem como Baixo a classificação para o índice, Praia Grande como Alto, Bertioga, Mongaguá, Peruíbe e São Vicente como Médio e Cubatão, Itanhaém e Santos como Médio-Alto. Quanto ao IPVS, Índice Paulista de Vulnerabilidade Social, já conceituado no item referente a ele, tem-se que no município de Bertioga, mais da metade da população se encontra na faixa de Média Vulnerabilidade, em Cubatão e Mongaguá, a população está homogeneamente distribuída entre Muito Baixa, Baixa, Média, Alta e Muito Alta, no Guarujá, em Peruíbe e em Itanhaém quase metade da população se concentra em classificações de vulnerabilidade Alta e Muito Alta, na Praia Grande um terço da população se encontra na área de vulnerabilidade Muito Baixa, sendo o restante da população distribuído homogeneamente entre as classificações mais altas, em Santos, mas de dois terços da população se encontra em Muito Baixa e em São Vicente predominam Vulnerabilidades Muito Baixa e Baixa. 5.7.2 Meio Terrestre Para o Meio Terrestre foram levantadas as seguintes Subcaracteres como problemáticos, incluindo seus respectivos indicadores: Geomorfologia e formações geológicas Foi já discutido no item correspondente que a região apresenta grandes restrições ao uso do solo em relação à agricultura, visto que possui solo arenoso e com excesso de água permanente, sendo cultivadas na regiões apenas a banana, o eucalipto e o pinus, devendo-se portanto atentar para a sensibilidade dessas culturas. Erosão Os processos erosivos não região cobrem em certos locais extensas àreas e muitas vezes se apresentam de forma bastante intensa. Essa característica da região tem uma relação forte relação com os assentamentos humanos, visto que podem tanto ser causados por eles, como assentamentos em encostas, como fazer com que determinado ambiente fique pouco adequado para a ocupação humana. Adiciona-se a isso que o material resultante da erosão é carreado para os rios e para o mar, podendo resultar em processos de assoreamento. Formações vegetais A região, por ser uma região costeira de clima tropical chuvoso, é caracterizada pela presença de restingas e mangues. Porém essas formações vêm sendo sensivelmente alteradas pela presença sempre maior de assentamentos humanos, 128 indústria, efluentes, resíduos urbanos, dentre outros. Medidas legais já foram tomadas na tentativa de frear a destruição acelerada dos mangues e das restingas, como a criação de unidades de conservação, porém mesmo nessas situações essas formações se apresentam em perigo. Uso e ocupação do solo Nos últimos anos vem se dando o processo de esvaziamento das regiões centrais nos municípios, principalmente da cidade de Santos. Esse processo se mostra grandemente danoso à região visto que, além de abandonar locais com infraestrutura já instaladas, demandando assim mais infraestrutura em outros locais, também tem como conseqüência a pressão sobre áreas não adequadas, como zonas que apresentam possibilidade de erosão, locais a serem preservados, dentre outros. Outro problema relacionado ao uso e à ocupação do solo da região é a dragagem da região do Porto para passagem de embarcações. A dragagem em região de portos sempre apresenta um alto risco de recirculação de contaminantes ai depositados comometais pesados, hidrocarbonetos poliíclicos aromáticos, dentre outros. A região apresenta ainda graves problemas com as ocupações humanas. Muitas dessas ocupações estão localizadas em locais críticos de inundação, devido à impermeabilização do solo e às chuvas convectivas e orográficas que ocorrem na região. Esses locais são em Bertioga a bacia do Itapanhaú, em Cubatão, a dos rios Cubatão e Mogi, no Guarujá do Rio Santo Amaro e Rio do Meio, em Itanhaém, na bacia do Rio Branco, em Mongaguá na dos rios Aguapeú e Bichoró, em Peruíbe, na do rio Preto, na Praia Grande dos rios Preto e Branco, em Santos há ocorrência no centro e na zona leste, e em São Vicente a situação é ainda mais crítica, sendo todo o município susceptível à inundações. As ocupações irregulares ocorrem preponderantemente em Cubatão e no Guarujá. No Guarujá existem 56 ocupações irregulares nas encostas de morros e nas áreas de mangues, totalizando 28610 habitações. A prefeitura do município, no entanto, já conta com programas que pretendem proceder a regularização fundiária da região, por meio da implantação da infraestrutura necessária. Em Cubatão, por outro lado, os problemas de ocupação são relacionados à invasão de áreas de conservação ambiental, onde 60% da população reside. Segundo o Plano da Bacia Hidrográfica da AGEM, os problemas ambientais mais críticos apresentados pelos municípios da RMBS são os seguintes, por município: Tabela 36 - Principais problemas ambientais por município da RMBS (AGEM, 2008) Município Bertioga Cubatão Principais problemas ambientais Falta de esgotamento sanitário Alto número de ligações clandestinas de esgoto Deficiências no sistema de tratamento Dispersão de esgoto em valas de drenagem Demora do licenciamento do aterro por parte do Estado Invasão de áreas de preservação ambiental 129 Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 5.7.3 Ocupações irregulares em áreas de mangues e morros Falta de legislação municipal ambietal Falta de programas voltados a conscientização da população Saneamento básico Invasão de áreas de preservação ambiental Pesca predatória Ocupações irregulares em áreas de preservação ambiental Poluição dos rios Preto e Branco Degradação da vegetação natural nas margens desses rios Visita desordenada à estação ecológica Juréia-Itatins Invasão e aterro dos mangues Deposições irregulares de resíduos sólidos em vias públicas Poluição sonora Poluição dos mangues, fezes de animais em logradouros públicos Ligações clandestinas de esgoto Esgotamentos sanitários Enchentes Ocupações irregulares Meio Aéreo Os padrões de qualidade do ar definem legalmente o limite máximo para a concentração de um poluente na atmosfera, que garanta a proteção da saúde e do meio ambiente. Os padrões de qualidade do ar são baseados em estudos científicos dos efeitos produzidos por poluentes específicos e são fixados em níveis que possam propiciar uma margem de segurança adequada. Os padrões nacionais foram estabelecidos pelo IBAMA - Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e aprovados pelo CONAMA - Conselho Nacional de Meio Ambiente, por meio da Resolução CONAMA 03/90. São estabelecidos dois tipos de padrões de qualidade do ar: os primários e os secundários. São padrões primários de qualidade do ar as concentrações de poluentes que, ultrapassadas, poderão afetar a saúde da população. Podem ser entendidos como níveis máximos toleráveis de concentração de poluentes atmosféricos, constituindose em metas de curto e médio prazo. São padrões secundários de qualidade do ar as concentrações de poluentes atmosféricos abaixo das quais se prevê o mínimo efeito adverso sobre o bem estar da população, assim como o mínimo dano à fauna e à flora, aos materiais e ao meio ambiente em geral. Podem ser entendidos como níveis desejados de concentração de poluentes, constituindo-se em meta de longo prazo. O objetivo do estabelecimento de padrões secundários é criar uma base para uma política de prevenção da degradação da qualidade do ar. Devem ser aplicados às áreas de preservação (por exemplo: parques nacionais, áreas de proteção 130 ambiental, estâncias turísticas, etc.). Não se aplicam, pelo menos em curto prazo, a áreas de desenvolvimento, onde devem ser aplicados os padrões primários. Como prevê a própria Resolução CONAMA n.º 03/90, a aplicação diferenciada de padrões primários e secundários requer que o território nacional seja dividido em classes I, II e III conforme o uso pretendido. A mesma resolução prevê ainda que enquanto não for estabelecida a classificação das áreas os padrões aplicáveis serão os primários. Os parâmetros regulamentados são partículas totais em suspensão (PTS), fumaça (FMC), partículas inaláveis (MP10), dióxido de enxofre (SO2), monóxido de carbono (CO), ozônio (O3) e dióxido de nitrogênio (NO2). Os padrões nacionais de qualidade do ar são apresentados na tabela seguir. Tabela 37- Padrões de qualidade do ar Padrões nacionais de qualidade do ar (Resolução CONAMA Nº 003 DE 28/06/1990) Poluente Partículas Totais em Suspensão (PTS) Fumaça (FMC) Partículas Inaláveis (MP10) Dióxido de Enxofre (SO2) Monóxido de Carbono (CO) Ozônio (O3) Tempo de amostragem Padrão primário (μg/m³) 24 horas¹ MGA² 24 horas¹ MAA³ 24 horas¹ MAA³ 24 horas¹ MAA³ 1 hora¹ 8 horas¹ 1 hora¹ 240 80 150 60 150 50 365 80 40000 (35 ppm) 10000 (9 ppm) 160 1 hora¹ 320 Dióxido de Nitrogênio (NO2) MAA³ 100 1 Não deve ser excedido mais que uma vez ao ano 2 Média geométrica anual 3 Média aritmética anual Padrão secundário Método de medição (μg/m³) 150 60 100 40 150 50 100 40 40000 (35 ppm) 10000 (9 ppm) 160 190 100 Amostrador de grandes volumes Refletância Separação inercial/filtração Pararosanilina Infravermelho não dispersivo Quimiluminescência Quimiluminescência Para cada poluente medido é calculado um índice. Através do índice obtido ar recebe uma qualificação, que é uma espécie de nota, feita conforme apresentado na tabela abaixo: Tabela 38 - Índices de qualidade do ar ÍNDICE GERAL DE QUALIDADE DO AR Boa Qualidade Índice 0-50 MP10 O3 CO NO2 SO2 FMC PTS (μg/m³) (μg/m³) (ppm) (μg/m³) (μg/m³) (μg/m³) (μg/m³) 0-50 0-80 0-4,5 0-100 0-80 0-60 0-80 Significado Praticamente não há riscos à saúde 131 ÍNDICE GERAL DE QUALIDADE DO AR Regular 51100 >50 e <150 >80 e <160 Inadequada 101199 >150 e <250 >160 e <200 >9 e <15 Má MP10 O3 CO NO2 SO2 FMC PTS (μg/m³) (μg/m³) (ppm) (μg/m³) (μg/m³) (μg/m³) (μg/m³) 200299 ≥250 e <420 ≥200 e <800 Péssima Qualidade Índice ≥300 ≥420 ≥800 MP10 e FMC >4,5 e >100 e <9 <320 >80 e <365 >60 e <150 >320 e <1130 >365 e <800 >150 e <250 ≥15 e <30 ≥1130 e <2260 ≥800 e <1600 ≥250 e <420 ≥30 ≥2260 ≥1600 ≥420 Significado Pessoas de grupos sensíveis (crianças, idosos e pessoas com doenças respiratórias >80 e e cardíacas), podem <240 apresentar sintomas como tosse seca e cansaço. A população, em geral, não é afetada. Toda a população pode apresentar sintomas como tosse seca, cansaço, ardor >240 e nos olhos, nariz e <375 garganta. Pessoas de grupos sensíveis, podem apresentar efeitos mais sérios à saúde. Toda a população pode apresentar agravamento dos sintomas como tosse secam cansaço, ardor nos olhos, nariz e ≥375 e garganta e ainda 625 presentar falta de ar e respiração ofegante. Efeitos ainda mais graves à saúde de grupos sensíveis. Toda a população pode apresentar riscos de manifestações de doenças respiratórias ≥625 e cardiovasculares. Aumento de mortes prematuras em pessoas de grupos sensíveis. 132 Análise dos dados apresentados no respectivo item permite constatar que a região em torno da estação de Cubatão - Vila Parisi encontra-se saturada em relação ao MP10, já que os valores do monitoramento ultrapassam significativamente o padrão anual de qualidade em todos os anos. Por outro lado, os resultados da estação de Cubatão – Centro encontram-se todos abaixo do padrão anual, o que indica que a situação problemática realmente está localizada em torno da região industrial de Vila Parisi e não se estende ao núcleo urbano. Com relação à estação de Santos o padrão secundário foi igualado no ano de 2005 e nos demais anos os dados encontram-se abaixo dos padrões. A partir desses resultados é possível concluir que o problema em relação a esses poluentes encontra-se no entorno da região altamente industrializada e está diretamente associado às próprias emissões dos processos que ocorrem no Pólo Industrial de Cubatão. A partir dos dados sobre emissões por empresa, foi possível verificar que a maior fonte de material particulado é a empresa USIMINAS (antiga COSIPA), a qual faz o uso elevado de coque de petróleo como matéria-prima e RE em seus processos siderúrgicos. Atenta-se que o entendimento dessa análise é de suma importância para os próximos passos desse estudo. PTS Análise dos dados permite constatar que a região em torno da estação de Cubatão Vila Parisi encontra-se saturada em relação as PTS, já que os valores do monitoramento ultrapassam significativamente o padrão anual de qualidade em todos os anos. Por outro lado, os resultados da estação de Cubatão – Centro encontram-se todos abaixo do padrão primário anual, mas acima do padrão secundário o que indica que a situação problemática realmente está localizada em torno da região industrial de Vila Parisi, mas estende ao núcleo urbano. A partir desses resultados é possível concluir que o problema em relação a esses poluentes encontra-se no entorno da região altamente industrializada e está diretamente associado às próprias emissões dos processos que ocorrem no Pólo Industrial de Cubatão. A partir dos dados sobre emissões por empresa, foi possível verificar que a maior fonte de material particulado é a empresa USIMINAS (antiga COSIPA), a qual faz o uso elevado de coque de petróleo como matéria-prima e RE em seus processos siderúrgicos. Atenta-se que o entendimento dessa análise é de suma importância para os próximos passos desse estudo. 133 SO2 Análise dos dados permite constatar que todas as três estações resultaram em dados abaixo dos padrões legais e a RMBS não enfrenta uma situação de saturação em relação a esse poluente. O3 Figura 79 - Nº de ultrapassagens do padrão e do nível de atenção, para o O3 5.7.4 Meio Aquático Balneabilidade Na tabela abaixo são apresentados os padrões legais de balneabilidade. Tabela 39 – Padrões de Balneabilidade Categoria Máximo de 250 em 80% ou mais tempo Máximo de 200 em 80% ou mais tempo Máximo de 25 em 80% ou mais tempo Muito boa Máximo de 500 em 80% ou mais tempo Máximo de 400 em 80% ou mais tempo Máximo de 50 em 80% ou mais tempo Satisfatória Máximo de 1.000 em 80% ou mais tempo Máximo de 800 em 80% ou mais tempo Máximo de 100 em 80% ou mais tempo Superior a 1.000 em mais de 20% do tempo Maior que 2.500 na última medição Superior a 800 em mais de 20% do tempo Maior que 2.000 na última medição Superior a 100 em mais de 20% do tempo Maior que 400 na última medição Excelente Própria Colif. Termotol. (UFC/100 mL) Escherichia coli (UFC/100 mL) Enterococos (UFC/100 mL) Imprópria 134 Foram analisadas as praias dos município da região (exceto Cubatão, que não as possui) quanto a essa classificação. Pode-se observar no gráfico abaixo que locais como São Vicente e Praia Grande tiveram altos índices dos microorganismos analisados durante todo o período tratado no gráfico, e os demais municípios apresentaram altas pontuais dos microorganismos. Os dados, portanto, sugerem que deve ser ter especial atenção às águas que chegam à praia, pois as mesmas tem grande possibilidade de estarem sendo contaminadas por esgoto doméstico. Figura 80 - Porcentagem de praias que permaneceram próprias o ano todo Cursos d’água afluentes à praia Os cursos d’água afluentes às praias avaliados pela CETESB estão enquadrados, segundo o Decreto Estadual nº 10.755/77, na Classe 2. A Resolução Conama nº 357/05 estabelece para coliformes termotolerantes um padrão de 1.000 UFC/100 mL para corpos de água Classe 2 (água doce) e Classe 1 (água salobra). Pode-se observar no gráfico a seguir que as praias de todos os municípios em todo o período considerado atenderam a legislação acima especificada na minoria das vezes, o que pode indicar, como no caso da Balneabilidade, a alta incidência da disposição de esgoto doméstico nesses cursos d’água. 135 Figura 81- Porcentagem dos cursos d’água que atenderam à legislação Água doce A CETESB utilizou, de 1975 a 2001, o Índice de Qualidade das Águas - IQA, com vistas a servir de informação básica de qualidade de água para o público em geral, bem como para o gerenciamento ambiental das 22 UGRHIs - Unidades de Gerenciamento dos Recursos Hídricos em que se divide o Estado de São Paulo. Os parâmetros de qualidade, que fazem parte do cálculo do IQA refletem, principalmente, a contaminação dos corpos hídricos ocasionada pelo lançamento de esgotos domésticos. É importante também salientar que este índice foi desenvolvido para avaliar a qualidade das águas, tendo como determinante principal a sua utilização para o abastecimento público, considerando aspectos relativos ao tratamento dessas águas. A partir de 2002, a CETESB tem utilizado índices específicos para os principais usos do recurso hídrico: IAP (águas destinadas para fins de abastecimento público) e IVA (águas destinadas para a proteção da vida aquática). Na tabela abaixo encontram-se a os valores dos referidos indicadores para o período de 2004 a 2008, podendo-se observar que as águas destinadas para fins de abastecimento público e as águas destinadas para a proteção da vida aquática apresentam seus índices de qualidade abaixo do adequado. Tabela 40 - Índices de qualidade do ar Índice 2004 Evolução do IQA 2005 2006 2007 2008 Estado 136 IQA IAP IVA 62 48 5,5 58 47 5,8 61 41 5,2 54 36 5,0 59 49 5,0 Boa Regular Ruim 5.8 Cenários energéticos de referência Os cenários energéticos de referência, como descrito na metodologia, são fundamentais para a execução da projeção dos indicadores mais relevantes para o planejamento energético da região, designados de Vigilantes, visto que formam a visão futura das demandas e produções energéticas, sendo portanto a base do planejamento sobre a qual serão avaliadas as possibilidades de utilização dos recursos tratados. Os cenários energéticos elaborados nesse trabalho foram o Cenário Tendencial e o Cenário Gás Total e o Cenário Sustentável (COLOCA ESSE ÚLTIMO?). O Cenário Tendencial é um prolongamentos dos índices históricos e de dados obtidos para a construção do ano base, considerando diretrizes e políticas energéticas seguidas no presente da região, bem como índices de crescimento econômico e de demanda energética. O Cenário Gás Total se baseia no cenário anterior, porém para ele considera-se a substituição onde possível de outras formas de energia pelo Gás Natural, recurso tratado no presente trabalho. Já o Cenários Sustentável pode ser considerado a melhor opção possível de uso dos energéticos para suprir a demanda a longo prazo. Um cenário energético está intimamente ligado ao cenário socioeconômico a partir do qual ele é construído. Desta forma procuro-se, na elaboração dos cenários, utilizar-se de fontes de cenários energéticos e socioeconômicos oficiais do governo ou de instituições da área. O documento base para a elaboração foi o relatório Projeção de Consumo de Energia e Energéticos e de Emissões de CO2, São Paulo, 2008 – 2020, publicado pela Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (SSE, 2009), que dispõe sobre a projeção tendencial do consumo de energia e de energéticos para o Estado de São Paulo no período entre 2008 a 2020. Como publicações auxiliares para basear a elaboração dos cenários pode-se citar o PNE 2030 (Plano Nacional de Energia 2030, MME, 2007) e o PDE 2019 (Plano Decenal de Expansão da Energia 2019, MME e EPE, 2010), que serviram como fonte de pesquisa e de complementação, já que suas projeções são realizadas no âmbito nacional, distanciando-as da realidade da RMBS. As projeções realizadas pela Secretaria de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo, certamente também apresentam algumas discrepâncias, já que são feitas no âmbito estadual, mas podem ser consideradas adequadas ao escopo deste trabalho, principalmente se considerarmos a inexistência de projeções específicas para a região estudada. Além destes, o relatório final da Comissão Especial de Petróleo e Gás Natural (CESPEG, 2010) também serviu de base para a elaboração dos cenários aqui descritos. 137 A escolha do documento da Secretaria de Saneamento e Energia do Estado, e não de outras que também fazem projeções de consumo de energia, foi baseada em três critérios distintos: i) Regionalidade; ii) Obsolescência; iii) Apresentação dos resultados. Os dois primeiros se referem a características intrínsecas das publicações disponíveis e dizem respeito a região à que se referem as publicações e ao tempo decorrido de sua realização. Desta forma, quanto mais especifico (Brasil – Estado de SP – RMBS) e recente, melhor a adequação das projeções com a realidade da região estudada. O terceiro critério diz respeito à facilidade de adaptação em relação aos dados disponíveis para a RMBS. Neste aspecto, considerando que os dados disponíveis e aqui utilizados sobre o consumo energético da região são oriundos da Secretaria de Saneamento e Energia (SSE), não é difícil perceber a vantagem de se utilizar um documento de origem comum, que apresenta seus resultados em divisões setoriais e de energéticos bastante similares. As seguintes hipóteses e referências foram utilizadas para a elaboração dos Cenários Energéticos no relatório Projeção de Consumo de Energia e Energéticos e de Emissões de CO2: Utilização das projeções populacionais realizadas pelo IBGE para o estado de São Paulo até o ano de 2020. Consideração de um crescimento de 3,5% a.a. para o PIB brasileiro dentro do horizonte de projeção. Regressão múltipla dos dados de consumo de energia (incluindo todos os energéticos, em Kcal). Utilização das estimativas do PIB setorial estadual realizadas pelo IBGE. Energéticos considerados: GN, Eletricidade, Derivados de Petróleo e Etanol. A seguir uma descrição um pouco mais detalhada das particularidades da construção de cada um dos dois cenários: Cenário Tendencial Conforme disposto logo acima, este cenário considera o crescimento populacional projetado pelo IBGE e um crescimento de 3,5% a.a. do PIB nacional. A metodologia adotada para a realização das projeções de consumo se baseou no crescimento verificado no documento PCE 2020 (Projeção de Consumo de Energia e Energéticos e de Emissões de CO2, São Paulo, 2008 – 2020) para cada energético considerado (GN, Eletricidade, Derivados de Petróleo e Etanol) dentro de cada setor de consumo (Residencial, Comercial e Público, Indústrial, Transportes e etc.) especifico, e extrapolado para o horizonte de projeto. Desta forma, por exemplo, para a projeção do consumo de GN residencial, utilizouse a taxa de crescimento anual projetada pelo PCE 2020 para o gás natural residencial no estado de São Paulo de 2007 a 2020. No entanto, como os dados de consumo de 2008 e 2009 já estão disponíveis, esta taxa foi aplicada a partir do ano 138 de 2010 até o ano de 2040. Esse procedimento foi adotado para todos os outros energéticos considerados, dentro dos setores da economia já citados nos quais se faziam presentes (p.e., a gasolina automotiva está presente apenas no setor de transportes). No que diz respeito a metodologia adotada pelo PCE 2020, suas projeções se deram através da regressão múltipla dos dados de consumo de energia (incluindo todos os energéticos, em Kcal), estimativas de população do estado e PIB setorial estadual (ambas disponíveis no IBGE). A partir da função consumo obtida e da projeção das variáveis exógenas (População e crescimento do PIB de 3,5% a.a.) o consumo de energia total em cada setor até 2020 pôde ser projetado. A evolução da participação de todos os energéticos em cada setor foi considerada, na maioria dos casos, a mesma daquela do inicio da projeção, o ano de 2007. Em alguns casos específicos, em que a analise da evolução da participação dos energéticos indicou tal necessidade, foram elaboradas premissas adicionais sobre essas participações até 2020. A seguir é apresentada a tabela que resume os resultados do cenário tendencial através da composição da matriz energética para os anos de 2010, 2020, 2030 e 2040 em 10³ Kcal. Tabela 41 - Matriz energética cenário tendencial (10³ Kcal) Tendencial (10³ Kcal) GN 2010 5.760.625.371 2020 7.726.702.958 2030 2040 9.011.274.264 10.605.414.659 Eletricidade 5.911.627.545 7.159.400.736 8.584.214.702 10.436.371.606 Gasolina 1.676.367.932 1.123.569.917 753.062.221 504.732.906 3.185.848.895 Diesel Óleo 198.318.112 Combustível 415.003.311 GLP 4.292.291.803 5.783.001.495 7.791.433.534 197.382.566 196.451.434 195.524.694 417.388.444 419.787.284 422.199.911 Coque 10.117.459.572 11.544.210.400 13.172.159.751 15.029.680.376 Etanol 1.151.639.998 TOTAL 28.416.890.737 35.009.756.427 43.403.910.975 56.784.518.881 2.548.809.602 5.483.959.824 11.799.161.195 Tendencial (%) 2010 2020 2030 2040 GN 20,27% 22,07% 20,76% 18,68% Eletricidade 20,80% 20,45% 19,78% 18,38% Gasolina 5,90% 3,21% 1,74% 0,89% Diesel Óleo Combustível 11,21% 12,26% 13,32% 13,72% 0,70% 0,56% 0,45% 0,34% GLP 1,46% 1,19% 0,97% 0,74% 139 Coque 35,60% 32,97% 30,35% 26,47% Etanol 4,05% 7,28% 12,63% 20,78% TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% Cenário Gás Total Este cenário supõe que todas as substituições tecnologicamente possíveis em relação ao GN sejam realizadas até o final do horizonte de planejamento. Isto é, toda demanda energética possível será suprida pelo GN em 2040. Só não será considerada a sua utilização nos usos em que isso é tecnologicamente impossível. A justificativa para a construção deste cenário, cuja probabilidade de se tornar realidade é extremamente baixa, talvez até nula, é analisar a sensibilidade das variáveis ambientais, sociais e econômicas à entrada dos REs oriundos do GN. Verificando seus pontos fracos e fortes, quando existirem, além de indicar os melhores caminhos a serem seguidos e aqueles que talvez possam incorrer em percalços indesejados. Sua construção se baseou na demanda energética projetada pelo cenário tendencial, através da substituição gradativa e linear dos energéticos passíveis de substituição até o ano de 2040, no qual todas as substituições possíveis terão acontecido. As substituições consideradas foram: Setor Residencial - GLP totalmente substituído por GN no ano de 2040. - 44% (24% chuveiro, 20% condicionamento ambiental – PROCEL/Eletrobrás 2005) da energia elétrica residencial substituída por GN em 2040. Setores Comercial e Público - GLP, Diesel e Óleo Combustível totalmente substituídos por GN no ano de 2040. - 25% da energia elétrica comercial e pública, referentes ao uso em força motriz, aquecimento direto e condicionamento ambiental. Setor Indústrial - GLP, Diesel e Óleo Combustível totalmente substituídos por GN no ano de 2040. - Substituição de 50% do coque utilizado na indústria até 2040. - 90% da energia elétrica industrial, referentes ao uso em força motriz, aquecimento direto e condicionamento ambiental. Setor de Transportes - Substituição completa do Etanol e da Gasolina Automotiva. 140 Termelétricas Considerando as substituições realizadas, que reduziram consideravelmente o consumo de energia elétrica da RMBS no horizonte de planejamento, a UTE Cubatão, já em operação, é suficiente para suprir a demanda de energia elétrica da região. A atribuição do percentual de consumo de cada energético que cabe a cada setor e o quanto cada setor usa desses energéticos em força motriz, aquecimento direto, condicionamento ambiental, refrigeração, iluminação e outros usos, foram obtidos no Balanço de Energia Útil - 2005 (BEU 2005), publicado pelo Ministério de Minas e Energia. Assim, foi possível projetar, dentro deste cenário, a demanda e o consumo energético no horizonte de planejamento. A seguir é apresentada a tabela que resume os resultados do cenário gás total através da composição da matriz energética para os anos de 2010, 2020, 2030 e 2040 em 10³ Kcal. Tabela 42 - Matriz energética cenário gás total (10³ Kcal) Gás total (10³ Kcal) Energético GN 2010 5.760.625.371 2020 18.484.585.709 2030 2040 31.208.546.047 43.932.506.385 Eletricidade 5.911.627.545 5.235.431.410 4.559.235.275 3.883.039.140 Gasolina 1.676.367.932 1.117.578.621 558.789.311 0 Diesel Óleo Combustível 3.185.848.895 2.397.428.215 1.609.007.535 820.586.855 198.318.112 139.200.869 80.083.626 20.966.384 415.003.311 277.803.183 140.603.055 3.402.927 Coque 10.117.459.572 8.431.216.310 6.744.973.048 5.058.729.786 Etanol 1.151.639.998 767.759.999 383.879.999 0 TOTAL 28.416.890.737 36.851.004.317 GLP 45.285.117.897 53.719.231.477 Gás total (%) Energético GN 2010 20,27% 2020 50,16% 2030 68,92% 2040 81,78% Eletricidade 20,80% 14,21% 10,07% 7,23% Gasolina 5,90% 3,03% 1,23% 0,00% Diesel Óleo Combustível 11,21% 6,51% 3,55% 1,53% 0,70% 0,38% 0,18% 0,04% GLP 1,46% 0,75% 0,31% 0,01% Coque 35,60% 22,88% 14,89% 9,42% Etanol 4,05% 2,08% 0,85% 0,00% TOTAL 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% 141 5.9 Seleção e Projeção dos Vigilantes Como descrito anteriormente, a seleção e projeção dos Vigilantes se insere no PIR de forma a avaliar primeiramente se o recurso em questão atende a demanda energética da região, os impactos gerados pelo recurso em questão, e analisar como esses recursos podem ser utilizados dados seus impactos no tempo e no espaço. Essa análises tem como motivação garantir a validade da utilização dos recursos para o atendimento de determinada demanda energética, dando base para o planejamento energético da região, ou seja, analisar como o recurso se comporta frente a demanda, e como a região se comporta com a utilização do recurso. A seguir apresenta-se a seleção e a projeção de vigilantes para o meio antrópico, terrestre, aéreo e aquático. Essas projeções se dão nesse trabalho segundo um exercício de aplicação da ferramenta do PIR, porém cabe ressaltar que no Planejamento Integrado de Recursos Energéticos, o a projeção dos vigilantes se faz por meio da confecção de diferentes cenários para se poder avaliar as possibilidade e limitações de diferentes recursos elencados que estão presente na região, já valorados, e poder se proceder a um planejamento ano a ano de forma a se observar as limitações legais e de legislação dos vigilantes que são influenciados pela utilização dos recursos em questão. Como abordado na Metodologia, os vigilantes aqui selecionados foram escolhidos por meio de dois critérios. O primeiro deles é a relevância do mesmo quanto a aspectos ambientais primordiais, tanto tecnicamente quanto para a opinião pública. O segundo critério consiste na interferência dos recursos selecionados no comportamento dos vigilantes, direta ou indiretamente. Para todos os vigilantes, as projeções foram feitas tanto para o Cenário Tendencial, quanto para o chamado Cenário de Gás Total, descritos no item anterior. Os vigilantes foram escolhidos por meios, e foram projetados segundo metodologias específicas que são descritas a seguir. 5.9.1 Meio Antrópico Os indicadores do meio antrópico selecionados como vigilantes foram Rendimento médio nos vínculos empregatícios Nível de atendimento do sistema público de coleta de esgoto Frota de automóveis Os vigilantes para o Meio Antrópico foram escolhidos de maneira a formar uma boa visão acerca da influência dos REs na qualidade de vida da população da região (Rendimento médio nos vínculos empregatícios, Nível de atendimento do sistema público de coleta de esgoto, IDH e Nível de atendimento do sistema público de abastecimento de água). O indicador Frota de Automóveis foi estabelecido também como um vigilante devido à relação que pode se estabelece entre o uso do GNV e a mesma. 142 Para o Meio Antrópico no geral não se dispõe de limites quantitativos legais ou recomendações, devendo-se analisar os dados dentro de cada contexto específico. 5.9.1.1 Rendimento médio empregatícios nos vínculos O rendimento médios nos vínculos empregatícios foram obtidos na base de dados do SEADE. A série histórica aqui utilizada fornece informações sobre os anos de 2003 a 2008, e a projeção foi feita por meio do taxa de variação anual da série histórica para o Cenário Tendencial, e pela maior taxa de variação encontradas nos anos com informações disponíveis para o Cenário de Gás Total. Segue abaixo a projeção para o horizonte de 30 anos, com informações de 5 em 5 anos. Tabela 43 - Rendimento médio dos vínculos empregatícios – Cenário Tendencial Rendimento Médio dos Vínculos Empregatícios Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2010 1412,154 1973,612 1527,383 1139,097 894,7393 1043,451 954,1872 1594,813 1123,158 2015 1842,474 2403,009 1755,492 1344,521 959,7973 1192,238 1099,804 1980,647 1330,65 2020 2403,924 2925,83 2017,669 1586,991 1029,586 1362,24 1267,643 2459,827 1576,475 Tendencial 2025 3136,461 3562,4 2319,001 1873,187 1104,449 1556,484 1461,096 3054,934 1867,713 2030 4092,222 4337,468 2665,336 2210,996 1184,755 1778,425 1684,071 3794,016 2212,755 2035 5339,228 5281,167 3063,395 2609,726 1270,901 2032,012 1941,074 4711,904 2621,54 2040 6966,228 6430,185 3520,903 3080,362 1363,31 2321,759 2237,297 5851,858 3105,844 Tabela 44 - Rendimento Médio dos Vínculos Empregatícios - Cenário de Gás Total Rendimento Médio dos Vínculos Empregatícios Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2010 1562,267 2128,941 1612,402 1214,616 919,8582 1099,074 1008,381 1732,947 1199,29 2015 2623,962 3132,651 2121,964 1683,221 1057,462 1429,899 1334,395 2648,934 1674,002 2020 4407,17 4609,57 2792,561 2332,618 1215,651 1860,303 1765,809 4049,086 2336,618 Gás Total 2025 7402,221 6782,796 3675,085 3232,555 1397,504 2420,26 2336,702 6189,319 3261,516 2030 12432,67 9980,61 4836,509 4479,692 1606,561 3148,766 3092,167 9460,819 4552,514 2035 20881,73 14686,07 6364,975 6207,983 1846,891 4096,554 4091,876 14461,54 6354,524 2040 35072,66 21609,95 8376,476 8603,058 2123,172 5329,63 5414,795 22105,51 8869,819 143 5.9.1.2 Nível de atendimento do sistema público de coleta de esgoto Os níveis de atendimento do sistema de coleta pública de esgoto na Baixada Santista variam de 9% em Peruíbe a 94,42%. O Programa Onda Limpa, implantado em 2008 pela SABESP, pretende alcançar 95% de índice de coleta em toda a região da Baixada Santista e 100% de índice de tratamento do esgoto coletado ainda em 2011. 5.9.1.3 Frota de automóveis A projeção dos dados referentes à frota de automóveis da RMBS foi feita a partir do índice de expansão da série histórica disponível, e para o Cenário Tendencial é o seguinte: Tabela 45 - Frota de Automóveis - Cenário Tendencial Frota de automóveis Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2015 8987 29756 57610 16607 9438 16013 66808 153576 65986 2020 13520 42314 77505 22923 14679 23384 104660 174404 90189 Tendencial 2025 2030 20339 30599 60172 85566 104270 140277 31642 43677 22831 35511 34149 49870 163957 256851 198057 224917 123269 168483 2035 46034 121678 188718 60289 55231 72828 402376 255421 230282 2040 69254 173031 253887 83219 85904 106356 630352 290061 314747 Para este cenário, o número de habitantes por automóvel se comporta da seguinte forma: Tabela 46 - Número de habitantes por automóvel Habitante por veículo Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2015 5,12 4,76 6,05 5,73 5,04 4,01 4,12 3,21 5,78 2020 3,74 3,68 4,94 4,56 3,56 3,01 2,89 3,10 4,64 2025 2,65 2,75 3,91 3,51 2,44 2,20 1,96 2,91 3,61 2030 1,93 2,13 3,19 2,80 1,72 1,65 1,38 2,81 2,91 2035 1,41 1,64 2,61 2,23 1,22 1,24 0,97 2,72 2,34 2040 1,03 1,27 2,13 1,77 0,86 0,94 0,68 2,63 1,88 144 Para a projeção do Cenário de Gás Total, no entanto, a metodologia utilizada foi diferente. Considerou-se a manutenção do número de habitantes por veículo de 2009, de modo a manter a demanda pelo GN, que sustenta o cenário, e ao mesmo tempo não impactando ainda mais a região por meio do trânsito e a partir desse dado e pra projeção da população, se chegou a projeção de frota de automóveis: Tabela 47 - Frota de Automóveis - Cenário de Gás Total Frota de Automóveis Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2010 5720 22239 45068 11689 5828 11705 43097 150210 52142 2015 6282 24426 49500 12838 6401 12856 47336 164982 57270 Gás Total 2020 2025 6685 7346 25991 28564 52670 57886 13660 15013 6811 7485 13679 15034 50367 55355 175548 192930 60937 66971 2030 8073 31388 63608 16497 8225 16520 60827 212003 73592 2034 8759 34055 69012 17899 8924 17924 65995 230016 79845 2035 8869 34485 69885 18125 9037 18150 66830 232925 80855 5.9.2 Meio Terrestre Os indicadores do meio terrestre selecionados como vigilantes foram Áreas contaminadas Número de áreas críticas Para o Meio Antrópico, considera-se representativo da interferência dos REs na situação ambiental da região o número de áreas contaminadas, que pode se relacionar diretamente ou indiretamente com os recursos, e o número de áreas críticas, que se relaciona com o poder aquisitivo e a qualidade de vida da população da região, que também pode se relacionar de forma direta com a exploração dos recursos na região. 5.9.2.1 Áreas contaminadas A série histórica dos dados referentes às áreas contaminadas e reabilitadas na região estão disponível nas publicações no site da CETESB. Tais séries são acompanhadas de dados sobre as áreas como empresa responsável, tipo de contaminante, estágio de remediação, dentre outros. A partir desses dados, obteve-se a informação de que aproximadamente 70% das áreas contaminadas da região são devidas a vazamentos ou acidentes em postos de combustíveis, e informações sobre a taxa de expansão das áreas contaminadas. Além disso, como a área é finita, foram definidos coeficientes de saturação da expansão para o horizonte de trabalho. Dessa forma, tem-se as seguintes considerações: 145 Tanto para o Cenário Tendencial, quanto para o Cenário Gás Total, considerou-se a taxa de expansão das áreas contaminadas como a mesma taxa de expansão apresentada nas séries históricas obtidas. Para o Cenário de Gás Total, tem-se que os combustíveis serão substituídos por Gás Natural, que não causa contaminação do solo, nas proporção indicadas anteriormente, e que esses combustíveis são responsáveis por 70% da contaminação do solo da região. Considerou-se um coeficiente de saturação de 75% do ano de 2011 ao ano de 2015, de 50% do ano de 2016 ao ano de 2035, e de 10% do ano de 2036 ao ano de 2040. Dessa forma obtivemos as seguintes projeções: Tabela 48 - Áreas contaminadas - Cenário tendencial Tendencial Áreas contaminadas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 5 6 7 7 8 8 9 Cubatão 30 32 33 34 36 37 37 Guarujá 24 43 55 68 80 93 95 Itanhaém 12 20 25 30 35 40 41 Mongaguá 4 6 7 8 10 11 11 Peruíbe 5 9 11 14 16 19 19 Praia Grande 24 41 52 63 75 86 88 Santos 63 102 129 155 181 207 213 São Vicente 19 27 33 39 44 50 51 Tabela 49 - Áreas contaminadas - Cenário de Gás Total Gás Total Áreas Contaminadas 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 Bertioga 5 5 6 6 6 7 7 Cubatão 30 31 31 31 32 32 32 Guarujá 24 29 33 37 40 43 44 Itanhaém 12 16 18 21 23 25 26 Mongaguá 4 5 6 6 7 7 7 Peruíbe 5 7 8 9 11 12 12 Praia Grande 24 32 38 44 49 54 55 Santos 63 83 96 109 122 133 136 São Vicente 19 23 23 23 23 23 23 Como pode-se observar da tabela, o Cenário de Gás Total apresenta consideravelmente menos expansão das áreas contaminadas do que o Cenário Tendencial. 146 5.9.2.2 Número de áreas críticas Como já descrito, entende-se por áreas críticas nesse trabalho a ocupação humana em áreas com perigos de deslizamento, inundação, erosão ou ocupações irregulares no geral. A metodologia para a projeção do número de áreas críticas da região se baseou na quantidade de áreas críticas presentes em 2008, disponibilizada pela AGEM – Agência Metropolitana da Baixada Santista, na literatura, que afirma uma média de 100 habitações irregulares por área crítica, e na projeção de população, para o Cenário Tendencial. Assim como para as áreas contaminadas, aqui também a expansão das áreas críticas são influenciadas pela finitude da área. Por esse motivo os mesmo coeficientes de expansão foram aplicados para os referidos anos. Tabela 50 - Residentes em áreas críticas - Cenário Tendencial Residentes em área críticas Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2010 17166 16308 49781 9441 11158 21458 31757 35190 84972 2015 14143 13436 41014 7779 9193 17679 26164 28993 70007 2020 10356 9838 30032 5696 6731 12945 19158 21229 51261 Tendencial 2025 2030 11019 12110 10468 11505 31955 35119 6060 6661 7162 7872 13774 15138 20385 22404 22589 24826 54544 59945 2035 13307 12642 38591 7319 8650 16634 24618 27280 65871 2040 2924 2778 8480 1608 1901 3655 5410 5994 14474 Para o Cenário de Gás Total, consideramos o aumento do rendimento médio nos vínculos empregatícios como um fator de diminuição da taxa de variação da ocupação de áreas irregulares. Tabela 51 - Residentes em áreas críticas - Cenário de Gás Total Residentes em área críticas Bertioga Cubatão Guarujá Itanhaém Mongaguá Peruíbe Praia Grande Santos São Vicente 2010 17166 16308 49781 9441 11158 21458 31757 35190 84972 2010 12729 12092 36913 7001 8274 15911 23548 26094 63006 2010 9320 8854 27029 5126 6058 11650 17242 19106 46135 Gás Total 2010 9917 9421 28760 5454 6446 12396 18347 20330 49090 2010 10899 10354 31607 5995 7084 13624 20163 22343 53951 2010 11977 11378 34732 6587 7785 14971 22157 24552 59284 2010 2632 2500 7632 1447 1711 3290 4869 5395 13027 147 A metodologia, no entanto, não apresentou uma mudança sensível nos valores entre as projeções Tendencial e de Gás Total. 5.9.3 Meio Aéreo Os indicadores do meio aéreo selecionados como vigilantes foram MP10 PTS CO2 O CO2 foi escolhido pois, além de ser o pivô das atuais discussões sobre aquecimento global e portanto ser de grande importância para a opinião pública, ele é um dos subprodutos da queima do gás natural, mesmo que aparecendo em pequenas quantidades. Já o MP10 e o PTS apresentam-se em estado de saturação na região, encontrandose acima dos limites legais definidos pela CETESB para o Estado de São Paulo. Além disso, na confecção dos cenários e projeção de indicadores há a possibilidade de substituição do coque nos processos industriais pela GN, como redutor siderúrgico e como combustível. Nesses processos, o coque gera uma grande quantidade de material particulado e de partículas em suspensão, portanto esperase uma sensível alteração nesses indicadores. 5.9.3.1 MP10 A projeção para o indicador MP10 teve como base a constatação que o foco do problema em relação a esse poluente são as emissões indústrias em Cubatão, conforme item 5.3.4.1. Sem dúvida, esse indicador possui importância significativa no contexto desse estudo pois, além de estar acima dos padrões ao longo da série histórica de dados, está diretamente relacionado com os efeitos da introdução do GN como fonte de REs, como se observará mais adiante. A projeção desse indicador somente será realizada focando a substituição do coque pelo GN nos processos industriais, sem considerar, portanto, os efeitos decorrentes da substituição de outros recursos significativos pois os processos industriais são a principal fonte de emissão desse poluente e no entorno da estação de V. Parisi que existem os problemas de não cumprimento da legislação que devem ser tratados co prioridade. Vale ressaltar também que a significativa participação do coque na matriz energética da RMBS somada à atual condição de saturação da região com relação a esse poluente se torna uma excelente oportunidade atuação no contexto do presente estudo e deve ser abordada com maior detalhe. Para contextualizar a metodologia das projeções desse indicador é necessário avaliar os dados disponíveis sobre as emissões por empresa. A tabela abaixo apresenta o histórico de emissões sobre esse poluente. 148 Tabela 52 - Histórico de emissões por empresa de MP (ton) MP 2009 Empresa (ton) % Columbian Chemical do Brasil Ltda 26,0 0,8% USIMINAS (antiga COSIPA) 2001,4 62,2% Petrobras Distribuidora S/A - tecub Petrobras S/A - RPBC Petrocoque S.A - Industria e Comercio Ultrafértil Complexo Cubatao - CCB Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) Empresa Columbian Chemical do Brasil Ltda Companhia Siderurgica Paulista - COSIPA Copebrás Ltda Petrobras Distribuidora S/A - tecub Petrobras S/A - RPBC Petrocoque S.A - Industria e Comercio Ultrafértil Complexo Cubatao - CCB Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) Empresa Columbian Chemical do Brasil Ltda Companhia Siderurgica Paulista - COSIPA Copebrás Ltda Petrobras S/A - RPBC Petrobras Transportes S/A - Transpetro Petrocoque S.A - Industria e Comercio Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) Empresa Columbian Chemical do Brasil Ltda Companhia Siderurgica Paulista - COSIPA Petrobras S/A - RPBC Petrocoque S.A - Industria e Comercio Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) Empresa Columbian Chemical do Brasil Ltda Companhia Siderurgica Paulista - COSIPA Copebrás Ltda Petrobras S/A - RPBC Petrocoque S.A - Industria e Comercio 560,9 65,6 1,9 316,2 3,2 MP 2008 (ton) 23,5 4159,2 78,3 303,3 17,4% 2,0% 0,1% 9,8% 0,10% 59,1 2,9 356,8 5,16 MP 2007 (ton) 2498,5 431,2 1,1% 0,1% 6,9% 96,57% 102,5 356,6 3,7 MP 2006 (ton) 2825,0 2,8% 9,7% 92,09% 406,1 87,3 352,7 4,0 MP 2005 (ton) 18,3 2640,9 - 10,3% 2,2% 8,9% 92,9% 227,8 117,9 6,1% 3,2% % 0,5% 80,6% 1,5% 5,9% % 67,9% 11,7% % 71,5% % 0,5% 71,0% - 149 Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) Empresa Columbian Chemical do Brasil Ltda Companhia Siderurgica Paulista - COSIPA Copebrás Ltda Petrobras S/A - RPBC Petrocoque S.A - Industria e Comercio Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) Empresa Columbian Chemical do Brasil Ltda Companhia Siderurgica Paulista - COSIPA Copebrás Ltda Petrobras S/A - RPBC Petrocoque S.A - Industria e Comercio Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) Empresa Columbian Chemical do Brasil Ltda Companhia Siderurgica Paulista - COSIPA Petrobras S/A - RPBC Petrocoque S.A - Industria e Comercio Ultrafértil Complexo Piaçaguera - CPG Total (1000t/ano) 356,2 3,72 MP 2004 (ton) 18,3 2886,5 - 9,6% 90,4% 114,0 55,9 336,9 3,83 MP 2003 (ton) 10,5 3562,2 - 3,0% 1,5% 8,8% 89,1% 112,0 69,7 318,1 4,37 MP 2002 (ton) 5,1 5083,4 2,6% 1,6% 7,3% 93,2% 569,4 82,3 375,1 6,45 8,8% 1,3% 5,8% 94,8% % 0,5% 75,4% - % 0,2% 81,5% - % 0,1% 78,8% Como se pode observar a principal fonte desse poluente é a empresa USIMINAS (antiga COSIPA) que atua no ramo siderúrgico e é responsável pela produção de 4,5 milhões de toneladas/ano de aço líquido; mais de 10% de toda a indústria siderúrgica nacional. Ao longo de todos os anos da série de dados ela responde por mais de 70% da totalidade das emissões. Isso deve-se muito ao elevado uso do coque em seus processos. Na indústria siderúrgica integrada a coque, o material particulado é emitido para a atmosfera em praticamente todas suas unidades de processo de produção de aço. Na unidade de coqueificação ocorre o beneficiamento do carvão mineral para a obtenção de coque. O carvão é descarregado nos pátios de estocagem e empilhado através de equipamentos pesados. Normalmente, são estocadas quantidades além da produção para constituir reserva, em caso de interrupção no suprimento. Depois de retirado das pilhas, segue para a unidade de britagem e, após ser reduzido a uma granulometria adequada, é levado para os silos de estocagem. Os silos são dotados de mesas dosadoras que extraem a quantidade exata a ser depositada em correias transportadoras que, por sua vez, alimentam os moinhos de martelos. Novamente, o carvão é reduzido, antes de ser levado aos fornos de combustão. Os fornos de combustão de coque são constituídos de retortas de seção retangular, colocadas 150 lado a lado e intercaladas por câmaras de aquecimento, onde é queimado o gás produzido pela própria coqueria, denominado COG (gás de coqueria). O coque produzido é levado pelo carro de carregamento até a torre de extinção e é resfriado por jatos de água sob pressão. Após resfriamento, o coque é levado à unidade de britagem e peneiramento, onde é reduzido às condições ideais para ser utilizado no alto-forno. As emissões de material particulado na coqueria são em decorrência dessas etapas de manuseio, preparo de insumos e matérias-primas e, também, das etapas de enfornamento, desenfornamento e extinção de coque. Na sinterização, minério de ferro fino, finos de carvão e fundentes são aglomerados de forma adequada para o carregamento no alto-forno. A mistura é depositada em camadas sobre uma exaustor, fazendo com que a frente de combustão caminhe até a grelha. Com a queima são gerados gases e material particulado. O sínter formado é quebrado e resfriado, sendo transferido por correias transportadoras para a unidade de peneiramento, em que é reduzido e resfriado, sendo depois utilizado no alto-forno. No alto-forno, o minério é convertido em ferro-gusa. A redução dos óxidos de ferro ocorre a medida que o minério, o coque e os fundentes descem em contra-corrente aos gases gerados no próprio alto-forno e ao ar quente soprado nas ventaneiras. As emissões nas áreas de sinterização e de altos-fornos são também em decorrência das etapas de manuseio, preparo de insumos e matérias-primas. Nas aciarias ocorre a conversão do ferro-gusa em aço. Essa conversão se faz pelo carregamento da carga sólida, do ferro-gusa líquido e o sopro do oxigênio em um convertedor. Após as reações de oxidação, o aço é formado e é vazado nas lingoteiras, de onde segue para a unidade de resfriamento. Depois segue para a unidade de escarfagem (processo que consiste na retirada de um camada superficial das placas de aço, a fim de eliminar os defeitos). As emissões na unidade da aciaria ocorrem pela queima de combustível nos fornos de aquecimento, pelo processo de dessulfuração do ferro-gusa e na etapa de escarfagem. A queima de combustíveis utilizados nos fornos para aquecimento de placas das áreas de laminação a quente e a frio geram também particulados que têm grande facilidade de dispersão devido sua baixa densidade. Após diversas pesquisas em bibliografias constatou-se que atualmente já é possível tecnicamente substituir grande parte do coque em diversas etapas do processo pelo GN trazendo diversos benefícios. No caso da industria siderúrgica, o GN é um energético muito mais econômico. Não necessita estocagem, o que elimina despesas com fretes e custos associados à área física de armazenagem. Além disso, oferece maior segurança: por ser mais leve que o ar, dissipa-se rapidamente em caso de vazamento. Na fase de recuperação, reaquecimento e escarfagem de lingotes e tarugos, o gás natural também é muito utilizado e tem uma importância fundamental. O gás natural é utilizado nos principais equipamentos deste segmento: forno de fusão, de têmpera, de reaquecimento, 151 secadores, fornalhas e em caldeiras. Os fornos de fusão e de tratamento térmico, destinados ao aquecimento, respondem por grande consumo de energia no processo de fabricação do aço. O gás natural proporciona mais velocidade e homogeneidade no aquecimento, diminuindo o tempo de permanência nos fornos e, conseqüentemente, os custos. Com o uso do gás natural, a vida útil e a produtividade dos fornos de fusão e tratamento térmico também aumentam significativamente. O gás natural não contém contaminantes que atacam os refratários do forno, o que reduz a necessidade de paradas para manutenção. (COMGÁS). Inclusive, a USIMINAS começou a utilizar GN como fonte de energia para a área produtiva da usina siderúrgica de Ipatinga (MG). A companhia prevê uma economia inicial de R$ 40 milhões por ano com o novo sistema. O GN vai substituir o carvão coque em um alto forno e na área de aciaria da usina vai entrar no lugar do GLP. O forno consumirá 72 mil metros cúbicos diários e os planos da empresa prevêem aumento no consumo para até 120 mil metros cúbicos de GN. Segundo o site da USIMINAS, a partir de 2011 o GN será levado também para outras áreas da usina, em substituição total ao óleo combustível e para cobrir o déficit dos gases gerados no processo siderúrgico. Até meados de 2013, a companhia vai concluir obras para o uso do gás na área de laminação de tiras a quente, chapas grossas, áreas de recozimento e caldeiras e as duas linhas de galvanização. Por outro lado, sabe-se que os investimentos necessários para a adaptação dos processos e para distribuição e fornecimento do GN pesam negativamente na hora da decisão por parte das empresas e governantes e são os principais entraves para a expansão do GN. Para o cenário Gás Total, foi assumido que até 2040 metade do consumo de coque em toda a RMBS seria substituído por GN. Para o projeção considerou-se que essa substituição é referente somente a empresa USIMINAS, pois ela é o principal consumidor de coque e também fonte de emissão de MP10. A introdução do GN nesse contexto impacta diretamente sobre as emissões, pois o GN zera as emissões de MP referente a toda a parcela de coque que foi substituída. Desse modo, para as projeções das emissões aplicou-se as taxas de substituições do coque por GN (GN introd./coque inicial) nos dois cenários, como nas tabelas abaixo. Tabela 53 - Taxas de substituição do coque por GN - Tendencial GN Coque TOTAL (todos os REs) Tendencial (10³ Kcal) 2010 2020 2030 2040 5.760.625.371 7.726.702.958 9.011.274.264 10.605.414.659 10.117.459.572 11.544.210.400 13.172.159.751 15.029.680.376 28.416.890.737 35.009.756.427 43.403.910.975 56.784.518.881 Tendencial (%) 2010 2020 2030 2040 152 GN Coque TOTAL 20,27% 35,60% 100,00% Coque susbtituido por GN % (GN introd./coque inic.) 22,07% 32,97% 100,00% 20,76% 30,35% 100,00% 18,68% 26,47% 100,00% 0 -1.426.750.828 -3.054.700.179 -4.912.220.804 0,0% -14,1% -30,2% -48,6% Tabela 54 - Taxas de substituição do coque por GN - Gás Total Gas Total (10³ Kcal) 2010 2020 2030 2040 5.760.625.371 18.484.585.709 31.208.546.047 43.932.506.385 10.117.459.572 8.431.216.310 6.744.973.048 5.058.729.786 28.416.890.737 36.851.004.317 45.285.117.897 53.719.231.477 Gas Total (%) 2010 2020 2030 2040 20,27% 50,16% 68,92% 81,78% 35,60% 22,88% 14,89% 9,42% 100,00% 100,00% 100,00% 100,00% GN Coque TOTAL GN Coque TOTAL Coque susbtituido por GN % (GN introd./coque inic.) 0 0,0% 1.686.243.262 16,7% 3.372.486.524 33,3% 5.058.729.786 50,0% Essas taxas foram aplicadas para a projeção das emissões de MP pelas empresas considerando que a entrada proporcional do GN reduziria na mesma proporção as emissões de MP, pois retira a parcela de coque responsável pela emissão. Dessa forma, no ano de 2040 do cenário Gás Total, por exemplo, 50% de GN substitui o coque, portanto as emissões de MP são reduzidas em 50%. Abaixo são apresentados os resultados obtidos. Tabela 55 - Projeção das emissões de MP Tendencial Gás Total Ano Emissão Total de MP (ton/ano) Ano Emissão Total de MP (ton/ano) 2002 6450 2002 6450 2003 4370 2003 4370 2004 3830 2004 3830 2005 3720 2005 3720 2006 3950 2006 3950 2007 3680 2007 3680 2008 5160 2008 5160 2009 3220 2009 3220 2020 3670 2020 2682 2030 4192 2030 2157 153 2040 6229 2040 1610 Figura 82 - Projeção das emissões de MP Nesse ponto é muito importante ressaltar que essa análise está considerando que as emissões aumentam dessa forma pois se está analisando somente o efeito da introdução do GN e são desconsideradas outras medidas possíveis que reduzam as emissões de MP sem que o coque seja substituído, por exemplo. Essas medidas poderiam ser fruto de práticas mais eficientes com o uso de tecnologias mais avançadas e é natural inclusive que esse processo ocorra. Desse modo, no cenário tendencial, mesmo com o aumento do consumo de coque, é bem provável que as emissões de MP, na realidade, sejam reduzidas pela introdução de tecnologias menos poluentes, porém para o presente estudo julgou-se útil desconsiderar o efeito dessas alterações e focar na substituição do coque pelo GN nas condições atuais dos processos industriais. A partir das projeções de emissões buscou-se inferir a variação nas concentrações medidas nas estações de monitoramento. Conforme dito anteriormente a situação mais agravante encontra-se na região industrial (estação de V. Parisi), onde os dados das séries históricas sempre estão ultrapassando os padrões legais e, portanto, optou-se por projetar os dados da estação de V. Parisi. O método empregado foi primeiramente isolar os efeitos diretos das emissões industrias através da comparação entre os dados das estações de V. Parisi e Centro (em Cubatão). Com isso, buscou-se verificar a parcela relativa das concentrações que se referem diretamente às atividades industriais. Abaixo são apresentados o resultado dessa comparação. Tabela 56 - Cálculo para isolar as emissões industriais de MP10 Concentração de MP10 (µg/m3) 154 Estação 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Cubatão - Vila Parisi 94 104 91 93 99 108 99 68 Cubatão - Centro 34 33 33 36 37 32 29 Diferença Parisi-Centro 70 58 60 63 71 67 39 % MP Ind (Dif) - 67,31% 63,74% 64,52% 63,64% 65,74% 67,68% 57,35% A partir dessa porcentagem isolada das concentrações de MP10 devido às emissões industriais, foi possível fazer uma correlação com as projeções realizadas para as emissões nos dois cenários. Para isso, foi considerado novamente as taxas de substituição do coque por GN produzindo o efeito de zerar a parcela de MP nas concentrações, porém essas taxas só foram aplicadas sobre a porcentagem de MP industrial, isto é, sobre a média dos valores da última linha da Tabela 56 (64%), ou seja, uma parcela da concentração (36%) foi considerada que não sofre influência com essa substituição pois está associada a outras fontes de poluição não industrial (veículos automotores, poeira de rua ressuspensa, etc.). Abaixo são apresentados os resultados obtidos com esse cálculo. Figura 83 - Projeção das concentrações de MP10 em V. Parisi 5.9.3.2 PTS O cálculo para as projeções do indicador PTS seguiu a mesma metodologia descrita no item anterior. Abaixo são apresentados os resultados obtidos. 155 Figura 84 - Projeções das contrações de PTS em V. Parisi 5.9.3.3 CO2 A emissão de CO2, tem relação direta com a matriz energética utilizada, uma vez que o uso de combustíveis fosseis. Através do Balanço Energético do Estado de São Paulo, chegou-se à emissão aproximada para o cenário tendencial seguindo a projeção histórica: Tabela 57 - Emissão de CO2 - Cenário Tendencial Emissão Total de CO2 - t^6/ano 2010 3,10 2015 3,18 Tendencial 2020 2025 3,30 3,41 2030 3,52 2035 3,63 2040 3,74 Tabela 58 - Emissão de CO2 - Cenário de Gás Total Emissão Total de CO2 - t^6/ano 2010 3,10 2015 3,33 2020 3,55 Gás Total 2025 3,77 2030 3,95 2035 4,26 2040 4,41 O aumento da emissão de CO2 no cenário Gás Total, se da principalmente pela substituição do etanol pelo gás natural, uma vez quem o etanol possui um ciclo de carbono mais eficiente devido sua captura nas plantações. Outro grande responsável pela emissão de CO2 é a utilização do gás natural para produção de energia elétrica, pois o Brasil possui um sistema de produção de energia elétrica com grande parcela de energia hidrelétrica, o que contribui para que o pais tenha um baixo índice de emissão de CO2. A seguir, se tem um comparativo entre os cenários Tendencial e Gás Total: 156 Figura 85 - Projeções do indicador CO2 5.9.4 Meio Aquático Os indicadores do meio aquático selecionados como vigilantes foram IQA IVA Porcentagem de praias próprias o ano inteiro Os três indicadores apresentados para o Meio Aquático tem relação direta com a disposição do efluente doméstico da Região da Baixada Santista. Para se determinar o cenário tendencial para estes indicadores, consultou-se o Plano de Bacia Hidrográfica para o Quadriênio 2008-2011 do Comitê da Bacia Hidrográfica da Baixada Santista. Conforme apresentado no plano, a RBS trata cem por cento do esgoto coletado desde o ano de 2004 nas nove cidades pertencentes à região: 157 Tabela 59 - Projeção das taxas de coleta de esgoto por município Porém, no mesmo plano é demonstrado que para o ano de 2007, o índice de coleta de esgotos não é tão efetivo quanto o tratamento, como se vê na tabela abaixo: Tabela 60 - Projeção dos índices de coleta de esgoto Devido esta relação direta entre os indicadores do Meio Aquático e os efluentes, projetou-se os indicadores para o cenário tendencial com uma melhoria notável entre os anos de 2010 e 2020. Este aumento se dá pelo tratamento de cem por cento do esgoto coletado e pelo aumento no índice de coleta de esgotos, como demonstrado pelo próprio Plano da Bacia Hidrográfica como demonstrado pela tabela anterior. Outra fonte que confirma e especifica os investimentos no saneamento da região é o Programa Onda Limpa, que aborda a forma como serão realizados os investimentos em infraestrutura para se alcançar o índice de noventa e cinco por cento de coleta apresentado pelo plano da bacia. Conforme afirmado anteriormente, a melhoria nos indicadores se dá principalmente entre o período de 2010 a 2020, quando se tem grandes investimentos na taxa de 158 coleta de esgotos, chegando ao índice de noventa e cinco por cento do esgoto coletado e tratado no ano de 2020. Através dos parâmetros monitorados em cada um dos indicadores, conclui-se que ocorrerá pouca ou nenhuma diferença entre o cenário Gás Total e o cenário Tendencial, por se tratar de um indicador com efeitos indiretos pelo gás total. Portanto, para os indicadores Índice de Qualidade das Águas, Índice de Qualidade e Proteção da Vida Aquática e Índice de Balneabilidade, para o cenário Gás Total, adota-se o mesmo comportamento que o cenário Tendencial. A seguir são apresentadas as projeções desses indicadores. 5.9.4.1 IQA Tabela 61 - Projeção do IQA IQA 2010 59 2015 76 Tendencial e Gás Total 2020 2025 2030 83 86,5 86,5 Figura 86 - Projeção do IQA 2035 87,5 2040 88,8 159 5.9.4.2 IVA Tabela 62 - Projeção do IVA IVA 2010 5 2015 3,6 Tendencial e Gás Total 2020 2025 2030 2,5 2,1 1,8 2035 1,6 2040 1,6 Figura 87 - Projeção do IVA 5.9.4.3 Porcentagem de praias próprias o ano inteiro Tabela 63 - Projeção da % de praias próprias o ano inteiro Porcentagem de Praias Próprias o ano todo Bertioga Guarujá Santos São Vicente Praia Grande Mongaguá Itanhaém Peruíbe MÉDIA Tendencial e Gás Total 2010 2015 2020 2025 2030 2035 2040 98% 90% 56% 44% 55% 73% 79% 82% 72% 99% 94% 76% 69% 75% 83% 84% 89% 84% 99% 97% 94% 94% 91% 91% 89% 95% 94% 100% 98% 95% 95% 93% 93% 93% 96% 95% 100% 98% 96% 96% 94% 94% 94% 97% 96% 100% 98% 97% 97% 96% 96% 96% 98% 97% 100% 99% 98% 98% 97% 97% 97% 99% 98% 160 Figura 88 - Projeção da % de praias próprias o ano inteiro 161 6 CONCLUSÕES O modelamento do mapeamento energo-ambiental permitiu a compilação de informações sistematizadas acerca do meio ambiente regional que caracterizam a RMBS nos meios aéreo, terrestre, aquático e antrópico para o momento presente do tempo e a determinação, baseada em consulta aos valores normativos e/ou recomendados, de aspectos ambientais que se encontram em estado de alerta. Após delimitar os cenários energéticos de referência e os principais indicadores que podem ser influenciados através da introdução do GN como fonte de REs para a RMBS, foi possível realizar as projeções num horizonte de 30 anos. Os indicadores que foram projetados, apresentados sistematizados a partir dos meios definidos foram: Meio Antrópico: Rendimento médio nos vínculos empregatícios Nível de atendimento do sistema público de coleta de esgoto Frota de automóveis Meio Tererestre: Áreas contaminadas Número de áreas críticas Meio Aéreo: MP10 PTS CO2 Meio Aquático IQA IVA Porcentagem de praias próprias o ano inteiro Com a projeção, foi possível caracterizar alguns efeitos principais sobre as condições ambientais da RMBS advindos da introdução do GN do Pré-Sal como fonte potencial de REs para a região. Pode-se encarar o trabalho desenvolvido como a aplicação, de forma adaptada ao escopo do trabalho, da metodologia do Planejamento Integrado de Recursos Energéticos – PIR na USP. Em nosso trabalho não se utilizou a Metodologia referida para a confecção de um Plano Integrado de Recursos Energéticos para a região, nem a construção de uma Carteira de recursos, bem como não se utilizou de ferramentas que comparam diferentes fontes energéticas ou que minimizem o grau de incerteza, visto que foram comparados diferentes recursos da mesma fonte energética. Desse forma, dado o caráter relativo e simplificado do estudo, o mesmo se mostrou suficiente, fazendo-se desnecessária a análise em termos absolutos. 162 Da mesma forma, dado o grau de simplificação do estudo, apesar de sua abrangência temporal e espacial, e dado o reduzido tempo de construção desse trabalho, não foram utilizados softwares para projeções, análise de dispersão,etc., bem como não foi realizada uma análise de sensibilidade adequada ao estudo. Assim, pode-se considerar esse estudo como os primeiros esforços no sentido da construção de uma visão holística, amparada pela Metodologia do PIR, da RMBS frente à exploração dos REs energéticos do GN no Pré-Sal, seus efeitos, suas potencialidades, etc. Por ser um trabalho de graduação, e mesmo, acreditamos nós, dado que o problema que foi abordado pelo trabalho estar numa escala que demanda esforços de diferentes profissionais numa grande equipe, como a maioria dos trabalhos em engenharia ambiental, encontramos muita dificuldade em lidar com o volume de dados, análises e aspectos de planejamento a serem considerados no trabalho, fazendo com que algumas inseguranças aparecessem quando das projeções dos vigilantes para o REs da região. Mesmo assim consideramos que o trabalho contribuiu de forma significativa para exemplificar como a Metodologia utilizada pode ser empregada de forma satisfatória em análises ambientais de pequeno ou grande relevo nacional, como é o caso do Pré-Sal. O presente trabalho, como exposto acima, portanto, abre espaço para um estudo mais aprofundando do comportamento das variáveis ambientais frente à utilização do Gás Natural do Pré-Sal como recurso energético na RMBS, com o auxílio de softwares para as projeções, o que possibilitaria a projeção de maior quantidade de indicadores – vigilantes. Isso propiciaria uma visão mais ampla dos efeitos da utilização do energético na região, bem como possibilitaria a utilização do recurso num possível processo de planejamento integrado de recursos energéticos para a região. 163 REFERÊNCIAS AUSTRALIA. 1975. Environmental Protection and Biodiversity Conservation Act. BERNAL, J. L. de O. 2009. Cenários sócio-econômicos visando a previsão de demanda no contexto do PIR para a RAA. BERNAL, Jonathas L. de O. Plano Preferencial Integrado de Recursos Energéticos (RELOs e RELDs) no PIR da RAA RTC/PIRnaUSP-No412, 2010. BEZERRA, Maria do Carmo de Lima. 1996. 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