Banas Qualidade
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Ano XXV | Março de 2016 | Edição 284 Sustentabilidade: sem ela não há futuro para a sobrevivência da humanidade RECURSOS HUMANOS Cristo, o grande comunicador METROLOGIA A incerteza da medição em atividades do setor eletrotécnico Edição n 284 - Março de 2016 - 1 Os valores-p não me assustam. Análise de Dados Destemida Analisar dados com o Minitab Statistical Software é fácil e agora Minitab 17 está disponível em Português. Um Assistente integrado guia você durante todo o processo, desde a escolha da ferramenta correta até a realização da sua análise e interpretação dos seus resultados. Você conhece o seu negócio. 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Telefone: +55(11) 3742.4838 [email protected] Assinaturas Telefone: +55(11) 9915.8240 [email protected] Assinatura digital Anual (12 edições) : R$ 140,00 Bianual (24 edições) : R$190,00 A Revista Banas Qualidade - DIGITAL é publicada pela Quality Innovation Estratégia Empresarial Ltda. com sede em São Paulo/SP Brasil. A publicação não se responsabiliza pelas opiniões e conceitos aqui emitidos por seus articulistas e colunistas. ISSN - 1676-7845 Ano XXV - Edição 284 Março de 2016 Crise: aumento do descomunal dos spammers e o desespero das pessoas na internet por um emprego D uas coisas notadas na internet durante essa crise criada por pessoas incompetentes na gestão do Brasil: o desespero dos brasileiros em conseguir um emprego nas redes sociais e dos spammers que aumentam o envio de e-mails maliciosos com uma quantidade de erros que faz a gente dar risadas. Os que querem emprego colocam seus telefones celulares, seus e-mails para empresas sem a mínima dignidade para arrumar um emprego para elas. Uma exposição pessoal bastante preocupante. Para quem não sabe, os spammers são os que praticam o spam, ou seja, enviam diversos e-mails ou qualquer outro tipo de mensagem para diversas pessoas que, na maioria das vezes, contêm um vírus do tipo keylogger. O objetivo dos spammers é disseminar malwares a fim de criar botnets, que são redes de computadores zumbis. Com isso, eles poderão enviar ainda mais spam para mais usuários, além é claro de obter diversas senhas e contas das vítimas. Deve-se pensar nisso como uma praga, que vai se multiplicando, como a dengue, aids, etc. Cada computador infectado envia a dezenas de novas pessoas os spam e até mesmo para os contatos pessoais desse usuário. Se o livro depois de mais de 500 anos não conseguiu ajudar os seres humanos a melhorar em suas relações conflituosas, imagine a internet: 1.500 anos a 2.000 anos. O motivo para a atual crise no Brasil foge da questão econômica e passa pela questão de credibilidade do governo que parece sofrer de uma doença que não o deixa falar a verdade. Uma recomendação é que todas as empresas devem se preparar para tempos difíceis. Mas, momentos de crise podem ser épocas de grandes oportunidades de negócios. Agregar valor aos serviços oferecidos aos clientes ou dar um salto de qualidade em uma ou mais características do produto ou serviço que de fato são relevantes para a sua escolha. Agregar valor depende de pesquisas para detectar as necessidades dos clientes, no desenvolvimento de tecnologias e nas formas de administrar mais eficazes. Em outras palavras, para agregar valor, deve-se ter um olho no cliente e outro na inovação. Se você tiver uma igreja, não vai ter problemas. Com a crise, a procura dos clientes será maior. Basta prometer a solução das suas dificuldades e um pouquinho da água do rio onde Jesus foi batizado para a cura de tudo (que pode ser da Cantareira mesmo), que o dízimo não vai parar de pingar. Hayrton R. do Prado Filho [email protected] Edição n 284 - Março de 2016 - 3 Sumário 03 EDITORIAL 04 SUMÁRIO 06 INSIDE Por dentro da notícia 10 SEIS SIGMA Como selecionar projetos Lean Seis Sigma 12 GESTÃO Gerenciamento de projrtos: Pré-requisitos e estágio evolutivo 16 GERENCIAMENTO Inovação & Liderança 20 RECURSOS HUMANOS Cristo, o grande comunicador 24 MASP Monitorar é bom, medir é melhor 26 PELO MUNDO Notícias de Qualidade 28 CASE Mill | SI automatiza processos e reduz em 7,8 mil horas treinamentos Normativos 4 - Revista BQ - Banas Qualidade 32 AUTOMATIZAÇÃO O que é a industria 4.0 e como ela vai impactar o mundo 38 CAPA Sustentabilidade: Sem ela não há futuro para a sobrevivência da Humanidade 54 QUALIDADE As latas de aço para embalagens de produtos 60 FERRAMENTAS Sistemas de Gestão da Qualidade II 64 RISCOS O cumprimento das normas técnicas evita acidentes com caldeiras 70 NORMALIZAÇÃO A Importância da NBR 7199 para evitar acidentes fatais com portas de vidro 76 METROLOGIA A incerteza da medição em atividades do setor eletrotécnico 86 NORMAS Por dentro das normas brasileiras 91 CARTAS Publicações Exclusivas Ano XXV | Março de 2016 | Edição 284 Sustentabilidade: sem ela não há futuro para a sobrevivência da humanidade RECURSOS HUMANOS Cristo, o grande comunicador METROLOGIA A incerteza da medição em atividades do setor eletrotécnico www.banasqualidade.com.br www.revistanormas.com.br Nós levamos a informação onde elaEdição precisa estar. n 284 - Março de 2016 - 5 Publicações com consulta aberta - clique na capa Em plataforma digital interativa Inside - inside - inside - inside - inside - inside Dispositivos móveis que se conectam à rede Wi-Fi sem bateria Peças de cerâmica resistentes ao calor agora podem ser impressas em 3D A promessa de fabricação aditiva ou impressão 3D, uma forma mais rápida e barata de fabricar peças customizáveis – é limitado pela variedade de materiais para impressão, que até agora incluiu principalmente polímeros e alguns metais. Agora nós podemos adicionar cerâmica, uma importante classe de materiais cuja alta resistência a estresse, calor, degradação química e atrito os torna atraentes para uso nas forças armadas e na indústria aeroespacial para tudo, desde peças externas de um avião exterior a pequenos componentes para foguetes. http://www.technologyreview.com.br/read_ article.aspx?id=48971 Um novo tipo de dispositivo móvel sem fio não tem bateria nem outra forma de armazenamento de energia, mas ainda pode enviar dados através da rede Wi-Fi. Estes protótipos, desenvolvidos por pesquisadores da Universidade de Washington, conseguem toda a energia de que precisam, fazendo uso de sinais de Wi-Fi, TV, rádio e de celular que já estão no ar. A tecnologia poderia libertar engenheiros para estender seus tentáculos de Internet e computadores a cantos do mundo que não atingem atualmente. Dispositivos sem bateria que podem se comunicar poderiam tornar muito mais fácil e barato de implantar sensores amplamente dentro das casas para assumir o controle de aquecedores e outros serviços. http://www.technologyreview.com.br/read_ article.aspx?id=48497 Energia Solar, e Algum Lugar para Armazená-la http://www.technologyreview.com.br/read_article.aspx?id=47126 6 - Revista BQ - Banas Qualidade - inside - inside- inside - inside - inside - inside Vidro flexível poderia trazer de volta o telefone flip Dispositivos médicos começar um tratamento de qualidade Qualidade e segurança não são negociáveis na indústria de dispositivos médicos. A ISO 13485: 2016, dispositivos médicos - Sistemas de gestão da qualidade - Requisitos para fins regulamentares, tem a intenção de ajudar a manter esse nível de qualidade até zero. Esta norma que define os requisitos para um sistema de gestão de qualidade específica para a indústria de dispositivos médicos, foi recentemente revista para responder aos mais recentes desenvolvimentos em gestão da qualidade, tecnologia e requisitos regulamentares que se relacionam com esta indústria. Um dispositivo médico é um produto destinado a utilização no diagnóstico, prevenção e tratamento de condições médicas. Eles vão desde produtos simples, como curativos para cadeiras de dentista, pacers cardíacos, máquinas de suporte de vida e até mesmo em reagentes para diagnóstico in vitro. Melhorias na nova versão do padrão incluem o alargamento da sua aplicabilidade para incluir todas as organizações envolvidas no ciclo de vida do produto, desde o conceito até o fim da vida, maior alinhamento com os requisitos regulamentares e de um maior enfoque na vigilância pós-mercado, incluindo tratamento de reclamações. Há também uma maior ênfase em ter a infra-estrutura adequada, em especial para a produção de dispositivos médicos esterilizados, e mais foco na gestão de riscos. http://www.iso.org/ iso/home/news_index/news_archive/news. htm?refid=Ref2046 Imagine um telefone flip que cabe no seu bolso, mas abre para revelar uma tela de tamanho da de um tablet. Vidraceiros já estão fabricando vidro que se curva que é mais fino do que um cabelo humano e dizem que o vidro dobrável está chegando. O fábrica alemã Schott está agora fabricando vidro ultrafino, forte e liso em larga escala. O primeiro produto voltado para o consumidor a utilizar o novo vidro da Schott no sensor de impressão digital é um smartphone feito pela LeTV, uma grande empresa de streaming de vídeo da China. Os representantes da empresa esperam que essa e outras aplicações de nicho vai dar ao novo material um ponto de apoio, enquanto designers industriais brincam com ele. Rüdiger Sprengard, diretor de desenvolvimento de negócios para o vidro ultrafino na Schott em Mainz, Alemanha, diz que a empresa pode agora fabricar vidro flexível continuamente em folhas de quilômetros de extensão. http://www.technologyreview.com.br/read_ article.aspx?id=49519 Edição n 284 - Março de 2016 - 7 Inside - inside - inside - inside - inside - inside Revisão da terminologia comum para a gestão de segurança da informação Toda a informação detida e processada por uma organização está sujeita aos riscos de Proteção do Consumidor com a marca do Inmetro :. O presidente do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), Luís Fernando Panelli Cesar, assinou na última quinta-feira (03/03), em Brasília, acordo de cooperação técnica com a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon), visando ampliar os mecanismos de proteção ao consumidor e aumentar a competitividade da indústria nacional. É a primeira vez que a Senacon poderá contar com o apoio técnico e científico do Inmetro para embasar as decisões que impactam a segurança e a saúde do consumidor, como os anúncios de recall em produtos, por exemplo. “Nossa intenção é oferecer todo o suporte de que a Senacon precisar, usando nosso aparato laboratorial e humano de ponta para avaliar produtos e situações que possam colocar em risco a segurança do cidadão brasileiro ou prejudicar a nossa indústria. O Inmetro não possui competência legal para determinar um recall de produtos, por isso vamos municiar a Senacon com estas informações técnicas, caso identifiquemos riscos”, resume Panelli ataque, erro e de desastres naturais e outras vulnerabilidades inerentes à sua utilização. A segurança da informação é portanto, o cerne das atividades de uma organização e centra-se 8 - Revista BQ - Banas Qualidade na informação que é considerado um "ativo" valioso que necessita de proteção adequada, por exemplo, contra a perda de disponibilidade, confidencialidade e integridade. A família de normas relativas a sistemas de gestão de segurança da informação (ISMS) permite que as organizações desenvolvam e implementem uma estrutura robusta para gerenciar a segurança de seus ativos de informações, incluindo dados financeiros, propriedade intelectual, detalhes do empregado, e informações de outra forma que lhes são confiadas por clientes ou terceiros . A recentemente revisão da norma ISO / IEC 27000: 2016, Tecnologia da informação Técnicas de segurança - Sistemas de informação de segurança de gestão - Visão geral e vocabulário, dá uma visão abrangente dos sistemas de gestão de segurança da informação cobertos pela família ISMS de normas e define os termos e definições relacionadas. Proteger os ativos de informação através da definição, alcançar, manter e melhorar os níveis de segurança é essencial para uma organização para cumprir os seus objetivos e reforçar a sua conformidade legal e imagem. As atividades coordenadas necessárias para direcionar a implementação de controles adequados e mitigar os riscos de segurança da informação inaceitáveis são parte do que é conhecido como gestão de segurança da informação. http://www.iso.org/iso/home/news_index/ news_archive/news.htm?refid=Ref2048 - inside - inside- inside - inside - inside - inside Canudos com padronização Colorido, funcional e divertido, crianças e adultos adoram usá-los. Bilhões de canudinhos são produzidas a cada ano; No entanto, apesar de seu uso em todo o mundo, de plástico (polipropileno), nunca tinham sido objeto de normas e especificações. A ISO publicou recentemente a norma ISO 18188: 2016 Especificação de canudos de polipropileno, que irá fornecer requisitos gerais para dimensões e propriedades de desempenho dos canudos de plástico. Isso vai ajudar os fabricantes a produzirem produtos de qualidade consistente. As primeiras pessoas a usar canudos teriam sido os sumérios no quarto milênio AC, provavelmente para beber cerveja. Alguns canudos foram feitos de ouro A ISO 45001 sobre a saúde e segurança no trabalho foi aprovada A nova norma ISO 45001, um dos muito padrões esperados no mundo para a saúde e segurança no trabalho (SST) ocupacional, foi aprovada como um Projeto de Norma Internacional. A cada 15 segundos, um trabalhador morre de um acidente de trabalho ou doença, e 153 pessoas experimentam uma lesão relacionada ao trabalho. Eles representam um enorme fardo para as organizações e sociedade como um todo, custando mais de 2,3 milhões de mortes por ano, para não mencionar os mais de 300 milhões de acidentes não fatais. Agora, com a norma ISO 45001 na fase de Projeto de Norma Internacional (DIS), o mundo está a um passo de um conjunto robusto e eficaz de processos para melhorar a segurança com as preciosas lapis- lazuli (pedra azul), outros foram feitos de papel ou grama. Hoje, os canudos são feitos de plástico e são usados para beber diferentes tipos de bebidas. A norma especifica que o plástico deve estar em conformidade com os requisitos de contato com os alimentos do mercado. Os canudos de plástico tem que mostrar a sua resistência a temperaturas quentes e frias e dobrar sem ruptura. http:// www.iso.org/iso/ home/news_index/ news_archive/ news.htm?refid=Ref2047 no trabalho nas cadeias de fornecimento globais. Projetada para ajudar as organizações de todos os tamanhos e indústrias, a futura norma é esperada para reduzir acidentes de trabalho e doenças em todo o mundo. Mais de 70 países estão diretamente envolvidos na criação deste importante documento. A norma é baseada nos elementos comuns encontrados em todas as normas de sistemas de gestão da ISO, garantindo um elevado nível de compatibilidade com as novas versões do ISO 9001 e ISO 14001. Ela usa um modelo simples Plan-DoCheck-Act (PDCA), que fornece um quadro para as organizações se planejarem a fim de minimizarem o risco de danos. http://www.iso. org/iso/home/news_index/news_archive/news. htm?refid=Ref2012 Edição n 284 - Março de 2016 - 9 Seis Sigma Como selecionar projetos Lean Seis Sigma A seleção correta de projetos é um dos fatores primordiais para a garantia da sustentabilidade do Lean Seis Sigma nas organizações. A definição dos projetos é uma das atividades mais importantes do processo de implementação do Lean Seis Sigma. Projetos bem selecionados conduzirão a resultados rápidos e significativos e, consequentemente, contribuirão para o sucesso e a consolidação do Lean Seis Sigma na empresa. Por outro lado, projetos inadequados implicarão em ausência ou atraso de resultados e frustração de todos os envolvidos, o que poderá determinar o fracasso do programa na organização. As principais características que um bom projeto Lean Seis Sigma deve apresentar são: 1. Forte contribuição para 10 - Revista BQ - Banas Qualidade o alcance das metas estratégicas da empresa. 2. Grande colaboração para o aumento da satisfação dos clientes/consumidores. 3. Chance elevada de conclusão dentro do prazo estabelecido. 4. Grande impacto para a melhoria da performance da organização (ganho mínimo de 50% em qualidade, ganho financeiro mínimo relevante para o porte e tipo de negócio da empresa, desenvolvimento de novos produtos ou novos processos, por exemplo). 5. Quantificação precisa, por meio do emprego de métricas apropriadas, dos resultados que devem ser alcançados no projeto. 6. Elevado patrocínio por parte da alta administração da empresa e dos demais gestores envolvidos. Durante a fase de treinamento, o desempenho do candidato a Black Belt ou a Green Belt no desenvolvimento desses projetos será avaliado para balizar a decisão quanto à certificação, ou não, de cada candidato. Os potenciais projetos Lean Seis Sigma podem ser obtidos através das seguintes fontes: A Indicadores referentes a desperdícios, tais como índices de refugo e retrabalho (hidden factory), e índices de produtividade. B C Problemas referentes à qualidade dos produtos. Custos que exercem um alto impacto no orçamento da empresa. D Reclamações, sugestões e resultados de pesquisas realizadas junto a clientes/ consumidores. E Reclamações, sugestões e resultados de pesquisas realizadas junto aos empregados da empresa. F G Resultados de estudos de benchmarking. Resultados de pesquisas sobre tendências de mercado e estratégias ou habilidades dos concorrentes. H I Extensões de projetos em andamento. Oportunidades para melhoria de produtos ou processos com elevado volume de produção, para os quais pequenas melhorias implicam expressivos ganhos financeiros. J Oportunidades identificadas a partir do uso do Mapeamento do Fluxo de Valor (Value Stream Mapping – VSM). O erro mais frequentemente cometido na seleção de projetos consiste na escolha de um problema muito complexo como um único projeto Lean Seis Sigma, que é alocado a uma única equipe. Um projeto Lean Seis Sigma deve ter complexidade suficiente para que seja significativo para a empresa, mas não deve ser tão complexo que não possa ser concluído em um período de quatro a seis meses (Green Belt) ou de cinco a oito meses (Black Belt). Se, no estágio inicial de desenvolvimento, o projeto se mostrar muito amplo (ou muito simples), o escopo do trabalho deverá ser imediatamente alterado. Um projeto muito amplo poderá ser desdobrado em diversos projetos menores, que poderão ser desenvolvidos por outros candidatos a Black ou Green Belts. Ou seja, é importante estabelecer metas ambiciosas, mas atingíveis, para os projetos Seis Sigma. Se as metas forem extremamente agressivas, as equipes tenderão a pular etapas do método na tentativa de atingir o resultado no prazo estabelecido, o que poderá comprometer o sucesso do projeto. Para finalizar, ressaltamos que o objetivo de se alcançarem elevados ganhos financeiros por meio dos projetos é muito positivo, mas também é importante que a empresa perceba que o retorno financeiro no curto prazo é apenas uma parte dos ganhos resultantes do Lean Seis Sigma. Projetos que resultem em conhecimentos para o fortalecimento da competitividade da organização e de sua imagem no mercado podem ter retorno financeiro mais demorado, mas são extremamente importantes sob o ponto de vista estratégico e também devem ser valorizados. Cristina Werkema é proprietária e diretora do Grupo Werkema e autora das obras da Série Seis Sigma Criando a Cultura Lean Seis Sigma, Design for Lean Six Sigma: Ferramentas Básicas Usadas nas Etapas D e M do DMADV, Lean Seis Sigma: Introdução às Ferramentas do Lean Manufacturing, Avaliação de Sistemas de Medição, Perguntas e Respostas Sobre o Lean Seis Sigma, Métodos PDCA e DMAIC e Suas Ferramentas Analíticas, Inferência Estatística: Como Estabelecer Conclusões com Confiança no Giro do PDCA e DMAIC e Ferramentas Estatísticas Básicas do Lean Seis Sigma Integradas ao PDCA e DMAIC, além de oito livros sobre estatística aplicada à gestão empresarial, área na qual atua há mais de vinte anos. cristina@werkemaconsultores. com.br. Edição n 284 - Março de 2016 - 11 Gerenciamento de Projetos: pré-requisitos e estágios evolutivos 12 - Revista BQ - Banas Qualidade Gestão Conheça algumas dicas práticas sobre como melhorar a eficácia no gerenciamento de projetos de melhoria, a partir da consideração de três prérequisitos básicos e da observação de quatro estágios evolutivos. Por Eduardo Moura Q uando uma empresa qualquer se engaja em esforços de melhoria, sejam estes definidos a partir de um planejamento estratégico ou como parte da implementação de iniciativas de desenvolvimento organizacional, tais como TOC (Teoria das Restrições), Lean, Seis Sigma ou Gestão por Processos, fica evidente a necessidade de gerenciar os vários projetos mais eficazmente (sem mencionar aquelas empresas cujo próprio negócio são projetos). Diante dessa premente necessidade, muitas organizações buscam avidamente a solução na metodologia tradicional de Gerenciamento de Projetos. Mas, muitas fracassam, porque em tal intento dão um passo maior do que a perna e acabam sofrendo uma “distensão”, já que seu nível de maturidade organizacional não lhes permite saltar de uma situação quase caótica diretamente a um sonhado paraíso de ordem e harmonia operacional. Entretanto, mesmo em empresas que já têm o PMO (“Project Management Office”) instituído e capitaneado por PMPs (“Project Management Professionals”), e apesar das cautelosas e detalhadas práticas de análise de risco, é muito comum observar três sintomas clássicos, em suas diferentes combinações: os projetos atrasam, o orçamento fica curto e a qualidade final dos entregáveis deixa a desejar. Portanto, apesar de que existam muitas coisas boas a resgatar no PMBOK (“Project Management Body of Knowledge”), o fato é que 60 anos de práticas tradicionais de Gerenciamento de Projetos não ajudaram a eliminar ou reduzir substancialmente aqueles sintomas negativos. Diante disto, e longe de considerar-me especialista no assunto, permito-me transmitir ao leitor algumas dicas práticas sobre como melhorar a eficácia no gerenciamento de projetos de melhoria, a partir da consideração de três pré-requisitos básicos e da observação de quatro estágios evolutivos. O primeiro pré-requisito é simplesmente atentar para algo óbvio: a expressão “gerenciamento de projetos” implica não apenas a gestão interna de cada projeto individual, mas principalmente a existência efetiva de uma gerência, isto é, alguém ou uma equipe com autoridade e visão geral dos vários projetos, tratando de assegurar que os mesmos formem um todo harmonioso que aponte para o objetivo global da organização. Isto é óbvio porém não trivial, já que a realidade na maioria das organizações revela uma “gerência” apenas nominal, a qual se limita a atribuir líderes para cada projeto e a cobrar os resultados finais (o que está bem distante de merecer o nome de gestão). O segundo pré-requisito é consequência imediata do primeiro e consiste em estabelecer claramente uma ordem de prioridade para os diferentes projetos, a qual considere tanto o impacto relativo dos mesmos como também a sequência lógica de execução da cadeia de projetos, tendo em vista o objetivo global que se busca. Não estabelecer claramente u Edição n 284 - Março de 2016 - 13 a prioridade de cada projeto significa abraçar a crença irracional de que os recursos disponíveis para os mesmos têm capacidade infinita. E parece que, lá no fundinho, a alta gerência adota a premissa tácita de que seu pessoal sempre oculta uma “reserva de energia” e que, além do mais, Murphy não existe. Tal conduta negligente acaba decretando o atraso de vários projetos, com o agravante de que tais atrasos ocorrem de maneira aleatória, ao sabor dos acontecimentos, e sem qualquer critério lógico. Porque afinal se tudo é 14 - Revista BQ - Banas Qualidade urgente, na prática nada é urgente. Portanto, todo projeto deve receber uma ordem de prioridade, e nenhum projeto deveria somar-se aos que já estão em andamento sem que sua prioridade relativa seja atribuída (com os correspondentes ajustes na execução dos que passam a ter menor prioridade). O terceiro pré-requisito é realizar o acompanhamento frequente, sistemático e disciplinado não apenas da execução de cada projeto, mas principalmente do avanço global de toda a cadeia de projetos. Isso também é consequência dos prérequisitos anteriores, porque se não existe um organismo de gestão global dos projetos e se os mesmos não têm prioridade relativa, então o que resta é apenas esperar passivamente que as coisas aconteçam. Mas, se existe um senso claro de relevância e prioridade, então naturalmente nos preocupamos em acompanhar o progresso das atividades e em detectar e tratar as inevitáveis dificuldades de implementação, pois compreendemos que os resultados que buscamos dependem crucialmente de tal acompanhamento dinâmico. Eduardo Moura é diretor da Qualiplus Excelência Empresarial – [email protected] Edição n 284 - Março de 2016 - 15 o ã ç a v o In e a ç n a r e d i L Inovar não é, necessariamente, adotar tecnologias novas. Inovar é se adaptar continuamente ao mercado. O Gerenciamento da Inovação consta de sistemas, organizações, processos, operações, métodos e técnicas para se projetar produtos e seus processos em função das necessidades das pessoas (qualidade, preço e disponibilidade). 16 - Revista BQ - Banas Qualidade Gerenciamento Por Vicente Falconi A s estatísticas mostram que poucas empresas permanecem vivas por um período muito prolongado. A maioria acaba morrendo ou se enfraquecendo, sendo comprada ou fundindo-se a outras. Por que isto ocorre? As organizações são estabelecidas para satisfazer às necessidades do mercado (como o mercado é formado por pessoas, isto significa “necessidades das pessoas”) por meio de seus produtos. Acontece que estas necessidades mudam no tempo, surgem outros produtos melhores e mais baratos para atender às mesmas necessidades, mudam os costumes, novas matérias primas são desenvolvidas propiciando menores preços, novas tecnologias de fabricação possibilitam melhor qualidade de produto e custo menor, novas tecnologias de gerenciamento permitem ganhos ilimitados de produtividade, surgem novos regulamentos governamentais etc. O cenário externo muda constantemente e o razoável seria que o ambiente interno das organizações fosse muito dinâmico para se adaptar e não morrer. Isto nem sempre é a verdade. Nós criamos organizações (empresas ou departamentos da mesma) para determinados fins. Muitas vezes os fins se tornam desnecessários e as organizações permanecem. Outras vezes as organizações são estruturadas desconhecendo os processos de criação de valor. Criam-se hierarquias verticais fragmentando o trabalho e inibindo as iniciativas com consequente perda de eficácia e de agilidade no processo decisório. O Gerenciamento da Inovação consta de sistemas, organizações, processos, operações, métodos e técnicas para se projetar produtos e seus processos em função das necessidades das pessoas (qualidade, preço e disponibilidade). Uma maneira de inovar é desenvolver um novo produto (e um novo processo) para algum nicho de mercado ainda não satisfeito. O Gerenciamento da Inovação é ainda o questionamento constante dos produtos existentes (externos e internos) e seus respectivos processos dentro da empresa. Neste caso, quando se deseja inovar a primeira pergunta a ser feita é: o produto ainda é necessário? Este produto pode ser um treinamento, uma fatura, um relatório financeiro ou a limpeza de uma sala. Se o produto é desnecessário, elimina-se o produto e o seu processo! Se o produto for ainda necessário, pode-se reprojetar o processo, tendo em vista as novas tecnologias e novos conhecimentos, com ganhos substanciais. Tenho visto, em algumas empresas, departamentos inteiros serem simplesmente eliminados. O processo de Inovação depende em muito da sensibilidade quanto às necessidades do mercado e de se estar disposto a mudar constantemente o seu processo para atender a estas necessidades mutantes. Produto excelente hoje (rentabilidade elevada) pode ser commodity (rentabilidade baixa) ou produto desnecessário amanhã. Pela minha experiência, a maioria das organizações nem mesmo conhece seus produtos internos e externos! Conheci empresas que mantiveram, durante anos, toda uma linha de produtos que apresentava prejuízo, sem que nada fosse percebido. “Não há como inovar produto ou processo sem sentir o mercado ” Certas instituições mantidas pelo Estado não se inovam ou custam a inovar porque não têm a sua sobrevivência dependente do mercado. Da mesma forma, regimes políticos dissociados da economia de mercado estão fadados ao fracasso pela ausência do fator motivador da Inovação das organizações: a preferência das pessoas! u Edição n 284 - Março de 2016 - 17 Liderança - Inovação e Liderança - Inovação e Liderança - Inovação e Liderança - Inovação e Liderança - Inovação e Liderança - Inovação Inovar não necessariamente, tecnologias novas. é, adotar “continuamente Inovar é se adaptar ao mercado produzindo um produto (bem ou serviço), em condições de qualidade, preço e disponibilidade que supere os concorrentes na preferência das pessoas. ” No entanto, o aparecimento de novas tecnologias pode provocar inovações em cadeia. É este, por exemplo, o caso da Internet e as várias possibilidades que são abertas ao comércio entre empresas e entre estas e seus clientes. Temos realizado junto a algumas empresas um trabalho de Gerenciamento da Inovação que está na fronteira do que se faz de moderno no mundo. As economias para as empresas tem sido da ordem de 40% de seus custos! Este Gerenciamento da Inovação se inicia pelo questionamento da missão da própria empresa, da estratégia, dos valores, dos processos internos e das necessidades de seu mercado. A mudança deve ser a constante dentro de uma organização. Uma posição de competitividade hoje pode ser a condição de morte amanhã. Sem mudanças constantes não existe a sobrevivência. Por outro lado, apesar do 18 - Revista BQ - Banas Qualidade conhecimento existente e disponível, as organizações definham e morrem porque nós, seres humanos, somos arraigados à rotina e muito conservadores (às vezes disfarçados por palavras e comportamentos aparentemente modernos). Além disto, muitos de nós somos doentiamente receosos de mudanças que ameacem a nossa estabilidade pessoal e emocional. Como consultores empresariais são, essencialmente, agentes de mudança, sentimos na pele, em nosso dia a dia de trabalho, a reação patológica de rejeição de algumas pessoas emocionalmente despreparadas para o mundo atual e que pelo seu comportamento trazem um grande prejuízo à sua empresa e ao seu país. Mudar é muito difícil e a presença de um líder é da mais alta importância para que isto possa acontecer. O líder dá, àquelas pessoas resistentes, a segurança necessária no difícil processo de mudança. Temos visto empresas, e até mesmo países, irem de mal a pior pela falta de um líder. Acontece que aqui, mais uma vez, entra a variabilidade do fator humano. Existem vários tipos de líderes, alguns nem sempre positivos. Conheço alguns que são apegados ao poder a tal ponto que passam a maior parte de seu tempo maquinando condições para fortalecê-lo. No entanto, conheço outros, verdadeiros estadistas estratégicos, que exercem o poder de olho no mercado e no futuro, arregimentando pessoas excepcionais, desenvolvendo sua equipe e tomando as ações necessárias, a cada momento, para a sobrevivência de sua empresa. Procurando um resumo de tudo que aprendi em minha vida, na pratica, no dia a dia junto às empresas, sei que existem três fatores que são vitais para a sobrevivência de uma organização: conhecimento gerencial (sistemas, organizações, processos, operações, metas, métodos e ferramentas de análise), conhecimento técnico (conhecimento de seu trabalho, ciência e tecnologia) e liderança (tudo que é relacionado ao ser humano na organização). No entanto, este último é a condição limitante, pois os outros nem ao menos serão absorvidos sem que haja uma firme liderança que saiba o que deseja. O verdadeiro líder é precioso como um diamante. A sobrevivência das organizações depende da Inovação constante dos sistemas empresariais comandada por estas pedras raras e preciosas. Como é difícil encontrá-las! Vicente Falconi é sócio fundador e presidente do Conselho de Administração da Falconi Consultores de Resultado, e membro da Academia Brasileira da Qualidade (ABQ). Edição n 284 - Março de 2016 - 19 Cristo, o grande comunicador Como repassar conhecimentos, verdades espirituais e conceitos de difícil compreensão em uma época onde as pessoas ignoravam e eram alheias a respeito de suas origens e heranças espirituais? 20 - Revista BQ - Banas Qualidade Recursos Humanos Por Ernesto Berg C onheço pessoalmente alguns dos maiores empresários e executivos de nosso país. Um ponto em comum a quase todos eles reside na sua grande capacidade de comunicação, de saber vender ideias e, também, de ouvir às pessoas. Por igual, tenho visto essas mesmas características em bons gerentes, supervisores e pessoal técnico. É de admirar como essas pessoas conseguem obter resultados incomuns de pessoas comuns, muitas vezes dando ênfase em alguns pontos da comunicação. Peter Drucker, o papa da administração moderna, afirmava que 60% dos problemas administrativos das empresas são frutos da má comunicação. Como todo grande empreendedor e líder, Cristo fazia da comunicação um de seus alicerces. Comunicação ampla, em todos os sentidos, porque ele não apenas comunicavase com as massas, como também com seus discípulos e, sobretudo, com Deus, fonte de toda sua sustentação e poder. Jesus comunicava-se exemplarmente no três níveis: intrapessoal (consigo mesmo), interpessoal (com as pessoas) e suprapessoal (com Deus). 1 Comunicação Intrapessoal: Consciência plena de sua missão. No aspecto intrapessoal, Jesus tinha total consciência de sua missão na Terra. “Eu vim para que tenham vida e a tenham com abundância”. u Edição n 284 - Março de 2016 - 21 (João 10.10b). A vida a que ele se refere é a capacidade de restaurar e revivificar o corpo, mente e espírito do ser humano e torná-lo consciente de sua verdadeira natureza: um ser criado à imagem e semelhança de Deus (Gênesis 1.27). As pessoas de sua época encontravam-se narcotizadas e hipnotizadas pelas aparências do mundo físico (e atualmente ainda muito mais) ignorando as suas verdadeiras origens. Para trazer vida a alguém é necessário, primeiramente, ter vida para dar, o que se consegue somente pelo autoconhecimento e pelo conhecimento de sua missão. Cristo tinha plena consciência dessa missão, conforme evidencia esta passagem, ao ler na sinagoga, perante os sacerdotes, a seguinte passagem do livro de Isaías: “O Espírito do Senhor é sobre mim, pois que me ungiu para evangelizar os pobres, envioume a curar os quebrantados do coração, a apregoar liberdade aos cativos, a dar vista aos cegos, a pôr em liberdade os oprimidos, a anunciar o ano 22 - Revista BQ - Banas Qualidade aceitável do Senhor.” (Lucas 4.18 e 19). Na continuação Jesus afirma: “Hoje se cumpriu esta Escritura”. (Lucas 4.21). Ele estava perfeitamente alinhado com a sua missão e não tinha conflitos pessoais a respeito. O ego – fonte de tantos desatinos e descaminhos -, na pessoa de Cristo, estava sob total domínio do espírito que vivifica. 2 Comunicação Interpessoal: Diálogo e interação com a multidão Entende-se por comunicação interpessoal a capacidade de comunicar-se, de dialogar e de entender aos outros, bem como a de fazer-se compreender. Jesus foi mestre consumado neste quesito. Sabia o que interessava às pessoas, do que elas necessitavam e como transmitir-lhes as mensagens. Como repassar conhecimentos, verdades espirituais e conceitos de difícil compreensão em uma época onde as pessoas ignoravam e eram alheias a respeito de suas origens e heranças espirituais? Cristo, como ninguém, até hoje, encontrou a resposta a essas questões, utilizando um instrumento simples, mas muito eficaz: a parábola. Desse modo, conceitos da mais elevada estatura espiritual eram transmitidos de maneira tão simples que até mesmo uma criança seria capaz de entendê-los. “E com muitas parábolas lhes dirigia a palavra, segundo o que podiam compreender.” (Marcos 4.33) “Outrossim, o Reino dos céus é semelhante ao homem negociante que busca boas pérolas; e encontrando uma pérola de grande valor, foi, vendeu tudo quanto tinha e comprou-a.” (Mateus 13.45) Um verdadeiro empreendedor empenha tudo o que tem para adquirir o que tem valor. Os grandes empresários (me refiro aos éticos e honestos) conhecem bem essa situação. Pagam o preço por algo que vale a pena. É por isso que são bemsucedidos também em outras áreas de suas vidas. No plano espiritual dá-se o mesmo. O Reino dos céus é o Reino de Deus, a pérola de grande valor é a verdade espiritual que liberta e dá poder a quem se coloca sob a guarda desse reino (Deus), desde que venda tudo o que tem em troca da pérola, isto é, desde que se livre de suas limitações, seu egoísmo e suas fraquezas. Não é uma troca justa? Só que a maioria prefere não fazer essa permuta, esse “negócio da China”, e escolhe continuar com os seus bens nutridos egos, em vez de adquirir a pérola de grande valor. Contudo, não só por parábolas, mas também através de perguntas socráticas Jesus revelava sua sabedoria: “Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou que dará o homem em recompensa da sua alma?” (Mateus 16.26). Pergunta bem incomodativa, não é? Jesus coloca a resposta no âmago de cada um e, com isso, provoca um autoexame de sua conduta no mundo. Ele sabia que através de perguntas ele estaria forçando o interlocutor a pensar numa resposta e a procurar uma solução para a indagação. Ele sabia fazer boas perguntas e as utilizava frequentemente. Nos meus tempos de gerente do Serpro, em Brasília, conheci Rodolfo Rocha, um simpático e competente consultor de empresas de São Paulo, que revelava muita habilidade para encontrar soluções. E a forma pela qual ele achava as soluções era através de “boas perguntas”, dizia ele. “Se você fizer as perguntas certas, as respostas aos problemas surgirão automaticamente”, costumava afirmar. “O negócio é fazer boas perguntas”, arrematava. Outra pergunta socrática de Jesus, agora ao seu discípulo Felipe, diante da multidão no deserto que veio para ouvi-lo e estava esfomeada: “Onde compraremos pão, para estes comerem?” (João 6.5b). Ele sabia que naquele lugar desabitado não haveria como adquirir alimento. A pergunta foi feita para espicaçar. Jesus instigava seus discípulos, para testá-los. “Que resposta me darão?”, deve ter pensado. “Será que eles entenderam o motivo da pergunta e quem eu sou? Pois se não souberem como poderão levar a minha mensagem adiante, no futuro? De que forma se comunicarão com as pessoas se permanecer o vácuo da ignorância em suas almas?” Cristo mesmo respondeu à sua pergunta realizando o milagre da multiplicação dos pães e peixes. O maior momento de comunicação de Cristo com a multidão aconteceu no Sermão da Montanha, sobre o qual falarei em outro artigo. 3 Comunicação Suprapessoal Trata-se da comunicação com Deus, nosso criador. Aqui, novamente, Cristo dá exemplos repetidos em sua vida, da íntima comunhão que privava com o Pai Celestial. Encontrava-se alinhado com Ele 24 horas por dia. O canal de comunicação entre ambos era inteiramente desimpedido e desbloqueado, daí advém o poder e a autoridade de Cristo. Era uma conexão tão íntima, a ponto de afirmar: “Eu e o Pai somos um”. (João 10.30). Afirmação arrogante ou presunçosa? Certamente não, pois a sua vontade não estava contaminada pelo ego, mas provinha de Deus: “Na verdade vos digo que o Filho (Jesus) por si mesmo não pode fazer coisa alguma, se o não vir fazer ao Pai, porquanto tudo que ele faz, o Filho o faz igualmente.” (João 5.19) É o triunfo de Deus sobre o ego limitante do ser humano. Como estabelecer esta comunicação? Jesus deixa tácito que ele é o caminho – a comunicação mesma -, e que a conexão com Deus é estabelecida e alavancada principalmente de três maneiras: a oração, a meditação na Palavra e o louvor. Ernesto Berg é consultor de empresas, professor, palestrante, articulista, autor de 15 livros, especialista em desenvolvimento organizacional, negociação, gestão do tempo, criatividade na tomada de decisão, administração de conflitos – berg@ quebrandobarreiras.com.br Edição n 284 - Março de 2016 - 23 MASP Monitorar é bom, medir é melhor T odos desejam melhorias. Algumas são fáceis de obter. Outras, mais difíceis. O MASP é um método de resolução para aqueles problemas que, de tão confusos, não sabemos nem por onde começar. Como não existe método milagroso, os grupos de melhoria precisam ser monitorados para que aumentem sua chance de atingir seu objetivo, seja ele de resolver o problema ou aprender, como ocorre nos Círculos de Controle da Qualidade (CCQs). Algumas empresas são pouco atentas a essa necessidade e isso mina as chances de sucesso. Outras optam por um modelo de monitoramento qualitativo, baseado no simples acompanhamento e indagações esporádicas do tipo “como vai indo o trabalho?”. Isso é bom e pode dar resultado em 24 - Revista BQ - Banas Qualidade grupos iniciantes. No entanto, uma alternativa, mais eficaz e alinhada com os princípios que regem a resolução sistemática de problemas, seria a adoção de um modelo objetivo de gerenciamento de grupos de melhoria e CCQs, baseado sobre indicadores quantitativos. As vantagens dessa abordagem é que a informação baseada em fatos e dados facilita a análise, a comparação e a tomada de decisão, além de simplificar a implantação. Isso adquire uma importância ainda maior quando a empresa possui muitos grupos de melhoria ativos. Seria praticamente impossível analisar o desempenho de dezenas ou centenas de projetos de maneira qualitativa e descritiva. Existem diversas formas de classificar indicadores. As mais comuns dizem respeito organização causal, classificandoos entre indicadores de causa ou de efeito. Desejamos o resultado (efeito) e, para isso, controlamos aquilo que leva a ele (causas). Uma segunda tipologia distribui as variáveis entre resultados (eficácia) e recursos empregados (eficiência). Ainda outra, classifica segundo a natureza das variáveis, subdividindo-as em Quantidade, Qualidade, Custo, Prazo, Satisfação. Dessa forma, se um grupo de melhoria conseguir obter um conjunto de resultados positivos, por esses critérios, então se pode dizer que foi um projeto bem sucedido. A maioria deles devem ser implementados pelos grupos de melhoria e CCQs. Os últimos, de abrangência e de retorno do programa, são de responsabilidade dos responsáveis do programa de melhoria. Alguns possuem uma importância maior e, por isso, deveriam ser escolhidos com maior prioridade. A lista não esgota as possibilidades e uma boa escolha pode definir a qualidade do gerenciamento em si. Recomenda-se a elaboração de um detalhamento sobre o procedimento para coletar dados, calcular, apresentar, analisar cada um deles. Os indicadores devem ser utilizados para gerenciamento periódico dos grupos de melhoria durante o desenvolvimento do projeto e a tempo para a correção de rumos como provisão de orientação, instrução ou apoio, para que o trabalho evolua de forma satisfatória. Como já dizia Deming, os melhores esforços não bastam. É preciso trabalho árduo, persistência e gestão para o que sucesso seja alcançado. Os ganhos, tanto em resultados quanto em aprendizado em gestão, justificam múltiplas vezes todo e qualquer esforço empreendido. Claudemir Y. Oribe: mestre em administração de empresas PUC Minas/Fundação Dom Cabral, sócio consultor da Qualypro, [email protected] Edição n 284 - Março de 2016 - 25 Pelo Mundo ISO 31000 - Gestão de Riscos Um guia prático para as PMEs Queda na economia do Brasil De acordo com os dados da pesquisa Indicadores SebraeSP, as micro e pequenas empresas tiveram uma queda de R$ 100 milhões no ano passado, comparando com 2014. A desaceleração da economia e a queda no consumo das famílias contribuíram para este resultado ruim. O faturamento da indústria em 2015 caiu mais de 10%, o do comércio 13,2% e o dos serviços ficou 16,9% menor. No Grande ABC, a queda foi de 16,2% e na Região Metropolitana de São Paulo, a perda ficou em 15,7%. No interior, o recuo chegou a 12,9%. A maioria dos donos de MPEs esperam estabilidade no faturamento para os próximos seis meses. http://economia.uol.com.br/ empreendedorismo/noticias/ redacao/2016/02/11/com-crisemicro-e-pequenas-empresasde-sp-faturam-r-100-bi-amenos-no-ano.htm 26 - Revista BQ - Banas Qualidade Estabelecer um compromisso para melhor compreensão e gestão do risco é fundamental para ajudar as PMEs a sobreviverem e crescerem de forma sustentável. Desta forma, um novo manual foi publicado para ajudar as PMEs de forma proativa, preparar para o risco e proteger seus negócios. A ISO 31000 - Gestão de Riscos - Um guia prático para as PMEs dá orientação prática sobre como aproveitar ao máximo a ISO 31000:2009, sobre os processos de gestão de riscos e integrar as boas práticas em suas decisões estratégicas. Ele é estruturado como uma lista com uma série de perguntas e ações que orientam os usuários através da criação de um sistema de gestão de riscos bem sucedida. http://www.iso.org/iso/home/ news_index/news_archive/ news.htm?refid=Ref2034 Acordo internacional de redução de emissões de carbono na aviação No Dia 08 de fevereiro no Canadá, foi estabelecido um acordo de reduções de emissões de dióxido de carbono para a aviação comercial pelos países participantes da Organização da Aviação Civil Internacional (Icao). O acordo também estabeleceu o fim da produção, em 2028, de todas as aeronaves que não cumprirem os padrões. É esperado que após a implementação do acordo, reduzam as emissões de carbono em mais de 650 milhões de toneladas entre 2020 e 2040. http://noticias. ambientebrasil.com.br/ clipping/2016/02/10/123173acordo-internacionalpreve-padrao-de-reducaode-emissoes-na-aviacao. html Prêmio Nacional da Qualidade 2015 Malcolm Baldrige Quatro organizações foram nomeadas destinatários do Prêmio Nacional da Qualidade 2015 Malcolm Baldrige. São eles: • MidwayUSA, Columbia (categoria pequena empresa). • Charter School de San Diego (categoria educação). • Sistema de Saúde Charleston Area Medical Center, Charleston (categoria cuidados de saúde). • Mid-America serviços de transplante, St. Louis (categoria sem fins lucrativos). O Prêmio Baldrige 2015 será apresentado em uma cerimônia durante a busca pela excelência em Abril, em Baltimore. http://tinyurl.com/2015-baldrige-recipients ISO 14644-1:2015 A ISO tem uma série de normas dedicadas às salas limpas, descrevendo as práticas e procedimentos necessários para gerir o risco de contaminação. As normas ISO 14644-1:2015 Classificação da Limpeza do Ar e ISO 14644-2:2015 - Especificações para ensaio e monitoramento de salas limpas para provar contínua conformidade com a 14644-1 foram atualizadas com os últimos desenvolvimentos tecnológicos e exigências do mercado. http://www.iso. org/iso/home/news_index/ news_archive/news. htm?refid=Ref2041 Estudos de caso O Centro de Conhecimento da ASQ (American Society for Quality) lançou dois novos estudos de caso. Um descreve como um hospital em New Hampshire usa gráficos de controle como parte de sua filosofia de melhoria contínua. Mais informações: http:// tinyurl.com/asq-case-studyhealthcare. O outro estudo narra como o Six Sigma foi usado para gerenciar e controlar projetos dentro do departamento de desenvolvimento da juventude do YMCA e ajudou a melhorar a cultura do acampamento de verão da organização. http://tinyurl. com/asq-ymca-case-study Brasileiros no ranking de cientistas mais influentes do mundo De acordo com o levantamento publicado pela editora Thomson Reuters “As mentes científicas mais influentes do mundo 2015, quatro pesquisadores brasileiros fazem parte do ranking que conta com aproximadamente 3 mil nomes, são eles: Ado Jorio, da área de Física da Universidade Federal de Minas Gerais; Adriano Nunes-Nesi, da Universidade Federal de Viçosa (Ciências das Plantas e dos Animais); Álvaro Avezum, do Instituto de Cardiologia Dante Pazzanese (Medicina Clínica); e Paulo Artaxo, do Departamento de Física da Universidade de São Paulo (Geociências). O critério para a criação desta lista foi a análise dos artigos científicos mais citados no período entre 2003 e 2013, em 21 áreas do conhecimento, sendo 9 milhões de pesquisadores contabilizados. http://www. periodicos.capes.gov.br/ Inovação na Cadeia de Suprimentos De acordo com um recente relatório de pesquisa da ASQ (American for Quality) chamado "Inovação e Qualidade andam de mãos dadas”, para criar uma cultura de inovação e rentabilidade, a organização deve entender a demanda de seus clientes, desenvolver o interesse em fazer as coisas de forma diferente e implementar novas e comprovadas ideias alinhadas com a organização.O relatório foi lançado com um estudo sobre as cadeias de fornecimento e indicadoreschave de desempenho. A pesquisa examina o estado da qualidade e melhoria contínua em todo o mundo, oferecendo às organizações insights sobre as falhas e oportunidades. O relatório completo “Global State of Quality 2 Research”, que inclui dados quantitativos e qualitativos, será apresentado em Maio na Conferência Mundial ASQ sobre Qualidade e Melhoria em Milwaukee. www.quality.org Jeannette Galbinski: Doutora em Engenharia de Produção pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Master of Science em Qualidade e Confiabilidade pelo Technion Institute of Technology. Graduada em Estatística pela USP, com especialização em Administração Industrial pela FundaçãoVanzolini. Master Black Belt e consultora internacional especialista na implementação de Ferramentas e Sistemas da Qualidade e projetos de Seis Sigma. Edição n 284 - Março de 2016 - 27 Mills|Si automatiza processos e reduz em 7,8 mil horas treinamentos normativos 28 - Revista BQ - Banas Qualidade Case A Ferramenta aumentou eficiência e organização da companhia que oferece soluções completas para serviços industriais Mills Serviços Industriais (Mills|Si), empresa do segmento de manutenção industrial, com sede no Rio de Janeiro e que conta com 1,4 mil funcionários espalhados em 7 filiais distribuídas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul, automatizou seus processos com uma solução para Gestão de Processos de Negócio (BPM) e reduziu a necessidade de treinamentos normativos em cerca 7,8 mil horas. Além disso, a ferramenta centralizou o fluxo de informações em um único sistema, eliminando retrabalhos, aumentando o controle, a eficiência e padronizando ações. A Mills|Si presta serviços de acesso para manutenção de plantas industriais, pintura industrial, tratamento de superfície, isolamento térmico e câmara pressurizada, com soluções que oferecem praticidade, aliando produtividade e conservação ambiental. Em 2013 atingiu receita líquida de R$ 225,3 milhões e EBITDA de R$ 28,1 milhões, quando foi adquirida pelo grupo Leblon Equities. Fim das planilhas e redução do Volume de Emails De acordo com o diretor presidente da Mills|Si, Túlio Cintra, o controle de documentos utilizado desde a implantação da certificação ISO 9001, em 2009, era realizado através de planilhas paralelas, o que deixava a empresa vulnerável quanto a distribuição e controle das informações. “Não tínhamos todas as informações da companhia armazenadas em apenas um espaço, o que tornava comum a troca de e-mails pesados e repetitivos. A solução para Gestão de Processos de Negócio, SoftExpert BPM, nos ajudou a sermos mais eficientes e organizados. Também conseguimos abolir o uso de controles em diferentes softwares para publicação de importantes indicadores”, revela Cintra. Fim das rotinas manuais, mídias físicas e obsolescência O armazenamento das informações era realizado em pastas físicas ou com a distribuição de mídia eletrônica para as obras, aumentando as chances de ocorrências de documentos/ formulários desatualizados ou até mesmo obsoletos. “O SoftExpert BPM colocou a Mills|Si em um outro patamar de gestão, devido a facilidade oriunda da informatização de rotinas que anteriormente eram realizadas de forma manual, além de nos permitir infinitas alternativas de soluções relacionadas a automatização dos nossos processos”, avalia o gerente de Planejamento da empresa Alan Soares. “O acesso web, sem dúvida, é um diferencial para disponibilização dos documentos de forma rápida”, complementa. A implantação atendeu a todos os requisitos de necessidade demandados e superou todas expectativas de qualidade e velocidade dos serviços entregues, destacou Soares. Com a implantação dos componentes SE Process e SE Workflow, foi possível automatizar os procedimentos de adiantamento e reembolso financeiro, aumentando a velocidade das aprovações. Para os colaboradores que se encontram em obras distantes das filiais, por exemplo, o envio era realizado por malotes. Segundo o Orçamentista da companhia, Bruno Lisboa, também foi possível extrair relatórios instantâneos sobre o volume financeiro em posse dos colaboradores, além da análise do cumprimento dos prazos de prestação de contas estabelecidos pelo procedimento interno. “A implantação dos u Edição n 284 - Março de 2016 - 29 módulos do SoftExpert BPM para a Mills|Si trouxe uma integração imensurável aos elementos gerenciais da empresa. Os controles ficaram mais organizados e foram estruturados de forma a facilitar a gestão de indicadores existentes e originar novos KPIs que hoje se tornaram indispensáveis para as atividades. Outra conquista notável foi à contribuição que o sistema proporcionou ao elevar a rastreabilidade das informações, tornando a empresa muito mais ágil nas tomadas de decisão”, ressalta Lisboa. O controle de vencimentos da ferramenta para Gestão de Documentos e Registros da SoftExpert, SE Document, permitiu reduzir em 7.800 horas a quantidade de treinamentos normativos refeitos devidos a ausência de controle dos certificados. Além disso, a empresa padronizou documentos, realizando o controle de revisão com a manutenção do histórico via sistema, bem como o monitoramento do fluxo de aprovação. A geração da codificação proposta permite a identificação rápida e eficiente da documentação. Com isso, conta Renata Cidreira, engenheira de Qualidade da empresa, o monitoramento das projeções de resultado é feito semanal, mensal e trimestralmente sem a necessidade de consolidação de diversas planilhas eletrônicas, ficando essa informação disponível continuamente no “dashboard” da diretoria. “Nosso controle de documentos ficou muito mais confiável e ágil, garantido o controle das revisões e assegurando a estrutura de aprovação”, avalia Renata. A companhia já projeta expandir as ações adotando a solução de Gestão da Manutenção de Ativos, SE Maintenance, e futuramente para o SoftExpert Excellence Suite (SE Suite), plataforma integrada de soluções corporativas para a excelência na gestão, aprimoramento de processos e conformidade regulamentar. Uma boa informação é a essência da percepção da necessidade onde a expectativa foi atingida. SISTEMA INTERATIVO PESQUISA DE QUALIDADE REDES TRANSMISSÃO VIA INTERNET WEBCASTING APLICATIVOS TRADUÇÃO SIMULTÂNEA 30 - Revista BQ - Banas Qualidade 55 11 3959-1199 [email protected] | avsc.com.br TÉCNICOS CERTIFICADOS INTERNACIONALMENTE Qualidade para nós é uma arte Levando a informação onde ela precisa estar Edição n 284 - Março de 2016 - 31 O que é a indústria 4.0 e como ela vai impactar o mundo 32 - Revista BQ - Banas Qualidade Automatização O termo indústria 4.0 se originou a partir de um projeto de estratégias do governo alemão voltadas à tecnologia Por Cristiano Bertulucci Silveira e Guilherme Cano Lopes A indústria 4.0 é um conceito de indústria proposto recentemente e que engloba as principais inovações tecnológicas dos campos de automação, controle e tecnologia da informação, aplicadas aos processos de manufatura. A partir de Sistemas Cyber-Físicos, Internet das Coisas e Internet dos Serviços, os processos de produção tendem a se tornar cada vez mais eficientes, autônomos e customizáveis. Isso significa um novo período no contexto das grandes revoluções industriais. Com as fábricas inteligentes, diversas mudanças ocorrerão na forma em que os produtos serão manufaturados, causando impactos em diversos setores do mercado. O termo indústria 4.0 se originou a partir de um projeto de estratégias do governo alemão voltadas à tecnologia. O termo foi usado pela primeira vez na Feira de Hannover em 2011. Em Outubro de 2012 o grupo responsável pelo projeto, ministrado por Siegfried Dais (Robert Bosch GmbH) e Kagermann(acatech) apresentou um relatório de recomendações para o governo federal alemão, a fim de planejar sua implantação. Então, em Abril de 2013 foi publicado na mesma feira um trabalho final sobre o desenvolvimento da indústria 4.0. Seu fundamento básico implica que conectando máquinas, sistemas e ativos, as empresas poderão criar redes inteligentes ao longo de toda a cadeia de valor que podem controlar os módulos da produção de forma autônoma. Ou seja, as fábricas inteligentes terão a capacidade e autonomia para agendar manutenções, prever falhas nos processos e se adaptar aos requisitos e mudanças não planejadas na produção. Existem seis princípios para o desenvolvimento e implantação da indústria 4.0, que definem os sistemas de produção inteligentes que tendem a surgir nos próximos anos. São eles: • Capacidade de operação em tempo real: Consiste na aquisição e tratamento de dados de forma praticamente instantânea, permitindo a tomada de decisões em tempo real. • Virtualização: Simulações já são utilizadas atualmente, u Edição n 284 - Março de 2016 - 33 1ª Revolução Industrial 2ª Revolução Industrial 3ª Revolução Industrial 4ª Revolução Industrial Aprimoramento das máquinas a vapor, criação do tear mecânico. Utilização do aço, da energia elétrica, motores elétricos e dos combustíveis derivados do petróleo Avanço da eletrônica, sistemas computadorizados e robóticos para manufatura Sistemas Cyber-Físicos, aplicação as “Internet das Coisas” e processos de manufatura descentralizados 1780 1870 • assim como sistemas supervisórios. No entanto, a Indústria 4.0 propõe a existência de uma cópia virtual das fabricas inteligentes. Permitindo a rastreabilidade e monitoramento remoto de todos os processos por meio dos inúmeros sensores espalhados ao longo da planta. 34 - Revista BQ - Banas Qualidade 1970 • Descentralização: A tomada de decisões poderá ser feita pelo sistema cyberfísico de acordo com as necessidades da produção em tempo real. Além disso, as máquinas não apenas receberão comandos, mas poderão fornecer informações sobre seu ciclo de trabalho. Logo, os módulos da fabrica inteligente trabalharão de forma descentralizada a fim de aprimorar os processos de produção. Hoje • Orientação a serviços: Utilização de arquiteturas de software orientadas a serviços aliado ao conceito de Internet of Services. • Modularidade: Produção de acordo com a demanda, acoplamento e desacoplamento de módulos na produção. O que oferece flexibilidade para alterar as tarefas das máquinas facilmente. Com base nos princípios acima, a indústria 4.0 é uma realidade que se torna possível devido aos avanços tecnológicos da última década, aliados às tecnologias em desenvolvimento nos campos de tecnologia da informação e engenharia. As mais relevantes são: • Internet das coisas (Internet of Things – IoT): Consiste na conexão em rede de objetos físicos, ambientes, veículos e máquinas por meio de dispositivos eletrônicos embarcados que permitem a coleta e troca de dados. Sistemas que funcionam a base da Internet das Coisas e são dotados de sensores e atuadores são denominados de sistemas Cyber-físicos, e são a base da Indústria 4.0. • Big Data Analytics: São estruturas de dados muito extensas e complexas que utilizam novas abordagens para a captura, análise e gerenciamento de informações. Aplicada à indústria 4.0, a tecnologia de Big Data consiste em 6Cs para lidar com informações relevantes: Conexão (à rede industrial, sensores e CLPs), Cloud (nuvem/ dados por demanda), Cyber (modelo e memória), Conteúdo, Comunidade (compartilhamento das informações) e Customização (personalização e valores). • Segurança: Um dos principais desafios para o sucesso da quarta revolução industrial está na segurança e robustez dos sistemas de informação. Problemas como falhas de transmissão na comunicação máquinamáquina, ou até mesmo eventuais “engasgos” do sistema, podem causar transtornos na produção. Com toda essa conectividade, também serão necessários sistemas que protejam o knowhow da companhia, contido nos arquivos de controle dos processos. Além destas tecnologias, outros dispositivos terão um papel importante na indústria 4.0. Como a tecnologia RFID, que vem ganhando espaço com os sistemas de rastreabilidade industrial, e os módulos IOLink. Esses módulos possuem endereço IP próprio, com conexões diretas de alto e baixo nível. Portanto, descentralizam e organizam a rede de sensores e demais componentes. Com o processo de modularidade da indústria 4.0, aliado à crescente quantidade de sensores que serão utilizados nas fábricas inteligentes, os módulos u Edição n 284 - Março de 2016 - 35 IO-Link desenvolvimento de sistemas Cyber-físicos para fábricas inteligentes. Conforme o avanço das tecnologias aqui citadas, a tendência é que em um futuro próximo as fábricas se adequem ao conceito de indústria 4.0, tornandose altamente autônomas e eficientes. Um dos maiores impactos causados pela indústria 4.0 será uma mudança que afetará o mercado como um todo. Consiste na criação de novos modelos de negócios. Em um mercado cada vez mais exigente, muitas empresas já procuram integrar ao produto necessidades e preferências específicas de cada cliente. A customização prévia do produto por parte dos 36 - Revista BQ - Banas Qualidade consumidores tende a ser uma variável a mais no processo de manufatura, mas as fábricas inteligentes serão capazes de levar a personalização de cada cliente em consideração, se adaptando às preferências. Outro ponto que será abalado pela quarta revolução industrial será a pesquisa e desenvolvimento nos campos de segurança em T.I., confiabilidade da produção e interação máquina-máquina. A tecnologia deverá se desenvolver continuamente para tornar viável a adaptação de empresas a este novo padrão de indústria que está surgindo. Os profissionais também precisarão se adaptar, pois com fábricas ainda mais automatizadas novas demandas surgirão enquanto algumas deixarão de existir. Os trabalhos manuais e repetitivos já vem sendo substituídos por mão de obra automatizada, e com indústria 4.0 isso tende a continuar. Por outro lado, as demandas em pesquisa e desenvolvimento o f e r e c e r ã o oportunidades para profissionais t e c n i c a m e n t e capacitados, com formação multidisciplinar para compreender e trabalhar com a variedade de tecnologia que compõe uma fábrica inteligente. Cristiano Bertulucci Silveira é engenheiro eletricista pela Unesp com MBA em Gestão de Projetos pela FVG e certificado pelo PMI. Atuou em gestão de ativos e gestão de projetos em grandes empresas como CBA-Votorantim Metais, Siemens e Votorantim Cimentos. Atualmente é diretor de projetos da Citisystems – cristiano@ citisystems.com.br – Skype: cristianociti; e Guilherme Cano Lopes é estudante de engenharia de controle e automação pela Unesp e técnico em mecatrônica pela ETEc Getúlio Vargas. Durante a faculdade foi bolsista de iniciação científica e membro da equipe de pesquisa em robótica móvel da UNESP, participando em competições como a Robocup. Atualmente é estagiário na empresa Citisystems. Edição n 284 - Março de 2016 - 37 “A mudança climática é o desafio de nossa geração e o trabalho vital da NASA sobre esta importante questão afeta cada pessoa na Terra ” 38 - Revista BQ - Banas Qualidade Sustentabilidade: sem ela não há futuro para a sobrevivência da humanidade O que vem a ser, exatamente, esse conceito? É um termo usado para definir ações e atividades humanas que visam suprir as necessidades atuais dos seres humanos, sem comprometer o futuro das próximas gerações. Ou seja, a sustentabilidade está diretamente relacionada ao desenvolvimento econômico e material sem agredir o meio ambiente, usando os recursos naturais de forma inteligente para que eles se mantenham no futuro Edição n 284 - Março de 2016 - 39 Por Hayrton Rodrigues do Prado Filho P ara os que não acreditam nas mudanças climáticas, que estão afetando e muito o Planeta Terra, devese dizer que as temperaturas continuaram altas em 2015, havendo uma tendência de aquecimento global de longo prazo. Essa conclusão foi realizada com base nas análises feitas pelos cientistas da National Aeronautics and Space Administration (NASA) e da National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA). O NASA’s Goddard Institute for Space Studies (GISS) in New York (GISTEMP) concordou com a constatação de que 2015 foi o ano mais quente já registrado com base em análises dos dados. A análise da NASA estimou que 2015 foi o ano mais quente com 94% de certeza. “A mudança climática é o desafio de nossa geração e o trabalho vital da NASA sobre esta importante questão afeta cada pessoa na Terra”, explica o administrador da NASA Charles Bolden. “O anúncio não só ressalta como é crítico o programa de observação da Terra da NASA, ou seja se tornou um ponto de dados chave que deveria fazer com que as gestores públicos se movimentassem ao tomar conhecimento disso. Agora é a hora de agir sobre o clima”. 40 - Revista BQ - Banas Qualidade A temperatura média da superfície do planeta subiu cerca de 1,8 graus Fahrenheit (1,0 grau Celsius) desde o final do século 19, uma mudança em grande parte impulsionado pelo aumento do dióxido de carbono e outras emissões criadas pelo homem na atmosfera. A maior parte do aquecimento ocorrido nos últimos 35 anos, com 15 dos 16 anos mais quentes registrados ocorrendo desde 2001. No ano passado foi a primeira vez que as temperaturas médias globais foram de 1 grau Celsius ou mais acima da média de 1880-1899. Os fenômenos como o El Niño ou La Niña, que esquenta ou esfria o Oceano Pacífico tropical, podem contribuir para as variações de curto prazo na temperatura média global. Um aquecimento do El Niño esteve em vigor durante a maior parte de 2015. “2015 foi notável, mesmo no contexto da continuidade do El Niño”, disse Gavin Schmidt, diretor do GISS. “As temperaturas do ano passado tiveram uma assistência de El Niño, mas é o efeito cumulativo da tendência de longo prazo que resultou no registro de aquecimento que estamos assistindo”. A dinâmica do tempo muitas vezes afetam as temperaturas regionais, de modo que nem todas as regiões na Terra experimentaram as temperaturas médias recordes no ano passado. Por exemplo, a NASA e a NOAA descobriram que a temperatura média anual de 2015 para os 48 estados dos Estados Unidos foi o segundo mais quente já registrado. As análises da NASA incorporaram as medições de temperatura de superfície de 6.300 estações meteorológicas, as observações navais e os dados baseados em boia de temperaturas da superfície do mar e as medições de temperatura de estações de pesquisa da Antártida. Estas medições são analisadas utilizando um algoritmo que considera o espaçamento variado das estações de temperatura em todo o mundo e os efeitos do aquecimento local que poderiam distorcer as conclusões. O resultado desses cálculos é uma estimativa da diferença de temperatura média global a partir de um período de referência de 1951 a 1980. Os cientistas da NOAA usaram os mesmos dados de temperatura, mas em um período de referência diferente e métodos diferentes para analisar as regiões polares e as temperaturas globais da Terra. O GISS é um laboratório da NASA gerenciado pela Earth Sciences Division of the agency’s Goddard Space Flight Center in Greenbelt, Maryland. O laboratório é afiliado com CAPA a Columbia University’s Earth Institute and School of Engineering and Applied Science in New York. A NASA monitora os sinais vitais da Terra a partir da terra, ar e espaço com uma frota de satélites, bem como com a observação no ar e no solo. A agência desenvolve novas maneiras de observar e estudar os sistemas naturais da Terra interligados com registros de dados de longo prazo e ferramentas de análise de computador para ver melhor como o planeta está mudando. As ações da NASA deste conhecimento exclusivo são compartilhadas com a comunidade global e ela trabalha com instituições nos Estados Unidos e ao redor do mundo que contribuem para a compreensão e proteção do planeta. Para Angela França Pedrinho, consultora na Mega Métodos, Gestão e Assessoria e UP solution, muitas empresas, na busca dos meios e condições necessárias para seu crescimento, desenvolvimento, garantindo a competitividade e sobrevivência no mercado, têm realizado mudanças na forma de gestão organizacional. “Desde os conceitos tradicionais de gerenciamento, muitas filosofias, técnicas, ferramentas e formas de gestão foram criadas, aprimoradas ou redefinidas, com o intuito de criar as condições adequadas nas organizações para obter melhores resultados e sucesso de modelos de gestão sustentável ou de ferramentas gerenciais”, explica. Na verdade, a sustentabilidade é baseada em um princípio simples: tudo o que o ser humano precisa para a sua sobrevivência e bem-estar depende, direta ou indiretamente, do ambiente natural. Para buscar a sustentabilidade, deve-se criar e manter as condições em que os seres humanos e a natureza podem existir em harmonia produtiva para apoiar as gerações presentes e futuras. Angela França acrescenta que a chave não é somente a aplicação dos conceitos, mas a mudança cultural do ambiente de trabalho e a aceitação de que cada um deles é importante para melhorar a saúde física e mental e o sistema da qualidade. “As empresas exercem grande influência no desenvolvimento da sociedade dependendo muito da qualidade dos serviços/produtos oferecidos e contribuindo para melhorar a comunidade em que estão inseridas, mobilizando para o uso responsável dos recursos nos aspectos físicos, procedimentos e atitudes. Atualmente todos os recursos alocados nas empresas devem ser muito bem utilizados, viabilizando os investimentos em novas tecnologias e melhoria das condições de trabalho”, diz. Considerando isso, as ferramentas de gestão da qualidade e sustentabilidade surgem como uma opção para auxiliar as empresas no cumprimento de seu papel de fomentador de conhecimentos técnicos para os cidadãos do amanhã. “A melhoria da gestão das empresas torna-se imprescindível para acompanhar as tendências do setor empresarial, uma vez que a qualidade administrativa, quanto à qualidade do serviço/ produto oferecido, são fatores importantes para a permanência e crescimento das empresas no mercado, e para tanto é necessário desenvolver programas que visem o aumento desta qualidade dos serviços/ produtos oferecidos. Uma empresa é o conjunto de pessoas com conhecimentos, capacidade de interação com o meio onde atua e com a sociedade em geral, aprendizagem técnica e habilidades especificas”, u complementa. Edição n 284 - Março de 2016 - 41 Segundo a consultora, nesse sistema é possível definir três componentes: as instalações, os materiais e os equipamentos que constituem a parte física do sistema; o conjunto de procedimentos operacionais que são as especificações de tarefas, atividades, rotinas, etc., que resumem o como fazer dentro da empresa, para que ela cumpra todos os objetivos, que é o componente intelectual do sistema; e o conjunto de pessoas que atua na empresa, ou seja, o elemento humano, constituído pela diretoria, administração e empregados. “Tornar o sistema mais efetivo e eficiente é entregar à sociedade indivíduos com mais conhecimentos, instrução, educação, capacidade de aprendizagem continuada e capacidade de resolver problemas. No sistema empresarial, atuar somente na parte física não é suficiente para melhorar a qualidade do serviço/produto, nem aumentar a produtividade. Uma empresa pode ser 42 - Revista BQ - Banas Qualidade melhorada através de aporte de capital, com melhoria das instalações, prédios, materiais de trabalho, equipamentos aporte de conhecimentos, com educação e treinamento proporcionando a aquisição de habilidades em aplicar os conhecimentos e trazendo melhoria de desempenho das pessoas”. Nesta visão de empresa, a gestão da qualidade e sustentabilidade influi diretamente sobre os componentes: o elemento humano, com melhor aproveitamento do potencial intelectual de cada individuo, favorecendo o trabalho em grupo e a formação de equipes, a melhoria do ambiente de trabalho e do aproveitamento do tempo e procedimentos operacionais com a redução do retrabalho, o uso racional dos recursos, elevação e manutenção dos padrões de qualidade, melhora dos processos de decisão, identificação das causas de problemas, e a ação sobre elas, minimizando da absorção da Alta Administração com problemas e questões que passam a ser resolvidas pelos responsáveis de cada processo. “A adoção da gestão da qualidade e sustentabilidade em uma instituição decorre muito mais de uma mudança de atitude, hábitos e modo de pensar das pessoas, especialmente das que ocupam os cargos mais altos da hierarquia, do que propriamente da utilização de métodos, técnicas e ferramentas, disseminando na instituição a ideia que cada um é responsável pelo resultado do seu próprio trabalho e que portanto, a qualidade é o resultado do trabalho da organização e depende da qualidade de cada uma das pessoas da equipe. Obtêm-se um rico instrumento para se trabalhar hábitos, atitudes e valores positivos e essenciais à formação integral do empregado”, assegura. Assim, conta, contribuir na redução de custos e garantia da qualidade e sustentabilidade, transformando a atitude das pessoas e reduzindo o desperdício de materiais, de tempo de espaço, de energia, de água tornando o ambiente mais saudável, participativo e favorável é ação de todos contribuindo para o processo de um melhor aprendizado, alem da segurança e maior obtenção de lucros. “Fora os ganhos como um ambiente de trabalho mais organizado e limpo, liberando espaço físico, maior acessibilidade aos recursos, existem muitos outros, como utilização correta e consciente de materiais através de praticas para se evitar excessos e sistemática de descartes de materiais avariados ou em desuso, melhores condições de segurança com mapas de risco, sinalizações, alertas e delimitações adequadas e padronizadas em locais que ofereçam perigo, melhorias das condições prediais em geral, conscientização ambiental com implantação de coleta seletiva de materiais recicláveis nas áreas e outros ganhos. O retorno direto da participação dos empregados é que adquirindo bons hábitos melhoram a qualidade de vida no físico e psicológico, eliminam desperdício de talento e permitem pessoas mais autoconfiantes tendendo a criar melhores oportunidades para o desenvolvimento pessoal e coletivo”. Atualmente, há uma tendência de as empresas, em um número crescente, estar percebendo os benefícios financeiros e ambientais substanciais de práticas de negócios sustentáveis. produção sustentável é a criação de produtos fabricados por meio de processos economicamente sãs que minimizem os impactos ambientais negativos, enquanto conservação de energia e recursos naturais. produção sustentável também aumenta empregado, comunidade e segurança do produto. Em consequência, elas estão tratando a sustentabilidade como um objectivo importante na sua estratégia e operações para aumentar o crescimento ea competitividade global. Esta tendência tem alcançado muito além do pequeno nicho daqueles que tradicionalmente se posicionaram como verde, e agora inclui muitas outras de destaque em muitos setores diferentes. Em muitos casos, estes esforços estão dando resultados significativos. Há uma série de razões pelas quais as empresas estão buscando a sustentabilidade: a u m e n t a r a eficiência operacional, reduzindo custos e desperdícios; responder ou atingir novos clientes e aumentar a vantagem competitiva; proteger e fortalecer a marca e reputação e construir a confiança pública; construir uma viabilidade comercial e sucesso de longo prazo; e responder aos constrangimentos e oportunidades reguladoras. As empresas envolvidas em esforços de sustentabilidade incluem os de todos os tamanhos, idades e setores. Elas avançam ao longo do caminho para a sustentabilidade, melhorando o desempenho e reduzindo a sua pegada ambiental. As formas que as empresas progredem no caminho para a sustentabilidade incluem: a sustentabilidade de uma forma coordenada, integrada e formal, em vez de uma forma ad hoc, estando conectadas e sendo informal; concentrando-se no aumento da competitividade e receitas u Edição n 284 - Março de 2016 - 43 invés de focar principalmente na redução de custos, redução de riscos e melhoria da eficiência; usando a inovação, o planejamento de cenários e a análise estratégica, indo além da conformidade; integrando a sustentabilidade em todas as funções de negócios; concentrando-se mais no longo prazo; e trabalhando em colaboração com as partes interessadas externas. A sustentabilidade está diretamente linkada com os GEE, em inglês GreenHouse Gas (GHG), que envolvem a Terra e fazem parte da atmosfera. Esses gases absorvem parte da radiação infravermelha refletida pela superfície terrestre, impedindo que a radiação escape para o espaço e aquecendo a superfície do planeta. Para reduzir essas emissões as empresas podem obedecer a uma série de normas técnicas que especificam esses requisitos. Atualmente são seis os gases considerados como causadores do efeito estufa: dióxido de carbono (CO2), metano (CH4), óxido nitroso (N2O), clorofluorcarbonetos (CFCs), hidrofluorcarbonetos (HFCs), e hexafluoreto de enxofre (SF6). Segundo os especialistas, o CO2 é o principal culpado pelo aquecimento global, sendo o gás mais emitido (aproximadamente 77%) pelas atividades humanas. No Brasil, cerca de 75% 44 - Revista BQ - Banas Qualidade das emissões de gases do efeito estufa são causadas pelo desmatamento, sendo o principal alvo a ser mitigado pelas políticas públicas. No mundo, as emissões de CO2 provenientes do desmatamento equivalem a 17% do total. O SF6 é o gás com maior poder de aquecimento global, sendo 23.900 vezes mais ativo no efeito estufa do que o CO2. Este gás é usado na indústria elétrica para aplicações em alta tensão, como em interruptores e disjuntores. Em conjunto, os gases fluoretados são responsáveis por 1,1% das emissões totais de gases do efeito estufa. No Brasil, já foram publicadas algumas normas para disciplinar o assunto. A NBR ISO 140641 de 11/2007 – Gases de efeito estufa – Parte 1: Especificação e orientação a organizações para quantificação e elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa especifica princípios e requisitos no âmbito da organização para a quantificação e para a elaboração de relatórios de emissões e remoções de gases de efeito estufa (GEE). Inclui determinações para o projeto, o desenvolvimento, o gerenciamento, a elaboração de relatórios e a verificação de um inventário de GEE da organização. Se um programa de GEE for aplicável, as exigências desse programa são adicionais às exigências da NBR ISO 14064. Se um dos requisitos da norma impedir uma organização ou proponente de projeto de GEE de cumprir um requisito de programa de GEE, o requisito do programa de GEE tem prioridade. A NBR ISO 14064-2 de 11/2007 – Gases de efeito estufa – Parte 2: Especificação e orientação a projetos para quantificação, monitoramento e elaboração de relatórios das reduções de emissões ou da melhoria das remoções de gases de efeito estufa especifica princípios e requisitos, e oferece orientação para a elaboração de projetos para quantificação, monitoramento e relato de atividades de redução de emissões ou melhoria da remoção de gases de efeito estufa. Inclui requisitos para o planejamento de um projeto de gases de efeito estufa, identificando e selecionando fontes, sumidouros e reservatórios de gases de efeito estufa relevantes para o projeto e o cenário de referência (linha de base), monitorando, qualificando, documentando e relatando o desempenho de projetos de GEE e administrando a qualidade dos dados. Se um programa de GEE for aplicável, as exigências desse programa são adicionais às exigências da ABNT NBR ISO 14064. Se um dos requisitos da norma impedir uma organização ou proponente de projeto de GEE de cumprir um requisito de programa de GEE, o requisito do programa de GEE tem prioridade. A NBR ISO 14064-3 de 11/2007 – Gases de efeito estufa – Parte 3: Especificação e orientação para a validação e verificação de declarações relativas a gases de efeito estufaespecifica princípios e requisitos e fornece orientação para aqueles que estão conduzindo ou administrando a validação e/ou verificação de declarações de gases de efeito estufa (GEE). Pode ser aplicada na quantificação organizacional ou de projeto de GEE (relatórios de GEE realizados de acordo com a ABNT NBR ISO 14064-1 ou NBR ISO 14064-2). Especifica também requisitos para selecionar validadores/ verificadores de dados, informações, sistemas de informações e controles de GEE. Se um programa de GEE for aplicável, as exigências desse programa são adicionais às exigências da ABNT NBR ISO 14064. Se um dos requisitos da norma impedir uma organização ou proponente de projeto de GEE de cumprir um requisito de programa de GEE, o requisito do programa de GEE tem prioridade. Já a NBR ISO 14065 de 07/2012 – Gases do efeito estufa – Requisitos para organismos de validação e verificação de gases de efeito estufa para uso em acreditação e outras formas de reconhecimento especifica princípios e requisitos para organismos que realizam validações ou verificações de declarações de gases do efeito estufa (GEE). Ela é neutra a um programa de GEE. Se um programa de GEE for aplicável, os requisitos daquele programa de GEE são adicionais aos requisitos desta norma. Por fim, a NBR ISO 14066 de 08/2012 – Gases de efeito estufa – Requisitos de competência para equipes de validação e equipes de verificação de gases de efeito estufa especifica os requisitos de competência para as equipes de validação e equipes de verificação. Complementa a implementação da NBR ISO 14065. Não está vinculada a qualquer programa de gases de efeito estufa (GEE) específico. Se um programa de GEE específico for aplicável, requisitos de competência deste programa de GEE são adicionais aos requisitos desta Norma. Os requisitos de competência da direção e pessoal de apoio são especificados na NBR ISO 14065:2012, Seção 6. Assim, o setor produtivo terá que buscar as informações de emissões de gases de efeito estufa (GEE) das indústrias nacionais para construção, acompanhamento e avaliação das futuras metas de redução de suas emissões aplicadas aos diversos setores industriais. Apesar da evolução na prática de elaboração e relato voluntário de inventários de emissões de GEE por parte do setor privado brasileiro, não há u um banco de inventários Edição n 284 - Março de 2016 - 45 de emissão consolidado e disponível para todos os subsetores da indústria nacional, tornando a análise das emissões algo parcial e subjetivo neste momento. A elaboração de um Inventário de Emissões de GEE é o primeiro passo para que uma instituição ou empresa possa avaliar como as suas atividades impactam o meio ambiente e identificar estratégias para contribuir para o combate às mudanças climáticas. Conhecendo o perfil das emissões, qualquer organização pode dar o passo seguinte: o de estabelecer estratégias, planos e metas para redução e gestão das emissões de gases de efeito estufa, engajando-se na solução desse enorme desafio para a sustentabilidade global. O uso da terra, a mudança de uso da terra e florestas é um setor fundamental da mudança climática, ao mesmo tempo responsável por significativo volume liberado de GEE e com papel e potencial importante na mitigação das mudanças climáticas. A agricultura ou o uso da terra é responsável sozinha por cerca de 14% do total de emissões antropogênicas globais de GEE e se espera que tenha grande crescimento nas taxas de emissão, causado principalmente por aumentos de renda e população. O desmatamento é responsável por outros 17%, definindo a 46 - Revista BQ - Banas Qualidade contribuição desse setor em aproximadamente um terço das emissões globais totais. O Brasil é um dos maiores emissores de gases do efeito estufa e é bem sabido que a maior parte das emissões brasileiras de GEE, que contribuem para o aquecimento global, vem de queimadas ligadas ao desmatamento do bioma amazônico, e não de combustíveis fósseis, principal culpado na maioria dos países. O Brasil sofre e ainda costuma sofrer pressões para conter a destruição da floresta equatorial amazônica. O uso de energias não renováveis, como as derivadas de combustíveis fósseis, que são responsáveis pelo acréscimo das emissões de gás carbônico na atmosfera, pode ser reduzido caso os indivíduos ajam de forma consciente no ato de consumo. Pequenas ações do dia-a-dia, como se locomover de bicicleta ou de transporte público (que queima menos combustível por pessoa transportada) têm grande efeito em longo prazo, principalmente se realizadas por muitas pessoas. Com o aquecimento global, a sustentabilidade do homem no planeta é que está ameaçada. Se evitar, quando possível, o transporte movido a combustíveis derivados de petróleo, o consumidor consciente impede que uma grande quantidade de gás carbônico seja liberada para a atmosfera, contribuindo para a suavização do efeito estufa. Se um automóvel fica na garagem um dia por semana, deixa de emitir por ano 440 quilos de gás carbônico na atmosfera (considerando um trajeto de 20 quilômetros), o mesmo que uma árvore de porte grande leva cerca de 20 anos para conseguir absorver. Por isso, é recomendável que as pessoas prefiram a locomoção a pé e de bicicleta. Ou então, utilizem o transporte coletivo para distâncias mais longas, como ônibus e trens. De acordo com Ana Paula Teixeira, graduada em administração de empresas, pós-graduanda em marketing, ambos pela PUC-SP, e analista de marketing e comunicação da Intertox, consumidores, financiadores, acionistas e potenciais investidores exigem, cada vez mais, compromissos éticos das corporações, pois não basta apenas olhar para o resultado econômico-financeiro para avaliar o desempenho de uma empresa. “A performance de uma companhia também é avaliada e medida levando-se em conta as iniciativas de todas as partes envolvidas e cada etapa da cadeia produtiva, bem como o impacto nos recursos naturais, com foco na Sustentabilidade, que representa um modo de suprir as necessidades humanas sem comprometer as futuras gerações”, observa. O conceito de sustentabilidade começa na questão da gestão ambiental, que se resume em um sistema de atividades de planejamento, responsabilidades, práticas, processos e recursos para desenvolver, atingir, analisar e manter a política ambiental. O objetivo é fazer a empresa minimizar os impactos e efeitos negativos provocados no ambiente por suas atividades de produção, seja em produtos ou serviços. “A empresa sustentável do século XXI é aquela que avalia todo o ciclo de vida do produto, calcula suas emissões de carbono e desenvolve uma estratégia de minimização e, no longo prazo, de eliminação desse conteúdo de carbono”, explica Ana Paula. “A descarbonização é a única meta aceitável em uma estratégia de sustentabilidade no longo prazo. Para a maioria dos produtos e serviços ofertados no mercado global, é possível obter reduções significativas das emissões de carbono ou do grau de carbonização recorrendo a tecnologias já disponíveis”. Ela pergunta: o que forçará mudanças no perfil de carbono da demanda e da produção de bens e serviços? Com certeza, os fatores mais determinantes serão o aumento e redefinição da ação regulatória do Estado e a presença crescente de um novo agente regulador: a agência multilateral ou global. “As políticas energéticas em diferentes países estão sendo progressivamente reorientadas a fim de atingir, no longo prazo, padrões de produção e uso de energia que levem em consideração fatores como segurança do abastecimento e disponibilidade de recursos energéticos, busca de flexibilidade da demanda e preocupação e responsabilidades ambientais. Leilões de cotas e créditos de emissões de carbono, impostos sobre carbono, regras restritivas e proibições diretas de determinadas práticas e usos se tornarão frequentes e comuns nos próximos anos. Quem não se adaptar a esse novo cenário perderá competitividade, mercado e, no limite, não conseguirá sobreviver nele”. Na opinião dela, além da ecológica, a sustentabilidade tem mais quatro dimensões que devem ser levadas em consideração por qualquer empresa. A sustentabilidade espacial é voltada para a obtenção de um cenário ruralurbano mais equilibrado, enquanto a cultural inclui a procura por raízes de processos de modernização e de sistemas agrícolas integrados que facilitam a geração de Soluções específicas para um lugar e cultura. “Já a sustentabilidade econômica é alcançada através do gerenciamento eficiente dos recursos e de um fluxo constante de investimentos públicos e privados. E a sustentabilidade social envolve a criação de um processo de desenvolvimento sustentado u por uma civilização com Edição n 284 - Março de 2016 - 47 igualdade na distribuição de renda e de bens, de modo a reduzir as diferenças entre os padrões de vida dos ricos e dos pobres. Nesse sentido, ser uma empresa sustentável não é apenas ter uma Política Ambiental muito bem elaborada e constantemente monitorada e mensurada, mas representa também, práticas honestas e legais de trabalho. Entre elas estão remunerações justas e ambiente de trabalho seguro e adequado aos funcionários; inclui pensar em toda a cadeia de suprimentos; pensar nas comunidades e populações envolvidas em cada etapa dos processos do negócio; geração de emprego e renda a jovens e comunidades carentes; nãoexploração de mão de obra infantil; promoção de ações e programas sociais que visem minimizar os impactos da concentração de renda e muito mais”, diz. Sob a atual pressão mercadológica e da sociedade, a empresa que não incorporar o conceito de sustentabilidade, verdadeiramente, em sua gestão de negócios e não apenas no discurso ou nas ações de marketing, provavelmente terá dificuldades em sobreviver às próximas décadas. “Já é um fato que empresas que aderiram a gestão ambiental com responsabilidade, vivenciam os benefícios da sustentabilidade em suas diferentes esferas organizacionais (benefícios 48 - Revista BQ - Banas Qualidade econômicos, estratégicos e incremento da receita corporativa), mas o que muitas empresas não levam em consideração é que encontrar o equilíbrio entre o social, o econômico e o ambiental torna possível melhorar a gestão ajudando a proteger, gerenciar e promover o crescimento dessa empresa”. A sustentabilidade aplicada na estratégia empresarial implica reforçar o planejamento de longo prazo. A estratégia do negócio passará a ter o foco muito além na empresa em si mesma e na primeira camada da esfera de relacionamento, que cobre as cadeias de suprimento e a distribuição e venda. Pensar em sustentabilidade é pensar grande, pensar amplo. É construir uma relação ética e transparente da empresa com todos os públicos com os quais ela se relaciona para contribuir com o desenvolvimento da sociedade como um todo. Crescimento sustentável “Eu já pago impostos da minha empresa, contrato funcionários formalmente, tenho todas as licenças de operação e além de tudo isso tenho que me envolver com a comunidade do entorno? Fazer projetos focados em melhorias para eles? Quantas vezes já não escutamos empresas tradicionais se questionando sobre este tema? E muitas vezes estas ajudam a igreja vizinha, a creche da amiga da esposa ou a festa na escolinha do filho e nem se lembram disso?”, diz Marcus Nakagawa, sócio diretor da iSetor, professor da ESPM, idealizador e presidente do conselho deliberativo da Abraps (Associação Brasileira dos Profissionais de Sustentabilidade). “Quando pensamos no crescimento sustentável de uma empresa é necessário questionar também o desenvolvimento do seu entorno, estando ela em um bairro misto com residências ou em um bairro específico de comércio ou de indústrias. Seus vizinhos ou comunidade no entorno, precisam ser trabalhados para que os impactos da empresa sejam minimizados, mitigados ou até eliminados”. Nakagawa acrescenta que quando se fala de uma indústria há a necessidade de se pensar em todos os impactos que ela possa causar: barulho, trânsito de veículos e pessoas, poluição dos resíduos, poluição no ar, poluição visual, enfim, tudo o que possa provocar algum tipo de impacto negativo para a vizinhança. “Para um comércio ou um escritório esses fatores também serão parecidos, além do aumento de fluxo de pessoas, aumento do lixo, outros serviços virão em função destes estabelecimentos. Na maioria das vezes, o empreendedor tenta adivinhar quais são os impactos que o seu estabelecimento, indústria ou negócios estão causando. E começa a fazer suposições e analisar todos os seus processos. Isso pode ser o início da análise, mas uma melhor forma de agregar valor a este processo seja pedir sugestões para a comunidade. Sim, fazer uma reunião com o líder do bairro, com os estabelecimentos vizinhos, com a igreja ou clube do lado, por exemplo. Este canal de comunicação com a vizinhança pode ser uma reunião semestral ou anual, pode ser um e-mail que a empresa disponibiliza para que as pessoas possam escrever suas opiniões, ou senão buscar um representante da comunidade local que será os “ouvidos” para as reclamações e sugestões, e se forem todos estes melhor ainda”. Observa, também: será que a empresa não pode ajudar a comunidade com algumas questões como melhorias na infraestrutura ou no ambiente local como: melhorias nas habitações, estradas, escolas, creches, hospitais, etc. Este relacionamento se dará muito em função do que a empresa quer com este grupo de interesse, ou seja, a comunidade do entorno. Não que a empresa substituirá o governo, mas ela inclusive pode ser um agente de mobilização em conjunto com comunidade local para solicitação de melhorias aos governos locais, dessa forma, somando forças para uma transformação da região. “Lógico que a empresa não conseguirá atender a todas as demandas, até porque o foco destes pequenos e médios empresários será vender mais, sobreviver e crescer. Porém, este tipo de ação, além de garantir o desenvolvimento sustentável agrega valor para a marca e para os produtos / serviços desta empresa. Além disso, geralmente, os funcionários fazem parte deste entorno da empresa, o que faz com que eles venham trabalhar mais motivados e, quem sabe, ainda mais felizes”, assevera. Luiz Henrique de Campos, graduado em administração de empresas pelas Faculdades Integradas de Bauru (2009), MBA em gestão empresarial pela FGV (2015) e analista administrativo na Lecom, pondera que, em meio aos desastres ambientais e o desenfreado consumo dos recursos naturais que o mundo tem vivenciado nos últimos anos, nasce dentro das organizações a necessidade de se adaptar às novas exigências do ambiente em que está inserida. Essa nova necessidade ou novo comportamento é chamado de Sustentabilidade Empresarial. Mas as empresas estão preocupadas? “Algumas empresas sim, por uma orientação estratégica ou por uma pressão do mercado”, responde. “Essas empresas definem um conjunto de práticas que u procuram demonstrar Edição n 284 - Março de 2016 - 49 respeito, preocupação e ação com as condições do ambiente e da comunidade em que estão inseridas. Com isso, nota-se que a tendência é que cada vez mais as organizações incluam essa preocupação em seus planos de negócios e utilizem a sustentabilidade empresarial para criar reputação e – como consequência – ter um melhor posicionamento de mercado, pois tais acontecimentos têm alarmado os consumidores que cada vez mais tem se preocupado com o lado social e ambiental das empresas modernas, o que faz com que as companhias se enquadrem nesses novos padrões de exigências da sociedade para assim serem aceitas”. Segundo ele, esse fator ambiental vem mostrando a necessidade de adaptação das empresas e consequentemente direciona novos caminhos no seu crescimento. As organizações devem mudar seus paradigmas, mudando sua visão empresarial, objetivos, estratégias de investimentos e de marketing, todas estratégias voltadas para o aprimoramento de seu produto/serviço, adaptando-o à nova realidade do mercado global. “As questões sociais e ambientais são intrínsecas e passam a ser ainda mais exigidas no conceito da sustentabilidade. A administração com consciência 50 - Revista BQ - Banas Qualidade ecológica leva o gestor à questão da qualidade total, que resulta na preferência e escolha do cliente pelo seu produto/serviço, e garante sustentabilidade e sobrevivência à empresa no mercado”. “Por vivermos as últimas décadas sem dar o devido valor ao meio ambiente, com foco apenas na economia, temos hoje um esforço consideravelmente grande para controlar e recuperar os impactos”, complementa. “O controle da poluição, por exemplo, tem sido um dos maiores desafios ambientais do mundo atual. O reconhecimento de que a ação do homem contribuiu para a deterioração do ambiente natural e dos recursos naturais tem sido comum, fazendo com que os países – tanto os desenvolvidos quanto os subdesenvolvidos – busquem alternativas em relação à restauração do meio ambiente natural”. Um exemplo de esforço para combater a poluição da atmosfera é ação tomada pelo governo da China que, para promover a inserção de mais veículos verdes à frota, anunciou que todos os carros elétricos, híbridos ou movidos a células de combustível estão isentos de impostos sobre compra até 2017. Com o corte, que reduz em 10% o preço de veículos nacionais e importados, o governo chinês espera tornar os ecológicos mais atraentes. A medida é parte da estratégia chinesa de combater os altos níveis de poluição atmosférica em suas grandes cidades. A BMW prevê que a China se tornará o maior mercado do mundo para os veículos elétricos, como resultados da expansão da infraestrutura de carregamento e incentivos dados pelo governo. Com a finalidade de estimular a responsabilidade ética das corporações, foi iniciado em 2005 o Índice de Sustentabilidade Empresarial (ISE) originalmente financiado pela International Finance Corporation (IFC). Seu desenho metodológico é responsabilidade do Centro de Estudos em Sustentabilidade (GVCes) da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (FGV-EAESP). O ISE é uma ferramenta para análise comparativa da performance das empresas listadas na BM&FBovespa sob o aspecto da sustentabilidade corporativa, baseada em eficiência econômica, equilíbrio ambiental, justiça social e governança corporativa. O Dow Jones Sustainability Index World é um indicador de performance financeira. Foi lançado em 1999 como o primeiro indicador da performance financeira das empresas líderes em sustentabilidade a nível global. As empresas que constam deste Índice, indexado à bolsa de Nova Iorque, são classificadas como as mais capazes de criar valor para os acionistas em longo prazo, através de uma gestão dos riscos associados tanto a fatores econômicos, como ambientais e sociais. A importância dada pelos investidores a este índice é reflexo de uma preocupação crescente das empresas e grupos econômicos com um mundo sustentável e com a reputação de suas organizações para que as empresas continuem a ter um bom relacionamento com o mercado e com seus consumidores e por consequência, continue a crescer. A sua performance financeira está, desta forma, intrinsecamente associada ao cumprimento de requisitos de sustentabilidade que atravessam todas as áreas da vida empresarial e que cruzam aspectos econômicos, sociais e ambientais. Vale salientar que a questão de sustentabilidade, além de proporcionar mais qualidade de vida, traz novas oportunidades e, aliado à criatividade e inovação das organizações, gera grandes diferenciais no mercado. A humanidade trouxe grandes avanços no desenvolvimento econômico/ social/tecnológico através de ações que não levaram em conta a preservação dos recursos naturais e, devido a isso, vivencia consequências desastrosas em todo o planeta. Hoje, existe um novo padrão de exigência e consciência da sociedade, que faz com que se inicie uma grande corrida entre as empresas para minimizar os efeitos que seus produtos e serviços podem causar ao meio ambiente. Com isso, surgem novas tecnologias, novas estratégias gerenciais nas empresas, novos incentivos dos governos, índices destinados a medir o grau de comprometimento das organizações com o meio ambiente, enfim, novas soluções. O pensar no amanhã sustentável é um grande diferencial e ter o reconhecimento de que uma empresa é sustentável pode ser um fator decisivo para manter o crescimento ordenado e atender às novas necessidades dos mercados, atingindo assim a preferência dos consumidores e investidores. Enfim, eu acredito que as alterações climáticas estão ligadas a eventos como furacões e chuvas torrenciais. O aumento da intensidade dessas catástrofes tem sido apontado como um dos efeitos do aquecimento global. Os cientistas não são unânimes nesse diagnóstico. Por via das dúvidas, as grandes corporações estão se preparando para um cenário ainda mais adverso. É preciso ter em mente que as mudanças climáticas não podem ser facilmente ligadas a ocorrências de eventos extremos como tsunamis e furações. Para se fazer essa conexão é preciso um estudo mais profundo, usando inclusive modelos estatísticos, para mostrar a relação entre essas duas coisas. Baseiase na gestão de riscos, já que o ambiente empresarial necessita ser entendido e mapeado, sendo apontadas as vulnerabilidades, as fragilidades e os controles analisados. As principais técnicas utilizadas para estes fins são entrevistas com gestores e executores, observações dos processos e atividades em campo, análise de dados operacionais, indicadores e incidentes. Por exemplo, se a sua empresa fica perto de algum rio, por exemplo, deve adotar medidas para proteger suas instalações em relação a possíveis inundações ou mesmo falta d’água. Trata-se de uma maneira simples de se precaver de fenômenos que podem gerar perdas importantes. E o que a gente leva em conta para fazer um diagnóstico e as possíveis soluções? Em primeiro lugar, a localização geográfica da empresa e a geologia da região. Algumas u regiões do Brasil vão sofrer Edição n 284 - Março de 2016 - 51 seca e outras chuvas intensas. Igualmente, alguns pontos importantes. O clima do planeta está mudando constantemente ao longo do tempo geológico. A temperatura média global hoje é de cerca de 15ºC, mas as evidências geológicas sugerem que ela já foi muito maior ou muito menor em outras épocas no passado. Entretanto, o atual período de aquecimento está ocorrendo de maneira mais rápida do que em muitas ocasiões no passado. Os cientistas estão preocupados de que a flutuação natural, ou variabilidade, está dando lugar a um aquecimento rápido induzido pela ação humana, com sérias consequências para a estabilidade do clima no planeta. Assim, contribui para o efeito natural de estufa com gases emitidos pela indústria e pela agricultura, absorvendo mais energia e aumentando a temperatura. O mais importante desses gases no efeito estufa natural é o vapor de água, mas suas concentrações mostram pouca mudança. Outros gases do efeito estufa incluem dióxido de carbono, metano e óxido nitroso, que são liberados pela queima de combustíveis fósseis. O desmatamento contribui para seu aumento ao eliminar florestas que absorvem carbono. Desde o início da revolução industrial, em 1750, os níveis de dióxido de carbono (CO2) 52 - Revista BQ - Banas Qualidade aumentaram mais de 30%, e os níveis de metano cresceram mais de 140%. A concentração de CO2 na atmosfera é agora maior do que em qualquer momento nos últimos 800 mil anos. Os registros de temperatura, a partir do fim do século 19, mostram que a temperatura média da superfície da Terra aumentou cerca de 0,8ºC nos últimos cem anos. Cerca de 0,6ºC desse aquecimento ocorreu nas últimas três décadas. Dados de satélites mostram um aumento médio nos níveis do mar de cerca de 3 milímetros por ano nas últimas décadas. Uma grande proporção da mudança nos níveis do mar se deve à expansão dos oceanos pelo aquecimento. Mas o derretimento das geleiras de montanhas e das camadas de gelo polar também contribui para isso. A maioria das geleiras nas regiões temperadas do mundo e na Antártica está encolhendo. Desde 1979, registros de satélites mostram um declínio dramático na extensão do gelo no Ártico, a uma taxa anual de 4% por década. Em 2012, a extensão de gelo alcançou o menor nível já registrado, cerca de 50% menor do que a média do período entre 1979 e 2000. O manto de gelo da Groenlândia verificou um derretimento recorde nos últimos anos. Se a camada inteira, de 2,8 milhões de quilômetros cúbicos, derretesse, haveria um aumento de 6 metros nos níveis dos mares. Dados de satélites mostram que a capa de gelo do oeste da Antártica também está perdendo massa, e um estudo recente indicou que o leste da Antártica, que não havia mostrado tendências claras de aquecimento ou resfriamento, também pode ter começado a perder massa nos últimos anos. Mas os cientistas não esperam mudanças dramáticas. Em alguns lugares, a massa de gelo pode aumentar, na verdade, com as temperaturas em alta provocando mais tempestades de neve. Está previsto um aumento da temperatura global entre 1,8ºC e 4ºC até 2100. Mesmo que as emissões de gases do efeito estufa caiam dramaticamente, os cientistas dizem que os efeitos continuarão, porque partes do sistema climático, particularmente os grandes corpos de água e gelo, podem levar centenas de anos para responder a mudanças na temperatura. Também leva décadas para que os gases do efeito estufa sejam removidos da atmosfera. A escala do impacto potencial é incerta. As mudanças podem levar à escassez de água potável, trazer mudanças grandes nas condições para a produção de alimentos e aumentar o número de mortes por inundações, tempestades, ondas de calor e secas. A sua empresa está preparada para tudo isso? Edição n 284 - Março de 2016 - 53 As latas de aço para embalagens de produtos Completamente recicláveis e contendo uma série de diferentes produtos, incluindo alimentos com baixos teores de sal e açúcar, diet e light, as latas de aço podem conter, desde produtos delicados como balas e biscoitos finos até produtos de uso industrial 54 - Revista BQ - Banas Qualidade Qualidade Da Redação A embalagem de aço é, tecnicamente, uma das melhores formas de se acondicionar produtos. Convenientes, duráveis, livre de conservantes químicos proporcionam uma alimentação saudável e rápida a qualquer hora e em qualquer lugar, evitando o desperdício e protegendo adequadamente a integridade de seu conteúdo no transporte e comercialização. Completamente recicláveis e contendo uma série de diferentes produtos, incluindo alimentos com baixos teores de sal e açúcar, diet e light, as latas de aço podem conter, desde produtos delicados como balas e biscoitos finos até produtos de uso industrial, como os óleos lubrificantes e tintas navais. Quando se pensa no transporte de longa distância ou em condições críticas, por exemplo, a embalagem de aço é a primeira a ser cogitada por sua resistência mecânica. Além de serem embalagens ecologicamente corretas, pois são feitas de metal 100% reciclável, a litografia fornece um excelente facing de prateleira possuindo a propriedade de transformar latas de aço em brindes colecionáveis para o consumidor. A história da lata começou em 1795 quando as tropas de Napoleão estavam sendo arrasadas mais pela fome e doenças relacionadas do que pelo combate. As conquistas militares e expansão colonial requeriam a invenção de algum recipiente capaz de transportar comida sem apodrecer, foi quando o governo francês ofereceu um prêmio de 12.000 francos para quem inventasse um método de conservar comida. Depois de 15 anos de experiências, um parisiense chamado Nicholas Appert obteve sucesso na preservação de comida, vedando as garrafas com rolhas e imergindo as garrafas em água fervente. Appert supôs que como no vinho, exposição ao ar estragava a comida. Assim, a comida colocada num recipiente que vedava a entrada do ar, ficaria fresca e com boa qualidade. E isso funcionou. Em meados do ano de 1830 as latas de conserva de tomates, sardinhas e ervilhas começaram a aparecer no u mercado, tendo se Edição n 284 - Março de 2016 - 55 popularizado em quase um século mais tarde com o aperfeiçoamento do enlatamento. Segundo Rogério Parra, chefe do Laboratório de Embalagem e Acondicionamento do IPT ([email protected]), o aço é uma liga metálica à base de ferro. Várias composições de aço são utilizadas para fabricação de latas. A liga MR, que possui relativamente poucos elementos residuais, é utilizada para vegetais e carnes. A liga L é utilizada para produtos mais corrosivos. A liga N, que possui nitrogênio na composição, torna a chapa com mais resistência mecânica, é utilizada em domos de aerossóis. O liga D é a mais fácil de dobrar, indicada para latas com design mais exigentes. Parra diz que a camada de cromo ou estanho impede a oxidação da chapa de aço e também impede que, por exemplo, uma bebida enlatada retire ferro do aço e fique com gosto ruim. A espessura da camada de cromo ou estanho pode ser diferente em cada lado da chapa de aço dependendo da agressividade do que será envasado na lata ou do ambiente em que esta lata ficará exposta. 56 - Revista BQ - Banas Qualidade “A chapa de aço nua escurece facilmente pela oxidação da superfície. Originalmente, esta chapa era revestida com estanho por imersão a quente para que o estanho desse a proteção ao aço. Esta é a chamada folha-de-flandres. Durante a Segunda Guerra, foi desenvolvido um processo eletrolítico de deposição, o que produz uma camada de estanho mais fina e uniforme. Um processo semelhante pode ser utilizado também para depositar cromo” Ele exemplifica: uma lata de pêssegos da Grécia viaja em um contêiner e, sem o revestimento adequado, o calor e a umidade farão com que a lata chegue ao Brasil com pontos de corrosão no lado externo. Para uma lata de molho de tomate, que parte do interior paulista para a capital, deve se ter uma proteção melhor no lado interno porque a acidez do molho é a maior preocupação. A camada de estanho oferece melhor resistência à corrosão que o cromo. Mas a camada de cromo possui melhor resistência ao calor, permite melhor litografia, adere melhor a outros revestimentos e resiste ao ataque de produtos que contenham enxofre. No entanto, a placa cromada não solda tão facilmente quanto a estanhada, o que é importante para a formação da lata. Ela requer o uso de um elemento intermediário de fusão ou, então, a remoção da camada de cromo na região de solda. No entanto, a eficiência desta camada protetiva tem um limite. Daí a necessidade de vernizes e revestimentos internos e externos. Estes revestimentos protegem a lata de corrosão, reação com o produto envasado e abrasão. Existe uma grande variedade de revestimentos: oleorresinas, alquídicos, vinílicos, acrílicos, fenólicos, epóxi-amínicos, polibutadienos, organovinílicos ou epóxi-fenólicos. O revestimento a utilizar é definido pelo conteúdo e pelos processos ao qual a lata será submetida. Por exemplo, para uma lata para vegetais é mais adequado um revestimento a base de oleorresinas. Revestimentos vinílicos são mais flexíveis, mas não resistem ao calor. Epóxifenólicos possuem boa adesão e alta resistência química. Organo-vinílicos são flexíveis a ponto de resistirem aos dobramentos e estiramentos da folha de aço quando da formação da lata. Atualmente, há a possibilidade da aplicação de poliéster para substituir a camada de verniz, o que além da proteção, permite um ótimo efeito decorativo. O fundo de uma lata de espuma de barbear sem um revestimento polimérico provavelmente irá manchar a pia do banheiro. A NM 42 de 04/2001 Folha-de-flandres e chapa não-revestida em folhas e bobinas de simples e dupla redução estabelece os requisitos mínimos a que devem atender a folha-de- flandres eletrolítica e a chapa não-revestida, em folhas e bobinas de simples e dupla redução empregadas na fabricação de latas, tampas metálicas, filtros de óleo para automóveis e outros usos. O aço usado na produção da chapa não revestida deve u Edição n 284 - Março de 2016 - 57 ser fabricado por qualquer processo que assegure um material adequado às características do produto final. O aço deve atender aos requisitos de composição química de acordo com seu tipo, descritos na tabela 1. O aço se classifica, de acordo com seu uso, em: Aço tipo D - Metal base de aço resistente ao envelhecimento, acalmado com alumínio e tratado para adquirir excelentes características de embutimento. É usado principalmente para partes submetidas a embutimento muito profundo e para aplicações em que seja necessário evitar a formação de estrias e de marcas superficiais devidas ao alongamento do material ao deformarse, ou onde sejam exigidas propriedades direcionais especiais. Aço tipo L - Metal base de aço baixo em metalóides e elementos residuais que são selecionados frequentemente para a folha de flandres destinada a latas de produtos alimentícios fortemente corrosivos. Os elementos residuais como fósforo, silício, cobre, níquel, cromo e molibdênio são restritos aos limites mínimos praticamente possíveis. Aço tipo MR - Metal base de aço, similar em teor de 58 - Revista BQ - Banas Qualidade metalóides ao tipo L, mas com menos restrições quanto ao teor de elementos residuais como cobre, níquel e cromo, entretanto, o fósforo se mantém em nível baixo. É usado para a maioria das aplicações de folhas de flandres para enlatar alimentos moderadamente corrosivos. Importante observar que a massa da chapa não revestida e da folha de flandres, determinada com uma precisão de 2 g, deve ser a estabelecida na tabela 2, de acordo com a sua espessura. As espessuras nominais da chapa não revestida e da folha de flandres devem ser as estabelecidas na tabela 2 da presente norma. A tolerância admissível na espessura da chapa não revestida e da folha de flandres em bobinas é de + 8,5% da espessura nominal em 98% do comprimento da bobina. As tolerâncias superiores admissíveis tanto para a largura como para o comprimento poderão ser reduzidas mediante acordo prévio. As larguras para as folhas e para as bobinas devem ser múltiplas de 2, sendo a largura mínima de 560 mm. A tolerância admissível na largura das folhas e bobinas é de + 3,2 mm para a superior e zero para a inferior. A tolerância admissível no comprimento das folhas é de + 3,0 mm para a superior e zero para a inferior. No caso de folha de flandres com revestimento diferencial, a marcação deve ser realizada de forma individual, tanto em folhas como em bobinas e realizada da seguinte maneira: a menos que exista outro acordo entre fabricantecomprador, a marcação da folha de flandres com revestimento diferencial deve ser feita na face de maior revestimento e esta deve ser a face superior no amarrado ou o exterior da bobina. O sistema de marcação deve ser de aspecto somente visual e não deve afetar a espessura do estanho. Nos rótulos da embalagem devem constar, pelo menos, as seguintes informações: nome do fabricante; identificação do lote; designação da massa de revestimento, no caso da folha de flandres; peso líquido e bruto do amarrado ou bobina; grau de encruamento; aspecto superficial; quantidade de folhas contidas no amarrado e, no caso de bobinas, a quantidade de metros. Edição n 284 - Março de 2016 - 59 Ferramentas Sistemas de Gestão da Qualidade N esta edição vamos continuar analisando um Sistema de Gestão da Qualidade (ISO 9001). Na edição anterior, discutimos sobre o histórico, princípios e alguns pontos chaves relacionados com a nova revisão.da ISO 9001. Continuando nossa discussão, ... As principais alterações desta nova versão da ISO 9001, a ISO 9001:2015, são: • Adoção da Estrutura de Alto Nível, baseada no Anexo SL, • Requisito relacionado com mentalidade de risco para suportar e melhorar o entendimento e aplicação da Abordagem de Processo, • Maior ênfase na Abordagem de Processo, • Requisitos menos prescritivos, • Menor ênfase em documentos, • Melhoria na aplicabilidade para empresas de serviços e ´não-manufatureiras´, • Requisito para definição das fronteiras / limites do Sistema de Gestão da Qualidade, • Aumento na ênfase do contexto da organização, • Aumento dos requisitos da liderança, • Maior ênfase no atingimento das saídas desejadas para aumentar a satisfação dos clientes. 60 - Revista BQ - Banas Qualidade • Termo ´informação documentada´ substituiu os termos ´documentos´ e ´registros´. • .Conceito de Ação Preventiva endereçado em toda a norma, através da identificação e mitigação dos riscos relacionados. Quanto ao processo de Transição para as empresas que já possuem a ISO 9001:2008, são recomendadas as seguintes ações: • Identificação das lacunas (gaps) que precisam ser tratadas para atender os novos requisitos, • Desenvolvimento de um plano de implementação, • Disponibilização de treinamento e conscientização para todas as partes que tenham algum impacto com a eficácia da organização, • Atualização do Sistema de Gestão da Qualidade existente para atender os requisitos revisados e verificar sua eficácia, • Se necessário, avaliação com o Organismo de Certificação sobre detalhes da transição. De qualquer forma, a implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade trará vários benefícios para a organização : • Avaliação do contexto geral da organização para definir quem está sendo afetado pelo seu trabalho e o que eles esperam de você. Esta avaliação permite estabelecer seus objetivos e identificar novas oportunidades de negócio. • Priorização dos clientes, ´colocação´ dos clientes em primeiro lugar, assegurando que atendemos suas necessidades e aumentamos sua satisfação. O que leva à retenção de clientes, novos clientes e aumento dos negócios da organização. • Trabalhar de uma forma mais eficiente em todos os processos, resultando no aumento de produtividade e eficiência e na redução dos custos internos. • Atendimento dos requisitos estatutários e regulamentares. • Expansão em novos mercado, novos setores e clientes que requerem a ISO 9001 antes de fazer o negócio. • Identificação e endereçamento dos riscos da organização. Em especial, esta nova versão apresenta mais alguns benefícios adicionais em relação à versão anterior: • Maior ênfase no engajamento da liderança, • Ajuda a organização a endereçar seus riscos e oportunidades de uma forma estruturada, • Força a organização ter um pensamento baseado em riscos, • Uso de uma linguagem simplificada e estrutura e termos comuns que ajudará na implementação de outros Sistemas de Gestão, • Gestão da Cadeia de Fornecimento de forma mais efetiva, • Mais amigável para empresas de serviços, • Ênfase na busca por oportunidades de melhoria, • Alinhamento da Política e dos Objetivos do Sistema de Gestão da Qualidade com as estratégias da organização. SUMÁRIO Prefácio Nacional Introdução 0.1 Generalidades 0.2 Princípios de gestão da qualidade 0.3 Abordagem de processo 0.3.1 Generalidades 0.3.2 Ciclo Plan-Do-Check-Act 0.3.3 Mentalidade de risco 0.4 Relacionamento com outras normas de sistemas de gestão Vamos agora, avaliar os tópicos da ISO 9001: 2015, que podem ser representados através da figura : 1 Escopo 2 Referência normativa 3 Termos e definições 4 Contexto da organização 4.1 Entendendo a organização e seu contexto 4.2 Entendendo as necessidades e expectativas de partes Interessadas 4.3 Determinando o escopo do sistema de gestão da qualidade 4.4 Sistema de gestão da qualidade e seus processos 5 Liderança 5.1 Liderança e comprometimento 5.1.1 Generalidades 5.1.2 Foco no cliente 5.2 Política 5.2.1 Desenvolvendo a política da qualidade 5.2.2 Comunicando a política da qualidade 5.3 Papéis, responsabilidades e autoridades organizacionais 6 Planejamento 6.1 Ações para abordar riscos e oportunidades 6.2 Objetivos da qualidade e planejamento para alcançá-los 6.3 Planejamento de mudanças 7 Apoio 7.1 Recursos 7.1.1 Generalidades 7.1.2 Pessoas 7.1.3 Infraestrutura u Sistema de Gestão da Qualidade(4) Organização e seu contexto (4) Apoio e Operação PLANEJAR (plan) Requisitos dos Clientes Planejamento (6) (7 , 8) Liderança (5) Melhoria (10) Satisfação do Cliente Avaliação de desempenho (9) CHECAR (Check) AGIR (act) Necessidades e expectativas de partes interessadas pertinentes (4) FAZER (Do) Resultados Do SGQ Produtos e Serviços Figura 1 – Representação da Estrutura da ISO 9001 no Ciclo PDCA. Edição n 284 - Março de 2016 - 61 7.1.4 Ambiente para a operação provisão de serviço Bibliografia dos processos 8.5.2 Identificação e rastreabilidade 7.1.5 Recursos de 8.5.3 Propriedade pertencente a Figuras monitoramento e medição clientes ou provedores externos Figura 1 – Representação 7.1.6 Conhecimento 8.5.4 Preservação esquemática dos elementos de um organizacional 8.5.5 Atividades pós-entrega processo individual 7.2 Competência 8.5.6 Controle de mudanças Figura 2 – Representação da 7.3 Conscientização 8.6 Liberação de produtos e serviços estrutura desta Norma no ciclo PDCA 7.4 Comunicação 8.7 Controle de saídas não conformes 7.5 Informação documentada Tabelas 7.5.1 Generalidades 9 Avaliação de desempenho Tabela A.1 – Principais diferenças 7.5.2 Criando e atualizando 9.1 Monitoramento, medição, em terminologia entre a ABNT NBR 7.5.3 Controle de informação análise e avaliação ISO 9001:2008 documentada 9.1.1 Generalidades e a ABNT NBR ISO 9001:2015 9.1.2 Satisfação do cliente Tabela B.1 – Relação entre outras 8 Operação 9.1.3 Análise e avaliação normas de sistema de gestão da 8.1 Planejamento e controle 9.2 Auditoria interna qualidade e as seções desta Norma operacionais9.3 Análise crítica pela direção 8.2 Requisitos para produtos e 9.3.1 Generalidades As certificações atuais na ISO serviços 9.3.2 Entradas de análise crítica 9001:2008 continuam válidas pelo 8.2.1 Comunicação com o cliente pela direção período de 3 anos após a emissão 8.2.2 Determinação de requisitos 9.3.3 Saídas de análise crítica da nova versão da ISO 9001. relativos a produtos e serviços pela direção Como a nova versão da ISO 8.2.3 Análise crítica de requisitos 9001 foi lançada em Setembro/15, relativos a produtos e serviços 10 Melhoriaas organizações terão até 8.2.4 Mudanças nos requisitos 10.1 Generalidades. Setembro/18 para adequarem para produtos e serviços 10.2 Não conformidade e ação corretiva seus Sistemas de Gestão 8.3 Projeto e desenvolvimento de 10.3 Melhoria contínua da Qualidade e obterem a produtos e serviços Certificação na nova versão. 8.3.1 Generalidades Anexo A (informativo) Na próxima edição, 8.3.2 Planejamento de Esclarecimento da nova estrutura, continuaremos o assunto Sistema projeto e desenvolvimento terminologia e conceitos de Gestão da Qualidade. 8.3.3 Entradas de projeto e A.1 Estrutura e terminologia Aguardem !!!! desenvolvimento A.2 Produtos e serviços 8.3.4 Controles de projeto e A.3 Entendendo as necessidades e Roberta Pithon: Pós-Graduada em desenvolvimento expectativas de partes interessadas Qualidade, em Sistemas Integrados 8.3.5 Saídas de projeto e A.4 Mentalidade de risco de Gestão e em Gestão Empresarial. desenvolvimento A.5 Aplicabilidade Mestranda em Engenharia Mecânica – 8.3.6 Mudanças de projeto e A.6 Informação documentada Unicamp. CQE, CQA, CMQ/OE, CSSGB, desenvolvimento A.7 Conhecimento organizacional CSSBB, CSSYB, CQT, CQPA e CQIA 8.4 Controle de processos, produtos A.8 Controle de processos, pela ASQ. Lead Auditor ISO 9001, e serviços providos externamente produtos e serviços providos ISO/TS 16949, ISO 14001 e OHSAS 8.4.1 Generalidades externamente 18001 Professora de Graduação e Pós 8.4.2 Tipo e extensão do controle Anexo B (informativo) Graduação de disciplinas da Qualidade 8.4.3 Informação para Outras Normas sobre gestão de e de Sistemas de Gestão, Sóciadiretora, consultora, instrutora e provedores externos qualidade e sistemas de gestão auditora da Excelint Gestão Empresarial. 8.5 Produção e provisão de serviço da qualidade desenvolvidas pelo 8.5.1 Controle de produção e de ISO/TC [email protected] 62 - Revista BQ - Banas Qualidade Edição n 284 - Março de 2016 - 63 O cumprimento das normas técnicas evita acidentes com caldeiras 64 - Revista BQ - Banas Qualidade Riscos As condições de instalação, operação e manutenção do equipamento não garantem a sua perfeita utilização, e coloca em risco os trabalhadores da fábrica e os moradores das proximidades. As proporções envolvidas em um acidente desse tipo, principalmente no caso de explosão, podem acarretar perdas irreparáveis Da Redação N o Brasil, não existem muitos dados sobre esse tipo de acidente. Normalmente, o sistema é composto de um gerador de vapor (caldeira), um sistema de preaquecimento da água de alimentação (desaerador) e um sistema de alimentação de combustível, seja este biomassa, óleo ou gás. Segundo a NR 13 - Caldeiras, Vasos de Pressão e Tubulações (NR 13) esses equipamentos são destinados a produzir e acumular vapor sob pressão superior à atmosférica, utilizando qualquer fonte de energia, excetuando-se os refervedores e equipamentos similares utilizados em unidades de processo. As caldeiras não devem ultrapassar suas limitações técnicas em relação às condições operacionais; vazão de vapor, pressão e temperatura. A energia transferida dos combustíveis para a água é calculada de tal forma a evitar desperdícios e tampouco, danos à estrutura da caldeira. O poder calorífico do combustível (PCI) e a massa de combustível devem estar compatíveis com a massa de água que irá absorver a energia liberada. Os combustíveis, muitas vezes, são responsáveis por explosão de caldeiras devido à sua acumulação na fornalha ou por combustão incompleta. As caldeiras devem estar providas de sistemas de intertravamento envolvendo a presença de gases na fornalha e promovendo a purga do sistema antes da ignição. A energia contida no combustível é liberada e transferida para a água da caldeira por condução, convecção e radiação. Quando se trata de caldeira aquatubular, a água estará no interior dos tubos e por diferença de densidade entre a água fria e a água quente, a água circula naturalmente nas paredes de água, nos tubos geradores e nos coletores inferiores até o balão de vapor. O calor sensível transferido para a água da caldeira e a área de confinamento da água faz a pressão interna subir até o limite estabelecido pelo projeto do gerador de vapor. A pressão máxima de trabalho admissível do vapor (PMTA) é o maior valor de pressão compatível com o código de projeto, a resistência dos materiais utilizados, as dimensões do equipamento e seus parâmetros operacionais. Quanto à normalização, a série NBR 16035 especifica os requisitos mínimos para caldeiras e vasos de pressão e foi publicada em 2012, em cinco partes: Parte 1: Geral; Parte 2: Conforme ASME Code, Section I; Parte 3: Conforme ASME Code, Section VIII, Division 1; Parte 4: Vasos de pressão – Conforme ASME, Code, Section VIII, Division 2; e Parte 5: Vasos de pressão – Conforme EN-286 Part 1. Em elaboração a Parte 6: Vasos de pressão – Conforme EN-13445; e a Parte 7: Vasos de pressão – Conforme AD 2000 Merkblatter. Já a NBR ISO 16528-1 de 05/2008 - Caldeiras e vasos de pressão - Parte 1: Requisitos de desempenho define os requisitos mínimos para construção de caldeiras u Edição n 284 - Março de 2016 - 65 e vasos de pressão. Com relação à geometria das partes pressurizadas para vasos de pressão inclui: a extremidade da conexão para a primeira junta circunferencial, para as conexões soldadas; a primeira junta roscada para conexões rosqueadas; a face do primeiro flange para conexões flangeadas aparafusadas; a primeira superfície de vedação para as ligações ou conexões padronizadas por terceiros; acessórios de segurança onde necessário; com relação à geometria das partes pressurizadas para caldeiras inclui: conexão de alimentação de água até a saída de vapor; os acessórios de segurança associados; tubulações auxiliares conectadas à caldeira. A NBR ISO 16528-2 de 05/2008 - Caldeiras e vasos de pressão Parte 2: Procedimentos 66 - Revista BQ - Banas Qualidade para atendimento integral da NBR ISO 16528-1 define um mecanismo e um formato padronizado para que os organismos normativos nacionais/regionais possam demonstrar que suas normas atendem integralmente aos requisitos da ISO16528 -1. Segundo os especialistas, a melhor forma de reduzir os riscos associados à operação de geradores de vapor é seguir as recomendações do fabricante. Portanto, antes de iniciar a operação de uma caldeira pela primeira vez, deve-se treinar as equipes de manutenção e de operação tal qual é recomendado pelo Anexo I – A da NR 13, que é um currículo mínimo para o treinamento de segurança na operação de caldeiras. Devido à enorme diversidade e complexidade destes tipos de equipamentos, a interpretação destas exigências e o seu enquadramento na referida norma podem ser complicados. Interpretações indevidas podem gerar, desnecessariamente, elevados custos, interrupções da produção, sanções de órgãos fiscalizadores e até mesmo riscos de acidentes e agressões ao meio ambiente. Enquanto as caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e a acumular vapor sob pressão superior a atmosférica, os vasos de pressão são equipamentos que contêm fluidos (ar ou outros gases) sob pressão interna ou externa. Importante dizer que qualquer empresa, ao manter em suas instalações esses equipamentos, necessita submetê-los a avaliações periódicas, com a emissão de laudos. Essas avaliações consistem em testes para analisar a integridade dos Danos causados pela explosão de uma caldeira industrial de pequeno porte equipamentos e podem exigir inclusive a realização de testes hidrostáticos. Destinada a produzir e acumular vapor maior que à pressão atmosférica, a caldeira faz esse processo com qualquer fonte de energia e tudo que for produzido pode ser usado nas condições como baixa ou alta pressão, saturado ou superaquecido. O vapor pode ser produzido ainda por equipamentos que possuam a caldeira como uma das fontes de energia. A caldeira pode ser definida como todo equipamento que simultaneamente gere e acumule vapor de água ou outro fluído. O pior que, no país, predomina ainda as situações de alta periculosidade, principalmente em relação ao desconhecimento dos riscos associados aos geradores de vapor, sejam estes de qualquer pressão. Uma caldeira de baixa pressão pode ser tão perigosa quanto uma caldeira de alta pressão, considerando o risco à vida e ao empreendimento industrial. A manutenção mecânica, elétrica e instrumentação deve ser prioridade, incluindo os testes de intertravamento, inspeções internas e externas, manutenção preditiva dos periféricos da caldeira e os ensaios não destrutivos , nas paradas da caldeira. O treinamento da mão de obra, responsável por essa operação deve ser periódica. Enfim, enquanto as caldeiras a vapor são equipamentos destinados a produzir e a acumular vapor sob pressão superior a atmosférica, os vasos de pressão são equipamentos que contêm fluidos (ar ou outros gases) sob pressão interna ou externa. Importante dizer que qualquer empresa, ao manter em suas instalações esses equipamentos, necessita submetê-los a avaliações periódicas, com a emissão de laudos. Essas avaliações consistem em testes para analisar a integridade dos equipamentos e podem exigir inclusive a realização de testes hidrostáticos. Destinada a produzir e acumular vapor maior que à pressão atmosférica, a u Fotos de Modelo de uma Caldeira Industrial e um vaso de pressão Edição n 284 - Março de 2016 - 67 Todos os controles de segurança e de tubulação Chaminé de exaustão Alta temperatura porta traseira refratária Tubulação para segunda válvula Processador totalmente automatizado caldeira faz esse processo com qualquer fonte de energia e tudo que for produzido pode ser usado nas condições como baixa ou alta pressão, saturado ou superaquecido. O vapor pode ser produzido ainda por equipamentos que possuam a caldeira como uma das fontes de energia. A caldeira pode ser definida como todo equipamento que simultaneamente gere e acumule vapor de água ou outro fluído. Sempre subjugado a pressão interna ou externa os vasos de pressão são equipamentos que possuem fluídos. Há também os vasos que operam com vácuo que apesar de estarem operando a vácuo sofrem essas pressões. O vácuo é uma pressão inferior a atmosférica. A dimensão do vaso se dá em conta da pressão que atua sobre suas paredes que poderá ser maior interna ou externamente. 68 - Revista BQ - Banas Qualidade Gas, óleo ou a combinação força os queimadores Sapatas extra pesadas e suportes Quando não existe atuação simultânea das pressões internas e externas o caso tem ganhar a dimensão por uma condição mais severa aplicada sobre ele. Dependendo da função a qual se destinam os vasos de pressão podem ser esférico, cilíndricos ou cônicos e podem ser construídos em aço de carbono, alumínio, aço inoxidável, fibra de vidro ou outros. Podem ou não conter líquidos, gases ou misturas de ambos. Dessa forma, nas indústrias de processos, comumente caldeiras e vasos de pressão fazem parte do seu aparato tecnológico, sendo necessários para a produção de calor e pressão, sendo imprescindíveis em grande parte dos processos de transformação primária, seja esta física ou química. O que deve ser enfatizado é que os referidos equipamentos são, normalmente, de grande porte e geram condições de altas temperaturas e pressão. Tais condições são elementos que por si podem originar acidentes e, ainda, se somado à falta de atenção e importância ao atendimento aos preceitos de segurança, podem elevar o grau de seriedade destes acidentes. Os riscos de instalar e manter caldeiras, vasos sob pressão e tubulações industriais não se limitam a questões ecológicas e materiais, pois muitos trabalhadores já sofreram danos irreparáveis e até morreram em acidentes com tais equipamentos. A inspeção periódica, realizada segundo padrões internacionais de segurança, pode evitar esses perigos. Além disso, evita paradas de emergência, perdas de produção, resultando em maior eficiência. Absolutamente indispensável na indústria petroquímica, em hospitais, hotéis, em alguns ramos do comércio, as instalações pressurizadas, evoluindo constantemente, requerem permanente atualização nas técnicas de inspeção. www.b2p.net.br Tel.: 55 - 11 3742.4838 [email protected] Negócios em Pulicações Customizadas e Eventos de Divulgação É difícil conquistar um minuto do tempo das pessoas. Então, como você conseguiria conquistar estes minutos para falar diretamente com seu público-alvo, investidores, reguladores, membros, funcionários ou clientes? B2P - Publishing House é o seu parceiro em publicações personalizadas de alta qualidade A B2P - Publishing House, é uma editora de publicações com larga experiência na edição de Revistas, Boletins Informativos, Jornais Corporativos, Livros, E-books, e diversos tipos de títulos customizados para empresas líderes que utilizam este tipo de publicação para se comunicar de forma eficaz com seu público-alvo. 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Avançada plataforma digital Utilizando uma plataforma amigável e interativa, a B2P - Publishing House produz todos os materiais editoriais na forma impressa e digital (Page Flip) onde podemos colocar em sua publicação: • Link com site • Vídeo externo • Vídeo interno na publicação • Link com Email • Mensagem • Folder anexo • Fotos • Salvar em PDF • Fazer anotações • Fazer busca de palavras • Colocar marcador de página • Distribuir em redes sociais Edição n 284 - Março de 2016 - 69 A importância da NBR 7199 para evitar acidentes fatais com portas de vidro Por Mauricio Ferraz de Paiva O vidro é classificado como líquido, só que com viscosidade muito alta. Tanto o vidro comum como os demais devem respeitar uma espessura de acordo com o vão que serão colocados, indicação essa que, juntamente com as anteriores, ajuda os síndicos e gestores prediais a programarem a revisão e manutenção desse importante componente do sistema construtivo. Na hora de realizar um projeto, é importante prestar atenção ao fornecedor do vidro para ter a certeza de estar comprando um produto de qualidade e com garantia de durabilidade. Além disso, também é essencial realizar manutenções periódicas nos vidros instalados em casa. Do contrário, alguns acidentes envolvendo a quebra desse 70 - Revista BQ - Banas Qualidade produto podem acontecer e assustar os moradores. Após a transformação de um vidro comum para o vidro temperado, este se torna muito mais resistente a choque térmico, flexão, flambagem e torção. Isso resulta em um vidro que possui menor probabilidade de quebra e, caso aconteça, o vidro temperado se fragmenta em pequenas partículas sem pontas e com bordas pouco cortantes, o que reduz os riscos de acidentes. Mesmo sendo um vidro de segurança, dependendo das condições nas quais o vidro se encontrar, ele pode acabar quebrando. Os vidros temperados quebram, normalmente, por falhas na instalação. A falta do uso de dispositivos de segurança e os vidros que são instalados em contato direto com a alvenaria podem quebrar. Os monolíticos são os vidros tais como são produzidos originalmente. São incolores ou coloridos, sendo uma placa única produzida industrialmente. Esses vidros podem ser temperados ou semitemperados, para aumento de sua resistência. Os vidros temperados e semitemperados passam por um processo de choque térmico que os endurece, proporcionando maior resistência mecânica. São usados para grandes envidraçamentos para reduzir as espessuras. Mas requerem um cuidado: podem sofrer quebra originada por várias causas e, portanto, não podem ser instalados em guardacorpos, em coberturas, etc. Os laminados são compostos de duas ou mais placas de vidros monolíticos, comuns ou temperados, unidas por uma película por meio de um processo industrial. Oferecem u Normalização Os impactos dos acidentes que envolvem vidros podem ser menores caso alguns cuidados sejam tomados em sua instalação. Nas edificações, por exemplo, seria imprescindível que as portas contassem com vidros de segurança, conforme especificado pela NBR 7199. Edição n 284 - Março de 2016 - 71 maior segurança, pois, ao se quebrarem, os cacos ficam grudados na película. Os insulados são os compostos por duas lâminas de vidro – comum, temperado ou laminado – montadas de forma a ter entre elas uma câmara de ar que fica sem contato com o ar exterior. Esses vidros colaboram em certa medida para o conforto térmico e, dependendo das frequências e níveis dos ruídos, podem ser eficientes acusticamente. A NBR 7199 de 11/1989 Projeto, execução e aplicações de vidros na construção civil fixa as condições que devem ser obedecidas no projeto de envidraçamento em construção civil. Aplica-se a envidraçamento de janelas, portas, divisões de ambientes, guichês, vitrines, lanternins, chedes e claraboias. Segundo a norma, o envidraçamento deve obedecer a algumas disposições gerais. As chapas de vidro devem ser colocadas de tal modo que não sofram tensões suscetíveis de quebrá-las, tais como: dilatação, contração ou deformação do caixilho, deformação ou recalque da obra, não sendo permitido o contato das bordas das chapas de vidro entre si, com alvenaria ou peças metálicas. Já a fixação das chapas de vidro deve ser tal que impeça o seu deslocamento em relação aos elementos 72 - Revista BQ - Banas Qualidade de fixação, excetuados os casos em que o projeto prevê movimentações e, quando uma separação for executada, total ou parcialmente, com chapas de vidro cuja presença não seja perfeitamente discernível, devem-se tomar precauções através de sinalização adequada, para evitar acidentes. Quando houver chapas de vidro com bordas livres acessíveis, estas devem ser laboradas e as bordas das chapas de vidro, em qualquer caso, não devem apresentar defeitos que venham a prejudicar a utilização ou resistência do vidro após a colocação. O envidraçamento sobre passagem em vidro recozido deve ser na vertical e ter todo seu perímetro fixado em rebaixo. O envidraçamento de balaustradas, parapeitos, sacadas e vidraças não verticais sobre passagem, deve ser executado com vidros de segurança laminados ou aramados, salvo se for prevista proteção adequada. No caso de utilização em claraboias ou telhados, para iluminação de passagem ou locais de trabalho, a vidraça deve ser adequadamente protegida com telas metálicas ou outros dispositivos, e, quando não o for, o vidro deve ser de segurança aramado ou laminado. O envidraçamento em caixilhos e em contato com o meio exterior deve apresentar estanqueidade à água e ao vento e todos os materiais utilizados no envidraçamento devem ser compatíveis entre si, com as chapas de vidro e com os materiais dos caixilhos. Admite-se, na colocação em caixilhos de madeira, a utilização de pinos ou pregos para dar maior segurança na fixação da chapa de vidro, devendo os rebaixos ser preenchidos com massa. A colocação da chapa de vidro com massa deve ser feita com duas demãos, quer em rebaixo aberto, quer em rebaixo fechado, com exceção do caso de colocação em caixilho de madeira, no qual é admissível somente uma demão de massa. A chapa de vidro, ao ser colocada com duas demãos de massa, deve ser forçada de encontro à primeira demão (colchão posterior e de fundo), de maneira a manter uma camada uniforme de massa de espessura não inferior a 2 mm. A massa deve ser aplicada de maneira a não formar vazios, e sua superfície aparente deve ser lisa e regular. Após a colocação da chapa de vidro, as massas ou gaxetas devem ser protegidas contra as intempéries, como, por exemplo, pinturas e obturadores, salvo nos casos em que sua composição química dispense tal proteção. As massas e gaxetas em geral devem adaptar-se às dilatações, deformações e vibrações causadas por variações de temperatura ou ações mecânicas, não devem escoar nem assentar, mantendo boa aderência ao vidro e caixilho. Antes de sua colocação, devese verificar se os rebaixos estão convenientemente preparados. Acima do pavimento térreo, as chapas de vidro, quando dão para o exterior e não têm proteção adequada, só podem ser colocadas a 1,10 m acima do respectivo piso. Abaixo desta cota, quando sem proteção adequada, o vidro deve ser de segurança laminado ou aramado. Internamente, os vidros recozidos só podem ser colocados a partir de 0,10 m acima do piso. O envidraçamento em caixa de escadas deve ser executado em vidro aramado e no pavimento térreo os vidros recozidos só podem ser colocados a partir de 0,10 m acima do piso. Quando se tratar de vitrinas, devese, ainda, prever proteção adequada de resguardo aos transeuntes, ou empregar vidros de segurança. No caso de portas ou divisórias, quando não houver proteção adequada, também deve ser usado vidro de segurança. Os locais sob as áreas de envidraçamento, durante sua execução, devem ser interditados para fins de segurança pessoal ou, caso não seja possível, estes locais devem ser adequadamente protegidos. Após o envidraçamento, deve-se evitar a aplicação, na chapa de vidro, para assinalar a sua presença, de pintura com materiais higroscópicos, como, por exemplo, a cal, alvaiade (que provocam ataques à sua superfície), ou a marcação com outros processos que redundem em danos à superfície da chapa. Em vidraças duplas ou múltiplas, as superfícies das chapas de vidro, que limitam as câmaras de ar, devem ser perfeitamente limpas antes do envidraçamento. Importante observar que o vidro de segurança temperado não pode sofrer recortes, perfurações ou lapidações, salvo polimento leve, inferior a 0,3 mm de profundidade. Em colocações autoportantes, através de ferragens, devemse interpor, entre as ditas peças e a chapa de vidro, materiais imputrescíveis, não higroscópicos e que não escoem, com o tempo, sob pressão. Para colocação autoportante, recomendam-se as seguintes distâncias entre as bordas das chapas de vidro (medidas no ponto de maior afastamento): entre peças móveis, 2 a 3 mm; entre peças móveis e fixas, 3 a 4 mm; entre peças móveis e piso, 7 a 8 mm; e entre chapas fixas, 1 a 2 mm. Enfim, o vidro deve contribuir para o conforto térmico do ambiente interno, ou seja, tem que controlar a passagem de calor de um lado para outro. Em países de clima frio, o uso da calefação gera grandes custos e o que se pretende dos vidros é que permitam que o calor penetre no ambiente durante o dia, mas não deixem o calor sair durante a noite ou em períodos com temperatura externa muito baixa. Já nos países de clima quente, principalmente nos trópicos o que se procura é barrar a entrada de calor durante o dia e permitir que ele saia com facilidade nos períodos com menos radiação e à noite. A definição do tipo de vidro a ser utilizado em cada projeto depende de dois fatores primordiais: o esforço ao qual o material será submetido e o efeito desejado em seu produto final. Porém, os avanços e as inovações, que têm alavancado as linhas de produção tanto em quantidade como em qualidade de material, têm garantido um número de possibilidades de aplicação cada vez maior do material. Mauricio Ferraz de Paiva é engenheiro eletricista, especialista em desenvolvimento em sistemas, presidente do Instituto Tecnológico de Estudos para a Normalização e Avaliação de Conformidade (Itenac) e presidente da Target Engenharia e Consultoria [email protected] Edição n 284 - Março de 2016 - 73 Conteúdo em todos os lugares. On A forma de leitores, a B ferramentas precisa esta Nossos leito Online, baix articulistas, conteúdo co fazer busca para amigos Total interatividade Ferramentas de busca Rede de sites 74 - Revista BQ - Banas Qualidade nline | On Mobile consumir conteúdo esta mudando. Usando o feedback de nossos Banas Qualidade tem disponibilizado suas publicações em novas s de leitura, sempre com o objetivo de levar a informação onde ela ar. ores agora podem acessar nossas publicações exclusivamente xar seu conteúdo, e utilizar recursos extras como: falar com fazer Link direto com as matérias originais e com isto ter mais omplementar, fazer link com anunciantes, produtos e serviços, por palavras, distribuir as publicações na rede da empresa, enviar s ou distribuir nas redes sociais. Publicações exclusivas Recursos inéditos www.banasqualidade.com.br Edição n 284 - Março de 2016 - 75 A incerteza da medição em atividades do setor eletrotécnico 76 - Revista BQ - Banas Qualidade A incerteza padrão é o desvio padrão estimado; a incerteza padrão combinada é o resultado da combinação dos componentes da incerteza padrão; e a incerteza estendida é obtida pela multiplicação da incerteza padrão combinada por um fator de cobertura Da Redação T odas as medições são contaminadas por erros imperfeitamente conhecidos, de modo que a significância associada com o resultado de uma medição deve considerar esta incerteza, que é um parâmetro associado com o resultado de uma medição, que caracteriza a dispersão dos valores que podem razoavelmente ser atribuídos à quantidade medida. Há problemas associados com essa definição, pois pode-se perguntar o que é a dispersão se o valor verdadeiro não pode ser conhecido? Ela também implica que incerteza é somente relevante se várias medições são feitas e ela falha – por não mencionar valor verdadeiro para invocar o conceito de rastreabilidade. Uma definição mais prática, mais usada porque satisfaz mais as necessidades da metrologia industrial e não é consistente com a anterior, é a seguinte: incerteza é o resultado da avaliação pretendida em caracterizando a faixa dentro da qual o valor verdadeiro de uma quantidade medida é estimado cair, geralmente com uma dada confiança. Assim, a incerteza padrão é o desvio padrão estimado; a incerteza padrão combinada é o resultado da combinação dos componentes da incerteza padrão; e a incerteza estendida é obtida pela multiplicação da incerteza padrão combinada por um fator de cobertura. Essa é uma exigência para todos os laboratórios credenciados de calibração, ou seja, que os resultados reportados em um certificado sejam acompanhados de uma declaração descrevendo a incerteza associada com estes resultados. É também exigência para os laboratórios de testes, sob as seguintes circunstâncias: onde isto é requerido pelo cliente; onde isto é requerido pela especificação do teste; e onde a incerteza é relevante para validar ou aplicar o resultado, por exemplo, onde a incerteza afeta a conformidade a uma especificação ou limite. Os laboratórios credenciados devem ter uma política definida cobrindo a provisão de estimativas das incertezas das calibrações ou testes feitos. O laboratório deve usar procedimentos documentados para a estimativa, tratamento e relatório da incerteza. Devem consultar seu corpo de credenciamento para qualquer orientação específica que possa estar disponível para a calibração ou teste. Dessa forma, o objetivo de uma medição é determinar o valor de uma quantidade específica sujeita à medida (mesurando). Para os laboratórios de calibração, isto pode ser qualquer parâmetro da medição dentro de campos reconhecidos da medição – comprimento, massa, tempo, pressão, corrente elétrica. Quando aplicado a um teste, o termo genérico mesurando pode cobrir muitas quantidades diferentes, como a resistência de um material, a concentração de uma solução, o nível de emissão de ruído ou radiação eletromagnética, e a quantidade de microorganismos. Uma medição começa com uma especificação apropriada da quantidade medida, o método genérico de medição e o procedimento específico detalhado da medição. Nenhuma medição ou teste é perfeito e as imperfeições fazem aparecer erro de medição no resultado. Como u Edição n 284 - Março de 2016 - 77 conseqüência, o resultado de uma medição é somente uma aproximação do valor da quantidade medida e é somente completa quando acompanhado por uma expressão da incerteza desta aproximação. Realmente, por causa da incerteza da medição, o valor verdadeiro nunca pode ser conhecido. No limite, por causa de alguns efeitos, ele pode mesmo não existir. A incerteza da medição compreende, em geral, muitos componentes. Alguns podem ser calculados da distribuição estatística dos resultados de uma série de medições e pode ser caracterizados por desvios padrão experimentais. Os outros componentes, que podem também ser caracterizados por desvios padrão, são calculados das distribuições de probabilidade assumidas baseadas na experiência ou em outra informação. Erros aleatórios aparecem das variações aleatórias das observações. A cada momento que a medição é tomada sob as mesmas condições, efeitos aleatórios de várias fontes afetam o valor medido. Uma série de medições produz um espalhamento em torno de um valor médio. Um número de fontes pode contribuir para a variabilidade cada vez que uma medição é tomada e sua influência pode estar 78 - Revista BQ - Banas Qualidade continuamente mudando. Elas não podem ser eliminadas mas a incerteza devido a seus efeitos pode ser reduzida, aumentando o número de observações e aplicando análise estatística. Os erros sistemáticos aparecem de efeitos sistemáticos, ou seja, é um efeito no resultado de uma quantidade que não está incluído na especificação da quantiade medida mas que influencia no resultado. Estes erros permanecem constantes quando uma medição é repetida sob as mesmas condições por isso eles não revelados pelas medições repetidas. Seu efeito é introduzir um deslocamento entre o valor da medição e o valor médio determinado experimentalmente. Eles não podem ser eliminados mas podem ser reduzidos, por exemplo, fazendo correções para o tamanho conhecido de um erro devido a um efeito sistematico reconhecido. Internacionalmente, foi adotado o enfoque de agrupar os componentes da incerteza em duas categorias baseadas em seus métodos de avaliação: Tipo A e Tipo B. Esta classificação de métodos de avaliação, em vez dos componentes em si, evita certas ambiguidades. Por exemplo, um componente aleatório de incerteza em uma medição pode se tornar um componente sistemático em outra medição que tem como sua entrada o resultado da primeira medição. Assim, a incerteza total cotada em um certificado de calibração de um instrumento incluirá o componente devido aos efeitos aleatórios, mas quando este valor total é subsequentemente usado como a contribuição na avaliação da incerteza em um teste usando este instrumento, a contribuição deve ser tomada como sistemática. A avaliação do Tipo A é feita pelo cálculo de uma série de leituras repetidas, usando métodos estatísticos. A do Tipo B é feita por meios diferentes dos usados no método B. Por exemplo, por julgamento baseado em: dados de certificados de calibração, que possibilita correções a serem feitas e incertezas do Tipo B a serem atribuídas; dados de medições anteriores, por exemplo, gráficos históricos podem ser construídos e podem fornecer informação útil acerca das mudanças dinâmicas. experiência com ou o conhecimento geral do comportamento e propriedades de materiais e equipamentos iguais; valores aceitos de constantes associadas com materiais e quantidades; especificações dos fabricantes; todas as outras informações relevantes. As incertezas individuais são avaliadas pelo método apropriado e cada uma é expressa como um desvio padrão e é referida a uma incerteza padrão. As incertezas padrão individuais são combinadas para produzir um valor total de incerteza, conhecido como incerteza padrão combinada. Uma incerteza expandida é usualmente requerida para satisfazer as necessidades da maioria das aplicações, especialmente onde se envolve segurança. É recomendado fornecer um intervalo maior acerca do resultado de uma medição quando a incerteza padrão com, consequentemente, uma maior probabilidade do que envolve o valor verdadeiro convencional da quantidade medida. Ela é obtida multiplicando-se a incerteza padrão combinada por um fator de cobertura, k. A escolha do fator é baseada no nível de confiança requerido. E quais as fontes da incerteza? Uma delas é a definição incompleta do teste – a exigência pode não ser claramente descrita, como a temperatura de um teste pode ser dada como temperatura ambiente. Outra é a realização imperfeita do procedimento de teste, mesmo quando as condições de teste estão claramente definidas pode não ser possível produzir as condições teóricas, na prática, devido as imperfeições inevitáveis nos materiais ou sistemas usados. Também a amostragem – a amostra pode não ser totalmente representativa. Em algumas disciplinas, como teste microbiológico, pode ser muito difícil obter uma amostra representativa. Outra fonte de erro é o conhecimento inadequado dos efeitos das condições ambientais no processo da medição ou medição imperfeita das condições ambientais. Uma fonte bastante usual é o erro pessoal de polarização na leitura de instrumentos analógicos, outra a resolução ou limite de discriminação do instrumento ou erros na graduação da escala. Também. Os valores atribuídos aos padrões da medição (de trabalho e de referência) e materiais de referência certificada. As alterações nas características ou desempenho de um instrumento de medição desde a sua última calibração. Os valores de constantes e outros parametros usadas na avaliação dos dados. Por fim, mais duas fontes: as aproximações e hipóteses incorporadas no método e procedimento da medição e as variações nas leituras repetidas feitas sob condições parecidas mas não idênticas – tais como efeitos aleatórios podem ser causados, por exemplo, ruído elétrico em instrumentos de medição, flutuações rápidas no ambiente local, por exemplo, temperatura, umidade e pressão do ar, variabilidade no desempenho do operador que faz o teste. Essas fontes não são necessariamente independentes e, em adição, os efeitos sistemáticos não reconhecidos podem existir que não podem ser levados em conta mas contribuem para o erro. É por esta razão que os laboratórios credenciados encorajam – e muitas vezes insistem – em participação em comparações interlaboratoriais, auditorias de medição e cross checking interno de resultados por diferentes meios. Em consequência, a incerteza total de uma medição é uma combinação de um número de incertezas componentes. Mesmo uma única leitura do instrumento pode ser influenciada por vários fatores. A consideração cuidadosa de cada medição envolvida na calibração ou teste é necessária para identificar e listar todos os fatores que contribuem para a incerteza total. Este é um passo muito importante e requer um bom entendimento do equipamento de medição, os princípios e práticas da calibração ou teste e a influência do ambiente. O próximo passo é quantificar as incertezas componentes por meios apropriados. Uma quantificação u aproximada inicial pode Edição n 284 - Março de 2016 - 79 ser valiosa em possibilitar que alguns componentes sejam reconhecidos como desprezíveis e não necessitam de uma avaliação mais rigorosa. Em muitos casos, uma definição prática de desprezível pode ser um componente que não é maior do que um quinto do tamanho do maior componente. Alguns componentes podem ser quantificados pelo cálculo do desvio padrão de um conjunto de medições repetidas (Tipo A). A quantificação de outros componentes pode requerer o julgamento, usando toda informação relevante na variabilidade possível de cada fator (Tipo B). A incerteza padrão é definida como um desvio padrão. O potencial para erros em um estágio posterior da avaliação pode ser minimizado expressando todas as incertezas componentes como um desvio padrão. Isto podoe requer ajuste de alguns valores da incerteza, de modo que os obtidos dos certificados de 80 - Revista BQ - Banas Qualidade calibração e outras fontes, que muitas vezes tem sido expressos com um maior nível de confiança, envolvendo múltiplo do desvio padrão (2 ou 3). As incertezas componentes devem ser combinadas para produzir uma incerteza total usando o procedimento estabelecido em padrões internacionais. Em muitos casos, isto reduz a tomar a raiz quadrada da soma dos quadrados das incertezas padrão componentes (método da raiz da soma dos quadrados). Porém, alguns componentes podem ser interdependentes e podem, por exemplo, se cancelarem entre si ou se reforçarem entre si. Em muitos casos, isto pode ser facilmente visto e os componentes interdependentes podem ser somados algebricamente para dar um valor final. Porém, em casos mais complexos, podemse usar métodos matemáticos mais complexos para tais componentes correlatos, como derivadas parciais. Em muitos casos, é necessário cotar uma incerteza expandida e a incerteza padrão combinada, sendo portanto necessãria ser multiplicada por um fator de cobertura apropriado. Isto deve refletir o nível de confiança requerido e, em termos estritos, será ditado pelos detalhes da distribuição de probabilidade caracterizado pelo resultado da medição e sua incerteza padrão combinada. Porém, as computações extensivas requerida para combinar as distribuições de probabilidade são raramente justificadas pelo tamanho e confiabilidade da informação disponível. Em muitos casos, uma aproximação é aceitável, ou seja, a distribuição da probabilidade pode ser assumida como normal e que um valor de 2 para o fator de cobertura define um intervalo tendo um nível de confiança de aproximadamente 95%, ou, para aplicações mais críticas, que um valor de 3 define um intervalo tendo um nível de confiança de aproximadamente 99%. As exceções a estes casos precisam ser tratados em uma base individual e devem ser caracterizados por um dos fatores relacionados a seguir ou ambos: a ausência de um número significativo de incertezas componentes tendo distribuições de probabilidade bem comportadas, tais como, normal ou retangular; a inclusão de uma incerteza componente dominante. Isto pode causar a incerteza expandida ser maior do se as contribuições individuais da incerteza fossem somadas aritmeticamente e é claramente uma situação pessimista. Deve também ser notado que se erros de incertezas do Tipo A em um sistema de medição são comparáveis aos do Tipo B, a incerteza expandida pode ser uma subestimativa, a não ser que um grande número de leituras repetidas tenha sido feito. Nessas circunstâncias, um fator de cobertura (kp) deve ser obtido de uma distribuição (t), baseada nos graus de liberdade efetivo (nef) da incerteza padrão combinada. No caso do setor eletrotécnico, a ABNT IEC GUIA 115 de 10/2015 - Aplicação da incerteza de medição nas atividades de avaliação da conformidade no setor eletrotécnico é um guia que apresenta uma abordagem prática da aplicação da incerteza de medição nas atividades de avaliação da conformidade no setor eletrotécnico. Ele é especificamente concebido para ser utilizado nos esquemas do sistema IECEE, bem como para os laboratórios que realizam os ensaios de produtos elétricos segundo as normas nacionais de segurança. A Seção 4 descreve a aplicação dos princípios da incerteza de medição. A Seção 5 fornece as diretrizes para a realização dos cálculos de incerteza de medição. O Anexo A apresenta alguns exemplos de cálculos de incerteza de medição para os ensaios de avaliação da conformidade de produtos. Este Guia foi elaborado pelo Comitê dos Laboratórios de Ensaio (Committee of Testing Laboratories [CTL]) do sistema IEC de Ensaios de Conformidade e de Certificação dos Equipamentos Elétricos (IECEE), a fim de fornecer as diretrizes para a aplicação prática dos requisitos que dizem respeito à incerteza de medição da NBR ISO IEC 17025 aos ensaios de segurança elétrica realizados no âmbito do CB Scheme (esquema dos organismos de certificação) do sistema IECEE. O esquema de certificação CB Scheme do sistema IECEE é um acordo internacional multilateral estabelecido entre mais de 40 países e cerca de 60 organismos nacionais de certificação, visando a aceitação dos relatórios de ensaios dos produtos elétricos que tenham sido submetidos a ensaios segundo as normas IEC. O objetivo do CTL é, entre outras tarefas, definir uma análise comum da metodologia de ensaio segundo as normas IEC, bem como assegurar e melhorar de maneira contínua a repetitividade e a reprodutibilidade dos resultados de ensaio entre os laboratórios membros. A abordagem prática da incerteza de medição descrita neste Guia foi adotada para ser utilizada no esquema de certificação “CB Scheme” do IECEE e é igual e largamente utilizada no mundo pelos laboratórios de ensaio para os ensaios dos produtos elétricos segundo as normas nacionais de segurança. Este Guia é de interesse específico dos seguintes Comitês Técnicos da IEC que podem, se necessário, decidir pela sua utilização: • COMITÊ TÉCNICO 13: Medição da energia elétrica, controle das tarifas e da carga; • COMITÊ TÉCNICO 17: Dispositivos de manobra e controle; • COMITÊ TÉCNICO 18: Instalações elétricas dos navios e das unidades móveis e fixas no mar; • COMITÊ TÉCNICO 20: u Cabos elétricos; Edição n 284 - Março de 2016 - 81 • COMITÊ TÉCNICO 21: Células secundárias e baterias; • COMITÊ TÉCNICO 22: Sistemas e equipamentos eletrônicos de potência; • COMITÊ TÉCNICO 23: Acessórios elétricos; • COMITÊ TÉCNICO 32: Fusíveis; • COMITÊ TÉCNICO 33: Capacitores de potência; • COMITÊ TÉCNICO 34: Lâmpadas e equipamentos associados; • COMITÊ TÉCNICO 35: Células primárias e baterias; • COMITÊ TÉCNICO 38: Transformadores de medição; • COMITÊ TÉCNICO 39: Tubos eletrônicos; • COMITÊ TÉCNICO 40: Capacitores e resistores para equipamentos eletrônicos; • COMITÊ TÉCNICO47 Dispositivos a semicondutores; • COMITÊ TÉCNICO 59: Desempenho dos aparelhos eletrodomésticos; • COMITÊ TÉCNICO 61: Segurança dos aparelhos eletrodomésticos e análogos; • COMITÊ TÉCNICO 62: Equipamentos elétricos na prática médica; • COMITÊ TÉCNICO 64: Instalações elétricas e proteção contra os choques elétricos; • COMITÊ TÉCNICO 65: Medição e comando nos 82 - Revista BQ - Banas Qualidade • • • • • • processos industriais; COMITÊ TÉCNICO 66: Segurança dos aparelhos de medição, de comando e de laboratório; COMITÊ TÉCNICO 76: Segurança das radiações ópticas e equipamentos a laser; COMITÊ TÉCNICO77 Compatibilidade eletromagnética; COMITÊ TÉCNICO 78: Trabalhos sob tensão; COMITÊ TÉCNICO80 Equipamentos e sistemas de navegação e de radiocomunicação marítimos; COMITÊ TÉCNICO 82: Sistemas de conversão fotovoltaicos de energia solar. A qualificação e a aceitação dos laboratórios de ensaio CB (CBTL), por exemplo, no sistema IECEE, é realizada de acordo com a NBR ISO/ IEC 17025, que afirma em 5.4.6.2: “Os laboratórios de ensaio devem possuir e aplicar os procedimentos para a estimativa das incertezas de medição. Em alguns casos, a natureza do método de ensaio pode evitar um cálculo rigoroso do ponto de vista metrológico e estatístico da incerteza de medição. Nesses casos, o laboratório deve pelo menos tentar identificar todos os componentes de incerteza e fazer uma estimativa razoável, e deve garantir que a forma de relatar o resultado não dê uma impressão errada da incerteza. A estimativa razoável deve estar baseada no conhecimento do desempenho do método e no escopo da medição, e deve fazer uso, por exemplo, de experiência e dados de validação anteriores. NOTA 1 O grau de rigor necessário para uma estimativa da incerteza de medição depende de fatores como: os requisitos do método de ensaio; os requisitos do cliente; a existência de limites estreitos nos quais são baseadas as decisões sobre a conformidade a uma especificação. NOTA 2 Nos casos em que um método de ensaio bem reconhecido especifica limites para os valores das principais fontes de incerteza de medição e especifica a forma de apresentação dos resultados calculados, considera-se que o laboratório tenha satisfeito esta seção ao seguir as instruções do método de ensaio e de relato (ver 5.10).” A NBR ISO/IEC 17025, item c), especifica: “A subseção 5.10.3.1 inclui o seguinte: c) onde aplicável, uma declaração sobre a incerteza estimada de medição; a informação sobre a incerteza nos relatórios de ensaio é necessária quando ela for relevante para a validade ou aplicação dos resultados do ensaio, quando requerida na instrução do cliente ou quando a incerteza afetar a conformidade com um limite de especificação.” A NBR ISO/IEC 17025 foi escrita como um documento de uso geral, para todas as indústrias. Os princípios da incerteza de medição são aplicados aos ensaios de laboratório e à apresentação dos resultados dos ensaios para assegurar um grau de certeza de que as decisões tomadas sobre a conformidade dos produtos ensaiados de acordo com os requisitos relevantes são válidas. Os procedimentos e as técnicas para os cálculos da incerteza de medição estão bem estabelecidos. Este procedimento dos laboratórios de ensaios CB (CBTL) é destinado a fornecer as orientações mais específicas sobre a aplicação dos princípios da incerteza de medição aos registros dos resultados de ensaios sob o esquema de certificação “CB Scheme”. Esta seção do procedimento CBTL é focada na aplicação dos princípios de incerteza de medição no âmbito do CB Scheme, enquanto que, a Seção 5 do procedimento CBTL fornece as diretrizes para a realização dos cálculos da incerteza de medição e inclui exemplos. Um dos desafios para a aplicação dos princípios da incerteza de medição nas atividades de avaliação da conformidade é a gestão dos aspectos de custo, tempo e aspectos práticos para a determinação das relações entre diferentes fontes de incerteza. Certas relações são desconhecidas ou exigiriam um esforço considerável de tempo e custo para serem estabelecidas. Há uma série de técnicas comprovadas disponíveis para enfrentar este desafio. Estas técnicas proporcionam eliminar a consideração destas fontes de variabilidade, que têm pequena influência sobre o resultado, e minimizar importantes fontes de variabilidade de controle. Os métodos de ensaio utilizados no âmbito do esquema de certificação “CB Scheme” do IECEE são, na essência, normas de consenso. u Edição n 284 - Março de 2016 - 83 Os critérios utilizados para determinar a conformidade com os requisitos são baseados na maioria das vezes no consenso de julgamento que os limites devem ser aqueles dos resultados dos ensaios. Exceder o limite por uma pequena quantidade não resulta em um perigo iminente. Os métodos de ensaio utilizados podem incluir uma indicação de precisão, expressando a margem de incerteza admissível prevista para ser alcançada quando o método é usado. Historicamente, os laboratórios de ensaios têm utilizado equipamentos que respeitam o estado da arte e não levam em consideração a 84 - Revista BQ - Banas Qualidade incerteza de medição em suas comparações de resultados com os valores-limite. As normas de segurança foram desenvolvidas neste ambiente e os limites das normas refletem esta prática. Os parâmetros de ensaio que influenciam os resultados dos ensaios podem ser numerosos. As variações nominais de certos parâmetros de ensaio têm pouco efeito na incerteza do resultado da medição. As variações em outros parâmetros podem ter um efeito. No entanto, o grau de influência pode ser minimizado pela limitação da variabilidade do parâmetro quando da realização do ensaio. Uma forma frequente de contabilização dos efeitos dos parâmetros de ensaio sobre os resultados de ensaios consiste em definir os limites aceitáveis da variabilidade dos parâmetros de ensaio. Quando isto é feito, qualquer variação dos resultados de medição obtidos devido a alterações nos parâmetros controlados não é considerada significativa, se os parâmetros forem controlados dentro dos respectivos limites. Exemplos de aplicação desta técnica exigem: fonte de alimentação de entrada mantida com: tensão em ± 2 %, frequência em ± 0,5 %, distorção harmônica total máxima em 3 %; temperatura ambiente: 23 °C ± 2 °C; umidade relativa: 93 % ± 2 % (U.R.); pessoal: requisitos de competência técnica documentadas para o ensaio; procedimentos: procedimentos laboratoriais documentados; precisão do equipamento: instrumentação com exatidão de acordo com a decisão CTL 251A. Os limites aceitáveis são apresentados como exemplos e não representam, necessariamente, os limites reais estabelecidos. O resultado final do controle das fontes de variabilidade dentro dos limites prescritos é que o resultado da medição pode ser utilizado como a melhor estimativa do mensurando. De fato, a incerteza de medição sobre o resultado medido é insignificante em relação à decisão final de aceitação ou de reprovação. Quando a realização de um ensaio requer a medição de uma variável, existe uma incerteza associada com o resultado do ensaio obtido. O procedimento 1 (ver Figura 1) é utilizado quando o cálculo da incerteza de medição é exigido pela NBR ISO/ IEC 17025, 5.4.6.2 e 5.10.3.1, alínea c). Calcular a incerteza de medição (Diretrizes para a realização dos cálculos de incerteza de medição, com exemplos de cálculos - ver Seção 5) e comparar o resultado medido com a faixa de incerteza a um limite aceitável definido. A medição está conforme com os requisitos se a probabilidade de que ela esteja dentro dos limites for de pelo menos 50 %.O procedimento 2 (ver Figura 2) é utilizado quando a NBR ISO/IEC 17025, 5.4.6.2, Nota 2, é aplicável. O procedimento 2 é o método tradicionalmente utilizado no esquema de certificação “CB Scheme” e é designado pelo termo “método de exatidão”. O ensaio realizado é um ensaio de rotina. As fontes de incerteza são minimizadas, de maneira que não seja necessário calcular a incerteza de medição para determinar a conformidade com o limite. A variabilidade dos parâmetros do ensaio está dentro dos limites aceitáveis. Os parâmetros de ensaio, como tensão da fonte de alimentação, temperatura ambiente e umidade, são mantidos dentro dos limites aceitáveis definidos para o ensaio. O treinamento do pessoal e os procedimentos de laboratório reduzem a incerteza de medição devido aos fatores humanos. A instrumentação utilizada tem incertezas ou exatidão dentro de limites preestabelecidos. O nome “método de exatidão” vem do conceito de limitar a incerteza devido à instrumentação na utilização de instrumentos de precisão dentro de limites de exatidão prescritos. Para este propósito, a especificação da exatidão de um instrumento é considerada a incerteza máxima atribuível ao instrumento. Enfim, a abordagem tradicional da incerteza de medição para as atividades de avaliação da conformidade no âmbito do esquema de certificação “CB Scheme” é a aplicação do método de exatidão. Este método reduz as fontes de incerteza associadas ao desempenho dos ensaios de rotina, para que o resultado da medição possa ser diretamente comparado com o limite do ensaio, para determinar a conformidade com os requisitos. Este método está em conformidade com os requisitos da NBR ISO/IEC 17025. O método de exatidão requer menos tempo e um custo inferior àquele da incerteza detalhada dos cálculos de medição, e as conclusões obtidas são válidas para decisão final de aprovação ou reprovação. Nas situações onde o método tradicional de exatidão não é aplicável, a incerteza dos valores de medição é calculada e registrada com os resultados das variáveis obtidas durante o ensaio. Edição n 284 - Março de 2016 - 85 Telha ondulada de fibrocimento sem amianto e seus acessórios - Parte 2: Ensaios Óleo lubrificante Determinação das características espumantes A ABNT publicou a norma ABNT NBR 14235:2016 - Óleo lubrificante - Determinação das características espumantes, que revisa a norma ABNT NBR 14235:2007, elaborada pelo Organismo de Normalização Setorial de Petróleo (ABNT/ONS034). Esta Norma prescreve o método para a determinação das características de formação de espuma em óleos lubrificantes a 24,0 °C e 93,5 °C. São descritos meios empíricos para avaliar a tendência à formação e estabilidade da espuma. Resina de cura a frio e/ou caixa fria para fundição A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16438:2016 - Resina de cura a frio e/ou caixa fria para fundição - Determinação do isocianato como NCO ou amina equivalente - Método de ensaio, elaborada pelo Comitê Brasileiro da Fundição (ABNT/CB-059). Esta Norma estabelece o método de ensaio para determinação do isocianato como (NCO) ou amina equivalente, em resinas para o processo de cura a frio e/ou caixa fria 86 - Revista BQ - Banas Qualidade A ABNT publicou, em 27 de janeiro, a norma ABNT NBR 15210-2:2016 - Telha ondulada de fibrocimento sem amianto e seus acessórios - Parte 2: Ensaios, que revisa a norma ABNT NBR 15210-2:2013, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Cimento, Concreto e Agregados (ABNT/CB-018). Esta Norma estabelece os métodos de ensaio a serem utilizados para verificação das características dos materiais especificados pela ABNT NBR 15210-1. Borracha, vulcanizada ou termoplástica - Ensaios de envelhecimento acelerado e resistência ao calor A ABNT publicou, em 26 de janeiro, a norma ABNT NBR ISO 188:2016 - Borracha, vulcanizada ou termoplástica - Ensaios de envelhecimento acelerado e resistência ao calor, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Equipamentos de Proteção Individual (ABNT/CB-032). Esta Norma especifica os ensaios de envelhecimento acelerado ou resistência ao calor em borrachas vulcanizadas ou termoplásticas. Degradação dos solos A ISO acaba de anunciar que o projeto de norma ISO/DIS 14055-1 - Gestão ambiental - Diretrizes para o estabelecimento de boas práticas para o combate à degradação da terra e desertificação - Parte 1: Boas práticas, está próximo de sua publicação. O documento detalha as diretrizes para o estabelecimento de boas práticas para combater a degradação dos solos e chegou recentemente à fase de projeto de Norma Internacional (DIS), onde organismos nacionais membros da ISO são convidados a votar e comentar sobre o texto antes de ir para a fase de projeto final e publicação. "A degradação do solo é um problema significativo em muitas partes do mundo, e pode contribuir diretamente para a pobreza e declínio das economias", disse Marcia Franco, secretária do ISO/TC 207/WG 9, o grupo de trabalho responsável pelo desenvolvimento do padrão, que é liderado pela ABNT, membro da ISO no Brasil. A publicação da norma é esperada para o início de 2017. 25 ANOS O tema Qualidade para toda a nossa equipe de articulistas, colunistas e colaboradores é uma missão que se repete a 25 anos, todos os meses Levando a informação onde ela precisa estar Edição n 284 - Março de 2016 - 87 Lâmpadas halógenas de tungstênio (exceto lâmpadas para veículos automotivos) - Especificações de desempenho A ABNT publicou, em 28 de janeiro, a norma ABNT NBR IEC 60357:2016 - Lâmpadas halógenas de tungstênio (exceto lâmpadas para veículos automotivos) Especificações de desempenho, que revisa a norma ABNT NBR IEC 60357:2011, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB-003). Esta Norma especifica os requisitos de desempenho para lâmpadas a tungstênio-halogênio (halógenas) com base única e base dupla, com tensão elétrica nominal de até 250 V, utilizadas para as seguintes aplicações: Projeção de imagens (inclusive cinema e projetor estático); Fotografia (inclusive estúdio); Iluminação com projetores; Aplicações especiais; Iluminação geral; Iluminação cênica. Equipamento eletromédico A ABNT publicou, em 25 de janeiro, a norma ABNT NBR IEC 60601-2-37:2016 - Equipamento eletromédico - Parte 2-37: Requisitos particulares para a segurança básica e o desempenho essencial dos equipamentos médicos de monitoramento e diagnóstico por ultrassom, que revisa a norma ABNT NBR IEC 606012-37:2003, elaborada pelo Comitê Brasileiro OdontoMédico-Hospitalar (ABNT/CB026). Esta Norma é aplicável à segurança básica e ao desempenho essencial dos equipamentos de diagnóstico por ultrassom, da forma definida em 201.3.217, daqui por diante denominados equipamentos em. Utensílios domésticos metálicos - Alças, cabos, poméis e sistemas de fixação A ABNT publicou, em 27 de janeiro, a norma ABNT NBR 14876:2016 - Utensílios domésticos metálicos - Alças, cabos, poméis e sistemas de fixação, que revisa a norma ABNT NBR 14876:2009, elaborada pela Comissão de Estudo Especial de Utensílios Domésticos Metálicos (ABNT/CEE-066). Esta Norma especifica os requisitos para cabos, alças, poméis e sistemas de fixação dos utensílios domésticos metálicos. 88 - Revista BQ - Banas Qualidade Combustíveis destilados Índice de cetano calculado pela equação de quatro variáveis A ABNT publicou a norma ABNT NBR 14759:2016 - Combustíveis destilados - Índice de cetano calculado pela equação de quatro variáveis, que revisa a norma ABNT NBR 14759:2007, elaborada pelo Organismo de Normalização Setorial de Petróleo (ABNT/ONS034). Esta Norma descreve o procedimento para o cálculo do índice de cetano pela equação de quatro variáveis, a partir da massa específica e da curva de destilação Hexafluoreto de enxofre para equipamentos elétricos Verificação das propriedades A ABNT publicou, em 21 de janeiro, a norma ABNT NBR 12160:2016 - Hexafluoreto de enxofre para equipamentos elétricos - Verificação das propriedades, que revisa a norma ABNT NBR 12160:1992, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Eletricidade (ABNT/CB-003). Esta Norma especifica os métodos para verificação das propriedades do hexafluoreto de enxofre para uso em equipamentos elétricos. Resinas fenólicas para fundição - Determinação do teor de formol livre - Método de ensaio Óptica oftálmica - Lentes de contato - Determinação do prazo de validade A ABNT publicou a norma ABNT NBR ISO 11987:2016 Óptica oftálmica - Lentes de contato - Determinação do prazo de validade, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Óptica e Instrumentos Ópticos (ABNT/CB-049). Esta Norma especifica os procedimentos de ensaio para determinar a estabilidade de lentes de contato, quando acondicionadas em sua embalagem final, durante o armazenamento e distribuição. A ABNT publicou a norma ABNT NBR 9765:2016 Resinas fenólicas para fundição - Determinação do teor de formol livre Método de ensaio, que revisa a norma ABNT NBR 9765:1987, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Fundição (ABNT/CB-059). Esta Norma estabelece o método para determinação do teor de formol livre presente nas resinas à base de água (fenólica alcalina e ácida), furânicas e hot box. Ensaios não destrutivos - Líquido penetrante - Qualificação de procedimento A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16450:2016 -Ensaios não destrutivos - Líquido penetrante - Qualificação de procedimento, elaborada pelo Organismo de Normalização Setorial de Ensaios Não Destrutivos (ABNT/ONS-058). Esta Norma estabelece os requisitos mínimos de uma sistemática de qualificação do procedimento de ensaio não destrutivo por líquido penetrante Tipo I e II (fluorescente e colorido), técnicas “a” e “c” (removível com água e solvente), com revelador Tipo “d” (úmido não aquoso), para o nível de sensibilidade especificado (Nível 1 ou 2). Anodos de liga de ferro-silíciocromo para proteção catódica A ABNT publicou, em 04 de fevereiro, a norma ABNT NBR 9240:2016 - Anodos de liga de ferro-silício-cromo para proteção catódica, que revisa a norma ABNT NBR 9240:2012, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Corrosão (ABNT/CB-043). Esta Norma estabelece os requisitos e as práticas recomendadas para a encomenda, fabricação fornecimento de anodos de liga de ferro-silício-cromo, para uso em sistemas de proteção catódica por corrente impressa. Implantes para ortopedia - Próteses de joelho com superfície de articulação móvel A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16237-1:2016 - Implantes para ortopedia - Próteses de joelho com superfície de articulação móvel - Parte 1: Avaliação de restrição à rotação do platô tibial, que revisa a norma ABNT NBR 16237-1:2013, elaborada pelo Comitê Brasileiro Odonto-Médico-Hospitalar (ABNT/CB-026). Esta parte da ABNT NBR 16237 estabelece um método de ensaio para avaliação do desempenho mecânico de materiais e dispositivos considerados para substituição da articulação fêmoro-tibial em próteses de articulação de joelho em sistemas de suporte móvel. Edição n 284 - Março de 2016 - 89 Implementos rodoviários - Acoplamento mecânico entre caminhão-trator de quatro eixos e o semirreboque – Intercambiabilidade A ABNT publicou, em 27 de janeiro, a norma ABNT NBR 16449:2016 - Implementos rodoviários - Acoplamento mecânico entre caminhão-trator de quatro eixos e o semirreboque – Intercambiabilidade, elaborada pelo Comitê Brasileiro de Implementos Rodoviários (ABNT/CB-039). Esta Norma define os requisitos para acoplamento mecânico entre o caminhão-trator de quatro eixos e o semirreboque, e especifica características dimensionais no sentido de garantir intercambiabilidade entre um caminhão-trator de quatro eixos e um semirreboque acoplado, ambos constituindo um veículo articulado. Implantes para ortopedia - Próteses de joelho com superfície de articulação móvel Insumos - Desencalante Determinação do índice de tamponamento A ABNT publicou a norma ABNT NBR 14182:2016 Insumos - Desencalante Determinação do índice de tamponamento, que revisa a norma ABNT NBR 14182:1998, elaborada pelo Comitê Brasileira de Couro, Calçados e Artefatos de Couro (ABNT/CB011). Esta Norma estabelece o método para determinação do índice de tamponamento. 90 - Revista BQ - Banas Qualidade A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16237-1:2016 - Implantes para ortopedia - Próteses de joelho com superfície de articulação móvel - Parte 1: Avaliação de restrição à rotação do platô tibial, que revisa a norma ABNT NBR 16237-1:2013, elaborada pelo Comitê Brasileiro Odonto-Médico-Hospitalar (ABNT/CB-026). Esta parte da ABNT NBR 16237 estabelece um método de ensaio para avaliação do desempenho mecânico de materiais e dispositivos considerados para substituição da articulação fêmoro-tibial em próteses de articulação de joelho em sistemas de suporte móvel. Implantes para cirurgia Caracterização de material e resíduos particulados A ABNT publicou a norma ABNT NBR 16451:2016 Implantes para cirurgia - Caracterização de material e resíduos particulados, elaborada pelo Comitê Brasileiro Odonto-Médico-Hospitalar (ABNT/CB-026). Esta Norma estabelece uma série de procedimentos para a caracterização da morfologia, tamanho e distribuição de tamanho de materiais e resíduos particulados, que incluem partículas oriundas de ensaios de desgaste, para avaliação de material ou de de ensaios de abrasão, de processos de fabricação de material particulado, bem como aquelas colhidas de tecidos em estudos clínicos ou com animais. Cartas Quanto custa uma experiência negativa com o seu cliente? José Ricardo Noronha – São Paulo O episódio narrado a seguir é real e fatídico. Outro dia, em um voo que trazia minha família de volta da linda Natal para São Paulo, não consegui ouvir a informação sobre o que seria servido aos passageiros. Eis que pergunto à comissária sobre qual era o lanche e, para minha total perplexidade, ela sem carinho algum responde: – Ai, moço! Que pergunta difícil! Para completar a experiência incrivelmente negativa, ela pega um lanche, que era a propósito a única opção para todos os passageiros, e o abre sem qualquer cuidado para checar o recheio. Feito isso, a comissária o joga fora, no lixo, e enfim me entrega o dito lanche do dia (cada vez mais sem graça, diga-se de passagem). Inacreditável! Compartilho essa história com você pois esta companhia aérea já teve a minha fidelidade por muito tempo, mas, pela falta de carinho e cuidado, me “perdeu” para uma concorrente, que tem se destacado exatamente pelo foco à “experiência do cliente”. E isso se traduz em comissários e profissionais das mais diversas áreas extremamente gentis, por pequenos cuidados que fazem a diferença, como “snacks” diversos ao longo de todos os voos e por uma série de serviços extras, todos pensados em incrementar e majorar cada uma das minhas interações com eles. Como evangelista das vendas e do fascinante tema “experiência do cliente”, tenho estudado profundamente o impacto que cada uma das interações com os nossos clientes tem na construção de um relacionamento mais sólido e perene, além da percepção de cada um dos nossos clientes sobre o quanto realmente somos genuinamente interessados em fazer a diferença positiva na vida e nos negócios deles. E preciso confessar que um dado recente que tive acesso me provocou perplexidade e me fez imediatamente lembrar a minha triste experiência no voo de Natal para São Paulo. Uma pesquisa realizada nos EUA comprova que são necessárias 12 novas experiências positivas para reparar o(s) dano(s) causado(s) por uma experiência negativa. Repito: são necessárias 12 experiências positivas para reparar o dano causado por uma única experiência negativa, que, não custa lembrar, pode ser a última vivida pelo seu cliente com você e sua empresa. Wow! Os clientes mudaram e, com eles, surgiram novas demandas e expectativas. E neste mundo extremamente competitivo em que todos vivemos, as empresas e os profissionais não podem mais se descuidar da sua base de clientes já existentes. Além disso, todos nós também não podemos parar de pensar na criação de estratégias inteligentes para atrair novos clientes. E quando se fala em estratégias inteligentes em tempos de crise, é preciso reforçar que um dos mais eficazes e comprovadamente econômicos métodos para atrair novos clientes é o de oferecer aos clientes já existentes experiências realmente memoráveis. Tudo isso sempre com foco absoluto em transformar estes clientes encantados em recorrentes e em verdadeiros embaixadores das nossas empresas. Subornos Pedro Luiz de Oliveira Costa Neto - São Paulo O leitor já foi alvo de tentativa de suborno? Eu fui, em pelo menos duas vezes, que me lembro. Na primeira vez, em 1962, eu era um engenheiro recém-formado no ITA – Instituto Tecnológico de Aeronáutica e trabalhava há pouco no CTA – Centro Tecnológico de Aeronáutica, em São José dos Campos, mais especificamente na Comissão de Homologação Edição n 284 - Março de 2016 - 91 Escreva para o Editor Hayrton do Prado através do Email: [email protected] de Aeronaves. Uma das funções dessa comissão era inspecionar para homologação pequenas aeronaves que passassem por modificações em suas condições essenciais ao vôo. Minha primeira missão foi ir ao Rio de Janeiro fazer isso, no Aeroporto de Manguinhos, era um pequeno avião adaptado para rebocar faixas de propaganda. Tratava-se de um Paulistinha, um biplace da Neiva muito popular naqueles anos. Cheguei, me apresentei e, com os requisitos e algo mais na mão, comecei o trabalho. O avião estava em petição de miséria. Ao fim do dia, meu relatório apontava 36 falhas que precisariam ser sanadas para que aquela coisa pudesse voar. Foi quando chegou o proprietário, um tipo asqueroso com o bigodinho típico dos cafetões da Lapa. Expliquei-lhe os problemas e disse que, tão logo resolvidos, eu voltaria para nova avaliação. – Mas, engenheiro, eu preciso da sua aprovação hoje, pois tenho um contrato que me obriga a voar já amanhã. – Sinto muito, este avião não pode voar do jeito que está. Então ele me levou para uma salinha onde havia duas caixas de whisky Johnie Walker Black Label e disse: – Engenheiro, essas caixas são suas, mas eu preciso da sua assinatura agora. 92 - Revista BQ - Banas Qualidade – De forma alguma, senhor. Este avião não pode voar assim! Então ele apelou: – Quer saber de uma coisa? Eu sou amigo do governador e não vai ser um engenheirozinho de merda que vai me impedir de voar com meu avião. Não me restou outra coisa senão dizer “Passe bem” e me retirar, indignado. Três dias depois eu estava em minha mesa no CTA folheando o breefing sobre noticias aeronáuticas que recebíamos regularmente quando via a noticia: “Avião rebocador de faixa cai no Rio de Janeiro”. Chequei o prefixo: era o próprio. Felizmente o piloto não morreu, mas quebrou as duas pernas. Dois anos depois, eu trabalhava em São Paulo como engenheiro em uma empresa de origem holandesa que projetava e instalava sistemas de refrigeração industrial. Apos uns três meses estudando livros e manuais sobre o assunto, eu comecei a me sentir apto a fazer e orçar projetos. Num desses, o representante do cliente me convidou para almoçar no Almanara da Rua Basílio da Gama, então o ponto alto da gastronomia árabe da Paulicéia. No meio do almoço, me propôs o seguinte: eu abateria 30% no orçamento do projeto e ficaria com 5% para mim. Pela segunda vez, indignado, fui obrigado a dizer “Passe bem” e deixar o sujeito falando sozinho no restaurante. Nesse ínterim, a empresa havia contratado um engenheiro nissei, muito falante, experiente, que devia ganhar bem mais do que eu. Logo após, fomos ambos solicitados a elaborar um projeto importante. Gastei dois dias, ele fez em duas horas. Meu preço era 30% mais caro que o dele. Entusiasmadamente, a empresa contratou o projeto do japonês e eu passei a aguardar a hora de ser demitido. Resultado: o custo do projeto contratado revelouse 30% mais caro e a empresa teve um baita prejuízo. O japonês foi demitido. Eu, ao contrário, recebi do vice-presidente mundial da empresa, que logo após esteve no Brasil, um convite para ir ato contínuo para a Holanda, onde ficaria dois anos ganhando experiência, e mais três onde a empresa quisesse me enviar. Pedi 24 horas para decidir. Se aceitasse, possivelmente fosse em alguns anos o maior consultor em refrigeração industrial, caso voltasse ao Brasil, ganhando muito bem. No entanto, pesando os prós e contras, recusei, causando a ira do vice-presidente e a minha saída voluntária da empresa, rumo ao magistério e seus baixos salários. Decisão, entretanto, da qual jamais me arrependi. Líder de Mercado na América Latina Traduções para mais de 30 idiomas Há 37 anos propondo soluções multilíngues para o mundo globalizado [email protected] www.alltasks.com.br Fone: (11) 5908-8300 Edição n 284 - Março de 2016 - 93 Quando sua empresa diz não ao trabalho infantil, muita gente pode dizer sim para sua marca. Invista nas crianças e adolescentes do Brasil e tenha o selo de reconhecimento da Fundação Abrinq. Seja uma Empresa Amiga da Criança. Saiba mais pelo site www.fundabrinq.org.br/peac ou pelo telefone 11 3848 4870 Uma iniciativa: 94 - Revista BQ - Banas Qualidade