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CADERNO DE CINEMA CURADORIA DE ARTES VISUAIS 1 APRESENTAÇÃO A curadoria de Artes Visuais do Festival de Inverno de Ouro Preto e Mariana 2010, realizada pelo ComCine UFOP (Comitê de Cinema da Universidade Federal de Ouro Preto), optou pela abrangência que as artes visuais podem proporcionar, tendo por base o tema Mestre Athayde – Traços e Cores do Nosso Tempo. Dessa forma o público encontrará uma variedade de opções de temas em oficinas, bem como em mostras de filmes. Poderemos prestigiar nas oficinas o conhecimento amplo dos processos de manipulação, montagem e adaptação das formas artísticas e teóricas referente ao campo das artes visuais. No cinema, as mostras estarão voltadas para momentos ímpares da sétima arte, sempre revogando o próprio papel da imagem como objeto artístico. Nossa perspectiva estará voltada para as marcas deixadas, referências, inspirações e experimentação que o cinema vivenciou da mesma maneira como acontece com todas as manifestações artísticas. AS MOSTRAS DE CINEMA DO FESTIVAL DE INVERNO DE OURO PRETO E MARIANA 2010 TIVERAM O APOIO DE: 2 MOSTRAS DE FILMES OLHARES CONTEMPORÂNEOS Dias 10 e 11 / 17 e 18 (sábados e domingos), 17h, Cine Vila Rica (Ouro Preto). Como pensar a difusão nos mais diversos contextos sociais daquilo que conhecemos como Barroco? Ou ainda, como a pintura e a música são fruídas atualmente? Na tentativa de buscar caminhos interpretativos à esses questionamentos, apresentamos a mostra “Olhares contemporâneos”. São documentários que, em linhas gerais, propõem interpretações plurais àquilo que havia se petrificado em lugares comuns. Por fim, descobrimos que nenhuma manifestação humana pode ser desassociada de sua subjetividade, até nos atos cotidianos, como os operários ao sair da fábrica. - Barroco De Heinz Peter Schwerfel (Barroco, Alemanha/Argentina, 2008, documentário, 95 minutos, cor) O filme trata dos vestígios culturais de uma sobrevivência cotidiana entre religião e modernidade, ruínas, prédios majestosos do governo e cidades de barracos miseráveis. Seus temas são o abismo atual entre a pobreza e o progresso, a selva e a cidade grande, bem como o dilema histórico em torno da reconciliação entre a população indígena, os conquistadores europeus e os escravos africanos através da arte, arquitetura e música. [10 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Koyaanisqatsi - Uma Vida Fora de Equilíbrio De Godfrey Reggio (Koyaanisqatsi - Life out of Balance, EUA, 1982, documentário, 87 minutos, cor) Koyaanisqatsi contrasta a tranqüila beleza da natureza com o frenesi da sociedade urbana contemporânea. Reunindo imagens de tirar o fôlego a uma premiada e eloqüente trilha sonora, é um trabalho original e fascinante. [11 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] 3 - A Nona De Pierre-Henry Salfati (Die Neunte, Alemanha, 2004, documentário, 80 minutos, cor) Em 1824 a Nona Sinfonia de Ludwig van Beethoven estreou. Acolhida com grande entusiasmo, desde então ela é considerada testamento musical de Beethoven, que imortalizou a Ode à alegria de Schiller. Pierre-Henri Salfati documenta em seu filme a origem e a recepção da Nona Sinfonia. Em uma colagem de documentos históricos e seqüências cinematográficas pesquisadas pelo mundo todo e sonorizados com a música de Beethoven, ele segue as pegadas dessa obra-prima através da história universal. [17 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Operários ao sair da fábrica De Harun Farocki (Arbeiter verlassen die Fabrik, Alemanha, 1995, documentário, 36 minutos, P&B/Cor) Partindo de um dos primeiros filmes dos irmãos Lumière, Farocki faz a montagem de cenas de 100 anos da história do cinema, que incluem variações do motivo “Operários ao sair da fábrica”. Farocki extrai das imagens reflexões sobre a iconografia e a economia da sociedade de trabalho, mas também sobre o próprio cinema, que vai buscar os espectadores ao portão da fábrica e os rapta para o espaço privado. DEBATE APÓS O FILME, com a presença de professores convidados. [18 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] RETROSPECTIVA ALAIN RESNAIS De 12 a 16 (segunda a sexta), 17h, Cine Vila Rica (Ouro Preto). 57 anos separam Cœurs (Medos Privados em Lugares Públicos) de Guernica. 57 anos de uma obra profundamente coerente e que, no entanto, não deixou de experimentar, de abrir caminhos, de trazer, ao prazer do espetáculo, uma reflexão sobre a memória, a história e sobre o próprio 4 papel das imagens. Alain Resnais deixou marcas profundas no cinema moderno pelo interesse que manifesta na história de seu tempo e pela invenção de uma nova cinematografia, composta, particularmente, por continuidades dissimuladas e por uma ambiguidade constatemente preservada entre a realidade e a ficção. Diferentes cineastas, como Arnauld Desplechin e Pascale Ferran, na França, ou Wong Kar Wai, na China, testemunham hoje a influência que Resnais exerce, particularmente, no modo de conduzir uma narrativa cinematográfica. - Curtas de Resnais: :: As estátuas também morrem De Alain Resnais (Les statues meurent aussi, França, 1953, documentário, 29 minutos, P&B) Um documentário sobre a arte negra torna-se um panfleto anti-colonialista e anti-racista. Neste potente poema, ritmado pelas formas das estátuas africanas e pelo texto de Chris Marker, expõe-se a opressão e a destruição de uma arte e de um povo por outro povo. :: Noite e Neblina De Alain Resnais (Nuit et Brouillard, França, 1955, documentário, 32 minutos, P&B) O filme tem como objetivo comemorar o segundo aniversário da libertação dos campos de concentração. Mesclando imagens coloridas dos campos abandonados e filmes de arquivos, Alain Resnais nos dá, segundo François Truffaut, "uma lição de história, inegavelmente cruel, mas merecida". :: O Canto do Estireno De Alain Resnais (Le Chant du Styrène, França, 1958, documentário, 14 minutos, P&B) Documentário sobre a fabricação da matéria plástica, no qual a narração em versos alexandrinos de Raymond Queneau aliase à tela larga do cinemascope. :: Toda a Memória do Mundo De Alain Resnais 5 (Toute la Mémoire du Monde, França, 1956, documentário, 22 minutos, P&B) Nas entranhas da Biblioteca Nacional, quem sabe qual será, amanhã, o testemunho mais confiável de nossa civilização? De corredor em corredor, de livro em livro, desdobra-se o labirinto. [12 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Ano Passado em Marienbad De Alain Resnais (L'année dernière à Marienbad, França, 1961, Drama, 93 minutos, 35 mm, P&B) Num imenso e luxuoso palácio barroco, transformado em hotel (e em labirinto espaço-temporal), entre corredores, salões decorados e estátuas, um estranho tenta convencer uma mulher casada a fugir consigo. Ele diz conhecê-la. Diz que foram amantes. Entretanto, parece difícil fazê-la lembrar de que tiveram um caso (ou que não tiveram) no ano passado, em Marienbad – ou seria Frederiksbad? [13 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Hiroshima meu amor De Alain Resnais (Hiroshima mon amour, França, 1959, Drama, 90 minutos, 35 mm, P&B) Participando de um filme sobre a paz, em Hiroshima, nos anos 50, atriz francesa passa a noite com um arquiteto japonês. Tudo isso, traz lembranças de sua juventude, na cidade de Nevers, durante a Segunda Guerra Mundial. Período, no qual foi perseguida, quando se apaixonou por um soldado alemão. Baseada nas crônicas de Marguerite Duras, que também escreveu o roteiro e os diálogos. Foi um dos filmes que mais influenciaram os jovens intelectuais, engajados politicamente, nos anos 60. [14 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Meu tio da América De Alain Resnais (Mon oncle d'Amérique, França, 1980, Drama, 125 minutos, 35mm, cor) 6 Henri Laborit é um notável professor e sociobiólogo que expõe sua teoria do comportamento humano - a sobrevivência, a luta, recompensas e castigos, a ansiedade - ao intervir na narrativa das histórias de vida de três personagens. René é gerente de uma empresa que passa por enxugamento de pessoal; Janine é uma atriz que tem um amante, e cuja mulher está à beira da morte; Jean é um escritor e político em ascensão que enfrenta as encruzilhadas vida. [15 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Medos Privados em Lugares públicos De Alain Resnais (Coeurs, França, 2006, Drama, 120 minutos, 35mm cor) O filme mostra vários solitários em uma Paris, sob um inverno, que os separa fisicamente mas não em pensamentos. Todos revelarão seus medos e frustrações de uma forma particular mas que pouco diferenciam dos demais com quem ele se relacionam. Talvez essa seja a principal arma para que eles se aproximem, desta vez, fisicamente. [16 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] TRAÇOS E CORES DE TODOS OS TEMPOS De 19 a 22 (segunda a quinta), 17h, Cine Vila Rica (Ouro Preto). Em consonância com o tema do festival de inverno deste ano, esta mostra selecionou alguns filmes que ganharam grande destaque perante os críticos, justamente por apresentarem uma fotografia excepcional. Neste sentido, suas composições nos oferecem um diálogo próximo com as grandes escolas da pintura ocidental, convidando-nos à pensar como o cinema mescla-se com os demais meios de produção de arte. - Passion De Jean-Luc Godard (Passion, França/ Suiça, 1982, 88 minutos, Drama, cor) O Cineasta polonês Jerzy tenta fazer um filme baseado em alguns quadros famosos. Enquanto filma, inicia uma relação amorosa com 7 Isabelle que acaba de ser demitida da fábrica de Michel que mantém outro relacionamento amoroso, com a dona do hotel onde a equipe de filmagem está hospedada. Passion, não é um filme de história, é um filme de sensações, de sentimentos, de imagens, de vibrações. Godard conseguiu misturar casos de amor, a desigual relação patrãoempregado, o famoso sindicato polonês Solidariedade, a arte da pintura de Delacroix e Rembrandt. E ainda o mundo cinematográfico, a arte de filmar, de buscar a luz perfeita. [19 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Barry Lyndon De Stanley Kubrick (Inglaterra, 1975, 183 minutos, Drama, cor). Como pode um pobre irlandês se tornar parte da nobreza da Inglaterra do século XVIII? Para Barry Lyndon a resposta é: de todas as maneiras possíveis. Sua escalada para a riqueza e privilégios é o foco desta suntuosa versão de Stanley Kubrick da obra de William Makapeace Thackeray. Para essa arrebatadora obra, levemente satírica e vencedora de 4 Oscar®, Kubrick buscou inspiração nos pintores da época. Figurino e cenários foram produzidos levando-se em conta sua época, bem como as pioneiras lentes que fotografam os cenários internos, totalmente com a luz natural. E o resultado? Barry Lyndon figura como uma produção pioneira que trouxe para o cinema todo um período histórico em cores vivas como nenhum outro filme jamais fez. [20 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - A Arca Russa De Alexander Sokurov (Russky Kovcheg, Rússia, 2002, 97 minutos, Drama, cor). Um museu como um ser vivo, uma entidade que respira e tem personalidade própria. Sokúrov empresta alma ao colossal palacete do Hermitage, em São Petersburgo, um dos maiores museus do mundo. Arca Russa foi filmado em um único plano-seqüência, sem cortes, que dura 97 minutos e atravessa 35 salas do museu, transformando a tela de cinema em um quadro vivo por onde desfilam personagens importantes da história da Rússia: Pedro, o Grande; Catarina, a Grande; Catarina II, Nicolau e 8 Alexandra. Simbiose perfeita de cinema, história e artes plásticas, Arca Russa é uma experiência visual única e inesquecível. [21 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Van Gogh De Maurice Pialat (Van Gogh, França, 1991, 152 minutos, Drama, cor). Pialat se concentra nos últimos 67 dias de vida de Van Gogh, Jaques Dutronc em atuação memorável, no final da primavera de 1890, quando ele se muda para Auvers-sur-Oise, onde se hospeda sob os cuidados do Dr. Gachet. Acompanhamos seu envolvimento amoroso com a filha do Dr. Gachet e seu relacionamento conturbado com o irmão Theo. Com uma linda fotografia que remete às obras de Renoir e Manet, Pialat realiza um fascinante retrato da vida íntima e do cotidiano desse genial artista. [22 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] RETROSPECTIVA DO CINEMA DA DISNEY Dias 10 e 11 / 17 e 18 / 25 e 25 (sábados e domingos), 10h30, Cine Vila Rica (Ouro Preto). Os estúdios de animação Disney souberam lidar com as dificuldades históricas de praticamente um século de história, com estilo e elegância reconhecidos mundialmente. Desde o primeiro longa de animação em 1937 até a contemporaneidade os filmes lançados com selo Disney tornam-se referência para este gênero cinematográfico. Para o Festival de Inverno deste ano, cujo o tema propõe também a discussão sobre o uso e manipulação das cores, foram selecionados quatro longas bastante paradigmáticos dentro da cinematografia Diney: Cinderela, Alice no País das Maravilhas, A Pequena Sereia e Aladdin. Estes filmes, além de serem de excepcional beleza, trazem em seu bojo inovações no modo de se fruir os contos-de-fada através das inovações tecnológicas que repercutiram também no modo de se fazer animações. - Alice no País das Maravilhas De Clyde Geronimi 9 (Alice in Wonderland, EUA, 1951, 75 minutos, animação, cor). Adaptar uma história non-sense para o cinema não deve ter sido um desafio fácil, contudo Disney soube tratar com maestria os contos de Lewis Carrol para esta adaptação cinematográfica. Talvez Alice seja uma das histórias mais recontadas e readaptadas para os mais diversos meios de arte, contudo a animação Disney ganha destaque especial por ser talvez a adaptação do conto mais conhecida até hoje. [10 de julho de 2010, 10h30min, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Cinderela De Clyde Geronimi (Cinderella, EUA, 1950, 74 minutos, animação, cor). Este filme marca o retorno dos estúdios Disney na produção de longas animados. Depois de um período de guerras, onde crises financeiras tinham repercutido até na maneira de se produzir animações, Disney aposta na história da gata borralheira para seu retorno aos longas. Uma assertiva muito feliz, pois além do filme ter sido um sucesso de bilheteria em seu lançamento, Cinderela é uma das princesas mais adoradas de todo tempo. [11 de julho de 2010, 10h30min, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - 101 Dálmatas De Clyde Geronimi (101 Dalmatians, EUA, 1961, 76 minutos, animação, cor). Talvez o maior desafio deste filme foi colocar as pintas em todos os 101 dálmatas do filme, em um tempo onde as animações eram feitas todas manualmente. Ao multiplicarmos este tanto de cachorros pelo número de 24 quadros por segundo, que formaram o filme tivemos uma montante de manchas imenso. Mas, vale lembrar que o filme usou da tecnologia que sugira na mesma época: a maquina copiadora! 101 Dálmatas conta ainda com talvez a mais cruel das antagonistas: Cruela Devil e trata das relações familiares e de companheirismo. [17 de julho de 2010, 10h30min, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - A Pequena Sereia De Ron Clements (The Little Mermaid, EUA, 1989, 83 minutos, animação, cor). 10 Ariel, a jovem sereia que tem um fascínio imenso pelo mundo fora do mar, devolveu aos estúdios Disney a áurea dos contos-de-fada que, até então pareciam terem se perdido depois de A Bela Adormecida, de 1959. A Pequena Sereia trouxe para um filme de princesa boa dose de aventura entre os navios e histórias de pescadores, o que fez desta animação um sucesso de público tanto entre as meninas quanto entre os meninos. O filme adapta um dos mais melancólicos contos de Anderson em uma história de final feliz bem ao gosto da tradição Disney. [18 de julho de 2010, 10h30min, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - Aladdin De Ron Clements (Aladdin, EUA, 1992, 90 minutos, animação, cor). Um jovem ladrão, cuja moral é sempre ajudar os necessitados, tem a sorte de deparar o gênio da lâmpada e ter seus desejos realizados. Aladdin marca a história das animações Disney ao inserir em seu universo o mundo oriental. Este conto, inova também ao inserir a tecnologia CG na animação, dando maior movimento e tridimensionalidade aos quadros. Este filme, contudo, não se resume ao protagonista, pelo contrário, a gama de personagens que compõem a trama, entre eles a sensual princesa Jasmine e o enigmático Jafar, fazem deste filme um deleite de cores e ritmos bastante inspirador. [24 de julho de 2010, 10h30min, Cine Vila Rica, Ouro Preto] - A Princesa e o Sapo De Ron Clements (Princess and the Frog, EUA, 2009, 98 minutos, animação, cor). O campo das animações de cinema do início do século XXI foi marcado pela inserção das tecnologias computadorizadas que trataram a imagem em 3D, o que acarretou, paulatinamente, a descontinuidade das animações tradicionais. Porém, a Princesa e o Sapo retoma não só a animação 2D mas também os contos de fada tradicinais, inserindo ao mundo Disney sua primeira princesa negra. Esta história nos convida a refletir sobre amizade e força de vontade, através das suas divertidas músicas e imagens belíssimas. [25 de julho de 2010, 10h30min, Cine Vila Rica, Ouro Preto] 11 RETROSPECTIVA AGNES VARDA Dias 20 e 21 (terça e quarta), 17h, Teatro SESI (Mariana). Agnès Varda tem sido uma autêntica ensaísta de cinema, talvez até a mais determinada e tenaz das últimas décadas. Seus filmes curtos nunca foram "curta-metragens" no sentido convencional do termo, mas sim, autênticos ensaios de cinema, protótipos em que são inventados, ao mesmo tempo, a forma única e o assunto que esta forma vai agarrar nas suas redes, como um peixe vivo. Em linhas gerais, estes ensaios são auto-retratos indiretos, cartografia de sua vida e seus gostos e esboço de uma filosofia pessoal. - Curtas Turísticos: :: Oh, Estações! Oh, Castelos! De Agnès Varda (Ô saisons Ô chateaux!, França, 1957, documentário, 22 minutos, P&B) Passeio pelos castelos do vale do Loire, apresentados em ordem cronológica (de construção), com comentários incluindo poemas do século XVI e reflexões de seus jardineiros. :: Prazer Amoroso no Irã De Agnès Varda (Plaisir D'Amour en Iran, França, 1976, documentário, 6 minutos, cor) Como falar de amor levando o olhar em direção às mesquitas, ou falar de arquitetura no buraco do travesseiro? Este curtametragem é uma variação sobre as reviravoltas amorosas de Pomme e Ali Darius. Mas pode ser também o delírio de qualquer casal apaixonado, em lugares tão perfeitos quanto a Mesquita do Rei, em Ispahan, ponto de convergência entre arte sacra e arte profana. :: Do Lado da Riviera De Agnès Varda (Du Côté de la Côte, França, 1958, documentário, 24 minutos, cor) 12 Visita turística e documentária ao longo da Riviera Francesa, enfatizando o exotismo, as cores do turismo, do carnaval e do paraíso: com uma ilha e guarda-sóis que se fecham no final, ao som de uma bela canção de Delerue. - Curtas Contestatórios: :: Tio Yanco De Agnès Varda (Oncle Yanco, França, 1967, documentário, 22 minutos, cor) “É um retrato-reportagem do pintor Jean Varda, meu tio. Na periferia aquática de São Francisco, centro intelectual e coração da boêmia, ele navega com velas latinas e pinta cidades celestes e bizantinas, pois é grego. No entanto, ele é muito ligado ao movimento jovem americano, e recebe hippies na sua casa-barco. Sobre como eu descobri o ‘meu tio da América’ e o quão maravilhoso ele é, é o que mostra este curta-metragem em cores.” (Agnès Varda) :: Os Panteras Negras De Agnès Varda (Black Panters, França, 1968, documentário, 28 minutos, P&B) No verão de 68, os Panteras Negras, de Oakland (Califórnia), organizaram vários debates de conscientização em torno do processo de um de seus líderes, Huey Newton. Eles queriam – e conseguiram – chamar a atenção dos americanos e mobilizar as consciências negras, durante esse processo político. Neste sentido, deve-se realmente datar este documento: 1968. :: Resposta de Mulheres De Agnès Varda (Réponse de Femmes, França, 1975, documentário, 8 minutos, cor) “A pergunta ‘O que é ser uma mulher?’ foi proposta pelo segundo canal de televisão francês a várias mulheres cineastas. Este cine-panfleto é uma das respostas possíveis, no que diz respeito ao corpo das mulheres – nosso corpo –, do qual se fala tão pouco quando se fala da condição feminina. Nosso corpo-objeto, nosso corpo-tabu, nosso corpo com ou 13 sem seus filhos, nosso sexo, etc. Como viver nosso corpo? Nosso sexo, como vivê-lo?” (Agnès Varda). [20 de julho de 2010, 17h, Teatro SESI Mariana] - Curtas Parisiensienses: :: As tais cariátides De Agnès Varda (Les dites cariatides, França, 1984, documentário, 13 minutos, cor) De frente para o mar, uma cabra, uma criança e um homem. Trata-se de uma fotografia feita por Agnès Varda, em 1954: a cabra estava morta, a criança se chamava Ulisses e o homem estava nu. A partir desta imagem fixa, o filme explora o que poderia existir entre o imaginário e o real. Flertando com a memória, pode-se deparar com ossos. :: A ópera-Mouffe De Agnès Varda (L’Opera-Mouffe, França, 1958, documentário, 17 minutos, P&B) A Ópera-Mouffe é o bloco de notas de uma mulher grávida, no contexto de Mouffetard, um em documentário Paris, sobre apelidada “la o bairro da rua Mouffe”. É um documentario subjetivo, com fotografia de Sacha Vierny e música de Georges Delerue. :: Elsa, a rosa De Agnès Varda (Elsa la Rose, França, 1965, documentário, 20 minutos, P&B) Imagens e poemas em torno de um célebre casal: Louis Aragon e Elsa Triolet. A juventude de Elsa é contada por Aragon e comentada por Elsa. :: O Leão Volátil De Agnès Varda (Le Lion Volatil, França, 2003, ficção, 12 minutos, cor) 14 Curta aventura em torno de uma estátua de leão entre Clarisse, aprendiz de vidente, e Lazare, funcionário das Catacumbas de Paris. :: Você tem belas escadarias, sabia? De Agnès Varda (T'as de Beaux Escaliers Tu Sais, França, 1986, documentário, 3 minutos, cor) Como, em 150 segundos, prestar homenagem à Cinemateca Francesa, na ocasião de seu cinqüentenário, de outra forma que não seja filmando os quase 50 degraus que, subindo, levam ao Museu do Cinema e, descendo, à sala escura onde são projetadas obras-primas com célebres escadarias? :: Os amantes da ponte Mac Donald De Agnès Varda (Les Fiancés du Pont Mac Donald, França, 1961, ficção, 5 minutos, P&B) Um jovem vê tudo negro quando põe os óculos escuros. Basta o arrancar para que as coisas se ajeitem... :: O Ensaio De Agnès Varda (7 P., Cuis., S. De B., ... À Saisir, França, 1984, ficção, 27 minutos, cor) A visita de um corretor de imóveis a um antigo hospício, agora uma casa fragmentadas abandonada, e ao remete imaginário a surreal várias narrativas de seus antigos ocupantes. Residências, casas vazias ou cheias, o tempo passa e deixa traços bizarros. [21 de julho de 2010, 17h, Teatro SESI Mariana] LINGUAGENS DO NOSSO TEMPO Dias 15 e 21 (quinta e quarta), 17h e 19h, Teatro SESI (Mariana); 15 Dias 23 e 24 (sexta e sábado), 17h, Cine Vila Rica (Ouro Preto). A historiografia da arte no Brasil dedicou grande parte de seu ensejo para compreender a produção artística realizada nestas terras. Este esforço trouxe à luz mestres das artes até então pouco conhecidos, como o caso de Mestre Athayde. Contudo, há ainda muito o que se conhecer dos nossos artistas tanto do passado quanto os do presente. Neste sentido, abrimos a mostra “Linguagens do nosso tempo” com o intuito de reunir vídeos brasileiros, selecionados a partir do edital para seleção de obras audiovisuais (lançado pela curadoria de Artes Visuais do Festival de Inverno 2010) para então oferecer ao público um meio de conhecer o que tem sido feito no campo cinematográfico contemporâneo. - A Barca Arcaica: :: Déjà Vécu De Ronaldo Campbell (Ouro Preto (MG), 2009, 05’ 17”, ficção) Como e quando uma ilusão pode afetar o pacato e rotineiro cotidiano de uma pessoa? Mas, o que é ilusão e o que é realidade no mundo em que vivemos? Perceber as diferenças nessa tênue linha é uma missão que exercitamos no dia a dia. Déjà Vécu, um filme real ou imaginário. :: Três Palavras De Gabriela Leite (Salvador (BA), 2010, 17’00’’, ficção) Marcio está a dias deprimido dentro de casa, ressentido pelo poder que três palavras de um bilhete causou em sua alma, quando seu amigo aparece para tirá-lo da fossa. Os dois têm a madrugada como companheira e muitos motivos para sair daquele lugar. :: Visões do Cotidiano De Raphael Freire (Belém (PA), 2010, 09’45’’, ficção) 16 Este filme busca, ora de maneira metafórica ora de maneira realista, projetar o rotineiro, levantar questões e reflexões sobre o que acontece no cotidiano, no dia-a-dia, o não inédito da notícia ou do espetáculo. Apoiado no conceito de cotidiano usado por Michael de Certeau, a produção foi produzida dentro das reflexões "o que nos oprime"; "o que nos conforta" e "o que nós não vemos" e exploram temas como solidão, rotina, não-lugar, pichação, proteção, entre outros. :: Medo da Janela De Bráulio Felisberto e Natália Gonçalves (Mariana (MG), 2009, 19’00’’, documentário) Multiplos cenários, múltiplas fontes, múltiplas temporalidades, múltiplas vozes. Eis o substrato do vídeo educativo Medo da janela que narra o conto de Maricota de Todos os Santos e a Procissão das Almas da cidade de Mariana. :: O Horto Botânico de Ouro Preto: História, Ciência e Experiência no Tempo De Tauãna Cordeiro (Ouro Preto (MG), 2009, 12’00’’ documentário) Alunos da Escola Estadual Desembargador Horácio Andrade pesquisam a história do Jardim Botânico – atual parque Horto dos Contos – e se deparam com a influência da ciência do século XIX meio às fontes históricas. [15 de julho de 2010, 17h, Teatro SESI Mariana] - O Cotidiano Reinventado: :: O Cara Passa De Maria Clara Teixeira e Necésio Pereira (Ouro Preto (MG), 2010, 20’00’’, ficção) Uma narrativa contada através de câmeras de segurança flagra um cara que passa, uma enfermeira que dança, cenas do cotidiano. Flagrante e ficção se confundem. :: Crescimento das Árvores De Laura Teixeira de Oliveira 17 (Ouro Preto (MG), 2010, 0’50’’, ficção) Uma forma poética de falar sobre como as árvores nascem e crescem. :: Porres de Cabeça De Laura Teixeira de Oliveira (Ouro Preto (MG), 2010, 0’30’’, ficção) Um trocadilho com dores de cabeça. :: Ditadura da Beleza De Laura Teixeira de Oliveira (Ouro Preto (MG), 2010, 0’21’’, ficção) Uma mulher se acha gorda ao olhar no espelho e assim tenta todos os tratamentos estéticos para chegar à beleza ideal. :: Libertas De Jackson Farias Teixeira (Belo Horizonte (MG), 2009, 9’40’’ ficção) Um pardal, em um de seus vôos libertos, encontra um periquito num local que nunca vira antes, com presença de grades. Será que a vida ali é realmente o que ele queria ou vale a pena uma tentativa de fuga dos grilhões? :: Variante De Pietro Picolomini e Ester Fér (São Paulo (SP), 2010, 30’00’’, documentário) 4h00, segunda-feira, estação de trem Estudantes, Mogi das Cruzes, São Paulo. Começa mais uma jornada na vida de quase meio milhão de pessoas, que dependem do trem para se deslocarem diariamente de suas casas, nas cidades periféricas da zona leste da Grande São Paulo, à capital paulista.O filme Variante traça um olhar polifônico sobre essa viagem; arte, religião e trabalho são alguns dos aspectos retratados entre as múltiplas realidade deste local. [21 de julho de 2010, 19h, Teatro SESI Mariana] [23 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] 18 - Minhas Casas :: Você está em Ouro Preto De Thamara de Oliveira Rodrigues (Ouro Preto (MG), 2009, 14'00’’, documentário) Alunos, professores e funcionários da Escola Estadual de Ouro Preto contam a sua história e discutem o papel da educação pública. :: Sineiros De Thales Vilela Lelo (Mariana (MG), 2009, 15’00’’, documentário) Sineiros busca apreender o cotidiano de uma prática tradicional e de imensurável valor histórico na cidade de Mariana, se debruçando na força da palavra falada por pessoas envolvidas na temática e que tiveram nesta arte um grande pilar na constituição documentário verbalizadas se por de norteia estes sua em identidade trazer sujeitos em pessoal. O experiências considerando-as como ingredientes do caldeirão cultural cristalizado nas reflexões e recordações dos mesmos, sem deixar de levar em conta a câmera como um espaço privilegiado para suscitar questões a partir de uma interação ativa que prima por respeitar os momentos de fala dos atores sociais em sua integridade e contexto. :: Susana João dos Prazeres - Nananã De Janete Jobim (Ouro Preto (MG), 2009, 30’00’’, documentário) Trajetória de Suzana João, que após decidir mudar completamente a sua vida descobre Lavras Novas, na década de 80. Lá vive até hoje, entrosada totalmente na vida do lugar, onde a população é toda negra e possui costumes peculiares. Enfrenta conflitos com a chegada do turismo, porém tem uma surpresa que modifica totalmente a sua relação com o pequeno povoado. Através da música e irreverente ironia o coral Nananã, criado por ela, busca 19 resgatar a cultura do lugar perdidos após a chegada do turismo. [24 de julho de 2010, 17h, Cine Vila Rica, Ouro Preto] Curadoria de Artes Visuais: ComCine UFOP Comitê de Cinema da Universidade Federal de Ouro Preto Carla Albano Piovezan Juam Carlos Thimóteo Romero Fidelis Maciel Colaboração: Alessandro Bizzula Ricardo Guilherme Elias Veisac Cláudio Donato Gomes Luis Carlos Donato Gomes Cine Vila Rica 20