adriana sanchez ramos ciarlo correlação entre a
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adriana sanchez ramos ciarlo correlação entre a
1 INSTITUTOS LACTEC ADRIANA SANCHEZ RAMOS CIARLO CORRELAÇÃO ENTRE A TENSÃO DE RUPTURA MECÂNICA E A GEOMETRIA DE DEFEITOS ANALISADOS ATRAVÉS DE RADIOGRAFIA DIGITAL EM ESPAÇADORES POLIMÉRICOS CURITIBA 2015 2 ADRIANA SANCHEZ RAMOS CIARLO CORRELAÇÃO ENTRE A TENSÃO DE RUPTURA MECÂNICA E A GEOMETRIA DE DEFEITOS ANALISADOS ATRAVÉS DE RADIOGRAFIA DIGITAL EM ESPAÇADORES POLIMÉRICOS Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento de Tecnologia, Área de Concentração Tecnologia de Materiais, dos Institutos Lactec, em parceria com o Instituto de Engenharia do Paraná, como parte das exigências para a obtenção do título de Mestre em Desenvolvimento de Tecnologia. Orientador: Prof. Dr. Vitoldo Swinka Filho CURITIBA 2015 3 4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu filho João Pedro e ao meu marido Fernando que entenderam minhas ausências me incentivando sempre. 5 AGRADECIMENTOS À Deus, minha família e meus amigos. Ao meu orientador Prof. Dr.Vitoldo Swinka Filho pela orientação, paciência, sugestões e por acreditar em mim. Ao Prof. Dr. Walmor Godoi pelas palavras de incentivo. À todos os Mestres e Doutores que estiveram em minha vida incentivando para seguir por esta profissão. Ao Institutos Lactec principalmente ao laboratório de tomografia do pela acolhida e colaboração. Aos colegas de mestrado pelo auxílio sempre. Ao meu marido Fernando pelo carinho, amor e pelo incentivo todas as vezes que pensei em desistir. Aos meus alunos também agradeço a compreensão pela minha ausência. Aos meus colegas Cyntia, Evandinei, Andressa e Roberto pelo carinho e colaboração. E todos que de alguma forma contribuíram para a realização deste trabalho. 6 “Nas grandes batalhas da vida, o primeiro passo para a vitória é o desejo de vencer.” Mahatama Ganghi (1869- 1948) 7 RESUMO Redes aéreas compactas têm sido amplamente utilizadas pelas concessionárias de energia brasileiras. Esta tecnologia apresenta várias vantagens, entre as quais: redução da área de poda de árvores, melhoria da segurança, menores custos de manutenção e fácil instalação e operação. A utilização de acessórios e isoladores poliméricos contribui para a redução do custo e do peso, mas em alguns casos tem sido observado em campo a ocorrência da ruptura mecânica dos espaçadores poliméricos fabricados com polietileno de alta densidade. Este trabalho apresenta uma análise do comportamento mecânico dos espaçadores poliméricos com o objetivo de mostrar a relação existente entre a presença de vazios na estrutura com sua ruptura mecânica. Foram realizadas radiografias digitais e tomografias para a identificação da presença de vazios. Foram realizadas simulações numéricas no software Comsol Multiphysics® para verificar as distribuições de tensões mecânicas e identificar as regiões de maior concentração de tensões, bem como realizados ensaios destrutivos na máquina de tração nos espaçadores identificados com vazios pela radiografia. Os resultados mostraram que a ruptura mecânica nos espaçadores ocorreu nas áreas de maior tensão, como comprovado pela simulação numérica e, ainda, que a ruptura mecânica apresenta comportamentos distintos relacionados com a presença dos vazios e ao processamento do material. Palavras-chave: espaçador polimérico, ensaio de tração, radiografia 8 ABSTRACT Spacer cable systems has been widely used by utilities in Brazil. This technology has several advantages, which include reduced tree clearing, improvement on personal safety, lower maintenance costs, easy installation and operation. The use of polymeric accessories and insulators contribute to reduce cost and weight, but in some cases, it has been observed in the field the occurrence of mechanical rupture of polymeric spacers made of high-density polyethylene. This work presents an analysis of the mechanical behavior of polymeric spacers in order to show the relationship between the presence of voids in the material structure with its mechanical breakdown. Digital radiography and tomography were performed to identify the presence of voids. Numerical simulations in Comsol Multiphysics® software were performed to verify the mechanical stress distributions and identify regions of greatest stress concentration and destructive tests were performed on tensile machine on the spacers with voids identified by radiography. The results showed that spacer mechanical breakdown occurred in the areas of greatest tension as evidenced by the numerical simulation and that mechanical breakdown have different behavior related to the presence of voids and the material processing. Keywords: Polymeric spacer, tensile testing, radiography 9 LISTA DE FIGURAS Figura 1 - Transmissão de energia elétrica .......................................................... 17 Figura 2 - Distribuição aérea ................................................................................ 18 Figura 3 - Distribuição subterrânea ...................................................................... 18 Figura 4 - Distribuição aérea convencional .......................................................... 19 Figura 5 - Rede compacta .................................................................................... 20 Figura 6 - Espaçador ............................................................................................ 21 Figura 7 - Espaçador losangular .......................................................................... 21 Figura 8 - Processo de injeção ............................................................................. 23 Figura 9 - Efeitos do grau de cristalinidade no comportamento tensão deformação ............................................................................................................................. 25 Figura 10 - Fotomicrografia mostrando a estrutura esferulítica do polietileno ...... 25 Figura 11 - Estrutura química do polietileno ......................................................... 26 Figura 12 - Ensaio de tração ................................................................................ 27 Figura 13 - Conceito tensão deformação ............................................................. 28 Figura 14 - Representação esquemática de comportamento elástico e plástico.. 29 Figura 15 - Diferença do comportamento tensão deformação de materiais frágeis e dúcteis ............................................................................................................... 30 Figura 16 - Desenho esquemático da lei de Lambert Beer .................................. 32 Figura 17 - Painel de Controle e Fonte de raio X ................................................. 36 Figura 18 - Espaçador no Suporte ....................................................................... 37 Figura 19 - Pagina Inicial – Sotware CT 2.0.0.42 ................................................ 37 Figura 20 - Ensaio de Tração ............................................................................... 38 Figura 21 - Radiografia com Vazios ..................................................................... 39 Figura 22 - Espaçador nas diferentes posições para tomografia ......................... 39 Figura 23 - Softwar Mesh lab ............................................................................... 40 Figura 24 - Comsol Multiphysics® com a imagem de tomografia......................... 42 Figura 25 - Comsol Multiphysics® com desenho ................................................. 42 Figura 26 - Inserção do vazio ............................................................................... 43 Figura 27 - Radiografia sem vazio fabricante A.................................................... 44 Figura 28 - Radiografia com vazios: E1 ............................................................... 44 Figura 29 - Radiografia com vazios: E2 ............................................................... 45 Figura 30 - Radiografia com vazios:E3 ................................................................ 45 10 Figura 31 - Radiografia com vazios: E4 ............................................................... 46 Figura 32 - Radiografia com vazios: E5 ............................................................... 46 Figura 33 - Radiografia com vazios: E6 ............................................................... 47 Figura 34 - Radiografia com vazios: E7 ............................................................... 47 Figura 35 - Reconstrução 3D espaçador .............................................................. 48 Figura 36 - Vazia no Espaçador ........................................................................... 48 Figura 37 - Espaçador sem defeito ...................................................................... 49 Figura 38 - Espaçador com defeito ...................................................................... 50 Figura 39 - Tensão em corte transversal sem vazio ............................................. 51 Figura 40 - Tensão em corte transversal com vazio ............................................. 51 Figura 41 - Espaçador sem vazio após ensaio de tração ..................................... 52 Figura 42 - Gráfico ruptura dos espaçadores sem vazios .................................... 52 Figura 43 - Gráfico Espaçador E1 ........................................................................ 53 Figura 44 - Fotografia Espaçador E1 após teste de tração .................................. 53 Figura 45 - Fotografia do detalhe espaçador E1 .................................................. 54 Figura 46 - Gráfico Espaçador E2 ........................................................................ 54 Figura 47 - Fotografia Espaçador E2 após teste de tração .................................. 55 Figura 48 - Fotografia do detalhe Espaçador E2 .................................................. 55 Figura 49 - Gráfico Espaçador E3 ........................................................................ 56 Figura 50 - Fotografia Espaçador E3 após teste de tração .................................. 56 Figura 51 - Gráfico Espaçador E4 ........................................................................ 57 Figura 52 - Fotografia Espaçador E4 após teste de tração .................................. 57 Figura 53 - Gráfico Espaçador E5 ........................................................................ 58 Figura 54 - Fotografia Espaçador E5 após teste de tração .................................. 58 Figura 55 - Fotografia do detalhe Espaçador E5 .................................................. 58 Figura 56 - Gráfico Espaçador E6 ........................................................................ 59 Figura 57 - Fotografia Espaçador E6 após teste de tração .................................. 59 Figura 58 - Fotografia do detalhe espaçador E6 .................................................. 60 Figura 59 - Gráfico Espaçador E7 ........................................................................ 60 Figura 60 - Fotografia Espaçador E7 após teste de tração .................................. 61 Figura 61 - Gráfico ruptura dos espaçadores com vazios .................................... 61 Figura 62 - Comparação Diâmetros de vazio E4 e E2 ......................................... 62 Figura 63 - Comparação diâmetros de vazio E3 e E5 .......................................... 63 Figura 64 - Fratura E6 sem vazio ......................................................................... 63 11 LISTA DE TABELAS Tabela 1 - Principais propriedades HDPE ............................................................ 26 Tabela 2 - Propriedade mecânica do polietileno com vários graus de cristalinidade ............................................................................................................................. 31 12 LISTA DE SIGLAS ABRADEE Associação Brasileira de Distribuidores de Energia Elétrica ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica CELPE Companhia Energética de Pernambuco COPEL Companhia Paranaense de Energia Elétrica ELETROBRAS Centrais Elétricas Brasileiras S.A. HDPE Polietileno de Alta Densidade IPT Instituto de Pesquisa de São Paulo TC Tomografia Computadorizada USP Universidade de São Paulo 13 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .................................................................................................. 14 1.1 Contexto ..................................................................................................... 14 1.2 Objetivos ..................................................................................................... 15 1.2.1 Objetivo Geral ................................................................................... 15 1.2.2 Objetivos Específicos ....................................................................... 15 1.3 Justificativa ................................................................................................. 15 1.4 Estrutura da Dissertação ............................................................................ 16 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA .................................................................... 17 2.1 Redes de Energia Elétrica .......................................................................... 17 2.2 Espaçadores Poliméricos ........................................................................... 20 2.4 Polietileno ................................................................................................... 26 2.5 Propriedades Mecânicas dos Materiais ...................................................... 27 2.5.1 Propriedades mecânicas dos polímeros ............................................. 30 2.6.Radiografia Industrial .................................................................................. 32 2.7 Estado da Arte ............................................................................................ 33 3 MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E MÉTODOS ............................................. 36 3.1 Materiais e Equipamentos .......................................................................... 36 3.2 Métodos ...................................................................................................... 38 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................... 44 4.1 Radiografias dos espaçadores ................................................................... 44 4.2 Tomografia.................................................................................................. 47 4.3 Simulação Mecânica ................................................................................... 48 4.4 Ensaios de Tração ...................................................................................... 52 5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS .................................................... 65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................... 66 14 1 INTRODUÇÃO 1.1 Contexto O setor de distribuição de energia elétrica está apresentando grandes mudanças: os sistemas isolantes convencionais estão sendo substituídos por sistemas modernos, constituídos de material polimérico. Os materiais isolantes poliméricos conferem ao sistema de distribuição vantagens comparadas com os utilizados nas demais redes, que são fabricados em vidro e porcelana, como: maior resistência mecânica, baixo peso, melhor desempenho elétrico, entre outros. Apesar de apresentarem vantagens estes materiais estão em constante evolução e por isso precisam ser investigados. Callister (2008) ressalta que muitos materiais, quando em serviço, estão sujeitos a forças ou cargas, mesmo em condições normais de uso. Nestas situações conhecer as características destes materiais torna-se necessário. Estas características são verificadas através de experimentos realizados em laboratório, que são cuidadosamente projetados para reproduzir o mais fielmente as condições de serviço. Ensaios de tração, compressão e de torção para serem realizados causam deformidade permanente até mesmo fraturas nestas amostras. Ensaios para verificar determinados materiais sem destruí-los são chamados de ensaios não destrutivos. Eles investigam a qualidade dos materiais sem a destruição ou introdução de quaisquer alterações nas suas características (ANDREUCCI, 2008). A radiologia industrial é um ensaio não destrutivo, este ensaio fornece informações sobre a natureza, assim como detalhes a respeito do tamanho do defeito. Quando se consegue comparar o resultado de dois ensaios no mesmo material, aprimora-se a busca pela obtenção de níveis de excelência de confiabilidade deste material. A habilidade em analisar o resultado de um ensaio depende não somente do grau de conhecimento a respeito do material, mas também das características dos ensaios. Hoje existe um aumento na utilização de espaçadores losangulares devido ao aumento do número de redes compactas, pois as distribuidoras de energia 15 padronizaram este tipo de rede. Com isto tem-se observado em muitos casos a fratura prematura destes espaçadores. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo Geral O objetivo geral do trabalho é correlacionar falhas em espaçadores poliméricos losangulares, observadas em teste de tração com as dimensões dos defeitos mecânicos apresentados na radiografia digital. 1.2.2 Objetivos Específicos Os objetivos específicos do trabalho são: Conhecer as propriedades dos materiais poliméricos, em especial o material utilizado na fabricação do espaçador; Utilizar a radiografia digital para identificar espaçadores com vazios; Reconstruir as imagens das peças em 3D através da tomografia a fim de utilizar as imagens no software Comsol Multiphysics ®; Simular o comportamento mecânico do espaçador com vazio e sem vazio para verificar se a presença do vazio interfere na resposta mecânica; Avaliar as diferentes respostas dos espaçadores no ensaio mecânico de tração; Estabelecer a correlação entre o teste de tração e o tamanho dos defeitos. 1.3 Justificativa As redes de distribuição de energia elétrica utilizadas hoje estão em constante evolução. Entre os avanços observados estão o uso de espaçadores poliméricos, que são colocados em um cabo mensageiro e usado como suporte para manter o espaçamento dos cabos condutores. 16 Com a demanda crescente de materiais poliméricos nas redes de distribuição surge a necessidade de desenvolvimento de testes que comprovem a qualidade destes materiais. 1.4 Estrutura da Dissertação Com a intenção de atingir os objetivos propostos, o trabalho está organizado da seguinte forma: No capítulo 2 é apresentada uma revisão bibliográfica relativa ao tema do trabalho. Conceitos básicos sobre redes aéreas de distribuição de energia, materiais poliméricos e suas características e espaçadores poliméricos, processo de formação e possíveis falhas, vantagens e desvantagens. No capítulo 3 são apresentados os materiais e métodos utilizados nos experimentos. No capítulo 4 são apresentados os resultados e suas respectivas análises dos experimentos realizados em laboratório e no capítulo 5 as conclusões e sugestões para trabalhos futuros. 17 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 Redes de Energia Elétrica A energia elétrica produzida pelas usinas hidroelétricas, térmicas, eólicas, solares, termo nucleares, entre outras, precisa ser transmitida de uma forma economicamente viável até a fonte consumidora final. Devido a esta necessidade, construíram as linhas de transmissão de energia elétrica (ABRADEE, 2014). A linha de transmissão é composta de um conjunto de cabos e torres. Fios condutores metálicos suspensos em torres com isoladores cerâmicos ou outros materiais isolantes são a característica das linhas de transmissão que percorrem grandes distâncias. Essa energia chega aos consumidores depois de passar por subestações abaixadoras de tensão que transformam a energia de alta tensão em energia de média tensão. Para chegar aos consumidores de médio porte é utilizada uma linha de distribuição primária. Para chegar a grupos residenciais e indústrias de pequeno porte essa energia é conduzida pelas redes de distribuição secundárias (ELETROBRAS, 2014). A Figura 1 apresenta um esquema de distribuição de energia desde a sua produção até chegar ao distribuidor final. Figura 1 - Transmissão de energia elétrica Fonte: GSI engenharia (2014) Segundo a ANEEL (2014) o setor que se dedica a entregar a energia ao consumidor final é o segmento de distribuição e este geralmente trabalha com tensão inferior a 230 kV. As redes que operam com média e baixa tensão são também chamadas de redes primárias e secundárias, respectivamente. 18 Existem dois tipos de redes de distribuição de energia: a subterrânea e a aérea. No Brasil, a rede aérea é a forma predominante, visualizada na Figura 2, apesar de a rede subterrânea proporcionar uma confiabilidade e estética melhores, visualizada na Figura 3. Porém, o custo destas redes é muito alto, sendo usadas apenas onde as redes aéreas não são possíveis (ABRADEE, 2014). Figura 2 - Distribuição aérea Fonte: HCC Engenharia (2014) Figura 3 - Distribuição subterrânea Fonte: Jornal da Energia (2014) As redes aéreas podem ser de três tipos: a rede aérea convencional, a rede aérea compacta e a rede aérea isolada. A rede aérea convencional, por definição da ABRADEE (2014), é o tipo de rede onde os condutores são nus (não 19 tem isolamento) observada na Figura 4. E esta característica é a responsável pela incidência de defeitos como curto circuitos, principalmente quando galhos de árvores encostam nos cabos. Este tipo de incidência leva a necessidade de um aumento na poda das árvores. Estes condutores nus estão apoiados sobre isoladores e fixados em cruzetas de madeira. Este é o tipo de rede utilizada no Brasil. Figura 4 - Distribuição aérea convencional Fonte: Portal Amazônia (2014) A rede de distribuição aérea isolada possui condutores encapados com isolação suficiente para serem trançados. São utilizadas apenas em condições especiais, pois seu custo é elevado (ABRADEE, 2014). A ANEEL define como rede de distribuição compacta aquelas compostas por cabos condutores com uma camada de proteção que foram utilizados no Brasil na década de 90. Esta rede é constituída de três condutores e um cabo mensageiro de aço (onde não passa corrente elétrica, sendo também chamado de cabo de sustentação), e fixada aos postes através de suporte tipo L (SARDETO, 1999). Estes cabos são separados por espaçadores poliméricos (confeccionados com polietileno de alta densidade) que são colocados em intervalos de 8 a 10 metros, onde os cabos são arranjados em uma forma triangular e o mensageiro fica superior aos demais cabos, visualizada na Figura 5. 20 Figura 5 - Rede compacta Fonte: Grupo ATS (2014) A ANEEL estabelece o padrão de qualidade da energia que chega ao cliente final. Esta qualidade está intimamente ligada ao fornecimento ininterrupto de energia. Buscando cada vez um nível de qualidade maior, as distribuidoras de energia procuram alternativas para que o fornecimento de energia seja cada vez mais confiável. Ainda neste contexto de qualidade, a redução de custos com equipamentos elétricos passa também pela redução na manutenção destes materiais. Para isto, precisa-se aumentar a vida útil dos materiais em uso. 2.2 Espaçadores Poliméricos No setor de eletricidade, a maneira mais econômica de distribuição é apresentada pelas redes aéreas. Novas exigências de segurança pedem a utilização de materiais com algum tipo de isolamento (ABRADEE, 2014). Estes materiais são confeccionados de maneira a não perderem suas características de desempenho por um determinado tempo e ainda tem de ser economicamente viáveis (MENDONÇA, SHINOHARA 2006). Todavia, uma desvantagem ao uso do polietileno é a perda das propriedades elétricas com o tempo de uso (RAMIREZ, 1998) e a apresentação de defeitos em seu interior, devido ao processo de fabricação (GODOI, 2009). O objeto de estudo deste trabalho é o espaçador polimérico losangular, classe de tensão 15 kV, visualizado na Figura 6. Sua utilização se restringe as redes aéreas compactas. Suas dimensões são de 400 mm de altura, 300 mm de largura e 60 mm de espessura. 21 Figura 6 - Espaçador Fonte: o Autor Segundo a norma ABNT NBR 16094 (2012) a definição de espaçador é: acessório de material polimérico, polietileno, cuja função é de sustentação e separação dos cabos cobertos na rede compacta ao longo do vão, mantendo o nível de isolação elétrica da rede, conforme mostrado na Figura 7. O espaçador é colocado em um cabo mensageiro que é utilizado para sustentação dos espaçadores. O espaçador é também usado como suporte para manter o distanciamento entre os cabos em um sistema trifásico, é cabo que fica superior aos demais cabos. Figura 7 - Espaçador losangular Fonte: Divulgação COPEL agência de notícias do Paraná (2014) 22 O espaçador é uma peça produzida pelo processo de injeção. Este processo apresenta como vantagem um custo baixo com qualidade elevada das peças e bom acabamento até mesmo em formas complexas. Apesar da constante evolução tecnológica nesta área, todos os princípios deste processo de transformação precisam ser entendidos para que se acompanhe tamanha evolução. Com a existência de inúmeros tipos de processos por injeção, este trabalho abordará apenas os conceitos básicos. Fazem parte do processo: a bomba injetora que é responsável pelo aquecimento e homogeneização do polímero para que possa ser injetado no molde. Este, por sua vez, tem a função de dar forma ao polímero sob alta pressão e velocidade controlada, sendo também capaz de resfriar a peça. Ou seja, o polímero passa de sólido para fundido e por fim é finalizado dentro do molde, como mostra a Figura 8. Deve-se salientar que na fabricação de uma peça polimérica muitas variáveis estão envolvidas, como: o material de escolha e suas propriedades inerentes, o tipo de molde e máquina envolvidos neste processo (MANRICH 2005). De forma simplificada o processo de injeção pode ser dividido em seis etapas distintas e consecutivas (MANRICH, 2005): Fechamento do molde: é o início do ciclo, este molde precisa ser fechado para aguentar altas pressões; Dosagem: consiste na homogeneização do composto polimérico; através do calor; Preenchimento: é a colocação do polímero já fundido no molde. Quando este material entra em contato com o molde ele já resfria iniciando a solidificação; Recalque: é a manutenção da pressão de injeção mesmo após todo o molde já estar preenchido. Isto é necessário para que não ocorram defeitos de moldagem; Resfriamento: é quando a peça é mantida dentro do molde ainda fechado para resfriar e solidificar; Extração: o molde então é aberto e a peça é retirada. 23 Figura 8 - Processo de injeção Fonte: Eletro plásticos Caramuru (2014) As inovações tecnológicas estão cada vez mais presentes nos equipamentos para processamento de polímeros termoplásticos. Na moldagem por injeção variáveis como tempo de injeção, temperatura do molde, material injetado, pressão de injeção e tempo de resfriamento interferem no bom desempenho do produto final. Quando alguma destas variáveis interfere, alguns defeitos são observados. Dentre eles o aprisionamento de gás ou bolhas, que é o objeto de estudo deste trabalho em espaçadores poliméricos (MANRICH, 2005). A bolha é uma falha na peça que consiste no aprisionamento de gás onde ela deveria ser maciça, podendo causar assim diminuição da resistência mecânica do produto final (OLIVEIRA, 2014), que é fundamental para vida útil dos espaçadores. Devido ao fato dos espaçadores serem confeccionados utilizando se aditivos de cor, estas falhas internas não podem ser vistas a olho nu, dificultando ainda mais o controle de qualidades destas peças. Sabe-se que a caracterização das falhas é muito útil na melhoria do processo de fabricação ou até mesmo como controle de qualidade (CHINAGLIA, 1997). 2.3 Polímeros Polímeros são compostos por macromoléculas constituídas por muitas unidades de repetição denominados meros, unidas por ligação covalente. Por ser composto de material orgânico, possui alta massa molar (massa de mol por cadeia) (CANEVAROLO, 2006). 24 O polímero pode ser classificado quanto a sua ocorrência: natural, encontrado na natureza ou sintético, obtido industrialmente. Pode também ser classificado quanto a sua forma molecular, podendo ser: linear, formada por ligações dos monômeros em um comprimento continuo; ramificada, que podem ser curtas ou longas e reticulada, onde as cadeias poliméricas estão ligadas entre si (LUCAS, 2001). Ainda, pode ser classificado quanto ao modo de preparação que pode ser adição, onde não há perda de massa na sua formação e por condensação sendo originados da reação de dois tipos de grupos funcionais (CANEVAROLO, 2006). Quanto ao comportamento mecânico eles podem ser: plásticos, elastômeros e fibras. Os plásticos se subdividem em termoplásticos, termorrígidos e baroplásticos. Termoplásticos são aqueles que submetidos a uma alta temperatura amolecem e fluem, podendo assim ser moldados, são chamados também de recicláveis. Os termorrígidos também fluem ao aumento de temperatura, porém reagem quimicamente formando ligações cruzadas entre as cadeias e se solidificam, eles são moldados quando estão na forma de prépolímero. E os baroplásticos tornam-se borrachosos quando submetidos a um aumento de temperatura (CANEVAROLO, 2006). Em relação a sua morfologia, os polímeros podem ser classificados em amorfos e semicristalinos. Amorfos são aqueles que não possuem capacidade de cristalização. Nestes polímeros as moléculas estão desordenadas aleatoriamente e estão entrelaçadas. Os semicristalinos são formados por regiões amorfas e regiões cristalinas. Nas regiões cristalinas as cadeias estão ordenadas de forma regular e repetitiva pelo alinhamento de segmentos e cadeias. Neste as moléculas exibem um comportamento ordenado e devido as fortes ligações intermoleculares são mais rígidos, resistentes e geralmente opacos (CANEVAROLO, 2006). A cristalinidade de um material implica na organização repetitiva ao longo de grandes distâncias atômicas dos átomos. Quanto maior o grau de cristalinidade dos polímeros mais frágil ele se torna. Este comportamento é demonstrado pelas curvas de tensão em função da deformação ver Figura 9, onde o material 1 com alta cristalinidade possui característica frágil, materiais 2 e 3 com menor cristalinidade possuem características dúcteis e o material 4 com baixa cristalinidade, possui característica elástica ( AKCELRUD, 2007). 25 Figura 9 - Efeitos do grau de cristalinidade no comportamento tensão deformação Fonte: AKCELRUD 2007 Como modelo de morfologia de polímeros semicristalinos se tem a estrutura esferulítica, que ocorre pelo resfriamento do polímero fundido e é composta por lamelas na forma de feixes que crescem radialmente a partir de um núcleo central interligado pela fase amorfa. Estes esferulitos possuem diferentes graus de perfeição e tamanhos. Imagem conhecida por cruz de malta, visualizada na Figura 10 (CANEVAROLO, 2006). Figura 10 - Fotomicrografia mostrando a estrutura esferulítica do polietileno Fonte: Callister( 2008) 26 2.4 Polietileno Dos polímeros existentes o polietileno é o que possui uma das estruturas mais simples, representada pela fórmula estrutural da Figura 11. Figura 11 – Estrutura química do polietileno Fonte Callister (2008) Na atualidade quatro tipos de polietileno são comercializados: o polietileno de baixa densidade, polietileno linear de baixa densidade, polietileno de média densidade e o polietileno de alta densidade (HDPE) (GUIMARÃES, 20002). O HDPE foi o material escolhido para fabricação do espaçador por apresentar elevada rigidez dielétrica (UEKI e ZANIN, 1997), elevada resistência mecânica (CANDIAN, 2007), resistência química e pela sua resistividade elétrica superficial (GUIMARÃES, 2002). O HDPE apresenta boas propriedades de resistência à tração e ductilidade em temperatura ambiente, é altamente cristalino porque, sua linearidade e sua alta densidade (entre 0,94 e 0,97 g/cm³) fazem com que apresente alto fator de empacotamento das cadeias, sendo assim apresenta baixo grau de ramificação com isto apresenta temperatura de fusão cristalina de aproximadamente 132 ºC. Estas propriedades são apresentadas na Tabela 1 (COUTINHO 2003). Tabela 1 - Principais propriedades HDPE Fonte: COUTINHO (2003) 27 O HDPE de baixo peso molecular é frágil e fratura sem desenvolver pescoço no ensaio de tração. Já o HDPE comercial, com peso molecular maior, sempre ocorre formação de pescoço no ensaio de tração (CANEVAROLO, 2006). Um aumento do teor de ramificações reduz a cristalinidade causando variação das características mecânicas como: o aumento da resistência mecânica, o aumento da tensão de ruptura e o aumento da deformação (GUIMARÃES, 2002). 2.5 Propriedades Mecânicas dos Materiais As propriedades dos materiais são verificadas através de testes realizados em laboratórios que procuram reproduzir as condições reais de serviço. São conceitos gerais importantes para realização dos ensaios: resistência mecânica (nível máximo de tensão que o material pode suportar sem que ocorram falhas), módulo de elasticidade (medida de resistência de um material a deformação), ductilidade (medida da habilidade de um material em ser submetido à uma deformação plástica antes da fratura) e a rigidez (resistência de um material à deformação por uma força aplicada) (CALLISTER, 2008). Para verificar estas propriedades, em ensaios mecânicos, existem quatro maneiras de aplicação de força: tração, compressão, torção e cisalhamento. O teste de interesse para este trabalho é o ensaio de resistência à tração, que é um dos ensaios mecânicos mais comumente realizados, ilustrado pela Figura 12 (CALLISTER, 2008). Figura 12 - Ensaio de tração Fonte: Callister (2008) 28 Neste ensaio uma força de tração produz um alongamento até a deformação ou ruptura da peça. O grau de deformidade que a peça irá assumir depende da carga aplicada a ela como visualizado na Figura 13. Figura 13 - Conceito tensão deformação Fonte Callister (2008) Como as características de carga e deformação são dependentes dasɛ dimensões da peça analisada utilizam-se parâmetros como a tensão de engenharia, demonstrada pela equação (1) e deformação de engenharia, demonstrada pela equação (2) ̥ (1) ɛ = [(l - lo) / lo] == l / lo (2) σ=F/ A Onde: F = força [N] A ̥ = área [m²] l ̥ = comprimento inicial [m] l = comprimento final [m] Módulo de elasticidade é a razão entre a tensão e a deformação do material na direção da carga aplicada. Na deformação elástica o grau até onde uma estrutura se deforma depende da magnitude da tensão imposta. Isto é chamado de módulo de elasticidade ou módulo de Young E. 29 Obedecendo inicialmente a relação conhecida como lei de Hooke na equação (3) (CALLISTER, 2008). σ=E ɛ (3) Onde: σ = tensão [Pa] ɛ = deformação [m/m] A razão entre as deformações laterais e axiais em materiais isotrópicos,que possuem as mesmas propriedades físicas independente da força aplicada é chamada de coeficiente de Poisson (CALLISTER, 2008). O módulo de elasticidade pode ser inicialmente associado ao quão o material é deformável, ou seja, quanto maior for o valor do módulo de elasticidade menos deformável será o material. A deformação elástica não é permanente, já a deformação plástica é permanente e não recuperável. Conforme a tensão de tração é aumentada o material passa por um ponto onde não responde mais com deformidade elástica e é deformado além deste ponto, como visualizado na Figura 14. Figura 14 - Representação esquemática de comportamento elástico e plástico Fonte: Callister (2008) Após a aplicação de uma força que deforma o material permanentemente diz se que o material possui uma deformidade plástica. A passagem do 30 comportamento elástico para o plástico é uma passagem gradativa (CALLISTER, 2008). O limite de escoamento é o nome dado pela tensão que limita as deformações plástica e elástica. Após o escoamento, a tensão necessária para dar continuidade à deformação plástica cresce até um máximo e depois decresce até a fratura. O limite de resistência à tração é o valor máximo que pode ser atingido pelo material (CALLISTER, 2008), indicado na Figura 15 pelos pontos B e B’. Figura 15 - Diferença do comportamento tensão deformação de materiais frágeis e dúcteis Fonte: Callister (2008) 2.5.1 Propriedades mecânicas dos polímeros As propriedades mecânicas dos polímeros podem ser caracterizadas por vários tipos de ensaios: destrutivos e não destrutivos, estáticos e dinâmicos e de curta e longa direção. A resposta dos polímeros às solicitações mecânicas é dependente de fatores estruturais como peso molecular, cristalinidade e orientação molecular e também outras variáveis como condições de fabricação da amostra, temperatura e tipo de solicitação (LUCAS, 2001). A forma como os polímeros respondem as solicitações demonstram suas propriedades mecânicas. Os mecanismos de deformação em polímeros podem ser de dois tipos: deformação elástica, que é proporcional a força aplicada (Lei de Hooke) e deformação plástica, que é um processo irreversível que ocorre após a aplicação de uma força sobre o material em um determinado tempo (CANEVAROLO, 2006). 31 Alguns parâmetros estruturais interferem no desempenho de polímeros sob solicitações mecânicas. São eles: cristalinidade, massa molar, copolimerização, ligações cruzadas, entre outras. Com relação à cristalinidade à medida que aumenta o módulo elástico, a resistência ao escoamento e a dureza também aumentam. A massa molar elevada diminui a densidade e a cristalinidade e, como consequência a elongação aumenta (CANEVAROLO, 2006). Na Tabela 2 são apresentadas algumas propriedades do polietileno com vários graus de cristalinidade, onde o tipo 1 é o menos cristalino e o tipo 3 é o mais cristalino. Neste quadro observa-se que quanto mais cristalino é o polímero maior é sua densidade e maior sua resistência mecânica. Tabela 2 - Propriedade mecânica do polietileno com vários graus de cristalinidade Fonte: Canevarolo (2006) Segundo Canevarolo (2006) os materiais poliméricos possuem uma característica peculiar: suas propriedades mecânicas dependem muito do tempo que são aplicadas as forças. Dentre as fraturas que podem ocorrer nos polímeros estão à fratura frágil e a fratura dúctil. A fratura dúctil é aquela em que o material deforma-se antes de ocorrer à fratura e na fratura frágil o material rompe antes de deformar (deformação plástica). Os mecanismos de fraturas ocorrem em estágios distintos. O estágio final da fratura é, na maioria das vezes, precedido pelo fenômeno de empescoçamento num ensaio de tração (CANEVAROLO, 2006). Na fratura frágil o material se deforma pouco antes de fraturar. O processo de propagação de trinca pode ser rápido, gerando uma deformação plástica muito pequena no material adjacente à fratura (CANEVAROLO, 2006). Enquanto as propriedades elétricas são pouco influenciadas pelo peso molecular e a densidade, as propriedades mecânicas são afetadas pelo teor de 32 ramificação, estrutura morfológica e orientação, deixando o polímero com características mais frágeis ou mais dúcteis (CANDIAN, 2009). 2.6.Radiografia Industrial Após sua descoberta, os raios X foram largamente utilizados na medicina e na indústria e muitas pesquisas foram realizadas a seu respeito e ainda são utilizadas até hoje (BONTRAGER, 2003). Na produção dos raios X, quando há um choque dos elétrons do catodo com o alvo, boa parte da energia é perdida em forma de calor (99%) e apenas uma pequena parte (1%) é utilizada na conversão em raios X (LEAL, 2004). A interação dos raios X com a matéria depende exclusivamente da energia do fóton, ou seja: a qualidade do feixe é caracterizada pela energia dos fótons produzidos no tubo. No processo de formação da imagem por radiografia ocorre a interação da radiação com o material estudado (ANDREUCCI, 2008). Quando um feixe de raios X atravessa a matéria sua intensidade é atenuada. Esta redução ocorre devido às características físicas do feixe e do objeto. A absorção do feixe depende principalmente da densidade do objeto e da energia do feixe. Quando se aumenta a energia do feixe aumenta também seu poder de penetração (SOARES 2003). A Lei de Lambert Beer diz que: "A intensidade do raio x emitida decresce exponencialmente à medida que a espessura do meio absorvente aumenta aritmeticamente". A Figura 16 representa um diagrama de como ocorre a absorção citada pela lei de Lambert Beer e pode ser expressa pela equação 4. Figura 16 - Desenho esquemático da lei de Lambert Beer Fonte: o Autor 33 I = Io .e-µx (4) Onde I = intensidade do feixe que atinge o detector I ̥ = intensidade do feixe que atinge o objeto µ = coeficiente de atenuação do material x = espessura do material A radiografia industrial é um método de ensaio não destrutivo, com grande eficácia na avaliação da qualidade de materiais, utilizada com a finalidade de investigar defeitos internos. Ela baseia-se na absorção diferenciada da radiação penetrante na peça inspecionada. As peças avaliadas através da radiografia possuem diferentes densidades o que resulta em uma variação de absorção de raios X. E é através da observação destas diferenças que poderá ser observada a existência ou não de um defeito no material (ANDREUCCI, 2008). 2.7 Estado da Arte Nos últimos anos a imagem digital industrial e o ensaio de tração tem sido de grande valia para a indústria. Alguns pesquisadores, que serão descritos a seguir, usaram estes métodos para avaliar materiais dos mais diferentes tipos. LUGGAR (2001) utilizou a tomografia como ensaio não destrutivo para analisar volume de defeitos, tanto microscópicos, para caracterizar e quantificar célula unitária, quanto macroscópico para medição de fluxo multifásico em tempo real na indústria. BORD (2002 e 2004) publicou artigos em que se utilizou da tomografia por raios X para analisar placas de circuitos, onde se observou com precisão e em diversos ângulos defeitos muito pequenos. QUORIN (2004) utilizou a tomografia para diagnosticar defeitos na madeira. Foram utilizadas neste estudo amostras de Pinus e Eucalipto de formato cilíndrico. Nestas amostras foram realizadas tomografias com retroprojeção filtrada, chegando-se a conclusão que a tomografia computadorizada é um método eficiente para visualizar o interior da madeira. 34 BRUNETI (2004) também pesquisou pedras porosas utilizando imagens por tomografia de raios-X. GODOI (2005) utilizou a radiografia digital para detectar defeitos em isoladores poliméricos de diversos fabricantes, onde as amostras foram radiografadas em ângulos diferentes. Neste trabalho foi desenvolvido um sistema de radiografia digital portátil que possibilita a detecção de defeitos em isoladores tanto no campo de atuação como na linha de produção. FINKLER (2005) mostrou que com a adição de um agente estabilizante o p HDPE aumenta resistência a flexão ao impacto, mas sua resistência a tração não sofre alterações, em relação ao polímero puro. CUNHA (2006) realizou ensaios de tração, em compósitos de fita de carbono impregnadas com resina epóxi, em diversas condições ambientais. Concluiu que os compósitos ensaiados em temperatura ambiente não perderam sua resistência. Os compósitos apresentaram redução da sua resistência quando os ensaios eram realizados em uma temperatura elevada, devido a degradação da matriz polimérica. TETZENER (2008) na USP, juntamente com o Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares, utilizou um equipamento de tomografia computadorizada desenvolvido pelos pesquisadores, com recursos e tecnologia nacional, para realizar um estudo em rochas e comparar com os resultados apresentados por outros dois equipamentos. Os pesquisadores do LACTEC, juntamente com a COPEL e o SENAI, publicaram na Revista Espaço Energia (2009) um artigo sobre a detecção automática de vazios em isoladores poliméricos. Neste estudo foi utilizado um phanton de acrílico para que a comparação com o defeito real pudesse ser realizado. Após a extração das características 3D foram realizados testes com uma rede neural com intenção de detectar automaticamente os defeitos em isoladores e concluiu-se que é possível atingir bons índices de acertos usando as características extraídas das imagens tomográficas. MACHADO (2010) comprovou que o compósito estudado adicionado de pó de madeira apresenta maior rigidez e pequena redução da resistência à tração comparado ao material puro, pois aumenta seu grau de cristalinidade. MENDES (2011) pesquisou concreto no estado endurecido. Foram realizadas as tomografias e depois aplicado um algoritmo para visualização 35 volumétrica das amostras. Para o estudo da qualidade das imagens desenvolveuse uma avaliação de baixo contraste. Depois foram fabricados 2 phantons para testar o sistema de medida de volume nas amostras. Na cidade de Praga na Republica Checa, para preservação dos monumentos, foram também utilizadas técnicas não destrutivas para análise das pedras e para monitoramento das profundidades que precisam ser preenchidas (SLAVICOVÀ, 2012). Em 2013, no Congresso de Qualidade em Metrologia, foi apresentado um trabalho por pesquisadores do Instituto de Pesquisa de São Paulo. Este trabalho relatou a análise de materiais e dimensionamento de peças metálicas utilizando tomografia computadorizada. Neste trabalho foram analisadas bielas automotivas que são compostas por ligas de aço e que durante seu processo de formação podem apresentar defeitos que prejudicarão a vida útil da peça. É discutida neste artigo a seleção adequada dos parâmetros de uma medição e a interpretação adequada dos resultados. 36 3 MATERIAIS, EQUIPAMENTOS E MÉTODOS 3.1 Materiais e Equipamentos Para desenvolvimento do presente trabalho foram utilizados os seguintes materiais e equipamentos: Espaçador: Foram utilizados 49 espaçadores do fabricante “A” e 7 espaçadores do fabricante “B”. Sistema de radiografia: com o objetivo de quantificar os defeitos em espaçadores sem destruí-los utilizou-se a radiografia digital. Foi utilizado um gerador de raios X do sistema JV 225, fornecido pela empresa Julio Verne que é composto por um gerador de alta tensão, tubo de raio X (Comet modelo MXR 225 HP-11) e painel de controle (Gulmay, modelo MP-1),representados pela Figura 17, e também por um sistema de resfriamento do tubo (Comet modelo XRC3000WA). O detector plano de raio x de silício amorfo do fabricante YXLON, modelo XRD 01620 com 2000x2000 pixels ativos, com área útil de 400x400 mm²,tamanho do pixel 200 µm e faixa de energia de 40 keV à 15 MeV. O sistema de radiografia opera dentro de uma cabine blindada visando à proteção radiológica. Figura 17 - Painel de Controle e Fonte de raio X Fonte: o Autor Suporte de isopor: foi confeccionado um suporte em placa de isopor com 40 cm de comprimento, 15 cm de largura e 4,5 cm de altura com uma abertura 37 central de 7 cm de diâmetro, para que fosse realizada a radiografia do espaçador por inteiro, como mostrado na Figura 18. Figura 18 - Espaçador no Suporte Fonte: o Autor Software de reconstrução de imagens tomográficas: a reconstrução tomográfica 2D e 3D foi realizado por meio do software CT 2.0.0.42. Este software foi desenvolvido pelo laboratório de tomografia industrial dos Institutos LACTEC. Figura 19 - Pagina Inicial – Sotware CT 2.0.0.42 Fonte: Manual de Reconstrução em Tomografia dos Institutos LACTEC Software Comsol Multiphysics ®: é um software sueco que atua na resolução de equações diferenciais baseado no método de elementos finitos. Neste trabalho a utilização do software tem como objetivo a determinação do 38 estado de tensão e deformação de um sólido de certa geometria sujeito a ações exteriores. Através de uma interface gráfica define-se a geometria do domínio, selecionam-se as equações, malha e a solução a ser utilizada na simulação do problema. Este software ainda possui uma grande capacidade de pósprocessamento para análise e validação dos resultados. Software MESHLAB: é um software destinado ao processamento e edição de malhas triangulares não estruturadas 3D. O software ajuda modelos não estruturados que surgem em digitalização 3D, assim como a imagem tomográfica, fornecendo um conjunto de ferramentas para edição de malhas. Máquina universal de ensaio de tração: Para realização dos ensaios de tração foi utilizada a máquina de tração marca INSTRON modelo 33R4467, visualizada na Figura 20. Figura 20 - Ensaio de Tração Fonte: o Autor 3.2 Métodos Inicialmente foram realizadas radiografias de 49 espaçadores de um fabricante “A”, foram nomeados de A1 até A49. Estes espaçadores foram colocados na diagonal, encaixados no suporte de isopor a fim de que coubessem em toda sua extensão no detector, como demonstra a Figura 18. Os parâmetros utilizados foram: 40 kV, 2mA e 1s. 39 Foram realizadas estas radiografias a fim de localizar possíveis vazios. Neste lote não foram encontrados vazios. Em um segundo lote, este do fabricante “B”, foram radiografados 7 espaçadores nomeados de E1 até E7 que apresentaram vazios em diferentes locais, visualizado na imagem como a parte mais clara, em destaque na Figura 21. Figura 21 - Radiografia com Vazios Fonte: o Autor Identificados os defeitos pela radiografia digital o passo seguinte foi realizar a tomografia, em um espaçador com vazio, objetivando a reconstrução digital em 3D das peças no software. Para conseguir este objetivo foi usada a técnica de tomografia por retroprojeção filtrada. O espaçador foi colocado na posição vertical e preso entre dois quadrados de isopor com o auxilio de fita crepe como mostra a Figura 22. Figura 22 - Espaçador nas diferentes posições para tomografia Fonte: o Autor 40 Foram realizadas 180 radiografias, uma a cada grau de rotação. Após terem sido feitas as imagens na direção longitudinal a aquisição das fatias foi realizada por meio do software, onde o espaçador foi recortado em 2046 fatias. Depois de aquisitadas as fatias foi realizada a reconstrução em 2D e 3D. Este processo de reconstrução da imagem segue uma sequência: 1º aquisição de fatias: foi selecionada a primeira imagem da sequência de projeção; 2º configuração de parâmetros, entre os quais: Limite de cores: utilizado para aumentar o contraste de objetos com pouco contraste; Fator de centralização: corrige a posição do senograma no centro de rotação da mesa tomográfica; Faixa de equalização: é utilizada para não perder a equalização entre as tomografias (é possível variar a faixa de tons de cinza); Filtros no senograma (obtém quando se alinha todas as projeções ao longo de uma matriz). Servem para eliminar ruídos provenientes do detector de raios-X que provocam distorções nas imagens. Todos estes parâmetros são ajustados com o único objetivo de melhorar a qualidade da imagem. Após a reconstrução da imagem, esta foi salva no padrão STL para poder ser carregada no software Comsol Multiphysics ®. Usou-se o software MESHLAB para corrigir os defeitos na imagem de tomografia para que a mesma pudesse ser carregada no Comsol Multiphysics ®. Este passo está demonstrado na Figura 23. Figura 23 - Softwar Mesh lab Fonte: o Autor 41 Após serem corrigidos todos os defeitos na imagem, esta foi carregada no software Comsol Multiphysics ®. Para a simulação neste software algumas etapas foram seguidas, as quais são descritas a seguir: Iniciando-se o software o primeiro passo é selecionar as características do estudo como: a) dimensão 3D, b) física estrutural, c) mecânica dos sólidos e d) estudo estacionário. Este estudo foi selecionado porque no espaçador não existem cargas que variam com o tempo. Concluída esta parte inicial o próximo passo foi importar a geometria, que já estava definida pela tomografia. Verificou-se se as grandezas estavam corretas ajustando-as para mm. A definição do material foi o passo seguinte. Selecionou-se o HDPE para o espaçador e alumínio e aço para os cabos constituintes da rede compacta. Confirmam-se na janela de propriedades do material as propriedades utilizadas na simulação. Para a simulação com o HDPE foram utilizadas as seguintes propriedades: a) densidade 0,965 g/cm³, b) módulo de elasticidade: 290 MPa e c) razão de Poisson 0,45. Os parâmetros foram definidos na chave de definições globais onde F= 6000 N. Esta força está determinada pela NBR 16.095 (2012). Após determinar as características do estudo, importar a geometria, acrescentar o material e definir o parâmetro foram definidas as condições de contorno. Na parte superior do espaçador, o cabo foi marcado como fixo, condição esta que restringe os movimentos em todos os sentidos. Outros três pontos de carga foram selecionados, pontos estes onde foram aplicadas as forças. Estes pontos correspondem aos cabos. Estes foram marcados no eixo z como – F, pois a direção desta carga é negativa. A malha utilizada no método de elementos finitos divide o módulo em pequenos elementos. Após alguns segundos a malha é criada. O passo final foi rodar o estudo e em alguns minutos o software apresentou o resultado. Devido a uma incompatibilidade de softwares a imagem de tomografia não pode ser utilizada no software Comsol Multiphysics ®, pois devido a irregularidades no contorno da imagem o software não conseguiu fechar a malha (Figura 24). 42 Figura 24 - Comsol Multiphysics® com a imagem de tomografia Fonte: o Autor A solução encontrada foi realizar as simulações no Comsol Multiphysics ® utilizando desenhos, representada na Figura 25. Estas simulações seguiram todos os passos citados anteriormente. Figura 25 - Comsol Multiphysics® com desenho Fonte: o autor Após esta simulação foi inserido no desenho um cilindro, representando um vazio no espaçador indicado pela seta na Figura 26. 43 Figura 26 - Inserção do vazio Fonte: o Auto Foram realizados cortes transversais a fim de verificar a tensão na seção transversal do espaçador sem o vazio e com o vazio. Esta foi à região escolhida para fazer o corte porque na simulação do espaçador foi a que apresentou maior tensão. Depois de terminadas as simulações no software Comsol Multiphysics ® realizou-se o ensaio destrutivo na máquina de tração. Este ensaio foi realizado conforme as normas técnicas ABNT NBR 16094 e ABNT NBR 16095(2012). Os espaçadores foram colocados na máquina de tração (vide Figura 20) e foi utilizada uma célula de carga de 30 kN. Foi retirada uma amostra de 6 unidades do fabricante “A”, escolhidos aleatoriamente, e sete amostras do fabricante “B” que apresentaram vazio e realizados testes de tração. 44 4 ANÁLISE DOS RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 Radiografias dos espaçadores Nas radiografias dos espaçadores do fabricante “A” não foram encontrados vazios como visualizado na Figura 27. Figura 27 - Radiografia sem vazio fabricante A Fonte: o Autor As imagens radiográficas dos espaçadores que apresentaram vazios podem ser visualizadas da Figura 28 até a Figura 34, onde os vazios aparecem em tonalidade mais clara, indicados através de setas vermelhas. Figura 28 - Radiografia com vazios: E1 Fonte: o Autor 45 Figura 29 - Radiografia com vazios: E2 Fonte: o Autor Figura 30 - Radiografia com vazios:E3 Fonte: o Autor 46 Figura 31 - Radiografia com vazios: E4 Fonte: o Autor Figura 32 - Radiografia com vazios: E5 Fonte: o Autor 47 Figura 33 - Radiografia com vazios: E6 Fonte: o Autor Figura 34 - Radiografia com vazios: E7 Fonte: o Autor 4.2 Tomografia A reconstrução em 3D realizada pela tomografia computadorizada pode ser vista na Figura 35. A Figura 36 mostra o vazio na peça reconstruída, indicado por setas vermelhas. 48 Figura 35 - Reconstrução 3D espaçador Fonte: o Autor Figura 36 - Vazia no Espaçador Fonte: o Autor 4.3 Simulação Mecânica A simulação no software Comsol Multiphysics® mostrou que as áreas com maior tensão na peça são aquelas mostradas em vermelho na Figura 37. 49 MPa Figura 37 - Espaçador sem defeito Fonte: o Autor Novamente foi realizado o teste para verificar o comportamento frente à tração com um vazio inserido. A simulação mostrou que a tensão aumenta na região da inserção do vazio, conforme mostrado na Figura 38. 50 MPa Figura 38 - Espaçador com defeito Fonte: o Autor Na Figura 39 é apresentado um corte a fim de verificar a tensão na seção transversal do espaçador sem o vazio e na Figura 38 o corte do espaçador com o vazio. Esta foi à região escolhida para fazer o corte porque na simulação do espaçador por inteiro esta região foi a que apresentou maior tensão. Verificou-se que no espaçador com inserção de vazio a tensão no local chega aumentar até 20 MPa em relação ao espaçador sem vazio, visualizado na Figura 40 na cor vermelha próxima ao vazio. 51 MPa Figura 39 - Tensão em corte transversal sem vazio Fonte: o Autor MPa Figura 40 - Tensão em corte transversal com vazio Fonte: o Autor 52 4.4 Ensaios de Tração Após as simulações no software foram realizados os ensaios destrutivos na máquina de tração: Os espaçadores que não tinham vazios no seu interior foram tracionados e todos escaparam da máquina, sem apresentar deformidades permanentes aparentes, como visualizado na Figura 41. Figura 41 - Espaçador sem vazio após ensaio de tração Fonte: o Autor A Figura 42 apresenta um resumo de todos os ensaios mecânicos realizados nos espaçadores que não apresentaram vazios, do fabricante “A”, nomeados de A 01 até A 06 Figura 42 - Gráfico ruptura dos espaçadores sem vazios Fonte: o Autor 53 Todos os espaçadores suportaram uma força de tração maior que 6 kN escapando da máquina de tração com pequena diferença na elongação. Os espaçadores que apresentaram vazios apresentaram respostas distintas ao ensaio. Espaçador E1 apresentou vazios na parte superior e inferior como mostra o detalhe de figura 28. Depois de diagnosticado o vazio realizou-se o teste de tração representado na figura 43. 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 0 3,234 6,467 9,701 12,934 16,167 19,401 22,634 25,867 29,101 32,334 35,567 38,801 42,034 45,267 48,501 51,734 54,967 58,201 61,434 64,667 67,901 71,134 74,367 77,601 80,834 Força (N) Espaçador 1 Elongação (mm) Figura 43 - Gráfico Espaçador E1 Fonte: o Autor Este espaçador, após apresentar uma elongação de 81 mm, escapou da máquina de tração, apresentado deformidade na parte superior, conforme pode ser visto nas Figuras 44 e 45. Figura 44 - Fotografia Espaçador E1 após teste de tração Fonte: o Autor 54 Figura 45 - Fotografia do detalhe espaçador E1 Fonte: o Autor Espaçador E2 apresentou um vazio na parte superior, como mostrado no detalhe da radiografia apresentada na Figura 29. Após a radiografia foi realizado o teste de tração, representado na Figura 46. Este espaçador teve uma elongação de 31 mm e rompeu na região do vazio, como visualizado nas Figuras 46, 47 e 48. Isto aconteceu quando a força aplicada ultrapassou 5 kN. 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 0 1,434 2,867 4,301 5,734 7,167 8,601 10,034 11,467 12,901 14,334 15,767 17,201 18,634 20,067 21,501 22,934 24,367 25,801 27,234 28,667 30,101 31,534 32,967 Força (N) Espaçador 2 Elongação (mm) Figura 46 - Gráfico Espaçador E2 Fonte: o Autor 55 Figura 47 - Fotografia Espaçador E2 após teste de tração Fonte: o Autor Figura 48 - Fotografia do detalhe Espaçador E2 Fonte: o Autor Espaçador E3 apresentou na sua radiografia um vazio na parte superior como visualizada na figura 30. No teste de tração o espaçador apresentou uma elongação de 220 mm. Quando a força chegou em 6 kN este fraturou, porém não rompeu, chegando a uma elongação final de 247 mm ao final do teste. Estes dados podem ser observados nas Figuras 49 e 50. 56 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 -1000 174,948 178,115 181,282 184,448 187,615 190,782 193,948 197,115 200,282 203,448 206,615 209,782 212,948 216,115 219,282 222,448 225,615 228,782 231,948 235,115 238,282 241,448 244,615 247,782 Força (N) Espaçador 3 Elongação (mm) Figura 49 - Gráfico Espaçador E3 Fonte: o Autor Figura 50 - Fotografia Espaçador E3 após teste de tração Fonte: o Autor Espaçador E4 apresentou vazios na parte superior, lateral e inferior como detalhado na figura 31. Após o teste de tração foi observado que quando a força chegou em 5 kN o espaçador teve uma elongação de 32 mm e rompeu como visualizado nas Figuras 51 e 52. 57 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 -1000 0 1,534 3,067 4,601 6,134 7,667 9,201 10,734 12,267 13,801 15,334 16,867 18,401 19,934 21,467 23,001 24,534 26,067 27,601 29,134 30,667 32,201 Força (N) Espaçador 4 Elongação (mm) Figura 51 - Gráfico Espaçador E4 Fonte: o Autor Figura 52 - Fotografia Espaçador E4 após teste de tração Fonte: o Autor Na radiografia do espaçador E5 os vazios foram observados na parte superior e na parte lateral como visualizado na Figura 32. O teste de tração mostrou que com uma força de 6 kN ele elongou-se 48 mm fraturou, mas não rompeu (Figuras 53 e 55), chegando a uma elongação ao final do teste de 83 mm, como visualizado na Figura 55. 58 8000 6000 4000 2000 0 -2000 0 4,301 8,601 12,901 17,201 21,501 25,801 30,101 34,401 38,701 43,001 47,301 51,601 55,901 60,201 64,501 68,801 73,101 77,401 81,701 Força (N) Espaçador 5 Elongação (mm) Figura 53 - Gráfico Espaçador E5 Fonte: o Autor Figura 54 - Fotografia Espaçador E5 após teste de tração Fonte: o Autor Figura 55 - Fotografia do detalhe Espaçador E5 Fonte: o autor 59 Na visualização da radiografia do espaçador E6 verifica-se a presença de vazios também na parte superior e inferior, como destacado na Figura 33. O teste de tração mostrou que antes que a força chegasse em 6 kN, com uma elongação de 45 mm, o espaçador fraturou, mas não rompeu, até chegar a uma elongação de 63 mm e rompeu como visualizado nas Figuras 56 e 57. 8000 6000 4000 2000 0 -2000 0 2,867 5,734 8,601 11,467 14,334 17,201 20,067 22,934 25,801 28,667 31,534 34,401 37,267 40,134 43,001 45,867 48,734 51,601 54,467 57,334 60,201 63,067 Força (N) Espaçador 6 Elongação (mm) Figura 56 - Gráfico Espaçador E6 Fonte: o Autor Figura 57 - Fotografia Espaçador E6 após teste de tração Fonte: o Autor 60 Figura 58 - Fotografia do detalhe espaçador E6 Fonte: o Autor A radiografia do espaçador E7 mostra a presença de vazios na parte superior e na lateral destacados na Figura 34. O teste de tração mostrou que passando 6 kN de força e com apenas 38 mm de elongação a peça escapou da máquina de tração, não apresentando deformidades na peça, como visto nas Figuras 59 e 60. 7000 6000 5000 4000 3000 2000 1000 0 -1000 0 1,701 3,401 5,101 6,801 8,501 10,201 11,901 13,601 15,301 17,001 18,701 20,401 22,101 23,801 25,501 27,201 28,901 30,601 32,301 34,001 35,701 37,401 39,101 Força (N) Espaçador 7 Elongação (mm) Figura 59 - Gráfico Espaçador E7 Fonte: o Autor 61 Figura 60 - Fotografia Espaçador E7 após teste de tração Fonte: o Autor Segundo as normas NBR 16.094(2012) e NBR 16.095 (2012) o espaçador polimérico em um teste de tração deve suportar uma força de tração de 6 kN sem que haja escorregamento do cabo ou ruptura. Seis espaçadores analisados neste trabalho não atenderam o critério normativo e ainda apresentaram duas formas distintas de ruptura. A Figura 61 apresenta um resumo de todos os ensaios mecânicos realizados nos espaçadores com vazios. Figura 61 - Gráfico ruptura dos espaçadores com vazios Fonte: o Autor 62 A análise dos dados obtidos demonstrou os seguintes resultados: O espaçador E1 não rompeu, apenas deformou visualizada na Figura 43. Os espaçadores E2 e E4 romperam de maneira frágil, com uma força menor, não chegaram a 6 kN, pois estes dois espaçadores possuíam vazios na área de maior tensão. O E4 possuía um vazio de diâmetro maior (aproximadamente 11 mm) comparado com o diâmetro do vazio de E2 (aproximadamente 5 mm), ver Figura 62. Devido a isto o espaçador E4 rompeu com uma tensão de ruptura menor (˂ 5,5 kN) e o espaçador E2 ,que tinha diâmetro de vazio menor, rompeu com maior tensão de ruptura (=5,5 kN). Provavelmente estes espaçadores apresentavam uma alta cristalinidade nas bordas, esta característica possibilita a fratura frágil. E4 E2 Figura 62 - Comparação Diâmetros de vazio E4 e E2 Fonte: O Autor Os espaçadores E3 e E5 romperam com fluência do material, estes dois espaçadores possuíam vazios na região de maior tensão. O espaçador E3 possuía um vazio de diâmetro menor (aproximadamente 5 mm) comparado ao diâmetro do vazio do espaçador E5 (aproximadamente 7mm) (Figura 62), devido a isto rompeu com uma tensão maior ( ˃ 6 kN). O espaçador E5 que possuía o vazio de diâmetro maior, rompeu com tensão menor ( 6 kN). Provavelmente estes espaçadores apresentavam uma baixa cristalinidade nas bordas, pois no momento da fratura o material apresentou fluência. 63 E3 E5 Figura 63 - Comparação diâmetros de vazio E3 e E5 Fonte: O Autor O E6 rompeu com fluência, com uma tensão maior (5,9 kN) comparada aos espaçadores E2 e E4 (que romperam de forma frágil ) e com tensão menor comparada aos espaçadores E3 e E5 ( que romperam com fluência). Este espaçador possuía vazios na parte superior, porém não na área de maior tensão (Figura 63). Provavelmente este espaçador possuía baixa cristalinidade nas bordas, pois fluiu antes de fraturar. Esta diferença na cristalinidade das bordas acontece no momento da injeção devido a uma diferença na temperatura de resfriamento da peça. E6 Figura 64 - Fratura E6 sem vazio Fonte: o Autor 64 E o espaçador E7 escapou da máquina de tração sem deformidade permanente do material, pois o vazio que apresentou não estava na área de maior tensão. 65 5 CONCLUSÕES E TRABALHOS FUTUROS Pela análise das formas de defeitos apresentadas nas radiografias e pela comparação e pelas respostas dos ensaios de tração pode-se concluir que: Os espaçadores que tiveram processamento adequado não romperam durante o ensaio de tração e escaparam da máquina de tração no final do ensaio; As simulações no software Comsol Multiphisics® indicaram as regiões com maior concentração de tensões mecânicas, comprovadas posteriormente pelo local das rupturas durante os ensaios mecânicos; A presença de vazios na área de maior tensão eleva a tensão no local e, como consequência, ocorre à fratura com menor tensão de ruptura; A ruptura ocorreu de duas formas distintas nos espaçadores com vazios na área de maior tensão: de forma frágil e com fluência do material devido à diferença na cristalinidade no local. A presença de vazios e diferenças de cristalinidade são consequências do processamento inadequado. Como sugestão para trabalhos futuros: resolver a interface entre as imagens de tomografia e o software Comsol Multiphysics ® para que estas sejam usadas nas simulações. E realizar teste de cristalinidade nos pontos de ruptura dos espaçadores. 66 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRADEE. disponível em: www.abradee.com.br/setorelétrico. Acesso em 18/03/2014 e 25/03/2014. AGÊNCIA DE NOTICIA DO PARANÁ. Copel vai construir 900 quilômetros de redes protegidas. Disponível em: Http://www.aen.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?fotowww.aen.pr.gov.br/mo dules/galeria/detalhe.php?foto= 195 079&evento=35844. Acesso em 10/04/2014. AKCELRUD, L. Fundamentos da Ciência dos Polímeros. Editora Manole Ltda, 2007. ANDREUCCI, R. Radiologia Industrial Apostila. 8.ed. São Paulo, 2008. ANEEL disponível em: www.aneel.gov.br/área.cfm. Acesso em 25/03/2014. ATS ELÉTRICA. Rede Compacta ou Rede de Distribuição. 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