Escatologia - Faculdade Paschoal Dantas

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Escatologia - Faculdade Paschoal Dantas
Interpretações Contemporâneas
na Escatologia
AULA INAUGURAL DO CURSO DE
CONVALIDAÇÃO EM TEOLOGIA
FACULDADE PASCHOAL DANTAS
www.faculdadepaschoaldantas.com.br
Prof. Pr. José Ribeiro Neto, Mestre em Estudos Árabes e Judaicos, USP, Mestre em Teologia
do Antigo Testamento pelo Seminário Teológico Batista Nacional Enéas Tognini
www.emunaheditora.com.br
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Escatologia
Cristã Bíblica
Credo Apostólico
Πιστεύω εἰς θεòν πατέρα παντοκράτορα, ποιητὴν
οὐρανοῦ καὶ γῆς. Καὶ εἰς Ἰησοῦν Χριστòν, υἱὸν αὐτοῦ τòν
μονογενῆ, τòν κύριον ἡμῶν, τòν συλληφθέντα ἐκ
πνεύματος ἁγίου, γεννηθέντα ἐκ Μαρίας τῆς παρθένου,
παθόντα ὑπὸ Ποντίου Πιλάτου, σταυρωθέντα, θανόντα, καὶ
ταφέντα, κατελθόντα εἰς τὰ κατώτατα, τῇ τρίτῃ ἡμέρᾳ
ἀναστάντα ἀπò τῶν νεκρῶν, ἀνελθόντα εἰς τοὺς οὐρανούς,
καθεζόμενον ἐν δεξιᾷ θεοῦ πατρὸς παντοδυνάμου, ἐκεῖθεν
ἐρχόμενον κρῖναι ζῶντας καὶ νεκρούς. Πιστεύω εἰς τò
πνεῦμα τò ἅγιον, ἁγίαν καθολικὴν ἐκκλησίαν, ἁγίων
κοινωνίαν, ἄφεσιν ἁμαρτιῶν, σαρκὸς ἀνάστασιν, ζωὴν
αἰώνιον. Αμήν. (Triglot Concordia, St. Louis: Concordia
Publishing House, 1921, p. 12)
Na escatologia, o cristianismo
concorda:
• A salvação se dá unicamente por meio de Jesus Cristo;
• O Senhor Jesus Cristo nasceu da virgem Maria, morreu, foi
sepultado, ressuscitou fisicamente no mesmo corpo, porém
glorificado;
• Foi elevado aos céus e está assentado à direita de Deus Pai,
Todo Poderoso;
• Há de vir física e visivelmente dos céus e julgará os vivos e
os mortos;
• Haverá condenação eterna para os ímpios e vida eterna
para os justificados em Jesus Cristo;
Fontes Bíblicas
• A principal fonte para o
entendimento da escatologia
é a Bíblia.
• Os principais livros do AT
usados
como
base
escatológica pelos autores
do NT são: Daniel, Ezequiel,
Zacarias, Isaías, Malaquias,
Jeremias, dentre outros.
Fontes Bíblicas
• Deve-se entender que, geralmente, o uso
escatológico que os autores do NT fazem do
AT, é alusivo e não literal.
• Às vezes utiliza-se somente uma figura ou
símbolo veterotestamentário aplicando uma
nova interpretação aos mesmos.
• Deve-se entender, contudo, que, apesar da
apresentação ser simbólica, não significa
que a verdade não seja literal.
Fontes Extra-Bíblicas
• Targumim = textos em aramaico que traduzem o
AT de forma interpretativa
• Midrashim = textos que tomam algum livro do AT
como base e fazem interpretações messiânicas e
simbólicas, espécies de sermões alegóricos do AT
• Fontes comuns às diversas formas de judaísmo do
século I d.C.
• Livros apócrifos, principalmente os apocalípticos:
I Enoque, IV Esdras, II Baruque, etc
Escatologia Rabínica
•A
escatologia
rabínica,
formada
principalmente após o século II e III d.C.,
mantém, em certas passagens, interpretações
escatológicas parecidas com as do NT
• Contudo, negam a aplicação escatológica
feita a Jesus pelo NT
• Fizeram adaptações interpretativas dos textos
de modo a se adequarem à sua religião
Escatologia Rabínica
• Nesse ponto, se distinguem
escatológica neotestamentária
da
interpretação
• Um estudo das interpretações rabínicas, pode ajudar
a buscar as fontes comuns antigas
• Os textos rabínicos são: A Mishná, O Talmude
(Guemará), Tosseftá (Acréscimos ao Talmude),
Midrashim e Comentários Medievais
• Esse estudo intertextual ainda está por fazer,
embora se tenha avançado consideravelmente nos
últimos anos
Cosmovisão messiânica intertextual
entre as fontes judaico-cristãs
• Pontos de contato:
• Tipo de interpretação semelhante a
do NT
• Um Messias
• Uma Era Messiânica
• Um Reino Messiânico
• A vinda do Messias
• Paz Mundial sob o Reinado do Messias
• Salvação para os Justos e condenação
para os injustos
A Escatologia na
contemporaneidade
(...) nesse período [séc. XIX], novos
conceitos da própria natureza da religião
irrompiam sobre a igreja, e produziam
mais transformações radicais na natureza
fundamental da teologia do que talvez
ocorrera em todos os séculos anteriores,
desde o tempo do Novo Testamento.
Sempre existiram segmentos radicais no
cristianismo, mas em termos gerais
ficavam somente à margem. Agora, essas
transformações passaram a influenciar as
correntes
predominantes
da
igreja.
(ERICKSON, 2010, p. 17)
Temos notado um crescente consenso
entre
liberais
a
respeito
da
escatologia do Novo Testamento. A
despeito de muitas variações, eles
concordam que o reino é ético em sua
natureza. É aqui e agora, dentro da
história. Não é algo que virá
catastroficamente em algum tempo
futuro. (ERICKSON, 2010, p. 23)
O pregador liberal, praticamente,
não tem nada a dizer sobre o outro
mundo. Este mundo é realmente o
centro
de
todos
os
seus
pensamentos; mesmo a religião, e
até Deus, são feitos de meios para o
aprimoramento das condições neste
mundo. (MACHE, 2012, p. 126)
Principais Teólogos
que influenciam a
escatologia
contemporânea
Albert Schweitzer (1875-1965),
alemão,
Escatologia
Consequente.
Combate o liberalismo de sua
época
usando
os
mesmos
métodos da exegese históricocrítica. Entendia que Jesus
realmente pregava um fim
catastrófico
com
distúrbios
cósmicos, mas segundo ele Jesus
estava errado. A abordagem de
Shweitzer é vaga e mística a
respeito do papel de Jesus para
nós, diz que Jesus vem a nós
como veio aos discípulos há
tanto tempo, mas não deixa
claro o que isso exatamente
significa.
C. H. Dodd (1884-1973),
galês,
Escatologia
Realizada.
Ligado
ao
conceito
preterista
escatológico,
que diz que os eventos já
haviam ocorrido na época
bíblica. “de acordo com
Dodd, a nova era está
aqui; Deus estabeleceu o
reino.” (ERICKSON, 2010,
p. 37).
Rudolf Bultmann (18841976),
Escatologia
Existencial.
Com
sua
análise
desmitologizadora, Bultmann
entedia que a escatologia
também
precisava
ser
reinterpretada,
essa
reinterpretação
procurava
entender o mito de modo
existencialista e não literal.
Karl
Barth
Escatologia.
(1886-1968),
Pan-
Além de uma compreensão universalista
de que “ninguém pode ficar condenado
por aqui” (GUNDRY, 1983, p. 40), Barth
aborda a escatologia como um eterno
devir, uma acontecer transcendente,
para ele a eternidade não é um
momento no tempo e sim a superação de
cada tempo. Portanto a vinda de Jesus
(parusia), não deve ser entendida como
uma segunda vinda, mas como uma
presença constante.
Ed René Kivtz se afeiçoa, pelo menos em
parte, a essa escatologia barthiana, ver:
<https://logosoficos.wordpress.com/arespeito-da-segunda-vinda-de-jesus/>
Jürgen Moltmann (1926-), alemão,
protestante, Teologia da Esperança
(ou do futuro).
Entende que a escatologia é o
ponto central do Evangelho e a
teologia
é
essencialmente
escatológica. Para Moltmann o
futuro determina o presente e lhe
dá
esperanças.
Oferece
uma
teologia escatológica que nunca se
concretiza, pois a esperança deve
estar sempre presente. Para ele “a
igreja é instrumental em atingir
esta salvação por meio de tomar o
partido dos oprimidos do mundo.”
(GUNDRY, 1983, p. 173)
Paul Tillich (1886-1965), alemão,
O Reino de Deus como fim da
História.
“A única resposta possível é que a
Vida Eterna é vida no eterno, vida
em Deus. Isso corresponde à
afirmação de que tudo o que é
temporal provém do eterno e
retorna ao eterno, e concorda com
a visão paulina de que na
plenitude última Deus será tudo
em (ou para) tudo. Poderíamos
chamar a esse símbolo de “panem-teísmo
escatológico””
(TILLICH, 1987, p. 707)
Wolfhart Pannenberg (19282014), alemão, Teologia da
História.
“Não olha para nenhum céu
para
procurar
qualquer
salvação na determinação da
verdade. A história, e a
história
somente,
providenciará as respostas”.
(GUNDRY, 1983, p. 182). Sua
análise teológica também é
escatológica e sua ênfase
também está na esperança
(GRENZ, 2011, p. 152)
Rubem
Alves
(1933-2014),
brasileiro, Teologia da Esperança
reformulada.
“(...) acha demasiadamente
conservadora a abordagem de
Moltmann de aguardar o futuro.
Ao invés de esperar até que o
futuro agarre o homem no
presente – posição esta que
Alves chama de humanismo
messiânico – o homem deve
agarrar o futuro para si mesmo.
Alves chama isso de messianismo
humanista.” (GUNDRY, 1983, p.
186).
Leonardo Boff (1938),
Teologia da Libertação.
brasileiro,
Entende que a ressurreição não é a
vivificação de um cadáver, “mas a total
realização das capacidades do homemcorpo-alma, a superação de todas as
alienações
que
estigmatizam
a
existência desde o sofrimento, a morte
e também o pecado e, por fim, a plena
glorificação como divinização do
homem pela realidade divina. A
ressurreição é a realidade da utopia do
reino de Deus para a situação humana.
Daí que para o cristianismo não há mais
lugar para uma utopia, mas somente
para uma topia: já agora, pelo menos
em Jesus Cristo, a utopia de um mundo
de total plenitude divino-humano
encontrou um topos (lugar).” (BOFF,
1986, p. 101)
Considerações
Finais
Interpretações Escatológicas
Contemporâneas
• Negam a ressureição corporal de Jesus Cristo
• Negam a ressurreição corporal do ser humano
• Negam a salvação unicamente por Jesus Cristo
• Negam uma vinda pessoal e visível de Jesus Cristo
• Negam um fim catastrófico para essa criação
• Negam a literalidade de novos céus e nova terra
• Negam a condenação eterna e a salvação eterna
• Negam a inspiração da Bíblia
• Negam a Bíblia como única e perfeita Palavra de Deus
As interpretações Escatológicas
Contemporâneas
• Utilizam-se de uma linguagem interpretativa baseada no
simbolismo e na interpretação alegórica
• Utilizam-se de um discurso pagão-esotérico hermético e
confuso
• Utilizam-se de um discurso marxista, reinterpretando o
conceito de Reino de Deus em termos políticos
• Utilizam-se de um discurso do pluralismo religioso
• Utilizam-se de uma hermenêutica da releitura ou da
desconstrução baseada no leitor
• Utilizam-se de um discurso otimista de transformação do
mundo
• Utilizam-se do discurso relativista da pós-modernidade
Ἰδού, ἔρχεται μετὰ τῶν νεφελῶν,
καὶ ὄψεται αὐτὸν πᾶς ὀφθαλμός,
καὶ οἵτινες αὐτὸν ἐξεκέντησαν· καὶ
κόψονται ἐπ᾽ αὐτὸν πᾶσαι αἱ
φυλαὶ τῆς γῆς. Ναί, ἀμήν. (Ap 1.7)
Eis que vem com as nuvens, e todo o olho
o verá, até os mesmos que o traspassaram;
e todas as tribos da terra se lamentarão
sobre ele. Sim. Amém. (Ap 1.7 ACF)
Bibliografia Indicada
BLANK, Renold J. Escatologia do mundo: o projeto cósmico de Deus, escatologia II. 4ª. Ed.
São Paulo: Paulus, 2008
ERICKSON, Millard J. Escatologia: a polêmica em torno do milênio. São Paulo: Vida Nova,
2010
ERICKSON, Millard J. Introdução à Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 1992
STRONG, Augustus Hopkins. Teologia Sistemáica. Vol. II. São Paulo: Hagnos, 2003
HOBBS, Herschel H. Fundamentos da nossa fé. Rio de Janeiro: Juerp, 1980
GRUDEM, Wayne. Teologia Sistemática. São Paulo: Vida Nova, 2007
GRENZ, Stanley J.; MILLER, ED. L. Teologias Contemporâneas. São Paulo: Vida Nova, 2011
SHEDD, Russel. A Escatologia do Novo Testamento. 2 ed. São Paulo: Vida Nova, 1999
TOGNINI, Enéas. O plano de Deus e o arrebatamento. São Paulo: Candeia, 1996
PENTECOST, J. Dwight. Manual de escatologia. São Paulo: Vida, 2006
OSBORNE, Grant R. Apocalipse: comentário exegético. São Paulo: Vida Nova, 2014
OSBORNE, Grant R. Espiral hermenêutica: uma nova abordagem à interpretação bíblica.
São Paulo: Vida Nova, 2009
Bibliografia Indicada
BOFF, Leonardo. A ressureição de Cristo: a nossa ressureição da morte. Petrópolis,
RJ: Vozes, 1974
CARSON, D. A. O Deus amordaçado: o cristianismo confronta o pluralismo. São Paulo:
Shedd Publicações, 2013
GALILEIA, S. Deus: futuro do homem. São Paulo: Ave Maria, 1988
GUNDRY, Stanley. Teologia Contemporânea: uma análise dos pensamentos de alguns
dos principais teólogos do mundo hodierno. São Paulo: Mundo Cristão, 1983
LIBÂNIO, João Batista; BINGEMER, Maria Clara L. Escatologia cristã. Petrópolis, RJ:
Vozes, 1985
LANDERS, John. Teologia Contemporânea. Rio de Janeiro: Juerp, 1986
MACHEN, John Gresham. Cristianismo e liberalismo. São Paulo: Shedd Publicações,
2012
MOLTMANN, Jürgen. Teologia da Esperança: estudos sobre os fundamentos e as
consequências de uma teologia cristã. 3ª. Ed. São Paulo: Loyola / Teológica, 2005
TILLICH, Paul. Teologia sistemática. São Paulo: Paulinas/Sinodal, 1987
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