Sergio Gobetti - IBRE
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Sergio Gobetti - IBRE
Receitas petrolíferas e política fiscal no Brasil do pré-sal Sérgio Wulff Gobetti Secretaria de Política Econômica/MF Seminário sobre Riscos Fiscais no Brasil FGV/FMI Rio de Janeiro, Abril 2013 A apresentação reflete opiniões pessoais e não deve ser entendida como posições da SPE ou do Ministério da Fazenda. 1 Introdução • O Brasil deve se tonar um país rico em petróleo, mas não genuinamente uma “economia petrolífera”. – A produção de petróleo e gás gira em torno de 0,8 bilhão de barris ao ano e gera uma receita para o Estado de 0,9%-1,2% do PIB. – Com descobertas do pré-sal, nível de produção deve duplicar-triplicar nos próximos 10-20 anos, e o regime de partilha possibilitará aumentar o government-take. 2 Introdução • Qual a riqueza potencial do pré-sal? – Variável incerta, que dependerá do tamanho das reservas de óleo e do seu preço. – Reservas prováveis já ultrapassam os 30 bilhões de barris e podem superar os 60 bilhões com novas descobertas. – Preço do petróleo está por volta de 100 dólares o barril, mas é extremamente volátil e muito difícil definir qual seria seu nível médio de longo prazo. 3 Prospectando alguns números... • Qual a riqueza potencial do pré-sal? – Assumindo algumas hipóteses para a média histórica do preço, para o tamanho das reservas e para a tributação (50% concessão, 50% partilha). Média do preço petróleo (US$) 70,0 100,0 120,0 Reservas e produção (boe) Gov-take VP Riqueza /PIB 60 bilhões, com produção distribuída em 40 anos 44% 54% 57% 37% 64% 82% 4 Questões cruciais • Quanto e como gastar? • Quanto e como poupar? • Como articular essas decisões dentro de um arcabouço macroeconômico consistente? – Antecipando algumas conclusões, verificamos no Brasil um “trilema” entre poupar para gerações futuras, gastar em BK e capital humano e/ou resgatar dívida pública. 5 Experiência internacional • A economias petrolíferas necessitam de regimes fiscais especiais para lidar com a volatilidade e finitude da renda do petróleo. – Fundos de poupança ou estabilização. – Regra fiscal baseada no resultado “non-oil”. • Experiência mostra que regras são burladas quando rígidas e que sua efetividade depende da qualidade das instituições das particularidades de cada país. 6 Caso brasileiro • O que se adapta mais à realidade brasileira? – Discricionariedade. – Modelo norueguês: “bird-in-hand” – regra de gasto baseada apenas na rentabilidade dos ativos financeiros. – Modelo de renda permanente: regra “ótima” de suavização do consumo baseada não apenas nos ativos financeiros já acumulados mas no valor presente do fluxo futuro de receitas derivadas dos ativos físicos (reservas de petróleo). 7 Caso brasileiro • Fundo Social combina regra norueguesa com discricionariedade. – Regra geral é só resgatar os rendimentos do fundo, mas redação da lei criou possibilidade de resgates do principal sob determinadas circunstâncias. • Regra alternativa, de renda permanente, é superior, mas esbarra igualmente em um outro problema: o diferencial de juros. – A rentabilidade de acumular qualquer ativo é inferior ao custo de oportunidade de rolar dívida. 8 Modelo de renda permanente • Simulações para o Brasil, utilizando cenário de barril a US$ 100 e seguintes parâmetros: r taxa de juros dos passivos/ativos e taxa de câmbio g taxa de crescimento n taxa crescimento populacional 1,05 1,01 2 1,03 0,20% PIB inicial 4402537 T 2807357 63,8% -2940895 66,8% 1391202 31,6% VP do Government-Take Passivos Ativos D0 (Dívida ou Ativo Líquido) % PIB -1549693 -35,2% W VP Riqueza líquida d déficit primário "non-oil" ótimo em valor 57493 1,31% d% déficit primário "non-oil" ótimo em % PIB 23956 0,54% d% dp sustentável em % PIB c/ diferencial de juros 1257664 Obs: déficit ótimo seria de 1,21% do PIB na ausência de dívida inicial 28,6% -1,20% 9 Modelo de renda permanente • Comparando resultados: – Na ausência de diferencial de juros, uma regra de déficit primário non-oil de 0,5% do PIB seria sustentável fiscalmente e transformaria a atual dívida líquida de 35% do PIB em ativo líquido de 35% do PIB depois de 40 anos. – Ao introduzirmos o diferencial de juros de 5% para passivos e 2% para ativos, a regra de sustentabilidade passa a depender de um superávit primário non-oil de 1,2% do PIB. 10 Modelo de renda permanente • Comparando resultados: – Ao permitir que metade da receita petrolífera seja canalizada para resgatar dívida, o superávit primário requerido para equiparar ativos e passivos, em torno de 40% do PIB depois de 40 anos, cai para 0,5% do PIB. – Ou seja, abre-se um espaço fiscal adicional de 0,7% do PIB, que pode ser revertido para investimentos. 11 Ponderações • Superávit primário (incluindo renda do petróleo) tem oscilado em torno de 2,9% do PIB (2,5% do PIB, em termos estruturais) nos últimos anos, bem acima do requerido para estabilizar relação dívida/PIB. PIB 2,5% 3,0% 3,5% 4,0% 4,5% 13,0% 1,1% 0,9% 0,7% 0,5% 0,4% Taxa Implícita da DLSP 13,5% 14,0% 14,5% 1,2% 1,4% 1,6% 1,1% 1,2% 1,4% 0,9% 1,0% 1,2% 0,7% 0,9% 1,0% 0,5% 0,7% 0,8% 15,0% 1,7% 1,5% 1,4% 1,2% 1,0% 15,5% 1,9% 1,7% 1,5% 1,3% 1,2% 16,0% 2,0% 1,9% 1,7% 1,5% 1,3% 12 Ponderações • Restrições para redução da dívida bruta não provém apenas das pressões fiscais, mas principalmente da necessidade de controlar liquidez e esterilizar reservas cambiais. • Cerca de 60% dos royalties (e 35% da renda petrolífera) está hoje sob domínio dos governos regionais, o que dificulta esse arranjo macroeconômico. 13 Considerações finais • Melhoria da situação fiscal do país não foi acompanhada até agora de aprimoramento no regime fiscal. • País pode convergir gradativamente para uma regime de metas estruturais e/ou non-oil, calibrada para um patamar compatível simultaneamente com o objetivo de sustentar a dívida estabilizada, propiciar expansão de investimentos e reduzir carga tributária. 14 FIM • Obrigado ! • Contato: [email protected] 15