2 - Hospital da Luz
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Determinantes do equilibrio ácido-base Paulo Paiva e J. P. Pimentel Sequência Universal de Avaliação I - Avaliação CLÍNICA Informação relevante Avaliação da volémia e hidratação Antecipação dos desvios esperados II - Identificação de situações de PERIGO EMINENTE Choque PaO2 < 50 mmHg Acidemia grave (pH < 7,1) Potássio < 2,5 ou > 7 mmol/L Na+ < 115 ou < 160 mmol/L, sintomático Ca++ionizado > 1,5 mmol/L III - Análise da GASOMETRIA arterial e do IONOGRAMA 1. Oxigenação 2. Ácido-Base 3. Iões 1. CO2 1. Desvio primário 1. Sódio 2. Gradiente A-a 2. Compensações 2. Potássio 3. Resposta ao ↑ da FIO2 3. Gap Aniónico 3. Cálcio ionizado Valores Normais PCO2 PH arterial HCO3- mEq/L 7.36-7.44 36-44 (40) 22-26 (24) Concentrações habituais dos iões no organismos Catiões mEq/L Na+ K+ Ca2+ Mg2+ meq/L 142 4.3 2.5 1.1 Aniões mEq/L mmol/L 142 4.3 1.25 0.55 ClHCO3H2PO4-HPO42Proteinas outros aniões meq/L 104 24 2.0 14 5.9 mmol/L 104 24 1.1 0.9 5.5 mmol/L = (mg/dL x 10) / peso molecular Gap Aniónico: Na+ - (HCO3- + Cl-) = 8-12 464 Manual do CEE 2011 Níveis de compensação esperados: Acidose respiratória aguda Por cada ↑ de 10mmHg da PaCO2 deve haver uma ↑ de 1mEq/L de HCO3- Acidose respiratória crónica Por cada ↑ de 10mmHg da PaCO2 deve haver uma ↑ de 3,5mmol/L de HCO3- Alcalose respiratória aguda Por cada ↓ de 10mmHg da PaCO2 deve haver uma ↓ de 2mEq/L de HCO3- Alcalose respiratória crónica Por cada ↓ de 10mmHg da PaCO2 deve haver uma ↓ de 4mEq/L de HCO3- Acidose metabólica Por cada ↓ de 10mEq/L do HCO3- espera-se uma ↓ de 12mmHg da PaCO2 Alcalose metabólica Por cada ↑ de 10mEq/L do HCO3- espera-se uma ↑ de 7mmHg da PaCO2 Algoritmo da Hiponatrémia Normal Osmolaridade plasmática Elevada Baixa Hiperglicemia ou Osmóis não medidos. PseudoHiponatrémia Medir Osmolaridade urinária Medir triglicerídeos, proteínas. Elevada (>100 mOsm/Kg) Estado do Liquído Extra Celular Diminuído Baixa Intoxicação primária pela água (polidipsia psicogénica, potomania de cerveja) Normal Aumentado SIADH Insuficiência renal Tiazidas Alteração do osmostato Hipotiroidismo Défice glucocorticoide. Insuficiência car- Medir sódio urinário < 10 mmol/L > 20 mmol/L Vómitos Diarreia 3º espaço Insuficiência suprarenal Síndrome de perda de sal Diuréticos > Determinantes do equilibrio ácido-base - Revisto em 2009 díaca congestiva Síndrome nefrótico Cirrose 465 Algoritmo da Hiponatrémia LEC Aumentado Diminuído Sobrecarga de Na+ Hipertónico Hiperaldosteronismo Síndrome de Cushing OsmU > 800 mOsm/L 300-800 mOsm/L < 300 mOsm/L [Na+] U < 10 mEq/L Excreção de osmolitos/dia Resposta a dDAVP? Perdas insensíveis Perdas Gastrointestinais Diurese remota (diurético/osmótica) > 900 mOsm/dia < 900 mOsm/dia + DIC completa - DIN completa (congénita, lítio) Diurese asmática Resposta a dDAVP? Hipodipsia primária + DIC com diminuição do LEC + DIC parcial - DIN parcial Hipoxemia (PaO2 < 50 mmHg) Administrar oxigénio: Sem hipercapnia (IR tipo I), iniciar com FiO2 elevada (>50%) e reduzir progressivamente para obter SaO2 > 93%; Com hipercapnia (IR tipo II) iniciar com FiO2 baixa (< 28%) e aumentar progressivamente para obter SaO2 > 90%. Hipocalémia (K+ < 2,5 mEq/L) Administrar potássio: Por veia periférica, não ultrapassar concentrações superiores a 40 mEq/L (excepcionalmente 60 mEq/L); Não dar soros com glicose, porque podem baixar mais o potássio; O ritmo de perfusão não deve ultrapassar os 10 mEq/h, podendo chegar a 20 mEq/h em casos de arritmia com risco vital; Por cateter central podemos administrar perfusões de KCl não diluído (soluções com 1 mEq/ml), respeitando a regra do ritmo; Se a correcção da acidose exigir administração de bicarbonato, corrigir sempre primeiro o potássio; Se coexistir hipomagnesémia administrar sulfato de magnésio a 20% (2g=10ml em 100 ml de SG5%). Hipercalémia (K+ > 7 mEq/L) 1º. Bloquear os efeitos do K+ na membrana celular: Administrar gluconato de cálcio, 1 ampola com 10 mg (=10 ml), em infusão de 2-3 min. 2º. Promover da entrada de K+ nas células: Perfundir 500 ml de soro glicosado a 5% (se o doente tem hiperglicemia deverá ser em SF) com 10U de Insulina regular, durante 1-2 h; Nebulização com 5 mg (=1ml) de salbutamol durante 30 min ou administrar bicarbonato (em caso de acidose). 3º. Remover do K+ do organismo: Iniciar resina permutadora de iões (até 6/6h) por via oral: 25-50g em 100 ml de lactulose ou, por enema: 50 g em 150 ml de água tépida. 466 Manual do CEE 2011 Hiponatrémia (Na+ < 115 mmol/L) Correcção activa com soros até melhoria dos sintomas: Ritmo de correcção de 1,5 a 2 mEq/h nas primeiras 3-4 horas ou até melhoria dos sintomas; Até melhoria dos sintomas, usar soro hipertónico em pequeno volume; Escolher o tipo de soro a utilizar (SF com NaCl hipertónico); Calcular o volume de soro necessário com a fórmula: Volume de soro (L) = ∆ desejada Na+ x (Água corporal + 1) Na+ soro - Na+ doente Água corporal total = 0,6 X Peso, nos homens e 0,5 X Peso, nas mulheres Soro fisiológico = NaCl a 0,9% = 154 mEq/L de Na+. ; Uma amp. de NaCl hipertónico a 20% = 20 ml X 3,4 mEq/ml =68 mEq de Na+. Repetir ionograma ao fim de 4-6 horas. Hipernatrémia (Na+ > 160 mmol/L) Ritmo de correcção proporcional ao ritmo de instalação: ritmo rápido: reduzir a natrémia 1 mEq/L/h; ritmo lento: reduzir a natrémia 0,5 mEq/L/h; Via de eleição: oral Hipernatrémia hipovolémica: neste caso, deve corrigir-se primeiro a hipovolémia com soro fisiológico ou heminormal e só depois a hipernatrémia com água livre ou soros hipotónicos. Hipernatrémia euvolémica: Corrigir desde o início com solutos hipotónicos ou água livre. Hipernatrémia hipervolémica: Administrar água ou soro glicosado a 5% associados a furosemida – 0,5 a 1 mg/Kg de peso. Calcular o volume necessário de soro para baixar o valor do sódio pretendido e administrar no intervalo de tempo adequado, com a fórmula da hiponatrémia mas trocando as parcelas do denominador Soro heminormal (NaCl a 0,45%) = 77 mEq/L de Na+ ; Soro glicosado a 5% = 0 mEq/L de solutos. Repetir ionograma ao fim de 4-6 horas. Hipercalcémia (Ca++ion > 1,5 mmol/L) Administrar pela ordem seguinte: Soro fisiológico para correcção da hipovolemia (frequentemente > 3 L/24 horas); Manter fluidoterapia ev com soluções hipotónicas após ser atingida a euvolémia (monitorizar sinais de hipervolémia e diurese – objectivo: 100150 mL/h); se hipervolémia adicionar furosemida; Ácido zoledrônico 5 mg em 100 cc de SF EV em perfusão de 15’ ou pamidronato 60-90 mg em 100 cc de SF EV em perfusão de 2-4 h, dose única; Calcitonina de salmão 4-8UI/Kg IM ou SC cada 6-12 h; Prednisolona 20-60 mg/dia. Reavaliar o cálcio ionizado em 6-12 horas. > Determinantes do equilibrio ácido-base - Revisto em 2009 467
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