Clique e confira. - MobilePedia - Referência em mobile marketing
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1 2 SINOPSE As mudanças tecnológicas estão nos levando a trilhar novos caminhos em busca de uma comunicação eficiente com o mundo digital. E é neste sentindo que apontaremos o celular como uma das mídias mais importantes por ser on-the-go, ou seja, vai para qualquer lugar que o nosso target for. ACREDITO QUE O MEU TRABALHO DEVA SER O VENCEDOR PORQUE: - trata de um tema inovador com raríssimas bibliografias no País; - servirá como referência para os profissionais da área; - mostra e comprova o grande potencial desta nova mídia; - aponta tendências e apresenta novas alternativas de advertising no mundo digital. 3 SUMÁRIO CAPÍTULO 1 - O MARKETING E A MÍDIA NOS DIAS ATUAIS.................................................... 04 1.1 Entendendo as mudanças tecnológicas......................................................................................04 1.2 Com quem está o controle?........................................................................................................ 05 1.3 Update or Die.............................................................................................................................. 08 CAPÍTULO 2 - INTERNET: UM MEIO JÁ ATUALIZADO................................................................ 09 CAPÍTULO 3 - CONVERGÊNCIA, INTERATIVIDADE E MOBILIDADE......................................... 10 CAPÍTULO 4 – O ADVENTO DA MÍDIA MÓVEL.............................................................................11 4.1 Do “tijolo” ao iPhone: a evolução dos celulares.......................................................................... 11 4.2 Celular em Números................................................................................................................... 13 4.3 Inclusão Digital............................................................................................................................ 16 4.4 Todos os meios numa só plataforma.......................................................................................... 17 CAPÍTULO 5 – MOBILE MARKETING............................................................................................ 19 5.1 SMS Marketing............................................................................................................................ 23 5.2 Bluetooth Marketing.................................................................................................................... 24 5.3 Mobile Payement.. ......................................................................................................................26 5.4 Mobile Advergame...................................................................................................................... 29 5.5 Mobile Marketing Político............................................................................................................ 31 5.6 Internet Móvel... ..........................................................................................................................32 5.7 QR-Code. ................................................................................................................................... 34 5.8 GPS...... ...................................................................................................................................... 34 5.9 Wap site.. ................................................................................................................................... 35 5.10 Pré-requisitos Básicos...............................................................................................................35 5.10.1 Permissão......................................................................................................................35 5.10.2 Conteúdo....................................................................................................................... 36 5.10.3 Segmentação................................................................................................................ 37 5.10.4 Personalização.............................................................................................................. 37 5.10.5 Imersão......................................................................................................................... 37 5.10.6 Saturação...................................................................................................................... 37 5.10.7 Interatividade................................................................................................................. 38 5.10.8 Monitoração................................................................................................................... 38 5.10.9 Spam............................................................................................................................. 38 5.11 Dificuldades a serem superadas............................................................................................... 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS.............................................................................................................. 40 BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................ 42 4 CAPÍTULO 1 - O MARKETING E A MÍDIA NOS DIAS ATUAIS 1.1 Entendendo as mudanças tecnológicas Vivemos numa sociedade marcada por aceleradas mudanças tecnológicas. Nesta nova realidade, o consumidor dos dias de hoje já não é mais o mesmo de algum tempo atrás. A sociedade passou por diversas mudanças que alteraram a relação publicidade x consumidor. Tais mudanças fizeram com que os anúncios visassem atingir seu target1 da forma mais direta e pessoal possível, para que assim, se tornasse eficaz (LUBAMBO, 2006). Não podemos deixar de mencionar que o desenvolvimento dos novos meios de comunicação caminha para o individualismo ou para a desmassificação (GALINDO, 2002). O que contribui para a notória saturação dos meios de comunicação tradicionais. É através dessa tecnologia que as empresas estão adentrando em um novo momento do marketing, ou no chamado marketing digital, marketing online, ou marketing um-a-um, no qual a comunicação passa agora a ser trabalhada de forma personalizada e distribuída individualmente, recebendo com isso o rótulo de interativa (GALINDO, 2002). O fato que nos é evidente é que a evolução tecnológica, bem como o desenvolvimento de uma sociedade midiática tal qual conhecemos hoje, está integrada a uma busca constante do homem pela superação de obstáculos de tempo, espaço, distância, quantidade e qualidade de informação. É justamente neste entremeio que o marketing digital refere-se a uma nova possibilidade de contactar o cliente e manter com ele um relacionamento muito próximo, acompanhando suas solicitações, semelhante a um feedback2 contínuo (GALINDO, 2002). O fluxo de comunicação agora é de mão dupla, e a prática de comprar espaço na mídia e divulgar a mensagem da marca não é mais tão eficiente. Até pouco tempo atrás, o mercado era estático. Havia lugares fixos e tempos determinados para exposição de mensagens comerciais. Agora o conteúdo se libertou. Não existem mais essas amarras, o que está provocando a erosão da mídia de massa como conhecemos (MORRIS, 2007). Nesse contexto, é necessário compreendermos o quanto às novas tecnologias poderão contribuir no sentido de facilitar a segmentação e o direcionamento das mensagens. Afinal, as novas ferramentas de comunicação e informação, sobretudo as originadas no ciberespaço, trouxeram recursos que possibilitaram o surgimento de novas formas de ter acesso às informações, de interagir com o outro, entre outras possibilidades. Hoje é possível dividir os consumidores por tribos e não mais apenas por perfil. Podemos nos comunicar com adoradores de livros ou de motos, e ambos podem morar no mesmo bairro, estar na mesma faixa de renda e ter entre 25 e 30 anos. O perfil sócio-demográfico é apenas um lado do consumidor, pessoas que pertencem ao mesmo grupo têm crenças, atitudes, hábitos, valores e expectativas diferentes (GIARDELLI, 2007). Afinal, o que foi feito para mim, só para mim, tem muito mais valor do que uma mensagem ou produto feito para a massa, tão abstrata e sem valor, já que ninguém me reconhece no meio dela (BUONO, 2007). As formas de mídia tradicionais como a televisão, os jornais, as revistas e o rádio não são mais tão eficazes em promover vendas quanto o eram no passado, porque os mercados estão mudando Alvo, em inglês. Expressão utilizada para definir o público-alvo de um plano de marketing, campanha ou peça de comunicação Em comunicação, todo e qualquer retorno do target à comunicação feita pela empresa, seja através de pesquisa, de um mecanismo de resposta (cupom, telefone, etc.) ou de forma espontânea. 1 2 5 e a mídia precisa chegar aos melhores clientes potenciais do produto de maneira muito mais seletiva (SISSORS e BUMBA, 2001). De acordo com Rizzo (2006) o problema da publicidade presente nos meios de comunicação tradicionais ainda é agravado porque há cerca de uma década o cenário da mídia vem mudando, mais uma vez, em decorrência do avanço tecnológico. As mídias convencionais começaram a perder espaço para as novas mídias que surgiram com o advento da internet. Em 1995, aproximadamente, a rede mundial de computadores, já “oferecia mais de três milhões de páginas multimídia de informação e entretenimento” (DIZARD, 1998, p 24). O autor ainda aponta as implicações trazidas aos meios tradicionais em decorrência do surgimento das novas mídias: A televisão e outros veículos mais antigos vem sendo desafiados pelas novas tecnologias da mídia, que oferecem um leque mais amplo de serviços de informação e entretenimento. A disponibilidade dessas opções, no caso da televisão, levou uma fragmentação de sua sólida audiência nacional. Jornais, livros, rádio e indústria cinematográfica foram, cada um a seu modo, analogamente afetados. (DIZARD, 1998). Apesar disso, não se pode negar a existência de algumas formas de segmentação de mensagens através dos meios tradicionais. Em paralelo, o surgimento das novas mídias possibilitou às pessoas um resgate do individualismo perdido com a massificação. Em decorrência disso, vemos por parte dos profissionais de comunicação a criação de soluções de publicidade mais direcionadas, pois nesse novo momento presente no ambiente comunicativo, as empresas possuem mais ferramentas para conhecer o perfil dos seus consumidores e os seus interesses. (RIZZO, 2006) Na mídia tradicional, a publicidade é intrusiva. O anunciante compra espaço e tem controle total sobre o que acontece nesse espaço. O espectador ou leitor tem que ver o anúncio exatamente como o anunciante quer que ele veja. O único recurso é virar a página ou trocar o canal (ADLER e FIRESTONE, 2002). Certamente a publicidade dita “invasiva”, ou “de uma mão” está com os dias contados. O consumidor não tem mais paciência com a publicidade “clássica” e quer cada vez mais assumir o controle sobre o que quer ver e ouvir. Daí o crescente movimento da “publicidade feita pelo usuário”.3 1.2 Com quem está o controle? Diante de tantas mudanças, podemos citar como a mais importante o fato de que o comportamento do consumidor não é mais ditado pela mídia. Na verdade, são eles agora que ditam as regras. Ou seja, hoje o controle das marcas passou dos seus proprietários para os consumidores (AUSTIN e AITCHISON, 2006). E o detalhe é que o controle remoto não é apenas por meio de um acessório da TV, mas através de um consumidor saturado de tantos apelos, que tem o poder de suprir os comerciais, e ainda escolher, entre uma diversidade imensa, muitas opções de canais (PUPPIO, 2005). Ou seja, os consumidores de hoje estão menos receptivos ao marketing tradicional do que de costume. Eles estão adotando novas tecnologias que lhe dão maior controle sobre como, onde e com quais mensagens de marketing querem ser impactados (CÉSAR, 2005). De acordo com Negromonte (2005), eles solicitarão, explícita ou implicitamente, tudo o que quiserem e quando quiserem. Este foi o consenso dos executivos seniores para a mais nova tendência de mercado. O resultado foi obtido de acordo com uma pesquisa realizada pela Associação de Anunciantes dos Estados Unidos com 157 profissionais considerados a nata do marketing americano. Publicada em abril deste ano. 3 6 Numa comunidade movida à informação o que menos os consumidores desejam é despender sua atenção para o que não interessa. Ser mero receptor passivo de mensagens comerciais já é coisa do passado. Em paralelo a este novo panorama, surge uma geração altamente ligada em tecnologia, são os chamados nativos digitais. Fonte: Revista Info Corporate – Janeiro/2008 Esta geração dorme menos, ficando mais tempo ligados. As pessoas se falam menos diretamente e mais por aparelhos. Para essa geração multitarefa, o dia tem mais de 24 horas. (APELBAUM, 2007). Esse grupo de pessoas pode ser chamado de geração “M”, termo proveniente do inglês multitasking (multitarefas). Eles são multiconectados, multiinformados, multiligados e multiimpactados. Resumidamente, eles levam uma vida multitarefada (DAVINI, 2007). Um estudo mostrado por Davini mostra que 24% da audiência do Cartoon Network faz alguma outra coisa enquanto assiste à televisão. Um volume crescente de pesquisas mostra o que as pessoas realmente fazem nos intervalos comerciais. Durante anos elas iam ao banheiro, faziam chá ou assaltavam a geladeira. Hoje, elas podem acrescentar mais distrações: navegar na Net, trocar textos com amigos, jogar com o Xbox ou enviar uma foto tirada do celular para parentes, só para citar algumas (AUSTIN e AITCHISON, 2006). 7 A geração “M” já está nas ruas. Trata-se do rapaz que ouve música enquanto faz o dever de casa e navega na internet ou a menina que envia mensagem de texto para não ficar à toa enquanto muda de uma sala para outra na universidade. Ainda mais numa época em que as pessoas possuem uma quantidade finita de atenção e, conseqüentemente, não querem nem gostam de serem interrompidas por algo que não lhes interesse. A crescente quantidade de publicidade veiculada desperta a ação contrária nos receptores que não conseguem assimilar as mensagens, pois quanto mais são expostos aos anúncios, menos prestam atenção aos mesmos. “As pessoas não lêem revistas por causa da publicidade e dificilmente prestam atenção a comerciais de três minutos de interrupção” (GODIN, 2000). O marketing de interrupção é inimigo de qualquer um que tenta economizar tempo. Há várias décadas a abordagem da comunicação é feita através de interrupções e isso precisa mudar o quanto antes para garantir a sobrevivência dos meios tradicionais. Essa nova sociedade, incluindo os imigrantes digitais4, tem como característica básica à produção, a distribuição, a comercialização e a manipulação de um produto único: a informação; portanto, o domínio da informação traz em si uma nova estrutura de poder e de circular por um novo espaço necessariamente sem fronteiras e até mesmo sem limites, afinal, a informação é e será dentro deste contexto a moeda forte (GALINDO, 2002). Em um só minuto existem milhões de pessoas produzindo conteúdo e registrando o que acontece a seu redor, paralelamente, disponibilizam tudo online em blogs, sites, podcasts, álbum de fotos ou carregam tudo consigo, seja numa máquina digital, num aparelho celular multifuncional ou no seu iPod (BRAINSTORM, 2005). O consumidor que antes era alvo de mensagens publicitárias passou a produzir seu próprio conteúdo. E não há alternativa para esse caminho. As marcas precisam estar abertas, porque esse é um processo impossível de se interromper. Às vezes vamos ouvir o que não queremos, mas é preferível que as pessoas tenham liberdade de falar do que tentar controlar esse fluxo de informação (MORRIS, 2007). As empresas vão ter que se curvar ao poder dos consumidores e encontrar ferramentas que transfiram e dividam o poder de decisão com eles. O desafio da publicidade do novo milênio é forjar novas relações com os consumidores, relações que não se baseiem tanto nas mensagens que os anunciantes querem transmitir, mas sim na união destas com as informações que os consumidores desejam ter (ADLER e FIRESTONE, 2002). Poder participativo está verdadeiramente transformado, uma vez que ele não apenas se manifesta como influi na percepção dos demais sobre determinado assunto, produto, serviço ou marca. O Wikipédia5 representa bem o poder das pessoas nesse ambiente interativo. Um lugar onde todos podem publicar verbetes. A verdade agora vem da voz do usuário comum e ninguém mais é dono da mídia, tudo está aí para quem quiser usar. Trata-se, na realidade de uma enciclopédia multilíngüe online livre, colaborativa, ou seja, escrita internacionalmente por várias pessoas comuns de diversas regiões do mundo, todas elas voluntárias. Por ser livre, entende-se que qualquer artigo dessa obra pode ser transcrito, modificado e ampliado, desde que preservados os direitos de cópia e modificações, visto que o conteúdo da Wikipédia está sob a licença GNU/FDL (ou GFDL). O modelo wiki é uma rede de páginas web contendo as mais diversas informações, que podem ser modificadas e ampliadas por qualquer pessoa através de navegadores comuns, tais como o Internet Explorer, Mozilla Firefox, Netscape, Opera, ou outro qualquer programa capaz de ler páginas em HTML e imagens. Este é o fator que distingue a Wikipédia de todas as outras 4 Pessoas mais velhas que têm grande familiaridade com tecnologia são chamadas de imigrantes digitais. É gente que, embora não tenha nascido imersa em TI, absorveu completamente os novos hábitos eletrônicos, a ponto de interferir nas decisões das áreas de tecnologia. 5 Criada em 15 de Janeiro de 2001, baseia-se no sistema wiki (do havaiano wiki-wiki = "rápido", "veloz", "célere"). 8 enciclopédias: qualquer pessoa com acesso à Internet pode modificar qualquer artigo, e cada leitor é potencial colaborador do projeto6. Todo esse conceito é à base da web 2.0, que vem ganhando força nos últimos anos entre os internautas que cada vez mais geram coletivamente conteúdo e trocam informações em vez de navegar à deriva como antigamente. Surge assim, o consumidor 2.0. CARACTERÍSTICAS DO CONSUMIDOR 2.0 - Conectado sempre, 24/;7 - Móvel; - Tem consumo ilimitado de entretenimento, conteúdos e informação; - Consulta veículos tradicionais e profissionais em busca de informação; - Consulta igualmente blogs e conteúdos gerados por amadores com o mesmo fim; - Toma decisões com base na recomendação de outros consumidores; - Prefere receber informações que lhe sejam relevantes, despreza lixo digital. Fonte: Ibope NetRantings - Especial Meio e Mensagem 30anos (14/04/2008) 1.3 Update or Die Alcançar a convergência das mídias com as inovações tecnológicas é um caminho inevitável, visto que vivemos uma fase de transição em que todas as mídias, que, inicialmente analógicas, agora se encontram na passagem para a digitalização e, consequentemente, serão transformadas e adicionarão novas aplicações aos seus serviços (SIROTSKY, 2006). Segundo Sirotsky (2006), a tendência é que em alguns anos não haja mais espaço para as barreiras que são impostas pelo mundo analógico. Observamos que a mídia tradicional enfrenta profundas e revolucionárias mudanças à medida que se adapta as tecnologias de ponta, as mudanças no público, e aos desafios da Internet e outros novos canais informatizados (DIZARD, 2000). A onda da digitalização está alterando, de modo irreversível, a forma pela qual as pessoas se comportam, se relacionam e até encaram (e decodificam) a realidade (PEREIRA, 2007). Analisando as mudanças ocorridas, fica claro que as empresas devem aprender a se relacionar de uma forma diferente com os consumidores na era digital. O profissional de mídia, nos dias de hoje, tem por obrigação estar atualizado e acompanhar os rumos tecnológicos dos meios de informação, assim como buscar apresentar em seus projetos e planos os melhores caminhos para o cliente se comunicar com o mercado (GEARA, 2007). A televisão e os demais veículos clássicos de comunicação estão sendo desafiados pela internet e por outras tecnologias que oferecem opções mais amplas de serviços de informações e entretenimento (DIZARD, 2000). As gerações que nasceram depois do surgimento da internet, ou que passaram boa parte de sua infância ou adolescência nos escaninhos da rede guardam uma íntima relação com o universo digital. Para eles, esse admirável mundo novo é parte intrínseca de sua formação, o que interfere diretamente no modo pelo qual se relacionam com o mundo a sua volta – inclusive com as marcas (MELO, 2007). 6 Informações obtidas no site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Wikipedia, consultado em 10.11.07. 9 Quanto às novas mídias, Ferrario (2006) afirma que são um vasto campo delimitado pelas tecnologias digitais e permeado por características que facilitam a interação com o receptor, que a partir de agora será mais apropriadamente denominado “usuário”. São ainda meios que permitem não apenas enviar mais e melhores informações, mas também extrair dados das respostas de cada pessoa exposta através do mesmo canal por onde foi transmitida a informação. O que os profissionais da área de marketing e comunicação precisam deixar bem claro em suas mentes, é que estratégia fortemente dependentes de táticas de marketing tradicionais e que não estão explorando as novas tecnologias e pontos de contato, estão perdendo a eficácia. Ou seja, considerar como irrelevantes as novas mídias significa não se importar com as necessidades e os desejos do consumidor (LUBAMBO, 2006). Então o lema é: “atualizar-se ou morrer”. CAPÍTULO 2 - INTERNET: UM MEIO JÁ ATUALIZADO O surgimento da internet vem revolucionar a nossa forma de fazer comunicação. Tal realidade é percebida nos contextos mais simples da vida cotidiana. Afinal, o que não podemos negar é que o que acontece no mundo virtual influencia, sobremaneira, o mundo real. Por isso, no século XX, com o surgimento da internet, como maior representante das novas tecnologias ou como a representante clássica da interatividade ou da capacidade bidirecional de comunicação, a comunicação e o consumo de informação se transformam, pois o meio alia todas as capacidades multimídia em sua estrutura (GALINDO, 2002). O fato é que os consumidores da web não ficam sentados passivamente diante de um anúncio intrusivo até o fim – porque não têm essa alternativa. Não se trata de optar por sair (mudando de página ou de canal), e sim de optar por entrar (resolvendo ver o material comercializado, para começo de conversa) (ADLER e FIRESTONE, 2002). Portanto, nos deparamos com um cenário em que os indivíduos deixaram de lado a forma passiva de recepção de informações, que estava presente, com grande intensidade nos meios tradicionais, para resgatar um novo receptor, que, através da interação, se impõe e participa do processo comunicativo, produzindo conteúdo, falando das marcas, gerando mídia e propaganda. Dessa forma, a mídia parece assumir ares de uma comunicação mais democrática onde as informações podem ser discutidas a partir de diversas interações que são geradas pela idéia do marketing viral, ou em outras palavras da “contaminação” por uma espécie de “vírus” que faz com que as pessoas por meio de diálogos on-line ou face-a-face produzam o conteúdo para as mídias. Há média de 1,2 bilhão de usuários conectados mundialmente, ou seja, um sexto da população. O Brasil já ocupa a 6ª posição de pessoas conectadas1, de acordo com os números do Ibope Net Ratings. Porém, até hoje não existem estatísticas precisas sobre a quantidade de usuários de Internet no Brasil, por isso optamos por mostrar os números das pesquisas mais difundidas no mercado. ACESSO À INTERNET Jun/2006 32,5 milhões Jun/2007 36,9 milhões Set/2007 39 milhões Fonte: Ibope Net Ratings (16 anos, qualquer ambiente) 2005 32,1 milhões 2006 35,3 milhões 2007 44,9 milhões Fonte: Suplemento PNAD Fonte: TIC Domicílios Fonte: TIC Domicílios OBS: população de 10 ou mais anos, que acessou a Internet, pelo menos uma vez, por meio de computador, em qualquer local, nos 90 dias que antecederam à entrevista. 10 CAPÍTULO 3 - CONVERGÊNCIA, INTERATIVIDADE E MOBILIDADE_______________________ Segundo Oliveira (2007), um outro aspecto que veio alterar significativamente a relação dos consumidores com a mídia tradicional e seu conteúdo, diz respeito ao novo panorama tecnológico originado pela convergência. Para que fique mais claro o entendimento, podemos ressaltar que a convergência pode ser definida como a utilização de múltiplos canais de mídia usados simultaneamente, ou um após o outro, para entrega de conteúdo e interação, a fim de melhorar, ampliar e aprofundar a experiência do usuário (LAMARDO E SILVA, 2005). O processo de convergência traz mudanças múltiplas, do mundo analógico para o digital, do físico para o virtual, do fixo para o móvel, do coletivo para o pessoal (FIORINA, 2005). Entre as principais características de acesso às informações proporcionadas pela convergência tecnológica, podemos citar: “a interatividade, o acesso a conteúdo sob demanda, conteúdos customizados de acordo com o perfil do usuário, armazenamento de conteúdo, mobilidade, e utilização de cross media7” (FERRARIO, 2006). A interatividade além de aumentar a efetividade da comunicação, garante maior nível de envolvimento do usuário com a marca. A interatividade também ganha outras proporções quando se trata da capacidade de um usuário exercer uma postura mais ativa sobre o meio e o conteúdo disponibilizado por ele, tendo um controle maior sobre o acesso às informações, controlando o percurso que deseja realizar para acessar a determinado conteúdo que lhe interessa, construindo seu próprio caminho - princípios que remetem aos conceitos de hipertexto e também de hipermídia. Lévy (1999) afirma que a interatividade ressalta a participação ativa de um beneficiário de uma transação de informação. Esse conceito nos faz relembrar um modelo de comunicação próprio de ambientes hipermidiáticos, que exigem o engajamento dos usuários, e por isso um maior grau de interatividade do que se estabelece em outros modelos comunicativos. A interatividade é, aliás, um pressuposto da hipermídia e um dos aspectos que mais a distingue da multimídia. “Quanto mais interativa, maior a capacidade de comunicação e maior o caráter hipermidiático” (GOSCIOLA, 2003, p.213). Sendo assim, podemos falar de mais um conceito que faz parte dessa nova era digital: a mobilidade. Segundo Román, González-Mesones e Marinas (2007): O homem e a mulher atuais iniciaram uma busca pela mobilidade em todos os sentidos e isso propiciou o constante desenvolvimento de tecnologia com vocação de potencializar ainda mais a mobilidade, tanto do ponto de vista de infra-estrutura e de capacidade das redes, como de utilitários. Graças ao desenvolvimento dos fabricantes de telefones moveis, assim como das operadoras, as telecomunicações estão proporcionando à população mundial que não só uma voz seja móvel, mas sim toda sua vida (ROMÁN, GONZÁLEZMESONES e MARINAS, 2007) Hoje, cada vez mais, atividades da vida diária do indivíduo são realizadas de forma móvel: desde solicitar informações, conectar-se a Internet e controlar a conta bancária, até divertir-se, relacionar-se, procurar um alugar para jantar, ouvir música, jogar e gravar vídeos e fotos. Tudo isso de forma cada vez mais rápida (ROMÁN, GONZÁLEZ-MESONES e MARINAS, 2007). 7 Designa o cruzamento e a junção de várias mídias para transmitir a mesma informação, de forma que as pessoas possam receber os mesmo estímulos a partir de vários meios. 11 Atualmente, em razão da vida agitada, esses três conceitos são fundamentais para manter o poder nas mãos do consumidor e o único instrumento capaz de unir todos eles numa plataforma só, é o telefone móvel. E é nesse contexto que o celular se faz tão presente, tornando-se um objeto imprescindível, quase alienante. A atual tendência social do romper com as amarras, de viajar, de buscar flexibilidade estão fazendo com que a evolução desta tecnologia alcance uma velocidade vertiginosa. Mas se tem algo que o usuário de celular não percebe é que nesta dinâmica de mobilidade e nomadismo, o aparelho tem personalidade dupla: “o laço que libera e o fio invisível cada vez mais difícil de cortar para o indivíduo sem fio”.8 CAPÍTULO 4 – O ADVENTO DA MÍDIA MÓVEL 4.1 Do “tijolo” ao iPhone: a evolução dos celulares 1 Tijolo - Motorola DynaTAC 8000X (1982) Em 1973, a Motorola exibiu um protótipo do primeiro telefone portátil do mundo. O aparelho, que media mais de 30 centímetros, pesava quase 1 quilo e custava cerca de 4 mil dólares, começou a ser vendido a partir de 1983. Peso Pesado - Nokia Mobira Senator (1982) Ele parecia mais um som 3 em 1 do que um telefone móvel propriamente dito. Robusto e quadradão, foi o primeiro celular da Nokia. Introduzido no mercado em 1982, o Nokia Mobira Senator era designado para o uso em automóveis. 3 Vovô do iPhone - BellSouth/IBM Simon Personal Communicator (1993) O Simon Personal Communicator era fruto de uma parceria entre as empresas IBM e BellSoth, e o primeiro celular a integrar funções de um PDA. Custava 900 dólares e pesava 500 gramas. À frente de seu tempo - Motorola StarTAC (1996) Antes do Motorola StarTac chegar ao mercado, em 1996, celulares eram mais funcionais do que bonitos. Mas este pequeno e leve telefone móvel mostrou que estilo também era um item importante. Este aparelho que pesava cerca de 80 gramas. 5 8 DataBerry - BlackBerry 5810 (2002) Antes do BlackBerry aparecer, no começo de 2002, os equipamentos da Research in Motion (RIM) eram famosos por sua tecnologia de push e-mail, funções Organizer e teclado confortável. O 5810 – o primeiro deles a oferecer comunicação por voz. Fotográfico - Sanyo SCP-5300 (2002) Em 2002, Sanyo e Sprint lançaram o Sanyo SCP-5300 PCS, o primeiro celular com câmera disponível no mercado norte-americano. Em sua maior resolução, ele capturava imagens em VGA (640 por 480 pixels). 8 6 Do PDA ao celular - Handspring Treo 180 (2001) Mais PDA do que um telefone, o Treo 180 vinha em duas versões: uma com teclado QWERTY (padrão) e outra que usava a inserção de texto Graffiti. Assim como o Kyocera QCP6035, ambos tinham display em preto-e-branco e possuíam capacidade de 16 MB. Gira aí - Danger Hiptop (2002) Nomeado como o melhor produto de 2003 pela edição norte-americana de PC WORLD, tinha funções ativadas por voz que eram apenas medíocres, mas foi um dos primeiros celulares a oferecer funções reais de acesso à web, e-mails e mensagens instantâneas. 9 4 Best-sellers - Nokia 6160 (1998) e Nokia 8260 (2000) Com display monocromático, antena externa e 13 centímetros de altura, o Nokia 6160 foi o maior sucesso de vendas da companhia na época. O Nokia 6260, lançado em 2000, vinha em diversas cores e era um pouco menor: media apenas 10 cm de altura. Smartphone pioneiro - Kyocera QCP6035 (2000) O QCP6035, que chegou ao mercado no início de 2001 e custava cerca de 500 dólares, foi o primeiro celular baseado em Palm a ser oferecido a um grande número de usuários. Ele tinha 8 megabytes de memória interna e display monocromático. 7 2 Frase retirada do livro Mobile Marketing: a revolução da mídia . Da pesquisa da Motorola. 10 12 Decepção - Nokia N-Gage (2003) Lançado, em 2003, a combinação de dispositivo para games com celular pretendia arrebatar usuários fãs de jogos portáteis. Em vez disso, ficou célebre pelo estranho design curvo e pelo fato de se ter que segurá-lo de lado para fazer ligações. 11 Fininho - Motorola Razr V3 (2004) Ao longo dos anos, os celulares foram ficando menores e mais finos, entretanto, foi o Razr V3 quem elevou o design a outro patamar. Com suas linhas finíssimas e acabamento metálico, o Razr rapidamente se tornou um sonho de consumo. 13 12 Fora de ritmo - Motorola Rokr (2005) Ele promovia a união iTunes e o design da Motorola. O Motorokr, lançado em 2005, era o primeiro telefone a incorporar o software musical da Apple. Os usuários consideraram as transferências lentas e reclamaram do limite de 100 faixas para suas coleções. Bonitão - BlackBerry Pearl (2006) Com o lançamento do Pearl (ainda indisponível no Brasil), este aparelho, de design fino e teclado do tipo SureType (uma espécie de QWERTY reduzido), foi o primeiro BlackBerry a incluir câmera e player multimídia. 14 Fonte: PC World/EUA – junho de 2007 15 iPhone, ao mesmo tempo, aparelho celular, iPod e internet móvel. Um aparelho que chegou para revolucionar o mercado de telefonia móvel. iPhone, o aparelho que, de acordo com a Apple, tem o melhor serviço de e-mail que um aparelho celular pode ter. Ainda contém um browser em tela-cheia, tela sensível e aplicações como o Google Map e habilidade de sincronizar a biblioteca do iTunes com o telefone. Especificações Técnicas Tamanho da tela: 3.5 inches Resolução: 320 x 480 em 160 ppi Entrada: Multi-touch c / teclado preditivo QWERTY on-screen Sistema Operacional: Mc OS X Capacidade: 4GB or 8GB GSM: Quad-band (MHz: 850, 900, 1800, 1900) Dados Wireless: Wi-Fi (802.11b/g) + EDGE + Bluetooth 2.0® Câmera: 2.0 megapixels Bateria: 8 horas de tempo para falar, 250 horas em standby, 6 horas usando Internet. Ou 7 horas de video ou 24 horas de audio Dimensões: 4.5 x 2.4 x 0.46 inches / 115 x 61 x 11.6mm Peso: 135 gramas O iPhone configura-se como um aparelho que tem despertado a atenção dos consumidores de alta tecnologia. Fenômeno como objeto de desejo, tem incrementado substancialmente as vendas da Apple. Segundo última pesquisa de costume dos consumidores da iSuppli's, divulgada em junho do ano passado, pela redação da Revista PC Word/EUA, os usuários de iPhone nos EUA estão gastando seu tempo usufruindo de todas as capacidades oferecidas pelo aparelho como voz, comunicação de dados e recursos de entretenimento e multimídia. De acordo com os dados divulgados no relatório, 71,7% dos usuários de celular usam o aparelho na maior parte do tempo para voz enquanto usuários do iPhone usam 46,5% do tempo o aparelho para falar enquanto estão com ele em uso, o restante engloba outros usos. Ainda segundo o levantamento, enquanto estão fazendo uso do iPhone, 12,1% o utilizam para navegar na internet enquanto em outros celulares este percentual cai para 2,4%. As pessoas que utilizam o iPhone para ouvir música ou outros recursos de áudio representam 11,9% do total enquanto usuários de outros aparelhos representam 2,5% de utilização para o mesmo recurso. Outro dado se refere ao acesso de e-mails pelo celular, enquanto usuários do iPhone utilizam este recurso em 10,4% do tempo, em outros aparelhos o número é de 13 2,8% do total. No que diz respeito ao uso de mensagens de texto, no entanto, o iPhone não é diferente de outros aparelhos, sendo usando durante 15% do tempo para tal finalidade. 4.2 Celular em Números O USA Today divulgou que a cada segundo, há três pessoas a mais na população mundial e são vendidos 38 celulares, não é a toda que no ano em que o lançamento do celular completa 26 anos, a Reuters divulgou que o número de celular passar a ser o equivalente a metade da população do planeta. O que não quer dizer que metade das pessoas no mundo tenha um celular – alguns usuários têm mais de uma linha. A título de curiosidade, em 59 países do globo, a penetração de telefone móvel é maior que 100%. Nas palavras de John Tysoe, principal analista do grupo The Mobile World com sede em Londres: “Foram necessários mais de 20 anos para poder ter um bilhão de assinantes, mas apenas 40 meses para ganhar mais um bilhão”. CELULARES NO MUNDO (bilhões) Fonte: UIT, Wireless Intelligence e GSA/Informa Deu no Teleco que um estudo divulgado pela Growth from Knowledge - GfK, empresa britânica de pesquisa de mercado, no Congresso Mundial Móvel, realizado em Barcelona no início de fevereiro, aponta que, no ano passado, foram vendidos 1,1 bilhões de aparelhos celulares em todo o mundo, um incremento de 165 milhões em relação ao ano de 2006, o melhor desempenho dos últimos cinco anos. Este crescimento é liderado pelos mercados emergentes. A China, sozinha, adquiriu 1/5 de todos os telefones móveis. BRIC é uma sigla criada pelo grupo Goldman Sachs para designar os quatro principais países emergentes do mundo. Brasil, Rússia, Índia e China. CENÁRIO DO BRIC - 2007 População (milhões)¹ Teledencidade² Brasil 190,26 63,9 Rússia 142,1 119,3 Índia 1.129,90 20,7 China 1.314,70 41,6 ¹ Fonte: Teleco | ² Fonte: IBGE e FMI Ao observar os números abaixo, podemos perceber que esses quatro países mais os EUA fazem parte das primeiras colocações no ranking de mercado de celular no mundo. O Brasil é o quinto país com mais celular no mundo e, de acordo com a União Internacional de Telecomunicações (UIT), o terceiro entre os que mais atraíram novos assinantes ao serviço móvel, ficando atrás apenas da China e da Índia. 14 PRINCIPAIS MERCADOS DE CELULAR DO MUNDO (milhões) País 2004 2005 2006 2007 1 China 335 393 461 547 2 US 181 208 233 255 3 Índia 48 76 149* 234* 4 Rússia 74 126 152 173 5 Brasil 66 86 100 121 6 Japão 91 95 100 105 Fonte: UIT, Wireless Intelligence e GSA/Informa * Inclui WLL Segundo a Anatel, o Brasil terminou o mês de março de 2008 com 125.811.063 assinantes no Serviço Móvel Pessoal (SMP) e uma teledensidade de 65,90. Comparada a março de 2007, quando o índice era de 54,25, o crescimento da teledensidade foi de 21,47%, em 12 meses. No que se refere às novas habilitações (adições líquidas), os números de março de 2008 foram 74,85% maiores que o mesmo período do ano passado. Se considerarmos os últimos 12 meses, o Brasil ganhou 23.658.626 novos assinantes, o que representa um crescimento de 23,16%. Do total de acessos, 80,87% (101.748.647) são pré-pagos e 19,13% (24.062.416), pós-pagos, proporção que se mantém praticamente inalterada desde 2004. Há mais de 125 milhões de telefones no Brasil. Dez anos atrás eram pouco mais de cinco milhões. Isso é um crescimento absurdo, consequentemente, os telefones celulares no Brasil se configuram como uma ampla oportunidade de comunicação entre anunciantes e consumidores. EVOLUÇÃO ANUAL DO NÚMERO DE CELULARES NO BRASIL 125.000.000 115.000.000 105.000.000 95.000.000 85.000.000 75.000.000 65.000.000 55.000.000 45.000.000 35.000.000 25.000.000 15.000.000 5.000.000 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 1T 2008 Fonte: Anatel Pelas projeções do Teleco Brasil, o ano de 2008 deve terminar com 141 milhões de celulares em uso. As adições líquidas em 2008 devem ficar próximas às de 2007. 15 CENÁRIO DE 2008 PROJETADO PELO TELECO 2004* 2005* 2006* 2007* 2008 Celulares 65,6 86,2 99,9 121 141 Adições Líquidas 19,2 20,6 13,7 21,1 20 Crescimento 41,50% 31,40% 15,90% 21,10% 16,50% % Pré-pago 80,50% 80,80% 80,60% 80,70% 81% Teledensidade 36,63 46,58 53,24 63,59 73,1* * Fonte: Anatel As características multifuncionais dos aparelhos celulares deixam a função ligação/voz como algo cada vez menos importante. Um vendedor poderia um dia dizer: “Senhor, este celular produz vídeos e fotos em alta resolução, tem agenda, TV, rádio, MP39, MP410, jogos, mapa de localização, conexão via wap11, bluetooth12, wi-fi13, além de medir a pressão arterial e a taxa de glicose. Ah, também faz ligações”. De acordo com a realização da pesquisa TIC Domicílios do NIC.br, realizada entre set/nov 2007, que contou com 17.000 entrevistados em área urbana em todo o Brasil, veremos abaixo parte do perfil dos usuários de celular no Brasil e ainda ter uma noção de quais SVAs14 são mais utilizados. O estudo analisou os dados sob duas vertentes, as pessoas que possuem e utilizam o aparelho. Segue resultado: GRAU DE INSTRUÇÃO Analf./Ens. Inf. Fundamental Médio Superior Possuem 27% 50% 67% 83% CLASSE SOCIAL* Utilizam 41% 67% 81% 92% A B C DE Possuem 90% 75% 57% 33% Utilizam 96% 84% 72% 49% *O critério utilizado para classificação leva em consideração a educação do chefe de família e a posse de uma serie de utensílios domésticos, relacionando-os a um sistema de pontuação. A soma dos pontos alcançada por domicílio é associada a uma Classe Sócio-Econômica específica (A, B, C, D, E). BRASILEIROS QUE UTILIZAM CELULAR SMS* Fotos/Imagens* Músicas/Vídeos ** Internet** 51% 15% 11% 5% * Enviaram e/ou Receberam | ** Acessaram As informações provenientes da Teleco, ressaltam que um estudo divulgado pela Growth from Knowledge - GfK, empresa britânica de pesquisa de mercado, no Congresso Mundial Móvel, realizado em Barcelona no início de fevereiro, aponta que, no ano passado, um aspecto interessante 9 Tecnologia que permite a compressão de arquivos sonoros, com qualidade digital, muito próxima de um CD. Sua capacidade de compactação pode chegar à relação 12 para um, sem prejuízo da qualidade sonora. 10 Um padrão de container de áudio e vídeo que é parte da especificação MPEG-4. A extensão oficial do nome do arquivo é .mp4, por isso é comum vermos o formato ser chamado assim. 11 Um website que é especialmente desenhado e formatado para apresentação em um dispositivo móvel. 12 Um protocolo de comunicação que permite que os dispositivos móveis equipados com um chip especial recebam e enviem informações sem fio, com um curto alcance, na faixa de freqüência de 2.4 GHz. 13 Wi-Fi ou Wireless Fidelity. Termo usado para se referir genericamente a redes sem fio que utilizam qualquer um dos padrões 802.11. 14 Sigla para Serviço de Valor Adicional 16 notado pela pesquisa é que os aparelhos de terceira geração ainda são em reduzidíssimo número – apenas 16% da população mundial tem um celular 3G – todavia, esses poucos usuários estão fazendo a alegria das operadoras de telefonia móvel, pois foram responsáveis por 45% das receitas geradas com os conteúdos de entretenimento vendidos pelas empresas. Quem tem 3G torna-se, rapidamente, um “heavy user”15 em comunicação de dados. O estudo demonstra também que a TV móvel e a tecnologia de localização pelo celular (o GPS) ainda não deslancharam. Conforme a GfK, apenas 2% dos celulares comercializados no ano passado contavam com o GPS. O que mais atrai este público é a mobilidade, aliada a possibilidade de estar continuamente conectado e acessível (MACEDO e LIMOEIRO, 2006)16. 4.3 Inclusão Digital Vivemos em um mundo em que aprendemos a depender dos celulares. Apenas falar através deles já não basta. Os utilizamos como despertador para acordar, como relógio, como agenda e até como lembrete de horário de remédio. Se analisarmos nosso cotidiano, não existe nenhum outro objeto que está mais tempo grudado ao nosso corpo do que o telefone celular. Quem tem um, não sai de casa sem ele. É o ressalta a pesquisa publicada na Revista Meio e Mensagem (13/08/2007), realizada pelo Ibope Inteligência e a Revista Connect. Outro dado que merece destaque é o de que, recentemente, um estudo entre os usuários intensos de Internet e de telefonia celular, chegou a conclusão de que o aparelho celular foi considerado o principal item indispensável numa relação entre os 23 itens normalmente carregados na bolsa/mochila/pasta. O celular foi considerado mais importante que documentos, chave de casa, cartões de banco/crédito e dinheiro. Principais itens considerados indispensáveis pelos internautas que possuem aparelhos celulares Itens Celular Documento Chave de casa Cartão de crédito/débito Dinheiro % de citações 91% 82% 81% 79% 77% Tabela 1 - Pesquisa realizada pelo Ibope Inteligência e a Revista Connect. O Enpocket Media Monitor US revelou nos dados de pesquisa divulgados, que 58% dos adultos desistiriam de jornais e revistas e 12% desistiriam de TV antes de desistir dos seus telefones celulares. (Teleco) O fato é que o celular parece cada vez mais entrelaçado à vida das pessoas. Para ilustrar, no Brasil, na segunda metade dos anos 90, começou-se a discutir muito a inclusão digital imaginandose, porém, que seria o computador o instrumento dessa inclusão, já que as pessoas estavam utilizando-o com freqüência. Entretanto, esse papel acabou sendo desempenhado pelo celular, que cada vez mais passa a apresentar atributos similares aos dos computadores (GANDOUR, 2008). É o celular, e não o computador, que promete levar o mundo digital às massas. O celular já supera em importância e escala o fenômeno da Internet. É o produto mais importante do século 21. Somos, mais de 3 bilhões de pessoas no planeta, com este aparelhinho na palma de sua mão (GIARDELLI, 2008). 15 16 Consumidor pesado em inglês. Usuário/consumidor com maior nível de intensidade de consumo. Citação retirada da monografia Nativos Digitais: os consumidores do futuro. Apresentada no 9º Prêmio Estadão de Mídia. 17 Segundo, o consultor Eduardo Prado, atualmente, existem 03 vezes mais telefones celulares que PCs. Os telefones celulares são substituídos em média a cada 18 meses enquanto os PCs a cada 3,5 anos. Os PCs custam de 2 a 4 vezes mais que os aparelhos celulares. O gap de performance entre o PC e o aparelho celular está encolhendo cada vez mais com lançamentos de handsets17 mais poderosos. Certamente, é por meio do celular que muitas pessoas começam a ter acesso ao mundo online. Hoje, a maioria das pessoas sabe como interagir, no mínimo, via SMS. O Portal G1 publicou no final do mês de março deste ano, que mais da metade dos brasileiros de baixa renda já possui o aparelho. Número de celulares de segunda mão chega aos 8 milhões.O comércio de telefones celulares usados está ajudando a classes mais baixas a ter acesso à telefonia móvel. De acordo com uma pesquisa realizada em todo o país, o número de usuários de baixa renda cresceu 14% em um ano. A velocidade dos lançamentos e a evolução tecnológica é a principal responsável por esse processo de inclusão. Pois, de acordo com Renato Trindade, Diretor da TNS InterScience Telecom&TI, o Brasil é apontado como um dos maiores mercados do mundo, com 49% das pessoas trocando de celular em um espaço entre 18 meses, devido à procura intensa por novas tecnologias. Provavelmente, também é um reflexo desta realidade, o fato de no Brasil existir uma base de mais de 100 milhões de celulares pré-pagos, que correspondem a 80,87% de todos os telefones móveis do país. Charge postada por Flávio Tâmega da F.biz no blog Mobile Pedia. 4.4 Todos os meios numa só plataforma Gosciola (2003) denomina de hipermídia como os meios estendidos que oferecem uma gama de possibilidades ao usuário: ver, ouvir, escrever, falar, entre outros - e este é, certamente, o caso do telefone celular. Essas características fazem do celular um fenômeno midiático viável, que tem muito a oferecer como instrumento de comunicação publicitária. Pode mesmo até ser definido como o “buraco negro” da tecnologia. Essa frase resume bem o papel de um aparelho que foi concebido inicialmente para fazer e receber ligações em qualquer lugar, uma vez que hoje toda tecnologia criada converge para o telefone móvel18. Em outubro do ano passado, um dos maiores veículos de comunicação do país, lançou o seu site mobi. Um site totalmente pensado para celular. A partir de agora, os leitores do jornal O GLOBO podem acessar notícias na velocidade da Internet por meio de seu celular e ainda interagir com 17 18 Termo usado para se referir a aparelhos celulares, dispositivos móveis ou terminais móveis. Informações Obtidas na Revista Connect -Tecnologia Comunicação e Mobilidade, ano 2, n° 23, outubro 2007. p. 28/29. 18 outros leitores e até a participar da geração de conteúdos. O canal de jornalismo participativo do Globo Online segue a tendência da web 2.019 e é de acesso gratuito20. Dentro desta esteira de inovação, a Editora Abril também disponibilizou o serviço de vídeos via celular. Atualmente, estão disponíveis seis títulos que possuem endereços da web em suas revistas com vídeos disponíveis para download. São elas: Nova, Playboy, Quatro Rodas, Vip, Contigo e Veja São Paulo. Outra plataforma que também passa a ser explorada é a emissão do conteúdo da revista via celular. Uma das opções é o sistema SMS, através dele, pode-se enviar ou receber mensagens instantâneas de texto. Quanto ao meio rádio, este pode ser consumido no celular de diversas maneiras: por meio do rádio online, podcast21, MP322 ou mesmo transmissão convencional de freqüência em ondas. No que se refere à TV, o esforço maior vem das operadoras e não dos veículos. Cada vez mais tais serviços estão sendo disponibilizados, seja por meio de streaming23 de vídeo de TV aberta e TV paga ou por meio de vídeo-on-demand (VDO) 24. Para ilustrar, listamos a seguir alguns dos serviços de TV no telefone móvel oferecidos pelas principais operadoras do país (Claro, Oi, Tim e Vivo): Operadora Aplicativo Características Idéias TV São dez canais de TV por assinatura transmitidos por streaming de vídeo: A&E, Bloomberg, Television, Catoon Network, CNN Internacional, Discovery Móvel, ESPN Móvel, Fashion TV, The History Channel, Maxx Esportes e Nickelodeon. O serviço foi desenvolvido pela MobiTV, que tem contrato internacional com a América Móvel, controladora da Claro. O serviço é acessado através de um aplicativo que precisa ser baixado para o celular através do portal WAP da operadora. Foi lançado em outubro de 2006. Oi TV Móvel Lançada em novembro de 2007, a Oi TV Móvel foi disponibilizada, inicialmente, apenas para as cidades do Rio de Janeiro e Belo Horizonte. São nove canais disponíveis: MTV, Discovery, Band, ESPN Brasil, Cartoon, PlayTV, Woohoo, TV Sex Clube e Humanóides. A operadora já oferece VOD TV Acess Oferece os canais Band e, via TVA, os canais BandSports, BandNews, Boomberg e TVA no Ar, além da TV Câmara, TV Senado, Clima Tempo e Sat2000. Foi a primeira operadora a lançar streaming de vídeo no celular, em outubro de 2004. TIM VideoClip Vipo Play Download de vídeo. Serviço disponível desde de julho de 2005 e oferece os canais Band e RTP Internacional em streaming gratuito. Todos os conteúdos de vídeo - em streaming e para download de arquivos - são formatados especificamente para o celular. Os principais parceiros da operadora são o canal Discovery, Terra, Globo, Sexy, Nicklodeon, dentre outros. Fonte: Meio & Mensagem, edição 2 nov. 2007, P. 23 . Há previsões de que a partir de 2008 o horário nobre acontecerá no celular (que concentra mais de 80% da receita das emissoras) não será mais o período em que o cidadão está em casa, mas todos os períodos em que ele estiver ocioso, seja no trânsito ou no intervalo para o lanche. No Japão, 40% da audiência televisiva já 19 Diversos conceitos a respeito do o que é a web 2.0 foram propostos por vários autores. De acordo Diego Polo (apud CONCEITUANDO o que é Web 2.0, 2007), Web 2.0 é o termo usado para identificar uma nova forma de navegar pela Internet e, conseqüentemente, de desenvolver aplicações orientadas a esta nova geração de internautas. Já para Renato Shirakashi (apud CONCEITUANDO o que é Web 2.0, 2007), a Web 2.0 representa a transição para um novo paradigma onde a colaboração ganha força suficiente para concorrer com os meios tradicionais de geração de conteúdo. 20 Informação publicada em 10 nov. 2007. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2007/11/09/327110634.asp>. Jornal O GLOBO lança o primeiro site de notícias '.mobi' para celulares no Brasil. Acesso: 30 nov. 2007. 21 Podcast é uma nova maneira de receber conteúdo em áudio e vídeo pela Internet. O usuário assina gratuitamente os canais desejados e passa a receber, periodicamente, as atualizações. Os arquivos – músicas, vídeos, programas esportivos e jornalísticos – são baixados para o computador, automaticamente ou de acordo com as preferências do usuário. Depois, podem ser transferidos para aparelhos portáteis, como o tocador de música digital iPod e o videogame PSP. 22 Tecnologia que permite a compressão de arquivos sonoros reduz em até 12 vezes o tamanho do arquivo original, com qualidade digital, muito próxima de um CD. 23 Corresponde a transmissão de vídeo em tempo real, sem necessidade de baixar o arquivo para visualização posterior. 24 Ocorre quando o usuário compra o vídeo, baixa-o em seu celular e arquiva para assistir depois. 19 ocorre pelo celular, ou por qualquer outro tipo de receptor portátil. O japonês, em grande medida, já prefere ver televisão pelo seu aparelho de bolso, mesmo quando está em casa (HOINEFF, 2007). Em vários países do exterior, a navegação na internet pelo celular agora é uma realidade e novos lançamentos, como o do iPhone, só reforçam esta tendência. Tanto que, grandes e diversos veículos de comunicação do mundo inteiro, investem fortemente em seus sites "móveis": BBC, CNN, Le Monde, News.com, etc25. Seguramente a internet e os celulares no formato smartphone26 são os meios que mais evoluíram nos últimos tempos, ganhando espaço até nas camadas da sociedade com baixo poder aquisitivo. Com efeito, percebemos que o movimento de convergência que os meios tradicionais estão fazendo rumo ao celular, evidencia, claramente, o poder que tal plataforma exerce na nova realidade da comunicação publicitária brasileira. CAPÍTULO 5 – MOBILE MARKETING O Mobile Marketing representa uma das mais promissoras e desafiadoras oportunidades para a indústria de celular e para o mercado da publicidade. Poder realizar uma ação de marketing direto ou de relacionamento para milhões de pessoas em alguns instantes e, ao mesmo tempo, poder medir os resultados em poucas horas, é uma das principais potencialidades do mobile marketing. Ele sempre está no top 10 de novas tendências, na boca de especialistas, em discussões nas blogosferas27 e universidades. Fonte: Revista Meio e Mensagem – Janeiro/2008 A realidade é que, atualmente, os consumidores estão cada vez mais nômades e o potencial do telefone móvel como veículo de comunicação é indiscutível. A mídia móvel chega aos consumidores em situações onde antes eles não podiam ser alcançados. Essa é a grande diferença: o alcance. (Laura Marriot – Presidente da MMA). Não há nada mais próximo do consumidor do que estar em seu telefone. A mídia de massa continua sendo fundamental para qualquer um, mas está perdendo sua relevância, pois o ambiente de mídia tradicional é muito inflexível e focado na compra de tempo, como em um comercial de TV. 25 Informação publicada em 02 out. 2007. Disponível em: <http://oglobo.globo.com/tecnologia/mat/2007/10/02/297970030.asp>. iPhone: usuários que desbloquearam celular da Apple falam das vantagens do aparelho. Acesso: 30 nov. 2007. 26 Telefone celular com funcionalidades estendidas por meio de programas executados no seu Sistema Operacional. Numa tradução livre, do inglês "smartphone" "telefone inteligente". 27 É o mundo dos blogs, o conjunto de blogs e blogueiros, suas discussões, seu universo. 20 Já no ambiente móvel e virtual não se deve apenas comprar tempo e sim criar expectativas para o cliente interagir com a marca. É provável que tudo mude quando todos perceberem que hoje o público é quem tem o controle: ele consome mídia como, quando e onde quiser (MORRIS, 2007). Com tais ferramentas, os publicitários passam a trabalhar com um rifle com mira a laser, e não mais com uma bomba atômica. De acordo com Eduardo Lins28, a analogia bélica quer dizer que, diante de um público muito bem segmentado, em um local pré-determinado, é para atirar menos e acertar o alvo com muito mais eficácia. CASE Escola de Papai Noel - Bando Real Há nove anos as exposições do Banco Real, realizadas em seu edifício sede (SP), a cada fim de ano, já se tornaram conhecidas pelo grande público, o ambiente se destaca por um cenário lúdico e envolvente, que no ano de 2007 teve como tema central “Escola de Papai Noel”. Na exposição, os visitantes aprenderão sobre sustentabilidade, com aulas práticas ministradas por duendes. Durante toda a exposição, o clima natalino também chegou aos celulares dos visitantes. Ao entrarem no prédio, foram orientados a ligarem seu bluetooth, onde podiam receber mensagens e downloads, como o ringtone da música tema composta especialmente para o evento. A ação de Móbile Marketing foi um sucesso tão grande que a Movile, empresa contrata para a realização da campanha, bateu o recorde mundial de conversão de downloads. Com uma média de 26% de conversão de downloads, a campanha confirma o recorde dentro de mais de 350 campanhas da Hypertag mundial, empresa inglesa líder mundial em campanhas de marketing de proximidade. Este índice é 5 vezes mais alto do que os normais 5% para ações desse tipo, superando em 2% o antigo recorde que era de 24%. Resultado: Nos 36 dias de exposição e dois aparelhos de Bluetooth funcionando, o número absoluto de conversão de downloads foi 14.972. (Fonte: Movile) O marketing móvel já é, portanto, uma realidade. A prova de que o mobile marketing no Brasil está ganhando força é que, mesmo sem alcançar proporções grandiosas, já houve a iniciativa de se formalizar a Associação de Marketing Móvel do Brasil – AMMB, além da vinda da Mobile Marketing Association – MMA ao Brasil, órgão de maior representatividade mundo no que se refere a Marketing Móvel. Ambas com o objetivo de elaborar diretrizes para que esta nova mídia tenha seu devido reconhecimento no mercado brasileiro. Atualmente, o mobile marketing cresce na mesma proporção do consumo de aparelhos celulares. No Brasil, o uso de celulares bate recorde anualmente. Para que se consolide o mais rápido possível, é necessário criar consciência a respeito do crescimento deste mercado, que se caracteriza como uma grande oportunidade de otimizar a capacidade de estratégias de ações das empresas. Uma pesquisa realizada pela Operadora Telecom informa que a taxa de sucesso do mobile marketing chega a 25% contra 1,5% dos meios convencionais de marketing, ou seja, esta ferramenta prova ser eficaz, e a tendência é que mais empresas e agências desenvolvam aplicativos e campanhas para o celular (BRAGA, 2007). 28 Diretor da Movile. 21 Capa da Revista PropMark – 8 de outubro de 2007 Roman, Gonzáles-Mesones e Marinas (2007) destacaram três tipos de campanhas de mobile marketing: Campanhas Push: Aquelas que enviamos para um banco de dados opt-in29, um SMS30 ou MMS31 com conteúdo informativo ou formal. É, em geral, o primeiro tipo de campanha utilizada por anunciantes para sua estréia no mobile marketing. Campanhas Pull: Consistem na integração do canal móvel às campanahs de rádio, mídia impressa, ou televisiva normalmente solicitando ao consumidor que envie um SMS para participar de uma promoção ou para ganhar prêmios.quer podem ser votações, pesquisas de opinião, resgate de um código de compra etc. Campanha de diálogo contínuo ou de múltiplas etapas: Esse tipo de campanha supõe um diálogo contínuo com o usuário, o que gera muitas informações relevantes para o marketing que, consequentemente, permite segmentar melhor o público. Um estudo realizado pelo instituto de pesquisas on-line Qualibest32, avaliou a aceitação do celular como ferramenta de marketing no Brasill. Dos entrevistados, 66% acreditam que a propaganda por celular é eficaz para divulgar uma marca ou produto e 71% a consideram um estímulo à procura de mais informações. Sobre os conteúdos preferidos para a comunicação via celular, as promoções lideram com folga - 70%. Em seguida vêm as informações com 13% e as novidades com 12%. Segundo os entrevistados, os segmentos que mais combinam com o mobile marketing são: entretenimento, com 40%, tecnologia, 27%, e finanças, 13%. Nenhuma empresa específica se destacou na mente do consumidor. Somente 21% dos usuários disseram já ter recebido propaganda pelo celular. O lado positivo disso é que 53% deles avaliaram a experiência de forma positiva. Foram 554 entrevistados, todos de São Paulo. Essa foi a primeira vez que uma pesquisa foi feita através de SMS no Brasil. O estudo também analisou a receptividade das pessoas em relação a pesquisas pelo celular. Em uma hora, 53% das pessoas que receberam a mensagem, a responderam. No final, o índice de retorno chegou a 65%. Levando em consideração que a pesquisa foi feita por meio do SMS, ela não serve de base para analisarmos o potencial do mercado, porque, a partir dessa premissa, eles já filtraram quem tem receptividade ao canal! A pesquisa serve, sim, para demonstrar qual o tipo de conteúdo que o consumidor (que está aberto ao mobile marketing) deseja receber. Política de Marketing de Permissão onde o usuário permite receber mensagens ou conteúdos de um determinado provedor. Sigla para “Short Messaging Service”. Esse padrão permite o envio de mensagens de texto com até 160 caracteres. 31 Sigla para Multimedia Message Service. Tecnologia amplamente utilizada em telefonia celular para a transmissão de dados, como texto, imagem, áudio e vídeo. 32 Estudo postado por Pedro Bombonatti no www.mobilepedia.com.br, em 29 de Abril de 2008. 29 30 22 A princípio, o dado de que 66% dos entrevistados acreditam que a propaganda por celular é eficaz para divulgar uma marca ou produto parece bastante positivo. Mas, se pararmos para pensar nos moldes em que essa pesquisa foi feita, talvez esse dado seja elusivo. CASE - Natal Interativo Shopping Center Norte A Pontomobi Interactive é a responsável pela ação mobile do Shopping Center Norte, que permite que os clientes utilizem o celular para interagir em tempo real com a iluminação da decoração de Natal, via mensagens de texto (SMS). Existiam 4 árvores de 4 metros, 10 de 2 metros e mais de 180 caixas de presentes espalhados pela praça central e a cada mensagem enviada, um dos presentes da decoração se acendia. O custo das mensagens foi pago pelo Shopping. Os participantes receberam ainda uma mensagem, com um convite para acessar o mobile site do centro comercial, onde era possível participar de outras interatividades. Para divulgar da ação, o Shopping instalou totens bluetooth, que distribuíam teasers da ação com a seguinte mensagem: Prepare-se, em breve você irá participar do primeiro Natal Interativo do Brasil! Traga o seu celular. O lançamento da campanha não poderia ser mais sugestivo: o Papai Noel foi o primeiro a acender a árvore com seu celular e o sucesso foi tão grande que as pessoas faziam fila para mandar o SMS e acompanhar, em tempo real, as luzes piscando em cada uma das árvores. Uma outra interatividade, encontrada no mobile site (www.natalcn.mobi) foi “ O recado de Natal do Papai Noel”. As pessoas que tiveram interesse puderam enviar 3 tipos de torpedos de voz com uma gravação do assistente do Papai Noel. Para quem tem filhos ou sobrinhos pequenos a experiência deve ter sido mágica. No mobile site, também era possível fazer downloads de ringtones de Natal e wallpapers com os mascotes do shopping. Previsão: a expectativa da campanha era atingir cera de 250.000 interações SMS e 100.000 ligações do assistente do Papai Noel. (Fonte: Blog Mobilizado) Haig (2002)33 aponta que as características que tornaram a mídia móvel atraente para o marketing são: Custo – o custo de transmissão de dados (principalmente SMS) é mais barato do que ligações de voz. As campanhas de SMS marketing tendem a ter melhor custo-benefício quando comparada com outras mídias; Conveniência – o celular permite que o texto, vídeo e som possam ser recebidos e enviados de qualquer lugar e a qualquer hora; Imediaticidade – os aparelhos móveis têm a capacidade de armazenamento e facilidade de escrita de mensagens para respostas imediatas; Privacidade – os dados recebidos através do celular se mantêm privados mesmo quando recebidos em lugar público; Ubiqüidade – a quantidade de celulares no mundo permite que se chegue a qualquer tipo de perfil ou consumir, porque é altamente difundido. O bom das novas tecnologias é que elas são quantificáveis, o que nos permite saber o montante do investimento e quanto teremos de retorno, de uma forma muito mais direta e imediata. 33 HAIG, Matt. Mobile Marketing: The menssage Revolution. London: Kogan Page, 2002. 226 p. 23 Essa possibilidade faz com que o índice de acerto/erro seja mais rápido e mais efetivo. A questão do custo, aliado ao benefício da mensuração poderá fazer as ações de comunicação custar menos para as empresas. Foi lançada em set/2007, no Reino Unido a Blyk, primeira operadora 100% ad-funded no mercado. Vamos aos detalhes: Idade: Usuários devem ter entre 16 e 24 anos. Quando ficam mais velhos, terão de pagar pelos serviços. Sem presença no varejo: Como a maioria das MVNOs vende apenas o chip. A operadoora declarou que iniciará venda do chip numa rede de 60.000 PDVs. Como funciona: Usuários concordam em receber 6 SMS por dia. Em troca, ganham 217 SMS e 43 minutos em ligações de graça por mês. Acima disso, têm de pagar. Anunciantes: Blyk já conta com 45 marcas anunciantes, como McDonalds, Coca Cola, SonyBMG, Borders Books, Adidas e Disney. Custos: Anunciantes pagarão 20 pence por um MMS, 5 pence por um SMS e 2 pence por assinatura no rodapé de um SMS privado. Fonte: www.mobilizado.com.br Os números mostram um mercado em franca expansão. Mas, apesar do seu alcance, o uso do celular como mídia ainda é muito pequeno no Brasil. De qualquer forma, possibilidades de uso comercial não vão faltar para os profissionais que tiverem a coragem de experimentar esta nova mídia on-the-go. NORTE-AMERICANOS x MOBILE MARKETING Pesquisa realizada com 2000 profissionais (mkt e pub) Já utilizaram 26% Pretendem utilizar (próx. 6meses) 20% Serviços mais utilizados: 1° - SMS | 2° - Banners | 3° - Portais Mobile Fonte: Advertiser Perceptions 5.1 SMS Marketing A utilização de mensagens de texto no celular SMS como instrumento de marketing vai crescendo aos poucos no Brasil, bem como a aceitação dos consumidores em relação a esse tipo de iniciativa. Antes restrito às operadoras de telefonia móvel, o recurso está ganhando espaço nas estratégias de empresas de outros ramos de atividade e vem conseguindo atrair a atenção dos destinatários das mensagens34. A comparação feita com os resultados da primeira pesquisa realizada em 2005, mostra a evolução do uso do SMS marketing no país. O percentual de campanhas que utilizam esta ferramenta aumentou de 18% em 2005 para 29,7% em 2006. A avaliação dos resultados entre os que utilizaram o SMS marketing em 2006 é positiva: 65% os consideram bons e 14,8% acima das 34 Informações da segunda pesquisa SMS Marketing, realizada pela agência de marketing online WBI Brasil. 24 expectativas. Aumentaram também o índice daqueles que tomaram alguma atitude após o recebimento do SMS, de 38% em 2005 para 41% em 2006. Dentre os que nunca utilizaram esse tipo de marketing praticamente metade justifica pelo fato de não ter conhecimento sobre como operacionalizar a ação ou por ainda não ter avaliado os benefícios35. Dessa forma, segundo os dados da pesquisa apresentada no 11ª edição do Fórum PDV no Marketing Mix, 94% dos participantes de ações de marketing móvel lêem a mensagem e 23% mostram ou mesmo a reenviam a amigos. A taxa média de resposta é de 15%, chegando a 46% nas campanhas mais atrativas. O SMS é uma ferramenta dotada de bidirecionalidade, na medida em que pode funcionar como um canal de resposta direta entre uma empresa e o consumidor final, e vice-versa. Atualmente, a maioria das campanhas de mobile marketing lança mão desta ferramenta. MOTIVOS QUE JUSTIFICAM A EFICÁCIA DO SMS 1 - Eficácia nos custos: uma mensagem de texto custa em média R$ 0,36 , chegando a custar 5 vezes menos do que algumas peças de marketing direto; 2 - Afinidade com um target de difícil acesso, já que muitos costumam fugir de outros meios com a TV; 3 - Ao contrário do e-mail, precisa ser aberto para ser apagado, o que aumenta as chances de chamar atenção do público-alvo; 4 - É um canal que facilita a rápida e cômoda resposta muito mais do que qualquer outra peça de marketing direto; 5 - Os resultados são mensuráveis em tempo real; 6 - É um mecanismo que até agora mostrou altas taxas de resposta. Fonte: Roman, Gonzáles-Mesones e Marinas (2007) Kavassalis (2002) divide o serviço de sms em três modalidades, que são classificadas segundo a sua origem e tarifação: SMS Corporativo o Mobile Terminated (MT): Originado pela integradora ou por um aplicativo dentro da empresa, para os usuários que deram permissão específica para recebê-lo (opt-in). Neste caso, a empresa arca com os custos de envio do SMS e as mensagens não podem ser respondidas. SMS Interativo ou Mobile Originated (MO): Originado a partir do usuário para um número predefinido, com uma finalidade específica. O usuário arca com os custos da mensagem e há possibilidade de resposta e interação. SMS Premiun: É um aprimoramento do SMS-MO, onde é criado um único número, chamado de Large Account (LA) ou Short Code. Tem um único preço, definido em comum para todas as operadoras. O usuário arca com o custo da mensagem enviada. A Revista Pronews publicou em julho de 2007, parte dos dados de uma pesquisa da Opera Telecom. O estudo revelou que as mensagem SMS estão sendo mais enviadas que e-mails. A taxa de retorno de mobile marketing chega a 25%, contra 1,5% dos meios convencionais de marketing. As respostas a estas campanhas chegam a índices de 6% contra cerca de 1,5% a 2% das mídias mais tradicionais. 75% das mensagens são lidas na hora. A pesquisa ainda sugere que cerca de 66% dos consumidores lembram-se das campanhas de marketing recebidas (índice de recall), e 35 Informações obtidas na Meio & Mensagem, edição de 19 fev. 2007, P. 31. 25 36% afirmam consumir produtos caso tenham recebido propagandas no celular. A relação com o celular aumenta dia-a-dia, tanto que mais de 90% dos consumidores americanos considera o telefone um objeto extremamente pessoal. No fim de 2006, a FIAT e a Agencia Click levaram ao ar uma campanha que pode ser considerada o embrião para o que teremos de interatividade com a TV Digital. A campanha era uma interação entre cinema e celular, utilizando SMS e bluetooth. Basicamente, a platéia podia escolher a seqüência do filme que gostaria de assistir, ao enviar um SMS gratuito com as opções. Resultado: a taxa de participação nas sessões é altíssima, perto de 30%; mesmo quem não vota demonstra alto interesse quando é exibido o filme esc olhido pela sala; quem vota fica comentando se era essa ou não sua escolha; quem ativa o bluetooth leva prá casa um filme da FIAT. (Fonte: Blog Mobilizado) No site www.uncel.com.br, encontramos números de uma outra pesquisa, também realizada nos EUA. Vejamos abaixo: ENVIO DE MENSAGENS POR MÊS Pesquisa realizado pela Wirefly, maior loja on-line de celulares dos EUA, revelou que um terço de todos os usuários norte-americanos mandam ao menos uma mensagem de texto por dia. O levantamento feito com milhares de usuários de celular confirmou o rápido crescimento do uso do SMS. Norte-americanos Nº de mensagens 37% 25 a 100 23% 101 a 250 20% 251 a 500 20% mais de 500 5.2 Bluetooth Marketing O Bluetooth marketing é uma espécie de marketing de proximidade, ou seja, é um meio pelo qual marcas podem buscar uma audiência baseada na proximidade com um local físico usando tecnologias de mobilidade. As empresas européias de Bluetooth marketing sofreram grande pressão anti-spam e passaram a praticar o chamado marketing de proximidade, com máquinas cobrindo um raio cada vez menor. O Bluetooth foi desenvolvido em 1994 pela empresa sueca Ericsson e recebeu esse nome em homenagem ao rei Harald Blatand (a.k.a. "Bluetooth"), que unificou a Dinamarca e a Noruega por volta do ano de 940. Unificar, portanto, é a palavra de ordem para Bluetooth. Inicialmente, servia para unir, sem fio, diversos aparelhos portáteis como impressoras, laptops e celulares. Não demorou para que o uso de Bluetooth fosse incorporado ao nosso dia-a-dia, com headphones ligados ao celular, kits viva-voz nos carros, pessoas trocando músicas de graça entre seus celulares e a moçada xavecando "às escuras" em bares e baladas (XAVIER, 2008). De acordo com Leonardo Xavier, basicamente, o bluetooth marketing entrega dois grandes benefícios: a distribuição de conteúdos multimídia 100% gratuita (imagens, sons, vídeos e jogos) e a possibilidade de levar a publicidade exatamente onde está o target, reduzindo absurdamente os níveis de dispersão. Portanto, o uso do bluetooth permite o desenvolvimento de campanhas confiáveis, mensuráveis e eficientes, com uma experiência positiva para os usuários e retorno para os anunciantes. (REIS, 2008) Outra vantagem que vale a pena ser ressaltada é que, principalmente pela capacidade de multiplicação do o conteúdo divulgado, (afinal quem baixa algo, tende a mostrar e transferir os dados para outras pessoas), uma campanha via bluetooth pode se tornar, rapidamente, um viral, 26 basta que o conteúdo seja relevante, útil e no alvo. Um outro ponto mais do que positivo é que a plataforma que transmite os dados via bluetooth também é móvel e portátil. Atualmente, de acordo com Xavier (2008) o Bluetooth é uma nova mídia com acelerado crescimento. O autor revela que já há mais de 35 milhões de aparelhos com essa tecnologia no país e estimativas apontam para uma base de 50 milhões de devices36 até 2009. Na semana que antecedeu o Natal, a Chilli Beans utilizou o bluetooth para ativação de vendas e distribuímos mensagem com informação sobre promoção e descontos na loja. Resultado: em 4 dias de ação foram realizados mais de 5000 downloads. Fonte: www.mobilizado.com.br Vários dados confirmam o poder da tecnologia Bluetooth. Na itália, por exemplo, o formato está presente nas escolas, criando uma interface antes inexistente entre o conteúdo escolar tradicional e o telefone celular das crianças. No estádio do Barcelona, na Espanha, o torcedor pode conferir a escalação dos times antes de cada jogo, recebendo junto dados estatísticos da partida e até o replay dos gols nos aparelhos. Na França, o uso do bluetooth oferece maiores e mais detalhadas informações para turistas em pontos de grande atração. Em breve, vamos conviver com essas facilidades de maneira cada vez mais corriqueira. 5.3 Mobile Payement Um novo relatório da Juniper Research, divulgado no site www.uncel.com.br, em abril deste ano, analisou dados do setor de movimentação bancária móvel e verificou que o número de consumidores que irão acessar os serviços bancários e os seus produtos através de celulares atingirá 816 milhões em 2011. O relatório constatou que as instituições financeiras estão oferecendo uma variedade cada vez maior de produtos no ambiente móvel, incluindo os serviços de informações financeiras, fundos de transferência, pagamentos, gerenciamento de contas e serviço ao cliente. A Juniper Researsh acrescentou ainda que o aumento da confiança dos consumidores, devido ao reforço das medidas de segurança que estão sendo utilizadas em serviços financeiros móveis, será crucial para um maior uso do serviço. Por tais ajustamentos e otimizações, a outra ferramenta que vem ganhando em crescimento do uso em proporções bastante significativas é o Mobile Payement: o uso do telefone para pagamento de contas. Este serviço já existe em vários países, inclusive no Brasil. Em outubro de 2007, a Revista Veja publicou a matéria “O celular paga conta”. Para comprovar ainda mais a importância deste tema, a Revista Época, em janeiro deste ano, também publicou uma matéria de mesmo título. Ambas, que são duas das mais importantes publicações do país, enfatizaram aspectos bem importantes, abortados sob a forma de dados atuais e prognósticos, a saber: 36 dispositivos, engenhos. 27 • A fusão do cartão de crédito com o celular começou a ser testada em grande escala na França, no final de 2007. O responsável pela experiência, o consórcio Payez Mobile, reuniu as quatro maiores operadoras de telefonia móvel e os seis maiores bancos do país. O sistema francês utiliza um pequeno emissor adicionado ao SIM card, o chip que guarda os dados do telefone. De tamanho minúsculo, ele estabelece a ligação sem fio entre o celular e as máquinas de cartões de crédito das redes Visa e MasterCard num raio de 15 centímetros. Abaixo o detalhamento do funcionamento: Fonte: Revista Veja – 28 de novembro de 2007 • Apenas duas em cada dez famílias na África têm conta bancária. No Quênia, o telefone substitui até caixas eletrônicos, sendo muito comum as pessoas, antes de partirem para uma viagem, depositarem certas quantias nas operadoras de telefonia móvel. Ao chegarem ao destino, o crédito é convertido em dinheiro numa loja da operadora. Dessa forma, o viajante não corre o risco de perda ou roubo da quantia ao longo do trajeto. Os créditos nos celulares pré-pagos também são usados na compra de produtos de pequeno valor. Na África do Sul, 3 milhões de usuários fazem compras pelo celular sem nunca ter usado um cartão bancário. • Até o ano passado, a penetração de celulares na África correspondia a pouco mais de 20% (190 milhões de usuários, numa população de 900 milhões de habitantes). Mas, o mercado de celular no país está em franca expansão. Entre 2001 e 2006, o continente apresentou o maior ritmo de crescimento de telefones móveis em todo o mundo, em torno de 660%, uma boa notícia para os africanos. De acordo com a Revista Veja, 28 de novembro de 2007, o uso do telefone móvel como meio de pagamento começa a decolar no Brasil. Por sua simplicidade, tem tudo para conquistar as empresas e o consumidor. Afinal, um número crescente de brasileiros começa a usar o celular para pagar suas contas. Calcula-se que cerca de 800 mil brasileiros já tenham experimentado o sistema. Grandes redes de varejo, como Wal-Mart e Carrefour, demonstraram interesse no comércio por celular e devem habilitar alguma tecnologia até o fim deste ano. De acordo com o Instituto Gartner, que desenvolve pesquisas e análises sobre tecnologia da informação, o número de usuários deve triplicar em 2008. As transações devem bater os R$ 37 milhões. Se as previsões se confirmarem, será uma grande mudança no modo de fazer compras no país. De forma mais ampla, os dados divulgados nas reportagens apontam que em todo o planeta, as compras pelo celular movimentaram mais de US$ 10 bilhões em 2007. O Japão lidera o crescimento do negócio. Mais de 23 milhões de japoneses usam o celular para pagar contas diariamente. Pelo menos 12,6 milhões têm os dados do cartão de crédito inseridos no chip do aparelho. O celular de um japonês pode estar habilitado para débitos com as bandeiras Visa e Mastercard, as duas maiores do mundo. E pode ainda ter crédito próprio oferecido pela operadora 28 de telefonia. O serviço é muito usado para pagamento de bilhetes de metrô. A Coréia do Sul segue o mesmo caminho. São 12 milhões de celulares habilitados para débitos e 80 mil terminais instalados em pontos comerciais espalhados pelo país. NO JAPÃO Uma promotora de vendas demonstra o serviço de pagamento por celular no metrô de Tóquio. Basta aproximar o aparelho do leitor e fazer a compra. O débito vem na fatura do cartão de crédito No Brasil há mais gente com um aparelho móvel que contas bancárias ativas ou cartões de crédito. São 120 milhões de celulares, ante 70 milhões de correntistas bancários e 83 milhões de usuários de cartão de crédito. Um dos exemplos de Mobile Payement que deu certo, foi o Oi Paggo. No início deste ano, a Oi tinha cerca de 340.000 clientes cadastrados no Oi Paggo. Em dezembro de 2007 o serviço movimentou 5 milhões de reais e já tinha sido utilizado em 13.000 estabelecimentos. "No começo, as pessoas usam o telefone para fazer pequenas compras, como pagar um táxi ou encher o tanque de combustível do carro. Depois os valores aumentam e o celular vira um cartão de crédito como outro qualquer"37. Os celulares que trabalham na plataforma GSM são teoricamente imunes à clonagem. O chip embutido no aparelho funciona como uma barreira anticópia. “O risco de ter a transação interceptada é o mesmo de ter um cartão bancário com chip clonado. Próximo a zero”.38 Além do sistema adotado pela Oi, há outros dois em implantação no país. O banco HSBC, um dos maiores do país, testa uma tecnologia de reconhecimento de voz. O cliente recebe uma mensagem falada para confirmar os dados da compra. Ao autorizar o débito, tem sua voz analisada por um sistema tão seguro, segundo o banco, quanto o que reconhece impressões digitais. O terceiro modelo consiste em um programa de computador feito para celulares. O cliente e o vendedor devem baixá-lo para seus aparelhos. Com o software ativo, a transação segue a mesma 37 38 Segundo Leonardo Caetano, gerente de Mobile Payment da Oi. Informação dada por Leonardo Caetano, gerente de Mobile Payment da Oi. 29 seqüência das demais. A diferença é que, nesse caso, as mensagens são transmitidas pela internet por celular e não por mensagens de texto ou de voz. De acordo com a Revista Época, edição de 31 de janeiro de 2008, a tendência é que nos próximos dois anos o serviço esteja difundido nas grandes capitais. No momento, há uma disputa entre operadoras de telefonia e instituições financeiras pelo domínio do serviço. Aqui no Brasil, a tecnologia dominante ainda não está definida. SISTEMAS DE COMPRA POR CELULAR DISPONÍVEIS NO BRASIL POR MENSAGEM DE TEXTO Tipo de Operação Vantagem Desvantagem O vendedor envia uma mensagem de texto (SMS) com o O sistema é rápido e não Só funciona entre valor da compra para a operadora. Ela confirma a exige que o dono do celulares da mesma transação enviando uma mensagem para o celular do celular esteja no local da operadora. O serviço cliente. O débito pode ser feito na fatura do cartão de compra. custa R$ 2,50 por mês. crédito ou num extrato próprio. POR RECONHECIMENTO DE VOZ Tipo de Operação Vantagem Desvantagem O vendedor se conecta a um aparelho que faz o papel de um terminal de crédito, para transmitir o número do O serviço é gratuito e Pode sair mais caro para celular do cliente e o valor da compra ao banco. O cliente seguro. Funciona entre o vendedor. O lojista recebe uma mensagem falada do banco em seu celular e celulares de operadoras paga o aparelhinho e a confirma a transação por voz. O banco analisa sua diferentes. ligação. identidade e fecha a transação. PELA INTERNET Tipo de Operação Vantagem Desvantagem O cliente e o vendedor precisam baixar um programa É preciso baixar o específico para usar o sistema. O vendedor digita em seu Funcio na entre celulares aplicativo. Pode haver celular o número do celular do cliente e envia os dados de operadoras incompatibilidade com o para o banco pela internet. O cliente recebe um e-mail do diferentes. aparelho. banco e confirma a compra. Fonte: Revista Época - Edição nº 507 | Fotos: Gilvan Barreto/ÉPOCA e Koichi Kamos hida/Getty Images 5.4 O Advergame O Advergame é um tipo de advertainment, ou seja, é a união de propaganda com entretenimento. Os aparelhos móveis estão se tornando um dispositivo de entretenimento cada vez mais importante.39 A publicidade veiculada em jogos para consoles, computadores ou telefones celulares está começando a mostrar seus resultados e engajar adeptos ao formato. Dados da recente pesquisa conduzida pela Nielsen Entretainment chamam a atenção para o retorno a ser obtido por anunciantes, que pode ser, de fato, bastante favorável e benéfico para as marcas que decidem se arriscar no mundo dos games.40 De acordo com o instituto americano, que ouviu 600 jogadores, o reconhecimento de marcas anunciantes cresceu 64% ao mesmo tempo em que a intenção de compra média subiu 41%. No caso de anúncios que faziam referência a automóveis, esse número registrou um salto de 69%. Sabemos que atualmente o volume de interação com jogadores não é muito grande, mas esse número cresce a cada dia. Segundo levantamento do site The Wall Street Transcript, a propaganda direcionada aos games deve movimentar cerca de US$ 4 bilhões até o final de 2008. Outro dado que reforça a eficiência dos games enquanto espaço publicitário é que, segundo o Advertising Age, 39 40 De acordo com Phil Asmundson - vice presidente da Deloitte's Technology, Media & Telecommunications Group. Mariana Ditolvo, em matéria publicada na revista Meio e Mensagem de 10 de dezembro de 2007. 30 o tempo de exposição de uma marca em jogos é de cinco a trinta minutos, tempo que supera o observado em outras mídias, como televisão e rádio. Em entrevista cedida ao blog www.mobilepedia.com.br, Baudouin Corman41, na América Latina, os principais mercados mundiais de mobile games são Japão e Coréia, com uma penetração de 12%. No Brasil, temos cerca de 2% de penetração, todavia, o mercado brasileiro tem um imenso potencial, principalmente por ser o país da América Latina com maior número de aparelhos compatíveis (java). Com efeito, a publicidade em games permite que a marca atinja o consumidor em um momento de complexo relaxamento e lazer, quando geralmente se encontra mais aberto às propagandas. Revista Meio e Mensagem – 10 de dezembro de 2007 O ideal é que os jogos sejam desenvolvidos já prevendo o espaço para os anúncios ou mesmo que os jogos sejam desenvolvidos a partir de uma marca ou produto, pois desta forma a publicidade não se torna agressiva e não atrapalha o usuário. Os jogos desenvolvidos pela Atrativa Games, por exemplo, contam com diversas opções de veiculação de propaganda nos games, como espaços para vídeos até 30 segundos - enquanto os jogos são baixados para o computador ou banners e vídeos ao final de cada fase ou no final do jogo. Os jogos que apresentam esse tipo de anúncio são os chamados Ad-Funded Games, são uma espécie de jogos patrocinados. A ação de destacar o anúncio enquanto o conteúdo está sendo baixado, que já é uma tendência e recebe o nome de Buffering Advertising – é importante destacar que este serviço não causa atraso algum no download do conteúdo. Em se tratando dos jogos especialmente desenvolvidos para celular, um outro ponto favorável é que os usuários tendem a transferir seus jogos para amigos, blogs e comunidades online, o que favorece e muito o marketing viral. Jogos eletrônicos que promovem um produto ou a marca de uma empresa, de maneira mais integrada, como se uma coisa não pudesse existir sem a outra, são chamados de Advergaming. É o 41 Business Development Manager, da Gameloft. 31 exemplo de jogos como o da Peugeot onde o protagonista do jogo é o carro 206 da montadora. Toda experiência do usuário acontece de forma natural, sem que a marca quebre o ritmo do jogo. Contudo, existem mais algumas preocupações para que o retorno de uma mídia tão nova seja positivo, para isso, os jogos devem ser planejados como jogos casuais, sem tomar muito tempo da pessoa para uma partida simples, mas que a motive a jogar novamente. Isso favorece não só o público atingido como também um possível efeito viral. Além disso, a preocupação de veicular publicidade em jogos que estejam relacionados com a marca é muito importante42. 5.5 Mobile Marketing Político Até o Marketing Político está sendo influenciado pelo mobile marketing. De acordo com notícia do blob Mobilizado, publicada em primeiro de setembro de 2007, especialistas americanos em marketing político têm apontado que o marketing móvel exercerá nas eleições de 2008 o mesmo papel vital que a internet em 2004. Nessa corrida, o pré-candidato democrata Barack Obama saiu na frente, bem na frente. Na medida em que é o mais bem cotado entre os jovens eleitores, o senador tem utilizado o celular como uma forma rápida, eficiente e próxima de falar com seus seguidores43. A plataforma mobile de sua campanha pode ser acessada pela internet no endereço http://origin.barackobama.com/mobile ou enviando um SMS com a palavra GO para OBAMA (62262). O cardápio mobile de Obama inclui downloads de conteúdos como wallpapers44 e ringtones45, além de várias informações e alertas via SMS. É possível, por exemplo, seguir os passos do Senador e saber sobre palestras, eventos e debates dos quais ele participará, bem como receber newsletters sobre assuntos específicos como saúde (enviado HEALTH para o mesmo 62262), educação, Iraque, empregos, etc. O celular também é usado para receber feedbacks instantâneos após debates e tornou-se canal direto para enviar mensagens e perguntas para Obama. Em fevereiro deste ano, Pedro Bombonatti destacou no site MobilePedia a pesquisa da Limbo, empresa de SMS marketing, sobre a atitude e o comportamento dos eleitores que recebem SMS de campanhas eleitorais. A Limbo, que encomendou a pesquisa, realizou campanhas SMS para Hillary Clinton e Barack Obama em janeiro deste ano, entregando mais de um milhão de SMS. O estudo revelou que os homens se mostraram mais confortáveis do que as mulheres ao receber este tipo de advertising e a faixa etária que mais gostou da ação foi de 25 a 34 anos. ATITUDE E COMPORTAMENTO DOS ELEITORES 56% 37% 24% 22% 14% 13% 12% 9% 7% 6% 5% (após receberem SMS de campanhas eleitorais) Gostaram de receber o serviço Passaram a prestar mais atenção nas notícias divulgadas na mídia sobre o político Têm a intenção de visitar o website do concorrente Disseram que a intenção de voto mudou um pouco Disseram que a imagem que tinham do candidato ficou mais positiva após a campanha Preferiam não receber o SMS advertising dos candidatos Agora estão mais receptivos ao marketing do candidato Pretendem visitar o site móvel do candidato Visitaram o website do concorrente Falaram que o SMS mudou significativamente o seu voto. Visitaram o site móvel do candidato De acordo com João Paulo Nogueira da Microwaym. Fonte: www.bolilizado.com.br, 01 de setembro de 2007. 44 Nome em inglês para papel de parede. Figura, ou imagem utilizada como pano de fundo de telefones celulares. 45 O som, ou o “ring” que o dono do aparelho ouve quando recebe uma ligação. Pode ser um mastertone, voicetone ou toque polifônico. É um dispositivo padrão ou escolhido pelo dono do aparelho que o personaliza. O tamanho do toque é baseado nos requisitos das operadoras. 42 43 32 4% Disseram que a imagem que tinham do candidato ficou mais negativa após a campanha Pesquisa da Samsung Telecommunications America (Samsung Mobile), publicada no site www.uncel.com.br, apontou que muitos dos jovens norte-americanos iriam preferir enviar seus votos por mensagens de texto de um celular do que ir até os locais de votação nas próximas eleições. Segundo a pesquisa, mais da metade dos democratas, republicanos e independentes entrevistados disseram que, se fosse permitido, eles iriam votar por mensagens de texto. INTENÇÃO DE VOTO POR SMS 61% dos entrevistados com idade mínima legal para votar e maiores de 18 anos estão abertos ao voto por mensagem de texto. 80% dos entrevistados com idades entre 13-17 anos, disseram que se eles fossem autorizados a votar neste ano de eleição presidencial, que desejariam fazê-lo por mensagem texto, em vez de ir aos locais de votação. O estudo encomendado pela Samsung Mobile foi conduzido pela empresa de consultoria Kelton Research e incluiu 300 adolescentes americanos com idades entre 13-19 anos e 500 pais americanos com crianças de idades entre 13-19 anos. 5.6 Internet Móvel Um recente estudo na M:Metrics, publicado em fevereiro deste ano, comparou os resultados do advertising na Internet convencional versus a Internet Móvel, no Reino Unido. A potência da Internet Móvel já é bastante clara. RESULTADO DO SURVEY M:METRICS Quanto o m-mkt foi mais influente que os anúncios na internet convencional? Para decisão de compra de um carro Para decisão de compra de um aparelho de TV Para decisão de compra de um cartão de crédito Para a seleção do supermercado preferido Para a seleção de uma conta de banco 41% 54% 38% 56% 42% A amostra revelou que não existiu caso algum, onde o anúncio na Internet convencional seria mais influente que a Internet Móvel. E o detalhe é que a 3G ainda nem tomou as devidas proporções. A principal mensagem do GSMA Mobile World Congress, realizado em fevereiro deste ano, em Barcelona, foi de que agora é só uma questão de tempo, já que o celular vai se tornar o principal dispositivo de acesso a Internet (convencional) suplantando o PC”. Esta realidade está tão próxima que pela primeira vez, a pesquisa Internet Pop do Ibope Mídia, que já está em sua 19ª edição, mensurou também o acesso à web via celulares, smartphones e PDAs46. O estudo, que é um dos principais mapeamentos contínuos dos hábitos dos internautas brasileiros, foi alicerçado em entrevistas em profundidade e publicado por Alexandre Zaghi, na Meio e Mensagem de 11 de fevereiro de 2008. Para essa edição, o Ibope ouviu em outubro de 2007 mais de 17mil pessoas, maiores de 10 anos e pertencentes a todas as classes sociais, nos nove principais mercados do país: as regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Curitiba, Fortaleza, Recife e Salvador. 46 Sigla para Personal Digital Assistants. Tem as mesmas características de um computador com dimensões reduzidas. 33 RESULTADO DA PESQUISA INTERNET POP 22,283 milhões de brasileiros navegam pela web; 5% dos internautaas brasileiros (1,022 milhão de pessoas) costumam acessar a internet também via aparelhos móveis; A maior parte de pessoas que acessam a internet por dispositíveis móveis tem até 24 anos e pertencem as classes A e B. Fonte: IBOPE Mìdia Mais um dado interessante publicado na mesma matéria da M&M é que em campanhas gerenciadas pela Predicta, empresa que gerencia campanhas online para alguns dos principais portais brasileiros (Ig, Terra, Webmotors e Vírgula) afirmou que nos cinco últimos meses de 2007, a empresa notou um aumento de 180% nos acessos via celulares, smartphones e PDAs. Isso nos mostra que a internet móvel é mais que uma tendência, é uma realidade que se afirma a cada dia que passa. Na China, Japão e Coréia do Sul, onde metade do acesso a Internet é oriundo de aparelhos celulares, todo o conteúdo é pré-formatado para o display do aparelho celular e não para o display do PC. Nos EUA, já existem sites cujo acesso via telefonia móvel é maior do que dos PCs. A transição para a Internet Móvel é inevitável, é apenas uma questão de tempo, tanto o CEO do Google anunciou, há mais de um ano atrás, que o futuro do Google e da Internet era a Internet Móvel.47 Segundo a Teletime, a telefonia móvel virou um negócio de Banda Larga e Internet. A aposta do mercado de Internet, além de representar um adicional de receita monumental para as operadoras é um mercado inteiramente novo e está também ligada à possibilidade de oferta de novos serviços e de integração de plataformas. Ainda, de acordo com dados fornecidos pela Teletime, atualmente, a Internet Móvel tem inovado na área musical dos ringtones. Eles valem em torno de 6,5 bilhões de dólares – o que é quase 6 vezes mais que o tamanho dos downloads de músicas digitais como o iTunes. Embora tenha gente que acredite que ringtone não é música, um adolescente que paga 3 ou 4 reais para baixar um do seu ídolo de rock no seu celular o consome como música. Em paralelo, aproximadamente metade dos celulares do país tem acesso à internet e mais de 12 milhões de pessoas já acessam internet em celulares todos os meses. Prognósticos apontam que, com a tecnologia 3G e planos de dados mais baratos, o acesso explodirá e os principais usos de internet móvel são: ler notícias, acessar e-mails e download de conteúdos. O grande uso ainda está na faixa de 18 a 35 anos.48 No Japão, por exemplo, desde 2006 já há mais internautas móveis que internautas em computadores pessoais (69 milhões versus 64 milhões), sendo que 18 milhões de japoneses acessam a web apenas do celular. Some-se a isto o aumento do número de handsets com a funcionalidade da internet, o que gera um grande estímulo para a sua utilização como dispositivos de acesso a Web, estimulando cada vez mais a nova mídia de Internet Móvel (PRADO, 2008). Por fim, todo o poder que o consumidor tem na internet, em casa, passará a ter na rua. Mais poderoso que levar as pessoas para a internet será levar a internet para as ruas com o celular. (CAVALLINI, 2008) 47 48 Informações reveladas por Eduardo Prado, no site da Teleco. Leonardo Xavier em entrevista à Meio e Mensagem de 11 de fevereiro de 2008. 34 5.7 QR-Code O recurso dos cupons móveis funciona bastando que o consumidor aponte o celular para um pôster, banner ou anuncio de revista e tirando uma foto de qualquer parte do material impresso e enviando um MMS para um número específico. Em segundos ele recebe um SMS com link para acessar conteúdos relacionados ao anúncio, como cupons de desconto, endereço das lojas, ou um vídeo promocional. Diferentemente dos QR-Codes, não é necessário fazer download prévio de nenhum aplicativo para celular, o que, em tese, aumenta enormemente a usabilidade. Uma recente pesquisa da Juniper Research apontou o crescimento no interesse de consumidores nos Cupons Móveis (Mobile Coupons). 30% dos entrevistados se mostraram interessados em receber cupons com ofertas em seu celular. A principal dificuldade para seu uso em grande escala é a dificuldade de ncontrar hardwere compatíveis para a leitura, mensuração do uso de cupons móveis. Em Dezembro passado, o tabloide ingês The Sun passou a utilizar QR Codes para aumentar o valor percebido de sua mídia .A iniciativa consistia em agregar um QR Code aos anúncios feitos no jornal. Os leitores poderiam fotografar esses códigos para ter acesso em seus celulares a diversos conteúdos como filmes, imagens e downloads. Quase um mês após implementação do serviço, o tablóide divulgou os resultados positivos, revelando confiança com a adoção da nova tecnologia. O The Sun reportou que há mais de 11.000 leitores registrados no serviço. 5.8 GPS Trata-se de serviços baseados em localização. Neste modelo a operadora encontra a localização do usuário, seja através de GPS ou da triângulação de antenas, e envia conteúdo de anúncio de empresas próximas ao usuários e que tenham relevância para o seu perfil. Entretanto, precisa de um cadastro prévio dos anunciantes e um perfil do usuário. GPS:as tecnologias de rastreamento permitem localizar uma pessoa em qualquer lugar do planeta, instantaneamente e com mínima margem de erro. O indivíduo já não é mais uma partícula quase imperceptível entre os 6,6 bilhões de pessoas que povoam o planeta, mas um ponto em movimento em um mapa exposto na tela do celular ou do computador de alguém (Ronaldo Soares, 2008). O GPS surgiu durante a Guerra Fria, no fim dos anos 70, pelas mãos do Departamento de Defesa dos Estados Unidos. O sistema é formado por uma rede de 24 satélites que monitoram a superfície terrestre. O mercado de localizáveis est á apenas engatinhando, mas seus números já impressionam. O total de aparelhos móveis (na grande maioria celulares) equipados com GPS no mundo era de 175 milhões em 2007. Esse número tende a explodir. Serão 560 milhões de unidades daqui a quatro anos, pelos cálculos da Berg Insight, empresa especializada em pesquisas sobre a indústria de telecomunicações. Fonte: Veja 09/04/2008 | Ilustração: Attílio 35 5.9 Wap site Um site especialmente desenhado e formatado para apresentação em um dispositivo móvel pode ser uma ótima alteranativa para o desdobramento ou até mesmo o lançamento de uma campanha, como a Fiat e a Agência Clik fizeram para o lançamento do carro Fiat Punto. CASE - Lançamento Fiat Punto A comunicação de lançamento criada pela Agência Click para o Fiat Punto foi uma das primeiras (senão a primeira) grande campanha de marketing para celular no Brasil, priorizando uma mídia tão inovadora. O carro foi lançado exclusivamente nos celulares e só depois nos formatos mais tradicion ais da internet. A Fiat apostou em uma ação cujos resultados eram imprevisíveis, mas que, ao mesmo tempo, estava absolutamente alinhada com o conceito e a tecnologia do novo Punto. A essência dessa inovaçã o tinha que estar presente na hora de criar a presença online do Fiat Punto, um veículo que tem a comunicação e o entretenimento móveis impregnados em seu conceito. O Fiat Punto é um carro feito para o novo consumidor, equipado com porta USB para pen-drive ou MP3 player e comando de voz para controlar música e celular. Além disso, possui um software que se conecta ao celular do usuário via Bluetooth, interage com o motorista e lê mensagens SMS. O endereço oficial de lançamento do novo Punto foi http:/ /www.fiatpunto.mobi, ao contrário do tradicional .com.br. Isso criou, já no primeiro estágio da campanha, um vínculo natural do carro co m a idéia da comunicação ágil e natural, que é o seu grande atrativo. A AgênciaClick criou também para o Fiat Punto uma ação interativa completa, imersiva e de grande porte, com um uso inovador da internet e a possibilidade de usuários trocarem impressões e se comunicarem enquanto tinham a experiência envolvente de conhecer e dirigir o veículo, no que pode ser definido como um test-drive virtual multiplayer. Resultados: taxa de cliques superior 4,5% (resultado muito superior a média de campanhas em internet PC), mais de 7000 acessos por dia via celular; um média de 40 mil visitas por dia no hotsite da campanha; a seção de Test Drive recebeu mais de 150 mil visitas no período; chegaram a rodar, simultaneamente, cerca de 2000 carros virtuais com 3 passageiros cada; a comunidade “Fiat Punto – Brasil” , no Orkut, foi criada em agosto e, em um mês, já esta va com 4200 membros, a Agência Click foi a grande vencedora do prêmio distribuído pelo Yahoo!: Big Idea Chair e cerca de 70% dos consumidores passaram no site primeiro, para depois irem ao ponto-de-venda. (Fonte: Site da Agência Clik) 5.10 Pré-requisitos Básicos Estudos demonstraram que ações de mobile marketing somente serão bem sucedidas se elas não atrapalharem a experiência do usuário; os usuários móveis de forma alguma toleram ofertas de marketing não solicitadas, nem mal elaboradas. Além disso, existem diversas considerações, relatadas por especialistas no assunto, nos despertando para alguns aspectos importantes no sentido de tornar nossas ações de mobile marketing o mais eficiente e eficaz possível. Com base nesses relatos, citaremos abaixo as mais relevantes: 5.10.1 Permissão Podemos afirmar que ações de marketing utilizando a telefonia móvel é um tipo de Permission Marketing. Atualmente o boom das propagandas é tão grandioso que o público é praticamente obrigado a ver, ler e escutar grande parte delas. No caso de propaganda no celular isso não é 36 aconselhável, ao menos que as empresas não se preocupem com o elevado risco de obterem resultados negativos em sua campanha. Afinal, o celular é um aparelho estritamente pessoal e a privacidade de cada um é muito valiosa. O correto é se obter uma autorização prévia sempre, uma vez que o usuário permitindo a mensagem, ele se demonstra interessado e, naturalmente, o sucesso da ação tende a ser maior. Quando falamos em Brasil, o estado do Rio de Janeiro tomou uma decisão drástica para evitar que este tipo de violação ocorresse. O Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro publicou, nesta terça-feira, 9, a Lei 4.863, sancionada pela governadora Rosinha Garotinho, proibindo as operadoras de telefonia celular do Estado de enviar torpedos com fins promocionais para seus usuários. De autoria do deputado estadual Alessandro Molon (PT), a Lei estabelece que o envio deste tipo de mensagem só será permitido mediante autorização prévia dos usuários. As operadoras deverão consultar sua base de clientes no prazo de 60 dias, por ligação telefônica ou envio de formulário, sem cobrar nada dele por isso. A legislação se estende às mensagens enviadas por correio de voz ou caixa postal. (WNEWS, 2006) A ação móvel bem-sucedida acontece quando uma marca entender que deve gerar uma contrapartida relevante para o usuário em troca de interrompê-lo em meio a seu escasso e valioso tempo. Deve-se considerar aspectos como a inconveniência, o uso de sua bateria, de seu dinheiro, para que obtenha permissão para entrar em seus 25 cm2 de tela (EDUARDO LINS, 2006). Afinal, o ideal são ações reativos às solicitações do cliente, nunca invasivas (BLAZOUDAKIS, SVACINA E ALBUQUERQUE PEREIRA, 2007). Segundo Adler e Firestone (2002), quando optam por fornecer dados pertinentes sobre si mesmos, os consumidores podem receber informações mais relevantes sobre o produto e ajudar os anunciantes a servi-los de maneira mais econômica e eficiente. Para isso, temos que considerar que existem 5 passos para a realização de um marketing de permissão de sucesso49: 1. Oferecer ao prospecto um incentivo para se voluntariar; 2. Usar a atenção concedida, ensinando o prospecto sobre o produto ou serviço; 3. Reforçar o incentivo de tempos em tempos para garantir que o prospecto mantenha a permissão concedida; 4. Personalizar mais e mais o relacionamento e adquirir ainda mais permissão; 5. Com o passar do tempo, alavancar a permissão adquirida para orientar o comportamento do consumidor em direção a vendas. 5.10.2 Conteúdo Sem o respaldo de uma razão que justifique o envio de mensagens, as ações de mobile marketing, normalmente, tendem ao fracasso. Para Vincent Vader (2006), um bom conteúdo fora de contexto não funciona, é preciso achar o timing da campanha, ser claro na oferta e direto na comunicação dos benefícios. Para Vader sintetizar é fundamental, pois no mobile marketing o menos é mais. O mais importante elemento do mobile marketing é um conteúdo que interesse ao usuário (MORAES, 2006). Uma questão implícita ao conteúdo da mensagem é a geração de experiência, afinal, . o simples fato de receber um conteúdo não gera experiência necessariamente. É preciso surpreender, inovar, criar, transferindo para o usuário alvo da campanha um valor agregado que realmente torne sua experiência interessante. 49 De acordo com informações divulgadas no E-MBA em planejamento e gestão de marketing digital, realizado pela Fecap e o Igroup no ano de 2005. 37 Pesquisa realizada pela Millward Brown na Alemanha, Itália e Reino Unido (outubro de 2007) mostrou que os consumidores estão particularmente abertos a campanhas que lhes entreguem valor, e não apenas uma mensagem publicitária. Inserções de publicidade em músicas, vídeos e jogos para celular que podem então ser adquiridos de graça, ou a preços reduzidos por serem patrocinados por marcas, são vistos como algo positivo ou muito positivo por entre 60% e 90% dos consumidores expostos, a depender do tipo de conteúdo. Além disto, se a mensagem publicitária é segmentada o suficiente a ponto de atender aos interesses do consumidor, individualmente ou em comunidade, observa-se taxas de conversão elevadas. 5.10.3 Segmentação A demanda atual do consumidor, unida a gama de serviços/produtos oferecidos pelas companhias e o aumento na disputa pela vantagem competitiva despertaram a necessidade da segmentação no quesito comunicação com o cliente. E, naturalmente, a construção de um perfil aumenta a probabilidade nas vendas (KAREN VEDOVELI, 2007). Obviamente esse tipo de mídia (mobile marketing) vai gerar maior efetividade da publicidade, uma vez que a segmentação do público poderá ser muito maior (ROMÁN, GONZÁLEZ-MESONES E IGNÁCIO, 2007). Segundo Vader (2006), se conhecermos uma característica favorável sobre o público, devemos usá-la como vantagem, se não, é melhor ficarmos quietos. Não há nada pior que receber ofertas de produtos masculinos quando se é mulher e vice-versa. Esse é um tipo de erro que pode comprometer, definitivamente, a credibilidade da campanha. 5.10.4 Personalização A personalização diminui o tempo levado para encontrar e desenvolver produtos e proporciona conveniência e agilidade no processo de aquisição de produtos e/ou serviços de uma empresa. Com base nos dados históricos de um cliente, é possível identificar suas preferências. (...) diferenciar e personalizar são condições básicas para maior destaque no mercado. (VEDOVELI, 2007). Vader (2006), afirma que tratar as pessoas pelo nome é mostrar que sabe o que elas querem. O fato de o celular ser, irrefutavelmente, de uma única pessoa estabelece uma barreira de privacidade, mas, ao mesmo tempo, gera a oportunidade da personalização e do interesse do usuário por tudo que o torne singular. 5.10.5 Imersão O termo imersão é derivado do latim immersione e refere-se ao ato ou efeito de imergir; mergulho. A ação móvel deve, preferencialmente, se integrar de modo intuitivo ao cotidiano do usuário. Ou, pelo menos, fazer uso produtivo deste. (LINS, 2006). 5.10.6 Saturação Em mídia, a saturação é refletida na veiculação excessiva da mesma peça publicitária, que acaba irritando o target e sendo contraproducente. Hoje, tal saturação de processa também na imensa quantidade de mensagens e o constante bombardeio de informações que os consumidores estão sujeitos. O fato é que uma peça publicitária concorre com muitas outras, precisando se destacar para ser percebida pela audiência. O primeiro objetivo das agências de publicidade e anunciantes, portanto, é desenhar peças que se sobressaiam, que rompam com monotonia e que 38 chamem a atenção. Acreditamos que a evolução das mídias será orientada ao desenvolvimento de mecanismos publicitários que tenham um baixo nível de saturação... (ROMÁN, GONZÁLEZMESONES E IGNÁCIO, 2007). 5.10.7 Interatividade No mobile marketing a interatividade é compreendida como a transferência de informações pelo mesmo meio, bidirecionalmente, em tempo real e online, ou seja, é a possibilidade de o usuário interferir na informação transmitida. Os usuários podem e devem interagir com sua campanha no momento em que entram em contato com esta (LINS, 2006). Quando a interação do público com a marca ou empresa se dá de forma positiva, só traz bons resultados, entre eles o aumento da possibilidade de torná-lo um consumidor em potencial, além de obter dados valiosos sobre os mesmos. Uma vez que a audiência tenha sido bombardeada com um número limitado de anúncios, que contenham assuntos previamente escolhidos por ela, o anunciante maximizará a eficácia de sua campanha facilitando o diálogo voluntário entre ele e seu público-alvo. Campanhas e ações que promovem interatividade pelo celular são as que têm melhor resultado (ROMÁN, GONZÁLEZMESONES E MIRANDA, 2007). 5.10.8 Monitoração Medir e avaliar o retorno das múltiplas ações segmentadas para atender o que funcionou melhor (e pior) e o porquê, é fundamental para que se obtenha cada vez mais relevância e sucesso. Há pouco tempo fazer isso era caro e demorado. Da segmentação da base de pessoas a serem atingidas até o retorno das malas-diretas ou ações de telemarketing, perdia-se um tempo precioso para analisar os resultados e dar o próximo passo. Com o surgimento do mundo virtual, da internet e de todos os meios digitais, essa situação mudou drasticamente. Hoje é possível disparar milhares (ou milhões) de mensagens customizadas em tempo recorde e a um custo mínimo. E as respostas são imediatas, possibilitando identificar eventuais reforços ou correções de rumo também em tempo recorde, o que permite aumentar a eficácia e rentabilidade das campanhas de forma absurda, em tempo real e sem dispersões. 5.10.9 Spam Termo usado para se referir aos e-mails não solicitados, que geralmente são enviados para um grande número de pessoas. Quando o conteúdo é exclusivamente comercial, este tipo de mensagem também é referenciada como UCE (do Inglês Unsolicited Commercial E-mail). Dessa forma a grande questão no mobile marketing é saber como esta nova mídia pode ser utilizada pelos anunciantes sem ultrapassar os limites de tolerância em um mundo já tão conectado, massificado e poluído por informações de todo o tipo? Um dos consensos em toda a cadeia de produção e distribuição de conteúdos comerciais nesta nova mídia é que não podemos permitir que aconteça com o celular o mesmo que ocorreu com o spam na Internet (BLAZOUDAKIS, SVACINA E ALBUQUERQUE PEREIRA, 2007). 39 Ou seja, é fundamental termos em mente que devemos evitar definitivamente os mesmo erros do e-mail marketing. Imaginar o fato de torpedos serem vistos como spans, não é nada agradável e pode levar tudo por água abaixo. Precisamos encontrar o limite para uma interação eficaz50. Precisamos ter em mente que o planejamento da mídia precisa combinar de maneira sábia todos estes fatores para obtermos os melhores resultados. É imprescindível definir claramente a forma de impactar o target e promover seu interesse pela troca de mensagens, obtendo desta maneira mais informações sobre os mesmo, possibilitando personalizar cada vez mais as mensagens e oferecer serviços/produtos que os levem a comprar por impulso. Claro que antes de tudo isso, não podemos esquecer que a permissão dos usuários é primordial e que a relevância do conteúdo é básica. Além disso, é importante monitorar a campanha todo o tempo e ter um enorme cuidado para não promover a propagação dos tão indesejáveis spans no celular. 5.11 Dificuldades a serem superadas Embora tenhamos visto as diversas possibilidades e vantagens do mobile marketing, não podemos fechar os olhos para algumas das dificuldades que encontraremos pela frente. Dentre elas, a proteção excessiva das operadoras em relação aos seus usuários. Pois, para executarmos uma ação de mobile marketing precisamos contar com a parceria das operadoras e, caso estas não estejam dispostas a cooperar, a ação se torna impossível. Em suma, ainda existe a carência de um modelo de negócio claro entre operadoras, agências, anunciantes e integradores. Um outro problema, discutido na Feira de Telecomunicações Móveis 3GSM realizada este ano em Barcelona, foi o preço elevado dos celulares e das tarifas de utilização dos serviços. O Brasil fez uma revolução no acesso às comunicações nos últimos dez anos, mas a população ainda paga uma fortuna para desfrutar da instantaneidade do celular. Segundo estudo recém-concluído do banco de investimentos Merrill Lynch, com dados do primeiro semestre de 2007, os consumidores brasileiros pagam a quarta tarifa de telefone móvel mais cara do mundo, cerca de US$ 0,26 o minuto, já levando em consideração na conversão o poder de compra em cada país51. Na feira, houve destaque para o fato de que um aparelho com telas de 2,5 polegadas é vendido, hoje, a preços semelhantes dos de televisores de 32 polegadas e esse é o grande fator que levou a TV móvel a não decolar, até agora. Mas, alguns fabricantes já aproveitaram o ensejo para lançar modelos mais baratos, o que nos amplia a esperança de este deixar de ser mais um empecilho no futuro do mobile marketing. Principalmente, depois das perspectivas expostas pelos pesquisadores da Strategy Analytics, ao prever que, em 2007, 20 milhões de celulares, capazes de receber sinais de televisão móvel, seriam vendidos este ano, o que corresponde a 2% do mercado total de celulares em termos de volume. A tecnologia também foi vista como um grande freio para o uso intensivo do mobile marketing. Esta afirmativa partiu de Román, González-Mesones e Marinas, no livro Mobile Marketing: A Revolução Multimídia, que justifica sua posição ao citar que campanhas baseadas em conteúdos de multimídia que contenham imagem, música e/ou vídeos têm possibilidades limitadas de serem implementadas de forma massiva pela reduzida quantidade de celulares com todas essas características, unida à falta de hábito dos usuários em usar todas as funcionalidades que o aparelho oferece. A preocupação em acostumar os consumidores à usar as novas tecnologias, é um dos principais desafios das empresas do setor. 50 Uma Pesquisa DataCidade, outubro de 2003, da UniverCidade do Rio de Janeiro informou que usuários entre 13 e 32 anos anos acham plausível receber, em uma semana, de 3 a 5 SMS com mensagens relevantes. 51 Informações disponíveis em: <http://www.pernambuco.com/ultimas/nota.asp?materia=20071028123816&assunto=36&onde=1>. Publicação: 28 out. 2007. Brasil tem quarta maior tarifa de celular do mundo - Da Agência O Globo. Acesso: 30/11/2007. 40 Na américa Latina, existem países que possuem uma média de consumo mensal de mensagens de texto cerca de 20 vezes maior que no Brasil. (o Brasil tem um dos níveis mais baixos de envio de SMS do mundo). Mas é claro, que não podemos deixar de lado o fato de que é muito provável que essa realidade esteja diretamente ligada a questão das altas tarifas, expostas anteriormente, só que desta vez é em relação aos SVA. Enquanto que no Brasil um envio de mensagem pelo celular (SMS marketing) custa em média R$ 0,30, na Argentina o valor por envio é de apenas R$ 0,09. O reflexo deste alto custo é o volume de mensagens enviadas nos dois países.52 A Argentina, com pouco mais de 2,7 bilhões de textos por mês, ultrapassa e muito o volume de 750 milhões de mensagens enviadas no Brasil, apesar do tamanho da base instalada. Por fim, temos a questão da remuneração. Neste aspecto, precisamos de 3 movimentos básicos para o mercado deslanchar: (1) definição de modelo e propriedades de mídia por todas operadoras, (2) conhecimento das agências dos formatos possíveis e (3) agressividade dos anunciantes para experimentar uma nova mídia.53 Ainda há quem levante uma questão bem mais polêmica. Para uma agência tradicional, o volume em bonificação por essa ação é infinitamente menor que qualquer página de revista, apesar de, na maioria dos casos, ser muito mais efetiva. Outro aspecto é que há alguns anunciantes/clientes que vêem o mobile marketing como algo voltado apenas para o público jovem com o agravante da percepção errônea de muitos profissionais ao entenderem que o Mobile Marketing se resume ao envio de mensagens SMS. Nossa intenção portanto, com essa pesquisa foi provar que o Mobile Marketing é muito mais que SMS e que apresenta uma infinidade de formatos para alcançar o público desejado, seja ele jovem ou não. Certamente, acreditamos que em um futuro bem próximo, todas essas dificuldades serão resolvidas, principalmente se cada vez mais novos estudos surgirem. CONSIDERAÇÕES FINAIS Enquanto realizávamos esta pesquisa nos deparamos com as evidências de o processo de revolução digital está interferindo, sobremaneira, no consumo de mídia e no comportamento da sociedade. Por meio de relatos, dados de pesquisas, resultados de ações empreendidas com mídia móvel, reportagens e depoimentos, pudemos perceber que os meios tradicionais também estão sentindo o reflexo desta nova realidade virtual e, como resultado, já se descortina uma mudança no sentido de acompanhar os novos formatos de construção das mensagens publicitárias, que têm como ponto chave a desmassificação. De fato, submersos na revolução tecnológica os gestores dos meios de comunicação já discerniram que o consumidor de hoje tem o poder de selecionar e excluir aqueles veículos mais obsoletos e aceitar os mais produtivos. Nesse sentido a expressão “update or die” torna-se um lema para todos aqueles que pretendem manterem-se vivos e inseridos no mundo digital. Com efeito, a forma passiva de recepção de informações já faz parte do passado. O novo “receptor”, agora chamado de consumidor 2.0, se impõe e participa do processo comunicativo, produzindo conteúdo e expondo para todos o que pensa a respeito de tudo, principalmente das marca expostas no cenário midiático. O controle agora está nas mãos da Geração M, a geração de pessoas que não têm tempo a perder, cuja essência é de multitarefa. Neste contexto, a era digital trouxe para nós, profissionais da propaganda, inovadoras possibilidades para atingir públicos novos, agora ultrasegmentados e donos do “pedaço”. Isso é 52 53 Segundo João Cox, Presidente da Claro. Leonardo Xavier, em entrevista à Revista Meio e Mensagem (11/02/2008). 41 possível porque são infinitas as pontencialidades das chamadas novas mídias, mídias que nos propõem a realização de um marketing one-to-one, convergente e interativo. É nesse contexto que o nosso objeto de estudo, o celular, se destaca. Um objeto que, de item de luxo, passou a produto necessário, e de instrumento necessário transmutou-se a item de entretenimento e, hoje faz parte da vida de seus usuários, muitas vezes gerando nestes, extrema dependência. Prova disso é que muitos de nós não nos desconectamos deles por nada. O mais interessante, entretanto, é que a função primária, que antes o aparelho tinha, deixou de ter destaque. Apenas falar não basta, o que se quer é usufruir de todas as funcionalidades que o telefone celular oferece em prol da nossa vida móvel. Essa nova ferramenta, que na verdade não é tão nova assim, torna-se inovadora a partir do momento que nos permite ter em mão todos os meios de comunicação: o rádio, a revista, o jornal, a TV e principalmente a internet - funções que tendem a se tornarem mais evidentes com a tecnologia 3G. O celular passa a ser, então, o controle remoto interativo do nosso cotidiano. Desta forma, o marketing móvel se mostra como um novo e inteligente modelo de ação de mídia para quem quer atingir seu público de forma eficaz, e com garantia de ótimos resultados. Por fim, ao tecer as considerações finais da pesquisa que empreendemos, temos que pontuar que seria pretensioso de nossa parte, apenas com esse estudo, prever o ofuscamento dos meios tradicionais, afinal muitas outras revoluções aconteceram nas comunicações e, por exemplo, o meio mais antigo, o jornal, sobreviveu ao surgimento da revista, do rádio, da TV, mesmo sendo, por vezes, considerado como o “veículo de ontem”. Para nós, estudiosos e profissionais da propaganda, desde o despontar das tradicionais mídias até a mobilidade tecnológica, estamos sempre no começo de uma história. Destarte, mesmo sabendo da dificuldade de fazer projeções sobre o futuro, nos atrevemos a dizer que, em um futuro muito breve, o telefone móvel conseguirá abocanhar mais e mais o mercado das mídias tradicionais, nem que seja por meio da convergência com as mesmas. Para muitos pode até parecer assustador, mas para aqueles que pensam além do mundo do “real time”, a utilização do celular como mídia publicitária tende a ser o fio invisível que os liga diretamente ao target, a qualquer hora e a qualquer lugar. Afinal, estamos falando da mídia on-the-go. Em suma, o celular de hoje é o fruto palpável do processo de convergência dos meios, tornando-se uma ferramenta essencial à confirmação e conformação do poder do usuário - através do suporte e da produção do conteúdo – o que transforma tal mídia em um poderoso contribuinte na otimização do tempo da geração multitarefa. 42 REFERÊNCIAS CONSIDERAÇÕES FINAIS ADLER, Richard; FIRESTONE, Charles. A conquista da atenção: a publicidade e as novas formas de comunicação. São Paulo: Nobel, 2002. 95p. AUSTIN, Mark; AITCHISON, Jim. Tem alguém aí? As comunicações no século XXI. São Paulo: Nobel, 2006. 204p. DIZARD JUNIOR, Wilson. A nova mídia: a comunicação de massa na era da informação. 2. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 2000. 324 p. FERRARIO, Circe. Novas mídias e velhos formatos. saturação, pulverização, convergência e novas mídias: como tudo isso interfere na propaganda que fazemos hoje. Recife, 2006. GALINDO, Daniel dos Santos. Propaganda inteira & ativ@. São Paulo: Futura, 2002. 205p. HOINEFF, Nelson. A gaiola se abre. E a audiência voa. Observatório da Imprensa. Publicação: 09 nov. 2007. Disponível em: <http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod =454TVQ002>. Acesso: 15 nov. 2007. ROMÁN, Fernando; GONZÁLEZ-MESONES, Fernando; MARINAS, Ignácio. Móbile Marketing: a revolução multimídia. São Paulo: Thomson Learning, 2007. NEGROPONTE, Nicholas. A vida digital. São Paulo: Companhia das Letras, 1995. 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