Bio-Parque de Monchique - Câmara Municipal de Monchique
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Bio-Parque de Monchique - Câmara Municipal de Monchique
05. Abril .03 Dossier Documental 1 . Bio-Parque 05. Abril .03 Dossier Documental 1 . Bio-Parque 2 . PDM 3 . Convento 4 . Monscicus 05. Abril .03 Sobre Monchique... GEOGRAFIA E DEMOGRAFIA O concelho de Monchique é um concelho interior, inserido no distrito de Faro. Na região do algarve, Monchique integra a subregião do Barlavento Algarvio, estando limitado a Norte pelo concelho de Odemira, a Sul pelos concelhos de Portimão e Silves, a Este pelo concelho de Silves e a Oeste pelo concelho de Aljezur. O concelho de Monchique tem uma superfície de 396 km2, a sua população é de 6 974 habitantes (censos de 2001), o que corresponde a uma densidade média inferior a 20 hab./km2. O povoamento concelhio é do tipo disperso, com um único polo de razoável dimensão, a sede da freguesia e do concelho, onde reside 77% da população concelhia. A restante população encontrase distribuída pelas outras duas freguesias que compõem o concelho, Alferce e Marmelete. Para além da sede concelho e das freguesias existem ainda 19 áreas de edificação dispersa. 05. Abril .03 FACTORES EDAFO-CLIMÁTICOS E PAISAGÍSTICOS A serra de Monchique divide-se, na sua maior altitude, em dois picos bem distintos: - A Fóia, com a altitude de 902 m acima do nível do mar; - A Picota, com a altitude de 774 m. Do soco de xisto inclinado para sul levanta-se um maciço de sienito, de vertentes abruptas, mas arredondadas. Os principais picos revestem-se de um coberto arbóreo denso e marcado pela diversidade. O clima é caracterizado por apresentar no Inverno uma elevada pluviosidade e temperaturas baixas e no Verão fraca humidade e temperaturas elevadas. A proximidade do Oceano e o relevo explicam a frequência de nevoeiros e granizos, as quedas de neve ocasionais, os elevados valores de nebulosidade, de humidade relativa e de pluviosidade. As características geo-morfológicas permitiram, ao longo dos tempos, a criação de uma paisagem agrária, sempre verdejante, com culturas variadas, em terraços escalonados, regados e explorados durante todo o ano. Associam-se, habitualmente, árvores de fruto com culturas arvenses, entre as quais figuram os citrinos, macieiras e oliveiras. A área de floresta é significativamente extensa, abrangendo cerca de 85% da área do concelho. 05. Abril .03 A vegetação natural que cobre a serra constitui um bom indicador deste misto de microclimas resultantes das inter-influências dos factores climáticos, latitude, proximidade do mar, regimes de vento e orografia. A maior parte do concelho está englobado na Rede Natura 2000. As zonas envolventes da Fóia e da Picota estão classificadas como Espaço Natural de Grau I, no PDM Municipal. BIODIVERSIDADE O conjunto montanhoso da Serra de Monchique é uma zona com características muito próprias, onde existem habitats específicos, determinados pela conjugação dos diversos factores biofísicos, factos que possibilitaram, ao longo dos anos, o estabelecimento de grande diversidade de espécies animais e vegetais. As adelfeiras, os azevinhos, os medronheiros, os rododendros e diversos tipos de giestas, tojos e urzes, constituem o pano de fundo da vegetação original, que permanece com exuberância. Este pano de fundo, desdobra-se contudo, em diversas particularidades que permitiram catalogar catorze tipos distintos de “habitat ” naturais onde, proliferam diferentes tipos de mamíferos, répteis e aves, de destacar a Lontra, a Águia de Bonelli e eventualmente o Lince Ibérico (a ser provado). 05. Abril .03 ACTIVIDADES TRADICIONAIS E ARTESANAIS Como todas as sociedades rurais, o concelho de Monchique é herdeiro de diversas tradições e actividades artesanais. As dificuldades inerentes à auto-subsistência geraram a necessidade de produção de muitos dos produtos necessários ao dia a dia, mantas, cestos, ferramentas de trabalho, utensílios de barro, mobiliários, enchidos, compotas, medronho, etc... O isolamento das populações, a disponibilidade de mão-de-obra e a variedade de matérias-primas disponíveis contribuíram para o desenvolvimento de um artesanato rico e diversificado, destacando-se as cadeiras de tesoura, a doçaria tradicional, a cestaria, as rendas e bordados e cerâmica. 1 05. Abril .03 Bio-Parque AS DIFICULDADES A realidade económica, social e as complexas relações que a população do concelho de Monchique estabeleceu com o ambiente que, no decurso de uma história ímpar da ocupação humana na região, deixaram marcas indeléveis e originais, consubstanciadas num rico e excepcional património natural e colectivo, constituíram o ponto de partida para estudar e equacionar a aplicação do conceito do BioParque. No contexto local, face às debilidades estruturais detectadas, foi importante perceber a possibilidade de materializar na prática uma ideia, um conceito concreto de desenvolvimento sustentável. O debate que agora se inicia deve abordar, entre outras questões, as seguintes que consideramos cruciais para o projecto: ·o envolvimento da população e o papel dos agentes locais, em primeira linha das entidades com responsabilidades ao nível da gestão do território; ·o difícil relacionamento entre a necessidade de promover o desenvolvimento e um conjunto de novas actividades económicas e a preservação do essencial dos valores culturais, naturais e paisagísticos; ·o enquadramento do diálogo, também complexo, entre a tradição local e a emergência de novos paradigmas culturais, sociais e económicos, no sentido de suscitar um forte sentimento de identidade da comunidade local. O ENQUADRAMENTO 05. Abril .03 A zona do Bio-Parque de Monchique insere-se numa área paisagística e cultural mais vasta, que inclui o contíguo das áreas vizinhas, articulando-se também do ponto de vista histórico e económico com as zonas do Litoral Algarvio que estabelecem a ligação com o mar. Monchique constitui uma “Um Algarve Outro”, com uma identidade geológica e ecológica própria, que se reflecte no modo de vida monchiquense, nomeadamente, nas particularidades da sua vegetação, da sua fauna e nos seus usos, assim como na valorização das suas águas para fins termais. O facto do concelho se localizar no Algarve, a zona turística mais importante do país, constitui um factor determinante para a compreensão das suas dinâmicas locais. Do ponto de vista da sua caracterização sócio-económica, o concelho de Monchique identifica-se particularmente com o resto do interior serrano Algarvio, sendo válida a asserção de que o “interior Serrano do Algarve é uma região com elevados índices de desertificação e com elevado envelhecimento populacional”. A análise sócio-económica do território do Bio-Parque aponta para um território cuja sustentabilidade se encontra ameaçada. O desenvolvimento turístico da costa Algarvia e o declínio das actividades rurais tiveram um forte impacto na paisagem rural, ameaçando o seu valor económico, social, estético e simbólico. A emigração e o aumento das residências secundárias resultaram numa comunidade dispersa no espaço. A destruição ou o falso embelezamento são duas vertentes da rotura da comunidade com o espaço que ocupa. A terra passou a ser espaço de lazer ou de memória, perdendo-se os usos económicos e uma cultura muito identificada com a natureza local. Todos os diagnósticos, sejam eles produzidos por associações para o desenvolvimento local ou por instituições públicas, apontam nas mesmas direcções. O DESAFIO 05. Abril .03 O concelho de Monchique apresenta fragilidades. A primeira ideia é a de que será difícil conceber uma recuperação, uma solução para o território concelhio que não assente no recurso a fortes apoios do exterior, nomeadamente no forte investimento público que, através de projectos “âncora”, viabilize o relançamento de outras iniciativas económicas privadas. A ideia, o conceito de desenvolvimento, nomeadamente na vertente económica, tem que ser muito bem trabalhado. Não cremos que resulte só o Bio-Parque, “separado” de todo o corpo económico do concelho, especialmente da agricultura, actividade muito importante na manutenção do território. Não concordamos que a valorização do património, quer natural, quer edificado, possa ser obra ou constituir “tarefa” exclusiva de especialistas na matéria. Tal desafio é acima de tudo um “trabalho” para a população local, com o seu saber fazer, as suas tradições, a sua cultura. A saturação do litoral abrirá novas oportunidades, nomeadamente através da diversificação da actividade económica e da oferta turística. Mas não cremos que se possa ignorar aquelas que sempre foram actividades tradicionais desta zona, como a agricultura, a silvicultura, a pastorícia. O Bio-parque não pode ignorar a realidade económica local, porque dela poderá depender o seu sucesso: · As actividades propostas pelo projecto do Bio-Parque articulam-se directamente com as actividades económicas locais, já que retomam algumas das práticas tradicionais mais adaptadas à protecção da natureza. Estas permitem dar-lhe um enquadramento turístico mais compatível com o mercado actual e, complementarmente, no sentido da agricultura multifuncional ou da procura de novos mercados para as produções locais; 05. Abril .03 · A recuperação e valorização das produções locais e tradicionais, são uma das formas de valorizar o produto turístico de natureza, de relançar a auto-estima e de valorizar os saberes locais. São formas de criar adesão ao projecto; . As características do projecto integram de forma íntima o espaço e as actividades tradicionais; . Existe uma procura identificada em relação aos tipos utilização pode proporcionados pelocomo Bio-Parque O de Bio-Parque constituir-se um elemento catalisador, elemento-chave para a recuperação da zona, na medida em que conseguir difundir bons exemplos e boas práticas. O Bio-parque não pode ser uma espécie de pérola numa paisagem a mostrar sinais de abandono porque tal marcará negativamente o projecto. Este projecto terá mais condições para sobreviver e cumprir os seus objectivos, não só sendo exemplar, mas também conseguindo servir de pilar a um projecto mais global, integrado, para o território em discussão. Neste sentido, o Bio-Parque terá que procurar interpretar as mudanças em curso na Comunidade Europeia e equacionar uma estratégia integrada de recuperação de médio e longo prazos, compreendendo que a natureza e a escala dos problemas identificados tornam algo difícil a obtenção de resultados no curto prazo. Os conceitos a desenvolver devem contemplar essas evoluções, como é o caso da agricultura multifuncional e a sua importância crescente para o desenvolvimento local. O MODELO 05. Abril .03 A concepção e implementação de um projecto integrado territorialmente, com o Bio-Parque, implica a necessidade de se equacionar um modelo de gestão. Numa primeira fase é importante definir os objectivos e prioridades de desenvolvimento para o território, estudar a melhor maneira de mobilizar e envolver os agentes locais e por fim equacionar e avaliar um esquema geral de Financiamento. Numa fase subsequente, e no que respeita a uma possível antecipação das etapas fundamentais, antevemos em esboço o seguinte calendário: 1.Definir o território a partir dos princípios determinados no Estudo Prévio; 2.Identificar de forma exacta os promotores; 3.Criar o Projecto Integrado Territorial / Bio-Parque; 4.Montar o projecto, identificar os agentes locais e fontes de financiamento; 5.Definir as fases de implementação; 6.Estabelecer uma metodologia de avaliação contínua. A Gestão do Bio-Parque deverá ser realizada por uma associação a constituir, esta deverá integrar entidades públicas e privadas devendo ter um apoio inequívoco comunitário e da Administração Central. A constituição da associação, no âmbito do projecto do BioParque, permitirá uma melhor articulação e harmonização dos esforços dos diferentes agentes de desenvolvimento local. É da articulação das diferente actividades económicas, dos actores sociais locais e regionais, entendidos num espaço especificamente caracterizado, que o Bio-Parque ganha sentido e exequibilidade. 05. Abril .03 2 PDM No PDM de Monchique está consignada a existência de 3 núcleos de desenvolvimento turístico que representam um total de 2500 camas. Estes núcleos de desenvolvimento turístico (NDT) são por excelência áreas vocacionadas para a realização de empreendimentos turísticos: NDT das Caldas de Monchique - 1000 camas. NDT da Fóia - 800 camas. NDT da Picota - 700 camas. Prevê-se, igualmente, que no espaço florestal do concelho se possam instalar unidades hoteleiras com capacidade até 500 camas. Por último, em toda a área do concelho é possível desenvolver outras unidades turísticas, nomeadamente, unidades de turismo rural, agroturismo e turismo de habitação. 05. Abril .03 3 Convento O convento da Nossa Senhora do Desterro foi fundado em 1631 por D. Pêro da Silva, vice-rei da Índia, tendo a Ordem terceira Regular de S. Francisco tomado a sua posse em 20 de Março de 1632. Durante a sua permanência no Convento, os frades tiveram um papel preponderante na Vila de Monchique, quer como dinamizadores do ensino e da assistência social, quer como agentes da cultura local. O Convento, definitivamente abandonado pelos frades em 1834, ficou seriamente danificado com o terramoto de 1755 e é de supor que alguns dos estragos já tivessem sido provocados pelos terramotos de 1719 e 1722. Dado o inegável valor patrimonial do imóvel (classificado como de valor concelhio) e atendendo ao seu adiantado estado de ruína, torna-se de extrema importância e urgência realizar uma intervenção profunda no edifício. 05. Abril .03 Com a sua recuperação devolver-se-á ao imóvel a sua dignidade, evitando-se a perda de tão valioso património histórico-cultural. Torna-se igualmente importante uma intervenção paisagística, aproveitando a vegetação abundante e densa, os vários tanques e socalcos. Uma vez recuperado, o Convento da Nossa Senhora do Desterro, aliado à panorâmica que daí se desfruta e à sua área envolvente, tornam este local num obrigatório ponto de visita, de elevado interesse sócio-cultural, turístico e económico para Monchique e para o Algarve. A Câmara Municipal de Monchique lançou um concurso público internacional, sob a forma de anonimato, para a selecção do concorrente que iria elaborar o “projecto de execução para a ampliação, recuperação, conservação, consolidação e utilização do Convento de Nossa Senhora do Desterro de Monchique e arranjos dos espaços exteriores”. O Convento será utilizado como estalagem ou pousada, com áreas para actividades culturais, mantendo o seu carácter de culto. Os exteriores têm um papel preponderante no conjunto. Presentemente, a equipa vencedora encontra-se a executar o projecto de execução, com o objectivo de lançar o concurso de construção. O projecto contempla 2 suites e 22 quartos duplos, num total de 48 camas, para além de todas as áreas de serviço necessárias ao bom funcionamento do empreendimento e arranjos exteriores. 05. Abril .03 4 Monscicus Situada em plena Serra de Monchique, a vinte minutos de Portimão, no sítio do Belém, ergue-se a antiga “Estalagem Mons Cicus”, detentora de uma vista privilegiada sobre o litoral do Barlavento Algarvio, estendendo-se de Albufeira a Vila do Bispo. Inserida numa zona de floresta luxuriante, a apartir das suas varandas é possível descansar junto a árvores seculares, escutar os sons da água e o canto das aves. Enquanto aprecia os sabores da serra e da terra, a comida tradicional, a doçaria e o medronho. O edifício que funcionou durante vários anos como unidade hoteleira, tem uma área de construção de 7300 m2, encontrando-se o local dividido nas seguintes zonas: - zona de acesso à estalagem; - parque de estacionamento para 60 viaturas ligeiras; - Zona recreativa, incluindo duas piscinas, um campo de ténis, parque infantil e zona ajardinada. A “Mons Cicus” estabelecimento hoteleiro, com 10 quartos e capacidade para vinte camas, encontra-se de momento encerrado, necessitando o imóvel de algumas reparações. Este equipamento, propriedade da autarquia, tem um elevado potencial turístico, prevêndo-se a sua adaptação e ampliação de modo a responder às actuais exigências.