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Universidade Positivo Mestrado Profissional em Gestão Ambiental ENERGIA E RESÍDUOS NA UNIVERSIDADE POSITIVO (UP): PROMOÇÃO DO USO SUSTENTÁVEL A PARTIR DE AÇÕES AMBIENTAIS EDUCATIVAS JAIR BORDIGNON CURITIBA 2011 JAIR BORDIGNON ENERGIA E RESÍDUOS NA UNIVERSIDADE POSITIVO (UP): PROMOÇÃO DO USO SUSTENTÁVEL A PARTIR DE AÇÕES AMBIENTAIS EDUCATIVAS Dissertação apresentada como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Gestão Ambiental do curso de mestrado Profissional em Gestão Ambiental, Universidade Positivo (UP). Orientador: Prof. Paulo Roberto Janissek Co-orientadora: Profª. Leila Teresinha Maranho CURITIBA 2011 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Biblioteca da Universidade Positivo - Curitiba - PR B729 Bordignon, Jair. Energia e resíduos na Universidade Positivo (UP): promoção do uso sustentável a partir de ações ambientais educativas / Jair Bordignon. ― Curitiba : Universidade Positivo, 2011. 116 f. : il. Dissertação (mestrado) – Universidade Positivo, 2011. Orientador : Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek. Co-orientadora : Prof. Dr. Leila Teresinha Maranho. 1. Sustentabilidade. 2. Gestão Ambiental em IES. 3. Educação Ambiental. 4. Energia. 5. Resíduos. I. Título. CDU 504 TÍTULO: “ENERGIA E RESÍDUOS NA UNIVERSIDADE POSITIVO (UP): PROMOÇÃO DO USO SUSTENTÁVEL A PARTIR DE AÇÕES AMBIENTAIS EDUCATIVAS” ESTA DISSERTAÇÃO FOI JULGADA ADEQUADA COMO REQUISITO PARCIAL PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE MESTRE EM GESTÃO AMBIENTAL (área de concentração: gestão ambiental) PELO PROGRAMA DE MESTRADO EM GESTÃO AMBIENTAL DA UNIVERSIDAE POSITIVO. A DISSERTAÇÃO FOI APROVADA EM SUA FORMA FINAL EM SESSÃO PÚBLICA DE DEFESA, NO DIA 3 DE OUTUBRO DE 2006, PELA BANCA EXAMINADORA COMPOSTA PELOS SEGUINTES PROFESSORES: 1) Prof. Dr. Paulo Roberto Janissek – Universidade Positivo (Presidente); 2) Profª. Drª. Helena Maria Wilhelm – LACTEC/PIPE (Examinadora); 3) Profª. Drª. Selma Aparecida Cubas – Universidade Positivo (Examinadora); 4) Prof. Dr. Klaus Dieter Sautter – Universidade Positivo (Examinador); 5) Profª. Drª. Leila Teresinha Maranho - Universidade Positivo (Co-Orientadora); CURITIBA – PR, BRASIL _______________________________________________ PROF. DR. MAURÍCIO DZIEDZIC COORDENADOR DO PROGRAMA DE MESTRADO E DOUTORADO EM GESTÃO AMBIENTAL (PMGA-UP) DEDICATÓRIA “À minha esposa Cristina, pelo apoio, compreensão e incentivo. Ao meu querido filho Pedro Henrique que acaba de chegar”. AGRADECIMENTOS À Universidade Positivo pela oportunidade na realização deste mestrado. Aos meus orientadores Paulo Roberto Janissek e Leila Teresinha Maranho que me incentivaram para entrar neste programa de mestrado e desde o início com seu apoio, ponderações e sugestões que contribuíram muito no desenvolvimento desta dissertação. Ao meu coordenador Maurício Dziedzic que sempre me incentivou. Aos professores do Mestrado Profissional em Gestão Ambiental. Ao Prof. José Pio Martins e Renato Casagrande que sempre me apoiaram no contato com diretores, coordenadores e professores. Ao Prof. Arno Gnoatto que também não mediu esforços no apoio aos horários para que eu pudesse cumprir os créditos. Aos colegas de trabalho e amigos Jefferson Lemos Mottin e Wilson Tapia Lima pela compreensão. Às secretárias Jane e Mari pelo apoio prestado. À Karla Preussler, pela ajuda e apoio incondicional em relação aos levantamentos de dados e aos treinamentos propostos aos funcionários. Aos Inspetores de alunos pela ajuda nos levantamentos e controles realizados nos blocos didáticos. Às secretárias das salas de apoio dos professores da Reitoria e Escola de Negócios. À agência de publicidade PRATICE do curso de Publicidade e Propaganda na ajuda da campanha “Cada Coisa Em Seu Lugar”. A Deus que, sempre presente, iluminou meu caminho. RESUMO As questões ambientais constituem preocupação para todos os setores da sociedade, e alternativas para minimizar os problemas ambientais decorrentes do uso não sustentável da natureza devem ser buscadas de forma integrada e coletiva. Dessa forma, para a obtenção de resultados efetivos, é necessário o envolvimento dos atores ambientais conhecedores, tanto dos problemas quanto das alternativas que possibilitam a adoção de posturas ambientalmente corretas que contribuem com a proteção do meio ambiente. Este trabalho descreve as ações desenvolvidas em uma Instituição de Ensino Superior (IES) com o propósito de incentivar o uso sustentável de energia, a redução na geração de resíduos e a maximização do volume de resíduos segregados. Para maior efetividade, buscou-se o envolvimento de toda a comunidade acadêmica por meio do desenvolvimento de atividades de educação ambiental que tiveram como principal objetivo estimular a participação e conscientização acerca dos problemas que envolvem a questão de resíduos e uso de energia. Em uma primeira etapa, realizou-se um inventário do consumo de energia elétrica e geração dos resíduos no câmpus, no período de 2006 a 2010, como forma de diagnosticar a situação atual. Maior ênfase, entretanto, foi dada ao período de 2008 a 2010, uma vez que coincide com as ações de intervenção educativa. Na sequência, foram implementadas as ações de educação ambiental utilizando-se de diferentes estratégias, como o envio de e-mails para os professores e funcionários; divulgação de resultados parciais, paralelamente, às ações de intervenção; e treinamentos específicos para os funcionários envolvidos diretamente na coleta e segregação dos resíduos, assim como para os funcionários responsáveis pelos cuidados com a energia. Como forma de estimular a participação de todos os frequentadores do câmpus, incluindo, nesse caso, também os alunos, uma campanha intitulada “Cada Coisa Em Seu Lugar” foi idealizada e implementada. Para tanto, foram expostos, em diferentes pontos do câmpus, banners e cartazes; distribuídos, nos portões de acesso ao câmpus, panfletos e sacolas de lixo para serem usadas nos veículos; fixados adesivos nos interruptores de luz, espelhos dos banheiros e vestiários, como forma de lembrar, aos usuários, os cuidados para com o uso sustentável de energia; e desenvolvidas atividades lúdicas com a entrega de brindes como ecobags e botons com a logomarca da campanha. Os resultados obtidos pelos inventários demonstram que, de 2008 para 2009, houve redução no consumo de energia de 11,98% e o aumento no volume de resíduos recicláveis de 12,26% o que, como consequência, reduziu o volume de resíduos orgânicos. As ações de educação ambiental podem ter contribuído com esses aspectos, o que de maneira indireta contribui para a proteção dos recursos naturais. É importante ressaltar o efeito multiplicador da educação ambiental, pois, além da adoção de atitudes em prol da proteção do meio ambiente, os alunos, são cidadãos formadores de opinião, podem replicar as boas práticas ambientais além da IES e contribuir para que seus conviventes se sensibilizem e conscientizem dos problemas ambientais. Palavras-chave: Sustentabilidade; Gestão Ambiental em IES; Educação Ambiental; Energia, Resíduos. ABSTRACT Environmental issues are concerns for all sectors of society, and alternatives to minimize the environmental problems of unsustainable use of nature must be pursued in an integrated and collective. Thus, for effective results it is necessary the involvement of stakeholders and the knowledgeable of both the problems and alternatives to support the adoption of friendly attitudes to protect the environment. This paper describes the actions performed in a Higher Education Institution in order to encourage sustainable energy use, reduction of waste generation and increase the waste segregation. For maximum effectiveness, the entire academic community was envolved through environmental education activities that were done to stimulate the participation and awareness on problems related to waste and energy use. In a first step, an inventory of energy consumption and waste generation on campus, from 2006 to 2010 period was carried out as a way of diagnosing the current situation. Greater emphasis, however, was given to the period from 2008 to 2010, where the educational actions were done. The environmental education were implemented by using different strategies, such as sending e-mails with environmental information to faculty and staff; keep them informed of the intervention actions and results. In parallel a specific training was offered for staff directly involved in the collection and segregation of waste, as well as personal responsible for the energy use. In order to encourage the participation of all visitors on campus, in addition of students, a campaign identified as "everything in its place" was conceived and implemented. As part of the campaign, banners and posters were exposed at different points on campus, and distributed in the campus access gates. It was also distributed flyers and garbage bags for use in vehicles; set stickers on light switches, mirrors in the bathrooms and locker rooms, as a way to remind users about sustainable use of energy. Quiz, games and similar activities were performed with the delivery of gifts as Ecobags and buttons with the logo of the campaign. The results from data analysis shows for the 2008 to 2009 period, a 12% reduction in energy consumption and a increase of 12,3 % in recyclable waste volume that was obtained by better segregation of organic waste. The environmental education may have contributed to achieve positive results and, indirectly, to protect natural resources. It is also important to take in account the multiplier effect of environmental education, since, besides the adoption of right attitudes towards the environment, today's students will be future opinion leaders, and could replicate good environmental practices beyond undergraduate institutions, and stimulate encouraging their peers to adopt friendly practices for the environment. Keywords: Sustainability, Environmental Management on University; Environmental Education; Energy; Waste. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Projeção da participação relativa das principais fontes na demanda global de energia. Fonte: Ministério das Minas e Energia, 2007. 19 Figura 2 – Vista aérea do câmpus da Universidade Positivo. Fonte: Google 55 Earth, 2010. Figura 3 – Consumo de energia elétrica em kWh na Universidade Positivo 66 durante os anos de 2006 a 2009. Figura 4 – Consumo de energia elétrica em kWh por pessoa durante os 69 anos de 2006 a 2009. Figura 5 – Consumo de energia elétrica em kWh por área construída 69 durante os anos de 2006 a 2009. Figura 6 – Comparativo do consumo em kW.h-1 de energia nos anos de 2007, 2008 e 2009 e ações educativas durante o ano de 2009 na 71 Universidade Positivo. Figura 7 – Consumo de energia em kWh por pessoa durante os primeiros 72 seis meses de 2010. Figura 8 – Consumo de energia em kWh por m² de área construída nos 72 primeiros seis meses de 2010. Figura 9 – Dados obtidos na fase monitoramento em relação ao uso dos projetores multimídia, luzes e ventiladores das salas de aulas durante o mês 73 de setembro de 2009 na Universidade Positivo. Figura 10 – Dados obtidos em relação ao uso dos projetores multimídia, luzes e ventiladores das salas de aulas durante o mês de novembro de 74 2009, após ação educativa. Figura 11 – Quantidade de resíduos orgânicos em kg.mês-1 gerados na 81 Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. Figura 12 – Quantidade de resíduos de jardim em kg.mês-1 gerados na 81 Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. Figura 13 – Quantidade de resíduos recicláveis (papel, plástico e metal), gerados em kg.mês-1 na Universidade Positivo entre os anos de 2006 a 85 2009. Figura 14 – Quantidade de resíduos de lâmpadas gerados em unid. mês -1 87 na Universidade Positivo entre os anos de 2006 a 2009. Figura 15 – Quantidade de resíduos de químicos e biológicos gerados em 89 kg.mês-1 na Universidade Positivo entre os anos de 2006 a 2009. Figura 16 – Redução da geração resíduos orgânicos no período de estudo. 91 Figura 17 – Consumo de copos descartáveis antes e depois da ação 92 educativa no ano de 2009. Figura 18 – Segregação de resíduos de papel, metal e plástico e orgânico na sala dos professores da Reitoria e na sala dos professores da Escola de 93 Negócios durante fase de monitoramento no mês de setembro de 2009. Figura 19 – Segregação de resíduos de papel, metal, plástico e orgânico na sala dos professores da Reitoria e na sala dos professores da Escola de Negócios durante fase de avaliação no mês de novembro de 2009, após 93 ação de educação ambiental. Figura 20 – Material usado na campanha. a) Banner; b) Cartaz. 97 Figura 21 – Material usado na campanha. a) Folders; b) Adesivos. 97 Figura 22 – Material usado na campanha. a) Adesivos fixados nas mesas das praças de alimentação; b) Adesivos explicativos aplicados sobre as lixeiras dos blocos. 98 Figura 23 – Adesivos aplicados nos vestiários do centro esportivo e 99 vestiários dos funcionários. Figura 24 – Adesivo colado nos vestiários do centro esportivo e vestiários 100 dos funcionários. Figura 25 – Ecobag utilizada na Campanha. 100 LISTA DE QUADROS Quadro 1 – Plano das ações de Educação Ambiental realizadas com os professores da UP. 61 Quadro 2 – Plano das ações de Educação Ambiental realizadas com os funcionários da UP. 62 Quadro 3 – Plano das ações de Educação Ambiental realizadas com toda a comunidade da UP (alunos, funcionários e professores). 63 LISTA DE TABELAS Tabela 1 – Modelo de tabela utilizada no controle da mensuração da 58 quantidade de resíduos gerados na Universidade Positivo. Tabela 2 – Modelo de tabela utilizada no controle da mensuração do consumo de energia por ano na Universidade Positivo. 58 Tabela 3 – Consumo de energia elétrica entre os anos de 2006 a 2009 em kWh, R$, consumo relativo, área construída e nº de pessoas. 67 Tabela 4 – Número de pessoas circulantes no câmpus nos anos de 2006 a 2009. 68 Tabela 5 – Total de área construída em m² na Universidade Positivo nos 69 anos de 2006 a 2009. Tabela 6 – Dados de consumo de energia elétrica dos blocos didáticos antes das ações educativas. 76 Tabela 7 – Dados de consumo de energia elétrica dos blocos didáticos depois das ações educativas. 76 Tabela 8 – Dados do consumo de energia elétrica de equipamentos de maior consumo na Universidade Positivo em 2010. 76 Tabela 9 – Quantidade de resíduos orgânicos e de jardim em kg.mês-1 gerados na Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. 80 Tabela 10 – Quantidade de resíduos recicláveis (papel, plástico e metal) respectivamente, gerados em kg.mês-1 na Universidade Positivo entre os anos de 2006 a 2009. 83 Tabela 11 – Quantidade de resíduos de lâmpadas, químicos e biológicos gerados em unid.mês-1 e kg.mês-1 respectivamente na Universidade Positivo entre os anos de 2006 a 2009. 86 Tabela 12 – Ações ambientais realizadas e seus ganhos ambientais referentes aos resíduos na Universidade Postivo. 95 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO 13 1.1 OBJETIVOS 15 1.1.1 Objetivo Geral 15 1.1.2 Objetivos Específicos 15 2 REVISÃO DE LITERATURA 16 2.2 RECURSOS NATURAIS 16 2.2.1 Energia 17 2.2 RESÍDUOS 22 2.1 Resíduos Sólidos 22 2.1.2 Resíduos em Universidades 28 2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL 34 35 2.3.1 Ensino Superior e Desenvolvimento Sustentável 2.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 42 2.4.1 Histórico 42 2.4.2 Dimensão da Educação Ambiental 43 2.4.3 Educação Ambiental em Universidades 46 2.5 GESTÃO AMBIENTAL 49 50 2.5.1 Ensino Superior e Gestão Ambiental 2.6 INDICADORES AMBIENTAIS 53 3 MATERIAL E MÉTODOS 55 3.1 ÁREA DE ESTUDO E ESCOPO DO TRABALHO 55 3.2 COLETA DE DADOS 56 3.3 INDICADORES AMBIENTAIS 56 3.4 AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 58 3.4.1 Característica do estudo 58 3.4.2 Etapas 58 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 66 4.1 ENERGIA 66 4.1.1 Histórico do consumo de energia elétrica 66 4.1.2 Consumo de energia elétrica nos primeiros seis meses de 2010 72 4.1.3 Intervenção: ações de Educação Ambiental 73 4.1.3.1 Consumo de energia elétrica nas salas de aula 73 4.2 RESÍDUOS 78 4.2.1 Histórico do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e da Saúde 78 4.2.2 Geração de Resíduos 79 4.2.3 Intervenção: ações de Educação Ambiental - resíduos 90 4.2.3.1 Utilização de copos plásticos descartáveis nas salas dos professores 91 4.2.3.2 Segregação de resíduos nas salas dos professores 92 4.2.3.3 Campanha de Educação Ambiental – “Cada Coisa Em Seu Lugar” 95 5 CONCLUSÃO 102 6 REFERÊNCIAS 104 APÊNDICES 113 13 1 INTRODUÇÃO A questão ambiental tem sido a centralizadora das atenções mundiais ao longo dos últimos anos, tendo como foco principal a conservação dos recursos naturais e a degradação provocada ao meio ambiente pelas atividades antrópicas, consequência do estilo de vida da sociedade e do contínuo crescimento industrial e comercial que, por usa vez, geram o acúmulo de resíduos e o consumo dos recursos naturais com pouca ou nenhuma preocupação com a sustentabilidade (ALENCAR, 2005; DRUZZIAN; SANTOS, 2006). A partir da última metade do século XX a população mundial cresce de forma acentuada; a ciência avança para atender, além das necessidades desse aumento populacional, as necessidades do homem que não se contenta apenas com aquilo que é essencial à sua sobrevivência; melhoram as condições sanitárias; e aumentam as migrações para os grandes centros urbanos em busca de melhores condições de vida. Como reflexo de todas essas mudanças, há o aumento no consumo de recursos naturais, o que leva a sua escassez, e na geração de resíduos, o que torna o seu manejo e disposição um problema de difícil solução. Para Tauchen e Brandli (2006), o consumo incontrolável dos recursos naturais e a degradação do meio ambiente passaram a exigir ações corretivas de grande envergadura. No que se refere ao uso de energia, é possível estabelecer uma relação de causa e efeito entre o uso da energia e os impactos ao meio ambiente, uma vez que, a crescente demanda de suas diversas formas, exige que novas áreas sejam exploradas em processos de transformação que agridem ou destroem a natureza. Em relação aos resíduos, a sociedade vem percebendo que a solução é minimizar a geração de resíduos, desenvolvendo técnicas que diminuam o desperdício, assim como o manejo adequado, o que pode contribuir para o desenvolvimento sustentável (DRUZZIAN; SANTOS, 2006). Nos países em desenvolvimento, em que predominam extensas áreas, ocorre a ocupação das mesmas para a disposição dos resíduos de forma geralmente inadequada. É uma forma insustentável de utilizar os recursos ambientais, uma vez que as sociedades futuras podem herdar um enorme passivo ambiental devido à poluição do ar, do solo e da água. Há, frequentemente, uma visão distorcida em relação aos resíduos, vistos por muitos como um problema, 14 porém, se estes foram manejados de forma correta, conforme ocorre nos países desenvolvidos, constituem riqueza que pode e deve ser considerada na economia de cada cidade e de cada sociedade (MAHLER, 2007). A Lei n. 12.305 de 2 de agosto de 2010 institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos e dispõe sobre seus princípios, objetivos e instrumentos, bem como sobre as diretrizes relativas à gestão integrada, ao gerenciamento de resíduos sólidos, incluídos os perigosos, às responsabilidades dos geradores e do poder público e aos instrumentos econômicos aplicáveis (BRASIL, 2010). Com essa nova lei em vigor, as empresas cada vez mais tomam consciência do seu papel e se comprometem com a proteção dos recursos naturais, o que contribui para o crescimento, no meio empresarial, da gestão ambiental, conforme citam Tauchen e Brandli (2006). Para que as ações de gestão ambiental sejam efetivas, no entanto, é importante o envolvimento do setor de educação, por meio do desenvolvimento de programas de Educação Ambiental. Druzzian e Santos (2006) afirmam que a tomada de consciência ambiental em diferentes camadas e setores da sociedade abrange o setor da educação, uma vez que ela ordena as atividades humanas, para que originem o menor impacto possível sobre o meio ambiente, desde a escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos humanos e financeiros. As Instituições de Ensino Superior (IES) são grandes consumidores de energia e geradores de resíduos, de grande diversidade e potencial poluidor. Além disso, nas universidades, em especial, há uma grande circulação de pessoas, tanto da comunidade acadêmica quanto da comunidade externa, que utiliza a sua estrutura por meio de projetos de inclusão, clínicas de atendimentos, o que torna importante a mensuração e caracterização da energia utilizada, assim como da quantidade de resíduos sólidos gerados e do seu potencial de reciclagem. Diante desse cenário, a Educação Ambiental passa a ter um papel fundamental, pois gera mudanças de conduta que contribuirão para a melhoria da relação entre os seres humanos o meio em que se encontram, uma vez que cada um assume compromissos que contribuem para a sustentabilidade ambiental. Por meio de uma educação consciente, crítica e política é possível a mudança de comportamento em relação à preservação e à conservação dos recursos naturais, pois o indivíduo passa a interagir com a natureza como parte integrante dela. 15 O presente estudo contribuiu, a partir de ações coordenadas de gestão ambiental, para fornecer noções fundamentais de sustentabilidade para serem desenvolvidas nas atividades administrativas e educacionais da Universidade. Imbuído pelo exposto na Agenda 21 Brasileira, em que o grande desafio do século é a gestão e se tratando de recursos naturais, o desafio torna-se ainda maior. Outro aspecto importante que deve ser ressaltado está relacionado ao alcance de trabalhos de Educação Ambiental, o seu efeito multiplicador, pois o comprometimento dos membros da comunidade acadêmica (direção, corpo docente e discente, pessoal técnico administrativo, parceiros, fornecedores e comunidade do entorno) pode contribuir para a disseminação das ações socioambientais implantadas e o reconhecimento da sociedade. A gestão ambiental de uma empresa, em especialmente uma IES, deve ser ampla, envolvendo, além das questões ambientais, vários outros aspectos de âmbito econômico e social, visando um programa cada vez mais sustentável. Diante desse propósito, o presente estudo foi desenvolvido, por meio da implementação de ações de EA, abordando o programa de gerenciamento de resíduos e a utilização sustentável de energia elétrica no câmpus da Universidade Positivo. 1.1 OBJETIVOS 1.1.1 Objetivo geral Promover um sistema de gestão ambiental no câmpus da Universidade Positivo (UP), com ênfase em energia elétrica e resíduos. 1.1.2 Objetivos específicos - Fazer um histórico da gestão ambiental no câmpus com ênfase no uso de energia elétrica e na geração e segregação de resíduos. - Levantar a situação atual no que se refere à segregação e destinação dos resíduos e consumo de energia. - Sugerir e introduzir melhorias na gestão desses aspectos. - Promover a Educação Ambiental como forma importante de diminuir os problemas ambientais no câmpus. 16 2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 RECURSOS NATURAIS De acordo com Dashefsky (2003), os recursos naturais envolvem substâncias, estruturas e processos utilizados pelos seres humanos, mas que não podem ser criados por eles. Usar os recursos naturais frequentemente representa um ônus ao Planeta Terra, porque causa alguma forma de poluição ou dano. Segundo Brandalise et al. (2009), os recursos naturais foram utilizados de forma desenfreada, principalmente pelas atividades da indústria. A partir da década de 70, tendo em vista que estes recursos são finitos e às vezes escassos, muitas atitudes começaram a ser tomadas. Por parte das indústrias através da implantação de SGA, e paralelamente, pela sociedade, através da demanda de produtos considerados sustentáveis. O papel da escola é muito importante, como instrumento de formação e divulgação que pode desencadear uma sensibilização de todos os consumidores. Entre os recursos naturais, a disponibilidade de água tem recebido muita atenção. Dois terços da superfície do Planeta Terra são ocupados por água, aproximadamente 360 milhões de km2 de um total de 510 milhões de km2, todavia, 98% da água disponível no planeta é salgada. São múltiplos os usos da água: pode ser usada para beber; para o abastecimento doméstico e industrial; para agricultura, recreação e lazer, geração de energia, navegação, diluição de despejos, harmonia paisagística, preservação da fauna e flora, irrigação, entre outros (MARENGO, 2008). Devido à grande dependência de energia, em todos os setores, a utilização deste recurso também tem grande potencial de impacto ambiental. Este impacto ambiental depende da fonte que é utilizada para obtenção de energia. A composição da matriz energética brasileira vem das barragens e quedas d‟água, porém só é utilizado 25% do potencial hidráulico nacional e a viabilidade da construção de novas usinas está sendo promovida pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). A capacidade de geração de energia elétrica do Brasil é de 107.529.530 kW, onde 73,4 % vem das usinas hidráulicas, sendo que o acréscimo da geração em 2009 foi de 3.565,1 MW em relação ao ano anterior (ANEEL, 2010). Esta matriz (energia hidroelétrica) é considerada uma fonte de baixo impacto ambiental e o Brasil ocupa 17 uma posição favorável em relação a outros países que utilizam carvão ou energia nuclear como fontes. O não uso do resíduo gerado, também é uma forma de desperdiçar recursos, pois em muitos casos é possível reduzir ou eliminar estes resíduos. Segundo Mucelin e Bellini (2008), a cultura de um povo demonstra a forma como este se relaciona com o meio ambiente. No ambiente urbano, hábitos e costumes característicos geram quantidade exacerbada de resíduos, além de problemas relacionados à sua disposição, muitas vezes inadequados. No Brasil, em 2008, foram coletados 259.547 t.dia-1 de Resíduos Sólidos Urbanos (RSU), sendo 64,6% dispostos em aterros sanitários, 15,6% em aterros controlados, 17,6% em lixões a céu aberto e 2,2% em outras formas de disposição (IBGE, 2008). Tendo em vista que a dissertação tem ênfase na utilização de energia elétrica e geração de resíduos, estes dois itens serão detalhados a seguir. 2.1.2 Energia Energia, ar e água são ingredientes essenciais à vida humana. Nas sociedades primitivas seu custo era praticamente zero. A energia era obtida da lenha das florestas, para aquecimento e atividades domésticas, como cozinhar. Aos poucos, porém, o consumo de energia foi crescendo tanto, que outras fontes se tornaram necessárias. Durante a Idade Média, a energia hidráulica e dos ventos foram utilizadas, mas em quantidades insuficientes para suprir as necessidades de populações crescentes, sobretudo nas cidades. Após a Revolução Industrial, foi preciso utilizar carvão, petróleo e gás, os quais têm um custo elevado para a produção e transporte até os centros consumidores (GOLDEMBERG; LUCON, 2007). As reservas ou fluxos de energia disponível na natureza que tem a possibilidade de utilização para atender as necessidades humanas podem ser considerados como fontes energéticas e ser classificadas em recursos fósseis e recursos energéticos. Os recursos fósseis provêm de estoques de materiais que armazenam energia química acumulada a partir da radiação solar em épocas geológicas, como o carvão mineral, o petróleo, gás natural, entre outros. Esse tipo de recurso é finito, isto é, seu consumo reduz proporcionalmente sua disponibilidade. Utilizar racionalmente os recursos energéticos disponibilizados pela natureza, como 18 os combustíveis fósseis, é imprescindível e constitui atualmente em decisão estratégica, já que essas reservas, além de finitas, limitadas, estão distribuídas de maneira desigual entre os diferentes continentes. Este fato já foi a causa de conflitos armados entre nações, a exemplo, a guerra do Golfo. Portanto, a energia, seu consumo e armazenamento podem ter implicações políticas (WEIGMANN, 2004). Os recursos renováveis são originados por fluxos naturais, por exemplo, a energia solar, a energia hidráulica, eólica, a energia gerada pelas ondas do mar e a energia da biomassa. Embora tenham origem na natureza, a utilização indiscriminada de alguns desses recursos pode esgotar, como é o caso das reservas florestais, quando são exploradas além da sua capacidade de renovação (WEIGMANN, 2004). No ano de 2000, o consumo de energia no mundo vinha crescendo muito em relação a anos anteriores, no entanto, era previsto de acordo com as tendências, um consumo cada vez maior As principais consequências dessa evolução são o aumento do consumo de combustíveis fósseis e a resultante poluição ambiental em todos os níveis, local regional e global. Cerca de 85% do enxofre lançado na atmosfera, principal responsável pela poluição urbana e pela chuva ácida, e 75% das emissões de carbono, um dos vilões do efeito estufa, originam-se da queima de carvão e petróleo (GOLDEMBERG, 2007). O consumo per capita de energia no Brasil cresce a uma taxa anual de 2,2%, mas o país não precisa repetir a trajetória de desenvolvimento seguida pelos países industrializados, nos quais os elevados consumos de energia provenientes de combustíveis fósseis resultaram em sérios problemas ambientais. No Brasil, 78,5% da energia consumida em 2000 eram produzidos internamente e o restante, importado, principalmente petróleo e gás natural. A importação de petróleo e derivados representa 16,3% da oferta interna total de energia (GOLDEMBERG, 2000). Segundo Goldemberg e Lucon (2007), no ano de 2003, quando a população mundial era de 6,27 bilhões de habitantes, o consumo médio total de energia era de 1,69 toneladas equivalentes de petróleo (tep) por pessoa/ano. Uma tonelada de petróleo equivale a 10 milhões de quilocalorias (kcal), e o consumo diário médio de energia é de 46.300 kcal por pessoa. Como comparação, vale a pena mencionar que 2.000 kcal é a energia obtida dos alimentos e permite que os humanos se mantenham vivos e funcionando plenamente. O restante é usado em transporte, 19 gastos residenciais e industriais e perdas nos processos de transformação energética. A maioria das fontes de energia para os diversos usos ainda são os combustíveis fósseis, ou seja, recursos não renováveis, que geram uma quantidade muito grande de poluentes como hidrocarbonetos e particulados, que são maléficos para a saúde humana, aumentam a quantidade de chuva ácida e contribuem para o efeito estufa. Há necessidade de pesquisas em relação à geração de energia renovável, pois a quantidade de veículos circulantes nas grandes cidades está mostrando níveis de poluição insuportáveis (SPINACE et al., 2004). Com relação às projeções de consumo de energia para o futuro, em qualquer dos cenários considerados, a participação dos combustíveis fósseis ainda continuará importante. Pode ser citado como exemplo, a distribuição da matriz energética prevista até 2030, conforme Figura 1 (BRASIL, 2007). Figura 1 - Projeção da participação relativa das principais fontes na demanda global de energia. Fonte: Ministério das Minas e Energia (2007). Goldemberg e Lucon (2007) apresentam que a produção e o consumo de energia baseados nas fontes fósseis, gerando emissões de poluentes locais e gases de efeito estufa, põem em risco o suprimento de longo prazo desta fonte energética no planeta. É preciso mudar esses padrões de uso de energias de fontes fósseis, estimulando a adoção de fontes de energias renováveis, e, nesse sentido, o Brasil 20 apresenta uma condição bastante favorável, como a grande bacia hidrográfica, em relação ao resto do mundo, podendo gerar grandes quantidades de energia hidrelétrica. Hepbasli (2008) pesquisou a utilização de Recursos de Energia Renováveis (RER), como energia solar, eólica e sistemas de energia geotérmica, e concluiu que a energia é um caminho para um desenvolvimento sustentável. No entanto, algumas fontes ainda apresentam uma eficiência de aproveitamento muito baixa. É o caso, por exemplo, da eficiência obtida por parabólica de aquecimento solar, que é menor que 2%. Outras formas de aproveitamento da energia solar, como célula fotovoltaica e um coletor solar híbrido, apresentam índices melhores, de 11,2% e 13,3%, respectivamente. A energia eólica fornece cerca de 40% de eficiência com baixa velocidade do vento e 55% com alta velocidade do vento. Dessa forma, a análise energética é uma ferramenta muito útil que pode ser utilizada com sucesso na avaliação do desempenho dos RERs de todos os sistemas energéticos. De acordo com Weigmann (2004), pode-se afirmar que o conjunto de aparelhos de ar condicionado é o maior responsável pelo consumo de energia elétrica, seguido da iluminação, equipamentos de escritório, elevadores e bombas. Segundo o autor, faz-se necessário realizar manutenções periódicas no sistema de controle implantado, a fim de evitar desgastes ou falhas no próprio sistema. Além disso, é necessária a implantação de novas tecnologias, como substituição por lâmpadas de menor consumo, utilização de reatores eletrônicos com alta potência, instalação de luminárias com melhor refletividade, de timer e fotocélulas em setores externos, aproveitamento da iluminação natural durante o dia, direcionamento da iluminação quando for necessário e utilização de cores claras em paredes e tetos a fim de obter maior refletividade. A Análise do Ciclo de Vida (ACV) é uma importante ferramenta, que tem sido utilizada em larga escala para subsidiar estudos ambientais. Exemplos de como a ferramenta pode auxiliar no planejamento sustentável de edificações pode ser encontrada no trabalho de De Meester e colaboradores (2009), que fizeram um estudo detalhado em 65 edificações familiares na Bélgica. De acordo com os autores, para um gerenciamento dos recursos necessários, devem ser considerados aspectos de construção e de utilização, e a ferramenta ACV é fundamental para esta avaliação integrada. 21 Scheuer et al. (2003) apresentou um estudo da análise do ciclo de vida em um prédio de seis andares, com área total de 7.300 m², localizado no câmpus da Universidade de Michigan nos Estados Unidos. Um inventário de todos os materiais instalados e a substituição de materiais foi desenvolvido de acordo com a estrutura do prédio, tais como as estruturas internas, acabamentos e sistemas hidráulicos. Foi utilizada uma modelagem computadorizada para determinar o consumo de energia no aquecimento de ambiente, ventilação, iluminação, água quente e consumo de água nos banheiros. O principal resultado encontrado foi que o consumo de energia elétrica entrou com uma porcentagem de 94,4% do ciclo de vida primário. O desafio no desenvolvimento de um modelo de ciclo de vida de um sistema complexo e dinâmico, com longa vida útil, é explorado e as suas implicações são discutidas para projetos futuros. A Análise do Ciclo de Vida é frequentemente utilizada para uma avaliação integrada das possíveis alternativas para obtenção de energia, que podem vir de biocombustíveis (SINGH, OLSEN, 2011) ou da recuperação da energia contida em resíduos (SONESSON et al., 2000). De acordo com Magalhães (2001, p. 8), um programa de conservação de energia deve ser: concreto: deve ser composto de ações efetivas e específicas; justificado: para que as ações que requerem mudanças de hábitos convençam e surtam os efeitos desejados; quantificado: deverá estar alicerçado em dados concretos, obtidos por meio de um diagnóstico que aponte investimentos e ganhos financeiros; com responsabilidades definidas: toda a ação referente ao programa deve ter um responsável direto; comprometido em objetivos: o efetivo compromisso com as metas do programa, assim como a próatividade, são fundamentais para o sucesso do programa; dinâmico: revisões contínuas do programa fazem com que ele permaneça “sintonizado” com as tecnologias e demandas que se apresentam; coletivo: o programa deve buscar o envolvimento de todos da empresa, evitando que alguém se sinta excluído do processo e possa vir a comprometer os resultados esperados; divulgado: todos os resultados do programa devem ser de conhecimento comum e comparados com os anteriores, para acompanhamento e avaliação (MAGALHÃES, 2001, p. 08). 22 2.2 RESÍDUOS 2.2.1 Resíduos Sólidos A Agenda 21, adotada por mais de 178 governos, entre outras questões relevantes, destaca a necessidade da gestão de resíduos perigosos, ou seja, o controle efetivo da geração, armazenamento, tratamento, reciclagem e reutilização, transporte, valorização e eliminação de resíduos perigosos. Desta forma, os cuidados com resíduos são de extrema importância para uma boa saúde, proteção ambiental e gestão no uso de recursos sustentáveis. A abordagem europeia para a gestão dos resíduos é priorizar a prevenção da geração de resíduos, seguido de reciclagem, valorização, incineração. Com efeito, uma das principais prioridades para assegurar uma gestão ambientalmente correta dos resíduos perigosos é educação, conscientização e implantação de programas de formação de todos os níveis da sociedade (SALES et al., 2006). Na abordagem brasileira, segundo a Política Nacional de Resíduos (2010), os princípios para uma adequada gestão dos resíduos são: i) a prevenção e a precaução; ii) o poluidor-pagador e o protetor-recebedor; iii) a visão sistêmica, ou seja, que considere as variáveis ambiental, social, cultural, econômica, tecnológica e de saúde pública; iv) o desenvolvimento sustentável; v) a eco-eficiência; vi) a cooperação entre as diferentes esferas do poder público, o setor empresarial e demais segmentos da sociedade; vii) a responsabilidade pelo ciclo de vida dos produtos; viii) o reconhecimento do resíduo sólido reutilizável e reciclável; ix) o respeito às diversidades locais e regionais; x) o direito da sociedade à informação e ao controle social e xi) a razoabilidade e a proporcionalidade. Segundo a ABNT NBR 10004, os Resíduos Sólidos Urbanos (RSU) são definidos como resíduos nos estados sólidos e semissólido que resultam de atividades da comunidade, de origem industrial, doméstica, hospitalar, comercial, agrícola, de serviços e de variação. Estão incluídos nesta definição os lodos provenientes de sistemas de tratamento de água e esgoto, aqueles gerados em equipamentos e instalações de controle de poluição, bem como determinados líquidos, cujas particularidades tornem inviável o seu lançamento na rede pública de esgotos ou corpos de água, ou exijam para isso soluções técnicas e economicamente inviáveis em face à melhor tecnologia disponível (ABNT, 2004). 23 Os resíduos sólidos podem ser classificados de várias formas, entretanto, as mais utilizadas são conforme os riscos potenciais ao meio ambiente, a origem e a natureza física. Quanto aos Riscos Potenciais ao Meio Ambiente, os resíduos são classificados segundo a ABNT NBR 10.004 em: Classe I (Resíduos perigosos); Classe IIA (Resíduos não inertes); e Classe IIB (Resíduos inertes). Quanto à origem, os resíduos são classificados em quatro classes: i) resíduo doméstico ou residencial; ii) resíduo comercial; iii) resíduo público; iv) resíduo de fontes especiais (lixo industrial, resíduos de serviço da saúde, resíduos radioativos, lixo de portos e resíduos agrícolas). A origem dos resíduos é um dos principais elementos para uma caracterização adequada dos RSU (LIMA, 2004; MAHLER, 2007). Num sistema de gestão, a escolha das épocas certas para a realização do levantamento de dados e de campo, bem como sua repetição, são fatores que dão confiança aos dados obtidos. Existem vários fatores que podem influenciar as características dos RSU, entre eles, climáticos, épocas especiais (feriados), demográficos e sócio-econômicos. Dentre as características físicas mais importantes que influenciam a quantidade de lixo gerada estão à variação da geração per capita, o poder aquisitivo da população e a composição gravimétrica (hábitos populacionais, avanço tecnológico, status sócio-econômico) (MAHLER, 2007). Após a segunda guerra mundial, devido ao crescimento populacional, medidas ambientais começaram a ser adotadas em relação aos RSU, em especial nos países industrializados; pois eram grandes os impactos ambientais causados pelos lixões. Na Europa, devido à escassez de água subterrânea e de espaço físico, foram tomadas medidas para a melhoria da qualidade das condições de disposição final dos resíduos por meio de pesquisas que almejavam a diminuição da quantidade do lixo gerado (MAHLER, 2007). Um sistema de coleta, quando projetado de maneira correta, deve considerar a caracterização contínua dos resíduos sólidos, pois essa avaliação é uma das atividades mais importantes em qualquer administração pública que queira buscar uma solução ambiental adequada para a questão dos RSU. Em geral, as características dos RSU que mais influenciam nos serviços de limpeza urbana são: i) geração per capita; ii) composição gravimétrica, geométrica, química; iii) peso específico aparente; iv) grau de compactação; v) teor de umidade, matéria orgânica, poder calorífico, composição química do gás e temperatura (MAHLER, 2007). 24 De acordo com Naime e Rocha (2009), o estudo dos RSU é crítico para a gestão dos municípios devido às características locais, planejamento, operação e fiscalização. No Brasil, esse assunto ficou adormecido por muito tempo, e apenas em meados da década de 80 o problema passou a ser enfrentado, porém com poucos resultados ambientais práticos. Além disso, os municípios esperaram soluções do Estado, que por sua vez também não se preocupou na gestão dos resíduos, criando lixões e aterros muitas vezes impróprios para tal destinação. Só a partir de meados dos anos 90 o Ministério Público intensificou essa cobrança dos municípios para que fossem responsáveis pela gestão e destinação corretas dos resíduos sólidos urbanos de seu município. No Brasil, o município tem a competência legal para organizar, administrar e prestar serviços públicos de interesse local. Dessa forma, as Prefeituras Municipais são responsáveis por efetuar a limpeza de vias e logradouros públicos, assim como realizar a coleta e a destinação final dos resíduos. A Legislação Federal e, em alguns casos, a Legislação Estadual preveem que, para a geração de 600 L.dia-1, a responsabilidade da destinação final é do próprio gerador. Nos dias atuais, o principio dos 3 Rs (Reciclar, Reduzir e Reutilizar) é muito utilizado para estabelecer uma política ambientalmente adequada numa cidade que pretende ter um Sistema de Gestão Integrada (SGI) (MAHLER, 2007). Por meio do Decreto Municipal nº. 983/2004, art. 8º, Incisos I e II, a Prefeitura Municipal de Curitiba define os papéis dos pequenos e grandes geradores de resíduos sólidos. Estabelece, ainda, como competência municipal a coleta dos resíduos sólidos orgânicos até a quantidade máxima de 600 L.semana-1 de rejeitos e 600 L.semana-1 de recicláveis. Dessa forma, os estabelecimentos que geram resíduos sólidos orgânicos acima do valor estabelecido nesse decreto são denominados grandes geradores e devem ter o transporte de seus resíduos executado por empresas contratadas e licenciadas pelo município (artigo 9º, do mesmo decreto), ou então, por seus próprios meios, desde que efetuem o cadastramento junto ao Departamento de Limpeza Pública da SMMA (Decreto Municipal nº 1551/06, artigo 3º). Com base nesse decreto, a UP enquadra-se como grande gerador. Sendo, portanto, de sua responsabilidade a coleta e destinação de seus resíduos (orgânico, poda e jardinagem, químicos, biológicos, lâmpadas e especiais como pilhas, baterias e resíduos eletrônicos). 25 As formas usuais de tratamento e destinação final de RSU são: i) incineração; ii) reciclagem; iii) compostagem; iv) pré-tratamento mecânico biológico na inertização; v) disposição final: aterro controlado e aterro sanitário (MAHLER, 2007). Incineração é o processo de combustão (ou pirólise) do lixo a altas temperaturas (800-1000ºC), em câmeras amplas para mistura e queima dos materiais. A liberação dos gases ocorre à baixa velocidade para permitir a deposição de particulados. A temperatura dos gases permite recuperar o calor em caldeiras e gerar energia a partir de vapor. A geração de cinzas é de 5 a 15% de massa original do lixo (MAHLER, 2007). Compostagem é um processo de bioestabilização da matéria orgânica para uso agrícola. É um processo natural sem adição de componentes físicos, químicos ou biológicos. A compostagem pode ser anaeróbia ou aeróbia. A compostagem aeróbia é dividida em duas fases: i) bioestabilização e ii) maturação. O produto final do processo aeróbio é um composto rico em húmus e minerais. A compostagem é influenciada pelos micro-organismos, temperatura, granulometria, umidade, aeração, relação C/N e pelo pH (MAHLER, 2007). Reciclagem é o processo de separação e de transformação do material para posterior uso, onde poderão por meio do beneficiamento retornar as indústrias como matéria-prima secundária para fabricação de novos produtos reciclados. Apresenta como vantagens a preservação dos recursos naturais, economia de energia, redução da quantidade de lixo a ser disposta em aterros sanitários, geração de empregos e serviços de forma geral. A coleta seletiva é um sistema de separação dos materiais recicláveis na fonte geradora, agregando valores a estes materiais. O custo operacional no começo é elevado, entretanto em longo prazo os ganhos ambientais e de economia são imensos (MAHLER, 2007). Pré-tratamento mecânico biológico é um processo simples que compreende um pré-tratamento mecânico, no qual peças de grandes dimensões são retiradas da massa de lixo, sendo o restante triturado em equipamentos especiais e em seguida homogeneizado e disposto em leiras com sistema de ventilação, garantindo um sistema aeróbio. O processo de biodegradação do lixo pode levar de 4 a 9 meses. A vantagem deste processo é a redução do volume na disposição final, possibilidade do uso dos resíduos para a produção de energia pela incineração, diminuição da 26 produção do lixiviado, inertização dos resíduos, total redução de vetores e presença de aves, e eliminação de cheiros que possam gerar (MAHLER, 2007). Segundo a NBR 13.896, aterro sanitário é a forma de disposição de RSU que obedece a critérios de engenharia e normas operacionais específicas, permitindo o confinamento seguro em termos de controle de poluição ambiental e proteção à saúde pública (ABNT, 1997). Conforme Elis e Zuquette (2002), para instalar um aterro sanitário são necessários estudos detalhados do meio físico, para verificação da capacidade dos materiais em minimizar a carga de contaminantes e distanciá-los de possíveis aquíferos e de qualquer água que possa ter contato. Para isso, é necessário conhecer o material geológico e suas características. Segundo Hisatugo (2006), uma solução para a minimização da geração dos RSU nas cidades é a coleta seletiva, pois diminuiria a quantidade dos resíduos disposta em aterros e lixões. Estudo realizado com a empresa de coleta e transportes de resíduos sólidos urbanos de Uberlândia, entre 2001 e 2004, demonstrou os ganhos ambientais obtidos neste processo. O total de material reciclado coletado foi de 4.727 toneladas. Desse montante os ganhos econômicos foram consideráveis, além dos benefícios ambientais, como a economia de bauxita, devido ao alumínio reciclado, de petróleo, em virtude do plástico, e de árvores, pelo reaproveitamento do papel, e finalmente, à considerável economia de água que não foi utilizada no processo de fabricação desses materiais. A reciclagem apresenta-se como uma alternativa viável para o tratamento do lixo urbano tendo em vista as seguintes vantagens: melhorias das condições ambientais e de saúde pública; diminuição do volume de lixo que necessita de disposição final e, consequentemente, o aumento da vida útil dos aterros; economia de energia; economia de matéria-prima; benefícios sociais, geração de empregos diretos e indiretos; e geração de renda com a venda dos materiais recicláveis (IPT, 2000; LELIS, 1998; PEREIRA NETO, BOHNENBERGER, 1990, MAHLER, 2007). Segundo Melo (2008), na cidade de Curitiba, a discussão relacionada aos resíduos sólidos urbanos vem crescendo no meio popular, acadêmico e político. O autor relata que uma das formas de amenizar o problema da geração de resíduos é por meio de programas e estratégias de gestão como as campanhas de separação, educação ambiental, compostagem e outros, que diminuem a quantidade de resíduos no aterro. 27 Melo (2008) pesquisou a produção histórica de resíduos sólidos domiciliares na cidade de Curitiba, cuja técnica de cenários foi apresentada como abordagem ao planejamento da gestão de resíduos sólidos. Para a construção dos cenários, a produção de resíduos domiciliares em Curitiba foi projetada até 2020, pela correlação técnica de cenários futuros (técnica esta que tem sido utilizada em diversas áreas como ferramenta no planejamento estratégico em empresas e governos). Como resultado da pesquisa, seis cenários foram construídos a partir de diferentes estratégias que poderiam ser adotadas ao gerenciamento em Curitiba (minimização, reciclagem e compostagem) e seus efeitos no futuro foram analisados e comparados, em termos de impactos ambientais e economias em peso, volume e custos. As informações geradas e a comparação entre os efeitos de cada cenário no futuro podem contribuir para o gerenciamento de resíduos sólidos em Curitiba, na definição de metas e das melhores formas de alcançá-las, e no desenvolvimento de estratégias e políticas de gestão. De acordo com Vega et al. (2008), para implantar um programa de gestão de resíduos é necessário realizar uma caracterização na fonte geradora para conhecer todos os materiais recicláveis e o mercado local, pois programas copiados de outros locais podem não ser eficazes. Apesar dos benefícios de uma gestão adequada de resíduos, o trabalho para quantificação dos resíduos não é uma tarefa fácil. No caso do México essas ações têm sido utilizadas para controlar os problemas de resíduos perigosos, mas não para todos os RSU dos municípios. Assim como no Brasil, no México a responsabilidade pela coleta e destinação RSU é do município. Na cidade de Natal, RN, a gestão integrada de resíduos sólidos busca a conscientização ambiental dos atores sociais no desenvolvimento sustentável e integra ainda mais a conscientização ambiental na coleta seletiva do município. Essas ações conjuntas trazem melhorias na gestão de resíduos sólidos dos municípios brasileiros, que podem proporcionar melhor qualidade de vida da população e também uma melhoria no cuidado com o meio ambiente. O estudo realizado na cidade de Natal buscou entender a problemática dos RSU na cidade do ponto de vista da população e com isso pretendeu observar as atitudes dos cidadãos com o objetivo de auxiliar na tomada de decisão do setor público na implantação de um programa de coleta seletiva positiva. Como resultado da pesquisa, para 28,3% da população, um programa de coleta seletiva seria 28 importante e ou relevante, desde que proporcionasse uma melhor qualidade de vida e para 27,3% para que se tenha uma vantagem financeira (SANTOS, 2002). 2.2.2 Resíduos em Universidades As IES têm obrigação moral e ética de agir de forma responsável com o meio ambiente e devem implementar metodologias de gestão de resíduos que visem a prevenção, minimização, tratamento e destinação final adequada dos RSU . Além disso, a gestão adequada dos resíduos traz benefícios para a instituição, como a redução dos recursos financeiros destinados à gestão de resíduos; e acima de tudo seria um exemplo para os alunos e a comunidade (VEGA et al., 2008). Programas de gestão de resíduos em instituições de ensino superior nos países industrializados começaram há mais de 20 anos e variam de esforços voluntários locais e dos programas institucionalizados (ARMIJO et al., 2003). Algumas iniciativas nas IES em relação aos programas de reciclagem e redução de resíduos têm sido muito bem sucedidas. Nos EUA esse programa é uma iniciativa muito popular, e 80% das faculdades e universidades possuem programas institucionalizados de resíduos baseados em estudos de caracterização dos resíduos (VEGA et al., 2008). Um estudo de caracterização de resíduos realizado na Universidade de Brown demonstrou que 45% dos resíduos produzidos nessa instituição eram recicláveis. A Universidade de Brown tem um programa de gestão de resíduos desde 1972 e, atualmente, recicla 31% dos seus resíduos (BROWN UNIVERSITY, 2004). Outros exemplos são a Universidade do Estado de Colorado e a Universidade da Flórida, que reciclam 53% e 30%, respectivamente (UF SUSTENTAINABILITY TASK FORCE, 2002). De acordo com as práticas de gestão de resíduos, algumas universidades, como a Universidade de Rutgers e a Universidade de Brown, destinam os resíduos orgânicos para os agricultores locais, que utilizam como alimento para suínos e caprinos (UF SUSTENTABILIDADE TASK FORCE, 2002). Nos EUA é obrigatório que as IES implementem estratégias de redução de resíduos e reciclagem. Um dos poucos artigos que publicou os resultados do programa de gestão de resíduos em universidades de países em desenvolvimento foi descrito por Mbuligwe (2002). Esse autor relatou uma perda potencial de valorização de 71% em três instituições de ensino superior na Tanzânia e menciona 29 ainda que, de maneira não oficial, as instituições fazem o reaproveitamento de resíduos orgânicos destinando aos produtores de gado que utilizam os resíduos na ração animal. Essa prática reduz os custos de gestão de resíduos. No México muitas universidades possuem programas de gestão de resíduos. A Universidade Tecnológica de Monterrey começou um programa de resíduos em 1992, e desde então quantidades variáveis de alumínio e papel foram recicladas, porém não existem dados referentes à porcentagem de cada tipo de material reciclável no montante de resíduos. Outras instituições mexicanas como Instituto Tecnológico do México, Universidade Nacional Autônoma do México e a Universidade de Guadalajara possuem programas de gerenciamento de resíduos, porém não existe informação referente à composição dos resíduos ou dados de reciclagem (TECNOLÓGICO DE MONTERREY, 2007). Maldonado (2006) caracterizou os resíduos de uma universidade do México e relatou a composição dos resíduos sólidos de um departamento. O autor afirma que por meio do programa de segregação de resíduos a instituição reduziu a quantidade depositada no aterro em 67%, o que representou grande economia para a instituição. A falta de estudos de caracterização em universidades mexicanas sugere a necessidade de pesquisar e documentar a composição dos resíduos, pois esses dados são necessários para propor melhores alternativas de gestão para resíduos sólidos (VEGA et al., 2008). Os resíduos sólidos gerados em ambientes universitários englobam os resíduos sólidos urbanos, industriais e de serviços de saúde, sendo as atividades de Educação Ambiental (EA) importantes para orientar a minimização, a segregação, a coleta, o tratamento e a destinação final dos resíduos sólidos gerados nas instituições, especialmente aqueles que requerem um tratamento especial (FURIAM; GUNTHER, 2006). Segundo Vega et al. (2008), as universidades mexicanas não segregam seus resíduos, sendo esse serviço realizado pelo município. Conforme pesquisa de caracterização dos resíduos, constatou-se que 34% apresentam potencial de reciclagem, 32% são recicláveis e 34% não são recicláveis. Quando os resíduos sólidos são analisados em sua totalidade, as proporções de reciclagem são muito semelhantes entre as categorias. 30 Na Universidade Autômoma Baja California, campus Mexicali, no México, a geração diária de resíduos sólidos é de aproximadamente 1,0 t, sendo grande parte com potencial de reciclagem. O potencial de reciclagem representa 55% dos resíduos gerados nas edificações acadêmicas e administrativas, 88% dos resíduos de jardinagem e 85% dos centros comunitários. Para cada categoria de resíduo fazse necessária uma destinação diferenciada, como a compostagem para resíduos de jardinagem e reciclagem para resíduos gerados nos edifícios e centros comunitários. Os autores afirmam ainda que, utilizando-se de diferentes estratégias, é possível a reutilização de resíduos num câmpus universitário (VEGA et al., 2008). De acordo com Espinosa et al. (2008), no México, os grandes geradores de RSU, ou seja, aqueles que geram 10 mil toneladas.ano -1, enquadraram-se à lei que exige a gestão dos resíduos para os grandes geradores. E nessa lei enquadram-se a maioria das instituições de ensino superior. Diante dessa exigência, a Universidade Autônoma Metropolitana do México (UAM-A) elaborou um Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos intitulado “Segregação para um melhor Ambiente”. A Universidade possui 12.000 estudantes, 190.000 m² de área e 72.000 m² de área verde. O programa abrangeu os seguintes estágios: diagnóstico, objetivos e três fases de operação. Nos últimos três anos, através deste programa a quantidade de resíduos sólidos destinados à coleta municipal, tem reduzido consideravelmente. Neste período UAM-A reciclou 2,2 ton. de garrafas de vidro, 2,3 ton. de garrafas PET, 1,2 ton. de tetrapak e 27,5 kg de latas de alumínio. Costa et al. (2004) realizaram a caracterização dos resíduos sólidos na Universidade Estadual da Paraíba, em três fases, sendo: i) caracterização; ii) destinação; e iii) educação ambiental para a comunidade acadêmica. O estudo identificou que 82,3% dos resíduos gerados na universidade referem-se aos resíduos orgânicos e como são dispostos no “lixão” da cidade, faz-se necessária a implantação de coleta seletiva e educação ambiental permanente. Segundo Smyth et al. (2010), a gestão de programas de resíduos sólidos é um dos maiores desafios de um câmpus universitário para alcançar a sustentabilidade. A realização de um estudo para caracterização dos resíduos é o primeiro passo, o planejamento e a promoção da sustentabilidade global complementam os esforços para o sucesso da gestão de resíduos de uma instituição de ensino superior. 31 Smyth et al. (2010), em estudo realizado na Universidade da Columbia Britânica do Norte (UNBC), no Canadá, observaram que, durante o ano de 2007 e 2008, o câmpus produziu entre 1,2 e 2,2 toneladas de resíduos por semana, dos quais mais de 70% poderiam ter sido reduzidos e encaminhados para reciclagem e compostagem. Papéis, recipientes de bebidas e material de compostagem, se forem adequadamente destinados, representam significativa redução no volume de resíduos. Por isso, políticas de educação estão sendo discutidas, para, em longo prazo, promover mudança de comportamento da comunidade interna para a minimização de resíduos. Geralmente as práticas de destinação de RSU são incompatíveis com a educação adequada que os alunos da área biológica, química e de engenharia civil recebem e por isso, já devem ter uma consciência ambiental mais estabelecida. Uma abordagem diferente seria vantajosa para a segregação e gestão de resíduos perigosos gerados pelas atividades experimentais dos alunos dentro das instalações da escola. A participação ativa dos alunos também deve incidir nas metas de educação ambiental; além disso, essa abordagem poderá se revelar material didático excelente para ensino de química, pois envolve reações químicas típicas, como precipitação, neutralização, oxidação-redução, nas quais os alunos são incentivados tendo um papel ativo e medidas concretas para reduzir o impacto ambiental da escola (MASON et al., 2003; VEGA et al., 2008). Os Institutos e Departamentos de Química das Universidades têm sido confrontados, ao longo de muitos anos, com o problema relacionado ao tratamento e à disposição final dos resíduos gerados em seus laboratórios de ensino e pesquisa (NOVALASCO et al., 2006; GERBASE et al., 2005). Esses resíduos diferenciam-se daqueles gerados em unidades industriais por apresentarem baixo volume, mas grande diversidade de composições, o que dificulta a tarefa de estabelecer um tratamento químico e/ou uma disposição final padrão para todos. Na maioria dos casos os resíduos são estocados de forma inadequada e ficam aguardando um destino final. Infelizmente, a cultura dominante é de descartá-los na pia do laboratório, já que a maioria das instituições públicas brasileiras de ensino e pesquisa não tem uma política institucional clara que permita um tratamento global do problema (GERBASE et al., 2005). Um dos problemas mais graves relacionado ao mau uso de produtos químicos refere-se aos danos ambientais. Para contornar essa situação, as 32 legislações ambientais de todos os países do mundo, inclusive as do Brasil estão evoluindo e se adaptando às novas realidades. Essas legislações estão incorporando novas exigências no monitoramento das emissões de voláteis no ar e no lançamento de resíduos industriais nos corpos hídricos. As IES que realizam pesquisas nas áreas de Química e de ciências afins, não podem ficar alheias às drásticas mudanças estruturais que vêm ocorrendo na legislação ambiental do nosso país (GERBASE et al., 2005). As IES precisam se conscientizar de que os benefícios oriundos da atividade científica e profissional (publicações, patentes, reconhecimento científico, desenvolvimento de novos produtos e tecnologias) podem gerar, paralelamente, resíduos químicos de diversos graus de periculosidade, e que devem receber um tratamento químico adequado, antes de serem enviados à disposição final (GERBASE et al., 2005; NOVALASCO et al., 2006). O gerenciamento de resíduos químicos em laboratórios de ensino e pesquisa no Brasil começou a ser amplamente discutido nos anos de 1990, sendo de vital importância para as grandes instituições geradoras, incluindo as IES devido ao tratamento e à disposição final dos resíduos gerados em seus laboratórios de ensino e pesquisa (AFONSO et al., 2003; GERBASE et al., 2005; NOVALASCO et al., 2006). A implementação de um programa de gestão de resíduos exige antes de tudo mudança de atitudes e, por isto, é uma atividade que traz resultados a médio e longo prazo, além de requerer a reeducação e uma persistência contínua. Portanto, além da IES, disposta a implementar e sustentar o programa, o aspecto humano é muito importante, pois o êxito depende muito da colaboração de todos os membros da unidade geradora (AMARAL et al., 2001; AFONSO et al., 2003; TAVARES, et al., 2005; NOVALASCO, et al., 2006). Novalasco et al. (2006), caracterizaram os principais avanços e dificuldades encontradas no gerenciamento de resíduos químicos em IES e elaboraram uma Estrutura Modelo passível de aplicação direta na grande maioria das instituições que pretendem realizar o mesmo trabalho, sendo uma ferramenta de Gestão e Educação Ambiental. Os autores concluíram que ao implantar um Plano de Gerenciamento de resíduos (PGR) é necessário minimizar os impactos gerados pelas atividades da instituição, como a redução de gastos com compra de reagentes e consumo em geral; armazenamento, tratamento e disposição de resíduos perigosos; o 33 desenvolvimento de pesquisas e novas tecnologias; a minimização de riscos devido ao incremento à segurança, a valorização e especialização dos profissionais envolvidos, pois afeta positivamente a qualidade das pesquisas. Além disso, o PGR deve apresentar uma melhoria contínua, o que possibilita a constante minimização dos impactos ambientais, garantindo sempre melhorias na qualidade de vida para a presente e futuras gerações. Amaral et al. (2001) realizaram um trabalho com o objetivo de reduzir as quantidades de resíduos produzidos nos laboratórios de ensino de graduação do Instituto de Química da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Desta forma, rótulos padronizados foram adotados visando uma melhor classificação dos resíduos e o desenvolvimento de um programa de computador: “Sistema de Reutilização de Resíduos”. Este trabalho foi implantado com sucesso, e seu impacto foi avaliado pelo comportamento dos estudantes, que demonstraram entusiasmo por contribuírem na redução de danos ao meio ambiente e, principalmente, pelos próprios professores e funcionários. O programa “Sistema de Reutilização de Resíduos” oferece diversas vantagens, pois a informação é facilmente atualizada e disponibilizada para o usuário que busque um conhecimento mais detalhado sobre um determinado resíduo. O grupo responsável por esta atividade está convencido de que os futuros profissionais da Química egressos da UFRGS estarão conscientes da necessidade de evitar a poluição do ambiente. Tavares et al. (2005) realizaram um trabalho com enfoque nas principais etapas da implementação do Programa de Gerenciamento de Resíduos Químicos do Centro de Energia Nuclear na Agricultura da Universidade de São Paulo para servir de subsídio para que outras unidades enveredem pelo mesmo caminho, dando ênfase à questão financeira, a qual costuma ser a mola propulsora das mais importantes decisões. Os resultados alcançados durante a implementação do programa permitiu concluir que os procedimentos adotados mostram-se perfeitamente viáveis, corroborando para a disseminação das práticas de gestão e que o sucesso do programa depende de um engajamento que só pode ser obtido gradualmente, desafio esse que demanda esforços continuados. E que a busca por alternativas ambientalmente mais harmoniosas, em substituição ao posicionamento incoerente até então adotado pelas universidades com relação à gestão de seus resíduos, é de grande valia em termos educacionais, na formação de recursos 34 humanos acostumados às práticas de gerenciamento ambiental, minimizando a emissão de efluentes e produção de rejeitos. Demaman et al. (2004) desenvolveram um trabalho com enfoque na recuperação e reutilização dos resíduos de laboratórios visando minimizar os rejeitos com a redução de escala dos experimentos, reaproveitamento do resíduo como insumo, acondicionamento adequado dos rejeitos e tratamento dos rejeitos para o descarte. Desta forma, ocorreu a redução da produção de resíduos, o aumento do reaproveitamento dos resíduos, a diminuição dos rejeitos acondicionados e um descarte adequado dos rejeitos. Além disso, muitas disciplinas fizeram seu próprio gerenciamento de resíduos, contribuindo para o programa. 2.3 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Conforme Dias (2004), a maioria dos problemas socioambientais atuais decorre do modelo de desenvolvimento vigente, imposto pelos países mais ricos do mundo, pelos processos e instituições, como, por exemplo, o Sistema Financeiro Internacional, o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, que influenciam diretamente os sistemas políticos no mundo, culminando com uma situação socioambiental insustentável. O atual modelo de desenvolvimento tem como base apenas aspectos econômicos e está intrínseco à lógica de aumento da produção, sem critérios estabelecidos para utilização dos recursos naturais. Produção e consumo ocasionam pressão sobre os recursos naturais (consumo de matéria-prima, água, energia, combustíveis fósseis, entre outros, o que acarreta maior degradação ambiental) (DIAS, 2004). Opondo-se ao modelo de desenvolvimento pautado apenas em aspectos econômicos, o modelo de Desenvolvimento Sustentável assume papel estratégico no que se refere à sobrevivência do homem (DIAS, 2004). Desenvolvimento Sustentável é o “Desenvolvimento que visa atender as necessidades do presente, sem comprometer as gerações futuras de atenderem as suas necessidades, com relação aos recursos naturais” (BRUNDTLAND, 1988). O desenvolvimento sustentável exige a integração de aspectos econômico, ambiental e social em todas as tomadas de decisão. Conforme o Programa das 35 Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) (1972), o desenvolvimento sustentável, permite à sociedade a distribuição de benefícios socioeconômicos aliada à garantia da qualidade ambiental para as gerações presentes e futuras, uma vez que contribui para melhorar a qualidade de vida do homem dentro de limites da capacidade de suporte dos ecossistemas. Um detalhado plano de ação para mudar o mundo para o desenvolvimento sustentável surgiu a partir da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (UNCED), também conhecida como Cúpula da Terra, realizada no Rio de Janeiro, Brasil, em 1992. Esse plano de ação é conhecido como Agenda 21 e foi adotado por mais de 178 governos. Apesar das críticas ao conceito de desenvolvimento sustentável, à medida que a Agenda 21 Global foi sugerida, observa-se um avanço em relação a essa temática, pois esse documento procura integrar de forma complexa desenvolvimento e meio ambiente (JACOBI, 2004). Existe uma crise na relação homem e natureza; as condutas sociais são destrutivas, tanto em espaços coletivos quanto em compartimentos da natureza e, consequentemente, na qualidade de vida dos cidadãos. Dessa forma, a educação ambiental tem uma função de transformação, em que os indivíduos assumem as suas responsabilidades no que diz respeito ao desenvolvimento sustentável. E o papel do professor, nesse contexto, tem importância fundamental, uma vez que ele desempenha a função de mediador de conhecimentos acerca do ambiente como prática que leva ao desenvolvimento sustentável (JACOBI, 2004). 2.3.1 Ensino Superior e Desenvolvimento Sustentável De acordo com Lukman et al. (2010), é necessário o uso de indicador ambiental para demonstrar a classificação das universidades, utilizando o modelo de sustentabilidade, que se refere aos fenômenos globais interligados de ordem econômica, ambiental e social. Os problemas de sustentabilidade são sempre trabalhados de uma forma multidimensional e são organizados dentro da dimensão econômica, ambiental e social. Atividades estritamente unidimensionais (por exemplo: ambientais) praticamente não existem, pois são sempre relacionadas ao desenvolvimento econômico e efeitos sociais. Os aspectos de desempenho da Universidade (investigação, educação e proteção ambiental) também estão interligados de forma multidimensional. 36 Segundo Tauchen (2007), as IES têm um papel importante no desenvolvimento sustentável como instituições de ensino e pesquisa, ultrapassando o limite de preocupação em ensinar e formar alunos, e sim ocupar um papel importante no contexto da sociedade, com a responsabilidade social e de capacitar pessoas conscientes da necessidade de garantir a sustentabilidade às gerações futuras. Segundo Jones et al. (2008), o período de 2005 a 2014 caracteriza-se como o período da Educação para o Desenvolvimento. Um exemplo desse fato é o reconhecimento da contribuição do setor do ensino superior a essa iniciativa pelo Conselho de Financiamento do Ensino Superior da Inglaterra (HEFCE, 2008), da seguinte forma: i) entre 2008 e 2018, o ensino superior, na Inglaterra, será reconhecido pela sociedade como um dos principais esforços responsáveis para alcançar a sustentabilidade; ii) serão desenvolvidas habilidades nos alunos para colocar em prática seus conhecimentos por meio de estratégias e operações próprias. Segundo a Academia de Ensino Superior (CADE, 2007), para a empregabilidade do Desenvolvimento Sustentável é necessária a implementação de políticas ambientais sérias para os alunos de graduação. O Conselho para Financiamento do Ensino Superior (HEFCE, 2008) cita que, no prazo de 2008 a 2018, as universidades do Reino Unido devem desenvolver meios para auxiliar os egressos a enfrentar os desafios e responsabilidades da sustentabilidade. Além disso, é importante que todas as disciplinas colaborem com essa iniciativa. Algumas áreas, como geografia e ciências ambientais, já estão integradas à Educação para o Desenvolvimento Sustentável (ESD) em seus programas. É importante, no entanto, reconhecer que não é apenas o conteúdo do currículo, mas também a abordagem pedagógica que determina à medida que a ESD é incorporada em programas de graduação. Barry (2007) sugere que ESD deve ser encarada como "lidar com" ao invés de como “resolver a crise ecológica", o que aparenta uma solução definitiva. Desse modo, a ESD pode ser vista como uma abordagem de aprendizagem que aumenta a capacidade de lidar com as incertezas inerentes a um mundo complexo que está enfrentando desafios sem precedentes. O desafio para as universidades é avaliar criticamente e reorientar a sua abordagem, a fim de se envolver totalmente com a sustentabilidade. Uma visão da 37 posição atual com referência às práticas existentes e potencial desenvolvimento futuro de apoio à ESD. Os desafios percebidos são identificados com a intenção de informar a comunidade acadêmica e incentivar o debate sobre o caminho a seguir (JONES et al., 2008). Segundo Carleton-Hug e Hug (2010), os desafios e as oportunidades não são exclusivos para o campo da avaliação de programas ambientais, pois é crescente a complexidade dos problemas ambientais em muitas situações complexas e distintas. A continuação da população humana sobre a Terra necessita de um esforço coletivo para viver de forma sustentável, ou seja, dentro dos limites dos recursos disponíveis para o consumo e capacidade do planeta absorver todo o resíduo gerado. Orr (2002) cita que os caminhos para a sustentabilidade exigem maior eficiência das instituições públicas e cidadãos cada vez mais envolvidos. Dessa maneira, cidadãos bem informados e engajados podem exigir um posicionamento de empresas públicas e privadas em relação ao ambiente. Estrategicamente, a avaliação pode fornecer incentivos para melhorar a programação educativa e, ao fazê-lo, influenciar os seres humanos em relação ao meio ambiente. Em estudo realizado na Universidade de Plymouth, Reino Unido, Jones et al. (2008) demonstraram que alguns acadêmicos têm conhecimento sobre desenvolvimento sustentável, outros se revelaram receosos com o assunto, fazendo referência à sua falta de clareza e um terceiro grupo se mostrou alheio, por não conhecer o assunto. Essas atitudes foram tratadas durante o curso e, no final, muitas já haviam mudado seu comportamento. A pesquisa também revelou a opinião de um entrevistado que diz “o aluno precisa se envolver de tal forma, que a iniciativa tem que ir da cabeça para o coração para conseguir absorver... Se mesmo depois de ler muitos livros e participar de palestras, não absorver, então ele está em um ciclo fechado”. Segundo Lukman et al. (2010), todas as Universidades devem ser avaliadas, principalmente no item sustentabilidade. Pesquisa, desenvolvimento, investimento e matrícula são aspectos que estão intimamente ligados com a dimensão econômica do desenvolvimento das universidades. Educação e serviços para os estudantes foram relacionados principalmente com a dimensão social, enquanto o uso de recursos, emissões e geração de resíduos representa a dimensão ambiental do desempenho da universidade. Dessa forma, as três perspectivas do 38 desenvolvimento sustentável têm sido objeto de proposta tridimensional para a classificação das universidades. Conforme Waas et al. (2009), a humanidade enfrenta um mundo com muitos problemas ambientais até então nunca vistos na história humana. O estado em que se apresenta o meio ambiente tem implicações diretas para o bem-estar dos seres humanos e todas as espécies da terra, que atualmente estão sendo seriamente ameaçadas. Além disso, a humanidade enfrenta vários problemas sociais. A sociedade contemporânea considera o desenvolvimento sustentável a principal arma para enfrentar esses problemas complexos, para garantir o bem das gerações atuais e futuras e também para a integridade do planeta. Globalmente, o progresso rumo ao desenvolvimento sustentável é considerado uma ordem. Embora todos os atores da sociedade devam contribuir na transição para uma sustentabilidade global, as universidades são vistas como um importante catalisador para trabalhar em prol desse objetivo. No passado, as universidades tinham um papel histórico na transformação da sociedade. Agora, chegou a necessidade da sociedade ser chamada para o desenvolvimento sustentável e as universidades terem a responsabilidade fundamental, contribuindo para o desenvolvimento sustentável e orientando a sociedade no seu caminho para a sustentabilidade futura. Desde 1990, muitas universidades de todo o mundo vêm abraçando o movimento do desenvolvimento sustentável. Mais de 1000 instituições acadêmicas no mundo têm assinado declarações internacionais no sentido da sustentabilidade ambiental por meio de iniciativas de alfabetização, desenvolvimento curricular, parceria com os governos, organizações não governamentais e indústria no desenvolvimento de iniciativas de sustentabilidade (WAAS et al., 2009). Nessa nova abordagem, o consumidor poderia adquirir as funções em vez de bens materiais e, portanto, ser ativamente envolvido na criação de uma nova economia, onde todos os materiais são automaticamente enviados para os produtores depois que perdem sua função. Além disso, o design de produtos deve erradicar o conceito de resíduo. As Nações Unidas, através das Emissões Zero, criou um fórum com academia, indústria e políticas governamentais, promotores multidisciplinares de investigação e desenvolvimento para analisar as tendências na sociedade e na tecnologia e abrir caminhos para projetos-piloto concretos. Assim, o Fórum reuniu experiência concreta, por uma série de estudos de casos no mundo todo, que a experiência dos primeiros 11 anos de Emissões Zero demonstrou a 39 viabilidade e a atratividade do conceito, mas os incentivos futuros serão necessários para continuar a aguçar o conceito, para difundir os resultados e iniciar um discurso com todos os atores relevantes, para os quais a Universidade das Nações Unidas, através do Fórum de Emissões Zero, tenta ser o incentivo e o mediador para futuras experiências (KUEHR, 2007). Alshuwaikhat e Abubakar (2008), pesquisando as práticas de sustentabilidade nas universidades, descobriram que suas atividades e estruturas físicas podem ter impactos significativos sobre o ambiente e, dessa forma, começaram a planejar maneiras de organizar as atividades para reduzir seus efeitos adversos sobre o meio ambiente. Durante a última década, muitas universidades tiveram uma abordagem mais responsável para gerir a melhoria de seu desempenho ambiental. Essa atitude não é isolada, mas tem sido particularmente proeminente na Europa, nos EUA, no Canadá, na Austrália, na Ásia, na América do Sul e na África. Os três primeiros estão com uma abordagem de construção e implantação da ISO 14001. Algumas universidades estão recorrendo para a implantação do ''câmpus verde'', mas há várias interpretações da agenda verde, como alguns termos: ecourbanismo, urbanismo verde, edifício verde, edifícios de elevado desempenho, para descrever o conceito. Os caminhos da iniciativa variam de uma universidade para outra. A iniciativa edifício verde, é um conjunto de projetos destinados a diminuir produção de resíduos e materiais perigosos, reduzir o nível de consumo energético e promover o design de eficiência energética dos edifícios. O conceito de construção verde também promove o uso de materiais locais, o que pode ajudar as economias regionais e reduzir os custos com transportes, com diminuição dos gastos e da poluição, bem como a adoção de práticas de construção mais segura, que inclui mitigação dos impactos da construção sobre águas pluviais, ruído, poeira e tráfego. A sustentabilidade é um conceito complexo, e sua aplicação em universidades enfrenta grandes obstáculos, que exige uma abordagem sistemática, sendo mais desafiador ainda, pois muitos campi universitários já foram construídos de forma insustentável, e pela sua natureza, exige uma abordagem integrada e holística na tomada de decisões e investimentos (ALSHUWAIKHAT, 2007). O Grupo de Consciência Ambiental (CEAT) é composto por voluntários na Universidade de Tecnologia Curtin, na Austrália Ocidental, que trabalha em conjunto para promover atividades de sensibilização e divulgação de informações 40 relacionadas ao uso sustentável dos campi universitários. Em 2003, para levantar uma preocupação do CEAT, uma tentativa foi feita, solicitando um projeto de graduação da área de design da faculdade de arquitetura, para estudar a queda da vida animal em torno de um lago do câmpus. Após o trabalho dos alunos, o CEAT revisou os projetos selecionados, para possível inclusão no programa de obras para o câmpus; após a concepção do projeto, os membros do CEAT e os alunos foram entrevistados. Pelos resultados da pesquisa os membros do CEAT consideraram que o envolvimento dos alunos melhorou a qualidade, o alcance e a provável execução do projeto. Os resultados da pesquisa indicaram que os alunos do projeto aumentaram a consciência da complexidade na utilização sustentável do câmpus e que houve a influência do projeto arquitetônico sobre o ambiente natural. No entanto, apesar do reconhecimento formal do valor do projeto, a reitoria não havia demonstrado nenhuma indicação de que a universidade mudaria a atual abordagem para a sustentabilidade, quer na gestão do câmpus ou no núcleo de programas de ensino (KAROL, 2006). Esse trabalho demonstrou que, independentemente dos procedimentos administrativos, as universidades não fornecem uma área para abordar questões relacionadas com a sustentabilidade. Quando um grupo de ação e estudantes se une para trabalhar no mesmo projeto que incorpora a sustentabilidade, mesmo não tendo apoio dos gestores da Universidade, trazem diferentes perspectivas para os alunos nas disciplinas específicas do problema estudado e também no entendimento da valorização deste tema como mostrado nas respostas dos alunos a respeito desse projeto. Embora nenhum trabalho sobre esse projeto tenha sido sugerido pela universidade, essa atitude da abordagem de entrelaçamento de projetos de ensino com uma “vida sustentável” para o câmpus ainda pode dar frutos e servir de base para aumentar a pressão sobre essa universidade particular para criar políticas que permitam aos estudantes ver a universidade como um líder em práticas de sustentabilidade e proporcionar experiências de aprendizagem por meio dessas ações (KAROL, 2006). As instituições de ensino superior regionais podem contribuir significativamente para a promoção da sustentabilidade, fornecendo a liderança intelectual e demonstrando como uma sociedade sustentável pode ser alcançada. A promoção da sustentabilidade no contexto de instituições de ensino superior pode ser conseguida através de vários meios relacionados com o funcionamento, como 41 atividades de ensino e pesquisa, que dizem respeito às tarefas de ensino. Um dos principais objetivos das instituições de ensino superior deve ser a difusão do conhecimento sobre o significado e a importância da sustentabilidade, principalmente por meio do currículo verde. Além disso, é essencial que os princípios fundamentais do desenvolvimento sustentável sejam incluídos em atividades de pesquisa da instituição e as interações entre indivíduos com o ambiente natural devem ser enfatizadas (EVANGELINOS et al., 2009). Outra forma de promover a sustentabilidade é a responsabilidade que as IES têm seu importante papel na transmissão de conhecimentos para a sociedade. Em particular, o envolvimento dos cidadãos em atividades universitárias ou em programas de investigação para melhorar o ambiente natural da comunidade local, pode ser considerado como alternativa para a promoção do desenvolvimento sustentável pelas instituições de ensino superior (EVANGELINOS et al., 2009). Um estudo de caso foi apresentado sobre as atitudes dos alunos em uma universidade grega regional, a Universidade do Egeu, numa tentativa de explorar as restrições durante a execução de iniciativas de sustentabilidade no contexto de uma universidade grega regional. Durante o levantamento das características específicas dos universitários também foram levados em consideração os campi que estão localizados em várias ilhas do arquipélago do Mar Egeu, e um dos principais objetivos durante a sua criação foi a promoção do desenvolvimento e difusão do conhecimento e a cooperação com a comunidade local. O estudo analisou as percepções dos alunos sobre as limitações que podem ocorrer durante as iniciativas de sustentabilidade. O foco no grupo social pode indicar algumas limitações para a pesquisa, principalmente devido à residência temporária dos estudantes na sociedade acadêmica, sua participação insignificante em iniciativas ambientais e sua falta do conhecimento das questões financeiras e organizacionais da universidade. No entanto, a pesquisa sobre as atitudes dos alunos e crenças são consideradas essenciais, como a promoção da sustentabilidade pode ser facilitada quando os alunos são proativos (EVANGELINOS et al., 2009). 42 2.4 EDUCAÇÃO AMBIENTAL 2.4.1 Histórico Com a Conferência Intergovernamental sobre Educação Ambiental realizada em Tbilisi, na Geórgia (ex-União Soviética), em 1977, sob a coordenação da Unesco e com a cooperação do PNUMA, sendo um prolongamento da Conferência de Estocolmo (1972), começou um amplo processo global para criar as necessidades da formação de uma nova consciência sobre o valor da natureza e para organizar a produção de conhecimento baseada nos métodos da interdisciplinaridade e nos princípios da complexidade (SORRENTINO, 1998). Essa situação educativa tem sido alimentada de várias maneiras e isso tem possibilitado a realização de experiências concretas de educação ambiental de forma criativa e inovadora por diversos segmentos da população e em diversos níveis de formação. O documento da Conferência Internacional sobre Meio Ambiente e Sociedade, Educação e Consciência Pública para a Sustentabilidade, realizada em Tessalônica, na Grécia, em 1997, chama a atenção para a necessidade da articulação de ações de educação ambiental baseadas nos conceitos de ética e sustentabilidade, identidade cultural e diversidade, mobilização e participação, e práticas interdisciplinares (SORRENTINO, 1998). Nas últimas duas décadas foram várias as declarações de políticas ambientais globais, incluindo Estratégia de Conservação Mundial (Anon, 1980), relatório Bruntland (WCED, 1987), Cuidar da Terra (Anon, 1991) e Agenda 21 (UNCED, 1992). Todos têm enfatizado um papel importante da educação na concretização das atitudes, crenças, conhecimento e medidas que considerarem necessárias. Educação para a sustentabilidade apareceu pela primeira vez na agenda internacional da Conferência de Estocolmo sobre o Meio Ambiente Humano (AMIGOS DA TERRA, 1982). A importância das universidades na promoção do desenvolvimento sustentável tem sido destaque em um número significativo de declarações, incluindo a Declaração de Talloires (1990), a Declaração de Halifax (1991), a Declaração de Swansea (1993), a declaração do Protocolo de Quioto (1993), a Carta de Copérnico (1993) e Estudantes por um Futuro Sustentável (IISD, 2002). Na política, um número crescente de normas ambientais sobre desenvolvimento sustentável e políticas 43 relacionadas tem sido adotado pelas universidades em muitas partes do mundo (IISD, 2002). 2.4.2 Dimensão da Educação Ambiental Os educadores têm um papel estratégico e decisivo na inserção da Educação Ambiental no cotidiano escolar, qualificando os alunos para um posicionamento crítico em face a crise socioambiental, tendo como horizonte a transformação de hábitos e práticas sociais e a formação de uma cidadania ambiental que os mobilize para a questão da sustentabilidade no seu significado mais abrangente (JACOBI, 2005). As práticas sociais envolvidas na degradação permanente do meio ambiente abordam a necessidade de produção de sentidos sobre meio ambiente, ou seja, as pessoas devem sentir e entender o meio em que vivem para lhe dar o devido valor. A dimensão ambiental envolve um conjunto de atores no universo educativo, potencializando os diversos sistemas do conhecimento e capacitando profissionais e comunidade acadêmica numa perspectiva interdisciplinar, e deve contemplar o meio natural com o social, dividindo os atores e tarefas sempre focadas numa perspectiva socioambiental (JACOBI, 2003). A procura por educadores ambientais para a sociedade está sendo intensa nos últimos anos, devido à grande necessidade destes profissionais serem capazes de entender e ensinar soluções voltadas aos problemas das atitudes humanas em relação à natureza. Esse pensamento defende uma criação de sociedades justas, que sejam iguais e ecologicamente equilibradas. E para que isso aconteça faz-se necessário o respeito ao ser humano e à natureza, além da oportunidade de sustentabilidade ecológica e qualidade de vida (SPAZZIANI, 2004). Segundo Gadotti (1993), a proposta de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis (EASS) destaca alguns conceitos: i) a EA deve ser inovadora e crítica em qualquer lugar, sendo no modo formal ou informal, para transformar e construir a sociedade; ii) a EA deve ser individual e coletiva, para formar cidadãos com consciência específica e também genérica, respeitando a soberania dos povos; iii) a EA deve englobar a relação homem-natureza e o universo de forma interdisciplinar. De acordo com Tristão (2004), muitos professores acreditam que educação ambiental é proferida como atividade extracurricular, atuando de forma isolada no 44 contexto escolar, como disciplina especial, na forma de passeios e recreação. A essas atividades, entretanto, devem ser acrescentados os fazeres da educação ambiental, que permitem resgatar processos sociais entre professores e alunos no âmbito ambiental. Viégas e Guimarães (2004) citam a educação ambiental formal para crianças como uma associação necessária para um mundo melhor. Conforme levantamento realizado em entrevistas com professores que lecionam para essa faixa etária do ensino fundamental, os alunos são os principais atores da EA nas escolas; no entanto, para que tenha significado e repercussão no futuro, a EA deve ser pautada na consciência + ação = conscientização, em que o aluno pode colocar em prática seus aprendizados para que sua causa seja mais eficaz. Além disso, a EA deve ser conjunta, ou seja, individual e coletiva, prática e teórica, integrando o cotidiano escolar e acreditando na possibilidade da junção da criança e da EA para a construção de uma sociedade cada vez melhor. Segundo Higuchi e Azevedo (2004), a educação deve ser vista como um processo na construção da cidadania ambiental, interpretado individualmente, pois é necessário saber de cada pessoa o que pensa, como pensa, o que acha e o que sabe a respeito do meio em que vive, sobre as pessoas com que convive, pois as representações, as ideias e concepções são conceitos desenvolvidos pelas ciências psicológicas e sociais que determinam como as pessoas pensam sobre objetos, fenômenos e acontecimentos. O educador deve se preocupar em ouvir os educandos e buscar soluções em conjunto de forma criativa e eficaz, respeitar o que os educandos pensam, porém não se alienar e dizer “tudo bem, eles pensam assim”, pois, como citado, deve-se entender por que eles pensam assim e, após negociar com inteligência, interpretar por que as pessoas pensam e agem daquela forma. Somente assim será possível introduzir novas práticas de mudança de comportamentos individuais (HIGUCHI; AZEVEDO, 2004). Segundo Sato (2002), a taxonomia educacional como objetivo da EA define os seguintes processos de atividades diferenciados: 1) Sensibilidade ambiental – processo de olhar em direção anteriormente distante da motivação, sendo um dos primeiros momentos do processo educativo, quando o educando é inserido em um mundo que se quer redescobrir ou notar 45 simplesmente; dessa forma os programas podem ser completos e orientadores de novas condutas. 2) Compreensão ambiental – estabelece a divulgação específicas sobre ecossistemas e suas formas constituintes, características e funcionamentos. 3) Responsabilidade ambiental – reflexão como membro constituinte do ecossistema e responsável por transformação, modificação, organização, manutenção e prevenção do ecossistema de níveis básicos e genéricos. 4) Competência ambiental – processos educativos para construção de avaliar e agir de forma capaz e ativa no ambiente em que vive. 5) Habilidade ambiental – ações com participação efetiva e mobilizadora com as pessoas para a busca de soluções em relação a homem/ambiente, ou também na prevenção de riscos ambientais após comportamentos ecológicos errôneos. Sato (2002, p. 41) recomenda algumas técnicas para a disseminação da EA e construção do conhecimento no processo de ensino/aprendizagem: um acervo didático coerente; uso de dinâmicas contextualizadas e socializadoras; respeito à diversidade de pensamento dos educandos; posicionamento crítico diante dos problemas socioambientais; promoção de debates em busca de alternativas e gerenciamento aos problemas ambientais; promoção de atividades participativas e dialógicas; utilização de atividades lúdicas e dinâmicas; promoção de trabalhos práticos que vislumbrem aspectos interdisciplinares (SATO, 2002, p. 41). Higuchi e Azevedo (2004) demonstram que as formas de pensar diferente tornam os seres distintos, de forma que, para cada situação, pessoas tomam atitudes distintas umas das outras, cada pessoa tem uma experiência e decisão única. Como exemplo, uma pessoa é contratada para limpar um espaço; após o serviço realizado, o supervisor chega e fica indignado que o serviço não teria sido realizado. A pessoa contratada varreu o espaço e não entende por que seu supervisor não aprovou, pois não deixou nem um papel no chão; porém, para o supervisor, além de varrer, a pessoa deveria ter passado um pano úmido no local para eliminação total do pó. 46 2.4.3 Educação Ambiental em Universidades O sucesso dos programas ambientais nas Universidades inclui o suporte da diretoria, uma política ambiental escrita, a oferta de recursos e incentivos, o planejamento, a incorporação de responsabilidade ambiental no currículo, a presença de atividades de investigação ambiental, o planejamento do câmpus ecológico e o desenvolvimento de controle de redução de custos e da geração de resíduos (MASON et al., 2003). As Universidades Brasileiras ainda encontram inúmeras barreiras para incorporar a dimensão ambiental à formação de recursos humanos devido a vários fatores, como: abordagem da questão ambiental de forma setorial e multidisciplinar e estudos de caráter técnico em detrimento aos aspectos epistemológicos e metodológicos (RODRIGUES et al., 2007). Conforme Tristão (2004), que discute sobre saberes e fazeres da educação ambiental no cotidiano escolar, a formação dos professores sobre o assunto é a prática que eles adquirem durante sua formação na universidade, como a realização de troca de experiências com seus colegas, a participação em cursos e eventos na área, o engajamento em uma Organização Não Governamental (ONG) e o envolvimento em algum partido político, o que lhes permite maior sensibilidade e comprometimento com os aspectos ligados à educação ambiental. Viégas e Guimarães (2004) acreditam que a EA da forma que está sendo realizada, não terá efetividade rápida, ou seja, os alunos têm a consciência de que não podem jogar lixo nos rios, não podem matar os animais, não podem poluir o ar, mas é necessário saberem quais os problemas causados pela poluição, como, por exemplo, quais os problemas que as garrafas PET podem causar. Araújo (2004) relata sobre a universidade e a formação de professores para a educação ambiental. O professor precisa se preocupar com o processo de aprendizagem do educando e melhorar constantemente seu desenvolvimento, para que este possa tomar atitudes a fim de melhorar seu desempenho. Dessa forma, o professor entra como facilitador e parceiro da aprendizagem e não como dono da verdade. A nova interpretação dada ao novo professor de EA não deve ser no saber já construído, pois este pode criar obstáculos para a chegada de novas experiências, e sim deve estar preparado para acompanhar, entender e discutir as interações dinâmicas que regem a formação ambiental. 47 A universidade vista como preparadora de professores para a educação básica não deverá se omitir diante do novo paradigma, pressões da sociedade, apelos da mídia, e de novas tecnologias, que de alguma forma influenciam a prática do professor universitário. Em meio a todas essas relações universidade/formação profissional/formação ambiental, como instituir a formação dos professores com a responsabilidade de incluir essa nova mentalidade no dia a dia na educação básica? Para responder essa questão não é necessária a introdução de novas disciplinas nos currículos dos cursos, mas sim a implementação em cada disciplina de novos pensamentos socioambientais a fim de incorporar a dimensão ambiental no processo educativo, portanto, inserção da dimensão ambiental nos currículos de formação desses professores para que invistam em seu desenvolvimento profissional (ARAUJO, 2004). Araujo (2004) traz a universidade como responsável pela formação de professores para a EA, a qual tem duas funções principais: a primeira é formar professores para diferentes níveis de escolaridade, dando condições para a continuidade dessa formação, e a segunda é sempre investir em pesquisas e práticas educativas e metodológicas fundadas na interdisciplinaridade e na investigação. Para orientar a formação de professores, é recomendável considerar o seguinte: 1) Introduzir o enfoque construtivista na formulação de atividades, o que significa valorizar os esquemas prévios dos alunos, potencializar o contraste desses esquemas entre si e com outras fontes de informação para, desse modo, abrir processos de reestruturação deles. 2) Superar a dicotomia teoria versus prática, abrindo processos de reflexão/ação/reflexão. 3) Contemplar cada tema como problema aberto, cuja formulação pretenda destacar necessidades dos professores em relação ao modo de formular e por em marcha um plano de formação em educação ambiental. 4) Organizar trabalhos que potencializem as atividades, tanto em pequenos grupos quanto em grandes, de modo a possibilitar mudanças de atitudes e de aptidões fundamentais na educação ambiental. As instituições de ensino superior, segundo Bonett et al. (2002), precisam colocar em prática o que ensinam, mudar o estigma de burocráticas e mostrar o caminho da sustentabilidade. Para que essa sustentabilidade aconteça também é 48 necessário o envolvimento de professores, funcionários e alunos a fim da tomada de decisão para as atividades comuns a todos. Para Bonett et al. (2002), a responsabilidade para estabelecer um Programa de resíduo zero numa IES é do público estudantil, do conselho ambiental e de um gerente específico. Para a implementação faz-se necessária a criação de um grupo de trabalho, incluindo os especialistas do assunto, o corpo docente e também as autoridades decisórias. Essa estrutura está em funcionamento no ecocampus da Universidade de Bordeaux, na França, onde o comitê ambiental estabelece a comunicação ambiental entre toda a comunidade acadêmica e os setores de toda universidade. Segundo Koester et al. (2006), a Universidade Estadual de Ball, na cidade de Muncie, Estados Unidos, assinou uma declaração da Visão de Sustentabilidade, em que se pretende que todos os alunos, professores e funcionários tenham a oportunidade de se alfabetizar na área ambiental, social e interações econômicas. Essas oportunidades são disponibilizadas pelos cursos da graduação e pósgraduação. Desenvolvimento na Universidade de liderança e experiência é visto como um processo contínuo de aprendizagem participativa que contribua para os esforços de sustentabilidade local e regional. Entendimento e preocupação com questões de sustentabilidade fornecem as bases para um sentido dinâmico do câmpus em conjunto com a comunidade. As práticas da Universidade são voltadas para a redução do consumo de materiais, energia e emissões de poluentes para um nível mais baixo, sem diminuir o nível de educação, trabalhos acadêmicos e serviços prestados. As decisões e ações serão orientadas pela comissão da Universidade, orientadas pelo plano estratégico da Universidade. Como uma instituição de ensino, o planejamento para a sustentabilidade será uma prática evolutiva. Ainda segundo Koester et al. (2006), além da declaração, foi assumido o seguinte compromisso pela Universidade: “Nós, da comunidade da Universidade de Ball State, afirmamos nosso compromisso para proteger e melhorar o ambiente através de nosso ensino, pesquisa, serviços e ações administrativas. Nós pretendemos promover uma comunidade que sustenta os sistemas ecológicos e educa para a consciência ambiental, a ação local, e pensamento global. Procuramos incorporar princípios ambientais e práticas ambientalmente responsáveis como fundamental”. Os princípios fundamentais são: 49 - integrar as preocupações ambientais como uma prioridade importante nas decisões da universidade; - buscar alternativas práticas e procedimentos para minimizar impactos negativos sobre o meio ambiente; - conservar os recursos naturais e restauração da qualidade ambiental; - proteger a biodiversidade da região e servir como um laboratório de vida e habitat para espécies locais; - considerar os impactos sociais, econômicos, ambientais e políticas operacionais da Universidade, e promover um processo participativo na elaboração dessas políticas. As instituições de educação precisam desempenhar um papel-chave na definição de normas de qualidade em matéria de educação para o desenvolvimento sustentável, pois possuem uma grande responsabilidade na formação de futuros formadores de opiniões da sociedade. Abordagens educacionais para uma gestão ambientalmente correta de resíduos perigosos são, no entanto, tratados com pouca responsabilidade na maioria dos países. Esse exemplo diz respeito aos resíduos gerados pelos alunos em atividades laboratoriais de química. Dependendo da política da escola, o destino desses resíduos são muitas vezes os aterros municipais ou outras formas inadequadas de destinar os resíduos perigosos, como rede municipal de esgotos. Por outro lado, os alunos podem depositar os seus resíduos em diferentes recipientes que devem ser transferidos para uma indústria, eventualmente destinada ao tratamento mediante um processo desconhecido (SALES et al., 2006). 2.5 GESTÃO AMBIENTAL A implementação de Sistemas de Gestão Ambiental (SGA) é uma forma privilegiada e integrada de abordar os problemas ambientais dentro de uma organização. Ferreira et al. (2006) relatam que SGA podem ser uma ferramenta valiosa para melhorar o desempenho ambiental da universidade e a promoção da sustentabilidade. A implementação de SGA requer pessoal treinado, com metodologia adequada, para a formulação e implementação das políticas. Essas pessoas devem ser capazes de avaliar onde e como as melhorias podem e devem ser feitas. Há quatro áreas de formação para a implementação do SGA: i) consciência ambiental de como as questões ambientais afetam as organizações; ii) 50 criação e execução de sistemas de gestão de impactos ambientais da organização; iii) auditoria ambiental de meio ambiente; e iv) formação especializada para o pessoal. A implantação de um programa tão grandioso e que tenha sucesso está diretamente ligada à motivação e à conscientização dos empregados de uma empresa. É necessário deixar bem claro que racionalizar é a mesma coisa de não desperdiçar, evitando o consumo desnecessário e respeitando sempre a produtividade do empreendimento; para isso se faz necessária a realização de treinamentos e reuniões periódicas com todas as pessoas envolvidas (WEIGMANN, 2004). 2.5.1 Ensino Superior e Gestão Ambiental Ferreira et al. (2006) relatam que SGA estão sendo implementados por universidades de todo o mundo, em resposta à sustentabilidade ecológica, desenvolvimento e para a liderança em termos de proteção ambiental. Para sua implementação são levadas em consideração: i) melhoria da sustentabilidade ambiental, de ensino e pesquisa; ii) envolvimento dos alunos; iii) gestão de competências de desenvolvimento ambiental e global; iv) promoção do meio ambiente e de preocupações com sustentabilidade em todos os alunos e não apenas naqueles indivíduos da área ambiental; v) investigação e demonstração de projetos-piloto, envolvendo alunos, para aquisição de habilidades. A implementação de SGA nas universidades representa uma ponte entre o mundo acadêmico, o social e o empresarial. As universidades, por natureza, tratam de questões de ponta. A consequência da integração do meio acadêmico e das atividades ambientais das empresas oferece a oportunidade para a inovação em programas acadêmicos e cria uma cultura de junção com a promoção de melhores práticas. O processo de implementação se estende pelos departamentos, disciplinas e alta administração para abraçar o maior número possível de participantes. Trata-se de ensino ambiental completo em todo o currículo, bem como as práticas no câmpus inteiro. Mais do que melhorar desempenho ambiental da organização, a implementação de SGA vai ter implicações sobre os pré-conceitos e as crenças compartilhados pelos membros da equipe, essencial para melhorar a sua consciência ambiental (FERREIRA et al., 2006). 51 Conforme Alshuwaikhat e Abubakar (2008), as universidades são consideradas como "pequenas cidades", devido ao seu tamanho, população e às diversas atividades que são realizadas no câmpus, onde também se apresentam sérios impactos, diretos e indiretos sobre o ambiente. A poluição e a degradação ambiental causadas pelas universidades, na forma de consumo de energia e utilização de material de consumo nas atividades de ensino e prestação de serviços, podem ser reduzidas por uma escolha efetiva de medidas organizacionais e técnicas. Embora muitas medidas ambientais de proteção sejam vistas em algumas universidades, uma abordagem mais sistemática e sustentável para reduzir os impactos negativos das atividades realizadas no câmpus é praticamente inexistente. Portanto, para garantir a sustentabilidade do câmpus e remediar as limitações das atuais práticas de gestão ambiental das universidades e garantir maior sustentabilidade, pode-se integrar três estratégias: Sistema de Gestão Ambiental; participação pública e responsabilidade social; e promoção de ensino e pesquisa para a sustentabilidade. Um meio para a promoção de ideias sustentáveis refere-se à melhoria da gestão ambiental das instituições de ensino superior, que pode ser conseguido por meio de um sistema de gestão ambiental bem organizado, com a implantação da ISO 14001, que trará muitos benefícios. SGA podem aumentar a sensibilização e facilitar o fluxo de informações sobre questões relevantes entre os alunos e membros da comunidade durante a sua aplicação (EVANGELINOS et al., 2009). Segundo Savely et al. (2007), para proteger a saúde pública, nos últimos 30 anos os órgãos reguladores estaduais e federais dos Estados Unidos vêm aumentando os esforços, cuidados com o meio ambiente e principalmente cobrando muito das faculdades e Universidades, inclusive incluindo tentativas de modificação de regulamentos dessas instituições e oferecendo incentivos para programas ambientais. A ISO 14001 é um padrão internacional que define requisitos para a criação de um sistema de gestão ambiental, que fornece normas para empresas e agências governamentais para desenvolver e manter um processo de confiança que cumpra as obrigações e os compromissos ambientais. Os Sistemas de Gestão Ambiental, quando registrados e auditados periodicamente por terceiros credenciados, podem ser certificados com ISO 14001. Essa certificação é desconhecida nas faculdades e nos meios universitários dos Estados Unidos. Poucas universidades, incluindo a Universidade de Missouri Rolla e da Universidade 52 do Texas Anderson Cancer Center, tinham obtido a certificação até o ano de 2007. Por outro lado, na indústria, a norma ISO 14001 é cada vez mais popular, porque as grandes empresas exigem que seus fornecedores sejam certificados, a fim de evitar problemas ambientais e multas. Apesar de poucas terem obtido a certificação ISO, as questões ambientais não são negligenciadas nos estabelecimentos de ensino. Savely et al. (2007) estudaram a implementação de sistemas de gestão ambiental em faculdades e universidades nos Estados Unidos. A pesquisa foi realizada eletronicamente e contou com a participação de 273 instituições, sendo que 47% tinham pelo menos um funcionário em tempo integral, dedicado ao cumprimento da legislação ambiental e orçamentos para melhorias ambientais. Isso indica que cerca da metade das instituições tinham programas ambientais bem desenvolvidos. A Universidade de Massey na Nova Zelândia tem um perfil parecido com o câmpus da Universidade Positivo, onde o Programa de resíduo zero foi implementado, em dezembro de 1999, e estabelecido como um projeto de pesquisa, sendo o seu líder, um professor da área. O programa foi estabelecido em resposta à preocupação de alunos sobre as questões de gestão ambiental; discussões com acadêmicos e agentes da autoridade da Universidade foram instituídas; houve a criação de um grupo de trabalho e foi definido um líder do corpo docente. O apoio da diretoria no compromisso em relação à instalação e financiamento do programa, apoio voluntário supervisionado pelo líder do programa e a criação de uma comissão de meio ambiente para facilitar a comunicação sobre questões ambientais entre escola, equipes de gestão e acadêmicos foram essenciais para o progresso do programa (MASON et al., 2003). Segundo Mason et al. (2003), a promoção de cursos na área ambiental somada à integração de conceitos ambientais nos currículos da graduação e à prática do dia a dia são atividades indispensáveis da universidade. Uma abordagem importante para a implementação de políticas pode ser fornecida pelo SGA. O compromisso da alta gerência para a formulação de uma política ambiental é normalmente listado como o primeiro passo para implementação de sistemas modernos para facilitar a melhoria contínua. 53 2.6 INDICADORES AMBIENTAIS Segundo o relatório da Comunidade Europeia (2004), um indicador é um parâmetro, ou um valor derivado de um conjunto de parâmetros, que proporciona informação acerca de, e/ou descreve o estado de um fenômeno. Tem um significado para além do associado ao valor do parâmetro. A informação no Desenvolvimento Sustentável pode ser fornecida com diferentes níveis espaciais de detalhe (local, regional, nacional ou global), dependendo do que se pretende avaliar (MADEIRA, 2008). Existe uma grande variedade de indicadores, dos quais se destacam os indicadores descritivos e os de desempenho. Os primeiros são os conjuntos de medições individuais de diferentes matérias e comunicam a informação mais relevante aos potenciais utilizadores, principalmente aos decisores. Estes indicadores são baseados em estatísticas, valores técnicos e/ou científicos e na generalidade, são simples e de fácil compreensão (NATH et al., 1998). Os indicadores de desempenho incorporam um indicador descritivo e um valor de referência ou meta política. Este tipo de indicadores fornece aos decisores, informação sobre o desempenho, de forma a cumprir objetivos e metas tanto nacionais como internacionais. A decisão da escolha de um indicador a ser usado em uma determinada situação depende das necessidades dos decisores, do nível espacial e da fase do processo de decisão (NATH et al., 1998). De acordo com o Sistema FIRJAN (2008), existe três tipos de indicadores aplicáveis às questões ambientais: condição, pressão e resposta. O conjunto de indicadores ambientais pode fornecer uma síntese das condições ambientais, das pressões sobre o meio ambiente e das respostas encontradas pela sociedade para mitigá-las. O modelo PER (Pressão-Estado-Resposta) desenvolvido pela Organização para a Cooperação Econômica e o Desenvolvimento (OECD) é muito utilizado, gera informações e influencia as ações a serem tomadas. Existe ainda, um tipo específico de indicador, “índice”, que apresenta a informação num nível ainda mais específico, e é obtido por agregação e ponderação de vários indicadores. Os índices são normalmente úteis ao mais alto nível de decisão (NATH et al., 1998). O Ensino Superior desempenha um papel preponderante na sociedade, tendo um grande impacto na população acadêmica e nas suas decisões futuras. É o 54 responsável pela preparação da maioria dos profissionais que têm um papel relevante na sociedade. Cabe às IES, portanto, dar exemplo de práticas sustentáveis, promovendo a sustentabilidade. Nesse sentido, desenvolveram-se indicadores que permitem não só monitorar a sustentabilidade em IES, como também verificar se tais instituições contribuem de forma positiva para a sua promoção (MADEIRA, 2008). Madeira (2008) desenvolveu os indicadores a partir de um modelo utilizado para o desenvolvimento dos indicadores de sustentabilidade e foi estabelecido com base nos seguintes pressupostos: i) as atividades principais de uma IES são o ensino e a investigação; ii) a existência de uma IES depende de vários serviços de suporte e de diversas operações a eles associadas; iii) a comunidade acadêmica é essencial para o funcionamento de uma IES e intervém diretamente no ensino, na investigação e nas ditas operações; iv) uma IES sustentável resulta da integração da sustentabilidade na comunidade acadêmica, no ensino, na investigação e nas operações; v) as IES originam efeitos positivos e negativos na comunidade. De acordo com o modelo, consideraram-se indicadores relacionados com a comunidade acadêmica, com as operações, com o ensino, com a investigação, e, com os relativos ao impacto da IES na comunidade. Os indicadores de desempenho ambiental são os parâmetros que fornecem informações sobre uma atividade ou um cenário em relação aos fatores ambientais, o que possibilita a realização de análises, conclusões e tomadas de decisões estratégicas. Os indicadores ambientais permitem avaliar o desempenho ambiental de uma organização com os diferentes aspectos ambientais (consumos de água, energia elétrica e geração de resíduos) (MADEIRA, 2008; SISTEMA FIRJAN, 2008). A escolha de adequados indicadores ambientais deve ser baseada nos seguintes preceitos: i) ser simples, de fácil interpretação e capazes de demonstrar tendências; ii) ser relevantes em termos das questões e dos valores ambientais; iii) facilitar o entendimento dos Sistemas de Gestão Ambiental implementados; iv) ter base científica; v) considerar as dificuldades de monitoramento (tempo, tecnologia, custos) e vi) proporcionar bases sólidas para comparações e tomadas de decisões (SISTEMA FIRJAN, 2008). 55 3 MATERIAL E MÉTODOS 3.1 ÁREA DE ESTUDO E ESCOPO DO TRABALHO A presente pesquisa foi realizada na Universidade Positivo (UP). A instituição possui uma área total de 425.000 m2 (Fig. 2) sendo 120.000 m2 de área construída, contendo 193 laboratórios de ensino nas áreas de Ciências Biológicas, Exatas, Tecnológicas, Humanas e Sociais Aplicadas, seis blocos didáticos, ExpoUnimed (Centro de Convenções), Teatro, Centro Esportivo, Bloco da PósGraduação, Biblioteca, Reitoria, Farmácia Escola, Almoxarifado, Biotério, Refeitório e três Praças de Alimentação. Figura 2 – Vista aérea do câmpus da Universidade Positivo. Fonte: Google Earth (2010). No ano de 2010 a Universidade contava com uma população fixa de 525 funcionários, 550 professores, 179 estagiários, 120 prestadores de serviço, sendo de 250 a 300 fornecedores durante o ano, 11.000 alunos de graduação e pósgraduação, 3.000 visitantes por mês e 200 prestadores de serviços, perfazendo um total de pessoas circulantes no câmpus de aproximadamente 13.000 pessoas. 56 Foram considerados para o presente trabalho a quantidade de resíduos gerados e o consumo de energia elétrica em todo o câmpus durante os anos de 2006 a 2010, maior ênfase foi dada para o período de 2008 a 2010. 3.2 COLETA DE DADOS Para a coleta de dados referentes à geração de resíduos (orgânico, químico, biológico, jardim, lâmpadas, recicláveis), ao consumo de energia elétrica e aos custos com energia e destinação dos resíduos foram utilizados os demonstrativos de consumo de energia elétrica da instituição e os relatórios de geração de resíduos dos últimos quatro anos e seis meses (janeiro de 2006 a junho de 2010). Os dados foram tabulados, interpretados e analisados e, a partir daí, estruturou-se um histórico de: i) consumo e custo de energia; ii) geração, coleta e destinação final de resíduos. Dessa forma, foram emitidos relatórios mensais do consumo e custo de energia e da geração de resíduos, onde as informações relacionadas à população fixa (professores, funcionários e alunos) e flutuante (toda a comunidade externa), no período de estudo, foram obtidas do departamento de Recursos Humanos e Secretaria Acadêmica da Universidade Positivo. Os dados obtidos foram organizados e analisados com auxílio de planilhas e gráficos do programa Excel (versão 2007, sistema Windows7). 3.3 INDICADORES AMBIENTAIS No presente trabalho foram utilizados os indicadores de desempenho ambiental seguindo a metodologia descrita por Madeira (2008): que são as grandezas utilizadas para sintetizar as informações quantitativas e qualitativas, que permitiram a determinação da eficiência e efetividade da instituição, do ponto de vista ambiental, em utilizar os recursos disponíveis. Os indicadores de energia e resíduos utilizados foram: A) Energia Elétrica: Eq. 1 57 EEA = Consumo total ANUAL de Energia Elétrica em todo o campus durante cada ano (i) do intervalo 2006 a 2010 considerado. EEm: Consumo total observado a cada mês (jan-dez) do respectivo ano do intervalo considerado, em KWh. B) Relativização e Indicadores Utilizados: Eq. 2 IEE : Indicador de Energia Elétrica EEx : Total de Energia elétrica, mensal ou anual Unidades de Relativização consideradas: Ac: Área total construída, em m2. Aa: Nr. total de alunos matriculados no ano respectivo considerado G$: Preço pago para a energia, em reais, no período respectivo considerado G$ / Ac : Indicador do preço pago com Energia por área construída C) Resíduos: Eq. 3 Quantidade Total de Resíduos gerada em cada mês do período considerado Eq. 4 Resíduos Especiais: 1= resíduos recicláveis (kg); 2= resíduos químicos (kg); 3= resíduos biológicos (kg); 4= resíduos de poda e jardinagem (kg); 5= Quantidade de lâmpadas (un.) Para o monitoramento dos indicadores foram utilizadas tabelas para controle da geração de resíduos (Tab. 1) e gastos com energia elétrica (Tab. 2). 58 Tabela 1 – Modelo de tabela utilizada no controle da mensuração da quantidade de resíduos gerados na Universidade Positivo. Resíduos Tipo Mês Orgânico Jardim Papel Plástico Metal Lâmpadas (kg) (kg) (kg) (kg) (kg) (unid) Químicos/Biológicos (kg) Total Tabela 2 - Modelo de tabela utilizada no controle da mensuração do consumo de energia por ano na Universidade Positivo. Nº Pessoas Tipo Mês Total Energia kWh R$ Consumo Relativo Consumo Total de Energia (kWh).Área Construída -1 Consumo Total de Energia (kWh).Nº de Pessoas -1 Total 3.4 AÇÕES DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL 3.4.1 Características do estudo O presente estudo abordou a EA, tanto em âmbito formal quanto informal, uma vez que envolveu toda a comunidade acadêmica. As ações de EA foram desenvolvidas de acordo com as especificidades de cada grupo conforme disposto na Política Nacional de Educação Ambiental (Lei N° 9.795/99). 3.4.2 Etapas Tendo em vista a efetividade no estabelecimento e execução de atividades participativas e integradas da EA para toda a comunidade acadêmica da UP, tornouse necessário a realização de um levantamento e diagnóstico da situação atual, pois a coleta e análise de informações permitiram uma visão adequada da amplitude das ações de intervenção, seus objetivos, planejamento, desenvolvimento e avaliação. Para tanto, a metodologia empregada nessa fase do presente estudo, baseou-se no modelo denominado ANISE (Análise de Necessidades de Intervención Sócio- 59 educativa), proposto por Pérez-Campanero (1991). Este modelo é constituído por três fases: levantamento/reconhecimento, diagnóstico e tomada de decisões. Fase de levantamento: reconhecimento da situação atual Essa fase caracterizou-se como o ponto de partida para a elaboração e desenvolvimento de ações educativas, uma vez que se realizou o levantamento das condições que caracterizam a população-alvo. Dessa forma, foram considerados os aspectos relacionados aos professores, alunos, colaboradores da limpeza e funcionários. - Professores: i) levantou-se, durante um mês, a quantidade de copos plásticos utilizados diariamente na sala dos professores, assim como a sua segregação. Esse levantamento foi realizado com o auxílio das secretárias da sala dos professores; ii) levantou-se, durante um mês, aspectos relacionados ao uso do controle do projetor multimídia, o desligamento de luz e ventiladores ao deixar as salas de aula e laboratórios. Esse levantamento foi realizado diariamente e com o auxílio dos inspetores de cada bloco didático. Importante ressaltar que, antes do início desses levantamentos, realizou-se um treinamento com as secretárias das salas dos professores e inspetores dos blocos didáticos, em que foram fornecidas informações sobre o porquê do estudo e instruções de como proceder as anotações. - Colaboradores da limpeza: foi observado durante um mês e in loco o trabalho realizado pelos colaboradores da limpeza em relação à segregação dos resíduos e ao uso de água e energia. - Alunos, professores e funcionários: foram empregados dados referentes à segregação dos resíduos e ao uso de água e energia na Universidade Positivo, obtidos a partir das anotações feitas nas Tabelas 1 e 2. Fase de diagnóstico: análise da situação atual e definição dos problemas principais Nessa etapa, buscou-se caracterizar, a partir da análise dos dados coletados na etapa anterior da pesquisa, a situação atual do objeto de estudo; estabeleceu-se a situação desejável, isto é, a forma como as ações socioeducativas foram 60 implantadas e implementadas de acordo com as especificidades de cada grupo envolvido. Os pressupostos para a implementação das ações foram definidos de forma a garantir o alcance de metas e objetivos pautados nos princípios estabelecidos no Seminário Internacional de Educação Ambiental de Belgrado (1975), ratificados na Conferência Intergovernamental de Educação Ambiental realizada em Tbilisi (1977). Para cada ação foram estabelecidos os seguintes objetivos: participação, conhecimento/compreensão, sensibilização/conscientização, habilidades, atitudes e motivação. Fase de intervenção: tomada de decisão Considerando a análise dos dados obtidos nas duas etapas anteriores, foram elaboradas ações de educação ambiental com o objetivo de sensibilizar e conscientizar a comunidade acadêmica sobre a importância do uso sustentável dos recursos naturais e da problemática dos resíduos sólidos. Dessa forma, foram estabelecidas as linhas gerais das ações de intervenção. A proposta contemplou, ainda, o monitoramento (avaliação) da efetividade das ações que foram implementadas. Para tanto, para cada ação educativa foram definidos: o fundamento da EA, a intervenção, o objetivo e a avaliação da efetividade. As ações de intervenção para os professores basearam-se nos fundamentos conhecimento e sensibilização/compreensão, com a finalidade de favorecer a aquisição de experiências e conhecimentos do ambiente local, com ênfase na segregação dos resíduos sólidos e uso dos recursos ambientais (Quadro 1). 61 Quadro 1 – Plano das ações de Educação Ambiental realizadas com os professores da UP. FUNDAMENTO INTERVENÇÃO Conhecimento/ Sensibilização AVALIAÇÃO - Comunicado via grupo Monitoramento diário, durante wise (correio interno da um UP) para os quantidade de copos plásticos coordenadores; Compreensão OBJETIVO - Envio de e-mail para todos os professores com os resultados do controle do consumo dos copos plásticos e segregação dos Sensibilizar e conscientizar a população a respeito da situação ambiental (do consumo dos copos plásticos e segregação dos resíduos). mês, para levantar a e segregação de resíduos. O monitoramento foi realizado pelas secretárias da sala dos professores. Monitoramento: Setembro/09. Após intervenção realizou-se resíduos. novo monitoramento do uso do Intervenção: Outubro/09. copo plástico e segregação dos resíduos. Avaliação: Novembro/09. - Comunicado via grupo Monitoramento diário durante wise (correio interno da um mês, para levantar os UP) para os dados referentes ao uso do coordenadores; controle multimídia, - Envio de email para os Sensibilizar e conscientizar a desligamento de luz e professores com os população a respeito da Conhecimento resultados do uso do situação ambiental Sensibilização/ controle do multimídia, relacionados ao consumo de Conscientização desligamento da luz e energia (uso do controle do pelos inspetores. ventiladores ao término das multimídia, desligamento da Monitoramento: Setembro/09. aulas. luz e ventiladores ao término Após intervenção realizou-se Intervenção: Outubro/09. das aulas). ventiladores ao término das aulas pelos professores. O monitoramento foi realizado novo monitoramento do uso do uso do multimídia, desligamento da luz e ventiladores. Avaliação: Novembro/09. As ações de intervenção para os funcionários foram baseadas nos fundamentos conhecimento, participação, habilidade e atitudes, oportunizando a contribuição ativa dos colaboradores da limpeza na elaboração e execução de ações que têm como objetivo resolver problemas relacionados, principalmente, à segregação de resíduos sólidos; na aquisição de habilidades/competências necessárias para identificar e resolver problemas ambientais, neste caso, relacionados à segregação de resíduos; e a aquisição de valores sociais e interesse pelo meio ambiente, que motivem a participação ativa dos mesmos nas questões relacionadas à melhoria e proteção ambiental. Para tanto, realizou-se a capacitação 62 da população-alvo por meio da realização de treinamentos, reuniões e palestras nos períodos de março a novembro de 2009 e de março a junho de 2010 (Quadro 2). Quadro 2 – Plano das ações de Educação Ambiental realizadas com os funcionários da UP. FUNDAMENTO Conhecimento Participação Habilidades Atitudes INTERVENÇÃO OBJETIVO AVALIAÇÃO - Capacitação mensal com Promover a Monitoramento diário. Fiscalização in dinâmicas de grupo dos participação e loco do trabalho realizado pelos funcionários da limpeza em aquisição de funcionários da limpeza em relação à relação à segregação dos habilidades e segregação dos resíduos e uso de resíduos e uso de água e atitudes água e energia. energia. sustentáveis Monitoramento: diário, início em voltadas à Setembro/10. segregação dos Na avaliação foram realizadas vistorias resíduos e uso de in loco. água e energia. Avaliação: início em Novembro/09. Finalmente, foram implementadas ações de intervenção envolvendo toda a comunidade acadêmica (alunos, funcionários e professores) que se basearam nos fundamentos conhecimento, participação, sensibilização/conscientização e atitudes, com a finalidade de promover a participação, propiciar a sensibilização, obtenção de consciência e a aquisição de atitudes e valores sobre os problemas ambientais (Quadro 3). 63 Quadro 3 – Plano das ações de Educação Ambiental realizadas com toda a comunidade da UP (alunos, funcionários e professores) FUNDAMENTO INTERVENÇÃO OBJETIVO AVALIAÇÃO Elaboração e distribuição Promover a Monitoramento mensal, realizado por de material educativo sensibilização e meio de indicadores com a (folder, cartazes, conscientização dos quantidade de resíduos recicláveis e adesivos, boletim alunos sobre a orgânicos, e conta de luz e água da Conhecimento eletrônico, criação do site importância do uso UP. Participação da UP) para a Campanha sustentável dos Monitoramento: Mensal, início em Sensibilização “Cada Coisa Em Seu recursos naturais e da Março/10. Conscientização Lugar” sobre segregação problemática dos Acompanhamento e avaliação dos Atitudes dos resíduos e o uso da resíduos sólidos. indicadores. água e energia na UP Avaliação: Junho/10. com o apoio da Agência de Publicidade Practice. Intervenção: Mensal, início em Junho/10. Atividades desenvolvidas a) Palestras As palestras foram realizadas bimestralmente focadas na temática de RSU. A população-alvo das palestras compreendeu os colaboradores responsáveis pela coleta e segregação dos resíduos sólidos gerados pelas atividades de jardinagem, limpeza em geral, e das praças de alimentação e laboratórios. b) Mensagens eletrônicas via e-mail As mensagens eletrônicas foram enviadas por e-mail para professores da UP com informações sobre a importância da minimização da geração dos resíduos, da segregação, da disposição adequada de resíduos, uso consciente da energia elétrica, necessidade do controle do consumo, e sobre a preocupação com a possibilidade da escassez da energia elétrica e suas consequências. Esta ação foi executada quatro vezes por ano com o objetivo de orientar os professores quanto ao uso dos recursos naturais (materiais de consumo, uso consciente da energia elétrica e diminuição na geração de resíduos) e tornar os professores multiplicadores de informação. 64 c) Mensagens eletrônicas via grupo wise (correio interno da UP) e e-mail para todos os funcionários do setor administrativo As mensagens com o mesmo conteúdo enviado ao grupo de professores foram enviadas via grupo wise (correio interno da UP) e e-mail para todos os funcionários do setor administrativo. Esta ação foi executada quatro vezes por ano com o objetivo de orientar os colaboradores quanto ao uso dos recursos naturais (materiais de consumo, uso consciente da energia elétrica e diminuição na geração de resíduos). d) Divulgação externa A divulgação externa aconteceu através do informe enviado para todos os alunos e ex-alunos da Universidade e revistas eletrônicas e impressa de circulação da cidade. e) Campanha educativa intitulada “Cada Coisa Em Seu Lugar” Durante o segundo semestre do ano de 2009 os alunos do curso de Publicidade e Propaganda da UP realizaram uma pesquisa com o objetivo de identificar o quanto o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e da Saúde (PGRSS) da Universidade era conhecido e divulgado com o intuito de lançar uma Campanha educativa. A pesquisa foi realizada com uma amostragem de 480 alunos da UP e os resultados demonstraram que a maioria dos alunos não tinha o conhecimento do PGRSS. A partir do resultado criou-se a campanha “Cada Coisa Em Seu Lugar” com o objetivo de divulgar a educação ambiental realizada na UP e convocar a comunidade acadêmica a participar de forma efetiva na segregação dos resíduos e na economia da energia elétrica utilizada no câmpus. O princípio da campanha foi de colocar algo fora do lugar, em várias vagas de estacionamento foram colocados resíduos recicláveis coletados pelo câmpus, no encontro dos eixos de vivência foi colocado um veículo Kombi, tentando chamar a atenção de toda a comunidade acadêmica que passou pelos locais. O material de apoio desenvolvido para a campanha constituiu-se de banners, folders, cartazes, adesivos, brincadeiras, mensagens SMS, brindes e criação de site para a Campanha com informações sobre a importância da segregação, minimização e disposição adequada dos resíduos, uso consciente de energia elétrica, bem como a escassez da energia elétrica e suas consequências. 65 Para medir o resultado das ações de educação ambiental realizadas pela campanha foram definidas metas para a segregação de resíduos e economia de energia elétrica, sendo: i) 10% de redução do uso de copos plásticos descartáveis na sala dos professores; ii) 10% de redução no consumo de energia elétrica no câmpus; e iii) 80% de segregação correta dos resíduos na salas dos professores. 66 4 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.1 ENERGIA 4.1.1 Histórico do consumo de energia elétrica O dados referentes ao consumo de energia elétrica na Universidade Positivo nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009 são apresentados na Figura 3 e Tabela 3. As linhas de consumo de energia apresentadas na Figura 3 indicam uma grande variação sazonal especialmente nos períodos de recesso acadêmico. Também é possível observar que o ano de 2009 apresentou valores históricos mais baixos de consumo de energia em relação aos outros anos. Este resultado é significativo especialmente quando se observa que o número de pessoas circulantes no câmpus foi maior que todos os anos anteriores, conforme mostra a Tabela 4. Assim, o indicador mais adequado é o consumo de energia relativizado pelo número de pessoas, que é apresentado na Figura 4. Outra forma de análise pode ser feita relativizando o consumo de energia pela área construída, já que se analisou um período de grandes modificações no câmpus. Tanto os indicadores de consumo de energia por pessoa quanto por área construída, mostram um índice menor para o ano de 2009. 2006 2007 2008 2009 500000 450000 kWh 400000 350000 300000 250000 200000 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 3 – Consumo de energia elétrica em kWh na Universidade Positivo durante os anos de 2006 a 2009. 67 Tabela 3 – Consumo de energia elétrica entre os anos de 2006 a 2009 em kWh, R$, consumo relativo, área construída e nº de pessoas na Universidade Positivo. 2006 2007 2008 2009 Cons. Mês kWh R$ kWh R$ kWh R$ kWh R$ Jan 313.400 59.590,27 230.919 69.295,45 251.801 58.739,56 239.770 63.176,51 Fev 250.758 57.778,59 243.099 70.662,67 278.070 66.099,68 319.438 80.371,12 Mar 361.553 77.206,43 352.528 85.374,37 366.053 98.758,16 324.379 98.739,53 Abr 442.564 90.720,86 393.448 95.284,02 385.728 96.105,90 394.273 82.136,47 Mai 400.307 88.925,73 360.721 88.153,24 375.820 89.871,25 351.252 79.530,50 Jun 447.923 97.726,15 389.702 100.112,20 428.945 110.084,08 407.412 92.797,55 Jul 438.298 98.515,78 359.204 90.631,31 384.693 100.195,03 335.501 81.351,14 Ago 420.290 99.716,33 324.051 76.580,82 397.730 99.590,03 309.443 71.406,80 Set 434.840 103.168,62 400.544 90.314,28 474.397 191.728,61 338.103 84.088,31 Out 418.545 100.078,50 364.037 87.440,27 480.186 186.359,78 364.950 84.244,68 Nov 405.930 101.590,58 387.846 103.328,57 435.824 120.282,54 394.248 89.172,30 Dez 399.458 94.051,87 364.540 77.033,98 447.917 158.021,86 364.179 79.511,72 Total 4.733.866 1.069.069,71 4.170.639 1.034.211,18 4.707.164 1.375.836,48 4.142.948 986.526,63 Cons. Energia(kW h) / Área Energia(kWh) / Pessoas Energia(kW h) / Área Energia(kWh) / Pessoas Energia(kW h) / Área Energia(kWh) / Pessoas Energia(kW h) / Área Energia(kW h) / Pessoas Jan 3,13 32,25 2,31 24,89 2,01 29,72 1,92 25,05 Mês Fev 2,51 22,70 2,43 22,04 2,22 27,62 2,56 29,22 Mar 3,62 32,00 3,53 31,25 2,93 35,19 2,60 26,82 Abr 4,43 39,40 3,93 35,07 3,09 37,42 3,15 32,69 Mai 4,00 36,05 3,61 32,49 3,01 36,85 2,81 29,16 Jun 4,48 40,75 3,90 35,48 3,43 42,75 3,26 33,31 Jul 4,38 40,32 3,59 33,05 3,08 38,12 2,68 29,45 Ago 4,20 39,04 3,24 30,07 3,18 39,33 2,48 25,85 Set 4,35 40,73 4,01 37,49 3,80 47,26 2,70 28,25 Out 4,19 39,43 3,64 34,25 3,84 48,23 2,92 30,51 Nov 4,06 38,26 3,88 36,52 3,49 43,72 3,15 33,12 37,68 3,65 34,37 3,58 44,90 2,91 30,74 36,55 3,48 32,25 3,14 39,26 2,76 29,51 5,29 0,56 4,65 0,57 6,48 0,36 2,74 Dez 3,99 Médi a 3,94 ± DP(*) 0,59 *DP = Desvio padrão 68 Considerando que no ano de 2009 houve um aumento no número de pessoas circulantes no câmpus em aproximadamente, 20.000 pessoas (Tab. 4), constatou-se que o consumo foi de 29,51 kWh.mês-1, o que representa uma redução por pessoa de 25% em relação ao ano de 2008 (Tab. 3 e Fig. 4). Tabela 4 – Número de pessoas circulantes no câmpus da Universidade Positivo nos anos de 2006 a 2009. Número de Pessoas Meses 2006 2007 2008 2009 Jan Fev Mar Abr Maio Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 9.719 11.048 11.299 11.234 11.103 10.993 10.870 10.765 10.676 10.616 10.611 10.600 9.278 11.031 11.282 11.218 11.104 10.985 10.869 10.777 10.683 10.628 10.621 10.606 8.473 10.068 10.402 10.309 10.198 10.033 10.092 10.112 10.039 9.956 9.969 9.975 9.570 10.933 12.096 12.062 12.046 12.232 11.393 11.972 11.967 11.960 11.905 11.846 Média ± DP(*) 10.795 10.757 9.969 11.665 419 522 491 749 Total 129.534 129.082 119.626 139.982 *DP = Desvio padrão 69 2006 2007 2008 2009 50,00 Média 39,26 kWh.pessoa -1 45,00 40,00 36,55 35,00 32,25 29,51 30,00 25,00 20,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 4 – Consumo de energia elétrica em kWh por pessoa entre os anos de 2006 e 2009 na Universidade Positivo. Constatou-se também que a relação consumo.área construída-1(m2) diminuiu de 3,14 kWh.mês-1 para 2,76 kWh.mês-1 entre os anos de 2008 e 2009, ou seja, diminuição de 12,1% por área construída (Tab. 5 e Fig. 5). Tabela 5 – Total de área construída em m² na Universidade Positivo nos anos de 2006 a 2009. Ano 2006 2007 2008 2009 97.619 98.419 120.000 120.000 0 800 21.581 0 Total m² / ano 2006 2007 2008 2009 5,00 kWh.m -2 4,50 4,00 3,50 3,00 2,50 2,00 1,50 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 5 – Consumo de energia elétrica em kWh por área construída durante os anos de 2006 a 2009 na Universidade Positivo. 70 O consumo de energia entre os anos de 2006 e 2009 oscilou muito. Em 2006 observou-se o maior consumo de energia. Os dados históricos mostraram um consumo crescente de energia elétrica do ano de 2007 para 2008 que foi de 4.170.639 para 4.707.164 kWh. Em observações in loco, foi possível constatar que ocorreria o uso não sustentável de energia. Isto aconteceu principalmente durante o dia, pois as luzes dos banheiros, das salas de aulas, dos corredores permaneciam acessas. Além disso, os projetores multimídia, utilizados nas aulas pelos professores, permaneciam muitas vezes ligados. Como a UP possui grande área, o número de funcionários disponíveis é insuficiente para esse controle, associa-se a essa situação o fato de que a maioria dos professores (entre 60 e 70%) não desligava o equipamento ao término de suas aulas. Essa situação foi uma indicativa da necessidade de desenvolver mecanismos para controlar esse uso, pois os custos com energia elétrica no câmpus são relativamente altos. A redução de energia foi o resultado de várias medidas adotadas, no ano de 2009, como a diminuição da iluminação de saguões e corredores e maior controle no desligamento de lâmpadas, ventiladores, e projetores multimídia nas salas de aula, laboratórios e banheiros. Foram ainda, adotadas medidas após expediente da universidade, período em que se executa a limpeza dos espaços utilizados durante o período diurno e noturno. Para tanto, os funcionários foram orientados para reduzir o número de lâmpadas acesas nos corredores e saguões e desligar as luzes dos espaços em que não estava sendo efetuada a limpeza. Como resultado das medidas adotadas, constatou-se uma redução no consumo de energia, tal redução, sugere-se que pode ter sido resultado das medidas tomadas nos dos treinamentos com os funcionários, onde se obteve uma economia de, aproximadamente, 10% quando comparado 2009 ao ano anterior, uma vez que o consumo de energia de 2009 foi de 4.142.948 kWh, com média de 29,51 kWh.mês-1 por pessoa (Tab. 3 e Fig. 3). Isso mostra a importância da educação ambiental, que conscientiza todos os envolvidos e permite melhores resultados. O consumo de energia da UP, que em 2008, foi de 3,14 kWh.mês-1 por m², após as medidas adotadas de conservação de energia, foi reduzido em 2009, para 2,76 kWh.mês-1.m-2 (Tab.3). Os resultados são favoráveis, especialmente quando comparados com outros casos, como o consumo de energia do edifício da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), que tem uma área total 71 construída de 10.900 m², e que, segundo Westphal et al. (1997), consome 8,40 kWh.mês-1.m-2. Ao comparar o consumo de energia elétrica nos anos de 2007, 2008 e 2009 às ações de educação ambiental (EA 01, EA 02 e EA 03), é possível observar uma economia de energia durante o ano de 2009 (Fig. 6), o que pode ser reflexo das ações educativas, como as orientações e treinamentos, realizadas com os funcionários de inspetoria e zeladoria. Energia (kWh) em 2007 Energia (kWh) em 2008 Energia (kWh) em 2009 500.000 kWh 400.000 300.000 Ação de EA 02 200.000 Ação de EA 03 Ação de EA 01 100.000 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez -1 Figura 6 – Comparativo do consumo em kW.h de energia nos anos de 2007, 2008 e 2009 e ações educativas realizadas durante o ano de 2009 na Universidade Positivo. Essa mesma constatação foi sugerida por Weigmann (2004), uma vez que o autor relata, em estudo realizado no Centro Federal de Educação Tecnológica de Santa Catarina (CEFET/SC), que, após trabalho realizado pela instituição pelo Programa de Racionalização do Uso de Energia Elétrica, houve redução no consumo de energia. Entre os anos de 2001 e 2002 houve um aumento de consumo de 24,6% e, após intervenção, o aumento foi de apenas 2,67%, entre os anos de 2002 e 2003. Pelo exposto, sugere-se que os resultados das ações educativas do presente estudo foram melhores, que aqueles mostrados por Weigmann (2004), pois ocorreu uma redução no consumo de energia em 2009, quando comparado ao ano anterior. 72 4.1.2 Consumo de energia elétrica por pessoa nos primeiros seis meses de 2010 No levantamento realizado nos primeiros seis meses de 2010 constatou-se uma diminuição de 11,38% referente ao consumo de energia elétrica por pessoa em kWh em relação ao ano todo de 2009 (Fig. 7). kWh.pessoa -1 35,00 30,00 25,00 20,00 15,00 10,00 5,00 0,00 média (26,15) Jan Fev Mar Abr Mai Jun -1 Figura 7 – Consumo de energia, em kWh.pessoa , durante os primeiros seis meses de 2010. Por área construída os dados indicam uma diminuição de 12,68%, referente ao consumo de energia elétrica em kWh.m-² em relação ao ano todo de 2009 que foi de 2,76 kWh.mês-1 (Tab. 3) para 2,41 kWh.mês-1 (Fig. 8). média (2,41) 3,00 kWh.m -2 2,50 2,00 1,50 1,00 0,50 0,00 Jan Fev Mar Abr Mai Jun - Figura 8 – Consumo de energia, em kWh.m ² de área construída nos primeiros seis meses de 2010. Sugere-se que as ações educativas, como o trabalho de orientação e treinamento realizado com os funcionários, podem refletir esse resultado positivo, pois a redução de consumo de energia elétrica de 2008 para 2009 foi de 12%, fato também positivo nos primeiros seis meses de 2010 (Fig. 7 e 8). Em relação ao custo de energia elétrica, o mesmo foi calculado em função dos dados citados pela Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), segundo a agência, o custo médio de energia elétrica cobrado na região sul do Brasil para cada 73 MWh é de R$ 237,08. Como o consumo de energia elétrica na UP no ano de 2008 foi de 4.707.164 kWh e em 2009 de 4.142.948 kWh, houve uma redução de 564.216 kWh. Em ganhos financeiros isso representa, cerca de R$ 133.713,12, ou seja, uma economia de R$ 11.142,76 por mês (ANEEL, 2009). 4.1.3 Intervenção: ações de Educação Ambiental – energia 4.1.3.1. Consumo de energia elétrica nas salas de aulas No mês de setembro de 2009 foi realizado um levantamento inicial do consumo de energia elétrica em 10 salas de aula de cada bloco didático, centro esportivo, blocos das engenharias e prédio da pós-graduação. No levantamento foi analisado o comportamento dos usuários desses espaços, ou seja, se ao término de cada aula o projetor multimídia, as luzes e os ventiladores eram desligados. Durante o período do monitoramento constatou-se que o projetor multimídia foi desligado em 38% no período da manhã e 27% no período da noite; as luzes foram desligadas em 50% no período da manhã e 46% no período da noite; e os ventiladores foram desligados em 94% no período da manhã e 84% no período da noite (Fig. 9). 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 94% 88% 73% 62% 50% 50% 54% 46% 38% Ligado 27% Desligado 12% 6% Manhã Projetor Noite Manhã Noite Ventiladores Manhã Noite Luz Figura 9 – Dados obtidos na fase monitoramento em relação ao uso dos projetores multimídia, luzes e ventiladores das salas de aulas durante o mês de setembro de 2009 na Universidade Positivo. Após levantamento, foram realizadas ações educativas com os professores em outubro de 2009. Foram enviadas mensagens via e-mail com o resultado dos monitoramentos, informações que objetivaram sensibilizar e conscientizar a respeito 74 da situação ambiental e orientações quanto ao uso do controle do multimídia, desligamento da luz e ventiladores ao término das aulas. Além disso, foram entregues para todos os professores, controles para ligar/desligar os projetores multimídia. No mês de novembro foi realizado um novo levantamento (avaliação da ação) e constatou-se, apesar de pequenas, melhorias no que se refere ao desligamento dos projetores multimídia (Fig. 10). Nessa etapa observou-se que o levantamento da situação ambiental local foi fundamental para o desenvolvimento das ações, o que corrobora com Barra (2006), em que a autora afirma que é importante para o sucesso de uma intervenção educativa, o levantamento da situação atual como ponto partida para a elaboração de ações, uma vez que o ambiente é inserido no contexto, como agente de desenvolvimento e estrutura de condições e recursos. 100% 90% 80% 70% 60% 50% 40% 30% 20% 10% 0% 68% 57% 43% 54% 51% 49% 51% 46% 49% 54% 46% Ligado 32% Desligado Manhã Noite Projetor Multimídia Manhã Noite Manhã Ventiladores Noite Luz Figura 10 – Dados obtidos em relação ao uso dos projetores multimídia, luzes e ventiladores das salas de aulas durante o mês de novembro de 2009, após ação educativa. Após a campanha, 43% e 51% dos canhões multimídia foram desligados no período da manhã e noite, respectivamente (Fig. 10). Em relação ao desligamento das luzes, ocorreu uma melhoria de 18% e 9% no período da manhã, respectivamente. No que se refere ao desligamento dos ventiladores, não constatou-se melhorias (Fig. 10). Essa situação pode estar relacionada ao fato de que no mês de setembro as temperaturas médias mínimas e máximas, segundo SIMEPAR (2011), foram mais baixas (9,9 – 20,3ºC) quando comparadas ao mês de novembro (13,8 – 23,8ºC), período em que o calor foi mais intenso, além de muitos não ter sido ligados neste período. 75 A implantação de um programa de eficiência energética desta natureza implica em mudanças de hábitos, o que pode tornar-se um dos dificultadores do processo. Apagar as luzes em ambientes que não estejam sendo ocupados e/ou desligar equipamentos que não estejam sendo utilizados são posturas desejáveis por quem compartilha o objetivo de reduzir o consumo de energia, conforme Weigmann (2004). Para alcançar efetivamente a conservação de energia em prédios públicos ou privados é necessário desenvolver e implantar um programa interno de conservação de energia, com o apoio da alta administração e o envolvimento de todos os setores da organização. Primeiramente deve ser realizada a divulgação do programa por meio de cartazes, faixas, adesivos, manuais, notas em boletins ou jornais internos, panfletos, enfim, de instrumentos que tornem claros os objetivos do programa e incentivem a adesão das pessoas ao que está sendo proposto (WEIGMANN, 2004). A UP divulgou o resultado das ações educativas referentes à redução de energia por meio de e-mails e a campanha “Cada Coisa Em Seu Lugar”, foi realizada em todo o câmpus com distribuição de banners em todos os saguões dos blocos, os adesivos fixados nas mesas das praças de alimentação, sobre as lixeiras e em todos os interruptores liga/desliga da iluminação e os folders que foram entregues durante a campanha. Os resultados obtidos após a campanha foram satisfatórios ao considerar o número de participantes, de acessos ao site (www.cadacoisaemseulugar.up.com.br) e de e-mails recebidos com críticas e sugestões. Sugere-se que estas ações podem ter influenciado a redução do consumo de energia e a sensibilização da população acadêmica em relação ao uso racional da energia, otimizando o uso, através de uma mudança comportamental. De acordo com o levantamento dos dados do consumo de energia elétrica nos blocos didáticos antes e depois das ações educativas, obteve-se uma economia de 34% do consumo de energia (Tab. 6 e 7). 76 Tabela 6 – Dados do consumo de energia elétrica dos blocos didáticos antes das ações educativas. Nº de lâmpadas Consumo (Wh) Nº ambientes Nº horas Nº dias Total (Wh) Saguão/Corredor 348 Banheiros Escadas HQI 26 5 20 22 19.905.600 24 16 30 15 22 3.801.600 24 150 5 20 22 7.920.000 Salas 40 lugares 18 32 6 12 22 912.384 Salas 50 lugares 24 32 120 12 22 24.330.240 Salas 70 lugares Total (Wh) Total (kWh) 30 32 56 12 22 14.192.640 71.062.464 71.062,5 Tabela 7 – Dados do consumo de energia elétrica dos blocos didáticos depois das ações educativas. Nº de lâmpadas Consumo (Wh) Nº ambientes Nº horas Nº dias Total (Wh) Saguão/Corredor 348 26 5 10 22 9.952.800 Banheiros 24 16 30 12 22 3.041.280 Escadas HQI 24 150 5 10 22 3.960.000 Salas 40 lugares 18 32 6 9 22 684.288 Salas 50 lugares 24 32 120 9 22 18.247.680 Salas 70 lugares Total (Wh) Total (kWh) 30 32 56 9 22 10.644.480 46.530.528 46.530,5 De acordo com levantamento do consumo de energia elétrica de equipamentos na UP, foi constatado um consumo de 172.015,533 kWh.mês-1, o que equivale a 49% da média do consumo mensal de energia elétrica do ano de 2009 (Tab. 8). Mesmo com as ações educativas realizadas com os ventiladores de teto e projetores, este resultado demonstra a necessidade da realização de campanhas educativas pontuais e contínuas que tenham como temática o uso sustentável de todos os equipamentos utilizados na instituição. Tabela 8 – Dados do consumo de energia elétrica de equipamentos de maior consumo na Universidade Positivo em 2010. Equipamento Quantidade Consumo (Wh) Nº horas Nº dias Total (Wh) Ar condicionado 974.500 BTU 131.557,5 5 22 14.471.325 2.556 296.010 8 22 52.097.760 Elevador Social 13 191.360 3 22 12.629.760 Freezer 17 2.210 24 30 1.591.200 Refrigerador 68 6.120 24 30 4.406.400 Ventilador teto 840 100.800 8 22 17.740.800 Ventilador chão 177 14.160 8 22 2.492.160 Projetor Multimídia 407 97.680 8 22 17.191.680 Bombas Total (Wh) 27 152.452 12 27 49.394.448 172.015.533 Computador Total (kWh) 172.015,5 77 Além da mudança de atitude em relação ao uso de energia, o diagnóstico energético constitui a base de qualquer programa de conservação de energia. É importante conhecer todos os sistemas energéticos existentes, os hábitos relacionados ao uso desses sistemas e de energia, e o parecer dos técnicos sobre a qualidade dos sistemas instalados (WESTPHAL et al., 1997; WEIGMANN (2004); Segundo Weigmann (2004), racionalizar a utilização de energia pela redução máxima do consumo desnecessário representa vantagens para toda a sociedade: i) ganha o consumidor final porque economiza recursos financeiros. Esse fato foi constatado pela redução de custos com energia na UP; ii) ganha a concessionária de energia porque pode atender à demanda sem que, para isso, sejam necessários novos investimentos; iii) ganha o mercado de trabalho que pode incrementar empregos advindos da necessidade de mão de obra para as atividades da eficiência energética; iv) ganha o meio ambiente, pois tem minimizadas as agressões provocadas pela exploração das fontes energéticas naturais. Essa questão foi explorada nas ações de intervenção com o objetivo de sensibilizar e conscientizar toda a comunidade acadêmica para o desenvolvimento sustentável, no sentido de que é possível, ao homem, proteger o meio ambiente e manter sua qualidade de vida. Zanetti (2010) avaliou o ciclo de vida dos computadores e o seu prolongamento da vida útil como uma alternativa ambiental. Entre as alternativas para a redução do consumo de energia, está a fabricação de computadores e monitores com melhor eficiência energética e uma ampla e efetiva conscientização dos consumidores sobre os danos causados ao utilizar os computadores de forma indiscriminada devido ao consumo de energia, e uma adaptação da configuração dos equipamentos para permitir acionar um modo de economia de energia quando ficam sem utilização acima de um tempo pré-estabelecido. O presente trabalho demonstrou que a Universidade possui 2556 computadores, sendo estes uma fonte de alto consumo de energia elétrica para a Universidade. Desta forma, faz-se necessário realizar um trabalho de Educação Ambiental que vise o uso consciente das máquinas, conforme exposto por Zanetti (2010). 78 O edifício da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), construído em 1983, está entre os 15 edifícios que apresentam o maior consumo de energia na cidade de Florianópolis. Baseado no consumo de energia do ano de 1996 estimou-se que o gasto com a climatização foi de 38%, com os equipamentos e a iluminação foi de 62%. Após a implantação do Retrofit (instalação de componentes energeticamente mais eficientes), o edifício apresentou um potencial de redução no consumo de 35%, com um retorno previsto pelo investimento de 14 meses. A redução de energia após o Retrofit para a climatização do prédio foi de 14%, porém o total de redução de consumo da iluminação foi de 3%, o que demonstra que a iluminação não é problema quando comparada com as demais cargas elétricas do edifício. Partindo do princípio que essas novas tecnologias de energias renováveis ainda apresentam um custo elevado, justificam-se trabalhos de educação ambiental e cuidados com energia cada vez mais restritiva (WESTPHAL et al., 1997). O presente trabalho demonstrou o alto consumo de energia elétrica, tanto na parte de iluminação quanto em equipamentos, o que se faz necessário a instalação de componentes energeticamente mais eficientes para alcançar uma maior eficiência energética. 4.2 RESÍDUOS 4.2.1 Histórico do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e da Saúde A primeira campanha ambiental da UP foi lançada em 1998, no antigo câmpus, localizado no bairro Seminário com o objetivo de conscientizar a população acadêmica da segregação correta dos resíduos, na qual foi entregue um folder de coleta seletiva aos alunos e funcionários. No ano de 2000 foram implantadas no novo câmpus lixeiras seletivas para orientação de funcionários, professores e alunos para a correta segregação dos resíduos gerados. Nesse mesmo momento foi criado e distribuído um folder explicativo sobre a coleta seletiva para orientar a comunidade circulante no câmpus sobre a segregação adequada dos resíduos. Diante dessa preocupação ambiental, foi criado um manual de instrução para manuseio, coleta e armazenamento dos resíduos utilizados nos laboratórios didáticos. Algumas técnicas foram realizadas, como a neutralização de alguns ácidos e bases para posterior descarte na rede de esgoto com total segurança e sem dano ao meio ambiente. Os ácidos e bases perigosos eram segregados, 79 armazenados adequadamente e destinados a empresas licenciadas para a correta disposição. Em outubro de 2004, as grandes empresas, consideradas grandes geradores de resíduos pela Prefeitura de Curitiba e pelo Ministério Público, foram obrigadas a protocolar o Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e da Saúde (PGRSS) na Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Curitiba. Dessa forma, o então Centro Universitário Positivo (UnicenP), considerado grande gerador, elaborou o seu PGRSS. Desde 2004, o PGRSS é atualizado anualmente e protocolado junto ao órgão competente. Somente a partir dessa exigência iniciou-se um controle da quantidade de resíduos gerados e empresas especializadas foram contratadas para a coleta e disposição adequada de todos os resíduos gerados no câmpus. Devido à problemática que envolve a grande geração de resíduos sólidos, e a inadequada separação e posterior destinação final dos resíduos na UP, Schiel (2008), realizou um trabalho com o objetivo de avaliar a separação de resíduos sólidos nas Praças de Alimentação no câmpus da UP. Os resultados indicaram que na época não existia uma segregação dos resíduos na fonte geradora. Diante dos resultados, uma campanha de conscientização e esclarecimentos foi elaborada na forma de palestras para os alunos dos cursos de graduação e para os funcionários das praças de alimentação. As palestras enfocaram a importância da participação de todos para a melhoria do processo de redução, reutilização e reciclagem de resíduos sólidos e para a conservação de fontes naturais. Os resultados da separação dos resíduos obtidos com as palestras e por meio de cartazes informativos refletiram uma resposta positiva dos usuários quanto à importância da coleta seletiva. 4.2.2 Geração de Resíduos Em relação à quantidade total de resíduos gerados na UP constatou-se que foram coletados 431.649 kg, 530.506 kg, 818.754 kg e 602.744 kg nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, respectivamente. Nos quatro anos estudados, constatou-se que houve um aumento na geração de resíduos por pessoa entre os anos de 2006 e 2008 e uma diminuição na geração em 2009. O resultado de 2009 pode refletir o resultado das ações educativas realizadas com toda a comunidade acadêmica e maior efetividade do 80 PGRSS. Já nos anos anteriores percebe-se, diante dos resultados, o não comprometimento da população envolvida com a problemática dos resíduos e pouca atuação do PGRSS. Os meses de janeiro e julho são meses que, em princípio, um menor número de pessoas frequentam o câmpus devido às férias escolares, consequentemente, há uma redução no volume de resíduos gerados (Tab. 9). Em janeiro de 2008, porém, a geração ficou maior que a média de todo o ano, fato este que pode ter sido influenciado pela instalação dos acabamentos do Teatro Grande Auditório e do Centro de Convenções, que foram inaugurados no mês de março de 2008. A geração de resíduo orgânico pode ser consultada na Tabela 9 e na Figura 11. A geração de resíduo de jardim pode ser consultada na Tabela 9 e Figura 12. Tabela 9 – Quantidade de resíduos orgânicos e de jardim em kg.mês Positivo entre os anos de 2006 e 2009. Tipo Mês Ano Resíduos orgânicos (em kg.mês-1) -1 gerados na Universidade Resíduos de jardim (em kg.mês-1) 2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009 28.211 39.538 53.857 36.973 36.973 34.836 27.142 26.074 36.973 35.905 35.691 37.187 14.960 22.440 25.646 25.646 13.892 14.960 14.960 14.960 14.960 14.960 14.960 14.960 14.960 22.441 17.098 27.784 19.235 20.303 13.892 12.823 12.823 17.098 19.235 17.098 21.372 17.097 20.303 16.029 10.686 13.892 21.372 7.480 9.617 11.755 8.549 18.166 11.755 10.686 7.480 6.412 14.960 7.480 6.412 5.343 9.617 9.617 8.549 10.686 429.360 207.304 214.790 176.318 108.997 Set 16.670 25.807 Out 16.670 27.021 Nov 16.670 23.738 Dez 16.670 24.738 32.913 38.897 41.675 53.857 60.055 47.232 54.926 45.522 48.942 55.140 57.277 48.087 Total 194.909 278.229 584.523 Jan 16.670 13.182 Fev 16.670 17.243 Mar 14.106 23.457 Abr 17.952 25.670 Mai 12.823 26.807 Jun 16.670 27.807 Jul 16.670 22.021 Ago 16.670 20.738 81 2006 2007 2008 2009 70.000 60.000 Kg 50.000 40.000 30.000 20.000 10.000 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez -1 Figura 11 – Quantidade de resíduos orgânicos em kg.mês gerados na Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. 2006 2007 2008 2009 30.000 25.000 Kg 20.000 15.000 10.000 5.000 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez Figura 12 – Quantidade de resíduos de jardim em kg.mês-1 gerados na Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. Durante os anos de 2008 e 2009 a quantidade de pessoas que frequentaram o câmpus foi de 119.626 e 139.982, respectivamente (Tab. 4). Apesar do aumento no número de pessoas, cerca de 20.000, entre alunos, professores, funcionários e pessoas da comunidade que circularam no câmpus no ano de 2009, a quantidade de resíduos orgânicos diminuiu em relação ao ano anterior, de 584.523 kg (média de 0,40 kg.mês-1.pessoa-1) para 429.360 kg (média de 0,25 kg.mês-1.pessoa-1), uma redução de 0,15 kg.mês-1.pessoa-1. Este resultado sugere o comprometimento dos funcionários envolvidos diretamente com a segregação dos resíduos, o que reflete que os treinamentos realizados estão sendo eficientes, pois muito resíduo reciclável era disposto junto com o orgânico. 82 Os maiores geradores do resíduo orgânico na UP são as cantinas e o refeitório da instituição. Parte do resíduo orgânico do refeitório é destinado a uma empresa para a produção de ração para suínos e o restante é destinado em aterro licenciado por empresa terceirizada, com custo muito alto. Em relação ao resíduo de jardim, a partir do ano de 2008, parte deste resíduo está sendo disposto em uma área dentro do próprio câmpus e o restante é destinado à empresa licenciada para este fim. Segundo Sillva et al., 2009, a Universidade Federal Fluminense (UFF), câmpus da Praia Vermelha gera 30 m3.mês-1 de resíduos orgânicos e de poda de jardim, reduzindo assim o volume de lixo destinado. Isso resulta em uma economia de R$ 600,00 ao mês, referente ao descarte dos resíduos sólidos. Por meio do tratamento desse resíduo foi obtido 6 m³.mês-1 de composto fertilizante, que é disponibilizado para o paisagismo do câmpus, a produção de mudas, gerando uma economia adicional de R$ 900,00 ao mês para a UFF, já que este insumo passa a não ser mais adquirido. Como os resultados obtidos no presente trabalho demonstram grande geração de resíduos orgânicos e de poda e jardinagem (aproximadamente 62% do resíduo total) e que os custos com a destinação são elevados, no presente momento a UP, com receita advinda do próprio PGRSS, está investindo em pesquisas desenvolvidas pelo Mestrado Profissional em Gestão Ambiental e Mestrado em Biotecnologia para uso do biodigestor como forma de tratamento e recuperação energética desses resíduos. Sugere-se ainda, o desenvolvimento de pesquisas com projetos de compostagem como forma de tratamento e produção de composto fertilizante para uso em áreas plantadas de todo o Grupo Positivo, corroborando com Silva et al., 2009. Estas soluções representam um grande ganho ambiental e econômico, uma vez que o resíduo orgânico apresenta um grande potencial para a geração de energia e o composto formado na compostagem poderá ser utilizado no próprio câmpus da instituição. Além disso, ocorre a diminuição da quantidade de resíduos dispostos no meio ambiente, o que minimiza as chances de contaminação ambiental; diminui a emissão de gases do efeito estufa, CH4 e CO2; gera um produto rico em nutrientes que poderá ser aplicado em muitas áreas (IPT, 2000; SANTOS, 2002; MAHLER, 2007). 83 Junto à comunidade acadêmica, a compostagem no câmpus da Praia Vermelha (UFF) tem despertado interesse dos alunos dos cursos da graduação (Biologia, Geografia, Arquitetura, Engenharia Agrícola, Engenharia de Recursos Hídricos e Meio Ambiente) e pós-graduação (Mestrado em Ciência Ambiental), que assistem às aulas, participam de estágios ou desenvolvem dissertações possibilitando práticas em um trabalho interdisciplinar. Com isso, desenvolve-se práticas acadêmicas com propostas pedagógicas inovadoras dentro de uma educação formal por meios “não formais”, buscando o aumento de conhecimentos, mas também mudanças de valores dentro de conceitos da Educação Ambiental (SILVA et al., 2009). A geração de resíduos recicláveis nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, pode ser consultada na Tabela 10 e Figura 13. Tabela 10– Quantidade de resíduos recicláveis (papel, plástico e metal) respectivamente, gerados em -1 kg.mês na Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. -1 Resíduos recicláveis (em kg.mês ) Ano Mês Tipo 2006 2007 2008 2009 Papel Plástico Metal Papel Plástico Metal Papel Plástico Metal Papel Plástico Metal Jan 1.345 198 4 1.500 213 4 2.210 312 5 2.449 360 60 Fev 2.345 418 45 3.000 545 50 5.259 736 79 4.475 508 32 Mar 2.007 654 87 2.500 834 108 3.750 918 182 3.456 648 195 Abr 1.437 545 154 2.000 745 170 3.128 978 208 2.844 891 322 Maio 2.458 998 165 3.545 1.354 180 4.747 1.924 229 4.590 807 247 Jun 1.268 678 176 1.890 802 198 2.580 931 213 2.450 937 208 Jul 3.103 309 87 3.455 387 106 4.485 484 135 4.078 277 52 Ago 204 34 4 230 46 8 360 59 10 400 50 15 Set 678 789 67 870 900 87 1.100 1.100 100 2.930 1.616 324 Out 1.245 104 87 1.569 120 100 2.340 140 120 3.148 1.228 227 Nov 998 160 145 1.434 207 199 2.545 245 224 4.097 2.258 554 379 94 1.890 498 109 2.781 666 123 3.691 1.047 282 Dez 1.678 Total 18.766 5.266 1.115 23.883 6.651 1.319 35.284 8.492 1.626 38.606 10.626 2.517 Os resultados demonstram que ocorreu um aumento na quantidade de resíduos recicláveis ano após ano, o que pode estar relacionado ao comprometimento da população acadêmica em relação à questão dos resíduos e aos treinamentos realizados com os funcionários da limpeza, que são atores fundamentais no processo de segregação e coleta dos resíduos. No ano de 2006 e 2007, a partir de relatos informais, foi identificado que funcionários terceirizados das empresas atuantes na UP recolhiam as latas de 84 alumínio para vender em prol do seu próprio benefício. A partir desse fato, foram realizados orientações e treinamentos sobre resíduos com as empresas terceirizadas, uma vez que a UP é responsável por todo resíduo gerado na instituição e, portanto, as latas de alumínio devem permanecer como resíduo reciclável da instituição. Os resultados demonstram que a partir dos treinamentos houve um aumento considerável na segregação deste metal no câmpus. O papel é o material reciclável com maior geração na instituição, o qual representa, aproximadamente, 75,5% do total dos recicláveis. Os resultados demonstram que a quantidade segregada desse material aumentou a cada ano, sendo mais uma vez reflexo dos treinamentos e ações educativas, referente à segregação deste resíduo. Como o papel representa o maior resíduo, sugere-se práticas sustentáveis para diminuir o seu uso, como: i) usar e-mail, wise e telefone para comunicação interna que não tem necessidade de ser feita em papel (convites, relatórios, informações, etc.); ii) usar envelope reutilizável (vai-e-vem) para trânsito interno (não usar envelope personalizado); iii) para rascunhos e rabiscos, utilizar verso de papel usado; iv) imprimir somente o necessário; v) impressão de provas frente e verso sempre que possível; vi) realização de provas via portal acadêmico. Para que essas práticas se tornem efetivas é necessária à continuidade de ações educativas de forma a sensibilizar, conscientizar e orientar toda a comunidade acadêmica quanto ao uso de papel. Sugere-se que as ações educativas, como os treinamentos e orientações realizadas com os funcionários da zeladoria e jardinagem a partir de dezembro de 2008, propiciaram uma melhor segregação dos resíduos recicláveis nos abrigos e depósito de reciclagem. Os resultados demonstram que a quantidade de resíduos recicláveis segregados aumentou em 12,26% no ano de 2009. A quantidade de resíduos recicláveis foi de 45.402 kg e 51.749 kg nos anos de 2008 e 2009, respectivamente. O programa de coleta seletiva realizada na UP identifica os materiais com potencial de reciclagem. A reciclagem traz como vantagens para a preservação de recursos naturais, economia de energia, redução da quantidade de lixo a ser disposto em aterros sanitários, além da geração de empregos e serviços de forma geral (IPT, 2000; SANTOS, 2002; MAHLER, 2007). 85 Atualmente, os resíduos recicláveis gerados na instituição são vendidos a uma empresa recicladora, que retorna esses materiais para dentro da cadeia produtiva, otimizando o processo na fabricação de novos produtos e economizando água, energia e matéria-prima. A receita arrecadada na venda dos materiais é revertida em cestas básicas para os colaboradores da limpeza e jardinagem e investimento em programas ambientais e financiamento de projetos de pesquisa. Os locais de maior geração de resíduos recicláveis e problemáticos em relação à segregação de resíduos são as praças de alimentação. De acordo com observação in loco, percebe-se a falta de comprometimento da população acadêmica e dos funcionários da própria praça de alimentação em relação à segregação correta dos resíduos. 18.000 45.000 35.284 15.000 12.000 9.000 23.883 18.766 Papel (kg) Quantidade Anual (kg) 38.606 6.000 30.000 15.000 3.000 0 0 2006 2007 Metal 2008 2009 Plástico Figura 13 – Quantidade de resíduos recicláveis (papel, plástico e metal), gerados em kg.mês Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. -1 na A análise dos dados obtidos feita por Schiel (2008) indicou a necessidade de informações e programas específicos que enfatizem a importância e os benefícios da separação e descarte correto dos resíduos. A internet foi apontada como um dos meios de comunicação mais utilizados pela população acadêmica, o que indica que uma maior atenção deve ser dada a esta forma de divulgação. Com o presente trabalho foi lançado no site da UP, um espaço para a Campanha “Cada Coisa Em Seu Lugar”, onde a população acadêmica pode interagir 86 com o Programa de Gestão Ambiental, trazendo sugestões, reclamações e soluções. Além disso, este link traz informações acerca desse Programa de Gestão da UP. Schiel (2008) demonstrou ainda, a necessidade da continuação do trabalho por ele iniciado, ou seja, as palestras e o treinamento com os funcionários e os meios de comunicação utilizados devem se estender por períodos cíclicos ao longo do ano letivo, para que a percepção da importância da coleta seletiva seja reavivada na memória de todos os usuários do câmpus da UP. O presente trabalho focou em palestras e treinamentos com toda a comunidade acadêmica e não apenas funcionários da UP e das praças de alimentação. Diante dos resultados obtidos observou-se que a população acadêmica está cada dia mais envolvida e mais informada em relação ao trabalho de educação ambiental desenvolvido pela UP. O consumo de lâmpadas nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, pode ser consultado na Tabela 11 e na Figura 14. -1 Tabela 11 – Quantidade de resíduos de lâmpadas, químicos e biológicos gerados em unid. mês e -1 kg.mês respectivamente na Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. Tipo Mês Ano -1 -1 Resíduos lâmpadas (unid. mês ) Resíduos químicos e biológicos (kg. mês ) 2006 2007 2008 2009 2006 2007 2008 2009 Jan - - - - 23 - 78 65 Fev - - - 1.490 144 28 319 440 Mar - - 981 - 203 1.032 266 407 Abr 2.662 - - 1.299 326 158 1.195 1.003 Maio - 1.202 - - 196 360 386 1.174 Jun - - 1.415 1.345 - 402 1.359 887 Jul - - - - 242 - 608 1.354 Ago - 3.412 - 1.739 319 530 2.294 465 Set 2.419 - - - 515 567 1.428 2.137 Out - - 580 1.548 690 734 784 1.619 Nov - - 1.312 - 236 256 2.152 1.909 Dez - - - - 1.395 1.567 1.644 1.178 Total 5.081 4.614 4.288 7.421 4.289 5.634 12.512 12.639 87 Quantidade (unidades) 7.421 8.000 6.000 5.081 4.614 4.288 4.000 2.000 0 2006 2007 2008 2009 Ano de geração -1 Figura 14 – Quantidade de resíduos de lâmpadas gerados em unid. mês na Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. Dentre os resíduos sólidos, que merecem atenção especial encontram-se as lâmpadas fluorescentes, que nas últimas décadas tiveram grande aceitação no mercado devido ao fato de uma melhor iluminação, menor consumo de energia e dissiparem pouco calor no ambiente (ATIYEL, 2001). A UP optou pelas lâmpadas fluorescentes devido ao fato de apresentarem um maior rendimento e um custo mais baixo em relação às demais lâmpadas. O aumento da quantidade de lâmpadas descartadas em 2009 está relacionado à vida útil das mesmas (aproximadamente 2.000 horas). As lâmpadas fluorescentes descartadas na UP recebem destinação final ambientalmente correta por empresa licenciada para tal fim. As lâmpadas são trituradas e descaracterizadas. O vidro e metal resultante do processo são encaminhados à reciclagem e o mercúrio que fica absorvido no filtro durante o processo é destinado à empresa licenciada. A lâmpada fluorescente intacta, não oferece risco para quem a manuseia, na UP as lâmpadas após a sua troca, são armazenadas nas embalagens das lâmpadas novas e guardadas em um depósito próprio, até que seja destinada à empresa especializada. Segundo Atiyel (2001), a lâmpada quando é quebrada libera vapor de mercúrio, e que pode ser aspirado por quem a manuseia. Quando se rompe uma lâmpada fluorescente, o mercúrio existente em seu interior (da ordem de 20 mg) é liberado sob a forma de vapor, por um período de tempo variável em função da temperatura e que pode se estender por várias semanas, contaminando a água, solo 88 e ar. Devido a toda esta problemática, as lâmpadas fluorescentes, após a sua vida útil devem ser manuseadas e destinadas adequadamente. O descarte das lâmpadas fluorescentes pode representar um sério risco para o meio ambiente e para saúde humana por apresentarem o mercúrio como o responsável pela ionização dos átomos que possibilita a luminosidade. Quando há o rompimento dessas lâmpadas o mercúrio é expelido, contaminando o ecossistema. Se destinadas em lixões ou aterros, contaminarão o solo e logo depois o lençol freático, podendo chegar na da cadeia alimentar ao homem (ATIYEL, 2001). A eficiência de uma lâmpada está relacionada com o consumo de energia elétrica. Nas lâmpadas incandescentes e halógenas, 80% da energia utilizada é transformada em calor e apenas 15% gera luz. Toda esta energia transformada em calor é lançada no ambiente. As lâmpadas fluorescentes possuem outro sistema de funcionamento, produzem mais luz e quase não emitem calor. Então, pode-se dizer que uma lâmpada é mais eficiente à medida que maior parte da energia consumida por ela é utilizada para iluminação e não na geração de calor (ATIYEL, 2001). Ainda que o impacto sobre o meio ambiente causado por uma única lâmpada seja desprezível, o montante das lâmpadas descartadas anualmente pela UP poderia representar um sério risco para o meio ambiente se não fossem adequadamente destinadas. Dessa forma, sugere-se a continuidade dos treinamentos com os funcionários no que se refere ao consumo de energia e os cuidados com o seu manuseio para evitar possíveis acidentes. A geração de resíduos químicos e biológicos nos anos de 2006, 2007, 2008 e 2009, pode ser consultada na Tabela 10 e na Figura 15. 89 Quantidade (kg) 14.000 12.512 12.639 2008 2009 12.000 10.000 8.000 6.000 5.634 4.289 4.000 2.000 2006 2007 Ano de geração -1 Figura 15 – Quantidade de resíduos de químicos e biológicos gerados em kg.mês na Universidade Positivo entre os anos de 2006 e 2009. A geração de resíduos químicos e biológicos aumentou em todos os anos analisados (Tab. 11). Porém, houve um maior comprometimento dos funcionários do núcleo de ciências biológicas e da saúde na segregação e destinação correta destes resíduos. O aumento da quantidade representa maior custo para destinação, porém, um ganho ambiental, visto que estes resíduos não são destinados incorretamente. Segundo ANVISA (2006), os resíduos de serviços de saúde constituem parte importante dos resíduos sólidos urbanos gerados, não necessariamente pela quantidade, que, segundo dados das agências de limpeza, representam apenas 1 a 3% do total de resíduos, mas pelo potencial de risco que estes apresentam. Os resíduos da saúde podem apresentar riscos pelo fato de apresentarem agentes biológicos e químicos perigosos à saúde e ao meio ambiente. Embora representem uma pequena parcela em relação aos resíduos sólidos urbanos, podem ser potenciais fontes de disseminação de doenças, colocando em risco os profissionais de estabelecimentos geradores destes resíduos, assim como os pacientes e clientes destes serviços, coletores de resíduos urbanos e toda a sociedade. Além disso, se o manejo e destinação não forem adequados, resíduos não perigosos podem ser transformado em resíduos potencialmente perigosos. Isso pode ocorrer devido ao contato direto e mistura (TAKAYANAGUI, 2005). Dentre esses geradores, os laboratórios de ensino e pesquisa na área de saúde contribuem para a geração de resíduos sólidos. Estes resíduos se inserem 90 dentro da problemática dos resíduos sólidos e vêm assumindo grande importância nos últimos anos. Tais desafios têm gerado políticas públicas e legislações tendo como eixo de orientação a sustentabilidade do meio ambiente (REI, 2009). Gerbase et al. (2005) cita que os resíduos químicos gerados em IES diferenciam-se daqueles gerados em unidades industriais por apresentarem baixo volume, mas grande diversidade de composições, o que dificulta a tarefa de estabelecer um tratamento químico e/ou disposição final. De maneira geral, esse problema atinge graves proporções e tem sido relegado a um plano secundário. Na maioria dos casos os resíduos são estocados de forma inadequada, aguardando um destino final, isso quando são estocados. A cultura que ainda predomina é de descartá-los em pia, já que a maioria das instituições brasileiras não tem uma política institucional clara que permita um tratamento global do problema. Como os laboratórios de ensino e pesquisa contribuem de forma significativa para a geração de resíduos, sugere-se que os laboratórios da UP implementem práticas como os 5R‟s (repensar, reduzir, reutilizar, reciclar e reeducar) como forma de reduzir o impacto de suas atividades, isto é, pesquisa e aulas práticas. Além disso, os professores responsáveis pelas disciplinas que utilizam os laboratórios didáticos devem realizar um planejamento adequado para que não ocorram desperdícios de produtos, visando minimizar a quantidade de produtos utilizados nas aulas práticas. A segregação dos resíduos químicos e biológicos gerados na UP é feita de acordo com o PGRSS. Depois da segregação, acondicionamento e coleta interna, os resíduos são coletados e destinados por empresa especializada e certificada. 4.2.3 Intervenção: ações de Educação Ambiental – resíduos Em relação aos resíduos orgânicos gerados na UP, sugere-se que os resultados apresentados demonstram que a ação educativa, que incluiu treinamentos realizados com funcionários resultou na diminuição gradativa de geração de resíduos (Fig. 16). Durante o ano de 2008 foram realizados treinamentos para funcionários da zeladoria e jardinagem nos meses de julho e novembro (Fig. 16, ação de EA 01 e 02). Já durante os meses de 2009 foram realizados os treinamentos para zeladoria, jardinagem, inspetoria e segurança (Fig. 16, ação de 91 EA 03, 04 e 05), além do trabalho de conscientização de toda a população Kg acadêmica na separação quando do descarte dos resíduos nas lixeiras adequadas. Figura 16 – Redução da geração resíduos orgânicos no período de estudo. 4.2.3.1 Utilização de copos descartáveis nas salas dos professores Durante o mês de setembro de 2009 foi realizado na sala dos professores do bloco da Reitoria e da Escola de Negócios um monitoramento diário do consumo de copos plásticos descartáveis. Constatou-se que o consumo total foi de aproximadamente 6000 copos (Fig. 17). Considerando a quantidade de professores que frequentaram a sala dos professores durante os 22 dias úteis de cada mês, constatou-se um consumo de 0,45 copos por dia por professor. Diante desse resultado foi realizada uma ação educativa com o objetivo de diminuir 10% o consumo de copos descartáveis nas salas dos professores, que consistiu da distribuição de copos telescópicos para todos os professores da instituição, juntamente com o resultado do monitoramento e orientações, por meio de envio de e-mail para os professores (APÊNDICE 1). No mês de novembro foi realizado um novo monitoramento e o resultado demonstrou uma diminuição no uso dos copos descartáveis de 6000 para 5470 (Fig.17). 92 2900 2700 3000 quantidade 2500 2150 Antes 2000 Depois 2000 1500 1000 350 500 500 450 320 0 Manhã Reitoria Noite Reitoria Manhã Escola Negócios Noite Escola Negócios Figura 17 – Consumo de copos descartáveis antes e depois da ação educativa no ano de 2009. De acordo com o departamento de compras da UP, o preço do copo descartável de 200 mL é R$ 0,03, portanto, com a redução do consumo dos copos, o custo por mês também reduziu, aproximadamente R$ 15,90 e anualmente R$ 200,00. O ganho ambiental equivalente, considerando que o copo de 200 mL tem no mínimo 2,2 g (INMETRO, 2010), é de 13.992 g de poliestireno (PS) que seriam economizados. Considerando que a Universidade tem, além dos professores, mais 600 funcionários, poderão deixar de consumir 27.984 g de PS, isto é, 28 kg de PS por ano que também não serão destinados ao meio ambiente. Considerando que o objetivo da ação foi praticamente alcançado, 8,8% de redução de consumo dos copos descartáveis, sugere-se que a campanha foi satisfatória, pois os levantamentos foram realizados, tanto antes como depois das ações de educação ambiental, com o mesmo número de professores; portanto, a educação ambiental deve ser contínua e permanente buscando sempre melhores resultados. Faz-se necessário realizar o monitoramento todos os anos, e cada vez mais aprimorar a forma de avaliação, pois, dessa forma, um melhor desempenho no resultado final poderá ser alcançado. 4.2.3.2 Segregação de resíduos nas salas dos professores Estudo realizado com a segregação dos resíduos gerados na sala dos professores do Bloco da Reitoria e da Escola de Negócios constatou pequena segregação dos resíduos durante o mês de setembro de 2009 (Fig. 18), ou seja, 93 43,9% de segregação correta dos resíduos. O resultado demonstrou a necessidade de uma campanha de conscientização junto aos professores do câmpus. Pape Metal e Plástico quantidade 25 20 Metal e Plástico Orgânico Orgânico Papel 15 10 Certo 5 Errado 0 Sala dos Prof. Bloco da Reitoria Sala dos Prof. Escola de Negócios Figura 18 – Segregação de resíduos de papel, metal e plástico e orgânico na sala dos professores da Reitoria e na sala dos professores da Escola de Negócios durante fase de monitoramento no mês de setembro de 2009. No mês de outubro de 2009, uma ação educativa foi realizada, por meio do envio de mensagens via e-mail para os professores com a divulgação dos resultados levantados. No mês de novembro foi realizada uma avaliação e constatou-se um aumento na segregação correta dos resíduos (64,83%) (Fig. 19). Papel Metal e Plástico Orgânico 15 Papel Metal e Plástico Orgânico quantidade 10 Certo 5 Errado 0 Sala dos Prof. Bloco da Reitoria Sala dos Prof. Escola de Negócios Figura 19 – Segregação de resíduos de papel, metal, plástico e orgânico na sala dos professores da Reitoria e na sala dos professores da Escola de Negócios durante fase de avaliação no mês de novembro de 2009, após ação de educação ambiental 94 Anteriormente à ação educativa ocorreu 42,5% de segregação correta na lixeira de papel e após a ação ocorreu 64,61% de segregação correta. Quanto à lixeira de metal, plástico e vidro, ocorreu 46,66% de segregação antes da ação e 63,33% depois da ação. No que se refere aos resíduos orgânicos, ocorreu 43,18% de segregação anteriormente a ação e 66,66% depois da ação (Fig. 18 e 19). Partindo do princípio de que os professores poderão atuar como multiplicadores, estes passarão as informações para seus alunos, surge uma perspectiva futura muito importante para a EA através do exemplo e postura que o professor adota em sala de aula. Com o objetivo de redução de 80% proposto antes da ação educativa, após a ação foi constatado 47% de segregação dos resíduos, fato este que ficou aquém do esperado, mostrando que, nessa questão, deve-se atuar continuamente para alcançar o objetivo, visto que o engajamento dos professores é essencial. Considerando que o objetivo de 80% de redução não foi alcançado, pode-se dizer que a campanha não foi satisfatória e será necessário atuar todos os meses ao invés de trimestralmente como foi proposto anteriormente, além de ampliar as campanhas. Outro fato importante a ser observado é que a grande mudança de professores de ano em ano, o que diminui a responsabilidade com os objetivos da empresa, fator que deverá ser bem trabalhado nas próximas campanhas. Na Tabela 12 são relacionadas às ações ambientais e seus respectivos ganhos ambientais referentes aos resíduos. 95 Tabela 12 – Ações ambientais realizadas e seus ganhos ambientais referentes aos resíduos na Universidade Positivo Ações Agentes Ganhos Tipo de Resíduo Ambientais Sociais Financeiros Coleta Funcionários, Orgânicos e - Preservação dos - Geração de - Diminuição com seletiva professores, Recicláveis. recursos naturais; emprego; custos na alunos e - Economia de água e - Benefícios aos destinação dos comunidade energia; funcionários (cesta resíduos; circulante. - Aumento da vida útil básica); - Receita da venda de aterros sanitários. - Educação dos resíduos ambiental. recicláveis. - Economia de PS; - Educação - Diminuição dos - Economia de água e Ambiental. custos na compra Entrega dos Professores e copos funcionários Plástico telescópios energia. E-mail Professores enviados Funcionários Papel de copos plásticos. - Preservação de - Educação - Diminuição dos árvores; Ambiental. custos na - Economia de água e compra de papel energia. Treinamentos Funcionários Resíduo - Preservação dos - Educação - Diminuição orgânico, recursos naturais; Ambiental. com custos na reciclável, - Economia de água e destinação de químico, energia; resíduos; biológico, - Aumento da vida útil - Receita da lâmpadas e de aterros sanitários. venda de dos jardim. resíduos recicláveis. 4.2.3.3 Campanha de Educação Ambiental – “Cada Coisa Em Seu Lugar” Segundo Weigmann (2004), para ter maior eficácia em ações, para conservação de energia nas empresas, é necessário implantar um programa interno de conservação com o apoio da alta administração e de todos os setores envolvidos. O autor ainda defende que é necessária a divulgação do programa através de cartazes, adesivos, manuais, faixas, notas em informativos, jornais internos, panfletos, ou seja, todos os recursos onde fiquem claros os objetivos do programa, para que a maioria das pessoas possam se envolver a fim de se obter um resultado final desejado. A implantação desse tipo de programa gera uma mudança de hábitos de todos os envolvidos, e é onde se encontra a maior dificuldade para o sucesso do programa. Em junho de 2010 foi implantada uma Campanha intitulada “Cada Coisa Em Seu Lugar” na UP com o objetivo divulgar o Programa de Gestão Ambiental da UP. A ação chave para o lançamento da campanha foi a colocação de um veículo kombi no centro do Eixo de Vivência, local de grande circulação de pessoas, 96 onde foi realizada uma atividade em que as pessoas deveriam jogar bolachas de “chopp” com desenhos de resíduos na lixeira correspondente. Depois da brincadeira, os participantes ganharam um folder com informações sobre o PGA e brindes da campanha, como “bottons”, “ecobags” e as próprias bolachas de “chopp” com curiosidades sobre resíduos. Neste período foi divulgado, também, o site da campanha, www.cadacoisaemseulugar.up.com.br. Na campanha ocorreu a participação dos professores, funcionários e alunos e contou com um material expositivo com informações referentes ao objetivo da campanha. Foram fixados quinze banners de três tipos diferentes, água, energia e resíduos, e quarenta cartazes fixados em murais internos por todo o câmpus (Fig. 20a e 20b). Além disso, foram distribuídos dez mil folders e fixados 600 adesivos em todos os interruptores do câmpus, salas de aulas, laboratórios, salas de professores, salas de coordenadores e espaços administrativos (Fig. 21a e 21b). Também foram fixados setenta e cinco adesivos nas mesas das praças de alimentações, setenta e cinco acima das lixeiras das praças, duzentos e oitenta no conjunto de lixeiras do câmpus (Fig. 22a e 22b), 10 adesivos nos espelhos dos banheiros e vestiários do centro esportivo e de funcionários (Fig. 23 e 24) e distribuídos brindes (Fig. 24) 97 a b Figura 20 – Material usado na campanha. a) Banner; b) Cartaz. a Figuras 21 – Material usado na campanha. a) Folders; b) Adesivos. b 98 a b Figura 22 – Material usado na campanha. a) Adesivos fixados nas mesas das praças de alimentação; b) Adesivos explicativos aplicados sobre as lixeiras dos blocos. A ação educativa da kombi chamou a atenção de toda população circulante no câmpus quanto às coisas estarem no lugar certo, ou seja, consumo de água (torneira fechada), segregação de resíduos (resíduos segregados no local correto), e consumo de energia (luz apagada quando não estiver na sala, monitor desligado do computador quando não estiver em uso). A kombi foi colocada no encontro dos eixos de vivência (eixo norte-sul e leste-oeste), onde ocorre um grande fluxo de pessoas e é um local não apropriado para um carro. Nos dois primeiros dias o veículo Kombi foi colocado nesse espaço, o que instigou muito as pessoas que passaram por ela, pois é um local proibido para veículos. Embaixo da Kombi foi instalado um som que tocava barulhos de lixo sendo descartado e quebrado, o que gerou muita curiosidade de todos. Após os dois primeiros dias, ela foi adesivada com a logo da campanha “Cada Coisa Em Seu Lugar”. 99 Figura 23 - Adesivos aplicados nos vestiários do centro esportivo e vestiários dos funcionários. A partir dessa revelação foi organizado um jogo, o qual se orientava para que os resíduos (papel, metal e plástico), representados por bolachas de “chopp” (apoiadores de copo) fossem arremessados na lixeira correta; a partir do acerto dos participantes (alunos professores e funcionários) o brinde era entregue (“ecobag”, “boton” da campanha e os apoiadores de copo). Para os participantes do jogo foram entregues brindes, totalizando mil “ecobags”, três mil apoiadores de copo (bolachas de “chopp”), mil “botons” com a logomarca da campanha e frases sobre as ações realizadas. Essa atitude chamou a atenção de todos, no qual se espera um grande ganho ambiental e econômico (Fig. 24). 100 Figura 24 – Adesivo colado nos vestiários do centro esportivo e vestiários dos funcionários. Figura 25 – Ecobag distribuída na Campanha para os participantes. 101 Segundo Jacobi (2005), a inserção da educação ambiental numa perspectiva crítica ocorre na medida em que o professor assume uma postura reflexiva, o que ajuda no entendimento das pessoas que a educação ambiental é importante às diversas formas de participação, pois assim serão potencializados esses fatores, ampliando a responsabilidade socioambiental. A interdisciplinaridade que ocorre dentro de uma Universidade demonstra o papel de todos os envolvidos, sejam professores, funcionários e alunos, na participação da educação de todos, seja em sala de aula ou por meio de exemplos perante a sociedade participante do câmpus (JACOBI, 2005). Dentro da Universidade Positivo a educação ambiental para funcionários, professores e alunos vem ganhando espaço crescente na gestão ambiental e nos exemplos práticos incorporados na operação do câmpus. 102 5 CONCLUSÃO O foco da presente pesquisa apresenta grande relevância para a formação da sociedade, especialmente do público alvo selecionado. Observou-se grande interesse por parte de toda a comunidade acadêmica, principalmente, dos alunos durante o desenvolvimento das ações educativas, o que pode contribuir com subsídios importantes para a formulação de questões e pensamentos mais críticos por parte dos mesmos em relação aos problemas ambientais. A fase de diagnóstico inicial da geração de resíduo e consumo de energia foi primordial, pois a partir deste levantamento de dados, foi possível propor ações de intervenção para minimizar o consumo de energia e a geração dos resíduos no câmpus da Universidade. A participação dos alunos, professores e funcionários foi fundamental para que as ações ambientais surtissem efeito positivo. As ações realizadas referente ao uso dos equipamentos (projetor multimídia, iluminação e ventiladores) foram importantes na busca de uma maior eficiência energética no câmpus. As ações ambientais promoveram a minimização do uso de energia elétrica em 11,98% e da geração dos resíduos em 26,4% em todo câmpus e ainda, um aumento de 12,96% em relação a segregação de resíduos recicláveis. Houve o estímulo à participação de todos os funcionários, professores e alunos numa perspectiva atual, a fim de socializar os conhecimentos e atividades realizadas. O levantamento do histórico de uso de energia e geração de resíduos, assim como o diagnóstico da situação atual da Universidade, foi fundamental para a implementação das ações ambientais educativas, uma vez que, a partir dos resultados obtidos, foi possível a realização de intervenções junto à comunidade acadêmica, por meio de capacitação, treinamento, orientações e campanhas. No que se refere à energia elétrica e resíduos, as ações ambientais educativas podem ter contribuído com a redução no consumo de energia e geração de resíduos, assim como na sua segregação, o que de maneira indireta contribui para a proteção dos recursos naturais. A educação ambiental, dessa forma, mostrou-se importante nesse processo, entretanto, deverá se constituir em um processo contínuo para que melhores resultados sejam alcançados. 103 Como sugestões para trabalhos futuros, recomenda-se: - Para os resíduos orgânicos e de jardinagem recomenda-se a continuidade no desenvolvimento do projeto que envolve o uso de biodigestor e compostagem para um tratamento sustentável destes resíduos, uma vez que com o biodigestor será gerado gás e com a compostagem, composto fertilizante, e ambos os produtos poderão ser utilizados no próprio câmpus da UP. - Para os resíduos químicos e biológicos, recomenda-se um estudo de reaproveitamento dos resíduos químicos e de minimização dos resíduos biológicos e químicos com a implantação de projetos desenvolvidos pelos cursos da graduação e pós-graduação. - Para o consumo de energia elétrica, sugere-se um estudo de instalação de controladores de energia nos blocos didáticos, centro esportivo, biblioteca, pósgraduação e administração para o controle do consumo de energia elétrica, uma vez que a redução do consumo reflete redução das despesas, melhor aproveitamento das instalações e equipamentos elétricos. - Recomenda-se ainda, o desenvolvimento de projeto para a instalação de fotocélulas para a captação de energia solar para aquecimento das piscinas e chuveiros do centro esportivo, e para a iluminação do eixo de vivência; e projeto de coleta de água de chuva em todos os blocos didáticos para utilização na lavagem dos saguões e pátios, e nos vasos sanitários. Deve-se estudar viabilidade de implantação de um sistema para captação de energia eólica. - O desenvolvimento de um programa de educação ambiental para toda a comunidade acadêmica que englobe vários projetos contínuos e que possam ser adequados quando forem necessários. Esse programa deve envolver ações voltadas para todos os espaços da UP, como refeitório, praças de alimentação, saguões, laboratórios, salas de aulas e escritórios. 104 6 REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT, 1997. Aterros de resíduos não perigosos - Critérios para projeto, implantação e operação - NBR 13896/1997. AGÊNCIA NACIONAL DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA. Manual de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e da Saúde. Brasília, 2006. 182p. AFONSO, J. C.; NORONHA, L. A.; FELIPE, R.; P.; FREIDINGER N. Gerenciamento de Resíduos laboratoriais: Recuperação de elementos e preparo para descarte final. Química Nova, v. 26, n. 4, p. 602-611, 2003. ALENCAR, M. M. M. 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No início do ano foi entregue aos professores um aparelho de controle do projetor multimídia das salas de aula e laboratórios. Se algum controle não estiver funcionando, favor entregar para os atendentes na sala dos professores ou para os inspetores, para que possamos resolver o problema. 2. Pedimos, ainda, que o professor desligue o projetor quando não utilizado. Com isso economizamos energia, o que é uma atitude ambientalmente correta e, em se tratando de instituição educacional, precisamos ensinar, também, pelo exemplo. 3. Lembramos que várias campanhas e ações estão sendo implantadas para diminuir a geração de resíduos, reduzir o consumo de energia e reduzir o descarte de copos plásticos. 4. Assim, atitudes como apagar luzes, desligar ventiladores, projetores e computadores são necessárias e recomendáveis. Os inspetores dos blocos estão sendo orientados para serem facilitadores dessas ações. Sua colaboração é fundamental! Agradecemos. Jair Bordignon Diretor Administrativo e Mestrando em Gestão Ambiental 2. E-mail enviado para os professores em outubro de 2009 Prezado Professor, No início deste ano foi entregue um controle para a melhor utilização do projetor multimídia das salas de aula e laboratórios. Este e-mail tem o objetivo de pedir a sua colaboração para que a utilização do projetor seja cada vez mais eficaz. É importante salientar a relevância para o meio ambiente, em termos de otimização de recursos e energia, que a atitude do professor, ao desligar o projetor quando não utilizado, proporciona. Gostaríamos de contar com a participação efetiva do professor para tornar o câmpus da Universidade Positivo mais ambientalmente correto. Como integrantes de uma Instituição de Ensino, as nossas ação podem ser propagadas e multiplicadas, potencializando a preservação e a qualidade do meio ambiente. Nesse sentido, várias campanhas e ações estão sendo implementadas para diminuir a geração de resíduos e os gastos de energia. Pretendemos diminuir o consumo de energia elétrica (luzes, ventiladores, projetores, computadores) nas salas de aula. Os inspetores de cada bloco estão sendo orientados no sentido de serem facilitadores destas ações. Também pretendemos diminuir a utilização/disposição de copos descartáveis, que representam uma parcela significativa nos resíduos gerados no câmpus . Conto com a sua colaboração, o meio ambiente agradece! Muito Obrigado Jair Bordignon Diretor Administrativo e Mestrando em Gestão Ambiental 114 3. Folder (tag) entregue com os copos retornáveis para os professores em outubro de 2009 Prezado Professor, Este copo que você está recebendo tem o objetivo de substituir o copo plástico. Essa ação pretende difundir a consciência ambiental a nossos alunos e colaboradores. Como formadores de opinião, devemos mostrar, por meio de um exemplo simples e prático, como podemos contribuir para o futuro do nosso planeta. Faço isso como colaborador da Universidade e como aluno do Mestrado em Gestão Ambiental, uma vez que defenderei, no próximo ano, a dissertação intitulada: “Energia e resíduos: a educação ambiental na Universidade Positivo”. Conto com a sua colaboração! Muito obrigado. Jair Bordignon Diretor Administrativo e Mestrando em Gestão Ambiental 4. E-mail enviado para os professores em outubro de 2009 Dados sobre levantamento realizado em 2009 Cada vez mais, as grandes empresas devem se preocupar para que seu desenvolvimento seja sustentável. Este é o objetivo com o qual a Universidade Positivo trabalha. Apenas no mês de setembro de 2009, foram constatados os seguintes dados sobre a geração de resíduos e consumo de energia no Câmpus: • 6.000 copos descartáveis foram coletados na sala dos professores. • 62% dos canhões de multimídia foram encontrados ligados após o término das aulas no período da manhã. Já no período noturno esse número sobe para 73%. • 50% das luzes ficam acesas após o término das aulas, nos dois períodos. Colabore para que juntos melhoremos estes números. Reduza o consumo, utilize seu controle liga/desliga dos projetores multimídia e desligue as luzes e ventiladores das salas após utilização. Jair Bordignon Diretor Administrativo e Mestrando em Gestão Ambiental 115 5. Correio interno Educação Ambiental enviado em março de 2010 Boa tarde, A necessidade de conciliar o desenvolvimento econômico e preservação ambiental levaram à formação do conceito de desenvolvimento sustentável, que surge como alternativa para o futuro do planeta, por isso devemos tratar com racionalidade os recursos naturais para que o desenvolvimento econômico não seja predatório mas sim "sustentável". Levantamentos realizados em nosso consumo de energia, detectamos um alto consumo, principalmente no período da madrugada. Com o intuito de diminuir estes gastos desnecessários pedimos que: - os computadores e impressoras sejam desligados no final do expediente; - desligue as luzes, ar condicionado, ventiladores quando a sala estiver desocupada; - visualizando algum vazamento em torneiras, descargas, favor comunicar a administração; Responsáveis por cursos e departamento, favor passar para os professores e funcionários que não possuem Wise. Sugestões e/ou dúvidas, estamos à disposição! Obrigado Jair Bordignon Dir. Administrativo Universidade Positivo [email protected] fone - 3317-3048 6. Informe do mês de maio de 2010 – “Pensando em sustentabilidade” Pensando em sustentabilidade A necessidade de conciliar o desenvolvimento econômico e a preservação ambiental formam o conceito de desenvolvimento sustentável. Pensando no futuro, devemos ter cuidado com os recursos naturais, para evitar o desperdício e outros prejuízos. Um levantamento de gasto de energia foi realizado dentro da Universidade Positivo e notaram-se alguns desperdícios. Por isso, a UP está lançando a idéia de economizar energia pensando na preservação do meio ambiente. Você pode cooperar com esse projeto, por meio de atitudes simples: - Desligue os computadores, projetores e impressoras após o uso. - Desligue luzes, ar condicionado ou ventiladores quando a sala estiver desocupada. - Visualizando algum vazamento em torneiras ou descargas, avise um inspetor. 116 7. Sustentabilidade publicada em 2 revistas de Curitiba no mês de maio de 2010 Universidade Positivo inicia campanha para diminuir o uso de copos plásticos A instituição está distribuindo aos funcionários copos rígidos de plástico (não descartáveis) Curitiba, 05/04/2010 - Não é segredo para ninguém que os plásticos prejudicam o meio ambiente. Não somente por seu tempo de decomposição – ele demora até 100 anos para se degradar – mas, também, porque quando jogado em aterros prejudica a decomposição dos materiais biologicamente degradáveis. Na tentativa de ampliar suas ações de sustentabilidade, a Universidade Positivo deu início a uma campanha que visa diminuir o número de copos plásticos usados pelos funcionários da instituição. Desde o fim do ano passado, estão sendo distribuídos para professores e funcionários UP copos rígidos de plástico (não descartáveis). “Essa iniciativa pretende difundir a consciência ambiental na instituição. Por meio desta atitude simples e prática, podemos contribuir para o futuro do planeta, além de dar um bom exemplo para os alunos”, explica o diretor administrativo da UP e idealizador do projeto, Jair Bordignon. A ação faz parte da política de defesa do meio ambiente adotada pela Universidade Positivo, que já pratica a separação dos resíduos por meio do Programa de Gerenciamento de Resíduos Sólidos e da Saúde. 8. Treinamentos realizados De três em três meses foram realizados treinamentos, palestras e apresentações de vídeos para os funcionários, principalmente da inspetoria, zeladoria, jardinagem e segurança, com o objetivo de mostrar o que está sendo realizado em relação ao meio ambiente no câmpus e pedir a participação destes no engajamento pelo sucesso dos programas implantados, visto que são estes os interlocutores junto aos alunos e público em geral.