Brasileiros estão entre os mais céticos com política na região, diz

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Brasileiros estão entre os mais céticos com política na região, diz
5/23/2016
Brasileiros estão entre os mais céticos com política na região, diz estudo ­ 05/04/2016 ­ Poder ­ Folha de S.Paulo
Brasileiros estão entre os mais céticos com política na região,
diz estudo
VINICIUS PEREIRA
DE SÃO PAULO
05/04/2016 12h00
A crise que abala o país e a incapacidade com que são tratados os problemas socioeconômicos fazem com que os brasileiros se
demonstrem descrentes com a classe política.
Um estudo do Projeto de Opinião Pública da América Latina (Lapop, em inglês), da Universidade Vanderbilt (EUA), mostrou que o Brasil
ocupa a penúltima posição no ranking de respeito pelas instituições políticas entre 26 países da América Latina.
Na pesquisa, feita pessoalmente com cerca de 53,4 mil pessoas, o Brasil atingiu 48,2 pontos em uma escala de 0 a 100 ­atrás de
países como Argentina, Venezuela e Haiti.
A Nicarágua lidera o ranking (75,1 pontos), seguida por Costa Rica (70,0), El Salvador (69,5) e Uruguai (68,5).
A Operação Lava Jato, que trouxe uma série de denúncias contra empresários e políticos de diversos partidos tem papel fundamental
no fomento de escândalos envolvendo tais atores –fazendo peso extra no ceticismo e que deve continuar a afetar o respeito pelas
instituições no curto prazo.
De acordo com Guilherme Russo, pesquisador da universidade que analisa os dados do Brasil, é possível afirmar que o resultado é
causado por uma soma entre o acumulo de escândalos de corrupção envolvendo políticos de diversos partidos e da percepção de que
a classe não tem feito nada para abordar os fatores estruturais dos casos.
Brasileiros desprezam atores políticos
"O acúmulo de escândalos, os problemas sociais que continuam a existir, talvez uma demanda por melhoras cada vez maior da
população, e uma crença de que os representantes não nos representam de verdade [podem ser considerados os motivos do
resultado]", diz Russo.
Para Russo, o modelo brasileiros faz com que os políticos fiquem muito 'soltos', sem a necessidade de se reportar à população acerca
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Brasileiros estão entre os mais céticos com política na região, diz estudo ­ 05/04/2016 ­ Poder ­ Folha de S.Paulo
do trabalho.
"Nos EUA, há somente um representante por distrito e isso leva a uma prestação de contas mais clara. No Brasil, ficamos no meio
termo. Na sua grande maioria, os representantes respondem somente a pequenos grupos de interesse (cabos eleitorais que garantem a
votação em alguma região ou por grupos sociais) e, claro que também aos seus financiadores de campanha", diz.
Segundo Michael Mohalem, consultor político da FGV/Direito, a falta de representatividade também afeta o respeito pelas instituições
políticas. "O Congresso nacional, onde os partidos manifestam sua pluralidade, não é bem avaliado. Nos últimos anos, os partidos não
são o espaço para a vazão das expectativas da sociedade", diz.
O pesquisador do Lapop vai na mesma direção. "Para você ter uma boa representação [política], você precisa que os eleitores saibam o
que querem, que consigam comunicar aos representantes, e que os representantes executem o que lhes foi pedido. Porém, existem
'buracos' nas três etapas", conclui.
Com a alta velocidade no surgimento de escândalos, a tendência é que o nível, que vem despencando desde 2010, mantenha a
perspectiva de queda no futuro, de acordo com o estudo.
ESCOLARIDADE E ECONOMIA
O nível médio de respeito pelos atores políticos cai conforme o grau de escolaridade dos entrevistados. Pessoas com maior tempo de
estudo apresentaram menos apreço pelos atores.
Enquanto o grau de respeito pelas instituições políticas chega a 59,9 pontos no recorte com pessoas que apresentam nível escolar
baixo, ele cai para 46,6 pontos com o segundo grau completo e para 45,6 com nível universitário.
A última alta registrada no índice foi em 2010 ­período em que o Brasil viveu a bonança econômica do último ano o governo Lula. O
país encerrou o ano com crescimento de 7,6%.
De lá para cá, o nível só registrou quedas. "Há um recorte econômico. O resultado apresenta uma queda a partir do momento em que
os fatores econômicos apresentam problemas", diz Mohalem.
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Operação Lava Jato
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Brasileiros desprezam atores políticos
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