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ISSN:1517-8595 ISSN:1517-8595 volume 5, número 2, julho - dezembro, Volume 5, Número 1, janeiro - julho,2003 2003. Universidade UniversidadeFederal Federal de deCampina Campina Grande Grande Centro Ciências eeTecnologia Centro dedeCiências Tecnologia Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Brazilian Journal Agro-industrial Products ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.5, n.2, p.103-188, 2003 EDITOR Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE Reitor: Thompson Fernandes Mariz Vice-Reitor: José Edilson de Amorim PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA Pró-Reitor: Michel François Fossy CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho EDITOR ASSISTENTE Maria Elita Martins Duarte CORPO EDITORIAL Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba INFORMAÇÕES GERAIS A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada semestralmente, podendo editar números especiais caso exista essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos, originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas; Automação e Controle de Processos Agroindustriais; Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens; Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT. INFORMACIONES GENERALES Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo REVISÃO DE TEXTOS Português: Marli de Lima Assis José Salgado de Assis Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Renato Fonseca Aragão Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual citação de produtos marcas comerciais não significa recomendação de utilização por parte da Revista. REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS PUBLICAÇÃO SEMESTRAL Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos Agrícolas; Automación y Control de los Procesos Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios; Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos; Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB ABSTRACT. GENERAL INFORMATION The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has a semestral edition, but it can have special numbers if this is necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and technical works, previous notes and didactic, original and unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and Drying of Agricultural Products; Automation and Control of Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal Products; Packing; Quality and Healthily of Foods; Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already processed besides the Development of New Equipment FICHA CATALOGRÁFICA Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal Agro-Insustrial Products v.5, n.2, (2003). Campina Grande: Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e Tecnologia, 2003. Campina Grande, Volume 5, Número Especial, janeiro-dezembro, 2003. Semestral ISSN 1517-8595 ISSN 1517-8595 Tiragem 500 exemplares. CAPA: A: mandioca, pão Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa. 1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola. CDD 631.116 ISSN 1517-8595 Volume 5, Número 2, Julho-Dezembro, 2003 SUMÁRIO/ CONTENTS Artigos Científicos Página ESTUDO DA SECAGEM DE FOLHAS DE Manihot spp PARA EMPREGO NA ALIMENTAÇÃO HUMANA (Drying study of Manihot spp. leaves to use in human feeding) Ingred M. Barros, José C. C. Santana, Gabriel Francisco da Silva, Roberto R. de Souza ..................... 103 CONSTITINTES QUÍMICOS EM SEMENTES DE ALGODÃO COM LÍNTER E EM SEMENTES DE ALGODÃO SEM LÍNTER ( Chemical constituent in cotton seeds with lint and in cotton seeds without lint) Ticiana Leite Costa, Luciana Façanha Marques Francisco, Jardel Rodrigues da Paixão, Regilane Marques Feitosa, Jonas dos Santos Sousa .............................................................................................. 111 BLEND DE CAFÉ COM MUCUNA PRETA: ANÁLISE SENSORIAL POR NÃO ESPECIALISTAS (Sensorial analyze of coffee (Coffea arabica L.) blend with “mucuna preta” (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) ) Nayara Lia de Lima Aragão, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte ...... 117 ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS FUNCIONAIS ENRIQUECIDOS COM FOLHA DE Manihot spp. (Sensorial analysis of functional foods, which is enriched by Manihot spp. leaft) Karina O. L. de Almeida, José C. C. Santana, Roberto R. de Souza ....................................................... 127 ANÁLISES FISIOLÓGICAS EM SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) ARMAZENADAS NA PRESENÇA DE EQUIPAMENTO REDUTOR DE INÓCULO. (Physiologic analysis of bean seeds (Phaseolus vulgaris L.) stored in the presence of inoculum reduced equipment Osvaldo Resende, Flávio Meira Borém, Maria Laene Moreira Carvalho, Cristiane Fortes Gris .......... 133 CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE AROEIRA (Astronium urundeuva Engl.), E BARAÚNA (Schinopsis brasiliensis Engl.). (Crioconservation of aroeira (Astronium urundeuva Engl.) and barauna (Schinopsis brasiliensis Engl.) seeds) Taciana Walesca Cruz Gonzaga, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Humberto Silva, Maria Elita Martins Duarte ........................................................................................................................................ 145 ANÁLISE DA COLORAÇÃO DA CASCA DE BANANA ‘PRATA’ TRATADA COM ETILENO EXÓGENO PELO MÉTODO QUÍMICO E INSTRUMENTAL. ( Analysis of the “Prata” banana pell coloration that’s treated with hexogen ethylene by the chemical and instrumental method) Virgínia de Souza Álvares, Paulo César Corrêa, Gerival Vieira, Fernando Luiz Finger, Rodrigo Vasconcelos Agnesi .................................................................................................................................. 155 VISCOSIDADE APARENTE DA POLPA DE UMBU-CAJÁ CONCENTRADA A 100C. (Apparent viscosities of concentrated umbu-cajá pulp at 10oC) Lucicléia Barros V. Torres, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa Figueiredo ..... 161 GERMINAÇÃO E VIGOR NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO GERGELIM: EFEITO DA SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO (Germination and vigour and initial development of sesame: Effect of irrigation water salinity). Márcia Rejane de Queiroz Almeida Azevedo, Francisco de Assis Cardoso Almeida, , Josivanda Palmeira. Gomes de Gouveia, Carlos Alberto V. de Azevedo, Manassés M. da Silva, Roberto Vieira Pordeus .................................................................................................................................................... 169 COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO CONGELADO (Rheological behaviour of frozen concentrated orange juice) Ivanise Guilherme Branco, Carlos Alberto Gasparetto ........................................................................... 175 DRYING SIMULATION THEORY OF THE COWPEA CONSIDERING THE GRAIN SHRINKAGE (Teoria e simulação de secagem de feijão macassar levando-se em consideração o encolhimento dos grãos). Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte....................................................... 181 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003 ISSN 1517-8595 103 ESTUDO DA SECAGEM DE FOLHAS DE Manihot spp PARA EMPREGO NA ALIMENTAÇÃO HUMANA Ingred M. Barros1, José C. C. Santana2, Gabriel F. da Silva3, Roberto R. de Souza3 RESUMO No presente trabalho foi feito o acompanhamento das curvas de secagem das folhas de Manihot spp. (mandioca) e sua possível influência sobre as propriedades nutricionais dos produtos obtidos a partir destas folhas considerando-se que estes serão empregados como suplementos alimentares alternativos. A análise das propriedades nutricionais baseou-se na determinação do teor de proteínas totais, fibras brutas e cinzas. A análise dos resultados mostrou que as folhas de mandioca secas a temperatura de 80°C apresentaram baixos teores de proteína total e fibras brutas enquanto que às desidratadas a 40°C após 2 horas conteve 17,896 Ug/mL de proteína total e 36,99 % de fibras brutas, desta forma, sendo indicado como um produto de alto teor de proteínas e fibras. Palavras-Chave: Desidratação; Secagem, Alimentação Humana; Folha de Mandioca DRYING STUDY OF Manihot spp. LEAVES TO USE IN HUMAN FEEDING ABSTRACT In the present work it was accomplished the drying curves of Manihot spp. (cassava) leaves and its possible influence in the nutritious properties of the products considering its use as food supplement at a low cost. The analyzed nutritious properties consisted of the tenor of total proteins, rude fibers and ashes. Analyzing the results it was detected, that the cassava leaves, when dehydrated at the temperature of 80 ºC, presented considerable losses, so much of total protein, as of rude fibers, not being this suitable temperature for the drying of the cassava leaves, however, the dehydrated cassava at the temperature of 40 ºC, after 2 hours, contained 17.896 Ug/mL of total protein and 36.99% of rude fibers; being indicated as a product with high protein and fibers tenors. Keywords: dehydratation; drying; human feeding; Manihot spp. leaf. Protocolo 52 2002 01 de 23 de setembro de 2002 1 Especialista em Tecnologia de Alimentos, DEQ/UFS 2 Doutorando, FEQ/UNICAMP, Campinas – SP - Brasil, E-mail: [email protected]. 3 Professor Doutor, DEQ/CCET/UFS, Av Marechal Rondon, S/N, Jd. Rosa Elze, São Cristóvão-SE, Brasil, CEP: 49100 000, Email: [email protected], Fax: (0xx) 79 212-6684. 104 Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al. INTRODUÇÃO A mandioca pode ser considerada uma importante cultura agrícola que assume posição de destaque na conjuntura sócio-econômica mundial, devido a sua capacidade de adaptação em condições climáticas distintas. Sua maior concentração, porém verificam-se nos continentes Americano, principalmente América do Sul; Asiático e Africano (Canoilas, 1989). Em 1991, a produção mundial foi de 153.689.000 toneladas, sendo que 74,60 % foram produzidas em apenas nove países: Brasil, Tailândia, Nigéria, Zaire, Indonésia, Índia, Paraguai, Moçambique e Colômbia. O Brasil se destaca como primeiro produtor atingindo uma marca de 16,00 %. Os maiores estados Brasileiros produtores de mandioca são: Bahia, Pará, Paraná, Maranhão, Rio Grande do Sul, Piauí, Santa Catarina, Pernambuco e Ceará (Santos, 1995). A mandioca produzida pode ser utilizada para o consumo “in natura” ou para ser processada industrialmente em vários produtos amiláceos, onde se pode destacar: fécula e polvilho azedo, farinha de mandioca, raspa, farinha de raspa ou panificável, sagu e pellets. Para o consumo “in natura”, existem algumas variedades que não são aconselháveis, por apresentarem um elemento que pode causar envenenamento em homens e animais. Este envenenamento decorre de um glicosídeo cianogênico denominado linamarina. Esse glicosídeo em presença das enzimas e ácidos dos sucos digestivos se hidrolisa, resultando na liberação de ácido cianídrico (HCN). Todas as variedades de mandiocas apresentam na sua constituição esse composto. Existe a mandioca chamada de “mansa”, onde a quantidade de HCN é inócua com teores de 0,001 a 0,010 %; já, nas denominadas de “bravas”, o teor varia de 0,15 a 0,030 % (Ciacco, 1982). O envenenamento de animais com o HCN, proveniente da mandioca, pode ser evitado quando esta é submetida ao processo de desidratação. Isto ocorre porque o HCN é eliminado pela ação do calor. Nos produtos industrializados a base de matérias primas da mandioca, este problema não existe, uma vez que no processamento ocorre a remoção do HCN, sendo inclusive as mandiocas “bravas” preferidas nas indústrias de transformação pelo seu alto teor em amido (Ciacco, 1982; Santos, 1995). Torna-se necessária à realização de estudos mais aprofundados para a detecção e posterior eliminação de possíveis fatores limitantes, naturalmente presentes em matérias primas não convencionais, com a finalidade de melhorar o aproveitamento e a obtenção de produtos de alto valor nutritivo e de baixo custo. A mandioca é um alimento produzido, mundialmente, em larga escala. A composição química da raiz de mandioca apresenta em média 60 a 65 % de umidade; 30 a 35 % de carboidratos, sendo a maior proporção correspondente ao amido, em torno de 80 %. A fibra total corresponde a fração de 3,2 a 4,5 %. A quantidade de proteína encontrada nas raízes, é da ordem de 1 a 2 %. O teor de vitaminas e minerais nesse alimento é pequeno, entretanto, podem ser encontrados quantidades consideráveis de vitamina C, tiamina, riboflavina, ácido nicotínico, cálcio e fósforo (Matsuura, 1995). Segundo Silva (1990), a raiz da mandioca apresenta a seguinte composição química: 65 a 75% de água; 2,5% de proteínas brutas; 1,5 a 2,5% de celulose; 0,1 a 0,5% de lipídeos; 18 a 23% de amido e 0,5 a 1,9% de cinzas. Jesus citado em Silva (1990), analisando dez variedades de mandioca, detectou os valores de 21,55 a 25,14 % de proteína bruta na matéria seca da folha e de 5,58 a 6,70 % na matéria fresca. Em pesquisas realizadas na parte aérea da mandioca, foi detectado que as ramas apresentam na sua composição química 15,25 % de proteína bruta; 15,15 % para fibra bruta e 21,35 % para carboidratos (Silva, 1990). Para os fenos de folhas e de ramos de mandioca foram encontrados, respectivamente: 28,67 % e 13,01 % de proteína bruta; 13,71 e 30,80 % de fibra bruta (Gramacho, mencionado por Silva, 1990). Carvalho e Kato (1987), realizando trabalho com as folhas e a parte aérea da mandioca, detectaram o percentual de proteína bruta de 7,1 e 25 % para as folhas frescas e secas, respectivamente. Com relação a fibra bruta foram encontrados os valores de 1,4 % nas folhas frescas e 13,3 % nas folhas secas. A folha de mandioca quando desidratada representa uma importante fonte nutricional por apresentar uma concentração de seus nutrientes, sendo inclusive utilizada no combate a problemas de saúde pública como fonte protéica, mineral e vitamínica. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003 Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al. Dados da literatura revelam que o conteúdo de cianeto das folhas de mandioca é reduzido para níveis muito baixos, com as técnicas de processamento tradicionais como fervura, ebulição e cozimento (Flores, 1998). A desidratação é uma das principais técnicas utilizadas atualmente no processamento de folhas de mandioca. Dentre os objetivos da desidratação pode-se destacar: destruição de microorganismos, redução da atividade de água, inativação de enzimas e fatores antinutricionais e melhoria da digestibilidade, prolongando assim a vida da mesma (Flores, 1998). Outras vantagens advindas da secagem de alimentos são: a) concentração de nutrientes e b) facilidade de transporte permitindo, inclusive, o deslocamento dos alimentos por um período de tempo mais longo, uma vez que é praticamente inviável a proliferação de microorganismos devido ao reduzido conteúdo de água e oxigênio. No entanto, dois pontos importantes ainda devem ser levados em consideração na desidratação de alimentos: 1) a possibilidade de perda parcial de algumas propriedades nutritivas (a exemplo da vitamina A e C); 2) a existência de microorganismos anaeróbios que poderiam proliferar, provocando contaminações. A folha de mandioca desidratada tem sido utilizada de forma crescente como suplemento nutricional, uma vez que se apresenta como um produto de alto valor nutritivo para adultos e crianças. Através da análise da composição química da farinha de folhas de mandioca, detectou-se a presença de proteínas; vitamina A, que têm papel relevante para a pele e visão; vitamina C, que contribui na resistência do organismo contra algumas patologias, dentre outras funções; além das vitaminas B1, B2, niacina e alguns minerais como o cálcio e o ferro. Apresenta ainda, 13 % de fibras, fato este que auxilia no processo de digestão dos alimentos (Santos, 1995). De acordo com Jesus e Souza (1999) e Franco (1992), as proteínas são consideradas nutrientes nobres para o organismo humano, uma vez que, são necessárias para a elaboração de diversos compostos entre os quais se pode citar as enzimas, hormônios e antibióticos, e também em funções biológicas bastante distintas (reguladora, estrutural, imunológica, hormonal e contrátil) 105 A deficiência energético-próteica constitui um grave problema de saúde pública em muitos países em desenvolvimento. As condições de saúde e a baixa ingestão alimentar interferem no aproveitamento biológico do alimento, principalmente nas camadas sócioeconômicas de menor poder aquisitivo (Silva, 1990). As raízes de mandioca são fontes importantes de carboidratos. Sua folha apresenta teor considerável de proteína. Já com relação ao valor nutricional da mandioca, rica em energia e com baixo teor protéico (1,3 % de proteína bruta). Apresenta reduzido teor de fibras (1,6 %) e elevado coeficiente de digestibilidade. Os carboidratos são encontrados em percentual de 25 a 35 %, contendo sacarose, maltose e glicose que constituem o amido desta raiz (Canoilas, 1989). O consumo das folhas de diversos alimentos no Brasil, não se constitui em um hábito alimentar. Surge, assim, a necessidade de trabalhos educativos com relação à utilização de forma adequada das folhas de mandioca, e que estas não sejam consideradas apenas um resíduo agrícola, acarretando no desperdício de um material de alta produtividade e com elevados teores protéicos (Carvalho et. al., 1986). Portanto, este trabalho teve por objetivo estudar a curva de secagem da folha de mandioca e avaliar a variação das concentrações de proteína bruta, fibras e cinzas durante a desidratação do alimento. MATERIAIS E MÉTODOS Determinação do conteúdo de água inicial Foram determinadas pelo método termogravimétrico ou da dessecação, seguindo a metodologia descrita por Ascar (1985). As amostras foram pesadas e levadas a estufa a temperatura de 105°C ± 2 oC. As amostras ao atingirem peso constante, determinou-se o seu percentual de água em base seca, obtido pela diferença de peso da amostra inicial e da amostra final (amostra seca), dividido pelo peso da amostra final. O percentual de água em base úmida foi obtido pela diferença de peso da amostra inicial e da amostra final, dividido pelo peso da amostra inicial. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003 106 Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al. Acompanhamento da perda de água Determinação do teor de cinzas Obtido o conteúdo de água inicial das amostras estas eram pesadas e levadas a estufa nas temperaturas de 40, 60 e 80 oC. As amostras foram expostas a estas temperaturas por um período de 30, 60, 90, 120, 180, 240, 360 e 480 minutos; e a cada intervalo de tempo uma sub-amostra era retirada para determinação do seu conteúdo de água. Para determinação do teor de cinzas foi utilizado o método de incineração simples ou calcinação simples (Ascar, 1985). O método consiste em pesar a amostra e coloca-la em uma mufla a temperatura de 550 ± 20°C. A amostra é submetida a esta temperatura, até que ocorra a destruição total da matéria orgânica por meio do calor. Isto é obtido quando a amostra passa a ter uma coloração branco-acinzentada. O percentual de cinzas é obtido pela diferença de peso da amostra inicial e da amostra final, dividida pelo peso da amostra inicial multiplicado-se por 100. Determinação do teor de proteína bruta Para essa determinação, utilizou-se o Método de Bradford (1976). Esse método consiste em colocar uma dada quantidade da amostra em uma cápsula de porcelana. Adicionar 5 mL da solução de solução tampão (Tris a 50 mM e pH 6,5) e realizar a maceração. Centrifuga-se a amostra macerada durante 10 minutos a 8000 rpm a temperatura de 8 oC. Em seguida retirar-se 0,05 mL do líquido sobrenadante da amostra após centrifugação e completa-se com a solução tampão (Tris a 50 mM e pH 6,5) até atingir 1 mL e logo após adiciona-se 1 mL do reativo de Coomassie Blue. Prepara-se o branco com 1 mL da solução tampão (Tris a 50 mM e pH 6,5) mais 1 mL do reativo de Coomassie Blue. As leituras foram realizadas num espectrofotômetro 30 segundos após a adição do reativo de Coomassie Blue a uma absorbância de 595 nm. Determinação do teor de fibras Para determinar o teor de fibras das folhas de mandioca, utilizou-se a técnica do duplo ataque ácido/alcalino na amostra, restando as fibras, as quais foram quantificadas por gravimetria (Ascar, 1985). Nesta determinação iniicalmente pesa-se a amostra e transfere-se para um erlenmeyer com tubo de refluxo e adiciona-se 200 mL de ácido sulfúrico a 0,255 N. Deixa-se ferver por 30 minutos, não deixando formar espuma, em seguida esfria-se e filtra-se. O percentual de fibras é obtido pela diferença de peso da amostra inicial e da amostra final, dividido pelo peso da amostra inicial e multiplicando-se por 100. RESULTADOS E DISCUSSÃO Influência da temperatura sobre o processo de secagem das folhas de mandioca O conteúdo de água inicial das amostras foi de 119,78 %base seca ou 54,50 % base úmida. Na Tabela 1 encontra-se a perda do conteúdo de água com o tempo das folhas de mandioca, onde se constata que a temperatura de 80 oC ocorre uma secagem extremamente rápida no inicio do processo, decaindo depois de 2 horas de secagem quando o conteúdo de água já estava com 3,3% b.s. (base seca). Apos esse período de 2 horas verifica-se que se inicia o processo de evaporação da água intrínseca contida na folha da mandioca onde se constata um inicio de processo de degradação das folhas que ocorre lentamente quando essas folhas permanecem no processo de secagem a 80°C, indicando que, para essa temperatura, a secagem não deve ir além desse tempo de 2 horas. Nesta tabela, verifica-se também que a secagem feita a temperatura de 60 oC, ocorre uma redução linear da perda de água da folha de mandioca até 2 horas de secagem e a partir desse período, ocorre uma degradação visual dos constituinte da amostra. No entanto, para a temperatura de 40 oC, verifica-se que o processo de secagem ocorre lentamente e independente da degradação, embora o comportamento da secagem as temperaturas de 60°C e 40°C estejam muito próximas. É importante ressaltar que durante a secagem de alimentos há uma forte dependência da sua degradação com a temperatura de Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003 Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al. operação. Neste estudo, observou-se que a menor degradação ocorreu à temperatura de 40ºC, pois isto fica evidenciado pela alteração na coloração das folhas quando se compara a secagem entre as temperaturas de 80°C, 60°C e 40°C. Durante o processo de secagem a concentração de nutrientes é um fator 107 importante, haja vista que, a possibilidade de se utilizar alimentos desidratados por um período de conservação maior. De acordo com Flores (1998) o inconveniente na desidratação de alimentos é a possibilidade de ocorrer degradações, em função das variações de temperatura, que impliquem em perda nutricional do alimento. Tabela 1 – Dados do processo de secagem da folha de mandioca a 80, 60 e 40 ºC Conteúdo de água % base seca Tempo (hora) 0 0,5 1,0 1,5 2,0 3,0 4,0 6,0 8,0 40ºC Temperatura 60ºC 80ºC 119,78 102,06 88,05 81,16 68,34 68,08 44,77 36,30 5,53 119,78 96,72 87,99 75,60 76,69 58,51 43,39 3,52 2,46 119,78 71,60 32,33 17,97 3,41 1,84 1,07 0,66 0,53 Variação da proteína bruta das folhas de mandioca durante o processo de secagem A variação da proteína bruta de folhas de mandioca durante o processo de secagem as temperaturas de 40, 60 e 80°C encontra-se na Tabela 2. Nessa tabela observa-se que os valores máximos de proteína bruta para cada temperatura de secagem foram de 17,896 Ug/mL, para as folhas de mandiocas secas a temperatura de 40OC, por um período de tempo de 2 horas; 6,835 Ug/mL para as folhas de mandiocas secas a temperatura de 60 OC por um período de tempo de 2 horas e 5,708 Ug/mL para as folhas de mandiocas secas a temperatura de 80OC por um período de tempo de 1 hora. Considerando-se o valor máximo de proteína bruta, o valor 17,896 Ug/mL, obtido durante a secagem a 40 oC por 2 horas, tem-se que às temperaturas de 60 e 80 oC, as folhas de mandioca sofrem, respectivamente uma perda de 38,19 % (6,835 Ug/mL) e 31,89 % (5,708 Ug/mL). Analisando ainda a secagem das folhas de mandioca é possível observar que a desidratação ocorre em até 4 horas. Entretanto, quando a desidratação se estende até esse valor, ocorre uma perda protéica de: 4,15 pontos percentuais a temperatura de secagem de 40 oC, 16,4 pontos percentuais a 60 oC e de 16,76 pontos percentuais a temperatura de 80 oC. Tabela 2 - Proteína bruta das folhas de mandioca durante a secagem as temperaturas de 40, 60 e 80ºC. Tempo (hora) 0 1 2 4 6 8 Proteína bruta (Ug/mL) 40°C Temperaturas 60°C 80°C 17,90 10,77 17,90 14,39 13,75 13,75 17,90 2,08 6,47 6,84 2,50 1,50 17,90 5,41 5,71 1,20 1,50 1,14 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003 108 Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al. Variação do teor de fibras das folhas de mandioca durante o processo de secagem Os folhosos normalmente são considerados fontes importantes de fibras. De acordo com Mahan (1995), as fibras por apresentarem papel essencial para o adequado funcionamento do organismo, são recomendadas, atualmente, uma ingestão diária de 20 a 30 gramas, e um máximo, de 35 gramas (Instituto Nacional do Câncer). A ingestão diária deve ocorrer de forma diversificada, com produtos derivados de todos os grãos, frutas e vegetais, incluindo legumes Na Tabela 3, verifica-se que na folha de mandioca existe uma grande quantidade de fibras, no entanto com o decorrer da secagem, existiu uma redução gradativa nos quantitativos de fibra. Na secagem a 40 oC os valores de fibras variaram de 65,00 % para 17,22 % depois de um tempo de secagem de 6 horas, sendo essa redução foi de 47,72 pontos percentuais. As folhas de mandioca quando submetidas à temperatura de 60oC os valores de fibras variaram de 65 % para 34,52 %, após 6 horas de secagem, provocando uma redução de 30,48 pontos percentuais, sendo comparativamente menor do que à temperatura de 40 oC. Esses valores elevados de redução também foram encontrados em trabalho realizado por Flores (1998). Na secagem a 80 oC esses valores são mais acentuados ainda pois a redução foi de 65% para 1,42% havendo praticamente uma redução cause que total de suas fibras. Este fato é um indicativo de que as fibras podem sofrer degradação térmica juntamente com outros nutrientes. Tabela 3 - Teor de fibras das folhas de mandioca durante a secagem as temperaturas de 40, 60 e 80ºC Teor de fibras (%) Tempo (Horas) 40°C Temperatuas 60°C 80°C 0 0,5 2,0 4,0 6,0 8,0 65,00 63,31 41,63 32,35 17,22 65,00 43,65 35,80 34,03 34,52 - 65,00 19,72 12,73 9,26 1,42 - Teores de cinzas das folhas de mandioca durante processo de secagem Com relação ao teor de cinzas os valores aumentaram com o aumento da temperatura e com o tempo de secagem, conforme pode ser observado na Tabela 4. Os teores máximos de cinzas encontrados foram respectivamente de 5,20 %, após 6 horas de secagem a temperatura de 40 oC; 5,91 %, após 4 horas de secagem a temperatura de 60 oC e 6,56 %, após 8 horas de secagem a temperatura de 80 oC, Como as cinzas não se alteram com s temperatura pois são componentes termosensiveis existe durante a secagem uma concentração desses componentes. Em decorrência deste fato os teores de cinzas da folha de mandioca apresentam-se coerentes com os citados nos trabalhos realizados por Silva (1990) e Flores (1995). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003 Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al. 109 Tabela 4 – Teores de cinzas das folhas de mandioca durante a secagem as temperaturas de 40, 60 e 80ºC Tempo (Horas) 0,5 1,5 2,0 3,0 4,0 6,0 8,0 Porcentagem média de cinzas (%) 40°C Temperaturas 60°C 80°C 1,43 2,02 2,17 3,93 5,20 5,20 3,54 4,09 4,31 5,16 5,91 - 3,75 4,13 5,52 5,72 6,34 6,56 CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos neste trabalho pode-se concluir que: Durante o processo de secagem nas temperaturas de 40 oC, 60 oC, e 80 oC, ocorrem degradações dos constituintes químicos da folha de mandioca, sendo a secagem a temperatura de 40 oC a mais apropriada; Os valores máximos de proteína bruta foram de 17,896 Ug/mL e de 6,835 Ug/mL para as secagens as temperaturas de 40 oC e 60 oC, respectivamente, após 2 horas de secagem, e de 5,708 Ug/mL para a temperatura de 80 oC após 1 hora secagem; Ao final do processo de secagem as temperaturas de 40 oC, 60 oC e 80 oC, ocorrem diminuições da proteína bruta de respectiva-mente 4,15 pontos percentuais a temperatura de secagem de 40 oC; 16,4 pontos percentuais a 60 oC e de 16,76 pontos percentuais a temperatura de 80 o C; Os valores de fibras decrescem com o tempo de secagem para as temperaturas de 40, 60 e 80 oC, e essa diminuição é de respectivamente, 47,78; 30,48 e de 63,58 pontos percentuais; Os valores de cinzas crescem com o tempo de secagem para as temperaturas de 40, 60 e 80 oC, e esse aumento é de respectivamente, 3,77; 2,37 e de 2,81 pontos percentuais; Para obtenção de um produto seco a base de folha de mandioca com conteúdo de água aproximada de 3,5% base seca, são necessárias 2 horas de secagem a temperatura de 80°C, 6 horas de secagem a 60°C e mais de 8 horas a 40°C; e aos valores de proteína bruta, teor de fibras e cinzas, para essas condições são, respectivamente de: 5,71 Ug/mL, 12,73% e 5,52%; 2,5 Ug/mL, 34,52% e 5,91%; e de 13,75 Ug/mL, 17,22% e 5,2. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Ascar, J. M. Alimentos: Aspectos Bromatológicos e legais Análise. Percentual. 1ª ed.. UNISINOS, São Leopoldo, RS, 1985. cap. 4, p.243-263. Bradford, M. M. A rapid and sensitive method for the quantitation of microgram quantities of protein. Utilizing the principle of proteindye binding. Analitic. Biochem.. v.72, p. 248-254, 1976. Canoilas, L. M. Enriquecimento protéico de resíduos da fabricação de farinha de mandioca pelo desenvolvimento de leveduras. São Paulo: USP/ESALQ, 1989, 124 p. (Tese de Mestrado). Carvalho, V. D. et al. Características nutritivas de fenos do terço superior e das folhas de cultivares de mandioca. Rev. Bras. Mandioca. v.5, n.1, p.63-70, 1986 Carvalho, V. D. & Kato, M. S. A. Potencial de utilização da parte aérea da mandioca. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, v.13, p.23-28, Jan. 1987. Ciacco, C. F.; Cruz, R. Fabricação de amido e sua utilização. 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Cavalcanti Mata2, Maria Elita Duarte Braga2 RESUMO No Brasil é hábito o consumo de café após as refeições e também no intervalo dessas refeições, no entanto, devido ao baixo poder aquisitivo da população mais carente no Brasil, observa-se que essa população tem como forma alternativa torrar os produtos que dêem bebidas similares ao café. Isto tem ocorrido com grão de algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta. A escolha da mucuna preta para compor o blend se deve ao fato dessa leguminosa ser de baixo custo. Desta forma, este trabalho teve como objetivo estudar por meio de análise sensorial os blends de café com mucuna preta torrada na coloração mais clara e torrada na coloração mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%. Na analise sensorial dos blends de café com mucuna preta foram utilizados 30 painelistas não treinados subdivididos em duas classes sociais. Os resultados obtidos permitem concluir que dos blends estudados o que mais se aproxima do gosto da bebida café tradicional, segundo os provadores não treinados de baixa renda e de renda média, é o blend de café com 10% de mucuna preta torrada de coloração mais escura. Palavras-chave: torra, classes sociais, bebida SENSORIAL ANALYZE OF COFFEE (Coffea arabica L.) BLEND WITH MUCUNA PRETA (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) ABSTRACT In Brazil, it is an habit the consumption of coffee after the meals and between them, however, it is observed that the poor population has as alternative form to toast the products that are drunk similar to the coffee due to the low conditions of life of the most poor population in Brazil. It has been happening with algaroba grain, mangirioba, guandu and mucuna preta . The choice of the mucuna preta to compose the "blend" is due to its low cost. Then, this work had as objective to study, sensorial analysis the coffee "blends" with toasted mucuna preta in the clearest color and toasted in the darkest color, in the proportions of 10, 15 and 20%. In the sensorial analyzes of the coffee blends with mucuna preta , 30 not trained tasters subdivided in two social classes were used. The obtained results allow us to conclude that the blend that more approaches of the taste of the tradicional coffee taste, among the studied "blends" and according to the not trained tasters which have low income (lowers class) and medium income (middle class), is the "coffee blend" with 10% of darker toasted mucuna preta . Keywords: toasts, socials classes, drink ___________________ Protocolo 97 de 7/5/2003 1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola 2 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, [email protected] e [email protected] 118 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. INTRODUÇÃO Historicamente, o Brasil ocupa a posição de maior produtor mundial de café, produzindo, anualmente, 6,8 milhões de toneladas que corresponde a 23,9% de toda a produção mundial de café (Fao, 1999 citado Almanaque Abril, 2002). O Brasil, além de ser o maior produtor de café, também, é o terceiro maior consumidor de café, perdendo, apenas, para os Estados Unidos e Alemanha Unificada. Isto, no entanto, parece não sensibilizar a cafeicultura nacional. O país, que consome 9 milhões de sacas, é mal trabalhado pela indústria local e pelos produtores de cafés finos. O efeito disto foi a queda do consumo per capita/ano. No Brasil, é hábito e tradição consumir uma xícara de café após as refeições, e, também, no intervalo dessas refeições, mas devido ao baixo poder aquisitivo da população, este tem sido substituído por outras bebidas alternativas, como sucos, refrigerantes, achocolatados, entre outros (Bassoli., 1992). Quando a população encontra cafés mais baratos, normalmente, o pó de café é fraudado, adicionando-se a este, cascas de café, paus, milho torrado, açúcar, cacau torrado, entre outros. Evangelista (1987) relata que, para baratear os custo do café, alguns produtores e comerciantes fraudam o café, adicionando, a este, alguns produtos mais baratos, como cevada, milho, raízes e cascas de café. Essa adição tem como finalidade aumentar o volume da massa, sendo que a adição de caramelo tem por objetivo melhorar a sua coloração. A população mais carente tem como forma alternativa, em vez de consumir café, torrar outros produtos que dêem bebidas similares ao café. Isto tem ocorrido com grão de algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta. Já que uma grande parte da população brasileira tem baixo poder aquisitivo, torna-se necessário pensar na elaboração de um blend de café com especificações e constituição, devidamente, rotuladas que, após análises e aprovação dos órgãos de saúde competentes, contribuiria, de modo eficaz, para eliminar do mercado misturas de café nas mais diferentes composições que são fraudes e falsificações e que podem prejudicar a saúde do consumidor. A escolha da mucuna preta para compor o blend de café se deve ao fato de que essa leguminosa tem baixíssimo custo de produção e, quando torrada tem sabor semelhante ao do café. Assim, produzindo um blend de café com mucuna preta, poder-se-ia encontrar um consumo certo, entre as populações mais pobres, do país. Portanto, percebe-se que existe um mercado para elaboração de um blend com outros grãos com gosto e aroma similar ao café que dê uma bebida bem próxima ao café comum, no entanto com preço mais popular. Assim, diante desse contexto, e devido à importância econômica e social do café, tornase relevante pesquisar técnicas referentes a blends , que proporcionem uma nova bebida de café, onde seja preservada a qualidade nutricional e tenha um custo mais acessível à população brasileira, de forma que obedeça à nova tendência do mercado cafeícola e o torne aceitável à mesa do consumidor. Desta forma, este trabalho teve como objetivo realizar avaliações de blends de café com mucuna preta torradas na coloração mais clara e torrada na coloração mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%, utilizando-se a análise sensorial de painelistas não treinados de baixa renda (classe baixa) e de renda média (classe média). MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas, da Universidade Federal de Campina Grande na cidade de Campina Grande e nos Laboratórios de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias, Campus III- Areia, e NUPPA Núcleo de Pesquisa de Processamento de Alimentos, Campus I João Pessoa, ambos da Universidade Federal da Paraíba. A matéria-prima utilizada foi Café, da espécie Coffea arábica L., tipo 6, produzido na região de Londrina - Estado do Paraná, e fornecida pela empresa A Rural Corretora de Café, safra 2002 (Figura 1). A mucuna preta (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) utilizada como blend (Figura 2) foi obtida junto aos produtores rurais do município de Pitimbú no Estado da Paraíba, Brasil. Na Figuras 1, estão os grãos utilizados de café (1A) e mucuna preta (1B) antes do processamento com o pericarpo e preparada para a torração sem pericarpo, respectivamente. O procedimento para a preparação dos blends de café com mucuna torrado de coloração mais clara, e torrado de coloração mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%, são mostrados na Figura 2. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. Figura 1 119 A B Grãos de Café arabica in natura (A) e grão de mucuna preta (B) M u cu n a p reta in n atu ra C afé in n a tu ra torrefação to rrefação G rãos d e café torra d a coloração m a rro m escu ro G rão s d e M u cu n a torra d a d e co loração m a is cla ra M o agem P ó de C afé torrado m a rro m escu ro M oa gem P ó de M ucuna preta torrada d e C oloração m ais clara *B lends d e café com 1 0, 1 5 e 20% de m ucun a preta torrada d e coloração m ais clara torrefação G rão s d e M u cu n a torra d a d e co loração m a is escu ra M oagem P ó de M u cuna preta to rrada d e coloração m ais escu ra *B lends d e café co m 1 0, 15 e 20% de m ucun a preta torrada de co loração m ais escura A n álises S en soria is P rova d o res n ã o trein ad o s - C lasse b aixa - C lasse m éd ia Figura 2 Fluxograma do procedimento experimental do blend de café com mucuna preta uma coloraçaoi marrom escuro exigida para o consumo (Figura 3A). Preparação do café torrado O café (Coffea arabica L.) in natura foi bem homogeneizado e, em seguida, foram torrados num torrador Mecamau. Máquina composta por dois cilindros (perfurados) abertos na frente para a saída da fumaça que giram sobre as bocas do fogo. Foram torrados três quilos e meio de grão de café ate atingir Preparação da mucuna preta A mucuna preta (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy), foi, previamente, selecionada e submetidas à torração de coloração mais clara (Figura 3B) e de coloração mais escura (Figura 3C). O torrador utilizado foi o mesmo acima citado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 120 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. B C A Figura 3 Café arábica torrado na cor marrom escuro (A); mucuna preta torrada de coloração mais clara (B) e mucuma. preta torrada na coloração mais escura (C) Análises Sensoriais O pó de café (marrom escuro) e mucuna preta (de coloração mais clara e de coloração mais escura) em diferentes proporções 10, 15 e 20% foram submetidos às misturas ( blends ), totalizando seis sacos da mistura e um saco de café puro cada um contém 250g. A preparação das bebidas blend de café com mucuna preta nas proporções de 10, 15 e 20%, realizaram-se da seguinte forma: Depois de 1 L de água mineral estar fervendo por dois minutos, adiciono 50 g (3 colheres bem cheias) de pó do blend de café. A mistura homogeneizada foi despejada em um filtro de nylon de marca Melita, segundo Gramer e Godoy (1979). O material filtrado recebeu 6 colheres de açúcar e foi acondicionado em garrafas térmicas para a realização da análise sensorial. Com a finalidade de comparar o blend de café com o café tradicional, também, foi preparada uma bebida com pó de café (marrom escuro), seguindo-se o mesmo procedimento acima descrito. A preferência da bebida foi determinada por análise sensorial seguindo-se um questionário (Figura 4) elaborado quanto aos diferentes graus de sabor da bebida conforme Moraes (1993). As analises sensoriais foram conduzidas em dois níveis econômicos, sendo o primeiro a classe de baixa renda (menor de dois salários mínimos) e a segunda a classe média (entre 2 e 10 salários mínimos). TESTE DA PREFERÊNCIA QUANTO AO SABOR Nome do candidato: ............................................................................. Data:... / ... / ... Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou desgostou. ESCALA HEDÔNICA 1. Desgostei muito 2. Desgostei 3. Indiferente 4. Gostei 5. Gostei muito CÓDIGO DA AMOSTRA VALOR A ......................................................................................................... B ......................................................................................................... C ......................................................................................................... D ......................................................................................................... E......................................................................................................... F......................................................................................................... G......................................................................................................... Por favor, dê a razão de sua avaliação. .................................................................................................................................... Figura 4 Ficha da analise sensorial do blend de café com mucuna preta Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 117 preta nas proporções 10, 15 e 20%, sendo a mucuna preta torrefeita de coloração mais clara C e torrefeita na coloração mais escura E . Analisando-se as Tabelas 2 e 3 que representa, respectivamente, o quadro de análise de variância e as diferenças entre as médias dos diferentes tratamentos, percebe-se que só existem diferenças significativas, quando se compara à bebida de café ou o blend de café com mucuna preta na proporção de 10% com torração de coloração mais escura, com o blend de café com mucuna preta na proporção de 20% com torração de coloração mais clara. RESULTADOS E DISCUSSÃO A prova da xícara é um recurso milenar bastante conhecido e muito usado no mundo cafeicultor na avaliação do teste de preferência e aceitabilidade do produto. Na Tabela 1, encontram-se os dados experimentais obtidos da análise sensorial realizada por 30 provadores não treinados, pertencentes a duas classes sociais referente a dois níveis econômicos, sendo uma classe de baixa renda (menor de dois salários mínimos) e outra de classe média (entre 2 e 10 salários mínimos). O produto avaliado na degustação foi à bebida café e blends de café com mucuna Tabela 1 - Valores referentes à análise sensorial dos provadores não treinados de classe baixa e classe média Classe de baixa renda ESCALA Desgostei muito Desgostei Indiferente Gostei Gostei muito Trat. 1 Trat. 2 Trat. 3 Trat. 4 Trat. 5 Trat. 6 Trat. 7 2 4 2 12 10 5 1 5 10 9 3 5 9 9 4 4 6 7 7 6 6 4 10 8 2 3 8 9 8 2 7 11 3 7 2 Classe média ESCALA Desgostei muito Desgostei Indiferente Gostei Gostei muito Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4 Tratamento 5 Tratamento 6 Tratamento 7 Trat. 1 Trat. 2 Trat. 3 Trat. 4 Trat. 5 Trat. 6 Trat. 7 2 6 4 10 8 4 3 6 12 5 4 6 6 9 5 5 7 5 10 3 7 2 6 10 5 4 8 5 9 4 7 8 5 8 2 Café Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara Constata-se, também, na Tabela 2, que não existem diferenças significativas para as diferentes classes sociais e, também, para a sua interação. Verificando-se a dificuldade de uma análise onde se pudesse perceber melhor as diferenças entre os diversos tratamentos, resolveu-se expressar os diferentes graus de preferência, aglutinado-se os provadores que opinaram com os termos Desgostei e Desgostou muito , substituindo-os por um único termo entendido como Não gostaram . Da mesma forma os termos Gostei e Gostei muito foram substituídos pelo termo Gostaram . Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 122 Tabela 2 Análise de variância da degustação dos diversos tratamentos feitos com blends de café com mucuna preta para duas diferentes classes sociais Fonte de Variação Grau de Liberdade Somas dos Quadrados Quadrado Médio F 7,27060 0,08547 0,61353 1,65665 4,3887 ** 0,0516 ns 0,3703 ns Tratamentos Classes Sociais Int. Trat. x Classes Sociais Resíduo 6 1 6 406 43,62 0,09 3,68 672,60 Total 419 719,99 ** = significativo ao nível de 1% de probabilidade Tabela 3 ns = não significativo Comparação entre médias da degustação dos diversos blends de café com mucuna preta. Tratamentos Café Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara DMS = 3,66667 a 3,46667 a 3,18333 ab 3,06667 ab 3,00000 ab 2,98333 ab 2,60000 b 0,69623 Assim, foram elaboradas as Figuras 5 e 6, correspondendo à opinião em percentual de 30 provadores não treinados distinguidos em 15 provadores de classe social de baixa renda (menos de 2 salários mínimos) e 15 provadores de renda média (entre 2 a 10 salários mínimos). Percebe-se, na Figura 5, correspondendo à preferência do sabor do café e dos blends de café com mucuna preta nas diferentes proporções que os provadores de baixa renda gostaram mais do blend de café com mucuna preta torrada na coloração mais escura do que o blend de café com mucuna torrada na coloração mais clara. Nota-se, também, nessa Figura que o blend de café com 10% de mucuna torrada na coloração mais escura é o blend que mais se aproxima do café tradicional com 63,3% da preferência dos provadores, embora se observe que 20% dos provadores não gostaram desse blend e, também, em igual porcentagem do café tradicional. Na Figura 6, as análises realizadas são semelhantemente à da Figura 5, sendo apenas a diferença na classe social, que foi de provadores de renda média, no entanto a análise desta Figura é semelhante ao descrito para a Figura 5, só que na Figura 6, o percentual de provadores que não gostaram do café tradicional e do blend de café com 10% de mucuna torrada na coloração mais escura, foi de 26,7% e 23,3%, respectivamente. Este fato indica que dentro do universo populacional existe uma quantidade razoável de pessoas que não gostam do café tradicional e que o blend de café com 10% de mucuna torrada na coloração mais escura é aceita como uma bebida semelhante ao café tradicional. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 123 Café torrado 20% 6,7% não gostaram indiferente gostaram 73,3% Blend Cafe/mucuna 10% Blend escuro Blend de Café/Mucuna 10% Blend claro 33,3% 20% 33,3% não gostaram indiferente indiferente 16,7% não gostaram gostaram gostaram 33,3% 63,3% Blend de Café/Mucuna 15% Blend claro Blend Café/Mucuna 15% Blend escuro 36,7% 43,3% 26,7% 33,3% não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram gostaram 30% 30% Blend de Café/Mucuna 20% Blend claro Blend Café/Mucuna 20% Blend escuro 43,3% 30% 33,3% não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram 10% 60% gostaram 23,3% Figura 5 - Análise sensorial da bebidas de café e dos blends de café com 10, 15 e 20% de mucuna preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda inferior a dois salários mínimos (baixa renda) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 124 Café torrado 26,7% não gostaram indiferente gostaram 13,3% 60% Blend Cafe/mucuna 10% Blend escuro Blend de Café/Mucuna 10% Blend claro 30% 23,3% não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram gostaram 20% 20% 50% 56,7% Blend de Café/Mucuna 15% Blend claro Blend Café/Mucuna 15% Blend escuro 33,3% 46,7% 43,3% não gostaram 40% indiferente indiferente gostaram gostaram 16,7% 20% Blend Café/Mucuna 20% Blend escuro 43,3% Blend de Café/Mucuna 20% Blend claro 33,3% 40% 16,7% não gostaram não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram gostaram 16,7% 50% Figura 6 - Análise sensorial da bebidas de café e dos blends de café com 10, 15 e 20% de mucuna preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda entre dois e dez salários mínimos (renda média) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 125 CONCLUSÕES Diante dos experimentos realizados neste trabalho, pode-se concluir que: Dos blends estudados o que mais se aproxima do gosto da bebida café tradicional, segundo os provadores não treinados de baixa renda e de renda média é o blend de café com 10% de mucuna preta torrada de coloração mais escura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almanaque Abril, Perspectiva de produção mundial do café. São Paulo: Editora Abril, São Paulo, 2002. 547p. Bassoli. P. G. Avaliação da qualidade de cafés verdes brasileiros: uma análise multivariada. 1992. 61 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia), Departamento de Fitotecnia, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 1992. Evangelista, J. Tecnologia de Alimentos. Livraria Atheneu. Rio de Janeiro. 1987, 579 p. Gramer, E.A.; Godoy, J.C. Manual do Cafeicultor. São Paulo, Edições Melhoramentos, 1979. 320p. Moraes, M. A. C. Método para avaliação dos alimentos. 8 ed., Campinas São Paulo: UNICAMP, 1993, 93 p. . Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 126 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA Centro de Ciências e Tecnologia PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA CAMPINA GRANDE PB MESTRADO Reconhecido pela CAPES Conceito 5 ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Linhas de Pesquisa Manejo de Solo, Água, Planta Salinidade Engenharia de Irrigação e Drenagem Sensoriamento Remoto Planejamento de Áreas Irrigadas PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS Linhas de Pesquisa Armazenagem de Produtos Agrícolas Processamento de Produtos Agrícolas Crioconservação de Produtos Agrícolas Propriedades Físicas de Materiais Biológicos Tecnologia Pós-Colheita CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA Linhas de Pesquisa Construções de Silos Materiais Convencionais e Não-convencionais em Construções Rurais Madeira e Estrutura de Madeira Conforto Térmico de Instalações para Animais e Vegetais INSCRIÇÕES Documentos exigidos: Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4 Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente Histórico escolar da graduação Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor 2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG) Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação Docente e Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo integral, com ou sem recebimento de remuneração, se for o caso Períodos de Inscrição: Maio para início do Curso em Setembro Setembro para início do Curso em Março Endereço: COPEAG Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó CEP 58.109-970, Campina Grande, PB Fone: (0xx83) 310.1055, Fax: (0xx83) 310.1185 http://www.deag.ufpb.br/~copeag, Email: [email protected] This document was created with Win2PDF available at http://www.daneprairie.com. The unregistered version of Win2PDF is for evaluation or non-commercial use only. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 ISSN 1517-8595 117 BLEND DE CAFÉ COM MUCUNA PRETA: ANALISE SENSORIAL POR NÃO ESPECIALISTAS Nayara Lia de Lima Aragão1, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata2, Maria Elita Duarte Braga2 RESUMO No Brasil é hábito o consumo de café após as refeições e também no intervalo dessas refeições, no entanto, devido ao baixo poder aquisitivo da população mais carente no Brasil, observa-se que essa população tem como forma alternativa torrar os produtos que dêem bebidas similares ao café. Isto tem ocorrido com grão de algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta. A escolha da mucuna preta para compor o “blend” se deve ao fato dessa leguminosa ser de baixo custo. Desta forma, este trabalho teve como objetivo estudar por meio de análise sensorial os “blends” de café com mucuna preta torrada na coloração mais clara e torrada na coloração mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%. Na analise sensorial dos blends de café com mucuna preta foram utilizados 30 painelistas não treinados subdivididos em duas classes sociais. Os resultados obtidos permitem concluir que dos “blends” estudados o que mais se aproxima do gosto da bebida café tradicional, segundo os provadores não treinados de baixa renda e de renda média, é o “blend” de café com 10% de mucuna preta torrada de coloração mais escura. Palavras-chave: torra, classes sociais, bebida SENSORIAL ANALYZE OF COFFEE (Coffea arabica L.) BLEND WITH “MUCUNA PRETA” (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) ABSTRACT In Brazil, it is an habit the consumption of coffee after the meals and between them, however, it is observed that the poor population has as alternative form to toast the products that are drunk similar to the coffee due to the low conditions of life of the most poor population in Brazil. It has been happening with algaroba grain, mangirioba, guandu and “mucuna preta”. The choice of the “mucuna preta” to compose the "blend" is due to its low cost. Then, this work had as objective to study, sensorial analysis the coffee "blends" with toasted “mucuna preta” in the clearest color and toasted in the darkest color, in the proportions of 10, 15 and 20%. In the sensorial analyzes of the coffee blends with “mucuna preta”, 30 not trained tasters subdivided in two social classes were used. The obtained results allow us to conclude that the blend that more approaches of the taste of the tradicional coffee taste, among the studied "blends" and according to the not trained tasters which have low income (lowers class) and medium income (middle class), is the "coffee blend" with 10% of darker toasted “mucuna preta”. Keywords: toasts, socials classes, drink ___________________ Protocolo 52 2002 13 de 07/05/2003 1 Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola 2 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, [email protected] e [email protected] 118 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. INTRODUÇÃO Historicamente, o Brasil ocupa a posição de maior produtor mundial de café, produzindo, anualmente, 6,8 milhões de toneladas que corresponde a 23,9% de toda a produção mundial de café (Fao, 1999 citado Almanaque Abril, 2002). O Brasil, além de ser o maior produtor de café, também, é o terceiro maior consumidor de café, perdendo, apenas, para os Estados Unidos e Alemanha Unificada. Isto, no entanto, parece não sensibilizar a cafeicultura nacional. O país, que consome 9 milhões de sacas, é mal trabalhado pela indústria local e pelos produtores de cafés finos. O efeito disto foi a queda do consumo per capita/ano. No Brasil, é hábito e tradição consumir uma xícara de café após as refeições, e, também, no intervalo dessas refeições, mas devido ao baixo poder aquisitivo da população, este tem sido substituído por outras bebidas alternativas, como sucos, refrigerantes, achocolatados, entre outros (Bassoli., 1992). Quando a população encontra cafés mais baratos, normalmente, o pó de café é fraudado, adicionando-se a este, cascas de café, paus, milho torrado, açúcar, cacau torrado, entre outros. Evangelista (1987) relata que, para baratear os custo do café, alguns produtores e comerciantes fraudam o café, adicionando, a este, alguns produtos mais baratos, como cevada, milho, raízes e cascas de café. Essa adição tem como finalidade aumentar o volume da massa, sendo que a adição de caramelo tem por objetivo melhorar a sua coloração. A população mais carente tem como forma alternativa, em vez de consumir café, torrar outros produtos que dêem bebidas similares ao café. Isto tem ocorrido com grão de algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta. Já que uma grande parte da população brasileira tem baixo poder aquisitivo, torna-se necessário pensar na elaboração de um “blend” de café com especificações e constituição, devidamente, rotuladas que, após análises e aprovação dos órgãos de saúde competentes, contribuiria, de modo eficaz, para eliminar do mercado misturas de café nas mais diferentes composições que são fraudes e falsificações e que podem prejudicar a saúde do consumidor. A escolha da mucuna preta para compor o “blend” de café se deve ao fato de que essa leguminosa tem baixíssimo custo de produção e, quando torrada tem sabor semelhante ao do café. Assim, produzindo um “blend” de café com mucuna preta, poder-se-ia encontrar um consumo certo, entre as populações mais pobres, do país. Portanto, percebe-se que existe um mercado para elaboração de um “blend” com outros grãos com gosto e aroma similar ao café que dê uma bebida bem próxima ao café comum, no entanto com preço mais popular. Assim, diante desse contexto, e devido à importância econômica e social do café, tornase relevante pesquisar técnicas referentes a “blends”, que proporcionem uma nova bebida de café, onde seja preservada a qualidade nutricional e tenha um custo mais acessível à população brasileira, de forma que obedeça à nova tendência do mercado cafeícola e o torne aceitável à mesa do consumidor. Desta forma, este trabalho teve como objetivo realizar avaliações de “blends” de café com mucuna preta torradas na coloração mais clara e torrada na coloração mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%, utilizando-se a análise sensorial de painelistas não treinados de baixa renda (classe baixa) e de renda média (classe média). MATERIAIS E MÉTODOS O trabalho foi realizado no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas, da Universidade Federal de Campina Grande na cidade de Campina Grande e nos Laboratórios de Zootecnia do Centro de Ciências Agrárias, Campus III- Areia, e NUPPA – Núcleo de Pesquisa de Processamento de Alimentos, Campus I – João Pessoa, ambos da Universidade Federal da Paraíba. A matéria-prima utilizada foi Café, da espécie Coffea arábica L., tipo 6, produzido na região de Londrina - Estado do Paraná, e fornecida pela empresa A Rural Corretora de Café, safra 2002 (Figura 1). A mucuna preta (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) utilizada como “blend” (Figura 2) foi obtida junto aos produtores rurais do município de Pitimbú no Estado da Paraíba, Brasil. Na Figuras 1, estão os grãos utilizados de café (1A) e mucuna preta (1B) antes do processamento com o pericarpo e preparada para a torração sem pericarpo, respectivamente. O procedimento para a preparação dos blends de café com mucuna torrado de coloração mais clara, e torrado de coloração mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%, são mostrados na Figura 2. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 119 A B Figura 1 – Grãos de Café arabica “in natura (A) e grão de mucuna preta (B) Mucuna preta in natura Café in natura torrefação torrefação Grãos de café torrada coloração marrom escuro Grãos de Mucuna torrada de coloração mais clara Moagem Pó de Café torrado “marrom escuro” Moagem Pó de Mucuna preta torrada de Coloração mais clara *Blends de café com 10, 15 e 20% de mucuna preta torrada de coloração mais clara torrefação Grãos de Mucuna torrada de coloração mais escura Moagem Pó de Mucuna preta torrada de coloração mais escura *Blends de café com 10, 15 e 20% de mucuna preta torrada de coloração mais escura Análises Sensoriais Provadores não treinados - Classe baixa - Classe média Figura 2 – Fluxograma do procedimento experimental do “blend” de café com mucuna preta uma coloraçaoi “marrom escuro” exigida para o consumo (Figura 3A). Preparação do café torrado O café (Coffea arabica L.) “in natura” foi bem homogeneizado e, em seguida, foram torrados num torrador Mecamau. Máquina composta por dois cilindros (perfurados) abertos na frente para a saída da fumaça que giram sobre as bocas do fogo. Foram torrados três quilos e meio de grão de café ate atingir Preparação da mucuna preta A mucuna preta (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy), foi, previamente, selecionada e submetidas à torração de coloração mais clara (Figura 3B) e de coloração mais escura (Figura 3C). O torrador utilizado foi o mesmo acima citado. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 120 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. B C A Figura 3 – Café arábica torrado na cor “marrom escuro” (A); mucuna preta torrada de coloração mais clara (B) e mucuma. preta torrada na coloração mais escura (C) Análises Sensoriais O pó de café (marrom escuro) e mucuna preta (de coloração mais clara e de coloração mais escura) em diferentes proporções 10, 15 e 20% foram submetidos às misturas (“blends”), totalizando seis sacos da mistura e um saco de café puro cada um contém 250g. A preparação das bebidas “blend” de café com mucuna preta nas proporções de 10, 15 e 20%, realizaram-se da seguinte forma: Depois de 1 L de água mineral estar fervendo por dois minutos, adiciono 50 g (3 colheres bem cheias) de pó do “blend” de café. A mistura homogeneizada foi despejada em um filtro de nylon de marca Melita, segundo Gramer e Godoy (1979). O material filtrado recebeu 6 colheres de açúcar e foi acondicionado em garrafas térmicas para a realização da análise sensorial. Com a finalidade de comparar o blend de café com o café tradicional, também, foi preparada uma bebida com pó de café (marrom escuro), seguindo-se o mesmo procedimento acima descrito. A preferência da bebida foi determinada por análise sensorial seguindo-se um questionário (Figura 4) elaborado quanto aos diferentes graus de sabor da bebida conforme Moraes (1993). As analises sensoriais foram conduzidas em dois níveis econômicos, sendo o primeiro a classe de baixa renda (menor de dois salários mínimos) e a segunda a classe média (entre 2 e 10 salários mínimos). TESTE DA PREFERÊNCIA QUANTO AO SABOR Nome do candidato: ............................................................................. Data:... / ... / ... Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou desgostou. ESCALA HEDÔNICA 1. Desgostei muito 2. Desgostei 3. Indiferente 4. Gostei 5. Gostei muito CÓDIGO DA AMOSTRA VALOR A ......................................................................................................... B ......................................................................................................... C ......................................................................................................... D ......................................................................................................... E......................................................................................................... F......................................................................................................... G......................................................................................................... Por favor, dê a razão de sua avaliação. .................................................................................................................................... Figura 4 – Ficha da analise sensorial do blend de café com mucuna preta Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 121 preta nas proporções 10, 15 e 20%, sendo a mucuna preta torrefeita de coloração mais clara “C” e torrefeita na coloração mais escura “E”. Analisando-se as Tabelas 2 e 3 que representa, respectivamente, o quadro de análise de variância e as diferenças entre as médias dos diferentes tratamentos, percebe-se que só existem diferenças significativas, quando se compara à bebida de café ou o “blend” de café com mucuna preta na proporção de 10% com torração de coloração mais escura, com o “blend” de café com mucuna preta na proporção de 20% com torração de coloração mais clara. RESULTADOS E DISCUSSÃO A prova da xícara é um recurso milenar bastante conhecido e muito usado no mundo cafeicultor na avaliação do teste de preferência e aceitabilidade do produto. Na Tabela 1, encontram-se os dados experimentais obtidos da análise sensorial realizada por 30 provadores não treinados, pertencentes a duas classes sociais referente a dois níveis econômicos, sendo uma classe de baixa renda (menor de dois salários mínimos) e outra de classe média (entre 2 e 10 salários mínimos). O produto avaliado na degustação foi à bebida café e “blends” de café com mucuna Tabela 1 - Valores referentes à análise sensorial dos provadores não treinados de classe baixa e classe média Classe de baixa renda ESCALA Desgostei muito Desgostei Indiferente Gostei Gostei muito Trat. 1 Trat. 2 Trat. 3 Trat. 4 Trat. 5 Trat. 6 Trat. 7 2 4 2 12 10 5 1 5 10 9 3 5 9 9 4 4 6 7 7 6 6 4 10 8 2 3 8 9 8 2 7 11 3 7 2 Classe média ESCALA Desgostei muito Desgostei Indiferente Gostei Gostei muito Tratamento 1 Tratamento 2 Tratamento 3 Tratamento 4 Tratamento 5 Tratamento 6 Tratamento 7 Trat. 1 Trat. 2 Trat. 3 Trat. 4 Trat. 5 Trat. 6 Trat. 7 2 6 4 10 8 4 3 6 12 5 4 6 6 9 5 5 7 5 10 3 7 2 6 10 5 4 8 5 9 4 7 8 5 8 2 Café Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara Constata-se, também, na Tabela 2, que não existem diferenças significativas para as diferentes classes sociais e, também, para a sua interação. Verificando-se a dificuldade de uma análise onde se pudesse perceber melhor as diferenças entre os diversos tratamentos, resolveu-se expressar os diferentes graus de preferência, aglutinado-se os provadores que opinaram com os termos “Desgostei” e “Desgostou muito”, substituindo-os por um único termo entendido como “Não gostaram”. Da mesma forma os termos “Gostei ” e “Gostei muito” foram substituídos pelo termo “Gostaram”. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 122 Tabela 2 – Análise de variância da degustação dos diversos tratamentos feitos com “blends” de café com mucuna preta para duas diferentes classes sociais Fonte de Variação Grau de Liberdade Somas dos Quadrados Quadrado Médio F 7,27060 0,08547 0,61353 1,65665 4,3887 ** 0,0516 ns 0,3703 ns Tratamentos Classes Sociais Int. Trat. x Classes Sociais Resíduo 6 1 6 406 43,62 0,09 3,68 672,60 Total 419 719,99 ** = significativo ao nível de 1% de probabilidade ns = não significativo Tabela 3 – Comparação entre médias da degustação dos diversos “blends” de café com mucuna preta. Tratamentos Café Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara DMS = 3,66667 a 3,46667 a 3,18333 ab 3,06667 ab 3,00000 ab 2,98333 ab 2,60000 b 0,69623 Assim, foram elaboradas as Figuras 5 e 6, correspondendo à opinião em percentual de 30 provadores não treinados distinguidos em 15 provadores de classe social de baixa renda (menos de 2 salários mínimos) e 15 provadores de renda média (entre 2 a 10 salários mínimos). Percebe-se, na Figura 5, correspondendo à preferência do sabor do café e dos “blends” de café com mucuna preta nas diferentes proporções que os provadores de baixa renda gostaram mais do “blend” de café com mucuna preta torrada na coloração mais escura do que o “blend” de café com mucuna torrada na coloração mais clara. Nota-se, também, nessa Figura que o “blend” de café com 10% de mucuna torrada na coloração mais escura é o “blend” que mais se aproxima do café tradicional com 63,3% da preferência dos provadores, embora se observe que 20% dos provadores não gostaram desse “blend” e, também, em igual porcentagem do café tradicional. Na Figura 6, as análises realizadas são semelhantemente à da Figura 5, sendo apenas a diferença na classe social, que foi de provadores de renda média, no entanto a análise desta Figura é semelhante ao descrito para a Figura 5, só que na Figura 6, o percentual de provadores que não gostaram do café tradicional e do “blend” de café com 10% de mucuna torrada na coloração mais escura, foi de 26,7% e 23,3%, respectivamente. Este fato indica que dentro do universo populacional existe uma quantidade razoável de pessoas que não gostam do café tradicional e que o “blend” de café com 10% de mucuna torrada na coloração mais escura é aceita como uma bebida semelhante ao café tradicional. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 123 Café torrado 20% 6,7% não gostaram indiferente gostaram 73,3% Blend Cafe/mucuna 10% Blend escuro Blend de Café/Mucuna 10% Blend claro 33,3% 20% 33,3% não gostaram indiferente indiferente 16,7% não gostaram gostaram gostaram 33,3% 63,3% Blend de Café/Mucuna 15% Blend claro Blend Café/Mucuna 15% Blend escuro 36,7% 43,3% 26,7% 33,3% não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram gostaram 30% 30% Blend de Café/Mucuna 20% Blend claro Blend Café/Mucuna 20% Blend escuro 43,3% 30% 33,3% não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram 10% 60% gostaram 23,3% Figura 5 - Análise sensorial da bebidas de café e dos “blends” de café com 10, 15 e 20% de mucuna preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda inferior a dois salários mínimos (baixa renda) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 124 Café torrado 26,7% não gostaram indiferente gostaram 13,3% 60% Blend de Café/Mucuna 10% Blend claro Blend Cafe/mucuna 10% Blend escuro 30% 23,3% não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram gostaram 20% 20% 50% 56,7% Blend de Café/Mucuna 15% Blend claro Blend Café/Mucuna 15% Blend escuro 33,3% 46,7% 43,3% não gostaram 40% indiferente gostaram gostaram 16,7% 20% Blend Café/Mucuna 20% Blend escuro 43,3% Blend de Café/Mucuna 20% Blend claro 33,3% 40% 16,7% não gostaram indiferente não gostaram não gostaram indiferente indiferente gostaram gostaram 16,7% 50% Figura 6 - Análise sensorial da bebidas de café e dos “blends” de café com 10, 15 e 20% de mucuna preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda entre dois e dez salários mínimos (renda média) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al. 124 CONCLUSÕES Diante dos experimentos realizados neste trabalho, pode-se concluir que: Dos “blends” estudados o que mais se aproxima do gosto da bebida café tradicional, segundo os provadores não treinados de baixa renda e de renda média é o “blend” de café com 10% de mucuna preta torrada de coloração mais escura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almanaque Abril, Perspectiva de produção mundial do café. São Paulo: Editora Abril, São Paulo, 2002. 547p. Bassoli. P. G. Avaliação da qualidade de cafés verdes brasileiros: uma análise multivariada. 1992. 61 f. Dissertação (Mestrado em Agronomia), Departamento de Fitotecnia, Universidade Estadual de Londrina, Londrina, 1992. Evangelista, J. Tecnologia de Alimentos. Livraria Atheneu. Rio de Janeiro. 1987, 579 p. Gramer, E.A.; Godoy, J.C. Manual do Cafeicultor. São Paulo: Edições Melhoramentos, 1979. 320p. Moraes, M. A. C. Método para avaliação dos alimentos. 8 ed., Campinas, São Paulo: UNICAMP, 1993, 93 p. . Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003 126 UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA Centro de Ciências e Tecnologia PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA CAMPINA GRANDE – PB MESTRADO Reconhecido pela CAPES – Conceito 5 ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO IRRIGAÇÃO E DRENAGEM Linhas de Pesquisa Manejo de Solo, Água, Planta Salinidade Engenharia de Irrigação e Drenagem Sensoriamento Remoto Planejamento de Áreas Irrigadas PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS Linhas de Pesquisa Armazenagem de Produtos Agrícolas Processamento de Produtos Agrícolas Crioconservação de Produtos Agrícolas Propriedades Físicas de Materiais Biológicos Tecnologia Pós-Colheita CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA Linhas de Pesquisa Construções de Silos Materiais Convencionais e Não-convencionais em Construções Rurais Madeira e Estrutura de Madeira Conforto Térmico de Instalações para Animais e Vegetais INSCRIÇÕES Documentos exigidos: Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4 Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente Histórico escolar da graduação Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor 2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG) Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação Docente e Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo integral, com ou sem recebimento de remuneração, se for o caso Períodos de Inscrição: Maio para início do Curso em Setembro Setembro para início do Curso em Março Endereço: COPEAG – Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó CEP 58.109-970, Campina Grande, PB Fone: (0xx83) 310.1055, Fax: (0xx83) 310.1185 http://www.deag.ufpb.br/~copeag, Email: [email protected] Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.126, 2003 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003 ISSN 1517-8595 127 ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS FUNCIONAIS ENRIQUECIDOS COM FOLHA DE Manihot spp. Karina O. L. de Almeida1, José C. C. Santana2, Roberto R. de Souza3 RESUMO A pouca utilização da folha de mandioca (Manihot spp) na alimentação humana deve-se à falta de informações técnicas-científicas que permitam o conhecimento detalhado deste alimento. Neste trabalho realizou-se um estudo sobre a folha da mandioca, consistindo de uma revisão da literatura onde foi possível avaliar a obtenção, produção, composição e utilização tanto para a folha da mandioca como para a raiz, pois esta última, ao contrário das folhas, atualmente é muito utilizada pelo homem. Para isto, realizou-se pesquisa em laboratório para avaliação do paladar via análise sensorial tendo como avaliadores um conjunto de 52 pessoas, os quais experimentaram suco de acerola e caju (ricos em vitamina C) associados ou não ao pó da folha de mandioca. Com base nos resultados obtidos, podemos observar que o critério BOM recebeu 34,62% de aceitação, seguido pelo MUITO BOM com 24,62%, mostrando assim que as misturas realizadas para cada suco obtiveram uma aceitação boa. Palavras-Chave: folha de Manihot spp.; análise sensorial; alimentos funcionais. SENSORIAL ANALYSIS OF FUNCTIONAL FOOD, WHICH IS ENRICHED BY Manihot spp. LEAF ABSTRACT The little use of the cassava leaf (Manihot spp) in the human feeding is due to the lack of technique-scientific information that allows the detailed knowledge of this food. In this work it took place a study on the cassava leaf consisting of a revision of the literature where it was possible to evaluate the obtaining, production, composition and use so much for the cassava leaf as for the root, because it is very used by the man nowadays, unlike the leaves. A research, at the laboratory, was done for the evaluation of the taste through sensorial analysis, having tends as a group of 52 appraisers who tried West Indian cherry and cashew (rich in vitamin C) juices associated or not to the powder of the cassava leaf. According to the obtained results, we can observe that the good criterion received 34.62% of acceptance, followed by the very good one with 24.62%, showing that the accomplished mixtures for each juice obtained a good acceptance. Keywords: Manihot spp. leaf; sensorial analysis; functional food. . __________________ Protocolo 102 de 10/ 09/ 2003 1 Especialista em Tecnologia de Alimentos, DEQ/UFS 2 Doutorando, FEQ/UNICAMP, Campinas – SP - Brasil, E-mail: [email protected]. 3 Professor, DEQ/CCET/UFS, Av Marechal Rondon, S/N, Jd. Rosa Elze, São Cristóvão-SE, Brasil, CEP: 49100-000, E-mail: [email protected], Fax: (0xx) 79 212-6684. 128 Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al. INTRODUÇÃO Por constituir a base alimentar de uma parte considerável da população em extensas regiões da África, Ásia e América Latina, a mandioca (Manihot spp) é uma importante cultura agrícola assumindo posição de destaque sócio-econômica mundial, em face de elevada capacidade de adaptação a condições climáticas e produção de goma por unidade de área. Em 1991, o Brasil produziu 24.632.000 toneladas, ou seja, 16% da produção mundial, tendo os estados abaixo citados como os de maior produção nacional no período Bahia, Pará, Paraná, Maranhão, Rio Grande do Sul, Piauí, Santa Catarina, Pernambuco e Ceará. Os índios, desde a colonização, utilizaram-na no preparo de alimentos como em bebidas licorosas. Se, corretamente utilizada, enriquece nossa alimentação, pois, além de seu delicioso sabor, possui alto valor nutritivo. Assim podemos observar que maior parte da produção de mandioca destina-se ao consumo humano (Basttisti, 1979, Santana, 1985; Vilela e Ferreira, 1987). Sendo este de fundamental importância na dieta do ser humano, fornece alimentos nas mais variadas formas, tanto “in natura”, quanto processada. De acordo com a idade da planta, a composição química e o valor nutricional da mandioca apresentam uma larga variação (condições climáticas e práticas culturais), devendo ser processado dentro dos parâmetros para que as raízes e plantas apresentem potencial adequado para alimentação humana. Assim podemos observar que a composição média das raízes apresenta: 60 a 65% de umidade, 30 a 35% carboidrato, 1 a 2% de proteína bruta. Estas raízes, também, contêm pequena quantidade de vitaminas e sais minerais e possuem valor razoável de cálcio, vitamina C, tiamina, riboflavina e ácido nicótico. Possuem, também, de 3,2 a 4,5% de fibra, sendo o restante de amido (fécula). Encontramos, também, na sua composição carboidratos como: sacarose, maltose, glicose e frutose, em quantidades limitadas. Apresentam ainda uma grande quantidade de cálcio e fósforo, apesar de ser, relativamente, pobre em minerais e vitaminas. Já as folhas da mandioca (parte aérea) frescas apresentam uma quantidade de 11,4% de carboidratos. (Balagopalan et al., 1988; Gramacho, 1973). As folhas são ricas em HCN, devendo ser feita à secagem delas, eliminando, assim, grande parte das toxinas, como o cianureto, que é uma substância que apresenta rápida ação como veneno e seu efeito depende da concentração ingerida ou inalada, podendo levar o ser humano a ter convulsões, vômitos, coma e até a morte. Foi observado em estudos que a dose letal de cianeto em adultos é de 50 a 60mg (Balagopalan et. al., 1988). A deficiência protéica na alimentação humana é um grave problema em muitos países em desenvolvimento e subdesenvolvidos; haja vista que o pó da folha de mandioca como fonte de alimentação alternativa adicionada a outros alimentos tais como: sucos, sopas, mingaus e batidos de frutas, enriquece estes alimentos, pois esta é rica em minerais a exemplo do ferro e em vitaminas como o ácido ascórbico. Quando adicionada aos sucos ricos em vitamina C, a exemplo dos sucos de acerola e caju, a literatura relata que haverá uma maior absorção do ferro associado com a vitamina C pelo trato gastrintestinal, diminuindo ou curando doenças como anemia. Apesar de constituir uma fonte de nutrientes essenciais para o homem e animais, as folhas são materiais ricos na sua estrutura em fibras, sendo, em muitos casos, difícil a digestão pelo organismo do homem. Segundo Allen (1984) e Molina (1989), o consumo direto de folhas verdes está fortemente limitado, não só pelo alto teor de fibra, como pela presença, também, de substâncias tóxicas, fatores antinutritivos e pelo sabor. Assim, este trabalho teve como objetivo primordial uma avaliação da aceitação da adição do pó da folha de mandioca desidratada aos sucos de acerola e caju, visando o consumo pelo ser humano. Contribuindo, assim, para uma diminuição e/ou eliminação de doenças, tendo, conseqüentemente, um aumento na qualidade de vida. MATERIAIS E MÉTODOS Produtos utilizados: Pó de folha de mandioca seca, polpa de caju, póla de acerola, água mineral sem gás e açúcar cristal. Equipamentos utilizados: Balança analítica, liquidificador, vidros de relógio, provetas graduadas, balões volumétricos. Preparo das Amostras: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003 Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al. Amostra 1 - Polpa de caju com o pó da folha de mandioca: Foi preparada, pesando-se cerca de 5,0 g de pó de folha de mandioca seca e misturando-se em liquidificador, a 800 mL de polpa de caju, 300 g de açúcar cristal e 1500 mL de água mineral medidos em provetas graduadas. Acondicionou-se a mistura em geladeira até a análise sensorial. Amostra 2 – Polpa de caju: Após medição de 800 mL de polpa de caju e 1500 mL de água mineral em proveta graduada e pesagem de 300 g de açúcar cristal, misturou-se em liquidificador para obter uma homogeneização de todos os componentes. Acondicionou-se a mistura em geladeira até a análise sensorial. Amostra 3 – Folha de mandioca com água: Pesou-se aproximadamente 5,0 g de pó de folha de mandioca seca e misturou-se em liquidificador, a 1500 mL de água mineral e 300 g de açúcar cristal. Acondicionou-se a mistura em geladeira até a análise sensorial. Amostra 4 – Suco de acerola: Mediu-se 1500 mL de água mineral e 800 mL de polpa de acerola em proveta graduada, e misturou-se em liquidificador a 300 g de açúcar cristal. Acondicionou-se a mistura em geladeira até a análise sensorial. Amostra 5 – Suco de acerola com pó de folha de mandioca: Foi preparada, misturandose cerca de 5,0 g de pó de folha de mandioca seca em liquidificador, a 1500 mL de água mineral e 800 mL de polpa de acerola, medidos em proveta graduada, e 300 g de açúcar cristal. Acondicionou-se a mistura em geladeira até a análise sensorial. Análise sensorial: Foi realizada no Laboratório de Processos de Separação do Departamento de Engenharia Química da Universidade Federal de Sergipe; foram avaliadores alunos, professores e servidores, totalizando um conjunto de 52 pessoas. A avaliação foi feita pelo enquadramento das amostras nos critérios especificados na Tabela 01, pelos sensores analistas. RESULTADOS E DISCUSSÕES Com base nos procedimentos descritos anteriormente, obtiveram-se as amostras das respectivas misturas a serem avaliadas que são mostradas nas Figuras 1 a 5 e seus respectivos resultados obtidos, nas Tabelas 1 e 2. 129 Figura 1 – Suco de caju com pó da folha de mandioca Figura 2 – Suco de caju Figura 3 – Pó da folha de mandioca Com base nesses resultados, podemos concluir que numa avaliação geral, o critério BOM recebeu 34,62% de aceitação, seguido pelo MUITO BOM com 24,62%, mostrando, assim, que as misturas realizadas em cada suco obtiveram uma aceitação boa. É importante salientar que a amostra 3 não teve aceitação do público alvo, mesmo Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003 130 Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al. tendo uma excelente aparência, como podemos observar na Figura 3. Figura 4 – Suco de acerola Com base nos dados apresentados na Tabela 2, podemos concluir que a amostra 5 obteve 15,38% do critério ÓTIMO, mostrando ser o mais adequado dentro das formulações estudadas. Quando comparada esta amostra com a amostra 1, observa-se que a aceitação para o critério ÓTIMO é de 60% maior. Vale ressaltar que para o critério ÓTIMO o valor obtido para a amostra 05 é superior aos obtidos para as amostras 2 e 4, que correspondem aos sucos de caju e acerola, respectivamente, sem adição do pó da folha de mandioca. Mostrando que a adição deste pó ao suco é uma forma viável do ser humano absorver o ferro e a vitamina C contidos na mistura, minimizando a incidência de doenças que possam ser causadas pela ausência desta vitamina e deste mineral. A amostra 1 mostrou uma pequena aceitação, quando comparada com a amostra 2, indicando que esta combinação não é muito apropriada para que o pó da folha de mandioca seja consumido. Já para as amostras 4 e 5, nota-se que a mistura (amostra 5) teve uma aceitação maior que para o suco da própria fruta. Assim, podemos concluir que a amostra 5 é a mais apropriada para o referido estudo. Figura 5 – Suco de acerola com pó de folha de mandioca Tabela 1 – Resultados obtidos da análise sensorial CRITÉRIOS AMOSTRAS 01 02 03 04 ÓTIMO 05 07 00 07 MUITO BOM 09 21 01 16 BOM 32 14 04 18 REGULAR 04 10 19 10 RUIM 02 0 28 01 52 52 52 52 05 08 17 22 04 01 52 27 64 90 47 32 Tabela 2 – Percentual Obtido da Análise Sensorial CRITÉRIOS ÓTIMO MUITO BOM BOM REGULAR RUIM 01 09,62 17,30 61,54 07,70 03,84 02 13,47 40,38 26,92 19,23 00,00 AMOSTRAS 03 00,00 01,93 07,69 36,54 53,84 04 13,47 30,76 34,62 19,23 01,92 05 15,39 32,69 42,30 07,70 01,92 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003 Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al. CONCLUSÕES Neste trabalho, pode-se observar através de dados da literatura que a folha de mandioca possui um teor considerável de minerais, especialmente o ferro, sendo este de fundamental importância para o combate da anemia no ser humano. Logo, o suco de frutas (especialmente as ricas em vitamina C) associado com o pó da folha de mandioca mostra-se uma alternativa alimentar importante, ajudando no combate da anemia, uma vez que o organismo absorve melhor o ferro, quando associado a vitamina C. Assim, com base nos dados experimentais para a análise sensorial, podemos concluir que as aceitações dos sucos associados foram BOAS, mostrando que é possível uma a utilização desta associação (suco de fruta rica em vitamina C mais o pó da folha de mandioca), não só como alternativa alimentar, mas também como um suplemento para o combate à anemia, principal na saúde de pessoas de baixo poder econômico. 131 Balagopalan, C; Padmaja, G; Nanda, S. K.; Moorthy S. W. Cassavaim Food, Food and Industry. CRC Press, Florida, 1988. 205p. Battisti, C. R. de. Determinação de toxidade cianogência e carboidratos em cultivares de mandioca (M. esculenta Grantz) e sacrificação do amido por extrusão. Dissertação de Mestrado, Viçosa, UFV, 1979. Gramacho, D. D. Contribuição ao estudo químico e tecnológico do ferro de mandioca. In: Projeto Mandioca. Cruz das Almas, Escola de Agronomia da UFBA, 1973. Molina R. C. Caracterização bioquímica e nutricional de concentrado protéico de folhas de mandioca. (Manihot esculenta grantz) obtido por ultrafiltrção. Campinas: UNICAMP, 1989. (Tese de Doutorado) Santana, A. M. A Toxidade da Mandioca. Cruz das Almas: Escola de Agronomia da UFBA, 1985. (Dissertação de Mestrado). REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Allen, R. D. Fudstuffs ingredient analysis table. Stuffs, London, 56130: 25, 1984. Vilela, E. R. Ferreira, M. E. Tecnologia de produção e utilização de amido de mandioca. Informe Agropecuário. Belo Horizonte, v.13, n.145, p.69–74, 1987. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003 132 EDITAL DE SELEÇÃO DE CANDIDATOS Doutorado em Engenharia de Processos O curso de Doutorado em Engenharia de Processos foi criado por Resolução 01/99 do CONSUNI da UFPB. Foi credenciado pela CAPES em março/2002. As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos são abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição realizado entre outubro e novembro do ano anterior. DOCUMENTOS EXIGIDOS: Formulário de Inscrição devidamente preenchido Duas cartas de Recomendação (formulário específico) 2 fotos de 3x4 recentes Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes) Históricos Escolares da graduação e do Mestrado Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso Cópia autenticada da carteira de identidade. Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae,(peso 4) Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso.(peso 2) O Plano de Tese , com um máximo de 6 páginas, deverá incluir introdução, justificativa, objetivos e metodologia. Apresentação Oral do Plano de Tese: 02 e 03 de dezembro de 2002 Vagas: 20 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS LINHAS DE PESQUISA : PROCESSOS TÉRMICOS E DE SEPARAÇÃO DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA DE MATERIAIS OBJETIVOS: O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba tem uma ampla e reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de engenharia. Modernamente, tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que privilegiem atuações multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas. O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes dos Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos relativos à Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais. O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e formação de pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da Engenharia aplicados ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos envolvidos nas industrias de diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico, farmacêutico, metalúrgico, agroalimentar, etc. Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP. Cada uma das duas linhas de pesquisa oferecidas pelo programa inclui grandes temas de pesquisa de natureza multidisciplinar que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos voltados para a área de Desenvolvimento de processos. Maiores informações consultar http://www.cct.ufcg.edu.br/ Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 ISSN 1517-8595 133 ANÁLISES FISIOLÓGICAS EM SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) ARMAZENADAS NA PRESENÇA DE EQUIPAMENTO REDUTOR DE INÓCULO1 Osvaldo Resende2, Flávio Meira Borém3, Maria Laene Moreira Carvalho4, Cristiane Fortes Gris5 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de um equipamento redutor de inóculo (E.R.I.) na manutenção das características fisiológicas de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) durante o armazenamento em condições controladas de temperatura (240C) e umidade relativa (87%). Para isto, foram construídas quatro estruturas herméticas com circulação de ar forçado para o armazenamento das sementes e os E.R.I. colocados apenas em duas estruturas. As amostras de sementes foram coletadas durante oito semanas, realizando-se as avaliações das características fisiológicas através dos seguintes testes: germinação, envelhecimento acelerado, tetrazólio e emergência em bandejas. A qualidade fisiológica das sementes decresceu acentuadamente ao longo do tempo, principalmente após a quarta semana de armazenamento (época 4), afetando negativamente a viabilidade e o vigor das sementes de feijão, independente da presença ou ausência do E.R.I. A presença do E.R.I não contribuiu, portanto, para a manutenção da qualidade fisiológica das sementes de feijão. Palavras-Chave: qualidade, germinação, vigor, armazenamento. PHYSIOLOGIC ANALYSIS OF BEAN SEEDS (Phaseolus vulgaris L.) STORED IN THE PRESENCE OF INOCULUM REDUCTOR EQUIPMENT ABSTRACT The objective of this work was to evaluate the effect of an inoculum reductor equipment (I.R.E.) in the maintenance of the physiologic characteristics of the bean seeds (Phaseolus vulgaris L.) during the storage in controlled conditions of temperature (24°C) and relative humidity (87%). For this, four hermetic structures were built with forced air circulation for the storage of the seeds, and the I.R.E. were just placed in two structures. The samples of seeds were collected during eight weeks, and the following tests were accomplished for during the evaluation of the seeds physiologic characteristics: germination, accelerated aging, tetrazolium and emergency in trays. The physiologic quality of the seeds decreased remarkably during the time, mainly after the fourth week (time 4), when it was manifested in a decline in the quality and vigor of the bean seeds, independent of I.R.E. Therefore, the presence of the I.R.E. did not contribute for the maintenance of the physiologic quality of the bean seeds. Keywords: quality, germination, vigor, storage. INTRODUÇÃO Na maioria das vezes, o sucesso cultura depende, entre outros fatores, emprego de sementes de boa qualidade plantio, o que exige rigoroso controle da do no de qualidade na produção, colheita, processamento e armazenamento das sementes. A qualidade da semente é definida como sendo o somatório de todos os atributos genéticos, físicos, fisiológicos e sanitários, os quais influenciam ________________________ Protocolo 99 de 9/5/2003 1 Parte da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor no Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Alimentos da Universidade Federal de Lavras. 2 Doutorando em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected] 3 Prof. Dr. Departamento de Engenharia, Universidade Federal de Lavras, UFLA, C.P. 37, 37200.000, Lavras, MG, e-mail: [email protected] 4 Prof. Dr. Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras, UFLA, C.P. 37, 37200.000, Lavras, MG, e-mail: [email protected] 5 Estudante de Agronomia, Bolsista PIBIC/FAPEMIG, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, e-mail:[email protected] 134 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. a sua capacidade de originar plantas de alta capacidade produtiva (Popinigis, 1985). O aspecto sanitário de um lote de sementes pode afetar muito a sua qualidade fisiológica e física. Trata-se da presença ou não de insetos e patógenos, que podem invadir as sementes no campo (durante a maturação), no armazenamento ou mesmo na semeadura. Em alguns casos, patógenos infestam a semente sistemicamente, causando danos no processo de germinação e estabelecimento da plântula, ou até mesmo mais tarde, durante o desenvolvimento da cultura. Duas categorias de fungos são associadas às sementes: os fungos de campo e os de armazenamento. Os chamados “fungos de campo” têm sua incidência reduzida durante o armazenamento; por outro lado, fungos de armazenamento desenvolvem-se, rapidamente, durante esta etapa afetando, negativamente, a qualidade das sementes armazenadas. Dentro do grupo de microrganismos denominados “fungos de armazenamento”, os gêneros Aspergillus e Penicillium são os mais comumente encontrados em sementes de feijão (Christensen & Kaufmann, 1969; Neergaard, 1977; Dhingra, 1985; Wetzel, 1987) e chegam a ser responsáveis por perdas acima de 30% em grãos armazenados na América Latina, Ásia e África (Neergaard, 1977). A presença de fungos no processo de armazenamento, bem como seus efeitos negativos diretos na qualidade das sementes armazenadas, vêm sendo largamente observado por diversos pesquisadores tais como Lima et al. (1984), Agrios (1988), Silva (1997), Borém et al. (2000), Borém et al. (2001a); Borém et al. (2001b). Segundo Dhingra (1985), os fungos de armazenamento são os principais responsáveis pela perda da viabilidade das sementes armazenadas com teor de água superior a um valor crítico, particular para cada espécie fúngica. Fungos de armazenamento podem promover uma série de injúrias tais como enfraquecimento ou morte do embrião, reduzindo a germinação e emergência das sementes (Tanaka & Corrêa, 1981), aquecimento da massa de grãos e apodrecimento (Dhingra,1985), descoloração de parte ou de todo o grão, transformações bioquímicas, modificações celulares (Carvalho & Von Pinho, 1997), e em sua maioria atacam, principalmente, o embrião de sementes. Segundo Aguiar (1993), sementes com alto teor de água tendem a perder sua viabilidade mais rapidamente, pois ocorre uma intensificação da atividade respiratória, consumindo suas reservas nutritivas, ocorrendo, então, liberação de calor que torna o ambiente de armazenamento propício ao aparecimento de agentes patogênicos. A temperatura ótima para o crescimento e desenvolvimento dos fungos de armazenamento se encontra entre 28 e 35ºC, estando a máxima e a mínima entre 50 e 55ºC e 0 e 5ºC, respectivamente (Dhingra, 1985). A atividade de fungos é, prontamente, reduzida com a redução da temperatura e algumas espécies ampliam sua população 10 a 20 vezes mais rápido, quando de 15,6 °C passam a 32,2 °C (Carvalho & Von Pinho, 1997). Decorrentes dos danos causados pelo ataque destes microorganismos, durante o processo de armazenamento, têm-se utilizado vários métodos como alternativas para se conseguir um controle eficiente deste tipo de dano, tais como a aeração, secagem, resfriamento, utilização de atmosfera modificada, inibidores fúngicos e até fumigantes (Athié, 1998). Segundo Neegaard (1977), várias tentativas foram realizadas, quanto ao tratamento de sementes, contra fungos de armazenamento. Apesar de a maioria das experiências mostrarem que tais tratamentos tiveram um efeito muito limitado, o uso de fungicidas apresentou um efeito direto, podendo reduzir o inóculo de fungos de armazenamento. Para evitar ou minimizar o uso de produtos tóxicos, durante o armazenamento de sementes, sem comprometer a qualidade delas pela incidência de fungos, torna-se necessário o estudo de novas alternativas, sejam elas novas substâncias fungicidas ou o desenvolvimento de equipamentos que alterem as características do ambiente, tornando-o desfavorável ao desenvolvimento destes microrganismos. Segundo Hara et al. (1990), um sistema de armazenamento, que utiliza um equipamento modificador da atmosfera, foi capaz de conservar amêndoas de cacau por períodos de até 10 meses, mantendo todas suas características desejáveis, além de drástica redução da população de fungos, dispensando a utilização de substâncias químicas. Este sistema consiste pela passagem do ar, presente no ambiente de armazenamento, através de um dispositivo constituído por um bloco cerâmico refratário com perfurações, por onde passa uma resistência elétrica. O princípio de funcionamento deste equipamento ocorre por meio de convecção natural, desta forma, o ar é levado ao interior do equipamento, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.131-142, 2003 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. atravessando os filamentos da resistência elétrica, onde se atinge uma temperatura de aproximadamente 325C (Borém et al., 1998), responsável pela “esterilização” dessa camada de ar. O ar tratado é forçado a passar pela massa de sementes por meio de um ventilador centrífugo, sendo após reconduzido ao dispositivo modificador de atmosfera. Vários pesquisadores têm estudado, não só os efeitos deste tipo de equipamento, bem como seu princípio de funcionamento e as possíveis alterações provocadas no ar. Baez (1993) verificou que a utilização do equipamento modificador de atmosfera, em condições de elevadas temperatura e umidade relativa, 300C e 93%, respectivamente, alterou as características das plântulas normais e anormais infeccionadas por fungos, durante o teste de germinação em grãos de milho armazenados sem a secagem e a adição de produtos químicos. Segundo Barra et al. (1997) os blocos cerâmicos com resistência elétrica como equipamento modificador de atmosfera manteve o potencial de germinação dos grãos de milho próximo dos valores iniciais, durante 42 dias de armazenamento. Borém et al. (1998), avaliando as alterações químicas e físicas que esse equipamento provoca no ar, constataram que ele foi capaz de ionizar o ar, porém, numa escala bastante reduzida. Além disso, concluíram que o equipamento não liberou substâncias como enxofre, nem compostos orgânicos, especialmente fenóis, entretanto constataram a produção de CO2 provavelmente, proveniente, tanto da oxidação de matéria orgânica, como também de outras reações químicas ocorridas no bloco cerâmico. Acredita-se que, dentre tais reações, a liberação de CO2 tenha ocorrido a partir de CaCO4 em elevadas temperaturas, visto que os autores encontraram elevados teores de CaSO4 e cálcio livre no bloco, além de temperaturas de até 325ºC no interior de seus capilares. A oxidação de inóculos seria, até o momento, a hipótese mais provável para explicar o efeito do equipamento relatado, anteriormente, sendo notável a necessidade de novas pesquisas para maiores esclarecimentos. Borém et al. (2001), avaliando os efeitos deste equipamento em contêineres não herméticos, contrapondo o equipamento modificador de atmosfera e o equipamento modificador recoberto por papel alumínio, constataram alteração na porcentagem de sementes infestadas por insetos (Acanthoscelides obtectus), os quais 135 apresentaram, ao final de 210 dias de armazenamento, 29,5% de infestação em contêineres com o equipamento modificador e 70,5% quando utilizado o equipamento recoberto. A germinação e o vigor das sementes não sofreram modificações com a presença do equipamento. Desta forma, o presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do E.R.I. na manutenção das características fisiológicas das sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.) durante o período de oito semanas de armazenamento em um sistema hermético de circulação de ar forçado com condições controladas de temperatura (240C) e umidade relativa (87%). MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia e no Laboratório de Análise de Sementes do Departamento de Agricultura da Universidade Federal de Lavras, MG. Foram utilizadas sementes de feijão, cultivar Pérola, produzidas no município de Lavras-MG, colhidas, manualmente, e trilhadas, mecanicamente, quando apresentavam teor de água em torno de 21% b.u. Utilizou-se o delineamento inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 9 com duas repetições (2 tratamentos e 9 épocas de amostragem). Foram avaliados: dois cilindros herméticos com 60kg de sementes, com ar tratado a partir de quatro equipamentos redutores de inóculo e dois cilindros herméticos com 60kg de sementes, sem tratamento do ar, durante um período de oito semanas. Amostras de sementes foram retiradas, semanalmente, totalizando-se nove épocas, sendo coletadas em três pontos localizados nas alturas 0,10; 0,25 e 0,35m (Figura 2), ao longo do cilindro com o auxílio de um calador. Posteriormente, as amostras foram homogeneizadas, formando-se uma amostra composta. Estrutura de armazenamento A estrutura para armazenamento das sementes de feijão foi composta por quatro conjuntos que contêm em cada um: cilindros, caixa com os E.R.I., ventilador centrífugo acionado por um motor elétrico, caixa para armazenamento de sais e área de expansão para aumento da pressão estática do ar (Figuras 1 e 2). No cilindro, com diâmetro de 0,50m, Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 136 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. altura de 1,20m e fundo falso em chapa de aço perfurada, foram colocados 60kg de sementes, formando uma única camada de 0,40m de espessura. Planta Baixa do equipamento 7 7 1 2 2 1 2 2 3 4 4 4 5 5 6 6 4 5 6 6 O5 1-Caixa com esteriler 2-Ventilador centrífugo com motor 1/3 cv 3-Registro de gaveta de 2" de diâmetro Figura 1 - Planta baixa de armazenamento. (1) caixa com os E.R.I.; (2) ventilador centrífugo e 4-Caixado comsistema sais motor; (3) registro5-Ampliação de gaveta, união e nipies; (4) caixa com sais; (5) área de expansão; (6) cilindro; (7) caixa sem os E.R.I.6-Cilindro com grãos amostragem de CO2 E.R.I. sensor de temperatura e UR E.R.I. Cilindro O Sementes pontos de amostragem de sementes amostragem de CO2 amostragem de CO2 Ventilador Motor sensor de temperatura e UR Caixa de sais Chapa perfurada registro de gaveta área de expansão bandeja Figura 2 - Detalhe do sistema de armazenamento - representação em corte A caixa onde foram instalados os E.R.I. possuía as dimensões de 1,00 x 0,60 x 0,20m, elas contêm cinco divisões (Figura 3). Estas divisões servem de apoio para os E.R.I. e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. possuem comprimento de 0,55m, ficando, assim, 0,05m de vão para passagem do ar. As aberturas foram colocadas de maneira desencontrada, permitindo a passagem do ar entre a chapa e direcionando-o por toda a extensão da caixa. Com o auxílio de um suporte os E.R.I. ficaram suspensos 2cm dentro da caixa para permitir a movimentação do ar no seu interior. O ventilador centrífugo foi acionado por motor trifásico de alta rotação (3.480 rpm) com potência de 1/3” cv. O fluxo de ar utilizado foi de 1 m3.min-1.t -1, correspondente ao valor máximo 137 recomendado para aeração de grãos em regiões quentes (Silva et al., 2000). Para medir o fluxo de ar utilizou-se um anemômetro e para o seu controle, um registro de gaveta. A direção do fluxo de ar está representada na Figura 2. Para manter a umidade relativa, no interior do sistema de armazenamento, em torno de 85%, dimensionou-se uma caixa com 0,66 x 0,66 x 0,20 m, na qual foram mantidas bandejas plásticas contendo 2 kg de cloreto de potássio, KCl, e 250 ml água destilada por bandeja Entrada do ar Registro de gaveta Fluxo de ar Suporte E.R.I. Saída do ar Vista frontal Vista lateral . Figura 3 – Detalhamento da caixa com os equipamentos redutores de inóculo A área de expansão, responsável pela transformação da energia dinâmica em energia estática, alterou a seção de 0,10 x 0,10m na saída da caixa de sais, para 0,50 x 0,02m na entrada do cilindro, ao longo de 0,64m de comprimento. Todas as partes foram confeccionadas em chapa de aço carbono n16 (chapa preta) e pintadas interna e externamente com fundo especial anti-corrosivo e tinta metálica. A união das partes foi realizada com canos de PVC, curvas de 90 raio longo, registros de gaveta, uniões e nipies, todos com =2”, deixando o sistema hermético, perfazendo um volume interno de 0,5m3. Monitoramento relativa e CO2 da temperatura, umidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 138 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. A temperatura e a umidade relativa do ar, no interior do sistema, foram monitoradas diariamente por meio de sondas instaladas antes de o ar atravessar a massa de grãos, na expansão, e, após sua passagem pelos grãos, na parte superior do cilindro, acima da massa de grãos. Estes sensores interligados a um termohigrômetro digital forneceram temperatura e umidade relativa do ar, instantaneamente. Os valores médios da umidade relativa foram mantidos elevados, em torno de 87%, ao longo das épocas de armazenamento. Esta condição foi selecionada para favorecer o desenvolvimento de fungos de armazenamento e assim avaliar a eficácia do equipamento na prevenção de possíveis contaminações. O controle da temperatura ambiente foi realizado por meio de um condicionador de ar. Já umidade relativa do ar no interior das estruturas foi controlada por meio de solução salina (KCl). As variações nos níveis de CO2 foram monitoradas diariamente com o auxílio de um analisador digital de CO2 com sensor infravermelho. As leituras das concentrações de CO2 foram realizadas no interior da massa de grãos e na caixa com os E.R.I. antes da passagem do ar pelo equipamento e após ela. Teor de água das sementes O teor de água das sementes foi determinado, utilizando-se o método padrão de estufa, 105 1o C, segundo as Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992). O teor de água foi expresso em % b.u. Teste de germinação O teste de germinação foi efetuado, segundo as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). Foram utilizadas duas repetições de 100 sementes por parcela, dispostas em oito rolos de 25 sementes. Foram realizadas duas contagens, a partir da ocasião de montagem do teste: a primeira feita aos cinco dias, avaliandose o número de plântulas normais e a segunda aos nove dias, considerando-se o número de plântulas normais e anormais, e o número de sementes dormentes e mortas. Os resultados foram expressos em porcentagem. Envelhecimento acelerado O teste do envelhecimento acelerado foi realizado em duas repetições de 100 sementes por parcela. As sementes foram mantidas no interior de caixas plásticas tipo gerbox, esterilizadas com álcool etílico 70%, distribuídas, uniformemente, sobre uma tela de aço inox, sendo adicionado a ela um volume de 40 ml de água deionizada por caixa. Em seguida, as caixas foram vedadas e mantidas em incubadora tipo BOD, regulada à temperatura constante de 42 1°C, por um período de 72 horas. Após este período, as sementes envelhecidas foram submetidas ao teste de germinação, avaliando-se a porcentagem de plântulas normais e anormais e sementes mortas, aos cinco e nove dias, após a montagem do teste, segundo os critérios estabelecidos pelas Regras de Análise de Sementes (Brasil, 1992). O vigor foi expresso em porcentagem de plântulas normais. Teste de tetrazólio Para o teste do tetrazólio, foram avaliadas 100 sementes por parcela, constituindo duas repetições de 50 sementes. Inicialmente, as sementes foram submetidas a um processo de embebição no qual foram colocadas entre folhas de papel de germinação, umedecidas com água deionizada, sendo posteriormente, levadas a uma câmara de germinação, à temperatura constante de 25 2oC, durante um período de 16h. Após este período, as sementes foram imersas em solução de sal de 2, 3, 5 cloreto trifenil de tetrazólio a uma concentração de 0,1%, dispostas em becker embalado em papel alumínio, mantidas em câmara de germinação tipo BOD a 35ºC, durante 4h. As sementes, lavadas em água corrente, foram avaliadas, individualmente, removendo-se o tegumento e seccionando-as, longitudinalmente, com o auxílio de uma lâmina. Observou-se, com auxílio de lupa com aumento (6X), a coloração, a ocorrência de danos (mecânico, insetos e por umidade) nas partes externas e internas dos cotilédones; dando atenção especial para a região do eixo embrionário, responsável pelo processo de germinação; além da extensão, profundidade do dano e a consistência do tecido. As sementes foram classificadas de acordo com um padrão de coloração em 7 classes, conforme Bhéring et al. (1996). Os resultados foram expressos em porcentagem média de sementes viáveis para o tetrazólio, sendo os valores de 1 a 3 atribuídos à sementes vigorosas, 4 e 5 às sementes viáveis e 6 e 7 às sementes inviáveis. O vigor final foi expresso pela soma das sementes das classes 1, 2 e 3. Teste de emergência em bandejas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. Os testes de emergência foram montados em bandejas plásticas com seis kg de substrato umedecido até 70% da capacidade de campo. Cada parcela, compreendeu quatro repetições de 50 sementes, em cada bandeja, totalizando 200 sementes. Como substrato, foi utilizado uma mistura de areia e terra de barranco, na proporção 1:1, ambas devidamente peneiradas. As sementes foram semeadas a uma profundidade de, aproximadamente, dois cm, de forma que dois terços (2/3) do substrato ficou abaixo destas e o restante (1/3) utilizado para cobertura. As bandejas foram mantidas em sala de germinação, regulada à temperatura de 25oC, por sete dias, contabilizando a porcentagem de plântulas emergidas ao final deste período. Utilizou-se o delineamento estatístico inteiramente casualizado em esquema fatorial 2 x 9 com duas repetições (2 tratamentos e 9 épocas de amostragem), realizando análises de variância e teste de médias pelo teste de Tukey, ao nível de 5% de probabilidade com o auxílio do programa aplicativo SISVAR, segundo Ferreira (2000). RESULTADOS E DISCUSSÃO Monitoramento da temperatura e CO2 umidade relativa, De acordo com os valores apresentados na Figura 4, observa-se que a umidade relativa, no interior dos cilindros, manteve-se uniforme, em torno de 87%, e com pequenas oscilações ao longo do período de armazenamento, sem sofrer influência das variações da umidade relativa do ar ambiente devido à presença de uma solução salina saturada de KCl colocada no interior das estruturas. Observa-se, na Figura 5, que o valor médio da temperatura ambiente foi de 24 2°C e que a temperatura no interior dos cilindros, mesmo na presença do E.R.I, acompanhou as variações da temperatura ambiente com valores médios de 23 2°C. Este fato ocorreu em virtude do material de construção dos cilindros (chapa metálica), que permite uma boa condução térmica. Monitoramento da UR - com E.R.I. Monitoramento da UR - sem E.R.I. 100 100 80 80 60 60 (%) (%) 139 40 40 20 20 0 0 0 1 2 3 UR A 4 5 6 U.R .E.C 7 8 0 1 UR .S .C . 2 3 UR A Épocas de armazenamento 4 5 6 U.R .E.C 7 8 U.R .S .C . Épocas de armazenamento Figura 4 - Monitoramento das umidades relativas do ar: ambiente (URA); entrada do cilindro (U.R.E.C) e saída do cilindro (U.R.E.C.), ao longo das 9 épocas de amostragem, na presença e ausência dos E.R.I. Temperatura do ar nos cilindros sem E.R.I 30 28 26 24 22 20 0C 0C Temperatura do ar nos cilindros com E.R.I 0 1 2 T.E.C 3 4 5 6 T.S .C 7 8 TA 30 28 26 24 22 20 0 1 2 T.E.C 3 4 5 6 T.S .C 7 8 TA Épocas de armazenamento Éopcas de armazenamento Figura 5 - Monitoramento das temperaturas do ar: entrada do cilindro (T.E.C); saída do cilindro (T.S.C) e ambiente (TA) ao longo das 9 épocas de amostragem, na presença e ausência dos E.R.I. Os níveis de CO2 da atmosfera no interior da estrutura de armazenamento aumentaram progressivamente ao longo das épocas (Figura 6), apresentando-se sempre superiores no sistema com a presença dos E.R.I. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. 140 cilindro com a presença dos E.R.I. apresentou diferença significativa em relação ao teor de água das sementes sem a presença dos E.R.I. Este fato pode estar associado a uma maior infecção decorrente de microrganismos, verificada em elevada intensidade a partir deste período. Monitoramento de CO 2 1,5 (%) 1,0 0,5 0,0 0 1 2 3 4 Sem E.R.I. 5 6 7 8 Com E.R.I. Determinação de umidade Figura 6 - Níveis de CO2 no ar ao longo do período de armazenamento, durante as 9 épocas de amostragem, na presença e ausência dos E.R.I. Esta elevação nas concentrações de CO2 ocorreu em virtude da respiração das sementes e dos microrganismos e, também, devido à oxidação de compostos orgânicos promovida pelos E.R.I, explicando, assim, os maiores níveis encontrados nas estruturas que contêm os aparelhos redutores de inóculo. Esta oxidação de compostos orgânicos foi relatada como sendo a hipótese mais provável para o efeito do E.R.I. na redução de propágulos de fungos (Hara 1991; Baez 1993; Borém 1998). A partir da sexta semana de armazenamento (época 5), os níveis de CO2 começaram a decrescer, este fato pode ser explicado em função da diminuição da atividade das sementes. Ao longo do período de armazenamento, em sua maior parte, a presença do equipamento redutor de inóculo resultou em um acréscimo no nível de CO2 em, aproximadamente, um ponto percentual. Borém et al. (1998) verificou que a concentração de CO2 no interior de um dessecador que contém um E.R.I. ligado aumentou em seis vezes o seu valor, durante seis horas de funcionamento, e que, após o seu desligamento, a concentração de CO2 reduziu, drasticamente, retornando ao teor ambiente, entretanto não foi possível determinar as quantidades de gás provenientes de cada reação. Teor de água das sementes O teor de água das sementes (Figura 7) permaneceu em equilíbrio com as condições do ar no interior das estruturas de armazenamento. A partir da quarta semana de armazenamento (época 4), o teor de água das sementes no T eor de água (%) b.u. Épocas de armazenamento 20,0 19,5 19,0 18,5 18,0 0 1 2 3 Sem E.R.I. 4 5 6 7 8 Com E.R.I. Épocas de armazenament o Figura 7 - Porcentagens dos níveis de umidade das sementes ao longo do período de armazenamento, durante as 9 épocas de amostragem, na presença e ausência dos E.R.I. Teste de germinação Pelos resultados apresentados na Figura 8, observa-se uma grande semelhança entre os resultados dos dois tratamentos avaliados (com e sem E.R.I.), para o teste de germinação. Para as condições de armazenamento deste trabalho, era esperada uma redução na germinação das sementes. Observa-se que a presença do E.R.I. não foi capaz de interferir, positivamente, neste fenômeno. De acordo com a Tabela 1, a análise estatística demonstrou diferenças significativas entre as médias dos tratamentos apenas para plântulas normais (épocas 5 e 8) e sementes mortas (épocas 7 e 8). Ao longo do período de armazenamento, a porcentagem de plântulas normais decresceu, contrapondo-se ao aumento das sementes mortas, à medida que as porcentagens de plântulas anormais se mantiveram praticamente constantes, discordando dos valores encontrados por Borém et al. (2001), no estudo de sementes de feijão, armazenadas em condições não herméticas, na presença de um equipamento modificador de atmosfera. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. Teste de Geminação (Com E.R.I.) Teste de Germinação (Sem E.R.I.) 100 100 80 80 (%) 141 60 (%) 40 20 60 40 20 0 0 0 1 N 2 3 4 A.D. 5 6 7 A.I. 8 0 M 1 N Épocas de armazenamento 2 3 4 A.D. 5 6 7 A.I. 8 M Épocas de armazenamento Figura 8 - Valores médios das porcentagens de plântulas normais (N), anormais deformadas (A.D.), anormais infeccionadas (A.I.) e mortas (M); referentes aos testes de germinação, ao longo das épocas de armazenamento Tabela 1 – Resumo das análises de variância para o teste de germinação na presença e ausência dos E.R.I. ao longo das nove épocas de armazenamento Quadrados Médios e Significâncias F.V. G.L. Normais Mortas Anormal Anormal infeccionada Deformada Tratamento 1 203,0625** 75,1111* 1,5625 NS 18,7777 NS Época 8 2.064,4704** 1.381,2569** 121,6423** 51,8402** Trat. * Época 8 18,4218 NS 13,9236 NS 3,7500 NS 7,9027 NS Resíduo 18 11,2152 10,2222 7,4097 8,3611 5,62 16,49 24,05 29,74 C.V. (%) NS não significativo, pelo teste F. * significativo ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste F. ** significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F. Baez (1993), avaliando o armazenamento de milho em condições controladas de temperatura (300C) e umidade relativa (93%) e na presença do equipamento modificador de atmosfera, também, verificou diferença nos valores do teste de germinação das sementes, sendo que as porcentagens de plântulas normais e infeccionadas por fungos foram influenciadas pelo equipamento. Nota-se, na curva de germinação das sementes (plântulas normais), uma sensível queda, a partir da época 4, coincidindo, claramente, com o aumento da porcentagem de sementes mortas, e com o pequeno acréscimo de plântulas anormais, demonstrando uma crescente e acentuada deterioração das sementes, especialmente, a partir deste período. Envelhecimento acelerado Assim como no teste de germinação, o valor do vigor das sementes obtido pelo teste de envelhecimento acelerado (Figura 9) reduziu ao longo do tempo de armazenamento. Para Silva (1997) a presença de patógenos, especialmente, Aspergillus spp. durante o teste de envelhecimento acelerado interfere negativamente no desempenho das sementes. A partir da época 5, ocorreu uma diminuição acentuada nos valores de germinação em decorrência, principalmente, do aumento do número de sementes mortas, demonstrando um intenso processo de deterioração. Não foram encontradas diferenças significativas, ao nível de 5% de probabilidade, entre as médias dos tratamentos avaliados pelo teste F. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. 142 Envelhecimento Acelerado (Com E.R.I.) (%) Envelhecimento Acelerado (Sem E.R.I.) 100 100 80 80 60 60 (%) 40 40 20 20 0 0 0 1 2 N 3 4 A.D. 5 6 7 A.I. 8 0 1 N M Épocas de armazenamento 2 3 4 A.D. 5 6 7 A.I. 8 M Épocas de armazenamento Figura 9 - Valores médios das porcentagens de plântulas normais (N), anormais deformadas (A.D.), anormais infeccionadas (A.I.) e mortas (M); referentes aos testes de envelhecimento acelerado, ao longo das épocas de armazenamento vigorosas ao longo do período, em contrapartida com a elevação das sementes inviáveis. As porcentagens de sementes viáveis mantiveram-se, praticamente, constantes até a terceira e quarta semanas, demonstrando pequenos acréscimos a partir destas épocas. Vale ressaltar que tais variações ocorreram, também, principalmente, a partir da quarta semana (época 4). Tetrazólio De acordo com os valores do teste de tetrazólio, apresentados na Figura 10, nota-se semelhança entre os dois tratamentos avaliados sem diferença significativa. Similar aos resultados dos testes de germinação e envelhecimento acelerado, pode-se verificar, no teste de tetrazólio, um decréscimo acentuado nas porcentagens de sementes Tetrazólio (Com E.R.I.) Tetrazólio (Sem E.R.I.) 100 60 40 (%) (%) 100 80 20 0 80 60 40 20 0 0 1 2 Vigorosas 3 4 5 Viáveis 6 7 8 0 1 2 3 Vigorosas Inviáveis Épocas de armazenamento (semanas) 4 5 6 7 Viáveis 8 Inviáveis Épocas de armazenament o (semanas) Figura 10 - Valores médios das porcentagens de sementes vigorosas, viáveis e inviáveis; referentes ao teste de tetrazólio Teste de emergência em bandejas Emergência em bandejas O teste de emergência em bandejas, cujos valores se encontram na Figura 11, igualmente aos testes anteriores, apresentou redução de seus valores, ao longo do período de armazenamento, para ambos os tratamentos analisados. Também, a partir da época 4, ocorreu uma queda brusca nos valores de plântulas emergidas, ratificando a elevada degradação das sementes observadas a partir desta época, ocasionada pela intensa infecção por fungos nas sementes que foram aceleradas, principalmente, pelas condições de temperatura e umidade relativa favoráveis ao seu desenvolvimento. 100 80 60 (%) 40 20 0 0 1 2 3 4 Sem E.R.I. 5 6 7 8 Com E.R.I. Épocas de armazenamento Figura 11 - Valores médios das porcentagens de plântulas emergidas referentes ao teste de emergência em bandejas Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003 Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al. Pelo teste de F, ao nível de 5% de probabilidade, não houve diferenças significativas entre os tratamentos avaliados, em relação ao teste de emergência em bandejas. A diminuição das características fisiológicas das sementes de feijão não está relacionada com a sua infestação por insetos. Em ambos os tratamentos analisados não foram verificados ocorrência de insetos ao longo do período de armazenamento. CONCLUSÕES O equipamento redutor de inóculo não contribuiu para a manutenção da qualidade fisiológica das sementes de feijão mantida a temperatura de 24oC e 87% de umidade relativa, durante oito semanas de armazenamento. A presença do equipamento redutor de inóculo resultou em um acréscimo no nível de CO2 em, aproximadamente, um ponto percentual. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas gerais (FAPEMIG) pelo apoio financeiro indispensável para realização do trabalho e ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq) pela bolsa concedida ao primeiro autor. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Agrios, C.N. Plant pathology. 2.ed. New York: Academic Press, 1988. 703p. 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Taciana Walesca Cruz Gonzaga1, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata2, Humberto Silva3, Maria Elita Martins Duarte2 RESUMO O presente trabalho teve como objetivo estudar a crioconservação das espécies florestais ameaçadas de extinção, aroeira (Astronium urundeuva Engl.) e baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), em nitrogênio liquido, a temperatura de -196 oC e no vapor do nitrogênio a -170 oC, por um período de tempo de 25 dias. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que: a) as sementes de aroeira e baraúna podem ser crioconservadas tanto por nitrogênio liquido a -196 oC quanto no vapor do nitrogênio a temperaturas de -170 oC; b) a semente de baraúna quando crioconservada as temperaturas de -196 e -170 oC por um período de tempo de 25 dias apresentam percentuais de germinação mais elevados do que os iniciais indicando que durante este processo existe uma quebra de dormência pelo frio dessas sementes . Palavras-chave: criogenia, espécies florestais, ameaçadas de extinção CRYOCONSERVATION OF AROEIRA (Astronium urundeuva Engl.) AND BARAUNA (Schinopsis brasiliensis Engl.) SEEDS ABSTRACT The present work had as objective to study the cryoconservation of the threatened of extinction forest species, aroeira (Astronium urundeuva Engl.) and barauna (Schinopsis brasiliensis Engl.), in liquid nitrogen, at the temperature of -196 oC and in the vapor of the nitrogen at -170 oC, for a period of 25 days. Before the obtained results, it is ended that: a) the aroeira and barauna seeds can be so much cryoconservated liquid nitrogen at -196 oC as in the nitrogen vapor at temperatures of -170 oC; b) the barauna seed when cryoconservated at the temperatures of -196 and -170 oC for a period of 25 days, present higher germination percentage than the initial ones, indicating that, during this process, a dormancy break exists because of the cold of these seeds. Keyword: cryogenic, forest species, threatened of extinction ______________ Protocolo 131 de 7/10/2003 1 Mestranda em Engenharia Agrícola 2 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, [email protected] e [email protected] 3 Prof.Dr. Departamento de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba 146 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna INTRODUÇÃO A biodiversidade constitui uma propriedade dos ecossistemas vivos, sendo uma característica básica do funcionamento da natureza. O conceito denota a variedade e a variabilidade de seres vivos presentes na biosfera, incluindo-se a totalidade dos vegetais, animais e microorganismos. A diversidade dos seres vivos é o resultado do longo processo de evolução e constitui uma das mais importantes condições para a estabilidade da biosfera. O empobrecimento de qualquer ecossistema por diminuição do número de espécies compromete seriamente sua estabilidade. Portanto, em decorrência da evolução das espécies, muitas características genéticas foram perdidas e outras continuam surgindo na natureza devido `as mutações genéticas, compatibilidade genética entre espécie, dando origem a novas espécies, ou, também, pela ação do homem, utilizando a engenharia genética e, inserindo, em determinadas variedades, genes de outras espécies ou de outras variedades. Em que pese à evolução da biotecnologia, torna-se necessário conservar todas essas espécies, tanto as antigas, como as novas, uma vez que o gene de determinadas espécies que não é interessantes para a ciência no momento, poderá, no entanto, ser uma preciosidade, no futuro, para resoluções de problemas, ora existentes, ou mesmo os que hoje inexistem. Assim, a conservação dos recursos genéticos tem sido feita in situ ou, preservando determinadas áreas da natureza, ou por meio de coleções, na forma de jardins de coleta, depósitos de sementes, plântulas, pólen, células em cultivo ou genes (Chandhury & Chandel, 1997; Almeida et al. 2000).. Segundo Querol (1993), a forma mais correta de conservar os recursos genéticos é preservá-los no meio no qual se encontra em estado de equilíbrio cuja probabilidade de rompimento seja pequena. No entanto, de acordo com Bachiller (1997), isso nem sempre é possível e relata que a semente é a forma pela qual a planta sobrevive o máximo de tempo com o mínimo de atividade fisiológica, por isso, a forma mais fácil de se armazenarem recursos genéticos é a conservação de suas sementes. Nesta linha de raciocínio, surgiram os bancos de germoplasma, em todo o mundo, onde, basicamente são constituídos de sementes armazenadas a baixas temperaturas e baixas umidades relativas, de modo que as sementes Gonzaga et al. tenham sua atividade biológica minimizadas. Nesse processo de conservação das sementes, alguns fatores negativos devem ser levados em consideração, como a necessidade de recomposição periódica do banco, necessidade de reservas elevadas, custo de manutenção elevado e erosão genética das espécies (Diniz, 1999). Nesses últimos anos, outras técnicas de conservação tem sido desenvolvidas para preservar os recursos fitogenéticos e dentre essas se pode citar a crioconservação ou crioarmazenagem que consiste em conservar sementes em temperaturas criogênicas a 196°C, por imersão dessas sementes, em nitrogênio líquido ou a 170°C, utilizando o vapor do nitrogênio (Stanwood, 1984). A palavra criogenia deriva do grego crios que significa frio e genia que significa nascimento. Na prática, a criogenia, de acordo com Vicente (1994), define-se como a ciência dedicada à produção de baixas temperaturas, sendo que o adjetivo criogênico é utilizado para denominar gases como nitrogênio onde, em estado líquido, a sua temperatura é muito baixa (- 196°C). Medeiros e Cavallari (1992) definem crioconservação em nitrogênio líquido como sendo a preservação de materiais biológicos a baixas temperaturas, onde, sob essa temperatura, todos os processos metabólicos são paralisados e mantidos em estado latente, proporcionando uma preservação indefinida. A crioconservação tem sido utilizada como um método alternativo ao banco de germoplasma tradicional, uma vez que a conservação das sementes abaixo de 130°C permite que seu metabolismo seja paralisado, impedindo a sua deterioração. De acordo com a Internacional Board for Plant Genetic Resources IBPGR (1982), a crioconservação é uma tecnologia especialmente indicada para as espécies de difícil propagação vegetativa, espécies com sementes recalcitrantes, germoplasma raros ou mesmo espécies ameaçadas de extinção. Na afirmação de Villamil (1997), a crioconservação tem se mostrado como um método eficiente, prático e de baixo custo na preservação de recursos fitogenéticos, além de manter a semente viável por tempo considerado indefinido. Este método é o que melhor se adapta para o armazenamento de sementes ameaçadas de extinção por permitir que o metabolismo das sementes seja paralisado, podendo recuperá-las posteriormente. De acordo com Ashwood e Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna Smith (1995), na crioconservação a 196°C, o material biológico fica armazenado de maneira estável, pois todos os processos metabólicos como respiração e atividade enzimática são inativados. Assim sendo, supõe-se que, no material armazenado por crioconservação, não ocorrem mudanças significativas em função do tempo. O ecossistema caatinga localizado no Semi-árido do Nordeste brasileiro, apesar de apresentar alta diversidade biológica, vem sofrendo contínua devastação, perdendo-se com isto várias espécies características da região. Neste sentido, muitas espécies foram consideradas ameaçadas de extinção na região semi-árida e em virtude do número reduzido dessas plantas, tem sido difícil à obtenção de sementes, dificultando a propagação da espécie. Uma das espécies que está sendo ameaçada de extinção na nossa região é a aroeira (Astronium urundeuva Engl.), da família das Anacardiáceas, pois seu tronco é muito empregado, na indústria da construção civil e possui grande importância medicinal, pois suas cascas são usadas contra doenças das vias respiratórias e do aparelho urinário, sua resina é aplicada, como tônico, pelos sertanejos. A aroeira está na lista oficial de espécies da flora brasileira ameaçadas de extinção, na categoria vulnerável. As sementes da Aroeira são esféricas, castanho-amareladas, aladas, de maturação rápida e muito pequena, o que dificulta a coleta. A semente apresenta pequena dormência atribuída ao embrião, perdendo poder germinativo, em pouco tempo, em condições naturais. Testes feitos com as sementes de Aroeira armazenadas à temperatura ambiente por mais de um ano comprovaram que elas após esse período, não mais germinavam. Para Carvalho (1994), a crioconservação dessas sementes é um método de armazenamento promissor para a Aroeira. Outra planta ameaçada de extinção no semi-árido é a baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), que é da também família das Anacardiáceas, pois a madeira dessa árvore é muito empregada no fabrico de moveis e na construção civil, pois é considerada madeira de lei por muitos autores. Essa árvore, também, tem lugar de destaque na nossa flora, tanto pela sua exuberância e beleza, quanto pelas suas inúmeras aplicações, pois possui propriedades anti-histéricas e nevrostêmicas. Seus frutos são vagens de natureza lenhosa, grossa e em forma de foices, arredondadas e cobertas de pêlos finos Gonzaga et al. 147 As experiências com a crioconservação de diferentes tipos de sementes, têm sido relatadas por diversos autores, sendo constatados sucessos e insucessos na crioconservação de sementes. Alguns trabalhos bem sucedidos em crioconservação de sementes foram relatados por Pence (1991), onde o autor realizou 527 testes de crioconservação em plantas ameaçadas de extinção na região de Ohio, sendo testadas a viabilidade de 237 espécies, quanto a sua exposição em nitrogênio líquido a -196 oC. O autor verificou que, em 79% dos testes, a germinação das sementes não diferiu, significativamente, dos valores iniciais e que, pelo menos 25% das espécies analisadas, poderiam ser crioconservadas sem necessidade de procedimentos adicionais. Sementes de 14 vegetais foram colocadas dentro de envelopes de papel especial e expostas ao nitrogênio líquido, durante o período de 180 dias. Stanwood e Ross (1979) avaliaram que os testes de germinação não indicaram redução nos percentuais, após a exposição em nitrogênio líquido. Segundo os mesmos autores, as sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.), alface (Lacterca sativa L.) e ervilha (Pisum sativum L.) também não indicaram redução nos testes de germinação e vigor após a exposição em nitrogênio líquido. Stanwood e Sowa (1995) armazenaram 14 variedades de cebola em nitrogênio líquido (-196°C) pelo período de dez anos, durante esse período não foram observadas reduções significativas do poder germinativo médio de 32%, demonstrando o sucesso que se pode obter com a crioconservação de sementes. Gonzales-Benito et al. (1995), estudaram a germinação de sete cultivares de Aipo (Apium graveolens L.) armazenados em nitrogênio líquido no período de 1 a 3 dias. A crioconservação, também, foi aplicada em sementes sem casca e de primeira qualidade, e em nenhum dos tratamentos foram reduzidas as percentagens de germinação. Iriondo (1992), estudou a preservação em nitrogênio líquido de várias espécies selvagens e cultiváveis, com diferentes teores de umidade e período de exposição. Na maioria das espécies, nenhuma diferença significativa foi detectada na percentagem de germinação das sementes dos diferentes teores de umidade. Sementes de Bambu (Bambusa arundinacea) foram armazenadas por Brahamachary (1994), após serem colocadas em bolsas plásticas herméticas e transparentes a uma temperatura de 70°C. Os resultados Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003 148 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna indicaram que cerca de 65% das sementes germinaram, após um ano. Ao armazenarem em nitrogênio líquido espécies de sementes nativas australianas, onde 40% dessas espécies são raras e ameaçadas de extinção, Touchell e Dixon (1994) verificaram que, após a crioconservação, as propriedades físicas e químicas das sementes foram preservadas. Weisner et al. (1993) crioconservaram sementes de Alfafa (Medicago sativa L.) em nitrogênio líquido e no vapor de nitrogênio por 24 horas e constataram que houve quebra de cotilédones, quando expostas ao nitrogênio em forma de vapor. A quebra de cotilédones foi reduzida, quando a semente foi escarificada antes da exposição ao nitrogênio liquido. A técnica de crioconservação, além de armazenar sementes por tempo indeterminado sem perda da viabilidade, é de grande potencial no armazenamento de sementes ortodoxas e sementes recalcitrantes (Stanwood, 1985). Roberts (1973), introduziu o termo ortodoxas para espécies cujas sementes podem ser submetidas à secagem e, em seguida, armazenadas a baixas temperaturas, permanecendo viáveis por longo período de tempo. De acordo com Ashwood-Smith (1985), apesar das vantagens da crioconservação, existem problemas decorrentes da complexidade técnica e biológica do processo de congelamento e descongelamento, tornandose necessário desenvolver procedimentos específicos para cada tipo de cultura agrícola Villamil (1997) relata que, não só o processo de crioconservação deve ser levado em consideração, como também o método de descongelamento, pois, teoricamente, quanto mais rápido ocorrer o descongelamento das sementes, melhor a preservação de suas características fisiológicas. Portanto, diante do exposto, este trabalho teve como objetivo estudar o efeito da crioconservação das espécies florestais ameaçadas de extinção, aroeira (Astronium urundeuva Engl.) e baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.), em nitrogênio liquido, a temperatura de -196 oC e no vapor do nitrogênio a -170 oC, por um período de tempo de 25 dias. Gonzaga et al. Universidade Federal de Campina Grande UFCG. Foram utilizadas sementes de espécies vegetais, consideradas ameaçadas de extinção no cariri paraibano e destacadas pela sua importância econômica e/ou medicinal, sendo as selecionadas a Aroeira (Astronium urundeuva Engl.) e a Baraúna (Schinopsis brasiliensis Engl.). As sementes foram coletadas de plantas previamente selecionadas na Zona da Caatinga Paraibana. Conteúdo de água das sementes As determinações do conteúdo de água das sementes de aroeira e baraúna foram feitas por meio do método padrão, utilizando-se a estufa a 105°C ± 3°C, por 24 horas, seguindo-se as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). As amostras foram pesadas em balança eletrônica com precisão de 0,001g, para obtenção do peso inicial da amostra (Pi). Após o tempo de exposição na estufa, as amostras foram resfriadas em um dessecador por um período de 30 minutos e, em seguida, pesadas, obtendo-se o peso final (Pf). O conteúdo de água foi calculado por meio da seguinte expressão: %CA ( Pi Pf ) Pi x100 (Eq. 1) em que, % CA = Conteúdo de água, base úmida; Pi = peso inicial da amostra (gramas); Pf = peso final da amostra (gramas) Crioconservação das Sementes Após a determinação do conteúdo de água das sementes, essas foram colocadas dentro de um canister e crioconservadas em botijões criogênicos por imersão direta em nitrogênio líquido a -196 °C e no vapor de nitrogênio líquido a -170 °C, durante os períodos de 0, 5, 15 e 25 dias. Descongelamento das Sementes MATERIAL E MÉTODOS Os ensaios foram conduzidos no setor de Criogenia do Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Depois de cada período de crioconservação pré-estabelecido, as sementes eram submetidas a um descongelamento à temperatura ambiente de 25 °C ± 3 °C por 3 horas, considerado um descongelamento lento. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna Gonzaga et al. foram obtidas, utilizando-se computacional Origin 6.0. Teste de Germinação Após serem crioconservadas e descongeladas, as sementes foram submetidas ao teste de germinação. Para essa determinação foram utilizadas bandejas plásticas, que continham como substrato areia previamente peneirada e esterilizada em estufa a 105°C por 8 horas. A areia era umedecida com água destilada, sendo reposta, à medida que o substrato era ressecado pelo ar ambiente. Para cada determinação, foram utilizadas 3 bandejas (repetições) que continham cada uma 100 sementes. A percentagem de germinação foi obtida pela contagem das plântulas normais emersas, seguindo-se as Regras para Análises de Sementes (Brasil, 1992). 149 o programa RESULTADOS E DISCUSSÃO Os valores de conteúdo de água das sementes de aroeira e baraúna submetidas à crioconservação foram de respectivamente 9,0 e 7,4% base úmida. Na Tabela 1, encontram-se os dados experimentais obtidos de germinação das sementes de aroeira e de baraúna em função do período de armazenagem para os dois tipos de crioconservação (imersão no nitrogênio líquido a -196 oC e no vapor do nitrogênio a -170 oC). Na Tabela 2, está a analise de variância da germinação da semente de aroeira, seguindose o delineamento experimental inteiramente casualizado disposto em fatorial. Observa-se, nessa tabela, que não existem diferenças significativas entre submeter as sementes a crioconservação em nitrogênio liquido a -196ºC ou crioconserva-las no vapor do nitrogênio a -170 oC, no entanto, constatam-se diferenças significativas da germinação das sementes com o período de armazenamento e a interação entre os fatores tipo de crioconservação versus período de armazenagem das sementes. Essas comparações, entre medias, encontram-se, respectivamente, nas Tabelas 3 e 4. Análises Estatísticas O delineamento experimental neste trabalho foi inteiramente casualizado, com arranjo fatorial 2 x 4 ( 2 tipos ou temperaturas de congelamento x 4 períodos de armazenagem, com três repetições. As análises estatísticas foram realizadas, utilizando o programa computacional Assistat (Silva, 2002) e as médias dos fatores foram comparados pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. As curvas de regressão não linear da germinação das sementes de aroeira e de baraúna em função do período de armazenagem Tabela 1 Valores médios da germinação das sementes de aroeira e baraúna para diferentes temperaturas de crioconservação e de diferentes períodos de tempo de armazenagem Período de Armazenagem (dias) Germinação (%) Imersão em N2L (-196 oC) Vapor de N2L (-170 oC) Aroeira 0 5 15 25 61 56 57 66 61 54 63 61 Baraúna 0 5 15 25 60 68 68 74 60 60 62 70 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna 150 Gonzaga et al. Tabela 2 Análise de variância da germinação da semente de aroeira para diferentes temperaturas de congelamento e períodos de armazenagem Fonte de Variação GL Tipo de Congelamento (TC) Período de Armazenagem (PA) TC x PA Resíduo 1 3 3 16 Total 23 Quadrado Médio 0,375 76,375 32,375 9,375 ns ** * ns não significativo (*) significativo ao nível de 5% de probabilidade (**) significativo ao nível de 1% de probabilidade Embora se observem diferenças significativas nas Tabelas 3 e 4, constata-se que a germinação da semente de aroeira não difere, significativamente entre si, no inicio e no final do período analisado, de onde se pode dizer que essa semente pode ser crioconservada sem que sua viabilidade seja afetada. Na Figura 1, encontra-se a equação de evolução da germinação da semente de aroeira com o período de armazenagem para os dois tipos de crioconservação, sendo que, nessa figura, se pode melhor visualizar que, quando a semente de aroeira é submetida ao vapor do nitrogênio a -170oC, praticamente, a equação exponencial tende a uma reta de inclinação nula, o que indica a inalteracao do poder germinativo da semente. No entanto, quando a semente é crioconservada no nitrogênio liquido a -196 oC, ela tende, no final do período de armazenamento, a ser superior, indicando que existe uma pequena quebra de dormência da semente, embora, segundo a analise estatística de comparação entre medias, essas diferenças de 61% e 66% não sejam significativas em nível de 5% de probabilidade pelo teste de Tukey. Tabela 3 Comparação entre medias dos valores médios de germinação das sementes de aroeira, quando submetidas ao período de armazenamento de 25 dias Período de armazenagem (dias) Germinação (%) 0 5 15 25 Desvio Mínimo Significativo (DMS) = 61,0 a 55,0 b 60,0 ab 63,5 a 5.06250 Tabela 4 Comparação entre medias dos valores médios de germinação das sementes de aroeira. para a Interação: Tipo de congelamento x Período de armazenamento Periodo de Tipo de Congelamento (TC) armazenamento Imersão em N L Vapor do nitrogênio 2 (dias) a -196 oC a -170 oC 0 5 15 25 DMS para colunas = MG = 59,88 61,0 aAB 56,0 aB 57,0 bB 66,.0 aA 5.3 DMS para linhas = CV% = 5,11 61,0 aAB 54,0 aB 63,0 aA 61,0 aAB 7.16 Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna Gonzaga et al. 151 Crioconservação de sementes de aroeira 100 90 80 Germinação (%) 70 60 50 40 o Vapor do nitrogênio líquido (-170 C) 30 2 G = 53,715 + 4,558.exp(d/44,537) X = 39.53 o Imersão em nitrogenio líquido (-196 C) 20 G = 57,24 + 0,236.exp(d/7,028) 2 X = 20.608 10 0 0 5 10 15 20 25 Período de armazenamento (dias) Figura 1 Curva de germinação da semente de aroeira em função do período de armazenagem para dois tipos de crioconservacao Na Tabela 5, encontra-se a analise de variância da germinação das sementes de baraúna referente ao delineamento experimental proposto, onde se pode constatar que existem diferenças significativas entre os dois tipos de crioconservação e o período de armazenagem a que as sementes foram submetidas. Na Tabela 6, verifica-se que a semente de baraúna se crioconserva melhor no nitrogênio liquido a -196 oC do que no vapor do nitrogênio a -170 oC, embora se observe que, em ambos os métodos de crioconservação, a germinação das sementes sejam superiores as iniciais. Este fato pode ser melhor observado na Tabela 8 , onde se constata que as sementes de baraúna, após 25 dias tem uma germinação, significativamente, superior à inicial. Na Figura 2, encontra-se a curva que representa o aumento da germinação das . Tabela 5 Análise de variância da germinação da de congelamento e períodos de armazenagem Fonte de Variação Tipo de Congelamento (TC) Período de Armazenagem (PA) TC x PA Resíduo Total GL 1 3 3 16 23 sementes de baraúna com o período de armazenamento. Como é sabido, as sementes não aumentam sua viabilidade, durante a sua armazenagem, pois segundo Popinigis (1977), as sementes, ao atingirem sua maturidade fisiológica, atingem, também, o maximo de sua viabilidade e, a partir deste ponto, a semente, para se manter viva, consome suas reservas e, conseqüentemente, com o decorrer do tempo, diminui sua viabilidade. Portanto, um aumento da viabilidade da semente de baraúna, com o período de armazenagem, só poderia se dar pela quebra de dormência da semente, quando submetida aos dois métodos de crioconservação. Esta constatação pode ser embasada nos escritos de Toledo e Marcos Filho (1977) que indicam a submissão das sementes ao frio como um dos métodos para superar a dormência das sementes. semente de baraúna para diferentes temperaturas Quadrado Médio 121,50 ** 149,50 ** 17,50 ns 10,75 ns não significativo (*) significativo ao nível de 5% de probabilidade (**) significativo ao nível de 1% de probabilidade Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna 152 Gonzaga et al. Tabela 6 Comparação entre medias dos valores médios de germinação das sementes de baraúna quando submetidas a dois tipos de congelamento Tipo de Congelamento (TC) Germinação (%) Imersão em N2L a -196 oC Vapor do nitrogênio a -170 oC 67,50 a 63,00 b Desvio mínimo significativo (DMS) = 2,.84 Tabela 7 Comparação entre medias dos valores médios de germinação das sementes de baraúna quando submetidas ao período de armazenamento de 25 dias Período de armazenagem (dias) Germinação (%) 0 5 15 25 60,00 b 64,00 b 65,00 b 72,00 a Desvio Mínimo Significativo (DMS) = 5,42 Crioconservação de sementes de baraúna 100 90 Germinação (%) 80 70 60 50 o Imersão em nitrogenio líquido (- 196 C 40 2 G = -180,16 + 242,406.exp(d/553,128) 30 Vapor do nitrogenio líquido (- 170 C) 20 G = 59,63 + 0,2486.exp(d/6,701) X = 18.79 o 2 X = 0.04 10 0 0 5 10 15 20 25 Período de tempo (dias) Figura 2 Curva de germinação da semente de baraúna em função do período de armazenagem para dois tipos de crioconservação . CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos, conclui-se que: 1. as sementes de aroeira e baraúna podem ser crioconservadas, tanto por nitrogênio liquido a -196 oC, quanto no vapor do nitrogênio a temperaturas de -170 oC; 2. a semente de baraúna, quando crioconservada às temperaturas de -196 e -170 oC por um período de tempo de 25 dias apresentam percentuais de germinação mais elevados do que os iniciais, indicando que durante este processo, existe uma quebra de dormência pelo frio dessas sementes Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003 Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Almeida, F. de A.C.; Villamil, J.M.P.; Gouveia, J.P.G.. Efecto de la crioconservación sobre la germinación de semillas de leguminosas. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.2, n.1, p. 67-71, 2000. Ashwood-Smith, M. 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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003 ISSN 1517-8595 155 ANÁLISE DA COLORAÇÃO DA CASCA DE BANANA ‘PRATA’ TRATADA COM ETILENO EXÓGENO PELO MÉTODO QUÍMICO E INSTRUMENTAL Virgínia de Souza Álvares1, Paulo César Corrêa2, Gerival Vieira3, Fernando Luiz Finger3, Rodrigo Vasconcelos Agnesini4 RESUMO O objetivo deste trabalho foi de verificar a influência do tratamento de banana ‘Prata’ com etileno de acordo com o desenvolvimento da coloração da casca. O experimento foi montado no delineamento inteiramente casualizado, com 3 repetições, segundo um esquema de parcelas subdivididas tendo nas parcelas as concentrações de etileno (0, 10, 50, 100 e 1000 µL.L-1) e nas subparcelas os tempos de exposição ao tratamento (24, 48 e 72 horas). As bananas (cv. Prata), depois de lavadas e selecionadas, foram colocadas em baldes hermeticamente fechados para aplicação dos tratamentos por até 72 horas, à 18 ºC, com aeração por 20 minutos a cada 12 horas. A medida de cor da casca foi realizada a cada 24 horas pelo método químico e instrumental com colorímetro. Houve uma redução gradual no nível de clorofila total e da coordenada “a”, além do conseqüente aumento da coordenada “b” com o acréscimo da combinação entre concentração e tempo de exposição. Exposições dos frutos a concentrações superiores a 50 µL.L-1 de etileno ou por 48 horas foram consideradas excessivas, de acordo com a degradação da clorofila total na casca. A coordenada “a” foi a que mais variou ao longo do tratamento, sendo utilizada como indicadora de maturidade dos frutos. A concentração utilizada comercialmente de 1000 µL.L-1 de etileno foi considerada excessiva para o tratamento de banana ‘Prata’. Palavra-chave: coloração, banana, tratamento, etileno ANALYSIS OF THE “PRATA” BANANA PEEL COLORATION THAT’S TREATED WITH HEXOGEN ETHYLENE BY THE CHEMICAL AND INSTRUMENTAL METHOD ABSTRACT The objective of this work was to verify the influence of the “Prata” banana treatment, with ethylene, according to the development of the peel coloration. The experiment was done in the entirely random delineation repeated 3 times, according to a subdivided portions scheme, having, in the portions, the ethylene concentrations (0, 10, 50, 100 e 1000 µL.L-1) and the exposition times to the treatment in the treatment in the secondary portions (24, 48 e 72 hours). The bananas (cv. Prata) were placed in hermetically closed pails after they have been washed and selected tothe realization of the treatment by a period until 72 hours at 18 ºC, with 20 minutes of aeration in each 12 hours. The peel coloration measurement was realized in each 24 hours by the chemical and instrumental method with the colorimeter. There were a gradual reduction on the total chlorophyll level and ä”coordinate, besides the consequent increase in the “b” coordinate, with the increment of the combination between concentration and exposition time. An exposition of the fruits to superior concentrations to 50 µL.L-1 of ethylene or during 48 hours was considered excessive, according to the degradation of total chlorophyll on the peel. The “a” coordinate was the one that more varied during the treatment and is was used as the fruits maturity indicator. The commercial used concentration of 1000 µL.L-1 of ethylene was considered excessive to the “Prata” banana treatment. Keywords: coloration, banana, treatment, ethylene Protocolo 137 de 17/10/2003 1 Engº Agro. – M.Sc. Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, e-mail: [email protected] 2 Engº Agro. – D.S. Professor do Departamento de Eng. Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. 3 Engº Agro. – D.S. Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG. 4 Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG. 156 Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al. INTRODUÇÃO A bananeira do cultivar Prata (Musa AAB subgrupo Prata) é plantada, em quase todo o território brasileiro, apresentando importância, no mercado interno, principalmente no consumo ‘in natura’ (Agrianual, 2002). Dentre os frutos climatéricos, a banana possui larga faixa de maturidade fisiológica em que pode ser colhida e induzida a amadurecer com excelente qualidade. Frente ao seu curto período de conservação, depois de iniciados os processos relativos ao amadurecimento, técnicas que visem ao controle da fase préclimatérica têm sido estudadas e aprimoradas com o objetivo de se prolongar sua vida póscolheita, resguardando-se a manutenção de seus atributos de qualidade. As condições para a maturação controlada de bananas são selecionadas visando, principalmente, ao desenvolvimento da cor amarela da casca (Alves et al., 2000) e uniformidade de maturação. A cor dos frutos é a primeira avaliação que o consumidor faz no momento da compra e, de acordo com Wills et al. (1998) e Chauca (2000), ela é afetada, também, por características sensoriais, estando diretamente associada com o estado de maturação dos frutos. Dessa forma, a transição da coloração da casca de verde para amarelo é utilizada como um guia aproximativo do estádio de amadurecimento no caso de bananas (Vilas Boas, 1995). De acordo com Chitarra & Chitarra (1990), o amadurecimento é tido como a fase que se estende do estádio final da maturação, caracterizando-se por acentuadas mudanças, nos fatores sensoriais de sabor, odor, cor e aparência, que tornam o fruto aceitável para o consumo. Durante o transporte pós-colheita, manejo e amadurecimento, o estado de maturidade de bananas é checado, regularmente. Existem vários métodos que podem ser usados para determinar a maturidade, sendo que o principal é a coloração da casca. Existem 3 principais métodos de visualização da coloração da casca: visual, químico e instrumental. O exame visual, que é feito por observação humana e comparação com uma escala de cores, embora usado em escala comercial é um método subjetivo que varia de acordo com o critério do observador. Desde que a variação da cor da casca de verde para amarelo, durante o amadurecimento de bananas depende da perda da clorofila, o seu conteúdo, também, pode ser usado para caracterizar a variação da cor. A determinação da coloração dos frutos por colorímetro analisa as diferenças de cor da casca que aproxima espectralmente do padrão observado pelos olhos com a vantagem de ser tridimensional, excluindo avaliações de cada observador. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi de verificar a influência da concentração de etileno e tempo de exposição ao tratamento de banana ‘Prata’ originando frutos de boa qualidade e de vida útil para o consumo de acordo com o desenvolvimento da coloração da casca. MATERIAL E MÉTODOS Bananas do cultivar ‘Prata’ com, aproximadamente, 32 mm de diâmetro foram colhidas em um pomar comercial em Julho de 2002 no município de Coimbra (MG) e levados para o laboratório de pós-colheita da Universidade Federal de Viçosa a 10 Km, em Viçosa, MG. Foi realizada a separação dos frutos, lavagem, seleção e colocação de 13 frutos por balde de 20L que foram, hermeticamente, fechados para a aplicação dos tratamentos. Logo em seguida, foi feita a aplicação de etileno sob vários níveis (0, 10, 50, 100 e 1000 L.L-1) através de seringas, nas tampas dos baldes, devidamente, adaptadas para tal procedimento. Os baldes foram colocados em uma câmara à temperatura de 18 oC por diferentes períodos de tratamento (24, 48 e 72 horas). A cada 12 horas, os baldes foram abertos para aeração e feita nova aplicação das mesmas concentrações. A medida de cor da casca foi realizada, a cada 24 horas, pelo método químico e instrumental. Para a análise química, utilizou-se o método de Lichtenthaler (1987). Foi retirado 0,8 g de material com auxílio de um estilete, em diversos pontos da superfície do fruto e congelado em nitrogênio líquido para quantificação. Tais frações foram maceradas em almofariz de porcelana com 0,04g de areia lavada, acetona 80%, 0,008g de sulfato de magnésio e 0,008g de sulfito de sódio (antioxidante). Foi filtrado em funil com papel de filtro e completado o volume com acetona 80% em balão de 50 mL coberto com papel alumínio. Realizou-se a leitura em espectrofotômetro nos comprimentos de onda de 646,8 e 663,2 nm, utilizando acetona 80% como branco. Para a determinação de clorofila extraída em extrato cetônico a 80% foi utilizada a equação: Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003 Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al. Clorofila total (g.mL-1)= 8,02xA663,2 + 20,2xA 646,8 O resultado foi expresso na forma de g.g-1 de massa fresca da casca. A medida de cor da casca pelo método instrumental foi realizada com o auxílio de um colorímetro portátil “ColorTec” por um disco de 6,4 mm de diâmetro e ângulo de 45o oposto à iluminação. Cada fruto foi medido em 2 pontos eqüidistantes na região radial, como sugerido por Francis (1980) e Boudhrioua et al. (2002) e retirada a média dos valores obtidos. De acordo com Witherspoon & Jackson (1996), a cada ponto de leitura, o fruto foi rotacionado 90o sobre o eixo a fim de minimizar as variações na coloração da casca e no manejo do aparelho. Os dados foram registrados em valores na escala de Hunter (CIELAB), através das coordenadas “L” (brilho), “a” (-a é verde / +a é vermelho) e “b” (-b é azul / +b é amarelo), além de calculada a diferença de cor da casca pela fórmula E=((L)2 + (a)2 + (b)2)0,5 em relação ao tempo de exposição ao tratamento como citado por CORRÊA (1992), onde “” é a variação entre o maior e o menor valor da respectiva coordenada. O experimento foi instalado segundo esquema de parcelas subdivididas, tendo nas parcelas as concentrações (0, 10, 50, 100 e 1000 L.L-1 de etileno) e nas subparcelas os tempos de exposição ao tratamento (24, 48 e 72 horas) no Delineamento Inteiramente Casualizado com 3 repetições, totalizando em 15 unidades experimentais. Foi feito um teste de Dunnett para comparação dos resultados com a testemunha (frutos à temperatura ambiente de 157 21,6 ºC, em média, e sem tratamento com etileno). RESULTADOS E DISCUSSÃO A Figura 1 apresenta a tendência de redução gradual, no nível de clorofila total, na casca dos frutos tratados com o aumento da combinação entre a concentração de etileno exógeno e tempo de exposição ao tratamento. Quando comparado com a testemunha, os níveis de clorofila total reduziram, aproximadamente, 22-33% após 24 horas, 45-52% após 48 horas e 82-90% após 72 horas de exposição ao tratamento, dependendo da concentração utilizada, como visto na Tabela 1. Percebe-se um pequeno acréscimo na degradação até 50 L.L-1 de etileno, em todos os tempos de exposição ao tratamento, indicando que concentrações acima deste valor seriam desnecessárias para tal procedimento. Além disso, após 48 horas de exposição, os frutos já foram retirados do tratamento com metade da clorofila da casca degradada (45-52 %), sendo considerado um período de exposição excessivo. Já os frutos que não foram tratados, mas permaneceram na câmara a 18 oC (0 L.L-1 de etileno) nos respectivos tempos de exposição, tiveram redução dos níveis de clorofila total de apenas 13, 16 e 21% após 24, 48 e 72 horas. Ŷ = 282,584 – 0,0276264**T – 2,66579**TE R2 = 0,53 240 Clorofila total (µL.g-1.MF) 200 160 120 80 40 0 200 400 600 800 1000 Concentração de etileno (µL.L-1) **significativo ao nível de 1% pelo teste t. Figura 1 - Estimativa do conteúdo de clorofila total da casca de banana ‘Prata’ após o tratamento em função da concentração de etileno (T) para os respectivos tempos de exposição (TE) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003 Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al. 158 Os frutos verdes e maduros obtiveram valores maiores e menores de clorofila total de, aproximadamente, 274 e 26 g.g-1 de massa fresca da casca, respectivamente. Estes resultados contrariam os valores obtidos por Seymour (1993) e Meng et al (1997), que, em banana ‘Prata’ obtiveram para clorofila total 50100 g.g-1 de massa fresca em frutos verdes e quase zero em frutos maduros, embora neste atual trabalho os frutos não tenham alcançado o estádio máximo de amadurecimento para comparação (Tabela 1). Os resultados mostram que o conteúdo de clorofila pode ser usado como indicador da cor da casca de banana ‘Prata’. Porém, como a determinação química da coloração, envolvendo a extração de pigmentos componentes na casca é um método destrutivo, pode ser considerado indesejável sob escala comercial. Desse modo, o método instrumental pode ser usado por ser fácil, prático e não-destrutivo, baseando-se na medida da reflectância da superfície da casca. A figura 2 e a Tabela 1 apresentam um aumento nos valores da coordenada “a” que está relacionada com a cor verde da casca dos frutos. Desta forma, houve uma tendência de redução da coloração verde, a partir do tempo de exposição de 24 horas, com o aumento da combinação entre a concentração e tempo de exposição ao tratamento, como já indicado pelas análises químicas pela degradação gradual da clorofila. A coordenada “a” é a mais importante, pois possui variações mais acentuadas, sendo utilizada para a indicação de maturidade dos frutos, como citado por Witherspoon & Jackson (1996). Ŷ = -82,2481 – 0,0025029(**) T + 1,03968(**) TE R2 = 0,84 Tempo de exposição (h) 0 20 30 40 50 60 70 -10 Coordenada "a" -20 -30 -40 0 µL.L-1 10 µL.L-1 50 µL.L-1 100 µL.L-1 1000 µL.L-1 -50 -60 (**) significativo ao nível de 1% pelo teste t Figura 2 - Estimativa da coordenada “a” da escala CIELab da casca de banana ‘Prata’ após o tratamento em função da concentração de etileno (T) para os respectivos tempos de exposição (TE) Nota-se também (Tabela 1), o aumento dos valores da coordenada “b” com o aumento da concentração de etileno aplicado, principalmente para o período de 72 horas, indicando a intensificação da cor amarela da casca. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003 Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al. 159 Tabela 1 - Valores médios de clorofila total, coordenadas CIELab (“L”, “a” e “b”) e diferença da cor (E) da casca de banana ‘Prata’ tratada com diferentes concentrações de etileno (T) sob vários tempos de exposição (TE) a 18 ºC. T Clorofila Coordenada Coordenada Coordenada E -1 total “b” “a” “L” (L.L ) 0 274,56 19,70 -48,37 ns 44,18 ns ns 0 239,20 13,90 -51,47 ns 39,07 ns 0 10 207,08* 17,26 ns -53,55 ns 41,34 ns 4,56 ns ns ns 24 50 182,66* 17,65 -53,47 41,35 4,82 100 213,15* 18,34 ns -52,83 ns 42,51 ns 5,78 1000 208,29* 19,68 ns -52,87 ns 44,42 ns 8,01 ns ns * ns 0 230,43 20,61 -36,64 43,39 0 10 141,94* 17,58 ns -39,13 * 41,43 ns 4,38 48 50 131,09* 17,94 ns -41,83 ns 42,47 ns 5,91 ns ns 100 142,83* 18,54 -44,63 42,64 ns 8,29 ns ns ns 1000 150,48* 20,68 -52,74 46,16 16,34 0 217,57* 35,52* -12,92* 52,78* 0 10 49,48* 53,92* -1,10* 63,63* 24,38 72 50 47,96* 54,02* -1,13* 65,92* 25,57 100 25,93* 54,45* -0,50* 66,17* 26,30 1000 35,14* 55,17* 1,02* 68,43* 28,73 * significativo ao nível de 5% pelo teste de Dunnett; ns não significativo ao nível de 5% pelo teste de Dunnett. As médias seguidas com asterisco diferem do padrão ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de Dunnett. Cada dado é a média de 3 repetições. TE (h) 0 A Tabela 1 indica um aumento da diferença de cor de, aproximadamente, de 4-8% após 24 horas, 4-16% após 48 horas e 24-28% após 72 horas de exposição ao tratamento. Maiores variações foram encontradas em uma mesma concentração ao longo do tempo de exposição, com, aproximadamente, 20% de acréscimo na variação da cor da casca, quando se compara 1000 L.L-1 à testemunha. 28,73 26,30 25,57 Diferença de cor 24,38 16,34 8,29 24 h 48 h 72 h 5,91 4,38 8,01 5,78 4,82 4,56 0,0 0 200 400 600 800 1000 Concentração de etileno (uL.L-1) Figura 2 – Evolução da diferença total de cor com as diferentes concentrações de etileno para cada tempo de exposição Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003 160 Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al. Nota-se o aumento da diferença de cor com o acréscimo da concentração de etileno no mesmo tempo de exposição (Figura 2). Do mesmo modo, à medida que o tempo de exposição aumentou, houve acréscimo da variação de cor da casca para uma mesma concentração de etileno aplicada. CONCLUSÃO Esses resultados indicam que a combinação entre a concentração e o tempo de exposição ao etileno exógeno interfere no amadurecimento e, conseqüentemente, na coloração da casca, com maior influência do último. A concentração de 1000 L.L-1 de etileno e o tempo de exposição de 72 horas são considerados excessivos, pois os frutos já saíram do tratamento com a coloração da casca amarela. A concentração de 50 L.L-1 de etileno foi considerada adequada ao tratamento, além de um período de exposição de até 48 horas. Chitarra, M. I. F.; Chitarra, A. B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: Fisiologia e manuseio. [s.n.]. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320 p. Corrêa, P. C. 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A umidade variou, em média, de 91,54 a 71,60%, sendo maior na amostra com menor concentração (9oBrix) e menor na amostra com maior SST (24oBrix). O teor médio de pectina foi 0,3464% e 1,0005%, nas polpas com 9 e 24oBrix, respectivamente. O conteúdo mineral (cinzas) das amostras variou de 0,4275 a 1,0723%. Os valores das viscosidades aparentes das amostras aumentaram com o aumento da concentração, e o aumento da velocidade de rotação provocou reduções nesses valores. A viscosidade aparente das polpas de umbu-cajá em função do teor de pectina e em função dos sólidos solúveis totais podem ser representadas por uma equação linear com R2 superiores a 0,9. Palavras-chave: Spondias, viscosidade, concentração APPARENT VISCOSITY OF CONCENTRATED UMBU-CAJÁ PULP AT 10OC ABSTRACT The objective of this work was to evaluate the effect of concentration of the umbu-cajá pulp on the composition and on the apparent viscosity at 10oC. Umbu-cajás were processed in depulping and the obtained pulp was concentrated in rotative evaporator. The determined characteristics were moisture, pectin and ashes. The viscosities were determined using a Brookfield viscometer model RVT. The moisture varied from 91.54 to 71.60%, being larger in the sample with smaller concentration (9oBrix) and smaller in the sample with larger TSS (24oBrix). The medium pectin content was 0.3464% and 1.0005%, in the pulp with 9 and 24oBrix, respectively. The mineral content (ashes) of the samples varied from 0.4275 to 1.0723%. The values of the apparent viscosities of the samples increased with the increase of the concentration, and the increase of the rotation speed provoked reduction in these values. The apparent viscosity of the umbu-cajá pulps in function of the pectin and in function of the total soluble solids can be represented by a linear equation with R2 superiors to 0.9. Keywords: Spondias, viscosity, concentration INTRODUÇÃO O Brasil destaca-se como segundo produtor mundial de frutas, com um volume produzido de 37,8 milhões de toneladas, em 1997. Desse total, estima-se que apenas 0,8% (cerca de 300 mil toneladas) seja constituído por frutas tropicais pouco exploradas economicamente, tais como graviola, pinha, sapoti e inúmeras outras, inclusive frutas do gênero Spondias (FAO, 2000). ___________________ Protocolo 139 de 27/10/2003 1 Aluna de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, UFCG 2 Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal 10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected] 162 Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C, A umbu-cajazeira, árvore pertencente à família das Anacardiáceas e gênero Spondias, é considerada um híbrido natural entre o umbuzeiro (Spondias tuberosa) e a cajazeira (Spondias lutea). No Brasil, notadamente, no Nordeste, essas espécies têm considerável importância social e econômica, fato comprovado pela crescente comercialização de seus frutos e produtos processados em mercados, supermercados e restaurantes da região (Souza, 1998).A umbu-cajazeira apresenta características de planta xerófila, sendo encontrada em plantios não-organizados, disseminados em Estados do Nordeste (Lima et al., 2002b). O fruto é caracterizado como uma drupa arredondada, de cor amarela, casca fina e lisa, com endocarpo (caroço) grande, branco, saberoso e enrugado, localizado na parte central do fruto, no interior do qual se encontram os lóculos, que podem ou não conter uma semente. A umbu-cajazeira apresenta cerca de 90% dos endocarpos desprovidos de sementes (Souza et al., 1997) o que torna inviável a sua propagação sexuada, sendo tradicionalmente propagada pelo método vegetativo assexuado, por meio de estacas de 35 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro (Lopes, 1997). Segundo Lima et al. (2002b) os frutos possuem excelente sabor e aroma, boa aparência e qualidade nutritiva, sendo muito consumido na forma "in natura", apresentando rendimento médio de 55 a 65% em polpa, com potencial para utilização na forma processada como polpa congelada, sucos, néctares e sorvetes. A diversidade genética das populações subespontâneas de umbu-cajazeira presentes, no Nordeste brasileiro, é bastante ampla, porém, encontra-se ameaçada pelo processo indiscriminado de exploração das áreas, onde ocorrem, particularmente, pela prática de formação de pastagens e pela expansão das áreas urbanas. Outras informações sobre essa espécie praticamente inexistem na literatura especializada. É, portanto, imperativo que esforços no sentido de garantir a preservação e a utilização racional da variabilidade genética dessa importante fruteira sejam empreendidos pelos órgãos de pesquisa pública (Souza et al., 2001). Para fabricação da maioria dos produtos derivados de frutas, geralmente, se utiliza a polpa concentrada, da qual se torna indispensável o conhecimento de suas propriedades físicas e químicas nas etapas do processamento. Dentre essas propriedades, o Torres et al. comportamento reológico ocupa posição de grande destaque, porém, há escassez de dados sobre propriedades reológicas dos sucos, polpas e outros concentrados de frutas brasileiras (Vidal & Gasparetto, 2000). A matéria prima brasileira apresenta características diferentes daquela produzida em outras partes do mundo, principalmente no que diz respeito aos teores de polpa e de açúcar, que vão influenciar diretamente no teor de sólidos solúveis e insolúveis (Vidal, 1997). A crescente necessidade e procura dos parâmetros reológicos para os diversos fluidos manipulados na indústria de processamento está ligada, também, à grande importância econômica que estes fluidos e equipamentos de manipulação representam atualmente (Gehrke, 1996). Considerando que o processamento em escala industrial requer, entre outras condições, informações sobre as propriedades da matériaprima a fim de se obter a melhor qualidade no produto final, bem como otimizar as variáveis custo e benefício, investigou-se nesse trabalho polpas de umbu-cajá, quanto as suas características químicas e quanto às viscosidades aparentes de cada polpa sob o efeito de seis diferentes concentrações de sólidos solúveis totais, à temperatura de 100C. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi conduzido no Laboratório de Armazenamento e Processamento de Produtos agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, Campus I, Campina Grande – PB. Foram utilizados umbu-cajás provenientes da cidade de Açu – RN, adquiridos no comércio local. A seleção dos frutos ocorreu, manualmente, escolhendo-se, apenas os frutos que possuíam os melhores aspectos, como brilho, mesmo grau de maturação, firmeza da casca e não apresentavam sinal de deterioração. Inicialmente, a limpeza dos frutos foi feita em água corrente, seguida de desinfecção por imersão em solução de hipoclorito de sódio com concentração de 50 ppm, enxaguando-se, posteriormente, em água corrente e deixando escorrer o excesso de água antes do processamento. A extração da polpa foi obtida em despolpadeira rotativa. A polpa pronta foi homogeneizada e embalada em embalagens de polietileno de baixa densidade e submetida a congelamento ultra-rápido, em nitrogênio Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003 Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C, líquido a –1100C. O material congelado foi armazenado em câmara a –220C. Pectina O teor de pectina foi determinado pelo método proposto por Carré e Haynes (Pearson, 1970), cujo princípio se baseia em neutralizar as cargas dos resíduos de ácidos urônicos livres pelos íons de cálcio, de maneira a provocar a geleificação da pectina e sua precipitação. Os resultados foram expressos em porcentagem de pectato de cálcio (p/p). Torres et al. 163 Análise estatística As análises estatísticas dos dados de pectina, umidade e cinzas foram feitas, utilizando-se o delineamento inteiramente casualizado, e os dados de viscosidade aparente em esquema fatorial 8 x 6 (concentrações e velocidades) com três repetições, e a comparação das médias pelo teste de Tukey, usando-se o programa computacional ASSISTAT (Silva & Azevedo, 2002). RESULTADOS E DISCUSSÃO Sólidos solúveis totais Pectina Determinou-se o conteúdo dos sólidos solúveis totais (°Brix) em refratômetro de bancada tipo Abbe, marca Quimis modelo Q109B. Umidade A umidade foi estabelecida de acordo com a metodologia do Instituto Adolfo Lutz (1985). Cinzas O método utilizado para a determinação da quantidade de substâncias inorgânicas obtidas através das cinzas ou resíduo mineral fixo da amostra, foi baseado no resíduo obtido por incineração da amostra em mufla a 525°C (AOAC, 1997). Concentração As amostras de polpa de umbu-cajá congeladas foram retiradas, paulatinamente, do freezer para a realização da concentração em evaporador rotativo até os teores de sólidos solúveis totais de 13oBrix, 15oBrix, 18oBrix, 21oBrix e 24oBrix. Na Tabela 1, são apresentados os valores médios de pectina determinados na polpa de umbu-cajá em diferentes concentrações. Verifica-se, de forma geral, aumento no percentual de pectinas com o aumento da concentração. Constata-se que não existe, estatisticamente, diferença significativa (p<0,05) entre os teores de pectina das amostras com 13oBrix, 15 oBrix e 18 oBrix. O valor de pectina para a amostra a 90Brix assemelha-se ao relatado por Silva et al. (1999), para polpa de cajá, que foi de 0,35% de pectato de cálcio, já o valor citado por Policarpo et al. (2002) de pectina total de 0,636mg/100g para a polpa de umbu encontrase próximo ao da amostra a 180Brix. Na polpa integral (130Brix) o teor de pectina de 0,57% pectato de cálcio, representa um conteúdo, relativamente, pobre, se comparado com outros frutos, tais como: limão (3-4%), banana (0,71,2%) e maçã (0,5-1,6%) (Fogarty & Ward, 1972). O teor de pectina aumentou cerca de 96% na polpa a 24oBrix com relação à polpa integral, sendo as substâncias pécticas os principais componentes químicos dos tecidos, as quais são responsáveis pelas mudanças de textura dos frutos (Chitarra & Chitarra, 1990). Viscosidade As viscosidades aparentes das amostras foram medidas em viscosímetro da marca Brookfield, modelo RVT a 10oC. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003 Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C, 164 Torres et al. Tabela 1 - Valores médios do teor de pectina das polpas de umbu-cajá em diferentes concentrações Concentração (oBrix) 9 13* 15 18 21 24 Pectina (% pectato de cálcio) 0,3464 d 0,5098 c 0,5722 c 0,6099 c 0,8525 b 1,0005 a * Polpa integral DMS = 0,1407; MG = 0,6486% pectato de cálcio; CV = 7,91% MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. Umidade Através dos valores médios de umidade das polpas de umbu-cajá (Tabela 3), comprova-se o decréscimo desse conteúdo com o aumento dos sólidos solúveis totais (oBrix), havendo diferença significativa entre todas as amostras. A umidade da polpa a 15oBrix assemelha-se ao determinado por Noronha et al. (2000) que foi de 86%, porém esse valor está abaixo da umidade da polpa integral (88,81%) o qual assemelha-se ao valor publicado por Cavalcante et al. (2003) de 89,16% para o umbu maduro. Tabela 2 - Valores médios da umidade para as polpas de umbu-cajá em diferentes concentrações Concentração (oBrix) Umidade (%) 9 91,54 a 13* 88,81 b 15 86,13 c 18 84,27 d 21 81,06 e 24 77,60 f DMS = 0,20992; MG = 84,90%; CV = 0,07% MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. Cinzas O conteúdo mineral (cinzas) das polpas de umbu-cajá, nas diferentes concentrações estudadas (Tabela 3), é superior ao obtido por Lima et al. (2002) que foi de 0,33%. Esse percentual aumenta ao passo que a concentração aumenta, não havendo diferença significativa entre a polpa integral (13oBrix) e as polpas a 150Brix e 180Brix. As cinzas na polpa de umbu-cajá integral (130Brix) estão na mesma faixa de valor encontrada no umbu de 0,53% (Ferreira, 2000). Tabela 3 - Valores médios das cinzas para a polpa de umbu-cajá em diferentes concentrações Concentração (oBrix) Cinzas (%) 9 0,4275 e 13* 0,54275 d 15 0,7037 c 18 0,7867 bc 21 0,9641 ab 24 1,0723 a DMS = 0,1877; MG = 0,7720%; CV = 8,87% MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003 Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C, Reologia Observa-se, na Tabela 4, reduções das viscosidades aparentes com o aumento da velocidade de rotação; nas amostras com concentrações mais altas (18, 21 e 24oBrix) esse comportamento é, estatisticamente, diferente (p<0,05) entre todos os valores médios da viscosidade, porém, nas demais concentrações (9, 13 e 15oBrix), não existe diferença significativa, entre as viscosidades nas velocidades de 50 e 100rpm. O decréscimo de viscosidade com a velocidade de rotação em todas as concentrações estudadas, também, foi verificado por Evangelista et al. (2003) ao trabalharem com polpa de umbu. Também, podem ser observados, de maneira geral, aumento dos valores de viscosidade com o aumento dos sólidos solúveis totais (0Brix), concordando com o estudo de Silva (1999). Nas velocidades de rotação entre 0,5 e 20rpm todas as amostras diferem, estatisticamente, entre si com o Torres et al. 165 aumento da concentração, porém nas velocidades mais elevadas, essas diferenças apresentam algumas exceções. Na velocidade de 50 rpm, a viscosidade aparente da polpa a 90Brix não difere, estatisticamente, da polpa a 130Brix, e a polpa a 130Brix não difere, estatisticamente, da polpa a 150Brix. Na velocidade de 100 rpm, a viscosidade das três amostras com menor teor de sólidos solúveis totais não diferem, estatisticamente, e as viscosidades das amostras a 15 e a 180Brix são, estatisticamente, iguais. Em termos percentuais, verifica-se aumento nas viscosidades, com os seguintes índices entre os valores das amostras com menor (90Brix) e maior (24oBrix) concentração, para cada velocidade: velocidade de 0,5 rpm, 1.073%, velocidade 1rpm, 1.208%, velocidade de 2,5rpm 1.422%, velocidade de 5rpm 1.456%, velocidade de 10rpm 1.548%, velocidade de 20rpm 1.580%, velocidade de 50rpm 1.402%, velocidade de 100rpm, 1.277%. Tabela 4 - Viscosidades aparente (Pa.s) das polpas de umbu-cajá em diferentes concentrações a 100C Velocidade Concentrações (0Brix) de rotação 9 13 15 18 21 24 (rpm) 0,5 10,37aF 25,4 aE 37,6 aD 66,24 aC 84,16 aB 121,64 aA 1 6,86 bF 18,68 bE 27,52 bD 48,08 bC 60,32 bB 89,76 bA 2,5 3,31 cF 9,59 cE 15,06 cD 26,62 cC 33,15 cB 50,40 cA 5 1,95 dF 5,71 dE 9,28 dD 15,82 dC 20,24 dB 30,34 dA 10 1,12 deF 3,29 eE 5,50 eD 9,40 eC 12,34 eB 18,46 eA 20 0,67 eF 1,86 fE 3,25 fD 5,51 fC 7,53 fB 11,26 fA 50 0,39 eE 0,94 fgDE 1,65 gD 2,81 gC 3,96 gB 5,86 gA 100 0,26 eD 0,5799 gD 1,02 gCD 1,75 hBC 2,45 hB 3,58 hA DMS colunas = 0,920; DMS para linhas = 0,865; MG =19,22 Pa.s; CV = 2,47% MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo. Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade. Têm-se, na Tabela 5, os valores dos parâmetros de ajuste da equação linear e dos coeficientes de determinação (R2) para a representação dos dados de viscosidade em função da concentração das polpas de umbucajá, nas diferentes velocidades de rotação. Constata-se que os valores de R2 variaram entre 95,22% e 96,47%, o que se traduz em um bom grau de confiabilidade das equações de regressões para estimar a viscosidade das polpas de umbu-cajá em função dos sólidos solúveis totais. Bayindirli (1993), também, verificou em suco de uva que a viscosidade aparente aumenta rapidamente com os sólidos solúveis totais. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003 Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C, 166 Torres et al. Tabela 5 – Parâmetros da equação de regressão linear para representar os dados de viscosidade aparente em função da concentração para a polpa de umbu-cajá a 10oC =a+b(SST) Velocidade (rpm) 0,5 1,0 2,5 5,0 10 20 50 100 a b -66,2862 -49,2885 -28,6640 -17,3533 10,7960 -6,72513 -3,53317 -2,11921 7,431272 5,469509 3,101138 1,874598 1,148862 0,704308 0,367790 0,223552 R2 (%) 96,47 96,24 95,91 96,22 96,04 95,56 95,30 95,22 - viscosidade aparente (Pa.s); a, b – parâmetros da equação linear; SST – sólidos solúveis totais (OBrix). Na Figura 1 tem-se a representação gráfica da viscosidade aparente das polpas de umbu-cajá em função da concentração de pectina nas oito velocidades estudadas. Observa-se que a viscosidade aparente aumenta com a concentração de pectina. Os coeficientes de determinação foram superiores a 0,9, demonstrando alta correlação entre o percentual de pectina e a viscosidade. Sharma et al. (1996) também verificaram que as pectinas influenciam as propriedades reológicas e de fluxo da polpa de tomate. 1 6 0 2 0 ,5 y = ( 5 2 ,0 5 4 5 9 3 ) + ( 1 6 9 ,0 2 6 4 ) * x-R = 0 ,9 6 5 1 4 0 1 2 y = ( 3 8 ,8 6 8 0 9 ) + ( 1 2 4 ,4 8 9 2 ) * x-R = 0 ,9 6 2 2 2 .5 y = ( 2 2 ,7 3 8 8 ) + ( 7 0 ,5 5 7 5 7 ) * x-R = 0 ,9 5 9 1 2 0 5 2 y = ( 1 3 ,8 1 9 9 4 ) + ( 4 2 ,7 2 5 6 6 ) * x-R = 0 ,9 6 2 2 1 0 y = ( 8 ,6 6 9 8 7 ) + ( 2 6 ,2 4 5 3 2 4 ) * x-R = 0 ,9 6 0 1 0 0 2 2 0 y = ( 5 ,4 6 4 4 9 8 ) + ( 1 6 ,1 5 5 6 5 5 ) * x-R = 0 ,9 5 6 2 5 0 y = ( 2 ,8 8 8 8 9 6 ) + ( 8 ,4 5 8 1 3 0 3 ) * x-R = 0 ,9 5 3 Viscosidade(Pa.s) 8 0 2 1 0 0y = ( 1 ,7 2 4 4 1 ) + ( 5 ,1 3 6 1 2 6 ) * x-R = 0 ,9 5 2 6 0 4 0 2 0 0 2 0 0 ,4 0 ,6 0 ,8 1 ,0 P e c tin a ( % ) Figura 1 - Variação da viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá em função do conteúdo de pectina, para velocidades distintas, a 100C CONCLUSÕES Diante dos resultados obtidos, pode-se concluir que: O teor de pectina nas polpas de umbu-cajá aumentaram com a concentração dos sólidos solúveis totais. A umidade decresceu com o aumento do teor de sólidos solúveis totais, variando de 91,54% para a polpa menos concentrada (90Brix) a 77,60% para polpa de maior concentração (240Brix). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003 Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C, O conteúdo mineral (cinzas) variou de 0,4275 a 1,0723%, estando os maiores valores nas polpas de maior concentração. As viscosidades aparentes das polpas de umbu-cajá foram influenciadas pelo conteúdo de sólidos solúveis totais e pectina. A concentração das amostras provocou acréscimos nas viscosidades aparentes. O aumento da velocidade de rotação provocou reduções nos valores das viscosidades aparentes. O valor da viscosidade aparente da amostra a 24oBrix com relação a de 9oBrix aumentou em média 1.370%. As viscosidades aparente das polpas de umbu-cajá em função do teor de pectina e em função dos sólidos solúveis totais podem ser representadas por equações lineares, com R2 superiores a 0,9. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Association of Official Analytical Chemists. Official methods of analysis of AOAC international, 16.ed. Gaitherburg: Patricia Cunniff, 1997. v.2, 1141p. Bayindirli, L. Density and viscosity of grape juice as a function of concentration and temperature. Journal of Food Processing and Preservation, v.17, p.147-151, 1993. Cavalcante, N. de B.; Anjos, J.B. dos; Resende, G.M. Alternativa para conservação da polpa do fruto do imbuzeiro (spondias tuberosa Arruda) em temperatura ambiente. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 32. Goiânia. Anais... 2003. CD Rom. Chitarra, M.I.F.; Chitarra, A.B. Pós-colheita de frutos e hortaliças: fisiologia e manuseio. Lavras: ESAL/FAEPE, 1990. 320p. Evangelista, I.J.; Queiroz, A.J.M.; Figueirêdo, R.M.F. 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Gomes de Gouveia2, Carlos Alberto V. de Azevedo2, Manassés M. da Silva3, Roberto Vieira Pordeus4 RESUMO A necessidade de integração das economias da região semi-árida aos mercados nacional e internacional torna imperativo o desenvolvimento de pesquisas visando à avaliação de espécies tolerantes à salinidade. Com esse objetivo, estudou-se o efeito da salinidade da água de irrigação sobre quatro cultivares (CNPA-G2, INAMAR-SM2, ORO-9171 e IAC-OURO) de gergelim (Sesamum indicum L.), desenvolvidas pela Embrapa Algodão. Os resultados mostraram que as quatro cultivares estudadas são tolerantes aos teores de sal aplicados, tendo as sementes germinado em todos os níveis de salinidade (25 a 200 mmolc L-1), muito embora o percentual de germinação tenha decrescido com o aumento do teor de NaCl. O comprimento total de plântulas e o comprimento de hipocótilo foram afetados com o aumento das concentrações salinas. A cultivar IAC-OURO foi a mais sensível aos efeitos da salinidade. Palavras-chave: germinação, gergelim, salinidade, vigor GERMINATION AND VIGOUR IN THE INITIAL DEVELOPMENT OF SESAME: EFFECT OF IRRIGATION WATER SALINITY ABSTRACT The need of integration of the semi-arid region economies with the national and international markets, makes necessary the development of researches seeking the evaluation of tolerant to salinity species. With this purpose, the effect of irrigation water salinity on four varieties (CNPA-G2, INAMAR-SM2, ORO-9171 and IAC-OURO) of sesame (Sesamum indicum L.), developed by Embrapa Algodão, was studied. The results showed that the four studied varieties are tolerant to the applied salt contents, where the seeds germinated in all salinity levels (25 to 200 mmolc L-1), even the percentage of germination has decreased with the increase of NaCl content. The total length of plantules and hypocotyl length were affected by the increase of the saline concentrations. The IAC-OURO variety was the most sensitive to salinity effects. Keywords: germination, sesame, salinity, vigour Protocolo 139 de 28/10/2003 1 Doutoranda em Recursos Naturais da UFCG. Professora Visitante da UEPB, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected]. 2 Professor Doutor do DEAg/CCT/UFCG. E-mail: [email protected]; [email protected]. 3 Mestrando em Engenharia Agrícola. Bolsista da CAPES. DEAg/CCT/UFCG. Campina Grande, PB. Email: [email protected]. 4 Doutorando em Recursos Naturais. Bolsista do CNPq. DEAg/CCT/UFCG. Campina Grande, PB. E-mail: [email protected]. 170 Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al. INTRODUÇÃO O crescimento da população e de sua densidade contribui para a exploração dos recursos naturais além de sua capacidade de suporte. O aumento da população, assim como das demandas por alimentos, vem provocando significativo impacto na base dos recursos naturais. A recente integração das economias das regiões semi-áridas aos mercados nacional e internacional vem estimulando uma maior exploração dos recursos para atender às crescentes demandas. A maior parte do semi-árido brasileiro possui características físico-ambientais que limitam seu potencial produtivo, como a evapotranspiração elevada, ocorrência de secas, solos de reduzida profundidade e baixa capacidade de retenção de água. Além dessas inconveniências, sistemas produtivos, nem sempre adequados, contribuem, cada vez mais, para degradação dos solos, da vegetação e da biodiversidade dessas regiões; por exemplo, a irrigação e drenagem mal conduzidas têm contribuído para um aumento considerável das áreas salinizadas. A agricultura das regiões áridas e semiáridas exige investigações e aplicações de técnicas avançadas de produção de culturas em solos salinos. No nordeste do Brasil, estudos dessa natureza exercem destacada importância e carecem de profundas investigações. No entanto, nessas regiões, a produção agrícola somente possui viabilidade, utilizando-se a irrigação. Daker (1988), chama a atenção para a quantidade de sal que contém a água de irrigação em zonas áridas. De acordo com estudos realizados, afirma que uma lâmina de água de 30 cm, aplicada em 1 hectare, pode conter de 200 a 500 kg de sal; podendo-se considerar como sendo de 1000 a 10000 kg ha-1 por ano (em média 5000 kg ha-1) os sais levados para os solos pelas águas usadas na irrigação nas regiões áridas e semi-áridas. Se uma parte ou a totalidade deste sal não se perde na água de drenagem, o solo se torna, progressivamente, salino. Maas & Hoffman (1977) afirmam que, de uma maneira geral, a salinidade afeta as plantas em todos seus estádios, sendo que em algumas culturas mais sensíveis isto pode variar dos primeiros estádios para os últimos. A salinidade afeta em muitos aspectos o metabolismo das plantas, provocando mudanças anatômicas e morfológicas nas mesmas. Os efeitos da salinidade na germinação das sementes e no vigor das plântulas verificam-se de duas maneiras: pelo efeito osmótico, onde à medida que a concentração salina da solução do solo aumenta, a pressão osmótica aumenta e, conseqüentemente, há uma diminuição da absorção de água pela semente; e pelo efeito tóxico, em que a concentração de um ou mais íons específicos provoca toxidade, quando são absorvidos pela semente (Pizarro, 1988). Black (1975) mostra que a susceptibilidade das plantas à salinidade varia, de espécie para espécie, de cultivar para cultivar e, principalmente, com a fase de desenvolvimento das plantas. A tolerância de cada material biológico à salinidade do solo aumenta com sua capacidade de adaptação a uma elevada concentração de solutos e diminui com sua resistência a esta adaptação. Diante da importância econômica dos problemas causados pela salinidade, que, na maioria dos casos, deprecia os solos em seu potencial produtivo, surge a necessidade de se pesquisar novos métodos corretivos, economicamente, viáveis, principalmente, no que se refere à sensibilidade das plantas aos distintos tipos de sais em função das diferentes etapas de crescimento e desenvolvimento da cultura. Como na maioria das vezes, a germinação e as primeiras fases de crescimento das plântulas são os estádios críticos da produção das plantas sob condições salinas, fazse necessário um conhecimento e uma análise do comportamento, quer entre espécies, quer entre cultivares de uma mesma espécie, objetivando-se um “stand” satisfatório de plantas em áreas salinizadas. O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma cultura de clima quente, originário da Índia e cultivado, atualmente, em quase todos os países do mundo com a finalidade principal de extração de óleo, dado ao seu largo emprego na indústria, na medicina e na alimentação. O óleo é muito rico em ácidos graxos insaturados, como oléico e linoleico, e apresenta vários constituintes secundários que são importantíssimos na definição de suas qualidades. Entre os constituintes menores do óleo de gergelim, encontram-se o sesamol, a sesamina e a sesamolina. O sesamol com suas propriedades antioxidantes confere ao óleo uma elevada estabilidade química, evitando a rancificação, sendo dentre os demais, o que apresenta a maior resistência à oxidação (Beltrão et al., 1994; Firmino, 1996). Devido à sua alta estabilidade oxidativa, o óleo de gergelim tem sido adicionado à margarina e aos óleos de salada e fritura. Nos Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003 Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al. últimos anos, atenção especial tem sido dada aos antioxidantes naturais, devido à tendência mundial de redução de aditivos sintéticos (Frankel, 1996). Tal é a qualidade do óleo que, se batatas fossem fritas em óleo de gergelim, em substituição ao óleo de milho, sua vida de prateleira nos supermercados seria de três meses em vez de três semanas. Outra característica peculiar do óleo de gergelim é sua função de ativador de certas substâncias inseticidas, como a rotenona e a piretrina, entre outras, cujos efeitos tóxicos são aumentados em presença do óleo de gergelim. Esta propriedade não foi encontrada em nenhum outro óleo e é atribuída, principalmente, à sesamina. (Silva, 1983). De acordo com Arriel et al. (1998), no período de 1990-1996, a área plantada de gergelim no mundo, girou, em torno de seis milhões de hectares; Ásia e África detêm cerca de 90% da área cultivada, destacando-se a Índia (37%) e China (12%), como os maiores plantadores. Em 1995, a produção total de grãos de gergelim, no mundo, foi de 2,738 mil toneladas; os principais países produtores são a Índia e China, com 50% da produção total, seguidos do Sudão, Uganda, Bangladesh e Etiópia. Uma das grandes vantagens, na exploração dessa cultura, para a região nordestina, seria contribuir para reduzir a ociosidade das indústrias oleaginosas, que é de mais de 50%, pois a utilização do gergelim darse-ia, quando essas usinas estivessem carentes de matéria-prima para o beneficiamento. Além disso, trata-se de uma cultura com demandas externas e internas não satisfeitas, pois o défice nacional é estimado em 80%, sendo suprido através da importação de óleos e sementes para as indústrias. Mantendo-se os atuais níveis de produtividade, poder-se-ia expandir a área cultivada, e com o excedente de produção, abrir-se-ia uma possibilidade de se conquistar uma parcela do mercado externo, devido à alta cotação do óleo desta oleaginosa, no comércio internacional. Os preços internacionais variam de US$ 500,00 a 750,00 por tonelada de sementes, enquanto o óleo extraído com solventes varia de US$ 800,00 a 1000,00, por tonelada, garantindo ao Nordeste mais esta fonte de divisas, permitindo-se afirmar que existe a possibilidade de essa cultura, em futuro próximo, tornar-se de grande importância econômica para região. Diante da carência de estudos específicos sobre o efeito salino nessa espécie vegetal, propôs-se este trabalho com o objetivo de 171 avaliar o comportamento de quatro variedades de gergelim (Sesamum indicum L.) em oito diferentes concentrações de salinidade. MATERIAL E MÉTODOS A pesquisa foi realizada no Laboratório de Processamento de Produtos Agrícolas do DEAg/CCT/UFCG e Laboratório de Sementes da Embrapa Algodão, ambos em Campina Grande, PB. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado, em esquema fatorial de 4 x 8 com quatro repetições. Utilizaram-se sementes de quatro cultivares de gergelim (CNPA-G2, INAMARSM2, ORO 9171-SM1 e IAC OURO), provenientes de campos de produção de sementes básicas da Embrapa Algodão, e oito soluções de cloreto de sódio (25, 50, 75, 100, 125, 150, 175 e 200 mmolc L-1). A qualidade das sementes foi avaliada mediante análise de pureza, germinação, vigor, determinação do teor de umidade, e peso de 1000 sementes, obedecendo às recomendações das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). As sementes foram colocadas para germinar em recipientes do tipo gerbox, previamente, lavados com detergente e água, e, depois, desinfetados com uma solução de formol a 0,5% e, posteriormente, com água destilada. O substrato utilizado foi o papel germitest com dimensões 11 x 11 cm, umedecido em soluções salinas de NaCl, nas concentrações pré-determinadas, ou com água destilada, no caso da testemunha e colocado em germinador. O teste de germinação foi realizado com quatro repetições de cinqüenta sementes cada uma, e as leituras foram realizadas no terceiro e sexto dia, após a semeadura, conforme recomendação das Regras para Análise de Sementes (Brasil, 1992). Na avaliação do vigor, foi usada a primeira contagem do teste de germinação, além do crescimento total de plântulas e comprimento de hipocótilo. O vigor foi avaliado pelo crescimento das plântulas em quatro repetições de 10 sementes, cada repetição sobre uma linha reta traçada no sentido longitudinal, localizada no terço médio superior do substrato, previamente, umedecido e posteriormente colocado no germinador. Sete dias após a semeadura, fetuou-se a medição dos comprimentos médios das plântulas normais, utilizando-se uma régua milimetrada. Para o comprimento de hipocótilo foi empregada a Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003 172 Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al. mesma metodologia do teste anterior, com exceção de que apenas os hipocótilos das plântulas normais foram medidos. Os resultados foram analisados estatisticamente e os tratamentos comparados pelo teste de Tukey a níveis de 1 e 5% de probabilidade, com base em Gomes (1990). As análises estatísticas foram feitas comparando-se as quatro cultivares em cada nível de concentração. RESULTADOS E DISCUSSÃO Germinação Os dados de germinação das sementes de gergelim sob diferentes concentrações de NaCl encontram-se na Tabela 1. Tabela 1 – Percentagem de germinação das quatro cultivares de gergelim (Sesamum indicum L.) sob diferentes concentrações de NaCl CULTIVAR NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE NaCl (mmolc L-1) 0 25 50 75 100 125 150 175 200 CNPA-G2 94,0a 96,5a 94,0a 94,0a 92,5a 91,5a 85,7a 84,0a 62,0a INAMAR 97,5a 99,0a 98,0a 97,5a 96,5a 94,0a 87,0a 59,5b 28,0b ORO 9171 95,0a 96,0a 94,0a 96,0a 95,0a 92,0a 90,5a 80,0a 32,5b IAC-OURO 48,5b 69,5b 65,0b 65,0b 57,0b 55,0b 51,0b 44,0b 27,0b MÉDIA 83,75 90,25 87,75 88,12 85,25 83,12 78,56 66,87 37,37 DMS 11,41 7,32 4,97 5,65 8,18 6,78 8,65 11,02 8,55 CV (%) 6,77 3,86 2,70 3,05 4,57 3,88 5,24 7,85 10,89 Observando-se os dados contidos na Tabela 1, verifica-se que, de uma maneira geral, o aumento da concentração salina provocou redução no percentual de germinação em todas as cultivares estudadas, o que também foi observado por Nóbrega Neto et al. (1999) ao estudarem o efeito de diferentes concentrações salinas na germinação de leucena. A cultivar IAC-OURO apresentou a menor germinação nos níveis de concentração salina de 0 a 175 mmolc L-1 de NaCl em relação aos demais genótipos. Na concentração salina de 25 mmolc L-1 o percentual de germinação de todas as cultivares foi maior que na concentração de 0 mmolc L-1 (testemunha). No nível de 200 mmolc L-1 de NaCl a cultivar CNPA-G2 apresentou percentagem maior de germinação em confronto com as demais cultivares, evidenciando-se que essa cultivar mostrou-se mais tolerante às altas concentrações salinas (200 mmolc L-1), tendo registrado neste nível de salinidade 60% de sementes germinadas, enquanto que nos demais genótipos a germinação variou entre 27 e 32,5%. Detectou-se uma maior redução no poder germinativo das sementes de gergelim no nível mais alto da concentração salina, onde as perdas da capacidade germinativa ficaram em 34,04, 71,28, 65,78 e 44,32% para as cultivares CNPA-G2, INAMAR-SM2, ORO-9171-SM1 e IAC-OURO, respectivamente, quando comparados com a testemunha. Vigor Os resultados sobre o comprimento total de plântulas e comprimento de hipocótilo, encontram-se nas Tabelas 2 e 3. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003 Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al. 173 Tabela 2 – Comprimento de hipocótilo (cm) das sementes de gergelim (Sesamum indicum L.) sob diferentes concentrações de NaCl CULTIVAR NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE NaCl (mmolc L-1) 0 25 50 75 100 125 150 175 200 CNPA-G2 2,55b 1,65a 1,00a 0,70a 0,90a 0,72a 0,65a 0,32ab 0,32ab INAMAR 3,07a 2,40a 1,77a 1,30a 1,27a 0,72a 0,62a 0,35ab 0,37ab ORO 9171 3,25a 2,40a 1,90a 1,30a 1,02a 0,92a 0,70a 0,42a 0,47a IAC-OURO 1,12b 0,85a 0,67a 0,55a 2,57a 0,32b 0,27b 0,17b 0,22b MÉDIA 2,50 1,82 1,33 0,96 0,94 0,67 0,56 0,31 0,35 DMS 0,51 1,66 1,34 0,78 0,89 0,21 0,29 0,18 0,09 CV (%) 9,79 43,61 48,14 38,97 45,13 14,92 22,25 28,85 12,77 Tabela 3 – Crescimento de plântulas (cm) das sementes de gergelim (Sesamum indicum L.) sob diferentes concentrações de NaCl NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE NaCl (mmolc L-1) CULTIVAR 0 25 50 75 100 125 150 175 200 CNPA-G2 4,90a 2,57ab 1,37ab 1,25ab 2,20a 1,85a 2,02a 0,85ab 0,72a INAMAR 5,95a 4,47a 4,07a 2,67a 2,72a 2,32a 1,80a 0,67ab 0,77a ORO 9171 6,17a 5,35a 3,75ab 2,52ab 2,07a 2,45a 1,90a 1,10a 0,80a IAC-OURO 2,12b 1,62b 1,10b 0,77b 1,22a 0,87b 0,60b 0,35b 0,42b MÉDIA 4,78 3,53 2,57 1,80 2,05 1,90 1,58 0,74 0,68 DMS 2,64 2,89 2,72 1,79 2,63 0,51 0,55 0,51 0,20 CV (%) 26,37 50,43 33,43 47,46 61,12 12,89 16,74 33,10 13,45 De acordo com os dados obtidos, observou-se que, tanto o comprimento total de plântulas, quanto o de hipocótilo apresentaramse adequados para representar o vigor, onde se pode evidenciar que as diferenças provocadas pelos níveis de NaCl para cada cultivar avaliada foram bastante significativas. Estas informações tornam evidente o efeito do NaCl sobre o vigor, bem como a tolerância das cultivares de gergelim aos diversos níveis de concentração salina a que foram submetidas. Observou-se ainda, através dos resultados mostrados na Tabela 2 e 3, que houve redução do vigor (comprimento do hipocótilo e comprimento total das plântulas) nas quatro cultivares estudadas, com o aumento da concentração de NaCl, acentuando-se à medida que as sementes foram submetidas a níveis maiores de NaCl. Conforme os dados, houve efeito das concentrações salinas e dos cultivares sobre o comprimento total de plântula e comprimento de hipocótilo e que aos níveis de 175 e 200 mmolc L-1, onde se registram o menor vigor, confirmando o elevado efeito osmótico provocado pelos altos teores de sal. Observa-se, na Tabela 2, que a cultivar IAC-OURO apresentou menor comprimento do hipocótilo aos níveis de 0, 125, 150 e 200 mmolc L-1 de NaCl em relação aos outros genótipos. No nível de 175 mmolc L-1 essa cultivar foi superada, apenas, pela ORO-9171SM1 e nas demais concentrações não se detectaram diferenças significativas entre as cultivares. Outrossim, a cultivar IAC-OURO foi Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003 174 Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al. a que exibiu os menores valores de comprimento total das plântulas em relação às demais cultivares nas diferentes concentrações salinas. O comprimento de hipocótilo e o comprimento total das plântulas apresentaram as melhores médias entre os níveis de 0 a 50 mmolc L-1 de NaCl, com redução do vigor para todas as cultivares à medida em que os níveis de salinidade aumentaram, indicando, com isso, que a melhor faixa de vigor se situa entre esses níveis. Black, C. A. Relaciones suelo-planta. 2 ed. Buenos Aires: Editora Hemisfério Sul, 1975. Beltrão, N.E, M.; Freire, E.C.; Lima, E.F. Gergelimcultura no trópico semi-árido nordestino. Campina Grande: EMBRAPACNPA, 1994. 52p. (EMBRAPA-CNPA. Circular Técnica, 18). Brasil, Ministério da Agricultura. Regras para Análise de Sementes. Brasília: Departamento Nacional de Produção Vegetal, 1992, 188p. CONCLUSÕES De acordo com os dados obtidos e discutidos, pode-se concluir que: O efeito salino foi verificado para as quatro cultivares de gergelim estudadas; A salinidade da água de irrigação não interferiu no poder germinativo das cultivares avaliadas, indicando tolerância à salinidade na fase germinativa; Os efeitos da salinidade na redução do percentual de germinação das quatro cultivares só são efetivamente evidentes acima do nível de 75 mmolc L-1 de NaCl; O comprimento total de plântulas e o comprimento de hipocótilo foram afetados com o aumento das concentrações salinas; A melhor viabilidade das sementes foi obtida entre os níveis de 0 a 50 mmolc L1 de NaCl; De acordo com todos os parâmetros avaliados, constatou-se que a cultivar IAC-OURO foi a que apresentou maior sensibilidade a salinidade da água de irrigação. Daker, A. Irrigação e drenagem: A água na agricultura. 7ed. Rio de Janeiro: Freitas Basdtos, v. 3, 1988. 543p. Firmino, P.T. 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Na descrição deste comportamento foi utilizado o modelo de Casson, o qual apresenta o termo tensão inicial. As características reológicas do suco de laranja concentrado foram determinadas em seis diferentes temperaturas: 0,5; 4,8; 7,0; 9,7; 13,4 e 19,4 oC. O comportamento foi, em todos os casos, dependente do tempo. Os reogramas ascendentes e descendentes correspondentes apresentam uma curva de histerese com comportamento tixotrópico. Pôde-se verificar que o teor de água congelada do suco de laranja concentrado afeta acentuadamente a tixotropia do suco. Palavras-chave: suco de laranja, comportamento reológico, tensão inicial, tixotropia, modelo de Casson. RHEOLOGICAL BEHAVIOUR OF FROZEN CONCENTRATED ORANGE JUICE ABSTRACT The production for concentrated orange juice is changing through the years. Despite technological development, some unit operations of the process need to be othimized and understood in more details as regarded of flow behaviour. In this work concentrated orange juice was rheologically characterized a Searle System coaxial cylinder viscometer. The Casson model was used for the behaviour description thus which exhibiting a the yield stress parameter. Rheological characterization were carried out at six different temperatures: -0,5, -4,8, -7,0, -9,7, -13,7 and -19,4 oC. The behaviour in all cases is time dependent. The increasing and descending rheograms exhibit hysteresis loop with thixotropic behaviour. The results show that frozen water fraction affects strongly concentrated orange juice thixotropy. Keywords: orange juice, rheological behaviour, yield stress, thixotropy, Casson model. ________________________ Protocolo 1 Professora do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNICENTRO, CP 3010, CEP 85040-080, Guarapuava- PR, Tel (0xx42) 6291444, Email: ivanise @unicentro.br 2 Professor FEA- UNICAMP, CP 6121, CEP 13083-970, Campinas- SP, Tel (0xx19) 37884057, email: [email protected] 174 Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto INTRODUÇÃO O estudo do comportamento reológico dependente do tempo do suco de laranja é de grande interesse tecnológico e comercial, principalmente para estabelecer condições de processamento, projetos de equipamentos envolvidos com as operações unitárias relacionadas com transferência de calor, massa e quantidade de movimento, além do desenvolvimento de novos produtos. Suco de laranja concentrado, devido à sua estrutura física e composição, apresenta características não-newtonianas geralmente pseudoplásticas, tensão residual e dependência do tempo. Esta dependencia do tempo tem sido pouco estudada e necessita, para sua quantificação, de reômetro com algum tipo de registrador. Nos fluidos tixotrópicos o comportamento reológico se define em função de três variáveis: tensão de cisalhamento, taxa de deformação e tempo. Os reogramas característicos para estes fluidos são os que relacionam tensão de cisalhamento com taxa de deformação e os que relacionam tensão de cisalhamento ou viscosidade aparente com o tempo à uma taxa de deformação constante. A área definida pelas curvas ascendentes e descendentes do reograma de um fluido dependente do tempo, segundo (Halmos e Tiu, 1981), representa a quantidade de energia necessária para elimimar a influência do tempo e caracteriza o grau de quebra da estrutura interna ocorrida no produto (Weltmann, 1943), ou seja, se a quebra estrutural ocorre, as curvas não coincidem criando o ciclo de histerese. Este método, do estudo do ciclo de histerese, tem a desvantagem de não se fixar o tempo de cisalhamento e nem a máxima taxa de deformação, tornando-se difícil a comparação dos dados com de outros pesquisadores (Figoni e Shoemaker, 1981).Van Wazer et alii (1963), descreveram outro método no qual o ciclo de histerese não depende da taxa de deformação e do tempo de cisalhamento aplicado. Ele consiste em cisalhar a amostra para distintas taxas de deformação até alcançar o equilíbrio. A área entre as curvas não depende das condições de medida. Este procedimento é mais adequado que o citado anteriomente, porém tem como desvantagem a necessidade de se dispor de uma grande quantidade de amostra já que para cada taxa de deformação utiliza-se uma amostra não cisalhada anteriormente. As mudanças estruturais que ocorrem sob ação do cisalhamento são explicadas pela teoria geral dos sistemas dispersos (Costell e Durán, 1978a), devido ao fato do suco de laranja concentrado congelado ser uma suspensão de partículas sólidas e glóbulos de óleo em uma solução líquida complexa - soro- contendo componentes de baixa massa molecular como açúcares, ácidos, sais e também polímeros como a pectina (Vitali, 1983). A aplicação de forças de cisalhamento na estrutura dessas partículas produz a redução do seu tamanho e portanto, a redução da viscosidade aparente do produto (Telis e Gasparetto, 1993). Se a modificação estrutural provocada por essa força for instantânea e não detectável, o escoamento é não-Newtoniano independente do tempo (pseudoplástico ou dilatante) e quando contrário, ou seja, modificação lenta e observável, há dependencia do tempo (tixotrópico, antitixotrópico ou reopético), segundo Telis et al. (1991). Cheng e Evans (1975) mostram três tipos distintos de mudança estrutural causada pelo cisalhamento: 1- a estrutura rompe-se durante o cisalhamento e recupera-se posteriormente no período de repouso (tixotropia); 2- durante o cisalhamento a estrutura regenera-se e desintegra-se durante o repouso (antitixotropia e tixotropia negativa) e 3- a estrutura rompe-se a elevadas velocidades de cisalhamento mas a recuperação é acelerada em baixas taxas de deformação e a estrutura assim formada é estável no repouso (reopexia). Scott-Blair (1969) argumentou que para um fluido ser definido como tixotrópico, este deve regenerar totalmente sua estrutura quando deixado em repouso, após cisalhado. Segundo Costell e Durán (1978a), esta definição foi ampliada já que é utilizada inclusive nos casos em que se observa uma mudança estrutural irreversível (reodestruição). Segundo Sherman (1970) o termo tixotropia é usado para descrever uma transição estrutural reversível a qual é associada a um aumento na tensão de cisalhamento, seguida de uma redução até o valor original. MATERIAL E MÉTODOS Material Foi utilizado suco de laranja concentrado e congelado, o qual foi fornecido pela citrícula CITROVITA, instalada em Catanduva (S. P.), Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.173-178, 2003 Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto o possuindo concentração de 64.2 Brix e teor de polpa de 10%. Métodos Na determinação dos dados reológicos, foi utilizado um reômetro de cilindros concêntricos, tipo "Searle", marca Rheotest 2.1. Esse equipamento possui um dispositivo que permite a variação da velocidade de rotação do cilindro interno de 0,028 a 243 rpm. As análises foram realizadas nas temperaturas de -0.5, -4.8, -7.0, -9.7, -13.4 e 19.4 oC. A temperatura da amostra foi mantida constante por meio de um banho termostático. O comportamento reológico foi descrito através do modelo desenvolvido por Casson (1959). Este modelo (Equação 1) foi desenvolvido para uma suspensão de partículas interagindo em um meio Newtoniano. 1/2 =Ko+Kc 1/2 (1) em que, = Tensão de Cisalhamento (Pa) 1/2; = Taxa de deformação (s -1); Kc = Viscosidade plástica de Casson (Pa*s) 1/2; Ko = Tensão inicial (Pa) 1/2. Os valores de torques obtidos no registrador, a cada valor de rpm correspondente, foram convertidos em tensão de cisalhamento e a taxa de deformação foi calculada usando o método de Krieger e Elrold (1953). As curvas dos reogramas ascendentes, descendentes e médias foram ajustadas ao modelo de Casson. Os parâmetros do modelo de Casson foram determinados através de regressão linear utilizando o software Origin. O teor de sólidos totais foi medido utilizando um refratômetro de bancada e o conteúdo de polpa suspensa foi determinado por centrifugação. RESULTADOS E DISCUSSÃO Parâmetros do modelo de Casson Foi calculado o valor da tensão residual das curvas ascendentes (asc), descendentes 175 (des) e médias (Tabela 1) e verificou-se que esta diminui com o aumento da temperatura, assim como a viscosidade plástica de Casson. O ajuste do modelo de Casson, utilizado na caracterização reológica das curvas ascendentes e descendentes, evidencia a presença do efeito tixotrópico pela diferença nos parâmetros K o e Kc. O parâmetro K o é menor na curva descendente do que na ascendente e aumenta com a redução da temperatura. Para a viscosidade plástica de Casson K c, ocorre aumento do parâmetro com a redução de temperatura e, em relação às curvas ascendentes e descendentes, verifica-se que praticamente não houve alteração deste parâmetro. Os coeficientes de correlação para análise de regressão foram sempre superiores a 0.99. Análise da Tixotropia Nos reogramas de tensão de cisalhamento e taxa de deformação, nas diferentes temperaturas de congelamento, verifica-se um lóbulo de histerese, indicando a dependência do tempo e caracterizando o material como tixotrópico. Na medida em que se diminuiu a temperatura, maior foi o efeito da tixotropicidade do suco de laranja concentrado congelado, como pode ser mostrado qualitativamente pela Figura 1 e 2, ou quantitativamente pela Tabela 1. Nas maiores temperaturas a área formada pelas curvas foi menor o que indica que aumentando-se a temperatura a tixotropia do produto diminuiu. Estes resultados são concordantes com os obtidos por Alvarez (1989) para leite condensado. Para Oriol e Pascual (1974), as curvas do lóbulo de histerese devem passar pela origem para que se considere o fluido tixotrópico. Neste trabalho as medidas no reômetro não têm confiabilidade nas menores taxas de deformação e isso levou à existência da tensão inicial quando se fez o ajuste do modelo de comportamento reológico. Na verdade, a diferença na tensão inicial e no índice de consistência, para as curvas ascendentes e descendentes, conforme Tabela 1, é que evidencia a tixotropia. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.173-178, 2003 176 Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto Tabela 1 - Parametros do modelo de Casson Média T oC Ko(Pa) 1/2 Kc(Pa*s)1/2 R -19,4 -19,4 -13,7 -13,7 -9,7 -9,7 -7,0 -7,0 -4,8 -4,8 -0,5 -0,5 5,046 3,323 0,99 4,818 3,144 0,99 3,853 2,067 0,99 3,736 2,065 0,99 3,621 1,962 0,99 3,259 1,657 0,99 Asc Des Asc Des Asc Des Asc Des Asc Des Asc Des Ascendentes/ descendentes Ko(Pa) 1/2 Kc (Pa*s)1/2 4,9083 3,8166 4,8055 3,6376 4,2831 3,1515 4,0968 3,1444 4,0240 3,1864 3,6579 2,9563 3,5224 3,5088 3,2240 3,4062 1,9468 2,0369 1,9442 2,0406 1,8131 1,8796 1,4983 1,5462 R 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 0,99 Tensão de Cisalhamento (Pa) 600 ASC 500 T= -19,4 oC DESC 400 300 200 100 0 0 5 10 15 20 25 30 Taxa de Deformação (1/s) Tensão de Cisalhamento (Pa) 500 ASC 400 T= -13,7 oC DESC 300 200 100 0 0 5 10 15 20 25 30 Taxa de Deformação (1/s) Figura 1 Relação entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação para suco de laranja concentrado nas temperaturas de 19,4 e 13,7 oC Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.173-178, 2003 Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto 177 Tensão de Cisalhamento (Pa) 500 ASC T= -9,7 oC DESC 400 300 200 100 0 0 20 40 60 80 100 80 100 Taxa de Deformação (1/s) Tensão de Cisalhamento (Pa) 500 ASC DESC 400 T= -7,0 o C 300 200 100 0 0 20 40 60 Taxa de Deform ação (1/s) Figura 2 Relação entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação para suco de laranja concentrado nas temperaturas de 9,7 e 7,0 oC CONCLUSÕES Pela análise qualitativa fica evidente que a temperatura exerce uma grande influência sobre a tixotropia. Ao se aumentar a temperatura ocorre redução do lóbulo de histerese. Através da curva de histerese construida entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação, verificou-se que o suco de laranja apresenta comportamento tixotrópico em todas temperaturas analisadas e que quanto menor a temperatura (maior teor de água congelada) maior é a tixotropicidade do produto. Portanto conclui-se que a temperatura e o teor de água congelada tem grande influência na tixotropia, sem no entanto ter sido possível uma correlação para esta dependência. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Alvarez, A. I.; Melcón, E.; Costell, E.; Zapico, J. Evaluación de la tixotropia en leche condensado. Influencia de la temperatura en el comportamiento reológico . Revista de Agroquimica y Tecnologia de los Alimentos, v.30, n.2, p.189-209, 1990. Cheng, D.C.H. ; Evans, F. 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For validation of the model, many drying tests have been accomplished. In the accomplished experimental tests, the cowpea bean grains have been dried of a initial content of water of 60% w.b up to 12% w.b., for the air drying temperature between 30 to 80°C and the relative humidity of the air of 37 and 5%, respectively. It was observed in this research that the model foresees the fine layer contraction as well as the contraction of the thick layer, being observed, in the drying, statistical deviations inferior at 10%, however, when comparing the results with Thompson\'s model, those results are different of those observed in, approximately, 50%, therefore not representing the experimental data satisfactorily. Keywords: drying simulation, cowpea bean, shrinkage TEORIA DE SIMULAÇÃO DE SECAGEM DE FEIJÃO MACASSAR LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO O ENCOLHIMENTO DOS GRÃOS RESUMO Foi desenvolvida uma teoria de simulação de secagem em feijão macassar levando-se em consideração o encolhimento dos grãos durante a sua secagem. O modelo é baseado nas leis de transferência de calor e massa onde a camada fina sofre um encolhimento ∆L (altura da camada) a cada intervalo de tempo ∆t. O modelo prevê condições de aquecimento do ar de secagem de 10 até 120 °C. Para validação do modelo, foram realizados vários testes de secagem. Nos testes experimentais realizados os grãos de feijão macassar foram secos de um conteúdo de água inicial de 60% base úmida até 12% base úmida, para a temperatura ar de secagem variando entre 30 a 80°C e a umidade relativa do ar de 37 e 5%, respectivamente. Observou nessa pesquisa que o modelo prevê a contração da camada fina bem como a contração volumétrica da camada espessa, observando-se, nas secagens, desvios estatísticos inferiores a 10%, no entanto, ao comparar-se os resultados com o modelo de Thompson esses resultados diferem dos observados próximo de 50%, portanto não representando satisfatoriamente os dados experimentais. Palavras-chave: simulação de secagem, feijão macassar, encolhimento __________________ Protocolo 142 de 27/11/2003 1 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, [email protected] 2 Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil, [email protected] 182 Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage INTRODUCTION According Vasconcelos (1990) the drying is one of the most used agricultural products conditioning operations to conserve them to their future use. This process consists of the partial withdraw of water that is into the product. It inhibits its biological activity. According to the same author, many of the drying aspects are yet a non understood operation because the process is very complex. Cavalcanti Mata (2001) describes that the existent theories about drying try to relate the main phenomena which occurs, neglecting some of them. These ones that were neglected interfere little in the process. Furthermore, some researches have preferred to work with semi theoric models, where is possible to include difficult determination phenomena in the phenomenologic coefficients, without losing the system model precision in study. Giffin, mentioned by Martins (1992) say that the simulation refers to the dynamic operation of a system model, maintaining a great isomorfism grade with the real world phenomena that it represents. When they are compared with the real experimentation, they have to be encountered near this. On the other hand, the realism increase implies in expenses increase, difficulty of handling and of discernment and cause and effect. Besides the technical advantages, the process simulation reduces the costs of the researches, because it becomes possible the experiments realization with a big security. The reduction on the execution time of the project, the waste of material and the containing of the wastes with labor in the execution of a real process is the desirable condition to the good working of the research. The author mentions that the simulation permits a easiness and access to a great quantity of information, being necessary to the verification of the exactitude of the method, comparing the simulated data with the experimental ones. The theories proposed to describe the liquid movement into the products, whose origin is biological, have been the base to do mathematical models that represent the drying phenomenon satisfactorily in most of the cases. However, these models don’t consider the volumetric contraction that occurs in the process, they consider that the grain mass has a constant volume during the drying. Cavalcanti Mata and Braga (2002) have observed experimentally, in their works about the drying with corn and bean, with an initial elevated Cavalcanti Mata & Duarte water content (35 until 45% w.b) that exists a volumetric contraction of each grain that reflects itself in a total volume alteration in the layer of grains and it can’t be unconsidered. In addition, mistakes that commit the experiment results are accumulated during the process when the grain mass is considered as been a succession of thin layers as well as the drying air exit conditions of the immediately layer below them are the initial conditions of the subsequent layer, without considering the reduction on the layer thickness. Therefore, it’s necessary a revision of the models that exist to incorporate the volumetric contraction effect with the objective of approaching the process of simulation of the real conditions of the physical phenomenon. Then, this work had the objectives of developing a new theory of drying simulation on macassar bean, considering the grain shrink during its drying. MATERIAL AND METHODS This work was developed at the Vegetal Products Processing and Storing Laboratory of the Agricultural Engineering Department of the Science and Technology Center of the Campina Grande Federal University, Paraíba. .It was considered that the drying process on thicken layer can be represented by a thin layer succession and it can be done a heat and mass balance between the drying air and the product to be dried, to the theoretical development of the agricultural products simulation process on stationary layer dryer, considering the grains shrink. The conditions of a layer exit become the enter conditions to the follow layer. In this new model, the drying thicken layer won’t have the same volume after a period of time and it needs a new dimension of its volume at dry air. The Figure 1 illustrates the behavior of this volume variation to a thin layer during the drying. However, this decrease should be considered to the thicken layer. It’s necessary to know five equations about the product at this proposed model because they are necessary to transform the heat and mass balances in equations. The equations which are referent to the product are: 1) thin layer equation, 2) volumetric contraction of the product equation, 3) hygroscopic equilibrium equation, 4) vaporization latent heat and specific heat. Assumptions Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003 Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage Cavalcanti Mata & Duarte 183 Thin layer equation Or Many drying tests were done at the Drying Laboratory of UFPB between 1999 and 2003 with macassar bean in which many equations proposed by the literature were tested, like Thompson’s equation, Page’s and Okos’s ones et al., etc…., however, the equation which has better expressed the experimental data is the equation M = exp (k tN).(Mo – Me) + Me dM/dt = (k tN).(Mo – Me) (2) The k and N values for cowpea bean are: k = -891.151 + 24.721 T - 0.886 Mo - 0.198 T2 + 0.019 T.Mo + 0.00071 Mo2 N= 79.959 + 2.15.T + 0.078 Mo - 0.015.T2 – 0.003 T.Mo + 0.00089 Mo2 (1) Figure 1: Layer differential element where the reducing of the grain layer can be observed Henderson and modified by Cavalcanti Mata (1997): Hygroscopic equilibrium equation The equilibrium moisture content, to a determined condition of the drying air, is represented by the equation proposed by C (1 - UR) = exp [ - A (TB ) ( Me ) ] (3) Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003 184 Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage where UR and A, B and C are coefficients which depends on the product and to the macassar bean, they are:: A= 0.009688, B = 0.276015 e C = 1,32397 The latent heat of vaporization of water of the product is hfg = ( 2502,2 - 2,39.T) . (1,0 + D. exp(E.M)) (4) that for cowpea bean the values of D and F are: D = 0.23822 e E = 0.0469 The specific heat of the product is represented by the equation: Cp = F + G.U Drying air temperature The equilibrium temperature between the drying air and the product was calculated through the heat balance equation. This temperature is smaller than the warm air temperature going in the layer because of the air sensitive heat that’s used to evaporate the grain humidity. Thompson (1968) determined the follow expression, by using the heat balance. Te (0,24 0,45.W0 ).T0 C p . 0 (6) (0,24 0,45.W0 C p ) Removed moisture content It’s necessary to know the grain initial water content and the air temperature at the exit to determine the quantity of removed water from each layer. The equilibrium moisture content of the product (Me) is calculated through the equilibrium temperature of the Eq. 6 and using the Eq. 3 as followed: : ln( 1 UR ) Me K .( Te C ) process. Thompson et al. (1968) used the equivalent drying time, that’s given by Eq. 1 and they determined a new drying curve, after each increase of time. The moisture reason and the present drying period were calculated through the Eq. 1. They considered the equivalent drying time plus the drying time interval, t. The final moisture content from the layer was calculated by the moisture content rate. Air and grain final temperatures After the removal of the moisture, the final air and grain temperatures can be determined more correctly if the water on grain vaporization heat is considered. (5) Where F, G are constants which depend on the product and to cowpea bean F = 0.357 e G = 0.00178 1 Cavalcanti Mata & Duarte Tf (0,24 0,45.W ).T W .(587,9 h 0 e fg e ) C p . e (0,24 0,45.W f C p ) (7) The drying air temperature (Te), at a drying process in thicken layer at a localization of the grains layer, generally changes the drying (8) In this equation, it’s assumed that e = Te as in Thompson’s model The increasing of the humidity ratio of the air is given by: W ( M 0 M f ).Rc (9) Ga .t in which Rc is the ratio between the product dry matter quantity in one layer and the dry air quantity that crosses it at the time interval, t, given in kg of dry matter/kg of dry air. Volumetric variation of the grains layer The equation below should be established through finite elements to the determination of the global volume variation of the grains layer in function of the decreasing of the grains individual size (length, thickness and width), with the water content and the grains intergranulares porosity in function of the drying time. The physical representative scheme of this contraction can be observed in the Figure 2. da db dc dV .M 2 .M 3 .M t . 1 dt d t d t dt N Cvol (10) in what a, b and c are respectively, the middle length, thickness and width of the grains in each stationary bed drier layer and 1 , 2 , 3 are coefficients that depend on the product. Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003 Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage Cavalcanti Mata & Duarte 185 V V+dv V+dv’ x –dx x x –dx’ Figure 2 – Volumetric contraction of all the grains layer during the drying RESULTS AND DISCUSSION It’s found, in Figure 3, a simulation that was done by Cavalcanti Mata (2001) to cowpea bean, using Thompson model, in which the layer volumetric contraction isn’t considered. In the figure, it’s verified that the drying process simulation time to the cowpea bean at the drying air temperature of 321 K was 39 hours, while in the Figure 4, where a similar experiment was done and the volumetric contraction was considered, the simulation time was 33 hours and the real time of the process was 34 hours. It was verified that when the layer volumetric contraction is considered, the experimental results approaches of the simulated ones. The mistake between the simulated and experimental values decreases to approximately 3% instead of 14,7% (found mistakes between the experimental data and simulated ones by Thompson’s method). Moisture Content, wet basis 70 1a. layer experimental simulate 2a. layer experimental simulate 60 50 3a. layer experimental simulate 40 30 20 10 0 0 5 10 15 20 25 30 35 time (h) Figure 3 – Experimental and simulated data of the cowpea bean drying at the temperature of 321K by the proposed model, considering the layer volumetric contraction Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003 Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage 186 experimental 1a. layer 2a. layer 3a. layer Simulate Thompson Model 70 Moisture Content (% wet basis) Cavalcanti Mata & Duarte 60 50 40 30 20 10 0 5 10 15 20 25 30 35 40 45 50 time (h) Figure 4 – Experimental and simulated data of the macassar bean drying at the temperature of 321K by Thompson’s model In the table 1, it’s found the drying experimental simulated data which were realized to validate this Model, in which it can be observed that when the drying air temperature decreases, the mistakes between the models increases significantly. Table 1 – Experimental and simulated data by Thompson’s model and by the proposed one considering the bean volumetric contraction Temperature Relative Layer Moisture content K Humidity thickness Initial – final (%) (m) (% wet basis) Drying time (h) Error (%) Thompson’s Proposed Experi Thompson’s Proposed Model Model mental Model Model 341(1 ) 5% 0,60 65 - 13 6 5 4,5 33,3 11,1 321(1) 12% 0,60 65 - 13 39 33 34 14,7 2,94 (1) 37% 0,60 65 - 13 56 48 45 24,4 6,66 301 (1 ) Cavalcanti Mata (2001) CONCLUSIONS BIBLIOGRAPHY REFERENCES According to the obtained results in this work, it can be concluded that: Cavalcanti Mata, M. E. R. M. Efeitos da secagem em altas temperaturas por curtos períodos de tempo, em camada estacionaria, sobre a armazenabilidade de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.), variedade “carioca”: Avaliação experimental, modelagem e simulação. 1997, 229 p. (Tese de Doutorado). 1) Considering the volumetric contraction of the layer that’s been dried, the developed mathematical model permits to simulate the process with more precision than the model which doesn’t consider this parameter; 2) The simulation error from the proposed model vary between 3 and 6,7% while the model that doesn’t consider the product volumetric contraction has a rate of 15 and 24% . Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Simulação de secagem de feijão macassar: Novos modelos. 2001, 172p. Universidade Federal de Campina Grande. Campina Grande. (Relatório de Pesquisa). Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003 Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage Cavalcanti Mata, M. E. R. M.; Braga, M. E. D.. Contração volumétrica dos grãos de feijão macassar durante o processo de secagem. In: Congresso Brasileiro de Engenharia Agrícola, 31, Salvador. Anais.... Jaboticabal: Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola - SBEA, 2002. 1 CD. Martins J.H. Simulação de secagem de milho em camada estacionaria. 1982, 82p. Departamento de Engenharia Agrícola, DEA /UFV, Vicosa, MG, (Tese de Mestrado). Cavalcanti Mata & Duarte 187 Thompson, T.L.; Peart, R.M.; Foster, G.H. Mathematical simulation of corn drying a new model. Transaction of the ASAE. St. Joseph, Michigan, v.11, n.4, p.582-586, 1968. Vasconcelos, L. G. S. Procedimentos de simulação, otimização e controle de secadores em leito móvel. 1997, 188p. Departamento de Engenharia Quimica Universidade Estadual de Campinas, (Tese de Doutorado). NOTATION M hfg t C UR T W G Rc a b c dV dt t. cvol moisture content at time t Latent heat of vaporization time specific heat relative humidity air temperature grain temperature absolute humidity drying flow conversion ratio length width thickness variation of the product volume with the time % dry basis kJ./kg h kJ/kg.K Porosity of product % coefficient of volumetric contraction dimensionless K K kJ.kg-1 m3/min.m2. kg of dry mater/kg of dry air m m m m3/h Greek Symbols density Subscripts a e o p air equilibrium initial product kg/m³ Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003 188 EDITAL DE SELEÇÃO DE CANDIDATOS Doutorado em Engenharia de Processos O curso de Doutorado em Engenharia de Processos foi criado por Resolução 01/99 do CONSUNI da UFPB. Foi credenciado pela CAPES em março/2002. As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos são abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição realizado entre outubro e novembro do ano anterior. DOCUMENTOS EXIGIDOS: Formulário de Inscrição devidamente preenchido Duas cartas de Recomendação (formulário específico) 2 fotos de 3x4 recentes Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes) Históricos Escolares da graduação e do Mestrado Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso Cópia autenticada da carteira de identidade. Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae,(peso 4) Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso.(peso 2) O Plano de Tese , com um máximo de 6 páginas, deverá incluir introdução, justificativa, objetivos e metodologia. Apresentação Oral do Plano de Tese: 02 e 03 de dezembro de 2002 Vagas: 20 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS LINHAS DE PESQUISA : PROCESSOS TÉRMICOS E DE SEPARAÇÃO DESENVOLVIMENTO E TECNOLOGIA DE MATERIAIS OBJETIVOS: O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba tem uma ampla e reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de engenharia. Modernamente, tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que privilegiem atuações multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas. O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes dos Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos relativos à Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais. O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e formação de pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da Engenharia aplicados ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos envolvidos nas industrias de diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico, farmacêutico, metalúrgico, agroalimentar, etc. Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP. Cada uma das duas linhas de pesquisa oferecidas pelo programa inclui grandes temas de pesquisa de natureza multidisciplinar que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos voltados para a área de Desenvolvimento de processos. Maiores informações consultar http://www.cct.ufcg.edu.br/ Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.188, 2003 NORMAS DE PUBLICAÇÃO NORMAS DE PUBLICACIÓN PUBLICATION NORMS Os textos deverão ser encaminhados ao Editor da Revista em disquete e 2 vias impressas, ou via e-mail [email protected]. Artigos Científicos: deverão ter a seguinte seqüência: Título, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Materiais e Métodos, Resultados e Discussão, Conclusões, Agradecimentos (facultativo) e Referências Bibliográficas. Artigos Técnicos: Devem ser redigidos em linguagem técnica de fácil compreensão, sobre assuntos de interesse da comunidade que demonstrem uma contribuição significativa sobre o assunto. Os artigos devem conter: Titulo, Autor(es), Resumo, Palavras-chave, Título em inglês, Abstract, Key words, Introdução, Descrição do Assunto, Conclusões e Referências Bibliográficas. Texto: A composição dos textos deverão ser feitas no Editor de texto - Word para Windows versão 6.0 ou superior, utilizando fonte Times New Roman, tamanho 11, exceto para as notas de rodapé e título, que deverão apresentar tamanho 8 e 12, respectivamente. O formato do texto deverá ter a seguinte disposição - tamanho carta, orientação de retrato disposto em duas colunas, margens superior e inferior, direita e esquerda de 2,5 cm, numeradas, espaço simples e no máximo de 20 laudas. Todos os itens deverão estar em letra maiúscula, negrito, itálico e centralizados, exceto as Palavras-chave e Keywords e Subítens que deverão ser alinhados a esquerda em letras minúsculas e com a primeira letra em maiúscula. Os nomes dos autores deverão estar dois espaços simples abaixo do título, escritos por extenso e em negrito, separados por vírgula. Os nomes dos autores serão numerados com algarismos arábicos que terão a cada número uma chamada de rodapé onde se fará constar a sua função, titulação, instituição, endereço postal e eletrônico (email), telefone e fax. O texto deverá ser alinhado nos dois lados e com a tabulação de 1cm para o inicio de cada parágrafo. Figuras Tabelas e Fotos - Deverão ser inseridas logo abaixo do parágrafo onde foram citadas pela primeira vez. Nas legendas, as palavras Figura, Tabela e Foto devem estar em negrito e ter a letra inicial maiúscula e seu enunciado deverá ser alinhado à esquerda abaixo da primeira letra após a palavra Figura. As grandezas devem ser expressas no Sistema internacional. Exemplos de citações bibliográficas quando a citação possuir apenas um autor: ...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997); quando a citação possuir dois autores: .... Almeida & Gouveia (1997), ou ....(Almeida & Gouveia, 1997); quando a citação possuir mais de dois autores: ....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al., 1997). A referência deverá conter os nomes de todos os autores. Los textos deberán ser encaminados al editor de la Revista en disquete y 2 vías impresas, o por e-mail [email protected]. Artículos Científicos: deberán tener la siguiente secuencia: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en ingles, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Artículos Técnicos: Deben ser escritos en lenguaje técnica de fácil comprensión, en asuntos de interés de la comunidad que demuestren una contribución significativa en el asunto. Los artículos deben contener: Titulo, Autor(es), Resumen, Palabras-claves, Titulo en inglés, Abstract, Keywords, Introducción, Materiales y Métodos, Resultados y Discusión, Conclusiones, Agradecimientos (facultativo) y Referencias Bibliográficas. Texto: La composición del texto deberá ser echa en el Editor de texto - Word para Windows versión 6.0 o superior, utilizando la fuente Time New Roman, tamaño 11, excepto para la notas de rodapié y titulo, que deberán tener tamaño 8 y 12 respectivamente. El formato del texto deberá tener la siguiente disposición – Tamaño carta, orientación de retrato en dos columnas, márgenes suprior y inferior, derecha y izquierda de 2,5 cm, enumeradas, espacio simples y en el máximo de 20 laudas. Todos los ítems deberán estar en letra mayúscula, negrito, itálico y centralizadas, excepto las Palabras-claves, Keywords y subítems que deberán ser alineadas por la izquierda en letras minúsculas y con la primera letra en mayúsculo. Los nombres de los autores deben estar dos espacios simples abajo del Título, escrito por extenso y en negrito, separados por vírgula. Los nombres de los autores serán enumerados con algaritmo árabe que tendrán a cada numero una llamada de rodapié donde se hará constar la función, titulación, institución, dirección postal y electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto deberá ser alineado por los dos lados y con la tabulación de 1 cm para el inicio de cada parágrafo. Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser colocadas luego abajo del parágrafo donde fuera citada pela primera vez. En las legendas, las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar en negrito y tener la letra inicial mayúscula y en su enunciado deberá ser alineada por la izquierda con la primera letra después de la palabra Figura. Las unidades deben ser expresas en el sistema internacional Ejemplos de citaciones bibliográficas cuando la citación tiene un solo autor: ...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997); cuando la citación tiene dos autores: .... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida & Gouveia, 1997); cuando la citación tiene mas de dos autores: ....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al., 1997). Las referencias deberán contener los nombres de todos los autores. The texts should be sending to the Editor of the Journal in diskette and 2 printed sheets, or by e-mail [email protected]. Scientific articles: they should have the following sequence: Title, Author (s’), Abstract, Keywords, Title, Abstract and Key words in Portuguese, Introduction, Materials and Methods, Results and Discussion, Conclusions, Acknowledgements (optional) and Bibliographic References. Technical articles: They should be written in technical language of easy understanding, on subjects of the community's interest that demonstrate a significant contribution on the subject. The goods should contain: I title, Author (s’), Abstract, Keyword, Title in Portuguese, Abstract, Key words, Introduction, Description of the Subject, Conclusions and Bibliographic References. Text: The composition of the texts should be made in the text Editor - Word for Windows version 6.0 or superior, using source Times New Roman, size 11, except for the baseboard notes and title, that should present size 8 and 12, respectively. The format of the text should have the following disposition - size letter, orientation of arranged picture in two columns, margins superior and inferior, right and left of 2,5 cm, numbered, simple space and up to a maximum of 20 pages. All main items should be in capital letter, bold type, italic and centralized, except for Keywords and sub-items that should be aligned to the left in lower letter and with the first letter in capital letter. The authors' name should be two simple spaces below the title, written for complete name and in boldface, separated by comma. The authors' names will be numbered with Arabic ciphers that they will have to each number a baseboard call where it will make to consist its function, title, institution, postal and electronic address (email), telephone and fax. The text should be aligned in the two sides and with the tabulation of 1cm to the beginning each paragraph. Figures, Tables and Photos - they should be inserted soon below the paragraph where they were mentioned for the first time. In the legend, the words illustration, Controls and Photo should be in boldface and have the initial letter capital one and its statement should be aligned to the left below the first letter after the word it represents. The units should be expressed in the international system. Examples of bibliographical citations when the citation just possesses an author: ....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997); when the citation possesses two authors: .... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida & Gouveia, 1997); when the citation possesses more than two authors: ....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al., 1997). The reference should contain all the authors' names. Exemplos de referências bibliográficas: Ejemplos de referencias bibliográficas: Example of the bibliographic references: As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first do primeiro autor. autor. author. a) Livro Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Introdução a teoria e simulação matemática de secagem de grãos. 1.ed. Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em Armazenagem, 1984. 101p. b)Capítulo de Livros Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J. de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e conservação de sementes a nível de produtor. In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap. 3, p.133-188. c) Revistas Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.; Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M. Perda da qualidade fisiológica de sementes de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob condições controladas. Revista Brasileira de Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa, Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999. d) Dissertações e teses Queiroz, A.J. de M. Estudo do comportamento reológico dos sucos de abacaxi e manga. Campinas: UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de Doutorado). e) Trabalhos apresentados em Congressos (Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T. Influência da viscosidade das suspensões na morfologia do particulado de suco de acerola microencapsulado. In: Congresso Brasileiro de Sistemas Particulados, 25, 1998, São Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998. v.2, p.729-733. ou (CD Rom). No caso de disquetes ou CD Rom, o título da publicação continuará sendo Anais, Resumos ou Proceedings, mas o número de páginas será substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom. f) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. a) Libro Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos. 1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987. 459p. b)Capítulo de Libro Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en alimentos durante su congelamiento y subsecuente almacenaje. In: Parada, A.; Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a baja temperatura. Armazenamento de grãos e sementes nas propriedades rurais. Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237. c) Revistas Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D. Determinación del contenido de humedad máxima para crioconservación de semillas recalcitrantes de maíz. Ingeniería Rural y Mecanización Agraria en el ámbito Latinoamericano. La Plata, Argentina, v.1, p.373-377, 1998. d) Disertaciones y Tesis Zanetta, J. Transferência de calor em congelación de alimentos. Valparaíso : Universidad Católica de Valparaíso, 1984. 95p. (Tesis de Maestría). e) Trabajos presentados en Congresos (Anales, Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD Roms) Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.; Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M. Influencia de los daños mecánicos superficiales en la germinación de semillas de maíz en función de su grado de humedad y de la velocidad de rotación de la desgranadora mecánica. In: I Congreso Ibero-Americano de Ingenieria de Alimentos, Anales... Valencia, España, Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996 o (CD Rom). a) Book Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall, C.W. Drying and storage of grains and oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand Reinhold, 1992, 450p. b) Chapter in a book Schaetzel, D.E. Bulk storage of flour In: Christensen C.M. (2aed.). Storage of cereal grains and their products. St. Paul, Minnesota : American Association of Cereal Chemist, 1974. cap. 9, p.361-382. c) Journals Biswal, R.N., Bozokgmehk, K. Mass transfer in mixed solute osmotic dehydration of apple rings. Trans. of ASAE, v.35, n.1, p.257-265, 1992. d) Dissertation and Thesis Fortes, M. A non-equilibrium thermodynamics approach to transport phenomena in capillary-porous media with special reference to drying of grains and foods. Purdue University, 1978, 226 p. (Thesis Ph.D.). e) Papers presented in congress (Annals, Abstracts, Proceedings, Diskettes, CD Roms)) Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Menegalli, F.C. Bean seeds drying simulation. In: InterAmerican drying Conference, 1, 1997, Itu Proceedings… Campinas-SP, Brazil : UNICAMP, July, 1997. v. B, p.508-515. or (CD Rom). In case of diskettes or CD Rom, the title of the publication still will be Annals, Abstract or Proceedings, but the page number should be substituted by words Diskettes or CD Rom. h) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1# publicación continuará siendo Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. Resúmenes o Proceedings, mas el número de las páginas serán substituido por la palabra Disquete o CD Rom. g) WWW (World Wide Web) e FTP (File Transfer Protocol) BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997. ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais Caixa Postal 10.078 CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185 E-mail: [email protected] ou [email protected] Home Page: http//www.lappa.deag.ufpb.rbpa LABORATÓRIO DE CRIOGENIA O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do País. As pesquisas com criogenia concentram-se em: Crioconservação de sementes Sementes de espécies florestais Sementes de interesse econômico das regiões do País Sementes de plantas medicinais Sementes de espécies ameaçadas de extinção Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos) Congelamento de moluscos e crustáceos Congelamento de pescados Esterilização de materiais biológicos Limites de termo-resistência de fungos e bactérias Sistemas de agregação de partículas de sujidade Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185 E-mail: [email protected] TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE ESTUDO DA SECAGEM DEmass FOLHAS Manihot spp PARA ALIMENTAÇÃO HUMANA (Drying CONCENTRADA (Heat and transferDE in heterogeneous solids:EMPREGO A theoreticalNA study by lumped analysis) study of Manihot spp. leaves to use inJosé human feeding) Genival da Silva Almeida, Fabrício Nóbrega Cavalcante, Antonio Gilson Barbosa de Lima Ingred M. Barros, José C. C. Santana, Gabriel F. da Silva, Roberto R. de Souza ATIVIDADE DE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA DE MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ CONSTITUINTES QUÍMICOS EM SEMENTES DE DE ALGODÃO COM LÍNTER(Water E SEM LÍNTER (Chemical constituent (Coffea arabica L.) EM DIFERENTES CONDIÇÕES ARMAZENAMENTO activity, microbiological increase in cotton seeds loss withoflint in cotton without lint)L.) in different storage conditions) and dry matter theand coffee grainsseeds (Coffea arabica Ticiana LeiteAfonso Costa,Júnior, Luciana Façanha Marques Francisco, Jardel Paixão,Ribeiro Regilane Marques Feitosa, Paulo César Paulo César Corrêa, Fabrício Schwanz da Rodrigues Silva, Deiseda Menezes Jonas dos Santos Sous) AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO BLEND DE CAFÉ COM MUCUNA PRETA: ANALISE POR NÃO ESPECIALISTAS (Sensorial analyze (Physicochemical evaluation of the cassava flour during theSENSORIAL storage) of coffee José (Coffea arabica L.) Rossana blend with “mucuna (Stilozobium aterrimum Pip.Melo et Tracy) ) Cândido Ferreira Neto, Maria Feitosapreta” de Figueirêdo, Alexandre José de Queiroz Nayara Lia de Lima Aragão, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS COM FOLHA DE Manihot DISTINTAS VARIEDADES (Effect of the FUNCIONAIS beneficiation inENRIQUECIDOS the mechanical and physical properties of thespp. rice(Sensorial grains of analysis of functional food, which is enriched by Manihot spp. leaft) different varieties) Karina O.Schwanz L. de Almeida, JoséPaulo C. C. César Santana, Roberto R. de Souza Fabrício da Silva, Corrêa, André Luís Duarte Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso Júnior ANÁLISES FISIOLÓGICAS EM SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) ARMAZENADAS NA PRESENÇA DE EQUIPAMENTO REDUTOR DE INÓCULO (Physiologic of bean EM seeds (Phaseolus L.) stored in the COMPONENTES QUÍMICOS E ESTUDO DA UMIDADE DEanalysis EQUILÍBRIO VAGENS DEvulgaris ALGAROBA (Chemical presence of inoculum equipment) components and studyreductor of the equilibrium moisture content in mesquite beans) Osvaldo Resende, Meira Borém,José Maria Laene da Moreira CristianeR. Fortes GrisJosivanda Palmeira Gomes de Francisco de AssisFlávio Cardoso Almeida, Euflávio Silva,Carvalho, Maria Elessandra Araújo, Gouveia, Silvana A. de Almeida CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE AROEIRA (Astronium urundeuva Engl.), E BARAÚNA (Schinopsis brasiliensis Engl.) (Cryoconservation of aroeira (Astronium urundeuva Engl.) DO andCALDO barauna brasiliensis OBTENÇÃO DO MELHOR PROCESSO DE EXTRAÇÃO E FERMENTAÇÃO DE(Schinopsis ALGAROBA (Prosopis Engl.) seeds) juliflora (Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO DE AGUARDENTE (The best process determination of extraction and fermentation Taciana Walesca Cruz Gonzaga, R.M. Cavalcanti Mata, Humberto Silva, Maria Elita Martins Duarte of the mesquite (Prosopis julifloraMario (SW.)Eduardo DC) broth to obtain liquor) Clóvis Gouveia Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga, Vital de Sousa Queiroz ANÁLISE DA COLORAÇÃO DA CASCA DE BANANA 'PRATA' TRATADA COM ETILENO EXÓGENO PELO MÉTODODA QUÍMICO E INSTRUMENTAL (Analysis of the “prata” peel coloration treated with(Analysis hexogen ESTUDO SOLUBILIDADE DAS PROTEÍNAS PRESENTES NO banana SORO DE LEITE E NAthat's CLARA DE OVO ethylene by the and instrumental of whey and eggchemical white proteins solubility) method) VirgíniaHelena de Souza Álvares, Carlos Paulo César Corrêa,Gerival Daniela Pelegrine, Alberto Gasparetto Vieira. Fernando Luiz Finger,Rodrigo Vasconcelos Agnesini 0 VISCOSIDADE APARENTEENERGÉTICO DA POLPA DE UMBU-CAJÁ CONCENTRADA 10MANJERICÃO C (Apparent viscosity of concentrated ANÁLISES DO CONSUMO E SENSORIAL EM SECAGEM aDE SOB DIFERENTES o umbu-cajá pulp at 10 C TRATAMENTOS DE AR (Energetic consumption and sensorial analysis of basil drying under several kinds of air Lucicléia Barros V. Torres, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa Figueirêdo treatment) Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior. GERMINAÇÃO E VIGOR NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO GERGELIM: EFEITO DA SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO (Germination and vigour and initialDE development of(Production sesame: Effect irrigation water salinity) PRODUÇÃO DE PASSAS DE ACEROLA EM SECADOR BANDEJA of of acerola raisins in tray dryer) Márcia Rejane de Queiroz Azevedo, Francisco de Assis Cardoso Almeida, Josivanda P. Gomes de Gouveia, Carlos Marcos F. de Jesus, VivianeAlmeida L. Scaranto, Vahideh R. R. Jalali, Gabriel Franciso da Silva Alberto V. de Azevedo, Manassés M. da Silva, Roberto Vieira Pordeus AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO CONGELADO (Rheological behaviour powder) of frozen Oliveira concentrated orange juice) José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva Pablícia Galdino, Alexandre Ivanise Guilherme Branco, Carlos Alberto Gasparetto ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE DRYING EM SIMULATION THEORY OF THE CONSIDERING SHRINKAGE (Teoriaand de ABELHA DIFERENTES CONDIÇÕES DE COWPEA ARMAZENAMENTO (Study THE of the GRAINS hidroximetilfurfural alterations simulação deactivity secagem de feijão macassar levando-se em of consideração the diastase in honey of bee in different condition storage) o encolhimento dos grãos) Mario Eduardo Rangel Moreira Maria ElitaMario Martins DuarteRangel Moreira Cavalcanti Mata Zilmar Fernandes Nóbrega Melo,Cavalcanti Maria ElitaMata, Martins Duarte, Eduardo