baixar revista completa - RBPA – Revista Brasileira de Produtos

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baixar revista completa - RBPA – Revista Brasileira de Produtos
ISSN:1517-8595
ISSN:1517-8595
volume
5, número
2, julho
- dezembro,
Volume
5, Número
1, janeiro
- julho,2003
2003.
Universidade
UniversidadeFederal
Federal de
deCampina
Campina
Grande
Grande
Centro
Ciências eeTecnologia
Centro
dedeCiências
Tecnologia
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais
Brazilian Journal Agro-industrial Products
ISSN 1517-8595 Campina Grande, PB v.5, n.2, p.103-188, 2003
EDITOR
Mario Eduardo R. M. Cavalcanti Mata
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
Reitor: Thompson Fernandes Mariz
Vice-Reitor: José Edilson de Amorim
PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA
Pró-Reitor: Michel François Fossy
CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
Diretor: João Batista Queiroz de Carvalho
EDITOR ASSISTENTE
Maria Elita Martins Duarte
CORPO EDITORIAL
Alexandre José de Melo Queiroz - DEAg/UFCG/Paraíba
Carlos Alberto Gasparetto - FEA/UNICAMP/São Paulo
Evandro de Castro Melo - DEA/UFV/Minas Gerais
Francisco de Assis Santos e Silva - DEAg/UFCG/Paraíba
José Helvécio Martins - DEA/UFV/Minas Gerais
Jose Manuel Pita Villamil - DB/UPM/Espanha
Josivanda Palmeira G. de Gouveia - DEAg/UFCG/Paraíba
Leda Rita D'antonino Faroni - DEA/UFV/Minas Gerais
Francisco de Assis Cardoso Almeida - DEAg/UFCG/Paraíba
INFORMAÇÕES GERAIS
A Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais é publicada
semestralmente, podendo editar números especiais caso exista
essa necessidade. A Revista tem por objetivo divulgar trabalhos
técnicos científicos, técnicos, notas prévias e textos didáticos,
originais e inéditos, escritos em português, espanhol e inglês, nas
áreas do conhecimento em: Propriedades Físicas dos Materiais
Biológicos; Armazenamento e Secagem de Produtos Agrícolas;
Automação e Controle de Processos Agroindustriais;
Processamento de Produtos Agropecuários; Embalagens;
Qualidade e Higienização de Alimentos; Refrigeração e
Congelamento de Produtos Agrícolas e Processados, além do
Desenvolvimento de Novos Equipamentos e de Produtos
Alimentícios. Os artigos publicados na Revista estão indexados
no AGRIS AGROBASE e no CAB ABSTRACT.
INFORMACIONES GENERALES
Lincoln de Camargo Neves Filho - FEA/UNICAMP/São Paulo
Odilon Reny Ribeiro Ferreira da Silva - EMBRAPA/Paraíba
Rogério dos Santos Serôdio - CEPLAC/Bahia
Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo
Sandra Maria Couto - DEA/UFV/Minas Gerais
Satoshi Tobinaga - FEA/UNICAMP/São Paulo
Silvio Luis Honório - FEAGRI/UNICAMP/São Paulo
Tetuo Hara - CENTREINAR/Minas Gerais
Vicente de Paula Queiroga - EMBRAPA/Paraíba
Vivaldo Silveira Junior - FEA/UNICAMP/São Paulo
REVISÃO DE TEXTOS
Português: Marli de Lima Assis
José Salgado de Assis
Inglês: Ápio Cláudio de Lima Assis
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Renato Fonseca Aragão
Os assuntos, dados e conceitos emitidos por esta Revista, são da
exclusiva responsabilidade dos respectivos autores. A eventual
citação de produtos marcas comerciais não significa
recomendação de utilização por parte da Revista.
REVISTA BRASILEIRA DE PRODUTOS AGROINDUSTRIAIS
PUBLICAÇÃO SEMESTRAL
Av Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087
La Revista Brasileña de Productos Agroindustriales tiene una
edición semestral, pudiendo editar números especiales caso exista
esta necesidad. La Revista tiene por objetivo hacer una divulgación
de los trabajos científicos, técnicos, notas previas y textos
didácticos, originales e inéditos, escritos en portugués, español o
ingles, en las áreas de conocimiento en: Propiedades Físicas de los
Materiales Biológicos; Almacenamiento y Secado de Productos
Agrícolas; Automación y Control de los Procesos
Agroindustriales; Procesamiento de los Productos Agro-pecuarios;
Embalajes; Calidad y Higienización de los Alimentos;
Refrigeración y Congelamiento de los Productos Agrícolas y
Procesados, así como también el Desarrollo de nuevos Equipos y
de nuevos Productos Alimentares. Los artículos publicados en la
Revista están indexados en AGRIS AGROBASE y en el CAB
ABSTRACT.
GENERAL INFORMATION
The Brazilian Journal of Agro-industrial Products will have a has
a semestral edition, but it can have special numbers if this is
necessary. The purpose of the Journal is to spread Scientific and
technical works, previous notes and didactic, original and
unpublished works, written in Portuguese, Spanish and English
about Physical Proprieties of Biological Materials; Storage and
Drying of Agricultural Products; Automation and Control of
Agro-industrial Processes; Processing of Vegetal and Animal
Products; Packing; Quality and Healthily of Foods;
Refrigeration and Freezing of Agricultural Products already
processed besides the Development of New Equipment
FICHA CATALOGRÁFICA
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais/ Brazilian Journal
Agro-Insustrial Products v.5, n.2, (2003). Campina Grande:
Universidade Federal de Campina Grande, Centro de Ciências e
Tecnologia, 2003.
Campina Grande, Volume 5, Número Especial, janeiro-dezembro, 2003.
Semestral
ISSN 1517-8595
ISSN 1517-8595
Tiragem 500 exemplares.
CAPA: A: mandioca, pão
Site da RBPA http://www.deag.ufcg.edu.br/rbpa.
1. Engenharia Agroindustrial-Períodicos. 2. Agroindústria. 3. Produtos
Agroindustriais. 4. Engenharia de Alimentos. 5. Engenharia Agrícola.
CDD 631.116
ISSN 1517-8595
Volume 5, Número 2, Julho-Dezembro, 2003
SUMÁRIO/ CONTENTS
Artigos Científicos
Página
ESTUDO DA SECAGEM DE FOLHAS DE Manihot spp PARA EMPREGO NA ALIMENTAÇÃO
HUMANA (Drying study of Manihot spp. leaves to use in human feeding)
Ingred M. Barros, José C. C. Santana, Gabriel Francisco da Silva, Roberto R. de Souza .....................
103
CONSTITINTES QUÍMICOS EM SEMENTES DE ALGODÃO COM LÍNTER E EM
SEMENTES DE ALGODÃO SEM LÍNTER ( Chemical constituent in cotton seeds with lint and in
cotton seeds without lint)
Ticiana Leite Costa, Luciana Façanha Marques Francisco, Jardel Rodrigues da Paixão, Regilane
Marques Feitosa, Jonas dos Santos Sousa ..............................................................................................
111
BLEND DE CAFÉ COM MUCUNA PRETA: ANÁLISE SENSORIAL POR NÃO
ESPECIALISTAS (Sensorial analyze of coffee (Coffea arabica L.) blend with “mucuna preta”
(Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) )
Nayara Lia de Lima Aragão, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte ......
117
ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS FUNCIONAIS ENRIQUECIDOS COM FOLHA DE
Manihot spp. (Sensorial analysis of functional foods, which is enriched by Manihot spp. leaft)
Karina O. L. de Almeida, José C. C. Santana, Roberto R. de Souza .......................................................
127
ANÁLISES FISIOLÓGICAS EM SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.)
ARMAZENADAS NA PRESENÇA DE EQUIPAMENTO REDUTOR DE INÓCULO. (Physiologic
analysis of bean seeds (Phaseolus vulgaris L.) stored in the presence of inoculum reduced equipment
Osvaldo Resende, Flávio Meira Borém, Maria Laene Moreira Carvalho, Cristiane Fortes Gris ..........
133
CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE AROEIRA (Astronium urundeuva Engl.), E
BARAÚNA (Schinopsis brasiliensis Engl.). (Crioconservation of aroeira (Astronium urundeuva
Engl.) and barauna (Schinopsis brasiliensis Engl.) seeds)
Taciana Walesca Cruz Gonzaga, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Humberto Silva, Maria Elita
Martins Duarte ........................................................................................................................................
145
ANÁLISE DA COLORAÇÃO DA CASCA DE BANANA ‘PRATA’ TRATADA COM ETILENO
EXÓGENO PELO MÉTODO QUÍMICO E INSTRUMENTAL. ( Analysis of the “Prata” banana
pell coloration that’s treated with hexogen ethylene by the chemical and instrumental method)
Virgínia de Souza Álvares, Paulo César Corrêa, Gerival Vieira, Fernando Luiz Finger, Rodrigo
Vasconcelos Agnesi ..................................................................................................................................
155
VISCOSIDADE APARENTE DA POLPA DE UMBU-CAJÁ CONCENTRADA A 100C. (Apparent
viscosities of concentrated umbu-cajá pulp at 10oC)
Lucicléia Barros V. Torres, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa Figueiredo .....
161
GERMINAÇÃO E VIGOR NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO GERGELIM: EFEITO DA
SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO (Germination and vigour and initial development of
sesame: Effect of irrigation water salinity).
Márcia Rejane de Queiroz Almeida Azevedo, Francisco de Assis Cardoso Almeida, , Josivanda
Palmeira. Gomes de Gouveia, Carlos Alberto V. de Azevedo, Manassés M. da Silva, Roberto Vieira
Pordeus ....................................................................................................................................................
169
COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO CONGELADO
(Rheological behaviour of frozen concentrated orange juice)
Ivanise Guilherme Branco, Carlos Alberto Gasparetto ...........................................................................
175
DRYING SIMULATION THEORY OF THE COWPEA CONSIDERING THE GRAIN
SHRINKAGE (Teoria e simulação de secagem de feijão macassar levando-se em consideração o
encolhimento dos grãos).
Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Martins Duarte.......................................................
181
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003
ISSN 1517-8595
103
ESTUDO DA SECAGEM DE FOLHAS DE Manihot spp PARA EMPREGO NA
ALIMENTAÇÃO HUMANA
Ingred M. Barros1, José C. C. Santana2, Gabriel F. da Silva3, Roberto R. de Souza3
RESUMO
No presente trabalho foi feito o acompanhamento das curvas de secagem das folhas de Manihot
spp. (mandioca) e sua possível influência sobre as propriedades nutricionais dos produtos
obtidos a partir destas folhas considerando-se que estes serão empregados como suplementos
alimentares alternativos. A análise das propriedades nutricionais baseou-se na determinação do
teor de proteínas totais, fibras brutas e cinzas. A análise dos resultados mostrou que as folhas de
mandioca secas a temperatura de 80°C apresentaram baixos teores de proteína total e fibras
brutas enquanto que às desidratadas a 40°C após 2 horas conteve 17,896 Ug/mL de proteína
total e 36,99 % de fibras brutas, desta forma, sendo indicado como um produto de alto teor de
proteínas e fibras.
Palavras-Chave: Desidratação; Secagem, Alimentação Humana; Folha de Mandioca
DRYING STUDY OF Manihot spp. LEAVES TO USE IN HUMAN FEEDING
ABSTRACT
In the present work it was accomplished the drying curves of Manihot spp. (cassava) leaves and
its possible influence in the nutritious properties of the products considering its use as food
supplement at a low cost. The analyzed nutritious properties consisted of the tenor of total
proteins, rude fibers and ashes. Analyzing the results it was detected, that the cassava leaves,
when dehydrated at the temperature of 80 ºC, presented considerable losses, so much of total
protein, as of rude fibers, not being this suitable temperature for the drying of the cassava
leaves, however, the dehydrated cassava at the temperature of 40 ºC, after 2 hours, contained
17.896 Ug/mL of total protein and 36.99% of rude fibers; being indicated as a product with high
protein and fibers tenors.
Keywords: dehydratation; drying; human feeding; Manihot spp. leaf.
Protocolo 52 2002 01 de 23 de setembro de 2002
1
Especialista em Tecnologia de Alimentos, DEQ/UFS
2
Doutorando, FEQ/UNICAMP, Campinas – SP - Brasil, E-mail: [email protected].
3
Professor Doutor, DEQ/CCET/UFS, Av Marechal Rondon, S/N, Jd. Rosa Elze, São Cristóvão-SE, Brasil, CEP: 49100 000,
Email: [email protected], Fax: (0xx) 79 212-6684.
104
Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al.
INTRODUÇÃO
A mandioca pode ser considerada uma
importante cultura agrícola que assume posição
de destaque na conjuntura sócio-econômica
mundial, devido a sua capacidade de adaptação
em condições climáticas distintas. Sua maior
concentração, porém verificam-se nos continentes Americano, principalmente América do
Sul; Asiático e Africano (Canoilas, 1989).
Em 1991, a produção mundial foi de
153.689.000 toneladas, sendo que 74,60 %
foram produzidas em apenas nove países:
Brasil, Tailândia, Nigéria, Zaire, Indonésia,
Índia, Paraguai, Moçambique e Colômbia. O
Brasil se destaca como primeiro produtor
atingindo uma marca de 16,00 %. Os maiores
estados Brasileiros produtores de mandioca são:
Bahia, Pará, Paraná, Maranhão, Rio Grande do
Sul, Piauí, Santa Catarina, Pernambuco e Ceará
(Santos, 1995).
A mandioca produzida pode ser utilizada
para o consumo “in natura” ou para ser
processada industrialmente em vários produtos
amiláceos, onde se pode destacar: fécula e
polvilho azedo, farinha de mandioca, raspa,
farinha de raspa ou panificável, sagu e pellets.
Para o consumo “in natura”, existem algumas
variedades que não são aconselháveis, por
apresentarem um elemento que pode causar
envenenamento em homens e animais. Este
envenenamento decorre de um glicosídeo
cianogênico denominado linamarina. Esse
glicosídeo em presença das enzimas e ácidos
dos sucos digestivos se hidrolisa, resultando na
liberação de ácido cianídrico (HCN). Todas as
variedades de mandiocas apresentam na sua
constituição esse composto. Existe a mandioca
chamada de “mansa”, onde a quantidade de
HCN é inócua com teores de 0,001 a 0,010 %;
já, nas denominadas de “bravas”, o teor varia de
0,15 a 0,030 % (Ciacco, 1982).
O envenenamento de animais com o
HCN, proveniente da mandioca, pode ser
evitado quando esta é submetida ao processo de
desidratação. Isto ocorre porque o HCN é
eliminado pela ação do calor. Nos produtos
industrializados a base de matérias primas da
mandioca, este problema não existe, uma vez
que no processamento ocorre a remoção do
HCN, sendo inclusive as mandiocas “bravas”
preferidas nas indústrias de transformação pelo
seu alto teor em amido (Ciacco, 1982; Santos,
1995).
Torna-se necessária à realização de
estudos mais aprofundados para a detecção e
posterior eliminação de possíveis fatores
limitantes, naturalmente presentes em matérias
primas não convencionais, com a finalidade de
melhorar o aproveitamento e a obtenção de
produtos de alto valor nutritivo e de baixo
custo.
A mandioca é um alimento produzido,
mundialmente, em larga escala. A composição
química da raiz de mandioca apresenta em
média 60 a 65 % de umidade; 30 a 35 % de
carboidratos, sendo a maior proporção
correspondente ao amido, em torno de 80 %. A
fibra total corresponde a fração de 3,2 a 4,5 %.
A quantidade de proteína encontrada nas raízes,
é da ordem de 1 a 2 %. O teor de vitaminas e
minerais nesse alimento é pequeno, entretanto,
podem
ser
encontrados
quantidades
consideráveis de vitamina C, tiamina,
riboflavina, ácido nicotínico, cálcio e fósforo
(Matsuura, 1995).
Segundo Silva (1990), a raiz da mandioca
apresenta a seguinte composição química: 65 a
75% de água; 2,5% de proteínas brutas; 1,5 a
2,5% de celulose; 0,1 a 0,5% de lipídeos; 18 a
23% de amido e 0,5 a 1,9% de cinzas.
Jesus citado em Silva (1990), analisando
dez variedades de mandioca, detectou os
valores de 21,55 a 25,14 % de proteína bruta na
matéria seca da folha e de 5,58 a 6,70 % na
matéria fresca.
Em pesquisas realizadas na parte aérea da
mandioca, foi detectado que as ramas
apresentam na sua composição química 15,25
% de proteína bruta; 15,15 % para fibra bruta e
21,35 % para carboidratos (Silva, 1990).
Para os fenos de folhas e de ramos de
mandioca foram encontrados, respectivamente:
28,67 % e 13,01 % de proteína bruta; 13,71 e
30,80 % de fibra bruta (Gramacho, mencionado
por Silva, 1990).
Carvalho e Kato (1987), realizando
trabalho com as folhas e a parte aérea da
mandioca, detectaram o percentual de proteína
bruta de 7,1 e 25 % para as folhas frescas e
secas, respectivamente. Com relação a fibra
bruta foram encontrados os valores de 1,4 %
nas folhas frescas e 13,3 % nas folhas secas.
A folha de mandioca quando desidratada
representa uma importante fonte nutricional por
apresentar uma concentração de seus nutrientes,
sendo inclusive utilizada no combate a
problemas de saúde pública como fonte
protéica, mineral e vitamínica.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003
Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al.
Dados da literatura revelam que o
conteúdo de cianeto das folhas de mandioca é
reduzido para níveis muito baixos, com as
técnicas de processamento tradicionais como
fervura, ebulição e cozimento (Flores, 1998).
A desidratação é uma das principais
técnicas utilizadas atualmente no processamento de folhas de mandioca. Dentre os
objetivos da desidratação pode-se destacar:
destruição de microorganismos, redução da
atividade de água, inativação de enzimas e
fatores antinutricionais e melhoria da
digestibilidade, prolongando assim a vida da
mesma (Flores, 1998).
Outras vantagens advindas da secagem
de alimentos são: a) concentração de nutrientes
e b) facilidade de transporte permitindo,
inclusive, o deslocamento dos alimentos por um
período de tempo mais longo, uma vez que é
praticamente inviável a proliferação de
microorganismos devido ao reduzido conteúdo
de água e oxigênio. No entanto, dois pontos
importantes ainda devem ser levados em
consideração na desidratação de alimentos:
1) a possibilidade de perda parcial de
algumas propriedades nutritivas (a exemplo da
vitamina A e C);
2) a existência de microorganismos
anaeróbios que poderiam proliferar, provocando
contaminações.
A folha de mandioca desidratada tem
sido utilizada de forma crescente como
suplemento nutricional, uma vez que se
apresenta como um produto de alto valor
nutritivo para adultos e crianças. Através da
análise da composição química da farinha de
folhas de mandioca, detectou-se a presença de
proteínas; vitamina A, que têm papel relevante
para a pele e visão; vitamina C, que contribui na
resistência do organismo contra algumas
patologias, dentre outras funções; além das
vitaminas B1, B2, niacina e alguns minerais
como o cálcio e o ferro. Apresenta ainda, 13 %
de fibras, fato este que auxilia no processo de
digestão dos alimentos (Santos, 1995).
De acordo com Jesus e Souza (1999) e
Franco (1992), as proteínas são consideradas
nutrientes nobres para o organismo humano,
uma vez que, são necessárias para a elaboração
de diversos compostos entre os quais se pode
citar as enzimas, hormônios e antibióticos, e
também em funções biológicas bastante
distintas (reguladora, estrutural, imunológica,
hormonal e contrátil)
105
A
deficiência
energético-próteica
constitui um grave problema de saúde pública
em muitos países em desenvolvimento. As
condições de saúde e a baixa ingestão alimentar
interferem no aproveitamento biológico do
alimento, principalmente nas camadas sócioeconômicas de menor poder aquisitivo (Silva,
1990).
As raízes de mandioca são fontes
importantes de carboidratos. Sua folha
apresenta teor considerável de proteína. Já com
relação ao valor nutricional da mandioca, rica
em energia e com baixo teor protéico (1,3 % de
proteína bruta). Apresenta reduzido teor de
fibras (1,6 %) e elevado coeficiente de
digestibilidade. Os carboidratos são encontrados em percentual de 25 a 35 %, contendo
sacarose, maltose e glicose que constituem o
amido desta raiz (Canoilas, 1989).
O consumo das folhas de diversos
alimentos no Brasil, não se constitui em um
hábito alimentar. Surge, assim, a necessidade
de trabalhos educativos com relação à utilização
de forma adequada das folhas de mandioca, e
que estas não sejam consideradas apenas um
resíduo agrícola, acarretando no desperdício de
um material de alta produtividade e com
elevados teores protéicos (Carvalho et. al.,
1986).
Portanto, este trabalho teve por objetivo
estudar a curva de secagem da folha de
mandioca e avaliar a variação das
concentrações de proteína bruta, fibras e cinzas
durante a desidratação do alimento.
MATERIAIS E MÉTODOS
Determinação do conteúdo de água inicial
Foram determinadas pelo método
termogravimétrico ou da dessecação, seguindo
a metodologia descrita por Ascar (1985).
As amostras foram pesadas e levadas a
estufa a temperatura de 105°C ± 2 oC.
As amostras ao atingirem peso constante,
determinou-se o seu percentual de água em
base seca, obtido pela diferença de peso da
amostra inicial e da amostra final (amostra
seca), dividido pelo peso da amostra final.
O percentual de água em base úmida foi
obtido pela diferença de peso da amostra inicial
e da amostra final, dividido pelo peso da
amostra inicial.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003
106
Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al.
Acompanhamento da perda de água
Determinação do teor de cinzas
Obtido o conteúdo de água inicial das
amostras estas eram pesadas e levadas a estufa
nas temperaturas de 40, 60 e 80 oC.
As amostras foram expostas a estas
temperaturas por um período de 30, 60, 90, 120,
180, 240, 360 e 480 minutos; e a cada intervalo
de tempo uma sub-amostra era retirada para
determinação do seu conteúdo de água.
Para determinação do teor de cinzas foi
utilizado o método de incineração simples ou
calcinação simples (Ascar, 1985).
O método consiste em pesar a amostra e
coloca-la em uma mufla a temperatura de 550 ±
20°C.
A amostra é submetida a esta temperatura, até que ocorra a destruição total da matéria
orgânica por meio do calor. Isto é obtido
quando a amostra passa a ter uma coloração
branco-acinzentada.
O percentual de cinzas é obtido pela
diferença de peso da amostra inicial e da
amostra final, dividida pelo peso da amostra
inicial multiplicado-se por 100.
Determinação do teor de proteína bruta
Para essa determinação, utilizou-se o
Método de Bradford (1976).
Esse método consiste em colocar uma
dada quantidade da amostra em uma cápsula de
porcelana. Adicionar 5 mL da solução de
solução tampão (Tris a 50 mM e pH 6,5) e
realizar a maceração.
Centrifuga-se a amostra macerada
durante 10 minutos a 8000 rpm a temperatura
de 8 oC.
Em seguida retirar-se 0,05 mL do líquido
sobrenadante da amostra após centrifugação e
completa-se com a solução tampão (Tris a 50
mM e pH 6,5) até atingir 1 mL e logo após
adiciona-se 1 mL do reativo de Coomassie
Blue.
Prepara-se o branco com 1 mL da
solução tampão (Tris a 50 mM e pH 6,5) mais 1
mL do reativo de Coomassie Blue.
As leituras foram realizadas num
espectrofotômetro 30 segundos após a adição
do reativo de Coomassie Blue a uma
absorbância de 595 nm.
Determinação do teor de fibras
Para determinar o teor de fibras das
folhas de mandioca, utilizou-se a técnica do
duplo ataque ácido/alcalino na amostra,
restando as fibras, as quais foram quantificadas
por gravimetria (Ascar, 1985).
Nesta determinação iniicalmente pesa-se
a amostra e transfere-se para um erlenmeyer
com tubo de refluxo e adiciona-se 200 mL de
ácido sulfúrico a 0,255 N.
Deixa-se ferver por 30 minutos, não
deixando formar espuma, em seguida esfria-se e
filtra-se.
O percentual de fibras é obtido pela
diferença de peso da amostra inicial e da
amostra final, dividido pelo peso da amostra
inicial e multiplicando-se por 100.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Influência da temperatura sobre o processo de
secagem das folhas de mandioca
O conteúdo de água inicial das amostras
foi de 119,78 %base seca ou 54,50 % base
úmida.
Na Tabela 1 encontra-se a perda do
conteúdo de água com o tempo das folhas de
mandioca, onde se constata que a temperatura
de 80 oC ocorre uma secagem extremamente
rápida no inicio do processo, decaindo depois
de 2 horas de secagem quando o conteúdo de
água já estava com 3,3% b.s. (base seca). Apos
esse período de 2 horas verifica-se que se inicia
o processo de evaporação da água intrínseca
contida na folha da mandioca onde se constata
um inicio de processo de degradação das folhas
que ocorre lentamente quando essas folhas
permanecem no processo de secagem a 80°C,
indicando que, para essa temperatura, a secagem não deve ir além desse tempo de 2 horas.
Nesta tabela, verifica-se também que a
secagem feita a temperatura de 60 oC, ocorre
uma redução linear da perda de água da folha
de mandioca até 2 horas de secagem e a partir
desse período, ocorre uma degradação visual
dos constituinte da amostra. No entanto, para a
temperatura de 40 oC, verifica-se que o
processo de secagem ocorre lentamente e
independente da degradação, embora o
comportamento da secagem as temperaturas de
60°C e 40°C estejam muito próximas.
É importante ressaltar que durante a
secagem de alimentos há uma forte dependência
da sua degradação com a temperatura de
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003
Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al.
operação. Neste estudo, observou-se que a
menor degradação ocorreu à temperatura de
40ºC, pois isto fica evidenciado pela alteração
na coloração das folhas quando se compara a
secagem entre as temperaturas de 80°C, 60°C e
40°C.
Durante o processo de secagem a
concentração de nutrientes é um fator
107
importante, haja vista que, a possibilidade de se
utilizar alimentos desidratados por um período
de conservação maior. De acordo com Flores
(1998) o inconveniente na desidratação de
alimentos é a possibilidade de ocorrer
degradações, em função das variações de
temperatura, que impliquem em perda
nutricional do alimento.
Tabela 1 – Dados do processo de secagem da folha de mandioca a 80, 60 e 40 ºC
Conteúdo de água
% base seca
Tempo
(hora)
0
0,5
1,0
1,5
2,0
3,0
4,0
6,0
8,0
40ºC
Temperatura
60ºC
80ºC
119,78
102,06
88,05
81,16
68,34
68,08
44,77
36,30
5,53
119,78
96,72
87,99
75,60
76,69
58,51
43,39
3,52
2,46
119,78
71,60
32,33
17,97
3,41
1,84
1,07
0,66
0,53
Variação da proteína bruta das folhas de
mandioca durante o processo de secagem
A variação da proteína bruta de folhas de
mandioca durante o processo de secagem as
temperaturas de 40, 60 e 80°C encontra-se na
Tabela 2. Nessa tabela observa-se que os
valores máximos de proteína bruta para cada
temperatura de secagem foram de 17,896
Ug/mL, para as folhas de mandiocas secas a
temperatura de 40OC, por um período de tempo
de 2 horas; 6,835 Ug/mL para as folhas de
mandiocas secas a temperatura de 60 OC por um
período de tempo de 2 horas e 5,708 Ug/mL
para as folhas de mandiocas secas a temperatura
de 80OC por um período de tempo de 1 hora.
Considerando-se o valor máximo de
proteína bruta, o valor 17,896 Ug/mL, obtido
durante a secagem a 40 oC por 2 horas, tem-se
que às temperaturas de 60 e 80 oC, as folhas de
mandioca sofrem, respectivamente uma perda
de 38,19 % (6,835 Ug/mL) e 31,89 % (5,708
Ug/mL).
Analisando ainda a secagem das folhas
de mandioca é possível observar que a
desidratação ocorre em até 4 horas. Entretanto,
quando a desidratação se estende até esse valor,
ocorre uma perda protéica de: 4,15 pontos
percentuais a temperatura de secagem de 40 oC,
16,4 pontos percentuais a 60 oC e de 16,76
pontos percentuais a temperatura de 80 oC.
Tabela 2 - Proteína bruta das folhas de mandioca durante a secagem as temperaturas de 40, 60 e 80ºC.
Tempo
(hora)
0
1
2
4
6
8
Proteína bruta (Ug/mL)
40°C
Temperaturas
60°C
80°C
17,90
10,77
17,90
14,39
13,75
13,75
17,90
2,08
6,47
6,84
2,50
1,50
17,90
5,41
5,71
1,20
1,50
1,14
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003
108
Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al.
Variação do teor de fibras das folhas de
mandioca durante o processo de secagem
Os folhosos normalmente são considerados fontes importantes de fibras. De acordo
com Mahan (1995), as fibras por apresentarem
papel essencial para o adequado funcionamento
do organismo, são recomendadas, atualmente,
uma ingestão diária de 20 a 30 gramas, e um
máximo, de 35 gramas (Instituto Nacional do
Câncer). A ingestão diária deve ocorrer de
forma diversificada, com produtos derivados de
todos os grãos, frutas e vegetais, incluindo
legumes
Na Tabela 3, verifica-se que na folha de
mandioca existe uma grande quantidade de
fibras, no entanto com o decorrer da secagem,
existiu uma redução gradativa nos quantitativos
de fibra.
Na secagem a 40 oC os valores de fibras
variaram de 65,00 % para 17,22 % depois de
um tempo de secagem de 6 horas, sendo essa
redução foi de 47,72 pontos percentuais.
As folhas de mandioca quando
submetidas à temperatura de 60oC os valores de
fibras variaram de 65 % para 34,52 %, após 6
horas de secagem, provocando uma redução de
30,48 pontos percentuais, sendo comparativamente menor do que à temperatura de 40 oC.
Esses valores elevados de redução também
foram encontrados em trabalho realizado por
Flores (1998).
Na secagem a 80 oC esses valores são
mais acentuados ainda pois a redução foi de
65% para 1,42% havendo praticamente uma
redução cause que total de suas fibras. Este fato
é um indicativo de que as fibras podem sofrer
degradação térmica juntamente com outros
nutrientes.
Tabela 3 - Teor de fibras das folhas de mandioca durante a secagem as temperaturas de 40, 60 e 80ºC
Teor de fibras (%)
Tempo
(Horas)
40°C
Temperatuas
60°C
80°C
0
0,5
2,0
4,0
6,0
8,0
65,00
63,31
41,63
32,35
17,22
65,00
43,65
35,80
34,03
34,52
-
65,00
19,72
12,73
9,26
1,42
-
Teores de cinzas das folhas de mandioca
durante processo de secagem
Com relação ao teor de cinzas os valores
aumentaram com o aumento da temperatura e
com o tempo de secagem, conforme pode ser
observado na Tabela 4.
Os teores máximos de cinzas encontrados foram respectivamente de 5,20 %, após
6 horas de secagem a temperatura de 40 oC;
5,91 %, após 4 horas de secagem a temperatura
de 60 oC e 6,56 %, após 8 horas de secagem a
temperatura de 80 oC,
Como as cinzas não se alteram com s
temperatura pois são componentes termosensiveis existe durante a secagem uma
concentração desses componentes. Em
decorrência deste fato os teores de cinzas da
folha de mandioca apresentam-se coerentes
com os citados nos trabalhos realizados por
Silva (1990) e Flores (1995).
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003
Estudo da secagem de folhas de Manihot spp para emprego na alimentação humana Barros et al.
109
Tabela 4 – Teores de cinzas das folhas de mandioca durante a secagem as temperaturas de 40, 60 e
80ºC
Tempo
(Horas)
0,5
1,5
2,0
3,0
4,0
6,0
8,0
Porcentagem média de cinzas (%)
40°C
Temperaturas
60°C
80°C
1,43
2,02
2,17
3,93
5,20
5,20
3,54
4,09
4,31
5,16
5,91
-
3,75
4,13
5,52
5,72
6,34
6,56

CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos neste
trabalho pode-se concluir que:






Durante o processo de secagem nas
temperaturas de 40 oC, 60 oC, e 80 oC,
ocorrem degradações dos constituintes
químicos da folha de mandioca, sendo a
secagem a temperatura de 40 oC a mais
apropriada;
Os valores máximos de proteína bruta
foram de 17,896 Ug/mL e de 6,835
Ug/mL para as secagens as temperaturas
de 40 oC e 60 oC, respectivamente, após 2
horas de secagem, e de 5,708 Ug/mL para
a temperatura de 80 oC após 1 hora
secagem;
Ao final do processo de secagem as
temperaturas de 40 oC, 60 oC e 80 oC,
ocorrem diminuições da proteína bruta de
respectiva-mente 4,15 pontos percentuais
a temperatura de secagem de 40 oC; 16,4
pontos percentuais a 60 oC e de 16,76
pontos percentuais a temperatura de 80
o
C;
Os valores de fibras decrescem com o
tempo de secagem para as temperaturas
de 40, 60 e 80 oC, e essa diminuição é de
respectivamente, 47,78; 30,48 e de 63,58
pontos percentuais;
Os valores de cinzas crescem com o
tempo de secagem para as temperaturas
de 40, 60 e 80 oC, e esse aumento é de
respectivamente, 3,77; 2,37 e de 2,81
pontos percentuais;
Para obtenção de um produto seco a base
de folha de mandioca com conteúdo de
água aproximada de 3,5% base seca, são
necessárias 2 horas de secagem a
temperatura de 80°C, 6 horas de secagem
a 60°C e mais de 8 horas a 40°C; e aos
valores de proteína bruta, teor de fibras e
cinzas, para essas condições são, respectivamente de: 5,71 Ug/mL, 12,73% e
5,52%; 2,5 Ug/mL, 34,52% e 5,91%; e
de 13,75 Ug/mL, 17,22% e 5,2.
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.103-110, 2003
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
ISSN 1517-8595
117
BLEND DE CAFÉ COM MUCUNA PRETA: ANALISE SENSORIAL POR
NÃO ESPECIALISTAS
Nayara Lia de Lima Aragão1, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata2,
Maria Elita Duarte Braga2
RESUMO
No Brasil é hábito o consumo de café após as refeições e também no intervalo dessas refeições,
no entanto, devido ao baixo poder aquisitivo da população mais carente no Brasil, observa-se
que essa população tem como forma alternativa torrar os produtos que dêem bebidas similares ao
café. Isto tem ocorrido com grão de algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta. A escolha da
mucuna preta para compor o blend se deve ao fato dessa leguminosa ser de baixo custo. Desta
forma, este trabalho teve como objetivo estudar por meio de análise sensorial os blends de
café com mucuna preta torrada na coloração mais clara e torrada na coloração mais escura, nas
proporções de 10, 15 e 20%. Na analise sensorial dos blends de café com mucuna preta foram
utilizados 30 painelistas não treinados subdivididos em duas classes sociais. Os resultados
obtidos permitem concluir que dos blends estudados o que mais se aproxima do gosto da
bebida café tradicional, segundo os provadores não treinados de baixa renda e de renda média, é
o blend de café com 10% de mucuna preta torrada de coloração mais escura.
Palavras-chave: torra, classes sociais, bebida
SENSORIAL ANALYZE OF COFFEE (Coffea arabica L.) BLEND WITH MUCUNA
PRETA (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy)
ABSTRACT
In Brazil, it is an habit the consumption of coffee after the meals and between them, however, it
is observed that the poor population has as alternative form to toast the products that are drunk
similar to the coffee due to the low conditions of life of the most poor population in Brazil. It
has been happening with algaroba grain, mangirioba, guandu and mucuna preta . The choice
of the mucuna preta to compose the "blend" is due to its low cost. Then, this work had as
objective to study, sensorial analysis the coffee "blends" with toasted mucuna preta in the
clearest color and toasted in the darkest color, in the proportions of 10, 15 and 20%. In the
sensorial analyzes of the coffee blends with mucuna preta , 30 not trained tasters subdivided in
two social classes were used. The obtained results allow us to conclude that the blend that more
approaches of the taste of the tradicional coffee taste, among the studied "blends" and
according to the not trained tasters which have low income (lowers class) and medium income
(middle class), is the "coffee blend" with 10% of darker toasted mucuna preta .
Keywords: toasts, socials classes, drink
___________________
Protocolo 97 de 7/5/2003
1
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola
2
Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil,
[email protected] e [email protected]
118
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
INTRODUÇÃO
Historicamente, o Brasil ocupa a posição
de maior produtor mundial de café, produzindo,
anualmente, 6,8 milhões de toneladas que
corresponde a 23,9% de toda a produção
mundial de café (Fao, 1999 citado Almanaque
Abril, 2002).
O Brasil, além de ser o maior produtor de
café, também, é o terceiro maior consumidor de
café, perdendo, apenas, para os Estados Unidos
e Alemanha Unificada. Isto, no entanto, parece
não sensibilizar a cafeicultura nacional. O país,
que consome 9 milhões de sacas, é mal
trabalhado pela indústria local e pelos
produtores de cafés finos. O efeito disto foi a
queda do consumo per capita/ano.
No Brasil, é hábito e tradição consumir
uma xícara de café após as refeições, e,
também, no intervalo dessas refeições, mas
devido ao baixo poder aquisitivo da população,
este tem sido substituído por outras bebidas
alternativas, como sucos, refrigerantes,
achocolatados, entre outros (Bassoli., 1992).
Quando a população encontra cafés mais
baratos, normalmente, o pó de café é fraudado,
adicionando-se a este, cascas de café, paus,
milho torrado, açúcar, cacau torrado, entre
outros. Evangelista (1987) relata que, para
baratear os custo do café, alguns produtores e
comerciantes fraudam o café, adicionando, a
este, alguns produtos mais baratos, como
cevada, milho, raízes e cascas de café. Essa
adição tem como finalidade aumentar o volume
da massa, sendo que a adição de caramelo tem
por objetivo melhorar a sua coloração.
A população mais carente tem como
forma alternativa, em vez de consumir café,
torrar outros produtos que dêem bebidas
similares ao café. Isto tem ocorrido com grão de
algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta.
Já que uma grande parte da população
brasileira tem baixo poder aquisitivo, torna-se
necessário pensar na elaboração de um blend
de café com especificações e constituição,
devidamente, rotuladas que, após análises e
aprovação dos órgãos de saúde competentes,
contribuiria, de modo eficaz, para eliminar do
mercado misturas de café nas mais diferentes
composições que são fraudes e falsificações e
que podem prejudicar a saúde do consumidor.
A escolha da mucuna preta para compor
o blend de café se deve ao fato de que essa
leguminosa tem baixíssimo custo de produção
e, quando torrada tem sabor semelhante ao do
café. Assim, produzindo um blend de café
com mucuna preta, poder-se-ia encontrar um
consumo certo, entre as populações mais
pobres, do país.
Portanto, percebe-se que existe um
mercado para elaboração de um blend com
outros grãos com gosto e aroma similar ao café
que dê uma bebida bem próxima ao café
comum, no entanto com preço mais popular.
Assim, diante desse contexto, e devido à
importância econômica e social do café, tornase relevante pesquisar técnicas referentes a
blends , que proporcionem uma nova bebida
de café, onde seja preservada a qualidade
nutricional e tenha um custo mais acessível à
população brasileira, de forma que obedeça à
nova tendência do mercado cafeícola e o torne
aceitável à mesa do consumidor.
Desta forma, este trabalho teve como
objetivo realizar avaliações de blends de café
com mucuna preta torradas na coloração mais
clara e torrada na coloração mais escura, nas
proporções de 10, 15 e 20%, utilizando-se a
análise sensorial de painelistas não treinados de
baixa renda (classe baixa) e de renda média
(classe média).
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório
de Armazenamento e Processamento de
Produtos Agrícolas, da Universidade Federal de
Campina Grande na cidade de Campina Grande
e nos Laboratórios de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias, Campus III- Areia, e
NUPPA
Núcleo de Pesquisa de
Processamento de Alimentos, Campus I João
Pessoa, ambos da Universidade Federal da
Paraíba.
A matéria-prima utilizada foi Café, da
espécie Coffea arábica L., tipo 6, produzido na
região de Londrina - Estado do Paraná, e
fornecida pela empresa A Rural Corretora de
Café, safra 2002 (Figura 1). A mucuna preta
(Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) utilizada
como blend (Figura 2) foi obtida junto aos
produtores rurais do município de Pitimbú no
Estado da Paraíba, Brasil.
Na Figuras 1, estão os grãos utilizados
de café (1A) e mucuna preta (1B) antes do
processamento com o pericarpo e preparada
para a torração sem pericarpo, respectivamente.
O procedimento para a preparação dos
blends de café com mucuna torrado de
coloração mais clara, e torrado de coloração
mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%,
são mostrados na Figura 2.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
Figura 1
119
A
B
Grãos de Café arabica in natura (A) e grão de mucuna preta (B)
M u cu n a p reta in n atu ra
C afé in n a tu ra
torrefação
to rrefação
G rãos d e café torra d a
coloração m a rro m escu ro
G rão s d e M u cu n a torra d a
d e co loração m a is cla ra
M o agem
P ó de C afé torrado
m a rro m escu ro
M oa gem
P ó de M ucuna preta
torrada d e
C oloração m ais clara
*B lends d e café com 1 0, 1 5
e 20% de m ucun a preta
torrada d e coloração m ais
clara
torrefação
G rão s d e M u cu n a torra d a
d e co loração m a is escu ra
M oagem
P ó de M u cuna preta
to rrada d e
coloração m ais escu ra
*B lends d e café co m 1 0, 15
e 20% de m ucun a
preta torrada de co loração
m ais escura
A n álises
S en soria is
P rova d o res n ã o
trein ad o s
- C lasse b aixa
- C lasse m éd ia
Figura 2
Fluxograma do procedimento experimental do blend de café com mucuna preta
uma coloraçaoi marrom escuro exigida para
o consumo (Figura 3A).
Preparação do café torrado
O café (Coffea arabica L.) in natura
foi bem homogeneizado e, em seguida, foram
torrados num torrador Mecamau. Máquina
composta por dois cilindros (perfurados)
abertos na frente para a saída da fumaça que
giram sobre as bocas do fogo. Foram torrados
três quilos e meio de grão de café ate atingir
Preparação da mucuna preta
A mucuna preta (Stilozobium aterrimum
Pip. et Tracy), foi, previamente, selecionada e
submetidas à torração de coloração mais clara
(Figura 3B) e de coloração mais escura
(Figura 3C). O torrador utilizado foi o mesmo
acima citado.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
120
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
B
C
A
Figura 3 Café arábica torrado na cor marrom escuro (A); mucuna preta torrada de coloração mais
clara (B) e mucuma. preta torrada na coloração mais escura (C)
Análises Sensoriais
O pó de café (marrom escuro) e
mucuna preta (de coloração mais clara e de
coloração mais escura) em diferentes
proporções 10, 15 e 20% foram submetidos às
misturas ( blends ), totalizando seis sacos da
mistura e um saco de café puro cada um contém
250g. A preparação das bebidas blend de café
com mucuna preta nas proporções de 10, 15 e
20%, realizaram-se da seguinte forma: Depois
de 1 L de água mineral estar fervendo por dois
minutos, adiciono 50 g (3 colheres bem cheias)
de pó do blend de café. A mistura
homogeneizada foi despejada em um filtro de
nylon de marca Melita, segundo Gramer e
Godoy (1979). O material filtrado recebeu 6
colheres de açúcar e foi acondicionado em
garrafas térmicas para a realização da análise
sensorial.
Com a finalidade de comparar o blend
de café com o café tradicional, também, foi
preparada uma bebida com pó de café (marrom
escuro), seguindo-se o mesmo procedimento
acima descrito.
A
preferência
da
bebida
foi
determinada por análise sensorial seguindo-se
um questionário (Figura 4) elaborado quanto
aos diferentes graus de sabor da bebida
conforme Moraes (1993).
As analises sensoriais foram conduzidas
em dois níveis econômicos, sendo o primeiro a
classe de baixa renda (menor de dois salários
mínimos) e a segunda a classe média (entre 2 e
10 salários mínimos).
TESTE DA PREFERÊNCIA QUANTO AO SABOR
Nome do candidato:
.............................................................................
Data:... / ... / ...
Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou
desgostou.
ESCALA HEDÔNICA
1. Desgostei muito
2. Desgostei
3. Indiferente
4. Gostei
5. Gostei muito
CÓDIGO DA AMOSTRA
VALOR
A .........................................................................................................
B .........................................................................................................
C .........................................................................................................
D .........................................................................................................
E.........................................................................................................
F.........................................................................................................
G.........................................................................................................
Por favor, dê a razão de sua avaliação.
....................................................................................................................................
Figura 4
Ficha da analise sensorial do blend de café com mucuna preta
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
117
preta nas proporções 10, 15 e 20%, sendo a
mucuna preta torrefeita de coloração mais clara
C e torrefeita na coloração mais escura E .
Analisando-se as Tabelas 2 e 3 que
representa, respectivamente, o quadro de
análise de variância e as diferenças entre as
médias dos diferentes tratamentos, percebe-se
que só existem diferenças significativas,
quando se compara à bebida de café ou o
blend de café com mucuna preta na
proporção de 10% com torração de coloração
mais escura, com o
blend de café com
mucuna preta na proporção de 20% com
torração de coloração mais clara.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A prova da xícara é um recurso milenar
bastante conhecido e muito usado no mundo
cafeicultor na avaliação do teste de preferência
e aceitabilidade do produto.
Na Tabela 1, encontram-se os dados
experimentais obtidos da análise sensorial
realizada por 30 provadores não treinados,
pertencentes a duas classes sociais referente a
dois níveis econômicos, sendo uma classe de
baixa renda (menor de dois salários mínimos) e
outra de classe média (entre 2 e 10 salários
mínimos).
O produto avaliado na degustação foi à
bebida café e blends de café com mucuna
Tabela 1 - Valores referentes à análise sensorial dos provadores não treinados de classe baixa e classe
média
Classe de baixa renda
ESCALA
Desgostei muito
Desgostei
Indiferente
Gostei
Gostei muito
Trat. 1
Trat. 2
Trat. 3
Trat. 4
Trat. 5
Trat. 6
Trat. 7
2
4
2
12
10
5
1
5
10
9
3
5
9
9
4
4
6
7
7
6
6
4
10
8
2
3
8
9
8
2
7
11
3
7
2
Classe média
ESCALA
Desgostei muito
Desgostei
Indiferente
Gostei
Gostei muito
Tratamento 1
Tratamento 2
Tratamento 3
Tratamento 4
Tratamento 5
Tratamento 6
Tratamento 7
Trat. 1
Trat. 2
Trat. 3
Trat. 4
Trat. 5
Trat. 6
Trat. 7
2
6
4
10
8
4
3
6
12
5
4
6
6
9
5
5
7
5
10
3
7
2
6
10
5
4
8
5
9
4
7
8
5
8
2
Café
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Constata-se, também, na Tabela 2, que
não existem diferenças significativas para as
diferentes classes sociais e, também, para a sua
interação.
Verificando-se a dificuldade de uma
análise onde se pudesse perceber melhor as
diferenças entre os diversos tratamentos,
resolveu-se expressar os diferentes graus de
preferência, aglutinado-se os provadores que
opinaram com os termos Desgostei e
Desgostou muito , substituindo-os por um
único termo entendido como Não gostaram .
Da mesma forma os termos Gostei e Gostei
muito
foram substituídos pelo termo
Gostaram .
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
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Tabela 2 Análise de variância da degustação dos diversos tratamentos feitos com blends de café
com mucuna preta para duas diferentes classes sociais
Fonte de Variação
Grau de
Liberdade
Somas dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F
7,27060
0,08547
0,61353
1,65665
4,3887 **
0,0516 ns
0,3703 ns
Tratamentos
Classes Sociais
Int. Trat. x Classes Sociais
Resíduo
6
1
6
406
43,62
0,09
3,68
672,60
Total
419
719,99
** = significativo ao nível de 1% de probabilidade
Tabela 3
ns = não significativo
Comparação entre médias da degustação dos diversos blends de café com mucuna preta.
Tratamentos
Café
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara
DMS =
3,66667 a
3,46667 a
3,18333 ab
3,06667 ab
3,00000 ab
2,98333 ab
2,60000 b
0,69623
Assim, foram elaboradas as Figuras 5 e
6, correspondendo à opinião em percentual de
30 provadores não treinados distinguidos em 15
provadores de classe social de baixa renda
(menos de 2 salários mínimos) e 15 provadores
de renda média (entre 2 a 10 salários mínimos).
Percebe-se,
na
Figura
5,
correspondendo à preferência do sabor do café
e dos blends de café com mucuna preta nas
diferentes proporções que os provadores de
baixa renda gostaram mais do blend de café
com mucuna preta torrada na coloração mais
escura do que o blend de café com mucuna
torrada na coloração mais clara. Nota-se,
também, nessa Figura que o blend de café
com 10% de mucuna torrada na coloração mais
escura é o blend que mais se aproxima do
café tradicional com 63,3% da preferência dos
provadores, embora se observe que 20% dos
provadores não gostaram desse blend e,
também, em igual porcentagem do café
tradicional.
Na Figura 6, as análises realizadas são
semelhantemente à da Figura 5, sendo apenas a
diferença na classe social, que foi de provadores
de renda média, no entanto a análise desta
Figura é semelhante ao descrito para a Figura 5,
só que na Figura 6, o percentual de provadores
que não gostaram do café tradicional e do
blend de café com 10% de mucuna torrada na
coloração mais escura, foi de 26,7% e 23,3%,
respectivamente. Este fato indica que dentro do
universo populacional existe uma quantidade
razoável de pessoas que não gostam do café
tradicional e que o blend de café com 10% de
mucuna torrada na coloração mais escura é
aceita como uma bebida semelhante ao café
tradicional.
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Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
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Café torrado
20%
6,7%
não gostaram
indiferente
gostaram
73,3%
Blend Cafe/mucuna 10%
Blend escuro
Blend de Café/Mucuna 10%
Blend claro
33,3%
20%
33,3%
não gostaram
indiferente
indiferente
16,7%
não gostaram
gostaram
gostaram
33,3%
63,3%
Blend de Café/Mucuna 15%
Blend claro
Blend Café/Mucuna 15%
Blend escuro
36,7%
43,3%
26,7%
33,3%
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
gostaram
30%
30%
Blend de Café/Mucuna 20%
Blend claro
Blend Café/Mucuna 20%
Blend escuro
43,3%
30%
33,3%
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
10%
60%
gostaram
23,3%
Figura 5 - Análise sensorial da bebidas de café e dos blends de café com 10, 15 e 20% de mucuna
preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda
inferior a dois salários mínimos (baixa renda)
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Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
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Café torrado
26,7%
não gostaram
indiferente
gostaram
13,3%
60%
Blend Cafe/mucuna 10%
Blend escuro
Blend de Café/Mucuna 10%
Blend claro
30%
23,3%
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
gostaram
20%
20%
50%
56,7%
Blend de Café/Mucuna 15%
Blend claro
Blend Café/Mucuna 15%
Blend escuro
33,3%
46,7%
43,3%
não gostaram
40%
indiferente
indiferente
gostaram
gostaram
16,7%
20%
Blend Café/Mucuna 20%
Blend escuro
43,3%
Blend de Café/Mucuna 20%
Blend claro
33,3%
40%
16,7%
não gostaram
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
gostaram
16,7%
50%
Figura 6 - Análise sensorial da bebidas de café e dos blends de café com 10, 15 e 20% de mucuna
preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda
entre dois e dez salários mínimos (renda média)
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Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
125
CONCLUSÕES
Diante dos experimentos realizados neste
trabalho, pode-se concluir que:
Dos blends estudados o que mais se
aproxima do gosto da bebida café
tradicional, segundo os provadores não
treinados de baixa renda e de renda média é
o blend de café com 10% de mucuna
preta torrada de coloração mais escura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almanaque Abril, Perspectiva de produção
mundial do café. São Paulo: Editora Abril,
São Paulo, 2002. 547p.
Bassoli. P. G. Avaliação da qualidade de
cafés verdes brasileiros: uma análise
multivariada. 1992. 61 f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia), Departamento
de Fitotecnia, Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 1992.
Evangelista, J. Tecnologia de Alimentos.
Livraria Atheneu. Rio de Janeiro. 1987, 579
p.
Gramer, E.A.; Godoy, J.C. Manual do
Cafeicultor.
São
Paulo,
Edições
Melhoramentos, 1979. 320p.
Moraes, M. A. C. Método para avaliação dos
alimentos. 8 ed., Campinas
São Paulo:
UNICAMP, 1993, 93 p.
.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
126
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
Centro de
Ciências
e Tecnologia
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
CAMPINA GRANDE PB
MESTRADO
Reconhecido pela CAPES
Conceito 5
ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
Linhas de Pesquisa
Manejo de Solo, Água, Planta
Salinidade
Engenharia de Irrigação e Drenagem
Sensoriamento Remoto
Planejamento de Áreas Irrigadas
PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
Linhas de Pesquisa
Armazenagem de Produtos Agrícolas
Processamento de Produtos Agrícolas
Crioconservação de Produtos Agrícolas
Propriedades Físicas de Materiais Biológicos
Tecnologia Pós-Colheita
CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA
Linhas de Pesquisa
Construções de Silos
Materiais Convencionais e Não-convencionais em Construções Rurais
Madeira e Estrutura de Madeira
Conforto Térmico de Instalações para Animais e Vegetais
INSCRIÇÕES
Documentos exigidos:
Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4
Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios
Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente
Histórico escolar da graduação
Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor
2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG)
Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação
Docente e Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso
Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo integral, com
ou sem recebimento de remuneração, se for o caso
Períodos de Inscrição:
Maio para início do Curso em Setembro
Setembro para início do Curso em Março
Endereço:
COPEAG Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó
CEP 58.109-970, Campina Grande, PB
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ISSN 1517-8595
117
BLEND DE CAFÉ COM MUCUNA PRETA: ANALISE SENSORIAL POR
NÃO ESPECIALISTAS
Nayara Lia de Lima Aragão1, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata2,
Maria Elita Duarte Braga2
RESUMO
No Brasil é hábito o consumo de café após as refeições e também no intervalo dessas refeições,
no entanto, devido ao baixo poder aquisitivo da população mais carente no Brasil, observa-se
que essa população tem como forma alternativa torrar os produtos que dêem bebidas similares ao
café. Isto tem ocorrido com grão de algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta. A escolha da
mucuna preta para compor o “blend” se deve ao fato dessa leguminosa ser de baixo custo. Desta
forma, este trabalho teve como objetivo estudar por meio de análise sensorial os “blends” de
café com mucuna preta torrada na coloração mais clara e torrada na coloração mais escura, nas
proporções de 10, 15 e 20%. Na analise sensorial dos blends de café com mucuna preta foram
utilizados 30 painelistas não treinados subdivididos em duas classes sociais. Os resultados
obtidos permitem concluir que dos “blends” estudados o que mais se aproxima do gosto da
bebida café tradicional, segundo os provadores não treinados de baixa renda e de renda média, é
o “blend” de café com 10% de mucuna preta torrada de coloração mais escura.
Palavras-chave: torra, classes sociais, bebida
SENSORIAL ANALYZE OF COFFEE (Coffea arabica L.) BLEND WITH “MUCUNA
PRETA” (Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy)
ABSTRACT
In Brazil, it is an habit the consumption of coffee after the meals and between them, however, it
is observed that the poor population has as alternative form to toast the products that are drunk
similar to the coffee due to the low conditions of life of the most poor population in Brazil. It
has been happening with algaroba grain, mangirioba, guandu and “mucuna preta”. The choice
of the “mucuna preta” to compose the "blend" is due to its low cost. Then, this work had as
objective to study, sensorial analysis the coffee "blends" with toasted “mucuna preta” in the
clearest color and toasted in the darkest color, in the proportions of 10, 15 and 20%. In the
sensorial analyzes of the coffee blends with “mucuna preta”, 30 not trained tasters subdivided in
two social classes were used. The obtained results allow us to conclude that the blend that more
approaches of the taste of the tradicional coffee taste, among the studied "blends" and
according to the not trained tasters which have low income (lowers class) and medium income
(middle class), is the "coffee blend" with 10% of darker toasted “mucuna preta”.
Keywords: toasts, socials classes, drink
___________________
Protocolo 52 2002 13 de 07/05/2003
1
Engenheiro Agrônomo, Mestre em Engenharia Agrícola
2
Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB,
Brasil, [email protected] e [email protected]
118
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
INTRODUÇÃO
Historicamente, o Brasil ocupa a posição
de maior produtor mundial de café, produzindo,
anualmente, 6,8 milhões de toneladas que
corresponde a 23,9% de toda a produção
mundial de café (Fao, 1999 citado Almanaque
Abril, 2002).
O Brasil, além de ser o maior produtor de
café, também, é o terceiro maior consumidor de
café, perdendo, apenas, para os Estados Unidos
e Alemanha Unificada. Isto, no entanto, parece
não sensibilizar a cafeicultura nacional. O país,
que consome 9 milhões de sacas, é mal
trabalhado pela indústria local e pelos
produtores de cafés finos. O efeito disto foi a
queda do consumo per capita/ano.
No Brasil, é hábito e tradição consumir
uma xícara de café após as refeições, e,
também, no intervalo dessas refeições, mas
devido ao baixo poder aquisitivo da população,
este tem sido substituído por outras bebidas
alternativas, como sucos, refrigerantes,
achocolatados, entre outros (Bassoli., 1992).
Quando a população encontra cafés mais
baratos, normalmente, o pó de café é fraudado,
adicionando-se a este, cascas de café, paus,
milho torrado, açúcar, cacau torrado, entre
outros. Evangelista (1987) relata que, para
baratear os custo do café, alguns produtores e
comerciantes fraudam o café, adicionando, a
este, alguns produtos mais baratos, como
cevada, milho, raízes e cascas de café. Essa
adição tem como finalidade aumentar o volume
da massa, sendo que a adição de caramelo tem
por objetivo melhorar a sua coloração.
A população mais carente tem como
forma alternativa, em vez de consumir café,
torrar outros produtos que dêem bebidas
similares ao café. Isto tem ocorrido com grão de
algaroba, mangirioba, guandu e mucuna preta.
Já que uma grande parte da população
brasileira tem baixo poder aquisitivo, torna-se
necessário pensar na elaboração de um “blend”
de café com especificações e constituição,
devidamente, rotuladas que, após análises e
aprovação dos órgãos de saúde competentes,
contribuiria, de modo eficaz, para eliminar do
mercado misturas de café nas mais diferentes
composições que são fraudes e falsificações e
que podem prejudicar a saúde do consumidor.
A escolha da mucuna preta para compor
o “blend” de café se deve ao fato de que essa
leguminosa tem baixíssimo custo de produção
e, quando torrada tem sabor semelhante ao do
café. Assim, produzindo um “blend” de café
com mucuna preta, poder-se-ia encontrar um
consumo certo, entre as populações mais
pobres, do país.
Portanto, percebe-se que existe um
mercado para elaboração de um “blend” com
outros grãos com gosto e aroma similar ao café
que dê uma bebida bem próxima ao café
comum, no entanto com preço mais popular.
Assim, diante desse contexto, e devido à
importância econômica e social do café, tornase relevante pesquisar técnicas referentes a
“blends”, que proporcionem uma nova bebida
de café, onde seja preservada a qualidade
nutricional e tenha um custo mais acessível à
população brasileira, de forma que obedeça à
nova tendência do mercado cafeícola e o torne
aceitável à mesa do consumidor.
Desta forma, este trabalho teve como
objetivo realizar avaliações de “blends” de café
com mucuna preta torradas na coloração mais
clara e torrada na coloração mais escura, nas
proporções de 10, 15 e 20%, utilizando-se a
análise sensorial de painelistas não treinados de
baixa renda (classe baixa) e de renda média
(classe média).
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado no Laboratório
de Armazenamento e Processamento de
Produtos Agrícolas, da Universidade Federal de
Campina Grande na cidade de Campina Grande
e nos Laboratórios de Zootecnia do Centro de
Ciências Agrárias, Campus III- Areia, e
NUPPA – Núcleo de Pesquisa de
Processamento de Alimentos, Campus I – João
Pessoa, ambos da Universidade Federal da
Paraíba.
A matéria-prima utilizada foi Café, da
espécie Coffea arábica L., tipo 6, produzido na
região de Londrina - Estado do Paraná, e
fornecida pela empresa A Rural Corretora de
Café, safra 2002 (Figura 1). A mucuna preta
(Stilozobium aterrimum Pip. et Tracy) utilizada
como “blend” (Figura 2) foi obtida junto aos
produtores rurais do município de Pitimbú no
Estado da Paraíba, Brasil.
Na Figuras 1, estão os grãos utilizados
de café (1A) e mucuna preta (1B) antes do
processamento com o pericarpo e preparada
para a torração sem pericarpo, respectivamente.
O procedimento para a preparação dos
blends de café com mucuna torrado de
coloração mais clara, e torrado de coloração
mais escura, nas proporções de 10, 15 e 20%,
são mostrados na Figura 2.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
119
A
B
Figura 1 – Grãos de Café arabica “in natura (A) e grão de mucuna preta (B)
Mucuna preta in natura
Café in natura
torrefação
torrefação
Grãos de café torrada
coloração marrom escuro
Grãos de Mucuna torrada
de coloração mais clara
Moagem
Pó de Café torrado
“marrom escuro”
Moagem
Pó de Mucuna preta
torrada de
Coloração mais clara
*Blends de café com 10, 15
e 20% de mucuna preta
torrada de coloração mais
clara
torrefação
Grãos de Mucuna torrada
de coloração mais escura
Moagem
Pó de Mucuna preta
torrada de
coloração mais escura
*Blends de café com 10, 15
e 20% de mucuna
preta torrada de coloração
mais escura
Análises
Sensoriais
Provadores não
treinados
- Classe baixa
- Classe média
Figura 2 – Fluxograma do procedimento experimental do “blend” de café com mucuna preta
uma coloraçaoi “marrom escuro” exigida para
o consumo (Figura 3A).
Preparação do café torrado
O café (Coffea arabica L.) “in natura”
foi bem homogeneizado e, em seguida, foram
torrados num torrador Mecamau. Máquina
composta por dois cilindros (perfurados)
abertos na frente para a saída da fumaça que
giram sobre as bocas do fogo. Foram torrados
três quilos e meio de grão de café ate atingir
Preparação da mucuna preta
A mucuna preta (Stilozobium aterrimum
Pip. et Tracy), foi, previamente, selecionada e
submetidas à torração de coloração mais clara
(Figura 3B) e de coloração mais escura
(Figura 3C). O torrador utilizado foi o mesmo
acima citado.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
120
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
B
C
A
Figura 3 – Café arábica torrado na cor “marrom escuro” (A); mucuna preta torrada de coloração mais
clara (B) e mucuma. preta torrada na coloração mais escura (C)
Análises Sensoriais
O pó de café (marrom escuro) e
mucuna preta (de coloração mais clara e de
coloração mais escura) em diferentes
proporções 10, 15 e 20% foram submetidos às
misturas (“blends”), totalizando seis sacos da
mistura e um saco de café puro cada um contém
250g. A preparação das bebidas “blend” de café
com mucuna preta nas proporções de 10, 15 e
20%, realizaram-se da seguinte forma: Depois
de 1 L de água mineral estar fervendo por dois
minutos, adiciono 50 g (3 colheres bem cheias)
de pó do “blend” de café. A mistura
homogeneizada foi despejada em um filtro de
nylon de marca Melita, segundo Gramer e
Godoy (1979). O material filtrado recebeu 6
colheres de açúcar e foi acondicionado em
garrafas térmicas para a realização da análise
sensorial.
Com a finalidade de comparar o blend
de café com o café tradicional, também, foi
preparada uma bebida com pó de café (marrom
escuro), seguindo-se o mesmo procedimento
acima descrito.
A
preferência
da
bebida
foi
determinada por análise sensorial seguindo-se
um questionário (Figura 4) elaborado quanto
aos diferentes graus de sabor da bebida
conforme Moraes (1993).
As analises sensoriais foram conduzidas
em dois níveis econômicos, sendo o primeiro a
classe de baixa renda (menor de dois salários
mínimos) e a segunda a classe média (entre 2 e
10 salários mínimos).
TESTE DA PREFERÊNCIA QUANTO AO SABOR
Nome do candidato:
.............................................................................
Data:... / ... / ...
Avalie cada amostra usando a escala abaixo para descrever o quanto você gostou ou
desgostou.
ESCALA HEDÔNICA
1. Desgostei muito
2. Desgostei
3. Indiferente
4. Gostei
5. Gostei muito
CÓDIGO DA AMOSTRA
VALOR
A .........................................................................................................
B .........................................................................................................
C .........................................................................................................
D .........................................................................................................
E.........................................................................................................
F.........................................................................................................
G.........................................................................................................
Por favor, dê a razão de sua avaliação.
....................................................................................................................................
Figura 4 – Ficha da analise sensorial do blend de café com mucuna preta
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
121
preta nas proporções 10, 15 e 20%, sendo a
mucuna preta torrefeita de coloração mais clara
“C” e torrefeita na coloração mais escura “E”.
Analisando-se as Tabelas 2 e 3 que
representa, respectivamente, o quadro de
análise de variância e as diferenças entre as
médias dos diferentes tratamentos, percebe-se
que só existem diferenças significativas,
quando se compara à bebida de café ou o
“blend” de café com mucuna preta na
proporção de 10% com torração de coloração
mais escura, com o “blend” de café com
mucuna preta na proporção de 20% com
torração de coloração mais clara.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A prova da xícara é um recurso milenar
bastante conhecido e muito usado no mundo
cafeicultor na avaliação do teste de preferência
e aceitabilidade do produto.
Na Tabela 1, encontram-se os dados
experimentais obtidos da análise sensorial
realizada por 30 provadores não treinados,
pertencentes a duas classes sociais referente a
dois níveis econômicos, sendo uma classe de
baixa renda (menor de dois salários mínimos) e
outra de classe média (entre 2 e 10 salários
mínimos).
O produto avaliado na degustação foi à
bebida café e “blends” de café com mucuna
Tabela 1 - Valores referentes à análise sensorial dos provadores não treinados de classe baixa e classe
média
Classe de baixa renda
ESCALA
Desgostei muito
Desgostei
Indiferente
Gostei
Gostei muito
Trat. 1
Trat. 2
Trat. 3
Trat. 4
Trat. 5
Trat. 6
Trat. 7
2
4
2
12
10
5
1
5
10
9
3
5
9
9
4
4
6
7
7
6
6
4
10
8
2
3
8
9
8
2
7
11
3
7
2
Classe média
ESCALA
Desgostei muito
Desgostei
Indiferente
Gostei
Gostei muito
Tratamento 1
Tratamento 2
Tratamento 3
Tratamento 4
Tratamento 5
Tratamento 6
Tratamento 7
Trat. 1
Trat. 2
Trat. 3
Trat. 4
Trat. 5
Trat. 6
Trat. 7
2
6
4
10
8
4
3
6
12
5
4
6
6
9
5
5
7
5
10
3
7
2
6
10
5
4
8
5
9
4
7
8
5
8
2
Café
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Constata-se, também, na Tabela 2, que
não existem diferenças significativas para as
diferentes classes sociais e, também, para a sua
interação.
Verificando-se a dificuldade de uma
análise onde se pudesse perceber melhor as
diferenças entre os diversos tratamentos,
resolveu-se expressar os diferentes graus de
preferência, aglutinado-se os provadores que
opinaram com os termos “Desgostei” e
“Desgostou muito”, substituindo-os por um
único termo entendido como “Não gostaram”.
Da mesma forma os termos “Gostei ” e “Gostei
muito” foram substituídos pelo termo
“Gostaram”.
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Tabela 2 – Análise de variância da degustação dos diversos tratamentos feitos com “blends” de café
com mucuna preta para duas diferentes classes sociais
Fonte de Variação
Grau de
Liberdade
Somas dos
Quadrados
Quadrado
Médio
F
7,27060
0,08547
0,61353
1,65665
4,3887 **
0,0516 ns
0,3703 ns
Tratamentos
Classes Sociais
Int. Trat. x Classes Sociais
Resíduo
6
1
6
406
43,62
0,09
3,68
672,60
Total
419
719,99
** = significativo ao nível de 1% de probabilidade
ns = não significativo
Tabela 3 – Comparação entre médias da degustação dos diversos “blends” de café com mucuna preta.
Tratamentos
Café
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais escura
Café/10% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/15% de Mucuna torrada de coloração mais clara
Café/20% de Mucuna torrada de coloração mais clara
DMS =
3,66667 a
3,46667 a
3,18333 ab
3,06667 ab
3,00000 ab
2,98333 ab
2,60000 b
0,69623
Assim, foram elaboradas as Figuras 5 e
6, correspondendo à opinião em percentual de
30 provadores não treinados distinguidos em 15
provadores de classe social de baixa renda
(menos de 2 salários mínimos) e 15 provadores
de renda média (entre 2 a 10 salários mínimos).
Percebe-se,
na
Figura
5,
correspondendo à preferência do sabor do café
e dos “blends” de café com mucuna preta nas
diferentes proporções que os provadores de
baixa renda gostaram mais do “blend” de café
com mucuna preta torrada na coloração mais
escura do que o “blend” de café com mucuna
torrada na coloração mais clara. Nota-se,
também, nessa Figura que o “blend” de café
com 10% de mucuna torrada na coloração mais
escura é o “blend” que mais se aproxima do
café tradicional com 63,3% da preferência dos
provadores, embora se observe que 20% dos
provadores não gostaram desse “blend” e,
também, em igual porcentagem do café
tradicional.
Na Figura 6, as análises realizadas são
semelhantemente à da Figura 5, sendo apenas a
diferença na classe social, que foi de provadores
de renda média, no entanto a análise desta
Figura é semelhante ao descrito para a Figura 5,
só que na Figura 6, o percentual de provadores
que não gostaram do café tradicional e do
“blend” de café com 10% de mucuna torrada na
coloração mais escura, foi de 26,7% e 23,3%,
respectivamente. Este fato indica que dentro do
universo populacional existe uma quantidade
razoável de pessoas que não gostam do café
tradicional e que o “blend” de café com 10% de
mucuna torrada na coloração mais escura é
aceita como uma bebida semelhante ao café
tradicional.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
123
Café torrado
20%
6,7%
não gostaram
indiferente
gostaram
73,3%
Blend Cafe/mucuna 10%
Blend escuro
Blend de Café/Mucuna 10%
Blend claro
33,3%
20%
33,3%
não gostaram
indiferente
indiferente
16,7%
não gostaram
gostaram
gostaram
33,3%
63,3%
Blend de Café/Mucuna 15%
Blend claro
Blend Café/Mucuna 15%
Blend escuro
36,7%
43,3%
26,7%
33,3%
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
gostaram
30%
30%
Blend de Café/Mucuna 20%
Blend claro
Blend Café/Mucuna 20%
Blend escuro
43,3%
30%
33,3%
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
10%
60%
gostaram
23,3%
Figura 5 - Análise sensorial da bebidas de café e dos “blends” de café com 10, 15 e 20% de mucuna
preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda
inferior a dois salários mínimos (baixa renda)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
124
Café torrado
26,7%
não gostaram
indiferente
gostaram
13,3%
60%
Blend de Café/Mucuna 10%
Blend claro
Blend Cafe/mucuna 10%
Blend escuro
30%
23,3%
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
gostaram
20%
20%
50%
56,7%
Blend de Café/Mucuna 15%
Blend claro
Blend Café/Mucuna 15%
Blend escuro
33,3%
46,7%
43,3%
não gostaram
40%
indiferente
gostaram
gostaram
16,7%
20%
Blend Café/Mucuna 20%
Blend escuro
43,3%
Blend de Café/Mucuna 20%
Blend claro
33,3%
40%
16,7%
não gostaram
indiferente
não gostaram
não gostaram
indiferente
indiferente
gostaram
gostaram
16,7%
50%
Figura 6 - Análise sensorial da bebidas de café e dos “blends” de café com 10, 15 e 20% de mucuna
preta torrefeita na coloração mais clara e mais escura, realizada por provadores não treinados de renda
entre dois e dez salários mínimos (renda média)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
Blend de café com mucuna preta: analise sensorial de pessoas não especialistas Aragão et al.
124
CONCLUSÕES
Diante dos experimentos realizados neste
trabalho, pode-se concluir que:

Dos “blends” estudados o que mais se
aproxima do gosto da bebida café
tradicional, segundo os provadores não
treinados de baixa renda e de renda média é
o “blend” de café com 10% de mucuna
preta torrada de coloração mais escura.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Almanaque Abril, Perspectiva de produção
mundial do café. São Paulo: Editora Abril,
São Paulo, 2002. 547p.
Bassoli. P. G. Avaliação da qualidade de
cafés verdes brasileiros: uma análise
multivariada. 1992. 61 f. Dissertação
(Mestrado em Agronomia), Departamento
de Fitotecnia, Universidade Estadual de
Londrina, Londrina, 1992.
Evangelista, J. Tecnologia de Alimentos.
Livraria Atheneu. Rio de Janeiro. 1987, 579
p.
Gramer, E.A.; Godoy, J.C. Manual do
Cafeicultor.
São
Paulo:
Edições
Melhoramentos, 1979. 320p.
Moraes, M. A. C. Método para avaliação dos
alimentos. 8 ed., Campinas, São Paulo:
UNICAMP, 1993, 93 p.
.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.117-125, 2003
126
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA
COORDENAÇÃO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
Centro de
Ciências
e Tecnologia
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
CAMPINA GRANDE – PB
MESTRADO
Reconhecido pela CAPES – Conceito 5
ÁREAS DE CONCENTRAÇÃO
IRRIGAÇÃO E DRENAGEM
Linhas de Pesquisa
 Manejo de Solo, Água, Planta
 Salinidade
 Engenharia de Irrigação e Drenagem
 Sensoriamento Remoto
 Planejamento de Áreas Irrigadas
PROCESSAMENTO E ARMAZENAMENTO DE PRODUTOS AGRÍCOLAS
Linhas de Pesquisa
 Armazenagem de Produtos Agrícolas
 Processamento de Produtos Agrícolas
 Crioconservação de Produtos Agrícolas
 Propriedades Físicas de Materiais Biológicos
 Tecnologia Pós-Colheita
CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIÊNCIA
Linhas de Pesquisa
 Construções de Silos
 Materiais Convencionais e Não-convencionais em Construções Rurais
 Madeira e Estrutura de Madeira
 Conforto Térmico de Instalações para Animais e Vegetais
INSCRIÇÕES
Documentos exigidos:
 Formulário de inscrição fornecido pela COPEAG, acompanhado de 2 fotos 3x4
 Currículum Vitae, com cópia dos documentos comprobatórios
 Cópia autenticada do diploma de graduação ou documento equivalente
 Histórico escolar da graduação
 Documento militar, cédula de identidade e título de eleitor
 2 cartas de recomendação (modelo fornecido pela COPEAG)
 Declaração da IES de origem, atestando a inclusão do candidato no Programa Institucional de Capacitação
Docente e Técnico (PICDT-CAPES), se for o caso
 Declaração da empresa ou órgão público de origem, atestando a liberação do candidato por tempo
integral, com ou sem recebimento de remuneração, se for o caso
Períodos de Inscrição:
 Maio para início do Curso em Setembro
 Setembro para início do Curso em Março
Endereço:
COPEAG – Coordenação de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
Av. Aprígio Veloso, 882, Bloco CM, 1o. Andar, C.P. 10087, Bodocongó
CEP 58.109-970, Campina Grande, PB
Fone: (0xx83) 310.1055, Fax: (0xx83) 310.1185
http://www.deag.ufpb.br/~copeag, Email: [email protected]
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.126, 2003
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003
ISSN 1517-8595
127
ANÁLISE SENSORIAL DE ALIMENTOS FUNCIONAIS ENRIQUECIDOS COM
FOLHA DE Manihot spp.
Karina O. L. de Almeida1, José C. C. Santana2, Roberto R. de Souza3
RESUMO
A pouca utilização da folha de mandioca (Manihot spp) na alimentação humana deve-se à falta
de informações técnicas-científicas que permitam o conhecimento detalhado deste alimento.
Neste trabalho realizou-se um estudo sobre a folha da mandioca, consistindo de uma revisão da
literatura onde foi possível avaliar a obtenção, produção, composição e utilização tanto para a
folha da mandioca como para a raiz, pois esta última, ao contrário das folhas, atualmente é
muito utilizada pelo homem. Para isto, realizou-se pesquisa em laboratório para avaliação do
paladar via análise sensorial tendo como avaliadores um conjunto de 52 pessoas, os quais
experimentaram suco de acerola e caju (ricos em vitamina C) associados ou não ao pó da folha
de mandioca. Com base nos resultados obtidos, podemos observar que o critério BOM recebeu
34,62% de aceitação, seguido pelo MUITO BOM com 24,62%, mostrando assim que as
misturas realizadas para cada suco obtiveram uma aceitação boa.
Palavras-Chave: folha de Manihot spp.; análise sensorial; alimentos funcionais.
SENSORIAL ANALYSIS OF FUNCTIONAL FOOD, WHICH IS ENRICHED
BY Manihot spp. LEAF
ABSTRACT
The little use of the cassava leaf (Manihot spp) in the human feeding is due to the lack of
technique-scientific information that allows the detailed knowledge of this food. In this work it
took place a study on the cassava leaf consisting of a revision of the literature where it was
possible to evaluate the obtaining, production, composition and use so much for the cassava leaf
as for the root, because it is very used by the man nowadays, unlike the leaves. A research, at
the laboratory, was done for the evaluation of the taste through sensorial analysis, having tends
as a group of 52 appraisers who tried West Indian cherry and cashew (rich in vitamin C) juices
associated or not to the powder of the cassava leaf. According to the obtained results, we can
observe that the good criterion received 34.62% of acceptance, followed by the very good one
with 24.62%, showing that the accomplished mixtures for each juice obtained a good
acceptance.
Keywords: Manihot spp. leaf; sensorial analysis; functional food.
.
__________________
Protocolo 102 de 10/ 09/ 2003
1
Especialista em Tecnologia de Alimentos, DEQ/UFS
2
Doutorando, FEQ/UNICAMP, Campinas – SP - Brasil, E-mail: [email protected].
3
Professor, DEQ/CCET/UFS, Av Marechal Rondon, S/N, Jd. Rosa Elze, São Cristóvão-SE, Brasil, CEP: 49100-000, E-mail:
[email protected], Fax: (0xx) 79 212-6684.
128
Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al.
INTRODUÇÃO
Por constituir a base alimentar de uma
parte considerável da população em extensas
regiões da África, Ásia e América Latina, a
mandioca (Manihot spp) é uma importante
cultura agrícola assumindo posição de destaque
sócio-econômica mundial, em face de elevada
capacidade de adaptação a condições climáticas
e produção de goma por unidade de área.
Em 1991, o Brasil produziu 24.632.000
toneladas, ou seja, 16% da produção mundial,
tendo os estados abaixo citados como os de
maior produção nacional no período Bahia,
Pará, Paraná, Maranhão, Rio Grande do Sul,
Piauí, Santa Catarina, Pernambuco e Ceará.
Os índios, desde a colonização,
utilizaram-na no preparo de alimentos como em
bebidas licorosas. Se, corretamente utilizada,
enriquece nossa alimentação, pois, além de seu
delicioso sabor, possui alto valor nutritivo.
Assim podemos observar que maior parte da
produção de mandioca destina-se ao consumo
humano (Basttisti, 1979, Santana, 1985; Vilela
e Ferreira, 1987). Sendo este de fundamental
importância na dieta do ser humano, fornece
alimentos nas mais variadas formas, tanto “in
natura”, quanto processada.
De acordo com a idade da planta, a
composição química e o valor nutricional da
mandioca apresentam uma larga variação
(condições climáticas e práticas culturais),
devendo ser processado dentro dos parâmetros
para que as raízes e plantas apresentem
potencial adequado para alimentação humana.
Assim podemos observar que a
composição média das raízes apresenta: 60 a
65% de umidade, 30 a 35% carboidrato, 1 a 2%
de proteína bruta.
Estas raízes, também, contêm pequena
quantidade de vitaminas e sais minerais e
possuem valor razoável de cálcio, vitamina C,
tiamina, riboflavina e ácido nicótico. Possuem,
também, de 3,2 a 4,5% de fibra, sendo o
restante de amido (fécula). Encontramos,
também, na sua composição carboidratos como:
sacarose, maltose, glicose e frutose, em
quantidades limitadas. Apresentam ainda uma
grande quantidade de cálcio e fósforo, apesar de
ser, relativamente, pobre em minerais e
vitaminas. Já as folhas da mandioca (parte
aérea) frescas apresentam uma quantidade de
11,4% de carboidratos. (Balagopalan et al.,
1988; Gramacho, 1973).
As folhas são ricas em HCN, devendo ser
feita à secagem delas, eliminando, assim,
grande parte das toxinas, como o cianureto, que
é uma substância que apresenta rápida ação
como veneno e seu efeito depende da
concentração ingerida ou inalada, podendo
levar o ser humano a ter convulsões, vômitos,
coma e até a morte. Foi observado em estudos
que a dose letal de cianeto em adultos é de 50 a
60mg (Balagopalan et. al., 1988).
A deficiência protéica na alimentação
humana é um grave problema em muitos países
em desenvolvimento e subdesenvolvidos; haja
vista que o pó da folha de mandioca como fonte
de alimentação alternativa adicionada a outros
alimentos tais como: sucos, sopas, mingaus e
batidos de frutas, enriquece estes alimentos,
pois esta é rica em minerais a exemplo do ferro
e em vitaminas como o ácido ascórbico.
Quando adicionada aos sucos ricos em
vitamina C, a exemplo dos sucos de acerola e
caju, a literatura relata que haverá uma maior
absorção do ferro associado com a vitamina C
pelo trato gastrintestinal, diminuindo ou
curando doenças como anemia.
Apesar de constituir uma fonte de
nutrientes essenciais para o homem e animais,
as folhas são materiais ricos na sua estrutura em
fibras, sendo, em muitos casos, difícil a
digestão pelo organismo do homem. Segundo
Allen (1984) e Molina (1989), o consumo
direto de folhas verdes está fortemente limitado,
não só pelo alto teor de fibra, como pela
presença, também, de substâncias tóxicas,
fatores antinutritivos e pelo sabor.
Assim, este trabalho teve como objetivo
primordial uma avaliação da aceitação da
adição do pó da folha de mandioca desidratada
aos sucos de acerola e caju, visando o consumo
pelo ser humano. Contribuindo, assim, para
uma diminuição e/ou eliminação de doenças,
tendo, conseqüentemente, um aumento na
qualidade de vida.
MATERIAIS E MÉTODOS
Produtos utilizados:
Pó de folha de mandioca seca, polpa de
caju, póla de acerola, água mineral sem gás e
açúcar cristal.
Equipamentos utilizados:
Balança analítica, liquidificador, vidros
de relógio, provetas graduadas, balões
volumétricos.
Preparo das Amostras:
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003
Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al.
Amostra 1 - Polpa de caju com o pó da
folha de mandioca: Foi preparada, pesando-se
cerca de 5,0 g de pó de folha de mandioca seca
e misturando-se em liquidificador, a 800 mL de
polpa de caju, 300 g de açúcar cristal e 1500
mL de água mineral medidos em provetas
graduadas. Acondicionou-se a mistura em
geladeira até a análise sensorial.
Amostra 2 – Polpa de caju: Após
medição de 800 mL de polpa de caju e 1500 mL
de água mineral em proveta graduada e
pesagem de 300 g de açúcar cristal, misturou-se
em
liquidificador
para
obter
uma
homogeneização de todos os componentes.
Acondicionou-se a mistura em geladeira até a
análise sensorial.
Amostra 3 – Folha de mandioca com
água: Pesou-se aproximadamente 5,0 g de pó de
folha de mandioca seca e misturou-se em
liquidificador, a 1500 mL de água mineral e
300 g de açúcar cristal. Acondicionou-se a
mistura em geladeira até a análise sensorial.
Amostra 4 – Suco de acerola: Mediu-se
1500 mL de água mineral e 800 mL de polpa de
acerola em proveta graduada, e misturou-se em
liquidificador a 300 g de açúcar cristal.
Acondicionou-se a mistura em geladeira até a
análise sensorial.
Amostra 5 – Suco de acerola com pó de
folha de mandioca: Foi preparada, misturandose cerca de 5,0 g de pó de folha de mandioca
seca em liquidificador, a 1500 mL de água
mineral e 800 mL de polpa de acerola, medidos
em proveta graduada, e 300 g de açúcar cristal.
Acondicionou-se a mistura em geladeira até a
análise sensorial.
Análise sensorial:
Foi realizada no Laboratório de
Processos de Separação do Departamento de
Engenharia Química da Universidade Federal
de Sergipe; foram avaliadores alunos,
professores e servidores, totalizando um
conjunto de 52 pessoas. A avaliação foi feita
pelo enquadramento das amostras nos critérios
especificados na Tabela 01, pelos sensores
analistas.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com base nos procedimentos descritos
anteriormente, obtiveram-se as amostras das
respectivas misturas a serem avaliadas que são
mostradas nas Figuras 1 a 5 e seus respectivos
resultados obtidos, nas Tabelas 1 e 2.
129
Figura 1 – Suco de caju com pó da folha de
mandioca
Figura 2 – Suco de caju
Figura 3 – Pó da folha de mandioca
Com base nesses resultados, podemos
concluir que numa avaliação geral, o critério
BOM recebeu 34,62% de aceitação, seguido
pelo MUITO BOM com 24,62%, mostrando,
assim, que as misturas realizadas em cada suco
obtiveram uma aceitação boa.
É importante salientar que a amostra 3
não teve aceitação do público alvo, mesmo
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003
130
Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al.
tendo uma excelente aparência, como podemos
observar na Figura 3.
Figura 4 – Suco de acerola
Com base nos dados apresentados na
Tabela 2, podemos concluir que a amostra 5
obteve 15,38% do critério ÓTIMO, mostrando
ser o mais adequado dentro das formulações
estudadas. Quando comparada esta amostra
com a amostra 1, observa-se que a aceitação
para o critério ÓTIMO é de 60% maior.
Vale ressaltar que para o critério ÓTIMO
o valor obtido para a amostra 05 é superior aos
obtidos para as amostras 2 e 4, que
correspondem aos sucos de caju e acerola,
respectivamente, sem adição do pó da folha de
mandioca. Mostrando que a adição deste pó ao
suco é uma forma viável do ser humano
absorver o ferro e a vitamina C contidos na
mistura, minimizando a incidência de doenças
que possam ser causadas pela ausência desta
vitamina e deste mineral.
A amostra 1 mostrou uma pequena
aceitação, quando comparada com a amostra 2,
indicando que esta combinação não é muito
apropriada para que o pó da folha de mandioca
seja consumido.
Já para as amostras 4 e 5, nota-se que a
mistura (amostra 5) teve uma aceitação maior
que para o suco da própria fruta. Assim,
podemos concluir que a amostra 5 é a mais
apropriada para o referido estudo.
Figura 5 – Suco de acerola com pó de folha de
mandioca
Tabela 1 – Resultados obtidos da análise sensorial
CRITÉRIOS
AMOSTRAS
01
02
03
04
ÓTIMO
05
07
00
07
MUITO BOM
09
21
01
16
BOM
32
14
04
18
REGULAR
04
10
19
10
RUIM
02
0
28
01
52
52
52
52
05
08
17
22
04
01
52
27
64
90
47
32
Tabela 2 – Percentual Obtido da Análise Sensorial
CRITÉRIOS
ÓTIMO
MUITO BOM
BOM
REGULAR
RUIM
01
09,62
17,30
61,54
07,70
03,84
02
13,47
40,38
26,92
19,23
00,00
AMOSTRAS
03
00,00
01,93
07,69
36,54
53,84
04
13,47
30,76
34,62
19,23
01,92
05
15,39
32,69
42,30
07,70
01,92
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003
Análise sensorial de alimentos funcionais enriquecidos com folha de Manihot spp. Almeida et al.
CONCLUSÕES
Neste trabalho, pode-se observar através
de dados da literatura que a folha de mandioca
possui um teor considerável de minerais,
especialmente o ferro, sendo este de
fundamental importância para o combate da
anemia no ser humano.
Logo, o suco de frutas (especialmente as
ricas em vitamina C) associado com o pó da
folha de mandioca mostra-se uma alternativa
alimentar importante, ajudando no combate da
anemia, uma vez que o organismo absorve
melhor o ferro, quando associado a vitamina C.
Assim,
com
base
nos
dados
experimentais para a análise sensorial, podemos
concluir que as aceitações dos sucos associados
foram BOAS, mostrando que é possível uma a
utilização desta associação (suco de fruta rica
em vitamina C mais o pó da folha de
mandioca), não só como alternativa alimentar,
mas também como um suplemento para o
combate à anemia, principal na saúde de
pessoas de baixo poder econômico.
131
Balagopalan, C; Padmaja, G; Nanda, S. K.;
Moorthy S. W. Cassavaim Food, Food and
Industry. CRC Press, Florida, 1988. 205p.
Battisti, C. R. de. Determinação de toxidade
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de mandioca (M. esculenta Grantz) e
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Dissertação de Mestrado, Viçosa, UFV,
1979.
Gramacho, D. D. Contribuição ao estudo
químico e tecnológico do ferro de mandioca.
In: Projeto Mandioca. Cruz das Almas,
Escola de Agronomia da UFBA, 1973.
Molina R. C. Caracterização bioquímica e
nutricional de concentrado protéico de
folhas de mandioca. (Manihot esculenta
grantz) obtido por ultrafiltrção. Campinas:
UNICAMP, 1989. (Tese de Doutorado)
Santana, A. M. A Toxidade da Mandioca.
Cruz das Almas: Escola de Agronomia da
UFBA, 1985. (Dissertação de Mestrado).
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Vilela, E. R. Ferreira, M. E. Tecnologia de
produção e utilização de amido de
mandioca. Informe Agropecuário. Belo
Horizonte, v.13, n.145, p.69–74, 1987.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.127-131, 2003
132
EDITAL DE SELEÇÃO DE CANDIDATOS
Doutorado em Engenharia de Processos
O curso de Doutorado em Engenharia de Processos foi criado por Resolução 01/99 do CONSUNI
da UFPB. Foi credenciado pela CAPES em março/2002.
As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos
são abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição
realizado entre outubro e novembro do ano anterior.
DOCUMENTOS EXIGIDOS:

Formulário de Inscrição devidamente preenchido












Duas cartas de Recomendação (formulário específico)
2 fotos de 3x4 recentes
Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente
Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes)
Históricos Escolares da graduação e do Mestrado
Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso
Cópia autenticada da carteira de identidade.
Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais
A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae,(peso 4)
Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso.(peso 2)
O Plano de Tese , com um máximo de 6 páginas, deverá incluir
introdução, justificativa, objetivos e metodologia.
Apresentação Oral do Plano de Tese: 02 e 03 de dezembro de 2002
Vagas: 20

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS
LINHAS DE PESQUISA : PROCESSOS TÉRMICOS E DE SEPARAÇÃO DESENVOLVIMENTO E
TECNOLOGIA DE MATERIAIS
OBJETIVOS:
O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba tem uma ampla e
reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de engenharia.
Modernamente, tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que
privilegiem atuações multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas.
O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes
dos Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos
relativos à Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais.
O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e
formação de pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da
Engenharia aplicados ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos
envolvidos nas industrias de diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico,
farmacêutico, metalúrgico, agroalimentar, etc.
Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP.
Cada uma das duas linhas de pesquisa oferecidas pelo programa inclui grandes temas de pesquisa
de natureza multidisciplinar que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos
voltados para a área de Desenvolvimento de processos.
Maiores informações consultar http://www.cct.ufcg.edu.br/
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
ISSN 1517-8595
133
ANÁLISES FISIOLÓGICAS EM SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.)
ARMAZENADAS NA PRESENÇA DE EQUIPAMENTO REDUTOR DE INÓCULO1
Osvaldo Resende2, Flávio Meira Borém3, Maria Laene Moreira Carvalho4,
Cristiane Fortes Gris5
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito de um equipamento redutor de inóculo
(E.R.I.) na manutenção das características fisiológicas de sementes de feijão (Phaseolus vulgaris
L.) durante o armazenamento em condições controladas de temperatura (240C) e umidade relativa
(87%). Para isto, foram construídas quatro estruturas herméticas com circulação de ar forçado para
o armazenamento das sementes e os E.R.I. colocados apenas em duas estruturas. As amostras de
sementes foram coletadas durante oito semanas, realizando-se as avaliações das características
fisiológicas através dos seguintes testes: germinação, envelhecimento acelerado, tetrazólio e
emergência em bandejas. A qualidade fisiológica das sementes decresceu acentuadamente ao longo
do tempo, principalmente após a quarta semana de armazenamento (época 4), afetando
negativamente a viabilidade e o vigor das sementes de feijão, independente da presença ou ausência
do E.R.I. A presença do E.R.I não contribuiu, portanto, para a manutenção da qualidade
fisiológica das sementes de feijão.
Palavras-Chave: qualidade, germinação, vigor, armazenamento.
PHYSIOLOGIC ANALYSIS OF BEAN SEEDS (Phaseolus vulgaris L.) STORED IN THE
PRESENCE OF INOCULUM REDUCTOR EQUIPMENT
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the effect of an inoculum reductor equipment (I.R.E.) in
the maintenance of the physiologic characteristics of the bean seeds (Phaseolus vulgaris L.) during
the storage in controlled conditions of temperature (24°C) and relative humidity (87%). For this,
four hermetic structures were built with forced air circulation for the storage of the seeds, and the
I.R.E. were just placed in two structures. The samples of seeds were collected during eight weeks,
and the following tests were accomplished for during the evaluation of the seeds physiologic
characteristics: germination, accelerated aging, tetrazolium and emergency in trays. The
physiologic quality of the seeds decreased remarkably during the time, mainly after the fourth week
(time 4), when it was manifested in a decline in the quality and vigor of the bean seeds,
independent of I.R.E. Therefore, the presence of the I.R.E. did not contribute for the maintenance
of the physiologic quality of the bean seeds.
Keywords: quality, germination, vigor, storage.
INTRODUÇÃO
Na maioria das vezes, o sucesso
cultura depende, entre outros fatores,
emprego de sementes de boa qualidade
plantio, o que exige rigoroso controle
da
do
no
de
qualidade na produção, colheita, processamento
e armazenamento das sementes. A qualidade da
semente é definida como sendo o somatório de
todos os atributos genéticos, físicos,
fisiológicos e sanitários, os quais influenciam
________________________
Protocolo 99 de 9/5/2003
1
Parte da dissertação de mestrado apresentada pelo primeiro autor no Programa de Pós-Graduação em Ciências dos Alimentos da
Universidade Federal de Lavras.
2
Doutorando em Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, UFV, MG, e-mail: [email protected]
3
Prof. Dr. Departamento de Engenharia, Universidade Federal de Lavras, UFLA, C.P. 37, 37200.000, Lavras, MG, e-mail: [email protected]
4
Prof. Dr. Departamento de Agricultura, Universidade Federal de Lavras, UFLA, C.P. 37, 37200.000, Lavras, MG, e-mail:
[email protected]
5
Estudante de Agronomia, Bolsista PIBIC/FAPEMIG, Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG, e-mail:[email protected]
134
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
a sua capacidade de originar plantas de alta
capacidade produtiva (Popinigis, 1985).
O aspecto sanitário de um lote de
sementes pode afetar muito a sua qualidade
fisiológica e física. Trata-se da presença ou não
de insetos e patógenos, que podem invadir as
sementes no campo (durante a maturação), no
armazenamento ou mesmo na semeadura. Em
alguns casos, patógenos infestam a semente
sistemicamente, causando danos no processo de
germinação e estabelecimento da plântula, ou
até
mesmo
mais
tarde,
durante
o
desenvolvimento da cultura.
Duas categorias de fungos são associadas
às sementes: os fungos de campo e os de
armazenamento. Os chamados “fungos de
campo” têm sua incidência reduzida durante o
armazenamento; por outro lado, fungos de
armazenamento desenvolvem-se, rapidamente,
durante esta etapa afetando, negativamente, a
qualidade das sementes armazenadas.
Dentro do grupo de microrganismos
denominados “fungos de armazenamento”, os
gêneros Aspergillus e Penicillium são os mais
comumente encontrados em sementes de feijão
(Christensen & Kaufmann, 1969; Neergaard,
1977; Dhingra, 1985; Wetzel, 1987) e chegam a
ser responsáveis por perdas acima de 30% em
grãos armazenados na América Latina, Ásia e
África (Neergaard, 1977).
A presença de fungos no processo de
armazenamento, bem como seus efeitos
negativos diretos na qualidade das sementes
armazenadas, vêm sendo largamente observado
por diversos pesquisadores tais como Lima et
al. (1984), Agrios (1988), Silva (1997), Borém
et al. (2000), Borém et al. (2001a); Borém et al.
(2001b).
Segundo Dhingra (1985), os fungos de
armazenamento são os principais responsáveis
pela perda da viabilidade das sementes
armazenadas com teor de água superior a um
valor crítico, particular para cada espécie
fúngica.
Fungos de armazenamento podem
promover uma série de injúrias tais como
enfraquecimento ou morte do embrião,
reduzindo a germinação e emergência das
sementes
(Tanaka
&
Corrêa,
1981),
aquecimento da massa de grãos e
apodrecimento (Dhingra,1985), descoloração de
parte ou de todo o grão, transformações
bioquímicas, modificações celulares (Carvalho
& Von Pinho, 1997), e em sua maioria atacam,
principalmente, o embrião de sementes.
Segundo Aguiar (1993), sementes com
alto teor de água tendem a perder sua
viabilidade mais rapidamente, pois ocorre uma
intensificação da atividade respiratória,
consumindo suas reservas nutritivas, ocorrendo,
então, liberação de calor que torna o ambiente
de armazenamento propício ao aparecimento de
agentes patogênicos. A temperatura ótima para
o crescimento e desenvolvimento dos fungos de
armazenamento se encontra entre 28 e 35ºC,
estando a máxima e a mínima entre 50 e 55ºC e
0 e 5ºC, respectivamente (Dhingra, 1985). A
atividade de fungos é, prontamente, reduzida
com a redução da temperatura e algumas
espécies ampliam sua população 10 a 20 vezes
mais rápido, quando de 15,6 °C passam a 32,2
°C (Carvalho & Von Pinho, 1997).
Decorrentes dos danos causados pelo
ataque destes microorganismos, durante o
processo de armazenamento, têm-se utilizado
vários métodos como alternativas para se
conseguir um controle eficiente deste tipo de
dano, tais como a aeração, secagem,
resfriamento, utilização de atmosfera modificada,
inibidores fúngicos e até fumigantes (Athié,
1998).
Segundo Neegaard (1977), várias tentativas foram realizadas, quanto ao tratamento de
sementes, contra fungos de armazenamento.
Apesar de a maioria das experiências mostrarem
que tais tratamentos tiveram um efeito muito
limitado, o uso de fungicidas apresentou um
efeito direto, podendo reduzir o inóculo de
fungos de armazenamento.
Para evitar ou minimizar o uso de produtos
tóxicos, durante o armazenamento de sementes,
sem comprometer a qualidade delas pela
incidência de fungos, torna-se necessário o
estudo de novas alternativas, sejam elas novas
substâncias fungicidas ou o desenvolvimento de
equipamentos que alterem as características do
ambiente, tornando-o desfavorável ao desenvolvimento destes microrganismos.
Segundo Hara et al. (1990), um sistema
de armazenamento, que utiliza um equipamento
modificador da atmosfera, foi capaz de
conservar amêndoas de cacau por períodos de
até 10 meses, mantendo todas suas
características desejáveis, além de drástica
redução da população de fungos, dispensando a
utilização de substâncias químicas.
Este sistema consiste pela passagem do
ar, presente no ambiente de armazenamento,
através de um dispositivo constituído por um
bloco cerâmico refratário com perfurações, por
onde passa uma resistência elétrica. O princípio
de funcionamento deste equipamento ocorre por
meio de convecção natural, desta forma, o ar é
levado
ao
interior
do
equipamento,
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.131-142, 2003
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
atravessando os filamentos da resistência
elétrica, onde se atinge uma temperatura de
aproximadamente 325C (Borém et al., 1998),
responsável pela “esterilização” dessa camada
de ar. O ar tratado é forçado a passar pela massa
de sementes por meio de um ventilador
centrífugo, sendo após reconduzido ao
dispositivo modificador de atmosfera.
Vários pesquisadores têm estudado, não
só os efeitos deste tipo de equipamento, bem
como seu princípio de funcionamento e as
possíveis alterações provocadas no ar. Baez
(1993) verificou que a utilização do
equipamento modificador de atmosfera, em
condições de elevadas temperatura e umidade
relativa, 300C e 93%, respectivamente, alterou
as características das plântulas normais e
anormais infeccionadas por fungos, durante o
teste de germinação em grãos de milho
armazenados sem a secagem e a adição de
produtos químicos.
Segundo Barra et al. (1997) os blocos
cerâmicos com resistência elétrica como
equipamento modificador de atmosfera manteve
o potencial de germinação dos grãos de milho
próximo dos valores iniciais, durante 42 dias de
armazenamento.
Borém et al. (1998), avaliando as
alterações químicas e físicas que esse
equipamento provoca no ar, constataram que ele
foi capaz de ionizar o ar, porém, numa escala
bastante reduzida. Além disso, concluíram que o
equipamento não liberou substâncias como
enxofre,
nem
compostos
orgânicos,
especialmente fenóis, entretanto constataram a
produção de CO2 provavelmente, proveniente,
tanto da oxidação de matéria orgânica, como
também de outras reações químicas ocorridas no
bloco cerâmico. Acredita-se que, dentre tais
reações, a liberação de CO2 tenha ocorrido a
partir de CaCO4 em elevadas temperaturas, visto
que os autores encontraram elevados teores de
CaSO4 e cálcio livre no bloco, além de
temperaturas de até 325ºC no interior de seus
capilares. A oxidação de inóculos seria, até o
momento, a hipótese mais provável para explicar
o efeito do equipamento relatado, anteriormente,
sendo notável a necessidade de novas pesquisas
para maiores esclarecimentos.
Borém et al. (2001), avaliando os efeitos
deste equipamento em contêineres não
herméticos, contrapondo o equipamento
modificador de atmosfera e o equipamento
modificador recoberto por papel alumínio,
constataram alteração na porcentagem de
sementes
infestadas
por
insetos
(Acanthoscelides
obtectus),
os
quais
135
apresentaram, ao final de 210 dias de
armazenamento, 29,5% de infestação em
contêineres com o equipamento modificador e
70,5% quando utilizado o equipamento
recoberto. A germinação e o vigor das sementes
não sofreram modificações com a presença do
equipamento.
Desta forma, o presente trabalho teve
como objetivo avaliar o efeito do E.R.I. na
manutenção das características fisiológicas das
sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.)
durante o período de oito semanas de
armazenamento em um sistema hermético de
circulação de ar forçado com condições
controladas de temperatura (240C) e umidade
relativa (87%).
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido no
Laboratório de Processamento de Produtos
Agrícolas do Departamento de Engenharia e no
Laboratório de Análise de Sementes do
Departamento de Agricultura da Universidade
Federal de Lavras, MG.
Foram utilizadas sementes de feijão,
cultivar Pérola, produzidas no município de
Lavras-MG, colhidas, manualmente, e trilhadas,
mecanicamente, quando apresentavam teor de
água em torno de 21% b.u. Utilizou-se o
delineamento inteiramente casualizado em
esquema fatorial 2 x 9 com duas repetições (2
tratamentos e 9 épocas de amostragem).
Foram
avaliados:
dois
cilindros
herméticos com 60kg de sementes, com ar
tratado a partir de quatro equipamentos
redutores de inóculo e dois cilindros herméticos
com 60kg de sementes, sem tratamento do ar,
durante um período de oito semanas. Amostras
de sementes foram retiradas, semanalmente,
totalizando-se nove épocas, sendo coletadas em
três pontos localizados nas alturas 0,10; 0,25 e
0,35m (Figura 2), ao longo do cilindro com o
auxílio de um calador. Posteriormente, as
amostras foram homogeneizadas, formando-se
uma amostra composta.
Estrutura de armazenamento
A estrutura para armazenamento das
sementes de feijão foi composta por quatro
conjuntos que contêm em cada um: cilindros,
caixa com os E.R.I., ventilador centrífugo
acionado por um motor elétrico, caixa para
armazenamento de sais e área de expansão para
aumento da pressão estática do ar (Figuras 1 e 2).
No cilindro, com diâmetro de 0,50m,
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
136
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
altura de 1,20m e fundo falso em chapa de aço
perfurada, foram colocados 60kg de sementes,
formando uma única camada de 0,40m de
espessura.
Planta Baixa do equipamento
7
7
1
2
2
1
2
2
3
4
4
4
5
5
6
6
4
5
6
6
O5
1-Caixa com esteriler
2-Ventilador centrífugo com motor 1/3 cv
3-Registro de gaveta de 2" de diâmetro
Figura 1 - Planta baixa
de armazenamento. (1) caixa com os E.R.I.; (2) ventilador centrífugo e
4-Caixado
comsistema
sais
motor; (3) registro5-Ampliação
de gaveta, união e nipies; (4) caixa com sais; (5) área de expansão; (6) cilindro; (7)
caixa sem os E.R.I.6-Cilindro com grãos
amostragem de CO2
E.R.I.
sensor de temperatura e UR
E.R.I.
Cilindro
O
Sementes
pontos de amostragem de sementes
amostragem de CO2
amostragem de CO2
Ventilador
Motor
sensor de temperatura e UR
Caixa de sais
Chapa perfurada
registro de gaveta
área de expansão
bandeja
Figura 2 - Detalhe do sistema de armazenamento - representação em corte
A caixa onde foram instalados os E.R.I.
possuía as dimensões de 1,00 x 0,60 x 0,20m,
elas contêm cinco divisões (Figura 3). Estas
divisões servem de apoio para os E.R.I. e
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
possuem comprimento de 0,55m, ficando, assim,
0,05m de vão para passagem do ar. As aberturas
foram colocadas de maneira desencontrada,
permitindo a passagem do ar entre a chapa e
direcionando-o por toda a extensão da caixa.
Com o auxílio de um suporte os E.R.I. ficaram
suspensos 2cm dentro da caixa para permitir a
movimentação do ar no seu interior.
O ventilador centrífugo foi acionado por
motor trifásico de alta rotação (3.480 rpm) com
potência de 1/3” cv. O fluxo de ar utilizado foi de
1 m3.min-1.t -1, correspondente ao valor máximo
137
recomendado para aeração de grãos em regiões
quentes (Silva et al., 2000). Para medir o fluxo de
ar utilizou-se um anemômetro e para o seu
controle, um registro de gaveta. A direção do
fluxo de ar está representada na Figura 2.
Para manter a umidade relativa, no interior
do sistema de armazenamento, em torno de 85%,
dimensionou-se uma caixa com 0,66 x 0,66 x
0,20 m, na qual foram mantidas bandejas
plásticas contendo 2 kg de cloreto de potássio,
KCl, e 250 ml água destilada por bandeja
Entrada do ar
Registro de gaveta
Fluxo de ar
Suporte
E.R.I.
Saída do ar
Vista frontal
Vista lateral
.
Figura 3 – Detalhamento da caixa com os equipamentos redutores de inóculo
A área de expansão, responsável pela
transformação da energia dinâmica em energia
estática, alterou a seção de 0,10 x 0,10m na
saída da caixa de sais, para 0,50 x 0,02m na
entrada do cilindro, ao longo de 0,64m de
comprimento.
Todas as partes foram confeccionadas em
chapa de aço carbono n16 (chapa preta) e
pintadas interna e externamente com fundo
especial anti-corrosivo e tinta metálica. A união
das partes foi realizada com canos de PVC,
curvas de 90 raio longo, registros de gaveta,
uniões e nipies, todos com =2”, deixando o
sistema hermético, perfazendo um volume
interno de 0,5m3.
Monitoramento
relativa e CO2
da
temperatura,
umidade
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
138
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
A temperatura e a umidade relativa do ar,
no interior do sistema, foram monitoradas
diariamente por meio de sondas instaladas antes
de o ar atravessar a massa de grãos, na expansão,
e, após sua passagem pelos grãos, na parte
superior do cilindro, acima da massa de grãos.
Estes sensores interligados a um termohigrômetro
digital forneceram temperatura e umidade
relativa do ar, instantaneamente.
Os valores médios da umidade relativa
foram mantidos elevados, em torno de 87%, ao
longo das épocas de armazenamento. Esta
condição foi selecionada para favorecer o
desenvolvimento de fungos de armazenamento
e assim avaliar a eficácia do equipamento na
prevenção de possíveis contaminações.
O controle da temperatura ambiente foi
realizado por meio de um condicionador de ar.
Já umidade relativa do ar no interior das
estruturas foi controlada por meio de solução
salina (KCl). As variações nos níveis de CO2
foram monitoradas diariamente com o auxílio de
um analisador digital de CO2 com sensor
infravermelho. As leituras das concentrações de
CO2 foram realizadas no interior da massa de
grãos e na caixa com os E.R.I. antes da passagem
do ar pelo equipamento e após ela.
Teor de água das sementes
O teor de água das sementes foi
determinado, utilizando-se o método padrão de
estufa, 105  1o C, segundo as Regras para
Análises de Sementes (Brasil, 1992). O teor de
água foi expresso em % b.u.
Teste de germinação
O teste de germinação foi efetuado,
segundo as Regras para Análise de Sementes
(Brasil, 1992). Foram utilizadas duas repetições
de 100 sementes por parcela, dispostas em oito
rolos de 25 sementes. Foram realizadas duas
contagens, a partir da ocasião de montagem do
teste: a primeira feita aos cinco dias, avaliandose o número de plântulas normais e a segunda
aos nove dias, considerando-se o número de
plântulas normais e anormais, e o número de
sementes dormentes e mortas. Os resultados
foram expressos em porcentagem.
Envelhecimento acelerado
O teste do envelhecimento acelerado foi
realizado em duas repetições de 100 sementes por
parcela. As sementes foram mantidas no interior
de caixas plásticas tipo gerbox, esterilizadas com
álcool etílico 70%, distribuídas, uniformemente,
sobre uma tela de aço inox, sendo adicionado a
ela um volume de 40 ml de água deionizada por
caixa. Em seguida, as caixas foram vedadas e
mantidas em incubadora tipo BOD, regulada à
temperatura constante de 42  1°C, por um
período de 72 horas. Após este período, as
sementes envelhecidas foram submetidas ao teste
de germinação, avaliando-se a porcentagem de
plântulas normais e anormais e sementes mortas,
aos cinco e nove dias, após a montagem do teste,
segundo os critérios estabelecidos pelas Regras
de Análise de Sementes (Brasil, 1992). O vigor
foi expresso em porcentagem de plântulas
normais.
Teste de tetrazólio
Para o teste do tetrazólio, foram avaliadas
100 sementes por parcela, constituindo duas
repetições de 50 sementes. Inicialmente, as
sementes foram submetidas a um processo de
embebição no qual foram colocadas entre folhas
de papel de germinação, umedecidas com água
deionizada, sendo posteriormente, levadas a uma
câmara de germinação, à temperatura constante
de 25  2oC, durante um período de 16h. Após
este período, as sementes foram imersas em
solução de sal de 2, 3, 5 cloreto trifenil de
tetrazólio a uma concentração de 0,1%, dispostas
em becker embalado em papel alumínio,
mantidas em câmara de germinação tipo BOD a
35ºC, durante 4h.
As sementes, lavadas em água corrente,
foram avaliadas, individualmente, removendo-se
o tegumento e seccionando-as, longitudinalmente, com o auxílio de uma lâmina. Observou-se,
com auxílio de lupa com aumento (6X), a
coloração, a ocorrência de danos (mecânico,
insetos e por umidade) nas partes externas e
internas dos cotilédones; dando atenção especial
para a região do eixo embrionário, responsável
pelo processo de germinação; além da extensão,
profundidade do dano e a consistência do tecido.
As sementes foram classificadas de acordo
com um padrão de coloração em 7 classes,
conforme Bhéring et al. (1996). Os resultados
foram expressos em porcentagem média de
sementes viáveis para o tetrazólio, sendo os
valores de 1 a 3 atribuídos à sementes
vigorosas, 4 e 5 às sementes viáveis e 6 e 7 às
sementes inviáveis. O vigor final foi expresso
pela soma das sementes das classes 1, 2 e 3.
Teste de emergência em bandejas
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
Os testes de emergência foram montados
em bandejas plásticas com seis kg de substrato
umedecido até 70% da capacidade de campo.
Cada parcela, compreendeu quatro repetições de
50 sementes, em cada bandeja, totalizando 200
sementes. Como substrato, foi utilizado uma
mistura de areia e terra de barranco, na proporção
1:1, ambas devidamente peneiradas. As sementes
foram semeadas a uma profundidade de,
aproximadamente, dois cm, de forma que dois
terços (2/3) do substrato ficou abaixo destas e o
restante (1/3) utilizado para cobertura. As
bandejas foram mantidas em sala de germinação,
regulada à temperatura de 25oC, por sete dias,
contabilizando a porcentagem de plântulas
emergidas ao final deste período.
Utilizou-se o delineamento estatístico
inteiramente casualizado em esquema fatorial 2
x 9 com duas repetições (2 tratamentos e 9
épocas de amostragem), realizando análises de
variância e teste de médias pelo teste de Tukey,
ao nível de 5% de probabilidade com o auxílio do
programa aplicativo SISVAR, segundo Ferreira
(2000).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Monitoramento
da
temperatura e CO2
umidade
relativa,
De acordo com os valores apresentados na
Figura 4, observa-se que a umidade relativa, no
interior dos cilindros, manteve-se uniforme, em
torno de 87%, e com pequenas oscilações ao
longo do período de armazenamento, sem sofrer
influência das variações da umidade relativa do
ar ambiente devido à presença de uma solução
salina saturada de KCl colocada no interior das
estruturas.
Observa-se, na Figura 5, que o valor médio
da temperatura ambiente foi de 24  2°C e que a
temperatura no interior dos cilindros, mesmo na
presença do E.R.I, acompanhou as variações da
temperatura ambiente com valores médios de 23
 2°C. Este fato ocorreu em virtude do material
de construção dos cilindros (chapa metálica), que
permite uma boa condução térmica.
Monitoramento da UR - com E.R.I.
Monitoramento da UR - sem E.R.I.
100
100
80
80
60
60
(%)
(%)
139
40
40
20
20
0
0
0
1
2
3
UR A
4
5
6
U.R .E.C
7
8
0
1
UR .S .C .
2
3
UR A
Épocas de armazenamento
4
5
6
U.R .E.C
7
8
U.R .S .C .
Épocas de armazenamento
Figura 4 - Monitoramento das umidades relativas do ar: ambiente (URA); entrada do cilindro
(U.R.E.C) e saída do cilindro (U.R.E.C.), ao longo das 9 épocas de amostragem, na presença e
ausência dos E.R.I.
Temperatura do ar nos cilindros sem E.R.I
30
28
26
24
22
20
0C
0C
Temperatura do ar nos cilindros com E.R.I
0
1
2
T.E.C
3
4
5
6
T.S .C
7
8
TA
30
28
26
24
22
20
0
1
2
T.E.C
3
4
5
6
T.S .C
7
8
TA
Épocas de armazenamento
Éopcas de armazenamento
Figura 5 - Monitoramento das temperaturas do ar: entrada do cilindro (T.E.C); saída do cilindro (T.S.C) e
ambiente (TA) ao longo das 9 épocas de amostragem, na presença e ausência dos E.R.I.
Os níveis de CO2 da atmosfera no interior
da estrutura de armazenamento aumentaram
progressivamente ao longo das épocas (Figura
6), apresentando-se sempre superiores no
sistema com a presença dos E.R.I.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
140
cilindro com a presença dos E.R.I. apresentou
diferença significativa em relação ao teor de
água das sementes sem a presença dos E.R.I.
Este fato pode estar associado a uma maior
infecção decorrente de microrganismos,
verificada em elevada intensidade a partir deste
período.
Monitoramento de CO 2
1,5
(%)
1,0
0,5
0,0
0
1
2
3
4
Sem E.R.I.
5
6
7
8
Com E.R.I.
Determinação de umidade
Figura 6 - Níveis de CO2 no ar ao longo do
período de armazenamento, durante as 9 épocas
de amostragem, na presença e ausência dos
E.R.I.
Esta elevação nas concentrações de CO2
ocorreu em virtude da respiração das sementes
e dos microrganismos e, também, devido à
oxidação de compostos orgânicos promovida
pelos E.R.I, explicando, assim, os maiores
níveis encontrados nas estruturas que contêm os
aparelhos redutores de inóculo. Esta oxidação
de compostos orgânicos foi relatada como
sendo a hipótese mais provável para o efeito do
E.R.I. na redução de propágulos de fungos
(Hara 1991; Baez 1993; Borém 1998).
A partir da sexta semana de
armazenamento (época 5), os níveis de CO2
começaram a decrescer, este fato pode ser
explicado em função da diminuição da
atividade das sementes.
Ao longo do período de armazenamento,
em sua maior parte, a presença do equipamento
redutor de inóculo resultou em um acréscimo
no nível de CO2 em, aproximadamente, um
ponto percentual. Borém et al. (1998) verificou
que a concentração de CO2 no interior de um
dessecador que contém um E.R.I. ligado
aumentou em seis vezes o seu valor, durante
seis horas de funcionamento, e que, após o seu
desligamento, a concentração de CO2 reduziu,
drasticamente, retornando ao teor ambiente,
entretanto não foi possível determinar as
quantidades de gás provenientes de cada reação.
Teor de água das sementes
O teor de água das sementes (Figura 7)
permaneceu em equilíbrio com as condições do
ar no interior das estruturas de armazenamento.
A partir da quarta semana de armazenamento
(época 4), o teor de água das sementes no
T eor de água (%) b.u.
Épocas de armazenamento
20,0
19,5
19,0
18,5
18,0
0
1
2
3
Sem E.R.I.
4
5
6
7
8
Com E.R.I.
Épocas de armazenament o
Figura 7 - Porcentagens dos níveis de umidade
das sementes ao longo do período de
armazenamento, durante as 9 épocas de
amostragem, na presença e ausência dos E.R.I.
Teste de germinação
Pelos resultados apresentados na Figura
8, observa-se uma grande semelhança entre os
resultados dos dois tratamentos avaliados (com
e sem E.R.I.), para o teste de germinação. Para
as condições de armazenamento deste trabalho,
era esperada uma redução na germinação das
sementes. Observa-se que a presença do E.R.I.
não foi capaz de interferir, positivamente, neste
fenômeno.
De acordo com a Tabela 1, a análise
estatística demonstrou diferenças significativas
entre as médias dos tratamentos apenas para
plântulas normais (épocas 5 e 8) e sementes
mortas (épocas 7 e 8).
Ao longo do período de armazenamento,
a porcentagem de plântulas normais decresceu,
contrapondo-se ao aumento das sementes
mortas, à medida que as porcentagens de
plântulas anormais se mantiveram praticamente
constantes,
discordando
dos
valores
encontrados por Borém et al. (2001), no estudo
de sementes de feijão, armazenadas em
condições não herméticas, na presença de um
equipamento modificador de atmosfera.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
Teste de Geminação (Com E.R.I.)
Teste de Germinação (Sem E.R.I.)
100
100
80
80
(%)
141
60
(%)
40
20
60
40
20
0
0
0
1
N
2
3
4
A.D.
5
6
7
A.I.
8
0
M
1
N
Épocas de armazenamento
2
3
4
A.D.
5
6
7
A.I.
8
M
Épocas de armazenamento
Figura 8 - Valores médios das porcentagens de plântulas normais (N), anormais deformadas (A.D.),
anormais infeccionadas (A.I.) e mortas (M); referentes aos testes de germinação, ao longo das épocas
de armazenamento
Tabela 1 – Resumo das análises de variância para o teste de germinação na presença e ausência dos
E.R.I. ao longo das nove épocas de armazenamento
Quadrados Médios e Significâncias
F.V.
G.L.
Normais
Mortas
Anormal
Anormal
infeccionada
Deformada
Tratamento
1
203,0625**
75,1111*
1,5625 NS
18,7777 NS
Época
8
2.064,4704**
1.381,2569**
121,6423**
51,8402**
Trat. * Época
8
18,4218 NS
13,9236 NS
3,7500 NS
7,9027 NS
Resíduo
18
11,2152
10,2222
7,4097
8,3611
5,62
16,49
24,05
29,74
C.V. (%)
NS
não significativo, pelo teste F.
* significativo ao nível de 5% de probabilidade, pelo teste F.
** significativo ao nível de 1% de probabilidade, pelo teste F.
Baez (1993), avaliando o armazenamento
de milho em condições controladas de
temperatura (300C) e umidade relativa (93%) e
na presença do equipamento modificador de
atmosfera, também, verificou diferença nos
valores do teste de germinação das sementes,
sendo que as porcentagens de plântulas normais
e infeccionadas por fungos foram influenciadas
pelo equipamento.
Nota-se, na curva de germinação das
sementes (plântulas normais), uma sensível
queda, a partir da época 4, coincidindo,
claramente, com o aumento da porcentagem de
sementes mortas, e com o pequeno acréscimo de
plântulas anormais, demonstrando uma crescente
e acentuada deterioração das sementes,
especialmente, a partir deste período.
Envelhecimento acelerado
Assim como no teste de germinação, o
valor do vigor das sementes obtido pelo teste de
envelhecimento acelerado (Figura 9) reduziu ao
longo do tempo de armazenamento. Para Silva
(1997) a presença de patógenos, especialmente,
Aspergillus spp. durante o teste de
envelhecimento acelerado interfere negativamente no desempenho das sementes. A partir da
época 5, ocorreu uma diminuição acentuada nos
valores de germinação em decorrência,
principalmente, do aumento do número de
sementes mortas, demonstrando um intenso
processo de deterioração. Não foram encontradas
diferenças significativas, ao nível de 5% de
probabilidade, entre as médias dos tratamentos
avaliados pelo teste F.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
142
Envelhecimento Acelerado (Com E.R.I.)
(%)
Envelhecimento Acelerado (Sem E.R.I.)
100
100
80
80
60
60
(%)
40
40
20
20
0
0
0
1
2
N
3 4
A.D.
5
6 7
A.I.
8
0
1
N
M
Épocas de armazenamento
2
3 4
A.D.
5
6 7
A.I.
8
M
Épocas de armazenamento
Figura 9 - Valores médios das porcentagens de plântulas normais (N), anormais deformadas (A.D.),
anormais infeccionadas (A.I.) e mortas (M); referentes aos testes de envelhecimento acelerado, ao longo
das épocas de armazenamento
vigorosas ao longo do período, em contrapartida
com a elevação das sementes inviáveis.
As porcentagens de sementes viáveis
mantiveram-se, praticamente, constantes até a
terceira e quarta semanas, demonstrando
pequenos acréscimos a partir destas épocas. Vale
ressaltar que tais variações ocorreram, também,
principalmente, a partir da quarta semana (época
4).
Tetrazólio
De acordo com os valores do teste de
tetrazólio, apresentados na Figura 10, nota-se
semelhança entre os dois tratamentos avaliados
sem diferença significativa.
Similar aos resultados dos testes de
germinação e envelhecimento acelerado, pode-se
verificar, no teste de tetrazólio, um decréscimo
acentuado nas porcentagens de sementes
Tetrazólio (Com E.R.I.)
Tetrazólio (Sem E.R.I.)
100
60
40
(%)
(%)
100
80
20
0
80
60
40
20
0
0
1
2
Vigorosas
3
4
5
Viáveis
6
7
8
0
1
2
3
Vigorosas
Inviáveis
Épocas de armazenamento (semanas)
4
5
6
7
Viáveis
8
Inviáveis
Épocas de armazenament o (semanas)
Figura 10 - Valores médios das porcentagens de sementes vigorosas, viáveis e inviáveis; referentes ao
teste de tetrazólio
Teste de emergência em bandejas
Emergência em bandejas
O teste de emergência em bandejas, cujos
valores se encontram na Figura 11, igualmente
aos testes anteriores, apresentou redução de seus
valores, ao longo do período de armazenamento,
para ambos os tratamentos analisados.
Também, a partir da época 4, ocorreu uma
queda brusca nos valores de plântulas emergidas,
ratificando a elevada degradação das sementes
observadas a partir desta época, ocasionada pela
intensa infecção por fungos nas sementes que
foram
aceleradas,
principalmente,
pelas
condições de temperatura e umidade relativa
favoráveis ao seu desenvolvimento.
100
80
60
(%)
40
20
0
0
1
2 3
4
Sem E.R.I.
5
6
7 8
Com E.R.I.
Épocas de armazenamento
Figura 11 - Valores médios das porcentagens de
plântulas emergidas referentes ao teste de
emergência em bandejas
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
Análises fisiológicas em sementes de feijão armazenadas na presença de equipamento redutor de inoculo, Resende et al.
Pelo teste de F, ao nível de 5% de
probabilidade,
não
houve
diferenças
significativas entre os tratamentos avaliados,
em relação ao teste de emergência em bandejas.
A
diminuição
das características
fisiológicas das sementes de feijão não está
relacionada com a sua infestação por insetos.
Em ambos os tratamentos analisados não foram
verificados ocorrência de insetos ao longo do
período de armazenamento.
CONCLUSÕES
O equipamento redutor de inóculo não
contribuiu para a manutenção da qualidade
fisiológica das sementes de feijão mantida a
temperatura de 24oC e 87% de umidade relativa,
durante oito semanas de armazenamento.
A presença do equipamento redutor de
inóculo resultou em um acréscimo no nível de
CO2 em, aproximadamente, um ponto percentual.
AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem a Fundação de
Amparo à Pesquisa do Estado de Minas gerais
(FAPEMIG)
pelo
apoio
financeiro
indispensável para realização do trabalho e ao
Conselho
Nacional
de
Pesquisa
e
Desenvolvimento (CNPq) pela bolsa concedida
ao primeiro autor.
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.133-144, 2003
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003
ISSN 1517-8595
145
CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE AROEIRA (Astronium urundeuva Engl.),
E BARAÚNA (Schinopsis brasiliensis Engl.)
Taciana Walesca Cruz Gonzaga1, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata2, Humberto Silva3,
Maria Elita Martins Duarte2
RESUMO
O presente trabalho teve como objetivo estudar a crioconservação das espécies florestais
ameaçadas de extinção, aroeira (Astronium urundeuva Engl.) e baraúna (Schinopsis brasiliensis
Engl.), em nitrogênio liquido, a temperatura de -196 oC e no vapor do nitrogênio a -170 oC, por
um período de tempo de 25 dias. Diante dos resultados obtidos, conclui-se que: a) as sementes
de aroeira e baraúna podem ser crioconservadas tanto por nitrogênio liquido a -196 oC quanto
no vapor do nitrogênio a temperaturas de -170 oC; b) a semente de baraúna quando
crioconservada as temperaturas de -196 e -170 oC por um período de tempo de 25 dias
apresentam percentuais de germinação mais elevados do que os iniciais indicando que durante
este processo existe uma quebra de dormência pelo frio dessas sementes
.
Palavras-chave: criogenia, espécies florestais, ameaçadas de extinção
CRYOCONSERVATION OF AROEIRA (Astronium urundeuva Engl.) AND BARAUNA
(Schinopsis brasiliensis Engl.) SEEDS
ABSTRACT
The present work had as objective to study the cryoconservation of the threatened of extinction
forest species, aroeira (Astronium urundeuva Engl.) and barauna (Schinopsis brasiliensis Engl.),
in liquid nitrogen, at the temperature of -196 oC and in the vapor of the nitrogen at -170 oC, for a
period of 25 days. Before the obtained results, it is ended that: a) the aroeira and barauna seeds
can be so much cryoconservated liquid nitrogen at -196 oC as in the nitrogen vapor at
temperatures of -170 oC; b) the barauna seed when cryoconservated at the temperatures of -196
and -170 oC for a period of 25 days, present higher germination percentage than the initial ones,
indicating that, during this process, a dormancy break exists because of the cold of these seeds.
Keyword: cryogenic, forest species, threatened of extinction
______________
Protocolo 131 de 7/10/2003
1
Mestranda em Engenharia Agrícola
2
Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB, Brasil,
[email protected] e [email protected]
3
Prof.Dr. Departamento de Biologia da Universidade Estadual da Paraíba
146
Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna
INTRODUÇÃO
A
biodiversidade
constitui
uma
propriedade dos ecossistemas vivos, sendo uma
característica básica do funcionamento da
natureza. O conceito denota a variedade e a
variabilidade de seres vivos presentes na
biosfera, incluindo-se a totalidade dos vegetais,
animais e microorganismos.
A diversidade dos seres vivos é o
resultado do longo processo de evolução e
constitui uma das mais importantes condições
para a estabilidade da biosfera. O
empobrecimento de qualquer ecossistema por
diminuição do número de espécies compromete
seriamente sua estabilidade. Portanto, em
decorrência da evolução das espécies, muitas
características genéticas foram perdidas e outras
continuam surgindo na natureza devido `as
mutações genéticas, compatibilidade genética
entre espécie, dando origem a novas espécies,
ou, também, pela ação do homem, utilizando a
engenharia genética e, inserindo, em determinadas variedades, genes de outras espécies
ou de outras variedades.
Em que pese à evolução da
biotecnologia, torna-se necessário conservar
todas essas espécies, tanto as antigas, como as
novas, uma vez que o gene de determinadas
espécies que não é interessantes para a ciência
no momento, poderá, no entanto, ser uma
preciosidade, no futuro, para resoluções de
problemas, ora existentes, ou mesmo os que
hoje inexistem.
Assim, a conservação dos recursos
genéticos tem sido feita in situ ou,
preservando determinadas áreas da natureza, ou
por meio de coleções, na forma de jardins de
coleta, depósitos de sementes, plântulas, pólen,
células em cultivo ou genes (Chandhury &
Chandel, 1997; Almeida et al. 2000)..
Segundo Querol (1993), a forma mais
correta de conservar os recursos genéticos é
preservá-los no meio no qual se encontra em
estado de equilíbrio cuja probabilidade de
rompimento seja pequena. No entanto, de
acordo com Bachiller (1997), isso nem sempre
é possível e relata que a semente é a forma pela
qual a planta sobrevive o máximo de tempo
com o mínimo de atividade fisiológica, por isso,
a forma mais fácil de se armazenarem recursos
genéticos é a conservação de suas sementes.
Nesta linha de raciocínio, surgiram os bancos
de germoplasma, em todo o mundo, onde,
basicamente são constituídos de sementes
armazenadas a baixas temperaturas e baixas
umidades relativas, de modo que as sementes
Gonzaga et al.
tenham sua atividade biológica minimizadas.
Nesse processo de conservação das sementes,
alguns fatores negativos devem ser levados em
consideração, como a necessidade de
recomposição periódica do banco, necessidade
de reservas elevadas, custo de manutenção
elevado e erosão genética das espécies (Diniz,
1999).
Nesses últimos anos, outras técnicas de
conservação tem sido desenvolvidas para
preservar os recursos fitogenéticos e dentre
essas se pode citar a crioconservação ou
crioarmazenagem que consiste em conservar
sementes em temperaturas criogênicas a
196°C, por imersão dessas sementes, em
nitrogênio líquido ou a 170°C, utilizando o
vapor do nitrogênio (Stanwood, 1984).
A palavra criogenia deriva do grego
crios que significa frio e genia que significa
nascimento. Na prática, a criogenia, de acordo
com Vicente (1994), define-se como a ciência
dedicada à produção de baixas temperaturas,
sendo que o adjetivo criogênico é utilizado
para denominar gases como nitrogênio onde,
em estado líquido, a sua temperatura é muito
baixa (- 196°C).
Medeiros e Cavallari (1992) definem
crioconservação em nitrogênio líquido como
sendo a preservação de materiais biológicos a
baixas temperaturas, onde, sob essa temperatura, todos os processos metabólicos são
paralisados e mantidos em estado latente,
proporcionando uma preservação indefinida.
A crioconservação tem sido utilizada
como um método alternativo ao banco de
germoplasma tradicional, uma vez que a
conservação das sementes abaixo de 130°C
permite que seu metabolismo seja paralisado,
impedindo a sua deterioração. De acordo com a
Internacional Board for Plant Genetic
Resources IBPGR (1982), a crioconservação
é uma tecnologia especialmente indicada para
as espécies de difícil propagação vegetativa,
espécies
com
sementes
recalcitrantes,
germoplasma raros ou mesmo espécies
ameaçadas de extinção.
Na afirmação de Villamil (1997), a
crioconservação tem se mostrado como um
método eficiente, prático e de baixo custo na
preservação de recursos fitogenéticos, além de
manter a semente viável por tempo considerado
indefinido.
Este método é o que melhor se adapta
para o armazenamento de sementes ameaçadas
de extinção por permitir que o metabolismo das
sementes seja paralisado, podendo recuperá-las
posteriormente. De acordo com Ashwood e
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003
Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna
Smith (1995), na crioconservação a 196°C, o
material biológico fica armazenado de maneira
estável, pois todos os processos metabólicos
como respiração e atividade enzimática são
inativados. Assim sendo, supõe-se que, no
material armazenado por crioconservação, não
ocorrem mudanças significativas em função do
tempo.
O ecossistema caatinga localizado no
Semi-árido do Nordeste brasileiro, apesar de
apresentar alta diversidade biológica, vem
sofrendo contínua devastação, perdendo-se com
isto várias espécies características da região.
Neste sentido, muitas espécies foram
consideradas ameaçadas de extinção na região
semi-árida e em virtude do número reduzido
dessas plantas, tem sido difícil à obtenção de
sementes, dificultando a propagação da espécie.
Uma das espécies que está sendo
ameaçada de extinção na nossa região é a
aroeira (Astronium urundeuva Engl.), da família
das Anacardiáceas, pois seu tronco é muito
empregado, na indústria da construção civil e
possui grande importância medicinal, pois suas
cascas são usadas contra doenças das vias
respiratórias e do aparelho urinário, sua resina é
aplicada, como tônico, pelos sertanejos. A
aroeira está na lista oficial de espécies da flora
brasileira ameaçadas de extinção, na categoria
vulnerável. As sementes da Aroeira são
esféricas, castanho-amareladas, aladas, de
maturação rápida e muito pequena, o que
dificulta a coleta. A semente apresenta pequena
dormência atribuída ao embrião, perdendo
poder germinativo, em pouco tempo, em
condições naturais. Testes feitos com as
sementes de Aroeira armazenadas à temperatura
ambiente por mais de um ano comprovaram que
elas após esse período, não mais germinavam.
Para Carvalho (1994), a crioconservação dessas
sementes é um método de armazenamento
promissor para a Aroeira.
Outra planta ameaçada de extinção no
semi-árido é a baraúna (Schinopsis brasiliensis
Engl.), que é da também família das
Anacardiáceas, pois a madeira dessa árvore é
muito empregada no fabrico de moveis e na
construção civil, pois é considerada madeira de
lei por muitos autores. Essa árvore, também,
tem lugar de destaque na nossa flora, tanto pela
sua exuberância e beleza, quanto pelas suas
inúmeras aplicações, pois possui propriedades
anti-histéricas e nevrostêmicas. Seus frutos são
vagens de natureza lenhosa, grossa e em forma
de foices, arredondadas e cobertas de pêlos
finos
Gonzaga et al.
147
As experiências com a crioconservação
de diferentes tipos de sementes, têm sido
relatadas por diversos autores, sendo
constatados sucessos e insucessos
na
crioconservação de sementes.
Alguns trabalhos bem sucedidos em
crioconservação de sementes foram relatados
por Pence (1991), onde o autor realizou 527
testes de crioconservação em plantas ameaçadas
de extinção na região de Ohio, sendo testadas a
viabilidade de 237 espécies, quanto a sua
exposição em nitrogênio líquido a -196 oC. O
autor verificou que, em 79% dos testes, a
germinação das sementes não diferiu,
significativamente, dos valores iniciais e que,
pelo menos 25% das espécies analisadas,
poderiam ser crioconservadas sem necessidade
de procedimentos adicionais.
Sementes de 14 vegetais foram colocadas
dentro de envelopes de papel especial e
expostas ao nitrogênio líquido, durante o
período de 180 dias. Stanwood e Ross (1979)
avaliaram que os testes de germinação não
indicaram redução nos percentuais, após a
exposição em nitrogênio líquido. Segundo os
mesmos autores, as sementes de feijão
(Phaseolus vulgaris L.), alface (Lacterca sativa
L.) e ervilha (Pisum sativum L.) também não
indicaram redução nos testes de germinação e
vigor após a exposição em nitrogênio líquido.
Stanwood e Sowa (1995) armazenaram
14 variedades de cebola em nitrogênio líquido
(-196°C) pelo período de dez anos, durante esse
período não foram observadas reduções
significativas do poder germinativo médio de
32%, demonstrando o sucesso que se pode
obter com a crioconservação de sementes.
Gonzales-Benito et al. (1995), estudaram
a germinação de sete cultivares de Aipo (Apium
graveolens L.) armazenados em nitrogênio
líquido no período de 1 a 3 dias. A
crioconservação, também, foi aplicada em
sementes sem casca e de primeira qualidade, e
em nenhum dos tratamentos foram reduzidas as
percentagens de germinação.
Iriondo (1992), estudou a preservação em
nitrogênio líquido de várias espécies selvagens
e cultiváveis, com diferentes teores de umidade
e período de exposição. Na maioria das
espécies, nenhuma diferença significativa foi
detectada na percentagem de germinação das
sementes dos diferentes teores de umidade.
Sementes
de
Bambu
(Bambusa
arundinacea)
foram
armazenadas
por
Brahamachary (1994), após serem colocadas
em bolsas plásticas herméticas e transparentes a
uma temperatura de 70°C. Os resultados
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003
148
Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna
indicaram que cerca de 65% das sementes
germinaram, após um ano.
Ao armazenarem em nitrogênio líquido
espécies de sementes nativas australianas, onde
40% dessas espécies são raras e ameaçadas de
extinção, Touchell e Dixon (1994) verificaram
que, após a crioconservação, as propriedades
físicas e químicas das sementes foram
preservadas.
Weisner et al. (1993) crioconservaram
sementes de Alfafa (Medicago sativa L.) em
nitrogênio líquido e no vapor de nitrogênio por
24 horas e constataram que houve quebra de
cotilédones, quando expostas ao nitrogênio em
forma de vapor. A quebra de cotilédones foi
reduzida, quando a semente foi escarificada
antes da exposição ao nitrogênio liquido.
A técnica de crioconservação, além de
armazenar sementes por tempo indeterminado
sem perda da viabilidade, é de grande potencial
no armazenamento de sementes ortodoxas e
sementes recalcitrantes (Stanwood, 1985).
Roberts (1973), introduziu o termo
ortodoxas para espécies cujas sementes podem
ser submetidas à secagem e, em seguida,
armazenadas a baixas temperaturas, permanecendo viáveis por longo período de tempo.
De acordo com Ashwood-Smith (1985),
apesar das vantagens da crioconservação,
existem
problemas
decorrentes
da
complexidade técnica e biológica do processo
de congelamento e descongelamento, tornandose necessário desenvolver procedimentos
específicos para cada tipo de cultura agrícola
Villamil (1997) relata que, não só o
processo de crioconservação deve ser levado
em consideração, como também o método de
descongelamento, pois, teoricamente, quanto
mais rápido ocorrer o descongelamento das
sementes, melhor a preservação de suas
características fisiológicas.
Portanto, diante do exposto, este trabalho
teve como objetivo estudar o efeito da
crioconservação
das
espécies florestais
ameaçadas de extinção, aroeira (Astronium
urundeuva Engl.) e baraúna (Schinopsis
brasiliensis Engl.), em nitrogênio liquido, a
temperatura de -196 oC e no vapor do
nitrogênio a -170 oC, por um período de tempo
de 25 dias.
Gonzaga et al.
Universidade Federal de Campina Grande
UFCG.
Foram utilizadas sementes de espécies
vegetais, consideradas ameaçadas de extinção
no cariri paraibano e destacadas pela sua
importância econômica e/ou medicinal, sendo
as selecionadas a Aroeira (Astronium
urundeuva Engl.) e a Baraúna (Schinopsis
brasiliensis Engl.).
As sementes foram coletadas de plantas
previamente selecionadas na Zona da Caatinga
Paraibana.
Conteúdo de água das sementes
As determinações do conteúdo de água
das sementes de aroeira e baraúna foram feitas
por meio do método padrão, utilizando-se a
estufa a 105°C ± 3°C, por 24 horas, seguindo-se
as Regras para Análise de Sementes (Brasil,
1992). As amostras foram pesadas em balança
eletrônica com precisão de 0,001g, para
obtenção do peso inicial da amostra (Pi). Após
o tempo de exposição na estufa, as amostras
foram resfriadas em um dessecador por um
período de 30 minutos e, em seguida, pesadas,
obtendo-se o peso final (Pf). O conteúdo de
água foi calculado por meio da seguinte
expressão:
%CA
( Pi
Pf )
Pi
x100
(Eq. 1)
em que,
% CA = Conteúdo de água, base úmida;
Pi
= peso inicial da amostra (gramas);
Pf
= peso final da amostra (gramas)
Crioconservação das Sementes
Após a determinação do conteúdo de
água das sementes, essas foram colocadas
dentro de um canister e crioconservadas em
botijões criogênicos por imersão direta em
nitrogênio líquido a -196 °C e no vapor de
nitrogênio líquido a -170 °C, durante os períodos de 0, 5, 15 e 25 dias.
Descongelamento das Sementes
MATERIAL E MÉTODOS
Os ensaios foram conduzidos no setor de
Criogenia do Laboratório de Armazenamento e
Processamento de Produtos Agrícolas do
Departamento de Engenharia Agrícola da
Depois de cada período de crioconservação pré-estabelecido, as sementes eram
submetidas a um descongelamento à
temperatura ambiente de 25 °C ± 3 °C por 3
horas, considerado um descongelamento lento.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003
Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna
Gonzaga et al.
foram obtidas, utilizando-se
computacional Origin 6.0.
Teste de Germinação
Após
serem
crioconservadas
e
descongeladas, as sementes foram submetidas
ao teste de germinação. Para essa determinação
foram utilizadas bandejas plásticas, que
continham como substrato areia previamente
peneirada e esterilizada em estufa a 105°C por
8 horas. A areia era umedecida com água
destilada, sendo reposta, à medida que o
substrato era ressecado pelo ar ambiente. Para
cada determinação, foram utilizadas 3 bandejas
(repetições) que continham cada uma 100
sementes. A percentagem de germinação foi
obtida pela contagem das plântulas normais
emersas, seguindo-se as Regras para Análises
de Sementes (Brasil, 1992).
149
o
programa
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os valores de conteúdo de água das
sementes de aroeira e baraúna submetidas à
crioconservação foram de respectivamente 9,0 e
7,4% base úmida.
Na Tabela 1, encontram-se os dados
experimentais obtidos de germinação das
sementes de aroeira e de baraúna em função do
período de armazenagem para os dois tipos de
crioconservação (imersão no nitrogênio líquido
a -196 oC e no vapor do nitrogênio a -170 oC).
Na Tabela 2, está a analise de variância
da germinação da semente de aroeira, seguindose o delineamento experimental inteiramente
casualizado disposto em fatorial. Observa-se,
nessa tabela, que não existem diferenças
significativas entre submeter as sementes a
crioconservação em nitrogênio liquido a -196ºC
ou crioconserva-las no vapor do nitrogênio a
-170 oC, no entanto, constatam-se diferenças
significativas da germinação das sementes com
o período de armazenamento e a interação entre
os fatores tipo de crioconservação versus
período de armazenagem das sementes.
Essas comparações, entre medias,
encontram-se, respectivamente, nas Tabelas 3 e
4.
Análises Estatísticas
O delineamento experimental neste
trabalho foi inteiramente casualizado, com
arranjo fatorial 2 x 4 ( 2 tipos ou temperaturas
de congelamento x 4 períodos de armazenagem,
com três repetições. As análises estatísticas
foram realizadas, utilizando o programa
computacional Assistat (Silva, 2002) e as
médias dos fatores foram comparados pelo teste
de Tukey em nível de 5% de probabilidade.
As curvas de regressão não linear da
germinação das sementes de aroeira e de
baraúna em função do período de armazenagem
Tabela 1
Valores médios da germinação das sementes de aroeira e baraúna para diferentes
temperaturas de crioconservação e de diferentes períodos de tempo de armazenagem
Período de
Armazenagem
(dias)
Germinação (%)
Imersão em N2L
(-196 oC)
Vapor de N2L
(-170 oC)
Aroeira
0
5
15
25
61
56
57
66
61
54
63
61
Baraúna
0
5
15
25
60
68
68
74
60
60
62
70
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Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna
150
Gonzaga et al.
Tabela 2 Análise de variância da germinação da semente de aroeira para diferentes temperaturas de
congelamento e períodos de armazenagem
Fonte de Variação
GL
Tipo de Congelamento (TC)
Período de Armazenagem (PA)
TC x PA
Resíduo
1
3
3
16
Total
23
Quadrado Médio
0,375
76,375
32,375
9,375
ns
**
*
ns não significativo
(*) significativo ao nível de 5% de probabilidade
(**) significativo ao nível de 1% de probabilidade
Embora se observem diferenças
significativas nas Tabelas 3 e 4, constata-se que
a germinação da semente de aroeira não difere,
significativamente entre si, no inicio e no final
do período analisado, de onde se pode dizer que
essa semente pode ser crioconservada sem que
sua viabilidade seja afetada.
Na Figura 1, encontra-se a equação de
evolução da germinação da semente de aroeira
com o período de armazenagem para os dois
tipos de crioconservação, sendo que, nessa
figura, se pode melhor visualizar que, quando a
semente de aroeira é submetida ao vapor do
nitrogênio a -170oC, praticamente, a equação
exponencial tende a uma reta de inclinação
nula, o que indica a inalteracao do poder
germinativo da semente. No entanto, quando a
semente é crioconservada no nitrogênio liquido
a -196 oC, ela tende, no final do período de
armazenamento, a ser superior, indicando que
existe uma pequena quebra de dormência da
semente, embora, segundo a analise estatística
de comparação entre medias, essas diferenças
de 61% e 66% não sejam significativas em
nível de 5% de probabilidade pelo teste de
Tukey.
Tabela 3
Comparação entre medias dos
valores médios de germinação das sementes de
aroeira, quando submetidas ao período de
armazenamento de 25 dias
Período de armazenagem
(dias)
Germinação
(%)
0
5
15
25
Desvio Mínimo Significativo (DMS) =
61,0 a
55,0 b
60,0 ab
63,5 a
5.06250
Tabela 4 Comparação entre medias dos valores médios de germinação das sementes de aroeira.
para a Interação: Tipo de congelamento x Período de armazenamento
Periodo de
Tipo de Congelamento (TC)
armazenamento Imersão em N L Vapor do nitrogênio
2
(dias)
a -196 oC
a -170 oC
0
5
15
25
DMS para colunas =
MG = 59,88
61,0 aAB
56,0 aB
57,0 bB
66,.0 aA
5.3
DMS para linhas =
CV% =
5,11
61,0 aAB
54,0 aB
63,0 aA
61,0 aAB
7.16
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003
Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna
Gonzaga et al.
151
Crioconservação de sementes de aroeira
100
90
80
Germinação (%)
70
60
50
40
o
Vapor do nitrogênio líquido (-170 C)
30
2
G = 53,715 + 4,558.exp(d/44,537) X = 39.53
o
Imersão em nitrogenio líquido (-196 C)
20
G = 57,24 + 0,236.exp(d/7,028)
2
X = 20.608
10
0
0
5
10
15
20
25
Período de armazenamento (dias)
Figura 1 Curva de germinação da semente de aroeira em função do período de armazenagem para
dois tipos de crioconservacao
Na Tabela 5, encontra-se a analise de
variância da germinação das sementes de
baraúna referente ao delineamento experimental
proposto, onde se pode constatar que existem
diferenças significativas entre os dois tipos de
crioconservação e o período de armazenagem a
que as sementes foram submetidas.
Na Tabela 6, verifica-se que a semente de
baraúna se crioconserva melhor no nitrogênio
liquido a -196 oC do que no vapor do nitrogênio
a -170 oC, embora se observe que, em ambos os
métodos de crioconservação, a germinação das
sementes sejam superiores as iniciais. Este fato
pode ser melhor observado na Tabela 8 , onde
se constata que as sementes de baraúna, após 25
dias tem uma germinação, significativamente,
superior à inicial.
Na Figura 2, encontra-se a curva que
representa o aumento da germinação das
.
Tabela 5 Análise de variância da germinação da
de congelamento e períodos de armazenagem
Fonte de Variação
Tipo de Congelamento (TC)
Período de Armazenagem (PA)
TC x PA
Resíduo
Total
GL
1
3
3
16
23
sementes de baraúna com o período de
armazenamento. Como é sabido, as sementes
não aumentam sua viabilidade, durante a sua
armazenagem, pois segundo Popinigis (1977),
as sementes, ao atingirem sua maturidade
fisiológica, atingem, também, o maximo de sua
viabilidade e, a partir deste ponto, a semente,
para se manter viva, consome suas reservas e,
conseqüentemente, com o decorrer do tempo,
diminui sua viabilidade. Portanto, um aumento
da viabilidade da semente de baraúna, com o
período de armazenagem, só poderia se dar pela
quebra de dormência da semente, quando
submetida aos dois métodos de crioconservação. Esta constatação pode ser embasada nos
escritos de Toledo e Marcos Filho (1977) que
indicam a submissão das sementes ao frio como
um dos métodos para superar a dormência das
sementes.
semente de baraúna para diferentes temperaturas
Quadrado Médio
121,50 **
149,50 **
17,50 ns
10,75
ns não significativo
(*) significativo ao nível de 5% de probabilidade
(**) significativo ao nível de 1% de probabilidade
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152
Gonzaga et al.
Tabela 6 Comparação entre medias dos valores médios de germinação das sementes de baraúna
quando submetidas a dois tipos de congelamento
Tipo de Congelamento (TC)
Germinação
(%)
Imersão em N2L a -196 oC
Vapor do nitrogênio a -170 oC
67,50 a
63,00 b
Desvio mínimo significativo (DMS) =
2,.84
Tabela 7 Comparação entre medias dos valores médios de germinação das sementes de baraúna
quando submetidas ao período de armazenamento de 25 dias
Período de armazenagem
(dias)
Germinação
(%)
0
5
15
25
60,00 b
64,00 b
65,00 b
72,00 a
Desvio Mínimo Significativo (DMS) =
5,42
Crioconservação de sementes de baraúna
100
90
Germinação (%)
80
70
60
50
o
Imersão em nitrogenio líquido (- 196 C
40
2
G = -180,16 + 242,406.exp(d/553,128)
30
Vapor do nitrogenio líquido (- 170 C)
20
G = 59,63 + 0,2486.exp(d/6,701)
X = 18.79
o
2
X = 0.04
10
0
0
5
10
15
20
25
Período de tempo (dias)
Figura 2 Curva de germinação da semente de baraúna em função do período de armazenagem para
dois tipos de crioconservação
.
CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos, conclui-se que:
1. as sementes de aroeira e baraúna podem ser
crioconservadas, tanto por nitrogênio liquido
a -196 oC, quanto no vapor do nitrogênio a
temperaturas de -170 oC;
2. a semente de baraúna, quando crioconservada às temperaturas de -196 e -170 oC por
um período de tempo de 25 dias apresentam
percentuais de germinação mais elevados
do que os iniciais, indicando que durante
este processo, existe uma quebra de
dormência pelo frio dessas sementes
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.145-154, 2003
Crioconservação de sementes de aroeira e baraúna
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003
ISSN 1517-8595
155
ANÁLISE DA COLORAÇÃO DA CASCA DE BANANA ‘PRATA’ TRATADA COM
ETILENO EXÓGENO PELO MÉTODO QUÍMICO E INSTRUMENTAL
Virgínia de Souza Álvares1, Paulo César Corrêa2, Gerival Vieira3, Fernando Luiz Finger3,
Rodrigo Vasconcelos Agnesini4
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi de verificar a influência do tratamento de banana ‘Prata’ com
etileno de acordo com o desenvolvimento da coloração da casca. O experimento foi montado no
delineamento inteiramente casualizado, com 3 repetições, segundo um esquema de parcelas
subdivididas tendo nas parcelas as concentrações de etileno (0, 10, 50, 100 e 1000 µL.L-1) e nas
subparcelas os tempos de exposição ao tratamento (24, 48 e 72 horas). As bananas (cv. Prata),
depois de lavadas e selecionadas, foram colocadas em baldes hermeticamente fechados para
aplicação dos tratamentos por até 72 horas, à 18 ºC, com aeração por 20 minutos a cada 12
horas. A medida de cor da casca foi realizada a cada 24 horas pelo método químico e
instrumental com colorímetro. Houve uma redução gradual no nível de clorofila total e da
coordenada “a”, além do conseqüente aumento da coordenada “b” com o acréscimo da
combinação entre concentração e tempo de exposição. Exposições dos frutos a concentrações
superiores a 50 µL.L-1 de etileno ou por 48 horas foram consideradas excessivas, de acordo com
a degradação da clorofila total na casca. A coordenada “a” foi a que mais variou ao longo do
tratamento, sendo utilizada como indicadora de maturidade dos frutos. A concentração utilizada
comercialmente de 1000 µL.L-1 de etileno foi considerada excessiva para o tratamento de
banana ‘Prata’.
Palavra-chave: coloração, banana, tratamento, etileno
ANALYSIS OF THE “PRATA” BANANA PEEL COLORATION THAT’S TREATED
WITH HEXOGEN ETHYLENE BY THE CHEMICAL AND INSTRUMENTAL METHOD
ABSTRACT
The objective of this work was to verify the influence of the “Prata” banana treatment, with
ethylene, according to the development of the peel coloration. The experiment was done in the
entirely random delineation repeated 3 times, according to a subdivided portions scheme,
having, in the portions, the ethylene concentrations (0, 10, 50, 100 e 1000 µL.L-1) and the
exposition times to the treatment in the treatment in the secondary portions (24, 48 e 72 hours).
The bananas (cv. Prata) were placed in hermetically closed pails after they have been washed
and selected tothe realization of the treatment by a period until 72 hours at 18 ºC, with 20
minutes of aeration in each 12 hours. The peel coloration measurement was realized in each 24
hours by the chemical and instrumental method with the colorimeter. There were a gradual
reduction on the total chlorophyll level and ä”coordinate, besides the consequent increase in the
“b” coordinate, with the increment of the combination between concentration and exposition
time. An exposition of the fruits to superior concentrations to 50 µL.L-1 of ethylene or during
48 hours was considered excessive, according to the degradation of total chlorophyll on the
peel. The “a” coordinate was the one that more varied during the treatment and is was used as
the fruits maturity indicator. The commercial used concentration of 1000 µL.L-1 of ethylene was
considered excessive to the “Prata” banana treatment.
Keywords: coloration, banana, treatment, ethylene
Protocolo 137 de 17/10/2003
1
Engº Agro. – M.Sc. Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, e-mail: [email protected]
2
Engº Agro. – D.S. Professor do Departamento de Eng. Agrícola, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG.
3
Engº Agro. – D.S. Professor do Departamento de Fitotecnia, Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG.
4
Graduando em Agronomia pela Universidade Federal de Viçosa, CEP 36571-000, Viçosa, MG.
156
Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al.
INTRODUÇÃO
A bananeira do cultivar Prata (Musa
AAB subgrupo Prata) é plantada, em quase
todo o território brasileiro, apresentando importância, no mercado interno, principalmente no
consumo ‘in natura’ (Agrianual, 2002).
Dentre os frutos climatéricos, a banana
possui larga faixa de maturidade fisiológica em
que pode ser colhida e induzida a amadurecer
com excelente qualidade. Frente ao seu curto
período de conservação, depois de iniciados os
processos relativos ao amadurecimento,
técnicas que visem ao controle da fase préclimatérica têm sido estudadas e aprimoradas
com o objetivo de se prolongar sua vida póscolheita, resguardando-se a manutenção de seus
atributos de qualidade.
As condições para a maturação
controlada de bananas são selecionadas
visando, principalmente, ao desenvolvimento
da cor amarela da casca (Alves et al., 2000) e
uniformidade de maturação. A cor dos frutos é
a primeira avaliação que o consumidor faz no
momento da compra e, de acordo com Wills et
al. (1998) e Chauca (2000), ela é afetada,
também, por características sensoriais, estando
diretamente associada com o estado de
maturação dos frutos. Dessa forma, a transição
da coloração da casca de verde para amarelo é
utilizada como um guia aproximativo do
estádio de amadurecimento no caso de bananas
(Vilas Boas, 1995). De acordo com Chitarra &
Chitarra (1990), o amadurecimento é tido como
a fase que se estende do estádio final da
maturação, caracterizando-se por acentuadas
mudanças, nos fatores sensoriais de sabor, odor,
cor e aparência, que tornam o fruto aceitável
para o consumo.
Durante o transporte pós-colheita,
manejo e amadurecimento, o estado de
maturidade de bananas é checado, regularmente. Existem vários métodos que podem ser
usados para determinar a maturidade, sendo que
o principal é a coloração da casca. Existem 3
principais métodos de visualização da coloração
da casca: visual, químico e instrumental. O
exame visual, que é feito por observação
humana e comparação com uma escala de
cores, embora usado em escala comercial é um
método subjetivo que varia de acordo com o
critério do observador. Desde que a variação da
cor da casca de verde para amarelo, durante o
amadurecimento de bananas depende da perda
da clorofila, o seu conteúdo, também, pode ser
usado para caracterizar a variação da cor. A
determinação da coloração dos frutos por
colorímetro analisa as diferenças de cor da
casca que aproxima espectralmente do padrão
observado pelos olhos com a vantagem de ser
tridimensional, excluindo avaliações de cada
observador.
Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi
de verificar a influência da concentração de
etileno e tempo de exposição ao tratamento de
banana ‘Prata’ originando frutos de boa
qualidade e de vida útil para o consumo de
acordo com o desenvolvimento da coloração da
casca.
MATERIAL E MÉTODOS
Bananas do cultivar ‘Prata’ com,
aproximadamente, 32 mm de diâmetro foram
colhidas em um pomar comercial em Julho de
2002 no município de Coimbra (MG) e levados
para o laboratório de pós-colheita da
Universidade Federal de Viçosa a 10 Km, em
Viçosa, MG. Foi realizada a separação dos
frutos, lavagem, seleção e colocação de 13
frutos por balde de 20L que foram,
hermeticamente, fechados para a aplicação dos
tratamentos. Logo em seguida, foi feita a
aplicação de etileno sob vários níveis (0, 10, 50,
100 e 1000 L.L-1) através de seringas, nas
tampas dos baldes, devidamente, adaptadas para
tal procedimento. Os baldes foram colocados
em uma câmara à temperatura de 18 oC por
diferentes períodos de tratamento (24, 48 e 72
horas). A cada 12 horas, os baldes foram
abertos para aeração e feita nova aplicação das
mesmas concentrações.
A medida de cor da casca foi realizada, a
cada 24 horas, pelo método químico e
instrumental. Para a análise química, utilizou-se
o método de Lichtenthaler (1987). Foi retirado
0,8 g de material com auxílio de um estilete, em
diversos pontos da superfície do fruto e
congelado em nitrogênio líquido para
quantificação. Tais frações foram maceradas em
almofariz de porcelana com 0,04g de areia
lavada, acetona 80%, 0,008g de sulfato de
magnésio e 0,008g de sulfito de sódio
(antioxidante). Foi filtrado em funil com papel
de filtro e completado o volume com acetona
80% em balão de 50 mL coberto com papel
alumínio.
Realizou-se
a
leitura
em
espectrofotômetro nos comprimentos de onda
de 646,8 e 663,2 nm, utilizando acetona 80%
como branco. Para a determinação de clorofila
extraída em extrato cetônico a 80% foi utilizada
a equação:
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003
Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al.
Clorofila total (g.mL-1)= 8,02xA663,2 + 20,2xA 646,8
O resultado foi expresso na forma de
g.g-1 de massa fresca da casca.
A medida de cor da casca pelo método
instrumental foi realizada com o auxílio de um
colorímetro portátil “ColorTec” por um disco
de 6,4 mm de diâmetro e ângulo de 45o oposto à
iluminação. Cada fruto foi medido em 2 pontos
eqüidistantes na região radial, como sugerido
por Francis (1980) e Boudhrioua et al. (2002) e
retirada a média dos valores obtidos. De acordo
com Witherspoon & Jackson (1996), a cada
ponto de leitura, o fruto foi rotacionado 90o
sobre o eixo a fim de minimizar as variações na
coloração da casca e no manejo do aparelho. Os
dados foram registrados em valores na escala de
Hunter (CIELAB), através das coordenadas “L”
(brilho), “a” (-a é verde / +a é vermelho) e “b”
(-b é azul / +b é amarelo), além de calculada a
diferença de cor da casca pela fórmula
E=((L)2 + (a)2 + (b)2)0,5 em relação ao
tempo de exposição ao tratamento como citado
por CORRÊA (1992), onde “” é a variação
entre o maior e o menor valor da respectiva
coordenada.
O experimento foi instalado segundo
esquema de parcelas subdivididas, tendo nas
parcelas as concentrações (0, 10, 50, 100 e 1000
L.L-1 de etileno) e nas subparcelas os tempos
de exposição ao tratamento (24, 48 e 72 horas)
no Delineamento Inteiramente Casualizado com
3 repetições, totalizando em 15 unidades
experimentais. Foi feito um teste de Dunnett
para comparação dos resultados com a
testemunha (frutos à temperatura ambiente de
157
21,6 ºC, em média, e sem tratamento com
etileno).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Figura 1 apresenta a tendência de
redução gradual, no nível de clorofila total, na
casca dos frutos tratados com o aumento da
combinação entre a concentração de etileno
exógeno e tempo de exposição ao tratamento.
Quando comparado com a testemunha, os
níveis de clorofila total reduziram, aproximadamente, 22-33% após 24 horas, 45-52% após 48
horas e 82-90% após 72 horas de exposição ao
tratamento, dependendo da concentração
utilizada, como visto na Tabela 1. Percebe-se
um pequeno acréscimo na degradação até 50
L.L-1 de etileno, em todos os tempos de
exposição ao tratamento, indicando que
concentrações acima deste valor seriam
desnecessárias para tal procedimento. Além
disso, após 48 horas de exposição, os frutos já
foram retirados do tratamento com metade da
clorofila da casca degradada (45-52 %), sendo
considerado um período de exposição
excessivo. Já os frutos que não foram tratados,
mas permaneceram na câmara a 18 oC (0 L.L-1
de etileno) nos respectivos tempos de
exposição, tiveram redução dos níveis de
clorofila total de apenas 13, 16 e 21% após 24,
48 e 72 horas.
Ŷ = 282,584 – 0,0276264**T – 2,66579**TE
R2 = 0,53
240
Clorofila total (µL.g-1.MF)
200
160
120
80
40
0
200
400
600
800
1000
Concentração de etileno (µL.L-1)
**significativo ao nível de 1% pelo teste t.
Figura 1 - Estimativa do conteúdo de clorofila total da casca de banana ‘Prata’ após o tratamento em
função da concentração de etileno (T) para os respectivos tempos de exposição (TE)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003
Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al.
158
Os frutos verdes e maduros obtiveram
valores maiores e menores de clorofila total de,
aproximadamente, 274 e 26 g.g-1 de massa
fresca da casca, respectivamente. Estes
resultados contrariam os valores obtidos por
Seymour (1993) e Meng et al (1997), que, em
banana ‘Prata’ obtiveram para clorofila total 50100 g.g-1 de massa fresca em frutos verdes e
quase zero em frutos maduros, embora neste
atual trabalho os frutos não tenham alcançado o
estádio máximo de amadurecimento para
comparação (Tabela 1).
Os resultados mostram que o conteúdo de
clorofila pode ser usado como indicador da cor
da casca de banana ‘Prata’. Porém, como a
determinação química da coloração, envolvendo a extração de pigmentos componentes na
casca é um método destrutivo, pode ser
considerado indesejável sob escala comercial.
Desse modo, o método instrumental pode ser
usado por ser fácil, prático e não-destrutivo,
baseando-se na medida da reflectância da
superfície da casca.
A figura 2 e a Tabela 1 apresentam um
aumento nos valores da coordenada “a” que
está relacionada com a cor verde da casca dos
frutos. Desta forma, houve uma tendência de
redução da coloração verde, a partir do tempo
de exposição de 24 horas, com o aumento da
combinação entre a concentração e tempo de
exposição ao tratamento, como já indicado
pelas análises químicas pela degradação gradual
da clorofila. A coordenada “a” é a mais
importante, pois possui variações mais
acentuadas, sendo utilizada para a indicação de
maturidade dos frutos, como citado por
Witherspoon & Jackson (1996).
Ŷ = -82,2481 – 0,0025029(**) T + 1,03968(**) TE
R2 = 0,84
Tempo de exposição (h)
0
20
30
40
50
60
70
-10
Coordenada "a"
-20
-30
-40
0 µL.L-1
10 µL.L-1
50 µL.L-1
100 µL.L-1
1000 µL.L-1
-50
-60
(**)
significativo ao nível de 1% pelo teste t
Figura 2 - Estimativa da coordenada “a” da escala CIELab da casca de banana ‘Prata’ após o
tratamento em função da concentração de etileno (T) para os respectivos tempos de exposição (TE)
Nota-se também (Tabela 1), o aumento
dos valores da coordenada “b” com o aumento
da concentração de etileno aplicado,
principalmente para o período de 72 horas,
indicando a intensificação da cor amarela da
casca.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003
Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al.
159
Tabela 1 - Valores médios de clorofila total, coordenadas CIELab (“L”, “a” e “b”) e diferença da cor
(E) da casca de banana ‘Prata’ tratada com diferentes concentrações de etileno (T) sob vários
tempos de exposição (TE) a 18 ºC.
T
Clorofila
Coordenada
Coordenada
Coordenada
E
-1
total
“b”
“a”
“L”
(L.L )
0
274,56
19,70
-48,37 ns
44,18
ns
ns
0
239,20
13,90
-51,47 ns
39,07 ns
0
10
207,08*
17,26 ns
-53,55 ns
41,34 ns
4,56
ns
ns
ns
24
50
182,66*
17,65
-53,47
41,35
4,82
100
213,15*
18,34 ns
-52,83 ns
42,51 ns
5,78
1000
208,29*
19,68 ns
-52,87 ns
44,42 ns
8,01
ns
ns
*
ns
0
230,43
20,61
-36,64
43,39
0
10
141,94*
17,58 ns
-39,13 *
41,43 ns
4,38
48
50
131,09*
17,94 ns
-41,83 ns
42,47 ns
5,91
ns
ns
100
142,83*
18,54
-44,63
42,64 ns
8,29
ns
ns
ns
1000
150,48*
20,68
-52,74
46,16
16,34
0
217,57*
35,52*
-12,92*
52,78*
0
10
49,48*
53,92*
-1,10*
63,63*
24,38
72
50
47,96*
54,02*
-1,13*
65,92*
25,57
100
25,93*
54,45*
-0,50*
66,17*
26,30
1000
35,14*
55,17*
1,02*
68,43*
28,73
* significativo ao nível de 5% pelo teste de Dunnett;
ns
não significativo ao nível de 5% pelo teste de Dunnett.
As médias seguidas com asterisco diferem do padrão ao nível de 5% de probabilidade pelo teste de
Dunnett.
Cada dado é a média de 3 repetições.
TE
(h)
0
A Tabela 1 indica um aumento da
diferença de cor de, aproximadamente, de 4-8%
após 24 horas, 4-16% após 48 horas e 24-28%
após 72 horas de exposição ao tratamento.
Maiores variações foram encontradas em uma
mesma concentração ao longo do tempo de
exposição, com, aproximadamente, 20% de
acréscimo na variação da cor da casca, quando
se compara 1000 L.L-1 à testemunha.
28,73
26,30
25,57
Diferença de cor
24,38
16,34
8,29
24 h
48 h
72 h
5,91
4,38
8,01
5,78
4,82
4,56
0,0
0
200
400
600
800
1000
Concentração de etileno (uL.L-1)
Figura 2 – Evolução da diferença total de cor com as diferentes concentrações de etileno para cada
tempo de exposição
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.155-160, 2003
160
Coloração da casca de banana ‘Prata’ tratada com etileno exógeno....., Álvares et al.
Nota-se o aumento da diferença de cor
com o acréscimo da concentração de etileno no
mesmo tempo de exposição (Figura 2). Do
mesmo modo, à medida que o tempo de
exposição aumentou, houve acréscimo da
variação de cor da casca para uma mesma
concentração de etileno aplicada.
CONCLUSÃO
Esses resultados indicam que a
combinação entre a concentração e o tempo de
exposição ao etileno exógeno interfere no
amadurecimento e, conseqüentemente, na
coloração da casca, com maior influência do
último. A concentração de 1000 L.L-1 de
etileno e o tempo de exposição de 72 horas são
considerados excessivos, pois os frutos já
saíram do tratamento com a coloração da casca
amarela. A concentração de 50 L.L-1 de
etileno foi considerada adequada ao tratamento,
além de um período de exposição de até 48
horas.
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ISSN 1517-8595
161
VISCOSIDADE APARENTE DA POLPA DE UMBU-CAJÁ
CONCENTRADA A 100C
Lucicléia Barros V. Torres1, Alexandre José de Melo Queiroz2,
Rossana Maria Feitosa Figueirêdo2
RESUMO
Esse trabalho teve por objetivo avaliar o efeito da concentração das polpas de umbu-cajá na
composição e na viscosidade aparente a 100C. Umbu-cajás foram processados em despolpadeira
e a polpa obtida concentrada em evaporador rotativo. As características avaliadas foram
umidade, pectina e cinzas. As medidas de viscosidade foram realizadas em viscosímetro
Brookfield modelo RVT. A umidade variou, em média, de 91,54 a 71,60%, sendo maior na
amostra com menor concentração (9oBrix) e menor na amostra com maior SST (24oBrix). O
teor médio de pectina foi 0,3464% e 1,0005%, nas polpas com 9 e 24oBrix, respectivamente. O
conteúdo mineral (cinzas) das amostras variou de 0,4275 a 1,0723%. Os valores das
viscosidades aparentes das amostras aumentaram com o aumento da concentração, e o aumento
da velocidade de rotação provocou reduções nesses valores. A viscosidade aparente das polpas
de umbu-cajá em função do teor de pectina e em função dos sólidos solúveis totais podem ser
representadas por uma equação linear com R2 superiores a 0,9.
Palavras-chave: Spondias, viscosidade, concentração
APPARENT VISCOSITY OF CONCENTRATED UMBU-CAJÁ PULP AT 10OC
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the effect of concentration of the umbu-cajá pulp on
the composition and on the apparent viscosity at 10oC. Umbu-cajás were processed in depulping
and the obtained pulp was concentrated in rotative evaporator. The determined characteristics
were moisture, pectin and ashes. The viscosities were determined using a Brookfield viscometer
model RVT. The moisture varied from 91.54 to 71.60%, being larger in the sample with smaller
concentration (9oBrix) and smaller in the sample with larger TSS (24oBrix). The medium pectin
content was 0.3464% and 1.0005%, in the pulp with 9 and 24oBrix, respectively. The mineral
content (ashes) of the samples varied from 0.4275 to 1.0723%. The values of the apparent
viscosities of the samples increased with the increase of the concentration, and the increase of
the rotation speed provoked reduction in these values. The apparent viscosity of the umbu-cajá
pulps in function of the pectin and in function of the total soluble solids can be represented by a
linear equation with R2 superiors to 0.9.
Keywords: Spondias, viscosity, concentration
INTRODUÇÃO
O Brasil destaca-se como segundo
produtor mundial de frutas, com um volume
produzido de 37,8 milhões de toneladas, em
1997. Desse total, estima-se que apenas 0,8%
(cerca de 300 mil toneladas) seja constituído
por frutas tropicais pouco exploradas
economicamente, tais como graviola, pinha,
sapoti e inúmeras outras, inclusive frutas do
gênero Spondias (FAO, 2000).
___________________
Protocolo 139 de 27/10/2003
1
Aluna de Pós-graduação em Engenharia Agrícola, UFCG
2
Departamento de Engenharia Agrícola, Universidade Federal de Campina Grande, Av. Aprígio Veloso, 882, Caixa Postal
10017, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. [email protected]
162
Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C,
A umbu-cajazeira, árvore pertencente à
família das Anacardiáceas e gênero Spondias,
é considerada um híbrido natural entre o
umbuzeiro (Spondias tuberosa) e a cajazeira
(Spondias lutea). No Brasil, notadamente, no
Nordeste, essas espécies têm considerável
importância social e econômica, fato
comprovado pela crescente comercialização de
seus frutos e produtos processados em
mercados, supermercados e restaurantes da
região (Souza, 1998).A umbu-cajazeira
apresenta características de planta xerófila,
sendo encontrada em plantios não-organizados,
disseminados em Estados do Nordeste (Lima
et al., 2002b). O fruto é caracterizado como
uma drupa arredondada, de cor amarela, casca
fina e lisa, com endocarpo (caroço) grande,
branco, saberoso e enrugado, localizado na
parte central do fruto, no interior do qual se
encontram os lóculos, que podem ou não
conter uma semente. A umbu-cajazeira
apresenta cerca de 90% dos endocarpos
desprovidos de sementes (Souza et al., 1997) o
que torna inviável a sua propagação sexuada,
sendo tradicionalmente propagada pelo método
vegetativo assexuado, por meio de estacas de
35 cm de comprimento e 1,5 cm de diâmetro
(Lopes, 1997).
Segundo Lima et al. (2002b) os frutos
possuem excelente sabor e aroma, boa
aparência e qualidade nutritiva, sendo muito
consumido na forma "in natura", apresentando
rendimento médio de 55 a 65% em polpa, com
potencial para utilização na forma processada
como polpa congelada, sucos, néctares e
sorvetes.
A diversidade genética das populações
subespontâneas de umbu-cajazeira presentes,
no Nordeste brasileiro, é bastante ampla,
porém, encontra-se ameaçada pelo processo
indiscriminado de exploração das áreas, onde
ocorrem, particularmente, pela prática de
formação de pastagens e pela expansão das
áreas urbanas. Outras informações sobre essa
espécie praticamente inexistem na literatura
especializada. É, portanto, imperativo que
esforços no sentido de garantir a preservação e
a utilização racional da variabilidade genética
dessa importante fruteira sejam empreendidos
pelos órgãos de pesquisa pública (Souza et al.,
2001).
Para fabricação da maioria dos
produtos derivados de frutas, geralmente, se
utiliza a polpa concentrada, da qual se torna
indispensável o conhecimento de suas
propriedades físicas e químicas nas etapas do
processamento. Dentre essas propriedades, o
Torres et al.
comportamento reológico ocupa posição de
grande destaque, porém, há escassez de dados
sobre propriedades reológicas dos sucos,
polpas e outros concentrados de frutas
brasileiras (Vidal & Gasparetto, 2000). A
matéria
prima
brasileira
apresenta
características diferentes daquela produzida em
outras partes do mundo, principalmente no que
diz respeito aos teores de polpa e de açúcar,
que vão influenciar diretamente no teor de
sólidos solúveis e insolúveis (Vidal, 1997). A
crescente necessidade e procura dos
parâmetros reológicos para os diversos fluidos
manipulados na indústria de processamento
está ligada, também, à grande importância
econômica que estes fluidos e equipamentos de
manipulação representam atualmente (Gehrke,
1996).
Considerando que o processamento em
escala industrial requer, entre outras condições,
informações sobre as propriedades da matériaprima a fim de se obter a melhor qualidade no
produto final, bem como otimizar as variáveis
custo e benefício, investigou-se nesse trabalho
polpas de umbu-cajá, quanto as suas
características químicas e quanto às
viscosidades aparentes de cada polpa sob o
efeito de seis diferentes concentrações de
sólidos solúveis totais, à temperatura de 100C.
MATERIAL E MÉTODOS
O trabalho foi conduzido no Laboratório
de Armazenamento e Processamento de
Produtos agrícolas do Departamento de
Engenharia Agrícola da Universidade Federal
de Campina Grande, Campus I, Campina
Grande – PB. Foram utilizados umbu-cajás
provenientes da cidade de Açu – RN,
adquiridos no comércio local. A seleção dos
frutos ocorreu, manualmente, escolhendo-se,
apenas os frutos que possuíam os melhores
aspectos, como brilho, mesmo grau de
maturação, firmeza da casca e não
apresentavam sinal de deterioração.
Inicialmente, a limpeza dos frutos foi
feita em água corrente, seguida de desinfecção
por imersão em solução de hipoclorito de sódio
com concentração de 50 ppm, enxaguando-se,
posteriormente, em água corrente e deixando
escorrer o excesso de água antes do
processamento. A extração da polpa foi obtida
em despolpadeira rotativa. A polpa pronta foi
homogeneizada e embalada em embalagens de
polietileno de baixa densidade e submetida a
congelamento ultra-rápido, em nitrogênio
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003
Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C,
líquido a –1100C. O material congelado foi
armazenado em câmara a –220C.
Pectina
O teor de pectina foi determinado pelo
método proposto por Carré e Haynes (Pearson,
1970), cujo princípio se baseia em neutralizar
as cargas dos resíduos de ácidos urônicos
livres pelos íons de cálcio, de maneira a
provocar a geleificação da pectina e sua
precipitação. Os resultados foram expressos
em porcentagem de pectato de cálcio (p/p).
Torres et al.
163
Análise estatística
As análises estatísticas dos dados de
pectina, umidade e cinzas foram feitas,
utilizando-se o delineamento inteiramente
casualizado, e os dados de viscosidade
aparente em esquema fatorial 8 x 6
(concentrações e velocidades) com três
repetições, e a comparação das médias pelo
teste de Tukey, usando-se o programa
computacional ASSISTAT (Silva & Azevedo,
2002).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Sólidos solúveis totais
Pectina
Determinou-se o conteúdo dos sólidos
solúveis totais (°Brix) em refratômetro de
bancada tipo Abbe, marca Quimis modelo Q109B.
Umidade
A umidade foi estabelecida de acordo
com a metodologia do Instituto Adolfo Lutz
(1985).
Cinzas
O método utilizado para a determinação
da quantidade de substâncias inorgânicas
obtidas através das cinzas ou resíduo mineral
fixo da amostra, foi baseado no resíduo obtido
por incineração da amostra em mufla a 525°C
(AOAC, 1997).
Concentração
As amostras de polpa de umbu-cajá
congeladas foram retiradas, paulatinamente, do
freezer para a realização da concentração em
evaporador rotativo até os teores de sólidos
solúveis totais de 13oBrix, 15oBrix, 18oBrix,
21oBrix e 24oBrix.
Na Tabela 1, são apresentados os
valores médios de pectina determinados na
polpa
de
umbu-cajá
em
diferentes
concentrações. Verifica-se, de forma geral,
aumento no percentual de pectinas com o
aumento da concentração. Constata-se que não
existe, estatisticamente, diferença significativa
(p<0,05) entre os teores de pectina das
amostras com 13oBrix, 15 oBrix e 18 oBrix.
O valor de pectina para a amostra a
90Brix assemelha-se ao relatado por Silva et al.
(1999), para polpa de cajá, que foi de 0,35% de
pectato de cálcio, já o valor citado por
Policarpo et al. (2002) de pectina total de
0,636mg/100g para a polpa de umbu encontrase próximo ao da amostra a 180Brix. Na polpa
integral (130Brix) o teor de pectina de 0,57%
pectato de cálcio, representa um conteúdo,
relativamente, pobre, se comparado com outros
frutos, tais como: limão (3-4%), banana (0,71,2%) e maçã (0,5-1,6%) (Fogarty & Ward,
1972).
O teor de pectina aumentou cerca de
96% na polpa a 24oBrix com relação à polpa
integral, sendo as substâncias pécticas os
principais componentes químicos dos tecidos,
as quais são responsáveis pelas mudanças de
textura dos frutos (Chitarra & Chitarra, 1990).
Viscosidade
As viscosidades aparentes das amostras
foram medidas em viscosímetro da marca
Brookfield, modelo RVT a 10oC.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003
Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C,
164
Torres et al.
Tabela 1 - Valores médios do teor de pectina das polpas de umbu-cajá em diferentes concentrações
Concentração (oBrix)
9
13*
15
18
21
24
Pectina (% pectato de cálcio)
0,3464 d
0,5098 c
0,5722 c
0,6099 c
0,8525 b
1,0005 a
*
Polpa integral
DMS = 0,1407; MG = 0,6486% pectato de cálcio; CV = 7,91%
MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo.
Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
Umidade
Através dos valores médios de umidade
das polpas de umbu-cajá (Tabela 3),
comprova-se o decréscimo desse conteúdo
com o aumento dos sólidos solúveis totais
(oBrix), havendo diferença significativa entre
todas as amostras. A umidade da polpa a
15oBrix assemelha-se ao determinado por
Noronha et al. (2000) que foi de 86%, porém
esse valor está abaixo da umidade da polpa
integral (88,81%) o qual assemelha-se ao valor
publicado por Cavalcante et al. (2003) de
89,16% para o umbu maduro.
Tabela 2 - Valores médios da umidade para as polpas de umbu-cajá em diferentes concentrações
Concentração (oBrix)
Umidade (%)
9
91,54 a
13*
88,81 b
15
86,13 c
18
84,27 d
21
81,06 e
24
77,60 f
DMS = 0,20992; MG = 84,90%; CV = 0,07%
MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo.
Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
Cinzas
O conteúdo mineral (cinzas) das polpas
de umbu-cajá, nas diferentes concentrações
estudadas (Tabela 3), é superior ao obtido por
Lima et al. (2002) que foi de 0,33%. Esse
percentual aumenta ao passo que a
concentração aumenta, não havendo diferença
significativa entre a polpa integral (13oBrix) e
as polpas a 150Brix e 180Brix. As cinzas na
polpa de umbu-cajá integral (130Brix) estão na
mesma faixa de valor encontrada no umbu de
0,53% (Ferreira, 2000).
Tabela 3 - Valores médios das cinzas para a polpa de umbu-cajá em diferentes concentrações
Concentração (oBrix)
Cinzas (%)
9
0,4275 e
13*
0,54275 d
15
0,7037 c
18
0,7867 bc
21
0,9641 ab
24
1,0723 a
DMS = 0,1877; MG = 0,7720%; CV = 8,87%
MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo.
Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003
Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C,
Reologia
Observa-se, na Tabela 4, reduções das
viscosidades aparentes com o aumento da
velocidade de rotação; nas amostras com
concentrações mais altas (18, 21 e 24oBrix) esse
comportamento é, estatisticamente, diferente
(p<0,05) entre todos os valores médios da
viscosidade, porém, nas demais concentrações
(9, 13 e 15oBrix), não existe diferença
significativa, entre as viscosidades nas
velocidades de 50 e 100rpm. O decréscimo de
viscosidade com a velocidade de rotação em
todas as concentrações estudadas, também, foi
verificado por Evangelista et al. (2003) ao
trabalharem com polpa de umbu.
Também, podem ser observados, de
maneira geral, aumento dos valores de
viscosidade com o aumento dos sólidos
solúveis totais (0Brix), concordando com o
estudo de Silva (1999). Nas velocidades de
rotação entre 0,5 e 20rpm todas as amostras
diferem, estatisticamente, entre si com o
Torres et al.
165
aumento da concentração, porém nas
velocidades mais elevadas, essas diferenças
apresentam algumas exceções. Na velocidade
de 50 rpm, a viscosidade aparente da polpa a
90Brix não difere, estatisticamente, da polpa a
130Brix, e a polpa a 130Brix não difere,
estatisticamente, da polpa a 150Brix. Na
velocidade de 100 rpm, a viscosidade das três
amostras com menor teor de sólidos solúveis
totais não diferem, estatisticamente, e as
viscosidades das amostras a 15 e a 180Brix são,
estatisticamente, iguais.
Em termos percentuais, verifica-se
aumento nas viscosidades, com os seguintes
índices entre os valores das amostras com
menor (90Brix) e maior (24oBrix) concentração,
para cada velocidade: velocidade de 0,5 rpm,
1.073%, velocidade 1rpm, 1.208%, velocidade
de 2,5rpm 1.422%, velocidade de 5rpm
1.456%, velocidade de 10rpm 1.548%,
velocidade de 20rpm 1.580%, velocidade de
50rpm 1.402%, velocidade de 100rpm, 1.277%.
Tabela 4 - Viscosidades aparente (Pa.s) das polpas de umbu-cajá em diferentes concentrações a 100C
Velocidade
Concentrações (0Brix)
de rotação
9
13
15
18
21
24
(rpm)
0,5
10,37aF
25,4 aE
37,6 aD
66,24 aC
84,16 aB
121,64 aA
1
6,86 bF
18,68 bE
27,52 bD
48,08 bC
60,32 bB
89,76 bA
2,5
3,31 cF
9,59 cE
15,06 cD
26,62 cC
33,15 cB
50,40 cA
5
1,95 dF
5,71 dE
9,28 dD
15,82 dC
20,24 dB
30,34 dA
10
1,12 deF
3,29 eE
5,50 eD
9,40 eC
12,34 eB
18,46 eA
20
0,67 eF
1,86 fE
3,25 fD
5,51 fC
7,53 fB
11,26 fA
50
0,39 eE
0,94 fgDE
1,65 gD
2,81 gC
3,96 gB
5,86 gA
100
0,26 eD
0,5799 gD
1,02 gCD
1,75 hBC
2,45 hB
3,58 hA
DMS colunas = 0,920; DMS para linhas = 0,865; MG =19,22 Pa.s; CV = 2,47%
MG – Média geral; CV – Coeficiente de variação e DMS – Desvio mínimo significativo.
Obs.: médias seguidas pelas mesmas letras não diferem estatisticamente pelo teste de Tukey em nível de 5% de
probabilidade.
Têm-se, na Tabela 5, os valores dos
parâmetros de ajuste da equação linear e dos
coeficientes de determinação (R2) para a
representação dos dados de viscosidade em
função da concentração das polpas de umbucajá, nas diferentes velocidades de rotação.
Constata-se que os valores de R2 variaram entre
95,22% e 96,47%, o que se traduz em um bom
grau de confiabilidade das equações de
regressões para estimar a viscosidade das
polpas de umbu-cajá em função dos sólidos
solúveis totais. Bayindirli (1993), também,
verificou em suco de uva que a viscosidade
aparente aumenta rapidamente com os sólidos
solúveis totais.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003
Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C,
166
Torres et al.
Tabela 5 – Parâmetros da equação de regressão linear para representar os dados de viscosidade
aparente em função da concentração para a polpa de umbu-cajá a 10oC
=a+b(SST)
Velocidade (rpm)
0,5
1,0
2,5
5,0
10
20
50
100
a
b
-66,2862
-49,2885
-28,6640
-17,3533
10,7960
-6,72513
-3,53317
-2,11921
7,431272
5,469509
3,101138
1,874598
1,148862
0,704308
0,367790
0,223552
R2 (%)
96,47
96,24
95,91
96,22
96,04
95,56
95,30
95,22
 - viscosidade aparente (Pa.s); a, b – parâmetros da equação linear; SST – sólidos solúveis totais
(OBrix).
Na Figura 1 tem-se a representação
gráfica da viscosidade aparente das polpas de
umbu-cajá em função da concentração de
pectina nas oito velocidades estudadas.
Observa-se que a viscosidade aparente aumenta
com a concentração de pectina. Os coeficientes
de determinação foram superiores a 0,9,
demonstrando alta correlação entre o percentual
de pectina e a viscosidade. Sharma et al. (1996)
também verificaram que as pectinas
influenciam as propriedades reológicas e de
fluxo da polpa de tomate.
1
6
0
2
0
,5 y
=
(
5
2
,0
5
4
5
9
3
)
+
(
1
6
9
,0
2
6
4
)
*
x-R
=
0
,9
6
5
1
4
0
1
2
y
=
(
3
8
,8
6
8
0
9
)
+
(
1
2
4
,4
8
9
2
)
*
x-R
=
0
,9
6
2
2
2
.5 y
=
(
2
2
,7
3
8
8
)
+
(
7
0
,5
5
7
5
7
)
*
x-R
=
0
,9
5
9
1
2
0
5
2
y
=
(
1
3
,8
1
9
9
4
)
+
(
4
2
,7
2
5
6
6
)
*
x-R
=
0
,9
6
2
2
1
0 y
=
(
8
,6
6
9
8
7
)
+
(
2
6
,2
4
5
3
2
4
)
*
x-R
=
0
,9
6
0
1
0
0
2
2
0 y
=
(
5
,4
6
4
4
9
8
)
+
(
1
6
,1
5
5
6
5
5
)
*
x-R
=
0
,9
5
6
2
5
0 y
=
(
2
,8
8
8
8
9
6
)
+
(
8
,4
5
8
1
3
0
3
)
*
x-R
=
0
,9
5
3
Viscosidade(Pa.s)
8
0
2
1
0
0y
=
(
1
,7
2
4
4
1
)
+
(
5
,1
3
6
1
2
6
)
*
x-R
=
0
,9
5
2
6
0
4
0
2
0
0
2
0
0
,4
0
,6
0
,8
1
,0
P
e
c
tin
a
(
%
)
Figura 1 - Variação da viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá em função do conteúdo de
pectina, para velocidades distintas, a 100C
CONCLUSÕES
Diante dos resultados obtidos, pode-se
concluir que:
 O teor de pectina nas polpas de umbu-cajá
aumentaram com a concentração dos
sólidos solúveis totais.
 A umidade decresceu com o aumento do
teor de sólidos solúveis totais, variando de
91,54% para a polpa menos concentrada
(90Brix) a 77,60% para polpa de maior
concentração (240Brix).
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.161-168, 2003
Viscosidade aparente da polpa de umbu-cajá concentrada a 100C,
 O conteúdo mineral (cinzas) variou de
0,4275 a 1,0723%, estando os maiores
valores nas polpas de maior concentração.
 As viscosidades aparentes das polpas de
umbu-cajá foram influenciadas pelo
conteúdo de sólidos solúveis totais e
pectina.
 A concentração das amostras provocou
acréscimos nas viscosidades aparentes.
 O aumento da velocidade de rotação
provocou reduções nos valores das
viscosidades aparentes.
 O valor da viscosidade aparente da amostra
a 24oBrix com relação a de 9oBrix
aumentou em média 1.370%.
 As viscosidades aparente das polpas de
umbu-cajá em função do teor de pectina e
em função dos sólidos solúveis totais
podem ser representadas por equações
lineares, com R2 superiores a 0,9.
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003
ISSN 1517-8595
169
GERMINAÇÃO E VIGOR NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO GERGELIM:
EFEITO DA SALINIDADE DA ÁGUA DE IRRIGAÇÃO
Márcia Rejane de Queiroz Almeida Azevedo1, Francisco de Assis Cardoso Almeida2,
Josivanda P. Gomes de Gouveia2, Carlos Alberto V. de Azevedo2,
Manassés M. da Silva3, Roberto Vieira Pordeus4
RESUMO
A necessidade de integração das economias da região semi-árida aos mercados nacional e
internacional torna imperativo o desenvolvimento de pesquisas visando à avaliação de espécies
tolerantes à salinidade. Com esse objetivo, estudou-se o efeito da salinidade da água de
irrigação sobre quatro cultivares (CNPA-G2, INAMAR-SM2, ORO-9171 e IAC-OURO) de
gergelim (Sesamum indicum L.), desenvolvidas pela Embrapa Algodão. Os resultados
mostraram que as quatro cultivares estudadas são tolerantes aos teores de sal aplicados, tendo as
sementes germinado em todos os níveis de salinidade (25 a 200 mmolc L-1), muito embora o
percentual de germinação tenha decrescido com o aumento do teor de NaCl. O comprimento
total de plântulas e o comprimento de hipocótilo foram afetados com o aumento das
concentrações salinas. A cultivar IAC-OURO foi a mais sensível aos efeitos da salinidade.
Palavras-chave: germinação, gergelim, salinidade, vigor
GERMINATION AND VIGOUR IN THE INITIAL DEVELOPMENT OF SESAME:
EFFECT OF IRRIGATION WATER SALINITY
ABSTRACT
The need of integration of the semi-arid region economies with the national and international
markets, makes necessary the development of researches seeking the evaluation of tolerant to
salinity species. With this purpose, the effect of irrigation water salinity on four varieties
(CNPA-G2, INAMAR-SM2, ORO-9171 and IAC-OURO) of sesame (Sesamum indicum L.),
developed by Embrapa Algodão, was studied. The results showed that the four studied varieties
are tolerant to the applied salt contents, where the seeds germinated in all salinity levels (25 to
200 mmolc L-1), even the percentage of germination has decreased with the increase of NaCl
content. The total length of plantules and hypocotyl length were affected by the increase of the
saline concentrations. The IAC-OURO variety was the most sensitive to salinity effects.
Keywords: germination, sesame, salinity, vigour
Protocolo 139 de 28/10/2003
1
Doutoranda em Recursos Naturais da UFCG. Professora Visitante da UEPB, Campina Grande, PB. E-mail:
[email protected].
2
Professor Doutor do DEAg/CCT/UFCG. E-mail: [email protected]; [email protected].
3
Mestrando em Engenharia Agrícola. Bolsista da CAPES. DEAg/CCT/UFCG. Campina Grande, PB. Email:
[email protected].
4
Doutorando em Recursos Naturais. Bolsista do CNPq. DEAg/CCT/UFCG. Campina Grande, PB. E-mail:
[email protected].
170
Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al.
INTRODUÇÃO
O crescimento da população e de sua
densidade contribui para a exploração dos
recursos naturais além de sua capacidade de
suporte. O aumento da população, assim como
das demandas por alimentos, vem provocando
significativo impacto na base dos recursos
naturais. A recente integração das economias
das regiões semi-áridas aos mercados nacional e
internacional vem estimulando uma maior
exploração dos recursos para atender às
crescentes demandas.
A maior parte do semi-árido brasileiro
possui características físico-ambientais que
limitam seu potencial produtivo, como a
evapotranspiração elevada, ocorrência de secas,
solos de reduzida profundidade e baixa
capacidade de retenção de água. Além dessas
inconveniências, sistemas produtivos, nem
sempre adequados, contribuem, cada vez mais,
para degradação dos solos, da vegetação e da
biodiversidade dessas regiões; por exemplo, a
irrigação e drenagem mal conduzidas têm
contribuído para um aumento considerável das
áreas salinizadas.
A agricultura das regiões áridas e semiáridas exige investigações e aplicações de
técnicas avançadas de produção de culturas em
solos salinos. No nordeste do Brasil, estudos
dessa natureza exercem destacada importância e
carecem de profundas investigações. No
entanto, nessas regiões, a produção agrícola
somente possui viabilidade, utilizando-se a
irrigação.
Daker (1988), chama a atenção para a
quantidade de sal que contém a água de
irrigação em zonas áridas. De acordo com
estudos realizados, afirma que uma lâmina de
água de 30 cm, aplicada em 1 hectare, pode
conter de 200 a 500 kg de sal; podendo-se
considerar como sendo de 1000 a 10000 kg ha-1
por ano (em média 5000 kg ha-1) os sais levados
para os solos pelas águas usadas na irrigação
nas regiões áridas e semi-áridas. Se uma parte
ou a totalidade deste sal não se perde na água de
drenagem, o solo se torna, progressivamente,
salino.
Maas & Hoffman (1977) afirmam que, de
uma maneira geral, a salinidade afeta as plantas
em todos seus estádios, sendo que em algumas
culturas mais sensíveis isto pode variar dos
primeiros estádios para os últimos. A salinidade
afeta em muitos aspectos o metabolismo das
plantas, provocando mudanças anatômicas e
morfológicas nas mesmas. Os efeitos da
salinidade na germinação das sementes e no
vigor das plântulas verificam-se de duas
maneiras: pelo efeito osmótico, onde à medida
que a concentração salina da solução do solo
aumenta, a pressão osmótica aumenta e,
conseqüentemente, há uma diminuição da
absorção de água pela semente; e pelo efeito
tóxico, em que a concentração de um ou mais
íons específicos provoca toxidade, quando são
absorvidos pela semente (Pizarro, 1988).
Black
(1975)
mostra
que
a
susceptibilidade das plantas à salinidade varia,
de espécie para espécie, de cultivar para cultivar
e,
principalmente,
com
a
fase
de
desenvolvimento das plantas. A tolerância de
cada material biológico à salinidade do solo
aumenta com sua capacidade de adaptação a
uma elevada concentração de solutos e diminui
com sua resistência a esta adaptação.
Diante da importância econômica dos
problemas causados pela salinidade, que, na
maioria dos casos, deprecia os solos em seu
potencial produtivo, surge a necessidade de se
pesquisar
novos
métodos
corretivos,
economicamente, viáveis, principalmente, no
que se refere à sensibilidade das plantas aos
distintos tipos de sais em função das diferentes
etapas de crescimento e desenvolvimento da
cultura. Como na maioria das vezes, a
germinação e as primeiras fases de crescimento
das plântulas são os estádios críticos da
produção das plantas sob condições salinas, fazse necessário um conhecimento e uma análise
do comportamento, quer entre espécies, quer
entre cultivares de uma mesma espécie,
objetivando-se um “stand” satisfatório de
plantas em áreas salinizadas.
O gergelim (Sesamum indicum L.) é uma
cultura de clima quente, originário da Índia e
cultivado, atualmente, em quase todos os países
do mundo com a finalidade principal de
extração de óleo, dado ao seu largo emprego na
indústria, na medicina e na alimentação. O óleo
é muito rico em ácidos graxos insaturados,
como oléico e linoleico, e apresenta vários
constituintes secundários que são importantíssimos na definição de suas qualidades. Entre
os constituintes menores do óleo de gergelim,
encontram-se o sesamol, a sesamina e a
sesamolina. O sesamol com suas propriedades
antioxidantes confere ao óleo uma elevada
estabilidade química, evitando a rancificação,
sendo dentre os demais, o que apresenta a maior
resistência à oxidação (Beltrão et al., 1994;
Firmino, 1996).
Devido à sua alta estabilidade oxidativa,
o óleo de gergelim tem sido adicionado à
margarina e aos óleos de salada e fritura. Nos
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003
Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al.
últimos anos, atenção especial tem sido dada
aos antioxidantes naturais, devido à tendência
mundial de redução de aditivos sintéticos
(Frankel, 1996). Tal é a qualidade do óleo que,
se batatas fossem fritas em óleo de gergelim,
em substituição ao óleo de milho, sua vida de
prateleira nos supermercados seria de três
meses em vez de três semanas.
Outra característica peculiar do óleo de
gergelim é sua função de ativador de certas
substâncias inseticidas, como a rotenona e a
piretrina, entre outras, cujos efeitos tóxicos são
aumentados em presença do óleo de gergelim.
Esta propriedade não foi encontrada em
nenhum outro óleo e é atribuída, principalmente, à sesamina. (Silva, 1983).
De acordo com Arriel et al. (1998), no
período de 1990-1996, a área plantada de
gergelim no mundo, girou, em torno de seis
milhões de hectares; Ásia e África detêm cerca
de 90% da área cultivada, destacando-se a Índia
(37%) e China (12%), como os maiores
plantadores. Em 1995, a produção total de grãos
de gergelim, no mundo, foi de 2,738 mil
toneladas; os principais países produtores são a
Índia e China, com 50% da produção total,
seguidos do Sudão, Uganda, Bangladesh e
Etiópia.
Uma das grandes vantagens, na
exploração dessa cultura, para a região
nordestina, seria contribuir para reduzir a
ociosidade das indústrias oleaginosas, que é de
mais de 50%, pois a utilização do gergelim darse-ia, quando essas usinas estivessem carentes
de matéria-prima para o beneficiamento. Além
disso, trata-se de uma cultura com demandas
externas e internas não satisfeitas, pois o défice
nacional é estimado em 80%, sendo suprido
através da importação de óleos e sementes para
as indústrias. Mantendo-se os atuais níveis de
produtividade, poder-se-ia expandir a área
cultivada, e com o excedente de produção,
abrir-se-ia uma possibilidade de se conquistar
uma parcela do mercado externo, devido à alta
cotação do óleo desta oleaginosa, no comércio
internacional. Os preços internacionais variam
de US$ 500,00 a 750,00 por tonelada de
sementes, enquanto o óleo extraído com
solventes varia de US$ 800,00 a 1000,00, por
tonelada, garantindo ao Nordeste mais esta
fonte de divisas, permitindo-se afirmar que
existe a possibilidade de essa cultura, em futuro
próximo, tornar-se de grande importância
econômica para região.
Diante da carência de estudos específicos
sobre o efeito salino nessa espécie vegetal,
propôs-se este trabalho com o objetivo de
171
avaliar o comportamento de quatro variedades
de gergelim (Sesamum indicum L.) em oito
diferentes concentrações de salinidade.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada no Laboratório
de Processamento de Produtos Agrícolas do
DEAg/CCT/UFCG e Laboratório de Sementes
da Embrapa Algodão, ambos em Campina
Grande, PB. O delineamento experimental
utilizado foi o inteiramente casualizado, em
esquema fatorial de 4 x 8 com quatro
repetições. Utilizaram-se sementes de quatro
cultivares de gergelim (CNPA-G2, INAMARSM2, ORO 9171-SM1 e IAC OURO),
provenientes de campos de produção de
sementes básicas da Embrapa Algodão, e oito
soluções de cloreto de sódio (25, 50, 75, 100,
125, 150, 175 e 200 mmolc L-1).
A qualidade das sementes foi avaliada
mediante análise de pureza, germinação, vigor,
determinação do teor de umidade, e peso de
1000 sementes, obedecendo às recomendações
das Regras para Análise de Sementes (Brasil,
1992).
As sementes foram colocadas para
germinar em recipientes do tipo gerbox,
previamente, lavados com detergente e água, e,
depois, desinfetados com uma solução de
formol a 0,5% e, posteriormente, com água
destilada. O substrato utilizado foi o papel
germitest com dimensões 11 x 11 cm,
umedecido em soluções salinas de NaCl, nas
concentrações pré-determinadas, ou com água
destilada, no caso da testemunha e colocado em
germinador.
O teste de germinação foi realizado com
quatro repetições de cinqüenta sementes cada
uma, e as leituras foram realizadas no terceiro e
sexto dia, após a semeadura, conforme
recomendação das Regras para Análise de
Sementes (Brasil, 1992).
Na avaliação do vigor, foi usada a
primeira contagem do teste de germinação,
além do crescimento total de plântulas e
comprimento de hipocótilo. O vigor foi
avaliado pelo crescimento das plântulas em
quatro repetições de 10 sementes, cada
repetição sobre uma linha reta traçada no
sentido longitudinal, localizada no terço médio
superior do substrato, previamente, umedecido
e posteriormente colocado no germinador. Sete
dias após a semeadura, fetuou-se a medição dos
comprimentos médios das plântulas normais,
utilizando-se uma régua milimetrada. Para o
comprimento de hipocótilo foi empregada a
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003
172
Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al.
mesma metodologia do teste anterior, com
exceção de que apenas os hipocótilos das
plântulas normais foram medidos. Os resultados
foram analisados estatisticamente e os
tratamentos comparados pelo teste de Tukey a
níveis de 1 e 5% de probabilidade, com base em
Gomes (1990). As análises estatísticas foram
feitas comparando-se as quatro cultivares em
cada nível de concentração.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Germinação
Os dados de germinação das sementes de
gergelim sob diferentes concentrações de NaCl
encontram-se na Tabela 1.
Tabela 1 – Percentagem de germinação das quatro cultivares de gergelim (Sesamum indicum L.) sob
diferentes concentrações de NaCl
CULTIVAR
NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE NaCl (mmolc L-1)
0
25
50
75
100
125
150
175
200
CNPA-G2
94,0a
96,5a
94,0a
94,0a
92,5a
91,5a
85,7a
84,0a
62,0a
INAMAR
97,5a
99,0a
98,0a
97,5a
96,5a
94,0a
87,0a
59,5b
28,0b
ORO 9171
95,0a
96,0a
94,0a
96,0a
95,0a
92,0a
90,5a
80,0a
32,5b
IAC-OURO
48,5b
69,5b
65,0b
65,0b
57,0b
55,0b
51,0b
44,0b
27,0b
MÉDIA
83,75
90,25
87,75
88,12
85,25
83,12
78,56
66,87
37,37
DMS
11,41
7,32
4,97
5,65
8,18
6,78
8,65
11,02
8,55
CV (%)
6,77
3,86
2,70
3,05
4,57
3,88
5,24
7,85
10,89
Observando-se os dados contidos na
Tabela 1, verifica-se que, de uma maneira geral,
o aumento da concentração salina provocou
redução no percentual de germinação em todas
as cultivares estudadas, o que também foi
observado por Nóbrega Neto et al. (1999) ao
estudarem o efeito de diferentes concentrações
salinas na germinação de leucena.
A cultivar IAC-OURO apresentou a
menor germinação nos níveis de concentração
salina de 0 a 175 mmolc L-1 de NaCl em relação
aos demais genótipos. Na concentração salina
de 25 mmolc L-1 o percentual de germinação de
todas as cultivares foi maior que na
concentração de 0 mmolc L-1 (testemunha).
No nível de 200 mmolc L-1 de NaCl a
cultivar CNPA-G2 apresentou percentagem
maior de germinação em confronto com as
demais cultivares, evidenciando-se que essa
cultivar mostrou-se mais tolerante às altas
concentrações salinas (200 mmolc L-1), tendo
registrado neste nível de salinidade 60% de
sementes germinadas, enquanto que nos demais
genótipos a germinação variou entre 27 e
32,5%.
Detectou-se uma maior redução no poder
germinativo das sementes de gergelim no nível
mais alto da concentração salina, onde as perdas
da capacidade germinativa ficaram em 34,04,
71,28, 65,78 e 44,32% para as cultivares
CNPA-G2, INAMAR-SM2, ORO-9171-SM1 e
IAC-OURO,
respectivamente,
quando
comparados com a testemunha.
Vigor
Os resultados sobre o comprimento total de
plântulas e comprimento de hipocótilo,
encontram-se nas Tabelas 2 e 3.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003
Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al.
173
Tabela 2 – Comprimento de hipocótilo (cm) das sementes de gergelim (Sesamum indicum L.) sob
diferentes concentrações de NaCl
CULTIVAR
NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE NaCl (mmolc L-1)
0
25
50
75
100
125
150
175
200
CNPA-G2
2,55b
1,65a
1,00a
0,70a
0,90a
0,72a
0,65a
0,32ab
0,32ab
INAMAR
3,07a
2,40a
1,77a
1,30a
1,27a
0,72a
0,62a
0,35ab
0,37ab
ORO 9171
3,25a
2,40a
1,90a
1,30a
1,02a
0,92a
0,70a
0,42a
0,47a
IAC-OURO
1,12b
0,85a
0,67a
0,55a
2,57a
0,32b
0,27b
0,17b
0,22b
MÉDIA
2,50
1,82
1,33
0,96
0,94
0,67
0,56
0,31
0,35
DMS
0,51
1,66
1,34
0,78
0,89
0,21
0,29
0,18
0,09
CV (%)
9,79
43,61
48,14
38,97
45,13
14,92
22,25
28,85
12,77
Tabela 3 – Crescimento de plântulas (cm) das sementes de gergelim (Sesamum indicum L.) sob
diferentes concentrações de NaCl
NÍVEIS DE CONCENTRAÇÃO DE NaCl (mmolc L-1)
CULTIVAR
0
25
50
75
100
125
150
175
200
CNPA-G2
4,90a
2,57ab
1,37ab
1,25ab
2,20a
1,85a
2,02a
0,85ab
0,72a
INAMAR
5,95a
4,47a
4,07a
2,67a
2,72a
2,32a
1,80a
0,67ab
0,77a
ORO 9171
6,17a
5,35a
3,75ab
2,52ab
2,07a
2,45a
1,90a
1,10a
0,80a
IAC-OURO
2,12b
1,62b
1,10b
0,77b
1,22a
0,87b
0,60b
0,35b
0,42b
MÉDIA
4,78
3,53
2,57
1,80
2,05
1,90
1,58
0,74
0,68
DMS
2,64
2,89
2,72
1,79
2,63
0,51
0,55
0,51
0,20
CV (%)
26,37
50,43
33,43
47,46
61,12
12,89
16,74
33,10
13,45
De acordo com os dados obtidos,
observou-se que, tanto o comprimento total de
plântulas, quanto o de hipocótilo apresentaramse adequados para representar o vigor, onde se
pode evidenciar que as diferenças provocadas
pelos níveis de NaCl para cada cultivar avaliada
foram bastante significativas. Estas informações
tornam evidente o efeito do NaCl sobre o vigor,
bem como a tolerância das cultivares de
gergelim aos diversos níveis de concentração
salina a que foram submetidas.
Observou-se ainda, através dos resultados
mostrados na Tabela 2 e 3, que houve redução
do vigor (comprimento do hipocótilo e
comprimento total das plântulas) nas quatro
cultivares estudadas, com o aumento da
concentração de NaCl, acentuando-se à medida
que as sementes foram submetidas a níveis
maiores de NaCl. Conforme os dados, houve
efeito das concentrações salinas e dos cultivares
sobre o comprimento total de plântula e
comprimento de hipocótilo e que aos níveis de
175 e 200 mmolc L-1, onde se registram o menor
vigor, confirmando o elevado efeito osmótico
provocado pelos altos teores de sal.
Observa-se, na Tabela 2, que a cultivar
IAC-OURO apresentou menor comprimento do
hipocótilo aos níveis de 0, 125, 150 e 200
mmolc L-1 de NaCl em relação aos outros
genótipos. No nível de 175 mmolc L-1 essa
cultivar foi superada, apenas, pela ORO-9171SM1 e nas demais concentrações não se
detectaram diferenças significativas entre as
cultivares. Outrossim, a cultivar IAC-OURO foi
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003
174
Germinação e vigor no desenvolvimento inicial do gergelim: efeito da salinidade da água de irrigação Azevedo et al.
a que exibiu os menores valores de
comprimento total das plântulas em relação às
demais cultivares nas diferentes concentrações
salinas.
O comprimento de hipocótilo e o
comprimento total das plântulas apresentaram
as melhores médias entre os níveis de 0 a 50
mmolc L-1 de NaCl, com redução do vigor para
todas as cultivares à medida em que os níveis
de salinidade aumentaram, indicando, com isso,
que a melhor faixa de vigor se situa entre esses
níveis.
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de
Sementes.
Brasília:
Departamento Nacional de Produção
Vegetal, 1992, 188p.
CONCLUSÕES
De acordo com os dados obtidos e
discutidos, pode-se concluir que:

O efeito salino foi verificado para as
quatro cultivares de gergelim estudadas;

A salinidade da água de irrigação não
interferiu no poder germinativo das
cultivares avaliadas, indicando tolerância
à salinidade na fase germinativa;




Os efeitos da salinidade na redução do
percentual de germinação das quatro
cultivares só são efetivamente evidentes
acima do nível de 75 mmolc L-1 de NaCl;
O comprimento total de plântulas e o
comprimento de hipocótilo foram
afetados
com
o
aumento
das
concentrações salinas;
A melhor viabilidade das sementes foi
obtida entre os níveis de 0 a 50 mmolc L1
de NaCl;
De acordo com todos os parâmetros
avaliados, constatou-se que a cultivar
IAC-OURO foi a que apresentou maior
sensibilidade a salinidade da água de
irrigação.
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agricultura. 7ed. Rio de Janeiro: Freitas
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.169-174, 2003
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.173-178, 2003
ISSN:1517-8595
173
COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO
CONGELADO
Ivanise Guilherme Branco 1, Carlos Alberto Gasparetto 2
RESUMO
A tecnologia de fabricação de suco de laranja concentrado vem se transformando através dos
tempos. Apesar desse desenvolvimento tecnológico, algumas operações unitárias existentes no
processo do suco de laranja concentrado precisam ainda ser otimizadas e entendido com maiores
detalhes em função do comportamento reológico. Neste trabalho foi caracterizado
reologicamente o suco de laranja concentrado utilizando o reômetro de cilindros concêntricos
com sistema "Searle". Na descrição deste comportamento foi utilizado o modelo de Casson, o
qual apresenta o termo tensão inicial. As características reológicas do suco de laranja
concentrado foram determinadas em seis diferentes temperaturas: 0,5; 4,8; 7,0; 9,7; 13,4 e
19,4 oC. O comportamento foi, em todos os casos, dependente do tempo. Os reogramas
ascendentes e descendentes correspondentes apresentam uma curva de histerese com
comportamento tixotrópico. Pôde-se verificar que o teor de água congelada do suco de laranja
concentrado afeta acentuadamente a tixotropia do suco.
Palavras-chave: suco de laranja, comportamento reológico, tensão inicial, tixotropia, modelo
de Casson.
RHEOLOGICAL BEHAVIOUR OF FROZEN CONCENTRATED ORANGE JUICE
ABSTRACT
The production for concentrated orange juice is changing through the years. Despite
technological development, some unit operations of the process need to be othimized and
understood in more details as regarded of flow behaviour. In this work concentrated orange
juice was rheologically characterized a Searle System coaxial cylinder viscometer. The Casson
model was used for the behaviour description thus which exhibiting a the yield stress parameter.
Rheological characterization were carried out at six different temperatures: -0,5, -4,8, -7,0, -9,7,
-13,7 and -19,4 oC. The behaviour in all cases is time dependent. The increasing and descending
rheograms exhibit hysteresis loop with thixotropic behaviour. The results show that frozen
water fraction affects strongly concentrated orange juice thixotropy.
Keywords: orange juice, rheological behaviour, yield stress, thixotropy, Casson model.
________________________
Protocolo
1
Professora do Departamento de Engenharia de Alimentos, UNICENTRO, CP 3010, CEP 85040-080, Guarapuava- PR, Tel
(0xx42) 6291444, Email: ivanise @unicentro.br
2
Professor FEA- UNICAMP, CP 6121, CEP 13083-970, Campinas- SP, Tel (0xx19) 37884057, email: [email protected]
174
Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto
INTRODUÇÃO
O estudo do comportamento reológico
dependente do tempo do suco de laranja é de
grande interesse tecnológico e comercial,
principalmente para estabelecer condições de
processamento, projetos de equipamentos
envolvidos com as operações unitárias
relacionadas com transferência de calor, massa
e quantidade de movimento, além do
desenvolvimento de novos produtos.
Suco de laranja concentrado, devido à
sua estrutura física e composição, apresenta
características não-newtonianas geralmente
pseudoplásticas, tensão residual e dependência
do tempo. Esta dependencia do tempo tem sido
pouco estudada e necessita, para sua
quantificação, de reômetro com algum tipo de
registrador.
Nos
fluidos
tixotrópicos
o
comportamento reológico se define em função
de três variáveis: tensão de cisalhamento, taxa
de deformação e tempo. Os reogramas
característicos para estes fluidos são os que
relacionam tensão de cisalhamento com taxa de
deformação e os que relacionam tensão de
cisalhamento ou viscosidade aparente com o
tempo à uma taxa de deformação constante.
A área definida pelas curvas ascendentes
e descendentes do reograma de um fluido
dependente do tempo, segundo (Halmos e Tiu,
1981), representa a quantidade de energia
necessária para elimimar a influência do tempo
e caracteriza o grau de quebra da estrutura
interna ocorrida no produto (Weltmann, 1943),
ou seja, se a quebra estrutural ocorre, as curvas
não coincidem criando o ciclo de histerese. Este
método, do estudo do ciclo de histerese, tem a
desvantagem de não se fixar o tempo de
cisalhamento e nem a máxima taxa de
deformação, tornando-se difícil a comparação
dos dados com de outros pesquisadores (Figoni
e Shoemaker, 1981).Van Wazer et alii (1963),
descreveram outro método no qual o ciclo de
histerese não depende da taxa de deformação e
do tempo de cisalhamento aplicado. Ele
consiste em cisalhar a amostra para distintas
taxas de deformação até alcançar o equilíbrio. A
área entre as curvas não depende das condições
de medida. Este procedimento é mais adequado
que o citado anteriomente, porém tem como
desvantagem a necessidade de se dispor de uma
grande quantidade de amostra já que para cada
taxa de deformação utiliza-se uma amostra não
cisalhada anteriormente.
As mudanças estruturais que ocorrem sob
ação do cisalhamento são explicadas pela teoria
geral dos sistemas dispersos (Costell e Durán,
1978a), devido ao fato do suco de laranja
concentrado congelado ser uma suspensão de
partículas sólidas e glóbulos de óleo em uma
solução líquida complexa - soro- contendo
componentes de baixa massa molecular como
açúcares, ácidos, sais e também polímeros
como a pectina (Vitali, 1983). A aplicação de
forças de cisalhamento na estrutura dessas
partículas produz a redução do seu tamanho e
portanto, a redução da viscosidade aparente do
produto (Telis e Gasparetto, 1993). Se a
modificação estrutural provocada por essa força
for instantânea e não detectável, o escoamento é
não-Newtoniano independente do tempo
(pseudoplástico ou dilatante) e quando
contrário, ou seja, modificação lenta e
observável, há dependencia do tempo
(tixotrópico, antitixotrópico ou reopético),
segundo Telis et al. (1991).
Cheng e Evans (1975) mostram três tipos
distintos de mudança estrutural causada pelo
cisalhamento: 1- a estrutura rompe-se durante o
cisalhamento e recupera-se posteriormente no
período de repouso (tixotropia); 2- durante o
cisalhamento a estrutura
regenera-se e
desintegra-se durante o repouso (antitixotropia
e tixotropia negativa) e 3- a estrutura rompe-se
a elevadas velocidades de cisalhamento mas a
recuperação é acelerada em baixas taxas de
deformação e a estrutura assim formada é
estável no repouso (reopexia).
Scott-Blair (1969) argumentou que para
um fluido ser definido como tixotrópico, este
deve regenerar totalmente sua estrutura quando
deixado em repouso, após cisalhado. Segundo
Costell e Durán (1978a), esta definição foi
ampliada já que é utilizada inclusive nos casos
em que se observa uma mudança estrutural
irreversível (reodestruição).
Segundo Sherman (1970) o termo
tixotropia é usado para descrever uma transição
estrutural reversível a qual é associada a um
aumento na tensão de cisalhamento, seguida de
uma redução até o valor original.
MATERIAL E MÉTODOS
Material
Foi utilizado suco de laranja concentrado
e congelado, o qual foi fornecido pela citrícula
CITROVITA, instalada em Catanduva (S. P.),
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.173-178, 2003
Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto
o
possuindo concentração de 64.2 Brix e teor de
polpa de 10%.
Métodos
Na determinação dos dados reológicos,
foi utilizado um reômetro de cilindros
concêntricos, tipo "Searle", marca Rheotest 2.1.
Esse equipamento possui um dispositivo que
permite a variação da velocidade de rotação do
cilindro interno de 0,028 a 243 rpm. As análises
foram realizadas nas temperaturas de -0.5, -4.8,
-7.0, -9.7, -13.4 e 19.4 oC. A temperatura da
amostra foi mantida constante por meio de um
banho termostático.
O comportamento reológico foi descrito
através do modelo desenvolvido por Casson
(1959). Este modelo (Equação 1) foi
desenvolvido para uma suspensão de partículas
interagindo em um meio Newtoniano.
1/2
=Ko+Kc
1/2
(1)
em que,
= Tensão de Cisalhamento (Pa) 1/2;
= Taxa de deformação (s -1);
Kc = Viscosidade plástica de Casson (Pa*s) 1/2;
Ko = Tensão inicial (Pa) 1/2.
Os valores de torques obtidos no
registrador, a cada valor de rpm correspondente,
foram convertidos em tensão de cisalhamento e
a taxa de deformação foi calculada usando o
método de Krieger e Elrold (1953). As curvas
dos reogramas ascendentes, descendentes e
médias foram ajustadas ao modelo de Casson.
Os parâmetros do modelo de Casson foram
determinados através de regressão linear
utilizando o software Origin. O teor de sólidos
totais foi medido utilizando um refratômetro de
bancada e o conteúdo de polpa suspensa foi
determinado por centrifugação.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Parâmetros do modelo de Casson
Foi calculado o valor da tensão residual
das curvas ascendentes (asc), descendentes
175
(des) e médias (Tabela 1) e verificou-se que
esta diminui com o aumento da temperatura,
assim como a viscosidade plástica de Casson. O
ajuste do modelo de Casson, utilizado na
caracterização reológica das curvas ascendentes
e descendentes, evidencia a presença do efeito
tixotrópico pela diferença nos parâmetros K o e
Kc. O parâmetro K o é menor na curva
descendente do que na ascendente e aumenta
com a redução da temperatura. Para a
viscosidade plástica de Casson K c, ocorre
aumento do parâmetro com a redução de
temperatura e, em relação às curvas ascendentes
e descendentes, verifica-se que praticamente
não houve alteração deste parâmetro. Os
coeficientes de correlação para análise de
regressão foram sempre superiores a 0.99.
Análise da Tixotropia
Nos
reogramas
de
tensão
de
cisalhamento e taxa de deformação, nas
diferentes temperaturas de congelamento,
verifica-se um lóbulo de histerese, indicando a
dependência do tempo e caracterizando o
material como tixotrópico.
Na medida em que se diminuiu a
temperatura, maior foi o efeito da
tixotropicidade do suco de laranja concentrado
congelado, como pode ser mostrado
qualitativamente pela Figura 1 e 2, ou
quantitativamente pela Tabela 1. Nas maiores
temperaturas a área formada pelas curvas foi
menor o que indica que aumentando-se a
temperatura a tixotropia do produto diminuiu.
Estes resultados são concordantes com os
obtidos por Alvarez (1989) para leite
condensado.
Para Oriol e Pascual (1974), as curvas do
lóbulo de histerese devem passar pela origem
para que se considere o fluido tixotrópico.
Neste trabalho as medidas no reômetro não têm
confiabilidade nas menores taxas de
deformação e isso levou à existência da tensão
inicial quando se fez o ajuste do modelo de
comportamento reológico. Na verdade, a
diferença na tensão inicial e no índice de
consistência, para as curvas ascendentes e
descendentes, conforme Tabela 1, é que
evidencia a tixotropia.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.173-178, 2003
176
Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto
Tabela 1 - Parametros do modelo de Casson
Média
T oC
Ko(Pa) 1/2 Kc(Pa*s)1/2
R
-19,4
-19,4
-13,7
-13,7
-9,7
-9,7
-7,0
-7,0
-4,8
-4,8
-0,5
-0,5
5,046
3,323
0,99
4,818
3,144
0,99
3,853
2,067
0,99
3,736
2,065
0,99
3,621
1,962
0,99
3,259
1,657
0,99
Asc
Des
Asc
Des
Asc
Des
Asc
Des
Asc
Des
Asc
Des
Ascendentes/ descendentes
Ko(Pa) 1/2
Kc (Pa*s)1/2
4,9083
3,8166
4,8055
3,6376
4,2831
3,1515
4,0968
3,1444
4,0240
3,1864
3,6579
2,9563
3,5224
3,5088
3,2240
3,4062
1,9468
2,0369
1,9442
2,0406
1,8131
1,8796
1,4983
1,5462
R
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
0,99
Tensão de Cisalhamento (Pa)
600
ASC
500
T= -19,4 oC
DESC
400
300
200
100
0
0
5
10
15
20
25
30
Taxa de Deformação (1/s)
Tensão de Cisalhamento (Pa)
500
ASC
400
T= -13,7 oC
DESC
300
200
100
0
0
5
10
15
20
25
30
Taxa de Deformação (1/s)
Figura 1
Relação entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação para suco de laranja
concentrado nas temperaturas de 19,4 e 13,7 oC
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.173-178, 2003
Comportamento reológico de suco de laranja concentrado congelado, Branco e Gasparetto
177
Tensão de Cisalhamento (Pa)
500
ASC T= -9,7 oC
DESC
400
300
200
100
0
0
20
40
60
80
100
80
100
Taxa de Deformação (1/s)
Tensão de Cisalhamento (Pa)
500
ASC
DESC
400
T= -7,0 o C
300
200
100
0
0
20
40
60
Taxa de Deform ação (1/s)
Figura 2
Relação entre tensão de cisalhamento e taxa de deformação para suco de laranja
concentrado nas temperaturas de 9,7 e 7,0 oC
CONCLUSÕES
Pela análise qualitativa fica evidente
que a temperatura exerce uma grande
influência sobre a tixotropia. Ao se aumentar a
temperatura ocorre redução do lóbulo de
histerese.
Através da curva de histerese construida
entre tensão de cisalhamento e taxa de
deformação, verificou-se que o suco de laranja
apresenta comportamento tixotrópico em todas
temperaturas analisadas e que quanto menor a
temperatura (maior teor de água congelada)
maior é a tixotropicidade do produto. Portanto
conclui-se que a temperatura e o teor de água
congelada tem grande influência na tixotropia,
sem no entanto ter sido possível uma
correlação para esta dependência.
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Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003
ISSN 1517-8595
181
DRYING SIMULATION THEORY OF THE COWPEA CONSIDERING THE
GRAINS SHRINKAGE
Mario Eduardo Rangel Moreira Cavalcanti Mata1, Maria Elita Martins Duarte2
ABSTRACT
A theory of drying simulation was developed for cowpea bean, which considers the shrinkage of
the grains during the drying. The model is based on the heat and mass transfer laws where the
fine layer suffers a shrink ∆L (height of the layer) to each interval of time ∆t. The model
foresees heating conditions of the air drying of 10 up to 120 °C. For validation of the model,
many drying tests have been accomplished. In the accomplished experimental tests, the cowpea
bean grains have been dried of a initial content of water of 60% w.b up to 12% w.b., for the
air drying temperature between 30 to 80°C and the relative humidity of the air of 37 and 5%,
respectively. It was observed in this research that the model foresees the fine layer contraction
as well as the contraction of the thick layer, being observed, in the drying, statistical deviations
inferior at 10%, however, when comparing the results with Thompson\'s model, those results are
different of those observed in, approximately, 50%, therefore not representing the experimental
data satisfactorily.
Keywords: drying simulation, cowpea bean, shrinkage
TEORIA DE SIMULAÇÃO DE SECAGEM DE FEIJÃO MACASSAR
LEVANDO-SE EM CONSIDERAÇÃO O ENCOLHIMENTO DOS GRÃOS
RESUMO
Foi desenvolvida uma teoria de simulação de secagem em feijão macassar levando-se em
consideração o encolhimento dos grãos durante a sua secagem. O modelo é baseado nas leis de
transferência de calor e massa onde a camada fina sofre um encolhimento ∆L (altura da camada)
a cada intervalo de tempo ∆t. O modelo prevê condições de aquecimento do ar de secagem de
10 até 120 °C. Para validação do modelo, foram realizados vários testes de secagem. Nos testes
experimentais realizados os grãos de feijão macassar foram secos de um conteúdo de água
inicial de 60% base úmida até 12% base úmida, para a temperatura ar de secagem variando
entre 30 a 80°C e a umidade relativa do ar de 37 e 5%, respectivamente. Observou nessa
pesquisa que o modelo prevê a contração da camada fina bem como a contração volumétrica da
camada espessa, observando-se, nas secagens, desvios estatísticos inferiores a 10%, no entanto,
ao comparar-se os resultados com o modelo de Thompson esses resultados diferem dos
observados próximo de 50%, portanto não representando satisfatoriamente os dados
experimentais.
Palavras-chave: simulação de secagem, feijão macassar, encolhimento
__________________
Protocolo 142 de 27/11/2003
1
Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB,
Brasil, [email protected]
2
Prof. Dr. Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal da Campina Grande, Campina Grande, PB,
Brasil, [email protected]
182
Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage
INTRODUCTION
According Vasconcelos (1990) the
drying is one of the most used agricultural
products conditioning operations to conserve
them to their future use. This process consists
of the partial withdraw of water that is into the
product. It inhibits its biological activity.
According to the same author, many of the
drying aspects are yet a non understood
operation because the process is very complex.
Cavalcanti Mata (2001) describes that the
existent theories about drying try to relate the
main phenomena which occurs, neglecting
some of them. These ones that were neglected
interfere little in the process. Furthermore, some
researches have preferred to work with semi
theoric models, where is possible to include
difficult determination phenomena in the
phenomenologic coefficients, without losing the
system model precision in study.
Giffin, mentioned by Martins (1992) say
that the simulation refers to the dynamic
operation of a system model, maintaining a
great isomorfism grade with the real world
phenomena that it represents. When they are
compared with the real experimentation, they
have to be encountered near this. On the other
hand, the realism increase implies in expenses
increase, difficulty of handling and of
discernment and cause and effect. Besides the
technical advantages, the process simulation
reduces the costs of the researches, because it
becomes possible the experiments realization
with a big security. The reduction on the
execution time of the project, the waste of
material and the containing of the wastes with
labor in the execution of a real process is the
desirable condition to the good working of the
research. The author mentions that the
simulation permits a easiness and access to a
great quantity of information, being necessary
to the verification of the exactitude of the
method, comparing the simulated data with the
experimental ones.
The theories proposed to describe the
liquid movement into the products, whose
origin is biological, have been the base to do
mathematical models that represent the drying
phenomenon satisfactorily in most of the cases.
However, these models don’t consider the
volumetric contraction that occurs in the
process, they consider that the grain mass has a
constant volume during the drying. Cavalcanti
Mata and Braga (2002) have observed
experimentally, in their works about the drying
with corn and bean, with an initial elevated
Cavalcanti Mata & Duarte
water content (35 until 45% w.b) that exists a
volumetric contraction of each grain that
reflects itself in a total volume alteration in the
layer of grains and it can’t be unconsidered. In
addition, mistakes that commit the experiment
results are accumulated during the process
when the grain mass is considered as been a
succession of thin layers as well as the drying
air exit conditions of the immediately layer
below them are the initial conditions of the
subsequent layer, without considering the
reduction on the layer thickness.
Therefore, it’s necessary a revision of the
models that exist to incorporate the volumetric
contraction effect with the objective of
approaching the process of simulation of the
real conditions of the physical phenomenon.
Then, this work had the objectives of
developing a new theory of drying simulation
on macassar bean, considering the grain shrink
during its drying.
MATERIAL AND METHODS
This work was developed at the Vegetal
Products Processing and Storing Laboratory of
the Agricultural Engineering Department of the
Science and Technology Center of the Campina
Grande Federal University, Paraíba.
.It was considered that the drying process
on thicken layer can be represented by a thin
layer succession and it can be done a heat and
mass balance between the drying air and the
product to be dried, to the theoretical
development of the agricultural products
simulation process on stationary layer dryer,
considering the grains shrink. The conditions of
a layer exit become the enter conditions to the
follow layer. In this new model, the drying
thicken layer won’t have the same volume after
a period of time and it needs a new dimension
of its volume at dry air. The Figure 1 illustrates
the behavior of this volume variation to a thin
layer during the drying. However, this decrease
should be considered to the thicken layer.
It’s necessary to know five equations
about the product at this proposed model
because they are necessary to transform the heat
and mass balances in equations. The equations
which are referent to the product are: 1) thin
layer equation, 2) volumetric contraction of the
product equation, 3) hygroscopic equilibrium
equation, 4) vaporization latent heat and
specific heat.
Assumptions
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003
Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage
Cavalcanti Mata & Duarte
183
Thin layer equation
Or
Many drying tests were done at the
Drying Laboratory of UFPB between 1999 and
2003 with macassar bean in which many
equations proposed by the literature were
tested, like Thompson’s equation, Page’s and
Okos’s ones et al., etc…., however, the
equation which has better expressed the
experimental data is the equation
M = exp (k tN).(Mo – Me) + Me
dM/dt = (k tN).(Mo – Me)
(2)
The k and N values for cowpea bean are:
k = -891.151 + 24.721 T - 0.886 Mo - 0.198
T2 + 0.019 T.Mo + 0.00071 Mo2
N= 79.959 + 2.15.T + 0.078 Mo - 0.015.T2 –
0.003 T.Mo + 0.00089 Mo2
(1)
Figure 1: Layer differential element where the reducing of the grain layer can be observed
Henderson and modified by Cavalcanti Mata
(1997):
Hygroscopic equilibrium equation
The equilibrium moisture content, to a
determined condition of the drying air, is
represented by the equation proposed by
C
(1 - UR) = exp [ - A (TB ) ( Me ) ]
(3)
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003
184
Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage
where UR and A, B and C are coefficients
which depends on the product and to the
macassar bean, they are:: A= 0.009688, B =
0.276015 e C = 1,32397
The latent heat of vaporization of water of the
product is
hfg = ( 2502,2 - 2,39.T) . (1,0 + D.
exp(E.M))
(4)
that for cowpea bean the values of D and F are:
D = 0.23822 e E = 0.0469
The specific heat of the product is represented
by the equation:
Cp = F + G.U
Drying air temperature
The equilibrium temperature between the
drying air and the product was calculated
through the heat balance equation. This
temperature is smaller than the warm air
temperature going in the layer because of the air
sensitive heat that’s used to evaporate the grain
humidity. Thompson (1968) determined the
follow expression, by using the heat balance.
Te 
(0,24  0,45.W0 ).T0  C p . 0
(6)
(0,24  0,45.W0  C p )
Removed moisture content
It’s necessary to know the grain initial
water content and the air temperature at the exit
to determine the quantity of removed water
from each layer. The equilibrium moisture
content of the product (Me) is calculated
through the equilibrium temperature of the Eq.
6 and using the Eq. 3 as followed:
:
  ln( 1  UR ) 
Me  

 K .( Te  C ) 
process. Thompson et al. (1968) used the
equivalent drying time, that’s given by Eq. 1
and they determined a new drying curve, after
each increase of time. The moisture reason and
the present drying period were calculated
through the Eq. 1. They considered the
equivalent drying time plus the drying time
interval, t. The final moisture content from the
layer was calculated by the moisture content
rate.
Air and grain final temperatures
After the removal of the moisture, the
final air and grain temperatures can be
determined more correctly if the water on grain
vaporization heat is considered.
(5)
Where F, G are constants which depend on the
product and to cowpea bean F = 0.357 e G =
0.00178
1
Cavalcanti Mata & Duarte
Tf 
(0,24  0,45.W ).T  W .(587,9  h
0
e
fg
  e )  C p . e
(0,24  0,45.W f  C p )
(7)
The drying air temperature (Te), at a
drying process in thicken layer at a localization
of the grains layer, generally changes the drying
(8)
In this equation, it’s assumed that e = Te
as in Thompson’s model
The increasing of the humidity ratio of the
air is given by:
W 
( M 0  M f ).Rc
(9)
Ga .t
in which Rc is the ratio between the product dry
matter quantity in one layer and the dry air
quantity that crosses it at the time interval, t,
given in kg of dry matter/kg of dry air.
Volumetric variation of the grains layer
The equation below should be
established through finite elements to the
determination of the global volume variation of
the grains layer in function of the decreasing of
the grains individual size (length, thickness and
width), with the water content and the grains
intergranulares porosity in function of the
drying time. The physical representative
scheme of this contraction can be observed in
the Figure 2.
 da
db
dc 
dV
.M  2 
.M  3 
.M 
  t . 1 
dt
d
t
d
t



 dt  
 
N

Cvol
(10)
in what a, b and c are respectively, the middle
length, thickness and width of the grains in each
stationary bed drier layer and 1 ,  2 , 3 are
coefficients that depend on the product.
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003
Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage
Cavalcanti Mata & Duarte
185
V
V+dv
V+dv’
x –dx
x
x –dx’
Figure 2 – Volumetric contraction of all the grains layer during the drying
RESULTS AND DISCUSSION
It’s found, in Figure 3, a simulation that
was done by Cavalcanti Mata (2001) to cowpea
bean, using Thompson model, in which the
layer volumetric contraction isn’t considered. In
the figure, it’s verified that the drying process
simulation time to the cowpea bean at the
drying air temperature of 321 K was 39 hours,
while in the Figure 4, where a similar
experiment was done and the volumetric
contraction was considered, the simulation time
was 33 hours and the real time of the process
was 34 hours. It was verified that when the
layer volumetric contraction is considered, the
experimental results approaches of the
simulated ones. The mistake between the
simulated and experimental values decreases to
approximately 3% instead of 14,7% (found
mistakes between the experimental data and
simulated ones by Thompson’s method).
Moisture Content, wet basis
70
1a. layer
experimental
simulate
2a. layer
experimental
simulate
60
50
3a. layer
experimental
simulate
40
30
20
10
0
0
5
10
15
20
25
30
35
time (h)
Figure 3 – Experimental and simulated data of the cowpea bean drying at the temperature of 321K by
the proposed model, considering the layer volumetric contraction
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003
Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage
186
experimental
1a. layer
2a. layer
3a. layer
Simulate Thompson Model
70
Moisture Content (% wet basis)
Cavalcanti Mata & Duarte
60
50
40
30
20
10
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
time (h)
Figure 4 – Experimental and simulated data of the macassar bean drying at the temperature of 321K
by Thompson’s model
In the table 1, it’s found the drying
experimental simulated data which were
realized to validate this Model, in which it can
be observed that when the drying air
temperature decreases, the mistakes between
the models increases significantly.
Table 1 – Experimental and simulated data by Thompson’s model and by the proposed one
considering the bean volumetric contraction
Temperature Relative Layer Moisture content
K
Humidity thickness Initial – final
(%)
(m)
(% wet basis)
Drying time
(h)
Error
(%)
Thompson’s Proposed Experi Thompson’s Proposed
Model
Model mental
Model
Model
341(1 )
5%
0,60
65 - 13
6
5
4,5
33,3
11,1
321(1)
12%
0,60
65 - 13
39
33
34
14,7
2,94
(1)
37%
0,60
65 - 13
56
48
45
24,4
6,66
301
(1 )
Cavalcanti Mata (2001)
CONCLUSIONS
BIBLIOGRAPHY REFERENCES
According to the obtained results in this
work, it can be concluded that:
Cavalcanti Mata, M. E. R. M. Efeitos da
secagem em altas temperaturas por curtos
períodos de tempo, em camada
estacionaria, sobre a armazenabilidade de
sementes de feijão (Phaseolus vulgaris L.),
variedade “carioca”: Avaliação experimental, modelagem e simulação. 1997,
229 p. (Tese de Doutorado).
1) Considering the volumetric contraction
of the layer that’s been dried, the
developed mathematical model permits
to simulate the process with more
precision than the model which doesn’t
consider this parameter;
2) The simulation error from the proposed
model vary between 3 and 6,7% while
the model that doesn’t consider the
product volumetric contraction has a
rate of 15 and 24% .
Cavalcanti Mata, M.E.R.M. Simulação de
secagem de feijão macassar: Novos
modelos. 2001, 172p. Universidade Federal
de Campina Grande. Campina Grande.
(Relatório de Pesquisa).
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003
Drying simulation theory of the cowpea considering the grains shrinkage
Cavalcanti Mata, M. E. R. M.; Braga, M. E. D..
Contração volumétrica dos grãos de feijão
macassar durante o processo de secagem. In:
Congresso Brasileiro de Engenharia
Agrícola, 31, Salvador. Anais.... Jaboticabal:
Sociedade Brasileira de Engenharia Agrícola
- SBEA, 2002. 1 CD.
Martins J.H. Simulação de secagem de milho
em camada estacionaria. 1982, 82p.
Departamento de Engenharia Agrícola, DEA
/UFV, Vicosa, MG, (Tese de Mestrado).
Cavalcanti Mata & Duarte
187
Thompson, T.L.; Peart, R.M.; Foster, G.H.
Mathematical simulation of corn drying a
new model. Transaction of the ASAE. St.
Joseph, Michigan, v.11, n.4, p.582-586,
1968.
Vasconcelos, L. G. S. Procedimentos de
simulação, otimização e controle de
secadores em leito móvel. 1997, 188p.
Departamento de Engenharia Quimica
Universidade Estadual de Campinas, (Tese
de Doutorado).
NOTATION
M
hfg
t
C
UR
T

W
G
Rc
a
b
c
dV dt
t.
cvol
moisture content at time t
Latent heat of vaporization
time
specific heat
relative humidity
air temperature
grain temperature
absolute humidity
drying flow
conversion ratio
length
width
thickness
variation of the product volume with the time
% dry basis
kJ./kg
h
kJ/kg.K
Porosity of product
%
coefficient of volumetric contraction
dimensionless
K
K
kJ.kg-1
m3/min.m2.
kg of dry mater/kg of dry air
m
m
m
m3/h
Greek Symbols

density
Subscripts
a
e
o
p
air
equilibrium
initial
product
kg/m³
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.181-187, 2003
188
EDITAL DE SELEÇÃO DE CANDIDATOS
Doutorado em Engenharia de Processos
O curso de Doutorado em Engenharia de Processos foi criado por Resolução 01/99 do CONSUNI
da UFPB. Foi credenciado pela CAPES em março/2002.
As inscrições para o Processo de Seleção para ingresso no Doutorado de Engenharia de Processos
são abertas anualmente para inicio a partir de março de cada ano, sendo o período de inscrição
realizado entre outubro e novembro do ano anterior.
DOCUMENTOS EXIGIDOS:

Formulário de Inscrição devidamente preenchido












Duas cartas de Recomendação (formulário específico)
2 fotos de 3x4 recentes
Cópia do diploma de Mestre ou documento equivalente
Curriculum Vitae do candidato (com comprovantes)
Históricos Escolares da graduação e do Mestrado
Plano preliminar de Tese aceito por um orientador credenciado pelo Curso
Cópia autenticada da carteira de identidade.
Prova de estar em dia com as obrigações militares e eleitorais
A seleção dos candidatos será realizada com base na análise do Curriculum Vitae,(peso 4)
Histórico Escolar (peso 4) e Plano de Tese aceito por Professor cadastrado no Curso.(peso 2)
O Plano de Tese , com um máximo de 6 páginas, deverá incluir
introdução, justificativa, objetivos e metodologia.
Apresentação Oral do Plano de Tese: 02 e 03 de dezembro de 2002
Vagas: 20

ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: DESENVOLVIMENTO DE PROCESSOS
LINHAS DE PESQUISA : PROCESSOS TÉRMICOS E DE SEPARAÇÃO DESENVOLVIMENTO E
TECNOLOGIA DE MATERIAIS
OBJETIVOS:
O Centro de Ciências e Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba tem uma ampla e
reconhecida tradição nos cursos de pós-graduação em diversas áreas de engenharia.
Modernamente, tendo em vista os recentes progressos no ensino de engenharia, ações que
privilegiem atuações multidisciplinares entre áreas afins, são fortemente recomendadas.
O Curso de Doutorado em Engenharia de Processos, de natureza interdisciplinar, aglutina docentes
dos Departamentos de Engenharia Química, de Materiais, Mecânica e Agrícola em torno de tópicos
relativos à Engenharia de Processos, principalmente, através da abordagem de problemas regionais.
O objetivo primário do Doutorado em Engenharia de Processos é a pesquisa, treinamento e
formação de pessoal altamente capacitado, utilizando os princípios fundamentais da Ciência da
Engenharia aplicados ao estudo dos fenômenos das transformações, operações e processos
envolvidos nas industrias de diversos setores, tais como: químico, cerâmico, plásticos, bioquímico,
farmacêutico, metalúrgico, agroalimentar, etc.
Alunos do Curso tem atualmente bolsas da CAPES, CTHIDRO e ANP.
Cada uma das duas linhas de pesquisa oferecidas pelo programa inclui grandes temas de pesquisa
de natureza multidisciplinar que contemplam o desenvolvimento de uma série de projetos específicos
voltados para a área de Desenvolvimento de processos.
Maiores informações consultar http://www.cct.ufcg.edu.br/
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais, Campina Grande, v.5, n.2, p.188, 2003
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Bibliográficas.
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Título em inglês, Abstract, Key words,
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retrato disposto em duas colunas, margens
superior e inferior, direita e esquerda de 2,5
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...Almeida (1997), ou ...(Almeida, 1997);
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 quando a citação possuir mais de dois
autores:
....Almeida et al. (1997).... ou (Almeida et al.,
1997).
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autores serán enumerados con algaritmo árabe
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titulación, institución, dirección postal y
electrónica (e-mail), teléfono y fax. El texto
deberá ser alineado por los dos lados y con la
tabulación de 1 cm para el inicio de cada
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Figuras, Tablas y Fotos – deberán ser
colocadas luego abajo del parágrafo donde
fuera citada pela primera vez. En las legendas,
las palabras Figuras, Tabla y Foto deben estar
en negrito y tener la letra inicial mayúscula y
en su enunciado deberá ser alineada por la
izquierda con la primera letra después de la
palabra Figura. Las unidades deben ser
expresas en el sistema internacional
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 cuando la citación tiene un solo autor:
...Almeida (1997), o ...(Almeida, 1997);
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.... Almeida & Gouveia (1997), o ....(Almeida
& Gouveia, 1997);
 cuando la citación tiene mas de dos autores:
....Almeida et al. (1997).... o (Almeida et al.,
1997).
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will make to consist its function, title,
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aligned in the two sides and with the tabulation
of 1cm to the beginning each paragraph.
Figures, Tables and Photos - they should be
inserted soon below the paragraph where they
were mentioned for the first time. In the
legend, the words illustration, Controls and
Photo should be in boldface and have the
initial letter capital one and its statement
should be aligned to the left below the first
letter after the word it represents. The units
should be expressed in the international
system.
Examples of bibliographical citations
 when the citation just possesses an author:
....Almeida (1997), or ....(Almeida, 1997);
 when the citation possesses two authors:
.... Almeida & Gouveia (1997), or ....(Almeida
& Gouveia, 1997);
 when the citation possesses more than two
authors:
....Almeida et al. (1997).... or (Almeida et al.,
1997).
The reference should contain all the authors'
names.
Exemplos de referências bibliográficas:
Ejemplos de referencias bibliográficas:
Example of the bibliographic references:
As referências bibliográficas deverão estar Las referencias bibliográficas deben ir en orden The list of bibliographic references must be in
dispostas, em ordem alfabética, pelo sobrenome alfabética considerando el apellido del primer alphabetic order according to surname of first
do primeiro autor.
autor.
author.
a) Livro
Martins, J.H.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.
Introdução a teoria e simulação
matemática de secagem de grãos. 1.ed.
Campina Grande : Núcleo de Tecnologia em
Armazenagem, 1984. 101p.
b)Capítulo de Livros
Almeida, F. de A.C.; Matos, V.P.; Castro, J.
de; Dutra, A.S. Avaliação da quantidade e
conservação de sementes a nível de produtor.
In: Almeida, F. de A.C.; Cavalcanti Mata,
M.E.R.M. (ed.). Armazenamento de grãos
e sementes nas propriedades rurais.
Campina Grande: UFPB/SBEA, 1997. cap.
3, p.133-188.
c) Revistas
Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Braga, M.E.D.;
Figueiredo, R.M.F.; Queiroz, A.J. de M.
Perda da qualidade fisiológica de sementes
de arroz (Oryza sativa L.) armazenadas sob
condições controladas. Revista Brasileira de
Armazenamento. Univ. Federal de Viçosa,
Viçosa-MG. v.24, n.1, p.10-25, 1999.
d) Dissertações e teses
Queiroz,
A.J.
de
M.
Estudo
do
comportamento reológico dos sucos de
abacaxi
e
manga.
Campinas:
UNICAMP/FEA, 1998. 170p. (Tese de
Doutorado).
e) Trabalhos apresentados em Congressos
(Anais, Resumos, Proceedings, Disquetes,
CD Roms)
Figueirêdo, R.M.F. de; Martucci, E.T.
Influência da viscosidade das suspensões na
morfologia do particulado de suco de acerola
microencapsulado. In: Congresso Brasileiro
de Sistemas Particulados, 25, 1998, São
Carlos, Anais... São Carlos: UFSC, 1998.
v.2, p.729-733. ou (CD Rom).
No caso de disquetes ou CD Rom, o título da
publicação continuará sendo Anais, Resumos ou
Proceedings, mas o número de páginas será
substituído pelas palavras Disquete ou CD Rom.
f) WWW (World Wide Web) e FTP (File
Transfer Protocol)
BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user
dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht
m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997.
a) Libro
Cox, P.M. Ultracongelación de alimentos.
1.ed. Zaragoza : Editorial Acribia, 1987.
459p.
b)Capítulo de Libro
Moreno, F. Alteraciones fisicoquímicas en
alimentos durante su congelamiento y
subsecuente almacenaje. In: Parada, A.;
Valeri, J. (ed.). Biología de los alimentos a
baja temperatura. Armazenamento de
grãos e sementes nas propriedades rurais.
Caracas: UCV, 1997. cap. 2, p.218-237.
c) Revistas
Diniz, P.S.C.; Cavalcanti Mata, M.E.R.M.;
Braga, M.E.D. Determinación del contenido
de humedad máxima para crioconservación
de semillas recalcitrantes de maíz.
Ingeniería Rural y Mecanización Agraria
en el ámbito Latinoamericano. La Plata,
Argentina, v.1, p.373-377, 1998.
d) Disertaciones y Tesis
Zanetta, J. Transferência de calor em
congelación de alimentos. Valparaíso :
Universidad Católica de Valparaíso, 1984.
95p. (Tesis de Maestría).
e) Trabajos presentados en Congresos (Anales,
Resúmenes, Proceedings, Disquetes, CD
Roms)
Cavalcanti Mata, M.E.R.M; Braga, M.E.D.;
Figueirêdo. R.M.F; Queiroz, A.J.M.
Influencia de los daños mecánicos
superficiales en la germinación de semillas
de maíz en función de su grado de humedad
y de la velocidad de rotación de la
desgranadora mecánica. In: I Congreso
Ibero-Americano
de
Ingenieria
de
Alimentos, Anales... Valencia, España,
Tomo II, Capítulo III, p. 385-397, dez. 1996
o (CD Rom).
a) Book
Brooker, D.B.; Bakker-Arkema, F.W.; Hall,
C.W. Drying and storage of grains and
oilseeds. New York, The AVI Van Nostrand
Reinhold, 1992, 450p.
b) Chapter in a book
Schaetzel, D.E. Bulk storage of flour In:
Christensen C.M. (2aed.). Storage of cereal
grains and their products. St. Paul,
Minnesota : American Association of Cereal
Chemist, 1974. cap. 9, p.361-382.
c) Journals
Biswal, R.N., Bozokgmehk, K. Mass transfer in
mixed solute osmotic dehydration of apple
rings. Trans. of ASAE, v.35, n.1, p.257-265,
1992.
d) Dissertation and Thesis
Fortes,
M.
A
non-equilibrium
thermodynamics approach to transport
phenomena in capillary-porous media
with special reference to drying of grains
and foods. Purdue University, 1978, 226 p.
(Thesis Ph.D.).
e) Papers presented in congress (Annals,
Abstracts, Proceedings, Diskettes, CD
Roms))
Cavalcanti Mata, M.E.R.M.; Menegalli, F.C.
Bean seeds drying simulation. In: InterAmerican drying Conference, 1, 1997, Itu
Proceedings… Campinas-SP, Brazil :
UNICAMP, July, 1997. v. B, p.508-515. or
(CD Rom).
In case of diskettes or CD Rom, the title of the
publication still will be Annals, Abstract or
Proceedings, but the page number should be
substituted by words Diskettes or CD Rom.
h) WWW (World Wide Web) e FTP (File
Transfer Protocol)
BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user
dimensions; MUD history. htpp://entmuEn caso de disquetes o CD Rom, el título de la seum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.htm1#
publicación
continuará
siendo
Anales, sitophilusgranarius).10 Nov. 1997.
Resúmenes o Proceedings, mas el número de las
páginas serán substituido por la palabra
Disquete o CD Rom.
g) WWW (World Wide Web) e FTP (File
Transfer Protocol)
BURKA, L.P. A hipertext history of multi-user
dimensions; MUD history. htpp://entmuseum9.ucr.edu/ENT133/ebeling/ebeling7.ht
m1#sitophilusgranarius).10 Nov. 1997.
ENDEREÇO ADDRESS DIRECCIÔN
Revista Brasileira de Produtos Agroindustriais
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CEP. 58109-970 - Campina Grande, PB, BRASIL
Fone: (083)2101-1288 Telefax: (083)2101-1185
E-mail: [email protected] ou [email protected]
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LABORATÓRIO DE CRIOGENIA
O Laboratório de Criogenia da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas
do Departamento de Engenharia Agrícola da Universidade Federal de Campina Grande, desenvolve
trabalhos de ponta a ultrabaixas temperaturas de modo a atender o desenvolvimento tecnológico do
País. As pesquisas com criogenia concentram-se em:
 Crioconservação de sementes
 Sementes de espécies florestais
 Sementes de interesse econômico das regiões do País
 Sementes de plantas medicinais
 Sementes de espécies ameaçadas de extinção
 Congelamento a ultrabaixas temperaturas de alimentos
 Congelamento de carnes (bovinos, caprinos, suínos)
 Congelamento de moluscos e crustáceos
 Congelamento de pescados
 Esterilização de materiais biológicos
 Limites de termo-resistência de fungos e bactérias
 Sistemas de agregação de partículas de sujidade
Coordenação da Área de Armazenamento e Processamento de Produtos Agrícolas
Av. Aprígio Veloso, 882 - Caixa Postal 10.087 - Fones: (83) 2101-1288; 2101-1551 - Fax: (83) 2101-1185
E-mail: [email protected]
TRANSPORTE DE CALOR E MASSA EM SÓLIDOS HETEROGÊNEOS: UM ESTUDO TEÓRICO VIA ANÁLISE
ESTUDO DA SECAGEM
DEmass
FOLHAS
Manihot spp PARA
ALIMENTAÇÃO
HUMANA (Drying
CONCENTRADA
(Heat and
transferDE
in heterogeneous
solids:EMPREGO
A theoreticalNA
study
by lumped analysis)
study of Manihot
spp. leaves
to use inJosé
human
feeding)
Genival
da Silva Almeida,
Fabrício
Nóbrega
Cavalcante, Antonio Gilson Barbosa de Lima
Ingred M. Barros, José C. C. Santana, Gabriel F. da Silva, Roberto R. de Souza
ATIVIDADE DE ÁGUA, CRESCIMENTO MICROBIOLOGICO E PERDA DE MATÉRIA SECA DOS GRÃOS DE CAFÉ
CONSTITUINTES
QUÍMICOS
EM SEMENTES
DE DE
ALGODÃO
COM LÍNTER(Water
E SEM
LÍNTER
(Chemical constituent
(Coffea
arabica L.) EM
DIFERENTES
CONDIÇÕES
ARMAZENAMENTO
activity,
microbiological
increase
in cotton
seeds loss
withoflint
in cotton
without
lint)L.) in different storage conditions)
and
dry matter
theand
coffee
grainsseeds
(Coffea
arabica
Ticiana
LeiteAfonso
Costa,Júnior,
Luciana
Façanha
Marques
Francisco,
Jardel
Paixão,Ribeiro
Regilane Marques Feitosa,
Paulo
César
Paulo
César Corrêa,
Fabrício
Schwanz
da Rodrigues
Silva, Deiseda
Menezes
Jonas dos Santos Sous)
AVALIAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE FARINHAS DE MANDIOCA DURANTE O ARMAZENAMENTO
BLEND DE CAFÉ
COM MUCUNA
PRETA:
ANALISE
POR NÃO ESPECIALISTAS (Sensorial analyze
(Physicochemical
evaluation
of the cassava
flour
during theSENSORIAL
storage)
of coffee José
(Coffea
arabica
L.) Rossana
blend with
“mucuna
(Stilozobium
aterrimum
Pip.Melo
et Tracy)
)
Cândido
Ferreira
Neto,
Maria
Feitosapreta”
de Figueirêdo,
Alexandre
José de
Queiroz
Nayara Lia de Lima Aragão, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga
EFEITO DO BENEFICIAMENTO NAS PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DOS GRÃOS DE ARROZ DE
ANÁLISE SENSORIAL
DE ALIMENTOS
COM
FOLHA
DE Manihot
DISTINTAS
VARIEDADES
(Effect of the FUNCIONAIS
beneficiation inENRIQUECIDOS
the mechanical and
physical
properties
of thespp.
rice(Sensorial
grains of
analysis of
functional food, which is enriched by Manihot spp. leaft)
different
varieties)
Karina O.Schwanz
L. de Almeida,
JoséPaulo
C. C. César
Santana,
Roberto
R. de
Souza
Fabrício
da Silva,
Corrêa,
André
Luís
Duarte Goneli, Rodrigo Martins Ribeiro, Paulo César Afonso
Júnior
ANÁLISES FISIOLÓGICAS EM SEMENTES DE FEIJÃO (Phaseolus vulgaris L.) ARMAZENADAS NA PRESENÇA
DE EQUIPAMENTO
REDUTOR
DE INÓCULO
(Physiologic
of bean EM
seeds
(Phaseolus
L.) stored
in the
COMPONENTES
QUÍMICOS
E ESTUDO
DA UMIDADE
DEanalysis
EQUILÍBRIO
VAGENS
DEvulgaris
ALGAROBA
(Chemical
presence of inoculum
equipment)
components
and studyreductor
of the equilibrium
moisture content in mesquite beans)
Osvaldo Resende,
Meira
Borém,José
Maria
Laene da
Moreira
CristianeR.
Fortes
GrisJosivanda Palmeira Gomes de
Francisco
de AssisFlávio
Cardoso
Almeida,
Euflávio
Silva,Carvalho,
Maria Elessandra
Araújo,
Gouveia, Silvana A. de Almeida
CRIOCONSERVAÇÃO DE SEMENTES DE AROEIRA (Astronium urundeuva Engl.), E BARAÚNA (Schinopsis
brasiliensis Engl.)
(Cryoconservation
of aroeira
(Astronium
urundeuva Engl.) DO
andCALDO
barauna
brasiliensis
OBTENÇÃO
DO MELHOR
PROCESSO
DE EXTRAÇÃO
E FERMENTAÇÃO
DE(Schinopsis
ALGAROBA
(Prosopis
Engl.) seeds)
juliflora
(Sw.) DC) PARA OBTENÇÃO DE AGUARDENTE (The best process determination of extraction and fermentation
Taciana
Walesca
Cruz Gonzaga,
R.M.
Cavalcanti
Mata, Humberto Silva, Maria Elita Martins Duarte
of
the mesquite
(Prosopis
julifloraMario
(SW.)Eduardo
DC) broth
to obtain
liquor)
Clóvis Gouveia Silva, Mario Eduardo R.M. Cavalcanti Mata, Maria Elita Duarte Braga, Vital de Sousa Queiroz
ANÁLISE DA COLORAÇÃO DA CASCA DE BANANA 'PRATA' TRATADA COM ETILENO EXÓGENO PELO
MÉTODODA
QUÍMICO
E INSTRUMENTAL
(Analysis
of the “prata”
peel
coloration
treated
with(Analysis
hexogen
ESTUDO
SOLUBILIDADE
DAS PROTEÍNAS
PRESENTES
NO banana
SORO DE
LEITE
E NAthat's
CLARA
DE OVO
ethylene
by the
and instrumental
of
whey and
eggchemical
white proteins
solubility) method)
VirgíniaHelena
de Souza
Álvares, Carlos
Paulo César
Corrêa,Gerival
Daniela
Pelegrine,
Alberto
Gasparetto Vieira. Fernando Luiz Finger,Rodrigo Vasconcelos Agnesini
0
VISCOSIDADE
APARENTEENERGÉTICO
DA POLPA DE UMBU-CAJÁ
CONCENTRADA
10MANJERICÃO
C (Apparent viscosity
of concentrated
ANÁLISES
DO CONSUMO
E SENSORIAL
EM SECAGEM aDE
SOB DIFERENTES
o
umbu-cajá
pulp
at
10
C
TRATAMENTOS DE AR (Energetic consumption and sensorial analysis of basil drying under several kinds of air
Lucicléia Barros V. Torres, Alexandre José de Melo Queiroz, Rossana Maria Feitosa Figueirêdo
treatment)
Anamaria Caldo Tonzar, Vivaldo Silveira Júnior.
GERMINAÇÃO E VIGOR NO DESENVOLVIMENTO INICIAL DO GERGELIM: EFEITO DA SALINIDADE DA
ÁGUA DE IRRIGAÇÃO
(Germination
and vigour
and initialDE
development
of(Production
sesame: Effect
irrigation
water
salinity)
PRODUÇÃO
DE PASSAS
DE ACEROLA
EM SECADOR
BANDEJA
of of
acerola
raisins
in tray
dryer)
Márcia Rejane
de Queiroz
Azevedo,
Francisco
de Assis
Cardoso
Almeida,
Josivanda P. Gomes de Gouveia, Carlos
Marcos
F. de Jesus,
VivianeAlmeida
L. Scaranto,
Vahideh
R. R. Jalali,
Gabriel
Franciso
da Silva
Alberto V. de Azevedo, Manassés M. da Silva, Roberto Vieira Pordeus
AVALIAÇÃO DA ESTABILIDADE DA POLPA DE UMBU EM PÓ (Evaluation of the stability of the umbu pulp
COMPORTAMENTO REOLÓGICO DE SUCO DE LARANJA CONCENTRADO CONGELADO (Rheological behaviour
powder)
of frozen Oliveira
concentrated
orange
juice) José de M. Queiroz, Rossana Maria Feitosa de Figueirêdo, Ranilda Neves G. da Silva
Pablícia
Galdino,
Alexandre
Ivanise Guilherme Branco, Carlos Alberto Gasparetto
ESTUDO DAS ALTERAÇÕES DO HIDROXIMETILFURFURAL E DA ATIVIDADE DIASTÁSICA EM MÉIS DE
DRYING EM
SIMULATION
THEORY
OF THE
CONSIDERING
SHRINKAGE
(Teoriaand
de
ABELHA
DIFERENTES
CONDIÇÕES
DE COWPEA
ARMAZENAMENTO
(Study THE
of the GRAINS
hidroximetilfurfural
alterations
simulação
deactivity
secagem
de feijão
macassar
levando-se
em of
consideração
the
diastase
in honey
of bee
in different
condition
storage) o encolhimento dos grãos)
Mario Eduardo
Rangel
Moreira
Maria
ElitaMario
Martins
DuarteRangel Moreira Cavalcanti Mata
Zilmar
Fernandes
Nóbrega
Melo,Cavalcanti
Maria ElitaMata,
Martins
Duarte,
Eduardo