Baixe o programa em PDF - 3º Colóquio Internacional Cinema
Transcrição
Baixe o programa em PDF - 3º Colóquio Internacional Cinema
universidade federal fluminense instituto de artes e comunicação | iacs programa de pós-graduação em comunicação | ppgcom-uff departamento de cinema e vídeo kumã | laboratório de pesquisa e experimentação em imagem e som colóquio internacional cinema, estética e política niterói, rio de janeiro, brasil abril, 2014 no 3º colóquio internacional de cinema, estética e política damos continuidade a um trabalho que reúne pesquisadores de diferentes países e universidades e que têm, de formas distintas, se relacionado com uma ampla pergunta: como a experiência do cinema aciona formas de relação com a política? para responder e se relacionar com essa pergunta voltamos aos filmes, suas relações com o território, com a cidade, com a educação e com a alteridade, mediadas por escrituras singulares. 2 junto às escrituras fílmicas, discussões de caráter teórico vem marcando esses encontros. discussões que formulam e retomam autores que se esforçam em entender a dimensão política da estética e a dimensão estética da política. durante três dias temos o tempo, esse que parece a todos escapar, para ouvir e debater os vínculos do cinema com o real, as narrativas e experiências que forjam mundos e problematizam o que é pensável e dizível, os agenciamentos históricos feitos pelo cinema e os engajamentos sensíveis e subjetivos, tanto com as imagens, quanto com as formas de produção destas. o colóquio realizado na ufmg, em 2011 e 2013 iluminou as discussões que partiram desse recorte e nuançou o problema dando origem a publicações e colaborações entre grupos de trabalho. este ano pela primeira vez o seminário deixa minas gerais, vindo para a uff, e incorpora pesquisas de novas universidades: university of roehampton, université lumière - lyon 2 e a université de rennes, que também é parceira da produção do encontro. on the 3rd international colloquium cinema, aesthetics and politics we continue the work that brings together researchers from different countries and universities and who have, in different ways, is associated with a broad question: how the cinema experience triggers forms of relationship with politics? to respond and relate to that question we turn to movies, its relations with the territory, with the city, with education and with alterity, mediated by singulars scriptures. along the filmic scriptures, discussions of theoretical nature has characterized these meetings. discussions to formulate and resume writers who strive to understand the political dimension of aesthetics and aesthetic dimension of politics. for three days we have the time, which seems to escape everyone to hear and discuss the links between cinema and the real, the narratives and experiences that forge worlds and problematize what is thinkable and speakable, the historical agencements made by film and sensitive and subjective engagement, both with the images, as with the production of these forms. the colloquium held in minas gerais federal university (ufmg) in 2011 and 2013 lit discussions departed this cut and nuanced the problem giving rise to publications and collaborations among work groups. this year for the first time the colloquium leaves minas gerais, coming to fluminense federal university (uff), and incorporates new research universities: university of roehampton, université lumière - lyon 2 and université de rennes, which is also a partner of the production date. 3 mesa 1 2 de abril, 17h improviso e produção do comum improvisation and the common space production o que é uma comunidade de cinema? what is a cinema comunity? césar guimarães (ufmg) a improvisação como gesto político: o cinema de rabah ameur-zaïmeche improvisation as political gesture: the cinema of rabah ameur-zaïmeche gilles mouëllic (université de rennes -frança) mediação mediation felippe mussel (ppgcom-uff) césar guimarães é professor associado da universidade federal de minas gerais, integrante do programa de pós-graduação em comunicação da fafich-ufmg e pesquisador do conselho nacional de desenvolvimento científico e tecnológico (cnpq). é coordenador do grupo de pesquisa poéticas da experiência e editor da revista devires: cinema e humanidades. mesa 1 6 césar guimarães. o que é uma comunidade de cinema? nos dias de hoje, diferentes reivindicações em torno do comum e da comunidade como temas de reflexão teórica e critica tem surgido, não somente nos campos da filosofia política e da arte, mas também nas intervenções dos novíssimos movimentos sociais, sob o influxo de uma experimentação múltipla e descentrada, que elege os espaços urbanos (das franjas periféricas ao centro conturbado) como territórios de invenção de outras formas de viver juntos. sem descuidar das nuances entre as matrizes conceituais que alimentam tal debate - que não autorizam a equivalência entre as proposições dos diferentes autores - esta exposição indaga de que modo o cinema documentário, ao se valer da mediação peculiar da imagem, viria a participar da instituição da comunidade política como “laço social por dar” (segundo a expressão de jean-luc nancy). para tanto, procuramos mostrar como, ao entrelaçar a experiência sensível do espaço às formas de subjetivação, os filmes “dias de greve” e “branco sai, preto fica” (ambos de adirley queirós), tensionam o comum de uma comunidade. impromptu and production of the common improviso e produção do comum césar guimarães. what is a cinema comunity? presently, different claims about the common and the community as a theoretical ref lection and criticism has emerged, not only in the fields of political philosophy and art, but also in the activities of the new social movements, under the inf luence of multiple and not-centered experiments that elects urban spaces (from outskirts to the troubled center) as territories for invention of other ways of living together. without neglecting the nuances between the conceptual matrices that feeds the debate - which do not allow the equivalence between the propositions of different authors - this paper investigates how the documentary film, as it relies on the peculiar mediation of image, would participate in the institution of political community as “social bond by giving” (as in the words of jean-luc nancy). to do so, we try to show how, while interlacing sensory experience of space and forms of subjectivity, the movies “dias de greve” and “branco sai, preto fica” (both from adirley queirós), tension the common of a community. césar guimarães is associated professor at the federal university of minas merais, member of the graduate program in communication at fafich-ufmg and researcher at the national council for scientific and technological development (cnpq). he is coordinator of the research group ‘poetics of experience’ and editor of magazine devires: cinema e humanidades. 7 gilles mouëllic é professor de estudos de cinema e música e ensina cinema e jazz na universidade de rennes 2 (frança), trabalhando as relações entre cinema e música, particularmente o cinema e o jazz. seu trabalho diz refere-se à improvisação como modo de criação na atualidade, bem como sobre as relações entre a história das técnicas e da estética de filmes. é coordenador do grupo de pesquisa “artes, práticas e poéticas” na universidade rennes 2. mesa 1 8 gilles mouëllic. a improvisação como gesto político: o cinema de rabah ameur-zaïmeche. em um contexto em que o cinema é cada vez mais visto como uma “arte tecnológica”, e onde o 3d e as imagens computadorizadas desafiam os modos de produção dos estúdios, alguns cineastas tentam resistir às “potências do falso” propagadas pelas inovações digitais. “recolocar o corpo no cinema”, essa poderia ser a crença comum desses cineastas cuja resistência passa pela invenção de outras formas de escritura e de filmagem destinadas à devolver ao set sua dimensão de evento único, no qual o ator pode se exprimir com o mínimo de restrições. entre esses cineastas, o francês rabah ameur-zaïmeche reivindica a dimensão política de seu cinema ao afirmá-lo como uma atividade coletiva que “consiste em começar por estabelecer as identidades – sociais, étnicas, religiosas –, reconhecer seu direito de existir no espaço comum, para em seguida dividi-las e abrir intervalos para devires infinitos”, como escreve cyril neyrat na cahiers du cinéma (nº 638, outubro/ 2008, p.21). para assegurar que o set de filmagem não se transforme em um laboratório para a implementação de um programa baseado num poder hierarquizado, ameur-zaïmeche reinventa métodos que já foram utilizados em espaços marginais, mas ainda inovadores na história do cinema; métodos que talvez respondam a uma só questão: “como improvisar no cinema?”. esta conferência tentará propor algumas respostas a partir de quatro filmes realizados por rabah ameur-zaïmeche, analisando cada etapa da realização, cada escolha concreta (escritura, atores, técnicas etc) e seu potencial para liberar forças imprevisíveis no processo de filmagem. impromptu and production of the common improviso e produção do comum gilles mouëllic. improvisation as a political gesture: the cinema of rabah ameur-zaïmeche. in a context which increasingly views cinema as a “technological art”, and which has seen 3d and computer-generated imagery challenging the long-established production methods of the studios, a handful of filmmakers are nevertheless resisting the “sirens of illusion” propagated by digital innovations. brandishing the invention of new approaches to writing and filming, their common credo is to “restore substance to the cinema”, and re-establish the notion of the shoot as a one-off, an opportunity for the actor to express himself with minimal constraints. one of these filmmakers, french director rabah ameur-zaïmeche, defending the political dimension of his films, claims that cinema is a collective venture which, to quote cyril neyrat in les cahiers du cinema (no. 638, october 2008, p. 21), “implies first laying down identities - whether social, ethnic or religious - and recognising their right to exist within a common arena, and then severing them, thereby creating spaces for infinite becomings”. in order to ensure that the film set does not turn into a laboratory for the implementation of a programme underpinned by a strictly hierarchical power, ameur-zaïmeche takes a new slant on methods that have already been applied in marginal but nonetheless groundbreaking moments in the history of film, methods that are perhaps a response to a single question: “how can one improvise cinema?” this lecture will attempt to provide an answer with reference to rabah ameur-zaïmeche’s four films, by analysing each stage in their creation and each of the concrete choices made (in terms of writing, actors, techniques, etc.), and their potential for unleashing unsuspected forces on the work-in-progress itself. gilles mouëllic is professor of film studies and music and teaches film and jazz at the university of rennes 2 in france. he works on the relations between cinema and music, and in particular between cinema and jazz. his works concern the improvisation as mode of creation today, as well as on the links between the history of techniques and the esthetics of movies. he manages the research team “arts, pratiques et poétiques”, at university rennes 2, france. 9 mesa 2 3 de abril, 10h montagem e memória montage and memory as imagens do cinema e a disputa pelo acontecimento histórico the images of cinema and the dispute of historical event andréa frança (puc-rio) godard e montagem: o caso esquecido de sauve la vie (qui peut) godard and montage: the forgotten case of sauve la vie (qui peut) michael witt (university of roehampton - uk) mediação mediation luiz garcia (ppgcom-uff) andréa frança é doutora em comunicação pela ufrj. professora do programa de pós-graduação e da graduação em comunicação social da puc-rio. autora de inúmeros artigos e livros sobre cinema e audiovisual. pesquisadora do cnpq. mesa 2 12 andréa frança. as imagens do cinema e a disputa pelo acontecimento histórico. em “os dias com ele”, “uma longa viagem”, “diário de uma busca”, “elena”, as viagens pelas estradas do brasil e do mundo surgem como pretexto para a evocação de uma difícil jornada do documentarista pelo espaço da cena e pelo tempo impuro da memória. não se trata de revelar nada, nenhuma verdade histórica, mas mostrar um corpo em situação e uma câmera atenta às sensações e afetos inscritos na imagem. filmes que mostram diferentes procedimentos expressivos para lidar com o espaço da falta - de um ente querido, de imagens, de memória e, ainda, de documentos sobre a história recente do país. montage and memory montagem e memória andréa frança. the images of cinema and the dispute of historical event. “os dias com ele”, “uma longa viagem”, “diário de uma busca” and “elena” are films in which roadtrips in brazil and around the world occurs as an excuse for evoking the documentary filmmaker’s difficult journey through the scene space and in the impure time of memory. it is not about revealing something, nor making visible a historical truth, but showing a body in situation and a camera attentive to the sensations and affects of image. films showing different expressive procedures to deal with the lack space - of a beloved one, images, memory and even country’s recent history documents. andréa frança has ph.d. in communication at federal university of rio de janeiro. theaches at the post-graduate and graduate programs of social communication at puc-rio. author of several papers and books on cinema and audiovisual. researcher of cnpq. 13 michael witt é coordenador do curso em estudos do cinema e co-diretor do centro de pesquisa em cinema e culturas audiovisuais da universidade de roehampton, em londres. ele é o autor de jean-luc godard, cinema historian (indiana university press, 2013), e co-editor do for ever godard (black dog publishing, 2004), the french cinema book (bfi, 2004), e jean-luc godard: documents (centre pompidou, 2006). ele contribuiu recentemente com uma introdução para a nova transcrição e tradução para o inglês da introdução de godard para true history of cinema and television (caboose, 2014). mesa 2 14 michael witt. godard e montagem: o caso esquecido de sauve la vie (qui peut). esta apresentação vai focar num aspecto pouco conhecido da gênese da investigação monumental de jean-luc godard sobre cinema e história, histoire(s) du cinéma: a série de palestras sobre a história do cinema que ele deu em rotterdam em 1980-81. para uma dessas falas, ele criou uma “edição especial” de seu mais recente filme na época, salve-se quem puder (a vida) (1980), no qual ele intercala trechos de seu próprio filme com os de quatro outros: a linha geral (1929), de sergei eisenstein e gregory alexandrov; o enrascado (1922), de edward cline e buster keaton; a terra treme (1948), de eliseu visconti; e o homem de mármore (1977), de andrzej wadja. ele chamou essa memorável compilação de salve-se a vida (quem puder), que foi exibido apenas uma vez (durante o festival de rotterdam de 1981), e desde então foi completamente esquecido. michael witt produziu uma reconstrução digital de “salve-se a vida (quem puder)”, baseado em pesquisa de arquivo, incluindo o exame das bobinas originais do filme que g usou. essa apresentação vai enfocar o salve-se a vida (quem puder), embora faça referência ao projeto historiográfico mais amplo de godard. montage and memory montagem e memória michael witt. godard and montage: the forgotten case of sauve la vie (qui peut). this paper will focus on a little-know aspect of the genesis of jean-luc godard’s monumental investigation of cinema and history, histoire(s) du cinéma: the series of talks on film history that he delivered in rotterdam in 1980-1981. for one of these talks, he created a ‘special edition’ of his then most recent film, sauve qui peut (la vie) (1980), in which he interspersed extracts from his own film with clips from four others: eisenstein and alexandrov’s the general line (1929), cline and keaton’s cops (1922), visconti’s the earth trembles (1948), and wajda’s man of marble (1977). he called this remarkable compilation film sauve la vie (qui peut); it was shown once (during the 1981 rotterdam film festival), and has since been almost completely forgotten. michael witt has produced a digital reconstruction of sauve la vie (qui peut) drawing on archival research, including examination of the original reels of film that godard used. this paper will consider sauve la vie (qui peut) though reference to godard’s wider historiographic project. michael witt is reader in cinema studies and co-director of the centre for research in film and audiovisual cultures at the university of roehampton, london. he is the author of jean -luc godard, cinema historian (indiana university press, 2013), and the co-editor of for ever godard (black dog publishing, 2004), the french cinema book (bfi, 2004), and jean -luc godard: documents (centre pompidou, 2006). he has recently contributed an introduction to the new transcription and translation into english of godard’s introduction to a true history of cinema and television (caboose, 2014). 15 mesa 3 3 de abril, 15h cosmopolítica e singularidade cosmopolitics and singularity de uma imagem a outra: traduções do visível e do invisível em curadores da terra-floresta (2013) e xapiri (2012) from one image to another: translations of the visible and invisible in shamans of forest-land (2013) and xapiri (2012) andré brasil (ufmg) o singular e a série nos documentários de eduardo coutinho singular and series in eduardo coutinho’s documentary mateus araújo (usp) mediação mediation samuel leal (ppgcom-uff) andré brasil é doutor em comunicação pela ufrj, com estágio doutoral na universidade paris 8 (vincennes-saint-denis), professor do departamento de comunicação da universidade federal de minas gerais, onde coordena o programa de pós-graduação. pesquisador do cnpq, integra o grupo depesquisa poéticas da experiência, junto ao qual desenvolve o projeto “formas de vida na imagem: biopolítica, perspectivismo e cinema” (fapemig - ppm vi). faz parte da equipe de editores da revista devires - cinema e humanidades. mesa 3 18 andré brasil. de uma imagem a outra: traduções do visível e do invisível em curadores da terra-f loresta (2013) e xapiri (2012). em nossa apresentação, trataremos de um “encontro cosmopolítico” mediado por dois filmes: urihi haromatimape (curadores da terra-floresta, 2013), de morzaniel yanomami, e xapiri (realizado em co-autoria por bruce albert, gisela motta, laymert garcia dos santos, leandro lima e stella senra). ambos os filmes nasceram de dois encontros entre xamãs, realizados sob iniciativa de davi kopenawa, em 2011 e 2012, na aldeia de watoriki. a partir de uma visada comparativa, tentaremos notar como se inscrevem e se materializam, nas imagens, dois dispositivos de diplomacia interétnica (ou interespecífica): o primeiro, atualizado na performance dos xamãs, faz a passagem entre o mundo dos xapiri – espíritos ancestrais, eles próprios “imagens” – e o mundo dos yanomami. o segundo desdobra-se de modos bastante distintos em cada um dos filmes, fazendo a mediação entre o mundo dos xamãs (tornados xapiri) e o mundo dos brancos. em nossa análise, buscamos identificar um equívoco (viveiros de castro) presente na homonímia da palavra “imagem”: o que se nomeia como tal, em um e outro mundo, não se trata da mesma coisa. questão, a um só tempo, antropológica e cinematográfica. cosmopolitics and singularity cosmopolítica e singularidade from one image to another: translations of the visible and invisible in shaman of forest-land (2013) and xapiri (2012). in our presentation, we will focus a “cosmopolitical encounter” mediated by two films: urihi haromatimape (curadores da terra-floresta, 2013), by morzaniel yanomami, and xapiri (2012, by bruce albert, gisela motta, laymert garcia dos santos, leandro lima e stella senra). both films were created from two meetings between shamans, made by the initiative of david kopenawa in 2011 and 2012, in watoriki. from a comparative approach, we will try to note how two devices of interethnic (or interspecific) diplomacy inscribe and materialize in the images: singularized by the performance of the shamans, the first makes the passage between the world of xapiripe - ancestral spirits, themselves “images” - and the world of the yanomami. the second unfolds quite differently in each film, making the link between the world of shamans (made xapiripe) and our world. In the analysis, we seek to identify an equivocation (eduardo viveiros de castro) present in the homonymy of the word “image”: what is named as such in one and another world, it is not the same thing. that’s an issue at the same time anthropological and cinematographic. ph.d. in communication at federal university of rio de janeiro (ufrj), with doctoral stage at paris 8 university (vincenne-saint-denis), andré brasil is professor at the communication departament of federal university of minas gerais, where coordinates the postgraduate program. researcher of cnpq, integrates the research group poéticas da experiência, where develops the project “formas de vida na imagem: biopolítica, perspectivismo e cinema”. part of the editing team of magazine devires - cinema e humanidades. 19 mateus araujo é doutor em filosofia (ufmg / univ. de paris i - sorbonne), pós-doutor em cinema (usp/fapesp) e professor recém-concursado da eca-usp. organizou ou co-organizou os volumes coletivos glauber rocha / nelson rodrigues (magic cinéma, 2005), jean rouch 2009: retrospectivas e colóquios no brasil (balafon, 2010), straub-huillet (ccbb, 2012), charles chaplin (fundação clóvis calgado, 2012) e jacques rivette (ccbb, 2013). mesa 3 20 mateus araujo. o singular e a série nos documentários de eduardo coutinho. ao comentar seus filmes, eduardo coutinho costumava salientar sua recusa em tipificar seus personagens e seu esforço em singularizá -los. no entanto, ao invés de buscar tal singularidade em retratos fílmicos individuais, o cineasta a buscava sempre no interior de estruturas seriais que construía sistematicamente na maioria de seus filmes, numa curiosa tensão que os atravessa e pede exame mais atento. dada a constância desta escolha de coutinho, resta pensar por que, em seus filmes, os indivíduos singulares precisam da série, que parece tensionar sua singularidade, mas não a impede, e talvez chegue a potencializá-la. cosmopolitics and singularity cosmopolítica e singularidade mateus araujo. singular and series in eduardo coutinho’s documentary. when commenting his movies, eduardo coutinho used to emphasize his refuse to typify the characters and his effort to singularize them. however, instead of aiming such singularity in individual filmic portraits, the filmmaker always would find it in serial structures which he systematically constructed in most of his films, in an inquisitive tension that come across them and asks for a closer analysis. given the recurrence of coutinho’s such choice, it is necessary to think why, in his movies, singular individuals need to be serialized, which seems to tension their singularity, but do not avoid it, potentiating it instead. mateus araujo has ph.d. in philosophy (ufmg/univ. de paris i - sorbonne), postdoc in cinema (usp/fapesp) and is professor at arts and communication school at são paulo university (usp). organized or co-organized the collective volumes glauber rocha/nelson rodrigues (magic cinéma, 2005), jean rouch 2009: retrospectivas e colóquios no brasil (balafon, 2010), straub-huillet (ccbb, 2012), charles chaplin (fundação clóvis salgado, 2012) e jacques rivette (ccbb, 2013). 21 mesa 4 4 de abril, 10h engajamentos e a invenção do espectador spectator’s engagement and invention a hipótese de um espectador (teatro e política) the hypotesis of a spectator (theatre and politics) olivier neveux (université lyon 2 - frança) ensino de cinema, emancipação e máquina: a experiência do filme-carta teaching cinema, emancipation and machine: the experience of film-letter cezar migliorin (uff) mediação mediation silvia boschi (ppgcom-uff) olivier neveux. a hipótese de um espectador (teatro e política). argumentaremos que, em última instância, nas artes do espetáculo (particularmente no teatro, do qual vamos tratar), a política reside no lugar que o espetáculo reserva a seu espectador, ou na concepção que ele manifesta de seu espectador. 24 a partir disso, é importante, para tentar-se uma tipologia, ao menos a identificação das grandes articulações, espaços e funções relacionadas ao espectador, quando a arte liga seu destino à questão da emancipação. isso é para fornecer matéria-prima para um balanço sobre os tipos de endereçamentos e pensar, possivelmente, novos encargos, tarefas e princípios de uma “arte emancipada”. olivier neveux é professor de história e de estética do teatro na universidade lyon 2. membro da equipe “passages XX-XXI”, recentemente publicou os livros “politique du spectateur” e “les enjeux du théâtre politique aujourd’hui”, pela editions la découverte (prêmio do sindicato da crítica em 2013). mesa 4 a esse respeito, é possível reler a história da “arte política” através de proposições, explícitas ou implícitas, relativas ao espectador, à sua figura projetada por cada espetáculo, ao projeto político do qual ele é destinatário. engagements and the invention of the spectator engajamentos e a invenção do espectador olivier neveux. the hypotesis of a spectator (theatre and politics). it will be argued that, ultimately, in the performing arts (particularly theater, which will be talking about), the policy is instead a show reserve the viewer or the design show that the manifest him. in this respect, it is possible to read the history of “political art” through the proposals, express or implied, relating to the viewer, the projected figure of him by each show, the political project of which he is the recipient. from this, it is important to try if a typology at least the identification of large joints, places and functions related thereto, when the art linking its fate to the question of emancipation. this is to provide the raw material for a report on the types of addresses and think, possibly, new fees, duties and principles of “emancipated art”. olivier neveux is a professor of histor y and aesthetics of theater at the university lyon 2, team member passages XX-XXI”, he recently published policies of the beholder. the stakes political theater today editions discover y (price union criticism 2013). 25 cezar migliorin é membro do programa de pós-graduação em comunicação e professor do departamento de cinema e vídeo da universidade federal fluminense. coordenador do laboratório kumã de pesquisa e experimentação em imagem e som e do projeto “inventar com a diferença” de cinema, educação e direitos humanos. doutor em comunicação e cinema pela ufrj e sorbonne nouvelle, paris 3. mesa 4 26 cezar migliorin. ensino de cinema, emancipação e máquina: a experiência do filme-carta. a partir da experiência do filme-carta no prática pedagógica em que o cinema é central, pensamos os engajamentos da sala de aula e a dimensão política desses engajamentos. para refletir sobre o espaço pedagógico discuto as noções de emancipação (jacques rancière) e máquina (félix guattari) buscando entender o papel mesmo do cinema na educação. o diálogo entre rancière e a dupla guattari e deleuze, apesar de bases filosóficas distintas, nos ajuda a pensar a dimensão política do ensino e da prática do cinema. engagements and the invention of the spectator engajamentos e a invenção do espectador cezar migliorin. teaching cinema, emancipation and machine: the film-letter experience. work with the specific experience of the film-letter in the teaching of cinema, i reflect on the commitments in the classroom and the political dimension of these commitments. to think the pedagogical space, i discuss the notions of emancipation (jacques rancière) and machine (felix guattari) trying to understand the role of film in education. the article also establishes a dialogue between rancière and deleuze / guattari’s writing’s, despite their different philosophical backgrounds, helps us thinking the political dimension we bring to the teaching and practice of cinema. cezar migliorin is member of the graduate program in communication and professor of the department of film and video at fluminense federal university. coordinator of kumã - laboratory of research and experimentation in image and sound, and the “inventar com a diferença”, project with cinema, education and human rights. phd in communication and cinema ufrj and sorbonne nouvelle, paris 3. 27 mesa 5 4 de abril, 15h vozes da alteridade, narrativas de conflito voices of alterity, narratives of conflict a questão da palestina e as narrativas de uma geografia violentada the question of palestine and the narratives of a violated geography fernando resende (uff) ela, a voz she, the voice carla rodrigues (ufrj) mediação mediation aline portugal (ppgcom-uff) fernando resende é professor e pesquisador (cnpq) na universidade federal fluminense (estudos de mídia e ppgcom/uff), doutor em ciências da comunicação (usp). focos de sua pesquisa: narrativas diaspóricas e de conflito; estudos comparativos de mídias e documentários; crítica dos estudos culturais e o impacto de uma geopolítica discursiva nas relações entre as geografias ocidente/oriente, em particular as representações da palestina e da áfrica a partir do brasil e da inglaterra (xix e xx). mesa 5 30 fernando resende. a questão da palestina e as narrativas de uma geografia violentada. a palestina é hoje um território esgarçado, violentado, no sentido pleno da palavra, e narrar a palestina, portanto, é antes uma condição de resistência e sobrevivência. esta comunicação parte deste fato e propõe uma reflexão acerca de narrares que potencialmente iluminam e nos fazem compreender a condição de uma nação em processo de apagamento. em se tratando da questão da palestina, conflito e fronteira são categorias analíticas particularmente importantes, é o que sugere as análises de narrativas fílmicas que abordam a violência a que está sujeito o seu território. sob essa perspectiva, narrativa se torna conceito e instrumento analítico cruciais tanto por ser lugar de produção de conhecimento e sentido, de inscrição e formação de identidades, como por ser um espaço no qual lemos as nações imaginadas, contrapondo-as com as práticas e experiências de vida. por este viés, além de discutir cultura e política como partes de um mesmo tecido social, esta reflexão tem como objetivo pensar tal junção como um aspecto teórico fundamental, pois, de modo muito particular, a violência a que estão submetidos os que vivem as experiências de deslocamento, coação e cerceamento torna política qualquer forma de vida. ao discutir o problema a partir da perspectiva de filmes/documentários produzidos sobre e por sujeitos que vivem essa geografia violentada, esta reflexão ressalta uma demanda essencialmente política: a produção de imagens - e narrativas - nas quais subjetividades, desejos e leis possam ser contrapostos. a hipótese central é de que essas seriam imagens que nos dariam a ver a palestina como uma nação que luta contra - ao mesmo tempo em que sofre - o seu processo de desmantelamento. voices of alterity, narratives of conflict vozes da alteridade, narrativas de conflito fernando resende. the question of palestine and the narratives of a violated geography. palestine today is a violated territory - in the full sense of the word - and, therefore, narrating palestine is rather a condition of resistance and survival. this presentation starts from this fact and proposes a reflection on images that potentially throw light and make us understand the condition of a nation enduring a constant and violent process of erasure. in the question of palestine, conflict and border are particularly important analytical categories, as it is suggested by the analysis of film narratives that address the violence to which its territory is subjected. from this perspective, narrative is taken as an analytical source of meaning and knowledge production, inscription and formation of identities as well as it is a way of reading imagined nations. thus, in addition to discussing culture and politics as part of the same social fabric, this reflection aims to think upon this junction as a fundamental theoretical aspect, once, in a very particular way, the violence that afflicts those living experiences of displacement, duress and siege makes political any form of life. by discussing the problem from the perspective of films/documentaries produced on and by those experiencing this violated geography, this discussion underscores an essentially political demand: the production of images - and narratives - in which subjectivities, desires and laws can be opposed. the central hypothesis is that these images would lead us to see palestine as a nation, which, at the same time, endures and fights against a dismantling process. fernando resende is senior lecturer and research co-ordinator (cnpq) at universidade federal fluminense (uff ), and received his ph.d. from universidade de são paulo (usp). his research focuses on narratives of conflicts and diasporic movements; comparative media and documentary studies; critical cultural studies and the impact of geopolitical discursive relations on the imaged geographies of east/ west and, in particular, the imagination of palestine and africa by brazil and england (xix and xx). 31 32 são temas marcantes no desdobrar da sua obra e que, do meu ponto de vista, se atualizam diante da obra de jonze, no qual uma voz ganha lugar de protagonista. a partir do filme, proponho refletir sobre o caráter ético-político do debate sobre a nossa relação com a alteridade. carla rodrigues é professora do departamento de filosofia da ufrj. doutora e mestre em filosofia (puc-rio), realizou pesquisa de pós-doutorado na unicamp. é pesquisadora do pensamento do filósofo franco-argelino jacques derrida, sobre o qual publicou dois livros (“duas palavras sobre o feminino”, nau/faperj 2013 e “coreografias do feminino”, ed mulheres, 2009). mesa 5 carla rodrigues. ela, a voz. a partir do filme “ela” (her, spike jonze, 2013), pretendo retomar a discussão que o filósofo jacques derrida empreendeu na virada dos anos 1960/1970 sobre o lugar privilegiado que a voz ocupa na história da filosofia, de platão a heidegger, passando por aristóteles e hegel. expressão ao mesmo tempo de interioridade e exterioridade, a voz ganha em derrida um estatuto de double bind pelo qual ele discutirá outro privilégio, o da presença. voices of alterity, narratives of conflict vozes da alteridade, narrativas de conflito carla rodrigues. her, the voice. inspired by the film “her” (her, spike jonze, 2013), i intend to revisit the discussion proposed by philosopher jacques derrida in the late 60’s and early 70’s about the privileged position of the voice in the history of philosophy, from plato to heidegger, from aristotle to hegel. as a simultaneous expression of interiority and exteriority, derrida grants the voice a status of double bind, which he will use to discuss another privilege, the presence. these are significant themes throughout derrida’s work, and, in my point of view, jonze’s film brings them up to date, presenting a voice as a main character. based on/inspired by the film, i propose a reflection on the ethical-political nature of the debate about on our relationship to otherness. carla rodrigues is professor in the philosophy department at ufrj. ph.d. and master in philosophy (puc-rio), with post-doctoral research at state university of campinas (unicamp). researcher on the philosophical thought of the french-algerian philosopher jacques derrida, about whom published two books (“duas palavras sobre o feminino”, nau/faperj 2013 e “coreografias do feminino”, ed mulheres, 2009). 33 mostra de filmes films show sessão 1 | 31 de março | 16h pra chica | to chica 6 min, 2013, brasil dir. juliana shimada miguilim deixou o mutum quando era menino. agora escreveu uma carta para os que ficaram. inspirado no conto ”campo geral”, de joão guimarães rosa. miguilim left mutum when he was a child. now wrote a letter to those who stayed. inspired on the short story “general field” by joão guimarães rosa. debate com a presença da diretora após a sessão. debate with the director after the session. canções | songs 90 min, 2011, brasil dir. eduardo coutinho homens e mulheres cantam as músicas que marcaram suas vidas e contam as histórias que as ligam às canções. men and women sing the songs which marked their lives and tell the stories that bind to songs. 35 36 sessão 2 | 31 de março | 18h o último reduto | dernier maquis (adhen) dir. rabah ameur-zaïmeche 93 min, 2008, frança/argélia em um decadente parque industrial em paris, mao, um empresário muçulmano, possui uma empresa de reparo de paletes e caminhões e um estacionamento de cargueiros. como ele, os funcionários são imigrantes muçulmanos. para que mantenham o ritmo de trabalho, ele decide abrir uma mesquita sublinhando a relação entre trabalho e religião. porém, quando mao designa o imã sem consultar os empregados, eles ameaçam por fim à exploração que sofrem. in a decaying industrial park in paris, mao, a muslim businessman, owns a company to repair trucks and a parking lot for freighters. like him, the employees are muslim immigrants. so they keep the grueling pace of work, he decides to open a mosque emphasizing the relationship between work and religion. but when mao designates the imam without consulting employees, they threaten to end the suffering exploitation. mauro em caiena | mauro in cayenne dir. leonardo mouramateus 18 min, 2012, brasil sessão 3 | 1º de abril | 10h30 admiro pra caramba essa capacidade, mauro. de se transformar em outra coisa. como um dinossauro ou uma lembrança. i really admire your ability, mauro. to change into another thing. like a dinossaur or a memory. elena | elena dir. petra costa 82 min, 2012, brasil elena viaja para nova york com o mesmo sonho da mãe: ser atriz de cinema. deixa para trás uma infância passada na clandestinidade dos anos de ditadura militar e deixa petra, a irmã de 7 anos. duas décadas mais tarde, petra também se torna atriz e embarca para nova york em busca de elena. tem apenas pistas: filmes caseiros, recortes de jornal, diários e cartas. aos poucos, nessa busca, os traços das duas irmãs se confundem, já não se sabe quem é uma, quem é a outra. agora que finalmente encontrou elena, petra precisa deixá-la partir. elena, a young brazilian woman, travels to new york with the same dream as her mother, to become a movie actress. she leaves behind her childhood spent in hiding during the years of the military dictatorship. she also leaves petra, her seven years old sister. two decades later, petra also becomes an actress and goes to new york in search of elena. she only has a few clues about her: home movies, newspaper clippings, a diary and letters. the features of the two sisters are confused; we no longer know one from the other. when petra finally finds elena in an unexpected place, she has to learn to let her go. 37 o que resta do tempo | the time that remains 38 sessão 4 | 1º de abril | 18h30 dir. elia suleiman 109 min, 2009, palestina/ frança/ bélgica/ reino unido versão ficcional de quatro episódios que marcaram a família do diretor desde 1948. inspirado pelos diários de seu pai, combatente da resistência palestina, e pelas cartas de sua mãe aos familiares expatriados, ele reconstitui o cotidiano dos chamados “árabes-israelenses” a partir do momento em que escolheram permanecer em sua terra natal e passaram a viver como minoria. memórias íntimas que se confundem com a história coletiva de um país em desaparecimento. four episodes depicting key events in the family of the director since 1948. based on the diaries of his father when he fought in the resistance and letters his mother wrote to family members forced out of the country, he reconstructs the daily life of those dubbed “israeli arabs” when they chose to remain in their homeland and became minority. Intimate memories that constantly merge with the collective history of a vanishing country. sessão 5 | 2 de abril | 14h branco sai, preto fica | white out, black in dir. adirley queirós 90 min, 2014, brasil um baile black. tiros e repressão. uma geração amputada. a black music party. shots and repression. an amputated generation. debate com a presença do diretor após a sessão. debate with the director after the session. 39 3º colóquio internacional cinema, estética e política organizadores (laboratório kumã, ppgcom-uff) silvia boschi • luiz garcia • samuel leal cezar migliorin • felippe mussel • aline portugal assistentes (graduação cinema e vídeo-uff) shay esterian • marco ferreira • amanda kadobayashi júlia meireles • elena meirelles agradecimentos bernardo bath • petra costa • eduardo coutinho • lis kogan leonardo mouramateus • adirley queirós • daniel queiroz • videofilmes realização kumã - laboratório de pesquisa e experimentação em imagem e som programa de pós-graduação em comunicação (ppgcom-uff) departamento de cinema e vídeo • instituto de artes e comunicação social (iacs) universidade federal fluminense apoio grupo de pesquisa poéticas da experiência (ppgcom-ufmg) programa de pós-graduação em comunicação da universidade federal de minas gerais université rennes2 • technès auxílio capes • faperj design gráfico luiz garcia • webdesign samuel leal