Medicina da Produção – Módulo Leporídeos
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Medicina da Produção – Módulo Leporídeos
Sebenta electrónica para fins didácticos 2008 Medicina da Produção – Módulo Leporídeos As características destas e outras raças de coelhos estão disponíveis em: http://en.wikipedia.org/wiki/List_of _rabbit_breeds e www.cuniculture.info (Setembro de 2008) Compare-as! João Simões Saiba mais sobre nós em www.veterinaria.com.pt Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Nota prévia, 3 1- Introdução ao módulo de Leporídeos: generalidades, 4 2- Instalações e materiais: conforto e higiene (Ecopatologia/Biossegurança), 15 3- Patologias com significado em cunicultura, 25 4- Doses de fármacos usados em leporídeos, 46 5- Referências bibliogáficas, 48 2 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Nota prévia Esta sebenta electrónica intitulada “Medicina da Produção - Módulo Leporídeos” foi elaborada com o propósito de servir de apoio a 9 horas de aulas da unidade curricular de Medicina de Aves, Leporídeos e Suínos (2008/2009) do mestrado integrado em Medicina Veterinária da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD). Pretende ser um guia técnico, principalmente em língua portuguesa, para todos os alunos que futuramente queiram enveredar pela medicina de produção em cunicultura ou simplesmente o consultar. No entanto, entendemos pela experiência obtida em largos anos no ensino da disciplina de Clínica das Espécies Pecuárias que somente um número muito reduzido optará por essa via profissional. A corroborar esta sentença, estão as afirmações dos produtores da falta de técnicos ou mesmo a escassa informação técnica e científica disponível sobre a realidade da produção cunícula nacional, delegando nas empresas de alimentação animal tal empreendimento. De facto, até 1985, a cunicultura portuguesa (semi)intensiva era residual, sendo as explorações familiares. Por esse motivo, o presente guia de aulas foi elaborado tendo em especial atenção o saber adquirido transmitido por quem realmente apoia a criação de coelhos de forma empresarial. Porventura, a investigação na produção e saúde desta espécie encontra-se também reflectida em várias revistas científicas da especialidade. A todos eles o nosso especial agradecimento pelos dados, os quais temos intenção de actualizar com acesso a novas informações. A feitura deste trabalho trouxe à minha memória os tempos de infância, em que a curiosidade de conhecer o mundo me levou durante alguns anos a fazer a sua criação familiar (em 79-81). Por vezes, com algum desânimo meu, ocorria mortandade significativa principalmente na descendência, sem que ninguém a pudesse explicar, talvez por falta de formação zootécnica e veterinária sobre este assunto. Actualmente, a produção tornou-se industrial para poder ser rentável, embora nos 2 últimos anos o comércio de coelhos tenha conhecido alguns reveses sérios. Um bom estudo (ou consulta) para todos! João Simões As figuras decorativas dos coelhos foram obtidas em http://www.cuniculture.info/ e têm como objectivo tornar mais atractiva a leitura. 3 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 1- Introdução ao módulo de Leporídeos: generalidades (www.cuniculture.info/) ( 1) (www.jornalnordeste.com) (2 ) 4 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Noções gerais O coelho doméstico é originário do sul da Europa e norte de África. Existem numerosas raças (ver http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_rabbit_breeds) (3), incluindo os híbridos comerciais, que se classificam segundo a sua aptidão produtiva: carne, pele e pelo ou ainda com destino à investigação científica e provas laboratoriais. Esta espécie tem a caracteristica particular de proceder à digestão em duas fases (cecotrofia) possibilitando o aproveitamento de nutrientes, incluindo vitaminas hidrosolúveis sintetizadas a nível intestinal pela respectiva flora: são fezes moles de aspecto gelatinoso e recobertas por mucosidade que o coelho ingere directamente do anús pela manhã (ou 3 vezes ao dia – adultos). Os láparos iniciam esta “coprofagia” a partir do momento da sua alimentação sólida. Estas raças atingem a maturidade sexual de acordo com a corpulência (de raças gigantes a coelhos miniatura). (4) 5 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 A nível reprodutivo, os leporídeos apresentam uma prolificidade variável em função da raça, com destaque para as de aptidão cárnica. A coelha é poliestrica com ovulação induzida pela cópula: Cronologia da função reprodutiva das coelhas (5) Actualmente, é utilizada a inseminação artificial com sémen refigerado (na empresa ou a partir de centros especializados). A indução do cio surge por administração de eCG (15-25 UI) seguida (48 a 56 h) de indução da ovulação com a aplicação de GnRH (0.8 µg de acetato de buserelina). Esta conducta reprodutiva permite a produção de coelhos por banda (conjunto de animais no mesmo estádio (re)produtivo), com as várias vantagens daí decorrentes 6 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Particularidades anatómicas e fisiológicas Morfologia Figure 1 : Les différentes parties du corps du lapin (d'après Barone et al., 1973) (1) Figure 8 : Vue de l'implantation des dents chez le lapin. L'os a été dégagé pour laisser apparaître la base des dents (d'après Barone et al., 1973) Fórmula dentária : I (2/1) ; C(0/0) ; PM(3/2); M(3/3) 7 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Aparelho digestivo Figure 11: Schéma des différents éléments du tube digestif du lapin (d'après Lebas et al., 1996b) (1) Figure 13 : Évolution nycthémérale du pH cæcal chez de jeunes lapins de 5 semaines et chez des sujets adultes (18 semaines), d'après Bellier 1994. (Alimentation à volonté ingestion de cæcotrophes observée de 4 h à 12 h chez les jeunes, et de 8 h à 14 h chez les adultes) (1) 8 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Aparelho digestivo: a cecotrofia (5) Figure 17 : Schéma général de fonctionnement de la digestion chez le lapin (D'après Lebas, 1979) (1) 9 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Aparelho digestivo: a cecotrofia (5) 10 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Aparelho reprodutivo da fêmea Embora com aspecto externo similar a outros mamíferos, a coelha apresenta 2 cornos uterinos, 2 corpos do útero e 2 cérvix totalmente independentes. Figure 34.: Schéma de l'appareil génital de la femelle (d'après Lebas et al., 1996) (1) 11 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Constantes fisiológicas, hematologia e bioquímica (6,7) 12 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 13 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Parâmetros produtivos e reprodutivos dos coelhos (5,6) Estes parâmetros variam de acordo com a raça, estado fisiológico e de desenvolvimento dos animais Nº de láparos nascidos por parto 10 (1-20) Peso ao nascimento 50-90 grs Abertura dos olhos 10 dias Início de alimentação sólida 17-21 dias Lactação 35-42 dias Idade ao desmame 30-32 dias Peso ao desmame 600-1000 grs Ingestão diária de alimento (Manutenção) 150 grs Nº de ingestões diárias 25-35 Alimento ingerido por cada toma 4-5 grs % de alimento ingerido por noite 65% GMD de peso vivo em engorda 38-55 grs Necessidades em água 120 cc/Kgpeso Idade de venda 58-70 dias Peso de venda 1,9-2,5 Kg Maturidade sexual do macho 5 meses Maturidade sexual da fêmea 4 meses Duração da gestação 31-32 dias Peso do macho adulto 5-5,5 Kg Peso da fêmea adulta 4-4,5 Kg Vida produtiva 1-3 anos Longevidade 5 anos Consumo mensal por 100 coelhos em maternidade 2,5-3 toneladas índice de conversão em engorda 2,8-3 índice de conversão total 4-4,3 14 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 2- Instalações e materiais: conforto e higiene (Ecopatologia/Biossegurança) Regras básicas: 1. Temperatura: Os coelhos suportam melhor o frio do que o calor. São especialmente sensíveis a alterações bruscas de temperatura. 2. Higrometria: deve ser estável, sem excessos nem defeitos 3. Stresse ambiental, correntes de ar, etc. Tipo de instalações: 1. Ar livre (aberto e sem cobertura) 2. Ambiente natural (nave coberta com ventilação natural através de janelas; <12m largura) 3. Ambiente por depressão (ventilação assistida por extractores) 4. Ambiente por sobrepressão (ventilação por injecção de ar) 5. Outras Tipo de jaulas: 1. Modelo Flat-deck ou plano único 2. Modelo Califórnia ou planos escalonados 3. Sistema Bateria ou planos sobrepostos Ninhos: Material de fácil limpeza, persistente, isolante (T. ambiental de 28-30 ºC) e que dificulte a saída dos láparos (10-12 cm mais baixos que a jaula) Comedouros: De limpeza e desinfecção fácil, devem poder alojar comida até 2 dias Bebedouros: evitar depósito de materia orgânica (bactérias e algas) 15 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Características técnicas dos pavilhões (5) 16 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Características dos desinfectantes usados nas estruturas, material e vazios sanitários (5) 17 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 3- Maneio da exploração (semi)intensiva Inseminação (adaptado de 5) (1) O maneio em banda (pautas para a sua aplicação) 18 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Introdução dos reprodutores 1- Deve verificar-se o estado sanitário de cada animal à chegada e proceder à sua identificação (procedência, idade e número) 2- Colocar os animais recém-chegados em quarentena, ou se não possivel, o mais longe dos presentes 3- Fêmeas com idade entre as 7 e 12 semanas e machos entre 12 a 15 semanas têm uma melhor adaptação 4- Reposição de reprodutoras com 1 dia de idade: são colocados com fêmeas sãs e de elevada aptidão maternal. Possibilita a adaptação dos láparos ao microbismo da exploração, reduz o stresse de transporte e é mais económico 5- Reposição de reprodutoras gestantes de 12-14 dias: especialmente para explorações com vazios sanitários e novas explorações. São fêmeas gestantes com cerca 19 semanas de idade, que encurtam o ciclo produtivo da exploração 6- Autoreposição: consiste em guardar filhas das melhores reprodutoras da exploração. É válido sempre que a prolificidade e produção láctea das coelhas não diminua. Isto ocorre normalmente quando as fêmeas reprodutoras provenientes de centros de melhoramento genético é inferior a 30-40% 19 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Programa vacinal dos reprodutores da cunicultura Doença Tipo de vacinação Via de administração Heteróloga (fibroma de Shope) Subcutânea Homóloga Subcutânea Intradérmica Doença vírica hemorrágica Homóloga Subcutânea Intradérmica Enterotoxemia Bacterina polivalente com anatoxinas específicas Subcutânea Oral Pasteurelose bacterina Subcutânea Mixomatose Protocolo Primovacinação aos 3 meses com rapel 23 vezes ao ano Primovacinação às 4 semanas, reforço após 6 semanas e rappel cada 4-6 meses Primovacinação aos 3-4 meses e rappel anual Primovacinação aos 3 meses com reforço ao fim de 20-25 dias Rappel anual Primovacinação com reforço após 3 semanas e rappel 2-3 vezes ao ano Não vacinar fêmeas no último terço de gestação (Stresse vacinal) Principais alterações e afecções com expressão durante as diversas fases de produção: diagnósticos diferenciais (6) A nível da (in)fertilidade Erros na dosificação de produtos hormonais (eCG e GnRH) Factores de stresse Falhas na administração de água Temperaturas extremas Ritmo de iluminação inadequado Causas infecciosas Estados carenciais Animais excessivamente gordos Pseudogestação (14 dias) 20 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 A nível do parto Atraso no parto ou retenção dos fetos: indução com ocitocina Secreções uterinas purulentas (metrite): (1) situações pontuais – eliminar os animais; (2) nº significativo de fêmeas: enviar alguns animais para laboratório e aplicar o tratamento de acordo com o antibiograma Canibalismo: é uma situação comportamental patológica especial em que a mãe morde, come ou abandona os láparos recém-nascidos. Se se observar este comportamento em 2 partos consecutivos, a fêmea deve ser eliminada. As causas mais frequentes são: 1. Condições ambientais adversas 2. Deficiente estado sanitário da mãe 3. Animais muito nervorsos 4. Ninho mal acondicionado 5. Falta de produção de leite 6. Presença de roedores e aoutroa animais extranhos 7. Animais em estado carencial ou mal alimentados 8. Parasitismo interno e externo 9. Alterações do instinto maternal (principalmente primíparas) Alterações da lactação Mamites: principalmente por St. aureus; outros agentes implicados: Pasteurella, Streptococcus, Klebsiela, Pseudomonas. É uma das principais causas de mortalidade dos láparos devido à agaláxia e contaminação directa. 21 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Outras causas de mortalidade no ninho: Canibalismo e abandono da ninhada Traumatismos (esmagadelas) Deficiências de higiene do ninho Frio e humidade excessivos do ninho. Infecções: Estafilococia e diarreia colibacilar neonatal Principais causas de mortalidade na engorda No início da engorda a mortalidade deve-se principalmente a alterações digestivas e no final a alterações respiratórias Animais muito jovens ou com pouco peso no momento do desmame: Não se deve retirar a mãe antes dos 30 dias de vida, ou se os láparos apresentarem peso inferior a 600 grs. Maneio brusco na mudança do desmame Alterações na água de bebida Alterações da composição dos alimentos (desequilíbrio fibra/Proteína) (5) 22 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Causas infecciosas: síndrome digestivo, coccidiose, estafilococia, pasteurelose Surtos de mixomatose Critérios de eliminação dos reprodutores (6) Devido ao estado sanitário: Estafilococia subcutânea Otite interna (torcicolo) Sintomatologia respiratória acentuada (pneumonia grave) Mamites Metrites Abcessos Caquexia/enfraquecimento acentuado Devido a factores zootécnicos: Três gestações negativas após inseminação Menos de 24 láparos nado-vivos nos primeiros 3 partos Menos de 20 láparos desmamados nos primeiros 3 partos (falta de leite) Duas ninhadas nascidas mortas Duas ninhadas mortas antes do desmame 23 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Índices técnico-económicos (5,6) Taxa de ocupação das jaulas da maternidade Taxa de reposição anual Fertilidade (inseminação vs cobrição) Nº de inseminações coelha/ano Nº de partos coelha/ano Intervalo entre partos Prolificidade (nados-vivos/parto) Mortalidade (nados-vivos/parto) Láparos nascidos coelha/ano Mortalidade nascimento/desmame (máximo) Láparos desmamados por parto Ninhadas desmamadas coelha/ano Láparos desmamados coelha/ano Mortalidade na engorda (máximo) Animais de reposição selecionados/semana Eliminação de reprodutoras/mês Índice de conversão na engorda Índice de conversão global Mortalidade mensal das reprodutoras 120-150% 100-140% 70-90% 8-10 7-9 38-45 dias 8-11 5% 64-82 18% 7-10 6,5-8,5 50-70 10% 2-4% 6-8% 2,5-3 3,4-4,2 3-5% Estes valores variam consoante a exploração intensiva ou semi-intensiva dos coelhos, a qual depende do intervalo parto-inseminação 24 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 3- Patologias com significado em cunicultura São focadas, neste capítulo, as questões relativas à ecopatologia cunícula, incluindo os sindromes respiratório e digestivo, e as patologias individuais. Embora esta patologias possam ser classificadas de acordo com os principais sistemas afectados (respiratório, digestivo, genito-urinário, tegumento) ou com a origem (vírica, bacteriana, parasitária, fúngica), julgamos de maior interesse estruturá-las individualmente para focar o estudo na importância de cada uma e não na sua eventual classificação. 3.1- A ecopatologia Com a intensificação reprodutiva e produtiva dos animais, muitas doenças adquirem uma definição de sindrome, uma vez que existem um conjunto de causas e manisfestações intimamente relacionadas com o meio onde são explorados. As patologias individuais, bem definidas, embora importantes, são deixadas para 2º plano adquirindo os factores de riscoagressão (ambientais, maneio, alimentares, etc.) um papel fundamental. Muitos destes factores e o seu controlo já se encontram anteriormente descritos. Torna-se importante avaliar as múltiplas causas assim como diagnosticar as suas manisfestações. 3.2- Síndrome Respiratório – Pasteurelose Podemos identificar este sindrome, primáriamente por rinite (coriza contagioso), pneumonia ou um complexo rino-pneumonia onde está presente o género Pasteurela, embora não exlusivamente. Nele podemos incluir um conjunto de manisfestações clínicas em diversos orgãos. 25 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Etiologia Factores predisponentes: 1. Variações bruscas de temperatura 2. Alterações de ventilização e deficiências em renovação do ar 3. Humidade relativa do ar < 50% 4. Teores elevados em amoníaco 5. Elevada densidade de animais 6. Ambientes contaminados (poeiras) 7. Alimento poeirento 8. Falta de higiene e deficiente remoção do pêlo 9. Doenças concomitantes (Mixomatose) e parasitismo 10. Outros factores de stress (< índices de conversão) Agentes envolvidos: Pasteurella multocida Bordetella bronquiseptica Pasteurella haemolítica Stafilococcus aureus Haemophilus influenzae Pseudomonas Klebsielas Micoplasmas Sintomatologia A pasteurelose origina uma rinite ou um complexo de rino-pneumonia com formas clínicas hiperagudas (período de incubação de 24 a 72 h e decúbito lateral 10 a 20 h após os primeiros sintomas de estado febril, seguido de morte), agudas (período de incubação de 4 a 6 h) e crónicas. 26 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 (5) Na pasteurelose aguda, surge hipertermia (41,5 ºC a 42,5 ºC), sintomas respiratórios com hepatização pulmonar e disseminação de focos purulentos. Na forma crónica, a doença pode evoluir para uma forma catarral maligna (purulenta), de progronóstico mortal ou para uma forma abcedativa com o surgimento de fleimões subcutâneos que rupturam. Diagnóstico A sintomatologia orienta para o problema respiratório A necrópsia revela o grau de afecção dos animais (Lobos apicais e cardíacos hepatizados) O isolamento bacteriano e antibiograma determinam a natureza dos agentes envolvidos e a sua sensibilidade aos antibacterianos 27 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Tratamento Avaliar a situação e eventuais refugos. Administração de antibacterianos na ração, água de bebida ou mesmo injectável: tetraciclinas, sulfamidas potenciadas, penicilina e estreptomicina, macrólidos, florfenicol, tiamulina, amoxicilina com ácido clavulâmico e cefalosporinas. Profilaxia Sanitária: Ventilação adequada Vazios sanitários Eliminação dos animais doentes (muitos são portadores) Locais e utensílios bem desinfectados Médica Vacinas ou autovacinas, embora a eficácia não seja elevada devido à variabilidade antigénica presente. 3. 3- Síndrome Digestivo É uma das afecções que maiores perdas económicas provoca. Está intimamente ligada a factores desecadeantes de origem ambientais, maneio, alimentar e ligados à propria capacidade rústica dos animais. Também aqui uma variadade de agentes pode estar relacionada, com destaque para alguns serótipos da E. coli e coccídeas. Etiofisiopatologia Factores predisponentes Desequilíbrios dietéticos Alterações quimicas e microbiológicas da água Situações de stresse e variações ambientais Doenças intercorrentes (estafilococia, complexo respiratório) 28 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Causas imunosupressoras (Mixomatose, Parasitoses) Antibioterapia incorrecta Factores de agressão e desequilíbrio digestivo (5) 29 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Agentes infecciosos envolvidos Bactérias E. coli – diferentes estripes (enteropatogénicas) com elevado poder paroténico dependendo da idade dos animais afectados (7) 30 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 C. perfingens (Tipo A) C. spiriforme (tiflite hemorrágica, com elevada mortalidade) Pseudomonas Salmonella (raro, pode ocassionar abortos nas reprodutoras) Vírus Rotavírus (diarreia amarela em láparos de 7 a 21 dias, com elevada mortandade) Coronavírus, adenovírus e parvovírus Parasitas Coccideas Cryptosporidium (diarreia amarela, com elevada mortalidade) Ténias, Passalurus, Cisticercos Fungos (Sacharomyces) Manifestações e sintomatologia Neste sindrome podem ocorrer manifestações: o em forma de diarreia: Enterite catarral, Disenteria, tifo-colite hiperaguda o em forma de constipação: Parésia cecal, enterite mucóide, enterotoxemia A colibacilose é o processo mais frequente e depende dos serótipos presentes O serótipo O-109 afecta láparos de 3-5 dias. Na necrópsia apresentam o estomago repleto de leite coagulado e intestino com conteudo líquido e amarelo sem que se observem lesões inflamatórias significativas Colibacilose pós-desmame (láparos de 5 a 7 semanas de vida): diarreia profusa e líquida alternada com fezes recobertas de muco, por vezes sanguinolentas, com ou sem timpanismo abdominal. Mortalidade de 30%. 31 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Diagnóstico É fundamental, perante a sintomatologia digestiva, o envio para laboratório de animais afectados sem qualquer tratamento para identificação de agentes envolvidos. No caso da E. coli é necessário determinar o biótipo e o serótipo. Tratamento Deve ter em consideração os factores de risco e o seu controlo. No uso de antibioterapia, são geralmente usados neomicina, tetraciclinas, quinolonas, sulfamidas potenciadas, apramicina entre outras. O tratamento pode ser demorado e revisto cada 2-3 meses. Profilaxia Evitar os factores predisponentes. 3.4- Enterotoxemias Etiopatologia Provocada pela multiplicação de Cl. perfingens que liberta exotoxinas, atinge principalmente reprodutoras (período de gestação e pós-parto) e secundáriamente láparos de engorda. Com a industrialização da produção (controlo dos factores ambientais, alimentares, etc.), a sua incidência diminui. Factores predisponentes o o o o Dietas ricas em hidratos de carbono e proteina, e situações de alcalose intestinal. Carências de água Situações de stresse e alterações ambientais bruscas, Doenças debilitantes 32 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Mecanismos etiopatológicos da enterotoxemia (Renault, 1980) (5) Manifestações clínicas Existem duas formas: Timpanismo abdominal por paralisia intestinal com acumulação de gases (hipotermia, anorexia, morte rápida). Se sobrevive aparece uma diarreia fétida amarela Diarreia com excrementos líquidos e fétidos Diagnóstico A sintomatologia associada à rápida decomposição cadavérica, com distenção das paredes intestinais (hemorragias e focos ulcerativos) é indicativo da afecção. O figado aparece amarelo e friável por vezes com focos necróticos e rins friáveis de cor acinzentada. Gânglios mesentéricos hipertrofiados. Atraso na coagulaçõa do sangue, surgindo duas camadas. Tratamento Dieta menos proteica e mais rica em fibra. Acidificação da água com ácido acético (0,5 cc/L) ou vinagre (2 cc/L) Antibioterapia: Neomicina e oxitetraciclina 33 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Profilaxia Controlar os factores de risco 3.5- Estafilococia Etiologia Agente: St. aureus Factores predisponentes: Ventilação desajustada e excesso de amoníaco, humidade relativa do ar elevada, locais húmidos Utilização de desinfectantes irritantes, má preparação dos ninhos, stress de diversas origens (ruido, animais extranhos) Deficiencias em vitaminas (Vit. A, complexo B) e oligoelementos(Zinco, Cobre, Manganésio, Cobalto) Lesões traumáticas da pele e membros, assim como soluções de continuidade provocadas por sarna, tinha, necrobacilose plantar, etc. Introdução de animais afectados e eliminação deficiente de positivos não curáveis. O contágio é directo Sintomas Forma cutânea: Grãos de pús que evoluem para furúnculos, com localização no abdómen, membros, pescoço e dorso de láparos lactantes, com elevada mortalidade. Abcessos de dimensão variável com localização similar, no caso dos adultos Forma septicémica (diseminação de um foco) Associa-se com frequência ao género Pasteurella (a pasteurelose!!): Inflamação da conjuntiva ocular e pálpebras Otite média e interna (torcicolo) Mastites purulentas (característico) Metrites purulentas 34 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Abcessos em orgãos intenos (pulmão, pleura, rim, fígado) Abortos Enterites necróticas Diagnóstico: Sintomatologia e microbiologia com antibiograma Tratamento Sanitário Rigorosa eliminação das reprodutoras afectadas com abcessos, metrite, mamite, mal de patas e sintomatologia respiratória, assim como dos láparos em amentação. Suspender a técnica de adopção e manter os ninhos limpos e secos Médico Aplicação de antibióticos na ração ou por via injectável consoante a gravidade Penicilina-estreptomicina (inject.), Espiramicina, Sulfamidas potenciadas Profilaxia Aplicação de pós desinfectantes, secantes e modificadoes de pH nos ninhos Eliminação de animais e ninhadas afectadas Especial antenção de reprodutoras introduzidas na exploração durante o primeiro parto. Eventualmente, usar vacina polivalente (ou autovacina) (Pasteurella, Estafilococcus) nos reprodutores de reposição com primovacinação aos 2,5 meses e reforço após 2 semanas. 3.6- Necrobacilose plantar- “ Mal de Patas” Etiologia Provocada por Fusobacterium necrophorum, St. aureus, Corynobacterium e outros gérmens Gram+ 35 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Factores predisponentes: Jaulas de malha inadequada Peso dos animais (raças grandes, machos, fêmeas gestantes) Ambiente húmidos com excesso de amoníaco O contágio não é directo (são necessários factores de agressão), salvo na presença de agentes altamente contagiosos (F. necrophorum) Sintomas Dificuldades de apoio dos membro e emagrecimento. A mãe deixa de amamentar os láparos. Diagnóstico Sintomatologia. Presença de zona ulceradas e hemorrágicas, e crostas na zona plantar e palmar do pé. Tratamento Eliminação de animais muito afectados Aplicação de iodo ou sprays de oxitetraciclina e violeta de genciana Modificação do chão da jaula. Antibioterapia parentérica em caso de vários membros afectados Profilaxia Evitar os factores predisponentes 3.7- Coccidiose Etiologia A cocidiose é provocada por protozoários do género Eimeria que parasitam o intestino ou o fígado no caso da E. stidae, que pode ou não ter uma forma instestinal. 36 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 (7) Factores predisponentes (elevado grau de infestação) Deficiente situações higio-sanitárias Situações de Stress, principalmente no pós-desmame Ciclo do parasita e Patogenia O contágio ocorre por ingestão de ooquistos que se tornam infestantes a temperaturas de 25-30 graus, com ambiente húmido e bem oxigenado. Em situações adversas, podem perdurar na jaula até um ano. Após divisões sucessivas, transformam-se em esporozoítos os quais colonizam os enterócitos ou alcançam o figado através dos canais biliares (E. stidae). Dentro das células, sofrem divisões com aumento de tamanho, destroem os enterócitos e completam o ciclo (15-18 dias) com nova formação de ooquistos. 37 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 http://en.wikipedia.org (3) O contágio é feco-oral e as mães portadores infestam os láparos. Sintomas Coccidiose hepática- emagrecimento progressivo e hepatomegália (aumento do volume abdominal) e enventual morte por infecções secundárias Coccidiose intestinal- na forma aguda, afecta láparos de 4-5 semanas de idade com diarreia, abdómen dilatado por acumulação degás e líquidos intestinais e emagrecimento que conduz à morte rápida de um elevado número de animais Diagnóstico Coccidiose hepática- Figado hipertrofiado com presença característica de nódulos preominentes esbranquiçados ou ligeiramente amarelados de pequeno tamanho. Coccidiose intestinal- Observação de áreas hemmorágicas, por vezes com engrossamento das paredes do intestino delgado e ceco. O diagnóstico definitivo é efectuado pelo exame coprológico com avaliação dos ooquistos. 38 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Tratamento Incorporação de coccidiostáticos na ração para controlo de surtos. Em casos de surtos poderam usar-se sulfamidas ou outros coccidiocidas. Profilaxia Limpeza e desinfecção das estruturas Aplicação de superfosfato de cal para impedir a maturação dos ooquistos 3.8- Sarna Etiologia Psorope cuniculi (sarna psoróptica) Sarcoptes scabiei (sarna sarcóptica) Notoedres cuniculi (sarna notoédrica) Factores predisponentes o Instalações húmidas, com deficiente renovação de ar e escassa iluminação o Densidade animal elevada o Presença de roedores ou entrada de animais estranhos Sintomas Prurido, alopécias e crostas Sarna psoróptica: Localizada no pavilhão auricular de adultos e jovens (morte!). Alopécias e crostas. Os animais encontram-se agitados tentando arrancar as crostas com os membros Sarna sarcóptica: Zonas de alopécias na cabeça e membros, progredindo para todo o corpo Sarna notoédrica: Localiza-se na cabeça iniciando-se nos lábios, focinho, face e orelhas Diagnóstico Sintomatologia e exame microscópico com raspagem das zonas afectadas 39 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Tratamento o Local, com acaricidas externos ou ivermectinas o Limpeza de instalações e jaulas com acaricidas Profilaxia Evitar os factores predisponentes Pulverização semanal com insecticida não tóxicos para os coelhos Aplicar cal viva ou superfosfato de cal nas fossas. 3.9- Tinha Etiologia e transmissão Provocada por fungos do género Tricophyton (T. mentagrophites) e Microsporum (M. canis) Factores predisponentes: Ambientes húmidos e temperaturas entre 15-35ºC Elevada densidade de animais Presença de animais estranhos Entrada de animais portadores ou doentes Presença de ectoparasitas Uso abusivo de antibióticos O contágio desta zoonose faz-se através de utensílios e da mãe para a ninhada Sintomas Láparos de engorda: zonas de alopécias circulares na cara,orelhas, membros e lombo Reprodutoras: actuam como portadoras. As lesões podem observar-se em láparos antes do desmame. As lesões são menos evidentes do que nos Láparos de engorda e localizam-se nas orelhas, nuca e muito especialmente na zona da glandula mamária. Ocorre atraso no crescimento, com aumentos dos índices de conversão e descida da produtividade global da exploração. 40 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Diagnóstico Sintomatologia e exame microscópico para diagóstico diferencial com sarna sarcóptica. Tratamento Em fase inicial, sem a ocorrência de perdas produtivas é suficiente aplicar as medidas profilácticas e aplicar por via tópica, duas vezes por semana, fungicidas (iodo, derivados aldeídos, enilconazol). Deve ser acompanhado de refugo de portadores e pulverizar jaulas e ninhos com enxofre. Em fases avançadas, incorporar griseofluvina na ração entre 20 a 40 dias. Não ocorre erradicação da doença, pelo que se deve continuar a usar as soluções tópicas. (8) 41 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Profilaxia Quarentena de novos reprodutores Eliminar continuamente o pêlo (contem esporos) dos animais. Queimar com maçarico. Desinfecções com agentes antifúngicos Evitar valores de humidade relativa do ar > 70% Evitar presença de ratos, cães e gatos nas explorações Tratar a doença no momento da sua detecção 3.10- Enterocolite epizoótica do coelho Anteriormente denominada de enterite mucóide, de origem desconhecida embora com aparente causa multifactorial: Alimentos com alto valor proteíco e energético Variações significativas de ingestão Alterações bruscas de temperatura Afecta reprodutores e láparos a partir dos 17 dias de idade Sintomas Parésia parcial ou total do transito digestivo. Anorexia, timpanismo abdominal, odontoprise (dor), eliminando por vezes muco translúcido pelo anûs. A morte acorre aos 4-5 dias com uma taxa de 80% Necrópsia Abdomén aumentado de tamanho, presença de muco transparente no colon proximal. Ceco repleto de conteúdo duro e seco O tratamento é dificil embora se possa utilizar neomicina, enrofloxacina, tiamulina ou apramicina 3.11- Doença de Tizzer (1965) Etiologia Bacilus piliforme afectando reprodutoras e láparos de 3 a 10 semanas 42 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 Factores predisponentes: Desmames precoces Alterações bruscas de temperatura Desequilíbrios dietéticos Contágio por via oral através de fezes que contaminam material, alimentos e água Sintomatologia Forma aguda: diarreia e desidratação grave com morte (70% dos casos) em 48-72 horas. Forma crónica: afecta principalmente adultos com perda de peso e diarreia moderada. Na necrópsia observam-se lesões necróticas no fígado, paredes intestinais e coração. Diagnóstico: sintomatologia com confirmação microbiológica Tratamento: respondem bem a tetraciclinas Profilaxia: higiene e evitar factores de risco 3.12- Os casos especiais da Mixomatose e da Doença Vírica Hemorágica Mixomatose Provocada por poxvirus denominado vírus de Sanarelli Transmite-se por picada de mosquitos e tábanos; contacto directo, alimentos contaminados, iatrogénica e manuseamento incorrecto (pegar em animais são após os afectados) Existe uma forma nodular cutânea clássica: período de incubação de 6 a 10 dias, com aparecimento de um mixoma no ponto de inoculação, seguida de edema (cabeça inchada), blefaroconjuntivite bilateral serosa a mucopurulenta. O animal deixa de ver e não come. Estas lesões estendem-se ao ânus e orgãos genitais. A morte surge entre os 5-7 dias por asfixia ou inanição. A forma respiratória tem um período de incubação de 7 a 21 dias. Evolui de forma subaguda ou crónica em explorações de elevada densidade animal. Predominam sintomas 43 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 respiratórios com epífora, sem surgirem lesões cutâneas significativas. Taxas de aborto, mortalidade perinatal e infertilidade anormalmente elevadas podem contituir índicios da doença. Diagnóstico: sintomatologia e laboratorial Tratamento: não existe Profilaxia Sanitária: vírus resistente permanescendo em forma desecada durante 220 dias, e 7 dias nos cadáveres em putrefacção. Inactiva-se no calor húmido a 55ºC durante 1 minuto ou por calor (seco) a 37ºC. É muito resistente a desinfectantes químicos inacivando-se com cloro, fenóis a doses muito altas e formol a 2%. Vacinação: vacinar os láparos entre os 28 a 31 dias de idade, com rappel cada 4 meses (vacinas homólogas) ou memo cada 2 meses (vacinas heterólogas). Ter em consideração que pode ocorrer casos de hipersensibilidade à vacina com eclosão pós-vacinal da doença 10 a 20 dias Doença Vírica Hemorágica Calicivírus que se transmite que se transmite por via respiratória, digestiva e por feridas. Depois de um período de incubação de 2-3 dias, apresenta uma forma aguda que afecta principalmente láparos a partir dos 45 dias de idade com mortalidade de 80% ou mesmo 100%. A morte ocorre em poucas horas. Em alguns dos animais observa-se abatimento, dispneia intensa, incoordenação motora, convulsões. Pode surgir sangue com coagulação incompleta nas fossas nasais dos cadáveres. Vacinar os reprodutores a partir das 8 semanas de idade, com revacinações anuais. 3.13- Outras doenças com menor impacto em cunicultura industrial A Sífilis do coelho é causada pela bactéria Treponema cuniculi, sendo pouco frequente em cunicultura industrial (troca de machos entre explorações). O contágio ocorre por via venéria e em jaulas infectadas. Os genitais inflamados segregam um líquido viscoso que pode passar a purulento. Surgem lesões ulcerativas e crostas paraqueratósicas dificultando a cobrição. Os treponemas são visualizados em microscópio de fundo escuro. O tratamento consiste na administração de macrólidos ou penicilina. 44 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 A Listeriose (Listeria monocitogenes) provoca quadro febril com presença de abortos. São observados focos inflamatórios no fígado, genitais, SNC, entre outos locais. A Parésia Puerperal (hipocalcémia) manifesta-se geralmente entre os 2-3 dias após o parto, em animais debilitados e muitas vezes associado a problemas de cetose (toxemia de gestação). A cetose está relacionada com dietas excessivamente proteícas e com elevado conteudo em glicidos com baixos níveis de fibra e animais obesos ou com doenças debilitantes. Aparece em animais (pseudo)gestantes e secundáriamente em lactante. Na forma hiperaguda (morte rápida) obsrva-se um animal magro e desgenerescência hepática e por vezes renal. Na forma aguda, podem ocorrer abortos ou abandono da ninhada. Além das alterações dietéticas pode-se adminitrar metionina glicosada por vis SC entre o 25-26 dias de gestação. A mal oclusão dos incicivos e molares e o prognatismo mandibular são afecções hereditárias. Giardia duodenalis (parasita o duodeno, jejuno e ceco); Tricomastix cuniculi (ceco); Chilomastix cuniculi (ceco) e Entamoeba cuniculi. Destacar, ainda, o aspecto zoonótico de algumas doenças: Tularémia, Pasteurelose, Pseudotuberculose (Yersinia pseudotuberculosis), Listeriose, Salmonelose, Tinhas, Toxoplasmose e ainda as sarnas. 3.14- Controlo das principais parasitoses É efectuado com piperazina/levamisol/ivermectina cada 4-6 meses. Estes fármacos são eficazes contra nemátodos: Parasulus ambiguus (oxiuro do ceco e intestino grosso); Graphidium strigosum, Trichostrongylus retartaeformis e Obeliscoides cuniculi (Estrongiloses gástrica e duedonal); Nematodirus leporis, Longistriata noviberiae e Trichostrongylus calcaratus (Estrongilose do intestino delgado). Existem ainda alguns tremátodos- Hasstilesia tricolor e Hasstilesia texensis - que parasitam o duodeno e jejuno e céstodos – Cittotaenia variabilis e Railletina salmoni – que parasitam o intestino degado. 45 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 4- Doses de fármacos usados em leporídeos (The Veterinary Formulary) (http://books.google.com/) (9) O uso de cloranfenicol está proibido em espécies destinadas a alimentação humana (substituido por florfenicol) 46 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 47 Medicina da Produção: Módulo Leporídeos 2008 5- Referências bibliogáficas 1- www.cuniculture.info/ 2- www.jornalnordeste.com 3- http://en.wikipedia.org/ 4- Pinto de Araújo, J., 2007. Cunicultura. Escola Superior Agrária. IPVC. www.ci.esapl.pt/pedropi/PDFs%20de%20Zootecnia/COELHOS_1_2007.pdf (acesso em Setembro 2008) 5- Pereira, A, 1994. Cunicultura. Provimi. 6- Vega Fernández, D., 2000. Manual de producción de conejos. 3ª ed. Cogal. 7- Okerman, L., 1994. Disease of Domestic Rabbits. Blackwell Scientific Publications, London 8- Boucher, S., Nouaille L., 2001. Les teignes des lapins et leurs traitement en France : une synthèse. World Rabbit Science, 9 : 39-45. 9- Bishop, Y, 2005. The Veterinary Formulary. British Veterinary Association. Pharmaceutical Press. Parcialmente disponível em http://books.google.com 48
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