processos erosivos superficiais e subterrâneos em arenitos
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processos erosivos superficiais e subterrâneos em arenitos
PROCESSOS EROSIVOS SUPERFICIAIS E SUBTERRÂNEOS EM ARENITOS DA FORMAÇÃO FURNAS NA REGIÃO DOS CAMPOS GERAIS DO PARANÁ Henrique Simão Pontes (BALCÃO/CNPq-UEPG) Mário Sérgio de Melo (Orientador, e-mail: [email protected]), Universidade Estadual de Ponta Grossa/Setor de Ciências Exatas e da Terra Palavras-chave: Formação Furnas, erosão superficial, erosão subterrânea. Resumo O trabalho a seguir buscou interpretar os processos erosivos em arenitos da Formação Furnas através do estudo das feições superficiais e subterrâneas do relevo e faciologia da unidade geológica. Levantamentos de campo e análises laboratoriais (petrografia sedimentar, microscopia eletrônica de varredura e espectrometria de energia dispersiva) evidenciaram dissolução e reprecipitação dos minerais constituintes da rocha, com significativas relações entre processos erosivos e formação de feições dos arenitos. Introdução A Formação Furnas (Siluriano/Devoniano) é uma unidade geológica da Bacia Sedimentar do Paraná que apresenta formas erosivas singulares. Estruturas rúpteis relacionadas ao Arco de Ponta Grossa influenciam na percolação de água e dissolução do quartzo e do cimento caulinítico e conseqüente arenização das rochas, podendo-se considerar que a Formação Furnas apresenta características de relevo cárstico. As formas de erosão subterrânea e superficial nesta unidade geológica são características singulares, tendo destaque entre as rochas da região. Materiais e Métodos Foram realizados trabalhos de campo para levantamento de dados como observação de feições de relevo singulares, caracterização da faciologia, coleta de amostras e produção de seções colunares para correlações estratigráficas. As amostras coletadas estão sendo submetidas a análises laboratoriais (petrografia sedimentar, granulometria, MEV - microscopia eletrônica de varredura, EED - espectrometria de energia dispersiva e DRX difratometria de raio X). As seções colunares (Figura 1) foram realizadas em cortes de rodovias, observando-se o método de empilhamento dos dados (MENDES 1984). Estas seções foram comparadas com seções de referência da bibliografia, visando estabelecer possíveis correlações. Como apresenta a Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 figura 1, as direções das paleocorrentes foram indicadas a partir de estratificações cruzadas, onde a cada 20 metros da seção obtiveram-se quatro medidas. As feições de erosão subterrânea estão sendo observadas em cavernas nos arenitos da Formação Furnas. Estes locais, bastante singulares, permitem uma análise pelo interior do corpo rochoso, possibilitando a observação dos processos e feições ali existentes. Os processos de erosão superficial são notados nas formas de relevo e feições associadas, destacando-se o relevo ruiniforme, alvéolos, caneluras, pilares e torres, promovidos pela erosão diferencial, além de incrustações ao longo de fraturas e estruturas sedimentares. Figura 1 – Seção colunar realizada na Escarpa Devoniana na Estrada do Cerne, PR 090 (Piraí do Sul - Ventania). Resultados e Discussão As feições de erosão subterrânea foram observadas em cavernas ocorrentes nos arenitos da Formação Furnas. Estes locais possibilitam a observação dos processos e feições diversas, como até mesmo a ocorrência de pequenos espeleotemas, constituídos de sílica, caulinita e ilita. Em afloramentos também é possível observar a formação de tais espeleotemas em alguns planos de estratificação do arenito. O relevo Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 ruiniforme da Formação Furnas é uma feição de erosão superficial, onde foram encontrados pilares e estruturas anelares formadas por incrustações no arenito. Estas crostas são resistentes à erosão e em outras partes da rocha onde ela está ausente, o desgaste da rocha é mais rápido. Como atesta Jennings (apud Melo; Giannini, 2007, p. 2156), “tais feições erosivas ocorrem através do processo de remoção do cimento caulinítico (dissolução da caulinita), desencadeando a arenização do arenito”. As análises de EED – espectrometria de energia dispersiva - indicam que os pequenos espeleotemas são constituídos predominantemente de sílica, caulinita e ilita, mostrando que a dissolução e reprecipitação dos minerais do arenito são significativas, principalmente por terem sido registradas, através do MEV, imagens de grãos de quartzo corroídos. Os espeleotemas mais encontrados em arenitos da Formação Furnas são conhecidos como couve-flor (denominação derivada da semelhança morfológica com o vegetal). Na literatura são também utilizados os termos coral de sílica ou pipoca de sílica (coralloids ou corallike), sendo que para Spoladore & Cottas (2007, 291) estes dois termos referem-se ao mesmo ornamento, só que em diferentes estágios de desenvolvimento. A ação de microorganismos tem grande influência na formação de feições de erosão, pois gera a esfoliação do arenito, permitindo a criação de reentrâncias e facilitando a ação de outros processos erosivos. A presença de cupins e plantas rupícolas também colabora na erosão. As análises de EED mostraram a ausência de ferro nas incrustações em amostras coletadas em borda de alvéolos, em fraturas e nos anelões, destacando a presença de alumínio, sendo que nas amostras de alvéolos próximos de cupinzeiros, a composição mineralógica mostrou-se diversificada possuindo forte influência de compostos orgânicos. Foram realizadas cinco seções colunares em locais distintos. Foi possível distinguir claramente as subdivisões da Formação Furnas propostas por Assine (1996), em unidade inferior, unidade média e unidade superior. Conclusões As estruturas do corpo rochoso como falhas, fendas, fraturas influenciam nos processos de erosão superficiais e subterrâneos nos arenitos da Formação Furnas, auxiliando a ação da água, promovendo a dissolução, arenização do arenito e reprecipitação mineral. Estas estruturas junto aos planos de estratificação do arenito propiciam a formação de lapas, cavidades subterrâneas, paredes e superfícies erodidas. Estes locais apresentam feições singulares, como os alvéolos, espeleotemas e relevo ruiniforme. A presença de microorganismos propicia a esfoliação dos arenitos, desagregando a rocha e formando alvéolos. Por se tratar de um aqüífero fraturado e com feições de dissolução (aqüífero cárstico) intensamente explorado para produção de água e pela crescente urbanização sobre a Formação Furnas é necessário levar em consideração as características físicas desta unidade geológica, visando melhor planejamento e Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009 conservação dos recursos hídricos subterrâneos existentes na região dos Campos Gerais do Paraná. Agradecimentos Agradeço aos meus familiares, minha namorada, aos amigos e meu orientador, pelo apoio e dedicação. Referências ASSINE, Mário L. Aspectos da estratigrafia das seqüências pré-carboníferas da Bacia do Paraná no Brasil. Tese de doutorado. Programa de PósGraduação em Geologia Sedimentar, São Paulo, 1996. LOBATO, G. ; BORGHI, L. . Análise estratigráfica da Formação Furnas (Devoniano Inferior) em afloramentos da borda Leste da bacia do Paraná. In: 3o Congresso de P&D em Petróleo e Gás, 2005, Salvador. 3o Congresso de P&D em Petróleo e Gás. Rio de Janeiro : PRH-ANP. v. 1. p. 1-4. MELO, Mário S.; GIANNINI, Paulo C.F. Sandstone dissolution landforms in the Furnas Formation, Southern Brazil. Earth Surface Processes and Landforms, v. 32, p. 2149-2164, 2007. MENDES, J.C. 1984. Elementos de estratigrafia. São Paulo, T.A. Queiroz/EDUSP, 566p. SPOLADORE, Angelo; COTTAS, Luiz R. Ornamentos de cavernas areníticas. Anais do XXIX Congresso Brasileiro de Espeleologia. Ouro Preto – MG. Sociedade Brasileira de Espeleologia, 2007. Anais do XVIII EAIC – 30 de setembro a 2 de outubro de 2009