paulo em petrolina - Diocese de Petrolina
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PAULO EM PETROLINA POR PE. FRANCISCO JOSÉ PETROLINA – 2010 D. PAULO CARDOSO DA SILVA (foto: Rafael benevides, 2009) MAPA DA DIOCESE DE PETROLINA AONDE D. PAULO É BISPO A COMUNIDADE CATÓLICA DE PETROLINA (DIOCESE) OCUPA A MAIOR PARTE DO ALTO SERTÃO DE PERNAMBUCO PAULO EM PETROLINA Por Pe. Francisco José P. Cavalcante A celebração do jubileu de posse de D. Paulo Cardoso como bispo da diocese de Petrolina, levou algumas pessoas a solicitar uma biografia do bispo. Os pedidos foram feitos cerca de três dias antes do dia primeiro de maio, quando se celebra o aniversário de posse no governo diocesano. Aceitamos o pedido por saber que tínhamos um esboço biográfico do bispo capaz de satisfazer as necessidades de informação sobre a vida do bispo. A resposta ao pedido é este texto, ainda provisório, que o leitor tem em mãos. Obviamente, sendo um texto provisório, o que o leitor tem em mãos deverá futuramente sofrer aprofundamento. Isto se faz necessário, pois a vida e a ação de D. Paulo ultrapassam a síntese que conseguimos produzir. Paulo Cardoso da Silva é pernambucano de Caruaru nascido a 19 de outubro de 1934. Foi seu pai Antônio Cardoso da Silva e mãe, Antônia Maria de Melo. Um dos seus irmãos é o bispo emérito de Olinda e Recife, D. José Cardoso da Silva. Foi batizado em 30 de outubro de 1934. Animado pelo convite de um frade Carmelita que visitou a casa de seus pais, entrou na Ordem do Carmelo juntamente com o irmão. Na Congregação emitiu profissão simples aos 13 de fevereiro de 1955 e solene em 22 de fevereiro de 1958. Aos 11 de dezembro de 1960 foi ordenado sacerdote. De 1981 a 1984 administrou a Ordem no cargo de Provincial. Os estudos superiores incluem Filosofia, Teologia, Sociologia, Mestrado em Ciências Sociais (Universidade Gregoriana de Roma). Em Camocim de S. Félix, da diocese de Caruaru, desenvolveu trabalhos, sobretudo na área da educação. Lá fundou o Colégio Monte Carmelo (01.10.1963), exerceu o cargo de Prior do Convento do Carmo entre 1963 e 1985 e de Vigário de Camocim de 1972 a 1979; fundou, em 1971, uma escola de alfabetização de adultos que funcionava na Casa Paroquial e em outros 51 núcleos; lecionou na FAFICA e no ITER. A formação em sociologia e a especialização em cooperativismo, feita em Israel, ligou-o à fundação da Cooperativa Agropecuária de Camocim de S. Félix (28.08.1965); à COCANE (Cooperativa Central Agrícola do Nordeste), da qual é co-fundador e foi secretário. Presidiu e foi conselheiro da COOPECA. Foi nomeado bispo de Petrolina em 19 de março de 1985, dia de S. José, escolhendo como lema “Evangelizare pauperibus” (Evangelizar os pobres). A sagração foi ministrada por D. Augusto de Carvalho, em Caruaru, Pernambuco. Foi empossado no governo da Diocese de Petrolina em solenidade realizada em primeiro de maio de 1985 quando lhe passou o poder o Bispo Emérito da Diocese e, então, Administrador Apostólico D. Gerardo Andrade Ponte. A missa de posse contou com a presença de representantes da comunidade diocesana e do clero; de bispos do regional Nordeste II, de Juazeiro da Bahia, de amigos, parentes, confrades e outros fiéis. Ao longo dos vinte cinco anos de episcopado a ação pastoral de D. Paulo sublinhou, sem descuidar de outras, duas dimensões essenciais da vida da Igreja, aliás, muito atuais: a missionária e a vocacional. Isto está presente numa constante conscientização sobre a importância da dimensão missionária da evangelização cristã e na necessidade que a Igreja tem de muitos padres e religiosos. O cuidado em evangelizar e tornar mais missionária a igreja diocesana, levou o bispo a dar presença na vida dos diocesanos através de um grande número de visitas missionárias feitas às áreas rural e urbana da diocese. Um momento simbólico de sua dedicação missionária foi a realização de duas missões em companhia do Frei Damião de Bozzano. Com o mesmo cuidado incentivou a realização de vários tipos de eventos missionários como o Fest Missio, romarias e dois congressos missionários (COMIPES I e II) e o movimento chamado de Missões Populares. Este foi vivenciado durante quatro anos, quando fieis das paróquias se encontraram em momentos de retiro, também preparando e realizando visitas missionárias. Todas as paróquias foram incentivadas a fazê-lo, embora nem todas tenham conseguido cumprir o cronograma planejado no início das ações. Na mesma linha de preocupação incentivou a formação de grupos missionários tais como a Infância Missionária, Conselhos Missionários, Capelinhas de Santa Terezinha. O gosto pela missão e pela romaria levou o bispo a abraçar a secular devoção à Venerada Santa Cruz, em Santa Cruz (PE), que foi transformada e potencializada de diversas formas. Visando intensificar as atenções em torno da devoção transformou a igreja construída pelo Pe. Luiz Gonzaga Kehle em Santuário e dotou-o de um Padre Reitor. O templo sofreu reformas e ampliações em dois sentidos. Por um lado ganhando um novo cômodo, agregado ao presbitério, onde foi construída a “Escada Santa”. Esta, que na verdade são duas escadas, possibilita o romeiro visitar a Venerada Cruz subindo a pé ou de joelhos. No topo da escada e à vista de quem está na nave principal do templo, foi colocada a bi-secular cruz, plantada na região por missionários. A Cruz foi enviada a um artista de São Paulo que retirou o pano que a revestia e deu-lhe uma roupagem mais sofisticada em metal e chapa de madeira nobre. Para garantir a acolhida dos romeiros foi criada uma infra-estrutura. O edifício que já funcionava como Casa Paroquial, construído durante o vicariato do Mons. Gonçalo P. Lima, foi adaptado para também receber as equipes básicas de missionários (padres, religiosos, seminaristas) que o acompanham e dão suporte durante as romarias. Na parte dos fundos da Casa Paroquial foi construído um grandioso centro de acolhimento ao romeiro, com quartos, banheiros, salas e cozinha. Esta obra foi construída com recursos da comunidade, mas, sobretudo com ajuda da Paróquia do Bom Conselho da cidade de Duisburg, na Diocese de Essen, Alemanha. O nome do complexo arquitetônico recebeu o nome de Casa de Romeiros Mãe do Bom Conselho homenageando os principais doadores. A Casa fundada em 1998, permite a hospedagem de um grandioso número de romeiros e, até que surja uma estrutura hoteleira na cidade, é, juntamente com as famílias do lugar, o principal espaço de acolhida. Outro espaço valorizado foi a parte da serra, chamada antigamente de Serra dos Sítios Novos, onde foi construída, após os anos 40, uma capelinha a N. Sra. do Monte Serrat. Há anos, a capela recebia a visita dos romeiros e nos últimos anos o bispo valorizou-a construindo ao lado uma estátua de Frei. A parte da serra onde está a capela passou a se chamar morro do Frei Damião. Já está encomendada uma estátua gigante do frade capuchinho e uma cruz que como o Cristo Redentor do Rio de Janeiro, serão presença dominante no espaço da região. A serra é um dos pontos mais queridos pelos romeiros que o sobem a pé durante a madrugada. É lá que, anualmente, as Fraternidades do Carmo – movimento inventado pelo bispo em 1985 – renovam o compromisso missionário. O local também é querido pela juventude que participa ativamente da caminhada. Ao valorizar a romaria de Santa Cruz, D. Paulo imita, por exemplo, a D. Malan que construiu obras grandiosas em Petrolina e assim deu à cidade um valor todo especial. “Construindo a Casa de Deus – disse D. Malan – tudo virá por acréscimo” e assim foi. Um santuário religioso e diferente atrai muitos romeiros e conseqüentemente intensifica o progresso do lugar, diminuindo a pobreza. O fato de Santa Cruz ter se transformado em cidade deve-se à valorização dada, por D. Paulo, ao lugar. Ele não apenas melhorou a infraestrutura arquitetônica do lugar, mas, também, trabalha no sentido de aumentar o fluxo de romeiros na cidade. É, ainda, dentro do modo do bispo pensar a missão na igreja, que se integra o “Projeto Brasil-Alemanha”. Este projeto constitui um movimento de voluntário de jovens alemães junto ao PETRAPE. Neste projeto os voluntários prestam algum tipo de serviço (ensino, ajudas materiais) àquela importante instituição de menores. Foi junto a amigos alemães das cidades de Colônia e de Bamberg, que o bispo arranjou recursos para adquirir duas ‘Casas Lares” para o PETRAPE. Outros voluntários são os jovens que compõem o “Projeto Vida Nova”, provenientes da paróquia carmelitana de Bamberg, Alemanha. Desta mesma paróquia vieram, algumas vezes, jovens e adultos para realizar algum tipo de trabalho voluntário. Dessa presença foram e continuam sendo beneficiadas populações: + do Projeto Catalunha – onde funciona uma padaria comunitária com a ajuda da Paróquia Anna Catharina de Coesfeld (Munster) e Bevegern (Munster); + de Santa Cruz da Venerada – Casa da Criança S. Tiago. Funciona com a ajuda de alemães de Colônia; + de Lagoa de Fora – Casa da Criança S. José. Funciona com a ajuda de alemães de Colônia; + do Projeto Caraíbas – com a capela de N. Sra Aparecida na Agrovila 12 do Projeto Caraíbas; + de Santa Maria da Boa Vista – com o “Centro Comunitário Santa Terezinha” , espaço de encontros para pastorais e movimentos populares. Os recursos foram arranjados com a Cáritas Carmelitana; + do Jardim Petrópolis – com ajudas de Colônia, Alemanha. A segunda grande opção pastoral do bispo contempla a promoção de vocações sacerdotais e religiosas, numa região historicamente sempre muito carente de sacerdotes e religiosos. As vocações foram também preocupações dos bispos predecessores, mas nunca se ordenou tanto padre como no atual episcopado. Para aumentar o número de padres e de religiosos, D. Paulo canaliza a maioria dos recursos disponíveis na Diocese para formação de um clero local, esperando atingir um número suficiente para atender à demanda dos diocesanos. O trabalho vocacional é feito com confiança, paciência e teimosia, aliás, atitudes que abundam em D. Paulo. As conseqüências disso são positivas em relação ao aumento de padres, pois nos últimos 25 anos foram ordenados mais de vinte. Entre os incontáveis benefícios causados pelo aumento do clero está a possibilidade de atendimentos mais fácil, mais próximos e personalizados. Como os outros bispos, D. Paulo esforçou-se por criar uma estrutura de formação para seminaristas diocesanos. Como D. Malan e D. Idílio – um criou e o outro sustentou o Seminário Sagrado Coração, depois extinto – o atual bispo abriu o Seminário S. José, objetivando acolher e formar jovens seminaristas nos primeiros anos de estudo. O Seminário foi aberto no espaço construído para finalidade semelhante por D. Gerardo A. Ponte. Ao assumir a diocese, D. Paulo, arranjou recursos junto aos amigos da Alemanha especialmente com a paróquia de S. José. Os recursos foram aplicados na construção de um pavilhão de dois andares que se somou aos três espaços existentes, construídos durante o episcopado predecessor. É no Seminário S. José que funciona desde 1998 o curso de Filosofia. No início do primeiro semestre de 2010 a diocese contava 37 seminaristas cursando Filosofia e isto sem contar com os de Teologia atualmente estudando no Seminário S. José do Crato (CE). Dois estudam teologia em Roma, no Colégio Mater Ecclesiae. A Maioria dos professores do Seminário S. José são padres, sendo um grande número deles, graduados nas mais importantes universidades eclesiásticas da Europa: a Pontificia Universidade Gregoriana, a Pontifícia Universidade Salesiana e o Mater Ecclesiae. O esforço de formação dos referidos professores em instituições de ensino da Europa está incluído no trabalho de formação dos sacerdotes, promovido por D. Paulo. É importante lembrar que a preocupação vocacional de D. Paulo atua também no âmbito da vocação religiosa feminina. Fruto disso é, hoje, um grande número de moças que abraçaram a vida religiosa em Congregações. Elas estão no Brasil e no exterior a serviço da Igreja. Ainda com a intenção de ter um quadro de evangelizadores capazes de responder às exigências pastorais da atualidade, foram trazidos para a diocese alguns padres e também vários grupos de religiosos. Nos últimos anos são várias as congregações religiosas, capuchinhos, Guanellianos e um outro grande número de espiritualidade carmelita. A estas se somam àquelas de existência mais antiga na Diocese (Salesianas, Filhas da Caridade, Medianeiras, Carmelitas de Vedruna). A maioria das congregações é de ordem feminina. As freiras trazidas por D. Paulo se somam aquelas cuja congregação já estão na diocese a mais tempo. Todas agem no meio do povo evangelizando, catequizando, cuidando de crianças, de menores abandonados, educando famílias. Ultimamente, só para exemplificar, as irmãs dominicanas desenvolvem um projeto social na Vila Débora. Ainda neste governo continua a preocupação em dotar os bairros de novos templos e salões comunitários. Isso tem acontecido em toda a diocese, através da administração direta dos colaboradores do bispo, os vigários. São várias as obras em construção, já concluídas ou em reforma. Com a finalidade de exemplificar citemos os templos que estão recebendo ou receberam reformas profundas na cidade de Petrolina: a igreja de S. Paulo Apóstolo (Areia Branca); de Santa Luzia (Cohab VI); de N.sra. Aparecida (Vila Eduardo). Entre as Construídas mais recentemente estão as da Sagrada Família no José e Maria e a de Santa Rita de Cássia (Gercino Coelho). No campo das comunicações sociais o bispo investiu, sucessivamente, na Emissora Rural, renovando aparelhagem e ampliando instalações (construção do Estúdio Panorâmico). A intenção é manter atualizado este resistente, popular e ainda poderoso meio de comunicação, que, ao longo de sua história desempenhou um importante papel na evangelização e no progresso da região do sertão de Pernambuco e de outros Estados. O mesmo cuidado tem recebido a Rádio Asa Branca de Salgueiro. A rádio foi adquirida com recursos arranjados pelo bispo junto ao Convenio Adveniat de Colônia na Alemanha e com a CEI (Conferência Episcopal Italiana), a CNBB italiana. Já esta em funcionamento uma repetidora do canal de TV católico, a Rede Vida. O transmissor funciona em prédio contíguo ao da Emissora Rural. Falando em comunicação, não podemos deixar de lembrar que a comunicação do bispo com os seus auxiliares mais diretos teve como meio principal as cartas. É, portanto, esse meio simples e clássico de comunicar-se, tão utilizado pelo Apóstolo Paulo, que permite aos agentes de pastoral (padres, freiras, leigos) conhecer uma decisão, programação, sugestão, ou o modo de pensar do bispo. Nos últimos anos o bispo privilegiou outro meio de comunicação a internet. A confiança do bispo na eficácia desse meio de comunicação contemporâneo, dinâmico e plural, teve como fruto a criação de um site diocesano cujo endereço é: www.diocesedepetrolina.org.br. Aos poucos esse canal de comunicação ganha força como um portal diocesano de evangelização e de notícias, informação, história, vídeo, etc. Nos últimos quinze anos a diocese teve parte de sua história pesquisada e sistematizada. Isto foi possível porque o bispo disponibilizou para a área um padre. Graças a esse trabalho muitos documentos antigos (livros, fotos, documento sonoros) foram recuperados e organizados. Através de publicações os diocesanos tomam consciência de sua história, da história da Igreja na região. Por meio do serviço do historiador aos poucos vem novamente à luz o trabalho da Igreja (padres, leigos, religiosos) nos sertões de Pernambuco. Muito da ação da igreja no passado estava esquecida, quantos nomes de padres não mais eram lembrados!!. O resgate histórico de uma diocese é de importância incalculável, pois mantém vivo, servindo de lição o testemunho daqueles que nos precederam na vivencia da fé. Além disso, manifesta a constante vivacidade da Igreja na região, mostra o grande volume e alto valor dos serviços prestados pela Igreja em várias épocas e nos mais variados campos da vida humana; permite, ainda, perceber a caminhada da Igreja no sertão, como um acontecimento que se realiza na história e que, portanto, acontece em meio a desafios de diversos tipos e sempre novos; resgata a ação de servos e servas de Deus que com seu agir, testemunharam a fé, apesar das fragilidades inerentes ao ser humano. No COMIPE realizado em agosto de 2009 a comunidade diocesana pode trabalhar as temáticas missionárias não apenas com a história e o testemunho de outras dioceses ou com exemplos distantes da realidade diocesana. O resgate histórico já realizado permitiu os participantes do Congresso trabalhar também com a sua própria história. Produzir e conhecer a história da igreja local é produzir cultura de Diocese. No que diz respeito à educação, D. Paulo, através da Prof. Terezinha Teixeira, procura sempre manter o Colégio D. Bosco na vanguarda da educação. No prédio mais antigo foram construídos novos pavilhões, o Memorial D. Bosco, a Quadra de Esporte D. Gerardo A. Ponte, piscinas olímpicas, o laboratório D. Campelo de Aragão (01.05.1988), uma sala ambiente; na Extensão do Colégio a Biblioteca foi alvo de reformas, o prédio foi ampliado e reformado (1992). O Colégio hoje está integrado à rede de Colégios Diocesanos, portanto, preparado para lidar com a competitividade gerada mediante a presença de outras instituições de ensino que se instalam na cidade. Desde 2006 as dependências da Extensão do Colégio D. Bosco, abrigam o Instituto de Teologia da Diocese de Petrolina ( ITDP). Esta escola está voltada para a formação de Leigos na área da Teologia. O curso dura dois anos e já formou três turmas de pessoas, muitas engajadas na pastoral de suas comunidades ou no ensino religioso. O aumento do número de padres possibilitou também a liberação de um padre para coordenar os serviços administrativos da Diocese. Foi então criada uma equipe para tornar mais organizada a administração da Diocese. Também foi construída uma área para funcionar como sede de serviços administrativos. Uma das inúmeras conseqüências positivas foi tornar mais ágeis, e organizados, os serviços e a comunicação da diocese com outros setores da própria diocese e da sociedade. A racionalização da Administração possibilitou, por exemplo, a agilização da realização de outros projetos do bispo, como a organização do patrimônio. Isto facilitou o trabalho de organização do loteamento Monte Carmelo, de venda de lotes e de aplicação dos recursos na obras de conclusão do Centro de Treinamento Monte Carmelo. Este, ou a construção deste, devolveu à diocese um espaço para encontros, o que havia sido perdido com a disponibilizarão do antigo Centro de Treinamento Diocesano a uma congregação religiosa. O novo Centro de Encontros, construído na propriedade chamada de Pedra do Bode é moderno e é dotado de energia solar para produção de água quente. Entre o prédio e o rio a pedido do bispo foi feito um trabalho de recuperação da mata ciliar, mostrando assim as preocupações do bispo com a ecologia. Participaram da dita recuperação, plantando dezenas de mudas de árvores, entidades escolares, de serviço e o exército. Em Salgueiro foi adquirido o complexo de edifícios chamado de CEPAMA. É também um centro de encontros pastorais e movimentos populares. A aquisição do imóvel foi feita como início de preparação da cidade de Salgueiro, para se tornar sede diocesana. A criação de uma nova diocese, a partir da divisão do atual território diocesano era já um sonho de D. Gerardo que foi assumido e viabilizado pela ação de D. Paulo. Em agosto de 2008 foi lançado o ano jubilar comemorando os 85 de instalação da diocese e 80 anos de construção da Catedral. Foi um momento de festejar a caminhada da igreja diocesana, mas também de trabalhar a idéia de Diocese como comunidade de fieis unidas à fé, aos sacramentos e a um bispo ordenado na sucessão apostólica. Foi momento de se criar consciência de diocese, de aprender a se comportar como diocese ou, conforme termos usados pelo próprio bispo de se criar uma cultura de diocese. Para atingir os objetivos, isto é, ajudar cada católico ligado ao bispo de Petrolina, a se sentir DIOCESE, foi veiculada a mensagem: Diocese: Povo de Deus que está em Petrolina. A mensagem foi transmitida por meio de diversos tipos de media (cartazes, filme em TV, outdoor). Os festejos jubilares se realizaram seguindo uma vasta programação que incluiu o II Congresso Missionário. Deste participaram padres, bispos do regional, acessores de diversas partes do Brasil. No campo social, além do que já falamos, também foi criada a “Casa de Passagem Bom Samaritano”, em Petrolina. Nesta, as pessoas que dormem nas ruas, ou estão de passagem pela cidade e não têm recursos para se hospedar, são acolhidas e alimentadas. Mas a preocupação social de D. Paulo não visa apenas o aspecto assistencial. Ele anima o trabalho da Pastoral Social, da Pastoral da Criança, a realização de campanhas em prol das melhorias sociais (contra a corrupção, contra a utilização de armas), incentiva e participa da realização de eventos como o “Grito dos Excluídos”. Até aqui apresentamos de forma sintética e muito incompleta a ação de D. Paulo na Diocese de Petrolina. Mas um bispo é um ser humano dotado, como qualquer outro de um modo próprio de ser e de viver. Sobre o modo de D. Paulo ser bem falou o seu confrade e discípulo D. Antônio Muniz. Este, ao celebrar na igreja Matriz de Petrolina, falou com alegria sobre características próprias de D. Paulo. Uma das características de D. Paulo lembradas por D. Muniz foi aquele que é tema de brincadeira para uns, de impaciência para outros e de alegria para outros: a paciência e incansabilidade de D. Paulo. O arcebispo de Maceió, lembrou que um confrade, carmelita, gostava de perguntar: Quantos dias vai durar a novena de Paulo? Todos sabem que uma novena dura nove dias. Todavia o novenário promovido pelo Frei Paulo durava mais de trinta dias. Este aspecto do bispo de Petrolina não passou despercebido pelo Frei Damião. Durante as missões de frei Damião em 1992 em Araripina, o missionário capuchinho terminou um momento de pregação, dirigiu-se para a casa paroquial e foi almoçar. D. Paulo, incansável, assumiu o posto. Eu era vigário da paróquia e fiquei ali, perto do frade acompanhando-o enquanto comia. De repente frei Damião parou e perguntou, com a vozinha baixa que possuía na velhice: “Aquele que está falando para o povo, é D. Paulo? Respondi-lhe – É sim Senhor. Ele deu uma risadinha miúda e disse: – Não, eu não sou assim, não !!!. E continuou rindo baixinho. Outra característica de D. Paulo é a simplicidade. Certa feita, viajando com ele no carro azul, marcado com a frase “Jesus Cristo ontem, hoje e sempre”, e que servia para a realização das missões, passamos por um homem que viajava a pé, com aparência de romeiro. D. Paulo disse-me: “Francisco, eu gostaria de viver assim!!!”. Este episódio fala sobre o jeito simples de viver, de ver a vida, de se vestir e de morar. Durante os 25 anos que está na diocese, esforçou-se para tornar a sua residência em Petrolina –chamada de Palácio – como espaço acolhedor para os visitantes, mas sem a menor preocupação com a sofisticação. Nos últimos anos o carro que utilizava precisou ser mudado. Vendeu-o, mas não adquiriu outro, um pouco para dar exemplo aos padres. Quando veste as roupas de bispo prefere uma branca, usada pelos bispos que vão à África em missão. Não impõe, mas orienta os sacerdotes a assumirem uma vida simples, pobre e comunitária. É possível perceber a felicidade dele quando está no meio do povo humilde. Alguns deficientes físicos são seus grandes amigos. É apaixonado pelo modo do povo simples viver e viver a fé. Valoriza os grupos populares que colocam a música e a dança a serviço da fé, como também a estética popular. Um bom lugar para sentir isto é nas festas de Santa Cruz da Venerada, onde é possível assisti-lhe feliz e onde promove, inclusive, uma verdadeira moda romeira. A propósito, um bom fotografo, artista, ou pintor, pode encontrar nas romarias de Santa Cruz um verdadeiro desfile de beleza popular-romeira, como tema para sua arte. Por exemplo, os chapéus de palha adornados com fitas coloridas, a chuva de guarda-sois coloridos, certo modo de vestir. A simplicidade do bispo de Petrolina faz dele um homem também querido e compreendido principalmente pelos mais simples. Foi justamente de um destes, um homem dono de uma visão e de uma linguagem misteriosa, que se referiu ao bispo como sendo “uma corrente de ouro”, daquelas que conduz o homem para Deus. Alem de paciente, incansável e simples, o sexto bispo de Petrolina, é um tipo determinado. Ele planta e pacientemente vai regando, em desistir. Soube disso logo que ele foi nomeado bispo para Petrolina. Outro padre e eu fomos visita-lo no Convento do Carmo onde tivemos uma primeira conversa. Mais tarde encontramos um amigo, grande conhecedor de padres e bispos do regional. Ele nos falou bem do novo bispo de Petrolina. Noutro ponto da conversa ele falou sobre o modo de trabalhar do bispo dizendo: “Quando você menos espera você está fazendo o que ele quer”. Aos poucos fomos compreendendo que o homem na sua simplicidade se referia à paciência teimosa de D. Paulo. Quando acredita num projeto ele não briga. Mas briga de outra forma, isto é, enfrentando as resistências através da insistência, repropondo o projeto até convencer, ou criando condições para que a sua idéia se realize. D. PAULO MOSTRA AO PAPA BENTO XVI A LOCALIZAÇÃO DA DIOCESE DE PETROLINA (Foto: Osservatore Romano, 2009) Mas ao se escrever sobre D. Paulo é impossível esquecer de falar sobre a atenção dele para com o Apóstolo Paulo. Na última visita ad limina que fez ao Papa, aproveitou para refazer os caminhos percorridos pelo Apóstolo Paulo: Síria, Damasco e Atenas. Parece ser a segunda vez que faz esta viajem. O gosto por estar nos lugares percorridos por S. Paulo é um indício, entre outros, que nos leva a pensar que o bispo não porta seu nome – Paulo – conforme a maioria dos ocidentais. Ao contrário, considera o nome como o fazia o homem bíblico, isto é como uma VOCAÇÃO, como um chamado a ser outro Paulo. Assim, o nome Paulo não é apenas o nome do nosso pastor, é também a chave para compreendê-lo. Só entendendo o Apóstolo Paulo sabemos o porquê da paixão do bispo pela missão, pela vocação e pelo povo. Também o gosto que tem por se comunicar por meio de cartas, a teimosia paciente, o gosto por idiomas, a incansabilidade em estar a ensinar, a simplicidade, a paixão por Nosso Senhor Jesus Cristo e por sua mãe. Ao modo de poeta o Mons. Antônio Malan de Carvalho já havia intuído e cantado uma relação entre D. Paulo e o Apóstolo Paulo, na música que fez para homenagear o bispo. Aqui damos mais um passo e após um olhar filosófico, isto é, um olhar reflexivo que vê o pensar e o agir do bispo numa perspectiva de conjunto, de unidade, podemos antever o futuro quando se dirá: O Apóstolo Paulo, num sucessor dos apóstolos chamado de Paulo, foi bispo de Petrolina. Melhor: Paulo, evangelizou em Petrolina. O CLERO DE D. PAULO LL