Wernau am Neckar
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Wernau am Neckar
VidaBosch agosto | setembro | outubro de 2011 • nº 26 Benjamin Haas/Shutterstock Recicle a informação: passe esta revista adiante Ano novo, diesel novo Em 2012, caminhões e ônibus terão de usar combustível menos poluente A vez delas Mulheres aos poucos ganham espaço no setor industrial, mas ainda são minoria 02 30 editorial Ir muito além do óbvio Sala de aula é lugar de estudar, não de brincar. Garrafas PET são usadas apenas para guardar líquidos. Um motor para movimentar limpadores de para-brisa serve para... movimentar limpadores de para-brisa. Essas frases parecem um conjunto de obviedades, mas são, na verdade, um conjunto de imprecisões. A inovação criativa e a tecnologia têm subvertido essas e outas ideias preconcebidas, como indicam algumas matérias desta edição da VidaBosch. Em aquilo deu nisso, mostramos que as garrafas PET estão sendo utilizadas como tecido – por exemplo, na célebre camiseta amarela com que a seleção brasileira jogou a Copa de 2010. É uma tendência do setor têxtil, atento cada vez mais ao uso de material reciclável. A possibilidade de que a escola seja um espaço também para brincadeiras, pelo menos até os anos iniciais do ensino fundamental, é abordada em atitude cidadã. Um bom exemplo é o projeto Doces Cantinhos, apoiado pelo Instituto Robert Bosch e cujo objetivo é tornar o ambiente mais receptivo para as crianças e estimular seu desenvolvimento. Um dispositivo automotivo pode ser usado em academias de ginástica? Sim, graças à flexibilidade das tecnologias da Bosch isso é possível. Na seção Brasil cresce, você saberá como os motores de limpador de para-brisa foram adaptados para elevar as esteiras, simulando subidas e descidas. Também fizemos uma viagem para Stuttgart. A cidade onde a Bosch nasceu é mais um exemplo de transformação e inovação – surgiu como estábulo e hoje é um pujante polo industrial, preservando o verde e a tradição cultural. Boa leitura! 36 40 Sumário 02 viagem | Stuttgart é muito mais do que o berço de grandes empresas 10 eu e meu carro | Louca por carro, a atriz Marcella Muniz já foi mecânica na TV 12 torque e potência | Veículos pesados vão rodar com um diesel novo – e limpo 16 em casa | Dicas para fazer a reforma com criatividade e sem quebra-quebra 22 tendências | Áreas técnicas, como engenharia, deixam de ser clube do Bolinha 26 grandes obras | Um bairro completo, ao lado da Floresta Amazônica 30 Brasil cresce | Nova classe média ajuda a pôr o setor de fitness em forma 36 atitude cidadã | Fim do ensino infantil não precisa ser o fim das brincadeiras 40 aquilo deu nisso | Novas tecnologias mudam o fio da meada no setor têxtil 44 saudável e gostoso | Um pouco de café combina também com saúde Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Corporate and Marketing Communication, Brand Management and Call Center (RBLA/COM1). Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: (011) 2126-1950 (Grande São Paulo) e 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima pagina.com.br • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (www.buonodisegno.com.br), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem e finalização: Inovater • Impressão: City Gráfica • Revisão: Dayane Pal ([email protected]) • Jornalista responsável: José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) viagem A galope | Por Gabriel Fortes Conheça Stuttgart, que de estábulo tornou-se berço de máquinas (com muitos cavalos de potência) e uma das maiores cidades da Alemanha Anweber/Shutterstock 2 | VidaBosch | 4 | VidaBosch | viagem viagem | VidaBosch | 5 Q uantos paradoxos vive Stuttgart? Muitos. Tão relevantes que, sem eles, a capital do belo estado de BadenWürtemberg não representaria algumas das artérias que pulsam no coração alemão e não seria uma das locomotivas de um país que tem o verde, a arte e a indústria como os principais pilares de sua cultura. Porta de entrada da Floresta Negra – cordilheira no sudoeste do país –, a cidade de quase 600 mil habitantes começou como um estábulo entre 926 e 948 d.C. e formou-se ao longo de sua trajetória, ironicamente, como sede das montadoras Porsche e Mercedes-Benz, produtoras de muitos dos mais potentes automóveis do planeta. Além disso, é berço da Bosch. Mais do que isso, Stuttgart mostra uma vertente artística capaz de fazer inveja aos principais centros mundiais que res- guardam tesouros históricos em museus e galerias de arte. Caminhar pela margem do rio Neckar é sentir o desenvolvimento que por ali chegou a galope. De cavalos de potência a centro cultural de primeira linha, o outrora vilarejo é “bandeira verde” de uma nação que incorporou a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente e ao seu modo de vida. Desvendar a cidade a pé é a melhor pedida. Cerca de 56% de sua área total é composta por bosques. A beleza está por toda parte e, no centro turístico, os jardins que ocupam 8 quilômetros quadrados são ladeados por construções imponentes como o Neues Schloss, sede do Poder Executivo. O prédio é considerado uma das joias arquitetônicas da Alemanha. Do paradoxo entre a preservação ecológica e o berço de grandes indústrias, Stuttgart deixa o visitante perplexo ao esbanjar evolução ao mesmo tempo em que conserva um certo ar provinciano. Mais: o local mostra ao turista a face simpática dos alemães, com uma população alegre e sempre receptiva. Desvendando Stuttgart O ponto de encontro ideal, no coração do centro, é o Neues Schloss, que domina a imagem de Stuttgart. O duque de Württemberg mandou construir ali a última grande residência barroca na Alemanha e pretendia criar nada menos que um segundo Versalhes. Atualmente, a antiga residência dos reis de Baden-Württemberg abriga o Ministério das Finanças e o Ministério da Cultura do Estado. Já na praça Schlossplatz, há um “castelo” da arte moderna: o Kunstmuseum Stuttgart, com um acervo de 15 mil obras modernas, clássicas e contemporâneas. A construção espetacular impressiona por sua elegância simples. À noite, a fachada de vidro iluminada permite ver as paredes de pedra do interior. O passeio pode seguir rumo à imponente estação central. A torre de observação de 56 metros abriga uma exposição sobre o desenvolvimento da cidade e um café. Quem preferir, pode continuar pela Königstrasse, a principal rua do maior calçadão da Alemanha, um grande atrativo local. A enorme variedade de lojas contenta todos os gostos e bolsos. Também não faltam opções para refeições. Muitos dos monumentos da cidade estão no centro, o que facilita a visita. Os castelos conquistam quem passa por Stuttgart e lembram os tempos dos monarcas da região. O Velho Castelo (Das Fotos Anweber/Shutterstock O Neues Schloss (à esq.), joia arquitetônica alemã, fica na Schlossplatz; o Velho Castelo (à dir.) teve seus muros erguidos no século 10 Stuttgart é berço da Bosch, e também das montadoras Porsche e Mercedes-Benz; a cidade consegue conciliar desenvolvimento industrial com respeito ao meio ambiente Alte Schloss) é uma das obras mais antigas. A data de construção de seus muros remonta ao século 10, quando um simples burgo foi erguido. Foi reconstruído inúmeras vezes por causa da diversidade da situação histórica. No século 16, surgiu o castelo renascentista. Com os ataques aéreos durante a Segunda Guerra Mundial, grande parte da construção virou ruínas. Mas ele foi reerguido em 1969, passando a abrigar o museu sobre a história da região de Württemberg. Atualmente, é palco de concertos e festivais culturais no verão. Outros castelos importantes são o Hohenheim, onde atualmente está sediada a universidade de mesmo nome, e o Solitude, um belo exemplo de barroco e classicismo de Stuttgart – hoje em dia, a construção abriga um restaurante e uma Academia de Artes. A 5 quilômetros dali está o circuito de Solitude, que, até 1962, foi palco de corridas automobilísticas. Stuttgart também possui muitas igrejas. Vale a pena conferir a Stiftkirche, a Martinskirche e a Leonhardskirche. Se você ainda tiver alguns minutos livres na sua agenda, pode visitar a Grabkapelle e conhecer um pouco mais sobre a história local. O que chama a atenção de muitos visitantes é a grande quantidade de escadarias – Staffel. São quase 20 quilômetros, segundo os dados da prefeitura. Os degraus foram construídos para permitir o acesso viagem Verde por todos os lados Stuttgart é um dos municípios mais verdes da Europa. Vinhedos, florestas e parques a circundam e compõem a paisagem. O cin- Centro velho de Stuttgart alia a história das antigas construções à beleza de suas arquiteturas turão verde é um complexo paisagístico construído em 1993. O belo passeio pode ser complementado com uma visita aos parques de Weissenburg e Hohenheimer, no entorno da cidade. Quem quiser conhecer o parque Killesberg pode ainda ter uma vista panorâmica da cidade, do alto da torre de mesmo nome (uma construção moderna de 40 metros de altura). Faceta cultural Para os aficionados pelas artes, a galeria Staatsgalerie e o museu Kunstmuseum são imperdíveis. Espetáculos de dança, ópera, teatro de marionetes, balés e exposições são realizados durante todo o ano. Basta conferir a programação no centro de informações turísticas, que fica na Königstrasse. Quem tiver a sorte de visitar a cidade durante o festival Umsonst & Draussen não pode perder a oportunidade de conferir um dos melhores eventos gratuitos e ao ar livre. O festival acontece sempre no gramado do campus universitário em Vaihingen, em agosto. O cenário musical também promete. Uma noitada na cidade explica por que ela é o berço do hip-hop na Alemanha. Há ainda exposições itinerantes sobre história e concertos musicais no pátio principal do Velho Castelo. Em Stuttgart, a música erudita não é artigo de luxo. A população local está habituada a escutar A Bosch na sua vida Em Stuttgart, o berço e o futuro da Bosch Quem chega a Stuttgart de avião se depara, no caminho para a cidade, com os famosos letreiros da Bosch, de 55 metros de comprimento e 8 metros de altura (segunda foto à direita). Instalados desde 2007 no estacionamento do centro comercial do aeroporto, numa estrutura que fica sobre duas autoestradas, eles são o cartão de visita da empresa. Não por acaso. Foi em Stuttgart que Robert Bosch, então com 25 anos, fundou uma oficina de reparos mecânicos e elétricos, em 15 de novembro de 1886, com ajuda de dois aprendizes. Embora essa pequena oficina localizada na Rotebühlstrasse 75 B só exista na memória, ela foi o primeiro passo para a Bosch se tornar a multinacional que é hoje. A cidade alemã também abriga a sede da Fundação Robert Bosch, instalada onde, no passado, foi a casa do fundador da empresa, explica a coordenadora do Centro de Memória Bosch, Sandra da Costa Reis. A entidade apoia causas sociais em diversas áreas. No jardim foi construído o centro de convenções e de treinamento de executivos – uma edificação de estilo contemporâneo, em contraste com o prédio da antiga residência, num símbolo da convivência entre tradição e modernidade (primeira foto à direita). É nos arredores de Stuttgart que fica a sede atual da Bosch e outras fábricas da empresa, incluindo a de Stuttgart-Feuerbach (foto à direita) que abriga uma das maiores plantas do Grupo Bosch (com mais de 10 mil funcionários) e o museu da empresa. O museu mantém um acervo que conta a história da vida de Robert Bosch e dos 125 anos da companhia, incluindo o primeiro dispositivo de ignição Bosch, o magneto, de 1887. Para visitálo, é preciso agendar com antecedência. Se você não pode ir a Stuttgart, que tal fazer o tour virtual pelo museu? É só acessar o link http://www.bosch.com/ en/com/bosch_group/history/companyhistory.html e aproveitar. Arquivo Bosch aos terraços onde eram cultivadas as uvas para a produção de vinho, uma importante atividade comercial até o século 19. Com o crescimento urbano, os vinhedos desapareceram, mas as escadas permaneceram e se tornaram uma forma de ligação entre os diversos bairros. Trabalhos de arquitetura e paisagismo transformaram os degraus em verdadeiros monumentos. Vale a pena visitar o Eugenstaffel, o Willy-Reichert-Staffel, o Sängerstaffel, o Sünderstaffel e o Hasenbergstaffel. viagem | VidaBosch | 7 Yuriy Davats/Shutterstock 6 | VidaBosch | viagem viagem | VidaBosch | 9 Ackerbürger Ótima opção para quem pretende conhecer a cozinha alemã. Fica no centro de Bad Cannstatt, na segunda construção mais antiga da cidade. Spreuergasse 38 / 70372, www.ackerbuerger. de. Tel.: +49 711 560893. Fellbach Leonberg Renningen Stuttgart Esslingen Wernau Schönaich E 52 E 41 Weil im Schönbuch Neckartenzlingen Natupark Schönbuch Siemen strasse sse stra Ne ck ar ta ls tr Prag Parque Rosenstein PARQUE KILLESBERG CASTELO DE ROSENSTEIN M er ce e de r St er tt Hackstrasse ÓPERA NACIONAL ZOOLÓGICO E JARDIM BOTÂNICO rasse urgst ss e ck str a NEUES SCHLOSS ALTES SCHLOSS nb Wage an SE MUSEU MERCEDES-BENZ Uf er st r ESTAÇÃO CENTRAL AS as se ta ns n Ca Lerchenstrasse, 57 KUNSTMUSEUM ss tr se as STAATSGALERIE Block House Restaurante fundado em 1968, com 41 unidades na Europa, duas em Stuttgart. A carne é crocante por fora, suculenta por dentro. Arnulf-Klett-Platz 3 http:// www.block-house.de. Tel 49 711 291770. as se rstrasse Löwento er Strass Markthalle O mercado é dividido em duas seções. Na área inferior, a principal, barracas vendem alimentos. Na parte superior há uma excelente loja de utensílios para a casa e restaurantes. Dorotheenstr 4 / 70173, www.maerkte-stuttgart.de. Tel.: +49 711480410. Ditzingen Heilbronn Onde comer E 41 as se Le Méridien Stuttgart Localizado em frente ao Schlossgarten, dispõe de quartos modernos e de uma luxuosa área de spa. Todas as opções de hospedagem têm TVs de tela plana e acesso à internet. Willy-Brandt-Strasse 30 / 70173 Stuttgart, www.lemeridienstuttgart.com. Tel.: +49 711 22210. Kornwestheim Hemmingen Pl Stuttgart também abriga prédios modernos, que espelham sua vocação industrial Muitas vezes, os automóveis são a primeira associação com o nome da cidade. Stuttgart é um capítulo à parte na história da indústria automobilística internacional. Nomes como os de Gottlieb Daimler, Carl Benz, Robert Bosch, Wilhelm Maybach e Ferdinand Porsche estão ligados ao local. Atualmente, as sedes da DaimlerChrysler e da Porsche estão na cidade, além dos seus respectivos museus, um passeio imperdível para quem se interessa por carros e pela história do desenvolvimento da engenharia de automóveis. Uma curiosidade: o símbolo da Porsche reproduz as armas da cidade. O cavalo preto em um escudo amarelo relembra as origens de Stuttgart. O museu da montadora foi ampliado em 2007, em um projeto de US$ 50 milhões, e atrai, anualmente, mais de 200 mil visitantes. O escritório austríaco de Delugan Meissl foi o vencedor do concurso para o novo museu. O projeto foi escolhido por sua qualidade escultural e por ter contribuído para destacar a Praça da Porsche, localizada em frente ao prédio. No local que abriga a história da Mercedes-Benz, inaugurado em 2006, ostenta-se um prédio sem paredes internas e pisos planos arquitetado pelo holandês Ben van Berkel. O visitante é conduzido por um elevador, de cima para baixo, pela história dos automóveis e por meio de rampas que formam, em planta baixa, uma hélice dupla que lembra o DNA humano. O projeto de 150 milhões de euros ampliou o museu, cujo acervo de carros, por motivos de espaço, só ia até os modelos de 1970. Até o time de futebol local, o VfB Stuttgart, tem um quê de automóvel: afinal, joga no estádio Gottlieb Daimler. Fonte de inspiração, os carros de luxo e alto rendimento guiam uma das principais cidades do país com a economia mais saudável da Europa. Acelerando ao futuro. V8 Hotel Fica perto do aeroporto de Böblingen. Construído no prédio de uma antiga torre de controle, tem quatro quartos individuais, 19 quartos duplos, uma suíte e mais 10 quartos temáticos, todos concebidos para impressionar os entusiastas de automóveis. Os temas são variados: Route 66, drive-in, lava rápido e até mesmo um espaço para os amantes do tunning. Graf Zeppelin Platz / 71034 Böblingen, www.v8hotel. de. Tel.: +49 7031-3069880. Ludwigsburg ST R Sonhos sobre rodas Onde ficar KÖ NI G Richard Williamson/Shutterstock os maiores intérpretes da história. O Teatro Nacional de Stuttgart, inaugurado em 1912, abriga uma das melhores óperas do mundo, eleita por seis vezes consecutivas a mais perfeita da Alemanha. Em quase todos os fins de semana há apresentações. Bi rk en w al ds tr 8 | VidaBosch | as se eu e meu carro | Por Gisele Lobato Ricardo Ayres/Photocamera Mulher moderna A atriz Marcella Muniz, de “O Astro”, tem agenda repleta de compromissos de todo tipo. Seu carro ajuda a dar conta do corre-corre “M eu nome é Jackie e eu entendo tudo de carro.” Foi com essa banca que a personagem vivida por Marcella Muniz se candidatou ao emprego de mecânica na novela “Vende-se Um Véu de Noiva”, exibida entre o segundo semestre de 2009 e o comecinho de 2010 no SBT. Para conseguir a vaga, teve de enfrentar o preconceito do selecionador, para quem “mulher não sabe nem dirigir direito, quanto mais consertar”. A segunda parte da frase seria logo desmentida por Jackie, cujo desempenho com os motores arrancou elogios dos colegas de oficina. A primeira parte é negada diariamente por milhares de mulheres em várias partes do mundo – entre elas, a própria Marcella. “Eu não consigo me ver sem carro desde que me entendo por gente”, diz a atriz, que se encaixaria como uma luva no papel de “mulher moderna”. Namorado, enteado, ginástica, balé, curso de gastronomia e trabalho. Na cozinha, a agenda de compromissos tem os horários dos cursos dos filhos: são três. A atriz não sabe como dá tempo de fazer tudo. Para ajudá-la no corre-corre, seu par- Paulo especializada em tuning (transformação dos carros, com incrementos de diversos tipos). Em um dia de contato com os mecânicos, só deu para aprender o básico, mas a experiência ajudou na construção da personagem. “Eu mexia nas ferramentas, sabia como abrir o capô. Minha desenvoltura com a personagem era outra”, conta a atriz. O contato com o mercado de tuning impressionou Marcella. “É uma loucura, o pessoal investe um dinheiro absurdo em carros antigos e envenenados.” Ela própria, porém, que adora carros, revela que também tem seus fetiches no mundo automotivo. Ela vive paquerando os novos modelos. Seu objeto de desejo atual é o Kia Soul, um modelo que é uma espécie de mistura entre minivan e utilitário esportivo. “Quero trocar de carro, pois estou apaixonada”, admite. Mesmo com o workshop de mecânica, porém, sua familiaridade com as engrenagens não se repete fora das novelas. E se o pneu fura na estrada, por exemplo? Quando tem um problema, Marcella liga para seu mecânico de confiança. As emergências, entretanto, são raras. “Uma vez A artista fez workshop em uma oficina antes de atuar como mecânica em uma novela do SBT. “Eu mexia nas ferramentas, sabia como abrir o capô”, conta tive uma pane, mas nunca furou um pneu comigo na rua. A única vez que isso ocorreu foi na garagem. Meu santo do carro é forte”, brinca a atriz. Riscos, ela corre, pois adora dirigir, em especial viajar de carro. Quando gravava em São Paulo, era comum sair do estúdio e ir direto para a rodovia Dutra, com o objetivo de passar a folga com a família no Rio de Janeiro. “Eu virava para alguma colega de gravação e falava: ‘vamos agora’. Não passávamos nem no flat”, recorda Marcella. Apesar da vida corrida, a atriz faz o tipo “motorista zen”, já conformada com os congestionamentos das grandes cidades. “Não entro na neura de ficar louca, nervosa, irritada com o trânsito”, afirma. A calma é invejável para alguém que diz sempre sair de casa em cima da hora. Uma vez, porém, não pôde assumir o volante. Foi durante uma das gravações na novela Serras Azuis, veiculada pela Band em 1998. Era uma cena com automóvel. Marcella sentou-se na carona. No banco do motorista estava o ator Petrônio Gontijo. “Ele não sabia dirigir, mas tinha que sair cantando pneu. Ele pingava suor e eu pingava junto”, lembra a atriz. No meio da tensão, tudo o que ela conseguia pensar era: “pronto, ele vai bater na casinha da cidade cenográfica”. Foram algumas tentativas, mas a cena saiu. “Deu tudo certo”, suspira aliviada. Filha do autor Lauro César Muniz, Marcella sempre respirou arte. Começou ainda criança na novela “Os Imigrantes”, exibida pela TV Bandeirantes em 1981. Atuou também em “Pão Pão, Beijo Beijo” (1983), “Sassaricando” (1987), “O Salvador da Pátria (1989, escrita pelo pai) e “Uga Uga” (2000). Depois de atuar como a mecânica Jackie, fez um pit-stop na carreira, para estudar cozinha contemporânea em Buenos Aires. O convite para voltar à Globo adiou, mas não interrompeu os planos na Argentina. Até outubro, pelo menos, Marcella está comprometida com as gravações de “O Astro”. Ainda assim, tentará concluir o curso neste ano e, no futuro, abrir um restaurante. É muita bateria. A Bosch na sua vida ceiro de anos é uma perua, a Peugeot SW. A agitação aumentou ainda mais desde que Marcella voltou à Rede Globo, na série “O Astro”, baseada na telenovela homônima de Janete Clair, que foi ao ar em 1977. Na trama, ela interpreta Doralice, exmulher que inferniza a vida de Herculano Quintanilha, personagem protagonizado por Rodrigo Lombardi. Antes disso, a mecânica Jackie tinha sido sua última atuação na televisão. Para interpretar a personagem, a atriz precisou vestir o macacão, sujar a mão de graxa e olhar os carros por outros ângulos, incluindo o de baixo. E se engana quem pensa que foi tudo de mentirinha: Marcella chegou a fazer workshop em uma oficina de São Oficina e sala de aula Se uma atriz como Marcella Muniz precisou assistir a um curso para fazer o papel de mecânica, imagine um mecânico de verdade... Essa é uma área que sempre exigiu atualização, mas isso se tornou ainda mais importante desde que começaram a proliferar recursos eletrônicos nos automóveis. Para atender essa demanda e assegurar um atendimento que faça jus ao padrão Bosch de qualidade, o Centro de Treinamento Técnico Automotivo oferece periodicamente cursos sobre sistemas veiculares, produtos e novas tecnologias. Alguns cursos podem ser feitos pela internet e outros, de abordagem prática, de forma presencial. Porém, como explica Lúcia Cuque, chefe de treinamento técnico e comercial da divisão Automotive Aftermarket, uma modalidade de ensino não substitui a outra: elas se complementam. “O profissional se prepara previamente para o curso presencial estudando os conteúdos conceituais nos cursos on-line.” Além de aulas sobre temas avançados, a empresa oferece treinamentos envolvendo conceitos básicos em eletricidade, eletrônica automotiva, motor ciclo Otto e diesel. Tais conhecimentos servem de introdução para os que atuam no mercado reparador em geral e pretendem participar dos demais cursos oferecidos no Centro de Treinamento Técnico, em Campinas. Já aqueles que desejam ficar por dentro das principais inovações automotivas da Bosch podem participar dos seminários organizados pela empresa. Eles são fre- Arquivo Bosch 10 | VidaBosch | quentados por grupos de entidades de classe, oficinas, lojas de autopeças e universidades. Os eventos abordam temas como eletrônica embarcada e diagnóstico das novas tecnologias diesel. Para obter informações, acesse www.bosch.com.br/ br/autopecas/treinamentos ou escreva para [email protected] 12 | VidaBosch | torque e potência | Por Felipe Lessa Uma evolução no diesel Ônibus, caminhões e máquinas agrícolas precisarão usar combustível mais limpo a partir de 2012 Paul Matthew Photography É deles que sai grande parte da fumaça preta que afeta a atmosfera. Por isso, para reduzir as emissões de gases poluentes dos veículos de transportes pesados, o governo vai implementar, a partir de janeiro de 2012, uma norma que prevê o uso de um diesel mais limpo do que o atual — trata-se da fase 7 do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve). Isso significa que as montadoras de ônibus, caminhões e máquinas agrícolas passarão a fabricar modelos adaptados para rodar com um novo diesel, em cuja composição há menos enxofre, substância que tende a aumentar o risco de doenças pulmonares. Essa determinação gera mudanças em toda a cadeia produtiva do setor – montadoras, distribuidoras e refinarias. Porém, mesmo com o avanço em algumas áreas, ainda não há garantia de que o óleo estará disponível em todos os postos do país. Atualmente, a maioria dos veículos pesados circula com diesel S1800 e S500 – ou seja, com 1.800 e 500 partes por milhão (ppm) de enxofre. No ano que vem, começa entra em vigor o S50 e, em 2014, o S10, que poderão colaborar para uma sensível redução na poluição atmosférica. As doenças causadas pela poluição do ar matam, a cada ano, 2,5 milhões de pessoas no mundo, de acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). “Um dos principais vilões é o dióxido de enxofre. Portanto, trabalhar para reduzir sua emissão representa um ganho para a saúde e para toda a sociedade”, afirma Pedro Henrique Torres, coordenador da Campanha de Clima da organização não governamental Greenpeace. Para se ter uma ideia, a atual frota brasileira, que é composta por caminhões com média de uso de 20 anos, emite 38 vezes mais poluentes do que a geração de veículos que está por vir. 14 | VidaBosch | torque e potência Por uma questão de saúde pública e preocupação com as mudanças climáticas, diversos países já adotaram medidas semelhantes. Membros da União Europeia, por exemplo, começaram o Euro 5, plano no qual o Brasil se inspirou, há 15 anos. Mas, como seria muito custoso adotar um combustível mais limpo de uma vez só, já que implicaria grandes investimentos da indústria, foi criado um plano de mudança gradual. No caso brasileiro, o Proconve foi criado em 1986 e, desde então, reduziu em quase 100% a emissão de poluentes de automóveis e motos. Para os veículos pesados, o caminho foi mais turbulento: a implementação da sexta fase não vingou, por causa da incerteza em relação ao abastecimento, e o Brasil pulou diretamente para a sétima fase (chamada P7). Nas novas regras, ainda que o combustível tenha menor teor de enxofre, a tecnologia empregada deve diminuir a emissão de outras substâncias e partículas poluentes. Há duas opções: a Selective torque e potência | VidaBosch | 15 Na nova fase do programa de redução de poluentes, emissão de enxofre deve cair mais de 90% e de fumaça e material particulado, 80% Catalytic Reductionn (SCR) e a Exhaust Gas Recirculation (EGR), ambas capazes de reduzir as emissões e ao mesmo tempo aumentar a eficiência energética dos veículos. Segundo o professor de Engenharia Mecânica da Unicamp, Antonio Celso, a escolha da tecnologia pelo fabricante depende de como o automóvel será usado, em qual tipo de estrada, qual distância média percorrerá e a relação peso-potência. Para os caminhões de carga, que geralmente percorrem longas extensões, o sistema mais indicado é o SCR, que trata os gases já no cano de descarga. Além disso, é utilizado um produto químico composto de ureia, o Arla 32, que neutraliza o gás da combustão, convertendo-o em nitrogênio e água, reduzindo a liberação de partículas e óxidos de nitrogênio. A redução na emissão de fumaça e material particulado é de 80% em relação ao atual modelo. “É o sistema com melhor eficiência energética, e pode ser usado por motores de todos os tamanhos”, complementa Celso. Entre as empresas que adotaram o SCR estão Volvo, Iveco e Mercedes-Benz. Já o sistema EGR possui controle eletrônico e processo de resfriamento dos gases recirculados – que, quando misturados ao ar fresco, diminuem a temperatura da câmara de combustão. Isso reduz a formação de óxido de nitrogênio. Contudo, o EGR aumenta o consumo de combustível, já que, quando a temperatura baixa, a eficiência da queima também cai, o que resulta em maior emissão de fumaça. Por isso, os motores com esse dispositivo exigem um filtro de material particulado, sendo que seu uso deverá ser restrito a veículos de menor porte e que costumam circular em regiões com diesel de melhor qualidade. A Scania, que adotou a tecnologia na Europa, deverá utilizar o sistema em seus novos modelos no Brasil. Tarefa nada fácil No entanto, os desafios para a implementação da nova fase do Proconve ainda são grandes. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, restam ao menos duas questões a serem resolvidas: o fornecimento do novo combustível, que é responsabilidade da Petrobras, e a distribuição e abastecimento, que ficam a cargo de empresas distribuidoras e dos postos de gasolina, respectivamente. A petrolífera brasileira afirma que até o ano que vem haverá diesel mais puro nas bombas – foram investidos US$ 73,6 bilhões em infraestrutura para produzir o combustível. Na outra ponta da cadeia, a Agência Nacional do Petróleo (ANP), entidade res- ponsável pelo controle e pela fiscalização da distribuição de combustíveis, diz que o país estará pronto para a nova norma, indicando que estão sendo feitas reuniões periódicas com ministérios e órgãos públicos para garantir o fornecimento. Porém, para os postos de gasolina disponibilizarem o diesel é preciso investir em bombas especiais. De acordo com o diretor técnico da ANP, Allan Kardec Duailibi, existem 38 mil postos no país. Porém, somente cerca de 1.200 estabelecimentos manifestaram interesse em vender o novo combustível. Só que será necessário o dobro disso para atender a demanda pelo diesel S50 em 2012. Além disso, a maioria dos postos que pretende melhorar seus equipamentos está nas regiões Sul e Sudeste. Essa desigualdade criaria dificuldades para motoristas que fazem percursos longos, aponta o professor da Unicamp Antonio Celso. E, caso o diesel usado seja de qualidade pior que o S50, “os motores podem sofrer sérios danos, desde a perda de potência até a menor durabilidade”, alerta Celso. “Fora isso, não há fornecimento desse diesel em outros países da América Latina, o que criaria barreiras para as viagens internacionais.” O bolso do consumidor também deverá sofrer impacto, tanto pelo valor mais alto dos veículos como pelo combustível mais caro. A Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) estima que o incremento no preço final dos modelos seja de 8% a 15%. O preço do litro do novo diesel nas bombas deverá subir, apesar de a ANP ainda não ter uma previsão sobre quanto será essa alta. De qualquer modo, embora os preços possam ser mais salgados no começo, é importante pensar a longo prazo. “Certamente os gastos públicos na área de saúde deverão cair, e toda a sociedade poderá ser beneficiada pela medida”, Celso. Afinal, é o preço do desenvolvimento sustentável. Crescimento sem poluir. Os modelos adaptados às novas regras deverão ficar mais caros – a alta deve ser de 8% a 15%, segundo estimativa da associação de fabricantes Gilles Lougassi/Shutterstock Tecnologia limpa A fase P-7 (equivalente à norma europeia Euro 5) do Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que será adotada pelo Brasil a partir de 2012, implica uma série de adaptações na cadeia produtiva do setor automobilístico, a fim de controlar a emissão de poluentes por veículos a diesel. Líder mundial em desenvolvimento de sistemas de injeção para motores diesel, a Bosch disponibiliza no país alguns equipamentos produzidos para atender as rigorosas normas da Europa, onde leis de emissões equivalentes já estão em vigor desde 2009. Um deles é o Denoxtronic, sistema dosador que funciona aliado ao catalisador SCR (sigla de Redutor Catalítico Seletivo) para tratamento dos gases de escape. “Esse equipamento neutraliza a ação tóxica do NOx [óxido de nitrogênio], transformando-o em nitrogênio e água”, explica Gustavo Castagna, chefe de aplicação dos sistemas diesel da empresa. A redução é de até 85% nas emissões de NOx e de até 40% na de materiais particulados. Além disso, o consumo de diesel cai em cerca de 5%. Outra tecnologia da Bosch voltada para a redução de emissões é a terceira geração do Common Rail, um sistema de injeção de combustível que se caracteriza por permitir altas pressões de injeção. São 1.800 bar, ante os 1.400 bar dos modelos atuais. Como resultado, essa tecnologia assegura ao motor um excepcional desempenho, aliado a baixo consumo de combustível e menores índices de emissões de poluentes. Para o desenvolvimento dessas e de outras tecnologias que vêm ao encontro das normas do Proconve, a Bosch Arquivo Bosch A Bosch na sua vida conta com o seu Centro de Competência Diesel, localizado em Curitiba. 16 | VidaBosch | em casa Valua Vitaly Soluções criativas revigoram os ambientes sem o quebra-quebra das reformas | Por Nathalia Barboza Casa repaginada 18 | VidaBosch | C em casa Fotos Shutterstock usta dinheiro. Suja a casa. Causa transtorno. Por isso, uma reforma para mudar a cara de casa inibe muitas pessoas. Só que não é preciso quebrar tudo para renovar um ambiente, nem sair trocando a mobília e aposentando as cortinas e os tapetes. Soluções criativas podem fazer a diferença, repaginando a casa e revigorando os ambientes internos. “Para começar, o mais fácil é trocar a cor da parede”, explica o arquiteto e designer Rodrigo Angulo. Mas não é preciso parar por aí. Pinturas que imitam cimento queimado e concreto caíram no gosto dos decoradores. Há uma linha de tintas especial, com texturas que parecem concreto, mármore, camurça ou tecido tipo linho. Os efeitos são ótimos. Convém, contudo, contratar profissional especializado – não é qualquer pintor que vai acertar a mão. Já as tintas com metal podem revestir uma parede inteira e fazer dela um painel em casa | VidaBosch | 19 Tintas com metal transformam a parede num grande painel com ímãs, que podem ser trocados todo dia. É uma boa dica para diversificar a decoração de halls, corredores, quartos ou escritórios mutável, com ímãs que são trocados todos os dias. “Mas não ache que a parede vai ficar como a superfície de uma geladeira. Tem que ter ímãs muito fortes”, adverte o arquiteto paulistano Domingos Pascali. Em um de seus projetos, ele criou uma parede de aço pintada de branco na qual o morador expõe suas fotos imantadas. “É uma dica para um hall, um corredor, um canto do quarto ou até do escritório.” Não é preciso, claro, ficar restrito às tintas e texturas. Podem-se usar papéis de parede, vendidos em qualquer loja do setor a preços bem acessíveis. “Só que os mais bacanas ainda são os importados. Dá para comprar os alemães, que são bárbaros, pela internet e por um bom preço”, lembra a arquiteta Gabriela Marques. “Você encontra rolos de um papel vinílico holandês que resiste bem à umidade. Com R$ 1.000, é possível revestir um lavabo”, calcula a arquiteta Mariana Vaz, de Niterói. A versatilidade do produto é enorme. “Podemos ter liberdade total para usar papel de parede – em películas no vidro ou em espelhos, por exemplo”, indica Pascali, que dá mais uma dica: “todo mundo podia arriscar mais no seu espaço. O vinil permite isso, porque é fácil de retirar. Nele, podemos imprimir textos, fotos e paisagens, mudando todo o ambiente de forma rápida e limpa”. Aconchego e amplitude Outro recurso possível é o painel em marcenaria. “Ele permite correr fiação e alterar os pontos elétricos e de TV nos ambientes, além de passar sensação de aconchego”, diz a designer de interiores gaúcha Maura Fritzen. “Podem ter detalhes em baixo relevo, laminados, pintados, ripados em tiras ou em outros formatos, como o de pedra palito ou de lambris.” Colocá-los no lugar, porém, não é para qualquer um. “Um especialista deve fazer a instalação. Assim, o painel será colado com o material apropriado e com as emendas feitas com cuidado”, destaca. Espelhos também estão em alta. Com bordas lapidadas ou facetadas, comuns, bronze ou fumê, podem ficar em painéis e revestir pilares – e por que se restringir às paredes? Eles vão bem em todos os tipos de móveis (mesas, aparadores) e nichos. “Ampliam os espaços, enobrecem, modernizam”, recomenda Maura. A designer costuma usar películas adesivas em vidros, das mais variadas cores, ou imitando jato de areia e vidro refletivo. Em imóveis antigos, daqueles em que a viga ou outros materiais atravessam o ambiente, pode-se tirar o revestimento e expor as estruturas. Fica na moda de novo, com cara de loft “Elas podem ser removidas dos vidros sem danificar a superfície, permitindo modificar várias vezes o visual do ambiente”, acrescenta. Outro detalhe nas paredes que valoriza o ambiente é o rodapé, principalmente os mais altos, com 30 cm a 40 cm de altura. Preferencialmente, de madeira maciça. “Isso por causa do contato com o piso, que, se for molhado, estraga o rodapé com facilidade”, justifica Maura. Para imóveis mais antigos, daqueles que têm vigas ou estruturas atravessando ambientes, existem opções mais ousadas. Pode-se valorizar suas entranhas e mostrar As paredes podem ganhar vida com novas cores, espelhos e lambris (à esq.); iluminação embutida no gesso também revigora o ambiente o “esqueleto” de concreto. Fica na moda de novo, com um ar de loft nova-iorquino. “Não disfarce um pilar no meio da sala com revestimento caro ou tinta. Descasque a argamassa e o reboco, chegando ao concreto envelhecido pela ação do tempo”, sugere Gabriela Marques. Ela adverte, no entanto, que fazer isso quase no final da obra requer proteger piso e paredes próximas. “E é possível que, no final, o resto do imóvel precise de mais uma demão de pintura”, completa. “Da mesma forma, pode-se descascar uma parede feita de tijolinhos. Ela dará um efeito bacana com sua textura natural ou, se preferir, pintada de branco, o que deixa o ambiente com um aspecto mais suave”, sugere Gabriela. As alternativas, como se vê, são muitas. Para não errar a mão na hora de decorar paredes – seja com painéis, pastilhas, pedras, texturas ou papel de parede –, um 20 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 21 Shutterstock Divulgação Divulgação Papel de parede (página ao lado) e trabalhos em gesso (à dir.) dão tom moderno; em imóveis mais antigos, pode-se deixar o concreto à mostra (à esq.) Opções para o teto Em alguns casos, sobretudo nos apartamentos pequenos, vale a pena caprichar na parte de cima. “Num projeto que fizemos, rebaixamos um teto de uma sala em 50 cm, para usar o vão como uma espécie de maleiro. O mesmo pode ser feito em outros ambientes, como no corredor”, recomenda Pascali. No acabamento do novo forro, vale pensar no gesso, acartonado (drywall) ou convencional, que também transforma o espaço. Sancas retas com luz indireta, um destaque lateral entre o forro e a parede para abrigar o cortineiro ou um rebaixo de forro plano com luminárias embutidas são boas opções. “O gesso convencional ainda é mais acessível que o acartonado, mas a sujeira é maior e o prazo de execução, também”, adverte a designer Maura. Gesso pode ser uma boa opção para mudar o teto sem quebrar muita coisa. É possível, por exemplo, colocar sancas retas com luz indireta “Para passar selador, massa corrida e pintar, deve-se esperar que fique totalmente seco. Isso não acontece com o acartonado, com o qual conseguimos uma obra limpa”, compara. Trocar a iluminação é outro modo de repaginar um cômodo sem ter de partir para o quebra-quebra. A lâmpada de LED é uma das preferidas dos profissionais da área, por ser mais econômica, eficiente e delicada. Num forro rebaixado, ela também tem a vantagem de não esquentar, ao contrário do que acontece com as lâmpadas incandescentes e as do tipo AR. “Ambiente quente não é aquele que emite calor. O conforto é o mais importante, e as LED têm oferecido mais opções de ‘temperaturas’”, aponta Rodrigo Angulo. Justamente por isso, Mariana Vaz optou por elas num projeto de iluminação para quarto infantil. “Não esquentam e são extremamente econômicas”, atesta. A solução tecnológica mais usada é a fita de LED, que substitui a inconveniência das mangueiras, cujo acabamento é considerado precário. “Também vale para compor com móveis de laca, porque não mancham a pintura com o tempo”, comenta. “A iluminação é o que tem dado o diferencial de decoração. A tendência é separar as lâmpadas em vários circuitos, para permitir ambientações distintas no mesmo local”, acrescenta Mariana. Em um projeto, ela separou os interruptores de luz de uma cozinha em três, dedicando um deles para uma lâmpada focada sobre a geladeira, para as incursões noturnas do morador. “Mas é preciso garantir um espaço para esconder o transformador”, completa a especialista de Niterói. Na cozinha, chama a atenção a quantidade de pedidos para concepção de projetos de adaptação de bancadas para receber cooktops (fogões de mesa). “A maioria dos apartamentos tem só um ponto de gás, e é preciso mais um para o forno. Nisso, o revestimento tem que ser quebrado, dando espaço para pastilhas, por exemplo”, diz Mariana. É uma opção que pode não garantir um ambiente 100% diferente, mas que vai deixar a sua casa de cara nova. Sem deixar o dono louco com a bagunça. A Bosch na sua vida Rapidez e versatilidade Fazer acabamentos domésticos com perfeição e criar pequenos elementos de decorações em casa são tarefas mais fáceis quando se tem à mão uma ferramenta da Dremel, marca do grupo Bosch. Compacta e versátil, ela auxilia na execução de trabalhos manuais e oferece 150 acessórios para os mais diferentes tipos de atividade. “Ela é ideal para trabalhar em pequenos locais, de difícil acesso, e pequenas escalas. É uma ferramenta compacta, multifuncional. Pode ser utilizada para cortar, polir, fazer entalhes, ajustes...”, diz Wellington Brotto, gerente da marca para a América Latina. A ferramenta pode ser usada, por exemplo, para limar a porta que não está fechando, perfurar o gesso para instalar spots de luz ou tomadas, além de realizar pequenos furos em armários para passagem de fios. Tudo com um bom acabamento e com rapidez, diferentemente de equipamentos manuais, que tomam mais tempo e nem sempre produzem um resultado satisfatório. Segundo Brotto, as ferrametas da Dremel são ideais para os “reparadores domésticos” – em outras palavras, pessoas que se identificam com o estilo “faça você mesmo”. O kit básico vem com dez acessórios, considerados de iniciação. Os demais são vendidos separadamente. A ferramenta também é usada por profissionais e artesãos, sobretudo em Arquivo Bosch dos segredos é integrá-las. “Não segmente simplesmente os ambientes. Crie um eixo de ligação entre eles”, sugere Pascali. Mesmo para os pisos há alternativa à quebradeira. São as sobreposições. “O mercado oferece pisos cada vez mais finos, ótimos para aplicar em cima do antigo”, aponta Rodrigo Angulo. razão de sua versatilidade e praticidade. É possível criar detalhes em azulejos, molduras em espelhos e dar um toque especial na decoração da casa. A marca disponibiliza um livro na internet com dicas e técnicas para decorar o ambiente doméstico, além de contar com um canal no YouTube (http://www.youtube.com/user/ Dremel410) com cerca de 60 vídeos explicativos. Oferece dois anos de garantia e mais de 400 assistências técnicas e postos de serviço no Brasil. 22 | VidaBosch | tendências | Por Bruno Meirelles Indústria, substantivo feminino Arquivo Bosch Participação das mulheres no mercado de trabalho tem crescido, mas elas ainda são minoria no setor industrial 24 | VidaBosch | tendências tendências | VidaBosch | 25 Yuri Arcurs/Shutterstock Arquivo Bosch Antes a presença de mulheres era comum apenas no setor têxtil, mas agora elas ocupam também outras vagas nas indústrias D esde o final do século 19, as mulheres estão obtendo uma série de conquistas em direção à igualdade entre os sexos – direitos ao voto, ao divórcio, a se vestir da maneira mais livre, ao trabalho e ao controle sobre a decisão de ter filhos ou não. A participação delas no mercado de trabalho também tem crescido sem parar. Mesmo assim, alguns desafios persistem, especialmente em áreas ainda tidas como tipicamente masculinas, como as funções técnicas e os cargos de direção. O setor industrial, por exemplo, emprega 78% mais homens (8,9 milhões) do que mulheres (5 milhões), segundo os dados mais recentes do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Na construção civil, o desnível é ainda maior: 6,6 milhões de homens e apenas 241 mil mulheres. A situação se altera nos serviços domésticos, em que há 6,2 milhões trabalhadoras e 425 mil trabalhadores. As diferenças devem-se, em parte, a opções a que as mulheres são levadas a fazer. “As escolhas profissionais femininas ainda estão muito ligadas ao velho papel que a sociedade atribui à mulher, que é de cuidadora. Assim, elas se concentram mais nas áreas de saúde e educação, por exemplo”, diz a professora de economia Hildete Pereira de Melo, da Universidade Federal Fluminense (UFF). Boa parte da situação, contudo, está relacionada às barreiras impostas pelo mercado. “Existe certa resistência dos ambientes masculinos, que acabam se tornando um pouco hostis para a mulher. Lá elas se sentem mais acuadas e precisam provar a todo instante que são competentes”, aponta Maria Rosa Lombardi, pesquisadora na área de gênero, trabalho e profissões da Fundação Carlos Chagas. A professora da UFF afirma que, no início do século passado, a presença da mulher no setor industrial brasileiro, predominantemente têxtil, era mais bem aceita. Porém, elas perderam espaço após a eclosão do movimento operário, cujo auge se deu com a greve geral de 1917, que paralisou a indústria e o comércio. Durante a reivindicação por direitos trabalhistas, os próprios manifestantes defenderam que as mulheres cuidassem apenas do lar, pois acreditavam que o salário do homem era suficiente para sustentar a família. “Após essa fase, a fábrica passou a ser vista como um espaço culturalmente masculino, e a mulher se sente um pouco deslocada nele.” Há exceções, como Martha Canelada, engenheira sênior de desenvolvimento de produto da Bosch. Ela, que atua na área há 10 anos e participou da criação do sistema Diesel+GNV da Bosch, conta que jamais enfrentou problemas no trabalho por ser mulher. “Em cada novo projeto demora um pouco para perceber como as pessoas trabalham. Mas, assim que isso é feito e mostro minhas competências, percebem que podem contar comigo como com qualquer outro colega”, comenta. As trabalhadoras fabris só começaram a recuperar espaço a partir da década de 1970, quando se ampliou o leque de opções de carreiras oferecidas à mulher em universidades e escolas técnicas. Hoje, elas representam 55% dos graduados do país, segundo a edição mais recente da Pesquisa Nacional de Amostra por Domicílio, do IBGE. Apesar disso, são minoria em áreas como engenharia. De acordo com o Censo do MEC de 2008, apenas 21,4% dos estudantes de engenharia são do sexo feminino. Mesmo que a proporção ainda seja pequena, o número saltou dois pontos percentuais em relação a 2000. “As pioneiras sofreram mais, elas eram muitas vezes as únicas em uma sala de aula”, explica a pesquisadora Maria Rosa, da Fundação Carlos Chagas. Foi uma situação parecida com essa que Rosângela Barbosa, diretora do Centro de Serviços da Bosch em Joinville, enfrentou quando iniciou sua carreira, 24 anos atrás. “Naquela época, era raro ter uma mulher em posição de liderança. Nas primeiras reuniões, me sentia um pouco incomodada, mas logo que entrávamos nas discussões técnicas ficava claro o conhecimento que eu tinha e porque eu estava lá”, explica. Rosângela nunca se importou em ocupar um cargo de direção numa área onde os homens são maioria. “Não foi só a Bosch que mudou, o mundo mudou, e hoje temos mulheres ocupando posições de liderança no Brasil, na Argentina, na Alemanha, entre outros.” Desafios pela frente Apesar dos progressos, uma das barreiras a serem superadas é a dificuldade da mulher de conciliar o trabalha e as tarefas de casa, observa Hildete Pereira de Melo – a “dupla jornada” ainda as penaliza muito. Mesmo o forte movimento trabalhista do início do século 20 defendia que as mulheres tinham de ficar longe das fábricas para cuidar da casa Além disso, e por causa disso, elas têm mais dificuldade em subir na escala hierárquica. “Ingressam e permanecem, mas são poucas que chegam a cargos de chefia ou conseguem receber salários equivalentes aos dos homens”, afirma a economista da UFF. Martha Canelada acredita que faltam exemplos de mulheres que alcançaram sucesso e inspirem outras a ir adiante. “Sei de casos de chefes que já nem esperam que as mulheres façam carreira na área técnica. Eles pensam que, se quase não há mulheres, por que uma gostaria?” Para ela, tal situação permite que algumas ideias preconceituosas se perpetuem, como a visão de que, assim que as mulheres casarem ou tiverem filhos, não terão interesse em fazer carreira e vão pedir demissão. “As mulheres devem ter sempre a postura de que são tão competentes como qualquer outro homem na mesma posição, sem diferença. Assim os outros a verão da mesma forma”, argumenta. Para a pesquisadora Maria Rosa Lombardi, superar esse quadro requer uma ação conjunta de empresas, trabalhadores e poder público. Na avaliação dela, ainda faltam organizações e fóruns que representem e debatam a condição da mulher no setor industrial. “Precisamos de políticas de estímulo e apoio, que precisam ser acompanhadas de perto para que o governo saiba os problemas do cotidiano do trabalho”, diz. A especialista cita como iniciativa positiva o Programa Pró-Equidade de Gênero e Raça, da Secretaria de Políticas para as Mulheres, ligada à Presidência da República. As empresas que aderem ao projeto assumem o compromisso de cumprir uma série de metas relacionadas a recrutamento, promoções e remuneração de forma mais igualitária, e, caso cumpram os objetivos, recebem um certificado do governo federal. “Em um ambiente corporativo, a mulher traz uma perspectiva diferenciada”, argumenta Maria Rosa. A engenheira da Bosch concorda, e completa: “nossa diferença vem apenas contribuir nas discussões, nas decisões e na criação do conhecimento.” 26 | VidaBosch | grandes obras | Por Vanessa Correia Mais que um teto Maximiliano Martins Projeto imobiliário em Manaus prevê, além de casas e apartamentos, construção de centros de saúde, escolas, creches e delegacia 28 | VidaBosch | M grandes obras anaus, sexto município com maior Produto Interno Bruto no Brasil, abrigará o maior projeto do programa habitacional Minha Casa, Minha Vida, do governo federal. O empreendimento de casas e apartamentos, chamado Meu Orgulho, contempla a construção de 8.895 unidades no bairro de Santa Etelvina (zona norte da capital do Amazonas) e é direcionado a famílias cuja renda varia de 0 a 3 salários mínimos. O investimento previsto é de R$ 468 milhões, com contrapartida de R$ 80 milhões do governo amazonense. Como o bairro é afastado do Centro, numa região carente de estrutura, o plano inclui ainda construir centros de saúde, escolas, creches, delegacias e vias de acesso. “Os moradores da região terão a oportunidade de viver em um local digno, com toda a infraestrutura de um bairro”, diz Paulo Assis, superintendente regional de incorporação da Direcional Engenharia em Manaus, responsável pela execução do projeto. É um modo de expandir a cidade tentando manter as conquistas das últimas décadas, quando a taxa de analfabetismo caiu para menos de 5% e a energia elétrica foi praticamente universalizada, de acor- grandes obras | VidaBosch | 29 Desmatamento de 45 mil hectares para construir o empreendimento terá como contrapartida a arborização de outros pontos de Manaus do com o Censo 2010. Ao mesmo tempo, o empreendimento dá respostas a problemas que ainda desafiam a capital, como acesso a água (31% dos domicílios não estão ligados à rede de abastecimento) e esgoto (40% não estão ligados à rede). A obra será dividida em duas etapas. A primeira, com 3.511 unidades, tem término previsto para o final de 2011; a segunda etapa está em fase de assinatura de contrato com a Direcional Engenharia. “O empreendimento foi dividido em dois para que o impacto ambiental causado em Santa Etelvina fosse mínimo”, afirma a superintendente regional da Caixa Econômica Federal, Noêmia Jacob. Os imóveis possuem dois quartos, sala, cozinha e banheiro, divididos em 37 metros quadrados, em média. Como em outros projetos do Minha Casa, Minha Vida, também dispõem de piso cerâmico em todos os ambientes, azulejo em todas as paredes da cozinha e do banheiro, portas com 80 centímetros de largura e janelas maiores, para melhoria das condições de iluminação e ventilação, além de aquecedor solar. Mas não para por aí. “O diferencial está na acessibilidade: parte das casas e dos apartamentos foi adaptada aos portadores de necessidades especiais e idosos”, ressalta o diretor presidente da Superintendência Estadual de Habitação (Suhab), Sidney de Paula. Essas unidades receberam rampas, portas largas e banheiros especiais. O valor ficará entre R$ 39 mil (casa) e R$ 43 mil (apartamento), e poderá ser pago em dez anos. A prestação mensal mínima é de R$ 50, e a máxima equivale a 10% do preço do imóvel. A prioridade é dos interessados que ganham menos. Um dos objetivos do projeto é diminuir a falta de lares no Amazonas, de 176 mil unidades. Ou seja, o programa Meu Orgulho, quando finalizado, reduzirá em pouco mais de 5% o déficit habitacional da região, em linha com o objetivo do governo federal em relação ao programa nacional. Outros empreendimentos também estão tentando diminuir esse problema. A Caixa Econômica Federal contratou R$ 200 milhões em financiamento no estado, em 2009, incluindo todas as faixas de renda. Em 2010, o número subiu para R$ 800 milhões, e este ano o total contratado deve superar R$ 1 bilhão, de acordo com a superintendente regional da instituição financeira. Não é por acaso que Manaus foi escolhida para sediar o maior programa do Minha Casa, Minha Vida: com seus quase 1,8 milhão de habitantes, concentra mais da metade da população amazonense. Um dos pontos sensíveis – em especial tratando-se da Floresta Amazônica – é a questão ambiental. O projeto Meu Orgulho recebeu autorização dos órgãos do setor. A área desmatada para construção do empreendimento, de 45 mil hectares, será recuperada com a arborização em outros pontos de Manaus, conforme as prioridades definidas pela prefeitura. O próprio empreendimento é bem arborizado. “Quando assinamos o contrato, deixamos claro que o conjunto precisaria ter diversas áreas verdes”, diz o diretor presidente da Suhab. Para cumprir as exigências, a Direcional contratou técnicos a fim de apontar os principais riscos e as maneiras de mitigálos. Inicialmente, foi feito o resgate da flo- ra e fauna da região. “Antes de desmatar o local do empreendimento, coletamos o material genético de inúmeras espécies de árvores e entregamos à Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Sustentabilidade. Passada essa fase, resgatamos os animais que viviam na região, tais como bicho preguiça, cobras e calangos”, explica Antônio de Lima Mesquita, especialista em meio ambiente, que participou do projeto. Contenção de encostas e de taludes e replantio de grama em travessias de igarapés (trecho estreito de rio) também estiveram no topo dos cuidados. Além disso, a segunda fase do programa, que prevê a construção de 5.384 unidades, foi deslocada alguns metros do local original para evitar estragos no meio ambiente. As entidades envolvidas também se preocuparam com o impacto social causado nos moradores da região. A comunidade local foi ouvida, e o principal questionamento era relacionado à infraestrutura. A preocupação é válida: hoje, 40 mil pessoas moram em Santa Etelvina e esse número deve dobrar ao término da segunda fase do Meu Orgulho. “O sentimento das pessoas que vivem no entorno é de retomada da cidadania e melhoria da qualidade de vida. Quase não há po- de concreto e pode ser usado para abrir espaço para a passagem de um cano, por exemplo. Também é capaz de remover até 225 quilos de concreto na função de cinzelamento. Uma outra versão, o GBH 2-24, é usada em trabalhos mais leves, como na retirada de pequenas rebarbas e no acabamento. Já o vibrador de concreto GVC 20 EX é usado para dar mais consistência ao material, evitando que ele fique com bolhas de ar. Finalmente, a esmerilhadeira GWE 14-40 dispõe de um disco diamantado de 7 polegadas que pode ser utilizado para cortar tijolos, por exemplo, além de contar com uma empunhadeira que reduz as vibrações em até 70%, preservando a saúde do operador. Maximiliano Martins, consultor técnico comercial da empresa, afirma que a escolha se justifica por uma série de vantagens de um produto da Bosch. “Além da confiabilidade, contamos com um prazo de garantia de um ano, com duas assistências técnicas em Manaus”, diz, fazendo referência à cidade onde o Meu Orgulho está sendo construído. Dois representantes da Bosch acompanham as obras de perto para prestar o apoio necessário, fornecendo informações sobre a operação, a conservação e a manutenção das ferramentas. Meio ambiente líticas públicas de habitação e qualquer iniciativa é bem vista”, avalia Mesquita. Tecnologia A fim de acelerar a construção do projeto, a Direcional Engenharia adotou o sistema de fôrmas para parede de concreto nos empreendimentos econômicos. A tecnologia existe há mais de 30 anos, mas estava em desuso em função da falta de demanda e investimento na construção em larga escala. Trata-se de fôrmas de alumínio que são montadas e enchidas de concreto. Os moldes são retirados logo após a secagem do material e podem ser reutilizados até mil vezes. A vantagem do sistema, segundo Assis, é a redução do tempo de construção e dos custos: 80% e 15%, respectivamente, em comparação ao sistema convencional, de tijolos. “Fizemos um projeto similar no Amazonas, mas com o sistema convencional. Levamos quatro anos para construir e entregar 3,9 mil unidades.” Por se tratar de um sistema nunca utilizado no Amazonas, os funcionários tiveram de passar por capacitação. “Em geral, contratamos pessoas que moram nas proximidades do bairro Santa Etelvina e que estão perto da obra”, conta o superintendente regional da construtora. Maximiliano Martins As unidades do projeto Meu Orgulho terão aquecimento solar e estrutura que favorece a iluminação e a ventilação Da matéria-prima ao acabamento Quando se trata de obras que envolvem um projeto social, é fundamental que elas transcorram sem problemas ou atrasos. Afinal, existem inúmeras famílias que aguardam pelo benefício. Nesse sentido, o uso de ferramentas confiáveis desempenha papel importante para evitar imprevistos. É o que acontece no caso do Projeto Meu Orgulho, programa habitacional do governo do Amazonas que faz uso de uma série de equipamentos da Bosch. Um dos produtos usados no local é o martelo GBH 11 DE, que tem potencial para perfurar até 5,2 centímetros Arquivo Bosch A Bosch na sua vida 30 | VidaBosch | brasil cresce | Por Manuel Alves Filho Corrida pela saúde Gabi Moisa/Shutterstock Número de matriculados em academias no Brasil aumenta 55% em cinco anos. Tendência é influenciada pela expansão da “nova classe média” 32 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 33 D ias desses, o ilustrador Stefan Pastorek, 33 anos, foi à farmácia para comprar um remédio contra a gripe. Ao passar pela balança estrategicamente colocada à porta do estabelecimento, decidiu conferir o próprio peso. Levou um susto. O equipamento cravou 110 quilos. “Ao voltar para casa, comecei a me imaginar dez anos à frente e com 20 quilos a mais. Resolvi, então, mudar radicalmente minha alimentação e me matriculei numa academia de ginástica. Estou firme, mas ainda tenho medo de sair de casa e ter uma recaída ao passar diante de uma churrascaria”, conta, em tom bem-humorado. Assim como Stefan, cada vez mais brasileiros estão aderindo às atividades físicas orientadas, seja por motivos de saúde, seja por questões estéticas. Graças a eles, o Brasil é o segundo país em número de Fotos Divulgação/Companhia Athletica O Brasil é o segundo país com maior presença de academias (são 18.195), só atrás dos Estados Unidos Setor, que conta com 5,4 milhões de alunos, deve faturar R$ 2,2 bi em 2011, segundo a Associação Brasileira de Academias academias no mundo (18.195), perdendo apenas para os Estados Unidos (29.890). Os dados do mercado fitness no país impressionam. De acordo com a Associação Brasileira de Academias (Acad), o setor conta hoje com 5,4 milhões de alunos matriculados, contingente 55% superior ao registrado em 2006 e que equivale a duas vezes a população de Fortaleza. Juntos, eles devem deixar este ano nos caixas dos estabelecimentos algo como R$ 2,2 bilhões. “E ainda há muito espaço para crescimento. No Brasil, apenas 3% da população realiza exercícios físicos orientados. Nos Estados Unidos, esse índice é de 14%”, aponta o presidente da entidade, Kleber Pereira. A avaliação dele está baseada em fatores e tendências verificados tanto interna quanto externamente. No âmbito nacional, a ampliação do poder aquisitivo da classe média, que também cresceu em tamanho, favoreceu e deve continuar fomentando o ingresso de novos alunos nas academias de ginástica. Além disso, avança no país, ainda que a passos lentos, a percepção das pessoas de que praticar atividades físicas previne o surgimento de doenças e melhora a qualidade de vida. “Nesse sentido, a mídia tem feito um bom trabalho para conscientizar a população. Em média, a cada quatro edições a revista Veja, por exemplo, publica uma matéria sobre saúde, e a questão dos exercícios físicos sempre é destacada. A Rede Globo incluiu recen- temente na sua programação matinal um programa sobre bem-estar pessoal, o que sempre estimula as pessoas a abandonarem o sedentarismo”, avalia. Além disso, o Brasil sediará dois eventos esportivos de amplitude mundial, a Copa do Mundo de 2014 e as Olimpíadas de 2016. Na avaliação de Kleber Pereira, ambos devem ajudar a incrementar ainda mais o mercado fitness brasileiro. “Estimular a população a praticar mais esporte e atividades físicas é um dos legados mais importantes que esperamos que as duas competições nos deixem”, adianta o presidente da Acad. Outro fator que deve estimular o brasileiro a sair da inércia é a possível concessão, por parte das operadoras de planos de saúde, de descontos para os usuários que comprovem estar matriculados e fre- quentando academias de ginástica. De acordo com Edward Bilton, diretor da academia Companhia Athletica, unidade de Campinas (SP), a experiência já é adotada com sucesso em outros países. Há um projeto de lei tramitando no Congresso que propõe o mesmo procedimento no Brasil. “Acho a iniciativa importante. Está provado cientificamente: quem faz atividade física de forma contínua e orientada adoece menos”, considera. Bilton ressalta que os bons resultados alcançados pelo segmento no Brasil não caíram do céu, precipitados apenas pela conjugação de fatores favoráveis. Ele assegura que os empresários do setor também criaram alternativas para aumentar a clientela. Uma das ações adotadas pelas academias foi a exploração de novos nichos de mercado. Assim, surgiram unidades es- pecializadas no atendimento específico de mulheres ou de pessoas acima dos 40 anos, apenas para ficar nos dois exemplos mais visíveis. Na própria cidade de Campinas, distante 100 quilômetros de São Paulo, o fisioterapeuta e empresário Luis Gustavo Lopes, que já atuava no ramo, abriu há três anos a Academia 40+, especializada no atendimento de pessoas, digamos, mais maduras. A aceitação foi tão grande que atualmente a marca já soma quatro unidades. “Eu sempre notei que as pessoas mais velhas não se sentiam tão à vontade nas academias convencionais. A comunicação entre elas e os adolescentes não é fácil, e muitos idosos reclamavam da música alta. Foi aí que percebi a oportunidade de oferecer um serviço para esse público”, relata. 34 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 35 Divulgação/Competition Na 40+, os usuários fazem aulas agendadas, contam com um atendimento personalizado por parte dos instrutores e não têm que dividir equipamentos com outros alunos. “Assim, eles se sentem muito mais à vontade”, atesta. Ele aposta que ainda existem outros nichos a serem explorados pelo setor no Brasil. Um deles, no qual a Companhia Athletica já ingressou, é a administração de espaços fitness instalados em condomínios residenciais de alto padrão. “Os moradores preferem deixar esse ambiente aos cuidados de profissionais reconhecidamente capacitados, pois sabem que poderão contar com um serviço de qualidade”, explica. Qualidade, aliás, é um dado que preocupa tanto consumidores quanto empresários do segmento. É que, no boom experimentado pelo mercado nos últimos anos, alguns “aventureiros” aproveitaram para surfar a boa onda. Assim, surgiram academias que passaram a atuar sem o suporte de profissionais qualificados, principalmente edu- Antes de se matricular, certifiquese de que o estabelecimento é credenciado ao Conselho Regional de Educação Física, que exige que os monitores sejam graduados cadores físicos. Outras colocam à disposição dos alunos equipamentos inadequados ou defasados. Uma possível consequência dessas irregularidades e deficiências é a prescrição de exercícios físicos impróprios aos alunos, que podem acarretar lesões de diversas ordens. “Esse é um problema real, mas felizmente limitado. A grande maioria das academias atua de forma séria e responsável”, alega Kleber Pereira, presidente da Acad. Bilton dá a dica de como escolher uma boa academia. Segundo ele, é indispensável que a empresa seja credenciada junto ao Conselho Regional de Educação Física (Cref). Isso garante que os profissionais contratados são mesmo graduados. “Além disso, o ideal é que o interessado faça uma visita à academia e peça referências para os alunos. Também é bom que ele preste atenção aos equipamentos. Se eles apresentarem danos ou sinais evidentes de desgaste, é melhor optar por outra”, aconselha. O estudante de Análise e Desenvolvimento de Sistemas Caio Jeronimo Tavares, de 21 anos, agiu exatamente assim. Morador de São Bernardo do Campo (SP), escolheu a academia depois de se informar com amigos e de visitar a unidade de sua preferência. E o que o levou a praticar atividades físicas? “Resolvi mudar meus hábitos, a começar por fazer exercícios regularmente. Agora, procuro manter rigorosamente uma alimentação natural com verduras, legumes, produtos integrais, azeite, frutas e castanhas. Meu objetivo é manter a mente e o corpo em equilíbrio.” Se cada vez mais pessoas agirem assim, não será surpresa se o Brasil começar a encurtar a diferença com os norte-americanos no rentável mercado da malhação. A Bosch na sua vida Potência para ficar em forma Para acompanhar o aumento no número das matrículas, as academias precisam investir em equipamentos de qualidade. As esteiras, um dos aparelhos mais procurados pelos alunos, são reforçadas pelo motorredutor tipo CEP 310, dispositivo que altera a inclinação da máquina, simulando subidas ou descidas de ladeiras, explica a consultora de vendas da área de negócios industriais da Bosch, Dulcineia Soares. O motor, desenvolvido originalmente para movimentar os limpadores de para-brisas dos veículos, destaca-se por seu torque, afirma a especialista. “Ele não tem restrição a peso e pode ser instalado em qualquer esteira”, complementa. “Quando estamos usando a esteira na posição horizontal, é como se estivéssemos correndo em uma rua reta. Ao incliná-la, passamos a correr como se estivéssemos em uma ladeira”, explica Dulcineia. Esse movimento é gerado por um atuador linear localizado sob a esteira, na parte da frente. E é aí que fica o motorredutor. O dispositivo tem baixo consumo de eletricidade e longa vida útil – normalmente maior que a da própria esteira. “Além disso, ele é bem compacto [possui 12 centímetros] Arquivo Bosch Robert Kneschke/Shutterstock Setor tem crescido e se diversificado: há centros de fitness exclusivos para mulheres e pessoas com mais de 40 anos e cabe em qualquer dispositivo”, ressalta Dulcineia. A versatilidade desse sistema pode ser atestada por suas diversas aplicações. Além da utilização em esteiras e no para-brisas do carro, ele é aplicado também em cadeiras de dentistas e camas hospitalares. atitude cidadã | Por Ana Barbosa Emese/Shutterstock 36 | VidaBosch | Aprender brincando “A gente vai parar de brincar?” É com essa pergunta que muitos pais e professores se deparam quando a criança descobre que vai sair do ensino infantil e iniciar o primeiro ano do fundamental. A nova fase representa um grau maior de exigência: as aulas têm foco na alfabetiza- ção e nos primeiros fundamentos da matemática, e muitas escolas deixam de lado o aprendizado lúdico. Em vários casos, o pequeno aluno ainda precisa deixar a escola em que está para começar o primeiro ano em outro local. Isso tende a ser acompanhado da inseguran- ça de perder os amigos e professores com quem foram dados os primeiros passos no aprendizado da convivência fora de casa. Iniciar a transição para a nova fase ainda no último ano do ensino infantil ajuda a tornar esse processo mais natural, aconselha a psicóloga Cisele Ortiz, coordenadora Para atender às necessidades da criança que chega ao primeiro ano, escolas devem ensinar o conteúdo e a convivência sem esquecer a brincadeira adjunta do Instituto Avisa Lá, que trabalha com formação de professores. “Conhecer a nova escola antes, tomar um lanche com os alunos do primeiro ano para eles contarem um pouco da sua rotina, conhecer os professores, o espaço – tudo isso ajuda a criança a se acostumar”, diz. Para a escola que vai receber os pequenos, uma boa forma de conquistá-los é desvencilhar-se do modelo tradicional de ensino – justamente aquele que traz a ideia de que a criança não vai mais brincar. “A escola deveria ficar mais parecida com a pré-escola. Deveria mudar para atender às necessidades dos mais novos. Você não precisa, por exemplo, ter uma aula de português ou de matemática. Pode trabalhar esses conteúdos de forma mais integrada”, propõe Cisele. As diferentes disciplinas podem ser abordadas em um projeto que as contex- tualize. Num ano de Copa do Mundo ou Olimpíada, por exemplo, é possível usar esse tema para falar sobre os países – aprofundando assuntos de história e geografia –, trabalhar conteúdos de matemática a partir da contagem de pontos e tabelas do campeonato, e assim por diante. Além disso, promover atividades que valorizem o conhecimento de outras crianças e façam com que elas trabalhem em grupo ajuda a reforçar valores importantes para a socialização. “No ensino fundamental, a criança fica em carteiras enfileiradas. Esse formato não agrega – segrega. Em vez disso, o professor pode promover rodas de conversa, jogos de tabuleiros e rodas de leitura, por exemplo. É ali que a criança vai construir a ética da convivência”, afirma a psicóloga. Com quantos anos? Na escola, a criança desenvolve suas habilidades, aprende a conviver com colegas, a diferenciar o certo do errado e a respeitar regras fora de casa. No ensino fundamental, isso fica mais evidente. Por isso, Cisele Ortiz afirma que professores e funcionários devem estar atentos a suas atitudes – elas serão exemplo de socialização para as crianças. “Não pode ter só normas. A postura dos educadores é fundamental. A criança vai tratar seus colegas da maneira como é tratada pelos adultos. Não adianta pedir respeito se ela não vê isso entre os adultos.” O aprendizado com os professores não substitui, claro, os laços dos pequenos com os pais – para aprender a conviver bem com os amigos, a criança deve se socializar antes com a família, ressalta Saul Cypel, professor de neurologia infantil da USP e consultor do programa de desenvolvimento da primeira infância da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal. “A escola tem um papel complementar no desenvolvimento da criança, não substitui a relação com os pais.” Para ele, o ideal é que a criança vá um pouco mais velha para o ensino infantil, ao menos após o primeiro ano de vida. Essa foi a opção da professora e artista plástica Dagmar Maria Gomes da Silva. Seus filhos – Henrique, hoje com 10 anos, e Victor, de 5, entraram na pré-escola com 5 atitude cidadã | VidaBosch | 39 Se a criança aprende a ler e a escrever mais cedo, naturalmente, não há problema. Mas forçá-la a se alfabetizar aos 3 ou 4 anos pode ser prejudicial para seu desenvolvimento e 4 anos, respectivamente. “Eu queria uma coisa mais livre. Sou professora e sei como o professor do magistério pensa, e não queria essa coisa muito regrada tão cedo”, afirma. “O professor às vezes prefere que a criança fique quieta. É difícil para ele também, que muitas vezes precisa cuidar de vários alunos muito pequenos”, explica. Para ela, isso não atrapalhou a socialização dos filhos, que se adaptaram bem quando chegaram à pré-escola. “Eu tinha tempo para eles em casa, ensinava a reconhecer as letras, algumas palavras. E eles faziam essa socialização em outros lugares. Se relacionavam com outras crianças e tinham a babá. Quando chegaram à escola, se integraram rapidamente”, recorda. Diferentemente de Dagmar, a atriz Elaine da Purificação Carvalho colocou os filhos cedo na escolinha, por falta de tempo. Para ela, o resultado foi positivo. Seu filho Vinícius, de 4 anos, que entrou no infantil com 7 meses, aprendeu a respeitar melhor as regras, por exemplo. “O Vinícius nunca teve dificuldade de se socializar, mas o fato de respeitar regras atribuo à escola, porque em casa sempre foi difícil. E ele trouxe isso para o lar”, diz. A irmã mais velha de Vinícius, Ana Luíza, hoje com 9 anos, também foi para a escola cedo – com cinco meses. “Ela adquiriu rapidamente a coordenação motora, aprendeu rápido a andar, acho que em função de ver maiores andando. Nunca teve dificuldade em falar corretamente, comer sozinha, se expressar, verbalizar seus sentimentos. E aprendeu a ler precocemente: com quatro anos, era autodidata”, conta a mãe. Aprendizado precoce Durante seu desenvolvimento, a criança vai adquirindo habilidades mais complexas. É no primeiro ano do ensino fundamental, por exemplo, entre 6 e 7 anos, que a maioria dos pequenos aprende a ler e a escrever. Em alguns casos, a criança acaba adquirindo essa habilidade antes, naturalmente, como aconteceu com Ana Luíza, filha da Elaine. Muitas vezes, porém, isso ocorre de forma forçada, o que é prejudicial. “Essas habilidades estão de acordo com uma maturação cerebral. Se o aprendizado precoce for natural, é bem-vindo, mas é muito importante que a escola tenha consciência disso. Iniciar a alfabetização da criança com 3, 4 anos é muito inconveniente”, afirma Saul Cypel. Ele argumenta que, além de a escrita não ter muita utilidade para uma criança dessa idade, o grande esforço despendido para aprender a escrever e o sentimento de fracasso caso não consiga são prejudiciais para seu desenvolvimento. “Essas vivências precoces vão prejudicar sua autoestima, além de desencadear sentimentos de ansiedade e depreciação, o que pode dificultar seu desenvolvimento emocional”, adverte. Portanto, nada de acabar com as brincadeiras antes da hora. E, de preferência, ensinar o conteúdo brincando. Anatoliy Samara atitude cidadã O professor pode promover rodas de conversa, de leitura e jogos de tabuleiro. Essas atividades ajudam a ensinar convivência A Bosch na sua vida Fotos Arquivo Bosch 38 | VidaBosch | Salas do jeito que elas gostam Um ambiente criado para estimular as brincadeiras e a imaginação facilita a transição da escolinha para o ensino fundamental. Somado a um projeto pedagógico diferente, pode trazer ótimos resultados. É o caso da Escola Estadual Rosina Frazatto dos Santos, no bairro Jardim Satélite Iris, periferia de Campinas. No projeto Doces Cantinhos, realizado com o Instituto Robert Bosch através do Programa Peça por Peça, duas salas de aula foram reformadas e preparadas para receber, a partir de 2011, crianças vindas da creche para o 1° ano do fundamental. Em cada uma delas estudam 35 alunos por período, totalizando 140. “Buscamos replicar nessa escola o sucesso alcançado em outras comunidades onde desenvolvemos o Peça por Peça há mais de dez anos”, diz Otavio Antoniacci Junior, coordenador do instituto. “A ideia é tornar o ambiente receptivo para as crianças, para que elas possam se desenvolver de maneira estimulante”, diz a diretora da escola, Maria Laedna Borges Silva. “A adaptação da sala de aula é muito importante. Agora, elas se sentem donas do espaço. Antes, parecia que nada era para elas, era tudo feito para o aluno mais velho”, comenta. Os móveis das salas não tinham tamanho adequado para crianças pequenas (as cadeiras eram altas, os pés dos alunos não alcançavam o chão). Comprou-se, então, mobiliário apropriado à faixa etária. Também foram colocadas lousas baixas, para que os alunos pudessem rabiscá-la. A reforma priorizou cores claras, a fim de estimular a sensação de tranquilidade. O piso tradicional foi substituído por um emborrachado e todo desenhado. “Eles se encantaram. Na primeira semana, dei- tavam no chão e brincavam”, conta Maria Laedna. Também foram comprados materiais lúdicos, como brinquedos e fantasias. O espaço foi dividido em “cantinhos” para diversas disciplinas. No “cantinho” de matemática, há jogos de dominó e memória, por exemplo. No de história e geografia, os destaques são os mapas. Já no da psicomotricidade, estão dispostos objetos que estimulam a capacidade motora. Apesar de o ano letivo ainda não ter terminado, já é possível ver resultados positivos na aprendizagem, segundo a diretora. Os professores notaram que as turmas evoluíram mais rapidamente no processo de alfabetização. Além disso, a rejeição à escola – muito comum no primeiro ano, principalmente no começo das aulas – durou menos tempo. Os docentes também observaram que os estudantes estão mais colaborativos. 40 | VidaBosch | aquilo deu nisso Das fibras ao PET | Por Heloísa Noronha Produção têxtil no Brasil começou, a rigor, com o artesanato dos indígenas, mas profissionalizou-se ao longo dos séculos e hoje está mais ligada às tendências mundiais, como uso de material reciclado Nuttakit /Shutterstock “Q uando o português chegou/ Debaixo duma bruta chuva/ Vestiu o índio”, escreve Oswald de Andrade num bem humorado poema sobre o descobrimento do Brasil. “Que pena! Fosse uma manhã de sol/ O índio tinha despido/ O português”, continua. Ainda que os versos ecoem a carta de Pero Vaz de Caminha (segundo o qual índios e índias andavam “nus, sem cobertura alguma”), a verdade é que antes da ocupação lusitana os indígenas já faziam artesanato têxtil – usavam técnicas de entrelaçamento manual de fibras vegetais, por exemplo. E, embora a chegada dos portugueses tenha aumentado a diversidade de tecidos, foi só bem depois deles que o setor ganhou mais força por aqui. A consolidação ocorreu no século 20, sobretudo após a segunda metade dos anos 50, quando se pode de fato falar de profissionalização nessa área. Tratava-se, então, de lidar não só com os materiais tradicionais (algodão, linho, lã, seda), mas também com os sintéticos, como náilon, viscose e, mais tarde, poliéster. “No início dos anos 60, a indústria precisava dar suporte à crescente necessidade de engenheiros especializados no setor têxtil. Para suprir essa necessidade, os líderes empresariais propuseram algumas medidas, como uma formação mais especializada do pessoal técnico”, conta Camilla Borelli, coordenadora do Curso de Engenharia Têxtil do Centro Universitário da Fundação Educacional Inaciana (FEI), de São Bernardo do Campo (SP). Nos anos 70, as exportações têxteis cresceram, fato que não se repetiu nas décadas seguintes. De acordo com Vanessa Akemi, designer e consultora de moda e estilo, ainda vivemos o reflexo da década de 90, quando se abriu o mercado para concorrentes externos, o que resultou na quebra de algumas empresas nacionais. “Em contrapartida, o setor foi obrigado a se modernizar fortemente para reduzir os custos e competir com os importados.” As empresas sobreviventes se fortaleceram tecnologicamente e hoje se mantêm mais atualizadas com as tendências internacionais (quando não ditam, elas próprias, os rumos de alguns nichos de mercado). Sustentabilidade Uma dessas tendências é a adoção de matéria-prima ecologicamente correta. “É primordial que a humanidade encontre novas maneiras de se manter e sem agredir a natureza, o que vale também para a moda”, resume Vanessa. Isso se reflete no uso mais frequente de materiais orgânicos, livres de processos químicos, sintéticos e tecnologias que incorporam materiais artificiais. “Há, ainda, a tendência recycled, como o tecido de grandes malharias brasileiras que é feito de garrafas PET recicladas”, acrescenta a designer, que cita ainda o retorno das transparências e dos tecidos fluidos e rústicos como sintomas desse apelo sustentável. Um caso emblemático é o da seleção brasileira. Nas partidas da Copa da África do Sul, em 2010, a famosa camiseta amarela com que os jogadores entram em campo foi feita com poliéster proveniente de velhas garrafas PET. O uniforme ecológico também foi usado pelos atletas de Portugal, Holanda, EUA, Coreia do Sul, Austrália, aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 Mowa Press/CBF As roupas feitas para a área de fitness incorporam avanços como tecidos que facilitam a evaporação do suor, minimizam o cansaço e dão mais liberdade de movimento Nova Zelândia, Sérvia e Eslovênia. Para confeccionar cada camiseta são usados entre cinco e oito vasilhames de plástico. Funcionais e inteligentes Século 19 O jeans tinha cor marrom e era usado por funcionários das minas. Foi popularizado pelo alemão Lévi-Strauss, que migrou para a Califórnia em busca de ouro e transformou rolos de lona em macacões e calças para os garimpeiros. Nascia a futura Levi’s. Em 1888, o britânico Thomas Burberry lançou a gabardine impermeável, própria para soldados. Início do século 20 O costureiro francês Paul Poiret liberou as mulheres dos incômodos espartilhos e anquinhas ao propor vestidos mais soltos, que deixavam ver melhor o corpo. 1910 A invenção do raiom (seda artificial) e, mais tarde, do acetato deram nova perspectiva à moda da época. Na Copa da África do Sul, o Brasil e outras oito seleções entraram em campo com camisetas feitas de garrafas PET, uma tendência que vem crescendo no setor Segunda Guerra Mundial A escassez de tecido, em razão do conflito na Europa, levou a população francesa a adotar o hábito de reformar roupas. Surge o esquema ready-to-wear (pronto para usar), que é a forma de produzir roupas em grande escala. 1935 Surge o náilon, a primeira fibra sintética, como uma alternativa à seda natural. As famosas meias finas, porém, só foram produzidas em 1940. 1947 O francês Christian Dior (1905-1957) causa frisson ao lançar uma coleção inteira com saias rodadas e compridas. O New Look, como foi chamado, era uma resposta luxuosa aos anos de minimalismo obrigatório durante a guerra. 1959 Surge a lycra, empregada primeiramente em biquínis. Nos anos 60, o material ficou associado ao movimento feminista por oferecer conforto, liberdade e praticidade. 1990 Época de ouro dos tecidos sintéticos, mas com maior conforto, como a microfibra. Anos 2000 É a era dos tecidos inteligentes e funcionais, com propriedades como defender contra os raios ultravioleta, combater a transpiração e secar rapidamente. A década também se caracteriza pelo apelo à sustentabilidade, com roupas feitas de tecidos naturais, por processos que não causam danos ao meio ambiente. A Bosch na sua vida PHB.cz/Richard Semik Outro destaque atual são os tecidos “inteligentes”, também chamados de funcionais – que oferecem um “algo a mais”, muitas vezes uma função especial. “Esse tipo de tecido configura a principal tendência para os próximos anos e também é o que o consumidor deseja”, diz Camilla Borelli. Um dos exemplos de mais sucesso vem do setor de fitness, com o desenvolvimento de tecidos que facilitam a evaporação do suor, evitam a fadiga muscular e permitem maior liberdade de movimentos. Há ainda materiais antibacterianos e antifúngicos, que diminuem a proliferação de microorganismos que causam mau cheiro após a prática de exercício. Outras aplicações interessantes aparecem nos segmentos médico-hospitalar, técnicos e de segurança (colete à prova de balas, trajes de bombeiros etc.). Como o consumidor também deseja aliar moda a bem-estar, as roupas funcionais logo vão deixar de ser característica predominante apenas em ramos específicos, acredita Silvio Napoli, gerente de desenvolvimento da Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (Abit). Ele cita como exemplos os tecidos que protegem a pele contra a ação dos raios ultravioleta, os repelentes e os de secagem rápida. “O consumidor quer tecidos com bom caimento no corpo, confortáveis, de toque agradável, que não prendam os movimentos, não marquem gordurinhas indesejáveis nem deixem aparente sua transpiração”, completa Vanessa Akemi. É um sinal claro de um setor cada vez mais profissionalizado, que detecta as demandas da sociedade e tenta, com pesquisa tecnológica, responder às necessidades dos consumidores. Principais momentos da história dos tecidos Para todas as roupas Se hoje temos à disposição nos guardaroupas peças feitas com tecidos cada vez mais leves, resistentes e ecologicamente corretos, isso se deve aos avanços da indústria têxtil. E os sistemas da Rexroth estão presentes em várias etapas desse setor – desde a preparação do algodão ou da fibra sintética, no momento da fiação, até a composição das bases dos produtos têxteis (fitas, cardas e véus). Dentre os equipamentos da empresa para a área destaca-se a linha pneumática, usada desde nas etapas iniciais de obtenção dos fios derivados da matériaprima, até nas etapas finais de processamento, como tingimento de tecidos ou costura de produtos acabados. Ela inclui válvulas proporcionais de pressão, unidades de preparação de ar, tubos e acessórios. Já a linha de acionamentos lineares conta com eixos de precisão, rolamentos, trilhos e guias. “Desde a preparação do algodão para camisetas coloridas até as peças finalizadas, nossos equipamentos eletrônicos e pneumáticos controlam, regulam, ajustam e atuam exatamente conforme a necessidade de produção de cada cliente”, diz Alexandre Wittwer, gerente responsável pelos mercados de montagem, semicon, solar e máquinas e ferramentas automobilísticas da Bosch Rexroth. Uma das vantagens dos sistemas fabricados pela empresa é a produtividade, aliada a uma tecnologia que protege os produtos contra graxa, óleo e outras substâncias. Os sistemas da Bosch Rexroth disponíveis para o mercado brasileiro chegam a processar até mil metros de fitas por minuto, e, na abertura de fardos de algodão, eles trabalham com até 1,5 mil quilos de material por hora. “O Brasil possui poucos fabricantes de Arquivo Bosch 42 | VidaBosch | máquina têxtil, porém, conta com um mercado consumidor de excelente potencial, de modo que permanecemos atentos à melhora de condição para este setor da indústria”, afirma Wittwer. 44 | VidaBosch | saudável e gostoso | Por Walterson Sardenberg So café o estimulante do dia a dia Até cinco xícaras diárias pequenas fazem bem à circulação e à atividade cerebral Olga Miltsova/Shutterstock N os Estados Unidos, a primeira refeição do dia é conhecida por breakfast — uma “pausa rápida”, em tradução livre. Nos países de língua espanhola, ela tornouse o desayuno — a palavra equivalente ao nosso desjejum. Já em Portugal e na França, é o pequeno almoço, o petit déjeuner. Apenas no Brasil ela passou a ser tratada por café da manhã. Essa expressão única demonstra, talvez como nenhuma outra, a importância, por estas bandas, do delicioso grão torrado, de origem etíope. Ao menos deixa a entender que haverá outros cafezinhos no decorrer do dia, sendo aquele reservado ao desjejum apenas o primeiro deles. O Brasil consome 430 milhões de cafezinhos por dia. Com pão ou sem pão, no lar ou no bar, preto ou, vá lá, uma boa média que não seja requentada, como diria o grande Noel Rosa. Só os norte-americanos tomam ainda mais café — se é que aquele caldo ralinho bebido por eles, em descomunais copos de plástico, pode ser chamado assim. Os mais espirituosos apelidaram essa bebida de “chafé”. Mas a maior diferença em relação aos Estados Unidos é que, ao contrário do que ocorreu por lá, a nossa planta querida, pertencente à família botânica das rubiácias, se deu muito bem no solo tropical. Ainda hoje, cultivamos 57 % da produção do globo. Mas no início não foi assim, faça-se a ressalva. Quando o sargento-mór Francisco de Melo Palheta trouxe as primeiras mudas para o Brasil, vindas da Guiana Francesa, não mereceu maiores glórias, fossem militares ou civis. Afinal, a primeira tentativa de plantar o café no país — nas terras no Pará —, naquele ano de 1727, não deu certo. Também foi frustrante o cultivo no Nordeste. Só mesmo no século seguinte, quando o café passou a ser cultivado nos estados do Rio de Janeiro e, sobretudo, São Paulo, a coisa engrenou. A rubiácia foi não apenas a salvação da lavoura como a da economia nacional. Em meados do século 19, graças ao café, a cidade de Bananal — hoje com míseros 11 mil moradores — tinha a maior receita do estado de São Paulo, 35% superior à da capital. De tão poderosa, cunhava a sua própria moeda. O supremo poder político do café, mais tarde aliado ao leite de Minas Gerais, durou até 1930, quando a chamada Velha República sucumbiu, no rastro do declínio dos EUA, nosso maior comprador do produto. Àquela altura, já havíamos ensinado os portugueses a tomar um cafezinho — que eles, por sinal, chamam de bica. Entre as diversas explicações para o batismo dado pelos lusitanos está a folclórica história de que os moradores de Lisboa resistiram muito à novidade. Pudera: bebiam o café sem adoçar. Bica, de acordo com essa versão, seria a soma das iniciais de um cartaz exposto no Café A Brasileira, aberto em 1905 e ainda de pé, no bairro lisboeta do Chiado. Eis os dizeres: “Beba Isto Com Açúcar”. Será? Não parece razoável. Mas também não parecia provável que o próprio Brasil encampasse uma campanha contra uma bebida tão enfronhada no nosso cotidiano. Café faz mal para a saúde? — eis a questão. Segundo médicos e nutricionis- saudável e gostoso tas, a resposta passa, fundamentalmente, pela quantidade diária ingerida. “Um adulto saudável pode tomar, no máximo, cinco cafezinhos por dia, o que equivale a 300 ml”, afirma Tadeu Orlando Franconieri, médico gastroentorologista do Hospital Samaritano de São Paulo. Segundo ele, até esse volume, os benefícios causados pela cafeína — o alcaloide que funciona como princípio ativo do café — superam os malefícios. Daí por diante, os pesos se alteram. Cafeína é a palavra-chave quando se fala em café. Também pudera. “A maior parte da riqueza nutritiva do café se perde na torrefação”, explica Rejane Guedes Pedroza, nutricionista da Secretaria Estadual de Saúde do Rio Grande do Norte e doutoranda em Ciências Sociais. “Em compensação, a cafeína se concentra, aumentando suas propriedades.” Isso quer dizer que esse alcaloide agirá no sistema circulatório, como vasodilatador, e, sobretudo, no sistema nervoso central, saudável e gostoso | VidaBosch | 47 como estimulante, aumentando a sensação de disposição, melhorando o humor e a atividade cerebral. Segundo Rejane Pedroza, pesquisas revelam que o consumo regular de até quatro cafezinhos diários pode produzir um efeito benéfico sobre estados de indisposição, desvitalização e apatia. Quantidades maiores, no entanto, ainda de acordo com a nutricionista, são capazes de agravar a gastrite, a úlcera e a esofagite. Além disso, levam à insônia, à irritação e à taquicardia. Como em tudo na vida, o bom senso é a medida. Franconieri lembra que a cafeína vem sendo utilizada no tratamento de asma e mal de Parkinson. “Ela libera neurotransmissores e catecolaminas que são broncodilatadores”, justifica. O médico alerta, porém, para outro efeito do excesso de cafeína: “ela leva a urinar mais do que o recomendável, provocando perda de cálcio, potássio e vitaminas, por exemplo. Isso pode provocar sensação de fraqueza”. Embora sejamos os vice-campeões mundiais em consumo de café, pouco utilizamos o produto na confecção de doces. “Há uma rejeição muito grande”, atesta a premiada chef Heloisa Bacellar, autora de livros bem sucedidos, como Cozinhando Para Amigos (Dorea Books) e Entre Panelas e Tigelas (DBA). No seu restaurante paulistano Lá na Venda, apenas de maneira eventual, ela inclui no cardápio pratos baseados em café. “Você precisa convencer as pessoas a experimentar”, diz. “Mas, depois, é comum o doce feito com café ganhar mais um fã.” Dentre as receitas baseadas em café, Heloisa destaca duas: o cookie e o pudim de café com leite. Tanto uma como outra exigiram da chef um longo aprimoramento. “Precisei elaborar um processo que concentrasse o sabor do café”, conta. No final das contas, criou duas delícias, que, por sinal, caem muito bem no breakfast, no desayuno, no pequeno almoço. Ou melhor, no brasileiríssimo café da manhã. Gostoso por mais tempo Antes de você provar o sabor do cafezinho em sua xícara, há um grande trabalho que envolve plantio, colheita, processamento dos grãos e a distribuição aos supermercados, padarias e lanchonetes. Nesse circuito, a embalagem tem papel fundamental – é responsável por manter as propriedades e a qualidade do produto até a chegada ao consumidor final. E aí é que entram as empacotadoras da Bosch modelos PKD, PKS e PME, por exemplo. Fabricadas na Alemanha e exportadas para vários países, estão presentes também nas principais torrefações do Brasil. Esses equipamentos embalam o produto a vácuo, prolongando seu prazo de validade para até 18 meses. “Após a dosagem do café, bombas de vácuo extraem o ar dos pacotes, que, depois de selados, apresentam baixo residual de oxigênio, protegendo o produto contra a oxidação”, explica Fabio Pozzi, gerente regional de vendas da Bosch. O modelo de maior rendimento é a PKD, que embala até 120 pacotes por minuto, enquanto os modelos PKS e PME podem chegar a até 60 e 20 pacotes por minuto, respectivamente, para pacotes com 500 gramas. Outro modelo, a SVI (foto), fabricada no Brasil, produz embalagens convencionais com rendimento de até 70 pacotes de 500 gramas por minuto, ou até 90 pacotes de 250 gramas por minuto. Trata-se de uma máquina flexível, que se adapta a diferentes tipos de dosadores, como balanças de múltiplos cabeçotes, possibilitando a pesagem e o empacotamento de produtos granulados (biscoitos, balas e salgadinhos) e volumétricos (para sabão em pó, açúcar, cereais etc.). Arquivo Bosch A Bosch na sua vida “Além de versáteis as máquinas da Bosch são extremamente robustas. Podem ser operadas em turnos de 24 horas, com altos índices de eficiência, reduzindo as perdas de material de embalagem e, consequentemente, de energia”, afirma Pozzi. Cookies de café Para a massa 1 xícaras (chá) de café bem forte 1 ¾ de xícara (chá) de farinha de trigo 1/2 xícara (chá) de açúcar 1/4 colher (chá) de fermento em pó 1 pitada de sal 100 g de manteiga gelada em cubinhos 2 gemas Para os grãos 30 grãos torrados de café (aproximadamente 1 colher (sopa) bem cheia) 100 g de chocolate meio amargo Aqueça o café numa panela média e mantenha em fogo alto até reduzir a 1/4 de xícara de um café bem encorpado. Deixe esfriar. Numa tigela grande, misture a farinha, o açúcar, o fermento, o sal, junte a manteiga e esfarele com a ponta dos dedos até obter uma farofa. Acrescente as gemas, o café e trabalhe até obter uma massa macia e que descole das mãos (junte mais um pouquinho de farinha se for preciso). Molde um cilindro de uns 2 cm de diâmetro, envolva em filme plástico e leve à geladeira por 30 minutos. Enquanto isso, forre uma assadeira grande com papel manteiga ou separe um tapete de silicone. Derreta o chocolate em banhomaria, ou no micro-ondas por 1 a 2 minutos. Com um garfo, mergulhe 1 grão de café por vez no chocolate, deixe escorrer, coloque na assadeira e deixe firmar na geladeira por 15 minutos. Corte o cilindro de massa em discos de mais ou menos 1 cm, espalhe numa assadeira grande mantendo um espaço livre entre eles e leve à geladeira por mais 15 minutos, enquanto o forno aquece a 180 ºC (médio). Coloque 1 grão de café no centro de cada biscoito e asse por uns 20 minutos, até que estejam bem dourados nas bordas (eles saem do forno ainda macios, mas ficam crocantes quando esfriam). Aguarde uns 5 minutos, solte os biscoitos da assadeira com uma espátula, coloque sobre uma grade para esfriar e guarde num pote bem fechado por até 3 dias. Rachel Guedes 46 | VidaBosch | saudável e gostoso udim de P café com leite Ingredientes 2 xícaras (chá) de café bem forte 3 1/2 xícaras (chá) de açúcar 10 ovos 1 colher (chá) de canela em pó 1 litro de leite Modo de preparo Aqueça o café numa panela média e mantenha em fogo alto até reduzir a 1/2 xícara de um café bem encorpado. Deixe esfriar. Aqueça o forno a 160 ºC (médio-baixo), separe uma assadeira, coloque no fundo umas 2 ou 3 folhas de papel absorvente, ferva um pouco de água para o banho-maria. Separe uma fôrma para pudim de uns 22 cm (ou 10 forminhas individuais). Coloque 1 xícara de açúcar na própria fôrma para pudim e, com muito cuidado, pois é muito quente, aqueça a fôrma diretamente sobre a chama do fogão. Espere surgir um caramelo bem dourado, nem muito claro, para não ficar muito doce, nem muito escuro, para não amargar. Segure a fôrma e, conforme o caramelo for escurecendo nas bordas, vá misturando com uma espátula até ficar uniforme. Retire do fogo e gire a fôrma para espalhar e cobrir totalmente as paredes internas com o caramelo (ou prepare o caramelo numa panelinha e despeje uma parte dele em cada forminha). Apoie uma peneira sobre uma tigela média e passe por ela os ovos. Junte o café, a canela, o leite, o açúcar restante, mexa com um batedor de arame até conseguir um creme liso e despeje na fôrma. Coloque a fôrma dentro da assadeira com a água fervente ao redor e asse em banho-maria por mais ou menos 1 hora, até que o pudim esteja bem dourado (ao enfiar um palito no centro, ele deverá sair limpo). Espere esfriar, leve à geladeira por umas 6 horas e desenforme sobre um prato de bordas altas. Serve dez pessoas. Receitas de Heloisa Bacellar Restaurante Lá na Venda • r. Harmonia, 161, Vila Madalena, São Paulo • Tel (11) 3037-7702 www.ladavenda.com.br destaque para colecionar Rachel Guedes 48 | VidaBosch |