gerenciamento ambiental na baía do almirantado, ilha rei george
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gerenciamento ambiental na baía do almirantado, ilha rei george
Rede 2 GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA BAÍA DO ALMIRANTADO, ILHA REI GEORGE, ANTÁRTICA Coordenação: Prof. Dr. Rolf Roland Weber Profa. Dra. Rosalinda C. Montone 5 de junho de 2006 “Pesquisa não é atividade individual, mas de um grupo que trabalha harmonicamente”. Isaias Raw REDE 2 GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA BAÍA DO ALMIRANTADO, ILHA REI GEORGE, ANTÁRTICA APRESENTAÇÃO No senso comum, redes são formadas de nós que se entrelaçam e que servem para capturar objetos. De modo formal, na ciência da física, “rede é um conjunto de vértices, também chamados nós ou pontos interligados” (Pivetta, 2004). Leis costumam reger a conexão entre os nós. Quando todos os vértices de um sistema têm sempre o mesmo número de conexões, como no caso de um cristal, por exemplo, há uma rede cristalina, ou seja, homogênea. Se alguns vértices de um sistema possuem muitas ligações, enquanto a maioria dos nós tem poucas ligações entre si, temos um sistema complexo quanto às interações. A física estatística estuda esses tipos de interações. O conceito formal de rede da Física, acima exposto, aplica-se exatamente às Redes de Pesquisa como é o caso da Rede 2 do PROANTAR. Os nós, isto é, os grupos de pesquisa da rede, entrelaçam-se de modo heterogêneo não linear e o resultado quase nunca será simétrico ou previsível em curto prazo. Os 15 grupos de pesquisa da Rede 2 interagem entre si o tempo todo, porém nem sempre com a mesma intensidade e nem sempre na mesma direção. Os tempos de resposta de projeto são distintos quanto a resultados e as premissas e paradigmas iniciais podem ser alterados durante o processo. Os objetivos da Rede 2 foram claramente delineados quando da sua criação 1. Estudar a região da baía do Almirantado para avaliar possíveis impactos ambientais devido às atividades de pesquisa científica e logística, principalmente, da Estação Antártica Comandante Ferraz. 2. Estabelecer as bases científicas para um correto gerenciamento ambiental da área em questão. Como coordenador, após mais de três anos de criação das REDES do PROANTAR, acredito que esses dois objetivos tenham sido atingidos. Rolf Roland Weber REDE 2: UM GRANDE DESAFIO! Este trabalho ficaria apenas na intenção se não fosse a preciosa colaboração de pessoas muito especiais e que representam o autêntico espírito antártico. À Dra. Tânia Aparecida Silva Brito do MMA que, com sua visão holística, idealizou e se empenhou com grande dedicação para o financiamento e implementação da Rede-2. As palavras são poucas para expressar a enorme contribuição para o ambiente antártico. Todo o nosso respeito, admiração e eterna gratidão. À Dra. Carmen Arroio do CNPq/MCT e toda a sua equipe de apoio (Andrei, Milton, Olívia e Verônica) pela implementação das bolsas e recursos financeiros, fundamentais ao desenvolvimento dos projetos. Ao Contra-Almirante José Eduardo Borges de Souza e toda a sua grande equipe da SECIRM ligada ao PROANTAR pela infra-estrutura essencial para a realização das operações antárticas XXI a XXIV. Aos nossos queridos Verinha e Milton pelo incansável apoio na organização administrativa e financeira dos projetos. Às Dras Cristina Engel de Alvarez, Helena Passeri Lavrado, Lúcia Siqueira Campos e Rosane Gonçalves Ito pelas intermináveis discussões, tanto virtuais quanto ao vivo e a cores, na compilação e finalização dos trabalhos. A todos os 53 doutores, 29 mestres, 21 bacharéis, 41 alunos e 20 técnicos ligados aos projetos que muito contribuíram para ligar os infindáveis “nós” da Rede-2. Ao Dr. Heitor Evangelista da UERJ e seus colaboradores pela contribuição de dados relativos ao ambiente atmosférico da ilha Rei George. À Fernanda Rodrigues Baruel pela edição e formatação das 261 páginas deste relatório. Ao Dr. Rolf Roland Weber que aceitou o desafio de coordenar um dos primeiros projetos integrados do Proantar. Foi uma honra e um grande privilégio atuar junto à coordenação da Rede-2 e aprender a enxergar pelas diferentes ópticas de cada área do conhecimento e, principalmente, conviver com verdadeiros antárticos. A todos, os meus sinceros agradecimentos. Rosalinda Carmela Montone A Rede 2 é constituída por 15 projetos, sendo 8 grupos de pesquisa da área de Ciências Exatas e da Terra, 6 grupos das Ciências da Vida e 1 grupo das Ciências Sociais aplicadas. PROJETO COORDENAÇÃO COORDENAÇÃO GERAL Prof. Dr. Rolf Roland Weber Profa Dra Rosalinda C. Montone (IO/USP) Análise da biodiversidade e biogeografia de microrganismos indicadores de poluição fecal, degradadores de compostos xenobióticos e análise da estrutura de comunidade na baía do Almirantado (MICROBIO) Prof.ª Dr.ª Vivian H. Pellizari (ICB/USP) Avaliação do conhecimento da estrutura das comunidades bentônicas para o gerenciamento ambiental da baía do Almirantado (GABABENTOS) Prof.ª Dr.ª Thais Navajas Corbisier (IO/USP) Caracterização Textural da Superfície de fundo e suas Relações com a Dinâmica Sedimentar na enseada Martel (ilha Rei George, Shetlands do Sul) (CADISMAR) Prof. Dr. Michel M. de Mahiques (IO/USP) Comunidades vegetais de áreas de degelo da Antártica (CVA) Prof. Dr. Antonio Batista Pereira (ULBRA) Criossolos austrais: solos criogênicos da antártica: distribuição, ciclagem biogeoquímica, seqüestro de carbono e retenção de metais pesados (CRIOSSOLOS) Prof. Dr. Carlos Ernesto Schaefer (UFV) Desenvolvimento de tecnologias apropriadas e planejamento de ações visando a minimização do impacto ambiental das edificações brasileiras na Antártica através da otimização na manutenção, ordenamento no crescimento e procedimentos específicos de uso (ARQUIANTAR) Prof.a Dr.a Cristina Engel de Alvarez (UFES) Distribuição, abundância e biologia das aves da Baía do Almirantado, I. Rei George - Shetland do Sul (AVES Prof. Martin Sander (UNISINOS) Hidrocarbonetos de petróleo (HP-ANTAR) Prof.ª Dr.ª Márcia Caruso Bícego (IO/USP) Hidrogeoquímica da baía do Almirantado (HIDROGEOQUIMBA) Prof.ª Dr.ª Elisabete de Santis B. G. Saraiva (IO/USP) Implantação de estratégia de monitoramento de impacto ambiental na fauna bentônica da zona costeira rasa da baía do Almirantado (GEAMB) Prof.ª Dr.ª Lucia de Siqueira Campos (UFRJ) Integração de dados ambientais da Área Antártica Especialmente Gerenciada da baía do Almirantado, através de sistema de informações geográficas (ASIG) Prof. Dr. Norberto Dani (UFRGS) Modelagem da qualidade da água na baía do Almirantado (MODQUALI) Prof. Dr. Belmiro Mendes de Castro Filho (IO/USP) Monitoramento de impacto ambiental, na baía do Almirantado, através de biomarcadores (MONIBIO) Prof. Dr. Phan Van Ngan (IO/USP) Poluentes orgânicos persistentes (POPs) e esgotos (POPs-ANTAR) Prof.ª Dr.ª Rosalinda Carmela Montone (IO/USP) Sistema Carbonato (CARBONATO) Prof.ª Dr.ª Rosane Gonçalves Ito (IO/USP) REDE 2 - GERENCIAMENTO AMBIENTAL NA BAÍA DO ALMIRANTADO, ILHA REI GEORGE, ANTÁRTICA 1. INTRODUÇÃO................................................................................................ - 1 2. OBJETIVOS .................................................................................................. - 3 3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO....................................................... - 5 4. AMBIENTE TERRESTRE .................................................................................... - 8 4.1. Breve histórico de ocupação da Península Keller............................. - 10 4.2. A Estação Antártica Comandante Ferraz.......................................... - 12 4.3. Cenário atual .................................................................................. - 18 4.3.1. Geomorfologia e solos................................................................. - 18 4.3.2. Cobertura Vegetal ...................................................................... - 31 4.3.3. As Aves .................................................................................... - 34 4.3.4. Edificações ................................................................................ - 39 4.3.5. Resíduos sólidos......................................................................... - 49 4.3.6. Avaliação Pós Ocupação da EACF.................................................. - 53 4.3.7. A Paisagem ............................................................................... - 55 4.3.8. O Plano Diretor da Estação Antártica Comandante Ferraz ................. - 56 4.4. Considerações finais sobre o ambiente terrestre................................ - 62 5. AMBIENTE MARINHO .................................................................................... - 64 5.1. Sistema aquático Marinho............................................................... - 64 5.1.1. Distribuição termohalina e circulação ............................................ - 64 5.1.2. Parâmetros químicos e biológicos .........................................................- 66 5.1.3. Distribuição de hidrocarbonetos e organoclorados na água do mar .... - 74 5.2. Sistema bentônico .......................................................................... - 76 5.2.1. Descrição do ambiente bentônico.................................................. - 76 5.2.2. Biota bentônica .......................................................................... - 89 5.2.3. Relações tróficas ...................................................................... - 119 5.3. Cenário atual .................................................................................- 126 5.3.1. Sistema Aquático Marinho ......................................................... - 126 5.3.2. Sistema Bentônico.................................................................... - 128 5.3.3. Efeitos na biota bentônica ......................................................... - 144 5.4. Considerações finais sobre o Ambiente Marinho................................- 168 6. AMBIENTE ATMOSFÉRICO .............................................................................6.1. Emissões locais de dióxido de carbono atmosférico...........................6.2. Poluentes Orgânicos Persistentes .....................................................6.3. Aporte atmosférico continental e emissões locais na ilha Rei George - 170 170 171 177 - 7. ESTRUTURAÇÃO DO SIG...............................................................................- 192 8. LACUNAS VERIFICADAS ................................................................................- 195 9. PROPOSTA DE ESTRATÉGIA DE MONITORAMENTO ...............................................- 198 10.ESTRATÉGIAS DE MELHORIAS .........................................................................- 208 11.CONSIDERAÇÕES FINAIS ..............................................................................- 209 12.PRODUÇÃO CIENTÍFICA (2002-2004) ...........................................................- 210 13.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................................- 226 ANEXO 1 ......................................................................................................- 244 ANEXO 2 ......................................................................................................- 248 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 1. INTRODUÇÃO Nos últimos anos, o crescente impacto das atividades humanas no meio ambiente antártico passou a ser motivo de grande preocupação. A baía do Almirantado foi designada uma Área Antártica Especialmente Gerenciada (AAEG) para evitar o impacto cumulativo das diversas nações que atuam na área e para otimizar esforços na obtenção de dados científicos. Além disso, o Comitê Científico de Pesquisas Antárticas (SCAR) recomenda o estudo abrangente do estado do meio ambiente dessa região para permitir uma real avaliação do impacto da atividade humana causado por cientistas, turistas e pessoal de apoio das estações e operações logísticas atuais e pretéritas. Para a avaliação ambiental da baía do Almirantado, foi considerada a necessidade de compreeder as variáveis que vêm sendo identificadas e estudadas ao longo do tempo nos ambientes terrestre e marinho da baía. Essa avaliação preliminar permite a identificação de parâmetros relevantes que podem ser utilizados de forma integrada numa caracterização ambiental ampla e num acompanhamento de modificações temporais. No sentido de facilitar a integração da grande diversidade de temas nesse tipo de estudo, identificam-se perguntas e objetivos comuns, que podem convergir para uma compreensão multidisciplinar do meio ambiente. Nesse contexto e respeitando as metodologias diferenciadas de acordo com a característica própria de cada área de pesquisa, estabelecem-se os nós para a formação do trabalho em Rede. O principal desafio para a integração de informações é a coordenação da aquisição de dados, avaliação da adequação dos dados numericamente comparáveis e estabelecimento de associações conceituais sempre que possível. No exercício da transdisciplinaridade, observa-se que muitas das informações coletadas e suas correlações não se podem resumir a dados numéricos ou estatísticos, além de ser necessário que “(...)o enfoque a ser adotado não se resuma cartesianamente e não se conclua de forma reducionista e mecanicista. Muitas propriedades e características dos sistemas vivos transcendem essas abordagens, porquanto eles se comportam holisticamente, por necessidades nem sempre conhecidas, mas reais e concretas e em virtude do acaso. Instrumentos da abordagem cartesiana devem e precisam fazer parte da avaliação ambiental. No entanto, é desejável que outras ferramentas sejam realizadas e aplicadas para globalizar suas conclusões e resultados” (Macedo, 1995:13). Metodologicamente, a busca de instrumentação para a gestão ambiental da AAEG da baía do Almirantado baseou-se no conhecimento das condições pretéritas, na avaliação detalhada das condições atuais do ambiente e nessas análises juntas, propiciando inferir sobre cenários futuros, tanto para o ambiente terrestre quanto para o marinho. Os resultados obtidos são úteis como base para o planejamento estratégico de atividades, -1- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica este devendo ser coerente com os objetivos do Programa Antártico Brasileiro e com a capacidade de suporte na baía do Almirantado. Dessa forma, ao longo do tempo, alguns estudos enfatizam naturalmente a Península Keller, uma vez que é onde o Brasil concentra suas atividades e onde ocorre o maior interesse no desenvolvimento de um programa de monitoramento ambiental. Dentro dessa visão integrada, estabeleceu-se a Rede 2 de pesquisa em junho de 2002. Seu principal objetivo foi avaliar possíveis impactos ambientais na baía do Almirantado para estabelecer as bases científicas para uma gestão ambiental apropriada na área, especialmente na enseada Martel onde se encontra grande parte da atividade de pesquisa brasileira, Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Desde o início das atividades, verificou-se a possibilidade de amplo intercâmbio de informações entre os projetos formadores da Rede, sendo traçadas diretrizes de trabalhos conjuntos, especialmente nas atividades de campo na Antártica. As atividades foram executadas de forma a integrar mais diretamente áreas de conhecimentos similares e/ou complementares tanto no ambiente terrestre quanto no marinho. O resultado foi a formação de grupos de trabalho para esses dois ambientes, sendo que, no marinho, se considerou- o compartimento aquático (coluna d’água e microbiota pelágica) e o sistema bentônico (sedimentos e biota). Reuniões periódicas com os coordenadores de cada projeto envolvido na Rede 2 foram realizadas para otimização da logística e do uso de recursos disponíveis e, também, para o amplo intercâmbio de informações e averiguação das correlações dos dados coletados (pretéritos e da fase exploratória). Das atividades multi e interdisciplinares, foram identificadas as lacunas das proposições iniciais da Rede 2, sendo que, a partir dessas, alguns estudos adicionais foram desenvolvidos de modo conjunto. A elaboração de artigos, principalmente os multidisciplinares, bem como as apresentações em vários eventos científicos e específicos para cada área de conhecimento permitiram o real entrelaçamento dos resultados e avanço substancial do conhecimento do ambiente estudado, inclusive com a obtenção de informações adicionais não previstas inicialmente. -2- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 2. OBJETIVOS O objetivo geral da Rede 2 foi o de realizar uma avaliação ambiental na Área Especialmente Gerenciada (AAEG) da baía do Almirantado através de estudos multidisciplinares dos diversos parâmetros bióticos e abióticos, visando o diagnóstico e implementação de estratégia de monitoramento ambiental. Os objetivos específicos do projeto foram: - levantar os parâmetros ambientais já existentes na AAEG da baía do Almirantado. - caracterizar o ambiente terrestre, estudando as comunidades vegetais e animais através de suas distribuições e associações ecológicas com o propósito de identificar as espécies e os indicadores de impacto ambiental para projetos futuros de monitoramento; caracterizar a pedologia e micro-morfologia dos solos, incluindo matéria orgânica, ciclos bioquímicos e metais pesados, assim como a sua distribuição espacial (mapeamento), biodiversidade microbiana em solos e impacto das edificações; - caracterizar o ambiente marinho, estudando os aspectos básicos das correntes e circulação das massas d’água, sua hidrogeoquímica, sistema carbonato da água do mar e CO2 atmosférico, a topografia de fundo, sua textura e dinâmica sedimentar, a estrutura das comunidades bentônicas, a biodiversidade microbiana nos sedimentos, os níveis de hidrocarbonetos de petróleo, os poluentes orgânicos persistentes (POPs), os esteróis fecais e o uso de biomarcadores para avaliação de impactos antropogênicos em peixes e anfípodes; - incluir controles múltiplos na detecção de efeitos antropogênicos através de análises assimétricas (análises estatísticas univariadas, apropriadas para o exame de dados de pós-impacto, em que o valor do parâmetro na área impactada é comparado ao valor médio das áreas controladas a fim de distinguir, de forma mais objetiva, os impactos naturais dos antropogênicos); - implantar um Sistema de Informações Geográficas (SIG) para utilização como ferramenta com o objetivo de promover a integração espacial dos dados obtidos por todos os projetos da rede de pesquisa, prestar suporte para o monitoramento do impacto ambiental causado pelas atividades humanas e auxiliar nas decisões do plano de gerenciamento da AAEG. - estabelecer as bases científicas para a estratégia de monitoramento da AAEG. - testar materiais, avaliar características arquitetônicas e de acústica da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), integrando essas informações às de utilização do espaço físico interno e externo à EACF, além de dados adquiridos por outros -3- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica projetos relacionados ao ambiente terrestre da Rede 2, e utilizar as informações obtidas para elaborar um plano diretor para a Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) e o Zoneamento Ambiental de Uso da península Keller. - promover o planejamento de utilização ambiental da península Keller, visando sua conservação através do estabelecimento de diretrizes de uso do solo, ordenamento de percursos e condutas específicas de acordo com o nível de fragilidade ambiental observado pela Rede 2. -4- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 3. CARACTERIZAÇÃO GERAL DA ÁREA DE ESTUDO A Área Antártica Especialmente Gerenciada (AAEG) da baía do Almirantado está localizada no setor central da ilha Rei George, arquipélago das Shetlands do Sul, separada por 120 quilômetros do norte da península Antártica (figura 3.1). A AAEG constitui-se uma área de grande interesse ambiental e científico, pois está numa região que apresenta grande variabilidade ao longo do ano, como a variação da cobertura de gelo marinho e das condições climáticas, o que, naturalmente, influencia nas condições de todo ecossistema. A AAEG tem uma área de 362 km², divididos em setores cobertos por gelo, setores livres de gelo permanente e o setor da baía, ocupado pelas águas do mar. Da área total, 195 km² (54 %) são ocupados pelas 36 geleiras que drenam a massa glacial da ilha, que supera a altitude de 700 metros no domo central do campo de gelo da ilha. As águas da baía do Almirantado ocupam 138 km² (38 %) com profundidades variáveis, desde regiões rasas até locais com profundidades que superam 550 metros, como o observado na região de comunicação do fiorde que constitui a baía do Almirantado com o estreito de Bransfield. Os 29 km² restantes (8 %) são constituídos de áreas livres de gelo, localizadas ao longo da zona de praia e em algumas proeminências rochosas, majoritariamente algumas áreas como a península Keller, ponta Hennequin, ponta Demay e a região de ponta Thomas (área em torno da Estação Polonesa Henrik Arctowski). O substrato geológico da AAEG é constituído por uma seqüência estratigráfica de rochas sedimentares na base recobertas por rochas vulcânicas do Jurássico e do Cenozóico (Birkenmajer, 1982). As linhas de falhamento geológico têm orientação no sentido lestenordeste para sul-sudoeste e controlam o padrão de drenagem da baía. A morfologia glacial da ilha constitui-se de geleiras que podem ser caracterizadas em três padrões: (1) geleiras suaves que descarregam sua massa na forma de falésias de gelo; (2) geleiras encaixadas em vales curtos e estreitos com alta declividade, terminando na forma de cascatas de gelo (3) geleiras que terminam em terra, apresentando depósitos de moraina na sua parte frontal (Bremer, 1998). Esses depósitos de morainas, bem como as áreas que apresentam afloramento do substrato rochoso, são densamente ocupados por colônias de vegetais constituídas basicamente por musgos e líquens. Nessas áreas, também ocorre densa população de diversas espécies de aves e mamíferos, que usam esses locais para a reprodução ou descanso (Arigony, 2001). As condições meteorológicas da AAEG e de todo arquipélago são controladas pela passagem de sistemas ciclônicos, oriundos do mar de Bellingshausen, que se movem na direção leste trazendo umidade e calor, o que faz com que essa área tenha alta nebulosidade e condições de temperatura mais amenas (Setzer e Hungria, 1994; RakuzaSuszczewski et al, 1993 ). A média anual é de -2,8 ºC, sendo que no verão, a média é de 0,9 ºC e, no inverno, -7 ºC (Ferron et al, 2004). A umidade relativa média é superior a -5- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 80% e a precipitação anual é de 500 mm, podendo ultrapassar 1000 mm nas partes altas da calota (Rakusa-Suszczewski et al, 1993). O registro de aquecimento atmosférico em toda região da península Antártica também é significativo na ilha Rei George, apresentando uma tendência de aquecimento na ordem de 0,022 ºC a -1 ºC desde 1947 até o ano de 1995, o que significa uma elevação na temperatura média de 1,1 ºC nesse período. Esse aquecimento tem contribuído para a retração frontal das geleiras, que perderam 12 % da sua área no período compreendido entre 1956-2000 (Arigony, 2001). A AAEG baía do Almirantado é densamente ocupada por atividades de pesquisa e de logística, além de ser freqüentemente visitada por turistas, dadas as facilidades de acesso a essa região da Antártica. Encontram-se, nessa área, as instalações científicas de cinco países (Brasil, Polônia, Peru, Equador e Estados Unidos), com duas estações de pesquisa que operam o ano inteiro - Estação Antártica Comandante Ferraz (Brasil) e Estação Polonesa Henry Arctowski (Polônia), uma estação permanente de uso no verão - Estação Antártica Peruana Machu Picchu (Peru), um refúgio de ocupação freqüente no verão Refúgio Pieter J. Lenie, também conhecido como Copacabana (EUA) e um refúgio equatoriano de uso eventual. Destaca-se, ainda, a existência de um farol na Estação Arctowski, que funciona durante todo o ano, e de pequenas edificações sem uso freqüente, assim como acampamentos e instalações temporárias de uso rotineiro no verão. Outras estruturas antrópicas como monumentos e marcos são encontrados na baía, além de diversos artefatos e objetos remanescentes do período de descoberta e exploração dos recursos naturais da ilha, como pequenas embarcações, madeiras, carvão etc. Em síntese, a baía do Almirantado é uma região de incontestável significância ambiental, histórica, científica e estética, cuja ocupação nos últimos anos tem sido ampliada, justificando a necessidade do estabelecimento de um plano de monitoramento ambiental que resulte em ações efetivas de gerenciamento no auxílio à preservação de sua características. -6- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 3.1 – Localização da Área Antártica Especialmente Gerenciada. -7- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 4. AMBIENTE TERRESTRE Os estudos no ambiente terrestre concentraram-se, especialmente, nas pesquisas relativas ao solo, fauna, flora, microorganismos e edificações. Num primeiro momento, principalmente nas áreas com poucos ou nenhuns dados pretéritos, buscou-se a compreensão do ambiente terrestre em seu sentido mais amplo, em paralelo à intenção de constituir uma base comparativa com a situação atual da área mais diretamente afetada pela presença da Estação Antártica Comandante Ferraz, visto que o trabalho de monitoramento está sendo implantado anos após a sua instalação. Nas áreas de estudo com atividades anteriores à formação das redes, as informações pretéritas foram coletadas e analisadas, visando, especialmente, a busca de informações e parâmetros para estudos comparativos. Os resultados gerais seguem descritos de forma sucinta, enfatizando que o detalhamento pode ser obtido nos relatórios individuais de cada subprojeto. O conjunto edificado da Estação Antártica Comandante Ferraz, na condição de infraestrutura principal de apoio à pesquisa científica brasileira, torna-se, inevitavelmente, um dos maiores agentes de interferência ambiental na região da baía do Almirantado. Incluem-se, nessa afirmação, as interferências inerentes ao dia-a-dia do uso da estação e do entorno da península Keller, causadas pelas atividades rotineiras de pesquisa, assim como as conseqüentes de ações específicas, como os procedimentos de manutenção e construções e o turismo, de menor importância no contexto. Dessa forma, a proposta de elaboração de um diagnóstico do ambiente terra, compreendido como inter-relacionado com as demais questões estudadas no âmbito da Rede 2, envolve temas diferenciados que vão dos aspectos relacionados ao ambiente natural, tais como os estudos de solos, aves e botânica, até os vinculados ao ambiente edificado, como a organização e composição das edificações, a geração de resíduos, o impacto na paisagem, o problema da acústica, dentre outros. Assim, embora o objetivo da pesquisa seja a baía do Almirantado, o principal alvo dos estudos foi a península Keller (Figs. 4.1 e 4.2) com maior detalhamento para as áreas do entorno da Estação Ferraz. Embora nem todas as pesquisas estivessem necessariamente vinculadas à uma planificação espacial, a produção de uma base cartográfica confiável foi de grande importância, especialmente considerando o objetivo da Rede em implementar o sistema GIS para a formação de um banco de dados e para análise ambiental. -8- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.1 - Mosaico semicontrolado da península Keller. -9- Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.2- Modelagem em 3D da península Keller, sobrepondo o mosaico ao modelo digital de elevação. 4.1. BREVE HISTÓRICO DE OCUPAÇÃO DA PENÍNSULA KELLER Os estudos de avaliação de impacto ambiental na baía do Almirantado estão vinculados à história de sua ocupação e às conseqüências ambientais daí oriundas. No caso do subgrupo terrestre da Rede 2 do PROANTAR, os estudos e avaliações concentraram-se, especialmente, na península Keller, visto ser esse o principal local de ocupação das edificações brasileiras na Antártica através da Estação Antártica Comandante Ferraz. No entanto, é importante registrar que a área onde hoje está localizado o conjunto edificado da Estação Ferraz foi, no passado, explorada e ocupada por noruegueses e ingleses. Os primeiros mantiveram, no local, uma estação de pesca a baleias na década de 1940. Os segundos ocuparam o local a partir de 1948, ali permanecendo até o início da década de 1960, quando as edificações componentes da estação meteorológica e de pesquisa conhecida como “Base G” (fig. 4.1.1) foram desativadas (Schuch, 1994; Martins, 1998). O registro dessas ocupações na península Keller está, até hoje, presente, é representado pelas ossadas de baleias espalhadas ao longo da praia (fig. 4.1.2) e por um bote em madeira (fig. 4.1.3). Complementam a leitura do ambiente as estruturas de fundação em concreto da Base G (fig. 4.1.4) e as cruzes fincadas na elevação posterior à estação brasileira (fig. 4.1.5) que, simbolicamente, registram a morte de quatro pesquisadores ingleses. Uma quinta cruz é alusiva ao falecimento de um brasileiro, em 1990, portanto, desconectada do referencial de precedência de ocupação dos demais elementos mencionados. - 10 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.1.1 - Vista externa da Base "G", em 1987, construída em madeira e desativada em 1961. Figura 4.1.2 – As ossadas, ao longo da praia, registram as atividades de pesca à baleia e são referenciais da ocupação norueguesa na península Keller. Figura 4.1.3 – Bote em madeira que, junto às ossadas de baleias, marca a paisagem ao longo das praias da península Keller. - 11 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.1.4 – Fundações da edificação principal da antiga Base “G” Figura 4.1.5 – As cinco cruzes já estão integradas à paisagem do local e tornaram-se um dos principais pontos referenciais na região. 4.2. A ESTAÇÃO ANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZ A história da Estação Antártica Comandante Ferraz inicia-se em dezembro de 1982 quando ocorre a primeira Operação Antártica Brasileira – OPERANTAR I –, cuja principal missão era estabelecer o local onde deveria ser construída a futura estação brasileira (Bacila, 1985). Para isso, foi necessário considerar as questões logísticas – acessibilidade, obtenção de água, condições de gelo no verão e no inverno etc – e as de interesse para a pesquisa, visto ser a comunidade científica o principail usuário previsto para a Estação. Ferraz foi a primeira – e até hoje a mais importante – instalação brasileira construída na Antártica, estando situada na baía do Almirantado na ilha Rei George, arquipélago Shetlands do Sul nas coordenadas 62° 05" S; 58° 24" W. Seu posicionamento na península Keller foi motivado por ser uma “área ampla, com boas condições de acesso, movimentação de embarque, desembarque e abastecimento de água” (www.mar.mil.br/~secirm/ferraz em 23/09/2000). Como complementação ao exposto, - 12 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica vale serem citados os condicionantes estabelecidos pelo CMG Edison Nascimento Martins, enquanto participante da Operação Antártica II, destinada à escolha do local para implantação da estação brasileira, em 1984: ... um fundeadouro livre de gelos grandes para garantir a segurança do navio e do movimento navio-praia-terra; [...] uma praia com gradiente adequado, o mais suave possível, e, preferencialmente, sem muitos obstáculos a remover, que possibilitasse um desembarque sem problemas; [...] um terreno sem grandes desníveis, para evitar excessivo trabalho de terraplenagem; [...] um local bastante espaçoso, que comportasse as ampliações futuras da estação; [...] a presença de nascentes ou lagoas de degelo próximas, que permitissem o abastecimento facilitado de água, sem o trabalhoso processo de derretimento de neve e gelo; [...] um ambiente propício à realização de trabalhos científicos nos campos de atmosfera, terra e vida; [...] uma área isolada, afastada de outras estações e bases, não só para indicar a intenção de auto-suficiência que estávamos imprimindo ao PROANTAR como, também, para possibilitar o crescimento futuro da estação sem a interferência do surgimento próximo de instalações de vizinhos, evitando-se, ainda, a eventual poluição ambiental que um conglomerado de estações acaba causando (Martins, 1998). No dia 06 de fevereiro de 1984, Ferraz foi inaugurada com oito contêineres e capacidade para abrigar 12 pessoas entre pesquisadores e pessoal de apoio (Fig. 4.2.1). A instalação dos primeiros contêineres ocorreu ainda sem as diretrizes ambientais que hoje envolvem todas as atividades dos brasileiros na região; porém, a técnica construtiva adotada – monoblocos transportados inteiros do Brasil para a Antártica – permitiram sua implementação inicial com a pressa e a segurança necessárias à época. O esgoto, por exemplo, reduzia-se a um buraco cavado com pás e coberto com as esteiras metálicas utilizadas anteriormente no desembarque dos contêiners na praia -, com um orifício destinado à saída dos gases. Os canos que conectavam as instalações da cozinha e do sanitário na pretensa “fossa” eram de PVC, sem qualquer isolamento térmico (Martins, 1998). Considerando que a ocupação, na época, era reduzida e que toda a água utilizada na Estação era aquecida, o sistema de esgoto funcionava relativamente bem. No entanto, a constante obstrução dos canos por dejetos congelados originou a necessidade de instalação de isolantes térmicos. No aspecto paisagístico, as reduzidas dimensões do conjunto e o local de inserção – sem concorrência tanto com a exuberante paisagem natural como com as edificações em madeira da Base “G” instaladas nos cumes laterais à depressão em que Ferraz foi construída – geravam uma sensação de harmonia, especialmente no verão. - 13 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.2.1 - A Estação Antártica Comandante Ferraz em fevereiro de 1984, logo após sua inauguração. Imagem: Martins, 1998 p. 67. A cor verde dos módulos, as formas retilíneas e a bandeira nacional defronte à fachada principal sugeriam um agradável contraste, marcando a presença brasileira na região. Já no inverno, quando a Estação ficava quase totalmente encoberta pelo gelo, a imagem transmitida era da fragilidade da edificação perante os rigores climáticos, o que mostrava alguns dos equívocos na escolha do local. Destaca-se que a posição de implantação no sítio e a escala em relação ao lugar indicam modificações mínimas na paisagem natural, e a técnica construtiva permitia a recuperação total do ambiente, praticamente sem vestígios, caso a estação fosse retirada. Observando-se antigas imagens do local, pode-se afirmar que o maior impacto ocorreu na flora local com a destruição de formações vegetais ocasionada pelos serviços de terraplenagem, pelo arrasto dos contêineres e pelo pisoteio constante, necessário às atividades de implantação (Fig. 4.2.2). Salienta-se que, a partir da implantação da Estação, a área precedente à mesma passou a ser utilizada continuamente, nas atividades de apoio à pesquisa e funcionamento diário da EACF, como “pátio de manobras” do maquinário, não permitindo, assim, uma regeneração gradativa dos ecossistemas afetados. Também era comum, na época, a arrecadação de souveniers, sendo grande a quantidade de ossos de baleias subtraídos do local e levados ao Brasil como troféus. No entanto, é inegável o sucesso da implantação de Ferraz e, já em 1985, foi promovida sua ampliação, passando a contar com 33 módulos1, sendo o ano seguinte marcado pelo início do período de permanência também durante o inverno (Fig. 4.2.3). No 1 Por existirem alguns pequenos módulos destinados à guarda de materiais, abrigo para motores, depósito de gás e guarda de equipamentos de menor porte, a bibliografia consultada difere no quantitativo de unidades existentes, com um número que varia de 32 a 38. Nesse caso, adotou-se por critério considerar como unidade as construções que permitem algum tipo de atividade humana em seu interior. - 14 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica verão, era possível acomodar cerca de 30 pessoas enquanto, no inverno, esse número era reduzido para cerca de 10. Figura 4.2.2 – Instalação da Estação Antártica Comandante Ferraz no verão de 1984. Foto: Peter Barry Figura 4.2.3 - A Estação Antártica Comandante Ferraz no verão de 1986/87 após a ampliação. As obras de ampliação incluíram o planejamento das canalizações; agora com paredes duplas, recheio de espuma de poliuretano e resistência elétrica, promovendo a denominada “cinta térmica”, instalada nos canos de água, esgoto e óleo. O sistema de captação de água – anteriormente baseado no derretimento de gelo e neve – passou a contar com a água oriunda do Lago Sul, captada através de uma bomba; e um compactador para lixo sólido (Martins, 1998). No início de 1987, foi inaugurado o - 15 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica incinerador de lixo, cujo uso ainda não obedecia a critérios ambientais de classificação dos resíduos, produzindo a queima de materiais poluentes, posteriormente eliminados através da definição de limitações de uso. Na medida em que a estação foi sofrendo ampliações, sua funcionalidade começou a ficar comprometida por não haver um consenso no projeto de expansão anteriormente definido. Assim, a cada nova chefia, novas necessidades iam surgindo e, conseqüentemente, novas soluções para as ampliações. O conjunto arquitetônico, que contrastava sutilmente com a paisagem, transformou-se num conglomerado de blocos com muitos fios, canalizações e anexos de aparência caótica (fig. 4.2.4). Ao longo dos anos de existência de Ferraz, comprovou-se a inadequação da escolha do local de implantação – numa depressão entre três elevações – favorecendo o acúmulo de neve principalmente durante o inverno (Alvarez, 1996). Figura 4.2.4 - Em 1992, o resultado das ampliações consecutivas sem o estabelecimento de um Plano Diretor, ocasionando um conjunto edificado de funcionalidade e aparência questionáveis. Também a solução construtiva em contêiners demonstrou ser uma técnica adequada para a ocupação inicial, porém com conseqüências econômicas e ambientais ao longo do tempo em função da necessidade de grandes investimentos no combate à corrosão das superfícies metálicas (Alvarez et al, 2003). No verão de 1995/96, a instalação de um novo sistema de esgoto trouxe uma importante contribuição, tanto no aspecto ambiental como no de facilitação dos procedimentos de manutenção (fig. 4.2.5). O sistema possui “quatro fossas sépticas, dois filtros anaeróbicos, duas caixas de gordura e duas caixas interceptadoras. A fim de evitar congelamento das redes e das fossas, foram instaladas cintas térmicas ao longo das redes e nas fossas sépticas” (www.secirm.mar.mil.br/ferraz/ferraz5.html em 20/03/2005). - 16 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.2.5- Esquema básico de funcionamento do tratamento de esgoto, em funcionamento na Estação Ferraz desde 1996. Ferraz, hoje, não pode ser avaliada por sua quantidade de módulos, já que o sistema construtivo vem evoluindo e, desde 2004, suas instalações têm sido ampliadas através da união dos antigos contêiners (Alvarez et. Al., 2005). Suas acomodações incluem alojamento, laboratórios, oficinas, sala de estar, enfermaria, cozinha, biblioteca, paióis, sala de comunicações, miniginásio de esportes e heliponto, ocupando cerca de 2250 m² de área construída e capacidade para abrigar confortavelmente até 56 pessoas (figura 4.2.6). Figura 4.2.6- EACF atual (jan/2006) - 17 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 4.3. CENÁRIO ATUAL 4.3.1. GEOMORFOLOGIA E SOLOS No aspecto geomorfológico (fig. 4.3.1), alguns registros na paisagem atual de Keller somente são explicados considerando os períodos de glaciações e interglaciações ocorridas naquela península. Atualmente, Keller apresenta dois ambientes que se distinguem pelos processos que modelam a paisagem. Após o último recuo glacial, o sul foi a primeira faixa a ser exposta, onde ocorre o predomínio de processos de natureza periglacial remodelando a antiga paisagem, sendo que essa faixa representa mais de 50% da área da península. Já na faixa norte, mesmo verificando-se a existência de alguns processos periglaciais, a paisagem ainda reflete muito a ação da erosão glacial. Figura 4.3.1 - Mapa da geomorfologia da Península Keller. - 18 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Foram identificadas 18 unidades geomorfológicas na península Keller, e algumas dessas unidades servem ao monitoramento ambiental permanente, já que se encontram em processo dinâmico de retração ou expansão, em função de alternâncias climáticas. No aspecto relacionado à classificação dos solos, foi utilizado o sistema da FAO (FAO, 1999), sendo identificados quatro grupos do primeiro nível e sete do segundo nível categórico. Foram mapeadas 15 unidades de solos e três tipos de terrenos (Fig. 4.3.2). Escala 1:50.000 Datum WGS 84 Zona 21 UTM Figura 4.3.2 - Mapa de solos da península Keller. O Criossolo foi introduzido em um nível mais alto no sistema da Base Referencial Mundial do Recurso Solo para identificar um grupo de solos que ocorrem em condições de ciclos de congelamento e descongelamento, apresentando permafrost dentro dos 100 cm - 19 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica desde a superfície, além de mostrarem evidências de crioturbação (FAO, 1999). Esses solos são, freqüentemente, rasos (< 1 m) e permanecem saturados de água durante o período de degelo (verão), porém sem as feições associadas de redução e redistribuição de ferro. De acordo com a nova versão da Soil Taxonomy, os solos afetados por permafrost são denominados Gelisols. A falta de uma ação intensiva dos processos criogênicos em Keller,, entendendo tais processos como os que ocorrem no solo com temperatura abaixo de zero e que são condicionados pelas mudanças da fase sólida para líquida da água do solo, deve-se à descontinuidade do permafrost e à dificuldade de determinar sua extensão. A maior parte das paisagens livres de neve está coberta por sedimentos compostos principalmente por fragmentos derivados de rochas, representando, aproximadamente, 45% da área da península. Esse tipo de terreno apresenta profundidade limitada por rocha dura contínua dentro dos 25 cm iniciais. No aspecto da caracterização química, os solos possuem caráter alcalino com valores de pH variando de 6,5 a 8,5 nas profundidades de 0-10 cm e de 6,9 a 8,6 nas profundidades de 10-20 cm. De acordo com Schaefer et al. (2004), esses valores evidenciam elevados níveis de elementos alcalinos dissolvidos, presentes nesses solos/sedimentos, devido ao spray marinho. Os teores de P são elevados, situando-se entre 87,4 e 260,8 mg dm-3 nas profundidades de 0-10 cm e entre 80 e 239,2 mg dm-3 nas profundidades de 10-20 cm. A distribuição espacial desse elemento mostra que as concentrações mais elevadas ocorreram na área próxima do mar, ou seja, nos sedimentos costeiros, que possuem contribuições de fezes de aves e focas, comuns em terraços marinhos mais baixos (Fig. 4.3.3). Parte importante do P transferido biogenicamente no sentido mar-terra não retorna substancialmente por erosão, e isso pode ser devido tanto à sua rápida imobilização pelo plâncton nas plumas de degelo que alcançam o ambiente costeiro, quanto pela imobilização em fosfatos secundários de P nos solos onde predominam minerais amorfos de Al. Os maiores teores de Ca2+ e sua maior distribuição ocorreram na parte entre a EACF e os tanques de armazenamento de combustíveis, ou seja, na área onde existem muitas estruturas que utilizam blocos de concreto (piso) e cimentos. No entanto, em maior profundidade, o teor elevado de Ca2+, estendeu-se até a área em que está localizado o heliponto, próximo do esgoto da Estação (Fig.4.3.3). Os teores de Mg2+, em média, foram sempre maiores que os de Ca2+, tanto em superfície quanto em subsuperfície, mostrando a proveniência máfica dos sedimentos. Os valores de K também foram elevados em todas as três áreas, sendo que as maiores concentrações estão nas proximidades do mar (Fig. 4.3.3) devido aos altos teores do nutriente nas águas marinhas ascendendo por capilaridade ou advindos de sprays marinho. - 20 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Profundidade 0-10 cm Ca2+ (cmolc dm-3) 0-2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 Mg2+ (cmolc dm-3) 0-2 2-4 4-6 6-8 8-10 10-12 K (mg dm-3) 100-120 120-140 140-160 160-180 180-200 200-220 P (mg dm-3) 120-140 140-160 160-180 180-200 200-220 220-260 260-280 Profundidade 10-20 cm Ca2+ (cmolc dm-3) 0-4 4-8 8-12 12-16 16-20 20-24 Mg2+ (cmolc dm-3) 0-2 2-4 4-6 6-8 8-10 K (mg dm-3) 100-120 120-140 140-160 160-180 180-200 200-220 P (mg dm-3) 80-100 100-120 120-140 140-160 160-280 180-200 220-240 10-12 Figura 4.3.3 -Distribuição espacial dos teores de Ca2+, Mg, K e P no entorno da EACF. O baixo valor da acidez potencial (H + Al) caracteriza a amostra com pequeno grau de intemperismo, o que é corroborado pelo elevado valor da CTC. Apesar das condições climáticas serem favoráveis ao acúmulo da matéria orgânica, a quase inexistência de atividade biológica na região antártica não favorece aportes de compostos orgânicos. - 21 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica De maneira geral, os teores de C e N orgânico totais são muito baixos em relação aos solos de regiões tropicais. Os valores variaram de 0,299 a 1,863 dag kg-1 em superfície e de 0,355 a 2,259 dag kg-1 na subsuperfície, com valores mais elevados provenientes das amostras coletadas próximo aos tanques de combustível, indicando uma contribuição não somente da produtividade orgânica primária, mas, principalmente, dos contaminantes orgânicos. Os solos/sedimentos nas proximidades da EACF possuem hidrocarbonetos aromáticos. Esses compostos apresentaram maior distribuição em subsuperfície e apresentam maiores concentrações ao redor dos tanques de combustíveis. Os teores dos hidrocarbonetos aromáticos (BTEX) foram medidos na área 1, que abrange o entorno dos tanques de armazenamento de óleo diesel; na área 2, próxima às instalações da estação e, por último, na área 3, que avança até o heliponto (figs. 4.3.4 e 4.3.5). Os BTEX foram encontrados somente na área 1, na qual esses resultados indicam que ocorrem derrames quando feitas retiradas e reposições de combustível dos tanques, comprovando observações in loco. As concentrações variaram de 0,3 a 88,96 mg kg-1 (010 cm) e de 0,3 a 35,72 mg kg-1 (10-20 cm). O p-Xileno apresentou a maior concentração e dispersos na área do entorno da EACF. Os BTEX são hidrocarbonetos aromáticos, constituintes da gasolina, que apresentam propriedades carcinogênicas e são resistentes à degradação enzimática. Esses compostos compõem a fase móvel que contém baixa viscosidade e elevada volatilidade. Na EACF, esse combustível é utilizado em menores quantidades em relação ao óleo diesel e, por ser um composto volátil derivado de petróleo, concentrações mais elevadas são encontradas em profundidades maiores. A persistência dessas frações voláteis e tóxicas de petróleo é mais danosa e/ou perigosa em áreas polares, pois as baixas temperaturas e o gelo tornam sua remoção natural e sua degradação biológica muito lenta, proporcionando uma maior sensibilidade a pressões antrópicas (Weber & Bícego, 1990). Dentre os BTEX, o benzeno é o composto que apresenta maior solubilidade em água (10 µg L-1), é muito pouco adsorvido das partículas do solo (cerca de 5 %) e é bastante volátil (60 %). Logo, é considerado o mais tóxico dos compostos. Os teores médios desses compostos apresentaram-se praticamente iguais nas duas profundidades (1,62 mg-1 kg de 0-10 cm e 1,7 mg-1 kg de 10-20 cm), sua distribuição ocorre, basicamente, na área superior dos tanques que armazenam os combustíveis, chegando à proximidade do mar (fig. 4.3.4). Dessa forma, o benzeno pode entrar em contato com a água e afetar a biodiversidade marinha da região. - 22 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.4 - Distribuição espacial dos hidrocarbonetos aromáticos (BTEX) das amostras de solo e sedimento do entorno da EACF na profundidade de 0-10 cm. - 23 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.5 - Distribuição espacial dos hidrocarbonetos aromáticos (BTEX) das amostras de solo e sedimento do entorno da EACF na profundidade de 10-20 cm. As maiores concentrações do tolueno e xilenos ocorrem na profundidade de 1020 cm e sua distribuição ocorre no local onde, em geral, estão estacionados os veículos de transporte terrestre na EACF. O etilbenzeno apresentou maiores concentrações em superfície, no entanto, na subsuperfície ocorreu uma maior expansão ao redor dos tanques. Portanto, deve ocorrer derrame de combustível quando são abastecidos os - 24 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica veículos ou pela descarga dos motores. Por serem poluentes hidrofóbicos, tendem a ficar sorvidos na matriz do solo, diminuindo sua disponibilidade aos microrganismos e, conseqüentemente, a sua biodegradação. Em maiores profundidades, a ocorrência do etilbenzeno e xilenos ocorreram nas proximidades dos tanques de armazenamento de combustível, mais especificamente, ao lado do quarto tanque. O acúmulo desses contaminantes comprova, de forma bem definida, o que Albuquerque et al. (2004) relataram: a ocorrência de um derrame dos tanques de estocagem de petróleo e derivados da EACF em 1987, segundo dados obtidos com o grupo base. As concentrações encontradas de BTEX podem provocar desequilíbrio nas comunidades marinhas da Antártica, podendo ser consideradas uma forma de poluição persistente. Portanto, nos locais onde são feitas operações de transferência ou estocagem de petróleo e derivados, devem ser considerados pontos de risco para o ambiente do entorno da EACF. Os compostos antraceno e fluoranteno (com três anéis aromáticos) foram os que apresentarem uma maior freqüência em superfície e subsuperfície nas áreas 1 e 2. Na área 1, as concentrações médias de PAHs- totais variaram entre 0,05 e 2,96 e 0,14 e 3,84 ng g-1 na profundidade de 0-10 e 10-20 cm, respectivamente. As maiores concentrações médias encontradas foram do acenafteno (2,96 ng g-1) na profundidade de 0-10 e do fluoranteno de 10-20 cm. Na área 2, as maiores concentrações médias foram do antraceno de 1,16 ng g-1 para subsuperfície e de 2,02 ng g-1 para a superfície. Na área 3, o composto criseno apresentou maiores concentrações médias nas duas profundidades de 0-10 cm (1,32 ng g-1) e o benzo(b)fluoranteno na profundidade de 1020 cm (1,34 ng g-1). A composição do DFA (Diesel Fuel Arctic), o principal óleo combustível utilizado nas atividades das estações de pesquisa na Antártica, foi estudada por Yu et al. (1995). Segundo esse autor, os PAHs não alquilados como naftaleno, fluoreno, fenantreno, antraceno, pireno, criseno e benzo(a)antraceno correspondem a 16,63 % dos PAHs totais. Nas amostras de solos e sedimentos estudadas a predominância destes compostos, principalmente na área 1, pode ser atribuída à origem petrogênica. Em relação ao número de anéis aromáticos, todas as amostras contaminadas apresentaram predominância de PAHs com dois e três anéis aromáticos. Na área 3, foram detectados PAHs com quatro anéis aromáticos em maiores quantidades. De acordo com Martins (2001), a elevada porcentagem de PAHs, contendo de quatro a seis anéis, encontradas em sedimentos coletados próximos do esgoto da EACF, pode ser associada a resíduos de combustão, ao esgoto da estação, ou podem ter origem petrogênica, tendo em vista que esses compostos estão presentes na constituição de óleos combustíveis, embora - 25 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica em menor quantidade que os PAHs mais leves (Yu et al., 1995), e são mais resistentes à degradação do que os demais PAHs com menor número de anéis, podendo acumularem-se nos sedimentos sem, necessariamente, estarem associados a processos de combustão. O perfil de distribuição da porcentagem de hidrocarbonetos alifáticos totais (HAs) mostrou uma seqüência completa de hidrocarbonetos entre C 11 a C 26. Na área 1, as concentrações médias de hidrocarbonetos alifáticos (HÁS) totais variaram de 0,22 a 15,00 µg g-1 em superfície (0-10 cm). Nessas amostras, a ocorrência dos compostos pentadecano (C15) e octaecano (C18) tiveram maior freqüência. Em subsuperfície (10-20 cm), os HAs variaram de 0,13 a 13,13 µg g-1, sendo que os compostos pentadecano (C15) e pentacosano (C25) foram os mais freqüentes. No entanto, o tetradecano (C12) apresentou maior concentração total média (15,00 µg g-1) entre os hidrocarbonetos alifáticos nessa camada. As amostras coletadas nessa área apresentaram maiores teores em relação às demais, sendo mais detalhadas em torno dos tanques por ser o ponto de maior manuseio de combustíveis na estação. O mesmo ocorreu com Stark et al. (2003) na avaliação de hidrocarbonetos de petróleo e metais pesados na estação Atlas Cove, na Antártica. Esses autores relatam que os processos de degradação dos hidrocarbonetos de petróleo na Antártica ocorrem lentamente, podendo persistir por décadas. Na área 2, as concentrações médias de HAs totais variaram de 0,14 a 2,23 µg g-1 em superfície e de 0,23 a 4,03 µg g-1 em subsuperfície. Na profundidade de 0-10 cm, a maior freqüência foi dos compostos tridecano, pentadecano e pentacosano. Botes e lanchas trafegando ao longo da baía, principalmente na frente da EACF, são uma fonte pontual de HAs de origem petrogênica no solo. Na área 3, embora composta por poucas amostras, também foram encontradas concentrações elevadas dos HAs. As concentrações médias de HAs totais variaram de 0,11 a 4,26 µg g-1 em superfície e de 0,02 a 1,34 µg g-1 na profundidade de 10-20 cm. O composto que apresentou maior concentração média foi o pentadecano na profundidade de 10-20 cm. Por estarem distantes da EACF, esses pontos de coleta recebem pouca influência antrópica. No entanto, o rápido espalhamento lateral acima do permafrost ou a proximidade do esgoto da EACF pode explicar as concentrações encontradas. Para a avaliação da presença de microorganismo do domínio bactéria na península Keller, foram amostrados solos superficiais (10cm) nas aéreas no entorno da EACF, buscando verificar o impacto da presença do óleo ao redor dos tanques. Doze amostras de solo coletadas em áreas contaminadas e não-contaminadas distribuídas ao longo da baía do Almirantado e baía Maxwell, em trabalho realizado previamente (tese de doutorado), foram analisadas através da técnica de PCR-DGGE, baseada na seqüência de 16S rDNA e PCR para detecção de genes catabólicos associados a atividade de degradação de - 26 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica hidrocarbonetos de petróleo. Os extratos de DNA purificados foram utilizados para amplificar uma região conservada do 16S rDNA correspondente à posição 8 e 519 em E. coli , específico para Eubactérias. Vinte e oito fragmentos produzidos através da técnica do DGGE foram extraídos do gel e seqüenciados. Visando compreender a diversidade e dispersão dos genes degradativos encontrados nos solos contaminados por óleo ao redor dos tanques da EACF, genes que codificam a subunidade alfa da enzima bifenilo dioxigenase (bhpA1) e estão envolvidos na degradação de hidrocarbonetos aromáticos e Bifenilos Policlorados (PCBs) foram detectados nos solos ao redor dos tanques, configurando, também, a capacidade de degradação. Neste estudo, foi avaliada a diversidade entre as seqüências do gene catabólico que codifica a subunidade alfa da enzima bifenilo dioxigenase (bphA1), em amostras de solos impactados por óleo provenientes do Brasil e da Antártica, visando conhecer a diversidade desse gene nessas regiões. As amostras de solo foram submetidas à extração de DNA Total pelo método de lise mecânica. O DNA genômico foi purificado e o gene bphA1 amplificado e clonado no plasmídeo pGEM-T. Um total de 30 clones provenientes da amostra de solo da Antártica e 32 clones da amostra brasileira foram seqüenciados e submetidos, posteriormente, à análise filogenética. Em relação à diversidade bacteriana, a análise filogenética das amostras de solos provenientes da Antártica (Fig. 4.3.6) demonstrou, pelos perfis de bandas do DGGE extraídas e seqüenciadas, a presença de dezesseis clados distintos (Fig. 4.3.7). As seqüências analisadas foram comparadas com 22 seqüências do banco de dados segundo o maior nível de identidade apresentada pelas amostras e as seqüências previamente depositadas no GenBank. O percentual de identidade entre as amostras analisadas e as seqüências depositadas variou entre 77 e 100%. Os microrganismos componentes da estrutura microbiana das amostras de solo analisadas pertencem, geralmente, aos gêneros Ralstonia sp, Delftia sp, Variovorax sp, Thermomonas sp, Stenotrophomonas sp, Lysobacter sp, Porphyrobacter sp e Sphingomonas sp. No entanto, algumas similaridades entre as seqüências analisadas e bactérias clonais não-cultiváveis também foram observadas. Os resultados obtidos neste estudo revelaram que 44% dos clones brasileiros codificaram para novas hidroxilases, indicando a presença de novos genes ou enzimas degradadoras nesse solo. Quando comparados aos resultados dos clones antárticos, observamos que, apesar da maior diversidade intragênica observada para o gene bphA1, a maioria dos clones ambientais antárticos estão agrupados no clado M em conjunto com os clones do Brasil. Diferente dos clones brasileiros, apenas um clone antártico amplificou seqüências diferentes das bifenilo dioxigenases. - 27 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Considerando as bactérias homólogas e as seqüências de aminoácidos obtidas, verifica-se até o momento que existem no solo, ao redor dos tanques e nas proximidades da EACF, bactérias já descritas em regiões com influência marinha e em solos contaminados por compostos xenobióticos (químicos tóxicos). Dentre elas, estão grupos taxonômicos que compreendem tanto bactérias mesofílicas, como psicrotróficas e também termofílicas como o gênero Thermomonas. A presença de bactérias termofílicas em regiões polares já foi descrita anteriormente no Alaska, onde, em fontes de exploração de petróleo, foram descritas seqüências homólogas a bactérias e arqueias termofílicas e hipertermofílicas. Figura 4.3.6 – Microcosmos in situ (controle e com adição de óleo) nas proximidades da EACF. - 28 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.7 –Dendograma não enraizado de Neigbor Joining (n = 10000) baseado na seqüência do gene 165 r(DNA de bandas extraídas diretamente do gel de DGGE. Clones obtidos a partir de determinadas bandas desse fel e seqüências depositadas no GenBank (números de acesso entre parênteses). Dendograma utilizando o programa MEGA versão 2.1. A barra de escala representa 0.5 substituição por 100 nucleotídeos. Destacamos, também, a presença de clones com seqüências de organismos ainda não cultivados que foram descritos em solos contaminados com metais e isolados de área - 29 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica de aterro industrial em países temperados. As condições de solo mineral e a presença de metais no solo antártico justificam a presença desses grupos no solo ao redor da EACF Em relação ao aspecto metabólico, foi observada a presença tanto de bactérias psicrotróficas quimioorganotróficas, como a Ralstonia, quanto de fototróficas facultativas, como a Sandaracinobacter sibiricus, que são importantes para a sobrevivênica nos solos que contam com a presença do óleo como fonte de carbono e nos solos sem esse impacto durante o verão com aumento da incidência solar e sem a cobertura de gelo. Outros clones apresentaram seqüências desconhecidas, podendo estar relacionados a bactérias endêmicas ainda não descritas. Analisando a árvore filogenética obtida (Fig. 4.3.7), observamos o agrupamento de clones ambientais em 9 clados distintos, sendo que 57% dos clones se agruparam no clado M. Esse clado é formado por clones homólogos provenientes das duas regiões (Antártica e Brasil), sendo 9 dessas seqüências (4 do Brasil e 5 da Antártica) idênticas. Isso demonstrou que as seqüências do gene bphA1 estão dispersas nas duas regiões; portanto, não podem ser endêmicas, e que as seqüências agrupadas no clado M podem representar um grupo de genes bphA1 de ampla distribuição, porém não descrito previamente. Esse fato pode significar que processos degradativos semelhantes devem estar ocorrendo nas duas regiões. Apesar da amostra de solo da Antártica utilizada neste trabalho pertencer a um local que já foi exposto à contaminação por óleo, o grau de poluição dessa amostra é bem menor em relação à amostra de solo do Brasil. Levando-se em conta o conceito ecológico de que quanto maior o impacto no ambiente menor será a sua biodiversidade, pode-se sugerir que a maior variação da diversidade intragênica antártica pode estar associada à baixa concentração de matéria orgânica, à baixa diversidade de substratos aromáticos e ao baixo impacto antrópico em comparação com o Brasil. Porém, sem uma caracterização bioquímica detalhada das amostras, não é possível confirmar essas suposições. A área que compreende os solos superficiais ao redor da EACF apresentou diversidade microbiana, não só compreendendo bactérias já descritas em habitats sob influência marítima e não associados a impactos antrópicos, mas também bactérias previamente descritas em regiões expostas à contaminação por compostos tóxicos e metais. A presença de seqüências associadas a bactérias ainda não cultivadas e com seqüências ainda não existentes nos bancos de dados indica a importância do isolamento e descrição de novas espécies, talvez endêmicas. As bactérias autóctones presentes nos solos estudados apresentam capacidade de adaptação e de degradação do óleo (Antarctic Diesel Fuel) a que são expostas devido às atividades que ocorrem na EACF. Essa população microbiana carrega, também, genes catabólicos cosmopolitas, que são responsáveis por esse potencial degradador. A - 30 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica diversidade desses genes catabólicos é menor que a descrita para regiões tropicais ou subtropicias expostas a diferentes substratos aromáticos naturais, como a lignina, ou de origem antropogênica, como compostos organoclorados. 4.3.2. COBERTURA VEGETAL Quando se avalia a cobertura vegetal da península Keller, verifica-se que as principais comunidades são constituídas, predominantemente, por briófitas (Fig. 4.3.8). As cianobactérias são encontradas em superfícies cobertas por sedimentação fina e em pequenos depósitos de água de degelo. As algas macroscópicas terrestres, especialmente Prasiola crispa, crescem associadas às colônias ou ninhos de aves. Representantes de Prasiola cladophylla são raros e ocorrem, principalmente, em linhas de drenagem com água de degelo. Os líquens (fungos liquenizados) estão representados em praticamente todos os ambientes, constituindo-se o grupo com a maior biodiversidade da região. As plantas com flores Colobanthus quitensis e Deschampsia antarctica crescem associadas a musgos ou líquens fruticulosos, sendo mais freqüentes em áreas onde ocorrem colônias de aves e/ou criossolos ornitogênicos. A estimativa precisa da extensão das coberturas das comunidades vegetais é importante para se avaliar a sua dinâmica temporal e estudar com mais detalhe as relações ecológicas com os diferentes atributos do meio físico (solos, rochas, relevo, etc.). Além disso, sua quantificação mais precisa pode auxiliar nas estimativas de estoque de carbono nos ecossistemas terrestres da Antártica, bem como sua evolução. Na Antártica Marítima, apesar das condições climáticas relativamente severas, coberturas de líquens, algas, briófitas e raras plantas com flores são capazes de sintetizar e incorporar considerável quantidade de C nos solos, sendo a sua conservação auxiliada pelas baixas temperaturas, que retardam a mineralização. Em termos quantitativos, as coberturas vegetais em Keller ocupam pouco mais de 3% da área total (cerca de 16 ha) da península. As comunidades apresentaram-se de forma homogênea (briófitas e Usnea) e em associação (tipo miscelânea). Há predomínio de briófitas e líquens, que, juntos, somam mais de 50% das tipologias; as espécies mais representativas são, principalmente, os musgos Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske, Warnstorfia sarmentosum (Wahlenb.) Hedenäs, Tortula spp. e Bryum spp.) e Usnea antarctica. - 31 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Legenda Comunidade Vegetal Briófita Briófita + Deschampsia Deschampsia + Colobanthus + Briófita Deschampsia + Colobanthus + Usnea + Briófita Usnea Usnea + Briófita Usnea + Briófita + Deschampsia Drenagem Eacf Geleira Datum WGS 84 ESCALA 1:20.000 Figura 4.3.8 – Mapa da cobertura vegetal da península Keller. As angiospermas Deschampsia antarctica Desv. e Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl somente são encontradas associadas a outras plantas inferiores devido ao seu caráter pioneiro. A Deschampsia é encontrada mais abundantemente próximo a pingüineiras abandonadas e locais de concentração de grandes mamíferos, em lugares ainda não colonizados por Colobanthus sp., como foi verificado ao sul da Área de Interesse Científico Especial nº8. Na Antártica, as Magnoliophyta estão representadas apenas por Deschampsia antarctica Desv. (Poaceae) e Colobanthus quitensis (Kunth) Bartl. (Caryophyllaceae), essas duas espécies ocorrem com freqüência na região em estudo. Os musgos possuem, - 32 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica aproximadamente, 60 espécies citadas para a ilha Rei George, Antártica, sendo que dessas 57 já foram identificadas para áreas de degelo adjacentes à baía do Almirantado, sendo que Sanionia uncinata (Hedw.) Loeske é a encontrada com mais freqüência. Os fungos macroscópicos, segundo Pereira (1990), estão representados, até o momento, por 10 espécies; dessas, duas já foram identificadas nessa região. Já para os fungos liquenizados, segundo Øvstedal & Lewis-Smith (2001), são conhecidas 360 espécies; dessas, 126 já foram citadas em estudos realizados nessa região. As duas espécies de algas terrestres e macroscópicas conhecidas na Antártica, Prasiola crispa (Lightfoot) Menegh., que é ornitocoprófila e P. cladophylla (Carmich.) Menegh., que é ornitocoprófoba, já foram identificadas. A distribuição das comunidades vegetais e as formas de vida dos musgos da Antártica, conforme Putzke et al. (1994), dependem principalmente da luz, uma vez que se tem um período de verão com aproximadamente 20 horas/ luz por dia e um período de inverno com apenas duas horas/ dia de luz. Segundo Allison & Lewis-Smith (1973), a temperatura, ventos, precipitação, brisa marinha e colônias de aves são condições que, associadas a fatores locais, tais como a estabilidade da superfície, tipo de rocha e erosão eólica, são críticas para a ocorrência das plantas nas regiões polares, estabelecendo nítida definição dos limites de sobrevivência e fazendo com que certas espécies sejam altamente especializadas e os seus nichos, às vezes, tão restritos que podem ser bons indicadores das mudanças ambientais. Dentre os fatores que contribuem para a distribuição das comunidades vegetais de áreas de degelo na Antártica, as colônias de aves e as geoformas são os fatores mais decisivos. Na planície costeira, as comunidades vegetais estão representadas por formações de musgo em tapete onde predomina, principalmente, Sanionia uncinata (Hedwig) Ochyra, Polytrichum spp., Deschampsia antarctica e Colobanthus quitensis. Nas elevações rochosas, há áreas de nidificação de Larus dominicanus, e nas praias pedregosas da região, existe uma grande colônia de Sterna vitata, o que proporciona a essas regiões formações e composição florística muito característica (Fig. 4.3.9). - 33 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.9 - Exemplos de formações florísticas características da região A península Keller, punta Crepim e a região do entorno da Estação Polonesa H. Arctowski são as áreas que, fisionomicamente, possuem comunidades vegetais aparentemente em estágio decadente. A Cordilheira Ulmann possui, principalmente na região costeira, comunidades com maior biodiversidade e que se encontram muito preservadas e vistosas. A região de Punta Henniquim, onde as áreas de degelo aumentaram significativamente devido ao recuo das geleiras, possui áreas importantes para o acompanhamento da evolução de populações de plantas, formações e comunidade. As áreas de degelo, localizadas entre o glaciar Ecoilogy e Demay point, cujas comunidades vegetais não foram ainda devidamente estudadas, são as mais importantes para futuros estudos comparativos de avaliação de impacto ambiental. 4.3.3. AS AVES Os estudos com aves e pinípedes buscam avaliar alterações populacionais e de distribuição no ambiente enquanto excelente forma para indicar e visualizar alterações ambientais, em especial quando provocadas pela ação humana. Informações sobre flutuação populacional e/ou alterações significativas com relação a dados atuais e passados (dados históricos) em áreas habitadas, como é a baía do Almirantado, e outras não ocupadas (ilha Pingüim e arredores) poderão contribuir para a avaliação dos impactos ambientais. Para fins de complementação e sustentação das avaliações, informações históricas sobre a biologia e a distribuição das aves e pinípedes serão comparadas com dados atuais. O diagnóstico da fauna foi desenvolvido com tema centrado nas aves. As áreas livres de gelo da baía do Almirantado foram mapeadas, registrando-se com GPS todas as áreas de reprodução e/ou ninhos das 13 espécies de aves que nidificam na região (Fig. 4.3.10). Pode-se constatar a existência de alterações em algumas áreas de reprodução, bem como alterações no comportamento de algumas espécies. No que se refere aos impactos ocasionados pelas atividades humanas nos arredores da EACF e à relação desses com as aves que nidificam na área ou repousam na costa da região, além dos mamíferos - 34 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica marinhos, observou-se que os veículos automotores utilizados para transporte de material e pessoal fazem com que os pingüins, em período de muda – que não devem entrar na água em função da fragilidade característica do processo – fiquem assustados, muitas vezes fugindo, desnorteados, para a água. O período de troca de penas é relativamente curto – fevereiro e março – sugerindose que o transporte motorizado na região seja feito somente quando absolutamente necessário. Como as áreas de reprodução e de muda são vitais para aves e pinípedes durante o verão austral na Antártica, a obtenção dos mapas delimitando essas localidades e informando a dinâmica dessa ocupação poderão ser utilizados para gerenciar o local com tendência a impacto zero. Áreas de reprodução. Áreas livres de gelo sem reprodução de aves. Áreas de reprodução de aves. Dados obtidos por intercâmbio com os EUA. Figura 4.3.10 - Distribuição das áreas de reprodução das aves, muda de pingüins e pinípedes na baía do Almirantado. - 35 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Durante as OP’s XXI e XXII foram realizados registros referentes à distribuição e biologia das aves e pinípedes de todas as 27 áreas livres de gelo da baía do Almirantado e obtidos mapas preliminares da distribuição das áreas de reprodução das aves, muda de pingüins e pinípedes (figura 4.3.11). Áreas de muda Áreas livres de gelo Áreas de muda de pêlo Áreas livres de gelo Figura 4.3.11 – Indicação das grandes áreas de mudas. A - muda de penas dos pingüins. B - muda de pêlos dos pinípedes (focas e lobos marinhos) - 36 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Segundo dados de Jablonski (1986), cerca de 63% das áreas livres de gelo da BA eram ocupadas por aves. Atualmente, foram registradas aves nidificando em 56% das áreas disponíveis. Além disso, foram identificadas áreas de reprodução para as 13 espécies de aves da baía do Almirantado. A figura 4.3.12 apresenta a distribuição e abundância dos ninhos de Skua na península Keller na baía do Almirantado. Os levantamentos atuais e comparações com dados históricos indicam uma redução da população de aves consideradas mais sensíveis à presença humana na região, como, por exemplo, o petrel-gigante que, em algumas áreas, teve redução total. Aves oportunistas e predadoras, como as skuas e gaivotões, aumentaram visivelmente suas populações e áreas de reprodução na baía do Almirantado. Figura 4.3.12 - Mapa de distribuição das skuas na Península Keller. As aves também podem ser utilizadas como indicadores de poluição ambiental, pois são fáceis de identificar e sua classificação e sistemática são bem estabelecidas. As aves tendem a ocupar posições superiores na cadeia alimentar, acumulando compostos como os organoclorados e são sensíveis a diversas mudanças no ambiente. Seu período de vida também pode ser útil para integrar os efeitos do stress ambiental ao longo do tempo, dando a possibilidade de medir a poluição por um período de um ano ou mais. - 37 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Existem vários trabalhos sobre a ocorrência de poluentes orgânicos persisitentes (POPs) na biota antártica, mas poucos na baía do Almirantado. Os primeiros trabalhos foram realizados por Lukowski et al. (1983) que analisaram somente DDTs e derivados em pingüins e aves marinhas no final dos anos 70. Em pingüins adultos, foram encontrados pp’-DDE e traços de pp’-DDT. Trabalhos posteriores incluíram, também, outros poluentes orgânicos como HCHs, HCB, Dieldrin, Endrin e PCBs (Lara et al.,1990; Inomata et al., 1996). Análises realizadas em amostras de gordura de pingüins e skuas da baía do Almirantado, coletadas no verão 1997 por Taniguchi et al. (2003) na mesma área, confirmam a presença de bifenilos policlorados (PCBs) e pesticidas organoclorados. Esses resultados sugerem a necessidade de acompanhamento desses poluentes orgânicos, persistentes mesmo após a sua proibição ou regulamentação de uso restrito, e suas conseqüências para o ambiente antártico. Dados sobre hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (PAHs) também foram pesquisados nessas amostras e são inéditos para a região. Sua presença sugere um estudo mais detalhado desses poluentes no ambiente antártico. A fig. 4.3.13 apresenta as concentrações de pesticidas organoclorados, PCBs e PAHs nas aves antárticas. As maiores concentrações foram encontradas na skua (Catharacta antarctica), provavelmente correlacionadas com seus hábitos migratórios. Entretanto, a detecção desses poluentes em pingüins (Pygoscelis antarctica, P.adeliae e P.papua), mais restritos à região antártica, confirmam a existência desses compostos no ecossistema antártico e sua incorporação na cadeia trófica. 10000 8000 Skua penguin ng.g -1 6000 4000 2000 0 HCB p,p´-DDE oxychlordane dieldrin mirex PCBs PAHs Figura 4.3.13 - Poluentes orgânicos persistentes e PAHs em gordura de pingüins e skua da baía do Almirantado Foram registradas várias centenas de pinípedes e foi feita a sua distribuição em espécies. Percebe-se a manutenção do padrão de flutuação populacional entre os focídeos - 38 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica e otarídeos na baía do Almirantado e em outras localidades das Shetlands do Sul, caracterizado pelo aumento da abundância dos otarídeos no final do verão austral, durante o período das creches de pingüins, em relação ao decréscimo dos focídeos na mesma época. Com relação ao material antrópico dispersado espontânea ou acidentalmente na região da BA, em coleta e medição realizada durante a OPERANTAR XXII, constatou-se que 42% era constituído por material procedente de experimentos científicos; 26% de restos de obras; 21% de materiais diversos e 11% de lixo originado por restos de expedições do início do século passado. Essas informações foram qualificadas em relação à constituição, origem e distribuição. Destaca-se, ainda, que restos de lixo sólido como madeiras, cordas e tecido foram encontrados em ninhos de gaivotões e de skuas. Em relação aos impactos antrópicos diretos sobre aves e pinípedes na BA, foram registradas as seguintes ações: • alimentação de aves junto às estações; • caminhos demarcados sem estudo prévio de impacto; • deslocamentos em campo sobre as primeiras áreas de degelo (local utilizado pelos trinta-réis para nidificação); • morte acidental de filhotes de focas em rede de pesca científica; • edificações e movimentações de máquinas sobre áreas de nidificação; • descarte de poluentes, gases, resíduos sólidos (isopor, madeiras, tintas, plásticos, tecidos, metais); resíduos líquidos (óleos, graxas e combustíveis); • uso de equipamento para deslocamento (snow-cat e quadriciclo) para fins de lazer; • aproximação de aeronaves sobre áreas habitadas por animais; • vôo de aeronaves em baixas altitudes para liberação de carga transportada. 4.3.4. EDIFICAÇÕES Com relação ao conjunto edificado da EACF, para o entendimento da relação ocupação x impacto vinculado ao uso do solo, entre outras formas de representação/ reflexão, foram desenvolvidos mapas de zoneamento, os quais se associam aos demais estudos, seja como base para o mapeamento, seja como desdobramento do processo: O primeiro e mais simples dos zoneamentos feitos é identificado como Zoneamento de Planejamento, que categoriza os ambientes da EACF e anexos científicos de acordo com o uso predominante, agrupando-os por suas similaridades (Fig. 4.3.14). Foi desenvolvido a partir de observações in loco durante a OPERANTAR XXI e de documentação oriunda de - 39 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica operações antárticas anteriores. É classificado segundo as categorias de uso: uso científico, uso social (setor comum), uso privativo (setor comum), uso serviços (setor comum), uso serviços (setor complementar), uso circulação interna, uso circulação externa e uso especial (Alvarez, 2002 e Alvarez et al, 2003). O entendimento dos usos permite identificar conflitos e eventuais necessidades de rearranjos, objetivando otimizar a funcionalidade da estação sob os aspectos de eficiência de atividade e de adeqüabilidade das instalações no que tange ao impacto ambiental pelo uso. O desenvolvimento e a representação gráfica do Zoneamento de Planejamento têm como principal fundamento permitir o entendimento do funcionamento da EACF no âmbito macro, ou seja, a representação gráfica dos usos identificados permite conceber o espaço pela sua organicidade de funções. Essa percepção é fundamental para qualquer avaliação de possíveis modificações do atual corpo edificado da Estação ou projetos de ampliação, assim como para a identificação de conflito de usos na configuração atual da EACF. Da mesma forma, permite identificar, no âmbito da setorização, as áreas com mais potencial de impacto ambiental. Nesse sentido, um exemplo pode ser aplicado na análise do conjunto de tanques de combustível, cujos estudos de poluentes indicam a presença de óleo no solo ao redor deles, conforme anteriormente mencionado. - 40 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.14 – Representação gráfica do Zoneamento de Planejamento, no qual são definidas oito classificações de uso, permitindo assim apreender a EACF sob o aspecto organizacional. Os estudos sobre a funcionalidade da EACF mostraram a necessidade de estudos de acústica em função dos problemas relacionados ao conforto e segurança dos usuários, bem como aos eventuais impactos ocasionados pelo uso do conjunto edificado da EACF sobre o ambiente natural. Os estudos iniciais do impacto acústico, obedecendo à metodologia e critérios da legislação pertinente, geraram uma classificação dos ambientes da Estação de acordo com as atividades desenvolvidas e o nível máximo de decibéis aceitável para sua realização - 41 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica (Fig. 4.3.15). O mapeamento definiu setores de acordo com a intensidade do nível de pressão sonora tolerado para cada atividade ou uso específico. Constitui um referencial, portanto, para as ampliações e/ou modificações no desenho da Estação no sentido de contribuir para uma setorização adequada dos ambientes, assim como na adoção de medidas para minimizar ou eliminar o desconforto causado pelos níveis excessivos de ruído. Figura 4.3.15– Acima, zoneamento acústico dos ambientes internos do corpo principal da EACF com demonstração da intensidade do nível de pressão sonora tolerada para cada atividade desenvolvida, de acordo com a NBR 10152/1987. Abaixo, esquema simplificado de distribuição do nível de pressão sonora para fins de planejamento. Para a avaliação de impacto acústico, foram executadas medições dos níveis de pressão sonora em 14 pontos externos ao redor da Estação e 09 pontos situados nos corredores externos no interior da Estação para posterior avaliação do impacto acústico - 42 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica dos ruídos provenientes dos geradores e compressores - constantes o ano inteiro - e ruídos advindos das atividades de manutenção do AMRJ (Fig. 4.3.16). Figura 4.3.16 – Pontos de medição do nível de pressão sonora no interior e no entorno da Estação, estabelecidos a partir de normas específicas. Um ponto adicional de medição – heliponto – não está representado na figura. As medições foram realizadas nos períodos diurno e noturno por caracterizarem duas situações diferenciadas, principalmente no que diz respeito à produção de ruídos oriundos das obras de manutenção. Além da preocupação com os ruídos causadores de impacto ambiental, também foram avaliados os aspectos diretamente ligados ao conforto do usuário, tanto fisica como psicologicamente. Considerando que a permanência na Antártica pode ampliar o nível de desconforto em função das características atípicas e inóspitas do ambiente, foram identificadas as principais fontes causadoras de desconforto, mesmo quando o nível de pressão sonora não atingia o patamar que pudesse ser considerado impactante ou prejudicial à saúde. Os resultados preliminares encontram-se resumidos na tabela 4.1. - 43 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 4.1 - Resultados preliminares alcançados na avaliação do impacto acústico CAUSA CONSEQÜÊNCIA TRATAMENTO DA COBERTURA alto índice de estresse nos usuários dos laboratórios interferência nos experimentos desconforto geral em toda a Estação alta exposição dos operadores dos equipamentos ao ruído durante longos períodos TRATAMENTO DO HELIPONTO algum desconforto para os usuários da Estação alta exposição dos operadores dos equipamentos ao ruído durante longos períodos FUNCIONAMENTO DO GERADOR algum desconforto para os usuários da Estação CAMAROTES SEM ISOLAMENTO desconforto dos usuários pela perda da privacidade ÁGUA DO SISTEMA DE AQUECIMENTO leve desconforto dos usuários nos camarotes alto índice de desconforto, especialmente no período noturno. GOLPE DE ARÍETE (AQUECIMENTO) RECOMENDAÇÕES realizar manutenção em período sem atividades laboratoriais monitorar durabilidade do tratamento realizado visando estimar a periodicidade de repetição buscar alternativas para revestimento das telhas investigar a possibilidade de utilização de abafadores de ruído durante as atividades monitorar durabilidade do tratamento realizado visando estimar a periodicidade de repetição buscar alternativas para revestimento das superfícies revestir o compartimento destinado aos geradores com material isolante visando a redução do nível de pressão sonora adquirir equipamento de maior eficiência acústica colocar janela externa para a posterior retirada das grades de ventilação das portas de acesso revestir as anteparas divisórias com os corredores com material isolante revestir as canalizações com material isolante adequar a canalização Com o objetivo de caracterizar o nível de ruído no entorno da EACF, a partir dos valores medidos, foi calculada a média logarítmica dos níveis de pressão sonora para o período diurno , para o período noturno e para cada ponto de medição. Na fig. 4.3.17, é apresentada a diferença entre os níveis de ruído, ponderados em “A”, medidos no entorno da EACF no período diurno e no período noturno. Nota-se a grande diferença entre os níveis de ruído nos pontos próximos à região do heliponto (pontos 7 a 14), que estava em manutenção. - 44 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.17 – Comparação entre as médias logarítmicas dos níveis de ruído, ponderados em “A”, medidos no período “diurno” e no período “noturno” Verificando-se os níveis de ruído produzido no entorno da EACF - especificamente nos pontos de medição 2, 3, 4 e 5 – infere-se que a constância e intensidade dos ruídos constatados pode provocar distúrbios de comportamento nas aves que nidificam nos arredores desse setor da estação, não tendo sido realizados, entretanto, estudos específicos que possam comprovar tal afirmação. A partir dos valores dos níveis de pressão sonora medidos para cada ponto, por faixa de freqüência de oitava de 63 Hz a 4.000 Hz e ponderados em “A”, considerando duas situações – compressores em operação ou desligados – foi gerado o gráfico ilustrativo da diferença entre os níveis de ruído (Fig. 4.3.18). Observa-se que a proximidade com a sala de geradores praticamente anula a variação, delineando o ambiente como um setor com potencial de impacto acústico significativo e com influência nas imediações internas e externas da Estação. - 45 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.18 – Comparação entre os níveis de ruído, ponderados em “A”, medidos no interior da EACF, com os compressores em operação e com os compressores desligados. A identificação do nível de pressão sonora produzido na EACF serviu, também, como um dos subsídios considerados para a elaboração do Zoneamento de Intensidade de Uso, desenvolvido a partir da classificação dos ambientes do Zoneamento de Planejamento e incorporando condicionantes vinculadas ao processo de “entradas e saídas” de fontes com potencialidade de impacto ambiental, seja na forma de resíduos, seja por outras formas de impacto, tais como acústico e estético. A metodologia de avaliação pressupõe três etapas consecutivas: classificação dos ambientes, identificação do potencial teórico de impacto ambiental e cruzamento de informações (Alvarez, 2003 e Cruz, 2005). Desse processo, resulta uma representação composta de planta de setorização da EACF e imediações com identificação dos ambientes nos quais os condicionantes determinantes de impacto ambiental são representados através de recursos gráficos. O objetivo da avaliação é a geração de dados relativos aos indicativos de impacto ambiental direto e/ou indireto de cada ambiente, identificando, assim, os pontos críticos e prioritários. Como impacto ambiental direto entende-se a interferência no meio ambiente a partir da emissão de resíduos, considerando, também, ruídos acima do aceitável e, como impacto indireto, a relação ambiente/ uso/ recursos naturais, na qual podem ser constatados desdobramentos de ordem mais abrangente, principalmente em relação ao consumo de energia e insumos para atividades de manutenção ou reparos. - 46 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Esses resultados, por sua vez, constituem embasamento para a otimização do conjunto edificado da EACF, considerando a redução/ eliminação dos níveis de impacto constatados. A partir do zoneamento, são estabelecidos critérios e normas de acordo com as especificidades de cada zona, objetivando a minimização do impacto ambiental, a otimização dos recursos de investimento e manutenção e o crescimento ordenado das atividades do Brasil na região. O outro estudo sobre imagem aérea é o Zoneamento Ambiental de Uso, principal elemento norteador do planejamento das atividades futuras, consistindo em um mapeamento de parte da Área Antártica Especialmente Gerenciada da baía do Almirantado, particularmente do perímetro de ocupação das instalações brasileiras e imediações; pressupõe a classificação das áreas/ ambientes considerando aspectos como a atividade de interferências pesquisa antrópicas realizada, já acessibilidade, configuradas e características capacidade de naturais do sítio, recuperação de áreas descaracterizadas. Em função da necessária interatividade entre vários projetos da Rede 2 para complementação de informações, esse zoneamento foi amplamente discutido e aprimorado ao longo do tempo (Fig. 4.3.19). A importância maior desse mapeamento é a classificação das áreas de acordo com critérios ambientais, delineando, assim, possíveis vetores de expansão da EACF a médio ou longo prazo. Deve ser lembrado que a região da baía do Almirantado, assim como a maior parte do continente antártico, depende dos poucos meses de verão para a plenitude de sua fauna e flora. Nesse contexto, o Zoneamento Ambiental de Uso deve conformar-se como uma referência para quaisquer intenções de ocupação, assim como elemento de conscientização dos usuários da EACF e visitantes ocasionais no que se refere ao uso das áreas de entorno da estação como local de pesquisa ou lazer. A definição das zonas levou em consideração aspectos relacionados à topografia, geologia, solos, flora e fauna bem como os usos já consolidados e a capacidade de recuperação ambiental dos sítios impactados. Embora tenha sido estudado o contexto da península Keller, a abrangência do Zoneamento Ambiental de Uso limita-se ao entorno da EACF por tratar-se de área com maior interferência no ambiente natural e por possuir uma diversidade de situações que permitia testar o método adotado. Além disso, as definições da potencialidade de crescimento da Estação, sob o aspecto de ocupação territorial, foram definidas a partir dos resultados obtidos por esse zoneamento. Assim, o Plano Diretor da EACF, dentre outras limitações, adota por diretriz fundamental a necessidade de otimização das instalações existentes e a ampliação de área de construção somente quando absolutamente necessário e nas zonas já impactadas. - 47 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.19 – Representação gráfica do Zoneamento Ambiental de Uso. Os condicionantes naturais (conformação física, formações vegetais, ocorrência de ninhais ou áreas de reprodução de outros animais) determinaram o zoneamento no entorno da área efetivamente ocupada pela EACF (Alvarez, et al, 2004). - 48 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 4.3.5. RESÍDUOS SÓLIDOS Quando se aborda a questão dos resíduos no ambiente, uma das principais preocupações refere-se à dispersão de partículas originadas nos processos de manutenção das superfícies metálicas, cujo método de raspagem, associado aos ventos freqüentes na região, resulta no espalhamento do material. Dessa forma, o processo corrosivo do aço, especificamente a geração de resíduos, seja pelo processo de degradação natural do material corroído, seja pelas atividades de manutenção, foi detectado como um dos agentes de impacto ambiental diretamente vinculado às estruturas edificadas na península Keller. Para o tratamento das anteparas, são normalmente utilizados vários instrumentos de limpeza inicial da camada atingida pelo processo corrosivo, tais como as lixadeiras e agulheiros e, eventualmente, lixamento manual. Durante os procedimentos de limpeza, ocorre o desprendimento das lascas de revestimento, que podem ser desde placas de pequenas e médias dimensões – passíveis de retirada do ambiente – até pequenas partículas ou mesmo poeira rapidamente levadas pelo vento quando o tratamento é no exterior. Após a limpeza das superfícies, são aplicados vários produtos, cujo impacto na forma de resíduos no ambiente, embora de fundamental importância, não foram quantificados em função da dificuldade no estabelecimento de metodologia de medida e avaliação. A maior parte das anteparas que compõem a EACF é de aço corrugado. Considerando ser o heliponto a área com melhores condições de avaliação dos resíduos gerados no tratamento dos elementos metálicos, principalmente por tratar-se de superfície plana e horizontal (Fig. 4.3.20), foram adotadas medidas adicionais de controle de dispersão de partículas (Fig. 4.3.21) visando a coleta e pesagem dos resíduos produzidos. Foram coletadas 26 caixas de marfinite, totalizando 1.156 kg de massa bruta. Considerando o peso próprio da caixa (tara ≅ 6,5 kg) e mínimo de 10% de material perdido por aspersão, obteve-se 1.086 kg de resíduos coletados. Sendo a área do heliponto de 877 m², a produção de resíduo por área foi de 1,24 kg/m² e o somatório do volume das caixas de 5,2 m³. A produção de resíduos é um importante indicador tanto de impacto gerado como dos hábitos e valores de uma determinada sociedade; assim, foram realizadas análises preliminares de quantidade de resíduos gerados na EACF durante o ano de 2004, ressaltando-se que foram utilizados dados disponibilizados pelo Grupo Base da OPERANTAR XXIII. - 49 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.20 – Vista do heliponto após o tratamento da superfície horizontal. A área plana e sem rugosidades permite o estabelecimento de uma relação confiável de área tratada x resíduos produzidos. Figura 4.3.21 – Proteção lateral da área em tratamento. As anteparas auxiliam na contenção das partículas, embora não evitem totalmente a dispersão em função dos fortes e constantes ventos no local. Embora estejam sendo trabalhados dados parciais, a avaliação estatística indica que a produção de lixo na Estação Antártica Comandante Ferraz é um comportamento sazonal esperado e bem definido conforme gráficos das figuras 4.3.22, 4.3.23, 4.3.24 e 4.3.25. Com a compilação dos dados de produção de resíduos sólidos na EACF no período de 2004, tem-se a totalização de 1.150 kg de plástico, 1.275 kg de metal, 1.192 kg de papel e 747 kg de vidro. - 50 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica PLÁSTICO 400 360 320 280 240 200 160 120 80 40 0 jan fev mar abril mai jun jul PESO (KG) ago set out nov dez VOLUME (m³)/100 Figura 4.3.22 – Produção de resíduos plásticos na EACF durante 2004. Metal 400 360 320 280 240 200 160 120 80 40 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun PESO (kg) Jul Ago Set Out Nov Dez VOLUME (m³)/100 Figura 4.3.23 – Produção de resíduos de metais em geral na EACF durante 2004. PAPEL 400 360 320 280 240 200 160 120 80 40 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun PESO (kg) Jul Ago Set Out Nov Dez VOLUME (m³)/100 Figura 4.3.24 – Produção de resíduos de papel na EACF durante 2004. - 51 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Vidro 400 360 320 280 240 200 160 120 80 40 0 Jan Fev Mar Abr Mai Jun PESO (kg) Jul Ago Set Out Nov Dez VOLUME (m³)/100 Figura 4.3.25 – Produção de resíduos de vidro na EACF durante 2004. Nos meses de março, maio, julho e setembro, a produção de resíduos de vidro foi armazenada e pesada no mês seguinte devido ao pouco volume de produção. Embora também em caráter preliminar; em função da contaminação verificada nos solos oriunda dos tanques de combustíveis e pela necessidade de estabelecer um parâmetro inicial relacionado ao consumo, visando identificar possíveis alterações com as melhorias previstas no Plano Diretor da EACF; foi feita uma análise inicial considerando-se somente o consumo de diesel e os dados obtidos junto ao GB da OPERANTAR XXIII (Fig. 4.3.26). CONSUMO ENERGÉTICO (COMBUSTÍVEIS) no v/ 04 de z/ 04 ja n/ 05 fe v/ 0 m 5 ar /0 5 ab r/0 5 m ai /0 5 ju n/ 05 ju l/0 ag 5 o/ 05 se t /0 5 ou t/0 5 40 36 32 28 24 20 16 12 8 4 0 MESES/ANO CONSUMO DE DIESEL (L) X 1000 Figura 4.3.26 – Consumo de diesel e ocupação da EACF durante 2004. Os resultados indicam que o consumo de combustível é relativamente constante ao longo do ano visto que a maior demanda de diesel no verão, decorrente da ocupação da EACF pelos pesquisadores, é compensada pela demanda no inverno com a necessidade de uso das cintas térmicas que envolvem as tubulações externas à Estação. - 52 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 4.3.6. AVALIAÇÃO PÓS OCUPAÇÃO DA EACF Dentre os vários métodos utilizados para a realização de um diagnóstico da área de estudo, adotou-se, também, a metodologia APO – Avaliação Pós-Ocupação com o objetivo específico de diagnosticar a adequação dos usuários às atividades de pesquisa e às condições gerais de conforto para todos os usuários na EACF. Tal avaliação permite identificar, além de eventuais problemas de conforto e funcionalidade dos ambientes, eventuais falhas nos sistemas construtivos, desperdícios energéticos, geração de resíduos, dentre outros fatores. A metodologia de avaliação pressupõe a análise segundo diferenciados aspectos: a partir do usuário, do técnico e do gerente. No caso do usuário, é feita a partir das respostas e observações coletadas junto aos pesquisadores e demais ocupantes da Estação Antártica Comandante Ferraz, documentadas por um questionário aplicado em todas as fases das Operações Antárticas XXI, XXII e XXIII. Nesse questionário, os pesquisadores classificam os ambientes da EACF em uma escala que varia de excelente a péssimo de acordo com os seguintes aspectos: dimensionamento, conforto térmico, conforto acústico, iluminação, mobiliário, sensação de segurança, localização no corpo da estação, privacidade, conforto visual e número de ocupantes, além de outras avaliações adicionais específicas de cada área de pesquisa, descritas em local apropriado no questionário ou fruto de entrevistas especiais com os pesquisadores. Esse conjunto de informações foi tratado estatisticamente e representado graficamente na forma de pizzas (Fig. 4.3.27). Figura 4.3.27 – Exemplo de representação gráfica na forma de “pizza” das respostas relativas à medição de nível de pressão sonora. A partir dos resultados percentuais de cada situação específica foi possível identificar principais problemas e potencialidades gerais da EACF. Já a avaliação de habitabilidade analisa individualmente os ambientes em relação aos materiais construtivos, adeqüabilidade dimensional e de infra-estrutura, assim como a identificação de impactos, configurando-se como a avaliação sob a ótica do técnico, o que resulta em fichamentos específicos que auxiliam, inclusive, no planejamento de manutenções. Os ambientes são avaliados separadamente nos seguintes aspectos: - 53 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica condições gerais dos materiais construtivos (piso, paredes, teto e esquadrias); sistemas complementares (instalações elétrica, hidrosanitário, aquecimento e especiais); mobiliário e equipamentos (adequação, condições de uso); situação geral de segurança (estrutural e de prevenção contra incêndio); conforto (térmico, acústico, lumínico, ergonômico e psicológico) e da localização na Estação (acessibilidade, adequação de uso). Também são avaliados os aspectos gerais, sendo esse um componente voltado especialmente para buscar dados referencias para a elaboração do Plano Diretor da EACF (Alvarez, Casagrande e Woelffel, 2004). O processo de avaliação passa, também, pelo acompanhamento das obras do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro na Estação Antártica Comandante Ferraz, tendo como principal objetivo o registro e avaliação dos procedimentos, que embasam o aprimoramento das técnicas de trabalho, assim como os procedimentos de monitoramento de impacto preconizados no manual de conduta para profissionais do AMRJ designados para as Operações Antárticas (Fig. 4.3.28). Observa-se que importantes avanços foram obtidos nesse aspecto a partir da OPERANTAR XXI, especificamente em relação às ações preventivas de impacto. Como exemplos, podem ser citados os procedimentos de controle de dispersão residual com utilização de cercados e lonas plásticas nas atividades de manutenção do heliponto e dos tanques de combustível. Figura 4.3.28 – A lona plástica colocada no solo é um exemplo de procedimento adotado a partir do treinamento específico com bons resultados na minimização da dispersão residual, especificamente do pó oriundo das atividades de lixamento das estruturas metálicas. - 54 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 4.3.7. A PAISAGEM O último aspecto abordado em relação aos estudos de impacto no meio terrestre – e nem por isso menos importante –, refere-se à questão da paisagem. A avaliação do impacto paisagístico esbarra na necessidade de estabelecer critérios específicos para o ambiente antártico, cuja relação de harmonia do elemento edificado com o ambiente natural nem sempre pode ser estabelecido de acordo com as diretrizes propostas para ambientes urbanizados. A constante necessidade de sinalização, a busca de referência no país de origem e a limitação tecnológica são aspectos que devem ser considerados na análise. Além disso, a pretendida harmonia entre o ambiente natural e o cultural deve ser associada também ao “conforto visual” e, certamente, a visão de um iglu primitivo não poderia, na Antártica, ser considerado como paisagem edificada ideal. A ocupação da Antártica ao longo do tempo ocorreu, muitas vezes, sem a necessária avaliação do impacto que a presença humana ocasiona ou, quando a interferência no ambiente era considerada, a questão paisagística era avaliada como uma preocupação inferior ou inexistente, dada a grandiosidade do lugar. A proposta de uma metodologia de avaliação de impacto paisagístico está baseada em informações e resultados obtidos pela Rede 2 e visa analisar os possíveis efeitos de um empreendimento (construções, vias, estruturas) sobre a paisagem, considerando os recursos naturais (bióticos e abióticos) e culturais. O método para a avaliação de impacto paisagístico prevê as seguintes etapas: I. revisão de dados pretéritos oriundos dos projetos de pesquisas; II. levantamento da documentação disponível, tais como: referências bibliográficas, documentos históricos, mapas e cartas, inventário da paisagem, dentre outros; III. estudos em campo de observação da real interferência das instalações no ambiente natural; IV. simulações e montagens fotográficas de recomposição da paisagem, considerando a fictícia ocupação ordenada e harmônica; V. proposição de medidas de mitigação de impactos, considerando a possibilidade de recuperação paisagística e a exeqüibilidade logística do empreendimento; e VI. acompanhamento dos resultados alcançados. A metodologia proposta foi testada até a etapa V através de sua aplicação a um estudo de caso para a Estação Antártica Comandante Ferraz, constatando-se as alterações sobre a biodiversidade local, geomorfologia, imagem do sítio e seus entornos. Sabendo-se que a ocupação humana causa interferência na paisagem.,que pode ser harmonizada através do adequado planejamento das ações e empreendimentos, o resultado da pesquisa aponta para possíveis medidas que poderiam ter sido tomadas ao longo da implantação da estação, minimizando, assim, os impactos negativos e aproveitando as potencialidades encontradas no sítio, respeitados os recursos naturais, os bens culturais e o valor cênico da paisagem da península Keller. Através da avaliação dos demonstrativos das simulações dos resultados que poderiam ter sido obtidos com o adequado planejamento paisagístico, - 55 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica associada às demais ações vinculadas ao monitoramento ambiental, estão sendo propostas medidas efetivas de recuperação da paisagem bem como recomendações para eventuais futuras intervenções na península Keller. Para o caso específico de Ferraz, observa-se que a implantação do corpo principal da estação numa reentrância topográfica, se por um lado causa desconforto pelo quase total encobrimento na época de inverno, por outro não interfere de forma agressiva no contorno natural do skyline. Já as edificações isoladas destacam-se no cenário pelo contraste com o pano de fundo formado pelo céu – sob o ângulo de visão a partir do mar , não significando uma interferência negativa. Por outro lado, a remoção de grandes áreas de vegetação, o aplainamento do terreno na área de manobra e percurso de veículos, a retirada de ossos de baleias e pedras de maiores dimensões e o excesso de fios, canos e antenas aparentes transmitem uma sensação desagradável e, até certo ponto, agressiva (Fig. 4.3.29). Ressalta-se, ainda, que houve uma efetiva redução de algumas espécies de aves como os petréis, por exemplo, em contraposição ao aumento de outras como as skuas, interferindo na paisagem dinâmica. Até o momento, como resultados adicionais da pesquisa, destacam-se a aprovação da metodologia enquanto instrumento a ser incorporado nas ações de planejamento prévio e a constatação da necessidade de criação de diretrizes específicas de orientação aos futuros empreendimentos de ocupação efetiva de ambientes antárticos. Figura 4.3.29– À esquerda, situação atual da área frontal da EACF e, à direita, simulação da situação paisagística caso tivessem sido adotadas medidas de preservação dos elementos referenciais relevantes como os campos de musgos, rochas e a topografia original. 4.3.8. O PLANO DIRETOR DA ESTAÇÃO ANTÁRTICA COMANDANTE FERRAZ Ao longo dos 22 anos de ocupação brasileira da península Keller, baía do Almirantado, as edificações/ instalações brasileiras de apoio à pesquisa foram objeto de contínuas ampliações e melhorias em prol dos usuários. Esse processo trouxe algumas conseqüências, tanto de ordem ambiental – impactos nos meios terrestre, marinho, atmosférico e na paisagem conforme anteriormente mencionado – como de ordem logística, tais como altos investimentos - financeiros e humanos - para a manutenção das - 56 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica edificações. Entretanto, mesmo sem um planejamento adequado, o nível de conforto alcançado para os usuários e a atenção dada ao tratamento dos resíduos gerados pelo uso da estação são aspectos de inquestionável valor - se comparado com as Bases e Estações próximas à Ferraz - e que permanecem como diretrizes elementares no desenvolvimento dos estudos para o plano diretor da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). A metodologia de elaboração do plano abrangeu etapas de diagnóstico (realização de avaliações constantes junto com os usuários e com os responsáveis pela logística de construção e de manutenção das edificações), de avaliações técnicas (relatórios técnicos detalhados por ambientes), de medições específicas (a exemplo dos níveis de pressão sonora) e de dados obtidos junto aos projetos de pesquisa integrantes da Rede 2 (Fig. 4.3.30). Concomitante à elaboração do diagnóstico, foram realizadas propostas de rearranjo dos compartimentos e de criação de outros, prevendo-se ações para um período de 10 anos. Através de reuniões sistemáticas com os diversos atores envolvidos e de novos resultados oriundos não só do monitoramento como também de uma maior amostragem dos diagnósticos realizados, essas propostas foram aprimoradas, culminando na aprovação do arranjo final, designado Layout do Plano Diretor e do planejamento de etapas de realização. Figura 4.3.30 – Organograma básico do direcionamento dos estudos relacionados ao Plano Diretor da EACF no âmbito do ARQUIANTAR com as interfaces diretas com os demais integrantes da Rede 2 de pesquisas (Alvarez, et al., 2005b). - 57 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Dentre os principais critérios adotados para o plano diretor, destacam-se: 1. manutenção do número de usuários em função do Zoneamento Ambiental de Uso, desenvolvido especialmente para a identificação do potencial de crescimento da Estação; 2. redução do perímetro da superfície metálica exposta às intempéries com a conseqüente redução da área que, normalmente, sofre tratamento anticorrosão (Figs. 4.3.31 e 4.3.32); 3. ampliação das áreas de uso efetivo através do aproveitamento dos espaços intersticiais entre módulos, ressaltando que tal medida também auxilia na otimização energética através da diminuição da perda de calor por radiação pelas paredes em contato com o ambiente externo (Fig. 4.3.33); 4. ordenamento das atividades em função dos usos e do zoneamento acústico com especial atenção ao posicionamento dos ambientes vinculados a atividades silenciosas, tais como camarotes, biblioteca e laboratórios; 5. validade do plano para 10 (dez) anos com previsão de revisões periódicas; 6. hierarquização igualitária para os ambientes privativos e de trabalho dos usuários em geral; 7. concentração de todas as alterações nas áreas já impactadas pela presença da EACF; 8. redução do impacto na paisagem defronte à Estação pela criação de espaço adequado para guarda de veículos e depósito de materiais; e 9. ampliação da vida útil dos veículos e redução da poluição por combustíveis com a criação do ambiente “garagem”. Figura 4.3.31 - Vista lateral da EACF onde são perceptíveis as reentrâncias e saliências oriundas do processo de crescimento por unidades compartimentadas (contêineres). Figura 4.3.32 - À esquerda, contorno da planta atual da EACF (área útil = 1.660 m² e perímetro externo = 525 m) e à direita, contorno proposto no Plano Diretor (área útil = 2.357 m² e perímetro externo = 360 m), observando-se a quase eliminação das reentrâncias e saliências. - 58 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Superfície de contato com o exterior Superfície de contato com o exterior Figura 4.3.33 – Exemplo de união de contêiners na área de camarotes, sendo à esquerda, a situação original e à direita, com as uniões propostas. Os principais resultados referem-se à otimização dos espaços internos, redução de áreas expostas às intempéries e otimização energética. As figuras 4.3.34 e 4.3.35 apresentam o layout da EACF em 2003 e o proposto pelo Plano Diretor, com previsão de término das principais obras em 2008. Figura 4.3.34 – Layout do corpo principal da EACF em 2003. - 59 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.35 – Layout proposto para o corpo principal da EACF com previsão de conclusão das obras em 2008. Os conceitos e critérios adotados para o plano diretor da Estação Antártica Comandante Ferraz passam, necessariamente, pela VIABILIDADE TÉCNICA, AMBIENTAL E FINANCEIRA do Programa Antártico Brasileiro. Ressalta-se que, paralelamente à construção do Plano, espera-se a efetiva elaboração de um programa de gerenciamento ambiental com a determinação de indicadores de monitoramento, visando estabelecer um método de avaliação dos resultados previstos e efetivamente alcançados. Sob o aspecto da técnica construtiva adotada, não foi possível a mudança daquela que é atualmente empregada por uma tecnologia mais apropriada, do ponto de vista das eficiências ambiental e financeira. No entanto, os estudos em andamento já indicam a aplicação de novas tecnologias em prováveis futuras instalações brasileiras na Antártica, conciliando o repertório de conhecimento adquirido no manejo de elementos metálicos com a possibilidade de incorporação de materiais como madeira e PVC, de maior durabilidade e menor investimento em manutenção. As Trilhas Terrestres da Península Keller Keller está inserida em área antártica especialmente protegida e caracteriza-se por ser um local de interesse científico e de paisagem exuberante, justificando, assim, a necessidade de definição das trilhas de uso em atividades logísticas, científicas ou recreativas. O principal público alvo são os usuários da Estação Ferraz, único conjunto edificado da Península. Considerando, ainda, os aspectos logísticos – necessidade de apoio nas edificações isoladas, rotina de deslocamentos motorizados ou não, cabos e fios com origem em Ferraz – as trilhas objetivam, também, o ordenamento do trânsito e a clara definição de regras de conduta e procedimentos. - 60 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica A metodologia adotada para esse trabalho contempla aspectos relacionados à preservação ambiental, vocação recreativa, educação ambiental e apoio logístico. Para a definição dos critérios de intervenção, foi feita a leitura ambiental dos percursos e utilizados dados a partir dos estudos com aves, solos, geologia, comunidades vegetais e paisagismo. Definiu-se como diretriz conceitual a busca pela menor interferência na paisagem natural, recomendando-se a demarcação física das trilhas somente nas áreas de bifurcações ou de dificuldade de leitura para o transeunte comum, sendo, também, propostas placas sinalizadoras e informativas para implantação em locais especiais e a elaboração de folders com informações complementares (Fig 4.3.36). Para a definição das trilhas, foram utilizadas imagens aéreas, demarcação de pontos referenciais com GPS e fotografias pontuais correlacionadas. Essa metodologia parte do princípio básico da leitura transdisciplinhar do ambiente, sendo os projetos de infra-estrutura desenvolvidos em função da identificação de problemas e potencialidades pontuais. O método prevê, ainda, a categorização das trilhas de acordo com o nível de dificuldade, tipo de uso e impacto previsto, sendo, para a península Keller, classificados em cotidiano, eventual, científico/logístico e esportivo (fig. 4.3.37). Figura 4.3.36 - Capa do Folder explicativo das categorias das trilhas. - 61 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 4.3.37 - Resumo das trilhas com a categorização de acordo com as cores representadas nos percursos sendo Tipo I (Cotidiana) = verde claro; Tipo II (Eventual) = azul claro; Tipo III (Recreativo/Científico) = laranja e Tipo IV(Esportivo) = mostarda. 4.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O AMBIENTE TERRESTRE A ocupação da baía do Almirantado e suas conseqüências ambientais remontam de meados do século XX, principalmente após a ocupação da península Keller pelos noruegueses em 1940 e ingleses a partir de 1948 para a pesca de baleia. A intensificação das atividades na região começou em 1961 com a instalação da primeira estação científica polonesa Henryk Arctowski e, posteriormente, com a brasileira Comandante Ferraz (1984) e peruana Machu Pichu (1989). O primeiro impacto visivelmente observado na baía do Almirantado foi a destruição da vegetação local em decorrência da construção e uso das edificações para a instalação das bases e estações científicas. Assim, comunidades vegetais aparentemente em estágio decadente foram observadas nas proximidades das estações na península Keller (EACF), ponta Crepin (Machu Pichu) e ponta Thomas (Henryk Arctowski) devido às constantes atividades ao redor dessas estações. A maior diversidade de comunidades vegetais mais preservadas foi encontrada em ponta Ullman, na enseada Martel. Com relação às aves da região, observou-se, nos últimos 20 anos, um decréscimo de 7% na nidificação das espécies nas áreas de degelo da baía do Almirantado. A redução foi observada principalmente em aves mais sensíveis à presença humana, como o petrel- 62 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica gigante, espécie que, em algumas áreas, foi reduzida totalmente. Por outro lado, aves oportunistas e predadoras como as skuas e gaivotões aumentaram visivelmente suas populações e áreas de reprodução na baía do Almirantado. Quanto aos solos e edificações na parte terrestre da AAEG, a ênfase foi dada à península Keller onde está instalada a estação brasileira (EACF). Os solos das proximidades da EACF caracterizam-se pelo baixo grau de intemperismo, porém estão sujeitos à contaminação de óleo, principalmente ao redor dos tanques de combustíveis. Entretanto, a presença de bactérias degradadoras de hidrocarbonetos aromáticos nos solos das áreas influenciadas por combustíveis poderá ser uma alternativa para a biorremediação do local. As constantes atividades na região geram resíduos como plásticos, metal, papel e vidro. Entretanto, a coleta seletiva desses materiais, bem como o retorno ao Brasil do lixo gerado na EACF, contribui para minimizar o impacto desses resíduos no ambiente. Por outro lado, a liberação de partículas, seja pelo desgaste natural ou pelo processo de manutenção de superfícies metálicas é a principal fonte de resíduo liberado no ambiente. Nesse sentido, algumas adaptações nas técnicas de raspagem ou substituição do material utilizado podem contribuir para minimizar a dispersão dessas partículas no ambiente. O impacto acústico gerado pelos motores e outros equipamentos utilizados na EACF parece afetar principalmente os usuários, se comparados com a fauna local. Por outro lado, operações com helicópteros e uso constante de motos causam evidente estresse nas aves e pinípedes da região. Para otimizar e minimizar o impacto causado pelas atividades humanas ao redor da EACF, foi elaborado o Zoneamento Ambiental de Uso, levando-se em conta as áreas de nidificação, cobertura vegetal, contribuição hídrica, as áreas de uso intensivo e as áreas passíveis de recuperação. Concomitante ao Zoneamento Ambiental de Uso, o planejamento das trilhas na península Keller a partir da leitura ambiental e a elaboração do plano diretor da EACF surgem como um instrumento de gestão ambiental, objetivando, ainda, auxiliar no direcionamento dos recursos de investimento e manutenção, visando o crescimento ordenado das atividades na região. - 63 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 5. AMBIENTE MARINHO Neste capítulo, são abordados os aspectos básicos das correntes e circulação das massas d’água, sua hidrogeoquímica, sistema carbonato da água do mar e CO2 atmosférico, a topografia de fundo, sua textura e dinâmica sedimentar, os níveis de hidrocarbonetos de petróleo, os poluentes orgânicos persistentes (POPs), os esteróis fecais, a biodiversidade microbiana nos sedimentos, uso de biomarcadores biológicos para avaliação de impactos antrópicos nas comunidades de peixes e anfípodas, a estrutura e monitoramento ambiental das comunidades bentônicas. 5.1. SISTEMA AQUÁTICO MARINHO 5.1.1. DISTRIBUIÇÃO TERMOHALINA E CIRCULAÇÃO Durante o verão, a hidrografia da baía do Almirantado é complexa, resultante da interação de dois influxos: o estreito de Bransfield e a água doce do processo de degelo. Desse modo, tem sido registrado que, nesse período, os primeiros 15-35 metros da coluna d’água são produtos da mistura de água do mar com água de degelo, originando grandes variações locais de temperatura (-1.6 a 3°C) e salinidade (16 a 34) (Szafránski e Lipski, 1982). Da mesma maneira, estudos obtidos pela Rede 2 da distribuição de salinidade e da temperatura potencial revelam a influência de massas d’água do estreito de Bransfield e águas superficiais locais introduzidas pelo influxo de águas de degelo. Nesse sentido, a picnoclina é quase totalmente determinada pela salinidade, quando há condições estáveis da coluna d’água, e pela temperatura e salinidade na parte interna das enseadas. No entanto, os resultados indicam intensivos processos de mistura gerados pela maré e, sobretudo, pelos ventos. Durante quatro períodos de amostragem (1999, 2001, 2002 e 2003), a distribuição geral de temperatura e salinidade foi consistente com descrições prévias da região (Szafránski e Lipski, 1982). Temperaturas superficiais dos meses de janeiro e fevereiro apresentaram variações interanuais, com valores médios iguais a 1,50°C; 0,75°C; 2,10°C e 1,28°C; e salinidades iguais a 33,807; 33,719; 33,682 e 33,635; respectivamente. Essas diferenças de temperatura podem estar relacionadas a diferentes contribuições de massas d’água oriundas do estreito de Bransfield e às diferenças de temperaturas atmosféricas, que interagem com essas águas. Valores médios atmosféricos obtidos pela estação meteorológica da EACF (INPE/CPTEC) indicam são iguais a 2,2°C; 0,5°C; 3,0°C e 2,9°C; respectivamente, no período de amostragem. Por outro lado, valores de temperatura potencial obtidos a 100m de profundidade para os verões de 2001 e 2002 e a 50m para o verão de 2003, indicam, respectivamente, temperaturas iguais a 0.6°C; 1,5°C e 1,0°C e salinidades entre 34,0 e 34,2. Desse modo, embora seja clara a influência dos valores atmosféricos na superfície marinha da baía do Almirantado, é sugerida, também, a maior influência da massa d’água do mar de Weddell (mais fria e mais salina: -0,75°C e 34,4) para o verão de 2001 e do mar de Bellingshausen (mais - 64 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica quente e menos salina: 2,25°C e 33,50) para os demais verões. A estrutura termohalina para o verão de 2003/2004 sugere o mesmo comportamento que o verão de 2001. Os estudos de hidrodinâmica foram realizados através de fundeios para medições de corrente na baía do Almirantado durante os verões de 2001, 2002 e 2005. Os primeiros limitaram-se à enseada Martel de forma a elucidar o regime característico desse domínio, o qual se apresentou dominado pela maré e pouco energético. Em 2005, o fundeio foi disposto na entrada da baía, considerando as influências da circulação do oceano profundo adjacente, sob influência direta do estreito de Bransfield. Os resultados do modelo hidrodinâmico nos permitem a seguinte descrição da circulação: 1- A dinâmica é, essencialmente, barotrópica e alheia ao efeito do vento local. É regida por um regime semi-estacionário que depende, sobretudo, da circulação que ocorre no estreito de Bransfield (figura 5.1.1); 2- A circulação no canal profundo é definida por uma alça de retorno: entrando pela porção Oeste e retornando por Leste. O ponto de retorno situa-se antes da entrada da enseada Martel e se dá, sobretudo, ao efeito hidrodinâmico imposto pela conformação batimétrica. A profundidade diminui no canal principal de 500 m para 300 e 200m em sua confluência com as enseadas Ezcurra-Mackellar-Martel; 3- As intensidades típicas das correntes são: 0,40 m.s-1 no canal principal, e 0,02 m.s-1 nas enseadas. Nas regiões que bordejam a enseada Martel, a circulação é mais intensa devido ao efeito da maré na região mais rasa. A intensidade está ao redor de 0,10 m.s-1; 4- A concavidade da linha de costa ao longo da barreira de gelo Viéville, característica morfológica da baía do Almirantado a leste do canal profundo, que aparenta sofrer processo de erosão causado pela circulação de retorno, de certo modo, retrata o regime hidrodinâmico influenciado pelo estreito de Bransfield. Estudos realizados por Pruszak (1980) e Robakiewicz e Rakuza-Swazcsewski (1999) indicam que ventos WSW e NWN, quando predominantes, fazem com que as águas superficiais sejam levadas para fora da baía em direção ao estreito de Bransfield. Em contrapartida, ocorre o influxo de águas profundas do estreito para o interior da mesma, predominantemente por sua margem SW. Entretanto, as simulações computacionais, realizadas neste trabalho, sugerem que esse influxo ocorre independentemente do campo de ventos, estando relacionado, principalmente, à circulação no estreito de Bransfield. - 65 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.1.1. Correntes na baía do Almirantado gerada pelo modelo hidrodinâmico. Instante de tempo após 40 dias de simulação, considerando efeitos de maré, estrutura termohalina e circulação ambiente ao longo do estreito de Bransfield. 5.1.2. PARÂMETROS QUÍMICOS E BIOLÓGICOS Microfitoplâncton: distribuição espacial e temporal Do ponto de vista biológico, comunidades fitoplanctônicas podem ser identificadas como sensores em estudos de caracterização ambiental (Balech, 1977), pois as espécies apresentam mecanismos diferenciados para otimizar as respostas fisiológicas às variáveis ambientais, que repercutem no aumento ou diminuição de suas populações (Setlik, 1979). Além disso, na condição de organismos planctônicos, estão restritas às barreiras físicas e químicas de um dado corpo d’água, podendo, em contrapartida, evidenciar a estrutura hidrológica e a contribuição de diferentes massas d’água (p.e., Smayda, 1958; Balech, 1977; Mendiola et al., 1980). Na Antártica, as diatomáceas do microfitoplâncton (>20µm) são consideradas a base da trama trófica por constituírem a maior parte da biomassa primária, sendo o principal alimento para organismos bentônicos, planctônicos e nectônicos (Medlin & Priddle, 1990). - 66 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Nesse sentido, foi observada a variação temporal e espacial do microfitoplâncton na baía do Almirantado no verão 2002/2003, apresentando padrões distintos com relação à composição e abundância, associadas à radiação solar, com conseqüente influência da cobertura de gelo e da ação dos ventos. A alta contribuição das diatomáceas em número de táxons (80%) e densidade celular (93%) apóia sua importância como base da trama trófica no ambiente antártico. A baía do Almirantado caracteriza-se pela alta contribuição do microfitobentos no número de táxons (77%) e na densidade celular (90%). As diferenças entre as épocas de coleta, evidenciadas pelo aumento da temperatura da água (-0,4 a 1,5oC) e do fosfato (2,6 a 4,5 µmol.L-1) e pela redução do oxigênio dissolvido (6,4 a 2,9 ml.L-1) no final do verão, são refletidas na redução da densidade celular (figura 5.1.2). A alternância das concentrações celulares das diatomáceas penatas (pe. Fragilaria striatula e Pseudogomphonema kamtshaticum); que atingem 85% no início do verão, evidenciando a influência de espécies bentônicas associadas ao gelo; e das diatomáceas cêntricas (Thalassiosira spp) no final do verão, que contribuem com 50%, indicando influência de águas oceânicas, reflete as oscilações na cobertura de gelo entre as duas épocas de estudo (Lange, 2004). Diatomáceas características de comunidades de gelo (Fragilaria striatula, Corethron pennatum e Fragilariopsis spp) são responsáveis pelas densidades celulares mais elevadas nas amostras superficiais e de locais rasos decorrentes da influência do gelo, da estratificação da coluna d’água e/ou da incidência de radiação solar. Por outro lado, as condições hidrobiológicas nas proximidades da EACF; onde são observados maiores concentrações de amônia (5,7± 2,9 µmol.L-1), associadas às menores concentrações de clorofila-a (0,22 ± 0,05µg.L-1) e densidade celular (102 cel.L-1); sugerem condições mais severas de ventos ou a existência de influência animal e/ou antrópica através dos excretas e/ou esgoto. Parâmetros químicos: distribuição e correlação com processos biológicos Do ponto de vista químico, os macronutrientes são, geralmente, abundantes, com variações coincidentes com os microfitoplânctons e, portanto, suas concentrações sofrem consideráveis mudanças espaciais e temporais. Estudos realizados na baía do Almirantado mostram que as concentrações de nitritos, nitratos, silicatos e fosfatos são elevadas durante o ano todo com variações entre 0,06 e 0,19µmol.kg-1 para nitritos; 9,7 e 36,7µmol.kg-1 para nitratos; 58,3 e 73,5 µmol.kg-1 para silicatos e 1,69 a 2,34 µmol.kg-1 para fosfatos, o que assegura a manutenção dos processos biológicos, como a produção primária (Brandini e Rebello, 1994). - 67 - Fase 1 Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 32 o C 33 34 (S) 36 35 2.5 2.0 Fase 3 1.5 1.0 0.5 0.0 Fase 1 -0.5 -1.0 A 0 o 5 10 C 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 15 N/P 25 20 Fase 3 Fase 1 B 3 10 cel.L -1 o 0 1 2 3 4 5 6 -1 7 C 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0 -0,5 -1,0 Fase 3 Fase 1 C Figura 5.1.2. MDS mostrando início (Fase 1) e final (Fase 3) do verão austral 2002/03 em relação aos parâmetros abióticos e biológicos: A. Temperatura versus Salinidade (Fase1 -0,4 ± 0,2 oC, 35S; Fase 3 1,5 ± 0,3 oC, 34S); B. Temperatura versus N/P, (Fase1 PO4-3=2,6 ± 0,3 µmol.L-1; Fase 3 PO4-3=4,5 ± 2,5 µmol.L-1); C. Contagem de células microfitoplanctônicas, outliers ao final do verão = 104 cel.L-1. Durante este estudo, tanto a distribuição superficial quanto os perfis verticais estudados entre 1999 e 2004 confirmam que a baía do Almirantado apresenta elevadas concentrações de macronutrientes (N, P e Si). - 68 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica A comparação entre o carbono inorgânico total dissolvido (CT) e os compostos inorgânicos de fósforo e nitrogênio mostra que os valores de CT não apresentaram correlação positiva significativa com o nitrogênio (nitrato + nitrito) e com o fósforo, foi igual a 0,32, proporcionando uma razão molar entre C:P igual a 139:1. Apesar da falta de correlação entre C:N, as concentrações de nitratos mais nitritos foram elevadas, aproximadamente 20µmol.L-1, condição adequada de macronutrientes para a produção primária. No entanto, a concentração de clorofila-a é baixa (<0,7µg.L-1), sugerindo que a produtividade primária exerceu pouca influência na variação superficial dos macronutrientes da pressão parcial do CO2 (pco2) e nos demais parâmetros do sistema carbonato nos meses de janeiro e fevereiro. De modo geral, as concentrações de clorofila-a nessa baía são 2 a 10 vezes menores quando comparadas com outros embaiamentos antárticos, sugerindo quantidades reduzidas de fitoplâncton, cujas causas têm sido relatadas em razão das intensas misturas verticais e trocas de águas com o estreito de Bransfield (Rakuza-Swazcsewski 1980; Lipski, 1987; Freire et al., 1993; Brandini e Rebello 1994). Esse tipo de comportamento tem sido observado em várias regiões do oceano Austral e é denominado “High Nutrients-Low Chlorophyll” (El-Sayed, 1984). Essa caracterização é resultante dos efeitos combinados de força dos ventos e circulação termohalina, gerando a divergência circumpolar de águas superficiais e a ressurgência, o que propicia a manutenção de altas concentrações de macronutrientes na camada superficial (Lancelot et al., 2000). Atualmente, vários estudos sugerem que a baixa produtividade primária, observada em várias áreas dos oceanos do Sul, seria conseqüência da deficiência em ferro, elemento necessário para a síntese de clorofila (Martin, 1990; Martin et. al, 1994; Coale et al. 1996; de Baar et al.,1999; Sarmiento et al., 1998; Sarmiento & Hughes, 1999; Hiscock & Millero, 2005). Porém, estudo de enriquecimento com ferro feito por Brandini (1993) em amostras da baía do Almirantado mostra que a fertilização com ferro, nessa região, não aumenta a biomassa fitoplanctônica, indicando que a “hipótese do ferro” para áreas HNLC não se aplica à baía do Almirantado. Estudos de produção e biomassa fitoplanctônica realizados por Basterretxca e Arístegui (1999) no estreito de Bransfield indicam que as concentrações de clorofila estão mais relacionadas com a distribuição de massas d’água do que com processos locais. Nesse sentido, as massas d’água superficiais originadas no mar de Weddell possuem valores de clorofila-a na faixa de concentração ≤1 µg.L-1; em Gerlache, >1 µg.L-1; em Bellingshausen, >2 µg.L-1e em Bransfield, <1 µg.L-1. Do mesmo modo, estudos do sistema carbonato realizados nessas áreas indicam que as concentrações de CT e pCO2 no mar de Weddell (e.g. Hoppema et al. 1995) são mais elevadas que Gerlache e Bellingshausen - 69 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica (e.g. Alvarez et al., 2002). Então, a influência de águas com maiores concentrações de clorofila implica menores valores de pressão parcial do CO2 e, conseqüentemente, menores concentrações de carbono inorgânico total dissolvido como se discutirá a seguir. Parâmetros químicos: distribuição e correlação com processos físicos A complexa distribuição de massas d’água no estreito de Bransfield indica que suas águas superficiais são resultantes de misturas de águas de diferentes origens e seu fundo tem características do mar de Weddell (Basterretxca e Arístegui, 1999). Uma vez que os estudos de circulação indicam sua influência na baía do Almirantado, além das interações atmosféricas e processos de mistura local, diferentes distribuições no sistema carbonato marinho foram observadas. A figura 5.1.3 apresenta a distribuição superficial da pressão parcial do CO2 em função da temperatura, salinidade e sigma t para os verões observados. Bellingshausen Sea pCO2 (uatm) 2.4 2.2 1999 468.7 to 513.1 2 2001 543.1 to 586.8 2002 420.9 to 449.2 2003 450.0 to 488.7 1.8 Temperatura (°C) 1.6 1.4 1.2 1 0.8 0.6 0.4 0.2 0 32.6 32.8 33 33.2 33.4 33.6 33.8 34 34.2 34.4 Salinidade Wedell Sea Figura 5.1.3.Distribuição média de pCO2 em águas superficiais da baía do Almirantado em função da temperatura, salinidade e densidade. Os resultados indicam que o ano de 2001 apresentou pressões parciais de CO2 mais elevadas e em 2002, os menores valores de todo o período estudado. A correlação linear entre a distribuição média de pCO2 e temperatura para esses verões (r2=0,732) sugere que diferentes massas ou tipos de água podem ser responsáveis pelas variações de pCO2 na superfície marinha. A correlação entre essas propriedades não é apenas termodinâmica, mas considera-se, também, que a temperatura é um indicador de massas d’água. Para confirmar essa possibilidade, foi traçado o diagrama T-S, apresentado na Figura 5.1.4. De - 70 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica acordo com esse diagrama, observa-se maior mistura de águas para as temperaturas entre 0,2 a 2,7°C e salinidades entre 33,5 e 34,2. 3.50 Temperatura (°C) 3.00 2.50 2.00 1.50 1.00 0.50 0.00 -0.50 -1.00 31.00 32.00 33.00 34.00 35.00 Salinidade Figura 5.1.4. Diagrama T-S em água do mar superficial para os verões de 1999, 2001, 2002 e 2003. Tendo como base que os processos físicos de mistura podem ser importantes na distribuição superficial de pCO2, calcularam-se as correlações empíricas entre pCO2 e temperatura, assim como as taxas de troca de CT e AT normalizadas para salinidade 35 com as variações na temperatura, utilizando-se os valores médios obtidos nesses verões para as estações estudadas, de acordo com Murata e Takizawa (2003). Além disso, essas correlações foram obtidas para intervalos de temperaturas entre 0,2 a 2,7°C e salinidades entre 33,5 e 34,2. Esses parâmetros não se correlacionaram com a salinidade, já que essa foi praticamente constante. A relação empírica entre valores médios de pCO2 e de temperatura foi igual a 83,1µatm °C-1 (r2=0,732), tendo como base a análise de regressão linear. Essa relação é muito maior e de sinal oposto à relação termodinâmica (20,8 µatm °C-1) proposta por Takahashi et al. (1993) para águas polares e descrita abaixo: (∂pCO2 ( ∂T ) pCO 2 = 0,0423 °C −1 ) (1.1) em que T é a temperatura in situ. A diferença entre a dependência empírica e termodinâmica de pCO2 com a temperatura deve-se, provavelmente, às variações de CT e AT em pCO2. Para avaliar essas variações, foram calculadas as taxas de troca de CT e AT, normalizadas para a salinidade 35, em função da variação de temperatura. Esses resultados foram -71,6 µmol kg-1°C-1 (r2=0,490) para CTN35 e -45,41 µmol kg-1°C-1 (r2=0,285) para ATN35. Desses valores de - 71 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica taxas de troca, calculou-se a dependência de pCO2 em função das variações de CT e AT, utilizando-se as relações termodinâmicas para águas polares apresentadas por Takahashi et al. (1993): (∂pCO2 ∂CT )(CT pCO 2 ) = 14 (1.2) (∂pCO2 ∂AT )( AT pCO 2 ) = −13,3 (1.3) em que os valores médios para pCO2, ATN35 e CTN35 iguais a 493,7 µatm, 2390,3 µmol kg-1 e 2292,3 µmol kg-1, respectivamente, foram utilizados nas equações (1.2) e (1.3). As mudanças em pCO2 causadas por mudanças em CT e AT foram estimadas em 215,8 µatm °C-1 e 124,7 µatm °C-1, respectivamente. A dependência líquida de CT e AT em pCO2 foi igual a -91,0 µatm°C-1. Se a esse valor, for incluída a dependência termodinâmica de pCO2 com a temperatura (20,8 µatm °C-1), o resultado (-70,2 µatm°C-1) aproxima-se da relação empírica obtida entre pCO2 e a temperatura (-83,1 µatm °C-1), demonstrando a influência da mistura de águas na distribuição de pCO2. Esses resultados têm outra implicação: se compararmos a magnitude da dependência termodinâmica da temperatura em pCO2 (20,8 µatm °C-1) com a dependência líquida de CTN35 e ATN35 (-91,0 µatm°C-1), observa-se que a última é significantemente maior, implicando que as variações espaciais e temporais observadas para pCO2 são atribuídas às variações de CT e AT. Sob outro ponto de vista, nos verões estudados, as concentrações de O2 e pCO2 na superfície marinha não apresentaram equilíbrio com o valor atmosférico, sugerindo que outros processos, além das trocas com a atmosfera, controlam as distribuições desses parâmetros. A relação entre a porcentagem de saturação de pCO2 e a de saturação de O2, embora não seja muito usual, é útil para estudar a dinâmica de ecossistemas (Carrillo et al. 2004). Nesse sentido, essa razão pode indicar a predominância do processo fotossintético ou da respiração no ambiente caso exista uma correlação simultânea entre esses parâmetros. Os resultados mostram, sistematicamente, uma supersaturação de pCO2 quando comparada com o valor atmosférico e insaturação de O2. Essas estimativas indicaram a predominância do processo de respiração sobre o fotossintético. Porém não houve correlação simultânea entre elas. Por outro lado, o tipo de correlação obtido entre pCO2 e O2 é característico de áreas onde há ressurgência de águas ricas em CO2 e com insaturação de O2, decorrente da oxidação de matéria orgânica. Desse modo, além do tipo de água presente nessa baía e da detecção de mistura de águas na sua superfície, há indícios de que processos de mistura vertical geram supersaturação da pressão parcial do CO2 na superfície marinha da baía do Almirantado em relação à atmosfera. Fluxos líquidos do CO2 na interface ar-mar O sistema carbonato marinho no oceano Atlântico Austral é escassamente medido apesar do seu importante papel nos fluxos líquidos do CO2 entre a atmosfera e o oceano e - 72 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica na circulação termohalina global. Além disso, seu estudo é essencial para a compreensão das trocas de CO2 entre oceano e atmosfera dentro do ciclo global do carbono. Nesse sentido, a estimativa dos processos dominantes nesse sistema vem suprir uma lacuna no ciclo global do carbono. O impacto da atividade biológica, trocas mar-atmosfera e processos físicos nas variações de pCO2 na água do mar foram avaliados e revelaram que as principais contribuições dos gradientes de pCO2 na baía do Almirantado se originaram dos processos de mistura vertical. O cálculo de fluxo líquido de CO2 (FCO2), na interface ar-mar, indica se uma determinada região é fonte de CO2 para a atmosfera ou absorvedouro de CO2 atmosférico. Neste estudo, os coeficientes de transferência do CO2 foram calculados de acordo com Wanninkhoff (1992) para os verões de 1999, 2001, 2002 e 2003. Foram utilizados dados de velocidade do vento obtidos pelo projeto “Meteorologia na Antártica” durante o período de coleta dos parâmetros do sistema carbonato. Os valores médios de FCO2 para esses verões são apresentados na tabela 5.1.1. Os fluxos líquidos obtidos confirmam que a baía do Almirantado é fonte de CO2 para a atmosfera, apresentando maiores magnitudes nos verões de 1999 e 2003. A alta solubilidade do CO2 em águas polares associada à predominância dos processos físicos de mistura sobre a distribuição de pCO2 na superfície marinha fazem com que essa área marinha contribua com CO2 para a atmosfera. Tabela 5.1.1 Fluxos líquidos de CO2 na interface ar-mar da baía do Almirantado nos verões de 1999, 2001, 2002 e 2003. PERIODO FCO2 (mmol.m-2d-1)/DP Verão 1999 + 5,1±0,6 Verão 2001 + 2,3±1,0 Verão 2002 + 2,7±0,3 Verão 2003 + 5,2±3,3 As simulações computacionais, realizadas neste trabalho, sugerem que a baía do Almirantado recebe influxo do estreito de Bransfield independentemente do campo de ventos, estando relacionado, principalmente, à circulação nesse estreito. Por outro lado, os processos climáticos locais, associados a esse influxo, causam impacto e variabilidade espaço-temporal nos parâmetros químicos e biológicos, originando maior influência continental no início do verão e maior influência oceânica no final. No entanto, independentemente do período, a produção primária (clorofila-a) é pouco significativa e a variabilidade é, principalmente, determinada pelos processos físicos de mistura. Adicionalmente a este estudo, registros anteriores indicam que os processos de mistura vertical ocorrem nessa baía, como relatam Rakuza-Swazcsewski 1980; Lipski, - 73 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 1987; Freire et al., 1993; Brandini e Rebello 1994 e são determinantes na variabilidade dos processos marinhos da baía do Almirantado. 5.1.3. DISTRIBUIÇÃO DE HIDROCARBONETOS E ORGANOCLORADOS NA ÁGUA DO MAR Os derivados de petróleo são a principal fonte de energia em todas as operações antárticas, sejam elas em terra ou em mar. Com uma população de, aproximadamente, 2000 indivíduos durante o verão, 90x106l de combustíveis são usados a cada ano pelas estações de pesquisa (Cripps, 1992), sem contar o uso na pesca e turismo. Portanto, além de um grande número de fontes crônicas de hidrocarbonetos fósseis na região, há também a possibilidade de derrames e acidentes em locais de estocagem de óleo. As concentrações de hidrocarbonetos dissolvidos/ dispersos determinadas por fluorescência durante 8 anos (Bícego et al., 1996, 2003) apresentaram valores levemente superiores ou até próximos à linha de base para o Atlântico Sudoeste propostas por Bícego et al. (2002) que é de 0,31 µg.L-1. Apenas nos pontos em frente à EACF e em frente à base polonesa de Arctowski e em 12 amostras aleatórias, coletadas em anos distintos, foram registrados níveis acima de 1 µg.l-1, valor limite indicativo de introdução antropogênica de hidrocarbonetos (Cripps, 1992). A Figura 5.1.5. apresenta os valores das concentrações obtidas de HPAs totais em amostras de água coletadas entre 1989 e 1997 em frente à EACF e à estação polonesa. concentração em ug/L HPAs em água - Arctowski 3.5 3 2.5 2 1.5 1 0.5 0 1989 1990 1992 1993 1994 1995 1996 1995 1996 1997 ano de coleta H PAs em água EAC F concentração em ug/L 4 3 2 1 0 1989 1990 1992 1993 1994 1997 a n o d e c o le ta Figura 5.1.5. Concentrações obtidas de HPAs totais em amostras de água coletadas entre 1989 e 1997 em frente à EACF e à estação polonesa - 74 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Amostras de água da baía do Almirantado, península Antártica, foram sistematicamente coletadas em 8 estações de coleta durante os verões de 1994 a 1997 (Figura 5.1.6), quando foram analisados hidrocarbonetos do petróleo dispersos e dissolvidos por espectrofluorescência. O objetivo foi avaliar variações temporais e espaciais em termos de contaminação por óleo na região. Em geral, os resultados indicam baixos níveis de poluição, embora tenham sido verificadas algumas concentrações relativamente maiores nas proximidades das estações de pesquisa presentes na região de estudo. A média das concentrações foi baixa e menor que 0,50 µg.L-1 em todas as estações de coleta durante os anos de 1995 e 1996. Os verões de 1994 e 1997 tiveram concentrações médias mais elevadas (até 1,57 µg.L-1) e os maiores valores foram encontrados nas proximidades das estações brasileira e polonesa. 1994 HPAs em Água 1995 1996 concentração ug/L 2 1997 1,5 1 0,5 0 1 2 3 4 5 6 7 8 estações de coleta Figura 5.1.6. Concentrações obtidas de HPAs totais em amostras de água coletadas entre 1994 e 1997 na Baía do Almirantado (Estação 1- Arctowski-/Estação 8- EACF) Organoclorados são poluentes orgânicos persistentes amplamente disseminados no ambiente, inclusive em regiões remotas como a Antártica. Esses compostos podem ser facilmente emitidos para a atmosfera e integrar um processo cíclico de contaminação global. Uma vez que os organoclorados não são fabricados nem aplicados na Antártica, a principal fonte nessa área remota é o transporte à longa distância. Entretanto, atividades humanas podem introduzir, na região, pequenas quantidades desses compostos, principalmente bifenilos policlorados (PCBs). A presença de organoclorados está associada, principalmente, a transportes de veículos (aéreos, marítimos e terrestres), geradores e descartes, incluindo incineração. Amostras de água do mar foram coletadas em 4 áreas da enseada Martel durante o verão austral de 1995/1996 para análise de PCBs (Montone et al., 2001a). As concentrações médias de PCBs foram baixas tanto na fração dissolvida (0,13 ng.L-1) quanto na particulada (0,24 ng.L-1). As baixas concentrações e a predominância de - 75 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica congêneres menos clorados (< 5 cloros) indicam que a principal fonte é o transporte atmosférico a longa distância. Dados de PCBs na atmosfera da baía do Almirantado e, também, de alguns pesticidas organoclorados encontrados em amostras de ar no transecto Rio de Janeiro – EACF (Montone et al., 2003, 2005, vide capítulo 6.2) - confirmam a introdução de congêneres mais leves para a região. Os níveis de PCBs atmosféricos foram correlacionados às condições meteorológicas e as concentrações mais altas foram associadas à passagem de sistemas frontais vindos da América do Sul. Os congêneres mais clorados (138, 180 e 187) nas amostras de água do mar, associados a fontes locais, foram observados apenas nas proximidades da EACF, mas sua contribuição é pouco significativa para a região. 5.2. SISTEMA BENTÔNICO 5.2.1. DESCRIÇÃO DO AMBIENTE BENTÔNICO Morfologia de fundo e batimetria A baía do Almirantado é caracterizada por uma topografia de fundo íngreme e irregular, com relevo abrupto a partir da linha de costa, ultrapassando os 500 metros de profundidade nas porções centrais. Variações da batimetria e suas correlações com a extensão dos depósitos sedimentares foram identificados, em primeira instância, através do estudo das características morfológicas da superfície de fundo da enseada Martel. Essa enseada apresenta grande variedade de feições geomórficas, tanto espaciais como genéticas, caracterizando-se como um ambiente de mudanças drásticas em pequena escala espacial com um relevo submarino extremamente irregular, semelhante a um sistema de fjord, condicionado por rochas vulcânicas, falhas geológicas e processos erosivos glaciais (Rodrigues et al., 2003). Os perfis batimétricos e sonográficos que cobriram principalmente a porção rasa da enseada Martel podem ser vistos na Figura 5.2.1 (perfil ecossonda). A essas características distintas desse ambiente, adiciona-se a influência direta do comportamento do gelo, que atua como um agente de grande influência na modelagem do fundo marinho através do avanço e recuo sazonal com transporte de material de características granulométricas extremamente mal selecionadas (Figura 5.2.2) e da contribuição do deslocamento de icebergs. Estes atuam em contato junto ao fundo e geram expressivos ice-scours (Figura 5.2.3). - 76 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.2.1. Registro do ecobatímetro mostrando as irregularidades da superfície de fundo da enseada Martel. Figura 5.2.2. Registro do sonar de varredura lateral digital mostrando os contrastes texturais da superfície de fundo. - 77 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.2.3. Registro do sonar analógico mostrando marcas na superfície de fundo correlacionadas a ice-scours. Área próxima à EACF. Dentro do contexto geomorfológico geral da enseada, identificou-se, de forma bem definida, um grande vale em formato de "U" com alta declividade lateral e retaguarda extremamente íngreme na região das desembocaduras das enseadas Mackelar e Martel. Esse vale tem feição típica de processos erosivos glaciais de grande porte e pode ser visualizado no mapa digital do modelo de terreno presente na Figura 5.2.4. Figura 5.2.4. Modelo de terreno da enseada Martel com base nos dados batimétricos coletados associados aos dados da carta náutica da Marinha do Brasil. - 78 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Esse mapa foi obtido a partir da associação dos dados batimétricos com a carta náutica no. 25121 da Marinha do Brasil. Outros exemplos de padrões identificados na sonografia estão apresentados nos registros das Figuras 5.2.5 e 5.2.6. Figura 5.2.5. Padrão textural identificado na imagem do sonar digital, característico e fundos rochosos, com alternância da ocorrência de sedimentos. Figura 5.2.6. Padrão textural identificado na imagem do sonar digital, característico e fundos rochosos, com alternância da ocorrência de sedimentos. - 79 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Características físicas e químicas do sedimento Os sedimentos da baía do Almirantado são bastante heterogêneos e compostos de material de várias frações granulométricas oriundas da abrasão costeira e do degelo de icebergs (Sicinski, 2004). Em termos gerais, o substrato apresenta uma grande quantidade de matacões e seixos de diversos tamanhos, principalmente nas áreas mais rasas, sendo que os sedimentos mal selecionados são predominantes, podendo variar de areia até silteargiloso, modificando-se com a profundidade (Schaefer et al 2004a, Maciel et al., 2006). Na zona costeira rasa da baía, o sedimento é bastante heterogêneo e constituído por seixos e cascalhos grosseiros na zona das marés, areia muito fina nas áreas entre 6 a 11m (Bromberg, 1999) e com um enriquecimento das frações argila e silte, em direção às isóbatas mais profundas (20 a 60m) (Jazdzewski et al.,1986, Maciel et al., 2006). O carbonato biodetrítico também apresenta uma tendência a aumentar com a profundidade, com valores médios variando entre 4,5 a 11,0% em vários pontos da baía (Braga, 2004, Schaefer et al., 2004a, Maciel et al., 2006). Variações locais também podem ocorrer na baía do Almirantado em função da topografia de fundo, das condições hidrodinâmicas e da taxa de sedimentação. Ponta Thomas, na enseada Ezcurra, por exemplo, possui valores baixos de argila com grande contribuição de areias, especialmente areia fina a 20m (Schaefer et al., 2004a). O mesmo parece ocorrer em áreas mais expostas e com fundos mais íngremes como ponta Hennequin. Braga (2004) também observou a predominância de sedimentos silte-argilosos nas áreas mais internas na baía do Almirantado, enquanto a área central da baía e a entrada da enseada Martel apresentam importante contribuição da fração de areia. O baixo hidrodinamismo e os aportes terrestres contribuem para a presença de sedimentos lamosos nas porções mais abrigadas dessa enseada. O mapa mostrado na Figura 5.2.7 ilustra a distribuição dos sedimentos na baía do Almirantado de acordo com as características de granulometria (Gruber, 1990). Os sedimentos possuem valores elevados de pH, entre 7,7-9,7 (Schaefer et al., 2004a). Maciel et al. (2006) realizaram medidas de salinidade da água intersticial, nas isóbatas de 20, 30 e 60m na área da EACF, ponta Botany, Machu Picchu, ponta Hennequin e ponta Thomas. Seus resultados foram similares para as isóbatas de 20 e 60m (35 e 34, respectivamente) e levemente mais elevados na isóbata de 30m (37). Avaliando-se os valores mínimos e máximos obtidos, pode-se observar uma redução da amplitude de salinidade em direção à isóbata mais profunda, demonstrando a influência das águas oriundas do degelo nas regiões mais próximas à costa (Maciel et al., 2006). - 80 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.2.7. Distribuição dos tipos de sedimento na baía do Almirantado. Mapa gerado pelo SIG a partir dos dados de Gruber (1990). Na área próxima à EACF, foram encontrados maiores valores de matéria orgânica total que aqueles obtidos em ponta Botany, ponta Hennequin e Machu Picchu na baía do Almirantado (média ± DP =8,69±2,67%) (Schaefer et al., 2004a, Santos et al., 2005). Os teores de matéria orgânica do sedimento da baía parecem estar relacionados com a fração silte e com os teores de C e N (Braga, 2004). No entanto, dados de concentrações de Carbono orgânico total (Corg) nas proximidades da EACF foram comparativamente baixos, sendo 0,39±0,16%, 0,49±0,31% e 0,41±0,15% (média ± DP) em 20, 30 e 60m, respectivamente, não havendo correlação entre o Corg e as frações de silte-argila do sedimento (y=0,2872x0,0644; r2=0,0022), (Maciel et al., 2006). Esses autores sugerem - 81 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica que essa falta de correlação pode ser atribuída à presença de material orgânico recentemente depositado e ainda não aderido aos sedimentos, originado da produção na coluna d’água e/ou do transporte do ambiente terrestre para as zonas costeiras. Além disso, Maciel et al. (2006) mostraram que a fração mais solúvel correspondeu a uma parcela importante no conteúdo total de Corg, a qual deve ser considerada dentro dos processos biológicos que vêm sendo estudados na zona costeira rasa. As concentrações de fósforo, observadas no mar de Ross, em sedimentos obtidos em profundidades maiores que 400m, são, em média, 25% do P total (5-50%), encontrado na forma orgânica (Máster & Mohn, 1998). Nos sedimentos da baía do Almirantado, durante o verão de 2002/2003, valores próximos da concentração de P orgânico (27%) foram observados no pool de P total, enquanto em 2003/2004, esse valor diminuiu para 16% (Braga, 2004), sugerindo uma variação interanual importante. Os teores biodisponíveis de P, obtidos por extração ácida, foram considerados elevados, entre 116 e 380 mg kg-1, evidenciando uma continuidade entre a riqueza terrestre em P e o ambiente marinho da baía do Almirantado (Schaefer et al., 2004b). Um aspecto notável são as concentrações de P mais elevadas nos sedimentos costeiros de áreas nãoornitogênicas e sob forte geliturbação (EACF, Botany) em comparação à área de ponta Thomas, próxima à estação de Arctowski, onde há reconhecida influência ornitogênica (Schaefer et al., 2004a). Entre as frações granulométricas, o P disponível mostrou correlação significativa (0,54, p <0,001) apenas com silte. Segundo Schaefer et al. (2004a), frações intermediárias mais resistentes, provavelmente de tufos vulcânicos ricos em apatita, constituem a maior fonte de P disponível e, similarmente, o Ca (presente na apatita) também apresentou correlação com silte, mas não com argila ou areias. Distribuição de metais Os seguintes metais foram determinados para os sedimentos na baía do Almirantado: Al, As, B, Ba, Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, Hg Mg, Mn, Mo, Ni, Pb, Sr, Ti, V e Zn. Os estudos foram realizados tanto na área central da baía (Braga, 2004) quanto nas áreas mais rasas (Gomes, 1999, Braga, 2004, Schaefer et al, 2004a, Santos et al., 2005). Valores de concentração total de metais (Gomes 1999, Braga 2004, Santos et al 2005) foram determinados assim como os valores de metais biodisponíveis (Schaefer et al., 2004a, Santos et al., 2005) nos sedimentos da baía. Gomes (1999) concluiu que, de um modo geral, todos os elementos analisados apresentaram níveis próximos aos considerados naturais e que a baía apresenta certa homogeneidade espacial na concentração de metais. No entanto, dados mais recentes (Braga, 2004, Schaefer et al., 2004a, Santos et al., 2005) mostram que o teor de metais nos sedimentos costeiros apresenta variações espaciais, apesar de não haver variações relacionadas à profundidade (entre 20 e 60m) ou variações temporais intra-anuais. - 82 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Os dados obtidos por Santos et al. (2005) indicam que apenas o Cobre apresenta valores relativamente altos, tanto no solo como nos sedimentos, em comparação aos teores encontrados na crosta terrestre, e esse fato parece estar relacionado à mineralização de calcopirita das rochas vulcânicas existentes na ilha Rei George. As variações espaciais são nítidas em relação à enseada Martel, onde os sedimentos, em frente à EACF, apresentam um maior enriquecimento de metais, principalmente Boro e Chumbo (>90%), Vanádio e Zinco (70-80%) e Cobre (30-40%), em comparação com outras áreas da baía, como ponta Botany, ponta Crepin (próximo a Machu Picchu) e ponta Hennequin. Outros elementos, como Alumínio, Ferro Cálcio e Titânio apresentaram pouca variação na baía (Santos et al., 2005). Esses mesmos autores concluíram que o Ferro é um dos mais importantes transportadores geoquímicos nos sedimentos e solos, uma vez que a matéria orgânica e sedimentos finos não apresentaram correlação com a maioria dos metais analisados. A presença de anoxia logo nos primeiros centímetros do sedimento, a abundância de minerais como pirita ou calcopirita (Schaefer et al., 2004) e maior teor orgânico dos sedimentos em frente à Ferraz favorecem a formação de sulfetos de ferro que seriam os responsáveis pelo enriquecimento de metais no sedimento da baía. Entretanto, apesar desse enriquecimento, há uma biodisponibilidade de metais baixa em função das condições redutoras do sedimento, sugerindo baixos riscos para a biota (Santos et al., 2005). Além disso, e de acordo com Braga (2004), o Mercúrio, o Arsênio e o Chumbo mostraram valores relativamente altos em ponta Crepin, próximo a Machu Picchu, na enseada Mackelar, porém essa informação precisa ser melhor investigada. No caso do Ferro, os maiores valores estiveram associados à porção central da baía. Distribuição de hidrocarbonetos de petróleo Petróleos são constituídos por milhares de compostos químicos diferentes, resultantes de processos ocorridos durante a sua formação e que resultam numa mistura muito complexa. Produtos refinados como gasolina, diesel, óleos lubrificantes, querosene, óleo combustível contêm os mesmos compostos que o petróleo, mas com um intervalo de pontos de ebulição mais restrito (NRC, 1985). Os hidrocarbonetos, por serem os principais componentes, são utilizados como indicativos da poluição por petróleo. As principais classes de hidrocarbonetos presentes em petróleos e derivados são: nalcanos, alcanos ramificados (incluindo os isoprenóides), ciclo-alcanos (naftenos), aromáticos e alcenos (presentes em produtos refinados e ausentes em petróleo). Em média, os óleos crus contêm cerca de 30% de alcanos, 50% de cicloalcanos e 15% de aromáticos (UNEP, 1991). Por serem hidrofóbicos, compostos orgânicos como os hidrocarbonetos tendem a ser adsorvidos ao material particulado e depositados no sedimento marinho subsuperficial - 83 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica (Volkman et al, 1992). Esse compartimento é particularmente útil na identificação dos contribuintes predominantes, pois atua como reservatório dos poluentes, fornecendo uma figura integrada dos eventos que ocorrem na coluna d’água. Em sedimentos, concentrações letais de hidrocarbonetos do petróleo para organismos bentônicos tendem a ser muito altas; entretanto, a maior preocupação ambiental relacionada com esses compostos são os efeitos potencialmente carcinogênicos e mutagênicos dos aromáticos, incluindo os hidrocrabonetos aromáticos policíclicos que possuem dois ou mais anéis benzênicos (PAHs). Alguns PAHs que não apresentam atividade carcinogênica podem apresentar toxicidade aguda quando em concentrações elevadas em sedimentos, tanto para peixes como para invertebrados bentônicos. Outros efeitos subletais estão normalmente associados a problemas imunológicos, crescimento larval e problemas endócrinos (Woodhead et al., 1999). Embora o continente antártico seja uma área pouco impactada pelo homem, todas as atividades humanas ali presentes requerem o uso de combustíveis fósseis para transporte e energia. Com uma população de aproximadamente 2000 indivíduos durante o verão (Cripps, 1992), como já mencionado anteriormente, 90x106l de combustíveis são usados a cada ano pelas estações de pesquisa sem contar a pesca e turismo. O combustível mais utilizado é o diesel (64x106l) seguido pelo querosene de aviação (20x106l). Alguns acidentes já foram registrados na região como o derrame do navio Baía Paraíso, em 1989, que foi apenas um dentre outros menores ocorridos nas redondezas desse continente (Cripps, 1992). Estudos também demostraram níveis altos de hidrocarbonetos nas proximidades de algumas estações de pesquisa. Para avaliar esses contaminantes, foram realizados estudos de monitoramento sobre a introdução de hidrocarbonetos na baía do Almirantado e adjacências da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF) através do Programa Antártico Brasileiro entre 19892002. Durante esse período, foram coletadas amostras de sedimento da região onde foram medidas concentrações de hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos (Bícego et al., 1998, Martins et al., 2002, 2004). A Figura 5.2.8 apresenta a concentração de n-alcanos em amostras de sedimento coletadas em alguns pontos da baía do Almirantado. Os valores são baixos (<10 µg.g-1) quando comparados às amostras poluídas em regiões mais urbanizadas. Entretanto, é possível observar valores relativamente mais elevados na amostra coletada nas proximidades da EACF. O mesmo pode ser observado para os PAHs. - 84 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica n-alcanos 12 1990 1992 1993 1999 10 8 6 4 2 0 Ferraz Refúgio 1 P. Plaza P. Thomas I.Dufayel PAHs 300 1990 1992 1993 1999 250 200 150 100 50 0 Ferraz Refúgio 1 P. Plaza P. Thomas I.Dufayel Figura 5.2.8. Distribuição dos n-alcanos (µg.g-1) e PAHs (ng.g-1) em amostras de sedimento superficial coletadas na baía do Almirantados nos verões de 1990, 1992, 1993, 1999. A Figura 5.2.9 apresenta a variação dos n-alcanos e PAHs ao longo do tempo para amostras coletadas apenas em frente à EACF. Para os n-alcanos, não é possível associar um aumento de concentração em função do tempo, entretanto, para os PAHs, é possível verificar um incremento considerável nas coletas realizadas nos anos de 2000 e 2002. Esse aumento pode estar relacionado à maior ocupação da estação a partir de 1994. Em relação às outras áreas um pouco mais afastadas da estação, não é possível perceber um aumento nas concentrações desses compostos, o que significa que a introdução de hidrocarbonetos deve ficar mais restrita à área próxima da estação brasileira. - 85 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Ferraz - n-alcanos 12 10 8 6 4 2 0 1990 1992 1993 1999 2002 Ferraz - PAHs 300 250 200 150 100 50 0 1990 1992 1993 1999 2002 Figura 5.2.9. Distribuição dos n-alcanos (µg.g-1) e PAHs (ng.g-1) em amostras de sedimento superficial coletadas em frente a Ferraz nos verões de 1990, 1992, 1993, 1999. Indicadores químicos de poluição por esgoto Para o estudo da poluição por esgoto, os esteróis fecais, coprostanol e epicoprostanol, têm sido usados como traçadores químicos, pois são menos susceptíveis às mudanças ambientais do que os indicadores microbiológicos (Venkatesan & Mirsadeghi, 1992). Os esteróis estão presentes mesmo após um processo de tratamento, como ocorre na Estação Antártica Comandante Ferraz, e associados ao material particulado, acumulando-se nos resíduos sólidos provenientes do tratamento dos efluentes (Nguyen et al., 1995). Existem poucos trabalhos sobre indicadores químicos de poluição por esgotos e detergentes na baía do Almirantado. Os primeiros foram realizados por Martins et al.(2002) que analisaram os esteróis fecais (coprostanol + epicoprostanol) e alquil - 86 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica benzenos lineares (LABs) em sedimentos coletados durante o verão de 1997/98 nas 3 enseadas da baía do Almirantado, com ênfase nas proximidades da EACF. As -1 concentrações de esteróis fecais variaram entre 0,07 e 6,42 µg.g , sendo que a maioria das amostras apresentou concentrações abaixo de 0,20 µg.g-1. O ponto crítico é a saída do esgoto da EACF, o qual apresentou a concentração mais alta, e a extensão da sua influência pode ser observada até 50 m de distância da fonte. Os LABs variaram de <0,60 a 11,8 ng.g-1 com valor máximo também na saída do esgoto. Dados de LABs mostram que a contribuição dos efluentes de detergentes pode atingir locais distantes como Steinhouse, cerca de 700 m da saída de esgoto. Nos trabalhos posteriores, realizados no verão de 1999/2000 por Martins et al. (2005), a malha amostral nas proximidades da EACF foi ampliada, incluindo os indicadores microbiológicos. As concentrações dos esteróis fecais variaram de <0,01 a 14.62 µg.g-1, sendo que a maioria das amostras também apresentou concentrações abaixo de 0,20 -1 µg.g . A extensão da influência do esgoto foi observada até 400 m linearmente a partir de sua saída, enquanto indicadores microbiológicos (E. coli, Streptococci fecais e Clostridium perfringens) foram detectados até 50 m (Martins et al., 2005). Em geral, os indicadores químicos e microbiológicos indicam que a contaminação por esgoto é restrita às proximidades da EACF e decresce com a distância da saída do esgoto. Em ambos os trabalhos (Martin et al., 2002 e Martin et al., 2005), os baixos níveis de coprostanol e alta concentração de colesterol em pontos distantes puderam ser atribuídos a fontes naturais, como mamíferos marinhos e organismos planctônicos. Os resultados de análises mais recentes de indicadores químicos de poluição por esgoto em amostras de sedimento foram obtidos no verão 2002/2003 durante a operação antártica XXI. As concentrações de esteróis fecais variaram entre não detectado (<0,001 µg.g-1) e 0,414 µg.g-1 para a fase 1 (nov-dez/2002) e 0,025 e 0,658 µg.g-1 para a fase 3 (jan- fev/2003). Valores acima de 0,1 µg.g-1, geralmente, são considerados indicativos de poluição por esgotos, entretanto, para a região antártica, os valores mínimos podem exceder esse valor limite devido à influência de mamíferos marinhos como focas e baleias. As áreas de referência (pontas Botany e Hennequin) apresentaram valores de esteróis fecais de 0,182 e 0,192 µg.g-1, respectivamente. Valores acima de 0,2 µg.g-1 foram encontrados nas proximidades da EACF (CF-1A, CF-1C, CF-2A, CF-2B, CF-2C, CF-3A, CF3B, CF-3C) e Arctowski (Ar-A, Ar-C). A influência do esgoto foi observada até os 60 m de profundidade da EACF. Quando se comparam os dados de esteróis fecais desde 1997/1998 a 2003/2004 nas proximidades da EACF (10-20 m de profundidade), observa-se um aumento gradativo da contribuição de esgotos na baía do Almirantado (Figura 5.2.10.), provavelmente como resultado do aumento do número de pessoas nos últimos anos. - 87 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Entretanto, esse aumento gradativo ainda não é preocupante, pois a dispersão do efluente de esgoto na zona costeira rasa da enseada Martel é favorecida pelas condições locais de hidrodinamismo, especialmente influenciada pelos efeitos de maré. Ols fecais em sedimentos nas proximidades da EACF 1,0 µg.g-1 0,8 0,6 0,4 0,2 0,0 verao 97/98 verao 99/00 verao 02/03 verao 03/04 Figura 5.2.10. – Esteróis fecais em sedimentos marinhos nas proximidades da EACF (10-20 m profundidade) nos verões 1997/98 a 2003/04 Distribuição de poluentes orgânicos persistentes Além dos esgotos, os poluentes orgânicos persistentes (POPs) também podem atingir a região antártica. Esses compostos incluem os pesticidas organoclorados e os bifenilos policlorados (PCBs) que não ocorrem naturalmente e não são facilmente degradados por oxidação química ou ação bacteriológica (Clark, 1986). A importância do estudo desses produtos no ambiente deve-se à sua persistência, toxicidade e lipossolubilidade, podendo ser acumulados em sedimento marinho, ficando, assim, disponível para a biota e biomagnificados em tecidos animais. Esses compostos podem ser, facilmente, emitidos para a atmosfera e integrar um processo cíclico de contaminação global. O transporte atmosférico é, portanto, a principal via de entrada no ecossistema aquático atingindo regiões remotas como a Antártica (Lauber, 1987). Montone et al. (2001b) analisaram bifenilos policlorados (PCBs) em sedimentos da baía do Almirantado obtendo valores de 0,85 a 2,47 ng.g-1 para PCB total. Esses valores são similares aos níveis encontrados por Kennicutt et al.(1995) em Arthur Harbour, península Antártica e são 10 vezes menores que os valores de locais não impactados do mar de Ross nas proximidades da estação de pesquisa americana McMurdo. Essa região apresenta um histórico de contaminação por PCBs com valores de PCB total variando de 250 a 4.300 ng.g-1 e predominância de congêneres mais pesados, ou seja, contendo 6 ou mais cloros nos bifenilos. Um rápido decréscimo foi observado nos pontos distantes das - 88 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica fontes com valores de background entre 18-28 ng.g-1. Na baía do Almirantado, os baixos níveis de PCBs e a ausência dos congêneres “mais pesados” sugerem que fontes locais são pouco significativas para a região. 5.2.2. BIOTA BENTÔNICA Microbiota Diversidade microbiana da baía do Almirantado Para estudo do perfil da estrutura de comunidades pertencentes ao domínio bactéria na baía do Almirantado, amostras de sedimento foram coletadas no verão austral de 2003/04 (Operação Antártica XXII) nas áreas de Ferraz (CF2), ponta Botany, ponta Thomas (Arctowski) e Macchu Picchu e analisadas pela técnica de 16S rDNA-DGGE. Os padrões das comunidades bacterianas obtidos em Ferraz 2 e ponta Botany foram bastante semelhantes, apresentando as mesmas populações dominantes e pouca diferença nas menos dominantes. As amostras de áreas próximas a Arctowski (ponta Thomas) e Macchu Picchu, por sua vez, apresentaram padrões de diversidade bastante distintos das anteriores, sendo que as maiores diferenças foram encontradas em Arctowsky, seguidas de Macchu Picchu. Apenas 5 bandas eletroforéticas (que, teoricamente, compreendem 5 espécies bacterianas distintas) foram comuns em todas as 4 áreas analisadas. As diferenças podem ser decorrentes da movimentação de correntes dentro da baía, da maior exposição de Arctowski a mudanças ambientais locais ocorridas devido ao seu posicionamento mais próximo à entrada da baía do Almirantado ou mesmo a diferenças no tipo de sedimento, mais arenoso nessa área. Um estudo mais detalhado da diversidade do domínio bactéria foi realizado através da construção e seqüenciamento dos clones obtidos das bibliotecas genômicas de rDNA 16S. Foram obtidas 63 seqüências da biblioteca enseada Martel e 88 da biblioteca ponta Ullman. Apesar de ainda serem resultados preliminares, é possível observar diferenças qualitativas claras entre as duas bibliotecas, uma vez que alguns grupos taxonômicos foram encontrados em ambas, como delta-, gama- e epsilon-proteobacteria, enquanto outros foram encontrados apenas em uma das bibliotecas, a saber, alfa-proteobacteria na biblioteca de Martel e Clostridia, Verrucomicrobia e Fusobacteria na biblioteca Ullman. Considerando-se o limite de corte de 97% de similaridade, que, conforme sugerido, representa o nível de espécies de procariotos, a cobertura estimada para a biblioteca Martel foi de 43% e para Ullman, 67%. A comparação entre as estimativas de cobertura para esse limite de corte não revelou diferenças significativas (p > 0,05). Quando se analisa a cobertura heteróloga (Figura 5.2.11), é possível verificar que a diversidade da biblioteca Ullman cobre melhor a diversidade de Martel do que o contrário - 89 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica (Figuras 5.2.12). Essa análise sugere que a diversidade microbiana recuperada na biblioteca Martel seja um subconjunto da diversidade recuperada na biblioteca Ullman do ponto de vista qualitativo, ou seja, de presença e ausência de grupos taxonômicos. Do ponto de vista ecológico, esse resultado poderia sugerir que Martel e Ullman tivessem os mesmos grupos taxonômicos, mas que, em função de um impacto na região de Martel, alguns grupos tenham sido selecionados em detrimento de outros. Essa é apenas uma hipótese que pode ser levantada com base nos resultados obtidos, mas que deve ser colocada à prova por meio de experimentos na forma de monitoramento constante e com uso de réplicas de amostragens. proporção de clones 100% 80% 60% 40% 20% 0% Martel Ullman Bacteria Clostridia Alfa-proteobacteria Delta-proteobacteria Gama-proteobacteria Epsilon-proteobacteria Verrucomicrobia Fusobacteria Figura 5.2.11. Comparação das seqüências das bibliotecas Martel e Ullman com os bancos de dados Genbank e RDP. - 90 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.2.12. Comparação da cobertura da diversidade genética entre as bibliotecas genômicas Martel e Ullman. Microfitobentos O termo microfitobentos refere-se a algas eucariontes unicelulares, principalmente diatomáceas penadas, fitoflagelados e cianobactérias que vivem nos primeiros milímetros dos sedimentos no assoalho marinho (MacIntyre et al., 1996; Cahoon, 1999). O microfitobentos pode representar uma importante fonte alimentar para organismos da fauna bentônica que processam material sedimentado (Miller et al., 1996). Na zona costeira da Antártica, essa fauna é abundante (Jadzewski et al., 1986; Bromberg et al., 2000) e a microflora que vive nos sedimentos apresenta altos valores de biomassa (Cahoon, 1999), tendo sido reconhecida como a principal fonte alimentar para alguns invertebrados depositívoros e para a meiofauna (Davenport, 1988; Skowronski & Corbisier, 2002; Corbisier et al., 2004). Já foi observada uma correlação entre a densidade da macrofauna bentônica e a produtividade microfitobentônica em áreas submersas de McMurdo Sound, o que depende da intensidade de luz que atinge o fundo (Dayton et al., 1986). Na baía do Almirantado, a biomassa do microfitobentos na zona costeira rasa foi estimada por meio da análise da biomassa da clorofila a (potencial fotossintético) e dos - 91 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica feopigmentos (que podem ter origem alóctone) em sete locais da enseada Martel em dois verões distintos: dez/96-jan/97 e dez/97-jan/98 (Skowronski, 2002; Skowronski & Corbisier, 2002). Em geral, ao redor dos 20m de profundidade, os valores são altos (Figura 5.2.13) e a biomassa de clorofila a varia entre 57 e 351 mg.m-2, sendo que alguns valores são comparáveis aos encontrados em profundidades entre 0 e 5 m de região tropical (Cahoon, 1999). A biomassa dos feopigmentos variou de 27 a 1220 mg.m-2. No verão de 96/97, as biomassas (CPE = clorofila + feopigmentos) foram muito mais altas que no verão 97/98 (cerca de 4 vezes), sendo que os valores de feopigmentos foram sempre mais altos que os de clorofila a no primeiro verão, indicando uma maior biomassa de origem alóctone (fragmentos de macroalgas, fitoplâncton sedimentado, provavelmente). O contrário ocorreu no segundo verão, o que indica uma produção local (Figura 5.2.13). Essas diferenças foram atribuídas ao maior hidrodinamismo que caracterizou o verão de 96/97 e deve ter propiciado maior deposição de material alóctone. Entre os sete locais da enseada, no verão de 1996/97, ponta Hennequin (PH) e EACF apresentaram os valores mais altos de biomassa, enquanto ponta Yellow (YP) e Glaciar Wanda (WG), os menores. No segundo verão, em EACF e Ponta Ullman (PU), os valores foram mais altos e os menores em rochedo O’Connor (RO) e Glaciar Wanda. Em função da grande variância entre réplicas, não houve diferença significativa entre os locais, exceto quanto à biomassa de clorofila a que foi maior em EACF e PU no verão de 1997/98; por outro lado, essa variância indica a distribuição em manchas do microfitobentos (Skowronski et al., em preparação). A variação da biomassa do microfitobentos com a profundidade foi estimada em cinco locais da enseada Martel aos 10, 25 e 40 m no verão de 1997/98 (Skowronski, 2002) (Figura 5.2.14). No Rochedo O’Connor (RO) e EACF, aos 10m, foi encontrada a maior biomassa, que diminuiu nitidamente com a profundidade. Em YP e PU, os valores aos 10m, foram bem menores que em RO e EACF. Em WG, não foi coletada amostra aos 10m devido ao tipo de sedimento que impossibilitou a coleta com pegador van Veen. Entre os 25 e 40m, a amplitude de variação da biomassa entre os locais foi menor que aos 10m. A variação temporal da biomassa do microfitobentos foi analisada semanalmente ao longo do verão de 1997/98 (Skowronski, 2002; Skowronski et al., em preparação). Houve aumento da biomassa na terceira semana, principalmente aos 5m de profundidade e, em seguida, outro aumento na quinta semana (Figura 5.2.15). Essas variações, maiores aos 5m, mostram a grande variabilidade do microfitobentos na região costeira rasa da enseada Martel, podendo ter relação com maior florescimento de fitoplâncton, contribuição de microalgas de gelo ou hidrodinamismo, entre outros fatores. - 92 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica M icro fito b e n to s (CPE) - Ve rão 96/97 2500 2000 m g .m -2 1500 Phaeo 1000 Chlo a 500 0 EA CF YP PH PU PP RO WG lo cais M icrofitobe ntos (CP E) - V e rã o 97/98 m g.m -2 400 Phaeo 200 Chlo a 0 EA CF YP PH PU PP RO WG lo cais Figura 5.2.13. Média (+ erro-padrão) da biomassa do microfitobentos (CPE) aos 20m de profundidade na enseada Martel. Verões de 1996/97 e 1997/98. CPE = clorofila + feopigmentos. - 93 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica M icr o fitob e nto s (m g.m -2 ) - V e r ão 97/98 900 600 10 m 300 0 YP PU WG RO EA C F locais 900 600 25 m 300 0 YP PU WG RO EA CF l oc a i s 900 600 40 m 300 0 YP PU WG RO EA CF lo cais Chlo a Phaeo Figura 5.2.14. Média (+ erro-padrão) da biomassa do microfitobentos (CPE) aos 10, 25 e 40m de profundidade na enseada Martel. Verão de 1997/98. CPE = clorofila + feopigmentos. - 94 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica EACF - M icr o fitob e nto s (m g.m -2 ) V ar iação te m po r al - De z /97-Jan/98 1200 1000 800 5m 600 400 200 0 I II III IV V IV V s e m ana 1200 1000 800 15 m 600 400 200 0 I II III s e m ana Chlo a Phaeo Figura 5.2.15. Média (+ erro-padrão) da biomassa do microfitobentos (CPE) aos 5 e 15m de profundidade em EACF na enseada Martel. Variação em 5 semanas. Verão de 1997/98. CPE = clorofila + feopigmentos Meiofauna A meiofauna é constituída de metazoários pequenos, que passam pela peneira de malha de 0,5 mm e ficam retidos em 0,062 mm. Entre os grupos taxonômicos que compõem essa fauna, Nematoda e Copepoda Harpacticoida, em geral, são os mais abundantes. Essa fauna atua na remineralização da matéria orgânica e no transporte de solutos entre as camadas superficiais do sedimento. Tem papel importante nas tramas tróficas, alimentando-se de bactérias, do microfitobentos, de fitodetritos e de matéria orgânica dissolvida, principalmente, constituindo alimento para a meiofauna predadora, para a macrofauna, para peixes e crustáceos decápodes jovens. Sua produção secundária pode - 95 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica exceder a da macrofauna em alguns sistemas. Em função de suas características, tais como tamanho pequeno, mobilidade limitada, ciclo de vida curto e inteiro no sedimento, estratégia reprodutiva sem fase de dispersão larval e íntima associação e dependência com o ambiente sedimentar (sedimento e água intersticial), esse tipo de fauna vem sendo utilizada para monitoramento ambiental (Coull & Chendler, 1992; Schratzeberger et al., 2000) Na zona costeira rasa da enseada Martel, dois estudos foram desenvolvidos sobre a meiofauna, pouco conhecida até a década de 1990 (Skowronski, 2002). O primeiro concentrou-se em um transecto em frente à EACF, diante do heliponto, e as amostragens foram realizadas aos 6, 11, 18 e 25m de profundidade em dois verões (1990/91 e 1994/95), sendo que, no segundo período, foi incluída uma área com ice scours ao redor dos 18m (Skowronski 1997; Skowronski et al., 1998). O primeiro estudo mostrou a alta densidade da meiofauna nessa área costeira, o seu aumento com a profundidade, a dominância dos Nematoda e o efeito negativo dos ice scours sobre a densidade da meiofauna. O segundo estudo foi realizado com os objetivos de analisar a distribuição espacial horizontal da meiofauna em dois verões (1996/97 e 1997/98) e a variação batimétrica em diversas áreas na enseada Martel, bem como a variação temporal em curta escala (5 semanas) durante um período de verão (1997/98). Tanto no primeiro estudo como no segundo, ficou evidente a alta densidade da meiofauna na zona rasa em frente à EACF, que variou, em média, de 3523 a 7641 ind.10 cm-2, entre 6 e 11 m, e entre 3479 e 8216 ind.10 cm-2, entre 18 e 25 m, excluindo-se as áreas de escavações. De modo geral, as maiores densidades ocorreram entre 18 e 25 metros. A comparação da área, aos 20m de profundidade em frente à EACF, com outras áreas mostrou que as altas densidades são características da enseada e não apenas na EACF, tendo, em média, variado de 1952 a 6738 ind. 10 cm-2 (Skowronski & Corbisier, 2002) (Figura 5.2.16). Nos dois verões, as áreas com maiores densidades foram EACF e PU; também ponta Hennequin (PH) no primeiro verão e ponta Plaza (PP) no segundo. Não houve diferença das densidades entre os dois verões, embora a biomassa do microfitobentos, alimento potencial para a meiofauna, tenha sido muito maior no primeiro verão. Por outro lado, a distribuição espacial foi correlacionada aos parâmetros do sedimento como o diâmetro médio do grão, porcentagem de silte e argila, e de grânulos. A correlação da biomassa do microfitobentos com a densidade da meiofauna foi evidenciada apenas no segundo verão. Supõe-se que as condições mais hidrodinâmicas no primeiro verão determinaram maior deposição de fitodetritos (maior CPEs e feopigmentos), o que mascarou a interação entre meiofauna e o microfitobentos. - 96 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica A variação batimétrica entre 10 e 40 m evidenciou menores densidades aos 40 m, possivelmente devido à redução da quantidade de alimento (Figura 5.2.17). A área da EACF e RO tiveram densidades mais altas aos 25 m, enquanto YP e PU, aos 10 m. Parece que a influência de ice scours nos dois primeiros locais perturba a zona mais rasa em torno dos 10 m, pois em PU e YP, a topografia e circulação locais impedem o efeito de escavações por blocos de gelo (Skowronski & Corbisier, submetido). Ice scours em zona rasa na Antártica têm efeito negativo sobre a meiofauna (Skowronski et al., 1998; Lee et al., 2001). Em frente à EACF, a variação temporal observada em cinco semanas, do início ao meio do verão, quando aumenta o número de pessoas e a quantidade de esgoto lançado, mostrou que houve um aumento da densidade média aos 5 m de profundidade apenas na segunda semana (de 2858 para 7509 ind. 10 cm-2), mas que isso não se manteve nas semanas seguintes (2042 a 3594 ind. 10 cm-2) (Figura. 5.2.18). Aos 15m, onde as densidades foram mais altas, houve variação de 4319 a 6738 ind.10 cm-2 sem uma diferença significativa entre as semanas. Como visto anteriormente, o microfitobentos mostrou dois aumentos mais evidentes na terceira e quinta semanas que, no entanto, não se refletiram diretamente na densidade da meiofauna. Possivelmente, perturbações relacionadas à maior dinâmica na zona mais rasa são responsáveis pelos resultados observados nessa variação de curto prazo. Nematoda Quanto ao grupo dominante da meiofauna, os Nematoda representaram mais de 60% dessa fauna em todos os locais estudados na enseada Martel, ao redor de 20 m de profundidade, nos verões de 1996/97 e 1997/98 (Skowronski, 2002). Nesse estudo, foram identificados 88 gêneros de 25 famílias (ANEXO 1), uma diversidade alta quando comparada à encontrada nos poucos trabalhos realizados na zona costeira antártica (entre 19 e 49 gêneros e 11 a 19 famílias) (Vanhove et al., 1998; 2000; Lee et al., 2001). Os gêneros mais freqüentes foram os depositívoros não seletivos Sabatieria, Odontophora, Axonolaimus, Paralinhomoeus e Daptonema e os comedores de epistrato Microlaimus, Dichromadora, Prochromadorella e Acantholaimus. Os gêneros considerados predadores/ onívoros e depositívoros seletivos foram menos representados. Houve diferença na dominância de gêneros entre os dois verões estudados em função do maior hidrodinamismo que ocorreu no primeiro ano. Os depositívoros não seletivos tiveram maior freqüência relativa em 1996/97 devido à maior quantidade de material depositado no fundo, principalmente de biomassa de feopigmentos de origem alóctone. Em 1997/98, a disponibilidade de clorofila a foi maior que a de feopigmentos e os comedores de epistrato tornaram-se mais importantes. - 97 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica A diversidade de gêneros foi relacionada com a granulometria e a disponibilidade de alimento. No primeiro verão, a riqueza de gêneros nos locais, bem como o índice de diversidade de Shannon (H’log 2 entre 3,24 e 3,77), foi menor (20 a 26 gêneros/ local) que no segundo verão (23 a 39 gêneros/local; H’ entre 2,51 e 4,25), embora no útlimo período, a amplitude de variação tenha sido maior entre os locais. Meiofauna - Enseada Martel - Variação espacial, 20 m . Verão 96/97 in d .10 cm -2 9000 6000 3000 0 EA CF YP PH PU PP RO WG lo cais Meiofauna - Enseada Martel - Variação espacial, 20 m . Verão 97/98 in d.10 cm -2 9000 6000 3000 0 EA CF YP PH PU PP RO WG lo cais Nematoda Copepoda Poly c haeta Turbellaria Nauplii Outros Figura 5.2.16. Média (+ erro-padrão) da densidade da meiofauna aos 20m de profundidade na enseada Martel. Verões de 1996/97 e 1997/98. - 98 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica M eiofa una (ind. 10 cm -2) - Varia ção batim é trica. Ens eada M artel, verã o 97 /98 9000 6000 10 m 3000 0 EA CF YP PU RO WG loc ais 9000 6000 25 m 3000 0 EA CF YP PU RO WG loc ais 9000 6000 40 m 3000 0 EA CF YP PU RO WG loc ais Nematoda Copepoda Poly c haeta Turbellaria Nauplii Outr Figura 5.2.17. Média (+ erro-padrão) da densidade da meiofauna nas profundidades de 10, 25 e 40m de profundidade na enseada Martel. Verão de 1997/98. - 99 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica EACF - Meiofauna (ind. 10 cm -2) - Variação te m poral. Verão 97/98 9000 5m 6000 3000 0 I II III IV V s e m ana 9000 15 m 6000 3000 0 I II III IV V s e m ana Nematoda Copepoda Poly c haeta Turbellaria Nauplii Outros Figura 5.2.18. Variação temporal da densidade média da meiofauna (+ erro-padrão) aos 5 e 15m de profundidade em EACF. Variação em 5 semanas. Verão de 1997/98. Macrofauna A macrofauna é constituída de organismos pequenos, cujo tamanho, geralmente, é superior a 1 mm e, no máximo, inferior a 2cm, ficando retidos numa malha de 0,5mm tratando-se daqueles presentes em regiões rasas das plataformas continentais (Gray 1981). Em zonas profundas, o tamanho dos organismos da maioria dos táxons, normalmente considerados como sendo de macrofauna, é inferior, sendo que uma malha de 250-300 µm é utilizada para reter esse tipo de fauna (Gage, 2001). A macrofauna é composta por animais que podem habitar tanto a superfície do substrato (epifauna) como os interstícios do sedimento (endofauna). Os principais organismos da endofauna, geralmente, pertencem a grupos como Annelida, Mollusca e - 100 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Crustacea e, geralmente, excluem grupos tipicamente pertencentes à meiofauna, como Nematoda, Ostracoda e Copepoda (Gray 1981, Gage 2001). A macrofauna de substrato não consolidado da baía do Almirantado é formada por pequenos organismos, constituídos, na sua maioria, por oligoquetos, poliquetos, moluscos bivalves e crustáceos como anfípodes, cumáceos e isópodes (Anexo 1). As famílias de poliquetos mais frequentes são Cirratulidae (gênero Tharyx), Maldanidae (Rhodine), Paraonidae (Tauberia), Apistobranchidae (Apistobranchus) e Orbiniidae (Leitoscoloplos) (Bromberg, 1999, 2004, Echeverría, 2002). No caso de moluscos bivalves, as espécies numericamente abundantes costumam ser Mysella charcoti e Yoldia eightsi (Bromberg, 2004) e, dentre os anfípodes, destacam-se as espécies Heterophoxus videns, Cheirimedon femoratus, Schraderia gracilis, (dados não publicados). Na zona costeira rasa próxima à EACF, estudos foram realizados durante os verões de 1989/1990, 1990/1991 e 1994/1995 através de amostragens feitas com corers, operados por mergulhadores, em um transecto em frente à estação brasileira nas profundidades de 6, 11, 18 e 25m (Bromberg, 1999, Nonato et al., 2000, Bromberg et al, 2000). A localização desse transecto foi exatamente na direção da saída atual do esgoto. A análise da densidade total da macrofauna mostrou tanto diferenças entre as profundidades como entre os verões. As densidades foram significativamente menores aos 6m de profundidade e maiores aos 11 e 25m, enquanto aos 18 m, as densidades foram intermediárias. Essas diferenças devem-se à mudança no tipo de sedimento (mais finos com o aumento da profundidade) e à maior influência da ação do gelo, principalmente do congelamento na zona mais rasa. Aos 18m, variações nas densidades foram observadas em função da ocorrência de ice scours (Bromberg et al. 2000). Quanto aos verões, as menores densidades foram observadas em dez/1994 (Figura 5.2.19). A densidade total, somando-se as 4 profundidades, foi reduzida de 9503 inds/0,16m2 em 1989 e 7854 inds/0,16 m2 em 1991 para cerca de 5514 inds/0,16 m2 em 1994. De um modo geral, a redução ocorreu em relação aos nematódeos e bivalves. Os poliquetos foram menos abundantes em 1991 (Figura 5.2.20). Por outro lado, os oligoquetos (Figura 5.2.21) e anfípodes (Figura 5.2.22) aumentaram consideravelmente de 1989 para 1994. Os bivalves foram muito abundantes nas áreas mais rasas (6 e 11 m) nos verões de 1989 e 1991 (Figura 5.2.23). Essas variações podem estar relacionadas a vários fatores, entre os quais o efeito do gelo (encalhe de blocos ou maior congelamento da área em verões distintos) ou variações no recrutamento de espécies dos diferentes grupos, já que as coletas nem sempre foram realizadas no mesmo período de verão austral. - 101 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 6 metros 100000 80000 60000 40000 20000 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1993 1994 1993 1994 1993 1994 11 metros 100000 80000 60000 40000 20000 0 1989 1990 1991 1992 18 metros 100000 80000 60000 40000 20000 0 1989 1990 1991 1992 25 metros 100000 80000 60000 40000 20000 0 1989 1990 1991 1992 Figura 5.2.19. Densidade média da macrofauna (inds/m2) nos verões de Dez/89, Fev/91 e Dez/94. - 102 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 6 metros 11 metros 40000 40000 30000 30000 20000 20000 10000 10000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1993 1994 25 metros 18 metros 40000 40000 30000 30000 20000 20000 10000 10000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1989 1990 1991 1992 Figura 5.2.20. Densidade média de poliquetas (inds/m2) nos verões de Dez/89, Fev/91 e Dez/94. 11 metros 6 metros 20000 20000 15000 15000 10000 10000 5000 5000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1989 1990 1991 1992 1993 1994 25 metros 18 metros 20000 20000 15000 15000 10000 10000 5000 5000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1989 1990 1991 1992 1993 1994 Figura 5.2.21. Densidade média de oligoquetas (inds/m2) nos verões de Dez/89, Fev/91 e Dez/94. - 103 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 11 metros 6 metros 8000 8000 6000 6000 4000 4000 2000 2000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1989 1990 1991 1992 1993 1994 18 metros 25 metros 8000 8000 6000 6000 4000 4000 2000 2000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1989 1990 1991 1992 1993 1994 Figura 5.2.22. Densidade média de anfípodos (inds/m2) nos verões de Dez/89, Fev/91 e Dez/94. 11 metros 6 metros 60000 60000 40000 40000 20000 20000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1994 18 metros 25 metros 60000 60000 40000 40000 20000 20000 0 0 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1989 1990 1991 1992 1993 1994 Figura 5.2.23. Densidade média de bivalves (inds/m2) nos verões de Dez/89, Fev/91 e Dez/94. - 104 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Algumas espécies foram características de cada uma das profundidades, independente do verão amostrado. As profundidades mais rasas (6 e 11 m) tiveram como organismos dominantes o bivalve Mysella charcoti, o poliqueta Ophryotrocha notialis e o anfípodo Uristes georgianus nos verões de 1989 e 1994, sendo que em 1991 a espécie dominante de anfípodo foi Orchomenella macroyx. O poliqueta Microspio cf. moorei foi dominante aos 6m. Aos 18m, os poliquetas foram dominantes, principalmente a espécie Apistobranchus glacierae em todos os verões e a espécie Leitoscoloplos kerguelensis e o gênero Ophelina no verão de 1994. Os bivalves e anfípodes foram menos representativos nessa profundidade. Somente no verão de 1994, o anfípode Parapericulodes brevirostris foi muito abundante. Os poliquetos também foram dominantes aos 25m, principalmente a espécie Apistobranchus glacierae, Leitoscoloplos kerguelensis e Tharyx cf. cincinnatus (Aphelochaeta sp.) nos verões de 1989 e 1994; Capitella perarmata, nos verões de 1989 e 1991; Microspio cf moorei, no verão de 1989 e Ophelina syringopige, no verão de 1991. Conlan et al. (2004) observaram que os poliquetos Ophryotrocha notialis, Capitella perarmata, Aphelochaeta sp. e Leitoscoloplos kerguelensis foram dominantes na área sob intenso efeito de esgoto da estação McMurdo em 1992, considerando-os oportunistas. Entretanto, essas espécies também têm alta capacidade de colonizar áreas perturbadas, impactadas por gelo, como observado por Lenihan & Oliver (1995), Conlan et al. (1998) e Bromberg et al. (2000). Pela ausência de dados pretéritos químicos coletados simultaneamente aos da fauna bentônica e do monitoramento da presença de blocos de gelo nas proximidades da EACF, fica difícil distinguir o efeito da perturbação causada pelo gelo do efeito de esgoto ou hidrocarbonetos. No entanto, embora informações passadas sobre a macrofauna bentônica estivessem relacionadas a uma caracterização da comunidade e não a possíveis efeitos antrópicos, a localização do transecto das coletas realizadas em 1989, 1991 e 1994 em frente à EACF foi muito próxima à saída do esgoto, o que permite uma avaliação e comparação da estrutura de comunidade com resultados mais recentes. A falta de informações a respeito das modificações em relação ao tratamento de esgoto ocorridas daquele período ao presente, da quantidade de efluentes lançados e de sua composição não permite que mais inferências sejam feitas. Porém aponta os resultados pretéritos como sendo extremamente importantes para referência em observações posteriores. Dados recentes, referentes ao período entre 1997 e 2004 (Figura 5.2.24), confirmam o padrão de dominância dos anelídeos na macrofauna bentônica na zona costeira rasa da baía do Almirantado como um todo, sendo que variações locais na baía em relação à dominância desse grupo parecem refletir diferenças no tipo de sedimento, nas - 105 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica condições hidrodinâmicas, na disponibilidade de alimento e na freqüência de distúrbios causados pelo gelo (Bromberg et al., 2000, Echeverría, 2002, Bromberg, 2004, Sicinski, 2004). Mesmo considerando apenas a enseada Martel, há diferenças entre locais bem próximos, tais como em frente ao glaciar Wanda, que apresenta uma menor proporção de oligoquetos quando comparado a outras áreas da mesma enseada (Figura 5.2.24). Em frente à EACF, os oligoquetos predominam em relação a outras áreas da enseada como ponta Botany, por exemplo. Os moluscos bivalves são proporcionalmente mais abundantes na área em frente à saída de esgoto da EACF (CF2) quando comparada às áreas adjacentes (CF1 e CF3). Crustáceos, como cumáceos e anfípodes, por sua vez, parecem ser mais abundantes em outras áreas da baía, como ponta Botany, Machu Picchu e glaciar Wanda e podem refletir diferenças nas condições hidrodinâmicas ou mesmo a presença de bancos de macroalgas, que se apresentam distribuídos em manchas em vários pontos da baía do Almirantado, áreas de alta produtividade e diversidade. 25m de profundidade 100% 80% Outros Cumacea 60% Amphipoda 40% Oligochaeta 20% Bivalvia Polychaeta Yellow Point Stenhouse Punta Ullman Estação Ferraz Glaciar Wanda 0% 100% 80% Outros Bivalvia 60% Cumacea Amphipoda 40% Oligochaeta Polychaeta 20% 0% CF1 CF2 CF3 BP MP HE AR Figura 5.2.24. Abundância relativa dos principais grupos de macrofauna de substrato não consolidado em diversos pontos da baía do Almirantado. A- Dados de Bromberg (2004), B – Dados GEAMB, Rede 2. - 106 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica A macrofauna também apresenta uma forte zonação em profundidades maiores que as estudadas no período 1989-1995 com alguns grupos, como bivalves, sendo mais abundantes entre 10-15m (Bromberg, 2004). Analisando-se os dados obtidos em frente à EACF (Figura 5.2.25), percebe-se que, a partir de 30m, devido a diferenças no tipo de sedimento, que passa a ser predominantemente lamoso, a proporção de oligoquetos e poliquetos é maior, praticamente dominando a macrofauna dessas áreas. Entre 20-25m, os crustáceos como anfípodes também podem ter uma forte contribuição na abundância total, chegando a valores de quase 40% do total no período do inverno (Echeverría, 2002). Entre os grupos estudados em nível específico, como os poliquetos, observa-se uma zonação no que diz respeito à composição e dominância de espécies com alternância entre elas de acordo com a profundidade (Jazdzewski et al, 1986, Bromberg et al, 2000; Sicinski, 2000, 2004). Em áreas mais rasas, profundidades menores que 12m, pode haver domínio de espécies como Leitoscoloplos kerguelensis (Orbiniidae), Ophryotrocha notialis (Dorvilleidae) ou mesmo Microspio cf moorei (Spionidae). A partir de 12m, espécies como Tharyx cf cincinnatus, Apistobranchus glacierae, Rhodine antarctica e Tauberia gracilis são, geralmente, dominantes, sendo a grande maioria formada por organismos depositívoros de superfície ou de subsuperficie (Echeverria, 2002, Bromberg, 2004). Além disso, há predominância de formas sedentárias ou sésseis nas áreas mais profundas, devido à maior estabilidade do sedimento e à ausência de eventos significativos de impacto por gelo como a formação de anchor ice ou ice scour (Sahade et al, 1998; Gutt, 2001). Nas áreas mais rasas, onde esses eventos ocorrem com maior freqüência, as formas vágeis são as mais abundantes, como Microscopio moorei (6m) ou Ophryotrocha notialis (6-25m) (Bromberg, 1999). A abundância também apresenta um forte gradiente batimétrico com maiores valores nas zonas mais rasas, ambientes mais sujeitos ao impacto por gelo, mas com um maior aporte de matéria orgânica oriunda da coluna d’água ou da produção do microfitobentos e macroalgas (Skowronski, 2002). Isso justificaria a maior abundância da macrofauna até a faixa batimétrica de 15-20m de profundidade. A diversidade da macrofauna, por sua vez, parece aumentar com a profundidade até a faixa de 20-25m. Fatores como freqüência intermediária de distúrbios e heterogeneidade do substrato têm sido sugeridos como responsáveis por esse padrão (Sahade et al., 1998, Bromberg, 1999, 2004). O ambiente seria mais estável em 20-25m, menos propenso a impactos por gelo, além de apresentar um sedimento lamoso, embora bastante heterogêneo, permitindo a ocorrência de um maior número de nichos exploráveis. Além disso, efeitos de tempestades também podem afetar a macrofauna dessas zonas mais rasas até 12m de profundidade, com exceção dos moluscos e de algumas espécies de poliquetos, o que poderia interferir na determinação da composição específica - 107 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica e dominância de determinados grupos nessa faixa batimétrica (Sicinski, 1991, Echeverria, 2002). Ferraz -10-15m de profundidade 100% Outros Polychaeta Oligochaeta Bivalvia Cumacea Amphipoda 80% 60% 40% 20% 7/2/01 26/2/01 12/1/01 20/9/99 29/12/00 4/8/99 25/8/99 1/7/99 31/5/99 10/5/99 2/4/99 22/4/99 jan/98 16/3/99 dez/97 0% Ferraz -20-25m de profundidade 100% Outros Polychaeta Oligochaeta Bivalvia Cumacea Amphipoda 80% 60% 40% 20% fev/04 nov/03 fev/03 nov/02 7/2/01 26/2/01 12/1/01 29/12/00 20/9/99 4/8/99 25/8/99 1/7/99 31/5/99 10/5/99 2/4/99 22/4/99 16/3/99 jan/98 dez/97 0% Ferraz - 30-40 m de profundidade 100% Outros Polychaeta Oligochaeta Bivalvia Cumacea Amphipoda 80% 60% 40% 20% fev/04 nov/03 fev/03 nov/02 dez/97 jan/98 0% Ferraz - 50-60m de profundidade 100% Outros Polychaeta Oligochaeta Bivalvia Cumacea Amphipoda 80% 60% 40% 20% fev/04 nov/03 fev/03 nov/02 0% Figura 5.2.25. Abundância relativa dos principais grupos de macrofauna bentônica em frente à EACF (diante do heliponto – CF2) entre 1997 e 2004. Fontes: Echeverría (2002), Bromberg (2004) e GEAMB (dados não publicados). Estudos recentes na EACF têm demonstrado que a fauna bentônica antártica também pode apresentar grandes flutuações temporais (Echeverría, 2002, Bromberg, 2004). Compilando-se os dados de Echeverria (2002), Bromberg (2004) e os obtidos neste trabalho com a utilização do mesmo tipo de equipamento (busca-fundo van Veen), - 108 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica utilizado em campanhas passadas para a faixa de 20-25m de profundidade, observam-se variações sazonais importantes, não só da abundância total da macrofauna (Figura 5.2.26) como da dominância de alguns grupos (Figuras 5.2.25 e 5.2.27). Amphipoda - 10 a 15m Amphipoda - 20 a 25m 2000 4000 1500 3000 1000 2000 500 1000 0 0 1997-1998 1997-1998 1998-1999 2000-2001 19971998 2000-2001 19971998 Cumacea - 10-15m 19981999 20002001 20002001 20022003 20022003 20032004 20032004 20022003 20032004 20032004 20022003 20032004 20032004 Cumacea - 20a 25m 2000 2000 1500 1500 1000 1000 500 500 0 0 1997-1998 1997-1998 1998-1999 2000-2001 19971998 2000-2001 19971998 19981999 20002001 20002001 20022003 Bivalvia - 20 a 25m Bivalvia -10a15m 1500 12000 1200 9000 900 6000 600 3000 300 0 0 1997-1998 1997-1998 1998-1999 2000-2001 19971998 2000-2001 19971998 Oligochaeta - 10 a 15m 19981999 20002001 20002001 20022003 Oligochaeta - 20 a 25m 15000 15000 12000 12000 9000 9000 6000 6000 3000 3000 0 0 1997-1998 1997-1998 1998-1999 2000-2001 19971998 2000-2001 19971998 Polychaeta - 10 a 15m 19981999 20002001 20002001 20022003 20022003 20032004 20032004 20022003 20032004 20032004 Polychaeta - 20a25m 15000 10000 12000 8000 9000 6000 4000 6000 2000 3000 0 0 1997-1998 1997-1998 1998-1999 2000-2001 2000-2001 19971998 19971998 19981999 20002001 20002001 20022003 Figura 5.2.26. Variação temporal da densidade dos principais grupos de macrofauna do substrato não consolidado (ind.m-2) em frente à EACF entre 1997-2004. Fontes: Echeverria (2002), Bromberg (2004) e GEAMB (dados não publicados). Os valores em preto referem-se ao início do verão (nov/dez) e os em cinza, ao final do verão (jan/fev). Durante o inverno, a densidade total diminui devido, principalmente, à redução de poliquetos, aumentando a contribuição relativa de gamarídeos na macrofauna total. Mesmo considerando-se apenas o período do verão, intervalos de 2-3 meses parecem ser suficientes para acarretar mudanças na abundância da macrofauna, provavelmente em resposta ao aumento de aporte orgânico durante o verão, seja pelo aumento na produção - 109 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica primária da coluna d’água ou do sedimento. Variações temporais interanuais na composição da macrofauna são também significativas (Figura 5.2.27), mas parecem refletir variações anuais no processo de congelamento e degelo da baía como um todo sem apresentar ciclos definidos. Stress: 0,07 Stress: 0,07 1998-1999 v 1999 2000-2001 1997-1998 i 2002-2003 2003-2004 A B Figura 5.2.27. Diagrama de MDS baseado nos dados de densidade de macrofauna em frente à EACF entre 1997 e 2004. Fontes: Echeverria (2002), Bromberg (2004) e GEAMB (dados não publicados). A – amostras referentes ao verão (v) e inverno (i). B- amostras referentes as operações antárticas ocorridas entre 1997 e 2004. Megafauna A megafauna constitui-se de animais relativamente grandes, geralmente acima de 2 cm, e que podem ser facilmente observados a olho nu ou por meio de fotografias (Gray, 1981). Trata-se de um conceito prático, mas que pode refletir diferenças importantes no que diz respeito a sua contribuição para a biomassa bentônica e seu papel no fluxo de energia e matéria dentro do sistema bentônico. Na baía do Almirantado, a maior parte da megafauna é composta por organismos sésseis pertencentes à epifauna como esponjas, ascídias e cnidários e por organismos sedentários ou vágeis como estrelas, crustáceos, nemertinos, ouriços-do-mar e nudibrânquios (Jazdzewski et al., 1986, Nonato et al, 2000). Alguns são encontrados enterrados no sedimento como alguns bivalves de grande porte, poliquetos e ofiuróides. Essa fauna, principalmente aquela formada pelos organismos sésseis, é a mais sensível a distúrbios ambientais, principalmente aqueles relacionados à ação mecânica do gelo. Conseqüentemente, essa fauna é extremamente pobre nos primeiros 15 a 20m de profundidade, onde a freqüência desses distúrbios é elevada, sendo mais abundante e rica a partir dos 30-40 m de profundidade (Sahade et al., 1998; Nonato et al., 2000). Os dados sobre esse tipo de fauna na baía do Almirantado restringem-se, principalmente, aos obtidos pelos pesquisadores poloneses e brasileiros. Devido à grande dificuldade logística de se amostrar esse tipo de fauna, a sua caracterização fica limitada a censos visuais obtidos por mergulho autônomo em profundidades de até 25m (Brito et al., 1997a, Nonato et al., 2000), onde essa fauna não é tão rica e as coletas esporádicas, - 110 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica feitas por pegadores de fundo como van Veen ou corers, que costumam subamostrar esse organismos de maior porte. Conseqüentemente, não há análises quantitativas mais precisas dessa fauna. Entretanto, os dados de megafauna de 3 verões austrais (1989/90, 1990/91 e 1994/95) entre 6 e 25m de profundidade na área em frente à EACF (Nonato et al., 2000) confirmam a ausência de organismos sésseis (esponjas, ascídias) nas áreas mais rasas, onde predominam organismos vágeis como Nacella concinna, vários anfípodes (Gondogeneia antarctica, Paramoera walkeri, Bovallia gigantea) e o isópode Serolis polita. Na zona entremarés e na área adjacente, até a profundidade de 4m, há predomínio de fundos de seixos sobre sedimento arenoso e na praia são encontrados, com grande freqüência e abundância, fragmentos de macroalgas, principalmente dos gêneros Desmarestia, Himantothallus e Leptosomia, depositados pelas marés e ressacas, sendo a epifauna praticamente ausente em seu nível superior. O gastrópodo Nacella concina aparece em níveis inferiores, sendo mais abundante entre 3 e 4m de profundidade. Os espaços entre os seixos no infralitoral encontram-se colonizados por uma grande variedade de anfípodos (Gondogeneia antarctica, Paramoera walkeri, Bovallia gigantea). Espécies como o isópodo Glyptonotus antarcticus e o nemertíneo Parborlasia corrugatus são, ocasionalmente, encontradas nessas profundidades. A partir dos 5m, tem início uma zona de transição de seixos para fundos tipicamente arenosos com até 96% de areia. Nos fundos arenosos, aos 6 m, N. concina é encontrada em baixas densidades, o isópodo Serolis polita aparece em altas concentrações aos 11m juntamente com os primeiros exemplares do bivalve Laternula elliptica, de P. corrugatus e do ouriço-do-mar Sterechinus neumayeri. A faixa entre 15 e 20m caracteriza-se pela topografia peculiar constituída de vales e montes escavados pela parte inferior de icebergs (ice-scours). A fauna constitui-se de poucas formas sésseis. S. polita ainda é abundante, assim como P. corrugatus, L. elliptica e o gastrópodo Neobuccinum eatoni. Aos 25m, o fundo torna-se mais plano e os sedimentos um pouco mais finos, chegando a argilo-siltosos. L. elliptica é mais abundante nessa profundidade. As formas sésseis como esponjas, ascídias e actínias, assim como o isópodo G. antarcticus, o ofiuróide Ophionotus victoriae e algumas estrelas atingem sua maior densidade também aos 25m. As condições mais estáveis nessa faixa batimétrica permitem uma fauna mais diversa, sendo essa região ainda muito próxima da EACF (de 100 a 200m de distância da praia). Entre 25 e 45m, uma comunidade formada principalmente por L. elliptica e O. victoriae foi observada por filmagem remota. Abaixo dos 30m, ascídias e esponjas foram encontradas em grandes concentrações e octocorais da ordem Pennatulacea foram, pela primeira vez, observados (Figura 5.2.28). Jazdzewski & Sicinski (1993) consideram, inclusive, a isóbata de 30m como zona de transição faunística na parte central da baía do Almirantado quando começam a ocorrer os briozoários e ascídias, contribuindo, juntamente com ofiuróides, para a maior parte da biomassa desse tipo de fauna no infralitoral raso. - 111 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica As espécies de megafauna encontradas na baía do Almirantado (Anexo 1) são similares àquelas observadas em outros pontos da região antártica (Kirkwood & Burton, 1988, Rauschert, 1991, Sakurai et al., 1996, Sahade et al., 1998). As diferenças encontradas entre os dados obtidos na enseada Martel (Nonato et al, 2000, Echeverria, 2002) e os de outras áreas da baía pelo poloneses (Jazdzewski et al., 1986) sugerem que esse tipo de fauna varia em resposta a diferentes condições ambientais, principalmente no que diz respeito ao tipo de substrato e condições hidrodinâmicas. Figura 5.2.28. Distribuição batimétrica da megafauna em frente à EACF. Extraído de Nonato et al. (2000) Ponta Yellow A área de ponta Yellow, próxima à geleira Stenhouse, recebe um grande aporte de água doce. Os seixos típicos da região entremarés em Ferraz são ausentes e uma praia de areia grossa é encontrada com uma transição para areia mais fina e lamosa de acordo com o aumento da profundidade, que, a 40m de distância da costa, atinge 25m. A partir dos 6m, uma densidade alta do ouriço S. neumayeri, homogeneamente distribuído, é encontrada. N. conccina não é freqüente e alguns poucos espécimens de S. polita estão presentes. Abaixo dos 12m, observa-se uma fauna rica de ascídias, esponjas, L. elliptica e poliquetas. Ponta Plaza A área em frente à ponta Plaza é rasa por uma longa extensão. Aos 100m de distância da costa, a profundidade é de 5m. O fundo é similar ao de Ferraz na mesma - 112 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica profundidade, com seixos de diferentes tamanhos; muitas vezes, cobertos com algas calcárias e macroalgas. A fauna, no entanto, é um pouco mais variada. Algo peculiar sobre o local é a presença, em altas densidades, de organismos jovens, sugerindo tratar-se de uma área-berçário. Enseada Martel Além das áreas acima, cujas observações foram realizadas com mergulho autônomo, imagens obtidas através de filmagens remotas no verão de 2001 nas profundidades entre 20 e 30m revelaram uma heterogeneidade nas dominâncias de organismos em diferentes áreas da enseada Martel. A análise dessas imagens mostrou uma ampla dominância de macroalgas recobrindo o fundo nas estações próximas aos glaciares (Stenhouse, Goetel e Krak), enquanto as estações localizadas em áreas mais expostas (próximas à entrada da enseada) evidenciaram uma alternância de manchas de macroalgas e de sedimento. Na estação localizada em frente ao glaciar Dobrowolski, observou-se um padrão mais diferenciado com densidades altas do ouriço Sterechinus neumayeri, e do bivalve Laternula. elliptica (Figura 5.2.29A), sendo que as macroalgas não foram observadas. Excetuando a estação próxima ao glaciar Goetel, que apresentou feições de fundos mais irregulares, as demais áreas aparentam ser mais planas, embora a deposição de macroalgas em possíveis escavações do fundo, fato verificado pelos mergulhadores em frente à Ferraz, possa mascarar essa situação. Altas concentrações de crinóides foram observadas perto de ponta Botany (Figura 5.2.29B), do ofiuróide Ophionotus victoriae, próximo ao Glaciar Wanda (Figura 5.2.29C) e de octocorais, nas imediações de ponta Hennequin (Figura 5.2.29D), indicando uma distribuição em manchas, característica de comunidades bentônicas antárticas. - 113 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica A B C D Figura 5.2.29. Megafauna da baía do Almirantado (imagens digitalizadas a partir de filmagem efetuada com câmera remota) A. Glaciar Dobrowolski, Sterechinus neumayeri (Echinodermata: Echinoidea) e Laternula elliptica (Mollusca: Bivalvia); B. Ponta Botany, crinóides (Echinodermata: Crinoidea); C. Glaciar Wanda, Ophionotus victoriae (Echinodermata: Ophiuroidea); D. Ponta Hennequin, Octocorais (Cnidaria: Octocorallia). - 114 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica O mapeamento dessas ocorrências pode ser de extrema importância para a escolha de áreas cuja presença de determinados organismos possa indicar condições de maior estabilidade. As diferenças encontradas entre os dados obtidos na enseada Martel (Nonato et al, 2000, Echeverria, 2002) e os de outras áreas da baía pelo poloneses (Jazdzewski e Sicinski, 1993) sugerem que esse tipo de fauna varia em resposta a diferentes condições ambientais, principalmente no que diz respeito ao tipo de substrato e às condições hidrodinâmicas. Rochedo Napier Apesar da maior parte da baía do Almirantado ser constituída por fundos não consolidados, as poucas áreas de fundos rochosos são as que apresentam a fauna mais rica composta, principalmente, por organismos sésseis e filtradores. O rochedo Napier, localizado na entrada da baía do Almirantado, chega a atingir 100m de profundidade no lado mais exposto. Sua topografia consiste, basicamente, de duas lajes nas faces norte e sul. A porção mais rasa é densamente coberta por macroalgas, principalmente Desmarestia, que, gradualmente, é substituída por Himanthotalus e Cystophera. Sobre as algas, vivem gastrópodos, anfípodos, isópodos, nudibrânquios, holotúrias e até estrelas como Labidiaster annulatus. Entre os rizóides e sobre a rocha, observa-se uma comunidade rica, principalmente nas fendas, que tem as suas paredes cobertas por braquiópodos e bivalves. Na região entremarés, até uns 6m de profundidade, Nacella é bastante abundante e continua a ser comumente observada até 25m de profundidade sobre as algas. Aos 3m de profundidade, pantópodos são freqüentes sobre as rochas e uma espécie de octocoral da ordem Stolonifera também aparece nas fissuras. Abaixo dos 6m, os primeiros briozoários, hidrozoários, esponjas, holotúrias e o octocoral Alcyonium aparecem. Aos 15m, um grande número de espécies compete por espaço: muitas esponjas, ascídias solitárias e coloniais, holotúrias, nudibrânquios, isópodos, pantópodos, braquiópodos, gastropódos, poliquetas e octocorais, com um aumento da cobertura de esponjas e gorgônias entre 20 e 25m. Nessa profundidade, uma maior diversidade é encontrada. A partir dos 25m, a fauna é constituída, principalmente, de gorgônias, formando densos agregados ao longo das lajes. Esquema simplificado dessa zonação é apresentado na Figura 5.2.30. - 115 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Distância Kelp 67,0 ± 24,1 cm Gorgônias 34,6 ± 6,0 cm Esponjas 19,7 ± 3,1 cm Esponjas massivas/ Octocorais Briozoários/ Braquiópodes 11,1 ± 1,2 cm 5,7 ± 1,7 cm Figura 5.2.30. Diagrama esquemático da estrutura da comunidade bentônica encontrada no rochedo Napier. Existem 5 camadas distintas dominadas por kelps, gorgônias, esponjas eretas, esponjas compactas, octocorais e briozoários/ braquiópodos. As distâncias médias e desvio padrão são fornecidos. Invertebrados associados a macroalgas As macroalgas representam um recurso espacial importante para as comunidades de pequenos invertebrados marinhos e sua morfologia, quanto mais complexa, propicia maior quantidade de espaço disponível, maior variedade de recursos espaciais, aumento da disponibilidade de alimento, maior proteção contra a predação e ameniza a ação de ondas e a dessecação na zona das marés (Edgar & Moore, 1986). Na Antártica, fundos consolidados contêm ricas comunidades de macroalgas que representam um dos mais importantes elementos das zonas litorâneas, sendo que, na baía do Almirantado, cobrem cerca de 30% do fundo e podem contribuir significativamente para o aporte de matéria orgânica ao sedimento, principalmente em áreas mais rasas (RakuzaSuszczewski & Zielinski, 1993). No entanto, são poucos os estudos sobre o fital de macroalgas em região Antártica (Piera, 2005). No verão de 2000/2001, foi realizado um estudo com a finalidade de se conhecer quali e quantitativamente a macro e a meiofauna bentônicas associadas a diferentes espécies de algas com diferentes morfologias em distintos locais na baía do Almirantado (Mieldaziz et al., 2004; Piera, 2005; Mieldaziz, Gurgel, Hirama & Corbisier, comunicação pessoal). As coletas foram realizadas por meio de mergulho autônomo entre 4 e 12 m de profundidade no rochedo Napier, situado em uma área mais dinâmica no rochedo O’Connor e em uma área rochosa próxima ao Glaciar Wanda, ambos na enseada Martel, sob menor ação de correntes. As algas analisadas foram Desmarestia sp (talo ramificado), Monostroma sp (fronde foliácea), Palmaria decipiens (fronde foliácea simples), Myriogramme mangini (talo subcilíndrico ramificado, com frondes terminais foliáceas) e Phaeurus antarcticus (com ramos cobertos por filamentos pilosos). Com relação à meiofauna, Copepoda foi o grupo mais abundante, em geral, seguido - 116 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica de Nematoda, em todas as algas e locais, exceto em Myriogramme, no rochedo Napier, onde Nematoda e Bivalvia foram dominantes. As densidades variaram, em média, de 245 (± 37) a 33.830 (± 39.829) indivíduos em 500 mL de alga. As densidades da meiofauna em Desmarestia, uma alga ramificada com talo filamentoso, foram bem menores no rochedo Napier do que nos outros dois locais (Figura 5.2.31). As diferenças foram mais evidentes entre os locais, sendo que as algas na enseada Martel, situadas em locais menos dinâmicos que o rochedo Napier, apresentaram maior densidade da meiofauna. A forma das algas não foi o fator preponderante para determinar a composição da meiofauna, pois na alga Desmarestia, ramificada, a composição foi semelhante nos três locais, embora as densidades tenham sido diversas. Apenas a alga Myriogramme, de forma mais complexa, mostrou uma composição da fauna diferenciada, com Bivalvia e Ostracoda suspensívoros, além de Nematoda, no rochedo Napier devido à maior dinâmica desse local. As densidades da meiofauna em Desmarestia nos dois locais da enseada Martel, os rochedos O’Connor e Wanda, foram comparáveis às observadas nessa alga em frente à EACF no verão de 1997 e não sugerem efeito de enriquecimento orgânico nesse local (Nascimento et al., 2000). Quanto à macrofauna, a forma da alga foi um dos fatores principais para determinar o grupo taxonômico mais importante. Nas algas com o talo mais ramificado, como Desmarestia e Phaeurus, Amphipoda foi dominante, enquanto nas com frondes foliáceas, como Monostroma, Myriogramme e Palmaria, além de Amphipoda, invertebrados que rastejam como Gastropoda e Polychaeta, foram dominantes ou codominantes. Além da forma da alga, a dinâmica do local também influenciou a dominância, sendo que Bivalvia, um grupo suspensívoro, foi expressivo no rochedo Napier sob maior intensidade de correntes. Por outro lado, a maior concentração de sedimentos em suspensão limitou a ocorrência desse grupo no interior da enseda Martel. A densidade da macrofauna apresentou ampla variação, de 159 (± 59) a 25.669 (± 18.784) ind.L-1 de alga que na média, em comparação com outras regiões, é alta. As densidades da macrofauna e grupos taxonômicos principais foram maiores no glaciar Wanda e menores no rochedo Napier, exceto Bivalvia, que foi mais abundante nesse local (Figura 5.2.32). - 117 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Meiofauna - Rochedo Napier 2500 2000 1500 1000 500 0 Desmarestia Phaeurus Myriogramme algas Meiofauna - Glaciar Wanda 30000 20000 10000 0 Desmarestia M o no stro ma P almaria alg as Meiofauna- Rochedo O'Connor 60000 50000 40000 30000 20000 10000 0 Desmarestia M onostroma M yriogramme a lga s Nematoda Copepoda Polychaeta Bivlavia Amphipoda Acarii Rotifera Outros Ostracoda Figura 5.2.31. Densidade média da meiofauna (ind. 500 mL-1 + erro padrão) em algas (por volume) na baía do Almirantado. Verão 2000/01. - 118 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Quanto aos Amphipoda, grupo dominante da macrofauna nas algas, foram encontradas 20 espécies e a composição em espécies foi relacionada, principalmente, à forma da alga, distinguindo-se as ramificadas das foliáceas pela grande dominância, nas primeiras, de Gondogeneia antarctica, seguida de Schraderia gracilis, espécies de maior tamanho e adaptadas à fixação. As algas foliáceas foram mais favoráveis à ocorrência de espécies mais delicadas com maior mobilidade como Parhalimedon turqueti, Probolisca ovata e Prothaumatelson nasutum (Piera, 2005). A riqueza em espécies e a diversidade de Amphipoda foram relacionadas à forma e à dinâmica do local. Nos locais sob menor intensidade de correntes, a maior diversidade ocorreu nas algas foliáceas. No local sob maior dinâmica, a maior diversidade foi relacionada à forma mais complexa de Myriogramme, ramificada com frondes foliáceas. 5.2.3. RELAÇÕES TRÓFICAS A transferência da produção primária pelágica para níveis tróficos superiores parece mais eficiente em altas latitudes do que em latitudes mais baixas. Uma grande proporção (30-96%) do carbono fixado anualmente durante o verão alcança o fundo (Wassman, 1991) e representa uma importante contribuição para o bentos. Esse acoplamento bentopelágico em águas neríticas frias, com alta produtividade primária sazonal, é bem estabelecido (Wada et al., 1987; Grebmeier et al., 1988; Hobson et al., 1995). Na Antártica, a zona marinha costeira, onde a cobertura de gelo varia ao longo do ano, há uma biomassa bentônica maior do que em locais mais profundos, o que sugere uma relação mais estreita entre a produtividade pelágica e a bentônica, especialmente em algumas partes da península Antártica (Grebmeier & Barry, 1991). Além da fonte pelágica, em ambientes costeiros polares, há outras fontes primárias de alimento, como as microalgas bentônicas, as microalgas associadas ao gelo e as macroalgas, que também contribuem com matéria orgânica para aquelas comunidades (Dayton et al., 1986; Kaehler et al., 2000; Dunton, 2001; Povero et al., 2001; Corbisier et al., 2004). A ecologia das comunidades bentônicas da zona costeira rasa da enseada Martel, na baía do Almirantado, vem sendo estudada pelo Brasil desde 1988, e observaram-se altos valores de densidade e biomassa do bentos nessa zona costeira, especialmente em frente à Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), como relatado anteriormente. - 119 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Macrofauna - Rochedo Napier 40000 ind. L-1 30000 20000 10000 320 159 0 Desmarestia Phaeurus Myriogramme algas ind. L-1 Macrofauna - Rochedo O'Connor 1000 500 0 Desmarestia Monostroma Myriogramme algas Macrofauna - Glaciar Wanda 30000 ind. L-1 20000 10000 683 1014 Monostroma Palmaria 0 Desmarestia algas Amphipoda Gastropoda Copepoda Isopoda Bivalvia Outros Polychaeta Figura 5.2.32. Densidade média da macrofauna (ind. L-1 + erro padrão) em algas (por volume) na baía do Almirantado. Verão 2000/01. - 120 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Quanto às relações tróficas, no verão de 1996/97, foi realizado o primeiro estudo na enseada, em frente à EACF. Analisou-se a ligação entre as diferentes fontes potenciais de energia e diferentes organismos da comunidade na zona costeira rasa por meio da análise da razão isotópica do carbono (δ13C) (Corbisier et al., 2004). Essa abordagem é baseada no princípio de que as razões isotópicas nos tecidos dos consumidores podem ser relacionadas, de modo previsível, àquelas de sua dieta (Michener & Schell, 1994). Em relação ao carbono, há pouca alteração (~1o/oo) da abundância relativa do 13 C entre os níveis tróficos do produtor primário ao consumidor primário, de modo que esse isótopo é útil como indicador de fontes de produção primária em sistemas nos quais fontes isotopicamente distintas ocorrem; por exemplo, fitoplâncton versus microfitobentos (Hobson et al., 1995; Corbisier et al., 2004). Na área em frente à EACF, foram identificadas três fontes primárias de matéria orgânica: o fitoplâncton, o microfitobentos e fragmentos de macroalgas (Figura 5.2.33). Há um acoplamento bento-pelágico entre o plâncton e suspensívoros como o bivalve Laternula elliptica, o ofiuróide Ophionotus victoriae e o peixe Chaenocephalus aceratus. Pastadores bentônicos como o gastrópode Nacella conccina, depositívoros como o bivalve Yoldia eightsi e os nematódeos mostram um estreito acoplamento com o microfitobentos e o sedimento. Vários depositívoros/ onívoros parecem ter uma dieta mista de fragmentos de macroalgas e matéria orgânica do sedimento, incluindo uma pequena quantidade de microfitobentos e/ou meiobentos. Carnívoros/ necrófagos bentônicos, tais como os isópodes Serolis polita e Glyptonotus antarcticus, a estrela do mar Odontaster validus, o nemertino Parborlasia corrugatus e poliquetos carnívoros, geralmente, mostram uma sobreposição considerável de valores das razões isotópicas de carbono ao longo da trama sem um acoplamento claro com as fontes primárias de matéria orgânica. Provavelmente, sua dieta consiste em uma ampla variedade de presas. O peixe Notothenia coriiceps é onívoro, alimentando-se de organismos bentônicos e pelágicos. Este estudo mostrou que, na baía do Almirantado, a trama trófica na zona costeira rasa, sob cobertura de gelo sazonal e com comunidades bentônicas de alta densidade e biomassa, é mais complexa do que em áreas oceânicas onde a matéria orgânica de origem pelágica é a principal fonte de alimento. - 121 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.2.33. Esquema das relações tróficas na zona costeira rasa da enseada Martel (Corbisier et al., 2004). A comunidade de fundos não consolidados na zona costeira rasa da enseada Martel apresentou uma amplitude de razões isotópicas de C maior do que em áreas oceânicas e valores maiores do δ13C devido à contribuição de carbono do microfitobentos e de fragmentos de macroalgas. No verão de 2000/01, Bromberg (2004) comparou as tramas tróficas em EACF e glaciar Wanda, na enseada Martel. As razões istotópicas de C dos organismos suspensívoros foram semelhantes nos dois locais. Alguns invertebrados pastejadores e depositívoros apresentaram razões mais altas em EACF que no glaciar, o que foi atribuído às diferenças no hidrodinamismo entre os locais, o que se reflete na assinatura de C do microfitobentos. Além disso, invertebrados carnívoros, como o nemertino Parborlasia corrugatus, que têm uma gama de presas disponíveis menor na área do glaciar, tiveram - 122 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica valores de δ13C menores que em EACF. Os poliquetos da infauna e os anfípodes foram analisados mais detalhadamente neste estudo. Os poliquetos mostraram uma ampla variação de razões, com valores próximos aos das macroalgas e nematódeos (Terebellidae e Tauberia gracilis), como do microfitobentos (Rhodine antarctica e Ophelina sp), mas a maior parte mostrou razões intermediárias entre essas fontes de alimento, sugerindo uma alta diversidade de hábitos alimentares. O mesmo foi observado em relação aos anfípodes, o que reflete, também, um amplo espectro de estratégias alimentares. A comparação dos resultados de EACF de 2000/01 com os do verão de 96/97 mostrou, em geral, razões mais altas no verão 2000/01, mais evidentes nos organismos depositívoros e necrófagos/ carnívoros, o que sugere uma diferença de contribuição de alguma fonte de matéria orgânica (Bromberg, 2004). No verão de 2003, as fontes de matéria orgânica e seu fluxo na trama trófica da comunidade bentônica costeira foram analisadas em quatro áreas da baía do Almirantado: EACF, ponta Botany, ponta Ullmann e Arctowski, situadas na AAEG, por meio da análise das razões isotópicas de C e N (Corbisier et al, em preparação) (Figura 5.2.35). Com relação ao nitrogênio, o δ15N dos organismos indica relações tróficas em um ecossistema, além de fornecer informação sobre a fonte de material orgânico, como é o caso do δ13C. O enriquecimento em 15 N ocorre com o nível trófico, um efeito que parece ser relativamente constante e tipicamente entre 3-4o/oo em comparação com a dieta (Michener & Schell, 1994). Desse modo, a posição trófica relativa dos organismos pode ser estimada usandose apenas medidas do isótopo estável de nitrogênio. O uso combinado de medidas de isótopos estáveis de carbono e nitrogênio de organismos marinhos, em conjunto com estudos mais convencionais de dietas, pode ser utilizado para obtenção de informações sobre relações e ecologia tróficas. Houve semelhanças entre as razões isotópicas dos componentes das comunidades dos quatro locais estudados, mas também diferenças marcantes, principalmente, entre Arctowski e os outros locais. Em Arctowski, área sujeita à alta dinâmica e sob influência de pingüineira, a comunidade bentônica da zona costeira rasa não depende da matéria orgânica do sedimento, mas sim da matéria orgânica particulada do plâncton (MOP) e das macroalgas, Himantothalus, principalmente, e de outra espécie ainda não identificada (Fig. 5.2.34A). O sedimento do local mostrou assinatura de δ15N muito alta (15 e 18 o/oo) claramente devido à presença das pingüineiras, que contribuem com material orgânico através de fezes e excretas. Mizutani e Wada (1988) relataram valores altos de assinaturas isotópicas de N em guano e solo de pingüineira na Antártica (13,4 a 31,8 o/oo). O δ13C do sedimento foi baixo (ao redor de -28 o/oo), valor próximo ao da MOP, possivelmente devido à maior dinâmica do local, situado na entrada da baía do Almirantado. Essa assinatura também pode estar relacionada à contribuição orgânica da pingüineira. O guano e o solo de - 123 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica pingüineira de pingüins de Adelia, que se alimentam de krill cujo δ13C é empobrecido em 13 C, apresentam valores similares aos obtidos em Arctowski (Mizutani & Wada, 1988). Nenhum organismo consumidor mostrou relação com o sedimento. Em Botany, observou-se uma distinção mais clara entre grupos de consumidores, uma parte dependente da MOP e do sedimento, ambos fontes de C com valores de assinaturas isotópicas próximos (Figura 5.2.34B). A outra parte dos consumidores está mais ligada ao microfitobentos. Nessa, área foram observados os mais baixos valores das assinaturas de δ15N nos consumidores. Em EACF, além das macroalgas e dos fragmentos de macroalgas da área submersa, também foram coletadas macroalgas encontradas na zona entremarés que apresentaram uma ampla variação de assinaturas isotópicas de δ13C (-27,1 a –10,6 o /oo) (Figura 5.2.34C). Esses resultados podem dificultar a análise das fontes de carbono para a comunidade, uma vez que os valores se sobrepõem. No entanto, as macroalgas coletadas na área submersa (Himantothallus e Desmarestia), disponíveis para o bentos, podem ser distintas do MOP e do microfitobentos pela assinatura de macroalga mais enriquecida em 13 C (Figura 5.2.34C). A 13 C foi Adenocystis, que não parece ser consumida por qualquer invertebrado. Um músculo de gaivotão (Larus) e dois ovos de petrel foram incluídos na análise (material cedido pelo Prof. M. Sanders). Observa-se que o material do gaivotão é o de mais alto valor de δ15N, característico de um predador de topo, e o valor de δ13C (-19, 9 o/oo) é próximo ao de sua principal fonte de carbono, o gastrópode Nacella conccina (- 17,8 o/oo) (Figura 5.2.34C). Em punta Ullman, a trama trófica da comunidade da zona rasa mostrou-se com uma parte dos componentes dependendo da matéria orgânica pelágica (MOP), outra do sedimento e uma terceira do carbono do microfitobentos (Figura 5.2.34D). As macroalgas coletadas Himantothallus e Desmarestia não se distinguiram do MOP em termos de assinatura de C e os anfípodes da espécie Waldeckia obesa podem ser os únicos organismos que utilizam esta fonte de C. Os outros organismos com valores próximos à MOP são ascídias, uma anêmona e o bivalve L. elliptica, todos suspensívoros. As três áreas situadas na enseada Martel, ao contrário de Arctowski, na entrada da baía, foram fortemente dependentes do microfitobentos e da matéria orgânica sedimentada, além da MOP pelágica e das macroalgas. - 124 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica A r ct o wski Pi ng ui nei r a 2 0 0 3 18 B ot a n y P oi nt 2 0 0 3 15 12 12 9 9 ° ° 15 6 6 3 3 0 0 -35 -30 -25 -20 -15 -30 -10 -25 -20 -15 -10 δ1 3 C -3 δ13 C s edi ment Hi mant ot hal l us Not ot heni a Kr i l l Des mar est i a Red al gae D. menz i esi i A l gae E A mphi p 1 A mphi p 2 A mphi p 3 net pl ankt on I sopoda Nemer t i nea P ant opoda Ser ol i s ovada A s t er oi dea 2 Ser ol i s Odont as t er P OM Nac el l a E c hi noi dea A mphi poda 4-6 macr oal gae mi cr ophy t sedi ment net pl ankt on A sc i di ac ea ped B i v al vi a Gast r opoda A mphi poda mi x Odont as t er Nemer t i nea P i st a P ol y/ Ol i gocahet a mi x Ophi onot us B r ada B ar r uki a Cumacea Y ol di a A gl aophamus P OM EA C F 2 0 0 3 Punt a U l lmann 2 0 0 3 15 15 12 12 9 ° 9 6 ° 6 3 3 0 -30 -25 -20 -15 δ1 3 C 0 -10 -35 mac r oal gae P OM net pl ank t on mi cr ophyt s edi ment o A s ci di acea P or i f er a Lat er nul a A mphi p Lys i anas i dae Ophi ur oi dea P ar bor l asi a Gl ypt onot us A nemona A pi s t obr anc hus Y ol di a Lei t osc ol opl os gai v ot ao Nacel l a Rodi ne B ar r uk i a Hi mant ot hal l us A pi s t obr anc hus Des mar est i a A denoc yst i s D. menzi es i i P r i apul i da -30 -25 -20 -15 -10 -3 -6 δ1 3 C P OM Hymant ot hal l us Des mar est i a mi c r ophyt sedi m Y ol di a Lat er nul a M ys el l a A sc i di ac ea Oct opus A s t er oi dea Gl ypt onot us A gl aophamus Lei t osc ol opl os Cumac ea T hi as i r a Wal dec ki a A mp Ly as P ar bor l as i a P r i apul i da Ol i goc haet a St er echi nus A nêmona Nudi br anchi a B i val vi a 1 B r ada Pi sta B ar r uki a net pl ankt on Figura 5.2.34. Relação dos valores do δ13C e δ15N dos organismos da trama trófica em 4 locais na baía de Almirantado: A. Arctowski; B. Botany; C. EACF e D. Ponta Ullman. Verão 2003. - 125 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 5.3. CENÁRIO ATUAL 5.3.1. SISTEMA AQUÁTICO MARINHO Indicadores Microbiológicos de Poluição Fecal em amostras de água Amostras de água foram coletadas durante o verão austral 2004/05 nas proximidades da Estação Antártica Comandante Ferraz para avaliar a extensão da contaminação pelo efluente lançado a partir do sistema de tratamento de esgoto na baía do Almirantado. A bactéria Escherichia coli foi utilizada como indicador de poluição fecal recente. A contagem de E. coli foi realizada através da Técnica dos Tubos Múltiplos, segundo o Standard Methods for The Examination of Water and Wastewater (APHA, 1995). Os resultados para E.coli (Figura 5.3.1) demonstraram que a área influenciada pelo esgoto se restringe às proximidades da EACF com níveis consideráveis desse indicador somente em frente ao lançamento do esgoto tratado e a ocorrência de dispersão total desses microrganismos a aproximadamente 200m metros do lançamento. Fugindo a esse padrão, baixos níveis de E.coli foram detectados em frente à desembocadura de uma área de escoamento de degelo próximo ao refúgio 1, que drena uma grande área ao sul da EACF. Uma vez que a presença de aves e mamíferos contribui, também, com a introdução desses microrganismos no ambiente (Hughes, 2003), essa área de escoamento poderia carrear uma possível contribuição de fonte animal apesar desse local não apresentar grande presença de aves nessa época do ano. A B Figura 5.3.1. A. pluma gerada a partir dos resultados obtidos na amostragem de água realizada em frente à EACF. B. pontos coletados. Nutrientes e Surfactantes No inverno de 2002, a baía do Almirantado sofreu congelamento. O degelo foi mais intenso no início do verão, sendo que, ao final de dezembro, boa parte do ambiente - 126 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica costeiro já estava exposta, sem a presença de gelo. No ano seguinte, a baía não congelou, mas o degelo da região costeira ocorreu mais lentamente durante o verão austral de 2003/04, sendo que, em janeiro de 2004, ainda havia gelo nas praias da baía. Esse fato pode ter influenciado o aporte de nutrientes do ambiente terrestre para o ambiente marinho via degelo. As maiores concentrações de fosfato e silicato ocorreram no verão de 2002/03, valores máximos de 5,67 e 145 µM, respectivamente; as dos nutrientes em 2002/03 podem estar associadas à indrodução via degelo, uma vez que os valores de salinidade, de um modo geral, foram menores naquele período em relação a 2003/2004. Assim, as condições climáticas e entradas via terrestre, marinha e atmosférica atuam fortemente nos processos biogeoquímicos. Considerando a legislação ambiental americana (EPA), os valores de surfactantes (os quais estão diretamente associados aos valores de polifosfatos, estes mais facilmente analisados), em geral, mostram uma situação de pouca influência antrópica. Comparando os verões austrais de 2002/03 e 2003/04, observou-se uma redução acentuada do teor de surfactantes, cerca de 2,5 vezes menor no segundo verão (2003/04). Apesar das concentrações muito baixas, é possível acompanhar a influência antrópica na região. Impacto do efluente no ambiente marinho Para estudarmos o impacto do efluente de esgoto no ambiente marinho, foi utilizado um submodelo de qualidade de água integrado ao modelo hidrodinâmico. Dessa maneira, a dispersão e advecção da pluma do efluente foram avaliadas considerando-se a concentração de bactérias E.coli (Figura 5.3.2). A vazão do efluente foi considerada constante ao longo de 40 dias de integração do modelo e estimada a partir do número de ocupantes durante o verão (~50 pessoas). O valor da vazão utilizado foi de 2,53 10-5 m3s1 , e a concentração inicial de bactérias foi 2,4 1010 NMP m-3 (ou 2,4 106 NMP/100 ml). Os resultados obtidos através desse modelo estão de acordo com os resultados reais de medição direta no ambiente. O ponto de máxima concentração foi 2,3 105 NMP m3 e sua localização coincide, aproximadamente, com a região modelada, onde a concentração é menor do que 3,2 105 NMP m-3. - 127 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.3.2. Pluma de concentração de E.coli, considerando o efluente da EACF. Resultado obtido após 40 dias de lançamento contínuo, levando em conta uma vazão de 2,53 10-5 m3s-1 e concentração inicial de 2,4 1010 NMP m-3. 5.3.2. SISTEMA BENTÔNICO Hidrocarbonetos de petróleo Análises de hidrocarbonetos nas amostras de sedimentos foram realizadas para fornecer dados para o delineamento assimétrico de múltiplos controles do tipo Beyond Baci proposto pela equipe da Prof. Lúcia Campos (UFRJ). Essa estratégia baseia-se num programa estatístico que correlaciona diversos parâmetros (bióticos e abióticos) de coletas simultâneas para distinguir impactos naturais de antrópicos. Foram feitas análises de hidrocarbonetos em amostras coletadas durante dois verões (2002/2003 – primeira e terceira fases e 2003/2004 - primeira fase). - 128 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Verão 2002/2003 Os hidrocarbonetos aromáticos podem ser sintetizados por algumas bactérias, plantas ou fungos e, ainda, podem ser liberados no mar pelas fendas naturais nos fundos oceânicos. Entretanto, no geral, acredita-se que as atividades antropogênicas são as maiores responsáveis pela entrada desses compostos no ambiente marinho (McElroy et al., 1989). As amostras da fase 1 apresentaram concentrações de aromáticos totais (HPA) variando de abaixo do limite de detecção a 45,50 ng.g-1, para a estação CF-2c, e na fase 3, de abaixo do limite de detecção a 233,50 ng.g-1, também para a estação CF-2c. As estações Ar-a e Ar-b (em Arctowski 20 e 30 m respectivamente) apresentaram valores de 47,69 e 61,81 ng.g-1. Todas as outras foram abaixo de 20ng.g-1. Pelos valores observados, podemos concluir que a área estudada está, de uma forma geral, com baixa introdução de hidrocarbonetos. Entretanto, foi possível evidenciar que o transecto em frente à saída de esgotos é o que recebe mais influência de hidrocarbonetos. A 60m de profundidade e alinhada com o heliponto da estação (saída do esgoto), existe uma área com valores de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos um pouco mais elevados que nas demais, principalmente no final do verão austral de 2002/03 (Figura 5.3.3). Os hidrocarbonetos alifáticos foram mais elevados na área da EACF no início do verão, não tendo sido registrados valores importantes nas amostras analisadas do final do verão (Figura 5.3.4). Os n-alcanos também foram ligeiramente mais elevados na frente de Ferraz, principalmente a 20m de profundidade (Figura 5.3.5). Figura 5.3.3. Concentração de HPA total (ng.g-1) no sedimento encontrado durante o início (novdez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP=ponta Botany; He= ponta Hennequin; MP=Machu Picchu; Ar= ponta Thomas, próximo a Arctowski. - 129 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Hidrocarbonetos Alifáticos Totais 10 20m 8 6 4 2 0 10 -1 ug.g 30m 8 6 4 2 0 10 60m 8 6 4 Mean+SE Mean-SE Mean 2 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Final do verão Início do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.4. Concentração de alifáticos (µg.g-1) no sedimento encontrado durante o início (novdez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP= ponta Botany; He= ponta Hennequin; MP=Machu Picchu; Ar= ponta Thomas, próximo a Arctowski. n-alcanos 0,5 20m 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0,5 -1 ug.g 30m 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 0,5 60m 0,4 0,3 0,2 0,1 0,0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean Final do verão Início do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.5. Concentração de n-alcanos (µg.g-1) no sedimento encontrado durante o início (novdez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP= ponta Botany; He= ponta Hennequin; MP=Machu Picchu; Ar= ponta Thomas, próximo a Arctowski. - 130 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Verão 2003/2004 Durante esse verão, os sedimentos foram coletados com testemunhadores (minibox-core) e foram feitas análises também nas camadas (2 em 2cm) até 10cm de profundidade da coluna sedimentar. Os valores de N-alcanos e HPAs totais para os sedimentos superficiais (camadas de 0-2cm) estão apresentados na figura 5.3.6. N-alcanos totais (ug/g) Totais HPAs (ng/g) 0,70 120 0,60 concentraçã ng/g concentraçã ug/g 100 0,50 0,40 0,30 0,20 80 60 40 20 0,10 0,00 0 CF1-20 CF1-60 CF2-20 CF2-60 CF3-20 BP-20 BP-60 Arct-60 MP-60 Heneq. 60 CF1-20 Estações de Coleta CF1-60 CF2-20 CF2-60 CF3-20 BP-20 BP-60 Arct-60 MP-60 Heneq. 60 Estações de Coleta Figura 5.3.6. Concentração de n-alcanos (µg.g-1) e HPAS (ng.g-1) no sedimento encontrado no verão 2003/2004 nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 2 profundidades (20 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP=Botany Point; He=Hennequin Point; MP=Machu Picchu; Ar=Thomas Point, próximo a Arctowski As concentrações de PAHs totais nos sedimentos superficiais foram baixas quando comparadas com regiões poluídas. Os valores para as amostras de sedimento superficiais ao longo da baía do Almirantado coletadas nessa época variaram de 12,1 a 100,8 ng.g-1, sendo que as maiores concentrações ocorreram mais próximas à EACF, da mesma forma que nos anos anteriores. Os maiores valores foram observados a 60m (100,8 ng.g-1) e a 20m (54,2 ng.g-1) de profundidade em frente aos tanques de óleo da EACF, a 20m de profundidade em frente à saída de esgoto (90,2 ng.g-1), a 60 m em frente ao Módulo de química da EACF (50,3 ng.g-1) e a 60 m de profundidade nas proximidades da estação polonesa de Arctowski (40,4 ng.g-1). De um modo geral, os PAHs foram, principalmente, os leves, em especial os naftalenos alquilados e fenantrenos (alquilados e não-alquilado). Esses compostos têm como origem principal petróleo ou derivados (Steinhauer & Boehm, 1992). Isso ocorreu nas amostras coletadas a 20 m e 60m, próximo aos tanques de óleo da EACF (CF1-20 e CF1-60), perto da estação de Machu Pichu. Alguns pontos, também nos arredores da EACF, apresentaram PAHs mais pesados, que devem ter como fonte produtos da queima de combustíveis fosséis vindos dos incineradores ou de algumas máquinas que utilizam óleo diesel e outros conbustíveis. Os n-alcanos também foram, ligeiramente, mais elevados na área da EACF, principalmente a 60m de profundidade (Figura 5.3.6). - 131 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica As amostras de sedimento abaixo de 2cm não apresentaram, necessariamente, concentrações mais baixas de PAHs totais que as amostras superficiais. A Figura 5.3.7 mostra a variação das concentrações totais de PAHs para amostras da coluna sedimentar das estações a 20 m de profundidade, próximo aos tanques de óleo (CF1-20) e à saída de esgoto (CF2-20). 100 CF1-20 90 CF2-20 80 70 60 ng/g 50 40 30 20 10 0 (0-2) (2-4) (4-6) (6-8) (8-10) cm Figura 5.3.7: Concentrações de PAHs totais (ng.g-1) em amostras da coluna sedimentar nas estações próximas aos tanques de óleo (CF1-20) e saída do efluente (CF2-20) da EACF. Para as amostras localizadas na frente do efluente da EACF (CF2-20), foi observada uma maior concentração de PAHs totais para o sedimento superficial (0-2cm) e, posteriormente, um decréscimo nessa concentração para as amostras mais profundas. Esse fato sugere um maior aporte desses compostos na área. O valor da razão Σ2-3/Σ4-6 para essa área (CF2), conforme ilustrado na Figura C, indica que existe um aumento desse valor. Já nas amostras superficiais, essa razão é menor que 0,5. Isso sugere um aporte, principalmente de PAHs de origem pirolítica, como queima de combustíveis fósseis na região de amostragem. Ainda de acordo com a Figura 5.3.7, para as demais profundidades de amostras de sedimento para essa região CF2, pôde-se observar uma diminuição da concentração total de PAHs e um aumento da razão Σ2-3/Σ4-6 (Figura 5.3.8), indicando uma menor introdução desses compostos, porém com maior contribuição petrogênica para tais compostos. Entretanto, para as amostras próximas aos tanques de óleo (CF2-20), observou-se que os valores permanecem, aproximadamente, constantes ou com pequeno aumento da superfície (54 ng.g-1) até a região de 4-6 cm (62 ng.g-1). Após essa faixa da coluna sedimentar, observou-se um aumento da concentração de PAHs totais para 92 ng.g-1 na faixa de 6-8 cm e uma grande queda a 10 cm (cerca de 27 ng.g-1). Esse fato pode sugerir uma diminuição de introdução de PAHs nessa área ao longo dos anos, especialmente ocasionada através de fontes petrogênicas como vazamentos dos tanques de óleo. - 132 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 5.3.8: Razão Σ2-3/Σ4-6 em amostras da coluna sedimentar nas estações próximas aos tanques de óleo (CF1-20) e saída do efluente (CF2-20) da EACF. De acordo com a Figura 5.3.8, essas amostras possuem valores de Σ2-3/Σ4-6 muito altos, indicando predominância petrogênica nessas amostras. Na faixa da coluna sedimentar de 4-6 cm, observou-se o maior valor para tal razão (33,27) devido à alta concentração de naftalenos (especialmente os alquilados) e baixa concentração de compostos aromáticos mais pesados, sugerindo uma contribuição fortemente predominante dos tanques de óleo em relação às outras fontes de PAH na área. Tanto com a avaliação dos dados pretéritos quanto com os valores observados na amostras coletadas nos verões 2002/2003 e 2003/2004, podemos concluir que a área estudada está, de uma forma geral, com baixa introdução de hidrocarbonetos antrópicos. Pode-se, entretanto, evidenciar que a área sob influência da EACF é a que recebe maior contribuição de hidrocarbonetos. Da mesma forma que o observado para os marcadores de esgoto, pode-se concluir que não ocorre uma dispersão acentuada desses contaminantes para a região adjacente à Ferraz. Indicadores químicos de poluição por esgotos As concentrações de esteróis fecais nas duas fases do verão 2002/03 foram similares, exceto para CF2 (30m), com pequeno aumento na concentração de esteróis fecais, e CF3 (60m), com uma diminuição no final do verão (Figura 5.3.9). A estação polonesa apresentou valores similares nas duas fases, não ultrapassando 0,3 µg.g-1. Apesar de um aumento no final da fase de verão para a estação CF2 (30m) e diminuição para CF3 (60m), as demais apresentaram variações menores que 20% entre as fases (Figura 5.3.10). Variações nas concentrações até 25% são aceitáveis para amostras ambientais devido à complexidade da matriz analisada (Le Blanc et al., 1992; Sherwin et al., 1993; Writer et al., 1995). - 133 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Dados de LABs da primeira fase (<1,00 - 35,37 ng.g-1) confirmam a tendência observada pelos esteróis fecais. Os maiores valores foram encontrados nas proximidades das estações de pesquisa brasileira e polonesa, principalmente da EACF. Os esteróis fecais nos sedimentos do verão 2003/04 tiveram a média do ano anterior mantida, exceto para CF2 (20-30m) que atingiu o valor de 0,95 µg.g-1 (tabela 5.3.1, Figura 5.3.11). cop + e-cop -1 cop+e-cop(µg.g sed. seco) 0,80 f ase 1 f ase 3 0,64 0,48 0,32 0,16 0,00 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2B CF-2C CF-3A CF-3B CF-3C Estações Figura 5.3.9. Ols fecais em sedimentos nas proximidades da EACF no início e final de verão 2002/2003. A – 20m, B – 30m e C – 60m de profundidade. Média e desvio padrão - cop + e-cop cop+e-cop g.g -1 0,80 0,64 0,48 0,32 0,16 0,00 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2B CF-2C CF-3A CF-3B CF-3C Estações Figura 5.3.10. Média e desvio-padrão de esteróis fecais em sedimentos no verão 2002-2003 - 134 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 5.3.1 - Concentrações de esteróis, coprostanona e LABs em sedimentos da camada superficial da baía do Almirantado, verão 2003/2004 (µg.g-1). profundidade cop + e-cop cop-ona LABs CF-1ª 20 m 0,18 0,38 < LD CF-1C 60 m nd 1,41 22,96 CF-2ª 20 m 0,95 4,71 1,37 CF-2C 60 m 0,21 0,74 8,92 BP-A 20 m 0,05 0,13 < LD BP-C 60 m nd 0,45 < LD MP-C 60 m 0,07 0,66 < LD AR-C 60 m 0,35 0,96 22,78 Ols -XXII (µg/g) 1,00 0,80 0,60 0,40 0,20 0,00 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2C BP-A BP-C AR-C MP-C BP-C AR-C MP-C BP-C AR-C coprostanona -XXII (µg/g) 5,00 4,00 3,00 2,00 1,00 0,00 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2C BP-A LABs -XXII (ng/g) 50 40 30 20 10 0 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2C BP-A MP-C Figura 5.3.11 – Concentrações de esteróis fecais, coprostanona e LABs em sedimentos da camada superficial da baía do Almirantado, final do verão 2003/04 - 135 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Comparando-se os dados de esteróis fecais e coprostanona nos dois verões 2002/03 e 2003/04 (Figura 5.3.12), observa-se uma tendência de aumento da contribuição de esgoto principalmente nas proximidades da EACF. Dados de LABs da primeira fase (<1,00-35,37 ng.g-1) e da terceira fase (5,3738,41 ng.g-1) do verão 2002/03 confirmam a tendência observada pelos esteróis fecais. Os maiores valores foram encontrados entre 20-60 m de profundidade, próximo às estações de pesquisa brasileira e polonesa. No verão 2003/04, o padrão observado para os LABs foi similar ao verão anterior, porém com a maioria dos valores abaixo do limite de detecção (Fig.5.3.11), indicando que esse parâmetro também está sujeito a variações interanuais. Ols -XXII (µg/g) Ols -XXI (µg/g) 1,0 1,0 0,8 0,8 0,6 0,6 0,4 0,4 0,2 0,2 0,0 0,0 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2C BP-A BP-C AR-C CF-1A MP-C CF-1C coprostanona -XXI (µg/g) CF-2A CF-2C BP-A BP-C AR-C MP-C coprostanona -XXII (µg/g) 5,0 5,0 4,0 4,0 3,0 3,0 2,0 2,0 1,0 1,0 0,0 0,0 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2C BP-A BP-C AR-C MP-C CF-1A CF-1C LABs -XXI (ng/g) CF-2A CF-2C BP-A BP-C AR-C BP-C AR-C MP-C LABs -XXII (ng/g) 50 50 40 40 30 30 20 20 10 10 0 0 CF-1A CF-1C CF-2A CF-2C BP-A BP-C AR-C MP-C CF-1A CF-1C CF-2A CF-2C BP-A MP-C Figura 5.3.12 - Concentrações de esteróis fecais, coprostanona e LABs em sedimentos da camada superficial da baía do Almirantado durante o final dos verões 2002/03 e 2003/2004. - 136 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Embora, para a grande maioria das amostras analisadas, os LABs estiveram abaixo do limite de detecção do método (LD), observou-se uma dominância dos C13, C12 e C11, considerando as amostras que apresentaram os isômeros das séries homólogas analisadas com concentrações acima dos limites de quantificação do método. Essa predominância é comumente observada em locais contaminados por esgotos (Hong et al., 1995; Takada & Ishiwatari, 1990). Indicadores microbiológicos de poluição As bactérias do grupo dos coliformes e E.coli são indicadores microbiológicos de poluição de origem fecal humana e animal, tradicionalmente empregados na avaliação de diferentes ambientes (Noble et al., 2004). O comportamento desses indicadores no ambiente marinho antártico ainda está sendo avaliado, mas sabe-se que esses microrganismos, quando introduzidos em grandes quantidades, podem passar a fazer parte da flora intestinal de focas, aves e invertebrados marinhos. Os coliformes e E.coli são indicadores de contaminação recente e o Clostridium representa um indicador de poluição remota. Este é, também, mais resistente às condições adversas do ambiente e às condições anóxicas dos sedimentos. A pesquisa desses indicadores na baía demonstra, principalmente, o impacto pontual do lançamento do efluente do esgoto tratado da EACF, seja no sedimento ou na coluna d’água, onde pode ser verificada a formação de uma pluma de contaminação. A interpretação da presença do metano, ainda que não exclusiva, pode ser relacionada com maior disponibilidade de matéria orgânica facilmente degradável, como é o caso dos esgotos sanitários. O metano é um gás de efeito estufa e um dos principais produtos finais das transformações microbianas da matéria orgânica sob condições anóxicas. Ambientes naturais ou antrópicos, como pântanos, alagados, habitats marinhos e de água doce (sedimentos), áreas agrícolas (plantação de arroz) e de pecuária intensiva, bem como aterros sanitários e sistemas de tratamento anaeróbio de águas residuárias, encerram as mais relevantes fontes de produção do gás metano. A pesquisa sobre a produção biogênica de metano na baía do Almirantado ainda está em andamento, mas uma reflexão sobre as condições já estudadas da baía mostra que pode haver estímulo à metanogênese pela presença de compostos orgânicos tanto de origem humana como de animal. A classificação da produção biogênica de metano como indicador de curto, médio ou longo prazo deverá, ainda, ser determinada através dos estudos que estão sendo realizados na baía do Almirantado. Bactérias indicadoras de poluição de origem fecal e produção biogênica de metano Os indicadores usados para avaliar as amostras de sedimento foram as bactérias Escherichia. coli, Clostridium pergringens e Enterococos, que indicam poluição fecal, e a produção biogênica de metano. No caso das bactérias indicadoras de poluição fecal, os - 137 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica maiores valores foram obtidos próximos ao lançamento de esgoto e foram decrescendo com a distância até atingir níveis abaixo da faixa de detecção das técnicas (Figura 5.3.13). Esses resultados indicam que há um impacto de pequeno porte na área próxima ao lançamento do efluente do sistema de tratamento de esgoto. Os resultados obtidos confirmaram a E. coli como um indicador de poluição recente e de distribuição limitada às proximidades do lançamento de esgoto (Figura 5.3.14). O C. perfringens, por sua vez, mostrou-se como o indicador mais apropriado para o estudo de poluição remota e, embora sua presença tenha sido observada em diversos pontos na baía do Almirantado, foi possível detectar populações aparentemente maiores em Ferraz, em frente ao heliponto (CF2), e ponta Botany. Novas análises realizadas durante o verão austral 2004/05 em CF2, ponta Botany e Macchu Picchu, confirmaram a presença de C. perfringens apenas nas duas primeiras áreas, tanto na faixa batimétrica de 20-30m quanto na de 50-60m (Figura 5.3.15). A determinação da presença biogênica do metano nas amostras de sedimentos do verão austral 2003/04 revelou atividade da microbiota metanogênica nos pontos amostrados na frente da EACF e, também, em uma área considerada menos sujeita à atividade antrópica. A interpretação da presença do metano, ainda que não exclusiva, pode ser relacionada com maior disponibilidade de matéria orgânica facilmente degradável, como é o caso dos esgotos sanitários. Além da área influenciada pelo esgoto restringir-se às proximidades da EACF, foi constatada a presença de E. coli, C. perfringens, nos sedimentos coletados em ponta Botany, área livre de atividade humana. Porém, a presença de aves e mamíferos também pode contribuir com a introdução desses microrganismos no ambiente, o que, talvez, explique respostas de produção de metano em ponta Botany, além dos elementos naturais responsáveis pela metanogênese. Do mesmo modo, os estudos sobre enumeração de organismos degradadores de hidrocarbonetos mostraram que um número maior foi encontrado em frente aos tanques de óleo (CF3), na zona entremarés. A área em frente ao lançamento do sistema de tratamento de esgoto (CF2) também apresentou valores significativos. Entretanto, o que chama atenção são os resultados das amostras provenientes de ponta Botany que, também, apresentaram números altos para uma área de referência livre de atividade humana. Essa área pode estar recebendo contribuição de outras, possivelmente da EACF, devido à circulação das correntes durante as variações de maré da baía do Almirantado, o que mais uma vez pode ser relacionado ao potencial metanogênico encontrado em pelo menos uma das réplicas desse local. Porém, esse potencial de influência da área da EACF precisa ser melhor investigado. - 138 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Presença de consórcios microbianos degradadores de hidrocarbonetos e estudos de diversidade de genes catabólicos Pela técnica de enriquecimento e isolamento, verificou-se a presença de consórcios degradadores de hidrocarbonetos nas amostras de sedimento da enseada Martel, ponta Thomaz, enseada Mackellar e ponta Ullman de coletas realizadas no verão austral de 2001/02. Na enseada Martel também foi verificada a presença de consórcios degradadores de bifenilos, diferente dos resultados obtidos para os outros pontos amostrais. Esses resultados podem estar relacionados à atividade antrópica na área devido à presença da EACF, ao lançamento do sistema de esgoto e à atividade logística na região. Levando-se em consideração a baixa ocorrência de consórcios degradadores de bifenilo, deve-se considerar o fato de que ele é uma molécula estável e de difícil degradação, enquanto os hidrocarbonetos podem ser facilmente biodegradados e encontrados amplamente na natureza, provenientes de fontes biogênicas, geoquímicas e antropogênicas. Além disso, ainda não existe uma relação muito clara entre níveis de contaminação e a presença de microrganismos degradadores. A técnica de PCR, aplicada para determinação da ocorrência de genes catabólicos nos consórcios, mostrou, até o momento, a presença dos genes alkB1 em quatro dos consórcios degradadores de óleo e no consórcio degradador de bifenilo. Esses resultados sugerem que Rhodococcus spp., um actinomiceto ubiqüitário, conhecido como degradador de hidrocarbonetos e a partir do qual foram desenhados os primers para o gene alkB1, pode ter um papel predominante na degradação desses compostos na Antártica. NMP/100g peso seco 1,0E+06 1,0E+05 E.coli 1,0E+04 C.perfringens Enterococos 1,0E+03 1,0E+02 1,0E+01 1,0E+00 0 10 20 50 200 Distância da saída de esgoto (m) Figura 5.3.13. Densidade de bactérias indicadoras de poluição fecal em amostras de sedimento coletadas durante a Operação XVIII (1999/2000) a partir da saída do efluente do sistema de tratamento de esgoto. - 139 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 900 NMP/100g peso seco 800 700 20m 600 30m 500 60m 400 300 200 100 0 EACF 2 Botany Point Machu Pichu Punta Hennequin Arctowski Figura 5.3.14. Densidade de Clostridium perfringens em amostras de sedimento coletadas durante a Operação XXII (2003-2004) nas isóbatas de 20, 30 e 60m. A diversidade dos microrganismos presentes nos consórcios degradadores foi analisada pela técnica de 16S DGGE. O índice de similaridade mostra que existem espécies comuns entre os consórcios isolados dos diferentes pontos amostrados na baía do Almirantado e que existem espécies encontradas somente em determinados pontos. Duas bandas provenientes da enseda Martel (FN3 e 27), já seqüenciadas, apresentaram homologia com o gênero Arthrobacter sp (AJ315071), pertencente ao filo Proteobacteria, já descrito como degradador de hidrocarbonetos. NMP/100g peso seco 100 10 Macchu Picchu (50-60m) Macchu Picchu (intermarés) Botany Point (5060m) Botany Point (20-30) Botany Point (intermarés) Ferraz 2 (50-60m) Ferraz 2 (20-30m) Ferraz 2 (intermarés) 1 Figura 5.3.15. Densidade de Clostridium perfringens em amostras de sedimento coletadas durante a Operação XXIII (2004-2005) na região intermarés isóbatas nas faixas de 20-30m e 50-60m. A aplicação de metodologias por técnicas moleculares aplicadas diretamente em amostras ambientais, além de detectar microrganismos cultiváveis in vitro, aumenta a probabilidade de detecção de microrganismos não cultiváveis e oferece novas - 140 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica oportunidades para análise e determinação da composição e da diversidade genética dentro de uma população (Scholer et al., 2000). Diversas técnicas moleculares, denominadas marcadores moleculares, foram desenvolvidas objetivando um estudo mais rápido e verídico de comunidades microbianas (Amman et al., 1995). A utilização da PCR (Reação em Cadeia da Polimerase) é evidenciada na maioria delas. Com o advento dessa técnica, genes podem ser seletivamente amplificados de misturas de DNAs, tanto artificiais (culturas) como naturais. Está sendo realizada a análise da diversidade de genes que codificam para enzimas e atuam na degradação de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos em amostras de sedimento de CF2 e ponta Botany (20m de profundidade) do verão austral de 2003/04. A metodologia utilizada é a de construção de biblioteca genômica pela extração do DNA total da comunidade diretamente do sedimento, isolamento dos genes pela técnica de PCR e emprego de primers degenerados e clonagem. Até o momento, foi detectada a presença de genes que hidroxilam cadeias alifáticas de hidrocarbonetos (alcano monooxigenasesalk) e de genes que hidroxilam anéis aromáticos (ARHDs) tanto em ponta Botany como em CF2. O procedimento, agora, é verificar quais genes específicos estão presentes nas áreas amostradas e a diversidade deles. A análise parcial dos genes alcano monooxigenases nas amostras de CF2 indicou a presença de genes putativos a alcano monoxigenases alkM e alkB. A seqüência de nucleotídeos no DNA que codificam para essas enzimas não é reconhecida e identificada em bancos de dados genômicos de referência como o Genbank, mas a proteína, em si, é reconhecida e identificada, sugerindo que esses genes sejam novos, ainda não registrados pela comunidade científica, cujo estudo nos outros locais amostrados (ponta Botany e amostras do Brasil) fornecerá subsídios para inferências relativas ao seu comportamento endêmico . Hidrocarbonetos são componentes abundantes no universo, e a presença de microrganismos capazes de degradar esses compostos é de essencial importância para a atividade da vida em qualquer ambiente, pois esse processo faz parte da reciclagem e ciclo do carbono. Em ambientes como a Antártica, esse processo de biodegradação pode ser retardado pela baixa temperatura, fator ambiental que modifica a cinética da atividade metabólica microbiana e a cinética de replicação celular. - 141 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Metais pesados Em relação aos metais analisados no sedimento, as concentrações biodisponíveis do Ferro apresentam um ligeiro aumento na enseada Martel a 20m quando comparadas às áreas de referência, com exceção de Macchu Picchu (Figura 5.3.16), o mesmo ocorrendo em relação ao Cobre (Figura 5.3.17). Já o Manganês apresentou valores bem mais elevados na enseada Martel a 20m principalmente em ponta Botany (Figura 5.3.18) (Schaefer et al., 2004a, Santos et al., 2005). O Zinco foi o único metal que se apresentou mais elevado na frente da EACF a 20m de profundidade que nas outras áreas, incluindo ponta Botany, que faz parte da mesma enseada (Figura 5.3.19) (Santos et al., 2005). Esses autores indicam que ocorrem valores mais elevados nessa área a 60m de profundidade no início do verão austral de 2003/04, não se repetindo ao final do período analisado . Ferro 1000 20m 800 600 400 200 800 30m FE____MG 0 1000 600 400 200 0 1000 60m 800 600 400 200 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean Final do verão Início do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.16. Concentração biodisponível de Ferro (mg/Kg) no sedimento encontrado. durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao Helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP= ponta Botany; He= ponta Hennequin; MP=Machu Picchu; Ar= ponta Thomas, próximo a Arctowski. - 142 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Cobre 25 20m 20 15 10 5 0 25 30m mg/dag 20 15 10 5 0 25 60m 20 15 10 5 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean Final do verão Início do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.17. Concentração biodisponível de Cobre (mg/Kg) no sedimento encontrado durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP=ponta Botany; He= ponta Hennequin; MP=Machu Picchu; Ar= ponta Thomas, próximo a Arctowski. Manganês 100 20m 80 60 40 20 0 100 30m mg/dag 80 60 40 20 0 100 60m 80 60 40 20 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean Final do verão Inicio do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.18. Concentração biodisponível de Manganês (mg/Kg) no sedimento encontrado durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP=ponta Botany; He= ponta Hennequin; MP=Machu Picchu; Ar= ponta Thomas, próximo a Arctowski. - 143 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Zinco PROF___M: 20 20 15 10 5 mg/dag PROF___M: 30 0 20 15 10 5 PROF___M: 60 0 20 15 10 5 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 ID__FASE: 1 CF2 CF3 BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean ID__FASE: 3 ESTAÇÃO Figura 5.3.19. Concentração biodisponível de Zinco (mg/Kg) no sedimento encontrado durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1=Ferraz, frente aos tanques de combustível; CF2=Ferraz, frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3=frente ao módulo de Química; BP=ponta Botany; He= ponta Hennequin; MP=Machu Picchu; Ar= ponta Thomas, próximo a Arctowski. 5.3.3. EFEITOS NA BIOTA BENTÔNICA A Antártica ainda é considerada uma das últimas regiões do planeta a apresentar ambientes praticamente intocados pelo ser humano. Entretanto, nos últimos 30 anos, a atividade antrópica no continente tem se intensificado, seja pelo aumento das atividades das diversas estações de pesquisa, seja pelo aumento do turismo. A preocupação com as conseqüências ambientais desses aumentos tem se refletido em iniciativas de diversos países envolvidos no Tratado Antártico em avaliar e monitorar os efeitos de suas atividades nos ambientes antárticos terrestre e marinho. Comunidades bentônicas são um dos componentes do ambiente marinho mais adequadas a estudos de avaliação de impacto ambiental devido a suas características sedentárias e fixas em relação a fontes de contaminação e, também, porque os contaminantes em geral (metais, hidrocarbonetos de petróleo, surfactantes, entre outros) se acumulam nos sedimentos. Para inferir-se sobre qualquer impacto ambiental, pode-se adotar uma abordagem voltada à correlação entre os contaminantes e as variáveis biológicas observadas e adotar uma abordagem voltada para a realização de bioensaios. Entretanto, a relação de causa e efeito dos contaminantes só pode ser realmente estabelecida mediante uma interação dessas duas abordagens, comparando-se as comunidades entre diversas áreas (impactadas ou não), experimentos in vitro e in situ. - 144 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Efeitos na comunidade bentônica Para avaliar o potencial genotóxico de possíveis fontes de contaminação, peixes da espécie Trematomus newnesi foram coletados em local distante da EACF e expostos à água proveniente da zona costeira rasa em frente à saída do esgoto e em frente aos tanques de armazenamento de combustível. Essa exposição foi realizada em laboratório, em aquários com temperatura controlada e, também, diretamente no ambiente, confinando-se os animais em gaiolas. No verão de 2003-2004, foi colocada uma gaiola extra entre o esgoto e os tanques de combustível, em um local onde a água do degelo estava carregando óleo acumulado no solo. As ocorrências de micronúcleos e anormalidades nucleares dos eritrócitos desses peixes foram analisadas em esfregaços sangüíneos em dois verões consecutivos (2002/03 e 2003/04). Os micronúcleos (Mn) e anormalidades nucleares de eritrócitos (ENA) em peixes têm sido extensivamente utilizados para detectar efeitos genotóxicos (Al-Sabti & Metcalfe, 1995). Essas alterações são resultantes da ação de substâncias tóxicas sobre o DNA, cromossomos e membranas nucleares. Os micronúcleos são formados pela condensação de fragmentos acêntricos de cromossomos ou de cromossomos inteiros que não são incluídos no núcleo durante a anáfase, sendo, portanto, resultantes tanto de quebras dos cromossomos quanto de mau funcionamento dos centríolos (figura 5.3.20). Nas figuras 5.3.21 a 5.3.24, estão os dados de freqüências de ENA, Mn e as anormalidades nucleares consideradas separadamente, ou seja, núcleos lobados (L), reniformes (K) e segmentados (S), obtidos através dos bioensaios e dos experimentos in situ. Em todos os experimentos, tanto nos bioensaios quanto nos in situ, em ambos os verões, observou-se uma freqüência de Mn significativamente maior nos animais expostos em relação ao controle (figuras 5.3.21 a 5.3.24). Quanto à ENA, nos bioensaios de 2002/03, a exposição a ambos os tipos de água aumentou significativamente a freqüência de anormalidades dos animais expostos (p<0,05) (figura 5.3.23). Nos bioensaios de 2003/04, apesar da tendência geral de aumento das freqüências de ENA, esta foi significativamente maior nos peixes expostos à água proveniente das áreas rasas em frente aos tanques de combustível (p<0,05) (figura 5.3.24). Nos experimentos in situ, provavelmente devido à maior renovação da água, as freqüências de anormalidades foram sempre mais baixas do que as obtidas nos bioensaios. Entretanto, no experimento in situ de 2002/03 a freqüência de ENA, em relação ao controle, foi significativamente maior nos peixes expostos à água do esgoto (figura 5.3.23). Nos experimentos in situ de 2003/04, também observou-se tendência a aumento de ENA em todos os casos, que foi significativa apenas nos animais do grupo “extra”, expostos à água de degelo (figura 5.3.24). Apesar das variações interanuais e entre bioensaios de laboratório e exposição in situ, verificou-se que as águas da zona costeira rasa proveniente da frente dos tanques de armazenamento de combustível e em frente à saída de esgoto provocaram efeito - 145 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica genotóxico nos peixes, verificável tanto pelo aumento da freqüência de Mn (em todos os casos) quanto pelo aumento das freqüências de ENA, conforme relatado acima. Além disso, foram coletadas amostras de brânquias e fígados de todos os peixes para análise histológica (em andamento) e determinação das atividades de enzimas de desintoxicação (EROD), que são sintetizadas como resposta à presença de compostos xenobióticos. Até o momento, verificou-se que as atividades das enzimas EROD são muito baixas, conforme já relatado para outras espécies de peixes. Essas atividades, entretanto, são ligeiramente maiores em animais expostos. Apesar de ser um método sensível e possível de ser utilizado com sucesso, os resultados indicam que o método de quantificação de Mn e ENA é simples, econômico e reproduzível, sendo, portanto, altamente recomendável para monitoramento ambiental. A B Figura 5.3.20. Eritrócito de Trematomus newnesi com núcleo normal (A) e com a presença de um micronúcleo (Mn em B) - 146 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica * p < 0,05; ** p < 0,01 Figura 5.3.21. Freqüência (0/00) de ENA (anormalidades nucleares eritrocíticas), Mn (micronúcleos), L (núcleos lobados), K (núcleos reniformes) e S (núcleos segmentados) em peixes do controle e em peixes expostos à água do mar coletada em frente aos tanques de combustível (Tank) e ao despejo de esgoto (Sewage) dos bioensaios de 2002-2003. * p < 0.05; ** p < 0.01 Figura 5.3.22. Freqüência (0/00) de ENA (anormalidades nucleares eritrocíticas), Mn (micronúcleos), L (núcleos lobados), K (núcleos reniformes) e S (núcleos segmentados) em peixes do controle e em peixes expostos à água do mar coletada em frente aos tanques de combustível (Tank) e ao despejo de esgoto (Sewage) dos bioensaios de 2003-2004. - 147 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica * p < 0.05; ** p < 0.01 Figura 5.3.23. Freqüência (0/00) de ENA (anormalidades nucleares eritrocíticas), Mn (micronúcleos), L (núcleos lobados), K (núcleos reniformes) e S (núcleos segmentados) em peixes do controle e em peixes expostos à água do mar coletada em frente aos tanques de combustível (Tank) e ao despejo de esgoto (Sewage) dos experimentos in situ de 2002-2003. * p < 0.05; ** p < 0.01 Figura 5.3.24. Freqüência (0/00) de ENA (anormalidades nucleares eritrocíticas), Mn (micronúcleos), L (núcleos lobados), K (núcleos reniformes) e S (núcleos segmentados) em peixes do controle e em peixes expostos à água do mar coletada em frente aos tanques de combustível (Tank) e ao despejo de esgoto (Sewage) dos experimentos in situ de 2003-2004. - 148 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Efeitos na trama trófica Nessa primeira fase de avaliação dos efeitos da atividade humana da Estação Antártica Comandante Ferraz no ambiente marinho bentônico (verão austral 2002/03), o objetivo principal foi tentar estabelecer relações espaciais entre a comunidade bentônica e as variáveis do sedimento, naturais e as potencialmente antrópicas. Mudanças nas características naturais do sedimento ou alterações causadas por contaminantes podem alterar a estrutura dessas comunidades, tanto no que diz respeito à abundância e riqueza da fauna como também em relação à composição específica e dominância. Além disso, procurou-se avaliar variações temporais intra-anuais que pudessem estar relacionadas ao aumento da atividade da EACF durante o verão já que o número de pessoas quadruplica nesse período (máximo 50 pessoas) com conseqüente aumento de esgoto e consumo de combustíveis fósseis. Nessa primeira avaliação integrada e multidisciplinar, além dos parâmetros ambientais, considerou-se apenas os dados biológicos referentes à macrofauna bentônica. Os resultados mostraram que a fauna bentônica apresentou uma certa variação espacial com uma densidade ligeiramente maior nas proximidades da EACF (CF1 e CF2), a 20m de profundidade, quando comparada com as áreas de referência (BP, He, MP e Ar), apesar de não significativa (p >0,05). Entretanto, a 30 e 60m, a abundância é significativamente menor na área da EACF (p <0,05). Em termos temporais, houve um ligeiro aumento da densidade total no final do verão, a 20m, nas áreas de referência e uma redução do número de indivíduos em CF2, a 60m, no final do verão. A variação da densidade com a profundidade é significativa (p < 0,01), principalmente entre os 20 e 30m (figura 5.3.25). Dentre os principais grupos de organismos da macrofauna bentônica, os anelídeos respondem pela variação da densidade total, sendo, de um modo geral, os mais abundantes. Conseqüentemente, as mesmas variações espaciais e temporais foram encontradas para esse grupo. Deve-se ressaltar a ocorrência de um aumento de anelídeos no final do verão em CF2 a 30m de profundidade (figura 5.3.26). Já os crustáceos de pequeno porte (anfípodes, cumáceos, tanaidáceos e isópodes), também muito abundantes a 20m, apresentaram uma tendência a ocorrerem, em maior quantidade, nas áreas de referência a 30 e 60m. Temporalmente, não houve variações significativas desse grupo (figura 5.3.27). O terceiro grupo mais abundante, o dos moluscos (constituídos principalmente pelos bivalves), foi representativo apenas a 20m, na frente da saída de esgoto da EACF (CF2), sem apresentar variações temporais significativas, apenas com ligeiro aumento da densidade de bivalves a 30m na mesma área (figura 5.3.28). - 149 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Densidade total 400 20m 300 200 0 400 30m 300 200 100 0 400 300 60m Número de indivíduos.L -1 100 200 Mean+SE Mean-SE Mean 100 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Final do verão Início do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.25. Densidade total da macrofauna encontrada durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev de 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em três profundidades (20, 30 e 60m). CF1 = Ferraz, em frente aos tanques de combustível, CF2 = Ferraz, em frente à saída de esgotos, CF3 = Ferraz, em frente ao módulo de química, BP =ponta Botany; He = ponta Hennequin; MP = Machu Picchu; Ar = ponta Thomas, próximo a Arctowski. 30m 60m Número de indivíduos.L -1 20m Annelida 350 300 250 200 150 100 50 0 350 300 250 200 150 100 50 0 350 300 250 200 150 100 50 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 Inicio do verão BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean Final do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.26. Densidade de Annelida encontrada durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em três profundidades (20,30 e 60m). CF1 = Ferraz, em frente aos tanques de combustível; CF2 = Ferraz, em frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3 = em frente ao módulo de Química; BP = ponta Botany; He = ponta Hennequin; MP = Machu Picchu; Ar = ponta Thomas, próximo a Arctowski. - 150 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 30m 60m Número de indivíduos.L -1 20m Crustacea 80 70 60 50 40 30 20 10 0 80 70 60 50 40 30 20 10 0 80 70 60 50 40 30 20 10 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 Início do verão CF3 BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean Final do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.27. Densidade de Crustacea encontrada durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1 = Ferraz, em frente aos tanques de combustível; CF2 = Ferraz, em frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3 = em frente ao módulo de Química; BP = ponta Botany; He = ponta Hennequin; MP = Machu Picchu; Ar = ponta Thomas, próximo a Arctowski. 30m 60m Número de indivíduos.L -1 20m Mollusca 60 50 40 30 20 10 0 60 50 40 30 20 10 0 60 50 40 30 20 10 0 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Mean+SE Mean-SE Mean Final do verão Início do verão ESTAÇÃO Figura 5.3.28. Densidade de Mollusca encontrada durante o início (nov-dez de 2002) e final do verão (jan-fev 2003) nas estações analisadas da baía do Almirantado, ilha Rei George, em 3 profundidades (20, 30 e 60m). CF1 = Ferraz, em frente aos tanques de combustível; CF2 = Ferraz, em frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3 = em frente ao módulo de Química; BP = Ponta Botany; He = ponta Hennequin; MP = Machu Picchu; Ar = ponta Thomas, próximo a Arctowski. - 151 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica As variações temporais intra-anuais da macrofauna, apesar de não serem significativas na maioria dos grupos de organismos analisados, mostram uma tendência de aumento em algumas estações ao final do verão. Geralmente, a abundância e biomassa de organismos bentônicos na Antártica costumam responder às variações na disponibilidade de alimento oriundo da coluna d’água e podem sofrer mudanças bem rápidas mesmo num curto espaço de tempo. Dados recentes sobre a taxa de recrutamento de invertebrados bentônicos em sedimentos defaunados sugerem uma velocidade bem mais alta que a já registrada para Antártica, com apenas 11 semanas para que valores de abundância de vários grupos sejam semelhantes aos encontrados em sedimentos já colonizados (Stark et al., 2003a). Considera-se, também, que processos como regimes hidrográficos, variações na cobertura de gelo, temperatura e relações tróficas pelágicas podem, de alguma forma, limitar a quantidade de matéria orgânica que chega aos bentos. Apesar de alguns estudos indicarem uma alta reciclagem da matéria orgânica na coluna d’água via alça microbiana, reduzindo sua disponibilidade para o bentos, existem indícios de que isso não ocorre em áreas costeiras sujeitas a grandes variações sazonais da cobertura de gelo, como o mar de Ross, o estreito de Bransfield e partes do mar de Berlinghausen e Arco Scotia (Grebmeier & Barry, 1991). O degelo, no verão, aumentaria a quantidade de nutrientes na coluna d’água, promovendo aumento do fitoplâncton e favorecendo o aumento da produtividade primária de organismos maiores que o nanoplâncton. Além disso, o próprio processo de degelo acaba gerando distúrbios no sedimento com ressuspensão de diatomáceas bentônicas, também existentes nas comunidades de gelo (Brandini & Rebello 1994). Considerando que o microplâncton tem taxas de afundamento diferentes do nanoplâncton, uma boa parte desse material pode chegar ao fundo intacta ou através de fezes do krill, que podem ter, em sua composição, mais de 90% de diatomáceas (Dunbar, 1984). Dados do fitoplâncton obtidos no início e final do verão de 2002/03 (ver item 5.1) indicam um aporte grande de diatomáceas penatas, tipicamente bentônicas, no início do verão, refletindo o processo de degelo que, naquele verão austral, ocorreu de forma rápida, apesar da superfície da baía ter congelado no inverno de 2002. Conseqüentemente, uma boa parte desse material pode ter entrado no sistema bentônico na forma de detritos ou mesmo através de suspensívoros de grande porte, como Laternula elliptica, presentes nas zonas rasas (entre 18-25m) de várias áreas da baía do Almirantado, sendo considerada um importante elo entre a produção pelágica e bentônica (Ahn, 1993). Os dados sobre trama trófica (Corbisier et al., 2004, ver item 5.2.3) indicam uma forte relação entre o plâncton e organismos bentônicos suspensívoros de grande porte, entre os quais Laternula elliptica também encontra-se na área da EACF. Numa análise de correlação de Spearman entre a densidade dos principais grupos de organismos macrobentônicos e as variáveis ambientais analisadas, independentemente da profundidade ou período de tempo, percebe-se que as características do sedimento - 152 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica (teor de areia, carbonato e matéria orgânica), associadas aos indicadores fecais, hidrocarbonetos aromáticos e alifáticos, e alguns metais, como Zinco e Cobre, estiveram significativamente correlacionadas (p <0,05) com, pelo menos, um grupo de organismos bentônicos (tabela 5.3.2). O teor de areia, principalmente correspondente à fração de areia fina, parece influenciar fortemente a densidade da fauna, com os maiores valores de abundância ocorrendo, predominantemente, em sedimentos com maior contribuição dessa fração. Os crustáceos, principalmente os tanaidáceos e cumáceos, apresentaram correlação negativa com os indicadores fecais analisados, enquanto o inverso ocorreu em relação aos poliquetos e ofiuróides. Já os tanaidáceos e poliquetos apresentaram uma relação negativa com os hidrocarbonetos enquanto apenas cumáceos, oligoquetos e anfípodas apresentaram alguma relação negativa com os metais Cobre e Zinco. Aplicando-se uma análise multivariada discriminante a uma matriz de dados bióticos e abióticos das 7 áreas, é permitido testar se dois ou mais grupos de objetos (ou seja, as áreas de referência) são significativamente diferentes, considerando um conjunto de variáveis e não apenas uma, como nos testes univariados (análise de variância). A Análise de Discriminante (AD) pode revelar, além disso, quais as variáveis que mais contribuem para a diferença entre os grupos. A AD aplicada aos dados biológicos e abióticos obtidos no verão austral de 2002/03 revelou a existência de grandes diferenças entre a área da EACF, principalmente em relação ao ponto em frente à saída de esgoto (CF2), e as demais áreas de referência, em especial aquelas encontradas fora da enseada Martel (figura 5.3.29). As variáveis que melhor discriminaram os grupos formados pelas áreas de estudo foram a abundância de moluscos, anelídeos e ofiuróides, hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, Cobre, os indicadores fecais (coprostanol+epi-coprostanol) e as características do sedimento como o teor de areia (figura 5.3.30 e tabela 5.3.3). No primeiro eixo, que contribui com 47%, nota-se a separação das áreas em frente à Ferraz das outras áreas de referência, sendo esse eixo relacionado, principalmente, ao teor de areia, maior nas áreas de referência, e aos indicadores fecais e hidrocarbonetos alifáticos analisados, maiores na área de Ferraz. Já o segundo eixo discrimina CF1 e CF3 de CF2, com os maiores valores de abundância de ofiuróides e poliquetos nas duas primeiras áreas, e os moluscos sendo mais abundantes em CF2. A distância de Mahalanobis, uma medida de distância entre os grupos analisados, revelou que o grupo formado pelas amostras de CF2 se distingue significativamente das demais (tabelas 5.3.4 e 5.3.5). Já as outras duas áreas próximas à EACF (CF1 e CF3) apresentaram-se semelhantes, mas diferentes de todas as áreas de referência, incluindo Botany, que pertence à mesma enseada. Entretanto, houve uma variabilidade grande entre as áreas de referência, sendo Machu Picchu e Botany significativamente diferentes do grupo formado pelas amostras das áreas de ponta Hennequin e ponta Thomaz (próxima a Arctowski). Realmente, essas duas áreas de referência apresentam diferenças importantes quanto às - 153 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica características granulométricas do sedimento. Portanto, considerou-se que essas duas áreas não se mostraram adequadas como áreas de referência em virtude do sedimento apresentar características bem diferentes, como um maior teor de areia e menor de carbonato, podendo interferir na distribuição da fauna e, conseqüentemente, mascarando os efeitos antrópicos no sistema bentônico. Nenhuma variação temporal na fauna pôde ser relacionada ao aumento da atividade da EACF no período do verão apesar de existirem indícios de aumento de esteróis fecais na área próxima ao heliponto (CF2) (ver item 5.2). Como esses compostos são persistentes e não sofrem efeito de variações ambientais e os dados referem-se a uma amostra obtida em cada período (início e final de verão), as diferenças encontradas podem refletir apenas variações espaciais em pequena escala e não variações temporais. Entretanto, variações interanuais da fauna, em resposta ao aumento de contaminantes na área, podem ocorrer e somente com séries temporais mais longas é que se poderá avaliar esse efeito. - 154 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 5.3.2. Valores de correlação de Spearman (rs) entre a densidade dos principais grupos de organismos macrobentônicos e as variáveis ambientais analisadas. Valores com * - p < 0,05, ** - p<0,01 (n=38) Total de Variáveis Polychaeta Oligochaeta Amphipoda Cumacea Tanaidacea Isopoda Bivalvia Gastropoda Ophiuroidea indvíduos Coprostanol_Epi-coprostanol -0,24 0,09 0,05 -0,17 5b-coprostanona -0,28 -0,17 -0,16 % (cop+epi-cop) -0,36* -0,31 n-alcanos -0,39* Hidrocarbonetos alifáticos -0,51** 0,001 -0,03 0,19 0,35* 0,01 -0,44** -0,27 -0,20 -0,19 -0,04 0,42** -0,23 -0,40* -0,14 0,10 -0,27 -0,05 -0,11 -0,09 -0,35* 0,11 0,01 -0,06 -0,38* -0,14 -0,10 0,07 0,27 -0,05 -0,33* -0,17 -0,08 -0,10 -0,33* 0,23 -0,31 0,04 0,10 -0,21 HPA total 0,03 -0,19 -0,10 -0,05 0,30 -0,32* -0,03 -0,19 -0,14 -0,18 Zinco -0,29 -0,13 -0,28 -0,37* -0,03 -0,11 -0,28 -0,04 -0,02 -0,24 Ferro -0,14 0,01 -0,32 -0,17 0,05 -0,27 -0,12 -0,22 -0,09 -0,07 Manganês 0,04 -0,18 -0,05 0,14 0,03 0,25 0,34* 0,07 -0,19 -0,01 Cobre -0,14 -0,32* -0,58** -0,22 0,12 -0,29 -0,12 -0,30 -0,25 -0,31 Matéria orgânica -0,37* -0,21 -0,08 -0,32* 0,01 -0,002 -0,22 -0,02 0,16 -0,34* Carbonato -0,31* -0,36* -0,42 -0,12 -0,24 -0,10 -0,15 -0,23 0,27 -0,34* Teor de areia 0,50** 0,52** 0,55** 0,40** 0,23 0,27 0,32* 0,39* -0,13 0,56** - 155 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Análise discriminante - Operantar XXI 10 8 6 Eixo 2 (23%) 4 2 0 -2 -4 -6 -8 -6 -4 -2 0 2 4 6 8 CF1 CF2 CF3 BP He MP Ar Eixo 1 (47%) Figura 5.3.29. Análise discriminante referente aos dados de sedimento obtidos durante a Operantar XXI. CF1 = Ferraz, em frente aos tanques de combustível; CF2 = Ferraz, em frente ao helinponto (saída de esgoto); CF3 = em frente ao módulo de Química; BP = ponta Botany; He = ponta Hennequin; MP = Machu Picchu; Ar = ponta Thomas, próximo a Arctowski. E ix o 2 2 1,5 Ophiuroidea 1 A nnelida Cobre 0,5 E ix o 1 0 -2 -1,5 -1 -0,5 Cop+ epi A lifáticos 0 -1 HP A total 0,5 1 1,5 2 -0,5 A reia -1,5 M ollus ca -2 Figura 5.3.30. Coeficientes canônicos padronizados das principais variáveis ambientais. - 156 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 5.3.3. Coeficientes canônicos padronizados das variáveis ambientais Variáveis Eixo 1 Eixo 2 ANNELIDA -0,87172 1,15427 CRUSTACEA 0,74617 0,99236 MOLLUSCA -1,34614 -1,65523 OPHIUROIDEA -0,43361 0,92369 COP + EPI-COP -0,72927 -0,31031 ALIFÁTICOS -1,27662 -0,59136 HPA TOTAL -1,19206 -1,02632 ZINCO 0,02782 0,21445 FERRO -0,37706 -0,09164 MANGANÊS -0,69567 -0,54714 COBRE 1,27628 0,57982 ORGÂNICA -0,48627 -0,58616 CARBONATO -0,27766 -0,13108 AREIA 1,65066 -0,71627 Autovalores 18,47415 9,32908 0,465111 0,69998 MATÉRIA Proporção acumulada Tabela 5.3.4. Distância quadrada de Mahalanobis entre os grupos de estações. - 157 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica CF1 CF2 CF3 BP He MP CF1 CF2 94,2160 CF3 21,8636 92,91195 BP 71,3966 104,1984 70,14244 He 117,7490 141,8323 102,4991 60,349 MP 110,9804 186,9959 124,6646 106,8414 38,5641 Ar 121,1438 115,2079 80,4423 59,4189 21,4905 84,5553 Tabela 5.3.5. Valores de probabilidade associados às distâncias entre os grupos de estações. Valores significativos quando p< 0,05. CF1 CF2 CF3 BP He MP CF1 CF2 0,0006 CF3 0,3128 0,0002 BP 0,0026 0,0001 0,0012 He 0,0003 <0,0001 0,0003 0,0026 MP 0,0004 <0,0001 0,0001 0,0001 0,03364 Ar 0,0002 0,0001 0,0010 0,0028 0,2275 0,0007 Em termos espaciais, a macrofauna bentônica apresentou algumas diferenças entre a área da EACF e as demais áreas de referência da baía do Almirantado. As análises indicaram uma separação clara entre o transecto realizado em frente ao heliponto da estação (CF2- saída de esgoto) e os demais transectos da área (CF1 e CF3), sendo todos diferentes de BP, MP, He e Ar. A área em frente ao esgoto caracterizou-se por apresentar os maiores valores de HPAs, alifáticos e esteróis fecais, sendo que os moluscos bivalves, oligoquetos e tanaidaceos apresentaram uma abundância relativa maior e os poliquetos, menor em relação às demais áreas analisadas. Ponta Hennequin e ponta Thomaz (próxima a Arctowski) apresentaram grandes diferenças, já esperadas devido às diferenças encontradas quanto às características do sedimento. Apesar da granulometria não ser mais considerada como o único e principal fator determinante da distribuição das espécies - 158 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica bentônicas Snelgrove & Butman (1994) e Stark et al. (2003b), foi erificado que parte das variações interanuais do bentos na área da estação de pesquisa australiana Casey pode ter ocorrido em resposta às variações das características do sedimento ocorridas durante 1 ano, o que, ainda, reforça a importância desse fator na estruturação de comunidades bentônicas antárticas. Efeitos de contaminantes na macrofauna bentônica, geralmente, podem ocorrer em dois níveis hierárquicos: 1) do indíviduo, causando alterações morfológicas e fisiológicas, letais ou não; e 2) da comunidade biológica, sendo que, nesse último caso, as alterações se refletem na mudança da composição específica e abundância da fauna. Os metais analisados (Cu, Zn, Mn e Fe) não se mostraram bons discriminantes das áreas estudadas, apesar de Cu e Zn apresentarem correlação negativa com alguns componentes do bentos como oligoquetos, cumáceos e anfípodes. Santos et al. (2005) observaram sedimentos em frente à EACF mais enriquecidos por Zn e Cu que os sedimentos de outras áreas, sugerindo que isso esteja relacionado à possível influência do esgoto, resíduos de tinta e até mesmo hidrocarbonetos de petróleo. Alguns estudos indicam que metais como cobre e cádmio podem ter efeitos tóxicos em organismos antárticos, como o anfípode gamarídeo Paramorea walkeri, muito comum em zonas entremarés próximas da estação australiana de Casey, na Antártica Leste (Duquesne et al, 2000). Estudos posteriores na mesma área (Stark et al., 2003b) indicaram uma correlação negativa significativa entre a fauna bentônica e a concentração de metais como cádmio, cobre, chumbo, estanho e zinco, todos considerados pelos autores como tendo fontes antrópicas na região. Além disso, esses autores verificaram que as áreas mais impactadas apresentaram um número menor de táxons, também refletindo o efeito das atividades humanas na região. Metais pesados afetam a estrutura de comunidades de sedimento. Morrisey et al. (1996) verificaram que a adição de cobre ao sedimento pode ter um impacto significativo sobre anfípodes, cumáceos e várias famílias de poliquetos. O mesmo metal, quando acima de 300 mg.Kg-1 de sedimento, é capaz de reduzir a abundância de vários táxons (Olsgard, 1999). Na Casey Station, semelhante em porte à EACF (cerca de 20 pessoas no inverno e 70 no verão), concentrações de metais como cobre e zinco variaram entre 5-30 mg.Kg-1 e 15-70 mg.Kg-1, respectivamente, e, aparentemente, estiveram correlacionadas a mudanças na fauna (Stark et al., 2003b). Na EACF, os teores de Cu e Zn são, em média, 92 e 89 mg.Kg-1 (Santos et al., 2005), valores ligeiramente maiores que os da estação australiana, mas ainda baixos em relação à concentração capaz de afetar a fauna. Mesmo apresentando um efeito negativo em alguns organismos bentônicos, os dados não são conclusivos a respeito do efeito de metais sobre a estrutura de comunidade. A falta de um efeito detectável dos metais pode ser devido à sua biodisponibilidade, que é afetada pelo sedimento como granulometria, presença de sulfetos, fluxo de água e hipoxia. Em sedimentos finos e ricos em matéria orgânica, a maior parte dos metais, - 159 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica provavelmente, fica adsorvida e menos biodisponível (Olsgard, 1999). Metais como cobre são mais tóxicos e biodisponíveis quando presentes na forma livre na água intersticial e, portanto, mais biodisponíveis em ambientes arenosos. Isso pode explicar que, mesmo tendo havido correlação negativa de poliquetos e anfipodes com o cobre, o efeito desse metal pode ser diferenciado em pontos com maior ou menor quantidade de areia. Os sedimentos da EACF são mais enriquecidos em sulfetos e matéria orgânica, o que costuma diminuir a biodisponibilidade dos metais, reduzindo possíveis efeitos deletérios (Santos et al., 2005). Entretanto, Lenihan et al. (2003) observaram o efeito do enriquecimento orgânico e de cobre sobre a fauna bentônica e observaram que, enquanto poliquetos eram favorecidos pelo maior teor de carbono orgânico no sedimento, esse efeito era reduzido quando expostos a concentrações maiores ou iguais a 100 µg.g-1 de sedimento. Já em relação a crustáceos e equinodermos, o efeito negativo do Cobre era amplificado pelo aumento de teor orgânico do sedimento, indicando que esses organismos podem ser afetados pelo simples aumento de matéria orgânica oriunda de esgotos domésticos. Também existem indícios de que concentrações de zinco acima de 250 mg.Kg-1 já causariam efeitos letais e subletais na macrofauna (Long et al., 1995), apesar de alguns estudos não terem observado esse efeito sobre os moluscos gastrópodes. De qualquer forma, esses dois metais devem ser considerados como contaminantes potencialmente tóxicos, mesmo nas concentrações encontradas na área da EACF, visto que alguns estudos indicam que os organismos antárticos são mais sensíveis a contaminantes que organismos bentônicos tropicais ou temperados (King & Riddle, 2001). Na estação americana de Mc Murdo, a maior em número de pessoas na Antártica (cerca de 2000 no verão), os efeitos da poluição sobre a fauna bentônica nas suas proximidades são bastante visíveis (Lenihan & Oliver, 1995). Em pontos considerados severamente poluídos, a fauna consiste de poucos indivíduos de espécies oportunistas como poliquetos vágeis Capitella capitata, dorvileídeos (Ophryotrocha notialis) e hesionídeos, enquanto áreas moderadamente poluídas continham altas densidades de endofauna, com dominância de espécies vágeis menos oportunistas como os das famílias Orbiniidae e Cirratulidae e anfípodes (Lenihan & Oliver, 1995, Conlan et al., 2004). Resultados semelhantes foram encontrados também para Casey Station, sendo a região sob influência da estação considerada uma área moderadamente poluída (Stark et al., 2003b), com crustáceos representados, principalmente, por gamarídeos oportunistas. Dados coletados no verão de 2002/03 mostram que CF2 se difere das demais áreas de Ferraz pela maior proporção de bivalves em relação às demais áreas de referência. Entretanto, diferenças mais sutis ocorrem, também, na composição da fauna de gamarídeos e poliquetas, até mesmo nos transectos próximos à EACF. Enquanto a espécie Cheirimedon femoratus é a primeira em abundância em CF1, CF3, Heterophoxus videns domina em CF2. Em relação aos poliquetos, as famílias Paraonidae e Maldanidae foram as - 160 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica mais abundantes em CF2, ao contrário de CF1 e CF3, que tiveram Apistobranchidae e Cirratulidae como as mais abundantes. Stark (2000) encontrou, nas áreas consideradas poluídas, próximas a Casey Station, os gamarídeos H videns Orchomenella franklini e Methalimedon sp em maior quantidade, espécies incubadoras com desenvolvimento bentônico, apresentando alta motilidade e reprodução contínua (Arntz et al, 1994), características de espécies oportunistas que habitam ambientes poluídos ou sob distúrbios freqüentes (Pearson & Rosenberg, 1978). Já o tanaidáceo Nototanais spp e cumáceos foram mais abundantes nas áreas de referência. Em McMurdo, os valores de hidrocarbonetos de petróleo são comparáveis a outras áreas estuarinas impactadas do mundo com valores de até 2600 mg.Kg-1, enquanto em estações menores como a estação de pesquisa Casey, esses valores variam de 40-200 mg.Kg–1 (Stark et al., 2003b). Invertebrados bentônicos expostos a sedimentos contaminados por hidrocarbonetos de petróleo oriundos de McMurdo, apresentaram uma alta mortalidade do anfípode Heterophoxus videns, decrescendo em sedimentos mais afastados das fontes poluidoras da estação (Lenihan & Oliver, 1995). O mesmo padrão foi encontrado para outras espécies de anfípodes, tanaidáceos e cumáceos, que tendem a evitar sedimentos mais contaminados. Heterophoxus videns é um importante gamarideo predador de crustáceos menores e poliquetas (Oliver & Slattery, 1985) e, geralmente, habita locais com menos predadores, menor complexidade estrutural e menores níveis de distúrbios físicos (Dayton et al., 1974). Apesar desses resultados, essa espécie foi a dominante entre os gamarídeos na área em frente ao esgoto da EACF (entre 100 e 500m do esgoto), indicando que os teores de hidrocarbonetos encontrados na área não têm ainda efeito deletério sobre esse organismo em especial. Mas, no geral, existe uma correlação negativa significativa entre a densidade de poliquetos e alguns crustáceos em relação aos hidrocarbonetos. Deve-se ressaltar, ainda, que o volume diário de esgoto lançado pela McMurdo, cerca de 300.000l diários de efluente durante o verão, é muito superior ao da estação brasileira, que tem um consumo de água equivalente a 4000l/ dia, apenas. Mesmo em relação a hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, os valores na EACF encontram-se relativamente baixos quando comparados com outras regiões antárticas. Martins et al. (2004) encontraram, entre 1993 e 1998, valores máximos de 0,48 µg.g-1 para alifáticos e 93,19 ng.g-1 para hidrocarbonetos aromáticos. Mesmo sendo valores baixos, os autores registraram um pequeno aumento das concentrações desde 1993, relacionando-o ao aumento do número de pessoas e, conseqüentemente, ao aumento de atividades da estação de pesquisa, gerando um consumo maior de combustíveis fósseis e uma maior vazão de efluentes domésticos. Experimentos in situ sobre o efeito de hidrocarbonetos e metais pesados no recrutamento da endofauna na estação Casey (Stark et al., 2003b) revelaram que o efeito de hidrocarbonetos foi mais evidente que o da contaminação por metais. A maior abundância de crustáceos (principalmente gamarídeos) foi encontrada nas áreas de - 161 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica referência e nos sedimentos enriquecidos por metais e um maior número de poliquetos e gastrópodos, nos sedimentos enriquecidos por hidrocarbonetos de petróleo e metais (Stark et al., 2003b). Óleo no sedimento pode representar um distúrbio físico e químico, que pode resultar em efeitos primários tóxicos e mudanças secundárias nas características do sedimento, como enriquecimento orgânico. Glemarec & Hussenot (1982) não encontraram efeitos deletérios sobre a macrofauna em sedimentos com até 50 mg.Kg-1 de hidrocarbonetos, mas, para valores acima de 100, já eram percebidos efeitos como o aumento de poliquetos oportunistas. A presença de esgoto nas proximidades das estações de pesquisa antárticas tem se restringido a uma área dentro de um raio de 200m da fonte poluidora (Edwards et al., 1998; Hughes & Thompson, 2004). Na estação britânica de Rothera, na península Antártica, o esgoto de cerca de 140 pessoas, no verão, é lançado sem tratamento. Usando como indicadores de esgoto a presença da bactéria Clostridium perfringens, mais persistente no ambiente antártico, esses estudos revelaram valores de 13,5 UFC.g-1 de sedimento em pontos de até 200m de distância e a 10m de profundidade. Moléculas mais persistentes como esteróis fecais também foram usadas como indicadores e revelaram um percentual de coprostanol e epi-coprostanol de 82% a 100m de distância. Os dados microbiológicos obtidos recentemente na área da EACF (jan/fev 2004) indicam a presença de Clostridium perfringens, porém em concentrações menores 3,1-4,4 UFC.g-1 no sedimento em frente à saída de esgoto da EACF até uma distância de 400 m, a 60 m de profundidade. Entretanto, nas outras áreas de referência, esse valor não ultrapassou 0,01 UFC.g-1 de sedimento. A endofauna bentônica tem sua maior diversidade a 20-25m de profundidade (Echeverria, 2002, Bromberg, 2004) na áreas dentro de um raio de 100-200m da EACF e sob influência dos resíduos produzidos pela mesma, embora essa influência ainda seja pouco detectável na fauna bentônica, apenas mais evidente através de dados adquiridos por bioensaios. Efeitos na trama trófica Em termos de níveis tróficos, analisando-se as quatro áreas estudadas no verão de 2003 quanto ao δ15N, verifica-se que, em Arctowski e em Botany, ocorrem 2,5 níveis tróficos de consumidores nas comunidades de zona rasa (δ15N entre 3 o/oo do krill e 10,8 o /oo de um nemertino predador) enquanto, em Ponta Ullmann e EACF, observam-se 3,5 níveis tróficos com valores de δ15N entre 1-2 o/oo de ascídias e 11-12o/oo de carnívoros, como estrela-do-mar e priapulídeo, respectivamente (não se considerando o gaivotão na EACF). Pode-se supor que as duas primeiras áreas, uma mais dinâmica e a outra sob maior influência de glaciares, têm suas tramas mais simples que nas duas últimas, onde há maior diversidade e quantidade de fontes de matéria orgânica, o que permite mais números de níveis tróficos. A maior amplitude de variação das assinaturas de C na EACF e - 162 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica em ponta Ullmann, em comparação com Arctowski e Botany, também mostra essa maior diversidade na comunidade. Quanto à quantidade das fontes de matéria orgânica, a biomassa microfitobentônica sempre foi maior na zona costeira rasa da EACF e ponta Ullmann que em Glaciar Wanda, próximo a Botany (Skowronski & Corbisier, 2002). Entre os quatro locais, observou-se que, em frente à EACF, em geral, os valores de δ13C foram menores (mais negativos) que nas outras áreas (Ponta Ulmann, Botany, Arctowski), em especial no microfitobentos e na infauna, como poliquetos, oligoquetos, o bivalve Yoldia e priapulídeo (figura 5.3.31). Uma possível explicação pode ser a contribuição de matéria orgânica depositada, de origem de lama de esgoto, que, usualmente, apresenta valores menores de δ13C (Spies et al., 1989; Gearing et al., 1991; Peterson, 1999; Conlan et al., 2000; Waldron et al., 2001). Em relação ao nitrogênio (figura 5.3.32), quando há eutrofização por efeito de esgoto, os valores de δ15N, em geral, são menores que em áreas saudáveis (Spies et al., 1989; Peterson, 1999; Tucker et al., 1999) embora Conlan et al. (2000) tenham observado valores mais altos na área sob influência de esgotos em McMurdo. Os valores da razão isotópica do N não diferiram de modo evidente entre os quatro locais. Apenas o sedimento em Arctowski apresentou valor muito alto de δ15N devido à influência das pingüineiras próximas e, em Arctowski e Botany, houve menor número de níveis tróficos devido à menor diversidade das comunidades, como já comentado. Esses resultados sugerem que não está ocorrendo eutrofização por fonte antrópica na EACF. Quanto à comparação das razões isotópicas das comunidades da área costeira em frente à EACF entre os verões de 1996/97 (Corbisier et al., 2004), 2000/01 (Bromberg, 2004) e 2003, notaram-se menores valores de δ13C dos organismos, em especial bentônicos, em 1996/97 (figura 5.3.33). Houve uma menor diferença entre 2000/01 e 2003, sendo que, nesse último verão, os organismos, em geral, apresentaram valores maiores de δ13C. Esse fato sugere que pode ter havido maior efeito de matéria orgânica depositada proveniente do esgoto em 1996/97, mas essa contribuição vem diminuindo. Quanto ao δ15N, observou-se, também, o mesmo comportamento: menores valores em 1996/97 que em 2000/01 e 2003 e pequenas diferenças entre esses dois verões (figura 5.3.34), o que corrobora a hipótese de redução de contribuição de matéria orgânica de origem antrópica após a instalação do sistema de esgoto na EACF a partir de 1995. O material pelágico não deve reter assinatura das razões isotópicas desse tipo de contribuição orgânica devido a sua taxa de renovação maior. Não há dados de produção primária e secundária dos vários componentes da trama trófica costeira para se estabelecer um diagrama de fluxo de energia para as áreas estudadas. Pode-se, apenas, supor que as ligações sejam as mais fortes ou mais fracas entre diferentes níveis tróficos das comunidades, com base nos valores de biomassa disponíveis. - 163 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica organismos C (o/oo) enriquecido EA CF 2003 Baía do Almirantado - EACF, PU, BP, ARCT PU BP A RCT 13 Figura 5.3.31. Valores do isótopo estável de carbono de componentes bentônicos e pelágicos da trama trófica de quatro áreas na zona costeira rasa (~20 m) da baía do Almirantado: em frente à Estação Polonesa Arctowski (ARCT), ponta Botany (BP), Estação Antártica Comte Ferraz (EACF) e ponta Ullman (PU). Verão de 2003. - 164 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 2003 Baía do Almirantado - EACF, PU, BP, ARCT EA CF PU BP A RCT organismos -6 -3 0 3 6 δ15N (o/oo) 9 12 15 18 21 enriquecido Figura 5.3.32. Valores do isótopo estável de nitrogênio de componentes bentônicos e pelágicos da trama trófica de quatro áreas na zona costeira rasa (~20 m) da baía do Almirantado: em frente à Estação Polonesa Arctowski (ARCT), ponta Botany (BP), Estação Antártica Comte Ferraz (EACF) e ponta Ullman (PU). Verão de 2003. - 165 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica organismos EACF - Comparação 2003, 2000/01, 1996/97 2003 2000/01 96/97 -30 -28 -26 -24 -22 -20 -18 o C ( / oo) -16 -14 -12 -10 enriquecido Figura 5.3.33. Valores do isótopo estável de Carbono de componentes bentônicos e pelágicos da trama trófica em frente à EACF em 3 verões: 1996/97, 2000/01, 2003/04. - 166 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica organismos 2003 2000/01 1996/97 EACF - Comparação 2003, 2000/01, 1996/97 -3 0 3 6 15 N (o/ ) oo 9 12 15 enriquecido Figura 5.3.34. Valores do isótopo estável de Nitrogênio de componentes bentônicos e pelágicos da trama trófica em frente à EACF em 3 verões: 1996/97, 2000/01, 2003/04. - 167 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 5.4. CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O AMBIENTE MARINHO O estado atual da baía do Almirantado pode ser avaliado através dos processos que atuam na coluna d’água, biota e sedimentos marinhos. Essa região é considerada uma área rica em nutrientes e pobre em clorofila, indicando baixas densidades de fitoplâncton. Dados obtidos no verão austral de 2002/03 indicam uma alternância de comunidades, possivelmente devido à extensa camada de gelo e descongelameto entre início e final de verão e o efeito do hidrodinamismo local. O início do verão propiciou o aparecimento de diatomáceas penatas ticoplanctônicas, ou seja, microalgas bentônicas (Pleurosigma, Gyrosigma, Naviculaceae) em suspensão na coluna d’água. Após o degelo, especialmente nas áreas de referência mais expostas (ponta Hennequin e enseada Ezcurra) e próximas ao fundo, ocorrem espécies adaptadas à vida planctônica, formadoras de cadeia celular (Fragilariopsis spp.) e diatomáceas cêntricas (Thalassiosira spp), o que sugere a contribuição de águas oceânicas. As maiores fontes potenciais de contaminação crônica são possíveis subprodutos de queima de combustíveis fósseis no ambiente marinho e atmosfera e o lançamento de esgotos das estações de pesquisa. Os estudos de sistema carbonato marinho mostram que não há sinais de contaminação na água do mar da baía do Almirantado, mas sinais de contaminação atmosférica devido à queima de combustíveis fósseis nas proximidades da EACF. Por outro lado, os fluxos líquidos do CO2 na interface mar-atmosfera indicam que a superfície marinha da baía do Almirantado é fonte de CO2 para a atmosfera e estudos podem contribuir para o refinamento dos cálculos de balanço do ciclo global do carbono, no qual a influência de áreas costeiras passa a ser considerada. Tanto no sistema aquático marinho quanto no bêntico, também foram observadas concentrações levemente superiores de hidrocarbonetos alifáticos (AHs) e policíclicos aromáticos (PAHs) nas proximidades das estações de pesquisa em conseqüêcia das crescentes atividades que utilizam combustíveis fósseis, do aumento da atividade humana e da descarga de esgotos. O impacto do esgoto na baía do Almirantado é pontual, restringindo-se às proximidades da EACF como observado através de indicadores químicos e microbiológicos. Entretanto, a extensão da sua influência pode ser observada até 200m na coluna d’água e 700m no sedimento em distância linear a partir da saída de esgoto. A maior disponibilidade de matéria orgânica facilmente degradável, como é o caso dos esgotos sanitários, pode estimular a produção metanogênica, como foi observado na área próxima à EACF. Entretanto, esse efeito também pode ocorrer em áreas menos sujeitas à atividade antrópica, como foi observado em Botany, provavelmente em função da contribuição da matéria orgânica de origem animal. - 168 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Apesar do enriquecimento de metais nos sedimentos da baía do Almirantado, a sua biodisponibilidade é baixa em função das condições redutoras do sedimento, sugerindo baixos riscos para a biota. A baía do Almirantado, incluindo a enseada Martel, é uma área propícia para o encalhe de blocos de gelo, que podem desestruturar a fauna bentônica, tornando o sedimento mais redutor e dando condições para o desenvolvimento da microbiota anaeróbia. Resultados analíticos de esteróis, hidrocarbonetos e compostos clorados, mesmo com valores considerados não elevados, potencialmente, podem contribuir para as atividades microbianas nos ciclos dos elementos químicos na baía com possível redução total do carbono. A densidade total da macrofauna, particularmente a bentônica, não apresentou grandes variações entre áreas passíveis de impacto antrópico e áreas estudadas como referência, exceto na área próxima do efluente de esgoto, em 20m de profundidade até uma distância entre 100-200m da linha da costa. Os dados adquiridos através de bioensaios evidenciaram anormalidade nos eritrócitos de peixes demersais (Trematomus) e anfípodas bentônicos (Bovallia gigantea e Gondogeneia antartica) quando submetidos à água oriunda do efluente da EACF e de pontos próximos aos tanques de óleo, tanto em experimentos in vitro quanto in situ. Mesmo assim, ainda não são detectáveis grandes alterações na fauna bentônica, indicando que o impacto oriundo das atividades humanas na EACF é de pequena magnitude e extensão no sistema bentônico. A dispersão do efluente de esgoto na zona costeira rasa da enseada Martel é favorecida pelas condições locais de hidrodinamismo, especialmente influenciado pelos efeitos de maré. Assim, a contaminação na baía do Almirantado é pontual e restringe-se às proximidades da EACF, especialmente na saída do esgoto. - 169 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 6. AMBIENTE ATMOSFÉRICO Os estudos no ambiente atmosférico concentraram-se, principalmente, nas emissões locais de CO2, ocorrência de poluentes orgânicos persistentes, transporte de aerossóis e no aporte atmosférico continental na ilha Rei George. Esses dois últimos tópicos representam uma interface com a Rede 1 através da contribuição do Prof. Dr. Heitor Evangelista (UFRJ) e colaboradores. 6.1. EMISSÕES LOCAIS DE DIÓXIDO DE CARBONO ATMOSFÉRICO Devido ao fato dos fluxos líquidos de CO2 (FCO2) serem, naturalmente, da superfície marinha para a atmosfera na baía do Almirantado, realizou-se, também, o monitoramento de CO2 atmosférico na EACF e em duas áreas de referência: módulos de química e ponta Plaza. O ar foi coletado no telhado das três áreas. A fração molar do CO2 para essas áreas está apresentada na figura 6.1.1. Os valores médios e desvios-padrão obtidos foram: 374,4±0,5 µmol.mol-1 para o módulo ponta Plaza; 375,4±1,1 µmol.mol-1 para o módulo de química e 380,1±9,0 µmol.mol-1 para a EACF. Os valores de fração molar obtidos para o módulo ponta Plaza mostram a influência de processos externos, envolvendo a dinâmica das massas de ar que alcançam a península Antártica. Desse modo, os valores obtidos são semelhantes aos de outras regiões do planeta (ver, p.e., http://cdiac.esd.ornl/ trends/co2/contents.html acesso em 03.05.2006). Comparando-se os resultados obtidos para EACF e ponta Plaza, verificou-se uma contaminação significativa na atmosfera na EACF devido, principalmente, à queima de combustíveis fósseis. Essa contaminação é dispersa pela área, o que pode ser observado nas medições do módulo de química (cerca de 200m distantes), onde essa influência já é menos significativa. No entanto, esses resultados sugerem a necessidade de medidas de controle na atmosfera da baía do Almirantado, particularmente nas estações de pesquisas. Módulo de Química x CO2 (µmol.mol-1) x CO2 (µmol.mol-1) Módulo Plaza Point 460 420 380 340 1/2/05 12:00 2/2/05 0:00 2/2/05 12:00 3/2/05 0:00 3/2/05 12:00 460 420 380 340 9/2/05 0:00 4/2/05 0:00 9/2/05 12:00 DATA/HORA (GMT) 10/2/05 0:00 10/2/05 12:00 11/2/05 0:00 DATA/HORA (GMT) Estação Antártica Comandante Ferraz x CO2 (µmol.mol-1) 460 420 380 340 3/2/05 12:00 4/2/05 0:00 4/2/05 12:00 5/2/05 0:00 5/2/05 12:00 6/2/05 0:00 6/2/05 12:00 7/2/05 0:00 7/2/05 12:00 8/2/05 0:00 8/2/05 12:00 9/2/05 0:00 9/2/05 12:00 DATA/HORA (GMT) Figura 6.1.1. Fração molar do CO2 na atmosfera durante o verão de 2005. - 170 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 6.2. POLUENTES ORGÂNICOS PERSISTENTES Os poluentes orgânicos persistentes (POPs) representam um grupo de poluentes semivoláteis, bioacumulativos, persistentes e tóxicos (Jones & Voogt, 1999). Os POPs encontram-se disseminados por todo o planeta, sendo transportados por longas distâncias a partir do ponto de origem, inclusive para as regiões remotas como a Antártica. Incluem-se nos POPs substâncias sintéticas pertencentes a diferentes grupos químicos e, dentre um grande número, a Convenção de Estocolmo estabeleceu uma lista de 12 POPs prioritários, dos mais persistentes e bioacumuláveis, sendo oito pesticidas (Aldrin, Dieldrin, Endrin, Clordano, Heptacloro, DDT, Toxafeno e Mirex), dois produtos industriais (bifenilos policlorados (PCBs) e Hexaclorobenzeno (HCB), o qual também tem ação inseticida) furanos). e dois resíduos de atividades humanas não intencionais (dioxinas e Desses compostos, serão abordados os bifenilos policlorados (PCBs), DDT, e, também, o pesticida organoclorado hexaclorociclohexano (HCH), utilizado no Brasil e em vários países da América do Sul durante várias décadas. A ocorrência de PCBs na atmosfera antártica da baía do Almirantado foi relatada por Montone et al. (2003). As amostras de ar foram coletadas nas proximidades da EACF durante o verão austral 95-96. As concentrações de PCB total (soma de 10 congêneres) variaram de 12,1 a 92,6 pg.m-3 e são da mesma ordem de grandeza que os níveis atmosféricos de outras regiões antárticas como a ilha de Ross (Larsson et al., 1992) e ilha Signy (Kallenborn et al., 1998) e similares aos estudos preliminares da região em 1993/94 (Montone et al., 2001). Os congêneres menos clorados (<PCB-105) predominaram nas amostras de ar e representaram 67% da concentração total de PCB. Tanabe et al. (1983) relataram 95% do conteúdo de PCBs menos clorados (2 a 5 cloros) e somente 5% associados com congêneres mais pesados nas proximidades da estação Syowa (69º00’S, 39º35’E). Entretanto, Larsson et al. (1992) encontraram a predominância de pentacloro (95, 101, 110) e hexacloro (138, 149, 153) nas amostras de ar da ilha Ross (77º38,1’S, 166º24,5’E). As concentrações médias dos congêneres mais pesados (118, 138 e 153) da ilha Rei George foram similares às da ilha Ross e maiores que as da ilha Signy (figura 6.2.1). Isso pode refletir uma contribuição de fonte local como a queima de lixo e depósitos de descartes. Na ilha Rei George, estão instaladas 8 estações antárticas e na ilha Ross, quatro. Por outro lado, existe uma única estação na ilha Signy. Além disso, a ilha Ross tem uma das maiores estações de pesquisa na Antártica, e antigos locais de descarte podem contribuir para os níveis de PCBs mais altos na atmosfera (Larsson et al., 1992). As concentrações totais de PCBs não foram correlacionadas com a temperatura (r=-0,01). Larsson et al. (1992) e Kallenborn et al. (1998) também não observaram correlação entre a concentração de PCB e a temperatura nas amostras de ar antárticas. Os primeiros resultados de um programa de monitoramento de organoclorados na Noruega indicaram - 171 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica que a temperatura de 7ºC não foi suficiente para uma substancial revolatilização de PCBs (Kallenborn et al., 1998). Figura 6.2.1 – Média de congêneres de PCBs na atmosfera antártica As concentrações de PCBs foram correlacionadas com as condições meteorológicas, sendo afetadas pela climatologia local na Estação Ferraz bem como pela circulação atmosférica sinótica da região. Em geral, os altos níveis de PCBs (23-25 dezembro 1995, 15-16 janeiro 1996, 12-13 fevereiro 1996) foram observados quando o sistema frontal vindo do Leste sobre a Passagem do Drake e Sul da América do Sul provocou um aumento local na temperatura e ventos de superfície de noroeste, norte e nordeste. Sob a influência da circulação ciclônica, a massa de ar do Oceano Pacífico Sul tem um tempo curto sobre o sul da América do Sul e rapidamente atinge o norte da península Antártica. Isso, também, foi observado para o transporte de radônio (Ra-222) até a Estação Ferraz por Pereira et al. (1988). Os PCBs parecem ser transportados pelo mesmo mecanismo. Schreitmuller & Ballschmiter (1994) observaram altas concentrações de PCBs na amostra de ar próxima do sul da América do Sul, influenciadas pelas massas de ar vindas do sul da Patagônia. Baixos níveis de PCBs foram observados após a passagem dos sistemas frontais acompanhados pelo decréscimo de temperatura, ventos de sul, leste ou oeste. A possibilidade de episódios de transporte atmosférico de longa distância da América do Sul para a ilha Signy também foi observada por Kallenborn et al. (1998) durante o verão 1994/95. Os perfis de PCBs das amostras de ar associadas com sistema frontal mostram a predominância de congêneres mais leves (figura 6.2.2). Kallenborn et al. (1998) observaram um aumento dos PCBs mais voláteis nas amostras de ar durante os episódios de transporte a longas distâncias. - 172 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica No geral, as concentrações atmosféricas de PCBs nas proximidades da estação brasileira foram baixas e os valores mais altos foram associados com a passagem de sistemas frontais vindos da América do Sul. Figura 6.2.2 – Cromatogramas de amostras de ar na baía do Almirantado – Antártica a - amostra de ar em 16 de janeiro de 1996 sem a influência de sistema frontal b - amostra de ar em 12 de fevereiro de 1996 durante a passagem de um sistema frontal Tabela 3.2.1 – Dados das coletas de ar a bordo do N.ApOc. Ary Rongel durante a XIV Expedição Antártica Brasileira amostra 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. Data (1995) Nov. 7-8 Nov 8-9 Nov 9-10 Nov 11-12 Nov 14-15 Nov 15-16 Nov 16-17 Nov 17-18 Nov 18-19 Nov 19-20 Nov 20-21 Nov 24-25 Nov 26-27 Nov 30 – Dez 1 Latitude 23o04’ S 25o46’ S 30o35’ S 32o21’ S 36o00’ S 39o52’ S 43o35’ S 47o42’ S 51o17’ S 54o58’ S 59o00’ S 61o16’ S 62o11’ S 61o18’ S longitude 043o14’W 047o45’W 049o44’W 052o04’W 051o27’W 052o21’W 053o05’W 054o04’W 054o50’W 055o28’W 056o19’W 055o07’W 058o53’W 055o05’W volume (m3) Temp ar (oC) 923,8 23,0 – 34,0 922,9 22,0 – 26,0 695,4 20,0 – 22,5 905,9 20,0 – 25,0 896,2 16,0 – 21,0 885,5 11,0 – 17,0 877,6 7,0 – 14,0 863,9 5,5 – 11,0 860,3 3,5 – 8,5 863,5 1,5 – 8,0 865,4 0,0 – 2,5 881,2 0,0 – 3,0 869,7 -1,5 – 1,0 877,6 -1,0 – 2,5 - 173 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica O transporte atmosférico de organoclorados foi relatado no Atlântico Sudoeste e no correspondente setor antártico (Montone et al., 2005) no verão de 1995, durante a XIV Expedição Antártica Brasileira. As coletas foram realizadas entre os transectos latitudinais 23º e 62º S (tabela 3.2.1, figura 6.2.3). Figura 6.2.3 - Pontos de coleta e trajetórias retroativas a partir da superfície a 2,5 Km para três ou quatro dias durante a derrota do Navio de Apoio Oceanográfico Ary Rongel na XIV Expedição Antártica Brasileira. As concentrações de organoclorados na atmosfera variaram de nd (<0,6) a 25,3 pg.m-3 para HCB; 3,9 a 32,5 pg.m-3 para HCHs (α-HCH + γ-HCH); 3,7 a 102,6 pg.m-3 para DDTs (p,p’-DDT + p,p’-DDD + p,p’-DDE) e 46,2 a 985,0 pg.m-3 para PCBs. Os valores de HCB aumentaram ligeiramente até a península Antártica, provavelmente devido à melhor retenção desse composto no adsorvente (espuma de poliuretano) das estações mais frias (11-14). Um resultado similar foi obtido para os dados do transecto entre Nova Zelândia e mar de Ross no período de janeiro-março de 1990 (Bidleman et al., 1993). Entretanto, a concentração média do HCB (15 pg.m-3) entre as latitudes 47º e 62º S foi menor que 60 pg.m-3 encontrados anteriormente. Os níveis de HCHs foram 10 vezes menores que os dados prévios da região (Weber & Montone, 1990). A concentração média de lindano (8,8 pg.m-3) foi ligeiramente maior que o valor encontrado por Bidleman et al. (1993) ao longo do transecto Nova Zelândia – mar de Ross, porém 3 vezes mais baixos que os valores obtidos por Larsson et al. (1992) e Kallenborn et al. (1998) na ilha Ross e ilha Signy, respectivamente. - 174 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Houve um declínio em HCH com o aumento da latitude como observado em outros estudos (Tanabe et al, 1982, 1983; Weber & Montone, 1990; Iwata et al., 1993; Bidleman et al., 1993). A composição isomérica mudou ao longo do transceto. O isômero gama predominou nas latitudes 23º-25ºS e 36º-39ºS, porém na mesma proporção que o isômero alfa em outros pontos. A maior proporção de α-HCH sobre γ-HCH tem sido observada nas amostras de atmosfera do hemisfério Norte (Iwata et al., 1993) e reflete o uso intensivo do HCH técnico, que contém uma alta porcentagem do isômero alfa. No entanto, Tanabe et al. (1982) encontraram a predominância do isômero gama na atmosfera dos Oceanos Pacífico Oeste e Antártico, associando-o ao uso de lindano (maior porcentagem do γ–HCH) nos países tropicais da região sul. Bidleman et al. (1993) também encontraram altas concentrações de γ–HCH em duas amostras próximas ao Sudoeste da Nova Zelândia. O uso de lindano e HCH técnico não tem sido bem documentado e suas fontes não são conhecidas no Atlântico Sudoeste e seu correspondente setor antártico. A variabilidade na razão α/γ-HCH (0,3-3,3) sugere que tanto o lindano como o HCH técnico têm sido usado nos países do sul. Níveis de HCHs decresceram nas últimas décadas, porém menos que os níveis de DDTs (figura 6.2.4). Bidleman et al. (1993) demonstraram o declínio nas concentrações atmosféricas de HCHs numa revisão sobre HCHs para a região antártica entre 1980 e 1990. Figura 6.2.4 – DDTs e HCHs nas amostras de ar da Antártica (1980-1995) pg.m-3. As fontes dos dados são citados no texto. DDTs são uma ordem de grandeza menor que dados preliminares obtidos em janeiro-março de 1987 (Weber & Montone, 1990) num transecto similar. Esses resultados podem indicar uma redução global dos DDTs na atmosfera. Dados do Oceano Sul durante - 175 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica as últimas décadas confirmam essa tendência (figura 6.2.4). No início dos anos 80, Tanabe et al. (1982) relataram níveis de DDT entre 110 a 240 pg.m-3 para o Oceano Sul. Alguns anos mais tarde (1983-1984), Kawano et al. (1985) detectaram níveis mais baixos (8,4 – 11 pg.m-3) em vários pontos do norte e sul do oceano Sul. Tatsukawa et al. (1990) relataram um decréscimo global de níveis de DDTs na atmosfera de mar aberto entre 1975 e 1983. Uma concentração média de 0,81 pg.m-3 para DDTs (0,17-1,7 pg.m-3) foi encontrada por Bidleman et al. (1983) durante o transecto entre Nova Zelândia e mar de Ross em janeiro-março de 1990. Iwata et al. (1993) relataram níveis de DDTs de 2,1 a 2,7 pg.m-3 para o Oceano Sul em 1989-90. Os níveis de DDTs obtidos por outros estudos em terra próxima à costa confirmam o declínio de DDT para a região antártica. Larsson et al. (1992) realizaram um monitoramento na ilha de Ross em 1988-90 e relataram uma concentração média de 3 pg.m-3 para DDT atmosférico. Kallenborn et al. (1998) relataram uma concentração de 0,07-0,4 pg.m-3 nas amostras de ar da ilha Signy em dezembro/1994 a abril/1995. As concentrações de DDTs foram baixas na península Antártica, similares aos estudos anteriores (Weber & Montone, 1990) e outros estudos dos oceanos do Sul (Tanabe et al, 1982; Kawano et al., 1985, Bidleman et al.,1993; Iwata et al.,1993). As razões DDT/DDE foram 0,3-0,6 contra 20-29 obtidos em 1987. Esse resultado sugere que novas introduções de DDT não atingiram o Setor Atlântico Sudoeste da região Antártica. Os metabólitos p,p’-DDE e/ou p,p’-DDD predominaram em todas as amostras em contraste com os dados anteriores, nos quais o p,p’-DDT foi o composto mais abundante. A predominância de p,p’-DDT observada em 1987 refletiu o recente uso, permitido para a saúde pública, na América do Sul. Em seus trabalhos anteriores, Tanabe et al. (1982) observaram a predominância de p,p’-DDT na atmosfera durante 1980-81. As concentrações totais de PCBs apresentaram uma tendência similar aos DDTs, indicando um decréscimo com o aumento da latitude. Tanabe et al. (1983) também observaram um acentuado decréscimo de PCBs durante a seção N-S da ilha Mauricios (20ºS) para a estação de pesquisa Syowa (62ºS) durante fevereiro e março de 1982. A concentração média de PCBs (112 pg.m-3 como Aroclor 1254) foi próxima a 180 pg.m-3, valor obtido para a península Antártica nos primeiros estudos (Weber & Montone, 1990). Apesar da dificuldade em comparar dados antigos de PCBs com medidas recentes, parece que a concentração atmosférica de PCBs no Atlântico Sudoeste não diminuiu muito nas últimas décadas. As concentrações dos congêneres individuais de PCBs são da mesma ordem de grandeza daquelas obtidas por Schreitmuller & Ballschmiter (1994) nas latitudes 25º-47ºS durante o cruzeiro oceanográfico norte-sul do Oceano Atlântico em 1990-91. Os congêneres mais leves (PCB-101 e abaixo) foram predominantes nas amostras de ar, principalmente entre as latitudes 51º e 62ºS. Uma proporção relativamente grande de congêneres menos clorados foi relatada em altas latitudes como no oceano do Sul quando - 176 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica comparadas aos de baixas e médias latitudes (Iwata et al., 1993). Os congêneres mais pesados (128, 180 e 187) ocorreram somente nas amostras próximas da América do Sul. Entretanto, a presença desses congêneres e de outros mais pesados (138 e 153) pode ser associada a contribuições de fontes locais (queima de lixo e descartes de resíduos) provenientes das estações antárticas tal como descrito por Larsson et al. (1992) e Montone et al. (2003). A influência de massas de ar continental durante o transecto foi observada para os dados de DDTs e PCBs. As maiores concentrações ocorreram entre as latitudes 23º a 36ºS, onde os pontos de amostragem foram mais próximos da costa. A contribuição continental foi observada pelas trajetórias retroativas das massas de ar que percorreram o continente. Para as amostras abaixo da latitude 40ºS, as trajetórias retroativas originavam-se na direção oeste e, portanto, atravessavam parte da América do Sul antes da amostragem. De maneira geral, os organoclorados na atmosfera marinha no Atlântico Sudoeste decresceram com o aumento da latitude, com exceção do HCB que aumentou ligeiramente. Apesar de alguns países tropicais ainda utilizarem DDT com restrição, a menor proporção de p,p’-DDT observada na atmosfera do setor antártico do Atlântico Sul implica um decréscimo a partir de 1990. Para os PCBs, não foi observada uma tendência temporal significativa na atmosfera durante o período de 1987 a 1995 na península Antártica. 6.3. APORTE ATMOSFÉRICO CONTINENTAL E EMISSÕES LOCAIS NA ILHA REI GEORGE Heitor Evangelista2; Kenya Moore de Almeida3,4; Enio Bueno Pereira5; Marcela A. Leal2; Daniel Oliveira Cruz6; Elaine Alves da Silva1; Marcus Vinícius Licínio1 (trabalho realizado no contexto da REDE 1 / 55.0353/2002-0) 6.3.1. INTRODUÇÃO O depósito glacial da Antártica constitui um reservatório de alto índice de integridade, no qual particulados e compostos gasosos se precipitam e são aprisionados ao longo dos séculos (Jojo et al., 1995). Dessa forma, os testemunhos formados pelas estratificações de neve, firn e gelo são considerados importantes matrizes para estudos sobre reconstrução paleoclimática. Além do gelo antártico, a presença de produtos de origem antrópica em matrizes bióticas e outras abióticas pertencentes aos ecossistemas antárticos está relatada na literatura em inúmeras referências. Pode-se citar, como exemplo, a presença de diversos metais pesados e de radionuclídeos artificiais, como o 137Cs, 241Am e 239+240Pu, liberados durante testes atômicos de céu aberto realizados no hemisfério Norte (Roos et al., 1994; Pourchet et al., 1983). Tais compostos antropogênicos detectados na Antártica são representativos de um largo espectro da atividade humana em diversas 2 Laboratório de Radioecologia e Mudanças Globais/Universidade do Estado do Rio de Janeiro, [email protected]. 3 Instituto Militar de Engenharia (IME) 4 Instituto de Radioproteção e Dosimetria – (IRD/CNEN) 5 Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais/CPTEC 6 Laboratório de Planejamento e Projetos – CEMUNI 1/ Universidade Federal do Espírito Santo - 177 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica regiões do globo e são gerados por processos que vão desde a queima de combustível de origem fóssil até a industrialização moderna. Na atualidade, grande é dada grande ênfase à relação entre a atividade humana nos continentes e o impacto ambiental observado no meio antártico. Entretanto, não se sabe, exatamente, se a ação antrópica global pode corresponder a uma mera interferência sem relevância no curto e médio prazo para seus ecossistemas. No contexto da atmosfera antártica, a monitoração de compostos minoritários apresenta, como principal atributo, o baixo ruído de fundo gerado por fontes antropogênicas locais. Esses fatos possibilitam avaliar com mais exatidão o ciclo dos aerossóis e gases minoritários na atmosfera terrestre como um todo, sua relação com as trocas gasosas através da tropopausa, seu impacto global sobre o clima e sua importância relativa no balanço energético do planeta. Por esse ponto de vista, as estações remotas têm papel fundamental na determinação mais precisa dos períodos de residência, diluição e transporte de aerossóis e gases em escala global. Na ilha Rei George, o estudo da composição elementar foi largamente explorado desde o final da década de 1970 (Pecherzewski, 1987), tendo-se identificado aerossóis de fontes marinhas e antropogênicas de origem continental, produtos decorrentes do impacto humano local (Rojas et al., 1992) e da fissão nuclear liberados durante a guerra fria (Roos et al., 1994). Durante as décadas de 1980, 1990 e na década atual, vários estudos foram desenvolvidos para melhor caracterizar os aerossóis tanto na atmosfera como nos depósitos glaciais da península Antártica (Correia, 1998). Nesse contexto, foram analisados metais pesados e de origem crostal e empregados traçadores atmosféricos de processos advectivos de transporte como 222Rn e o black carbon. O emprego desses traçadores concomitante ao uso de modelos de corrente de superfície e análises de back-trajectories possibilitou uma melhor compreensão dos mecanismos atmosféricos associados ao aporte de aerossol na península Antártica. Esses trabalhos corroboraram os resultados de Basile et al. (1997) que demonstraram, a partir das razões isotópicas do 87Sr/86Sr e 143Nd/144Nd, que a fonte predominante dos particulados encontrados em Vostok e “Dome C” tem como origem principal a América do Sul, especialmente a região patagônica. Através de estudos envolvendo os traçadores atmosféricos, foi possível verificar a existência de uma forte correlação entre o aumento da atividade do 222Rn e a freqϋência de passagem de centros ciclônicos na vizinhança da latitude de 60°S (figura 6.3.1). Demonstrou-se que esses sistemas atuam como os principais agentes responsáveis pelo transporte de massas de ar do Pacífico Sul e da extremidade meridional da América do Sul para a península Antártica. Estudos mais recentes evidenciaram que o tipo de trajetória ciclônica e energia desses sistemas combinados constituem, efetivamente, o principal agente de transporte atmosférico (Evangelista, 1999). Esse trabalho estimou, a partir da relação das atividades do 222 Rn e 210 Pb, que o tempo médio de residência atmosférica dos aerossóis que chegam à península Antártica (ilhas Shetland do Sul) é da ordem de 6,3 dias. Estudos realizados no âmbito da REDE 1 pelo Grupo Atmosfera-gelo indicaram que as concentrações dos metais - 178 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica (potencialmente de origens crostal e antrópica) em suspensão na atmosfera da ilha Rei George retratam, relativamente bem, o que é encontrado na região do Atlântico Sul desde a latitude de 24oS. A alta correlação observada varia ligeiramente no tempo (0,80 < r < 0,83 para o período de 1990 a 0,92 < r < 0,96 para o período de 2002). Essa variação deve estar relacionada às diferentes condições climáticas entre os dois períodos com as quais as correlações foram determinadas. Tais condições tiveram pequenas implicações sobre as condições de transporte atmosférico. Figura 6.3.1 – (Esquerda) evento no qual o campo de vento mostra a influência do transporte atmosférico entre a América do Sul e a península Antártica; (Direita) Imagem de satélite de 04/06/97 e localização da ilha Rei George. O estudo do transporte atmosférico entre regiões continentais do globo e a ilha Rei George/ península Antártica esbarra em uma questão fundamental: a ilha, possuindo uma base aérea de uso permanente, sendo uma das áreas de maior densidade de estações científicas na Antártica, uma das mais populosas do continente e uma das mais visadas do ponto de vista do turismo, até que ponto o impacto atmosférico local sobrepõe-se à carga de aerossóis transportada de longas distâncias? As principais fontes de emissões atmosféricas na ilha Rei George são a queima do diesel de estações (através de geradores), refúgios, acampamentos e a presença de navios, aviões e helicópteros. Além dessas fontes, a queima de lixo orgânico e, eventualmente, inorgânico são práticas comuns na maioria das grandes estações. A figura 6.3.2 mostra um flagrante de queima de lixo em céu aberto realizado na baía Fildes na ilha Rei George durante a década de 1990. Outras evidências do impacto humano sobre a atmosfera local foram observadas a partir da monitoração do black carbon (produto da queima incompleta de combustíveis de origem fóssil) no Laboratório de Monitoração Atmosférica, localizado a 1,6 km da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF). Ao se agrupar os dados de 1993, obtidos simultaneamente com a direção do vento, observou-se, para a grande parte dos casos, maiores incrementos desse composto para os setores angulares onde estão posicionadas as estações científicas na ilha (figura 6.3.3). - 179 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 6.3.2 – Queima de lixo registrada a partir da baía Fildes. (Foto: Heitor Evangelista) Figura 6.3.3 – (Esquerda) Distribuição angular das concentrações de black carbon em relação à estação de monitoração (centro da figura). Dados referem-se ao período março-dezembro de 1993. Cada círculo concêntrico exterior representa incremento de 1 ng m-3. Direções das estações/ nacionalidades na ilha Rei George: (1) Great Wall / China; (2) Frei / Chile; (3) Belingshousen / Russia; (4) Artigas / Uruguai; (5) King Sejong / Coréia do Sul; (6) Jubany / Argentina; (7) Arctowisky / Polônia; (8a,8b) Comandante Ferraz / Brasil; (Direita) Rosa-dos-ventos correspondente. O Setor com hachuras (285° - 315°) indica presença de topografia acentuada. 6.3.2. EVIDÊNCIAS DA PRESENÇA DE POTENCIAIS CONTAMINANTES DE ORIGEM LOCAL NO GELO DA ILHA REI GEORGE. As análises de neve/ firn recente foi desenvolvida empregando-se 2 técnicas: o PDMS e o PIXE e, em alguns casos, uma combinação das duas. Para o PDMS foi aplicada uma fonte radioativa de 252 Cf para a análise TOF (time-of- fly) e essa foi utilizada sobre 2 testemunhos rasos (5m cada) coletados na ilha Rei George: um testemunho pertencente ao sistema de drenagem da enseada Ezcurra/ baía do Almirantado (62o06’30”S , 58o40’00”W) a 600m de altitude e o segundo localizado no sistema de drenagem do estreito de Drake (62o07’45”S , 58o35’00”W) a 575m de altitude. As coletas dos testemunhos foram realizadas pelo grupo do NUPAC/UFRGS. Um dos - 180 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica espectros obtidos nesse estudo está apresentado na figura 6.3.4. Através da razão m/Z e com a ajuda de uma biblioteca de identificação de massas atômicas, foi possível identificar os picos apresentados no espectro PDMS. As tabelas 6.3.1 e 6.3.2 mostram uma compilação geral dos resultados dos 2 testemunhos, apontando as estruturas moleculares que compõem os aerossóis depositados na neve/ firn recente, como também suas prováveis origens, ou seja, se crostal, antropogênica, marinha ou biogênica. Nos resultados do PDMS, as linhas espectrais correspondentes a V+ e VCn+ indicam a contribuição de particulados derivados de queima de combustível fóssil (provavelmente óleo cru), indicando impacto local decorrente da presença humana. A detecção de clusters de CFn+ também sugere ação antropogênica. O mesmo é válido para os clusters de Cr+, Cr(OH)2+ e Mn+, enquanto os clusters de Si+, AlSi+, compostos de Si, K+, Ni+ e compostos de Ni caracterizam ou o transporte atmosférico de larga-escala ou a ação eólica sobre as áreas livres de gelo e nunataks da região. A presença dos íons Ca+ reforça a contribuição dos aerossóis de origem crostal. O KCl e os compostos de Na ilustram a contribuição marinha. A detecção do íon N+ e composto de CN caracterizam a deposição de produtos biogênicos. O espectro de massa do sistema de drenagem do Drake exibiu compostos de Fe e Mg associados com Si e óxidos de K e Al com Ni, indicando forte assinatura crostal. Somente no espectro de massa do sistema de drenagem Drake, íons de Pb e Zn foram detectados. Figura 6.3.4 – Espectro positivo PDMS obtido para o testemunho Ezcurra. - 181 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 6.3.1 – Íons moleculares identificados por PDMS no espectro positive dos testemunhos de Drake e Ezcurra. Destaque em negrito para os potenciais íons de origem antrópica. Massa (u.m.a) 10 14 17 25 47 49 54 56 57 58 59 Drake 10 Be N+ OH2+ C2H+ PO+/CFO NaCN+ Al2+ Fe+/MgS+/CaO+ FeH + Ni+ - 60 Ni + 64 Zn+/Mg(MgO)+ 66 Zn+ 68 Zn+/C5H8+/CrO+ 70 72 74 75 76 77 79 80 81 82 84 85 89 90 91 94 95 96 97 99 101 105 107 110 113 115 121 123 128 129 133 135 136 139 144 147 149 197 224 278 284 310 312 (AlO)Al+ FeO + NiO+ Mg2Si+ Mg(MgS)+/ZnO+/CuOH+ ZnOH+ C6H10+/AlN2+ FeSi+/MgSiO2+/CrO2+/CrS+ KNO2+/AlNi+ Fe(OH)2+ (KO)K+ (CaSi)Si+/Na2CNO+/FeS+ C7H3+ VC4+ Not identified Fe(OH)3+ (KO2)K+/CaCl2+/Ni(NC)2+ (KCl)K+ Cu(CN)2+/MnCO3+ (CrOH)Cr+/CuCNS+ (FeO)Fe+/NiCl+ ? CuCl2+ (CH3)5Si2O+ ? PbO+ CaAl2SiO8+/PbCl2+ PbSiO3+/CrS4+ FeK2(C2O4)4+ FeI2+ Ezcurra Origem Provável Cosmogênico Biogênico Biogênico / Antropogênico Marinho/Biogênico Crostal Crostal/Marinho Crostal Crostal Crostal Crostal/Marinho/ Antropogênico Crostal/Marinho Crostal/Marinho/ Antropogênico Crostal Crostal/Antropogênico Crostal Crostal/Biogênico Biogênico Crostal Crostal/Biogênico Crostal/Biogênico Biogênico Crostal Antropogênico Crostal Crostal/Biogênico /Marinho Marinho Biogênico Crostal/Biogênico Crostal Marinho Crostal Antropogênico Crostal Crostal Crostal Crostal Origem Provável NaCl+ (marinho) MgCl+/Co+/(CH3)2SiH+/C3H7O+ Crostal/ Antropogênico Marinho/ Crostal/Biogênico CoO+ C6H5+ C6H7+ (NaCl)Na+ (AlCl)Al+ (H20)4H3O+/CoS+ C7H11+ C7H3+/(NaCl)K+ KNO3+ CoS2+ CoCl2+ CaSO4+ (NaCl)2Na+ ? CoC2O4+ (Na2SO3)Na+/Co2P+ (K2SO4)Na+/NaCl)3Na+ - Antropogênico Antropogênico Crostal Marinho Marinho Marinho Biogênico Marinho Marinho Marinho Crostal Marinho Marinho - 182 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 6.3.2 – Íons moleculares identificados por PDMS no espectro positive das amostras. Os resultados correspondem a co-ocorrência de íons moleculares nos testemunhos de Drake e Ezcurra. Destaque em negrito para os potenciais íons de origem antrópica. Massa (u.m.a) 1 2 3 12 13 14 15 18 19 23 26 27 28 29 30 31 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 50 51 52 53 55 57 60 61 63 65 66 67 69 71 72 74 75 81 86 87 88 98 109 Testemunho (Drake e Ezcurra) Origem Provável + H H2+ H3+ C+ CH+ CH2+ CH3+ H2O+ (H2O)H+ Na+ C2H2+/26Al C2H3+/Al Si/CHNH/N2+ C2H5+/SiH+ CH3NH+ CH3O/P+/CF+ (H2O)H3O+ C3H2+ K+/C3H3+ Ca+/CH2CN+ K+/C3H5+ 26 AlO+ AlO+/C2H3O+/CH3Si+/C3H7 SiO+/NH4CN+ SiOH+/C2H2O+ Na2+ CF2+ V+ Cr+/26Al2+/CaC+ C4H5+ Mn+/KO+/(H2O)2H3O+ CaOH+ Na2N+ C5H+ VC+/Cu+/(Na2O)H+/ CaC2+ Cu+/NaCNO+ C5H6+ VO+ CF3+/C4H5O/CrOH+ KO2+/MnO+ FeO+/(SiO)Si+/Na2CN+ KCl+/Ca(OH)2+ ? C6H9+ Cr(OH)2+/MnP+ VC3+ (SiO2)Si+/Na2CNO+/FeS+ CuCl+ Ag+/Ni(OH)3+ Marinho Marinho Cosmogênico Crostal Crostal/Biogênico Biogênico Biogênico Biogênico/Crostal/Antropogênico Marinho Crostal/Biogênico/Marinho Crostal/Biogênico Crostal/Biogênico Crostal Biogênico Crostal/Biogênico Crostal/Marinho Marinho Antropogênico Antropogênico Antropogênico/Crostal/Biogênico Antropogênico/Crostal/Marinho Marinho/Crostal/Biogênico Marinho Antropogênico/Marinho/Biogênico Antropogênico/Marinho Antropogênico Antropogênico/Crostal Antropogênico/Crostal Crostal/Biogênico Antropogênico/Marinho Antropogênico/Biogênico Antropogênico Crostal/Biogênico/Marinho Antropogênico/Marinho Instrumentação/Crostal - 183 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Uma das questões básicas para o estudo do transporte atmosférico é a caracterização da contribuição local. A REDE 1, através do projeto atmosfera-gelo, iniciou um trabalho piloto sobre a dispersão atmosférica na baía do Almirantado a partir de um modelo gaussiano de primeira ordem. A importância de modelar a dispersão atmosférica na região da baía do Almirantado/ ilha Rei George deve-se à necessidade de identificarem-se áreas com maiores e menores probabilidades de contaminação local devido à atividade antrópica local e avaliar os impactos correspondentes. Deve-se ter em mente que os resultados desse modelo são de primeira ordem e adotam simplificações como não considerar aspectos da orografia local. Por outro lado, apresenta um cenário possível para a dispersão dos poluentes e pode servir de base de comparação com os resultados obtidos pelos depósitos dos contaminantes sobre elementos da biota terrestre (tais como líquens e musgos) e matrizes abióticas (solo superficial e neve recente) ora empregadas pela REDE 2 no estudo de impacto ambiental. 6.3.3. MODELO SIMPLIFICADO PARA A DISPERSÃO DE AEROSSÓIS EMITIDOS PELA EACF Para a análise da produção local, foram coletados aerossóis na exaustão de gases das chaminés dos geradores da EACF. O termo-fonte de poluentes considerado por este trabalho é a saída de gases dos geradores da estação ligada a um grupo gerador de quatro unidades. Em condições normais de funcionamento, dois geradores operam de modo paralelo. O modelo de pluma gaussiana empregado aqui está representado na equação 1. C( x , y , z) = 2 2 2 − ( ( z+ H ) / 2σ 2Z ) Q − ( y 2 / 2σ 2y ) − ( ( z− H ) / 2σ Z ) e e + e 2π < u > σ yσ z (1) onde, C(x,y,z): concentração do material particulado nas coordenadas (x,y,z) [ML-3]; <u>: velocidade média do vento na direção x [LT-1]; Q: taxa de emissão do material particulado [MT-1]; y: distância ao longo de um eixo horizontal perpendicular à direção do vento [L]; z: distância vertical acima do solo [L]; 2 Dz x < u > σ 2z = 2 Dy x < u > : coeficiente de dispersão vertical na direção z, [L]; σ 2y = : coeficiente de dispersão lateral na direção y, [L]. - 184 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Para o caso unidimensional e considerando-se a freqüência f do vento para direção específica, tem-se: C ( x, z , f ) = [ 2 2 2 2 fQ e −(( z − H ) / 2σ Z ) + e −(( z + H ) / 2σ Z ) 2π < u > σ z ] (2) Os dados do termo-fonte gerador foram a altura da chaminé (H) e a área do duto de emissão (A, 531 cm2). Para os geradores 1 e 2, H=5,3 m e para os geradores 3 e 4, H=2,85 m. A carga de emissão, Q, foi expressa pela equação 3 na forma: Q(gs-1)= Cpart.(gm-3) x A(m2) x Vemissão(ms-1) (3) na qual, Cpart.(gm-3) é a concentração do material particulado total emitido pela chaminé e Vemissão(ms-1), a velocidade de emissão dos particulados. A concentração dos particulados foi obtida por um sistema de amostragem de ar composto por uma bomba de alta vazão, um integrador de fluxo e um suporte contendo um filtro Millipore (acetato de celulose). Durante um período de tempo controlado (até o início da saturação do filtro) o mesmo foi exposto à saída de exaustão do gerador. A diferença de massa no filtro (antes e após a amostragem) e o volume total de ar filtrado fornecem o valor da concentração. O valor mediano para a concentração do material particulado foi de 10,07±5,72 µg/L. A velocidade de emissão dos particulados foi obtida, experimentalmente, empregando-se um anemômetro portátil imediatamente à saída de exaustão (figura 6.3.5). O resultado médio obtido foi de 7±1 ms-1. Na EACF, a taxa de queima de diesel não varia consideravelmente com a quantidade de habitantes em suas dependências. A Estação consome, em média, 26 000 l/mês ao passo que o número de habitantes praticamente duplica no período novembro-fevereiro (fonte: comunicação pessoal do Grupo Base da EACF em 2004). A causa desse fato é a seguinte: o uso de sistemas de aquecimento durante o inverno compensa o consumo exigido pelo maior número de habitantes durante o período de verão (figura 6.3.5). Dessa forma, pode-se considerar como constante, ao longo do ano, as emissões atmosféricas do sistema gerador da EACF. No modelo Gaussiano considerado aqui, os coeficientes de dispersão lateral foram obtidos através das classes de estabilidade segundo Pasquill-Giffort-Turner (tabela 6.3.3). Para tal, foi utilizada toda a base de dados meteorológicos da EACF para os parâmetros (1) radiação solar, (2) velocidade do vento, (3) cobertura de nuvens e (4) direção do vento. - 185 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 44 habitantes na EACF habitantes na EACF 40 40 consumo de diesel 36 36 32 32 28 28 24 24 20 20 16 16 12 12 8 8 4 4 0 consumo de diesel (L) x 1000 44 0 Nov Dez Jan Fev Mar Abr Mai Jun Jul Ago Set Out Nov Dez 2004 Figura 6.3.5 – (Esquerda) Emissão de aerossóis da EACF e medida do fluxo de exaustão; (Direita) Consumo de diesel e ocupação da EACF durante 2004. Tabela 6.3.3 – Classes de estabilidade segundo Pasquill-Giffort-Turner. Velocidade do Período Diurno Período Noturno* Vento a 10 m Radiação Solar, Irs, (cal cm-2 h-1) Nebulosidade (N)** Forte Moderada Fraca Irs > 50 25 < Irs < 50 Irs < 25 <2 A A-B B 2-3 A-B B 3-5 B 5-6 >6 4/8 ≤ N ≤7/8 N ≤ 3/8 C E F B-C C D E C C-D D D D C D D D D * o período noturno corresponde ao intervalo de tempo desde uma hora após o pôr-do-sol até uma hora antes do sol nascer. ** Para céu completamente encoberto (N=8/8), seja de dia ou de noite, utiliza-se classe D. A figura 6.3.6 mostra a configuração da distribuição espacial média estimada para as concentrações no ar de material particulado total emitido pela EACF, baseando-se nas características meteorológicas observadas na baía do Almirantado, em medidas de emissões e pelo uso do modelo Gaussiano. - 186 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 6.3.6 – Modelo de primeira ordem para a dispersão de poluentes da EACF na região da baía do Almirantado. 6.3.4. MONITORAÇÃO NA BAÍA DO ALMIRANTADO E COMPARAÇÕES COM O MODELO DE DISPERSÃO Em Dezembro de 2002, foi realizada uma campanha de coleta em vários pontos no interior da baía do Almirantado e, especialmente na península Keller (divisor das enseadas Martel e Mackeller) no sentido de investigar se a distribuição espacial de metais (nesse caso, Cr, Ni, Zn, V e Pb) presentes em aerossóis (modas fina e grossa) e neve recente apresentava o mesmo padrão relativo à estimativa do modelo. A figura 6.3.7 mostra a localização dos pontos dentro da baía do Almirantado, onde ocorreu amostragem simultânea de neve e aerossóis. Os pontos de amostragem na península Keller foram “a” (topo do morro da Cruz), “b” (base do morro da Cruz), “c” (Ipanema) e “d” (Punta Plaza); complementaram o trabalho a colocação de um ponto de amostragem “f” na ponta Ulmann (~2.5 km da EACF) e outro, “e” (Ezcurra). - 187 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 6.3.7 – Ilustração geral da área de amostragem (1: América do Sul; 2: ilha Rei George; 3: península Antártica). As letras “a”, “b”, “c”, “d”, “e” e “f” representam estações remotas; E1 e E2 são a Estação Antártica Comandante Ferraz e a estação Arctowisky, respectivamente. A técnica de PIXE foi empregada sobre amostras de aerossóis e neve. Nesse caso empregou-se um feixe de prótons de 2 MeV gerados por um acelerador eletrostático Van de Graaff de 4 MV instalado na PUC-RJ. A detecção de raio-X ocorreu pelo emprego de um detector de Si-PIN com uma cobertura pelicular de alumínio de 0,2mm como absorvedora de raio-X. Foram empregados nos processos de amostragem de aerossóis sistemas portáveis, de baixa vazão, equipados com “ciclones” (separadores granulométricos para daer<2,5 µm) para uso autônomo em ambientes remotos. Os elementos detectados pelo PIXE foram Cl, K, Ca, Sc, Ti, V, Cr, Mn, Fe, Co, Ni, Cu, Zn, As, Br e Pb. O volume das amostras de neve foi equivalente a 0,05 m3 de água. A análise de PIXE foi realizada sobre as partes solúvel e insolúvel das amostras de neve. Os resultados de composição elementar, para todos os pontos de amostragem, relativos às frações solúvel e insolúvel estão representados na figura 6.3.8. As concentrações de V e Pb variaram entre 10 – 100µg m-3 na fração insolúvel para as localidades de Ezcurra, Ipanema e base do morro da Cruz, o que sugere haver vestígios de impacto humano nas mais diferentes localidades da baía do Almirantado. As concentrações de Zn atingiram valores de 3000 µg m-3, ocorrendo, simultaneamente, com Cr, que variou entre 10 e 20µg m-3. Considerando-se que o período de amostragem (dezembro de 2002) apresentava pouca área de rocha aflorante, com o máximo de degelo ocorrendo somente entre janeiro e fevereiro de cada ano, tais anomalias nas concentrações de Zn podem estar associadas às atividades antropogênicas locais. - 188 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tomando-se as diferentes localidades apresentadas na figura 6.3.8, a aplicação da análise não-paramétrica Spearmann rank test, p < 0,05, mostrou não haver diferença estatística na composição elementar da neve recente tanto para a fração solúvel como para a fração insolúvel. Esse resultado mostra uma grande homogeneização da neve superficial na baía do Almirantado, provavelmente induzida por processos de relocação (snow-drifts) favorecido pelos fortes ventos comuns na região (média entre 5 e 6 m s-1) e pela orografia, já que a baía do Almirantado é um “sistema de fiordes” cercada por elevações abruptas em todas as direções (com exceção do setor sul). Todas as correlações entre as frações solúvel 3 10 2 10 1 10 4 10 3 10 2 10 1 10 0 3 Concentration (ng/m ) 3 10 Concentration (ng/m ) e insolúvel, para cada localidade, não apresentaram significância estatística. 10 0 -1 10 -2 10 Cl K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Ni Cu Zn Br Cl K Ca Sc Ti V Ipanema Ezcurra Punta Plaza A Flagstaff II Flagstaff I Cr Mn Fe Co Ni Cu Zn As Br Pb Elements Elements Ipanema Ezcurra Punta Plaza Flagstaff II Flagstaff I B Figura 6.3.8 – Análise de composição elementar para particulados solúveis na amostra de neve recente A – solúveis; B - insolúveis. A tabela 6.3.4 mostra como distribuem-se as concentrações de Cr, Ni, Zn, V e Pb em diversas localidades da baía do Almirantado (de acordo com a figura 7) para as frações solúvel e insolúvel dos depósitos de neve recente. Os resultados para os metais na fração solúvel mostraram maiores contaminações na enseada Ezcurra (localidade mais distante da EACF). Refúgio Ipanema correspondeu ao segundo nível de maior contaminação e, na fração insolúvel, apresentou a maior contaminação, seguido de Ulmann. Do ponto de vista geográfico, a enseada Ezcurra encontra-se mais próxima à Estação Arctowiscky do que a EACF, o que pode representar contaminação proveniente da Estação polonesa, visto que o modelo de dispersão apresentado aqui (figura 6) não prevê níveis de contaminação na enseada Ezcurra maiores que aqueles observados no Refúgio Ipanema. - 189 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 6.3.4 – Potenciais contaminantes medidos em neve recente no interior da baía do Almirantado (baseada nas figuras 6.3.8 e 6.3.9). Elemento Fração solúvel da neve Fração insolúvel da neve Cr Ezc > Ipa ≈ Ulm ≈ TMC ≈ BMC Ipa > Ulm > Ezc ≈ TMC ≈ BMC Ni Ezc > Ipa ≈ Ulm ≈ TMC ≈ BMC TMC > Ipa > Ulm > BMC > Ezc Zn Ezc ≈ Ipa > Ulm > TMC ≈ BMC Ezc > BMC > Ulm > TMC > Ipa V - Ipa > Ulm ≈ TMC > BMC > Ezc Pb - Ipa > BMC > Ezc ≈ TMC Ulm: Ulmann; Ezc: Ezcurra; TMC: Topo do Morro da Cruz; BMC: Base do Morro da Cruz; Ipa: Refúgio Ipanema A análise dos aerossóis considerou apenas a península Keller e tem como principal termo-fonte a EACF. Os pontos escolhidos foram Refúgios Ipanema, base e topo do Morro da Cruz e refúgio Punta Plaza. Para a moda fina (figura 6.3.9), os resultados experimentais estiveram de acordo com o modelo numérico, com contaminações mais significativas para Punta Plaza, bases do morro da Cruz, topo do morro da Cruz e refúgio Ipanema (por ordem de intensidade). Os valores encontrados para Cr (0,1 – 0,3 ng m-3), Cu (0,03 – 0,2 ng m-3) e Zn (0,03 – 1,5 ng m-3) na campanha de 2002 (Almeida, 2005 - submetido), também foram consideravelmente inferiores às monitorações atmosféricas entre 1986 e 1993 realizadas pelo GEPA/IF-USP (Correia, 1998). 1 10 0 3 Concentration (ng/m ) 10 -1 10 -2 10 -3 10 Cl K Ca Sc Ti V Cr Mn Fe Ni Cu Zn Br Elements Ipanema Flagstaff II Flagstaff I Punta Plaza Figura 6.3.9 - Composição elementar na fração fina do aerossol. Nesse levantamento, foi possível identificar três episódios de aumento de metais pesados (Zn, Cu e Pb) na moda grossa do aerossol presente na atmosfera da península Keller: 1986-1987, 1989 e 1992-1993. Esses episódios marcaram grandes atividades de restauração e ampliação da EACF. Ni apresentou decréscimo progressivo na moda grossa desde 1986 e um aumento anômalo em 1991 na moda fina. Cr apresentou padrão aproximadamente uniforme no período 1986 – 1993 (figura 6.3.10). - 190 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 6 Cr (moda fina) ng m-3 Cr (moda grossa) 4 2 0 1.2 Ni (moda fina) ng m -3 Ni (moda grossa) 0.9 0.6 0.3 0.0 24 ng m-3 20 Pb (moda fina) Pb (moda grossa) 16 12 8 4 0 60 Cu (moda fina) ng m -3 Cu (moda grossa) 40 20 0 100 Zn (moda fina) 75 ng m -3 Zn (moda grossa) 50 25 0 10Jan86 8Set86 5Nov87 5Ago88 5Jun89 1Mai90 27Nov90 17Ago92 22Out91 5Jul93 Figura 6.3.10 – Composição elementar para metais pesados monitorados na atmosfera da península Keller no período 1986 - 1993. (fonte: Correia, 1998). - 191 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 7. ESTRUTURAÇÃO DO SIG sistema de informações geográficas (SIG), conforme propõe Aronoff (1991), é constituído por uma base computacional que serve para coletar, armazenar, analisar e visualizar dados onde a localização geográfica é uma variável importante. O SIG, portanto, torna-se uma valiosa ferramenta para estudos ambientais, integrando informações multidisciplinares. O SIG proposto para a AAEG baía do Almirantado foi construído ao longo dos últimos três anos tomando como base cartográfica a versão digital da carta-imagem da ilha Rei George, elaborada originalmente na escala 1:100.000. Essa base era constituída de informações básicas como a altimetria e a delimitação da linha de costa, às quais estavam anexadas algumas informações temáticas de trabalhos preliminares realizados no Núcleo de Pesquisas Antárticas e Climáticas como, por exemplo, a delimitação das bacias glaciais, o monitoramento da extensão frontal das geleiras desde 1956, os pontos de ocupação (estações de pesquisa, refúgios) e delimitação da própria AAEG e da ASPA 128 (antiga SSSI-8). O primeiro passo para, efetivamente, implementar o SIG foi realizar um inventário histórico de todas as informações de caráter espacial produzidas ao longo dos anos por todos os países que realizaram pesquisas na área, especialmente dos grupos de pesquisa vinculados ao PROANTAR e transformá-las em formatos digitais compatíveis de serem inseridas em um sistema de informações geográficas. Os novos resultados produzidos pelos grupos integrantes da Rede 2 foram, progressivamente, sendo anexados a essa base, de modo que, atualmente, o SIG dispõe de mais de sessenta níveis de informação de caráter multidisciplinar, englobando os temas do meio físico, antrópico e oceanográfico. Esses dados transformados em mapas facilitam a interpretação dos resultados, além da possibilidade de poderem ser correlacionados e integrados, proporcionando a obtenção de novos resultados. Dados de projetos diferentes integrados ampliam a possibilidade da interpretação e argumentação. Alguns exemplos dos mapas obtidos são apresentados nas figuras 7.1 a 7.12. A junção dessa grande quantidade de informações diferentes constitui-se, também, uma sólida base temporal, podendo servir para comparativos com dados futuros que possam ser coletados, mostrando a dinâmica espacial e os processos ocorrentes na área, sendo uma ferramenta para o monitoramento ambiental da AAEG, principal propósito da Rede 2. - 192 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Fig. 7.1 Mapeamento dos substratos rochosos da AAEG Fig.7.2 – Colônias de aves na AAEG Fig. 7.3 – Densidade de microorganismos Fig. 7.4 – Nitrato dissolvido na água do mar (µM) Fig. 7.5 – Oxigênio dissolvido na água do mar (mL.L-1) Fig. 7.6 – Distribuição de pCO2 na água do mar (µatm) - 193 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Fig. 7.7 – Distribuição sedimentar da camada superficial na baía do Almirantado Fig. 7.8 – Linear alquil benzenos (LABs) em sedimentos (µg.g-1) Fig. 7.9 – Hidrocarbonetos do petróleo em sedimentos (ng.g-1) Fig. 7.10 - Coprostanol em sedimentos (µg.g-1) Fig. 7.11 - Densidade de macrofauna (ind/0,03 m2) Fig. 7.12 - Densidade de polychaeta (ind/0,03 m2) - 194 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 8. LACUNAS VERIFICADAS As lacunas de conhecimento na AAEG foram identificadas, destacando-se os seguintes aspectos: A atmosfera da baía do Almirantado é o aspecto que necessita de estudos mais aprofundados, pois há indícios de introdução dos derivados da queima de combustíveis fósseis e, em pequena escala, de congêneres mais pesados de PCBs. Há necessidade de medição de vazão do esgoto da EACF durante o período de verão e inverno para que melhor se especifiquem as estratégias de monitoramento. Dados temporais sistemáticos de esteróis fecais e hidrocarbonetos na saída do esgoto são extremamente importantes para estimar a contribuição desses compostos via esgotos para a enseada Martel. A principal lacuna no que se refere ao estudo do sistema carbonato está na identificação da importância relativa dos diferentes níveis tróficos e das diferentes espécies fitoplanctônicas nos fluxos líquidos atmosfera-oceano do CO2 da baía do Almirantado. No entanto, é preciso salientar que essa lacuna será parcialmente suprida pelos subprojetos da Rede 2 e através de referências bibliográficas. Além disso, essa lacuna não altera os objetivos propostos, apenas contribui com o detalhamento na interpretação dos dados coletados, uma vez que, mesmo em nível internacional, esse tipo de interação ainda é pouco discutido. As diferenças interanuais nas freqüências de micronúcleos e ENA de animais expostos ao efluente da EACF podem estar refletindo variações ambientais e/ou alterações da quantidade/ composição dos efluentes com potencial tóxico. Para responder a essa questão de forma precisa, é recomendável realizar uma série temporal de experimentos. Além disso, a compreensão aprofundada dos processos ambientais é resultante de acúmulo de conhecimentos decorrentes de estudos continuados. Os experimentos foram realizados em áreas localizadas, e os resultados foram suficientes para determinar o potencial tóxico das principais fontes de contaminação, comprovar a eficiência da metodologia e permitir a seleção de uma espécie bioindicadora para um futuro processo de monitoramento ambiental. Em uma próxima etapa, devem ser realizados experimentos em diversas áreas da baía, para verificar se a extensão desses efeitos com peixes e crustáceos, o que contribuirá para o estabelecimento do monitoramento propriamente dito. Outras metodologias sensíveis, como o ensaio “cometa”, demonstram grande potencial para serem empregadas em monitoramento ambiental devido à alta sensibilidade e reprodutibilidade. É um método rápido que permite a detecção de danos e de reparos do DNA de uma única célula e é de extrema relevância para a avaliação dos efeitos de compostos genotóxicos. Consiste de uma eletroforese de núcleos celulares que separa o - 195 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica DNA intacto daquele fragmentado pela ação de alguma substância genotóxica. O DNA fragmentado forma uma espécie de cauda, dando ao núcleo o aspecto de um cometa. O tamanho da cauda pode ser medido e sua intensidade, quantificada. Essas medidas podem, então, ser relacionadas com o grau e o tipo de contaminação. Além do monitoramento ambiental, utilizando-se os biomarcadores estudados em peixes antárticos, há necessidade de estudar os mecanismos biológicos que estão envolvidos na formação de micronúcleo e na fragmentação de DNA dos organismos polares e não apenas extrapolar os conhecimentos que existem nessa área para organismos não polares. Existe, também, a necessidade de verificar se as assinaturas isotópicas do C e do N do material do efluente do esgoto e da MOP na água e no sedimento, bem como de alguns organismos de diferentes níveis tróficos, em diferentes distâncias da saída do emissário, para um melhor esclarecimento dos resultados obtidos nos estudos anteriores e para um efetivo monitoramento da área. A análise das razões isotópicas de consumidores de topo, como aves e mamíferos, seria recomendável para um monitoramento, inclusive para um estudo de bioacumulação de contaminantes ao longo da trama trófica junto com os organismos bentônicos e pelágicos, como avaliado por Hobson et al. (2002). Da mesma forma, ainda faltam estudos visando avaliar o efeito dos contaminantes sobre a biologia das espécies bentônicas, principalmente sobre a fisiologia dos organismos com diferentes hábitos alimentares. O balanço de carbono entre o sistema pelágico e bentônico é de fundamental importância para a compreensão de resultados como os obtidos pela Rede 2, no qual a baía do Almirantado parece exportar CO2 para a atmosfera (vide item 6.1). Para saber a origem da matéria orgânica que sustenta a biomassa bentônica e qual o papel da produção pelágica nesse processo, são necessários estudos de produção primária do fitoplâncton, de microfitobentos e de macroalgas, além da estimativa de produção bacteriana no sedimento. Nessa questão, ressalta-se a importância de mapear adequadamente os bancos de macroalgas, que funcionam como fontes importantes de detritos para a fauna bentônica, além de aumentarem a complexidade estrutural do sistema bentônico, causando aumento da heterogeneidade espacial da biota e de sua diversidade. Por último, dentro do sistema bentônico, a megafauna de invertebrados e a ictiofauna demersal não puderam ser devidamente analisadas quanto a sua distribuição, abundância e diversidade em função de restrições logísticas. Entretanto, devido a sua importância no processo de transferência de energia entre o compartimento pelágico e bentônico e por contribuírem, significativamente, para a biomassa bentônica, além de apresentarem organismos considerados sensíveis a distúrbios antrópicos e com ciclos de vida longos, sugere-se a realização de estudos quantitativos sobre esse compartimento através de metodologias não destrutivas, como fotografias e vídeos submarinos. - 196 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Entre as demandas relativas ao SIG, está a elaboração de uma nova base cartográfica que vise um maior detalhamento e a atualização cartográfica da AAEG para uma escala em torno de 1:25.000, mais compatível com a escala dos fenômenos monitorados pelos grupos de pesquisas da Rede 2. - 197 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 9. PROPOSTA DE ESTRATÉGIA DE MONITORAMENTO Com base na análise dos dados integrados adquiridos a partir de dezembro de 2002 e dados pretéritos, foi possível eleger um conjunto de indicadores bióticos e abióticos que possui potencial significativo para ser utilizado na avaliação de impacto ambiental na AAEG da baía do Almirantado ou para estudos relacionados à compreensão de processos no ecossistema que necessitam de séries temporais consistentes. Nesse contexto, escolheram-se parâmetros que atendessem aos objetivos propostos e que, simultaneamente, pudessem ser obtidos dentro das restrições logísticas e operacionais que são impostas pelo ambiente antártico. O ambiente terrestre, geralmente, está mais sujeito a impactos antropogênicos e qualquer alteração nesse ecossistema acaba refletindo na atmosfera e ambiente marinho. Como o impacto local observado está mais restrito às áreas de uso intensivo das estações de pesquisa da baía do Almirantado, foi dada ênfase aos arredores da EACF. Além disso, foi considerada a AAEG como um todo, visto que os processos naturais, como o congelamento e o degelo, também são agentes significativos nas mudanças ambientais da região. Para o ambiente terrestre, foram selecionados alguns parâmetros como indicadores de acompanhamento ambiental (tabela 9.1) descritos a seguir: Com amostragem anual: • Flutuação populacional das aves: as aves, de modo geral, ocupam o topo da cadeia alimentar. Avaliar as flutuações e tendências das aves no processo interativo da baía do Almirantado facilita a constatação da qualidade ambiental. Como as aves exibem grandes flutuações populacionais na Antártica, recomenda-se uma avaliação anual em programas de longo prazo. • Número de bactérias heterotróficas: a contagem total de bactérias heterotróficas determina o número de bactérias que utilizam fontes de carbono orgânicas do solo. A variação desse número em solo antártico pode demonstrar impacto antropogênico através da introdução de contaminantes, por exemplo, como foi determinado em nossos estudos nos solos ao redor da estação. • Intervalo de tempo entre manutenções geradoras de impacto: dentre os procedimentos de manutenção periódica necessária para a garantia da segurança e do conforto dos usuários na EACF, o tratamento das superfícies metálicas é o mais importante, visto que os processos de limpeza das partes corroídas ocasionam considerável impacto acústico e grande geração de resíduos, estimando-se em cerca de 10% o quantitativo de partículas não recolhidas e espalhadas pelos arredores pela ação dos constantes ventos locais. - 198 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica • Produção de resíduos per capita: o monitoramento dos resíduos e sua relação com a população residente permite identificar as principais fontes geradoras em função do tipo de atividade e, através dos resultados anuais, buscar ações e/ou aprimoramentos visando sua redução. • Consumo de combustível: o consumo de combustível está diretamente relacionado às necessidades específicas, à qualidade do produto, à eficiência dos equipamentos, às condições de estocagem e ao manuseio. O controle do consumo em todas as instâncias permitirá o reconhecimento das falhas e a adoção de medidas mitigadoras dos impactos verificados. Esse não é um indicador propriamente dito, mas uma variável auxiliar na compreensão dos efeitos observados no ambiente visto que a concentração de contaminantes, geralmente, é proporcional ao número de pessoas na EACF. Com amostragem bianual: • Análise temporal de imagens (paisagem) da área da EACF: embora não se tenha, ainda, conhecimentos suficientes para identificar eventuais mudanças comportamentais nos animais em relação às modificações na paisagem natural, considera-se o valor estético como um bem a ser preservado. O monitoramento da paisagem estática pode ser realizado através da análise de imagens, adotando-se metodologias específicas de obtenção. Embora a avaliação da paisagem também deva ser feita considerando o cenário dinâmico, não foram estabelecidos parâmetros e métodos que possam ser aplicados para a situação específica da Antártica. Essa é mais uma ferramenta que indicador, a qual permitirá acompanhar variações na cobertura de vegetação natural e possível expansão da EACF. Com amostragem qüinqüenal: • Estrutura molecular da comunidade microbiana: as análises de estrutura de comunidade, em conjunto com o registro do número de bactérias heterotróficas, são importantes como linha de base para estudos futuros de introdução de contaminantes no meio (Luz et al., 2006). • Retração da cobertura vegetal: as comunidades vegetais são, geralmente, as primeiras a serem atingidas na degradação dos ecossistemas terrestres. Além disso são facilmente observáveis e mensuráveis. O aumento da área de degelo nos últimos anos, principalmente na região de ponta Hennequin, será importante para o acompanhamento da evolução da comunidade vegetal em função da maior exposição visual das áreas de cobertura vegetal para monitoramento. • Biodiversidade da comunidade vegetal: a biodiversidade, geralmente, é alterada como de acordo com as condições ambientais, seja pela ação antrópica ou por fenômenos naturais. - 199 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica • Distribuição populacional das aves: a maioria das aves reprodutoras, na baía do Almirantado, faz o ninho sempre no mesmo lugar e são poucas as exceções, que alteram a posição do ninho. Como isso ocorre há dezenas de anos, podem ser comparados os dados atuais e pretéritos para verificar se houve a retração dos locais de reprodução, o que indicaria a perda da capacidade de manutenção da população de aves, além de indicar as possibilidades de ocupação de outras áreas sem interferir na manutenção dos estoques populacionais. • Variação da extensão das geleiras: essa variação pode ser verificada através de sensoriamento remoto e SIG. • Feições geomorfológicas: a extensão (ou retração) dessas feições relacionadas com mudanças climáticas pode ser observada por fotos aéreas, permitindo uma análise comparativa periódica da variação. Tabela 9.1 – Estratégia de monitoramento proposta para o ambiente terrestre na baía do Almirantado INDICADOR UNIDADE Produção de resíduos per capita periodicidade LOCAL Intervalo de tempo entre as manutenções geradoras de impacto Kg/pessoa anual EACF Seleção, catalogação e medição in loco m² superfície tratada anual EACF Medição de resíduos sólidos e de nível de pressão sonora in loco Consumo de combustível Litro/atividade anual EACF Análise de quantitativos número de bactérias heterotróficas UFC/g anual EACF (tanques) Contagem em placas flutuação populacional das aves No exemplares anual AAEG contagem in loco das reprodutoras análise temporal de imagens (paisagem) imagens bianual EACF Análise comparativa de imagens estrutura molecular da comunidade microbiana s/ unidade qüinqüenal AAEG Biblioteca genômica (rDNA 16S) variação da extensão das geleiras Km² qüinqüenal AAEG sensoriamento remoto e SIG retração da cobertura vegetal m² ocupado qüinqüenal AAEG in loco alteração da biodiversidade da comunidade vegetal No espécies qüinqüenal AAEG Fitossociologia in loco distribuição populacional m² ocupado das aves qüinqüenal AAEG Cartografia in loco retração de feições geomorfológicas qüinqüenal AAEG aerofotos m² MÉTODO Para o sistema aquático, propõem-se cinco pontos de amostragem em água do mar: enseada Martel (em frente à saída do esgoto da EACF) e Botany (área de referência); - 200 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica enseada Mackelar (em frente à Estação Peruana Machu Picchu); enseada Ezcurra (Ponta Thomas) e Entrada (em frente à Estação Polonesa Arctowski). Foram escolhidos parâmetros básicos como indicadores de qualidade ambiental da água do mar (tabela 9.2), descritos abaixo, para serem utilizados em escala bianual: • Temperatura e salinidade – não são indicadores propriamente ditos, mas são necessários para verificarem-se as condições físico-químicas do ambiente marinho, descarga de água doce e para calcularem-se outros indicadores. • Oxigênio dissolvido – a descarga de esgotos ou compostos orgânicos são oxidados no ambiente marinho, gerando consumo de OD • pH – durante a oxidação da matéria orgânica, ocorre produção de CO2 e, portanto, o pH diminui. • CO2 atmosférico – necessário devido ao uso de combustíveis fósseis e queima de lixo na EACF, o que gera contribuição local desse gás para a atmosfera. • Silicato, nitrato e fosfato – esses indicadores permitem a identificação das massas de água presentes na baía do Almirantado, mensurando os inputs terrestres por ação de degelo e a entrada de águas do estreito de Bransfield na baía do Almirantado. O uso dos teores de silicato como indicadores de processos internos e interações com o oceano é fundamental para a compreensão dos ciclos biogeoquímicos da baía do Almirantado. • N-amoniacal, uréia e fósforo orgânico - devem ser usados na avaliação das influências antrópicas nas vizinhanças da ocupação humana, bem como na identificação dos processos naturais que ocorrem na região, já mostrados pelos indicadores nitrato e silicato associados aos valores de oxigênio. • Clorofila a – indicador de biomassa fitoplanctônica, permite avaliar efeitos rápidos do processo de eutrofização na biota planctônica. • Bactéria Clostridium perfrigens como indicador fecal, poderia ser mais eficiente para o monitoramento na região antártica por ser uma bactéria esporulada e mais resistente a condições extremas que outros indicadores microbiológicos. Indicada, principalmente, para o monitoramento de poluição remota, ou seja, contaminações ocorridas em longo prazo, como demonstradas pelos resultados das análises feitas em amostras de sedimento da enseada Martel e em outros trabalhos científicos realizados com o mesmo objetivo em outras áreas do continente antártico (Hughes & Thompson, 2004; Edwards et al., 1998; Hugues & Nobbs, 2004). - 201 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Tabela 9.2 – Estratégia de monitoramento proposta para a coluna d’água e atmosfera na baía do Almirantado. INDICADOR UNIDADE LOCAL MÉTODO Temperatura o C EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco Salinidade UPS EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco Oxigênio dissolvido mLL-1 e µmol.L-1 EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco pH sem unidade EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco CO2 atmosférico µatm EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco µmol.L-1 e µmol.kg-1 EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco Silicato, nitrato e fosfato µmol.L-1 e µmol .kg-1 EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco Fitoplâncton e clorofila a cel/L e index EACF, Botany, Pt Thomas, Arctowski, Machu Picchu in loco Clostridium perfringens NMP/100mL EACF in loco NH4 , Uréia orgânico e fósforo Em relação ao sistema bentônico, a estratégia de amostragem sugerida envolve a escolha de pelo menos quatro áreas para acompanhamento temporal, sendo uma nas proximidades da EACF (enseada Martel) e três consideradas como estações de referência: ponta Ulmann, Botany (enseada Martel) e Refúgio 2 (enseada Mackellar). Em cada área, dois pontos distantes cerca de 200m entre si devem ser escolhidos, sendo que na área da EACF, os dois pontos devem refletir fontes potenciais de poluição (em frente ao tanque de óleo e em frente à saída do esgoto). Isso servirá para avaliar variações naturais em pequena escala espacial e refletem, atualmente, o raio de influência das fontes poluidoras das estações antárticas, no geral. Em termos batimétricos, sugere-se o acompanhamento da biota entre 20-30m de profundidade. A escolha baseia-se nos resultados que indicam ser essa a faixa de maior diversidade da fauna bentônica de pequeno porte e por encontrar-se numa área de menor influência de distúrbios ambientais naturais como impacto por gelo, por exemplo, facilitando a análise de possíveis efeitos antrópicos. Considerando a avaliação preliminar sobre os possíveis efeitos das atividades humanas da EACF sobre a biota marinha e os parâmetros que melhor discriminaram esse efeito, sugere-se a inclusão dos seguintes indicadores (tabela 9.3) para um futuro monitoramento pela estação brasileira: - 202 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Com amostragem anual: • Bactérias do grupo dos Coliformes Totais; Escherichia coli e Clostridium perfringens – as bactérias do grupo dos coliformes (coliformes totais e E.coli) são indicadores microbiológicos de poluição de origem fecal humana e animal, tradicionalmente empregados na avaliação de diferentes ambientes. O comportamento desses indicadores no ambiente marinho antártico ainda está sendo avaliado, mas sabe-se que esses microrganismos, quando introduzidos em grandes quantidades, podem passar a fazer parte da flora intestinal. Os coliformes totais e E.coli são indicadores de contaminação recente e o Clostridium representa um indicador de poluição remota. Este é, também, mais resistente às condições adversas do ambiente e às condições anóxicas dos sedimentos. • Produção Biogênica do Metano: a interpretação da presença do metano, ainda que não exclusiva, pode ser relacionada com maior disponibilidade de matéria orgânica facilmente degradável, como é o caso dos esgotos sanitários. O metano é um gás de efeito estufa e um dos principais produtos finais das transformações microbianas da matéria orgânica sob condições anóxicas. Os resultados parciais mostram diferenças entre as comunidades de arquéias metanogênicas da área de estudo e do ponto de referência (Botany), que podem gerar mudanças nos padrões locais de emissão de metano. Essas diferenças podem ser decorrentes do aporte de compostos orgânicos e microbiota do efluente do sistema de tratamento de esgoto, mas o estabelecimento da produção biogênica de metano como indicador de curto, médio ou longo prazo depende da continuação da pesquisa e do acúmulo de dados, que já vêm sendo feitos como desdobramento deste estudo. • Biomarcadores celulares - os resultados demonstram que a utilização de anormalidades nucleares de eritrócitos e alterações genotóxicas dos cromossomos de peixes são úteis como biomarcadores para avaliar a qualidade ambiental, através de experimentos tanto in situ quanto em laboratório. Qualquer estudo de impacto ambiental, normalmente, inclui avaliação de toxicidade dos efluentes e o acompanhamento dos mesmos ao longo do tempo, inclusive após a implementação de medidas de melhoramento. Os resultados desses testes refletem, de maneira precisa, qual o potencial tóxico dos efluentes, identificado através de seus efeitos sobre os processos vitais selecionados dos organismos bioindicadores. Para acompanhamento da variação dos efeitos dos efluentes ao longo do tempo, seria interessante uma avaliação anual, nos primeiros 4 ou 5 anos, seguida de avaliações mais esporádicas, a cada 3 ou 4 anos, ou sempre que ocorrer alguma alteração nos sistemas, como troca do sistema de esgoto, reformas nos tanques de armazenamento de combustível ou alteração de qualquer estrutura que possa afetar o meio marinho. - 203 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Com amostragem bianual: • Macro e Megafauna bentônica - A fauna bentônica de sedimento (endo e epifauna) é o componente da biota marinha mais amplamente utilizado em estudos de impacto ambiental, principalmente em áreas costeiras rasas. Mesmo na Antártica, alguns protocolos, como os das estações McMurdo (USA) e Casey (Austrália), têm sugerido a inclusão das comunidades bentônicas como indicadores de impacto a serem utilizados em programas de monitoramento a longo prazo. A utilização dessas comunidades, em estudos desse tipo, reside no fato de possuírem organismos, na sua maioria, sésseis ou sedentários, na facilidade de quantificar as suas densidades, no conhecimento das respostas dessas comunidades a várias formas de poluição e na capacidade de refletirem, de forma integrada, as condições ambientais ao longo de variações temporais biologicamente importantes. Além disso, vários organismos, como os suspensívoros pertencentes tanto à epifauna como à endofauna, têm um papel importante na transferência de energia entre a coluna d’água e o sedimento, sendo elementos fundamentais na trama trófica do ecossistema. Algumas espécies facilmente reconhecíveis poderiam ser escolhidas como indicadoras de condições estáveis. O bivalve Laternula elliptica, que alcança até 10cm de comprimento e pode se enterrar mais de 50cm no sedimento (Zamorano et al., 1986), é facilmente distinguível, a olho nu, pelos sifões expostos na superfície do sedimento, conforme figura 8.1. Com relação à macrofauna, as espécies de poliqueta Capitella capitata e Microspio moorei foram encontradas em altas densidades em determinadas amostras dos transectos realizados em frente à EACF, áreas consideradas impactadas pelo gelo na ocasião, coincidindo com os resultados de Lenihan & Oliver (1995) e Conlan et al. (2004). Da mesma forma, a espécie Apistobranchus glacierae, encontrada em alta densidade nos anos de 1989, 1991 e 1994, tanto na macro como na meiofauna, pode funcionar como um excelente indicador de condições mais estáveis, já que indivíduos muito pequenos dessa espécie, jovens e, provavelmente, larvas menores que 1mm de comprimento (Petti et al., 2006), foram encontrados no sedimento, indicando que seu desenvolvimento deve ocorrer no fundo, o que provavelmente impossibilitaria a ocupação de áreas perturbadas. - 204 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Figura 8.1 – Sifões de Laternula elliptica Comunidades têm sido o nível de organização biológica mais popular entre os estudos de impacto. Embora várias avaliações sejam baseadas nas mudanças estruturais das comunidades, esse nível de organização também envolve a análise de mudanças funcionais. Muitos estudos referem-se ao uso de indicadores específicos para o monitoramento ambiental. Apesar de respostas individuais a contaminantes, in vitro, serem importantes em estudos de avaliação ambiental, geralmente é a análise de populações e comunidades, em ambiente natural, que permite, realmente, a avaliação da saúde do ambiente. Os métodos de coleta de bentos são amplamente conhecidos e, geralmente, pontuais. No caso específico da estação brasileira, sugere-se o uso de pegadores como mini Box-corer. No caso da epifauna, a utilização de metodologias não destrutivas é recomendada, como o uso de fotografias em censos visuais, que também permitem a documentação de distúrbios físicos naturais como o ice scouring. O intervalo de monitoramento ideal na região seria o anual devido à grande variabilidade interanual existente. Entretanto, devido a restrições logísticas de trabalhar na Antártica, sugere-se o intervalo de 2 anos. Intervalo maior impossibilitará, a médio prazo, uma avaliação precisa quanto aos efeitos causados por variações naturais daquelas antrópicas. Com amostragem trianual: • Hidrocarbonetos do petróleo (alcanos e PAHs) – devido ao uso contínuo de combustíveis fósseis na baía do Almirantado e na EACF. • Esteróis fecais e LABs – os indicadores químicos mais utilizados em trabalhos envolvendo poluição fecal e de efluentes domésticos em sedimentos são os esteróis fecais e os alquilbenzenos lineares (LABs). Os esteróis fecais, coprostanol e epicoprostanol têm sido usados como traçadores químicos, pois são resistentes à degradação e, portanto, menos susceptíveis às mudanças ambientais. Os esteróis estão presentes mesmo após um processo de tratamento, como ocorre na Estação Antártica - 205 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Comandante Ferraz, e, associados ao material particulado, acumulam-se nos resíduos sólidos provenientes do tratamento dos efluentes. O tempo de permanência do coprostanol, bem como de outros esteróis em sedimentos anóxicos, é longo, fato que, aliado à insolubilidade em água, confirma a aplicabilidade desses compostos em estudos sobre a contaminação recente ou contínua por esgoto. Os alquilbenzenos lineares (LABs) estão presentes em pequenas quantidades (1-3%) nos principais surfactantes utilizados na manufatura de detergentes. São moléculas com alta resistência a processos de degradação, sendo preservadas mesmo após sofrerem tratamento terciário de efluentes e podendo permanecer por até 20 anos nos sedimentos marinhos (Green et al. 1992). São traçadores de dejetos domésticos bastante úteis devido a sua estabilidade química e às limitadas fontes de origem (Zeng et al. 1997). Assim como os esteróis, não há evidências sobre propriedades adversas dos LABs ao meio ambiente, porém a especificidade com material fecal e efluentes domésticos tornam esses compostos úteis como indicadores de poluição por esgoto. • Metais: Cu, Zn, Pb, Fe - associados a introduções antrópicas Com amostragem qüinqüenal: • Análise da estrutura molecular da comunidade microbiana: como as comunidades microbianas respondem rápido a perturbações no ambiente, os índices de diversidade associados a essas comunidades podem ser úteis na avaliação da dinâmica ecológica e do impacto de perturbações na comunidade, além de funcionarem como bioindicadores de processos de biorremediação natural e da estabilidade da comunidade e, conseqüentemente, do ecossistema. O resultado desse levantamento, analisado de maneira qualitativa (identificação taxonômica) e quantitativa, através de análises estatísticas, permite verificar diferenças significativas de diversidade nas áreas estudadas. É considerado um indicador de longo prazo. • Trama trófica - O uso de isótopos estáveis de C e N como traçadores em tramas tróficas marinhas (Michener & Schell, 1994) também vem sendo utilizado como uma ferramenta importante no monitoramento de poluição por esgotos ou eutrofização, uma vez que esse tipo de contaminação altera a assinatura isotópica dos organismos vivos (Rau et al., 1981; Conlan et al., 2000; McClelland & Valiela, 1998; Peterson, 1999). Na Antártica, a única referência com o uso desse instrumento para avaliar a influência de esgoto no bentos marinho foi um estudo realizado na estação de McMurdo (Conlan et al., 2000). Além disso, a trama trófica na área costeira da enseada Martel vem sendo analisada desde 1996/97 (Corbisier et al., 2004; Bromberg, 2004). O monitoramento, a longo prazo, do funcionamento das comunidades bentônicas permitirá verificar se estão ocorrendo ou não alterações nas estruturas das tramas tróficas por efeitos antrópicos ou - 206 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica naturais. Como os resultados obtidos até o presente não indicam um efeito das fontes de contaminação sobre a comunidade bentônica em frente à EACF, uma avaliação a cada cinco anos é suficiente para um monitoramento, a não ser no caso de um evento agudo. Tabela 9.3– Estratégia de monitoramento proposta para o sistema bentônico na baía do Almirantado INDICADOR UNIDADE Coliformes e Clostridium perfringens NMP/100g em sedimento PERIODICIDADE LOCAL anual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 in loco anual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 in loco Fluxo do metano / Balanço biológico do metano ppb Biomarcador celular EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 in loco bianual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 MBC – 2 pontos bianual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 anual (poliquetas e bivalves) Densidade, diversidade, biomassa Megafauna bentônica Densidade, diversidade, Macrofauna bentônica biomassa Microfitobentos em sedimento MÉTODO (20-30m prof) Imagens subaquáticas Index bianual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 in loco Hidrocarbonetos de µg,g-1 petróleo em sedimento trianual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 GC-MS Esteróis fecais e LABs em sedimento µg,g-1 trianual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 GC-MS ng,g-1 a % trianual EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 Absorção atômica qüinqüenal EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 in loco qüinqüenal EACF, Botany, Ullman, Refúgio 2 Razões isotópicas CeN Metais em sedimento Hg, Cu, Zn, Fe Estrutura molecular microbiana Trama trófica Índice de diversidade GC-MS = técnica de cromatografia em fase gasosa acoplada à espectrometria de massa MBC = mini-box-core - 207 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 10. ESTRATÉGIAS DE MELHORIAS A EACF pode ser considerada um exemplo em termos de prevenção e cuidado com a preservação do meio ambiente antártico. Mesmo tendo adotado procedimentos que visam minimizar qualquer efeito deletério sobre o ambiente marinho, como a presença de um sistema de tratamentos de esgoto e instalação de paredes duplas nos tanques de óleo e casco duplo nas embarcações e chatas, ainda existem melhorias que podem ser feitas para reduzir ainda mais os impactos causados pela presença humana na área. Assim, sugere-se: • melhoria do sistema de tratamento de esgoto a fim de diminuir o lançamento de microrganismos de origem fecal humana, matéria orgânica e outros resíduos presentes no efluente. • plano de contingência para acidentes com hidrocarbonetos (vazamento dos tanques ou acidente no transporte do combustível) • elaboração de um manual claro de condutas e procedimentos para os usuários das instalações brasileiras na Antártica, cujo foco principal seja a diminuição do impacto ambiental causado pelo uso das instalações e equipamentos. - 208 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 11. CONSIDERAÇÕES FINAIS O levantamento de dados pretéritos e atuais disponíveis na área Antártica Especialmente Gerenciada (AAEG) da baía do Almirantado forneceu um panorama geral das condições ambientais desse ecossistema antártico. No ambiente terrestre, identificou-se um impacto local concentrado nas áreas de uso intensivo das estações de pesquisa da baía do Almirantado, com perceptível interferência na diversidade e abundância da fauna e flora da região. Processos naturais como congelamento e degelo são agentes significativos nas mudanças ambientais desse sistema. No ambiente marinho, foi identificado um efeito local sobre a fauna bentônica e nas proximidades da EACF, porém com distribuição espacial pouco significativa. Nesse ambiente, processos naturais como o degelo, anchor ice e ice-scour ainda podem ser considerados agentes muito mais significativos nas mudanças ambientais da AAEG do que os antrópicos. Apesar de poucos dados sobre o ambiente atmosférico, observa-se uma influência externa devida ao transporte atmosférico de longo alcance, bem como indícios de influência antrópica local. Um conjunto de informações de caráter multidisciplinar, englobando temas do meio físico, antrópico e oceanográfico foi inserido no Sistema de Informação Geográfica (SIG), obtendo-se uma base temporal para comparação com dados pretéritos e futuros. Essas informações podem contribuir para o planejamento de atividades logísticas, científicas e turísticas da AAEG. O diagnóstico ambiental e o estudo multidisciplinar comparativo permitiram a proposição preliminar de indicadores de qualidade ambiental, visando o estabelecimento de um programa de monitoramento para a região em estudo. Cabe salientar que um monitoramento ambiental mais coerente e efetivo depende de séries temporais longas de diversos parâmetros (abióticos e bióticos). Além de fornecer a perspectiva única e inestimável das mudanças ambientais, possibilitam a criação de uma linha de base dinâmica, representando a faixa de variabilidade natural do ambiente. O conhecimento do ambiente possibilitou, também, a elaboração de um plano inicial de ordenamento, de acordo com a capacidade da EACF, do desenvolvimento tecnológico para as edificações brasileiras na Antártica, coerentes com as necessidades, com o apoio logístico e com o Protocolo de Madri. À proposta de monitoramento, somam-se as atividades de planejamento oriundas do estabelecimento de um cenário futuro desejável para a EACF e a AAEG como um todo. As informações apresentadas neste relatório podem servir de subsídio para as ações mitigadoras de possíveis impactos ambientais na região. - 209 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica 12. PRODUÇÃO CIENTÍFICA (2002-2004) Artigos em periódicos ALVAREZ, C. E. 2003. O Brasil na Antártica: 20 anos de convívio do homem com o ambiente. Informativo da Comissão Interministerial para os Recursos do Mar. Brasília, DF, v.14, n.1, p.04 – 05. BÍCEGO, M. C., ZANARDI-LAMARDO, E., TANIGUCHI, S., WEBER, R. 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Livro SCHAEFER, C.E.G..R., FRANCELINO, M.R., SIMAS, F.N.B., ALBUQUERQUE FILHO, M.R. (eds). 2004. Ecossistemas Costeiros e Monitoramento Ambiental da Antártica Marinha Baía do Almirantado, Ilha Rei George. NEPUT, Viçosa, Minas Gerais, 192 p. Capítulos do livro AHLERT, S., ARIGONY NETO, J., BREMER, U.F., DANI, N., DEBIASI, P., NIEVISKI, F.G., FRANCELINO, M.R. Sistema de informação geográfica para a AAEG Baía do Almirantado: Uma ferramenta para o monitoramento de impacto ambiental. Cap. 16, p. 135-144. ALBUQUERQUE FILHO, M.R., SCHAEFER, C.E.G.R., SIMAS, F.N.B., COSTA, L.M. DIAS, J.R., PEREIRA, V.V., COELHO, L.M. Características físicas e químicas de solos sobre rochas vulcânicas na Península Keller, Antártica marítima. Cap.4, p-27-34. ALBUQUERQUE, M.A., PELLIZARI, V.H., SCHAEFER, C.E.G.R., LUZ, A.P., CORREA, D.M. Ecologia microbiana dos solos da Antártica marítima. Cap. 10, p. 73-90. ALVAREZ, C.E., CASAGRANDE, B., CRUZ, D.O., SOARES, G.R. Estação Antártica Comandante Ferraz: proposta de zoneamento ambiental. Cap. 17, p.145-158. COSTA, L.M., FRANCELINO, M.R., SCHAEFER, C.E.G.R., DIAS, L.E., BORGES JR, M., MENDONÇA, E.S. Química das águas de degelo na Ilha Rei George, Antártica. Cap. 11, p.91-94. FRANCELINO, M.R., SCHAEFER, C.E.G.R. Glossário de Geomorfologia glacial e glaciologia aplicados à Antártica marítima. Cap. 18, p.159-192. FRANCELINO, M.R., SCHAEFER, C.E.G.R., FERNANDES FILHO, E.I., ALBUQUERQUE FILHO, M.R., SIMAS, F.N.B., MOREIRA, G.F. Geoformas da Península Keller, Antártica marítima: subsídios ao monitoramento ambiental. Cap.3, p.15-26. SANTOS, I.R., SCHAEFER, C.E.G.R., SILVA-FILHO, E.V., ALBUQUERQUE, M.A. ALBUQUERQUE FILHO, M.R. Contaminantes antrópicos em ecossistemas antárticos: Estado-de-arte. Cap. 12, p.95-106. SANTOS, I.R., SILVA-FILHO, E.V., SCHAEFER, C.E.G.R., SELLA, S.M., ALBUQUERQUE FILHO, M.R. Mercúrio em solos e sedimentos costeiros da Baía do Almirantado, Antártica. Cap. 15, p.131-134. SCHAEFER, C.E.G.R., ALBUQUERQUE FILHO, M.R., SIMAS, F.N.B., COSTA, L.M., PEREIRA, V.V., GERRA, M.B.B., GOMES, M.R.M. Indicadores biogeoquímicos de metais pesados e - 211 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica elementos maiores em solos e coberturas vegetais na Península Keller, Antártica. Cap. 8, p.59-64. SCHAEFER, C.E.G.R., DIAS, L.E., ALBUQUERQUE, M.A., FRANCELINO, M.R., COSTA, L.M., RIBEIRO JR., E.S. Monitoramento ambiental e avaliação dos impactos nos ecossistemas terrestres da Antártica marítima: Princípios e aplicação. Cap.13, p. 107-118. SCHAEFER, C.E.G.R., DIAS, L.E., CAMPOS, L.S., ALBUQUERQUE FILHO, M.R., COSTA, L.M., BORGES JR, M. 2004. Monitoramento ambiental em sedimentos costeiros da Baía do Almirantado: granulometria, teores de macronutrientes e metais biodisponíveis. Cap. 14, 119-130. SCHAEFER, C.E.G.R., FRANCELINO, M.R., SIMAS, F.N.B., COSTA, L.M. Geologia e geotectônica da Península Keller, Antártica marítima. Cap.2, p.7-14. SCHAEFER, C.E.G.R., PEREIRA, A.B., FRANCELINO, M.R., FERNANDES FILHO, E.I., SIMAS, F.N.B., COSTA, L.M., OLIVEIRA, A.C. Comunidades vegetais na Península Keller: ecologia e padrões de distribuição. Cap. 9, p.65-72. SCHAEFER, C.E.G.R., SIMAS, F.N.B., ALBUQUERQUE FILHO, M.R., MICHEL, R.F.M., VIANA, J.H.M., TATUR, A. Fosfatização: processo de formação de solos na Baía do Almirantado e implicações ambientais. Cap. 7, p.47-58. SETZER, A.W., OLIVEIRA, M.R., FRANCELINO, M.R., SCHAEFER, C.E.G.R., COSTA, L.M., BREMER, U.F. 2004. Regime Climático na Baía do Almirantado: Relações com o ecossistema terrestre. Cap. 1, p.1-6. SIMAS, F.N.B., SCHAEFER, C.E.G.R., ALBUQUERQUE FILHO, M.R., MICHEL, R.F.M., COSTA, L.M., MENDONÇA, E.S., PEDROSO, I.V.C.P. Carbono imobilizado: indicador ambiental no Ecossistema terrestre da Península Keller. Cap.5, p.35-40. SIMAS, F.N.B., SCHAEFER, C.E.G.R., ALBUQUERQUE FILHO, M.R., MICHEL, R.M., DIAS, L.E., BORGES JR., M., PRATES, L. Atributos químicos de criossolos ornitogênicos da Baía do Almirantado, Antártica. Cap. 6. p.41-46. Trabalhos submetidos e/ou em preparação CAMPOS, L.S. Composition and biomass of shallow benthic megafauna along an annual cycle in Admiralty Bay, King George Island, Antartica. (submetido ao Polar Biology) ECHEVERRÍA, C.A., PAIVA, P.C. Variations on macrofaunal shallow benthic communities along an annual cycle at Admiralty Bay, King George Island, Antarctica. (submetido ao Polar Biology) FÁVARO, D.I., CAVALLARO, G.P.M., DAMATO, S.R. MAZZILLI, B.P., BRAGA, E.S., BOSQUILHA, G.E, BERBEL G.B.B. – Total Mercury in bottom sediment samples from admiralty bay King George Island, Antarctic Region. (em preparação) FRANCELINO, M.R., SCHAEFER, C.E.G.R., FERNANDES FILHO, L.M.C. Geomorphology, biogenic and cryogenic features on volcanic-brock landscape of Keller Peninsula, Admiralty Bay, King George Island, Antarctica. (submetido ao Geomorphology) - 212 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica LUZ, A.P., CARVALHO, F.R.C., PELLIZARI, V.H. Bacterial diversity of Antarctic soils assessed by PCR-DGGE techniques. (em preparação) NGAN, P. V., GOMES, V., PASSOS, M. J. A. C., KEYI, R., USSAMI, A., CAMPOS, D. Y. F., PEREIRA, B.A. Biomonitoring of the genotoxic potential (micronucleus and erythrocytic nuclear abnormalities assay) of the Admiralty Bay water surrounding the Brazilian Antarctic Research Station Comandante Ferraz, King George Island. (submetido ao Polar Biology) PEREIRA, A. B, LOPES PUTZKE, M. T, SPIELMANN, A. A., MARTINS,M. F. N., MICHELS, J., PUTZKE, J. Lichen and Moss Communities on Deception Island, Antarctica. (submetido à Série Cientifica do INACH) PETTI, M.A.V., NONATO, E.F., BROMBERG, S., GHELLER, P.F., CORBISIER, T.N. Ecological and taxonomic remarks on the Antarctic apistobranchids. (submetido ao Scientia Marina) PETTI, M.A.V., NONATO, E.F., SKOWRONSKI, R.S.P., CORBISIER, T.N. Importance of the meiofaunal polychaetes in the nearshore zone of Martel Inlet, King George Island, Antarctica. (em preparação) PUTZKE, J., PEREIRA, A B. The Vegetation of Stinker Point, Elephant Island, Antarctica. (submetido à Série Cientifica do INACH) PUTZKE, J., LOPES M. T., PEREIRA, A B. Biological Communities of Keller Peninsula, King George Island – Antarctica. (submetido à Série Cientifica do INACH) SANTOS, I.R., SILVA-FILHO, E.V., SCHAEFER, C., SELLA, S.M., SILVA, C.A., GOMES, V., PASSOS, M.J.A.C.R., PHAn,V.N. Baseline mercury concentrations in soils, sediments and biota of Admiralty Bay, King George Island, Antarctica. (submetido ao Environmental Pollution) SCHAEFER, C.E.G.R., SIMAS, F.N.B., ALBUQUERQUE FILHO, M.R. Micromorphology of Cryogenic soils from Antarctica: ornithogeneis and phosphate forms. (submetido ao Geoderma) SILVA, P. S. C, MAZZILLI, B.P., FAVARO, D. I., BRAGA, E.S. – Radionuclide concentrations in the sediments of Admiralty Bay, King George Island, Antarctica region. (em preparação) SKOWRONSKI, R.S.P., CORBISIER, T.N. Meiofauna bathymetric distribution and short-term variation related to environmental characteristics of the shallow coastal area of Admiralty Bay, Antarctica. (submetido ao Meiofauna Marina) SKOWRONSKI, R.S.P., CORBISIER, T.N. Nematode ecology and trophic structure variability in a shallow coastal area of Admiralty Bay Antarctica (em preparação) Trabalhos em eventos ALVAREZ, C. E. 2002. Situação atual e perspectiva para a Estação Antártica Comandante Ferraz e Refúgios Brasileiros In: Reunión de Administradores de Programas Antárticos Latinoamericanos (RAPAL) e II Taller sobre Construcciones Antárticas, 2002, Buenos Aires. Publicado na forma de documento de informação. - 213 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica ALVAREZ, C. E. 2003. 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FILO COELENTERATA CLASSE ANTHOZOA FAMÍLIA NIDALIIDAE Alcyonium sp FAMÍLIA ISIDIDAE Thouarella variabilis Wright & Studer, 1889 FILO NEMERTEA FAMÍLIA LINEIDAE Parborlasia corrugatus (McIntosh, 1887) FILO ANNELIDA CLASSE POLYCHAETA FAMÍLIA POLYNOIDAE Barrukia cristata (Willey, 1902) FAMÍLIA PHYLLODOCIDAE Eteone sculpta Ehlers, 1897 Eulalia varia Ehlers, 1912 Eulalia subulifera Ehlers, 1897 Notalia picta (Kinberg, 1866) Phyllodoce sp. FAMÍLIA SYLLIDAE Brania clavata (Claparède, 1863) Brania rhopalophora (Ehlers, 1897) Exogone heterosetoides Rosenfeldt,1988 australis Hartmann-Schröder & Exogone heterosetosa McIntosh, 1885 Exogone minuscula Hartman, 1953 Genetyllis polyphyla (Ehlers, 1908) Sphaerosyllis perspicax Ehlers (1908) Syllides articulosus Ehlers, 1897 FAMÍLIA NEPHTYIDAE Aglaophamus ornatus Hartman, 1967 - 248 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica FAMÍLIA SPHAERODORIDAE Sphaerodoropsis Rosenfeldt,1988 arctowskyensis Hartmann-Schröder & FAMÍLIA DORVILLEIDAE Ophryotrocha notialis (Ehlers, 1908) Pettiboneia hartmanae Orensanz, 1990 FAMÍLIA LUMBRINERIDAE Lumbrineris magalhaensis (Kinberg, 1865) FAMÍLIA ORBINIIDAE Leitoscoloplos (= Haploscoloplos) kerguelensis (McIntosh, 1885) FAMÍLIA PARAONIDAE Aricidea (Allia) antarctica Hartmann-Schröder & Rosenfeldt, 1988 Cirrophorus sp. Tauberia (= Paraonis) gracilis (Tauber, 1879) Tauberia (= Paraonis) cf. oligobranchiata Strelzov, 1973 FAMÍLIA SPIONIDAE Microspio cf. moorei (Gravier, 1911) FAMÍLIA CIRRATULIDAE Tharyx cf. cincinnatus (Ehlers, 1908) FAMÍLIA APISTOBRANCHIDAE Apistobranchus glacierae Hartman, 1978 FAMÍLIA FLABELLIGERIDAE Brada villosa (Rathke, 1843) Ilyphagus sp. FAMÍLIA SCALIBREGMATIDAE Scalibregma inflatum Rathke, 1843 FAMÍLIA OPHELIIDAE Ophelina (= Ammotrypane) gymnopyge (Ehlers, 1908) Ophelina (= Ammotrypane) syringopyge (Ehlers, 1901) FAMÍLIA CAPITELLIDAE Capitella capitata antarctica Monro, 1930 Capitella perarmata (Gravier, 1911) FAMÍLIA MALDANIDAE Asychis amphiglypta (Ehlers, 1897) Eupraxillella antarctica Hartmann-Schröder & Rosenfeldt, 1989 Maldane sarsi antarctica Arwidsson, 1911 Praxillella sp. Rhodine antarctica Gravier, 1907 FAMÍLIA AMPHARETIDAE Ampharete kerguelensis McIntosh, 1885 - 249 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Amphicteis gunneri antarctica Hessle, 1917 Anobothrus cf. patagonicus (Kinberg, 1867) FAMÍLIA TEREBELLIDAE Amphitrite kerguelensis McIntosh, 1885 Artacama sp. Lanicides bilobata (Grube, 1877) Leaena cf. collaris Hessle, 1917 Lysilla macintoshi Gravier, 1907 Pista cf. corrientis McIntosh, 1876 Pista cristata (Muller, 1776) Pista cf. patriciae Hartmann-Schröder & Rosenfeldt, 1989 Proclea cf. graffi (Langerhans, 1884) FAMÍLIA TRICHOBRANCHIDAE Terebellides stroemii kerguelensis McIntosh, 1885 FAMÍLIA SABELLIDAE Euchone cf. pallida Ehlers, 1908 Potamilla antarctica (Kinberg, 1867) FAMILIA SERPULIDAE Spirorbis sp. FAMÍLIA COSSURIDAE Cossuridae gen sp1 FILO PRIAPULIDA FAMÍLIA PRIAPULIDAE Acanthopriapulus horridus FILO MOLLUSCA CLASSE GASTROPODA FAMÍLIA PATELLIDAE Nacella concinna (Strebel, 1908) FAMÍLIA BUCCINIDAE Neobuccinum eatoni (Smith, 1875) CLASSE BIVALVIA FAMÍLIA NUCULANIDAE Nuculana inaequisculpta (Lamy, 1906) Propeleda longicaudata (Thiele, 1912) FAMÍLIA SILICULIDAE Silicula rouchi Lamy, 1910 FAMÍLIA SAREPTIDAE Yoldia eightsi (Couthoy, in Jay, 1839) FAMÍLIA LIMOPSIDAE - 250 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Limopsis lilliei Smith, 1915 Limopsis marionensis Smith, 1885 FAMÍLIA PHILOBRYIDAE Adacnarca limopsoides (Thiele, 1912) Adacnarca nitens Pelseneer, 1903 Lissarca miliaris (Philippi, 1845) Lissarca notorcadensis Melvill & Standen, 1907 Philobrya sublaevis Pelseneer, 1903 Philobrya wandelensis Lamy, 1906 FAMÍLIA LIMIDAE Limatula hodgsoni (Smith, 1907) FAMÍLIA CARDITIDAE Cyclocardia astartoides (Martens, 1878) FAMÍLIA CYAMIIDAE Cyamiocardium denticulatum (Smith, 1907) Cyamiomactra laminifera (Lamy, 1906) FAMILIA THYASIRIDAE Thyasira falklandica (Smith, 1885) FAMÍLIA LASAEIDAE Mysella charcoti (Lamy, 1906) Mysella miniuscula (Pfeffer, 1886) FAMÍLIA THRACIIDAE Thracia meridionalis Smith, 1885 FAMÍLIA LATERNULIDAE Laternula elliptica (King & Broderip, 1831) FILO ARTHROPODA SUB-FILO CRUSTACEA CLASSE MALACOSTRACA SUPER-ORDEM PERACARIDA ORDEM AMPHIPODA FAMÍLIA AMPELISCIDAE Ampelisca barnardi Nicholls,1938 Ampelisca bouvieri Chevreux, 1912 Byblis subantarctica Schellenberg, 1931 Schraderia gracilis Pfeffer, 1888 FAMÍLIA PHOTIDAE Gammaropsis georgianus (Shellenberg, 1931) FAMÍLIA AORIDAE - 251 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Kuphocheira setimana K H Barnard, 1931 FAMÍLIA DEXAMINIDAE Paradexamine fissicauda Chevreux, 1906 Polycheria antarctica (Stebbing, 1875) FAMÍLIA EOPHLIANTIDAE Wandelia crassipes Chevreux 1906 FAMÍLIA EPIMERIIDAE Epimeria georgiana Schellenberg, 1931 Epimeria macrodonta Walker, 1906 FAMÍLIA EUSIRIDAE Bovalia gigantea Pfeffer, 1888 Djerboa furcipes Chevreux, 1906 Eurymera monticulosa Pfeffer, 1888 Eusirus antarcticus Thomsom, 1880 Eusinus perdentatus Chevreux, 1912 Liouvillea oculata Chevreux, 1912 Lopyastis sp. Oradarea walkeri Schoemaker 1930 Prostebbingia brevirostris (Chevreux, 1906) Prostebbingia gracilis (Chevreux, 1913) Prostebbingia longicornis (Chevreux, 1906) FAMÍLIA EXOEDICEROTIDAE Parhalimedon turqueti Chevreux 1906 FAMÍLIA GAMMARELLIDAE Gondogeneia antarctica (Chevreux, 1906) Gondogeneia subantarctica (Stephensen, 1938) FAMÍLIA GAMMARIDAE s. l. (Gammarida : Ceradocus group) Paracerodocus miersii (Pfeffer, 1888) FAMÍLIA IPHIMEDIDAE Parapanoplea oxygnathia Nicholls, 1938 Paraphimedia integricauda Chevreux, 1906 FAMÍLIA ISCHYROCERIDAE Jassa sp FAMÍLIA LILJEBORGIIDAE Liljeborgia georgiana Schellenberg, 1931 SUPERFAMÍLIA LYSIANASSOIDEA Aristias antarcticus Walker, 1906 Cheirimedon femoratus ( Pfeffer, 1888) Hippomedon kergueleni (Miers, 1875) - 252 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Lepidepecreum cingulatum K H Barnard, 1932 Orchomenella macronyx (Chevreux, 1905) Orchomene sp. Uristes georgianus (Schellenberg, 1931) Waldeckia obesa (Chevreux, 1905) FAMÍLIA OEDICEROTIDAE Monoculodes antarcticus K H Barnard, 1932 Monoculodes scabriculosus K HBarnard, 1932 Oediceroides calmani Walker, 1906 Oediceroides lahillei Chevreux, 1911 Paraperioculodes brevimanus K H Barnard, 1931 Paraperioculodes brevirostris (Schellenberg, 1931) FAMÍLIA HARPINIINAE Fuegiphoxus uncinatus (Chevreux, 1912) Heterophoxus trichosus K H Barnard, 1932 Heterophoxus videns K H Barnard, 1930 Parharpinia obliqua K H Barnard, 1932 Pseudoharpinia dentata Schellenberg, 1931 FAMÍLIA PLEUSTIDAE Parepimeria bidentata Schellenberg, 1931 FAMÍLIA PODOCERIDAE sp1 FAMÍLIA STENOTHOIDAE Probolisca ovata (Stebbing, 1888) Prothaumatelson nasutum Chevreux, 1906 Torometopa perlata (K H Barnard, 1930) ORDEM CUMACEA FAMÍLIA BODOTRIIDAE Cyclospis sp. Pomacuma sp FAMÍLIA LEUCONIDAE Eudorella sp FAMÍLIA NANNASTACIDAE Campylaspis sp Cumella sp. ORDEM ISOPODA FAMÍLIA ANTARCTURIDAE Antarcturus hempeli Wägele, 1988 Chaetarcturus longispinosus Brandt, 1990 - 253 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica Litarcturus antarcticus (Bouvier, 1910) Litarcturus granulosus (Nordesntam, 1933) FAMÍLIA AUSTRARCTURELLIDAE Dolichiscus meridionalis (Hodgson, 1910) FAMÍLIA CHAETILIIDAE Glyptonotus antarcticus Eights, 1853 FAMÍLIA HOLIDOTEIDAE Neoarcturus minutus Brandt, 1990 FAMÍLIA MUNNOPSIDAE Echinozone quadrispinosa (Beddard, 1886) FAMÍLIA PSEUDIDOTHEIDAE Pseudidothea scutata (Stephenson, 1947) FAMÍLIA SEROLIDAE Serolis polita Pfeffer, 1887 ORDEM COPEPODA FAMÍLIA PELTIDIIDAE Alteuthella sp. FILO ECHINODERMATA CLASSE OPHIUROIDEA FAMÍLIA AMPHIURIDAE Amphioplus acutus Mortensen, 1936 FAMÍLIA OPHIURIDAE Ophionotus victoriae Bell, 1902 CLASSE ASTEROIDEA FAMÍLIA ASTERIIDAE Labidiaster annulatus Sladen, 1889 FAMÍLIA ODONTASTERIDAE Odontaster validus Koheler 1906 CLASSE ECHINOIDEA FAMÍLIA ECHINIDAE Sterechinus neumayerii FILO BRACHIOPODA FAMÍLIA TEREBRATULLIDAE Liothyrella uva FILO CHORDATA Subfilo Urochordata Classe Ascidiacea Ordem Aplousobranchia - 254 - Rede 2 Gerenciamento ambiental na baía do Almirantado, ilha Rei George, Antártica FAMÍLIA POLYCLINIDAE Synoicum adareanum (Herdman 1902) Aplydium sp Sidnyum sp FAMÍLIA POLYCITORIDAE Sycozoa sigilinoides Lesson 1830 Distaplia cylindrica (Lesson 1830) Ordem Phleboranchia FAMÍLIA CIONIDAE Tylobranchion speciosum (Herdman 1886) FAMÍLIA CORELLIDAE Corella eumyota Trastedt 1882 FAMILIA AGNESIIDAE Agnesia biscoei Monniot & Monniot 1983 Caenagnesia schmitti Kott 1969 FAMÍLIA ASCIDIIDAE Ascidia challengeri Herdman 1882 Ordem Stolidobranchia FAMÍLIA STYELIDAE Cnemidocarpa verrucosa Lesson 1830 Styela sp FAMILIA PYURIDAE Pyura bouvetensis (Michaelsen 1904) Pyura setosa (Sluiter 1905) Pyura discoveryi (Herdman 1910) FAMILIA MOLGULIDAE Molgula pedunculata (Herdman 1881) Molgula enodis (Sluiter 1912) - 255 -
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