Ano 11 Ed 121 Jun 2010
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Ano 11 Ed 121 Jun 2010
JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 Página -2 ato curioso acontece na Umbanda ou talvez seja mesmo característica deste povo brasileiro. Não sei se é falta de fé ou “infidelidade” religiosa – como diria meu amigo, irmão e Mestre Rubens Saraceni. Tenho respeito por todas as religiões, mas sei bem qual é a minha religião, Umbanda! E Umbanda não é “kardecismo” nem Candomblé. Muitos englobam as três religiões mediúnicas como “espiritismo”, esquecendo-se que Allan Kardec cunhou esta palavra como um neologismo exclusivo para determinar um modelo de filosofia, “ciência dos espíritos”, que por ele fora codificada em suas cinco obras de base. Talvez por esta confusão muitos freqüentam de tudo e buscam de tudo, na ânsia de resolver seus problemas como quem entra em um “Drive-Thru”. O mundo ocidental, essencialmente capitalista, molda a mentalidade do homem moderno e sua forma de ver o mundo, no qual tudo está aí para ser consumido. E F muitos chegam ou procuram a Umbanda com esta mesma mentalidade. “Tipo assim”... sabe...: Nº 1: Limpeza espiritual e corta demanda. Nº 2 Orientação e Prosperidade. Nº 3 Abre Caminho e Sorte no Amor. Se puder falar o quanto custa melhor, sem comprometimento, sem envolvimento, sem doutrina ou reflexão. Muitos chegam assim de outras religiões na Umbanda e outros, umbandistas, saem da Umbanda quando crêem que está “demorando muito” para receber Nº 1, o Nº 2 ou o Nº 3. Alguns quando percebem que a Umbanda não os servirá em seus propósitos de desavença, vingança, amarrações e outros “trabalhinhos”. Facilmente encontrados nos classificados “marronzinhos”, que prometem sorte, dinheiro, amor e poder em 24 hs. Curioso é que, muitas vezes, é A imagem publicada na capa desta edição, é uma adaptação da pintura original do artista plástico RODRIGO BUENO, editada livremente por Laura Carreta. Diretor Responsável: Alexandre Cumino Tel.: (11) 3441-9637 E-Mail: [email protected] Endereço: Av. Irerê, 292 - Apto 13 Planalto Paulista São Paulo - SP Diretor Fundador: Rodrigo Queiróz Tel.: (14) 3011-1499 /8114-8184 E-mail: [email protected] Consultora Jurídica: Dra. Mirian Soares de Lima Tel.: (11) 2796-9059 Jornalistas Responsáveis: Marcio Pugliesi - MTB: 33888 Wagner Veneziani Costa - MTB:35032 Alessandro S. de Andrade - MTB: 37401 sofrimento, tenha fé na Umbanda. Tenha fé em Deus e nos Orixás, agüente firme as dificuldades que a vida nos dá, busque com os Guias – Entidades/Espíritos – de Umbanda a melhor forma de passar por esta dor seja ela qual for. E lembre-se de que enquanto umbandistas podemos e devemos aprender filosoficamente com todos os mestres da humanidade. Segundo o Mestre Sidharta Gautama toda a dor é resultado do apego a este mundo transitório e passageiro, passamos maus bocados devido a ilusão em que se encontra nosso ego. Vamos então buscar na Umbanda soluções para vencer o modo da ilusão e do apego, vamos buscar merecimento para a tão sonhada bem aventurança. Nossa capa: EXPEDIENTE: Editoração e Arte: Laura Carreta Tel.: (11) 7215-9486 nem as pessoas que oferecem tais coisas as possuem. Como oferecer algo que não se tem para dar? No caso da Umbanda podemos e devemos dizer o que ela tem para dar: HUMILDADE, AMOR e CARIDADE. Como caminho para PAZ, HARMONIA e EQUILIBRIO, conquistados na busca em dar um sentido para a vida que é em si a leitura da mesma de uma perspectiva espiritual, mágica e divina. Se você que é Umbandista está passando por dificuldades, lembre-se todos passam por dificuldades e não é por conta de ser adepto desta ou daquela religião e sim porque a vida tem algo para nos dizer, algo para se aprender dentro de nossas necessidades e merecimentos. Procure dar um sentido a suas dores e frustrações. Antes de sair correndo para buscar receitas mágicas e mirabolantes da mão de pessoas que só tem interesse em rendimentos monetários a custo de sua dor e É uma obra filantrópica, cuja missão é contribuir para o engrandecimento da religião, divulgando material teológico e unificando a comunidade Umbandista. Os artigos assinados são de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo necessariamente a opinião deste jornal. As matérias e artigos deste jornal podem e devem ser reproduzidas em qualquer veículo de comunicação. Favor citar o autor e a fonte (J.U.S.). Contatos com o artista RODRIGO BUENO: (11) 3673-2756 / e-mail: [email protected] www.mataadentro.com.br O Jornal de Umbanda Sagrada NÃO FFA A Z ASSINA TURAS ASSINATURAS O JUS é distribuído gratuitamente em vários pontos da cidade ou, em maiores quantidades poderá ser retirado em nossa redação, sempre gratuitamente. Envie um email para: [email protected] e cadastre-se para receber os textos do jornal por e-mail também de forma gratuita. Maiores informações pelo telefone (11) 3441-9637 Tenha Fé na Umbanda na alegria e na tristeza; tenha fé na Umbanda na saúde e na doença; tenha fé na Umbanda na primavera, verão, outono e inverno de sua vida. Tenha fé na Umbanda e tenha Fé em Deus, antes de procurar uma solução fora de você e fora da Umbanda, busque olhar um pouquinho para dentro de si. E que possa ver no escuro e ouvir no silêncio a presença e a voz de Deus que habita dentro de cada um de nós. contatos: [email protected] JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 A s sete linhas são as sete irradiações divinas emitidas pelo divino Criador Olorum, que é Deus, e formam sete “eixos” divinos sustentadores de toda a sua criação divina. Esses sete eixos já foram descritos com vários nomes simbólicos, tais como: • As sete colunas sustentadoras da criação. • Os sete pilares sustentadores do mundo. • Os sete raios divinos. • Os sete cajados sagrados. • As sete lanças protetoras divinas. • As sete flechas direcionadoras da criação. • As sete linhas de evolução. • Os sete caminhos sagrados etc. A verdade, e isso é o que importa, é que as Sete Linhas da Umbanda começam em Deus e chegam até nós aqui na terra, penetrando em nosso mental, com uma delas entrando verticalmente bem no centro do nosso chacra coronal criando um eixo denominado “eixo do nosso equilíbrio”. Sem esse eixo para nos equilibrar não conseguiríamos nos manter de pé, na posição vertical. As outras seis irradiações entram em nosso chacra coronal com cada uma em uma posição ao redor dele e criando uma roda raiada com um eixo central que nos faculta movimentarmos-nos para a direção que quisermos sem que perder o equilíbrio, com cada um deles exercendo suas funções energizadoras das nossas faculdades mentais e dos nossos sete sentidos. Em dado momento é um desses eixos que envia-nos uma carga mais intensa de energia viva e divina e em outro momento é outro desses sete eixos. Em nós, esses sete eixos ou essas sete linhas são tão importantes e imprescindíveis, que se um deles atrofiar-se ou torcer-se ou ter seu calibre Página -3 reduzido, nos ressentimos da sua alimentação energética e entramos em desequilíbrio mental, fato esse que afeta algumas das nossas faculdades mentais e desvirtua algum dos nossos sentidos, fato esse que afeta nossa percepção, nossa sensibilidade, nossas emoções, nosso humor, nossa razão, nosso caráter, nossa fé, nosso senso, etc. As sete linhas são bi-polizadoras e, graficamente, colocamos na ponta de cada uma um Orixá, que em si uma manifestação e uma fateriorização do Divino Criador Olorum, que é Deus. Cada Orixá é em si uma exteriorização do Divino Criador Olorum e é em si um mistério divino do tamanho da criação. Sendo que tudo e todos depois Dele estão dentro dos seus campos vibratórios mentais, sendo influenciados o tempo todo, hora NOS ELEMENTOS TEMOS ESSA NOMENCLATURA: • Linha Cristalina (ou cristais) • Linhas Mineral (ou minérios) • Linha Vegetal (ou vegetais) • Linha Ígnea (o fogo) • Linha Eólica (o ar) • Linha Telúrica (a terra) • Linha Aquática (a água) NOS SENTIDOS, QUE SÃO IMATERIAIS, TEMOS ESSA NOMENCLATURA: • Linha da fé e da religiosidade • Linha do amor e da renovação • Linha do conhecimento e do aprendizado • Linha do equilíbrio e da razão • Linha da lei e do caráter • Linha da evolução e do saber • Linha da geração e da criatividade por um desses campos, hora por outro e noutra hora por vários deles ao mesmo tempo, tudo dependendo de nossas ações mentais. Mas, alem da importância para nosso equilíbrio e bem estar as Sete Linhas de Umbanda ou as Sete Irradiações Divinas participam dos processos criacionistas de Deus estabelecendo os eixos cristalográficos que regulam o crescimento dos minerais formadores da “matéria”. Em outro campo de atuam de outras formas, dando sustentação à formação de outros “materiais” e mesmo de coisas imateriais, tais como a fé, o amor, etc. Por isso tanto podemos nomear as sete linhas pelos elementos formadores da natureza terrestre e que são materiais ou pelos sentidos, que são imateriais. AS SETE LINHAS DE UMBANDA SÃO PONTIFICADOS EM SEUS QUATORZE PÓLOS REGENTES POR QUATORZE ORIXÁS E, QUE SÃO ESSES: • • • • • • Linha da fé Oxalá e Logunan Linha do amor Oxum e Oxumaré Linha do conhecimento Oxóssi e Obá Linha da justiça Xangô e Egunitá Linha da lei Ogum e Iansã Linha da evolução Obaluayê e Nanã Buruquê • Linha da geração Iemanjá e Omulu • Oxalá é a fé e Logunan é o fervor religioso. • Oxum é a concepção e Oxumaré é a renovação da vida. • Oxossi é o conhecimento e Obá é o aprendizado. • Xangô é a razão e Egunitá é a condensadora dos estados de consciência. • Ogum é Lei e Iansã as direções a serem seguidas pelos seres. • Obaluayê é a evolução transmutadora e Nanã é o saber adquirido. • Yemanjá é a gerção da vida e Omulú é o seu estabilizador. NOS FATORES, TEMOS ISSO: • Oxalá é magnetizador • Logunan é condutora • Oxum é agregadora • Oxumaré é renovador • Oxossi é expansor • Obá é concentradora • Xangô é graduador • Egunitá é energizadora • Ogum é ordenador • Iansã é direcionadora • Obaluayê é transmutador • Nanã é amadurecedora • Yemanjá é geradora • Omulu é estabilizador NAS CORES TEMOS ESSA CLASSIFICAÇÃO: • A cor de Oxalá é branca • A cor de Logunan é o azul escuro • A cor de Oxum é o rosa • A cor de Oxumaré é o azul turquesa • A cor de Oxóssi é o verde • A cor de Obá é magenta • A cor de Ogum é o azul escuro • A cor de Iansã é o amarelo • A cor de Xangô é o vermelho • A cor de Egunitá é laranja • A cor de Obaluayê é o violeta • A cor de Nanã Buruquê é o lilás • A cor de Iemanjá é o azul claro • A cor de Omulu é o roxo TAMBÉM TEMOS ESSA OUTRA CLASSIFICAÇÃO: • Oxalá é o espaço e Logunan é tempo • Oxum é a concepção e Oxumaré é o renascimento • Oxossi é a criatividade e Obá é a racionalidade • Xangô é a temperatura e Egunitá é a energia • Ogum é encaminhador e Iansã é a direcionadora • Obaluayê é a passagem e Nanã é o abrigo • Iemanjá é a natividade e Omulu é a morte São tantas as possibilidades de nomeação e classificação da Sete Linhas de Umbanda que é melhor pararmos por aqui. JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 Página -4 rovavelmente uma das manifestações divinas mais difíceis de se entender é a dualidade. O pensamento ocidental, maniqueísta, calcado em valores cristãos – devidamente distorcidos de acordo com interesses políticos e econômicos ao longo da História – estabeleceu um padrão de pensamento em que existem duas forças antagônicas: o bem e o mal, sempre em constante batalha pelo domínio do mundo e da alma de seus habitantes. Assim, tudo que não segue a estética e a moral ocidental-cristã é imediatamente associado à sua antítese: as forças maléficas regidas por seres do mal, chamado de demônios. Esse tipo de pensamento traz em si um paradoxo, já que o próprio livro sagrado do Cristianismo afirma que Deus é onipresente. Estando em todas as partes, Deus estaria também nas regiões trevosas da espiritualidade – regiões que muitos tomaram por costume chamar de inferno. Então Deus estaria no inferno? Parece uma heresia total fazer tal afirmação, mas sendo Ele um ser onipresente, deve (ou deveria) estar em todos os lugares. A crença de um inferno de penas eternas e governado por um ser excepcionalmente maldoso também faz parte do imaginário cristão e, dentro desse raciocínio contraditório, não haveria lugar para Deus nessa região – mesmo sendo Ele onipresente (?). Dentro da filosofia que norteia o pensamento umbandista, descartamos essa idéia de inferno. Admitimos a existência de regiões espirituais trevosas, densas, onde se encontram aqueles espíritos que não atingiram a elevação moral esperada, elevação essa que pode ser conquistada um dia, não necessariamente através de expiações, mas também do trabalho árduo na espiritualidade. No entanto, nessas regiões ainda reina uma espécie de barbárie espiritual, já que os valores morais de seus habitantes não são os mais elevados, necessitando assim de alguém que controle suas ações, não permitindo que outras esferas (como a dos encarnados, por exemplo) sejam alvos dos ataques e obsessão desses espíritos. É nesse contexto que começamos a entender o papel dos Exus, os guardiões tão incompreendidos e injustiçados, P que atuam como agentes da Lei e da Ordem dentro desse princípio da dualidade divina. Entender Exu é entender o próprio funcionamento da Lei Maior. Antes de qualquer coisa é preciso saber a diferença entre o Orixá Exu e o Exu catiço (entidade, espírito, guia), da Umbanda. A palavra Exu, que significa “Esfera”, remete aos cultos africanos e ao Orixá de mesmo nome. Como bem sabemos, por diversos fatores históricos, houve no Brasil um processo chamado sincretismo, através do qual as divindades africanas foram associadas aos santos católicos. Assim, Iansã, por exemplo, que é a divindade dos raios e das tempestades, foi sincretizada com Santa Bárbara, já que essa santa também é associada aos raios e trovões. Ogum, o Orixá guerreiro, foi sincretizado com São Jorge, o patrono militar dos católicos, e assim por diante. No entanto, com o Orixá Exu houve, ainda dentro do sincretismo, um processo de demonização. Sendo Exu a divindade ligada à fertilidade, à sexulidade e à virilidade – inclusive carregando, em suas representações, um cetro em forma de falo – e tendo uma personalidade um tanto rebelde, como nos contam as itans (lendas africanas dos Orixás), não tardou para que fosse associado ao demônio bíblico/católico. Assim, desde o princípio, Exu foi temido, e provavelmente gostou disso, levando-se em conta seu caráter irreverente. Apesar da confusão em torno da natureza de Exu, não podemos esquecer e nem desprezar sua importância dentro do panteão africano e de seu funcionamento, já que ele atua como “mensageiro” ou “intermediário” entre os homens e os Orixás. Nos cultos de Umbanda também encontramos Exu, porém não na figura de um Orixá, e sim de um espírito catiço, um desencarnado, que viveu em Terra e procura, através do trabalho na espiritualidade, alcançar o progresso moral. Também associado a figuras demoníacas, o Exu da Umbanda é um valo- roso trabalhador, que indiferente a essas interpretações calcadas em visões preconceituosas, segue perseverante no cumprimento de sua tarefa. O papel do Exu numa gira de Umbanda é de fundamental importância, realizando a segurança do terreiro – imaginem quantos kiumbas (espíritos trevosos e zombeteiros) atacariam uma tenda de Umbanda a fim de atrapalhar seus trabalhos, se não fosse a presença dos Exus, trancando a sua passagem. Em casos de descarregos, também são os Exus os principais agentes, pois cabe a eles a tarefa de encaminhar cada espírito, seja um pobre sofredor desorientado, ou um perigoso obsessor ao seu local de merecimento e/ou tratamento. Exu também é o agente da justiça kármica, sendo sua tarefa levar a cada um o que lhe é de direito ou merecimento – por isso também a confusão em torno de seu caráter, já que ao coração humano é muito fácil aceitar o que é agradável, mas muito difícil entender que os revezes da vida muitas vezes são resultado de nossas próprias ações. Ao contrário daquilo que falam sobre eles, os Exu são fiéis amigos, sempre dispostos a ajudar seus protegidos, mas também exigindo uma conduta deles, pois são extremamente rigorosos. De uma forma bastante simplificada, podemos entender o Exu como uma mistura entre o carteiro e o gari, pois ele traz aquilo que deve ser entregue e varre aquilo que deve ser levado. JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 lá meu caro leitor, umbandista, espiritualista ou simpatizante, venho a vocês explanar sobre algumas coisas que se mostram aos homens ao longo de anos, mas que acabam sendo deixadas de lado por falta de conhecimento humano. Lembrando que a Ciência nunca nega a Deus, quem o nega são os homens ao longo da história, talvez como resultado de épocas opressoras da informação e da pesquisa, por parte das Religiões que já dominaram o mundo ocidental. Quando rompidos os dogmáticos grilhões das proibições sobre a indagação, os homens procuraram se afastar por completo de qualquer vinculo com algo Divino ou intangível. Pensando dessa forma, os homens passaram a compreender as explicações sobre a Criação de forma calcada em seu lado visível e palpável, fugindo do que aos olhos deles era o “sobrenatural”, mas que traziam em sua origem eventos perfeitamente naturais da Criação. Desta forma, muitos acreditaram que o éter era um estado físico, algo mensurável na matéria, e desde Isaac Newton passando por Michelson Morley e outros , sempre a coisa empacava em medir materialmente o éter. Embora nas observações dos fenômenos naturais fosse fácil explicálo a falta de “materialidade” era motivo para os cientistas abandonarem a crença deste estado das coisas. Isso ocorreu pela não observância de que o éter era mais que um estado, e sim um “lado” diferente da Criação, ausente do material e objetivo, mas integrante no todo, que envolve mais do que podemos ver. Na sabedoria dos povos antigos acreditava-se no éter como um estado menos denso das coisas, como um quinto elemento, que era assim visto e nomeado Akasha (um elemento espiritual), alem da classificação de fluído Universal, na Teosofia, Kardecismo e nas filosofias orientais. A Ciência moderna através da Física (ou Mecânica) Quântica vem chegando cada vez mais perto desta visão do plano etérico, desde que um funcionário de um escritório de patentes chamado Albert Einstein, ao ver metade da comunidade científica discutindo que Luz era onda, e a outra que Luz era partícula, ter usado em seu raciocínio a máxima de Hermes Trismegisto. Interpretou o “Assim com o” luz é onda, é partícula, em alternância de momentos e surgiram os princípios da lei da relatividade que o tornou célebre. Os Cientistas tem observado que ondas e partículas, até mesmo mesuráveis do lado material, comportam-se no O vácuo de forma a dar possibilidade de um estado etérico das coisas. Como visto no experimento de Hendrik Casimir, que numa sala vazia, totalmente fechada e sem ar, com duas placas de metal próximas, com alimentação de energia, notou uma tendência a aproximá-las , que cria um efeito de distorção batizado de “vácuo de Casimir”. Mesmo Cientistas como Stephen Hawking tem levado em consideração algo além do vácuo em suas observações. Na Física Quântica o éter é considerado nas Teorias de Campo Unificado, Gravitação, e em variáveis da velocidade da Luz etc... Bom, espero não ter forçado muita Ciência aos leitores, mas na verdade os incito a estudar estes itens e ler o Livro das Energias e da Criação, do Mestre Rubens Saraceni, no qual um médium, que não tem experiência e nem conhecimento profundo sobre estes assuntos, psicografou o que considero um tratado de Ciência Divina. Apesar de ele afirmar que não é um livro científico e sim esotérico ou espiritualista, neste verdadeiro tratado vemos o surgimento de um “Amálgama Divino” de Energias sutis. Preenchido por fatores, com funções na criação, tanto ativas Página -5 como passivas, que juntam-se em ondas de um magnetismo sutil e não materializado. Este amálgama “elementaliza-se”, materializa-se, obedecendo um critério de polaridade, positivo e negativo ou passivo e ativo (seria este princípio também o que os cientistas observam mesmo no plano material, sobre a formação de pares de partículas, chamado de pares de partículas e anti-partículas?). Ainda de forma mais espantosa a obra citada revela o conhecimento que explica fatos impressionantes se corretamente lidos e interpretados, como as infindáveis partículas sub-atômicas, que surgem nos aceleradores de partículas pelo mundo. Concluindo que não existe uma partícula material definitiva sendo a menor, até porquê os experimentos conhecidos depois de um tempo conseguem novas e menores partículas. O que surpreende é o fato de que elas parecem obedecer a padrões que alguns cientistas chegaram a chamar de vontade própria (fatores e funções?). O Mestre material, Rubens Saraceni, por meio do qual se comunicam os Mestres da Luz, em humildade absoluta nunca manifesta-se sobre os assuntos que psicografa, mas simplesmente supera-se obra após obra, trazendo à luz da verdade uma Ciência Divina, abrindo parênteses ao raciocínio lógico. Pois Ciência é a observação de eventos e a experimentação dos mesmos metodologicamente. E como diria Allan Kardec, também um cientista de primeiro escalão em seu tempo, somos todos crentes em Deus, no espírito e na mediunidade, todos manifestados e provados em inúmeras experiências, somente sendo contestados pela coluna dos céticos que criam teorias vazias como fatos. Eu estou impressionado pela leitura deste que é um livro sem precedentes, que aborda de maneira superior e profunda, tópicos que trazem novos rumos de interpretação a Ciência, que um dia caminhará nesta direção, entendendo que o “Big Bang” e sua expansão mensurável é a medição da “elementalização” dos fatores que “explodiram” materializando-se, aglutinados num amálgama de energia já manifestada materialmente, e não uma explosão sem sentido e sem motivo, pois tudo ocorreu de forma ordenada e pensada. Trago estes fatos ao leitor mais atento e estudioso, pois de forma simples, podemos encontrar nesta obra, Livro das Energias e da Criação, muitos dos conhecimentos científicos que podemos ver demonstrados atualmente, mas com nomenclatura mais universalista e compreensível aos leigos. *Campo quântico seria um campo que em teoria seria inerente a todas as coisas, ajudando a manter a integridade das estruturas, e que tem na obra de quadrinhos de Allan Moore uma colocação errada, afinal como jogar alguém em algo que está em tudo e nele também, pois ele não seria uma realidade, e sim uma espécie de força, daí a minha licença de usar o termo enquanto local, para mostrar o raciocínio na estória Watchmen. SOBRE A POPULARIDADE DESTA NOVA E FUNDAMENTAL CIÊNCIA OBSERVAMOS ALGUMAS PECULIARIDADES: • É fato que a comunidade científica continua sempre dividindo a matéria em aceleradores de partículas e o estudo da estrutura básica do átomo e suas menores partículas não é algo fechado, e bate plenamente com o que li no livro. • Existem partículas hipotéticas como Tachyons que são aceitas em cálculos científicos sérios, e embora ainda sejam só calculadas, em tese ate poderiam viajar no tempo (fatores atemporais?). • A Física Quântica esta tão disseminada, que desde os anos 80 temos obras populares de ficção que se servem das teorias quânticas, como filmes de viagem no tempo, e até histórias em quadrinhos como a excelente e premiada Watchmen, onde o Dr Manhatan, um personagem “super-poderoso”, ganha seus poderes quando é jogado no *“Campo Quântico” (Éter), desintegrando-se, mas de alguma forma, sua consciência (Alma ou Espírito), consegue reconstruir seus átomos (aglutinando fatores até chegar na matéria), dando-lhe poder sobre a manipulação da matéria (como a matéria é composta por fatores, controlá-los é controlar a mesma) mas de forma incrível, é mais fácil os homens se curvarem a uma teoria fantasiosa, onde o personagem atinge ares de Divindade, do que propriamente entender que Deus, as Divindades e mistérios, manifestam este controle sobre o Natural, a “Físis”, de forma ordenada. Mistérios que podem ser acessados via religiosa ou magística, dentro de princípios inquebrantáveis de ordem, afinal os limites definem o lugar de cada um e cada qual na criação, sendo o homem definido também por suas limitações (Deus não dá asas a cobras). • Podemos dizer que qualquer tenro estudante conhece as teorias que envolvem a formação da matéria, e passa por ignorante qualquer um que finja não conhecer que a teoria quântica aponta em toda sua força, mas com outras palavras, a uma formação da matéria vinda de partículas sutilíssimas, com funções, além de outras realidades, um universo que faria parte de um “multiverso”, de inúmeras realidades, de dimensões (medidas) da matéria conhecidas , ainda tendo o tempo como uma quarta dimensão (medida), pois ele determina a duração das coisas, e a teoria M que nos da outras 10 ou 11 dimensões possíveis de observar na matéria (seriam planos e estados da mesma neles?). E como as realidades em si, são por muitos autores entendidas como dimensões, o conjunto da obra psicografada por Rubens está acima de todas as expectativas, unindo o divino com o material, de forma muito integral, trazendo à nossa realidade conhecimentos sobre a Criação e a natureza humana, que se observados solucionariam lacunas incríveis. Enfim, leiam esta obra, e com certeza se encontrarão mais conhecedores de sua Fé e da Criação, pois eu acredito, e dou um testemunho de razão e racionalidade sobre a obra. Contatos: [email protected] Página -6 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 uitos são os debates no campo religioso, alguns com valor moral, outros com valor individual. Cada um faz o seu trabalho, e a partir disso, cada um acha o “seu”, melhor que o do outro. Religião é um fenômeno humano, criação nossa, para atender as nossas necessidades de organização e conduta em relação ao Divino. Com essa criação, temos sempre a vista os pregadores de “verdades”. Não a minha verdade, mas sempre a verdade individual de um elemento. A Umbanda, por ser uma religião nova, praticamente uma adolescente, tem em seu meio a diversidade de forma, trabalho e tradição. Todos estão certos, a partir do seu ponto de vista, e todos estão com problemas, quando abandonam a essência do processo para acertar rixas, desacordos pessoais e trincas particulares. A bandeira desse ato sempre é a Doutrina, que quando colocada à frente, camufla o pessoal, o interesse particular. A Doutrina, que deve conduzir os valores de um sistema Religioso é usada como luva de pelica para atingir uma desavença pessoal. Escola contra escola, método contra método, religião contra religião... O prejuízo desse processo nos pertence. Perdemos tempo, energia, foco e crescimento com estes comportamentos. Não conseguimos desenvolver um olhar critico construtivo, só destruição e juízo final em relação ao outro. Nada é aceito, a inovação embolora e continuamos como a “religião dos analfabetos, sem cultura, pé no chão ou baixo espiritismo”. Se gastássemos o mesmo tempo com debates, fóruns e mudanças, buscando o aprimoramento de nosso sistema religioso, a preocupação com o fiel, desde as suas necessidades espirituais até o nível de instrução, teríamos um novo caminhar. Afinal, o conhecimento e a educação, quando bem direcionados, trazem estruturação ao meio religioso. As mudanças que ocorrem são tomadas através de trombadas e empurrões, a aceitação em relação ao sistema de ensino Página -7 ia destes, ao final de uma gira de desenvolvimento mediúnico, manifestou-se Pai João de Angola, o Preto Velho regente da casa. Como de costume, acendeu seu cachimbo, cumprimentou os presentes e chamou todos para bem perto dele e após se acomodarem ele pediu que todos respondessem uma pergunta simples: – Do que a Umbanda precisa? E assim um a um foram respondendo: - Mais união... – Mais estudo... – Mais divulgação... – Mais respeito... – Mais reconhecimento... Mais, mais e mais... Após todos manifestarem suas opiniões, Pai João sorriu e disparou: – Muito se diz do que a Umbanda precisa, não é? E eu digo que a Umbanda precisa de Filhos! Silêncio repentino no ambiente. Naturalmente os filhos ficaram surpresos e ansiosos para a conclusão desta afirmação. Pai João pitou, pensou, pitou, sorriu e continuou: “É isso, a Umbanda precisa sobretudo de FILHOS. Porque um filho jamais nega sua mãe, sua origem, sua natureza. Quando alguém questiona vocês sobre o nome de sua mãe, vocês procuram dar um outro nome a ela que não seja o verdadeiro? Um filho nem pensa nisso, simplesmente revela a verdade. Assim é um verdadeiro Filho de Umbanda, não nega sua religião, nem conseguiria, pois seria o mesmo que negar a origem de sua vida seria o mesmo que negar o nome de sua mãe. Um filho de Umbanda, dentro do terreiro limpa o chão como devoção e não como uma chata necessidade de faxinar. D M interno, escolas templos, é precário. Todos os dias recebo e-mails com observações pejorativas em relação aos cursos ou ao modelo pelo qual trabalho. O alvo da vez são os cursos EAD (ensino a distância). Método consagrado em meio a grandes Instituições de renome internacional no setor da educação. Argumentos como: “isso não é Umbanda”, “umbanda acontece dentro do terreiro, no pé do guia”, “isso não tem fundamento”, entre outras malcriações... Na mesma proporção, recebo mensagens de pessoas que foram enganadas, lubridiadas e tapeadas, dentro da “umbanda”, “dentro do terreiro, no pé do guia”, “com estranhos fundamentos...” Nesse caso sou categórico: A FALTA DE CONHECIMENTO ABRE PORTAS PARA O DESASTRE, O ENGODO E A ENGANAÇÃO! A religiosidade tem dificuldade para acompanhar o progresso da sociedade. Se religião é um fenômeno humano, e a mesma humanidade muda o tempo todo, acreditar em uma religião sem mudanças, é engessar o caminho pelo qual deveriam existir alterações de forma natural. Neste momento, gosto de pensar na história, principalmente em personagens como Sócrates e Galileu. Mentes a frente do seu tempo, condenados pela sua visão do futuro e consagrados longe do seu próprio presente. Vamos refletir... Um filho de Umbanda dá o melhor de si para e pelo o terreiro, pois sente que ali, no terreiro ele está na casa de sua mãe. Um filho de Umbanda ama e respeita seus irmãos de fé, pois são filhos da mesma mãe e sabem que por honra e respeito a ela é que precisam se amar, se respeitar e se fortalecer. Um filho de Umbanda sente naturalmente que o terreiro é a casa de sua mãe, onde ele encontra sua família e por isso quando não está no terreiro sente-se ansioso para retornar e sempre que lá está é um momento de alegria e prazer. Um filho de Umbanda não precisa aprender o que é gratidão. Porque sua entrega verdadeira no convívio com sua mãe, a Umbanda, já lhe ensina por observação o que é humildade, cidadania, família, caridade e todas as virtudes básicas que um filho educado carrega consigo. Um filho de Umbanda não espera ser escalado ou designado por uma ordem superior para fazer e colaborar com o terreiro, ele por si só observa as necessidades e se voluntaria, pois lhe é muito satisfatório agradar sua mãe, a Umbanda. Um filho de Umbanda sabe o que é ser Filho e sabe o que é ter uma Mãe. Quando a Umbanda agregar em seu interior mais Filhos que qualquer outra coisa, estas necessidades que vocês tanto apontam como união, respeito, educação, ética, enfim, não existirão, pois isto só existe naqueles que não são Filhos de fato. Tenham uma boa noite, meus filhos!” Pai João pitou mais uma vez e desincorporou. Diante dele, seus filhos, com olhos marejados, rosto rubro, agradeciam a lição. Saravá a Umbanda, salve a sabedoria, salve os Pretos Velhos. Contatos: www.rodrigoqueiroz.blogspot.com contatos: [email protected] lei da ação e reação, terceira Lei de Newton, conhecida por todos e após seu descobrimento muitas coisas se explicaram. No entanto, a maioria só a reconhece no plano físicomaterial. É preciso, entretanto, que esta lei seja também interpretada e entendida no plano espiritual. No código penal existe a legítima defesa, que se caracteriza no momento em que alguém se defende de um ataque atual ou iminente - ação - se defendendo reação - a lei de Newton materializada. Mas como vamos saber ou sopesar que tipo de reação espiritual terá a partir de nossa ação. Aqui não precisamos de muitas explicações, até mesmo para os que não acreditam, não querem acreditar ou mesmo pensa que o único lugar existente e habitado em todo planeta é a terra, logo não teremos consequências após a morte com nossas ações. A bíblia sagrada base das religiões cristãs, que é para todo efeito referência e suporte analógico para muitas religiões em uma de suas parábolas diz : ame ao A seu próximo como a ti mesmo. Esta pequena frase de conteúdo e alcance muito além do gramatical, pois divino, explica sem muito esforço de interpretação que tipo de reação espiritual teremos com nossas ações. Se sua ação é negativa para prejudicar o seu próximo, fazer-lhe mal e cometer injustiças, a reação, indubitavelmente, voltará contra você no mesmo valor e conteúdo, o mesmo valendo para ações positivas. Enfim, se temos em nós algo que Deus não interfere, o nosso livre arbítrio, não podemos esquecer desta lei da ação e reação, e achar, equivocadamente que toda ação no campo espiritual, não terá uma reação na mesma altura e espécie. Contatos: [email protected] JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 Página -8 oje, temos uma compreensão razoável sobre a mediunidade graças ao trabalho magnífico de estudo dela realizado por volta de 1850 por Alan Kardec e seu grupo de pesquisadores na França. Ele trouxe luzes para a compreensão da mediunidade retirando dela a aura sombria do sobrenatural, explicando-a de forma nacional e compreensiva às pessoas possuidoras de faculdades mediúnicas. A partir da expansão acelerada do espiritismo todo um estado anterior de sofrimento começou a mudar e milhares de pessoas antes tidas como loucas ou possuídas pelo demônio, tratadas em sanatórios ou recolhidas em prisões, começaram a ser beneficiadas pelos tratamentos de desobsseções realizados nos Centros Espíritas. E muitos dos “antigos loucos” tornaram-se grandes médiuns de transporte, de cura, etc. Livros com esse novo enfoque de um velho problema de fundo espiritual que assombrava os paises de cultura ocidental onde o cristianismo era a religião oficial, nunca mais deixaram de ser escritos e publicados trazendo cada vez mais luzes sobre o “mundo dos espíritos”. Pessoas curadas das obsessões convertiam-se ao espiritismo e, já tendo vivido o drama da perturbação espiritual, até tinham uma certa facilidade em tratar pessoas obsediadas porque tinham a experiência própria como exemplo. Aos poucos os familiares encaminhavam seus entes queridos, mas perturbados para os Centros Espíritas mesmo contrariando as orientações dos seus padres, que nada podiam fazer para curar os obsediados e só em casos de possessão total recorriam aos seus ritos de expulsão do demônio conhecidos como “exorcismo”. A despeito de toda perseguição seja da igreja, seja da policia, o espiritismo crescia sem parar devido às necessidades espirituais das pessoas. H MAS VOLTEMOS UM POUCO NO TEMPO! Antes do advento do “Cristianismo” em toda a Europa existiam religiões as mais diversas, sendo que cada uma possuía seus rituais de afastamento de espíritos “do mal” e de atração de “espíritos do bem”. Inclusive, possuíam nomes para ambas as classes de espíritos e em seus panteões havia divindades que afastavam os espíritos malignos, o infortúnio, as doenças, as misérias, as intrigas, etc e outras que propiciavam a prosperidade, a saúde, etc, cada uma com seus rituais específicos e suas oferendas magísticas desenvolvidos no decorrer dos séculos. Com o advento e posterior crescimento do Cristianismo a maioria das antigas religiões européias foram sendo desestruturadas e perseguidas pela nova igreja cristã, que condenava e perseguia todos os “cultos pagãos” sendo que chegou um momento que a igreja e estados eram uma coisa só e a religião oficial criou a “Inquisição” para prender torturar e até matar quem ousasse reavivar qualquer culto anterior, atribuindo suas iniciativas à ação do diabo em suas vidas. Milhares de pessoas foram mortas ou torturadas, tanto as que reavivavam os cultos pagãos para poderem auxiliar as pessoas necessitadas quanto estas, que não tinham a quem recorrer e os padres atribuíam seus problemas de fundo espiritual ou mental à falta de fé e de fervor religioso. ISSO É HISTÓRIA E OS NOSSOS COMENTÁRIOS BASEIAM-SE EM LIVROS DE HISTORIA ESCRITOS POR AUTORES INSUSPEITOS. Então, a partir do século XVI começou a grande Expansão dos impérios Europeus de então, com todos apoiados pelo “Clero Romano” já indissociado das Monarquias Européias. Começou a conquista das Américas, da África, da Oceania, da Índia, do Oriente Médio e até de pequenos povos do Extremo Oriente. Na frente iam os poderes político e militar conquistando povos e nações e logo atrás vinham os missionários consolando, confrontando e convertendo os derrotados, prometendo-lhes o paraíso após a morte caso adotassem a nossa religião, juntando à conquista física à espiritual, ou seja: do corpo e da mente! E antigas religiões naturais também tachadas de “pagãs” começaram a ser extintas, perdendo boa parte dos seus rituais de afastamento dos maus espíritos e de atração dos bons espíritos, assim como foram extintas desde 1500 até agora, 500 anos depois, muitas religiões primitivas associadas às forças da natureza erroneamente classificadas como pagãs pela Igreja Apostólica Romana e de “culto ao demônio” pelos protestantes, também cristãos, mas tão vorazes e tão opressores quanto os católicos. Muito se perdeu em termos de conhecimento sobre o mundo espiritual e sobre rituais de afastamento e de atração de espíritos, mas boa parte desse conhecimento oral “foi preservada, existindo até hoje”. Pois bem! Milhões incontáveis de espíritos cujas ultimas religiões eram as tais “pagãs ou do demônio”, já vivendo no mundo espiritual se viram privados dos ritos religiosos que conheciam muito bem e pouco podiam fazer pelos seus descendentes que encarnavam nas nações “Cristianizadas” e perseguidoras do pouco que restava das antigas religiões. Havia (e ainda há) um mundo espiritual paralelo a esse material superpovoado e com milhões de espíritos com vastos conhecimentos de magias religiosas que poderiam atuar caso os canais mediúnicos e anímicos voltassem a ser desbloqueados. Caso houvesse um desbloqueio desses canais esses milhões de espíritos poderiam atuar em beneficio das pessoas afastando os “espíritos do mal” e com eles mesmos, os “espíritos do bem”, assentando-se ao redor dos seus afins aqui na terra, protegendo-os e direcionando suas evoluções. Afinal, as legiões trevosas não encontravam mais nenhuma religião mágica organizada em um vasto corpo de sacerdotes (Chamãs, Pajés, Feiticeiros, Babalorixás, etc) conhecedores das suas formas de atuação e possessão contra as suas vitimas encarnadas, seguidoras de religiões que atribuem os problemas de fundo espiritual à “falta de fé” ou à “ação do demônio”, uma vez que não aceitam a ação dos espíritos do bem e não sabem como lidar e afastar os espíritos do mal. Esses milhões de espíritos, ancestrais dos encarnados, viviam aflitos e clamavam a Deus uma oportunidade para poderem atuar em beneficio das pessoas, tal como faziam quando viviam na terra. - Vários cultos religiosos magísticos começaram a surgir, não através dos remanescentes cultos, mas sim, meios adaptados aos novos tempos e fundados por pessoas “batizadas” na igreja católica, porém portadores de fortes O e e , s o s e s o - JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 Página -9 faculdades mediúnicas. Muitos cultos que guardavam resquícios das antigas religiões primitivas renasceram por toda as Américas e outras regiões do planeta. Tudo isso, nos últimos 200 anos. Mas ainda havia espaço para a criação de uma “religião espírita” muito próxima do espiritismo, mas não muito distante dos cultos que, aqui no Brasil eram chamados de “cultos de nação” porque preservaram muitos dos rituais de suas matrizes africanas. Devido à forte presença de elementos e ritos africanos esses cultos de nação ficaram restritos aos seus seguidores, não se abrindo de forma acolher grandes contingentes de seguidores. Alguns eram quase que secretos e seus praticantes nada revelavam sobre eles. Os sacerdotes desses cultos de nação conduziam seus grupos de seguidores, ensinando-os gradativamente na “tradição oral” e muitos viviam de consultar os necessitados, recebendo em troca pequenos favores ou pagamentos, fato esse que lhes permitia dedicarem-se integralmente às suas atividades sacras. Era preciso algo mais. Eis que, como o espiritismo crescia muito e de forma organizada não só no Brasil, mas por todo o mundo, em 1908 serviu como modelo para a criação de uma nova religião espírita denominada na Umbanda. O plano espiritual arregimentou em “linhas de trabalhos” milhares (ou milhões) de espíritos que também não encontravam espaço dentro dos renascidos cultos de nação, mas que também não eram aceitos nas sessões espíritas devido à falta por parte deles de uma formação religiosa cristã, anterior aos seus desencarnes, ainda que tivessem muitos a oferecer caso fossem aceitos. Então, com tudo organizando no plano espiritual em 15 de novembro de 1908 aconteceu a manifestação de um espírito que se apresentou como Caboclo das Sete Encruzilhadas, que, entre outras coisas afirmou que vira para fundar uma nova religião. E isso, através de um jovem com graves problemas mediúnicos que fora até um centro espírita justamente para ser tratado, pois sua família era católica. Agora, se não existissem tantas pessoas com a mediunidade de incorporação, a nova religião não cresceria tanto quanto cresceu a Umbanda e os demais cultos de nação englobados no Candomblé. Portanto, a Umbanda não foi criada por acaso e sim, obedeceu a um desígnio divino. lá, caro amigo das coisas do espírito. Não se surpreenda com as tolices dos outros (nem com as suas também). Você sabe: o mundo está cheio de gente complicada. Muitos querem desenvolver poderes psíquicos ou dominar certas magias. No entanto, não suportam conviver com a responsabilidade inerente a tal abertura. Querem os poderes, mas sem maturidade alguma. Querem a magia, mas, sem profundidade alguma. Inclusive, muitos são ridículos e se pelam de medo de espíritos. Querem levantar o véu dos mistérios, mas estão cheios de leviandade. E não se tocam de um detalhe fundamental: quando levantam o véu, eles vêem o Invisível, mas também ficam visíveis para outros planos. E, com medo de espíritos, como é que fica essa abertura? Como essa gente leviana quer lidar com o Invisível, se, ao mesmo tempo, se borra de medo do Além?... Para entrar e sair do Invisível, de forma segura, é necessário usar um preservativo de luz no corpo espiritual - ou seria mais apropriado chamar isso de “camisinha da alma”? Ou seja, revestir-se de luz, para vibrar energias salutares na própria aura. E, como a luz de cada um reflete o seu próprio nível de consciência, fica claro que não pode haver medo ou falta de caráter diante do Invisível. Pensamentos claros e firmes produzem formas mentais limpas e saudáveis. Sentimentos bons propagam vibrações salutares e dissolvem conjunções negativas. Ou seja, as energias revelam o padrão de pensamentos e sentimentos de cada um. Ao levantar o véu dos mistérios, também se expõe a própria consciência ao Invisível. Portanto, é necessário firmeza nisso! E resolução correta na perspectiva espiritual. Para segurar a onda e crescer direito, é preciso cercar-se de luz. Alguns conseguem isso pela ação da prece honesta e verdadeira (feita de coração, e não por mera repetição ou por algum tipo de condicionamento religioso). Outros ativam os chacras e movimentam suas energias. E outros mais visualizam um fogo purificador circulando em sua aura. Há muitas maneiras de fazer isso, mas todas elas demandam algum tipo de concentração e esforço para sua realização. O fato é esse: é preciso revestirse de luz, com caráter e consciência. Tentar acessar o Invisível sem a proteção da luz é incorrer em graves perigos psíquicos. Porque poder sem sabedoria corrompe os melhores propósitos e leva a sérios riscos e entraves espirituais. Sem amor, o bicho pega! E, sem discernimento, a queda é certa. Revestido de luz, pode-se entrar e sair com segurança do Invisível. Porém, sem esse revestimento, e ainda cheios de leviandade e medo, muita gente se submete ao Invisível, que entra e sai delas, à sua revelia. m s r o s e , s - e , s o s a a e e e s m s s s a s O - Companhia do Amor – A Turma dos Poetas em Flor. (Recebido espiritualmente por Wagner Borges – Curitiba, 01 de maio de 2010.) Contatos: www.ippb.com.br JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 Página -10 ADRIANO CAMARGO alve sagrado irmão e irmã em Mamãe Natureza. Salve leitor amigo e dedicado observador da natureza em tudo. Antes de falarmos sobre as ervas nesse mês, quero falar um pouco sobre a natureza e como a religião se envolve com ela. Quando lemos nos tratados literários sobre a religião de Umbanda, invariavelmente encontramos essa afirmação, de que somos a religião da natureza. E os diversos cultos, afro descendentes afirmam também que o são. E as fantásticas religiões que usam os elementos naturais em sua liturgia também afirmam que são elas. Enfim, todas estão, ou qual estaria fazendo a afirmação mais correta sobre si mesma? Ao falar sobre a natureza, devemos lembrar qual a natureza, certo. A Umbanda é a religião da natureza de elementos, ou seja, do uso dos elementos naturais em sua liturgia, a Terra, a Água, o Fogo e o Ar, como a maioria das religiões tradicionais e ditas naturais, e após a chegada de uma teologia coerente, forte no sentido do entendimento das Coisas Divinas, os elementos complementares a esse sistema quádruplo já estabelecido que formam a coroa sétupla, o Cristal, o Mineral e o Vegetal. Assim fechando o Setenário Sagrado. Após esse entendimento, exteriorizado de forma que nosso mental humano possa compreendê-lo, através de nossos amados Pais e Mães Orixás portadores dos sentidos, irradiações e emanações divinas dos elementos, cada um participando integralmente da criação, manifestando o seu sentido unigênito e seu elemento primordial, vemos a Umbanda como a religião da ligação do ser humano com sua origem Elemental. Na Umbanda nosso entendimento acerca dos Orixás é energético, magnético, natural e elemental, mas não recorremos a lendas humanas e à humanização de seus sentidos para comprende-los de forma integral, apenas parcial ou fatoral. Na Umbanda as linhas de trabalho lidam cada uma, com uma ou mais partes desse sistema arquetípico que traz a principal natureza de suas obras: A NATUREZA HUMANA. Isso mesmo, além de manipular os elementos da natureza, a Umbanda lida com a natureza humana em todos os sentidos, gêneros e fatores. Não esperamos que os consulentes venham já prontos, limpos e cheirosinhos para os trabalhos espirituais, pois lidamos com a natureza magnética, energética de cada um. Somos a linha de choque com os sentidos negativos HUMANOS. Ao apreciar uma paisagem agradável, o homem sente-se bem. Uma floresta harmônica em seu desenho, relevo, cores e cheiros; uma cachoeira que ao cair de águas, reflete a luz do sol; a lua cheia num céu infinitamente estrelado; o pôr do sol de outono e o nascer do sol no inverno com seus tons avermelhados. Tudo isso, ao ser observado pela ótica humana, remete a um sentimento S de paz, tranqüilidade, prazer espiritual. Então podemos dizer por analogia que a natureza do homem é tudo isso: a paz a tranqüilidade a harmonia, ou O BEM, retratados nesse fantástico livro da vida que é a Natureza Viva de Elementos. Da mesma forma, ao observarmos a fome, a miséria, a morte na guerra ou na violência urbana, somos remetidos a um sentimento confuso de impotência, asco, nojo mesmo. Então nos resta afirmar que Deus, na sua infinita bondade, coloca a natureza à nossa volta para que nos, seres humanos conheçamos nossa natureza mais íntima, se relacionando com aquilo que mais nos agrada. Eu falo isso por mim, mas poderia estar falando por milhares de pessoas viventes em todo o mundo. Um número (ainda bem) pequeno de pessoas tem um gosto diferente. Poucos sentem prazer no mal, na violência e na guerra. CONCLUÍMOS QUE, OU O SER HUMANO ESTÁ NO BEM, OU AINDA NÃO COMPREENDEU O SENTIDO DA VIDA. A forma da Umbanda lidar com cada um de nós, no momento que estamos vivenciando, é a manifestação de várias personalidades Divinas personificadas nas linhas de trabalho. A alegria e desenvoltura dos Baianos; a austeridade dos Caboclos; a pureza e felicidade das Crianças;, a simplicidade dos Pretos Velhos; a firmeza dos Boiadeiros; a coragem, determinação e imposição de força de Exu e Pomba Gira, são essas formas na Umbanda. Tudo muda, a tecnologia impõe um ritmo acelerado na evolução, mas os tipos humanos continuam os mesmos, e a natureza humana do bem é a mesma. A Umbanda ensina como filosofia de vida, a busca do bem comum. A convivência pacífica, a felicidade dos sentidos, a abundância, a alegria, enfim, precisaríamos de muitas páginas para descrever as bênçãos que estão dentro da filosofia umbandista. As ervas trazem como baterias carregadas de poder realizador, energia, verbos atuantes e fatores divinos, a possibilidade de aliarmos a permanência do Poder Divino em nós e em nosso meio. O elemento mais parecido com nosso organismo humano são as ervas, o elemento vegetal, pois nasce, cresce, se multiplica e retorna à terra, ou a seu elemento de origem sustentadora. Um cristal em qualquer estado que se encontre, ainda é um cristal. A água pode alterar seu estado (sólido, liquido, gasoso) e não deixa de ser água, e assim todos os elementos exceto o vegetal. Sua estrutura orgânica se assemelha à nossa, humana, por isso, os fatores contidos nas ervas são facilmente compreendidos pela nossa estru- uvimos de nossos guias que devemos deixar nossos problemas do lado de fora de nossa Casa Espiritual, a partir do momento em que entramos para o trabalho religioso. Muitos já ouviram isso de seus próprios mentores ou de mentores de seus próximos. Acho que isso é comum dentro de nosso meio Religioso. Até porque para que um bom trabalho seja executado, precisamos no mínimo estar com a mente livre de problemas e aberta para fazer a “caridade” ao próximo. Tudo isso parece fácil e maravilhoso, até porque estamos falando de um problema que geralmente é do próximo, mas e quando o problema está dentro de você ou está residente debaixo do seu teto? O que fazer? Os ensinamentos passados continuam os mesmos? Eu faço isso que venho “pregando”? Poucas serão as respostas sinceras “NÃO”! Muitos “SIM” surgirão com a sombra da incerteza, e poucos dirão a verdade. Como diz o dito popular: “Pimenta nos olhos dos outros é refresco”. Pois bem! Sempre esquecemos que estamos lidando com pessoas, e é fácil apontar, julgar, tirar conclusões, achar sempre que estamos com a razão e os outros estão errados, mas quantos de nós nos colocamos realmente na mesma situação em que a pessoa encontrase? Ou pelo menos tentamos entender o que está acontecendo? Acho que poucos têm esta atitude, é muito mais fácil julgar se achando o conhecedor da verdade, claro o meu Umbigo é o mais importante. Só que somos seres humanos e esquecemos que também “já pisamos na bola”, e não apenas uma vez, mas várias e se serve de consolo para todos, continuaremos pisando, porque somos os humanos pensantes e errantes. Já que estamos “pisando na bola”, então vamos pisar um pouco mais, será que o motivo pela qual você está acusando o próximo, você também já fez com alguém antes? Mas agora pode ser que esteja tomando, então deva doer mais, porque antes você praticou e hoje você é alvo? Mas e aquela pessoa que um dia recebeu a “bordoada” O tura energo-magnética. Associar ervas aos sentimentos positivos, assim assimilando-os e comparando-os aos Orixás, é a forma mais correta de encontrarmos o “Orixá da Erva” ou a Erva do Orixá. Não apenas o formato da folha, seu perfume mais ou manos doce, ou a cor da erva são os pontos determinantes para essa associação. Use a cabeça, discuta, quebre os padrões, experimente banhos e defumações diferentes do padrão, sempre seguindo as regras de amor e bom senso. Muitos não entendem isso, mas evoluir é estudar e aprender sobre o ambiente e a natureza em que estamos vivendo e aplicar o que aprendemos imediatamente. Seja seu próprio guru, mestre de si mesmo, encontrando a divindade em si, na sua natureza do bem. As religiões são ferramentas, e seus religiosos também estão evoluindo. Através do conhecimento teremos cada vez mais uma Umbanda forte, coesa e pronta para crescer. Sempre teremos críticos e pessoas que verão a religião como fonte de renda e status, mas isso faz parte do crescimento. Queira uma religião que lhe bata, torça o pescoço, coloque no eixo, aperte seu calo, mas que lhe dê também conforto, respeito e dedicação e que respeite quem demonstre conhecimento, assertividade, vontade de aprender e ensinar. Queira orientação, direção e competência. Mas participe de tudo isso! Nada menos interessa! Nós acreditamos no ser humano, mesmo quando cai no orgulho e na vaidade acreditando ser ele o único bem divino. EU VIM PARA APRENDER E ENSINAR, E VOCÊ? A natureza é, verdadeiramente o único livro escrito por Deus. Nas páginas de sua criação, os elementos naturais convergem à natureza humana de forma graciosa, simples e sutil. Aquele que compreender isso, certamente terá lido o livro da vida. Contatos: www.erveiro.blogspot.com www.ventosdearuanda.com.br [email protected] de você, seja ela qual for, como será que esta pessoa se sente, com certeza quem bateu esqueceu, mas quem apanhou não. Isso é muito visível quando falamos de trair confiança, o que vem há ser uma traição de confiança? Seria em resumo a ação baseada em fofocas, mentiras ou omissões de fatos. Seria não acreditar mais no “caráter” do próximo? Ah, tá! Vamos à hipocrisia, sempre fomos Santos e nunca traímos ninguém? Nunca traímos a confiança de nossos Pais, de nossos irmãos de sangue, de nossos amigos, de nossos parentes, de nós mesmos, nossa vida é repleta de verdades? Sempre dissemos a verdade? Sempre fomos puros e cristalinos? Me poupe, então eu “vou acreditar pra não perder a amizade”. E quem perdoou a traição? Ai que medo das respostas, “eu não perdôo de jeito nenhum, porque eu tenho vergonha na cara!”. Legal, bacana da sua parte, só que você já praticou tudo isso acima e mesmo assim foi perdoado(a) um dia por aquele que foi o seu alvo. Só que agora, como você está com o sentimento ferido, não tem a capacidade de olhar pra tudo que fez no passado, e lembrar que um dia teve este perdão, e hoje não é capaz de fazer o mesmo pelo próximo. É preciso aprender a PERDOAR, até porque não temos o poder do julgamento, não temos a capacidade deste entendimento, então porque não podemos perdoá-lo? Se você que está julgando é tão traidor ou até pior quanto aquele que acusa. Muitos dirão: não tenho o poder do Perdão, ou então não me considero evoluído o suficiente para saber perdoar, bacana, mas é evoluído o suficiente pra julgar, que contraditório não acha? Não aponte, pois será apontado, não crucifique, pois será crucificado, não ataque, pois será atacado, não ache que a sua existência é melhor que a existência do próximo, porque todos nós diante do criador somos irmãos e sendo assim somos todos iguais. Agora abra teus olhos à luz, perdoe e abrace aquele que estas julgando hoje, pois amanhã você poderá ser julgado e sentirá na pele os dedos que lhe estão sendo apontados. JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 ai Xangô traz a Qualidade da Justiça Divina, que dá equilíbrio e harmonia a tudo e a todos. É o Orixá do equilíbrio, da razão e do Juízo Divino (=Justiça Divina). Ele atua sobre nós para manter o equilíbrio da Criação, purificando os nossos sentimentos com a sua Irradiação incandescente, abrasadora e consumidora dos excessos emocionais. Ao absorverem essas Irradiações, os seres se tornam racionais, ajuizados e ótimos equilibradores do meio em que vivem e dos seres à sua volta. Essas Irradiações equilibradoras do Pai Xangô dão estabilidade à Criação. Só devemos invocar Pai Xangô para devolver o equilíbrio e a razão aos seres e aos procedimentos desequilibrados e emocionados, ou para clamar pela Justiça Divina, que atuará em nossa vida anulando demandas cármicas, magias negras, etc., devolvendo-nos a paz, a harmonia e o equilíbrio mental, emocional, racional e até a nossa saúde, pois precisamos estar em equilíbrio vibratório também no nosso corpo físico. Xangô é associado ao fogo universal que traz o equilíbrio e a justiça, bem como ao número 3, ao Sol e ao planeta Júpiter. Seu primeiro elemento de atuação é o fogo e o seu segundo elemento é o ar. P XANGÔ é o Orixá da Justiça e seu campo preferencial de atuação é a razão, despertando nos seres o senso de equilíbrio e eqüidade, já que só conscientizando e despertando para os reais valores da vida a evolução se processa num fluir contínuo. Temos, na Umbanda, os: Xangôs da Pedra Branca, Xangôs da Pedra Preta, Xangôs das Sete Pedreiras, Xangô das Sete Montanhas, etc. Que são, todos eles, Orixás Intermediadores e regentes de subníveis vibratórios ou regentes de pólos energomagnéticos cruzados por muitas correntes eletromagnéticas, onde atuam como aplicadores dos mistérios maiores, mas já em pólos localizados em subníveis vibratórios. E todos estes Xangôs intermediadores são regentes de imensas linhas de trabalho, ação e reação. Na Umbanda, vemos manifestações dessa Qualidade Divina através da atuação dos Caboclos de Xangô, que têm procedimentos justos, retos e equilibrados. Alguns CABOCLOS DE XANGÔ: Caboclo 7 Montanhas (Oxalá/ Xangô), Caboclo 7 Pedreiras (Oxalá/ Xangô), Caboclo da Pedra Preta (Xangô/ Omulu), Caboclo da Pedra Branca (Oxalá/Xangô), Caboclo do Fogo, Página -11 Caboclo Sumaré, Caboclo Rompe Montanha (Ogum/Xangô), Caboclo Rompe Serra (Ogum/Xangô), Caboclo Guaracy, Caboclo Pedra Vermelha (Oxalá/Xangô), Caboclo Araúna, Caboclo do Sol, Caboclo Cajá, Caboclo Caramuru, Caboclo Cobra Coral, Caboclo Goitacaz, Caboclo Guará, Caboclo Jaguar, Caboclo Juparã, Caboclo Mirim, Caboclo Janguar, Cabocla Jussara. ALGUNS EXUS DE XANGÔ: Exu Labareda, Exu Pedra Negra, Exu da Pedra Preta, Exu 7 Montanhas, Exu das Pedreiras, Exu do Fogo, Exu Pinga Fogo, Exu Brasa, Exu 7 Fagulhas, Exu Pedra do Fogo, Exu Corta-Fogo, Exu Pimenta, Exu 7 Pedreiras. ELEMENTO: fogo. FATORES: graduador (fator puro) e equilibrador (fator misto). ESSÊNCIA: ígnea. SENTIDO: justiça (graduador). CORES: marrom-claro, dourado, vermelho. AMACI: água de cachoeira com hortelã macerada e curtida por 3 dias. OFERENDA: velas brancas, vermelhas e marrons; cerveja escura, vinho tinto doce e licor de ambrosia; flores diversas (cravos vermelhos, flores do campo marrons ou vermelhas, palmas vermelhas, rosas vermelhas, etc.) tudo depositado numa cachoeira, montanha ou pedreira. Também é costume incluir-se numa oferenda para Xangô o dendê, pimentas dedo de moça e cumbucas com álcool- tudo simbolizando o elemento fogo. ERVAS DE XANGÔ: levante, alfavaca roxa, angelicó (mil homens), aperta-ruão, azedinha (trevo azedo, ou três corações), caferana, alumã, cavalinha (ou milho de cobra), eritina (ou mulungu), erva das lavadeiras (ou melão de São Caetano), erva de São João, erva grossa (ou fumo bravo), mimo de Vênus (ou amor agarradinho), morangueiro, musgo de pedreira, nega-mina, noz moscada, panacéia, azougue de pobre, pau de colher (ou leiteira), pau-pereira, pessegueiro, pixirica (ou tapixirica), romã, sensitiva (ou dormideira), taioba, taquaruçu (ou bambu amarelo ou bambu dourado), tiririca, umbaúba, urucu. Bebidas: cerveja preta, vinho tinto doce, vinho tinto seco, licor de ambrosia, água mineral Algumas frutas de Xangô: goiaba vermelha, marmelo, manga rosa, abio, abricó, caqui, cajá-manga, jambo, jerimum PONTO Xangô é Pai, É Orixá Rei da justiça Equilibre esse congá BIS Rei das pedreiras Senhor do trovão Pai Xangô vem na Umbanda Com seu machado na mão BIS Que Pai Xangô, abençoe, ilumine e equilibre vocês!!! contatos: [email protected] JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010 Página -12 Linha do Oriente é uma parte da grande herança da Umbanda brasileira. Ela é composta por inúmeras entidades, classificadas em sete falanges, com maioria de origem asiática. Contudo, muitos espíritos desta Linha podem apresentar-se como caboclos ou pretos velhos. O Caboclo Timbirí (caboclo japonês) e Pai Jacó (Jacob do Oriente, um preto velho bastante versado na Cabala Hebraica), são os casos mais conhecidos. Hoje em dia ganha força o culto do Caboclo Pena de Pavão, entidade que trabalha com as forças espirituais divinas de origem indiana. Mas nem todos os espíritos são orientais no sentido comum da palavra. Esta Linha procurou abrigar as mais diversas entidades, que a princípio não se encaixavam na matriz formadora do brasileiro (índio, português e africano). A Linha do Oriente foi muito popular de 1950 a 1960, quando as tradições budistas e hindus se firmaram entre o povo brasileiro. Os imigrantes chineses e japoneses, sobretudo, passaram a frequentar a Umbanda e trouxeram seus ancestrais e costumes mágicos. Antes destas datas, também era comum nesta Linha a presença dos queridos espíritos ciganos, que possuem também origem oriental. Mas tamanha foi a simpatia do povo umbandista por estas entidades, que os espíritos criaram uma “Linha” independente de trabalho, com sua própria hierarquia, magia e ensinamentos. Hoje a influência do Povo Cigano cresce cada vez mais dentro da Umbanda. Existem muitas maneiras de classificar esta Linha e este pequeno artigo, não pretende colocar uma ordem na maneira dos umbandistas estudarem esta vertente de trabalho espiritual. Deixo a palavra final para os mais velhos e sábios, desta belíssima e diversificada religião. A Coloco aqui algumas instruções que colhi com adeptos e médiuns afinados com a Linha do Oriente. Recomendo o interessante livro “A Linha do Oriente na Umbanda” de Mãe Lurdes de Campos Vieira e Alberto Marsicano, pela Editora Madras. Namaste e Salve o Oriente! CARACTERÍSTICAS DA LINHA DO ORIENTE: Lugares preferidos para oferendas: As entidades gostam de colinas descampadas, praias desertas, jardins reservados (mas também recebem oferendas nas matas e santuários ou altares domésticos). Cores das velas: Rosa, amarela, azul clara, alaranjada ou branca. Bebidas: Suco de morango, suco de abacaxi, água com mel, cerveja e vinho doce branco ou tinto. Tabaco: Fumo para cachimbo ou charuto. Também utilizam cigarro de cravo. Ervas e flores: Alfazema, todas as flores brancas, palmas amarelas, monsenhor branco, monsenhor amarelo. Essências: Alfazema, olíbano, benjoim, mirra, sândalo e tâmara. Pedras: Citrino, quartzo rutilado, topázio imperial (citrino tornado amarelo por aquecimento) e topázio. Dia da semana recomendado para o culto e oferendas semanais: Quinta-feira e domingo. Lua recomendada (para oferenda mensal): Segundo dia do quarto minguante ou primeiro dia da Lua Cheia. Guias ou colares: Colar com cento e oito contas (108), sendo 54 brancas e 54 amarelas. Enfiar sequencialmente uma branca e uma amarela. Fechar com firma branca. As entidades indianas também utilizam o rosário de sândalo ou tulasi de 108 contas (japa mala). Algumas criam suas próprias guias, segundo o mistério que trabalham. CLASSIFICAÇÃO DA LINHA DO ORIENTE Suas Falanges, Espíritos e Chefes: 01. Falange dos Indianos: Espíritos de antigos sacerdotes, mestres, yogues e etc... Um de seus mais conhecidos integrantes é Ramatis. Está sob a chefia de Pai Zartu, o Indiano. 02. Falange dos Árabes e Turcos: Espíritos de mouros, guerreiros nômades do deserto (tuaregues), sábios marroquinos, etc... A maioria foi muçulmana. Uma Legião está composta de rabinos, cabalistas e mestres judeus que ensinam dentro da Umbanda a misteriosa Cabala. Está sob a chefia de Pai Jimbaruê. 03. Falange dos Chineses, Mongóis e outros Povos do Oriente: Espíritos de chineses, tibetanos, japoneses, mongóis, etc... Curiosamente, uma Legião está integrada por espíritos de origem esquimó, que trabalham muito bem no desmanche de demandas e feitiços de magia negra, sob a chefia de Pai Ory do Oriente. 04. Falange dos Egípcios: Espíritos de antigos sacerdotes, sacerdotisas e magos de origem egípcia antiga. Sob a chefia de Pai Inhoaraí (alguns estudiosos dizem que a chefia é de Pai Sesóstris, o Faraó). O5. Falange dos Maias, Toltecas, Astecas e Incas: Espíritos de xamãs, chefes e guerreiros destes povos. Sob a chefia de Pai Itaraiací. 06. Falange dos Europeus: Não são propriamente do Oriente, mas integram esta Linha que é bastante sincrética. Espíritos de sábios, magos, mestres e velhos guerreiros de origem européia: romanos, gauleses, ingleses, escandinavos, etc... Sob a chefia do Imperador Marcus I. Hoje nesta Falange se destaca a Legião dos Vikings, muito trabalhadora e guerreira. Nela, as entidades dividemse em três grandes grupos, chamados de Barbas. Existem os barbas amarelas, vermelhas e negras. Os mais importantes são os barbas amarelas, chefiados por Pai Bárbaro e Pai Kango, seguidos de Pai Peter (filho de Pai Bárbaro), Pai William (filho adotivo de Pai Bárbaro, que desde menino perdeu um olho e uma perna em batalha), Pai Robinson, Pai Viking, Pai Michael e Pai Jean Carlos (integrado na família por seus feitos marciais). Também encontramos mulheres, como Mãe Érica e Mãe Joana Viking. Estes espíritos falam (ou misturam com a nossa língua) uma espécie de dialeto mágico chamado Vinlabo. Quando em trabalho nos terreiros os vikings são aguerridos, firmes, irônicos, sinceros e destemidos. Seus Pontos Riscados possuem espadas, serpentes, raios, animais marinhos e Runas! Seus Pontos Cantados falam do mar, guerras, feras, ventos e tempestades. São entidades invocadas, sobretudo, para destruir demandas, dar proteção, curar e aconselhar. Seu transe é muito intenso e profundo, exigindo do médium muita concentração e afinidade. Não aceitam mentiras e futilidades, por isso, buscam afilhados com alma guerreira e heróica. 07. Falange dos Médicos e Sábios: Os espíritos desta Falange são especializados na arte da cura, que é integrada por médicos e terapeutas de diversas origens. Sob a chefia de Pai José de Arimatéia. contatos: [email protected] CASA 7 LINHAS Artigos Religiosos, Velas, Defumadores, Imagens, etc ... 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Estranhamente tinha um jeito próprio de rezar. Pensava: se Deus se fez gente em Jesus, então foi como nós: fez xixi, choramingava pedindo peito, fazia biquinho com as coisas que o incomodavam como a fralda molhada. No começo Jesus teria gostado mais de Maria, depois mais de José, coisas que Freud explica. E foi crescendo como nossas crianças, brincando com formigas, correndo atrás dos cachorrinhos e, maroto, levantando os vestidinhos das meninas para vê-las furiosas como imaginou Fernando Pessoa. Página -15 E E então rezava a Nossa Senhora imaginando como ela ninava Jesus, como lavava no tanque as fraldinhas e como cozinhava o mingau para o Menino as comidas fortes para o bom José. E se alegrava interiormente com tais matutações porque as sentia e vivia na forma de comoção do coração. E chorava com frequência de alegria espiritual. Depois decidiu fazer-se religioso, da ordem dos Irmãozinhos de Foucault, desses que vivem pobres no meio dos mais pobres. Continuou no mundo. Apenas encontrava de tempos em tempos a fraternidade. Criou uma pequena comunidade na pior favela da cidade. Tinha poucos discípulos. Apenas três que acabaram indo todos embora. Só, agregou-se então a uma paróquia que fazia trabalho popular. Trabalhava com os sem-terra e com os semteto. Corajoso, organizava manifestações públicas em frente à Prefeitura e puxava ocupações de terrenos baldios. E quando os sem-terra e semteto conseguiam se estabelecer, fazia belas celebrações ecumênicas com muitos símbolos. Mas todos os dias, por volta das 10 da noite, se enfurnava na igreja escura. Apenas a lamparina lançava lampejos titubeantes de luz, transformando as estátuas mortas em fantasmas vivos e as colunas eretas, em estranhas bruxas. E lá se quedava até as 11 horas. Todas as noites. Impassível, olhos fixos no tabernáculo. Um dia fui procurá-lo na igreja. Perguntei-lhe de chofre: “Meu irmão (não vou revelar o nome para não ser identificado), você sente Deus, quando depois dos trabalhos, se mete a escutá-lo na igreja? Ele te diz alguma coisa”? Com toda a tranquilidade, como quem acorda de um sono profundo, apenas disse: “Eu não sinto nada. Há muito tempo que não escuto sua voz. Já senti um dia. Era fascinante. Enchia meus dias de música. Hoje não escuto mais nada. Talvez Deus não me falará nunca mais”. “E então”, retruquei eu, “por que continua, todas as noites, aí na escuridão sagrada da igreja”? “Eu continuo”, respondeu, “porque quero estar disponível. Se Ele quiser se manifestar, sair de Seu silêncio e falar, eu estou aqui para escutar. E se Ele quiser falar e eu não estiver aqui? Pois, cada vez, Ele vem somente uma única vez. Como outrora”. Deixei-o em sua plena disponibilidade. Sai maravilhado e meditativo. É por causa desses que o mundo não é destruído e Deus continua a manter sua misericórdia sobre a humana perversidade: porque eles vigiam e esperam, contra toda a esperança, o advento de Deus que talvez nunca acontecerá. TOLERANTE??? D izer que alguém é tolerante em face de outras religiões ou filosofias, não é louvor, é censura. O HOMEM PODE SER TOLERANTE: 1) ou por ser de absoluta indiferença em face do mundo superior, como qualquer animal ou pedra; 2) ou por desdenhar sobranceiramente as idéias dos outros. por HUBERTO ROHDEN os meus companheiros rumo ao Infinito, eu os compreende e aprovo; sei que estão comigo na mesma direção. Mesmo que alguns deles estejam ziguezagueando, incertos, para a direita e para a esquerda, que importa? O erro também é aliado da verdade: um dia, também eles entrarão na linha reta e iniciarão a sua ascensão. O que eu posso fazer por eles é prosseguir em linha reta e ser tão bom e feliz que também eles tenham o desejo de seguir o mesmo caminho. Mas, quando o homem compreende a Verdade universal, deixa ele de ser simplesmente tolerante; sabe que a verdade é uma só, mas que muitos são os caminhos que conduzem a essa meta final – assim como muitos são os afluentes, de águas límpidas ou turvas, que lançam à magna torrente do Amazonas, a qual se afunda na imensidade do oceano; compreende que cada homem tem de seguir o caminho adaptado a seu gênio peculiar. Sabe que alguns dos seus companheiros de jornada estão no marco 10, outros no 20, outros no 50 da estrada – mas que importa? E eu mesmo, em que ponto estou? No marco 20, 70, 90? Esteja onde estiver, o certo é que há muitos viajores abaixo e muitos acima de mim. Por isto, eu não apenas “tolero” “IDE! EIS QUE VOS MANDO COMO CORDEIROS AO MEIO DE LOBOS.” - JESUS. (LUCAS, 10:3.) Naturalmente Jesus, em pronunciando semelhante recomendação, reportava-se a cordeiros fortes que conseguissem respirar em plano superior aos lobos vorazes. Seria razoável enviar ovelhas frágeis a bestas violentas? Seria o mesmo que ajudar a carnificina. O Mestre, indubitavelmente, desejava as qualidades de ternura e magnanimidade dos continuadores, mas não lhes endossaria as vacilações e fraquezas. Aliás, para serviço de tal envergadura, desdobrado em verdadeiras batalhas espirituais, ele necessitava de cooperadores fiéis, bondosos, prudentes, mas valorosos. Enviava os discípulos ao centro de conflito áspero, não no gesto de quem remete carneiros ao matadouro, e sim à gleba de serviço, onde pudessem semear novos e sublimados dons espirituais, entre os lobos famintos, através da exemplificação no bem incessante. Entretanto, há companheiros, ainda hoje, que se acreditam colaboradores do Cristo apenas porque levantam aos céus as mãos-postas, em atitude suplicante. Esquecem-se de que Jesus afirmou, peremptório: “Ide! eis que vos mando!... “ Em tal determinação, vemos claramente que existem trabalhos a efetuar, ações beneméritas a instituir. O mundo é o campo, onde o trabalhador encontrará a sua cota de colaboração. É preciso realmente ir aos lobos. Seria perigoso esperá-los. Muitos lidadores, porém, reclamam contra a cruz e o martírio, olvidando que o Senhor e seus corajosos sucessores neles encontraram a ressurreição e a eternidade através da resistência construtiva contra o mal. Se os madeiros e leões retornassem, deveriam encontrar o trabalhador no esforço que lhe compete e nunca em atitude de inércia, a distância do ministério que lhe foi confiado. O apelo do Cristo ressoa, ainda agora... É imprescindível caminhar na direção dos lobos, não na condição de fera contra fera, mas na posição de cordeirosembaixadores; não por emissários da morte, mas por doadores da vida eterna. Texto extraído do livro Vinha de Luz - Emmanuel Psicografia de Chico Xavier Página -16 JORNAL DE UMBANDA SAGRADA - JUNHO/2010