Anais - Portal IFRN
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ANAIS i SEMADEC São Paulo do Potengi 2015 Presidenta da República Dilma Vana Roussef Conselho editorial André Luiz Calado de Araújo Dante Henrique Moura Jerônimo Pereira dos Santos José Yvan Pereira Leite Samir Cristino de Souza Valdenildo Pedro da Silva Ministro da Educação Aloizio Mercadante Secretario de Educação Profissional e Tecnológica Marcelo Machado Feres Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande Copyright 2015 da Editora do IFRN do Norte Todos os direitos reservados Reitor Belchior de Oliveira Rocha Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, Pró-Reitor de Pesquisa e Inovação eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou José Yvan Pereira Leite qualquer tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora do Pró-Reitor de Administração IFRN. Juscelino Cardoso de Medeiros Divisão de Serviços Técnicos Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional Catalogação da publicação na fonte Wyllys Abel Farkatt Tabosa IFRN / Campus Natal Central / Biblioteca Sebastião Fernandes Pró-Reitor de Ensino José de Ribamar Silva Oliveira Pró-Reitor de Extensão Régia Lúcia Lopes ! Diretoria de Gestão e Atividades Estudantis Solange da Costa Fernandes O conteúdo dos artigos publicados é de inteira responsabilidade de seus autores Diretor-Geral do Campus Apodi Marcos Antônio de Oliveira FICHA CATALOGRÁFICA Catalogação na fonte Biblioteca IFRN – Campus EaD Diretor-Geral do Campus Caicó Caubi Ferreira de Souza Junior Diretor-Geral do Campus Canguaretama Valdelúcio Pereira Ribeiro S471d I Semana de artes, desporto e cultura – IFRN Campus SPP. Diretor-Geral do Campus Ceará-Mirim José Álvaro de Paiva Do chão batido aos saberes em movimento: luz, ciência e tecnologia. / Corpo Editorial: Ahiram Brunni Cartaxo de Castro, Ezequiel da Costa Soares Neto, José Gllauco Smith Avelino de Lima, Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino, Ulisandra Ribeiro de Lima Silva. – São Paulo do Potengi-RN: IFRN, 2015. 190 p. ; 30 cm. E-Book. 190 Diretor-Geral do Campus Currais Novos Rady Dias de Medeiros Diretor do Campus Educação a Distância Erivaldo Cabral da Silva Anais da I Semana de Artes, Desporto e Cultura do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus São Paulo do Potengi, 2015/ 09 a 13 de novembro de 2015, Organização das Coordenações de Pesquisa e Extensão. Diretor-Geral do Campus Ipanguaçu Evandro Firmino de Souza Diretora-Geral do Campus João Câmara Sonia Cristina Ferreira Maia ISBN: 978-85-8333.134.6 Diretor-Geral do Campus Macau Varélio Gomes dos Santos 1. Anais. 2. Semana de Arte, Desporto e Cultura. 3. Pesquisadores. 4. IFRN Campus SPP. I. Título. Diretor-Geral do Campus Mossoró Jailton Barbosa dos Santos RN/IFRN/Campus SPP. Diretor-Geral do Campus Natal-Central José Arnóbio de Araújo Filho Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário Ezequiel da Costa Soares Neto CRB15/613 Diretor-Geral do Campus Natal-Cidade Alta Lerson Fernando dos Santos Maia Diretor-Geral do Campus Natal-Zona Norte Valdemberg Magno do Nascimento Pessoa Diretor-Geral do Campus Nova Cruz Djeson Mateus Alves da Costa Diretor-Geral do Campus Parnamirim Ismael Félix Coutinho Neto Diretora-Geral do Campus Pau dos Ferros Antônia Francimar da Silva Diretor-Geral do Campus Santa Cruz Erivan Sales do Amaral Diretor-Geral do Campus São Gonçalo do Amarante Luisa de Marilac de Castro Silva Diretor-Geral do Campus São Paulo do Potengi Ednaldo de Paiva Pereira CDU 82-94 CORPO EDITORIAL DA I SEMADEC IFRN/SPP Ahiram Brunni Cartaxo de Castro Ezequiel da Costa Soares Neto Jose Gllauco Smith Avelino de Lima Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino Ulisandra Ribeiro de Lima Silva COMISSÃO EXECUTIVA Alex Santos Ahiram Brunni Ana Márcia Melo Elizabete Paiva Gilbran Andrade Gllauco Avelino José Cleyton Fernandes Monique Dias Ricardo Marques Ulisandra Ribeiro Viviane Medeiros COMISSÃO DE ENSINO Gllauco Avelino Evilane Farias Eriky Alves Erivan Almeida Gabriela Bruno Moisés Junior Thiago Augusto COMISSÃO CIENTÍFICA Ulisandra Ribeiro Alexandre Medeiros Kaline Santos Rodrigo Vidal Valéria Brito Valmar Sobrinho Viviane Medeiros COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO & COMUNICAÇÃO Cleyton Nascimento Anderson Pires Elis Betânia Guedes Kéfora Medeiros Marcone Silva Rafael Andrade Rubens Alves COMISSÃO CULTURAL Monique Oiveira Ana Cláudia Morais Anderson Pires Elizabete Paiva Jennifer Varela COMISSÃO DE LOGÍSTICA Ana Márcia Melo Cleyton Nascimento Fabrízzio Machado COMISSÃO DE TI Alex Santos Ahiram Brunni Everton Machado Gilbran Andrade Ricardo Marques COMISSÃO DE ESPORTE Elizabete Paiva Ana Cláudia Morais Izabel Cocentino Monique Oliveira Thiago Azevedo LINGUAGENS, CÓDIGOS E SUAS TECNOLOGIAS 2 A CULTURA DE MOVIMENTO EM SÃO PAULODO POTENGI A PARTIR DAS INTERVENÇÕES DO MONSENHOR EXPEDITO Glaucione Fernandes Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Hans Renoir Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Este trabalho compreende um projeto de pesquisa contemplado pelo edital 07/2015 PIBIC-EM/CNPq que está em andamento, e visa compreender a cultura de movimento em São Paulo do Potengi a partir da intervenção das ações sociais, católicas e politicas empreendidas pelo pároco da cidade, o Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, no período entre 1944 a 2000. Fazer uma releitura do acervo encontrado no seu memorial demandará algumas ações como: realizar uma digitalização dos documentos, editar os documentários e vídeos que ainda estão em formato VHS para DVD, fazer as transcrições de áudios, entrevistar pessoas que o acompanharam nas suas diversas missões, ter acesso a leituras realizadas pelo Monsenhor e principalmente mapear o seu estudo da adutora. Este trabalho pretende fortalecer a cultura local e disponibilizar virtualmente o legado deixado pelo Monsenhor. A cultura de movimento é um critério organizador de conhecimentos da Educação Física que se utiliza da concepção critico-emancipatória visando contribuir para o desenvolvimento de competências que não se resumem apenas no "saber fazer", mas incluem a competência social, linguística e criativa, sempre de forma crítica, segundo a proposta de Kunz (1994). A compreensão sobre a pesquisa envolvendo a temática da cultura de movimento vem nos últimos anos alcançando visibilidade em estudos acadêmicos produzidos na Educação física ampliando a relação entre o sujeito, o corpo, o movimento e a sociedade. Para Soares (1998, p. 109), [...] as múltiplas faces das dobras visíveis do tempo são reveladas materialmente na arquitetura, no urbanismo, nos utensílios, no maquinário, na alimentação, no vestuário, nos objetos, mas sobretudo no corpo. Ele é inscrição que se move e cada gesto aprendido e internalizado revela trechos da história da sociedade a que pertence. Sua materialidade concentra e expõe códigos, práticas, instrumentos, repressões e liberdades. Pesquisar as ideias a partir da educação física articula-se com vários campos de saber, como a história, a filosofia e a sociologia. Assim, o presente trabalho se propõe a fazer uma releitura das ações e intervenções do Monsenhor Expedito no Território do Potengi, a partir da contextualização histórica da região no período que o mesmo atuou na paróquia de São Paulo do Potengi com o intuito em sensibilizar a comunidade potengiense e acadêmica do campusSPP para a importância histórica da preservação do patrimônio do memorial do Monsenhor Expedito. 3 2. Material e Métodos Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cuja ênfase encontra-se na criação de significações em torno das experiências vividas. Ao adotar a fenomenologia como referência metodológica, faz-se necessário incorporar a atitude ancorada na experiência vivida e aberta as aventuras da reflexão. Para a produção dos dados de pesquisa será utilizada a técnica da história oral, com vistas a recuperar informações a respeito do período que o Monsenhor Expedito foi pároco na cidade de São Paulo do Potengi no período de 1944 a 2000. A escolha dos atores sociais da pesquisa não segue uma amostragem probabilística, assim serão realizadas entrevistas com a secretária paroquial, com ministros da eucaristia, com políticos, religiosos e pessoas da comunidade. Também serão realizadas consulta a documentos, vídeos, áudios e fotografias da época. Os depoimentos serão gravados e a seguir transcritos. A entrevista será temática, voltada para aspectos das ações sociais desenvolvidas na comunidade, perfil do pároco, o contexto social da época, a visão política, as experiências mais significativas empreendidas percebidas. Para esta técnica de pesquisa a memória é compreendida não como um reservatório passivo de dados, mas refere-se a subjetividade e as compreensões sob determinado acontecimento que mudam ou permanecem ao longo do tempo. Figura 1 – Entrevista com a Secretária Alba Belchior. Fonte: Arquivo pessoal dos autores. 3. Resultados e Discussões De acordo com as leituras que foram realizadas pode-se verificar as peculiaridades socioeconômicas da época na comunidade como: a baixa escolaridade das pessoas, a escassez de mantimentos devido a grandes secas vividas e a dificuldade de acesso a informação. A intervenção de Monsenhor Expedito diante das dificuldades encontradas na sociedade apontam para um compromisso ético e social que alavancou o acesso da população a educação, informação e principalmente a água, legado que foi deixado por Monsenhor para além de sua vida. Espera-se que ao final do projeto os objetivos possam ser alcançados e que os pesquisadores tenham em mãos dados relevantes para serem disponibilizados. Este material possa dar visibilidade a história e a memória individual e coletiva do Território do Potengi e que a Educação física afirme a sua responsabilidade social como área de pesquisas e produção de conhecimentos. 4 4. Conclusões Como o projeto está em andamento, não apresenta conclusões, porém, vale salientar algumas dificuldades técnicas apresentadas no acesso ao acervo material, devido ao memorial Monsenhor Expedito estar em fase de recuperação do espaço físico. 5. Agradecimentos Agradecemos a Dona Alba Belchior, secretária paroquial de São Paulo do Potengi, pela disponibilidade na realização da entrevista e pelo acesso ao acervo material. 6. Referências ALMEIDA, Maria da Conceição. Complexidade e cosmologias da tradição. Belém: EDUEPA; UFRN/PPGCS, 2001. ______. Pensamento do Sul como reserva antropológica: diálogos com Edgar Morin. Rio de Janeiro: Sesc. Departamento Nacional, Março/2011. KUNZ, E. Didática da Educação Fisica 2. Ijui: Ed.Unijuí, 2001 MEDEIROS, Monsenhor Expedito Sobral. Pelos caminhos do Potengi. Natal: Fundação José Augusto, 1990. MERLEAU-PONTY, M. Signos. São Paulo: Martins Fontes, 1991. NÓBREGA, T. Corporeidade e educação física: do corpo-objeto ao corpo-sujeito. Natal/RN:EDUFRN, 2009 ______.(Org). Epistemologia, saberes e práticas da educação fisica. João Pessoa: Editora da UFPB, 2006. SOARES, C. Imagens da Educação no corpo. Campinas: Autores Associados, 1998. 5 A RELEVÂNCIA DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENEM DE 2009-2013 Ívinna Ellionay Alves dos Santos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Elis Betânia Guedes da Costa [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Este artigo busca discutir a abordagem dos gêneros textuais na prova do ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio), durante a sua aplicação nos anos de 2009 a 2013. Dada a relevância desse processo seletivo, é fundamental que busquemos dar ênfase aos gêneros que vem sendo exigidos pelo ENEM, evitando os casos em que estudantes terminam o ensino fundamental e médio sem ter tido o contato necessário com a multiplicidade dos gêneros textuais por motivos diversos, como o fato das instituições de ensino privilegiarem a gramática descontextualizada. Desse modo, nosso objetivo é identificar, descrever e analisar os gêneros textuais mais recorrentes nas provas do ENEM, para assim refletir sobre no ensino de língua portuguesa, bem como a sua aplicabilidade na sala de aula. Por isso, discutiremos sobre questões que nos mostram o caráter interdisciplinar, discursivo e social dos gêneros que todos os anos está presente no Exame Nacional do Ensino Médio. 2. Material e Métodos Neste trabalho analisamos as provas do ENEM realizadas de 2009 a 2013. Lembrando que nos anos de 2009 e 2010 foram realizadas duas avaliações, nós optamos por avaliar apenas a segunda. Assim, verificamos a frequência dos gêneros em cada uma dessas avaliações, nos delimitando a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; utilizando como objeto de estudo apenas 45 questões em cada prova, da 96 até a 135, já que as demais estão relacionadas a conteúdos como matemática, por exemplo. Tal pesquisa, quantitativa e qualitativa, leva em consideração quais gêneros textuais são mais cobrados e enfatizados pelo ENEM. Após a coleta desses dados, elaboramos um quadro que resume os resultados encontrados das cinco provas. 3. Resultados e Discussões Sabemos que o discurso linguístico é fundamental em nosso meio, já que se revela na atividade de interação humana. Dessa maneira a língua não é algo puramente abstrato, mas cada uma das atividades sociais no nosso cotidiano, como a própria conversa e notícias são exemplos de que “os gêneros são rotinas sociais do nosso dia-a-dia” (MARCUSCHI, 2006, p.24). Contudo, ainda percebemos a permanência de uma visão limitada quanto ao ato de ler. Para Antunes (2003, p.26), as aulas de português permanecem com métodos reducionistas e descontextualizados. Para ela, “é na escola que as pessoas ‘exercitam’ a linguagem ao contrário, ou seja, a linguagem que não quer dizer nada”, pura memorização gramatical. Ainda segundo a autora, não podemos valorizar apenas textos tidos como “mais complexos”, pois “o ideal é que o aluno consiga perceber que nenhum texto é neutro, que por trás das palavras mais simples, das afirmações mais triviais, existe uma visão de mundo, um modo de ver as coisas, uma crença.” (ANTUNES, 2003, p. 81-82). 6 Nosso ensino privilegia há décadas um conhecimento puramente metalinguístico e vazios de significados. Dessa forma tira-se do aluno a possibilidade de se desenvolver habilidades de leitura e interpretação. Segundo Koch (2008, p. 57) “a leitura é uma atividade altamente complexa de produção de sentidos que se realiza, evidentemente, com base nos elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes”. Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) dizem que “o aluno, ao compreender a linguagem como interação social, amplia o reconhecimento do outro e de si próprio, aproximando-se cada vez mais do entendimento mútuo” (2000, p.10). Os PCN são instrumentos acessíveis que auxiliam o ensino, contudo, vários profissionais continuam sem aplicá-lo. Entendemos que o papel do professor é procurar incorporar vários objetos de leitura as suas aulas, favorecendo a escrita e interpretação. É perceptível que o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) vem reconhecendo a importância de um bom texto, buscando nos alunos uma base de interpretação e competências de refletir além do que é “dito”. No Brasil, é realizado desde 1998, sendo uma importante ferramenta do MEC (Ministério da Educação) para avaliar a qualidade do Ensino Médio no país, sendo interdisciplinar e contextualizado, cobra do aluno mais capacidade de raciocínio/interpretação do que memorização. Além de ser um recurso pedagógico de avaliação do ensino médio, é hoje aderido como processo seletivo nas Universidades Públicas Federais por meio do SISU (Sistema de Seleção Unificada), como distribuição de bolsas de estudo em universidades particulares através do PROUNI (Programa Universidade para Todos) e do Fies; certificação de conclusão do Ensino Médio e participação do Programa Ciência sem Fronteiras. Sendo assim, abordaremos a área de Linguagens, Códigos e suas tecnologias, analisando 85 questões presentes nas provas de 2009 a 2013, tendo esses dados expressos na tabela abaixo. Nela, os gêneros estarão classificados de acordo com o seu domínio, ou seja, esfera social a qual ele pertence. Vale ressaltar que um único domínio é capaz de englobar vários gêneros textuais, e que algumas questões exploraram mais de um gênero. Quadro 1 - Gêneros Recorrentes na prova do ENEM 2009-2013 Domínio Gênero 2009 2010 2011 2012 2013 Total Jornalístico Publicitário Lazer Ficcional Total Verbete 0 0 0 1 2 3 Notícia 0 0 2 1 1 4 Resenha 1 1 0 0 0 2 Reportagem 1 2 1 1 1 6 Charge 0 1 0 1 3 5 Artigo Propaganda 0 3 0 4 0 2 0 1 4 1 4 11 Quadrinho Poema 3 4 2 5 0 4 2 8 1 5 8 26 Conto 1 0 0 3 0 4 Música Crônica 1 1 1 0 3 1 1 3 1 0 7 5 15 16 13 22 19 85 Fonte: Dados da pesquisa feita pelo autor. A partir da análise dos dados presentes no quadro, percebemos que o gênero mais recorrente é o poema, totalizando 26 e estando mais presente no ano de 2012. Além disso, outros 7 gêneros como as reportagens, propagandas e letras de música foram abordados em todos os anos, o que nos mostra a sua importância. Nessas condições, passaremos a analisar algumas das questões escolhidas e suas respectivas intenções/finalidades. Figura 1- Questão 106. Fonte: ENEM- prova azul 2010, p. 9. Nessa propaganda, percebemos que o aluno responderia à questão ao reconhecer o objetivo do presente gênero textual e a intencionalidade do autor ao escrevê-lo. Assim, tendo o conhecimento prévio acerca do objetivo geral das propagandas que é basicamente “convencer“ o leitor, o aluno possivelmente teria mais facilidade para responder à questão, buscando compreender o sentido da mensagem expressa pela propaganda, logo percebendo sua intenção comunicativa. Figura 2 - Questão 103. Fonte: ENEM- prova amarela 2012, p. 13. Outro gênero bastante recorrente é a charge. Como podemos perceber na questão selecionada para ilustrar nossa pesquisa, o aluno precisaria compreender os aspectos verbais e não-verbais, além da polissemia, ou seja, uma mesma palavra assumindo diversos sentidos. 8 Portanto, vemos que o ENEM não aborda apenas textos com linguagem padrão e denotativa, mas também a linguagem coloquial e o próprio conhecimento de mundo, tendo em vista que a rede social, tanto pode se referir ao programa do governo, como a rede na qual as pessoas estão deitadas. A essas diferentes interpretações relacionadas ao mesmo termo damos o nome polissemia, que responde à questão. 4. Conclusões A sociedade vem cobrando de cada cidadão habilidades comunicativas cada vez mais expressivas. Vale salientar que essa competência é adquirida especialmente pela prática da leitura que alcance as entrelinhas do texto. Por isso, entendemos que a leitura é fundamental em nosso meio, nos permitindo um olhar mais crítico sobre nós e o que nos cerca. Através dos dados coletados foi possível perceber a significativa dimensão dos gêneros textuais como instrumentos de aprendizagem para o aluno. Utilizando temáticas relacionadas ao nosso cotidiano, eles estão presentes todos os anos nas provas do ENEM. Dessa forma, o Exame Nacional do Ensino Médio é um dos indicadores da importância dos gêneros como ferramenta de ensino. Referências ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontros e interação. São Paulo: Parábola Editorial, 2003. KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003. ______; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2 ed. São Paulo: Contexto, 2008. MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In: Karwoski, A.M; Gaydeczka, B; Brito, K.S. Gêneros textuais: reflexões e ensino. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006. KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Org.). Gêneros textuais: reflexões e ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006, p. 24. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO MÉDIO (2000). Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso em: 10 de out. 2015. 9 AS SENSAÇÕES DO CORPO NO PROJETO “VIVER COM DIGNIDADE” Jessica Lorrany Santos da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Paulo Roberto Macedo de Araújo Filho [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Este trabalho aponta a relação entre corpo e percepção, na perspectiva de considerar o sujeito e suas vivências em práticas corporais que abordem as sensações. As práticas corporais da eutonia e da antiginástica foram as potencializadoras para a promoção por uma educação do sensível, práticas estas que estimulam a percepção de si através do corpo e das suas sensações. Promover a percepção corporal em sujeitos que historicamente conceberam o corpo como mero instrumento de trabalho até chegar ao esgotamento físico, se constitui em um desafio a ser conquistado. O ponto de partida são os sujeitos, quarenta velhos com idade entre 60 a 82 anos, participantes do projeto de extensão “Viver com Dignidade”, projeto este, realizado no campus São Paulo do Potengi nos anos de 2014 e 2015. Diante da realidade inquestionável iniciada no último século e que nos faz observar uma população cada vez mais envelhecida evidencia-se a importância de garantir aos sujeitos não só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida, pois como afirma Monteiro (2003, p. 32), A cada movimento de expansão e contração, alongamento e encurtamento, contato e retraimento, é produzido um padrão especifico de organização, que passará a determinar a história estrutural de cada ser humano. Dessa maneira, todos os pensamentos, sensações, sentimentos, emoções são organizados de tal modo que fornecem a cada indivíduo uma identidade-corpo que passa a representar sua própria história. Nesse contexto de aprendizagens da escuta das sensações do corpo, encontram-se sujeitos abertos para uma nova conquista, desprendidos das amarras culturais, corpos que mesmo possuidores de intensas couraças musculares, são ávidos pelo “novo”, pelo despertar de movimentos e descobertas corporais. 2. Material e Métodos O enfoque metodológico utilizado são as práticas corporais que ampliam a dimensão da percepção de corpo. A eutonia trabalha os apoios do corpo e a consciência de seus volumes e espaços, como também, o equilíbrio das tensões que é medido pelo tônus muscular, além de melhorar a respiração, que amplia a possibilidade do sujeito se sentir mais seguro e autoconfiante. Esta prática é realizada com o auxílio de materiais como: bolinhas de tênis, bexigas, macarrões, bambus e colchonetes. Outra prática que há de se levar em consideração é a antiginastica, método criado para reabilitar o corpo por meio de uma sequencia de movimentos suaves, que propõem conscientizar o sujeito sobre o funcionamento do seu corpo, fazendo com que relaxe a musculatura e corrija os defeitos posturais. Perceber o corpo a partir 10 destas práticas corporais citadas, provoca no corpo, o saber sensível. Pois como afirma Nóbrega (2010), o corpo é a nossa condição existencial. A cada aula percebe-se uma nova descoberta, um novo olhar, uma possibilidade de (re)criação do corpo a partir do movimento. 3. Resultados e Discussões Identificado o perfil dos participantes; com pouca escolaridade, ex- trabalhadores da agricultura e aposentados, foi necessária a reflexão sobre o envelhecimento ocioso e sobre o inconsciente do corpo. Andrieu (2004) aponta a possibilidade de encontrar mais do que reencontrar, o tempo perdido do passado e da infância. Esse pensamento provém de alguns depoimentos dos participantes após a realização das práticas corporais ao longo do projeto em 2014. Sujeito 1: “sou feliz aqui, o dia que não venho é de tristeza” Sujeito 2: “todas as atividades fazem muito bem pra cada um de nós, é uma nova oportunidade de aprender e viver!” Sujeito 3:“as atividades revigoram, trazem maior disposição, é bom pra musculatura do corpo, relaxaram bastante as atividades realizadas no colchão” 4. Conclusões Perceber o seu corpo entrelaçado ao corpo do outro significa despertar o pertencimento, pertencimento de ser no mundo em comunhão com o outro. O projeto é ao mesmo tempo vida e movimento. Coaduno com o pensamento de Caminha (2013, p. 117) quando ele dialoga com Merleau-Ponty; “a subjetividade, para Merleau-Ponty, não preexiste nem sobrevive ao corpo. É no corpo e pelo corpo que ela se estabelece. O sujeito da percepção se torna sujeito na experiência de sentir”. Após o segundo ano de encontros com a percepção corporal, pode-se perceber sujeitos mais atentos aos seus corpos, tanto na melhora da mobilidade e equilíbrio, quanto no controle respiratório e na postura. Referências ANDRIEU, Bernard. A nova filosofia do corpo. (Tradução: Elsa Pereira). – Lisboa, Instituto Piaget, 2004. CAMINHA, Iraquitam; SILVA, Marcos Erico (Orgs). Percepção, corpo e subjetividade. São Paulo: LiberArs, 2013. MONTEIRO, PEDRO P. Envelhecer: histórias, encontros, transformações. 2. ed. Belo Horizonte: Autêntica, 2003. NÓBREGA, Terezinha Petrucia. Uma nova fenomenologia do corpo. São Paulo: Editora Livraria da Física, 2010 OKUMA, Silene Sumire. O idoso e a atividade física: fundamentos e pesquisa. Campinas, SP: Papirus, 1998. VERDERI, Erica. O corpo não tem idade: educação física gerontológica. Jundiaí, SP: Editora Fontoura, 2004. 11 EDUCAÇÃO FÍSICA, TEATRO E MÚSICA: UMA PROPOSTA INTERDISCIPLINAR Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Thulho Cezar Santos de Siqueira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Carolina Chaves Gomes [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte 1. Introdução Este trabalho compreendeu uma proposta de intervenção da extensão no IFRN, campus João Câmara, entre os anos de 2012 e 2013, uma ação que uniu a disciplina de Arte com duas linguagens (teatro e música) e a disciplina de Educação Física. Denominado por Laboratório de práticas artísticas e corporais (LAPAC), este projeto contemplou uma parcela da comunidade do Território do Mato Grande. As novas perspectivas educacionais apontam para a construção de um ser humano pleno e múltiplo em suas possibilidades. Nesse sentido, as mais recentes perspectivas da Educação Musical (FRANÇA e SWANWICK, 2002), da Educação Física (NÓBREGA, 2005) e do Teatro (BARBA, 2009) tem buscado sensibilizar o corpo, o movimento e suas sonoridades como elementos indispensáveis para formação do cidadão, partindo de vivências corporais. Esse projeto se caracterizou por priorizar uma metodologia interdisciplinar entre o Teatro, a música e a Educação Física abrangendo o alunado do IFRN, campus João Câmara, além de ampliar sua atuação pela comunidade externa. Em 3 encontros semanais com 2 horas de duração no período de 4 meses, o laboratório justificou a sua atuação pela discussão de textos, vivências corporais, apreciação de produções artísticas, criação, participação e apresentação em eventos artísticos, culturais e esportivos. Desse modo, acreditase auxiliar os sujeitos a se constituírem de forma integral, conhecendo e refletindo sobre seu próprio corpo e as relações com outros corpos. Foi percebido por esta tríade de professores que a comunidade discente deste território não apreciava a importância das disciplinas de Arte e Educação Física para a sua formação plena, de sujeitos que pudessem ampliar as suas noções de corpo nas possibilidades motoras, expressivas e discussivas. De sujeitos que tivessem a capacidade de identificar na sua própria comunidade a cultura de movimento da qual faziam parte; através dos gestos, falas, movimentos corporais e práticas culturais advindas da diversidade cultural. Ao falar sobre o corpo e a cultura de movimento, Soares (2001, p. 109) acrescenta: As múltiplas faces das dobras visíveis do tempo são reveladas materialmente na arquitetura, no urbanismo, nos utensílios, no maquinário, na alimentação, no vestuário, nos objetos, mas sobretudo no corpo. Ele é inscrição que se move e cada gesto aprendido e internalizado revela trechos da história da sociedade a que pertence. Sua materialidade concentra e expõe códigos, práticas, instrumentos, repressões e liberdades. Ainda dialogando com Soares, ela afirma: é no corpo que a cultura tece seus lugares de inscrição e observam-se os códigos por ele internalizados resultantes de um processo de educação: “Os corpos são educados por toda realidade que os circunda, por todas as coisas com 12 as quais convivem, pelas relações que se estabelecem em espaços definidos e delimitados por atos de conhecimento”. (SOARES, 2001, p.110). Diante de uma perspectiva asséptica de construção dos saberes científicos, a escola privilegiou por muito tempo uma abordagem tradicional que, assim como o método cientifico busca minimizar as influências externas ao foco de pesquisa. Os estudos mais recentes nas áreas de ensino de Arte (BARBOSA, 1998; BARBOSA e COUTINHO, 2008) e de Educação Física (NÓBREGA, 2005, SOARES, 2001), apoiados nas contribuições de antropólogos e sociólogos, revelam que os indivíduos, no processo de constituição de sua subjetividade, organizam seus corpos de formas distintas, trazendo as marcas deixadas em seus corpos pelos diálogos com a cultura e a sociedade na qual estão inseridos (BOAL, 2008; MAUSS, 2005). Sabemos também que a escola tem uma função social importantíssima e que é seu papel, enquanto instituição educativa, atingir a comunidade da qual faz parte, devendo compartilhar com a sociedade os saberes desenvolvidos em seus domínios. A extensão configura-se como um espaço institucional para despertar tal vocação, sendo um modo bastante eficaz de levar e dialogar com as comunidades estes saberes. Além da comunidade de João Câmara, o projeto se estendeu para as comunidades de São Miguel do Gostoso e de Guamaré. Pesquisas recentes sugerem que o conteúdo de atividades rítmicas e expressivas, aliado aos outros conhecimentos, pode influenciar os aspectos motores, sociais, cognitivos e emocionais e auxiliar na concretização da principal função escolar na formação do homem como um ser integral e um agente de transformação social. Nesse sentido, este trabalho veio promover a cultura de movimento entre a comunidade escolar do Campus João Câmara e a comunidade do seu entorno, utilizando-se das novas perspectivas pedagógicas de cada área em considerar o movimento, o corpo, a ação ativa do aluno diante do discurso (musical, expressivo etc.) e a interdisciplinaridade como elementos indispensáveis à uma formação ampla. Ou seja, parte-se da perspectiva do ser humano múltiplo, biopsicossocial, no qual o movimento, a ação do corpo e o grupo social envolvido são indispensáveis ao se tratar de uma aprendizagem significativa. Para os alunos do IFRN, essa nova abordagem possibilitou o aprofundamento e melhoria nas questões do corpo, conhecendo suas possibilidades, aceitando seu corpo e construindo sensibilidades quanto ao movimento e percepção, desinibindo, incluindo a temática no grupo de adolescentes e aprimorando as produções e o aprendizado nas disciplinas Arte e Educação Física. Para a comunidade como um todo, esses novos estudos apresentaram novas perspectivas desmistificando o corpo, o movimento e sua utilização, identificando possíveis espaços e grupos, além de motivar as práticas de movimento. Para o IFRN, esse espaço se constituiu como pioneiro, dedicado ao estudo dessas novas abordagens pedagógicas, produzindo uma ação interdisciplinar que teve repercussões imediatas nas aulas regulares, ampliando as possibilidades de realização de práticas musicais, teatrais e físicas utilizando-se apenas o corpo, registrando-se em atividades que comporam um acervo de possibilidades para prática na escola básica regular. 2. Material e Métodos A metodologia de ação desse projeto foi pautada a partir dos seguintes procedimentos; em curto prazo: a realização de encontros semanais entre os professores e os bolsistas para discussão acerca dos conteúdos das disciplinas e as abordagens corporais, estabelecendo planejamento consistente e estabelecendo prioridades nos materiais necessários a partir do estudo de necessidades e abordagens metodológicas de cada disciplina. Após os textos e vivências serem trabalhados entre os bolsistas e os professores, houve a oportunidade de vivenciar com os alunos (uma turma com 15 pessoas formada no contra turno das aulas) e 13 pessoas da comunidade (o grupo de teatro “Nós na rua” de São Miguel do Gostoso/RN e o grupo de teatro “MM’S” de Guamaré/RN). Figura 1: Vivenciando a Eutonia. Fonte: Arquivo pessoal dos autores. Para melhor exemplificar este primeiro momento, foi traçada uma dinâmica de a cada encontro uma disciplina ser abordada. Um encontro para a disciplina de Arte com habilitação em música onde o texto a ser discutido se denomina “O ouvido pensante” de Schafer (1991) e a vivência da percussão corporal, o outro em Arte com habilitação em teatro em que o texto a ser discutido se chama “A canoa de papel” de Barba (2009) com a vivência do arqueiro e no último encontro da semana, a disciplina de Educação Física com o texto “O corpo tem suas razões” de Bertherat (2001) abordando a vivência da Eutonia. No decorrer do cronograma do projeto, outros textos e outras vivências corporais foram compartilhadas com os alunos do laboratório. Os textos distribuídos uma semana antes do encontro, proporcionaram tempo aos alunos se apropriarem da temática para a discussão. No encontro, primeiramente aconteceram a vivência corporal e depois o diálogo era proposto a partir do que foi lido e experimentado. Com a participação dos alunos no projeto, foi possível oportuniza-los a participar e reconhecer seu corpo como elemento expressivo e sonoro a partir da avaliação contínua dos processos e produtos artístico-culturais desenvolvidos pelos alunos com o suporte dos materiais e técnicas desenvolvidas. Ao final das atividades do projeto, houveram apresentações artístico-culturais (em João Câmara, São Miguel do Gostoso e Guamaré) utilizando o corpo e o movimento como produtores de obras artísticas consistentes e elaboradas em grupo. 3. Resultados e Discussões Os resultados deste projeto se tornaram visíveis em âmbito local e regional, seja pelas apresentações artístico-culturais-esportivas nos eventos escolares, como a publicação de artigos científicos e relatos de experiência em congressos. Vale ressaltar que nos jogos internos da Instituição, realizados em janeiro de 2013, os alunos se envolveram na organização de torcidas, na organização do desfile, na comissão de premiação e em todas as modalidades esportivas oferecidas (voleibol, futsal, xadrez, natação, handebol) nos gêneros masculino e feminino. Na temática de dança, como conteúdo da Educação Física, houve apresentações de dança (dos cursos integrados) para a comunidade local na Expotec e no aniversário do campus. Há de se fazer referência sobre as temáticas que o laboratório elencou para serem discutidas no grupo, principalmente as que abordaram a percepção, a sensibilidade, a diversidade, a subjetividade e a emancipação, pois provocaram diálogos e discussões em torno do corpo, do ser, da criação, da relação do eu e do outro. 14 4. Conclusões Apesar de este projeto ter sido realizado em um espaço curto de tempo, foi perceptível pela fala dos integrantes do laboratório (professores, alunos, bolsistas, grupos convidados) a necessidade da permanência deste espaço de diálogos, de vivências e de trocas que tem o corpo e o movimento como elementos desencadeadores de uma educação baseada nas múltiplas possibilidades em se conhecer e se relacionar com o outro. Porém, para melhorar o desempenho do laboratório seria necessário o fomento de recursos para prover um espaço apropriado com os materiais adequados e a disponibilidade em conseguir a logística que apoie os deslocamentos dos integrantes do laboratório à comunidade externa, como também, trazer a comunidade externa para o campus. Referências BARBA, Eugênio. A canoa de Papel. Tratado de Antropologia Teatral. 2. ed. Brasília: Teatro Caleidoscópio, 2009. BARBOSA, A. M. e COUTINHO R. (org.). Arte/Educação como mediação cultural e social. São Paulo: Unesp, 2008. BERTHERAT, Therese. BERNSTEIN, Carol. O corpo tem suas razões. Tradução de Estela dos Santos Abreu. 19. ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2001. NÓBREGA, Terezinha Petrucia. Corporeidade e Educação Fisica: do corpo-objeto ao corposujeito. Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005. SOARES, Carmen Lucia (org.). Corpo e História. Campinas, SP: Autores associados, 2001. SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Paulista, 1991. 15 ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO E A IMPORTÂNCIA DAS NORMAS ABNT Isabela de Araújo Pessoa [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O foco deste trabalho é suscitar a importância da produção de um artigo científico desenvolvido durante o ano de 2014, como proposta da disciplina de educação física, com a temática “jogos” à turma do 1º ano do curso de Meio Ambiente no Campus São Paulo do Potengi. Como proposta ao desafio lançado, foi realizada a criação do artigo “as diferenças das brincadeiras populares de décadas passadas para as brincadeiras atuais”, tendo como autores os mesmos deste trabalho. Adentrar no universo da produção científica não é uma tarefa fácil para os alunos do 1º ano do curso técnico integrado, foi necessário apropriar-se da leitura de diversos artigos científicos e compreender como organizar o artigo a partir das regras da ABNT. Abordar as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aplicar uma metodologia e incentivar a capacidade de outros alunos na produção de um artigo científico, se caracterizam como os principais objetivos deste trabalho. Vale ressaltar que o artigo científico produzido como uma proposta da sala de aula, foi aprovado e apresentado no III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica na cidade de Recife-PE, em maio de 2015. 2. Material e Métodos Usamos como método a pesquisa-ação, necessária para a compreensão do universo da cidade de São Pedro do Potengi-RN e como técnica de pesquisa; a entrevista e a observação de idosos pertencentes ao Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) e a crianças, alunos de uma escola municipal na mesma cidade. A entrevista se caracterizou como semiestruturada, com alguns questionamentos prévios, porém, acrescidos de outros comentários que os entrevistados sentiam necessidade em dialogar. No CRAS, foram entrevistados 13 idosos com idades entre 57 e 83 anos. Ao chegar ao local, a primeira técnica de pesquisa era a observação dos idosos, o que faziam e como faziam nos momentos ociosos. A identificação dos entrevistadores foi fundamental para criar elos de diálogos. As entrevistas com as crianças também foram precedidas de um questionário prévio, com alguns questionamentos pertinentes a faixa etária pretendida. As crianças com idade entre 9 e 12 anos, eram alunos do 4º ano do ensino fundamental da Escola Municipal Izabel Moura de Andrade. Colaboraram com a pesquisa um universo de 26 crianças, da cidade de São Pedro-RN. Segundo os professores, Brito Junior e Feres Junior (2011, p. 37), “a entrevista é uma das técnicas mais utilizadas, atualmente, em trabalhos científicos. Ela permite ao pesquisador extrair uma quantidade muito grande de dados e informações que possibilitam um trabalho bastante rico”. Podendo ser usado gráficos nos resultados da pesquisa, além de possibilitar um pequeno debate sobre o assunto exposto e conseguir diversas opiniões a respeito. De posse das entrevistas, foi realizada a análise tendo em vista a relação entre as brincadeiras atuais e as brincadeiras de décadas passadas, a partir das leituras que fundamentaram o trabalho. Os seguintes artigos foram fundamentais para a análise do tema pesquisado: O Brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e Brincadeiras - Um Olhar 16 Psicopedagógico; Brinquedos e brincadeiras da cultura popular norte-rio grandense, memória, diversidade cultural e identidade regional; Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil e; Criança e Internet: Que cuidados devemos ter. Que nos alertou sobre crianças que embora isoladas dentro de casa, não estão seguras, que carecem da atenção dos pais, pois sem uma mínima fiscalização, podem estar em sites proibidos para sua idade, tornando-se tão “inseguras” quanto as crianças que se divertem nos parques juntos com outras crianças, etc. Foi com atenção nesses aspectos que construímos os seguintes questionários para os idosos e para as crianças no ano de 2014. Tabela 1 – Perguntas feitas aos idosos em 2014 1 Você tem algum aparelho eletrônico? 2 Você possui contas em redes sociais? 3 Você teve oportunidade de assistir televisão quando criança? 4 Quantas horas por dia você passa entretido com aparelho eletrônico? 5 Você gosta de praticar educação física? 6 Você gostava de criar seus próprios brinquedos? 7 Que tipos de brincadeiras e brinquedos você mais gostava? (Subjetiva) 8 Seus pais permitiam que você tivesse muito tempo livre para brincar? 9 Você ainda gosta de brincar? 10 Você acha que sua idade permite que você ainda brinque e crie jogos? Fonte: Elaboração do próprio autor (2014). Tabela 2 – Perguntas feitas as crianças em 2014 1 Você tem algum aparelho eletrônico? 2 Você conhece a brincadeira de pular corda? 3 Você conhece a brincadeira do pião? 4 Você possui contas em redes sociais? 5 Você brincou ou brinca com jogos educativos? 6 Que tipo de programa televisivo você assiste? 7 Quantas horas por dia você passa entretido com aparelho eletrônico? 8 Você gosta de praticar educação física? 9 Você gosta de criar seus próprios brinquedos? 10 Que brincadeiras e brinquedos você mais gosta? (Subjetiva) Fonte: Elaboração do próprio autor (2014). 3. Desenvolvimento As normas da ABNT foram fundadas no ano de 1940, quando dois laboratórios de pesquisas, Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT) entraram em conflitos devido a formatação dos trabalhos serem avaliados de forma diferente, então havia quem aprovasse em um laboratório, mas era reprovado no outro. Essas normas são muito importantes para a criação de um artigo ou de um projeto. Com elas podemos ler trabalhos mais organizados e padronizados, ajudando na qualidade do documento e a não entrar em conflitos quando são trabalhos de um mesmo assunto. 17 Figura 1 - No CRAS entrevistando os idosos no período da manhã. Fonte: Elaboração do próprio autor, 07/10/2014. Buscamos utilizar as regras ABNT’S no nosso artigo de forma adequada, para que o trabalho fosse de qualidade e organizado para um bom entendimento do leitor, com uso de tabelas, com as perguntas utilizadas na entrevista; gráficos, principalmente para amostra dos resultados obtidos; e figuras 1 e 2, fotos tiradas dos idosos no CRAS enquanto eram questionados. Figura 2 – Conversando com os idosos sobre suas brincadeiras de infância. Fonte: Elaboração do próprio autor, 07/10/2014. 4. Conclusões O objetivo do artigo “as diferenças das brincadeiras populares de décadas passadas para as brincadeiras atuais”, foi de mostrar as causas e consequências que elas trazem para as crianças, que em suma não tem culpa dessas mudanças que ocorrem constantemente. Analisando nossa pesquisa, percebemos o quanto foi gratificante para nosso aprendizado e conhecimento que conseguimos até mesmo na entrevista conversando com os idosos, e as crianças, que nos mostraram como era bom para eles a brincadeira coletiva, e que ainda que tivessem que trabalhar ajudando os seus pais, aproveitavam o pouco momento juntos para brincarem com brinquedos criados por eles próprios. Enquanto nas crianças da atualidade, vemos que elas preferem os brinquedos comprados prontos, e na maioria brincam sozinhas em suas casas. O Campus São Paulo do Potengi apesar de novo, já possui pesquisadores, e os alunos que vão entrando no Campus, precisam ser incentivados a pesquisa para que a instituição cresça cada vez mais no âmbito da pesquisa e aos estudantes com mais conhecimentos. Apresentar no 18 III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica que houve em Recife-PE neste ano, serviu para nós como incentivo para continuar pesquisando e produzindo novos artigos dentro do Campus e também para apresentar em eventos de níveis nacionais. 5. Agradecimentos Meus agradecimentos são para as professoras do IFRN, Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino e Ulisandra Ribeiro de Lima, pelo incentivo, disponibilidade e confiança no meu trabalho, dando um suporte e apoio necessário para um bom desempenho. Referências FANTACHOLI, Fabiane das Neves. O Brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e Brincadeiras - Um Olhar Psicopedagógico. 5. ed. Paraná: Maringá, 2011. JÚNIOR, Álvaro Francisco de Britto; JÚNIOR, Nazir Feres. A utilização da técnica da entrevista em trabalhos científicos. Revista Evidência. Araxá, v. 7, n. 7, p. 237-250. MAIA, Lerson; OLIVEIRA, Marcus; COSTA, Tânia. Brinquedos e brincadeiras da cultura popular norte-rio grandense, memória, diversidade cultural e identidade regional. Paraná: Curitiba, 2006. POZZEBON, Rafaela. Criança e Internet: Que cuidados devemos ter. 02 de fevereiro de 2011. Rio Grande do Sul, Agudo. Disponível em: <http://www.oficinadanet.com.br/artigo/seguranca/crianca-e-internet-que-cuidados-devemoster>. Acesso em: 03 de março de 2015. ROLIM, Amanda; GUERRA, Siena; TASSIGNY, Mônica. Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Revista Humanidades. Fortaleza, v. 23, n. 2, jul./dez. 2008. p. 176-180. 19 “ESPELHO, ESPELHO MEU...”: O PAPEL DA BELEZA NA SOCIEDADE BASEADO NOS CONTOS “A NOIVA INCONSOLÁVEL” E “A BELA E A FERA” Wíliton José de Araújo Martins [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Maria Ruthiane Basílio Ramalho [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Elis Betânia Guedes da Costa [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Kéfora Janaína de Medeiros [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O Conto é uma obra de ficção que apresenta em sua constituição: enredo, narrador, tempo, personagens e pontos de vista. Metaforizando, é uma caverna concisa que permite a passagem de criaturas fantásticas, denúncias sociais e políticas e, dessa forma, histórias. É, de modo geral, um gênero literário abundantemente flexível, cujos pesquisadores asseguram que os seus ancestrais são a lenda, a parábola, o conto de fadas, o mito e até mesmo a anedota. Outro fator observado diz respeito à diversidade de temas, entre os quais escolhemos abordar a representação feminina, mais precisamente no que concerne aos padrões de beleza aos quais estas mulheres estão submetidas e como eles interferem em seu cotidiano. Tendo em vista isso, este artigo tem como objetivo refletir a representação feminina diante da “beleza”, a partir dos contos A Noiva Inconsolável, de Maria Judite de Carvalho (1961) e A Bela e a Fera ou A Ferida Grande Demais, de Clarice Lispector (1979). Pretendemos abordar a influência desse aspecto no destino das mulheres. Para isso, foram estabelecidos objetivos específicos como pesquisar, descrever e analisar os contos, para relacioná-los com a realidade e proporcionar a reflexão da representação feminina em ambos. Nessa perspectiva, justificamos este estudo como sendo uma forma de alertar a sociedade visando conscientizá-la e demonstrar o quanto a aparência “leiloa” as pessoas, especialmente as mulheres. Sendo muitas vezes, a “beleza” a lenha que alimenta as chamas do machismo e promove as cinzas da desigualdade social sofrida pela representação feminina. A Literatura, como voz que carrega liberdade de expressão e denúncias, abre os nossos olhos cegos e tão conformados com o consenso, e nos permite “imaginar uma forma de vida outra. Por isso o discurso literário está incessantemente indo às bordas do improvável para exorcizar o impossível.” (HOLANDA, 2004, p. 217). É um passaporte admirável, que nos permite ampliar a mente e suspeitar das condições de sobrevivência nas tribos sociais. 2. Material e Métodos Nossa pesquisa segue uma análise interpretativa com abordagem qualitativa, ou seja, é de acordo com a interpretação dos dados. Para a pesquisa usamos como base dois contos: A Noiva Inconsolável e A Bela e Fera, de Maria Judite de Carvalho e Clarice Lispector, respectivamente. Dessa forma, a linguagem se faz nosso material principal e a interpretação nosso artifício como propõe Patrick Charaudeau (2011). Inicialmente, para facilitar o entendimento da temática, se fez necessário um estudo teórico sobre o padrão de beleza na sociedade, que por vezes impõe a mulher ser magra, alta, 20 ter cabelos lisos etc., fazendo com que muitas frequentem clínicas de estética e busquem o corpo “ideal”, submetendo-se, além de problemas psicológicos, doenças como anorexia e bulimia. Com isso, aguçamos nosso senso crítico para analisarmos a forma como os discursos das autoras deram rumo as narrativas. Existem em toda a sociedade, discursos de doxa, (lugares comuns, estereótipos, saberes compartilhados). Estes circulam e se repartem de maneira não aleatória em diferentes grupos sociais. Assim sendo, todo sujeito é portador de alguns desses discursos, e essa condição revela seu posicionamento social. Podemos então dizer que, de uma certa maneira, esse sujeito é “responsável” por suas representações, o que não quer dizer que seja consciente disso. (CHARAUDEAU, 2011, p. 12). A forma como o conto é trabalhado é substancial. Escolhemos contos nos quais as mulheres são o centro da história e que também a imagem feminina se faça essencial no enredo. Depois de escolhidos, utilizamos os procedimentos: A) Leitura de forma breve – identificar as dimensões do texto, reconhecer os personagens, saber se o narrador é ou não um deles. B) História – o que aconteceu? Onde? Quando? São algumas das indagações para a compreensão do texto. C) Autor – conhecer o autor que analisado é fundamental, ter noção sobre o que ele normalmente escreve torna mais inteligível reconhecer aonde ele quer chegar. Seguindo esses passos, fizemos uma leitura mais minuciosa, reconhecendo todos os pontos e alertando o olhar crítico em função dos discursos. E com nossos conhecimentos linguísticos e sócios discursivos fomos capazes de fomentar nossa opinião sobre o poder significativo da imagem em relação ao destino das mulheres que são relatadas nas tramas. 3. Resultados e Discussões Para procedermos à análise dos contos, tomamos como aporte teórico reflexões acerca da função da Literatura expressados por Antonio Candido (2004), em O direito à literatura e Antoine Compagnon (2009), em Literatura para quê. Para Candido (2004, p. 175), a literatura “[...] é fator indispensável de humanização, e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade”. Compagnon (2009, p. 47) também toma a literatura como projeto de conhecimento do homem e da vida. Em seu discurso: A literatura deve, portanto, ser lida e estudada porque oferece um meio alguns dirão até mesmo o único - de preservar e transmitir a experiência dos outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou que diferem de nós por suas condições de vida. Ela nos torna sensíveis ao fato de que os outros são muito diversos e que seus valores se distanciam dos nossos. Entre os contos A Noiva inconsolável (Portugal) e A Bela e a Fera (Brasil) encontramos um brilhante e reflexivo confronto. De um lado, uma mulher desfavorecida de beleza e do outro, uma mulher extremamente bonita e sedutora. Em meio a tal realidade, os textos literários abordam um aspecto em comum: a beleza, como fundadora de estigmas sociais, destinos e sobretudo identidades. No primeiro conto, nos deparamos com o árduo cotidiano de Joana, uma jovem que não corresponde aos padrões de beleza impostos pela sociedade, dessa forma, é julgada incapaz de encontrar alguém determinado a cumprir o papel de esposo e amá-la. No dia em que, “finalmente”, um homem se interessa por Joana, ela é tratada como um produto que deve ser vendido enquanto almejado, ou seja, a personagem se vê pressionada pelo sistema social a se inclinar para o altar. Entretanto, antes do casamento Joana é notificada por meio do jornal que 21 seu noivo morreu afogado. Ela não derrama uma lágrima sequer. O fato é que Joana não precisa mais ser submetida às “leis” da época que obriga a mulher a se casar, basta um trapo preto e um véu escuro, e só é preciso desempenhar um novo papel: o de a noiva inconsolável. Analisando bem, percebemos que a mulher é tratada como gênero deficitário, frágil e incompetente sem um homem. Além disso, é perceptível que a aparência da personagem lhe destinou uma vida sem amores e significados, pois era encarada como uma carcaça dita “feiosa” e nada mais. E, ainda, se nos afastarmos da escrita e observarmos os cenários onde estão inseridos Joana e o seu noivo, percebemos que ela estava em casa – provavelmente limpando, fazendo comida etc. –, enquanto ele, após o trabalho estava dando um mergulho com os amigos – ou melhor, “desfrutando da vida”. É como se a mulher estivesse destinada unicamente aos papeis de mãe de família, dona de casa, esposa etc. e somente o homem tivesse aptidão de ser líder e ter carreira profissional. Uma visão machista e estereotipada. Figura 1 – Tipo de violência sofrida dentre as mulheres que declararam ter sido agredidas. Fonte: DataSenado, 2013. Quando resistentes às ordens patriarcais, muitas mulheres se veem em diversas formas de agressão. Segundo pesquisas realizadas pelo DataSenado, de 2013, o tipo de violência mais frequente sofrido é a física, conforme relato de 62% das vítimas. Em seguida, vem a violência moral e a psicológica, com 39% e 38%, respectivamente. A violência sexual foi citada por 12%. Mas o impressionante é que 65% desses agressores é o próprio parceiro. Em A Bela e a Fera, encontramos outra realidade. A protagonista, Carla de Souza e Santos, uma mulher cuja beleza estonteante lhe proporciona um casamento com um banqueiro. No conto, sua rotina é quebrada com uma conversa inesperada com um mendigo, que a faz refletir sobre a vida e a maneira como, miseravelmente, somos julgados. Encarnando a narrativa de Clarice Lispector (1979, s. p.): De repente – de repente tudo parou. Os ônibus pararam, os carros pararam, os relógios pararam, as pessoas na rua imobilizaram-se – só seu coração batia, e para quê? Viu que não sabia gerir o mundo. Era uma incapaz, com cabelos negros e unhas compridas e vermelhas. Ela era isso: como uma fotografia colorida fora de foco. Fazia todos os dias a lista do que precisava ou queria fazer no dia seguinte – era desse modo que se ligara ao tempo vazio. Simplesmente ela não tinha o que fazer. Faziam tudo por ela. Até mesmo os dois filhos – pois bem, fora o marido que determinara que teriam dois... Absorvemos, agora, uma mulher subjugada ao homem, tratada como insignificante, pois é ele quem decide suas “escolhas”, inclusive, de que frequente os salões de beleza, os shoppings e os bailes, é como se ela não tivesse voz no mundo e nem importância. “A beleza pode ser de uma grande ameaça”, “A beleza assusta”, “Se eu não fosse tão bonita teria tido 22 outro destino”, essas são as reflexões mais reveladoras da personagem que conduzem Carla a associar seu destino a um verdadeiro leilão, no qual “quem dá mais?” adquire o produto. Podemos constatar nesses contos a ideologia de que a mulher é incapaz de construir carreiras e é dependente da figura masculina. Vemos, falsamente expresso, que sua felicidade, sua satisfação e seu direito individual não têm independência. Finalizando, o papel da beleza é impor status sociais, preconceitos e prestígios. É dar ao indivíduo de elevado teor de “beleza”, a condição de se posicionar acima dos denominados “inferiores”, que devem correr atrás de seus objetivos e alcançá-los com seus próprios méritos. 4. Conclusões A Literatura faz com que as pessoas exercitem a alteridade, uma vez que lhes proporcionará enxergar melhor o mundo, o seu semelhante e a si mesmas. Portanto, contribui para a construção da cidadania e do pensamento crítico. Tem o papel devastador de mostrar a realidade por meio de personagens e enredos “fictícios”, que simbolizam a vida e as pessoas. A escrita de ambos os contos reflete a postura preconceituosa da sociedade em relação às mulheres, sociedade esta, que não somente reproduz, como também faz prevalecer rótulos sociais, incentivando as perpetuações de pensamentos retrógrados que permanecem arraigados no sistema cultural. Enfim, os textos analisados mostram que é necessário enxergamos a alma, pois, convenhamos, pessoas são bem mais do que a aparência, do vestem e do que bons resultados, antes de todas essas coisas, são seres humanos que têm sentimentos e importância no mundo. Referências CANDIDO, Antonio. Vários Escritos: O direito à Literatura. 4. ed. reorg pelo autor. Rio de Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004. CARVALHO, Maria Judite de. As Palavras Poupadas. Lisboa: Editora Arcádia 0. 1961. CHARAUDEAU, Patrick. Dize-me qual é teu corpus, eu te direi qual é a tua problemática. v. 10. Rio de Janeiro. Revista Diadorim. Revista de Estudos Linguísticos e Literários do Programa de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Dezembro 2011. Disponível em: <http://www.revistadiadorim.letras.ufrj.br>. Acesso em: 1º out. 2015. COMPAGNON, Antoine. Literatura para Quê? Belo Horizonte: UFMG, 2009. DATA SENADO. Violência Doméstica Contra a Mulher. 2013. Disponível: <http://www.senado.gov.br/senado/datasenado/pdf/datasenado/DataSenado-PesquisaViolencia_Domestica_contra_a_Mulher_2013.pdf>. Acesso em: 1º out. 2015. HOLANDA, L. C. A. Da Necessidade Social da Literatura. In: Alfredo Cordiviola; Derivaldo dos Santos; Valdenides Cabral. (Org.). As Marcas da Letra: Sujeito e Escrita na Teoria da Literatura. João Pessoa: Idéia, 2004, v., p. 215-224. CORDIVIOLA, A. SANTOS, D. CABRAL, V. (Org.). As Marcas da Letra: Sujeito e escrita na Teoria da Literatura. João Pessoa: Ideia, 2004. 23 LISPECTOR, Clarice. A Bela e a Fera. Disponível em: <http://parameusalunos.blogspot.com.br/2008/09/bela-e-fera-ou-ferida-grande-demais.html>. Acesso em: 1º out. 2015. 24 GÊNEROS DISCURSIVOS E ARTIGO DE OPINIÃO NA SALA DE AULA Amanda Karine F. L. da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Elis Betânia Guedes da Costa [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Kéfora Janaína de Medeiros [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Ao se tratar dos gêneros do discurso, Bakhtin se torna um dos principais nomes sobre o assunto. O Círculo de Bakhtin1 relata que o conceito de gêneros se trata de padrões comunicativos globais. Também é necessário observar que, para Bakhtin (1997), as várias práticas sociais estão sempre relacionadas com o uso da língua, que concretiza nossos enunciados, sejam eles orais ou escritos, concretos e únicos, que emanam dos integrantes de uma ou outra esfera da atividade humana. Segundo Costa e Rodrigues (2013), o artigo de opinião – o gênero em foco nesta pesquisa – trata-se de um gênero discursivo que está presente cotidianamente, em nossa trajetória profissional e em momentos significantes do nosso dia a dia. Tal gênero também consegue integrar o leque dos gêneros que fazem uso da sequência argumentativa, caracterizando-se pela constituição e defesa de um ponto de vista. Neste artigo, com o desdobramento das pesquisas feitas, tentaremos adequar uma solução ao problema que aflige vários alunos do Instituto, de modo que consigamos fazer com que as dúvidas sejam esclarecidas. 2. Materiais e Métodos Uma das características que mais podem contribuir para o impedimento da elaboração na escrita em um gênero do discurso por um aluno é dificuldade na identificação de um gênero pelo mesmo. Segundo o Círculo de Bakhtin, o conceito de gêneros do discurso se relaciona com a utilização da língua e, por essa razão, adquirimos uma extensa variedade de gêneros, o que pode promover certa confusão no momento da identificação. O Círculo também observa que tais gêneros podem se tornar “relativamente estáveis”, de acordo com sua estrutura composicional, ou seja, os gêneros discursivos podem modificar sua estrutura, dependendo de sua esfera comunicativa, do estilo do sujeito autor, fazendo com que possam ter características de outros gêneros a que se assemelham. Tendo em vista os problemas apontados por vários dos discentes entrevistados e a dificuldade que os alunos possuem na identificação dos gêneros discursivos, em especial, o artigo de opinião – que apresenta grande destaque em nossa vida acadêmica e social, por ser um gênero opinativo, ou seja, você expõe o seu ponto de vista de modo que consiga persuadir o leitor –, optamos por fazer um questionário contendo dez perguntas, nas quais tentamos O Círculo de Bakhtin trata-se de “um grupo de intelectuais que se reuniu regularmente de 1919 a 1929”, na Rússia. Era um grupo com componentes de formação diversificada (“grupo multidisciplinar”), com destaque para Valentin N. Voloshinov, Pavel N. Medvedev e Mikhail M. Bakhtin, que dá nome ao Círculo. Tinham paixão pela filosofia e pela linguagem (FARACO, 2009, p. 13). 1 25 descobrir quais as dificuldades fundamentais na hora de escrever um artigo de opinião, por exemplo. A entrevista elaborada foi realizada com vinte e cinco (25) alunos do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus São Paulo do Potengi. Elaboramos dez (10) perguntas para poder identificar quais as dúvidas fundamentais dos discentes na produção de um artigo de opinião. Os alunos escolhidos para a entrevista foram os das turmas dos cursos técnicos integrados em Edificações e Meio Ambiente, cursando o segundo ano do Ensino Médio, pois os mesmos têm estudado esse gênero na disciplina de língua portuguesa no ano letivo em curso. 3. Resultados e Discussões O questionário elaborado para a pesquisa, continha, como dissemos, dez (10) perguntas que questionavam os conhecimentos dos alunos, com base no assunto estudado, como mostra o quadro 1: Quadro 1: Questionário referente à pesquisa relacionada ao conhecimento de gêneros discursivos Com base nas respostas dadas, podemos perceber que a principal dificuldade apontada pelos alunos sobre a elaboração de um artigo de opinião é no desenvolvimento da argumentação, pois foi a alternativa mais marcada na questão “Ao escrever um artigo de opinião, em que parte você sente mais dificuldade?”. Além disso, há também vários outros questionamentos, como o receio de começar mal a introdução, contradizer-se no desenvolvimento do artigo, fugir do assunto proposto e até a falta de criatividade para um bom título. Dos vinte e cinco (25) alunos entrevistados, quinze (15) deles não conseguiram atribuir um conceito os para gêneros do discurso em concordância com o conceito bakhtiniano. Em algumas respostas, os discentes diziam que gênero do discurso “É a argumentação na fala.”, “Formas de expressar sentimentos, ideias e opiniões” ou “Tudo aquilo que envolve a comunicação entre os indivíduos”. Mesmo não tendo uma definição tão coerente, sete (7) alunos têm uma vaga impressão sobre a definição do gênero e apenas três (3) alunos conseguiram conceituar com clareza o que são gêneros discursivos, alegando que são “Classificação dos textos” ou “Classificação que pode ser infinita, pois novos gêneros são criados constantemente”. 26 Embora haja certa dificuldade no assunto, podemos perceber o interesse sobre tal discussão ao longo da pesquisa e, por meio das questões levantadas ao decorrer do questionário, como “Em sua opinião, os gêneros conhecidos por você são úteis em seu cotidiano?” e/ou “De que maneira os gêneros estão presentes em sua vida?”, os alunos alegaram que conseguem ter a percepção de que os gêneros discursivos estão presentes em seu cotidiano, como jornais, revistas e até nos diálogos que costumamos fazer no dia a dia – por mais que a minoria dos alunos ainda considere os gêneros como algo fixo, dizendo que apenas estão presentes “Na leitura de livros.”, “Sempre na escola.” ou “Nos determinados textos que leio” – e, onde quer que estejam, o conhecimento e o aprimoramento de tais gêneros serão essenciais para uma satisfatória produção nesse gênero discursivo. 4. Conclusões Com base nas pesquisas feitas, percebemos que, por mais que os alunos já tenham estudado gêneros discursivos, a maioria deles possui certa dificuldade para diferenciar sequência textual de gêneros do discurso. Contudo, os alunos conseguem, de forma breve, mostrar o que entendem sobre o assunto com seus próprios conceitos. Após observamos essa dificuldade na conceituação e na elaboração de artigos de opinião, apresentamos a proposta de realizar oficinas de extensão no IFRN – Campus São Paulo do Potengi, dado pelos bolsistas de língua portuguesa sob orientação das docentes da disciplina. Com isso, poderemos intervir nas dificuldades apresentadas. 5. Referências BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003. p.261-306. COSTA, E. B. G. ; RODRIGUES,M.G.S. O estudo da responsabilidade enunciativa no gênero artigo de opinião: uma proposta para o ensino médio. In: VIII Congresso Norte Nordeste de pesquisa e inovação, 2013, Salvador. Anais do VIII CONNEPI, 2013. p. 01-10. FARACO, C. A. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do círculo de Bakhtin. São Paulo: Parábola Editorial, 2009. LIMA, A. Os gêneros do discurso na perspectiva bakhtiniana. Recanto das letras. 2009. Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1705374>. Acesso em: 08 out 2015. 27 “MULHER SEM MARIDO, BARCO SEM LEME”: UMA REFLEXÃO SOBRE O MACHISMO EM DITADOS E PROVÉRBIOS POPULARES QUE ABORDAM O CASAMENTO Milena da Silva Claudino [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Elis Betânia Guedes da Costa [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Os ditados e provérbios são formas simples de expressão popular que se mantém constantes através dos anos, reconhecidos como aspectos de significantes para a cultura, uma vez que denotam o conhecimento do povo traduzido em poucas palavras. Sendo assim, comumente aplicam exemplos morais, religiosos ou filosóficos. A diversidade de temas é imensa, e, entre estes, a mulher tem um destaque “especial”, sendo citada com frequência, principalmente em comparações à figura masculina e relação com o casamento. Entretanto, estas menções, trazem consigo um sentido implícito que denotam a mulher de forma negativa. Tendo em vista tais questões, este estudo foi elaborado com o intuito de analisar provérbios e ditados populares sobre o casamento, observando através de aspectos linguísticos e sociais o modo em que os mesmos trazem a exaltação de valores machistas e patriarcais, bem como a inferiorização da mulher. Neste sentido, justificamos a intenção de tal estudo devido à importância de alertar a sociedade para uma discriminação frequente, mas que ocorre de forma implícita: o machismo em elementos linguísticos/sociais. 2. Material e Métodos Para esta pesquisa, foram priorizados os aspectos interpretativos, uma vez que optamos pelo uso de uma abordagem predominantemente qualitativa, com alguns aspectos quantitativos. Para a realização de tal estudo, utilizamos como elementos centrais ditados e provérbios populares sobre o casamento que explicitam a relação entre a figura feminina e a masculina. Neste sentido, delimitamos o corpus a partir de 18 (dezoito) ditados e provérbios, dos quais 10 (dez) foram analisados buscando destacar os fenômenos mais recorrentes, e 08 (oito) ditos populares, escolhidos por apresentar mais ênfase no que se refere aos aspectos desta pesquisa. A escolha destes ocorreu de forma aleatória por meio de observações em sites da internet, sendo por fim, selecionados para posteriores apreciações. Para conduzir as análises nos fundamentamos em alguns autores relevantes, tais como Goldschmidt (1998), Hoffnagel (2010), Lipovetsky (2000) e Obelkevich (1997), de modo que nosso Referencial Teórico é pautado nos tópicos: Ditados e Provérbios, Construção da Identidade de Gênero e A imagem da mulher nos ditados e provérbios. Desta forma, trata-se de uma pesquisa descritiva que por meio de aspectos linguísticos e sociais estabelece como hipótese que a exaltação do machismo está presente nos ditados e provérbios sobre o casamento, apresentando assim, um reflexo da sociedade. 28 3. Resultados e Discussões 3.1 Principais temáticas Tabela 1: Temática central dos textos selecionados Ditados Desqualificação da figura feminina Inferiorização da mulher 1. 2. 3. X 4. 5. X 6. X 7. 8. 9. 10. X Fonte: Dados da pesquisa do autor. Submissão feminil Valorização da liberdade masculina x x X X X x x X X x x x x Dentre os tópicos, observamos uma exacerbada desqualificação da figura feminina, ao mesmo tempo em que ocorre sua inferiorização, sendo retratada como “objeto” que merece desprezo. Além disso, sua imagem física é posta a cima de seus valores morais, o que força a mulher a viver sob a ditadura da estética. Tal fato é também observado por Cecília Meireles (2003, p.127) no poema “Mulher no Espelho” em que afirma: “Por fora serei como queira a moda/ que vai me matando; Já fui loura, já fui morena [...]/ só não pude ser como quis”. Vale ressaltar que os elementos verificados condizem com o pensamento de Goldschmidt (1998, p.25), quando afirma que o cristianismo possui relação direta com o machismo e o preconceito de gênero, sendo dotados de tradicionalismo e conservadorismo: “O cristianismo foi orientado pela ideia de que a mulher causou a introdução do pecado no mundo e de que a sexualidade feminina provocava o pecado masculino". 3.2 Análise dos ditados populares 1. Quadro 1: Ditados populares analisados Mulher sem marido, barco sem leme. 2. Mulher chora antes do casamento, o homem chora depois. 3. Casamento feito, homem arrependido. 4. Se casamento fosse estrada, homem andava no acostamento. 5. Uma mulher pode amar um marido que nunca lhe bata, mas não vai respeitá-lo. 6. Mulher é como pizza: só é boa fora de casa! 7. Mulher é como trator. É muito boa pra trabalhar e horrível pra passear. 8. Se casamento fosse negócio, mulher vivia em prateleira. Fonte: Dados da pesquisa do autor. Caracterizados pelo uso frequente de figuras de linguagem como metáfora e ironia, bem como, pelo ideal de expressar um sentimento “vulgar” a respeito de algo, são os ditados, representações ainda mais nítidas do pensamento popular. Em análise aos três primeiros 29 exemplos, observamos que remetem, explicitamente, à relação de dependência da mulher/esposa para com o homem “Mulher sem marido, barco sem leme”, sendo a figura feminina sequencialmente retratada como incapaz e responsável – através do casamento – pela infelicidade masculina, o que contraria o pensamento de Lipovetsky (2000), quando refer-se ao ideal de “terceira mulher”. Além disto, os ditos remetem a valorização da liberdade masculina, representando o casamento como um ato indesejado e que através da mulher, irá prejudicar o homem: “Se casamento fosse estrada, homem andava no acostamento”, “Casamento feito, homem arrependido”. 4. Conclusões Os ditados e provérbios populares, são reflexos do pensamento popular, com isso, a partir deles, fomos capazes de analisar a representação feminina na sociedade, pois, como reforça Menezes (2010, p. 02): “Observar a identidade social da mulher significa também observar como a mulher é vista pela sociedade, as alterações sofridas na identidade deste grupo são, em parte, resultado de mudanças sociais e culturais”. Com base nas discussões, foi possível constatar a hipótese pré-estabelecida, verificando que a escrita destes, em suma, reflete uma postura preconceituosa da sociedade para com as mulheres. Sociedade esta, que formula e mantém estereótipos, motivando a perpetuação de pensamentos retrógrados que permanecem arraigados em nossa cultura. Por fim, ressaltamos a relação entre a linguagem e os aspectos sociais, tendo em vista que a primeira é fundamental em qualquer das esferas abordadas, desde a construção da identidade até a percepção de valores e representação social. Referências COUTO, Anabela. A mulher nos provérbios e ditados populares. Disponível em: <http://jpn.c2com.up.pt/2005/04/26/a_mulher_nos_proverbios_e_ditados_populares.html>. Acesso em: 23 de abril de 2014. GOLDSCHMIDT, E. M. R. Convivendo com o pecado: na sociedade colonial paulista (1719-1822). São Paulo: Annablume, 1998. HOFFNAGEL, J. C. Temas em Antropologia e Linguística. Recife: Bagaço, 2010. _______________. Tendências atuais no estudo de linguagem e gênero. Revista de Antropologia (PPGA/UFPE). Recife, PE, v. 7, 1998. LIPOVETSKY, G. A sociedade pós-moralista: o crepúsculo do dever e a ética indolor dos novos tempos democráticos. Tradução de Aramando Braio Ara. São Paulo, Manole, 2000. LYSARDO-DIAS, Dylia. (2005). Discurso publicitário e representações sociais. In: LYSARDO-DIAS (org.); ASSUNÇÃO, Antônio Luiz; REZENDE, Guilherme Jorge de. Discurso, representação e ideologia. São João Del-Rei: PROMEL/ UFSJ. p. 25-38. MEIRELES, C. Flor de Poemas. Rio de Janeiro: Record, 2003. MENEZES, T. D. As mídias e a representação feminina: um estudo sobre a identidade social da mulher. 2010. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Pernambuco, CAC. Letras, 2010. 30 OBELKEVICH, J. Provérbios e história social. In: P. Burke e R. Porter (Orgs.). História social da linguagem. São Paulo: Unesp, 1997, pp. 43-81. RYCARDO, Paullo. Frases de “para-choque”. Disponível em: <http://paulloricardo.wordpress.com/2008/10/06/frases-de-para-choque/>. Acesso em: 12 de abril de 2014. SANTAI, M. Ditados populares. Disponível em: <http://mfcmamonas.no.comunidades.net/index.php?pagina=1085088420_10 >. Acesso em: 02 de junho de 2014. TEIXEIRA, N. C. A sabedoria condensada dos provérbios. Belo Horizonte: Leitura, 2004. XATARA, C.; OLIVEIRA, W. L. Novo PIP: dicionário de provérbios, idiomatismos e palavrões em uso francês-português / português-francês. São Paulo: Cultura, 2008. 31 VIVENDO COM DIGNIDADE EM SÃO PAULO DO POTENGI Paulo Roberto Macedo de Araújo Filho [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Jessica Lorrany Santos da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O trabalho ora apresentado se destina a abordar as especificidades do Projeto Viver com Dignidade, projeto de extensão que ocorre no âmbito do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus São Paulo do Potengi/RN desde o ano de dois mil e quatorze. O referido projeto é voltado para o atendimento à pessoa idosa, realizado de forma multidisciplinar, mas tendo foco principal nas atividades relacionadas à educação física. Assim, o objetivo deste resumo é descrever as atividades realizadas no projeto, principalmente no que tange aos eixos de educação e práticas corporais, buscando mostrar os avanços e perspectivas para se alcançar uma melhoria de qualidade de vida da população idosa. A referida discussão utiliza-se de experiências do próprio projeto associada à pesquisa bibliográfica, para embasar a análise de resultados. Nesse contexto, vemos que o projeto está contribuindo para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos idosos, tornando-se ferramenta indispensável para a vida dos mesmos. 2. Material e Métodos O projeto se concretiza em uma ação conjunta entre a Coordenação de Extensão, Coordenação do Projeto, bolsistas, voluntários e demais colaboradores do Campus IFRN São Paulo do Potengi/RN, no qual utiliza-se do procedimento de encontros e reuniões realizadas semanalmente para a apropriação do referencial teórico; onde busca-se trazer um caráter objetivo e informações necessárias ao cotidiano e vivência em sociedade para adequar o projeto a realidade do público alvo, alargando o potencial de alcance dos resultados. Os encontros acontecem duas vezes por semana, com duas horas de duração, sendo as aulas intercaladas entre a teoria e a prática, considerando o sujeito, suas experiências e a realidade vivida. O projeto visa proporcionar aos idosos um atendimento multidisciplinar amparado pela Educação Física em diálogo com a assistência social, a língua portuguesa, a psicologia, a enfermagem, a química, a odontologia, a medicina, a cultura e o lazer. A ênfase primordial do projeto é o desenvolvimento de processos participativos e coletivos, que resgatem e consolidem a cidadania, a interação social e o bem-estar dos idosos. Além de que, através de palestras e rodas de conversas, eles possam refletir e debater situações ou problemas sociais que os mesmos vivem em suas realidades particulares ou coletivas, seja com a família, instituições e/ou a sociedade. 32 3. Quais são os benefícios das práticas corporais para idosos? Sabe-se que o envelhecimento está associado a uma variedade de limitações físicas e psicológicas. Frequentemente, esse fato dificulta o desempenho de certas funções aos idosos, dificuldade que aumenta ou diminui dependendo de sua motivação, circunstâncias ambientais, biológicas e sociais e as reações à incapacidade. Aqueles que apresentam limitações maiores e significativas, a consequência pode se configurar em invalidez, uma deterioração na qualidade de vida. Existem cada vez mais evidências científicas apontando o efeito benéfico de um estilo de vida ativo e saudável para a manutenção da capacidade funcional e da autonomia física durante o processo de envelhecimento. Através desses benefícios, as atividades desenvolvidas no projeto busca proporcionar ao velho maior mobilidade e autonomia, realizando práticas corporais que sejam agradáveis e promovam a interação social. Figura 1: A vivência do alongamento. Fonte: Arquivo pessoal dos autores. Nota-se que a falta de atividades corporais frequentes tende a propiciar a diminuição da força muscular estando diretamente relacionada com a independência funcional de idosos e o sedentarismo como fator agregado chega a ser assustador ao se avaliar as consequências para a saúde. Segundo pesquisas, o idoso tem perda de até 5% da capacidade física a cada 10 anos, e tem possibilidade de recuperar 10% dessa capacidade através de práticas corporais adequadas. No projeto Viver com Dignidade, a prática de exercício físico dentro da mobilidade de cada idoso traz excelentes resultados fazendo com que o corpo reaja bem às transformações e às dificuldades adquiridas com o tempo. Desta forma, torna-se possível percebermos que as práticas corporais regulares e a adoção de um estilo de vida ativo são necessárias para a promoção da saúde e qualidade de vida durante o processo de envelhecimento. Pessoas idosas que pôr algum motivo não tiveram a chance ou motivação para praticarem algum esporte durante seu período de juventude, poderiam desfrutar dos benefícios da atividade física após esta fase da vida, sendo esse trabalho um divisor de águas na região do Potengi, pois oportuniza aos idosos o aumento de autoestima e qualidade de vida, por meio da realização destas práticas. 33 3.1 educação para o idoso, qual a importância? Figura 2: Primeiras instruções sobre o uso do computador. Fonte: Arquivo pessoal dos autores. Segundo Debert (2012, p. 13), Tratar da velhice, dessa perspectiva, é buscar acessos privilegiados para dar conta de mudanças culturais nas formas de pensar e de gerir a experiência cotidiana, o tempo e o espaço, as idades e os gêneros, o trabalho e o lazer, analisando, de uma óptica especifica, como uma sociedade projeta sua própria reprodução”. Com isso, a educação torna-se um fator positivo para o aprimoramento da capacidade do pensar e do agir dos idosos, buscando formar uma sociedade mais justa e igualitária, de modo que, especificamente para o idoso, as práticas educativas possibilitem uma visão diferenciada acerca das relações em sociedade, com a família e com si mesmo, tendo em vista que são estimulados a pensar e refletir sobre seus direitos, deveres e experiências, além e não menos importante de ter condições para abrir-se a novas descobertas e vivências. Nesse sentindo, “os velhos precisam de um espaço de fala que torne possível uma ressignificação de seu eu. Algo que lhes permita relançar o desejo e manter o olhar sobre si” (CASTRO, 2001, p. 68). Desta maneira, a educação é um importante meio de transformação e valorização destas pessoas e nessa perspectiva o projeto Viver com Dignidade atua criando espaços de troca de experiências e estímulo à escrita e leitura, como forma de desenvolver potencialidades e a autonomia destes idosos. Nota-se que quando a educação torna-se permanente na vida dos idosos, é possível encontrar um novo sentido em viver, mesmo quando já se encontram desacreditados pela própria sociedade. Figura 3: Aula de recorte e colagem. Fonte: Arquivo pessoal dos autores. 34 4. Resultados e Discussões No ano de 2014 através do projeto “Viver com Dignidade” foi possível conhecer a realidade de muitos idosos do município de São Paulo do Potengi, bem como contribuir para superação de alguns problemas vivenciados, como o sedentarismo e a ausência do letramento. Pode-se notar também maior autonomia dos idosos nas atividades do cotidiano diário, como mobilidade do seu aparelho locomotor, melhor conscientização nos aspectos da saúde; alimentação, higiene, prevenção de doenças. É interessante também considerar a reinserção do individuo na sociedade possibilitando sua satisfação pessoal, com a amplitude de atividades, além de proporcionar, uma melhor qualidade de vida aos envolvidos. Outro ponto que destacamos é a troca de experiências e saberes entre os jovens participantes do projeto e os idosos, os vínculos afetivos e a empatia existente entre ambos. Isto foi proporcionado devido às atividades que são desenvolvidas, onde juntos todos aprendem, discutem e refletem sobre suas realidades. 5. Conclusões Levando em consideração todos os envolvidos com o Projeto (professores, bolsistas, voluntários e idosos), as atividades foram de suma importância, pois prestamos um atendimento multidisciplinar ao indivíduo, primando pelo cuidado, respeito e autonomia, em eixos de temáticas realizados de forma integral, exercitando a interdisciplinaridade. Desta forma, o contato com os idosos, foi essencial, além da criação de vínculos que contribui para um envelhecimento digno e cidadão. 6. Agradecimentos Á Deus, dedicamos o nosso agradecimento maior, porque têm sido tudo em nossas vidas. A nossa família, por todo o apoio e cuidado que, nos proporcionaram, além do extenso carinho e amor, os conhecimentos da integridade e dos valores humanos. Por essa razão, gostaríamos de dedicar e reconhecer a vocês, nossa imensa gratidão e amor. A nossa orientadora, Maria Elizabete por toda a confiança em nós depositada, por sempre acreditar que tudo daria certo e por ser peça fundamental para nossa formação humana e acadêmica. Ao instituto, familiares, professores, amigos e todos aqueles que cruzaram nossas vidas, participando de alguma forma na construção e realização dos nossos objetivos. Aos idosos, que nos acolheram com muito carinho e nos mostrou como é importante viver e nos ensinaram muito a respeito da vida. Referências CASTRO, O. P. Envelhecer: um encontro inesperado? Sapucaí do sul: Notadez, 2001. DEBRET, Guita Grin. A reinvenção da Velhice: socialização e processos de reprivatização do envelhecimento. 1. ed. 2. reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp, 2012. MATSUDO, Victor K. R. Vida ativa para o novo milênio. Revista Oxidologia. Centro de Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, 1999. 35 ENSINO E APRENDIZAGEM DO VIOLÃO NO PROJETO MUSICALIZANDO VIDAS NO POTENGI José Emerson da Silva Araújo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ana Claudia Silva Morais [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – IFRN, campus São Paulo do Potengi, vem desenvolvendo o projeto de extensão “Musicalizando Vidas no Potengi” com o objetivo de musicalizar através da prática musical coletiva. Aberto ao público interno e externo do campus, o curso acolhe alunos, servidores e demais interessados em suas ofertas. Para iniciar as atividades propostas no projeto de musicalização, foram abertas inscrições para discentes, assim como uma seleção de dois bolsistas de extensão. Por afinidade instrumental, os bolsistas conversaram entre si e determinaram horários de acompanhamento das atividades do curso de violão, já citado, pois no campo da Educação Musical, o ensino e aprendizagem de música pode exercer papel relevante na formação e no desenvolvimento do aluno. A musicalização é um conceito que foi discutido pela primeira vez no Brasil pela Professora Maura Penna, a autora diz que “Concebemos a musicalização como um processo educacional orientado, visando promover uma participação mais ampla na cultura socialmente produzida [...] onde a música é o material para um processo educativo e formativo mais amplo, dirigido para o pleno desenvolvimento do indivíduo, enquanto sujeito social” [grifo da autora] (PENNA, 1990, p. 37). Corroborando com ela, a professora Ilza Joly (UFSCar) relata que a musicalização caracteriza-se por um “conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas de ritmo, melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são apresentadas” (JOLY, 2003, p. 116). Desse modo, pode-se dizer que a musicalização objetiva primeiramente a formação do sujeito social, e não apenas o aprendizado da linguagem e técnicas musicais, estando essas em plano secundário. Assim, neste trabalho será priorizado o relato sobre o curso de violão, ministrado por um servidor do IFRN/SPP, semanalmente. E, motivados pelas atividades desenvolvidas neste curso, objetivamos relatar sobre a dinâmica de trabalho empregada, apontando observações acerca das possibilidades de aperfeiçoamento dos discentes envolvidos no curso ainda em andamento, como o oferecimento de uma oficina sobre o campo harmônico. 2. Material e Métodos As aulas de violão do projeto acontecem uma vez por semana em dois turnos – matutino e vespertino, contando atualmente com aproximadamente dez alunos em cada turno. As aulas são ministradas contemplando teoria e prática musical, com explanação sobre o instrumento – violão, conceitos básicos sobre melodia, harmonia, ritmo, linguagem e estruturação musical e formações de acordes, chamando atenção para o entendimento do campo harmônico. Todos os conteúdos ministrados estão relacionados à prática musical do instrumento, onde o professor faz demonstrações, correções e dá orientações pertinentes preocupando-se com o repertório e aprendizagem dos alunos. 36 Desse modo, através da observação e monitoria nas aulas, percebemos que o conhecimento desta temática torna-se significativa para os estudantes, podendo ser melhor desenvolvida em outro momento, por meio de oficinas ministradas no IFRN/SPP, pois prezase pela condução e acompanhamento do grupo como todo, respeitando as dificuldades de cada participante. 3. Resultados e Discussões Um dos assuntos mais importantes e fundamentais a ser aprendido quando se fala de instrumentos harmônico, como o violão, é a compreensão do que significa e para que serve o campo harmônico (CH). Campo harmônico é um conjunto de acordes que objetiva indicar quais destes podem ser utilizados para formar harmonias. Demonstrar a importância do campo harmônico para a música e principalmente para os instrumentos de cordas, como o violão, é bastante significativo. Desse modo, acreditamos que durante a oficina proposta sobre esta temática, os alunos do curso de violão poderão tirar dúvidas, conhecer a verdadeira finalidade do campo harmônico, a sua importância e principalmente, colocar em prática os conteúdos aprendidos e/ou desenvolvidos. 4. Conclusões Percebe-se, por fim, que o projeto “Musicalizando Vidas no Potengi” dando mais ênfase ao curso de violão, estar tendo seu principal objetivo sendo concluído, fazendo assim, com que os alunos do referido curso venham até conhecimento e entendimento da linguagem musical e principalmente das técnicas do instrumento. Mesmo com decorrer do projeto, os alunos já apresentam um enorme desenvolvimento artístico, deixando-os assim, com mais experiências na sua vida musical, além de se enriquecer com a música. Referências FRANÇA, Cecília Cavalieri. Performance instrumental e educação musical: a relação entre a compreensão musical e a técnica. Revista Per Musi. Belo Horizonte, v.1, 2000, p. 52-62 HARDER, Rejane. Algumas considerações a respeito do ensino de instrumento: trajetória e realidade. Opus. Goiânia, v. 14, n. 1, p. 127-142, jun. 2008. JOLY, Ilza Zenker Leme. Educação e Educação Musical: conhecimentos para compreender a criança e suas relações com a música. In: HENTSCHE, Liane; Del Ben, Luciana. Ensino de Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003, p. 113-126. PENNA, Maura Lúcia Fernandes. Reavaliações e buscas em musicalização. 1. ed. São Paulo: Edições Loyola, 1990. 37 CIÊNCIAS DA NATUREZA, MATEMÁTICA E SUAS TECNOLOGIAS 38 A GESTÃO EDUCACIONAL PÚBLICA NUMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA Gleico David de Oliveira [email protected] Florida Christian University 1. Introdução Com as crescentes mudanças políticas, econômicas e sociais, a educação brasileira vem sofrendo grandes transformações ao longo do tempo, uma vez que as necessidades da sociedade vão se ampliando e se diversificando cotidianamente, fazendo surgir políticas públicas capazes de atender essas novas demandas. Nessa perspectiva, o estudo das políticas de educação é relevante para mostrar a evolução gradual de todo o processo de implantação de novas políticas, desde a criação até as fases de execução e absorção pela comunidade. Um fator de grande relevância é a compreensão da gestão educacional como mecanismo para a garantia de um dos direitos fundamental e constitucional do cidadão: a educação. Nisso, percebe-se que as políticas públicas e a gestão educacional estão atreladas e, juntas, são capazes de promover o desenvolvimento educacional em todas as esferas governamentais. Assim sendo, considera-se premente a investigação dessa temática, de modo a serem levantadas informações capazes de suscitar reflexão nas gestões públicas e para que atentem de forma particular para essa importante seara. Nesse contexto, Lück (2006) esclarece que a gestão educacional representa o método de gerir a dinâmica do processo de ensino como um todo, e de coordenação das escolas em específico, em conformidade com as diretrizes e as políticas educacionais públicas, para a execução das políticas educacionais e dos projetos pedagógico das escolas. A gestão da educação traduz-se em grande valor, porque proporciona ambiente de formação e aprimoramento da educação, com a finalidade de o ambiente escolar cumprir sua função social, que é desenvolver cidadãos com valores éticos e opiniões próprias, que saibam viver em coletividade, respeitando a natureza na qual vivem e colaborando também para o desenvolvimento sustentável. Do mesmo modo, as políticas públicas visam ao cumprimento de um fim, que é o bem-estar social e a qualidade de vida da população. Na abordagem exposta por Lascoumes e Le Galès (2007), as políticas públicas apresentam-se como uma atividade coletiva que se integra à criação de uma ordem social e política, voltada à sociedade, à regulamentação das suas tensões, à unidade dos grupos e à solução de conflitos. Frente às transformações mercadológicas, os administradores são obrigados a evoluir junto, levando a sua equipe de trabalho, já que ela é também mola propulsora de desenvolvimento do negócio. Chiavenato (2004), com referência à administração, salienta que o mundo e os negócios mudaram, e muitas organizações ficaram para trás nesse processo de transformação constante. Para o autor, existe hoje uma intensa e imprescindível necessidade de talentos e competência humanas, visto que nas organizações contemporâneas precisa-se de profissionais proativos e hábeis nas mais diversas funções desenvolvidas, todos comprometidos com o sucesso empresarial. Basicamente, a administração está presente em todas as áreas do conhecimento e em todas as atividades profissionais, uma vez que muitas delas fazem uso de planejamentos e estão ligadas a ações de organização, coordenação e controle de atividades diversas. Diante desse quadro, quando se discorre sobre o conceito de administração, vêm à tona as cinco funções precípuas da gerência administrativa. São as atividades de planejamento, organização, direção e controle (PODC). Esses são os princípios gerais de administração que formam a prática administrativa. 39 Uma variável a ser observada é a prática da administração sendo influenciada por fatores externos, que estão constantemente mudando em função da dinamização dos mercados. Esses fatores, por conseguinte, provocam instabilidades dentro da organização, fazendo com que os administradores trabalhem também com indefinições, mesmo que atuem com planejamentos formalizados. Com base nisso, Motta (1997) justifica que a maioria dos dirigentes encontra sempre uma carga inesperada de tarefas imprevistas, interrupções e trabalhos administrativos intensos, descontínuos e de natureza variável. Da mesma forma, esses gestores se aproximam dos problemas à medida que estes vão surgindo, na busca por soluções baseadas em informações parciais, imperfeitas e de primeira mão, quase sempre envoltas por grandes incertezas. O gestor educacional, ainda que a sua atuação esteja mais direcionada à clássica visão de gerir (planejar, organizar, dirigir e controlar), vem enfrentando desafios, desenvolvendo suas competências e seu campo de inserção e, principalmente, vem cooperando efetivamente para o bom desempenho institucional. No intuito de orientar os administradores públicos para que tenham um comportamento especial frente à administração pública, os constituintes escreveram no art. 37 da Constituição Federal (CF), em 1988, um capítulo sobre a administração pública cujos princípios são elencados a seguir: princípios da Legalidade, da Impessoalidade, da Moralidade, da Publicidade e da Eficiência (LIMPE). Cada um deles apresenta uma característica de interesse público de grande valia, já que eles estabelecem em conjunto a condução dos atos e dos fatos da coisa pública (res publica). No âmbito das organizações privadas, os administradores de empresas praticam tudo aquilo que a lei não proíbe. Por outro lado, o administrador público, por ser obrigado ao estrito cumprimento da lei e dos regulamentos, só pode praticar o que a lei e as demais espécies normativas permitirem. É a lei que distribui competências aos administradores impondo o seu comportamento no exercício do poder público, por efeito da legalidade. Por meio dessa síntese, observa-se uma discrepância muito grande nas duas possibilidades de administrar recursos, duas situações antagônicas. É relevante salientar do que é que todos esses princípios constitucionais da administração pública tratam, uma vez que são pressupostos fundamentais para o bom gerenciamento da coisa pública. É dever da administração pública seguir com fidelidade todos esses princípios do direito administrativo e constitucional, supramencionados. A administração da educação nos municípios, no distrito federal e nos demais estados brasileiros também está sujeita a obedecer tais ordenações. As organizações estão em constante processo de mudança, em função da globalização do século XXl. Diante dessa constatação, o gestor necessita repensar a forma de administrar, rever o seu ato de gerir e dirigir os negócios. A escola, enquanto organização (estabelecimento de ensino), também se insere nessa mudança organizacional na contemporaneidade, e o gestor escolar, no papel de líder que é, enfrenta a responsabilidade de administrar o ambiente escolar frente a essas transformações significativas. Diante de todas as mudanças já inferidas, os papéis dos diretores escolares e de todo gestor estão sendo transformados, e as suas funções estão sendo modificadas de acordo com a necessidade imposta pela sociedade. O diretor escolar, agente articulador maior da escola, é constantemente colocado em xeque e à prova. E mesmo sendo considerado a autoridade máxima dentro da instituição pública de ensino, ele é, simultaneamente, apenas um sistematizador para o cumprimento da lei no âmbito escolar, visto que na administração pública todos os atos são pautados no princípio da legalidade. Este artigo científico poderá auxiliar os gestores públicos, bem como os profissionais da área, a perceber a importância das políticas públicas e da gestão educacional como instrumento para colaborar com o bem comum de toda a sociedade. Este estudo é significativo 40 para que suscite na administração pública a reflexão de que as políticas educacionais são determinantes para a promoção de desenvolvimento que perpassa pelos setores social, econômico e especialmente o educacional. Este artigo poderá também cooperar com o campo científico, uma vez que buscou novos conhecimentos e pode, com isso, contribuir para futuras investigações na área. A justificativa também se pauta na importância deste estudo para futuros pesquisadores, e por estar disponível à sociedade como base de outras reflexões. Diante do exposto, considerou-se justificada a sua realização. Este estudo tratou de questões relacionadas às políticas públicas e à gestão educacional na contemporaneidade. Na administração pública, a educação calcada em políticas públicas bem direcionadas, planejadas e com foco no cidadão pode possibilitar diversos benefícios, já que proporciona desenvolvimento à população. Com a finalidade de nortear a pesquisa, foi instituído o objetivo geral, a saber: entender a gestão educacional pública na contemporaneidade. 2. Material e Métodos Considerando esse cenário, e no que se refere aos procedimentos metodológicos, este estudo foi definido como uma pesquisa de cunho bibliográfico e partiu de uma revisão da literatura geral e especifica. Bervian e Cervo (2002) apontam que a pesquisa bibliográfica é feita com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema para o qual se procura resposta ou acerca de uma hipótese que se quer experimentar. 3. Considerações finais Tendo em vista os fatos apresentados, verifica-se que a gestão educacional pública deve ser conduzida pelos princípios constitucionais e do direito administrativo, que regulam a administração pública brasileira. O modelo de gestão adotado pela administração da educação nas suas instâncias precisa também levar em consideração as funções fundamentais da gerência administrativa, de maneira que o direito constitucional à educação seja atendido, para formar cidadãos éticos, críticos e comprometidos com a sociedade e com o desenvolvimento sustentável. Esse artigo científico propiciou mostrar a figura do gestor educacional em meio às adversidades existentes no contexto atual da educação pública brasileira. No estudo, o objetivo foi atingido, na medida em que se conseguiu entender a gestão educacional pública na contemporaneidade. Por um lado as políticas públicas educacionais e todos os dispositivos legais que determinam e regulam a administração da educação e, do outro lado do prisma, o gestor da educação que enfrenta os desafios oriundos da nova clientela de alunos, os quais possuem padrões de comportamentos divergentes daquilo que se pensou para a educação há décadas. Dado que o alunado de hoje pensa, deseja e possui emoções peculiares e individuais que não se encaixam efetivamente no padrão do sistema educacional vigente, pensado e formatado há muito tempo. Evidenciou-se que o desafio maior do gestor é gerenciar de forma eficiente e eficaz essas duas situações antagônicas, fazendo cumprir um dos direitos básico e constitucional ao cidadão que é a educação pública, gratuita e de qualidade. Espera-se que a realização desse estudo, apesar de suas limitações, possa ser de utilidade para futuras pesquisas nessa área, e também contribua para a gestão mais efetiva dos recursos humanos, orçamentários-financeiro e materiais das organizações escolares e da gestão da educação de maneira geral, de modo que os gestores busquem compreender e trabalhar em prol do bem-estar, da qualidade de vida, e do desenvolvimento educacional dos estudantes e, por conseguinte, promover o progresso da sociedade. Porém, se o trabalho conseguir apenas provocar reflexão acerca da importância da gestão educacional na contemporaneidade e que 41 esta tem uma forte relação com o desempenho das instituições, acredita-se justificada sua realização. Referências CERVO, Amado Luiz e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2002. CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004. LASCOUMES, Pierre e LE GALÈS, Patrick. Sociologie de l’action publique. Armand Colin 2. ed. Paris, 2007. LÜCK, Heloísa. Gestão Educacional: uma questão paradigmática. 8. ed. Petrópolis: Vozes, 2006. MOTTA, Paulo R. Gestão Contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 8. ed. Rio de Janeiro: Record, 1997. 42 AS NOVAS DINÂMICAS DEMOGRÁFICAS PROPORCIONADAS PELA EXPANSÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS NO RN Moisés Gomes Advíncula Júnior [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução No Rio Grande do Norte, a exemplo de outros Estados Brasileiros, o movimento pendular decorre do atual padrão de migração que aponta ser as condições de trabalho, renda e estudo, os principais atrativos que estimula os indivíduos a se deslocarem espacialmente. Esse tipo de movimento populacional é fortemente evidenciado na área metropolitana do RN, que agrega as melhores oportunidades de trabalho e estudo. A busca por políticas públicas que venham contribuir para melhorar as condições de vida da população local, que muitas vezes se desloca de suas residências à procura de trabalho e de uma melhor oferta educacional, sempre é muito importante para o desenvolvimento socioeconômico de uma cidade ou região na qual a mesma está inserida. Diante disso, é salutar destacarmos a importância que a expansão dos Institutos Federais de Educação e Tecnologia vem trazendo aos Municípios e Regiões em que os mesmos foram construídos no RN. A política de expansão dos Institutos Federais em direção ao interior do Estado do RN vem contribuindo para o desenvolvimento econômico e social dos Municípios em que os mesmos foram implantados, mas é observado também que boa parte dos discentes, docentes, técnicos administrativos e terceirizados não residem nestes Municípios, mas por uma questão de estudo/trabalho terminam se deslocando diariamente. Esse deslocamento pendular ou definitivo termina trazendo consequências sociais, econômicas e de ordem cultural a população inserida nesse contexto migratório, pois é necessário contar com toda uma estrutura logística de transporte, alojamento e moradia para essa população migratória, que termina também, gerando transformações no que se refere ao comércio, pois a maioria passa a consumir alimentos, roupas e serviços nessas cidades. Como a população, no caso os migrantes influenciados pela expansão dos IFRNs, passa a se inserir num novo contexto sociocultural, é observado também o descobrimento e a incorporação, por parte desse migrante ou recente morador, dos hábitos culturais da população local, onde muitos relatam que essa nova experiência trouxe significativos conhecimentos sobre novas danças, comidas, tradições religiosas e artísticas. A migração pendular se caracteriza pelo deslocamento diário para outro município por motivo de trabalho ou estudo, dessa forma articula múltiplos territórios promovendo interações espaciais, essas interações para Corrêa (2006 p. 280) “[...] devem ser vistas como parte integrante da existência (e reprodução) e do processo de transformação social e não como puros e simples deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informação no espaço”. Assim, estudar os deslocamentos pendulares não inclui apenas o ato de analisar o “deslocamento diário”, mas todas as relações vividas tanto na cidade de destino, como na de origem, bem como as criadas durante o deslocamento, enfim, permite a compreensão das relações que se estabelecem entre os municípios que fazem parte da metrópole. Desse modo, podemos perceber que tudo está interligado e este vínculo acaba por criar e recriar novos espaços. Sabemos que nenhuma cidade existe totalmente isolada, para Souza (2008, p.50), o que diferencia “concerne ao tipo de fluxo, e, sobretudo, à intensidade dos fluxos, todas as cidades se acham ligadas entre si no interior de uma rede – no interior da rede urbana”. Porém, para o próprio autor: A rede urbana não é ‘inocente’, no sentido de ser um ‘simples’ conjunto de cidades ligadas entre si por fluxos de pessoas, bens e informações, como se isso fosse coisa de menos importância ou nada 43 tivesse a ver com os mecanismos de exploração e exercício do poder existentes em nossas sociedades (SOUZA, 2008, p.50). É nesse contexto de expansão dos IFRNs e de suas consequências no que diz respeito aos processos migratórios de deslocamento populacional, de mudanças nas estruturas econômicas locais e regionais, na incorporação de novos hábitos culturais que estamos desenvolvendo o objetivo proposto em nossa pesquisa. Acreditamos que a conclusão da mesma trará informações e análises importantíssimas no que diz respeito ao planejamento e criação de novas políticas públicas que tenham como alvo a melhoria das condições de vida da população, na elaboração de perfis econômicos, demográficos e de fluxos migratórios e suas consequências na construção de novas territorialidades e suas consequências sociais, econômicas e culturais. 2. Material e Métodos Para investigar e analisar as territorialidades e as reorganizações espaciais produzidas a partir das interações espaciais do movimento pendular proporcionadas pela expansão dos Institutos Federais no RN organizamos nossa metodologia em dois tipos de procedimentos: a documentação indireta e a documentação direta. Na etapa da documentação indireta estamos fazendo o levantamento de dados. Esse levantamento será o primeiro passo da nossa pesquisa e está sendo feita de duas formas: a pesquisa em fontes primárias e secundárias. Para caracterizar a expansão do IFRN dentro da Política Federal de expansão da Rede de Escolas de Ensino Técnico e Profissionalizante pelo Brasil estamos realizando uma pesquisa documental e bibliográfica em documentos oficiais. Nesta etapa da pesquisa estamos fazendo o levantando das referências já publicadas, foram incluídas a imprensa escrita, os meios audiovisuais, o material cartográfico e as publicações relacionadas ao tema em estudo. A pesquisa em trabalhos científicos publicados na internet também está sendo uma fonte indispensável no que se refere à pesquisa documental e bibliográfica. A investigação da população envolvida no movimento pendular e permanente entre as cidades nas áreas de abrangência dos Campus do IFRN será feita através do levantamento de dados no próprio local onde as dinâmicas demográficas e territoriais ocorrem através da pesquisa de campo. Para complementar ampliar a nossa coleta de informações aplicaremos também questionários e formulários à população inserida no contexto da pesquisa. Esperamos que a implantação e execução das técnicas expostas em nossa metodologia de trabalho tragam os resultados esperados para as próximas etapas da pesquisa. 3. Resultados e Discussões Um dos problemas verificados e que estão sendo discutidos preliminarmente na etapa inicial da pesquisa é que muitos Municípios ondem foram implantados os IFRNs não oferecem boas condições de hospedagem, moradia e alimentação nas proximidades dos Campus, fazendo com que muitos servidores e alunos tenham que voltar para as suas residências à noite, passando por dificuldades no que tange à estrutura de transporte que são oferecidos pelas empresas particulares e pelas prefeituras, assim como as péssimas condições das estradas, que não oferecem a segurança necessária para se trafegar de maneira segura. Ao não encontrar emprego e serviços educacionais de melhor qualidade em seu lugar de origem, docentes, técnicos administrativos, terceirizados e estudantes são atraídos para as cidades de maior dinamismo, como é o caso de Natal, Parnamirim, Mossoró, Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros entre outras, onde existem interações espaciais mais intensas, como é o caso dos serviços ofertados pelos IFRNs. 44 Nas palavras de Roberto Lobato Correa “Estabelece-se uma crescente divisão territorial do trabalho que leva a uma necessária articulação entre áreas e cidades através de uma rede urbana cada vez mais importante e de crescente articulação” (CORREA, 2006, p. 282). “As interações espaciais, são em graus distintos, influenciadas pela distância: à medida que se verifica o aumento da distância, ampliação dos custos de transferência, de tempo e esforço físico, verifica-se a diminuição da intensidade das interações espaciais” (CORREA, p. 300-301). As informações referentes às relações mantidas pelos servidores, terceirizados e estudantes nas questões de identidade e territorialidade é outro problema que pretendemos investigar nas próximas etapas da pesquisa, pois entendemos que os deslocamentos espaciais da população, seja de curta ou longa distância, são responsáveis por fazer e refazer territórios. 4. Conclusões Os estudos e as discussões até o momento nos leva a entender que os trabalhadores e estudantes pendulares atuam todos os dias no território de origem e no de destino, construindo relações de todos os tipos. O território não fica imune a essas transformações, pois este é entendido como lugar de relações sociais, de conexões e redes; de vida, para além da produção econômica, como natureza, apropriação, mudanças, mobilidade, identidade e patrimônio cultural; como produto socioespacial e condição para habitar, viver e produzir. O migrante pendular, por migrar apenas por causa do trabalho e estudo, tem dificuldades em conseguir realizar outra atividade na cidade de destino e na de origem tem pouco tempo para fazê-lo. Por passar a maior parte do seu tempo em outra cidade ou se deslocando para ela, pressupõem que os laços mantidos sejam enfraquecidos. Porém, ele está se movimentando diariamente, não como uma máquina, mas como um ser que age sob o espaço vivido, assim é impossível não expressar essas relações. Um exemplo, é que no próprio meio de transporte que utiliza, ele consegue interagir socialmente, não é um simples ir e vir de todos os dias, mas uma forma que encontrou para expressar sua identidade. E ele não só utiliza a cidade onde mora como dormitório, mas como um espaço onde tem familiaridade, onde cultiva uma identificação, onde está fixada sua base, o “seu verdadeiro lugar”. Como foi mencionado, as relações econômicas, sociais e culturais produzidas pela população migrante acontecem num território, produzindo novas territorialidades a partir dessas conexões. São essas transformações que também serão investigadas nas próximas etapas da nossa pesquisa. Como professor do IFRN há quase três anos, observei nos Campus de Caicó, Ipanguaçu, Santa Cruz e São Paulo do Potengi a necessidade de se investigar a constituição desses fluxos migratórios, pois percebi que existem inúmeros problemas de ordem estrutural nas áreas já mencionadas de transporte e infraestrutura de hospedagem, alimentação e moradia. A escassez de trabalhos que investiguem o perfil e os fluxos das migrações pendulares no contexto da expansão dos IFRNs se constitui outro grande problema, haja visto que trabalhos dessa natureza podem contribuir de maneira significativa na elaboração e planejamento de políticas públicas nas áreas demográficas e na reorganização dos investimentos públicos e privados em diversas áreas. Referências ASSIS, Gláucia de O. Rupturas e Permanências: a emigração de brasileiros para os EUA e as transformações nas relações familiares e de gênero. Petrópolis/RJ: ANPOCS, 2000. BRETELL, C. B.; HOLLIFIELD, J. F. Migration theory: taking across disciplines. In: 45 CORRÊA, R. L. Interações espaciais. IN: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da. C; CORRÊA, R. L. Explorações geográficas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006. HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do "fim dos territórios" à multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004. HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomáz T. Silva e Guacira L. Louro. Rio de Janeiro: DP &A, 2003. BRASIL. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIAR-RN. Projeto Político-Pedagógico do IFRN: uma construção coletiva. DOCUMENTO BASE Versão para consulta pública à comunidade acadêmica do IFRN. Natal-RN Mar./2012. _______. A produção das estruturas territoriais e sua representação. In: SAQUET, M. A.; SPOSITO, E. S. (Orgs.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São Paulo: Expressão Popular, 2009, p. 17-35. RAVENSTEIN, E. G. As leis da migração. In: MOURA, H. A. (Org.). Migração interna, textos selecionados: teorias e modelos de análise. Fortaleza: BNB, 1980, p. 19-88. SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez, 2000. SAQUET, M. A. Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular, 2007. SOUZA, M. L. ABC do Desenvolvimento Urbano. Bertrand Brasil, 2008. SPOSITO, E. S. Redes e Cidades. São Paulo: Editora Unesp, 2008. VIANA, W. Síndrome de migração: fundamentos psicanalíticos sociológicos e terapêuticos. Campinas: Iprosam, 1978. 46 CANTAR NÃO É DOM, É PRÁTICA José Osvaldo da Rocha Neto [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Louisy Alícia Campos Cruz [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução No âmbito em que vivemos, percebemos a necessidade de aprofundamento em qualquer atividade que nos circunda diariamente. Muitas vezes as pessoas que detêm alguma habilidade individual, são rotuladas como portadoras de algum “dom”. A musicalidade, por exemplo, é um assunto que está diretamente ligado à vida de qualquer indivíduo na sociedade, e este principalmente, é forte alvo de estereótipos quando se trata daqueles que, por terem mais experiência na atividade, é cognominado como portador do “dom” de cantar, tocar, seja qual for o instrumento. Neste trabalho, iremos evidenciar a prática do canto, onde a atividade, o cantar, é frequentemente sentenciado como algo que nasce conosco. Existem inúmeras técnicas para um bom desempenho na atividade do canto, as principais, consideradas como bases, são os trabalhos da postura, articulação, respiração e ressonância da voz, e essas não se limitam apenas ao cantar, mas colaboram, de modo geral, para uma boa saúde da voz, então um indivíduo que trabalhe bastante com a voz, por exemplo, o professor, com a ajuda do suposto curso ofertado, estaria sujeito o melhor condicionamento de vida também. 2. Material e Métodos A nossa proposta visa ofertar uma oficina que mostre os conhecimentos básicos para um bom desempenho na atividade do cantar. Concedendo, em poucos encontros, técnicas que auxiliem no condicionamento da nossa voz. Primeiramente, precisamos da assistência do nosso corpo para termos êxito ao cantar, o que nos leva ao aquecimento do mesmo, junto com a voz, que se realiza por meio de alongamentos, sílabas pronunciadas e cantaroladas, e a reprodução de notas de forma sequencial. Segundo, após o corpo estar relaxado, devemos procurar um alinhamento do mesmo para só assim, melhorarmos nossa postura. Uma estabilidade entre os ossos da coluna é primordial para que consigamos ter mais facilidade ao respirar e, consequentemente, bons resultados ao cantar. A boa voz começa com a boa respiração. Mudando a maneira de respirar, modifica-se também suas representações interiores. É preciso ter equilíbrio no ato de inspirar e expirar (CASTELLIANO, 1998). Posteriormente, seguimos para o trabalho da articulação. Este trabalho é executado pelas pronuncias de vogais e consoantes, letras estas que entram em destaque por serem o alvo de maior dificuldade na pronuncia para determinados indivíduos, devido à dicção, por exemplo, “M”, “P”, “B”, entre outras. Por fim, trabalhamos a ressonância, que é, resumidamente, a técnica de se ter o controle da liberação do ar e/ou voz. Um exercício, que podemos utilizar como exemplo, é o ato de falar com uma pessoa e ir alternando a distancia entre ambas constantemente. A possível oficina será executada em cinco encontros, sendo dividido em um encontro semanal, onde cada um será utilizado para desenvolver uma das técnicas e por fim, mostrar como cada uma se realiza. Para o último encontro, planejamos uma demonstração individual 47 e/ou coletiva daqueles que participaram da oficina, procurando associar todas as técnicas trabalhadas durante toda a oficina. 3. Resultados e Discussões O que mais esperamos como resultado é o fato de serem quebrados os paradigmas de quem os tinha, de alunos que participaram do curso, e antes tinham no pensamento que cantar vem de berço, dando voz e autonomia aos mesmos, mostrando que não há êxito sem prática. Como avaliação, primeiramente, esperamos receber relatos individuais da maioria dos participantes. Essas primeiras informações podem ser passadas em qualquer dos encontros realizados. Por fim, a segunda maneira de avaliação seria por meio de um formulário, no qual os adeptos ao curso possam nos dizer se o conhecimento passado lhes rendeu melhorias e como essas os ajudaram e/ou ajudarão na prática vocal e na vida também. 4. Conclusões Como foi supracitada, a musicalidade é, muitas vezes, julgada de maneira falha e errônea. Dessa forma, desejamos quebrar esse paradigma imposto pela sociedade. Contudo, concluímos que é necessário que haja uma oferta de conhecimento básico sobre o assunto, e um pouco aprofundado, sobre as respectivas técnicas trabalhadas na área da música e, no nosso caso, na prática vocal, oportunizada pela oficina proposta. Conhecimento este que também serve para aquelas pessoas que estão sujeitas a passar horas utilizando a voz para se comunicar, profissões que necessitem da comunicação oral para se realizarem. É necessário não só atingir aqueles que “não sabem cantar”, mas sim, todos aqueles que estão dispostos a trabalhar a saúde de sua voz. Referências NEVES, Fanini. ARTICULAÇÃO. Disponível em: <http://www.vozecantoporfaninineves.com/tecnica-vocal-/articula%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso em: 20 de outubro de 2015. OLIVEIRA, Mayara Carvalho. Diversas técnicas de respiração para o canto. In: Centro de Especialização em Fonoaudiologia Clínica. 17. 2000. Salvador. Diversas técnicas de respiração para o canto. Salvador: Cefac, 2000. p. 6 - 34. Disponível em: <http://www.cefac.br/library/teses/eecd832cb8b5aa893458804d9684450a.pdf>. Acesso em: 20 out. 2015. COUTEIRO, Sebastiana Benedita Coelho de Moraes; ALVARES, Marília. O ensino do canto popular brasileiro Abordagem Didática: técnica vocal. Goiás: 2012. Dissertação de Mestrado em Música. Universidade Federal de Goiás. 48 A FEIRA LIVRE DE SÃO PAULO DO POTENGI: UMA PERCEPÇÃO AMBIENTAL Ana Neuman Medeiros Azevedo [email protected] Bolsista PIBIC-EM-CNPq / IFRN – Campus São Paulo do Potengi Ana Clara Celestino Belchior [email protected] Voluntária / IFRN – Campus São Paulo do Potengi Flora Iaçonara Bezerra Olímpio [email protected] Voluntária / IFRN – Campus São Paulo do Potengi Thiago Augusto Nogueira de Queiroz [email protected] Coordenador e Orientador / IFRN – Campus São Paulo do Potengi 1. Introdução As feiras livres desde o princípio são instituições que possuem importância fundamental para a economia de um determinado local, principalmente nos pequenos municípios do Nordeste do Brasil. Além disso, ainda são responsáveis por transformar a dinâmica socioespacial das cidades. Vale salientar que as feiras livres apresentam características culturais, como a valorização do artesanato local e dos artistas da terra. Outra particularidade é que tal instituição também serve como ponto de socialização. Logo, pode-se dizer que a Feira livre de São Paulo do Potengi é o polo principal de abastecimento da região Potengi, que abrange onze municípios. Segundo o Projeto de Modernização de Feiras Livres e Mercado realizado pelo Sebrae (2014), estima-se um total de 86 feirantes cadastrados, sendo a maior parte moradores da própria cidade, 61,6%, que equivale a 53 feirantes e a outra parte, 38,4% de municípios vizinhos constituindo, assim, o total de 86 feirantes. O meio ambiente não formado apenas por estrutura geológica, relevo, clima, vegetação e hidrografia como a ideologia hegemônica nos faz pensar. O meio ambiente também engloba as áreas agrícolas, industriais, comerciais e residenciais, ou seja, toda a materialidade produzida pela natureza e pela sociedade, por exemplo, as feiras livres. Portanto, esse estudo visa apresentar os problemas ambientais encontrados ao longo da feira livre de São Paulo do Potengi. 2. Materiais e Métodos A metodologia baseou-se em consultas bibliográficas, observação estruturada e registros fotográficos. A bibliografia utilizada valeu-se dos trabalhos de Dantas (2008), Diniz et al (2013), Maranhão (2012), Pilletti et al (2012), Santos & Almeida (2013) e Souza et al (2012). Observou-se os aspectos ambientais e sanitários da feira livre como um todo, como também, os aspectos higiênicos dos feirantes e de seus utensílios, e os aspectos dos alimentos vendidos. Esse procedimento da observação foi acompanhado do registro fotográfico. 3. Resultados e Discussões Através do estudo realizado foi possível observar vários problemas ambientais ao longo da feira que, em toda sua extensão predomina diversas formas de poluição, como a poluição sonora, poluição por parte de resíduos sólidos, líquidos, restos de alimentos espalhados 49 pelo chão (Figura 1), o que é fator gerador de acúmulo de mosquitos e insetos, além de contribuir para a transitação de animais vadios (Figura 2) pelas ruas (principalmente na parte onde vende-se carnes e peixes) e mau cheiro gerado pelo descongelamento das carnes. Figura 1 - Acúmulo de resíduos sólidos no chão. Fonte: Atividade de campo em 10 de outubro de 2015. Figura 2 – Cachorros em contato com resto de alimentos. Fonte: Atividade de campo em 10 de outubro de 2015. Outros fatores encontrados foram a ausência de higienização por parte dos feirantes, que muitas vezes deixam seus produtos expostos no chão, sem lona, falta de refrigeração para carnes e peixes, falta de banheiros e água encanada, falta de coletores de lixo e de tendas adequadas para proteger os produtos Portanto, esse tipo de poluição deve ser de grande preocupação da população, já que, Os riscos observados são de contaminação ao consumidor, pela ingestão de alimentos que sofrem alteração em sua composição, já que são acondicionados em temperaturas inadequadas, assim como por ter um espaço reduzido, não há 50 otimização dos serviços, e a higienização das bancas e utensílios são feitas de forma inadequada. (MARANHÃO, 2012, p.31). Além dos problemas já citados, foi possível relatar através de uma observação estruturada que não há uniforme padronizado (luvas, batas e tocas) e fiscalização da prefeitura e de órgãos públicos responsáveis pela vigilância sanitária. Ainda se observou que alguns feirantes usam adornos, como anéis, relógios e colares, tem contato direto com dinheiro. Os utensílios são sujos e não higienizados (facas, isopores, etc.) e alguns ainda possuíam afecções cutâneas. O fato de não utilizarem luvas ou lavarem as mãos adequadamente é um fator que pode trazer riscos aos consumidores, já que podem vir a ser objetos de transmissão de doenças para os seres humanos. 4. Conclusão Em consequência dos fatos mencionados, podemos inferir que apesar da feira ser uma manifestação da atividade comercial que atravessa décadas e séculos e que a mesma mexe com toda a fisiologia do espaço onde se estabelece, não podemos deixar de complementar que embora haja tais pontos positivos, por meio das análises feitas, revelou-se a baixa qualidade do meio ambiente da feira livre, visto que tal depreciação é resultante da falta de padronização, manipulação inadequada dos alimentos, poluição sonora e visual, falta de educação ambiental por parte dos agentes envolvidos nessa dinâmica, entre outros. Referências DANTAS, Geovany Pachelly Galdino. Feiras no Nordeste. Mercator – Revista de Geografia da UFC. Fortaleza, a. 7, n. 13, p. 87-101, 2008. DINIZ, Wellison Jarles da Silva et al. Aspectos Higiênicos da comercialização de carnes em Feiras Livres: A percepção do comerciante. Acta Veterinaria Brasilica, v.7, n. 4, p. 294-299, 2013. MARANHÃO, Renata de Souza. Avaliação da percepção dos riscos higiênico-sanitários da feira livre do Mercado Central no Município de Ceará - Mirim/ RN, Monografia de Graduação (Geografia), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012. PILLETTI, Edileuza Amoras et al. Análise socioambiental da Feira Livre de Bragança/PA. Anais. VII CONNEPI, 2012. SANTOS, Marcos Venicius Souza dos; ALMEIDA, Ana Aparecida da Silva. Percepção dos problemas ambientais em uma Feira tradicional de Icoaraci, Belém-PA. Revista SODEBRAS, v.8, n. 92, p. 3-10, Agosto 2013. SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Projeto de Modernização de Feiras Livres e Mercados, Espírito Santo: SEBRAE-ES, 2014. SOUZA, Edlyn Rosanne Miranda de et al. Análise da percepção ambiental e sanitária dos feirantes da Feira Central do Município de Conceição do Araguaia-PA. Anais. III Congresso Brasileiro de Gestão Ambiental, Goiânia/GO, p. 1-6, 2012. 51 DIAGNÓSTICO DE CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS NO MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO-RN Clarice Nielany da Silva Brito [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Jayane de Souza Brito [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Lavynnia Laís Pereira Mota da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O crescimento populacional aliado as mudanças de hábitos na alimentação da população, tem provocado o aumento na demanda de alimentos no mundo inteiro. Nos últimos 40 anos a população do Brasil dobrou e o desperdício de alimentos no país que alcança níveis superiores a 25 milhões de toneladas anualmente. Contudo, o maior desafio do país é avançar na qualidade do alimento produzido. Atualmente, o Brasil possui mais de 400 tipos diferentes de agrotóxicos registrados e permitidos em uso e o país é o líder mundial em consumo de agrotóxicos. Os alimentos orgânicos representam, nesse cenário, uma alternativa para suprir a crescente demanda por alimentos de modo ambientalmente responsável. Alimento orgânico não se caracteriza apenas pela produção “sem agrotóxicos“, como é popularmente conhecido. A produção de alimentos orgânicos privilegia aspectos sociais e o equilíbrio econômico, pois permite aos pequenos agricultores produzir de modo competitivo. Este tipo de alimento também deve ser isento de drogas veterinárias, hormônios, antibióticos e de organismos geneticamente modificados. Além de tudo traz ótimos benefícios a saúde e ao meio ambiente. Por outra perspectiva, os alimentos convencionais, contraditoriamente, acarretam várias doenças aos consumidores e trazem vários danos ao ecossistema. O consumo de alimentos orgânicos ainda apresenta números discretos frente ao consumo de alimentos produzidos de modo convencional. Dentre os motivos para a baixa popularização, destacam-se o reduzido espaço nas gôndolas, a pouca divulgação e o baixo incentivo aos produtores, apesar dos preços estarem bem competitivos nos últimos anos. O alimento orgânico muitas vezes apresenta um aspecto visual pouco atrativo para o consumidor, tamanho menor, cor menos intensa e menor durabilidade (conservação), comparados com os alimentos convencionais. Este trabalho foi conduzido com o intuito de aplicar um questionário com a comunidade do município de São Pedro-RN para se identificar qual a percepção da população em relação aos alimentos orgânicos. O questionário foi elaborado no intuito de identificar se as pessoas conhecem os benefícios e quais os mitos em torno do consumo dos alimentos orgânicos. 2. Material e Métodos Com objetivo de repassar para a comunidade as vantagens de consumir alimentos orgânicos e as desvantagens de consumir alimentos convencionais, um questionário foi 52 aplicado em uma feira livre na cidade de São Pedro-RN. O questionário foi elaborado para adquirirmos informações com os feirantes, sobre a venda e o consumo de alimentos convencionais e orgânicos na região. O questionário possuía nove perguntas relacionadas ao tema proposto. Foram entrevistados dez feirantes do sexo feminino e masculino com idade de 30 a 67 anos. As perguntas elaboradas são destacadas abaixo: 1. Você sabe o que são alimentos orgânicos? 2.Vende alimentos orgânicos? 3.Você consome alimentos orgânicos? 4. Você sabe dos riscos ao consumir alimentos com agrotóxicos? 5.Você acha que os alimentos orgânicos são mais caros do que os convencionais? 6. Você conhecer os impactos ambientais que ali mentos com agrotóxicos trazem ao meio ambiente? 7.Porque não vende alimentos orgânicos? 8.Há desperdício de alimentos na sua barraca? Ou na sua casa de alimentos orgânicos? Como verduras, legumes e frutas? 9.Se caso respondeu sim à questão anterior, diga aproximadamente quantos kg são desperdiçados. 3. Resultados e Discussões Os resultados do questionário aplicado aos feirantes do município de São Pedro-RN são destacados na Tabela 1. Tabela 1. Respostas dos feirantes sobre a percepção e consumo de alimentos orgânicos Total de Perguntas Respostas obtidas entrevistados 2 não sabem o que é alimento Você sabe o que são alimentos orgânicos? orgânico Vende alimentos orgânicos? 2 vendem alimento orgânico Você consome alimentos orgânicos? 3 consomem alimento orgânico Você sabe dos riscos ao consumir alimentos 2 não sabem os riscos com agrotóxicos? Você acha que os alimentos orgânicos são mais 2 disseram que era mais caro caros do que os convencionais? Você conhecer os impactos ambientais que ali 10 mentos com agrotóxicos trazem ao meio 5 indivíduos conhecer ambiente? Apenas 2 pessoas vendiam esses Porque não vende alimentos orgânicos? alimentos Há desperdício de alimentos na sua barraca? Ou Todos disseram que há muito na sua casa de alimentos orgânicos? Como desperdício de alimentos verduras, legumes e frutas? Se caso respondeu sim à questão anterior, diga De 4 kg a 40 kg por cada feira aproximadamente quantos kg são que se faz desperdiçados: Fonte: elaborado pelos autores. Nas respostas dos feirantes, foi identificado que a maioria declara conhecer os alimentos orgânicos. Percebemos que o motivo dado por eles para não vender os alimentos orgânicos é que são de alto custo, no entanto a uma pequena minoria que produz e vende hortaliças. Os feirantes relataram com bastante sinceridade que não consumiam os alimentos 53 orgânicos, e sim na maioria das refeições era comum o uso de convencionais, apesar de também terem declarado que conheciam os riscos que alimentos com agrotóxicos trazem a saúde. Grande parte dos feirantes disse que os alimentos orgânicos não eram caros, mas reconhecem que o alimento é de difícil acesso ao consumidor. Outro fator identificado na pesquisa foi que, com o baixo nível de escolaridade de alguns feirantes, poucos conheciam as desvantagens que a produção de alimentos com uso de fertilizantes, causa ao meio ambiente. Outra resposta destacada pelos entrevistados foi que ao final de cada feira há um grande volume de desperdício de legumes, verduras e frutas; em média cerca de 4 kg a 40 kg são desperdiçados por banca. Contudo, esses alimentos são doados a pessoas carentes ou servem de alimentos a alguns animais. 4. Conclusões Ao fim do trabalho foi possível concluir que a grande maioria da população apresenta o hábito de consumir os alimentos convencionais, apesar de se declararem consciente das desvantagens de consumir os alimentos com uso de agrotóxicos. Percebemos ainda que há uma grande falta de informação sobre o assunto discutido, para a comunidade em geral. A análise dos questionários permitiu identificar também o elevado desperdício de alimentos nas feiras livres e o grande volume de alimentos descartados. Outro fator que justifica o baixo consumo dos alimentos orgânicos deve-se ao fato desses não serem facilmente encontrados, pelo fato de haver poucos produtores nessa área de produção e poucos incentivos para tornar o produto mais competitivo no mercado. Uma das propostas viáveis é proporcionar palestras para a comunidade em geral, com intuito de repassar para os cidadãos o conhecimento sobre as vantagens dos alimentos orgânicos e as desvantagens de consumir alimentos convencionais, e também conscientizar a população para o desperdício de alimentos. Além disso, as escolas também devem obter métodos de ensino que visem repassar para seus discentes o incentivo de consumir alimentos saudáveis e além disso criar hortas que serviriam para o próprio consumo na merenda escolar. A concretização dessas ações permitirá a formação de cidadãos conscientes para fazerem o uso adequado dos alimentos, priorizando a qualidade de vida e o meio ambiente saudável. 5. Agradecimentos Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, pois em todos os momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer. A instituição que nos deu todo apoio acadêmico necessário para realização deste trabalho. Ao nosso orientador Renato Dantas, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas suas correções е incentivos e também a sua ilustre compreensão e dedicação. Também queremos agradecer especialmente aos feirantes da cidade de São Pedro-RN por toda compreensão e acolhimento nos dados para a realização da pesquisa. A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, о nosso muito obrigado. Referências AZEVEDO, O que é alimento orgânico?. Disponível em:<http://www.portalorganico.com.br/sub/21/o-que-e-alimento-organico>. Acesso em 10 de outubro de 2015. 54 BANCO DE ALIMENTOS. Desperdício de alimentos. Disponível em: <http://www.bancodealimentos.org.br/conheca-banco-de-alimentos/desperdicio-de-alimentosbrasil-e-mundo/>. Acesso em 10 de outubro de 2015. ORTIZ, F. Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por agrotóxicos. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/saude/ultimasnoticias/redacao/2012/05/01/um-terco-dos-alimentos-consumidos-pelos-brasileiros-estacontaminado-por-agrotoxicos.htm>. Acesso em 10 de outubro de 2015. 55 EDUCAÇÃO FINANCEIRA: UM RELATO DA EXPERIÊNCIA “ANÁLISE DOS PREÇOS DOS PRODUTOS DE CONSUMO BÁSICO DAS FAMÍLIAS” COMO PRÁTICA EDUCATIVA EM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM Deusdete Martins Junior Aleixo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ahiram Brunni Cartaxo de Castro [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Vivemos em uma sociedade em que cada vez mais pessoas consomem além das suas condições financeiras. Segundo BUAES (2011), uma constatação da forma do processo de subjetivação pela sociedade consumista, encontra-se no fato de que existem cada vez mais pessoas que consomem além das suas condições financeiras. Assim, numerosos consumidores estão se endividando para consumir produtos e serviços, sejam eles essenciais ou não. As pessoas estão hipotecando ao discurso sócio-cultural seu futuro quando atendem aos apelos por dinheiro fácil via empréstimos, cartões de crédito, agiotas, cheque especial, penhora etc. Percebe-se, por exemplo, um deslocamento dos usos de um crédito dito produtivo para aquisição de bens duráveis – por exemplo um terreno ou uma casa – para aquisição de bens de consumo, como alimentos e vestuários. Este fenômeno cíclico acaba produzindo o superendividamento, que é segundo Marques (2006, p. 256), “a impossibilidade do consumidor pessoa física, leigo e de boa-fé, pagar a totalidade de suas dívidas atuais e futuras de consumo”. Para os trabalhadores, portanto, resta um exemplo lúdico da importância da educação financeira para estarem preparados para os momentos difíceis da relação sociedade-culturaeducação e evitar o superendividamento. Trata-se da fábula da formiga e da cigarra, quando a formiga diz: “Se você tivesse ouvido o meu conselho no Verão, não estaria agora tão desesperada, ralhou a formiga. Preferiu cantar e tocar violão?! Pois agora dance!”. (ESCOLOVAR, 2015). 1.1 Contexto Tem-se que, a partir de queixas registradas junto a Coordenação de Serviços Gerais e Manutenção, a Diretoria de Administração e na Coordenação de Gestão de Pessoas do Campus São Paulo do Potengi do IFRN – COGPE/SPP, percebeu-se em alguns trabalhadores das empresas terceirizadas insatisfação quanto à gestão de suas finanças pessoais e familiares, pois alguns deles relataram estar endividados, serem portadores de mais de um cartão de crédito e não saber utilizá-los, utilizarem de empréstimos e de agiotagem como recursos para equilibrar as contas. Além disso, esta insatisfação estava afetando as relações familiares, sociais na vida pessoal e no trabalho, pois passaram a estar mais mal humorados, descontentes, ansiosos, o que também afetava a produtividade no trabalho. Segundo os próprios trabalhadores, nos registros da COGPE/SPP, estar endividado...: “Gera uma preocupação constante e ficamos divididos”. “Com o acúmulo de dívidas deixamos de lado o lazer da nossa família, e buscamos não nos abater, às vezes chega a ser impossível”. “Agente fica só martelando em como pagar”(ENTREVISTA). Diante desse contexto, considerando-se a função social do IFRN de promover educação científico-tecnológico-humanística visando à formação integral do profissional- 56 cidadão; considerando-se os objetivos, diretrizes e políticas institucionais descritas no Projeto Político-pedagógico do IFRN (DANTAS; COSTA, 2012), bem como considerando-se as políticas da COGPE/SPP que inclui e considera os profissionais das empresas terceirizadas como partícipes do processo educacional, foi desenvolvido um Curso de Educação Financeira que, em seu conteúdo, continha a experiência “Análise dos preços dos produtos de consumo básico das famílias”, cujo objetivo era verificar o impacto do preço da Cesta na renda dos trabalhadores. Portanto, o objetivo deste artigo foi relatar a prática educativa “análise dos preços dos produtos de consumo básico das famílias” desenvolvida junto aos trabalhadores das empresas terceirizadas do IFRN/SPP. Prática educativa, segundo Bragança, Ferreira e Pontelo (2015) pode contemplar atividades diferenciadas, que muitas vezes transcendem os limites da sala de aula, pois ensinar e aprender envolve personagens que podem ser influenciados em sua dinâmica relacional por diversos fatores que permitem contribuir ou não para a criação de oportunidades de aprendizagem. Nesse sentido, conforme Zabala (1998), o critério para se estabelecer o nível de aprendizagem numa prática educativa, serão as capacidades e os conhecimentos prévios de cada aluno/a. Esta proposição marcará também a forma de condução do processo. Do conjunto de relações necessárias para facilitar a aprendizagem, se atribui uma série de funções ao professor na condução de uma prática educativa, sendo: flexibilizar a atuação docentes, resgatar os conhecimentos prévios, ajudar o aluno a encontrar sentido, estabelecer metas coerentes, oferecer ajuda adequada, promover atividades mental auto-estruturantes, criar ambiente favorável, comunicar, favorecer a autonomia e avaliar os alunos. As práticas educativas segundo Moreira (2007) se desenvolvem em ambientes de aprendizagem que podem se classificar como: Formal (no qual a estrutura valida o processo de aprendizagem, pois são utilizados ambientes pré-programados, avaliações, certificações e contratos entre os participantes da prática etc. Além disso, nesse ambiente o professor ou a instituição a qual é vinculado, é o responsável pelo planejamento e preparação do ambiente e pela avaliação e certificação do processo), e Não Formal (quando o aprendiz expressa o grau de controle que a organização do ambiente e os demais atores envolvidos imprimem nas interações do aprendiz com os diferentes objetos de aprendizagem), pois trata-se de uma característica de ambiente de aprendizagem que transcende o espaço escolar, onde o aluno (normalmente descaracterizado do papel de aluno) por vontade própria aprende através da tentativa e erro, da observação, discussão, simulação, interação com pessoas e/ou objetos, e que ao final não se preocupa em ser avaliado por aquilo que viu, ouviu e participou. (BRAGANÇA; FERREIRA; PONTELO, 2015). 1.2 Análise dos Preços dos Produtos de Consumo Básico das Famílias A prática educativa “Análise dos Preços dos Produtos de Consumo Básico das Famílias”, foi desenvolvida em Setembro de 2015, com os profissionais das empresas terceirizadas do IFRN/Campus SPP que participaram do curso de Educação Financeira. Na ocasião do surgimento da prática, o conteúdo que estava sendo estudado era o Custo de Vida e seus componentes, temática que poderia ajudar os trabalhadores-alunos a compreenderem o comportamento dos preços dos produtos, no caso dos alimentícios, pois conforme o DIESSE (2014) são os componentes que mais impactam no orçamento familiar, enquanto itens da cesta básica. Foi então que surgiu a ideia pelo professor, de verificar os preços dos produtos que compõem a Cesta de Consumo das Famílias de São Paulo do Potengi e seu impacto no custo de vida dos trabalhadores. Foi feito o convite aos alunos para participarem da referida prática e 57 estes, em sua totalidade aceitaram participar da experiência, pois com a percepção dos preços dos produtos que compõem a Cesta de Consumo das Famílias, os alunos poderiam, em períodos de incertezas quanto ao comportamento da economia, se municiar de informações úteis para reduzir suas despesas e ter uma noção do impacto que dos produtos da cesta básica nos seus orçamentos familiares. O valor de Cesta de Consumo em São Paulo do Potengi foi determinado com o levantamento no mês de realização do curso, dos preços dos seguintes produtos: carne, leite, feijão, arroz, farinha, tomate, pão francês, café em pó, banana, açúcar, óleo e manteiga regulamentados pelo Decreto Lei nº 399 de 30 de abril de 1938 (BRASIL, 1938), como provisões mínimas suficientes para o sustento e bem estar de um trabalhador em idade adulta, contendo quantidades balanceadas de proteínas, calorias, ferro cálcio e fósforo. A primeira parte da experiência foi conduzida pelo professor com a discussão com os alunos no ambiente escolar, sobre como ocorreria a mensuração do preço da Cesta Básica e que materiais seriam necessários para levantar os dados necessários no comércio local. Um questionamento foi principal: como mensurar o valor da Cesta Básica? Para esse questionamento foi apresentado pelo professor um questionário com a listagem dos produtos citados acima para verificação dos preços nos variados estabelecimentos comerciais de São Paulo do Potengi. Num segundo momento, ocorreu a ação de levantamento de preços que foi executada mais individualmente pelos próprios alunos, de forma pontual em estabelecimentos escolhidos aleatoriamente na cidade de São Paulo do Potengi (açougues, padarias, supermercados, pequenos mercadinhos de bairro etc.). Obtido o valor da cesta, foi calculado o impacto do valor da cesta no orçamento de cada aluno. Em seguida, os percentuais encontrados foram comparados com os calculados pelo DIESSE, que aponta as despesas com alimentação equivalentes a 35,71% da renda. (DIEESE, 2014). A terceira etapa da experiência ocorreu no ambiente de sala de aula, e foi mediado pelo professor a partir da apresentação e discussão dos dados coletados pelos trabalhadores, comparando-se com os parâmetros divulgados pelo DIEESE. Nesse momento, os alunos/trabalhadores refletiram sobre os alimentos que mais impactavam na Cesta Básica, inclusive discutiram sobre a substituição de alguns alimentos industrializados pelos alimentos produzidos localmente, entre outras formas de minimizar o impacto dos produtos no orçamento familiar. 2. Material e Métodos Tratou-se da verificação do impacto da Cesta de Consumo das Famílias de São Paulo do Potengi no custo de vida dos trabalhadores, utilizando-se portanto de ambiente formal e nãoformal de aprendizagem. Os dados levantados no comércio local de São Paulo do Potengi foram tabulados e analisados com a utilização de planilhas eletrônicas e foi utilizada a metodologia do DIESSE (2014) para se verificar o impacto, através do preço médio de cada produto, multiplicado pelas quantidades definidas no Decreto Lei nº 399/1938 (BRASIL, 1938). Os dados indicaram o gasto mensal do trabalhador com cada produto, cuja soma é o custo mensal da Cesta Básica (DIEESE, 2014). 3. Resultados e Discussões Portanto, a modelagem utilizada para o desenvolvimento da prática educativa descrita foi mista, ou seja, formal quando da construção do curso que foi viabilizado via projeto com tema escolhido pelo professor, com organização das tarefas, conteúdos em slide e maior sistematização. E, não-formal, quanto aos espaços escolhidos para aplicação dos questionários, 58 a abertura para a discussão em grupo inclusive sobre a possibilidade de substituição de alguns alimentos industrializados pelos produzidos localmente, e o papel de mediador do professor como orientador das discussões e construtor de consensos. 4. Conclusões A partir da prática educativa descrita, à luz do objetivo deste trabalho, percebe-se que houve uma sensibilização dos alunos para melhor gestão das finanças pessoais – que não foi resultado da improvisação, pois o professor permitiu a adaptação da experiência a realidade dos alunos demonstrando-se o impacto que os produtos da cesta básica exercem sobre seus orçamentos familiares, o resgate dos conhecimentos prévios, ajudou os alunos a encontrarem sentido na atividade, ofereceu ajuda, criou ambientes para aprendizagem mistos, tanto formais, quanto não-formais, favoreceu a autonomia etc., em consonância com o que coloca Zabala (1998). Além disso, a prática buscou viabilizar o empoderamento dos trabalhadores do conhecimento sobre educação financeira – o conselho da formiga no verão no exemplo lúdico citado por Escolovar (2009), suprindo em parte, a lacuna do vetor sistema educacional brasileiro quanto ao assunto Educação Financeira, e permitindo cumprir a função social do IFRN, tornando os trabalhadores capacitados mais críticos e sensíveis ao não consumir ou ao consumo consciente. Portanto, na experiência relatada, percebem-se características que colaboram com uma ideia de que, a prática educativa não pode ser exclusivamente caracterizada nem como formal, nem como não-formal, mas sim colaboram para uma transição entre os múltiplos ambientes de aprendizagem, seja na sala de aula, seja no açougue ou padaria, como foi o caso relatado. Portanto, são práticas distintas, mas complementares devido a constante interação. 5. Referências BUAES, C. S. Sobre a construção de conhecimento: uma experiência de educação financeira com mulheres idosas em um contexto popular. Tese de Doutorado em Educação. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2011. Disponível em: <http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/33670>. Acessado em: 06 Out. 2015. BRAGANÇA, Bruno; FERREIRA, Leonardo A. G.; PONTELO, Ivan. Práticas Educativas e Ambientes de Aprendizagem Escolar: relato de três experiências. Disponível em: <http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos_senept/anais/terca_tema1/TerxaTema1Arti go17.pdf>. Acessado em: 08 Out. 2015. BRASIL. Decreto Lei nº 399, de 30 de abril de 1938. CARPENA, Heloísa; CAVALLAZZI, Rosangela L. Superendividamento: propostas para um estudo empírico e perspectiva de regulação. In: MARQUES, Claudia L.; CAVALLAZZI, Rosangela L. (orgs). Direitos do consumidor endividado: superendividamento e crédito. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p. 310-344. DANTAS, A. C. da C.; COSTA, N. M. de L. (Org.). Projeto Político-Pedagógico do IFRN: uma construção coletiva: documento-base. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte. Natal: IFRN Ed., 2012. 59 DIEESE. Cesta Básica: preço aumenta em 16 capitais. 2014. Acesso em 25 Mar 2015. Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analisecestabasica/2014/201403cestabasica.pdf> ESCOLOVAR. A cigarra e a formiga. 2009. Disponível em: <http://www.escolovar.org/fabula_1pagina_cigarra.formiga.htm.>. Acessado em: 08 Out. 2015. LIMA, M. S.; DETONI, D. J. Educação Financeira para Crianças e Adolescentes. Anais. VII Jornada Científica da UNIVEL. 21 a 23 de outubro de 2009 – Univel – CPE – Cascavel-PR. Disponível em: <http://www.administradores.com.br/_resources/files/_modules/academics/academics_2746_ 20100303143149866f.pdf >. Acessado em: 06 Out 2015. MOREIRA, Adelson F. Ambientes de Aprendizagem no Ensino de Ciência e Tecnologia. Belo Horizonte: CEFET-MG, 2007. ZABALA, A. A prática Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998. 60 CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS 61 A APLICAÇÃO DE ELEMENTOS TECNOLÓGICOS NO ENSINO DA MATEMÁTICA E SUAS POSSIBILIDADES EDUCATIVAS Francisco Jorge de Souza [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz Jobson de Farias Lima [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz Maria Josivânia de Lima Abdala [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz Maxsuel da Silva Emiliano [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz Néltter Neyson Freire de Pontes [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz Thiago Jefferson de Araujo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz 1. Introdução Vivenciamos em nossa sociedade contemporânea uma grande ascensão dos meios tecnológicos, sua evolução acontece diariamente, perante nossos olhos, e conviver com essas constantes alterações criam novas possibilidades de ver e viver o mundo. Diante disso, visando investigar as potencialidades desses meios e buscar novos caminhos para uma aprendizagem mais ampla, desenvolvemos este trabalho que tem como objeto de estudo o uso de tecnologias para o ensino e pesquisa em Matemática. Nosso estudo consistiu em aprofundar-se no conhecimento de alguns recursos tecnológicos para o ensino e pesquisa em Matemática como, a utilização do software Excel, da calculadora básica, do Geogebra, aplicação de vídeo aulas, como também pesquisas sobre o uso e desenvolvimento de software educacional para o ensino de Matemática. Tais ferramentas foram imprescindíveis para o progresso de nosso projeto, pois atuaram como um aporte no desenvolvimento do conhecimento na Educação Matemática, ou seja, envolvendo o ensino, a escola e o papel do professor. A necessidade de realização deste projeto surgiu com base na fragilidade de conhecimento dos professores em relação às novas tecnologias. Essa decadência surge na maioria das escolas. Vale ressaltar que essa demanda afeta os pilares das escolas públicas. Sabese que grande parte das escolas já tem à sua disposição instrumentos tecnológicos. Entretanto, a existência dessas ferramentas não significa que estão sendo utilizadas de forma adequada. Nota-se o despreparo dos professores e a falta de metodologias para transformar em ações que possam contribuir para o uso adequado das tecnologias da informação e comunicação em sala de aula. Dessa forma, nosso objetivo fundamental foi analisar a influência e a eficácia da utilização de novas tecnologias como instrumentos facilitadores no processo de ensino e aprendizagem matemático. 62 2. Material e Métodos A metodologia utilizada em nosso projeto desenvolveu-se através da interação de alguns subprojetos. O primeiro denominado - Ensinando Matemática com o Excel: média, mediana e moda - partiu de um estudo teórico e de uma análise de dados que foram obtidos através de uma intervenção educacional, na qual foi aplicado dois questionários (um prévio e, outro, pós oficina) que avaliaram os conhecimentos adquiridos pelos alunos no decorrer da oficina. Como recurso didático foi utilizado o Software Excel que serviu como ferramenta de ensino matemático. O segundo subprojeto chamado - A utilização da calculadora básica como um recurso didático para resoluções de problemas matemáticos - foi desenvolvido a partir de um estudo teórico e produzido através de uma intervenção pedagógica aplicada a uma turma do 9º ano, o referido subprojeto, propôs aos alunos a utilização de calculadora básica e suas propriedades para auxiliar nas resoluções de equações matemáticas. Como produto final, analisamos um questionário proposto. O terceiro trabalho - A aplicação de vídeo-aulas como instrumento facilitador no processo do ensino-aprendizagem de matemática - foi construído a partir de levantamentos bibliográficos com o foco em conceitos e critérios estipulados para uma pesquisa direcionada ao ensino aprendizagem da Matemática. A quarta pesquisa - O uso do geogebra e sua contribuição na aprendizagem dos alunos em relação ao estudo das funções - desenvolveu-se com base em estudos teóricos. E por fim - O uso e desenvolvimento de software educacional para o ensino de Matemática - que consistiu em uma pesquisa bibliográfica acerca do quanto tem sido investido no Brasil para desenvolvimento de softwares educacionais e as potencialidades que o uso deles proporciona para o ensino da Matemática, aqui será investigado como os softwares educacionais vêm sendo desenvolvidos no país, buscando mostrar que esse recurso didático possibilita aos profissionais da educação métodos que facilitem o processo de ensino aprendizagem. Dentre alguns teóricos estudados, analisamos as obras de autores que tratam acerca do nosso tema. Josimar dos Santos Macêdo com a obra A utilização do programa microsft excel no ensino da Matemática, Daniela Schiffl e seu trabalho Um estudo sobre o uso da calculadora no ensino de Matemática, Ana Maria da Silva e seu estudo O vídeo como recurso didático no ensino de Matemática, Jonas da Conceição Ricardo e a obra Uma proposta para o ensino de funções quadráticas mediada pela tecnologia: um estudo de caso e Luciana Silveira Rodrigues com a dissertação O uso de software educacional no ensino fundamental de Matemática e a aprendizagem do sistema de numeração decimal por alunos de 3ª série. 3. Resultados e Discussões Como futuros professores de Matemática, devemos estar sempre atualizados, pois a o mundo em que vivemos está mudando de maneira bastante rápida. A sociedade está se transformando, se atualizando, e por esse motivo nossa pesquisa apresenta propostas inovadoras que visa a qualificação do aprendizado em Matemática no campo educacional. Com a realização desse trabalho percebemos que o uso de novas tecnologias é de suma importância para o ensino de Matemática, uma vez que auxilia tanto o professor quanto os alunos em sala de aula. Assim, podemos afirmar que os professores devem inovar e criar ações tecnológicas, visando enriquecer o aprendizado docente e discente. Durante o desenvolvimento do nosso projeto tornou-se perceptível, com a análise da aplicação de seus subprojetos, que a utilização desses métodos de ensino visa atenuar as 63 dificuldades que os professores e alunos enfrentam em sala de aula, decorrentes da desestruturação do processo de ensino e aprendizagem relacionado ao uso das tecnologias. 4. Conclusões Esse projeto buscou apontar as dificuldades encontradas nos diversos ambientes escolares, propondo uma metodologia de ensino diferenciada, que se distancia do ensino tradicional. Desse modo, procuramos através de investigações teóricas, intervenções educacionais e pesquisas bibliográficas inserir recursos tecnológicos na sala de aula para contribuir no ensino de Matemática. Com a utilização de algumas tecnologias ensinamos diversos conteúdos matemáticos, desenvolvemos a capacidade visual dos alunos e seu raciocínio lógico, trabalhamos a visualização de gráficos de funções e desenvolvemos a capacidade de resolver problemas matemáticos. Além disso, pesquisamos a importância do uso de vídeo aulas para o ensino de Matemática e a relevância da utilização de softwares como metodologia no ensino de matemática. Por fim, consideramos que esta proposta poderá promover ao educador uma visão mais ampla de suas possibilidades de ensino. E consequentemente, incentivará o aluno a construir seu próprio conhecimento matemático. Referências MACÊDO, Josimar dos Santos. A utilização do programa microsft excel no ensino da matemática. Monografia (Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas Ped. Interdisciplinaridade) – Universidade Estadual da Paraíba, Pró-reitora de Ensino Médio, Técnico e Educação à Distância. Araruna, 2014. RICARDO, Jonas da Conceição. Uma proposta para o ensino de funções quadráticas mediada pela tecnologia: um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Educação matemática) – Universidade Severino Sombra. Vassoura, 2012. RODRIGUES, Luciana Silveira. O uso de software educacional no ensino fundamental de matemática e a aprendizagem do sistema de numeração decimal por alunos de 3ª série. Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Católica Dom Bosco. Campo Grande, 2006. SCHIFFL, Daniela. Um estudo sobre o uso da calculadora no ensino de matemática. Dissertação (Mestrado em Ensino de Física e de Matemática) – Centro Universitário Franciscano. Santa Maria, 2006. SILVA, Ana Maria da. O vídeo como recurso didático no ensino de matemática. Dissertação (Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Goiás. Mestrado em Educação em Ciências e Matemática. Goiânia, 2011. 64 ANÁLISE DA VIABILIDADE DO BIOGÁS NA REGIÃO DO MATO GRANDE/RN Débora Bezerra de Lima [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Pedro Henrique de Paiva Oliveira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução A grande necessidade da energia nos tempos modernos leva o mundo a um grande problema ambiental, devido à utilização indiscriminada dos recursos fósseis, que são recursos energéticos finitos. Os países hoje buscam novas alternativas, das quais possam blindar suas economias das variações incertas geradas pela crise de energia. Para isso, os mesmos estimulam novas fontes alternativas como: biomassa (para desenvolver o biogás), eólica, solar, retorno da energia nuclear, gás natural e eficiência energética (CASTRO, 2008). Diante de todas as tecnologias utilizadas para a obtenção do biogás através da digestão anaeróbica da biomassa, desenvolvida com o objetivo de tratar resíduos orgânicos, a cada dia vem sendo utilizada a produção de energia através do aproveitamento do biogás, prevenindo de certa forma, a poluição ambiental (IEA, 2005). Os bovinos representam um dos maiores rebanhos do Brasil e do mundo. O Brasil tem cerca de 212,8 milhões de cabeças de gado (IBGE, 2011), desses milhões, cerca de 89.589 cabeças são da região do Mato Grande/RN, imagine quantos dejetos são produzidos com essa quantidade de animais, e a quantidade de excrementos, ou seja, de biomassas que não são manejadas de uma forma correta. Esses dejetos são compostos orgânicos de alto teor energético, com macro e micronutrientes que oferecem água, abrigo e temperatura, sendo preferido por inúmeros micros e macrovetores de grande importância sanitária, como nicho ecológico. Segundo PEREIRA NETO (1992), esses vetores estão associados à transmissão de inúmeras zoonoses, além de doenças respiratórias, epidêmicas e intestinais. Fezes bovinas têm sido identificadas como o principal reservatório de Escherichia coli, que é u m tipo de bactéria que habita normalmente no intestino de alguns animais e humanos, em alguns casos pode causando infecção, gerando diarreia ou infecção urinária, por exemplo. Sendo um potente veículo de transmissão para o ambiente, para o gado e para os alimentos (WANG et al., 1996). Uma das grandes vantagens do Brasil é a grande quantidade de biomassa e vários processos de transformações, o que faz com que o país tenha uma grande variedade de alternativas para a produção de energia. Mas, infelizmente, a humanidade utiliza muito pouco dos recursos possíveis e renováveis existentes no planeta. O biogás é um dos produtos da decomposição anaeróbia (ausência de oxigênio gasoso) da matéria orgânica, que se dá através da ação de determinadas espécies de bactérias (GEBLER; PALHARES, 2007). Os principais gases componentes do biogás são: o metano e o gás carbônico. O gás sulfídrico, formado no processo de fermentação, é o que dá o odor pútrido característico à mistura quando o gás é liberado, sendo também o responsável pela corrosão que se verifica nos componentes do sistema (MAGALHÃES, 1986). O presente projeto resume-se em saber: a produção de energia através de dejetos de bovinos na região do Mato Grande/RN é economicamente viável? Assim, o objetivo geral desta pesquisa consiste em analisar a viabilidade financeira da implantação de biodigestores para geração de energia através de dejetos de bovinos. O metano é um gás que não possui cor nem cheiro, e, em contato com o ar, torna-se altamente explosivo, com essas características, em especial o seu poder de combustão, ele pode 65 ser uma forma perfeita para a obtenção de energia, e sem significativos efeitos colaterais, pois é uma fonte renovável. Neste trabalho, irá ser elaborado um biodigestor, para avaliar a produção do biogás através de fezes de bovinos, no qual poderíamos ligar este gás a um gerador, para, através dele, produzir energia. Iremos focar na viabilidade dessa produção, para apresentar para produtores da região. A matéria que restar, após toda produção de biogás, poderá ser usada como fertilizante natural, e, com uma grande eficiência. 2. Material e Métodos Este estudo, conforme Rudio (2003) é considerado uma pesquisa de campo descritiva, onde foram levantados os dados inerentes à questão da produção de gado na região do Mato Grande/RN. No tipo de pesquisa descritiva, o pesquisador procura interpretar a realidade sem interferir para modificá-la. De acordo com o mesmo autor, as pesquisas descritivas têm como objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno e o estabelecimento de relações entre variáveis. Em resumo, a pesquisa foi aplicada através do seguinte Roteiro Metodológico: • Levantamento do acervo bibliográfico de dados existentes sobre o Mato Grande/RN junto às prefeituras, relacionado a novas formas de energia que se vem desenvolvendo nessa região. • Aquisição, tratamento e organização dos dados. • Coleta de dados – levantamentos de dados pré-existentes junto à internet, em campo e em órgãos oficiais. • Trabalho de Gabinete – consistirá na montagem de um banco de dados analítico amostral, que dará subsídios para os critérios das referidas análises do metano produzido e que a população poderá tirar proveito de tal forma renovável de energia, podendo melhorar suas condições. • Construção do biodigestor como ilustrado na Figura 1. Para a construção do biodigestor foi utilizado um galão de 20 litros, conexões pvc, durepox, uma mangueira de XXprodução de gás dentro do biodigestor. Como ilustrado na Figura 01. Uma válvula para saída do biogás e uma bexiga para monitorar o passo-a-passo da produção de biogás: • Coleta dos dejetos bovinos em uma propriedade na zona rural da cidade de João Câmara/RN. • Introdução de 2Kg de dejetos, juntamente com 2 litros de água dentro do biodigestor. • Monitoramento de temperatura através de um XX, onde a mesma ficou aos 25° tendo uma variação de 1°. Observação da produção de biogás através da bexiga (quando a bexiga se dilatar o biodigestor estará cheio) do exposto na Figura 1, assim como, após a produção total do biogás, a quantidade de metano de acordo com a Tabela 1. 66 Figura 1 – Protótipo de biodigestor. Registros feitos pelos autores. O biodigestor durante as duas primeiras semanas foi monitorado semanalmente, a partir da terceira semana ele foi monitorado três vezes por semana. Gás Metano Dióxido de Carbono Hidrogênio Nitrogênio Gás sulfídrico e outros Fonte: (La Farge, 1979). Tabela 1 – Composição do Biogás. Símbolo % no biogás 50 – 80 % 20 – 40 % 1–3% 0,5 – 3 % 1–5% 3. Resultados e Discussões/Conclusões Após a decomposição da matéria orgânica foi produzido o biogás proveniente de fezes bovinas da região do Mato Grande. O biodigestor é formado por um galão de 20 litros juntamente com algumas conexões para entrada de fezes e saídas do gás. Um recipiente com 1 m³ tem a capacidade de 1000 litros de determinado líquido, já que o nosso recipiente suporta 20 litros, tem a capacidade de 0,02m³ de biogás, porém como foi colocado os dejetos juntamente com água comprometeu 1/3 do galão ou aproximadamente 0,007m³ do total como mostrado na Figura 2, foi produzido somente 0,013m³ de biogás. Figura 2 – Biodigestor ligado à mini fogão. Registro feito pelos autores À medida que as bactérias foram realizando a decomposição dos dejetos, o biogás foi produzido. Durante as duas primeiras semanas o biodigestor foi observado uma vez por semana, 67 a partir da terceira, começou a ser observado três vezes na semana. Na quarta semana a bexiga dilatou-se, fazendo com que se observasse que o reservatório estava cheio. Com o reservatório cheio temos a produção de 0,013m³ de biogás. Após toda produção de biogás, o mesmo foi conectado a um pequeno fogão que está à disposição de todos em lojas relacionadas, onde ocorreu a queima sem nenhum odor significante, provando assim que em pequenas propriedades de baixa renda onde as pessoas criem gado, há a possibilidade de com gastos mínimos as famílias utilizem do biogás produzido através das fezes desses gados, com custo baixo, diminuindo assim os custos familiares como: cozinhar, energia elétrica e gás para geladeira. Os gastos para tal produção seguem na Tabela 2. Tabela 02 – Gastos para construção do protótipo para cozimento de alimentos. Material Valor (R$) Galão de água mineral de 20L 8,00 Conexões PVC 10,00 Válvulas 15,00 Fogão (2 bocas) 29,00 TOTAL 62,00 Fonte: elaborado pelos autores. Sabendo então que 1 MWh (=1000KWh) equivalem a 94,962 metros cúbicos de Gás Natural, assim cada KWh vale 94,962/1000 = 0,094962 metros cúbicos de Gás. Ou seja, 1 metro cúbico de Gás é igual 1000/94,962 = 10,5305 kWh (MACEDO, 2008). Dessa forma, aplicando os valores padrões anteriormente estabelecidos, através do Método de estimativa de biogás, se observa que o Mato Grande tem uma eficiência energética de 439.740,43938 m³ /mês, utilizando este valor tem-se um total de 4.630.686,7 KWh mês-1 de energia. Em média uma residência comum com sala, cozinha, dois quartos, área de serviço e um banheiro consome aproximadamente 100 a 150 KWh mês-1. Considerando um consumo médio de energia elétrica em 150 KWh, a produção de biogás, considerada por esta pesquisa, poderia suprir um total de aproximadamente 30.871 residências por mês para todo o Mato Grande. Sem contar que o uso de biodigestores facilita a entrada de uma energia limpa e renovável, o que garante para a população uma tecnologia benéfica, tanto econômica quanto socioambiental. Referências BRITO, F. L. S. Biodigestão Anaeróbia em Duplo Estágio do Bagaço de Cana-de-açúcar para Obtenção de Biogás. Dissertação de Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos Hídricos. Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. 166 p. CASTRO, Nivalde José de. Os leilões das usinas do Rio Madeira e as perspectivas para o desenvolvimento econômico brasileiro. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 2008, p. 3; 200, 10 ago. CASTRO, Nivalde José de; DANTAS, Guilherme de Azevedo. Lições do PROINFA e do leilão de fontes alternativas para a inserção da bioeletricidade sucroalcooleira na matriz elétrica brasileira. In: Congresso Internacional de Bioenergia, 30, 2008, Curitiba. Anais. Disponível em: <http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/bibliotece/0808_CastroDantas_ProinfaAlternativasBioeletri ci205 dade.pdf>. Acesso em: 20 de agosto de 2008. 206 68 GARCILASSO, V. P.; VELÁZQUEZ, S. M. S. G.; COELHO, S. T. Geração de energia elétrica a partir do biogás proveniente de aterro sanitário: estudo do caso. Disponível em: <http://cenbio.iee.usp.br/download/publicacoes/xiiicbe_aterro.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2013. _____________________________________________________. Aproveitamento do biogás proveniente dos resíduos sólidos urbanos para geração e energia elétrica: estudo de caso em São Paulo. Disponível em: http://cenbio.iee.usp.br/download/publicacoes/congbioen_pecora.pdf. Acesso em: 12 jul. 213 2013. LINDEMEYER, Ricardo Matsukura. Análise da viabilidade econômico-financeira do uso do biogás como fonte de energia elétrica. Florianópoles: UFSC, 2008. 105 P.. Estágio Supervisionado - CAD 5236, Administração, Florianópoles, 2008. MACEDO M. J. M. Erros de números (2008), Disponível em: <http://errosdenumeros.blogspot.com/2008/07/os-metros-cbicos-de-gs-expressos-em-219 kwh.html>. Acesso em: 24 fev. 2011. 220 NEVES, Vera Lucia Vitorelli. Construção de biodigestor para produção de biogás a partir da fermentação de esterco bovino. Araçatuba: Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, 2010. 57p. Trabalho de Graduação - Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula de Souza, 223 Tecnologia em Biocombustíveis, Araçatuba, 2010. WANG, G. et al. Depart of Food Science and Technology, University of Georgia, USA. Applied Environmental Microbiology, v.62, n.7, p.2567-2570, 1996. 69 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA DO RIACHO SALGADO NO MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO DO POTENGI Victor Hugo dos Santos Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ulisandra Ribeiro de Lima [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução A pesquisa foi fundamentada na necessidade de monitorar a qualidade da água, próxima ao Riacho Salgado que desagua no Rio Potengi no município de São Pedro, dando ênfase a parâmetros físico-químicos: pH, condutividade, cor e demanda biológica de oxigênio (DBO). O referido Riacho, abastece não somente a população como serve de ambiente de lazer. A cidade de São Pedro do Potengi está localizada na região do Agreste Potiguar, a aproximadamente 57,7 km da capital Natal. O clima é tipicamente semiárido com temperaturas que variam de 22ºC até 30ºC, dependendo da época do ano. Em virtude do período de estiagem prolongada, o volume do riacho está em nível bem abaixo da média. O que se sabe é que existem muitas reclamações e pessoas insatisfeitas com a água, devido ao cheiro forte e ao gosto nada agradável. A poluição antropogênica, isto é, aquela causada pelo homem, é um agravante que comprova que o ser humano age sem se preocupar com o meio ambiente, causando danos à natureza e, consequentemente, à sua própria saúde. Segundo a ONU, 80% da população mundial vive em áreas em que a qualidade da água está comprometida, fazendo com que tais pessoas estejam submetidas a doenças. Dessa forma, o trabalho aborda uma temática que poderá afetar todos os indivíduos que fazem uso do Riacho Salgado em São Pedro do Potengi-RN. Assim, os parâmetros analisados neste trabalho podem ser utilizados como uma indução de que o corpo d’água está sofrendo degradação advinda de atividades poluidoras. 2. Material e Métodos 2.1 Coleta Neste trabalho foram coletadas 3 amostras de água do Riacho Salgado em São Pedro do Potengi em pontos distintos, no horário da manhã, com intervalo de 2 horas entre elas (8h, 10h, 12h) em recipientes de polietileno, disponibilizados pelo Núcleo de Análises de Águas, Alimentos e Efluentes da FUCERN. Em seguida, as amostras foram acondicionadas em recipiente térmico com gelo e transportado para o laboratório de águas do IFRN, campus Natal Central. Tempo decorrido do transporte das amostras foi de aproximadamente 1 hora. A coleta foi realizada no dia 28 de janeiro de 2015. 2.2 Parâmetros analisados As descrições e análise crítica dos parâmetros, seguiram recomendações do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e do Ministério da Saúde. O pH, potencial hidrogeniônico, pode ser de origem natural ou antropogênica, sendo identificada por meio de substâncias que aderem à água. Nesse parâmetro a concentração pode variar de 0 a 14, sendo considerada ácida (quando pH < 7); neutra (pH = 7) e básica (pH >7). 70 A cor da água sugere a presença de matéria orgânica e/ou inorgânica, mas também substâncias metálicas como ferro e o manganês. “A cor é esteticamente indesejável para o consumidor em sistemas públicos de abastecimento de água” (CORNATIONI, 2010). A condutividade refere-se à capacidade que a água tem de transmitir corrente elétrica devido aos cátions (cargas positivas) e os ânions (cargas negativas) presentes nela, a partir da dissociação de outras substâncias. O pH foi determinado pelo método da potenciometria direta, utilizando um pH metro acoplado a um eletrodo combinado de vidro. Inicialmente o material foi calibrado com soluções tampão de biftalato, fosfato e bórax. A condutividade foi determinada pela metodologia utilizada por Moraes e Jordão (2012). 3. Resultados e Discussões Todos os processos e valores obtidos para os parâmetros analisados obedeceram à portaria n° 518, do Ministério da Saúde, de 25 de Março de 2004, no capítulo IV, do padrão de potabilidade, Art. 17 [9]: “As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros físicos, químicos e microbiológicos devem atender às especificações das normas nacionais que disciplinem a matéria, da edição mais recente da Standard Methods for the examination of water and wastwater, de autoria das instituições American Public Health Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment Federation (WEF), ou das normas publicadas pela ISO (International Satandartization Organization).”. Ainda segundo esta portaria, água potável é toda e qualquer água destinada ao consumo humano de modo que os parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos estejam de acordo com o padrão de potabilidade e que de forma alguma ofereçam riscos à saúde. A seguir veremos os índices de normalidade de cada parâmetro, segundo os dados do Ministério da Saúde e do CONAMA. • pH: na água doce os valores permitidos variam de 6 a 9 (adimensional); • Condutividade: quando estiver acima de 100 µs/cm a água sofreu impactos indesejáveis; • Cor: 15 uH é o valor máximo aceitável para a cor da água potável; • DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2. Na Tabela 1 apresentam-se os resultados das análises físico-químicas para as três coletas, respectivamente. Vale ressaltar que em nenhum dos casos foi realizada análise quanto à acidez das águas, visto que em todas as amostras os valores de pH foram superiores a 7. • pH: Adimensional; • Condutividade: µS/cm; • Cor: uH; • Acidez/Alcalinidade: mg/L de CaCO3; • DBO5: mg/L O2 Parâmetros Tabela 1 - Valores dos parâmetros analisados quanto as normas exigidas. Unidade Amostra (1) Amostra (2) PH DBO5 Condutividade Elétrica Fonte: dados da pesquisa. ND mg/L O2 µS/cm 8,85 14,35 4660,00 8,72 15,03 4670,00 Amostra (3) 8,68 15,20 6860,00 71 Através dos dados obtidos nas análises pode-se perceber que os parâmetros que demonstraram maior destaque quando comparados com a resolução do CONAMA, foram o pH, condutividade e DBO5. O pH pode variar entre 6,0 e 9,0, percebeu-se que não houve um aumento acima do permitido pela resolução do CONAMA nas três coletas demonstrando que em todos os pontos a água encontra-se alcalina (básica). A condutividade provém da dissolução de sólidos na água, a mais elevada foi na amostra 3. Isso pode estar diretamente relacionado à questão da profundidade da água que neste ponto diminuiu consideravelmente aumentando a concentração. A demanda biológica de oxigênio (DBO) mede a quantidade de oxigênio necessária para oxidar quimicamente a matéria orgânica (GIORDANO, 2012). A análise de DQO não foi medida em função da alta salinidade do material, dessa forma de acordo Resolução do CONAMA a água tem classificação 5, sugerindo que a água tenha utilidade para à preservação dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral e à preservação do equilíbrio natural das comunidades aquáticas. As análises de DBO (14,35 mg/L O2 entre 15,20 mg/LO2) mostraram resultados valores acima do permitido para consumo humano indicando presença de material oxidável quimicamente devido a presença de criação de suínos próximo a região analisada. 4. Conclusões A partir dos dados apresentados e com relação aos parâmetros analisados, pode-se concluir que a principal fonte poluidora das águas do Riacho Salgado é de origem antropogênica proveniente, principalmente, da falta de saneamento básico local. Os valores alterados dos parâmetros: condutividade e DBO; revelam que há uma grande quantidade de sólidos dissolvidos, tanto de origem orgânica como inorgânica, que pode ser provocada tanto pelo despejo de esgotos como pelo baixo nível de água que se encontra. Tendo em vista o exposto, considera-se de suma importância e urgência a implantação de uma infraestrutura saneamento básico para a comunidade que vive às margens da barragem, como também uma maior ação de conscientização dos produtores de suínos e o desmatamento da mata ciliar. Entretanto, deve-se alertar que, um monitoramento com análises mais criteriosas e aprofundadas, seja feito levandose em consideração parâmetros físicos, químicos e microbiológicos não abordado nessa pesquisa, mas que são de importância para atestar a qualidade de potabilidade da água. 5. Agradecimentos Ao IFRN pela concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do edital Nº 08/2015-PROPI/IFRN, além da concessão do espaço e apoio institucional e ao Núcleo de Análises de Águas, Alimentos e Efluentes da FUCERN. Referências ASSOCIAÇÃO DAS EMPRESAS DE SANEMENTO BÁSICO ESTADUAIS (AESBE). Proposta complementar à resolução CONAMA Nº 357/2005 sobre condições e padrões de lançamento de efluentes para o setor de saneamento em atendimento à resolução CONAMA Nº 397/2008. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/EFABF603/AESBE_BasesDiscussao.pdf>. Acesso em 20 de outubro de 2015. CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n° .357, de 17 de março de 2005. Brasília, 2005. 72 CORNATIONI, M.B. Análises físico-químicas da água de abastecimento do município de colina – SP. Bebedouro. Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Biológicas. Faculdades Integradas FAFIBE, 2010. FREITAS, M. B; BRILHANTE, O. M.; ALMEIDA, L. M. Importância da análise de agua para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes fecais, nitrato e alumínio. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, 17(3): 651-660, mai-jun, 2001. MORAIS L.R; FONSECA P.V.Y. Avaliação da remoção de DBO e DQO da água residuária de uma indústria farmocosmecêutica empregando o processo de lodos ativados por aeração prolongada. Disponível em: <http://www.fara.edu.br/sipe/index.php/renefara/article/download/175/159>. Acesso em: 20 de outubro de 2015 MORAES, D. S. L.; JORDÃO, B. Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobre a saúde humana. Revista de Saúde Pública. 2002, n.3, p.370-744. Disponível em: <http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000300018>. Acesso em: 1º out. 2015. SOUZA, Líria Alves De. Demanda Bioquímica de Oxigênio. Brasil Escola. Disponível em: <http://www.brasilescola.com/quimica/demanda-bioquimica-oxigenio.htm>. Acesso em 20 de outubro de 2015. GIORDANO, G. Apostila de tratamento e controle de efluentes industriais. Disponível em: <http://www.cepuerj.uerj.br/insc_online/itaguai_2011/edital/superior/biologo/Apostila%2 0%20Tratamento%20de%20efluentes%20industriais.pdf>. Acessado em: 22 de Maio, 2015. 73 CADINH2O: APLICATIVO COM FINS DE AUXÍLIO NO DIMENSIONAMENTO DE TUBULAÇÕES HIDRÁULICAS Caroline Marina Cavalcanti Bezerra [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Gabriela Barbosa Bruno [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Gilbran Silva de Andrade [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Inseridos no meio geográfico técnico científico informacional, é salientável a busca cada vez maior por novas tecnologias e novos meios de obtenção de resultados verídicos e precisos em um curto período de tempo. Dessa forma, para atender as diretrizes da NBR 5626, que especifica claramente que o dimensionamento de tubulações de água fria deve está dentro dos preceitos mínimos a fim de garantir o fornecimento de água de forma contínua, em quantidade suficiente e com pressões e velocidades adequadas ao perfeito funcionamento das peças de utilização e dos sistemas de tubulações (CREDER, 2011), é tido como salientável e se encontra em execução o desenvolvimento de um aplicativo com fins de auxílio no dimensionamento de tubulações hidráulicas de água fria capaz de realizar verificações em pontos específicos da tubulação a fim de evitar falhas no abastecimento e diversos outros problemas relacionados a erros de execução de um projeto hidráulico de uma edificação. A motivação para o desenvolvimento desse aplicativo é oriunda da possibilidade de relacionar conceitos trabalhados em componentes curriculares distintos visando um programa que não beneficiará apenas os discentes do IFRN/Campus São Paulo do Potengi, mas também todos aqueles que lidam no dia a dia com projetos hidráulicos, já que o CADINH2O será disponibilizado de forma gratuita na rede para download. Facilitando assim a conferência em obras, além de evitar erros na execução do projeto e possibilitar pequenas alterações nele sem que haja a necessidade de consultar o projetista. Outro estimulante para os pesquisadores é o fato de que ainda não há nenhum software disponível gratuitamente que realize as especificações ofertadas pelo CADINH2O. O aplicativo será desenvolvido na plataforma Android, a primeira completa, aberta e gratuita plataforma móvel, visando alcançar tablets e smarphones, o que é possível desde a versão 4.0 do Android, na qual acontece a junção dos recursos para os dois tipos de aparelhos móveis (DARCEY; CONDER, 2014). A escolha da plataforma Android para o devido trabalho é justificada no fato de ser um sistema operacional gratuito e livre bastante visado por empresas, fazendo com que nosso aplicativo seja mais um agregado a um núcleo de tarefas cotidianas, como verificar e-mails, navegar na web, etc (ANNUZI et al, 2014). Outra beneficio causador da nossa preferência pelo uso do Android é a capacidade que ele tem de não impor obstáculos para publicação, sem necessidade de taxas de licenciamento. Como explana Darcey e Conder (2014), para desenvolver um aplicativo, uma pessoa só precisa de um computador, um dispositivo Android, conhecimento de Java e uma ideia. 74 2. Material e Métodos Salientando o fato que a então pesquisa envolve uma discente do curso integrado em Edificações sendo orientada por sua docente de Instalações Hidrossanitárias, se fez necessário, anterior ao início do desenvolvimento do nosso software no que diz respeito ao código fonte, uma apresentação aos princípios da programação de computadores através de cursos de extensão. Posterior a essas assimilações, se fez crucial um prévio estudo acerca dos conceitos de instalações hidráulicas com a orientadora do projeto, para que só então houvesse aptidão para encetar a composição de nosso aplicativo. Dessa forma, a divisão inicial do estudo e as etapas para a construção do CADINH2O, foram dadas da seguinte maneira: 1. Estudo de algoritmos e técnicas de programação; 2. Conhecimento em programação para dispositivos móveis (Android); 3. Estudo dos conceitos que envolvem o dimensionamento de tubulações de água fria; 4. Implementação dos conceitos de dimensionamento na plataforma Android; Para realizar esse trabalho, foram feitas pesquisas bibliográficas na literatura, bem como os livros apontados nas referências bibliográficas. Além disso, foram feitos seminários com o professor-orientador periodicamente. O software vem sendo desenvolvido no ambiente de desenvolvimento integrado Android Studio. 3. Resultados e Discussões Até a então data, o andamento do projeto está entre o estudo do dimensionamento de água fria e a implementação desses conceitos na linguagem de programação. Aconteceu um minicurso introdutório aos conceitos sobre programação Java, linguagem de programação específica que os aplicativos Android possuem (DARCEY; CONDER, 2014). É contínuo o estudo e leitura acerca dos conceitos que envolvam dispositivos móveis e instalações hidráulicas de água fria, através das referências bibliográficas citadas nas referências desse resumo. CADINH2O realizará cálculos do diâmetro de tubulações de água fria, de reservatórios e sistemas de recalque além das conferências da pressão em determinado ponto, levando sempre em consideração os paradigmas explicitados pela NBR 5626. Levando em consideração os cálculos, nossos códigos de programação já realizam cálculos como os de consumo, consoante a escolha do usuário a respeito do tipo da edificação, dimensionamentos dos reservatórios inferior e superior acrescido da taxa de segurança voltada para incêndio além da vazão e do diâmetro do alimentador predial. A exibe as telas que compõem atualmente o CADINH2O. Após a inicialização do aplicativo, o usuário será apresentado a tela de escolha do tipo de edificações (a), em seguida o usuário é levado à tela correspondente a sua escolha: se apartamento (b), ou se residência (c). O usuário então informa os dados no formulário – como quantidade de pavimentos, quantidade de apartamentos por andar, quantidade de quartos por apartamento, existência de dependência de empregada, existência de jardim assim como sua área, existência de piscina assim como seu volume – e requisita o cálculo dos reservatórios e do diâmetro do alimentador predial. Por fim, o aplicativo exibe a tela (d) que informa os resultados dos cálculos realizados pelo aplicativo. 75 Figura 1: Telas do CADINH2O. (a) Tela inicial. (b) Formulário para o cálculo em um apartamento. (c) Formulário para o cálculo em uma residência. (d) Tela com os resultados do cálculo. Já é perceptível a economia de tempo que se tem até então. Cálculos que seriam cansativos até para a realização em uma calculadora científica se resumem a pequenas inserções de dados simples em nosso algoritmo. Nisso se dá a importância da informática. Sua capacidade de ser flutuante e abranger várias áreas do conhecimento humano trazendo benefícios notórios visando facilitar a vida do homem e estender seu bem-estar. Os resultados deste projeto serão benéficos tanto no âmbito institucional quanto fora da instituição, com melhorias para a comunidade. Os discentes do Campus IFRN/SPP poderão utilizar o aplicativo dentro da instituição para praticar a disciplina de instalações hidrossanitárias de maneira mais dinâmica. Para isso pretende-se disponibilizar o aplicativo desenvolvido para download de forma gratuita, na loja virtual Google Play, tornando possível o aperfeiçoamento do aplicativo no futuro. 4. Conclusões Segundo Moraes (2012), a fase de projeto é de grande importância para um empreendimento de construção civil, determinando a redução do desperdício, levando a ganhos financeiros para a construção. Porém, algumas construções não desenvolvem bem a fase de projetos, sendo necessárias algumas adaptações aos problemas que surgem durante a execução. Essas pequenas adaptações não precisarão mais de uma consulta burocrática com o projetista. O CADINH2O realizará essas verificações instantaneamente, sem a necessidade de causar atrasos desnecessários à construção da então edificação. Problemas como erros no dimensionamento das tubulações de abastecimento, podem ocasionar problemas de insuficiência de pressão ou de vazão nos aparelhos, causando prejuízos ao usuário final da edificação devido às falhas no abastecimento do imóvel (THOMAZ, 2012), com falhas no abastecimento, a obra civil não estaria de acordo com a NBR 5626, que exige o fluxo contínuo de água nas edificações. Tendo uma forma rápida e simples de conferir esse dimensionamento, certamente reduziria tais falhas técnicas. 5. Agradecimentos Ao IFRN pela concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do edital Nº 08/2015-PROPI/IFRN, além da concessão do espaço e apoio institucional. 76 Referências MORAES, A. B. G. M. et al. (2012). Fatores Críticos da Gestão do Processo de Projetos na Engenharia Simultânea: Um Estudo de Caso em Obra de Infraestrutura Urbana. Anais. VII Congresso Nacional de Excelência em Gestão. ISSN 1984-9354. THOMAZ, E. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. 1. ed. São Paulo. Editora: PINI, 2012. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR 5626 – 1998. Instalação predial de água fria. Rio de Janeiro: ABNT, 1998. ANNUZI, Joseph Jr; DARCEY, Lauren; CONDER, Shane. (2014). Introduction to Android Application Development: android essentials. 4. ed. Editora Addison-Wesley, 2014. DARCEY, Lauren; CONDER, Shane. Android wireless application development: android essentials. v. 1, 3. ed. Crawfordsville. Indiana: Addison-Wesley, 2012. 511 p. CREDER, Hélio. Instalações hidráulicas e sanitárias. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 423 p. ANDROID DEVELOPERS. Disponível em: <https://developer.android.com>. Acesso em: 22 de outubro de 2015>. 77 ARGAMASSAS AUTONIVELANTES COM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO CIMENTO POR RESÍDUO DE BIOMASSA DA CANA-DE-AÇÚCAR Thiago Fernandes de Araújo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Aline Santana Franco de Siqueira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Evilane Cássia de Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Marcos Alyssandro Soares dos Anjos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Gabriela Barbosa Bruno [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Os concretos autoadensáveis (CAA) são misturas dotadas de elevada fluidez e coesão, são uma tecnologia recente que vem ganhado espaço no mercado, uma vez que cresce a necessidade de se concluir as obras em prazos mais curtos e de reduzir custos de mão-de-obra. Geralmente possuem elevado consumo de cimento, que é o material de maior custo dentro de concretos e argamassas, e também o de maior impacto ambiental. Em concretos convencionais, seu consumo fica em torno de 400 kg/m³, já em concretos autoadensáveis (CAA) esses valores tendem a aumentar. Com isso em mente, o estudo avalia o desempenho de argamassas autonivelantes (AA) de traços de CAA com diferentes teores de substituição de cimento por adições no intuito de posteriormente desenvolver CAAs (ANJOS et al, 2014). Esse tipo de concreto deve adensar sobre seu próprio peso e ser capaz de fluir mesmo em peças com armadura muito densa. Para o estudo foram selecionadas duas adições, a primeira é o resíduo da biomassa da cana-de-açúcar, por apresentar como vantagem a redução do impacto ambiental tanto para a indústria sucroalcooleira quanto para a da construção civil. E a segunda, o metacaulim regional que atua como principal pozolana da argamassa. O desempenho de tais adições como substitutos do cimento foi avaliado através dos ensaios de espalhamento, funil V, resistência à tração na flexão, à compressão axial e módulo de elasticidade. A partir dos resultados foi possível verificar que ambas as dosagens estudadas obtiveram consistência e fluidez adequadas aos parâmetros de argamassas para CAAs, além de revelarem resistências elevadas. 2. Materiais e Métodos Para a confecção dos concretos foram utilizados: • Cimento Portland de alta resistência inicial - CP V ARI-RS com massa específica de 3,03 g/cm³ (NBR NM 23, 2001), finura de 0,38. • Agregado miúdo: Areia natural quartzosa. Possuindo massa específica de 2,61 g/cm³, massa unitária 1,516, módulo de finura de 2,37 e diâmetro máximo de 4,8 mm. 78 • Metacaulim de alta reatividade, com massa especifica 2,55 g/cm³ obtido com uma empresa de beneficiamento de caulim em Pernambuco. • Resíduo da biomassa da cana-de-açúcar (RBC): Material cedido pela usina de beneficiamento de cana-de-açúcar em Ares-RN. Com massa específica de 2,38 g/cm³. Utilizouse material passante na peneira 200 (# 0,075), após ser moído durante quatro horas no moinho de bolas. • Aditivo químico: Superplastificante de terceira geração à base de éter policarboxílico modificado. A Tabela 1 a seguir, apresenta o quantitativo de materiais para a produção das argamassas em um metro cúbico. Tabela 1: Consumo de materiais para dosagem em metro cúbico (kg/m³). R40-CIM R50-CIM Materiais Em quilogramas (kg) 403,1 326,78 Cimento 33,46 98,03 Metacaulim 235,01 228,74 RBC 1194,38 1162,02 Areia 302,32 316,97 Água Aditivo Fonte: dados da pesquisa. 6,85 7,84 O material, ainda seco, foi homogeneizado cuidadosamente em uma masseira, sendo posteriormente despejado na betoneira com capacidade para 150L. Aos poucos se adicionou água à mistura, após acrescentar toda a água, misturou-se por 2 minutos e acrescentou-se o aditivo. Os ensaios no estado fresco seguiram os métodos propostos por Okamura (2003) para obtenção dos parâmetros Gm e Rm das argamassas no espalhamento e funil V. 3. Resultados e Discussões Verifica-se uma diferença entre os espalhamentos de R40-CIM e R50-CIM, havendo uma redução de 35 mm do segundo em relação ao primeiro. Essa redução se deve a influência do metacaulim, uma vez que houve um aumento da porcentagem utilizada da primeira para segunda dosagem. Entretanto ambas possuem propriedades autonivelantes otimizadas, tendo em vista os ajustes realizados na relação água/finos e no teor de aditivo. A figura 1 apresenta um exemplo das características das argamassas em análise. Figura 1a-b – Ensaios de espalhamento (a) e funil V (b) com a argamassa R40-CIM. Fonte: registros de dados da pesquisa. A partir desses valores é possível definir os parâmetros de fluidez e viscosidade das argamassas. O primeiro é dado pela equação (1), que é medido através do ensaio do tronco de 79 cone de consistência, sendo dm o diâmetro médio e d o diâmetro da base do tronco de cone (NEPOMUCENO, 2011). Já o segundo é obtido pela equação (2), que é medido através do ensaio no Funil-V para argamassa, onde t é o tempo que a argamassa leva para passar pelo funil. Alto valor de Gm indica maior deformabilidade, e menor valor de Rm indica maior viscosidade. Os valores de Gm e Rm são apresentados na Tabela 2. Conforme estudos de Okamura et al. (2003), Gm entre 3 e 7, e de Rm entre 1 e 2, representam argamassas com significativa probabilidade de se tornar um CAA. Gm=(dm/d)²-1 equação (1) Rm=10/t equação (2) Tabela 2: Resultados dos ensaios no estado fresco. ENSAIOS R40-CIM R50-CIM Mesa de espalhamento (mm) 375 340 Funil-V (s) 6 7 Gm 10,6 8,6 Rm 1,67 1,43 Fonte: registro de dados da pesquisa. Percebe-se que a influência da maior relação a/c foi mitigada pela diferença do consumo de metacaulim nas dosagens, uma vez que R50-CIM consumiu cerca de 60kg/m3 de metacaulim a mais que R40-CIM e ainda obteve resistências elevadas desde o primeiro dia (KADRI, 2011). Os resultados podem ser conferidos na tabela 3. Tabela 3: Resultados de resistência à compressão das argamassas (MPa). Resistência à Compressão Axial em (MPa) Idade do corpo de provas (dias) Dosagem 1 3 7 28 R40-CIM 14 28 36 51 R50-CIM 10 19 34 45 Fonte: registro de dados da pesquisa. 4. Conclusões A partir dos resultados referentes ao comportamento reológico das argamassas, constata-se que ambas atendem as exigências de fluidez e viscosidade para serem consideradas autonivelantes, encontrando-se ainda dentro dos parâmetros adequados de Gm e Rm para serem utilizadas posteriormente para dosagens de concretos autoadensáveis, sendo o primeiro acima de 8 e o segundo entre 1 e 2. No estado endurecido as argamassas apresentaram elevada resistência à compressão nas duas dosagens, ambas acima de 40 MPa aos 28 dias. Dessa forma ficou evidente que é possível adicionar elevados teores de resíduo da biomassa da cana-de-açúcar e de metacaulim, afim de diminuir o consumo de cimento dos CAA para ordem de 280 e 225 kg/m3 nos traços R40-CIM e R50-CIM, reduzindo de forma significativa os impactos ambientais. 80 5. Agradecimentos Agradecimentos ao CNPq pela concessão das bolsas de pesquisa e ao IFRN pelo apoio institucional. Referências ANJOS, M.A.S.; Camões, A; Jesus, C.M. Betão auto-compactável eco-eficiente de reduzido teor em cimento com incorporação de elevado volume de cinzas volantes e metacaulino. 1º Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis. Guimarães - Portugal, 2014. KADRI, E. et al. Influence of metakaolin and sílica fume on the heat of hydration and compressive strength development of mortar. Applied Clay Cience. ed. 4. v. 53, p.704-708, outubro, 2011. NEPOMUCENO, M.; OLIVEIRA L.; LOPES, S.M.R. Methodology for mix design of the mortar phase of self-compacting concrete using different mineral additions in binary blends of powders. Construction and Building Materials. v. 26, p. 317-326, janeiro 2012. Okamura, H.; Ouchi, M. Self-compacting concrete, J. Adv. Concr. Technol. v. 1, n. 1, 2003, p. 5-15. 81 AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DO RESÍDUO CERÂMICO NA CONFECÇÃO DE CIMENTO POZOLÂNICO E SUA UTILIZAÇÃO NA CONFECÇÃO DE ARGAMASSA Marcelo Henrique da Silva Figueredo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Marcio Luiz Varela Nogueira de Moraes [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução A procura por segurança e durabilidade para as edificações conduziu o homem à experimentação de diversos materiais aglomerantes. Porém, nos últimos anos tem ocorrido um crescente interesse na prevenção ambiental, minimização de resíduos e desenvolvimento sustentável, sobretudo no campo dos materiais. Tanto o setor ceramista, quanto o da construção civil, gera grandes quantidades de resíduos de diversos tipos e níveis de periculosidade. De maneira que o descarte destes incide negativamente sobre toda a sociedade, através dos custos de remoção e tratamento dos mesmos, além de causar danos ao meio ambiente e à saúde das pessoas que moram próximas aos locais de despejo. Na maioria das vezes, esses resíduos são dispostos clandestinamente em terrenos, margem de rios e de ruas nas periferias das cidades. Assim sendo, o custo social total é praticamente impossível de ser determinado, pois suas conseqüências geram a degradação da qualidade de vida urbana em aspectos como: transportes, enchentes, poluição visual, entre outros. Com isso, o poder público, geralmente as prefeituras, compromete recursos dificilmente mensuráveis para a remoção e/ou tratamento desses resíduos, bem como os problemas por eles gerados. De um modo geral, esses resíduos ocasionam um impacto ambiental negativo considerável, o que tem justificado os esforços de pesquisas visando encontrar uma solução racional para este problema. 2. Material e Métodos Para a realização deste estudo foram utilizados os seguintes materiais: * Cimento do tipo CPII - F32, com peso especifico igual a 3,10 g/cm³ e módulo de finura 3,2%; * Areia média de peso específico igual a 2,53 g/cm³ e granulometria média; * Misturador elétrico; * Moldes cilíndricos 50 x 100 mm. * Balança de precisão 0,01 g * Peneiras para ensaios de granulometria O traço padrão utilizado foi 1:3, em volume com fator água/cimento igual a 0,48. O resíduo cerâmico, chamote, foi moído a seco em moinho de bolas tipo periquito e passado na peneira #200, 0.075mm. O clínquer e o hidróxido de cálcio foram fornecidos em condições de mistura. Foram preparadas seis composições de cimentos variando os teores de chamote, clínquer e hidróxido de cálcio, componentes que fazem parte do cimento CP IV-Z, conforme a norma NBR 5736, e moldados quatro corpos-de-prova cilíndricos, de 50 mm de diâmetro e 100 mm de altura, de uma argamassa padrão, traço 1:3:0,48, uma parte de cimento 82 para 3 partes de areia, em volume, e fator água/cimento 0,48, Tabela 01. A areia utilizada possui granulométrica media e peso específico de 2,63 g/cm³. Os corpos-de-prova foram submetidos a cura submersa e aos 28 dias submetidos ao ensaio de resistência a compressão. Composição 1 Tabela 1: desenvolvimento dos traços tipo CP IV-Z Clínquer Argila Calcinada (Chamote) Material Carbonático (%) (%) (%) 85 15 0 2 77 22 1 3 69 29 2 4 61 36 3 5 53 43 4 6 45 50 5 Fonte: dados da pesquisa. 3. Resultados e Discussões Foram confeccionados seis corpos de provas para cada situação, sendo três para verificação da resistência à tração por compressão diametral, e três corpos de prova para verificação da resistência à compressão. Os mesmos foram submetidos à cura submersa e rompidos aos 28 dias, no Laboratório de Construção Civil do IFRN/Campus Mossoró, conforme NBR 7215 - Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão e NBR 07222 - 1994 - Argamassa e Concreto - Determinação da Resistência a Tração por Compressão Diametral em vigor. A Figura 1, apresenta os resultados do ensaio de tração por compressão diametral; e a Figura 2, os resultados do ensaio de compressão. Como pode ser observado o chamote foi o resíduo que mais se aproximou da resistência padrão, tendo sua diferença em torno de 10% e 13% da argamassa de referência. Essa diferença se dá em relação aos outros por esse resíduo possuir propriedades pozolânicas, adquiridas pelas transformações químicas que ocorrem com as matérias primas durante o processo de queima, temperatura máxima de 900 ºC. Tal propriedade é prevista pela NBR 5736 – Cimento Portland Pozolânico, de maneira que argilas calcinadas até 900 °C são utilizadas na confecção de cimentos pozolânicos em teores que variam de 15% a 50%. Figura 1 – Resultados Ensaio de tração por compressão diametral. Fonte: dados da pesquisa 83 Figura 2 – Resultados Ensaio de compressão. Fonte: dados da pesquisa. 4. Conclusões De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que apenas as composições 2, 3 e 5 ficaram fora do que a norma NBR 5736, já que as mesmas ficaram abaixo de 25 MPa, Tabela 1 da referida norma, esta situação pode ser retificada com a diminuição do tamanho dos grãos do resíduo e ajuste do teor de material carbonático. As composições 1 e 4 embora tenha ficado abaixo da argamassa padrão de referência, atingiram os 32 MPa, valor sugerido para o CP IV-32 Z, estando de acordo com o esperado. Portanto, esses resíduos podem ser ativos quimicamente, através de tratamentos térmicos no caso do resíduo de caulim em uma faixa de temperatura de 900 a 930 ºC formando metacaulinita que participaria na formação da rede cristalina no processo de hidratação do cimento contribuindo diretamente no aumento da resistência mecânica da argamassa ou incorporado a composição de concreto do tipo CLAD (Concreto Leve de Alto Desempenho). Referências Maranhão, Flávio; Costa e Silva,Angelo J.; Medeiros, Jonas S.; Barros, Mércia M. S. B. Influência do Tipo de Argamassas Colante e do Revestimento na Microestrutura e na Resistência de Aderência. In: V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS ARGAMASSAS, 2003, p. 519-528. Varela M.L.; Vale S.A.; Nascimento R.M.; Paskocimas C.A.; Formiga F. L. Utilização dos resíduos proveniente da cadeia da construção civil e da indústria do beneficiamento do caulim na produção de piso cerâmico. XXI ENTMME, 2005. Varela M.L.; Vale S.A.; Dutra, R.S.P; Nascimento R.M.; Paskocimas C.A.; Formiga F. L. A utilização da análise racional para a minimização dos impactos ambientais causados pela produção de cerâmica vermelha. XXI ENTMME, 2005. Paixão C.A, Caetanoa L.F, Coliantea J.G.R, Filhob L.C.P.S, Bergmanna C.P. Estudo da Viabilidade de Utilização de Resíduos Cerâmicos para Confecção de Argamassas. Departamento de Engenharia de Materiais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rio Grande do Sul: UFRGS, 2011. 84 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5736 – Cimento Portland Pozolânico. Rio de Janeiro: ABNT, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 7215 – Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro: ABNT, 1996. 85 AVALIAÇÃO DE FORMULAÇÕES DE MASSA UTILIZANDO RESÍDUO DA EXPLORAÇÃO E BENEFICIAMENTO DO CAULIM PARA FILTROS CERÂMICOS NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL Daniela de Lima Vale Varela [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Yasmin Iara Cruz Nogueira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Marcio Luiz Varela Nogueira de Moraes [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução As indústrias de exploração e beneficiamento do caulim geram um resíduo que pode atender no processo de produção (filtragem) de cervejas artesanais, com a possibilidade da confecção de um filtro cerâmico que substituirá o utilizado atualmente, que é composto de aço e/ou alumínio, eliminando assim a possibilidade de contaminação do produto final por metais, uma vez que o mosto possui um PH ácido nessa etapa do processo. Com base em estudos previamente realizados, sabe-se que o resíduo de beneficiamento do caulim quando tratado termicamente apresenta-se como um produto cerâmico de alta resistência química e mecânica totalmente inerte. A principal função do filtro cerâmico é remover partículas entre 0,2 a 10μm, para que isso aconteça são necessárias algumas exigências como: permeabilidade elevada, porosidade de 50 a 80%, resistência a corrosão e resistência ao choque térmico, possibilitando a realização do estudo de massas cerâmicas para a confecção de filtros cerâmicos a ser utilizado no processo de filtragem de cervejas artesanais. 2. Material e Métodos Para desenvolvimento das formulações das massas cerâmicas a serem estudadas foram utilizados quartzo, resíduo de caulim, albita proveniente de uma empresa situada em Parelhas-RN, e argila do município de Arez-RN, com queima branca pelo alto índice de caulim e baixo teor de ferro. Após definidas as formulações a serem estudas, como apresenta na Tabela 1, as mesmas foram submetidas ao processo de homogeneização a úmido, até a obtenção de uma massa cerâmica com consistência para a moldagem dos corpos de prova com dimensão média de 1,0 centímetro, com tensão média de prensagem igual a 15 kgf/cm2. Após prensagem os corpos de prova foram submetidos à secagem natural por 24 horas e então submetido a tratamento térmico com gradiente de temperatura de 5ºC/minuto até atingir a temperatura de patamar de 1200 °C, onde permaneceu por 1 hora. Tabela 1: Formulações de Massas Cerâmicas (%) Quartzo Resíduo de Caulim Albita Formulação 1 20 80 Formulação 2 17 66 17 Formulação 3 14,3 57 14,3 Formulação 4 12,5 50 25 Formulação 5 11,1 44,4 33,3 Fonte: dados da pesquisa. Argila 14,3 12,5 11,1 Água 10 10 10 30 50 86 Após tratamento térmico, os corpos de prova sinterizados, foram submetidos aos ensaios de absorção de água e massa específica. Conforme descrito a seguir. 2.1 Absorção da água (aa) A absorção de água é o valor em porcentagem, da massa de água absorvida pelo corpo após sinterização. Para realização do ensaio de absorção de água procedeu-se da seguinte maneira: os corpos de prova foram secos em estufa a 110ºC por 24 horas, após secagem os mesmos foram submersos em água por 24 horas. Após esse tempo foram retirados do recipiente e removidos os excessos de água superficial com um pano umedecido e pesados para a verificação da variação de suas massas. O valor da absorção de água, em percentual, foi obtido através da Equação (1), abaixo: 2.3 Massa específica real (ME) A massa específica (ME) é a razão entre massa dos corpos de prova seco e seu volume, onde o ensaio foi realizado da seguinte forma: para cada formulação estudada foi realizado a pesagem de uma amostra, após a determinação de sua massa seca, foram colocadas em uma proveta graduada com uma quantidade inicial igual a 200ml, e feita à leitura da variação do nível de água na proveta, com a diferença do seu volume inicial e o volume final determinouse o volume do material. Fazendo a relação entre a massa do material seco e o volume deslocado obteve-se a massa específica. Equação (2): 3. Resultados e Discussões As formulações de massas estudadas geraram produtos cerâmicos com diferentes características visuais, entre elas coloração, provavelmente, ocasionada pela formação de maior quantidade de fase vítrea durante o processo de sinterização, apresentando uma cor mais claras tendendo ao branco nas formulações 1 e 2, e nas formulações 3, 4 e 5 uma coloração tendendo ao creme. Isso se deve as maiores e menores concentrações de óxidos fundentes presentes nas matérias primas. Os resultados obtidos no cálculo da absorção de água podem ser observados na Tabela 2, para as diferentes formulações estudadas. Pode ser observado que a formulação 1 foi a que apresentou maior absorção de água. Isso está relacionado a maior formação de poros durante o processo de sinterização, sendo atribuído a esse comportamento a menor formação de fase líquida. 87 Analisando os resultados das formulações 2, 3 e 4 se observam que a o aumento na quantidade de albita nestas formulações contribuiu para o aumento da formação de fase líquida durante a sinterização e consequente para o aumento da fase vítrea no resfriamento das peças cerâmicas em sua face externa, diminuindo percentual de absorção da peça cerâmica como apresentado no ensaio de absorção de água. Observando a formulação 5 verifica-se que o percentual de absorção de água foi menor em relação as outras isso pode está diretamente relacionado ao aumento do percentual mássico de albita nesta formulação. FORMULAÇÕES Tabela 2: Absorção de água ABSORÇÃO DE ÁGUA(%) FORMULAÇÃO 1 FORMULAÇÃO 2 FORMULAÇÃO 3 FORMULAÇÃO 4 FORMULAÇÃO 5 Fonte: dados da pesquisa. 22,2 8,6 5,4 3,1 1,7 Os resultados obtidos no cálculo da massa específica podem ser observados na Tabela 3, para as diferentes formulações estudadas. Nos resultados apresentados pode se observar que a menor massa especifica ocorre na formulação 1, o que está em acordo com o ensaio de absorção apresentado, isso se deve a grande quantidade de poros promovido pela baixa quantidade de fase vítrea e pela alta concentração de poros. A baixa formação de fase líquida pode ser atribuída a ausência de albita que é a matéria prima responsável pela formação desta a altas temperaturas (1200ºC), o quartzo e o caulim presentes nas quantidades referidas nesta formulação reagem entre si dando origem a mulita, que funciona como um “esqueleto”, sendo este o responsável pela resistência mecânica da peça cerâmica. A formulação 5, embora apresente a menor absorção de água, apresenta uma massa específica menor que as formulações 2, 3 e 4, tal comportamento pode está diretamente relacionado a presença de poros fechados no interior do corpo cerâmico promovido pelo aprisionamento de gases, uma vez que o resfriamento da peça se dá de fora para dentro fechando os poros externos e impedindo a saída de possíveis gases gerados durante o processo de sinterização e ainda presente no interior da peça. Formulações Formulação 1 Formulação 2 Formulação 3 Formulação 4 Formulação 5 Fonte: dados da pesquisa. Tabela 3: Massa Específica Massa específica (g/cm3) 2,1 2,3 2,41 2,34 2,25 4. Conclusões Pela análise do conjunto de ensaios apresentados pode se observar que a formulação 1 é a que mais se aproxima das características de filtro cerâmico, devendo ser estudada o acréscimo de outra matéria prima que contribua para o aumento da porosidade e da absorção e consequentemente para o aumento da permeabilidade, exigida em filtros cerâmicos. Para as outras formulações, uma aplicação mais apropriada seria em pisos e revestimentos cerâmico devido à baixa absorção e alta massa específica, características que levam a alta resistência mecânica. 88 Referências MORAES, M. L. V. N. de,. Aproveitamento de resíduo do beneficiamento do caulim na produção de porcelanato cerâmico. Natal 2007. 152f.. Tese (Doutorado em Ciências e Engenharia de Materiais), Universidade Federal do Rio Grande do Norte. D. MULLER, W. et al. Processamento e caracterização de filtros cerâmicos fibrosos, Cerâmica. 55, n. 335, São Paulo, 2009. 89 CONSTRUÇÃO DE CONDOMÍNIO DE CASAS - INOVAÇÕES E GESTÃO DE RESÍDUOS GERADOS EM OBRA PARA DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS SUSTENTÁVEIS. Aldemaykon Reis de Melo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat Ayrton Wagner Barbosa da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat Luiza Gabriela Santos de Medeiros [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat Gabriela Barbosa Bruno [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- SPP Evilane Cassia de Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP Marcos Alissandro Soares dos Anjos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat 1. Introdução A indústria da construção civil é considerada grande consumidora de recursos naturais e também grande geradora de resíduos. Dessa forma, a reciclagem de resíduos da construção civil – RCC vem se fortalecendo como uma atividade importante, tendo como objetivo a diminuição dos impactos ambientais, visando os conceitos de sustentabilidade, e de custos. A sustentabilidade é o principal motor da inovação tecnológica em todos os setores, e tem sido constantemente discutida e aplicada dentro da construção civil. No Brasil, dispomos da Resolução n° 307 do CONAMA (BRASIL, 2002) em vigor desde Janeiro de 2003. Neste contexto, foi iniciado um estudo de caso, visando a viabilidade de se reutilizar resíduo de origem cimentícia, britando-o e aplicando-o como agregado miúdo em argamassa de revestimento externo. Essa argamassa será utilizada em um empreendimento de uma empresa de pequeno porte pretendendo minimizar impactos ambientais, melhorar a produtividade e diminuir os custos. A empresa em estudo possui o Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H SIAC – Nível A e o Sistema ISO 9000 e tem interesse em implementar produtos e práticas sustentáveis na construção do condomínio habitacional popular de 176 casas, as quais estão nas faixas de concessão de subsídios do programa Minha Casa, Minha Vida. Essa reutilização contribuiria no desenvolvimento sustentável de uma construção, isso porque o que acontece com o material que se desperdiça na obra é em primeiro lugar o prejuízo financeiro seguido da perda de material e de mão de obra (BOURSCHEID, Jose; SOUZA, Rhonan, 2010). Segundo Nagalli (2014), as quantidades, tipos e características dos RCD’s dependem basicamente dos processos construtivos que deu origem a eles e o material que são constituídos. Dados de 2005 apontam que, no máximo 20% do resíduo produzido na cidade de Natal-RN, era reciclado e que 52% dos entrevistados, não conheciam o destino final dos RCD retirados pela empresa especializada (SILVA FILHO, 2005). Porém essa realidade está mudando, já que agora as construtoras são obrigadas a destinar seus resíduos de forma correta. Na Tabela 1 90 (SILVA FILHO, 2005) demonstra as proporções da composição média do RCD em NATALRN. Com isso averiguar se a produção desses resíduos, em especial o de origem cimentícia, seria suficiente ao ponto de o volume produzido ser proporcional ao reutilizado. Avaliou-se então, as implicações desses materiais na sustentabilidade da obra, produtividade e custo. Tabela 1: Composição média dos RCD em Natal-RN. COMPONENTES EM VOLUME EM MASSA CONCRETOS, ARGAMASSAS E PEDRAS NATURAIS 40,0% 63,3% PRODUTOS CERÂMICOS 30,0% 28,9% MADEIRAS E DERIVADOS 15,0% 3,4% VIDROS E POLÍMEROS 8,0% 1,6% METAIS 7,0% 2,8% TOTAL 100,0% 100,0% Fonte: Adaptado de SILVA FILHO (2005). 2. Materiais e Métodos Para o desenvolvimento da pesquisa, foi-se necessário o acompanhamento das atividades de campo na obra para o monitoramento, controle da seleção dos resíduos, determinação das quantidades, tipos e características dos resíduos desta construção. Levantamento de quantitativos como: Consumo de argamassa para o total revestimento externo de um bloco de 4 casas (Figura 1); Consumo de Agregado miúdo natural, na argamassa de revestimento externo, por bloco; Consumo possível de Agregado miúdo reciclado, na argamassa de revestimento externo, por bloco; Geração de resíduos por casa e/ou bloco (Figura 2). Para a avaliação da viabilidade do uso do RCC, foram levados em consideração os seguintes fatores: Diferença de consumo entre os agregados; Diferença de custo entre o agregado natural e o agregado reciclado. Foi feito o monitoramento da geração de resíduos por um determinado tempo. Ao final da construção de 10 casas, observou-se que foi produzido em média um volume de 5,5 m³ de resíduo cinza, equivalendo a uma média de 0,55 m³ por casa. 91 3. Resultados e Discussões Para um comparativo eficiente entre o material natural e reciclado, calculou-se o consumo de argamassa de revestimento externo, e o volume de agregado usado na argamassa utilizando um traço TMV 1:1:7 para um bloco (Tabela 2). Tabela 2: Quantitativo de material utilizado para um construir um bloco de casas (8 casas). COMPONÊNTE AGREGADO NATURAL AGREGADO RECICLADO UNIDADE ARGAMASSA 3,05 3,05 m³ CIMENTO 0,82 0,71 m³ CAL 0,76 0,66 m³ AGREGADO 4,18 3,62 m³ Fonte: dados da pesquisa. Os cálculos de consumo do agregado miúdo quantifica que a utilização do agregado reciclado é inferior em volume em relação ao agregado natural. Isso é consequência das diferentes massas unitária apresentadas pelos agregados, ocasionando também o menor consumo de cimento e cal. Vieira e Dal Molin (2004) realizaram uma ampla pesquisa analisando os agregados reciclados de resíduos de construção e demolição e comprovaram que esta alternativa é economicamente mais barato que os agregados convencionais, coforme expresso na Tabela 3, logo abaixo: Tabela 3 - Comparativo de custos entre agregados naturais e reciclados (Fonte: VIEIRA; DAL MOLIN, 2004). TIPO DE AGREGADO AREIA BRITA PREÇO MÉDIO PARA AGREGADO (RS/M³) NATURAL¹ 16 31 RECICLADO² 8,47 7,84 ECONOMIA DE CUSTO DO PRODUTO (%) 47,06 74,71 FONTE: ¹MÉDIA DE VENDAS PARA PORTO ALEGRE, EM 2004; ²PINTO(2001) CONSIDERANDO OS VALORES CORRIGIDOS PELOS INDICES DE INFLAÇÃO NO PERÍODO DE 2001 E 2003. Neste trabalho pesquisaram-se os comparativos de custos no Estado do Rio Grande do Norte, mais precisamente, com dados obtidos em Setembro de 2015. Usou-se como referência para o agregado natural a tabela do sistema nacional de pesquisa de custos e índices da construção civil (SINAPI) que tem gestão compartilhada entre CAIXA e IBGE. Para o custo do agregado usou-se como referência a empresa de soluções em materiais de construção, equipamentos e resíduos sólidos da construção civil – GRUPO DUARTE RN – a qual tem uma usina recicladora implantada na região metropolitana de Natal-RN. Ver Tabela 4, a seguir: Tabela 4 - Comparativo de custos entre agregados naturais e reciclados no Estado do Rio Grande do Norte (setembro de 2015). TIPO DE AGREGADO PREÇO MÉDIO PARA AGREGADO (RS/M³) AREIA MÉDIA NATURAL¹ 55,00 RECICLADO² 30,00 Fonte: ¹CAIXA- SINAPI (Preços de insumos, Natal-RN/09/2015). ² GRUPO DUARTE RN – (Natal-RN/09/2015). 92 Com base nos dados adquiridos, constatou-se uma economia de 25,00 reais/m³ com o uso do agregado reciclado em relação ao agregado natural, tornando seu uso mais atrativo economicamente. 4. Conclusões Com a maior competitividade entre empresas e a introdução do conceito de sustentabilidade na vida das pessoas, além da obrigatoriedade dentro do município de NatalRN de se dar uma destinação correta aos resíduos da construção, Fez-se necessário uma reestruturação na forma de pensar dos construtores, agora, é necessário pensar na quantidade de resíduo que se gera no período de construção. Com base nos resultados a cima infere-se que: a cada 10 casas construídas, o resíduo cinza gerado daria, depois de britado, para se reutilizar na argamassa de revestimento de um bloco por completo. A reutilização deste resíduo estaria a favor da sustentabilidade, pois caso o material apresente um desempenho satisfatório com relação a padrões de resistência e durabilidade, podendo ser reutilizado sem ressalvas, deixaria de ser descartado. Com relação à economia, este tipo de agregado apresenta custo menor em relação ao agregado natural, apresentando assim, benefícios. Benefícios estes, que alavancam cada vez mais o eco-desenvolvimento no Brasil e no mundo. 5. Agradecimentos Ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela concessão das bolsas de pesquisa e pelo suporte financeiro através do processo 469219/2014-9 e ao IFRN pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional. Referências BOURSCHEID, J. A; SOUZA, R. L. Resíduos de construção e demolição como material alternativo. Florianópolis: Publicações do IF-SC, 2010. BRASIL. Governo Federal. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio Ambiente - CONAMA. Resolução n° 307. Brasília. 2002. CAIXA - Caixa Econômica Federal. SINAPI. Índices da Construção Civil. Disponível em: <http://www.caixa.gov.br/Downloads/sinapi-a-partir-jul-2014rn/SINAPI_Preco_Ref_Insumos_RN_092015_NaoDesonerado.pdf>. Acesso em: 1º set. 2015. NEGALLI, André. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficinas de Textos, 2014. SILVA FILHO, A. F. Gestão dos resíduos sólidos das construções prediais na cidade do Natal-RN. Natal/RN. Dissertação de Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2005. VIEIRA, GL; DAL MOLIN, DCC. Viabilidade técnica da utilização de concretos com agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. Porto Alegre: Editora, 2004. 93 DESENVOLVIMENTO DE CONCRETOS ESPECIAIS PARA UTILIZAÇÃO EM COMPETIÇÃO ESTUDANTIL Lorena Gabrielle Rodrigues de França Oliveira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte João Victor Araujo Campos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Francisco Iran Cruz Campos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Valtencir Lúcio de Lima Gomes [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Recentemente, a engenharia vem cultivando conquistas cada vez mais extraordinárias por meio do emprego de vários recursos e o apuramento das técnicas tornando admissíveis as possibilidades de se trabalhar com formas e dimensões cada vez mais ousadas. Com a intenção de estimular esse processo, o Instituto Brasileiro do Concreto - IBRACON criou vários concursos inovadores como o CONCREBOL, que tem como desafio a moldagem de bolas de concreto leve, homogêneo e com os parâmetros de resistência otimizados. E para atender as características exigidas, é necessário estudar a respeito dos concretos que apresentem características diferenciadas, como os concretos de alta resistência, de alto desempenho, leve, estrutural, autoadensáveis, aparentes, brancos, entre outros. Portanto, o objetivo deste trabalho foi mostrar as vantagens de tornar viável a implantação nos IFRN’s do estudo e desenvolvimento de concretos com características especiais para atender as mais variadas necessidades, isso também, idealizando a participação dos alunos nas próximas edições da competição. Desta forma, este também tende, diretamente, promover a inovação na área da construção civil. 2. Material e Métodos Na busca de mostrar viabilidade da pesquisa, elaborou-se algumas bolas de forma experimental, que serão analisadas com o intuito de entender basicamente como se comporta os materiais, e como pode ser feita a elaboração do concreto e a cura. Os materiais e métodos utilizados para elaborar as bolas de concreto devem-se atender as indicações presentes no regulamento do 12º concurso – CONCREBOL, que pode ser adquirido no site: www.ibracon.com.br, e a caracterização dos materiais (Tabela 1) foi feita de acordo com as normas vigentes da ABNT. MATERIAL CIMENTO 1 CIMENTO 2* ÁGUA AGREGADO 1 AGREGADO 2 AGREGADO 3 Tabela 1: Características dos materiais. IDENTIFICAÇÃO/ MASSA DIMENSÃO TIPO ESPECÍFICA MÁXIMA CP V - ARI RS 2,995 g/cm³ ------CP Branco 2,96 g/cm³ ------Potável 1,00 g/cm³ ------Areia média 2,645 g/cm³ 2,4 mm Argila expandida 1,320 g/cm³ 2,36 mm Brita granítica 2,513 g/cm³ 6,3 mm MODULO DE FINURA 1,48% 1,4% ------2,50 2,90 6,94 94 ADIÇÕES 1 ADIÇÕES 2* ADITIVO 1 Microssílica 2,250 g/cm³ 0,15 mm Nanossílica 1,070 g/cm³ ------Superplastificante 1,087 g/cm³ ------*Material somente usado na elaboração do concreto para a bola 03. Fonte: dados da pesquisa. 0,8% ------------- As quantidades específicas dos materiais utilizados na fabricação dos concretos para as três bolas foram determinadas de forma experimental, fazendo o uso dos dados contidos na Tabela 1 para fins calculistas. O método de elaboração dos concretos foi realizado obedecendo à sequência abaixo: Adição dos agregados (brita, areia e argila expandida) e 30% do total de água; Adição do cimento, misturado com a microssílica, e 60% da água; Acréscimo de 10% da água; E no caso da bola 03, adição da nanossílica; Acréscimo do aditivo superplastificante; Após todo o material na betoneira, mistura-se por mais cinco minutos. A cura foi realizada em tanque com água potável da distribuidora local em temperatura local de 24 ºC. 3. Resultados e Discussões Analisando a elaboração das três bolas, em relação ao comportamento dos materiais, no aspecto do agregado leve, a argila expandida usada proporcionou ao concreto é a diminuição da massa, assim garantido o cumprimento das exigências do IBRACON. Com finalidade de melhorar as propriedades do concreto, utilizou-se microssílica. Segundo Thomaz (2008), quando se adiciona a microssílica na mistura do concreto, ela reage aumentando a resistência mecânica do concreto. Outros benefícios desta adição é o fato de ser mais fina que o cimento, assim preenchendo os vazios criados pela a água livre na mistura cimento e água, o que promove o aumento da impermeabilidade. Outro aspecto importante na confecção é quantidade de água. Esta é utilizada no sistema a partir da relação água/cimento, ou seja, quanto maior a quantidade de água no concreto, menor é a tensão limite de escoamento, aumentando sua deformabilidade e diminuindo a viscosidade da mistura. Fazendo a comparação entre os valores de resistências obtidos, verificou-se que as duas primeiras bolas, as quais foi utilizado o cimento Portland de alta resistência inicial (CPV - ARI), obtiveram resistências menores ao da última bola, na qual foi usado o cimento Portland branco (CP - B), que proporcionou uma resistência de 70,77 MPa, estimada de acordo com a NBR 6118: 2014 (Figura 1). Figura 1: Gráficos dos resultados de resistência à Compressão e abatimento. Fonte: dados da pesquisa. 95 E para garantir a grande fluidez do concreto, foi utilizado um aditivo superplastificante que possibilita alguns benefícios, como: redução de até 40% da água, o aumento da trabalhabilidade do concreto, e da resistência à compressão. Tabela 2: Propriedades dos concretos e as características das bolas. PROPRIEDADES DOS CONCRETOS E CARACTERÍSTICAS DAS BOLAS Determinação Método utilizado Unidade BOLA 01 BOLA 02 Abatimento NBR NM 67 mm 250 254 Resistência à NBR 5739 MPa 64,2 56,0 compressão Massa específica do NBR 8953 Kg/m³ 1675 1670 concreto Diâmetro da bola Experimental mm 222,2 223,0 Massa da bola Balança digital g 9893 9899 Fonte: dados da pesquisa. BOLA 03 247 70,77 1650 225,4 9889 Fazendo uma análise dos dados obtidos, na Tabela 2 e na Figura 1, averigua-se que os concretos estão de acordos com as especificações técnicas, podendo ser classificados como concreto estrutural leve e concreto de alto desempenho. E analisando dos resultados a respeito das bolas, os dados dos diâmetros e das massas das bolas estão adequados aos parâmetros exigidos pelo regulamento do CONCREBOL. 4. Conclusões Por meio dos ensaios realizados e dos resultados obtidos adquiriu-se boas expectativas do desempenho das bolas no CONCREBOL. Apesar disso, ainda se faz necessário estimular à elaboração de mais bolas experimentais, mudando alguns aspectos como: a quantidade de material; implantação de novos outros materiais; adaptar outro método de moldagem e entre outros. Sempre objetivando melhoramento, e assim, constatar qualificação das bolas para atender todas as 4 (quatro) etapas do concurso com grande sucesso, sem divergir o regulamento. Com isso, obtém a certeza que a implantação desse estudo nos IFRN’s trará bons frutos como: o crescimento do conhecimento teórico e prático dos alunos e orientadores; a criação de novos materiais; a laboração de técnicas construtivas; etc., ou seja, a inovação na área de construção civil. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5739 - Concreto Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR 8953 - Concreto para fins estruturais – classificação pela massa especifica, por grupos de resistência e consistência. Rio de Janeiro, 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR NM 35 Agregados leves para concreto estrutural – Especificações. Rio de Janeiro, 1995. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR NM 67 Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11578 - 96 Especificações - Cimento Portland composto, 1991 Versão Corrigida: 1997; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11579 - Cimento Portland - Determinação do índice de finura por meio da peneira 75 μm (nº 200), 2012 Versão Corrigida: 2013; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11768 - Requisitos - aditivos químicos para concreto de cimento Portland, 2011. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12989 Especificação - Cimento Portland branco, 1993. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13956 - Sílica ativa para uso com cimento Portland em concreto, argamassa e pasta, 2012; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 52 - Agregado miúdo - Determinação da massa específica e massa específica aparente, 2009; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 53 - Agregado graúdo - Determinação da massa específica, massa específica aparente e absorção de água, 2009; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5733 - Cimento Portland de alta resistência inicial, 1991. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 Procedimento - Projeto de estruturas de concreto, 2014; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7211 Especificações - Agregados para concreto, 2009; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR NM 23 - Cimento Portland - Determinação da massa especifica do cimento portland e outros materiais em pó, 2001; ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR NM 248 Agregados - Determinação da composição granulométrica, 2003; THOMAZ, E. Microsílica. Concretos com microsílica. Rio de Janeiro. p. 01. Disponível em: <http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/cimentos_concretos/microsilica.pdf>. Acesso em: 24 de setembro de 2015. 97 EPS: SUSTETABILIDADE NA CONSTRUÇÃO (TRAÇO DE CONCRETO LEVE COM EPS RECICLADO) Aline Karolinne de Oliveira Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ariel do Nascimento Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte Carlos Ranieri Costa Batista [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte Guilherme Matheus de Souza Felipe [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte Rêllyson Romário Barreto da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução A construção civil tem bastante significação, não só para o desenvolvimento do país, mas, para uma melhor qualidade de vida proporcionada aos cidadãos, trazendo benefícios como: aumento dos ganhos, geração de empregos, valorização dos profissionais, expansão do mercado, mas, problemas vêm sendo apresentado com frequência nessa área, que é a grande quantidade de material desperdiçado em suas obras, esses podem ser reciclados e reutilizados no próprio setor construtivo. Nosso objetivo é estudar uma maneira que venha englobar esse excesso de petrechos, atribuindo-lhe uma colocação, com o intuito de beneficiar o meio ambiente e as edificações, criando assim, um traço de concreto leve cujo sua composição passa a possuir um desses materiais descartados, em nosso caso, focaremos no poliestireno expandido (EPS). O poliestireno entra no concreto substituindo a brita, que tem como função de imobilização, aumentando o volume da argamassa e diminuindo seu custo. 2. Material e Métodos O concreto é constituído por brita, cimento, areia e agua. No concreto leve, o material a ser usado, é mesmo, sendo retirada apenas a brita que passa a ser substituída pelo poliestireno. Nosso método principal é estudar o traço de concreto leve, com a melhor dosagem de EPS (isopor) a ser aplicado. Caracterizando-o, segundo a norma que rege a engenharia civil, (granulometria, massa especifica e massa unitária...). O estudo partiu da necessidade de destinação correta desse lixo promovida e descartado em grande quantidade por todas as edificações, com intuito de beneficiar o meio ambiente, exercitando a sustentabilidade. Para executarmos nossa pesquisa partimos com base bibliográfica, publicações envolvendo a problemática. 3. Resultados e discussões Nas construções de edifícios, é bastante utilizado mecanismos para produzir projetos meditados. Percebemos que há grande desperdício de uma parcela desses utensílios, isso porque, quando esses apresentam certas imperfeições ou realmente não estão selecionados a 98 constituir uma estrutura, são descartados pelas edificações, deixando o risco de comprometimento na armação. O isopor se encontra nessa lista, contribuindo para um maior índice de descartados. É um material que abatesse uma rede de reciclagem, mas, não se encontra em outra destinação constante, ficando sem utilidade após seu primeiro uso. Quanto às propriedades do poliestireno expandido: Possui alta resistência à compressão. Após certa deformação, retomam facilmente a origem. Apresentam baixa condutibilidade térmica, não permitindo que o calor externo se propague para o ambiente interno, nem que o interno seja transferido para o externo, mantendo uma estabilidade térmica e o conforto à construção. É um material que não tem propriedade capilar, proporcionando baixa absorção de água e umidade. Adere a outros plásticos. Eficiente como isolante acústica e tem forte durabilidade, ou seja, é um material que resiste fortemente ao tempo. O concreto com EPS pode ser aplicado em diversos tipos de construções, como: préfabricados, elementos de vedação internos (paredes), isolante acústico, isolante térmico, isolante térmico e acústico de lajes, resistência à propagação do fogo, muros exteriores sem carga, casas pré-fabricadas, tijolos ou blocos, revestimento de fachadas e elementos vazados. Por se tratar um material leve, sua aplicação deve ausentar-se de estruturas que exigem grandes esforços. Este material ganhou uma posição estável na construção civil por ser um material de qualidade e de fácil manuseamento também, pelo baixo custo. Quando o EPS é direcionado aos depósitos de lixo e apresentam-se como problema, pois ocupam grande espaço, lotando facilmente essas reservas. Nesse local, não podem ser queimados por liberarem muito o gás carbônico, um forte poluidor do ar. Por se tratar de um material durável, quando colocado em lixões, passam muito tempo para se decompor, e atrapalham ainda, a compactação dos detritos ali colocados. No ciclo da reciclagem, também são fortes os problemas, precisando de grandes áreas para seu estoque. Tabela 1: Composição de mistura para 1m³ de concreto Fonte: dados da pesquisa. Figura 1 - Mistura do agregado EPS com o cimento. Fonte: registros da pesquisa. 99 Figura 2 – Blocos de concreto leve (EPS). Fonte: registros da pesquisa. Para dar uma finalidade a essa questão, o isopor passaria a compor com uma maior vigência, o concreto, sendo esse de qualidade leve. Como todo concreto convencional tem por composição: agregado, aglomerante e água. Esse material entraria com a função de um agregado (nesse caso artificial, pois é fabricado por meio de processos industriais), promovendo uma completa fixação da argamassa, consequentemente, reduzindo os impactos ambientais. 4. Conclusão Em suma, o EPS apresenta-se como uma significativa opção para a constituição do concreto leve. Com uma maior frequência da utilização desses materiais, estaríamos estabelecendo um equilíbrio entre os descartes das construções, e o uso constante dos recursos naturais, a partir dessa validez, reduzindo eficazmente os estragos ambientais. 5. Agradecimentos Perante o fim do semestre, com grandes dificuldades, conseguimos concluir nosso estudo em virtude da orientação de nossa querida professora Evilane Cássia Farias, na qual nos proporcionou um melhor encaminhamento para o desenvolvimento da pesquisa. Agradecemos também, a motivadora maior do estudo, conjuntamente Ulisandra Ribeiro. Referências ROSSIGNOLO, João Adriano. Concreto Leve Estrutural: Produção, Propriedade, Microestrutura e Aplicações. São Paulo: Pini, 2009. 144 p. LARISSA. Como é fabricado o Isopor. Disponível em: <http://perguntasprovisorio.blogspot.com.br/2011/04/como-e-fabricado-o-isopor.html>. Acesso em: 01/10/2015 COMISSÃO SETORIAL DO EPS NO BRASIL. Reciclagem do EPS. Disponível em: <http://www.epsbrasil.eco.br/sustentabilidade.html>. Acesso em: 01/10/2015 REDAÇÃO AMBIENTE BRASIL. Isopor: características. Disponível em: <http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/isopor/isopor_-_caracteristicas.html>. Acesso em: 01/10/2015 ISORECORT. Construção com EPS. Tire suas dúvidas sobre concreto leve com EPS. Disponível em: <http://www.construcaocomisopor.com.br/tire-suas-duvidas-sobre-concretoleve-com-eps/>. Acesso em: 01/10/2015. 100 ESTUDO COMPARATIVO DA DURABILIDADE DE CONCRETOS CONVENCIONAIS E AUTOADENSÁVEIS PELO MÉTODO DE OTSUKI Aline Santana Franco de Siqueira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Thiago Fernandes de Araújo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Evilane Cássia de Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Marcos Alyssandro Soares dos Anjos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Gabriela Barbosa Brunno [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução É de conhecimento da comunidade técnica que postes de transmissão de energia de concreto armado convencional, quando submetidos a condições de agressividades como zonas urbanas de alto tráfego de automóveis e zonas muito próximas ao mar, apresentam com frequência manifestações patológicas como corrosão das armaduras, resultante do processo de carbonatação do concreto aliadas a penetração de íons cloretos. Diante dessa problemática, o presente trabalho tem como objetivo avaliar a durabilidade de concretos dosados para utilização em postes fabricados por indústria de pré-moldados da cidade de Natal-RN/Brasil pelo método ensaio de molhagem e secagem em solução salina. Foram analisados quatro traços de concretos, com resistência mínima de 25 MPa. Dois traços foram confeccionados com concretos convencionais (CCV), com consumos de cimentos de 400 kg/m3 e 365 kg/m3 e dois outros traços com concreto autoadensável (CAA), com consumos de cimento de 340kg/m³ e 320kg/m3. Para os traços de CAA foram utilizadas adições de filler calcário e metacaulim. Os resultados demonstram um melhor comportamento do CAA em relação ao CCV quanto a durabilidade. Tais resultados serão utilizados para subsidiar a decisão quanto a possíveis investimentos da indústria de pré-moldados para utilizar CAA em sua linha de produção. 2. Material e Métodos Os concretos são constituídos por cimento Portland CPV-ARI-RS (Cim), metacaulim (Mtk), fíler calcário, agregado miúdo e graúdo com as respectivas dimensões máximas de 4,75 mm e 19 mm (no concreto convencional) e 4,75 mm e 12,5 mm (no autoadensável), água e dois aditivos: um polifuncional (P) a base de sais sulfonados e um superplastificante (SP) a base de policaborxilato. Foram produzidas quatro misturas de concretos, sendo duas delas de concretos autoadensáveis (CAA) e duas de concreto convencional (CCV). As misturas de CCV apresentam um consumo de cimento de 365 kg/m³ e 400 kg/m³, enquanto as misturas de CAA possuem um consumo de cimento de 320 kg/m³ e 340 kg/m³, completando-se com fíler calcário e metacaulim regional para atingir um teor de finos de, aproximadamente, 450 kg/m³ e 440 101 kg/m³ respectivamente como mostra a tabela 1, proporcionando uma redução do cimento da ordem de 20%. A escolha dos traços de concreto convencional foi baseada em traços já utilizados pela indústria de pré-moldados. Enquanto a definição dos traços de CAA partiu de estudos baseados na redução de consumo de cimento de concretos autoadensáveis de Anjos et al (2014) e EFNARC (2002). Materiais Cimento Metacaulim Filler Agregado Miúdo Agregado graúdo Água/cimento (a/c) Aditivo: Pf Aditivo: SP Fonte: dados da pesquisa. Tabela 1: Composições do concreto. Composições dos concretos CCV400 CCV365 CAA340 400 365 340 19 78 770 801 825 950 994 761 0,5 0,52 0,7 1,4 1,3 2 3,9 CAA320 320 32 99 846 781 0,67 1,9 5 Os concretos foram produzidos em betoneiras com capacidade de 150 litros de eixo inclinado. Para a mistura foi utilizado um processo proposto por Celik et al (2014) que consiste em 5 etapas, iniciando-se pela colocação do agregado graúdo com um terço da água de amassamento misturando-se por 30 segundos, em seguida coloca-se o cimento e o filer calcário e mais um terço da água de amassamento misturando-se por mais um minuto. Na terceira etapa colocou-se agregado miúdo e o restante da água, misturando-se por mais um minuto. Em sequência acrescenta-se os aditivos e mistura-se por mais um minuto e por fim a acrescentasse o metacaulim, misturando-se por dois minutos, totalizando um tempo de mistura de cinco minutos e meio. 2.1 Ensaio molhagem e secagem em solução salina Este ensaio possibilita a verificação da profundidade de penetração de íons de cloreto no concreto após uma permanência de 28 dias de exposição no ciclo proposto por Otsuki (1992). O ensaio foi iniciado após os CP’s atingirem a idade de 7 dias. O preparo do corpo de prova é feito protegendo-se os topos com uma camada de material impermeabilizante, no caso, parafina. Foram realizados 14 ciclos, sendo cada ciclo composto de uma submersão em solução padrão de 3,5% NaCl por 24h e a seguir, secagem em estufa a 45ºC por mais 24h, totalizando um ciclo composto por 48h de duração. Ao final dos 14 ciclos os corpos de prova foram submetidos a ruptura de tração por compressão diametral com o propósito de seccionar o corpo de prova ao meio e depois foi aspergido uma solução de nitrato de prata (0,1M AgNO3), possibilitando a observação da frente de penetração dos íons cloretos, utilizando somente área livres da obstrução por agregados graúdos (LNEC E-463, 2004). Para realização desse ensaio foram utilizados dois CP’S para cada composição. 3. Resultados e Discussões A Figura 1 mostra o CP’S após 14 ciclos já com aspersão de nitrato de prata, enquanto a Tabela 2 apresenta as profundidades de penetração dos íons cloreto, para mesma idade, juntamente com o desvio padrão. O maior consumo de materiais finos nos concretos autoadensaveis garantiram a redução do poder de de penetração dos íons cloretos, indicando 102 que os CAA’s fornecem uma melhor proteção para a armadura do que os concretos convencionais (Nicolas et al, 2014; Ribeiro et al, 2014). Tabela 2 - Frente de penetração dos íons cloretos nos ciclos de imersão em solução de 3,5% NaCl. Frente de penetração (mm) Dosagem Média Desvio padrão CCV400 11,85 0,56 CCV365 13,38 1,05 CAA340 8,35 0,25 CAA320 6,6 0,95 Fonte: dados da pesquisa Figura 1: Corpos de prova submetidos ao indicativo de nitrato de prata. Fonte: registros da pesquisa. Quando comparados entre si os CCV’s apresentaram valores semelhantes da profundidade da frente de penetração de íons cloretos, mesmo com a presença de agregado graúdo na zona de aferição (Otsuki et al, 1992; Nicolas et al, 2014). 4. Conclusões Através deste estudo experimental pode-se concluir: O uso dos CAA’s testados oferece uma grande vantagem em relação aos CCV’s utilizados atualmente nas indústrias de pré-moldados em Natal-RN/Brasil quanto à proteção da armadura a ataques de cloretos, comuns nesta região. O teor de metacaulim mais alto em CAA320 em relação ao CAA340 proporcionou resultados benéficos para durabilidade, resistência a compressão e absorção de água. 5. Agradecimentos Ao CNPQ pela concessão das bolsas de pesquisa dos autores deste artigo e ao IFRN pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional. Referências ANJOS, M.A.S. et al. Betão auto-compactável eco-eficiente de reduzido teor em cimento com incorporação de elevado volume de cinzas volantes e metacaulino. 1º Congresso LusoBrasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis. Guimarães - Portugal, 2014. 103 Celik, k. et al. High-volume natural volcanic pozzolan and limestone powder as partial replacements for portland cement in self-compacting and sustainable concrete. Cement & concrete composites. n. 45, 2014, p. 136-147. EFNARC. The European Guide lines for Self-Compacting Concrete Specification, Production and Use. BIBM, CEMBUREAU, EFCA, EFNARC, ERMCO, maio 2005. LNEC E-463: Betão: determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por migração em regime não estacionário, documentação normativa, especificação. LNEC, 2004. Nicolas, R. S. et al. Performance-based approach to durability of concrete containing flashcalcined metakaolin as cement replacement. Construction and Building Materials. n. 55, 2014, p.313–322. Otsuki, N. K. et al. ACI Materials Journal, Technical paper. 1992, p. 587 – 592 Ribeiro, D. V. et al. Corrosão em Estruturas de Concreto Armado: teoria, controle e métodos de análise. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 272 p. 104 ESTUDO DO TEOR DE ÁLCOOL NA GASOLINA NA REGIÃO DO TRAIRI Paulo Roberto Cunha dos Santos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Antônio Carlos Souza Junior [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte José Robson Fideles da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Eduarda de Souza Lins [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução A relação entre o homem e a natureza vem ao longo do tempo sendo dominada pela ação do homem e a sua falta de preocupação com o ambiente em que vive. A utilização aos recursos naturais como se fosse infinita a quantidade de suas reservas tem sido uma constante em alguns setores da sociedade. Tentando inverter essa situação, atualmente começa a surgir uma nova mentalidade, em que o homem deve procurar viver em harmonia com a natureza. Os recursos naturais de combustíveis fosseis e sua exploração tem causado uma preocupação tanto para sua escassez no futuro como os impactos que causa na natureza no presente. A utilização de combustíveis limpo ainda não é utilizado em larga escala, como o biocombustível que é considerado um combustível limpo porque as emissões resultantes do seu uso nos centros urbanos são geralmente menores e menos agressivas em comparação com as geradas pela gasolina, diesel e mistura carburante com a adição do álcool anidro à gasolina. O petróleo é uma reserva mineral que tem sido utilizada como matéria de fonte de energia essencial para garantir o desenvolvimento industrial verificado a partir do século XX. Através da sua destilação fracionada, pode-se obter vários produtos derivados de grande importância econômica, tais como o gás natural, o querosene, o diesel, os óleos lubrificantes, a parafina e o asfalto. Mas a fração do petróleo que apresenta maior valor comercial é a gasolina, tipicamente uma mistura de hidrocarbonetos saturados que contém de 5 a 8 átomos de carbono por molécula. Por questões econômicas cada vez mais o homem fica dependente do uso dos combustíveis fosseis como a gasolina, diesel e etc. A crise mundial tem trazido uma instabilidade no preço do petróleo, com sucessivos aumentos do preço de seus derivados, a gasolina. A qualidade da gasolina comercializada no Brasil tem sido constante objeto de preocupação. A iniciativa do lobby dos usineiros faz com que o governo autoriza adulteração da gasolina pura com adição de etanol. Assim a sociedade tem se preocupado com a determinação da sua composição, pois é importante, devido a algumas formas de adulteração com solventes orgânicos que prejudicam os motores dos automóveis. Nos últimos anos a adulteração da gasolina tem preocupado muito a sociedade e algumas instituições como o Ministério Público, a Agência Nacional de Petróleo – ANP. Adulteração da gasolina dependendo da época, pode conter outros compostos oxigenados além do etanol anidro, geralmente isso acontece em épocas de crise no abastecimento de álcool, quando a produção da indústria alcooleira não é suficiente para atender à demanda de etanol anidro. O percentual atualmente de álcool para a gasolina, autorizado pela ANP é 27%. O excesso de álcool em relação aos limites estabelecidos pela ANP compromete a qualidade do produto que está chegando aos consumidores. Assim, avaliar a composição da 105 gasolina, verificando se o teor de álcool está adequado, é uma atitude muito importante para ser trabalhada no ensino médio como experimento no desenvolvimento de conceitos associados a teorias trabalhadas em sala de aula. Alguns temas que podem ser associados com as propriedades físicas, como a solubilidade e densidade, e a sua utilização no processo de identificação e quantificação de substâncias, as misturas e separação de misturas, além de discutir temas científicos e econômicos. A pesquisa tem como objetivo utilizar uma atividade prática simples que serve para quantificar o teor de etanol em amostras de gasolina de postos da região do Potengi. O tema foi sugerido pelo coordenador do projeto e discutido com os alunos de um grupo de pesquisa. O teste do teor de etanol na gasolina forneceu resultados que podem servir de também como parâmetros para o consumidor. Objeto dessa pesquisa faz parte do trabalho de extensão em fluxo continuo do IFRN_ campus Santa Cruz. A pesquisa está sendo realizada com alunos do Ensino Médio integrado dos cursos de meio ambiente e edificação. A identidade dos postos e o nome das distribuidoras foram preservados. 2. Material e Métodos O experimento está sendo executado utilizando amostras de gasolina comum coletadas pelos pesquisadores em postos da região do Potengi. As análises foram efetuadas por discente do curso de meio ambiente e edificação do IFRN-São Paulo do Potengi. 2.1 Materiais e reagente 2.2 Procedimento experimental 1- Com uma proveta de vidro de 50 mL e previamente limpa, coloca-se 50 mL de gasolina, 2- Coloca-se 25 mL de água destilada na proveta com gasolina (observação importante é que deve colocar a gasolina na proveta e em seguida adicionar a água até completar o volume de 100 mL) 3- Misturaram-se as camadas por meio de agitação mecânica levemente cerca de dez vezes. 4- Deixar a mistura em repouso por aproximadamente 05 minutos. 5- Observar o aumento do volume da fase aquosa. 6- Calcular o percentual de etanol a partir da fase aquosa 7- Os resultados obtidos estão organizados no gráfico 1. Gráfico 1: dados obtidos nos três primeiros meses de pesquisa com amostras de gasolinas 106 Fonte: dados da pesquisa. 3. Resultados e Discussões As analises mostram que os estabelecimentos utilizam gasolinas com o teor de álcool muito próximo ao valor permitido pela ANP de 27%. Comparando os quatros estabelecimentos, verifica se que o estabelecimento A apresentou no mês de agosto e setembro um teor menor do que os demais, porém no último mês os estabelecimentos A e C tiveram suas analises fora do padrão estabelecidos. A partir da análise, podemos observar que as amostras de gasolina de modo em geral não estão adulteradas, pois estão dentro da concentração de álcool na gasolina brasileira, segundo o CNP (Conselho Nacional do Petróleo). Assim, podemos dizer que a gasolina utilizada para análise está em condições de uso. 4. Conclusões O trabalho tem atingido seus objetivos principalmente na questão do despertar para iniciação cientifica dos alunos, a assiduidade e a participação tem sido muito importante, pois todos do grupo tem feito questionamentos pertinentes e o fato do experimento ter o lado pericial não deixa de despertar a curiosidade pericial. A proposta do projeto está conseguindo ir além do estudo teórico químico, mas está mostrando que ao colocar os discentes em atividades práticas, possibilita ao mesmo a chance de trabalhar as questões sobre temas atuais e de grande relevância social. Práticas como essas, corroboram para um despertar dos alunos do papel da química em nossa sociedade, seus benefícios e suas implicações ambientais e a abordagem de valores éticos quando discutido a adulteração dos combustíveis. Referências A. L. Mc CLELLAN. Guia do Professor para Química: uma ciência experimental. Fundação Calouste Gulbenkian. 1984. Disponível em: 107 <http://olx.pt/anuncio/guia-do-professor-para-qumica-uma-cincia-experimentalIDu6Xwd.html>. Acessado em: 19 de agosto 2015. BRASIL. Agência Nacional do Petróleo. ANP participa de operação contra desvio de combustíveis no amazonas. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/>. Acessado em: 20 de agosto 2015. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR – 5992 Determinação da Massa Específica e do Teor Alcoólico do Álcool Etílico e suas Misturas com Água. Rio de Janeiro. ABNT, Jul., 1966. Melissa Dazzani et al. Química Nova na Escola. 2003. N° 17, maio 2003. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc17/a11.pdf>. Acessado em: 21 Agosto, 2015. 108 FORMULAÇÃO E MODULAÇÃO DE PLACAS DE VEDAÇÃO SUSTENTÁVEL, UTILIZANDO RESÍDUO DE CELULOSE, PROVENIENTE DA CADEIA PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO CIVIL COM BAIXO TEOR DE CIMENTO. Ana Raquel Brito de Macêdo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Juliene do Nascimento Menezes [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução A aceleração econômica brasileira dos últimos anos assegurou um crescimento de diversas atividades produtivas, dentre as quais podemos destacar a construção civil. Contudo, apesar da sua relevância econômica e social (pois também é um setor intensivo em mão-deobra) para economia brasileira, a construção civil é uma das atividades de maior consumo de recursos naturais, consequentemente, é uma das maiores geradoras de resíduos e estes com diferentes graus de impacto ambiental. Nessa perspectiva, é fundamental lembrar que esse setor pode ser extremamente nocivo para o meio ambiente quando não acordada a importância das ações de sustentabilidade. Como exemplo, pode-se citar a quantidade média de sacos de cimento utilizados somente durante a confecção da estrutura de um prédio residencial de 29 lajes, cerca de 112.000 (cento e doze mil) sacos de cimento necessários para confecção de aproximadamente 14.000 m³ (catorze mil) de concreto. Este número de sacos de cimento corresponde, em massa, a 25,8 toneladas de resíduo por empreendimento, (230 gramas/saco de cimento vazio). Frente a este problema socioambiental, será realizado o estudo e o desenvolvimento de formulações de massa a base de celulose (sacos de cimento), cal e/ou cal virgem, silicato de sódio e cimento para a confecção de placas de vedação a serem utilizada na cadeia da construção civil visando diminuição do custo final das construções. Diante deste contexto, este projeto torna-se uma oportunidade de apresentar uma alternativa técnica e comercialmente viável para um resíduo proveniente do processo construtivo, criando um produto de acordo com as normas vigentes e com retorno financeiro. A criação deste produto promoverá contribuições para o desenvolvimento sustentável em consonância com a solução do problema social da habitação. As placas de vedação à base de celulose (sacos de cimento descartados, papel Kraft) vem contribuir de forma economicamente vantajosa, a redução de custos energéticos na sua produção (dispensa do processo de queima), além de evitar a deposição dos sacos de cimento dos aterros sanitários. 2. Material e Métodos Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram utilizadas as seguintes matérias primas: Sacos de cimento descartados; cal e/ou cal virgem; silicato de sódio; Cimento Portland CP V ARI; Bactericida e Fungicida. Os sacos de cimentos vazios foram cortados em tiras e submetidos a saturação em uma solução de água e cal por 48 horas. Após a saturação total da matéria prima, a mesma foi triturada em um triturador tipo faca, por via úmida, para obtenção da pasta de celulose, em seguida, a pasta obtida foi prensada para a retirado do excesso de água, o que tem por objetivo o controle da umidade durante a confecção dos traços para a confecção das placas. Foram desenvolvidas formulações a base de cal, silicato de sódio, cimento, pasta de celulose, fungicida e bactericida (Tabela 1), onde para cada formulação foram confeccionados 10 corpos de provas 109 por prensagem mecânica, 15 MPa. Em seguida, os corpos de provas foram submetidos à cura seca por 28 dias. Após o tempo de cura, os corpos de prova foram submetidos aos ensaios físicos e mecânicos previstos pelas normas vigentes afim de atestar a funcionalidade do produto final. Matérias Primas Celulose (Kg) Cimento (Kg) Cal (Kg) Silicato de Sódio (ml) Fungicida (%) Bactericida (%) Tabela 1: Formulações de base para traços. Formulação 1 Formulação 2 Formulação 3 10,68 10,68 10,68 4 3 3 1 0,5 100 200 100 0,14 0,14 0,14 0,14 0,14 0,14 Formulação 4 10,68 2 0,2 100 0,14 0,14 Fonte: dados da pesquisa. 3. Resultados e Discussões Após a elaboração do traço e conformação dos corpos de prova (CP) os mesmos foram sujeitos a 28 dias de cura, em seguida os CPs foram submetidos ao Ensaio de Compressão Axial, de acordo com a norma NBR. 5739/ 07 – Ensaio de compressão de corpos, conforme apresentado na Figura 1, a seguir. Figura 1: Gráfico de resistência à compressão aos 28 dias de cura. Fonte: dados da pesquisa. 4. Conclusões De acordo com os resultados obtidos no ensaio de resistência a compressão, observase que o traço T10 com bactericida, fungicida e silicato de sódio, apresentou o a maior resistência média, 23,13 Mpa, e o traço T5 sem silicato de sódio, porém com bactericida e fungicida, apresentou a menor resistência média, 8,43 Mpa. Esse comportamento pode estar diretamente ligado a influência do comportamento do silicato de sódio na cinética de reação de hidratação do cimento Portland, sendo este agente defloculante, permite uma melhor interação água/cimento promovendo maior e hidratação do cimento e consequentemente uma maior resistência a compressão da argamassa a base de celulose, vale destacar que o traço T5, tem em sua composição 5% de cimento Portland enquanto o traço T10 possui 10%, fator este que também contribuiu para o acréscimo de resistência dos corpos de prova deste traço. Embora a ausência de silicato de sódio tenha promovido uma diminuição na resistência a compressão dos corpos de provo confeccionados com a argamassa T5, pode ser observado que esta resistência está dentro dos parâmetros exigidos pelas normas para elementos de vedação, desta forma, todos os traços confeccionados possuem potencial para ser utilizados na confecção de elementos de vedação, ou seja, sem finalidade estrutural. Os próximos passos dessa pesquisa 110 será a verificação da resistência a flexão em placas, conforto térmico e acústico, tendo como foco sua utilização em substituição aos forros de gesso e as placas de gesso acartonado utilizados no sistema construtivo conhecido como dry wall. 5. Agradecimentos Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte pelo apoio total durante o processo de desenvolvimento. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 11578 – Cimento Portland. Rio de Janeiro, 1991. BARATA, M. S.; MOLIN, D. C. C. D. Avaliação preliminar do resíduo caulinítico das indústrias de beneficiamento de caulim como matéria-prima na produção de uma metacaulinita altamente reativa. Ambiente Construído, v. 2, n. 1, p. 69-78. 2002. LACERDA, C. S.; HELENE, P. R. L. Estudo da influência da substituição de cimento portland por metacaulim em concretos. Boletim Técnico da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. São Paulo: EPUSP,2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 11768 – Aditivos químicos para concreto de cimento Portland – Requisitos, Rio de Janeiro, 2011. _________. NBR 5738 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova, Rio de Janeiro, 2003. _________. NBR 5739 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova, Rio de Janeiro, 2002. _________. NBR 12653 – Materiais pozolânicos, Rio de Janeiro,1992. _________. NBR 7215 – Cimento Portland- Determinação da resistência à compressão, Rio de Janeiro 1997. MARILIA P. O.; NORMANDO P. B. Potentialities of a calcined kaolin as material of partial replacement of portland cement in mortars. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e Ambiental. v.10, n.2, p.490–496, 2006 MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo: PINI, 1994. VARELA, M. L. N. M, Aproveitamento de resíduo de beneficiamento do caulim na produção de porcelanato cerâmico. – Natal, 2007. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Doutorado. (TESE). 111 GESTÃO DE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS: UM ESTUDO DE CASO SOBRE O DESCARTE DE TONERES DE IMPRESSORAS EM UMA EMPRESA PRIVADA ALFA DO RIO GRANDE DO NORTE Ahiram Brunni Cartaxo de Castro [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ulisandra Ribeiro de Lima [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Suênia Daiara Teixeira dos Santos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Caroline Marina Cavalcanti Bezerra [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Os Equipamentos Eletro-Eletrônicos (EEE), entre eles desktops, notebooks, impressoras, cartuchos e toneres, aparelhos celulares, possibilitam o acesso fácil e rápido a informação, comunicação e ao conhecimento, independente de posição geográfica e de forma ilimitada. Por isso, passaram a ser corriqueiros no nosso dia-a-dia. Porém, com o uso, os EEE se desgastam, inviabilizando muitas vezes o seu uso, gerando-se seu descarte. Conforme Moura et al. (2012), o lixo eletrônico cresce cerca de 5 mais do que o lixo urbano e isso é preocupante no Brasil onde grande parte desse volume não tem destinação adequada. Nesse sentido, conforme Cirotto (2013), os Resíduos de Equipamentos Eletroeletrônicos (REEEs) podem ser um potencial desastre ambiental se forem descartados incorretamente na natureza. Entre os EEE mais comuns tem-se os cartuchos de toneres de impressoras que, conforme Moura et al. (2012), são um dos REEEs mais contaminantes devido aos componentes da própria carcaça do equipamento, composta de plástico, bem como devido ao pó de fumo que contém metais pesados, responsáveis pela contaminação do solo e da água. Para a saúde humana, o risco se encontra principalmente através do manuseio dos toneres de impressora, por exemplo, no momento quando é feita a recarga que, através da pele, da inalação ou da ingestão, podem causar doenças como alergias, bronquite, asma e até o câncer. (HUANG; SARTORI, 2012; CIROTTO, 2013). Entretanto, conforme Cirotto (2013), empresas de tecnologia de ponta vem adotando atitudes para vencer essa preocupação – do descarte incorreto, sendo: programas de gerenciamento de resíduos sólidos através da remanufatura (o toner passa por um processo que inclui teste de seus circuitos eletrônicos, troca de peças, recarga e controle de qualidade de impressão), recarga (consiste em encher novamente o toner sem nenhum controle de qualidade de seus componentes), reciclagem (processo que visa transformar materiais usados em novos produtos com vista a sua reutilização). Por este processo, materiais que seriam destinados ao lixo permanente podem ser reaproveitados, logística reversa (coleta e a restituição dos resíduos sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento ou destinação final adequada, de forma planejada e com controle e eficiência para recapturar valor ao produto, diminuindo-se os custos das empresas, além de conquistar o status positivo que atrai consumidores que valorizam empresas ecologicamente corretas), coleta seletiva de EEE, descarte em pontos de coleta públicos, E-commerce de resíduos de EEEs etc., impulsionadas principalmente pelas exigências 112 da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (instituída pela Lei 12.305/2010); política que tem seu foco principalmente na logística reversa e traz orientações sobre a proteção da saúde pública e qualidade ambiental, sobre o estímulo para adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços, a redução do volume e periculosidade dos resíduos, e o incentivos à reciclagem e a gestão integrada de resíduos sólidos. (SILVA, 2010; BRASIL, 2010). Elevando-se a importância do conhecimento que as organizações devem ter sobre os aspectos legais de suas atividades. (CIROTTO, 2013). Além disso, conforme a ABDI (2013), um dos caminhos também pode estar no desenvolvimento de projetos em cooperação com associações, ONGs e outras empresas, principalmente as desenvolvedoras de novas tecnologias, que desmontam os componentes dos EEEs e suas peças são encaminhadas para recicladores ou utilizadas para reposição em outras máquinas. Portanto, para se evitar os riscos de contaminação, tanto para a natureza como para os seres humanos, conforme caracterizado anteriormente, faz-se necessário conhecer como ocorre a destinação dos REEEs, com foco no descarte dos toneres de impressora. Assim, questiona-se: como ocorre o descarte dos toneres de impressora em organizações do Rio Grande do Norte (RN)? Qual o papel social assumido pelas organizações nesse processo? A pesquisa se justifica pela possibilidade entender quais os caminhos percorridos na gestão de resíduos de EEE, com foco no descarte dos toneres de impressoras em organizações do RN, considerando-se que se trata de um produto com potencial contaminante. Além disso, o interesse pelo tema surgiu em decorrência de uma pesquisa realizada em portais acadêmicos na internet, em que foram encontradas poucas pesquisas, e entre as encontradas, relacionam-se de forma indireta ao tema, como por exemplo, sobre “remanufatura de toneres”, “logística reversa na gestão de REEEs”, “descarte de resíduos sólidos” e “reciclagem de EEE”. A organização Alfa pesquisada, foi uma microempresa de sociedade comercial Ltda. fundada em 2004. Trata-se de uma empresa privada que presta serviço especializado na recarga de cartuchos jato de tinta e toneres para impressora a laser. Também atua com comodatos de impressora laser e jato de tinta em organizações públicas e privadas. Atualmente emprega 9 trabalhadores e negocia em média 700 toneres de impressora por mês. Sua missão é “Oferecer uma ampla linha de soluções em impressão que vai desde a remanufatura de cartuchos jato de tinta e toneres, até a completa terceirização do seu parque de impressão (outsourcing). Tudo isso com a mais alta qualidade e agilidade com o objetivo de proporcionar completa satisfação do cliente.” O objetivo da pesquisa foi conhecer como ocorre o descarte dos toneres de impressora em uma empresa privada Alfa do Rio Grande do Norte e quais atitudes sociais essa empresa desenvolve para sensibilização da educação ambiental. 2. Material e Métodos A pesquisa quanto à forma de abordagem foi classificada como quantitativa. Do ponto de vista dos procedimentos técnicos trata-se de um estudo de caso e de campo. (YIN, 2010). Utilizou-se do método descritivo para a descrição das características da amostra pesquisada e o estabelecimento de relações entre as variáveis da pesquisa. (VERGARA, 2007). Quanto à população, realizou-se um censo com os dois sócios-diretores da empresa denominada de Alfa, escolhida por conveniência pelos pesquisadores. A coleta dos dados da pesquisa ocorreu em Outubro de 2015. O instrumento de coleta de dados utilizado para atingir o objetivo da pesquisa foi um questionário com 11 questões fechadas, elaboradas a partir do conteúdo teórico do autor Cirotto (2013). Para o referido questionário foram utilizadas escalas ordinais de respostas gradativas com intensidade decrescente para a maioria das questões; enquanto para as outras questões, 113 foram descritas opções de resposta por ordem de importância. Também se utilizou de um questionário sócio demográfico e um questionário sobre o perfil da empresa pesquisada. Os dados coletados foram tratados em planilhas eletrônicas a partir do agrupamento das respostas dos sócios proprietários da empresa. 3. Resultados e Discussões Quanto a caracterização dos sócios proprietários respondentes, tem-se que: ambos eram do sexo masculino, com faixa etária entre 26 e 35 anos de idade e com formação em nível superior na área de informação/sistemas de informação. Quanto a descrição e discussão dos resultados da pesquisa, considerando-se o objetivo da pesquisa e com base nos dados coletados nos questionários aplicados, a partir da teoria levantada por Cirotto (2013), percebeu-se que: Na empresa Alfa, os respondentes afirmaram ter conhecimento sobre os componentes químicos que compõem um toner de impressora, bem como responderam saber quais os riscos do contato com os componentes químicos dos toneres para a saúde humana e para o meio ambiente. Além disso, disseram utilizam como atitudes para evitar os danos ambientais no descarte dos toneres, a remanufatura e a reciclagem. Nesse sentido, percebe-se que o descarte dos toneres de impressora na empresa alfa tem destinação adequada, pois conforme Cirotto (2013) a remanufatura e a reciclagem, são importante alternativas de descarte. Ainda conforme os respondentes, afirmaram se utilizar da estratégia de não descarte das carcaças dos toneres, sendo encaminhado para reciclagem apenas componentes do mesmo, tais como cilindros, lâminas e rolos, pois as carcaças eram são reaproveitadas, evitando-se a contaminação do solo e da água conforme colocado por Moura et al. (2012). Entretanto, olhando para foco da PNRS, tem-se que a maior orientação é para a logística reversa, sendo, portanto, este um desafio para a empresa Alfa. Outra constatação foi que na empresa Alfa, os REEEs, entre eles os toneres de impressoras, “algumas vezes” são descartados separadamente dos outros tipos de resíduos em recipientes próprios. Portanto, apesar da organização sinalizar para a reciclagem, ainda parece ser um processo em construção. Além disso, apesar dos sócios proprietários afirmarem ter conhecimento sobre os componentes químicos que compõem o produto; por outro lado, disseram não saber quais doenças podem ser causadas pela contaminação humana com o pó existente nos toneres. Outra informação levantada na pesquisa, foi que apenas “algumas vezes” os trabalhadores da empresa que manuseiam os REEEs, utilizam equipamentos de proteção individual adequados para o trabalho. Significa dizer que, que os trabalhadores da empresa, durante o manuseio dos toneres de impressora, por exemplo, no momento quando é feita a recarga que, através da pele, da inalação ou da ingestão, podem estar adquirindo doenças, tais como: alergias, bronquite, asma e até o câncer. (HUANG; SARTORI, 2012; CIROTTO, 2013). Ainda conforme os respondentes, a empresa não mantém práticas educativas para sensibilizar os trabalhadores e usuários sobre os cuidados com o manuseio e sobre os procedimentos corretos para descarte do resíduo proveniente dos toneres de impressoras, nem mantém algum programa de educação ambiental através de cartilhas educativas, cursos, palestras, consultoria, sites etc. Levanta-se um paradoxo, pois na organização onde os respondentes conhecem os componentes químicos e seu potencial risco contaminante tanto para a natureza, quanto para os seres humanos, bem como, considerando-se que os respondentes são da área de EEE (informática/sistemas de informação), que a empresa está consolidada no ramo tendo como clientes empresas públicas e privadas, esperava-se uma maior empenho da organização no processo educacional, frente a periculosidade dos materiais que compõem os 114 toneres de impressoras. (HUANG; SARTORI, 2012; CIROTTO, 2013). Este resultado pode impactar no status que atrai consumidores que valorizam empresas ecologicamente corretas. Os respondentes afirmaram ainda não conhecer a PNRS, que traz orientações sobre a proteção da saúde pública e qualidade ambiental, sobre o estímulo para adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços, a redução do volume e periculosidade dos resíduos, e incentivos à reciclagem e gestão integrada de resíduos sólidos. Levanta-se uma preocupação, pois segundo Cirotto (2013), faz-se importante que as organizações saibam os aspectos legais de suas atividades econômicas, pois é através da legislação que também se criam deveres e obrigações. Nesse ponto, percebe-se também que o estímulo para a logística reversa, que é o principal foco da PNRS, fica comprometido pela limitação de conhecimento dos sócios proprietários da legislação. 4. Conclusões Portanto, quanto a gestão dos resíduos sólidos, especificamente os EEE, tem-se a partir do caso estudado e dos objetivos traçados que: as atitudes utilizadas para o descarte de toneres de impressoras estão em nível de remanufatura dos toneres e a reciclagem de seus componentes através de coleta seletiva. Porém, considerando-se que a organização não tem seu olhar para a PNRS, que traz orientações não somente sobre o descarte, mas sobre a proteção da saúde pública e qualidade ambiental, sobre o estímulo para adoção de padrões sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços, a redução do volume e periculosidade dos resíduos etc., também se percebeu que existe uma lacuna na empresa quanto aos novos processo de descarte de toneres, como é o caso da logística reversa, que pode ser fruto inclusive do desconhecimento da PNRS. Além disso, o processo de reciclagem conduzido na empresa Alfa ainda parece ser um processo em construção. Quanto a sensibilização para a educação ambiental, tem-se: que a empresa não mantém práticas educativas para sensibilizar seus trabalhadores e usuários, nem mantém programas de educação ambiental. Por se tratar de uma organização consolidada no mercado, com uma média de 700 toneres de impressoras comercializados por mês, com clientes em organizações públicas e privadas, além de usuários civis e trabalhadores, esperava-se um resultado positivo quanto as estratégias para evitar a contaminação humana e da natureza devido a periculosidade do produto, sendo este um resultado pode impactar no status que atrai consumidores que valorizam empresas ecologicamente corretas. 5. Agradecimentos Ao Programa de Apoio Institucional à Pesquisa do IFRN que possibilitou este estudo a partir do projeto “O risco invisível dos toneres de impressora para a saúde humana”, selecionado pelo EDITAL Nº 10/2015-PROPI/IFRN. 6. Referências AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Logística Reversa de Equipamentos Eletroeletrônicos: análise de viabilidade técnica e econômica. Disponível em: <http://www.abdi.com.br/Estudo/Logistica%20reversa%20de%20residuos_.pdf>. Acesso em: 22 Out. 2015. BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 Ago. 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos; altera a Lei no 9.605, de 12 Fev. 1998 e dá outras providências. Brasília, 2010. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em: 115 1º Out. 2015. CIROTTO, M. F. S. Abordagem do correto descarte de cartuchos de tinta e toners por meio de cartilha educativa. Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências Biológicas. Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), 2013. Disponível em: <http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/6437/1/20652357.pdf>. Acesso em: 01 Out. 2015. HUANG, Thiago Thomas; SARTORI, Vinicius Campanha. Estudo sobre remanufatura de cartuchos de toner de impressora de duas faculdades da UNICAMP. 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Porto Alegre: Bookman, 2010. 116 GRAFENO: O MATERIAL QUE REVOLUCIONARÁ A TECNOLOGIA Eduardo Galvão Ramalho [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Eloísa Conceição Nascimento Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Fernanda Mendonça Fontes Galvão [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução Os estudos referentes ao carbono têm grande importância para a ciência e tecnologia, tendo em vista suas diversas aplicações, estando estas relacionadas às diversas formas que este elemento pode ser encontrado. O grafeno é uma estrutura do elemento carbono, sendo uma das suas formas cristalinas, assim como sua forma diamante, e possuindo uma organização entre os átomos de carbono similar as formas alotrópicas grafite, nanotubos e fulerenos. É considerado o bloco de construção básico para as nanoestruturas de carbono, com exceção do diamante. Atualmente, outras formas alotrópicas do carbono já são conhecidas, como a lonsdaleíta (conhecida também como diamante hexagonal) e os fulerenos C60, C540 e C70, além dos já citados anteriormente. Uma grande potencialidade deste material está ligada a que uma folha de grafeno manipulada de formas diferentes pode transformar-se em outras formas de carbono, além do fato de ser o material mais forte já demonstrado. Em virtude deste material ser relativamente novo e ainda pouco explorado, surgiu o interesse de aprofundar o conhecimento a respeito do mesmo. A pesquisa bibliográfica sobre o grafeno foi idealizada com intuito de divulgar as potencialidades de um material que promete ser próspero em tecnologias e inovações. 2. Material e Métodos O material objeto deste estudo é uma estrutura do elemento carbono, em sua forma alotrópica grafeno. O grafeno é uma das formas cristalinas do carbono, assim como o diamante, a grafite, os nanotubos de carbono e fulerenos, estando algumas destas formas alotrópicas ilustrada na figura 1. O grafeno é o material mais forte já demonstrado, com estimativas de possuir Módulo de Young da ordem de 1 TPa e tensão de resistência máxima de 130 GPa, sendo que do ponto de vista estrutural o grafeno consiste em uma folha plana de átomos de carbono densamente compactados em uma grade de duas dimensões (FONSECA, 2011; INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2010). 117 Figura 1. Formas alotrópicas do carbono: Grafite, Diamante, BC8, Fulereno, Nanotubo de Carbono e Grafeno. Fonte: EL GRAFENO (2015). Figura 2. Comparação das estruturas formadas pelos orbitais híbridos: (a) sp3 e (b) sp2. Adaptado de FONSECA (2011) Comparando o grafeno com algumas outras formas alotópicas do carbono pode-se ver que em termos de estrutura, que o grafeno, os nanotubos, fulerenos e a grafite têm algo em comum, pois todos estes outros são formados, ou derivados, a partir da estrutura do grafeno, como pode ser observado na figura 3. O grafeno pode ser considerado uma monocamada plana (ou folha simples) de átomos de carbono fortemente empacotados em uma rede bi-dimensional (2D). Ele é um bloco básico, ou a matriz, para a formação de materiais de grafite com todas as outras dimensionalidades. Pode ser “embrulhado” em fulerenos de dimensão nula (0D), “enrolados” em nanotubos unidimensionais (1D) ou “empilhados” em grafite, formando estruturas tri-dimensionais (3D). No grafeno, cada átomo de carbono é tri-coordenado, ou seja, têm três átomos vizinhos, o que acontece, pois, estes átomos estão agrupados de acordo com uma hibridização sp2 (ilustrado na Figura 2). No caso específico da grafite, pode-se dizer que os átomos possuem primordialmente somente três ligações interatômicas (fortes) e intraplanares (dentro do plano), sendo que a quarta ligação é essencialmente associada com ligações inter-planares (entre os planos), de natureza de Van der Waals (LIMA, 2012). 118 Figura 3. Estruturas grafíticas baseadas no grafeno: (a) fulereno, (b) nanotubo e (c) grafite. Fonte: FONSECA (2011). Até o momento, amostras de grafeno têm sido feitas usando métodos de microesfoliação química, microesfoliação mecânica e deposição química a vapor (CVD). Cada um desses métodos tem vantagens e desvantagens em termos de facilidade de uso, qualidade escalonamento (INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2010). A síntese por microesfoliação mecânica é pouco eficiente e envolve a retirada de camadas de um cristal de grafite. A energia de interação entre as camadas de grafeno na estrutura grafítica é da ordem de grandeza das forças de Van der Waals. Esta força é considerada suficientemente fraca e pode ser facilmente atingida com o uso de uma fita adesiva para deslocar estas camadas. A técnica consiste em friccionar com uma ponta afiada de vidro micropilares de grafite e em seguida depositar o material obtido em um local desejado. Uma vantagem desta técnica é a possibilidade de escolher a localização da deposição do grafeno. Diferentemente da microesfoliação química que produz o enfraquecendo da força de Van der Waals com inserção de reagentes no espaço entre as camadas. O consume desses reagentes promove uma sobre pressão com formação de gases provocando o rompimento parcial da rede sp2 –sp2 gerando uma folha sp2-sp3 com menor estabilidade. A desvantagem deste método é a modificação química que ocorre na estrutura do grafite com a conversão de grande fração da configuração carbono-carbono sp2 em sp3. E um dos mais importantes métodos citados, classifica como a decomposição química a vapor (SOLDANO et al. 2010 e LAMMERT et al. 2009), conhecido desde o início dos anos 1970 e baseia-se na obtenção do grafeno diretamente sobre substratos sólidos. Nesta técnica, dois mecanismos sobre substratos sólidos. Nesta técnica, dois mecanismos carbetos, ou o crescimento suportado em substratos metálicos por deposição química a vapor. Este é um método de baixo custo e produz dispositivos de alto desempenho, oferecendo uma alternativa atraente capaz de produzir grafeno em larga escala. Os estudos prospectivos deste material, cada vez mais se tornam componentes fundamentais na gestão de inovação, estão evoluindo de questões meramente tecnológica para abordagens organizacionais do desenvolvimento da ciência e tecnologia (ZACKIEWICZ et. al., 2005), contribuindo na tomada de decisão das organizações. Desde sua obtenção em 2004 a quantidade de patentes concedidas apresentou um crescimento extraordinário, enquanto que no ano 2004 um único registro de patente foi localizado. 3. Resultados e Discussões O grafeno é supervalorizado no mundo da tecnologia, sendo considerado, simplesmente, o material mais forte, mais leve e mais fino conhecido na atualidade. É 119 transparente, elástico e conta com propriedades elétricas e óticas adequadas para aplicações em dispositivos eletrônicos. Formado por átomos de carbono, tem sido considerado o futuro da tecnologia no mundo todo. Há novas pesquisas no mercado como nanochips, celulares maleáveis, fones de ouvidos, telas touchscreen, dispositivos biônicos. Quando isolado e usado da forma correta, este material ganha possibilidades incríveis de utilização e, por isso, é visto como a solução de vários problemas na área de tecnologia: desde substituição de materiais raros e escassos até o barateamento de custos para o consumidor (GRAPHENE-BASED ULTRACACITORS – 2008). 4. Conclusões O grafeno abriu novas possibilidades ao nosso conhecimento de ciência fundamental e promete aplicações futuras em nanotecnologia que não eram concebíveis antes da sua descoberta, e seu estudo, constitui assim, um importante fator para o desenvolvimento tecnológico, visto que o aperfeiçoamento em habilidades de argumentação e reflexão constitui uma contribuição significativa para o desenvolvimento de uma postura crítica. Com muitas utilidades, o grafeno promete ser um dos principais materiais por trás das tecnologias do futuro. Tendência no mundo da ciência, a forma super-resistente do carbono tem aplicações que vão de raquetes de tênis a preservativos. Referências CHYTRY, Paola. Construção de Nanoestruturas com Grafeno. Rio Grande do Sul: XXVI SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2014. FONSECA, Alexandre Fontes da. Mini–Curso: introdução às propriedades físicas e estruturais do grafeno e dos nanotubos de carbono. Universidade Federal Fluminense, Instituto de Ciências Exatas - ICEx. Rio de Janeiro: ICEx, 2011. GEIM, Andre K.; NOVOSELOV, Konstantin S. The rise of grapheme. Nature Materials. 2007, pp. 183-191. Disponível em: < http://www.nature.com/nmat/focus/10years/index.html>. Acesso em: 1º out. 2015. LIMA, Denille Brito d. Variações do grafeno: uma abordagem ab-initio de novas estruturas bidimensionais”. Tese de doutorado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP). Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos, São Paulo: EPUSP, 2012. MEYER, Jannik C., et al. The structure of suspended graphenesheets: nature 446.7131 Local: Editora, 2007, pp. 60-63. SANTOS, João Manuel Borregana Lopes dos. O Grafeno. Casa das Ciências, 2014. 120 INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS DE AGREGADOS RECICLADOS NA ABSORÇÃO EM ARGAMASSAS Luiza Gabriela Santos de Medeiros [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – CNat Ayrton Wagner Barboza da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat Aldemaykon Reis de Melo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – CNat Gabriela Barbosa Bruno [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP Evilane Cassia de Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP Marcos Alyssandro Soares dos Anjos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat 1. Introdução A consciência do impacto ambiental gerado na construção civil ganhou importância nos últimos anos, e têm se tornado relevante a discussão do correto destinamento dos resíduos de construção e demolição. Esse assunto ganhou destaque nacional após aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010, que regulamentou o setor impondo diversas obrigações aos governantes e às corporações, buscando a qualidade produtiva, da segurança e ambiental em todas as obras (NEGALLI, 2014). A crescente percepção de uma possível escassez dos recursos naturais sugere o uso de práticas alternativas, tais como a reciclagem do resíduo na indústria da construção (KRAUSMANN et al., 2009). De acordo com Pereira et al. (2012) a argamassa é considerada um material construtivo menos nobre em comparação ao concreto, portanto existe menos exigência com relação às propriedades das argamassas com agregados reciclados. Ainda assim, ocorre um crescente interesse na utilização de resíduos da construção civil em argamassas como substituição aos agregados naturais (RAEIS et al., 2015). Fundamentado nisso, foi realizado um estudo de dosagem experimental com substituição de 0% e 100% do agregado miúdo natural por agregado miúdo reciclado oriundo de usina recicladora localizada na região metropolitana de Natal/RN, nos quais foram avaliadas as características dos agregados e suas propriedades no estado endurecido objetivando o uso desse agregado para fins não-estruturais. 2. Material e Métodos O agregado reciclado utilizado nesta pesquisa foi coletado e quantificado em usina de reciclagem localizado na zona metropolitana de Natal, em São José de Mipibu; Já o agregado natural foi recolhido numa obra também situada na região metropolitana, no município de Parnamirim. Os agregados foram submetidos aos seguintes ensaios de caracterização: composição granulométrica (NBR NM 248:2003) posto na Erro! Fonte de referência não encontrada.; massa específica (NBR NM 52: 2009); massa unitária e volume de vazios (NBR 121 NM 45:2006), apresentados na Figura 1: Curva granulométrica da Areia Natural e Areia Reciclada. Fonte: dados da pesquisa. . Figura 1: Curva granulométrica da Areia Natural e Areia Reciclada. Fonte: dados da pesquisa. Tabela 1 - Características dos agregados ensaiados. Determinações Massa Específica (kg/dm³) Ag. Natural (Referência) Ag. Reciclado (Fev-15) Agr. Reciclado (Abr-15) Agr. Reciclado (Mai-15) 2,66 2,54 2,54 2,56 1,48 1,27 1,38 1,34 4,75 4,75 4,75 4,75 2,56 * 2,32 2,32 NBR NM 52:2003 Massa Unitária (kg/dm³) NBR 45:2006 Diâmetro Máximo NBR 248:2003 Módulo de Finura NBR 248:2003 Fonte: dados da pesquisa. *Ensaio não realizado. Para a produção das argamassas, empregou-se o cimento Portland composto com pozolana (CPII Z-32) e cal-leve (CHI). Utilizando como referência a NBR 13276:2005, a calleve foi maturada juntamente com os dois tipos de agregado (separadamente) por 48h. Após esse período, a massa foi levada à argamassadeira e misturada com o cimento e o restante da água no traço. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o consumo do traço, em unidade de massa, utilizado na composição dos corpos de prova. Tabela 2: Traços em unidade de massa (TUM) e os respectivos consumos de materiais por metro cúbico de argamassa. Traço com 100% de Materiais Traço Referência (AN) Substituição (AR) Cimento 1.00 1.00 Cal 0.43 0.43 Areia 9.38 8.01 a/c 1.4 1.63 Fonte: dados da pesquisa. 122 No estado endurecido (após 28 dias de cura), os corpos de prova foram submetidos a teste de absorção de água e índice de vazios (NBR 9778), e densidade de massa aparente (NBR 13280:2005). 3. Resultados e Discussões Segundo Silva e Campiteli (2006), o aumento do teor de finos provoca a diminuição dos vazios e o aumento da densidade da argamassa no estado endurecido, devido ao empacotamento de suas partículas. Ao diminuir a quantidade de vazios diminui-se, consequentemente, a absorção de água; No entanto, essa diminuição só foi constatada nos resultados obtidos com os agregados coletados nos meses de abril e maio. Essa variação pode estar relacionada com o fato de que o processo de britagem pode gerar maior ou menor quantidade de finos, estando suscetível a sofrer modificações a partir do material que é utilizado no processo (mais partes de resíduos cerâmicos ou resíduos de origem cimentícia). Contudo, na argamassa com uso do agregado reciclado foi necessário um aumento na demanda de água de amassamento para uma dada consistência devido a maior quantidade de finos característico desse agregado em comparação ao agregado natural. Sabendo que a formação de poros na pasta de cimento geralmente está associada à hidratação deste e à evaporação da água livre, o volume de vazios capilares na pasta de cimento endurecida depende da quantidade de água de amassamento adicionada no início da hidratação e do grau de hidratação do cimento. No presente trabalho, esse acréscimo de água juntamente com a grande quantidade de finos resultou num menor índice de vazios, o qual por consequência diminuiu a absorção de água da argamassa em seu estado endurecido, fato constatado no gráfico apresentado na figura 2. Figura 2 – Densidade da argamassa Fonte: dados da pesquisa. 4. Conclusões A partir do estudo experimental de argamassa com substituição de agregado reciclado, pode-se concluir que as características dos agregados reciclados não foram discrepantes relacionadas aos agregados naturais e obtiveram resultado satisfatório. Através dos resultados, foi possível inferir que não houve diferenças consideráveis nas propriedades analisadas, e que esse agregado pode ser utilizado para fins não-estruturais. Implementação de um controle tecnológico eficaz (padronização de britagem e controle de composição dos materiais) e com uma análise adicional desse RCC (análise química dos agregados e argamassas), poderia ser possível a sua utilização na construção (em argamassas e concretos não estruturais). Uso de RCC resultaria na redução do consumo de matéria prima reduzindo os custos de construção. 123 5. Agradecimentos Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do processo 469219/2014-9 e ao IFRN pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional. Referências KRAUSMANN, F. et al. Growth in global materials use, GDP and population during the 20th century. Ecological Economics. v. 68, n. 10, p. 2696-2705, 2009. NEGALLI, André. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo: Oficinas de Textos, 2014. PEREIRA, P.; EVANGELISTA, L.; BRITO, J. The effect of superplasticisers on the workability and compressive strength of concrete made with fine recycled concrete aggregates. Construction and Building Materials. v. 28, n. 1, p. 722-729, 2012. ISSN 09500618. RAEIS SAMIEI, R. et al. Properties of cement–lime mortars vs. cement mortars containing recycled concrete aggregates. Construction and Building Materials. v. 84, p. 84-94, 2015. ISSN 09500618. SILVA, N. G. D.; CAMPITELI, V. C. Influência dos finos e da cal nas prorpiedades das argamassas. Anais. XI Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído. ENTAC. Florianópolis/SC 2006. 124 INFLUÊNCIA DO TEOR DE MATERIAIS FINOS NA RESISTÊNCIA MECÂNICA DAS ARGAMASSAS COM AGREGADOS RECICLADOS Ayrton Wagner Barboza da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat Aldemaykon Reis de Melo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – CNat Luiza Gabriela Santos de Medeiros [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Cnat Gabriela Barbosa Bruno [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP Evilane Cassia de Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP Marcos Alyssandro Soares dos Anjos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat 1. Introdução A distribuição granulométrica dos agregados miúdos é uma variável determinante no desempenho das argamassas mistas de assentamento e de revestimento de alvenarias. No que diz respeito aos agregados reciclados essa oscilação é ainda maior, devido à variedade nos processos de obtenção desses resíduos. De acordo com Zordan (1997), a heterogeneidade desses resíduos deve-se ao fato da grande quantidade de material empregado na construção civil, tais como: brita, areia, materiais cerâmicos, argamassa, concretos, madeira, etc., e sua composição química está vinculada à estrutura de cada um desses seus constituintes. O maior teor de finos presentes nesses resíduos, pode ser explicado devido à britagem e peneiramento desses agregados em seu processo de fabricação. O teor de partículas finas em argamassa pode influencia bastante na quantidade de água de amassamento necessária, o que pode provocar diminuição da resistência mecânica da argamassa produzida (METHA & MONTEIRO, 1994). Segundo Oliveira et al. (2000) o teor de finos faz com que as partículas menores preencham os vazios menores acarretando num melhor empacotamento das partículas influenciando assim em diversas propriedades da argamassa, tanto no estado fresco quanto no estado endurecido. Visando a possível substituição do agregado miúdo natural por um agregado miúdo reciclado, o presente artigo objetiva realizar um estudo da influência do teor de finos na resistência mecânica de argamassas de revestimento com utilização de resíduos da construção civil. 2. Materiais e Métodos O material reciclado utilizado para o desenvolvimento desta pesquisa foi coletado e quantificado em usina de reciclagem localizada na região metropolitana de Natal, Rio Grande do Norte. O agregado miúdo natural foi recolhido numa obra também situada na região metropolitana, no município de Parnamirim. Os agregados foram submetidos aos respectivos ensaios de caracterização: composição granulométrica (NBR NM 248:2003); massa específica (NBR NM 52: 2009); massa unitária e volume de vazios (NBR NM 45:2006); teor de materiais pulverulentos (NBR 7219:1996). Para a produção das argamassas, empregou-se o cimento Portland composto com pozolana (CPII Z-32) e cal-leve (CHI). A Erro! Fonte de referência 125 não encontrada. apresenta as curvas granulométricas dos agregados e a Tabela 1 as demais características. Figura 1 - Curvas granulométrica da Areia Natural (AN) e Areias Recicladas (AR). Fonte: dados da pesquisa Tabela 1 - Características dos agregados utilizados Determinações Agr. Natural (Referência) Agr. Recic. (Fev15) Agr. Recic. (Abr-15) Agr. Recic. (Mai-15) 2,66 2,54 2,54 2,56 1,48 1,27 1,38 1,34 4,75 4,75 4,75 4,75 2,56 * 2,32 2,32 * * 6,10% 7,80% Massa específica (kg/dm³) NBR NM 52:2003 Massa unitária (kg/dm³) NBR 45:2006 Diâmetro máximo NBR 248:2003 Módulo de finura NBR 248:2003 Materiais Pulverulentos (%) NBR 7219 Fonte: dados da pesquisa *Ensaio não realizado 2.1 Composição e moldagem Seguindo a NBR 13276:2005, a cal-leve juntamente com agregado foi maturada por 48h. A massa foi levada à argamassadeira e misturada com o cimento e o restante da água no traço, onde posteriormente foi determinado o índice de consistência e a moldagem dos corpos de prova. A Tabela 2 apresenta o consumo de material e traço, em unidade de massa, utilizado na composição dos corpos de prova. Tabela 2 - Traços em unidade de massa (TUM) e os respectivos consumos de materiais por metro cúbico de argamassa Traço com substituição 100% Traço sem substituição (AN) (AR) Materiais TUM TUM Cimento 1 1 Cal 0,43 0,43 Areia 9,38 8,01 a/c 1,4 1,63 126 Fonte: dados da pesquisa. No estado fresco, a argamassa passou por testes de índice de consistência (NBR 13276:2005). Já no estado endurecido (após 28 dias de cura) os corpos de prova de argamassa foram submetidos ao ensaio de resistência à compressão (NBR 13279). 3. Resultados e Discussões 3.1 Estado fresco A dosagem do traço substituindo a areia natural pela areia reciclada teve por princípio manter o mesmo índice de consistência da argamassa produzida com a areia natural utilizada na obra em estudo, que deveria atingir 250mm±5. Os valores encontrados após o teste na mesa de consistência manual (Erro! Fonte de referência não encontrada.) serviram como base para a determinação da quantidade de água a ser utilizada tanto no traço de referência da areia natural, quanto no traço de substituição de 100% da areia reciclada. Fonte: dados da pesquisa. Segundo Paixão (2013) os fatores que diminuem o espalhamento da argamassa se dá pelo alto teor de absorção do agregado reciclado e o alto teor de finos em sua composição. Tal fato foi comprovado com a necessidade de adicionar agua ao traço com substituição para manter a mesma consistência do traço referência nos meses de fevereiro e maio aumentando assim a relação água cimento do traço com substituição. 3.2 Estado Endurecido A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o resultado de resistência à compressão obtida na idade de 28 dias, das argamassas com agregados naturais e agregados reciclados segundo a NBR 13279. 127 Figura 4 - Resistência à compressão dos traços com e sem substituição de agregados. Fonte: dados da pesquisa. Conforme pode ser observado na Figura 4 houve um aumento na ordem de 11,88% em média na resistência a compressão das argamassas com agregado reciclado comparado as com agregado natural. Ledesma et al. (2014) Utilizando uma substituição de 10% nos traços de argamassa também obteve resultados de ganhos de resistência em argamassas com agregados reciclados. Esse ligeiro aumento nos valores de resistência pode ser explicado pela maior quantidade de materiais finos nas argamassas que preenchem os espaços vazios, como também devido ao material com potencial hidráulico remanescente do cimento nos resíduos. 4. Conclusões As características dos agregados reciclados não foram discrepantes relacionadas aos agregados naturais; As argamassas, tanto o traço referência quanto o traço com substituição, apresentaram, no estado fresco, desempenho satisfatório, porém com a necessidade de um maior consumo de água no traço com substituição; Apesar de haver uma maior necessidade de água, nas argamassas com agregado reciclado, houve um ganho de resistência. O RCC estudado mostrou-se inicialmente viável para utilização em argamassas para revestimento, pois não houve prejuízos consideráveis nas propriedades em relação a argamassa com agregado natural, tendo ainda apresentado ganho em sua resistência a compressão. Sendo assim, com a implantação de um controle tecnológico efetivo (uniformização da britagem dos materiais; separação dos materiais que compõe os agregados reciclados) e a analise continua desses materiais, sua possível utilização em obras (na produção de argamassas e concretos) seria viável. O que acarretaria na redução do consumo de matéria-prima, quantidade de entulhos dispostos nos meios urbanos e custos de uma construção. 5. Agradecimentos Ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do processo 469219/2014-9 e ao IFRN pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 23 - Cimento Portland e outros materiais em pó- Determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 2001. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 52 - Agregado miúdo Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2003a. 128 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248 - Agregados Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003b. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279 - Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e teto- Determinação da resistência à tração na flexão e à compressão axial. Rio de Janeiro, 2005e. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276 - Argamassa para assentamento e revestimento de paredes e teto- Preparo da mistura e determinação do índice de consistência. Rio de Janeiro, 2005g. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 45 - Agregados Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211 - Agregados para concreto- especificações. Rio de Janeiro, 2009. LEDESMA, E. F. et al. Properties of masonry mortars manufactured with fine recycled concrete aggregates. Construction and Building Materials. v. 71, p. 289-298, 2014. ISSN 09500618. MEHTA, P. K. & MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São Paulo, Ed. PINI, 1994. OLIVEIRA, Ivone R.; STUDART, André R.; PILEGGI, Rafael G.; PANDOLFELLI, Victor C. Dispersão e empacotamento de partículas. São Paulo: Fazendo Arte, 2000. 224 p. PAIXÃO, S. O. Estudo do uso de resíduo cerâmico de obras como agregado miúdo para a fabricação de argamassas para revestimento de alvenarias. 74 Graduação. – Rio de Janeiro, 2013. Universidade Federal do Rio de Janeiro (MONOGRAFIA). ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como agregado, na confecção do concreto. 140p. Mestrado. Campinas - SP, 1997. Faculdade de Engenharia Civil, Departamento de Hidráulica e Saneamento, Universidade Estadual de Campinas. Campinas (DISSERTAÇÃO). 129 LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL: ANÁLISE, CRITÉRIOS DE ESCOLHA E PROPOSTAS DE ELABORAÇÃO. Amanda Raphaela Pacheco de Melo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz Enne Karol Venancio de Sousa [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz José Josimário da Silva Basto [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz Tiago Felipe Oliveira e Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz Thiago Jefferson de Araujo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz 1. Introdução Neste trabalho buscamos destacar a relação entre análise, critérios de escolha e propostas de elaboração do livro didático de matemática utilizado no Ensino Fundamental. A escolha adequada de um livro didático pode acarretar benefícios para o processo de ensino e aprendizagem de matemática. Entretanto, para que os resultados sejam satisfatórios, é importante que a escolha desse material seja feita de maneira consciente e com visão crítica por parte dos professores sobre os conteúdos, exercícios, abordagem metodológica, adequação a série, entre outros critérios levados em consideração no momento de avaliar uma determinada coleção de livros didáticos a ser adotada. A escolha do livro didático como recurso pedagógico deve ser baseada em um contexto escolar, ou seja, deve atender as necessidades das turmas/anos escolares a que se destina. No entanto, em alguns casos, no momento de avaliar determinada coleção os professores não levam em consideração as necessidades de seus alunos e isso acaba suscitando prejuízo no processo de ensino e aprendizagem de matemática. Assim, essa pesquisa busca promover uma discussão sobre o currículo de Matemática no Ensino Fundamental, elaborar propostas para o material didático de Matemática, entender e discutir acerca do processo de seleção desses livros nas escolas. A realização desse estudo contribui de forma positiva para o ensino desse conhecimento humano, tendo em vista que alguns agentes da educação não dão a importância necessária que esse processo seletivo merece. Ressaltamos, que esse recurso didático exige maior prestígio, pois as potencialidades de sua aplicação no ensino são de grande relevância no desenvolvimento do estudante. Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise, propor critérios e sugestões para a escolha e elaboração do livro didático de Matemática das escolas públicas e, tem como finalidade principal contribuir com a melhoria do ensino de Matemática da região do Borborema Potiguar, subsidiando alunos, professores e gestores na escolha de um recurso tão importante para o ensino. 130 2. Material e Métodos A seguinte pesquisa teve um caráter teórico e prático, norteando-se em três vertentes. A primeira, visando analisar, com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), o capítulo de um livro didático de Matemática adotado em uma escola da rede pública de Ensino Fundamental. Sendo, em alguns casos, o livro didático de Matemática a única ferramenta facilitadora do processo de ensino e aprendizagem, essa vertente da pesquisa procura oferecer ao professor uma análise sobre o capítulo de um livro de Matemática, tornando possível conhecer os pontos positivos e negativos da obra analisada. O capítulo analisado trata do conteúdo de funções, tendo em vista que grande parte dos alunos apresentam dificuldades na compreensão desse conteúdo e que o mesmo apresenta ampla aplicabilidade em outros ramos da Matemática. Essa análise poderá servir como fundamentação teórica para professores no momento da escolha desse tipo de material didático. A segunda vertente tratou sobre os critérios utilizados no processo seletivo do livro didático. Esses critérios são justamente os resultados obtidos nessa subparte do trabalho, que tem como objetivo principal orientar/subsidiar professores e diretores durante o processo de escolha do livro didático de matemática que será introduzido em um contexto escolar composto por diversas situações culturais, econômicas e sociais. Destaca-se a importância de reforçamos nosso discurso enfatizando que os critérios expostos não devem ser entendidos como regras impostas, pois o livro didático não é um recurso que tem fim em si, devido suas especificidades no processo de ensino outros fatores são considerados importantes. Desse modo, destacamos alguns pontos que merecem importância nesse processo, sendo eles: apresentação visual; apresentação dos conceitos abordados; exemplos e exercícios propostos e, nível de dificuldade. Por fim, como terceira vertente, propomos sugestões para a elaboração dos livros de Matemática destinados ao Ensino Fundamental. Essas apresentam caminhos metodológicos apoiados nos critérios de seleção de livros do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) e nas propostas/sugestões encontradas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Matemática. Assim, nossas recomendações levam em conta a seguinte perspectiva: introdução dos conteúdos, abordagem dos conteúdos, atividades propostas e outros aspectos que devem estar presentes nos livros. 3. Resultados e Discussões O livro didático é um recurso que pode contribuir no desenvolvimento do aluno independentemente de qual seja a área. No ramo das ciências exatas, em especial a Matemática, o livro possibilita a construção e assimilação do conhecimento específico. Dessa maneira, o professor deve realizar uma análise e estabelecer critérios de seleção visando realizar a melhor escolha, onde esta se adapte as necessidades socioculturais dos educandos, assim como ao âmbito escolar que está inserida. Diante disso, buscou-se analisar os aspectos presentes nos livros didáticos para o Ensino Fundamental, apontando sugestões relevantes para compor livros que atendam às necessidades de alunos e professores; e que estejam de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Dessa forma, essa proposta busca contribuir no processo de ensino e aprendizagem, uma vez que reduz as possibilidades da utilização de livros didáticos que induzam os alunos e professores ao erro. 131 4. Conclusões A partir de estudos direcionados sobre os livros didáticos de Matemática, foi possível notar a importância desse recurso no processo de ensino dessa disciplina. Em nossa pesquisa, procuramos através da análise, dos critérios e das sugestões contribuir no processo de formação docente. Além disso, percebemos a relevância da inserção desse estudo no ambiente escolar, pois proporciona a escolha de um material didático de melhor qualidade, tal que atenda as necessidades dos alunos e da comunidade escolar. Esperamos assim, contribuir para as reflexões sobre a real função do livro didático e ao apresentar esse caminho metodológico consideramos que o professor do Ensino Fundamental deve optar por livros que trabalhem de acordo com as propostas apresentadas nos Parâmetros Curriculares Nacionais. Referências BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Guia de livros didáticos PNLD 2008: matemática. Brasília: MEC, 2007. _______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: matemática. Brasília: MEC / SEF, 1997. ROSA, C. P.; RIBAS, L. C.; BARAZZUTTI, M. Análise de livros didáticos. Anais. III EIEMAT. Santa Maria, 2012. 132 MICRO ARGAMASSA PARA USO EM PEÇAS ESTRUTURAIS Mathews de Paiva Cardone [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Marcio Luiz Varela Nogueira de Morais Má[email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução As industriais no ramo da construção civil apresentam cadeias de desenvolvimento tecnológico voltada para a produção de diversos tipos de argamassas o que tem resultado numa crescente evolução desse composto. Atualmente, o crescente desenvolvimento da infraestrutura no Brasil tem feito com que as industrias procurem inovações na produção de argamassas. O desenvolvimento da argamassa apresentada a seguir, se deu a partir de um estudo para uma formulação ideal, com o objetivo de ajustar a homogeneidade granulométrica dos agregados e componentes de uma argamassa, de modo que a nova composição apresentasse ganhos significativos em suas características. Diante do apresentado, entende-se que há a necessidade do desenvolvimento de um material cimentício que atenda as características exigidas pelas normas em vigor. Dessa forma, este trabalho se propõe a apresentar uma solução para a produção de um aglomerante químico que resulte em ganhos qualitativos na capacidade de suporte e resistência mecânica de estruturas no ramo da construção civil. 2. Material e Métodos Para a realização dos experimentos em estudo foram utilizados os seguintes materiais: • Cimento Branco • Microssílica: tipo 3; • Nanossílica; • Aerosil • Mulita • aditivo: Super plastificante Glênium 51; • Água potável: obtida diretamente pela concessionária local. As pastas desenvolvidas no presente estudo, inicialmente foram desenvolvidas a partir de um traço único, variando apenas o tipo de material utilizado como adição mineral, para que se chegasse em um traço ideal que apresentasse alta resistência à compressão axial com um baixo fator água/cimento. Foram elaborados 3 traços, um utilizando nanossílica, um utilizando microssílica e outro utilizando aerosil, todos na mesma proporção, como apresentado a seguir na Tabela 1. 133 Tabela 1: Traços com os materiais utilizados MATERIAL TRAÇO 1 MATERIAL TRAÇO 2 MATERIAL TRAÇO 3 CIMENTO BRANCO 1,10Kg CIMENTO BRANCO 1,10Kg CIMENTO BRANCO 1,10Kg NANOSSILICA 246Kg MICROSSILICA 246Kg AEROSIL 246Kg MULITA 26Kg MULITA 26Kg 26Kg SUPER PLAST. 3g SUPER PLAST. 3g AREIA 1,20Kg AREIA 1,20Kg MULITA SUPER PLAST. AREIA 1,20Kg ÁGUA 360g ÁGUA 360g ÁGUA 360g 3g Fonte: dados da pesquisa. A mistura dos materiais nas proporções indicadas iniciava-se com a pré mistura de todos os materiais secos (num saco plástico) até que se alcançasse boa homogeneidade. A água de amassamento era misturada com o superplastificante formando uma solução única, a qual era adicionada na mistura dos pós e aguardava-se até que atingisse a consistência esperada. A moldagem dos modelos era feita sobre mesa vibratória, onde, com o auxílio da bisnaga, injetava-se concreto na fôrma de maneira lenta, permitindo o adensamento do material. Por 24 horas os modelos foram mantidos em formas e em seguida foram submetidos a cura úmida. 3. Resultados e Discussões Durante a obtenção dos resultados de resistência axial, observou-se que as pastas produzidas com adição mineral de microssílica e o aerosíl obtiveram uma maior resistência quando se comparado a formulação com adição da nanossílica. A resistência da pasta produzida com microssílica superou em aproximadamente 9, 81 por cento a pasta com aerosíl, e as duas pastas mostraram resistência superior a formulação com nanossílica, sendo a microssílica superior em 34,36 por cento, com 7 dias de cura submersa, como é apresentado na Figura 1. Figura 1: Resultados do ensaio da resistência à compressão axial. Fonte: dados da pesquisa. 4. Conclusões De acordo com o propósito deste artigo, levando-se em consideração os resultados obtidos no ensaio de compressão axial, é notório que a pasta com adição de microssílica se mostrou bastante promissora, apresentando uma resistência de 39,76 Mpa com 7 dias, um 134 resultado extremamente alto para uma argamassa. Percebe-se então, que a excelente atuação do composto assegura de forma satisfatória a utilização em peças estruturais e viabiliza estudos adicionais para um maior desenvolvimento desse aglomerante em especifico. Referências VANDERLEI, F. D. Análise experimental do concreto de pós reativos: dosagem e propriedades mecânicas. Cadernos de Engenharia de Estruturas. v. 8, n. 33, São Carlos, 2006, p. 115-148. 135 O RISCO INVISÍVEL DOS TONERES DE IMPRESSORAS PARA SAÚDE HUMANA Suênia Daiara Teixeira dos Santos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Caroline Marina Cavalcanti Bezerra [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ulisandra Ribeiro de Lima [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ahiram Brunni Cartaxo de Castro [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução A rápida expansão industrial, nos últimos anos, trouxe como consequência o consumo e o descarte em grande escala de produtos eletrônicos. As instituições e empresas preocupadas com essa realidade buscam trabalhar com essa problemática na tentativa de desenvolver práticas coletivas visando informar a sociedade, aos discentes do IFRN, sobre o desenvolvimento de estudos relacionados a melhor forma de descartes do pó de cartuchos utilizados em impressoras a laser nos campi da referida instituição de ensino. Tal perspectiva caminha na direção de problematizar o fato de que o lixo eletrônico cresce cerca de cinco vezes mais do que o lixo urbano, segundo Moura et al. (2012). Os cartuchos com denominação jato de tinta apesar de ser mais barato que as impressoras a laser, os mesmos não apresentam um caráter armazenador. Dessa forma os toners são preferidos entre as grandes empresas por apresentar velocidade de impressão, maior durabilidade e quantidade de impressão. Sendo assim apresentando características armazenadoras, os cartuchos toner possuem um pó produto de uma mistura de carbono com polímeros como resina plástica, poliéster; óxidos: como óxido ferroso, óxido de chumbo (II) e óxido de zinco (II) e a sílica (SiO2); sulfato ferroso, segundo Monteiro et al. (2009). Dessa forma o presente trabalho mostra a diferença na reciclagem, levando em consideração a remanufaturação, qualidade da impressão e a reciclagem com um caráter ecológico (HUANG; SARTORI, 2012). Os cartuchos remanufaturados apresentam uma qualidade melhor que o toner, apenas recarregado, por ocorrer uma desmontagem do cartucho, substituição das peças danificadas, uma limpeza profunda para não deixar nenhum resíduo do antigo, só então acontece a recarga. O primeiro processo permite uma redução no lixo descartado ao meio ambiente e uma economia financeira. (HUANG; SARTORI, 2012). O objetivo deste trabalho foi realizar pesquisa quanto ao destino desse pó, nos Campi do IFRN, que possui dimensões em microns e, como foi constatado num estudo da Universidade de Rostock na Alemanha (não publicado), é tão cancerígeno quanto o amianto. (HUANG; SARTORI, 2012). Dada à natureza dessa diferenciada desses componentes, com níveis de periculosidade distintos, com cuidado neste trabalho foi enfatizada a necessidade de adotar práticas de segurança e higiene ocupacional. A reciclagem, como qualquer outro processo que envolve o manuseio e o emprego de produtos químicos, exige um compromisso com a segurança. Este trabalho demonstra a dificuldade em gerenciar resíduos sólidos de multicomponentes. Sendo assim, com o propósito de fracionar os problemas encontrados quanto à reciclagem dos toneres de cartuchos, o IFRN-Campus Reitoria trabalha em parceria com a OKI 136 Printing Solutions que, partindo desses materiais, desenvolve outros materiais de utilidade geral. 2. Material e Métodos A decisão pela pesquisa se justifica em compreender a situação-problema enfrentada no descarte correto dos cartuchos de toner, haja vista não ter encontrado informações suficientes ou específicas sobre o descarte de resíduos do ponto de vista do consumidor. A pesquisa exploratória se caracteriza por flexibilidade quanto à metodologia empregada por não apresentar procedimentos formais. Os métodos utilizados foram: Levantamento bibliográfico; Dados secundários que foram coletados por fontes externas: Campus Verde no IFRN/Reitoria. Pesquisa qualitativa onde foi realizada uma abordagem indireta por meio de uma entrevista pessoal com a responsável pelo almoxarifado do IFRN/Campus SPP em que o único respondente é testado pelo entrevistador quanto ao tema proposto. Para trabalhos futuros os pesquisadores pretendem iniciar estudos do pó do toner usando técnicas como Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) para verificar o tamanho da partícula do pó e sua uniformidade além da Difração de Raios X para identificar os compostos químicos existentes nos toneres no Campus IFRN/SPP. Haja vista o interesse do Campus Verde no IFRN/Reitoria sob a coordenação da servidora Valiene (OLIVEIRA, 2015) o interesse em justificar melhor os problemas gerados ao meio ambiente pelo descarte incorreto desses materiais. Onde se percebe que as Leis Ambientais precisam está mais clara de forma que a responsabilidade no descarte seja de todos. 3. Resultados e Discussões Foi realizada uma entrevista com a coordenadora de almoxarifado do Campus SPP/IFRN e realizado uma pesquisa sobre a Oki Priting Solutions. A empresa Oki Priting Solutions por meio da servidora Valiene (OLIVEIRA, 2015), responsável pelo projeto Campus Verde no IFRN/Reitoria mantém contato com a Oki quanto ao descarte adequado dos toneres usados nos campi da capital e do interior. Na tabela abaixo percebemos que o número crescente de toneres que, apesar de maior, também vem sendo observado o fato de que as pessoas estão cada vez mais usando HD e a Internet para guardar e arquivar documentos no lugar de gerar grandes arquivos impressos. Tabela 1 – Informações da servidora Valiene-IFRN a Oki Priting Solutions (OLIVEIRA, 2015). Número de Solicitação Data de Recebimento Quantidade Carta de Remessa C15020003402 Não disponível 69 Imprimir C15010006999 Não disponível 700 Imprimir C14090005139 27/10/2014 25 Imprimir C14080002269 29/09/2014 56 Imprimir C14070011623 01/10/2013 156 Imprimir Fonte: dados da pesquisa. Na Tabela 1, tem registrado uma quantidade referente a 700 cartuchos. Esse material não foi consumido no instituto. Trata-se de material apreendido pelo Polícia Federal, que repassou para o instituto para ter o descarte correto, obedecendo dessa forma as Leis Ambientais, segundo dados apontados pela servidora Valiene (OLIVEIRA, 2015). 137 Sendo assim as instituições de educação e empresas compartilham uma preocupação de como trabalhar com os resíduos gerados no mundo tecnológico, onde os materiais eletrônicos ficam obsoletos muito rápidos. Sendo assim, nossa parceira em descarte de material tem cuidado desde o transporte até o destino correto do mesmo. Os cuidados iniciais se dão no transporte destas caixas de forma que proteja a saúde pública e o meio ambiente, seguindo as normas ABNT NBR 11174:90; que fixa as condições exigíveis para o acondicionamento dos resíduos sólidos o seu transporte. A empresa Oki Printing solutions em 1970 iniciou o desenvolvimento de um programa de proteção ambiental, que visa à criação de atividade ecologicamente correta que consiste no “Desenvolvimento Sustentável!” e é compatível com diferentes estruturas culturais, sociais e organizacionais quanto ao descarte adequado dos materiais, como podemos observar na Tabela 1. Figura 1 – Representação lúdica para simplificar as especificações necessárias no manuseio de um cartucho toner. Fonte: ilustração elaborada pelos autores. O pó toner possui um dimensionamento dado em unidades de micros, 1000 vezes menor que um milimetro. Em razão desse tamanho, o pó mesmo sem ser tóxico, apresenta riscos à saúde, já que a inalação de partículas menores que oito microns podem causar obstrução aos brônquios fazendo com que eles parem de realizar a troca gasosa. (MONTEIRO et al. 2009). Além de irritações cutâneas, caso ocorra o contato direto. (HUANG; SARTORI, 2012). Resultado de suas partículas minúsculas demonstram que o pó de toner pode ficar até 100 horas suspenso no ar, dependendo das condições pode se depositar no solo, contaminando o meio ambiente (MONTEIRO et al., 2009). A remanufaturação, acompanhada da reciclagem, seria a solução mais viável financeiramente e ecologicamente, pois, havendo uma substituição correta das peças danificadas, o cartucho pode ter uma vida duradoura (MONTEIRO et al., 2009). Dessa forma não estaríamos agredindo o ambiente com lixo e nem fazendo uso de combustíveis fósseis. Vale salientar que, segundo MONTEIRO et al. (2009), não há nenhum registro histórico de quantas vezes um cartucho pode ser reutilizado. A reutilização do pó pode se dá pelo uso como pigmento para cabo de panela, PVC e sola de sapato (MONTEIRO et al. 2009). Ou, como sugerido por Huang e Sartori, (2012), aditivo à massa asfáltica, onde sua eficácia se dá em maior resistência a elevadas temperaturas e relutância no desenvolvimento de deformações viscosas (ALI et al., 2013). Todo processo de remanufatura deve seguir um rígido controle de manipulação e descarte dos materiais, devendo a empresa deter o certificado ISSO 9000 para garantir a qualidade necessária para a administração desses materiais. O uso de luvas de proteção, máscaras contra pó e óculos podem evitar que as partículas minúsculas de pó de toner entrem em contato com o organismo humano, nunca se esquecendo que o meio ambiente não pode receber de forma direta esses componentes, seja no solo, na água ou no próprio ar. (MONTEIRO et al., 2009). 138 4. Conclusões Levando em consideração que a instituição de ensino possui compromisso de levar informação aos seus discentes, e a comunidade para gerar futuros profissionais com um olhar diferenciado em relação ao meio ambiente. O trabalho fomentar a discussão na comunidade sobre o potencial crescente acerca da poluição ambiental e danos à saúde causados pelo descarte incorreto de toneres de impressoras no meio ambiente, aprofundado a pesquisa para melhor entendimento do nível de toxidez destes produtos químicos. O objetivo dessa produção é tido como realizado de forma satisfatória: informar e alertar acerca do risco invisível dos cartuchos toneres para que aqueles que têm o uso regular dessas máquinas desempenhem essa tarefa com prudência não só em consideração a seu corpo, mas também estimando o meio que o cerca. Referências MONTEIRO, A. J. S. et al. Manuseio e descarte adequado de tintas e toner de impressoras: projeto apresentado para integralização das Práticas do Módulo 2: tecnologia em gestão ambiental. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Porto Alegre: NEAD – Núcleo de Ensino à distância, 2009. HUANG, Thiago Thomas; SARTORI, Vinicius Campanha. Estudo sobre remanufatura de cartuchos de toner de impressora de duas faculdades da UNICAMP. Revista Ciências do Ambiente On-Line. v. 8. n. 2. Outubro, 2012. ALI, Saad Abdulqader et al. Pavement Performance with Carbon Black and Natural Rubber. International Journal of Engineering and Advanced Technology (IJEAT). v.2. n. 3. Fevereiro, 2013. OLIVEIRA, M.V.G. Campus Verde: mensagem profissional. Mensagem recebida disponível em: <[email protected]>. Acesso em: 10 fevereiro 2015. MOURA, Felipe Pereira de; OLIVEIRA, Rafael da Silva; AFONSO, Júlio Carlos. Processamento de cartuchos de impressoras de jato de tinta: um exemplo de gestão de produto pós-consumo. Quim. Nova. v. 35. n. 6. 2012 . 139 QUÍMICA EM SHOW: UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA PARA APRENDIZAGEM Aline Cassiano [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Eloísa Conceição Nascimento Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Fernanda Mendonça Fontes Galvão [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ilanny Beatriz Silva do Vale [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Rogério Gomes Alves [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O ensino convencional da Química não tem oferecido métodos para que os alunos possam interagir e observar os conteúdos na prática e em situações cotidianas. Tendo como intuito de despertar o interesse pela disciplina de Química, o projeto “Química em Show” visa proporcionar novos conhecimentos da área com o uso de práticas associando os assuntos ministrados em sala com o cotidiano. A atividade prática ocorre no manuseio e transformação de substâncias nos laboratórios, quando então se trabalha em nível macroscópico, isto é, em coisas visíveis, o processo de aprendizagem torna-se mais didático. A aprendizagem dos conteúdos deve estar associada às competências relacionadas a saber fazer, saber conhecer, saber ser e saber ser em sociedade (CASTRO, 2000). Partindo dessa premissa, o objetivo geral desse trabalho é promover a difusão, popularização e desmistificação do conhecimento da química, usando como ferramenta, apresentações itinerantes do Química em Show nas escolas da rede pública e privada. Pretendese possibilitar aos alunos chegarem a adquirir o conhecimento prático da disciplina. 2. Material e Métodos O projeto de extensão iniciou-se com um levantamento bibliográfico de estudos de experiências práticas e também teóricos que envolvam os conteúdos da disciplina de química para o fundamental II e ensino médio. Em seguida, as práticas foram selecionadas entre aquelas que teriam maior apelo visual, isto é, aquelas que mais prenderiam a atenção e fomentassem a curiosidade dos alunos envolvidos. O passo seguinte deu-se a separação dos materiais (reagentes, vidrarias e outros componentes) necessários para as práticas e realização dos experimentos de cada uma delas. Ao término dessa etapa, realizou-se um mapeamento das escolas de Parnamirim e grande Natal, o qual foi possível realizar as apresentações, tomando-se como referências proximidade geográficas do IFRN, acessibilidade com a direção da escola e os níveis de escolaridade da instituição, uma vez que o público-alvo seria preferencialmente o ensino fundamental II e ensino médio, já que estes têm em suas matrizes curriculares o ensino da química. 140 Selecionada as escolas fez-se o contato com cada uma delas, buscando agendar apresentações, para então produzir um calendário. No dia e horário marcados, realizaram-se as visitas e os experimentos em cada instituição (Figura 01 e 02). Figura 1: Demonstração de indicadores ácido-base em uma escola pública de Parnamirim. Fonte: registros dos autores. Figura 02: Público participante da Escola Estadual Apolinário Barbosa. Fonte: registros dos autores Para a descrição desse trabalho selecionou-se algumas práticas realizadas nas instituições, a saber: decomposição do dicromato de amônio, indicadores ácido-base, pasta de “dente de elefante” e super dinheiro. Para a realização da prática do dicromato de amônio (Figura 03) necessitou de um pires, do dicromato de amônio, fósforo e álcool etílico, seguindo a metodologia: Primeiramente colocou-se uma quantidade razoável no pires do dicromato, em seguida coloca acrescenta 5 mL de álcool etílico e por fim, acende o fósforo e coloca em contato com o reagente. 3. Resultados e Discussões Ao longo da execução desse projeto foram realizados até o momento 8 apresentações, sendo em média 02 visitas por mês. Considerando uma média aproximada de 50 alunos por apresentação, atingimos até o momento cerca de 400 estudantes de escola pública. Com o desenvolver do projeto, houve um aumento significativo do interesse pela disciplina de Química e como também, melhorou o aprendizado dos alunos devido observar as comprovações das teorias estudadas em sala de aula e, assim, fazer uma correlação com a realidade em que vivem. As apresentações utilizam-se de recursos didáticos para uma melhor compreensão dos conceitos químicos pelos alunos, visando assim uma melhor absorção e aguçando sua curiosidade e percepção cognitiva. 4. Conclusões Apresentou-se a Química de uma forma contextualizada e dinâmica possibilitando uma divulgação extremamente eficiente da disciplina entre alunos do ensino médio e 141 fundamental II. A exibição de experimentos demonstrativos com o auxílio de músicas permitiu trabalhar conceitos químicos de maneira prazerosa por estar tratando de percepção e memória visual e auditiva dos estudantes. Temos como o principal objetivo de passar os nossos conhecimentos acerca de diversas experiências e testes práticos executados em laboratório, que são alcançados através de estudos. Mostrando para os alunos através das práticas que são realizadas em algumas escolas. Acreditamos que os estudantes, os quais tiveram a oportunidade de apreciar nossa apresentação, podem adquirir um interesse maior pela disciplina e compreender o comportamento da química na prática associando com seus estudos teóricos em sala de aula. O desenvolvimento de habilidades de reflexão e argumentação constitui uma contribuição significativa para o desenvolvimento de uma postura crítica frente a problemas do cotidiano e do ambiente. O projeto promove o desenvolvimento da percepção cognitiva, como também faz com que os alunos percebam que a Química está presente em seu cotidiano. A construção de conceitos químicos quando contextualizados durante as apresentações nas instituições, aumenta-se a motivação para as aulas e a melhoria da aprendizagem dos estudantes. Referências DALGETY, JACINTA, RICHARD K. COLL, AND ALISTER JONES. Development of chemistry attitudes and experiences questionnaire (CAEQ). Journal of Research in Science Teaching. 40.7 (2003): 649-668; CASTRO, E.N.F. de et al. Química na Sociedade: projeto de Ensino de Química em contexto social (PEQS). 2. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 2000. HOFSTEIN, AVI. The laboratory in chemistry education: Thirty years of experience with developments, implementation, and research. Chemistry Education Research and Practice. 5.3 (2004): 247-264. MARCONDES, M. E. R (org.) Oficinas temáticas no ensino público visando a formação continuada de professores. GEPEQ – Grupo de Pesquisa em Educação Química do Instituto de Química da Universidade de São Paulo, São Paulo: Rede do Saber, 2006. 142 RECICLOTECA: OFICINAS DE REAPROVEITAMENTO DE PAPEL NO IFRN CAMPUS SANTA CRUZ Ellen Ludmille Santos de Morais [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte José Ronaldo Bezerra Júnior [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Kalyne Patrícia de Macêdo Rocha [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Daniele Macedo Henrique [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução No decorrer dos anos, o desgaste ao meio ambiente tornou-se quase inevitável diante do crescimento desenfreado do capitalismo que estimula a constante troca de produtos e o vasto consumismo. Este, por sua vez gera uma preocupante consequência imediata: a crescente produção do lixo que provoca drásticos impactos para o ambiente natural e também para a sociedade de um modo geral. Por outro lado, o problema não está apenas na crescente produção do lixo, mas principalmente no destino que lhe é dado. De fato, não percebemos o quanto aquele simples papel ou plástico jogado fora, por exemplo, irá afetar a curto ou longo prazo todo o nosso meio. Assim se espalham doenças, contaminam-se rios, destroem-se florestas e, consequentemente somos afetados diretamente por aquilo que nós mesmos produzimos. Diante desse contexto, é possível perceber no nosso cotidiano essa realidade, seja nas cidades, na nossa casa, no local de trabalho ou nas escolas; em espaços públicos e privados. Em uma instituição educacional como o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) percebemos com facilidade a grande produção de lixo, em todas as suas formas: recicláveis, orgânicos e químicos que advém das diversas atividades desenvolvidas no próprio instituto. Basta observar as lixeiras que é possível encontrar de um tudo: desde simples copos de plástico até baterias ou pilhas usadas. Por se tratar de uma instituição educacional, um dos materiais mais comumente utilizados é o papel. Cadernos, apostilas, listas de exercícios, provas e documentos são alguns exemplos do seu uso, o que também nos oferece a ideia da abrangência de sua utilização. Observando a gráfica do IFRN Campus Santa Cruz constatou-se que, em média, gastam-se cerca de 5 resmas de papéis por dia, o que representa 5mil folhas diariamente e totaliza 25mil folhas de papel por semana. Embora o uso do papel seja necessário, a problemática se concentra na consciência acerca do gasto, ou seja, do quanto se consome e dos impactos que esse consumo pode representar para o meio ambiente e para a comunidade. Diante deste cenário o IFRN desenvolveu o projeto Campus Verde, com diversas ações ambientais, como a coleta seletiva, visando as práticas sustentáveis dentro dos campi espalhados por todo o estado do Rio Grande do Norte de forma voluntária, cotidiana e solidária, com o objetivo de garantir a sustentabilidade do planeta. Nesse contexto, alunos do IFRN Campus Santa Cruz desenvolveram a ideia de um projeto de reaproveitamento de papel proveniente do uso cotidiano na instituição, com o intuito de, através de oficinas, conscientizar os discentes e docentes para o uso racional do papel. 143 2. Material e Métodos A partir da observação do cotidiano da instituição, constatamos que uma grande quantidade de papel é utilizada e desperdiçada sem, contudo, existir uma proposta de reaproveitamento desse lixo. Foi então, que surgiu a ideia de se pensar em um modo de reaproveitamento desse papel com o objetivo de conceder uma nova função para o que antes era considerado lixo e promover a conscientização de alunos e servidores para o uso adequado do papel. Figura 1 e 2: Apostilas e documentos impressos na gráfica do IFRN Santa Cruz e lixo da produção da gráfica do IFRN Santa Cruz. Fonte: registros da pesquisa. O projeto teve como principal objetivo a preservação do espaço e a diminuição do papel e seus resíduos diversos que são depositados no lixo, principalmente pela gráfica do IFRN - Campus Santa Cruz. E para melhor eficácia o mesmo foi dividido em cinco partes: A conscientização das pessoas; A consequente produção de conhecimento e preocupação sobre o assunto; A prática que envolve tudo aquilo que aprendemos na teoria sobre reciclagem, construindo objetos e folhas com papeis que foram reaproveitados; A consequente diminuição do impacto ao meio ambiente mesmo de pequeno impacto, que é a redução do papel gasto; A implantação futura do projeto para a circunvizinhança do campus. 3. Resultados e Discussões Desenvolveu-se a ideia da realização de oficinas de reaproveitamento e reciclagem de papel, em um projeto denominado “recicloteca”, que concentra-se no desenvolvimento de objetos executados como papel já utilizado na instituição. Na prática, foi desenvolvida oficinas na qual os participantes montaram objetos utilizando técnicas do papel reciclado e machê (Figura 3 e 4). A montagem ficou a critério da criatividade de cada aluno. Figura 3 e 4: Papel reciclado e fabricação de papel machê nas oficinas. Fonte: registros da pesquisa. 144 Os materiais produzidos ficaram por conta dos participantes, através desses meios percebemos a diversidade que existe para transformar o que era propriamente dito “lixo” em um novo objeto a ser utilizado, como mostra a Figura 5. Durante as oficinas percebemos um grande empenho dos envolvidos em produzir os objetos, funcionando como meio de desenvolver o uso consciente do papel e atribuir uma nova função ao que seria jogado para as lixeiras. Ao final, pode-se dizer que o resultado positivo foi atingido, na medida em que os participantes puderam vivenciar uma experiência de conscientização e aprendizagem. Figura 5: Objetos produzidos por participantes com material reciclado. Fonte: registros da pesquisa. 4. Conclusões Refletindo sobre a problemática do desperdício do papel dentro do IFRN e ainda considerando os objetivos do Campus Verde surge a ideia de trazer ao IFRN Campus Santa Cruz, a conscientização acerca do uso do papel através de uma abordagem dinâmica das oficinas, nas quais alunos e servidores são agentes potenciais dessa mudança. Buscando essa interação decidiu-se implantar uma oficina na qual além da conscientização do problema também são apresentadas algumas ideias para tentar minimizá-lo, através de uma aplicação criativa e didática. Nas oficinas, desenvolvemos bloco de notas e porta-lápis, reaproveitando o papel usado na instituição. Observamos que a troca de conhecimentos aqui apresentada foi de grande crescimento para os envolvidos, principalmente para os organizadores do trabalho, que puderam estudar melhor o tema e pensar em soluções para um problema observado no cotidiano. No entanto a experiência das oficinas foi pontual e ainda merece ser melhor desenvolvida e estudada. Pensase em aumentar as opções de produtos desenvolvidos nas oficinas, como a inclusão da confecção de caixas e origamis, com o intuito de torna-las mais atrativas ao público. Outro ponto importante diz respeito à operacionalização das oficinas que precisa ser melhor pensada para que atinja o maior número de alunos e servidores, utilizando-se de eventos locais como a Expotec para uma maior divulgação. Por fim, faz-se necessário além da conscientização dos docentes, discentes e servidores, também o incentivo ao pensamento sustentável da comunidade, observando que nela também há uma significativa quantidade de lixo produzida diariamente, onde o reaproveitamento dos materiais é uma ação pouco difundida. O projeto vê, portanto, a possibilidade de ampliar a atuação das oficinas para a comunidade local com o objetivo de servir e levar à comunidade o pensamento sustentável da reutilização dos materiais. Referências CAVALCANTI, C. Meio Ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas. Disponível em: 145 <http://www.institutoembratel.org.br/projetos/projetoGesac/swf/documentos/cursos/CursoInst ituto/site/pdf/meio_ambiente.pdf>. Acesso em maio 2014. CONCEIÇÃO, D. S., ROSA, C. H. S. e MORAES, G. L. Logística reversa: uma análise sobre o reaproveitamento de papel nas organizações. Anais. X SEGET, out 2013. Disponível em: < http://www.aedb.br/seget/artigos13/18918350.pdf>. Acesso em: 1º maio 2014. MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema urbano. Uberlândia, jun 2008. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/sn/v20n1/a08v20n1.pdf>. Acesso em: 1º maio 2014. RIBEIRO, Ana Lúcia. Lixo: grave problema ambiental mundo moderno. 21f. Trabalho de Conclusão de Curso em Geografia – Graduação. – Catolé do Rocha, 2011. Universidade Estadual da Paraíba (MONOGRAFIA). 146 REUTILIZAÇÃO CORRETA DE DETRITOS ORGÂNICOS PARA IMPLANTAÇÃO DO MÉTODO DE PRODUÇÃO DE ELETRICIDADE E OUTROS RECURSOS A PARTIR DA BIODIGESTÃO ANAERÓBICA NA REGIÃO POTENGI Augusto Enderson de Moura Oliveira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O objetivo principal do projeto é viabilizar a implantação da biodigestão anaeróbica nos municípios da região Potengi, especificamente no município de São Paulo do Potengi, como forma viável para produção principal de biogás e eletricidade em pequenas comunidades da região que não possuem acesso aos recursos. Nas comunidades urbanas ele consistiria em uma forma de reutilização do lixo orgânico produzido pelas famílias e em uma forma de saneamento completo nas regiões onde fossem implantados, nas comunidades rurais teria os mesmos objetivos, porém também seria uma forma de reutilizar corretamente os dejetos animais encontrados em pequenas áreas de criação pecuária. O projeto também possui grande importância econômica para as áreas onde atuaria, podendo tanto auxiliar na comunidade onde seria implantado diminuindo o consumo e custo elétrico e de gás nas famílias da região, como também os recursos produzidos poderiam ser vendidos pelo próprio município para outras regiões. Contando também com a produção continua de biofertilizantes que tanto poderiam ser vendidos pelo município, ou poderiam auxiliar na produção agrícola do mesmo. 2. Material e Métodos A biodigestão anaeróbica é um processo químico e natural onde ocorre a degradação de matéria orgânica por meio de micro-organismos na ausência de oxigênio, onde essa matéria orgânica é transformada em biofertilizante e em biogás. O biofertilizante é um excelente adubo natural, rico em nitrogênio. O biogás, é um gás composto de metano e gás carbônico, e pode ser usado para aquecimento e geração de eletricidade. Os métodos de trabalho para concepção do projeto resumem-se a construção de modelo de reator de biodigestão UASB ou reator de fluxo de manta de lodo, seu processo de tratamento ocorre com fluxo ascendente do efluente que atravessa um manto de lodo, composto por diversos microrganismos estritamente anaeróbia. Esta biomassa rapidamente converte a carga orgânica do efluente em biogás, através do processo de fermentação e também gera novas células (lodo). No topo do reator existe um separador trifásico que separa o lodo, que pode ser utilizado como biofertilizante, o efluente líquido tratado e o biogás (Figura 01) (WELLINGTON BALMANT, 2009, P.10). 147 Figura 01-Reator UASB Típico. Fonte: UASB (2015) A metodologia de trabalho do projeto na região Potengi seria concebida inicialmente com o estudo da qualidade dos produtos gerados a partir do sistema e sua viabilidade de implantação na região, ocorridos este estudo seria criado uma maquete realista do projeto, com o objetivo de exemplificar a atuação do mesmo na região. 3. Resultados e Discussões Os resultados obtidos a partir da implantação do método de biodigestão anaeróbica na região são restritamente positivos, como o método é totalmente autossustentável, o sistema não produz nenhum impacto ao ambiente em seu funcionamento correto. Seus produtos possuem um auto valor de aproveitamento, O biogás criado pode ser usado como combustível em substituição do gás natural ou do Gás Liquefeito de Petróleo (GLP), ambos extraídos de reservas minerais. Sendo que, o uso deste gás para aquecimento de instalações, aquecimento de estufas para produção de vegetais e a utilização do mesmo como gás de cozinha não requer nenhum tratamento a mais, já para que ele possa ser usado como o gás natural em aplicações de maior eficiência como em motores, ou para que seja reinserido na rede de distribuição de gás quando mediante legalização do órgão competente, é necessário ser feito a retirada do gás carbônico, gás sulfeto de hidrogênio e vapor de água e outros compostos. A equivalência energética do Biogás é descrita seguinte maneira: Um metro cúbico (1 m³) de biogás equivale energeticamente a: 1,5 m³ de gás de cozinha; 0,52 a 0,6 litro de gasolina; 0,9 litro de álcool; 6,4 kwh de eletricidade; 2,7 kg de lenha (madeira queimada). O sistema também produz um fertilizante de ótima qualidade como já foi citado, (bem melhores do que os fertilizantes químicos), muitas vezes misturados à água e, portanto, em forma líquida, mas em alguns processos também sólidos. Além de fornecer estes 2 produtos, o uso do sistema de biodigestão proporciona outras importantes vantagens: É uma forma de se fazer o saneamento básico de uma comunidade, em que seja feita a coleta de fezes humanas e animais sem adição de água e misturada com os resíduos orgânicos, como podas de gramados, e folhas varridas da mesma comunidade; Evita a poluição do meio ambiente com os dejetos orgânicos, sobretudo das águas, que tradicionalmente foi o seu principal destino, mas também do solo; Combate ao aquecimento global, pela queima do gás metano, 24 vezes mais causador do efeito estufa do que o CO2 resultante da sua queima; 148 Reduz significativamente o espaço utilizado para o tratamento dos dejetos animais, em relação a outro método mais atrasado, as lagoas de decantação; Elimina os maus odores dos dejetos animais; Reduz significativamente as moscas. A construção do sistema é bem simples, porém a administração e distribuição de seus produtos requerem um auto nível de atenção, principalmente no caso do biogás, assim como a manutenção do biodigestor (BRASIL, Wikipédia, a enciclopédia livre. Biodigestor Anaeróbico. Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Biodigestor_anaer%C3%B3bico> acesso em: 20 de out. 15). 4. Conclusão A partir dos fatos citados anteriormente conclui-se que o projeto em questão possui um forte impacto tanto social quanto ambiental na área onde for implantado, de maneira que, tendo uma administração correta se torna totalmente autossustentável, trazendo assim diversos benefícios para a região assim como para o meio ambiente. Tornando-se também uma opção para reutilização do lixo orgânico e ao mesmo tento uma fonte rentável para o município. Referências WIKIPÉDIA. A enciclopédia livre. Biodigestor Anaeróbico. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Biodigestor_anaer%C3%B3bico>. Acesso em: 20 de out. 15. BALMANT, Wellington. Concepção, construção e operação de um biodigestor e modelagem matemática da biodigestão anaeróbica. Universidade Federal do Paraná. Disponível em: <http://www.pipe.ufpr.br/portal/defesas/dissertacao/150(2).pdf>. Acesso em: 1º out. 2015. AMBIENTE BRASIL. Biodigestores. Disponível em: <http://www.ambientebrasil.com.br>. Acesso em: 20 out. 2015. REVISTA SUINOCULTURA INDUSTRIAL. O uso do biodigestor. Disponível em: <http://www.suinoculturaindustrial.com.br>. Acesso em: 20 out. 2002. CHERNICHARO, C.A.L. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias: Reatores anaeróbios. Vol. 5. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental – UFMG, 1997 VAN HAANDEL, A, LETTINGA, G. Tratamento anaeróbio de esgotos: um manual para regiões de clima quente. Campina Grande: UFPB, 1984. 149 ANÁLISE DE DURABILIDADE A ÍONS CLORETO DE CONCRETOS AUTOADENSÁVEIS Thiago Fernandes de Araújo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Aline Santana Franco de Siqueira [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Evilane Cássia de Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Marcos Alyssandro Soares dos Anjos [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução É frequente a deterioração precoce de postes de transmissão de energia de concreto armado convencional, quando estes são submetidos a condições agressivas como é o caso das zonas marítimas ou regiões densamente industrializadas, apresentando como manifestação patológica mais comum a corrosão das armaduras, resultante do processo de carbonatação do concreto aliada a penetração de íons cloretos. Neste trabalho, realizou-se o estudo de concretos convencionais e de concretos autoadensáveis (CAA) que são misturas capazes de espalhar com o seu próprio peso sem perder a coesão, além de, ser considerada uma tecnologia compatível com a indústria de pré-moldados e por possuírem maiores teores de finos e materiais pozolânicos que ajudarão no aumento da durabilidade das peças produzidas. Visando analisar a durabilidade de concretos dosados para utilização em postes fabricados por indústria de pré-moldados da cidade de Natal-RN/Brasil, o presente estudo apresenta quatro dosagens com resistência mínima de 25 MPa, sendo duas de concreto convencional e as outras duas de concreto autoadensável submetidas ao ensaio de coeficiente de difusão de íons cloretos pela especificação LNEC E-463. 2. Materiais e Métodos Foram produzidas quatro misturas de concretos, sendo duas delas de concretos autoadensáveis (CAA) e duas de concretos convencionais (CCV), apresentadas na Tabela 1. A escolha dos traços de concreto convencional foi baseada em traços já utilizados pela indústria de pré-moldados. Enquanto a definição dos traços de CAA partiu de estudos baseados na redução de consumo de cimento de concretos autoadensáveis de Anjos et al (2014) e EFNARC (2004). As duas misturas de CCV apresentam um consumo de cimento de 365 kg/m³ e 400 kg/m³ (CCV 365 e CCV 400), enquanto as misturas de CAA possuem um consumo de cimento de 320 kg/m³ e 340 kg/m³ (CAA 320 e CAA 340), completando-se com fíler calcário e metacaulim regional para atingir um teor de finos de, aproximadamente, 450 kg/m³ e 440 kg/m³ respectivamente como apresentado na tabela 1, proporcionando uma redução do cimento da ordem de 20%. 150 Tabela 1: Consumo de materiais para dosagem em metro cúbico (kg/m³). Composições dos concretos Materiais CCV400 CCV365 CAA 340 CAA320 Cimento 400 365 340 320 Metacaulim 19 32 Fíler 78 99 Agregado miúdo 770 801 825 846 Agregado graúdo 950 994 761 781 Água 200 193,45 238 214,4 Aditivo: PF 1,4 1,3 2 1,9 Aditivo: SP 3,9 5 Fonte: dados da pesquisa. Os concretos foram produzidos em betoneiras com capacidade de 150 litros de eixo inclinado. Para a mistura foi utilizada uma sequência que pode ser dividida em 5 etapas. A primeira consiste na colocação do agregado graúdo com um terço da água de amassamento misturando-se por 30 segundos, em seguida colocou-se o cimento e o fíler calcário e mais um terço da água de amassamento misturando-se por mais um minuto. Na terceira etapa colocouse agregado miúdo e o restante da água, misturando-se por mais um minuto. Em sequência acrescenta-se os aditivos e mistura-se por mais um minuto e ao final adiciona-se à mistura o metacaulim, misturando-se por dois minutos, totalizando um tempo de mistura de cinco minutos e meio. A determinação da difusão de íons cloretos foi realizada de acordo com a especificação do LNEC E-463. Para a realização deste ensaio foram utilizados três CP´S de cada dosagem, que foram ensaiados após os 28 dias de idade. Foram utilizados provetes cilíndricos com 100 mm de diâmetro e 50 mm de altura, proveniente do corte de três CP´s cilíndricos com 100 mm de diâmetro e 200 mm de altura. A preparação dos provetes se dá com o tratamento por vácuo e imersão em solução saturada de Ca(OH)2. De acordo com a padronização, é utilizado uma solução anódica (0,3M NaOH) e outra catódica (10% NaCl) e é aplicado inicialmente uma voltagem de 30V nos provetes, se necessário faz-se uma correção regida em norma. Com o indicativo de solução de nitrato de prata (0,1M AgNO3), por aspersão sobre o provete rompido diametralmente, é possível observar, por processo colorimétrico, a frente de penetração dos íons cloretos através da precipitação de cloreto de prata (AgCl) sobre a região afetada. Esta atividade permite determinar o coeficiente de difusão de cloretos por meio da migração de íons em regime não estacionário. Figura 1 – Ilustração do ensaio de difusão de íons cloretos em andamento. Fonte: registros da pesquisa. 151 3. Resultados e Discussões Através da análise visual da penetração de íons nos provetes na Figura 2 evidenciam a eficiência dos CAA’s 320 e 340 perante os concretos convencionais. A região clarificada é a área afetada por difusão de cloretos, a coloração é resultado da precipitação do cloreto de prata após a reação dos íons cloretos com o nitrato de prata. Utilizou-se uma caneta preta para destacar a zona de transição entre a área afetada por cloretos e a área intacta para melhorar a visualização nos provetes. O coeficiente de difusão de cloretos em regime não estacionário é apresentado na Figura 3, expressando numericamente os dados obtidos. CCV400 CAA340 CCV365 CAA320 Figura 2 – Provetes de concreto submetidos à análise colorimétrica. Fonte: registros da pesquisa. Figura 3 – Determinação da difusão de íons cloretos aos 28 dias de cura. Fonte: dados da pesquisa. 4. Conclusões Através deste estudo experimental pode-se concluir: O uso dos CAA’s testados oferece uma grande vantagem em relação aos CCV’s utilizados atualmente nas indústrias de pré-moldados em Natal-RN/Brasil quanto à proteção da armadura a ataques de cloretos, comuns nesta região. É possível fazer CAA’s com boa durabilidade em relação aos CCV’s reduzindo até 20% o consumo de cimento com o auxílio de adições minerais e possuindo maiores resistências à compressão. 152 5. Agradecimentos Agradecimentos ao CNPq pela concessão das bolsas de pesquisa e ao IFRN pelo apoio institucional. Referências ANJOS, M.A.S.; Camões, A; Jesus, C.M. Betão auto-compactável eco-eficiente de reduzido teor em cimento com incorporação de elevado volume de cinzas volantes e metacaulino. 1º Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis. Guimarães - Portugal, 2014. LNEC E-463: Betão: determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por migração em regime não estacionário, documentação normativa, especificação LNEC, 2004. BIBM. Cembureau, Efca, Efnarc, Ermco. The European Guide lines for Self-Compacting Concrete: specification, production and use, maio, 2005. Disponível em: < http://www.efnarc.org/pdf/SCCGuidelinesMay2005.pdf>. Acesso em: 1º out. 2015. 153 ESTUDO DA POTENCIALIDADE DO USO DO META CAULIM PRODUZIDO A PARTIR DO RESÍDUO DE CAULIM PARA A SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO CIMENTO NO CONCRETO ESTRUTURAL Julia Soares Torres de Lima [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Márcio Luiz Varela Nogueira de Morais Má[email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução O caulim é um produto de suma importância no cotidiano do homem, desde as primeiras civilizações. Ele está presente desde o papel até as construções de moradias, hospitais e escolas. A caulinita, é um minério que não é encontrado sozinho na natureza, por isso, se faz necessário que se tire as impurezas nele presentes. Estas impurezas, pode acarretar tanto alterações nas características do produto, quanto impactos ambientais negativos, quando descartados de forma inadequada na natureza. Com a intenção de continuar com desenvolvimento socioeconômico acentuado sem causar grandes impacto, pesquisadores buscam maneiras de utilizar esse resíduo de forma que minimize tais impactos, esta pesquisa estuda a possibilidade de substituir o uso do cimento pelo resíduo de caulim, no concreto, para que esse tenha um destino viável. A substituição parcial do cimento pelo resíduo de caulim provoca reatividade com o hidróxido de cálcio contido na pasta de cimento provocando reação pozolânica que reduz o teor de hidróxido de cálcio e a porosidade. Assim, melhorando o desempenho das propriedades do concreto estrutural como durabilidade e resistência mecânica. 2. Material e Métodos 2.1 Materiais Utilizou-se o cimento CP II F, cimento Portland composto com fíler,os agregados usados foram os agregados miúdos que foi a areia natural da classe quartzosa e, o agregado graúdo foram utilizados dois tipos de britas graníticas de dimensões 6,3 mm e 19,0 mm, para a confecção do concreto. As adições foram o meta caulim industrial e o resíduo de caulim. 2.2 Métodos Os materiais utilizados, exceto o resíduo de beneficiamento do caulim, já estavam em condições técnicas de serem utilizados na confecção do concreto. Primeiramente o resíduo foi passado em peneira malha #300, para separação da fração grosseira de mica e quartzo contido no material, após esta etapa o resíduo foi submetido à moagem por via úmida em moinhos de bola cerâmica por 12 horas. Após a moagem a barbotina obtida foi seca em estufa por um período de 24 horas a temperatura de 110ºC. Após a secagem, o resíduo calcinado foi desaglomerado em almofariz e novamente passado na peneira de malha #300, sendo utilizada somente a fração passante. Após esta etapa o resíduo foi submetido as análises por difração de raios X, DRX, e fluorescência de raios X, FRX, para verificação de sua composição mineralógica e química, percentuais de óxidos existente no mesmo, respectivamente. O análise mineralógica por difração de raios X (DRX) 154 foi realizada no difratômetro de raios X, com tubo de cobre, 50 mA e 2 KW. E a análise química por fluorescência de raios X (FRX) foi realizada com o espectrômetro de raios X por energia dispersiva, com tubo de alvo de ródio (Rh), 1 a 1000 mA e 5 a 50 KV. Em seguida, o material foi levado ao forno onde foi calcinado a uma temperatura de 600ºC com patamar de 2 horas, taxa de aquecimento de 10ºC/mim e resfriamento natural. Após sua calcinação foi realiza análise por difração de raios X para verificar a formação do meta caulim Foram produzidos traços de concreto sendo o de referência o traço padrão – TP e traços com 5%, 10% e 20% de meta caulim industrial (MI) e com o meta caulim reativo produzido a partir do resíduo de caulim calcinado – RCC em substituição parcial a massa de cimento, de acordo com tabela 5.Foram confeccionados 6 corpos de prova para cada traço de concreto analisado. O concreto foi produzido em betoneira. Os corpos de prova foram confeccionados em molde cilíndrico de 100 x 150 mm O adensamento foi realizado de forma manual dividido em duas camadas com 12 golpes cada. Todos os corpos de prova foram desmoldados 24 horas após sua confecção. Em seguida os corpos de prova foram levados a cura úmida, ABNT NBR 5738:2003. 3. Resultados e Discussões Na amostra, a soma dos óxidos SiO₂, Al₂O₃ e Fe₂O₃ foi correspondente a 90,06%, superando o valor mínimo de 70% exigido pela ASTM C-618:1989 e ABNT NBR 12653:1992, para que o material seja considerado pozolânico. Nos resultados obtidos na difração de raios X, o resíduo de caulim sem tratamento térmico apresentou picos de quartzo, caulinita, microclínio e moscovita, Figura 1, enquanto o meta caulim industrial não apresentou picos de caulinita, Figura 2. Isto ocorre em consequência da quebra de sua estrutura cristalina que se tornou amorfa. Figura 1: Difração de Raios X do resíduo de caulim. Fonte: dados da pesquisa. Figura 2:Difração de Raios X do meta caulim industrial. Fonte: dados da pesquisa. 155 A seguir é apresentado o difratograma do resíduo tratado termicamente, Figura 3, onde pode ser observado o desaparecimento do pico de caulinita, o que vem a confirmar sua transformação em meta caulim a temperatura de 600ºC, segundo a literatura. 156 Figura 3: Difração de Raios X do resíduo de caulim calcinado. Fonte: dados da pesquisa Os resultados obtidos através dos ensaios a compressão axial dos traços: padrão, 5%, 10% e 20% de meta caulim industrial (MI) e resíduo de caulim calcinado (RCC) com rompimento aos 7 e 28 dias, apresentados na Tabela 1. Tabela 1: Resistências aos 7 e 28 dias do TP, MT e RCC Fonte: dados da pesquisa. Pode-se avaliar que os resultados obtidos indicam um crescimento de resistência à compressão axial ao decorrer do aumento dos dias em todos os traços estabelecidos, traço padrão, meta caulim industrial e resíduo de caulim calcinado. Quando comparado com o traço utilizando o resíduo de caulim calcinado (RCC), este também elevou sua resistência à compressão axial quando comparada ao traço sem substituição de cimento (traço padrão), o traço RCC aumentou aproximadamente 40% a sua resistência. Quando a comparação é feita entre os traços MI e RCC, observa-se que a resistência obtida no concreto com MI apresentase superior. 157 4. Conclusões O traço que apresentou o melhor resultado foi aquele em substituiu-se 20% de cimento pelo resíduo de caulim calcinado, quando comparada ao traço padrão, resultando em um aumento de aproximadamente 40%. Pode-se observar também que as resistências quando comparadas aos traços confeccionados com o meta caulim industrial obtiveram valores abaixo deste, este resultado está associado, provavelmente, a pureza do caulim utilizado para a confecção do meta caulim industrial e de seu provável controle de qualidade. Desta forma, com base no exposto anteriormente conclui-se que a utilização do resíduo de beneficiamento do caulim na produção de meta caulim reativo para utilização na confecção de concretos estruturais é plenamente viável, tanto técnica como economicamente, uma vez que a adoção dessa prática diminuiria o passivo da empresa geradora, e minimizaria o impacto ambiental negativo causado pelo descarte deste na natureza e diminuindo o custo de produção do meta caulim. Como também reduzir o custo e o consumo efetivo com cimento por parte da indústria da construção civil, refletindo diretamente no consumidor final, com obras mais baratas e acessíveis as classes com menor poder aquisitivo. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11578 – Cimento Portland. Rio de Janeiro, 1991. ________. NBR 12653 – Materiais pozolânicos. Rio de Janeiro, 1992. ________. NBR 5739 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova, Rio de Janeiro. 2002. _________. NBR NM 248 – Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003. _________. NBR 5738 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova. Rio de Janeiro, 2003. _________. NBR 11768 – Aditivos químicos para concreto de cimento Portland – Requisitos. Rio de Janeiro, 2011. BARATA, M. S.; MOLIN, D. C. C. D. Avaliação preliminar do resíduo caulinítico das indústrias de beneficiamento de caulim como matéria-prima na produção de uma meta caulinita altamente reativa. Ambiente Construído. v. 2, n. 1, p. 69-78. 2002. VARELA, M. L. N. M, Aproveitamento de resíduo de beneficiamento do caulim na produção de porcelanato cerâmico. Doutorado. – Natal, 2007. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (TESE). 158 EFEITO DO TRATAMENTO DE AMOSTRAS DE TITÂNIO POR PLASMA DBD Ivan Alves de Souza [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA Camila Beatriz Souza de Medeiros [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA Igor Oliveira Nascimento [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA Arlindo Balbino do Nascimento Neto [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA Leandro Augusto Pinheiro do Nascimento [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA Acacio Lopes Borges de Araujo [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA 1. Introdução O titânio e suas ligas são os materiais mais utilizados para aplicações em implantes (Rosales et al., 2010). Essa característica dá-se pela sua biocompatibilidade. “Ao ser inserido num meio biológico, os implantes desencadeiam uma série de processos biológicos até ocorrer a osseointegração” (GUERRA NETO et al., 2009). Quando estes dispositivos possuem modificações em sua superfície, esse processo pode ser acelerado devido a uma maior energia superficial que parece favorecer à adesão celular (ROSALES et al., 2010; AMARANTE, LIMA, 2001). Diversas técnicas de tratamentos superficiais têm sido pesquisadas, no intuito de desenvolver uma melhor resposta biológica (ROSALES et al., 2010; AMARANTE, LIMA,2001). Estudos recentes indicam que tratamentos de materiais por plasma estimulam a adesão celular, proliferação e desenvolvimento de tecidos (SAQIQALI et al, 2010). O Plasma DBD (Descarga por Barreira Dielétrica) destaca-se como um método promissor por ser flexível e de baixo custo. Além disso, permite a modificação superficial em materiais maiores ou em grandes escalas, por não precisar de um sistema vácuo (SAQIQALI, 2010). Aplicações biomédicas de Plasma DBD tem despertado forte interesse na eletrocirurgia (STALDER, NERSISYAN E GRAHAM, 2006), engenharia de tecidos (BLAKELY et al 2006), modificação de superfícies de materiais biocompatíveis (Sanchez-Estrada, Qiu e Timmons, 2002), esterilização de materiais termicamente sensíveis e de instrumentos biomédicos (LAROUSSI, 2005). Recentes pesquisas destaca a capacidade desta técnica em modificar superfícies de metais e suas ligas, modificando sua capacidade hidrofílica e energia de superfície (PANOUSIS et al 2007). Neste trabalho, temos por objetivo analisar os efeitos, causados por esta técnica de Plasma DBD, em superfícies de Ti Cp grau ll., 159 2. Materiais e Métodos 2.1. Preparação das Amostras Foram utilizados discos de Ti Cp grau II com dimensão de 15 mm x 1,5 mm (diâmetro x espessura). Os discos foram inicialmente lixados com lixas de carbeto de silício com granulometria variando de 100 até 2000 mesh. O polimento foi executado com uma solução composta de sílica coloidal e peróxido de hidrogênio em um pano de polimento de neoprene poroso (OP_CHEM) por período de 40 min. Em seguida, os discos foram lavados em detergente enzimático, álcool etílico absoluto e água destilada com agitação ultrassônica, por 15 minutos cada. 2.2 Microscopia Óptica Foi utilizado o microscópio Olympus BX 60M com uma câmera digital acoplada e o software Image Pro Plus que foi utilizado na aquisição e análise de imagens. Para tal, foram obtidas fotomicrografias das amostras de controle e tratadas. As regiões analisadas correspondem aos campos de visão obtidos com aumento em 80 vezes. 2.3 Ensaio de Molhabilidade O ângulo de contato de gotas de água destilada foi medido nas amostras controle e nas tratadas. Com o auxílio de uma pipeta graduada, 20µL de água destilada foi gotejada sobre cada disco. Fotografias foram obtidas em diferentes tempos até a completa relaxação gota, utilizando-se um programa de captação de imagens Pinnacle Studio 9.0. O teste de molhabilidade foi analisado pelo Surftens 3.0, no qual se mede o ângulo de contato entre a superfície sólida (disco) e o plano tangencial à superfície líquida (água), ensaio de molhabilidade foi realizado antes e após o tratamento por Plasma DBD. 2.4 Parte Experimental As amostras de titânio foram submetidas a tratamentos superficiais por plasma DBD a pressão atmosférica . Para os parâmetros do tratamento utilizou-se uma voltagem de 18 kV e frequência 500 Hz durante 2 horas. Figura 1 3. Resultados e discussão 3.1 Microscopia Óptica O ensaio de microscopia óptica realizado na amostra de controle mostrou uma superfície refletida, polida, contendo pequenos defeitos estruturais como demonstrado na Figura 2a. Nas amostras tratadas observou-se erosões superficiais nas amostras de titânio. Estas erosões podem ser identificadas como microporosidades, como explicitado na Figura 1b. 160 Figura 1: Amostras de titânio antes e após o tratamento figuras (a) e (b) respectivamente, com aumento em 80x. Fonte: dados da pesquisa. As modificações superficiais analisadas nas superfícies das amostras de titânio podem ocasionar mudanças nas respostas biológicas encontradas durante a osseointegração e a resposta a longo prazo da interface osso-implante (ROSALES et al., 2010; COSTA et al.,2008) desempenhando um papel crítico nas respostas biológicas que induz o sucesso dos implantes (ZHU, 2004). As erosões ocasionadas pelo tratamento, microporosidades, podem ser atribuídas à orientação localizada da discarga DBD no regime filamentar ( ZHANG e HAN, 008). Essas erosões podem favorecer a osseointegração, existem evidências que modificações superficiais nas escalas micro e nano conduzem esse processo (ROSALES et al., 2010). 3.2 Molhabilidade O ensaio de molhabilidade realizado nas amostras de controle demonstrou uma superfície de titânio puro com um ângulo de contato em média de 57º de acordo com a Figura 2a. Nas amostras tratadas obteve-se um ângulo menor, com uma média de 10º, apresentando boa hidrofilicidade, como demonstrado na Figura 2b. Figura 2 Ensaio de molhabilidade no titânio tratadas por plasma DBD, antes do tratamento (a) e após o tratamento (b). Biomateriais com Maior hidrofilicidade, melhoram o crescimento celular e aumentam a biocompatibilidade Rosales et al., 2010).. As amostras tratadas apresentaram uma capacidade hidrofílica maior em relação a antes do tratamento, chegando a 80% da diminuição do ângulo de contato com relação a amostra de controle. Essa capacidade hidrofílica, pode ser relacionada com a esterelização e retirada de componentes orgânicos presentes nas ( Panousis et al 2007), e as mudanças topográficas. A molhabilidade superficial influencia proteínas, moléculas e células que chegam na superfície do biomaterial ao ser inserido num meio biológico (GUERRA NETO et al.,2009). 161 4. Conclusão O tratamento por plasma DBD é capaz de modificar superficialmente amostras de titânio, mudando suas características topgráficas e hidrofilicidade. As amostras após o tratamento por plasma DBD apresentaram características importantes para aplicações em dispositivos médicos com sucesso. Referências Rosales-Leal, J.I. et.al Effect of roughness, wettability and morphology of engineered titanium surfaces on osteoblast-like cell adhesion. colloids and Surface A: physicochemical and engineering aspects. v. 365, 2010, p. 222-239. Guerra Neto, C. L. B., da Silva, M. A. M., Alves Junior, C. Osseointegration evaluation of plasma nitrided titanium implants. Surface Engineering, v.25, n. 6, 2009, p. 434-439. Amarante, E.S., Lima, L.A. Otimização das superfícies dos implantes: plasma de titânio e jateamento com areia condicionado por ácido – estado atual. Pesqui Odontol Bras. v. 15, n. 2, 2001, p. 166-173. Saqiqali, C., Cernák, M., Slavicek, P., Havel, J., Gas plasmas and plasma modified materials in medicine. Journal of Applied Biomedicine. v. 8, 2010, p. 55-66. Stalder, K., Nersisyan, R.G., Graham, W.G. Spatial and Temporal variation of repetitive plasma discharge in saline solutions. Journal of Physics D: Applied Physics. v. 39, n. 16, 2006, p. 3457-3460. Blakely, E.A., Bjornstad, K.A., Glavin, J.E., Brown, I.G. Selective neuron growth on ion implanted and plasma deposited surfaces”, In: 11th International Congress On Plasma Physics, Sydney. 2002, p. 253, 15-19 July. Sanchez-Estrada, F. S., Qiu, H., Timmons, R. B., Molecular tailoring of surfaces via RF pulsed plasma polymerizations: biochemical and other applications”, In: Proc. IEEE Int. Conf. Plasma Sci., Banff. 2002, p. 254, 26-30 May. Laroussi, M., Low Temperature Plasma-Based Sterilization: Overview and State-of-the-Art”, Plasma Processes and Polymers. v. 2, 2005, p. 391-400. Panousis, E.et.al. Titanium alloy surface treatmen using an atmospheric plasma jet in nitrogen pulsed discharge conditions. Surface & Coatings Technology. v. 201, 2007, p. 7292-7302. Costa, T. H. C., Feitor, M. C., Alves Júnior, C., Bezerra, C. M. Caracterização de filmes de poliéster modificados por plasma de O2 a baixa pressão. Revista Matéria. v. 13, n. 1, 2008, p. 65-76. Zhu, X. et al. Effects of topography and composition of titanium surface oxides on osteoblast responses. Biomaterials. v. 25, 2004, p. 4087-4103. 162 Zhang, X. W., Han, G. R. Microporous textured titanium dioxide films deposited at atmospheric pressure using dielectric barrier discharge assisted chemical vapor deposition. Thin Solid Films. v. 516, 2008, p. 6140-6144. 163 A EFICIÊNCIA E VERSATILIDADE DE EQUIPAMENTO PARA MICRO CÁTODO OCO Igor Oliveira Nascimento [email protected] LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte Edalmy Oliveira de Almeida [email protected] LABPLASMA – DFTE – Universidade Federal do Rio Grande do Norte Ivan Alves de Souza [email protected] LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte José César Augusto de Queiroz [email protected] LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte Michelle Cequeira Feitor [email protected] LABPLASMA – DET – Universidade Federal do Rio Grande do Norte Thércio Henrique de Carvalho Costa [email protected] LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte 1. Introdução O revestimento de superfícies utilizando filmes tem grande importância tecnológica devido à melhoria de propriedades superficiais, propriedades mecânicas (resistência a abrasão, mudanças no coeficiente de atrito, etc)( ALVES et al., 2004), propriedades químicas (resistência ao desgaste por corrosão) (HENRIQUES et al., 2014), propriedades decorativas (coloração e refletividade) (NASCIMENTO, 2011), entre outras. Neste trabalho foram utilizados eletrodos de cobre, bronze, titânio, ferro, aço inox, pó de titânio, pó de titânio e silício, vidro e cerâmica. Os eletrodos foram investigados com relação a sua mudança de geometria e comportamento do plasma dentro da cavidade de cátodo oco e canal do gás. Quanto à cavidade de cátodo oco, os aspectos analisados foram o diâmetro e sua profundidade. Com o canal do gás, verificamos o diâmetro. Nas duas situações, investigamos parâmetros como fluxo do gás, pressão, corrente e tensão aplicada no eletrodo, temperatura, perda de massa do eletrodo com relação ao tempo de uso (ALMEIDA, 2008). 2. Material e Métodos Um equipamento de micro cátodo oco desenvolvido para deposição de filmes finos em altas pressões (cerca de 10-3 - 5 mbar). Para testar o equipamento, cátodos de cobre ocos de diferentes dimensões, foram utilizados. Este trabalho apresenta a influência dos principais parâmetros, o diâmetro e profundidade da cavidade cátodo oco, sobre a eficiência da pulverização catódica foram investigados. Foi utilizado intervalo de fluxo entre 6 e 15 sccm e pressão de 2,7 a 8 x 10-3 mbar. A corrente aplicada foi entre uma faixa de trabalho de 0,8 a 0,4 A, e as suas respectivas tensões ficaram em uma faixa de 400 a 220 V. Fixando o valor da corrente, foi possível levantar a curva do comportamento da tensão com o tempo de uso. Cada substrato foi limpo durante 10 min. e depositado durante 15 min. A partir de alterações dimensionais da cavidade do cátodo oco a efetividade do processo foi avaliado e perda de massa calculada. Outra técnica desenvolvida para atender a produção e caracterização dos filmes 164 produzidos nesse trabalho foi o caloteste. Ele se utiliza de uma esfera e abrasivo para marcar a amostra com uma impressão de calota, com essa forma de calota é possível calcular a espessura do filme. Taxas de perda de massa de até 3,2 x 10 -6 g / s foram obtidos. Para o substrato cátododistância de 11 mm, o filme foi depositado limitado a uma área de 22 mm de diâmetro. A deposição de Cu velocidade neste sistema de pulverização catódica configuração atinge valores de cerca de aproximadamente 0,18 μm / min. 3. Resultados e Discussões A configuração dos eletrodos utilizados nesse trabalho. Foram escolhidos para análise aqueles que não estavam com geometria repetida como mostra a figura 1. Os que tiveram a sua geometria repetida entraram na estatística de maneira quantitativa e tiveram aplicação em trabalhos paralelos para revestir materiais cerâmicos, membranas para crescimento celular, fibra de abacaxi, interface entre alumina e metal amorfo, biocompatibilidade de brincos, ligas de metais odontológicos e preenchimento de membranas com nano tubos. Parâmetros como potencial catódico, temperatura do substrato, temperatura na superfície externa dos eletrodos apresentaram comportamento bem diferentes. O tempo de vida dos eletrodos tiveram uma grande diferenciação assim como a comparação das perdas de massa. De um modo geral, os eletrodos da série 1 tiveram maior taxa de deposição, com relação aos eletrodos da série 2 e 3 que foram utilizados com pressão de 10-2 mbar. Isso acontece porque a estrutura dos filmes que foram depositados com pressão de 2.7 a 3.5 mbar tem estrutura colunar, enquanto que nos demais foram depositados com pressão de 10-2 mbar é bem compacta. Figura 1 - (Série das geometrias utilizadas nos eletrodos.) Eletrodos da série 1 são formados só por um material com Ø1=2,4mm, Ø4=12,0mm e L3=14,0mm; Eletrodos da séria 2 formados por um corpo de aço inox e uma ponteira do material a ser consumido com Ø1=2,4mm, Ø2=2,0mm, Ø3=5,0mm, Ø4=10,0mm, L1=5,0mm, L2=9,0mm e L3=14,0mm; Eletrodos da série 3 com corpo de aço inox e ponta do material de consumo com Ø1=2,0mm, Ø2=1,5 mm, Ø4=10mm e L3=12mm. Fonte: dados da pesquisa. Na figura 2 mostras micrografias de deposições que obedecem aos mesmos parâmetros com ângulo de incidência de 900 em substrato de vidro comum e aço M2, com tempos de exposição para os eletrodos de 120 minutos. 165 Figura - 2 (Eletrodos da série 1) (A) - Filme de TiN em substrato de aço M2 com estrutura compactada, pressão 2.7 mbar e temperatura no substrato de 1280C. (B) - Filme de cobre em vidro ilustrando uma estrutura com crescimento colunar, com pressão 2,7 mbar e temperatura de substrato de 460C. (C) - Filmes de cobre em vidro ilustrando uma estrutura com crescimento colunar, com pressão 3,1 mbar e temperatura no substrato de 60 0C. (D) - Filme de cobre em vidro com estrutura compacta e com pressão 3,1 mbar e temperatura no substrato de 1800C. Fonte: dados da pesquisa. Na amostra (A) estão presente as medidas da espessura do filme e da nitretação do aço M2, respectivamente com uma temperatura no substrato de 1280C e uma taxa de deposição de 4,3x10-2 µm/min. As condições de nitretação foram com pressão de trabalho de 2 mbar, gás de trabalho com mistura de 16H2 + 4N2, fluxo de 20 sccm, corrente de 0,20 A e tensão de 812 V. Na amostra (B) tem-se o controle de parâmetros como a temperatura do substrato que foi de 460C, taxa de deposição calculada de 5.15 x 10-2 µm/min e pressão que foi de 2.7 mbar. Esses parâmetros resultaram em um filme que pode ser classificado dentro do modelo estrutural de zona proposto por Thorton, tendo se verificado que eles se enquadram na zona dois e que apresentam grãos colunares, com superfície altamente faceada. Na amostra (C) controla-se a temperatura do substrato em 600C, tendo calculado uma taxa de deposição de 5.6 x 10-2 µm/min e uma pressão de 3.1 mbar. Esses parâmetros resultaram em filmes com as mesmas características, que aconteceram como na deposição que foi feita em substrato de vidro comum. A amostra (D) teve o controle dos parâmetros como à temperatura do substrato que foi de 1800C, uma taxa de deposição de 1.03 x 10-2 µm/min. Esses parâmetros também levaram a produção de filmes com as mesmas características encontradas no filme da amostra (C) para a mesma classificação do filme proposto por Thorton. 4. Conclusões A simplicidade e baixo custo do presente sistema de deposição, é possível a obtenção de filmes com alta taxa de deposição, estruturas colunares, compactas e filmes a partir da mistura de pó. Entretanto, maiores estudos são necessários para garantir reprodutibilidade na mudança dos parâmetros de processo com o surgimento das cavidades esféricas. 166 5. Referências ALMEIDA, E. O. Construção, caracterização e aplicação de eletrodos para descarga por arco de cátodo oco. Doutoramento. – Natal, 2008. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (TESE). ALVES, L.A.; DAMIÃO, A.J.; FONTANA, L. C., Propriedades Óticas de Filmes de TiN Depositados por Tríodo Magnetron Sputtering, Revista Matéria. v. 9, n. 4, 2004. pp. 420 – 425. HENRIQUES, V. A. R.; SCHICHI, O. C.; GALVANI, E. T. Caracterização microestrutural de recobrimentos multicamadas tIN/zRN em liga de titânio produzida por metalurgia do pó, Tecnologia em Metalurgia, Materiais e Mineração. Revista Tecnologia em Metalurgia, Materiais e Mineração. v. 11, n. 3, jul.-set. 2014. NASCIMENTO, I. O. Deposição de Filmes Finos de TiN-aSiNx Por Magnetron Sputtering – Mestrado. – Natal, 2011. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DISSERTAÇÃO). 167 CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS ÁGUAS DO RIO POTENGI E APLICAÇÃO DA ELETROFLOTAÇÃO COMO TÉCNICA DE DESCONTAMINAÇÃO Antônio Patric de Araújo [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Renato Dantas Rocha da Silva [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Paulo Roberto Cunha dos Santos [email protected] 1. Introdução Em decorrência de uma acentuada crise hídrica conforme se apresenta o País atualmente, busca-se encontrar alternativas que venham minimizar o atual problema hídrico nacional. Conforme se observa nesse cenário, a escassez de água, antes restrita apenas ao nordeste, hoje toma novos patamares chegando a regiões antes não tão afetadas por esse fenômeno. Essa escassez é visível nos reservatórios em que se verifica volume morto, e racionamento de água é uma realidade em regiões industrializadas do país, como é o caso de São Paulo, no Sudeste no país. O semiárido nordestino tem sido palco dessa ocorrência, sendo afetado neste panorama, já que se sabe que essa região possui a mais baixa precipitação do país, com uma média 500 mm por ano em grande parte da região, que resultam em seca e desigualdade social. No Rio Grande do Norte a crise é notória, prova disso é que os principais reservatórios do Estado estão muito abaixo de sua capacidade. Essa situação decorre devido à estiagem e o consequente quadro da seca vem se apresentando desde o ano 2011, uma duração de mais de três anos. Em consequência disso, a agricultura é uma das áreas mais comprometidas com a ausência d’água, haja vista dependerem de chuvas e de reservatórios para o sistema de irrigação. Em muitos municípios o racionamento é uma realidade, constatando-se nos casos mais críticos abastecimento de água apenas, através de carros-pipa. No Rio Grande do Norte, a região do Potengi, conta com a Barragem Campo Grande na cidade de São Paulo do Potengi, quer segundo pesquisas mais recentes da Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) está com apenas 11,68% do seu volume conforme se observa no Gráfico 1 junto a situação volumétrica de alguns principais reservatórios do Estado. Gráfico 1. Volume de alguns dos principais reservatórios potiguares Fonte: SEMARH (2015). Tal fato reflete a preocupante situação da escassez dos recursos hídricos, visto que o reservatório é o principal na região. A Barragem Campo Grande é responsável pelo 168 represamento das águas do Rio Potengi, um dos mais importantes rios do Estado que cruza a cidade de São Paulo do Potengi. A questão da crise hídrica abre passagem para outro grave problema: a cidade de São Paulo do Potengi tem passado por acelerado processo de urbanização e crescimento populacional, complementado esse quadro a gestão do saneamento não acompanhou de modo adequado tal crescimento. Esse fato implica no descarte inadequado de resíduos doméstico diretamente no Rio, o que leva a contaminação dos corpos d’água, um grave problema considerando as atuais condições em que se encontram esse recurso hídrico. De acordo com LEME (2007, p. 25): O crescimento populacional e a característica do ser humano de se aglomerar de forma organizada em núcleos urbanos, as cidades, cuja localização geralmente coincide com áreas da superfície da Terra onde a disposição de água é maior, tem originado têm originado a poluição dos recursos hídricos pelo lançamento de seus de seus próprios efluentes. Esse trabalho tem por objetivo caracterizar, através de análises físico-químicas conduzidas em laboratório, as águas desses corpos hídricos a fim de identificar a qualidade da mesma e os perigos que essa pode trazer ao meio ambiente e à população potengiense. Também se tem o papel de estudar a eletroflotação como técnica alternativa ao tratamento da água, que se configura como uma técnica de separação de misturas caracterizada pela inserção de microbolhas de oxigênio e hidrogênio em meio aquoso. Na eletroflotação, a criação de microbolhas se dá a partir da eletricidade, eletrodos com uma baixa carga são os responsáveis pela reação de oxirredução que produz microbolhas de ar. De acordo com Tessele e Rubio (1997), essa técnica “vem sendo crescentemente estudada na área do tratamento de efluentes líquidos para a remoção/recuperação de íons, complexos, macromoléculas, tensoativos, óleos emulsificados, compostos orgânicos, redução de DBO e DQO e partículas coloidais, finas e ultrafinas. ”. Neste contexto, principalmente em função da elevada eficiência e alta capacidade, as técnicas de suspensão de partículas vêm se mostrando de grande potencial para o tratamento da água e efluentes (RUBIO et al., 2002). Com esse trabalho se pretende a partir do atual cenário de crise hídrica, seca e escassez de água enfrentado atualmente pela sociedade brasileira com enfoque na população potengiensse, ressaltar a importância do reconhecimento da qualidade dos recursos hídricos, uma vez que esta interfere diretamente na saúde e no bem-estar da população, assim como na preservação dos recursos naturais finitos e do meio ambiente. Além disso, sabe-se que o valor dos conhecimentos científicos nos processos e técnicas de tratamento de água tendo em vista a relevância da preservação desse bem finito é indispensável para atendimento às demandas ambientais e para a manutenção da vida. Face ao exposto o presente projeto foi elaborado com o objetivo de caracterizar e diagnosticar a qualidade da água dos corpos hídricos do Rio Potengi, nos entornos da área urbana do município de São Paulo do Potengi e promover o estudo e tratamento das águas eutrofizadas através da técnica de eletroflotação por uma unidade de bancada instalada no laboratório de análises químicas do Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia (IFRN) no Campus São Paulo do Potengi. 2. Material e Métodos Para alcançar de forma satisfatória as metas estabelecidas com esse trabalho, que tem o intuito de identificar o atual estado de degradação dos corpos hídricos do rio estudado e estudar o processo de eletroflotação como técnica mitigadora dos problemas observados, o projeto foi fracionado em duas etapas, que consistem em: 169 - Caracterização hídrica do Rio Potengi: para obtenção do produto desejado nesta etapa, pesquisa e reconhecimento dos principais efluentes e fontes contaminantes que venham a alterar a qualidade das águas dos corpos hídricos é o princípio. Para isso estão programadas coletas semanais de amostras de água do Rio Potengi das áreas estudadas, sendo que em algumas dessas coletas, se observou um auto nível de eutrofização em quase todo o trecho percorrido pelo rio na área urbana (Figura 1). Figura 1: Imagem das principais áreas em estudo Fonte: Google Earth (2014). As coletas tem sido realizadas baseadas nas normas do Guia Nacional de Coleta e Preservação de Amostras de Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas e Efluentes Líquidos da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e Controle de Poluição das Águas (CETESB) com apoio da Agência Nacional de Águas (ANA), as amostras estão sendo conduzidas ao laboratório onde são realizadas as análises físico-químicas responsáveis pelo diagnóstico da qualidade das águas, sendo essas: condutividade elétrica, pH, sólidos totais, turbidez, dureza do cálcio, acidez e alcalinidade total. A metodologia analítica do presente trabalho tem utilizado o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater” como referência para a realização das análises físico-químicas da água, sendo a condutividade verificada através do método potenciométrico; dureza: método titulométrico; pH: método potenciométrico, e o pHâmetro é o responsável pela medição do pH, sendo anteriormente calibrado com soluções tampão de pH fixo em 4,0 e 7,0; turbidez: através do turbidímetro é efetuada a verificação da turbidez através do feixe de luz emitido pelo aparelho à amostra expressa por Unidades Nefelométricas de Turbides (NTU) e acidez e alcalinidade: método titulométrico. - Estudo da eletroflotação como técnica de descontaminação: imbuídos da necessidade cada dia maior de se estudar o tratamento de água na finalidade de proteger os recursos hídricos, que por sua vez são finitos, a eletroflotação, pela sua eficiência, apresenta-se protagonista nesse cenário. O material contaminante em água tende a ser, na maioria das vezes, hidrofóbico. À medida que entram em contato com as microbolhas deste processo, as partículas tendem a aderir-se às microbolhas devido ao ângulo de contato formado entre a bolha e as partículas contaminantes (Figura 2). Esse fator, aliado à tensão superficial que faz com que as bolhas naturalmente migrem para a superfície líquida, leva consigo a partícula do material contaminante, de modo a que o último acaba por se concentrar, também, na superfície flotado1, sendo esse processo o inverso da sedimentação. Com a concentração do material na superfície, sua remoção se torna 1 FLOTADO: Do inglês floatin = flutuado. Refere-se ao material suspenso no processo de eletroflotação. 170 facilitada; e com o mesmo removido se encerra o processo de eletroflotação, extraindo-se as impurezas da água. A aplicação de novas técnicas para a remoção de partículas, com destaque a Flotação, encontra-se em vasto crescimento. Face ao exposto surge nosso interesse no estudo desta técnica como solução ao problema hídrico exposto. A construção de um reator de eletroflotação está prevista, o protótipo composto por tubos de diâmetro de 20 cm e altura de 50 cm e um volume global de 15,7 litros contará com eletrodos de alumínio responsáveis pela formação de microbolhas que possuem diâmetro médio de 30 micrometros de acordo com estudos anteriores (Figura 3). Fonte: dados da pesquisa. 3. Resultados e Discussões A poluição hídrica é um desafio a ser enfrentado em todo o mundo, a declaração de Helsinki define a poluição dos recursos hídricos como “qualquer alteração nociva das características de quantidade e qualidade das águas de uma bacia hidrográfica motivada por intervenção humana” (ILA, 1967 apud CUNHA et al., 1980). Os parâmetros de qualidade são de fundamental importância na análise e diagnóstico hídricos, tais grandezas são responsáveis por indicar as características da água, explicitando seu grau de potabilidade. A pesquisa utiliza como referência os padrões de qualidade decretados pelo Ministério do Meio Ambiente através do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e da Portaria 518/2014 do Ministério da Saúde, ambos tratando dos padrões de qualidade potabilidade da água para consumo humano. Na amostra relativa a tabela 1, foi observado uma condutividade acima do considerado ideal para uma água potável, já que alguns autores consideram uma água com C.E < 200 μS/cm com provável potabilidade, tal parâmetros explicita o grau de presença de íons através da tendência da água a conduzir eletricidade na fase líquida, uma água com condutividade elétrica elevada significa que a presença de íons dissolvidos nela também é grande. Também apresenta pH levemente alcalino. PARÂMETRO pH Condutividade elétrica Dureza do Cálcio Sólidos Totais Acidez total Fonte: dados da pesquisa. Tabela 1. Resultados das análises físico-químicas UNIDADE RESULTADO 7,41 (µS/cm) 381 (µS/cm) -1 mg.L CaCO3 100 mg.L-1 CaCO3 400 mg.L-1 400 mg.L-1 -1 mg.L CaCO3 5,6 mg.L-1 de CaCO3 171 4. Conclusões Imbuídos da problemática atual, nosso trabalho procura caracterizar físicoquimicamente as águas dos corpos hídrico do rio Potengi jusantes à Barragem Campo Grande na cidade de São Paulo do Potengi com o propósito de diagnosticar seu atual estado de contaminação, os efeitos negativos, haja vista que, uma vez a água estando contaminada, traz para a sociedade impactos e consequências ambientais negativas. O fato de que o campo de pesquisa e estudo de neste cenário é muito vago reforça tanto a relevância, quanto a importância em se estudar os recursos hídricos e a aplicação da técnica de eletroflotação como alternativa de tratamento das águas estudadas. As coletas estão sendo efetuadas e encaminhadas ao laboratório onde são realizadas as análises já conhecidas. Tais atividades têm a participação de discentes interessados em conhecer melhor os procedimentos laboratoriais referentes às análises de água, o que vem contribuindo para o campo de pesquisa, a inovação científica. Além disso, o trabalho visa ampliar os conhecimentos da academia. Assim como a poluição dos corpos hídricos por meio do lançamento de esgotos domésticos, a eutrofização que hora se observa nos corpos d’água estudados é um preocupante problema ambiental e público, posto que o excesso de nutrientes interfere diretamente na vida aquática e na qualidade da água, tal questão deve ser estudada e discutida. Atenta-se à relevância deste trabalho levando em conta que é pequeno o campo de estudos destinados ao Rio Potengi e a qualidade de suas águas nos corpos hídricos potengienses. Referências CIRILO, José Almir; MONTENEGRO, Suzana M. G. L.; CAMPOS, José Nilson B. A Questão da água no semiárido brasileiro. Disponível em: <http://www.abc.org.br/IMG/pdf/doc-811.pdf>. Acesso em: 20 de ago 2015 CORREIA, Tatiana de Lima. Impactos geoquimicos e sociais no estuário do rio potengi. Dissertação de Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente. Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2008. DIREITOS Humanos na Internet. Declaração de Estocolmo sobre o meio ambiente humano. Conferência das Nações Unidas. 1972. Disponível em: <http://www.direitoshuman os.usp.br/index.php/Meio-Ambiente/declaracao-de-estocolmo-sobre-o-ambiente-humano.html >. Acesso em: 18 out. 2015. ICID - Conferência Internacional de Clima., Sustentabilidade e desenvolvimento em regiões semiáridas. Segunda conferência internacional sobre áreas semiáridas e áridas. Fortaleza, 2010. Disponível em: <http://www.cgee.org.br/noticias/viewBoletim.php?in_news=758&bole tim.php?in_news=758&boletim=26>. Acesso em: 10 de ago. 2015. LEME. Edson. 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De acordo com a Proposta de Organização Didática do IFRN (2011), em seu artigo 291 que discorre sobre os desenvolvimentos de projetos: “Os projetos integradores (técnicos ou temáticos), de pesquisa e/ou de extensão poderão permear todos os períodos dos cursos, devendo contemplar a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso, tendo em vista a intervenção no mundo do trabalho, na realidade social, contribuindo para o desenvolvimento local e a solução de problemas. ” Portanto, ao inserir essa metodologia na turma de Edificações, modalidade Subsequente, o curso criou o projeto “Adote um terceirizado”, em que cada grupo, de até 05 (cinco) alunos, tinham como atividade realizar o levantamento da moradia de um terceirizado e propor melhorias, com base nas disciplinas lecionadas no semestre a que estivesse inserido. De acordo com o Projeto Pedagógico do Curso de Edificações (2011, p. 11); a disciplina de Projeto Integrador: [...] leva os alunos à busca do conhecimento a partir da problematização de temas, do aprofundamento dos estudos, do diálogo entre diferentes áreas de conhecimentos - interdisciplinaridade e do desenvolvimento de atitudes colaborativas e investigativas. Essa proposta visa à construção de conhecimentos significativos e deve estar contemplada em projetos interdisciplinares, que podem ser adotados como atividades inovadoras, eficazes e eficientes no processo de ensino e aprendizagem. Em face do apresentado, o trabalho discorre como principal objetivo, o relato de experiências promovido pelo Projeto Integrador no Curso de Edificações, modalidade Subsequente, do IFRN de São Paulo do Potengi 2. Material e Métodos Para construir o que seria o nosso Projeto Integrador, o Grupo Técnico de Edificações, tomou como elemento norteador os documentos referências do IFRN, sendo eles a OD – 174 Organização Didática do IFRN e o PPC – Projeto Pedagógico do Curso de Edificações, ambos de 2011. Em seus parágrafos, os documentos discorrem que a disciplina de Projeto Integrador: Deve visar o desenvolvimento científico e tecnológico da região ou contribuir para ampliar os conhecimentos da comunidade acadêmica (PPC, 2011); Viabilizar a prática profissional e estabelecer a interdisciplinaridade como diretriz pedagógica das ações institucionais (PPC, 2011); Devem contemplar a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso, tendo em vista a intervenção no mundo do trabalho, na realidade social, contribuindo para o desenvolvimento local e a solução de problemas (Art. 291, OD, 2011); Os projetos integradores deverão ser articulados de forma horizontal e vertical, de modo que possam contribuir para a prática profissional (Art. 292, OD, 2011); Cada projeto será avaliado por uma banca examinadora constituída pelo professororientador e por professores de disciplinas vinculadas, e sua nota pode variar de 0 (zero) a 100 (cem) pontos, exigindo-se o mínimo de 60 (sessenta) pontos para aprovação (Art. 294, OD, 2011); Mediante ao exposto acima, o Grupo Técnico de Edificações, em reunião de Grupo realizada em 20/05/2015, adotou para turma Subsequente 3V, como diretrizes para a disciplina Projeto Integrador que: Todos os professores ficarão envolvidos na disciplina e orientação, em função de suas especificidades de área; Os trabalhos foram desenvolvidos em grupos de até 06 alunos, e terá um aluno articulador, para participar de reuniões periódicas com os respectivos coordenadores; O projeto teve sua avaliação através de banca examinadora ou apresentação em evento específico, ainda a definir, pelos coordenadores; mas deverá acontecer no final do semestre letivo; Os alunos irão desenvolver seu próprio cronograma, mas deverão atentar-se as datas das avaliações; O tema principal do projeto integrador foi o desenvolvimento das diversas disciplina em um único modelo de uma edificação. Diante das evidências palmares, e para que o desenvolvimento da disciplina tivesse uma perspectiva voltada para a prática profissional, foi-se criado a ideia do Projeto “Adote um terceirizado”, em que cada grupo deveria realizar o levantamento da moradia de um terceirizado e propor melhorias, com base nas disciplinas lecionadas no semestre a que estivesse inserido. Cada grupo seguiu uma metodologia que auxiliou para alcançar os objetivos finais. Inicialmente eles “adotaram” um terceirizado, ou por afinidade ou por necessidade social. Numa segunda etapa, os componentes do grupo foram in loco realizar o registro fotográfico e gráfico, através da aferição das dimensões da edificação com o uso de trena e a transposição desta informação sob a forma de croquis. Após a etapa de pesquisa de campo, os grupos seguiram para a terceira etapa, que compreendeu na digitalização do desenho em aplicativo AutoCAD 2015, para que se fossem confeccionadas as informações gráficas numa linguagem técnica, com a apresentação de Plantas, Cortes e Fachadas. Em posse dessas informações gráficas, cada professor orientou os grupos para desenvolverem seus respectivos trabalhos, mas sempre focando na necessidade de haver uma integração entre as disciplinas. Com isso, concluiu-se a quarta etapa. 175 Por fim, os trabalhos foram apresentados a uma banca examinadora que atribuiu a nota final da disciplina, que teve como feedback ao terceirizado, a entrega do Projeto impresso, com suas melhorias. Todas as etapas foram registradas e podem ser verificadas abaixo nas figuras de 1 a 3: Figura 1 – Levantamento in loco da edificação escolhida. Fonte: registro feito pelos autores. Figura 2 – Croqui – registro gráfico do levantamento. Fonte: dados da pesquisa. 176 Figura 3 – Digitalização em Aplicativo CAD e Maquete em isopor. Fonte: registros da pesquisa. 3. Resultados e Discussões Os resultados apresentados foram os mais satisfatórios possíveis, pois os objetivos propostos da disciplina “Projeto Integrador” foram alcançados. Os educandos apresentaram durante o processo um amadurecimento teórico e prático, além de vivenciarem a prática que a profissão pode oferecer. Momentos distintos foram criados e compartilhados com todos, trazendo respostas agradáveis a todos que participaram do processo. 4. Conclusões A disciplina apresentou-se de maneira bastante relevante na proposta da integração curricular, portanto, em face dos objetivos do trabalho, foram perceptíveis os progressos e as aplicações que a disciplina propicia na formação prática/profissional dos educandos Como resposta satisfatória dos educandos, os mesmos entregaram os projetos com as melhorias para o terceirizado escolhido, promovendo assim, não apenas a atividade acadêmica e profissional, mas uma ação social. Ao término destes estudos, todos foram estimulados a continuarem este tipo de ação. Referências INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - IFRN. Projeto pedagógico do curso técnico de nível médio em edificações na forma subsequente, na modalidade presencial. Natal: IFRN, 2011. 177 _________. Organização didática do IFRN. Natal: IFRN, 2011. RAEIS SAMIEI, R. et al. Properties of cement–lime mortars vs. cement mortars containing recycled concrete aggregates. Construction and Building Materials. v. 84, p. 84-94, 2015. ISSN 09500618. SILVA, N. G. D.; CAMPITELI, V. C. Influência dos finos e da cal nas prorpiedades das argamassas. Anais. XI Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído. ENTAC. Florianópolis/SC, 2006. 178 CONSTRUÇÃO CIVIL E ACESSIBILIDADE: UMA PROPOSTA DE CIDADANIA E INCLUSÃO SOCIAL NAS RUAS DE SÃO PAULO DO POTENGI/RN Ricardo Souza Marques [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Rubens Diego Fernandes Alves [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Evilane Cassia de Farias [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte 1. Introdução “A vida é cheia de obstáculos”, e todos nós sabemos disso, tanto que usamos frequentemente esta frase no nosso dia-a-dia, como algo normal e comum. Porém, nos esquecemos que esses obstáculos não são apenas de ordem psicológica, mas também física, o que nos faz pensar sobre a questão da acessibilidade ao ambiente concreto no qual estamos inseridos. Segundo o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no Brasil existem 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 23,92% da população brasileira (CONADE). O DECRETO Nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo, assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, relata, em seu Artigo 3 – Princípios Gerais, que um dos princípios da presente Convenção é “o respeito pela dignidade inerente, a autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das pessoas”. Este mesmo documento coloca que os Estados devem tomar “as medidas apropriadas para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e à comunicação, inclusive aos sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que incluem a necessidade de identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade, serão aplicadas, entre outros, a edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações internas e externas, inclusive escolas, residências, instalações médicas e locais de trabalho. Como podemos perceber, há uma preocupação em oferecer aos “inacessíveis”, a possibilidade de autonomia, o livre direito de ir e vir com total independência, ou seja, como relata a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, garantir que, pessoas com deficiência possam gozar dos direitos humanos e de sua liberdade fundamental, condição inerente ao exercício democrático e cidadão. Outro documento de extrema importância, e que serve como referência para que possamos promover a acessibilidade nas edificações é a NBR9050, que aborda o objetivo de oferecer a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamentos urbano e elementos. A acessibilidade não deve ser oferecida apenas para “aqueles” que se apresentam “deficientes”, mas também àqueles com a chamada mobilidade reduzida, (DECRETO Nº 5.296 de 2 de dezembro de 2004) como mulheres grávidas, pessoas que estão engessadas, obesos, entre tantas outras limitações. 179 De acordo com Henry (2009), a falta de acessibilidade ao ambiente construído é uma das razões para as barreiras que mantém as pessoas com deficiência à margem da sociedade. Existem cinco características que definem uma vida gratificante: reconhecimento, desenvolvimento humano, engajamento e envolvimento e bem-estar material. Essas dimensões devem ser levadas em conta dentro de uma concepção do universalista do que é importante para as pessoas com deficiência, sendo necessário não só medir e verificar o que falta para que as pessoas com deficiência possam atingir suas aspirações como indivíduos participantes da sociedade (Ikäheimo, 2009; Sherlaw et al, 2013). Destarte, este trabalho visa realizar uma leitura diagnóstica de como se encontra a acessibilidade, em seu sentido amplo, no espaço público da cidade de São Paulo de Potengi/RN, de modo a oferecer uma consultoria técnica que possibilite a intervenção nas edificações avaliadas, adequando, assim, o espaço coletivo ao princípio da acessibilidade/desenho universal como garantia e efetivação da cidadania. 2. Material e Métodos Através de uma pesquisa bibliográfica e documental, para melhor conhecimento do assunto e aprofundamento das leis que regem o tema da acessibilidade, torna-se mais fácil a identificação e solução dos problemas relacionados à acessibilidade na cidade de São Paulo do Potengi. Através de fotografias locais e visitas in loco a edifícios públicos, escolas e hospitais pode-se ter uma melhor percepção do espaço físico a ser analisado, além de vivência do espaço em estudo para melhor compreensão das carências e necessidades. Por meio de ferramentas como questionários abertos e fechados, registro fotográfico e entrevistas estruturadas, pode-se perceber a situação encontrada e um melhor diagnóstico e proposição de soluções adequadas ao espaço físico. Por fim, realizar uma análise crítica e conclusiva sobre a acessibilidade na cidade de São Paulo do Potengi, a fim de propor alterações físicas (reformas) espaciais para atender ao público que utiliza os espaços edificados escolhidos para análise. 3. Resultados e Discussões O estudo possibilitou perceber que em muitos casos, as barreiras são o resultado não apenas de projetos que ignoraram a questão, mas também de erros de execução ou desrespeito as solicitações de normas e legislações específicas. Há, ainda, as situações em que a tentativa de acertar não condiz com o conhecimento técnico necessário e, por fim, encontra-se a falta de manutenção e fiscalização como um dos principais causadores de ambientes inacessíveis. Em um recente estudo realizado na disciplina Desenho Arquitetônico, concretizado pelos próprios alunos do Curso de Edificações do IFRN Campus São Paulo do Potengi/RN, evidenciou-se que 71.85% acreditam que as pessoas com deficiência têm seus direitos respeitados no Brasil. Devemos endossar, aqui, que esta pesquisa foi desenvolvida antes da apresentação de leis, planos normas e documentos legais sobre acessibilidade. Os educandos achavam que “direitos respeitados” seria apenas um “preferencial” na fila, uma rampa qualquer ou uma “marcação” no chão para a pessoa que necessita usar cadeira de rodas. A percepção dos alunos reflete muito bem o que a população local pensa a respeito do tema, pois eles são uma representatividade das pessoas que residem na cidade e a sua cultura local. Diante disso, pode-se perceber uma falta de conhecimento das leis e normas as quais regem a questão da acessibilidade de uma forma mais ampla. 180 Porém, após um breve diagnóstico, os mesmos trouxeram diversas situações e relatos na própria cidade, como prédios públicos e privados, comprovados através da visita in loco e registro fotográfico. Fonte: registros feitos pelos autores. Nas fotografias pode-se perceber as dificuldades encontradas pelas pessoas portadoras de necessidades especiais e o não atendimento as normas e legislações vigentes, principalmente a NBR 9050 a qual foi recentemente atualizada abrangendo também as edificações rurais na sua nova versão. 4. Conclusões Diante desse quadro, o trabalho apresentou a importância de expandir e promover a acessibilidade na cidade de São Paulo do Potengi, a fim de ser agente transformador da sociedade e levar a refletir sobre as relações existentes entre o espaço social e o meio que envolve o individuo e suas múltiplas facetas, com vistas a melhor intervir e adequar o espaço urbano a necessidade humana. Através do estudo pode-se tornar referência a fim de oportunizar consultorias especializadas como formas de intervenção no espaço público, promover a sensibilização das pessoas para a reinvindicação de uma cidade inclusiva que os direcione para a aquisição de uma consciência mais crítica quanto ao uso do espaço de convivência urbana. Nesse contexto, contribuir para a construção de parcerias com órgãos públicos responsáveis pela organização da dinâmica físico-espacial da cidade, na perspectiva de continuidade e aprofundamento da discussão/intervenção a serem propostas. Referências ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2. ed. Rio de Janeiro, 2004. 97 p. 181 BRASIL. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004. BRASIL. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009. IKÄHEIMO, H. Personhood and the social inclusion of people with disabilities: a recognition-theoretical approach. In K. Kristiansen, S. Vehmas, & T. Shakespeare (Eds.), Arguing about disability: philosophical perspectives (pp. 77–92). London: Routledge, 2009. Por que o governo brasileiro criou o CONADE? Disponível em: <http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/conade>. Acesso em: 02 fev. 2015. LOPES, Andesson Clyneo de Lima et.al. Calçada da Central do Cidadão/SPP. Color, 2015. (ARQUIVO PESSOAL). Sherlaw, W., Lucas, B., Jourdain, A., & Monaghan, N. (Disabled people, inclusion and policy. Better outcomes through a public health approach. Disability and Society, 2013. Henry, T. Policy On Persons with Disabilities, Office of the Prime Minister (Social Services Delivery), 2009. DE ARAUJO, Jefferson Henrique et.al. Entrada da Escola Municipal Professora Francisca Azevedo. Color, 2015. (ARQUIVO PESSOAL). ________. Entrada da Creche Municipal Pequeno Príncipe/SPP. Color, 2015. (ARQUIVO PESSOAL). ________. Entrada da Escola Estadual Maurício Freire/SPP. Color, 2015. (ARQUIVO PESSOAL). ________. Entrada de sala de aula na Escola Municipal Deputado Djalma Marinho/SPP. Color, 2015. (ARQUIVO PESSOAL). 182 ANÁLISE ÓPTICA DE FILMES FINOS DE TIO2 PELO MÉTODO DO ENVELOPE Valmar da Silva Severiano Sobrinho [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte José Cesar Augusto de Queiroz [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN Edson José Costa [email protected] Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte Ivan Alves de Souza [email protected] Universidade Federal do Rio Grande do Norte Edalmy Almeida de Araújo [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN Thercio Henrique de Carvalho Costa [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN 1. Introdução Filmes finos de TiO2 são muito utilizados na engenharia em aplicações que vão de janelas inteligentes, vidros auto limpantes, camada eletrocrômica de filmes multicamadas até células solares. O TiO2 também se apresenta como um ótimo material fotocatalítico, sendo ativado para fotocatálise por luz UV (Heřman, Šícha e Musil, 2006). Nesse contexto é extremamente importante entender as propriedades ópticas dos filmes de TiO2 bem como a espessura dos filmes produzidos. Entre as formas de análise de filmes finos as técnicas ópticas – não destrutivas – se destacam por apresentarem grande precisão e baixo custo, sendo necessário apenas o gráfico de transmitância de um filme para, através de suas franjas de interferência, encontrar dados como o índice de refração do filme, coeficiente de absorção e espessura do mesmo. O presente trabalho procura estudar as constantes ópticas e espessura de filmes finos tendo como dados de entrada apenas o gráfico de transmitância com franjas de interferências para tais filmes, utilizando, portanto, o método do envelope de análise. O método do envelope originalmente derivou equações explícitas para as constantes ópticas e espessura dos filmes finos (Manifacier, Gasiot e Fillard, 1976), sendo que esse método utilizava-se apenas do espectro de transmitância dos filmes (Pazim, 2011). Mais tarde Swanepoel (1983) conseguiu melhorar ainda mais a precisão dessas análises para encontrar propriedades ópticas dos filmes finos e sua espessura. 2. Material e Métodos Os filmes de TiO2 utilizados no trabalho foram produzidos no Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma da UFRN - LabPlasma, pela técnica de deposição Magnetron Sputtering. Sendo depositados em três lâminas de vidro e processados em reator de plasma com alvo de titânio durante 120 minutos em ambiente de baixa pressão e atmosfera de argônio e oxigênio. 183 Partindo do gráfico de transmitância do filme, obtido por um espectrofotômetro Genesys 10s UV, podemos gerar, por extrapolação polinomial, as funções de empacotamento da função de transmitância para o filme, conforme o gráfico na figura 1. Figura 1 - Curva de transmitância óptica e suas funções de empacotamento. Fonte: dados da pesquisa. O gráfico é importante pois para que cada valor de crista do gráfico podemos obter um ponto Tm correspondente e para cada valor de vale temos um ponto TM correspondente. 2.1 Índice de Refração do Substrato Podemos encontrar o índice de refração do substrato (vidro) a partir dos dados de transmitância do substrato (Ts) como consta na equação 1: 1/ 2 1 1 s ( ) 1 Ts Ts 2 equação (1) 2.2 Índice de Refração do Filme O índice de refração do filme pode ser obtido através da equação 2: n [ N ( N 2 s 2 )1/ 2 ]1/ 2 equação (2) onde o termo N, apresentado na equação 3 está condensado algebricamente na expressão 2, afim de minimizar a equação final. N 2s TM Tm s 2 1 TM .tm 2 equação (3) 2.3 Espessura do Filme Um importante parâmetro que deve ser determinado para precisa caracterização do filme é a sua espessura. Sendo n1 e n2 os índices de refração de dois máximos ou mínimos adjacentes e λ1 e λ2 os comprimentos de onda da luz correspondente. A espessura é dada pela equação (4) a seguir: 1 .2 d 2(1n2 2 n1 ) equação (4) 184 Os valores obtidos inicialmente para espessura contém um grande erro devido a sensibilidade das equações anteriores para o índice de refração, no entanto podem ser melhorados com o uso da equação 5, básica da óptica para franjas de interferência: 2nd m equação (5) Nessa equação m corresponde a um inteiro ou meio inteiro, logo, encontrando esses valores e arredondando para os inteiros e meio inteiros mais próximos podemos utilizar novamente a equação de franjas e achar novos valores para espessura ‘d’, que, agora possuem um desvio padrão menor que 2%. 3. Resultados e Discussões O método matemático apresentado foi utilizado para encontrar as constantes ópticas dos filmes em questão e posteriormente, com esses valores, achar a espessura dos filmes apresentados. Tabela 1: Espessura e desvio padrão dos filmes finos analisados em substrato de vidro. Amostra Espessura (nm) Desvio Padrão (nm) Vidro 1 477 5 Vidro 2 530 3 Vidro 3 528 8 Fonte: dados da pesquisa. Na tabela 1 temos os valores obtidos de espessura dos filmes analisados pelo método do envelope e notamos que em todos o desvio padrão encontrado é menor que 2%, mostrando a precisão do método de análise. 4. Conclusões O método de envelope para análise óptica não destrutiva de filmes finos se mostra eficaz sendo capaz de encontrar constantes ópticas e espessura dos filmes com desvio padrão muito pequeno (menor que 2%) para todas as amostras apresentadas, o que concorda com a literatura. Sendo esses filmes muito finos seria difícil por outro método encontrar sua espessura sem uma técnica laboratorial mais robusta e cara. A técnica, portanto, mostra vantagem de necessitar apenas do espectro de transmitância, medida obtida com uso de um aparelho espectrofotômetro, sendo de menor custo. De posse dos dados obtidos pela técnica pode-se propor o estudo de filmes de TiO2 como camada eletrocrômica de filmes multicamadas, o que guarda grande dependência das propriedades ópticas do filme encontradas no presente trabalho. Referências HEŘMAN, D.; ŠÍCHA, J.; MUSIL, J. Magnetron sputtering of TiOxNy films. Vacuum. v. 81, n. 3, p. 285-290, 2006. ISSN 0042-207X. Disponível em: <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0042207X0600159X >. Acesso em: 1º out. 2015. LINDGREN, T. et al. Photoelectrochemical and Optical Properties of Nitrogen Doped Titanium Dioxide Films Prepared by Reactive DC Magnetron Sputtering. The Journal of Physical Chemistry B. v. 107, n. 24, p. 5709-5716, 2003/06/01 2003. ISSN 1520-6106. Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1021/jp027345j >. Acesso em: 1º out. 2015. 185 MANIFACIER, J. C.; GASIOT, J.; FILLARD, J. P. A simple method for the determination of the optical constants n, k and the thickness of a weakly absorbing thin film. 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Universidade de São Paulo (DISSERTAÇÃO). 186 ANÁLISE DA ENERGIA DE BAND GAP DE FILMES FINOS DE FTO José César Augusto de Queiroz [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN Valmar da Silva Severiano Sobrinho [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN Edson José Costa [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN Maxwell Santana Libório [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN Igor Oliveira Nascimento [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN Thércio Henrique de Carvalho Costa [email protected] Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN 1. Introdução Filmes finos produzidos a partir de óxidos condutores transparentes (TCOs) são materiais que podem ser aplicados em diversas situações devido a relevância de suas propriedades ópticas. A transmitância óptica em grande parte do espectro permite a aplicação desse material em varias áreas (LEKSHMY, DANIEL e JOY, 2013). Com o crescimento exponencial do emprego de filmes finos, em especial os filmes TCOs, criou-se a necessidade de compreender a natureza intrínseca desses materiais (SABINO, 2007). Entre os diferentes TCOs, os filmes de SnO2 dopados com flúor parecem ser o mais indicados para a aplicação fotovoltaica, devido a sua alta transmitância óptica e baixa resistividade elétrica (RAHAL, BENRAMACHE e BENHAOUA, 2013). Entre esses dopantes, o flúor, a partir de fluoreto de amônio (NH4F), é considerado um dos elementos mais acessíveis comercialmente devido ao seu baixo custo. Tendo em vista que as aplicações dos filmes finos engloba vários segmentos da sociedade, e que existe uma aceitação desse tipo de matéria devido ao seu valor econômico, há a expectativa de que novos filmes proporcionem novas tecnologias ou que aperfeiçoem as já existentes. Sendo assim, se faz necessário conhecer melhor suas propriedades e compreender os fenômenos físicos que regem esses sistemas (LIAO et al., 2011). 2. Material e Métodos 2.1 Preparação da solução e filmes finos Os filmes finos de SnO2:F foram preparados a partir da solução de cloreto de estanho dihidratado (SnCl2 · 2H2O) dissolvido em ácido clorídrico na proporção de 1:2 e misturada por agitador magnético em temperatura de 60°C por 25 minutos. De acordo com (Magalhães) a possível reação que da origem ao dióxido de estanho esta expressa na equação 1. SnCl2 + 2H2O → SnO2 + 2HCl + 2H equação (1) 187 O processo de dopagem do SnO2 consistiu no acréscimo do elemento flúor, por meio da adição de determinada quantidade de fluoreto de amônia (NH4F) dissolvido em água destilada. Em seguida é adicionada a solução de SnCl2 · 2H2O à solução de NH4F. A equação 2 apresenta a reação de formação do FTO. A tabela 1 informa as quantidades de reagentes usados no preparo da solução. Tabela 1: Quantidades dos reagentes usados no preparo da solução precursora. Solução Precursora Componentes Composição Água destilada NH4F SnCl2.2H2O HCl Tipos de Solução 25mL 3,30 g 11 g 25mL Fluoreto de Amônia Cloreto de Estranho em Ácido Clorídrico Fonte: dados da pesquisa. SnO2 + xF → Sn+4Fx-1O2-x-2[xe-B-C] + 1/2xO2↑ equação (2) Cada filme foi composto por total de dez deposições, separada pelo intervalo de tempo de três minuto. Os filmes retornavam ao interior do forno durante os intervalos de cada pulverização. 2.3 Caracterização Os espectros de transmissão e absorção óptica foram obtidos utilizando um espectrofotômetro de UV-visível, modelo Cary 50 Scan, na região espectral 190-1100 nm. Os valores do band gap de energia dos filmes finos de FTO, foram determinados a partir do espectro de absorbância dos filmes. 3. Resultados e Discussões 3.1 Propriedades Ópticas Figura 1 - Espectro de absorbância e transmitância óptica dos filmes de FTO. Fonte: dados da pesquisa. A figura 1 mostra os espectros de transmitância de radiação UV-VIS dos filmes finos de FTO. A transmitância de todas as amostras foi superior a 60% em toda a região de 700-1100 nm, revelando uma concordância próxima aos valores de transmitância óptica de filmes finos 188 dopado com flúor mencionados na literatura [3,14]. É perceptível também, que ocorre um aumento na transmitância óptica dos filmes com a elevação da temperatura de sinterização. Na figura 2, temos a resposta óptica relativa a absorbância dos filmes finos de FTO. Pode-se verificar que o percentual de radiação absorvida pelo filme foi menor que 1% ao longo de todo o espectro analisado. 3.2 Band gap No gráfico da figura 4, temos os valores de band gap dos filmes produzidos a partir da solução precursora, com valores diferentes de temperatura associado. Os valores de energia de gap foram deduzidos a partir do espectro de absorção óptica usando o método de (Tauc, 1974): (αhʋ)2 = A ( hʋ - Eg ) equação (3) onde hʋ é a energia do foton, (Eg) é a energia do gap óptico, A é uma constante de densidade óptica independente de hʋ. A transição de bandas para o dióxido de estanho foi considerada como direta, ou seja, α ∝ (hʋ)2 (Magalhães). Figura 3 - Gráfico da energia de band gap dos filmes finos. Fonte: dados da pesquisa. Os valores de band gap encontrados variaram de 3,67 a 3,80 eV, como mostra o gráfico. Os valores de gap dos filmes de FTO deste trabalho são mais elevados que os encontrados em [23], Eg = 3,57 eV. Este aumento no gap óptico dos filmes finos produzidos para este estudo pode ser atribuído a maior quantidade de massa de flúor acrescentado a composição dos filmes que acarreta na elevada concentração de portadores livres (elétrons) revelando efeito Burstein-Moss (GRUNDMANN, 2010). 4. Conclusões Os filmes finos de SnO2 dopado com flúor, produzidos pela técnica de spray pirólise em substrato aquecido, tiveram suas propriedades ópticas e elétricas investigadas no presente estudo. A transmitância óptica dos filmes analisados foram em média superior a 60% na faixa espectral entre 700 e 1100 nm. O baixo valor de band gap (Eg = 3,67 eV), indica que o material tem um nível de Fermi consideravelmente baixo, o que proporciona maior transições de portadores de carga da banda de valência (BV) para a banda de condução (BC), sendo assim o material enquadrado no grupo de condutores. A elevada transparência óptica aliada a baixa 189 absorção óptica dos filmes finos de FTO, os tornam materiais promissores em aplicações ópticas, em particular, como camadas de janelas em células solares. Referências GRUNDMANN, M. The physics of semiconductors. Springer-Verlag. Heidelberg, 2010. LEKSHMY, S. S.; DANIEL, G. P.; JOY, K. Microstructure and physical properties of sol gel derived SnO2:Sb thin films for optoelectronic applications. Applied Surface Science. v. 274, p. 95-100, 6/1/ 2013. ISSN 0169-4332. Disponível em: < <http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0169433213004285 >. Acesso em: 1º out. 2015. LIAO, B.-H. et al. Fluorine-doped tin oxide films grown by pulsed direct current magnetron sputtering with an Sn target. Applied optics,.v. 50, n. 9, p. C106-C110, 2011. ISSN 15394522. MAGALHÃES, E. C. S. Propriedades ópticas de filmes finos de dióxido de estanho puro e dopado com flúor. Dissertação de Mestrado em Física. Universidade Federal da Bahia, 2006. RAHAL, A.; BENRAMACHE, S.; BENHAOUA, B. The effect of the film thickness and doping content of SnO2: F thin films prepared by the ultrasonic spray method. Journal of Semiconductors. v. 34, n. 9, p. 093003, 2013. ISSN 1674-4926. SABINO, M. E. L. Desenvolvimento de filmes finos de óxidos condutores e transparentes de ZnO para aplicação em células solares. Dissertação em Engenharia de Materiais. REDEMAT - Rede Temática em Engenharia de Materiais, 2007. Disponível em: <http://www.redemat.ufop.br/arquivos/dissertacoes/2007/desenvolvimeto%20de%20filmes.p df.>. Acesso em: 1º out. 2015. TAUC, J. Optical properties of amorphous semiconductors. In: (Ed.). Amorphous and Liquid Semiconductors: Springer, 1974. p.159-220. ISBN 1461587077. 190 191