Anais - Portal IFRN

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Anais - Portal IFRN
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São Paulo do Potengi 2015
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Lima, Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino, Ulisandra Ribeiro
de Lima Silva. – São Paulo do Potengi-RN: IFRN, 2015.
190 p. ; 30 cm. E-Book.
190
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Norte, Campus São Paulo do Potengi, 2015/ 09 a 13 de novembro
de 2015, Organização das Coordenações de Pesquisa e Extensão.
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CORPO EDITORIAL DA I SEMADEC IFRN/SPP
Ahiram Brunni Cartaxo de Castro
Ezequiel da Costa Soares Neto
Jose Gllauco Smith Avelino de Lima
Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino
Ulisandra Ribeiro de Lima Silva
COMISSÃO EXECUTIVA
Alex Santos
Ahiram Brunni
Ana Márcia Melo
Elizabete Paiva
Gilbran Andrade
Gllauco Avelino
José Cleyton Fernandes
Monique Dias
Ricardo Marques
Ulisandra Ribeiro
Viviane Medeiros
COMISSÃO DE ENSINO
Gllauco Avelino
Evilane Farias
Eriky Alves
Erivan Almeida
Gabriela Bruno
Moisés Junior
Thiago Augusto
COMISSÃO CIENTÍFICA
Ulisandra Ribeiro
Alexandre Medeiros
Kaline Santos
Rodrigo Vidal
Valéria Brito
Valmar Sobrinho
Viviane Medeiros
COMISSÃO DE DIVULGAÇÃO & COMUNICAÇÃO
Cleyton Nascimento
Anderson Pires
Elis Betânia Guedes
Kéfora Medeiros
Marcone Silva
Rafael Andrade
Rubens Alves
COMISSÃO CULTURAL
Monique Oiveira
Ana Cláudia Morais
Anderson Pires
Elizabete Paiva
Jennifer Varela
COMISSÃO DE LOGÍSTICA
Ana Márcia Melo
Cleyton Nascimento
Fabrízzio Machado
COMISSÃO DE TI
Alex Santos
Ahiram Brunni
Everton Machado
Gilbran Andrade
Ricardo Marques
COMISSÃO DE ESPORTE
Elizabete Paiva
Ana Cláudia Morais
Izabel Cocentino
Monique Oliveira
Thiago Azevedo
LINGUAGENS, CÓDIGOS
E SUAS TECNOLOGIAS
2
A CULTURA DE MOVIMENTO EM SÃO PAULODO POTENGI A PARTIR DAS
INTERVENÇÕES DO MONSENHOR EXPEDITO
Glaucione Fernandes Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Hans Renoir Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Este trabalho compreende um projeto de pesquisa contemplado pelo edital 07/2015 PIBIC-EM/CNPq que está em andamento, e visa compreender a cultura de movimento em São
Paulo do Potengi a partir da intervenção das ações sociais, católicas e politicas empreendidas
pelo pároco da cidade, o Monsenhor Expedito Sobral de Medeiros, no período entre 1944 a
2000. Fazer uma releitura do acervo encontrado no seu memorial demandará algumas ações
como: realizar uma digitalização dos documentos, editar os documentários e vídeos que ainda
estão em formato VHS para DVD, fazer as transcrições de áudios, entrevistar pessoas que o
acompanharam nas suas diversas missões, ter acesso a leituras realizadas pelo Monsenhor e
principalmente mapear o seu estudo da adutora. Este trabalho pretende fortalecer a cultura local
e disponibilizar virtualmente o legado deixado pelo Monsenhor.
A cultura de movimento é um critério organizador de conhecimentos da Educação
Física que se utiliza da concepção critico-emancipatória visando contribuir para o
desenvolvimento de competências que não se resumem apenas no "saber fazer", mas incluem a
competência social, linguística e criativa, sempre de forma crítica, segundo a proposta de Kunz
(1994). A compreensão sobre a pesquisa envolvendo a temática da cultura de movimento vem
nos últimos anos alcançando visibilidade em estudos acadêmicos produzidos na Educação física
ampliando a relação entre o sujeito, o corpo, o movimento e a sociedade. Para Soares (1998, p.
109),
[...] as múltiplas faces das dobras visíveis do tempo são reveladas materialmente
na arquitetura, no urbanismo, nos utensílios, no maquinário, na alimentação, no
vestuário, nos objetos, mas sobretudo no corpo. Ele é inscrição que se move e
cada gesto aprendido e internalizado revela trechos da história da sociedade a
que pertence. Sua materialidade concentra e expõe códigos, práticas,
instrumentos, repressões e liberdades.
Pesquisar as ideias a partir da educação física articula-se com vários campos de saber,
como a história, a filosofia e a sociologia. Assim, o presente trabalho se propõe a fazer uma
releitura das ações e intervenções do Monsenhor Expedito no Território do Potengi, a partir da
contextualização histórica da região no período que o mesmo atuou na paróquia de São Paulo
do Potengi com o intuito em sensibilizar a comunidade potengiense e acadêmica do campusSPP para a importância histórica da preservação do patrimônio do memorial do Monsenhor
Expedito.
3
2. Material e Métodos
Trata-se de uma pesquisa de natureza qualitativa, cuja ênfase encontra-se na criação
de significações em torno das experiências vividas. Ao adotar a fenomenologia como referência
metodológica, faz-se necessário incorporar a atitude ancorada na experiência vivida e aberta as
aventuras da reflexão. Para a produção dos dados de pesquisa será utilizada a técnica da história
oral, com vistas a recuperar informações a respeito do período que o Monsenhor Expedito foi
pároco na cidade de São Paulo do Potengi no período de 1944 a 2000. A escolha dos atores
sociais da pesquisa não segue uma amostragem probabilística, assim serão realizadas
entrevistas com a secretária paroquial, com ministros da eucaristia, com políticos, religiosos e
pessoas da comunidade. Também serão realizadas consulta a documentos, vídeos, áudios e
fotografias da época. Os depoimentos serão gravados e a seguir transcritos. A entrevista será
temática, voltada para aspectos das ações sociais desenvolvidas na comunidade, perfil do
pároco, o contexto social da época, a visão política, as experiências mais significativas
empreendidas percebidas. Para esta técnica de pesquisa a memória é compreendida não como
um reservatório passivo de dados, mas refere-se a subjetividade e as compreensões sob
determinado acontecimento que mudam ou permanecem ao longo do tempo.
Figura 1 – Entrevista com a Secretária Alba Belchior. Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
3. Resultados e Discussões
De acordo com as leituras que foram realizadas pode-se verificar as peculiaridades
socioeconômicas da época na comunidade como: a baixa escolaridade das pessoas, a escassez
de mantimentos devido a grandes secas vividas e a dificuldade de acesso a informação. A
intervenção de Monsenhor Expedito diante das dificuldades encontradas na sociedade apontam
para um compromisso ético e social que alavancou o acesso da população a educação,
informação e principalmente a água, legado que foi deixado por Monsenhor para além de sua
vida.
Espera-se que ao final do projeto os objetivos possam ser alcançados e que os
pesquisadores tenham em mãos dados relevantes para serem disponibilizados. Este material
possa dar visibilidade a história e a memória individual e coletiva do Território do Potengi e
que a Educação física afirme a sua responsabilidade social como área de pesquisas e produção
de conhecimentos.
4
4. Conclusões
Como o projeto está em andamento, não apresenta conclusões, porém, vale salientar
algumas dificuldades técnicas apresentadas no acesso ao acervo material, devido ao memorial
Monsenhor Expedito estar em fase de recuperação do espaço físico.
5. Agradecimentos
Agradecemos a Dona Alba Belchior, secretária paroquial de São Paulo do Potengi, pela
disponibilidade na realização da entrevista e pelo acesso ao acervo material.
6. Referências
ALMEIDA, Maria da Conceição. Complexidade e cosmologias da tradição. Belém:
EDUEPA; UFRN/PPGCS, 2001.
______. Pensamento do Sul como reserva antropológica: diálogos com Edgar Morin. Rio de
Janeiro: Sesc. Departamento Nacional, Março/2011.
KUNZ, E. Didática da Educação Fisica 2. Ijui: Ed.Unijuí, 2001
MEDEIROS, Monsenhor Expedito Sobral. Pelos caminhos do Potengi. Natal: Fundação José
Augusto, 1990.
MERLEAU-PONTY, M. Signos. São Paulo: Martins Fontes, 1991.
NÓBREGA, T. Corporeidade e educação física: do corpo-objeto ao corpo-sujeito.
Natal/RN:EDUFRN, 2009
______.(Org). Epistemologia, saberes e práticas da educação fisica. João Pessoa: Editora da
UFPB, 2006.
SOARES, C. Imagens da Educação no corpo. Campinas: Autores Associados, 1998.
5
A RELEVÂNCIA DOS GÊNEROS TEXTUAIS NO ENEM DE 2009-2013
Ívinna Ellionay Alves dos Santos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Elis Betânia Guedes da Costa
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Este artigo busca discutir a abordagem dos gêneros textuais na prova do ENEM
(Exame Nacional do Ensino Médio), durante a sua aplicação nos anos de 2009 a 2013. Dada a
relevância desse processo seletivo, é fundamental que busquemos dar ênfase aos gêneros que
vem sendo exigidos pelo ENEM, evitando os casos em que estudantes terminam o ensino
fundamental e médio sem ter tido o contato necessário com a multiplicidade dos gêneros
textuais por motivos diversos, como o fato das instituições de ensino privilegiarem a gramática
descontextualizada.
Desse modo, nosso objetivo é identificar, descrever e analisar os gêneros textuais mais
recorrentes nas provas do ENEM, para assim refletir sobre no ensino de língua portuguesa, bem
como a sua aplicabilidade na sala de aula. Por isso, discutiremos sobre questões que nos
mostram o caráter interdisciplinar, discursivo e social dos gêneros que todos os anos está
presente no Exame Nacional do Ensino Médio.
2. Material e Métodos
Neste trabalho analisamos as provas do ENEM realizadas de 2009 a 2013. Lembrando
que nos anos de 2009 e 2010 foram realizadas duas avaliações, nós optamos por avaliar apenas
a segunda. Assim, verificamos a frequência dos gêneros em cada uma dessas avaliações, nos
delimitando a prova de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias; utilizando como objeto de
estudo apenas 45 questões em cada prova, da 96 até a 135, já que as demais estão relacionadas
a conteúdos como matemática, por exemplo.
Tal pesquisa, quantitativa e qualitativa, leva em consideração quais gêneros textuais
são mais cobrados e enfatizados pelo ENEM. Após a coleta desses dados, elaboramos um
quadro que resume os resultados encontrados das cinco provas.
3. Resultados e Discussões
Sabemos que o discurso linguístico é fundamental em nosso meio, já que se revela na
atividade de interação humana. Dessa maneira a língua não é algo puramente abstrato, mas cada
uma das atividades sociais no nosso cotidiano, como a própria conversa e notícias são exemplos
de que “os gêneros são rotinas sociais do nosso dia-a-dia” (MARCUSCHI, 2006, p.24).
Contudo, ainda percebemos a permanência de uma visão limitada quanto ao ato de ler.
Para Antunes (2003, p.26), as aulas de português permanecem com métodos
reducionistas e descontextualizados. Para ela, “é na escola que as pessoas ‘exercitam’ a
linguagem ao contrário, ou seja, a linguagem que não quer dizer nada”, pura memorização
gramatical. Ainda segundo a autora, não podemos valorizar apenas textos tidos como “mais
complexos”, pois “o ideal é que o aluno consiga perceber que nenhum texto é neutro, que por
trás das palavras mais simples, das afirmações mais triviais, existe uma visão de mundo, um
modo de ver as coisas, uma crença.” (ANTUNES, 2003, p. 81-82).
6
Nosso ensino privilegia há décadas um conhecimento puramente metalinguístico e
vazios de significados. Dessa forma tira-se do aluno a possibilidade de se desenvolver
habilidades de leitura e interpretação. Segundo Koch (2008, p. 57) “a leitura é uma atividade
altamente complexa de produção de sentidos que se realiza, evidentemente, com base nos
elementos linguísticos presentes na superfície textual e na sua forma de organização, mas que
requer a mobilização de um vasto conjunto de saberes”.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (PCNEM) dizem que “o
aluno, ao compreender a linguagem como interação social, amplia o reconhecimento do outro
e de si próprio, aproximando-se cada vez mais do entendimento mútuo” (2000, p.10). Os PCN
são instrumentos acessíveis que auxiliam o ensino, contudo, vários profissionais continuam sem
aplicá-lo. Entendemos que o papel do professor é procurar incorporar vários objetos de leitura
as suas aulas, favorecendo a escrita e interpretação.
É perceptível que o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) vem reconhecendo a
importância de um bom texto, buscando nos alunos uma base de interpretação e competências
de refletir além do que é “dito”. No Brasil, é realizado desde 1998, sendo uma importante
ferramenta do MEC (Ministério da Educação) para avaliar a qualidade do Ensino Médio no
país, sendo interdisciplinar e contextualizado, cobra do aluno mais capacidade de
raciocínio/interpretação do que memorização. Além de ser um recurso pedagógico de avaliação
do ensino médio, é hoje aderido como processo seletivo nas Universidades Públicas Federais
por meio do SISU (Sistema de Seleção Unificada), como distribuição de bolsas de estudo em
universidades particulares através do PROUNI (Programa Universidade para Todos) e do Fies;
certificação de conclusão do Ensino Médio e participação do Programa Ciência sem Fronteiras.
Sendo assim, abordaremos a área de Linguagens, Códigos e suas tecnologias,
analisando 85 questões presentes nas provas de 2009 a 2013, tendo esses dados expressos na
tabela abaixo. Nela, os gêneros estarão classificados de acordo com o seu domínio, ou seja,
esfera social a qual ele pertence. Vale ressaltar que um único domínio é capaz de englobar
vários gêneros textuais, e que algumas questões exploraram mais de um gênero.
Quadro 1 - Gêneros Recorrentes na prova do ENEM 2009-2013
Domínio
Gênero
2009 2010 2011 2012 2013 Total
Jornalístico
Publicitário
Lazer
Ficcional
Total
Verbete
0
0
0
1
2
3
Notícia
0
0
2
1
1
4
Resenha
1
1
0
0
0
2
Reportagem
1
2
1
1
1
6
Charge
0
1
0
1
3
5
Artigo
Propaganda
0
3
0
4
0
2
0
1
4
1
4
11
Quadrinho
Poema
3
4
2
5
0
4
2
8
1
5
8
26
Conto
1
0
0
3
0
4
Música
Crônica
1
1
1
0
3
1
1
3
1
0
7
5
15
16
13
22
19
85
Fonte: Dados da pesquisa feita pelo autor.
A partir da análise dos dados presentes no quadro, percebemos que o gênero mais
recorrente é o poema, totalizando 26 e estando mais presente no ano de 2012. Além disso, outros
7
gêneros como as reportagens, propagandas e letras de música foram abordados em todos os
anos, o que nos mostra a sua importância. Nessas condições, passaremos a analisar algumas das
questões escolhidas e suas respectivas intenções/finalidades.
Figura 1- Questão 106. Fonte: ENEM- prova azul 2010, p. 9.
Nessa propaganda, percebemos que o aluno responderia à questão ao reconhecer o
objetivo do presente gênero textual e a intencionalidade do autor ao escrevê-lo. Assim, tendo o
conhecimento prévio acerca do objetivo geral das propagandas que é basicamente “convencer“
o leitor, o aluno possivelmente teria mais facilidade para responder à questão, buscando
compreender o sentido da mensagem expressa pela propaganda, logo percebendo sua intenção
comunicativa.
Figura 2 - Questão 103. Fonte: ENEM- prova amarela 2012, p. 13.
Outro gênero bastante recorrente é a charge. Como podemos perceber na questão
selecionada para ilustrar nossa pesquisa, o aluno precisaria compreender os aspectos verbais e
não-verbais, além da polissemia, ou seja, uma mesma palavra assumindo diversos sentidos.
8
Portanto, vemos que o ENEM não aborda apenas textos com linguagem padrão e denotativa,
mas também a linguagem coloquial e o próprio conhecimento de mundo, tendo em vista que a
rede social, tanto pode se referir ao programa do governo, como a rede na qual as pessoas estão
deitadas. A essas diferentes interpretações relacionadas ao mesmo termo damos o nome
polissemia, que responde à questão.
4. Conclusões
A sociedade vem cobrando de cada cidadão habilidades comunicativas cada vez mais
expressivas. Vale salientar que essa competência é adquirida especialmente pela prática da
leitura que alcance as entrelinhas do texto. Por isso, entendemos que a leitura é fundamental em
nosso meio, nos permitindo um olhar mais crítico sobre nós e o que nos cerca.
Através dos dados coletados foi possível perceber a significativa dimensão dos gêneros
textuais como instrumentos de aprendizagem para o aluno. Utilizando temáticas relacionadas
ao nosso cotidiano, eles estão presentes todos os anos nas provas do ENEM. Dessa forma, o
Exame Nacional do Ensino Médio é um dos indicadores da importância dos gêneros como
ferramenta de ensino.
Referências
ANTUNES, Irandé. Aula de Português: encontros e interação. São Paulo: Parábola Editorial,
2003.
KOCH, I. G. V. Desvendando os segredos do texto. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2003.
______; ELIAS, Vanda Maria. Ler e compreender: os sentidos do texto. 2 ed. São Paulo:
Contexto, 2008.
MARCUSCHI, L. A. Gêneros textuais: configuração, dinamicidade e circulação. In:
Karwoski, A.M; Gaydeczka, B; Brito, K.S. Gêneros textuais: reflexões e ensino. Rio de
Janeiro: Lucerna, 2006.
KARWOSKI, A. M.; GAYDECZKA, B.; BRITO, K. S. (Org.). Gêneros textuais: reflexões e
ensino. 2. ed. Rio de Janeiro: Lucerna, 2006, p. 24.
PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS ENSINO MÉDIO (2000). Disponível em
<http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/14_24.pdf>. Acesso em: 10 de out. 2015.
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AS SENSAÇÕES DO CORPO NO PROJETO “VIVER COM DIGNIDADE”
Jessica Lorrany Santos da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Paulo Roberto Macedo de Araújo Filho
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Este trabalho aponta a relação entre corpo e percepção, na perspectiva de considerar o
sujeito e suas vivências em práticas corporais que abordem as sensações. As práticas corporais
da eutonia e da antiginástica foram as potencializadoras para a promoção por uma educação do
sensível, práticas estas que estimulam a percepção de si através do corpo e das suas sensações.
Promover a percepção corporal em sujeitos que historicamente conceberam o corpo como mero
instrumento de trabalho até chegar ao esgotamento físico, se constitui em um desafio a ser
conquistado. O ponto de partida são os sujeitos, quarenta velhos com idade entre 60 a 82 anos,
participantes do projeto de extensão “Viver com Dignidade”, projeto este, realizado no campus
São Paulo do Potengi nos anos de 2014 e 2015.
Diante da realidade inquestionável iniciada no último século e que nos faz observar uma
população cada vez mais envelhecida evidencia-se a importância de garantir aos sujeitos não
só uma sobrevida maior, mas também uma boa qualidade de vida, pois como afirma Monteiro
(2003, p. 32),
A cada movimento de expansão e contração, alongamento e
encurtamento, contato e retraimento, é produzido um padrão especifico
de organização, que passará a determinar a história estrutural de cada
ser humano. Dessa maneira, todos os pensamentos, sensações,
sentimentos, emoções são organizados de tal modo que fornecem a cada
indivíduo uma identidade-corpo que passa a representar sua própria
história.
Nesse contexto de aprendizagens da escuta das sensações do corpo, encontram-se
sujeitos abertos para uma nova conquista, desprendidos das amarras culturais, corpos que
mesmo possuidores de intensas couraças musculares, são ávidos pelo “novo”, pelo despertar de
movimentos e descobertas corporais.
2. Material e Métodos
O enfoque metodológico utilizado são as práticas corporais que ampliam a dimensão
da percepção de corpo. A eutonia trabalha os apoios do corpo e a consciência de seus volumes
e espaços, como também, o equilíbrio das tensões que é medido pelo tônus muscular, além de
melhorar a respiração, que amplia a possibilidade do sujeito se sentir mais seguro e
autoconfiante. Esta prática é realizada com o auxílio de materiais como: bolinhas de tênis,
bexigas, macarrões, bambus e colchonetes. Outra prática que há de se levar em consideração é
a antiginastica, método criado para reabilitar o corpo por meio de uma sequencia de
movimentos suaves, que propõem conscientizar o sujeito sobre o funcionamento do seu corpo,
fazendo com que relaxe a musculatura e corrija os defeitos posturais. Perceber o corpo a partir
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destas práticas corporais citadas, provoca no corpo, o saber sensível. Pois como afirma Nóbrega
(2010), o corpo é a nossa condição existencial. A cada aula percebe-se uma nova descoberta,
um novo olhar, uma possibilidade de (re)criação do corpo a partir do movimento.
3. Resultados e Discussões
Identificado o perfil dos participantes; com pouca escolaridade, ex- trabalhadores da
agricultura e aposentados, foi necessária a reflexão sobre o envelhecimento ocioso e sobre o
inconsciente do corpo. Andrieu (2004) aponta a possibilidade de encontrar mais do que
reencontrar, o tempo perdido do passado e da infância. Esse pensamento provém de alguns
depoimentos dos participantes após a realização das práticas corporais ao longo do projeto em
2014. Sujeito 1: “sou feliz aqui, o dia que não venho é de tristeza” Sujeito 2: “todas as atividades
fazem muito bem pra cada um de nós, é uma nova oportunidade de aprender e viver!” Sujeito
3:“as atividades revigoram, trazem maior disposição, é bom pra musculatura do corpo,
relaxaram bastante as atividades realizadas no colchão”
4. Conclusões
Perceber o seu corpo entrelaçado ao corpo do outro significa despertar o
pertencimento, pertencimento de ser no mundo em comunhão com o outro. O projeto é ao
mesmo tempo vida e movimento. Coaduno com o pensamento de Caminha (2013, p. 117)
quando ele dialoga com Merleau-Ponty; “a subjetividade, para Merleau-Ponty, não preexiste
nem sobrevive ao corpo. É no corpo e pelo corpo que ela se estabelece. O sujeito da percepção
se torna sujeito na experiência de sentir”. Após o segundo ano de encontros com a percepção
corporal, pode-se perceber sujeitos mais atentos aos seus corpos, tanto na melhora da
mobilidade e equilíbrio, quanto no controle respiratório e na postura.
Referências
ANDRIEU, Bernard. A nova filosofia do corpo. (Tradução: Elsa Pereira). – Lisboa, Instituto
Piaget, 2004.
CAMINHA, Iraquitam; SILVA, Marcos Erico (Orgs). Percepção, corpo e subjetividade. São
Paulo: LiberArs, 2013.
MONTEIRO, PEDRO P. Envelhecer: histórias, encontros, transformações. 2. ed. Belo
Horizonte: Autêntica, 2003.
NÓBREGA, Terezinha Petrucia. Uma nova fenomenologia do corpo. São Paulo: Editora
Livraria da Física, 2010
OKUMA, Silene Sumire. O idoso e a atividade física: fundamentos e pesquisa. Campinas,
SP: Papirus, 1998.
VERDERI, Erica. O corpo não tem idade: educação física gerontológica. Jundiaí, SP: Editora
Fontoura, 2004.
11
EDUCAÇÃO FÍSICA, TEATRO E MÚSICA: UMA PROPOSTA
INTERDISCIPLINAR
Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Thulho Cezar Santos de Siqueira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Carolina Chaves Gomes
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Este trabalho compreendeu uma proposta de intervenção da extensão no IFRN, campus
João Câmara, entre os anos de 2012 e 2013, uma ação que uniu a disciplina de Arte com duas
linguagens (teatro e música) e a disciplina de Educação Física. Denominado por Laboratório de
práticas artísticas e corporais (LAPAC), este projeto contemplou uma parcela da comunidade
do Território do Mato Grande. As novas perspectivas educacionais apontam para a construção
de um ser humano pleno e múltiplo em suas possibilidades. Nesse sentido, as mais recentes
perspectivas da Educação Musical (FRANÇA e SWANWICK, 2002), da Educação Física
(NÓBREGA, 2005) e do Teatro (BARBA, 2009) tem buscado sensibilizar o corpo, o
movimento e suas sonoridades como elementos indispensáveis para formação do cidadão,
partindo de vivências corporais. Esse projeto se caracterizou por priorizar uma metodologia
interdisciplinar entre o Teatro, a música e a Educação Física abrangendo o alunado do IFRN,
campus João Câmara, além de ampliar sua atuação pela comunidade externa. Em 3 encontros
semanais com 2 horas de duração no período de 4 meses, o laboratório justificou a sua atuação
pela discussão de textos, vivências corporais, apreciação de produções artísticas, criação,
participação e apresentação em eventos artísticos, culturais e esportivos. Desse modo, acreditase auxiliar os sujeitos a se constituírem de forma integral, conhecendo e refletindo sobre seu
próprio corpo e as relações com outros corpos.
Foi percebido por esta tríade de professores que a comunidade discente deste território
não apreciava a importância das disciplinas de Arte e Educação Física para a sua formação
plena, de sujeitos que pudessem ampliar as suas noções de corpo nas possibilidades motoras,
expressivas e discussivas. De sujeitos que tivessem a capacidade de identificar na sua própria
comunidade a cultura de movimento da qual faziam parte; através dos gestos, falas, movimentos
corporais e práticas culturais advindas da diversidade cultural. Ao falar sobre o corpo e a cultura
de movimento, Soares (2001, p. 109) acrescenta:
As múltiplas faces das dobras visíveis do tempo são reveladas materialmente
na arquitetura, no urbanismo, nos utensílios, no maquinário, na alimentação,
no vestuário, nos objetos, mas sobretudo no corpo. Ele é inscrição que se move
e cada gesto aprendido e internalizado revela trechos da história da sociedade
a que pertence. Sua materialidade concentra e expõe códigos, práticas,
instrumentos, repressões e liberdades.
Ainda dialogando com Soares, ela afirma: é no corpo que a cultura tece seus lugares
de inscrição e observam-se os códigos por ele internalizados resultantes de um processo de
educação: “Os corpos são educados por toda realidade que os circunda, por todas as coisas com
12
as quais convivem, pelas relações que se estabelecem em espaços definidos e delimitados por
atos de conhecimento”. (SOARES, 2001, p.110).
Diante de uma perspectiva asséptica de construção dos saberes científicos, a escola
privilegiou por muito tempo uma abordagem tradicional que, assim como o método cientifico
busca minimizar as influências externas ao foco de pesquisa. Os estudos mais recentes nas áreas
de ensino de Arte (BARBOSA, 1998; BARBOSA e COUTINHO, 2008) e de Educação Física
(NÓBREGA, 2005, SOARES, 2001), apoiados nas contribuições de antropólogos e sociólogos,
revelam que os indivíduos, no processo de constituição de sua subjetividade, organizam seus
corpos de formas distintas, trazendo as marcas deixadas em seus corpos pelos diálogos com a
cultura e a sociedade na qual estão inseridos (BOAL, 2008; MAUSS, 2005). Sabemos também
que a escola tem uma função social importantíssima e que é seu papel, enquanto instituição
educativa, atingir a comunidade da qual faz parte, devendo compartilhar com a sociedade os
saberes desenvolvidos em seus domínios. A extensão configura-se como um espaço
institucional para despertar tal vocação, sendo um modo bastante eficaz de levar e dialogar com
as comunidades estes saberes. Além da comunidade de João Câmara, o projeto se estendeu para
as comunidades de São Miguel do Gostoso e de Guamaré.
Pesquisas recentes sugerem que o conteúdo de atividades rítmicas e expressivas, aliado
aos outros conhecimentos, pode influenciar os aspectos motores, sociais, cognitivos e
emocionais e auxiliar na concretização da principal função escolar na formação do homem
como um ser integral e um agente de transformação social. Nesse sentido, este trabalho veio
promover a cultura de movimento entre a comunidade escolar do Campus João Câmara e a
comunidade do seu entorno, utilizando-se das novas perspectivas pedagógicas de cada área em
considerar o movimento, o corpo, a ação ativa do aluno diante do discurso (musical, expressivo
etc.) e a interdisciplinaridade como elementos indispensáveis à uma formação ampla. Ou seja,
parte-se da perspectiva do ser humano múltiplo, biopsicossocial, no qual o movimento, a ação
do corpo e o grupo social envolvido são indispensáveis ao se tratar de uma aprendizagem
significativa. Para os alunos do IFRN, essa nova abordagem possibilitou o aprofundamento e
melhoria nas questões do corpo, conhecendo suas possibilidades, aceitando seu corpo e
construindo sensibilidades quanto ao movimento e percepção, desinibindo, incluindo a temática
no grupo de adolescentes e aprimorando as produções e o aprendizado nas disciplinas Arte e
Educação Física.
Para a comunidade como um todo, esses novos estudos apresentaram novas
perspectivas desmistificando o corpo, o movimento e sua utilização, identificando possíveis
espaços e grupos, além de motivar as práticas de movimento. Para o IFRN, esse espaço se
constituiu como pioneiro, dedicado ao estudo dessas novas abordagens pedagógicas,
produzindo uma ação interdisciplinar que teve repercussões imediatas nas aulas regulares,
ampliando as possibilidades de realização de práticas musicais, teatrais e físicas utilizando-se
apenas o corpo, registrando-se em atividades que comporam um acervo de possibilidades para
prática na escola básica regular.
2. Material e Métodos
A metodologia de ação desse projeto foi pautada a partir dos seguintes procedimentos;
em curto prazo: a realização de encontros semanais entre os professores e os bolsistas para
discussão acerca dos conteúdos das disciplinas e as abordagens corporais, estabelecendo
planejamento consistente e estabelecendo prioridades nos materiais necessários a partir do
estudo de necessidades e abordagens metodológicas de cada disciplina. Após os textos e
vivências serem trabalhados entre os bolsistas e os professores, houve a oportunidade de
vivenciar com os alunos (uma turma com 15 pessoas formada no contra turno das aulas) e
13
pessoas da comunidade (o grupo de teatro “Nós na rua” de São Miguel do Gostoso/RN e o
grupo de teatro “MM’S” de Guamaré/RN).
Figura 1: Vivenciando a Eutonia. Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
Para melhor exemplificar este primeiro momento, foi traçada uma dinâmica de a cada
encontro uma disciplina ser abordada. Um encontro para a disciplina de Arte com habilitação
em música onde o texto a ser discutido se denomina “O ouvido pensante” de Schafer (1991) e
a vivência da percussão corporal, o outro em Arte com habilitação em teatro em que o texto a
ser discutido se chama “A canoa de papel” de Barba (2009) com a vivência do arqueiro e no
último encontro da semana, a disciplina de Educação Física com o texto “O corpo tem suas
razões” de Bertherat (2001) abordando a vivência da Eutonia. No decorrer do cronograma do
projeto, outros textos e outras vivências corporais foram compartilhadas com os alunos do
laboratório. Os textos distribuídos uma semana antes do encontro, proporcionaram tempo aos
alunos se apropriarem da temática para a discussão. No encontro, primeiramente aconteceram
a vivência corporal e depois o diálogo era proposto a partir do que foi lido e experimentado.
Com a participação dos alunos no projeto, foi possível oportuniza-los a participar e reconhecer
seu corpo como elemento expressivo e sonoro a partir da avaliação contínua dos processos e
produtos artístico-culturais desenvolvidos pelos alunos com o suporte dos materiais e técnicas
desenvolvidas. Ao final das atividades do projeto, houveram apresentações artístico-culturais
(em João Câmara, São Miguel do Gostoso e Guamaré) utilizando o corpo e o movimento como
produtores de obras artísticas consistentes e elaboradas em grupo.
3. Resultados e Discussões
Os resultados deste projeto se tornaram visíveis em âmbito local e regional, seja pelas
apresentações artístico-culturais-esportivas nos eventos escolares, como a publicação de artigos
científicos e relatos de experiência em congressos. Vale ressaltar que nos jogos internos da
Instituição, realizados em janeiro de 2013, os alunos se envolveram na organização de torcidas,
na organização do desfile, na comissão de premiação e em todas as modalidades esportivas
oferecidas (voleibol, futsal, xadrez, natação, handebol) nos gêneros masculino e feminino. Na
temática de dança, como conteúdo da Educação Física, houve apresentações de dança (dos
cursos integrados) para a comunidade local na Expotec e no aniversário do campus. Há de se
fazer referência sobre as temáticas que o laboratório elencou para serem discutidas no grupo,
principalmente as que abordaram a percepção, a sensibilidade, a diversidade, a subjetividade e
a emancipação, pois provocaram diálogos e discussões em torno do corpo, do ser, da criação,
da relação do eu e do outro.
14
4. Conclusões
Apesar de este projeto ter sido realizado em um espaço curto de tempo, foi perceptível
pela fala dos integrantes do laboratório (professores, alunos, bolsistas, grupos convidados) a
necessidade da permanência deste espaço de diálogos, de vivências e de trocas que tem o corpo
e o movimento como elementos desencadeadores de uma educação baseada nas múltiplas
possibilidades em se conhecer e se relacionar com o outro. Porém, para melhorar o desempenho
do laboratório seria necessário o fomento de recursos para prover um espaço apropriado com
os materiais adequados e a disponibilidade em conseguir a logística que apoie os deslocamentos
dos integrantes do laboratório à comunidade externa, como também, trazer a comunidade
externa para o campus.
Referências
BARBA, Eugênio. A canoa de Papel. Tratado de Antropologia Teatral. 2. ed. Brasília: Teatro
Caleidoscópio, 2009.
BARBOSA, A. M. e COUTINHO R. (org.). Arte/Educação como mediação cultural e social.
São Paulo: Unesp, 2008.
BERTHERAT, Therese. BERNSTEIN, Carol. O corpo tem suas razões. Tradução de Estela
dos Santos Abreu. 19. ed. – São Paulo: Martins Fontes, 2001.
NÓBREGA, Terezinha Petrucia. Corporeidade e Educação Fisica: do corpo-objeto ao corposujeito. Natal, RN: EDUFRN Editora da UFRN, 2005.
SOARES, Carmen Lucia (org.). Corpo e História. Campinas, SP: Autores associados, 2001.
SCHAFER, Murray. O ouvido pensante. São Paulo: Paulista, 1991.
15
ELABORAÇÃO DE ARTIGO CIENTÍFICO E A IMPORTÂNCIA DAS NORMAS
ABNT
Isabela de Araújo Pessoa
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O foco deste trabalho é suscitar a importância da produção de um artigo científico
desenvolvido durante o ano de 2014, como proposta da disciplina de educação física, com a
temática “jogos” à turma do 1º ano do curso de Meio Ambiente no Campus São Paulo do
Potengi. Como proposta ao desafio lançado, foi realizada a criação do artigo “as diferenças das
brincadeiras populares de décadas passadas para as brincadeiras atuais”, tendo como autores os
mesmos deste trabalho. Adentrar no universo da produção científica não é uma tarefa fácil para
os alunos do 1º ano do curso técnico integrado, foi necessário apropriar-se da leitura de diversos
artigos científicos e compreender como organizar o artigo a partir das regras da ABNT. Abordar
as regras da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), aplicar uma metodologia e
incentivar a capacidade de outros alunos na produção de um artigo científico, se caracterizam
como os principais objetivos deste trabalho. Vale ressaltar que o artigo científico produzido
como uma proposta da sala de aula, foi aprovado e apresentado no III Fórum Mundial de
Educação Profissional e Tecnológica na cidade de Recife-PE, em maio de 2015.
2. Material e Métodos
Usamos como método a pesquisa-ação, necessária para a compreensão do universo da
cidade de São Pedro do Potengi-RN e como técnica de pesquisa; a entrevista e a observação de
idosos pertencentes ao Centro de Referência e Assistência Social (CRAS) e a crianças, alunos
de uma escola municipal na mesma cidade. A entrevista se caracterizou como semiestruturada,
com alguns questionamentos prévios, porém, acrescidos de outros comentários que os
entrevistados sentiam necessidade em dialogar. No CRAS, foram entrevistados 13 idosos com
idades entre 57 e 83 anos. Ao chegar ao local, a primeira técnica de pesquisa era a observação
dos idosos, o que faziam e como faziam nos momentos ociosos. A identificação dos
entrevistadores foi fundamental para criar elos de diálogos. As entrevistas com as crianças
também foram precedidas de um questionário prévio, com alguns questionamentos pertinentes
a faixa etária pretendida. As crianças com idade entre 9 e 12 anos, eram alunos do 4º ano do
ensino fundamental da Escola Municipal Izabel Moura de Andrade. Colaboraram com a
pesquisa um universo de 26 crianças, da cidade de São Pedro-RN.
Segundo os professores, Brito Junior e Feres Junior (2011, p. 37), “a entrevista é uma
das técnicas mais utilizadas, atualmente, em trabalhos científicos. Ela permite ao pesquisador
extrair uma quantidade muito grande de dados e informações que possibilitam um trabalho
bastante rico”. Podendo ser usado gráficos nos resultados da pesquisa, além de possibilitar um
pequeno debate sobre o assunto exposto e conseguir diversas opiniões a respeito.
De posse das entrevistas, foi realizada a análise tendo em vista a relação entre as
brincadeiras atuais e as brincadeiras de décadas passadas, a partir das leituras que
fundamentaram o trabalho. Os seguintes artigos foram fundamentais para a análise do tema
pesquisado: O Brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e Brincadeiras - Um Olhar
16
Psicopedagógico; Brinquedos e brincadeiras da cultura popular norte-rio grandense, memória,
diversidade cultural e identidade regional; Uma leitura de Vygotsky sobre o brincar na
aprendizagem e no desenvolvimento infantil e; Criança e Internet: Que cuidados devemos ter.
Que nos alertou sobre crianças que embora isoladas dentro de casa, não estão seguras,
que carecem da atenção dos pais, pois sem uma mínima fiscalização, podem estar em sites
proibidos para sua idade, tornando-se tão “inseguras” quanto as crianças que se divertem nos
parques juntos com outras crianças, etc.
Foi com atenção nesses aspectos que construímos os seguintes questionários para os
idosos e para as crianças no ano de 2014.
Tabela 1 – Perguntas feitas aos idosos em 2014
1 Você tem algum aparelho eletrônico?
2 Você possui contas em redes sociais?
3 Você teve oportunidade de assistir televisão quando criança?
4 Quantas horas por dia você passa entretido com aparelho eletrônico?
5 Você gosta de praticar educação física?
6 Você gostava de criar seus próprios brinquedos?
7 Que tipos de brincadeiras e brinquedos você mais gostava? (Subjetiva)
8 Seus pais permitiam que você tivesse muito tempo livre para brincar?
9 Você ainda gosta de brincar?
10 Você acha que sua idade permite que você ainda brinque e crie jogos?
Fonte: Elaboração do próprio autor (2014).
Tabela 2 – Perguntas feitas as crianças em 2014
1 Você tem algum aparelho eletrônico?
2 Você conhece a brincadeira de pular corda?
3 Você conhece a brincadeira do pião?
4 Você possui contas em redes sociais?
5 Você brincou ou brinca com jogos educativos?
6 Que tipo de programa televisivo você assiste?
7 Quantas horas por dia você passa entretido com aparelho eletrônico?
8 Você gosta de praticar educação física?
9 Você gosta de criar seus próprios brinquedos?
10 Que brincadeiras e brinquedos você mais gosta? (Subjetiva)
Fonte: Elaboração do próprio autor (2014).
3. Desenvolvimento
As normas da ABNT foram fundadas no ano de 1940, quando dois laboratórios de
pesquisas, Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e o Instituto de Pesquisa Tecnológicas (IPT)
entraram em conflitos devido a formatação dos trabalhos serem avaliados de forma diferente,
então havia quem aprovasse em um laboratório, mas era reprovado no outro. Essas normas são
muito importantes para a criação de um artigo ou de um projeto. Com elas podemos ler
trabalhos mais organizados e padronizados, ajudando na qualidade do documento e a não entrar
em conflitos quando são trabalhos de um mesmo assunto.
17
Figura 1 - No CRAS entrevistando os idosos no período da manhã. Fonte: Elaboração do próprio autor, 07/10/2014.
Buscamos utilizar as regras ABNT’S no nosso artigo de forma adequada, para que o
trabalho fosse de qualidade e organizado para um bom entendimento do leitor, com uso de
tabelas, com as perguntas utilizadas na entrevista; gráficos, principalmente para amostra dos
resultados obtidos; e figuras 1 e 2, fotos tiradas dos idosos no CRAS enquanto eram
questionados.
Figura 2 – Conversando com os idosos sobre suas brincadeiras de infância. Fonte: Elaboração do próprio autor,
07/10/2014.
4. Conclusões
O objetivo do artigo “as diferenças das brincadeiras populares de décadas passadas
para as brincadeiras atuais”, foi de mostrar as causas e consequências que elas trazem para as
crianças, que em suma não tem culpa dessas mudanças que ocorrem constantemente.
Analisando nossa pesquisa, percebemos o quanto foi gratificante para nosso aprendizado e
conhecimento que conseguimos até mesmo na entrevista conversando com os idosos, e as
crianças, que nos mostraram como era bom para eles a brincadeira coletiva, e que ainda que
tivessem que trabalhar ajudando os seus pais, aproveitavam o pouco momento juntos para
brincarem com brinquedos criados por eles próprios. Enquanto nas crianças da atualidade,
vemos que elas preferem os brinquedos comprados prontos, e na maioria brincam sozinhas em
suas casas.
O Campus São Paulo do Potengi apesar de novo, já possui pesquisadores, e os alunos
que vão entrando no Campus, precisam ser incentivados a pesquisa para que a instituição cresça
cada vez mais no âmbito da pesquisa e aos estudantes com mais conhecimentos. Apresentar no
18
III Fórum Mundial de Educação Profissional e Tecnológica que houve em Recife-PE neste ano,
serviu para nós como incentivo para continuar pesquisando e produzindo novos artigos dentro
do Campus e também para apresentar em eventos de níveis nacionais.
5. Agradecimentos
Meus agradecimentos são para as professoras do IFRN, Maria Elizabete Sobral Paiva
de Aquino e Ulisandra Ribeiro de Lima, pelo incentivo, disponibilidade e confiança no meu
trabalho, dando um suporte e apoio necessário para um bom desempenho.
Referências
FANTACHOLI, Fabiane das Neves. O Brincar na Educação Infantil: Jogos, Brinquedos e
Brincadeiras - Um Olhar Psicopedagógico. 5. ed. Paraná: Maringá, 2011.
JÚNIOR, Álvaro Francisco de Britto; JÚNIOR, Nazir Feres. A utilização da técnica da entrevista
em trabalhos científicos. Revista Evidência. Araxá, v. 7, n. 7, p. 237-250.
MAIA, Lerson; OLIVEIRA, Marcus; COSTA, Tânia. Brinquedos e brincadeiras da cultura
popular norte-rio grandense, memória, diversidade cultural e identidade regional. Paraná:
Curitiba, 2006.
POZZEBON, Rafaela. Criança e Internet: Que cuidados devemos ter. 02 de fevereiro de
2011. Rio Grande do Sul, Agudo. Disponível em:
<http://www.oficinadanet.com.br/artigo/seguranca/crianca-e-internet-que-cuidados-devemoster>. Acesso em: 03 de março de 2015.
ROLIM, Amanda; GUERRA, Siena; TASSIGNY, Mônica. Uma leitura de Vygotsky sobre o
brincar na aprendizagem e no desenvolvimento infantil. Revista Humanidades. Fortaleza, v.
23, n. 2, jul./dez. 2008. p. 176-180.
19
“ESPELHO, ESPELHO MEU...”: O PAPEL DA BELEZA NA SOCIEDADE
BASEADO NOS CONTOS “A NOIVA INCONSOLÁVEL” E “A BELA E A FERA”
Wíliton José de Araújo Martins
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Maria Ruthiane Basílio Ramalho
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Elis Betânia Guedes da Costa
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Kéfora Janaína de Medeiros
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O Conto é uma obra de ficção que apresenta em sua constituição: enredo, narrador,
tempo, personagens e pontos de vista. Metaforizando, é uma caverna concisa que permite a
passagem de criaturas fantásticas, denúncias sociais e políticas e, dessa forma, histórias. É, de
modo geral, um gênero literário abundantemente flexível, cujos pesquisadores asseguram que
os seus ancestrais são a lenda, a parábola, o conto de fadas, o mito e até mesmo a anedota.
Outro fator observado diz respeito à diversidade de temas, entre os quais escolhemos
abordar a representação feminina, mais precisamente no que concerne aos padrões de beleza
aos quais estas mulheres estão submetidas e como eles interferem em seu cotidiano.
Tendo em vista isso, este artigo tem como objetivo refletir a representação feminina
diante da “beleza”, a partir dos contos A Noiva Inconsolável, de Maria Judite de Carvalho
(1961) e A Bela e a Fera ou A Ferida Grande Demais, de Clarice Lispector (1979).
Pretendemos abordar a influência desse aspecto no destino das mulheres. Para isso, foram
estabelecidos objetivos específicos como pesquisar, descrever e analisar os contos, para
relacioná-los com a realidade e proporcionar a reflexão da representação feminina em ambos.
Nessa perspectiva, justificamos este estudo como sendo uma forma de alertar a
sociedade visando conscientizá-la e demonstrar o quanto a aparência “leiloa” as pessoas,
especialmente as mulheres. Sendo muitas vezes, a “beleza” a lenha que alimenta as chamas do
machismo e promove as cinzas da desigualdade social sofrida pela representação feminina.
A Literatura, como voz que carrega liberdade de expressão e denúncias, abre os nossos
olhos cegos e tão conformados com o consenso, e nos permite “imaginar uma forma de vida
outra. Por isso o discurso literário está incessantemente indo às bordas do improvável para
exorcizar o impossível.” (HOLANDA, 2004, p. 217). É um passaporte admirável, que nos
permite ampliar a mente e suspeitar das condições de sobrevivência nas tribos sociais.
2. Material e Métodos
Nossa pesquisa segue uma análise interpretativa com abordagem qualitativa, ou seja,
é de acordo com a interpretação dos dados. Para a pesquisa usamos como base dois contos: A
Noiva Inconsolável e A Bela e Fera, de Maria Judite de Carvalho e Clarice Lispector,
respectivamente. Dessa forma, a linguagem se faz nosso material principal e a interpretação
nosso artifício como propõe Patrick Charaudeau (2011).
Inicialmente, para facilitar o entendimento da temática, se fez necessário um estudo
teórico sobre o padrão de beleza na sociedade, que por vezes impõe a mulher ser magra, alta,
20
ter cabelos lisos etc., fazendo com que muitas frequentem clínicas de estética e busquem o
corpo “ideal”, submetendo-se, além de problemas psicológicos, doenças como anorexia e
bulimia. Com isso, aguçamos nosso senso crítico para analisarmos a forma como os discursos
das autoras deram rumo as narrativas.
Existem em toda a sociedade, discursos de doxa, (lugares comuns,
estereótipos, saberes compartilhados). Estes circulam e se repartem de
maneira não aleatória em diferentes grupos sociais. Assim sendo, todo sujeito
é portador de alguns desses discursos, e essa condição revela seu
posicionamento social. Podemos então dizer que, de uma certa maneira, esse
sujeito é “responsável” por suas representações, o que não quer dizer que seja
consciente disso. (CHARAUDEAU, 2011, p. 12).
A forma como o conto é trabalhado é substancial. Escolhemos contos nos quais as
mulheres são o centro da história e que também a imagem feminina se faça essencial no enredo.
Depois de escolhidos, utilizamos os procedimentos: A) Leitura de forma breve – identificar as
dimensões do texto, reconhecer os personagens, saber se o narrador é ou não um deles. B)
História – o que aconteceu? Onde? Quando? São algumas das indagações para a compreensão
do texto. C) Autor – conhecer o autor que analisado é fundamental, ter noção sobre o que ele
normalmente escreve torna mais inteligível reconhecer aonde ele quer chegar.
Seguindo esses passos, fizemos uma leitura mais minuciosa, reconhecendo todos os
pontos e alertando o olhar crítico em função dos discursos. E com nossos conhecimentos
linguísticos e sócios discursivos fomos capazes de fomentar nossa opinião sobre o poder
significativo da imagem em relação ao destino das mulheres que são relatadas nas tramas.
3. Resultados e Discussões
Para procedermos à análise dos contos, tomamos como aporte teórico reflexões acerca
da função da Literatura expressados por Antonio Candido (2004), em O direito à literatura e
Antoine Compagnon (2009), em Literatura para quê. Para Candido (2004, p. 175), a literatura
“[...] é fator indispensável de humanização, e, sendo assim, confirma o homem na sua
humanidade”. Compagnon (2009, p. 47) também toma a literatura como projeto de
conhecimento do homem e da vida. Em seu discurso:
A literatura deve, portanto, ser lida e estudada porque oferece um meio alguns dirão até mesmo o único - de preservar e transmitir a experiência dos
outros, aqueles que estão distantes de nós no espaço e no tempo, ou que
diferem de nós por suas condições de vida. Ela nos torna sensíveis ao fato de
que os outros são muito diversos e que seus valores se distanciam dos nossos.
Entre os contos A Noiva inconsolável (Portugal) e A Bela e a Fera (Brasil)
encontramos um brilhante e reflexivo confronto. De um lado, uma mulher desfavorecida de
beleza e do outro, uma mulher extremamente bonita e sedutora. Em meio a tal realidade, os
textos literários abordam um aspecto em comum: a beleza, como fundadora de estigmas
sociais, destinos e sobretudo identidades.
No primeiro conto, nos deparamos com o árduo cotidiano de Joana, uma jovem que
não corresponde aos padrões de beleza impostos pela sociedade, dessa forma, é julgada incapaz
de encontrar alguém determinado a cumprir o papel de esposo e amá-la. No dia em que,
“finalmente”, um homem se interessa por Joana, ela é tratada como um produto que deve ser
vendido enquanto almejado, ou seja, a personagem se vê pressionada pelo sistema social a se
inclinar para o altar. Entretanto, antes do casamento Joana é notificada por meio do jornal que
21
seu noivo morreu afogado. Ela não derrama uma lágrima sequer. O fato é que Joana não precisa
mais ser submetida às “leis” da época que obriga a mulher a se casar, basta um trapo preto e um
véu escuro, e só é preciso desempenhar um novo papel: o de a noiva inconsolável.
Analisando bem, percebemos que a mulher é tratada como gênero deficitário, frágil e
incompetente sem um homem. Além disso, é perceptível que a aparência da personagem lhe
destinou uma vida sem amores e significados, pois era encarada como uma carcaça dita “feiosa”
e nada mais. E, ainda, se nos afastarmos da escrita e observarmos os cenários onde estão
inseridos Joana e o seu noivo, percebemos que ela estava em casa – provavelmente limpando,
fazendo comida etc. –, enquanto ele, após o trabalho estava dando um mergulho com os amigos
– ou melhor, “desfrutando da vida”. É como se a mulher estivesse destinada unicamente aos
papeis de mãe de família, dona de casa, esposa etc. e somente o homem tivesse aptidão de ser
líder e ter carreira profissional. Uma visão machista e estereotipada.
Figura 1 – Tipo de violência sofrida dentre as mulheres que declararam ter sido agredidas. Fonte: DataSenado,
2013.
Quando resistentes às ordens patriarcais, muitas mulheres se veem em diversas formas
de agressão. Segundo pesquisas realizadas pelo DataSenado, de 2013, o tipo de violência mais
frequente sofrido é a física, conforme relato de 62% das vítimas. Em seguida, vem a violência
moral e a psicológica, com 39% e 38%, respectivamente. A violência sexual foi citada por 12%.
Mas o impressionante é que 65% desses agressores é o próprio parceiro.
Em A Bela e a Fera, encontramos outra realidade. A protagonista, Carla de Souza e
Santos, uma mulher cuja beleza estonteante lhe proporciona um casamento com um banqueiro.
No conto, sua rotina é quebrada com uma conversa inesperada com um mendigo, que a faz
refletir sobre a vida e a maneira como, miseravelmente, somos julgados.
Encarnando a narrativa de Clarice Lispector (1979, s. p.):
De repente – de repente tudo parou. Os ônibus pararam, os carros pararam, os
relógios pararam, as pessoas na rua imobilizaram-se – só seu coração batia, e
para quê? Viu que não sabia gerir o mundo. Era uma incapaz, com cabelos
negros e unhas compridas e vermelhas. Ela era isso: como uma fotografia
colorida fora de foco. Fazia todos os dias a lista do que precisava ou queria
fazer no dia seguinte – era desse modo que se ligara ao tempo vazio.
Simplesmente ela não tinha o que fazer. Faziam tudo por ela. Até mesmo os
dois filhos – pois bem, fora o marido que determinara que teriam dois...
Absorvemos, agora, uma mulher subjugada ao homem, tratada como insignificante,
pois é ele quem decide suas “escolhas”, inclusive, de que frequente os salões de beleza, os
shoppings e os bailes, é como se ela não tivesse voz no mundo e nem importância. “A beleza
pode ser de uma grande ameaça”, “A beleza assusta”, “Se eu não fosse tão bonita teria tido
22
outro destino”, essas são as reflexões mais reveladoras da personagem que conduzem Carla a
associar seu destino a um verdadeiro leilão, no qual “quem dá mais?” adquire o produto.
Podemos constatar nesses contos a ideologia de que a mulher é incapaz de construir
carreiras e é dependente da figura masculina. Vemos, falsamente expresso, que sua felicidade,
sua satisfação e seu direito individual não têm independência.
Finalizando, o papel da beleza é impor status sociais, preconceitos e prestígios. É dar
ao indivíduo de elevado teor de “beleza”, a condição de se posicionar acima dos denominados
“inferiores”, que devem correr atrás de seus objetivos e alcançá-los com seus próprios méritos.
4. Conclusões
A Literatura faz com que as pessoas exercitem a alteridade, uma vez que lhes
proporcionará enxergar melhor o mundo, o seu semelhante e a si mesmas. Portanto, contribui
para a construção da cidadania e do pensamento crítico. Tem o papel devastador de mostrar a
realidade por meio de personagens e enredos “fictícios”, que simbolizam a vida e as pessoas.
A escrita de ambos os contos reflete a postura preconceituosa da sociedade em relação
às mulheres, sociedade esta, que não somente reproduz, como também faz prevalecer rótulos
sociais, incentivando as perpetuações de pensamentos retrógrados que permanecem arraigados
no sistema cultural.
Enfim, os textos analisados mostram que é necessário enxergamos a alma, pois,
convenhamos, pessoas são bem mais do que a aparência, do vestem e do que bons resultados,
antes de todas essas coisas, são seres humanos que têm sentimentos e importância no mundo.
Referências
CANDIDO, Antonio. Vários Escritos: O direito à Literatura. 4. ed. reorg pelo autor. Rio de
Janeiro: Ouro sobre Azul; São Paulo: Duas Cidades, 2004.
CARVALHO, Maria Judite de. As Palavras Poupadas. Lisboa: Editora Arcádia 0. 1961.
CHARAUDEAU, Patrick. Dize-me qual é teu corpus, eu te direi qual é a tua problemática. v.
10. Rio de Janeiro. Revista Diadorim. Revista de Estudos Linguísticos e Literários do Programa
de Pós-Graduação em Letras Vernáculas da Universidade Federal do Dezembro 2011.
Disponível em: <http://www.revistadiadorim.letras.ufrj.br>. Acesso em: 1º out. 2015.
COMPAGNON, Antoine. Literatura para Quê? Belo Horizonte: UFMG, 2009.
DATA SENADO. Violência Doméstica Contra a Mulher. 2013.
Disponível:
<http://www.senado.gov.br/senado/datasenado/pdf/datasenado/DataSenado-PesquisaViolencia_Domestica_contra_a_Mulher_2013.pdf>. Acesso em: 1º out. 2015.
HOLANDA, L. C. A. Da Necessidade Social da Literatura. In: Alfredo Cordiviola; Derivaldo
dos Santos; Valdenides Cabral. (Org.). As Marcas da Letra: Sujeito e Escrita na Teoria da
Literatura. João Pessoa: Idéia, 2004, v., p. 215-224.
CORDIVIOLA, A. SANTOS, D. CABRAL, V. (Org.). As Marcas da Letra: Sujeito e escrita
na Teoria da Literatura. João Pessoa: Ideia, 2004.
23
LISPECTOR, Clarice. A Bela e a Fera. Disponível em:
<http://parameusalunos.blogspot.com.br/2008/09/bela-e-fera-ou-ferida-grande-demais.html>.
Acesso em: 1º out. 2015.
24
GÊNEROS DISCURSIVOS E ARTIGO DE OPINIÃO NA SALA DE AULA
Amanda Karine F. L. da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Elis Betânia Guedes da Costa
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Kéfora Janaína de Medeiros
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Ao se tratar dos gêneros do discurso, Bakhtin se torna um dos principais nomes sobre
o assunto. O Círculo de Bakhtin1 relata que o conceito de gêneros se trata de padrões
comunicativos globais. Também é necessário observar que, para Bakhtin (1997), as várias
práticas sociais estão sempre relacionadas com o uso da língua, que concretiza nossos
enunciados, sejam eles orais ou escritos, concretos e únicos, que emanam dos integrantes de
uma ou outra esfera da atividade humana.
Segundo Costa e Rodrigues (2013), o artigo de opinião – o gênero em foco nesta
pesquisa – trata-se de um gênero discursivo que está presente cotidianamente, em nossa
trajetória profissional e em momentos significantes do nosso dia a dia. Tal gênero também
consegue integrar o leque dos gêneros que fazem uso da sequência argumentativa,
caracterizando-se pela constituição e defesa de um ponto de vista.
Neste artigo, com o desdobramento das pesquisas feitas, tentaremos adequar uma
solução ao problema que aflige vários alunos do Instituto, de modo que consigamos fazer com
que as dúvidas sejam esclarecidas.
2. Materiais e Métodos
Uma das características que mais podem contribuir para o impedimento da elaboração
na escrita em um gênero do discurso por um aluno é dificuldade na identificação de um gênero
pelo mesmo. Segundo o Círculo de Bakhtin, o conceito de gêneros do discurso se relaciona com
a utilização da língua e, por essa razão, adquirimos uma extensa variedade de gêneros, o que
pode promover certa confusão no momento da identificação.
O Círculo também observa que tais gêneros podem se tornar “relativamente estáveis”,
de acordo com sua estrutura composicional, ou seja, os gêneros discursivos podem modificar
sua estrutura, dependendo de sua esfera comunicativa, do estilo do sujeito autor, fazendo com
que possam ter características de outros gêneros a que se assemelham.
Tendo em vista os problemas apontados por vários dos discentes entrevistados e a
dificuldade que os alunos possuem na identificação dos gêneros discursivos, em especial, o
artigo de opinião – que apresenta grande destaque em nossa vida acadêmica e social, por ser
um gênero opinativo, ou seja, você expõe o seu ponto de vista de modo que consiga persuadir
o leitor –, optamos por fazer um questionário contendo dez perguntas, nas quais tentamos
O Círculo de Bakhtin trata-se de “um grupo de intelectuais que se reuniu regularmente de 1919 a 1929”, na
Rússia. Era um grupo com componentes de formação diversificada (“grupo multidisciplinar”), com destaque para
Valentin N. Voloshinov, Pavel N. Medvedev e Mikhail M. Bakhtin, que dá nome ao Círculo. Tinham paixão pela
filosofia e pela linguagem (FARACO, 2009, p. 13).
1
25
descobrir quais as dificuldades fundamentais na hora de escrever um artigo de opinião, por
exemplo.
A entrevista elaborada foi realizada com vinte e cinco (25) alunos do Instituto Federal
de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus São Paulo do
Potengi. Elaboramos dez (10) perguntas para poder identificar quais as dúvidas fundamentais
dos discentes na produção de um artigo de opinião. Os alunos escolhidos para a entrevista foram
os das turmas dos cursos técnicos integrados em Edificações e Meio Ambiente, cursando o
segundo ano do Ensino Médio, pois os mesmos têm estudado esse gênero na disciplina de
língua portuguesa no ano letivo em curso.
3. Resultados e Discussões
O questionário elaborado para a pesquisa, continha, como dissemos, dez (10)
perguntas que questionavam os conhecimentos dos alunos, com base no assunto estudado,
como mostra o quadro 1:
Quadro 1: Questionário referente à pesquisa relacionada ao conhecimento de gêneros
discursivos
Com base nas respostas dadas, podemos perceber que a principal dificuldade apontada
pelos alunos sobre a elaboração de um artigo de opinião é no desenvolvimento da
argumentação, pois foi a alternativa mais marcada na questão “Ao escrever um artigo de
opinião, em que parte você sente mais dificuldade?”. Além disso, há também vários outros
questionamentos, como o receio de começar mal a introdução, contradizer-se no
desenvolvimento do artigo, fugir do assunto proposto e até a falta de criatividade para um bom
título.
Dos vinte e cinco (25) alunos entrevistados, quinze (15) deles não conseguiram
atribuir um conceito os para gêneros do discurso em concordância com o conceito bakhtiniano.
Em algumas respostas, os discentes diziam que gênero do discurso “É a argumentação na fala.”,
“Formas de expressar sentimentos, ideias e opiniões” ou “Tudo aquilo que envolve a
comunicação entre os indivíduos”. Mesmo não tendo uma definição tão coerente, sete (7)
alunos têm uma vaga impressão sobre a definição do gênero e apenas três (3) alunos
conseguiram conceituar com clareza o que são gêneros discursivos, alegando que são
“Classificação dos textos” ou “Classificação que pode ser infinita, pois novos gêneros são
criados constantemente”.
26
Embora haja certa dificuldade no assunto, podemos perceber o interesse sobre tal
discussão ao longo da pesquisa e, por meio das questões levantadas ao decorrer do questionário,
como “Em sua opinião, os gêneros conhecidos por você são úteis em seu cotidiano?” e/ou “De
que maneira os gêneros estão presentes em sua vida?”, os alunos alegaram que conseguem ter
a percepção de que os gêneros discursivos estão presentes em seu cotidiano, como jornais,
revistas e até nos diálogos que costumamos fazer no dia a dia – por mais que a minoria dos
alunos ainda considere os gêneros como algo fixo, dizendo que apenas estão presentes “Na
leitura de livros.”, “Sempre na escola.” ou “Nos determinados textos que leio” – e, onde quer
que estejam, o conhecimento e o aprimoramento de tais gêneros serão essenciais para uma
satisfatória produção nesse gênero discursivo.
4. Conclusões
Com base nas pesquisas feitas, percebemos que, por mais que os alunos já tenham
estudado gêneros discursivos, a maioria deles possui certa dificuldade para diferenciar
sequência textual de gêneros do discurso. Contudo, os alunos conseguem, de forma breve,
mostrar o que entendem sobre o assunto com seus próprios conceitos. Após observamos essa
dificuldade na conceituação e na elaboração de artigos de opinião, apresentamos a proposta de
realizar oficinas de extensão no IFRN – Campus São Paulo do Potengi, dado pelos bolsistas de
língua portuguesa sob orientação das docentes da disciplina. Com isso, poderemos intervir nas
dificuldades apresentadas.
5. Referências
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. In: BAKHTIN, M. Estética da criação verbal. São
Paulo: Martins Fontes, 2003. p.261-306.
COSTA, E. B. G. ; RODRIGUES,M.G.S. O estudo da responsabilidade enunciativa no gênero
artigo de opinião: uma proposta para o ensino médio. In: VIII Congresso Norte Nordeste de
pesquisa e inovação, 2013, Salvador. Anais do VIII CONNEPI, 2013. p. 01-10.
FARACO, C. A. Linguagem e diálogo: as ideias linguísticas do círculo de Bakhtin. São
Paulo: Parábola Editorial, 2009.
LIMA, A. Os gêneros do discurso na perspectiva bakhtiniana. Recanto das letras. 2009.
Disponível em: <http://www.recantodasletras.com.br/artigos/1705374>. Acesso em: 08 out
2015.
27
“MULHER SEM MARIDO, BARCO SEM LEME”: UMA REFLEXÃO SOBRE O
MACHISMO EM DITADOS E PROVÉRBIOS POPULARES QUE ABORDAM O
CASAMENTO
Milena da Silva Claudino
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Elis Betânia Guedes da Costa
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Os ditados e provérbios são formas simples de expressão popular que se mantém
constantes através dos anos, reconhecidos como aspectos de significantes para a cultura, uma
vez que denotam o conhecimento do povo traduzido em poucas palavras. Sendo assim,
comumente aplicam exemplos morais, religiosos ou filosóficos. A diversidade de temas é
imensa, e, entre estes, a mulher tem um destaque “especial”, sendo citada com frequência,
principalmente em comparações à figura masculina e relação com o casamento. Entretanto,
estas menções, trazem consigo um sentido implícito que denotam a mulher de forma negativa.
Tendo em vista tais questões, este estudo foi elaborado com o intuito de analisar
provérbios e ditados populares sobre o casamento, observando através de aspectos linguísticos
e sociais o modo em que os mesmos trazem a exaltação de valores machistas e patriarcais, bem
como a inferiorização da mulher. Neste sentido, justificamos a intenção de tal estudo devido à
importância de alertar a sociedade para uma discriminação frequente, mas que ocorre de forma
implícita: o machismo em elementos linguísticos/sociais.
2. Material e Métodos
Para esta pesquisa, foram priorizados os aspectos interpretativos, uma vez que optamos
pelo uso de uma abordagem predominantemente qualitativa, com alguns aspectos quantitativos.
Para a realização de tal estudo, utilizamos como elementos centrais ditados e provérbios
populares sobre o casamento que explicitam a relação entre a figura feminina e a masculina.
Neste sentido, delimitamos o corpus a partir de 18 (dezoito) ditados e provérbios, dos
quais 10 (dez) foram analisados buscando destacar os fenômenos mais recorrentes, e 08 (oito)
ditos populares, escolhidos por apresentar mais ênfase no que se refere aos aspectos desta
pesquisa. A escolha destes ocorreu de forma aleatória por meio de observações em sites da
internet, sendo por fim, selecionados para posteriores apreciações.
Para conduzir as análises nos fundamentamos em alguns autores relevantes, tais como
Goldschmidt (1998), Hoffnagel (2010), Lipovetsky (2000) e Obelkevich (1997), de modo que
nosso Referencial Teórico é pautado nos tópicos: Ditados e Provérbios, Construção da
Identidade de Gênero e A imagem da mulher nos ditados e provérbios. Desta forma, trata-se de
uma pesquisa descritiva que por meio de aspectos linguísticos e sociais estabelece como
hipótese que a exaltação do machismo está presente nos ditados e provérbios sobre o casamento,
apresentando assim, um reflexo da sociedade.
28
3. Resultados e Discussões
3.1 Principais temáticas
Tabela 1: Temática central dos textos selecionados
Ditados
Desqualificação da figura
feminina
Inferiorização da
mulher
1.
2.
3.
X
4.
5.
X
6.
X
7.
8.
9.
10.
X
Fonte: Dados da pesquisa do autor.
Submissão
feminil
Valorização da liberdade
masculina
x
x
X
X
X
x
x
X
X
x
x
x
x
Dentre os tópicos, observamos uma exacerbada desqualificação da figura feminina, ao
mesmo tempo em que ocorre sua inferiorização, sendo retratada como “objeto” que merece
desprezo. Além disso, sua imagem física é posta a cima de seus valores morais, o que força a
mulher a viver sob a ditadura da estética. Tal fato é também observado por Cecília Meireles
(2003, p.127) no poema “Mulher no Espelho” em que afirma: “Por fora serei como queira a
moda/ que vai me matando; Já fui loura, já fui morena [...]/ só não pude ser como quis”. Vale
ressaltar que os elementos verificados condizem com o pensamento de Goldschmidt (1998,
p.25), quando afirma que o cristianismo possui relação direta com o machismo e o preconceito
de gênero, sendo dotados de tradicionalismo e conservadorismo: “O cristianismo foi orientado
pela ideia de que a mulher causou a introdução do pecado no mundo e de que a sexualidade
feminina provocava o pecado masculino".
3.2 Análise dos ditados populares
1.
Quadro 1: Ditados populares analisados
Mulher sem marido, barco sem leme.
2.
Mulher chora antes do casamento, o homem chora depois.
3.
Casamento feito, homem arrependido.
4.
Se casamento fosse estrada, homem andava no acostamento.
5.
Uma mulher pode amar um marido que nunca lhe bata, mas não vai respeitá-lo.
6.
Mulher é como pizza: só é boa fora de casa!
7.
Mulher é como trator. É muito boa pra trabalhar e horrível pra passear.
8.
Se casamento fosse negócio, mulher vivia em prateleira.
Fonte: Dados da pesquisa do autor.
Caracterizados pelo uso frequente de figuras de linguagem como metáfora e ironia,
bem como, pelo ideal de expressar um sentimento “vulgar” a respeito de algo, são os ditados,
representações ainda mais nítidas do pensamento popular. Em análise aos três primeiros
29
exemplos, observamos que remetem, explicitamente, à relação de dependência da
mulher/esposa para com o homem “Mulher sem marido, barco sem leme”, sendo a figura
feminina sequencialmente retratada como incapaz e responsável – através do casamento – pela
infelicidade masculina, o que contraria o pensamento de Lipovetsky (2000), quando refer-se ao
ideal de “terceira mulher”. Além disto, os ditos remetem a valorização da liberdade masculina,
representando o casamento como um ato indesejado e que através da mulher, irá prejudicar o
homem: “Se casamento fosse estrada, homem andava no acostamento”, “Casamento feito,
homem arrependido”.
4. Conclusões
Os ditados e provérbios populares, são reflexos do pensamento popular, com isso, a
partir deles, fomos capazes de analisar a representação feminina na sociedade, pois, como
reforça Menezes (2010, p. 02): “Observar a identidade social da mulher significa também
observar como a mulher é vista pela sociedade, as alterações sofridas na identidade deste grupo
são, em parte, resultado de mudanças sociais e culturais”. Com base nas discussões, foi possível
constatar a hipótese pré-estabelecida, verificando que a escrita destes, em suma, reflete uma
postura preconceituosa da sociedade para com as mulheres. Sociedade esta, que formula e
mantém estereótipos, motivando a perpetuação de pensamentos retrógrados que permanecem
arraigados em nossa cultura. Por fim, ressaltamos a relação entre a linguagem e os aspectos
sociais, tendo em vista que a primeira é fundamental em qualquer das esferas abordadas, desde
a construção da identidade até a percepção de valores e representação social.
Referências
COUTO, Anabela. A mulher nos provérbios e ditados populares. Disponível em:
<http://jpn.c2com.up.pt/2005/04/26/a_mulher_nos_proverbios_e_ditados_populares.html>.
Acesso em: 23 de abril de 2014.
GOLDSCHMIDT, E. M. R. Convivendo com o pecado: na sociedade colonial paulista
(1719-1822). São Paulo: Annablume, 1998.
HOFFNAGEL, J. C. Temas em Antropologia e Linguística. Recife: Bagaço, 2010.
_______________. Tendências atuais no estudo de linguagem e gênero. Revista de
Antropologia (PPGA/UFPE). Recife, PE, v. 7, 1998.
LIPOVETSKY, G. A sociedade pós-moralista: o crepúsculo do dever e a ética indolor dos
novos tempos democráticos. Tradução de Aramando Braio Ara. São Paulo, Manole, 2000.
LYSARDO-DIAS, Dylia. (2005). Discurso publicitário e representações sociais. In:
LYSARDO-DIAS (org.); ASSUNÇÃO, Antônio Luiz; REZENDE, Guilherme Jorge de.
Discurso, representação e ideologia. São João Del-Rei: PROMEL/ UFSJ. p. 25-38.
MEIRELES, C. Flor de Poemas. Rio de Janeiro: Record, 2003.
MENEZES, T. D. As mídias e a representação feminina: um estudo sobre a identidade
social da mulher. 2010. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal de Pernambuco,
CAC. Letras, 2010.
30
OBELKEVICH, J. Provérbios e história social. In: P. Burke e R. Porter (Orgs.). História
social da linguagem. São Paulo: Unesp, 1997, pp. 43-81.
RYCARDO, Paullo. Frases de “para-choque”. Disponível em:
<http://paulloricardo.wordpress.com/2008/10/06/frases-de-para-choque/>. Acesso em: 12 de
abril de 2014.
SANTAI, M. Ditados populares. Disponível em:
<http://mfcmamonas.no.comunidades.net/index.php?pagina=1085088420_10 >. Acesso em:
02 de junho de 2014.
TEIXEIRA, N. C. A sabedoria condensada dos provérbios. Belo Horizonte: Leitura,
2004.
XATARA, C.; OLIVEIRA, W. L. Novo PIP: dicionário de provérbios, idiomatismos e
palavrões em uso francês-português / português-francês. São Paulo: Cultura, 2008.
31
VIVENDO COM DIGNIDADE EM SÃO PAULO DO POTENGI
Paulo Roberto Macedo de Araújo Filho
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Jessica Lorrany Santos da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Maria Elizabete Sobral Paiva de Aquino
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O trabalho ora apresentado se destina a abordar as especificidades do Projeto Viver
com Dignidade, projeto de extensão que ocorre no âmbito do Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) – Campus São Paulo do Potengi/RN
desde o ano de dois mil e quatorze. O referido projeto é voltado para o atendimento à pessoa
idosa, realizado de forma multidisciplinar, mas tendo foco principal nas atividades relacionadas
à educação física. Assim, o objetivo deste resumo é descrever as atividades realizadas no
projeto, principalmente no que tange aos eixos de educação e práticas corporais, buscando
mostrar os avanços e perspectivas para se alcançar uma melhoria de qualidade de vida da
população idosa.
A referida discussão utiliza-se de experiências do próprio projeto associada à pesquisa
bibliográfica, para embasar a análise de resultados. Nesse contexto, vemos que o projeto está
contribuindo para a melhoria da saúde e da qualidade de vida dos idosos, tornando-se
ferramenta indispensável para a vida dos mesmos.
2. Material e Métodos
O projeto se concretiza em uma ação conjunta entre a Coordenação de Extensão,
Coordenação do Projeto, bolsistas, voluntários e demais colaboradores do Campus IFRN São
Paulo do Potengi/RN, no qual utiliza-se do procedimento de encontros e reuniões realizadas
semanalmente para a apropriação do referencial teórico; onde busca-se trazer um caráter
objetivo e informações necessárias ao cotidiano e vivência em sociedade para adequar o projeto
a realidade do público alvo, alargando o potencial de alcance dos resultados.
Os encontros acontecem duas vezes por semana, com duas horas de duração, sendo as
aulas intercaladas entre a teoria e a prática, considerando o sujeito, suas experiências e a
realidade vivida. O projeto visa proporcionar aos idosos um atendimento multidisciplinar
amparado pela Educação Física em diálogo com a assistência social, a língua portuguesa, a
psicologia, a enfermagem, a química, a odontologia, a medicina, a cultura e o lazer.
A ênfase primordial do projeto é o desenvolvimento de processos participativos e
coletivos, que resgatem e consolidem a cidadania, a interação social e o bem-estar dos idosos.
Além de que, através de palestras e rodas de conversas, eles possam refletir e debater situações
ou problemas sociais que os mesmos vivem em suas realidades particulares ou coletivas, seja
com a família, instituições e/ou a sociedade.
32
3. Quais são os benefícios das práticas corporais para idosos?
Sabe-se que o envelhecimento está associado a uma variedade de limitações físicas e
psicológicas. Frequentemente, esse fato dificulta o desempenho de certas funções aos idosos,
dificuldade que aumenta ou diminui dependendo de sua motivação, circunstâncias ambientais,
biológicas e sociais e as reações à incapacidade. Aqueles que apresentam limitações maiores e
significativas, a consequência pode se configurar em invalidez, uma deterioração na qualidade
de vida.
Existem cada vez mais evidências científicas apontando o efeito benéfico de um estilo
de vida ativo e saudável para a manutenção da capacidade funcional e da autonomia física
durante o processo de envelhecimento. Através desses benefícios, as atividades desenvolvidas
no projeto busca proporcionar ao velho maior mobilidade e autonomia, realizando práticas
corporais que sejam agradáveis e promovam a interação social.
Figura 1: A vivência do alongamento. Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
Nota-se que a falta de atividades corporais frequentes tende a propiciar a diminuição
da força muscular estando diretamente relacionada com a independência funcional de idosos e
o sedentarismo como fator agregado chega a ser assustador ao se avaliar as consequências para
a saúde. Segundo pesquisas, o idoso tem perda de até 5% da capacidade física a cada 10 anos,
e tem possibilidade de recuperar 10% dessa capacidade através de práticas corporais
adequadas.
No projeto Viver com Dignidade, a prática de exercício físico dentro da mobilidade de
cada idoso traz excelentes resultados fazendo com que o corpo reaja bem às transformações e
às dificuldades adquiridas com o tempo.
Desta forma, torna-se possível percebermos que as práticas corporais regulares e a
adoção de um estilo de vida ativo são necessárias para a promoção da saúde e qualidade de vida
durante o processo de envelhecimento. Pessoas idosas que pôr algum motivo não tiveram a
chance ou motivação para praticarem algum esporte durante seu período de juventude,
poderiam desfrutar dos benefícios da atividade física após esta fase da vida, sendo esse trabalho
um divisor de águas na região do Potengi, pois oportuniza aos idosos o aumento de autoestima
e qualidade de vida, por meio da realização destas práticas.
33
3.1 educação para o idoso, qual a importância?
Figura 2: Primeiras instruções sobre o uso do computador. Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
Segundo Debert (2012, p. 13),
Tratar da velhice, dessa perspectiva, é buscar acessos privilegiados para dar
conta de mudanças culturais nas formas de pensar e de gerir a experiência
cotidiana, o tempo e o espaço, as idades e os gêneros, o trabalho e o lazer,
analisando, de uma óptica especifica, como uma sociedade projeta sua própria
reprodução”.
Com isso, a educação torna-se um fator positivo para o aprimoramento da capacidade
do pensar e do agir dos idosos, buscando formar uma sociedade mais justa e igualitária, de
modo que, especificamente para o idoso, as práticas educativas possibilitem uma visão
diferenciada acerca das relações em sociedade, com a família e com si mesmo, tendo em vista
que são estimulados a pensar e refletir sobre seus direitos, deveres e experiências, além e não
menos importante de ter condições para abrir-se a novas descobertas e vivências.
Nesse sentindo, “os velhos precisam de um espaço de fala que torne possível uma
ressignificação de seu eu. Algo que lhes permita relançar o desejo e manter o olhar sobre si”
(CASTRO, 2001, p. 68). Desta maneira, a educação é um importante meio de transformação e
valorização destas pessoas e nessa perspectiva o projeto Viver com Dignidade atua criando
espaços de troca de experiências e estímulo à escrita e leitura, como forma de desenvolver
potencialidades e a autonomia destes idosos.
Nota-se que quando a educação torna-se permanente na vida dos idosos, é possível
encontrar um novo sentido em viver, mesmo quando já se encontram desacreditados pela
própria sociedade.
Figura 3: Aula de recorte e colagem. Fonte: Arquivo pessoal dos autores.
34
4. Resultados e Discussões
No ano de 2014 através do projeto “Viver com Dignidade” foi possível conhecer a
realidade de muitos idosos do município de São Paulo do Potengi, bem como contribuir para
superação de alguns problemas vivenciados, como o sedentarismo e a ausência do letramento.
Pode-se notar também maior autonomia dos idosos nas atividades do cotidiano diário,
como mobilidade do seu aparelho locomotor, melhor conscientização nos aspectos da saúde;
alimentação, higiene, prevenção de doenças. É interessante também considerar a reinserção do
individuo na sociedade possibilitando sua satisfação pessoal, com a amplitude de atividades,
além de proporcionar, uma melhor qualidade de vida aos envolvidos.
Outro ponto que destacamos é a troca de experiências e saberes entre os jovens
participantes do projeto e os idosos, os vínculos afetivos e a empatia existente entre ambos. Isto
foi proporcionado devido às atividades que são desenvolvidas, onde juntos todos aprendem,
discutem e refletem sobre suas realidades.
5. Conclusões
Levando em consideração todos os envolvidos com o Projeto (professores, bolsistas,
voluntários e idosos), as atividades foram de suma importância, pois prestamos um atendimento
multidisciplinar ao indivíduo, primando pelo cuidado, respeito e autonomia, em eixos de
temáticas realizados de forma integral, exercitando a interdisciplinaridade. Desta forma, o
contato com os idosos, foi essencial, além da criação de vínculos que contribui para um
envelhecimento digno e cidadão.
6. Agradecimentos
Á Deus, dedicamos o nosso agradecimento maior, porque têm sido tudo em nossas
vidas.
A nossa família, por todo o apoio e cuidado que, nos proporcionaram, além do extenso
carinho e amor, os conhecimentos da integridade e dos valores humanos. Por essa razão,
gostaríamos de dedicar e reconhecer a vocês, nossa imensa gratidão e amor.
A nossa orientadora, Maria Elizabete por toda a confiança em nós depositada, por
sempre acreditar que tudo daria certo e por ser peça fundamental para nossa formação humana
e acadêmica.
Ao instituto, familiares, professores, amigos e todos aqueles que cruzaram nossas
vidas, participando de alguma forma na construção e realização dos nossos objetivos.
Aos idosos, que nos acolheram com muito carinho e nos mostrou como é importante
viver e nos ensinaram muito a respeito da vida.
Referências
CASTRO, O. P. Envelhecer: um encontro inesperado? Sapucaí do sul: Notadez, 2001.
DEBRET, Guita Grin. A reinvenção da Velhice: socialização e processos de reprivatização do
envelhecimento. 1. ed. 2. reimp. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo: Fapesp,
2012.
MATSUDO, Victor K. R. Vida ativa para o novo milênio. Revista Oxidologia. Centro de
Estudos do Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul, 1999.
35
ENSINO E APRENDIZAGEM DO VIOLÃO NO PROJETO MUSICALIZANDO
VIDAS NO POTENGI
José Emerson da Silva Araújo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ana Claudia Silva Morais
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte –
IFRN, campus São Paulo do Potengi, vem desenvolvendo o projeto de extensão “Musicalizando
Vidas no Potengi” com o objetivo de musicalizar através da prática musical coletiva. Aberto ao
público interno e externo do campus, o curso acolhe alunos, servidores e demais interessados
em suas ofertas.
Para iniciar as atividades propostas no projeto de musicalização, foram abertas
inscrições para discentes, assim como uma seleção de dois bolsistas de extensão. Por afinidade
instrumental, os bolsistas conversaram entre si e determinaram horários de acompanhamento
das atividades do curso de violão, já citado, pois no campo da Educação Musical, o ensino e
aprendizagem de música pode exercer papel relevante na formação e no desenvolvimento do
aluno.
A musicalização é um conceito que foi discutido pela primeira vez no Brasil pela
Professora Maura Penna, a autora diz que “Concebemos a musicalização como um processo
educacional orientado, visando promover uma participação mais ampla na cultura socialmente
produzida [...] onde a música é o material para um processo educativo e formativo mais amplo,
dirigido para o pleno desenvolvimento do indivíduo, enquanto sujeito social” [grifo da autora]
(PENNA, 1990, p. 37). Corroborando com ela, a professora Ilza Joly (UFSCar) relata que a
musicalização caracteriza-se por um “conjunto de atividades lúdicas, em que as noções básicas
de ritmo, melodia, compasso, métrica, som, tonalidade, leitura e escrita musicais são
apresentadas” (JOLY, 2003, p. 116). Desse modo, pode-se dizer que a musicalização objetiva
primeiramente a formação do sujeito social, e não apenas o aprendizado da linguagem e técnicas
musicais, estando essas em plano secundário.
Assim, neste trabalho será priorizado o relato sobre o curso de violão, ministrado por
um servidor do IFRN/SPP, semanalmente. E, motivados pelas atividades desenvolvidas neste
curso, objetivamos relatar sobre a dinâmica de trabalho empregada, apontando observações
acerca das possibilidades de aperfeiçoamento dos discentes envolvidos no curso ainda em
andamento, como o oferecimento de uma oficina sobre o campo harmônico.
2. Material e Métodos
As aulas de violão do projeto acontecem uma vez por semana em dois turnos –
matutino e vespertino, contando atualmente com aproximadamente dez alunos em cada turno.
As aulas são ministradas contemplando teoria e prática musical, com explanação sobre o
instrumento – violão, conceitos básicos sobre melodia, harmonia, ritmo, linguagem e
estruturação musical e formações de acordes, chamando atenção para o entendimento do campo
harmônico. Todos os conteúdos ministrados estão relacionados à prática musical do
instrumento, onde o professor faz demonstrações, correções e dá orientações pertinentes
preocupando-se com o repertório e aprendizagem dos alunos.
36
Desse modo, através da observação e monitoria nas aulas, percebemos que o
conhecimento desta temática torna-se significativa para os estudantes, podendo ser melhor
desenvolvida em outro momento, por meio de oficinas ministradas no IFRN/SPP, pois prezase pela condução e acompanhamento do grupo como todo, respeitando as dificuldades de cada
participante.
3. Resultados e Discussões
Um dos assuntos mais importantes e fundamentais a ser aprendido quando se fala de
instrumentos harmônico, como o violão, é a compreensão do que significa e para que serve o
campo harmônico (CH). Campo harmônico é um conjunto de acordes que objetiva indicar quais
destes podem ser utilizados para formar harmonias. Demonstrar a importância do campo
harmônico para a música e principalmente para os instrumentos de cordas, como o violão, é
bastante significativo. Desse modo, acreditamos que durante a oficina proposta sobre esta
temática, os alunos do curso de violão poderão tirar dúvidas, conhecer a verdadeira finalidade
do campo harmônico, a sua importância e principalmente, colocar em prática os conteúdos
aprendidos e/ou desenvolvidos.
4. Conclusões
Percebe-se, por fim, que o projeto “Musicalizando Vidas no Potengi” dando mais ênfase
ao curso de violão, estar tendo seu principal objetivo sendo concluído, fazendo assim, com que
os alunos do referido curso venham até conhecimento e entendimento da linguagem musical e
principalmente das técnicas do instrumento. Mesmo com decorrer do projeto, os alunos já
apresentam um enorme desenvolvimento artístico, deixando-os assim, com mais experiências
na sua vida musical, além de se enriquecer com a música.
Referências
FRANÇA, Cecília Cavalieri. Performance instrumental e educação musical: a relação entre a
compreensão musical e a técnica. Revista Per Musi. Belo Horizonte, v.1, 2000, p. 52-62
HARDER, Rejane. Algumas considerações a respeito do ensino de instrumento: trajetória e
realidade. Opus. Goiânia, v. 14, n. 1, p. 127-142, jun. 2008.
JOLY, Ilza Zenker Leme. Educação e Educação Musical: conhecimentos para compreender a
criança e suas relações com a música. In: HENTSCHE, Liane; Del Ben, Luciana. Ensino de
Música: propostas para pensar e agir em sala de aula. São Paulo: Moderna, 2003, p. 113-126.
PENNA, Maura Lúcia Fernandes. Reavaliações e buscas em musicalização. 1. ed. São Paulo:
Edições Loyola, 1990.
37
CIÊNCIAS DA NATUREZA,
MATEMÁTICA E SUAS
TECNOLOGIAS
38
A GESTÃO EDUCACIONAL PÚBLICA NUMA ABORDAGEM CONTEMPORÂNEA
Gleico David de Oliveira
[email protected]
Florida Christian University
1. Introdução
Com as crescentes mudanças políticas, econômicas e sociais, a educação brasileira
vem sofrendo grandes transformações ao longo do tempo, uma vez que as necessidades da
sociedade vão se ampliando e se diversificando cotidianamente, fazendo surgir políticas
públicas capazes de atender essas novas demandas. Nessa perspectiva, o estudo das políticas de
educação é relevante para mostrar a evolução gradual de todo o processo de implantação de
novas políticas, desde a criação até as fases de execução e absorção pela comunidade.
Um fator de grande relevância é a compreensão da gestão educacional como
mecanismo para a garantia de um dos direitos fundamental e constitucional do cidadão: a
educação. Nisso, percebe-se que as políticas públicas e a gestão educacional estão atreladas e,
juntas, são capazes de promover o desenvolvimento educacional em todas as esferas
governamentais. Assim sendo, considera-se premente a investigação dessa temática, de modo
a serem levantadas informações capazes de suscitar reflexão nas gestões públicas e para que
atentem de forma particular para essa importante seara.
Nesse contexto, Lück (2006) esclarece que a gestão educacional representa o método
de gerir a dinâmica do processo de ensino como um todo, e de coordenação das escolas em
específico, em conformidade com as diretrizes e as políticas educacionais públicas, para a
execução das políticas educacionais e dos projetos pedagógico das escolas.
A gestão da educação traduz-se em grande valor, porque proporciona ambiente de
formação e aprimoramento da educação, com a finalidade de o ambiente escolar cumprir sua
função social, que é desenvolver cidadãos com valores éticos e opiniões próprias, que saibam
viver em coletividade, respeitando a natureza na qual vivem e colaborando também para o
desenvolvimento sustentável. Do mesmo modo, as políticas públicas visam ao cumprimento de
um fim, que é o bem-estar social e a qualidade de vida da população. Na abordagem exposta
por Lascoumes e Le Galès (2007), as políticas públicas apresentam-se como uma atividade
coletiva que se integra à criação de uma ordem social e política, voltada à sociedade, à
regulamentação das suas tensões, à unidade dos grupos e à solução de conflitos.
Frente às transformações mercadológicas, os administradores são obrigados a evoluir
junto, levando a sua equipe de trabalho, já que ela é também mola propulsora de
desenvolvimento do negócio. Chiavenato (2004), com referência à administração, salienta que
o mundo e os negócios mudaram, e muitas organizações ficaram para trás nesse processo de
transformação constante. Para o autor, existe hoje uma intensa e imprescindível necessidade de
talentos e competência humanas, visto que nas organizações contemporâneas precisa-se de
profissionais proativos e hábeis nas mais diversas funções desenvolvidas, todos comprometidos
com o sucesso empresarial.
Basicamente, a administração está presente em todas as áreas do conhecimento e em
todas as atividades profissionais, uma vez que muitas delas fazem uso de planejamentos e estão
ligadas a ações de organização, coordenação e controle de atividades diversas. Diante desse
quadro, quando se discorre sobre o conceito de administração, vêm à tona as cinco funções
precípuas da gerência administrativa. São as atividades de planejamento, organização, direção
e controle (PODC). Esses são os princípios gerais de administração que formam a prática
administrativa.
39
Uma variável a ser observada é a prática da administração sendo influenciada por
fatores externos, que estão constantemente mudando em função da dinamização dos mercados.
Esses fatores, por conseguinte, provocam instabilidades dentro da organização, fazendo com
que os administradores trabalhem também com indefinições, mesmo que atuem com
planejamentos formalizados. Com base nisso, Motta (1997) justifica que a maioria dos
dirigentes encontra sempre uma carga inesperada de tarefas imprevistas, interrupções e
trabalhos administrativos intensos, descontínuos e de natureza variável. Da mesma forma, esses
gestores se aproximam dos problemas à medida que estes vão surgindo, na busca por soluções
baseadas em informações parciais, imperfeitas e de primeira mão, quase sempre envoltas por
grandes incertezas.
O gestor educacional, ainda que a sua atuação esteja mais direcionada à clássica visão
de gerir (planejar, organizar, dirigir e controlar), vem enfrentando desafios, desenvolvendo suas
competências e seu campo de inserção e, principalmente, vem cooperando efetivamente para o
bom desempenho institucional.
No intuito de orientar os administradores públicos para que tenham um
comportamento especial frente à administração pública, os constituintes escreveram no art. 37
da Constituição Federal (CF), em 1988, um capítulo sobre a administração pública cujos
princípios são elencados a seguir: princípios da Legalidade, da Impessoalidade, da Moralidade,
da Publicidade e da Eficiência (LIMPE). Cada um deles apresenta uma característica de
interesse público de grande valia, já que eles estabelecem em conjunto a condução dos atos e
dos fatos da coisa pública (res publica).
No âmbito das organizações privadas, os administradores de empresas praticam tudo
aquilo que a lei não proíbe. Por outro lado, o administrador público, por ser obrigado ao estrito
cumprimento da lei e dos regulamentos, só pode praticar o que a lei e as demais espécies
normativas permitirem. É a lei que distribui competências aos administradores impondo o seu
comportamento no exercício do poder público, por efeito da legalidade. Por meio dessa síntese,
observa-se uma discrepância muito grande nas duas possibilidades de administrar recursos,
duas situações antagônicas.
É relevante salientar do que é que todos esses princípios constitucionais da
administração pública tratam, uma vez que são pressupostos fundamentais para o bom
gerenciamento da coisa pública. É dever da administração pública seguir com fidelidade todos
esses princípios do direito administrativo e constitucional, supramencionados. A administração
da educação nos municípios, no distrito federal e nos demais estados brasileiros também está
sujeita a obedecer tais ordenações.
As organizações estão em constante processo de mudança, em função da globalização
do século XXl. Diante dessa constatação, o gestor necessita repensar a forma de administrar,
rever o seu ato de gerir e dirigir os negócios. A escola, enquanto organização (estabelecimento
de ensino), também se insere nessa mudança organizacional na contemporaneidade, e o gestor
escolar, no papel de líder que é, enfrenta a responsabilidade de administrar o ambiente escolar
frente a essas transformações significativas.
Diante de todas as mudanças já inferidas, os papéis dos diretores escolares e de todo
gestor estão sendo transformados, e as suas funções estão sendo modificadas de acordo com a
necessidade imposta pela sociedade. O diretor escolar, agente articulador maior da escola, é
constantemente colocado em xeque e à prova. E mesmo sendo considerado a autoridade
máxima dentro da instituição pública de ensino, ele é, simultaneamente, apenas um
sistematizador para o cumprimento da lei no âmbito escolar, visto que na administração pública
todos os atos são pautados no princípio da legalidade.
Este artigo científico poderá auxiliar os gestores públicos, bem como os profissionais
da área, a perceber a importância das políticas públicas e da gestão educacional como
instrumento para colaborar com o bem comum de toda a sociedade. Este estudo é significativo
40
para que suscite na administração pública a reflexão de que as políticas educacionais são
determinantes para a promoção de desenvolvimento que perpassa pelos setores social,
econômico e especialmente o educacional. Este artigo poderá também cooperar com o campo
científico, uma vez que buscou novos conhecimentos e pode, com isso, contribuir para futuras
investigações na área. A justificativa também se pauta na importância deste estudo para futuros
pesquisadores, e por estar disponível à sociedade como base de outras reflexões. Diante do
exposto, considerou-se justificada a sua realização.
Este estudo tratou de questões relacionadas às políticas públicas e à gestão educacional
na contemporaneidade. Na administração pública, a educação calcada em políticas públicas
bem direcionadas, planejadas e com foco no cidadão pode possibilitar diversos benefícios, já
que proporciona desenvolvimento à população. Com a finalidade de nortear a pesquisa, foi
instituído o objetivo geral, a saber: entender a gestão educacional pública na
contemporaneidade.
2. Material e Métodos
Considerando esse cenário, e no que se refere aos procedimentos metodológicos, este
estudo foi definido como uma pesquisa de cunho bibliográfico e partiu de uma revisão da
literatura geral e especifica. Bervian e Cervo (2002) apontam que a pesquisa bibliográfica é
feita com o intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acerca de um problema
para o qual se procura resposta ou acerca de uma hipótese que se quer experimentar.
3. Considerações finais
Tendo em vista os fatos apresentados, verifica-se que a gestão educacional pública
deve ser conduzida pelos princípios constitucionais e do direito administrativo, que regulam a
administração pública brasileira. O modelo de gestão adotado pela administração da educação
nas suas instâncias precisa também levar em consideração as funções fundamentais da gerência
administrativa, de maneira que o direito constitucional à educação seja atendido, para formar
cidadãos éticos, críticos e comprometidos com a sociedade e com o desenvolvimento
sustentável.
Esse artigo científico propiciou mostrar a figura do gestor educacional em meio às
adversidades existentes no contexto atual da educação pública brasileira. No estudo, o objetivo
foi atingido, na medida em que se conseguiu entender a gestão educacional pública na
contemporaneidade. Por um lado as políticas públicas educacionais e todos os dispositivos
legais que determinam e regulam a administração da educação e, do outro lado do prisma, o
gestor da educação que enfrenta os desafios oriundos da nova clientela de alunos, os quais
possuem padrões de comportamentos divergentes daquilo que se pensou para a educação há
décadas. Dado que o alunado de hoje pensa, deseja e possui emoções peculiares e individuais
que não se encaixam efetivamente no padrão do sistema educacional vigente, pensado e
formatado há muito tempo. Evidenciou-se que o desafio maior do gestor é gerenciar de forma
eficiente e eficaz essas duas situações antagônicas, fazendo cumprir um dos direitos básico e
constitucional ao cidadão que é a educação pública, gratuita e de qualidade.
Espera-se que a realização desse estudo, apesar de suas limitações, possa ser de
utilidade para futuras pesquisas nessa área, e também contribua para a gestão mais efetiva dos
recursos humanos, orçamentários-financeiro e materiais das organizações escolares e da gestão
da educação de maneira geral, de modo que os gestores busquem compreender e trabalhar em
prol do bem-estar, da qualidade de vida, e do desenvolvimento educacional dos estudantes e,
por conseguinte, promover o progresso da sociedade. Porém, se o trabalho conseguir apenas
provocar reflexão acerca da importância da gestão educacional na contemporaneidade e que
41
esta tem uma forte relação com o desempenho das instituições, acredita-se justificada sua
realização.
Referências
CERVO, Amado Luiz e BERVIAN, Pedro Alcino. Metodologia Científica. 5. ed. São Paulo:
Prentice Hall, 2002.
CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004.
LASCOUMES, Pierre e LE GALÈS, Patrick. Sociologie de l’action publique. Armand Colin
2. ed. Paris, 2007.
LÜCK, Heloísa. Gestão Educacional: uma questão paradigmática. 8. ed. Petrópolis: Vozes,
2006.
MOTTA, Paulo R. Gestão Contemporânea: a ciência e a arte de ser dirigente. 8. ed. Rio de
Janeiro: Record, 1997.
42
AS NOVAS DINÂMICAS DEMOGRÁFICAS PROPORCIONADAS PELA
EXPANSÃO DOS INSTITUTOS FEDERAIS NO RN
Moisés Gomes Advíncula Júnior
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
No Rio Grande do Norte, a exemplo de outros Estados Brasileiros, o movimento
pendular decorre do atual padrão de migração que aponta ser as condições de trabalho, renda e
estudo, os principais atrativos que estimula os indivíduos a se deslocarem espacialmente. Esse
tipo de movimento populacional é fortemente evidenciado na área metropolitana do RN, que
agrega as melhores oportunidades de trabalho e estudo. A busca por políticas públicas que
venham contribuir para melhorar as condições de vida da população local, que muitas vezes se
desloca de suas residências à procura de trabalho e de uma melhor oferta educacional, sempre
é muito importante para o desenvolvimento socioeconômico de uma cidade ou região na qual
a mesma está inserida. Diante disso, é salutar destacarmos a importância que a expansão dos
Institutos Federais de Educação e Tecnologia vem trazendo aos Municípios e Regiões em que
os mesmos foram construídos no RN.
A política de expansão dos Institutos Federais em direção ao interior do Estado do RN
vem contribuindo para o desenvolvimento econômico e social dos Municípios em que os
mesmos foram implantados, mas é observado também que boa parte dos discentes, docentes,
técnicos administrativos e terceirizados não residem nestes Municípios, mas por uma questão
de estudo/trabalho terminam se deslocando diariamente. Esse deslocamento pendular ou
definitivo termina trazendo consequências sociais, econômicas e de ordem cultural a população
inserida nesse contexto migratório, pois é necessário contar com toda uma estrutura logística
de transporte, alojamento e moradia para essa população migratória, que termina também,
gerando transformações no que se refere ao comércio, pois a maioria passa a consumir
alimentos, roupas e serviços nessas cidades.
Como a população, no caso os migrantes influenciados pela expansão dos IFRNs,
passa a se inserir num novo contexto sociocultural, é observado também o descobrimento e a
incorporação, por parte desse migrante ou recente morador, dos hábitos culturais da população
local, onde muitos relatam que essa nova experiência trouxe significativos conhecimentos sobre
novas danças, comidas, tradições religiosas e artísticas.
A migração pendular se caracteriza pelo deslocamento diário para outro município por
motivo de trabalho ou estudo, dessa forma articula múltiplos territórios promovendo interações
espaciais, essas interações para Corrêa (2006 p. 280) “[...] devem ser vistas como parte
integrante da existência (e reprodução) e do processo de transformação social e não como puros
e simples deslocamentos de pessoas, mercadorias, capital e informação no espaço”. Assim,
estudar os deslocamentos pendulares não inclui apenas o ato de analisar o “deslocamento
diário”, mas todas as relações vividas tanto na cidade de destino, como na de origem, bem como
as criadas durante o deslocamento, enfim, permite a compreensão das relações que se
estabelecem entre os municípios que fazem parte da metrópole. Desse modo, podemos perceber
que tudo está interligado e este vínculo acaba por criar e recriar novos espaços. Sabemos que
nenhuma cidade existe totalmente isolada, para Souza (2008, p.50), o que diferencia “concerne
ao tipo de fluxo, e, sobretudo, à intensidade dos fluxos, todas as cidades se acham ligadas entre
si no interior de uma rede – no interior da rede urbana”. Porém, para o próprio autor: A rede
urbana não é ‘inocente’, no sentido de ser um ‘simples’ conjunto de cidades ligadas entre si por
fluxos de pessoas, bens e informações, como se isso fosse coisa de menos importância ou nada
43
tivesse a ver com os mecanismos de exploração e exercício do poder existentes em nossas
sociedades (SOUZA, 2008, p.50).
É nesse contexto de expansão dos IFRNs e de suas consequências no que diz respeito
aos processos migratórios de deslocamento populacional, de mudanças nas estruturas
econômicas locais e regionais, na incorporação de novos hábitos culturais que estamos
desenvolvendo o objetivo proposto em nossa pesquisa. Acreditamos que a conclusão da mesma
trará informações e análises importantíssimas no que diz respeito ao planejamento e criação de
novas políticas públicas que tenham como alvo a melhoria das condições de vida da população,
na elaboração de perfis econômicos, demográficos e de fluxos migratórios e suas consequências
na construção de novas territorialidades e suas consequências sociais, econômicas e culturais.
2. Material e Métodos
Para investigar e analisar as territorialidades e as reorganizações espaciais produzidas
a partir das interações espaciais do movimento pendular proporcionadas pela expansão dos
Institutos Federais no RN organizamos nossa metodologia em dois tipos de procedimentos: a
documentação indireta e a documentação direta.
Na etapa da documentação indireta estamos fazendo o levantamento de dados. Esse
levantamento será o primeiro passo da nossa pesquisa e está sendo feita de duas formas: a
pesquisa em fontes primárias e secundárias.
Para caracterizar a expansão do IFRN dentro da Política Federal de expansão da Rede
de Escolas de Ensino Técnico e Profissionalizante pelo Brasil estamos realizando uma pesquisa
documental e bibliográfica em documentos oficiais. Nesta etapa da pesquisa estamos fazendo
o levantando das referências já publicadas, foram incluídas a imprensa escrita, os meios
audiovisuais, o material cartográfico e as publicações relacionadas ao tema em estudo. A
pesquisa em trabalhos científicos publicados na internet também está sendo uma fonte
indispensável no que se refere à pesquisa documental e bibliográfica.
A investigação da população envolvida no movimento pendular e permanente entre as
cidades nas áreas de abrangência dos Campus do IFRN será feita através do levantamento de
dados no próprio local onde as dinâmicas demográficas e territoriais ocorrem através da
pesquisa de campo. Para complementar ampliar a nossa coleta de informações aplicaremos
também questionários e formulários à população inserida no contexto da pesquisa. Esperamos
que a implantação e execução das técnicas expostas em nossa metodologia de trabalho tragam
os resultados esperados para as próximas etapas da pesquisa.
3. Resultados e Discussões
Um dos problemas verificados e que estão sendo discutidos preliminarmente na etapa
inicial da pesquisa é que muitos Municípios ondem foram implantados os IFRNs não oferecem
boas condições de hospedagem, moradia e alimentação nas proximidades dos Campus, fazendo
com que muitos servidores e alunos tenham que voltar para as suas residências à noite, passando
por dificuldades no que tange à estrutura de transporte que são oferecidos pelas empresas
particulares e pelas prefeituras, assim como as péssimas condições das estradas, que não
oferecem a segurança necessária para se trafegar de maneira segura. Ao não encontrar emprego
e serviços educacionais de melhor qualidade em seu lugar de origem, docentes, técnicos
administrativos, terceirizados e estudantes são atraídos para as cidades de maior dinamismo,
como é o caso de Natal, Parnamirim, Mossoró, Caicó, Currais Novos, Pau dos Ferros entre
outras, onde existem interações espaciais mais intensas, como é o caso dos serviços ofertados
pelos IFRNs.
44
Nas palavras de Roberto Lobato Correa “Estabelece-se uma crescente divisão
territorial do trabalho que leva a uma necessária articulação entre áreas e cidades através de
uma rede urbana cada vez mais importante e de crescente articulação” (CORREA, 2006, p.
282). “As interações espaciais, são em graus distintos, influenciadas pela distância: à medida
que se verifica o aumento da distância, ampliação dos custos de transferência, de tempo e
esforço físico, verifica-se a diminuição da intensidade das interações espaciais” (CORREA, p.
300-301). As informações referentes às relações mantidas pelos servidores, terceirizados e
estudantes nas questões de identidade e territorialidade é outro problema que pretendemos
investigar nas próximas etapas da pesquisa, pois entendemos que os deslocamentos espaciais
da população, seja de curta ou longa distância, são responsáveis por fazer e refazer territórios.
4. Conclusões
Os estudos e as discussões até o momento nos leva a entender que os trabalhadores e
estudantes pendulares atuam todos os dias no território de origem e no de destino, construindo
relações de todos os tipos. O território não fica imune a essas transformações, pois este é
entendido como lugar de relações sociais, de conexões e redes; de vida, para além da produção
econômica, como natureza, apropriação, mudanças, mobilidade, identidade e patrimônio
cultural; como produto socioespacial e condição para habitar, viver e produzir. O migrante
pendular, por migrar apenas por causa do trabalho e estudo, tem dificuldades em conseguir
realizar outra atividade na cidade de destino e na de origem tem pouco tempo para fazê-lo. Por
passar a maior parte do seu tempo em outra cidade ou se deslocando para ela, pressupõem que
os laços mantidos sejam enfraquecidos. Porém, ele está se movimentando diariamente, não
como uma máquina, mas como um ser que age sob o espaço vivido, assim é impossível não
expressar essas relações. Um exemplo, é que no próprio meio de transporte que utiliza, ele
consegue interagir socialmente, não é um simples ir e vir de todos os dias, mas uma forma que
encontrou para expressar sua identidade. E ele não só utiliza a cidade onde mora como
dormitório, mas como um espaço onde tem familiaridade, onde cultiva uma identificação, onde
está fixada sua base, o “seu verdadeiro lugar”.
Como foi mencionado, as relações econômicas, sociais e culturais produzidas pela
população migrante acontecem num território, produzindo novas territorialidades a partir dessas
conexões. São essas transformações que também serão investigadas nas próximas etapas da
nossa pesquisa. Como professor do IFRN há quase três anos, observei nos Campus de Caicó,
Ipanguaçu, Santa Cruz e São Paulo do Potengi a necessidade de se investigar a constituição
desses fluxos migratórios, pois percebi que existem inúmeros problemas de ordem estrutural
nas áreas já mencionadas de transporte e infraestrutura de hospedagem, alimentação e moradia.
A escassez de trabalhos que investiguem o perfil e os fluxos das migrações pendulares
no contexto da expansão dos IFRNs se constitui outro grande problema, haja visto que trabalhos
dessa natureza podem contribuir de maneira significativa na elaboração e planejamento de
políticas públicas nas áreas demográficas e na reorganização dos investimentos públicos e
privados em diversas áreas.
Referências
ASSIS, Gláucia de O. Rupturas e Permanências: a emigração de brasileiros para os EUA e as
transformações nas relações familiares e de gênero. Petrópolis/RJ: ANPOCS, 2000.
BRETELL, C. B.; HOLLIFIELD, J. F. Migration theory: taking across disciplines. In:
45
CORRÊA, R. L. Interações espaciais. IN: CASTRO, I. E. de; GOMES, P. C. da. C;
CORRÊA, R. L. Explorações geográficas. 2ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2006.
HAESBAERT, R. O mito da desterritorialização: do "fim dos territórios" à
multiterritorialidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
HALL, S. A identidade cultural na pós-modernidade. Trad. Tomáz T. Silva e Guacira L.
Louro. Rio de Janeiro: DP &A, 2003.
BRASIL. INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIAR-RN.
Projeto Político-Pedagógico do IFRN: uma construção coletiva. DOCUMENTO BASE
Versão para consulta pública à comunidade acadêmica do IFRN. Natal-RN Mar./2012.
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SPOSITO, E. S. (Orgs.). Territórios e territorialidades: teorias, processos e conflitos. São
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RAVENSTEIN, E. G. As leis da migração. In: MOURA, H. A. (Org.). Migração interna,
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SANTOS, B. S. A crítica da razão indolente. São Paulo: Cortez, 2000.
SAQUET, M. A. Abordagens e concepções de território. São Paulo: Expressão Popular,
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SOUZA, M. L. ABC do Desenvolvimento Urbano. Bertrand Brasil, 2008. SPOSITO, E. S.
Redes e Cidades. São Paulo: Editora Unesp, 2008.
VIANA, W. Síndrome de migração: fundamentos psicanalíticos sociológicos e terapêuticos.
Campinas: Iprosam, 1978.
46
CANTAR NÃO É DOM, É PRÁTICA
José Osvaldo da Rocha Neto
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Louisy Alícia Campos Cruz
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
No âmbito em que vivemos, percebemos a necessidade de aprofundamento em
qualquer atividade que nos circunda diariamente. Muitas vezes as pessoas que detêm alguma
habilidade individual, são rotuladas como portadoras de algum “dom”. A musicalidade, por
exemplo, é um assunto que está diretamente ligado à vida de qualquer indivíduo na sociedade,
e este principalmente, é forte alvo de estereótipos quando se trata daqueles que, por terem mais
experiência na atividade, é cognominado como portador do “dom” de cantar, tocar, seja qual
for o instrumento.
Neste trabalho, iremos evidenciar a prática do canto, onde a atividade, o cantar, é
frequentemente sentenciado como algo que nasce conosco. Existem inúmeras técnicas para um
bom desempenho na atividade do canto, as principais, consideradas como bases, são os
trabalhos da postura, articulação, respiração e ressonância da voz, e essas não se limitam apenas
ao cantar, mas colaboram, de modo geral, para uma boa saúde da voz, então um indivíduo que
trabalhe bastante com a voz, por exemplo, o professor, com a ajuda do suposto curso ofertado,
estaria sujeito o melhor condicionamento de vida também.
2. Material e Métodos
A nossa proposta visa ofertar uma oficina que mostre os conhecimentos básicos para
um bom desempenho na atividade do cantar. Concedendo, em poucos encontros, técnicas que
auxiliem no condicionamento da nossa voz.
Primeiramente, precisamos da assistência do nosso corpo para termos êxito ao cantar,
o que nos leva ao aquecimento do mesmo, junto com a voz, que se realiza por meio de
alongamentos, sílabas pronunciadas e cantaroladas, e a reprodução de notas de forma
sequencial. Segundo, após o corpo estar relaxado, devemos procurar um alinhamento do mesmo
para só assim, melhorarmos nossa postura. Uma estabilidade entre os ossos da coluna é
primordial para que consigamos ter mais facilidade ao respirar e, consequentemente, bons
resultados ao cantar. A boa voz começa com a boa respiração. Mudando a maneira de respirar,
modifica-se também suas representações interiores. É preciso ter equilíbrio no ato de inspirar e
expirar (CASTELLIANO, 1998).
Posteriormente, seguimos para o trabalho da articulação. Este trabalho é executado
pelas pronuncias de vogais e consoantes, letras estas que entram em destaque por serem o alvo
de maior dificuldade na pronuncia para determinados indivíduos, devido à dicção, por exemplo,
“M”, “P”, “B”, entre outras. Por fim, trabalhamos a ressonância, que é, resumidamente, a
técnica de se ter o controle da liberação do ar e/ou voz. Um exercício, que podemos utilizar
como exemplo, é o ato de falar com uma pessoa e ir alternando a distancia entre ambas
constantemente.
A possível oficina será executada em cinco encontros, sendo dividido em um encontro
semanal, onde cada um será utilizado para desenvolver uma das técnicas e por fim, mostrar
como cada uma se realiza. Para o último encontro, planejamos uma demonstração individual
47
e/ou coletiva daqueles que participaram da oficina, procurando associar todas as técnicas
trabalhadas durante toda a oficina.
3. Resultados e Discussões
O que mais esperamos como resultado é o fato de serem quebrados os paradigmas de
quem os tinha, de alunos que participaram do curso, e antes tinham no pensamento que cantar
vem de berço, dando voz e autonomia aos mesmos, mostrando que não há êxito sem prática.
Como avaliação, primeiramente, esperamos receber relatos individuais da maioria dos
participantes. Essas primeiras informações podem ser passadas em qualquer dos encontros
realizados. Por fim, a segunda maneira de avaliação seria por meio de um formulário, no qual
os adeptos ao curso possam nos dizer se o conhecimento passado lhes rendeu melhorias e como
essas os ajudaram e/ou ajudarão na prática vocal e na vida também.
4. Conclusões
Como foi supracitada, a musicalidade é, muitas vezes, julgada de maneira falha e
errônea. Dessa forma, desejamos quebrar esse paradigma imposto pela sociedade. Contudo,
concluímos que é necessário que haja uma oferta de conhecimento básico sobre o assunto, e um
pouco aprofundado, sobre as respectivas técnicas trabalhadas na área da música e, no nosso
caso, na prática vocal, oportunizada pela oficina proposta.
Conhecimento este que também serve para aquelas pessoas que estão sujeitas a passar
horas utilizando a voz para se comunicar, profissões que necessitem da comunicação oral para
se realizarem. É necessário não só atingir aqueles que “não sabem cantar”, mas sim, todos
aqueles que estão dispostos a trabalhar a saúde de sua voz.
Referências
NEVES, Fanini. ARTICULAÇÃO. Disponível em:
<http://www.vozecantoporfaninineves.com/tecnica-vocal-/articula%C3%A7%C3%A3o/>. Acesso
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COUTEIRO, Sebastiana Benedita Coelho de Moraes; ALVARES, Marília. O ensino do canto
popular brasileiro Abordagem Didática: técnica vocal. Goiás: 2012. Dissertação de Mestrado
em Música. Universidade Federal de Goiás.
48
A FEIRA LIVRE DE SÃO PAULO DO POTENGI: UMA PERCEPÇÃO AMBIENTAL
Ana Neuman Medeiros Azevedo
[email protected]
Bolsista PIBIC-EM-CNPq / IFRN – Campus São Paulo do Potengi
Ana Clara Celestino Belchior
[email protected]
Voluntária / IFRN – Campus São Paulo do Potengi
Flora Iaçonara Bezerra Olímpio
[email protected]
Voluntária / IFRN – Campus São Paulo do Potengi
Thiago Augusto Nogueira de Queiroz
[email protected]
Coordenador e Orientador / IFRN – Campus São Paulo do Potengi
1. Introdução
As feiras livres desde o princípio são instituições que possuem importância
fundamental para a economia de um determinado local, principalmente nos pequenos
municípios do Nordeste do Brasil. Além disso, ainda são responsáveis por transformar a
dinâmica socioespacial das cidades. Vale salientar que as feiras livres apresentam
características culturais, como a valorização do artesanato local e dos artistas da terra. Outra
particularidade é que tal instituição também serve como ponto de socialização.
Logo, pode-se dizer que a Feira livre de São Paulo do Potengi é o polo principal de
abastecimento da região Potengi, que abrange onze municípios. Segundo o Projeto de
Modernização de Feiras Livres e Mercado realizado pelo Sebrae (2014), estima-se um total de
86 feirantes cadastrados, sendo a maior parte moradores da própria cidade, 61,6%, que equivale
a 53 feirantes e a outra parte, 38,4% de municípios vizinhos constituindo, assim, o total de 86
feirantes.
O meio ambiente não formado apenas por estrutura geológica, relevo, clima, vegetação
e hidrografia como a ideologia hegemônica nos faz pensar. O meio ambiente também engloba
as áreas agrícolas, industriais, comerciais e residenciais, ou seja, toda a materialidade produzida
pela natureza e pela sociedade, por exemplo, as feiras livres. Portanto, esse estudo visa
apresentar os problemas ambientais encontrados ao longo da feira livre de São Paulo do
Potengi.
2. Materiais e Métodos
A metodologia baseou-se em consultas bibliográficas, observação estruturada e
registros fotográficos. A bibliografia utilizada valeu-se dos trabalhos de Dantas (2008), Diniz
et al (2013), Maranhão (2012), Pilletti et al (2012), Santos & Almeida (2013) e Souza et al
(2012). Observou-se os aspectos ambientais e sanitários da feira livre como um todo, como
também, os aspectos higiênicos dos feirantes e de seus utensílios, e os aspectos dos alimentos
vendidos. Esse procedimento da observação foi acompanhado do registro fotográfico.
3. Resultados e Discussões
Através do estudo realizado foi possível observar vários problemas ambientais ao
longo da feira que, em toda sua extensão predomina diversas formas de poluição, como a
poluição sonora, poluição por parte de resíduos sólidos, líquidos, restos de alimentos espalhados
49
pelo chão (Figura 1), o que é fator gerador de acúmulo de mosquitos e insetos, além de
contribuir para a transitação de animais vadios (Figura 2) pelas ruas (principalmente na parte
onde vende-se carnes e peixes) e mau cheiro gerado pelo descongelamento das carnes.
Figura 1 - Acúmulo de resíduos sólidos no chão. Fonte: Atividade de campo em 10 de outubro de 2015.
Figura 2 – Cachorros em contato com resto de alimentos. Fonte: Atividade de campo em 10 de outubro de 2015.
Outros fatores encontrados foram a ausência de higienização por parte dos feirantes,
que muitas vezes deixam seus produtos expostos no chão, sem lona, falta de refrigeração para
carnes e peixes, falta de banheiros e água encanada, falta de coletores de lixo e de tendas
adequadas para proteger os produtos
Portanto, esse tipo de poluição deve ser de grande preocupação da população, já que,
Os riscos observados são de contaminação ao consumidor, pela ingestão de
alimentos que sofrem alteração em sua composição, já que são acondicionados
em temperaturas inadequadas, assim como por ter um espaço reduzido, não há
50
otimização dos serviços, e a higienização das bancas e utensílios são feitas de
forma inadequada. (MARANHÃO, 2012, p.31).
Além dos problemas já citados, foi possível relatar através de uma observação
estruturada que não há uniforme padronizado (luvas, batas e tocas) e fiscalização da prefeitura
e de órgãos públicos responsáveis pela vigilância sanitária. Ainda se observou que alguns
feirantes usam adornos, como anéis, relógios e colares, tem contato direto com dinheiro. Os
utensílios são sujos e não higienizados (facas, isopores, etc.) e alguns ainda possuíam afecções
cutâneas. O fato de não utilizarem luvas ou lavarem as mãos adequadamente é um fator que
pode trazer riscos aos consumidores, já que podem vir a ser objetos de transmissão de doenças
para os seres humanos.
4. Conclusão
Em consequência dos fatos mencionados, podemos inferir que apesar da feira ser uma
manifestação da atividade comercial que atravessa décadas e séculos e que a mesma mexe com
toda a fisiologia do espaço onde se estabelece, não podemos deixar de complementar que
embora haja tais pontos positivos, por meio das análises feitas, revelou-se a baixa qualidade do
meio ambiente da feira livre, visto que tal depreciação é resultante da falta de padronização,
manipulação inadequada dos alimentos, poluição sonora e visual, falta de educação ambiental
por parte dos agentes envolvidos nessa dinâmica, entre outros.
Referências
DANTAS, Geovany Pachelly Galdino. Feiras no Nordeste. Mercator – Revista de Geografia
da UFC. Fortaleza, a. 7, n. 13, p. 87-101, 2008.
DINIZ, Wellison Jarles da Silva et al. Aspectos Higiênicos da comercialização de carnes em
Feiras Livres: A percepção do comerciante. Acta Veterinaria Brasilica, v.7, n. 4, p. 294-299,
2013.
MARANHÃO, Renata de Souza. Avaliação da percepção dos riscos higiênico-sanitários da
feira livre do Mercado Central no Município de Ceará - Mirim/ RN, Monografia de
Graduação (Geografia), Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, 2012.
PILLETTI, Edileuza Amoras et al. Análise socioambiental da Feira Livre de Bragança/PA.
Anais. VII CONNEPI, 2012.
SANTOS, Marcos Venicius Souza dos; ALMEIDA, Ana Aparecida da Silva. Percepção dos
problemas ambientais em uma Feira tradicional de Icoaraci, Belém-PA. Revista SODEBRAS,
v.8, n. 92, p. 3-10, Agosto 2013.
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas. Projeto de
Modernização de Feiras Livres e Mercados, Espírito Santo: SEBRAE-ES, 2014.
SOUZA, Edlyn Rosanne Miranda de et al. Análise da percepção ambiental e sanitária dos
feirantes da Feira Central do Município de Conceição do Araguaia-PA. Anais. III Congresso
Brasileiro de Gestão Ambiental, Goiânia/GO, p. 1-6, 2012.
51
DIAGNÓSTICO DE CONSUMO DE ALIMENTOS ORGÂNICOS NO MUNICÍPIO
DE SÃO PEDRO-RN
Clarice Nielany da Silva Brito
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Jayane de Souza Brito
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Lavynnia Laís Pereira Mota da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O crescimento populacional aliado as mudanças de hábitos na alimentação da
população, tem provocado o aumento na demanda de alimentos no mundo inteiro. Nos últimos
40 anos a população do Brasil dobrou e o desperdício de alimentos no país que alcança níveis
superiores a 25 milhões de toneladas anualmente. Contudo, o maior desafio do país é avançar
na qualidade do alimento produzido. Atualmente, o Brasil possui mais de 400 tipos diferentes
de agrotóxicos registrados e permitidos em uso e o país é o líder mundial em consumo de
agrotóxicos.
Os alimentos orgânicos representam, nesse cenário, uma alternativa para suprir a
crescente demanda por alimentos de modo ambientalmente responsável. Alimento orgânico não
se caracteriza apenas pela produção “sem agrotóxicos“, como é popularmente conhecido.
A produção de alimentos orgânicos privilegia aspectos sociais e o equilíbrio
econômico, pois permite aos pequenos agricultores produzir de modo competitivo. Este tipo de
alimento também deve ser isento de drogas veterinárias, hormônios, antibióticos e de
organismos geneticamente modificados. Além de tudo traz ótimos benefícios a saúde e ao meio
ambiente. Por outra perspectiva, os alimentos convencionais, contraditoriamente, acarretam
várias doenças aos consumidores e trazem vários danos ao ecossistema.
O consumo de alimentos orgânicos ainda apresenta números discretos frente ao
consumo de alimentos produzidos de modo convencional. Dentre os motivos para a baixa
popularização, destacam-se o reduzido espaço nas gôndolas, a pouca divulgação e o baixo
incentivo aos produtores, apesar dos preços estarem bem competitivos nos últimos anos. O
alimento orgânico muitas vezes apresenta um aspecto visual pouco atrativo para o consumidor,
tamanho menor, cor menos intensa e menor durabilidade (conservação), comparados com os
alimentos convencionais.
Este trabalho foi conduzido com o intuito de aplicar um questionário com a
comunidade do município de São Pedro-RN para se identificar qual a percepção da população
em relação aos alimentos orgânicos. O questionário foi elaborado no intuito de identificar se as
pessoas conhecem os benefícios e quais os mitos em torno do consumo dos alimentos orgânicos.
2. Material e Métodos
Com objetivo de repassar para a comunidade as vantagens de consumir alimentos
orgânicos e as desvantagens de consumir alimentos convencionais, um questionário foi
52
aplicado em uma feira livre na cidade de São Pedro-RN. O questionário foi elaborado para
adquirirmos informações com os feirantes, sobre a venda e o consumo de alimentos
convencionais e orgânicos na região. O questionário possuía nove perguntas relacionadas ao
tema proposto. Foram entrevistados dez feirantes do sexo feminino e masculino com idade de
30 a 67 anos.
As perguntas elaboradas são destacadas abaixo:
1. Você sabe o que são alimentos orgânicos?
2.Vende alimentos orgânicos?
3.Você consome alimentos orgânicos?
4. Você sabe dos riscos ao consumir alimentos com agrotóxicos?
5.Você acha que os alimentos orgânicos são mais caros do que os convencionais?
6. Você conhecer os impactos ambientais que ali mentos com agrotóxicos trazem ao meio
ambiente?
7.Porque não vende alimentos orgânicos?
8.Há desperdício de alimentos na sua barraca? Ou na sua casa de alimentos orgânicos?
Como verduras, legumes e frutas?
9.Se caso respondeu sim à questão anterior, diga aproximadamente quantos kg são
desperdiçados.
3. Resultados e Discussões
Os resultados do questionário aplicado aos feirantes do município de São Pedro-RN
são destacados na Tabela 1.
Tabela 1. Respostas dos feirantes sobre a percepção e consumo de alimentos orgânicos
Total de
Perguntas
Respostas obtidas
entrevistados
2 não sabem o que é alimento
Você sabe o que são alimentos orgânicos?
orgânico
Vende alimentos orgânicos?
2 vendem alimento orgânico
Você consome alimentos orgânicos?
3 consomem alimento orgânico
Você sabe dos riscos ao consumir alimentos
2 não sabem os riscos
com agrotóxicos?
Você acha que os alimentos orgânicos são mais
2 disseram que era mais caro
caros do que os convencionais?
Você conhecer os impactos ambientais que ali
10
mentos com agrotóxicos trazem ao meio
5 indivíduos conhecer
ambiente?
Apenas 2 pessoas vendiam esses
Porque não vende alimentos orgânicos?
alimentos
Há desperdício de alimentos na sua barraca? Ou
Todos disseram que há muito
na sua casa de alimentos orgânicos? Como
desperdício de alimentos
verduras, legumes e frutas?
Se caso respondeu sim à questão anterior, diga
De 4 kg a 40 kg por cada feira
aproximadamente quantos kg são
que se faz
desperdiçados:
Fonte: elaborado pelos autores.
Nas respostas dos feirantes, foi identificado que a maioria declara conhecer os
alimentos orgânicos. Percebemos que o motivo dado por eles para não vender os alimentos
orgânicos é que são de alto custo, no entanto a uma pequena minoria que produz e vende
hortaliças. Os feirantes relataram com bastante sinceridade que não consumiam os alimentos
53
orgânicos, e sim na maioria das refeições era comum o uso de convencionais, apesar de também
terem declarado que conheciam os riscos que alimentos com agrotóxicos trazem a saúde.
Grande parte dos feirantes disse que os alimentos orgânicos não eram caros, mas
reconhecem que o alimento é de difícil acesso ao consumidor. Outro fator identificado na
pesquisa foi que, com o baixo nível de escolaridade de alguns feirantes, poucos conheciam as
desvantagens que a produção de alimentos com uso de fertilizantes, causa ao meio ambiente.
Outra resposta destacada pelos entrevistados foi que ao final de cada feira há um
grande volume de desperdício de legumes, verduras e frutas; em média cerca de 4 kg a 40 kg
são desperdiçados por banca. Contudo, esses alimentos são doados a pessoas carentes ou
servem de alimentos a alguns animais.
4. Conclusões
Ao fim do trabalho foi possível concluir que a grande maioria da população apresenta
o hábito de consumir os alimentos convencionais, apesar de se declararem consciente das
desvantagens de consumir os alimentos com uso de agrotóxicos. Percebemos ainda que há uma
grande falta de informação sobre o assunto discutido, para a comunidade em geral. A análise
dos questionários permitiu identificar também o elevado desperdício de alimentos nas feiras
livres e o grande volume de alimentos descartados. Outro fator que justifica o baixo consumo
dos alimentos orgânicos deve-se ao fato desses não serem facilmente encontrados, pelo fato de
haver poucos produtores nessa área de produção e poucos incentivos para tornar o produto mais
competitivo no mercado.
Uma das propostas viáveis é proporcionar palestras para a comunidade em geral, com
intuito de repassar para os cidadãos o conhecimento sobre as vantagens dos alimentos orgânicos
e as desvantagens de consumir alimentos convencionais, e também conscientizar a população
para o desperdício de alimentos. Além disso, as escolas também devem obter métodos
de ensino que visem repassar para seus discentes o incentivo de consumir alimentos saudáveis
e além disso criar hortas que serviriam para o próprio consumo na merenda escolar.
A concretização dessas ações permitirá a formação de cidadãos conscientes para
fazerem o uso adequado dos alimentos, priorizando a qualidade de vida e o meio ambiente
saudável.
5. Agradecimentos
Primeiramente а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, pois em todos os
momentos é o maior mestre que alguém pode conhecer.
A instituição que nos deu todo apoio acadêmico necessário para realização deste
trabalho.
Ao nosso orientador Renato Dantas, pelo suporte no pouco tempo que lhe coube, pelas
suas correções е incentivos e também a sua ilustre compreensão e dedicação. Também
queremos agradecer especialmente aos feirantes da cidade de São Pedro-RN por toda
compreensão e acolhimento nos dados para a realização da pesquisa.
A todos que direta ou indiretamente contribuíram para a realização deste trabalho, о
nosso muito obrigado.
Referências
AZEVEDO, O que é alimento orgânico?. Disponível
em:<http://www.portalorganico.com.br/sub/21/o-que-e-alimento-organico>. Acesso em 10 de
outubro de 2015.
54
BANCO DE ALIMENTOS. Desperdício de alimentos. Disponível em:
<http://www.bancodealimentos.org.br/conheca-banco-de-alimentos/desperdicio-de-alimentosbrasil-e-mundo/>. Acesso em 10 de outubro de 2015.
ORTIZ, F. Um terço dos alimentos consumidos pelos brasileiros está contaminado por
agrotóxicos. Disponível em: <http://noticias.uol.com.br/saude/ultimasnoticias/redacao/2012/05/01/um-terco-dos-alimentos-consumidos-pelos-brasileiros-estacontaminado-por-agrotoxicos.htm>. Acesso em 10 de outubro de 2015.
55
EDUCAÇÃO FINANCEIRA: UM RELATO DA EXPERIÊNCIA “ANÁLISE DOS
PREÇOS DOS PRODUTOS DE CONSUMO BÁSICO DAS FAMÍLIAS” COMO
PRÁTICA EDUCATIVA EM AMBIENTE DE APRENDIZAGEM
Deusdete Martins Junior Aleixo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ahiram Brunni Cartaxo de Castro
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Vivemos em uma sociedade em que cada vez mais pessoas consomem além das suas
condições financeiras. Segundo BUAES (2011), uma constatação da forma do processo de
subjetivação pela sociedade consumista, encontra-se no fato de que existem cada vez mais
pessoas que consomem além das suas condições financeiras. Assim, numerosos consumidores
estão se endividando para consumir produtos e serviços, sejam eles essenciais ou não.
As pessoas estão hipotecando ao discurso sócio-cultural seu futuro quando atendem
aos apelos por dinheiro fácil via empréstimos, cartões de crédito, agiotas, cheque especial,
penhora etc. Percebe-se, por exemplo, um deslocamento dos usos de um crédito dito produtivo
para aquisição de bens duráveis – por exemplo um terreno ou uma casa – para aquisição de bens
de consumo, como alimentos e vestuários.
Este fenômeno cíclico acaba produzindo o superendividamento, que é segundo
Marques (2006, p. 256), “a impossibilidade do consumidor pessoa física, leigo e de boa-fé,
pagar a totalidade de suas dívidas atuais e futuras de consumo”.
Para os trabalhadores, portanto, resta um exemplo lúdico da importância da educação
financeira para estarem preparados para os momentos difíceis da relação sociedade-culturaeducação e evitar o superendividamento. Trata-se da fábula da formiga e da cigarra, quando a
formiga diz: “Se você tivesse ouvido o meu conselho no Verão, não estaria agora tão
desesperada, ralhou a formiga. Preferiu cantar e tocar violão?! Pois agora dance!”.
(ESCOLOVAR, 2015).
1.1 Contexto
Tem-se que, a partir de queixas registradas junto a Coordenação de Serviços Gerais e
Manutenção, a Diretoria de Administração e na Coordenação de Gestão de Pessoas do Campus
São Paulo do Potengi do IFRN – COGPE/SPP, percebeu-se em alguns trabalhadores das
empresas terceirizadas insatisfação quanto à gestão de suas finanças pessoais e familiares, pois
alguns deles relataram estar endividados, serem portadores de mais de um cartão de crédito e
não saber utilizá-los, utilizarem de empréstimos e de agiotagem como recursos para equilibrar
as contas. Além disso, esta insatisfação estava afetando as relações familiares, sociais na vida
pessoal e no trabalho, pois passaram a estar mais mal humorados, descontentes, ansiosos, o que
também afetava a produtividade no trabalho.
Segundo os próprios trabalhadores, nos registros da COGPE/SPP, estar endividado...:
“Gera uma preocupação constante e ficamos divididos”. “Com o acúmulo de dívidas deixamos
de lado o lazer da nossa família, e buscamos não nos abater, às vezes chega a ser impossível”.
“Agente fica só martelando em como pagar”(ENTREVISTA).
Diante desse contexto, considerando-se a função social do IFRN de promover
educação científico-tecnológico-humanística visando à formação integral do profissional-
56
cidadão; considerando-se os objetivos, diretrizes e políticas institucionais descritas no Projeto
Político-pedagógico do IFRN (DANTAS; COSTA, 2012), bem como considerando-se as
políticas da COGPE/SPP que inclui e considera os profissionais das empresas terceirizadas
como partícipes do processo educacional, foi desenvolvido um Curso de Educação Financeira
que, em seu conteúdo, continha a experiência “Análise dos preços dos produtos de consumo
básico das famílias”, cujo objetivo era verificar o impacto do preço da Cesta na renda dos
trabalhadores.
Portanto, o objetivo deste artigo foi relatar a prática educativa “análise dos preços dos
produtos de consumo básico das famílias” desenvolvida junto aos trabalhadores das empresas
terceirizadas do IFRN/SPP.
Prática educativa, segundo Bragança, Ferreira e Pontelo (2015) pode contemplar
atividades diferenciadas, que muitas vezes transcendem os limites da sala de aula, pois ensinar
e aprender envolve personagens que podem ser influenciados em sua dinâmica relacional por
diversos fatores que permitem contribuir ou não para a criação de oportunidades de
aprendizagem.
Nesse sentido, conforme Zabala (1998), o critério para se estabelecer o nível de
aprendizagem numa prática educativa, serão as capacidades e os conhecimentos prévios de cada
aluno/a. Esta proposição marcará também a forma de condução do processo. Do conjunto de
relações necessárias para facilitar a aprendizagem, se atribui uma série de funções ao professor
na condução de uma prática educativa, sendo: flexibilizar a atuação docentes, resgatar os
conhecimentos prévios, ajudar o aluno a encontrar sentido, estabelecer metas coerentes,
oferecer ajuda adequada, promover atividades mental auto-estruturantes, criar ambiente
favorável, comunicar, favorecer a autonomia e avaliar os alunos.
As práticas educativas segundo Moreira (2007) se desenvolvem em ambientes de
aprendizagem que podem se classificar como: Formal (no qual a estrutura valida o processo de
aprendizagem, pois são utilizados ambientes pré-programados, avaliações, certificações e
contratos entre os participantes da prática etc. Além disso, nesse ambiente o professor ou a
instituição a qual é vinculado, é o responsável pelo planejamento e preparação do ambiente e
pela avaliação e certificação do processo), e Não Formal (quando o aprendiz expressa o grau
de controle que a organização do ambiente e os demais atores envolvidos imprimem nas
interações do aprendiz com os diferentes objetos de aprendizagem), pois trata-se de uma
característica de ambiente de aprendizagem que transcende o espaço escolar, onde o aluno
(normalmente descaracterizado do papel de aluno) por vontade própria aprende através da
tentativa e erro, da observação, discussão, simulação, interação com pessoas e/ou objetos, e que
ao final não se preocupa em ser avaliado por aquilo que viu, ouviu e participou. (BRAGANÇA;
FERREIRA; PONTELO, 2015).
1.2 Análise dos Preços dos Produtos de Consumo Básico das Famílias
A prática educativa “Análise dos Preços dos Produtos de Consumo Básico das
Famílias”, foi desenvolvida em Setembro de 2015, com os profissionais das empresas
terceirizadas do IFRN/Campus SPP que participaram do curso de Educação Financeira. Na
ocasião do surgimento da prática, o conteúdo que estava sendo estudado era o Custo de Vida e
seus componentes, temática que poderia ajudar os trabalhadores-alunos a compreenderem o
comportamento dos preços dos produtos, no caso dos alimentícios, pois conforme o DIESSE
(2014) são os componentes que mais impactam no orçamento familiar, enquanto itens da cesta
básica.
Foi então que surgiu a ideia pelo professor, de verificar os preços dos produtos que
compõem a Cesta de Consumo das Famílias de São Paulo do Potengi e seu impacto no custo
de vida dos trabalhadores. Foi feito o convite aos alunos para participarem da referida prática e
57
estes, em sua totalidade aceitaram participar da experiência, pois com a percepção dos preços
dos produtos que compõem a Cesta de Consumo das Famílias, os alunos poderiam, em períodos
de incertezas quanto ao comportamento da economia, se municiar de informações úteis para
reduzir suas despesas e ter uma noção do impacto que dos produtos da cesta básica nos seus
orçamentos familiares.
O valor de Cesta de Consumo em São Paulo do Potengi foi determinado com o
levantamento no mês de realização do curso, dos preços dos seguintes produtos: carne, leite,
feijão, arroz, farinha, tomate, pão francês, café em pó, banana, açúcar, óleo e manteiga
regulamentados pelo Decreto Lei nº 399 de 30 de abril de 1938 (BRASIL, 1938), como
provisões mínimas suficientes para o sustento e bem estar de um trabalhador em idade adulta,
contendo quantidades balanceadas de proteínas, calorias, ferro cálcio e fósforo.
A primeira parte da experiência foi conduzida pelo professor com a discussão com os
alunos no ambiente escolar, sobre como ocorreria a mensuração do preço da Cesta Básica e que
materiais seriam necessários para levantar os dados necessários no comércio local. Um
questionamento foi principal: como mensurar o valor da Cesta Básica? Para esse
questionamento foi apresentado pelo professor um questionário com a listagem dos produtos
citados acima para verificação dos preços nos variados estabelecimentos comerciais de São
Paulo do Potengi.
Num segundo momento, ocorreu a ação de levantamento de preços que foi executada
mais individualmente pelos próprios alunos, de forma pontual em estabelecimentos escolhidos
aleatoriamente na cidade de São Paulo do Potengi (açougues, padarias, supermercados,
pequenos mercadinhos de bairro etc.). Obtido o valor da cesta, foi calculado o impacto do valor
da cesta no orçamento de cada aluno. Em seguida, os percentuais encontrados foram
comparados com os calculados pelo DIESSE, que aponta as despesas com alimentação
equivalentes a 35,71% da renda. (DIEESE, 2014).
A terceira etapa da experiência ocorreu no ambiente de sala de aula, e foi mediado pelo
professor a partir da apresentação e discussão dos dados coletados pelos trabalhadores,
comparando-se com os parâmetros divulgados pelo DIEESE. Nesse momento, os
alunos/trabalhadores refletiram sobre os alimentos que mais impactavam na Cesta Básica,
inclusive discutiram sobre a substituição de alguns alimentos industrializados pelos alimentos
produzidos localmente, entre outras formas de minimizar o impacto dos produtos no orçamento
familiar.
2. Material e Métodos
Tratou-se da verificação do impacto da Cesta de Consumo das Famílias de São Paulo
do Potengi no custo de vida dos trabalhadores, utilizando-se portanto de ambiente formal e nãoformal de aprendizagem. Os dados levantados no comércio local de São Paulo do Potengi foram
tabulados e analisados com a utilização de planilhas eletrônicas e foi utilizada a metodologia
do DIESSE (2014) para se verificar o impacto, através do preço médio de cada produto,
multiplicado pelas quantidades definidas no Decreto Lei nº 399/1938 (BRASIL, 1938). Os
dados indicaram o gasto mensal do trabalhador com cada produto, cuja soma é o custo mensal
da Cesta Básica (DIEESE, 2014).
3. Resultados e Discussões
Portanto, a modelagem utilizada para o desenvolvimento da prática educativa descrita
foi mista, ou seja, formal quando da construção do curso que foi viabilizado via projeto com
tema escolhido pelo professor, com organização das tarefas, conteúdos em slide e maior
sistematização. E, não-formal, quanto aos espaços escolhidos para aplicação dos questionários,
58
a abertura para a discussão em grupo inclusive sobre a possibilidade de substituição de alguns
alimentos industrializados pelos produzidos localmente, e o papel de mediador do professor
como orientador das discussões e construtor de consensos.
4. Conclusões
A partir da prática educativa descrita, à luz do objetivo deste trabalho, percebe-se que
houve uma sensibilização dos alunos para melhor gestão das finanças pessoais – que não foi
resultado da improvisação, pois o professor permitiu a adaptação da experiência a realidade dos
alunos demonstrando-se o impacto que os produtos da cesta básica exercem sobre seus
orçamentos familiares, o resgate dos conhecimentos prévios, ajudou os alunos a encontrarem
sentido na atividade, ofereceu ajuda, criou ambientes para aprendizagem mistos, tanto formais,
quanto não-formais, favoreceu a autonomia etc., em consonância com o que coloca Zabala
(1998).
Além disso, a prática buscou viabilizar o empoderamento dos trabalhadores do
conhecimento sobre educação financeira – o conselho da formiga no verão no exemplo lúdico
citado por Escolovar (2009), suprindo em parte, a lacuna do vetor sistema educacional brasileiro
quanto ao assunto Educação Financeira, e permitindo cumprir a função social do IFRN,
tornando os trabalhadores capacitados mais críticos e sensíveis ao não consumir ou ao consumo
consciente.
Portanto, na experiência relatada, percebem-se características que colaboram com uma
ideia de que, a prática educativa não pode ser exclusivamente caracterizada nem como formal,
nem como não-formal, mas sim colaboram para uma transição entre os múltiplos ambientes de
aprendizagem, seja na sala de aula, seja no açougue ou padaria, como foi o caso relatado.
Portanto, são práticas distintas, mas complementares devido a constante interação.
5. Referências
BUAES, C. S. Sobre a construção de conhecimento: uma experiência de educação financeira
com mulheres idosas em um contexto popular. Tese de Doutorado em Educação.
Universidade Federal do Rio Grande do Sul. 2011. Disponível em:
<http://www.lume.ufrgs.br/handle/10183/33670>. Acessado em: 06 Out. 2015.
BRAGANÇA, Bruno; FERREIRA, Leonardo A. G.; PONTELO, Ivan. Práticas Educativas e
Ambientes de Aprendizagem Escolar: relato de três experiências. Disponível em:
<http://www.senept.cefetmg.br/galerias/Arquivos_senept/anais/terca_tema1/TerxaTema1Arti
go17.pdf>. Acessado em: 08 Out. 2015.
BRASIL. Decreto Lei nº 399, de 30 de abril de 1938.
CARPENA, Heloísa; CAVALLAZZI, Rosangela L. Superendividamento: propostas para um
estudo empírico e perspectiva de regulação. In: MARQUES, Claudia L.; CAVALLAZZI,
Rosangela L. (orgs). Direitos do consumidor endividado: superendividamento e crédito. São
Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2006. p. 310-344.
DANTAS, A. C. da C.; COSTA, N. M. de L. (Org.). Projeto Político-Pedagógico do IFRN:
uma construção coletiva: documento-base. Instituto Federal de Educação, Ciência e
Tecnologia do Rio Grande do Norte. Natal: IFRN Ed., 2012.
59
DIEESE. Cesta Básica: preço aumenta em 16 capitais. 2014. Acesso em 25 Mar 2015.
Disponível em: <http://www.dieese.org.br/analisecestabasica/2014/201403cestabasica.pdf>
ESCOLOVAR. A cigarra e a formiga. 2009. Disponível em:
<http://www.escolovar.org/fabula_1pagina_cigarra.formiga.htm.>. Acessado em: 08 Out.
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MOREIRA, Adelson F. Ambientes de Aprendizagem no Ensino de Ciência e Tecnologia.
Belo Horizonte: CEFET-MG, 2007.
ZABALA, A. A prática Educativa: Como Ensinar. Porto Alegre: Artmed, 1998.
60
CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS
TECNOLOGIAS
61
A APLICAÇÃO DE ELEMENTOS TECNOLÓGICOS NO ENSINO DA
MATEMÁTICA E SUAS POSSIBILIDADES EDUCATIVAS
Francisco Jorge de Souza
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz
Jobson de Farias Lima
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz
Maria Josivânia de Lima Abdala
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz
Maxsuel da Silva Emiliano
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz
Néltter Neyson Freire de Pontes
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz
Thiago Jefferson de Araujo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte-Santa Cruz
1. Introdução
Vivenciamos em nossa sociedade contemporânea uma grande ascensão dos meios
tecnológicos, sua evolução acontece diariamente, perante nossos olhos, e conviver com essas
constantes alterações criam novas possibilidades de ver e viver o mundo. Diante disso, visando
investigar as potencialidades desses meios e buscar novos caminhos para uma aprendizagem
mais ampla, desenvolvemos este trabalho que tem como objeto de estudo o uso de tecnologias
para o ensino e pesquisa em Matemática.
Nosso estudo consistiu em aprofundar-se no conhecimento de alguns recursos
tecnológicos para o ensino e pesquisa em Matemática como, a utilização do software Excel, da
calculadora básica, do Geogebra, aplicação de vídeo aulas, como também pesquisas sobre o uso
e desenvolvimento de software educacional para o ensino de Matemática. Tais ferramentas
foram imprescindíveis para o progresso de nosso projeto, pois atuaram como um aporte no
desenvolvimento do conhecimento na Educação Matemática, ou seja, envolvendo o ensino, a
escola e o papel do professor.
A necessidade de realização deste projeto surgiu com base na fragilidade de
conhecimento dos professores em relação às novas tecnologias. Essa decadência surge na
maioria das escolas. Vale ressaltar que essa demanda afeta os pilares das escolas públicas. Sabese que grande parte das escolas já tem à sua disposição instrumentos tecnológicos. Entretanto,
a existência dessas ferramentas não significa que estão sendo utilizadas de forma adequada.
Nota-se o despreparo dos professores e a falta de metodologias para transformar em ações que
possam contribuir para o uso adequado das tecnologias da informação e comunicação em sala
de aula.
Dessa forma, nosso objetivo fundamental foi analisar a influência e a eficácia da
utilização de novas tecnologias como instrumentos facilitadores no processo de ensino e
aprendizagem matemático.
62
2. Material e Métodos
A metodologia utilizada em nosso projeto desenvolveu-se através da interação de
alguns subprojetos.
O primeiro denominado - Ensinando Matemática com o Excel: média, mediana e
moda - partiu de um estudo teórico e de uma análise de dados que foram obtidos através de uma
intervenção educacional, na qual foi aplicado dois questionários (um prévio e, outro, pós
oficina) que avaliaram os conhecimentos adquiridos pelos alunos no decorrer da oficina. Como
recurso didático foi utilizado o Software Excel que serviu como ferramenta de ensino
matemático. O segundo subprojeto chamado - A utilização da calculadora básica como um
recurso didático para resoluções de problemas matemáticos - foi desenvolvido a partir de um
estudo teórico e produzido através de uma intervenção pedagógica aplicada a uma turma do 9º
ano, o referido subprojeto, propôs aos alunos a utilização de calculadora básica e suas
propriedades para auxiliar nas resoluções de equações matemáticas. Como produto final,
analisamos um questionário proposto.
O terceiro trabalho - A aplicação de vídeo-aulas como instrumento facilitador no
processo do ensino-aprendizagem de matemática - foi construído a partir de levantamentos
bibliográficos com o foco em conceitos e critérios estipulados para uma pesquisa direcionada
ao ensino aprendizagem da Matemática. A quarta pesquisa - O uso do geogebra e sua
contribuição na aprendizagem dos alunos em relação ao estudo das funções - desenvolveu-se
com base em estudos teóricos.
E por fim - O uso e desenvolvimento de software educacional para o ensino de
Matemática - que consistiu em uma pesquisa bibliográfica acerca do quanto tem sido investido
no Brasil para desenvolvimento de softwares educacionais e as potencialidades que o uso deles
proporciona para o ensino da Matemática, aqui será investigado como os softwares
educacionais vêm sendo desenvolvidos no país, buscando mostrar que esse recurso didático
possibilita aos profissionais da educação métodos que facilitem o processo de ensino
aprendizagem.
Dentre alguns teóricos estudados, analisamos as obras de autores que tratam acerca
do nosso tema. Josimar dos Santos Macêdo com a obra A utilização do programa microsft excel
no ensino da Matemática, Daniela Schiffl e seu trabalho Um estudo sobre o uso da calculadora
no ensino de Matemática, Ana Maria da Silva e seu estudo O vídeo como recurso didático no
ensino de Matemática, Jonas da Conceição Ricardo e a obra Uma proposta para o ensino de
funções quadráticas mediada pela tecnologia: um estudo de caso e Luciana Silveira Rodrigues
com a dissertação O uso de software educacional no ensino fundamental de Matemática e a
aprendizagem do sistema de numeração decimal por alunos de 3ª série.
3. Resultados e Discussões
Como futuros professores de Matemática, devemos estar sempre atualizados, pois a o
mundo em que vivemos está mudando de maneira bastante rápida. A sociedade está se
transformando, se atualizando, e por esse motivo nossa pesquisa apresenta propostas inovadoras
que visa a qualificação do aprendizado em Matemática no campo educacional.
Com a realização desse trabalho percebemos que o uso de novas tecnologias é de suma
importância para o ensino de Matemática, uma vez que auxilia tanto o professor quanto os
alunos em sala de aula. Assim, podemos afirmar que os professores devem inovar e criar ações
tecnológicas, visando enriquecer o aprendizado docente e discente.
Durante o desenvolvimento do nosso projeto tornou-se perceptível, com a análise da
aplicação de seus subprojetos, que a utilização desses métodos de ensino visa atenuar as
63
dificuldades que os professores e alunos enfrentam em sala de aula, decorrentes da
desestruturação do processo de ensino e aprendizagem relacionado ao uso das tecnologias.
4. Conclusões
Esse projeto buscou apontar as dificuldades encontradas nos diversos ambientes
escolares, propondo uma metodologia de ensino diferenciada, que se distancia do ensino
tradicional. Desse modo, procuramos através de investigações teóricas, intervenções
educacionais e pesquisas bibliográficas inserir recursos tecnológicos na sala de aula para
contribuir no ensino de Matemática.
Com a utilização de algumas tecnologias ensinamos diversos conteúdos matemáticos,
desenvolvemos a capacidade visual dos alunos e seu raciocínio lógico, trabalhamos a
visualização de gráficos de funções e desenvolvemos a capacidade de resolver problemas
matemáticos. Além disso, pesquisamos a importância do uso de vídeo aulas para o ensino de
Matemática e a relevância da utilização de softwares como metodologia no ensino de
matemática.
Por fim, consideramos que esta proposta poderá promover ao educador uma visão mais
ampla de suas possibilidades de ensino. E consequentemente, incentivará o aluno a construir
seu próprio conhecimento matemático.
Referências
MACÊDO, Josimar dos Santos. A utilização do programa microsft excel no ensino da
matemática. Monografia (Especialização em Fundamentos da Educação: Práticas Ped.
Interdisciplinaridade) – Universidade Estadual da Paraíba, Pró-reitora de Ensino Médio,
Técnico e Educação à Distância. Araruna, 2014.
RICARDO, Jonas da Conceição. Uma proposta para o ensino de funções quadráticas
mediada pela tecnologia: um estudo de caso. Dissertação (Mestrado em Educação
matemática) – Universidade Severino Sombra. Vassoura, 2012.
RODRIGUES, Luciana Silveira. O uso de software educacional no ensino fundamental de
matemática e a aprendizagem do sistema de numeração decimal por alunos de 3ª série.
Dissertação (Mestrado em Educação) – Universidade Católica Dom Bosco. Campo Grande,
2006.
SCHIFFL, Daniela. Um estudo sobre o uso da calculadora no ensino de matemática.
Dissertação (Mestrado em Ensino de Física e de Matemática) – Centro Universitário
Franciscano. Santa Maria, 2006.
SILVA, Ana Maria da. O vídeo como recurso didático no ensino de matemática. Dissertação
(Mestrado em Educação em Ciências e Matemática) – Universidade Federal de Goiás.
Mestrado em Educação em Ciências e Matemática. Goiânia, 2011.
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ANÁLISE DA VIABILIDADE DO BIOGÁS NA REGIÃO DO MATO GRANDE/RN
Débora Bezerra de Lima
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Pedro Henrique de Paiva Oliveira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
A grande necessidade da energia nos tempos modernos leva o mundo a um grande
problema ambiental, devido à utilização indiscriminada dos recursos fósseis, que são recursos
energéticos finitos. Os países hoje buscam novas alternativas, das quais possam blindar suas
economias das variações incertas geradas pela crise de energia. Para isso, os mesmos estimulam
novas fontes alternativas como: biomassa (para desenvolver o biogás), eólica, solar, retorno da
energia nuclear, gás natural e eficiência energética (CASTRO, 2008).
Diante de todas as tecnologias utilizadas para a obtenção do biogás através da digestão
anaeróbica da biomassa, desenvolvida com o objetivo de tratar resíduos orgânicos, a cada dia
vem sendo utilizada a produção de energia através do aproveitamento do biogás, prevenindo de
certa forma, a poluição ambiental (IEA, 2005).
Os bovinos representam um dos maiores rebanhos do Brasil e do mundo. O Brasil tem
cerca de 212,8 milhões de cabeças de gado (IBGE, 2011), desses milhões, cerca de 89.589
cabeças são da região do Mato Grande/RN, imagine quantos dejetos são produzidos com essa
quantidade de animais, e a quantidade de excrementos, ou seja, de biomassas que não são
manejadas de uma forma correta. Esses dejetos são compostos orgânicos de alto teor energético,
com macro e micronutrientes que oferecem água, abrigo e temperatura, sendo preferido por
inúmeros micros e macrovetores de grande importância sanitária, como nicho ecológico.
Segundo PEREIRA NETO (1992), esses vetores estão associados à transmissão de inúmeras
zoonoses, além de doenças respiratórias, epidêmicas e intestinais. Fezes bovinas têm sido
identificadas como o principal reservatório de Escherichia coli, que é u m tipo de bactéria que
habita normalmente no intestino de alguns animais e humanos, em alguns casos pode causando
infecção, gerando diarreia ou infecção urinária, por exemplo. Sendo um potente veículo de
transmissão para o ambiente, para o gado e para os alimentos (WANG et al., 1996).
Uma das grandes vantagens do Brasil é a grande quantidade de biomassa e vários
processos de transformações, o que faz com que o país tenha uma grande variedade de
alternativas para a produção de energia. Mas, infelizmente, a humanidade utiliza muito pouco
dos recursos possíveis e renováveis existentes no planeta.
O biogás é um dos produtos da decomposição anaeróbia (ausência de oxigênio gasoso)
da matéria orgânica, que se dá através da ação de determinadas espécies de bactérias (GEBLER;
PALHARES, 2007). Os principais gases componentes do biogás são: o metano e o gás
carbônico. O gás sulfídrico, formado no processo de fermentação, é o que dá o odor pútrido
característico à mistura quando o gás é liberado, sendo também o responsável pela corrosão que
se verifica nos componentes do sistema (MAGALHÃES, 1986).
O presente projeto resume-se em saber: a produção de energia através de dejetos de
bovinos na região do Mato Grande/RN é economicamente viável? Assim, o objetivo geral desta
pesquisa consiste em analisar a viabilidade financeira da implantação de biodigestores para
geração de energia através de dejetos de bovinos.
O metano é um gás que não possui cor nem cheiro, e, em contato com o ar, torna-se
altamente explosivo, com essas características, em especial o seu poder de combustão, ele pode
65
ser uma forma perfeita para a obtenção de energia, e sem significativos efeitos colaterais, pois
é uma fonte renovável.
Neste trabalho, irá ser elaborado um biodigestor, para avaliar a produção do biogás
através de fezes de bovinos, no qual poderíamos ligar este gás a um gerador, para, através dele,
produzir energia. Iremos focar na viabilidade dessa produção, para apresentar para produtores
da região. A matéria que restar, após toda produção de biogás, poderá ser usada como
fertilizante natural, e, com uma grande eficiência.
2. Material e Métodos
Este estudo, conforme Rudio (2003) é considerado uma pesquisa de campo descritiva,
onde foram levantados os dados inerentes à questão da produção de gado na região do Mato
Grande/RN. No tipo de pesquisa descritiva, o pesquisador procura interpretar a realidade sem
interferir para modificá-la. De acordo com o mesmo autor, as pesquisas descritivas têm como
objetivo principal a descrição das características de determinada população ou fenômeno e o
estabelecimento de relações entre variáveis. Em resumo, a pesquisa foi aplicada através do
seguinte Roteiro Metodológico:
• Levantamento do acervo bibliográfico de dados existentes sobre o Mato Grande/RN
junto às prefeituras, relacionado a novas formas de energia que se vem desenvolvendo
nessa região.
• Aquisição, tratamento e organização dos dados.
• Coleta de dados – levantamentos de dados pré-existentes junto à internet, em campo e
em órgãos oficiais.
• Trabalho de Gabinete – consistirá na montagem de um banco de dados analítico
amostral, que dará subsídios para os critérios das referidas análises do metano produzido
e que a população poderá tirar proveito de tal forma renovável de energia, podendo
melhorar suas condições.
• Construção do biodigestor como ilustrado na Figura 1.
Para a construção do biodigestor foi utilizado um galão de 20 litros, conexões pvc,
durepox, uma mangueira de XXprodução de gás dentro do biodigestor. Como ilustrado na
Figura 01. Uma válvula para saída do biogás e uma bexiga para monitorar o passo-a-passo da
produção de biogás:
• Coleta dos dejetos bovinos em uma propriedade na zona rural da cidade de João
Câmara/RN.
• Introdução de 2Kg de dejetos, juntamente com 2 litros de água dentro do biodigestor.
• Monitoramento de temperatura através de um XX, onde a mesma ficou aos 25° tendo
uma variação de 1°.
Observação da produção de biogás através da bexiga (quando a bexiga se dilatar o
biodigestor estará cheio) do exposto na Figura 1, assim como, após a produção total do biogás,
a quantidade de metano de acordo com a Tabela 1.
66
Figura 1 – Protótipo de biodigestor. Registros feitos pelos autores.
O biodigestor durante as duas primeiras semanas foi monitorado semanalmente, a
partir da terceira semana ele foi monitorado três vezes por semana.
Gás
Metano
Dióxido de Carbono
Hidrogênio
Nitrogênio
Gás sulfídrico e outros
Fonte: (La Farge, 1979).
Tabela 1 – Composição do Biogás.
Símbolo
% no biogás
50 – 80 %
20 – 40 %
1–3%
0,5 – 3 %
1–5%
3. Resultados e Discussões/Conclusões
Após a decomposição da matéria orgânica foi produzido o biogás proveniente de fezes
bovinas da região do Mato Grande. O biodigestor é formado por um galão de 20 litros
juntamente com algumas conexões para entrada de fezes e saídas do gás. Um recipiente com 1
m³ tem a capacidade de 1000 litros de determinado líquido, já que o nosso recipiente suporta
20 litros, tem a capacidade de 0,02m³ de biogás, porém como foi colocado os dejetos
juntamente com água comprometeu 1/3 do galão ou aproximadamente 0,007m³ do total como
mostrado na Figura 2, foi produzido somente 0,013m³ de biogás.
Figura 2 – Biodigestor ligado à mini fogão. Registro feito pelos autores
À medida que as bactérias foram realizando a decomposição dos dejetos, o biogás foi
produzido. Durante as duas primeiras semanas o biodigestor foi observado uma vez por semana,
67
a partir da terceira, começou a ser observado três vezes na semana. Na quarta semana a bexiga
dilatou-se, fazendo com que se observasse que o reservatório estava cheio. Com o reservatório
cheio temos a produção de 0,013m³ de biogás.
Após toda produção de biogás, o mesmo foi conectado a um pequeno fogão que está
à disposição de todos em lojas relacionadas, onde ocorreu a queima sem nenhum odor
significante, provando assim que em pequenas propriedades de baixa renda onde as pessoas
criem gado, há a possibilidade de com gastos mínimos as famílias utilizem do biogás produzido
através das fezes desses gados, com custo baixo, diminuindo assim os custos familiares como:
cozinhar, energia elétrica e gás para geladeira. Os gastos para tal produção seguem na Tabela
2.
Tabela 02 – Gastos para construção do protótipo para cozimento de alimentos.
Material
Valor (R$)
Galão de água mineral de 20L
8,00
Conexões PVC
10,00
Válvulas
15,00
Fogão (2 bocas)
29,00
TOTAL
62,00
Fonte: elaborado pelos autores.
Sabendo então que 1 MWh (=1000KWh) equivalem a 94,962 metros cúbicos de Gás
Natural, assim cada KWh vale 94,962/1000 = 0,094962 metros cúbicos de Gás. Ou seja, 1 metro
cúbico de Gás é igual 1000/94,962 = 10,5305 kWh (MACEDO, 2008). Dessa forma, aplicando
os valores padrões anteriormente estabelecidos, através do Método de estimativa de biogás, se
observa que o Mato Grande tem uma eficiência energética de 439.740,43938 m³ /mês,
utilizando este valor tem-se um total de 4.630.686,7 KWh mês-1 de energia. Em média uma
residência comum com sala, cozinha, dois quartos, área de serviço e um banheiro consome
aproximadamente 100 a 150 KWh mês-1. Considerando um consumo médio de energia elétrica
em 150 KWh, a produção de biogás, considerada por esta pesquisa, poderia suprir um total de
aproximadamente 30.871 residências por mês para todo o Mato Grande. Sem contar que o uso
de biodigestores facilita a entrada de uma energia limpa e renovável, o que garante para a
população uma tecnologia benéfica, tanto econômica quanto socioambiental.
Referências
BRITO, F. L. S. Biodigestão Anaeróbia em Duplo Estágio do Bagaço de Cana-de-açúcar para
Obtenção de Biogás. Dissertação de Mestrado em Saneamento, Meio Ambiente e Recursos
Hídricos. Universidade Federal de Minas Gerais, 2011. 166 p.
CASTRO, Nivalde José de. Os leilões das usinas do Rio Madeira e as perspectivas para o
desenvolvimento econômico brasileiro. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, 2008, p. 3; 200, 10
ago.
CASTRO, Nivalde José de; DANTAS, Guilherme de Azevedo. Lições do PROINFA e do
leilão de fontes alternativas para a inserção da bioeletricidade sucroalcooleira na matriz
elétrica brasileira. In: Congresso Internacional de Bioenergia, 30, 2008, Curitiba. Anais.
Disponível em:
<http://www.nuca.ie.ufrj.br/gesel/bibliotece/0808_CastroDantas_ProinfaAlternativasBioeletri
ci205 dade.pdf>. Acesso em: 20 de agosto de 2008. 206
68
GARCILASSO, V. P.; VELÁZQUEZ, S. M. S. G.; COELHO, S. T. Geração de energia
elétrica a partir do biogás proveniente de aterro sanitário: estudo do caso. Disponível em:
<http://cenbio.iee.usp.br/download/publicacoes/xiiicbe_aterro.pdf>. Acesso em: 09 jun. 2013.
_____________________________________________________. Aproveitamento do biogás
proveniente dos resíduos sólidos urbanos para geração e energia elétrica: estudo de caso em
São Paulo. Disponível em:
http://cenbio.iee.usp.br/download/publicacoes/congbioen_pecora.pdf. Acesso em: 12 jul. 213
2013.
LINDEMEYER, Ricardo Matsukura. Análise da viabilidade econômico-financeira do uso do
biogás como fonte de energia elétrica. Florianópoles: UFSC, 2008. 105 P.. Estágio
Supervisionado - CAD 5236, Administração, Florianópoles, 2008.
MACEDO M. J. M. Erros de números (2008), Disponível em:
<http://errosdenumeros.blogspot.com/2008/07/os-metros-cbicos-de-gs-expressos-em-219
kwh.html>. Acesso em: 24 fev. 2011. 220
NEVES, Vera Lucia Vitorelli. Construção de biodigestor para produção de biogás a partir
da fermentação de esterco bovino. Araçatuba: Faculdade de Tecnologia de Araçatuba, 2010.
57p. Trabalho de Graduação - Centro Estadual de Educação Tecnológica Paula de Souza, 223
Tecnologia em Biocombustíveis, Araçatuba, 2010.
WANG, G. et al. Depart of Food Science and Technology, University of Georgia, USA.
Applied Environmental Microbiology, v.62, n.7, p.2567-2570, 1996.
69
ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DA ÁGUA DO RIACHO SALGADO NO
MUNICÍPIO DE SÃO PEDRO DO POTENGI
Victor Hugo dos Santos Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ulisandra Ribeiro de Lima
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
A pesquisa foi fundamentada na necessidade de monitorar a qualidade da água,
próxima ao Riacho Salgado que desagua no Rio Potengi no município de São Pedro, dando
ênfase a parâmetros físico-químicos: pH, condutividade, cor e demanda biológica de oxigênio
(DBO). O referido Riacho, abastece não somente a população como serve de ambiente de lazer.
A cidade de São Pedro do Potengi está localizada na região do Agreste Potiguar, a
aproximadamente 57,7 km da capital Natal. O clima é tipicamente semiárido com temperaturas
que variam de 22ºC até 30ºC, dependendo da época do ano. Em virtude do período de estiagem
prolongada, o volume do riacho está em nível bem abaixo da média. O que se sabe é que existem
muitas reclamações e pessoas insatisfeitas com a água, devido ao cheiro forte e ao gosto nada
agradável.
A poluição antropogênica, isto é, aquela causada pelo homem, é um agravante que
comprova que o ser humano age sem se preocupar com o meio ambiente, causando danos à
natureza e, consequentemente, à sua própria saúde. Segundo a ONU, 80% da população
mundial vive em áreas em que a qualidade da água está comprometida, fazendo com que tais
pessoas estejam submetidas a doenças. Dessa forma, o trabalho aborda uma temática que poderá
afetar todos os indivíduos que fazem uso do Riacho Salgado em São Pedro do Potengi-RN.
Assim, os parâmetros analisados neste trabalho podem ser utilizados como uma indução de que
o corpo d’água está sofrendo degradação advinda de atividades poluidoras.
2. Material e Métodos
2.1 Coleta
Neste trabalho foram coletadas 3 amostras de água do Riacho Salgado em São Pedro
do Potengi em pontos distintos, no horário da manhã, com intervalo de 2 horas entre elas (8h,
10h, 12h) em recipientes de polietileno, disponibilizados pelo Núcleo de Análises de Águas,
Alimentos e Efluentes da FUCERN. Em seguida, as amostras foram acondicionadas em
recipiente térmico com gelo e transportado para o laboratório de águas do IFRN, campus Natal
Central. Tempo decorrido do transporte das amostras foi de aproximadamente 1 hora. A coleta
foi realizada no dia 28 de janeiro de 2015.
2.2 Parâmetros analisados
As descrições e análise crítica dos parâmetros, seguiram recomendações do Conselho
Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) e do Ministério da Saúde. O pH, potencial
hidrogeniônico, pode ser de origem natural ou antropogênica, sendo identificada por meio de
substâncias que aderem à água. Nesse parâmetro a concentração pode variar de 0 a 14, sendo
considerada ácida (quando pH < 7); neutra (pH = 7) e básica (pH >7).
70
A cor da água sugere a presença de matéria orgânica e/ou inorgânica, mas também
substâncias metálicas como ferro e o manganês. “A cor é esteticamente indesejável para o
consumidor em sistemas públicos de abastecimento de água” (CORNATIONI, 2010).
A condutividade refere-se à capacidade que a água tem de transmitir corrente elétrica
devido aos cátions (cargas positivas) e os ânions (cargas negativas) presentes nela, a partir da
dissociação de outras substâncias.
O pH foi determinado pelo método da potenciometria direta, utilizando um pH metro
acoplado a um eletrodo combinado de vidro. Inicialmente o material foi calibrado com soluções
tampão de biftalato, fosfato e bórax. A condutividade foi determinada pela metodologia
utilizada por Moraes e Jordão (2012).
3. Resultados e Discussões
Todos os processos e valores obtidos para os parâmetros analisados obedeceram à
portaria n° 518, do Ministério da Saúde, de 25 de Março de 2004, no capítulo IV, do padrão de
potabilidade, Art. 17 [9]: “As metodologias analíticas para determinação dos parâmetros
físicos, químicos e microbiológicos devem atender às especificações das normas nacionais que
disciplinem a matéria, da edição mais recente da Standard Methods for the examination of water
and
wastwater,
de
autoria
das
instituições
American
Public
Health
Association (APHA), American Water Works Association (AWWA) e Water Environment
Federation (WEF), ou das normas publicadas pela ISO (International Satandartization
Organization).”. Ainda segundo esta portaria, água potável é toda e qualquer água destinada ao
consumo humano de modo que os parâmetros microbiológicos, físicos, químicos e radioativos
estejam de acordo com o padrão de potabilidade e que de forma alguma ofereçam riscos à saúde.
A seguir veremos os índices de normalidade de cada parâmetro, segundo os dados do Ministério
da Saúde e do CONAMA.
• pH: na água doce os valores permitidos variam de 6 a 9 (adimensional);
• Condutividade: quando estiver acima de 100 µs/cm a água sofreu impactos
indesejáveis;
• Cor: 15 uH é o valor máximo aceitável para a cor da água potável;
• DBO 5 dias a 20°C até 3 mg/L O2.
Na Tabela 1 apresentam-se os resultados das análises físico-químicas para as três
coletas, respectivamente. Vale ressaltar que em nenhum dos casos foi realizada análise quanto
à acidez das águas, visto que em todas as amostras os valores de pH foram superiores a 7.
• pH: Adimensional;
• Condutividade: µS/cm;
• Cor: uH;
• Acidez/Alcalinidade: mg/L de CaCO3;
• DBO5: mg/L O2
Parâmetros
Tabela 1 - Valores dos parâmetros analisados quanto as normas exigidas.
Unidade
Amostra (1)
Amostra (2)
PH
DBO5
Condutividade
Elétrica
Fonte: dados da pesquisa.
ND
mg/L O2
µS/cm
8,85
14,35
4660,00
8,72
15,03
4670,00
Amostra (3)
8,68
15,20
6860,00
71
Através dos dados obtidos nas análises pode-se perceber que os parâmetros que
demonstraram maior destaque quando comparados com a resolução do CONAMA, foram o pH,
condutividade e DBO5. O pH pode variar entre 6,0 e 9,0, percebeu-se que não houve um
aumento acima do permitido pela resolução do CONAMA nas três coletas demonstrando que
em todos os pontos a água encontra-se alcalina (básica).
A condutividade provém da dissolução de sólidos na água, a mais elevada foi na
amostra 3. Isso pode estar diretamente relacionado à questão da profundidade da água que neste
ponto diminuiu consideravelmente aumentando a concentração.
A demanda biológica de oxigênio (DBO) mede a quantidade de oxigênio necessária
para oxidar quimicamente a matéria orgânica (GIORDANO, 2012). A análise de DQO não foi
medida em função da alta salinidade do material, dessa forma de acordo Resolução do
CONAMA a água tem classificação 5, sugerindo que a água tenha utilidade para à preservação
dos ambientes aquáticos em unidades de conservação de proteção integral e à preservação do
equilíbrio natural das comunidades aquáticas. As análises de DBO (14,35 mg/L O2 entre 15,20
mg/LO2) mostraram resultados valores acima do permitido para consumo humano indicando
presença de material oxidável quimicamente devido a presença de criação de suínos próximo a
região analisada.
4. Conclusões
A partir dos dados apresentados e com relação aos parâmetros analisados, pode-se
concluir que a principal fonte poluidora das águas do Riacho Salgado é de origem antropogênica
proveniente, principalmente, da falta de saneamento básico local. Os valores alterados dos
parâmetros: condutividade e DBO; revelam que há uma grande quantidade de sólidos
dissolvidos, tanto de origem orgânica como inorgânica, que pode ser provocada tanto pelo
despejo de esgotos como pelo baixo nível de água que se encontra. Tendo em vista o exposto,
considera-se de suma importância e urgência a implantação de uma infraestrutura saneamento
básico para a comunidade que vive às margens da barragem, como também uma maior ação de
conscientização dos produtores de suínos e o desmatamento da mata ciliar. Entretanto, deve-se
alertar que, um monitoramento com análises mais criteriosas e aprofundadas, seja feito levandose em consideração parâmetros físicos, químicos e microbiológicos não abordado nessa
pesquisa, mas que são de importância para atestar a qualidade de potabilidade da água.
5. Agradecimentos
Ao IFRN pela concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do
edital Nº 08/2015-PROPI/IFRN, além da concessão do espaço e apoio institucional e ao Núcleo
de Análises de Águas, Alimentos e Efluentes da FUCERN.
Referências
ASSOCIAÇÃO DAS EMPRESAS DE SANEMENTO BÁSICO ESTADUAIS (AESBE).
Proposta complementar à resolução CONAMA Nº 357/2005 sobre condições e padrões de
lançamento de efluentes para o setor de saneamento em atendimento à resolução CONAMA
Nº 397/2008. Disponível em:
<http://www.mma.gov.br/port/conama/processos/EFABF603/AESBE_BasesDiscussao.pdf>.
Acesso em 20 de outubro de 2015.
CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE (CONAMA). Resolução n° .357, de 17 de
março de 2005. Brasília, 2005.
72
CORNATIONI, M.B. Análises físico-químicas da água de abastecimento do município de
colina – SP. Bebedouro. Trabalho de Conclusão do Curso de Ciências Biológicas. Faculdades
Integradas FAFIBE, 2010.
FREITAS, M. B; BRILHANTE, O. M.; ALMEIDA, L. M. Importância da análise de agua
para a saúde pública em duas regiões do Estado do Rio de Janeiro: enfoque para coliformes
fecais, nitrato e alumínio. Caderno Saúde Pública. Rio de Janeiro, 17(3): 651-660, mai-jun,
2001.
MORAIS L.R; FONSECA P.V.Y. Avaliação da remoção de DBO e DQO da água residuária
de uma indústria farmocosmecêutica empregando o processo de lodos ativados por aeração
prolongada. Disponível em:
<http://www.fara.edu.br/sipe/index.php/renefara/article/download/175/159>. Acesso em: 20
de outubro de 2015
MORAES, D. S. L.; JORDÃO, B. Q. Degradação de recursos hídricos e seus efeitos sobre a
saúde humana. Revista de Saúde Pública. 2002, n.3, p.370-744. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0034-89102002000300018>. Acesso em: 1º out. 2015.
SOUZA, Líria Alves De. Demanda Bioquímica de Oxigênio. Brasil Escola. Disponível em:
<http://www.brasilescola.com/quimica/demanda-bioquimica-oxigenio.htm>. Acesso em 20 de
outubro de 2015.
GIORDANO, G. Apostila de tratamento e controle de efluentes industriais. Disponível em:
<http://www.cepuerj.uerj.br/insc_online/itaguai_2011/edital/superior/biologo/Apostila%2
0%20Tratamento%20de%20efluentes%20industriais.pdf>. Acessado em: 22 de Maio, 2015.
73
CADINH2O: APLICATIVO COM FINS DE AUXÍLIO NO DIMENSIONAMENTO DE
TUBULAÇÕES HIDRÁULICAS
Caroline Marina Cavalcanti Bezerra
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Gabriela Barbosa Bruno
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Gilbran Silva de Andrade
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Inseridos no meio geográfico técnico científico informacional, é salientável a busca
cada vez maior por novas tecnologias e novos meios de obtenção de resultados verídicos e
precisos em um curto período de tempo. Dessa forma, para atender as diretrizes da NBR 5626,
que especifica claramente que o dimensionamento de tubulações de água fria deve está dentro
dos preceitos mínimos a fim de garantir o fornecimento de água de forma contínua, em
quantidade suficiente e com pressões e velocidades adequadas ao perfeito funcionamento das
peças de utilização e dos sistemas de tubulações (CREDER, 2011), é tido como salientável e se
encontra em execução o desenvolvimento de um aplicativo com fins de auxílio no
dimensionamento de tubulações hidráulicas de água fria capaz de realizar verificações em
pontos específicos da tubulação a fim de evitar falhas no abastecimento e diversos outros
problemas relacionados a erros de execução de um projeto hidráulico de uma edificação.
A motivação para o desenvolvimento desse aplicativo é oriunda da possibilidade de
relacionar conceitos trabalhados em componentes curriculares distintos visando um programa
que não beneficiará apenas os discentes do IFRN/Campus São Paulo do Potengi, mas também
todos aqueles que lidam no dia a dia com projetos hidráulicos, já que o CADINH2O será
disponibilizado de forma gratuita na rede para download. Facilitando assim a conferência em
obras, além de evitar erros na execução do projeto e possibilitar pequenas alterações nele sem
que haja a necessidade de consultar o projetista. Outro estimulante para os pesquisadores é o
fato de que ainda não há nenhum software disponível gratuitamente que realize as
especificações ofertadas pelo CADINH2O.
O aplicativo será desenvolvido na plataforma Android, a primeira completa, aberta e
gratuita plataforma móvel, visando alcançar tablets e smarphones, o que é possível desde a
versão 4.0 do Android, na qual acontece a junção dos recursos para os dois tipos de aparelhos
móveis (DARCEY; CONDER, 2014). A escolha da plataforma Android para o devido trabalho
é justificada no fato de ser um sistema operacional gratuito e livre bastante visado por empresas,
fazendo com que nosso aplicativo seja mais um agregado a um núcleo de tarefas cotidianas,
como verificar e-mails, navegar na web, etc (ANNUZI et al, 2014). Outra beneficio causador
da nossa preferência pelo uso do Android é a capacidade que ele tem de não impor obstáculos
para publicação, sem necessidade de taxas de licenciamento. Como explana Darcey e Conder
(2014), para desenvolver um aplicativo, uma pessoa só precisa de um computador, um
dispositivo Android, conhecimento de Java e uma ideia.
74
2. Material e Métodos
Salientando o fato que a então pesquisa envolve uma discente do curso integrado em
Edificações sendo orientada por sua docente de Instalações Hidrossanitárias, se fez necessário,
anterior ao início do desenvolvimento do nosso software no que diz respeito ao código fonte,
uma apresentação aos princípios da programação de computadores através de cursos de
extensão. Posterior a essas assimilações, se fez crucial um prévio estudo acerca dos conceitos
de instalações hidráulicas com a orientadora do projeto, para que só então houvesse aptidão
para encetar a composição de nosso aplicativo.
Dessa forma, a divisão inicial do estudo e as etapas para a construção do CADINH2O,
foram dadas da seguinte maneira:
1. Estudo de algoritmos e técnicas de programação;
2. Conhecimento em programação para dispositivos móveis (Android);
3. Estudo dos conceitos que envolvem o dimensionamento de tubulações de água fria;
4. Implementação dos conceitos de dimensionamento na plataforma Android;
Para realizar esse trabalho, foram feitas pesquisas bibliográficas na literatura, bem
como os livros apontados nas referências bibliográficas. Além disso, foram feitos seminários
com o professor-orientador periodicamente.
O software vem sendo desenvolvido no ambiente de desenvolvimento integrado
Android Studio.
3. Resultados e Discussões
Até a então data, o andamento do projeto está entre o estudo do dimensionamento de
água fria e a implementação desses conceitos na linguagem de programação. Aconteceu um
minicurso introdutório aos conceitos sobre programação Java, linguagem de programação
específica que os aplicativos Android possuem (DARCEY; CONDER, 2014). É contínuo o
estudo e leitura acerca dos conceitos que envolvam dispositivos móveis e instalações
hidráulicas de água fria, através das referências bibliográficas citadas nas referências desse
resumo.
CADINH2O realizará cálculos do diâmetro de tubulações de água fria, de
reservatórios e sistemas de recalque além das conferências da pressão em determinado ponto,
levando sempre em consideração os paradigmas explicitados pela NBR 5626.
Levando em consideração os cálculos, nossos códigos de programação já realizam
cálculos como os de consumo, consoante a escolha do usuário a respeito do tipo da edificação,
dimensionamentos dos reservatórios inferior e superior acrescido da taxa de segurança voltada
para incêndio além da vazão e do diâmetro do alimentador predial.
A
exibe as telas que compõem atualmente o CADINH2O. Após a inicialização do
aplicativo, o usuário será apresentado a tela de escolha do tipo de edificações (a), em seguida o
usuário é levado à tela correspondente a sua escolha: se apartamento (b), ou se residência (c).
O usuário então informa os dados no formulário – como quantidade de pavimentos, quantidade
de apartamentos por andar, quantidade de quartos por apartamento, existência de dependência
de empregada, existência de jardim assim como sua área, existência de piscina assim como seu
volume – e requisita o cálculo dos reservatórios e do diâmetro do alimentador predial. Por fim,
o aplicativo exibe a tela (d) que informa os resultados dos cálculos realizados pelo aplicativo.
75
Figura 1: Telas do CADINH2O. (a) Tela inicial. (b) Formulário para o cálculo em um apartamento. (c)
Formulário para o cálculo em uma residência. (d) Tela com os resultados do cálculo.
Já é perceptível a economia de tempo que se tem até então. Cálculos que seriam
cansativos até para a realização em uma calculadora científica se resumem a pequenas inserções
de dados simples em nosso algoritmo. Nisso se dá a importância da informática. Sua capacidade
de ser flutuante e abranger várias áreas do conhecimento humano trazendo benefícios notórios
visando facilitar a vida do homem e estender seu bem-estar.
Os resultados deste projeto serão benéficos tanto no âmbito institucional quanto fora
da instituição, com melhorias para a comunidade. Os discentes do Campus IFRN/SPP poderão
utilizar o aplicativo dentro da instituição para praticar a disciplina de instalações
hidrossanitárias de maneira mais dinâmica. Para isso pretende-se disponibilizar o aplicativo
desenvolvido para download de forma gratuita, na loja virtual Google Play, tornando possível
o aperfeiçoamento do aplicativo no futuro.
4. Conclusões
Segundo Moraes (2012), a fase de projeto é de grande importância para um
empreendimento de construção civil, determinando a redução do desperdício, levando a ganhos
financeiros para a construção. Porém, algumas construções não desenvolvem bem a fase de
projetos, sendo necessárias algumas adaptações aos problemas que surgem durante a execução.
Essas pequenas adaptações não precisarão mais de uma consulta burocrática com o projetista.
O CADINH2O realizará essas verificações instantaneamente, sem a necessidade de causar
atrasos desnecessários à construção da então edificação.
Problemas como erros no dimensionamento das tubulações de abastecimento, podem
ocasionar problemas de insuficiência de pressão ou de vazão nos aparelhos, causando prejuízos
ao usuário final da edificação devido às falhas no abastecimento do imóvel (THOMAZ, 2012),
com falhas no abastecimento, a obra civil não estaria de acordo com a NBR 5626, que exige o
fluxo contínuo de água nas edificações. Tendo uma forma rápida e simples de conferir esse
dimensionamento, certamente reduziria tais falhas técnicas.
5. Agradecimentos
Ao IFRN pela concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do
edital Nº 08/2015-PROPI/IFRN, além da concessão do espaço e apoio institucional.
76
Referências
MORAES, A. B. G. M. et al. (2012). Fatores Críticos da Gestão do Processo de Projetos na
Engenharia Simultânea: Um Estudo de Caso em Obra de Infraestrutura Urbana. Anais. VII
Congresso Nacional de Excelência em Gestão. ISSN 1984-9354.
THOMAZ, E. Tecnologia, gerenciamento e qualidade na construção. 1. ed. São Paulo. Editora:
PINI, 2012.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT - Associação Brasileira
de Normas Técnicas, NBR 5626 – 1998. Instalação predial de água fria. Rio de Janeiro: ABNT,
1998.
ANNUZI, Joseph Jr; DARCEY, Lauren; CONDER, Shane. (2014). Introduction to Android
Application Development: android essentials. 4. ed. Editora Addison-Wesley, 2014.
DARCEY, Lauren; CONDER, Shane. Android wireless application development: android
essentials. v. 1, 3. ed. Crawfordsville. Indiana: Addison-Wesley, 2012. 511 p.
CREDER, Hélio. Instalações hidráulicas e sanitárias. 6. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2011. 423
p.
ANDROID DEVELOPERS. Disponível em: <https://developer.android.com>. Acesso em: 22
de outubro de 2015>.
77
ARGAMASSAS AUTONIVELANTES COM SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO
CIMENTO POR RESÍDUO DE BIOMASSA DA CANA-DE-AÇÚCAR
Thiago Fernandes de Araújo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Aline Santana Franco de Siqueira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Evilane Cássia de Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Marcos Alyssandro Soares dos Anjos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Gabriela Barbosa Bruno
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Os concretos autoadensáveis (CAA) são misturas dotadas de elevada fluidez e coesão,
são uma tecnologia recente que vem ganhado espaço no mercado, uma vez que cresce a
necessidade de se concluir as obras em prazos mais curtos e de reduzir custos de mão-de-obra.
Geralmente possuem elevado consumo de cimento, que é o material de maior custo dentro de
concretos e argamassas, e também o de maior impacto ambiental.
Em concretos convencionais, seu consumo fica em torno de 400 kg/m³, já em
concretos autoadensáveis (CAA) esses valores tendem a aumentar. Com isso em mente, o
estudo avalia o desempenho de argamassas autonivelantes (AA) de traços de CAA com
diferentes teores de substituição de cimento por adições no intuito de posteriormente
desenvolver CAAs (ANJOS et al, 2014). Esse tipo de concreto deve adensar sobre seu próprio
peso e ser capaz de fluir mesmo em peças com armadura muito densa. Para o estudo foram
selecionadas duas adições, a primeira é o resíduo da biomassa da cana-de-açúcar, por apresentar
como vantagem a redução do impacto ambiental tanto para a indústria sucroalcooleira quanto
para a da construção civil. E a segunda, o metacaulim regional que atua como principal
pozolana da argamassa. O desempenho de tais adições como substitutos do cimento foi avaliado
através dos ensaios de espalhamento, funil V, resistência à tração na flexão, à compressão axial
e módulo de elasticidade. A partir dos resultados foi possível verificar que ambas as dosagens
estudadas obtiveram consistência e fluidez adequadas aos parâmetros de argamassas para
CAAs, além de revelarem resistências elevadas.
2. Materiais e Métodos
Para a confecção dos concretos foram utilizados:
• Cimento Portland de alta resistência inicial - CP V ARI-RS com massa específica
de 3,03 g/cm³ (NBR NM 23, 2001), finura de 0,38.
• Agregado miúdo: Areia natural quartzosa. Possuindo massa específica de 2,61
g/cm³, massa unitária 1,516, módulo de finura de 2,37 e diâmetro máximo de 4,8 mm.
78
• Metacaulim de alta reatividade, com massa especifica 2,55 g/cm³ obtido com uma
empresa de beneficiamento de caulim em Pernambuco.
• Resíduo da biomassa da cana-de-açúcar (RBC): Material cedido pela usina de
beneficiamento de cana-de-açúcar em Ares-RN. Com massa específica de 2,38 g/cm³. Utilizouse material passante na peneira 200 (# 0,075), após ser moído durante quatro horas no moinho
de bolas.
• Aditivo químico: Superplastificante de terceira geração à base de éter
policarboxílico modificado.
A Tabela 1 a seguir, apresenta o quantitativo de materiais para a produção das
argamassas em um metro cúbico.
Tabela 1: Consumo de materiais para dosagem em metro cúbico (kg/m³).
R40-CIM
R50-CIM
Materiais
Em quilogramas (kg)
403,1
326,78
Cimento
33,46
98,03
Metacaulim
235,01
228,74
RBC
1194,38
1162,02
Areia
302,32
316,97
Água
Aditivo
Fonte: dados da pesquisa.
6,85
7,84
O material, ainda seco, foi homogeneizado cuidadosamente em uma masseira, sendo
posteriormente despejado na betoneira com capacidade para 150L. Aos poucos se adicionou
água à mistura, após acrescentar toda a água, misturou-se por 2 minutos e acrescentou-se o
aditivo. Os ensaios no estado fresco seguiram os métodos propostos por Okamura (2003) para
obtenção dos parâmetros Gm e Rm das argamassas no espalhamento e funil V.
3. Resultados e Discussões
Verifica-se uma diferença entre os espalhamentos de R40-CIM e R50-CIM, havendo
uma redução de 35 mm do segundo em relação ao primeiro. Essa redução se deve a influência
do metacaulim, uma vez que houve um aumento da porcentagem utilizada da primeira para
segunda dosagem. Entretanto ambas possuem propriedades autonivelantes otimizadas, tendo
em vista os ajustes realizados na relação água/finos e no teor de aditivo. A figura 1 apresenta
um exemplo das características das argamassas em análise.
Figura 1a-b – Ensaios de espalhamento (a) e funil V (b) com a argamassa R40-CIM. Fonte: registros de dados da
pesquisa.
A partir desses valores é possível definir os parâmetros de fluidez e viscosidade das
argamassas. O primeiro é dado pela equação (1), que é medido através do ensaio do tronco de
79
cone de consistência, sendo dm o diâmetro médio e d o diâmetro da base do tronco de cone
(NEPOMUCENO, 2011). Já o segundo é obtido pela equação (2), que é medido através do
ensaio no Funil-V para argamassa, onde t é o tempo que a argamassa leva para passar pelo funil.
Alto valor de Gm indica maior deformabilidade, e menor valor de Rm indica maior viscosidade.
Os valores de Gm e Rm são apresentados na Tabela 2. Conforme estudos de Okamura et al.
(2003), Gm entre 3 e 7, e de Rm entre 1 e 2, representam argamassas com significativa
probabilidade de se tornar um CAA.
Gm=(dm/d)²-1
equação (1)
Rm=10/t
equação (2)
Tabela 2: Resultados dos ensaios no estado fresco.
ENSAIOS
R40-CIM
R50-CIM
Mesa de espalhamento (mm)
375
340
Funil-V (s)
6
7
Gm
10,6
8,6
Rm
1,67
1,43
Fonte: registro de dados da pesquisa.
Percebe-se que a influência da maior relação a/c foi mitigada pela diferença do consumo
de metacaulim nas dosagens, uma vez que R50-CIM consumiu cerca de 60kg/m3 de
metacaulim a mais que R40-CIM e ainda obteve resistências elevadas desde o primeiro dia
(KADRI, 2011). Os resultados podem ser conferidos na tabela 3.
Tabela 3: Resultados de resistência à compressão das argamassas (MPa).
Resistência à Compressão Axial em (MPa)
Idade do corpo de provas (dias)
Dosagem
1
3
7
28
R40-CIM
14
28
36
51
R50-CIM
10
19
34
45
Fonte: registro de dados da pesquisa.
4. Conclusões
A partir dos resultados referentes ao comportamento reológico das argamassas,
constata-se que ambas atendem as exigências de fluidez e viscosidade para serem consideradas
autonivelantes, encontrando-se ainda dentro dos parâmetros adequados de Gm e Rm para serem
utilizadas posteriormente para dosagens de concretos autoadensáveis, sendo o primeiro acima
de 8 e o segundo entre 1 e 2. No estado endurecido as argamassas apresentaram elevada
resistência à compressão nas duas dosagens, ambas acima de 40 MPa aos 28 dias.
Dessa forma ficou evidente que é possível adicionar elevados teores de resíduo da
biomassa da cana-de-açúcar e de metacaulim, afim de diminuir o consumo de cimento dos CAA
para ordem de 280 e 225 kg/m3 nos traços R40-CIM e R50-CIM, reduzindo de forma
significativa os impactos ambientais.
80
5. Agradecimentos
Agradecimentos ao CNPq pela concessão das bolsas de pesquisa e ao IFRN pelo apoio
institucional.
Referências
ANJOS, M.A.S.; Camões, A; Jesus, C.M. Betão auto-compactável eco-eficiente de reduzido
teor em cimento com incorporação de elevado volume de cinzas volantes e metacaulino. 1º
Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis. Guimarães - Portugal,
2014.
KADRI, E. et al. Influence of metakaolin and sílica fume on the heat of hydration and
compressive strength development of mortar. Applied Clay Cience. ed. 4. v. 53, p.704-708,
outubro, 2011.
NEPOMUCENO, M.; OLIVEIRA L.; LOPES, S.M.R. Methodology for mix design of the
mortar phase of self-compacting concrete using different mineral additions in binary blends of
powders. Construction and Building Materials. v. 26, p. 317-326, janeiro 2012.
Okamura, H.; Ouchi, M. Self-compacting concrete, J. Adv. Concr. Technol. v. 1, n. 1, 2003,
p. 5-15.
81
AVALIAÇÃO DA POTENCIALIDADE DO RESÍDUO CERÂMICO NA
CONFECÇÃO DE CIMENTO POZOLÂNICO E SUA UTILIZAÇÃO NA
CONFECÇÃO DE ARGAMASSA
Marcelo Henrique da Silva Figueredo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Marcio Luiz Varela Nogueira de Moraes
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
A procura por segurança e durabilidade para as edificações conduziu o homem à
experimentação de diversos materiais aglomerantes. Porém, nos últimos anos tem ocorrido um
crescente interesse na prevenção ambiental, minimização de resíduos e desenvolvimento
sustentável, sobretudo no campo dos materiais. Tanto o setor ceramista, quanto o da construção
civil, gera grandes quantidades de resíduos de diversos tipos e níveis de periculosidade. De
maneira que o descarte destes incide negativamente sobre toda a sociedade, através dos custos
de remoção e tratamento dos mesmos, além de causar danos ao meio ambiente e à saúde das
pessoas que moram próximas aos locais de despejo.
Na maioria das vezes, esses resíduos são dispostos clandestinamente em terrenos,
margem de rios e de ruas nas periferias das cidades. Assim sendo, o custo social total é
praticamente impossível de ser determinado, pois suas conseqüências geram a degradação da
qualidade de vida urbana em aspectos como: transportes, enchentes, poluição visual, entre
outros. Com isso, o poder público, geralmente as prefeituras, compromete recursos dificilmente
mensuráveis para a remoção e/ou tratamento desses resíduos, bem como os problemas por eles
gerados. De um modo geral, esses resíduos ocasionam um impacto ambiental negativo
considerável, o que tem justificado os esforços de pesquisas visando encontrar uma solução
racional para este problema.
2. Material e Métodos
Para a realização deste estudo foram utilizados os seguintes materiais:
* Cimento do tipo CPII - F32, com peso especifico igual a 3,10 g/cm³ e módulo de finura 3,2%;
* Areia média de peso específico igual a 2,53 g/cm³ e granulometria média;
* Misturador elétrico;
* Moldes cilíndricos 50 x 100 mm.
* Balança de precisão 0,01 g
* Peneiras para ensaios de granulometria
O traço padrão utilizado foi 1:3, em volume com fator água/cimento igual a 0,48.
O resíduo cerâmico, chamote, foi moído a seco em moinho de bolas tipo periquito e
passado na peneira #200, 0.075mm. O clínquer e o hidróxido de cálcio foram fornecidos em
condições de mistura. Foram preparadas seis composições de cimentos variando os teores de
chamote, clínquer e hidróxido de cálcio, componentes que fazem parte do cimento CP IV-Z,
conforme a norma NBR 5736, e moldados quatro corpos-de-prova cilíndricos, de 50 mm de
diâmetro e 100 mm de altura, de uma argamassa padrão, traço 1:3:0,48, uma parte de cimento
82
para 3 partes de areia, em volume, e fator água/cimento 0,48, Tabela 01. A areia utilizada possui
granulométrica media e peso específico de 2,63 g/cm³. Os corpos-de-prova foram submetidos
a cura submersa e aos 28 dias submetidos ao ensaio de resistência a compressão.
Composição
1
Tabela 1: desenvolvimento dos traços tipo CP IV-Z
Clínquer
Argila Calcinada (Chamote) Material Carbonático
(%)
(%)
(%)
85
15
0
2
77
22
1
3
69
29
2
4
61
36
3
5
53
43
4
6
45
50
5
Fonte: dados da pesquisa.
3. Resultados e Discussões
Foram confeccionados seis corpos de provas para cada situação, sendo três para
verificação da resistência à tração por compressão diametral, e três corpos de prova para
verificação da resistência à compressão. Os mesmos foram submetidos à cura submersa e
rompidos aos 28 dias, no Laboratório de Construção Civil do IFRN/Campus Mossoró,
conforme NBR 7215 - Cimento Portland - Determinação da resistência à compressão e NBR
07222 - 1994 - Argamassa e Concreto - Determinação da Resistência a Tração por Compressão
Diametral em vigor.
A Figura 1, apresenta os resultados do ensaio de tração por compressão diametral; e a
Figura 2, os resultados do ensaio de compressão. Como pode ser observado o chamote foi o
resíduo que mais se aproximou da resistência padrão, tendo sua diferença em torno de 10% e
13% da argamassa de referência. Essa diferença se dá em relação aos outros por esse resíduo
possuir propriedades pozolânicas, adquiridas pelas transformações químicas que ocorrem com
as matérias primas durante o processo de queima, temperatura máxima de 900 ºC. Tal
propriedade é prevista pela NBR 5736 – Cimento Portland Pozolânico, de maneira que argilas
calcinadas até 900 °C são utilizadas na confecção de cimentos pozolânicos em teores que
variam de 15% a 50%.
Figura 1 – Resultados Ensaio de tração por compressão diametral. Fonte: dados da pesquisa
83
Figura 2 – Resultados Ensaio de compressão. Fonte: dados da pesquisa.
4. Conclusões
De acordo com os resultados obtidos, pode-se concluir que apenas as composições 2,
3 e 5 ficaram fora do que a norma NBR 5736, já que as mesmas ficaram abaixo de 25 MPa,
Tabela 1 da referida norma, esta situação pode ser retificada com a diminuição do tamanho dos
grãos do resíduo e ajuste do teor de material carbonático. As composições 1 e 4 embora tenha
ficado abaixo da argamassa padrão de referência, atingiram os 32 MPa, valor sugerido para o
CP IV-32 Z, estando de acordo com o esperado. Portanto, esses resíduos podem ser ativos
quimicamente, através de tratamentos térmicos no caso do resíduo de caulim em uma faixa de
temperatura de 900 a 930 ºC formando metacaulinita que participaria na formação da rede
cristalina no processo de hidratação do cimento contribuindo diretamente no aumento da
resistência mecânica da argamassa ou incorporado a composição de concreto do tipo CLAD
(Concreto Leve de Alto Desempenho).
Referências
Maranhão, Flávio; Costa e Silva,Angelo J.; Medeiros, Jonas S.; Barros, Mércia M. S. B.
Influência do Tipo de Argamassas Colante e do Revestimento na Microestrutura e na
Resistência de Aderência. In: V SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TECNOLOGIA DAS
ARGAMASSAS, 2003, p. 519-528.
Varela M.L.; Vale S.A.; Nascimento R.M.; Paskocimas C.A.; Formiga F. L. Utilização dos
resíduos proveniente da cadeia da construção civil e da indústria do beneficiamento do caulim
na produção de piso cerâmico. XXI ENTMME, 2005.
Varela M.L.; Vale S.A.; Dutra, R.S.P; Nascimento R.M.; Paskocimas C.A.; Formiga F. L. A
utilização da análise racional para a minimização dos impactos ambientais causados pela
produção de cerâmica vermelha. XXI ENTMME, 2005.
Paixão C.A, Caetanoa L.F, Coliantea J.G.R, Filhob L.C.P.S, Bergmanna C.P. Estudo da
Viabilidade de Utilização de Resíduos Cerâmicos para Confecção de Argamassas.
Departamento de Engenharia de Materiais, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Rio
Grande do Sul: UFRGS, 2011.
84
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5736 – Cimento
Portland Pozolânico. Rio de Janeiro: ABNT, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 7215 – Cimento
Portland - Determinação da resistência à compressão. Rio de Janeiro: ABNT, 1996.
85
AVALIAÇÃO DE FORMULAÇÕES DE MASSA UTILIZANDO RESÍDUO DA
EXPLORAÇÃO E BENEFICIAMENTO DO CAULIM PARA FILTROS
CERÂMICOS NO PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE CERVEJA ARTESANAL
Daniela de Lima Vale Varela
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Yasmin Iara Cruz Nogueira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Marcio Luiz Varela Nogueira de Moraes
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
As indústrias de exploração e beneficiamento do caulim geram um resíduo que pode
atender no processo de produção (filtragem) de cervejas artesanais, com a possibilidade da
confecção de um filtro cerâmico que substituirá o utilizado atualmente, que é composto de aço
e/ou alumínio, eliminando assim a possibilidade de contaminação do produto final por metais,
uma vez que o mosto possui um PH ácido nessa etapa do processo. Com base em estudos
previamente realizados, sabe-se que o resíduo de beneficiamento do caulim quando tratado
termicamente apresenta-se como um produto cerâmico de alta resistência química e mecânica
totalmente inerte. A principal função do filtro cerâmico é remover partículas entre 0,2 a 10μm,
para que isso aconteça são necessárias algumas exigências como: permeabilidade elevada,
porosidade de 50 a 80%, resistência a corrosão e resistência ao choque térmico, possibilitando
a realização do estudo de massas cerâmicas para a confecção de filtros cerâmicos a ser utilizado
no processo de filtragem de cervejas artesanais.
2. Material e Métodos
Para desenvolvimento das formulações das massas cerâmicas a serem estudadas
foram utilizados quartzo, resíduo de caulim, albita proveniente de uma empresa situada em
Parelhas-RN, e argila do município de Arez-RN, com queima branca pelo alto índice de
caulim e baixo teor de ferro.
Após definidas as formulações a serem estudas, como apresenta na Tabela 1, as
mesmas foram submetidas ao processo de homogeneização a úmido, até a obtenção de uma
massa cerâmica com consistência para a moldagem dos corpos de prova com dimensão média
de 1,0 centímetro, com tensão média de prensagem igual a 15 kgf/cm2. Após prensagem os
corpos de prova foram submetidos à secagem natural por 24 horas e então submetido a
tratamento térmico com gradiente de temperatura de 5ºC/minuto até atingir a temperatura de
patamar de 1200 °C, onde permaneceu por 1 hora.
Tabela 1: Formulações de Massas Cerâmicas (%)
Quartzo
Resíduo de Caulim
Albita
Formulação 1
20
80
Formulação 2
17
66
17
Formulação 3
14,3
57
14,3
Formulação 4
12,5
50
25
Formulação 5
11,1
44,4
33,3
Fonte: dados da pesquisa.
Argila
14,3
12,5
11,1
Água
10
10
10
30
50
86
Após tratamento térmico, os corpos de prova sinterizados, foram submetidos aos
ensaios de absorção de água e massa específica. Conforme descrito a seguir.
2.1 Absorção da água (aa)
A absorção de água é o valor em porcentagem, da massa de água absorvida pelo corpo
após sinterização. Para realização do ensaio de absorção de água procedeu-se da seguinte
maneira: os corpos de prova foram secos em estufa a 110ºC por 24 horas, após secagem os
mesmos foram submersos em água por 24 horas. Após esse tempo foram retirados do recipiente
e removidos os excessos de água superficial com um pano umedecido e pesados para a
verificação da variação de suas massas. O valor da absorção de água, em percentual, foi obtido
através da Equação (1), abaixo:
2.3 Massa específica real (ME)
A massa específica (ME) é a razão entre massa dos corpos de prova seco e seu volume,
onde o ensaio foi realizado da seguinte forma: para cada formulação estudada foi realizado a
pesagem de uma amostra, após a determinação de sua massa seca, foram colocadas em uma
proveta graduada com uma quantidade inicial igual a 200ml, e feita à leitura da variação do
nível de água na proveta, com a diferença do seu volume inicial e o volume final determinouse o volume do material. Fazendo a relação entre a massa do material seco e o volume deslocado
obteve-se a massa específica. Equação (2):
3. Resultados e Discussões
As formulações de massas estudadas geraram produtos cerâmicos com diferentes
características visuais, entre elas coloração, provavelmente, ocasionada pela formação de maior
quantidade de fase vítrea durante o processo de sinterização, apresentando uma cor mais claras
tendendo ao branco nas formulações 1 e 2, e nas formulações 3, 4 e 5 uma coloração tendendo
ao creme. Isso se deve as maiores e menores concentrações de óxidos fundentes presentes nas
matérias primas.
Os resultados obtidos no cálculo da absorção de água podem ser observados na Tabela
2, para as diferentes formulações estudadas. Pode ser observado que a formulação 1 foi a que
apresentou maior absorção de água. Isso está relacionado a maior formação de poros durante o
processo de sinterização, sendo atribuído a esse comportamento a menor formação de fase
líquida.
87
Analisando os resultados das formulações 2, 3 e 4 se observam que a o aumento na
quantidade de albita nestas formulações contribuiu para o aumento da formação de fase líquida
durante a sinterização e consequente para o aumento da fase vítrea no resfriamento das peças
cerâmicas em sua face externa, diminuindo percentual de absorção da peça cerâmica como
apresentado no ensaio de absorção de água. Observando a formulação 5 verifica-se que o
percentual de absorção de água foi menor em relação as outras isso pode está diretamente
relacionado ao aumento do percentual mássico de albita nesta formulação.
FORMULAÇÕES
Tabela 2: Absorção de água
ABSORÇÃO DE ÁGUA(%)
FORMULAÇÃO 1
FORMULAÇÃO 2
FORMULAÇÃO 3
FORMULAÇÃO 4
FORMULAÇÃO 5
Fonte: dados da pesquisa.
22,2
8,6
5,4
3,1
1,7
Os resultados obtidos no cálculo da massa específica podem ser observados na Tabela
3, para as diferentes formulações estudadas. Nos resultados apresentados pode se observar que
a menor massa especifica ocorre na formulação 1, o que está em acordo com o ensaio de
absorção apresentado, isso se deve a grande quantidade de poros promovido pela baixa
quantidade de fase vítrea e pela alta concentração de poros. A baixa formação de fase líquida
pode ser atribuída a ausência de albita que é a matéria prima responsável pela formação desta
a altas temperaturas (1200ºC), o quartzo e o caulim presentes nas quantidades referidas nesta
formulação reagem entre si dando origem a mulita, que funciona como um “esqueleto”, sendo
este o responsável pela resistência mecânica da peça cerâmica.
A formulação 5, embora apresente a menor absorção de água, apresenta uma massa
específica menor que as formulações 2, 3 e 4, tal comportamento pode está diretamente
relacionado a presença de poros fechados no interior do corpo cerâmico promovido pelo
aprisionamento de gases, uma vez que o resfriamento da peça se dá de fora para dentro fechando
os poros externos e impedindo a saída de possíveis gases gerados durante o processo de
sinterização e ainda presente no interior da peça.
Formulações
Formulação 1
Formulação 2
Formulação 3
Formulação 4
Formulação 5
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 3: Massa Específica
Massa específica (g/cm3)
2,1
2,3
2,41
2,34
2,25
4. Conclusões
Pela análise do conjunto de ensaios apresentados pode se observar que a formulação 1
é a que mais se aproxima das características de filtro cerâmico, devendo ser estudada o
acréscimo de outra matéria prima que contribua para o aumento da porosidade e da absorção e
consequentemente para o aumento da permeabilidade, exigida em filtros cerâmicos. Para as
outras formulações, uma aplicação mais apropriada seria em pisos e revestimentos cerâmico
devido à baixa absorção e alta massa específica, características que levam a alta resistência
mecânica.
88
Referências
MORAES, M. L. V. N. de,. Aproveitamento de resíduo do beneficiamento do caulim na
produção de porcelanato cerâmico. Natal 2007. 152f.. Tese (Doutorado em Ciências e
Engenharia de Materiais), Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
D. MULLER, W. et al. Processamento e caracterização de filtros cerâmicos fibrosos,
Cerâmica. 55, n. 335, São Paulo, 2009.
89
CONSTRUÇÃO DE CONDOMÍNIO DE CASAS - INOVAÇÕES E GESTÃO DE
RESÍDUOS GERADOS EM OBRA PARA DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS
SUSTENTÁVEIS.
Aldemaykon Reis de Melo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat
Ayrton Wagner Barbosa da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat
Luiza Gabriela Santos de Medeiros
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat
Gabriela Barbosa Bruno
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- SPP
Evilane Cassia de Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP
Marcos Alissandro Soares dos Anjos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte- CNat
1. Introdução
A indústria da construção civil é considerada grande consumidora de recursos naturais
e também grande geradora de resíduos. Dessa forma, a reciclagem de resíduos da construção
civil – RCC vem se fortalecendo como uma atividade importante, tendo como objetivo a
diminuição dos impactos ambientais, visando os conceitos de sustentabilidade, e de custos. A
sustentabilidade é o principal motor da inovação tecnológica em todos os setores, e tem sido
constantemente discutida e aplicada dentro da construção civil. No Brasil, dispomos da
Resolução n° 307 do CONAMA (BRASIL, 2002) em vigor desde Janeiro de 2003.
Neste contexto, foi iniciado um estudo de caso, visando a viabilidade de se reutilizar
resíduo de origem cimentícia, britando-o e aplicando-o como agregado miúdo em argamassa
de revestimento externo. Essa argamassa será utilizada em um empreendimento de uma
empresa de pequeno porte pretendendo minimizar impactos ambientais, melhorar a
produtividade e diminuir os custos. A empresa em estudo possui o Programa Brasileiro de
Qualidade e Produtividade do Habitat – PBQP-H SIAC – Nível A e o Sistema ISO 9000 e tem
interesse em implementar produtos e práticas sustentáveis na construção do condomínio
habitacional popular de 176 casas, as quais estão nas faixas de concessão de subsídios do
programa Minha Casa, Minha Vida.
Essa reutilização contribuiria no desenvolvimento sustentável de uma construção, isso
porque o que acontece com o material que se desperdiça na obra é em primeiro lugar o prejuízo
financeiro seguido da perda de material e de mão de obra (BOURSCHEID, Jose; SOUZA,
Rhonan, 2010).
Segundo Nagalli (2014), as quantidades, tipos e características dos RCD’s dependem
basicamente dos processos construtivos que deu origem a eles e o material que são constituídos.
Dados de 2005 apontam que, no máximo 20% do resíduo produzido na cidade de Natal-RN,
era reciclado e que 52% dos entrevistados, não conheciam o destino final dos RCD retirados
pela empresa especializada (SILVA FILHO, 2005). Porém essa realidade está mudando, já que
agora as construtoras são obrigadas a destinar seus resíduos de forma correta. Na Tabela 1
90
(SILVA FILHO, 2005) demonstra as proporções da composição média do RCD em NATALRN.
Com isso averiguar se a produção desses resíduos, em especial o de origem cimentícia,
seria suficiente ao ponto de o volume produzido ser proporcional ao reutilizado. Avaliou-se
então, as implicações desses materiais na sustentabilidade da obra, produtividade e custo.
Tabela 1: Composição média dos RCD em Natal-RN.
COMPONENTES
EM VOLUME EM MASSA
CONCRETOS, ARGAMASSAS E PEDRAS NATURAIS
40,0%
63,3%
PRODUTOS CERÂMICOS
30,0%
28,9%
MADEIRAS E DERIVADOS
15,0%
3,4%
VIDROS E POLÍMEROS
8,0%
1,6%
METAIS
7,0%
2,8%
TOTAL
100,0%
100,0%
Fonte: Adaptado de SILVA FILHO (2005).
2. Materiais e Métodos
Para o desenvolvimento da pesquisa, foi-se necessário o acompanhamento das
atividades de campo na obra para o monitoramento, controle da seleção dos resíduos,
determinação das quantidades, tipos e características dos resíduos desta construção.
Levantamento de quantitativos como:
 Consumo de argamassa para o total revestimento externo de um bloco de 4 casas (Figura
1);
 Consumo de Agregado miúdo natural, na argamassa de revestimento externo, por bloco;
 Consumo possível de Agregado miúdo reciclado, na argamassa de revestimento
externo, por bloco;
 Geração de resíduos por casa e/ou bloco (Figura 2).
Para a avaliação da viabilidade do uso do RCC, foram levados em consideração os
seguintes fatores:
 Diferença de consumo entre os agregados;
 Diferença de custo entre o agregado natural e o agregado reciclado.
Foi feito o monitoramento da geração de resíduos por um determinado tempo. Ao final
da construção de 10 casas, observou-se que foi produzido em média um volume de 5,5 m³ de
resíduo cinza, equivalendo a uma média de 0,55 m³ por casa.
91
3. Resultados e Discussões
Para um comparativo eficiente entre o material natural e reciclado, calculou-se o
consumo de argamassa de revestimento externo, e o volume de agregado usado na argamassa
utilizando um traço TMV 1:1:7 para um bloco (Tabela 2).
Tabela 2: Quantitativo de material utilizado para um construir um bloco de casas (8 casas).
COMPONÊNTE
AGREGADO NATURAL
AGREGADO RECICLADO
UNIDADE
ARGAMASSA
3,05
3,05
m³
CIMENTO
0,82
0,71
m³
CAL
0,76
0,66
m³
AGREGADO
4,18
3,62
m³
Fonte: dados da pesquisa.
Os cálculos de consumo do agregado miúdo quantifica que a utilização do agregado
reciclado é inferior em volume em relação ao agregado natural. Isso é consequência das
diferentes massas unitária apresentadas pelos agregados, ocasionando também o menor
consumo de cimento e cal.
Vieira e Dal Molin (2004) realizaram uma ampla pesquisa analisando os agregados
reciclados de resíduos de construção e demolição e comprovaram que esta alternativa é
economicamente mais barato que os agregados convencionais, coforme expresso na Tabela 3,
logo abaixo:
Tabela 3 - Comparativo de custos entre agregados naturais e reciclados (Fonte: VIEIRA;
DAL MOLIN, 2004).
TIPO DE
AGREGADO
AREIA
BRITA
PREÇO MÉDIO PARA AGREGADO (RS/M³)
NATURAL¹
16
31
RECICLADO²
8,47
7,84
ECONOMIA DE
CUSTO DO
PRODUTO (%)
47,06
74,71
FONTE: ¹MÉDIA DE VENDAS PARA PORTO ALEGRE, EM 2004; ²PINTO(2001)
CONSIDERANDO OS VALORES CORRIGIDOS PELOS INDICES DE INFLAÇÃO NO PERÍODO
DE 2001 E 2003.
Neste trabalho pesquisaram-se os comparativos de custos no Estado do Rio Grande do
Norte, mais precisamente, com dados obtidos em Setembro de 2015. Usou-se como referência
para o agregado natural a tabela do sistema nacional de pesquisa de custos e índices da
construção civil (SINAPI) que tem gestão compartilhada entre CAIXA e IBGE. Para o custo
do agregado usou-se como referência a empresa de soluções em materiais de construção,
equipamentos e resíduos sólidos da construção civil – GRUPO DUARTE RN – a qual tem uma
usina recicladora implantada na região metropolitana de Natal-RN. Ver Tabela 4, a seguir:
Tabela 4 - Comparativo de custos entre agregados naturais e reciclados no Estado do Rio Grande do Norte
(setembro de 2015).
TIPO DE AGREGADO
PREÇO MÉDIO PARA AGREGADO (RS/M³)
AREIA MÉDIA
NATURAL¹
55,00
RECICLADO²
30,00
Fonte: ¹CAIXA- SINAPI (Preços de insumos, Natal-RN/09/2015).
² GRUPO DUARTE RN – (Natal-RN/09/2015).
92
Com base nos dados adquiridos, constatou-se uma economia de 25,00 reais/m³ com o
uso do agregado reciclado em relação ao agregado natural, tornando seu uso mais atrativo
economicamente.
4. Conclusões
Com a maior competitividade entre empresas e a introdução do conceito de
sustentabilidade na vida das pessoas, além da obrigatoriedade dentro do município de NatalRN de se dar uma destinação correta aos resíduos da construção, Fez-se necessário uma
reestruturação na forma de pensar dos construtores, agora, é necessário pensar na quantidade
de resíduo que se gera no período de construção.
Com base nos resultados a cima infere-se que: a cada 10 casas construídas, o resíduo
cinza gerado daria, depois de britado, para se reutilizar na argamassa de revestimento de um
bloco por completo.
A reutilização deste resíduo estaria a favor da sustentabilidade, pois caso o material
apresente um desempenho satisfatório com relação a padrões de resistência e durabilidade,
podendo ser reutilizado sem ressalvas, deixaria de ser descartado. Com relação à economia,
este tipo de agregado apresenta custo menor em relação ao agregado natural, apresentando
assim, benefícios. Benefícios estes, que alavancam cada vez mais o eco-desenvolvimento no
Brasil e no mundo.
5. Agradecimentos
Ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela
concessão das bolsas de pesquisa e pelo suporte financeiro através do processo 469219/2014-9
e ao IFRN pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional.
Referências
BOURSCHEID, J. A; SOUZA, R. L. Resíduos de construção e demolição como material
alternativo. Florianópolis: Publicações do IF-SC, 2010.
BRASIL. Governo Federal. Ministério do Meio Ambiente. Conselho Nacional do Meio
Ambiente - CONAMA. Resolução n° 307. Brasília. 2002.
CAIXA - Caixa Econômica Federal. SINAPI. Índices da Construção Civil. Disponível em:
<http://www.caixa.gov.br/Downloads/sinapi-a-partir-jul-2014rn/SINAPI_Preco_Ref_Insumos_RN_092015_NaoDesonerado.pdf>. Acesso em: 1º set. 2015.
NEGALLI, André. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo:
Oficinas de Textos, 2014.
SILVA FILHO, A. F. Gestão dos resíduos sólidos das construções prediais na cidade do
Natal-RN. Natal/RN. Dissertação de Mestrado em Ciências em Engenharia de Produção.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, 2005.
VIEIRA, GL; DAL MOLIN, DCC. Viabilidade técnica da utilização de concretos com
agregados reciclados de resíduos de construção e demolição. Porto Alegre: Editora, 2004.
93
DESENVOLVIMENTO DE CONCRETOS ESPECIAIS PARA UTILIZAÇÃO EM
COMPETIÇÃO ESTUDANTIL
Lorena Gabrielle Rodrigues de França Oliveira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
João Victor Araujo Campos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Francisco Iran Cruz Campos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Valtencir Lúcio de Lima Gomes
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Recentemente, a engenharia vem cultivando conquistas cada vez mais extraordinárias
por meio do emprego de vários recursos e o apuramento das técnicas tornando admissíveis as
possibilidades de se trabalhar com formas e dimensões cada vez mais ousadas. Com a intenção
de estimular esse processo, o Instituto Brasileiro do Concreto - IBRACON criou vários
concursos inovadores como o CONCREBOL, que tem como desafio a moldagem de bolas de
concreto leve, homogêneo e com os parâmetros de resistência otimizados.
E para atender as características exigidas, é necessário estudar a respeito dos concretos
que apresentem características diferenciadas, como os concretos de alta resistência, de alto
desempenho, leve, estrutural, autoadensáveis, aparentes, brancos, entre outros.
Portanto, o objetivo deste trabalho foi mostrar as vantagens de tornar viável a
implantação nos IFRN’s do estudo e desenvolvimento de concretos com características
especiais para atender as mais variadas necessidades, isso também, idealizando a participação
dos alunos nas próximas edições da competição. Desta forma, este também tende, diretamente,
promover a inovação na área da construção civil.
2. Material e Métodos
Na busca de mostrar viabilidade da pesquisa, elaborou-se algumas bolas de forma
experimental, que serão analisadas com o intuito de entender basicamente como se comporta
os materiais, e como pode ser feita a elaboração do concreto e a cura.
Os materiais e métodos utilizados para elaborar as bolas de concreto devem-se atender
as indicações presentes no regulamento do 12º concurso – CONCREBOL, que pode ser
adquirido no site: www.ibracon.com.br, e a caracterização dos materiais (Tabela 1) foi feita de
acordo com as normas vigentes da ABNT.
MATERIAL
CIMENTO 1
CIMENTO 2*
ÁGUA
AGREGADO 1
AGREGADO 2
AGREGADO 3
Tabela 1: Características dos materiais.
IDENTIFICAÇÃO/
MASSA
DIMENSÃO
TIPO
ESPECÍFICA
MÁXIMA
CP V - ARI RS
2,995 g/cm³
------CP Branco
2,96 g/cm³
------Potável
1,00 g/cm³
------Areia média
2,645 g/cm³
2,4 mm
Argila expandida
1,320 g/cm³
2,36 mm
Brita granítica
2,513 g/cm³
6,3 mm
MODULO DE
FINURA
1,48%
1,4%
------2,50
2,90
6,94
94
ADIÇÕES 1
ADIÇÕES 2*
ADITIVO 1
Microssílica
2,250 g/cm³
0,15 mm
Nanossílica
1,070 g/cm³
------Superplastificante
1,087 g/cm³
------*Material somente usado na elaboração do concreto para a bola 03.
Fonte: dados da pesquisa.
0,8%
-------------
As quantidades específicas dos materiais utilizados na fabricação dos concretos para
as três bolas foram determinadas de forma experimental, fazendo o uso dos dados contidos na
Tabela 1 para fins calculistas.
O método de elaboração dos concretos foi realizado obedecendo à sequência abaixo:
 Adição dos agregados (brita, areia e argila expandida) e 30% do total de água;
 Adição do cimento, misturado com a microssílica, e 60% da água;
 Acréscimo de 10% da água;
 E no caso da bola 03, adição da nanossílica;
 Acréscimo do aditivo superplastificante;
 Após todo o material na betoneira, mistura-se por mais cinco minutos.
A cura foi realizada em tanque com água potável da distribuidora local em temperatura
local de 24 ºC.
3. Resultados e Discussões
Analisando a elaboração das três bolas, em relação ao comportamento dos materiais,
no aspecto do agregado leve, a argila expandida usada proporcionou ao concreto é a diminuição
da massa, assim garantido o cumprimento das exigências do IBRACON.
Com finalidade de melhorar as propriedades do concreto, utilizou-se microssílica.
Segundo Thomaz (2008), quando se adiciona a microssílica na mistura do concreto, ela reage
aumentando a resistência mecânica do concreto. Outros benefícios desta adição é o fato de ser
mais fina que o cimento, assim preenchendo os vazios criados pela a água livre na mistura
cimento e água, o que promove o aumento da impermeabilidade.
Outro aspecto importante na confecção é quantidade de água. Esta é utilizada no
sistema a partir da relação água/cimento, ou seja, quanto maior a quantidade de água no
concreto, menor é a tensão limite de escoamento, aumentando sua deformabilidade e
diminuindo a viscosidade da mistura.
Fazendo a comparação entre os valores de resistências obtidos, verificou-se que as
duas primeiras bolas, as quais foi utilizado o cimento Portland de alta resistência inicial (CPV
- ARI), obtiveram resistências menores ao da última bola, na qual foi usado o cimento Portland
branco (CP - B), que proporcionou uma resistência de 70,77 MPa, estimada de acordo com a
NBR 6118: 2014 (Figura 1).
Figura 1: Gráficos dos resultados de resistência à Compressão e abatimento. Fonte: dados da pesquisa.
95
E para garantir a grande fluidez do concreto, foi utilizado um aditivo superplastificante
que possibilita alguns benefícios, como: redução de até 40% da água, o aumento da
trabalhabilidade do concreto, e da resistência à compressão.
Tabela 2: Propriedades dos concretos e as características das bolas.
PROPRIEDADES DOS CONCRETOS E CARACTERÍSTICAS DAS BOLAS
Determinação
Método utilizado
Unidade
BOLA 01
BOLA 02
Abatimento
NBR NM 67
mm
250
254
Resistência
à
NBR 5739
MPa
64,2
56,0
compressão
Massa específica do
NBR 8953
Kg/m³
1675
1670
concreto
Diâmetro da bola
Experimental
mm
222,2
223,0
Massa da bola
Balança digital
g
9893
9899
Fonte: dados da pesquisa.
BOLA 03
247
70,77
1650
225,4
9889
Fazendo uma análise dos dados obtidos, na Tabela 2 e na Figura 1, averigua-se que os
concretos estão de acordos com as especificações técnicas, podendo ser classificados como
concreto estrutural leve e concreto de alto desempenho. E analisando dos resultados a respeito
das bolas, os dados dos diâmetros e das massas das bolas estão adequados aos parâmetros
exigidos pelo regulamento do CONCREBOL.
4. Conclusões
Por meio dos ensaios realizados e dos resultados obtidos adquiriu-se boas expectativas
do desempenho das bolas no CONCREBOL. Apesar disso, ainda se faz necessário estimular à
elaboração de mais bolas experimentais, mudando alguns aspectos como: a quantidade de
material; implantação de novos outros materiais; adaptar outro método de moldagem e entre
outros. Sempre objetivando melhoramento, e assim, constatar qualificação das bolas para
atender todas as 4 (quatro) etapas do concurso com grande sucesso, sem divergir o regulamento.
Com isso, obtém a certeza que a implantação desse estudo nos IFRN’s trará bons frutos
como: o crescimento do conhecimento teórico e prático dos alunos e orientadores; a criação de
novos materiais; a laboração de técnicas construtivas; etc., ou seja, a inovação na área de
construção civil.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS – ABNT. NBR 5739 - Concreto Ensaio de compressão de corpos de prova cilíndricos. Rio de Janeiro, 2007.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR 8953 - Concreto
para fins estruturais – classificação pela massa especifica, por grupos de resistência e
consistência. Rio de Janeiro, 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR NM 35 Agregados leves para concreto estrutural – Especificações. Rio de Janeiro, 1995.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT), NBR NM 67 Determinação da consistência pelo abatimento do tronco de cone. Rio de Janeiro, 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11578 -
96
Especificações - Cimento Portland composto, 1991 Versão Corrigida: 1997;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11579 - Cimento
Portland - Determinação do índice de finura por meio da peneira 75 μm (nº 200), 2012 Versão
Corrigida: 2013;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11768 - Requisitos
- aditivos químicos para concreto de cimento Portland, 2011.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 12989 Especificação - Cimento Portland branco, 1993.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 13956 - Sílica
ativa para uso com cimento Portland em concreto, argamassa e pasta, 2012;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 52 - Agregado
miúdo - Determinação da massa específica e massa específica aparente, 2009;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 53 - Agregado
graúdo - Determinação da massa específica, massa específica aparente e absorção de água,
2009;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 5733 - Cimento
Portland de alta resistência inicial, 1991.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 6118 Procedimento - Projeto de estruturas de concreto, 2014;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 7211 Especificações - Agregados para concreto, 2009;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR NM 23 - Cimento
Portland - Determinação da massa especifica do cimento portland e outros materiais em pó,
2001;
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR NM 248 Agregados - Determinação da composição granulométrica, 2003;
THOMAZ, E. Microsílica. Concretos com microsílica. Rio de Janeiro. p. 01. Disponível em:
<http://aquarius.ime.eb.br/~webde2/prof/ethomaz/cimentos_concretos/microsilica.pdf>.
Acesso em: 24 de setembro de 2015.
97
EPS: SUSTETABILIDADE NA CONSTRUÇÃO (TRAÇO DE CONCRETO LEVE
COM EPS RECICLADO)
Aline Karolinne de Oliveira Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ariel do Nascimento Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Carlos Ranieri Costa Batista
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Guilherme Matheus de Souza Felipe
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Rêllyson Romário Barreto da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciências e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
A construção civil tem bastante significação, não só para o desenvolvimento do país,
mas, para uma melhor qualidade de vida proporcionada aos cidadãos, trazendo benefícios
como: aumento dos ganhos, geração de empregos, valorização dos profissionais, expansão do
mercado, mas, problemas vêm sendo apresentado com frequência nessa área, que é a grande
quantidade de material desperdiçado em suas obras, esses podem ser reciclados e reutilizados
no próprio setor construtivo. Nosso objetivo é estudar uma maneira que venha englobar esse
excesso de petrechos, atribuindo-lhe uma colocação, com o intuito de beneficiar o meio
ambiente e as edificações, criando assim, um traço de concreto leve cujo sua composição passa
a possuir um desses materiais descartados, em nosso caso, focaremos no poliestireno expandido
(EPS). O poliestireno entra no concreto substituindo a brita, que tem como função de
imobilização, aumentando o volume da argamassa e diminuindo seu custo.
2. Material e Métodos
O concreto é constituído por brita, cimento, areia e agua. No concreto leve, o material
a ser usado, é mesmo, sendo retirada apenas a brita que passa a ser substituída pelo poliestireno.
Nosso método principal é estudar o traço de concreto leve, com a melhor dosagem de EPS
(isopor) a ser aplicado. Caracterizando-o, segundo a norma que rege a engenharia civil,
(granulometria, massa especifica e massa unitária...). O estudo partiu da necessidade de
destinação correta desse lixo promovida e descartado em grande quantidade por todas as
edificações, com intuito de beneficiar o meio ambiente, exercitando a sustentabilidade. Para
executarmos nossa pesquisa partimos com base bibliográfica, publicações envolvendo a
problemática.
3. Resultados e discussões
Nas construções de edifícios, é bastante utilizado mecanismos para produzir projetos
meditados. Percebemos que há grande desperdício de uma parcela desses utensílios, isso
porque, quando esses apresentam certas imperfeições ou realmente não estão selecionados a
98
constituir uma estrutura, são descartados pelas edificações, deixando o risco de
comprometimento na armação. O isopor se encontra nessa lista, contribuindo para um maior
índice de descartados. É um material que abatesse uma rede de reciclagem, mas, não se encontra
em outra destinação constante, ficando sem utilidade após seu primeiro uso.
Quanto às propriedades do poliestireno expandido: Possui alta resistência à
compressão. Após certa deformação, retomam facilmente a origem. Apresentam baixa
condutibilidade térmica, não permitindo que o calor externo se propague para o ambiente
interno, nem que o interno seja transferido para o externo, mantendo uma estabilidade térmica
e o conforto à construção. É um material que não tem propriedade capilar, proporcionando
baixa absorção de água e umidade. Adere a outros plásticos. Eficiente como isolante acústica e
tem forte durabilidade, ou seja, é um material que resiste fortemente ao tempo.
O concreto com EPS pode ser aplicado em diversos tipos de construções, como: préfabricados, elementos de vedação internos (paredes), isolante acústico, isolante térmico,
isolante térmico e acústico de lajes, resistência à propagação do fogo, muros exteriores sem
carga, casas pré-fabricadas, tijolos ou blocos, revestimento de fachadas e elementos vazados.
Por se tratar um material leve, sua aplicação deve ausentar-se de estruturas que exigem grandes
esforços. Este material ganhou uma posição estável na construção civil por ser um material de
qualidade e de fácil manuseamento também, pelo baixo custo.
Quando o EPS é direcionado aos depósitos de lixo e apresentam-se como problema,
pois ocupam grande espaço, lotando facilmente essas reservas. Nesse local, não podem ser
queimados por liberarem muito o gás carbônico, um forte poluidor do ar. Por se tratar de um
material durável, quando colocado em lixões, passam muito tempo para se decompor, e
atrapalham ainda, a compactação dos detritos ali colocados. No ciclo da reciclagem, também
são fortes os problemas, precisando de grandes áreas para seu estoque.
Tabela 1: Composição de mistura para 1m³ de concreto
Fonte: dados da pesquisa.
Figura 1 - Mistura do agregado EPS com o cimento. Fonte: registros da pesquisa.
99
Figura 2 – Blocos de concreto leve (EPS). Fonte: registros da pesquisa.
Para dar uma finalidade a essa questão, o isopor passaria a compor com uma maior
vigência, o concreto, sendo esse de qualidade leve. Como todo concreto convencional tem por
composição: agregado, aglomerante e água. Esse material entraria com a função de um
agregado (nesse caso artificial, pois é fabricado por meio de processos industriais), promovendo
uma completa fixação da argamassa, consequentemente, reduzindo os impactos ambientais.
4. Conclusão
Em suma, o EPS apresenta-se como uma significativa opção para a constituição do
concreto leve. Com uma maior frequência da utilização desses materiais, estaríamos
estabelecendo um equilíbrio entre os descartes das construções, e o uso constante dos recursos
naturais, a partir dessa validez, reduzindo eficazmente os estragos ambientais.
5. Agradecimentos
Perante o fim do semestre, com grandes dificuldades, conseguimos concluir nosso
estudo em virtude da orientação de nossa querida professora Evilane Cássia Farias, na qual nos
proporcionou um melhor encaminhamento para o desenvolvimento da pesquisa. Agradecemos
também, a motivadora maior do estudo, conjuntamente Ulisandra Ribeiro.
Referências
ROSSIGNOLO, João Adriano. Concreto Leve Estrutural: Produção, Propriedade,
Microestrutura e Aplicações. São Paulo: Pini, 2009. 144 p.
LARISSA. Como é fabricado o Isopor. Disponível em:
<http://perguntasprovisorio.blogspot.com.br/2011/04/como-e-fabricado-o-isopor.html>.
Acesso em: 01/10/2015
COMISSÃO SETORIAL DO EPS NO BRASIL. Reciclagem do EPS. Disponível em:
<http://www.epsbrasil.eco.br/sustentabilidade.html>. Acesso em: 01/10/2015
REDAÇÃO AMBIENTE BRASIL. Isopor: características. Disponível em:
<http://ambientes.ambientebrasil.com.br/residuos/isopor/isopor_-_caracteristicas.html>.
Acesso em: 01/10/2015
ISORECORT. Construção com EPS. Tire suas dúvidas sobre concreto leve com EPS.
Disponível em: <http://www.construcaocomisopor.com.br/tire-suas-duvidas-sobre-concretoleve-com-eps/>. Acesso em: 01/10/2015.
100
ESTUDO COMPARATIVO DA DURABILIDADE DE CONCRETOS
CONVENCIONAIS E AUTOADENSÁVEIS PELO MÉTODO DE OTSUKI
Aline Santana Franco de Siqueira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Thiago Fernandes de Araújo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Evilane Cássia de Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Marcos Alyssandro Soares dos Anjos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Gabriela Barbosa Brunno
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
É de conhecimento da comunidade técnica que postes de transmissão de energia de
concreto armado convencional, quando submetidos a condições de agressividades como zonas
urbanas de alto tráfego de automóveis e zonas muito próximas ao mar, apresentam com
frequência manifestações patológicas como corrosão das armaduras, resultante do processo de
carbonatação do concreto aliadas a penetração de íons cloretos. Diante dessa problemática, o
presente trabalho tem como objetivo avaliar a durabilidade de concretos dosados para utilização
em postes fabricados por indústria de pré-moldados da cidade de Natal-RN/Brasil pelo método
ensaio de molhagem e secagem em solução salina. Foram analisados quatro traços de concretos,
com resistência mínima de 25 MPa. Dois traços foram confeccionados com concretos
convencionais (CCV), com consumos de cimentos de 400 kg/m3 e 365 kg/m3 e dois outros
traços com concreto autoadensável (CAA), com consumos de cimento de 340kg/m³ e
320kg/m3. Para os traços de CAA foram utilizadas adições de filler calcário e metacaulim. Os
resultados demonstram um melhor comportamento do CAA em relação ao CCV quanto a
durabilidade. Tais resultados serão utilizados para subsidiar a decisão quanto a possíveis
investimentos da indústria de pré-moldados para utilizar CAA em sua linha de produção.
2. Material e Métodos
Os concretos são constituídos por cimento Portland CPV-ARI-RS (Cim), metacaulim
(Mtk), fíler calcário, agregado miúdo e graúdo com as respectivas dimensões máximas de 4,75
mm e 19 mm (no concreto convencional) e 4,75 mm e 12,5 mm (no autoadensável), água e dois
aditivos: um polifuncional (P) a base de sais sulfonados e um superplastificante (SP) a base de
policaborxilato.
Foram produzidas quatro misturas de concretos, sendo duas delas de concretos
autoadensáveis (CAA) e duas de concreto convencional (CCV). As misturas de CCV
apresentam um consumo de cimento de 365 kg/m³ e 400 kg/m³, enquanto as misturas de CAA
possuem um consumo de cimento de 320 kg/m³ e 340 kg/m³, completando-se com fíler calcário
e metacaulim regional para atingir um teor de finos de, aproximadamente, 450 kg/m³ e 440
101
kg/m³ respectivamente como mostra a tabela 1, proporcionando uma redução do cimento da
ordem de 20%.
A escolha dos traços de concreto convencional foi baseada em traços já utilizados pela
indústria de pré-moldados. Enquanto a definição dos traços de CAA partiu de estudos baseados
na redução de consumo de cimento de concretos autoadensáveis de Anjos et al (2014) e
EFNARC (2002).
Materiais
Cimento
Metacaulim
Filler
Agregado Miúdo
Agregado graúdo
Água/cimento (a/c)
Aditivo: Pf
Aditivo: SP
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 1: Composições do concreto.
Composições dos concretos
CCV400
CCV365
CAA340
400
365
340
19
78
770
801
825
950
994
761
0,5
0,52
0,7
1,4
1,3
2
3,9
CAA320
320
32
99
846
781
0,67
1,9
5
Os concretos foram produzidos em betoneiras com capacidade de 150 litros de eixo
inclinado. Para a mistura foi utilizado um processo proposto por Celik et al (2014) que consiste
em 5 etapas, iniciando-se pela colocação do agregado graúdo com um terço da água de
amassamento misturando-se por 30 segundos, em seguida coloca-se o cimento e o filer calcário
e mais um terço da água de amassamento misturando-se por mais um minuto. Na terceira etapa
colocou-se agregado miúdo e o restante da água, misturando-se por mais um minuto. Em
sequência acrescenta-se os aditivos e mistura-se por mais um minuto e por fim a acrescentasse
o metacaulim, misturando-se por dois minutos, totalizando um tempo de mistura de cinco
minutos e meio.
2.1 Ensaio molhagem e secagem em solução salina
Este ensaio possibilita a verificação da profundidade de penetração de íons de cloreto
no concreto após uma permanência de 28 dias de exposição no ciclo proposto por Otsuki (1992).
O ensaio foi iniciado após os CP’s atingirem a idade de 7 dias. O preparo do corpo de prova é
feito protegendo-se os topos com uma camada de material impermeabilizante, no caso, parafina.
Foram realizados 14 ciclos, sendo cada ciclo composto de uma submersão em solução padrão
de 3,5% NaCl por 24h e a seguir, secagem em estufa a 45ºC por mais 24h, totalizando um ciclo
composto por 48h de duração. Ao final dos 14 ciclos os corpos de prova foram submetidos a
ruptura de tração por compressão diametral com o propósito de seccionar o corpo de prova ao
meio e depois foi aspergido uma solução de nitrato de prata (0,1M AgNO3), possibilitando a
observação da frente de penetração dos íons cloretos, utilizando somente área livres da
obstrução por agregados graúdos (LNEC E-463, 2004). Para realização desse ensaio foram
utilizados dois CP’S para cada composição.
3. Resultados e Discussões
A Figura 1 mostra o CP’S após 14 ciclos já com aspersão de nitrato de prata, enquanto
a Tabela 2 apresenta as profundidades de penetração dos íons cloreto, para mesma idade,
juntamente com o desvio padrão. O maior consumo de materiais finos nos concretos
autoadensaveis garantiram a redução do poder de de penetração dos íons cloretos, indicando
102
que os CAA’s fornecem uma melhor proteção para a armadura do que os concretos
convencionais (Nicolas et al, 2014; Ribeiro et al, 2014).
Tabela 2 - Frente de penetração dos íons cloretos nos ciclos de imersão em solução de 3,5% NaCl.
Frente de penetração (mm)
Dosagem
Média
Desvio padrão
CCV400
11,85
0,56
CCV365
13,38
1,05
CAA340
8,35
0,25
CAA320
6,6
0,95
Fonte: dados da pesquisa
Figura 1: Corpos de prova submetidos ao indicativo de nitrato de prata. Fonte: registros da pesquisa.
Quando comparados entre si os CCV’s apresentaram valores semelhantes da
profundidade da frente de penetração de íons cloretos, mesmo com a presença de agregado
graúdo na zona de aferição (Otsuki et al, 1992; Nicolas et al, 2014).
4. Conclusões


Através deste estudo experimental pode-se concluir:
O uso dos CAA’s testados oferece uma grande vantagem em relação aos CCV’s
utilizados atualmente nas indústrias de pré-moldados em Natal-RN/Brasil quanto à
proteção da armadura a ataques de cloretos, comuns nesta região.
O teor de metacaulim mais alto em CAA320 em relação ao CAA340 proporcionou
resultados benéficos para durabilidade, resistência a compressão e absorção de água.
5. Agradecimentos
Ao CNPQ pela concessão das bolsas de pesquisa dos autores deste artigo e ao IFRN
pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional.
Referências
ANJOS, M.A.S. et al. Betão auto-compactável eco-eficiente de reduzido teor em cimento com
incorporação de elevado volume de cinzas volantes e metacaulino. 1º Congresso LusoBrasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis. Guimarães - Portugal, 2014.
103
Celik, k. et al. High-volume natural volcanic pozzolan and limestone powder as partial
replacements for portland cement in self-compacting and sustainable concrete. Cement &
concrete composites. n. 45, 2014, p. 136-147.
EFNARC. The European Guide lines for Self-Compacting Concrete Specification, Production
and Use. BIBM, CEMBUREAU, EFCA, EFNARC, ERMCO, maio 2005.
LNEC E-463: Betão: determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por migração em
regime não estacionário, documentação normativa, especificação. LNEC, 2004.
Nicolas, R. S. et al. Performance-based approach to durability of concrete containing flashcalcined metakaolin as cement replacement. Construction and Building Materials. n. 55,
2014, p.313–322.
Otsuki, N. K. et al. ACI Materials Journal, Technical paper. 1992, p. 587 – 592
Ribeiro, D. V. et al. Corrosão em Estruturas de Concreto Armado: teoria, controle e métodos
de análise. Rio de Janeiro: Elsevier, 2014. 272 p.
104
ESTUDO DO TEOR DE ÁLCOOL NA GASOLINA NA REGIÃO DO TRAIRI
Paulo Roberto Cunha dos Santos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Antônio Carlos Souza Junior
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
José Robson Fideles da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Eduarda de Souza Lins
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
A relação entre o homem e a natureza vem ao longo do tempo sendo dominada pela
ação do homem e a sua falta de preocupação com o ambiente em que vive. A utilização aos
recursos naturais como se fosse infinita a quantidade de suas reservas tem sido uma constante
em alguns setores da sociedade. Tentando inverter essa situação, atualmente começa a surgir
uma nova mentalidade, em que o homem deve procurar viver em harmonia com a natureza. Os
recursos naturais de combustíveis fosseis e sua exploração tem causado uma preocupação tanto
para sua escassez no futuro como os impactos que causa na natureza no presente. A utilização
de combustíveis limpo ainda não é utilizado em larga escala, como o biocombustível que é
considerado um combustível limpo porque as emissões resultantes do seu uso nos centros
urbanos são geralmente menores e menos agressivas em comparação com as geradas pela
gasolina, diesel e mistura carburante com a adição do álcool anidro à gasolina. O petróleo é
uma reserva mineral que tem sido utilizada como matéria de fonte de energia essencial para
garantir o desenvolvimento industrial verificado a partir do século XX. Através da sua
destilação fracionada, pode-se obter vários produtos derivados de grande importância
econômica, tais como o gás natural, o querosene, o diesel, os óleos lubrificantes, a parafina e o
asfalto. Mas a fração do petróleo que apresenta maior valor comercial é a gasolina, tipicamente
uma mistura de hidrocarbonetos saturados que contém de 5 a 8 átomos de carbono por molécula.
Por questões econômicas cada vez mais o homem fica dependente do uso dos combustíveis
fosseis como a gasolina, diesel e etc. A crise mundial tem trazido uma instabilidade no preço
do petróleo, com sucessivos aumentos do preço de seus derivados, a gasolina. A qualidade da
gasolina comercializada no Brasil tem sido constante objeto de preocupação. A iniciativa do
lobby dos usineiros faz com que o governo autoriza adulteração da gasolina pura com adição
de etanol. Assim a sociedade tem se preocupado com a determinação da sua composição, pois
é importante, devido a algumas formas de adulteração com solventes orgânicos que prejudicam
os motores dos automóveis.
Nos últimos anos a adulteração da gasolina tem preocupado muito a sociedade e
algumas instituições como o Ministério Público, a Agência Nacional de Petróleo – ANP.
Adulteração da gasolina dependendo da época, pode conter outros compostos oxigenados além
do etanol anidro, geralmente isso acontece em épocas de crise no abastecimento de álcool,
quando a produção da indústria alcooleira não é suficiente para atender à demanda de etanol
anidro. O percentual atualmente de álcool para a gasolina, autorizado pela ANP é 27%.
O excesso de álcool em relação aos limites estabelecidos pela ANP compromete a
qualidade do produto que está chegando aos consumidores. Assim, avaliar a composição da
105
gasolina, verificando se o teor de álcool está adequado, é uma atitude muito importante para ser
trabalhada no ensino médio como experimento no desenvolvimento de conceitos associados a
teorias trabalhadas em sala de aula. Alguns temas que podem ser associados com as
propriedades físicas, como a solubilidade e densidade, e a sua utilização no processo de
identificação e quantificação de substâncias, as misturas e separação de misturas, além de
discutir temas científicos e econômicos.
A pesquisa tem como objetivo utilizar uma atividade prática simples que serve para
quantificar o teor de etanol em amostras de gasolina de postos da região do Potengi. O tema foi
sugerido pelo coordenador do projeto e discutido com os alunos de um grupo de pesquisa. O
teste do teor de etanol na gasolina forneceu resultados que podem servir de também como
parâmetros para o consumidor.
Objeto dessa pesquisa faz parte do trabalho de extensão em fluxo continuo do IFRN_
campus Santa Cruz. A pesquisa está sendo realizada com alunos do Ensino Médio integrado
dos cursos de meio ambiente e edificação. A identidade dos postos e o nome das distribuidoras
foram preservados.
2. Material e Métodos
O experimento está sendo executado utilizando amostras de gasolina comum coletadas
pelos pesquisadores em postos da região do Potengi. As análises foram efetuadas por discente
do curso de meio ambiente e edificação do IFRN-São Paulo do Potengi.
2.1 Materiais e reagente
2.2 Procedimento experimental
1- Com uma proveta de vidro de 50 mL e previamente limpa, coloca-se 50 mL de gasolina,
2- Coloca-se 25 mL de água destilada na proveta com gasolina (observação importante é
que deve colocar a gasolina na proveta e em seguida adicionar a água até completar o
volume de 100 mL)
3- Misturaram-se as camadas por meio de agitação mecânica levemente cerca de dez vezes.
4- Deixar a mistura em repouso por aproximadamente 05 minutos.
5- Observar o aumento do volume da fase aquosa.
6- Calcular o percentual de etanol a partir da fase aquosa
7- Os resultados obtidos estão organizados no gráfico 1.
Gráfico 1: dados obtidos nos três primeiros meses de pesquisa com amostras de gasolinas
106
Fonte: dados da pesquisa.
3. Resultados e Discussões
As analises mostram que os estabelecimentos utilizam gasolinas com o teor de álcool
muito próximo ao valor permitido pela ANP de 27%. Comparando os quatros estabelecimentos,
verifica se que o estabelecimento A apresentou no mês de agosto e setembro um teor menor do
que os demais, porém no último mês os estabelecimentos A e C tiveram suas analises fora do
padrão estabelecidos. A partir da análise, podemos observar que as amostras de gasolina de
modo em geral não estão adulteradas, pois estão dentro da concentração de álcool na gasolina
brasileira, segundo o CNP (Conselho Nacional do Petróleo). Assim, podemos dizer que a
gasolina utilizada para análise está em condições de uso.
4. Conclusões
O trabalho tem atingido seus objetivos principalmente na questão do despertar para
iniciação cientifica dos alunos, a assiduidade e a participação tem sido muito importante, pois
todos do grupo tem feito questionamentos pertinentes e o fato do experimento ter o lado pericial
não deixa de despertar a curiosidade pericial. A proposta do projeto está conseguindo ir além
do estudo teórico químico, mas está mostrando que ao colocar os discentes em atividades
práticas, possibilita ao mesmo a chance de trabalhar as questões sobre temas atuais e de grande
relevância social. Práticas como essas, corroboram para um despertar dos alunos do papel da
química em nossa sociedade, seus benefícios e suas implicações ambientais e a abordagem de
valores éticos quando discutido a adulteração dos combustíveis.
Referências
A. L. Mc CLELLAN. Guia do Professor para Química: uma ciência experimental. Fundação
Calouste Gulbenkian. 1984. Disponível em:
107
<http://olx.pt/anuncio/guia-do-professor-para-qumica-uma-cincia-experimentalIDu6Xwd.html>. Acessado em: 19 de agosto 2015.
BRASIL. Agência Nacional do Petróleo. ANP participa de operação contra desvio de
combustíveis no amazonas. Disponível em: <http://www.anp.gov.br/>. Acessado em: 20 de
agosto 2015.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR – 5992 Determinação da Massa Específica e do Teor Alcoólico do Álcool Etílico e suas Misturas
com Água. Rio de Janeiro. ABNT, Jul., 1966.
Melissa Dazzani et al. Química Nova na Escola. 2003. N° 17, maio 2003. Disponível em:
<http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc17/a11.pdf>. Acessado em: 21 Agosto, 2015.
108
FORMULAÇÃO E MODULAÇÃO DE PLACAS DE VEDAÇÃO SUSTENTÁVEL,
UTILIZANDO RESÍDUO DE CELULOSE, PROVENIENTE DA CADEIA
PRODUTIVA DA CONSTRUÇÃO CIVIL COM BAIXO TEOR DE CIMENTO.
Ana Raquel Brito de Macêdo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Juliene do Nascimento Menezes
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
A aceleração econômica brasileira dos últimos anos assegurou um crescimento de
diversas atividades produtivas, dentre as quais podemos destacar a construção civil. Contudo,
apesar da sua relevância econômica e social (pois também é um setor intensivo em mão-deobra) para economia brasileira, a construção civil é uma das atividades de maior consumo de
recursos naturais, consequentemente, é uma das maiores geradoras de resíduos e estes com
diferentes graus de impacto ambiental. Nessa perspectiva, é fundamental lembrar que esse setor
pode ser extremamente nocivo para o meio ambiente quando não acordada a importância das
ações de sustentabilidade. Como exemplo, pode-se citar a quantidade média de sacos de
cimento utilizados somente durante a confecção da estrutura de um prédio residencial de 29
lajes, cerca de 112.000 (cento e doze mil) sacos de cimento necessários para confecção de
aproximadamente 14.000 m³ (catorze mil) de concreto. Este número de sacos de cimento
corresponde, em massa, a 25,8 toneladas de resíduo por empreendimento, (230 gramas/saco de
cimento vazio). Frente a este problema socioambiental, será realizado o estudo e o
desenvolvimento de formulações de massa a base de celulose (sacos de cimento), cal e/ou cal
virgem, silicato de sódio e cimento para a confecção de placas de vedação a serem utilizada na
cadeia da construção civil visando diminuição do custo final das construções. Diante deste
contexto, este projeto torna-se uma oportunidade de apresentar uma alternativa técnica e
comercialmente viável para um resíduo proveniente do processo construtivo, criando um
produto de acordo com as normas vigentes e com retorno financeiro. A criação deste produto
promoverá contribuições para o desenvolvimento sustentável em consonância com a solução
do problema social da habitação. As placas de vedação à base de celulose (sacos de cimento
descartados, papel Kraft) vem contribuir de forma economicamente vantajosa, a redução de
custos energéticos na sua produção (dispensa do processo de queima), além de evitar a
deposição dos sacos de cimento dos aterros sanitários.
2. Material e Métodos
Para o desenvolvimento dessa pesquisa foram utilizadas as seguintes matérias primas:
Sacos de cimento descartados; cal e/ou cal virgem; silicato de sódio; Cimento Portland CP V
ARI; Bactericida e Fungicida.
Os sacos de cimentos vazios foram cortados em tiras e submetidos a saturação em
uma solução de água e cal por 48 horas. Após a saturação total da matéria prima, a mesma foi
triturada em um triturador tipo faca, por via úmida, para obtenção da pasta de celulose, em
seguida, a pasta obtida foi prensada para a retirado do excesso de água, o que tem por objetivo
o controle da umidade durante a confecção dos traços para a confecção das placas. Foram
desenvolvidas formulações a base de cal, silicato de sódio, cimento, pasta de celulose, fungicida
e bactericida (Tabela 1), onde para cada formulação foram confeccionados 10 corpos de provas
109
por prensagem mecânica, 15 MPa. Em seguida, os corpos de provas foram submetidos à cura
seca por 28 dias. Após o tempo de cura, os corpos de prova foram submetidos aos ensaios
físicos e mecânicos previstos pelas normas vigentes afim de atestar a funcionalidade do produto
final.
Matérias Primas
Celulose (Kg)
Cimento (Kg)
Cal (Kg)
Silicato de Sódio (ml)
Fungicida (%)
Bactericida (%)
Tabela 1: Formulações de base para traços.
Formulação 1
Formulação 2
Formulação 3
10,68
10,68
10,68
4
3
3
1
0,5
100
200
100
0,14
0,14
0,14
0,14
0,14
0,14
Formulação 4
10,68
2
0,2
100
0,14
0,14
Fonte: dados da pesquisa.
3. Resultados e Discussões
Após a elaboração do traço e conformação dos corpos de prova (CP) os mesmos foram
sujeitos a 28 dias de cura, em seguida os CPs foram submetidos ao Ensaio de Compressão
Axial, de acordo com a norma NBR. 5739/ 07 – Ensaio de compressão de corpos, conforme
apresentado na Figura 1, a seguir.
Figura 1: Gráfico de resistência à compressão aos 28 dias de cura.
Fonte: dados da pesquisa.
4. Conclusões
De acordo com os resultados obtidos no ensaio de resistência a compressão, observase que o traço T10 com bactericida, fungicida e silicato de sódio, apresentou o a maior
resistência média, 23,13 Mpa, e o traço T5 sem silicato de sódio, porém com bactericida e
fungicida, apresentou a menor resistência média, 8,43 Mpa. Esse comportamento pode estar
diretamente ligado a influência do comportamento do silicato de sódio na cinética de reação de
hidratação do cimento Portland, sendo este agente defloculante, permite uma melhor interação
água/cimento promovendo maior e hidratação do cimento e consequentemente uma maior
resistência a compressão da argamassa a base de celulose, vale destacar que o traço T5, tem em
sua composição 5% de cimento Portland enquanto o traço T10 possui 10%, fator este que
também contribuiu para o acréscimo de resistência dos corpos de prova deste traço. Embora a
ausência de silicato de sódio tenha promovido uma diminuição na resistência a compressão dos
corpos de provo confeccionados com a argamassa T5, pode ser observado que esta resistência
está dentro dos parâmetros exigidos pelas normas para elementos de vedação, desta forma,
todos os traços confeccionados possuem potencial para ser utilizados na confecção de
elementos de vedação, ou seja, sem finalidade estrutural. Os próximos passos dessa pesquisa
110
será a verificação da resistência a flexão em placas, conforto térmico e acústico, tendo como
foco sua utilização em substituição aos forros de gesso e as placas de gesso acartonado
utilizados no sistema construtivo conhecido como dry wall.
5. Agradecimentos
Ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte pelo
apoio total durante o processo de desenvolvimento.
Referências
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Portland. Rio de Janeiro, 1991.
BARATA, M. S.; MOLIN, D. C. C. D. Avaliação preliminar do resíduo caulinítico das
indústrias de beneficiamento de caulim como matéria-prima na produção de uma
metacaulinita altamente reativa. Ambiente Construído, v. 2, n. 1, p. 69-78. 2002.
LACERDA, C. S.; HELENE, P. R. L. Estudo da influência da substituição de cimento
portland por metacaulim em concretos. Boletim Técnico da Escola Politécnica da
Universidade de São Paulo. São Paulo: EPUSP,2005.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 11768 – Aditivos
químicos para concreto de cimento Portland – Requisitos, Rio de Janeiro, 2011.
_________. NBR 5738 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova,
Rio de Janeiro, 2003.
_________. NBR 5739 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova, Rio de
Janeiro, 2002.
_________. NBR 12653 – Materiais pozolânicos, Rio de Janeiro,1992.
_________. NBR 7215 – Cimento Portland- Determinação da resistência à compressão, Rio
de Janeiro 1997.
MARILIA P. O.; NORMANDO P. B. Potentialities of a calcined kaolin as material of partial
replacement of portland cement in mortars. Revista Brasileira de Engenharia Agrícola e
Ambiental. v.10, n.2, p.490–496, 2006
MEHTA, P. K.; MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São
Paulo: PINI, 1994.
VARELA, M. L. N. M, Aproveitamento de resíduo de beneficiamento do caulim na produção
de porcelanato cerâmico. – Natal, 2007. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Doutorado. (TESE).
111
GESTÃO DE RESÍDUOS DE EQUIPAMENTOS ELETROELETRÔNICOS: UM
ESTUDO DE CASO SOBRE O DESCARTE DE TONERES DE IMPRESSORAS EM
UMA EMPRESA PRIVADA ALFA DO RIO GRANDE DO NORTE
Ahiram Brunni Cartaxo de Castro
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ulisandra Ribeiro de Lima
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Suênia Daiara Teixeira dos Santos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Caroline Marina Cavalcanti Bezerra
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Os Equipamentos Eletro-Eletrônicos (EEE), entre eles desktops, notebooks,
impressoras, cartuchos e toneres, aparelhos celulares, possibilitam o acesso fácil e rápido a
informação, comunicação e ao conhecimento, independente de posição geográfica e de forma
ilimitada. Por isso, passaram a ser corriqueiros no nosso dia-a-dia.
Porém, com o uso, os EEE se desgastam, inviabilizando muitas vezes o seu uso,
gerando-se seu descarte. Conforme Moura et al. (2012), o lixo eletrônico cresce cerca de 5 mais
do que o lixo urbano e isso é preocupante no Brasil onde grande parte desse volume não tem
destinação adequada.
Nesse sentido, conforme Cirotto (2013), os Resíduos de Equipamentos
Eletroeletrônicos (REEEs) podem ser um potencial desastre ambiental se forem descartados
incorretamente na natureza. Entre os EEE mais comuns tem-se os cartuchos de toneres de
impressoras que, conforme Moura et al. (2012), são um dos REEEs mais contaminantes devido
aos componentes da própria carcaça do equipamento, composta de plástico, bem como devido
ao pó de fumo que contém metais pesados, responsáveis pela contaminação do solo e da água.
Para a saúde humana, o risco se encontra principalmente através do manuseio dos
toneres de impressora, por exemplo, no momento quando é feita a recarga que, através da pele,
da inalação ou da ingestão, podem causar doenças como alergias, bronquite, asma e até o
câncer. (HUANG; SARTORI, 2012; CIROTTO, 2013).
Entretanto, conforme Cirotto (2013), empresas de tecnologia de ponta vem adotando
atitudes para vencer essa preocupação – do descarte incorreto, sendo: programas de
gerenciamento de resíduos sólidos através da remanufatura (o toner passa por um processo que
inclui teste de seus circuitos eletrônicos, troca de peças, recarga e controle de qualidade de
impressão), recarga (consiste em encher novamente o toner sem nenhum controle de qualidade
de seus componentes), reciclagem (processo que visa transformar materiais usados em novos
produtos com vista a sua reutilização). Por este processo, materiais que seriam destinados ao
lixo permanente podem ser reaproveitados, logística reversa (coleta e a restituição dos resíduos
sólidos ao setor empresarial para reaproveitamento ou destinação final adequada, de forma
planejada e com controle e eficiência para recapturar valor ao produto, diminuindo-se os custos
das empresas, além de conquistar o status positivo que atrai consumidores que valorizam
empresas ecologicamente corretas), coleta seletiva de EEE, descarte em pontos de coleta
públicos, E-commerce de resíduos de EEEs etc., impulsionadas principalmente pelas exigências
112
da Política Nacional de Resíduos Sólidos – PNRS (instituída pela Lei 12.305/2010); política
que tem seu foco principalmente na logística reversa e traz orientações sobre a proteção da
saúde pública e qualidade ambiental, sobre o estímulo para adoção de padrões sustentáveis de
produção e consumo de bens e serviços, a redução do volume e periculosidade dos resíduos, e
o incentivos à reciclagem e a gestão integrada de resíduos sólidos. (SILVA, 2010; BRASIL,
2010). Elevando-se a importância do conhecimento que as organizações devem ter sobre os
aspectos legais de suas atividades. (CIROTTO, 2013).
Além disso, conforme a ABDI (2013), um dos caminhos também pode estar no
desenvolvimento de projetos em cooperação com associações, ONGs e outras empresas,
principalmente as desenvolvedoras de novas tecnologias, que desmontam os componentes dos
EEEs e suas peças são encaminhadas para recicladores ou utilizadas para reposição em outras
máquinas.
Portanto, para se evitar os riscos de contaminação, tanto para a natureza como para os
seres humanos, conforme caracterizado anteriormente, faz-se necessário conhecer como ocorre
a destinação dos REEEs, com foco no descarte dos toneres de impressora. Assim, questiona-se:
como ocorre o descarte dos toneres de impressora em organizações do Rio Grande do Norte
(RN)? Qual o papel social assumido pelas organizações nesse processo?
A pesquisa se justifica pela possibilidade entender quais os caminhos percorridos na
gestão de resíduos de EEE, com foco no descarte dos toneres de impressoras em organizações
do RN, considerando-se que se trata de um produto com potencial contaminante. Além disso,
o interesse pelo tema surgiu em decorrência de uma pesquisa realizada em portais acadêmicos
na internet, em que foram encontradas poucas pesquisas, e entre as encontradas, relacionam-se
de forma indireta ao tema, como por exemplo, sobre “remanufatura de toneres”, “logística
reversa na gestão de REEEs”, “descarte de resíduos sólidos” e “reciclagem de EEE”.
A organização Alfa pesquisada, foi uma microempresa de sociedade comercial Ltda.
fundada em 2004. Trata-se de uma empresa privada que presta serviço especializado na recarga
de cartuchos jato de tinta e toneres para impressora a laser. Também atua com comodatos de
impressora laser e jato de tinta em organizações públicas e privadas. Atualmente emprega 9
trabalhadores e negocia em média 700 toneres de impressora por mês. Sua missão é “Oferecer
uma ampla linha de soluções em impressão que vai desde a remanufatura de cartuchos jato de
tinta e toneres, até a completa terceirização do seu parque de impressão (outsourcing). Tudo
isso com a mais alta qualidade e agilidade com o objetivo de proporcionar completa satisfação
do cliente.”
O objetivo da pesquisa foi conhecer como ocorre o descarte dos toneres de impressora
em uma empresa privada Alfa do Rio Grande do Norte e quais atitudes sociais essa empresa
desenvolve para sensibilização da educação ambiental.
2. Material e Métodos
A pesquisa quanto à forma de abordagem foi classificada como quantitativa. Do ponto
de vista dos procedimentos técnicos trata-se de um estudo de caso e de campo. (YIN, 2010).
Utilizou-se do método descritivo para a descrição das características da amostra pesquisada e o
estabelecimento de relações entre as variáveis da pesquisa. (VERGARA, 2007). Quanto à
população, realizou-se um censo com os dois sócios-diretores da empresa denominada de Alfa,
escolhida por conveniência pelos pesquisadores. A coleta dos dados da pesquisa ocorreu em
Outubro de 2015.
O instrumento de coleta de dados utilizado para atingir o objetivo da pesquisa foi um
questionário com 11 questões fechadas, elaboradas a partir do conteúdo teórico do autor Cirotto
(2013). Para o referido questionário foram utilizadas escalas ordinais de respostas gradativas
com intensidade decrescente para a maioria das questões; enquanto para as outras questões,
113
foram descritas opções de resposta por ordem de importância. Também se utilizou de um
questionário sócio demográfico e um questionário sobre o perfil da empresa pesquisada. Os
dados coletados foram tratados em planilhas eletrônicas a partir do agrupamento das respostas
dos sócios proprietários da empresa.
3. Resultados e Discussões
Quanto a caracterização dos sócios proprietários respondentes, tem-se que: ambos eram
do sexo masculino, com faixa etária entre 26 e 35 anos de idade e com formação em nível
superior na área de informação/sistemas de informação.
Quanto a descrição e discussão dos resultados da pesquisa, considerando-se o objetivo da
pesquisa e com base nos dados coletados nos questionários aplicados, a partir da teoria
levantada por Cirotto (2013), percebeu-se que:
Na empresa Alfa, os respondentes afirmaram ter conhecimento sobre os componentes
químicos que compõem um toner de impressora, bem como responderam saber quais os riscos
do contato com os componentes químicos dos toneres para a saúde humana e para o meio
ambiente. Além disso, disseram utilizam como atitudes para evitar os danos ambientais no
descarte dos toneres, a remanufatura e a reciclagem.
Nesse sentido, percebe-se que o descarte dos toneres de impressora na empresa alfa
tem destinação adequada, pois conforme Cirotto (2013) a remanufatura e a reciclagem, são
importante alternativas de descarte. Ainda conforme os respondentes, afirmaram se utilizar da
estratégia de não descarte das carcaças dos toneres, sendo encaminhado para reciclagem apenas
componentes do mesmo, tais como cilindros, lâminas e rolos, pois as carcaças eram são
reaproveitadas, evitando-se a contaminação do solo e da água conforme colocado por Moura et
al. (2012).
Entretanto, olhando para foco da PNRS, tem-se que a maior orientação é para a
logística reversa, sendo, portanto, este um desafio para a empresa Alfa.
Outra constatação foi que na empresa Alfa, os REEEs, entre eles os toneres de
impressoras, “algumas vezes” são descartados separadamente dos outros tipos de resíduos em
recipientes próprios. Portanto, apesar da organização sinalizar para a reciclagem, ainda parece
ser um processo em construção. Além disso, apesar dos sócios proprietários afirmarem ter
conhecimento sobre os componentes químicos que compõem o produto; por outro lado,
disseram não saber quais doenças podem ser causadas pela contaminação humana com o pó
existente nos toneres. Outra informação levantada na pesquisa, foi que apenas “algumas vezes”
os trabalhadores da empresa que manuseiam os REEEs, utilizam equipamentos de proteção
individual adequados para o trabalho.
Significa dizer que, que os trabalhadores da empresa, durante o manuseio dos toneres
de impressora, por exemplo, no momento quando é feita a recarga que, através da pele, da
inalação ou da ingestão, podem estar adquirindo doenças, tais como: alergias, bronquite, asma
e até o câncer. (HUANG; SARTORI, 2012; CIROTTO, 2013).
Ainda conforme os respondentes, a empresa não mantém práticas educativas para
sensibilizar os trabalhadores e usuários sobre os cuidados com o manuseio e sobre os
procedimentos corretos para descarte do resíduo proveniente dos toneres de impressoras, nem
mantém algum programa de educação ambiental através de cartilhas educativas, cursos,
palestras, consultoria, sites etc. Levanta-se um paradoxo, pois na organização onde os
respondentes conhecem os componentes químicos e seu potencial risco contaminante tanto para
a natureza, quanto para os seres humanos, bem como, considerando-se que os respondentes são
da área de EEE (informática/sistemas de informação), que a empresa está consolidada no ramo
tendo como clientes empresas públicas e privadas, esperava-se uma maior empenho da
organização no processo educacional, frente a periculosidade dos materiais que compõem os
114
toneres de impressoras. (HUANG; SARTORI, 2012; CIROTTO, 2013). Este resultado pode
impactar no status que atrai consumidores que valorizam empresas ecologicamente corretas.
Os respondentes afirmaram ainda não conhecer a PNRS, que traz orientações sobre a
proteção da saúde pública e qualidade ambiental, sobre o estímulo para adoção de padrões
sustentáveis de produção e consumo de bens e serviços, a redução do volume e periculosidade
dos resíduos, e incentivos à reciclagem e gestão integrada de resíduos sólidos. Levanta-se uma
preocupação, pois segundo Cirotto (2013), faz-se importante que as organizações saibam os
aspectos legais de suas atividades econômicas, pois é através da legislação que também se criam
deveres e obrigações. Nesse ponto, percebe-se também que o estímulo para a logística reversa,
que é o principal foco da PNRS, fica comprometido pela limitação de conhecimento dos sócios
proprietários da legislação.
4. Conclusões
Portanto, quanto a gestão dos resíduos sólidos, especificamente os EEE, tem-se a partir
do caso estudado e dos objetivos traçados que: as atitudes utilizadas para o descarte de toneres
de impressoras estão em nível de remanufatura dos toneres e a reciclagem de seus componentes
através de coleta seletiva. Porém, considerando-se que a organização não tem seu olhar para a
PNRS, que traz orientações não somente sobre o descarte, mas sobre a proteção da saúde
pública e qualidade ambiental, sobre o estímulo para adoção de padrões sustentáveis de
produção e consumo de bens e serviços, a redução do volume e periculosidade dos resíduos
etc., também se percebeu que existe uma lacuna na empresa quanto aos novos processo de
descarte de toneres, como é o caso da logística reversa, que pode ser fruto inclusive do
desconhecimento da PNRS. Além disso, o processo de reciclagem conduzido na empresa Alfa
ainda parece ser um processo em construção.
Quanto a sensibilização para a educação ambiental, tem-se: que a empresa não mantém
práticas educativas para sensibilizar seus trabalhadores e usuários, nem mantém programas de
educação ambiental. Por se tratar de uma organização consolidada no mercado, com uma média
de 700 toneres de impressoras comercializados por mês, com clientes em organizações públicas
e privadas, além de usuários civis e trabalhadores, esperava-se um resultado positivo quanto as
estratégias para evitar a contaminação humana e da natureza devido a periculosidade do
produto, sendo este um resultado pode impactar no status que atrai consumidores que valorizam
empresas ecologicamente corretas.
5. Agradecimentos
Ao Programa de Apoio Institucional à Pesquisa do IFRN que possibilitou este estudo a
partir do projeto “O risco invisível dos toneres de impressora para a saúde humana”,
selecionado pelo EDITAL Nº 10/2015-PROPI/IFRN.
6. Referências
AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL. Logística Reversa de
Equipamentos Eletroeletrônicos: análise de viabilidade técnica e econômica. Disponível em:
<http://www.abdi.com.br/Estudo/Logistica%20reversa%20de%20residuos_.pdf>. Acesso em:
22 Out. 2015.
BRASIL. Lei nº 12.305, de 2 Ago. 2010. Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos;
altera a Lei no 9.605, de 12 Fev. 1998 e dá outras providências. Brasília, 2010. Disponível
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2010/lei/l12305.htm>. Acesso em:
115
1º Out. 2015.
CIROTTO, M. F. S. Abordagem do correto descarte de cartuchos de tinta e toners por meio
de cartilha educativa. Trabalho de Conclusão do Curso de Licenciatura em Ciências
Biológicas. Faculdade de Ciências da Educação e Saúde (FACES), 2013. Disponível em:
<http://repositorio.uniceub.br/bitstream/235/6437/1/20652357.pdf>. Acesso em: 01 Out.
2015.
HUANG, Thiago Thomas; SARTORI, Vinicius Campanha. Estudo sobre remanufatura de
cartuchos de toner de impressora de duas faculdades da UNICAMP. Revista Ciências do
Ambiente On-Line. v. 8. n. 2. Outubro, 2012.
MOURA, Felipe P. de; OLIVEIRA, R. da Silva; AFONSO, J. Carlos. Processamento de
cartuchos de impressoras de jato de tinta: um exemplo de gestão de produto pós-consumo.
Quim. Nova. v. 35. n. 6. 2012.
SILVA, Pedro M.F. Logística Reversa Como Ferramenta para Diminuição dos Impactos
Ambientais: o recondicionamento de carcaças dos cartuchos usados de toner. Universidade de
Brasília. – Brasília, 2010.
VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de pesquisa em administração. São Paulo: Atlas,
2007.
YIN, R. K. Estudo de Caso: planejamento e métodos. 4. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2010.
116
GRAFENO: O MATERIAL QUE REVOLUCIONARÁ A TECNOLOGIA
Eduardo Galvão Ramalho
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Eloísa Conceição Nascimento Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Fernanda Mendonça Fontes Galvão
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
Os estudos referentes ao carbono têm grande importância para a ciência e tecnologia,
tendo em vista suas diversas aplicações, estando estas relacionadas às diversas formas que este
elemento pode ser encontrado. O grafeno é uma estrutura do elemento carbono, sendo uma das
suas formas cristalinas, assim como sua forma diamante, e possuindo uma organização entre os
átomos de carbono similar as formas alotrópicas grafite, nanotubos e fulerenos. É considerado
o bloco de construção básico para as nanoestruturas de carbono, com exceção do diamante.
Atualmente, outras formas alotrópicas do carbono já são conhecidas, como a lonsdaleíta
(conhecida também como diamante hexagonal) e os fulerenos C60, C540 e C70, além dos já
citados anteriormente. Uma grande potencialidade deste material está ligada a que uma folha
de grafeno manipulada de formas diferentes pode transformar-se em outras formas de carbono,
além do fato de ser o material mais forte já demonstrado.
Em virtude deste material ser relativamente novo e ainda pouco explorado, surgiu o
interesse de aprofundar o conhecimento a respeito do mesmo. A pesquisa bibliográfica sobre o
grafeno foi idealizada com intuito de divulgar as potencialidades de um material que promete
ser próspero em tecnologias e inovações.
2. Material e Métodos
O material objeto deste estudo é uma estrutura do elemento carbono, em sua forma
alotrópica grafeno. O grafeno é uma das formas cristalinas do carbono, assim como o diamante,
a grafite, os nanotubos de carbono e fulerenos, estando algumas destas formas alotrópicas
ilustrada na figura 1. O grafeno é o material mais forte já demonstrado, com estimativas de
possuir Módulo de Young da ordem de 1 TPa e tensão de resistência máxima de 130 GPa, sendo
que do ponto de vista estrutural o grafeno consiste em uma folha plana de átomos de carbono
densamente compactados em uma grade de duas dimensões (FONSECA, 2011; INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA, 2010).
117
Figura 1. Formas alotrópicas do carbono: Grafite, Diamante, BC8, Fulereno, Nanotubo de Carbono e Grafeno.
Fonte: EL GRAFENO (2015).
Figura 2. Comparação das estruturas formadas pelos orbitais híbridos: (a) sp3 e (b) sp2. Adaptado de FONSECA
(2011)
Comparando o grafeno com algumas outras formas alotópicas do carbono pode-se ver
que em termos de estrutura, que o grafeno, os nanotubos, fulerenos e a grafite têm algo em
comum, pois todos estes outros são formados, ou derivados, a partir da estrutura do grafeno,
como pode ser observado na figura 3. O grafeno pode ser considerado uma monocamada plana
(ou folha simples) de átomos de carbono fortemente empacotados em uma rede bi-dimensional
(2D). Ele é um bloco básico, ou a matriz, para a formação de materiais de grafite com todas as
outras dimensionalidades. Pode ser “embrulhado” em fulerenos de dimensão nula (0D),
“enrolados” em nanotubos unidimensionais (1D) ou “empilhados” em grafite, formando
estruturas tri-dimensionais (3D). No grafeno, cada átomo de carbono é tri-coordenado, ou seja,
têm três átomos vizinhos, o que acontece, pois, estes átomos estão agrupados de acordo com
uma hibridização sp2 (ilustrado na Figura 2). No caso específico da grafite, pode-se dizer que
os átomos possuem primordialmente somente três ligações interatômicas (fortes) e
intraplanares (dentro do plano), sendo que a quarta ligação é essencialmente associada com
ligações inter-planares (entre os planos), de natureza de Van der Waals (LIMA, 2012).
118
Figura 3. Estruturas grafíticas baseadas no grafeno: (a) fulereno, (b) nanotubo e (c)
grafite. Fonte: FONSECA (2011).
Até o momento, amostras de grafeno têm sido feitas usando métodos de
microesfoliação química, microesfoliação mecânica e deposição química a vapor (CVD). Cada
um desses métodos tem vantagens e desvantagens em termos de facilidade de uso, qualidade
escalonamento (INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, 2010).
A síntese por microesfoliação mecânica é pouco eficiente e envolve a retirada de
camadas de um cristal de grafite. A energia de interação entre as camadas de grafeno na
estrutura grafítica é da ordem de grandeza das forças de Van der Waals. Esta força é considerada
suficientemente fraca e pode ser facilmente atingida com o uso de uma fita adesiva para
deslocar estas camadas. A técnica consiste em friccionar com uma ponta afiada de vidro
micropilares de grafite e em seguida depositar o material obtido em um local desejado. Uma
vantagem desta técnica é a possibilidade de escolher a localização da deposição do grafeno.
Diferentemente da microesfoliação química que produz o enfraquecendo da força de Van der
Waals com inserção de reagentes no espaço entre as camadas. O consume desses reagentes
promove uma sobre pressão com formação de gases provocando o rompimento parcial da rede
sp2 –sp2 gerando uma folha sp2-sp3 com menor estabilidade. A desvantagem deste método é a
modificação química que ocorre na estrutura do grafite com a conversão de grande fração da
configuração carbono-carbono sp2 em sp3. E um dos mais importantes métodos citados,
classifica como a decomposição química a vapor (SOLDANO et al. 2010 e LAMMERT et al.
2009), conhecido desde o início dos anos 1970 e baseia-se na obtenção do grafeno diretamente
sobre substratos sólidos. Nesta técnica, dois mecanismos sobre substratos sólidos. Nesta
técnica, dois mecanismos carbetos, ou o crescimento suportado em substratos metálicos por
deposição química a vapor. Este é um método de baixo custo e produz dispositivos de alto
desempenho, oferecendo uma alternativa atraente capaz de produzir grafeno em larga escala.
Os estudos prospectivos deste material, cada vez mais se tornam componentes
fundamentais na gestão de inovação, estão evoluindo de questões meramente tecnológica para
abordagens organizacionais do desenvolvimento da ciência e tecnologia (ZACKIEWICZ et.
al., 2005), contribuindo na tomada de decisão das organizações. Desde sua obtenção em 2004
a quantidade de patentes concedidas apresentou um crescimento extraordinário, enquanto que
no ano 2004 um único registro de patente foi localizado.
3. Resultados e Discussões
O grafeno é supervalorizado no mundo da tecnologia, sendo considerado,
simplesmente, o material mais forte, mais leve e mais fino conhecido na atualidade. É
119
transparente, elástico e conta com propriedades elétricas e óticas adequadas para aplicações em
dispositivos eletrônicos. Formado por átomos de carbono, tem sido considerado o futuro da
tecnologia no mundo todo. Há novas pesquisas no mercado como nanochips, celulares
maleáveis, fones de ouvidos, telas touchscreen, dispositivos biônicos. Quando isolado e usado
da forma correta, este material ganha possibilidades incríveis de utilização e, por isso, é visto
como a solução de vários problemas na área de tecnologia: desde substituição de materiais raros
e escassos até o barateamento de custos para o consumidor (GRAPHENE-BASED
ULTRACACITORS – 2008).
4. Conclusões
O grafeno abriu novas possibilidades ao nosso conhecimento de ciência fundamental
e promete aplicações futuras em nanotecnologia que não eram concebíveis antes da sua
descoberta, e seu estudo, constitui assim, um importante fator para o desenvolvimento
tecnológico, visto que o aperfeiçoamento em habilidades de argumentação e reflexão constitui
uma contribuição significativa para o desenvolvimento de uma postura crítica.
Com muitas utilidades, o grafeno promete ser um dos principais materiais por trás das
tecnologias do futuro. Tendência no mundo da ciência, a forma super-resistente do carbono tem
aplicações que vão de raquetes de tênis a preservativos.
Referências
CHYTRY, Paola. Construção de Nanoestruturas com Grafeno. Rio Grande do Sul: XXVI
SALÃO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA, 2014.
FONSECA, Alexandre Fontes da. Mini–Curso: introdução às propriedades físicas e
estruturais do grafeno e dos nanotubos de carbono. Universidade Federal Fluminense,
Instituto de Ciências Exatas - ICEx. Rio de Janeiro: ICEx, 2011.
GEIM, Andre K.; NOVOSELOV, Konstantin S. The rise of grapheme. Nature Materials.
2007, pp. 183-191. Disponível em: < http://www.nature.com/nmat/focus/10years/index.html>. Acesso em: 1º out. 2015.
LIMA, Denille Brito d. Variações do grafeno: uma abordagem ab-initio de novas estruturas
bidimensionais”. Tese de doutorado, Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).
Departamento de Engenharia de Sistemas Eletrônicos, São Paulo: EPUSP, 2012.
MEYER, Jannik C., et al. The structure of suspended graphenesheets: nature 446.7131 Local:
Editora, 2007, pp. 60-63.
SANTOS, João Manuel Borregana Lopes dos. O Grafeno. Casa das Ciências, 2014.
120
INFLUÊNCIA DO TEOR DE FINOS DE AGREGADOS RECICLADOS NA
ABSORÇÃO EM ARGAMASSAS
Luiza Gabriela Santos de Medeiros
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – CNat
Ayrton Wagner Barboza da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat
Aldemaykon Reis de Melo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – CNat
Gabriela Barbosa Bruno
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP
Evilane Cassia de Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP
Marcos Alyssandro Soares dos Anjos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat
1. Introdução
A consciência do impacto ambiental gerado na construção civil ganhou importância
nos últimos anos, e têm se tornado relevante a discussão do correto destinamento dos resíduos
de construção e demolição. Esse assunto ganhou destaque nacional após aprovação da Política
Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) em 2010, que regulamentou o setor impondo diversas
obrigações aos governantes e às corporações, buscando a qualidade produtiva, da segurança e
ambiental em todas as obras (NEGALLI, 2014). A crescente percepção de uma possível
escassez dos recursos naturais sugere o uso de práticas alternativas, tais como a reciclagem do
resíduo na indústria da construção (KRAUSMANN et al., 2009). De acordo com Pereira et al.
(2012) a argamassa é considerada um material construtivo menos nobre em comparação ao
concreto, portanto existe menos exigência com relação às propriedades das argamassas com
agregados reciclados. Ainda assim, ocorre um crescente interesse na utilização de resíduos da
construção civil em argamassas como substituição aos agregados naturais (RAEIS et al., 2015).
Fundamentado nisso, foi realizado um estudo de dosagem experimental com substituição de
0% e 100% do agregado miúdo natural por agregado miúdo reciclado oriundo de usina
recicladora localizada na região metropolitana de Natal/RN, nos quais foram avaliadas as
características dos agregados e suas propriedades no estado endurecido objetivando o uso desse
agregado para fins não-estruturais.
2. Material e Métodos
O agregado reciclado utilizado nesta pesquisa foi coletado e quantificado em usina de
reciclagem localizado na zona metropolitana de Natal, em São José de Mipibu; Já o agregado
natural foi recolhido numa obra também situada na região metropolitana, no município de
Parnamirim. Os agregados foram submetidos aos seguintes ensaios de caracterização:
composição granulométrica (NBR NM 248:2003) posto na Erro! Fonte de referência não
encontrada.; massa específica (NBR NM 52: 2009); massa unitária e volume de vazios (NBR
121
NM 45:2006), apresentados na Figura 1: Curva granulométrica da Areia Natural e Areia Reciclada.
Fonte: dados da pesquisa.
.
Figura 1: Curva granulométrica da Areia Natural e Areia Reciclada. Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 1 - Características dos agregados ensaiados.
Determinações
Massa Específica (kg/dm³)
Ag. Natural
(Referência)
Ag. Reciclado
(Fev-15)
Agr. Reciclado
(Abr-15)
Agr. Reciclado
(Mai-15)
2,66
2,54
2,54
2,56
1,48
1,27
1,38
1,34
4,75
4,75
4,75
4,75
2,56
*
2,32
2,32
NBR NM 52:2003
Massa Unitária (kg/dm³)
NBR 45:2006
Diâmetro Máximo
NBR 248:2003
Módulo de Finura
NBR 248:2003
Fonte: dados da pesquisa.
*Ensaio não realizado.
Para a produção das argamassas, empregou-se o cimento Portland composto com
pozolana (CPII Z-32) e cal-leve (CHI). Utilizando como referência a NBR 13276:2005, a calleve foi maturada juntamente com os dois tipos de agregado (separadamente) por 48h. Após
esse período, a massa foi levada à argamassadeira e misturada com o cimento e o restante da
água no traço. A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o consumo do traço,
em unidade de massa, utilizado na composição dos corpos de prova.
Tabela 2: Traços em unidade de massa (TUM) e os respectivos consumos de materiais por metro cúbico de
argamassa.
Traço com 100% de
Materiais
Traço Referência (AN)
Substituição (AR)
Cimento
1.00
1.00
Cal
0.43
0.43
Areia
9.38
8.01
a/c
1.4
1.63
Fonte: dados da pesquisa.
122
No estado endurecido (após 28 dias de cura), os corpos de prova foram submetidos a
teste de absorção de água e índice de vazios (NBR 9778), e densidade de massa aparente (NBR
13280:2005).
3. Resultados e Discussões
Segundo Silva e Campiteli (2006), o aumento do teor de finos provoca a diminuição
dos vazios e o aumento da densidade da argamassa no estado endurecido, devido ao
empacotamento de suas partículas. Ao diminuir a quantidade de vazios diminui-se,
consequentemente, a absorção de água; No entanto, essa diminuição só foi constatada nos
resultados obtidos com os agregados coletados nos meses de abril e maio. Essa variação pode
estar relacionada com o fato de que o processo de britagem pode gerar maior ou menor
quantidade de finos, estando suscetível a sofrer modificações a partir do material que é utilizado
no processo (mais partes de resíduos cerâmicos ou resíduos de origem cimentícia). Contudo, na
argamassa com uso do agregado reciclado foi necessário um aumento na demanda de água de
amassamento para uma dada consistência devido a maior quantidade de finos característico
desse agregado em comparação ao agregado natural. Sabendo que a formação de poros na pasta
de cimento geralmente está associada à hidratação deste e à evaporação da água livre, o volume
de vazios capilares na pasta de cimento endurecida depende da quantidade de água de
amassamento adicionada no início da hidratação e do grau de hidratação do cimento. No
presente trabalho, esse acréscimo de água juntamente com a grande quantidade de finos resultou
num menor índice de vazios, o qual por consequência diminuiu a absorção de água da
argamassa em seu estado endurecido, fato constatado no gráfico apresentado na figura 2.
Figura 2 – Densidade da argamassa
Fonte: dados da pesquisa.
4. Conclusões
A partir do estudo experimental de argamassa com substituição de agregado reciclado,
pode-se concluir que as características dos agregados reciclados não foram discrepantes
relacionadas aos agregados naturais e obtiveram resultado satisfatório. Através dos resultados,
foi possível inferir que não houve diferenças consideráveis nas propriedades analisadas, e que
esse agregado pode ser utilizado para fins não-estruturais.
Implementação de um controle tecnológico eficaz (padronização de britagem e
controle de composição dos materiais) e com uma análise adicional desse RCC (análise química
dos agregados e argamassas), poderia ser possível a sua utilização na construção (em
argamassas e concretos não estruturais). Uso de RCC resultaria na redução do consumo de
matéria prima reduzindo os custos de construção.
123
5. Agradecimentos
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela
concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do processo 469219/2014-9
e ao IFRN pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional.
Referências
KRAUSMANN, F. et al. Growth in global materials use, GDP and population during the
20th century. Ecological Economics. v. 68, n. 10, p. 2696-2705, 2009.
NEGALLI, André. Gerenciamento de resíduos sólidos na construção civil. São Paulo:
Oficinas de Textos, 2014.
PEREIRA, P.; EVANGELISTA, L.; BRITO, J. The effect of superplasticisers on the
workability and compressive strength of concrete made with fine recycled concrete
aggregates. Construction and Building Materials. v. 28, n. 1, p. 722-729, 2012. ISSN
09500618.
RAEIS SAMIEI, R. et al. Properties of cement–lime mortars vs. cement mortars containing
recycled concrete aggregates. Construction and Building Materials. v. 84, p. 84-94, 2015.
ISSN 09500618.
SILVA, N. G. D.; CAMPITELI, V. C. Influência dos finos e da cal nas prorpiedades das
argamassas. Anais. XI Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído. ENTAC.
Florianópolis/SC 2006.
124
INFLUÊNCIA DO TEOR DE MATERIAIS FINOS NA RESISTÊNCIA MECÂNICA DAS
ARGAMASSAS COM AGREGADOS RECICLADOS
Ayrton Wagner Barboza da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat
Aldemaykon Reis de Melo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – CNat
Luiza Gabriela Santos de Medeiros
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Cnat
Gabriela Barbosa Bruno
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP
Evilane Cassia de Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - SPP
Marcos Alyssandro Soares dos Anjos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte - CNat
1. Introdução
A distribuição granulométrica dos agregados miúdos é uma variável determinante no
desempenho das argamassas mistas de assentamento e de revestimento de alvenarias. No que
diz respeito aos agregados reciclados essa oscilação é ainda maior, devido à variedade nos
processos de obtenção desses resíduos. De acordo com Zordan (1997), a heterogeneidade
desses resíduos deve-se ao fato da grande quantidade de material empregado na construção
civil, tais como: brita, areia, materiais cerâmicos, argamassa, concretos, madeira, etc., e sua
composição química está vinculada à estrutura de cada um desses seus constituintes. O maior
teor de finos presentes nesses resíduos, pode ser explicado devido à britagem e peneiramento
desses agregados em seu processo de fabricação. O teor de partículas finas em argamassa pode
influencia bastante na quantidade de água de amassamento necessária, o que pode provocar
diminuição da resistência mecânica da argamassa produzida (METHA & MONTEIRO, 1994).
Segundo Oliveira et al. (2000) o teor de finos faz com que as partículas menores preencham os
vazios menores acarretando num melhor empacotamento das partículas influenciando assim em
diversas propriedades da argamassa, tanto no estado fresco quanto no estado endurecido.
Visando a possível substituição do agregado miúdo natural por um agregado miúdo reciclado,
o presente artigo objetiva realizar um estudo da influência do teor de finos na resistência
mecânica de argamassas de revestimento com utilização de resíduos da construção civil.
2. Materiais e Métodos
O material reciclado utilizado para o desenvolvimento desta pesquisa foi coletado e
quantificado em usina de reciclagem localizada na região metropolitana de Natal, Rio Grande
do Norte. O agregado miúdo natural foi recolhido numa obra também situada na região
metropolitana, no município de Parnamirim. Os agregados foram submetidos aos respectivos
ensaios de caracterização: composição granulométrica (NBR NM 248:2003); massa específica
(NBR NM 52: 2009); massa unitária e volume de vazios (NBR NM 45:2006); teor de materiais
pulverulentos (NBR 7219:1996). Para a produção das argamassas, empregou-se o cimento
Portland composto com pozolana (CPII Z-32) e cal-leve (CHI). A Erro! Fonte de referência
125
não encontrada. apresenta as curvas granulométricas dos agregados e a Tabela 1 as demais
características.
Figura 1 - Curvas granulométrica da Areia Natural (AN) e Areias Recicladas (AR). Fonte: dados da
pesquisa
Tabela 1 - Características dos agregados utilizados
Determinações
Agr. Natural
(Referência)
Agr. Recic. (Fev15)
Agr. Recic.
(Abr-15)
Agr. Recic.
(Mai-15)
2,66
2,54
2,54
2,56
1,48
1,27
1,38
1,34
4,75
4,75
4,75
4,75
2,56
*
2,32
2,32
*
*
6,10%
7,80%
Massa específica (kg/dm³)
NBR NM 52:2003
Massa unitária (kg/dm³)
NBR 45:2006
Diâmetro máximo
NBR 248:2003
Módulo de finura
NBR 248:2003
Materiais Pulverulentos (%)
NBR 7219
Fonte: dados da pesquisa
*Ensaio não realizado
2.1 Composição e moldagem
Seguindo a NBR 13276:2005, a cal-leve juntamente com agregado foi maturada por
48h. A massa foi levada à argamassadeira e misturada com o cimento e o restante da água no
traço, onde posteriormente foi determinado o índice de consistência e a moldagem dos corpos
de prova. A Tabela 2 apresenta o consumo de material e traço, em unidade de massa, utilizado
na composição dos corpos de prova.
Tabela 2 - Traços em unidade de massa (TUM) e os respectivos consumos de materiais por metro cúbico de
argamassa
Traço com substituição 100%
Traço sem substituição (AN)
(AR)
Materiais
TUM
TUM
Cimento
1
1
Cal
0,43
0,43
Areia
9,38
8,01
a/c
1,4
1,63
126
Fonte: dados da pesquisa.
No estado fresco, a argamassa passou por testes de índice de consistência (NBR
13276:2005). Já no estado endurecido (após 28 dias de cura) os corpos de prova de argamassa
foram submetidos ao ensaio de resistência à compressão (NBR 13279).
3. Resultados e Discussões
3.1 Estado fresco
A dosagem do traço substituindo a areia natural pela areia reciclada teve por princípio
manter o mesmo índice de consistência da argamassa produzida com a areia natural utilizada
na obra em estudo, que deveria atingir 250mm±5. Os valores encontrados após o teste na mesa
de consistência manual (Erro! Fonte de referência não encontrada.) serviram como base para
a determinação da quantidade de água a ser utilizada tanto no traço de referência da areia
natural, quanto no traço de substituição de 100% da areia reciclada.
Fonte: dados da pesquisa.
Segundo Paixão (2013) os fatores que diminuem o espalhamento da argamassa se dá
pelo alto teor de absorção do agregado reciclado e o alto teor de finos em sua composição. Tal
fato foi comprovado com a necessidade de adicionar agua ao traço com substituição para manter
a mesma consistência do traço referência nos meses de fevereiro e maio aumentando assim a
relação água cimento do traço com substituição.
3.2 Estado Endurecido
A Erro! Fonte de referência não encontrada. apresenta o resultado de resistência à
compressão obtida na idade de 28 dias, das argamassas com agregados naturais e agregados
reciclados segundo a NBR 13279.
127
Figura 4 - Resistência à compressão dos traços com e sem substituição de agregados. Fonte: dados da pesquisa.
Conforme pode ser observado na Figura 4 houve um aumento na ordem de 11,88% em
média na resistência a compressão das argamassas com agregado reciclado comparado as com
agregado natural. Ledesma et al. (2014) Utilizando uma substituição de 10% nos traços de
argamassa também obteve resultados de ganhos de resistência em argamassas com agregados
reciclados. Esse ligeiro aumento nos valores de resistência pode ser explicado pela maior
quantidade de materiais finos nas argamassas que preenchem os espaços vazios, como também
devido ao material com potencial hidráulico remanescente do cimento nos resíduos.
4. Conclusões

As características dos agregados reciclados não foram discrepantes relacionadas aos
agregados naturais;

As argamassas, tanto o traço referência quanto o traço com substituição, apresentaram,
no estado fresco, desempenho satisfatório, porém com a necessidade de um maior consumo de
água no traço com substituição;

Apesar de haver uma maior necessidade de água, nas argamassas com agregado
reciclado, houve um ganho de resistência.

O RCC estudado mostrou-se inicialmente viável para utilização em argamassas para
revestimento, pois não houve prejuízos consideráveis nas propriedades em relação a argamassa
com agregado natural, tendo ainda apresentado ganho em sua resistência a compressão.

Sendo assim, com a implantação de um controle tecnológico efetivo (uniformização da
britagem dos materiais; separação dos materiais que compõe os agregados reciclados) e a
analise continua desses materiais, sua possível utilização em obras (na produção de argamassas
e concretos) seria viável. O que acarretaria na redução do consumo de matéria-prima,
quantidade de entulhos dispostos nos meios urbanos e custos de uma construção.
5. Agradecimentos
Ao CNPQ (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) pela
concessão das bolsas de pesquisa e pelo aporte financeiro através do processo 469219/2014-9
e ao IFRN pela concessão do espaço laboratorial e apoio institucional.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 23 - Cimento Portland e
outros materiais em pó- Determinação da massa específica. Rio de Janeiro, 2001.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 52 - Agregado miúdo Determinação da massa específica e massa específica aparente. Rio de Janeiro, 2003a.
128
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 248 - Agregados Determinação da composição granulométrica. Rio de Janeiro, 2003b.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13279 - Argamassa para
assentamento e revestimento de paredes e teto- Determinação da resistência à tração na flexão
e à compressão axial. Rio de Janeiro, 2005e.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13276 - Argamassa para
assentamento e revestimento de paredes e teto- Preparo da mistura e determinação do índice
de consistência. Rio de Janeiro, 2005g.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR NM 45 - Agregados Determinação da massa unitária e do volume de vazios. Rio de Janeiro, 2006.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 7211 - Agregados para
concreto- especificações. Rio de Janeiro, 2009.
LEDESMA, E. F. et al. Properties of masonry mortars manufactured with fine recycled
concrete aggregates. Construction and Building Materials. v. 71, p. 289-298, 2014. ISSN
09500618.
MEHTA, P. K. & MONTEIRO, P. J. M. Concreto: estrutura, propriedades e materiais. São
Paulo, Ed. PINI, 1994.
OLIVEIRA, Ivone R.; STUDART, André R.; PILEGGI, Rafael G.; PANDOLFELLI, Victor
C. Dispersão e empacotamento de partículas. São Paulo: Fazendo Arte, 2000. 224 p.
PAIXÃO, S. O. Estudo do uso de resíduo cerâmico de obras como agregado miúdo para a
fabricação de argamassas para revestimento de alvenarias. 74 Graduação. – Rio de Janeiro,
2013. Universidade Federal do Rio de Janeiro (MONOGRAFIA).
ZORDAN, S. E. A utilização do entulho como agregado, na confecção do concreto. 140p.
Mestrado. Campinas - SP, 1997. Faculdade de Engenharia Civil, Departamento de Hidráulica
e Saneamento, Universidade Estadual de Campinas. Campinas (DISSERTAÇÃO).
129
LIVRO DIDÁTICO DE MATEMÁTICA NO ENSINO FUNDAMENTAL:
ANÁLISE, CRITÉRIOS DE ESCOLHA E PROPOSTAS DE ELABORAÇÃO.
Amanda Raphaela Pacheco de Melo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz
Enne Karol Venancio de Sousa
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz
José Josimário da Silva Basto
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz
Tiago Felipe Oliveira e Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz
Thiago Jefferson de Araujo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte – Santa Cruz
1. Introdução
Neste trabalho buscamos destacar a relação entre análise, critérios de escolha e
propostas de elaboração do livro didático de matemática utilizado no Ensino Fundamental. A
escolha adequada de um livro didático pode acarretar benefícios para o processo de ensino e
aprendizagem de matemática. Entretanto, para que os resultados sejam satisfatórios, é
importante que a escolha desse material seja feita de maneira consciente e com visão crítica por
parte dos professores sobre os conteúdos, exercícios, abordagem metodológica, adequação a
série, entre outros critérios levados em consideração no momento de avaliar uma determinada
coleção de livros didáticos a ser adotada.
A escolha do livro didático como recurso pedagógico deve ser baseada em um
contexto escolar, ou seja, deve atender as necessidades das turmas/anos escolares a que se
destina. No entanto, em alguns casos, no momento de avaliar determinada coleção os
professores não levam em consideração as necessidades de seus alunos e isso acaba suscitando
prejuízo no processo de ensino e aprendizagem de matemática.
Assim, essa pesquisa busca promover uma discussão sobre o currículo de Matemática
no Ensino Fundamental, elaborar propostas para o material didático de Matemática, entender e
discutir acerca do processo de seleção desses livros nas escolas. A realização desse estudo
contribui de forma positiva para o ensino desse conhecimento humano, tendo em vista que
alguns agentes da educação não dão a importância necessária que esse processo seletivo
merece. Ressaltamos, que esse recurso didático exige maior prestígio, pois as potencialidades
de sua aplicação no ensino são de grande relevância no desenvolvimento do estudante.
Desse modo, o presente trabalho teve como objetivo realizar uma análise, propor
critérios e sugestões para a escolha e elaboração do livro didático de Matemática das escolas
públicas e, tem como finalidade principal contribuir com a melhoria do ensino de Matemática
da região do Borborema Potiguar, subsidiando alunos, professores e gestores na escolha de um
recurso tão importante para o ensino.
130
2. Material e Métodos
A seguinte pesquisa teve um caráter teórico e prático, norteando-se em três vertentes.
A primeira, visando analisar, com base nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s), o
capítulo de um livro didático de Matemática adotado em uma escola da rede pública de Ensino
Fundamental. Sendo, em alguns casos, o livro didático de Matemática a única ferramenta
facilitadora do processo de ensino e aprendizagem, essa vertente da pesquisa procura oferecer
ao professor uma análise sobre o capítulo de um livro de Matemática, tornando possível
conhecer os pontos positivos e negativos da obra analisada.
O capítulo analisado trata do conteúdo de funções, tendo em vista que grande parte
dos alunos apresentam dificuldades na compreensão desse conteúdo e que o mesmo apresenta
ampla aplicabilidade em outros ramos da Matemática. Essa análise poderá servir como
fundamentação teórica para professores no momento da escolha desse tipo de material didático.
A segunda vertente tratou sobre os critérios utilizados no processo seletivo do livro
didático. Esses critérios são justamente os resultados obtidos nessa subparte do trabalho, que
tem como objetivo principal orientar/subsidiar professores e diretores durante o processo de
escolha do livro didático de matemática que será introduzido em um contexto escolar composto
por diversas situações culturais, econômicas e sociais. Destaca-se a importância de reforçamos
nosso discurso enfatizando que os critérios expostos não devem ser entendidos como regras
impostas, pois o livro didático não é um recurso que tem fim em si, devido suas especificidades
no processo de ensino outros fatores são considerados importantes.
Desse modo, destacamos alguns pontos que merecem importância nesse processo,
sendo eles: apresentação visual; apresentação dos conceitos abordados; exemplos e exercícios
propostos e, nível de dificuldade.
Por fim, como terceira vertente, propomos sugestões para a elaboração dos livros de
Matemática destinados ao Ensino Fundamental. Essas apresentam caminhos metodológicos
apoiados nos critérios de seleção de livros do Plano Nacional do Livro Didático (PNLD) e nas
propostas/sugestões encontradas nos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) de Matemática.
Assim, nossas recomendações levam em conta a seguinte perspectiva: introdução dos
conteúdos, abordagem dos conteúdos, atividades propostas e outros aspectos que devem estar
presentes nos livros.
3. Resultados e Discussões
O livro didático é um recurso que pode contribuir no desenvolvimento do aluno
independentemente de qual seja a área. No ramo das ciências exatas, em especial a Matemática,
o livro possibilita a construção e assimilação do conhecimento específico. Dessa maneira, o
professor deve realizar uma análise e estabelecer critérios de seleção visando realizar a melhor
escolha, onde esta se adapte as necessidades socioculturais dos educandos, assim como ao
âmbito escolar que está inserida.
Diante disso, buscou-se analisar os aspectos presentes nos livros didáticos para o
Ensino Fundamental, apontando sugestões relevantes para compor livros que atendam às
necessidades de alunos e professores; e que estejam de acordo com os Parâmetros Curriculares
Nacionais (PCN’s).
Dessa forma, essa proposta busca contribuir no processo de ensino e aprendizagem,
uma vez que reduz as possibilidades da utilização de livros didáticos que induzam os alunos e
professores ao erro.
131
4. Conclusões
A partir de estudos direcionados sobre os livros didáticos de Matemática, foi possível
notar a importância desse recurso no processo de ensino dessa disciplina. Em nossa pesquisa,
procuramos através da análise, dos critérios e das sugestões contribuir no processo de formação
docente. Além disso, percebemos a relevância da inserção desse estudo no ambiente escolar,
pois proporciona a escolha de um material didático de melhor qualidade, tal que atenda as
necessidades dos alunos e da comunidade escolar.
Esperamos assim, contribuir para as reflexões sobre a real função do livro didático e
ao apresentar esse caminho metodológico consideramos que o professor do Ensino
Fundamental deve optar por livros que trabalhem de acordo com as propostas apresentadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais.
Referências
BRASIL. Ministério da Educação e do Desporto. Guia de livros didáticos PNLD 2008:
matemática. Brasília: MEC, 2007.
_______. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais:
matemática. Brasília: MEC / SEF, 1997.
ROSA, C. P.; RIBAS, L. C.; BARAZZUTTI, M. Análise de livros didáticos. Anais. III
EIEMAT. Santa Maria, 2012.
132
MICRO ARGAMASSA PARA USO EM PEÇAS ESTRUTURAIS
Mathews de Paiva Cardone
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Marcio Luiz Varela Nogueira de Morais
Má[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
As industriais no ramo da construção civil apresentam cadeias de desenvolvimento
tecnológico voltada para a produção de diversos tipos de argamassas o que tem resultado numa
crescente evolução desse composto. Atualmente, o crescente desenvolvimento da infraestrutura
no Brasil tem feito com que as industrias procurem inovações na produção de argamassas.
O desenvolvimento da argamassa apresentada a seguir, se deu a partir de um estudo
para uma formulação ideal, com o objetivo de ajustar a homogeneidade granulométrica dos
agregados e componentes de uma argamassa, de modo que a nova composição apresentasse
ganhos significativos em suas características.
Diante do apresentado, entende-se que há a necessidade do desenvolvimento de um
material cimentício que atenda as características exigidas pelas normas em vigor. Dessa forma,
este trabalho se propõe a apresentar uma solução para a produção de um aglomerante químico
que resulte em ganhos qualitativos na capacidade de suporte e resistência mecânica de
estruturas no ramo da construção civil.
2. Material e Métodos
Para a realização dos experimentos em estudo foram utilizados os seguintes materiais:
• Cimento Branco
• Microssílica: tipo 3;
• Nanossílica;
• Aerosil
• Mulita
• aditivo: Super plastificante Glênium 51;
• Água potável: obtida diretamente pela concessionária local.
As pastas desenvolvidas no presente estudo, inicialmente foram desenvolvidas a partir
de um traço único, variando apenas o tipo de material utilizado como adição mineral, para que
se chegasse em um traço ideal que apresentasse alta resistência à compressão axial com um
baixo fator água/cimento. Foram elaborados 3 traços, um utilizando nanossílica, um utilizando
microssílica e outro utilizando aerosil, todos na mesma proporção, como apresentado a seguir
na Tabela 1.
133
Tabela 1: Traços com os materiais utilizados
MATERIAL
TRAÇO 1
MATERIAL
TRAÇO 2
MATERIAL
TRAÇO 3
CIMENTO
BRANCO
1,10Kg
CIMENTO
BRANCO
1,10Kg
CIMENTO
BRANCO
1,10Kg
NANOSSILICA
246Kg
MICROSSILICA
246Kg
AEROSIL
246Kg
MULITA
26Kg
MULITA
26Kg
26Kg
SUPER PLAST.
3g
SUPER PLAST.
3g
AREIA
1,20Kg
AREIA
1,20Kg
MULITA
SUPER
PLAST.
AREIA
1,20Kg
ÁGUA
360g
ÁGUA
360g
ÁGUA
360g
3g
Fonte: dados da pesquisa.
A mistura dos materiais nas proporções indicadas iniciava-se com a pré mistura de
todos os materiais secos (num saco plástico) até que se alcançasse boa homogeneidade. A água
de amassamento era misturada com o superplastificante formando uma solução única, a qual
era adicionada na mistura dos pós e aguardava-se até que atingisse a consistência esperada. A
moldagem dos modelos era feita sobre mesa vibratória, onde, com o auxílio da bisnaga,
injetava-se concreto na fôrma de maneira lenta, permitindo o adensamento do material. Por 24
horas os modelos foram mantidos em formas e em seguida foram submetidos a cura úmida.
3. Resultados e Discussões
Durante a obtenção dos resultados de resistência axial, observou-se que as pastas
produzidas com adição mineral de microssílica e o aerosíl obtiveram uma maior resistência
quando se comparado a formulação com adição da nanossílica. A resistência da pasta produzida
com microssílica superou em aproximadamente 9, 81 por cento a pasta com aerosíl, e as duas
pastas mostraram resistência superior a formulação com nanossílica, sendo a microssílica
superior em 34,36 por cento, com 7 dias de cura submersa, como é apresentado na Figura 1.
Figura 1: Resultados do ensaio da resistência à compressão axial. Fonte: dados da pesquisa.
4. Conclusões
De acordo com o propósito deste artigo, levando-se em consideração os resultados
obtidos no ensaio de compressão axial, é notório que a pasta com adição de microssílica se
mostrou bastante promissora, apresentando uma resistência de 39,76 Mpa com 7 dias, um
134
resultado extremamente alto para uma argamassa. Percebe-se então, que a excelente atuação
do composto assegura de forma satisfatória a utilização em peças estruturais e viabiliza estudos
adicionais para um maior desenvolvimento desse aglomerante em especifico.
Referências
VANDERLEI, F. D. Análise experimental do concreto de pós reativos: dosagem e
propriedades mecânicas. Cadernos de Engenharia de Estruturas. v. 8, n. 33, São Carlos,
2006, p. 115-148.
135
O RISCO INVISÍVEL DOS TONERES DE IMPRESSORAS PARA SAÚDE HUMANA
Suênia Daiara Teixeira dos Santos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Caroline Marina Cavalcanti Bezerra
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ulisandra Ribeiro de Lima
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ahiram Brunni Cartaxo de Castro
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
A rápida expansão industrial, nos últimos anos, trouxe como consequência o consumo
e o descarte em grande escala de produtos eletrônicos. As instituições e empresas preocupadas
com essa realidade buscam trabalhar com essa problemática na tentativa de desenvolver práticas
coletivas visando informar a sociedade, aos discentes do IFRN, sobre o desenvolvimento de
estudos relacionados a melhor forma de descartes do pó de cartuchos utilizados em impressoras
a laser nos campi da referida instituição de ensino. Tal perspectiva caminha na direção de
problematizar o fato de que o lixo eletrônico cresce cerca de cinco vezes mais do que o lixo
urbano, segundo Moura et al. (2012).
Os cartuchos com denominação jato de tinta apesar de ser mais barato que as
impressoras a laser, os mesmos não apresentam um caráter armazenador. Dessa forma os toners
são preferidos entre as grandes empresas por apresentar velocidade de impressão, maior
durabilidade e quantidade de impressão. Sendo assim apresentando características
armazenadoras, os cartuchos toner possuem um pó produto de uma mistura de carbono com
polímeros como resina plástica, poliéster; óxidos: como óxido ferroso, óxido de chumbo (II) e
óxido de zinco (II) e a sílica (SiO2); sulfato ferroso, segundo Monteiro et al. (2009).
Dessa forma o presente trabalho mostra a diferença na reciclagem, levando em
consideração a remanufaturação, qualidade da impressão e a reciclagem com um caráter
ecológico (HUANG; SARTORI, 2012). Os cartuchos remanufaturados apresentam uma
qualidade melhor que o toner, apenas recarregado, por ocorrer uma desmontagem do cartucho,
substituição das peças danificadas, uma limpeza profunda para não deixar nenhum resíduo do
antigo, só então acontece a recarga. O primeiro processo permite uma redução no lixo
descartado ao meio ambiente e uma economia financeira. (HUANG; SARTORI, 2012).
O objetivo deste trabalho foi realizar pesquisa quanto ao destino desse pó, nos Campi
do IFRN, que possui dimensões em microns e, como foi constatado num estudo da Universidade
de Rostock na Alemanha (não publicado), é tão cancerígeno quanto o amianto. (HUANG;
SARTORI, 2012). Dada à natureza dessa diferenciada desses componentes, com níveis de
periculosidade distintos, com cuidado neste trabalho foi enfatizada a necessidade de adotar
práticas de segurança e higiene ocupacional. A reciclagem, como qualquer outro processo que
envolve o manuseio e o emprego de produtos químicos, exige um compromisso com a
segurança. Este trabalho demonstra a dificuldade em gerenciar resíduos sólidos de
multicomponentes.
Sendo assim, com o propósito de fracionar os problemas encontrados quanto à
reciclagem dos toneres de cartuchos, o IFRN-Campus Reitoria trabalha em parceria com a OKI
136
Printing Solutions que, partindo desses materiais, desenvolve outros materiais de utilidade
geral.
2. Material e Métodos
A decisão pela pesquisa se justifica em compreender a situação-problema enfrentada
no descarte correto dos cartuchos de toner, haja vista não ter encontrado informações suficientes
ou específicas sobre o descarte de resíduos do ponto de vista do consumidor.
A pesquisa exploratória se caracteriza por flexibilidade quanto à metodologia
empregada por não apresentar procedimentos formais.
Os métodos utilizados foram:
 Levantamento bibliográfico;
 Dados secundários que foram coletados por fontes externas:
 Campus Verde no IFRN/Reitoria.
Pesquisa qualitativa onde foi realizada uma abordagem indireta por meio de uma
entrevista pessoal com a responsável pelo almoxarifado do IFRN/Campus SPP em que o único
respondente é testado pelo entrevistador quanto ao tema proposto.
Para trabalhos futuros os pesquisadores pretendem iniciar estudos do pó do toner
usando técnicas como Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV) para verificar o tamanho
da partícula do pó e sua uniformidade além da Difração de Raios X para identificar os
compostos químicos existentes nos toneres no Campus IFRN/SPP. Haja vista o interesse do
Campus Verde no IFRN/Reitoria sob a coordenação da servidora Valiene (OLIVEIRA, 2015)
o interesse em justificar melhor os problemas gerados ao meio ambiente pelo descarte incorreto
desses materiais. Onde se percebe que as Leis Ambientais precisam está mais clara de forma
que a responsabilidade no descarte seja de todos.
3. Resultados e Discussões
Foi realizada uma entrevista com a coordenadora de almoxarifado do Campus
SPP/IFRN e realizado uma pesquisa sobre a Oki Priting Solutions. A empresa Oki Priting
Solutions por meio da servidora Valiene (OLIVEIRA, 2015), responsável pelo projeto Campus
Verde no IFRN/Reitoria mantém contato com a Oki quanto ao descarte adequado dos toneres
usados nos campi da capital e do interior. Na tabela abaixo percebemos que o número crescente
de toneres que, apesar de maior, também vem sendo observado o fato de que as pessoas estão
cada vez mais usando HD e a Internet para guardar e arquivar documentos no lugar de gerar
grandes arquivos impressos.
Tabela 1 – Informações da servidora Valiene-IFRN a Oki Priting Solutions (OLIVEIRA, 2015).
Número de Solicitação
Data de Recebimento
Quantidade
Carta de Remessa
C15020003402
Não disponível
69
Imprimir
C15010006999
Não disponível
700
Imprimir
C14090005139
27/10/2014
25
Imprimir
C14080002269
29/09/2014
56
Imprimir
C14070011623
01/10/2013
156
Imprimir
Fonte: dados da pesquisa.
Na Tabela 1, tem registrado uma quantidade referente a 700 cartuchos. Esse material
não foi consumido no instituto. Trata-se de material apreendido pelo Polícia Federal, que
repassou para o instituto para ter o descarte correto, obedecendo dessa forma as Leis
Ambientais, segundo dados apontados pela servidora Valiene (OLIVEIRA, 2015).
137
Sendo assim as instituições de educação e empresas compartilham uma preocupação
de como trabalhar com os resíduos gerados no mundo tecnológico, onde os materiais eletrônicos
ficam obsoletos muito rápidos. Sendo assim, nossa parceira em descarte de material tem
cuidado desde o transporte até o destino correto do mesmo. Os cuidados iniciais se dão no
transporte destas caixas de forma que proteja a saúde pública e o meio ambiente, seguindo as
normas ABNT NBR 11174:90; que fixa as condições exigíveis para o acondicionamento dos
resíduos sólidos o seu transporte.
A empresa Oki Printing solutions em 1970 iniciou o desenvolvimento de um programa
de proteção ambiental, que visa à criação de atividade ecologicamente correta que consiste no
“Desenvolvimento Sustentável!” e é compatível com diferentes estruturas culturais, sociais e
organizacionais quanto ao descarte adequado dos materiais, como podemos observar na Tabela
1.
Figura 1 – Representação lúdica para simplificar as especificações necessárias no manuseio de um cartucho
toner. Fonte: ilustração elaborada pelos autores.
O pó toner possui um dimensionamento dado em unidades de micros, 1000 vezes
menor que um milimetro. Em razão desse tamanho, o pó mesmo sem ser tóxico, apresenta riscos
à saúde, já que a inalação de partículas menores que oito microns podem causar obstrução aos
brônquios fazendo com que eles parem de realizar a troca gasosa. (MONTEIRO et al. 2009).
Além de irritações cutâneas, caso ocorra o contato direto. (HUANG; SARTORI, 2012).
Resultado de suas partículas minúsculas demonstram que o pó de toner pode ficar até 100 horas
suspenso no ar, dependendo das condições pode se depositar no solo, contaminando o meio
ambiente (MONTEIRO et al., 2009).
A remanufaturação, acompanhada da reciclagem, seria a solução mais viável
financeiramente e ecologicamente, pois, havendo uma substituição correta das peças
danificadas, o cartucho pode ter uma vida duradoura (MONTEIRO et al., 2009). Dessa forma
não estaríamos agredindo o ambiente com lixo e nem fazendo uso de combustíveis fósseis. Vale
salientar que, segundo MONTEIRO et al. (2009), não há nenhum registro histórico de quantas
vezes um cartucho pode ser reutilizado.
A reutilização do pó pode se dá pelo uso como pigmento para cabo de panela, PVC e
sola de sapato (MONTEIRO et al. 2009). Ou, como sugerido por Huang e Sartori, (2012),
aditivo à massa asfáltica, onde sua eficácia se dá em maior resistência a elevadas temperaturas
e relutância no desenvolvimento de deformações viscosas (ALI et al., 2013).
Todo processo de remanufatura deve seguir um rígido controle de
manipulação e descarte dos materiais, devendo a empresa deter o certificado
ISSO 9000 para garantir a qualidade necessária para a administração desses
materiais. O uso de luvas de proteção, máscaras contra pó e óculos podem
evitar que as partículas minúsculas de pó de toner entrem em contato com o
organismo humano, nunca se esquecendo que o meio ambiente não pode
receber de forma direta esses componentes, seja no solo, na água ou no próprio
ar. (MONTEIRO et al., 2009).
138
4. Conclusões
Levando em consideração que a instituição de ensino possui compromisso de levar
informação aos seus discentes, e a comunidade para gerar futuros profissionais com um olhar
diferenciado em relação ao meio ambiente. O trabalho fomentar a discussão na comunidade
sobre o potencial crescente acerca da poluição ambiental e danos à saúde causados pelo descarte
incorreto de toneres de impressoras no meio ambiente, aprofundado a pesquisa para melhor
entendimento do nível de toxidez destes produtos químicos. O objetivo dessa produção é tido
como realizado de forma satisfatória: informar e alertar acerca do risco invisível dos cartuchos
toneres para que aqueles que têm o uso regular dessas máquinas desempenhem essa tarefa com
prudência não só em consideração a seu corpo, mas também estimando o meio que o cerca.
Referências
MONTEIRO, A. J. S. et al. Manuseio e descarte adequado de tintas e toner de impressoras:
projeto apresentado para integralização das Práticas do Módulo 2: tecnologia em gestão
ambiental. Centro Universitário Leonardo da Vinci. Porto Alegre: NEAD – Núcleo de Ensino
à distância, 2009.
HUANG, Thiago Thomas; SARTORI, Vinicius Campanha. Estudo sobre remanufatura de
cartuchos de toner de impressora de duas faculdades da UNICAMP. Revista Ciências do
Ambiente On-Line. v. 8. n. 2. Outubro, 2012.
ALI, Saad Abdulqader et al. Pavement Performance with Carbon Black and Natural Rubber.
International Journal of Engineering and Advanced Technology (IJEAT). v.2. n. 3. Fevereiro,
2013.
OLIVEIRA, M.V.G. Campus Verde: mensagem profissional. Mensagem recebida disponível
em: <[email protected]>. Acesso em: 10 fevereiro 2015.
MOURA, Felipe Pereira de; OLIVEIRA, Rafael da Silva; AFONSO, Júlio Carlos.
Processamento de cartuchos de impressoras de jato de tinta: um exemplo de gestão de produto
pós-consumo. Quim. Nova. v. 35. n. 6. 2012 .
139
QUÍMICA EM SHOW: UMA ABORDAGEM DIFERENCIADA PARA
APRENDIZAGEM
Aline Cassiano
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Eloísa Conceição Nascimento Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Fernanda Mendonça Fontes Galvão
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ilanny Beatriz Silva do Vale
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Rogério Gomes Alves
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O ensino convencional da Química não tem oferecido métodos para que os alunos
possam interagir e observar os conteúdos na prática e em situações cotidianas. Tendo como
intuito de despertar o interesse pela disciplina de Química, o projeto “Química em Show” visa
proporcionar novos conhecimentos da área com o uso de práticas associando os assuntos
ministrados em sala com o cotidiano. A atividade prática ocorre no manuseio e transformação
de substâncias nos laboratórios, quando então se trabalha em nível macroscópico, isto é, em
coisas visíveis, o processo de aprendizagem torna-se mais didático.
A aprendizagem dos conteúdos deve estar associada às competências relacionadas a
saber fazer, saber conhecer, saber ser e saber ser em sociedade (CASTRO, 2000).
Partindo dessa premissa, o objetivo geral desse trabalho é promover a difusão,
popularização e desmistificação do conhecimento da química, usando como ferramenta,
apresentações itinerantes do Química em Show nas escolas da rede pública e privada. Pretendese possibilitar aos alunos chegarem a adquirir o conhecimento prático da disciplina.
2. Material e Métodos
O projeto de extensão iniciou-se com um levantamento bibliográfico de estudos de
experiências práticas e também teóricos que envolvam os conteúdos da disciplina de química
para o fundamental II e ensino médio. Em seguida, as práticas foram selecionadas entre aquelas
que teriam maior apelo visual, isto é, aquelas que mais prenderiam a atenção e fomentassem a
curiosidade dos alunos envolvidos.
O passo seguinte deu-se a separação dos materiais (reagentes, vidrarias e outros
componentes) necessários para as práticas e realização dos experimentos de cada uma delas.
Ao término dessa etapa, realizou-se um mapeamento das escolas de Parnamirim e grande Natal,
o qual foi possível realizar as apresentações, tomando-se como referências proximidade
geográficas do IFRN, acessibilidade com a direção da escola e os níveis de escolaridade da
instituição, uma vez que o público-alvo seria preferencialmente o ensino fundamental II e
ensino médio, já que estes têm em suas matrizes curriculares o ensino da química.
140
Selecionada as escolas fez-se o contato com cada uma delas, buscando agendar
apresentações, para então produzir um calendário. No dia e horário marcados, realizaram-se as
visitas e os experimentos em cada instituição (Figura 01 e 02).
Figura 1: Demonstração de indicadores ácido-base em uma escola pública de Parnamirim. Fonte: registros dos
autores.
Figura 02: Público participante da Escola Estadual Apolinário Barbosa. Fonte: registros dos autores
Para a descrição desse trabalho selecionou-se algumas práticas realizadas nas
instituições, a saber: decomposição do dicromato de amônio, indicadores ácido-base, pasta de
“dente de elefante” e super dinheiro.
Para a realização da prática do dicromato de amônio (Figura 03) necessitou de um
pires, do dicromato de amônio, fósforo e álcool etílico, seguindo a metodologia: Primeiramente
colocou-se uma quantidade razoável no pires do dicromato, em seguida coloca acrescenta 5 mL
de álcool etílico e por fim, acende o fósforo e coloca em contato com o reagente.
3. Resultados e Discussões
Ao longo da execução desse projeto foram realizados até o momento 8 apresentações,
sendo em média 02 visitas por mês. Considerando uma média aproximada de 50 alunos por
apresentação, atingimos até o momento cerca de 400 estudantes de escola pública.
Com o desenvolver do projeto, houve um aumento significativo do interesse pela
disciplina de Química e como também, melhorou o aprendizado dos alunos devido observar as
comprovações das teorias estudadas em sala de aula e, assim, fazer uma correlação com a
realidade em que vivem.
As apresentações utilizam-se de recursos didáticos para uma melhor compreensão dos
conceitos químicos pelos alunos, visando assim uma melhor absorção e aguçando sua
curiosidade e percepção cognitiva.
4. Conclusões
Apresentou-se a Química de uma forma contextualizada e dinâmica possibilitando
uma divulgação extremamente eficiente da disciplina entre alunos do ensino médio e
141
fundamental II. A exibição de experimentos demonstrativos com o auxílio de músicas permitiu
trabalhar conceitos químicos de maneira prazerosa por estar tratando de percepção e memória
visual e auditiva dos estudantes.
Temos como o principal objetivo de passar os nossos conhecimentos acerca de
diversas experiências e testes práticos executados em laboratório, que são alcançados através
de estudos. Mostrando para os alunos através das práticas que são realizadas em algumas
escolas. Acreditamos que os estudantes, os quais tiveram a oportunidade de apreciar nossa
apresentação, podem adquirir um interesse maior pela disciplina e compreender o
comportamento da química na prática associando com seus estudos teóricos em sala de aula.
O desenvolvimento de habilidades de reflexão e argumentação constitui uma
contribuição significativa para o desenvolvimento de uma postura crítica frente a problemas do
cotidiano e do ambiente. O projeto promove o desenvolvimento da percepção cognitiva, como
também faz com que os alunos percebam que a Química está presente em seu cotidiano.
A construção de conceitos químicos quando contextualizados durante as apresentações
nas instituições, aumenta-se a motivação para as aulas e a melhoria da aprendizagem dos
estudantes.
Referências
DALGETY, JACINTA, RICHARD K. COLL, AND ALISTER JONES. Development of
chemistry attitudes and experiences questionnaire (CAEQ). Journal of Research in Science
Teaching. 40.7 (2003): 649-668;
CASTRO, E.N.F. de et al. Química na Sociedade: projeto de Ensino de Química em contexto
social (PEQS). 2. ed. Brasília: Universidade de Brasília, 2000.
HOFSTEIN, AVI. The laboratory in chemistry education: Thirty years of experience with
developments, implementation, and research. Chemistry Education Research and
Practice. 5.3 (2004): 247-264.
MARCONDES, M. E. R (org.) Oficinas temáticas no ensino público visando a formação
continuada de professores. GEPEQ – Grupo de Pesquisa em Educação Química do Instituto
de Química da Universidade de São Paulo, São Paulo: Rede do Saber, 2006.
142
RECICLOTECA: OFICINAS DE REAPROVEITAMENTO DE PAPEL NO IFRN
CAMPUS SANTA CRUZ
Ellen Ludmille Santos de Morais
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
José Ronaldo Bezerra Júnior
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Kalyne Patrícia de Macêdo Rocha
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Daniele Macedo Henrique
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
No decorrer dos anos, o desgaste ao meio ambiente tornou-se quase inevitável diante
do crescimento desenfreado do capitalismo que estimula a constante troca de produtos e o vasto
consumismo. Este, por sua vez gera uma preocupante consequência imediata: a crescente
produção do lixo que provoca drásticos impactos para o ambiente natural e também para a
sociedade de um modo geral. Por outro lado, o problema não está apenas na crescente produção
do lixo, mas principalmente no destino que lhe é dado. De fato, não percebemos o quanto aquele
simples papel ou plástico jogado fora, por exemplo, irá afetar a curto ou longo prazo todo o
nosso meio. Assim se espalham doenças, contaminam-se rios, destroem-se florestas e,
consequentemente somos afetados diretamente por aquilo que nós mesmos produzimos.
Diante desse contexto, é possível perceber no nosso cotidiano essa realidade, seja nas
cidades, na nossa casa, no local de trabalho ou nas escolas; em espaços públicos e privados. Em
uma instituição educacional como o Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio
Grande do Norte (IFRN) percebemos com facilidade a grande produção de lixo, em todas as
suas formas: recicláveis, orgânicos e químicos que advém das diversas atividades
desenvolvidas no próprio instituto. Basta observar as lixeiras que é possível encontrar de um
tudo: desde simples copos de plástico até baterias ou pilhas usadas.
Por se tratar de uma instituição educacional, um dos materiais mais comumente
utilizados é o papel. Cadernos, apostilas, listas de exercícios, provas e documentos são alguns
exemplos do seu uso, o que também nos oferece a ideia da abrangência de sua utilização.
Observando a gráfica do IFRN Campus Santa Cruz constatou-se que, em média, gastam-se
cerca de 5 resmas de papéis por dia, o que representa 5mil folhas diariamente e totaliza 25mil
folhas de papel por semana. Embora o uso do papel seja necessário, a problemática se concentra
na consciência acerca do gasto, ou seja, do quanto se consome e dos impactos que esse consumo
pode representar para o meio ambiente e para a comunidade.
Diante deste cenário o IFRN desenvolveu o projeto Campus Verde, com diversas ações
ambientais, como a coleta seletiva, visando as práticas sustentáveis dentro dos campi
espalhados por todo o estado do Rio Grande do Norte de forma voluntária, cotidiana e solidária,
com o objetivo de garantir a sustentabilidade do planeta.
Nesse contexto, alunos do IFRN Campus Santa Cruz desenvolveram a ideia de um
projeto de reaproveitamento de papel proveniente do uso cotidiano na instituição, com o intuito
de, através de oficinas, conscientizar os discentes e docentes para o uso racional do papel.
143
2. Material e Métodos
A partir da observação do cotidiano da instituição, constatamos que uma grande
quantidade de papel é utilizada e desperdiçada sem, contudo, existir uma proposta de
reaproveitamento desse lixo. Foi então, que surgiu a ideia de se pensar em um modo de
reaproveitamento desse papel com o objetivo de conceder uma nova função para o que antes
era considerado lixo e promover a conscientização de alunos e servidores para o uso adequado
do papel.
Figura 1 e 2: Apostilas e documentos impressos na gráfica do IFRN Santa Cruz e lixo da produção da gráfica do
IFRN Santa Cruz. Fonte: registros da pesquisa.
O projeto teve como principal objetivo a preservação do espaço e a diminuição do
papel e seus resíduos diversos que são depositados no lixo, principalmente pela gráfica do IFRN
- Campus Santa Cruz. E para melhor eficácia o mesmo foi dividido em cinco partes: A
conscientização das pessoas; A consequente produção de conhecimento e preocupação sobre o
assunto; A prática que envolve tudo aquilo que aprendemos na teoria sobre reciclagem,
construindo objetos e folhas com papeis que foram reaproveitados; A consequente diminuição
do impacto ao meio ambiente mesmo de pequeno impacto, que é a redução do papel gasto; A
implantação futura do projeto para a circunvizinhança do campus.
3. Resultados e Discussões
Desenvolveu-se a ideia da realização de oficinas de reaproveitamento e reciclagem de
papel, em um projeto denominado “recicloteca”, que concentra-se no desenvolvimento de
objetos executados como papel já utilizado na instituição. Na prática, foi desenvolvida oficinas
na qual os participantes montaram objetos utilizando técnicas do papel reciclado e machê
(Figura 3 e 4). A montagem ficou a critério da criatividade de cada aluno.
Figura 3 e 4: Papel reciclado e fabricação de papel machê nas oficinas. Fonte: registros da pesquisa.
144
Os materiais produzidos ficaram por conta dos participantes, através desses meios
percebemos a diversidade que existe para transformar o que era propriamente dito “lixo” em
um novo objeto a ser utilizado, como mostra a Figura 5. Durante as oficinas percebemos um
grande empenho dos envolvidos em produzir os objetos, funcionando como meio de
desenvolver o uso consciente do papel e atribuir uma nova função ao que seria jogado para as
lixeiras. Ao final, pode-se dizer que o resultado positivo foi atingido, na medida em que os
participantes puderam vivenciar uma experiência de conscientização e aprendizagem.
Figura 5: Objetos produzidos por participantes com material reciclado. Fonte: registros da pesquisa.
4. Conclusões
Refletindo sobre a problemática do desperdício do papel dentro do IFRN e ainda
considerando os objetivos do Campus Verde surge a ideia de trazer ao IFRN Campus Santa
Cruz, a conscientização acerca do uso do papel através de uma abordagem dinâmica das
oficinas, nas quais alunos e servidores são agentes potenciais dessa mudança. Buscando essa
interação decidiu-se implantar uma oficina na qual além da conscientização do problema
também são apresentadas algumas ideias para tentar minimizá-lo, através de uma aplicação
criativa e didática. Nas oficinas, desenvolvemos bloco de notas e porta-lápis, reaproveitando o
papel usado na instituição.
Observamos que a troca de conhecimentos aqui apresentada foi de grande crescimento
para os envolvidos, principalmente para os organizadores do trabalho, que puderam estudar
melhor o tema e pensar em soluções para um problema observado no cotidiano. No entanto a
experiência das oficinas foi pontual e ainda merece ser melhor desenvolvida e estudada. Pensase em aumentar as opções de produtos desenvolvidos nas oficinas, como a inclusão da
confecção de caixas e origamis, com o intuito de torna-las mais atrativas ao público. Outro
ponto importante diz respeito à operacionalização das oficinas que precisa ser melhor pensada
para que atinja o maior número de alunos e servidores, utilizando-se de eventos locais como a
Expotec para uma maior divulgação.
Por fim, faz-se necessário além da conscientização dos docentes, discentes e
servidores, também o incentivo ao pensamento sustentável da comunidade, observando que
nela também há uma significativa quantidade de lixo produzida diariamente, onde o
reaproveitamento dos materiais é uma ação pouco difundida. O projeto vê, portanto, a
possibilidade de ampliar a atuação das oficinas para a comunidade local com o objetivo de
servir e levar à comunidade o pensamento sustentável da reutilização dos materiais.
Referências
CAVALCANTI, C. Meio Ambiente, desenvolvimento sustentável e políticas públicas.
Disponível em:
145
<http://www.institutoembratel.org.br/projetos/projetoGesac/swf/documentos/cursos/CursoInst
ituto/site/pdf/meio_ambiente.pdf>. Acesso em maio 2014.
CONCEIÇÃO, D. S., ROSA, C. H. S. e MORAES, G. L. Logística reversa: uma análise sobre
o reaproveitamento de papel nas organizações. Anais. X SEGET, out 2013. Disponível em:
< http://www.aedb.br/seget/artigos13/18918350.pdf>. Acesso em: 1º maio 2014.
MUCELIN, C. A.; BELLINI, M. Lixo e impactos ambientais perceptíveis no ecossistema
urbano. Uberlândia, jun 2008. Disponível em:
<http://www.scielo.br/pdf/sn/v20n1/a08v20n1.pdf>. Acesso em: 1º maio 2014.
RIBEIRO, Ana Lúcia. Lixo: grave problema ambiental mundo moderno. 21f. Trabalho de
Conclusão de Curso em Geografia – Graduação. – Catolé do Rocha, 2011. Universidade
Estadual da Paraíba (MONOGRAFIA).
146
REUTILIZAÇÃO CORRETA DE DETRITOS ORGÂNICOS PARA IMPLANTAÇÃO
DO MÉTODO DE PRODUÇÃO DE ELETRICIDADE E OUTROS RECURSOS A
PARTIR DA BIODIGESTÃO ANAERÓBICA NA REGIÃO POTENGI
Augusto Enderson de Moura Oliveira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O objetivo principal do projeto é viabilizar a implantação da biodigestão anaeróbica
nos municípios da região Potengi, especificamente no município de São Paulo do Potengi, como
forma viável para produção principal de biogás e eletricidade em pequenas comunidades da
região que não possuem acesso aos recursos. Nas comunidades urbanas ele consistiria em uma
forma de reutilização do lixo orgânico produzido pelas famílias e em uma forma de saneamento
completo nas regiões onde fossem implantados, nas comunidades rurais teria os mesmos
objetivos, porém também seria uma forma de reutilizar corretamente os dejetos animais
encontrados em pequenas áreas de criação pecuária.
O projeto também possui grande importância econômica para as áreas onde atuaria,
podendo tanto auxiliar na comunidade onde seria implantado diminuindo o consumo e custo
elétrico e de gás nas famílias da região, como também os recursos produzidos poderiam ser
vendidos pelo próprio município para outras regiões. Contando também com a produção
continua de biofertilizantes que tanto poderiam ser vendidos pelo município, ou poderiam
auxiliar na produção agrícola do mesmo.
2. Material e Métodos
A biodigestão anaeróbica é um processo químico e natural onde ocorre a degradação
de matéria orgânica por meio de micro-organismos na ausência de oxigênio, onde essa matéria
orgânica é transformada em biofertilizante e em biogás. O biofertilizante é um excelente adubo
natural, rico em nitrogênio. O biogás, é um gás composto de metano e gás carbônico, e pode
ser usado para aquecimento e geração de eletricidade.
Os métodos de trabalho para concepção do projeto resumem-se a construção de
modelo de reator de biodigestão UASB ou reator de fluxo de manta de lodo, seu processo de
tratamento ocorre com fluxo ascendente do efluente que atravessa um manto de lodo, composto
por diversos microrganismos estritamente anaeróbia. Esta biomassa rapidamente converte a
carga orgânica do efluente em biogás, através do processo de fermentação e também gera novas
células (lodo). No topo do reator existe um separador trifásico que separa o lodo, que pode ser
utilizado como biofertilizante, o efluente líquido tratado e o biogás (Figura 01)
(WELLINGTON BALMANT, 2009, P.10).
147
Figura 01-Reator UASB Típico. Fonte: UASB (2015)
A metodologia de trabalho do projeto na região Potengi seria concebida inicialmente
com o estudo da qualidade dos produtos gerados a partir do sistema e sua viabilidade de
implantação na região, ocorridos este estudo seria criado uma maquete realista do projeto, com
o objetivo de exemplificar a atuação do mesmo na região.
3. Resultados e Discussões
Os resultados obtidos a partir da implantação do método de biodigestão anaeróbica na
região são restritamente positivos, como o método é totalmente autossustentável, o sistema não
produz nenhum impacto ao ambiente em seu funcionamento correto.
Seus produtos possuem um auto valor de aproveitamento, O biogás criado pode ser
usado como combustível em substituição do gás natural ou do Gás Liquefeito de
Petróleo (GLP), ambos extraídos de reservas minerais. Sendo que, o uso deste gás para
aquecimento de instalações, aquecimento de estufas para produção de vegetais e a utilização do
mesmo como gás de cozinha não requer nenhum tratamento a mais, já para que ele possa ser
usado como o gás natural em aplicações de maior eficiência como em motores, ou para que seja
reinserido na rede de distribuição de gás quando mediante legalização do órgão competente, é
necessário ser feito a retirada do gás carbônico, gás sulfeto de hidrogênio e vapor de água e
outros compostos. A equivalência energética do Biogás é descrita seguinte maneira:
Um metro cúbico (1 m³) de biogás equivale energeticamente a:
 1,5 m³ de gás de cozinha;
 0,52 a 0,6 litro de gasolina;
 0,9 litro de álcool;
 6,4 kwh de eletricidade;
 2,7 kg de lenha (madeira queimada).
O sistema também produz um fertilizante de ótima qualidade como já foi citado, (bem
melhores do que os fertilizantes químicos), muitas vezes misturados à água e, portanto, em
forma líquida, mas em alguns processos também sólidos.
Além de fornecer estes 2 produtos, o uso do sistema de biodigestão proporciona outras
importantes vantagens:
 É uma forma de se fazer o saneamento básico de uma comunidade, em que seja feita a coleta
de fezes humanas e animais sem adição de água e misturada com os resíduos orgânicos,
como podas de gramados, e folhas varridas da mesma comunidade;
 Evita a poluição do meio ambiente com os dejetos orgânicos, sobretudo das águas, que
tradicionalmente foi o seu principal destino, mas também do solo;
 Combate ao aquecimento global, pela queima do gás metano, 24 vezes mais causador do
efeito estufa do que o CO2 resultante da sua queima;
148



Reduz significativamente o espaço utilizado para o tratamento dos dejetos animais, em
relação a outro método mais atrasado, as lagoas de decantação;
Elimina os maus odores dos dejetos animais;
Reduz significativamente as moscas.
A construção do sistema é bem simples, porém a administração e distribuição de seus
produtos requerem um auto nível de atenção, principalmente no caso do biogás, assim como a
manutenção do biodigestor (BRASIL, Wikipédia, a enciclopédia livre. Biodigestor
Anaeróbico. Disponível em:< https://pt.wikipedia.org/wiki/Biodigestor_anaer%C3%B3bico>
acesso em: 20 de out. 15).
4. Conclusão
A partir dos fatos citados anteriormente conclui-se que o projeto em questão possui
um forte impacto tanto social quanto ambiental na área onde for implantado, de maneira que,
tendo uma administração correta se torna totalmente autossustentável, trazendo assim diversos
benefícios para a região assim como para o meio ambiente. Tornando-se também uma opção
para reutilização do lixo orgânico e ao mesmo tento uma fonte rentável para o município.
Referências
WIKIPÉDIA. A enciclopédia livre. Biodigestor Anaeróbico. Disponível em:
<https://pt.wikipedia.org/wiki/Biodigestor_anaer%C3%B3bico>. Acesso em: 20 de out. 15.
BALMANT, Wellington. Concepção, construção e operação de um biodigestor e modelagem
matemática da biodigestão anaeróbica. Universidade Federal do Paraná. Disponível em:
<http://www.pipe.ufpr.br/portal/defesas/dissertacao/150(2).pdf>. Acesso em: 1º out. 2015.
AMBIENTE BRASIL. Biodigestores. Disponível
em: <http://www.ambientebrasil.com.br>. Acesso em: 20 out. 2015.
REVISTA SUINOCULTURA INDUSTRIAL. O uso do biodigestor. Disponível
em: <http://www.suinoculturaindustrial.com.br>. Acesso em: 20 out. 2002.
CHERNICHARO, C.A.L. Princípios do tratamento biológico de águas residuárias: Reatores
anaeróbios. Vol. 5. Belo Horizonte: Departamento de Engenharia Sanitária e Ambiental –
UFMG, 1997
VAN HAANDEL, A, LETTINGA, G. Tratamento anaeróbio de esgotos: um manual para
regiões de clima quente. Campina Grande: UFPB, 1984.
149
ANÁLISE DE DURABILIDADE A ÍONS CLORETO DE CONCRETOS
AUTOADENSÁVEIS
Thiago Fernandes de Araújo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Aline Santana Franco de Siqueira
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Evilane Cássia de Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Marcos Alyssandro Soares dos Anjos
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
É frequente a deterioração precoce de postes de transmissão de energia de concreto
armado convencional, quando estes são submetidos a condições agressivas como é o caso das
zonas marítimas ou regiões densamente industrializadas, apresentando como manifestação
patológica mais comum a corrosão das armaduras, resultante do processo de carbonatação do
concreto aliada a penetração de íons cloretos.
Neste trabalho, realizou-se o estudo de concretos convencionais e de concretos
autoadensáveis (CAA) que são misturas capazes de espalhar com o seu próprio peso sem perder
a coesão, além de, ser considerada uma tecnologia compatível com a indústria de pré-moldados
e por possuírem maiores teores de finos e materiais pozolânicos que ajudarão no aumento da
durabilidade das peças produzidas. Visando analisar a durabilidade de concretos dosados para
utilização em postes fabricados por indústria de pré-moldados da cidade de Natal-RN/Brasil, o
presente estudo apresenta quatro dosagens com resistência mínima de 25 MPa, sendo duas de
concreto convencional e as outras duas de concreto autoadensável submetidas ao ensaio de
coeficiente de difusão de íons cloretos pela especificação LNEC E-463.
2. Materiais e Métodos
Foram produzidas quatro misturas de concretos, sendo duas delas de concretos
autoadensáveis (CAA) e duas de concretos convencionais (CCV), apresentadas na Tabela 1. A
escolha dos traços de concreto convencional foi baseada em traços já utilizados pela indústria
de pré-moldados. Enquanto a definição dos traços de CAA partiu de estudos baseados na
redução de consumo de cimento de concretos autoadensáveis de Anjos et al (2014) e EFNARC
(2004).
As duas misturas de CCV apresentam um consumo de cimento de 365 kg/m³ e 400
kg/m³ (CCV 365 e CCV 400), enquanto as misturas de CAA possuem um consumo de cimento
de 320 kg/m³ e 340 kg/m³ (CAA 320 e CAA 340), completando-se com fíler calcário e
metacaulim regional para atingir um teor de finos de, aproximadamente, 450 kg/m³ e 440 kg/m³
respectivamente como apresentado na tabela 1, proporcionando uma redução do cimento da
ordem de 20%.
150
Tabela 1: Consumo de materiais para dosagem em metro cúbico (kg/m³).
Composições dos concretos
Materiais
CCV400
CCV365
CAA 340
CAA320
Cimento
400
365
340
320
Metacaulim
19
32
Fíler
78
99
Agregado miúdo
770
801
825
846
Agregado graúdo
950
994
761
781
Água
200
193,45
238
214,4
Aditivo: PF
1,4
1,3
2
1,9
Aditivo: SP
3,9
5
Fonte: dados da pesquisa.
Os concretos foram produzidos em betoneiras com capacidade de 150 litros de eixo
inclinado. Para a mistura foi utilizada uma sequência que pode ser dividida em 5 etapas. A
primeira consiste na colocação do agregado graúdo com um terço da água de amassamento
misturando-se por 30 segundos, em seguida colocou-se o cimento e o fíler calcário e mais um
terço da água de amassamento misturando-se por mais um minuto. Na terceira etapa colocouse agregado miúdo e o restante da água, misturando-se por mais um minuto. Em sequência
acrescenta-se os aditivos e mistura-se por mais um minuto e ao final adiciona-se à mistura o
metacaulim, misturando-se por dois minutos, totalizando um tempo de mistura de cinco
minutos e meio.
A determinação da difusão de íons cloretos foi realizada de acordo com a
especificação do LNEC E-463. Para a realização deste ensaio foram utilizados três CP´S de
cada dosagem, que foram ensaiados após os 28 dias de idade. Foram utilizados provetes
cilíndricos com 100 mm de diâmetro e 50 mm de altura, proveniente do corte de três CP´s
cilíndricos com 100 mm de diâmetro e 200 mm de altura. A preparação dos provetes se dá com
o tratamento por vácuo e imersão em solução saturada de Ca(OH)2. De acordo com a
padronização, é utilizado uma solução anódica (0,3M NaOH) e outra catódica (10% NaCl) e é
aplicado inicialmente uma voltagem de 30V nos provetes, se necessário faz-se uma correção
regida em norma. Com o indicativo de solução de nitrato de prata (0,1M AgNO3), por aspersão
sobre o provete rompido diametralmente, é possível observar, por processo colorimétrico, a
frente de penetração dos íons cloretos através da precipitação de cloreto de prata (AgCl) sobre
a região afetada. Esta atividade permite determinar o coeficiente de difusão de cloretos por
meio da migração de íons em regime não estacionário.
Figura 1 – Ilustração do ensaio de difusão de íons cloretos em andamento. Fonte: registros da pesquisa.
151
3. Resultados e Discussões
Através da análise visual da penetração de íons nos provetes na Figura 2 evidenciam a
eficiência dos CAA’s 320 e 340 perante os concretos convencionais. A região clarificada é a
área afetada por difusão de cloretos, a coloração é resultado da precipitação do cloreto de prata
após a reação dos íons cloretos com o nitrato de prata. Utilizou-se uma caneta preta para
destacar a zona de transição entre a área afetada por cloretos e a área intacta para melhorar a
visualização nos provetes. O coeficiente de difusão de cloretos em regime não estacionário é
apresentado na Figura 3, expressando numericamente os dados obtidos.
CCV400
CAA340
CCV365
CAA320
Figura 2 – Provetes de concreto submetidos à análise colorimétrica. Fonte: registros da pesquisa.
Figura 3 – Determinação da difusão de íons cloretos aos 28 dias de cura. Fonte: dados da pesquisa.
4. Conclusões


Através deste estudo experimental pode-se concluir:
O uso dos CAA’s testados oferece uma grande vantagem em relação aos CCV’s
utilizados atualmente nas indústrias de pré-moldados em Natal-RN/Brasil quanto à
proteção da armadura a ataques de cloretos, comuns nesta região.
É possível fazer CAA’s com boa durabilidade em relação aos CCV’s reduzindo até
20% o consumo de cimento com o auxílio de adições minerais e possuindo maiores
resistências à compressão.
152
5. Agradecimentos
Agradecimentos ao CNPq pela concessão das bolsas de pesquisa e ao IFRN pelo apoio
institucional.
Referências
ANJOS, M.A.S.; Camões, A; Jesus, C.M. Betão auto-compactável eco-eficiente de reduzido
teor em cimento com incorporação de elevado volume de cinzas volantes e metacaulino. 1º
Congresso Luso-Brasileiro de Materiais de Construção Sustentáveis. Guimarães - Portugal,
2014.
LNEC E-463: Betão: determinação do coeficiente de difusão dos cloretos por migração em
regime não estacionário, documentação normativa, especificação LNEC, 2004.
BIBM. Cembureau, Efca, Efnarc, Ermco. The European Guide lines for Self-Compacting
Concrete: specification, production and use, maio, 2005. Disponível em: <
http://www.efnarc.org/pdf/SCCGuidelinesMay2005.pdf>. Acesso em: 1º out. 2015.
153
ESTUDO DA POTENCIALIDADE DO USO DO META CAULIM PRODUZIDO A
PARTIR DO RESÍDUO DE CAULIM PARA A SUBSTITUIÇÃO PARCIAL DO
CIMENTO NO CONCRETO ESTRUTURAL
Julia Soares Torres de Lima
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Márcio Luiz Varela Nogueira de Morais
Má[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O caulim é um produto de suma importância no cotidiano do homem, desde as
primeiras civilizações. Ele está presente desde o papel até as construções de moradias, hospitais
e escolas. A caulinita, é um minério que não é encontrado sozinho na natureza, por isso, se faz
necessário que se tire as impurezas nele presentes. Estas impurezas, pode acarretar tanto
alterações nas características do produto, quanto impactos ambientais negativos, quando
descartados de forma inadequada na natureza.
Com a intenção de continuar com desenvolvimento socioeconômico acentuado sem
causar grandes impacto, pesquisadores buscam maneiras de utilizar esse resíduo de forma que
minimize tais impactos, esta pesquisa estuda a possibilidade de substituir o uso do cimento pelo
resíduo de caulim, no concreto, para que esse tenha um destino viável. A substituição parcial
do cimento pelo resíduo de caulim provoca reatividade com o hidróxido de cálcio contido na
pasta de cimento provocando reação pozolânica que reduz o teor de hidróxido de cálcio e a
porosidade. Assim, melhorando o desempenho das propriedades do concreto estrutural como
durabilidade e resistência mecânica.
2. Material e Métodos
2.1 Materiais
Utilizou-se o cimento CP II F, cimento Portland composto com fíler,os agregados
usados foram os agregados miúdos que foi a areia natural da classe quartzosa e, o agregado
graúdo foram utilizados dois tipos de britas graníticas de dimensões 6,3 mm e 19,0 mm, para a
confecção do concreto. As adições foram o meta caulim industrial e o resíduo de caulim.
2.2 Métodos
Os materiais utilizados, exceto o resíduo de beneficiamento do caulim, já estavam em
condições técnicas de serem utilizados na confecção do concreto. Primeiramente o resíduo foi
passado em peneira malha #300, para separação da fração grosseira de mica e quartzo contido
no material, após esta etapa o resíduo foi submetido à moagem por via úmida em moinhos de
bola cerâmica por 12 horas. Após a moagem a barbotina obtida foi seca em estufa por um
período de 24 horas a temperatura de 110ºC.
Após a secagem, o resíduo calcinado foi desaglomerado em almofariz e novamente
passado na peneira de malha #300, sendo utilizada somente a fração passante. Após esta etapa
o resíduo foi submetido as análises por difração de raios X, DRX, e fluorescência de raios X,
FRX, para verificação de sua composição mineralógica e química, percentuais de óxidos
existente no mesmo, respectivamente. O análise mineralógica por difração de raios X (DRX)
154
foi realizada no difratômetro de raios X, com tubo de cobre, 50 mA e 2 KW. E a análise química
por fluorescência de raios X (FRX) foi realizada com o espectrômetro de raios X por energia
dispersiva, com tubo de alvo de ródio (Rh), 1 a 1000 mA e 5 a 50 KV.
Em seguida, o material foi levado ao forno onde foi calcinado a uma temperatura de
600ºC com patamar de 2 horas, taxa de aquecimento de 10ºC/mim e resfriamento natural. Após
sua calcinação foi realiza análise por difração de raios X para verificar a formação do meta
caulim Foram produzidos traços de concreto sendo o de referência o traço padrão – TP e traços
com 5%, 10% e 20% de meta caulim industrial (MI) e com o meta caulim reativo produzido a
partir do resíduo de caulim calcinado – RCC em substituição parcial a massa de cimento, de
acordo com tabela 5.Foram confeccionados 6 corpos de prova para cada traço de concreto
analisado. O concreto foi produzido em betoneira. Os corpos de prova foram confeccionados
em molde cilíndrico de 100 x 150 mm O adensamento foi realizado de forma manual dividido
em duas camadas com 12 golpes cada. Todos os corpos de prova foram desmoldados 24 horas
após sua confecção. Em seguida os corpos de prova foram levados a cura úmida, ABNT NBR
5738:2003.
3. Resultados e Discussões
Na amostra, a soma dos óxidos SiO₂, Al₂O₃ e Fe₂O₃ foi correspondente a 90,06%,
superando o valor mínimo de 70% exigido pela ASTM C-618:1989 e ABNT NBR 12653:1992,
para que o material seja considerado pozolânico. Nos resultados obtidos na difração de raios X,
o resíduo de caulim sem tratamento térmico apresentou picos de quartzo, caulinita, microclínio
e moscovita, Figura 1, enquanto o meta caulim industrial não apresentou picos de caulinita,
Figura 2. Isto ocorre em consequência da quebra de sua estrutura cristalina que se tornou
amorfa.
Figura 1: Difração de Raios X do resíduo de caulim. Fonte: dados da pesquisa.
Figura 2:Difração de Raios X do meta caulim industrial. Fonte: dados da pesquisa.
155
A seguir é apresentado o difratograma do resíduo tratado termicamente, Figura 3, onde
pode ser observado o desaparecimento do pico de caulinita, o que vem a confirmar sua
transformação em meta caulim a temperatura de 600ºC, segundo a literatura.
156
Figura 3: Difração de Raios X do resíduo de caulim calcinado. Fonte: dados da pesquisa
Os resultados obtidos através dos ensaios a compressão axial dos traços: padrão, 5%,
10% e 20% de meta caulim industrial (MI) e resíduo de caulim calcinado (RCC) com
rompimento aos 7 e 28 dias, apresentados na Tabela 1.
Tabela 1: Resistências aos 7 e 28 dias do TP, MT e RCC
Fonte: dados da pesquisa.
Pode-se avaliar que os resultados obtidos indicam um crescimento de resistência à
compressão axial ao decorrer do aumento dos dias em todos os traços estabelecidos, traço
padrão, meta caulim industrial e resíduo de caulim calcinado. Quando comparado com o traço
utilizando o resíduo de caulim calcinado (RCC), este também elevou sua resistência à
compressão axial quando comparada ao traço sem substituição de cimento (traço padrão), o
traço RCC aumentou aproximadamente 40% a sua resistência. Quando a comparação é feita
entre os traços MI e RCC, observa-se que a resistência obtida no concreto com MI apresentase superior.
157
4. Conclusões
O traço que apresentou o melhor resultado foi aquele em substituiu-se 20% de cimento
pelo resíduo de caulim calcinado, quando comparada ao traço padrão, resultando em um
aumento de aproximadamente 40%. Pode-se observar também que as resistências quando
comparadas aos traços confeccionados com o meta caulim industrial obtiveram valores abaixo
deste, este resultado está associado, provavelmente, a pureza do caulim utilizado para a
confecção do meta caulim industrial e de seu provável controle de qualidade. Desta forma, com
base no exposto anteriormente conclui-se que a utilização do resíduo de beneficiamento do
caulim na produção de meta caulim reativo para utilização na confecção de concretos estruturais
é plenamente viável, tanto técnica como economicamente, uma vez que a adoção dessa prática
diminuiria o passivo da empresa geradora, e minimizaria o impacto ambiental negativo causado
pelo descarte deste na natureza e diminuindo o custo de produção do meta caulim. Como
também reduzir o custo e o consumo efetivo com cimento por parte da indústria da construção
civil, refletindo diretamente no consumidor final, com obras mais baratas e acessíveis as classes
com menor poder aquisitivo.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 11578 – Cimento
Portland. Rio de Janeiro, 1991.
________. NBR 12653 – Materiais pozolânicos. Rio de Janeiro, 1992.
________. NBR 5739 – Concreto – Ensaio de compressão de corpos de prova, Rio de Janeiro.
2002.
_________. NBR NM 248 – Agregados – Determinação da composição granulométrica. Rio de
Janeiro, 2003.
_________. NBR 5738 – Concreto – Procedimento para moldagem e cura de corpos de prova.
Rio de Janeiro, 2003.
_________. NBR 11768 – Aditivos químicos para concreto de cimento Portland – Requisitos.
Rio de Janeiro, 2011.
BARATA, M. S.; MOLIN, D. C. C. D. Avaliação preliminar do resíduo caulinítico das
indústrias de beneficiamento de caulim como matéria-prima na produção de uma meta caulinita
altamente reativa. Ambiente Construído. v. 2, n. 1, p. 69-78. 2002.
VARELA, M. L. N. M, Aproveitamento de resíduo de beneficiamento do caulim na produção
de porcelanato cerâmico. Doutorado. – Natal, 2007. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (TESE).
158
EFEITO DO TRATAMENTO DE AMOSTRAS DE TITÂNIO POR PLASMA DBD
Ivan Alves de Souza
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA
Camila Beatriz Souza de Medeiros
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA
Igor Oliveira Nascimento
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA
Arlindo Balbino do Nascimento Neto
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA
Leandro Augusto Pinheiro do Nascimento
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA
Acacio Lopes Borges de Araujo
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – PPGEM/DEM/LBPLASMA
1. Introdução
O titânio e suas ligas são os materiais mais utilizados para aplicações em implantes
(Rosales et al., 2010). Essa característica dá-se pela sua biocompatibilidade. “Ao ser inserido
num meio biológico, os implantes desencadeiam uma série de processos biológicos até ocorrer
a osseointegração” (GUERRA NETO et al., 2009). Quando estes dispositivos possuem
modificações em sua superfície, esse processo pode ser acelerado devido a uma maior energia
superficial que parece favorecer à adesão celular (ROSALES et al., 2010; AMARANTE,
LIMA, 2001). Diversas técnicas de tratamentos superficiais têm sido pesquisadas, no intuito de
desenvolver uma melhor resposta biológica (ROSALES et al., 2010; AMARANTE,
LIMA,2001). Estudos recentes indicam que tratamentos de materiais por plasma estimulam a
adesão celular, proliferação e desenvolvimento de tecidos (SAQIQALI et al, 2010).
O Plasma DBD (Descarga por Barreira Dielétrica) destaca-se como um método
promissor por ser flexível e de baixo custo. Além disso, permite a modificação superficial em
materiais maiores ou em grandes escalas, por não precisar de um sistema vácuo (SAQIQALI,
2010). Aplicações biomédicas de Plasma DBD tem despertado forte interesse na eletrocirurgia
(STALDER, NERSISYAN E GRAHAM, 2006), engenharia de tecidos (BLAKELY et al 2006),
modificação de superfícies de materiais biocompatíveis (Sanchez-Estrada, Qiu e Timmons,
2002), esterilização de materiais termicamente sensíveis e de instrumentos biomédicos
(LAROUSSI, 2005). Recentes pesquisas destaca a capacidade desta técnica em modificar
superfícies de metais e suas ligas, modificando sua capacidade hidrofílica e energia de
superfície (PANOUSIS et al 2007).
Neste trabalho, temos por objetivo analisar os efeitos, causados por esta técnica de
Plasma DBD, em superfícies de Ti Cp grau ll.,
159
2. Materiais e Métodos
2.1. Preparação das Amostras
Foram utilizados discos de Ti Cp grau II com dimensão de 15 mm x 1,5 mm (diâmetro
x espessura). Os discos foram inicialmente lixados com lixas de carbeto de silício com
granulometria variando de 100 até 2000 mesh. O polimento foi executado com uma solução
composta de sílica coloidal e peróxido de hidrogênio em um pano de polimento de neoprene
poroso (OP_CHEM) por período de 40 min. Em seguida, os discos foram lavados em detergente
enzimático, álcool etílico absoluto e água destilada com agitação ultrassônica, por 15 minutos
cada.
2.2
Microscopia Óptica
Foi utilizado o microscópio Olympus BX 60M com uma câmera digital acoplada e o
software Image Pro Plus que foi utilizado na aquisição e análise de imagens. Para tal, foram
obtidas fotomicrografias das amostras de controle e tratadas. As regiões analisadas
correspondem aos campos de visão obtidos com aumento em 80 vezes.
2.3 Ensaio de Molhabilidade
O ângulo de contato de gotas de água destilada foi medido nas amostras controle e nas
tratadas. Com o auxílio de uma pipeta graduada, 20µL de água destilada foi gotejada sobre
cada disco. Fotografias foram obtidas em diferentes tempos até a completa relaxação gota,
utilizando-se um programa de captação de imagens Pinnacle Studio 9.0. O teste de
molhabilidade foi analisado pelo Surftens 3.0, no qual se mede o ângulo de contato entre a
superfície sólida (disco) e o plano tangencial à superfície líquida (água), ensaio de
molhabilidade foi realizado antes e após o tratamento por Plasma DBD.
2.4 Parte Experimental
As amostras de titânio foram submetidas a tratamentos superficiais por plasma DBD
a pressão atmosférica . Para os parâmetros do tratamento utilizou-se uma voltagem de 18 kV e
frequência 500 Hz durante 2 horas. Figura 1
3. Resultados e discussão
3.1 Microscopia Óptica
O ensaio de microscopia óptica realizado na amostra de controle mostrou uma
superfície refletida, polida, contendo pequenos defeitos estruturais como demonstrado na
Figura 2a. Nas amostras tratadas observou-se erosões superficiais nas amostras de titânio. Estas
erosões podem ser identificadas como microporosidades, como explicitado na Figura 1b.
160
Figura 1: Amostras de titânio antes e após o tratamento figuras (a) e (b) respectivamente, com aumento em 80x.
Fonte: dados da pesquisa.
As modificações superficiais analisadas nas superfícies das amostras de titânio podem
ocasionar mudanças nas respostas biológicas encontradas durante a osseointegração e a resposta
a longo prazo da interface osso-implante (ROSALES et al., 2010; COSTA et al.,2008)
desempenhando um papel crítico nas respostas biológicas que induz o sucesso dos implantes
(ZHU, 2004).
As erosões ocasionadas pelo tratamento, microporosidades, podem ser atribuídas à
orientação localizada da discarga DBD no regime filamentar ( ZHANG e HAN, 008). Essas
erosões podem favorecer a osseointegração, existem evidências que modificações superficiais
nas escalas micro e nano conduzem esse processo (ROSALES et al., 2010).
3.2 Molhabilidade
O ensaio de molhabilidade realizado nas amostras de controle demonstrou uma
superfície de titânio puro com um ângulo de contato em média de 57º de acordo com a Figura
2a. Nas amostras tratadas obteve-se um ângulo menor, com uma média de 10º, apresentando
boa hidrofilicidade, como demonstrado na Figura 2b.
Figura 2 Ensaio de molhabilidade no titânio tratadas por plasma DBD, antes do tratamento (a) e após o
tratamento (b).
Biomateriais com Maior hidrofilicidade, melhoram o crescimento celular e aumentam
a biocompatibilidade Rosales et al., 2010).. As amostras tratadas apresentaram uma capacidade
hidrofílica maior em relação a antes do tratamento, chegando a 80% da diminuição do ângulo
de contato com relação a amostra de controle. Essa capacidade hidrofílica, pode ser relacionada
com a esterelização e retirada de componentes orgânicos presentes nas ( Panousis et al 2007),
e as mudanças topográficas. A molhabilidade superficial influencia proteínas, moléculas e
células que chegam na superfície do biomaterial ao ser inserido num meio biológico (GUERRA
NETO et al.,2009).
161
4. Conclusão
O tratamento por plasma DBD é capaz de modificar superficialmente amostras de
titânio, mudando suas características topgráficas e hidrofilicidade. As amostras após o
tratamento por plasma DBD apresentaram características importantes para aplicações em
dispositivos médicos com sucesso.
Referências
Rosales-Leal, J.I. et.al Effect of roughness, wettability and morphology of engineered
titanium surfaces on osteoblast-like cell adhesion. colloids and Surface A: physicochemical
and engineering aspects. v. 365, 2010, p. 222-239.
Guerra Neto, C. L. B., da Silva, M. A. M., Alves Junior, C. Osseointegration evaluation of
plasma nitrided titanium implants. Surface Engineering, v.25, n. 6, 2009, p. 434-439.
Amarante, E.S., Lima, L.A. Otimização das superfícies dos implantes: plasma de titânio e
jateamento com areia condicionado por ácido – estado atual. Pesqui Odontol Bras. v. 15, n. 2,
2001, p. 166-173.
Saqiqali, C., Cernák, M., Slavicek, P., Havel, J., Gas plasmas and plasma modified materials
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163
A EFICIÊNCIA E VERSATILIDADE DE EQUIPAMENTO PARA MICRO CÁTODO
OCO
Igor Oliveira Nascimento
[email protected]
LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Edalmy Oliveira de Almeida
[email protected]
LABPLASMA – DFTE – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Ivan Alves de Souza
[email protected]
LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
José César Augusto de Queiroz
[email protected]
LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Michelle Cequeira Feitor
[email protected]
LABPLASMA – DET – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Thércio Henrique de Carvalho Costa
[email protected]
LABPLASMA – PPGEM – DEM – Universidade Federal do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O revestimento de superfícies utilizando filmes tem grande importância tecnológica
devido à melhoria de propriedades superficiais, propriedades mecânicas (resistência a abrasão,
mudanças no coeficiente de atrito, etc)( ALVES et al., 2004), propriedades químicas (resistência
ao desgaste por corrosão) (HENRIQUES et al., 2014), propriedades decorativas (coloração e
refletividade) (NASCIMENTO, 2011), entre outras.
Neste trabalho foram utilizados
eletrodos de cobre, bronze, titânio, ferro, aço inox, pó de titânio, pó de titânio e silício, vidro e
cerâmica. Os eletrodos foram investigados com relação a sua mudança de geometria e
comportamento do plasma dentro da cavidade de cátodo oco e canal do gás. Quanto à cavidade
de cátodo oco, os aspectos analisados foram o diâmetro e sua profundidade. Com o canal do
gás, verificamos o diâmetro. Nas duas situações, investigamos parâmetros como fluxo do gás,
pressão, corrente e tensão aplicada no eletrodo, temperatura, perda de massa do eletrodo com
relação ao tempo de uso (ALMEIDA, 2008).
2. Material e Métodos
Um equipamento de micro cátodo oco desenvolvido para deposição de filmes finos
em altas pressões (cerca de 10-3 - 5 mbar). Para testar o equipamento, cátodos de cobre ocos de
diferentes dimensões, foram utilizados. Este trabalho apresenta a influência dos principais
parâmetros, o diâmetro e profundidade da cavidade cátodo oco, sobre a eficiência da
pulverização catódica foram investigados. Foi utilizado intervalo de fluxo entre 6 e 15 sccm e
pressão de 2,7 a 8 x 10-3 mbar. A corrente aplicada foi entre uma faixa de trabalho de 0,8 a 0,4
A, e as suas respectivas tensões ficaram em uma faixa de 400 a 220 V. Fixando o valor da
corrente, foi possível levantar a curva do comportamento da tensão com o tempo de uso. Cada
substrato foi limpo durante 10 min. e depositado durante 15 min. A partir de alterações
dimensionais da cavidade do cátodo oco a efetividade do processo foi avaliado e perda de massa
calculada. Outra técnica desenvolvida para atender a produção e caracterização dos filmes
164
produzidos nesse trabalho foi o caloteste. Ele se utiliza de uma esfera e abrasivo para marcar a
amostra com uma impressão de calota, com essa forma de calota é possível calcular a espessura
do filme. Taxas de perda de massa de até 3,2 x 10 -6 g / s foram obtidos. Para o substrato cátododistância de 11 mm, o filme foi depositado limitado a uma área de 22 mm de diâmetro. A
deposição de Cu velocidade neste sistema de pulverização catódica configuração atinge valores
de cerca de aproximadamente 0,18 μm / min.
3. Resultados e Discussões
A configuração dos eletrodos utilizados nesse trabalho. Foram escolhidos para análise
aqueles que não estavam com geometria repetida como mostra a figura 1. Os que tiveram a sua
geometria repetida entraram na estatística de maneira quantitativa e tiveram aplicação em
trabalhos paralelos para revestir materiais cerâmicos, membranas para crescimento celular,
fibra de abacaxi, interface entre alumina e metal amorfo, biocompatibilidade de brincos, ligas
de metais odontológicos e preenchimento de membranas com nano tubos. Parâmetros como
potencial catódico, temperatura do substrato, temperatura na superfície externa dos eletrodos
apresentaram comportamento bem diferentes. O tempo de vida dos eletrodos tiveram uma
grande diferenciação assim como a comparação das perdas de massa. De um modo geral, os
eletrodos da série 1 tiveram maior taxa de deposição, com relação aos eletrodos da série 2 e 3
que foram utilizados com pressão de 10-2 mbar. Isso acontece porque a estrutura dos filmes que
foram depositados com pressão de 2.7 a 3.5 mbar tem estrutura colunar, enquanto que nos
demais foram depositados com pressão de 10-2 mbar é bem compacta.
Figura 1 - (Série das geometrias utilizadas nos eletrodos.) Eletrodos da série 1 são formados só por um material
com Ø1=2,4mm, Ø4=12,0mm e L3=14,0mm; Eletrodos da séria 2 formados por um corpo de aço inox e uma
ponteira do material a ser consumido com Ø1=2,4mm, Ø2=2,0mm, Ø3=5,0mm, Ø4=10,0mm, L1=5,0mm,
L2=9,0mm e L3=14,0mm; Eletrodos da série 3 com corpo de aço inox e ponta do material de consumo com
Ø1=2,0mm, Ø2=1,5 mm, Ø4=10mm e L3=12mm. Fonte: dados da pesquisa.
Na figura 2 mostras micrografias de deposições que obedecem aos mesmos parâmetros
com ângulo de incidência de 900 em substrato de vidro comum e aço M2, com tempos de
exposição para os eletrodos de 120 minutos.
165
Figura - 2 (Eletrodos da série 1) (A) - Filme de TiN em substrato de aço M2 com estrutura compactada, pressão
2.7 mbar e temperatura no substrato de 1280C. (B) - Filme de cobre em vidro ilustrando uma estrutura com
crescimento colunar, com pressão 2,7 mbar e temperatura de substrato de 460C. (C) - Filmes de cobre em vidro
ilustrando uma estrutura com crescimento colunar, com pressão 3,1 mbar e temperatura no substrato de 60 0C.
(D) - Filme de cobre em vidro com estrutura compacta e com pressão 3,1 mbar e temperatura no substrato de
1800C. Fonte: dados da pesquisa.
Na amostra (A) estão presente as medidas da espessura do filme e da nitretação do aço
M2, respectivamente com uma temperatura no substrato de 1280C e uma taxa de deposição de
4,3x10-2 µm/min. As condições de nitretação foram com pressão de trabalho de 2 mbar, gás de
trabalho com mistura de 16H2 + 4N2, fluxo de 20 sccm, corrente de 0,20 A e tensão de 812 V.
Na amostra (B) tem-se o controle de parâmetros como a temperatura do substrato que foi de
460C, taxa de deposição calculada de 5.15 x 10-2 µm/min e pressão que foi de 2.7 mbar. Esses
parâmetros resultaram em um filme que pode ser classificado dentro do modelo estrutural de
zona proposto por Thorton, tendo se verificado que eles se enquadram na zona dois e que
apresentam grãos colunares, com superfície altamente faceada. Na amostra (C) controla-se a
temperatura do substrato em 600C, tendo calculado uma taxa de deposição de 5.6 x 10-2 µm/min
e uma pressão de 3.1 mbar. Esses parâmetros resultaram em filmes com as mesmas
características, que aconteceram como na deposição que foi feita em substrato de vidro comum.
A amostra (D) teve o controle dos parâmetros como à temperatura do substrato que foi de
1800C, uma taxa de deposição de 1.03 x 10-2 µm/min. Esses parâmetros também levaram a
produção de filmes com as mesmas características encontradas no filme da amostra (C) para a
mesma classificação do filme proposto por Thorton.
4. Conclusões
A simplicidade e baixo custo do presente sistema de deposição, é possível a obtenção
de filmes com alta taxa de deposição, estruturas colunares, compactas e filmes a partir da
mistura de pó. Entretanto, maiores estudos são necessários para garantir reprodutibilidade na
mudança dos parâmetros de processo com o surgimento das cavidades esféricas.
166
5. Referências
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arco de cátodo oco. Doutoramento. – Natal, 2008. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (TESE).
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NASCIMENTO, I. O. Deposição de Filmes Finos de TiN-aSiNx Por Magnetron Sputtering –
Mestrado. – Natal, 2011. Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DISSERTAÇÃO).
167
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DAS ÁGUAS DO RIO POTENGI E
APLICAÇÃO DA ELETROFLOTAÇÃO COMO TÉCNICA DE
DESCONTAMINAÇÃO
Antônio Patric de Araújo
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Renato Dantas Rocha da Silva
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Paulo Roberto Cunha dos Santos
[email protected]
1. Introdução
Em decorrência de uma acentuada crise hídrica conforme se apresenta o País
atualmente, busca-se encontrar alternativas que venham minimizar o atual problema hídrico
nacional. Conforme se observa nesse cenário, a escassez de água, antes restrita apenas ao
nordeste, hoje toma novos patamares chegando a regiões antes não tão afetadas por esse
fenômeno. Essa escassez é visível nos reservatórios em que se verifica volume morto, e
racionamento de água é uma realidade em regiões industrializadas do país, como é o caso de
São Paulo, no Sudeste no país. O semiárido nordestino tem sido palco dessa ocorrência, sendo
afetado neste panorama, já que se sabe que essa região possui a mais baixa precipitação do país,
com uma média 500 mm por ano em grande parte da região, que resultam em seca e
desigualdade social. No Rio Grande do Norte a crise é notória, prova disso é que os principais
reservatórios do Estado estão muito abaixo de sua capacidade.
Essa situação decorre devido à estiagem e o consequente quadro da seca vem se
apresentando desde o ano 2011, uma duração de mais de três anos. Em consequência disso, a
agricultura é uma das áreas mais comprometidas com a ausência d’água, haja vista dependerem
de chuvas e de reservatórios para o sistema de irrigação. Em muitos municípios o racionamento
é uma realidade, constatando-se nos casos mais críticos abastecimento de água apenas, através
de carros-pipa.
No Rio Grande do Norte, a região do Potengi, conta com a Barragem Campo Grande
na cidade de São Paulo do Potengi, quer segundo pesquisas mais recentes da Secretaria de
Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos (SEMARH) está com apenas 11,68% do
seu volume conforme se observa no Gráfico 1 junto a situação volumétrica de alguns principais
reservatórios do Estado.
Gráfico 1. Volume de alguns dos principais reservatórios potiguares
Fonte: SEMARH (2015).
Tal fato reflete a preocupante situação da escassez dos recursos hídricos, visto que o
reservatório é o principal na região. A Barragem Campo Grande é responsável pelo
168
represamento das águas do Rio Potengi, um dos mais importantes rios do Estado que cruza a
cidade de São Paulo do Potengi. A questão da crise hídrica abre passagem para outro grave
problema: a cidade de São Paulo do Potengi tem passado por acelerado processo de urbanização
e crescimento populacional, complementado esse quadro a gestão do saneamento não
acompanhou de modo adequado tal crescimento. Esse fato implica no descarte inadequado de
resíduos doméstico diretamente no Rio, o que leva a contaminação dos corpos d’água, um grave
problema considerando as atuais condições em que se encontram esse recurso hídrico.
De acordo com LEME (2007, p. 25):
O crescimento populacional e a característica do ser humano de se
aglomerar de forma organizada em núcleos urbanos, as cidades, cuja
localização geralmente coincide com áreas da superfície da Terra onde
a disposição de água é maior, tem originado têm originado a poluição
dos recursos hídricos pelo lançamento de seus de seus próprios
efluentes.
Esse trabalho tem por objetivo caracterizar, através de análises físico-químicas
conduzidas em laboratório, as águas desses corpos hídricos a fim de identificar a qualidade da
mesma e os perigos que essa pode trazer ao meio ambiente e à população potengiense. Também
se tem o papel de estudar a eletroflotação como técnica alternativa ao tratamento da água, que
se configura como uma técnica de separação de misturas caracterizada pela inserção de
microbolhas de oxigênio e hidrogênio em meio aquoso. Na eletroflotação, a criação de
microbolhas se dá a partir da eletricidade, eletrodos com uma baixa carga são os responsáveis
pela reação de oxirredução que produz microbolhas de ar. De acordo com Tessele e Rubio
(1997), essa técnica “vem sendo crescentemente estudada na área do tratamento de efluentes
líquidos para a remoção/recuperação de íons, complexos, macromoléculas, tensoativos, óleos
emulsificados, compostos orgânicos, redução de DBO e DQO e partículas coloidais, finas e
ultrafinas. ”. Neste contexto, principalmente em função da elevada eficiência e alta capacidade,
as técnicas de suspensão de partículas vêm se mostrando de grande potencial para o tratamento
da água e efluentes (RUBIO et al., 2002).
Com esse trabalho se pretende a partir do atual cenário de crise hídrica, seca e escassez
de água enfrentado atualmente pela sociedade brasileira com enfoque na população
potengiensse, ressaltar a importância do reconhecimento da qualidade dos recursos hídricos,
uma vez que esta interfere diretamente na saúde e no bem-estar da população, assim como na
preservação dos recursos naturais finitos e do meio ambiente. Além disso, sabe-se que o valor
dos conhecimentos científicos nos processos e técnicas de tratamento de água tendo em vista a
relevância da preservação desse bem finito é indispensável para atendimento às demandas
ambientais e para a manutenção da vida. Face ao exposto o presente projeto foi elaborado com
o objetivo de caracterizar e diagnosticar a qualidade da água dos corpos hídricos do Rio Potengi,
nos entornos da área urbana do município de São Paulo do Potengi e promover o estudo e
tratamento das águas eutrofizadas através da técnica de eletroflotação por uma unidade de
bancada instalada no laboratório de análises químicas do Instituto Federal de Educação Ciência
e Tecnologia (IFRN) no Campus São Paulo do Potengi.
2. Material e Métodos
Para alcançar de forma satisfatória as metas estabelecidas com esse trabalho, que tem
o intuito de identificar o atual estado de degradação dos corpos hídricos do rio estudado e
estudar o processo de eletroflotação como técnica mitigadora dos problemas observados, o
projeto foi fracionado em duas etapas, que consistem em:
169
- Caracterização hídrica do Rio Potengi: para obtenção do produto desejado nesta etapa,
pesquisa e reconhecimento dos principais efluentes e fontes contaminantes que venham a alterar
a qualidade das águas dos corpos hídricos é o princípio. Para isso estão programadas coletas
semanais de amostras de água do Rio Potengi das áreas estudadas, sendo que em algumas dessas
coletas, se observou um auto nível de eutrofização em quase todo o trecho percorrido pelo rio
na área urbana (Figura 1).
Figura 1: Imagem das principais áreas em estudo
Fonte: Google Earth (2014).
As coletas tem sido realizadas baseadas nas normas do Guia Nacional de Coleta e
Preservação de Amostras de Água, Sedimento, Comunidades Aquáticas e Efluentes Líquidos
da Companhia Estadual de Tecnologia de Saneamento Básico e Controle de Poluição das Águas
(CETESB) com apoio da Agência Nacional de Águas (ANA), as amostras estão sendo
conduzidas ao laboratório onde são realizadas as análises físico-químicas responsáveis pelo
diagnóstico da qualidade das águas, sendo essas: condutividade elétrica, pH, sólidos totais,
turbidez, dureza do cálcio, acidez e alcalinidade total. A metodologia analítica do presente
trabalho tem utilizado o “Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater”
como referência para a realização das análises físico-químicas da água, sendo a condutividade
verificada através do método potenciométrico; dureza: método titulométrico; pH: método
potenciométrico, e o pHâmetro é o responsável pela medição do pH, sendo anteriormente
calibrado com soluções tampão de pH fixo em 4,0 e 7,0; turbidez: através do turbidímetro é
efetuada a verificação da turbidez através do feixe de luz emitido pelo aparelho à amostra
expressa por Unidades Nefelométricas de Turbides (NTU) e acidez e alcalinidade: método
titulométrico.
- Estudo da eletroflotação como técnica de descontaminação: imbuídos da necessidade cada dia
maior de se estudar o tratamento de água na finalidade de proteger os recursos hídricos, que por
sua vez são finitos, a eletroflotação, pela sua eficiência, apresenta-se protagonista nesse cenário.
O material contaminante em água tende a ser, na maioria das vezes, hidrofóbico. À medida que
entram em contato com as microbolhas deste processo, as partículas tendem a aderir-se às
microbolhas devido ao ângulo de contato formado entre a bolha e as partículas contaminantes
(Figura 2). Esse fator, aliado à tensão superficial que faz com que as bolhas naturalmente
migrem para a superfície líquida, leva consigo a partícula do material contaminante, de modo
a que o último acaba por se concentrar, também, na superfície flotado1, sendo esse processo o
inverso da sedimentação. Com a concentração do material na superfície, sua remoção se torna
1
FLOTADO: Do inglês floatin = flutuado. Refere-se ao material suspenso no processo de eletroflotação.
170
facilitada; e com o mesmo removido se encerra o processo de eletroflotação, extraindo-se as
impurezas da água. A aplicação de novas técnicas para a remoção de partículas, com destaque
a Flotação, encontra-se em vasto crescimento. Face ao exposto surge nosso interesse no estudo
desta técnica como solução ao problema hídrico exposto. A construção de um reator de
eletroflotação está prevista, o protótipo composto por tubos de diâmetro de 20 cm e altura de
50 cm e um volume global de 15,7 litros contará com eletrodos de alumínio responsáveis pela
formação de microbolhas que possuem diâmetro médio de 30 micrometros de acordo com
estudos anteriores (Figura 3).
Fonte: dados da pesquisa.
3. Resultados e Discussões
A poluição hídrica é um desafio a ser enfrentado em todo o mundo, a declaração de
Helsinki define a poluição dos recursos hídricos como “qualquer alteração nociva das
características de quantidade e qualidade das águas de uma bacia hidrográfica motivada por
intervenção humana” (ILA, 1967 apud CUNHA et al., 1980).
Os parâmetros de qualidade são de fundamental importância na análise e diagnóstico
hídricos, tais grandezas são responsáveis por indicar as características da água, explicitando seu
grau de potabilidade. A pesquisa utiliza como referência os padrões de qualidade decretados
pelo Ministério do Meio Ambiente através do Conselho Nacional do Meio Ambiente
(CONAMA) e da Portaria 518/2014 do Ministério da Saúde, ambos tratando dos padrões de
qualidade potabilidade da água para consumo humano.
Na amostra relativa a tabela 1, foi observado uma condutividade acima do considerado
ideal para uma água potável, já que alguns autores consideram uma água com C.E < 200 μS/cm
com provável potabilidade, tal parâmetros explicita o grau de presença de íons através da
tendência da água a conduzir eletricidade na fase líquida, uma água com condutividade elétrica
elevada significa que a presença de íons dissolvidos nela também é grande. Também apresenta
pH levemente alcalino.
PARÂMETRO
pH
Condutividade elétrica
Dureza do Cálcio
Sólidos Totais
Acidez total
Fonte: dados da pesquisa.
Tabela 1. Resultados das análises físico-químicas
UNIDADE
RESULTADO
7,41
(µS/cm)
381 (µS/cm)
-1
mg.L CaCO3 100 mg.L-1 CaCO3
400 mg.L-1
400 mg.L-1
-1
mg.L CaCO3 5,6 mg.L-1 de CaCO3
171
4. Conclusões
Imbuídos da problemática atual, nosso trabalho procura caracterizar físicoquimicamente as águas dos corpos hídrico do rio Potengi jusantes à Barragem Campo Grande
na cidade de São Paulo do Potengi com o propósito de diagnosticar seu atual estado de
contaminação, os efeitos negativos, haja vista que, uma vez a água estando contaminada, traz
para a sociedade impactos e consequências ambientais negativas. O fato de que o campo de
pesquisa e estudo de neste cenário é muito vago reforça tanto a relevância, quanto a importância
em se estudar os recursos hídricos e a aplicação da técnica de eletroflotação como alternativa
de tratamento das águas estudadas. As coletas estão sendo efetuadas e encaminhadas ao
laboratório onde são realizadas as análises já conhecidas. Tais atividades têm a participação de
discentes interessados em conhecer melhor os procedimentos laboratoriais referentes às
análises de água, o que vem contribuindo para o campo de pesquisa, a inovação científica. Além
disso, o trabalho visa ampliar os conhecimentos da academia. Assim como a poluição dos
corpos hídricos por meio do lançamento de esgotos domésticos, a eutrofização que hora se
observa nos corpos d’água estudados é um preocupante problema ambiental e público, posto
que o excesso de nutrientes interfere diretamente na vida aquática e na qualidade da água, tal
questão deve ser estudada e discutida. Atenta-se à relevância deste trabalho levando em conta
que é pequeno o campo de estudos destinados ao Rio Potengi e a qualidade de suas águas nos
corpos hídricos potengienses.
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183/98272/000240072.pdf?sequence=1>. Acesso em: 14 de out. 2015.
173
PROJETO INTEGRADOR: UMA EXPERIÊNCIA NO CURSO DE EDIFICAÇÕES
DO IFRN DE SÃO PAULO DO POTENGI
Ricardo Souza Marques
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Rubens Diego Fernandes Alves
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Gabriela Barbosa Bruno
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
O IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
– é conhecido na comunidade científica, acadêmica e social pela sua metodologia e práticas
didáticas aplicadas, que sempre visam melhor capacitar seus educandos. Uma dessas propostas,
inserida no currículo é a disciplina Projeto Integrador.
De acordo com a Proposta de Organização Didática do IFRN (2011), em seu artigo 291
que discorre sobre os desenvolvimentos de projetos:
“Os projetos integradores (técnicos ou temáticos), de pesquisa e/ou de
extensão poderão permear todos os períodos dos cursos, devendo
contemplar a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso,
tendo em vista a intervenção no mundo do trabalho, na realidade social,
contribuindo para o desenvolvimento local e a solução de problemas. ”
Portanto, ao inserir essa metodologia na turma de Edificações, modalidade
Subsequente, o curso criou o projeto “Adote um terceirizado”, em que cada grupo, de até 05
(cinco) alunos, tinham como atividade realizar o levantamento da moradia de um terceirizado
e propor melhorias, com base nas disciplinas lecionadas no semestre a que estivesse inserido.
De acordo com o Projeto Pedagógico do Curso de Edificações (2011, p. 11); a
disciplina de Projeto Integrador:
[...] leva os alunos à busca do conhecimento a partir da problematização
de temas, do aprofundamento dos estudos, do diálogo entre diferentes
áreas de conhecimentos - interdisciplinaridade e do desenvolvimento de
atitudes colaborativas e investigativas. Essa proposta visa à construção
de conhecimentos significativos e deve estar contemplada em projetos
interdisciplinares, que podem ser adotados como atividades inovadoras,
eficazes e eficientes no processo de ensino e aprendizagem.
Em face do apresentado, o trabalho discorre como principal objetivo, o relato de
experiências promovido pelo Projeto Integrador no Curso de Edificações, modalidade
Subsequente, do IFRN de São Paulo do Potengi
2. Material e Métodos
Para construir o que seria o nosso Projeto Integrador, o Grupo Técnico de Edificações,
tomou como elemento norteador os documentos referências do IFRN, sendo eles a OD –
174
Organização Didática do IFRN e o PPC – Projeto Pedagógico do Curso de Edificações, ambos
de 2011.
Em seus parágrafos, os documentos discorrem que a disciplina de Projeto Integrador:
 Deve visar o desenvolvimento científico e tecnológico da região ou contribuir para
ampliar os conhecimentos da comunidade acadêmica (PPC, 2011);
 Viabilizar a prática profissional e estabelecer a interdisciplinaridade como diretriz
pedagógica das ações institucionais (PPC, 2011);
 Devem contemplar a aplicação dos conhecimentos adquiridos durante o curso, tendo em
vista a intervenção no mundo do trabalho, na realidade social, contribuindo para o
desenvolvimento local e a solução de problemas (Art. 291, OD, 2011);
 Os projetos integradores deverão ser articulados de forma horizontal e vertical, de modo
que possam contribuir para a prática profissional (Art. 292, OD, 2011);
 Cada projeto será avaliado por uma banca examinadora constituída pelo professororientador e por professores de disciplinas vinculadas, e sua nota pode variar de 0 (zero)
a 100 (cem) pontos, exigindo-se o mínimo de 60 (sessenta) pontos para aprovação (Art.
294, OD, 2011);
Mediante ao exposto acima, o Grupo Técnico de Edificações, em reunião de Grupo
realizada em 20/05/2015, adotou para turma Subsequente 3V, como diretrizes para a disciplina
Projeto Integrador que:
 Todos os professores ficarão envolvidos na disciplina e orientação, em função de suas
especificidades de área;
 Os trabalhos foram desenvolvidos em grupos de até 06 alunos, e terá um aluno
articulador, para participar de reuniões periódicas com os respectivos coordenadores;
 O projeto teve sua avaliação através de banca examinadora ou apresentação em evento
específico, ainda a definir, pelos coordenadores; mas deverá acontecer no final do
semestre letivo;
 Os alunos irão desenvolver seu próprio cronograma, mas deverão atentar-se as datas das
avaliações;
 O tema principal do projeto integrador foi o desenvolvimento das diversas disciplina em
um único modelo de uma edificação.
Diante das evidências palmares, e para que o desenvolvimento da disciplina tivesse
uma perspectiva voltada para a prática profissional, foi-se criado a ideia do Projeto “Adote um
terceirizado”, em que cada grupo deveria realizar o levantamento da moradia de um
terceirizado e propor melhorias, com base nas disciplinas lecionadas no semestre a que estivesse
inserido.
Cada grupo seguiu uma metodologia que auxiliou para alcançar os objetivos finais.
Inicialmente eles “adotaram” um terceirizado, ou por afinidade ou por necessidade social.
Numa segunda etapa, os componentes do grupo foram in loco realizar o registro
fotográfico e gráfico, através da aferição das dimensões da edificação com o uso de trena e a
transposição desta informação sob a forma de croquis.
Após a etapa de pesquisa de campo, os grupos seguiram para a terceira etapa, que
compreendeu na digitalização do desenho em aplicativo AutoCAD 2015, para que se fossem
confeccionadas as informações gráficas numa linguagem técnica, com a apresentação de
Plantas, Cortes e Fachadas.
Em posse dessas informações gráficas, cada professor orientou os grupos para
desenvolverem seus respectivos trabalhos, mas sempre focando na necessidade de haver uma
integração entre as disciplinas. Com isso, concluiu-se a quarta etapa.
175
Por fim, os trabalhos foram apresentados a uma banca examinadora que atribuiu a nota
final da disciplina, que teve como feedback ao terceirizado, a entrega do Projeto impresso, com
suas melhorias.
Todas as etapas foram registradas e podem ser verificadas abaixo nas figuras de 1 a 3:
Figura 1 – Levantamento in loco da edificação escolhida. Fonte: registro feito pelos autores.
Figura 2 – Croqui – registro gráfico do levantamento.
Fonte: dados da pesquisa.
176
Figura 3 – Digitalização em Aplicativo CAD e Maquete em isopor.
Fonte: registros da pesquisa.
3. Resultados e Discussões
Os resultados apresentados foram os mais satisfatórios possíveis, pois os objetivos
propostos da disciplina “Projeto Integrador” foram alcançados. Os educandos apresentaram
durante o processo um amadurecimento teórico e prático, além de vivenciarem a prática que a
profissão pode oferecer.
Momentos distintos foram criados e compartilhados com todos, trazendo respostas
agradáveis a todos que participaram do processo.
4. Conclusões
A disciplina apresentou-se de maneira bastante relevante na proposta da integração
curricular, portanto, em face dos objetivos do trabalho, foram perceptíveis os progressos e as
aplicações que a disciplina propicia na formação prática/profissional dos educandos
Como resposta satisfatória dos educandos, os mesmos entregaram os projetos com as
melhorias para o terceirizado escolhido, promovendo assim, não apenas a atividade acadêmica
e profissional, mas uma ação social.
Ao término destes estudos, todos foram estimulados a continuarem este tipo de ação.
Referências
INSTITUTO FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - IFRN. Projeto pedagógico do
curso técnico de nível médio em edificações na forma subsequente, na modalidade presencial.
Natal: IFRN, 2011.
177
_________. Organização didática do IFRN. Natal: IFRN, 2011.
RAEIS SAMIEI, R. et al. Properties of cement–lime mortars vs. cement mortars containing
recycled concrete aggregates. Construction and Building Materials. v. 84, p. 84-94, 2015.
ISSN 09500618.
SILVA, N. G. D.; CAMPITELI, V. C. Influência dos finos e da cal nas prorpiedades das
argamassas. Anais. XI Encontro Nacional de Tecnologia no Ambiente Construído. ENTAC.
Florianópolis/SC, 2006.
178
CONSTRUÇÃO CIVIL E ACESSIBILIDADE: UMA PROPOSTA DE CIDADANIA E
INCLUSÃO SOCIAL NAS RUAS DE SÃO PAULO DO POTENGI/RN
Ricardo Souza Marques
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Rubens Diego Fernandes Alves
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Evilane Cassia de Farias
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
1. Introdução
“A vida é cheia de obstáculos”, e todos nós sabemos disso, tanto que usamos
frequentemente esta frase no nosso dia-a-dia, como algo normal e comum. Porém, nos
esquecemos que esses obstáculos não são apenas de ordem psicológica, mas também física, o
que nos faz pensar sobre a questão da acessibilidade ao ambiente concreto no qual estamos
inseridos.
Segundo o Censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no
Brasil existem 45,6 milhões de pessoas com algum tipo de deficiência, o que representa 23,92%
da população brasileira (CONADE).
O DECRETO Nº 6.949, de 25 de agosto de 2009, que promulga a Convenção
Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e seu Protocolo Facultativo,
assinados em Nova York, em 30 de março de 2007, relata, em seu Artigo 3 – Princípios Gerais,
que um dos princípios da presente Convenção é “o respeito pela dignidade inerente, a
autonomia individual, inclusive a liberdade de fazer as próprias escolhas, e a independência das
pessoas”. Este mesmo documento coloca que os Estados devem tomar “as medidas apropriadas
para assegurar às pessoas com deficiência o acesso, em igualdade de oportunidades com as
demais pessoas, ao meio físico, ao transporte, à informação e à comunicação, inclusive aos
sistemas e tecnologias da informação e comunicação, bem como a outros serviços e instalações
abertos ao público ou de uso público, tanto na zona urbana como na rural. Essas medidas, que
incluem a necessidade de identificação e a eliminação de obstáculos e barreiras à acessibilidade,
serão aplicadas, entre outros, a edifícios, rodovias, meios de transporte e outras instalações
internas e externas, inclusive escolas, residências, instalações médicas e locais de trabalho.
Como podemos perceber, há uma preocupação em oferecer aos “inacessíveis”, a
possibilidade de autonomia, o livre direito de ir e vir com total independência, ou seja, como
relata a Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, garantir que, pessoas com
deficiência possam gozar dos direitos humanos e de sua liberdade fundamental, condição
inerente ao exercício democrático e cidadão.
Outro documento de extrema importância, e que serve como referência para que
possamos promover a acessibilidade nas edificações é a NBR9050, que aborda o objetivo de
oferecer a possibilidade e condição de alcance, percepção e entendimento para a utilização com
segurança e autonomia de edificações, espaço, mobiliário, equipamentos urbano e elementos.
A acessibilidade não deve ser oferecida apenas para “aqueles” que se apresentam
“deficientes”, mas também àqueles com a chamada mobilidade reduzida, (DECRETO Nº 5.296
de 2 de dezembro de 2004) como mulheres grávidas, pessoas que estão engessadas, obesos,
entre tantas outras limitações.
179
De acordo com Henry (2009), a falta de acessibilidade ao ambiente construído é uma
das razões para as barreiras que mantém as pessoas com deficiência à margem da sociedade.
Existem cinco características que definem uma vida gratificante: reconhecimento,
desenvolvimento humano, engajamento e envolvimento e bem-estar material. Essas dimensões
devem ser levadas em conta dentro de uma concepção do universalista do que é importante para
as pessoas com deficiência, sendo necessário não só medir e verificar o que falta para que as
pessoas com deficiência possam atingir suas aspirações como indivíduos participantes da
sociedade (Ikäheimo, 2009; Sherlaw et al, 2013).
Destarte, este trabalho visa realizar uma leitura diagnóstica de como se encontra a
acessibilidade, em seu sentido amplo, no espaço público da cidade de São Paulo de Potengi/RN,
de modo a oferecer uma consultoria técnica que possibilite a intervenção nas edificações
avaliadas, adequando, assim, o espaço coletivo ao princípio da acessibilidade/desenho universal
como garantia e efetivação da cidadania.
2. Material e Métodos
Através de uma pesquisa bibliográfica e documental, para melhor conhecimento do
assunto e aprofundamento das leis que regem o tema da acessibilidade, torna-se mais fácil a
identificação e solução dos problemas relacionados à acessibilidade na cidade de São Paulo do
Potengi.
Através de fotografias locais e visitas in loco a edifícios públicos, escolas e hospitais
pode-se ter uma melhor percepção do espaço físico a ser analisado, além de vivência do espaço
em estudo para melhor compreensão das carências e necessidades. Por meio de ferramentas
como questionários abertos e fechados, registro fotográfico e entrevistas estruturadas, pode-se
perceber a situação encontrada e um melhor diagnóstico e proposição de soluções adequadas
ao espaço físico.
Por fim, realizar uma análise crítica e conclusiva sobre a acessibilidade na cidade de
São Paulo do Potengi, a fim de propor alterações físicas (reformas) espaciais para atender ao
público que utiliza os espaços edificados escolhidos para análise.
3. Resultados e Discussões
O estudo possibilitou perceber que em muitos casos, as barreiras são o resultado não
apenas de projetos que ignoraram a questão, mas também de erros de execução ou desrespeito
as solicitações de normas e legislações específicas. Há, ainda, as situações em que a tentativa
de acertar não condiz com o conhecimento técnico necessário e, por fim, encontra-se a falta de
manutenção e fiscalização como um dos principais causadores de ambientes inacessíveis.
Em um recente estudo realizado na disciplina Desenho Arquitetônico, concretizado
pelos próprios alunos do Curso de Edificações do IFRN Campus São Paulo do Potengi/RN,
evidenciou-se que 71.85% acreditam que as pessoas com deficiência têm seus direitos
respeitados no Brasil. Devemos endossar, aqui, que esta pesquisa foi desenvolvida antes da
apresentação de leis, planos normas e documentos legais sobre acessibilidade. Os educandos
achavam que “direitos respeitados” seria apenas um “preferencial” na fila, uma rampa qualquer
ou uma “marcação” no chão para a pessoa que necessita usar cadeira de rodas.
A percepção dos alunos reflete muito bem o que a população local pensa a respeito do
tema, pois eles são uma representatividade das pessoas que residem na cidade e a sua cultura
local. Diante disso, pode-se perceber uma falta de conhecimento das leis e normas as quais
regem a questão da acessibilidade de uma forma mais ampla.
180
Porém, após um breve diagnóstico, os mesmos trouxeram diversas situações e relatos
na própria cidade, como prédios públicos e privados, comprovados através da visita in loco e
registro fotográfico.
Fonte: registros feitos pelos autores.
Nas fotografias pode-se perceber as dificuldades encontradas pelas pessoas portadoras
de necessidades especiais e o não atendimento as normas e legislações vigentes, principalmente
a NBR 9050 a qual foi recentemente atualizada abrangendo também as edificações rurais na
sua nova versão.
4. Conclusões
Diante desse quadro, o trabalho apresentou a importância de expandir e promover a
acessibilidade na cidade de São Paulo do Potengi, a fim de ser agente transformador da
sociedade e levar a refletir sobre as relações existentes entre o espaço social e o meio que
envolve o individuo e suas múltiplas facetas, com vistas a melhor intervir e adequar o espaço
urbano a necessidade humana.
Através do estudo pode-se tornar referência a fim de oportunizar consultorias
especializadas como formas de intervenção no espaço público, promover a sensibilização das
pessoas para a reinvindicação de uma cidade inclusiva que os direcione para a aquisição de uma
consciência mais crítica quanto ao uso do espaço de convivência urbana. Nesse contexto,
contribuir para a construção de parcerias com órgãos públicos responsáveis pela organização
da dinâmica físico-espacial da cidade, na perspectiva de continuidade e aprofundamento da
discussão/intervenção a serem propostas.
Referências
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS - ABNT. NBR 9050 Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2. ed. Rio de
Janeiro, 2004. 97 p.
181
BRASIL. Decreto nº 5.296, de 2 de dezembro de 2004.
BRASIL. Decreto nº 6.949, de 25 de agosto de 2009.
IKÄHEIMO, H. Personhood and the social inclusion of people with disabilities: a
recognition-theoretical approach. In K. Kristiansen, S. Vehmas, & T. Shakespeare (Eds.),
Arguing about disability: philosophical perspectives (pp. 77–92). London: Routledge, 2009.
Por que o governo brasileiro criou o CONADE? Disponível em:
<http://www.pessoacomdeficiencia.gov.br/app/conade>. Acesso em: 02 fev. 2015.
LOPES, Andesson Clyneo de Lima et.al. Calçada da Central do Cidadão/SPP. Color, 2015.
(ARQUIVO PESSOAL).
Sherlaw, W., Lucas, B., Jourdain, A., & Monaghan, N. (Disabled people, inclusion and
policy. Better outcomes through a public health approach. Disability and Society, 2013.
Henry, T. Policy On Persons with Disabilities, Office of the Prime Minister (Social Services
Delivery), 2009.
DE ARAUJO, Jefferson Henrique et.al. Entrada da Escola Municipal Professora Francisca
Azevedo. Color, 2015. (ARQUIVO PESSOAL).
________. Entrada da Creche Municipal Pequeno Príncipe/SPP. Color, 2015. (ARQUIVO
PESSOAL).
________. Entrada da Escola Estadual Maurício Freire/SPP. Color, 2015. (ARQUIVO
PESSOAL).
________. Entrada de sala de aula na Escola Municipal Deputado Djalma Marinho/SPP.
Color, 2015. (ARQUIVO PESSOAL).
182
ANÁLISE ÓPTICA DE FILMES FINOS DE TIO2 PELO MÉTODO DO ENVELOPE
Valmar da Silva Severiano Sobrinho
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
José Cesar Augusto de Queiroz
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
Edson José Costa
[email protected]
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte
Ivan Alves de Souza
[email protected]
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Edalmy Almeida de Araújo
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
Thercio Henrique de Carvalho Costa
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
1. Introdução
Filmes finos de TiO2 são muito utilizados na engenharia em aplicações que vão de
janelas inteligentes, vidros auto limpantes, camada eletrocrômica de filmes multicamadas até
células solares. O TiO2 também se apresenta como um ótimo material fotocatalítico, sendo
ativado para fotocatálise por luz UV (Heřman, Šícha e Musil, 2006). Nesse contexto é
extremamente importante entender as propriedades ópticas dos filmes de TiO2 bem como a
espessura dos filmes produzidos.
Entre as formas de análise de filmes finos as técnicas ópticas – não destrutivas – se
destacam por apresentarem grande precisão e baixo custo, sendo necessário apenas o gráfico
de transmitância de um filme para, através de suas franjas de interferência, encontrar dados
como o índice de refração do filme, coeficiente de absorção e espessura do mesmo.
O presente trabalho procura estudar as constantes ópticas e espessura de filmes finos
tendo como dados de entrada apenas o gráfico de transmitância com franjas de interferências
para tais filmes, utilizando, portanto, o método do envelope de análise.
O método do envelope originalmente derivou equações explícitas para as constantes
ópticas e espessura dos filmes finos (Manifacier, Gasiot e Fillard, 1976), sendo que esse método
utilizava-se apenas do espectro de transmitância dos filmes (Pazim, 2011). Mais tarde
Swanepoel (1983) conseguiu melhorar ainda mais a precisão dessas análises para encontrar
propriedades ópticas dos filmes finos e sua espessura.
2. Material e Métodos
Os filmes de TiO2 utilizados no trabalho foram produzidos no Laboratório de
Processamento de Materiais por Plasma da UFRN - LabPlasma, pela técnica de deposição
Magnetron Sputtering. Sendo depositados em três lâminas de vidro e processados em reator de
plasma com alvo de titânio durante 120 minutos em ambiente de baixa pressão e atmosfera de
argônio e oxigênio.
183
Partindo do gráfico de transmitância do filme, obtido por um espectrofotômetro
Genesys 10s UV, podemos gerar, por extrapolação polinomial, as funções de empacotamento
da função de transmitância para o filme, conforme o gráfico na figura 1.
Figura 1 - Curva de transmitância óptica e suas funções de empacotamento. Fonte: dados da pesquisa.
O gráfico é importante pois para que cada valor de crista do gráfico podemos obter um
ponto Tm correspondente e para cada valor de vale temos um ponto TM correspondente.
2.1 Índice de Refração do Substrato
Podemos encontrar o índice de refração do substrato (vidro) a partir dos dados de
transmitância do substrato (Ts) como consta na equação 1:
1/ 2
1  1

s ( ) 

 1
Ts  Ts 2

equação (1)
2.2 Índice de Refração do Filme
O índice de refração do filme pode ser obtido através da equação 2:
n  [ N  ( N 2  s 2 )1/ 2 ]1/ 2
equação (2)
onde o termo N, apresentado na equação 3 está condensado algebricamente na expressão 2,
afim de minimizar a equação final.
N  2s
TM  Tm s 2  1

TM .tm
2
equação (3)
2.3 Espessura do Filme
Um importante parâmetro que deve ser determinado para precisa caracterização do
filme é a sua espessura. Sendo n1 e n2 os índices de refração de dois máximos ou mínimos
adjacentes e λ1 e λ2 os comprimentos de onda da luz correspondente. A espessura é dada pela
equação (4) a seguir:
1 .2
d
2(1n2  2 n1 )
equação (4)
184
Os valores obtidos inicialmente para espessura contém um grande erro devido a
sensibilidade das equações anteriores para o índice de refração, no entanto podem ser
melhorados com o uso da equação 5, básica da óptica para franjas de interferência:
2nd  m
equação (5)
Nessa equação m corresponde a um inteiro ou meio inteiro, logo, encontrando esses
valores e arredondando para os inteiros e meio inteiros mais próximos podemos utilizar
novamente a equação de franjas e achar novos valores para espessura ‘d’, que, agora possuem
um desvio padrão menor que 2%.
3. Resultados e Discussões
O método matemático apresentado foi utilizado para encontrar as constantes ópticas
dos filmes em questão e posteriormente, com esses valores, achar a espessura dos filmes
apresentados.
Tabela 1: Espessura e desvio padrão dos filmes finos analisados em substrato de vidro.
Amostra
Espessura (nm)
Desvio Padrão (nm)
Vidro 1
477
5
Vidro 2
530
3
Vidro 3
528
8
Fonte: dados da pesquisa.
Na tabela 1 temos os valores obtidos de espessura dos filmes analisados pelo método
do envelope e notamos que em todos o desvio padrão encontrado é menor que 2%, mostrando
a precisão do método de análise.
4. Conclusões
O método de envelope para análise óptica não destrutiva de filmes finos se mostra
eficaz sendo capaz de encontrar constantes ópticas e espessura dos filmes com desvio padrão
muito pequeno (menor que 2%) para todas as amostras apresentadas, o que concorda com a
literatura.
Sendo esses filmes muito finos seria difícil por outro método encontrar sua espessura
sem uma técnica laboratorial mais robusta e cara.
A técnica, portanto, mostra vantagem de necessitar apenas do espectro de
transmitância, medida obtida com uso de um aparelho espectrofotômetro, sendo de menor
custo. De posse dos dados obtidos pela técnica pode-se propor o estudo de filmes de TiO2 como
camada eletrocrômica de filmes multicamadas, o que guarda grande dependência das
propriedades ópticas do filme encontradas no presente trabalho.
Referências
HEŘMAN, D.; ŠÍCHA, J.; MUSIL, J. Magnetron sputtering of TiOxNy films. Vacuum. v. 81,
n. 3, p. 285-290, 2006. ISSN 0042-207X. Disponível em:
<http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S0042207X0600159X >. Acesso em: 1º
out. 2015.
LINDGREN, T. et al. Photoelectrochemical and Optical Properties of Nitrogen Doped
Titanium Dioxide Films Prepared by Reactive DC Magnetron Sputtering. The Journal of
Physical Chemistry B. v. 107, n. 24, p. 5709-5716, 2003/06/01 2003. ISSN 1520-6106.
Disponível em: < http://dx.doi.org/10.1021/jp027345j >. Acesso em: 1º out. 2015.
185
MANIFACIER, J. C.; GASIOT, J.; FILLARD, J. P. A simple method for the determination of
the optical constants n, k and the thickness of a weakly absorbing thin film. Journal of
Physics E: Scientific Instruments. v. 9, n. 11, p. 1002, 1976. ISSN 0022-3735.
PAZIM, R. C. Caracterização Óptica de Filmes Finos. Programa de Pós-Graduação em
Física, Universidade Federal do Mato Grosso, Cuiabá-MT, 2011.
TAUC, J.; MENTH, A. States in the gap. Journal of Non-Crystalline Solids. v. 8–10, n. 0, p.
569-585, 6// 1972. ISSN 0022-3093. Disponível em: <
http://www.sciencedirect.com/science/article/pii/0022309372901949 >. Acesso em: 1º out.
2015.
ZACARIAS RIZZO, V. Estudo das Propriedades Ópticas e Eletroópticas de Filmes de
Carbono Amorfo Tipo Diamante - DLC. Mestrado em Microeletrônica. São Paulo: Escola
Politécnica, 2010. Universidade de São Paulo (DISSERTAÇÃO).
186
ANÁLISE DA ENERGIA DE BAND GAP DE FILMES FINOS DE FTO
José César Augusto de Queiroz
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
Valmar da Silva Severiano Sobrinho
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
Edson José Costa
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
Maxwell Santana Libório
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
Igor Oliveira Nascimento
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
Thércio Henrique de Carvalho Costa
[email protected]
Laboratório de Processamento de Materiais por Plasma - PPGEM/ DEM/ UFRN
1. Introdução
Filmes finos produzidos a partir de óxidos condutores transparentes (TCOs) são
materiais que podem ser aplicados em diversas situações devido a relevância de suas
propriedades ópticas. A transmitância óptica em grande parte do espectro permite a aplicação
desse material em varias áreas (LEKSHMY, DANIEL e JOY, 2013). Com o crescimento
exponencial do emprego de filmes finos, em especial os filmes TCOs, criou-se a necessidade
de compreender a natureza intrínseca desses materiais (SABINO, 2007).
Entre os diferentes TCOs, os filmes de SnO2 dopados com flúor parecem ser o mais
indicados para a aplicação fotovoltaica, devido a sua alta transmitância óptica e baixa
resistividade elétrica (RAHAL, BENRAMACHE e BENHAOUA, 2013).
Entre esses dopantes, o flúor, a partir de fluoreto de amônio (NH4F), é considerado um
dos elementos mais acessíveis comercialmente devido ao seu baixo custo.
Tendo em vista que as aplicações dos filmes finos engloba vários segmentos da
sociedade, e que existe uma aceitação desse tipo de matéria devido ao seu valor econômico, há
a expectativa de que novos filmes proporcionem novas tecnologias ou que aperfeiçoem as já
existentes. Sendo assim, se faz necessário conhecer melhor suas propriedades e compreender
os fenômenos físicos que regem esses sistemas (LIAO et al., 2011).
2. Material e Métodos
2.1 Preparação da solução e filmes finos
Os filmes finos de SnO2:F foram preparados a partir da solução de cloreto de estanho
dihidratado (SnCl2 · 2H2O) dissolvido em ácido clorídrico na proporção de 1:2 e misturada por
agitador magnético em temperatura de 60°C por 25 minutos. De acordo com (Magalhães) a
possível reação que da origem ao dióxido de estanho esta expressa na equação 1.
SnCl2 + 2H2O → SnO2 + 2HCl + 2H
equação (1)
187
O processo de dopagem do SnO2 consistiu no acréscimo do elemento flúor, por meio da
adição de determinada quantidade de fluoreto de amônia (NH4F) dissolvido em água destilada.
Em seguida é adicionada a solução de SnCl2 · 2H2O à solução de NH4F. A equação 2 apresenta
a reação de formação do FTO. A tabela 1 informa as quantidades de reagentes usados no preparo
da solução.
Tabela 1: Quantidades dos reagentes usados no preparo da solução precursora.
Solução Precursora
Componentes
Composição
Água destilada
NH4F
SnCl2.2H2O
HCl
Tipos de Solução
25mL
3,30 g
11 g
25mL
Fluoreto de Amônia
Cloreto de Estranho em Ácido Clorídrico
Fonte: dados da pesquisa.
SnO2 + xF → Sn+4Fx-1O2-x-2[xe-B-C] + 1/2xO2↑
equação (2)
Cada filme foi composto por total de dez deposições, separada pelo intervalo de tempo
de três minuto. Os filmes retornavam ao interior do forno durante os intervalos de cada
pulverização.
2.3 Caracterização
Os espectros de transmissão e absorção óptica foram obtidos utilizando um
espectrofotômetro de UV-visível, modelo Cary 50 Scan, na região espectral 190-1100 nm. Os
valores do band gap de energia dos filmes finos de FTO, foram determinados a partir do
espectro de absorbância dos filmes.
3. Resultados e Discussões
3.1 Propriedades Ópticas
Figura 1 - Espectro de absorbância e transmitância óptica dos filmes de FTO. Fonte: dados da pesquisa.
A figura 1 mostra os espectros de transmitância de radiação UV-VIS dos filmes finos
de FTO. A transmitância de todas as amostras foi superior a 60% em toda a região de 700-1100
nm, revelando uma concordância próxima aos valores de transmitância óptica de filmes finos
188
dopado com flúor mencionados na literatura [3,14]. É perceptível também, que ocorre um
aumento na transmitância óptica dos filmes com a elevação da temperatura de sinterização.
Na figura 2, temos a resposta óptica relativa a absorbância dos filmes finos de FTO.
Pode-se verificar que o percentual de radiação absorvida pelo filme foi menor que 1% ao longo
de todo o espectro analisado.
3.2 Band gap
No gráfico da figura 4, temos os valores de band gap dos filmes produzidos a partir da
solução precursora, com valores diferentes de temperatura associado. Os valores de energia de
gap foram deduzidos a partir do espectro de absorção óptica usando o método de (Tauc, 1974):
(αhʋ)2 = A ( hʋ - Eg )
equação (3)
onde hʋ é a energia do foton, (Eg) é a energia do gap óptico, A é uma constante de densidade
óptica independente de hʋ. A transição de bandas para o dióxido de estanho foi considerada
como direta, ou seja, α ∝ (hʋ)2 (Magalhães).
Figura 3 - Gráfico da energia de band gap dos filmes finos. Fonte: dados da pesquisa.
Os valores de band gap encontrados variaram de 3,67 a 3,80 eV, como mostra o
gráfico. Os valores de gap dos filmes de FTO deste trabalho são mais elevados que os
encontrados em [23], Eg = 3,57 eV. Este aumento no gap óptico dos filmes finos produzidos
para este estudo pode ser atribuído a maior quantidade de massa de flúor acrescentado a
composição dos filmes que acarreta na elevada concentração de portadores livres (elétrons)
revelando efeito Burstein-Moss (GRUNDMANN, 2010).
4. Conclusões
Os filmes finos de SnO2 dopado com flúor, produzidos pela técnica de spray pirólise
em substrato aquecido, tiveram suas propriedades ópticas e elétricas investigadas no presente
estudo. A transmitância óptica dos filmes analisados foram em média superior a 60% na faixa
espectral entre 700 e 1100 nm. O baixo valor de band gap (Eg = 3,67 eV), indica que o material
tem um nível de Fermi consideravelmente baixo, o que proporciona maior transições de
portadores de carga da banda de valência (BV) para a banda de condução (BC), sendo assim o
material enquadrado no grupo de condutores. A elevada transparência óptica aliada a baixa
189
absorção óptica dos filmes finos de FTO, os tornam materiais promissores em aplicações
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