Carlos Henrique Kovalski Númer
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Carlos Henrique Kovalski Númer
1 INSTITUTO INTERAMERICANO DE COOPERAÇÃO PARA AGRICULTURA FOLHA DE ROSTO PARA PRODUTOS DE COOPERAÇÃO TÉCNICA Identificação Consultor(a) / Autor(a): Carlos Henrique Kovalski Número do Contrato: 112.104 Nome do Projeto: BRA/BRA/IICA/10/001 Oficial/Coordenador Técnico Responsável: Cristina Costa Data /Local: Ijuí, 14/08/2012. Classificação Temas Prioritários do IICA Agroenergia e Biocombustíveis Biotecnologia e Biosegurança Comércio e Agronegócio Desenvolvimento Rural Políticas e Comércio Agricultura Orgânica Modernização Institucional X Sanidade Agropecuária Tecnologia e Inovação Agroindustria Rural Recursos Naturais Comunicação e Gestão do Conhecimento Outros: Palavras-Chave: Produção, Levantamento e Assentamento. Resumo Título do Produto: Documento técnico contendo o levantamento da produção, bem como as relações com o mercado regional ligadas ao escoamento da produção dos PA’s Santa Rosa e Nova Várzea, município de Tupanciretã/RS. Subtítulo do Produto: Resumo do Produto: Este presente trabalho tem como objetivo realizar levantamento referente á produção em dois Projetos de Assentamento do município de Tupanciretã, no estado do Rio Grande do Sul. Qual Objetivo Primário do Produto? Elaborar diagnóstico da situação econômica de dois de Projetos de Assentamento da região com foco na produção, situados no município de Tupanciretã. Que Problemas o Produto deve Resolver? Conhecer como está organizado a produção e as relações com o mercado regional. Como se Logrou Resolver os Problemas e Atingir os Objetivos? Conhecer a produção realizada nos projetos de Assentamentos objetos deste estudo. Quais Resultados mais Relevantes? Conhecer a base produtiva dos assentamentos objetos deste estudo. O Que se Deve Fazer com o Produto para Potencializar o seu Uso? Este produto poderá ser utilizado pelas equipes de assistência técnica para planejar suas atividades. 2 SUMÁRIO RESUMO .................................................................................................................................14 1 - INTRODUÇÃO......................................................................................................15 2 - JUSTIFCATIVA....................................................................................................16 3– OBJETIVOS..........................................................................................................18 3.1 – Objetivo Geral....................................................................................................18 3.2 – Objetivos Específicos........................................................................................18 4 - ÁREA DE ESTUDO.. .......................................................................................................19 5 – DIAGNÓSTICO SÓCIO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO......................................20 5.1 – População..........................................................................................................20 5.2 – Economia ..........................................................................................................20 5.3 – Breve Histórico da Luta pela Terra na Região.................................................21 5.4 – Assistência Técnica, Pesquisa e Capacitação.................................................23 6 – DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO SANTA ROSA........ ....25 6.1 – Condições Físicas e edafo climáticas do Assentamento..................................25 6.1.1 – Solos...............................................................................................................25 3 6.1.2 – Relevo............................................................................................................25 6.1.3 – Recursos Hídricos..........................................................................................26 6.1.4 – Flora e Fauna.................................................................................................26 6.1.5 – Uso do Solo e Cobertura Vegetal..................................................................27 6.1.6 – Reserva Legal e áreas de Preservação Permanente....................................27 6.1.7 – Estratificação Ambiental................................................................................28 6.1.8 – Capacidade de Uso do Solo ..........................................................................29 6.1.9 – Análise das Potencialidades e Limitações dos Recursos Naturais e da Situação Ambiental do Assentamento .......................................................................30 6.2 - Situação do Meio Sócio econômico e cultural...................................................31 6.2.1 – Histórico do Assentamento.............................................................................31 6.3 – Infra estrutura Física, Social e Econômica........................................................32 6.4 - Sistemas Produtivos..........................................................................................39 6.4.1 – Subsistema Produtivo ( Leite e Auto Consumo)............................................41 6. 4.2 – Subsistema Produtivo (Leite, Venda de outros produtos in natura e Auto Consumo)...................................................................................................................41 4 6.4.3 - Subsistema Produtivo (soja, Leite, Feira e Auto Consumo)............................41 6.4.4 - Subsistema Produtivo ( Soja, Leite, Fruticultura e Auto Consumo) ..............42 6.4.5 - Subsistema Produtivo ( Soja, Gado de Corte e Auto Consumo) ...................42 6.4.6 - Subsistema Produtivo ( Soja e Auto Consumo) .............................................43 6.5 – Custo de Produção na Atividade Leiteira..........................................................44 6.6 – Custo de Produção da Soja ..............................................................................45 6.7 – Atividades não Agrícola ....................................................................................45 6.8 – Pontos Positivos e negativos dos Principais Sistemas de Produção ...............45 6.9 – Serviços de Apoio á Produção..........................................................................46 6.9.1 – Crédito............................................................................................................46 6.10 – Serviços Sociais Básicos ...............................................................................47 6.10.1 – Educação.....................................................................................................47 6.10.2 – Saúde e Saneamento..................................................................................48 5 6.10.3 – Lazer ..........................................................................................................49 6.10.4 – Cultura ........................................................................................................51 6.10.5 – Habitação....................................................................................................54 7 – DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO NOVA VÁRZEA............58 7.1 – Condições Físicas e edafo climáticas do Assentamento..................................58 7.1.1 – Solos...............................................................................................................58 7.1.2 – Vegetação......................................................................................................58 7.1.3 – Fauna.............................................................................................................59 7.1.4 – Relevo............................................................................................................60 7.1.5 – Recursos Hídricos..........................................................................................60 7.1.6 – Uso do Solo e Cobertura Vegetal .................................................................61 7.1.7 – Reserva Legal e áreas de Preservação Permanente ...................................61 7.1.8 – Capacidade de Uso do Solo ..........................................................................62 7.1.9 – Análise das Potencialidades e Limitações dos Recursos Naturais e da Situação Ambiental do Assentamento .......................................................................64 7.2 - Situação do Meio Sócio econômico e cultural...................................................65 6 7.2.1 – Histórico do Assentamento.............................................................................65 7.3 – Infra estrutura Física, Social e Econômica........................................................65 7.4 - Sistemas Produtivos..........................................................................................68 7.4.1 – Subsistema Produtivo ( Soja, Leite e Auto Consumo)...................................69 7. 4.2 – Subsistema Produtivo (Soja e Auto Consumo).............................................70 7.5 – Custo de Produção na Atividade Leiteira..........................................................70 7.6 – Custo de Produção da Soja ..............................................................................70 7.7 – Atividades não Agrícola ....................................................................................71 7.8 – Pontos Positivos e negativos dos Principais Sistemas de Produção ...............71 7.9 – Serviços de Apoio á Produção..........................................................................72 7.9.1 – Créditos..........................................................................................................72 7.10 – Serviços Sociais Básicos ...............................................................................73 7.10.1 – Educação.....................................................................................................73 7 7.10.2 – Saúde e Saneamento..................................................................................74 7.10.3 – Cultura e Lazer ............................................................................................75 7.10.4– Habitação......................................................................................................76 8 - CONCLUSÃO .....................................................................................................78 9 - REFERÊNCIA BIBLIOGRAFICAS.......................................................................79 8 LISTA DE FIGURAS: Figura 01: Mapa das classes de capacidade de uso das terras do assentamento Santa Rosa................................................................................................................30 Figura 02: Mapa de Aptidão de Uso Agrícola das Terras do Assentamento Nova Várzea........................................................................................................................64 9 LISTA DE TABELAS: Tabela 01: Evolução populacional do município de Tupanciretã entre 1991 e 2007............................................................................................................................20 Tabela 02: Unidades de capacidade de uso das terras, suas respectivas áreas e fatores limitantes no assentamento Santa Rosa........................................................29 Tabela 03: Investimentos em Benfeitorias no Assentamento Santa Rosa..........................................................................................................................35 Tabela 04: Produção Anual do Assentamento Santa Rosa – Renda Bruta..........................................................................................................................39 Tabela 05: Produção de Auto consumo do Assentamento Santa Rosa...........................................................................................................................39 Tabela 06: Produtos que são Comercializados na Feira...........................................................................................................................40 Tabela 07: Produtos Vendidos in natura ao consumidor...........................................40 Tabela 08:Renda do Subsistema de Produção Soja, Leite e auto consumo............41 Tabela 09: Renda do Subsistema de Produção Leite, venda de outros produtos in natura e auto consumo..............................................................................................41 Tabela 10: Renda do Subsistema de Produção Soja, Leite, Feira e auto consumo..42 Tabela 11: Renda do Subsistema de Produção Soja, Leite, Fruticultura e auto consumo.................................................................................................................... 42 10 Tabela 12: Renda do Subsistema de Produção Soja, Gado de Corte e auto consumo.................................................................................................................... 43 Tabela 13: Renda do Subsistema de Produção Soja e auto consumo..................... 43 Tabela 14: Custo de Produção de 1 há de soja.........................................................45 Tabela 15: Créditos e investimentos - PRONAF.......................................................47 Tabela 16: Investimentos em Benfeitorias.................................................................68 Tabela 17: Produção anual do PA Nova Várzea........................................................69 Tabela 18: Produção de Auto consumo do PA Nova Várzea....................................69 Tabela 19: Renda do Subsistema de Produção Soja Leite e Auto consumo.............70 Tabela 20: Renda do Subsistema de Produção Soja e Auto consumo ....................70 Tabela 21: Custo de Produção de 1 há de Soja........................................................71 Tabela 22: Créditos e Investimentos – PRONAF.......................................................73 11 LISTA DE GRAFICOS: Gráfico 01: Divisão populacional por Fáixa etária......................................................34 Gráfico 02: Divisão populacional por sexo.... ............................................................35 Gráfico 03: Relação entre a Venda no Mercado Tradicional e a Venda em Mercado Alternativo...................................................................................................................44 Gráfico 04: Grau de escolaridade...............................................................................48 Gráfico 05: Caracterização das moradias por tipo de parede....................................56 Gráfico 06: Caracterização das moradias por tipo de cobertura................................56 Gráfico 07: Caracterização geral das condições das moradias.................................57 Gráfico 08: Divisão populacional por Faixa etária......................................................66 Gráfico 09: Divisão populacional por sexo.................................................................66 Gráfico 10: Grau de escolaridade...............................................................................74 Gráfico 11: Caracterização das moradias por tipo de parede....................................76 Gráfico 12: Caracterização das moradias por tipo de cobertura................................77 Gráfico 13: Caracterização Geral das Condições das Moradias................................77 12 LISTA DE FOTOGRAFIAS: Foto 01: Famílias do Assentamento Santa Rosa Bolsão 4, reunidas........................32 Foto 02: Famílias do Assentamento Santa Rosa Bolsão 3, reunidas........................32 Foto 03: Famílias do Assentamento Santa Rosa Bolsão 1 e 2, reunidas..................33 Foto 04: Imagem de Uma das Pontes do PA Santa Rosa Bolsão 4..........................35 Foto 05: Imagem das estradas Internas do Assentamento Santa Rosa....................36 Foto 06: Imagem do Poço Artesiano Bolsão 1...........................................................36 Foto 07: Imagem do Poço Artesiano Bolsão 2..........................................................37 Foto 08: Imagem do Poço Artesiano Bolsão 3..........................................................37 Foto 09: Imagem do Poço Artesiano Bolsão 4..........................................................38 Foto 10: Olimpíadas Rurais no PA Santa Rosa.........................................................50 Foto 11 Imagem da Seda da Comunidade do PA Santa Rosa Bolsão 1 e 2 ............51 Foto 12: Imagem da Seda da Comunidade do PA Santa Rosa Bolsão 3..................52 Foto 13: Imagem da Seda da Comunidade do PA Santa Rosa Bolsão 4.................52 Foto 14: Imagem do Instituto Padre Josimo.............................................................53 Foto 15: Imagem do Grupo de Mulheres da Comunidade do Bolsão 1 e2 ...............54 Foto 16: Imagem das Casas Novas...........................................................................55 13 Foto 17: Imagem da Reforma de Casas....................................................................55 Foto 18: Poço Artesiano do Pa Nova Várzea.................................... ........................67 Foto 19: Imagem do Acesso da Água no PA Nova Várzea.......................................68 Foto 20: Área Comunitária do PA Nova Várzea.........................................................76 14 RESUMO Documento técnico contendo o levantamento da produção, bem como as relações com o mercado regional ligadas ao escoamento da produção dos PA’s Santa Rosa e Nova Várzea, município de Tupanciretã/RS. Carlos Henrique Kovalski1 Este presente trabalho tem como objetivo realizar levantamento referente á produção nos Projetos de Assentamentos do município de Tupanciretã, no Estado do Rio Grande do Sul. Após analisados os dados de produção nos Projetos de Assentamentos Santa Rosa e Nova Várzea, observa-se que ambos possuem uma grande diversidade de produção, contudo as mais significativas são as atividades de produção de leite e soja. PALAVRAS CHAVES: Produção, Assentamento, Levantamento. 1 Graduado em agronomia pela Unijuí e Especialista em Administração e Desenvolvimento Rural pela Unijuí, e-mail: [email protected] 15 1 - INTRODUÇÃO Neste produto, serão trabalhados os dados de campo utilizados para conhecer a produção de dois Projetos de Assentamentos, localizados no município de Tupanciretã. Os trabalhos de aplicação das enquetes para obter as informações para o levantamento da produção nos assentamentos objetos deste estudo foram realizados durante os meses de maio e junho do corrente ano. Foram realizadas as enquetes em mais de 50% das parcelas, para que se tenham informações confiáveis. Além de informações sobre a produção também foi levantado outras informações de importância sobre o grau de instrução das pessoas que compõem as famílias, e outras informações de caráter sócio culturais, ambientais dentre outras. Vale ressaltar a receptividade das famílias beneficiárias que não mediram esforço e paciência para responder ao questionário e inclusive auxiliaram para que conseguisse me localizar dentro dos Projetos de Assentamento, sendo que na ausência deste apoio teria sido muito mais trabalhoso a coleta das informações. 16 2 - JUSTIFICATIVA O relevo da região estudada é homogêneo, predominantemente plano, o que é característico da grande exploração agrícola. Predominam então áreas com declividades inferiores a 5%, ocupando cerca de mais de 55% da área da região, seguidas em importância pelas áreas com declividades que variam de 5 a 10%, cerca de 40% e as superiores a 10% que ocupam menos de 5% da superfície de terras regional. As altitudes nesta região variam de aproximadamente 258 m até cerca de 542 m, sendo que a maior parte está em altitudes entre 350 e 500 m (aproximadamente 91,09% do território). Com o desenvolvimento dos assentamentos, a tradicional correlação de forças foi abalada, mas não de forma a ocasionar alterações mais evidentes, por exemplo, na estrutura produtiva local. A escolha desta região para o estudo se deu devido a sua característica de localização de meio natural e cultural, onde historicamente predominam grandes propriedades de terras e bases produtivas ancoradas nos modelos extensivos de criação de gado de corte e grandes extensões de plantações anuais de milho, soja e trigo. No Estado do Rio Grande do Sul, como em geral ocorrem nas propriedades de base de exploração familiares, que é o caso dos Assentamentos, a produção é diversificada, apresentando uma horizontalidade de produtos cultivados e/ou criados pelos agricultores. Indicadores como: terra, capital, emprego e renda, certamente darão uma idéia da viabilidade dos Projetos de Assentamentos em uma região historicamente explorada pela forma de produção extensiva. Este estudo faz-se necessário para que o INCRA oriente seu foco de vistorias em áreas para a reforma agrária nesta região, ou direcione seus estudos de obtenção de imóveis para a Reforma Agrária a outras regiões do Estado do Rio Grande do Sul. 17 No município de Tupanciretã há dezessete assentamentos que somam 11.398 hectares de área incorporada ao Programa Nacional de Reforma Agrária, beneficiando 712 famílias. Atualmente, a região passou a ser uma das maiores produtoras de soja do estado com grandes e médias granjas. De outro lado, temos um grande número de agricultores oriundos dos processos da reforma agrária ou mesmo da agricultura familiar que são responsáveis pela diversificação da produção, através dos cultivos de soja, milho, feijão, mandioca, arroz e dentre outros produtos agrícolas. Estes últimos vêm, ao longo dos anos, intensificando a atividade leiteira, piscicultura, suinoculturas e outros produtos que se destinam tanto para subsistência familiar bem como para comercialização. Os Projetos de assentamento já se encontram instalados, com a base de exploração definida e as relações com o mercado local e regional solidificadas. 18 3 - OBJETIVOS: 3.1 - Objetivo Geral Elaboração de estudos voltados ao planejamento e implementação de programa de desenvolvimento de assentamentos nos municípios de Jóia e Tupanciretã - Rio Grande do Sul. 3.2 - Objetivos Específicos 3.2.1) Elaborar diagnóstico da situação econômica de aproximadamente 30% do total de Projetos de Assentamento da região com foco na produção, situados nos municípios de Jóia e/ou Tupanciretã e as relações de mercado estabelecidas ao longo dos anos desde a criação dos Assentamentos; 3.2.2) Fornecer subsídios para o conjunto de ações a serem desenvolvidas pelo INCRA na região. 19 4 - ÁREA DE ESTUDO O presente estudo é uma análise de casos, onde foi objeto de estudo dois Projetos de Assentamento localizados no município de Tupanciretã - o Projeto de Assentamento Santa Rosa e o Projeto de Assentamento Nova Várzea. Estes Projetos de assentamentos estão localizados na área rural do município de Tupanciretã, sendo que o PA Santa Rosa tem 129 beneficiários e o PA Nova Várzea tem 18 beneficiários. 20 5. DIAGNÓSTICO SÓCIO ECONÔMICO DO MUNICÍPIO 5.1 - População Em 2007, foram contabilizados 22.556 habitantes no município de Tupanciretã (IBGE, 2009g), o que resultou em uma densidade demográfica de 10,01 habitantes por km². Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2000, 19,04% dos habitantes viviam no meio rural enquanto 80,96% estavam no meio urbano (IPEA, 2009). Conforme o Gráfico 1, de 1991 até 2000, a população decresceu 9,8%. Porém, entre 2000 e 2007 houve um aumento de 1609 pessoas colocando o número de habitantes muito próximo nível atingido em 1996. Observando a variação da população rural e urbana nas três últimas décadas do século XX, pode-se se afirmar que a queda da população residente em Tupanciretã deve-se ao êxodo rural, principalmente entre 1980 e 1991. A distribuição da renda no município está representada no Gráfico 3, indica de concentração da riqueza maior do que o Rio Grande do Sul, em 2000, conforme os Gráficos 4 e 5. Em Tupanciretã, 81,87% da população encontra-se no nível de renda que vai desde sem renda até 2 salários mínimos, enquanto que no Rio Grande do Sul a porcentagem de população no mesmo nível de renda é de 67,94%. Tabela 01: Evolução populacional do município de Tupanciretã entre 1991 e 2007. Ano Nº de Habitantes 1991 23.598 1996 23.156 2000 22.374 2007 23.242 Fonte: IBGE, 2009d, 2009e, 2009f e 2009g. 5.2 - Economia O território hoje conhecido como Tupanciretã era povoado pelos índios Charruas e Minuanos e posteriormente por elementos de origem polonesa. Com a fundação das missões Jesuíticas, foi estabelecido que os índios ficassem numa fazenda, na coxilha grande, imediações das nascentes dos rios caneleira e Ijuí, que ficou pertencendo à redução de São João. Com a retirada dos jesuítas, os índios foram expulsos do território que se transforma em espaço de latifúndio patronal. Existe ainda uma versão da história do município, de caráter mitológica, a qual da o nome ao município. Esta, ideologicamente se construiu a fim de negar ou mesmo confundir, nos diferentes tempos, os trabalhadores sobre as práticas perversas de expropriação da terra neste território. Assim versa o mito: A noite chegava, e com ela o pânico e o terror. Quando a desorientação desesperava o padre e os poucos índios companheiros, um relâmpago lhes mostrou na fímbria do horizonte, em plena noite, um vulto mal definido. A silhueta que os relâmpagos mostravam, perto, era a imagem da madona exposta ao furor da tempestade, que arrebatara da capela pequenina a cobertura frágil. O sacerdote, cheio de alegria cristã, exclamou: ―tupan-ci‖. E os índios, aterrorizados, repetiram: ―tupan-ci-retan‖, que na língua indígena quer dizer: tupan= deus, cy= mãe, e retan = terra, ou seja, ―terra da mãe de deus.‖2 O município de Tupanciretã foi emancipado em 21 de dezembro de 1928, pelo decreto estadual 4.201, pelo presidente do estado do rio grande do sul, Getúlio Vargas. 21 Desmembrou-se dos municípios de cruz alta e Júlio de Castilhos, pertence. É originário das reduções jesuíticas. Após a emancipação, o município continuou a ter perfil econômico com grandes ―estâncias‖ e durante certo tempo tendo como parte do seu desenvolvimento a industrialização de derivados da carne voltada para a exportação. Neste momento a industrialização da carne chegou a efetuar a abate diário de 1.000 cabeças de gado e empregando em torno de 3.000 funcionários. Mas com o passar do tempo com a atividade pecuária sofrendo problemas devido a fatores econômicos, (baixa do preço dos bovinos e também a substituição do produto ‖carne‖ por outros derivados ex: aves e outros), estas ‖estâncias" foram vendidas para agricultores que impuseram ao município grandes áreas de terra, com as plantações de soja. Hoje em dia, o município passou a ser um dos maiores produtores de soja do estado com grandes e médias granjas. De outro lado, temos um grande número de agricultores oriundos dos processos da reforma agrária ou mesmo da agricultura familiar que são responsáveis pela diversificação da produção, através do cultivo da soja, milho, feijão, mandioca, arroz e dentre outros produtos agrícolas. Estes últimos vêm, ao longo dos anos, intensificando a atividade leiteira, piscicultura, suinoculturas e outros produtos que destinam-se tanto para subsistência familiar bem como para comercialização. A economia do município de Tupanciretã se baseada no setor primário onde se destacar a produção de soja que define o perfil da economia do município. Com implantação dos projetos de assentamentos no município e organização da produção de forma cooperativa a atividade leiteira vem se destacando nos últimos anos e assim impulsionando a renda faz famílias e neste caso o comercio local. Já na área urbana, o que predomina no município é o comércio com atividades de varejo, com vendas de produtos alimentícios, vestuário, eletrodomésticos, combustíveis, materiais de construção, produtos agropecuários e de uso veterinário, farmácias/drogarias e outros de menor expressão, instituições financeiras, empresas de comercialização de grãos e empresas de serviços. 5.3 - Breve Histórico da Luta pela Terra na Região Na região de Tupanciretã, regional Paulo Freire, a luta contemporânea pela terra, teve início junto a origem do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra a vinte e quatro anos atrás. Esta região é historicamente caracterizada pelo latifúndio e a monocultura da soja. Mesmo com a existência de dezessete assentamentos, mais de 640 famílias assentadas, 80% da população do meio rural da cidade, os assentamentos representam apenas 6% da área de Tupanciretã. No acampamento de Herval Seco, primeiro acampamento da história do MST, surgiam as famílias assentadas no Assentamento Nossa Senhora Aparecida no município de Tupanciretã e no assentamento Bela Vista no Jari. Estes assentamentos marcam o início da reforma Agrária no estado do Rio Grande do Sul ainda no período da ditadura civil-militar no Brasil. Após alguns anos de pausa, a luta fez valer mais dois assentamentos na região, o primeiro pela desapropriação da área da hidrelétrica do Passo Real em 1989 que foram assentadas na divisa de Tupanciretã e Jóia. O outro assentamento, início da década de 90, foi o Assentamento Nova Tupã. Estas famílias tiveram origem do acampamento Pinherinhos em Cruz-Alta, ambiente do massacre da Fazenda Santa Elmira. No período da implantação deste assentamento foi 22 importante a solidariedade dos assentados no Aparecida uma vez que, o preconceito de classe e o poder do latifúndio era ainda muito marcante na cidade. Em 1995, mobilizou-se o acampamento de Palmeira das Missões que em marcha cruzam por Tupanciretã e ocupam a fazenda Rondinha em Jóia, hoje assentamento Rondinha. Esta marcha ficou acampada três dias em São Bernardo/ Santa Tecla distrito de Tupanciretã. Neste mesmo ano, iniciou-se tambem a luta pela terra dos ―municiparios‖. Sua origem tem a ver com a dissidência de quarenta famílias de sem terras que formaram dissidência com o MST do acampamento da Ponte Queimada na divisa dos municípios de Jóia e Cruz Alta. Trinta e oito famílias foram assentadas em São Luiz Gonzaga e duas acabaram organizar e mobilizar famílias de sem terras de Tupanciretã. A primeira ocupação de terras feita pelo MST em Tupanciretã foi realizado em 1997 por 1.800 famílias (entorno de 3.000 pessoas) fo acampamento de Julio de Castilhos que ocuparam a Fazenda Guabiju de propriedade da família Mascarenhas (pioneira no plantio de sementes trangênicas no Brasil). Na passagem pelo centro da cidade, o então prefeito municipal Luiz Adolfo Bitencourt vai até os meios de comunicação do município e conclama a população a não recepcionar os sem–terra e aos comerciantes a fecharem as portas. Deste espaço de luta saíram quarenta pessoas para acompanhar a Marcha Nacional do MST à Brasília. Após o retorno dos campanheiros da marcha, houve a reintegração de posse da fazenda executada pela Brigada Militar. Em 1998 foi o início do Assentamento Santa Rosa,o maior de Tupanciretã, com 129 famílias oriundas de 60 municípios e provenientes da ocupação feita no município em 97 pelo MST. Neste mesmo ano, foram implementados também os assentamentos Invernada das Vacas, Mãe de Deus, Nova América, São Francisco, São Domingos que foram organizados pelos municipários. A partir do ano de 2000, agora com a Frente Popular no Estado do Rio grande do Sul, intensifica-se a luta pela terra no estado. No município foram implementados os assentamentos Nossa Senhora da Conceição, Nova Aliança, Conquista da Esperança e Várzea, estes do sob organização do MST; o assentamento Por do Sol e o reassentamento Cachoeira organizados pelo MAB. Mesmo com estas mobilizações e com a quantidade de assentamentos no município, o poder público municipal acaba por romper o convênio com a EMATER, empresa responsável na época em prestar assistência técnica aos assentamentos. O MST acaba por ocupar a sede municipal da prefeitura e o Banco do Brasil. Neste período, a Regional do MST de Júlio de Castilhos denominada Neuroli Pinheiro acaba por ser desmembrada em outras duas regionais, a Paulo Freire que abrange os assentamentos de Tupanciretã e a Carlos Marighela que abrange o município de Jóia. Em fins de 2001 iniciou o projeto piloto de assistência técnica através da COPTEC que contava com um agrônomo, um veterinário, um técnico agrícola e uma assistente social. Aos dezessete dias do mês de julho de 2002, foi criada a Cooperterra, organização cooperativa criada com 21 associados assentados(as) de tupanciretã. Os assentamentos tiveram importância decisiva também na mudança política na prefeitura municipal em 2004. Neste mesmo ano o MST teve um vereador eleito e reeleito em 2008. Atualmente, a regional Paulo Freire encontra-se ativa participando nas atividades de luta realizadoras na região, no estado e no país. Atua também nas atividades de massificação, como é o caso da formação do atual acampamento de 23 Julio de Castilhos e nas atividades de Habitação e solidariedade com os demais assentamentos e acampamentos pelo estado. Na questão da produção dos assentamentos o que se destaca alem da subsistência das famílias é a criação da bacia leiteira no município que hoje produz mais de 6000.000 litros de leite por mês. Na questão da assistência técnica também houve avanços, nossa equipe da COPTEC hoje conta com dez técnicos em contrato com o INCRA e atua nos dezessete assentamentos do município. 5.4 - Assistência Técnica, Pesquisa e Capacitação A COPTEC – Cooperativa que oferece serviço de assistência técnica, social e ambiental às famílias assentadas no município de Tupanciretã a partir de 2001, na forma de convênio e a partir de 2009 mediante contrato com o INCRA. Atua neste assentamento através dos técnicos do Núcleo Operacional de Tupanciretã. A ATES é composta por uma equipe multidisciplinar, técnicos que atuam, exclusivamente, nos assentamentos. Suas linhas de atuação são a assistência técnica à produção, ao meio ambiente e a orientação a partir das demandas sociais existentes nos dezesste assentamentos deste Núcleo Operacional. Estas atuações são orientadas através de visitas técnicas em todas as famílias e também em palestras que abrange diversos temas entre as áreas, sociais e ambientais e de produção. Encontra-se em execução hoje nas áreas de assentamentos do núcleo operacional de Tupanciretã, diversos convênios estabelecidos entre instituições públicas e empresas sociais, como é o caso do Programa Leite Sul com assessoria técnica e capacitação na produção de leite, segundo os princípios da agroecologia, através da utilização da tecnologia de Pastoreio Racional Voisin – PRV, (convênio formalizado entre o INCRA-RS e a COPTEC, beneficiando agricultores familiares e assentados da reforma agrária dos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná). Além do programa SOMAR – Sistema de Orientação e Mobilização Assistida com Responsabilidade Técnica, fruto de convênio INCRA-RS e a Universidade Federal de Santa Maria – UFSM, para prestar assistência técnica as agroindústrias que beneficiam as famílias do assentamento, e ainda o convênio INCRA-RS/Embrapa Pelotas/Fapeg13, com o objetivo de qualificar a atividade produtiva nos assentamentos rurais do RS, em prol do desenvolvimento sustentável. Está presente ainda o programa TERRASOL que beneficia diretamente os produtores através de convênio com a Cooperterra auxiliando no desenvolvimento da cadeia produtiva do leite. A Cooperativa Regional da Reforma Agrária Mãe Terra LTDA (COPERTERRA), é a cooperativa fundada a partir da organização do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra- MST e com auxilio da COPTEC. Fundada a partir da necessidade de garantir maior autonomia das famílias assentadas perante a lógica negativa do mercado. Neste sentido, desenvolve atividade produtiva na lógica qualificação e melhoria da bacia leiteira, coleta da produção e comercialização e hoje esta em processo de beneficiamento do leite através de uma agroindústria. Fundada em 2002, conta hoje com trezentos e oitenta associados. A Associação Sulina de Crédito e Assistência Rural – ASCAR do Estado do Rio Grande do Sul (EMATER – RS) esta presente no município de Tupanciretã, através de um escritório municipal. Sua forma de atuação, além da elaboração de projetos, possui um Centro de Treinamento, onde as famílias assentadas são convidadas a participar de cursos de treinamento. 24 No município de Tupanciretã existe uma Unidade Experimental da FEPAGRO, onde desenvolve várias pesquisas em relação a bovinocultura, principalmente em relação a pastagens nativas. A mesma também realiza algumas atividades de extenção rural. O INCRA/MDA contribui no serviço de fiscalização do trabalho da ATES, na implantação, execução e desenvolvimento dos Projetos de Assentamentos. Atua ainda na fiscalização dos trabalhos da Patrulha Agrícola Moto mecanizada. 25 6. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO SANTA ROSA 6.1. Condições físicas e edafo-climáticas do assentamento 6.1.1. Solos A determinação das unidades de mapeamento dos solos do assentamento Santa Rosa foi realizada por meio de estudo do material MDA/INCRA/2008 e da mesma forma com a classificação adotada pela Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, e mais detalhadamente com estudos a campo. De acordo com estes estudos, o solo do assentamento Santa Rosa se enquadra dentro da seguinte classe de solo: Latossolo. Predominante na maior parte do assentamento, o qual está descrito abaixo: Latossolo LEa1 – Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura média relevo suave ondulado. LEa2 - Latossolo Vermelho-Escuro álico A proeminente e moderado textura argilosa + Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura média relevo suave ondulado. LEa3 - Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura média + Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura argilosa + Podzólico Vermelho-Amarelo álico Tb A moderado e proeminente textura arenosa/média relevo suave ondulado. LRd2 – Latossolo Roxo distrófico e álico A proeminente textura muito argilosa + Latossolo Bruno intermediária para Latossolo Roxo álico A proeminente textura muito argilosa relevo suave ondulado. (INCRA, 2008). 6.1.2. Relevo Na maior parte do assentamento Santa Rosa o relevo é predominantemente plano. As altitudes variam aproximadamente entre 360 e 480 metros, dos quais cerca de 48,74 ha. (2,28% da área total) encontram-se acima de 420 metros, em locais constituídos de topos de coxilhas. As declividades se distribuem de forma relativamente homogênea pela área do assentamento, com a predominância de inclinações planas. A maior parte da área apresenta inclinações inferiores a 5%, constituindo pendentes suaves que 26 totalizam aproximadamente cerca de 1.933,52 ha. (90,48% da área total). As áreas com mais de 5% de inclinação são menos expressivas, constituindo áreas de relevo suave ondulado a muito ondulado, totalizando cerca de 1,58 ha. (0,07% da área total). 6.1.3. Recursos hídricos O assentamento situa-se sobre uma área cuja rede de drenagem principal é formada pelo por vários pequenos cursos d’água que fluem para os arroios Barreiros, Caixa D’Água e para o Rio Ivai. Analisando a rede de drenagem interna do assentamento, observa-se que é formada por sete nascentes de curso d’água. Esses quatro cursos de água, assim como a nascente situada dentro do assentamento, apresentam comportamento intermitente, ou seja, sofrem a influência de períodos de estiagem e freqüentemente ficam secos, passando a assumir comportamento mais perene a jusante, quando atingem áreas de topografia mais baixa e mais plana. O arroio Barreiros, Caixa D’Água e o rio Ivai, apresenta comportamento perene, ou seja, fluxo permanente de água mesmo em estações mais secas. Há, ainda, reservatórios d’água com tamanhos variados, distribuídos em cada lote. estes reservatórios, elaborados pelos beneficiários para o acumulo de água para servir de bebedouros para as criações em épocas de escassez do mesmo, o tamanho varia em torno de 120 a 160 m² de lamina de água, muitos desses reservatório serve como criadouro de peixes como (taíra, carpas). Em época de estiagem muitos desses reservatório tende a secar. No assentamento tem quatro poços artesiano para o consumo de água potável, sendo que um está desativado, falta a instalação hidráulica. 6.1.4. Flora e fauna As formações campestre no assentamento Santa Rosa, são encontradas principalmente em áreas de banhados, campos rupestres ou quando há criação de gado. Foi encontrado florestas apenas nas margens dos arroios, Barreiros, Caixa D’Água e a mata ciliar presente ao longo das sangas e ao redor de nascentes. O assentamento não possui ARL registrada, porém possui um importante um fragmento florestal, que se localiza na gleba mais próxima da cidade. Este fragmento 27 cobre uma leve encosta, melhor dizendo um terreno levemente inclinado. Quanto ao estágio sucessional esta mata é um mosaico, sendo que a maior parte constitui um remanescente de floresta primária. Em relação a fauna no assentamento, a área de refúgio se da em torno das área de APP, nesse caso, à ARL prevista no parcelamento. Em relação à ARL, este fragmento isolado, não apresenta condições de sobrevivência para a fauna, havendo pressão intensa de caça devido sua localização, ser muito próximo a cidade. Há um agravamento da situação pela barreira física imposta pela rodovia, o qual divide o assentamento e os corredores florestais, sendo que os atropelamentos é a terceira principal causa de redução da fauna, sendo que em primeiro se da, em torno da degradação das áreas de APP e de não ser o suficiente a área de ARL. 6.1.5. Uso do solo e cobertura vegetal O território que conforma o assentamento Santa Rosa apresenta diversas tipologias quanto ao uso do solo e a cobertura vegetal distribuídas em manchas em um total de 2.137,02 hectares. A mata nativa e arbustiva existente corresponde a aproximadamente 145,08 hectares, equivalendo a 6,79% da área, correspondentes às florestas de galeria ao longo dos arroios, os campos úmidos (banhados) corresponde a 400,19 hectares representando 18,72% da área, a área de Silvicultura corresponde a 43,85 hectares, corresponde a 2,05% da área. As áreas de campo seco corresponde a 131,70 hectares, correspondente a 6,16% as área. As área de pousio corresponde a 72,51 hectares, correspondente a 3,39 % da área. As áreas de vegetação arbustiva corresponde a 110,63 hectares, representando 5,18% da área. As áreas de construção corresponde a 0,75 hectares, correspondente a 0,04% da área. As áreas ocupadas por água corresponde a 4,61 hectares, correspondente a 0,22% da área. As áreas de agricultura/solo exposto correspondem a 1,227,70 hectares, representando 57,45% da área. 6.1.6. Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente No conjunto dos dezessete assentamentos de Tupanciretã, com relação a Área de Reserva Legal, até o momento não foi identificada existência ARL averbada. Nos estudos realizados pelo INCRA/2008, a situação de inexistência de ARL já havia sido identificada: 28 As áreas de preservação e conservação consideradas incluem a superfície ocupada no imóvel por APP (Áreas de Preservação Permanente) e por ARL (Área de Reserva Legal). As APP foram especializadas de acordo com a Lei Federal n. º 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), Lei n. º 7.803 de 18 de julho de 1989 (Altera o Código Florestal) e Resolução do CONAMA N º 387, de 27 de dezembro de 2006, que trata do licenciamento de projetos de assentamento da reforma agrária, das quais aplicam-se ao assentamento Nossa Senhora de Fátima os seguintes critérios: • 30 m ao longo dos cursos d’água com menos de 10 m de largura; • 50 m em torno de nascentes; • 50 m em torno da barragem (corpos d'água até 20 ha). A delimitação das APP baseou-se em levantamentos de campo e na cartografia em escala 1:50.000 existente para a área em análise. Quanto à ARL, de acordo com a Medida Provisória N.º 2166-67 de 21 de agosto de 2001, 20% da área do imóvel deve ser mantida com esse caráter, mas verificou-se a inexistência de uma área delimitada com essa finalidade no assentamento. Sendo no entanto no assentamento Santa Rosa, há uma área considerada pelos moradores com área de reserva, situada na gleba sul do assentamento, mas ela não se encontra averbada como tal. Sabe-se que a área de ARL deveria ter 20% da área do assentamento, caso de esta área não ser o suficiente, deve-se compensar em outras áreas. As Áreas de preservação permanente (APP) no assentamento corresponde a 145,57 ha, equivalente a 6,81% da área total, cerca de 35,41 ha (24,86% do total das APP) encontra-se ocupados por usos antrópicos (Agricultura/ solo exposto, pousio e silvicultura), 107 ha (75,14% da área total das APP) encontram-se sob o predominio de cobertura vegetal natural. 6.1.7. Estratificação ambiental Com base nas características ambientais até agora descritas, o assentamento pode ser estratificado nas seguintes unidades de paisagem: Solos da classe III (III e, t; III e, ma; III a, hi) que abrangem cerca de 16959,1 há (cerca de 91,68% do total, estes solos com maior ou menor intensidade permitem o uso com culturas anuais. Nas terras de classe III e, t as limitações que se encontram é devido a declividade acentuada, sendo que na classe III e, ma as limitações ocorrem devido ao risco de erosões em função do horizonte superficial 29 muito arenoso. Nas classes III s, di as limitações ocorrem devido a fertilidade do solo. As demais terras do PA são representadas pelas classes IV a, hi, atingindo cerca de 32,35 ha, que representa em torno de 1,51% da área do PA. Já as terras da classe VIII I, APP (Área de Preservação Permanente), que constituem áreas de uso restrito do ponto de vista legal, ocupam uma área de 145,57 há, o que representa 6,81% do total do assentamento. 6.1.8. Capacidade de uso do solo Para elaborar a capacidade de uso do solo foi utilizado o texto base do relatório ambiental MDA/INCRA/2008, onde concluiu que o maior grupo terras no assentamento pertence à classe lll (lll e, t; lll e, ma; lll a, hi) apresentado na Tabela 02 e no mapa na Figura 1, que com maior ou menor intensidade permitem uso com culturas anuais, ocupando cerca de 1.959,1 ha (91,68% do total). Na classe lV a, hi, a limitação para utilização limita-se devido à risco de inundação. A classe Vlll l, app, que representam área de preservação legal, ocupam uma área de 145,57 ha do assentamento. Tabela 02. Unidades de capacidade de uso das terras, suas respectivas áreas e fatores limitantes no assentamento Santa Rosa. 30 Figura 1: Mapa das classes de capacidade de uso das terras do assentamento Santa Rosa. Fonte: INCRA,2008. 6.1.9. Análise dos potencias e limitações dos recursos naturais e da situação ambiental do assentamento Como analise dos dados do assentamento pode-se observar uma grande limitação em relação ao uso do solo, sendo que parte das APP estão sendo utilizadas de maneira inadequadas, das 145,57 ha, 35,41 ha estão sendo usadas pelos assentados causando impactos para as APPs. 31 Em relação a capacidade de uso do solo, 1.959,1 ha pertencem a classe lll, onde seu fator limitante se da pelo risco de erosão por sua declividade e pelo solo ser muito arenoso, exigindo medidas de cultivo adequada, possibilitando nesta mesma área cultivo da Agricultura/solo exposto. No assentamento Santa Rosa foi identificada uma área considerada pelos moradores com área de reserva, situada na gleba sul do assentamento, mas ela não se encontra averbada como tal. Sabe-se que a área de ARL deveria ter 20% da área do assentamento, caso de esta área não ser o suficiente, deve-se compensar em outras áreas. Em relação a fauna no assentamento, a área de refúgio se da em torno das área de APP, nesse caso, à ARL prevista no parcelamento. Sendo que a ARL, não apresenta condições de sobrevivência para a fauna, havendo pressão intensa de caça devido sua localização, ser muito próximo a cidade. Há um agravamento da situação pela barreira física imposta pela rodovia, o qual divide o assentamento e os corredores florestais, sendo que os atropelamentos é a terceira principal causa de redução da fauna, sendo que em primeiro se da em torno da degradação das áreas de APP e de não ser o suficiente a área de ARL. 6.2. Situação do meio sócio-econômico e cultural 6.2.1 Histórico do assentamento No ano de 1995, as família oriundas da região noroeste do estado formaram acampamento no município de Sarandi. Após se deslocaram para o município de Palmeira das Missões onde formaram acampamento conhecido como ―Palmeirão‖. No mesmo ano este acampamento ocupou a fazenda do ―Salso‖ no mesmo município onde permaneceram por vinte dias. Em 1995, mobilizou-se o acampamento de Palmeira das Missões que em marcha cruzam por Tupanciretã e ocupam a fazenda Rondinha em Jóia, hoje assentamento Rondinha. Esta marcha ficou acampada três dias em São Bernardo/ Santa Tecla distrito de Tupanciretã. A primeira ocupação de terras feita pelo MST em Tupanciretã foi realizado em 1997 por 1.800 famílias (entorno de 3.000 pessoas) do acampamento de Julio de Castilhos que ocuparam a Fazenda Guabiju de propriedade da família Mascarenhas 32 (pioneira no plantio de sementes trangênicas no Brasil). Na passagem pelo centro da cidade, o então prefeito municipal Luiz Adolfo Bitencurt vai até os meios de comunicação do município e conclama a população a não recepcionar os sem–terra e aos comerciantes a fecharem as portas. Deste espaço de luta saíram quarenta pessoas para acompanhar a Marcha Nacional do MST à Brasília. Após o retorno dos companheiros da marcha, houve a reintegração de posse da fazenda executada pela Brigada Militar. Em 1998 foi o início do Assentamento Santa Rosa, o maior de Tupanciretã, com 129 famílias oriundas de 60 municípios e provenientes da ocupação feita no município em 97 pelo MST. 6.3. Infra-estrutura física, social e econômica. As famílias se dividiram em bolsões e cada grupo se dirigiu para onde seriam os lotes futuramente. A demarcação definitiva foi realizada dois anos após, no ano de 2000, nas primeiras safras as famílias plantaram em conjunto as lavouras de grão principalmente a cultura da soja. Após a demarcação do lotes as famílias permaneceram em bolsões e dentro dos bolsões em núcleo de base. O assentamento era organizado em quatro bolsões e vinte núcleos de base. Com a instalação da energia elétrica as famílias tiveram outras opções de produção principalmente a atividade leiteira. As famílias também se organizaram para comercialização de produto in natura direto ao consumidor local. Atualmente residem no assentamento 383 pessoas: 42 idosos, 204 adulto, 52 jovens, 83 crianças. Que estão organizadas em torno das comunidades oriundas dos bolsões, onde o bolsão um e dois bolsões formaram uma comunidade. O assentamento era organizado em quatro bolsões, cada bolsão tinha a sua organização interna em núcleo de base, com coordenação e um representante que participava na coordenação do assentamento. O assentamento tinha uma coordenação geral onde participavam dois por bolsão e destes quatro participavam na estância regional do MST. Atualmente as famílias estão organizadas de forma mais individual no que se refere a produção, na atividade leiteira as família produzem e comercializam a produção via organização regional (cooperativa). Ainda em torno da produção temos a organização para comercialização na feira da reforma agrária na sede município. 33 A organização política do assentamento Santa Rosa esta organizado de forma diferente. Atualmente a organização esta em torno das três comunidades, a do bolsão 1 e 2, bolsão 3 e bolsão 4. No assentamento ainda tem representação na estância regional do MST. Inserido nas comunidades temos a organização de grupos de mãe, times de futebol e conselho da comunidade. Foto 01: Famílias do assentamento Santa Rosa bolsão 4, reunidas. Foto 02: Famílias do assentamento Santa Rosa bolsão 3, reunidas 34 Foto 03: Famílias do assentamento Santa Rosa bolsão 1 e 2, reunidas. Com relação a organização econômica, do total das famílias assentadas neste P.A, 40% delas organiza a comercialização de seus produtos através da sua organização cooperativa (COPERTERRA) Cooperativa Regional da Reforma Agrária Mãe Terra Ltda que atualmente esta em fase de conclusão de sua agroindústria de beneficiamento de leite que esta estabelecida nas dependências do Bolsão 1 deste assentamento O restante das famílias comercializam com outras cooperativas ou empresas, isto é no que se referem a produção leiteira. No caso da comercialização de grãos a empresa utilizada pelas famílias é a Marasca, Cocevil, Agropam. Existe ainda filiação em duas cooperativas de crédito a Crenhor e a Sicredi. As 129 famílias assentadas e 383 pessoas residentes conforme gráfico 01 Deste conjunto de pessoas que vivem no assentamento, 83 são crianças (22%), 52 são jovens (14%), 204 são adultos (53%) e 42 idosos (11%). Gráfico 01: Divisão populacional por Faixa etária. 35 Quanto a composição populacional por sexo, 205 são do sexo masculino (54%) e 178 são do sexo feminino (46%). Gráfico 02: Divisão populacional por sexo. Com relação aos investimentos em benfeitorias realizados neste assentamento até os dias atuais. Tabela 03: Investimento em Benfeitorias no Assentamento Santa Rosa O assentamento teve grandes dificuldades, pois levou o período de dois anos para as famílias terem acesso às estruturas básicas para desenvolver as atividades produtivas, sociais e culturais. No que refere a instalação da rede elétrica, as famílias levaram dois anos, outro agravante foi à demarcação da parcela e abertura de estrada, com estes limitantes as famílias tiveram poucas opções de atividades produtivas. As estradas do assentamento foram classificadas como boa, assim como o acesso, pois as estradas no último ano tiveram as obras da patrulha moto mecanizada do INCRA, no entanto no assentamento existem três pontes em condições precárias. 36 Foto 04: Imagem de uma das pontes do assentamento Santa Rosa bolsão 4 Foto 05: Imagem das estradas interna do assentamento Santa Rosa Em relação à água potável as famílias do assentamento Santa Rosa tem quatro poços artesianos, onde três estão sendo utilizados por 107 famílias com rede de distribuição e outro não esta sendo utilizado devido não ter rede de distribuição, este último é para suprir a necessidade de água potável de vinte e duas família. 37 Foto 06: Imagem do Poço Bolsão 1 Foto 07:Imagem poço Bolsão 2 38 Foto 08: Imagem poço Bolsão 3 Foto 09: Imagem do poço Bolsão 4 39 6.4. Sistemas produtivos Desde implantação do assentamento Santa Rosa as famílias tiveram a opção para diversificação das atividades produtivas, isto foi possível devido a localização do assentamento estar próximo a sede do município. Porém a atividade leiteira, para comercialização, teve a coleta realizada pela empresa somente apos dois anos devido ao assentamento não ter as estruturas básicas (estrada e energia elétrica). Tabela 04: Produção anual do assentamento Santa Rosa – Renda Bruta A produção de autoconsumo se destaca no assentamento como a segunda principal atividade econômica das famílias, pois devido a localização, o excedente é vendido no mercado consumidor local. Com relação aos valores dos produtos da tabela 05, foram levados em conta os preços da região. Tabela 05: Produção de auto consumo do assentamento Santa Rosa por ano. Com relação a diversificação destaca-se a importância comercialização na feira da reforma agrária local, pois a feira tem uma boa aceitação do seus produtos pelo mercado consumidor local, é um grande potencial para as famílias que estão 40 neste incluídas nesta feira. Também se destaca a diversificação de produtos comercializado conforme a tabela 06. Tabela 06: Produtos que são comercializados na feira. Também existe a comercialização de produtos direto ao consumidor, estes produtos são vendidos nas casas dos moradores da cidade em forma de entrega direta. A variedade de produtos depende da estação do ano, com este tipo de comercialização é agregado valor nos produtos conforme a tabela 07. Tabela 07: Produto vendido in natura direto ao consumidor. As atividades de produção estão dividas em seis sistemas produtivos: (soja, leite e auto consumo), (Leite, venda outros produto in natura e Auto Consumo), (Soja, Leite, feira e Auto Consumo), (soja, leite, fruticultura e autoconsumo), (soja, gado de corte e autoconsumo) e (Soja e autoconsumo). 41 6.4.1 - Subsistema produtivo (leite e auto consumo) Este sistema produtivo destaca-se como principal sistema produtivo do assentamento, pois abrangem um total de sessenta e cinco famílias gerando um renda bruta média de R$ 33.888,25 por ano, uma renda média por mês de R$ 2.824,02, conforme tabela 08. Neste sistema, a atividade que gera mais renda é leiteira, ainda devemos levar em consideração a venda do excedente do autoconsumo. Tabela 08: Renda do Subsistema de produção Soja Leite e Auto Consumo 6.4.2 - Subsistema produtivo: (Leite, venda de outros produto in natura e Auto Consumo) Este sistema se baseia na produção diversificada, tendo como atividades econômica a produção de leite para venda direta ao consumidor local e venda de outros produtos, uma das potencialidades é a agregação de valor na venda do produto direto ao consumidor. O número de famílias que estão neste sistema produtivo é de dez, tendo uma renda média bruta anual de R$ 28.299,00 e renda média por mês de R$ 2.358,25 conforme a tabela 09. Tabela 09: Renda do Subsistema de Produção Leite, venda outros produto in natura e Auto Consumo. 6.4.3 - Subsistema produtivo: (Soja, Leite, feira e Auto Consumo) Este sistema se caracteriza pela diversificação de produtos produzidos. Apresenta a produção de grão na cultura da soja e leite, pois o leite tem duas forma de comercialização (direto a empresa e parte na feira). 42 Este sistema tem como grande potencialidade a comercialização na feira local a mesma sendo incentivada pela COPTEC em parceria com a Coperterra na implantação. O sistema de produção apresenta a renda mais eleva da assentamento tendo uma renda anual de R$ 49.580,00 uma renda mensal de R$ 4.131,67, conforme a Tabela 10. Tabela 10: Renda do Subsistema de Produção Soja, Leite, feira e Auto Consumo. 6.4.4 - Subsistema produtivo: (soja, leite, fruticultura e autoconsumo) Este sistema se baseia principalmente na diversificação das atividades agrícolas, principalmente na venda de frutas in natura direto ao consumidor, com isto agrega valor no preço dos frutos (pêssego, laranja e bergamota). Este sistema tem a segunda renda mais elevada, abrangendo cinco família, tendo uma renda anual de R$ 36.888,25, renda média mensal de R$ 3.074,02, conforme a tabela 11. Tabela 11: Renda do Subsistema de Produção Soja, Leite, Fruticultura e Auto Consumo. 6.4.5 - Subsistema produtivo: (soja, gado de corte e autoconsumo) Este sistema tem como principal atividade a produção de grão na cultura da soja, existe também a criação de gado para abate e comercialização entre vizinhos e no mercado consumidor local. A venda média é de três animais por ano, gerando uma renda média anual de R$ 23.013,25 e renda média mensal de R$ 1.917,77. Este sistema abrange um total de quinze famílias conforme a Tabela 12. 43 Tabela 12: Renda do Subsistema de Produção Soja, gado de corte e Autoconsumo. 6.4.6 - Subsistema produtivo: (soja e autoconsumo) Este sistema é o segundo mais representativo no assentamento, pois tem o número de vinte e nove famílias, baseado na produção de grão na cultura da soja. Deve-se destacar que mesmo produzindo soja, as famílias produzem para autoconsumo e seu excedente é vendido no mercado consumidor local, tendo uma renda média anual de R$ 26.373,25 e renda média mensal R$ 2.1917,77, conforme a tabela 13, isto é possivel devido ter uma área plantada de soja de 11 ha. Tabela 13: Renda do Subsistema de Produção Soja e Autoconsumo. O sistema que está consolidado e abrange o maior número de famílias no assentamento é a produção de soja, leite e autoconsumo. Porém, os que se destacam no que se refere a geração de renda, são aqueles com produção diversificada. Devido a diversificação das atividades, as rendas mais elevadas do assentamento são de cinco famílias devido a agregação do valor de comercialização do produto, pois é vendido no mercado consumidor local na forma in natura e em alguns beneficiados. Esta comercialização é feita na feira, que foi organizada pela COPTEC. Também devemos destacar a venda direta de produtos nas casas dos consumidores. Isto é possível devido a localização do assentamento, pois o morador mais próximo fica a 200m e o mais distante a 10km da sede do município. Com estas facilidades de comercialização se desenvolveu a fruticultura, principalmente na cultura do pêssego e citrus, atividades que tem grande potencial. 44 Com todas estas condições para venda do seu produto direto ao consumidor, as famílias tiveram grandes dificuldades para definição da matriz produtiva por não ter o incentivo na implantação assentamento por parte dos órgão responsáveis. Com isto a maioria das famílias produzem culturas tradicionais como soja, leite e gado para abate. Ainda, na produção de leite e gado para abate são comercializados direto ao consumidor. Como podemos observar no gráfico 03, a porcentagem na geração de renda dos produtos comercializados no mercado local na forma de entrega direta ao consumidor é de 8%, o valor do autoconsumo é de 31%, pois se leva em consideração que o excedente é comercializado tanto na feira como na entrega direta ao consumidor. Nas vendas de soja e leite no mercado é de 61%. Gráfico 03: Relação entre a venda no mercado tradicional e a venda em mercado alternativo 6.5 - Custo de produção na atividade leiteira Os custos da atividade leiteira foram calculados com base na aplicação em campo nas planilhas dos sistemas agrário, sendo observado os seguintes aspectos; custo com mão de obra, depreciações, manutenção, alimentação dos animais (pastagem, silagem, ração), sanidade e custo com assistência técnicas. O custo médio fechou em torno de R$00,20/L de leite, variando para mais ou para menos entre as propriedades observadas. O preço do litro durante a observação fechou em torno de R$00,55/L variando entre cooperativas, o custo da produção ficou em 36% da renda bruta obtida sobre a produção. 45 6.6 - Custo de produção da soja Tabela 14: Custo de produção de 1 ha de soja Devido ao alto grau de dependência em relação aos meios de produção externos as famílias, característico da cultura da soja, a produção desta cultura em área de assentamento requer altos investimentos no custeio da produção, conforme a Tabela 14. O custo de produção de um ha de soja gira em torno de R$ 692,00, aplicando baixa tecnologia, com a produtividade de 30 saca e preço médio de R$ 35,00. Para produzir uma saca de soja é gasto em torno de R$ 27,68. A sobra líquida por saca está em torno de R$ 7,32. O custo de produção da soja nas áreas do PA. Santa Rosa esta em 79,09%. 6.7 - Atividade não Agrícola No PA, Santa Rosa além da atividade desenvolvida na agricultura temos outra atividade geradora de renda, como os aposentados e pensionistas do INSS, totalizando quarenta e dois pessoa. Também temos os trabalhos sazonais, atividade como safrista e trabalho na construção civil, interno e externo do assentamento. Com organização do grupo de mulheres e capacitação em diversas áreas pela equipe da ates, um do trabalho que vem sendo desenvolvido é o artesanato, e algumas mulheres comercializam este produto no município. 6.8 - Pontos positivos e negativos dos principais sistemas de produção A principal matriz produtiva do PA. Santa Rosa é a atividade leiteira. Com o desenvolvimento da cadeia produtiva do leite no município, impulsionada pela consolidação da cooperativa local (Coperterra), a totalidade das famílias produtora 46 de leite do PA, comercializam a sua produção via cooperativa. Neste contexto podemos destacar como potêncialidade da produção leiteira PA. Um agravante deste sistema de produção é descapitalização dos assentados, que não consegue viabilizar algumas melhorias na atividade, como armazenamento adequado, recuperação de solo, pastagens com melhor qualidade e melhoria genética do plantel leiteiro. No PA. Santa Rosa devemos destacar a produção de grão como esta citada na totalidade dos sistemas de produção. A potencialidade deste modelo de produção é o processo de comercialização e organização dos complexos agroindustriais em torno da produção de soja. Também devemos destacar a importância em relação à rotação de cultura, pois, a cultura da soja tem grande potencial no que se refere à reciclagem de nitrogênio. Devido ao modelo do agronegócio estar enraizado na região, principalmente através da monocultura da soja, a totalidade das famílias tem adotado esta forma de produção nos lotes. Desta forma, agravado pela falta de planejamento de pastagem permanente, a produção da soja tende a limitar a produção leiteira principalmente no período de verão, isto se da devido à diminuição das áreas utilizadas na atividade leiteira neste período. Devemos destacar algumas estruturas de produção dos principais sistemas de produção que se destaca do PA. Em relação a atividade leiteira temos setenta e cinco ordenhadeira e setenta resfriador de uso individual, dois de uso coletivo, também tem na área do PA., uma unidade de industrialização em fase de implantação para lactos a mesmo gestada pela Coperterra. Na produção de grão principalmente a da soja temos algumas estruturas de produção como vinte e um tratores, temos ainda sete colheitadeiras sendo que uma é de uso individual. 6.9 – Serviços de Apoio á Produção 6.9.1. Crédito Com relação aos créditos acessados pelas famílias do assentamento, houve o de fomento, por 129 famílias, no valor de R$ 1.400,00, que foi aplicado na aquisição de calcário e em recuperação de solos e equipamento para atividade agrícola. O mesmo número de famílias acessou crédito no valor de R$ 2.400,00, 47 para programa de habitação inicial e 113 acessou a programa de recuperação das moradia no valor de R$ 9.000,00. Com relação ao PRONAF ver Tabela 15, na linha (A), 50% do valor foi investido na implantação da atividade de produção de grão no assentamento e o restante na aquisição de equipamentos e instalações para a mesma finalidade. Na linha (C), 50% foi investido na recuperação dos solos e o restante na implantação da atividade leiteira. Na linha (D), 30% na aquisição de matriz para produção de leite, 30% na melhoria de pastagens e o restante na aquisição de equipamentos para atividade leiteira e recuperação de solo. Com relação ao investimento inicias como PRONAF A, as famílias tiveram poucas opções para investir em outras alternativas de produção, devido não terem seus lotes definidos e também por não terem rede de energia elétrica. Tabela 15: Créditos e Investimentos- PRONAF Ainda com relação ao PRONAF, na questão do endividamento, aproximadamente 40% das famílias que acessaram os recursos estão na situação de inadimplência. 6.10. Serviços sociais básicos 6.10.1. Educação Conforme os dados apresentados no gráfico 13 as famílias do P.A. Santa Rosa estão distribuídas, de acordo com o grau de instrução escolar, em: pessoas que ainda não foram alfabetizadas representam 6% da população do assentamento totalizando 22 pessoas; 48 pessoas que têm o primeiro grau incompleto representam 78% da população do assentamento totalizando que temo 283 pessoas; pessoas que têm o primeiro grau completo representa 12% da população do assentamento totalizando 43 pessoas; pessoas que têm o segundo grau completo representa 4% da população do assentamento totalizando 15 pessoas; No P.A. não há pessoas com terceiro grau. Como se pode perceber no gráfico 04, a escolaridade da população do assentamento Santa Rosa reflete o baixo grau de escolaridade das famílias assentadas. A maioria das famílias teve acesso a educação apenas no ensino fundamental e muitas delas de forma incompleta. Deve-se levar em consideração que a escola mais próxima é na sede do município. Os alunos se deslocam para a cidade em transporte escolar, só no período da manhã. Gráfico 04: Grau de escolaridade. 6.10.2. Saúde e saneamento A realidade do atendimento à saúde no assentamento Santa Rosa é caracterizada pela falta de atendimento médico e dentário. Neste assentamento existe o Programa Saúde da Família, portanto há o atendimento de agentes comunitários de saúde. A distância do acesso aos serviços de saúde depende da localização no assentamento, o bolsão 1 está a 1 km, o bolsão 2 está a 7 km, o bolsão 3 está a 5 km e o bolsão 4 está a 10 km. Com relação ao acesso das famílias ao atendimento ambulatorial, urgência e emergência o paciente necessita ir até o ambulatório na sede do município por conta 49 própria, fretando carros. O assentamento tem posto de saúde de referência na cidade. Com relação ao atendimento médico, é necessário disputar um número limitado de ficha com os moradores da cidade, em relação a outros assentamentos o Santa Rosa tem uma realidade um pouco melhor devida sua localização ser próxima à sede do município. Porém a família deste PA vem se organizando através da participação no Setor de saúde onde o mesmo é composto por um representante de cada assentamento e realiza reuniões mensais para debater e tentar solucionar os problemas de saúde dos Assentamentos e Reassentamentos da Reforma Agrária deste município onde busca conseguir junto à secretária de saúde municipal a reserva de fichas para os moradores destes, isso tencionaria a melhoria do acesso ao atendimento de saúde municipal. Com relação à destinação do lixo no PA caracteriza-se como um dos grandes problemas para a sustentabilidade dos assentamentos do município, uma vez que, mesmo tendo uma lei municipal que obriga o poder público a efetuar a coleta do lixo no meio rural, este processo ainda não acontece. Desta forma, os processos de manejo e destinação dos resíduos, convivem com práticas como a queima a céu aberto, a estocagem domiciliar de embalagens tóxicas e aterramento de resíduos, processos estes que se caracterizam como precários e inadequados. No entanto, existem também práticas adequadas de destinação do lixo orgânico, práticas de educação ambiental através de debates e oficinas de reutilização de materiais através do artesanato e também a separação de resíduos. Em relação à água potável as famílias do assentamento Santa Rosa têm quatro poços artesianos, onde três estão sendo utilizados por 107 famílias com rede de distribuição e outro não esta sendo utilizado devido não ter rede de distribuição, este último é para suprir a necessidade de água potável de vinte e duas famílias que estão sem água potável a 11 anos deste a chegada do assentamento, e ressaltamos que as famílias sofrem com problemas de saúde devido a má qualidade da água. 6.10.3. Lazer Os espaços comunitários são equipados com uma cancha de bocha cada um no interior do salão, que se encontra em condições precárias. Devido as famílias 50 desenvolvem práticas esportivas, as comunidades têm, em condição boas, uma quadra de vôlei e um campo de futebol em cada comunidade. No assentamento Santa Rosa foram realizadas duas edições da ―Olimpíada Rural‖, uma na comunidade do bolsão 3, outra na comunidade do bolsão 4 e a próxima será na comunidade do bolsão 1 e 2. Foto 10: Foto das Olimpíadas Rurais no PA Santa Rosa Nos assentamentos de Tupanciretã são organizados bailes e festas com freqüência. Também há no município a chamada ―Olimpíada Rural‖ que há mais de uma década vem envolvendo praticamente o conjunto das comunidades rurais do município. É de se ressaltar que esta olimpíada tem ainda a importância se uma alternativa anual de renda para as comunidades. O PA Santa Rosa vem se destacando na ―Olimpíada Rural‖, pois, na ultima edição onde uma comunidade deste assentamento sediou a festividade a mesma ficou na terceira colocação e a outra comunidade deste assentamento (Bolsão 3) obteve a segunda colocação. Ressaltamos ainda que devido a proximidade do centro da cidade as comunidades deste assentamento realizam com freqüência torneios de futebol e de bocha que tem uma grande participação dos demais assentamentos e da população urbana. Este PA ainda sediou o torneiro estadual do MST no ano passado onde teve a participação de todos os assentamentos de Tupanciretã na primeira fase e posteriormente na segunda fase todos os times classificados nos demais municípios 51 que competiram entre si e tiveram duas equipes campeãs uma feminina e outra masculina. Outra potencialidade do lazer do assentamento é devido estar situado próximo ao centro de Tupanciretã assim as famílias participam de muitas festividades existentes no centro urbano como Torneios de Futebol, bocha, festa da padroeira do município, bailes e festas em geral. 6.10.4. Cultura As famílias do PA Santa Rosa possuem três áreas consideradas como ―Centro Comunitário‖ pelas famílias. Nestes, a finalidade é propiciar coletivamente as atividades de lazer e cultura das famílias assentadas. Foto 11: Imagem da sede da comunidade do assentamento Santa Rosa bolsão 1 e 2. 52 Foto 12: Imagem da sede da comunidade do PA Santa Rosa bolsão 3. Foto 13: Imagem da sede da comunidade do PA Santa Rosa bolsão 4. 53 Existem, nas áreas comunitárias, três salões relativamente grandes e em boas condições. Destes salões, dois foram construídos pela esforço dos seus associados e outro foi construído com recursos do Incra. .Este se encontra inacabado e foi condenado. Ainda há três campo de futebol em condições precárias, as quadras de vôlei não têm areia e as canchas de bocha se encontram no interior do salões, em condições precárias. Das três comunidades, só a do bolsão 3 tem igreja na sua sede, as outras duas realizam as atividade religiosa no interior do salão. Na comunidade do bolsão 3 esta localizada uma área cedida pelo assentamento para os freis, onde eles permaneceram por cinco anos. Após, a área foi doada para Instituto Padre Josimo, onde é mantida uma área de preservação de espécies nativas. Foto 14: Imagem do Instituto Padre Josimo Ainda não existe organização formal das mulheres neste PA, mas segundo as conversas e atividades coletivas realizadas com as assentadas, existe o desejo de realizarem atividades em conjunto, como cursos e atividades de formação. O artesanato e o trabalho com as plantas medicinais é interesse de muitas mulheres 54 da área e pode ser utilizado como forma de motivação e posterior organização de algumas mulheres, além da possibilidade de geração de renda. Foto 15:Imagem do grupo de mulheres da comunidade do Bolsão 1 e 2. Nota-se ainda neste PA uma grande diversidade étnica devido ao assentamento possuir 129 famílias vindas de diferentes regiões do estado, porém com predominância italiana. 6.10.5. Habitação Segundo informações dos representantes do PA Santa Rosa, as moradias estão em condições razoáveis devido ao programa de habitação acessado no ano de 2007. Este programa de moradia foi acessado por dezesseis famílias, no entanto, suas casas estão incompletas. Também foi acessado noventa e sete reformas que estão concluídas e em boas condições de habitação. O programa de habitação foi acessado no valor de R$ 2.500,00 na implantação do assentamento e o programa de reforma no valor de R$ 9.000,00. O assentamento Santa Rosa no que se refere ao saneamento básico, 90% das moradias tem fossa séptica, conforme Foto 16. 55 Foto 16: Imagem casa nova. Foto 17: Imagem de reforma de casas 56 Gráfico 05: Caracterização das moradias por tipo de parede. Gráfico 06: Caracterização das moradias por tipo de cobertura. 57 Gráfico 07: Caracterização geral das condições das moradias. 58 7. DIAGNÓSTICO DO PROJETO DE ASSENTAMENTO NOVA VÁRZEA 7.1 Condições físicas e edafo-climáticas do assentamento 7.1.1. Solos A determinação das unidades de mapeamento dos solos do P.A. Várzea/Nova Várzea foi realizada por meio de estudo do material elaborado pela INCRA/UFRGS/2008 e da mesma forma, com a classificação adotada pela Sociedade Brasileira de Ciências do Solo, e mais detalhadamente com estudos a campo. De acordo com estes estudos, os solos do P.A. Várzea/Nova Várzea se enquadra dentro da seguinte classe de solo: Latossolo. Predominante na maior parte do assentamento, o qual esta descrito abaixo. Latossolo LEa1 – Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura média relevo suave ondulado. LEa2 - Latossolo Vermelho-Escuro álico A proeminente e moderado textura argilosa + Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura média relevo suave ondulado. LEa3 - Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura média + Latossolo Vermelho-Escuro álico A moderado e proeminente textura argilosa + Podzólico Vermelho- Amarelo álico Tb A moderado e proeminente textura arenosa/média relevo suave ondulado. LRd2 – Latossolo Roxo distrófico e álico A proeminente textura muito argilosa + Latossolo Bruno intermediária para Latossolo Roxo álico A proeminente textura muito argilosa relevo suave ondulado. (INCRA, 2008). 7.1.2. Vegetação No assentamento Várzea/Nova Várzea foi encontrado florestas apenas nas margens dos arroios, sendo que algumas partes estas margem são estreitas, não atendendo a largura definida pela APP. A vegetação regional pode ser enquadrada nas regiões fitoecológicas de Floresta Estacional Decidual, encontrada sobre os solos vermelhos e argilosos 59 desenvolvidos do basalto e de savanas, com barba de bode (Aristida sp) e gramíneas (IBGE, 1986). Devido à intensa atividade agrícola, a vegetação nativa foi em grande parte substituída por cultivos de soja e milho na primavera / verão e de trigo e pastagem no outono/inverno. Da Floresta Estacional Decidual encontra-se apenas matas de galeria ao longo dos rios e arroios e bosques isolados nas coxilhas, onde se encontram espécies como canafístula (Peltophorum dubirum), açoita-cavalo (Inehea divaricata), pitangueira (Eugenia uniflora), aroeira (Lithaea spp.), branquilho (Sebastiana commensoniana), pessegueiro-bravo (Prunus myrtifolia), leiterinho (Sebastiana brasiliensis), guamirim (Myrcia bombycina), tarumã (Vitex megapotamica ), cabreúva (Myrocarpus frondosus), alecrim (Holocalix balansae), guajuvira (cordia trichotona), canela (Nectrandra spp.),canela-guiacá (Ocotea puberuba), angico (Parapiptadenia spp.), rabo-de-bugio (Londrocarpus campestus), unha-de-gato (acácia bonariensis), entre outras espécies. Nas áreas imperfeitamente drenadas das várzeas inundáveis e bacias mal drenadas, ocorrem gramíneas diversas,como cola de zorro (Schizachyrium condensatum), gravatá (Eringium spp.), ciperáceas diversa, entre outras. A savana gramíneo-lenhosa apresenta além da barba de bode (Aristida spp.), grama forquilha (Paspalum spp.), grama tapete (Axonopuscompressus), grama missioneira (Axonopus jesuíticus), pelo de porco (Piptochaetum montevidensis), Andropogon spp., Desmodium spp., vassouta (Baccharis spp.), carqueja (Baccharis trimera), maria-mole (Senecio brasiliensis), roseta (Soliana pterosperma), capimlimão (Botriochloa selloana), macega estaladeita (Eragrostis spp.), trevos (Trifolium spp.)entre outra espécies. 7.1.3. Fauna O estudo da fauna no assentamento Varzea, constitui semelhança entre um conjunto de assentamentos que fazem parte da mesma paisagem, onde que foi identificado as mesmas características entre os assentamentos, Banrisul I, Invernada das Mulas/Nova Aliança, São Domingos e Tupã ll/Cachoeira, devido estes ser formada pela mesma rede Hidrográfica, sendo que esta rede constitui um grande corredor florestal, servindo de refugio para a fauna. A fauna regional foi bastante afetada pelo avanço da agricultura sobre as matas e a savana e a caça predatória. Ainda são encontrados na região graxaims 60 (Lycalopex Gymocercus), gato do mato (Oncifelis Geoffrovi), furão (Galactis cuja), zorrilho (Conepatus Chinga), lobo guará (Chryzocyon brachyaru), jaguatirica (Leopardus pardalis), paca (Cuniculus paca),quati (Nasua nasua), veados (Ozotoceros bezoarticus), mão pelada (Procyon cancrivorous), tatus (Dasypus hybridus), tamanduá mirim (Tamanduá tetradactula), bugios (Alouatta spp.), micoprego (Cebus nigritus); próximo ou nos cursos d’água capivaras (Hydrochaeris spp.), lontra (Lontra longicaudis), ratão do banhado (Myocastor coypus), além de uma variedade de peixes e cágados nos cursos d’água. Entre as aves, são comuns as garças, urubus, quero-quero, pica-pau, joão de barro, pombas diversas (rola, juriti,do mato), sabiás, bem-te-ví, perdiz, perdigão, tico-tico, tesourinhas, gralhas, entre outras. 7.1.4. Relevo Na maior parte das glebas deste projeto do assentamento o relevo é predominantemente plano, As altitudes variam aproximadamente entre 340 e 400 metros, dos quais cerca de 19,66 ha. (6,20% da área total) encontram-se acima de 380 metros, em locais constituídos de topos de coxilhas. . A maior parte da área apresenta inclinações inferiores a 5%, constituindo pendentes suaves que totalizam aproximadamente cerca de 271,42 ha. (85,63% da área total). As áreas com mais de 5% de inclinação são menos expressivas, constituindo áreas de relevo suave ondulado a muito ondulado, totalizando cerca de 45,54 ha. (14,37% da área total). 7.1.5. Recursos hídricos O assentamento situa-se sobre uma área cuja rede de drenagem principal é formada pelo rio Ijuizinho, arroio Tarumã e arroio São Bernardo. Dentro do PA correm dois pequenos cursos d’água que fluem para o arroio São Bernardo. Esses dois cursos de água, assim como a nascente situada dentro do PA, apresentam comportamento intermitente, ou seja, sofrem a influência de períodos de estiagem e freqüentemente ficam secos, passando a assumir comportamento mais perene a jusante, quando atingem áreas de topografia mais baixa e mais plana. O arroio são Bernardo apresenta comportamento perene, ou seja, fluxo permanente de água mesmo em estações mais secas. Há, ainda, reservatórios d’água , com tamanhos variados, distribuídos em cada lote. Estes reservatórios, elaborados pela prefeitura municipal a pedidos dos 61 benificiarios para o acumulo de água para sevir de bebedouros para as criações em épocas de escassez do mesmo, o tamanho varia em torno de 100 a 150 m² de lamina de áqua, muitos desses reservatorio serve como criadouro de peixes como (taraíra, carpas). Em época de estiagem muitos desses reservatório tende a secar. No PA foi perfurado 1 poço artesiano para o abatecimento de água potavel para a famílias, o qual ainda não foi instalada a rede hidraulica. Além de poços artesianos as famílias perfuraram poços tipo amazonas, para consumo do animais e geralmente para limpezas de galpão, sala de ordenha. 7.1.6. Uso do solo e cobertura vegetal O território que conforma o P.A. Várzea/Nova Várzea apresenta diversas tipologias quanto ao uso do solo e a cobertura vegetal distribuídas em manchas em um total de 317 hectares. A mata nativa e arbustiva existente corresponde a aproximadamente 75,23 hectares, equivalendo a 23,74% da área, correspondentes às florestas de galeria ao longo do arroio São Bernardo e à mata ciliar presente ao longo das sangas e ao redor das nascentes, os campos úmidos (banhados) corresponde a 60,66 hectares representando 19,14% da área, os campos nativos corresponde a 8,42 hectares representando 2,66% da área. As áreas de agricultura/solo exposto correspondem a 172,65 hectares, representando 54,46% da área. 7.1.7. Reserva Legal e Áreas de Preservação Permanente No conjunto dos dezessete assentamentos de Tupanciretã, com relação a Área de eserva Legal, até o momento não foi identificada existência ARL. Nos estudos realizados pelo MDA/INCRA/2008, a situação de inexistência de ARL já havia sido identificada: As áreas de preservação e conservação consideradas incluem a superfície ocupada no imóvel por APP (Áreas de Preservação Permanente) e por ARL (Área de Reserva Legal). As APP foram especializadas de acordo com a Lei Federal n. º 4.771, de 15 de setembro de 1965 (Código Florestal), Lei n. º 7.803 de 18 de julho de 1989 (Altera o Código Florestal) e Resolução do CONAMA N º 387, de 27 de dezembro de 2006, que trata do licenciamento de projetos de assentamento da reforma agrária, das quais aplicam-se ao PA Nossa Senhora de Fátima os seguintes critérios: 62 • 30 m ao longo dos cursos d’água com menos de 10 m de largura; • 50 m em torno de nascentes; • 50 m em torno da barragem (corpos d'água até 20 ha). A delimitação das APP baseou-se em levantamentos de campo e na cartografia em escala 1:50.000 existente para a área em análise. Quanto à ARL, de acordo com a Medida Provisória N.º 2166-67 de 21 de agosto de 2001, 20% da área do imóvel deve ser mantida com esse caráter, mas verificou-se a inexistência de uma área delimitada com essa finalidade no PA. As Áreas de preservação permanente (APP) no PA correnponde a 36,47 ha, equivalente a 11,51% da área total, cerca de 7,21 há (19,77% do total das APP) encontra-se ocupados por usos antrópicos (Agricultura/ solo exposto, pousio e silvecultura), 29,26há (80,23% da área total das APP) encontram-se sob o predómio de cobertura vegetal natural. Conforme consta no relatório ambiental desenvolvido pelo MDA/INCRA, este uso das áreas de APP diminuíram após a implantação do PA. 7.1.8. Capacidade de uso do solo Na caracterização das classes de Capacidade de Uso, leva-se em consideração a maior ou menor complexidade das práticas conservacionistas, quais sejam: as de controle de erosão e as de melhoramento do solo (calagens, adubação, etc.). As subclasses explicitam melhor as práticas de conservação e/ou de melhoramento. Desta forma, as terras foram enquadradas nas seguintes classes:IIe: Topos de coxilhas, com declividade <5%, solos vermelhos, profundos (>80cm), bem drenados argilosos — LATOSSOLOS VERMELHOS — ligeiramente suscetíveis à erosão. Ocorrem inclusões da Classe IIIse. Recomendações de uso e manejo: Terraços de base larga de absorção;cultivo em contorno; subsolagem se compactado; culturas capinadas (aipim, batata, cebola, amendoim, etc.) em rotação com cultivos em plantio direto incluindo espécies recuperadoras (1ciclo a cada2,5anos). IIIe: Encostas de coxilhas com 5–12% de declividade , solos semelhantes aos da Classe IIe ,moderadamente suscetíveis àerosão. Recomendações de uso e manejo: Terraços de base larga em desnível; subsolagem se compactado; cultivo em contorno com plantio direto e rotação de 63 culturas incluindo espécies recuperadoras (1 cicloa cada 1,5anos). IVe: Encostas de coxilhas com declividade de5–12%,solos profundos semelhantes aos da Classe IIIe, moderamente suscetíveis à erosão. Recomendações de uso e manejo: Terraços de base estreita vegetados;plantio direto obrigatório; cultivo em contorno e em faixas alternadas de espécies anuais densas (1 ciclo em rotação com 3 anos de uso comcoberturas semipermanentes. IVa: Ocupam depressões situadas entre as coxilhas, imperfeitamente a mal drenadas, sobre PLINTOSSOLOS e GLEISSOLOS. Aprincipal limitação é o excesso de água. Pode estar associado com solos rasos da Classe VIs. Vl: Áreas baixas e mal drenadas, difíceis de serem drenadas, sujeitas a inundações freqüentes e prolongadas, com solos semelhantes aos da (predominânciade GLEISSOLOS). Recomendações de uso e manejo: Pastoreio extensivo nas pastagens naturais quando não inundadas, ou reflorestamento com espécies adaptadas ao excesso d’água. VIII: Apresentam sérias limitações devido ao declive (>25%), à pequena profundidade e à pedregosidade. Ocorrem em encostas escarpadas junto a arroios, sobre NEOSSOLOS LITÓLICOS e afloramentos de rochas. Estão incluídas nesta classe terras cujo uso é proibido por lei, como as situadas ao longo dos sistemas de drenagem e nascentes. Recomendações de uso e manejo: Preservação da flora e da fauna. Em áreas que foram indevidamente desmatadas deve ser recomposta a vegetação original. Vls: Ocupam os terços médios e inferiores das coxilhas em 12–17% de declividade com solos moderamente profundos (CAMBISSOLOS) e também elevações mais suaves onde ocorrem solos rasos (NEOSSOLOS LITÓLICOS). Possuem limitações moderadas devido aos solos rasos, à pedregosidade e à declividade. Recomendações de uso e manejo: Silvicultura: plantio das mudas em sulcos; talhões e aceiros em nível; corte em faixas alternadas. Pastagens: introdução de espécies melhoradas em sulcos ou em faixas alternadas em nível; controle do pastejo. 64 Figura 02 – Mapa de aptidão de uso agrícola das terras Fonte: Gabinete da Reforma Agrária, Estado do Rio Grande do Sul. 7.1.9. Análise dos potencias e limitações dos recursos naturais e da situação ambiental do assentamento Como análise dos dados do PA pode-se observar uma grande limitação em relação ao uso do solo, sendo que parte das APP estão sendo utilizadas de maneira inadequadas, sendo das 36,47 ha, 7,21 ha estão sendo usadas pelos benificiários causando impactos para as APPs. Em relação a capaciade de uso do solo, cultivos em áreas de ricos de erosão exigem medidas de cultivos adequados para evitar a degradação. Sendo que o PA tem um grande potencial para cultivo da Agricultura/solo exposto, em áreas fora de risco, e não protegidas por APP. Como um potencial pode-se destacar que no PA situa-se o Rio Ijuizinho, arroio Tarumã e arroio São Bernardo, onde com um manejo adequado pode ser tornar um potencial em recursos hídricos. 65 7.2. Situação do meio sócio-econômico e cultural 7.2.1. Histórico do assentamento Das 18 famílias assentada no PA Várzea/Nova Várzea (16) tem origem e vínculo com o meio rural vindo da região das Missões, sendo que (2) famílias eram antigos funcionário fazenda Tarumã e foram beneficiados no momento que a área foi desapropriado . O assentado do PA Várzea/ Nova Várzea tem origem no Acampamento do MST no município de Palmeira das Missões. Com início em 17 de Abril de 2000, com 616 famílias acampadas, na área pertencente a sede da Febem onde permaneceram por 4 meses, após ocuparam a fazenda 3 Palmeira no município de Santa Rosa por 15 dias. O acampamento se deslocou para o município de Tupanciretã, ocupando uma área que hoje se encontra o assentamento Banrisul 1, permanecendo até 11 de novembro de 2000, onde que 16 famílias foram sorteadas para a área que hoje ocupam. Enquanto fatos importantes na história de luta pela terra destas famílias destacam-se várias ocupações de latifúndios como a da Fazenda 3 Palmeira, em Abril de 2000, no município de Santa Rosa. Participação da ocupação do INCRA e Mistério da Fazenda do Rio Grande do Sul, e mobilização promovida pelo MST. 7.3. Infra-estrutura física, social e econômica As famílias deste assentamento fazem parte do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Regional Paulo Freire. Esta regional foi fundada em 2000, conta com 40 Núcleos, destes, 20 estão em atuação orgânica. Conta com dois dirigentes, um que compõem a direção estadual do MST e outro é direção regional. As 18 famílias do PA Várzea/Nova Varzea, do ponto de vista de sua organização local, constituem 3 grupos de organização de base do MST, cada grupo com um representante na coordenação local e um membro da coordenação regional. Com relação a organização econômica, do total das famílias assentadas neste PA, 50% delas organiza a comercialização de seus produtos através da sua 66 organização cooperativa (COPERTERRA). Existe ainda filiação em duas cooperativas de crédito a Crenhor e a Sicredi. O PA Várzea/Nova Varzea é composto por 18 famílias assentadas e mais 2 que moram com familiares tendo 68 pessoas residentes. Conforme gráfico 08, deste conjunto de pessoas que vivem no assentamento 24 são crianças (24%), 10 são jovens (10%), 34 são adultos (66%). Gráfico 08 - Divisão populacional por Fáixa etária. Quanto a composição populacional por sexo, 30 são do sexo masculino (44%) e 38 são do sexo feminino (56%). Gráfico 09: Divisão populacional por sexo. 67 Com relação a infra-estrutura, a situação das estradas de acesso ao assentamento, estas se encontram em condições regulares, já as estradas dentro do assetamento se encontra em condições muito precárias, em dias de chuva o transporte não passa no PA por risco de ficar atolado. Com relação ao acesso a rede de distribuição de luz elétrica 17 das 18 famílias tem acesso. Uma família que ainda não tem luz elétrica já encaminhou pedido de instalação através do programa Luz para Todos. Com relação ao acesso a água potável o assentamento tem disponível um poço artesiano, figura 7, que garante acesso a água potável, no entanto, a rede Hidráulica não foi instalada, sendo que 8 beneficiários que moram perto instalaram mangas para poder ter acesso, figura 8, 2 famílias consomem água do arroio, e 8 famílias perfuraram poços tipo Amazonas. Foto 01: Poço artesiano do PA Nova Várzea. 68 Foto 19: Imagem do acesso a água no PA Nova Várzea. Com relação aos investimentos em benfeitorias realizados neste assentamento até os dias atuais, Conforme Tabela 16. Tabela 16 - Investimento em Benfeitorias Neste PA não existe nenhum equipamento de uso grupal ou comunitário. 7.4. Sistemas produtivos As principais atividades produtivas do PA destacam-se: leite, auto consumo e soja, conforme a Tabela 17, demonstra a renda bruta de cada atividade produtiva desenvolvida no PA. 69 Tabela 17: Produção anual do PA Várzea/Nova Várzea – Renda Bruta. A produção de autoconsumo destaca-se no PA, como uma das principais atividade econômica das famílias. Com relação aos valores dos produtos da Tabela 18, foram levado em conta o preço no mercado regional. Tabela 18 - Produção de auto consumo do PA Nova Varzea por ano. As atividades de produção estão divididos em dois sistemas: (soja, leite e autoconsumo), (soja e auto consumo). 7.4.1 - Subsistema produtivo: (soja, leite e auto consumo) Este sistema produtivo destaca-se como principal, pois abragem um total de 11 famílias gerando um renda média de R$ 19.512,50 por ano/família, uma renda média por mês de R$ 1.626,00 , conforme Tabela 19. 70 Tabela 19: Renda do Subsistema de produção Soja Leite e Auto Consumo 7.4.2 - Subsistema produtivo: (soja e auto consumo) Este sistema se basea na produção de soja, levando em conta a produção para autoconsumo famíliar, o número de família que estão neste sistema são 7, tendo uma renda média anual de R$11.592,00 e renda média por mês de R$ 966,04 conforme a Tabela 20. Tabela 20 - Renda do Subsistema de Produção Soja e Auto Consumo. 7.5 - Custo de produção na atividade leiteira Os custos da atividade leiteira foram calculados com base na aplicação em campo nas planilhas dos sistemas agrário, sendo observado os seguintes aspectos; custo com mão de obra, depreciações, manutenção, alimentação dos animais (pastagem, silagem, ração), sanidade e custo com assistência técnicas. O custo médio fechou em torno de R$00,20/L de leite, variando para mais ou para menos entre as propriedades observadas. O preço do litro durante a observação fechou em torno de R$00,55/L variando entre cooperativas, o custo da produção ficou em 36% da renda bruta obtida sobre a produção. 7.6 - Custo de produção da soja. 71 Tabela 21: Custo de produção de 1 ha de soja Devido ao alto grau de dependência em relação aos meios de produção externos as famílias, característico da cultura da soja, a produção desta cultura em área de assentamento requer altos investimentos no custeio da produção, conforme a Tabela 23. O custo de produção de um ha de soja gira em torno de R$ 692,00, aplicando baixa tecnologia, com a produtividade de 30 saca e preço médio de R$ 35,00. Para produzir uma saca de soja é gasto em torno de R$ 27,68. A sobra líquida por saca está em torno de R$ 7,32. O custo de produção da soja nas áreas do PA. Varzea/ Nova Varzea esta em 79,09%. 7.7. Atividade não agrícola No PA. Varzea/ Nova Varzea , além da atividade desenvolvida na agricultura, temos outra atividade geradora de renda, como os aponsentados e pensionistas do INSS. Também temos os trabalhos sazionais, atividade como safrista e trabalho na construção civil, interno e externo do assentamento. 7.8 - Pontos positivos e negativos dos principais sistemas de produção A principal matriz produtiva do PA. Varzea/ Nova Varzea é a atividade leiteira. Com o desenvolvimento da cadeia produtiva do leite no município, impulsionada pela consolidação da cooperativa local (Coperterra), a totalidade das famílias produtora e leite do PA, comercializam a sua produção via cooperativa. Neste contexto podemos destacar como potêncialidade da produção leiteira PA. Um agravante deste sistema de produção é descapitalização dos assentados, que não consegue viabilizar algumas melhorias na atividade, como armazenamento 72 adequado, recuperação de solo, pastagens com melhor qualidade e melhoria enetica do plantel leiteiro. No PA. Varzea/ Nova Varzea, devemos destacar a produção de grão como esta citada na totalidade dos sistemas de produção. A potêncialidade deste modelo de produção é o processo de comercialização e organização dos complexos agroindustriais em torno da produção de soja. Também devemos destacar a importância em relação à rotação de cultura, pois, a cultura da soja tem grande potencial no que se refere à reciclagem de nitrogênio. Devido ao modelo do agronegócio estar enraizado na região, principalmente através da monocultura da soja, a totalidade das famílias tem adotado esta forma de produção nos lotes. Desta forma, agravado pela falta de planejamento de pastagem permanente, a produção da soja tende a limitar a produção leiteira principalmente no período de verão, isto se da devido à diminuição das áreas utilizadas na atividade leiteira neste período. Devemos destacar algumas estruturas de produção dos principais sistemas de produção que se destaca do PA. Em relação a atividade leiteira temos seis ordenhadeira e seis resfriador de uso individual e um de uso coletivo. Em relação a intrumento que posa pontêncializar a atividade agricola não tem nem um meio de produção. 7.9 - Serviços de apoio à produção 7.9.1 - Crédito Com relação aos créditos acessados pelas famílias foram o fomento R$ 1.500,00 por família, habitação de R$ 3.800,00 por família, conforme Tabela 22. Com relação ao PRONAF, na linha (A), R$ 12.000,00 por família, linha (C) R$ 5.000,00 por família, totalizando em créditos e investimento no valor de R$ 401.400,00. 73 Tabela 22: Créditos e Investimentos- PRONAF Ainda com relação ao PRONAF, lina (C), todas as famílias acessaram esta linha através de aval solidário. Atualmente 60% das famílias estão na condição de inadimplentes, pois neste PA, o índice de desistência é de 50% o que acaba por inviabilizar o acesso ao crédito dos que no assentamento permanecem. 7.10 - Serviços sociais básicos 6.7.1. Educação Conforme os dados apresentados no gráfico 12 as famílias do PA Várzea/Nova Várzea estão distribuídas, de acordo com o grau de instrução escolar, em: As pessoas que não foram alfabetizadas representam 6% da população do PA totalizando 4 pessoas. As pessoas que têm o primeiro grau incompleto representam 71% da população do PA totalizando 48 pessoas. As pessoas que têm o primeiro grau completo representa 7% da população do assentamento totalizando 5 pessoas. No PA não identificadas pessoas com ensino médio completo e nem com nível superior. As pessoas com idade não escolar representa 16% da população do PA totalizando 11 pessoas. Como se pode observar no gráfico 10, a escolaridade da população do PA reflete o baixo grau de escolariadade das famílias. A maioria das famílias teve acesso a educação apenas no ensino fundamental e muitas delas de forma incompleta. Deve-se levar em consideração que a escola mais próxima é de ensino fundamental, localizada no PE Tupã ll/ Cachoeira,(Escola Leonel de Moura Brizola) o qual faz divisa com o PA, sendo que nesta estudam 13 crianças, não é oferecido a pré-escola. Com relação ao ensino médio este é oferecido apenas na cidade de 74 Tupanciretã e em Jóia, por ser mais facil o acesso os alunos estudam no município de Jóia onde a escola está localizada no PA Rodinha, a distância da escola até o PA são de aproximadamente de 20 km. Onde que o transporte é oferecido de forma gratuíta para os estudantes. Gráfico 10: Grau de escolaridade. 7.10.2 - Saúde e saneamento A realidade do atendimento á saúde no PA Várzea/Nova Várzea é caracterizada de modo geral dos Projetos de Assentamento do município, pela falta de atendimento médico e dentário. Neste assentamento não existe o Programa Saúde da Família, portanto inexiste o trabalho de agentes comunitários de saúde. A distância do acesso aos serviços de saúde é de 35 Km. Com relação ao acesso das famílias ao atendimento ambulatorial, urgência e emergência o paciente necessita ir até o ambulatório na sede do município por conta própria, fretando carros ou ir de ônibus. O assentamento não tem posto de saúde de referência na cidade. Com relação ao atendimento médico, é necessário disputar um número limitado de ficha com os moradores da cidade, sendo que o transporte coletivo que leva os assentados até a cidade parte do assentamento as 7:40 horas da manhã, chegando à cidade 9:00 quando a situação da estrada estiver boa, em dias de chuva o ônibus Chega na cidade 10:30, nesta realidade, muitas vezes não conseguindo ficha para o atendimento. 75 Porém as famílias deste PA vem se organizando atraves da participação no Setor de saúde onde o mesmo é composto por um representante de cada assentamento e realiza reuniões mensais para debater e tentar solucionar os problemas de saúde dos Assentamentos e Reassentamentos da Reforma Agrária deste município onde busca conseguir junto a secretária de saúde municipal a reserva de fichas para os moradores destes, isso tencionaria a melhoria do acesso ao atendimento de saúde municipal. No PA não tem coleta de lixo, apesar de existir uma lei no município que regulamenta essa coleta, geralmente este lixo são queimado ou colocado em aterros feito pelos moradores. 7.10.3 - Cultura e lazer Neste PA existe um salão comunitário de 11 x 6 (foto 20), onde são desenvolvidas as atividades como reuniões, palestras e missas. Não tem campo de futebol e nem cancha de bocha, nesta mesma área está localizado o poço artesiano e a caixa de água do PA. As condições que se encontram estes espaços são precário, por falta de manutenção e por falta de organização dos beneficiários. Embora as atividades de lazer então sendo desenvolvida mas geralmete fora do PA, como torneios de futebol, bocha ou bolãozinho, pois tem um grupo responsável pela organização do lazer no PA. Nos assentamentos de Tupanciretã são organizados bailes e festas com freqüência. Também há no município a chamada ―Olimpíada Rural‖ que há mais de uma década vem envolvendo praticamente o conjunto das comunidades rurais do município, principalmente as comunidades no município. É de ressaltar que esta olimpíada tem ainda a importância de uma alternativa anual de renda para as comunidades. Sendo investidas geralmente na manutenção do mesmo. As famílias são de origem diversificada com presença de negros e predominância da miscigenação. 76 Foto 20– Área comunitária do PA Nova Varzea 7.10.4 - Habitação Segundo informações da coordenação do PA Varzea/Nova Várzea, as moradias estão em condições relativamente regulares (15) e em condições precárias (4). Das 19 moradias do assentamento, 15 são de alvenaria e 4 tem paredes de madeira. Do total das moradias 6 tem banheiro completo e 13 não possuem o banheiro completo. No que se refere ao escoamento dos dejetos 19 famílias tem ―poço negro‖. Grafico 11 - Caracterização das moradias por tipo de parede. 77 Gráfico 12: Caracterização das moradias por tipo de cobertura. Gráfico 13 - Caracterização geral das condições das moradias. 78 8 - CONCLUSÃO No Projeto de Assentamento Santa Rosa, Existe uma produção diversificada, sendo que existem duas atividades predominantes que alavancam a matriz produtiva, a soja e o leite. Também observa-se outras atividades em menor escala como a feira,a fruticultura, a bovinocultura de corte e a venda de outros produtos in natura. A atividade de auto consumo está presente em todas as parcelas, onde as famílias produzem uma diversificada gama de produtos com a intenção de criar a independência do mercado externo para estes produtos. A soja no PA Santa Rosa, representa uma forte alternativa de geração de renda. A produtividade média é de 34 sacas por hectare, sendo que, as famílias produziram 32.368 sacas, gerando uma receita de R$ 1.456.560,00. A segunda atividade em importância econômica para o PA Santa Rosa é o leite, sendo que foram comercializados 1.812.500 litros no último ano, gerando uma receita de R$ 1.053.125,00. No Projeto de Assentamento Nova Várzea, a base produtiva é ancorada nas atividades Soja, leite e produção de auto consumo. A produção de soja e a produção de auto consumo está presente em todas as parcelas que compõem o Assentamento. Na atividade soja são produzidos anualmente 3.240 sacas do produto, gerando uma receita de R$ 145.800,00. A segunda atividade de importância econômica para os trabalhadores do Projeto de Assentamento Nova Várzea é o leite, sendo produzidos anualmente 158.400 litros do produto, gerando uma receita de R$ 87.120,00. 79 9 – REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ASSUMPÇÃO, R. Oficina em metodologia de pesquisa participativa de mercado. IEA/SP, janeiro de 2009. EMATER. Programa Estadual de Qualificação Profissional – PLANFOR qualificar RS. Porto Alegre, 2001. IBGE. 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Acesso em 5 de julho de 2012g. INCRA. Relatório ambiental do projeto de assentamento Invernada. Porto Alegre, maio de 2008. INCRA. Relatório ambiental do projeto de assentamento Santa Rosa: Tupanciretã/RS. Porto Alegre, junho de 2008b. INEP. Censo Educacional 2008. Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acesso em 30 de junho de 2012a. ____. Censo da Educação Superior 2007. Ministério da Educação, Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais. Disponível em <www.ibge.gov.br>. Acesso em 30 de junho de 2012b. 80 IPEA. Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada. <www.ipeadata.gov.br>. Acesso em 22 de junho de 2012. Disponível em: MAYER, P. H. Alternativas ecológicas para prevenção de pragas e doenças. 14ª Ed. Francisco Beltrão – PR, Grafit Gráfica e EditoraLtda, 2001. FREIRE, Paulo. Criando Métodos de pesquisa alternativa: Aprendendo a fazê-la melhor através da ação. São Paulo, ED.Brasiliense, 1986. RAMBO, B. 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