Empreendedor 2014 Inovação

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Empreendedor 2014 Inovação
i no vaç ão
IDEIAS PARA
O FUTURO
O Brasil inova pouco, demora a reconhecer patentes –
e muitas empresas investem uma parcela insignificante
de seu faturamento em pesquisa e desenvolvimento.
Mudar esse cenário tornará o País mais competitivo
THINKSTOCKPHOTOS
D
128 Líderes Empreendedores
e acordo com dados da e há uma pressão crescente da
Organização Mundial da indústria para reduzir esse prazo.
Propriedade Intelectual No Brasil, os entraves para inovar
(Ompi), sediada em Gene- – e, sobretudo, proteger inovações
bra, na Suíça, o Brasil é o 64o país – começam na falta de incentivo
no ranking da inovação, atrás de oficial, passam pela falta de inteBarbados e República Domini- gração entre universidades e emcana. “Aqui, a concessão de uma presas e chegam ao empresariado,
patente pode demorar 11 anos, avesso ao risco que envolve inveso que é inaceitável”, diz Marcelo tir em desenvolvimento e pesquisa
Antunes Nemer, presidente da As- de novos produtos. “O Brasil tem
sociação Paulista da Propriedade mentalidade inovadora e grande
Intelectual (Aspi) e sócio da Brun- capacidade de produção cientíner Inova, empresa criada este ano fica. Muitos empresários estão perpara estimular o financiamento e cebendo que a saída é inovar, até
a proteção de ideias e produtos para obter relevância no mercado
inovadores. Nos Estados Unidos, global. Havendo incentivo, o País
o tempo médio para obter uma se tornará bem mais competitivo”,
patente gira em torno de 3,5 anos, acredita Marcelo Nemer.
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i no vaç ão
O advogado Marcelo
Nemer, presidente da
Associação Paulista
da Propriedade
Intelectual e sócio
da Brunner Inova:
“Os empresários
UM CASE BRASILEIRO DE INOVAÇÃO
estão percebendo
DIVULGAÇÃO
que a saída é inovar”
OS DEZ PAÍSES MAIS INOVADORES
NO GLOBAL INOVATION INDEX 2014
O ranking é elaborado pela Cornell University
e pela Ompi a partir da avaliação de sete
indicadores, incluindo capital humano,
infraestrutura, conhecimento tecnológico e
sofisticação do mercado, entre outros, que
resultam numa pontuação máxima de 81
País
Pontuação
1
Suíça
64,8
2
Reino Unido
62,4
3
Suécia
62,3
4
Finlândia
60,7
5
Holanda
60,6
6
Estados Unidos
60,1
7
Cingapura
59,2
8
Dinamarca
57,5
9
Luxemburgo
56,9
Hong Kong (China)
56,8
10
130 Líderes Empreendedores
Para driblar a morosidade na
concessão de patentes e marcas, o Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) criou,
em 2012, um novo serviço chamado Opinião Preliminar sobre
a Patenteabilidade. Consiste na
emissão de um relatório, de caráter informativo, que permite
ao depositante do pedido de
patente buscar financiamento
enquanto aguarda o exame técnico nas longas filas do Inpi. É
um paliativo, mas pode acelerar
a viabilização de novos produtos,
já que sem a proteção daquilo
que foi inventado, fica mais difícil convencer um investidor a
viabilizar financeiramente a invenção. Isso faz com que muitos
projetos tornem-se obsoletos antes mesmo de chegar ao mercado.
Mas por que inovar é tão importante? Segundo Robert G.
Cooper, professor emérito da
Pennsylvania State University,
O nome Recoy corresponde a um case de
inovação tipicamente brasileiro. Seu nome
surgiu da união de RE (recuperação), ECO, de
ecológico, e Y, água em tupi-guarani. Trata-se
de uma tecnologia inovadora de recuperação
de solos contaminados com hidrocarbonetos,
como ocorre no caso de vazamentos de
petróleo. Totalmente ecológico, não utiliza
água em grandes quantidades como nos
processos tradicionais. É um processo
completo, sem igual no mundo. E foi criado
no Brasil. Os produtos e os processos são
tecnologias 100% brasileiras e patenteadas,
caso dos Terpenos P, produzidos por meio
de um processo específico que potencializa
a ação desengraxante dos terpenos e
transforma os produtos finais em poderosos
agentes limpadores de solos. “Uma das
grandes vantagens para o ambiente é que o
solvente não é à base de petróleo e não gera
descarte de contaminantes – que podem
até ser reutilizados”, diz Fernando Pecoraro,
cofundador da Stage-Gate International e autor do livro Produtos
que Dão Certo, as empresas que
não inovam estão condenadas a
morrer. Ele baseia essa afirmação
em um estudo segundo o qual
produtos lançados há, no máximo,
três anos respondem por 28,3% do
faturamento médio das empresas.
“Em algumas indústrias dinâmicas”, diz Cooper, “a proporção é
de 100%.” Ele cita três casos de
empresas que tiveram ascensão
meteórica graças ao lançamento
de novos produtos. A Apple, que
patinava antes de Steve Jobs voltar para salvá-la, não teria sobrevivido sem o iPod: entre 2001 e
2010 foram vendidas 250 milhões
de unidades do produto – um sucesso que teve continuidade nos
CEO da Ambievo, empresa que detém a
tecnologia Recoy. A Ambievo foi criada
em 2012 a partir da associação de outras
empresas e detém o depósito das patentes
para os Terpenos P, desengraxantes à base
de D-Limoneno, um derivado da maceração
da laranja usada na fabricação de suco
concentrado. Em 2013, o banco Santander
se tornou investidor da empresa, que hoje
fabrica seis linhas de produtos, a maioria
desengraxantes, baseados em três pilares: uso
de fontes renováveis, eficiência e preço igual
ou menor que a concorrência. A tecnologia
começou a ser desenvolvida no Centro Técnico
Aeroespacial (CTA), há cerca de dez anos, e
chegou ao mercado em produtos de limpeza de
uso doméstico, antes de ganhar aplicação em
escala industrial, como a lavagem de tanques de
combustível e plataforma de petróleo. “Nossos
volumes ainda são baixos. Cerca de 25 mil litros
por mês. Mas o plano é chegar a dez vezes esse
número em dois anos”, completa Fernando.
revolucionários iPhone e iPad. A
Procter & Gamble, por décadas
considerada a empresa com o melhor marketing do mundo, apostou na inovação e passou a lançar
novidades de forma consistente,
caso das whitestrips (tiras descartáveis para clareamento dos dentes em casa) e do Gillette Fusion,
com a mais alta tecnologia em
aparelhos de barbear. Símbolo de
inovação, a 3M investe cerca de
US$ 1 bilhão por ano em pesquisa
e desenvolvimento, com 6 mil
pesquisadores entre seus 74 mil
funcionários em todo o mundo – e
hoje seu acervo de patentes soma
quase 70 mil itens.
É evidente que apenas produtos inovadores não garantem
o sucesso de vendas. Empresas
bem-sucedidas obtêm êxito porque têm foco, gestão eficiente,
valorizam suas competências
centrais e atuam em mercados
atraentes, alocando os recursos
adequados para que as boas
ideias vinguem. Mesmo que
não lancem novos produtos, as
empresas de sucesso inovam de
forma permanente nos processos.
Inovação implica risco. Produtos
inovadores e bem-sucedidos raramente caem no colo das empresas, que precisam investir
mesmo sem ter a certeza de que
haverá retorno. Para minimizar
os eventuais prejuízos de uma
inovação malsucedida, é fundamental uma ação coordenada
entre o novo projeto e o mercado
ao qual ele se destina.
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