recente desenvolvimento em ligas de alumínio para a indústria
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recente desenvolvimento em ligas de alumínio para a indústria
EDUARDO VERGINIO ZORZETO JUNIOR ESTUDO SOBRE FIXAÇÃO DE PEÇAS PLÁSTICAS POR MEIO DE CLIPAGEM, FOCANDO EM RETENÇÃO, DURABILIDADE, ERGONOMIA E CUSTO São Paulo 2009 EDUARDO VERGINIO ZORZETO JUNIOR ESTUDO SOBRE FIXAÇÃO DE PEÇAS PLÁSTICAS POR MEIO DE CLIPAGEM, FOCANDO EM RETENÇÃO, DURABILIDADE, ERGONOMIA E CUSTO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre Profissional em Engenharia Automotiva São Paulo 2009 EDUARDO VERGINIO ZORZETO JUNIOR ESTUDO SOBRE FIXAÇÃO DE PEÇAS PLÁSTICAS POR MEIO DE CLIPAGEM, FOCANDO EM RETENÇÃO, DURABILIDADE, ERGONOMIA E CUSTO Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do Título de Mestre Profissional em Engenharia Automotiva Área de Concentração: Engenharia Automotiva Orientador: Prof. Dr. Gilberto Francisco Martha de Souza São Paulo 2009 FICHA CATALOGRÁFICA Zorzeto Junior, Eduardo Verginio Estudo sobre fixação de peças plásticas por meio de clipagem, focando em retenção, durabilidade, ergonomia e custo / E.V. Zorzeto Junior. -- São Paulo, 2009. 173p. Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Departamento de Engenharia Mecânica. 1. Engenharia automotiva 2. Plásticos (Durabilidade) 3. Resistência dos materiais 4. Método dos elementos finitos I. Universidade de São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia Mecânica II. t. Aos meus pais e avós, que me deram o amor e suporte necessários para que eu pudesse me tornar uma pessoa melhor e sempre me encorajaram a superar meus próprios limites. AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador Prof. Dr. Gilberto Francisco Martha de Souza, pela paciência, apoio e orientação que possibilitaram a conclusão desse trabalho. À Profa. Dra. Izabel Fernanda Machado, pela colaboração nos momentos difíceis do inicio do trabalho. À minha família, pela compreensão durante todas as dificuldades surgidas nessa jornada de mais de 2 anos, pelo amor e pelo carinho. À minha noiva, pela paciência, pelo apoio incondicional nos momentos difíceis, por todo o suporte em pesquisas e pela compreensão nas horas de ausência dedicadas á Poli, principalmente durante a conclusão deste trabalho. Ao amigo André Souza, pelas discussões e suporte no andamento deste trabalho, e pela compreensão nas partidas de basquete e cinemas desmarcados. Aos meus companheiros de trabalho Gustavo Poggetto, André Matsumoto, Filippo Santolia, Marcos Bianchi, Dante Vidotto, Vanessa Oliveira, Denis Jordão, Luciano Catelan e Newton Silva, pelo suporte, direto ou indireto, e pela amizade. À General Motors do Brasil, pela oportunidade em realizar este trabalho. Aos amigos, por sempre me manterem com os pés no chão, a afastar da mente por breves momentos os problemas intermináveis. À Escola Politécnica e seus funcionários, que sempre se mostram bem dispostos a colaborar com nosso desenvolvimento acadêmico. A todas as pessoas que me apoiaram e me aturaram durante a realização deste trabalho. A todos vocês, meus mais sinceros agradecimentos e o desejo que colham todos os louros que têm sido plantados na vida de cada um de vocês. Pensar nunca fez mal a ninguém. RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar um breve histórico sobre a evolução da utilização de peças plásticas e clipes integrados em automóveis e a criação de uma metodologia para o desenvolvimento ou melhoria de elementos de fixação para peças plásticas, integrados à própria peça (clipes), abrangendo requisitos de ergonomia, retenção, durabilidade, repetibilidade, manufaturabilidade, aparência (para o caso de peças de acabamento) e custo, podendo ser aplicada a qualquer estudo de clipes, seguida de um estudo de caso simples para demonstrar sua utilização. A metodologia proposta se baseia na análise virtual, empregando o Método dos Elementos Finitos, para entendimento da influência das características físicas do clipe, individualmente e em conjunto, em seu desempenho, através da comparação com um ―clipe-base‖, e permite gerar conhecimento para discussões da eficiência do conceito do clipe e propostas de melhoria. É recomendada para ser aplicada ainda na fase de projeto, onde modificações podem ser feitas ao produto sem maiores impactos em custo e tempo. Palavras-chave: Engenharia. Engenharia Automotiva. Clipes plásticos. Análise Virtual. Elementos Finitos. Projeto. Metodologia. ABSTRACT The aim of this study is to present a brief history of the evolution of plastic parts usage and integrated snap-fit features in vehicles, and the creation of a methodology for the development or enhancement of attachment elements design for plastic parts, integrated to the part itself, considering the requirements for ergonomics, retention, durability, feasibility, appearance (for trim parts) and costs, to be applied in any snapfit feature study. It is followed by a case study, simple in its concept, to demonstrate the methodology application. The proposed methodology is based on virtual analysis (CAE), applying the Finite Elements Methodology, for a better understanding of each physical characteristic’s influence, individually and in group, in the performance of the attachments, through comparison to a ―base-clip‖, allowing acquisition of knowledge for discussions on the efficiency of the snap-fit feature concept and improvements proposals. The methodology is recommended to be applied in the early phases of a project, when usually changes can be performed with little impact on costs and timing. Keywords: Engineering. Automotive Engineering. Snap-fit features. Plastic clips. Virtual Analysis. Finite Elements. Project. Methodology. LISTA DE ILUSTRAÇÕES Figura 1.1 - Exemplo de seção (corte) com marca de ―chupagem‖ ............................................ 16 Figura 1.2 - Exemplo de marcas de ―chupagem‖ ................................................................... 16 Figura 2.1 - Painel de instrumentos do Honda Civic 2007 ....................................................... 22 Figura 2.2 - Componentes plásticos na caçamba – Nissan Titan 2008 ...................................... 22 Figura 2.3 - Paralamas plástico – Renault Clio 2006 .............................................................. 23 Figura 2.4 - Moldura da caixa de roda plástica – Toyota Hilux 2004 .......................................... 23 Figura 2.5 - Conjunto de acessórios plásticos – Peugeot 206 Escapade 2006 ............................ 23 Figura 2.6 - Caçamba em SMC – Ford Sport Track 2007 ........................................................ 23 Figura 2.7 - Moldura de farol ............................................................................................. 25 Figura 2.8 - Molduras superiores da caçamba – Toyota Tundra 2007 ........................................ 26 Figura 2.9 - Molduras superiores da caçamba – Hummer H3T 2009.......................................... 26 Figura 2.10 - Exemplos de diferentes cabeças de parafusos ................................................... 27 Figura 2.11 - Exemplos de parafusos auto-atarrachantes........................................................ 28 Figura 2.12 - Exemplo de união por rebite ........................................................................... 28 Figura 2.13 - Exemplos de rebites...................................................................................... 29 Figura 2.14 - Exemplos de cabeças de rebites após aplicação ................................................. 29 Figura 2.15 - Exemplos de trava-mola e aplicação ................................................................ 30 Figura 2.16 - Exemplo de solda por ultrassom ...................................................................... 31 Figura 2.17 - Exemplo de união por ―Ultrasonic Staking‖ ......................................................... 31 Figura 2.18 - Exemplos de tipos de encaixe ......................................................................... 33 Figura 2.19 - Exemplos de diferentes tipos de fixação na peça ................................................ 33 Figura 2.20 - Seqüência de encaixe de um clipe ................................................................... 33 Figura 2.21 - Exemplo de clipe integrado simples .................................................................. 34 Figura 2.22 - Exemplo de clipe para uma única montagem (a) e desmontagens (b, c & d) ............. 34 Figura 2.23 - Exemplos de clipes antes e depois da montagem ................................................ 35 Figura 3.1 - Exemplo de Molde de Injeção ........................................................................... 41 Figura 3.2 - Exemplo de Processo de Injeção ....................................................................... 41 Figura 3.3 - Exemplo de Gráfico para Resfriamento Natural .................................................... 42 Figura 3.4 - Exemplo de Gráfico para Resfriamento por circulação de água ................................ 42 Figura 3.5 - Exemplo detalhado de um molde ....................................................................... 43 Figura 3.6 - Exemplo de molde com partes móveis ................................................................ 43 Figura 3.7 - Exemplo de estudo de ―MOLD FLOW‖ ................................................................ 44 Figura 3.8 - Exemplo de entradas e saídas de dutos de refrigeração ......................................... 46 Figura 3.9 - Exemplo de composições incorreta e correta de dutos de refrigeração ..................... 47 Figura 3.10 - Exemplo de projeto sem contra-saídas.............................................................. 47 Figura 3.11 - Exemplo de projeto com contra-saídas.............................................................. 48 Figura 3.12 - Exemplo de projeto com ―Lifters‖ ..................................................................... 48 Figura 3.13 - Exemplos da necessidade de atuadores ............................................................ 49 Figura 4.1 - A ―evolução‖ do homem (Fonte: UnB) ................................................................. 50 Figura 4.2 - Exemplo de parâmetros necessários para cálculo do esforço de montagem do clipe .... 59 Figura 4.3 - Exemplo de parâmetros necessários para cálculo do esforço de montagem do clipe .... 59 Figura 4.4 - Exemplo de peça com problemas de projeto e projeto melhorado. ............................ 62 Figura 4.5 - Exemplo de peça com acumulo de massa ........................................................... 63 Figura 5.1 - Fluxograma com a metodologia proposta ............................................................ 65 Figura 6.1 - Conceito de clipe selecionado ........................................................................... 82 Figura 6.2 - Movimento de encaixe do conceito de clipe selecionado: ........................................ 83 Figura 6.3 - Ângulos de convite e retenção do conceito de clipe selecionado .............................. 83 Figura 6.4 - Relação entre espessuras para garantir aparência desejada ................................... 84 Figura 6.5 - Distância mínima para garantir que clipe seja manufaturável ................................... 85 Figura 6.6 - Dimensões das espessuras do clipe................................................................... 87 Figura 6.7 - Dimensões para o encaixe do clipe .................................................................... 87 Figura 6.8 - Dimensões dos ângulos de convite e retenção do clipe .......................................... 88 Figura 6.9 - Contato e Diagramas de Corpo Livre .................................................................. 91 Figura 6.10 - Forças nas direções de interesse ..................................................................... 91 Figura 6.11 - Decomposição das forças .............................................................................. 92 Figura 6.12 - Acúmulo de tensão nos nós da parede lateral ..................................................... 94 Figura 6.13 - Dimensões do Modelo Virtual Sólido do Clipe-Base ............................................. 95 Figura 6.14 - Requisito de mínimo de duas fileiras de elementos na lateral do clipe ...................... 96 Figura 6.15 - Malha com elementos Tetraédricos de segunda ordem de aresta 0,55 mm ............... 97 Figura 6.16 - Malha com restrições e forças aplicadas ........................................................... 98 Figura 6.17 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ..................................................... 99 Figura 6.18 - Detalhe das Tensões .................................................................................. 100 Figura 6.19 - Magnitude das Deformações ........................................................................ 101 Figura 6.20 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 101 Figura 6.21 - Fator Multiplicador e componentes de força que serão multiplicados ..................... 103 Figura 6.22 - Malha com restrições e forças aplicadas ......................................................... 103 Figura 6.23 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 104 Figura 6.24 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 105 Figura 6.25 - Malha com restrições e forças aplicadas ......................................................... 106 Figura 6.26 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 107 Figura 6.27 - Detalhe das Tensões .................................................................................. 108 Figura 6.28 - Magnitude das Deformações ........................................................................ 108 Figura 6.29 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 108 Figura 6.30 - Fator Multiplicador e componentes de força que serão multiplicados ..................... 110 Figura 6.31 - Malha com restrições e forças aplicadas ......................................................... 110 Figura 6.32 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 111 Figura 6.33 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 112 Figura 6.34 - Dimensões passíveis de alteração ................................................................. 114 Figura 6.35 - Nervuras na parte interna do clipe .................................................................. 114 Figura 6.36 - Corpo do clipe com seção variável ................................................................. 114 Figura 6.37 - Raios na base do clipe ................................................................................ 115 Figura 6.38 - Clipe com seção curva ................................................................................ 115 Figura 6.39 - Raio no vértice do encaixe ........................................................................... 115 Figura 6.40 - Modelo virtual sólido com alteração 1 ............................................................. 117 Figura 6.41 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ....................................... 118 Figura 6.42 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 119 Figura 6.43 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 120 Figura 6.44 - Forças e restrições aplicadas ........................................................................ 121 Figura 6.45 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 122 Figura 6.46 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 122 Figura 6.47 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ....................................... 123 Figura 6.48 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 125 Figura 6.49 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 125 Figura 6.50 - Forças e restrições aplicadas ........................................................................ 126 Figura 6.51 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 127 Figura 6.52 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 127 Figura 6.53 - Modelo virtual sólido com alteração do ângulo de retenção Figura 6.54 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ................................. 129 ....................................... 129 Figura 6.55 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 130 Figura 6.56 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 131 Figura 6.57 - Forças e restrições aplicadas corrigidas .......................................................... 132 Figura 6.58 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 133 Figura 6.59 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 133 Figura 6.60 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ....................................... 134 Figura 6.61 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 135 Figura 6.62 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 136 Figura 6.63 - Forças e restrições aplicadas ........................................................................ 137 Figura 6.64 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 138 Figura 6.65 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 138 Figura 6.66 - Modelo virtual sólido com alteração na largura do clipe ....................................... 140 Figura 6.67 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ....................................... 141 Figura 6.68 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 142 Figura 6.69 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 143 Figura 6.70 - Forças e restrições aplicadas ........................................................................ 143 Figura 6.71 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 144 Figura 6.72 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 145 Figura 6.73 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ....................................... 146 Figura 6.74 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 147 Figura 6.75 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 148 Figura 6.76 - Forças e restrições aplicadas ........................................................................ 149 Figura 6.77 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 150 Figura 6.78 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 150 Figura 6.79 - Novo Modelo virtual sólido ............................................................................ 154 Figura 6.80 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ....................................... 155 Figura 6.81 - Tensões Equivalentes na região interna - Critério de von Mises ........................... 156 Figura 6.82 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 157 Figura 6.83 - Forças e restrições aplicadas corrigidas .......................................................... 158 Figura 6.84 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises ................................................... 159 Figura 6.85 - Deformações no clipe .................................................................................. 159 Figura 6.86 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições ....................................... 160 Figura 6.87 – Tensões Equivalentes na face externa - Critério de von Mises ............................. 161 Figura 6.88 – Tensões Equivalentes na face interna - Critério de von Mises ............................. 162 Figura 6.89 - Deformações na direção Y (da força D) ........................................................... 162 Figura 6.90 - Forças e restrições aplicadas corrigidas .......................................................... 163 Figura 6.91 - Tensões Equivalentes na face externa - Critério de von Mises ............................. 163 Figura 6.92 - Tensões Equivalentes na face interna - Critério de von Mises .............................. 164 Figura 6.93 - Deformações no clipe .................................................................................. 164 Figura 6.94 - Terceira peça travando clipe ......................................................................... 166 Figura 6.95 - Contra-peça com aba forçando clipe............................................................... 167 LISTA DE TABELAS Tabela 5.1 - Exemplo de tabela comparativa ........................................................................ 78 Tabela 6.1 - Avaliação de diferentes refinamentos de malha ................................................... 97 Tabela 6.2 - Parâmetros de Inserção ................................................................................ 102 Tabela 6.3 - Parâmetros de Inserção corrigida Tabela 6.4 - Parâmetros de Retenção ................................................................... 105 .............................................................................. 109 Tabela 6.5 - Parâmetros de Retenção corrigidos ................................................................. 113 Tabela 6.6 - Valores utilizados na análise de inserção .......................................................... 118 Tabela 6.7 - Valores corrigidos na análise de inserção ......................................................... 120 Tabela 6.8 - Valores utilizados na análise de retenção ......................................................... 124 Tabela 6.9 - Valores corrigidos na análise de retenção ......................................................... 126 Tabela 6.10 - Valores utilizados na análise de inserção ........................................................ 130 Tabela 6.11 - Valores corrigidos na análise de inserção ....................................................... 131 Tabela 6.12 - Valores utilizados na análise de retenção ........................................................ 134 Tabela 6.13 - Valores corrigidos na análise de retenção ....................................................... 136 Tabela 6.14 - Valores utilizados na análise de inserção ........................................................ 141 Tabela 6.15 - Valores corrigidos na análise de inserção ....................................................... 143 Tabela 6.16 - Valores utilizados na análise de retenção ........................................................ 146 Tabela 6.17 - Valores corrigidos na análise de retenção ....................................................... 148 Tabela 6.18 - Tabela comparativa .................................................................................... 151 Tabela 6.19 - Valores utilizados na análise de inserção ........................................................ 155 Tabela 6.20 - Valores corrigidos na análise de inserção ....................................................... 157 Tabela 6.21 - Valores utilizados na análise de retenção........................................................ 161 Tabela 6.22 - Valores corrigidos na análise de inserção ....................................................... 162 Tabela 6.23 - Comparação dos valores obtidos, estimados e requisitos ................................... 165 SUMÁRIO LISTA DE ILUSTRAÇÕES LISTA DE TABELAS INTRODUÇÃO ............................................................................................ 15 1. 1.1. 2. Objetivo .................................................................................................. 17 LITERATURA E ATUALIDADES .................................................................... 19 2.1. Utilização de plásticos em automóveis .......................................................... 19 2.2. Utilização de clipes em peças plásticas ......................................................... 24 2.3. Tipos de Fixação ...................................................................................... 26 2.3.1. Fixações Mecânicas .............................................................................. 27 2.3.1.1. Parafusos ........................................................................................ 27 2.3.1.2. Rebites............................................................................................ 28 2.3.2. Travas-mola ......................................................................................... 30 2.3.3. Uniões por Ultrassom ............................................................................. 30 2.3.4. Fixação por Clipagem ............................................................................ 31 2.3.4.1. Clipes Encaixados ............................................................................. 32 2.3.4.2. Clipes Integrados 3. .............................................................................. 33 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ...................................................................... 36 .................................................................................. 36 3.1. Seleção de Material 3.2. Método dos Elementos Finitos ..................................................................... 38 3.3. Moldes e Injetoras .................................................................................... 40 REQUISITOS .............................................................................................. 50 4. 4.1. Ergonomia .............................................................................................. 50 4.2. Retenção ................................................................................................ 57 4.3. Relação ergonomia e retenção para clipes plásticos integrados .......................... 58 4.4. Durabilidade ............................................................................................ 60 4.5. Manufaturabilidade dos clipes ..................................................................... 61 5. METODOLOGIA PROPOSTA ........................................................................ 64 6. ESTUDO DE CASO ...................................................................................... 82 7. CONCLUSÕES E CONTINUIDADE DO TRABALHO ........................................ 168 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................... 170 15 1. INTRODUÇÃO Com o passar dos anos, a quantidade de peças plásticas em automóveis têm aumentado consideravelmente. O que no início do século passado, e início da indústria automotiva, era apenas geralmente decorativo e pouco utilizado, passa a ser visto hoje como um fator de diferencial de competitividade, visto que a substituição por peças plásticas (onde possível) tende a reduzir custos e a massa do veículo, além de permitir maior liberdade criativa para a aparência da peça, seja em peças de acabamento interno e externo, ou mesmo em componentes do motor ou peças que sofrem maiores carregamentos. Atualmente a utilização de peças plásticas possibilita o uso de formas bastante complexas, relativamente leves, e cada vez mais resistentes. Com o desenvolvimento de novos processos, materiais e ferramentas, atualmente utiliza-se plástico desde simples manoplas ou componentes decorativos a elementos com maior exigência mecânica ou térmica, como um pára-choque, uma calota ou mesmo componentes de um radiador, sem perder em confiabilidade ou resistência, postos antigamente ocupados por peças metálicas ou outros materiais. Uma peça de formato mais complexo exige um ferramental (molde de injeção) mais complexo também, e por isso mais caro, porém geralmente não afeta o valor da peça propriamente dita (que irá compor o preço final do carro), pois o que vai definir seu valor (preço) será, basicamente, a quantidade de material utilizado e o tempo gasto na produção da peças - ciclo de injeção, sub-montagens, inspeção e embalagem, por exemplo; a complexidade da ferramenta é paga apenas uma vez, e não é considerada como um custo no carro, e sim parte do investimento. Para o caso de peças que não ficarão visíveis ao consumidor, tem-se mais liberdade no projeto da peça e da ferramenta, uma vez que linhas de fechamento, marcas de fluxo ou marcas de ―chupagem‖ (depressão na superfície da peça plástica causada durante o processo de resfriamento) não são considerados problemas; pode-se ser menos exigente com certas falhas (menores) na aparência em casos como esse, mas nunca comprometendo sua função e qualidade. No desenvolvimento de peças em geral, não apenas plásticas, um fator importante a ser considerado é como ela será fixada ao veículo. Para citar alguns 16 apenas, a peça pode ser parafusada ao veículo (utilizando-se, obviamente, parafusos, porcas ou prisioneiros), soldadas (para o caso de peças metálicas), rebitadas, utilizando-se clipes plásticos (sejam eles peças separadas adicionadas durante o processo de montagem ou parte integrante da peça, moldado durante a injeção da mesma). Figura 1.1 - Exemplo de seção (corte) com marca de ―chupagem‖ Figura 1.2 - Exemplo de marcas de ―chupagem‖ Cada um dos métodos mencionados acima tem suas particularidades e requisitos a serem considerados durante o projeto, que fatalmente afetam a Engenharia de Manufatura (responsável pela montagem do veículo) e o consumidor final (custo e aparência). São elas: 17 - utilização de peças adicionais (como porca ou parafusos), chamada de fixação positiva, gerando a necessidade de estoque, além de espaço na linha de montagem e aumento do tempo padrão da operação de montagem e custo no veículo; - necessidade de equipamentos para realizar a montagem (no caso de uma apertadeira ou rebitadeira, quando utilizando fixação positiva, ou forno e algum dispositivo para aplicação de pressão, no caso de fita adesiva), aumentando o tempo padrão da montagem e possivelmente necessitando de investimento; - exigir tempo maior de montagem (caso necessite de ferramenta ou utilize peças separadas); - necessitar de um ferramental mais complexo para a fabricação da peça (aumentando o custo e o tempo de fabricação da ferramenta); - aparência, no caso de peças de acabamento (elementos de fixação aparentes quando não vislumbrados pelo grupo de ―Design‖, ou causando marcas na parte visível da peça); - dependência da variação dimensional (exigindo tolerâncias mais apertadas para funcionar, e geralmente encarecendo o produto) e variação térmica; - atender ergonomia, seja na posição de montagem, seja no esforço realizado pelo operador para realizar a montagem; - retenção mínima e resistência a carregamentos; - efeitos da expansão/retração térmica para a montagem e aparência. 1.1. Objetivo O presente trabalho foca em dois dos principais fatores competitivos no setor automotivo, cada vez mais acirrado devido à globalização e abertura de mercados, que são custo para o consumidor e aparência. Nessa direção o objeto de estudo escolhido é aquele que não necessita de peças adicionais ou equipamentos durante a montagem, tem seu tempo padrão e estoque reduzido, e, no caso de ser uma peça de acabamento, passar despercebido pelo consumidor, mantendo sua integridade durante a vida útil do veículo. 18 O objetivo do presente trabalho é discutir sobre a criação de uma metodologia para o desenvolvimento de elementos de fixação para peças plásticas integrados à própria peça (clipes), atendendo os requisitos de ergonomia, retenção, durabilidade, variação térmica, repetibilidade, manufaturabilidade e aparência (para o caso de peças de acabamento), realizando estudo para entendimento de como as características dimensionais do clipe influenciam seu desempenho, através da comparação. 19 2. LITERATURA E ATUALIDADES 2.1. Utilização de plásticos em automóveis Antes da invenção do plástico, as únicas substâncias que podiam ser moldadas eram a argila (cerâmica) e o vidro. Argila e vidro endurecidos eram utilizados para armazenar, mas eram pesados e frágeis. Algumas substâncias naturais, como látex de seringueira e borracha, eram viscosas e moldáveis. A borracha não era muito útil para armazenar, pois acabava perdendo a capacidade de voltar ao formato original e ficava viscosa quando aquecida. Os plásticos são materiais sintéticos produzidos a partir de matérias químicas básicas chamadas monômeros. São formados pela união de grandes cadeias moleculares, os polímeros. Do grego, poli, que significa muitas, e mero, partes. Polímeros podem ser classificados em naturais e sintéticos. Os sintéticos são produzidos industrialmente e dão origem aos plásticos. Os polímeros naturais podem ser encontrados em plantas e animais. A madeira, o algodão e o látex são alguns deles. O plástico tem infinitas possibilidades de utilização, é um material higiênico e asséptico, é um bom isolante térmico, é um material leve e resistente, é flexível e maleável, é durável, reutilizável e reciclável. O primeiro plástico feito pelo homem, segundo o site About.com: Inventors, foi criado por Alexander Parkes, e demonstrado publicamente em 1862 em Londres, na Great International Exhibition. Foi batizado Parkesina, e era um material orgânico derivado da celulose, que podia ser moldado quando aquecido, e mantinha sua forma ao ser resfriado. O material era utilizado em estado sólido e tinha como características principais flexibilidade, resistência a água, cor opaca e fácil pintura. A seguir é apresentada uma linha do tempo no desenvolvimento dos plásticos, segundo a ABIQUIM (2009): 1838 - O francês Victor Regnault polimeriza o cloreto de vinila (PVC) com auxílio de luz solar. 1839 - O norte-americano Charles Goodyear descobre a vulcanização da borracha natural, possibilitando o uso desse material. 20 1835-1900 - São desenvolvidos derivados de celulose como o nitrato de celulose, a celulóide, fibras de viscose rayon, entre outros. 1898 - Os químicos Einhor e Bischoff descobrem, por acaso, o policarbonato, que seria desenvolvido apenas em 1950. 1907 - O norte-americano Leo Hendrik Baekeland sintetiza resinas de fenolformaldeído, que ficariam conhecidas como baquelites. O baquelite é o primeiro plástico totalmente sintético que surge em escala comercial. 1920-1950 - Neste período, são desenvolvidos os polímeros: policloreto de vinila (PVC), polimetacrilato de metila (PMMA), poliestireno (PS), nylon, polietileno, silicone, poliuretano, acrinolitrina butadieno estireno (ABS) e poliéster, além de fibras sintéticas de poliéster e acrílico, entre outros. 1924 - São criadas as fibras de acetato de celulose. 1950 - Os anos 50 são marcados pela popularização da tecnologia de polímeros e pelo surgimento do polipropileno, espumas de poliuretano, polietileno linear, poliacetais e policarbonatos. 1960 em diante - Surgem os plásticos de engenharia, materiais de alto desempenho com diversas aplicações. Também são desenvolvidos, a partir da engenharia de macromoléculas, os elastômeros termoplásticos, além de tanques de combustível e sacos de supermercado feitos em polietileno de alta densidade (PEAD), lentes de contato flexíveis e garrafas de polietileno tereftalato (PET). Principais tipos de polímeros plásticos: HIPS - Poliestireno Alto Impacto GPPS - Poliestireno Cristal PP - Polipropileno PEAD - Polietileno de Alta Densidade PEBD - Polietileno de Baixa Densidade PET - Polietileno Tereftalato PC - Policarbonato PU - Poliuretano PVC - Policloreto de Vinila ABS - Acrinolitrina Butadieno Estireno 21 Hoje o plástico é utilizado nas mais variadas aplicações, como em eletrodomésticos (máquinas de lavar roupa, batedeiras, liquidificadores, geladeiras), eletrônicos (TVs, controles remotos, celulares), construção civil (plugues e tomadas, caixilhos, armários), mesas e cadeiras, acabamento e painéis em meios de transportes como aviões, navios, carros e metrôs, canetas, implantes médicos, filmes e sacolas, entre inúmeros outros. Segundo Ram (1997), durante 54 anos (de 1940 a 1994), a capacidade de produção de plásticos nos EUA cresceu de 45,000 toneladas para 36 milhões de toneladas por ano. O consumo global atingiu cerca de 110 milhões de toneladas (em torno de US$ 200 bilhões) em 1994, e a tendência de crescimento continuou. Para a indústria automobilística, segundo Maxwell (1994), grandes vantagens na utilização do plástico em substituição a outros materiais, principalmente metais são: resistência a UV, pintura, estabilidade dimensional, resistência ao impacto, redução de massa, que contribui para o consumo de combustível e desempenho do veículo, possibilitar formas complexas e modificações mais rápidas nas ferramentas. No inicio da fabricação dos automóveis pouco se entendia sobre a manipulação de plásticos, logo, poucas peças plásticas eram utilizadas. Desde que os produtores de automóveis se interessaram pela substituição de peças de metal por outras semelhantes de plástico, há cerca de 30 anos, a parceria entre polímeros sintéticos e veículos só cresce. Nos últimos trinta anos, segundo PLÁSTICO MODERNO ONLINE (2009), a porcentagem de plásticos nos automóveis cresceu de 5% para mais de 15% em peso. Além de reduzir o peso dos veículos, a utilização do plástico proporcionou um aumento na segurança, conforto e flexibilidade aos carros. Por outro lado, novos desafios se apresentam na atualidade, como o esgotamento iminente das reservas mundiais de petróleo, que estima-se que podem terminar até a metade do século. Além de principal fonte de combustível para os automóveis, o petróleo também é a principal matéria-prima para a produção de termoplásticos. Segundo Candido et al. (2006), no Brasil, no fim da década de 80, os veículos nacionais utilizavam em média 30 kg de plásticos. Essa média aumentou para 60 a 90 kg em 2002, sendo 63% em componentes do interior do veículo, 15% de componentes externos, 9% no compartimento do motor, 8% no sistema elétrico e 5% no chassis. 22 Hoje, as mais diversas peças de um carro são feitas de plástico. Peças grandes como pára-choques, revestimentos internos da lateral de portas, painéis interiores e consoles são aplicações presentes em quase todos os veículos que circulam nas ruas. É mostrado na figura 2.1 os componentes do painel de instrumentos do Honda Civic 2007, onde cerca de 60% dos componentes são plásticos. Figura 2.1 - Painel de instrumentos do Honda Civic 2007 Outros exemplos de peças plásticas muito comuns em veículos são: Aerofólios, molduras de porta, protetores de caçamba, molduras da caçamba, molduras da caixa de roda, entradas e saídas de ar, faróis e lanternas, grades frontais, emblemas, peças de interior (coberturas, porta-trecos, console), pedal do acelerador, itens do motor (tampa do comando de válvula, capa do motor, reservatórios de fluidos, defletores de ar, capa da bateria), filtros (de ar, de combustível), retrovisores, maçanetas, mangueiras, tanques de combustível, triângulo de segurança, tampa de combustível e componentes do teto solar (defletores, canaletas). Figura 2.2 - Componentes plásticos na caçamba – Nissan Titan 2008 23 Alguns exemplos mais particulares são: - Páralama dianteiro em PA6.6+PPE: Renault Clio Figura 2.3 - Paralamas plástico – Renault Clio 2006 - Moldura da caixa de roda: Toyota Hilux Figura 2.4 - Moldura da caixa de roda plástica – Toyota Hilux 2004 - Conjunto de acessórios com apelo esportivo ou aventureiro: Peugeot 206 Escapade 2006 Figura 2.5 - Conjunto de acessórios plásticos – Peugeot 206 Escapade 2006 - Caçamba em SMC (sheet-molded composite - mantas de compostos moldáveis): Ford Sport Track 2007 Figura 2.6 - Caçamba em SMC – Ford Sport Track 2007 24 - Tampa do porta-malas em SMC: Fiat Tipo e Fiat Tempra - Carrocerias em fibra de vidro: Réplicas e Gurgel A caçamba em SMC é utilizada pela Ford e pela Toyota, e dizem os executivos das duas montadoras que isso torna a caçamba de 10 a 20% mais leve que as caçambas de aço, e o custo de ferramenta é cerca de 50% menor, além de ser mais robusta e durável. Dentre os plásticos presentes em automóveis, os compostos de polipropileno (PP) aparecem com a maior participação: 8% do peso do veículo. A poliamida (PA), em segundo lugar, e outros materiais, como a blenda policarbonato/acrilonitrilabutadieno-estireno (PC/ABS), poliacetal (ou polióxido de metileno, POM), e polibutileno tereftalato (PBT) somam entre 0,5% a 1% do peso do carro. O valor absoluto das participações de cada plástico, no entanto, é um número de difícil obtenção, e varia com os modelos de carros, os mercados onde são vendidos e as montadoras. A maior parte dos automóveis possui entre 12 kg e 30 kg de plásticos de engenharia. Na Europa, onde a filosofia de substituição está estabelecida a mais tempo, o conteúdo plástico se aproxima dos 30 kg. Nos EUA, onde os carros, as demandas estruturais e os motores são maiores, e na América Latina, onde o mercado ainda precisa evoluir em volumes e aplicações, estima-se que a participação seja mais próxima do limite inferior. De maneira geral, segundo Maxwell (1994), peças externas devem atender a ambas as necessidades de funcionalidade e estilo. Uma peça funcional externa deve apresentar boa aparência, e mesmo uma peça enorme decorativa como uma moldura externa tem também função de proteção. 2.2. Utilização de clipes em peças plásticas Dentre os diversos tipos de fixação possíveis para peças plásticas, a utilização de clipes é uma das mais comuns. Segundo Troughton (2008), as vantagens da fixação por clipes são não necessitarem da introdução de material adicional, como adesivos ou parafusos, 25 tornando-os mais baratos e fáceis de montar, aumentando a produtividade (até 60 peças por minuto), e, em muitos casos, custos mínimos de ferramental. Esse tipo de fixação também é muito bom para junção de materiais diferentes, como metais e plásticos, podendo ser projetado para união permanente ou desmontagens repetidas. Por outro lado, esse tipo de fixação é suscetível a fratura por fadiga, não permite conserto, e pode ser afetado por variações térmicas, absorção de umidade e efeitos ambientais. Diversas peças plásticas utilizam esse tipo de fixação, como por exemplo, nas tampas de componentes elétricos, como celulares e controles remotos, ou painéis de acabamento diversos, como em armários ou painéis de controle. Na indústria automotiva seu uso também é bem freqüente, tanto para itens de aparência quanto para itens que também apresentam requisitos de carregamento. Exemplos de itens que utilizam fixação por clipes, mais voltados para aparência, são emblemas e molduras de farol, como mostrado na figura 2.7. Figura 2.7 - Moldura de farol Já no caso de peças fixadas por meio de clipes que devem atender a requisitos de carregamento, um exemplo é a moldura superior da caçamba, presente em pick ups como a Toyota Tundra, como mostrado na figura 2.8, e o Hummer H3T, como mostrado na figura 2.9. Uma mesma moldura, no caso da Tundra, possui dois tipos diferentes de clipes, com posições diferentes e funções diferentes. 26 Figura 2.8 - Molduras superiores da caçamba – Toyota Tundra 2007 Figura 2.9 - Molduras superiores da caçamba – Hummer H3T 2009 2.3. Tipos de Fixação A seguir, serão apresentadas as maneiras mais comuns de fixação, com suas vantagens e desvantagens, focando em sua utilização no universo de peças plásticas. 27 2.3.1. Fixações Mecânicas Fixações mecânicas, como parafusos e rebites, oferecem um dos métodos de união mais baratos, confiáveis e comumente utilizados para uniões que precisam ser desmontadas inúmeras vezes. 2.3.1.1.Parafusos A fixação por parafuso é o tipo de fixação mais comum encontrado na indústria, sendo considerado um dos mais simples, versáteis e seguros. Sua aplicação não requer caracteríscas complexas na peça que será fixada; geralmente apenas é necessário que haja um furo na mesma para que o parafuso possa atravessá-la, e alcançar a contra-peça. Existem diversos tipos de parafusos, com ou sem arruelas, e diferentes tipos de roscas e cabeças de parafuso. Cada uma delas projetada para um tipo de aplicação (como material das peças envolvidas, cargas aplicadas, ferramentas disponíveis e ergonomia), o que não será aprofundado no presente trabalho. Figura 2.10 - Exemplos de diferentes cabeças de parafusos É um tipo de união que pode suportar grandes cargas, preferencialmente axiais, pois o tamanho do parafuso e a quantidade a ser utilizada pode ser considerada ilimitada, desde que viável no projeto. Por outro lado, é uma método que requer a utilização de uma ferramenta para aperto (apertadeira), e consequentemente uma apertadeira reserva e uma linha de energia elétrica ou pneumática, além de aumentar o número de operações e tempo padrão em uma linha de montagem, pois o operador terá que se dirigir até onde o 28 parafuso se encontra, selecionar o parafuso correto e a quantidade, e retornar ao local de aplicação, além de espaço para armazenamento, tanto dos parafusos quanto das apertadeiras na linha. Tudo isso significa investimento, adição de custo sem valor agregado ao produto e maior manutenção. E se por um lado a peça a ser fixada pode ser simplificada, o mesmo geralmente não se pode dizer da contra-peça, à qual normalmente adiciona-se uma porca para trabalhar junto ao parafuso. Essa porca pode ser parte da contra-peça (por exemplo por sobre-injeção ou inserto metálico, no caso de plásticos, ou solda, no caso de metálicos), pode ser travada pelo lado oposto (com outra apertadeira ou dispositivo) ou, para o caso da desmontagem não ser frequente, a rosca ser moldada na contrapeça ou feita na contra-peça durante a montagem, pela rosca do próprio parafuso, chamado auto-atarrachante, o que exige que haja um furo na contra-peça e um maior controle dimensional sobre ele. Novamente, investimento. Figura 2.11 - Exemplos de parafusos auto-atarrachantes 2.3.1.2. Rebites O rebite é um tipo de fixação de simples instalação e de baixo custo, que pode ser facilmente automatizado. É utilizado para a união de materiais de seção fina, recomendado para união entre peças plásticas, peças plásticas e folhas de metal ou tecidos. Figura 2.12 - Exemplo de união por rebite 29 Um rebite compõe-se de um corpo em forma de eixo cilíndrico e de uma cabeça, que pode ter vários formatos. Os rebites variam de tamanho, material, e forma, de acordo com sua necessidade. São tubulares, semitubulares, ou maciços com cabeça chata, redonda ou oval. Figura 2.13 - Exemplos de rebites Como na aplicação de parafuso, a peça a ser fixada também não requer caracteríscas complexas, apenas um furo é necessário, e neste caso, o mesmo pode-se dizer da contra-peça. Possui algumas das mesmas desvantagens da aplicação do parafuso, como a utilização de uma ferramenta de rebite (rebitadeira), e consequentemente uma rebitadeira reserva e uma linha de energia elétrica ou pneumática, o aumento do número de operações, do tempo padrão em uma linha de montagem e do espaço para armazenamento - investimento, adição de custo sem valor agregado ao produto e maior manutenção; porém não suporta tanta carga aplicada quanto um parafuso, além de que sua desmontagem significa sua remoção (com a utilização de uma furadeira por exemplo), e colocação de um rebite novo, sendo que deve haver acesso para a retirada do rebite retirado. Dependendo do tipo de cabeça utilizado, pode-se ter um acabamento discreto, dada a altura da cabeça e a aparência que se deseja. Figura 2.14 - Exemplos de cabeças de rebites após aplicação 30 2.3.2. Travas-mola Para o caso de uniões com baixos carregamentos, um tipo de fixação bastante utilizado é a chamada trava-mola. É um tipo de fixação auto-travante, onde a fixação ocorre por interferência entre um macho ou pino guia na peça e a trava mola, formando um ―sanduíche‖ com a contra-peça, a qual necessita de um furo para que o pino guia da peça a ser fixada possa passar. Figura 2.15 - Exemplos de trava-mola e aplicação A trava-mola é então inserida no pino guia, forçada até que não haja espaços entre as peças do conjunto. Não é recomendada para conjuntos que necessitem de desmontagem. 2.3.3. Uniões por Ultrassom A união por ultrassom é um método muito comum e excelente para a união de peças plásticas, principalmente entre os chamados termoplásticos, de forma permanente e com bom acabamento. Ela consiste na utilização de vibração mecânica de alta freqüência para fundir as superfícies em contato. Esse processo requer ferramentas especificas e dispositivos, sendo de difícil adaptação para outras atividades, o que a torna pouco versátil e cara, podendo-se tornar inviável para o caso de peças grandes, requerindo altos investimentos, e, consequentemente, grandes volumes de produção. 31 Uma das variações desse tipo de união é a solda por ultrassom, na qual a peça apresenta ―pontas‖ ou ―cantos‖ em formato triangular, que será fundido em contato com a superfície da contra-peça, por vibração, unindo ambas. Figura 2.16 - Exemplo de solda por ultrassom Para melhores resultados, recomenda-se muito cuidado na seleção dos materiais a serem utilizados, sendo que a utilização de materiais compostos pela mesma resina apresenta os melhores resultados. Outro método de união por ultrassom é o chamado ―Ultrasonic Staking‖, que consiste em fundir a superfície no topo de um pino guia, que está atravessando a contra-peça, através de um elemento especialmente desenhado, formando uma cabeça que trava os dois componentes juntos, que pode se assemelhar a um rebite. Figura 2.17 - Exemplo de união por ―Ultrasonic Staking‖ 2.3.4. Fixação por Clipagem É um método de união entre peças que busca eliminar a necessidade do uso de qualquer ferramenta ou elementos soltos adicionais, durante a montagem, 32 reduzindo assim investimentos e espaço na linha de montagem, tempo de montagem (atividades que não agregam valor) e possibilidade de falha humana. Nesse tipo de fixação a união é feita através de clipes, geralmente plásticos, integrados à peça ou sub-montados (encaixados) antes de a peça chegar à linha de produção, onde o operador limita-se a localizar a peça corretamente na contra-peça e pressionar em direção à mesma. É um método muito interessante para ser aplicado em linhas de montagem final, especialmente em peças maiores, que exigem um grande número de elementos de fixação. O grande desafio quando se projeta esse tipo de união é manter o equilíbrio necessário entre a força de inserção dos clipes (mínima) e a força de retenção dos mesmos (máxima). 2.3.4.1.Clipes Encaixados Nesse conceito utilizam-se clipes que são fabricados separadamente da peça principal, definindo-se um método de fixar esses clipes à peça, geralmente uma submontagem que antecede a ida da peça à linha de montagem. Por ser independente da peça na qual será utilizado, existe mais liberdade no projeto do clipe, principalmente para atingir a relação apropriada entre força de inserção e retenção. Por exemplo, o material do clipe não necessariamente precisa ser o mesmo da peça principal, o que permite trabalhar com plásticos considerados estruturais, sem preocupação com aparência; e, por ser fabricado em uma ferramenta (molde) diferente da peça principal, não necessita de movimentos secundários ou atuadores complexos adicionados na ferramenta da peça principal para sua fabricação, sendo utilizado o eixo principal de extração. Por outro lado, a peça como um todo se torna mais cara, pois esses subcomponentes encarecem o produto, além do custo da sub-montagem dos mesmos. Existem vários tipos de clipes, diferenciados pelo tamanho, tipo de encaixe na contra-peça, como ser do tipo ―W‖ ou de estágios, e como ele é preso à peça em si, podendo ser encaixado (em uma parede ou ―dog-house‖), soldado por ultrassom ou colado. 33 Figura 2.18 - Exemplos de tipos de encaixe Figura 2.19 - Exemplos de diferentes tipos de fixação na peça O seu funcionamento é baseado na flexibilidade das abas do clipe, que são comprimidas, geralmente ao entrar em um furo, e que após ultrapassarem a espessura da contra-peça, voltam à posição original, travando o clipe, e por conseqüência, a peça. Figura 2.20 - Seqüência de encaixe de um clipe 2.3.4.2.Clipes Integrados Focando na redução de custos, clipes integrados tendem a simplificar a montagem e seus custos associados (eliminam operações de sub-montagem e o 34 custo de peças extra), uma vez que ele é formado durante a injeção da própria peça, com o mesmo material. Clipes integrados são muito úteis, uma vez que eliminam a necessidade de parafusos, clipes encaixados ou adesivos. Por outro lado, seu desenvolvimento requer uma engenharia maior que a de uma união por parafuso, por exemplo. A ferramenta, principalmente para os casos onde o clipe fica na parte interna de uma parede que tem o lado oposto visível, pode se tornar mais complexa, e por isso mais cara. Para volumes maiores, a tendência é o preço de peça final mais baixo compensar o investimento inicial. Figura 2.21 - Exemplo de clipe integrado simples A maior parte dos plásticos pode ser utilizada para esse tipo de clipe, principalmente se a peça for montada apenas uma vez, já que o clipe pode ser danificado durante a desmontagem. Caso a peça necessite de ser desmontada várias vezes, a força de retenção deverá ser reduzida, para preservação do clipe. Figura 2.22 - Exemplo de clipe para uma única montagem (a) e desmontagens (b, c & d) Outro fator positivo é o fato de o número de fixações metálicas ser reduzido ou eliminado, aumentando a reciclabilidade do conjunto. 35 Figura 2.23 - Exemplos de clipes antes e depois da montagem 36 3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Seleção de Material 3.1. Busca-se, através da seleção do material, definir qual o material que melhor se adapta ás necessidades de um projeto. Como característica geral, busca-se sempre a minimização da massa de um veículo, baseado na otimização (redução) da seção transversal de cada componente, sem que haja comprometimento de sua resistência (rigidez) e durabilidade (vida útil); porém, como em todo bom projeto de Engenharia, o custo é também extremamente relevante. Em linhas gerais, o projeto de um elemento estrutural é especificado por três grupos, como definido em ASHBY, M. F., em Materials Selection in Mechanial Design (1992): requisitos funcionais, geometria e propriedades do material com que é feito. O desempenho do elemento é descrito por uma equação do tipo: (3.1) ou p = f (F, G, M) (3.2) onde p descreve os aspectos de desempenho do componente, como massa, volume, custo ou vida, por exemplo; e ―f‖ significa ―função de ―. O projeto otimizado é a seleção do material e geometria que maximizem ou minimizem p, de acordo com a necessidade, e cada uma dessas variáveis (grupos) é chamada de índice de desempenho. A experiência mostra que esses grupos são usualmente separáveis. Neste capítulo, obviamente, a variável de interesse para estudo é a variável M, com relação às propriedades do material. A metodologia consiste em escolher uma equação que envolva a propriedade que se deseja maximizar ou minimizar e isolá-la do lado esquerdo da equação (o p da equação (3.1)). Então, utilizando-se de outras equações vindas da Resistência 37 dos Materiais, substituir os elementos do lado direito da equação de modo resultar em uma equação do tipo da equação (3.1), que possa ser possível visualizar os elementos nos três grupos mencionados anteriormente. De posse da função relativa a M, utiliza-se as Cartas de Seleção de Materiais para selecionar o material, ou família de matérias, que melhor cumpre com os parâmetros do projeto. Pela relação matemática obtida (M), seleciona-se a Carta com as propriedades convenientes, e pode-se plotar uma reta onde essa relação é constante, ou seja, uma reta que indica os materiais que possuem o mesmo valor para a relação estabelecida. Na verdade obtêm-se famílias de retas paralelas, cada uma delas indicando um valor constante para a relação estabelecida. Qualquer material que se encontra acima dessa paralela se adequa melhor á característica buscada, abaixo, pior. Pode-se utilizar também o cruzamento de informações nessas cartas, assim estabelecendo ―zonas de materiais permitidos‖. Por exemplo, após manipulação das equações, deseja-se maximizar a relação ρ /E1/3, e deseja-se um material Coeficiente de Elasticidade, E, maior que 100 GPa. Nesse caso, na carta onde estão plotados E x ρ, a região de interesse passa a ser dos materiais que se encontram acima da linha que delimita materiais com E > 100GPa, e mais acima da família de retas que representam ρ /E1/3. Os clipes em estudo, por terem basicamente função de fixação e retenção, são considerados elementos estruturais, ou seja, eles têm que satisfazer os requisitos funcionais definidos, carregamentos externos ao elemento. Por outro lado, dada a forma como é feita a montagem, é exigida do clipe também certa flexibilidade, que se contrapõe à resistência; um dos grandes desafios é encontrar o ponto de equilíbrio para que ambas a condições se satisfaçam (montagem e resistência), através da seleção de material e geometria do clipe. Para clipes integrados à peça, como no caso em estudo, a seleção do material não pode ser baseada apenas nos requisitos do clipe (resistência, flexibilidade, densidade e custo), pois ele terá que ser do mesmo material que o restante da peça, que pode ter seus requisitos próprios, estruturais ou de aparência, daí a necessidade de selecionar um material que cubra satisfatoriamente as necessidades de ambos. Existe a possibilidade de o clipe ser sobre-injetado na peça, o que possibilitaria a utilização de um material diferente. A sobre-injeção é uma segunda operação de injeção, sobre a peça já injetada, geralmente utilizada para casos onde não é 38 possível adicionar uma nova ação na ferramenta ou se deseja utilizar um material diferente. Ela exige um ferramental mais complexo, e conseqüentemente mais caro, aumenta o tempo do ciclo total de fabricação da peça e a complexidade desse ciclo, para garantir que os materiais se fundam corretamente e que não haja delaminação, e ainda exige uma análise de compatibilidade entre os materiais utilizados, quando for o caso, também para garantir a aderência entre os mesmos. Essa é uma prática muito comum quando se deseja utilizar dois tipos de materiais muito diferentes, como plástico e borracha; quando da necessidade de características de dois materiais similares, por exemplo dois tipos de plástico, o mais recomendado é que se encontre um material intermediário, em vez de partir para a sobre-injeção. Para o estudo de caso, dada a complexidade para que essa seleção seja feita, e por não ser o foco do presente trabalho, o material será definido a priori das avaliações, baseado nos conhecimentos anteriores do setor automotivo. 3.2. Método dos Elementos Finitos A análise estrutural refere-se a uma classe de problemas da mecânica dos meios contínuos. Para a maioria dos casos essa análise torna-se relativamente simples, lançando-se mão da teoria da Resistência dos Materiais (ou Mecânica dos Sólidos), com suas hipóteses e simplificações, e adotando-se as corretas condições de contorno e/ou iniciais associadas ao problema. Entretanto quanto mais complexo for o problema, mais difícil torna-se sua resolução, e a obtenção de uma solução exata exige simplificações e hipóteses cada vez mais exageradas, correndo o risco de se afastar demasiadamente o modelo utilizado do fenômeno real. Com o avanço da tecnologia dos processadores e computadores digitais, foram desenvolvidos programas que obtêm soluções numéricas aproximadas para esse tipo de problema, baseados em métodos matriciais, entre eles o Método dos Elementos Finitos. Vale ressaltar que apesar de ser uma ferramenta de análise poderosa, se não utilizada cuidadosamente e corretamente, pode fornecer resultados incorretos, por isso é recomendável a utilização de métodos de análise diferentes, garantindo maior confiabilidade para os resultados obtidos. Em outras 39 palavras, esse tipo de programa não deve ser utilizado às cegas, como uma caixa preta, pois acaba por potencializar a capacidade de resolução do problema, para o certo ou para o errado; deve-se ter uma boa idéia dos resultados esperados, pela resolução do problema por um modelo mais simplificado, por exemplo, para que se possa comparar com os resultados finais, evitando problemas ou surpresas futuras. Os programas de modelagem por Elementos Finitos podem resolver numericamente uma variedade de problemas mecânicos. Entre eles: análise estrutural estática/dinâmica (linear ou não linear), problemas de transferência de calor e fluidos, problemas de acústica e eletromagnética. A metodologia utilizada é a divisão da estrutura, por meio de linhas ou superfícies imaginárias, em pequenos elementos (―elementos finitos‖), onde esses elementos estão interligados por um número discreto de pontos nodais situados em suas fronteiras. Conjuntos de funções são selecionadas para definir univocadamente, dentro de cada ―elemento finito‖, seus deslocamentos e, conseqüentemente, suas tensões. Esse processo envolve várias aproximações, como, por exemplo, para garantir a continuidade das funções de deslocamento entre elementos contíguos; ou a utilização de cargas nodais equivalentes, satisfazendo as condições de equilíbrio apenas num modo geral. Em geral, a solução por elementos finitos pode ser dividida em três etapas: 1) Pré-processamento: definição do problema, onde as etapas principais são: Definição de pontos/áreas/volumes; Definição do tipo de elemento, material e propriedades geométricas; União de linhas/áreas/volumes, conforme o problema. 2) Solução: aplicação de carregamentos (pontuais ou distribuídos), vinculações (translacionais e rotacionais) e resolução do conjunto de equações resultantes. 3) Pós-Processamento: processamentos posteriores e visualização dos resultados obtidos, tais como: Listagem de deslocamentos nodais; Forças e momentos nos elementos; 40 3.3. Plotagem de deflexões; Diagrama de faixas de tensão; Moldes e Injetoras De acordo com BOZZELLI (2009), a indústria de moldes de injeção é relativamente nova, quando comparada com outros processos de manufatura, como metais e madeira. Apesar de patenteada em 1870 por Smith e Locke, e em 1872 por Hyatt, as primeiras maquinas comerciais foram desenvolvidas no fim dos anos 1920 e 1930. Muito se avançou desde então, na área numérica e computacional. Num processo de injeção, os componentes básicos para a fabricação de uma peça plástica são: - Unidade de Injeção: geralmente uma Máquina a pistão, seja de Cilindro horizontal ou Cilindro vertical; ou uma Máquina com rosca pistão, seja de acionamento hidráulico, acionamento elétrico para rotação da rosca, ou com préplastificador de rosca acionamento hidráulico com injeção a pistão). - Unidade de fechamento do molde: geralmente um cilindro hidráulico (fechamento horizontal) ou fechamento com articulação (vertical ou horizontal). - Molde de Injeção: geralmente feito a partir da usinagem de um bloco de aço ou alumínio (para menores quantidades), sendo dividido em núcleo e a cavidade propriamente dita (―macho e fêmea‖). Outros métodos de obtenção são: fundição, eletrodeposição e composição de postiços. É nele onde são adicionados os dutos de resfriamento, o(s) bico(s) de injeção, pinos de extração e saída de gases. O molde é adaptado ao final da máquina e recebe, em sua cavidade o material plástico fundido por meio de pressão. 41 Figura 3.1 - Exemplo de Molde de Injeção O processo de injeção, basicamente, consiste na fundição do material selecionado, a injeção do mesmo por meio de pressão para dentro do molde, fluxo do material dentro do molde para preenchimento das cavidades, resfriamento do molde/peça e retirada da peça do molde, o que comumente chama-se de Ciclo de Injeção. Quanto menor o tempo do ciclo de injeção, mais produtiva será a máquina, fabricando peças mais rapidamente. Figura 3.2 - Exemplo de Processo de Injeção 42 O tempo do Ciclo de injeção depende em grande parte do tempo de resfriamento da peça, para que seja possível sua remoção do molde sem que a peça fique presa na cavidade, e levar a peça a temperaturas próximas ao ambiente, para que se tenha um resfriamento controlado da peça, controlando-se assim a contração térmica da peça, de modo a evitar distorções dimensionais. Abaixo gráficos comparando o ciclo de injeção sem resfriamento externo (resfriando naturalmente) e utilizando-se resfriamento através de circulação de água dentro do molde. Figura 3.3 - Exemplo de Gráfico para Resfriamento Natural Figura 3.4 - Exemplo de Gráfico para Resfriamento por circulação de água O molde é a peça principal na confecção de peças plásticas. Seu projeto depende do tipo de material que nele será utilizado, a máquina injetora a ser utilizada, o projeto de refrigeração, etc. Os fatores importantes no projeto de um molde de injeção plástica são: peso, tamanho e formato da peça (para se decidir qual a melhor localização para as entradas, número de cavidades, quantidade de gavetas e pinos estratores, etc), tipo 43 de material a ser injetado (contração a ser aplicada nas cavidades e parâmetros de temperatura e pressão necessários), tempo de ciclo e vida útil do molde. Figura 3.5 - Exemplo detalhado de um molde Inicia-se o estudo para a confecção do molde tendo em mãos o projeto da peça a ser confeccionada e o material a ser utilizado. Pelo tamanho da peça, definese o número de cavidades a serem utilizadas por molde, a pressão a ser utilizada, a quantidade inicial de bicos injetores necessários e sua localização, posição e movimentação das ―gavetas‖ e o sistema de resfriamento preliminar (que pode ser a água ou a ar). Analisam-se também os ―ângulos de saída‖, para possibilitar que a peça possa ser retirada do molde, sem travar durante a abertura do molde. Comumente adiciona-se partes móveis (―gavetas‖) no núcleo quando por projeto a peça tem que ter determinados ângulos que travariam a peça/molde, o que encarece o molde, e deixa linhas de junção, indesejáveis se a peça for de aparência. Os materiais geralmente são colocados em pequenos grãos para facilitar seu transporte e fundição. Pode se também colocar aparas, produzidas pela moagem dos refugos. Figura 3.6 - Exemplo de molde com partes móveis 44 O material também define qual será a contração que deve ser aplicada ao molde, uma vez que ao resfriar a peça se tornará menor (contração), ou seja, o molde é feito maior, de modo a compensar o efeito da contração na peça durante o resfriamento. Algumas ações corretivas para reduzir-se a contração do material são: - Diminuir a temperatura do material; - Aumentar a pressão de injeção; - Reduzir o limite de carga a ser injetada; - Reduzir a temperatura do molde; - Aumentar o tamanho da entrada da cavidade; - Aumentar o tamanho do bico; - Colocar entradas múltiplas; - Aumentar o tempo de avanço; - Aumentar a velocidade de injeção; - Aumentar o tempo de molde fechado; - Aumentar a saída de ar da cavidade. Através do estudo de ―Mold Flow‖, simula-se por computador o escoamento do material dentro do molde, avaliando o escoamento em si, a temperatura do material durante a injeção, o tempo de injeção e o preenchimento das cavidades. Figura 3.7 - Exemplo de estudo de ―MOLD FLOW‖ Esse estudo inicialmente mostra se a escolha do numero de cavidades e bicos injetores e o projeto inicial dos dutos de resfriamento foi feito de manira 45 correta, permitindo modificações e correções, para nova simulação, como por exemplo, utilização de material poroso em regiões de acúmulo de gás, movimentação das linhas de resfriamento e utilização de material com maior condução térmica (e mais caros) em determinadas regiões de altas temperaturas. Um projeto de molde mal projetado ou mal fabricado pode ocasionar em defeitos na própria peça, como, por exemplo, injeções incompletas, superfície opaca, manchas de queimado, marcas de ―chupagem‖ ou bolhas, marcas de junção e juntas enfraquecidas (junta frias), excesso de aderência no bico ou na cavidade, marcas de fluxo, marcas oblíquas, rebarba na peça, manchas pretas ou degradação da cor, ou ainda deformações ou contrações excessivas e não uniformes. Durante as iterações, têm-se também a previsão de locais de acúmulo de gases (e possível problema de preenchimento), formação de juntas-frias (quando o material percorre direções diferentes, juntando-se em determinada posição da cavidade – circundando um furo por exemplo - mas já não quente o bastante para que as pontas se fundam ao se encontrar, gerando regiões de baixa resistência mecânica), temperaturas elevadas em determinadas regiões do molde (possível deformação da peça durante o resfriamento, por este ocorrer de maneira desigual), entre outros. O ―Mold Flow‖ também faz a avaliação (previsão numérica), por meio das temperaturas, do fluxo e de como o molde resfria, de como a peça saíra do molde, sua contração e deformações. Nesses casos, trabalha-se com os dutos de resfriamento, tentando aproximá-lo das regiões mais quentes, para que o molde possa ser resfriado de maneira mais igual. Outra opção é a utilização de materias de condutividade térmica maior (insertos), para acelerar o resfriamento nas regiões de acúmulo de temperatura. Esses materiais, por exemplo o ―Mold Max‖, podem custar até dez vezes mais, por quilograma, que o material do molde em si. 46 Figura 3.8 - Exemplo de entradas e saídas de dutos de refrigeração Economicamente, quanto menor o tempo de resfriamento, melhor para a produtividade da injetora; por outro lado, ao resfriar-se a peça muito rapidamente, pode-se ter contrações indesejadas na peça, além de acúmulos de tensão, causando fragilidade na peça, e possível deformação caso a peça sofra novo aquecimento (ficar no sol, por exemplo), aliviando-se assim as tensões. A função do sistema de resfriamento é basicamente permitir o controle de como o molde, e por conseqüência a peça, resfria, dando a possibilidade de correção e ajustes de processos para confecção de uma peça com qualidade. Muito mais que apenas controlar a velocidade de resfriamento, o sistema deve permitir que a peça resfrie de maneira uniforme, retirando mais calor de regiões quentes do molde, balanceando a mudança de temperatura, de modo que a contração da peça também seja uniforme. O sistema, comumente, é constituído por canais no interior do molde para circulação de água, e deve garantir que a diferença de temperatura do líquido entre a entrada no molde e a saída deve ser a menor possível. Grandes diferenças de temperatura no molde provocam diferentes taxas de resfriamento no molde, que podem causar peças com contração excessiva ou não-uniforme; brilho indesejado e destacar linhas de junta fria. Deve-se projetar os dutos de refrigeração distribuindo os dutos ao longo do molde, geralmente no maior numero possível, de modo a sempre manter-se uma temperatura constante no molde. 47 Figura 3.9 - Exemplo de composições incorreta e correta de dutos de refrigeração Dutos projetados incorretamente podem levar a reformulação de todo o molde, através de solda e nova usinagem, e, às vezes, até mesmo à perda do mesmo, tendo que refazer o molde novamente. A adição de clipes integrados a uma peça, como mencionado anteriormente, pode aumentar substancialmente a complexidade e o custo da ferramenta de injeção (molde). É importante entender quais são a implicações do projeto da peça no projeto do molde, pois muitas vezes pequenas alterações na peça podem facilitar bastante a construção do molde. A figura 2.25 ilustra uma situação onde os clipes se encontram nas extremidades e apontam para fora, não havendo nenhuma contra-saída (travamento) na ferramenta, em um projeto bastante simples, sem que haja necessidade de movimentos (atuadores) secundários. Figura 3.10 - Exemplo de projeto sem contra-saídas Caso os clipes estivessem virados na direção oposta, eles travariam na parte fixa (núcleo) do molde, impedindo que a peça fosse extraída. A figura 2.26 ilustra essa situação. Uma alternativa seria a adição de um pequeno ângulo na parede externa da peça, o que forçaria uma deflexão da parede durante a extração. Vale 48 lembrar que nesse caso, se a extração ocorrer enquanto o material ainda estiver quente, poderá haver deformação permanente na parede. Figura 3.11 - Exemplo de projeto com contra-saídas Para situações mais complexas, com contra-saída, movimentos secundários e atuadores (―lifters‖) tem que ser adicionados ao molde, caso o projeto da peça não possa ser melhorado antes da construção da ferramenta. Figura 3.12 - Exemplo de projeto com ―Lifters‖ 49 Figura 3.13 - Exemplos da necessidade de atuadores 50 4. REQUISITOS 4.1. Ergonomia Segundo Houaiss (2001) a palavra ―ergonomia‖ se originou de duas palavras gregas, ―ergon‖ que significa trabalho e ―nomos‖ que significa leis, sendo que sua definição está descrita como sendo o ―estudo científico das relações entre homem e máquina, visando a uma segurança e eficiência ideais no modo como um e outra interagem‖ e tendo em vista também a ―otimização das condições de trabalho humano, por meio de métodos da tecnologia e do desenho industrial‖. Já conforme a Abergo (2009), Associação Brasileira de Ergonomia, a definição de Ergonomia é “o estudo das interações das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar, de forma integrada e não-dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas‖. Figura 4.1 - A ―evolução‖ do homem (Fonte: UnB) Há a definição também da IEA (2009), a International Ergonomics Association que diz a Ergonomia ou Human Factors (Fatores Humanos) é uma ―disciplina cientifica‖ que desempenha o papel e estuda ―as interações entre os seres humanos e outros elementos do sistema, e a profissão que aplica teorias, princípios, dados e métodos a projetos que visem otimizar o bem-estar humano e o desempenho global de sistemas‖. 51 A ergonomia, como cita Iida (2005), aplica-se ao sistema homem-máquinaambiente, e apresenta-se como um instrumento de concepção e adaptação de equipamentos, mobiliários, postos de trabalho e processos/procedimentos para a melhoria da segurança e da qualidade de vida das pessoas que estão nesse ambiente de trabalho, principalmente para eles que realizam movimentos e esforços repetitivos diariamente. Como conseqüência, espera-se também melhora na eficiência do processo, na produtividade e na qualidade do produto final, uma vez que se reduz o risco de defeitos relacionados à ação do operador, que estará em melhores condições físicas, e até mesmo psicológicas, menos propenso ao erro. O termo ―ergonomia‖ foi inicialmente utilizado em 1947 na Grã-Bretanha, para a melhoria das atividades militares na Segunda Guerra Mundial, e depois acabou se propagando para a Europa, principalmente na França, e, finalmente, para fins civis (WISNER, 2004). As disciplinas que contribuíram para o desenvolvimento da ergonomia primeiramente foram: a fisiologia do trabalho, a antropometria, a psicologia científica e a biomecânica. A biomecânica é uma das mais relevantes, do ponto de vista da engenharia, e atua nos campos mais diversos como: ―compreensão e modelização do gesto voluntário, acústica, efeitos das vibrações, modelos de homens como sistema de massas suspensas, biomecânica dos impactos, etc.‖ (WISNER, 2004). Devido à distância entre os estudiosos do assunto, segundo Wisner (2004), a biomecânica dos impactos praticamente não existia até meados dos anos 60, entretanto, era necessário conceber automóveis mais seguros, em casos de acidentes. Por isso, psicólogos, fisiologistas, entre outros profissionais começaram a realizar estudos conjuntos para fornecer dados científicos reais e suficientes sobre o homem em relação ao seu trabalho e maquinário aos engenheiros, para possibilitar uma melhor concepção dos artefatos e conseqüentemente o melhor uso destes, melhorando a qualidade do meio para os funcionários que os produziam ou os manuseavam, de forte impacto na área automobilística. Segundo Wilson (1999) apud Hägg (2003), o interesse na aplicação dos conceitos de ergonomia teve aumento significativo na década de 90, principalmente nas empresas, decorrente do aumento da valorização de critérios como produtividade, qualidade e mudanças no processo. 52 Segundo Lima e Jackson Filho (2004), a Ergonomia da Atividade, ou seja ―compreender o trabalho para transformá-lo‖, que faz com que os profissionais de cada área específica a ser analisada participem e sejam consultados, e, usando-se dessas experiências, se construa um novo procedimento ou processo e novos maquinários feitos por especialistas para melhoria das tarefas a serem realizadas. Lima e Jackson Filho (2004) também citam que, apesar da Ergonomia da Atividade parecer estar presente no Brasil (inclusive na nossa legislação, na Norma Reguladora – NR-17 que inclui a AET – Análise Ergonômica do Trabalho), esta perde espaço para a Ergonomia dos Fatores Humanos (Human Factors) ou Macroergonomia, que é uma análise ―tecnizada‖ que utiliza as descrições dos trabalhos e tarefas para a melhoria da ergonomia desses trabalhadores, mas sem que eles sejam consultados diretamente, ou seja, sem haver um melhor aproveitamento de sua experiência profissional no dia-a-dia; e segundo Hendrick (1986), esta é a ergonomia que se preocupa com ―a pesquisa, o desenvolvimento e a aplicação ergonômica da tecnologia da interface organização-máquina", sendo que esta abordagem é conseqüência da evolução do campo de estudo da ergonomia e também da evolução da tecnologia, aumentando a preocupação com os efeitos das novas tecnologias em organizações, e conseqüentemente, seus efeitos no trabalho realizado. Segundo Lima e Jackson Filho (2004), a Macroergonomia é solicitada e praticada cada vez mais por profissionais brasileiros da área de projeto (designers, arquitetos, engenheiros de produto e manufatura, engenheiros de produção e processos, e administradores e compradores, em geral) e da área da saúde (terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas, psicólogos, médicos do trabalho e engenheiros de segurança). Portanto, quando se utiliza da Macroergonomia, projeta-se um sistema técnico, onde se define as tarefas a serem desenvolvidas, enquanto que na Ergonomia da Atividade, projeta-se um sistema pessoal onde será descrita e aplicada a maneira na qual as tarefas são realizadas. (HENDRICK, 1987) E também segundo Iida (2005), os ergonomistas utilizam diferentes domínios de especialização da ergonomia que podem ser divididas em Ergonomia física, Ergonomia cognitiva e Ergonomia organizacional. A primeira se refere à antropometria, fisiologia e biomecânica em sua relação à atividade física, ou seja, o estudo da anatomia humana e as prováveis adaptações no trabalho para melhoria 53 de eficiência e saúde. Já a segunda engloba os processos mentais, como memória, percepção, raciocínio e a interação entre seres humanos e outros elementos de um sistema, tendo em vista também melhora na saúde, principalmente na diminuição do stress. Finalmente, a terceira concerne à otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e de processos, principalmente no que se refere à comunicação, organização temporal do trabalho, trabalho em grupo e cooperativo, projeto participativo e de trabalho, novos paradigmas do trabalho, organizações em rede, e gestão da qualidade. Mas é importante entender a importância da ―mistura‖ desses campos e domínios da Ergonomia, ou seja, analisar de uma forma ―tecnizada‖ e com profissionais especializados, mas utilizando as informações dos profissionais que atuam e realizam o seu trabalho determinado, diariamente. A importância da ergonomia é a melhora do desempenho do sistema produtivo, principalmente para resolução de problemas e redução de conseqüências nocivas para o trabalhador (como fadiga, estresse, LER – lesão por esforço repetitivo, erros e acidentes) tendo em vista a segurança, o bem-estar, a saúde e, portanto, o aumento da qualidade de vida dos trabalhadores e, por conseguinte, a eficiência, a confiabilidade e a qualidade das operações industriais e seus produtos finais, sem desperdícios (que não agregam valor ao produto final). Essa ergonomia do trabalho deve ser bem estudada e aplicada, feita por profissionais habilitados e especializados, tendo o incentivo e apoio principalmente da alta administração da empresa, como sugere Iida (2005). Womack e Jones (1996) definem desperdício como ―qualquer atividade humana que absorve recursos e não agrega valor ao produto‖, ou seja, uma atividade indiferente para o cliente. As atividades que não agregam valor ao produto são aquelas que podem ser indispensáveis para a fabricação do produto, mas o cliente não verá nenhum benefício, como, por exemplo, pegar uma máquina ou uma ferramenta, estoques intermediários, andar 20 metros para pegar uma peça, abaixar, transportar uma peça, etc. Atividades como estas são facilmente encontradas no processo de fabricação, mas devem sempre ser vistas como um desperdício, e como qualquer desperdício, se não pode ser eliminado, deve pelo menos ser reduzido ao máximo. 54 Segundo Axelsson e Eklund (2009), após 25 estudos de caso feitos durante seis anos, de 30 a 50% dos problemas de qualidade dentro da manufatura, como o desperdício, estão ligados às más condições de trabalho, provando que a partir deste olhar, os programas de ergonomia e qualidade precisam se integrar e ainda têm muito a realizar e ajudar. Conforme Baraldi (2006), em algumas indústrias automobilísticas, aplica-se a obrigatoriedade na participação de ―times multifuncionais‖ para análise de riscos, e para procura de soluções ergonômicas para os processos dos trabalhos antigos e dos novos trabalhos (vagas) que serão oferecidos. Nesses times, se integram profissionais de projeto e engenharia e de saúde, citados anteriormente, entre outros, se preciso. Este trabalho específico faz com que a identificação de futuros problemas ergonômicos seja mais eficiente, podendo evitar posteriores processos trabalhistas e grandes somas de dinheiro dispensadas em indenizações. De acordo com Laring et al. (2002) apud Baraldi (2006), os profissionais de Ergonomia, principalmente os engenheiros precisam usar as técnicas e conceitos ergonômicos quando fizerem o planejamento do processo de produção. Atualmente, os procedimentos e métodos mais práticos e usuais que aplicam essas considerações são relatórios que levam em consideração alturas de pega, limitação do peso para objetos a serem manipulados, entre outros, observando as limitações humanas; mas há uma deficiência nesta metodologia, pois ela não calcula a carga biomecânica no operador. Há indústrias automobilísticas que estão planejando modificações ergonômicas através de softwares que fazem cálculos com a utilização de variáveis como demanda, força, postura e a própria carga biomecânica no operador, fazendo com que a carga biomecânica do operador se mantenha dentro de níveis aceitáveis. O Ministério do Trabalho e Emprego - MTE (2005), expressa o respeito e a obrigatoriedade que as normas regulamentadoras (NR) em nossas leis devem ter sobre a segurança e saúde no trabalho, a partir dos diretos garantidos nos artigos da Constituição Federal Brasileira. A Ergonomia, propriamente dita, é citada na NR 17, na qual sua redação foi realizada pela Portaria nº 3.751, de 23.11.1990, que traz escrito: ―Esta Norma Regulamentadora visa a estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psico-fisiológicas dos trabalhadores, de modo a proporcionar um máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente‖. 55 É com base nos parâmetros dessa NR que a fiscalização do trabalho verifica a regularidade das condições de trabalho, e autua a empresa infratora, se identificado que a empresa é responsável por eventual lesão do trabalhador. A empresa tem obrigação de manter diversos documentos/programas, como o PCMSO (plano de controle médico de saúde ocupacional) e PPRA (plano de prevenção de riscos ambientais). - NRs 07 e 09. Esses são efetuados, normalmente, com auxílio de peritos técnicos da área, e após estudo do ambiente de trabalho, fica estabelecido nesses documentos os riscos que o ambiente de trabalho pode ocasionar e as medidas adotadas pra elidi-los. Conforme a ABNT (2005), ―a normalização é uma atividade que estabelece, em relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização comum e repetitiva com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem em um dado contexto‖, e os objetivos da normalização são a economia (diminuição da variedade de procedimentos e produtos); a comunicação (melhorar o feedback, a troca de informação e a interface fabricante-cliente, para melhorar a confiança nessa relação comercial); a segurança (proteger a saúde e a vida humana); a proteção do consumidor (para que o cliente tenha modos eficazes para garantir a qualidade dos produtos) e a eliminação de barreiras técnicas e comerciais (evitar regulamentos e normas conflitantes sobre produtos e serviços em diferentes países para facilitar o intercâmbio comercial). Mas é possível confirmar na prática, que a normalização está presente na fabricação dos produtos, ―na transferência de tecnologia, na melhoria da qualidade de vida através de normas relativas à saúde, à segurança e à preservação do meio ambiente‖. Portanto, a definição desses critérios de avaliação ergonômicos, nas mais diversas situações, trabalhos e processos, é uma mistura de leis e normas regulamentadoras, e definições de associações internacionais e brasileiras, obtidas através de seminários, congressos, trabalhos e discussões com resoluções e soluções sugeridas pelos profissionais especializados que reunidos em ―times multifuncionais‖, geram regimentos e regulamentos internos em cada indústria, principalmente a automobilística. Enfim, o objetivo da Ergonomia é fornecer o conhecimento necessário e os profissionais especializados e capacitados para analisar em nível micro e macro, aptos á realizar uma intervenção ergonômica, através da interligação de técnicas, do 56 uso eficiente e integrado do conhecimento e a integração desses profissionais especializados e do resto da empresa em si, seus funcionários e seus administradores, tendo como resultado um conjunto de ações globais, no qual a aplicação da ergonomia é um item essencial para se compor um sistema com metodologias saudáveis e eficientes nas empresas, com constantes interações, visando estar em um estado de equilíbrio, para que todos tenham um objetivo sustentável e lucrativo em comum. E como argumenta Moro (1997), os ergonomistas devem desenvolver estratégias para tratar os desafios atuais de maneira eficiente, sendo necessária a integração de todos por causa da constante evolução dos ambientes em que o homem está inserido e no ambiente das organizações, assim estarão preparados para definir novas estratégias a partir dos desafios que encontrarão no futuro. Vale citar também, para referência, algumas normas ISO que tratam de ergonomia: ISO 6385, Ergonomic principles in the design of work systems ISO 11226, Ergonomics — Evaluation of static working postures ISO 11228-1, Ergonomics — Manual handling — Part 1: Lifting and carrying ISO 11228-2, Ergonomics — Manual handling — Part 2: Pushing and pulling ISO 14738, Safety of machinery — Anthropometric requirements for the design of workstations at machinery ISO 15534 (all parts), Ergonomic design for the safety of machinery De maneira geral, define-se lesão (tanto físicas como a LER – Lesão por esforço repetitivo ou psicológicas como o stress) como uma função da freqüência, esforço e posição/movimento realizados pelo trabalhador. Vale ressaltar que uma operação que é considerada inaceitável em uma linha a velocidade normal, se realizada apenas algumas vezes por hora, pode até ser considerada aceitável; daí a importância de ser realizado o balanceamento de linha de maneira eficiente, de modo a não sobrecarregar o trabalhador, afetando positivamente sua saúde e segurança, reduzindo riscos de acidentes e de erros, o que acaba contribuindo para uma melhora na qualidade do produto final, e conseqüentemente, para a saúde financeira da empresa também. 57 4.2. Retenção A principal função dos clipes integrados, assim como qualquer tipo de fixação, é manter a integridade da junção na qual está sendo aplicado, ou seja, resistir a cargas e aplicações às quais a peça esteja sujeita. A determinação desses requisitos é um dos primeiros passos no projeto para a seleção e desenvolvimento do método de fixação de uma peça. Segundo Bonenberger (2005), o objetivo é que o clipe seja capaz de absorver a energia aplicada durante a separação antes que ocorra a desmontagem, até o limite definido em projeto, e sem causar dano permanente ao conjunto. Fatores como tipo da peça em questão e sua localização no veículo, o tipo e uso esperado do veículo no qual a peça será aplicada e as condições climáticas às quais o veículo estará sujeito, em conjunto com a capacidade do corpo técnico da montadora ou fornecedor em traduzi-los em valores, definem quais os tipos de carregamentos e requisitos a peça, e conseqüentemente o clipe, deverão suportar durante a vida útil do veículo. A interpretação desses dados de maneira correta, de modo a transformá-los em testes, se possível acelerados, contribui para a eficiência do projeto, evitando superdimensionamentos e custos desnecessários. Requisitos de serviço, ou seja, definir se existe a necessidade de desmontagem ou se a fixação deve ser permanente, também influenciam na definição do conceito de retenção, e de como a peça deve se portar em uma desmontagem. Caso a fixação seja permanente, o clipe deve suportar uma certa força de retenção definida como mínima, e pode ocorrer a ruptura do material caso essa força seja ultrapassada. É importante ressaltar que deve haver uma clara diferenciação entre o que é o desejo/necessidade do consumidor (requisitos de mercado) e o que pode ser considerado como má-utilização ou vandalismo, de modo a não penalizar desnecessariamente o custo do desenvolvimento e do produto final, afastando o produto de sua real necessidade e aproximando-o, num limite extremo, de um tanque de guerra. Vale mencionar que não é necessário que um único clipe seja capaz de suportar todo o esforço aplicado, pois sempre há a possibilidade de múltiplos clipes 58 agindo em conjunto, distribuindo esses carregamentos. Segundo Troughton (2008), quando múltiplos clipes são utilizados, eles devem estar dispostos de maneira oposta um ao outro. 4.3. Relação ergonomia e retenção para clipes plásticos integrados Uma peça com clipes integrados bem projetada dispensa a utilização de dispositivos de montagem (como apertadeiras ou martelos), e ao mesmo tempo garante a retenção necessária da peça no conjunto. Com regulamentos cada vez mais severos em relação a ergonomia, principalmente nos EUA e na União Européia, onde são muito comuns processos contra os empregadores para o casos de lesões decorrentes do trabalho, é cada vez mais importante que sejam observadas as condições de montagem para o operador em uma linha de montagem, garantindo sua salubridade. No Brasil, os critérios de ergonomia, no geral, não são tão atentados com a mesma severidade, mas tem o assunto tem caminhado na mesma direção dos países chamados desenvolvidos. Para uma montagem mais sadia, não apenas a segurança deve ser levada em conta, mas também se observam itens como a posição na qual o operador fica durante a montagem, o quão repetitiva é a operação, o grau de dificuldade e o esforço realizado, visando não somente não causar danos ao operador, mas também possibilitar condições para que o operador faça seu trabalho com a mesma qualidade do inicio ao fim de sua jornada. Dependendo da posição da peça e a direção em que a força de montagem deve ser aplicada, um determinado valor de força necessária é aceito por ergonomia. No caso dos clipes integrados, foco do presente trabalho, isso está diretamente ligado à força de inserção dos clipes e a seqüência de montagem, daí a importância em considerar a força de inserção como um dos requisitos do projeto. 59 Figura 4.2 - Exemplo de parâmetros necessários para cálculo do esforço de montagem do clipe O grande paradoxo no desenvolvimento de clipes integrados é que o clipe deve ser flexível durante a montagem e rígido para a retenção. Alguns conceitos de clipes são melhores que outros para atender esses requisitos conflitantes. Se por um lado é preciso garantir a segurança e saúdo do operador, por outro é preciso garantir que a peça mantenha sua funcionalidade, atendendo às expectativas do consumidor final que venha a adquirir o produto. Isso significa que é preciso garantir que a peça continue fixada ao conjunto e não desmonte com facilidade, daí a necessidade de uma força de retenção adequada em cada clipe. É essa relação um dos grandes complicadores no projeto de clipes integrados: garantir que o esforço de montagem seja baixo (ergonomicamente aceitável), sem que haja comprometimento da retenção. Figura 4.3 - Exemplo de parâmetros necessários para cálculo do esforço de montagem do clipe 60 4.4. Durabilidade Segundo o Hougaz (2005), é de fundamental importância em projetos de veículos poder prever adequadamente a durabilidade de um componente, de modo a reduzir custos e estimar prazos para garantia e manutenção; porém, em diversas situações, inúmeros parâmetros não podem ser controlados durante o desenvolvimento, como as propriedades da vida em fadiga do material, tornando tal previsão muito complicada. Por durabilidade entende-se que o clipe deva suportar os carregamentos recebidos durante toda a vida útil estimada para o carro. Alguns quesitos básicos devem ser atingidos no desenvolvimento de um clipe para que possa ser considerado robusto: • o desempenho do clipe não pode ser comprometido por danos causados durante a montagem • o clipe deve atender aos requisitos de montagem e retenção da aplicação • atender requisitos de manutenção, uso e desmontagens, se existirem, sem deformação plástica • resistir às forças aplicadas no uso considerado normal, sem danos ou desmontagem acidental • manter posição e alinhamento relativa entre as peças, seja por requisito de aparência ou funcionalidade Segundo Bonenberger (2005), devido à tendência de materiais plásticos ao encruamento e fadiga, deve-se evitar forças constantes de longa duração, a menos que essas forças sejam baixas ou que seu desempenho seja indicado por análises e testes. O material selecionado também deve ser capaz de suportar as condições de uso do veículo, sejam térmicas ou de aparência, sem perder sua função. Segundo Rösler (2007), solventes (polares ou não-polares) ou irradiação com luz ultravioleta (UV) pode reduzir significativamente a resistência de um polímero; daí a necessidade de aplicação de um componente anti-UV na fabricação de matérias primas para peças de aplicações externas ao veículo, com incidência direta e continua de sol, caso não seja pintada, ou adição desse componente anti-UV na fabricação da tinta, para peças pintadas. 61 Devem-se evitar forças atuantes nos clipes que não as de inserção e retenção; segundo Troughton (2008), apoios ou guias (como pinos localizadores) devem ser utilizados para eliminar forças de cisalhamento, em acordo com Bonenberger (2005), que afirma que quanto mais graus de liberdade puderem ser removidos por pinos localizadores, mais forte será a junção. Outro fator que deve ser considerado é o comportamento da peça e do clipe perante variações dimensionais em relação à contra-peça. Essas variações podem ser causadas pela variação de temperatura, caso peça e contra-peça sejam de materiais diferentes, com coeficientes de dilatação térmicos muito diferentes, e de dimensões relativamente grandes. Para casos assim, deve haver uma preocupação maior em relação à posição e distribuição dos (pinos) localizadores, e, caso necessário, alinhamento dos clipes na direção do movimento de expansão/contração térmica, de modo a não perder seu desempenho. Variações dimensionais podem ser derivadas também da montagem ou processo de fabricação. Segundo Burris (1998), analises de variação de montagem tipicamente são realizadas nas fases inicias do desenvolvimento de um produto, coordenando datums, seqüências e métodos de montagem, e tolerâncias individuas das peças. Essas variações podem ser reduzidas com a implementação de localizadores na peça, folhas de processo, treinamento dos operadores e dispositivos anti-erros. Bonenberger (2005) sugere que áreas de encaixe maior do clipe melhoram a absorção dessas variações. 4.5. Manufaturabilidade dos clipes Como discutido no capitulo anterior, a maior parte do investimento relacionado à produção de peças plásticas injetadas, tipicamente, é aplicado na fabricação do molde de injeção, e grande quantidade de desperdício de recursos pode ser evitado levando-se em consideração o projeto da ferramenta durante o projeto da peça plástica e seus clipes integrados. 62 Deve-se buscar desenvolver a peça e os clipes de maneira a simplificar a ferramenta de injeção (molde), evitar distorções na peça (funcionais ou de aparência) e prevenir a fragilização da ferramenta. Segundo Bozzelli (2009), um produto plástico de sucesso depende da otimização de cada um dos quarto componentes principais: projeto da peça, seleção e manuseio do material, projeto e construção da ferramenta, e capacidade de processamento das máquinas (injetoras). O projeto da peça deve levar em consideração medidas que evitem deformações e marcas na peça. É o caso de marcas visíveis na superfície da peça, causadas pela presença do clipe na face oposta, também chamadas marcas de ―chupagem‖. Isso ocorre devido ao acúmulo de massa em regiões especificas da peça e, durante o resfriamento, o material acaba por contrair de maneira diferenciada das regiões próximas, gerando tensões internas e deformações, como mostrado na figura 4.4, onde a figura superior indica grande acumulo de massa no centro e nas laterais, causando grande deformação da peça, falta de preenchimento e marcas de contração (―chupagem‖). “Chupagem” Projeto Melhorado Figura 4.4 - Exemplo de peça com problemas de projeto e projeto melhorado. É muito comum uma peça com problemas de projeto ser fabricada sem apresentar problemas dimensionais, mas com grande quantidade de tensões internas, que, após os primeiros ciclos térmicos, acontecendo alivio dessas tensões, poderá então ficar deformada. 63 Figura 4.5 - Exemplo de peça com acumulo de massa Peças que não são aparentes ao consumidor final podem apresentar certo grau de marcas na superfície, desde que não comprometa sua funcionalidade. A seleção e manuseio do material devem ser feitos com muito cuidado, de modo a garantir o desempenho esperado do material. Bozzelli (2009) recomenda a criação de uma lista de critérios com os requisitos para o material, desde temperatura de trabalho e ciclo térmico até tolerâncias dimensionais e desgastes. 64 5. METODOLOGIA PROPOSTA Com o intuito de auxiliar no projeto, desenvolvimento e avaliação de elementos de fixação para peças plásticas integrados à própria peça (clipes), na seqüência apresenta-se a descrição da metodologia proposta, baseada no estudo das características físicas (individualmente) do clipe (dimensionais e de material), para aprimorar o entendimento de como cada uma delas influencia no desempenho do clipe, através da comparação de resultados obtidos, com o uso de formulações baseadas na Resistência dos Materiais e ferramentas de CAE (Computer Aided Engineering). A metodologia pretende servir como guia no desenvolvimento dos clipes, preferencialmente durante a fase de projeto, na qual normalmente os impactos sobre custo, tempo e complexidade das mudanças são menores. É proposta a utilização do ambiente virtual (CAE) para as análises, através do Método dos Elementos Finitos (MEF), modo cada vez mais disseminado e aceito entre as empresas e universidades na tentativa de prever o comportamento dos elementos com grande economia de tempo e, principalmente, recursos financeiros, quando comparados à construção de (múltiplos) corpos de prova reais, possibilitando várias iterações em curto espaço de tempo e com custo relativamente baixo, com as devidas limitações dos programas, e dependente de mão-de-obra qualificada. São muitos os programas que utilizam o Método dos Elementos Finitos (MEF) para análise, porém estes ainda apresentam certas limitações em representar alguns fenômenos e reações físicas, como, por exemplo, o desgaste superficial causado por atrito ou a fadiga do material, que acabam não sendo contemplados nas análises virtuais, mas podem ser importantes para o resultado, daí a necessidade de criar modelos para representar tais reações ou o entendimento e discussão das conseqüências ao tê-las desprezadas. 65 Na figura 5.1 é mostrado o fluxograma com a metodologia proposta: 1. Selecionar conceito do clipe Deformação 2. Requisitos de Aparência S Plástica? N 3. Requisitos de Manufatura 14. Definir características de interesse 4. Definir CLIPE-BASE 15. Avaliar características individualmente 5. Definir Contra-peça 16. Elaborar tabela com resultados 6. Avaliar Linearidades 17. Analisar tabela e resultados 7. Selecionar tipo de análise (MEF) 18. Definir aplicação e requisitos 8. Definir aplicação de forças 19. Criar modelo virtual melhorias 9. Definir forças desprezíveis 20. Criar nova malha 10. Criar modelo(s) virtual(is) sólido(s) 21. Processar e analisar inserção 11. Criar malha para CLIPE-BASE 22. Processar e analisar desmontagem 12. Processar e analisar inserção 23. Discutir eficiência do conceito 24. Discutir critérios para durabilidade Deformação S Plástica? 25. Propor melhorias para o conceito N 13. Processar e analisar desmontagem Figura 5.1 - Fluxograma com a metodologia proposta 66 Na seqüência apresenta-se o detalhamento das fases da metodologia proposta: 1. Seleção do conceito do clipe a ser analisado O primeiro passo é a escolha, dentre as diversas opções de clipes existentes, e mais tantas outras que podem ser criadas, do conceito de clipe que se tem interesse em estudar. Essa escolha é necessária para permitir a análise mais profunda do clipe em questão. Ao fazer a escolha por um conceito de clipe já conhecido, a metodologia proposta pretende melhorar o entendimento de seu desempenho, através da contribuição individual de cada uma de suas características, podendo auxiliar no ajuste ou calibração para uma determinada aplicação, e até mesmo revelar possíveis novas utilizações para um clipe que sempre é usado num caso específico. Ao focar na escolha de um conceito nunca ou raramente utilizado, a metodologia visa auxiliar no inicio do estudo de um conceito diferente do comum, servindo de ferramenta para a primeira rodada de otimização, o primeiro clipe otimizado, antes de que sejam gastas quantias significativas de recursos em sua validação física, que poderiam ser desperdiçadas em seguidas iterações e correções na ferramenta de injeção; e finalmente, mesmo antes dos testes físicos, a discussão se esse conceito pode ser considerado promissor e digno de dispêndio de recursos, se sua utilização deveria ser incentivada, levando a maiores estudos de sua aplicação. 2. Definição dos requisitos de aparência da peça Como discutido nos capítulos anteriores, a injeção de peças plásticas exige certos cuidados construtivos para a definição de suas dimensões e seleção do material a ser utilizado, de modo que a aparência externa não seja comprometida. Por isso é extremamente importante levar em conta para qual aplicação o clipe que 67 se pretende estudar está sendo considerado, entender quais são os requisitos de aparência da peça. Uma peça externa que fique a altura dos olhos do consumidor, ou que possa ser facilmente notada por ele, por exemplo, não pode exibir marcas em sua face visível (externa) causadas pela existência dos clipes, podendo levar ao descontentamento ou desconforto do cliente, daí a preocupação em realizar um projeto de clipe e de ferramenta para que isso não ocorra, ou seja, aumentam as restrições e requisitos aos quais o clipe deve ser submetido desde o inicio de sua concepção. Um exemplo é a relação entre a espessura do clipe em sua base, onde há o contato com a parede da peça, e a espessura de parede da própria peça no local onde o clipe está posicionado. Quanto maior essa relação, maior a chance de ocorrerem marcas na face visível da peça resultantes da contração do material durante o resfriamento do material, daí a fixação de um limite máximo para a espessura da base do clipe. Esse fator pode ser atenuado pela seleção de um material mais adequado, ou mesmo por um trabalho nos ângulos de extração da ferramenta. Por outro lado, à medida que a utilização da peça seja em região onde o consumidor final não terá acesso, ou mesmo que não haja requisitos rigorosos de aparência, se tornam menores as exigências, e conseqüentemente os recursos necessários, no desenvolvimento do clipe, dando maior liberdade ao projeto, e sendo uma grande oportunidade para que custos sejam evitados. Caso não seja possível essa análise neste ponto do desenvolvimento, ou que não haja uma aplicação previamente definida, e o intuito seja analisar o comportamento do clipe de forma independente, não é problema algum em prosseguir com a análise, pois ainda sim os resultados desejados, de compreensão do desempenho do clipe, devem ser alcançados. No entanto, é importante ter em mente que neste caso existe a possibilidade de que grande parte da análise tenha que ser refeita, uma vez que a aplicação seja definida, para aproximar o clipe da situação real. 68 3. Avaliação dos requisitos de manufatura Uma vez definidos o conceito do clipe (formato genérico) e os requisitos de aparência, o próximo passo é definir quais são os requisitos para tornar o clipe manufaturável. É nesse passo que são listadas as restrições de ferramental (injetora) e processo derivadas do conceito do clipe selecionado, bem como os de aparência, que estão diretamente ligados a como a ferramenta de injeção será conceituada. Analisa-se também os impactos de custo pela utilização desse conceito, e quais as limitações impostas à variação das características do clipe que serão estudadas. A presença de um especialista em ferramentas é de suma importância neste passo da metodologia, para direcionar à analise de um clipe bem próximo do real. Novamente, como no item anterior, o estudo através da metodologia proposta pode ser prosseguido, porém com um risco maior de se ter grande parte da análise refeita, ou mesmo rejeitada, caso o clipe em questão, ou a variação da característica estudada, seja impossível de ser manufaturada ou não atender às pretensões econômicas da empresa, e todo o estudo ter que ser refeito. 4. Definição do CLIPE-BASE De posse do conceito do clipe e suas restrições construtivas, define-se então as características físicas do clipe (dimensões e material) que será utilizado como base de comparação durante o estudo, e será chamado de CLIPE-BASE. De acordo com Erhard (2006), fixações por clipe são altamente dependentes do material polimérico, portanto a seleção do material deve ser feita com critério. Utilizando-se da experiência em projetos, individual ou do grupo, ou do conhecimento prévio obtido da literatura, definem-se todas as dimensões do clipe, de modo que seja possível modelá-lo no ambiente virtual, próximo do que se imagina que seria um clipe funcional, atendendo aos requisitos previamente discutidos. 69 Recomenda-se que nessa fase o clipe seja superdimensionado, principalmente se existir a suspeita de proximidade muito grande do limite estrutural do clipe, e garantir que análise do mesmo possa ser realizada, pois é necessário que o clipe base atenda aos requisitos estruturais e solicitações às quais o clipe será exposto, possibilitando a variação dos parâmetros quais se tem interesse em analisar. Aos resultados obtidos da análise do CLIPE-BASE serão comparadas as análises subseqüentes, realizadas com a variação dos parâmetros. 5. Definição das dimensões da contra-peça Definido o CLIPE-BASE, define-se então como será a contra-peça, na região de contato e encaixe do clipe, bem como outras interfaces e relações que venham a existir entre as peças. Quanto maior o detalhamento, mais completa será a análise. Como exemplo temos as dimensões do furo pelo qual o clipe deverá passar e se alojar, a espessura da peça ou possíveis restrições físicas ao movimento do clipe, seja durante o estudo de inserção ou retenção. 6. Avaliação das linearidades e simplificações Análises feitas pelo Método dos Elementos Finitos (MEF) podem ter seu grau de complexidade, tanto no pré-processamento quanto no processamento, bastante elevado, de acordo com a modelagem que é feita e seus requisitos. Por isso é de extrema importância que seja feita corretamente a modelagem do caso em estudo e a seleção eficiente das condições e do tipo de análise, de modo a não tornar uma análise mais dispendiosa que o necessário. Um fator que pode ser um grande complicador é o comportamento não-linear do sistema em análise, e a análise propriamente dita. 70 Segundo Ruan (2005), as três maiores causas de não-linearidades para o estudo de clipes são sua geometria, as propriedades do material e o contato durante o movimento. Caso a geometria seja muito complexa ou se altere significativamente durante a análise, alterando a rigidez, direção de forças ou a relação entre os corpos analisados (ou mesmo internamente a eles), não é possível utilizar a análise linear. Outra causa de não-linearidade é o material, pois, após atingir o limite de escoamento, o material passa a ter um comportamento não-linear (região plástica de deformação), alterando sua rigidez, e afetando também o tipo de análise pelo MEF. Outro fator mencionado por Ruan (2005) é o contato durante o movimento, pois a identificação de sua localização e como essa se altera pode ser complicada, além de a superfície poder entrar em contato e perder contato com muita facilidade. Outro fator complicador relacionado ao contato é a existência do atrito. Existem diferentes modelagens para o atrito, todas elas não-lineares quando contam com movimento. Realizar uma análise não-linear muitas vezes proporciona a obtenção de resultados mais precisos, progressivos, e é necessária em casos mais complexos, como quando é necessário incluir o contato entre peças em movimento, porém exige um conhecimento muito maior de quem opera o programa, maior detalhamento do comportamento da peça e do material. além de exigir também programas e máquinas mais potentes e caros. Por isso, sempre que possível e após devida análise, deve-se buscar um modelo que simplifique o sistema, mas mantenha a integridade dos resultados esperados, e verificar profundamente os resultados para garantir que sejam interpretados corretamente. Simplificações podem ser feitas na modelagem, de modo a facilitar as análises, baseadas nos conhecimentos de resistência dos materiais, do funcionamento do programa de MEF e experiência, contanto que a modelagem continue representativa para os objetivos que se deseja alcançar na análise. Para a análise de clipes plásticos, tanto a montagem quanto a desmontagem devem ser analisadas. 71 7. Seleção do tipo de análise para o MEF e do programa (software) O nível de complexidade do caso a ser analisado e da modelagem feita vai definir quais os programas que podem ser utilizados. Quanto mais complexo o caso, a modelagem e a análise, mais complexo o programa deve ser, e geralmente o torna mais caro. Todo o processo torna-se mais longo, caro e complexo. Por isso, para que não haja desperdício de recursos sem necessidade, devese sempre optar pelo programa mais simples que seja capaz de realizar a análise. Para isso é necessário o entendimento do que se precisa do programa, e pesquisa de quais programas disponíveis atendem a essas necessidades. Deve-se considerar tanto a análise da inserção quanto da desmontagem (retenção) do clipe. Programas e análises mais complexos exigem mais tempo de préprocessamento e processamento, equipamentos (computadores) com maior capacidade, maior conhecimento para sua utilização e, por possuírem maior número de variáveis e seleções, o risco de erros durante a análise pode aumentar consideravelmente. Vale lembrar que mesmo que o programa consiga processar a análise e mostrar algum resultado, este pode não estar correto se houver algum erro nos dados de entrada. Aqui vale a expressão em inglês GIGO (Garbage in, Garbage out), que em uma tradução literal quer dizer ―Lixo entra, Lixo sai‖. Portanto, muito cuidado é necessário durante o pré-processamento, para que nenhuma entrada passe desapercebida. Fatores importantes na seleção do programa são: - linearidade (ou não-linearidade) geométrica do caso, - análise poder atingir região de regime não-linear do material, - análise estática ou dinâmica, - complexidade das forças aplicadas, - existência de contato entre as peças, vibração ou troca de calor, - grau de complexidade da interface do programa com o usuário, - capacidade do equipamento (computador) requerido pelo programa, - capacidade do equipamento (computador) disponível, - método de análise das tensões, - variedade de opções no pós-processamento; 72 Alguns exemplos de programas disponíveis atualmente são o PATRAN (MSC) e HYPERMESH (ALTAIR) (para pré e pós-processamento) e ABAQUS (SIMULIA), LS-DYNA, MSC-NASTRAN, ADAMS (MSC), ANSYS e SOLID WORKS (para o processamento). 8. Definição do método de aplicação das forças O método de análise e o programa selecionado definem como será feita a aplicação das forças no clipe. Para uma análise dinâmica, onde o programa executará a movimentação do clipe no sentido de inserção (e retenção), o parâmetro de entrada será o deslocamento da base do clipe nessa direção (peça onde o clipe está integrado). Deve-se modelar virtualmente tanto o clipe e a região da peça integrada em questão, quanto a contra-peça. Definidas as restrições e condições de contorno e de contato, o próprio programa irá gerar as forças de reação e o deslocamento do clipe. Como dado de saída, então, tem-se a força necessária para o deslocamento do clipe (força de inserção ou retenção), deslocamento e deslocamento residual (plástico), para análise não-linear e as tensões internas. Se para a condição de interesse for possível a simplificação até uma condição de análise estática linear, apesar de menos complexa, é necessário fazer o modelamento das forças aplicadas, incluindo as forças de reação com a contrapeça, através do Diagrama de Corpo Livre (DCL), cada uma com suas devidas direções, e fazer a decomposição das mesmas nas direções principais, para simplificar o pré-processamento. Nesse caso, listam-se as forças atuantes na inserção e retenção, separadamente, tanto as aplicadas externamente (força de inserção ou retenção), quanto as reativas (provenientes da contra-peça), que podem incluir as forças de atrito, para, em conjunto com a capacidade do programa selecionado, definir como devem ser essas entradas. 73 9. Definição das forças desprezadas Em seguida analisam-se quais dessas forças podem ou devem ser desprezadas, seja por magnitude, quando comparada às outras forças atuantes, ou que não afetam o estudo, para simplificação do modelo e do processo de análise como um todo, ou pela falta de capacidade do programa em analisar certas forças, como o atrito, por exemplo. Nesse caso, deve-se modelar o atrito como uma força adicional, se for importante para a análise do sistema. Vale lembrar que quanto mais simples o modelo, garantindo que represente de maneira eficiente a condição desejada, mais simples, rápido e menos custoso o processo como um todo se torna. 10. Criação do(s) modelo(s) virtual(is) sólido(s) do CLIPE-BASE Depois de definidas as dimensões do CLIPE-BASE, e se existe a necessidade de um modelo virtual sólido da contra-peça, deve-se criar o modelo virtual sólido do CLIPE-BASE e da contra-peça (caso necessário), que pode ser feito no ―pré-processador‖ do programa de MEF, ou em um programa de modelamento virtual gráfico (como o CATIA ou UNIGRAPHICS); nesse caso, deve-se atentar para qual o tipo de arquivo (extensão) deve ser exportado desse programa, que possa ser reconhecido pelo programa de MEF. 11. Criação da malha do CLIPE-BASE Uma vez modelado(s) o(s) sólido(s) virtual(is), deve-se gerar a malha (nós e elementos) desse(s) modelo(s) sólido(s), necessária para o processamento no programa de MEF. Novamente, o método de análise (linear, estático, etc) e o programa selecionado definem qual o tipo de malha deve ser selecionada. Normalmente para 74 esse tipo de estudo, e pelas dimensões reduzidas do clipe, opta-se por elementos sólidos, pequenos, de primeira ou segunda ordem. Para uma análise mais detalhada, onde mostrar-se muito importante a localização precisa das forças aplicadas (em nós ou face do elemento), ter deve-se optar por gerar a malha manualmente, de modo a tornar a malha mais uniforme (menos aleatória), e os nós (ou face do elemento) nos locais desejados. Da mesma maneira que a criação do modelo virtual, a malha pode ser gerada no ―pré-processador‖ do programa de MEF, ou em um programa de modelamento virtual gráfico, lembrando que deve-se atentar para qual o tipo de arquivo (extensão) deve ser exportado desse programa, que possa ser reconhecido pelo programa de MEF. 12. Processamento do programa e análise das tensões na inserção do CLIPEBASE: Após a geração da malha, gerada no pré-processador do programa de MEF, ou importada para ele, deve-se adicionar as entradas definidas nos itens anteriores para a inserção do CLIPE-BASE no pré-processador, incluindo as propriedades do material, as condições de contorno (restrições físicas). É necessário ser capaz de manipular o programa, ou contar com um especialista, para que as entradas sejam feitas corretamente. Realiza-se então o processamento, através do processador do programa de MEF, gerando um arquivo com os resultados. Já no pós-processador, acessa-se o arquivo gerado no processamento. Seleciona-se então o método de análise dos resultados, geralmente através das Tensões Equivalentes, pelo critério do Tensor das Tensões de von Mises, gerando assim os resultados gráficos (através de uma escala de cores) para as tensões e para as deformações, além dos valores máximos e mínimos. Deve-se verificar se a tensão máxima ultrapassou tensão de escoamento (deformação plástica); caso tenha ultrapassado, o CLIPE-BASE deverá ser modificado e reavaliado, voltando ao passo 4 (Definição do CLIPE-BASE). 75 Após as devidas iterações, caso elas sejam necessárias, deve-se então obter a força de inserção, a qual servirá de parâmetro para comparação nos passos adiante. 13. Processamento do programa e análise das tensões na desmontagem do CLIPE-BASE (retenção): Segue-se os mesmos passos do item anterior, desta vez para a desmontagem, avaliando a retenção. Do mesmo modo, deve-se verificar se a tensão máxima ultrapassou tensão de escoamento (deformação plástica); caso tenha ultrapassado, clipe deverá ser modificado e reavaliado, voltando novamente ao passo 4 (Definição do CLIPEBASE). Atenção para o fato de caso o CLIPE-BASE deva ser modificado por ter ultrapassado a tensão de escoamento na análise de retenção, a reavaliação da inserção também deve ser refeita. Após as devidas iterações, caso elas sejam necessárias, deve-se então obter a força de retenção, a qual servirá de parâmetro para comparação nos passos adiante. Caso haja mais de uma iteração, os últimos resultados, onde a tensão máxima de inserção e desmontagem não ultrapassa a tensão máxima do material, devem ser utilizados. Concluído este passo, têm-se os resultados do comportamento do CLIPEBASE durante a inserção e desmontagem. Esses resultados, as forças de inserção e retenção, serão utilizados como base de comparação para o entendimento da influência dos parâmetros que se desejam discutir. 14. Definição das características de interesse do clipe Completada a fase de análise do CLIPE-BASE, busca-se agora entender quais são as características físicas do clipe que podem ser alteradas, quais os 76 impactos de manufatura, custo e tempo nessa alteração, e qual a influência de cada uma delas no comportamento e desempenho do clipe. Recomenda-se um brainstorming nesta fase, onde devem ser listadas todas as características físicas (geométricas e de material) que se tem interesse em avaliar. Com a lista em mãos, a alteração de cada uma das características deve ter sua viabilidade, tanto fisicamente quanto do ponto de vista do negócio (tempo e custo), avaliada antes de iniciar-se o processo de análise de influência da mesma, sendo as rejeitadas eliminadas da lista. Deve ser levado em conta: - viabilidade de manufatura: ainda é possível produzi-lo? - diferença de custo para sua fabricação: o ferramental ficará mais caro ou custo de peça será elevado? - impacto na aparência: continua atendendo os requisitos de aparência? - impacto na contra-peça - impacto na análise virtual: altera modelagem, metodologia de análise pelo MEF ou programa necessário? Caso as informações não estiverem disponíveis no momento para uma dada característica, ou se existem duvidas, deve-se prosseguir com a analise da mesma, e rediscuti-la no futuro, com mais informações. De forma geral, na fase de projeto as modificações costumam ter impactos reduzidos, ou mesmo inexistentes, pois a ferramenta (molde) também está em fase de estudo e projeto, de modo que ela poderá ser construída de maneira otimizada na primeira vez, e não realizar retrabalhos ou adaptações, o que ocorreria caso a ferramenta já estivesse pronta. 15. Avaliação das características individualmente: Para cada uma das características de interesse remanescentes na lista do item anterior deve-se, separada e individualmente, alterar somente a característica em questão no CLIPE-BASE, e realizar a mesma análise feita com o CLIPE-BASE. 77 Na seqüência é mostrado um breve resumo das operações: - definição de quanto a característica será alterada - criação novo modelo virtual sólido do clipe, variando somente a característica em questão, partindo do CLIPE-BASE - criação da nova malha - aplicação da mesma metodologia de cargas aplicada ao CLIPE-BASE para inserção - obtenção da força de inserção - comparação dos valores de força de inserção obtidos no novo clipe com as obtidas anteriormente para o CLIPE-BASE, e análise de melhora ou piora (melhor igual menor) - aplicação da mesma metodologia de cargas aplicada ao CLIPE-BASE para desmontagem - obtenção da força de retenção - comparação dos valores de força de retenção obtidos no novo clipe com as obtidas anteriormente para o CLIPE-BASE, e análise de melhora ou piora (melhor igual maior, sem deformação plástica) Deve-se repetir essas etapas para cada uma das características, sempre partindo do CLIPE-BASE, e fazendo a comparação com os valores obtidos do CLIPE-BASE, como análises em paralelo, e não seqüenciais. 16. Elaboração de tabela comparativa das características analisadas Montar uma tabela que reúna, para cada uma das características variadas individualmente analisadas, os valores obtidos para forças inserção e retenção, demonstrando de forma porcentual melhora ou piora do desempenho do clipe quando comparados ao CLIPE-BASE, e quanto a variação da característica representa variação nas forças. Cria-se também uma última linha onde soma-se todas as variações das forças em relação ao clipe base, que é o esperado se todas as alterações forem feitas em um único clipe. Na tabela 5.1 é indicado um exemplo de análise: 78 Onde: Variação Força/CLIPE-BASE = força obtida no novo clipe dividido pela força obtida no CLIPE-BASE (para Inserção e para Retenção) [%] ∆(%)Força / ∆(%) Característica = Porcentagem da variação da força dividido pela porcentagem da variação da característica; representa quanto a força varia de forma porcentual para a variação percentual da característica Tabela 5.1 - Exemplo de tabela comparativa 17. Análise da tabela Através dos resultados da tabela, fica claro como a variação de cada característica influencia nas forças de inserção e retenção, de forma porcentual, e se agem de mesma maneira para ambas as forças ou de maneira conflitante, melhorando uma e piorando a outra. Para esses casos vale a discussão dos resultados conflitantes e se existe vantagem em alterar essa característica. 18. Escolha da aplicação para definição dos requisitos de ergonomia e retenção Para a aplicação dos conhecimentos obtidos das análises realizadas, parte-se então para uma nova avaliação, desta vez balizada por requisitos de ergonomia e retenção advindos de uma possível aplicação dos clipes. Deve-se então selecionar o tipo de peça a ser analisada e sua aplicação (localização no veículo), definindo os parâmetros de ergonomia (posição de 79 montagem e do operador), diretamente ligados aos requisitos de força de inserção máxima, e as cargas que a peça deve suportar, diretamente ligadas aos requisitos de retenção da mesma; ou seja, definem-se os valores das forças de inserção máxima e retenção mínima contra as quais os clipes devem ser avaliados. Definidos os requisitos das forças, repete-se as análises realizadas, desta vez utilizando os resultados das análises anteriores, com todas as modificações em um único clipe. 19. Criação do modelo virtual sólido do clipe com as melhorias individuais Para validar as análises realizadas e se a correlação dos resultados é direta como demonstrado na tabela elaborada no item 16, propõe-se aplicar as melhorias decorrentes das análises individuais em um único clipe, e então comparar os resultados com os valores esperados da tabela. Deve-se gerar um novo modelo virtual do clipe para análise, a partir o CLIPEBASE, mas desta vez com todas as modificações das analises anteriores no mesmo modelo. 20. Criação da nova malha Novamente deve ser gerada a malha para o novo modelo virtual do clipe em análise, necessária para o processamento no programa de MEF, seguindo as mesmas recomendações dos itens 11 e 15. 21. Realização da análise da força de inserção do clipe Para o novo modelo, deve-se realizar as mesmas operações de análise dos itens 12 e 15 para obtenção da força de inserção. 80 A força encontrada deve então ser comparada ao valor encontrado na análise do CLIPE-BASE, ao valor esperado pela aplicação da tabela e à força de inserção máxima requerida pela aplicação selecionada no item 18, e seus resultados discutidos. 22. Realização da análise da força de retenção do clipe Para o novo modelo, deve-se realizar as mesmas operações de análise dos itens 12 e 15 para obtenção da força de retenção. A força encontrada deve então ser comparada ao valor encontrado na análise do CLIPE-BASE, ao valor esperado pela aplicação da tabela e à força de retenção mínima requerida pela aplicação selecionada no item 18, e seus resultados discutidos. 23. Discussão da eficácia do conceito de clipe analisado Com base na análise e resultados das comparações realizadas nos itens anteriores é possível iniciar uma discussão quanto à eficácia do conceito do clipe escolhido em atender aos requisitos de ergonomia e retenção, levantando seus pontos positivos e negativos. Avaliar quão bem (ou mal) esse conceito respondeu às análises, e qual a probabilidade desse conceito poder suprir as necessidades apresentadas, e o que precisaria ser feito para atingir esse objetivo. Também deve-se tirar conclusões finais sobre o aprendizado sobre o conceito do clipe, e quais seriam as aplicações recomendadas e as não recomendadas. 81 24. Discussão dos critérios de durabilidade Com base na aplicação selecionada e desempenho do clipe nas análises, discutir sobre os pontos de durabilidade como fadiga, desgaste por atrito, efeito do tempo sobre o material e deformações plásticas, sobre o que pode ser extraído das análises virtuais e o que não pode ser estimado devido às limitações computacionais (simplificações adotadas na metodologia e limitações do programa utilizado). 25. Propostas para melhorias no conceito De posse da análise da eficiência do conceito do clipe, propor melhorias no conceito que aperfeiçoariam seu desempenho, e para sua utilização, para aumentar suas chances de atender aos requisitos da aplicação. 82 6. ESTUDO DE CASO A seguir será apresentado um estudo de caso para demonstrar a aplicação da metodologia proposta, passo a passo. Será utilizado um caso simples, para facilitar a análise e o entendimento da metodologia, uma vez que não é o objetivo desse estudo o aprofundamento em aspectos como especialização em programas de MEF ou projeto de ferramenta, e sim a validação da metodologia proposta. 1. Seleção do conceito do clipe a ser analisado O conceito de clipe selecionado para esse estudo de caso é o que pode ser considerado um dos mais simples possíveis, tanto construtivamente quanto geometricamente, e também é um dos mais comuns na indústria, segundo Ruan (2005). Figura 6.1 - Conceito de clipe selecionado É composto de um corpo de seção retangular, perpendicular à base da peça à qual está integrado, possuindo mais material na extremidade. Esse material adicional é responsável pelo encaixe da peça na contra-peça, que é feito através da flexão do corpo para vencer a posição do furo, e retorna à posição inicial, agindo para a retenção da peça. 83 Figura 6.2 - Movimento de encaixe do conceito de clipe selecionado: (a) Clipe e contra-peça antes da montagem; (b) Clipe inicia flexão com o contato inicial; (c) Clipe próximo à flexão máxima; (d) Clipe encaixado e retornado à posição não-flexionada (Fonte: Troughton) Para facilitar o encaixe (montagem), é adicionado um ângulo à extremidade do clipe, que funciona como um ―convite‖, de modo a distribuir melhor as componentes da força que atua no clipe durante a montagem. No lado oposto, para dificultar a desmontagem, utiliza-se um ângulo bem maior, que pode chegar a 90º caso não se planeje desmontagens sem danificar o clipe. Figura 6.3 - Ângulos de convite e retenção do conceito de clipe selecionado No conceito selecionado, o clipe se situa afastado da borda da peça, que possui uma certa espessura constante. Define-se também que o clipe se localiza na parte interna de uma das paredes da peça que é visível ao consumidor. 84 2. Definição dos requisitos de aparência da peça Como regra geral para injeção de peças plásticas, estruturas adicionadas às paredes da peça devem obedecer a um valor máximo da relação espessura na base da estrutura (onde é presa à peça) pela espessura de parede da peça na região onde a estrutura é presa para que não essas estruturas não causem marcas no lado oposto da parede, geradas pela contração do material acontecer de maneira diferente do que acontece no restante da peça, devido ao acúmulo de massa (a região acaba resfriando mais tardiamente, e gera tensões internas com as regiões que resfriaram mais rapidamente), e que resultam em deformações localizadas. Essa relação não deve ultrapassar 33% na maioria dos materiais plásticos e nos processos de injeção comumente utilizados. Será considerado nesse estudo de caso que a peça em questão localiza-se na parte externa do veículo, em região visível pelo consumidor, portanto a peça possui requisitos de aparência, não podendo apresentar marcas ou deformações, e deve, portanto, respeitar a essa relação máxima de 33%. Figura 6.4 - Relação entre espessuras para garantir aparência desejada 3. Avaliação dos requisitos de manufatura Assumindo a direção de extração da peça na ferramenta como perpendicular à parede principal da peça, parede na qual o clipe se encontra, situação comum em peças externas, por possuírem bordas para o fechamento da peça, o aumento de espessura na extremidade do clipe com o recuo para possibilitar o encaixe geram o 85 que é chamado de contra-saída, que impede o movimento principal da ferramenta. Para este caso, é necessário um movimento secundário na ferramenta para possibilitar a manufatura do clipe, que aumenta o custo da ferramenta, mas, para este caso de maneira pouco significativa. Esse tipo de alteração na ferramenta é relativamente simples e amplamente conhecido no mercado, podendo ser realizado com a utilização de uma pinça ou mesmo a utilização de ―gavetas‖ (ou lifters em Inglês). Uma restrição imposta pelas ferramentas de injeção é um valor mínimo para espessuras, para que seja possível o fluxo do material e o preenchimento total da ferramenta. Para casos de extrema necessidade, pode-se trabalhar com valores próximos de 0,5mm, mas superior a ele. Recomenda-se um mínimo de 1mm, para evitar riscos. Esse requisito vai de encontro com o requisito de aparência do item anterior (espessura máxima), por isso devem ambos serem considerados durante a definição das dimensões do clipe. Outra restrição de ferramenta é em relação a espessuras mínimas dos componentes da própria ferramenta, que podem se tornar frágeis ou não suportar a pressão imposta durante a injeção. Para o clipe em estudo, recomenda-se um mínimo de 3 mm de espessura de aço na ferramenta, mais especificamente no componente que realizará o movimento secundário, entre a região de encaixe (acúmulo de massa) na extremidade do clipe e a parede da peça (base do clipe). Figura 6.5 - Distância mínima para garantir que clipe seja manufaturável De maneira a garantir a manufaturabilidade do clipe, o departamento de desenvolvimento de produto deve sempre exigir que o departamento de manufatura apresente o estudo de DFM (Design for Manufacturing), ou Projeto para Manufatura, durante um projeto, no qual é feita toda a análise de extração, deformação e 86 preenchimento da peça (através de análise virtual), baseada no modelo virtual sólido da peça e clipes. De maneira geral, por ser um clipe muito simples, atentando-se para os requisitos, o clipe pode ser manufaturável sem problemas. 4. Definição do CLIPE-BASE Para a definição das dimensões do CLIPE-BASE deve-se considerar as restrições impostas ao clipe e à peça, tanto internas quanto as de outros departamentos, como avaliado nos itens anteriores. Por aparência, deve-se atender à relação de espessuras entre a base do clipe e a parede da peça (menor que 33%); por manufatura, deve-se respeitar os mínimos de espessura da peça (fluxo de material) e ferramenta (fragilidade), além de ângulos de extração; ainda em manufatura, porém na área de montagem, deve-se estar atento aos critérios de ergonomia (neste caso, ângulo de ―convite‖ do clipe); na área de engenharia do produto, deve-se estar atento aos requisitos de retenção e serviços (neste caso, ângulo ―para retenção‖ do clipe e capacidade de desmontagem). Não se pode deixar de lado a análise dos impactos econômicos de cada um dos itens acima. Para peças externas ao veículo, como para este estudo de caso, normalmente utiliza-se espessuras de parede da peça de 3 a 4 mm; por razões econômicas, a utilização de espessuras maiores seria um desperdício de recursos. Seguindo a recomendação de superdimensionar o clipe nesta fase, a espessura da parede da peça será definida como 3 mm, possibilitando que o clipe tenha 1 mm de espessura em sua base, para seguir a recomendação de 33% da espessura de parede da peça. A espessura do clipe será constante. Essas duas espessuras (3 mm e 1 mm) atendem à especificações de espessura mínima de manufatura para a peça, que é de 0,5 mm. Para atender a espessura mínima dos componentes da ferramenta, que é de 3 mm, será utilizada uma distância de 4 mm do vértice do encaixe do clipe até a base da peça, garantindo assim o mínimo de 3 mm. 87 Figura 6.6 - Dimensões das espessuras do clipe O vértice do encaixe do clipe é a região do clipe que deve ser ultrapassada pela contra-peça para que o encaixe ocorra, portanto sua altura, em conjunto com as dimensões da região de encaixe da contra-peça, definirá a deflexão máximo do clipe. Definindo para este caso que o encaixe desejado é de 0,5 mm, essa deve ser a interferência entre a contra-peça e o clipe em sua posição não-flexionada. A altura do vértice do encaixe em relação ao clipe deve ser maior que 0,5 mm, para absorver pequenas variações, sejam de montagem, sejam de construção das peças em questão; logo, será definida em 0,75 mm. Figura 6.7 - Dimensões para o encaixe do clipe Os ângulos de ―convite‖ e retenção são proporcionais às forças de inserção e retenção, ou seja, quanto maior eles forem, maior as forças para inserção e de retenção. Por isso, seguindo o desejo de menor força de inserção e maior força de retenção, será definido um ângulo de convite pequeno na inserção (15º) e maior para retenção (70º). 88 Figura 6.8 - Dimensões dos ângulos de convite e retenção do clipe Será definido o comprimento total do clipe como 8,5 mm, para acomodar a distância de 4 mm do vértice do encaixe à base do clipe e ainda permitir que a ponta do clipe possa ultrapassar a contra-peça sem interferência, dado o ângulo de 15º. A largura do clipe será definida em 5 mm, e o material da peça, e conseqüentemente do clipe, será o Nylon (nome comercial dado a um tipo de poliamida que apresenta ótima resistência ao desgaste e ao tracionamento). Ambos baseado na experiência com clipes. Algumas propriedades médias importantes desse matéria, segundo Ullman (1992): E = 2,76 GPa (Modulo de Tensão), σy = 117 MPa (Tensão de Escoamento) e ע = 0,35 Coeficiente de Poisson, segundo fabricante TAMSHELL). 5. Definição das dimensões da contra-peça Primeiramente deve-se definir o material da contra-peça, que será necessário para definição do coeficiente de atrito μ. Define-se o material da contra-peça como sendo o mesmo Nylon 66 da peça e clipe. De acordo com Ullman (1992), o coeficiente de atrito para Nylon com Nylon é 0,08. Para permitir o encaixe, a contra-peça deve possuir um furo pelo qual o clipe vai atravessar, e como definido no item anterior, com uma interferência de 0,5 mm com o vértice de encaixe do clipe (ver figura 6.7), e será assumida a não existência de deformação da contra-peça durante a montagem do clipe, devido a sua espessura. 89 6. Avaliação das linearidades e simplificações Deve-se analisar as possíveis causas de não-linearidades do estudo de caso proposto. Os materiais em geral, segundo gráficos de Tensão x Deformação, possuem uma região de comportamento linear quando sob solicitação mecânica, que se situa entre a tensão aplicada nula e a tensão de escoamento, após a qual o material sofre deformação plástica, também chamada de deformação permanente ou residual, ou seja, não retorna à posição ou forma original quando a solicitação termina. Para o estudo de clipes em geral, deseja-se que durante o trabalho do clipe de encaixe e desencaixe a tensão seja sempre mantida na região linear de deformação, de modo a garantir sua integridade física e a manutenção da capacidade de retorno do clipe a sua posição original. Caso a tensão ultrapasse a tensão de escoamento durante a montagem, a interferência de 0,5 mm definida para o estudo de caso será reduzida, e com isso a retenção do clipe também será reduzida. É importante analisar como a geometria pode ser alterada durante o trabalho do clipe, alterando as condições da análise, o que causaria uma não-linearidade. Para o clipe em estudo, o deslocamento máximo do vértice do encaixe será mínima, de 0,5 mm como discutido anteriormente, logo a variação nos ângulos em estudo decorrentes dessa variação também é pequena, e seu efeito pode ser desprezado. Segundo Bonenberger (2005), é possível identificar o ponto mais crítico da movimentação do clipe, tanto na inserção quanto na retenção, se desprezada a variação do ângulo de retenção, que é o clipe em sua flexão máxima para ambos os casos, onde a força de contato com a contra-peça está sendo aplicada próxima ao vértice do encaixe, e perpendicular à superfície, por ser de contato. Na montagem e desmontagem do clipe, por causa do contato, existe a ação também da força de atrito, que não é possível de ser analisada na maioria dos programas de MEF. Para o caso em questão, em análise estática, segundo Ullman (1992), a força de atrito pode ser adicionada como uma força externa, paralela à superfície e aplicada no ponto de contato. 90 7. Seleção do tipo de análise para o MEF e do programa (software) Conclui-se das discussões dos itens anteriores que as não linearidades podem ser consideradas desprezíveis, sendo possível a realização de uma análise linear estática, sendo o contato substituído por forças externas no modelamento. Essas forças podem ser, sem grandes complicações, decompostas nas direções de interesse, e assim analisadas de maneira estática. Outro ponto importante é o método com o qual se pretende analisar os resultados. Nesse estudo de caso, busca-se a resposta das tensões e deslocamentos às solicitações de montagem e desmontagem. Recomenda-se a análise pelo critério de von Mises para as tensões e deslocamentos. Respeitando-se os requisitos acima mencionados, será utilizado o MSC Patran 2007 para pré e pós-processamento, e o Nastran 2007 para o processamento, que satisfazem as condições acima. 8. Definição do método de aplicação das forças Como discutido anteriormente, a análise realizada pelo MEF será linear estática, e as forças reativas de contato geradas durante a montagem, que atuam para a flexão do clipe, devem ser vencidas pelo operador para assegurar a montagem e desmontagem do clipe, e conseqüentemente da peça em questão. Parte-se do Diagrama de Corpo Livre (DCL), considerando o clipe e a contrapeça no contato, na situação de maior flexão do clipe. O contato gera no clipe a força normal (N), perpendicular à superfície do clipe, e a força de atrito (T), paralela à superfície e contrária à direção da peça. 91 Onde: F’ = força de montagem ou desmontagem (aplicada pelo operador) N = força de reação normal à superfície do clipe T = força de reação de atrito paralela à superfície do clipe Figura 6.9 - Contato e Diagramas de Corpo Livre As forças de interesse são na direção do movimento da peça (F), que será aplicada pelo operador ou montador da mesma (F’), e a na direção de flexão do clipe (D), que será responsável pela flexão. Figura 6.10 - Forças nas direções de interesse Decompõe-se as forças reativas N e T nas direções de interesse F e D: 92 Figura 6.11 - Decomposição das forças Na inserção (segundo Ullman (1992)): N = D.cos(α) + F.sen(α) (1) T = F.cos(α) - D.sen(α) (2) A relação entre a força normal e a força se atrito, segundo a Resistência dos Materiais é: T = μ.N (3) Substituindo (1) e (2) em (3), tem-se: D = F . [1 - μ.tan(α)] (4) tan(α) + μ F = D .[tan(α) + μ] 1 - μ.tan(α) Repetindo o processo para a retenção: (5) 93 N = D.cos(β) + F.sen(β) (6) T = F.cos(β) - D.sen(β) (7) A relação entre a força normal e a força de atrito, segundo a Resistência dos Materiais é: T = μ.N (8) Substituindo (6) e (7) em (8), tem-se: D = F . [1 - μ.tan(β)] (9) tan(β) + μ F = D .[tan(β) + μ] (10) 1 - μ.tan(β) No modelamento, o método de aplicação das forças se dará pelas forças decompostas acima D e F. Deseja-se encontrar qual a força D é capaz de flexionar o clipe de modo ao vértice de encaixe do clipe mover-se 0,5 mm, necessários para o encaixe. Pela relação entre D e F (dadas pelas equações 4 e 9), será encontrada a força F, que indicará a força de inserção ou retenção, procuradas para confronto com os requisitos de projeto. Também, de posse dessas duas forças, calcula-se N e T, pelas equações 1, 2 6 e 7. No modelo, será aplicada uma força D de 1 N, e a força F subseqüente (calculadas pelas equações 4 e 9), e através do MEF, será obtido o deslocamento do vértice do encaixe na direção de D. Estando ainda no regime linear elástico do material (não ultrapassando a tensão de escoamento), o comportamento do material, das tensões e do deslocamento é linear, portanto é possível encontrar um fator que ao multiplicar o deslocamento encontrado se obtém o deslocamento desejado, que é de 0,5 mm. Em seqüência, usa-se esse fator para multiplicar as forças aplicadas D e F, obtendo-se os novos valore de forças de inserção ou retenção, para se obter, 94 através de nova análise pelo MEF, a nova tensão máxima na peça. O deslocamento encontrado deve ser checado, e deve ser os 0,5 mm desejados. Para simular a distribuição da força de contato, as forças D e F serão discretizadas em pequenas forças nos nós ao longo da linha do vértice do encaixe, excluindo apenas os nós das paredes laterais, que em testes realizados, mostram claro acúmulo de tensão nos mesmos (vértice de 3 superfícies), muito maior que os encontrados nos outros nós onde a força foi discretizada, e por isso devem ser descartados, pois não mostram a realidade do comportamento, e levariam a uma interpretação errônea. Figura 6.12 - Acúmulo de tensão nos nós da parede lateral 9. Definição das forças desprezadas Nesse estudo de caso, a força de atrito foi considerada como uma força externa, não sendo desprezada. 95 10. Criação do(s) modelo(s) virtual(is) sólido(s) do CLIPE-BASE Utilizando as dimensões discutidas nos itens anteriores, foi criado o modelo virtual sólido do clipe, utilizando o Unigraphics NX5. O modelo foi então exportado como um para-sólido, para ser importado e utilizado na análise de MEF pelo MSC Patran e Nastran. Para o dimensionamento da largura e altura da parede da peça na qual o clipe é integrado, os mesmo testes realizados para o entendimento da discretização das forças do item anterior mostrou que as tensões do clipe não ultrapassam 0,5 mm da base do clipe, portanto a parede da peça foi modelada com 3 mm além do clipe, nas 4 direções. Figura 6.13 - Dimensões do Modelo Virtual Sólido do Clipe-Base 11. Criação da malha do CLIPE-BASE Como ponto de partida para geração da malha que será utilizada na análise pelo MEF, deve-se importar o modelo virtual sólido para o programa de MEF, garantindo sua integridade como sólido e nas dimensões corretas, então deve-se 96 definir qual o refinamento da malha, ou seja, tamanho de cada elemento. Quanto mais refinada a malha, mais discretizada ela fica, e o ponto de localização das tensões fica mais definido; por outro lado, quanto mais refinada, maior o numero de elementos e nós, aumentando a capacidade necessária do processador (máquina) e o tempo de processo. Para o estudo de caso, optou-se por um elemento Tetraédrico de segunda ordem (10 nós por elemento), comumente utilizado na análise de tensões em sólidos. Foi definido um mínimo de duas fileiras de elementos ao longo da parede lateral do clipe, para definir-se o tamanho de cada elemento. Figura 6.14 - Requisito de mínimo de duas fileiras de elementos na lateral do clipe Testes realizados com diferentes tamanhos de elementos mostraram que o comprimento máximo de aresta que possibilitaria as duas fileiras de elementos é 0,7 mm, e qualquer valor de aresta menor que 0,4 mm gera três fileiras de elementos na parede lateral do clipe. Realizou-se um estudo para o modelo do CLIPE-BASE, com um carregamento simples na extremidade do clipe, para comparação dos valores obtidos, analisando o número de nós e elementos, e as tensões e deformações obtidas. 97 Tabela 6.1 - Avaliação de diferentes refinamentos de malha As análises mostraram que o número de nós e elementos aumenta exponencialmente conforme é reduzido o tamanho da aresta. Nota-se também que a variação das tensões e deslocamentos obtidos não ultrapassa os 5% quando comparados os comprimentos de aresta 0,40 mm e 0,55 mm, e fica próximo dos 10% quando comparados 0,40 mm e 0,70 mm. O tempo de processamento é outro fator que varia bastante, sendo que para o comprimento de 0,40 mm o tempo é cerca de 11 vezes maior que para 0,70 mm e 6 vezes maior que para o comprimento de 0,55 mm. Baseado nessas análises, foi selecionada a malha com elementos de aresta de 0,55 mm, devido aos resultados terem variação pequena, o estudo se basear em comparações entre análises e limitações em capacidade computacional. Figura 6.15 - Malha com elementos Tetraédricos de segunda ordem de aresta 0,55 mm 98 12. Processamento do programa e análise das tensões na inserção do CLIPEBASE: Com a malha gerada, adiciona-se no programa de elementos finitos as entradas de forças e restrições da peça. A peça teve sua face oposta ao clipe restringida tanto em sua rotação quanto em sua translação (vetores em verde na Figura 6.16). Em relação às forças, a malha criada gerou um total de 10 nós ao longo da linha de vértice do encaixe. Excluindo-se os nós da parede lateral, fica um total de 8 nós, nos quais se distribuiu 1N na direção da força D, sendo 0,13 N em cada nó nessa direção. Pela equação (5) do item 8 deste capítulo, a força total na direção de F é 0,356 N, sendo 0,044 N em cada um dos 8 nós. A resultante dessas forças em cada um dos 8 nós ficou então 0,1372 N, quase perpendicular à superfície. Figura 6.16 - Malha com restrições e forças aplicadas 99 Adicionadas ao modelo as características do material (E = 2,76 GPa, σ y = 117 MPa, = ט0,35 e μ = 0,08), o modelo pode então ser processado. Figura 6.17 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 100 Figura 6.18 - Detalhe das Tensões 101 Figura 6.19 - Magnitude das Deformações Figura 6.20 - Deformações na direção Y (da força D) 102 Analisando as tensões pelo critério de von Mises, nota-se que o pico foi de 4,66 MPa ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, mesmo desprezando-se o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois indicam valores irreais de tensão concentrada e se encontra no local de aplicação das forças. Isso aconteceu decorrente à discretização das forças, o que no caso real é distribuído pela linha de contato entre a contra-peça e o clipe. Analisando as outras regiões da peça, verificase que o valor máximo de tensão não ultrapassa 4,33 MPa. Para comparação entre os modelos será utilizado o pior caso, o valor do pico da força aplicada, ainda abaixo da tensão de escoamento. Nota-se também que a tensão não avança na parede da peça ao redor do clipe, validando a escolha do tamanho da placa no qual o clipe está integrado, de 3 mm mínimo ao redor do clipe do clipe. Em relação aos deslocamentos, considerando o deslocamento na direção Y, que é a direção da força D, de interesse, foi obtido 0,0223 mm, menor que 0,5 mm desejado. Tabela 6.2 - Parâmetros de Inserção Como o comportamento do clipe continua linear, obtém-se o fator multiplicador necessário para que o deslocamento em Y no vértice do encaixe atinja o 0,5 mm desejado para o encaixe: 22,422. Esse fator será utilizado para multiplicar as forças de entrada, e ao completar o processamento, deve apresentar um deslocamento em Y de 0,5 mm no vértice de encaixe. 103 Figura 6.21 - Fator Multiplicador e componentes de força que serão multiplicados Alteradas as forças no modelo tem-se os novos valores de D e F, e a resultante das forças 3,08 N em cada um dos 8 nós, num total de 24,64 N; e refeita a análise, tem-se: Figura 6.22 - Malha com restrições e forças aplicadas 104 Figura 6.23 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 105 Figura 6.24 - Deformações na direção Y (da força D) A tensão máxima obtida é de 105 MPa, desprezando-se o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois indicam valores irreais de tensão concentrada, bem próxima da tensão de escoamento, mas ainda na região elástica do material, validando a opção pela análise Linear. O deslocamento em Y no vértice do encaixe, como esperado, está em torno de 0,5 mm. A força de inserção (F) para a inserção do CLIPE-BASE ficou em torno de 7,892 N. Em resumo: Tabela 6.3 - Parâmetros de Inserção corrigida 106 13. Processamento do programa e análise das tensões na desmontagem do CLIPE-BASE (retenção): Seguem-se os mesmos passos do item anterior, desta vez para a desmontagem, avaliando a retenção. Utilizando-se da mesma malha gerada, adicionam-se no programa de elementos finitos as entradas de forças e restrições da peça. A mesma face da peça oposta ao clipe foi restringida tanto em sua rotação quanto em sua translação (vetores em verde na Figura 6.25). Em relação às forças, a malha criada gerou um total de 10 nós ao longo da linha de vértice do encaixe. Excluindo-se os nós da parede lateral, fica um total de 8 nós, nos quais se distribuiu 1N na direção da força D, sendo 0,13 N em cada nó nessa direção. Pela equação (10) do item 8 deste capítulo, a força total na direção de F é 3,624 N, sendo 0,453 N em cada um dos 8 nós. A resultante dessas forças em cada um dos 8 nós ficou então 0,4713 N, quase perpendicular à superfície. Figura 6.25 - Malha com restrições e forças aplicadas 107 Adicionadas ao modelo as características do material (E = 2,76 GPa, σy = 117 MPa, = ט0,35 e μ = 0,08), o modelo pode então ser processado. Figura 6.26 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 108 Figura 6.27 - Detalhe das Tensões Figura 6.28 - Magnitude das Deformações Figura 6.29 - Deformações na direção Y (da força D) 109 Analisando as tensões pelo critério de von Mises, nota-se que o pico foi de 18,3 MPa ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, mesmo desprezando-se o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois indicam valores irreais de tensão concentrada e se encontra no local de aplicação das forças. Isso aconteceu decorrente à discretização das forças, o que no caso real é distribuído pela linha de contato entre a contra-peça e o clipe. Analisando as outras regiões da peça, verificase que o valor máximo de tensão não ultrapassa 13,0 MPa. Para comparação entre os modelos será utilizado o pior caso, o valor do pico da força aplicada, ainda abaixo da tensão de escoamento. Nota-se também que novamente a tensão não avança na parede da peça ao redor do clipe, validando a escolha do tamanho da placa no qual o clipe está integrado, de 3 mm mínimo ao redor do clipe do clipe. Em relação aos deslocamentos, considerando o deslocamento na direção Y, que é a direção da força D, de interesse, foi obtido 0,0666 mm no vértice do encaixe, menor que 0,5 mm desejado. Tabela 6.4 - Parâmetros de Retenção Como o comportamento do clipe continua linear, obtém-se o fator multiplicador necessário para que o deslocamento no vértice do encaixe atinja o 0,5 mm desejado para que o encaixe ocorra: 7,508. Esse fator será utilizado para multiplicar as forças de entrada, e ao completar o processamento, deve apresentar um deslocamento em Y de 0,5 mm no vértice de encaixe. 110 Figura 6.30 - Fator Multiplicador e componentes de força que serão multiplicados Alteradas as forças no modelo tem-se os novos valores de D e F, e a resultante das forças 3,548 N em cada um dos 8 nós, num total de 28,32 N; e refeita a análise, tem-se: Figura 6.31 - Malha com restrições e forças aplicadas 111 Figura 6.32 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 112 Figura 6.33 - Deformações na direção Y (da força D) A tensão máxima com as forças corrigidas foi de 117 MPa ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, bem próximo da tensão de escoamento, mesmo desprezando-se o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada decorrentes das forças discretizadas; sendo desconsiderado esse pico concentrado, e analisando as outras regiões da peça, verifica-se que o valor máximo de tensão não ultrapassa 97,9 MPa, ainda abaixo da tensão de escoamento e ainda na região elástica do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. Deve-se considerar também que o valor de tensão de escoamento de 117MPa é um valor médio, podendo-se selecionar o material com valor de tensão de escoamento maior, além de que o Nylon permite adição de componentes, como fibra de vidro, para elevar suas características mecânicas. Baseado nisso, não se vê necessária alteração do modelo. O deslocamento em Y, como esperado, está em torno de 0,5 mm. A força de inserção (F) para a retenção do CLIPE-BASE ficou em torno de 27,207 N, e não se espera deformação plástica que danifique o clipe. 113 Em resumo: Tabela 6.5 - Parâmetros de Retenção corrigidos Têm-se agora os resultados do comportamento do CLIPE-BASE durante a inserção e desmontagem, que serão utilizados como base de comparação para o entendimento da influência dos parâmetros que se desejam discutir. 14. Definição das características de interesse do clipe Completada a fase de análise do CLIPE-BASE, deve-se definir quais são as características físicas do clipe que podem ser alteradas e quais delas se tem interesse em avaliar a influência no comportamento e desempenho do clipe. Para o clipe em estudo, pode-se definir as alterações em duas categorias: alteração de valor das dimensões e material atuais e alteração de elementos. Na categoria de alteração de valores, alguns exemplos de dimensões que podem ser alteradas: - ângulo de ―convite‖ (α) - ângulo de retenção (β) - largura do clipe (L) - espessura da base (e) - distancia da base até o vértice do encaixe (b) - distancia do vértice do encaixe até a extremidade do clipe (c) 114 - altura total do clipe (h) - altura do vértice de encaixe (a) - material com diferentes características Figura 6.34 - Dimensões passíveis de alteração Na categoria de alteração de elementos, alguns exemplos de características podem ser alteradas: - adição de nervuras na parte interna do clipe Figura 6.35 - Nervuras na parte interna do clipe - corpo do clipe com seção variável ao longo da altura Figura 6.36 - Corpo do clipe com seção variável 115 - adição de raios na base do clipe Figura 6.37 - Raios na base do clipe - corpo do clipe com seção curva Figura 6.38 - Clipe com seção curva - adição de raio no vértice do encaixe Figura 6.39 - Raio no vértice do encaixe 116 Para a seleção deve-se quais os impactos de manufatura, custo e tempo nessa alteração, Para validação da metodologia, serão selecionadas três características para serem analisadas: ângulo de ―convite‖ (α), ângulo de retenção (β) e largura do clipe (L). 15. Avaliação das características individualmente: Para cada uma das características selecionadas devem ser analisados os impactos em manufatura, aparência e custo na alteração ainda na fase de projeto, então gerado um novo modelo virtual sólido, uma nova malha, aplicar as forças e realizar as análises seguindo a mesma metodologia da análise do CLIPE-BASE, tanto para inserção quanto para a retenção. Então se comparam os valores obtidos com os valores do CLIPE-BASE. Deve-se alterar apenas uma característica por vez, mantendo todas as outras como no CLIPE-BASE, incluindo as propriedades do material. Por haver alteração na geometria, podem ser alterados também o número de nós e de elementos. Na seqüência é mostrada a avaliação individual das características selecionadas: a) Alteração do ângulo de inserção (α): A alteração do ângulo de ―convite‖ de 15º para 10º não deve causar impactos na manufatura da peça, uma vez que apenas o movimento secundário da ferramenta deverá sofrer alteração dimensional no componente (gaveta ou pinça), e a linha de fechamento da ferramenta poderá ser alterada, sem custos na fase de projeto. Na aparência também não deve haver impactos, já que a alteração não se faz na região próxima à superfície da peça. Não há necessidade de alteração da contra-peça, e o modelamento para análise virtual também se mantém o mesmo. Na figura 6.40 é mostrado o novo modelo virtual sólido: 117 Figura 6.40 - Modelo virtual sólido com alteração 1 A nova malha, criada com o mesmo tamanho e tipo de elemento, possui mais nós (19030) e elementos (12384) que o CLIPE-BASE, já que o ângulo de convite menor aumenta a quantidade de material: 118 Figura 6.41 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.6 - Valores utilizados na análise de inserção 119 O pico de tensão obtido foi de 5,37 MPa, ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, mesmo desprezando-se o valor das tensões no próprio nó, pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada, decorrente da aplicação discretizada das forças; sendo desconsiderado esse pico, o novo pico de tensão no clipe foi de 4,98 MPa. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0237 mm. Figura 6.42 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 120 Figura 6.43 - Deformações na direção Y (da força D) Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.7 - Valores corrigidos na análise de inserção 121 Figura 6.44 - Forças e restrições aplicadas O pico de tensão corrigido foi de 113 MPa ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, bem próximo da tensão de escoamento, mesmo desprezandose o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada decorrentes das forças discretizadas; sendo desconsiderado esse pico concentrado, e analisando as outras regiões da peça, verifica-se que o valor máximo de tensão não ultrapassa 105 MPa, ainda abaixo da tensão de escoamento e ainda na região elástica do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. 122 Figura 6.45 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises Figura 6.46 - Deformações na direção Y (da força D) 123 Com a modificação no ângulo de convite, a nova força de inserção obtida é de 5,485 N, mais baixa que a do CLIPE-BASE. Repete-se a análise para a retenção, utilizando a mesma malha nova criada para a análise da inserção. Figura 6.47 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de retenção: 124 Tabela 6.8 - Valores utilizados na análise de retenção O pico de tensão obtido foi de 15,2 MPa, ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, mesmo desprezando-se o valor das tensões no próprio nó, pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada, decorrente da aplicação discretizada das forças; sendo desconsiderado esse pico, e analisando as outras regiões da peça, verifica-se que o valor máximo de tensão não ultrapassa 11,7 MPa, ainda abaixo da tensão de escoamento e ainda na região elástica do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0667 mm. 125 Figura 6.48 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises Figura 6.49 - Deformações na direção Y (da força D) 126 Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de retenção: Tabela 6.9 - Valores corrigidos na análise de retenção Figura 6.50 - Forças e restrições aplicadas A tensão máxima com as forças corrigidas foi de 114 MPa ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, bem próximo da tensão de escoamento, mesmo desprezando-se o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada decorrentes das forças discretizadas; sendo desconsiderado esse pico concentrado, e analisando as outras regiões da peça, verifica-se que o valor máximo de tensão não ultrapassa 87,6 MPa, ainda abaixo da tensão de escoamento e ainda na região elástica do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. 127 Figura 6.51 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises Figura 6.52 - Deformações na direção Y (da força D) Com a modificação no ângulo de convite, a nova força de retenção obtida é de 27,167 N, uma diferença mínima em relação à retenção do CLIPE-BASE, que pode ser considerada desprezível, meramente variação numérica. 128 A análise mostra que uma variação de 33% no ângulo de ―convite‖ melhorou em aproximadamente 31% a força de inserção, pois quanto menor essa força, melhor para a ergonomia e para o operador. Por outro lado, não houve variação significativa da força de retenção com essa alteração, podendo-se concluir que elas são independentes para esse parâmetro analisado, ou seja, caso seja necessário melhorar apenas a força de inserção, alterar esse ângulo seria recomendado, com a penalidade de após certo valor, ser necessário aumentar a altura (h) do clipe, pois a espessura de sua extremidade também aumenta com a diminuição do ângulo de convite, podendo fazer com q ponta perca a função de ―convite‖. Não houve também um aumento significativo no valor da tensão na peça durante a montagem ou desmontagem. b) Alteração do ângulo de retenção (β): A alteração do ângulo de ―retenção‖ de 70º para 50º não deve causar impactos na manufatura da peça, uma vez que apenas o movimento secundário da ferramenta deverá sofrer alteração dimensional no componente (gaveta ou pinça), e a linha de fechamento da ferramenta poderá ser alterada, sem custos na fase de projeto. Na aparência também não deve haver impactos, já que a alteração não se faz na região próxima à superfície da peça. Não há necessidade de alteração da contra-peça, e o modelamento para análise virtual também se mantém o mesmo. Na figura 6.53 é mostrado o novo modelo virtual sólido: 129 Figura 6.53 - Modelo virtual sólido com alteração do ângulo de retenção A nova malha, criada com o mesmo tamanho e tipo de elemento, possui mais nós (18734) e elementos (12202) que o CLIPE-BASE, já que o ângulo de retenção menor aumenta a quantidade de material: Figura 6.54 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de inserção: 130 Tabela 6.10 - Valores utilizados na análise de inserção O pico de tensão foi de 4,67 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0226 mm. Figura 6.55 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 131 Figura 6.56 - Deformações na direção Y (da força D) Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.11 - Valores corrigidos na análise de inserção 132 Figura 6.57 - Forças e restrições aplicadas corrigidas O pico de tensão foi de 103 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe no lado interno do corpo do clipe, e também esticando o lado externo, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. 133 Figura 6.58 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises Figura 6.59 - Deformações na direção Y (da força D) 134 Com a modificação no ângulo de retenção, a nova força de inserção obtida é de 7,867 N, praticamente o mesmo valor encontrado para o CLIPE-BASE (7,972 N). A diferença pode ser considerada mero erro numérico. Repete-se a análise para a retenção, utilizando a mesma malha nova criada para a análise da inserção. Figura 6.60 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de retenção: Tabela 6.12 - Valores utilizados na análise de retenção 135 O pico de tensão foi de 7,83 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe no lado externo do corpo do clipe, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0394 mm. Figura 6.61 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 136 Figura 6.62 - Deformações na direção Y (da força D) Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de retenção: Tabela 6.13 - Valores corrigidos na análise de retenção 137 Figura 6.63 - Forças e restrições aplicadas O pico de tensão corrigido foi de 99,3 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe no lado externo do corpo do clipe, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. 138 Figura 6.64 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises Figura 6.65 - Deformações na direção Y (da força D) 139 Com a modificação no ângulo de retenção, a nova força de retenção obtida é de 17,840 N, mais baixa que a do CLIPE-BASE (27,21 N). Ou seja, a alteração do ângulo de retenção não afeta a inserção, mas ao diminuir esse ângulo a retenção também diminui. A análise mostra que uma variação de aproximadamente 29% no ângulo de retenção piorou em aproximadamente 35% a força de retenção, pois quanto menor essa força, menor a carga suportada durante uma desmontagem ou arrancamento. Por outro lado, não houve variação significativa da força de inserção com essa alteração, podendo-se concluir que elas são independentes para esse parâmetro analisado, ou seja, caso seja necessário melhorar apenas a força de retenção, alterar esse ângulo seria recomendado, com o cuidado de avaliar a tensão apresentada na peça durante a desmontagem, que variou cerca de 15% com essa alteração. Se não houver requisitos de desmontagem, ou seja, a peça deve resistir a maior carga possível durante a desmontagem, podendo até mesmo haver danos ao clipe, seria recomendado aumentar o ângulo até 90°, com a penalidade de se perder capacidade de basorção de variação dimensional do clipe. Por outro lado, não houve uma variação significativa no valor da tensão na peça durante a montagem. c) Alteração da largura do clipe (L): A alteração da largura do clipe não deve causar impactos na manufatura da peça, uma vez que apenas o movimento secundário da ferramenta deverá sofrer alteração dimensional no componente (gaveta ou pinça), sem alteração na linha de fechamento da ferramenta, geralmente sem custos na fase de projeto. Na aparência também não deve haver impactos, já que será mantida a relação entre espessuras na região da base do clipe junto à superfície da peça. Não há necessidade de alteração da contra-peça, e o modelamento para análise virtual também se mantém o mesmo. Na figura 6.66 é mostrado o novo modelo virtual sólido: 140 Figura 6.66 - Modelo virtual sólido com alteração na largura do clipe A nova malha foi criada com o mesmo tamanho e tipo de elemento, e possui mais nós (19108) e elementos (12379) que o CLIPE-BASE, já que a largura maior do clipe aumenta a quantidade de material. O aumento no número de nós no clipe se traduz em aumento da quantidade de nós na linha de vértice do encaixe de 10 para 12; com isso, descontando os dois nós que também pertencem às paredes laterais, as forças serão distribuídas agora em 10 nós. 141 Figura 6.67 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.14 - Valores utilizados na análise de inserção 142 O pico de tensão obtido foi de 4,61 MPa, ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, mesmo desprezando-se o valor das tensões no próprio nó, pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada, decorrente da aplicação discretizada das forças; sendo desconsiderado esse pico, o novo pico de tensão no clipe foi de 3,63 MPa. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0176 mm. Figura 6.68 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 143 Figura 6.69 - Deformações na direção Y (da força D) Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.15 - Valores corrigidos na análise de inserção Figura 6.70 - Forças e restrições aplicadas 144 O pico de tensão corrigido foi de 122 MPa ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, acima da tensão de escoamento, mesmo desprezando-se o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada decorrentes das forças discretizadas; sendo desconsiderado esse pico concentrado, e analisando as outras regiões da peça, verifica-se que o valor máximo de tensão não ultrapassa 103 MPa, ainda abaixo da tensão de escoamento e ainda na região elástica do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. Figura 6.71 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 145 Figura 6.72 - Deformações na direção Y (da força D) Com a modificação na largura do clipe, a nova força de inserção obtida é de 10,101 N, mais alta que a do CLIPE-BASE. Repete-se a análise para a retenção, utilizando a mesma malha nova criada para a análise da inserção. 146 Figura 6.73 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de retenção: Tabela 6.16 - Valores utilizados na análise de retenção 147 O pico de tensão obtido foi de 15,2 MPa, ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, mesmo desprezando-se o valor das tensões no próprio nó, pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada, decorrente da aplicação discretizada das forças; sendo desconsiderado esse pico, e analisando as outras regiões da peça, verifica-se que o valor máximo de tensão não ultrapassa 9,34 MPa, ainda abaixo da tensão de escoamento e ainda na região elástica do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0544 mm. Figura 6.74 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises 148 Figura 6.75 - Deformações na direção Y (da força D) Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de retenção: Tabela 6.17 - Valores corrigidos na análise de retenção 149 Figura 6.76 - Forças e restrições aplicadas A tensão máxima com as forças corrigidas foi de 118 MPa ao redor de um dos pontos de aplicação das forças, pouco acima da tensão de escoamento, mesmo desprezando-se o valor no nó onde as forças estão aplicadas pois estes indicam valores irreais de tensão concentrada decorrentes das forças discretizadas; sendo desconsiderado esse pico concentrado, e analisando as outras regiões da peça, verifica-se que o valor máximo de tensão não ultrapassa 85,8 MPa, ainda abaixo da tensão de escoamento e ainda na região elástica do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. 150 Figura 6.77 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises Figura 6.78 - Deformações na direção Y (da força D) 151 Com a modificação na largura do clipe, a nova força de retenção obtida é de 33,309 N, mais alta que a do CLIPE-BASE (27,207 N). A análise mostra que um aumento de 20% na largura do clipe piorou em aproximadamente 27% a força de inserção, pois quanto maior essa força, pior para a ergonomia e para o operador. Por outro lado, houve melhora de aproximadamente 22% na força de retenção com essa alteração, pois quanto maior essa força maior a carga que a peça resistirá antes de desmontar; pode-se concluir que esse parâmetro afeta tanto a força de inserção quanto a de retenção, porém de maneira inversa. A alteração desse parâmetro é recomendada para quando existe a necessidade de melhora em uma das forças (retenção ou inserção), porém, desde que haja possibilidade de que a outra força piore, sem prejudicar o desempenho de projeto. Da mesma maneira, o valor das tensões na peça durante a montagem ou desmontagem também variam, na mesma proporção. 16. Elaboração de tabela comparativa das características analisadas Na seqüência é mostrada a tabela comparativa com os valores das forças de inserção e retenção obtidas com as modificações, e a variação quando comparadas com o CLIPE-BASE: Tabela 6.18 - Tabela comparativa 152 A força estimada é o valor esperado para o clipe que possua as modificações que foram analisadas separadamente aplicadas em conjunto, assumindo não existir relação de dependência entre as características avaliadas. 17. Análise da tabela A tabela do item anterior mostra a relação de variação de cada característica com a variação das forças de inserção e retenção, como comentado no item 15 deste capítulo: como o ângulo de convite afeta apenas a inserção, sendo que 1% de variação no ângulo afeta em 1% a força de inserção, sem efeito na retenção; como o ângulo de retenção afeta apenas a retenção, sendo que 1% de variação no ângulo afeta em mais de 1% a força de retenção, sem efeito significativo na inserção; e como a largura do clipe afeta tanto a inserção quanto a retenção, de maneira inversa, pois o aumento da largura aumenta ambas as forças, o que é melhor para a retenção, mas é pior para a inserção, e só deve ser recomendada quando a piora de uma das forças for aceitável, sendo que no caso analisado a inserção foi mais prejudicada. 18. Escolha da aplicação para definição dos requisitos de ergonomia e retenção Como definido no início do capítulo, a peça em questão localiza-se na parte externa do veículo, em região visível pelo consumidor. Será definido que a peça não possui função de carregamento de carga, apoio para as mãos ou para os pés, nem pode ser submetida a esforços de arrancamento no uso normal do veículo; será uma peça complementar ao visual do veículo, e foi definido seu material ser plástico pela complexidade da forma e economia de material. Para peças que não possuem função de apoio ou sustentação (que seria o caso de uma barra de ornamentação ou um estribo), os requisitos de arrancamento estão diretamente ligados a situações que podem exigir estruturalmente a peça, como por exemplo, durante uma lavagem em um lava - rápido. Para esse tipo de aplicação, um valor considerado razoável para retenção é um mínimo de 100N, definido através de discussões com especialistas em validação 153 automotiva. Para a inserção, baseado no estudo de ergonomia dos capítulos anteriores, é definido como aceitável esforços que não ultrapassem 20N, possibilitando ao operador realizar a montagem sem o auxilio de ferramentas, como um martelo, ou causar danos físicos ao operador. 19. Criação do modelo virtual sólido do clipe com as melhorias individuais O novo clipe será uma junção das modificações anteriores, desta vez aplicadas em conjunto ao CLIPE-BASE, para a avaliação de como as modificações se correlacionam, uma vez que já é conhecido seu efeito individual. Analisando o novo modelo, nenhuma das alterações (ângulo de ―convite‖ de 15º para 10º, ângulo de ―retenção‖ de 70º para 50º e largura do clipe de 5 mm para 6 mm) não devem causar impactos na manufatura da peça, uma vez que apenas o movimento secundário da ferramenta deverá sofrer alteração dimensional no componente (gaveta ou pinça), e a linha de fechamento da ferramenta poderá ser alterada, sem custos na fase de projeto. Na aparência também não deve haver impactos, já que na única alteração na região próxima à superfície da peça será mantida a relação entre espessuras na região da base do clipe junto à superfície da peça. Na figura 6.79 é mostrado o novo modelo virtual sólido: 154 Figura 6.79 - Novo Modelo virtual sólido 20. Criação da nova malha A nova malha foi criada com o mesmo tamanho e tipo de elemento das avaliações anteriores, e possui mais nós (19960) e elementos (13007) que o CLIPEBASE, já que as modificações nos ângulos e a largura maior do clipe aumentam a quantidade de material. O aumento no número de nós no clipe se traduz em aumento da quantidade de nós na linha de vértice do encaixe de 10 para 12; com isso, descontando os dois nós que também pertencem às paredes laterais, as forças serão distribuídas agora em 10 nós. 21. Realização da análise da força de inserção do clipe Depois de gerada nova malha, aplicam-se as forças e restrições no clipe: 155 Figura 6.80 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.19 - Valores utilizados na análise de inserção 156 O pico de tensão obtido foi de 3,8 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0188 mm. Figura 6.81 - Tensões Equivalentes na região interna - Critério de von Mises 157 Figura 6.82 - Deformações na direção Y (da força D) Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.20 - Valores corrigidos na análise de inserção 158 Figura 6.83 - Forças e restrições aplicadas corrigidas O pico de tensão foi de 100 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe no lado interno do corpo do clipe, e também esticando o lado externo, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. 159 Figura 6.84 - Tensões Equivalentes - Critério de von Mises Figura 6.85 - Deformações no clipe 160 Com as modificações aplicada em conjunto, a nova força de inserção obtida é de 6,915 N, menor que o valor encontrado para o CLIPE-BASE (7,972 N), mas mais próximo do valor estimado pela tabela comparativa (7,508 N). Essa diferença para o valor estimado (7,9%) pode ser explicada pelo fato de, nesse estudo de caso, as forças de inserção e retenção em cada análise terem sido calculadas utilizando o valor do deslocamento do vértice do encaixe na direção ―Y‖, que na simulação é fornecido como uma faixa de variação, de onde se selecionou o valor máximo da faixa para o cálculo do fator multiplicador em cada análise. No cálculo das forças estimadas com as três modificações, a variação das três análises são sobrepostas. 22. Realização da análise da força de retenção do clipe Para a nova malha gerada, aplicam-se as forças e restrições no clipe: Figura 6.86 - Nova malha gerada e aplicação de forças e restrições 161 Na seqüência é mostrada tabela com os valores utilizados e obtidos da análise de retenção: Tabela 6.21 - Valores utilizados na análise de retenção O pico de tensão obtido foi de 6,18 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi de 0,0319 mm. Figura 6.87 – Tensões Equivalentes na face externa - Critério de von Mises 162 Figura 6.88 – Tensões Equivalentes na face interna - Critério de von Mises Figura 6.89 - Deformações na direção Y (da força D) Na seqüência é mostrada tabela com os valores corrigidos pelo fator multiplicador, utilizados e obtidos da análise de inserção: Tabela 6.22 - Valores corrigidos na análise de inserção 163 Figura 6.90 - Forças e restrições aplicadas corrigidas O pico de tensão foi de 96,8 MPa, localizado próximo à base do clipe, indicando compressão do material do clipe no lado interno do corpo do clipe, e também esticando o lado externo, sem ultrapassar a tensão de escoamento do material. O deslocamento na direção Y no vértice do encaixe foi em torno de 0.5 mm, como esperado. Figura 6.91 - Tensões Equivalentes na face externa - Critério de von Mises 164 Figura 6.92 - Tensões Equivalentes na face interna - Critério de von Mises Figura 6.93 - Deformações no clipe Com as modificações aplicadas em conjunto, a nova força de retenção obtida é de 22,03 N, menor que o valor encontrado para o CLIPE-BASE (27,21 N), mas mais próximo do valor estimado pela tabela comparativa (23,90 N). Essa diferença para o valor estimado (7,8%) pode ser explicada pelo fato de, nesse estudo de caso, as forças de inserção e retenção terem sido calculadas utilizando o valor do deslocamento do vértice do encaixe na direção ―Y‖, que na simulação é fornecido como uma faixa de variação, de onde se selecionou o valor máximo da faixa para o cálculo do fator multiplicador em cada análise. 165 Tabela 6.23 - Comparação dos valores obtidos, estimados e requisitos Como mostra a tabela acima, o clipe analisado atende ao requisito de inserção, por causa de ergonomia, com certa folga, mas falha no requisito de retenção, cerca de quatro vezes menor. Caso o intuito seja utilizar os conhecimentos adquiridos nas analises para adequá-lo aos requisitos, deveriam ser investido em mais análises de redução do angulo de ―convite‖, aumento do angulo de retenção e aumento da largura do clipe. Novas analises, das outras características do clipe ajudariam nessa tarefa. 23. Discussão da eficácia do conceito de clipe analisado Devido a suas limitações de forma, principalmente por causa da relação entre a espessura da base do clipe e a espessura de parede da peça, e a relação ―força de retenção/força de inserção‖ ser um numero pequeno (cerca de 3 para a última análise), esse conceito de clipe é pouco indicado para situações onde os requisitos de ergonomia e retenção sejam muito diferentes. Uma análise preliminar das outras características que podem ser alteradas indica um comportamento muito parecido com a variação da largura do clipe: altera ambas as forças no mesmo sentido, seja aumentando ou diminuindo, e acabam por favorecer uma delas em prejuízo da outra. 24. Discussão dos critérios de durabilidade Para a utilização deste tipo de clipe em uma aplicação externa como a avaliada, alguns cuidados devem ser tomados. A seleção do material deve contemplar o nível de deterioração com o tempo e clima, pois alterações nas 166 propriedades do material comprometem a durabilidade dos clipes, sejam fragilizando-o caso o material se resseque, seja perdendo suas capacidades de retenção, caso o material comece a ceder. Para aumentar a durabilidade de clipes em geral, o estudado inclusive, devese evitar tensões ou solicitações que não estejam relacionadas diretamente à direção de montagem. Para o caso de rotações, é recomendável a utilização de mais de um clipe por peça, devidamente afastados, de modo que possam receber solicitação maior na direção de montagem, sem que uma ―alavanca‖ seja criada. A utilização de elementos localizadores, como pinos, também colabora em reduzir solicitações não desejadas ao clipe, e possível fadiga. 25. Propostas para melhorias no conceito Esse conceito mostrou ter como um dos maiores problemas a relação muito próxima entre as forças de inserção e retenção, limitando seu uso. Deve-se buscar soluções que venham a melhorar essa relação. Uma proposta seria trabalhar no conjunto de fixação, melhorias na contra-peça, de maneira que o clipe ficasse forçado contra a própria contra-peça, aumentando a força ―D‖. Um exemplo seria uma terceira peça que fosse montada após a fixação do clipe, de maneira que ocupasse o espaço físico que o clipe utilizaria na deflexão durante a desmontagem, como mostrado na figura 6.97; ou mesmo a contra-peça possuir uma aba, que forçasse o clipe, minimizando desencaixes não-propositais, como mostrado na figura 6.98. Figura 6.94 - Terceira peça travando clipe 167 Figura 6.95 - Contra-peça com aba forçando clipe Para melhorar a centralização do clipe em um furo, por exemplo, pode-se adicionar outro clipe, simétrico oposto ao clipe inicial, ligados entre si, com a utilização de uma nervura, por exemplo, de maneira que caso haja variação de montagem ou movimento durante a vida útil do clipe, ao tentar desencaixar um clipe, isso forçaria o clipe simétrico a aumentar sua área de encaixe, e conseqüentemente manteria uma média dos valores das forças envolvidas. 168 7. CONCLUSÕES E CONTINUIDADE DO TRABALHO O presente estudo mostrou, em linhas gerais, qual o caminho que deve ser seguido no desenvolvimento de clipes plásticos, apontando muitas de suas qualidades, como custo e logística, por exemplo, e também suas limitações, como a inter-relação inserção/retenção, e porque é cada vez mais desejável sua utilização na indústria. A metodologia deixa claro que campos como ergonomia, custos, manufaturabilidade, durabilidade, retenção e tempo devem ser primordialmente analisados, buscando conhecimento ou especialistas, no desenvolvimento de tal fixação. A metodologia também se mostra capaz de orientar, durante o desenvolvimento de clipes, sobre quais características do clipe devem ser alteradas para se atingir o objetivo desejado, seja ele melhorar a inserção, retenção ou durabilidade, por exemplo, umas vez que permite conhecer de maneira quantitativa como cada característica influencia no desempenho do clipe. Também fica claro que com o intuito de se melhorar as avaliações com menores custos, é imprescindível a continua evolução no desenvolvimento de modelos matemáticos para fenômenos físicos e mecânicos, de modo a suportar evoluções nos programas de ambiente e analise virtual, podendo chegar ao limite de validações físicas serem completamente substituídas por avaliações virtuais, caso seja possível prever todas as situações possíveis de solicitações e condições, e que se tenha capacidade computacional para tanto. Como continuidade para o presente trabalho, podem ser gerados uma serie de diferentes estudos relacionados a clipes plásticos. Comparar diferentes conceitos de clipes e quais seriam suas aplicações recomendadas e limitações, para auxiliar na seleção do conceito; estudos dos efeitos de variações dimensionais (tolerâncias) e térmica durante a montagem e desmontagem, bem como durante a utilização dos mesmos nas diferentes condições de temperatura e umidade; Uma seqüência natural das análises citadas acima levaria à discussão sobre aplicações que requerem maior quantidade de clipes, e como avaliar a inter-relação entre eles, e como isso pode contribuir ou prejudicar o desempenho individual do 169 clipe, sempre considerando no percurso suas respostas a variações térmicas, influência de variações dimensionais (tolerância), durabilidade e avaliação de custo. 170 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABERGO. Associação Brasileira de Ergonomia. <http://www.abergo.org.br>. Acesso em 14 mar. 2009. Disponível em: ABIQUIM. Associação Brasileira da Indústria Química. São Paulo. Resinas Termoplásticas – História Plástico. 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