formação dos Agentes do Brincar
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formação dos Agentes do Brincar
Guia do Agente do Brincar São Paulo, maio de 2013. Site: www.ipadireitodebrincar.org.br E-mail: [email protected] Tel.: (11) 5021-3160 / (11) 3255-4563 REALIZAÇÃO PARCERIA APOIO INSTITUCIONAL COORDENAÇÃO Marilena Flores Martins Sumário Fundadora e presidente da IPA Brasil – Associação Brasileira pelo Direito de Brincar; autora; consultora na área do brincar e do desenvolvimento infantil. [email protected] ORGANIZAÇÃO E REVISÃO 5 Apresentação D em Psicologia Escolar e do Desenvolvimento Humano; consultora na área de jogos e aprendizagem. [email protected] http://mariaceliamalta.wordpress.com/ 6 Brincar como direito humano Maria Célia Malta Campos ra. MARILENA FLORES MARTINS AUTORES Ariane Andrade Cientista social; arte educadora. [email protected] Carlos Sereno 8 Professor de Educação Artística; contador de histórias. [email protected] MARILENA FLORES MARTINS Eliana Tarzia Iasi Professora de Educação Física; agente do brincar; diretora da IPA Brasil. [email protected] 11 Contador de histórias; autor; ludo educador e palestrante. www.contarhistorias.com.br Diretora do Instituto Brasil Leitor – programa Ler é Saber [email protected] 14 Mina Regen Assistente Social; consultora na área da pessoa com deficiência. [email protected] 17 Renata F. Martins Ponzoni Espaços do brincar: internos e externos MARILENA FLORES MARTINS Artista plástica; arte educadora; agente do brincar. Facebook.com/StudioRenataFlores PROJETO GRÁFICO E DIAGRAMAÇÃO Brincar na comunidade inclusiva MINA REGEN ILUSTRAÇÕES Ana Cristina Silveira Jogos e brincadeiras CARLOS SERENO E MARIA CELIA MALTA CAMPOS Fabio Lisboa Ivani Nacked Brincar e o desenvolvimento da criança 21 www.anacedesign.com.br Espaços internos do brincar: a brinquedoteca e a biblioteca ARIANE ANDRADE E IVANI NACKED 23 A brinquedoteca hospitalar 24 As múltiplas linguagens da criança ELIANA IASI TARZIA RENATA F. MARTINS PONZONI, ARIANE ANDRADE E FÁBIO LISBOA GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Apresentação A o produzir o GUIA DO AGENTE DO BRINCAR com os temas que compõem o conteúdo de formação dos Agentes do Brincar da IPA Brasil, temos a intenção de oferecer subsídios para que, tanto adultos, quanto crianças e jovens tenham acesso a informações e experiências que lhes permitam promover, apoiar e defender os direitos contidos no Artigo 31 da Convenção dos Direitos da Criança (1989), principalmente nas comunidades onde vivem. Isto ganha relevância em razão da aprovação do documento Comentário Geral (General Comment) na ONU em 01/02/2013, que veio atender, não só ao anseio de todos os que defendem essa causa, como também promover a defesa dos direitos das nossas crianças. O Comentário Geral tem três objetivos principais: “(a) Definir as conseqüentes obrigações dos Estados na elaboração de todas as medidas de implementação, estratégias e programas, focados no entendimento e na completa efetivação dos direitos da criança, nele definidos; (b) Destacar o papel e as responsabilidades do setor privado, incluindo as empresas que atuam nas áreas de recreação, atividades culturais e artísticas, bem como as “O Artigo 31 precisa ser entendido holisticamente, tanto em termos de suas partes constituintes, quanto na sua relação com a Convenção em sua integridade. Cada elemento do Artigo 31 é mutuamente ligado e reforçado e, quando compreendido, serve para enriquecer a vida das crianças.” (CG, PÁGINA 4, PARÁGRAFO 8) organizações da sociedade civil, que oferecem esses serviços para as crianças; (c) Elaborar guias para todos os indivíduos que trabalhem com crianças, em todas as ações que desenvolvem, incluindo guias para pais.”*(CG PÁGINA 3, PARÁGRAFO 7) Teremos alcançado os nossos objetivos se, a par do compartilhamento de informações qualificadas, tivermos tocado os nossos leitores e leitoras, motivando-os a engajar-se na causa que é de todos nós, a defesa dos direitos das nossas crianças, principalmente o direito de brincar e ser feliz! MARILENA FLORES MARTINS Fundadora e presidente da IPA Brasil – Associação Brasileira pelo Direito de Brincar 3 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Brincar como Direito Humano MARILENA FLORES MARTINS E m nosso país, por várias razões, desde os tempos mais remotos, o trabalho foi valorizado em detrimento do ócio e do brincar, sendo ainda considerado por alguns grupos de pessoas, como pura “perda de tempo”. Esta postura vem causando inúmeros prejuízos ao desenvolvimento das crianças, sendo inclusive um dos motivos que tornam difícil a erradicação do trabalho infantil em nosso país, pois ainda existem pessoas que compartilham do paradigma de que é melhor trabalhar do que ficar “sem fazer nada”. Se considerarmos que, brincar é a maneira pela qual as crianças estruturam o seu tempo, ou seja, a sua vida, precisamos reconhecer que estamos falando de direitos humanos e brincar é, antes de tudo, um direito da criança! De uma maneira geral, os direitos humanos têm sido conquistados em um processo histórico, cheio de vicissitudes. Implicam, na maioria das vezes, em mudança de paradigmas e quebra de preconceitos. No Brasil, já estamos na ter- 4 www.ipadireitodebrincar.org.br ceira geração de direitos, desta vez, coletivos: direito à infância, direito ao meio ambiente, direito à cidade, direito ao desenvolvimento dos povos. É preciso, pois, considerar que o respeito ao direito de brincar é condição básica para uma boa infância! Histórico A importância do brincar e da recreação na vida de toda criança, tem sido, há tempos, conhecida na comunidade internacional, como evidenciado na Declaração dos Direitos da Criança de 1959 e fortalecido pela Convenção dos Direitos da Criança de 1989 que, explicitamente, reconhece o direito da criança ao descanso, lazer, brincar, atividades recreativas, livre e plena participação na vida cultural e artística. O Brasil foi signatário dessa Convenção, que considerou a necessidade de proporcionar a elas uma proteção especial, sendo o direito de brincar explicitado no Artigo 31, cujo texto diz: GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Do ponto de vista legal, portanto, estamos devidamente embasados para assegurar que todas as crianças tenham o seu direito de brincar devidamente respeitado. O pouco reconhecimento do significado desses direitos na vida das crianças resulta, muitas vezes em: 1. 2. Os Estados Partes reconhecem o direito da criança ao descanso e ao lazer, ao divertimento e às atividades recreativas próprias da idade, bem como à livre participação na vida cultural e artística. Os Estados Partes respeitarão e promoverão o direito da criança de participar plenamente da vida cultural e artística e encorajarão a criação de oportunidades adequadas, em condições de igualdade, para que participem da vida cultural, artística, recreativa e de lazer. A Constituição brasileira de 1988, por sua vez, em seu Artigo 227 cita claramente o“direito ao lazer”, reforçado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA - 1990), nos artigo 4º e 16:... “direitos ao lazer, à cultura, à liberdade( compreendendo os seguintes aspectos: brincar, praticar esportes e divertir-se.”). A Lei federal 11.104 de 21/03/2005 garante que as crianças internadas em hospitais com atendimento pediátrico, tenham assegurado o seu direito de brincar, considerando inclusive, como infração à legislação sanitária, os que não cumprirem essa determinação. • faltadeinvestimentosemrecursosadequados, • legislaçãofracaouinexistentee • “invisibilidade”dascriançascomoprotagonistas, no planejamento e na execução das ações, em nível nacional e local. O cumprimento das leis depende da ação dos gestores públicos, tanto quanto da postura ética dos cidadãos, que podem e devem, engajar-se na defesa das crianças e de seus direitos. O engajamento consciente, no entanto, depende de informações consistentes, comprovadas por pesquisas científicas e atualizadas, além da observação atenta, dos fatos à nossa volta. Proposta da IPA A IPA internacional iniciou as suas atividades em 1961 na Dinamarca, para proteger e promover as oportunidades das crianças brincarem livremente, de modo permanente e consistente. De lá para cá, outras organizações semelhantes se organizaram e continuam se organizando, em mais de 50 países. A IPA Brasil (Associação Brasileira pelo Direito de Brincar – www.ipadireitodebrincar.org. br) iniciou as suas atividades em abril de 1997, com a mesma missão da IPA internacional. Em 2012, a IPA participou do Grupo de Trabalho internacional para a elaboração de um documento propositivo – o General Comment (GC) – entregue ao Comitê dos Direitos da Criança – ONU em setembro do mesmo ano. Esse documento, agora aprovado, traz subsídios para a regulamentação do Artigo 31, com vistas à sua implementação, pelos países que assinaram a Convenção, entre eles, o Brasil. 5 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Brincar e o Desenvolvimento da Criança MARILENA FLORES MARTINS Cenário Q uando o assunto é a infância estamos falando sobre o nosso futuro. Se não tivermos um presente que respeite a condição da criança de fazer descobertas no seu próprio tempo, estaremos comprometendo o seu amanhã. Desde o nascimento, a vida humana passa por mudanças significativas que, em relação às demais espécies, possuem características únicas. A criança ao nascer dispõe de um cérebro preparado para receber estímulos, logo, aprender; e, assim, fazer aquisições que serão importantes para que seja bem sucedida nas etapas seguintes do seu desenvolvimento. Porém, isso só será possível se compreendermos esse desenvolvimento como algo dinâmico que depende das interações que a criança estabelece com o meio físico (objetos, brinquedos, diferentes espaços e ambientes) e com o meio social (diferentes grupos de adultos e crianças). Entre o nascimento e os três anos, muita coisa acontece para que ela aprenda a controlar os esfíncteres, a comunicar-se pela fala, a andar e a ter mais independência dos familiares e adultos mais próximos. Progressivamente, as crianças passam a pertencer a outros grupos sociais que, igualmente, influenciam o seu desenvolvimento. O desenvolvimento da linguagem e das habilidades sociais é mais eficaz quando misturado com as atividades em grupo, como a capacidade de entender regras e instruções simples. Amigos e colegas assumem importância gradativa na vida da criança, uma vez que elas aprendem muito mais, imitando o comportamento dos outros; experimentando com seus amigos, sentindo-se felizes também! As crianças desenvolvem as suas habilidades motoras pelo movimento dos músculos como andar, correr, escalar, rastejar, balançar, puxar, 6 www.ipadireitodebrincar.org.br sacudir-se e chutar. Encontrar caminhos para agarrar, driblar ou salvar uma bola pode ser entendido como formas da expressão criativa encontradas nos jogos e nos esportes. A criatividade é excitante e prazerosa e oferece oportunidade para explorar problemas e desenvolver soluções. Por esse motivo, as brincadeiras oferecem oportunidades para o desenvolvimento intelectual tais como: propor soluções, negociar, fazer estimativas, contabilizar, planejar, comparar e julgar. As crianças que aprendem a brincar, controlando livremente as brincadeiras, sentem um prazer natural com isso e tendem a manter o interesse por essas atividades. Brincar e praticar esportes permite que as crianças explorem o mundo e encontrem seu lugar nele. Ajudam a aprender a vencer e a perder, uma vez que influenciam o autocontrole. Investindo-se no desenvolvimento da criança, ela aprende a ser cidadã, compartilha experiências aprendendo novas brincadeiras e jogos, além de ter oportunidades culturais. Enquanto brincam, as crianças adquirem os conceitos de valores, limites e responsabilidades, recebendo informações sobre o que podem e o que não podem fazer. Atores Agentes do Brincar são as pessoas que, com conhecimento e competência, criam as oportunidades para que as crianças brinquem livremente. Podem ser: jovens, pais, educadores, profissionais, estudantes, voluntários de organizações da sociedade civil, pessoas na terceira idade. Além do conhecimento teórico prático precisam ter algumas habilidades sobre as quais discorreremos neste Caderno. Desafios e possibilidades no brincar As brincadeiras e os brinquedos, objetos que fazem parte do imaginário infantil , quan- GUIA DO AGENTE DO BRINCAR do bem escolhidos, são instrumentos importantes para o desenvolvimento das crianças, contribuindo para a sua educação. Sugerimos a seguir algumas brincadeiras e atividades que as crianças apreciam. Embora, por questões práticas, elas sejam apresentadas por faixa etária, podem ser oferecidas em diferentes idades. Assim, lembramos que: BEBÊS ATÉ OS 3 ANOS GOSTAM DE: fazer caretas e sons para serem observados; brincar com seus dedos, pés, paninhos e bonecos de pelúcia quando estiverem em seus berços, camas ou sobre um tapete no chão; brincar de esconder atrás de panos, lençóis, porta; diferentes texturas e tamanhos para tocar; imitar gestos e sons de animais domésticos; fazer ginástica: pular sobre a cama, rolar no tapete, engatinhar, balançar nos joelhos; brincar de esconder e achar pequenos objetos; empilhar objetos com diferentes tamanhos e cores; brinquedos com argolas ou de puxar;objetos com diferentes sons como brinquedos com guizo e chocalhos; ouvir histórias curtas e ver livros com figuras simples e com texturas que podem ser de pano ou outro material, laváveis e macios; brincar de imitar gestos dos adultos, como andar de quatro, cantar como um galo; equilibrar-se em um pé só, pular com os dois pés, correr de olhos fechados, brincar com bola ou rastejar em um túnel; brincar de “faz de conta”, com fantoches, fantasiando-se ou usando uma roupa velha ou de adulto; utilizar grandes caixas de papelão para fazer carros, lojas ou somente para explorar; brinquedos de construção ou encaixe; brinquedos com movimento e rodas: carrinhos de puxar ou empurrar, triciclos, cavalinho de pau; brincar com terra, areia, água e tintas não tóxicas; brincadeiras que envolvem música, gestos e expressão corporal; brincar com outras crianças, principalmente as mais velhas, compartilhando um mesmo objeto, como por exemplo, entrar em uma caixa e ser empurrado, jogar bola, vestir uma boneca. CRIANÇAS DE 3 A 6 ANOS GOSTAM DE: brinca- deiras de roda, pular, correr, escalar, rolar e escorregar; andar de bicicleta, brincar com terra, água e areia; massa para modelar, tintas com cores variadas para pintar; brinquedos com movimento como carros, trenzinhos, aviões ou barcos; brincadeiras de faz de conta; brincar de casinha, mamãe e papai; imitar as atividades dos adultos, além de imitar outros seres vivos; usar fantasias dos seus heróis preferidos, brincar de fantoches e de teatrinho; brincar de pular, correr, cantar e dançar; alguns brinquedos eletrônicos; atividades como andar de bicicleta e outros brinquedos com rodas; brincar com bonecos e bonecas, além de miniaturas de tudo o que existe em seu ambiente cotidiano: utensílios domésticos, móveis, veículos; usar vestimentas e fantasias, principalmente dos personagens com os quais se identificam; ouvir história, principalmente os de heróis e heroínas; teatrinho de fantoches; jogos com regras simples: memória, dominó e de tabuleiro; jogos de construção; massa para modelar, forminhas e potinhos, tinta não tóxica; CRIANÇAS DOS 6 AOS 9 ANOS APRECIAM: atividades que estimulem a sua autonomia e iniciativa, que evitem a monotonia, o excesso de atividades “acadêmicas” ou de disciplinamento exagerado; oportunidades para as brincadeiras espontâneas, o uso de materiais criativos, os jogos, as danças e os cantos, as múltiplas formas de comunicação, de expressão artística, de criação e de movimento; ir ao parque ou convidar os amigos para brincar em casa; jogos eletrônicos adequados à sua idade; atividades de iniciação aos esportes que facilitem o aprendizado de regras e de atuação em equipe; brincar de casinha ou de escola, preferencialmente, se forem meninas; os meninos também as acompanham nessas brincadeiras e gostam bastante de jogos com movimento e desafios; misturar ingredientes de cozinha e preparar alimentos simples na companhia de adultos; mesclar tintas para obter cores e cheiros novos, utilizando-as em diferentes formas de expressão artística. Gostam de desenhar e se expressam com riqueza de detalhes; montar, construir e brincar com jogos que tenham propostas simples, como os dominós, jogos de memória, lotos etc. Estes podem ser construídos com materiais recicláveis e na companhia de adultos ou crianças mais velhas, o que pode ser um momento interessante para transmitir, na prática, os conceitos de educação ambiental; livros de contos, principalmente, os que falam 7 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR de valores e que são importantes para o seu desenvolvimento intelectual e emocional. Através deles podem aprender a identificar e a reconhecer, nos outros e em si mesmas, pensamentos e sentimentos que ajudam ou atrapalham a sua relação consigo mesma e com os outros. CRIANÇAS DE 9 AOS 12 ANOS GOSTAM DE: jogos com bola, brincar na água, correr, saltar, equilibrar-se ou equilibrar objetos; mesclar as atividades solitárias, como ler uma revista, assistir TV ou jogar videogame, com aquelas que incluem exercícios físicos, bem como os jogos em grupo ou com regras; acompanhar os pais em atividades esportivas ou freqüentar clube ou escolinha esportiva, tudo como brincadeira e estando sempre atentos para evitar os treinos agressivos, bem como os excessos competitivos; oportunidades para experimentações científicas; aprender jogos cooperativos; participar de torneios de jogos com regras: dominó, xadrez e outros; atividades criativas como o desenho, por exemplo; fazer viagens e passeios de aventura; participar de atividades artísticas como o teatro, música e dança que, em suas inúmeras formas de representação, são ótimas oportunidades para que as crianças apresentem, de forma imaginativa, sua visão de mundo; literatura infantil quando viajam nas asas da imaginação. Os temas oferecidos pela TV, por exemplo, poderão servir de centro de interesse para vôos mais altos. Além destas sugestões lembramos que crianças gostam e devem ser conduzidas pelos adultos, a participar de atividades culturais, tanto aquelas relacionadas à sua comunidade, quanto ir ao cinema, ao teatro e assistir espetáculos de música e dança, desde que apropriados à sua idade. O perfil do Agente do Brincar Em um ambiente adequado para brincar, as crianças farão escolhas acerca do que elas brincam e com quem brincam. Nesses momentos poderão ser apoiadas e estimuladas pelo Agente do Brincar, um animador e facilitador das oportunidades lúdicas. Os interessados nesta atividade devem capacitar-se para a sua ocupação, além de pos- 8 www.ipadireitodebrincar.org.br suir predisposição para o desenvolvimento das relações interpessoais, da liderança, da comunicação, da criatividade, além de habilidades físicas, psicológicas e sociais necessárias a um bom desempenho. Como para qualquer outra ocupação voltada para estimular o desenvolvimento humano, o Agente do Brincar precisa ter e desenvolver habilidades e valores essenciais para o seu bom desempenho, tais como: Liderança – lembrando sempre que o brincar é conduzido pela criança; Criatividade – cria acontecimentos e oferece soluções; Organização – no seu planejamento, material e ambiente; Flexibilidade – para ver e ouvir, estimulando os relacionamentos; Respeito – a si próprio, ao outro e ao meio; Vocação para a pesquisa – avalia novas formas de abordagem em busca de melhores resultados; Laborabilidade – capacidade de trabalhar ativamente e enfrentar novos desafios. Pais e cidadãos motivados e comprometidos, juntamente com agentes capacitados, são os protagonistas para a construção de um cenário que garanta os direitos das crianças e dos jovens, contribuindo positivamente para o futuro do nosso planeta. PARA SABER MAIS BROCK, Avril. Perspectives on play: learning for life. Pearson Education Limited .Edinbourgh Gate, 2008. FLORES, Marilena Martina. Brincar é preciso. São Paulo: Editora Evoluir, 2009. OLIVEIRA, Vera Barros (org.). O brincar e a criança do nascimento aos seis anos. Petrópolis: Editora Vozes, 2008. OLIVEIRA, Vera Barros, FORTUNA, Tânia Ramos, SOLÉ, Maria Borja (orgs.). Brincar com o outro: caminho de saúde e bem-estar. Petrópolis: Editora Vozes, 2010. GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Jogos e Brincadeiras CARLOS SERENO E MARIA CELIA MALTA CAMPOS Cenário O essencial não é o brinquedo, mas o ato de brincar. O jogo ativa e desenvolve inúmeras habilidades nos jogadores. Entre elas, algumas colaboram na aprendizagem de qualquer novo conhecimento, como observar e identificar, comparar e classificar, analisar e estabelecer relações, elaborar hipóteses, inferir. Também são habilidades de conhecimento os procedimentos utilizados no jogo, como a antecipação, o planejamento, o uso de um método de ação, o emprego de formas de registro e de contagem, entre outros. Porém, não podemos esquecer a função socializante do jogo, pois a interação que ele proporciona favorece a prática de atitudes importantes como: competir dentro de regras, saber respeitar a força do oponente, perceber uma situação sob o ponto de vista oposto ao seu. Aprender com o outro é mais rápido e mais efetivo porque é mais prazeroso. Uma das coisas que o jogo assegura é justamente esse espaço de prazer e aprendizagem que o bebê conhece, mas que a criança perde quando entra na escola e o adulto esquece de uma vez ao ingressar no mundo do trabalho. Nesse breve percurso do imenso campo dos jogos e brincadeiras, adotamos uma classificação dos mesmos, com base na proposta de Jean Piaget, psicólogo estudioso dos processos de conhecimento e de desenvolvimento humano. Jogos Corporais O corpo está presente em todas as atividades da criança, desde o nascimento. O movimento é a ação natural da criança, a qual propicia o desenvolvimento das suas habilidades psicomotoras amplas e finas, além de facilitar o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas, sempre na relação com objetos, com o espaço e com os outros. Assim, objetos e brin- quedos favorecerão o desenvolvimento dos seus esquemas motores de atirar, enfiar, pular, girar, equilibrar-se, entre outros. Por sua vez, os materiais para jogos corporais que descrevemos a seguir podem e devem ser incorporados a outros jogos, como os de faz de conta e os jogos teatrais, por exemplo. O MATERIAL ESTIMULADOR: bolas de tamanhos va- riados e de diferentes materiais, petecas, cordas de pular, arcos, boliche, cestos de basquete, tacos, latas, tábuas sobre apoios. O Agente do Brincar deverá favorecer a ação livre e espontânea das crianças, para que explorem e descubram as características dos objetos na relação com as possibilidades de seus movimentos, como força, velocidade, direção. Por exemplo, as tabuas podem servir como obstáculo para saltos ou para caminhar em cima delas, equilibrando-se; mas podem também servir de “pista” de corrida para carrinhos e objetos variados. As atividades corporais permitem o arranjo dos jogadores em duplas ou equipes, em contexto de jogos estruturados por regras simples, acompanhados por músicas - em brincadeiras de roda, por exemplo ou desafios, como pega-pega, pique-bandeira, estátua, entre outros. Jogos Simbólicos A criança entre cerca de 3-4 anos de idade até 8- 9 anos costuma se entregar com espontaneidade e alegria ao jogo simbólico (a brincadeira de faz de conta). Essa é a sua linguagem por excelência, sua forma de comunicação, já que não domina tão bem a comunicação verbal, como nós adultos. Em sua brincadeira, ela expressa e reorganiza suas experiências de vida e o seu ambiente. A seu bel prazer, transforma objetos (um bloco de madeira é um caminhão; um palito pode ser uma espada ou uma varinha mágica) e encarna personagens imaginários ou do seu cotidiano familiar e social (a mãe, a professo- 9 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR ra, o médico, o policial). Ali ela se encontra no controle da situação, é o autor daquela criação fantasiosa. Nesse território de liberdade, ela não será corrigida ou instruída sobre o certo/errado. ginário será reproduzido em objetos tridimensionais, a serviço da brincadeira, compondo cenários e também ensejando a integração com as atividades de expressão criativa. O MATERIAL ESTIMULADOR: adereços como capas, tiaras e chapéus; colares e pulseiras; miniaturas de utensílios e móveis do cotidiano do lar; de objetos da loja, feira ou mercado; de animais e veículos; blocos de madeira; retalhos de tecidos variados; fios de lã, cordas. Jogos com Regras Este jogo imaginário, extremamente individual e subjetivo, se prolonga, gradualmente, em brincadeiras coletivas, quando então as crianças assumem papéis e representam situações imaginárias, elaborando seqüências e enredos. São jogos dramáticos que podem, aos poucos, se fixar e ganhar estrutura em pequenas narrativas teatrais. Jogos de Construção São as brincadeiras em que as crianças inventam e criam, de acordo com sua imaginação, mas onde está presente a observação mais fiel da realidade e um menor grau de fantasia. Nesses jogos, as crianças procuram fazer uma imitação exata dessa realidade e assim constroem bonecos, veículos, maquetes de edifícios e cidades. Conforme adquirem melhor coordenação motora, elas também podem corresponder de modo mais adequado, a execução de sua construção com a imagem mental que elaboraram. Por isso, pode-se considerar que tais jogos situam-se numa posição intermediária entre o jogo de faz de conta e os jogos de regras. O MATERIAL ESTIMULADOR: peças de isopor, pape- lão, cartolina, blocos de madeira, peças de encaixe, caixas de embalagens, canudinhos e palitos; tubos e conexões de PVC em tamanhos e formas variadas (em T e em Y, canos retos, cotovelos, roscas); cola, fita colante, tesoura, clips, grampeador. Todo esse material enseja ações de ligar, unir, sustentar - esquemas práticos, mas também extremamente simbólicos. Ele remete ao produto industrializado que cerca o ambiente da criança, mas que será transformado e inserido em um contexto lúdico e criativo. O ima- 10 www.ipadireitodebrincar.org.br Esta classe de jogos se assenta no respeito a limites e a estruturas externas e exige a prática da cooperação e do respeito mútuo, a tolerância à frustração e a aceitação dos limites dados pelas regras. Desse modo, as interações no contexto do jogo de regras promovem o desenvolvimento moral, sem o qual o próprio jogo fracassa. Além disso, esses jogos facilitam a construção de várias habilidades cognitivas, como as noções espaciais (espaço uni e bidimensional, relações de distancia, proximidade, vizinhança) e de tempo, como seqüência ou ordem dos movimentos. As estratégias do jogador se apóiam na progressiva coordenação lógica entre essas noções, permitindo as antecipações e o planejamento das jogadas. O MATERIAL ESTIMULADOR: jogos regrados, em geral, como jogos de tabuleiro e quebra-cabeças. Dos mais tradicionais aos mais modernos, muitos desses jogos podem ser construídos pelas próprias crianças e adaptados às suas necessidades e interesses. Os jogos a serem oferecidos devem permitir diversas composições de jogadores, atendendo aos interesses das crianças. Alguns jogos propõem quebra-cabeças e são solitários, caso do Sudoku, do Resta Um, do Rush Hour. Outros prevêem dois oponentes, como Damas, Batalha Naval, Lig-4, jogo da Velha, Dominó; outros ainda podem ser jogados por mais oponentes (jogos de percurso como o Ludo e o Jogo da Vida; jogos de tabuleiro como Xadrez Chinês, Trilha (ou Moinho) e o tradicional Pega - Varetas e até por equipes (Imagem e Ação, Detetive). Desafios e possibilidades nos jogos e brincadeiras Para o jogo simbólico e o de construção, é interessante oferecer às crianças formas não estruturadas, objetos sem desenhos e material não figurativo, como blocos de madeira, papéis coloridos e de diversas texturas, fitas e fios, ou GUIA DO AGENTE DO BRINCAR seja, materiais sem acabamento e definição. Desse modo, as crianças poderão, mais livremente, neles imprimir seus significados, criando seus brinquedos e compondo suas brincadeiras a partir de suas fantasias. Nos jogos regrados, mesmo naqueles individuais ou de 1 contra 1, o orientador poderá introduzir modificações, com novos arranjos de jogadores - como dupla contra dupla; equipe contra equipe), que estimulem a participação de todos, dos mais hábeis aos menos experientes. O adulto poderá também propor campeonatos e torneios para que a repetição do mesmo jogo se mantenha estimulante, assim favorecendo o progressivo domínio das suas estratégias. Podemos pensar também que a prática de jogos regrados introduz a criança na cultura e nas tradições de diferentes povos e épocas, fazendo-a participante ativa na história da humanidade. O Mancala ilustra bem essa possibilidade de enriquecimento da vivencia infantil, por ser um jogo tradicional nas sociedades africanas e asiáticas, além de antiqüíssimo. Na verdade, Mancala é o nome genérico para mais de 200 jogos, semelhantes entre si e originários do Egito antigo. Registros desse jogo datam de 3.500 a 7.000 anos e vestígios de seus tabuleiros foram encontrados na pirâmide de Keops e nos desertos da Arábia. Em toda a África se joga com sementes, na Indonésia com conchinhas e os marajás da Índia jogavam com rubis e safiras. Seu tabuleiro é escavado na terra ou na areia, ou verdadeiras obras de arte. Mas alguns povos ainda o associam a ritos mágicos e sagrados, ao movimento das estrelas e à influência dos deuses. Simbolizando a semeadura, a plantação, a aposta no futuro, jogá-lo, mais que uma experiência de confronto, é uma vivência da parceria, do espírito de solidariedade. Ele ensina a semear no tempo certo, reavivar esperanças e dividir os frutos da colheita. O tabuleiro e o número de peças são sempre o mesmo, porém a modalidade de jogo abaixo descrita corresponde a apenas uma das inúmeras versões dessa família de jogos, também chamada de jogos de semeadura ou jogos de contagem e captura. NÚMERO DE JOGADORES: 02 MATERIAL: 48 sementes ou qualquer outro grão e dois tabuleiros (terrenos), com 06 covas cada um. OBJETIVO: colher 25 sementes ou grãos antes que o outro jogador. PREPARAÇÃO: colocar 04 sementes ou grãos em cada cova dos terrenos e definir que jogador vai dar a partida. MOVIMENTAÇÃO: o jogo segue no sentido anti-horá- rio. Os jogadores, cada um na sua vez, devem apanhar 04 sementes de qualquer cova do seu terreno (essa ficará vazia) e semear 01 semente em cada cova seguinte (sentido anti-horário). Dependendo da casa escolhida para retirar as sementes a serem semeadas a seguir, o jogador poderá semear apenas em seu terreno, mas também poderá semear no seu e no do outro jogador ou só no outro jogador. COLHEITA: quando um dos jogadores, ao semear, no campo contrário, completar nessa última casa 02 ou 03 sementes, deve retirá-las do tabuleiro para si. Nas casas anteriores a essa última, havendo 02 ou 03 sementes, numa seqüência, essas também deverão ser retiradas. PARA SABER MAIS PIAGET, J. (1964). Seis estudos de Psicologia: trad. Maria Alice Magalhães de Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva, 24a. ed., Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2003. ZASLAVSKY, C. Jogos e atividades matemáticas do mundo inteiro. Diversão multicultural para idades de 8 a 12 anos. Ed. Artmed, 2000. 11 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Brincar na Comunidade Inclusiva MINA REGEN Cenário A atenção à pessoa com deficiência implica em uma melhor compreensão das atitudes ainda vigentes em relação a essa população e a necessidade de construirmos uma sociedade inclusiva, em que caibam todos os seus cidadãos. Da Antiguidade ao século XXI, grandes mudanças ocorreram na atenção às pessoas com deficiência, dependendo da época e contexto social, desde o abandono até à segregação e, finalmente, à inclusão. Sabemos, por exemplo, que na Grécia, só senhores de posses eram tidos como “cidadãos”. Mulheres, crianças e escravos não tinham valor social. Tratava-se de uma sociedade belicista e que pregava o culto à perfeição e beleza física. Assim, as crianças que nasciam com alguma deficiência eram eliminadas por exposição, isto é, eram abandonadas para que morressem de fome ou devoradas por algum animal. Já as crianças sadias deveriam assumir o papel de continuidade da família. Em Roma, aquelas crianças que nasciam com alguma anomalia eram poupadas da morte e serviam de diversão para os nobres romanos em seus festins, como “bobos da corte” ou sendo ridicularizados nas feiras populares. Novos conceitos surgiram na contemporaneidade, embasando as idéias vigentes em relação às pessoas com deficiência e contribuindo para a construção de uma sociedade inclusiva (SASSAKI, 1997). AUTONOMIA: “É a condição de domínio no am- biente físico e social, preservando ao máximo a privacidade e a dignidade da pessoa que a exerce”. INDEPENDÊNCIA: “É a faculdade de decidir sem depender de outras pessoas, tais como membros da família ou profissionais especializados”. EMPODERAMENTO: “Processo pelo qual uma pes- 12 www.ipadireitodebrincar.org.br soa, ou um grupo de pessoas, usa o seu poder pessoal inerente à sua condição – Por exemplo: deficiência, gênero, idade, cor – para fazer escolhas e tomar decisões, assumindo assim o controle de suas vidas”. AUTOGESTÃO/AUTODEFESA: “Permite que uma pessoa possa gerenciar todos os aspectos de sua vida, desde as habilidades básicas de alimentação, autocuidado, vestuário, até a ampla defesa de seus direitos (autodefesa)” (ROCHA, M. S., 2007). A família e a criança com deficiência O nascimento de uma criança com deficiência causa uma reação inicial da família, que dificilmente está preparada para receber uma criança não desejada, dificultando a formação dos vínculos afetivos em seu processo de aceitação dessa criança diferente, mas não desigual. Ao receber o diagnóstico da deficiência de um filho, os pais, geralmente, costumam se fechar em sua dor, mágoa, tristeza, isolando-se socialmente, sendo importante apoiá-los e fazê-los entender que é no seio da família que o processo de inclusão social das crianças com deficiência deve se iniciar. A estimulação de bebês ocorre naturalmente, quando as mães ou os cuidadores são afetivos e comunicativos, ou seja, costumam conversar com eles enquanto trocam fraldas, dão banho, alimentam, acariciam partes do corpo, nomeando-as, oferecem brinquedos etc. Porém, as crianças que já apresentam alguma alteração nos primeiros meses de vida, em geral não reagem às brincadeiras, ocasionando diminuição das manifestações dos adultos. Esta situação prejudica a evolução inicial da criança, já que nessa fase é que ocorre o maior desenvolvimento do cérebro humano. É imprescindível que a família entenda a importância do brincar e de propiciar espaços GUIA DO AGENTE DO BRINCAR de convivência e aprendizado inclusivos, ou seja, aqueles espaços onde crianças com e sem deficiência possam brincar e interagir. Desafios e possibilidades na inclusão Atividades, brincadeiras, brinquedos e o desenvolvimento neuropsicomotor. Prover um ambiente estimulador para as crianças com algum tipo de deficiência deve ser uma preocupação de: pais, cuidadores, educadores e dos Agentes do Brincar. Do nascimento até aos 04 anos de idade, as crianças precisam receber estimulação adequada para o desenvolvimento de várias habilidades físicas. Desde os primeiros meses de vida, independentemente de suas limitações, algumas brincadeiras e estímulos são muito bem vindos ao bebê. Por exemplo: • • • • • • • • po (hipotonia). O quê e de que forma deve-se oferecer-lhe um objeto para que ele se interesse em movimentar as mãos? A partir desse problema, experimente oferecer aos grupos de capacitação para Agentes do Brincar, material de sucata e vários outros materiais, como retalhos de tecidos, linhas coloridas, agulhas, botões, palitos de churrasco, de sorvete, cola tesouras, revistas etc. Peça que construam um objeto e uma situação lúdica adequados às possibilidades da criança. Objetos ou adaptações simples propiciam melhor condição de participação das crianças com deficiência, em brincadeiras ou na manipulação de brinquedos. Colocaracriançaemdiferentesposições Conversarbastanteeobservarseelatenta olhar para quem fala com ela Cantarparaacriança Posicionar a criança de barriga para cima, segurar um objeto colorido ou sonoro e movimentá-lo de um lado para o outro e verificar se o segue. Estimularbraçosepernasdacriançacom toalhas felpudas e objetos de diferentes texturas Ao tocar campainhas ou outros objetos sonoros do lado esquerdo e direito da criança, observar se a mesma fica atenta. Sentaracriançanocolo,frenteafrente, aparando com as mãos suas costas e cabeça, sorrindo e cantando para ela. Colocarochocalhonamãodacriançae balançá-la de um lado para o outro. Desafio: Pensando a adaptação Muitos brinquedos ou brincadeiras podem ser construídos e propostos para uma criança com deficiência. O bebê cego não movimenta muito as mãos em direção a objetos, motivo pelo qual apresenta musculatura molinha nessa parte do cor- 13 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR A cadeira com peso nos pés possibilita que a criança seja retirada da cadeira de rodas e participe de atividades em uma mesinha. Acionador caseiro: funciona como um prolongamento do botão liga e desliga de brinquedos eletrônicos ou do botão direito do mouse – permite que crianças com dificuldades nos membros superiores possam acioná-los. Calças preenchidas com flocos permitem que a criança, sem controle de tronco, seja posicionada no chão, com apoio para a coluna. Experiência de Sucesso Lápis cera de várias texturas permitem que a criança com dificuldade de preensão possa pintar ou desenhar. “O olhar para as atitudes por mais simples que elas sejam nos diz muito sobre a criança e seu estado ou condição social, física e mental.” Depoimento de participante de curso de capacitação em Agentes do Brincar, citado no relatório de avaliação externa dos cursos de capacitação em Agentes do Brincar, 2012. PARA SABER MAIS Prancha inclinada: propicia melhor posicionamento do material ou da atividade, de modo a facilitar o desempenho motor, visual ou de organização espacial da criança com deficiência. 14 www.ipadireitodebrincar.org.br ROCHA, Moira Sampaio. Manual de formação de autodefensores. Nada sobre nós, sem nós. Federação das APAEs do Estado de Minas Gerais Pará de Minas. 2007. SASSAKI, R.K. Inclusão: construindo uma sociedade para todos. Rio de Janeiro: Editora WVA. 1997. GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Espaços do Brincar: Internos e Externos MARILENA FLORES MARTINS Cenário O impacto das brincadeiras no desenvolvimento infantil só poderá efetivar-se se, além do conhecimento sobre a sua importância, os adultos puderem oferecer-lhes condições favoráveis nos diferentes ambientes e espaços da criança. Espaços para brincar e aprender são aqueles que oferecem atividades em um ambiente saudável, amoroso e proporcionam oportunidades para as crianças interagirem com adultos, desenvolvendo um relacionamento de confiança com eles. Esses espaços apóiam as crianças que estão começando a desenvolver habilidades sociais como: compartilhar, esperar a vez, explorar responsabilidade, independência, autoconfiança, tomar decisões e saber trabalhar em grupo; ajudam a desenvolver a prontidão das crianças para a escola, por meio de atividades lúdicas que estimulam a linguagem e o desenvolvimento do pensamento; oferecem um lado da rotina das crianças fora da família, em um ambiente familiar positivo; oferecem modelos de papéis. Ali, as crianças aprendem umas com as outras, sem se preocuparem com autoridade (pais/adultos). Acima de tudo, são ambientes informais onde as brincadeiras devem ser livres. Para melhor compreensão da abrangência dos mesmos, poderíamos classificá-los em: 1. ESPAÇOS/AMBIENTES IMATERIAIS: são os espa- ços onde a criança está presente e que lhes proporcionam os estímulos, as condições afetivas e os relacionamentos necessários para o seu desenvolvimento humano, pessoal e social, além de desenvolver o seu sentido de pertencimento. São eles: • • • • Família Educação Comunidade Políticapública 2. ESPAÇOS/AMBIENTES FÍSICOS: são os espaços de vida das crianças e que lhes dão continência física, oferecendo-lhes as condições materiais e ambientais adequadas ao seu pleno desenvolvimento. Os espaços físicos abrigam os espaços imateriais. São eles: • • • • Casa/Habitação Escola Ruas,PraçaseParques Equipamentosdesaúde,culturaelazer Faremos a seguir algumas considerações sobre a correlação entre os espaços imateriais e físicos e o seu impacto no desenvolvimento das crianças, à luz dos direitos contidos no Artigo 31. A. Família/Habitação “As crianças precisam esforçar-se, lutar e se superar, mas isso não significa que a infância deva ser uma corrida.” Carl Honoré ( filósofo escocês) Mães e pais preocupam-se com o futuro dos seus filhos, principalmente em questões como o sucesso profissional, o desenvolvimento saudável e as habilidades sociais, como base para a felicidade. O importante é saber que brincar faz seus filhos mais felizes e que a criança que brinca fica mais esperta, aprende com mais facilidade e se torna um adulto mais realizado. As brincadeiras ajudam a criança a relacionar-se melhor com os outros, desenvolvem a sua criatividade, fazendo-as mais tranqüilas e inteligentes. Brincar em família é igualmente importante e os pais são os parceiros preferidos em suas brincadeiras, principalmente pelas crianças pequenas, sendo que toda criança precisa ser aceita incondicionalmente por, pelo menos, um adulto. Quando as famílias eram maiores, os avós, tios e primos viviam próximos uns dos outros e brincavam bastante com as crianças. O importante é saber que, quando crianças e adultos brincam juntos, 15 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR demonstram o seu afeto e expressam a aceitação incondicional: não há outro motivo para desfrutar a não ser a presença de um pelo outro, sendo um, parte da vida do outro e pertencendo um ao outro. Brincar é o estímulo que ajuda as crianças a construir o seu projeto de vida. Por essas e outras razões é que os espaços físicos habitacionais devem oferecer as condições adequadas do ponto de vista arquitetônico e de recursos materiais, para que as crianças e adultos possam ter experiências lúdicas positivas e aprimorem os seus relacionamentos de forma espontânea e alegre. B. Educação/Escola As brincadeiras são para as crianças, principalmente as pequenas, mais do que diversão. São experimentos que conduzem ao aprendizado e à percepção do mundo. Depois da casa, a escola é o local preferido pelas crianças para brincar e fazer amigos, construindo os seus relacionamentos sociais. Brincar na escola contribui para desenvolver os quatro pilares da educação: Aprender a Ser, Aprender a Conviver, Aprender a Conhecer e Aprender a Fazer (UNESCO). No entanto, a excessiva pressão para a aquisição de conhecimento acadêmico formal, com cronogramas rígidos e programas densos e super estruturados, vem provocando nas crianças, transtornos físicos e mentais que impedem, entre outros, o seu bom aproveitamento escolar. 16 www.ipadireitodebrincar.org.br Além da escola, os espaços culturais como bibliotecas e museus, são elementos importantes para o desenvolvimento da criança. C. Comunidade/Ruas Praças e Parques Se quisermos efetivamente promover o desenvolvimento sustentável, que estimule o respeito ao meio ambiente, precisaremos oferecer às crianças oportunidades para conhecer, conviver e brincar junto aos elementos da natureza, proporcionando-lhes uma série de efeitos positivos tais como: liberdade, criatividade, atividade física, estímulo, habilidade motora, imaginação, capacidade de observação, interações sociais, relaxamento e tolerância à diversidade. Atividades na natureza oferecem oportunidades para que todos se envolvam em eventos na sua própria comunidade, dando-lhes o sentido de pertencimento. CONDIÇÕES ESSENCIAIS PARA UM AMBIENTE EXTERNO: • • • Umambientequesejaseguroderiscosocial ou violência; Um ambiente suficientemente livre de lixo, esgoto a céu aberto, poluição, tráfego e outros perigos físicos para permitir às crianças movimentarem-se livremente e com segurança em sua vizinhança; Espaçoseoportunidadesparabrincarfora de casa desacompanhadas, em um ambiente físico diversificado e desafiador, que ofereça riscos controlados e com fácil aces- GUIA DO AGENTE DO BRINCAR • • so a adultos protetores, quando necessário; Oportunidade de criar ou transformar espaços e tempos onde elas possam investir no seu próprio mundo, imaginação, linguagens e fantasias; Padrõesdesegurançaparatodososespaços de brincar e recreação, brinquedos e equipamentos lúdicos. D. Políticas Públicas Em relação às políticas públicas voltadas para a criança, lembramos que as suas necessidades não se referem somente àquelas relacionadas à nutrição, imunização e educação, infantil e fundamental. As políticas voltadas a elas precisam colocar ênfase no brincar, recreação, cultura e artes, e os profissionais, responsáveis pelo desenvolvimento dos programas, precisam estar adequadamente capacitados para lhes dar suporte. As leis e a sua normatização devem prever a dotação orçamentária, necessária para o desenvolvimento dos programas, que precisam ter mecanismos efetivos de monitoramento e fortalecimento, para assegurar que todos os membros da sociedade civil, incluindo o setor corporativo, comprometam-se com os recursos para atender aos direitos contidos no Artigo 31. Para que sejam efetivas, elas precisam de gestores comprometidos, apoiados por uma política de direitos, com o respectivo controle social, que facilite a participação comunitária. A atuação inter setorial entre os governos: municipal, estadual e nacional é essencial para a sua efetividade e permanência, fazendo com que seja efetivamente uma política de estado. Espaços Externos do Brincar – montagem e gestão de projetos lúdicos Os Agentes do Brincar poderão organizar eventos lúdicos com o objetivo de sensibilizar, informar e mobilizar as comunidades, para que ofereçam as condições necessárias para o livre brincar. Dentre eles, destacamos o Projeto Lúdico Comunitário cuja idéia central é a de criar uma cultura para as atividades lúdicas e culturais nos espaços públicos das cidades, garantindo melhor qualidade de vida e utilizando-as como importante instrumento no aperfeiçoamento das relações adulto/ criança e criança/criança, contribuindo para a cultura de paz. Em um Projeto Lúdico Comunitário, o público-alvo será composto por pessoas de todas as idades e com todas as capacidades, incluindo prioritariamente as crianças e seus familiares. Os participantes atuarão ativamente em todo o processo, desde o planejamento das atividades até a montagem e a participação nas Estações. Os temas culturais e educativos do evento deverão ser escolhidos em comum acordo com os parceiros e a comunidade. Os objetivos específicos dos projetos lúdicos comunitários são: 1. Mobilizar pessoas e organizações para uma nova visão dos espaços públicos, motivando-os a ocupá-los de maneira criativa, competente e organizada, voltados para sua função social; 2. Propor a participação da comunidade com a capacitação dos Agentes do Brincar, objetivando o inicio de uma rede de apoio para as crianças e adolescentes daquela comunidade. Etapas de um Projeto Lúdico Para se garantir o sucesso de um projeto lúdico comunitário, deve-se elaborar um planejamento que contemple cuidadosamente suas distintas etapas: 1. IMPLANTAÇÃO Refere-se às ações preliminares ao início do trabalho, das quais dependem os bons resultados. São elas: • Avaliação e consolidação de parcerias com escolas e organizações locais, para a escolha dos futuros Agentes do Brincar e das atividades que comporão as estações lúdicas, culturais e ações de divulgação e mobilização da comunidade; 17 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR • • • • Articulação da parceria com os gestores públicos das áreas envolvidas no evento: educação, cultura, meio ambiente, outras; Definição do mapa local onde serão montadas as atividades lúdicas e culturais, denominadas Estações lúdicas; Levantar os recursos disponíveis e necessários, além de suas fontes, para a realização das etapas do evento na sua totalidade; Avaliar os riscos existentes e tomar as medidas necessárias para minimizá-los, tais como: providenciar a limpeza e segurança do local, além de um possível plantão médico, quando possível. 2. CAPACITAÇÃO DOS AGENTES DO BRINCAR PARA OS EVENTOS COMUNITÁRIOS Esta etapa tem por objetivo: informar sobre o projeto, embasar o conhecimento sobre o brincar, aprofundar a motivação dos participantes, envolvendo-os de forma mais efetiva e responsável. A preparação se dá através de informações teóricas e práticas sobre: • • • Osdireitosdascriançasejovens; Aspropostasdoprojeto; Ametodologiaqueseráutilizadanodesenvolvimento das atividades a serem realizadas nas diferentes Estações. to propriamente dito. Para tanto, deve-se definir data, horário e local, além do seu formato com a quantidade de estações lúdicas. Sugestão para as Áreas de Atuação que podem orientar a montagem dessas estações: • • • • Atividades Lúdicas e Esportivas Oficinas de Construção e Reciclagem Oficinas de Arte educação Apresentações Culturais de grupos locais Definir o espaço onde se realizarão as atividades – o evento acontece dentro de um espaço demarcado que pode ser chamado A Trilha do Aventureiro. Ao longo dessa trilha estarão dispostas as Estações Lúdicas. O participante inicia a Trilha de posse de seu Passaporte, com o objetivo de visitar e interagir em todas as Estações para finalizar o percurso e receber seu Certificado de Aventureiro. As Estações lúdicas desenvolverão atividades variadas que vão desde brincadeiras tradicionais, jogos cooperativos e de consciência ambiental, com atividades para pessoas de todas as idades e com todo o tipo de capacidade. Poderá haver um palco onde serão feitas apresentações de grupos performáticos, musicais e culturais da comunidade, durante todo o evento. A capacitação deverá ainda promover: • • AintegraçãodosAgentesdoBrincarcom a organização do projeto e seus parceiros; Ainformaçãoespecializadaacercadatemática escolhida pelos parceiros. 3. MOBILIZAÇÃO DA COMUNIDADE Para tal, sugere-se uma palestra ou oficina de sensibilização da comunidade em parceria com as lideranças locais. Além disso, é importante promover a comunicação com a comunidade, através de mídia local e distribuição de cartazes em escolas, organizações da comunidade que atuam com crianças e jovens e no comércio local. 4. O EVENTO Nesta etapa, faz-se o planejamento do even- 18 www.ipadireitodebrincar.org.br Dentro do espaço da Trilha teremos ainda instalações educativas, abordando os aspectos relacionados ao tema. 5. PÓS EVENTO Esta etapa é muito importante, pois será a oportunidade para realizar a avaliação do projeto, juntamente com a comunidade, com foco nos desafios encontrados e nas oportunidades oferecidas, visando a sua sustentabilidade. Essa avaliação será feita com todos os parceiros e Agentes do Brincar participantes. Ela poderá ser realizada mediante uma roda de histórias, onde se compartilhe o que aconteceu durante o evento, além de oficinas lúdicas. Pode contar ainda com um avaliador externo e que tenha participado do mesmo. GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Espaços Internos do Brincar: a Brinquedoteca e a Biblioteca ARIANE ANDRADE E IVANI NACKED N o mundo contemporâneo, nos centros urbanos, a rua se tornou o lugar dos carros, acarretando na perda deste espaço público como lugar de brincar. Os lugares públicos ainda freqüentados são os parques e praças, onde há alguns estímulos para a brincadeira, como brinquedos fixos e a própria natureza. Entretanto, a maioria das crianças, atualmente, brinca em casa ou em espaços fechados, como escolas, clubes ou shoppings. De acordo com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), toda criança possui o direito de brincar, independente de sua idade, raça ou condição socioeconômica, sendo necessário que a população faça cumprir esse direito e que ele seja respeitado, pois o brincar é uma atividade essencial para a saúde física, emocional e intelectual do ser humano. È neste contexto que o movimento de organização das Brinquedotecas assume um papel de grande importância no Brasil, enquanto defende o acesso à cultura e ao brincar, como um direito não só da criança como de toda a família. A brinquedoteca é um dos espaços dedicados à brincadeira livre como tantos outros, porém, é um lugar com muitas especificidades, que podem variar de acordo com o ambiente em que está inserida: escolas, empresas, clubes e hospitais, por exemplo. A organização de uma brinquedoteca deve sempre priorizar a autonomia da criança e favorecer o trabalho do brinquedista, assim chamada a pessoa que faz a mediação nesse espaço. Assim, encontrar um bom lugar para instalar uma brinquedoteca requer atenção para questões como: segurança do local, condições para expor brinquedos adequados aos seus usuários; boas condições de iluminação e ventilação; existência de banheiros próximos e, se possível também de uma área externa. A infância e as bibliotecas O estimulo pela existência de espaços aonde o livro e o brinquedo coexistem de forma harmoniosa ajuda a ampliar a leitura de mundo realizada pelas crianças. Essa associação entre livros, brinquedos e cenários, obtida por meio da interação entre várias linguagens - oral, escrita, musical e cênica, permite que as crianças vivenciem a história contida no livro brincando e, muitas vezes, recriando-a de forma lúdica. Bibliotecas adequadas às crianças, desde os primeiros meses de vida, são importantes para auxiliá-las a aprender a ouvir, interagir, pensar, investigar, comunicar-se e explorar o mundo ao seu redor a partir das vivências ocorridas no âmbito da leitura e do lúdico. É fazendo do livro também um brinquedo, que se torna possível desenvolver um comportamento leitor por meio da associação do ler com o brincar, estimulando essas crianças a construir sua própria cultura como cidadãos de direito. Atores Dividem tarefas e funções na brinquedoteca e na biblioteca: Coordenadora; Brinquedotecária; Bibliotecária; Secretária; Brinquedista; Agente de leitura; Encarregada da Limpeza; Voluntário(s). Desafios e oportunidades na brinquedoteca/biblioteca O espaço deve estimular a brincadeira. Assim, a variedade de brinquedos e livros oferecida será adequada às características de seus usuários, de acordo com faixa etária e condições de desenvolvimento. Por isso é necessário planejar a organização e utilização dos espaços, bem como a organização das atividades que a 19 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR brinquedoteca/biblioteca proporcionará, além de definir como se fará isso. Uma estrutura básica para organização das atividades pode ser a seguinte: 1. Livro de Registro do acervo – contendo o número de entrada, data, fabricante, local, código, procedência, preço, observações. 2. Lista do acervo por ordem alfabética (contendo o número de registro). o único lugar em que as crianças não entram para brincar e nem entram sozinhas, pois é destinado simplesmente para maior organização dos jogos. Dicas de organização da brinquedoteca/ biblioteca: • • • • 3. Arquivo (livro ou pasta) com cópia das regras, dos Jogos ou instruções. 4. Caderno de Recados (anotações de todos os telefonemas e contatos). • • • 5. Caderno de Tarefas que precisam ser realizadas. 6. Local para separar jogos incompletos ou que precisam ser consertados. • 7. Livro de registro de Visitas (sempre em cima da mesa). O espaço da brinquedoteca/biblioteca poderá ser arrumado em diferentes ambientes, embora recomende-se que haja flexibilidade e que as crianças possam organizá-los livremente e em comum acordo, pois, cada vez mais, ele é pensado como um espaço livre do brincar. Assim, podem ser oferecidos espaços como: Canto da Leitura; Canto do Faz de Conta; Canto das Brincadeiras com estantes baixas para que as crianças possam pegar os brinquedos, jogos, instrumentos musicais, entre outros; Canto dos Jogos, com mesas e cadeiras; Oficina para atividades artísticas; Área Externa com brinquedos que possam desafiar e desenvolver a criatividade e motricidade da criança. ACERVO: local com estantes altas, com jogos, livros e brinquedos que estão classificados e organizados. O acervo é 20 www.ipadireitodebrincar.org.br • • Brinquedos, livros e jogos na altura da criança; Brinquedosdeencaixedevemterumespaço no chão para serem montados; Osbrinquedoselivrosparacriançaspequenas devem ser grandes e coloridos. Organizaroacervodeformaconvidativa, que estimule a brincadeira; Manter um cuidado estético na decoração; Manterumarmáriocommaterialdehigienização, manutenção e reposição; Ahigienizaçãodosbrinquedosdeveser diária. Depois de usados, os brinquedos deverão ir para uma sala de higienização apropriada, onde se fará a limpeza com álcool em gel 70. Noshospitais,osbrinquedosdeverãoser higienizados, conforme procedimento da equipe de Infectologia do Hospital. Este procedimento deverá ser de suma importância, dele dependerá todo o futuro da brinquedoteca e da alegria das crianças. Éprecisoficaratentoàspossíveisperdas ao final do período de trabalho - peças de jogos, bolas e petecas, por exemplo, são brinquedos que facilmente se perdem. Sempre retirar os brinquedos quebrados, livros rasgados ou jogos com falta de peças que impossibilitem a leitura ou a brincadeira. GUIA DO AGENTE DO BRINCAR A brinquedoteca hospitalar ELIANA IASI TARZIA A hospitalização traz consigo transtornos em todas as fases da vida, sendo potencialmente traumática na infância, com prejuízos da saúde mental que permanecem mesmo após a alta hospitalar. Quando uma criança sofre uma internação ela é afastada de sua vida cotidiana, do ambiente familiar e submetida a um confronto com a dor e a limitação física. Diante desta nova situação, a criança pode apresentar sentimentos como medo, sensação de abandono, distanciamento de pessoas queridas, culpa e até mesmo sensação de punição, o que acarreta mais sofrimento e dificuldade de intervenção para a equipe. Tudo isso ocorre ao mesmo tempo, mas com intensidades diferentes em cada criança, pois é preciso levar em consideração a idade, situação psicoafetiva, rotinas hospitalares, motivo e duração da internação. Estas condições vão determinar uma maior ou menor adesão durante o tratamento. Assim, o atendimento à criança hospitalizada nos remete a várias questões, particularmente uma reflexão acerca do ambiente recreativo-educacional oferecido às crianças pela organização da instituição hospitalar. No Brasil, em 2005, foi criada uma lei ( nº 11.104/2005), que determina que todos os hospitais que ofereçam atendimento pediátrico contarão, obrigatoriamente, com uma brinquedoteca nas suas dependências. xiliar na saúde psicológica da criança hospitalizada. Surge como uma possibilidade de modificar o cotidiano da internação, diminuindo o estresse provocado pela situação e melhora no comportamento das crianças neste período. Quando chamadas para a brinquedoteca, vêm com muita alegria, mesmo estando ainda debilitadas. Há uma intensa interação entre as crianças e o profissional responsável, o que fortalece o vínculo entre elas. Experiência de Sucesso De acordo com relatório de avaliação independente dos cursos do Agente do Brincar da IPA Brasil, entre os conhecimentos transmitidos no curso que mais auxiliam no lidar com as crianças, foram destacados pelos participantes, entre outros: “Incluir as crianças em todas as etapas, desde a construção do local até a brincadeira em si.”; “A idéia do livre brincar, valorizando os espaços naturais e objetos soltos”; “Passei a escutar mais as crianças e respeitar as vontades e opiniões delas na hora de brincar.” O movimento de humanização hospitalar e o brincar A humanização hospitalar busca melhorar a qualidade do atendimento dos pacientes com base no conceito de saúde global. Pensando nesses aspectos da internação infantil, é importante que todas as pessoas que tenham contato com a criança saibam que não se deve tratar somente a sua doença, mas sim, vê-la como um todo, com suas necessidades específicas, tal como o brincar. O ato de brincar proporciona recursos para elaborações afetivo-cognitivas que podem au- PARA SABER MAIS CUNHA, Nylse Helena S. Brinquedoteca: um mergulho no brincar. Ed. Aquariana, 2007. VIEGAS, Dráuzio. Brinquedoteca hospitalar. Isto é humanização. Ed. WAK, 2007. OLIVEIRA, Vera Barros, PEREZ-RAMOS, Aydil de Queiroz. Brincar é Saúde. O lúdico como estratégia preventiva. Rio de Janeiro: Ed. WAK, 2010. 21 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR As Múltiplas Linguagens da Criança RENATA F. MARTINS PONZONI, ARIANE ANDRADE E FABIO LISBOA Jogos teatrais ARIANE ANDRADE CENÁRIO Na capacitação dos Agentes do Brincar o módulo de teatro propicia uma sensibilização para o aprendizado lúdico e para a espontaneidade, ou seja, para a liberdade de criar, de descobrir, para o autoconhecimento. Ao trabalhar essas questões, os Agentes do Brincar desenvolvem a disponibilidade necessária para participar das propostas das crianças ou para criar propostas lúdicas. Afinal, o teatro é uma grande brincadeira, arte coletiva que tem como instrumento principal o ser humano. CONCEITO DE JOGO O conceito de jogo utilizado como referência, seja ele tradicional ou teatral, é aque- le apresentado por Johan Huizinga, em sua obra Homo Ludens (1938): o jogo tem função social, é um momento de liberdade, que existe dentro daquele tempo e espaço, “jogado até o fim.” O módulo propõe os JOGOS TEATRAIS, como desenvolvidos por Viola Spolin (1906 – 1994), com seus princípios pedagógicos e regras. Esses jogos são baseados em um problema a ser solucionado pelos participantes-atores e devem conter uma estrutura dramática: “onde”, “quem” e “o que”. Essa proposta valoriza fortemente a improvisação e a tomada de decisão frente ao problema colocado e, assim, favorece que o participante ganhe autonomia no pensamento e na ação. Desafios e oportunidades dos jogos teatrais • Todojogoteatralpossuiumfoco,oque é essencial para permitir o envolvimento do grupo em uma causa comum. Ocupados em um ponto de concentração, os jogadores não hesitam e perdem o medo. • Odesenrolardojogoteatraléauxiliado pelas orientações do Agente do Brincar durante o jogo, de acordo com as necessidades de cada jogador. • Explicação e Experiência: cada jogo, com seu problema, deve ser apresentado brevemente, pois é jogando que se aprende. A explicação não tem o mesmo efeito de aprendizado que a experiência, já que é através da experiência que o indivíduo se envolve com o ambiente ou com os outros indivíduos. • 22 www.ipadireitodebrincar.org.br Processo e Produto nos Jogos Teatrais: o essencial não é resolver o problema que o jogo propõe, mas de que maneira cada um dos jogadores tenta solucionar o pro- GUIA DO AGENTE DO BRINCAR blema. Fazer teatro é, antes de qualquer coisa, jogar. • A oficina de criatividade RENATA F. MARTINS PONZONI As Brincadeiras Tradicionais: são utili- CENÁRIO zadas como aquecimento para os jogos, mas também são ferramenta fundamental para definir e entender as relações entre os participantes. N DICAS: na preparação para os jogos teatrais, as brincadeiras são valiosas porque geram dois elementos importantes: a tensão e a diversão. A tensão exige prontidão, condição necessária para o jogo teatral e a diversão desperta a disponibilidade de cada um para ampliar o repertório (corporal, gestual, rítmico) e, principalmente, para exercitar suas dificuldades de modo lúdico/ sem maiores inibições. As regras dessas brincadeiras e as cantigas de fácil aprendizado que as acompanham favorecem a disponibilidade do grupo e facilitam o desenvolvimento das habilidades expressivas. Desenvolvimento de Habilidades Sociais e Expressivas A função integradora dos jogos teatrais: através das brincadeiras tradicionais e dos jogos teatrais trabalha-se em grupo. Para fazer parte de um grupo, é necessário reconhecer a relação de interdependência dos componentes, uma vez que cada um cumpre uma função dentro do todo, e que o todo só funciona através da cooperação entre os componentes. A função expressiva e instrumental dos jogos teatrais: além de permitirem a experimentação de distintas formas de se expressar, estes favorecem a ampliação do repertório de brincadeiras e jogos que podem ser repetidos em outros momentos. Uma experiência de sucesso Depoimento de participante do curso Agentes do Brincar, registrado em relatório de avaliação externa: “A principal e mais difícil mudança que deve ocorrer é em relação a mudança de atitude do adulto que deve deixar de ser um orientador, a pessoa que sabe tudo para dar espaço ao protagonismo da criança.” a capacitação dos Agentes do Brincar são apresentados conceitos gerais sobre arte e criatividade e sua aplicação no trabalho a ser desenvolvido com as crianças, no que diz respeito ao despertar do olhar criativo para realização de atividades artísticas. Enfatiza-se a idéia de que a arte é a primeira forma de expressão pela qual a criança transmite ao outro o seu olhar e compreensão acerca do mundo em que vive, estabelecendo por meio da mesma um canal de comunicação, antes mesmo da fala e da escrita. Ao utilizar materiais com diversas texturas, cores e formas como meios de expressar sua criatividade, as crianças desenvolvem o seu senso estético e a noção de belo. Essas noções contribuirão para que elas ampliem, além de suas habilidades manuais, a capacidade de cuidar de si próprias e o respeito pelo outro, notadamente com relação à higiene e organização. As crianças têm uma sensibilidade mais livre e aberta que os adultos, assim, elas merecem uma atenção especial no que diz respeito ao processo criativo. Por essa razão, na parte prática da aula é oferecida aos alunos a oportunidade deles próprios expressarem a sua criatividade. Para tanto são trazidos elementos que estimulam a reflexão sobre questões que servirão de embasamento para a expressão artística de cada um, como um texto, uma música, o próprio entorno e oferecem-se materiais que viabilizam a construção de objetos, a expressão de idéias, sentimentos, enfim, qualquer ação que traduza a experiência criativa do aluno. Desafios e oportunidades da oficina de criatividade DESENVOLVIMENTO DE HABILIDADES SOCIAIS E EXPRESSIVAS Os participantes descobrem o seu próprio processo criativo e, com isso, podem, a qualquer tempo, favorecer esse mesmo processo das crianças, em atividades artísticas. Nas ativida- 23 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR des com artes, diversas técnicas podem ser utilizadas, tais como: pintura, desenho, gravura, escultura, vídeo etc. Na oficina de criatividade, propõe-se o desafio da construção de objetos tridimensionais, utilizando-se somente os materiais disponibilizados, como jornais, elásticos, tesoura e cola. A idéia de restringir a técnica e apresentar materiais não convencionais tem por finalidade estimular os alunos a exercitarem sua criatividade de forma mais instigante e desafiadora. Com essa atividade, pretende-se contribuir para fortalecer as habilidades de planejamento, organização, ordem, limpeza, atenção e observação, bem como atitudes de respeito à produção e opinião do outro. Ao final, as produções são expostas e colocadas em discussão, momento em que o grupo tem a oportunidade de continuar expressando sua criatividade ao abordar novas questões e trazer outras propostas. • tórias fazem a criança sentir que faz parte de algo maior: de um ou mais povos e de uma família, depois da escola, e por fim, de uma comunidade, onde todos têm uma história de vida e inserem-se numa cultura. • Descobrir outras culturas: quanto mais histórias se ouvem, maior o respeito pelo outro. Mesmo que este outro seja de outro gênero, cultura ou religião. Quem ouve histórias consegue se identificar com os diferentes pontos de vista dos personagens e logo também aprende a fazer isso no cotidiano, respeitando e entendendo melhor posições diferentes da sua. • Ensinar a ouvir e a dialogar: enquan- to o conto é contado o ouvinte tem a chance de representar estes diálogos em sua mente e até mesmo interromper a narrativa para perguntar, para compartilhar algum sentimento ou experiência. Aos poucos, o ouvinte percebe a importância de, antes de falar, escutar. Também com a prática, o contador de histórias vai abrindo brechas para a criança expressar, extravasar e elaborar com a fala os sentimentos e pensamentos que a escuta lhe proporciona. Uma experiência de sucesso De acordo com depoimentos de participantes dos cursos do Agente do Brincar da IPA Brasil, essa formação enfatizou atitudes importantes para o estímulo à criatividade da criança, como: “Respeitar o desejo, o momento da criança.”; “Conceitos que ficaram fortes: permitir, respeitar e deixar sonhar.” Contar histórias: um diálogo entre corações FABIO LISBOA CENÁRIO Os Porquês da importância de se Contar Histórias: • Toda criança tem direito a participar “da vida cultural, artística, recreativa e de lazer.” (Artigo 31 da Convenção da ONU). Sem precisar de recursos além de um par de ouvidos e uma boca, o ancestral ato de contar histórias abrange em si esses aspectos culturais, artísticos, recreativos, de lazer (e descanso) a que as crianças têm direito. 24 www.ipadireitodebrincar.org.br Inserir a criança em sua cultura: his- • Construir auto estima e identidade: as histórias proporcionam ao ouvinte se identificar com os personagens, ou, ao menos, com características deles. Todos nós temos o nosso lado “lobo-mau” e, através das histórias, conseguimos enfrentá-lo e vencê-lo. Isso vai se refletir no amadurecimento ao enfrentar problemas reais. Além disso, a criança forma a idéia de si própria a partir das reações dos outros com relação a ela. A criança percebe a importância que tem, de acordo com os momentos que os pais dedicam a ela, como ao brincar e contar histórias. É claro que, na vida moderna, muitos pais enfrentam a falta do tempo para estar com os filhos. Mas é preciso que, mesmo que seja pequeno, GUIA DO AGENTE DO BRINCAR esse tempo seja de qualidade. Ao contar uma história, permita que a criança entre (e entre junto com ela) no tempo da ficção, deixando de fora os problemas, telefones, TV, Internet ou qualquer outro tipo de interrupção Um retorno positivo obviamente vai favorecer a elevação da auto estima infantil. Daí a importância de sorrir, ter paciência, ser verdadeiro e amoroso com ela. • Ensinar valores humanos: crianças estarão de coração aberto para ouvir, entender e depois discutir conceitos e valores como o Amor, Respeito, Meio Ambiente, Coragem, Lealdade, Justiça, Confiança, Cortesia, Disciplina, Paciência, Tolerância, Cidadania, Alegria e muitos outros. • As histórias e os novos paradigmas para o mundo: o ato de contar his- tórias pode ser um dos pilares para a construção de uma cultura de paz. Ao contar histórias, não apenas “falamos” destes valores, mas os praticamos, em especial, no que diz respeito ao princípio “Ouvir para compreender” (Manifesto 2000-UNESCO). Ao dar voz ao ouvinte e tentar entender o seu ponto de vista de entendimento, também demonstramos na prática a importância de “ouvir para compreender”. E devemos tentar compreender também as crianças menores e todos aqueles que não conseguem se manifestar oralmente, verbalizando para eles seus sentimentos e tentando interpretar suas expressões faciais e corporais. Desafios e oportunidades na contação de histórias Se como humanos, temos o dom da comunicação, todos nós já somos contadores de histórias. No entanto, podemos nos aprimorar nesta arte, fazendo com que nossos ouvintes sintam-se engajados e empolgados durante as nossas narrativas. Encontre as FERRAMENTAS narrativas que se encaixam melhor às suas habilidades pessoais: podem ser as potencialidades da voz, seu corpo e expressões faciais, ou até mesmo efeitos especiais (música, imagens, roupas, objetos, sons inusitados, aromas, texturas, novas tecnologias...). Mas o que enlaça o coração e atenção do ouvinte mesmo são as emoções e significações do conto. Escolha as histórias que vai contar entre as que lhe tocam profundamente. A história deve ser contada de coração para coração. Olhos nos olhos - a busca por ouvintes atentos nos faz ir atrás da verdade de cada pessoa, de cada personagem, de cada sentimento, de cada conhecimento. • çar com um ritual (usando música, por exemplo) que fará o ouvinte sair do mundo cotidiano, participar e responder aos desafios de uma aventura extraordinária. • Empregar recursos narrativos para enriquecer a contação: contar his- tórias não depende só de livros. Chocalhos, brinquedos e objetos comuns como latas e tampinhas, despertam a imaginação infantil e adulta! No decorrer do conto, é possível dar vida aos objetos, criando vozes e movimento para eles, transformando-os em personagens! ATORES Contar histórias não precisa ser encarado como uma arte, mas como atitude cotidiana que pode ser adotada não apenas por profissionais da palavra (como contadores de histórias, jornalistas e escritores. Contam histórias: bebês, crianças, pais, avós, cuidadores, professores, Agentes do Brincar, voluntários e qualquer pessoa que tenha a paciência de se fazer ouvir – e ouvir – ao compartilhar uma história. Marcar o espaço/tempo da narrativa: o contador de histórias pode come- • Fantoches e dedoches, feitos de meias ou retalhos também animarão a narrativa; • Fotos, recortes de jornais e revista ou desenhos de seus filhos ou alunos (e 25 www.ipadireitodebrincar.org.br GUIA DO AGENTE DO BRINCAR seus, por que não?!) podem ser reunidos para criar uma história em formato de livro! • Ilustrações de revista, jornal, uma foto de um álbum podem despertar a imaginação da criança (e do narrador), desencadeando um rico enredo. • um ponto!” Lembre-se de uma história pessoal vivida em sua infância com a qual você aprendeu algo para o resto da vida. Transforme-a num conto de ensinamento maravilhoso. Compartilhe suas histórias pessoais! Outro recurso ainda mais rápido, fácil e gratuito. Lembre-se. Ou invente. Incremente! “Cada conto aumenta 26 www.ipadireitodebrincar.org.br • Não custa repetir: repita as histórias preferidas dos pequenos. Eles se sentem seguros e até precisam da repetição! Saber escutar e saber ouvir. Ao narrar, se você quer ser ouvido, por isso demonstre que você também sabe ouvir. GUIA DO AGENTE DO BRINCAR Ao falar de paz, amor, proteção à natureza, igualdade, solidariedade, liberdade, responsabilidade, faça valer as suas palavras e haja de acordo com o seu discurso. Assim, as suas histórias mais felizes estarão cada vez mais perto de serem ou se tornarem reais... ONDE BUSCAR BOAS HISTÓRIAS: nas coletâneas de Câmara Cascudo, Rosane Pamplona, Ilan Brenman, Fernanda Lopes de Almeida, Monteiro Lobato, Ricardo Azevedo, Ruth Rocha, Marina Colasanti, Ana Maria Machado, Lygia Bojunga, Irmãos Grimm, Hans Christian Andersen... E também em: BUARQUE, Chico. Chapeuzinho amarelo. Ilustrações: Ziraldo, Ed. José Olympio; KANTON, Kátia. Histórias de Valor. Ed. WMF Martins Fontes; LISBOA, Fabio. O mistério amarelo da noite. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2009; WERÁ, Kaká Jecupé. As Fabulosas Fábulas de Iauaretê. Ed Peirópolis. Desafio “A Agente do Brincar Suzana começa a ler histórias com lobos e leões e nunca consegue terminar porque seus ouvintes de 4 anos começam a latir uivar ou rugir. Ela tenta gritar mais alto, mas sua voz sempre perde para os latidos, uivos e rugidos de 15 crianças. Suzana está pensando em desistir de ler histórias com animais”. Depois de pensar o que você faria numa situação dessas, leia as sugestões abaixo e decida se indicaria um ou mais itens para resolver o problema de Suzana. 1. Canalizar a energia das crianças para que participem do desenrolar da história e até incrementem o seu enredo. 2. Dar um tempo para as crianças agirem como os personagens lobos e leões. 3. Sempre que o entusiasmo, a bagunça ou a dispersão ganharem, a professora pode parar um pouco a história. 4. Verificar se os ouvintes estão mesmo acompanhando a trama da narrativa e incentivar a interação com vários tipos de perguntas como: • • • • Perguntassobreosporquêsdahistória; Perguntas correlacionando os porquês dos personagens e das crianças; Perguntassobresentimentospessoaisque são desencadeados; Perguntasparaestimularacapacidadede interpretar, prever os acontecimentos e entender que as ações presentes têm conseqüências futuras. PARA SABER MAIS MUNARI, Bruno. Das coisas nascem coisas. Tradução Jose Manuel Vasconcelos. São Paulo: Martins Fontes, 1998. SALLES, Cecília Almeida. Gesto Inacabado: processo de criação artística. São Paulo: FAPESP: Annablume, 2009. VALÉRY, Paul. Variedades. São Paulo: Iluminuras, 1991. BOAL, Augusto. Jogos para atores e não-atores. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira. 2004. KOUDELA, Ingrid D. Jogos teatrais. São Paulo: Perspectiva, 1994. SPOLIN, Viola. Improvisação para o teatro. São Paulo: Perspectiva, 2005. ____________. Jogos teatrais na sala de aula. São Paulo: Perspectiva, 2007. ____________. Jogos teatrais o fichário de Viola Spolin. São Paulo: Perspectiva, 2008. DISKIN, Lia. Paz, como se faz?: Semeando cultura de paz nas escolas / Lia Diskin e Laura Gorreio Roizman – 3ª Ed. – Brasília: UNESCO, Associação Palas Athena, 2007; MARTINELLI, Marilu. Aulas de Transformação: O programa de educação em valores humanos. São Paulo: Ed. Peirópolis. MACHADO, Regina. Acordais: Fundamentos teórico-poéticos da arte de contar histórias - São Paulo: DCL; MATOS, Gislayne Avelar e SORSY, Inno. O ofício do contador de histórias. São Paulo: Martins Fontes, 2005. Webografia: www.contarhistorias.com.br, www. rodadehistorias.com.br, www.aletria.com.br 27 www.ipadireitodebrincar.org.br IPA BRASIL A IPA Brasil, fundada em 1997, é filiada à IPA internacional e tem a mesma missão: promover, proteger e preservar os direitos das crianças contidos no Artigo 31. Desenvolve ações no sentido de comunicar a todos os públicos, a importância desse direito para a vida das crianças brasileiras e desenvolve cursos de capacitação para Agentes do Brincar, contribuindo para que, adultos de todas as áreas, que trabalham com e para crianças, possam oferecer a elas oportunidades lúdicas qualificadas, sem distinção alguma. Desde 2010, a IPA Brasil é Ponto de Cultura do Estado de São Paulo, em parceria com o Ministério da Cultura – Programa Cultura Viva e a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo. Em 2013, iniciou as atividades do Centro Ludens para capacitar Agentes do Brincar de forma continuada. O projeto tem o apoio do Comitê de trabalhadores da Volkswagen mundial e é parte do programa “ A Chance to Play”, sob a coordenação da ONG internacional Terre Des Hommes. Conta ainda com a parceria da Secretaria de Estado da Justiça e Defesa da Cidadania do Estado de São Paulo. www.ipadireitodebrincar.org.br Site: www.ipadireitodebrincar.org.br E-mail: [email protected] Tel.: (11) 5021-3160 / (11) 3255-4563 REALIZAÇÃO PARCERIA APOIO INSTITUCIONAL