calorímetro de gás Junker
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calorímetro de gás Junker
VidaBosch outubro | novembro | dezembro de 2015 • nº 41 Recicle a informação: passe esta revista adiante Pano pra manga Os muitos usos do fruto que é a cara do Brasil, mas tem origem asiática AnjelikaGr/Shutterstock Rota das (muitas) emoções Viagem de São Luís a Fortaleza cruza paraísos mais conservados do nosso litoral editorial Mudanças graduais e contínuas Este foi um ano de mudanças gradativas na VidaBosch. Parte das alterações tem como objetivo mostrar ainda mais para você, leitor, a diversidade de áreas de atuação da Bosch e como nossos produtos podem ser aplicados para a melhoria da vida. Outras modificações estabelecem uma ligação maior entre a revista e o universo digital, algo que vamos explorar cada vez mais. As novidades continuam nesta edição. A seção viagem, que vem dando mais destaque a percursos do que a um destino específico, passa a ter um blogueiro convidado. Na reportagem sobre a Rota das Emoções (trajeto entre São Luís e Fortaleza que passa por algumas das paisagens mais impressionantes do litoral brasileiro), Luiz Fernandes, do blog Boa Viagem, sugere locais para comer e dormir e lugares que vale muito a pena conhecer. Em saudável e gostoso, quem dá as dicas (e, melhor ainda, as receitas) é Patrícia Abbondanza, do blog Dedo de Moça. Sua receita de picolé de manga, maracujá e gengibre é ótima pedida para o verão! Ao longo da revista, apresentamos vários links para sites, vídeos e outros recursos on-line, para você saber mais sobre os assuntos abordados. Um dos vídeos mostra a atuação da Bosch na ampliação do Canal do Panamá, tema da seção grandes obras. É a primeira vez em que a revista trata da atuação da empresa fora do Brasil – outra tendência que vamos explorar com frequência. As mudanças continuarão em 2016. E serão para melhor. Continue a nos acompanhar! Boa leitura! 02 12 26 44 Sumário 02 viagem | Rota das Emoções: mil quilômetros de aventura e paraísos naturais 10 eu e meu carro | Michelle de Jesus, uma piloto sem medo de desafiar limites 12 torque e potência | Governo tenta atrair investidores para modernizar ferrovias 16 em casa | Polivalente, madeira retoma protagonismo na decoração 22 tendências | No controle: tecnologia garante estabilidade do carro e previne acidentes 26 grandes obras | Canal do Panamá está perto de concluir maior obra desde inauguração 30 Brasil cresce | Fabricantes de biscoito apostam em inovação para driblar crise 36 atitude cidadã | Música transforma realidade de crianças e adolescentes pobres 42 aquilo deu nisso | Evolução de aquecedores garante conforto na hora do banho 44 saudável e gostoso | Doce, saudável e versátil, manga conquista paladar do brasileiro Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima pagina.com.br • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno), tel. (11) 3667-4359 • Tratamento de imagem: Paulo Lopes • Acompanhamento gráfico: Paulo Lopes • Impressão: Gráfica Mundo • Revisão: Marcelo Moura viagem | Por Betina Pereira Vinicius Tupinamba/Shutterstock 2 | VidaBosch | Com emoção De asfalto, de terra, de areia – estradas de todo tipo ligam paraísos naturais e momentos de deslumbramento na viagem de mil quilômetros entre São Luís e Fortaleza viagem m vários momentos da travessia, os olhos vão querer saltar para dar conta do contraste entre a areia clarinha, a imensidão do céu azul e a água do mar, de rios e de lagoas. Viajar de carro entre São Luís, no Maranhão, e Fortaleza, cortando parte do Piauí, é aventurar-se por uma sequência de cartões-postais num dos pedaços mais preservados do litoral brasileiro. Pelo caminho, dunas, praias, matas, mangues e tantos outros encantos naturais vão emoldurar suas janelas. Na maior parte desse percurso de contemplação, porém, o que vai lhe tirar mesmo do prumo é a sensação de insignificância, de ser apenas um indivíduo em meio àquela vastidão controlada e domada pela força bruta da natureza. Não seria exagero algum, portanto, chamar o trajeto de Rota das Emoções – e esse é de fato o nome como ele tem sido conhecido. Para fruir esses paraísos com calma e despreocupação, saborear a comida típica local, com direito a um dedinho de prosa com uma gente simpática e acolhedora, reserve ao menos dez dias. Antes de começar a explorar esses destinos, que englobam um raio de aproximadamente mil quilômetros, uma dica preciosa: o bugue, tão popular por aquelas plagas e praias, até encara alguns trechos de areia nas dunas e água dos rios, mas para cumprir esse périplo de modo seguro e confortável a escolha ideal é um carro com tração nas quatro rodas e GPS a bordo. Barreirinhas (dir.) é a porta de entrada dos Lençóis Maranhenses, cuja sequência de lagoas em meio às dunas fica mais bonita depois de maio de lancha até Alcântara, cidade que foi uma das mais ricas do Maranhão entre os séculos 18 e 19. Hoje, muita coisa por lá é ruína, mas esses vestígios ajudam a compreender um pouco da nossa história e a dar munição para encarar a enxurrada de aventuras que virá pela frente. A francesa nordestina Numa conta simplória, percorrer mil quilômetros em dez dias significa deixar para trás 100 km diariamente. Isso vai variar, é lógico, a depender dos deslumbramentos que pipocarem pelo caminho – e são muitos. Se você nunca foi a São Luís ou Fortaleza, seria um pecado não somar ao menos quatro dias para conhecê-las. No ponto de partida, a capital maranhense, vale percorrer parte do centro histórico, tombado pela Unesco. Fundado em 1612 por franceses, invadido por holandeses e construído pelos portugueses, o centro histórico abriga cerca de 5 mil imóveis do séculos 17 e 18. O segundo dia em São Luís pode ser dedicado a uma visita de uma hora e meia lazyllama/Shutterstock E viagem | VidaBosch | 5 T photography/Shutterstock 4 | VidaBosch | Lençóis Maranhenses Não se deixe abater pelas condições precárias que assolam alguns pontos das rodovias BR-135 e MA-402 (chamada Translitorânea), que ligam São Luís a Barreirinhas, a “capital” dos Lençóis. A viagem dura aproximadamente quatro horas e exige doses extras de paciência. É praxe alertar para a necessidade de ficar atento à sinalização, mas nesse caso não adianta muito: diversas placas estão em más condições. Mais importante é ficar atento ao mostrador do nível de combustível: em boa parte do trecho não há posto de gasolina. A boa notícia é que o destino vai compensar todo tipo de cansaço. A sucessão de lagoas em meio às dunas brancas é de tirar o fôlego. O Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses fica num ambiente de Cerrado, mas apresenta forte influência da Caatinga e da Amazônia. O campo de dunas, que ocupa dois terços da área, destaca-se por suas lagoas, que se formam no período chuvoso (fevereiro a maio). É justamente depois das chuvas que o parque exibe seu mais belo cenário, porque as lagoas estão cheias. Conforme o período seco avança (junho a janeiro), elas vão secando. Em novembro, costumam atingir seu nível mais baixo. A sede para explorar a região é a pequena Barreirinhas, município às margens do rio Preguiças. É ali que estão concentradas pousadas e até resorts, além de bares e restaurantes, assim como agências que organizam passeios. Deixe o carro estacionado no centrinho. Barcos e lanchas que saem do porto levam até o pequeno povoado de Caburé (uma pequena faixa de terra localizada entre o rio e o mar) e a outras comunidades, como Vassoura, Mandacaru e Atins – este vilarejo é uma boa opção para quem pretende fugir do fluxo de turismo de massa, pois oferece a porta de entrada leste para o parque, onde estão as lagoas Verde e do Mário. Também é possível fazer voos panorâmicos num monomotor e admirar, lá do alto, o mosaico criado por dunas e lagoas de água cor de esmeralda. Na areia fofa, é bom ter preparo físico e muita disposição para encarar longas caminhadas sob sol forte. Do litoral, segue-se viagem em veículo 4x4 especialmente adaptado, para vencer o terreno arenoso e alagado da restinga dos Lençóis Maranhenses, em direção ao município de Paulino Neves. De lá, pegando uma sequência de estradas asfaltadas cujo estado de conservação varia de acordo com as chuvas (MA-315, MA-034, MA-345 e, finalmente, BR-343), cruzam-se povoados até a divisa com o Piauí. Delta Você vai ouvir maranhenses se referindo ao delta como “das Américas”. Eles acham injusto fazer propaganda para o estado vizinho, Piauí, e chamar de “Delta do Parnaíba” o lugar onde o rio Parnaíba se encontra com o mar. Discussão à parte, fato é que o carro deve ficar estacionado em Parnaíba (PI), uma das importantes paradas da Rota das Emoções, e um passeio de lancha desvenda o local. O ponto de parada é o porto das Barcas, uma construção histórica que abriga um conjunto de prédios dos séculos 18 e 19, com bares, restaurantes e lojas de artesanato, à beira do rio Igaraçu. Lá, há agências que vendem passeios para o delta, o único que deságua em mar aberto das Américas e o terceiro maior do mundo. Há diferentes opções de pacote: desde um bate-volta de uma horinha, até o que leva seis horas e passa por ilhotas e igarapés – aí, sim, você dirá que conheceu o delta. O embarque costuma ser feito em outro local, a 14 km dali, na vizinha Ilha Grande de Santa Isabel. A configuração do delta se assemelha a uma mão aberta, onde os dedos representam a Barra de Tutoia, a Barra do Caju, a Barra do Igaraçu, a Barra das Canárias e a Barra da Melancieira, que se ramificam, formando um santuário ecológico com cerca de 2.700 quilômetros quadrados. O passeio pelo rio, com suas vazantes, igarapés, onde existem mais de 75 ilhas e ilhotas, lagoas de água doce, diferentes tipos de mangue e dunas, é realmente imperdível. Em certas ocasiões, você vai se perguntar o que são uns pontinhos vermelhos ao longe, manchando os diferentes tons de verde que cobrem os manguezais. Eles, os guarás, estão por toda a parte. Avistam-se ainda muitos caranguejos e até jacarés. Olhando para cima também não faltam atrações: o céu do Delta do Parnaíba é um quadro colorido de aves raras. De Parnaíba, pela BR-402 (geralmente em bom estado), a trilha segue pelo menor viagem Jericoacoara este que não deve ser ignorado, porque esconde as lindas lagoas do Paraíso e Azul. Só circulam veículos autorizados em Jeri, mas você poderá utilizar o seu carro para passeios nos lugares próximos — quando precisar dele, ligue, e o pessoal do estacionamento manda alguém o buscar. A proibição é uma oportunidade para botar o pé na areia e descobrir a pequena e charmosa vila. Ponha uma sandália e desfrute! Não há nem agências bancárias ou caixas eletrônicos. Tirar dinheiro, só para correntistas do Banco do Brasil num posto dos Correios. A alternativa é seguir para a cidade de Jijoca de Jericoacoara, onde há agências do Banco do Brasil e do Bradesco. Litoral Oeste Em direção à capital Fortaleza, siga novamente pela CE-085 (congestionada, mas em bom estado e sinalizada) até a pequena vila de Icaraí de Amontada. O 4x4 entra, então, na fase mais “radical” da viagem. São quase Adam Gregor/Shutterstock No Ceará, a CE-085 leva até Jijoca, numa rodovia em boas condições e com trânsito tranquilo durante a semana. Pelo asfalto, siga em direção ao município de Camocim, localizado no litoral oeste do Ceará. Por ali, dá ainda para visitar praias como Imburanas, da Moreia, do Coqueiro Solitário, a pequena vila de Nova Tatajuba, as ruínas soterradas da Velha Tatajuba, Guriú e Mangue Seco. É só seguir as placas. A BR-402 foge do litoral, mas te levará para sua próxima e aguardada parada: Jericoacoara! Prepare-se para chegar na hora certa. Quando o sol começa a desa- parecer, proporciona um dos espetáculos mais bonitos e clássicos de Jeri. Esse período do dia acaba se transformando num ritual que congrega turistas e nativos, que sobem cerca de 30 m de areia à beira-mar para reverenciar a natureza. Em alguns momentos, o silêncio pauta a celebração. Tem hora que ninguém resiste: aplausos gerais, assobios e abraços. Depois do espetáculo, você vai se deparar com uma roda de capoeira, ao pé da duna, ponto de encontro depois do espetáculo. Jeri é duna, mas é muito mais. O mar é paraíso tanto para surfistas quanto para enamorados contemplarem espaços como a Pedra Furada, a 30 minutos de caminhada a partir da praia do centrinho. Dica importante: o caminho pela praia só deve ser feito na maré baixa. Esse pedacinho do litoral cearense é para tirar o pé do acelerador, literalmente. Seu carro deverá ficar estacionado (R$ 10 a diária) na vizinha Preá ou em Jijoca, lugar 100 quilômetros pela areia até Cumbuco, passando por um dos trechos mais bonitos do litoral oeste do Ceará. Um dos pontos de travessia de rio é feito em balsa de madeira para chegar à Mundaú, rodeada por dunas, com mar e Mata Atlântica. É difícil saber onde parar, diante de tanta beleza. Aqui, melhor seria dizer que a viagem desacelera. Como resistir às praias de Flecheiras, Guajiru e Lagoinha, com mar, dunas e lagoas? Ao se aproximar de Fortaleza, outra parada inesquecível: Cumbuco, a praia “sensação”, que costuma atrair a galera da capital com o céu colorido de pipas de kitesurfe. Evite chegar ali no fim de semana, quando fica lotada de banhistas. Fortaleza se anuncia e, com ela, o fim da viagem. Sempre com muitos turistas, a capital cearense oferece um passeio à altura até a praia do Futuro, mas melhor mesmo é deixar ecoar na memória as imagens que ficaram no retrovisor. Luiz Jr. Fernandes/Blog Boa Viagem litoral do Brasil – são 66 quilômetros de água transparente e algumas rajadas de vento que trazem pescadores, banhistas e os praticantes de kitesurf em busca de adrenalina à Barra Grande, no município de Cajueiro da Praia, uma das mais badaladas do litoral piauiense. Vale uma parada! viagem | VidaBosch | 7 Viajante profissional Luiz Rocha/Shutterstock 6 | VidaBosch | Luiz Fernandes fez do prazer de viajar seu segundo emprego. Analista de sistemas, deu início ao blog Boa Viagem (http://www.boaviagem.org/) em 2009. Começou como maneira de compartilhar histórias e fotos de um passeio de 45 dias pela América Latina. Acabou se transformando num grande negócio, que já levou o viajante profissional a mais de 60 países. Com cerca de 200 mil visitantes por mês, Fernandes é constantemente convidado por empresas para conhecer pontos turísticos e contar suas experiências. Foi assim, por exemplo, que fez uma volta ao mundo com a iniciativa Bosch World Experience, que levou algumas pessoas a seis destinos – Panamá, China, Alemanha, Cingapura, Londres e Estados Unidos – para conhecer grandes obras e empreendimentos nas quais a multinacional está envolvida. Fernandes fez o passeio da Rota das Emoções. A convite da VidaBosch, deu algumas dicas de como aproveitar melhor essa aventura inesquecível. Jericoacoara, paraíso das... lagoas “Existem algumas lagoas perto de Jericoacoara. A que eu acho mais bonita é a do Paraíso, que faz jus ao nome: é um paraíso na terra mesmo.” Para ficar perto de lá, a melhor opção é a Pousada do Paulo (pousadadopaulo.com.br/). “Tem um restaurante muito gostoso, e o hóspede fica literalmente com o pé na lagoa.” Aves no Parnaíba Fernandes sugere um almoço na Confraria do Paladar – rua Quentinha Pires, 36, Beira Rio, (86) 3323-9868. “Os fundos do restaurante dão para o rio, o que garante um frescor bem-vindo em uma terra tão quente.” Já perto do entardecer, a dica é pegar um barco e subir um pouco o rio Parnaíba até encontrar as aves guarás. Em Jericoacoara, descanse da viagem – curta a vista e as caminhadas a pontos paradisíacos como a Pedra Furada (esq.) Barreirinhas não são só dunas “Muita gente foca só em ver as dunas e não visita algumas das pequenas e lindas cidades que ficam acima, às margens do rio das Preguiças, como Tutoia.” Cultura em São Luís “Visitar o centro antigo é sempre o programa mais óbvio, mas eu sugiro ficar de olho na programação cultural. Sempre há algo de interessante acontecendo.” Na capital maranhense, Fernandes recomenda uma refeição no restaurante Maracangalha (rua dos Gaviões, 10, Ponta do Farol, 98-3235-6700). “A comida é muito boa, com muito fruto do mar fresco e bem preparado.” viagem viagem | VidaBosch | 9 Onde ficar Onde comer Preá Pousada Rancho do Peixe | Uma das melhores pousadas da região de Jericoacoara. É do tipo “rústico-descolado”. Pé na areia, ostenta uma decoração com almofadas de chita e teto de sapê. Os bangalôs são amplos (80 m²) e distantes um dos outros, o que garante a privacidade dos hóspedes. Alguns têm vista para o mar, todos têm aquela brisa constante e gostosa. Costuma reunir adeptos do kitesurfe. R. da Praia, s/nº. Tel. (88) 3660-3118. ranchodopeixe.com.br Barreirinhas Bambaê | Simples, mas agradável. Pode figurar na lista de lugares imperdíveis por servir o camarão pescado na região de Lençóis – cozido ao molho de coco e acompanhado de arroz e purê de batata. Os preços vão de R$ 26 a R$ 50 cada prato. Estr. de S. Domingos (Boa Vista), 3,5 km de Boa Vista. encantesdonordeste.com.br Jericoacoara My Blue Hotel | Encaixa-se perfeitamente na definição de “simplicidade sofisticada”. Fica em área cercada de natureza e com uma das melhores vistas de Jeri. Os quartos são coloridos. Todos os apartamentos têm vista para o jardim e para a piscina. Rua Ismael, s/nº. Tel. (85) 3263-4765 | (85) 3263-9369 | (88) 9992-80760. Orixás Art | Quem disse que você não encontra conforto e sofisticação nos extremos do Ceará? Há até quarto com piscina. O hotel tem suítes muito espaçosas, um bar na piscina e outro bem ali, na praia. Av. Beira-Mar, 574, Praia das Flecheiras, Trairi (CE). (85) 3351-3114 (Fone/fax) | (85) 99535525 (Reservas). www.orixashotel.com.br Lençóis Maranhenses Porto Preguiças Resort | As regalias de um resort num dos lugares mais impressionantes do Brasil. Há duas piscinas: uma tem fundo de areia, outra recebe água natural direto do rio Preguiças. Mas quem disse que você precisa render-se à preguiça? O resort disponibiliza caiaques para passeios. Mantém, ainda, uma prainha de água doce. Todos esses serviços estão incluídos na diária. Estr. do Carnaubal, s/nº. Barreirinhas. portopreguicas.com.br Jericoacoara My Blue | O hotel mantém restaurante e wine bar na praia, numa área ventilada e sombreada por mangueiras e tamarindeiros. Oferece uma bela vista da baía de Jeri. Num clima bem romântico, os jantares acontecem sob luz de vela. Rua Ismael, s/nº. Tel. (85) 3263-4765 | (88) 9992-80760. Tatajuba Restaurante Do Didi | As especialidades são peixes e frutos do mar, levados fresquinhos pelo garçom aos clientes. Você escolhe e espera pela refeição. O lugar costuma ficar bem abarrotado, pois é ponto de parada dos bugueiros. É uma casa de madeira com mesas de plástico, mas o visual, à beira da lagoa da Torta, compensa. Lagoa da Torta (Município de Camocim). barracadodidioreidogrelhado.blogspot.com Flecheiras Restaurante Nonô | É uma “instituição” do local, costuma atrair quem está de passagem por aquelas bandas, além dos banhistas de Fortaleza. Destaque para o peixe grelhado e o filé à moda de quatro pimentas. Serve pizzas. R. Bela Vista, 389. Parnaíba La Barca | Fica à beira do rio, num lugar agradável e convidativo. A oferta é de peixes e caranguejos. Os pratos podem demorar um pouco. Av. das Nações Unidas, 200, Do Carmo. Tel. (86) 3322-2825. São Luís Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses Parnaíba Barreirinhas 135 MA-402 Jericoacoara MA-315 Cajueiro da Praia MA-034 MA-345 343 Camocim CE-085 402 402 222 343 Fortaleza A Bosch na sua vida Carros para dias de sol Tudo o que o turista da Rota das Emoções mais quer são dias ensolarados para aproveitar as praias e os rios do trajeto. Quem não curte muito a ideia é o carro do viajante. São vários os problemas decorrentes das altas temperaturas, e prevenir é sempre mais barato e rápido do que remediar. “Como o Nordeste é muito quente, o primeiro problema enfrentado pelos veículos costuma ser no sistema de arrefecimento”, afirma José Carlos Santos, subgerente da Autocar Centro Automotivo, oficina da rede Bosch Car Service que fica em Parnaíba, Piauí, um dos pontos altos da viagem. “O motorista tem de verificar não só a água, mas todo o sistema, para ver se não há nenhum vazamento. Além disso, precisa ficar de olho no aditivo do sistema de arrefecimento, pois é ele que protege contra as corrosões naturais dos lugares com temperaturas mais altas.” O óleo do motor também precisa de mais cuidados sob o calorzão dessa parte do Brasil. “Muitas vezes, os manuais dos carros tomam como parâmetro as condições do Sudeste e recomendam a troca a cada 10 mil quilômetros. Por aqui, falamos para trocar com 5 mil, pois, com o calor, o óleo perde mais rapidamente suas propriedades de lubrificação”, explica Santos, que acrescenta que o filtro de óleo também deve ser verificado. Sem esses cuidados, o motor pode esquentar demais, perder potência e até sofrer danos mais graves, segundo o subgerente. A melhor maneira de evitar tais problemas é fazer manutenção preventiva. “A manutenção preventiva do sistema de arrefecimento demora uma hora e meia, e a troca de óleo, 30 minutos. Já resolver problemas no motor leva de dois a quatro dias, além de ser muito mais caro e atrapalhar a viagem”, compara Santos. Fácil saber qual a melhor escolha, não? Divulgação 8 | VidaBosch | Saiba mais sobre como a Bosch atua nessa área: http://migre.me/rY3cK eu e meu carro | Por Frederico Kling Ultrapassando preconceitos Desde que nasceu, a piloto de corrida e apresentadora Michelle de Jesus firma-se em nichos dominados por homens E m 1981, Cleusa Regina entrou em trabalho de parto em um hospital de São Paulo. Estava certa de que teria um menino: o enxoval era azul e o nome seria Richard. Mas chegou Michelle de Jesus, que se tornaria dona de oficina mecânica aos 18 anos, piloto de corrida aos 25 e apresentadora de programa sobre carros aos 31: “Eu já nasci lutando para ser menina”. Criada em Jundiaí (SP), ela teve desde cedo contato com automóveis. “Meu avô paterno gostava muito de carros”, conta a piloto, que, por sinal, aprendeu a dirigir no Impala 63 que era dele. O pai, um engenheiro ambiental, era outro aficionado – a ponto de abrir uma oficina com um sócio. A sociedade acabou desfeita, o negócio ficou ameaçado e Michelle, aos 16, ofereceu-se para ajudar na mecânica até a aposentadoria do pai, que ocorreria em dois anos. “Mudei minha escola para a noite e fui trabalhar na oficina. Era para ser rápido, mas meu pai não se aposentou, e eu assumi a mecânica aos 18 anos. Amei aquilo. Fiz uma série de cursos na área.” Era Michelle, depois de estudar sobre diversos assuntos na área, quem passava as informações para seus colegas. “Eu fazia questão de ter o chão sempre limpo, sem marcas de graxa.” A vivência na mecânica, meio tradicionalmente já muito fechado para mulheres, levou-a para outro em que elas são ainda mais raras: as corridas de carro. “Comecei a assistir a provas de Stock Car e fiquei muito emocionada ao ver um piloto ser campeão por apenas um ponto. Eu queria estar ali no lugar dele”, lembra. Em 2006, vendeu seu automóvel e alugou um carro para correr o Campeonato Paulista de Marcas e Pilotos, categoria na qual competem Gol, da Volkswagen, e Corsa, da GM. “Fiz quatro corridas e acabou o dinheiro”, afirma. Começou a procurar patrocínio, que só veio em 2009, junto com apresentações memoráveis. Os bons resultados garantiram não só dinheiro, mas também a admiração de seus colegas em um mundo no qual mulheres geralmente só entram para segurar guarda-sóis. “Os novatos já têm de ganhar o respeito dos veteranos, mas, com as mulheres, eles jogam ainda mais pesado, forçando, por exemplo, ultrapassagens.” De um já surpreendente 7º lugar no Campeonato Paulista de Marcas e Pilotos logo na temporada de estreia, a piloto pulou para um vice-campeonato em 2010. “Era o maior grid do país, e, na última prova, fiz a pole, com 61 homens atrás de mim”, recorda. Em 2013, participou de provas na Europa e nos Estados Unidos. Voltou ao Brasil no ano seguinte para correr na Fórmula Truck, uma das mais antigas e tradicionais categorias brasileiras. “Eu nunca tinha entrado em um caminhão, é completamente diferente. Ele sai muito de lado, mas me adaptei rápido”, afirma. No primeiro ano, abocanhou alguns bons resultados. Em 2015, competiu por uma equipe com poucos recursos financeiros e preferiu abandonar o campeonato. Agora está tendo de pesar os vários convites que já recebeu para voltar às pistas. A experiência nas provas se refletiu fora dos circuitos. “Quando eu era jovem, dirigia de maneira mais ousada. Mas fui percebendo que quase ninguém tinha a mesma habilidade que eu. O brasileiro é muito mal formado. Por isso, acabei me tornando uma motorista muito mais cuidadosa.” Michelle gosta de dirigir também fora das pistas. Como mora em Louveira, no interior paulista, e tem compromissos na capital, pega rodovias com frequência. “Eu adoro dirigir em serras sinuosas, como a das Araras, no Rio de Janeiro, e a de Serra Negra, em São Paulo.” A estrada dos sonhos de Michelle, no entanto, é mesmo uma autoban, tipo de rodovia alemã sem limite de velocidade – as melhores que ela já viu testando automóveis em vários países, como apresentadora do programa “Oficina Motor”, da Globosat. O programa lhe deu ainda a oportunidade de dirigir algumas das máquinas mais desejadas do mundo. “Testei Ferrari e Lamborghini, mas o que me apaixonou foi um Dodge Viper”, recorda, referindo-se a um superesportivo. No Brasil, ela dirige um Golf GTI. “Geralmente, troco de automóvel quando já rodei uns 50 mil quilômetros, até para que ele não se desvalorize muito.” A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Adriano Rosa 10 | VidaBosch | Caixinha de surpresas Michelle de Jesus sabe que a diferença entre a derrota e a vitória pode estar em um pequeno detalhe. Na Fórmula Truck, ele pode ser uma caixinha preta chamada ECU MS 15 – módulo eletrônico que, ligado ao motor, controla todos os aspectos da distribuição de combustível. “Todo veículo com injeção eletrônica tem uma ECU, que lê os sensores, faz cálculos e devolve uma resposta para liberar o combustível da maneira mais eficiente possível”, explica Helena Melo, técnica de vendas da Bosch Engineering Latin America. Criada para motores diesel, a MS 15 foi desenvolvida pela Bosch Motorsport, voltada a veículos de competição. “É o que se pode chamar de ‘estado da arte’ das ECUs, com seus parâmetros de injeção calibrados de acordo com as necessidades de cada veículo, cada piloto e cada pista de corrida.” As calibrações permitem destacar características como torque, tempo de resposta ou potência. A MS 15 também pode ser ligada a outros equipamentos da Bosch, inclusive ao sistema de aquisição e visualização de dados e telemetria, que fornece informações em tempo real sobre o veículo, além de conter funções especiais como auxílio em largadas, monitoramento de chassis e controle de tração. Para ver informações técnicas sobre o dispositivo, acesse: http:// migre.me/s1PB5 torque e potência | Por Fernando Ribeiro A. and I. Kruk/Shutterstock 12 | VidaBosch | De volta aos trilhos Relegadas por anos, ferrovias brasileiras, uma das opções mais baratas no transporte de cargas, podem retomar fôlego com parcerias público-privadas F az décadas que a precariedade da infraestrutura brasileira costuma ser agenda de seminários, fóruns e encontros de empresários. Há um consenso entre especialistas de que parte dos gargalos tem origem na falta de investimentos em ferrovias, cuja capacidade de cargas é maior e o custo financeiro e ambiental, menor, na comparação com rodovias. Estas, onde se consome proporcionalmente mais combustível, concentram 60% das mercadorias transportadas pelo país, segundo a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF). As vias férreas são o principal sistema de transporte usado pelos países de renda elevada, na contramão do que ocorre por aqui. Com dimensões continentais, o Brasil tem 12 delas, totalizando pouco mais de 28 mil quilômetros, por onde passa 25% de tudo o que é movimentado no país. Para efeito de comparação, a ANTF aponta que nos Estados Unidos, cujo território é pouco maior que o brasileiro, a malha é dez vezes mais extensa. Não por acaso, portanto, o governo federal decidiu apostar nas vias férreas ao anunciar, em junho, um plano para conceder à iniciativa privada projetos logísticos de antigas e novas concessões que envolvem R$ 198,4 bilhões. A previsão é de que somente as ferrovias recebam R$ 86,4 bilhões, 40% do total. A União deve abrir negociações para renovar contratos de concessionárias do setor que vencem em 2026. Apesar da indefinição sobre as condições de financiamento dos novos empreendimentos, a ANTF enxerga os aportes com otimismo e acredita que, se executados com celeridade, podem representar um salto na infraestrutura brasileira. O pacote prevê R$ 20,5 bilhões em estradas de ferro que não saíram do papel, embora tenham sido projetadas em um plano similar, lançado em 2012. Fazem parte dessas concessões as ferrovias Barcarena (PA)-Açailândia (MA), o trecho da Norte-Sul entre Anápolis (GO) e Três Lagoas (MS) e a via entre Rio de Janeiro e Vitória. Esta última pode se tornar realidade nos próximos anos, de acordo com Paulo Resende, coordenador do Núcleo de Logística, Supply Chain e Infraestrutura da Fundação Dom Cabral. “Há uma demanda reprimida altíssima entre o Rio e o Espírito Santo. Nesses casos, a via se torna uma necessidade tão grande que alguns investidores até assumem determinados riscos”, afirma. Com 90% da obra pronta, o trecho da Norte-Sul entre Palmas (TO) e Estrela do Oeste (SP) também deve começar a operar em breve para escoar, pelos portos do Sudeste, boa parte da safra agrícola torque e potência torque e potência | VidaBosch | 15 Blazej Lyjak/Shutterstock Mrak.hr/Shutterstock produzida no Centro-Oeste, segundo o presidente da Associação Nacional dos Usuários do Transporte de Cargas (Anut), Luiz Henrique Baldez. Do total destinado para ferrovias, quase a metade (R$ 40 bilhões) será empenhada na Bioceânica. A obra pretende interligar Brasil e Peru com a construção de 3,5 mil quilômetros de trilhos no lado brasileiro. O projeto desperta o interesse da China, que estuda a hipótese de financiá-lo com o objetivo de estabelecer uma rota alternativa ao Canal do Panamá (leia mais sobre o Canal na seção grandes obras). A ausência de um estudo de viabilidade, no entanto, tem sido alvo de críticas. O governo chinês promete entregar um esboço em maio de 2016. Resende considera que a Bioceânica não deveria constar como prioridade, pois a perspectiva é de que seria concluída em 30 anos. “É um projeto de longo prazo que vai exigir um montante de investimentos de que o governo federal não dispõe no momento e, talvez, nem venha a dispor com o agravamento da crise econômica.” O diretor-executivo da Confederação Nacional do Transporte (CNT), Bruno Batista, observa que a via atravessa regiões problemáticas e que isso também pode se tornar um dificultador. “Os trilhos passam dentro da Floresta Amazônica, em cordilheiras e áreas com restrições ambientais ou que estão sob ocupação. Mas, uma vez pronta, sabe-se lá quando, representará um grande avanço do ponto de vista logístico”, comenta Batista. Novo modelo Diante da falta de interesse de investidores no leilão anunciado em 2012, o governo federal promoveu uma mudança significativa ao inverter a lógica das concessões e abandonar o modelo Open Acess, no qual o operador da infraestrutura não poderia participar do transporte. A opção foi pelo modelo de integração vertical, em que a concessionária é responsável pela infraestrutura e pelo material rodante. A escolha permite a volta dos monopólios. É uma tentativa de, por um lado, assegurar que as concessões tenham di- nheiro para concluir as obras e, de outro, garantir um valor, chamado de outorga, para pagar ao Estado. O modelo, contudo, recebeu críticas da Anut. “Defendemos o choque de oferta e os preços competitivos para não ficarmos nas mãos da concessionária”, declara Baldez. O presidente da associação dos usuários também acredita que as novas concessões podem não ser atrativas para os investidores se forem financiadas apenas com recursos privados. “O ideal seria que 55% viessem do setor privado e os outros 45%, do poder público. Sem essa compensação, dificilmente haverá viabilidade financeira no projeto.” Os temores são compartilhados pela CNT. “Embora sujeitas a mudanças, as regras anunciadas apresentam entraves que não podem ser desconsiderados. O modelo vertical vai acarretar a elevação do custo do investimento, justamente no momento em que as taxas de juros aumentaram e o crédito ficou mais restrito”, ressalta Batista. Os investimentos em infraestrutura não serão exclusivamente destinados às ferrovias. Para as rodovias, estão previstos R$ 66,1 bilhões, com destaque para 11 novos lotes que totalizam 397 quilômetros. Entre os leilões aguardados para 2015 estão os referentes aos trechos da BR-476, entre Santa Catarina e Paraná, e da BR-364, entre Minas Gerais e Goiás. No caso dos portos, serão aplicados R$ 37,4 bilhões, sendo R$ 11,9 bilhões para licitar arrendamentos de 50 terminais, R$ 14,7 bilhões para a construção de 63 terminais privados e R$ 10,8 bilhões para renovações antecipadas de 24 contratos de arrendamento. Os aeroportos receberão R$ 8,5 bilhões em obras de ampliação de pistas, pátios e terminais de passageiros. Serão concedidos ao setor privado os aeroportos de Porto Alegre, Salvador, Fortaleza e Florianópolis. Os leilões devem ocorrer no primeiro trimestre de 2016. Além disso, foram incluídos no plano sete aeroportos regionais, seis deles em São Paulo e um em Goiás. “O pacote de concessões pode representar uma oportunidade única para o país. Primeiro, porque vai injetar um montante de recursos em uma economia enfraquecida, que necessita de investimentos para aumentar a produção, criar novos empregos e fazer a roda girar. Em segundo, porque ajudaria o país a reduzir um gargalo histórico, que é a precariedade das condições de logística”, afirma Paulo Resende, da Fundação Dom Cabral. Um levantamento de 2014 da Confederação Nacional da Indústria (CNI) mostra o Brasil em último lugar em um ranking que compara a infraestrutura de 14 nações com economias mais ou menos do mesmo porte e que disputam espaço no mercado mundial, como Rússia, Índia, México e Austrália. Já estudo da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) revela que o país deixou de produzir no ano passado quatro milhões de toneladas de soja e de milho por questões logísticas. A entidade estima que o quadro tende a piorar se não houver avanço na área até 2020, quando o Brasil deve se tornar o maior produtor de alimentos do mundo. A Bosch na sua vida Melhor que a encomenda Em 2012, a Bosch aceitou um desafio: criar no Brasil uma bomba remanufaturada para motores de grande porte, capaz de reduzir os custos de manutenção de locomotivas. A proposta foi apresentada pela General Eletric (GE), fabricante de trens que atende as principais operadores de ferrovias do país. Firmada a parceria, durante dois anos um time de quase 20 especialistas se debruçou em análises técnicas, de mercado e prospecções. O componente, chamado de bomba UP (Unit Pump), é uma aplicação para motores diesel. Ela injeta combustível em alta pressão na câmara de combustão, proporcionando a mistura ar comprimido e combustível ideal para a melhor performance do motor. Quando o primeiro lote com 16 amostras ficou pronto, em abril deste ano, a Bosch se viu diante de um segundo desafio: a GE sugeriu que o produto fosse avaliado diretamente com o cliente final. “Nunca havíamos feito isso”, conta João Claudio Nogueira, responsável por liderar a equipe que desenvolveu o projeto. Ele sugeriu que o desempenho fosse comparado com o de uma bomba convencional usada e com uma nova. “Nosso produto ficou melhor do que os outros dois. Até do que o novo”, relata Nogueira. Em comparação com uma nova, o consumo de combustível foi até 7% menor. “Uma locomotiva consome muito diesel. Sete por cento de redução é um percentual muito grande”, comemora. A alternativa desenvolvida pela Bosch é também mais barata – algo especialmente importante para uma peça que é trocada, em média, a cada três anos. Só a GE faz a troca em 200 a 250 locomotivas por mês para seus clientes – e cada veículo tem 12 ou 16 bombas UP. Arquivo Bosch 14 | VidaBosch | Outra vantagem é a entrega mais rápida: similares importados podem demorar seis meses para chegar ao Brasil. “Com o nosso produto, o prazo de entrega é de um mês”. em casa | Por Débora Yuri Daniel Veiga/Marília Veiga Interiores 16 | VidaBosch | Muito além de coadjuvante Por décadas restrita a móveis e portas, a madeira volta a ganhar força em pisos, paredes e janelas E em casa ntre numa casa antiga, e você verá madeira nos móveis, nas portas, nas janelas e nos pisos – sobretudo tacos formando mosaicos em “L” na sala ou tábuas compridas nos corredores. Entre em uma casa um pouco mais nova e verá que o material permaneceu nos móveis e nas portas – às vezes dando lugar a PVC nas janelas – e rareou no piso, dando vez a porcelanato ou cerâmica. Agora olhe para as residências mais contemporâneas e chegará a uma conclusão: o recurso vem se valorizando. Volta a se destacar em pisos, reaparece em forros e janelas e ganha espaços pouco explorados na época de nossos avós, como painéis de parede. Pode-se dizer que é um protagonismo que veio para ficar, avalia a decoradora de interiores Marília Veiga, de São Paulo. E décadas depois de a madeira ser confinada a apartamentos, quase sempre em modalidades menos nobres – como no caso dos famigerados carpetes de madeira. “Trata-se de um material nobre, bonito, que aquece o ambiente e transmite sensação de aconchego”, afirma. “É muito mais gostoso pisar na madeira do que em um piso frio.” A diversidade de produtos permite que se recorra à madeira em todos os ambientes: de salas e quartos a cozinhas, banheiros, varandas e jardins. A arquiteta Barbara Gomes da Silva, do Studio 011, não hesita em classificá-la de coringa. Seu charme, diz, pode aparecer em todas as linhas mais recentes de decoração. “Ela consegue atingir todo tipo de público.” Como foi durante muito tempo bastante usada em muitas casas antigas, ganhou fama de rústica. As tábuas e toras podem de fato emprestar essa característica a alguns ambientes. Mas não se restringem a isso. “Elas não geram um efeito necessariamente rústico”, defende Marília. “Tacão, parquet e assoalho de tábua larga são chiques, conferem muita sofisticação ao ambiente”, exemplifica. “O que pode tornar um projeto rústico são os móveis e o acabamento.” Na sala, revestir as paredes com painéis de madeira ajuda a obter um efeito clean – as próprias portas podem ser embutidas nos painéis, destaca Barbara. Esse recurso é especialmente útil em pa- em casa | VidaBosch | 19 redes de salas ou quartos, para esconder os emaranhados de fios que se ligam aos eletroeletrônicos (TV, home theater...). Barbara sugere madeira pintada ou laqueada. Sua sócia no Studio 011, Giulliana Pinheiro Savioli, gosta de aplicar o acabamento ebanizado, que escurece e deixa os veios mais marcados. “Ele imprime um ar mais moderno ao ambiente. É muito pedido por solteiros e casais jovens.” Outro dos efeitos favoritos de Giulliana é o zigue-zague, também conhecido como “espinha de peixe”, grafismo que pode ser aplicado em pisos e paredes. Um dos destaques da nova tendência, as madeiras de demolição (aquelas reaproveitadas de móveis antigos ou de restos de construção) têm apelo ecológico e frequentemente trazem um efeito rústico a pisos e painéis. “Combinadas com mármore ou pedra, quebram a frieza, dando equilíbrio e também um ar bem sofisticado”, comenta Giulliana. Em cômodos diminutos, a madeira também está liberada, mas evite os tons mais escuros, que reforçam a impressão de falta de espaço. A sugestão é apostar numa tonalidade mais clara na própria madeira ou no mobiliário. Nas áreas externas, convém usar opções mais resistentes. “Em decks totalmente externos ou qualquer lugar exposto a chuva e água constante, é preciso usar madeira naval”, recomenda Marília, referindo-se a um material feito com cola fenólica, mais resistente. Fotos Marilia Veiga 18 | VidaBosch | Madeira genérica Para lugares sujeitos à umidade, mas de modo menos intenso, uma alternativa é o BP, tipo especial de MDF (medium density fiberboard, ou chapa de fibra de média densidade, que mistura resina com madeira prensada, geralmente vinda de áreas de reflorestamento). O BP é revestido com uma substância sintética que protege o piso de riscos, manchas, produtos de limpeza doméstica, calor e água. “Uso muito em churrasqueiras, gabinetes de cozinha, de banheiro – tudo que exige limpeza frequente. É mais impermeável e bem mais barato que madeira maciça”, afirma Marília. Mesmo em residências contemporâneas, a madeira ajuda a tornar os ambientes mais aconchegantes em casa em casa | VidaBosch | 21 Breadmaker/Shutterstock 20 | VidaBosch | Dependendo do modelo e da aplicação, material pode dar aspecto rústico, como nesta mesa, ou moderno, como nos armários desta cozinha O MDF, uma espécie de genérico, tem a vantagem do preço. São centenas de versões disponíveis – o BP (de “baixa pressão”) tem valor um tanto mais alto que o convencional, “in natura”, que vem com as duas faces sem revestimento. De qualquer modo, em média sai por 40% a menos que a madeira maciça, estima a arquiteta Barbara. “Dependendo do orçamento do cliente, ele é essencial para viabilizar um projeto”, observa. A original, porém, tem charme próprio (cores e veios exclusivos) e mais resistência. “Quando bem cuidada, dura para sempre. Ela traz nobreza para um ambiente, aconchego, conforto térmico”, destaca Barbara. Tanto num quanto noutro caso, a manutenção é razoavelmente simples. “Existe um tabu de que conservar madeira é difícil, mas você só precisa passar cera depois de muito tempo de uso. O dia a dia é simples: um pano torcido com sabonete neutro.” Em obras, um ponto positivo é a possibilidade de acelerar os serviços. “O concreto exige a utilização de muita água. Por outro lado, a madeira permite que você faça uma obra mais rápida, e o cliente economiza em diárias de mão de obra. É um custo-benefício melhor”, diz a arquiteta Candida Tabet. Selo verde Parte da perda de popularidade da madeira, em algumas décadas do século 20, está ligada ao desenvolvimento de materiais alternativos – como o PVC, hoje comum em portas e janelas. Mas também deve ter pesado o estigma antiecológico. Durante muito tempo, boa parte da “madeira de lei” que decorava casas brasileiras era ilegal. Hoje, pode-se ficar restrito às certificadas. O selo mais prestigiado é o do FSC (Forest Stewardship Council, na sigla em inglês, ou Conselho de Manejo Florestal). Organização independente e não governamental, o FSC tem sede em Bonn, na Alemanha, e representações em mais de 70 países. Seu sistema certifica a produção responsável – no Brasil, a madeira certificada pode ser oriunda de reflorestamento (plantações florestais) ou de florestas naturais. As mais vendidas são lenhos de eucalipto, teca, ipê e cedro. Mesmo assim, alguns escritórios de arquitetura e design já deixaram de inserir o ipê em seus projetos. Nativa da Mata Atlântica, a árvore foi tão explorada para paisagismo e as diversas aplicações de seu tronco que começa a rarear em São Paulo. “Quando um cliente quer ter móveis feitos a partir do ipê, recomendamos a compra em antiquários”, diz Giulliana, do Studio 011. Alternativas mais “verdes” não faltam, ela afirma. “O neobambu é um revestimento mais ecológico, com várias cores disponíveis”, exemplifica. Para todas as etapas As portas com acabamento refinado, os painéis bem-acabados, o piso cortado uniformemente, o teto com tábuas alinhadas. Se a madeira voltou a ter peso na decoração, isso se deve também ao desenvolvimento de ferramentas que cortam, lixam e moldam melhor esse material. A Bosch fabrica produtos que podem ser usados em todas essas etapas. Tábuas longas para painéis de madeira, por exemplo, podem ter passado pela serra circular GKS 65 GCE – que é como uma serra de mesa, mas portátil, adaptada para um sistema de trilhos. “É para quem precisa fazer cortes retos em madeiras de grandes dimensões, como as usadas em decks”, diz a gerente de produtos da linha madeira da Bosch, Fernanda Freitas. Trata-se da única que dispõe de velocidade variável. Com 1800 watts de potência e funcionando a 5 mil rotações por minuto (rpms), consegue cortar madeiras duras. Para as mais frágeis, usar uma rotação menor evita danos no material. Em trabalhos que exigem precisão, os profissionais do ramo costumam recorrer a alguns modelos de serra tico-tico da Bosch. A GST 75 E tem a maior potência de sua categoria: 710 watts. Robusta, corta tábuas de até 75 milímetros. Já a GST 90 E tem empunhadeira única entre este tipo de serra. “Dá muita liberdade de manuseio e é ideal para fazer cortes em curva – e possibilita que um operador experiente trabalhe com ela invertida, de ponta-cabeça”, afirma Fernanda. Para dar acabamento, é fundamental uma boa lixadeira. A Bosch tem dois modelos com potências e diâmetros de disco diferentes, mas com a mesma eficiência: a GEX 125-1 AE e a GEX 150 AVE. Elas têm um dispositivo exclusivo que as faz girar e vibrar ao mesmo tempo, dando mais controle e conforto a quem as opera. “Isso melhora o desempenho ao desbastar materiais”, explica Fernanda. As ferramentas contam ainda com a aspiração de pó mais eficiente do mercado: retém partículas de meio mícron (meio milésimo de milímetro, invisível a olho nu). “Assim diminui a sujeira e os riscos à saúde.” Ambas as lixadeiras possuem velocidade variável, o que possibilita trabalhar com diversos tipos de materiais sem danificá-los. “Com essa função, pode-se fazer um ajuste mais fino, evitando, inclusive, o risco de queimar a madeira”, finaliza Fernanda. Conheça a linha completa da Bosch para o setor: www.boschferramentas.com.br Arquivo Bosch A Bosch na sua vida tendências | Por Bruno Meirelles fujji/Shutterstock 22 | VidaBosch | Garantia de estabilidade Maior revolução na segurança automotiva desde a invenção do cinto, ESP combina sensores e processador para reduzir risco de acidentes N oite chuvosa. Você dirige numa estrada repleta de curvas. Uma leve distração, e algo cruza seu caminho. Em um reflexo, seu pé afunda o pedal de freio com violência e o carro começa a derrapar. Um milhão de possibilidades passam por sua cabeça. Apenas uma fração de segundo para tomar a decisão que pode salvar ou não sua vida. Acelerar? Continuar freando? Virar o volante? Para a esquerda ou para a direita? Enquanto você avalia a melhor opção, o veículo se estabiliza sozinho e a situação volta ao normal. Sorte? Não, simplesmente seu carro dispõe de um recurso chamado ESP, sigla que vem do inglês Eletronic Stability Program. A tecnologia, também conhecida como controle de estabilidade, conta com duas unidades, uma eletrônica e outra hidráulica, explica Leimar Mafort, especialista de aplicações ABS (sistema de frenagem antiderrapante) e ESP da Bosch. Essas unidades trabalham em conjunto com o objetivo de manter a estabilidade do veículo em momentos críticos. “O ESP tem sensores que medem tanto a posição do volante quanto a condição dinâmica do veículo. Com isso, sabe qual é a intenção do motorista e qual é a real situação do veículo, identificando se o carro está respondendo ou não aos comandos”, afirma. Caso o sistema identifique que o automóvel está saindo da trajetória prevista, um processador realiza uma série de cálculos a uma velocidade muito superior à capacidade humana e toma decisões com base neles para corrigir o problema. “O sistema funciona independentemente da ação do motorista e atua diretamente nas rodas do carro e na potência do motor, evitando que o automóvel fique fora de controle”, declara o engenheiro Alessandro Oliveira, membro da Comissão Técnica de Segurança Veicular da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE) no Brasil. Alexandre Pagotto, especialista em marketing dessa área na Bosch, explica que o ESP foi desenvolvido pela empresa alemã no início da década de 1990. Em 1995, entrou em produção o primeiro carro a utilizar o dispositivo. Inicialmente, era apenas um item opcional. Com o tempo, o potencial de redução de acidentes ampliou tendências tendências | VidaBosch | 25 Fotos Arquivo Bosch 24 | VidaBosch | Sem o ESP, o carro perde o controle e derrapa em mudanças abruptas de direção. Com o sistema, ele volta aos eixos rapidamente a importância do recurso, que passou a ser obrigatório em países como Estados Unidos, Canadá, Rússia, Austrália, Nova Zelândia, Israel, Turquia, Japão e Coreia do Sul – e também na União Europeia. “Quando o assunto é garantir a integridade de condutor e passageiros, o controle de estabilidade é considerado a maior invenção desde o cinto de segurança. Ao contrário do cinto, porém, o ESP atua antes de qualquer ocorrência, podendo prevenir um acidente”, diz Pagotto. “Estudos nos Estados Unidos mostram que ele reduz em até 80% o número de acidentes por derrapagens e em 74% o número de capotagens”, acrescenta. Na América do Sul, a obrigatoriedade já está programada para 2018 na Argentina e no Equador. No Brasil, o primeiro carro fabricado com o ESP foi o Mercedes-Benz Classe A, em 1999. Quinze anos depois, 14% dos veículos registrados no país já contavam com o sistema. Mundialmente, mais de 55% da produção de veículos já conta com o item. Expansão no Brasil O representante da SAE Brasil afirma que a adoção obrigatória da tecnologia resultaria em grande redução do número de acidentes. Um relatório divulgado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2013 apontou que o Brasil registrava 22,5 mortes no trânsito a cada 100 mil habitantes – quantidade expressivamente maior que a de Reino Unido (3,7), Japão (5,2), Espanha (5,4) e Estados Unidos (11,4), e mesmo que a de várias nações emergentes, como Argentina (12,6), México (14,7) e as superpopulosas Índia (18,9) e China (20,5). “Existe um grande campo para melhorias no país. No entanto, esse tipo de implantação deve ser feito no longo prazo, devido aos testes e adaptações necessários em todos os veículos”, explica Oliveira. “A taxa de adoção do sistema está crescendo no Brasil”, destaca, por sua vez, Alexandre Pagotto. “Em 2013, tínhamos apenas 9% dos veículos saindo de fábrica com o ESP. Acredito que ao longo dos próximos cinco anos teremos, de forma gradual, algo que chegue perto dos 100%”, completa o especialista em marketing da Bosch. Apesar da pequena proporção de veículos com o sistema, um aspecto facilita a adoção do recurso ESP no Brasil: todos os carros do país já contam com ABS. “Veículos que têm ABS já usam os mesmos sensores de velocidade nas rodas demandados pelo ESP. Em alguns casos – considerando que a aplicação do ESP já exista para aquele modelo – a substituição de um módulo (ABS) pelo outro (ESP) já garante a funcionalidade. Em outros, adaptações extras podem ser necessárias, como a instalação de um sensor de volante”, afirma Leimar Mafort. O mecanismo deve deixar os carros mais seguros, mas também mais caros. O espe- cialista da SAE Brasil afirma que os ganhos devem compensar o aumento. “Toda inovação deixa o automóvel mais caro. O impacto não deve ser tão grande, como pudemos avaliar com a obrigatoriedade de airbags frontais e ABS.” Pagotto explica ainda que o controle de estabilidade passou por muitas evoluções desde sua invenção, impactando diretamente na redução do preço final. “Antes ele pesava 4,3 kg e agora pesa apenas 1,5 kg. Da mesma forma, seus custos de produção também caíram, permitindo a sua adoção pelas frotas de diversos países”, completa. Salva-vidas O debate sobre os valores pode ser visto de uma perspectiva mais ampla. Um estudo divulgado em setembro pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostrou que só os acidentes em rodovias federais custaram ao Brasil R$ 12,3 bilhões em 2014 – 64,7% das despesas estavam ligadas às víti- Sistema já é obrigatório na União Europeia e em países como Estados Unidos, Rússia, Turquia e Japão. Na Argentina, medida passa a valer em 2018 mas (cuidados com saúde ou perda de produção em razão de lesão ou morte) e 34,7%, aos veículos (consertos e perda de carga). É em boa parte devido a esses prejuízos – e, sobretudo, à perda de vidas – que a introdução do controle eletrônico de estabilidade deveria ser obrigatória no Brasil, segundo o Programa de Avaliação de Carros Novos (Global Ncap, na sigla em inglês), organização à frente da campanha StopTheCrash (www.stopthecrash.org). A campanha, lançada em outubro e apoiada pela Bosch, tenta colaborar com a Década de Ação para Segurança nas Estradas 20112020, da ONU, que visa reduzir pela metade o número de mortes nas rodovias até 2020. O papel é sublinhar a importância da tecnologia para que a meta seja alcançada. A StopTheCrash destaca, em especial, três sistemas: freios ABS para motocicletas, controle eletrônico de estabilidade e frenagem automática de emergência. De acordo com o Global Ncap, a obrigatoriedade do controle de estabilidade, somada à adoção de outras diretrizes recomendadas pela ONU, tem potencial para salvar 34 mil vidas no Brasil e evitar 350 mil lesões. “O governo brasileiro deveria ampliar sua decisão de 2014 de tornar o ABS obrigatório e fazer o mesmo com o controle de estabilidade”, afirmou o presidente da campanha, David Ward, no lançamento da iniciativa no país. O sistema, segundo ele, “é uma tecnologia salva-vidas fundamental, que pode evitar que acidentes aconteçam – em vez de apenas proteger as pessoas após eles ocorrerem”, destacou. Para saber mais sobre o ESP, assista ao vídeo neste link: http://migre.me/sd3vk 26 | VidaBosch | grandes obras | Por Manuel Alves Filho P Vocação para a grandeza Fotos593/Shutterstock Uma das sete maravilhas do mundo moderno, o centenário Canal do Panamá faz a sua reforma mais ambiciosa para receber navios maiores ara grandes desafios, grandes soluções. Depois de 100 anos de atividades, completados em 2014, o Canal do Panamá está muito perto de terminar a sua maior obra de reestruturação desde que foi inaugurado. A principal intervenção é o estabelecimento de uma terceira via de tráfego para navios, que contará com dois conjuntos de eclusas. O objetivo do projeto, orçado em US$ 5,2 bilhões, é dobrar a capacidade de atendimento, recuperando a relevância do corredor no cenário econômico internacional. A reforma do Canal do Panamá, apontado como uma das sete maravilhas do mundo moderno pela Sociedade Americana de Engenheiros Civis, teve início em 2007, após ser aprovada num referendo nacional – o que dá a dimensão da importância do empreendimento para o país. A previsão era de que terminasse ainda em 2015, mas atrasos de diversas ordens, como greves de trabalhadores, impediram o cumprimento do cronograma, que deve ser alargado por alguns meses. Segundo a Autoridade do Canal do Panamá (ACP), estatal responsável pela administração do complexo, mais de 95% dos trabalhos foram concluídos até o final de outubro. Nesta fase final, trabalham diretamente na reformulação cerca de 8 mil operários, número que chegou a 10 mil – ou 30 mil, incluindo empregos indiretos. Quando ficar pronta, a expansão terá usado 4,4 milhões de metros cúbicos de concreto e 192 mil toneladas de aço. O canal poderá, então, receber navios com até 52 metros de largura – o máximo, hoje, são 32 metros, o que deixa de fora quase metade dos porta-contêineres do planeta. Após a ampliação, os chamados navios Pós-Panamax, com capacidade para carregar até 13 mil TEUs (medida de capacidade de transporte de contêineres), poderão passar pelo local. A estrutura atual permite apenas o trânsito de embarcações significativamente menores, como as denominadas Panamax, que têm capacidade para no máximo 5 mil TEUs. A expectativa do governo panamenho é que também o tráfego aumente, de 40 para 54 embarcações ao dia, e que, portanto, fatia maior do comércio mundial cruze suas águas – hoje, são 5%. 28 | VidaBosch | grandes obras Fotos593/Shutterstock A expansão – aprovada em referendo pelos panamenhos – vai usar 4,4 milhões de metros cúbicos de concreto e 192 mil toneladas de aço São Luis Parnaíba Barreirinhas 135 MA- 402 Jericoacoara MA- 315 Cajueiro da Praia MA- 034 MA-345 343 Camocim CE-085 402 402 222 343 Fortaleza Mar do Caribe Canal do Panamá COSTA RICA Colón Panamá Santiago Oceano Pacífico PANAMÁ La Palma COLÔMBIA Para abrir uma terceira faixa para navios, foi preciso conceber um sofisticado sistema de eclusas (uma do lado do Atlântico, outra do Pacífico) e reservatórios, de modo a evitar que se desperdiçasse muita água doce (o canal é formado por um lago artificial e um conjunto de rios naturais). Hercúlea, a obra exigiu a combinação de vários tipos de conhecimento, desenvolvidos em diferentes países. Da própria Bosch vieram profissionais de mais de uma dezena de nações, incluindo o Brasil (saiba mais sobre a participação da multinacional na página seguinte). Entre as brasileiras, outra empresa foi a Paragon, de São Paulo, que fez simulações para testar a capacidade e o funcionamento das eclusas, ainda na fase de projeto (2002). Num segundo momento (2012), desenvolveu um sequenciador de navios – ferramenta capaz de escolher a melhor ordem de entrada das embarcações no canal. Alguns especialistas preveem que a nova fase tem potencial para mudar a cara do comércio marítimo. Com navios maiores cruzando o Panamá, é possível que se consolide um sistema em que portos maiores recebem os navios gigantes, alimentados por contêineres transportados entre portos menores. Os panamenhos, porém, podem ganhar concorrência. Vários países estudam há muitos anos promover a ligação entre o Atlântico e o Pacífico sem passar pelo Canal do Panamá, observa o professor Orlando Fontes Lima Júnior, coordenador do Laboratório de Aprendizagem em Logística e Transportes (LALT) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). “A Colômbia, por exemplo, tem uma localização geográfica estratégica, dado que seu território é banhado pelos dois oceanos.” Guatemala, Honduras e Nicarágua também estudam projetos nesse sentido. “Além disso, o governo brasileiro divulgou o interesse da China em patrocinar a construção de uma linha férrea com o mesmo objetivo, passando pelo Brasil. O problema dessa alternativa é que encareceria os custos de operação, visto que a carga teria inicialmente de ser transportada por trem, para depois ser transferida para o navio e assim ser levada ao seu destino”, analisa Lima Júnior. Desafios e ousadia A construção do Canal do Panamá, no século 19, foi uma longa epopeia, com direito a capítulos com mortes, conchavos políticos e uma boa dose de ousadia no campo da engenharia civil. As obras tiveram início em 1881, sob os auspícios de uma empresa francesa. A ideia era construir uma passagem no mesmo nível do mar, a exemplo do que fora feito no Canal de Suez, que liga o Mar Vermelho e o Mediterrâneo. Ocorre, porém, que os responsáveis pelo projeto tiveram de abandoná-lo por causa dos problemas de engenharia e da alta taxa de mortalidade dos trabalhadores, vítimas principalmente de doenças tropicais. Por determinação do presidente Theodore Roosevelt, os Estados Unidos assumiram a empreitada. Roosevelt entendia que a passagem não somente facilitaria o comércio mundial de mercadorias, como favoreceria as ações militares de seu país. A obra vai abrir um terceiro corredor no canal, para que mais e maiores embarcações usem esse atalho entre o Atlântico e o Pacífico Entretanto, na época o Panamá pertencia à Colômbia, e o senado colombiano não deu autorização para a realização do empreendimento. Como resposta, o presidente norte-americano apoiou “oficiosamente” os rebeldes panamenhos que lutavam por autonomia. Assim, em 1903 o Panamá proclamou a sua independência da Colômbia. Um anos depois, os Estados Unidos iniciaram as obras do canal, que duraram uma década. O canal foi inaugurado oficialmente em 15 de agosto de 1914. Como Roosevelt previra, a construção desse gigantesco atalho beneficiou inúmeros países, principalmente os Estados Unidos. Favoreceu o comércio marítimo internacional e foi importante para a movimentação da frota militar norte-americana durante a Segunda Guerra Mundial. Antes dele, um navio que deixasse a Costa Leste norte-americana em direção à Costa Oeste teria de cumprir uma rota de 25 dias, passando pelo Estreito de Magalhães, localizado no extremo sul da América do Sul. Através do Canal do Panamá, a viagem foi reduzida para 11 dias. O local foi administrado pelos Estados Unidos até 1999, quando passou para o Panamá, conforme acordo assinado em 1977. Mesmo não gerindo mais o canal, Washington continuou exercendo grande influência sobre ele. Dos investimentos destinados à atual expansão, por exemplo, nada menos do que US$ 2,3 bilhões vieram dos EUA. Com a expansão dessa ligação, segundo Lima Júnior, o fluxo de embarcações pelo canal deve aumentar, visto que algumas linhas que haviam deixado de passar pelo local, em virtude das grandes dimensões de seus navios, voltarão a utilizá-lo em suas rotas. A Bosch na sua vida Erguendo gigantes Já impressionante, o Canal do Panamá precisou ficar ainda maior para permitir a passagem de gigantescos navios. Um potente sistema de eclusas permite superar os desníveis de até 26 mestros na passagem entre o Atlântico e o Pacífico. E a força da Bosch Rexroth é fundamental nesse trabalho. O canal é formado pelas águas de um grande lago artificial e de rios naturais. Essa água doce é usada para encher e esvaziar as eclusas – portanto, para erguer ou baixar os navios. A fim de evitar desperdício e controlar com mais precisão o nível do lago, foi construído um complexo de reservatórios, câmaras e tinas. “A tecnologia da Rexroth é empregada na movimentação das válvulas que transferem a água entre as câmaras e os reservatórios”, diz o engenheiro de aplicações Bruno Garcia. São três os sistemas hidráulicos da Rexroth em aplicação. As válvulas de Culvert nivelam a água das câmaras baixa, intermediária e superior de cada eclusa. As de Equalization são responsáveis pela equalização final em cada uma dessas etapas. E as de Conduit movimentam a água para reservatórios e tinas de armazenamento. Além disso, a empresa fornece cilindros para cada um dos tipos de válvula. “São 152 unidades hidráulicas, 152 cilindros e quilômetros de tubulação fornecidos. Nossa participação não termina na fabricação dos equipamentos: segue nas fases de instalação e integração dos sistemas em campo”, destaca Bruno Garcia. A estimativa da Bosch Rexroth é de que, com seu sistema, as eclusas operem com 60% menos de água doce. O Canal do Panamá não exige apenas força, mas também diálogo. E, para isso, o Grupo Bosch fornece equipamentos da marca Telex que permitem que as muitas equipes em ação conversem entre si. Arquivo Bosch Fotos593/Shutterstock grandes obras | VidaBosch | 29 “O sistema IP 224 integra diferentes equipamentos de rádio que naturalmente não se conectariam”, afirma Amauri Ramos, gerente de marketing para sistemas de comunicação crítica e de conferência. “Com o equipamento, não é preciso jogar fora o que já existe nem mudar a estrutura de comunicação já instalada. Ele conecta até mesmo sistemas digitais e analógicos.” A Bosch também fornece ferramentas elétricas para a obra e faz a manutenção da frota marítima e terrestre que trabalha no local. Saiba mais: http://migre.me/sgUrF brasil cresce | Por Cláudia Zucare Boscoli nednapa/Shutterstock 30 | VidaBosch | Sabor de quero mais Fabricantes de biscoitos apostam em maquinário moderno, novos sabores e embalagens menores para sustentar crescimento 32 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 33 Goran Bogicevic/Shutterstock safakcakir/Shutterstock Dólar alto eleva o preço do trigo, mas empresas investiram em equipamentos novos que aumentam produtividade e reduzem custos “V ende mais porque é fresquinho ou é fresquinho porque vende mais?” Um dos mais famosos slogans da propaganda brasileira ajuda a explicar o sucesso do setor de biscoitos e bolachas – cujas vendas cresceram 10,5% e atingiram R$ 19,6 bilhões em 2014, período em que a crise econômica já assolava o país. O longo prazo de validade dos produtos contribui para o segmento conquistar o gosto dos consumidores, assim como a praticidade (pode-se comê-los em várias situações, basta abrir o pacote) e a boa relação entre custo e benefício. Para este ano, a expectativa é que o volume de vendas tenha alta de 1% ou 2% e que o faturamento aumente 6%. “Isso já será excelente”, avalia Cláudio Zanão, presidente da Associação Brasileira das Indústrias de Biscoitos, Massas Alimentícias e Pães & Bolos Industrializados (Abimapi), que representa 75% do mercado nacional. Excelente porque contrasta com um momento em que a economia esfria, o preço da energia elétrica eleva despesas dentro da fábrica, a alta nos combustíveis onera o transporte e a disparada do dólar encarece as principais matérias-primas, principalmente o trigo. Mas excelente também porque se trata de um item com presença em quase todos os lares – dados da consultoria Kantar Worldpanel, que faz pesquisas mundiais de consumo, indicam que 99,6% dos domicílios brasileiros têm ao menos um pacote. Desde o Plano Real, o setor experimenta um processo de abertura. Depois de décadas de fabricação do produto no mercado interno por empresas nacionais ou exclusivamente familiares, grandes marcas in- ternacionais fizeram aquisições que possibilitaram um ganho de terreno em meio ao crescente mercado consumidor nacional. Um fator importante neste ano de dificuldades, segundo Zanão, é que a maioria das empresas conta com maquinários modernos e ferramentas de gestão para garantir “o melhor produto pelo menor preço”. Os equipamentos permitem uma fabricação mais flexível – é possível, por exemplo, reduzir o tamanho da embalagem, que corresponde a até um quarto do custo nos pontos de venda. “Se você adquiria um pacote de 150 gramas, pode agora comprar um de 80 gramas por um preço semelhante. As empresas procuram não perder o consumidor, mas se adequar a ele”, argumenta o presidente da Abimapi. Outra saída tem sido investir em inovação. Os tipos mais vendidos são os rechea- dos (450 mil toneladas vendidas em 2014), seguidos de água e sal (354 mil), segundo levantamento da Abimapi e da Nielsen (veja quadro na página seguinte). Porém, diversos nichos têm sido criados, para incrementar a variedade nas prateleiras e agradar aos olhos, ao bolso e ao paladar dos brasileiros. Atualmente, as atenções voltam-se às categorias “club”, vendidas em embalagens individuais pequenas, com adição de cereais e ingredientes funcionais, que incorporam sabores diferentes em suas receitas (presunto, pizza, provolone, salame...) ou têm apelo mais saudável (integrais). Tais inovações ampliam o leque de ofertas e acompanham uma tendência que contribui para fermentar os ganhos do setor: a preferência do consumidor por versões de valor agregado mais alto. Por trás des- A ascensão de milhões de pessoas à classe média nos últimos anos impulsiona versões de valor agregado mais alto e os ganhos do setor sa mudança de perfil, está a ascensão de milhões de pessoas à classe média nos últimos anos, resultado do salto de renda da população. O último relatório anual da Abimapi, por exemplo, destaca que o gosto do brasileiro está mais requintado e que, por isso, a procura por itens “premium” começou a impactar positivamente os resultados. Dessa forma, fica mais fácil impulsionar o consumo por pessoa, principal aposta do segmento. “Temos um mercado interno robusto e com grande potencial de crescimento no consumo per capita”, avalia Zanão. Tal indicador tem aumentado ano a ano e computou 8,4 quilos por habitante em 2014 no Brasil, um salto de 17% desde 2010, segundo a Nielsen. Ainda assim, há muito terreno a ser conquistado. Na vizinha Argentina, o consumo é de 12,44 kg/ano por pessoa, segundo levantamento feito pela Euromonitor. No Reino Unido, são 10,02 kg/ano. Em comparação a outros países referenciais, as cifras brasileiras já superam as da Itália (7,37 kg/ano) e dos Estados Unidos (6,91 kg/ano). Em todos os países, os fatores culturais têm grande influência nos hábitos de consumo. A publicidade desempenha papel fundamental nesse sentido. Basta lembrar a frase que deu origem às primeiras linhas desta reportagem, retirada de um comercial de sucesso na TV e que até hoje ecoa em várias partes do país. brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 35 HandmadePictures/Shutterstock Há vários exemplos como esse mundo afora, até porque se trata de um tipo de alimento muito presente na infância, o que lhe empresta uma forte memória afetiva. Talvez o caso mais célebre sejam as madeleines do escritor francês Marcel Proust, que aparecem no primeiro volume de sua obra “Em Busca do Tempo Perdido”, publicado em 1913: viraram um símbolo de evocação involuntária de recordações marcantes. “Sempre lembro da propaganda do Oreo [marca de biscoito recheado] que coloca um pai e um filho sentados lado a lado, olhando para o horizonte e raspando o recheio do biscoito nos dentes. É um hábito que passa de geração para geração”, reforça Zanão. Exportações em alta O setor também tem se apoiado no exterior para manter seu desempenho. Apesar de estar longe dos líderes globais nesse quesito, o Brasil tem registrado exportações crescentes nos últimos anos. De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, foram US$ 96 milhões em 2014. O valor corresponde a 45,5 mil toneladas despachadas para os mais diversificados destinos. O principal comprador dos biscoitos brasileiros é An- Biscoitos costumam ter um “sabor de infância”, o que facilita a criação de campanhas que enfatizem o tom emocional Os preferidos do público Engolindo a crise Venda em 2014 por tipo de biscoito (em toneladas) Venda de biscoitos no Brasil (em R$ bilhões) 19,671 450 mil 17,793 Recheados 15,782 14,197 354 mil Cream cracker e água e sal 271 mil 11,356 Secos e doces especiais 2014 2013 2012 151 mil 2011 Maria e maisena 2010 193 mil Salgados Fonte: Abimapi e Nielsen gola (34,3%). Os Estados Unidos aparecem em segundo, com fatia de 16,5%, seguidos por Paraguai (14,9%), Uruguai (11,8%) e Chile (3,9%). Para estimular a exportação, a Abimapi e a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) desenvolveram, inclusive, a marca coletiva Happy Goods. O projeto é atualmente formado por cerca de 40 empresas que comercializam em mais de 80 países. Elas recebem orientações técnicas em comércio exterior, apoio estratégico, indicações de melhores soluções para aperfeiçoamento da gestão e estrutura produtiva para exportar. Além disso, participam de feiras internacionais, rodadas de negócios no Brasil e no exterior com potenciais importadores e distribuidores de seus produtos, bem como de missões empresariais com o objetivo de sondar os mercados e suas oportunidades. Atualmente, as integrantes do Happy Goods respondem por 70% das vendas externas do setor. Já em relação à importação, desembarcaram no Brasil, em 2014, 7,03 mil toneladas de biscoitos a um custo de US$ 35 milhões. A principal origem dos produtos é, com larga vantagem, os Estados Unidos (27,3%). Na sequência aparece a Alemanha, com 13,4%, seguida pela Polônia (11,4%), Itália (10,4%) e Argentina (10,3%). Pequenos negócios Outro ramo que pode ajudar a manter as boas perspectivas são as pequenas empresas – as menores formam o único segmento da economia nacional que mais contrataram do que demitiram empregados com carteira, segundo dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged). O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) considera que a produção de biscoito artesanal é uma oportunidade para o pequeno empreendedor. A entidade apoia microempreendedores que possam vender para lojas de conveniência, padarias, delicatessens, lanchonetes e pequenos mercados. Entre as recomendações feitas pela instituição para resistir com sucesso aos efeitos da crise, assim como têm feito as grandes empresas, estão um controle severo sobre os recursos financeiros e monitoramento diário de fluxo de caixa e vendas, além de foco na otimização dos processos. “É preciso manter a calma, organizar a casa e reduzir despesas. Ao mesmo tempo, motivar a equipe para que ela se aproxime do cliente”, afirma Wagner Paludetto, consultor de finanças do Sebrae-SP. A Bosch na sua vida Pronto para comer Quem nunca abriu um pacote de biscoito cheio de farelo ou com um alimento disforme, bem diferente do crocante que tanto desejava? Num mercado concorrido como esse, o processo de embalagem é tão importante quanto o sabor para fisgar o gosto da clientela. “Tecnologias inovadoras garantem um manuseio mais cuidadoso durante o processo de distribuição, que é onde geralmente ocorre maior dano”, diz o diretor geral da Bosch Embalagem no Brasil, Alexander Röpke. Para atender a demanda dos fabricantes de biscoitos, a empresa oferece duas linhas de máquinas de embalagem horizontais: a GS, para os tradicionais acondicionamentos envelopados, e a 203-E, que faz embalagens com as duas extremidades seladas. Ambas podem ser adaptadas de acordo com as necessidades do fabricante – algo importante em um mercado com tamanhos, volumes e formatos diversos. “Os projetos são desenvolvidos junto com nossos clientes. Assim, podemos oferecer soluções customizadas, com aplicações específicas, de acordo com as necessidades de cada um deles”, comenta Röpke. “Atendemos a três demandas: a velocidade, as características do produto e as características do ambiente no qual a máquina vai ficar”, acrescenta o gerente de projetos e suporte de venda da Bosch Embalagem, Dirceu Macedo. Embalar biscoitos naturais e sem conservantes, por exemplo, exige cuidado especial. “O grande desafio é produzir embalagens com selagem hermética, que garantam um ciclo de vida mais prolongado do produto, mantendo o seu sabor e frescor”, explica Röpke. “Por possuírem um teor de gordura mais reduzido, esses produtos ficam mais quebradiços, o que requer também um manuseio mais cuidadoso durante o processo de embalagem”, completa. A GS 110 (saiba mais Arquivo Bosch 34 | VidaBosch | sobre suas características técnicas neste endereço: http://migre.me/rWuPy) tem capacidade para embalar até 110 pacotes por minuto. A 203-E (http:// migre.me/rWuMD), até 600. atitude cidadã Acordes para sonhar Como projetos sociais envolvendo música e dança podem transformar a vida de crianças e adolescentes de baixa renda | Por Ana Cláudia Barros Stokkete/Shutterstock 36 | VidaBosch | J atitude cidadã oão Pedro tinha 9 anos quando levou um revólver calibre 38 para casa, no Coque, uma das localidades de menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Recife. Influenciado por colegas, arquitetou o primeiro roubo, mas o plano foi frustrado pela mãe: às vésperas do assalto, ela descobriu a arma escondida no guarda-roupas e repreendeu o filho. Temendo que o caçula se rendesse aos apelos da criminalidade, a mãe estimulou João Pedro a participar do processo de seleção da Orquestra Criança Cidadã, programa em funcionamento desde 2006, cujo objetivo é dar novas perspectivas para crianças carentes por meio da música. O menino só ingressou no projeto aos 11 anos, na segunda tentativa. Ao aprender a tocar violino, descortinou um talento que nem suspeitava ter. Em cinco anos, ganhou bolsa para estudar na Alemanha, onde teve a chance de fazer curso de extensão em regência e violino. A história de João Pedro Lima, hoje com 19 anos, é a síntese de como a música pode representar uma oportunidade concreta de transformação social. O jovem, que tem no currículo apresentações para personalidades como o papa Francisco, é professor-assistente na primeira expansão da orquestra, no distrito de Camela, no município de Ipojuca, região metropoli- atitude cidadã | VidaBosch | 39 tana do Recife. “Se não fosse pelo projeto, ou estaria no mundo das drogas ou nem sei o que seria. A iniciativa me deu forças para mudar o meu destino”. A Orquestra Criança Cidadã atende 330 pessoas com 5 a 21 anos e já conquistou vários prêmios. O reconhecimento mais recente veio em outubro, quando passou a integrar o Programa de Escolas Associadas da Unesco. Idealizador do programa, o juiz de direito João Targino conta que sempre sonhou realizar um trabalho social nessa área. “Para além da arte, a música também pode ser fator de inclusão social ao abrir portas para meninos e meninas carentes”, avalia. Mas quais seriam os benefícios? “Estudando música, eles ocupam o tempo com uma atividade que os ajuda a acreditar em suas próprias capacidades”, destaca Targino. “Mesmo os que optarem por não seguir carreira provavelmente serão profissionais melhores, devido ao que vivem e aprendem no projeto.” Assim como João Pedro, a violista Geisa Santos, 27 anos, é um talento que teve a chance de desabrochar graças a trabalhos sociais com ênfase em música. Aos 14, começou a fazer parte de um pequeno projeto no subúrbio ferroviário de Salvador, onde morava, e, entre 2007 e 2013, integrou o programa Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (Neojiba), iniciativa do governo baiano gerida por uma organização social. Essa configuração institucional possibilita que o programa possa captar recursos da iniciativa privada e receber doações, além dos recursos públicos previstos no orçamento do Estado para a iniciativa. O projeto Neojiba, criado em 2007 pelo pianista, regente e gestor cultural Ricardo Castro, usa o ensino e a prática coletiva da música para promover a integração e o desenvolvimento social. É baseado no “El Sistema” venezuelano, referência na área. Atualmente, a ação beneficia 4.600 alunos, entre 6 e 29 anos, sendo 1.340 deles com atendimento direto. Outros 3.260 adolescentes, jovens e crianças são atendidos pela rede de parceiros do Neojiba. Em 2012, Geisa despertou a atenção de um violista da Filarmônica de Berlim, durante Leandro Lima 38 | VidaBosch | Alunos da premiada Orquestra Criança Cidadã aprendem a fazer instrumentos musicais e abrem novas frentes para o futuro 40 | VidaBosch | atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 41 Arquivo/OCC exibição do Neojiba no Festival Música em Trancoso. “Com ele, tive aulas e participei de masterclasses. Também tocamos juntos na orquestra e fizemos música de câmara. Aí surgiu a grande oportunidade”, conta, referindo-se à bolsa oferecida pelo Mozarteum Brasileiro (associação que visa difundir a cultura musical) para estudar na capital alemã, onde vive atualmente. A musicista Beatriz Salles, professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, faz análise semelhante. Segundo ela, os projetos sociais envolvendo música e dança, se bem conduzidos, ajudam a resgatar a autoestima e a ensinar a importância de respeitar o espaço do outro. “A criança aprende a ter foco, a se concentrar em metas e resultados, a ter noção de hierarquia para o grupo funcionar.” Isso não significa que os projetos sociais nessa área visam formar levas de Nelsons Freire, Joshuas Bell ou Yo-Yos Mas. “O processo artístico é trabalhado no limite da exigência, mas deixamos claro que a pessoa é mais importante do que o produto artístico”, afirma a professora de dança Márcia Rolon, que há 11 anos fundou o Instituto Moinho Cultural. A instituição atende 390 estudantes de 8 a 18 anos dos municípios de Corumbá e Ladário, no Mato Grosso do Sul, e das cidades bolivianas de Puerto Suarez e Puerto Quijarro. A proposta é diminuir a vulnerabilidade de crianças e adolescentes na fronteira por meio do acesso a bens culturais e a conhecimento tecnológico, mas também promover formação cidadã. Para Márcia, a capacidade de se expressar com qualidade técnica melhora a autopercepção dos participantes. Leandro Rodrigues, 20 anos, é um bom exemplo. Ingressou no projeto em 2008, por influência dos pais, então funcionários da área de faxina do instituto, e da irmã, atualmente integrante da Companhia de Dança Juvenil do Moinho. Hoje dá aula de percussão e bateria, mas, apesar do apreço pela música, começa a desenhar outros planos para o futuro. “Pretendo fazer Contabilidade. Mesmo assim, o projeto abriu as portas para eu sonhar e pensar em várias possibilidades para minha vida.” Se para Leandro a experiência no Moinho mostrou caminhos além da arte, para Matheus Vaz, 18 anos, o contato com o Edu- sempre com foco em atividades que façam sentido no contexto da comunidade. O Projeto Toque e Cante oferece oficinas de percussão, coral e flauta doce. O Dança na Educação proporciona cursos de balé e hip-hop. O Fazendo Arte, por sua vez, é voltado para a prática de artesanato. “Os cursos têm um lado divertido, descontraído, mas, ao mesmo tempo, ajudam a promover a disciplina. Os alunos, por exemplo, têm de obedecer ao maestro nas aulas. Eles aprendem a respeitá-lo e também se sentem parte de algo maior por estarem em atividades coletivas”, continua Rafaella. “Os alunos têm liberdade de escolher as oficinas que frequentam, e eles podem, inclusive, se inscrever em mais de uma”, ressalta a analista, que ainda acrescenta: “As mais procuradas são as de balé e hip-hop”. Um sinal inegável do sucesso do programa é que o espaço no qual ele é realizado já não comporta mais o número de interessados. “A iniciativa cresceu bastante, assim como o volume de crianças atendi- Todos por um O que a música teria de especial para mudar trajetórias como as de João Pedro e Geisa? Na avaliação do diretor musical do Neojiba, Eduardo Torres, a expectativa por excelência musical “faz com que as pessoas se transformem, sabendo que esse contato com o belo só vai se dar por meio de muita disciplina e de muito respeito”. A coordenadora do projeto Neojiba dos Bairros, Ana Júlia Bittencourt, avalia que uma das funções da atividade artística é alimentar o desejo de uma vida melhor. As orquestras unem conceitos como responsabilidade, trabalho em equipe e disciplina. “A dinâmica da orquestra faz com que todos sintam que cada um é importante.” Os projetos de música e dança ajudam a resgatar a autoestima e ensinam a respeitar o espaço do outro, segundo educadora Outros compassos car Dançando fez nascer um amor perene pelo balé clássico. O garoto da Cidade Estrutural, comunidade pobre de Brasília, entrou no projeto em 2005, ano em que o trabalho começou a ser desenvolvido pela bailarina e coreógrafa Edna Carvalho e pela professora Maria Mazzarello. Em 2011, já adolescente, ganhou bolsa de estudo para continuar sua formação na Escola Estadual de Ballet de Berlim. A instituição alemã tem convênio com o Educar Dançando, que foi criado no Distrito Federal para proporcionar vivência e prática em linguagem corporal a crianças e adolescentes moradores de áreas de risco. “Entrei no projeto pensando em parar depois de um ano. Mas a coisa começou a ficar séria. Simplesmente deixei a vida me levar. Foi só depois da minha primeira visita à Alemanha, aos 12 anos, que percebi que era aquilo mesmo que queria fazer”, conta Matheus. O bailarino reconhece que o Educar Dançando, que hoje atende 70 alunos entre 8 e 14 anos, mudou a trajetória de vida dele. “Nunca pensei que, por meio do balé, chegaria aonde cheguei.” A Bosch na sua vida Arte, diversão e inclusão Fonte de diversão e conhecimento, as expressões artísticas também são valiosos instrumentos de inclusão social. Essa é a premissa do Programa Arte e Cultura, desenvolvido em Campinas pela ONG Semente Esperança, com apoio do Instituto Robert Bosch. “Por meio da arte, alguns importantes valores e princípios podem ser passados às crianças atendidas”, afirma a analista de responsabilidade social do instituto, Rafaella Bensuaski. O programa atende alguns dos bairros mais carentes da cidade: São Fernando, Itatiaia, Santa Eudóxia e Paranapanema. Entre os beneficiados estão 74 crianças de 6 a 14 anos e 20 jovens de 14 a 24 anos. A iniciativa é desenvolvida no contraturno escolar, em três frentes, LRDelphim Lenon Reis João Pedro Lima (acima), da Orquestra Criança Cidadã, e participantes do projeto Neojiba mostram que música pode ser uma chance concreta de transformação social das. Tanto que, em 2016, a ong vai inaugurar uma nova sede”, finaliza Rafaella. Para saber mais sobre o apoio do instituto Robert Bosch à Semente Esperança, visite a página http://migre.me/rNxvg aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 Sem medo de água fria Com seguidas revoluções na tecnologia para uso dos aquecedores, nunca foi tão fácil relaxar e desfrutar de um banho quente A pós um dia de trabalho esgotante, poucas coisas revigoram mais do que um bom banho. Mas, às vezes, a preguiça vence, você se deita no sofá e deixa o chuveiro para depois. Nessas horas, é bom lembrar que tomar uma ducha já foi bem mais difícil. Até o final do século 19, os trabalhadores enfrentavam jornadas desgastantes e ainda tinham de usar suas últimas energias para esquentar a água em um fogão a lenha e levá-la até a banheira para se molhar. Esse processo só começou a se sim- plificar em 1895, quando o alemão Hugo Junkers inventou, ao acaso, o aquecedor de água a gás. Na época, ele era engenheiro mecânico da empresa Continental-Gasgesellschaft e trabalhava para aperfeiçoar o calorímetro, que mede a quantidade de energia liberada por um combustível. Para fazer tal análise, o engenheiro queimava um fluido e observava quanto tempo um determinado volume de água demorava a esquentar. Durante os ensaios, avaliou que esse método poderia ser usado para tornar o banho mais prático e agra- dável. Após algumas adaptações, fundou a Junkers e Co. e lançou a primeira caldeira de banho a gás. O equipamento elevava a temperatura da água que passasse em seu interior. A descoberta representava um avanço enorme, mas Junkers estava mesmo era interessado em expandir seus negócios de aviação – em 1909, tornou-se proprietário de uma grande fábrica de aviões. Acabou vendendo a empresa de aquecedores em 1932 para outro alemão que notara o potencial da área: Robert Bosch, já então uma figura importante da indústria europeia, transformou a Junkers na divisão de Termotecnologia da Bosch. A Segunda Guerra Mundial, porém, freou o desenvolvimento tecnológico do setor. A primeira grande novidade viria só em 1960, com a invenção da caldeira mural a gás, que aquecia muito mais do que a água do banho. “No inverno rigoroso da Europa, algumas casas contavam com um sistema de aquecimento composto por tubulações e radiadores no interior das paredes e também fixado nelas. Esta caldeira esquentava a água que passava pelo sistema, gerando uma temperatura mais agradável no interior da residência. Além disso, também aquecia a água do banho”, explica Luciano Santos, gestor de produto da divisão de Termotecnologia da Bosch. Oito anos depois, aboliu-se a necessidade de usar fósforo para que o produto começasse a funcionar. A empresa lançou um aquecedor com ignição a piezo: o acionamento de um botão gerava uma faísca que colocava o aparelho em operação. Uma novidade ainda mais importante nasceu na mesma época: o controle de temperatura. “Se a água estivesse muito quente, uma válvula regulava a quantidade de gás, evitando que a pessoa se queimasse”, diz Santos. Uma válvula inteligente, em um modelo lançado em 1994, aperfeiçoou o acendimento da chama. Ela identificava a passagem de água e mandava um sinal para que uma pilha gerasse a faísca que fazia o aparelho funcionar. Pela primeira vez, bastava girar a torneira para que o pro- cesso fosse iniciado. O passo seguinte foi fazer com que o próprio aquecedor gerasse energia para sua ignição. Isso foi alcançado em 2000, quando a Bosch criou o primeiro equipamento com hidrogerador: o fluxo da água girava uma turbina, dispensando o uso de fontes externas. Até o início do século 21, os aquecedores de água eram grandes – um problema para casas e apartamentos compactos. A Bosch atendeu a essa demanda com a linha miniMAXX, de 2004, com produtos sob medida. Três anos depois, a linha GWH incorporou avanços em segurança. “Esses equipamentos identificam quando não há fluxo de água e fecham as válvulas para evitar vazamento de gás. Também contam com um sensor para medir gases residuais. Caso identifiquem risco, cortam o funcionamento do aparelho”, explica Santos. Nesse período, o Inmetro apertou as exigências de eficiência energética dos aparelhos. Em resposta a isso, a Bosch fez mudanças para tirar o máximo de energia com o menor consumo de gás, obtendo classificação A em todos os seus aparelhos. Era digital Outro grande marco veio em 2008, com a introdução de aquecedores digitais, em que é possível determinar exatamente a temperatura de banho que se deseja. “O aparelho atua em três pontos: mede a temperatura da água na entrada, na saída e conta com uma válvula que controla a entrada de gás para obter a condição programada”, destaca Santos. O próximo passo é fazer com que os aquecedores se comuniquem com outros aparelhos via Bluetooth. Essa tecnologia, já existente na Europa, deve chegar ao Brasil em breve, permitindo que os usuários controlem a temperatura da água por um aplicativo de celular, por exemplo. Arquivo Bosch Arquivo Bosch 42 | VidaBosch | Fanfo/Shutterstock 1895 1932 1960 1968 1994 2000 2003 2004 2008 2012 2015 Ao fazer experimentos para determinar a energia gerada por diferentes combustíveis, Hugo Junkers inventa o aquecedor a gás. Funda a Junkers & Co. Visando diversificar seus negócios, a Bosch compra a Junkers & Co. e cria sua Divisão de Termotecnologia É lançada a primeira caldeira mural a gás, equipamento que aquecia tanto as residências quanto a água do banho O primeiro aquecedor com ignição a piezo chega ao mercado, dispensando o uso de fósforos graças a um botão responsável por acionar o aparelho Bosch lança o primeiro aquecedor com ignição a pilha, que automatizava o acionamento da chama e o funcionamento do aparelho Chega ao mercado o primeiro aquecedor com hidrogerador, que usava o próprio fluxo de água para sua ignição, dispensando fontes externas de energia Bosch torna-se líder mundial em aquecimento Atendendo à demanda por aquecedores menores, Bosch lança a linha miniMAXX A linha eletrônica digital da empresa permite ao usuário determinar exatamente a temperatura de banho desejada Bosch compra a empresa brasileira Heliotek e começa sua produção nacional de aquecimento solar para banho e piscina Bosch renova portfólio. Entre os destaques, GWH 320 DE (residências), e GWH 525 CTDE e GWHO 525 (uso profissional). saudável e gostoso | Por Frederico Kling Studio 1231/Shutterstock 44 | VidaBosch | Doce sabor do Oriente Originária da Índia, a manga conquistou o mundo – e o Brasil em particular – com sua variedade de usos na culinária e de benefícios à saúde uem já sacolejou ao ouvir a bateria da Mangueira ou se pegou cantando os primeiros versos de “Morena Tropicana”, de Alceu Valença (“Da manga-rosa quero o gosto e o sumo”), é capaz de jurar que a árvore e seu fruto são genuinamente brasileiros. Estão, de fato, profundamente enraizados na nossa cultura – batizam uma das maiores escolas de samba do Brasil, aparecem em cenas de Machado de Assis, Guimarães Rosa ou Rubem Braga, despontam em versos de Nelson Cavaquinho e Caetano Veloso –, mas têm origem asiática. “A manga já era conhecida na Índia em 2000 a.C.”, conta a professora de Nutrição Beatriz Tenuta, do Serviço Nacional do Comércio (Senac). “De lá, foi levada para a China e o Vietnã. Aqui no Brasil, chegou no século XVI, trazida pelos portugueses, que já tinham levado a fruta para a África.” Desde os primórdios notou-se a grande variedade de modos com que se podia usar o alimento. “Trata-se de uma fruta versátil. Antes de o tomate chegar à Ásia, era utilizada como ingrediente para o que chamamos de chutney ou em saladas”, diz a professora de Gastronomia Patrícia Souza, da Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU). “Mesmo hoje ela ainda ocupa esse papel”, sublinha. Doce como poucas frutas, ela combina facilmente com ingredientes ácidos ou picantes. “Sua doçura equilibra essas características”, aponta Patrícia. Não por acaso, é uma das preferidas de quem se aventura com as panelas. “A manga é muito versátil e não tem muitas restrições. Uso de várias maneiras: como chutney, calda do manjar de coco, com camarão, na salada de trigo em grão, sorbet e – adoro! – smoothies”, diz a jornalista e fundadora do blog de culinária Dedo de Moça, Patrícia Abbondanza, que passou duas receitas para os leitores da VidaBosch. A versatilidade do doce fruto amarelo não se resume a seus usos gastronômicos. Ele também traz diversos benefícios à saúde. A reumatologista e especialista em medicina ortomolecular Sylvana Braga, do Hospital das Clínicas de São Paulo, ressalta que a manga é uma importante fonte de vitamina A e de betacaroteno: “A fruta atua na visão, nos dentes, no crescimen- saudável e gostoso | VidaBosch | 47 A cozinheira Veja quem é a blogueira responsável pelas receitas desta edição Nome Patrícia Abbondanza Blog http://www.dedodemoca.net/ Profissão Formada em jornalismo e gastronomia Como aprendeu a cozinhar Comecei a cozinhar ainda criança, ajudando minha avó. Não existiu aquele momento ‘agora vou começar a cozinhar’. Foi tudo muito natural. to, no tecido cutâneo, na síndrome pré-menstrual e é um excelente antioxidante”. Os efeitos da manga na saúde vão ainda mais longe. “Ela também ajuda a prevenir doenças e infecções, pois melhora a resposta imunológica do corpo”, continua Sylvana, que ainda ressalta seus benefícios estéticos: “Também ajuda contra a acne, a oleosidade dos cabelos e melhora a textura da pele e seu brilho”. Em 100 gramas, estima a professora Beatriz, essa estrela da culinária oferece, em média, 70 calorias, 15 gramas de carboidrato e 1,5 de fibras. “Ela é muito recomendada por ter bom teor de minerais e vitaminas, especialmente as vitaminas C e A.” E você pode ir esquecendo o que sua avó dizia: misturar manga com leite não faz mal nenhum, ao contrário dos ditos populares. “Restrições desse tipo são tabus alimentares e não possuem nenhum fundamento científico”, garante Beatriz. Blog Dedo de Moça/Divulgação Q saudável e gostoso Divugação 46 | VidaBosch | Uma fruta, muitas mangas Diversificada nos usos, diversificada nos benefícios. E não menos diversificada nos tipos. Quem percorre os corredores de um supermercado atrás da fruta acaba se deparando não com uma, mas com várias espécies de manga. Tommy, espada, rosa, Haden, Palmer... Até por isso, a blogueira Patrícia enfatiza: “Escolha a certa para cada receita”. Para consumo in natura, qualquer uma costuma agradar – são, em geral, doces e agradáveis ao paladar. Para uso culinário, prefira aquelas com menor quantidade de fibras aparentes, como a rosa, a Haden e a Palmer, aconselha Beatriz. “Já a Tommy Atkins tem um sabor exótico, diferenciado, que marca bem o contraste quando servida com carnes de sabor forte ou gordurosas.” No clássico molho chutney, a manga-rosa pode ser mais interessante, avalia a professora Patrícia. “Já possui certas notas que lembram especiarias”, comenta. Em saladas, ela costuma recorrer à Haden, menos fibrosa. Cada uma dessas variedades pode ser utilizada em diferentes estágios de maturação. “Se está mole é porque está mais madura; e quanto mais dura, mais verde. Ao mesmo tempo, quanto mais madura, mais doce, e quanto mais verde, mais ácida e firme. Sendo assim, teremos resultados diferentes com pontos de maturação distintos”, ensina a professora da FMU. As mais verdes servem melhor ao preparo de chutney, picles e geleias, recomenda Beatriz. “As mais maduras são mais apropriadas in natura, para saladas e na preparação de sorvetes”, complementa. Para não dizer que a manga vai bem com absolutamente tudo, Patrícia, da FMU, diz que não consegue ver manga bem associada ao chocolate. “Em minha opinião, há uma grande briga de sabores. Mas acredito que ‘nunca’ é uma palavra muito forte em gastronomia.” Sinta-se à vontade, portanto, para se lambuzar de manga como quiser! Picolé de manga, maracujá e gengibre Ingredientes 1 manga Palmer 1 maracujá azedo 1 xícara (chá) de água 2 colheres (sopa) de suco de gengibre fresco, ralado e espremido Açúcar ou mel a gosto 8 palitos de sorvete Modo de preparo 1. Lave bem e descasque a manga. Corte-a em pedaços grandes (descarte o caroço) e bata no liquidificador até formar uma polpa lisa. Reserve. 2. Retire a polpa do maracujá e coloque-a em uma panela. Leve ao fogo com ½ xícara (chá) de água e cozinhe por 5 minutos, contados a partir do momento em que começar a ferver. 3. Coe a polpa de maracujá e esfregue as sementes na peneira com uma colher (esse processo irá remover a película que envolve as sementes). Devolva as sementes à polpa. 4. Em uma tigela, misture polpa de manga, polpa de maracujá e sementes, suco de gengibre, água e adoce a gosto. 5. Coloque em forminhas para picolé e leve ao freezer por 3 horas. Espete os palitos quando o picolé ainda não estiver totalmente congelado. Cuidado para não encostar os palitos no fundo da forma, porque eles podem grudar. Depois de colocar os palitos, volte ao freezer e deixe gelando por no mínimo 10 horas. Tempo de preparo: 20 minutos + 13 horas de freezer. Rendimento: 8 picolés (usamos forminhas de alumínio para picolés redondos). saudável e gostoso Blog Dedo de Moça/Divulgação 48 | VidaBosch | Ingredientes 3 mangas Palmer ou Haden, maduras e picadas 500 ml de iogurte 2 colheres (sopa) de mel 1 colher (sopa) de gengibre fresco ralado e espremido Modo de preparo 1. Bata todos os ingredientes no liquidificador e gele em tacinhas individuais. *Se desejar uma textura semelhante à do sorvete, deixe no congelador por 1 hora. Tempo de preparo: 20 minutos. Rendimento: 4 porções. destaque para colecionar Creme de manga com iogurte, gengibre e mel