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Edição Especial
NESTA EDIÇÃO
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22
Estruturas para a Missão Mundial Adventista
Serviço Voluntário Adventista
Adventist Frontier Missions
IDE-GO
Ano 5, No 2, 2016.
Foco na Pessoa, Mobilizando Discípulos Para
o Cumprimento da Missão.
Editor
Silvano Barbosa, Ph.D., Candidato.
Editor Associado
Marcelo Dias, Ph.D.
Editores Regionais
Brasil - Marcelo Dias, Ph.D.
Estados Unidos - Wagner Kuhn, Ph.D.
África - Boubakar Sanou, Ph.D.
Ásia - Dois Cruz, D.Min.
Design Gráfico
Tortorelli M.
Capa
Syda Productions e Sergey Nivens/Adobe Stock
Revisão
Walquiria Cagnoni Ferreira
Impressão e acabamento
Casa Publicadora Brasileira
Colaboradores
Gorden Doss, Ph.D.; Wagner Kuhn, Ph.D.;
Conrad Vine, D.Min.; Silvano Barbosa, Ph.D.,
Candidato; Marcelo Dias, Ph.D.
Tiragem
3.321 exemplares
26
32
36
Uma Organização de Envio de Missionários
para a Divisão Sul-Americana
Numci
Teologia dos Sonhos e Visões na Missão
FIQUE POR DENTRO
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Foco na Pessoa.
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A revista Foco na Pessoa é uma publicação
do UNASP-EC em parceria com:
União Central Brasileira, União Norte Brasileira, União Sudeste Brasileira, União Sul
Brasileira, União Centro-Oeste Brasileira,
União Nordeste Brasileira, União Leste
Brasileira, SALT UNASP, SALT IAENE,
Rede Novo Tempo, Associação Paulista
Sul, Associação Paulista Leste, Associação
Rio de Janeiro, Associação Mineira Sul,
Associação Mineira Leste, Associação
Mineira Norte, Associação Sul Espírito-santense, Associação Norte Paranaense,
Associação Sul Paranaense, Associação
Central Paranaense, Associação Sul
Rio-grandense, Missão Ocidental Sul Riograndense, Associação Bahia, Associação
Bahia Sul, Missão Bahia Sudoeste, Missão
Sergipe Alagoas, Associação Pernambucana, Associação Pernambucana Central,
Associação Costa Norte, Missão Alagoas,
Missão Nordeste, Associação Planalto
Central, Associação Mato-grossense,
Associação Brasil Central, Associação
Sul-mato-grossense, Missão Tocantins,
Associação Central Amazonas, Associação
Sul do Pará, Associação Sul de Rondônia,
Associação Amazônia Ocidental, Associação Amazonas Roraima, União Noroeste,
Associação Central Sul-Riograndense,
Associação Catarinense, Associação Espirito Santense, Associação Mineira Central,
Associação Paulista do Vale e Associação
Paulista Sudeste.
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APRESENTAÇÃO
HELDER ROGER
Vice-Presidente da Divisão Sul-Americana da IASD
@helderroger
MISSIONÁRIOS PARA O MUNDO
D
esde o chamado para Abrão registrado em Gênesis 12, com o propósito de abençoar o mundo (“em ti serão benditas todas as fa-
mílias da Terra”), até a visão de João em Apocalipse 14, em que
“o anjo” voando pelo meio do céu tem um evangelho eterno para
“
pregar “a cada nação, tribo, língua e povo”, o foco sempre esteve
na missão de salvar o mundo. Deus estabeleceu Israel para ser
uma luz entre as nações, e a igreja remanescente para advertir o mundo de que o
fim está próximo e que é chegada a hora do juízo.
Ao longo dos séculos, em meio às lutas e tentações resultantes do grande conflito, a “perda do foco” no propósito divino levou o plano de salvação inúmeras
Em ti serão
benditas todas as
famílias da Terra
”
vezes à beira do fracasso, mas o Senhor renova a visão e o chamado sempre que
necessário, e novos missionários surgem dando continuidade ao Seu plano. Mas o
maior exemplo e garantia de êxito está na participação direta da divindade, que foi
muito além de um “juramento de formatura” ou de uma “declaração de missão”.
Deus amou o mundo de tal maneira que enviou o Seu missionário para buscar e
salvar o perdido. Em Sua encarnação, morte e ressurreição, Jesus deu a maior
demonstração de que a missão de salvar é realmente a prioridade do céu. Ele abriu
mão da Sua posição, sofreu terríveis sofrimentos e vai levar marcas de tudo isso
pela eternidade.
Quando líderes se levantam hoje e demonstram de forma prática que a missão
é a prioridade, estão seguindo os passos da divindade. Quando alguém se dispõe
a ir, deixando a zona de conforto, correndo riscos e tendo a disposição de levar as
marcas do sacrifício pelo resto da vida, está seguindo os passos de Jesus.
No tremendo movimento missionário que se levanta em nosso meio, há dois
elementos que não podem ser olvidados: a busca, mais intensa do que nunca, pelo
reavivamento produzido pelo Espírito Santo e o esforço pelo envolvimento total dos
membros da igreja na missão.
Essa é a nossa prioridade hoje: missionários para o mundo, perto ou longe,
mas cheios do Espírito Santo, e verdadeiros discipuladores.
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EDITORIAL
SILVANO BARBOSA
Editor
@silvanopastor
@silvanopastor
ORGANIZAÇÕES MISSIONÁRIAS
E
mbora toda a igreja seja comissionada a
se envolver na missão, nem todos são chamados para serem missionários em outra
cultura. Nem todos têm o dom ou o chamado para levar o evangelho a outra área
geográfica.
Este fato pode ser observado na igreja de Antioquia.
Certamente toda a igreja de Antioquia foi chamada para
a missão, mas a maioria da comunidade permaneceu na
cidade e enviou uma equipe missionária (Atos 13:1-5). A
igreja de Antioquia não viajou com Paulo e Barnabé pela
Ásia Menor. Ao observarmos a história, vemos repetidamente que grupos pequenos de homens e mulheres
focados e comprometidos, que sabiam que Deus os estava chamando para uma tarefa, um povo ou para uma
localidade específica, enfrentaram barreiras geográficas
e culturais significativas para levar o evangelho.1
O historiador da missão Latourette observa que
igrejas saudáveis estão sempre gerando novas estruturas missionárias para realizarem tarefas específicas, e
tem sido através destas organizações que o movimento missionário tem alcançado os seus resultados mais
efetivos.
O estabelecimento de organizações de envio de
missionários tornou-se popular no século XVIII com a
criação das sociedades missionárias. Entretanto, muito
antes desta época, estruturas missionárias já estavam
em funcionamento em movimentos como a Igreja Céltica (500 d.C.), os Valdenses (1.100 d.C.) e os Morávios
(1.700 d.C.), os quais em grande medida foram respon-
sáveis pela expansão e transmissão da fé cristã. A importância do que aconteceu por volta do final do século
XVIII foi que esta nova forma de organização missionária
era devotada explicitamente às missões estrangeiras.
A expansão do protestantismo na Ásia, África e América
Latina é considerada um resultado direto do trabalho
das sociedades missionárias, as quais se tornaram o
modelo primário de missão durante os séculos XIX e XX.
Além disso, tem sido demonstrado que as organizações de envio de missionários exercem um papel
central no processo de conectar aqueles que desejam
servir como missionários com as áreas que precisam
recebê-los. Algumas décadas atrás, a Youth With a
Mission (YWAM) não existia.2 No ano passado, mais de
116 mil pessoas serviram através da YWAM num projeto missionário de curta ou longa duração em oitenta e
quatro países. Embora a organização tenha começado
nos Estados Unidos, atualmente, mais da metade dos
missionários são da Ásia, África e América Latina.
O objetivo desta edição especial é fazer uma breve
apresentação das organizações de envio de missionários em atuação no adventismo no Brasil. O artigo de
capa sugere a criação de uma organização de envio
de missionários para a Divisão Sul-Americana. Acreditamos que uma organização equipada para recrutar,
treinar, enviar, manter e repatriar a nossa força missionária proverá a estrutura necessária para promoção e
gerenciamento do empreendimento missionário, tornando o envio de missionários uma atividade contínua e
crescente em nosso território.
1 PIERSON, Paul. The Dynamics of Christian Mission. Pasadena, CA: William Carey International University Press, 2009, p. 31.
2 Youth With A Mission é uma organização missionária com mais de 180.000 voluntários de tempo integral, ministrando em mais
de 1.100 locais, em mais de 180 países. Eles treinam mais de 25.000 missionários de curta duração anualmente.
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ESTRUTURAS
PARA A MISSÃO
adventista
MUNDIAL
NO SeCULO
21
Por Gorden R. Doss, Ph.D.
Tradução: Islana Costa
Separados
em Casa e
Juntos no
Campo
Missões
Separadas
da Igreja
Igreja e
Missões
Unidas
Juntos em
casa, separados
no campo
Mark.f | AdobeStock
MISSÃO MUNDIAL
A
s denominações cristãs e as agências missionárias usam diferentes modelos estruturais para a realização da missão mundial. Este artigo discutirá quatro desses modelos e suas implicações eclesiológicas e práticas para a missão adventista mundial. O modelo estrutural atual é analisado e sugestões são feitas para ajustá-lo, a fim de que sirva melhor à missão adventista mundial no contexto
contemporâneo.
Introdução
A missão mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia busca proclamar as três mensagens angélicas a todos
os povos. Um século atrás, isso significava envolver os 75 mil membros na missão num mundo de dois bilhões de
habitantes. À medida que os líderes adventistas ponderavam sobre esse desafio, eles perceberam que a
estrutura que existia na época não se adequava à tarefa. Uma reorganização feita em 1901 produziu uma
estrutura humana que o Espírito Santo tem usado para
trazer um grande crescimento à igreja. Em 2016, a Igreja Adventista já alcançou 19 milhões de membros que
buscam evangelizar um mundo já muito diferente, com
cerca de sete bilhões de habitantes.
Quais seriam as melhores estruturas de igreja para
engajar o povo de Deus na missão no século 21? Será
que necessitamos de uma nova reorganização, ou um
simples reajustamento na estrutura atual seria suficiente? Este artigo advogará a última opção - um ajustamento parcial da estrutura atual para evangelizar de
modo mais eficiente as bilhões de pessoas no mundo
que não conhecem a Cristo.
Durante a maior parte do século 20, a Secretaria da
Associação Geral era a única agência oficial que enviava missionários para o mundo. No entanto, em 1990,
nasceu uma nova agência, o Departamento de Missão
Global. Hoje em dia, a Secretaria envia missionários
transculturais em período integral “de todo lugar a
todo lugar” e coordena o serviço de voluntários, como
os estudantes missionários. Já o Departamento de Missão Global foca no desenvolvimento de estratégias e na
formação de novas iniciativas entre os povos que não
conhecem o Evangelho. Dentro de seus próprios territórios, as divisões colocam obreiros para alcançar pes-
soas não cristãs. Para complementar o trabalho feito
pela Igreja Adventista oficial, há um número crescente
de agências adventistas não oficiais que se especializam em determinadas regiões ou tarefas.
Como a maioria dos grupos cristãos, os adventistas
do século 20 estavam tão preocupados com a realidade
de fazer a missão em meio a duas guerras mundiais,
uma crise global, uma guerra fria, uma mudança do
colonialismo para a política independente e muitos outros fatores históricos, que acabaram deixando passar
os fundamentos teológicos da missão (Van Engen, 1996,
p.17). Contudo, a experiência vivida no século passado
e os novos desafios do século 21 forçaram muitas denominações e grupos a entenderem que eles têm que
trabalhar mais para colocar sua teologia, estrutura, estratégia e metodologia em harmonia.
O alcance global e a diversidade cultural da nossa
própria denominação tornam urgente a harmonização
da teologia, da estrutura, da estratégia e da metodologia para a missão mundial. Muitas outras denominações têm mais membros do que nós, mas apenas os
católicos romanos estão espalhados pelo mundo como
nós estamos dentro de uma mesma organização.1 A extensão da diversidade cultural, econômica e educacional dentro da Igreja Adventista é enorme, porém exigimos de nós mesmos um alto grau de unidade.
Nossa exigência pela unidade se baseia em dois imperativos, um de natureza prática e outro de natureza teológica. O imperativo prático busca a unidade a fim de fazer um
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evangelismo eficiente, ou “terminar a obra”. O imperativo
teológico demanda a unidade como parte de nossa identidade principal. Não permaneceríamos os mesmos se nos
fragmentássemos em organizações regionais ou nacionais.
A relação das estruturas de igreja e de missão variam
muito de uma denominação para outra. As estruturas
refletem a teologia particular da igreja e de sua missão,
mesmo que elas não sejam totalmente articuladas. Reciprocamente, a eclesiologia e a missiologia de um grupo
são moldadas pela passagem do tempo em suas próprias
estruturas. Já que este é o caso, é vital que a nossa teologia sobre igreja e missão sejam claramente articuladas
e que nossas estruturas sejam construídas para refletir
intencionalmente nossa teologia. Se temos que manter a
unidade na diversidade, o que consideramos essencial do
ponto de vista prático e teológico, temos que ousar não
permitir que a estrutura, a estratégia e a metodologia
simplesmente evoluam como uma reação às pressões políticas e econômicas, sem que haja uma reflexão teológica. Em vez disso, temos que tentar articular e harmonizar
todas as partes que compõem a missiologia adventista.
Paul G. Hiebert, um grande missiólogo menonita, discute dois modelos estruturais que são usados de formas
diferentes por várias denominações (Hiebert, 1985, p.
249-252). Os modelos de Hiebert são o ponto inicial para
analisarmos as estruturas adventistas de missão e obra
neste artigo.
Muitas definições terminológicas serão úteis nesta
leitura.2 Neste artigo, “missão” (no singular), como em
“missão global”, se refere a todo o trabalho feito pela
igreja, que é a primeira agência de Deus para a salvação dos seres humanos, em obediência à ordem de ir e
pregar a todo o mundo. “Missões” (no plural), como em
“realizar missões”, se refere a enviar pessoas para pregar em lugares diferentes do seu país de origem e ao
ministério transcultural. Então, “missão” é o trabalho
mais amplo que toda a igreja faz, enquanto “missões”
é o trabalho específico de cruzar fronteiras culturais
por amor a Jesus. “Missionário” é a pessoa enviada
pela igreja para fazer missões transculturais.3 “Fazer a
obra” se refere ao trabalho feito por todos os irmãos em
suas congregações locais.4 “Missiologia” é usada em
diferentes contextos para se referir tanto a “teologia da
missão” quanto a “reflexão intencional e consciente de
fazer a missão” (Moreau, 2000. p. 633) que eu uso como
“missiólogo”. “Eclesiologia” é a “teologia da igreja”.
Modelo 1: Missões Separadas da Igreja
O primeiro modelo estrutural é o mais comum entre
os cristãos protestantes. Neste modelo, fazer missões
é visto como algo separado de fazer a obra. A agência
missionária é independente da igreja local ou de uma
estrutura denominacional. Essas agências dependem
de doações na tradição “fé-missão” e de subsídios
congregacionais ou denominacionais em combinações
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variadas. Geralmente elas são interdenominacionais e
servem igrejas congregacionalistas que não podem patrocinar sua própria agência missionária.
No campo, os missionários enfatizam o plantio de
igrejas e se mudam para novos lugares quando a igreja
é estabelecida. Eles trabalham junto à igreja local, mas
podem ou não ser membros da igreja. Os missionários
são administrados por diferentes conselhos de missão,
que podem ou não envolver pessoas nativas. “Missões”
é primariamente definido como evangelizar povos que
não conhecem o evangelho.
Este modelo tem algumas vantagens e pontos fortes. Ele promove uma resposta direta dos membros
em apoio a projetos missionários específicos. As pessoas que trabalham na organização têm um foco único
na missão, que resiste às distrações. Essa abordagem
também promove uma forte ligação entre os missionários e seus enviadores, estimulando o cuidado e o apoio
às missões. Ela se encaixa muito bem nos ministérios
especializados, como o Wycliffe Bible Translators e os
ministérios que envolvem a mídia.
Mas há também desvantagens e pontos fracos
quando se separa a igreja das missões. Primeiramente,
encontramos alguns problemas teológicos: este modelo se baseia numa eclesiologia ou doutrina de igreja deficiente. Se a igreja é a primeira agência de Deus para
a salvação do ser humano, colocar missionários numa
agência que trabalha a uma certa distância estrutural
da igreja, tanto no país de origem quanto no campo
missionário, é inaceitável. Segundo, este modelo promove uma teologia dualista da humanidade, em que a
missão se foca exclusivamente em “salvar almas”, em
vez de se focar em pregar às pessoas como um todo.
Em terceiro lugar, os missionários que não participam
ativamente numa estrutura local de igreja não podem
incorporar o ideal do “ministério encarnado”.
Num nível prático, este modelo também tem problemas. A relação entre os missionários e os membros
da igreja local no campo missionário é ambígua e, provavelmente, problemática se eles trabalharem numa
estrutura separada. Quando a estrutura liga os missionários e seus enviadores dentro do campo missionário, mas não necessariamente com a nova igreja que
eles plantaram, a parceria no estabelecimento da nova
congregação a longo prazo é diminuída. A abordagem
“plante e deixe” que pode resultar de um foco exclusivo
no plantio de igrejas desperdiça recursos materiais e
humanos a longo prazo. Por fim, transferir a liderança para os nativos é problemático quando a partida dos
missionários inclui a exclusão de um elemento estrutural importante, a comissão de missões.
É evidente que o primeiro modelo não se encaixa com
a Igreja Adventista. Nossa eclesiologia define a igreja
como uma irmandade global orgânica. Isso exclui a abordagem de plantio de igrejas “plante e deixe”, que estabe-
lece igrejas ou grupos autônomos e
corta suas relações com os plantadores. Nossa teologia missionária é totalitária, ministrando às pessoas por
inteiro, em vez de salvar apenas suas
almas. Pode haver uma justificativa
para um pouco de distância estrutural no campo para alguns ministérios
adventistas oficiais e para igrejas ou
ministérios de apoio. Contudo, tanto
os ministérios oficiais quanto os não
oficiais devem estar cientes das consequências negativas em potencial
quando se permite muita separação
na estrutura. No adventismo, a missiologia e a eclesiologia estão entrelaçadas e esta ligação deve se refletir
na estrutura organizacional.
Modelo 2: Igreja e Missões Unidas
Neste segundo modelo, a comissão missionária seleciona, treina,
envia e administra os missionários
de dentro da estrutura principal da
igreja. No campo, os missionários
servem como oficiais da igreja onde
e quando necessário. Eles atuam
dentro de uma estrutura organizacional local sem que haja comissões
de missão separadas. Os missionários podem ou não ocupar posições
de liderança no campo.
Este modelo tem pontos fortes.
Ele tem como base a teologia de
que a igreja é a principal agência de
salvação. O ministério integral é melhor quando todos os departamentos e agências estão ligados dentro
de uma estrutura comum. O ideal
do trabalho missionário é melhor
alcançado quando os missionários
trabalham junto à estrutura da igreja local no campo. A transferência
da liderança para os nativos é mais
fácil quando eles simplesmente assumem as posições dos missionários, em vez de ter que preencher
a lacuna deixada pela separação da
comissão de missão da estrutura.
Mas há também algumas desvantagens nesse modelo. Primeiro,
conforme o número de membros
cresce no campo e a liderança nativa
vai tomando conta da igreja, e conforme os missionários vão deixando
o campo, os que enviam podem perder contato com o campo e seu foco
geral na missão pode se esvanecer.
Quando isso ocorre, os que enviam
podem perder a motivação e os caminhos para conseguir doações
para as necessidades daquele campo. Segundo, a tendência previsível
em direção à institucionalização das
missões pode aumentar com a ligação estrutural desse modelo. Terceiro, a denominação pode perder sua
compreensão do serviço missionário
como um ministério especializado. A
administração de missionários pode
ser percebida como uma tarefa administrativa genérica que precisa
como pré-requisito apenas de uma
curta experiência em missões, em
vez de um ministério especializado. Oficiais de igreja que juntam a
responsabilidade da igreja e das
missões em seus portfólios podem
facilmente se desviar do foco e da
especialização que o serviço missionário precisa e merece.
É evidente que esse modelo se
encaixa mais com o adventismo do
que o primeiro. Nossa eclesiologia e
missiologia favorecem fazer a obra e
as missões ao mesmo tempo. Nossa
história mostra as vantagens deste modelo. Temos sido uma “igreja
missionária” no real sentido porque
temos feito a obra e as missões juntas. No entanto, o adventismo também demonstra alguns dos desafios
que estão associados a esse modelo.
Primeiro, nosso crescimento
de membros e a nacionalização da
liderança fora da América do Norte enfraqueceu a ligação direta que
existia entre a igreja e as missões, o
que tornou a participação da América do Norte em missões um tanto
problemática. Apenas 8% dos nossos
membros estão no continente onde a
igreja nasceu, e os norte-americanos constituem uma fração muito
pequena, e em diminuição, dos missionários no mundo. Muitas pessoas
têm a impressão errada de que os
dias dos missionários estão contados. Há uma tendência generalizada
ao isolacionismo que aumenta e di-
minui. As ofertas da Escola Sabatina,
por exemplo, caíram, e o informativo
das missões passa despercebido na
programação, mas ainda assim as
pessoas e os recursos da América do
Norte são essenciais para a missão
global adventista.
Segundo, conforme a Igreja foi
crescendo e se tornou mais complexa e institucionalizada, a iniciativa das missões oficiais se tornou
despersonalizada. Os missionários
da Associação Geral são invisíveis
dentro de suas Divisões. Dar ofertas
na Escola Sabatina é como oferecer
apoio a uma empresa multinacional.
O financiamento dos missionários
oficiais da igreja, por toda a estabilidade que o sistema proporciona, não
encoraja uma doação sacrificial por
parte dos membros. A paixão pela
missão é redirecionada para projetos especiais e missões de curta duração, e há também um movimento
direcionado às agências missionárias não oficiais. Por mais válidas
que as agências adventistas não oficiais possam ser, é perigoso quando
o programa missionário oficial da
igreja já não se foca no apoio aos
membros como fazia no passado.
Modelo Misto A: Juntos em
Casa e Separados no Campo
Como é de se esperar, os principais modelos de obra e de missões
às vezes se cruzam. No Modelo Misto A, os Modelos 1 e 2 se cruzam
para produzir as seguintes características: os missionários são enviados por comissões missionárias
que operam dentro da estrutura da
igreja. No campo, porém, os missionários servem sob conselhos missionários separados, em vez de sob
a estrutura das igrejas locais. Em
outras palavras, a obra e a missão
são unidas em casa, mas no campo
são separadas.
As missões adventistas se pareciam um pouco com este modelo misto durante a era colonial. Os
missionários que estavam no campo
se juntavam à igreja local e serviam
dentro da estrutura organizacional
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daquele país. No entanto, os assuntos administrativos que diziam respeito aos missionários eram resolvidos por uma comissão de “Segunda Seção”, em que os nativos
não podiam atuar. Deste modo, a obra e a
missão estavam parcialmente separadas
no campo. Hoje, todos os missionários
oficiais da igreja que estão no campo são
administrados pela mesma comissão que
administra a igreja local.
Modelo Misto B: Separados em Casa e
Juntos no Campo
Neste modelo, fazer a obra e realizar
missões são duas coisas separadas, como
no Modelo 1. As comissões missionárias
são independentes da estrutura da igreja.
No campo, porém, os missionários servem
dentro da estrutura da igreja local.
À primeira vista, a missão adventista
parece não ter nada em comum com este
modelo. Mas, uma análise mais profunda
pode indicar que a situação atual na verdade lembra este modelo. Nominalmente,
os missionários são enviados de dentro da
estrutura da igreja na América do Norte.
Todavia, uma situação se desenvolveu para
separar a igreja das missões no continente
onde a igreja nasceu. Isso funciona da seguinte forma:
A Associação Geral e a Divisão Norte
Americana foram praticamente a mesma
instituição por um longo período de tempo.
Mas, com o dramático crescimento da igreja fora dos Estados Unidos, a Divisão Norte
Americana foi gradualmente desenvolvendo uma identidade separada. Este desenvolvimento aumentou a distância entre o
programa oficial de missões da igreja e a
Divisão Norte Americana. Embora alguns
departamentais desta Divisão participem
de comissões da Associação Geral que administram os missionários, seu foco está
na sua própria Divisão.
As uniões, associações e igrejas da Divisão Norte Americana nunca participaram
formalmente da administração de missionários. No passado, isso não causava danos, já que a Divisão estava entrelaçada
com a Associação Geral. Havia também
uma rede informal que ligava o grande
número de missionários da Divisão Norte
Americana aos que os enviaram, através de
fortes laços de amizade. Nos dias de hoje,
os norte-americanos formam uma peque-
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na fração da força de trabalho missionária da igreja, o que
quer dizer que há também uma fração menor de enviadores
ligados ao serviço missionário. Nenhuma estrutura formal
foi instituída para preencher o vazio que foi criado quando a
rede informal desapareceu. Assim, o missionário norte-americano serve dentro da estrutura da igreja no campo, mas é
praticamente invisível e desligado da América do Norte. Esse
desligamento e essa invisibilidade são ainda mais impressionantes em algumas partes do Extremo Oriente e da América
Latina, de onde um grande número de missionários têm sido
enviados. O desligamento e a invisibilidade dos missionários
enfraquecem a missão global adventista.
Um Modelo Adventista do Sétimo Dia Para o Século 21
Qual é o melhor modelo para a Igreja Adventista do Sétimo Dia do Século 21? As principais características do Modelo 2 (Igreja e Missões Unidas) são compatíveis com a nossa
eclesiologia e missiologia. Contudo, os desafios do Modelo 2
e do Modelo Misto B (Separados em Casa e Unidos no Campo)
têm que ser mencionados. Há vários passos específicos que
precisam ser tomados para maximizar o que é bom e diminuir os elementos problemáticos:
Primeiro, é preciso ter um fundamento forte tanto do lado
dos que enviam quanto do lado dos que recebem na ponte
missionária. Como já vimos, os missionários adventistas têm
um bom fundamento do lado dos que recebem quando estão
trabalhando em organizações adventistas missionárias bem
estabelecidas. O que precisamos é de um bom fundamento do lado dos que enviam. Divisões, uniões, associações e
congregações precisam participar de todas as fases da vida
do missionário, desde o envio até seu retorno permanente.
Os missionários deveriam estar formalmente ligados às associações e igrejas em sua terra natal, enviando relatórios
regularmente e as visitando no período de férias.
Segundo, os elementos chave da missiologia, da estratégia, da educação e da administração missionárias precisam
estar unidos dentro de uma mesma estrutura. Atualmente, a missiologia funciona sobretudo como uma disciplina
acadêmica, mantendo uma certa distância da realização da
missão mundial adventista, recebendo algumas consultas
de vez em quando. Na última década, houve uma melhora
na relação entre a missiologia e a administração da igreja.
Todavia, a complexidade da missão no Século 21 demanda
não apenas um bom relacionamento entre os missiólogos e
a administração como também o desenvolvimento de administradores que sejam missiólogos. Essa separação atual da
estratégia de missão (no Departamento de Missão Global) e
da administração missionária (na Secretaria da Associação
Geral) tem que ser superada. Da maneira que as coisas estão
neste momento, a Secretaria é um pouco mais que o departamento de recursos humanos dos missionários, enquanto o
Departamento de Missão Global desenvolve estratégias sem
trabalhar regularmente com os missionários. A missiologia,
a estratégia, a educação e a administração seriam melhor
coordenadas numa estrutura chamada de “comissão missio-
nária”. O nome na verdade não é tão importante quanto
reunir todas as funções para o bem de uma coordenação mais eficaz. Uma “comissão missionária” operaria
dentro da estrutura da Associação Geral para manter a
eclesiologia e a missiologia adventistas.
Terceiro, novos métodos mais criativos precisam
ser implementados para financiar a missão mundial.
Como a frequência à Escola Sabatina tem caído na
América do Norte, não podemos tirar as ofertas para
a missão somente na Escola Sabatina. Precisamos de
um novo caminho para que os adventistas que querem
apoiar o ministério transcultural possam fazê-lo.
Quarto, nossa compreensão do serviço missionário
como ministério especializado de legitimidade continuada precisa ser fortalecida. O serviço missionário
continua da mesma maneira que era no tempo do colonialismo. Dois terços do mundo não é cristão, e um
terço (dois bilhões de pessoas) não tem testemunhas
cristãs em seu meio. Apenas os missionários adventistas transculturais podem levar a mensagem adventista
a essas pessoas. Ser um pastor (ou médico, professor,
enfermeiro, etc.) num contexto transcultural é bem diferente de fazer esse mesmo trabalho em sua cultura
de origem. O serviço missionário transcultural é um
chamado divino e eleva a obra a um nível mais complexo e intenso. O estresse normal do dia-a-dia é elevado
num ambiente de trabalho em que é necessário focar
suas percepções e maneiras de comunicação para se
enquadrar numa cultura diferente. A formação de equipes de obreiros de diferentes culturas exige conhecimento e habilidades especiais por parte do organizador.
Tudo isso mostra a necessidade que temos de um sistema mais aprimorado de cuidado com o funcionamento
da comissão missionária.
Quinto, os desafios da missão na Janela 10/40 requerem que a qualidade da educação adventista missiológica seja melhorada. A Igreja Adventista já completou a parte mais fácil de sua missão ao estabelecer um
crescimento de membros vibrante nas regiões relativamente mais receptivas do mundo. A tarefa que temos
diante de nós é mais exigente e desafiadora.
Falando em termos humanos, a missão da Igreja
Adventista é impossível. Os orçamentos atuais são inadequados e o número de pessoas que não conhecem
a Cristo parece inalcançável. Mesmo a estrutura organizacional mais ideal não conseguirá cumprir a tarefa.
Ainda assim, é preciso fazer alguns reajustes para que
o elemento humano na missão de Deus ao mundo seja
moldado da melhor forma possível. Homens e mulheres adventistas estão prontos e dispostos a comprometerem a si mesmos e aos seus recursos para a missão
mundial. O papel da igreja é se estruturar para ajudar
os membros a descobrir e canalizar sua paixão pela
missão.
Notas
1 Muitas denominações protestantes participam de uma irmandade mundial, mas operam com estruturas nacionais ou regionais que não estão mundialmente interligadas.
2 As definições terminológicas podem não ser completas ou exaustivas.
3 Embora todo cristão seja um “missionário” num sentido mais amplo, este artigo abordará uma visão mais restrita do assunto.
4 Os limites entre “fazer missões” e “fazer a obra” pode se tornar um pouco confuso quando igrejas multiculturais ministram
em comunidades multiculturais e multirreligiosas.
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Voluntário
Serviço
Adventista
Por Elbert Kuhn
SERVIÇO VOLUNTÁRIO ADVENTISTA
V
ocê já pensou em mudar o mundo? Ser voluntário é muito significativo e tem um profundo impacto
na vida de comunidades e pessoas. Mas você sabia que ser voluntário traz também muitos benefícios
para a sua vida? O voluntariado é tão importante que o próprio Jesus disse, em Mateus 9:37-38, que:
“A seara é grande, mas poucos são os ceifeiros”. Menciono aqui alguns dos benefícios de investir parte
da vida no voluntariado:
Ser voluntário desenvolve liderança e impulsiona a carreira profissional
Sair de casa, do meio da família e dos amigos, da cidade onde se vive, enfim, da zona de conforto, exige que
a liderança seja desenvolvida, já que você vai para um lugar onde não conhece ninguém e precisa fazer algo es-
pecífico, ou terá que desenvolver um projeto que ainda
não existe. O voluntariado exige que você tome conta
de si mesmo, mas que também seja responsável por
outros ou por um projeto em execução ou a ser executado. Também exige que você seja adaptável a novas situações, novas pessoas e novas maneiras de pensar, as
quais na maioria das vezes serão diferentes das suas.
Um estudo feito na Inglaterra pelo TimeBank e Reed
Executive pesquisou os 200 maiores negócios e chegou
às seguintes conclusões:
• 73% dos empregadores contratariam um candidato que passou pelo voluntariado, ao invés de contratar um sem essa experiência;
• 94% dos empregadores acreditam que o voluntariado acrescenta várias habilidades em quem
participa;
•
94% dos empregados que fizeram voluntariado
disseram que conseguiram o primeiro trabalho
por aprenderem novas habilidades, aumentaram
o salário ou forma promovidos.1
A revista Época Negócios, falando sobre as atividades que todo jovem deveria fazer antes de completar 30
anos, cita o voluntariado como uma delas.2
Ser voluntário desenvolve capacidades culturais.
É normal crescermos em um local geográfico definido
no qual hábitos, ações e pensamentos são formados
com base na cultura das pessoas e da localidade onde
se vive. Ao ir para um projeto internacional, ou mesmo nacional, mas em outra região e cultura, você terá
que abrir mão de alguns hábitos que para você são importantes e, em muitos casos, você os considera como
os melhores que existem na face da Terra. Ao você se
deparar com uma nova cultura, em que pessoas também pensam e agem de acordo com o que aprenderam,
perceberá que existem pontos de vista, hábitos, maneiras de se viver e até mesmo de adorar a Deus que
são diferentes das suas, mas não são necessariamente
erradas. Isto exige adaptação e contextualização para
que você possa ser relevante e útil à comunidade e às
pessoas para quem você está ministrando. Em muitos
casos, você irá aprender também um novo idioma e a
apreciar o fato de que o mundo e as pessoas, mesmo
sendo completamente diferentes, são especiais e únicos
aos olhos de Deus. Você será mais paciente e tolerante.
Ser voluntário traz motivação e senso de realização.
O voluntariado basicamente se resume em doar seus
talentos e seu tempo de forma gratuita. O voluntariado,
ao contrário de muitas outras coisas que você faz, te dá
o direito de decidir se doar e ajudar outros ou não. O
voluntário, em geral, encontra motivação e um senso
de realização muito grande, e isto vem em parte desta
decisão pessoal de se doar e ajudar. A escritora Ellen
White confirma isto ao dizer que: “O espírito de trabalho
altruísta em favor de outros dá profundeza, estabilidade
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e amabilidade cristã ao caráter e traz paz e felicidade ao seu possuidor”, Testimonies, vol. 5, pág.
607. “Ao trabalhar por outros, experimenta-se
uma doce satisfação, uma paz íntima que será
suficiente recompensa. Quando movidos por alto
e nobre desejo de fazer bem a outros, encontrarão a verdadeira felicidade no fiel desempenho
dos múltiplos deveres da vida”, Testimonies, vol.
2, pág. 132. Ser voluntário ajuda no cumprimento da
missão. Ao longo da história bíblica, da igreja
cristã e, particularmente, da Igreja Adventista do
Sétimo Dia, vemos os jovens participando ativamente em todos os níveis e em todo o tempo. Por
ter mais liberdade de se movimentar, de viver
nas mais variadas e precárias situações, os jovens têm um papel determinante no término da
pregação do Evangelho como sugerido por Cristo em Mateus 24:14. Ellen White confirma isto
ao dizer que: “Temos hoje em dia um exército de
jovens que podem fazer muito, se devidamente
dirigidos e animados. Queremos que nossos filhos acreditem na verdade. Queremos que eles
sejam abençoados por Deus. Queremos que eles
tomem parte em planos bem organizados para
auxiliarem outros jovens. Que todos sejam tão
bem preparados, que possam representar devidamente a verdade, dando a razão da esperança
que há neles, e honrando a Deus em qualquer
ramo da obra no qual se achem aptos a trabalhar”, Serviço Cristão, pág. 23.
Outro detalhe que tem se destacado muito
em relação ao voluntariado e à missão é que,
em função dos países que compõem a Divisão
Sul-Americana serem neutros em relação às
grandes questões políticas mundiais, percebemos que tem sido mais fácil para os jovens sul-americanos irem a lugares que outros jovens
da América do Norte ou da Europa não teriam
a mesma facilidade. Vemos um crescimento impressionante no interesse de jovens que querem
ir para a missão e também da Organização buscando nossos jovens para ajudar nos mais variados projetos.
Ser voluntário transforma o caráter e muda
as prioridades. Algo que muito me impressionou
ao longo destes anos trabalhando com voluntários e missionários é que 100% dos quais tive
contato e pude conversar disseram que saíram
pensando em ajudar os outros, pensando que
poderiam mudar o mundo, mas voltaram com
a certeza de que a maior mudança não foi no
mundo nem nos outros, mas em si mesmo. To-
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dos reconhecem que, no processo
do voluntariado ou na experiência
missionária, seja de curto, médio
ou longo prazo, tiveram um real
encontro com Deus e que os valores e prioridades mudaram radicalmente após esta experiência.
O apóstolo Paulo, em várias
ocasiões, revela na Bíblia que o
serviço desinteressado, o envolvimento na missão e um coração
semelhante ao de Cristo são os
elementos fundamentais para
encontrar a verdadeira alegria e
o sentido da existência. Quase no
fim do seu ministério e vida, Paulo
declara: “…o que para mim era lucro, passei a considerar perda por
causa de Cristo”, Filipenses 3:7.
“Tenho-vos mostrado em tudo que,
trabalhando assim, é necessário
auxiliar os enfermos, e recordar
as palavras do Senhor Jesus, que
disse: Mais bem-aventurada coisa
é dar do que receber”, Atos 20:35.
Deus está chamando você jovem a experimentar esta aventura
que vai lhe revelar o real sentido
da vida e lhe ajudará a colocar as
prioridades e valores no lugar certo. Vale a pena!
Esses são os websites das organizações que podem conectar você ao
campo missionário:
Serviço Voluntário Adventista: http://www.adventistas.org/pt/voluntarios/
NUMCI: www.numci.org
ADRA: www.adra.org.br
Maranata: maranatha.org
AFM: www.afmonline.org
Notas
1 Disponível em http://timebank.org.uk
2 Disponível em http://epocanegocios.globo.com/Vida/noticia/2016/03/30-coisas-para-fazer-antes-de-completar-30-anos.html
ELBERT KUHN
Elbert Kuhn é coordenador do Serviço Voluntário Adventista da Divisão Sul-Americana. Serviu como missionário na Mongólia por mais de dez anos. Atuou no Brasil
como pastor distrital, departamental e administrador. Elbert e sua esposa, Cleidi,
formam um time completo e com um grande senso de humor.
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ADVENTIST FRONTIER MISSION
Por Conrad Vine, D.Min.
AFM
U
ma das melhores lembranças que tenho da infância é a de navegar com meu pai e meu irmão no nosso pequeno barco familiar. Claro que aquele barco de apenas quatro metros de comprimento não era
tão grande, mas, na minha cabeça juvenil, era como se estivesse viajando num transatlântico. Hoje
em dia já não navego mais, mas gosto muito de visitar navios antigos e, dentre eles, o mais famoso
que visitei foi o Queen Mary, que está em Long Beach, Califórnia.
O Queen Mary era um transatlântico de luxo antes da Segunda Guerra Mundial, mas durante a guerra, acabou se tornando um transportador de soldados. Porém, ainda é possível ver a enorme sala de jantar onde os
3.000 convidados da nobreza podiam comer, beber e dançar. Ali, belos talheres de prata faziam pares com os pratos
de porcelana chinesa em mesas impecavelmente arrumadas. Tapetes macios e cadeiras estofadas eram banhados
por uma luz suave. No entanto, um pouco mais acima, é
possível ver como as tropas de 15.000 soldados viviam.
A diferença é gritante. Talheres de metal rústico eram
espalhados em mesas apoiadas por cavaletes, enquanto
bandejas de metal eram usadas no lugar das porcelanas
chinesas. Em vez das camas macias, oito beliches velhos
eram usados para o descanso dos soldados.
Que contraste! Mas por que isso aconteceu? Porque os Estados Unidos estavam em guerra. Os tempos
de paz e de consumismo tinham passado, pois a vida
de milhares de pessoas dependia daqueles soldados.
Aqueles que se sacrificam gostam do sacrifício? Provavelmente não! Tenho certeza de que havia murmurações entre os soldados que dormiam amontoados
naqueles beliches.
Hoje, nos encontramos em meio a um conflito de
proporções cósmicas, e o destino eterno de milhares de
pessoas depende do cumprimento da missão evangélica. Mas, no mundo moderno, a pregação está sendo
corrompida pelo consumismo, e o antídoto para o consumismo é a consagração, que envolve a renúncia do eu
em prol das coisas eternas.
Continuar na comodidade em tempos de guerra não
é novidade entre o povo de Deus. Ele descreveu isso
para o profeta Ezequiel: “E eles vêm a ti, como o povo
costuma vir, e se assentam diante de ti como meu povo,
e ouvem as tuas palavras, mas não as põem por obra;
pois com a sua boca professam muito amor, mas o seu
coração vai após o lucro” (Ez 33:31).
O que isso tem a ver com os adventistas de hoje? A
resposta é simples: Deus está nos chamando para mudarmos as prioridades. Devemos crer que a pregação
do evangelho a toda nação é possível. Também temos
que entender que a única coisa que Deus quer de nós
é que entendamos o valor da salvação de uma pessoa
para o Seu reino.
No verão de 1985, um grupo de alunos do curso de
Teologia da Universidade Andrews sentiu o chamado de
Deus para proclamar o evangelho entre os milhares
de povos ainda não alcançados pelo evangelho. Assim,
depois de um período de oração e jejum, eles estabeleceram a Adventist Frontier Missions (AFM www.afmonline.org).
A AFM é uma agência operada por pastores e irmãos adventistas que tem como missão o plantio de
igrejas. O objetivo da instituição é recrutar, treinar e enviar missionários para fazer o trabalho pioneiro de iniciar novas igrejas em lugares onde o evangelho eterno
ainda não foi propagado. A AFM trabalha somente nos
lugares em que a igreja adventista ainda não estabeleceu igrejas ou grupos. O propósito é instituir uma igreja
nativa e depois fazer a transição desta nova igreja para
a Associação ou Missão mais próxima.
Em 2016, ainda há 6.600 grupos étnicos não alcançados pelo evangelho de Cristo em nosso planeta. Este
número representa cerca de 40% da população mundial.1 Consideramos um povo não alcançado pelo evangelho aquele no qual não há cristãos nativos em núme-
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ro suficiente para evangelizar seus compatriotas.2 Isto
é, um povo é o maior grupo que o evangelho pode alcançar enquanto movimento de plantio de igrejas, sem
encontrar barreiras de compreensão ou aceitação.3 A
grande maioria destes povos está na “Janela 10/40” e
vive em regiões dominadas pelo islamismo, hinduísmo,
budismo, animismo, comunismo e secularismo pós-moderno.
Uma pessoa pode pregar o evangelho com uma
mesma abordagem missiológica em todo o Reino Unido, isto é, para escoceses, ingleses, galeses e irlandeses, sem que tenha que fazer mudanças na abordagem
(isto é conhecido como “Abordagem Uni-Max”). No entanto, esse missionário não poderá usar esta mesma
abordagem missiológica com os somalis ou os africanos que vivem no Reino Unido e que adoram a espíritos
e praticam o vodu (neste caso, uma “Abordagem Etnolinguística” seria mais apropriada).
Novamente, a AFM considera um grupo étnico não
alcançado pelo evangelho aquele em que menos de
2% da população local é cristã protestante e/ou onde
a igreja adventista ainda não tenha sido estabelecida.
Então, a agência busca estabelecer novas igrejas em
lugares em que uma das condições abaixo se aplica:
Batismo em Papua Nova Guiné.
1) Menos de 2% da população local é cristã protestante e/ou a igreja adventista não tem um ministério
formalmente estabelecido;
2) Há barreiras significativas de cultura, etnia, idioma, tribo, religião, raça, socioeconômica, ou outra qualquer, que impeçam a proclamação efetiva do evangelho
eterno;
3) A AFM pode aplicar esses critérios numa comunidade específica dentro de um grupo de étnico em que
haja uma necessidade missiológica.
Os missionários da AFM atualmente servem nos seguintes países: Papua Nova Guiné, Filipinas, Camboja,
Tailândia, Índia, Malásia, China, outros países fechados
do sudeste da Ásia, Irã, Iraque, Turquia, Armênia, Ucrânia, Albânia, Grécia, Irlanda, Mauritânia, Guiné, Mali
e Benim. Além destes, os missionários da AFM foram
essenciais no estabelecimento da Igreja Adventista em
países como a Mongólia, Burquina Faso e parte das
Filipinas. Em alguns casos, um trabalhador nativo daquela região pode ser uma boa opção para transpor as
barreiras culturais, mas nem sempre isto é possível ou
desejável.
As barreiras de tribalismo, racismo e preconceito que existem entre grupos vizinhos são geralmente
maiores que as barreiras linguísticas e culturais que
existem entre grupos separados por milhares de quilômetros. Depois que a AFM identifica qual é a abordagem ideal a ser usada na evangelização do povo local
dentro da sua cosmovisão, ela intencionalmente trei-
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Estudante missionária com as crianças da escola de música na Tailândia.
Mulher no campo na Tailândia.
na nativos daquele povo para continuar fazendo a obra
de plantar igrejas mesmo depois que o missionário da
AFM for embora do lugar.
A AFM recruta adventistas que se sentem chamados
por Deus para o ministério transcultural. Eles servem
como estudantes missionários, missionários de curto
prazo (1 a 3 anos) e missionários de longo prazo (até 25
anos). Alguns missionários são pastores ordenados ou
obreiros bíblicos, mas a maioria tem outras profissões
nas áreas de enfermagem, pedagogia, arquitetura, contabilidade ou engenharia. Todos eles têm que aprender
o idioma do grupo que irão evangelizar. Há lugares em
que precisam aprender duas línguas diferentes, como
no leste da África, por exemplo, onde os missionários
têm que aprender francês e um dialeto local, que pode
ser o Fulani ou o Susu. Eles têm que se tornar parte daquele povo. Mas, para servir como missionário da AFM,
também é importante ter um bom nível de inglês, pois
na maior parte do mundo só é possível aprender o (s)
idioma (s) local (is) através do inglês.
Os missionários da AFM fazem um estudo sociocultural minucioso, que envolve um processo detalhado e
guiado de aprendizado e compreensão da visão religiosa local. Depois, identificam as “pontes” que podem ser
usadas para compartilhar o evangelho. Por exemplo, na
Turquia há o costume de guardar o último pedaço de
pão numa sacola e pendurá-la numa árvore para que
alguém pobre possa pegar e comer. Da mesma forma,
Jesus é o Pão da Vida, que foi pendurado no madeiro
para que todo aquele que quiser o receba. O propósito desse tipo de estudo é nos certificarmos de que,
ao evangelizar, estamos automaticamente provendo
as respostas para as perguntas que aquele povo tem
no coração e não para as perguntas que as vezes nós
achamos que eles têm (por exemplo, uma muçulmana
não está preocupada com o perdão dos seus pecados,
já que os muçulmanos não têm esse conceito de pecados pessoais, mas ela está preocupada em como ela
vai se mostrar sem desonra diante de Deus no dia do
julgamento).
Como a maioria dos missionários vive em regiões
que são hostis ao evangelho, os missionários não podem fazer evangelismo público. Em vez disso, eles passam boa parte do tempo em oração e jejum, pedindo
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Leonda George e amigos nas Filipinas.
que Deus os guie a uma “pessoa de paz”, em cujo coração o Espírito Santo já vem trabalhando e que esteja
aberto ao evangelho. É Deus quem faz essas conexões.
Assim, essas pessoas de paz abrem suas portas para
relacionamentos informais, através dos quais a mensagem pode ser compartilhada.
A AFM, enquanto ministério, assim como seus missionários enquanto indivíduos, é totalmente mantida
pelas doações de cristãos adventistas dedicados, que
acreditam na missão. Apreciamos muito o sacrifício feito por esses doadores e o desejo que eles têm de ver
a mensagem do Senhor sendo propagada entre povos
não alcançados pelo evangelho.
A transparência e a contabilidade financeiras são
cruciais para um ministério como o da AFM, assim, a
agência tem o compromisso de prover uma mordomia
fiel dos fundos que são confiados para plantar igrejas
entre povos não adventistas. Todos os anos, há uma auditoria completa dos registros de fundos da AFM, que é
feita por uma empresa terceirizada e um relatório desta auditoria, constando entradas e gastos, é disponibilizado quando requisitado. A Charity Navigator é uma
empresa americana que analisa a transparência e a
contabilidade financeira de empresas sem fins lucrativos nos Estados Unidos e, nos últimos cinco anos, a
AFM recebeu a aprovação máxima de 4 estrelas, a qual
menos de 5% de todas as empresas sem fins lucrativos
americanas recebem.
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Mas como tudo isso se aplica ao Brasil? Deus tem
abençoado Seu povo na América Latina de uma maneira incrível. E isso é mais evidente ainda no Brasil, onde
a Igreja Adventista do Sétimo Dia tem recebido o derramamento do Espírito Santo e onde Deus tem dado à
liderança da Igreja Adventista uma visão e um chamado
para que a igreja seja uma benção para o Reino de Deus
ao redor do mundo.
Temos dialogado com a Divisão Sul-Americana desde 2012 e, em 2014, um acordo foi firmado, o que finalmente possibilitou o estabelecimento da AFM Brasil
em fevereiro de 2016. Esta nova agência está situada no
Centro Universitário Adventista de São Paulo (UNASP-EC) e o diretor executivo é o pastor Samir Costa. O pastor Samir é um ministro ordenado da Igreja Adventista
que voltou recentemente ao Brasil depois de 4 anos
servindo como missionário no Chipre do Norte, na Janela 10/40 ([email protected]). A Comissão Administrativa da AFM Brasil é representada por líderes
do UNASP-EC, da Divisão Sul-Americana e da AFM nos
Estados Unidos.
A partir de agosto de 2016, a AFM Brasil vai começar a recrutar missionários de curto prazo para servirem na Janela 10/40 por um ano. Com a graça de Deus,
oramos para que trinta novos missionários brasileiros
sejam enviados ao campo nos próximos anos. Depois
de alguns anos em funcionamento, a AFM Brasil passará por uma avaliação da Divisão Sul-Americana e do
UNASP-EC e poderá passar a enviar missionários de
longo prazo para o mundo. Se Deus quiser, os primeiros missionários brasileiros da AFM irão servir em países do oeste da África, entre os muçulmanos, também
na Tailândia, entre os budistas; no Camboja, entre os
animistas, e nas Filipinas, entre os animistas-católicos.
Mas o que isso tem a ver com membros e pastores
do Brasil?
Primeiro, ore! Eu creio que Deus tem lhe chamado
a orar pelos povos ainda não alcançados, pelo evangelho e pelas suas necessidades espirituais. Ore para que
Deus estabeleça um exército de missionários brasilei-
ros fiéis, que estejam prontos a deixar o conforto de
suas casas para que outros possam ouvir sobre o amor
do Salvador. Ore cada dia por um grupo étnico diferente, aprenda a história daquele povo, leia sobre a cultura
dele e ore para que Deus opere milagres naquele país.
Segundo, doe! Talvez Deus está lhe chamando para
patrocinar um novo missionário da AFM Brasil. Pode ser
uma doação que o ajude a alcançar seu alvo anual, ou pode
ser uma palavra de encorajamento, um cartão de natal
pelos Correios ou um convite para que ele fale em sua
igreja. Ellen White escreveu sobre a benção que a igreja
local recebe quando apoia o trabalho de um missionário:
A obra missionária em nosso país muito progredirá em todos os sentidos, quando se manifestar em prol da prosperidade das missões estrangeiras um espírito de mais liberalidade, abnegação e desprendimento; pois a prosperidade
da obra em nosso país depende grandemente, abaixo de Deus, da influência reflexa da obra evangélica nos países distantes. É agindo ativamente para suprir as necessidades da causa de Deus que pomos a alma em contato com a Fonte
de todo o poder. (Vida e Ensinos, p. 222)
Conforme as igrejas locais começarem a apoiar as
missões estrangeiras, Deus dará bênçãos a estas igrejas.
Terceiro, vá! Pergunte a Deus se Ele está lhe chamando para servir como missionário num país ainda
não alcançado pelo evangelho, proclamando o amor de
Deus onde Ele ainda não é conhecido. Quando estiver
servindo a Deus fora do Brasil, você vai estar fora da
sua zona de conforto e terá que depender do Espírito
Santo para absolutamente tudo. Você vai ver Deus trabalhar de maneiras que você nunca viu e vai voltar ao
Brasil com um conhecimento maior de Deus e um amor
ainda mais profundo por Ele.
Enquanto reflito sobre esse crescimento, me vem à
mente 1 Coríntios 3. Todos temos uma parte a desempenhar no Reino de Deus, cada um a seu tempo e a sua
própria maneira. Uns oram, outros doam e outros vão.
Uns são chamados por Deus para plantar, outros para
aguar, outros para colher, mas todos esses dons vêm de
Deus. Por favor, junte-se a mim em oração para que os
novos missionários da AFM Brasil sejam ungidos pelo
Espírito Santo, para que o testemunho deles seja atrativo e para que muitos conheçam o plano da salvação. Ore
para que se cumpram as palavras de Isaías 35:10: “E os
resgatados do Senhor voltarão; e virão a Sião com júbilo,
e alegria eterna haverá sobre as suas cabeças; gozo e
alegria alcançarão, e deles fugirá a tristeza e o gemido”.
Notas
1 www.joshuaproject.net.
2 Idem.
3 https://joshuaproject.net/definitions.php.
CONRAD VINE
O Pastor Vine é um ministro do evangelho ordenado da Igreja Adventista do Sétimo
Dia. Conrad e Luda se casaram em dezembro de 1999 e consideram o casamento
deles uma benção pessoal do amorável Pai celestial. Eles têm dois filhos, David e
Christina. Você pode contatá-lo através do email [email protected].
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Por Célia Araújo Gazeta
IDE-GO
O INSTITUTO DE DISSEMINAÇÃO DO EVANGELHO – GOSPEL OUTREACH DO BRASIL, mais conhecido como IDE-GO,
é uma organização religiosa, sem fins lucrativos, composta por cristãos leigos, voluntários, que tem como objetivo
principal proclamar o Evangelho eterno do amor de Deus a todas as pessoas do mundo, atendendo ao imperativo de
nosso Senhor Jesus que disse: “IDE por todo o mundo e pregai o evangelho a toda criatura” (Marcos 16:15).
Esta organização é de apoio à Conferência Geral da Igreja Adventista do Sétimo Dia, e sua missão tem sido
facilitar a disseminação do evangelho de forma não dispendiosa e efetiva, através da capacitação de evangelistas
locais para a proclamação do evangelho.
O IDE-GO tem sua sede localizada na cidade de Engenheiro Coelho, São Paulo, e foi fundado em dezembro de
2010. É um ministério de fé, autofinanciado por doações voluntárias feitas por pessoas interessadas em “com-
pletar o trabalho da pregação”. Não se aceitam dízimos
nem pactos, pois estes devem ser direcionados às igrejas locais. Todas doações são empregadas na sua totalidade em projetos de evangelismo, e para nenhum
outro propósito.
SUA ORIGEM - O IDE-GO é entidade membro do
GOSPEL OUTREACH com sede na cidade de College
Place, Estado de Washington, USA. Idealizado em 1985,
esta organização foi posta em ação no dia 1 de maio de
1993 com um evangelista nas Filipinas. A partir de uma
origem humilde, o Gospel Outreach cresceu a ponto de,
junto com sua filial do Canadá e agora do Brasil, hoje
patrocinar mais de 2.400 evangelistas leigos que proclamam as boas novas da salvação em Cristo Jesus, em
45 países menos desenvolvidos do mundo, frequentemente conhecidos como sendo a “Janela 10/40” que é o
maior foco deste ministério.
COMO TRABALHA - Os projetos de evangelização
são enviados pelas Missões, Associações, ou Uniões
da Igreja Adventista, solicitando o patrocínio do número de obreiros que for necessário. Os projetos são
aceitos somente onde a presença da Igreja Adventista
é inexistente ou mínima. Uma vez o projeto aprovado
pela Diretoria Executiva do IDE-GO, baseado em recursos financeiros existentes, firma-se um contrato entre
as partes, com duração mínima de três anos, em que a
Missão local compromete-se a escolher, treinar e coor-
denar os evangelistas leigos nativos, pois são eles que
melhor conhecem a língua, a religião, os costumes e
a cultura do seu próprio povo; e o IDE-GO por sua vez
compromete-se a patrocinar estes evangelistas leigos
com um estipêndio mensal, durante o período necessário para a evangelização do local a que são designados.
Este contrato pode ser renovado tantas vezes quanto
necessário, dependendo de prévio acordo entre as partes envolvidas.
ATUALMENTE - O IDE-GO hoje conta com 10 projetos evangelísticos:
PROJETOS DA UNIÃO DO SAHEL LESTE, ÁFRICA
Desde 2014 o IDE-GO se faz presente nos países de
Benin e Togo, dois países com uma população em grande parte muçulmana e também animista. Com 25 obreiros no Benin e 20 no Togo, a meta é alcançar os grandes
bairros situados na periferia das suas capitais, onde a
presença adventista é inexistente. Com enfoque no Benin, a capital mundial do vodu, difundir o evangelho entre
os muitos estudantes jovens que vivem ao redor da Universidade local, tem sido um grande desafio. No início
de 2015, Burkina Faso e Costa do Marfim receberam o
patrocínio para 20 e 25 evangelistas respectivamente.
Nestes países a proporção de adventistas para os não
adventistas ainda está em 1/4.500 aproximadamente. De
todos os 5 países que compões esta União, o maior enfoque está sendo dado na evangelização do Níger. Desde
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agosto de 2015, quando depois de 30 anos a Igreja Adventista contava com apenas uma igreja central na capital de
Niamey e um pequeno grupo em um dos bairros totalizando 90 membros, hoje existem mais três igrejas construídas,
uma escola fundamental, um poço artesiano, e a construção atual de uma clínica médica, tudo graças à parceria com a
Missão Global. O número de membros cresceu para 250.
PROJETO NIASSA, MOÇAMBIQUE, ÁFRICA
Esta província é a mais extensa do país e a de menor população, espalhada em pequenas aldeias. Cinco duplas de
evangelistas foram estabelecidas em pontos diversos desta área. Seu coordenador leva de 20-25 dias para percorrer
o seu território, viajando em caminhões superlotados, de moto, mas na maior parte das vezes à pé, atravessando
vales e rios. É um dos projetos que mais tem conseguido almas para o reino de Cristo.
PROJETOS NO BRASIL
PROJETO PAULISTANA – Após custear os estudos de Teologia do primeiro pastor surdo adventista brasileiro, o IDE-GO
mantém um obreiro surdo para auxiliar o pastor a evangelizar
os 600.000 surdos ou com alguma deficiência auditiva residentes na Grande São Paulo. Estão no processo do estabelecimento de uma igreja só para surdos, que já conta com uma congregação aproximada de 200 surdos a cada sábado.
PROJETOS PIAUÍ E CEARÁ - Estes dois estados localizados
na região de menor presença adventista do Brasil e conhecida
como a “janela 10/40 brasileira” de desafios ao evangelismo,
contam com 4 evangelistas no Piauí e 1 no Ceará, projeto este
iniciado recentemente em abril de 2016.
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Mirda79 | AdobeStock
PROJETO XERENTES – A partir do início do curso de Estudos em Religião ministrado pelo IABC em julho de 2016, o IDE-GO estará patrocinando os estudos
deste curso para quatro índios da etnia xerente, residentes no norte do Tocantins.
Dentre eles, está um índio consagrado pelos batistas como um pastor desta denominação, e o cacique da aldeia principal. Espera-se que o conhecimento das doutrinas adventistas os levem ao batismo e que possam compartilhar a mensagem
do advento ao seu grupo.
Com um total de 120 evangelistas, este ministério pela graça de Deus e atuação
do Espírito Santo conseguiu em 2015, através do batismo, trazer mais de 1.400 almas aos pés do Salvador. A Ele sejam dadas toda honra e glória do sucesso desse
trabalho. Amém.
“
“
O IDE-GO hoje conta
com 10 projetos
evangelísticos
CÉLIA ARAÚJO GAZETA
Célia Araújo Gazeta é Secretaria do IDE-GO.
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Por Silvano Barbosa, Ph.D., Candidato
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FERRAMENTAS PARA A MOBILIZAÇÃO
O
historiador da missão Andrew Walls analisa o processo de transmissão da fé cristã1 e a origem do movimento missionário moderno.2 Seus estudos sugerem que uma atividade missionária bem-sucedida
depende de três pré-requisitos, igualmente indispensáveis: (1) um grupo de pessoas comprometidas;
(2) uma organização capacitada para mobilizar, treinar, enviar e manter tal força missionária e (3)
acesso sustentável a bases internacionais específicas.
A primeira necessidade refere-se a um grupo de pessoas com o grau de comprometimento necessário para viver nos termos culturais de outras pessoas. Para terem sucesso em seu empreendimento, os missionários
precisaram se adaptar às condições de vida e formas de pensar de outras culturas. Além disso, a atividade missionária sempre exigiu pessoas preparadas para explicar, recomendar e ilustrar a fé cristã, sem coagir a sua aceitação.3
A segunda pré-condição destaca o papel crucial de
uma organização equipada para recrutar, treinar, enviar
e manter pessoas comprometidas, provendo um link
entre aqueles que estão dispostos a ir e as áreas onde
eles servem. Uma característica importante destas organizações é a flexibilidade. A adaptabilidade, a criatividade e a inovação também são indispensáveis para
alcançar o propósito missionário.
O estabelecimento de organizações de envio de missionários se tornou popular no século XVIII com a criação
das sociedades missionárias. Entretanto, muito antes
desta época, estruturas missionárias já estavam em funcionamento em movimentos com diferentes formas e características, e foram responsáveis, em grande medida,
pela expansão e transmissão da fé cristã.4 A importância
do que aconteceu por volta do final do século XVIII, entretanto, foi que esta nova forma de organização missionária
era devotada explicitamente às missões estrangeiras.5
William Carey é o representante mais conhecido desta
fase e é chamado de “pai do movimento missionário moderno”.6 Nas décadas seguintes, centenas de organizações similares foram estabelecidas e milhares de missionários foram enviados a diferentes partes do mundo.
A expansão do protestantismo na Ásia, África e América
Latina é considerada um resultado direto do trabalho das
sociedades missionárias, as quais se tornaram o modelo
primário de missão durante os séculos XIX e XX.
O terceiro elemento necessário para a realização
de Missões foi ter acesso sustentável às áreas onde a
atividade missionária foi realizada. Este fator logístico
está relacionado com a capacidade de colocar os missionários em bases internacionais, com a expectativa
de manter comunicação regular com eles.7
Ao longo da história, o movimento missionário tem
dependido da combinação destes três fatores, os quais
foram observados no catolicismo, em movimentos de
reforma e no protestantismo. A ausência de um ou mais
destes elementos resultou em períodos em que os protestantes não estabeleceram bases missionárias, mesmo quando eles tiveram tal intenção.8
A chegada do século XX, entretanto, trouxe outro fenômeno na história do movimento missionário, que veio
a ser definido como a Ascensão do Sul Global,9 Mudança de Maré10 ou A Próxima Cristandade.11 Os editores
do relatório produzido para a Conferência Missionária
Mundial de Edinburgh de 1910 afirmaram que, por volta
de 1882, as igrejas na África e Ásia estavam crescendo
num ritmo mais rápido do que as igrejas de onde os
missionários estavam vindo.12 Nas décadas seguintes,
esta tendência se confirmou e, atualmente, o centro de
gravidade do cristianismo mundial mudou dos Estados
Unidos e Europa para a África, Ásia e América Latina,
onde 1,5 bilhão de pessoas professam ser cristãs.13
Esta mudança também pode ser observada dentro do
adventismo. Atualmente, noventa e dois por cento dos
membros da igreja vivem no sul global14, e os dízimos
gerados nestas áreas devem se igualar aos dos Estados
Unidos e da Europa nos próximos anos.15 De fato, a igre-
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ja atingiu maturidade organizacional e financeira
em muitas áreas do mundo em desenvolvimento.
Agora, numa iniciativa histórica, a Divisão
Sul-Americana iniciou uma nova fase em seus
esforços relacionados ao empreendimento missionário mundial da Igreja Adventista do Sétimo
Dia. É reconhecido que até aqui temos promovido as histórias da carta missionária, coletado ofertas para as missões e colaborado com
a Conferência Geral sempre que essa solicita
obreiros experientes e altamente educados para
servirem na sede mundial da igreja ou em alguma das suas instituições. Contudo, em 2015,
vinte e cinco famílias foram enviadas para servirem como missionários de “linha de frente” em
diferentes países da Ásia, África e Oriente Médio, totalmente patrocinadas e logisticamente
apoiadas pela Divisão. Os recursos financeiros
foram levantados como resultado de um esforço
conjunto entre todas as instituições da igreja na
América do Sul. Em números totais, atualmente cerca de trinta famílias estão servindo como
parte deste projeto fora do território da Divisão.
Entretanto, embora a Divisão Sul-Americana
possa identificar positivamente as pessoas comprometidas que desejam ser missionárias e as localidades específicas onde elas estão sendo comissionadas a servir, ela não possui uma organização
missionária exclusivamente dedicada às missões
estrangeiras. Uma organização de envio de missionários que seja capacitada para recrutar, treinar,
enviar, manter e repatriar a sua força missionária.
Uma instituição que se tornará a voz do empreendimento missionário no território da Divisão, conscientizando constantemente os membros acerca
das necessidades das áreas menos evangelizadas
do mundo, além de prover uma ponte entre aqueles
que querem ir e as regiões que desejam recebê-los.
Por um outro lado, pode ser argumentado
que, apesar de a Divisão Sul-Americana não possuir tal organização missionária, ainda assim, o
trabalho está sendo feito e os missionários estão
sendo enviados.
Entretanto, deve-se observar que o envio de
missionários tem sido executado como um dentre muitos projetos evangelísticos da Divisão. Ao
mesmo tempo, é preciso enfatizar que é através
de organizações de envio de missionários, exclusivamente dedicadas às missões estrangeiras,
que o movimento missionário tem alcançado os
seus resultados mais efetivos. Estas organizações proveem a estrutura necessária para que
o empreendimento missionário seja feito não
como um evento isolado, mas como uma atividade contínua e crescente.
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De fato, a eficácia da missão adventista nos anos iniciais
da denominação foi, em grande medida, devido ao fato de que
o nosso esforço missionário estava baseado neste modelo. Em
novembro de 1889, a sessão da Conferência Geral criou o Conselho de Missões Estrangeiras da Igreja Adventista do Sétimo Dia
“para o gerenciamento do trabalho missionário estrangeiro.”19
Embora o Conselho de Missões Estrangeiras estivesse sob
a supervisão da Conferência Geral, a organização missionária
gozava de extensiva autoridade e as suas decisões não precisavam ser aprovadas em nenhuma outra comissão. Assim, a organização missionária era totalmente responsável por analisar o
mundo para fazer um levantamento das necessidades, estabelecer prioridades, desenvolver uma estratégia missionária geral,
selecionar e enviar pessoal e responder a qualquer necessidade
percebida em qualquer região do mundo. Como resultado desta
abordagem focalizada, no final de 1899, o adventismo havia sido
estabelecido não apenas na América do Sul, mas também em
cada continente habitado e em muitas ilhas.
Em 1901, a igreja foi reestruturada para atender melhor as suas
demandas missionárias20 e a Comissão Administrativa da Conferência Geral tornou-se na prática uma agência missionária.21 O presi-
Fatores igualmente indispensáveis
para a realização de uma atividade
missionária contínua e crescente:
Uma organização de envio de
missionários que seja capacitada
para recrutar, treinar, enviar,
manter e repatriar a sua força
missionária provendo uma ponte
entre aqueles que querem ir e as
regiões que desejam recebê-los.
Um grupo de pessoas com o grau de
comprometimento necessário para se
adaptar às condições de vida e formas de
pensar de outras culturas e preparadas
para explicar, recomendar e ilustrar a fé
cristã, sem coagir a sua aceitação.
dente A. G. Daniells e o secretário W. A. Spicer eram homens de ampla visão que
lideraram iniciativas missionárias dramáticas e o trabalho dos missionários era
administrado no coração da organização. Ao longo do século XX, o serviço missionário foi absorvido pela Secretaria da Conferência Geral, ao invés de por uma
instituição especializada.22 Uma fraqueza desta abordagem, entretanto, foi que a
visão e a promoção missionárias dependiam pesadamente destes dois líderes. Assim, quando eles foram substituídos por outros líderes que não compartilhavam a
paixão e a visão deles, o empreendimento missionário sofreu uma falta de continuidade, apesar de a igreja continuar crescendo em diferentes partes do mundo.
Adicionalmente, tem sido demonstrado que as organizações de envio de missionários têm um papel central no processo de conectar as pessoas que desejam
servir como missionárias e as áreas que desejam recebê-las. Algumas décadas
atrás, a Youth With a Mission (YWAM – Jovens com uma Missão) não existia. 23 No
ano passado, mais de 116 mil pessoas serviram através da YWAM num projeto
missionário de curta e longa duração em oitenta e quatro países. Embora a orga-
nização tenha começado nos Estados
Unidos, atualmente mais da metade
dos missionários são da Ásia, África
e América Latina.24
Os últimos vinte ou trinta anos têm
testemunhado o surgimento de novas
organizações missionárias mais do
que em qualquer outro período da
história. No Adventismo do Brasil,
o estabelecimento de organizações
ou iniciativas como Serviço Voluntário Adventista, Maranata, Adventist
Frontier Mission, Núcleo de Missões
e Crescimento de Igreja, e Ide-Go, são
evidências deste fato.
Capacidade de colocar os
missionários em bases internacionais,
com a expectativa de manter
comunicação regular com eles.
Considerando todos estes fatores e tendo em vista a promoção, gerenciamento e expansão do empreendimento missionário em nosso território, não seria este o momento oportuno para estabelecer uma organização de envio de missionários para a
Divisão Sul-Americana? O que seria necessário para estabelecer tal organização? Alguns fatores a serem observados no processo de desenvolvimento de um modelo de organização que se adeque a estrutura organizacional da Igreja Adventista são: (1)
relacionamento da Divisão com a Conferência Geral; (2) relacionamento entre a Divisão Sul-Americana e a Divisão que receberá
os missionários; (3) critérios de operação desta instituição dentro do território da Divisão, incluindo a sua atuação na igreja local
e (4) relação desta organização com as demais organizações de envio de missionários em atuação no Adventismo no Brasil.
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Notas
1 WALLS, Andrew. The Missionary Movement in Christian History: Studies in The Transmission of Faith. Maryknoll, NY: Orbis
Books, 1996, pp. 3–68.
2 WALLS, Andrew. The Cross-Cultural Process in Christian History: Studies in the Transmission and Appropriation of Faith.
Maryknoll, NY: Orbis Books, 2002, pp. 200–221.
3 Walls observa que por volta de 1500 d.C., o periodo em que a expansão marítima Europeia começou, o único modelo de Cristianismo que a Europa Ocidental conhecia era o modelo de Cristandade, o modelo de territórios Cristãos, frequentemente
adquiridos pelo uso da espada. Conquista e conversão estavam juntas naturalmente. Os portugueses, entretanto, começaram
o movimento missionário moderno como resultado de uma mudança de paradigma obrigatória. Com a mesma teologia e
experiência dos espanhóis, mas com um exército pequeno, eles tiveram que acomodar a ideia de Cristandade à realidade
militar deles. O modelo das Cruzadas era não apenas inapropriado mas também impossível . Consequentemente, eles desenvolveram uma nova categoria de servidores Cristãos os quais tinham a função de persuadir sem os instrumentos para
coagir, vivendo nos temos culturais estabelecidos por outras pessoas. Os portugueses aplicaram esta estratégia inicialmente
na Ásia, quando estabeleceram uma relação comercial com os grandes impérios Mogol e Chinês. Este método estava longe
de ser novo na história Cristã como um todo mas certamente era contrário ao que estava no centro da compreensão Cristã
Ocidental de trabalho missionário. Walls, The Cross-Cultural Process in Christian History, 198, 199, 220; Um exemplo deste
fato é o trabalho missionário dos jesuítas no Brasil. Numa carta enviada ao rei de Portugal, João IV, o padre e diplomata
jesuíta Antônio Vieira aconselha a sua majestade em relação à metodologia a ser aplicada para a conversão dos nativos
brasileiros, chamados de índios. Entre outras coisas, ele recomendou que: (1) os governadores e capitães não deveriam ter
jurisdição sobre os índios; (2) os índios deveriam ser governados por religiosos; (3) os índios deveriam ter permissão para
se juntarem da maneira como julgassem apropriado, pois esta ação favoreceria a doutrinação e a preservação deles; (4)
nenhum índio deveria trabalhar longe das suas vilas por mais de quatro meses, para que pudessem cuidar das suas famílias,
plantações e fossem convertidos à fé católica; (5) incursões ao interior deveriam ser feitas apenas por religiosos, e que estes
mesmos líderes religiosos gerenciassem os índios nas vilas deles; (6) todos os índios deveriam aprender a mesma doutrina
para evitar opiniões divergentes; e (7) religiosos não deveriam ter fazendas, plantações de tabaco ou moinhos, para evitar
distrações. Antonio Vieira to el-rei, Maranhao, April 6, 1654, em Obras do padre Antonio Vieira: Cartas [Works of the Father
Antonio Vieira: Letters], eds., J. Seabra and T. Antunes, vol. 1, Cartas do padre Antonio Vieira [ Letters of the Father Antonio
Vieira] (Lisbon: Tipografia da Revista Nacional, 1855), 51–58.
4 Alguns exemplos de diferentes formas de organizações missionárias são: (1) a igreja céltica, a qual sob a liderança de
Patrick, que morreu por volta de 460 d.C., desenvolveu um tipo de monasticismo distinto, influente e intensamente focado
na missão. Veja F. F. Bruce, Spreading the Flame: The Rise and Progress of Christianity from its First Beginnings to the
Conversion of the English (Grand Rapids, MI: Wm. B. Eerdmans, 1958), 371–396; Stephen B. Bevans and Roger P. Schroeder,
Constants in Context: A Theology of Mission for Today (Maryknoll, NY: Orbis Books, 2006), 171; Paul Pierson, The Dynamics
of Christian Mission (Pasadena, CA: William Carey International University Press, 2009), 72; Christopher Dawson, Religion
and the Rise of Western Culture (New York, NY: Image Books, 1958), 58; George Hunter III, The Celtic Way of Evangelism
(Nashville, TN: Abingdon Press, 2000), 36–38, 47; (2) os Valdenses, que obtiveram algumas das suas realizações missionárias
mais significativas sob a liderança de Pedro Valdo, 1140-1218 d.C.. Os Valdenses espalharam a mensagem deles na França,
Itália, Alemanha e Boêmia, chegando até a Espanha e Polônia. Veja James Aitken Wylie, The History of Protestantism, vol.
1, Progress From the First to the Fourteenth Century (London: Cassell Petter & Galpin, 1874), 23; Alex Muston, The Israel of
the Alps: a Complete History of the Waldenses of Piedmont and Their Colonies (London: Blackie & Son, 1866), 3–7; Emilio
Comba, Waldo and the Waldensians Before the Reformation (New York, NY: Robert Carter & Brothers, 1880), 16, 17; e (3) os
Morávios, os quais sob a liderança de Nicolau Von Zinzendorf enviaram missionários para vinte e oito países. Uma em cada
treze pessoas da comunidade deles foram enviadas como missionárias. J. E. Huton, A History of Moravian Missions (London:
Moravian Publications Office, 1923), 166; A. J. Lewes, Zinzendorf: The Ecumenical Pioneer (Philadelphia, PA: The Westminster
Press, 1962), 78; John R. Weinlick, Count Zinzendorf: The Story of His Life and Leadership in the Renewed Moravian Church
(Bethlehem, PA: Pierce & Washabaugh, 1989), 100.
5 Uma lista das dezesseis sociedades missionárias mais importantes na Europa e nos Estados Unidos nos últimos anos do
século XVII e na primeira metade do século XIX é apresentada em Jacques A. Blocher and Jacques Blandenier, The Evange-
lization of the World: A History of Christian Mission (Pasadena, CA: William Carey Library, 2013), 289, 290.
6 Carey era consciente de que o trabalho missionário estava em progresso a muito tempo. Ele via a si mesmo como alguém entrando num processo em andamento, não iniciando este processo. Em seu livro ele apresenta os morávios como um exemplo a
ser seguido: “None of the moderns have equaled the Moravian Brethren in this good work; They have sent missions to Greenland,
Labrador, and several of the West-Indian Islands.” William Carey, An Enquiry Into the Obligation of Christians to Use Means for
the Conversion of the Heathen (London: Ann Ireland, 1792), 36, 37; Walls, The Cross-Cultural Process in Christian History, 204.
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7 Walls, The Cross-Cultural Process in Christian History, 200.
8 A Church Missionary Society (CMS), por exemplo, fundada em 1979, não pôde enviar missionários antes de 1804 por falta de
pessoal. Eugene Stock, The History of The Church Missionary Society: Its Environment, Its Men, and Its Work, vol. 1 (London:
Church Mission Society, 1899), 82. Atualmente, apesar de ter muitos missionários disponíveis, a CMS não pode operar na
Coreia do Norte ou na Arábia Saudita, por não ter acesso sustentável a estes locais específicos.
9 Elijah J. F. Kim, The Rise of the Global South: The Decline of Western Christendom and the Rise of Majority World Christianity
(Eugene, OR: Wipf & Stock, 2012).
10 Samuel Scobar, Changing Tides: Latin America and World Mission Today (New York, NY: Orbis Books, 2002).
11 Philip Jenkins, The Next Christendom: The Coming of Global Christianity (New York, NY: Oxford University Press, 2007).
12 James S. Dennis, Harlan P. Breach, and Charles H. Fahs, eds., World Atlas of Christian Missions: Containing a Directory of
Missionary Societies, a Classified Summary of Statistics, an Index of Mission Stations, and Showing the Location of Mission
Stations throughout the World (New York, NY: Student Volunteer Movement for Foreign Mission, 1911), 81–102.
13 Conrad Hackett and Brian J. Grim, Global Christianity: A Report on the Size and Distribution of the World’s Christian Population (Washington, DC: Pew Research Center’s Forum on Religion & Public Life, 2011), 71–78.
14 Office of Archives, Statistics and Research, Annual Statistical Report, 9–27.
15 G. T. Ng, “Missão Adventista: Um cenário em mudança.” Foco na Pessoa 2, no. 4 (dezembro de 2013): 6–15.
16 Wagner Kuhn, “Você está preparado e pronto?” Foco na Pessoa 3, no. 4 (2014): 6.
17 Herbert Boger, “Missionários para o mundo”. Foco na Pessoa 3, no. 3 (2014): 4.
18 Ibid., 4.
19 “General Conference of the Seventh-day Adventists, General Conference Proceedings: Seventeenth Meeting (Battle Creek,
MI: Review & Herald, 1889), 141, 142.
20 Barry David Oliver, “Principles for Reorganization of the Seventh-day Adventist Administrative Structure, 1888–1903: Implications for an International Church” (PhD diss., Andrews University, 1989), 40–65.
21 Gordon Doss, “Structural Models for World Mission in the Twenty-First Century: An Adventist Perspective”, Andrews University Seminary Studies 43, no. 2 (2005): 303.
22 Bruce Bauer, “Congregational and Mission Structures and How the Seventh-Day Adventist Church Has Related to Them”
(DMiss diss., Fuller Theological Seminary, 1983).
23 Youth With A Mission é uma organização inter-denominacional missinária com mais de 18 mil voluntários em mais de 1.100
localidades de ministério em mais de 189 países. Eles capacitam mais de 25 mil missionários voluntários anualmente.
24 Pierson, The Dynamics of Christian Mission, 30.
25 Ibid., 30.
SILVANO BARBOSA
O pastor Silvano Barbosa é professor de ensino superior no UNASP-EC e é o editor da
revista Foco na Pessoa. Graduou-se em Teologia no IAENE em 1998 e concluiu o mestrado em Teologia Pastoral no UNASP, em 2010. Atualmente, está cursando PhD em
Missão e Ministério na Andrews University. Foi pastor distrital por cinco anos nas
associações Paulista Leste e Mineira Sul. Também atuou no sul de Minas como
Secretário Ministerial e departamental de Publicações por três anos. Em seguida,
serviu por quatro anos como departamental de Ministério Pessoal e Escola Sabatina nas associações Norte Paranaense e Paulista Central. É casado com a enfermeira Lea Sampaio, com quem tem dois filhos, Davi e Liz.
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Por Gabriel Stein de Servi
NUMCI
N
o Centro Universitário Adventista de São Paulo, Campus Engenheiro Coelho (Unasp-EC), férias também é sinônimo de missão. No último mês de julho, os estudantes desenvolveram 8 projetos em
7 países diferentes: Albânia, Brasil, Espanha, Índia, Moçambique, Peru, Uruguai. Aqui estão mais
detalhes sobre dois desses projetos.
Missionários do Unasp-EC participam de evangelismo comemorativo dos 100 anos da missão Lago Titicaca
Como um dos projetos do Núcleo de Missões e Crescimento de Igreja (Numci), no último mês de julho, 20 voluntários se dispuseram a viver o amor de Deus no Peru. Durante 15 dias estiveram divididos na cidade de Puno,
nas ilhas de Amantani e Taquile para testemunhar e prestar serviços à comunidade. A região do Lago Titicaca
recebeu a mensagem adventista em 1916. Neste ano de
comemorações, o grupo de estudantes brasileiros pode
contribuir com essa história centenária de missão.
Os jovens realizaram uma escola cristã de férias,
deram aulas de higiene e cuidados pessoais nas ilhas,
e ainda ajudaram a melhorar o meio ambiente em parceria com a prefeitura. Um dos rios da cidade de Puno
foi limpo durante a missão. Um destaque foi a doação
produtos de higiene pessoal, brinquedos e Bíblias aos
habitantes das ilhas. O grupo também fortaleceu o treinamento missionário em cinco igrejas adventistas em
regiões diferentes da cidade
Com tantas ações o impacto do projeto gerou repercussão na imprensa local. Os líderes da missão
participaram de programas informativos na televisão
em canal aberto e também em jornais impressos. “Tivemos a chance de falar sobre as oportunidades que
o Unasp-EC proporciona para quem quer se envolver
com trabalhos voluntários, e como isso tem mudado a
vida de muitos alunos”, diz Adriel Moraes, estudante de
engenharia e um dos líderes da missão no Peru.
“Minha visão de missão era sair da minha zona de
conforto e fazer alguma coisa que pudesse ajudar alguém”, explica Luma Danguy, uma das voluntárias. A
estudante de direito entendeu que isso não é tudo. Estar no campo missionário, se abrir ao desconhecido e
às necessidades do local e das pessoas, exige sensibilidade; algo que só é adquirido com a orientação de
Deus.
Essa troca de experiências entre brasileiros e peruanos foi positiva para o reavivamento da igreja local.
Quem diz isso é Yudita Flores, jovem peruana que esteve com os missionários durante todo o período da viagem. “A semente da missão foi plantada e agora estamos empolgados para dar nosso melhor”, declara. De
acordo com Adriel Moraes, a expectativa é de que nos
próximos anos as igrejas e escolas adventistas no país
continuem a crescer. “Espero que Jesus volte antes de
completarmos mais 100 anos; mas enquanto isso, que
as pessoas do Peru continuem com o desejo de espalhar e viver a mensagem”, conclui.
Link para matéria da prefeitura de Puno sobre o grupo do Numci:
https://www.facebook.com/numci/posts/125580743
1110640?notif_t=like&notif_id=1472133678778639
Universitários adventistas dedicam as férias em
missão na Europa
Outros grupo de jovens estudantes cruzou o oceano Atlântico para uma viagem de missão na Espanha.
Durante 21 dias no tradicional, e secular país europeu, eles realizaram várias atividades pelas cidades de
Puerto Santa Maria, Estepona e Huelva.
Com ênfase em campanhas de saúde, aconteceram
três exposições a fim de atender as comunidades e também criar pontes de relacionamentos para as igrejas
locais. Recentemente, o assunto tem ganhado grande
destaque no país, e serviu como ponto de partida para o
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O casal médico-missionário Edson Jara (à dir.) e Andrea Jara (vestido preto).
trabalho dos missionários. Ao todo,
eles conseguiram contatar mais de
200 pessoas, sendo que algumas
decidiram aprofundar os estudos
com encontros contínuos.
Ações comunitárias em parceria
com a Agência de Desenvolvimento e Recursos Humanos (ADRA),
muitas visitas, pregações e treinamentos nas igrejas locais também
foram outras atividades que entraram na agenda de atividades dos
missionários.
Davi Cabanha, que teve a oportunidade de liderar o projeto, diz que a
viagem serviu para lhe mostrar mais
uma vez que a missão é de Deus e
que o controle está sempre em suas
mãos. Estudante de teologia, ele e
a esposa passaram o ano de 2015
como missionários na Espanha.
Durante esse período, aprenderam
muitas coisas do país e das pessoas,
inclusive que a pregação do evangelho é um grande desafio.
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As feiras de saúde são fundamentais para missões em países secularizados.
“É muito comum se deparar
com chineses, romenos, brasileiros, búlgaros, marroquinos e vários outros em uma simples caminhada na praça”, conta. Tamanha
diversidade cultural exige que o
missionário tenha bastante flexibilidade para saber apresentar a
mensagem do evangelho de maneira relevante para cada uma das
culturas. Quanto ao secularismo,
Cabanha entende que nada pode
ser mais forte do que o poder de
Deus. É por isso que apesar das
dificuldades, ainda existem histórias como a de Daniel Paulet.
Ex-adventista, o romeno apresentava as típicas características de um jovem europeu atual.
Morava com os pais e trabalhava
para sustentar um estilo de vida
de festas. Curiosamente, foi justamente ele que recebeu o casal de
missionários em 2015. Apesar das
constantes conversas e convites
para ir com eles a igreja ou pelo
menos dar um pouco de espaço
para a mensagem de Deus em sua
vida, ele sempre recusara.
Até que no último dia dos missionários no país, o jovem decidiu
aparecer e participou de uma reunião informal na casa de um dos
irmãos da igreja. Qual não foi a
surpresa de Cabanha ao descobrir depois pelo pastor local que
Paulet continua fazendo parte de
todas essas reuniões e firmou sua
vida nos caminhos de Deus.
É por experiências assim que
Cabanha faz um convite para todos que sonham em ser missionários também. “Em muitos lugares do mundo existe carência de
dinheiro e outros bens. Na Espanha, existe carência de amizade,
relacionamento e amor. Por isso,
a todos que tem o desejo de trabalhar ali, ou em lugares parecidos, eu peço que se lancem nesse
caminho com um espírito de amor
e comunhão com Deus, e milagres
serão realizados”.
(à esq.) Os missionários Walter Lisboa, Giancarlo Ferrari e Davi Cabanha respectivamente.
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Jubran | Devianart
Por Antônio Pires, D.Min.
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TEOLOGIA DA MISSÃO
N
uma noite de dúvida sincera, Adriano, um morador da cidade de Florianópolis, no sul do Brasil,
questionou a Deus sobre qual era o verdadeiro caminho para a salvação.1 Ele havia aprendido através
da Bíblia que existia somente um caminho de vida e ele tinha dúvidas sobre o que isso significava.
Naquela mesma noite, ele teve um sonho em que lhe foi mostrada uma igreja ainda em construção
em uma localidade da sua cidade. No sonho, ele entrou na igreja pelos fundos e deparou-se com um
piano. Logo que entrou na nave da igreja, uma pessoa de óculos o convidou a entrar e conversou com
ele. Ele acordou, mas aquilo o incomodou, levando-o a procurar o local visto no sonho. Ao chegar no local, a porta
de acesso estava fechada, levando-o a entrar pela porta do fundo. Assim como no sonho, ele se deparou com o
piano logo que entrou na igreja e com a pessoa de óculos que o convidou a entrar. Aquele incidente o levou a tomar
uma decisão de estudar a Bíblia e posteriormente decidir-se pelo batismo.
Jair Oliveira foi espírita desde sua infância.2 Recebeu este legado dos seus avós e pais, e passou esse
legado aos seus filhos. Ele administrava cinco grandes
centros espíritas no sul do Rio de Janeiro. Uma noite,
ele teve um sonho que mudou toda sua vida. Viu um
grande mar de águas e uma ponte sobre ele. Seguiu
a ponte até um ponto em que ela terminou e, no fim
dela, viu um homem com um livro que desapareceu
nas águas. Ele buscou nos santos do espiritismo uma
resposta para o seu sonho, mas nada obteve. Em outra
ocasião viu o mesmo homem do sonho anterior que o
levou até uma sala do centro espírita e mostrou muitas
imagens nas paredes. O homem perguntou a Jair o que
elas significavam e ele respondeu que aqueles eram os
santos para os quais ele sempre rezava. O homem disse
então para ele que aquelas imagens não eram de santos e sim de demônios. Jair, irado, quando olhou para o
homem, já tinha desaparecido.
Ele ficou muito apreensivo por algum tempo, pois
será que ele por tanto tempo tinha adorado demônios?
Certo dia ele ouviu uma voz que lhe falou: Você quer
saber mesmo onde você está? Então, leve a Bíblia e coloque diante deles. Sua esposa foi a uma biblioteca e
emprestou trinta e seis Bíblias, e quando ele as colocou
diante dos membros do centro espírita e disse a eles
para estudarem aquilo para saberem por que eles estavam ali, todos correram do lugar. Jair tomou naquele
dia a decisão de não ser mais espírita. Várias igrejas o
procuraram naquela semana para que ele se tornasse membro de uma delas, mas ele dizia que Deus iria
mostrar aonde ele iria. Certo dia, duas pessoas estavam
procurando um lugar para fazer uma série de evangelismo no período da Semana Santa. Eles encontraram o
irmão Jair e o convidaram para assistir o evangelismo.
Ele aceitou e, hoje, ele e seus familiares são líderes da
Igreja Adventista que frequentam.
Uma forma da revelação de Deus
Sonhos no hebraico, ֲ‫( םֹול‬halom); no grego ὄναρ
(onar) ἐνυπνιάζομαι, (enipniazonai) ou ἐνύπνιον (enipnion);
e visões no hebraico, ‫( ןֹוזָח‬chazon); no grego, ὅραμα (horama), ὀπτασία (optasia) ou ὅρασις (horasis); foram sempre uma maneira de Deus se revelar. “Parece que ‘sonho’
designa o estado dormente de receptividade profética, e
‘visão’, o segmento individual dentro do sonho”3.
Os termos “sonho” e “visão” às vezes são usados
como sinônimos. “Sonho” salienta algo visto enquanto uma pessoa está dormindo, enquanto “visão” realça
“uma aparência”, “uma visão” ou “algo visto”. A visão
pode vir em um sonho à noite (Dan. 2:19; cf. Atos 12:9),
caso em que qualquer desses termos poderia descrever corretamente a experiência (veja Isa. 29:7). Em Joel
2:28 e Atos 2:17, os dois termos aparecem em paralelismo poético e são provavelmente sinônimos.4
Um exemplo disso é o que acontece em Daniel 7:1-2,
ao o profeta relatar que teve “um sonho e visões ante
seus olhos, quando estava no seu leito”. Portanto, “as
circunstâncias em que as visões reveladoras vieram
aos videntes da Bíblia são variadas. Elas vieram em horas de vigília dos homens (Dn 10: 7; Atos 9: 7.); de dia
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(Atos 10: 3) ou de noite (Gn. 46:
2). Mas as visões tinham ligações
estreitas com o estado de sonho
(Núm. 12:6; Jó 4:13)”5.
Os sonhos podem se encaixar
em duas categorias: (1) Sonhos comuns, que são aqueles que as pessoas têm normalmente enquanto
dormem e (2) Sonhos que são resultado da revelação de Deus, através
dos quais Deus revela Sua vontade
aos homens.6 Este tem sido, pelo
que parece expresso pelo apóstolo Paulo, o modo que o Senhor se
revelou “muitas vezes e de muitas
maneiras” (Heb. 1:1). Dessa forma,
quando o Senhor chamava um profeta para dar uma mensagem ao
Seu povo, Ele lhes falava por sonhos
e visões (Núm. 12:6-8). Assim, o ser
humano que não podia encarar a
Deus face a face, recebia a revelação da vontade divina que era salvífica em sua natureza.
[
Revelação De Deus No AT Em Sonhos E Visões
No início do livro de Gênesis, encontramos o ser humano perfeito e podendo falar com Deus face a face. No mesmo livro, com o advento do pecado,
o mesmo ser humano está perdido, pecador e fugindo de Deus. O pecado
separou o Criador de sua amada criatura e criou um abismo imenso no qual
que não mais seria possível a comunicação direta entre Deus e o homem
(Êxo. 33:20). O Senhor, no entanto, sai em busca do casal pecador e depois
também procura se comunicar com seus descendentes. Deste modo, encontramos Jacó recebendo em sonhos uma revelação divina de proteção e cuidado através de uma escada que unia a Terra ao céu, instruções do manejo
de suas ovelhas e um chamado para voltar à sua terra (Gên 28:12; 31:10-13).
Quando Labão, seu sogro, sai ao encalço dele para lhe fazer mal, o Senhor
dá um sonho a ele não permitindo que nenhum mal fosse feito a Jacó (Gên
31:24). Deste modo, “o não haver ele levado a efeito o seu plano hostil foi
devido ao fato de que Deus mesmo interviera em proteção de Seu servo”.7
Vemos José recebendo sonhos que, apesar de gerar descontentamento
nos irmãos, eram a revelação de Deus da forma como Ele protegeria os filhos
de Israel em um momento crítico de fome sobre a terra (Gên. 37:1-11). Na
história de José, vemos como o Deus missionário protegia Seus escolhidos e
os direcionava no cumprimento da missão. Outro sonho significativo ainda no
AT foi dado a Salomão (1 Reis 3:4), quando este pede a Deus sabedoria para
poder guiar o seu povo. No período de Salomão, Deus se fez conhecer entre
as outras nações, inclusive com uma visita de uma rainha da Etiópia, a rainha
de Sabá, (1 Reis 10:1) que glorificou ao Deus do Céu por tudo que tinha visto
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LeSoldatMort | Devianart
O Deus missionário protegia José...
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Miguel Coimbra | Devianart
[BABILÔNIA [
em Israel. (1 Reis 10:9). O povo de
Deus estava cumprindo a missão de
atrair (missão centrípeta) as pessoas à adoração do verdadeiro Deus.
“O AT reconhece que, seja qual
for a origem de um sonho, ele pode
se tornar um meio pelo qual Deus
se comunica com os homens, sejam elas israelitas (1 Reis 3:5) ou
não-israelitas (Gên. 20:3),”8 Assim
como aconteceu com Labão, mesmo pessoas que não faziam parte do
povo da aliança foram visitadas pela
revelação divina, como Abimeleque,
rei de Gerar, que depois de levar
Sara para sua casa, após Abraão
ter mentido em relação a ela ser
sua esposa, apesar de serem meio
irmãos. Deus falou a Abimeleque
em um sonho que ele morreria. Por
ele temer a Deus e devolver Sara
a Abraão, Deus foi misericordioso
com o rei (Gên. 20:1-18).
Ainda outros, assim como este
rei receberam sonhos com conteúdo de revelação divina, como o padeiro e o copeiro no Egito no tempo
de José, que ao interpretar o sonho
deles, revelou a morte do padeiro e
absolvição do copeiro e sua reintegração ao serviço do faraó (Gên.40).
O próprio sonho duplo do faraó
que predizia sete anos de fartura
e sete anos de fome (Gên. 41:1-36)
foi dado por Deus tendo em vista o
cumprimento dos planos de Deus
para José, mas em um contexto
mais amplo, o Senhor estava enca-
minhando Seu povo e protegendo-o a fim de que ele cumprisse sua missão
sobre a Terra. O sonho revelador dado ao soldado midianita no livro de Juízes revela como Deus usou aquele fato para encorajar Gideão a ter fé e coragem a fim de levar o povo de Deus à vitória (Jz.7:13-14). Algo impressionante
é que o próprio colega do soldado midianita interpreta o sonho, assegurando
a Gideão que Deus estava no controle. Há ainda o relato dos sonhos de Nabucodonosor; o primeiro com implicações eternas, mostrava o destino das
nações, inclusive o reino de Babilônia (Dan. 2) e o segundo sonho do rei que
tinha a ver com sua própria vida. “Em misericórdia, Deus deu ao rei outro
sonho, para adverti-lo do perigo em que estava e do engano a que tinha sido
levado para sua ruína”9. Aquele sonho possibilitou Daniel fazer um apelo de
arrependimento e confissão dos pecados, (Dan. 4:27). Ao ouvir palavras de
Daniel, os juízos de Deus sobre o rei foram retardados por algum tempo,
mas o orgulho do rei fez com que o que fora predito a respeito dele se cumprisse. Assim, ao final de sete anos o rei se restabelece e “numa proclamação pública ele admitiu a sua culpa, e a grande misericórdia de Deus em sua
restauração”10. A revelação por meio de um sonho a Nabucodonosor, sem
dúvida, gerou o seu arrependimento final e conversão ao Senhor.
O outrora orgulhoso rei tinha se tornado um humilde filho de Deus; o
governante tirânico e opressor se tornara um rei sábio e compassivo. Aquele
que tinha desafiado o Deus do Céu e dEle blasfemado, reconhecia agora o
poder do Altíssimo e fervorosamente procurou promover o temor de Jeová
e a felicidade dos seus súditos. Ele reconheceu Jeová como o Deus vivo.11
O monarca babilônico reconheceu a soberania de Deus dizendo: “Eu, Nabucodonosor, louvo, exalto e glorifico ao Rei do Céu, porque todas as Suas
obras são verdadeiras, e os Seus caminhos, justos, e pode humilhar aos que
andam na soberba” (Dan. 4:37). Aqui está claro o cumprimento de um propósito maior de Deus através da sua revelação a Nabucodonosor: o de salvá-lo.
Podemos ver que a revelação de Deus através de sonhos e visões no AT tem
o fim de proteger, educar e salvar Seu povo. Eles foram dados a fim de que a
missão de Deus através de Israel pudesse alcançar seu êxito final. Em casos
como estes relatados na Bíblia, somente uma abordagem intencional e de forma
sobrenatural tinha capacidade de mover os corações e alcançar seu propósito
naquele tempo e lugar. A revelação de Deus através de sonhos e visões desde
os seus primórdios sempre esteve conectada com a missão, pois foram sempre
uma ação intencional do Senhor para proteger Seus eleitos, conduzindo-lhes a
cumprir Seu propósito maior. Assim, ao se revelar, Deus de fato o faz com o objetivo salvar o ser humano ou de dar um objetivo salvífico à sua vida.
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Revelação De Deus No NT Em Sonhos E Visões
O NT tem poucas referências diretas aos sonhos. Cinco
desses momentos acontecem no princípio da vida de Jesus e estão inseridos nos dois primeiros capítulos do livro
de Mateus. Começa com Deus protegendo Seu Filho ao
dar um sonho a José, revelando-lhe que na gravidez que
ele notara em sua esposa, o ser “gerado é do Espírito Santo” (Mat. 1:18). Em seguida, os magos recebem orientação
de Deus através de sonho para não voltar com informações do lugar onde estava Jesus a Herodes, pois este intentava fazer mal ao menino (Mat. 2:12). José ainda recebe
um sonho para fugir para o Egito, pois Herodes, frustrado
porque os magos não voltaram com informações, enviou
seus soldados para matar as crianças com menos de dois
anos (Mat. 2:13), e por fim, após a morte de Herodes, José
recebe novamente um sonho avisando-lhe para voltar à
terra de Israel, pois já estavam mortos os que tentavam
fazer mal à criança (Mat. 2:19, 22)
Nos Evangelhos, os sonhos/visões normalmente apresentam uma irrupção do divino na experiência humana, oferecendo algum tipo de revelação para o(s) destinatário(s).
Eles fornecem imagens vívidas que descrevem Deus agindo dentro das cenas da história humana, e evocam um
sentido mais amplo de Deus agindo por trás das cenas da
história humana.12
Deus nunca age ao acaso e, ao enviar uma revelação
através de sonhos e visões, Ele demonstra estar no controle da história humana. Todas as coisas acontecem dentro do Seu nível de permissão e Ele age para que o Seu
plano redentivo cumpra o seu papel.
Assim como no AT, no NT Deus se comunica com Seu
povo, mas não está limitado a revelar Sua vontade somente ao povo judeu. A mulher de Pilatos recebe um comunicado divino por meio de um sonho em que lhe é revelado
que Jesus Cristo não era um malfeitor como diziam seus
acusadores. “A mulher de Pilatos não era judia, mas ao
olhar a Jesus, durante o sonho, não tivera dúvidas de Seu
caráter e missão”.13 Ela envia um comunicado a Pilatos:
“Não te envolvas com esse justo; porque hoje, em sonho,
muito sofri por seu respeito” (Mat. 27:19).
No princípio do livro de Atos, Lucas argumenta que os
últimos dias haviam chegado e usa a profecia de Joel 2:2832, na qual Deus promete derramar o Espírito Santo sobre
toda carne. Aqui Deus usa todas as pessoas (vs. 17 e 18)
para levar a salvação a todos (v. 21). Os meios usados para
alcançar este fim são os dons que o Espírito Santo reparte
com todos como Lhe apraz (1 Cor. 12:11). Neste pródigo
derramamento do Espírito Santo, Deus daria sonhos e visões aos Seus filhos para que, por fim, todo aquele que
invocar o nome do Senhor fosse salvo. Pedro, ao repetir
a profecia de Joel, pregou veementemente no poder do
Espírito e quase três mil pessoas foram batizadas. Os últimos dias haviam chegado e Deus começava a derramar
o poder do Espírito Santo, conforme havia sido prometido
por Jesus antes de subir ao céu (Atos 1:8).
[
[
CENTURIÃO
CORNÉLIO
Uma nova fase missionária estava começando,
quando sinais e prodígios acompanhariam os que cressem para um processo de ir ao mundo. Nesse ambiente
Deus envia uma mensagem a um homem temente a
Deus, porém um centurião romano. Seu nome era Cornélio; ele vê em visão um anjo que vem para revelar o
caminho da salvação.
Posto que Cornélio cresse nas profecias e estivesse
esperando a vinda do Messias, não tinha conhecimento do evangelho como foi revelado na vida e morte de
Cristo. Não era membro da igreja judaica e teria sido
considerado pelos rabinos com um gentio e imundo.
Mas o mesmo santo Vigia que dissera de Abraão: “Eu
o tenho conhecido”, conhecia também Cornélio, e lhe
enviou uma mensagem direta do céu.14
Cornélio envia seus homens para buscar Pedro, conforme a orientação do anjo na visão e estes partem de
Cesaréa até Jope para buscarem a Pedro. No dia seguinte, Pedro recebe uma visão de um lençol que descia do
céu com toda sorte de animais, limpos e imundos. Através deste meio extraordinário, Deus agiu para que os preconceitos à pregação do evangelho aos gentios fossem
eliminados e a comissão dada aos Seus discípulos pudesse ser realizada. É significativo o fato de Pedro receber a visão nessa cidade. Foi em Jope que Jonas, quando
Deus o chamou para ir a Nínive para pregar a uma nação
que estava fora da aliança, tomou um navio indo na direção oposta à ordem de Deus “agora, esse Simão, filho
de Jonas, na mesma cidade de Jope, ouve o chamado
enviando-o além dos limites do povo de Israel”15.
Se Deus não tivesse dado esta revelação a Pedro,
possivelmente ele não teria ido com os mensageiros,
tal foi a forma como ele se apresentou na casa de Cornélio (Atos 10:27-29). A visão dada por Deus preparou
a igreja para deixar os limites da Judeia e Samaria e
atravessar as fronteiras para inundar o mundo com o
evangelho. Assim, novamente o uso de sonhos e visões
não está limitado ao povo de Deus. O Senhor usa deste
meio para trazer pessoas ao Seu reino. Ele também usa
deste meio para dirigir os Seus servos no cumprimento da missão, como conduziu Pedro, e mesmo quando
conduziu Paulo a mudar sua rota de pregação e entrar
na Europa com a proclamação do evangelho (Atos 16:9);
para confortar Seus servos que estão sendo martirizados (Atos 7:55,56); para motivar e inspirar os filhos de
Deus na realização da missão (Atos 18:9-11).
Sonhos e Visões na Proximidade do Retorno de Jesus
“Os acontecimentos do Pentecoste eram apenas um
cumprimento parcial da previsão de Joel, que ‘atingirá
seu pleno cumprimento na manifestação da graça divina que acompanhará a obra do evangelho.’”16
Deus nunca esteve limitado pelas circunstâncias.
Ele planeja suas ações na Terra e quando o ser humano, chamado por Ele, se vê diante de impossibilidades
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para dar prosseguimento à tarefa, o Senhor abre janelas que inundam a missão com novas perspectivas.
Como foi no Pentecoste, assim também será no tempo
próximo ao Seu retorno à Terra.
Diante deste espectro, podemos entender a quantidade de histórias que inundam a internet de pessoas
que tomaram sua decisão de servir a Jesus através de
experiências extraordinárias envolvendo sonhos e visões. Muitos destes fatos estão acontecendo num dos
territórios mais hostis à pregação do evangelho. “Nos
últimos anos, tem sido divulgada uma profusão de testemunhos de muçulmanos em países fechados para o
Evangelho que têm se entregado a Cristo após experimentarem revelações sobre Jesus, seja através de
sonhos ou de visões”17. Em um desses momentos, um
xeique, líder espiritual e de grande influência entre os
muçulmanos, recebeu três visões. Nas três visões foi
relatada a mesma mensagem: “os Adventistas do Sétimo Dia são o verdadeiro Povo do Livro (um termo do
Corão, designando os seguidores de Alá, que não são
muçulmanos). Os Adventistas já são o povo de Deus,
por isso, não tente convertê-los. Ao contrário, trabalhe
com eles”18. O xeique entrou em contato com os adventistas e convidou-os a virem ao seu país para ensinar a
mensagem aos seus. O Espírito Santo de Deus tem feito a obra que seria impossível aos homens, mas assim
como nos tempos bíblicos, Deus não fará a obra que
cabe aos Seus filhos fazer.
Conclusão
Como está expresso na Bíblia, Deus está agindo para guiar Seus filhos e, ao mesmo tempo, da
mesma forma que enviou revelações a pessoas que não faziam parte do Seu povo escolhido, nestes
últimos dias Ele tem agido para encaminhar pessoas sinceras ao evangelho. A intensidade com que
estes fatos tem acontecido revelam não uma ação casual, mas uma atitude intencional da parte de
Deus para agir onde existem deficiências ou mesmo falhas humanas.
Quando o preconceito e as limitações dos discípulos impediam que eles continuassem a cumprir o
propósito de Deus na realização de Seu propósito, levando seus mensageiros aos “confins do mundo”,
o Senhor enviou uma visão a Pedro, um líder da igreja, mas enviou também uma visão a Cornélio. O
anjo não fez uma classe bíblica com Cornélio, o que pareceria mais eficiente, mas enviou-o a Pedro em
Jope. “O anjo não foi incumbido de contar a Cornélio a história da cruz. Um homem sujeito a fragilidades e tentações humanas, como o centurião mesmo, deveria ser aquele que lhe contaria a respeito do
Salvador crucificado e ressuscitado”19.
No Pentecoste, o apóstolo Pedro disse que “nos últimos dias” Deus agiria com poder para concretizar Sua obra sobre a Terra. Estes últimos dias estão diante de nós e o Seu poder tem se manifestado
para cumprir Sua missão aqui. A operação maravilhosa de Deus tem demonstrado que os “últimos
dias” chegaram.
ANTÔNIO PIRES
O pastor Antônio Pires é pastor distrital na Associação Paulista Central. Serviu como
pastor distrital e Departamental em Associações das Uniões Central e Sudeste. Ele
é Doutor em Teologia Pastoral pelo UNASP.
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NOTAS
1 Mariana Conrado, Testemunho Adriano - Chamado por Deus através de um sonho (Florianópolis, SC. 28 de março de 2013),
https://goo.gl/sRpW3M (acessado em 3 de abril de 2016).
2 Arilton Oliveira, Do espiritismo ao adventismo (Rio de Janeiro, 2011), https://www.youtube.com/watch?v=vAzrD-lWoYw
(acessado em 12 de abril 2016).
3 R. Laird Harris, Gleason L. Archer, and Bruce K. Waltke, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento (São Paulo:
Edições Vida Nova, 1998), 473.
4 Don F. Neufeld, ed., Seventh Day Adventist Dictionary, with the collaboration of Julia Neuffer and Thomas A. Davis, 9 vols.,
vol. 8 (Review and Herald, 1960), 279.
5 Thomson, J. G. S. S., ed., New Bible Dictionary: “Vision” with the collaboration of D.R.W. Wood (Leicester, England, Downers
Grove, IL: InterVarsity Press, 1996), 1227.
6 Harris, Archer and Waltke, Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento, 473.
7 Ellen G. White, Patriarcas e profetas, 16ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2003), 193.
8 Thomson, J. G. S. S. and J. S. Wright, eds., New Bible Dictionary: “Dream” with the collaboration of D.R.W. Wood (Leicester,
England, Downers Grove, IL: InterVarsity Press, 1996), 281,
9 Ellen G. White, Profetas e Reis, 8ª ed. (Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1996), 515,
10 Ibid., 520,
11 Ibid., 521,
12 J. B. F. Miller, ed., Dictionary of Jesus and the Gospels: “Dreams and Visions”, with the collaboration of Joel B. Green, Jeannine K. Brown, and Nicholas Perrin, 2ª ed. (Downers Grove, IL, Nottingham, England: IVP Academic, 2013), 218,
13 Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações, com colaboração de Isolina A. Waldvogel, 22ª ed (Tatui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2005), 732,
14 Ellen G. White, Atos dos apóstolos, 5ª ed. (Tatui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 1986), 133,
15 Justo L. Gonzalez, Atos, o evangelho do Espírito Santo (São Paulo: Editora Hagnos, 2011), 163,
16 Francis D. Nichol, ed., Comentário Bíblico Adventista do Sétimo Dia; A Bíblia sagrada com comentário exegético e expositivo
(Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011), 1045, ver também Ellen G. White, O grande conflito: Entre Cristo e Satanás,
42a ed. (Tatui, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2004), 11,
17 Nova Vida em Amor, Sonhos e visões levam mais de 1 milhão de muçulmanos a Cristo (Nova Vida em Amor, 2015), http://
novavidaemamor.com/?p=2123 (acessado em 04 de abril de 2016).
18 Willian G. Johnsson, “Adventistas e muçulmanos: cinco convicções: Como construir sobre o que temos em comum,” Adventist
World (fevereiro de 2010), http://goo.gl/wPLqmB (acessado em 20 de abril de 2016).
19 Ellen G. White. Atos dos apóstolos.
BIBLIOGRAFIA
GONZALEZ, Justo L. Atos, o evangelho do Espírito Santo. São Paulo: Editora Hagnos, 2011.
HARRIS, R. Laird, Gleason L. Archer, and Bruce K. Waltke. Dicionário internacional de teologia do Antigo Testamento. São Paulo:
Edições Vida Nova, 1998.
JOHNSSON, Willian G. “Adventistas e muçulmanos: cinco convicções: Como construir sobre o que temos em comum.” Adventist World
(fevereiro de 2010), http://goo.gl/wPLqmB (acessado em 20 de abril de 2016).
Mariana CONRADO. Testemunho Adriano - Chamado por Deus através de um sonho. Florianópolis, SC., 28 de março de 2013,
https://goo.gl/sRpW3M (acessado em 3 de abril de 2016).
MILLER, J. B. F., ed. Dictionary of Jesus and the Gospels: “Dreams and Visions”. With the collaboration of Joel B. Green,
Jeannine K. Brown, and Nicholas Perrin. 2ª ed. Downers Grove, IL, Nottingham, England: IVP Academic, 2013.
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NICHOL, Francis D., ed. Comentário bíblico Adventista do Sétimo Dia: A Bíblia sagrada com comentário exegético e expositivo.
Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira, 2011.
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THOMSON, J. G. S. S., ed. New Bible Dictionary: “Vision” With the collaboration of D.R.W. Wood. Leicester, England, Downers
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WHITE, Ellen G. O desejado de todas as nações. With the collaboration of Isolina A. Waldvogel. 22ª ed. Tatui, SP: Casa Publicadora
Brasileira, 2005.
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