Catálogo - Coisa de Cinema

Transcrição

Catálogo - Coisa de Cinema
Apoio:
GOVERNO DA BAHIA E
APRESENTAM
100 ANOS WALTER DA SILVEIRA
Realização:
Patrocínio:
Apoio financeiro:
O CINEMA
NO CENTRO
Itaú de Cinema - Glauber Rocha
28.10 Espaço
Sala Walter da Silveira
a 4.11 Cine Theatro Cachoeirano
Um Panorama
para celebrar!
Nos primeiros anos da década de 90 não havia dinheiro
para nada. Para ficar no campo do cinema, quase não produzíamos filmes e as salas de projeção estavam desaparecendo. Das 3.276 salas em 1975, restavam apenas 1.033 em
1995. Naquela época, desejar trabalhar com cinema soava
como piada, algo vergonhoso e quase impossível. Na mentalidade geral, os brasileiros não eram bons o suficiente
para fazer filmes. Filosofar era com os alemães e fazer cinema com róliudi.
O ano de 1995 marca o início da retomada da nossa produção. Nem o mais otimista, naquele momento, poderia imaginar que passados vinte anos o nosso cinema estaria tão
diverso e vigoroso. Estamos produzindo como jamais, sendo que uma nova geração de longa-metragistas foi capaz
de dar passos largos no sentido de reconquistar tanto o
prestígio internacional perdido bem como a crítica do nosso próprio país. O parque exibidor cresceu e já ultrapassa as
três mil salas de cinema. Em 2014, 114 filmes nacionais foram lançados comercialmente contra apenas 14 em 1995.
Mas há muito ainda para avançarmos! As salas de cinema
precisam sair dos xópings, retornar à periferia e ao interior do país. Temos que investir na preservação e difusão da
nossa memória e na formação dos nossos realizadores (realizar cinema não se restringe ao diretor, que fique claro).
O nosso maior desafio está em fazer com que o grande público brasileiro se interesse e vá aos cinemas para conferir a
nossa belíssima produção. Praticamente não existe no país
o chamado “filme médio”, aquele que consegue fazer entre 100 mil e um milhão de espectadores. A verdade é que
mais de 70% dos filmes nacionais lançados em 2014 não ultrapassaram a marca dos dez mil espectadores e isso é realmente um problema.
É a maior questão do cinema nacional, hoje. Nenhum passe de mágica será capaz de resolver, pois se trata de algo ligado diretamente ao modelo de educação básica do país,
aliado aos altos investimentos dos grandes estúdios que
pautam o desejo do público.
Sentimo-nos um ator privilegiado para contar a história
desses últimos vinte anos, pois o “Coisa de Cinema” surgiu
em 1995 e desde então vem atuando em diversos segmentos do cinema. Da critica para a exibição e realização de filmes. São vinte anos pensando e vivendo de cinema, com
muito orgulho e alegria.
Mas, em 2015, há ainda uma data mais importante a ser
lembrada: Walter da Silveira completaria 100 anos de idade, caso estivesse vivo. E a ele dedicamos o XI Panorama.
Doutor Walter, como era chamado, não foi “apenas” importante para Glauber Rocha, Orlando Senna, Othon Bastos, Helena Ignez e todos os interessados em cinema nos
anos 50 e 60 na Bahia. Humanista e apaixonado pelo cine-
ma, Walter da Silveira formou toda uma geração através,
sobretudo, do Clube de Cinema da Bahia. Walter da Silveira
é um dos pioneiros na elaboração do pensamento em torno do cinema nacional e devemos muito a ele!
Na tradição dos ideais e da paixão de Walter da Silveira pelo
cinema, o Panorama desse ano traz retrospectivas, filmes
novos do país e do exterior, promove encontros, discussões
e debates em torno do cinema. São curtas e longas que reafirmam, como já dito, a excelente fase do cinema no Brasil e
no mundo. Será uma grande festa!
Um grande festival a todos!
Cláudio Marques e Marília Hughes
“Walter da Silveira completaria
100 anos de idade, caso
estivesse vivo. E a ele
dedicamos o XI Panorama.”
Índice
05 Júri Competitiva Nacional
06 Filmes Competitiva Nacional
13 Júri Competitiva Baiana
14 Filmes Competitiva Baiana
19 Júri Competitiva Internacional
20 Filmes Competitiva Internacional
26 Panorama Brasil
33 Panorama Italiano
34 Mostra Clássicos Franceses
38 Mostra ONS de Cinema Brasileiro
40 Retrospectiva Werner Schroeter
44 Panorama Internacional
46 Matinê Clube de Cinema da Bahia
48 Seminário 100 anos Walter da Silveira
50 Sessão Especial Roberto Pires
51 Mostra Ensino de Cinema
na Bahia: Um Panorama
52 Panorama de Animação
54 Comissão de Curadoria
55 PanLab III - Laboratório
de Roteiros do Panorama
56 Oficina de Assistência de Direção
57 Oficina de Escrita Crítica
58 Oficina de Sound Design
como Sonoridade Total
59 Oficina Infantil CINEMIN –
O Centro tem Histórias
60Equipe
3
Competitiva
Nacional
CURTAS
A Festa e os Cães, de Leonardo Mouramateus
À Parte do Inferno, de Raul Arthuso
Em Paz, de Clara Linhart
Feio, Velho e Ruim, de Marcus Curvelo
Fuja dos Meus Olhos, de Felipe Bragança
História de uma Pena, de Leonardo Mouramateus
Ifá, de Leonardo França
Mar de Fogo, de Joel Pizzini
Meio Fio, de Denise Vieira
Muros, de Fabricio Ramos e Camele Queiroz
O Homem que Virou Armário, de Marcelo Ikeda
Outubro Acabou, de Karen Akerman e Miguel Seabra Lopes
Quintal, de André Novais Oliveira
Rapsódia para o Homem Negro, de Gabriel Martins
Tarântula, de Aly Muritiba e Marja Calafange
Virgindade, de Chico Lacerda
LONGAS
Aspirantes, de Ives Rosenfeld
Boi Neon, de Gabriel Mascaro
Mate-me Por Favor, de Anita Rocha da Silveira
Olmo e a Gaivota, de Petra Costa e Lea Glob
O Prefeito, de Bruno Safadi
Para Minha Amada Morta, de Aly Muritiba
Seca, de Maria Augusta Ramos
TROPYKAOS, de Daniel Lisboa
Júri
Arne Kohlweyer
Arne Kohlweyer nasceu em
1981 e cresceu em Berlim. Após
terminar seus estudos em direção
cinematográfica na FAMU, em
Praga, realizou vários curtasmetragens e dirigiu para a televisão
alemã. É membro da Associação
de Roteiristas da Alemanha
(VDD) desde 2010 e participante
do Torino Film Lab. Atualmente
coordena o Script Station laboratório de desenvolvimento
de roteiros da Berlinale Talents.
Também trabalha como chefe de
desenvolvimento da produtora
42film GmbH, sediada em Halle/
Saale, com foco em coproduções
internacionais.
Bernard Payen
Bernard Payen é
programador da
Cinematheque Francaise,
em Paris. Foi curador e
coordenador da comissão
de curtas-metragens da
Semana da Crítica (Festival
de Cannes) entre 2005
e 2013. Dirigiu os curtas
Reminiscence (2006), Portrait
of the french filmmaker
Damien Odoul (2009), Mister
H (2014, filmado no Brasil).
Ele também é responsável
pela curadoria de curtas para
o Olhar de Cinema – Festival
Internacional de Curitiba.
José Geraldo
Couto
4
José Geraldo Couto é crítico de
cinema, jornalista e tradutor.
Trabalhou durante mais de vinte
anos na Folha de S. Paulo e três na
revista Set. Publicou, entre outros
livros, André Breton (Brasiliense),
Brasil: Anos 60 (Ática) e Futebol
brasileiro hoje (Publifolha).
Participou com artigos e ensaios
dos livros O cinema dos anos 80
(Brasiliense), Folha conta 100 anos
de cinema (Imago) e Os filmes que
sonhamos (Lume), entre outros.
Escreve regularmente sobre cinema
para a revista Carta Capital e
mantém uma coluna de cinema no
blog do Instituto Moreira Salles.
5
Fuja dos
Meus Olhos
Competitiva
Nacional
Curtas
A Festa
e os
Cães
de Leonardo
Mouramateus
CE, 25’, Cor,
Digital, 2015
À noite eles se
juntam em bando,
como se fossem
um pelotão que
tivesse desertado
de uma mesma
parte, para este
pedaço de bairro
no subúrbio de
Fortaleza.
À Parte
do Inferno
de Raul Arthuso
SP, 23’, Cor,
Digital, 2015
O céu é só um
disfarce azul do
inferno.
Em Paz
de Clara Linhart
RJ, 22’, Cor,
Digital, 2014
Em 1916, uma
associação de
prostitutas judias
vindas da Europa
do Leste funda
seu próprio
cemitério no
Rio de Janeiro.
Hoje, ele está
desativado.
Feio,
Velho
e Ruim
6
de Marcus Curvelo
BA, 8’, Cor,
Digital, 2015
Joder tenta fazer
uma selfie.
de Felipe Bragança
RJ/Alemanha, 33’,
Cor, Digital, 2015
“Eles veem um homem
negro e pensam que é
um leão.” Documentário
e imagens ficcionais se
misturam para contar
as memórias e sonhos
de três refugiados
de guerra vivendo
acampados em uma
praça no coração de
Berlim.
História
de uma Pena
de Leonardo
Mouramateus
CE, 30’, Cor,
Digital, 2015
Um professor espera
a chegada dos alunos
atrasados. Longe dali,
um jovem casal acorda
entre as árvores. São dez
e quinze da manhã. Eu
sei com que fúria bate o
teu coração.
Ifá
de Leonardo
França
BA, 20’, Cor,
Digital, 2015
Um filme
feito a
partir de um
jogo de búzios.
Um filme
como jogo,
um jogo como
filme.
Mar de Fogo
de Joel Pizzini
RJ, 9’, P&B, 2014
Mar de Fogo é um filmeensaio experimental
sobre as pulsões
inventivas de Mário
Peixoto, autor de Limite
(1930), um clássico do
cinema mudo. O filme
recria livremente a
visão do cineasta, ao
conceber sua obraprima, evocando ainda
uma sequência delirante
de seu futuro filme.
7
Meio
Fio
de Denise Vieira
DF, 20’, Cor,
Digital, 2014
Relatos de uma mulher
varada no amor.
Muros
de Fabricio Ramos e
Camele Queiroz. BA, 25’,
Cor, Digital, 2015
Um fotógrafo percorre
favelas de Salvador e
relaciona aspectos sociais
e arquitetônicos das
favelas brasileiras às suas
vivências em campos de
refugiados palestinos,
revelando pontos em
comum entre populações
com diferentes condições
de vida marcadas por
conflitos sociais, políticos
e econômicos. O encontro
com as pessoas e seus
hábitos revela também
uma forma de riqueza
que surge através do
duplo jogo de registro
com imagens fixas e em
movimento.
O Homem que
Virou Armário
de Marcelo Ikeda
CE, 22’, Cor, Digital, 2015
A história de um
funcionário que, tão
obcecado pelas tarefas
rotineiras e mecânicas
de seu ambiente de
trabalho, um dia acaba
se transformando
num dos armários da
repartição. Uma colega de
trabalho, que sempre foi
apaixonada por ele, tenta
bolar uma estratégia para
trazê-lo de volta à vida.
Outubro
Acabou
8
de Karen Akerman e
Miguel Seabra Lopes
RJ, 24’, Cor, Digital, 2015
Além do indômito desejo
de realizar as enormidades
que o tentavam, nada
mais dentro dele era
sagrado.
Quintal
de André
Novais Oliveira
MG, 20’,
Cor, Digital,
2015
Mais um
dia na vida
de um casal
de idosos
da periferia.
Rapsódia para
o Homem
Negro
de Gabriel Martins
MG, 24’, Cor, Digital,
2015
Odé é um
homem negro.
Seu irmão, Luiz, foi
espancado até a morte
durante um conflito
em uma ocupação
de Belo Horizonte. O
filme utiliza alegorias
e simbolismos para
contextualizar
as relações
políticas, raciais, de
ancestralidade e
urbanização no mais
recente cenário social
brasileiro.
Tarântula
de Aly Muritiba
e Marja Calafange
PR, 20’, Cor,
Digital, 2015
No casarão mora
uma família
religiosa e
aparentemente
incompleta: uma
mãe e suas duas
filhas. Até que
uma aparição
perturbadora vem
colocar as coisas em
seu devido lugar.
Virgindade
de Chico Lacerda
PE, 16’, Cor,
Digital, 2015
Se pudesse, eu
voltaria a ser
uma criança, só
pra poder fazer
mais do que eu
já fiz quando era
pequena!
9
O Prefeito
Competitiva
Nacional
Longas
Aspirantes
de Ives Rosenfeld
RJ, 75’, Cor,
Digital, 2015
“Aspirantes” conta a
história de Júnior,
jovem jogador de
futebol, e do que ele
é capaz de fazer movido
pela inveja por Bento,
seu melhor amigo,
e o mais talentoso
jogador da equipe.
Boi Neon
de Gabriel Mascaro
PE, 101’, Cor, Digital, 2015
Enquanto limpa os rabos dos bois
no curral, Iremar cultiva seu desejo
de ser estilista e de trabalhar na
indústria de confecção de roupas.
Movido pelas transformações
econômicas aceleradas da região,
o filme narra de forma sensorial e
impactante a dimensão corpórea
de homens e animais em meio ao
universo surreal do agronegócio.
Mate-me Por Favor
de Anita Rocha da Silveira
RJ, 104’, Cor, Digital, 2015
Barra da Tijuca, Zona Oeste do
Rio de Janeiro. Uma onda de
assassinatos invade o bairro. O que
começa como uma curiosidade
mórbida se apodera cada vez mais
da vida dos jovens habitantes. Entre
eles, Bia, uma garota de 15 anos.
Após um encontro com a morte, ela
fará de tudo para ter a certeza de
que está viva.
Olmo e a Gaivota
10
de Petra Costa e Lea Glob
SP, 82’, Cor, Digital, 2015
A travessia pelo labirinto da psique
de Olivia, atriz que vive uma gravidez
de risco durante a preparação
da peça A Gaivota, de Tchekov.
Mergulhados nesses dois planos, ela
e seu companheiro Serge sentem
rapidamente desaparecer o limite entre
realidade e ficção.
de Bruno Safadi
RJ, 70’, Cor,
Digital, 2015
O Prefeito da
cidade do
Rio de Janeiro
quer entrar
para a história.
Para tanto, decide
separar o Rio de
Janeiro do Brasil
e fundar um
novo país.
Para Minha
Amada Morta
de Aly Muritiba
PR, 115’, Cor, Digital, 2015
Fernando é um bom
homem que cuida do seu
filho único, Daniel, um
menino tímido e sensível.
Depois da morte de Ana,
sua esposa, todas as
noites Fernando recorda
o seu amor, arrumando
as coisas de sua amada
morta. Um dia ele
encontra uma fita VHS,
que mudará tudo.
Seca
de Maria Augusta Ramos
RJ, 87’, Cor, Digital, 2015
Como um road movie,
“Seca” acompanha um
carro-pipa através do
sertão brasileiro, região
vítima da seca. Entre
a ficção e o documentário,
a viagem registra um
povo forte, lutando
para sobreviver em sua
rotina diária, enquanto as
promessas estéreis dos
políticos parecem passar
longe daquelas terras áridas.
TROPYKAOS
de Daniel Lisboa
BA, 82’, Cor, Digital, 2015
Guima, um jovem poeta burguês, tenta
interagir com a cidade, fazer parte dela,
mas parece não ter corpo para isso. É
o verão mais caloroso dos últimos 50
anos e os raios “ultraviolentos” estão
por toda parte. O Sol é a metáfora maior
de um sistema violento que adormece e
agride a todos. Na beira do que pode ser
o último dos carnavais, Guima enfrenta
a cidade e a si mesmo buscando a
iluminação no trópico caótico.
11
Competitiva
Baiana
Alegoria da Dor, de Matheus Vianna
A Loucura Entre Nós, de Fernanda Fontes Vareille
Ana, de Camila Camila
Argentina, Me Desculpe, de Leandro Afonso
Eu, Travesti?, de Leandro Rodrigues
Fardo, de Rafael Jardim
Faz-se Filmes, de Violeta Martinez
Haram, de Max Gaggino
O Amor dos Outros, de Deo
Retomada, de Leon Sampaio
Ritual Pam Pam Pam, de Ramon Coutinho
Sandrine, de Elen Linth e Leandro Rodrigues
Santo de Casa, de Lorena Sales e Murilo Deolino
Sujeito Oculto, de Amanda Gracioli
Júri
Edson Secco
Edson Secco é artista sonoro. Com formação em Música, Tecnologia e Cinema, atua
como músico, produtor, compositor e Sound Designer. Ganhador de 3 prêmios
de Melhor Desenho de Som (Brasília, 2010 e 2013, Gramado 2013), compôs a
sonoridade dos longas “Paulina (La Patota)”, de Santiago Mitre, vencedor de melhor
filme no festival de Cannes em 2015, “LYGIA CLARK”, de Daniela Thomas, “Com
Os Punhos Cerrados”, de Ricardo Pretti, “Dominguinhos”, de Joaquim Castro e
Mariana Aydar, “ELENA”, de Petra Costa, “Depois da Chuva”, de Cláudio Marques e
Marília Hughes, “JARDS” e “Transeunte”, de Eryk Rocha, “Éden” e “O Uivo da Gaita”
e “O Prefeito”, de Bruno Safadi, “Exilados do Vulcão” e “Diário de Sintra”, de Paula
Gaitán, “Terras”, de Maya Da-Rin, e os curtas “Vaticano”, de Walter Salles, “Version
Française”, de Maya Da-Rin, produzido pelo Le Fresnoy, e “Olhos de Ressaca”, de
Petra Costa. Como músico e performer participou do Share Festival-2012 em New
York City, da companhia Quarto Physical Theater (Suécia) nas performances Waste
in Process I, II e III (Suécia e Brasil). Atualmente integra o duo de música eletrônica
NU (Naked Universe) ao lado da cantora Ligiana Costa. No teatro compôs trilhas
originais para os espetáculos Um Circo de Rins e Fígados, Asfaltaram a Terra, Terra
em Trânsito e Rainha Mentira, de Gerald Thomas, O Ovo e a Galinha e Brincar de
Pensar, contos de Clarice Lispector, e para o espetáculo de dança Nijinski Casamento
com Deus e RÓZA, onde também foi performer. Produziu as instalações sonoras das
exposições Zuzu Angel (Ocupação Zuzu), Rogério Sganzerla (Ocupação Sganzerla),
Lina Bo Bardi (Munique), Lygia Clark (MOMA NY), Panos (Sesc Sp), Miguel Chikaoka
(H2Olhos) e Paula Gaitán (Imagem da Imagem), Oscillatorium da performer IngerReidun Olsen, Noruega, e a trilha sonora da performance Heart 192 em Barcelona.
Participou expondo obras inéditas para a mostra Noises in the Void, em Barcelona e
Londres e também para a 5a Bienal de Arte de Marrakech.
Hernani Heffner
Hernani Heffner é graduado em Comunicação Social – Habilitação em Cinema
pela Universidade Federal Fluminense. Entrou como pesquisador contratado para
a Cinédia Estúdios em 1986, passando 13 anos na companhia, primeiro como
pesquisador e depois como responsável pelo acervo de filmes. A partir de 1996
assumiu o trabalho de restauração dos principais títulos da companhia, como “O
Ébrio”, “Alô, Alô, Carnaval” e “Berlim na Batucada”. No mesmo ano passou a trabalhar
como Curador de Documentação e Pesquisa da Cinemateca do Museu de Arte
Moderna do Rio de Janeiro, transferindo-se três anos mais tarde para o Arquivo de
Filmes da instituição, onde atua até a atualidade como Conservador-chefe. A partir
de 2000 passou a atuar como professor de História do Cinema e de Preservação de
Filmes, tendo passado pelas seguintes instituições de ensino: Universidade Federal
Fluminense, Estácio de Sá, Cândido Mendes, Fundação Getúlio Vargas, CineTVParaná e Usina João Donato. Desde 2005 dá aulas no curso de Comunicação Social da
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. É autor de inúmeros artigos para
revistas, catálogos e livros, além de mais de cem verbetes da Enciclopédia do Cinema
Brasileiro (Editora Senac, várias edições). Participou de dezenas de debates, oficinas
e cursos livres. Foi curador das Mostras Raízes do Século XXI, Miragens do Sertão,
A Tela Aberta e Cinédia 75 Anos, realizadas na Caixa Cultural e no Centro Cultural
Banco do Brasil do Rio de Janeiro. É curador dos Festivais Cine Música e Mostra de
Cinema de Ouro Preto – CineOP – Temática Preservação.
Larissa Figueiredo
12
Larissa Figueiredo nasceu em Brasília. Estudou Letras na UnB; Teoria do Cinema
na França e Artes Visuais/Cinema na Suíça, onde teve aulas com artistas como
Miguel Gomes, Albert Serra e Apichatpong Weerasethakul. “O Touro”, seu
primeiro longa-metragem, recebeu o prêmio do Visions Sud Est Fund e teve sua
estreia mundial no 44º Festival Internacional de Cinema de Roterdã. Larissa
se dedica atualmente ao desenvolvimento de seu segundo longa-metragem,
“Agontimé”, que será filmado entre o Brasil e o Benim, na África. O projeto deste
filme passou por diversos laboratórios nacionais e internacionais e recebeu o
Prêmio Sublimage no FIDLab 2015.
13
Argentina,
Me Desculpe
Competitiva Baiana
Filmes
Alegoria
da
Dor
de Matheus
Vianna
BA, 13’,
Cor, Digital,
2015
Um ensaio
sobre a dor
movido pela
memória.
A Loucura
Entre Nós
de Fernanda
Fontes Vareille
BA, 76’, Cor,
Digital, 2015
Quais os limites da
nossa sanidade? O
que nos define como
normais? “A Loucura
Entre Nós” lança
um olhar sobre os
corredores e grades de
um hospital psiquiátrico,
buscando personagens
e histórias que
revelem as fronteiras
do que é considerado
loucura. Através,
principalmente, de
personagens femininas,
o documentário exala
as contradições da
razão, nos fazendo
refletir nossos
próprios conflitos,
desejos e erros.
Ana
14
de Camila Camila
BA, 21’, P&B,
Digital, 2015
Indícios, fragmentos
de vida que
me compõem.
Histórias familiares,
especialmente as
que identifico-me
enquanto mulher.
A memória é um
instrumento de ficção.
de Leandro Afonso
BA, 20’, Cor, Digital, 2015
Após várias decepções
em Copas do Mundo,
uma tragédia maior que
todas elas. Enquanto
relembra os últimos quatro
anos, Pilar, argentina,
tenta reencontrar Sofia,
brasileira.
Eu,
Travesti?
de Leandro
Rodrigues
BA, 6’, Cor,
Digital, 2014
Um corpo e
uma voz
nus diante
do mundo.
Fardo
de Rafael Jardim
BA, 17’, P&B,
Digital, 2015
Garota precisa
abdicar de sua
vida para cuidar
da avó debilitada.
Duas mulheres
amarguradas
vivendo uma relação
de amor e ódio.
Faz-se Filmes
de Violeta Martinez
BA, 99’, Cor, Digital, 2015
“Faz-se Filmes” é um projeto
itinerante que propôs
percorrer onze cidades do
interior da Bahia, oferecendo
o serviço de produção de
filmes em curta-metragem
à população de pouco
acesso a produção de
cinema e cultura digital. O
projeto buscou incentivar e
possibilitar todo e qualquer
cidadão a criar e ampliar a
sua produção econômica
e/ou artística, a partir das
propostas de filmes que
foram apresentados em cada
localidade pelas pessoas que
solicitaram o “Faz-se Filmes”,
mobilizando comunidade e
equipe em prol do incentivo
à cultura e preservação da
identidade local.
15
Retomada
de Leon Sampaio
BA, 19’, Cor,
Digital, 2015
Primeiro povo a
fazer contato com os
portugueses no Brasil,
os Tupinambá lutam
atualmente pelas terras
que os fazendeiros
tomaram no início do
século passado. O filme
investiga o processo de
resistência dos índios
da Serra do Padeiro,
território liderado
pelo Cacique Babau.
Desde que Babau virou
cacique, os índios
retomaram mais de
cinquenta fazendas
e lutam dia a dia pela
sobrevivência.
Haram
de Max Gaggino
BA, 13’, Cor, Digital,
2015
Salwa é uma imigrante
muçulmana que fugiu
da guerra na Palestina
e se refugiou na Bahia
junto ao marido, Farid.
Recém-chegada em
Salvador e ainda se
sentindo fora de lugar,
Salwa conhece sua
vizinha, Felícia, uma
menina de dez anos que
mora a poucos metros
da muçulmana. As duas
logo se envolvem em
um intercâmbio cultural.
Através de conversas
desinibidas, a inocente
Felícia faz perguntas
que qualquer adulto
teria receio de fazer.
O Amor
dos Outros
16
de Deo
BA, 111’, P&B, Digital,
2015
“O amor dura o tempo
que precisar [...] o amor
dos outros nunca vai
ser menor que o nosso”.
Junior, um jovem de 30
anos, estagnado e sem
perspectiva na vida, vai
sendo conduzido por
amores flagelados.
Ritual Pam
Pam Pam
de Ramon Coutinho
BA, 4’, P&B, Digital, 2014
No território Caiataia,
tribos sociais se organizam
regularmente em rituais
sonoros que reproduzem
o “Pam-pam-pam”
ou “Canto dos deuses
furiosos”. Através de
enormes caixas de som
em veículos automotores,
milhares de pessoas
participam com danças e
bebidas, buscando elevar
os prazeres carnais e
espirituais.
Sandrine
de Elen Linth e
Leandro Rodrigues
BA/AM, 12’, Cor,
Digital, 2015
Entre as aulas de
matemática e a
relação conturbada
com a mãe,
Sandrine espera
na fila de um
hospital.
Santo
de Casa
de Lorena Sales e
Murilo Deolino
BA, 18’, Cor,
Digital, 2015
Durante o dia, dois jovens
participam das ocupações
religiosas da paróquia
de Assunção. À noite,
vasculham os arredores
sombrios da pequena
cidade. Contudo, a luz do
lampião que carregam
em suas saídas noturnas
não é suficiente para
desobscurecer suas
intenções.
Sujeito Oculto
de Amanda Gracioli
BA/Inglaterra, 12’,
Cor, Digital, 2014
Alfred carrega durante o
fim da sua vida apenas
o automático tráfego da
rotina onde o tempo lhe
escapa o controle e só lhe
resta a vida dos outros e
um punhado memórias.
17
Competitiva
Internacional
CURTAS
A Dez Prédios de Distância Ten Buildings Away, de Miki Polonski
Agora Livre Libre Maintenant, de Pierre Liebaert
Aïssa, de Clément Tréhin-Lalanne
Baile de Família Bal de Famille, de Stella di Tocco
Biston Betularia, de Ive Machado
Despedida, de Tiago Rosa-Rosso
Enfrentar Animais Selvagens Enfrentar Animales Salvajes, de Jerónimo Quevedo
O Bebê The Baby, de Ali Asgari
O Fim da Terra The End of the Earth, de A.P. Holmes
O Inferno de Beatriz El Infierno de Beatriz, de Marcos Migliavacca
Ouça Listen, de Hamy Ramezan e Rungano Nyoni
Um Souvenir da Suíça A Souvenir From Switzerland, de Sorayos Prapapan
LONGAS
Aqui, em Lisboa, de Denis Côté, Dominga Sotomayor, Gabriel Abrantes e Marie Losier
Minha Irmã Magricela My Skinny Sister, de Sanna Lenken
O Homem Congelado El Hombre Congelado, de Carolina Campo Lupo
Per Amor Vostro, de Giuseppe Gaudino
Rabo de Peixe, de Joaquim Pinto e Nuno Leonel
Vlog, de Bruno Pavic
Júri
Adriano Oliveira
Graduado em Psicologia
pela Universidade Federal
da Bahia (1998), possui
mestrado e doutorado em
Teorias e Crítica da Literatura
e da Cultura pelo Instituto
de Letras da Universidade
Federal da Bahia (2006), com
enfoque em análise fílmica. É
professor do curso de Cinema
e Audiovisual da Universidade
Federal do Recôncavo da
Bahia (UFRB) e atualmente
pesquisa a manipulação
digital da imagem e os
processos de pós-produção e
finalização em audiovisual.
Gel Santana
Gel Santana, nativa de Salvador,
é formada em estética e
cosmética pela Universidade
Estácio FIB. Ela atua como
maquiadora para cinema,
foto, teatro e vídeo, e assinou
a caracterização de produções
recentes como “A Coleção
Invisível”, “Os Magníficos” e
“Amores Insensatos”. Desde
2010, ela é sócia-diretora da
Santa Luzia Filmes, que produz
curtas-metragens (“Alagados”,
“O Príncipe Encantado”)
e longas-metragens de
ficção (“A Coleção
Invisível”) de documentários
(“Sem Descanso”).
Rodrigo Luna
18
Rodrigo Luna é diretor, editor,
roteirista e assistente de
direção. Já realizou diversos
videoclipes, documentários,
videodanças e, agora,
os curtas-metragens
“Arremate” (ficção, 2012),
“Jessy” (documentário, 2013,
codirigido por Paula Lice
e Ronei Jorge) e “Menino
da Gamboa (ficção, 2014,
codirigido por Pedro Perazzo).
É palhaço, tem uma banda,
a Capitão Cometo e os
Formidáveis Ladrões de
Parafina da Terra do Nunca
Extreme, e preferia estar
jogando videogame em vez
de escrever sobre ele.
19
Competitiva
Internacional
Curtas
A Dez
Prédios
de Distância
Ten Buildings Away
de Miki Polonski
Israel, 25’, Cor,
Digital, 2015
Um prédio de quatro
andares no centro de uma
cidade. Perto dali existe
um viaduto tomado pelo
tráfego pesado de carros e
caminhões. Atrás da janela
mais à esquerda do último
andar vivem dois irmãos,
uma mãe e um pai. Uma
família que, talvez, nunca
teve o direito de existir.
Agora
Livre
Libre Maintenant
de Pierre Liebaert
Bélgica, 11’, Cor,
Digital, 2014
Os modelos que
responderam ao seu
anúncio quiseram
posar na intimidade, de
portas fechadas, como
se o encontro com esse
fotógrafo sobre o qual não
nada sabiam fosse a única
coisa pela qual esperavam.
Aïssa
20
de Clément
Tréhin-Lalanne
França, 8’, Cor,
Digital, 2014
Aïssa é congolesa e
atualmente reside
ilegalmente em território
francês. Ela diz ser
menor de idade, mas as
autoridades acreditam
que ela tenha mais de 18
anos. Para determinar
sua permanência ou não
no país, um doutor deve
realizar um exame físico.
Baile de
Família
Bal de Famille
de Stella di Tocco
França, 23’, Cor,
Digital, 2015
Hoje, Julie é
forte. Ela é
independente.
Ela pode voltar
para casa. Sua
família está lhe
esperando, eles a
amam: sua mãe,
seu irmão, sua
irmã... e seu pai.
Biston
Betularia
de Ive Machado
Portugal, 13’, Cor,
Digital, 2015
A espécie de
mariposas
cientificamente
conhecida como
Biston Betularia
é o mais clássico
exemplo das
teorias evolutivas
de Charles Darwin,
que as divide entre
pretas e brancas.
Mas as mariposas
não são o tema
desse filme.
Despedida
de Tiago Rosa-Rosso
Portugal, 14’, Cor,
Digital, 2015
Três amigos
estão na praia. É
o último dia de
verão e a Lua está
surgindo. Um deles
decide segurar
a respiração até
a Lua aparecer
completamente no
horizonte.
21
Enfrentar
Animais
Selvagens
O Inferno
de Beatriz
Enfrentar
Animales Salvajes
de Jerónimo
Quevedo
Argentina, 7’,
Cor, Digital,
2014
A Miss Chile 1985
foi sequestrada
por Tarzan, rei
da selva e
expoente
máximo da
Frente Patriótica
Manuel
Rodríguez,
grupo armado
que combatia
a ditadura
de Augusto
Pinochet.
El Infierno de Beatriz
de Marcos Migliavacca
Argentina, 16’, Cor,
Digital, 2015
Uma jornada
fantasmagórica pela
mente e sentimentos
de uma diretora de
teatro (a dramaturga
Beatriz Catani) durante
a complicada montagem
de uma peça. O risco
e a impossibilidade de
controle, junto com a
natureza efêmera do
teatro e a inevitabilidade
da morte que interrompe
o amor, compõem
essa paisagem sonora
dantesca onde a voz
íntima de Beatriz percorre
um caminho melancólico.
O Bebê
Ouça
The Baby
de Ali Asgari
Irã/Itália, 16’,
Cor, Digital,
2014
Narges e sua
amiga tem
apenas poucas
horas para
achar alguém
para cuidar de
seu bebê por
alguns dias.
O Fim
da
Terra
The End
of the Earth
de A.P. Holmes
Austrália, 7’,
Cor, Digital, 2014
A pequena
peregrinação
de uma
assistente
de direção
entre um ator
relutante e
uma equipe
impaciente,
enquanto o
dia termina,
bem nos
confins da
terra.
Listen
de Hamy Ramezan
e Rungano Nyoni
Dinamarca, 12’,
Cor, Digital, 2014
Uma estrangeira vestindo
burca, acompanhada do
filho, vai até uma delegacia
em Copenhague para fazer
uma denúncia contra seu
marido abusivo. Mas a
tradutora encarregada
parece relutar em traduzir
o verdadeiro significado
de suas palavras. Um
filme duro e tenso sobre
isolamento cultural e
ignorância burocrática.
Um Souvenir
da Suíça
A Souvenir From
Switzerland
de Sorayos Prapapan
Tailândia, 13’, Cor,
Digital, 2015
O curta-metragem de
Sorayos foi convidado para
uma exibição na Suíça.
Lá, ele coincidentemente
encontrou um amigo,
diretor afegão, que se
transformou em refugiado.
Sorayos então volta para a
Tailândia e decide relatar
sua história.
23
Per Amor Vostro
Competitiva
Internacional
Longas
Aqui, em Lisboa
de Denis Côté, Dominga
Sotomayor, Gabriel Abrantes
e Marie Losier
Portugal, 90’, Cor, Digital, 2015
Tudo sobre Lisboa. Quatro
histórias na mesma
velha cidade. Diferentes
personagens procuram
por um lugar próprio na
cena urbana lisboeta, se
questionando sobre os
sonhos mais selvagens.
Muitas vezes, o inusitado
pode reconfigurar sua
própria cidade.
Minha Irmã
Magricela
My Skinny Sister
de Sanna Lenken
Suécia/Alemanha, 95’,
Cor, Digital, 2015
Ao mesmo tempo em que
Stella entra na excitante fase
da adolescência, ela descobre
que Katja, sua irmã mais
velha, esconde um transtorno
alimentar. Um problema
que, lentamente, começa a
desagregar aquela família. Uma
história sobre ciúme, amor
e traição, contada com calor
humano, profundidade e riso.
O Homem
Congelado
24
El Hombre Congelado
de Carolina Campo Lupo
Uruguai, 83’, Cor, Digital, 2014
Um grupo de soldados
atravessa o oceano até a
Antártida. Eles tem que levar
provisões para uma base
científica e sua jornada é longa
e cheia de perigos. Quando
os marinheiros alcançam seu
destino, a paisagem tornase dominante e os homens
começam a desaparecer
lentamente na neve.
de Giuseppe Gaudino
Itália/França, 110’,
Cor/P&B, Digital, 2015
Anna foi uma criança confiante e
corajosa. Hoje, perto dos 50, ela
vive obcecada pelos problemas
de sua família: a dificuldade
financeira dos pais idosos, seu
irmão desempregado e Arturo,
seu outro irmão surdo-mudo.
Para se abster dos inúmeros
conflitos familiares que
explodem dentro de sua casa,
Anna vive em um mundo triste,
suspensa entre o bem e o mal.
Em suas visões, um mar denso e
revolto cresce enquanto nuvens
negras circundam sua cabeça.
Sua vida ganha cor quando um
ator aparece, fazendo Anna
enfim se sentir amada. Prêmio
de Melhor Atriz no Festival de
Veneza 2015.
Rabo de Peixe
de Joaquim Pinto
e Nuno Leonel
Portugal, 103’, Cor,
Digital, 2015
A pesca industrial em escala
planetária esgota os oceanos.
Rabo de Peixe, pequena
comunidade dos Açores onde
a pesca artesanal constitui
há muito tempo a principal
atividade econômica, atravessa
dificuldades. Pedro, um jovem
pescador em início de carreira,
enfrenta os desafios da vida
no mar. Durante um ano, este
filme, rodado entre 1999 e
2001 e terminado na versão dos
autores em 2015, documenta
a sua determinação, e da sua
companhia, em permanecerem
livres.
Vlog
de Bruno Pavic
Croácia, 71’, P&B,
Digital, 2014
Oprimido pelo pragmatismo e
pelas imposições do ambiente
de trabalho, Kreso se refugia em
seu vlog, onde compartilha uma
visão positiva sobre a vida. Mas
essa breve fuga da realidade não
evita a sua gradativa alienação
em relação à sociedade, família
e amigos. Impotente, ele é
conduzido irremediavelmente
a um colapso financeiro e
existencial.
25
5 Vezes Chico O Velho e sua Gente
Panorama
Brasil
FILME DE
ABERTURA DO
PANORAMA
Tudo que
Aprendemos
Juntos
de Sérgio Machado
SP, 102’, Cor, Digital, 2015
Laerte é um músico
promissor que sofre uma
crise em plena audição
para uma vaga na Osesp.
Ele perde a chance de
trabalhar na maior orquestra
sinfônica da América Latina
e, frustrado, vai dar aulas
na favela de Heliópolis. Na
escola, cercado por pobreza
e violência, redescobre
a música de forma tão
apaixonada que acaba
por contagiar os jovens
estudantes. “Tudo que
Aprendemos Juntos” é
inspirado na história real
da formação da Orquestra
Sinfônica de Heliópolis e
conta a emocionante saga
de um músico e seus alunos,
que tiveram suas vidas
transformadas pela arte.
de Gustavo Spolidoro, Ana Rieper, Camilo Cavalcante, Eduardo
Goldenstein e Eduardo Nunes
RJ, 90’, Cor, Digital, 2015
Cinco diretores de estilos cinematográficos completamente
diferentes fazem uma jornada afetiva por cada um dos cinco
estados banhados pelo gigante Rio São Francisco. A fé, as
paixões, as lendas e a busca pela sobrevivência nas comunidades
ribeirinhas deste rio cheio de cores que corta o sertão e deságua
no exuberante mar do Nordeste brasileiro.
A Casa sem Separação
de Nathália Tereza
PR, 25’, Cor, Digital, 2015
Mariana e suas primas estão na pequena cidade de
Sertaneja, na noite do velório da avó. No carro onde
passam a noite, a lâmpada interna não desliga.
Action Painting
No. 1 / No. 2
de Krefer & Turca
PR, 7’, Cor, Digital, 2014
Sexo como gesto
criativo mútuo.
A Morte de J.P. Cuenca
de João Paulo Cuenca
RJ, 90’, Cor, Digital, 2015
Em 2008, um cadáver identificado pela polícia com a certidão
de nascimento do escritor João Paulo Cuenca foi encontrado no
esqueleto de um edifício invadido na Lapa. Inspirado nesse fato, o
filme investiga o roubo da identidade do autor num Rio de Janeiro
fantasmagórico e em profunda transformação. Se na ficção e nas
páginas policiais é lugar-comum os vivos roubarem a identidade
dos mortos para começar uma nova vida, o que temos aqui é o caso
oposto: alguém que rouba a identidade de um homem vivo para
morrer em seu lugar.
Aqui Deste Lugar
de Sérgio Machado e Fernando Coimbra
SP, 87’, Cor, Digital, 2015
O documentário mostra o cotidiano de três famílias brasileiras que
participam do Programa Bolsa Família. A partir delas, buscou-se
entender as mudanças que ocorreram no país nos últimos anos.
A Última das Minas
de Larissa Figueiredo e Rafael Urban
PR, 25’, Cor, Digital, 2015
“Esta é a Casa das Minas. O dono da casa é Zomadônu. Como ele
não tem corpo como a gente, eu estou aqui como chefa; mas quem
manda na casa é ele.” Deni Prata Jardim, última vodunsi da Casa
das Minas do Maranhão.
Beira-Mar
de Filipe Matzembacher e Marcio Reolon
RS, 83’, Cor, Digital, 2014
Martin e Tomaz passam um fim de semana imersos
em um universo próprio. Alternando entre distrações
corriqueiras e reflexões sobre suas vidas e sua amizade,
os garotos se abrigam em uma casa de vidro, à beira de
um mar frio e revolto.
27
Big Jato
Futuro Junho
Boa
Morte
Garoto
de Cláudio Assis
PE, 93’, Cor, Digital, 2015
O rito de passagem da juventude que
tem a poesia como guia e a prosa
como guarda. Momento de decisão
entre a dureza agreste de um pai
econômico e a suavidade anárquica
de um tio excessivo: Limpar a merda
do mundo ou provocar a liberdade?
Através das pesadas lentes de seus
óculos e de seus imaturos 15 anos,
Xico premedita o acaso de seu futuro
em uma cidade que flutua no tempo.
de Débora de Oliveira
MG, 13’, P&B,
Digital, 2014
Pode ser um lugar,
uma memória que
ficou e não apaga.
Cidade
Nova
de Diego Hoefel
CE, 14’, Cor, Digital, 2015
João tenta voltar para a
cidade onde nasceu, mas
descobre que ela não
existe mais.
De Terça
pra Quarta
de Victor Costa Lopes
CE, 13’, Cor,
Digital, 2015
Na madrugada,
um garoto, a
cidade e encontros
inesperados.
E.T.ílico
de José Araripe Jr.
e 1berto Rodrigues
BA, 3’, Cor,
Digital, 2014
Um adolescente
de outra galáxia
vive um rito de
passagem na Terra.
Fio-terra
28
de Ian Capillé
RJ, 19’, Cor,
Digital, 2015
Dora e David se
conhecem quando
acordam na
mesma cama.
de Maria Augusta Ramos
RJ, 100’, Cor, Digital, 2015
Semanas antes da Copa do Mundo
2014, quatro trabalhadores em São
Paulo são seguidos pela câmera clínica e
rigorosa de Maria Augusta Ramos. Entre
situações profissionais e momentos
de intimidade, esses personagens da
vida real expõem utopias e desilusões
ao enfrentarem os desafios da maior
metrópole do país. A diretora se detém
na pluralidade de vivências urbanas e
nos paradoxos e contradições típicos da
sociedade brasileira.
de Júlio Bressane
RJ, 76’, Cor, Digital, 2015
Esta estória de amor (surgida no
horizonte pelo conto “O assassino
desinteressado Bill Harrigan”, de
Jorge Luís Borges) se passa em dois
cenários, duas naturezas, diferentes.
Dois jovens se encontram em um lugar
encantado e vivem uma aventura
espiritual e amorosa. Tudo, porém, irá se
transformar, quando inesperadamente,
o garoto comete um crime. O casal
separa-se bruscamente. Um desfecho
inquietante os reunirá ainda outra vez...
Gramatyka
de Paloma Rocha
RJ, 14’, Cor,Digital, 2015
Gramatyka narra a trajetória mítica
de uma mulher presa às sombras
de uma caverna, que ao encontrar a
luz se liberta na dimensão onírica, e
reencontra na ancestralidade feminina
a vitalidade humana.
História de Abraim
de Otavio Cury
SP, 12’, P&B, Digital, 2015
Abraim foi trocado
com uma vaca.
Macapá
de Marcos Ponts
MA, 8’, Cor, Digital, 2015
Foi em São Luís?
Não, em Macapá.
Mais do que eu Possa
me Reconhecer
de Allan Ribeiro
RJ, 72’, Cor, Digital, 2015
Uma solidão de oitocentos metros
quadrados, em que o espelho já não lhe
basta. Um artista plástico descobre na
video-arte uma companheira inseparável.
Darel não gosta de fazer cinema!
29
O Animal Sonhado
de Breno Baptista, Luciana Vieira, Samuel Brasileiro, Rodrigo
Fernandes, Ticiana Augusto Lima e Victor Costa Lopes
CE, 79’, Cor, Digital, 2015
O animal está em movimento, é impossível
segurá-lo. Os corpos vibram, dançam e desejam.
Objetos
de Germano de Oliveira
RS, 16’, Cor, Digital, 2015
Em um antigo apartamento, entre
palavras e objetos, um casal revisita
suas memórias. Enquanto Miguel
tenta iniciar uma importante
conversa, Lorena concentra-se em
um colar de contas.
O Espelho
de Rodrigo Lima
RJ, 64’, Cor, Digital, 2015
Um homem é misteriosamente chamado ao portão de entrada
de uma casa de campo abandonada. Como se ela estava saindo
de um espelho de água, uma mulher emerge da lama no fundo
de um lago. Enquanto eles se aproximam um do outro, um feitiço
é lançado. Juntos, eles experimentam o encanto de alucinação,
memória e sonhos. Reflexos na água irão revelar segredos
ocultos na natureza da alma. O Espelho é uma recriação do conto
homônimo de Machado de Assis.
O Gigantesco Ímã
de Tiago Scorza e Petrônio
PE, 72’, Cor, Digital, 2015
Experimentador científico, artista plástico, inventor. O cotidiano
criativo de Evangelista Ignácio de Oliveira é a matéria-prima
para o documentário “O Gigantesco Ímã”. Rodado no sertão
pernambucano, o filme passeia pelo universo de sua obra,
pensamento e vida e registra o processo de contato de mais de
10 anos entre Evangelista e os realizadores.
Origem do Mundo
de Moa Batsow
RJ, 65’, Cor, Digital, 2015
O filme é um documentário que procura resgatar e mostrar
os registros pré-históricos brasileiros através da cultura
popular, folclórica, lendas ligadas ao assunto e até hoje falta de
conhecimento. Um olhar da origem de nossa história, conduzida
por personagens reais, anciões no interior do Brasil, que mantém
os mitos passados por séculos nos pequenos grupos sociais. E
textos de Bernardo Silva Ramos, um dos pioneiros do registro e
interpretação rupestre no Brasil.
Ralé
30
de Helena Ignez
SP, 73’, Cor, Digital, 2015
Um filme dentro de um filme. Jovens diretores, adolescentes
prodígios, estão filmando “A exibicionista” em uma fazenda numa
região paradisíaca. Barão, personagem de Ney Matogrosso, vive
nessa fazenda, onde irá celebrar seu casamento com o dançarino
Marcelo. O filme investiga poeticamente a alma brasileira,
colocando a Amazônia como epicentro do mundo, refletindo a
respeito de questões existenciais, legitimando o direito à liberdade
e à individualidade sexual. Filme filosófico e musical, livremente
inspirado na peça teatral Ralé, de Maxim Gorki.
Rogério Duarte, o Tropikaoslista
de José Walter Lima
BA, 88’, Cor, Digital, 2015
Filme documentário de longa metragem que mergulha na vida e na obra
de Rogério Duarte, buscando encontrar o indivíduo que existe por trás da
personagem. O documentário visa retratar a trajetória de uma das figuras
seminais das artes e do pensamento brasileiro dos últimos 50 anos. Músico,
compositor, artista gráfico, um dos criadores do Tropicalismo, Rogério sempre
esteve por trás - e sempre à frente - de tudo que havia de mais moderno e
contemporâneo na culturabrasileira nos vitais anos das décadas de 1960 e
1970. Como disse Glauber Rocha a Caetano Veloso, em certa ocasião: “Não
esqueça, Caetano, que por trás de todos nós está Rogério Duarte..ȑ
Sem Título # 1: Dance of Leitfossil
de Carlos Adriano
SP, 5’, Cor, Digital, 2014
O improvável duo de um fado para o saudoso convidado. Justaposição
poética. Aproximação de realidades distantes. Litanias do luto. Espectros
e remanescências da imagem sobrevivente. Musas da memória –
MnemoCyne. Da série “Apontamentos para uma AutoCineBiografia (em
Regresso)”.
Sem Você a Vida é uma Aventura
de Alice Andrade Drummond
SP, 24’, Cor, Digital, 2015
É sexta-feira. Amanda, uma jovem empregada doméstica dos arredores
de São Paulo, planeja passar um final de semana com sua família na praia.
Mas quando sua patroa não retorna pra casa em tempo de Amanda pegar
o ônibus, e enquanto todas as suas expectativas parecem frustradas, ela
encontra um tipo de liberdade que nunca havia experimentado antes.
O Touro
de Larissa Figueiredo
PR, 78’, Cor, Digital, 2015
Quando o Rei Português D. Sebastião perdeu a Batalha de Alcácer Quibir,
seu corpo foi engolido pelas areias do Marrocos e desapareceu. Seu espírito,
no entanto, organizou um exército que passou a explorar novas terras, até
chegar ao Brasil. Na Ilha de Lençóis, no Nordeste do Brasil, Dom Sebastião
fundou seu reino encantado. Ele vagueia na forma de um touro negro, que
tem uma estrela na testa. Um dia, sua filha voltará à ilha, empunhando uma
espada dourada.
Triunfo
de Caue Angeli e Hernani Ramos
SP, 84’, Cor, Digital, 2014
Cinebiografia do pai do hip hop nacional, o documentário remonta a
trajetória de Nelson Triunfo. Nascido no sertão pernambucano, o dançarino,
compositor e ativista social radicado em São Paulo é um dos precursores
da black music no Brasil. Ao bater de frente com a ditadura militar para
fincar as raízes da cultura de rua entre as décadas de 70 e 80, ele se tornou
referência de toda uma geração. O filme traz depoimentos de nomes
consagrados do hip hop nacional e presta um tributo a Nelson Triunfo, que
em 2014 completou 60 anos de uma vida dedicada à arte.
Um Filme de Cinema
de Walter Carvalho
RJ, 111’, Cor, Digital, 2015
As ruínas do Cine Continental, abandonado em pleno Sertão da Paraíba,
servem como base para um filme sobre o cinema, com depoimentos de
Ariano Suassuna sobre as incríveis histórias de sua memória de menino nos
cinemas das cidades do interior, e de realizadores do cinema como Hector
Babenco, Júlio Bressane, Andrew Wajda, Vilmos Zsigmond, Ruy Guerra, Ken
Loach, Béla Tarr e Gus Van Sant, com base nas perguntas: Por que você faz
cinema e para que serve o cinema?
31
Xingu Cariri
Caruaru Carioca
de Beth Formaggini
RJ, 90’, Cor, Digital, 2015
O encontro é nosso ponto
de partida. A troca entre as
chamadas “culturas populares”
e a “cultura pop”. Xingu Cariri
Caruaru Carioca promoverá
um encontro entre mundos
diversos e ao mesmo tempo
confluentes. Carlos Malta vai
buscar as raízes do pife, mas
também perceber as suas
transformações, o seu contexto
e as suas interdependências
com a música contemporânea.
FILME DE
ENCERRAMENTO
DO PANORAMA
Travessia
de João Gabriel
BA, 90’, Cor, Digital, 2015
Roberto, um homem
solitário e infeliz, tem
uma relação conflituosa
com Júlio, o seu único
filho. Após se envolver
em um acidente, ele tem
sua rotina alterada e se vê
obrigado a repensar a sua
vida. Paralelamente, Júlio,
envolvido com o tráfico de
drogas sintéticas, vai sendo
levado por acontecimentos
que vão mudar seus planos,
enquanto busca manter
distância do pai.
Panorama
Italiano
Curadoria: Alberto Iannuzzi
Il Paese Dove gli
Alberi Volano
de Davide Barletti
e Jacopo Quadri
Itália, 87’, Cor, Digital, 2015
Em uma pacata província
dinamarquesa, preparações
são feitas para o aniversário
de 50 anos da Odin Teatret,
companhia que mudou
o panorama do teatro na
segunda metade do século
XX sob o comando de Eugenio
Barba, que diversificou seu
repertório ao fazer intercâmbio
com o teatro feito em diversas
culturas do mundo todo. Dos
mais diferentes pontos do
planeta – Quênia, Bali, Brasil,
Índia, e Europa também –
grupos de crianças, jovens
e artistas vem à cidade de
Holstebro, trazendo energia
para essa celebração, com suas
vozes, músicas e acrobacias,
sempre sob o olhar impetuoso
do diretor. O Odin Teatret não
é apenas uma companhia
teatral; é uma comunidade
atemporal, um fluxo visionário
e intransigente ritmo de
vida, é um emaranhado
de humanidade selvagem
cujo constância, intuições,
paradoxos e horizontes são
carinhosamente examinados
neste filme.
N-Capace
de Eleonora Danco
Itália, 80’, Cor, Digital, 2014
Uma alma atormentada vaga
entre as cidades de Roma e
Terracina, onde seu velho pai
vive. Sofrendo alterações de
humor constantes e rejeições
existenciais, ela perambula
pelo interior, pela costa e
pela cidade com sua cama e
vestindo pijamas. Ela
para apenas para falar
com velhos e adolescentes,
os únicos que despertam
seu interesse.
33
A Grande Ilusão
Mostra Clássicos
Franceses
A França
restaurada
A primeira exibição pública e comercial do cinema aconteceu na França. Desde as pinturas rupestres até as sombras chinesas, esse impulso ancestral em busca das imagens jamais encontrou um meio de projeção tão eficiente
e rentável como o cinematógrafo. Devemos isso aos franceses Auguste e Louis Lumière.
A despeito dos irmãos Lumière, seja por bravata ou irônico tino publicitário, considerarem sem futuro o seu próprio invento, a história provaria o contrário, consolidando
o cinema como a etapa “artística” e derradeira da revolução industrial. Mas, para os franceses, com sua vasta
tradição humanista, religiosa e cultural, tal componente
mercantil, inerente à “sétima arte”, também tinha algo
de incômodo, era quase um pecado original.
Então, eles trataram logo de legitimar o cinema artisticamente, como nenhum outro povo o fizera – basta olhar
para os norte-americanos que consagraram Hollywood o
signo da indústria cinematográfica, sem a menor culpa.
Prova disso é que os primeiros grandes teóricos e defensores do cinema, enquanto expressão artística, são franceses: Louis Delluc, Georges Sadoul, Alexander Astruc e
André Bazin, para citar os mais influentes.
Neste sentido, a redenção do cinema francês, por sua origem comercial, não deixa margem para dúvidas: eles não
apenas criaram as condições de produção para diversas
gerações de importantes cineastas, como foram responsáveis pelo status de autor, que os artistas em atividade
nessa “indústria” alcançaram no mundo inteiro e, sobretudo, nos EUA!
34
Influência e vigor que podem ser atestados na seleção
de filmes que a Cinemateca da Embaixada da França no
Rio de Janeiro traz ao Panorama Internacional Coisa de
Cinema, sob o mote de “Clássicos Restaurados”. Um amplo painel da diversidade e riqueza da cinematografia
francesa, que perfaz de Jean Renoir e seu humanismo
visceral (“A Grande Ilusão”) à tradição do cinema fantástico inaugurada por Méliès (“Viagem à Lua”) e renovada
por Georges Franju em “Os Olhos sem Rosto”, passando pelo realismo poético de “O Demônio da Argélia” (Julien Duvivier) e “O Boulevard do Crime”, de Marcel Carné, exemplos do chamado “filme de qualidade francês”,
que sobreviveram à revisão histórica da Nouvelle Vague, a partir da qual vieram à tona cineastas seminais
para a formação da sensibilidade do cinema moderno,
como Godard, presente na mostra com “O Demônio das
Onze Horas”.
Há ainda no programa revolucionários discretos e solitários. Caso de Robert Bresson, que conferiu ao cinematógrafo uma nova poética em “O Batedor de Carteiras”, ou
seu “falso” seguidor, não menos incompreendido e isolado, o Maurice Pialat de “Van Gogh”.
Pátria da cinefilia, a França, justamente por ter uma indústria cinematográfica, pôde acolher cineastas exilados,
quer sejam por motivos políticos ou artísticos, como o alemão Max Ophüls que, em “Desejos Proibidos” convidou o
também diretor Vittorio De Sica, artífice do neorrealismo
italiano, para atuar como ator nesse drama romântico em
tom de valsa.
Enfim, o reencontro ou descoberta pelas novas gerações
de tal patrimônio audiovisual é o suficiente para redimi-lo de qualquer pecado, inclusive os cometidos pelo cinema francês atual!
por Adolfo Gomes
Crítico e programador
da sala Walter da Silveira
“...a redenção do cinema
francês, por sua origem
comercial, não deixa
margem para dúvidas:
eles não apenas
criaram as condições de
produção para diversas
gerações de importantes
cineastas, como foram
responsáveis pelo status
de autor, que os artistas
em atividade nessa
‘indústria’ alcançaram
no mundo inteiro e,
sobretudo, nos EUA!”
La Grande illusion
de Jean Renoir
França, 108’, P&B, Digital, 1937
Por volta de 1916-1917, num campo de
prisioneiros de guerra na Alemanha,
os franceses Boeldieu, aristocrata,
Maréchal, contramestre e Rosenthal,
banqueiro judeu, arquitetam um
plano de fuga. No último instante
são transferidos para uma fortaleza
comandada por von Rauffenstein que
se mostra simpático a Boeldieu. Este
é morto por Rauffenstein quando
dá cobertura à fuga de Maréchal
e Rosenthal. Recolhidos por uma
mulher alemã, os fugitivos conseguem
atravessar a fronteira para a Suíça.
*Indicado ao Oscar de Melhor
Filme (1939)
Amores de Apache
Casque d’or
de Jacques Becker
França, 96’, P&B, Digital, 1952
Namorada de um criminoso se
apaixona por um carpinteiro, criando
um arriscado triângulo amoroso. Uma
história de amor, morte, amizade e
ciúmes na “Belle Époque”.
*Prêmio BAFTA melhor atriz
internacional (1953)
Carrossel da
Esperança
Jour de Fête
de Jacques Tati
França, 77’, P&B, Digital, 1949
Uma vez por ano, uma feira traz, para
o pequeno vilarejo de Sainte-Sévère,
no interior da França, atrações
como um cinema ambulante. Numa
das sessões, François, o carteiro
do local, assiste à projeção de um
documentário sobre o serviço postal
norte-americano e decide colocar
o método em prática para fazer o
correio chegar mais rápido.
Desejos Proibidos
Madame de...
de Max Ophüls
França, 105’, P&B, Digital, 1953
Paris, final do século XIX. Louise ,
esposa do general André, vende um
par de brincos que ganhou de presente
do marido para pagar suas dívidas. A
joia volta então às mãos de André, que
entrega à sua amante, Lola, que partirá
em breve. Por fim, os mesmos brincos
encontram o Barão Fabrizio Donati,
um diplomata italiano por quem
Louise cai de amores.
35
O Batedor
de Carteiras
O Demônio
das Onze Horas
Pickpocket
de Robert Bresson
França, 75’, P&B, Digital, 1959
Michel começa a bater
carteiras por dinheiro, depois
por prazer e adrenalina, até o
estranho hobby tornar-se um
vício. Preso, ele reflete sobre
o assunto, pensa na família e
na namorada, Jeanne, mas por
fim a obsessão fala mais alto e
ele logo volta ao crime – agora
muito mais habilidoso.
Pierrot le Fou
de Jean-Luc Godard
França/Itália, 105’, Cor,
Digital, 1965
Casado com uma italiana e entediado
com sua vida na alta sociedade, o
professor espanhol Ferdinand foge em
direção ao sul com Marianne, após um
cadáver ser encontrado na casa dela.
Eles caem na estrada e deixam um
rastro de roubos por onde passam.
O Boulevard
do Crime
Les enfants du Paradis
de Marcel Carné
França, 182’, P&B,
Digital, 1945
Paris, 1828. No meio da
multidão do perigoso
Boulevard do Crime,
encontram-se atores e artistas
diversos. Aqui começa o amor
frustrado de Garance com o
mímico Baptiste Deburau.
Apaixonado, ele não consegue
se declarar, pois o espírito
livre da mulher o intimida.
Ao mesmo tempo, a filha do
diretor do teatro, Nathalie,
nutre um amor secreto pelo
mímico, enquanto o jovem
ator Frédérick Lemaître
começa um relacionamento
com Garance, que também
ama Baptiste em segredo.
* International Critics Award
para Melhor Longa, Festival de
Veneza (1946)
O Demônio
da Argélia
36
Pépé le Moko
de Julien Duvivier
França, 94’, P&B,
Digital, 1937
Pépé le Moko é um gangster
francês foragido em Casbah,
na Argélia. Lá, ele está seguro
da polícia que o persegue
loucamente. Contudo, ele
sente falta da liberdade e, após
encontrar uma linda turista por
quem se apaixona, seu desejo
de voltar aumenta. A polícia
então tentará usá-la para
capturá-lo.
Os Olhos sem Rosto
Les yeux sans visage
de Georges Franju
França/Itália, 88’, P&B,
Digital, 1960
O cirurgião Genessier deseja
remodelar o rosto de sua filha
Christiane, que teve o rosto
desfigurado após um acidente
de carro. Mas para ele realizar o
processo, ele terá que arrancar a
pele de outras garotas.
Van Gogh
de Maurice Pialat
França, 158’, Cor, Digital, 1991
Dramatização das últimas
semanas do lendário pintor
Van Gogh. O Maurice Pialat se
concentra nos últimos 67 dias
de vida de Van Gogh, no final da
primavera de 1890, quando ele
se muda para Auvers-sur-Oise,
onde se hospeda sob os cuidados
do Dr. Gachet. Acompanhamos
seu desenvolvimento amoroso
com a fila do Dr. Gachet e seu
relacionamento conturbado com
o irmão Theo. Com uma linda
fotografia que remete às obras de
Renoir e Manet, Pialat realiza um
fascinante retrato da vida do pintor.
*César de Melhor Filme, Melhor
Ator e Melhor Diretor (1992)
Viagem à Lua
Le voyage dans la lune
de Georges Méliès
França, 13’, P&B, Digital, 1902
O professor Barbenfouillis convence
seus colegas a participarem de uma
viagem de exploração à Lua. Eles
partem em uma nave que aterrissa no
olho direito da Lua. Lá eles encontram
habitantes hostis que os levam ao seu
rei. Os terráqueos conseguem fugir
quando descobrem que os inimigos
viram fumaça a um simples toque de
guarda-chuva.
37
Fábula
I Mostra ONS
de Cinema Brasileiro
Mitt Hem Är Copacabana
de Arne Sucksdorff
Suécia/Brasil, 88’, P&B, 35mm, 1965
Indicado à Palma de Ouro no Festival
de Cannes e vencedor do Guldbagge
de Melhor Direção em 1965, narra a
trajetória de 4 crianças pobres, oriundas
da favela Pavão-Pavãozinho, em sua
luta diária pela sobrevivência em meio
ao bairro carioca de Copacabana.
A I Mostra ONS de Cinema Brasileiro é resultado do projeto Recuperação do Acervo da Cinemateca
do MAM-RJ, desenvolvido desde 2009, voltado para a criação de novas matrizes e cópias
para títulos importantes da filmografia brasileira que se encontravam em precário estado de
conservação ou sem material de acesso. A seleção, que obedeceu a critérios prioritariamente
de preservação, realiza um passeio pelas várias dimensões artísticas, históricas e culturais da
produção cinematográfica do país, apresentando obras que não circulam há pelo menos 20 anos.
O Fraco do Sexo Forte
Crônica
de um
Industrial
de Luiz
Rosemberg Filho
Brasil, 87’, Cor,
35mm, 1978
Empresário com
passado de esquerda
entra em crise diante
dos novos rumos
do país, pós-milagre
econômico.
de Osíris Parsifal de Figueroa
Brasil, 84’, Cor, 35mm, 1973
Ex-figurante ganha na loteria
esportiva e se torna produtor de
cinema, contratando um intelectual
e um erotômano para desenvolver o
argumento da película.
O Santo
e a Vedete
de Luiz Rosemberg Filho
Brasil, 80’, Cor,
35mm, 1981
Político do interior vem passar
o carnaval no Rio de Janeiro e
se apaixona por uma vedete.
Excursionando com sua trupe, ela
vai parar na cidade do amante e
passa e pedir favores cada vez mais
comprometedores.
Raoni
de Jean Pierre Dutilleux
e Luiz Carlos Saldanha
França/Bélgica/Brasil,
84’, Cor, 35mm, 1978
Ganhador de 5 prêmios no Festival de
Cinema de Gramado (incluindo Melhor
Filme), eleito Melhor Documentário
no Festival Internacional de Cinema
de São Francisco, e indicado ao Oscar
de Melhor Documentário, o filme
acompanha a luta do cacique Raoni
pela preservação do Parque nacional
do Xingu, ameaçado por grileiros,
caçadores e madeireiras. Lançado
internacionalmente com narração
de Marlon Brando (inglês) e Jacques
Perrin (francês).
Sangue Quente
em Tarde Fria
de Fernando Cony Campos
e Renato Neumann
Brasil, 87’, Cor, 35mm, 1973
Assaltante perseguido pela polícia
rodoviária sequestra mãe,
filha e o motorista, provocando
uma reviravolta familiar.
39
Argila
XI Panorama Internacional Coisa de Cinema
e Goethe-Institut Salvador-Bahia/ICBA Apresentam
de Werner Schroeter
Alemanha, 36’, Cor/P&B, Digital, 1968
Essa obra experimental de Werner Schroeter faz
parte de seus primeiros trabalhos e foi criada em
forma de projeção dupla. O filme utilizado como
base exibe um homem e três mulheres, duas
interagem diretamente com ele, a terceira comenta
os acontecimentos. O filme é projetado uma vez
em cópia muda em preto e branco e uma colorida
e sonorizada na outra metade da tela. A cópia em
preto e branco começa um minuto mais cedo, com
esse adiantamento, a cor e o som tornam-se uma
lembrança complementar das imagens já vistas.
Retrospectiva
Werner Schroeter
Apoio: Filmmuseum München
Embora o cinema de Werner Schroeter tenha
nascido no espírito do Novo Cinema Alemão do
Pós-Segunda Guerra e tenha feito parte deste
movimento desde o início, seu estilo o diferencia
dos outros cineastas do período. Schroeter
sempre trabalhou num território extremamente
pessoal, irredutível ao cinema narrativo, mesmo
nos seus filmes mais “acessíveis”. Começou por
trabalhar em 8 mm, um suporte típico do cinema
experimental e/ou amador, antes de passar ao
formato em 16 mm. Foi só com o belíssimo “Il
Regno di Napoli”, o seu vigésimo sétimo filme, que
filmou pela primeira vez no formato “profissional”
de 35 mm. Fascinado pela ópera e pela ideia de
performance, sua obra é profundamente ligada
aos temas do amor e da morte.
A partir dos anos 1980, Schroeter introduziu uma
vertente documental no seu cinema, que por
vezes fundia com as suas mitologias pessoais.
Associado a um certo fascínio pela decadência e pela
mortalidade, o cineasta alemão abole no seu cinema
a fronteira entre “cultura alta” e cultura popular,
que ele simultaneamente celebra e parodia. O seu
contemporâneo Rainer Werner Fassbinder, sem
dúvida o realizador germânico da sua geração que
melhor podia perceber a sua poética, observou a seu
respeito: “Werner Schroeter terá um dia um lugar
na história do cinema análogo ao que seria um lugar
na literatura algures entre Novalis, Lautréamont
e Céline; ele foi durante dez anos um realizador
‘underground’ e não o deixaram sair deste papel”.
Os primeiros filmes de Schroeter, “Argila” e
“Eika Katappa”, ainda no final dos anos 1960, já
antecipavam as instalações multimídias dos dias
de hoje, através da utilização de telas múltiplas e
colagens. Na década de 1970, realiza algumas de
suas obras mais célebres, transitando por estilos e
territórios distintos. Entre elas, “A Morte de Maria
Malibran”, uma homenagem singular a grandes
divas do canto, da personagem-título a Maria Callas
e Janis Joplin, o surrealismo californiano de “Willow
Springs”, o romantismo expressionista de influência
mexicana em “Anjo Negro” e a Cuba imaginária de
“Os Flocos de Ouro”.
40
“Schroeter é o Cocteau do nosso tempo. O cinema
de Werner Schroeter é a mais pura magia, ele cria
um novo mundo, um novo tempo, cheio de artifício
e beleza. Visões de um reino imaginário onde tudo é
permitido. Magic Werner, Magic Cinema”, afirma o
jornal francês Libération em 4/9/2008.
A Morte de
Maria Malibran
Der Tod der Maria Malibran
de Werner Schroeter
Alemanha, 110’, Cor, Digital, 1971
A meio-soprano Maria Malibran, cujas voz e beleza
conquistaram os corações de Rossini e Bellini, faleceu
em 1836 com 26 anos em decorrência de uma queda
do cavalo. O filme não pretende ser biográfico,
mas destina-se ao seu mito e seu misticismo,
apresentando Magdalena Montezuma e Candy
Darling nos papéis principais. Uma obra sobre “a voz
como extensão da vida, como veículo de libertação
e de morte”. Para Michel Foucault: “O que Schroeter
faz com um rosto, com a maçã do rosto, os lábios, a
expressão dos olhos, é um multiplicar e um florescer
do corpo, uma exultação. Não é um filme sobre o
amor, mas um filme sobre a paixão”.
“Quando se conhece a ele,
quando calha de o conhecer
pessoalmente, se tem a
sensação de que Werner
Schroeter não pertence
a esse mundo. E isso não
necessariamente deve ser
interpretado como um
elogio. É simplesmente
a constatação de uma
defasagem, de uma
diferença de frequência
entre a vida terrena,
cotidiana, e a subsistência
exaltada, a superabundância
de energia e sensualidade
que transmite a figura
de Werner”.
Ricardo Parodi
Crítico de cinema - Goethe Institut Buenos Aires
Eika Katappa
de Werner Schroeter
Alemanha, 138’, Cor, Digital, 1969
Primeiro longa-metragem de Schroeter, que o definiu
assim: “Uma coleção de associações de imagens
e sons do mundo em que vivo”. O filme ilustra a
paixão de Schroeter pela música, da ópera ao pop, e
as peças musicais que ouvimos são “ilustradas” por
“cenas” extremamente livres e sem relação específica
entre elas. O vínculo é criado inicialmente na cabeça
do público. Exibido em 1970, na Quinzaine des
realisateurs do Festival de Cannes.
Piloto de Bombardeio
Der Bomberpilot
de Werner Schroeter
Alemanha, 65’, Cor, Digital, 1970
Neste filme, pela primeira vez Schroeter aborda
o passado nazista da Alemanha, sem se afastar,
no entanto, da sua maneira habitual de trabalhar.
Este passado é evocado através das figuras de
três personagens femininas fictícias, que tinham
atuado em espetáculos de palco durante o período
nazi. Segundo Michel Legrand, através destas
três figuras Schroeter transmite a desordem e a
repressão mental que levaram a lembrança das
atrocidades nazistas a ser atenuada na memória
coletiva alemã. Mais uma vez, a música, está no
cerne do cinema de Schroeter.
41
Willow Springs
de Werner Schroeter
Alemanha, 78’, Cor, Digital, 1973
Uma das obras mais complexas e
radicais do cinema moderno, marcando
uma espécie de transição entre aquilo
a que se chamou um método de
“colagem” de que “Eika Katappa” é o
exemplo maior e o realismo agônico de
“O Rei das Rosas”. Conta a “história” da
relação entre três mulheres que vivem
isoladas no deserto. O ponto de partida
para o filme, segundo Schroeter, foi a
morte de Marilyn Monroe.
O Anjo Negro
Der Schwarze Engel
de Werner Schroeter
Alemanha, 71’, Cor, Digital, 1973-74
Schroeter funde dois aspectos do
seu cinema, a fantasia puramente
pessoal, com as suas mitologias, e o
ensaio cinematográfico feito em terras
longínquas. Duas mulheres, uma de
Boston e a outra de Berlim, fogem do
vazio das suas vidas e, em uma aventura
mexicana, vão em busca da realização
pessoal nas ruínas dos Deuses Incas.
Schroeter contrapõe esta situação,
que tem alguma semelhança com a de
“Willow Springs” e na qual o fascínio
das protagonistas com o México é
forçosamente superficial, a elementos
documentais e à percepção que os nativos
têm da sua cultura.
Os Flocos de Ouro
42
Goldflocken
de Werner Schroeter
Alemanha/França, 166’,
Cor, Digital, 1976
Ambientado em uma Cuba inventada
(rodado, de fato, na França, na região
do Ruhr e na Baviera) e falado em vários
idiomas, o filme encerra a primeira fase
da obra de Schroeter – segundo diversos
testemunhos, era o seu preferido –
sendo a conclusão lógica do imaginário
baseado sobre a relação da imagem com a
música. Aqui, Schroeter reúne no mesmo
filme diversos elementos que surgem
separadamente em sua filmografia. No
decorrer de “Os Flocos de Ouro”, seguimos
quatro histórias de obsessão erótica,
cada qual num tom diferente. Esta foi a
primeira colaboração de Schroeter com
Bulle Ogier, a quem o filme é dedicado.
A atriz comentaria esse filme mais tarde:
“As sequências em preto e branco são
a coisa mais bela que já fiz no cinema.
Werner conseguiu captar a fragilidade,
a transparência delicada dentro de mim.
Assim como com Andréa Ferréol,
que nunca esteve mais sexy e mais
renoir em um filme”.
O Dia dos Idiotas
Tag der Idioten
de Werner Schroeter
Alemanha, 107’, Cor, Digital, 1982
O que se passa na cabeça da bela
Carol Schneider? Ela não se encaixa
na vida normal. Tenta escapar com
todos os recursos: grita, chora,
xinga e implora pela atenção de
seu apático amante Alexander.
“Matem-me!”, ela grita para o nada.
O seu comportamento a leva à
internação em um manicômio. Aqui
ela quer ficar para sempre, apesar
de continuar isolada. Pierre Guislain
observou à época que “este mundo
onde reinam forças negativas é um
pouco a ópera italiana oposta à
ópera alemã, o romantismo contra
o classicismo, numa afirmação
trágica do que já se perdeu”.
O Concílio de Amor
Das Liebeskonzil
de Werner Schroeter
Alemanha, 96’, Cor, Digital, 1981
O ponto de partida do filme foi a
peça DAS LIEBESKONZIL (1895), de
Oskar Panizza, situada durante um
surto de sífilis no século XV, que o
autor apresenta ironicamente como
uma punição divina. A peça causou
escândalo e Panizza foi preso por
obscenidade. No filme, Schroeter
alterna trechos da peça com uma
encenação do processo, conciliando
a sua habitual mise en scène por
quadros vivos com os temas políticos
que se tornavam cada vez mais
presentes no seu trabalho neste
período. O fato do filme ter sido feito
quando surgia a pandemia da AIDS
acentua, sem dúvida, esta dimensão
política. Prêmio de melhor filme da
crítica na Mostra Internacional de
Cinema de SP em 1983.
Sobre a Argentina
De L’Argentine
de Werner Schroeter
França/Argentina, 94’,
Cor, Digital, 1986
Documentário sobre os pavores
e a tortura da ditadura militar
argentina. Werner Schroeter
compara as informações oficiais
publicadas pelo regime militar
aos depoimentos de vítimas,
dissidentes e as famílias dos
“desaparecidos”. A partir da
intimidade com os entrevistados,
através de sua mímica e suas
palavras, o filme transmite o
pavor da violência.
43
Comunismo
Panorama
Internacional
As Mil e uma
Noites – Volume
1, O Inquieto
de Miguel Gomes
Portugal/França/Alemanha/
Suíça, 125’, Cor, Digital, 2015
Num país europeu em crise,
Portugal, um realizador propõese a construir ficções a partir
da realidade miserável onde
esta inserido. Mas incapaz de
descobrir um sentido para o seu
trabalho, foge covardemente,
dando o seu lugar à bela
Xerazade. Ela precisará de ânimo
e coragem para não aborrecer o
Rei com as tristes histórias desse
país! Com o passar das noites, a
inquietude dá lugar à desolação
e a desolação ao encantamento.
Por isso Xerazade organiza as
histórias que conta ao Rei em
três volumes. Começa assim: “Ó
venturoso Rei, fui testemunha
de que num triste país entre os
países…”
44
Volume 1, O Inquieto
No qual Xerazade dá conta
das inquietantes maldições
que se abatem sobre o
país: “Ó venturoso Rei, fui
testemunha de que num triste
país entre os países, onde se
sonha com sereias e baleias,
o desemprego propaga-se.
Em certos lugares, a floresta
arde noite adentro apesar
da chuva que cai; homens
e mulheres anseiam por
lançarem-se ao mar em pleno
inverno. Por vezes há animais
que falam, embora seja
improvável que os escutem.
Neste país onde as coisas
não são o que aparentam
ser, os homens do poder
passeiam-se em camelos e
escondem uma permanente e
vergonhosa ereção; aguardam
pelo momento da coleta de
impostos para poderem pagar
a um certo feiticeiro que…”.
E vendo despontar a manhã,
Xerazade calou-se.
Kommunisten
de Jean-Marie Straub
França/Suíça, 70’, Cor, Digital, 2014
Straub, com uma nova filmagem
e algumas sequências chave de
seus filmes anteriores, reconstrói
o sonho singular que poderia
salvar nosso mundo: aprender
a conviver juntos. De Malraux a
Vittorini, Fortini e Hölderlin, o
mesmo sonho é mostrado sob
diferentes aspectos.
John From
de João Nicolau
Portugal, 100’, Cor, Digital, 2015
Embora Rita não se queixe, as suas férias de
verão não são as mais animadas do mundo.
Também não serão as mais tristes: entre cafés
gelados, tardes quentes de namoro juvenil
e saídas noturnas com sua amiga Sara, Rita
arranja sempre tempo para molhar o chão da
varanda e tomar banhos de sol. Os pequenos
prazeres desta rotina são irremediavelmente
postos em xeque quando a adolescente vê a
exposição que um novo vizinho apresenta no
centro comunitário local. Uma sucessão de
eventos precisos e silenciosos torna possível
a aproximação da jovem ao novo vizinho e
a transformação do bairro em uma ilha do
Pacífico Sul. Ou poderíamos dizer ao contrário:
a transformação do bairro em uma ilha do
Pacífico Sul e a aproximação da jovem ao novo
vizinho tornam possível uma sucessão de
eventos precisos e silenciosos.
O Quarto dos Ossos
El Cuarto de los Huesos
de Marcela Zamora
El Salvador/México, 52’,
Cor, Digital, 2014
O filme acompanha um grupo de
mães salvadorenhas em busca
dos restos mortais dos seus filhos
desaparecidos por causa da violência
existente no país. Um retrato da
quantidade de corpos recebidos e
não reclamados em um necrotério.
A história de DNAs sem nome e sem
familiares, de pessoas mortas devido
à rivalidade entre gangues.
Out of
my Hand
de Takeshi Fukunaga
EUA/Libéria, 88’,
Cor, Digital, 2015
Um trabalhador rural da
Libéria arrisca tudo para
descobrir uma nova vida
como motorista de táxi em
Nova York.
45
Matinê
Clube de Cinema
da Bahia
Walter da Silveira começou a escrever sobre cinema com
apenas 12 anos de idade. Eram comentários e informações
sobre os filmes que entravam em cartaz, publicados no jornal O Imparcial, onde seu pai trabalhava. Aos 20 anos, em
1936, escreve sua primeira crítica, sobre “Tempos Modernos”, de Charles Chaplin.
Colaborador de diversos jornais e revistas, Doutor Walter,
como costumava ser chamado, retornaria a Chaplin, e seu
personagem Carlitos, ao longo de toda a sua trajetória crítica. Dedicaria, como nos lembra Guido Araújo, três longos artigos a “Luzes da Cidade”, e mais cinco a “Luzes da Ribalta”.
Um pouco antes de morrer, publica, em 1970, o livro Imagem e Roteiro de Charles Chaplin, e exibe “O Garoto”, filme
visto apenas por ele e poucos que estiveram presentes à
sessão de 1922. Foi como uma despedida do grande crítico
e pensador Walter da Silveira, um advogado do povo e do
cinema, como bem definiu Orlando Senna. E é como uma
celebração à vida desse grande intelectual, mestre de algumas gerações de críticos e cineastas baianos, que escolhemos reexibir “O Garoto” (1921), como parte das atividades
do Seminário 100 anos de Walter da Silveira, no XI Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Mantendo o ritual de exibição das matinês do Clube Cinema da Bahia, criado por ele em 1950, serão realizadas exibições em Salvador e Cachoeira. Em Salvador, a sessão ocorre
no antigo Cine Guarani, domingo de manhã.
Ao reencenar o ritual encarnado e difundido por Walter da
Silveira ao longo de duas décadas, buscamos um reencontro não apenas com ele, o professor Walter, mas também
com a história e a experiência estética do cinema, que, em
sua visão, deveria ser necessariamente ética e coletiva, nacional e transnacional.
por Cyntia Nogueira
Coordenadora do Seminário 100 anos de Walter da Silveira
O Garoto
46
The Kid, de Charles Chaplin
EUA, 68’, P&B, Digital, 1921
Muito pobre, uma mãe percebe que não pode dar para
seu filho todo o cuidado que ele necessita. Assim, ela
prende um bilhete junto ao bebê, e o deixa no banco
de trás de um luxuoso carro. Entretanto, o veículo é
roubado por dois ladrões, que, quando descobrem
o menino, o abandonam no fundo de uma ruela. O
Vagabundo faz o seu passeio matinal e encontra
a criança, e sem saber o que fazer, resolve criá-la.
Conforme os anos se passam, o Garoto e o Vagabundo
se tornam uma dupla perfeita, bolando diferentes
esquemas para conseguir o dinheiro para seu sustento e
para fugir da polícia, que está sempre em seu encalço.
Seminário
100 anos de
Walter da Silveira
Biografias
Luís Alberto Rocha Melo
Luís Alberto Rocha Melo é cineasta, pesquisador e professor do Curso de Cinema e Audiovisual e
do Programa de Pós-Graduação em Artes, Cultura e Linguagens da UFJF. Desenvolve a pesquisa
“Historiografia Audiovisual do Cinema no Brasil”, financiada pelo CNPq. Dirigiu, entre outros trabalhos, os
longas “Um homem e seu pecado” (2015), “Nenhuma fórmula para a contemporânea visão do mundo”
(2012) e “Legião estrangeira” (2011); o curta “Que cavação é essa?” (2008); e o média “O Galante rei da
Boca” (2004). Foi redator das revistas de cinema Contracampo (2001-2013) e Filme Cultura (2012-2014).
Coordenação: Cyntia Nogueira (UFRB)
Mesa 1
Mesa 2
Mesa 3
O pensamento
crítico de
Walter da Silveira Walter da Silveira
e a história do
cinema na Bahia
Walter da Silveira
e o Clube de Cinema
da Bahia
Walter da Silveira:
entre a solidariedade
e a solidão
A história do
cinema vista por
Walter da Silveira
Walter da Silveira,
a crítica e a cinefilia
em Salvador
Luís Alberto Rocha Melo
José Umberto Dias
Rafael Carvalho
A singularidade do pensamento
de Walter da Silveira no panorama
da crítica brasileira nos anos 19401950. “Um intelectual ao lado
do povo e só diante de seus pares”. A
realização do I Festival Internacional
de Curta-Metragem em 1951. A
participação nos congressos de 1952
e 1953. Walter da Silveira e o cinema
independente.
A publicação, em 1978, do
livro póstumo e inacabado A
história do cinema vista
da província e a história
social do cinema na Bahia. O
pensamento crítico de Walter
da Silveira e a publicação
de O Eterno e o Efêmero,
compilação de seus escritos,
em 2006. Seus apontamentos
para uma possível história
da crítica cinematográfica
no Brasil. Walter da Silveira
e os historiadores do cinema
brasileiro.
O conceito de cinefilia e a
atuação de Walter da Silveira
à frente do Clube de Cinema
da Bahia. A cinefilia como uma
cultura construída em torno
da experiência do cinema. A
atividade crítica, cineclubista
e pedagógica de Walter da
Silveira. A formação do público
e de novas gerações de críticos
e cineastas. Paulo Emílio e
Walter da Silveira:
a tática do
cinema moderno
Adilson Mendes
Paulo Emílio e Walter da Silveira
são dois pilares do pensamento
e da prática do cinema moderno.
Além de críticos e pensadores de
grande ascensão sobre os jovens
cineastas do Cinema Novo, ambos
são responsáveis pela formulação
de uma tática de afirmação em
festivais (nacionais e internacionais)
que foi decisiva para a consolidação
do modernismo cinematográfico
brasileiro.
48
O acervo
Walter
da Silveira
Ernesto Marques
As ações de preservação
e difusão do acervo
Walter da Silveira, doado à
Biblioteca Pedro Calmon,
da Associação Baiana
de Imprensa – ABI. A
biblioteca, os documentos
originais e pessoais de
Walter da Silveira.
Clube de
Cinema e
cultura moderna
em Salvador
Helena Ignez
A experiência do cinema na
Salvador dos anos 1950 e 1960.
O Clube de Cinema da Bahia
e a Escola de Teatro. Cinema
e vanguarda. A experiência
do curta-metragem Pátio e
seu lançamento no Clube de
Cinema. As filmagens de A
Grande Feira, de Roberto Pires,
e a participação de Walter da
Silveira.
Adilson Mendes Pesquisador e ensaísta com estudos sobre a história social do cinema, especialmente suas
conexões com a história da arte. Pesquisador da Cinemateca Brasileira ao longo da década
de 2000, participou da organização de arquivos ao longo de uma década, destaque para os
arquivos pessoais de Paulo Emilio Salles Gomes, Gustavo Dahl, Glauber Rocha, Jean-Claude
Bernardet, Fernando Duarte, todos no campo do cinema moderno brasileiro. Doutor em
Ciências da Comunicação pela Escola de Comunicações e Artes (USP), é autor de Trajetória de
Paulo Emilio (Ateliê Editorial, 2013).
José Umberto Dias
Formado em Ciências Sociais, fez o curso de iniciação cinematográfica no Grupo Experimental
de Cinema da UFBA (1968), realizado por Walter da Silveira e Guido Araújo. Atuou como crítico
de cinema no Jornal da Bahia (1969-74) e na Tribuna da Bahia (1969-70). Foi coordenador e
diretor da Imagem e do Som (Dimas) da Fundação Cultural do Estado de 1976 a 1977 e de
1982 a 1986. Em 1977, criou o Cinema de Arte da Bahia, que a partir de 1986 recebe o nome
de Sala Walter da Silveira. Organizou a publicação póstuma do livro inacabado “A história do
cinema vista da província” (1978), de Walter da Silveira, e coordenou o projeto de recuperação
e conservação da obra de Alexandre Robatto (1985-1986). A partir de 1991, atua no setor de
documentação e pesquisa da Dimas. Em 2004, organiza a publicação, em quatro volumes,
da coletânea crítica O Eterno e o Efêmero, de Walter da Silveira. É integrante do Centro de
Pesquisadores do Cinema Brasileiro. Cineasta, ensaísta, escritor, ator e dramaturgo, dirigiu
curtas como “O forte” (1967), “Perâmbulo” (1968), “Voo interrompido” (1969-71), “Brabeza”
(1978), “Urubu” (1978), “Maíra” (1979-80), “Ser tão” (1979), “Cantos Flutuantes” (1980) e “A
musa do cangaço” (1981). Dirigiu os longas “O anjo negro” (1972) e “Revoada” (2014).
Ernesto Marques
Radialista e jornalista formado pela FACOM-UFBa. Trabalhou como repórter das principais emissoras
de televisão de Salvador e foi dirigente do Sindicato e da Federação Interestadual dos Trabalhadores
em Rádio TV e também do Fórum Nacional Pela Democratização da Comunicação. Atualmente é vicepresidente da Associação Bahiana de Imprensa. Foi assessor de imprensa do ex-governador Jaques
Wagner e assumiu recentemente a Secretaria de Comunicação de Vitória da Conquista.
Rafael Carvalho
Rafael Carvalho é crítico e pesquisador de cinema. Membro da Associação Brasileira de Críticos de
Cinema (Abraccine), escreve para o site Moviola Digital e colabora para o Jornal A Tarde. Faz doutorado
no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da Universidade Federal da Bahia, onde
pesquisa a crítica de cinema online e faz parte do Grupo de Pesquisa Recepção e Crítica da Imagem
(Grim). Integra a equipe de curadoria do Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Helena Ignez
Helena Ignez, com mais de 50 anos de produção nos vários campos das artes cênicas
e cinematográficas, já foi homenageada na Ásia e na Europa, como no 20º Fribourg
International Film Festival, na Suíça, com a Mostra “La Femme Du Bandit” com 25 de seus
filmes e no 17º Festival of Kerala, na Índia, com a exibição de 6 filmes em que trabalhou como
atriz ou diretora. Helena Ignez fez seu primeiro filme com Glauber Rocha, como atriz no “O
Pátio” em 1959. Fez inúmeros filmes do Cinema Novo, como “A Grande Feira”, “Grito da Terra”,
“Assalto ao Trem Pagador” e “O Padre e a Moça”. Começou sua parceria criativa com Rogério
Sganzerla em 1968 e atuou em quase todos os seus filmes. Ela dirigiu os filmes “Reinvenção
da Rua”, “A Miss e o Dinossauro – Bastidores da Belair”, “Canção de Baal”, “Luz nas trevas”,
“Feio, eu?” e “Poder dos Afetos” selecionado para o 67º Festival del film Locarno em 2014.
49
Sessão Especial
Roberto Pires
Mostra Ensino de Cinema
na Bahia: um panorama
Abrigo
Nuclear
de Roberto
Pires
BA, 86’, Cor,
35mm, 1981
No futuro, em
virtude da poluição
radioativa da
superfície da Terra,
a população se vê
obrigada a viver em
abrigos nucleares
subterrâneos,
que continuam a
utilizar a energia
nuclear como fonte
energética principal,
o que contribui para
o aumento desse
tipo de poluição. Um
grupo revolucionário
prepara um
movimento para
a recuperação da
superfície terrestre
com o objetivo de
que, num futuro
distante, seus
descendentes
possam abandonar
o abrigo nuclear
subterrâneo e voltar
a viver, como seus
antepassados, sobre
a superfície da Terra.
Bahia SCI-FI
50
de Petrus Pires
BA, 32’, Cor, Digital, 2015
Desde a década de 1970, Roberto Pires
militava contra a utilização da energia
nuclear, acreditando que ela poderia, a
longo prazo, extinguir a vida humana.
Com a colaboração de Orlando Senna,
escreveu o roteiro de ȐAbrigo Nuclearȑ,
uma produção ambiciosa de ficção
científica totalmente produzida e
rodada na Bahia. Com depoimentos
de Orlando Senna, Laura Pires, Nonato
Freire, entre outros, o documentário
ȐBahia SCI-FIȑ pretende desbravar o
universo que rodeava Roberto Pires, a
Bahia e a possível guerra nuclear do final
dos anos 70 e início dos anos 80.
Mostra Ensino de Cinema na Bahia: um panorama é
uma iniciativa da Rede Nordeste de Cinema
Universitário em parceria com o Panorama
Internacional Coisa de Cinema, um projeto que envolve
oito estados nordestinos cujo objetivo é promover os
curtas realizados nas Universidades de Ensino Superior
da Região. Focada na produção audiovisual baiana,
teremos uma sessão que resgatará iniciativas surgidas
desde final da década de 1960, com o pioneiro curso
de cinema dado por Walter da Silveira, passando pela
FTC, até chegar à formação em cinema realizada pela
UFRB, UFBA e UESB. Ao final da projeção, uma mesa de
debates sobre o tema com a presença de José Umberto,
Guilherme Sarmiento, Ramon Coutinho e Isolda Libório.
51
GIZ
Panorama de
Animação
Esse panorama internacional busca trazer o que há de melhor na mais recente produção autoral de
cinema de animação. Nesse programa especial, apresentamos uma seleção de seis curtas-metragens
representados por cinco países: Canadá, Estados Unidos, Suíça, Inglaterra e Brasil.
A seleção conta com filmes de propostas inovadoras, como o caso de “Pig”, de Steven Subotnick, e “The Five
Minute Museum”, de Paul Bush, em que o realizador conta um pouco da história mundial com objetos
encontrados em museus. Em “Aubade” e “Sonámbulo”, música e imagem se encaixam em perfeita harmonia.
O brasileiro Cesar Cabral, conhecido por “Dossiê Rê Bordosa”, traz mais um belo trabalho em stop motion com
o curta “GIZ”. Para finalizar, Don Hertzfeldt volta com o tema do existencialismo no excelente “World of Tomorrow”.
por Nara Normande
Cineasta e curadora da sessão
de Cesar Cabral
Brasil, 10’, Cor,
Digital, 2015
“Será que as galinhas
sonham?” Um homem
vive a rotina sem
descanso numa imensa
corporação. Incapaz de
se relacionar com sua
colega de trabalho, ele
será questionado por
um sonho hipnótico,
até o ponto em que não
poderá mais perceber
se está realmente
acordado.
Pig
de Steven Subotnick
EUA, 3’, Cor,
Digital, 2015
O porco é tudo.
Aubade
de Mauro Carraro
Suíça, 5’, Cor,
Digital, 2014
Um sol preto
nasce no Lago
Leman. Numa
cena surrealista
e com pouca
luz, nadadores
e pássaros
testemunham
o espetáculo
do amanhecer,
hipnotizados
pela música
de um
violoncelista.
Sonámbulo
de Theodore Ushev
Canadá, 4’, Cor,
Digital, 2015
Uma jornada surrealista
através de cores e
formas inspiradas
pelo poema “Romance
Sonámbulo”, de
Federico García Lorca.
Poesia visual no ritmo
de sonhos fantásticos e
noites apaixonadas.
The Five
Minute
Museum
de Paul Bush
Suíça/Reino Unido,
6’, Cor, Digital, 2015
Uma animação
experimental em que
centenas de artefatos
de coleções de
pequenos museus são
trazidas à vida numa
história animada sobre
o esforço humano.
World of
Tomorrow
de Don Hertzfeldt
EUA, 17’, Cor,
Digital, 2015
Uma garotinha é
levada em uma viagem
alucinante por seu
futuro distante.
53
Comissão de Curadoria
Adolfo Gomes LONGAS INTERNACIONAIS
É jornalista, crítico de cinema (Abraccine) e cineclubista. Ministrou as oficinas “Olhar o
cinema – uma introdução à cinefilia” (Iphan – Belém-PA), “Cinema Corsário – uma viagem
pelos filmes de gênero” (Panorama Internacional Coisa de Cinema) e “Gostoso de ver: uma
revisão da pornochanchada brasileira” (Festival Internacional Lume de Cinema). Curador de
ciclos como “O Mito de Dom Sebastião no Cinema” e “Somos todos marginais, do udigrúdi
àpornochanchada”. Colaborou com a revista eletrônica Contracampo.
Cláudio Marques LONGAS INTERNACIONAIS • LONGAS NACIONAIS
Foi editor e crítico do jornal Coisa de Cinema durante oito anos (1995-2003). Colaborou para
os jornais Tribuna da Bahia e A Tarde. Responsável pela programação da Sala Walter da Silveira
(2007-2009), idealizou e hoje é o principal coordenador do Espaço Itaú de Cinema – Glauber
Rocha. É idealizador e coordenador do Panorama Internacional Coisa de Cinema. “Depois da
Chuva”, seu primeiro longa-metragem, estreou no 46º Festival de Brasília do Cinema Brasileiro,
onde recebeu os prêmios de Melhor Ator, Roteiro e Trilha Sonora. A estreia internacional do
longa foi no Festival de Cinema de Rotterdam, em 2014.
João Paulo Barreto CURTAS NACIONAIS • CURTAS INTERNACIONAIS
É formado em Jornalismo e teve sua graduação voltada para a análise e pesquisa das obras
de Martin Scorsese e Fernando Meirelles. Participou de cursos com foco em Teoria, Crítica e
Linguagem Cinematográficas ministrados por críticos como João Carlos Sampaio, Sergio Rizzo,
André Setaro e Pablo Villaça. Em 2014, participou da oficina “A Mutação Histórica do Cinema”,
ministrada pelo professor, curador e restaurador da cinemateca do MAM-RJ, Hernani Heffner.
Escreve para o blog Película Virtual e para o site Coisa de Cinema Críticas. Integra, desde 2012, a
equipe de curadoria do Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Marília Hughes CURTAS NACIONAIS
É graduada em Psicologia pela Universidade Federal da Bahia e mestre em Comunicação
e Cultura Contemporâneas pela UFBA/PósCom. Sócia da empresa Coisa de Cinema, onde
trabalha desde 2006 como diretora, produtora e editora. Marília realizou diversos curtas
premiados e, desde 2007, é produtora geral do Panorama Internacional Coisa de Cinema.
“Depois da Chuva”, seu primeiro longa-metragem, estreou no 46º Festival de Brasília do
Cinema Brasileiro, onde recebeu os prêmios de Melhor Ator, Roteiro e Trilha Sonora. A estreia
internacional do longa foi no Festival de Cinema de Rotterdam, em 2014.
Nara Normande PANORAMA ANIMAÇÃO
É realizadora e ganhou mais de 20 prêmios com seu primeiro filme, a animação “Dia Estrelado”.
Seu segundo filme, “Sem Coração”, codirigido pelo cineasta Tião, foi premiado com o Prix Illy
du Court Métrage na Quinzena dos Realizadores do Festival de Cannes, com o Prêmio Coral no
Festival de Havana, com os candangos de Melhor Filme, Direção e Montagem no Festival de
Brasília. De 2010 a 2014, foi diretora artística do ANIMAGE - Festival Internacional de Animação
de Pernambuco. Atualmente, integra a diretoria da Associação Brasileira de Cinema de
Animação e está na produção de seu terceiro curta-metragem, “Guaxuma”, previsto para 2016.
Rafael Carvalho CURTAS NACIONAIS • CURTAS INTERNACIONAIS
É crítico e pesquisador de cinema. Membro da Associação Brasileira de Críticos de
Cinema (Abraccine), escreve para o site Moviola Digital e colabora para o Jornal A
Tarde. Faz doutorado no Programa de Pós-Graduação da Faculdade de Comunicação da
Universidade Federal da Bahia, onde pesquisa a crítica de cinema online e faz parte do
Grupo de Pesquisa Recepção e Crítica da Imagem (Grim). Integra a equipe de curadoria
do Panorama Internacional Coisa de Cinema.
Rafael Saraiva CURTAS NACIONAIS • CURTAS INTERNACIONAIS
54
Mesmo graduado em Ciência da Computação, motivou-se a seguir carreira na área do
audiovisual. Participou de workshops e oficinas relacionadas a roteiros e curadoria de festivais.
Na área da crítica cinematográfica, fez cursos com os críticos Pablo Villaça (portal Cinema em
Cena) e João Carlos Sampaio (jornal A Tarde), este último durante o VII Panorama Internacional
Coisa de Cinema, quando teve ainda a oportunidade de integrar o Júri Jovem da Mostra
Competitiva Nacional. Desde a oitava edição do festival integra a equipe de curadoria. Também
participa do Cineclube Glauber Rocha, projeto dedicado ao cineclubismo iniciado em 2014.
PanLab é o laboratório de roteiros oferecido gratuitamente pelo Panorama Internacional Coisa de Cinema visando
contemplar roteiros em fase de desenvolvimento de realizadores baianos. O laboratório chega a sua terceira edição em
2015 com roteiros selecionados de curtas e longas. O objetivo principal da atividade é oferecer espaço para que os projetos
selecionados possam ser tensionados e discutidos através de encontros individuais com os consultores. Acredita-se ser uma
chance de realizadores baianos aprimorarem seus projetos para que cheguem à fase de produção com mais maturidade e
potência. Os consultores dessa terceira edição, que acontece durante o festival, são Aleksei Abib, Caetano Gotardo e Marina
Meliande, todos com vasta e variada experiência em desenvolvimento de roteiros para cinema e TV.
Aleksei Abib
Roteirista, script-doctor e produtor, Aleksei assina os roteiros de “A Via Láctea” (46ª.
Semaine Internationale de la Critique, Festival de Cinema de Cannes); do documentário
“O Último Kwarup Branco”; e da novela “Água na Boca”, da Band. Escreveu séries
documentais e ficcionais para os canais de TV Futura, RBS e CNT. Em anos recentes,
tornou-se um dos consultores de roteiro mais requisitados do país, onde contam, entre
outros, o script-doctor de “ELENA”, de Petra Costa (pré-indicado ao OSCAR 2015); “De
Menor”, de Caru Alves de Souza (Melhor Filme no Festival do Rio 2013); “O Último Cine
Drive-In”, de Iberê Carvalho (Prêmio da Critica, Festival de Gramado, 2015); “Hoje”, de
Tata Amaral (Melhor Roteiro, 44º Festival de Brasília); “Órfãos do Eldorado”, de Guilherme
Coelho; e o inédito longa de Afonso Poyart sobre a vida do lutador de MMA José Aldo.
Além disso, foi consultor nas edições de 2009 a 2013 do Laboratório de Roteiros do Sesc
(antigo Sundance). Atuou, ainda, na mesma função para filmes em regime de coprodução
internacional do antigo Depto. Internacional da produtora O2 Filmes; e como analista
e instrutor de roteiros para a Rede Globo (“Profissão Repórter”, do jornalista Caco
Barcellos). Atualmente, é líder do Núcleo Criativo da Produtora Pavirada, contemplada na
primeira edição do Prodav 3 do FSA, 2014.
Caetano Gotardo
Participando pela primeira vez do PanLab, Caetano estudou Cinema na USP. Escreveu e
dirigiu oito curtas-metragens, entre os quais “Matéria” (2013), “O menino japonês” (2009)
e “Areia” (2008) foram exibidos em festivais brasileiros e internacionais. Uma retrospectiva
completa de seus curtas foi realizada pela Cinemateca Francesa em outubro de 2013, em
Paris. Seu primeiro longa-metragem, “O que se move”, já ganhou prêmios como os de
melhor filme na Semana dos Realizadores, no Lakino – Berlim e no Cineport – Festival de
Cinema de Países de Língua Portuguesa. Caetano também foi diretor do projeto coletivo
“Desassossego” (2010) junto com outros cineastas de diferentes cidades brasileiras,
sob coordenação de Felipe Bragança e Marina Meliande, e montou “Trabalhar Cansa”
(2011), longa de Juliana Rojas e Marco Dutra. Em 2014, foi selecionado para a prestigiosa
residência da Cinéfondation- Festival de Cannes, para desenvolver o roteiro de seu novo
projeto de longa-metragem, “Todos os Mortos”, que dirigirá em parceria com Marco Dutra,
com quem integra o coletivo de realizadores Filmes do Caixote, grupo de cineastas que
colaboram constantemente nos projetos uns dos outros.
Marina Meliande
Marina Meliande nasceu em 1980 no Rio de Janeiro, Brasil. Cineasta e montadora
formada pela Universidade Federal Fluminense, dirigiu, em parceria com Felipe Bragança,
alguns filmes exibidos em festivais internacionais: dois curtas, “Por Dentro de uma Gota
D’água” e “O Nome dele (o clóvis) além da Trilogia Coração no Fogo, composta pelos longas “A
Fuga da Mulher Gorila”, lançado no Festival de Locarno 2009; “A Alegria” – lançado na
Quinzena dos Realizadores, Festival de Cannes 2010; “Desassossego, filme das maravilhas” filme coletivo, lançado no Festival de Rotterdam 2011. Nos anos de 2007 a 2009, Marina foi
artista residente do Centro de Arte Contemporânea Le Fresnoy (França), onde realizou
duas vídeo instalações: “Lettres au Vieux Monde” e “L’Image qui reste”. Como montadora,
trabalhou em mais de 40 filmes, entre eles, “Girimunho” e “Histórias que só existem quando
lembradas”. Atualmente, prepara o projeto de seu primeiro longa metragem solo “Mormaço”
com o suporte da Résidence da Cinéfondation (Festival de Cannes) e Hubert Bals Fund.
55
Oficina de
Assistência de
Direção para
Cinema e TV
O Panorama Internacional Coisa de Cinema oferece esse
ano a Oficina de Assistência de Direção para Cinema e TV,
ministrada pela produtora e diretora Cecília Amado. Além
da especialização de técnicos já atuantes no mercado
audiovisual, será realizada, também, a capacitação de
novos profissionais na função de assistente de direção.
O curso é dividido em quatro módulos, que abordam
desde a parte estrutural das funções de um assistente de
direção, passando por todas as questões de planejamento
e, ainda, pela participação do assistente no que diz
respeito ao trabalho de criação, roteiro e elenco:
1 - Assistente de Direção no Cinema e na TV - funções
técnicas e criativas do assistente: Como celebrar um
casamento perfeito entre direção e produção;
2 - Leitura e Análise Técnica de um Roteiro - lendo nas
entrelinhas: Teoria e Prática;
3 - O planejamento - todos os passos: Cronograma de
Produção, Plano de Filmagem e Set de Filmagem;
4 - Trabalhando com Atores e Figurantes: Seleção e Testes,
Preparação de Atores, Demandas do Elenco ao Longo de
uma Produção e Marcação de Figuração.
Cecília Amado
56
Diretora e produtora, Cecília Amado iniciou sua carreira
cinematográfica em 1995 e fez escola nos sets de
grandes produções, como “O que é isso companheiro?”
e “Guerra de Canudos”. Antes de se tornar diretora, ela
trabalhou no cinema e na televisão como assistente de
diretores consagrados, como Cao Hamburger, Bruno
Barreto, Sérgio Rezende, Helvécio Ratton, entre outros.
Trabalhou, ainda, como assistente de direção na
TV Globo durante 5 anos e foi coordenadora de núcleo
no Canal Futura. Em 2008, Cecília dirigiu o curtametragem “Minha Rainha”, muito bem recebido nos
principais festivais internacionais de cinema infantil.
Em 2011, lançou, no circuito comercial, seu primeiro
longa-metragem, “Capitães da Areia”, com distribuição
da Imagem Filmes. Em 2012, Cecília abriu a produtora
Tenda dos Milagres, em Salvador, onde vem atuando
na direção de vídeos voltados para o mercado musical
(Carlinhos Brown, Banda P9, Venus Brown, Rumpilezz)
e em projetos com foco para o mercado infantojuvenil, como a série de curtas do projeto Cinema e
Sal e documentário “Onde Dormem os Sonhos” (em
finalização), além do desenvolvimento da série “Meu
Irmão Nerd”, em parceria com a produtora Truq.
Com dois novos projetos de longa-metragem
em desenvolvimento, a ficção “30 Carnavais” e o
documentário “APAXES, o Índio da Diáspora” , Cecília
vê a formação e capacitação de novos profissionais
na função de assistente de direção como um ponto
estratégico para um momento de boa produção no
cinema baiano e de abertura e inserção do audiovisual
no mercado de televisão.
Oficina
de Escrita
Crítica
Iniciada em 2010, a Oficina de Escrita
Crítica do Panorama Internacional
Coisa de Cinema sempre teve
como objetivo incentivar a iniciação
e formação de novos críticos
por entender a importância
da análise e da crítica no
desenvolvimento e fortalecimento
da cinematografia local.
Além dos encontros focados
em métodos e abordagens de
análise fílmica, contextualização
sobre linguagem cinematográfica
e atividades práticas, a oficina
se desdobra na composição de
dois núcleos que buscam uma
experiência mais completa em
contato com o cinema: o Júri Jovem,
que se dedica a assistir todos os
filmes da Competitiva Nacional
e escolher os melhores longa e
curta; e um grupo que se dedica
a produzir críticas sobre filmes
exibidos durante o festival no blog
Pílulas Críticas. Os dois grupos são
acompanhados de perto pelo crítico
Rafael Carvalho.
Desde sua criação, a oficina foi
ministrada pelo crítico João Carlos
Sampaio, que faleceu em maio de
2014. João circulava o Brasil cobrindo
festivais, era participante ativo de
atividades que envolviam o cinema e
o fazer crítico, sempre entusiasmado
pela formação de público e de
profissionais da crítica. Por isso, o
prêmio concedido pelo Júri Jovem
no Panorama leva seu nome, em
homenagem a sua carreira e seu
envolvimento com o festival.
Rafael Carvalho é
crítico e pesquisador de cinema.
Membro da Associação Brasileira
de Críticos de Cinema (Abraccine),
escreve para o site Moviola Digital
e colabora para o Jornal A Tarde.
Faz doutorado no Programa de
Pós-Graduação da Faculdade de
Comunicação da Universidade
Federal da Bahia, onde pesquisa a
crítica de cinema online e faz parte
do Grupo de Pesquisa Recepção e
Crítica da Imagem (Grim). Integra a
equipe de curadoria do Panorama
Internacional Coisa de Cinema.
57
Oficina de Sound
Design como
Sonoridade Total
Oficina Infantil
“CINEMIN –
O Centro tem Histórias”
A oficina de Sound Design como Sonoridade
Total, ministrada por Edson Secco, abordará
aspectos técnicos e conceituais da captação, edição
e mixagem com foco no audiovisual.
Além da influência do soundscape e dos processos
digitais na construção de atmosferas sonoras, o
som será visto desde o roteiro.
A cidade de Cachoeira, sede do curso de Cinema
e Audiovisual da UFRB, receberá a oficina, que
pretende capacitar cada vez mais os profissionais
e estudantes de cinema na Bahia, especialmente
nesse polo de produção cinematográfica no
Recôncavo baiano.
O audiovisual é, antes de tudo, uma forma de expressão. Uma
linguagem que constrói realidades e dialoga com sentimentos, ideias,
cultura e sua constante reelaboração na sociedade. A articulação
imagem-som conjugadas em um suporte técnico é uma ferramenta
fundamental para contar histórias, é uma maneira de dar voz ao que
nem sempre se pode falar. Por isso, o audiovisual não pode ser visto
mais como um privilégio de poucos, e sim algo cotidiano, um direito do
cidadão e, é claro, da infância.
Assim como na literatura, o audiovisual cria e recria realidades e
pontos de vista. E para oferecer as crianças a possibilidade de falarem
com suas próprias imagens e criar suas próprias representações de si, de
sua identidade e do mundo, é preciso alfabetizá-las audiovisualmente.
“CINEMIN – o centro tem histórias” é uma oficina de formação
audiovisual para crianças e jovens de 10 a 14 anos que vivem e estudam
no Centro Histórico de Salvador. O projeto, uma parceria da Tenda
dos Milagres com a Coisa de Cinema, vai promover esse encontro das
crianças com a sétima arte, no quadro do XI Panorama Internacional
Coisa de Cinema. Ao longo da oficina, os alunos terão a oportunidade
de realizar integralmente um curta-metragem documentário
aportando seu olhar genuíno sobre a cidade e o bairro onde vivem e
compartilhando suas histórias na tela grande do cinema.
CINEMIN chega no Centro Histórico inspirado pelo sucesso das
oficinas Cinema e Sal, produzidas pela Tenda dos Milagres nas ilhas do
arquipélago de Cairu, onde foram realizados seis curtas documentários
infantis, filmes que em pouco tempo já correm o mundo em festivais
importantes como o FICI - Festival Internacional de Cinema Infantil, o
Cachoeira Doc, o Nueva Mirada - ARGENTINA (onde recebeu o prêmio
de melhor curta-documentário infantil), CINEMAFEST - International
Film Festival – MEXICO e o CICFF – Chicago International Children’s
FilmFestival, um dos maiores do gênero infantil.
Edson Secco é artista sonoro. Com
58
formação em Música, Tecnologia e Cinema, atua
como músico, produtor, compositor e Sound
Designer. Ganhador de 3 prêmios de Melhor
Desenho de Som (Brasília, 2010 e 2013, Gramado
2013), compôs a sonoridade dos longas “Paulina
(La Patota)”, de Santiago Mitre, vencedor de melhor
filme no festival de Cannes em 2015, “LYGIA CLARK”,
de Daniela Thomas, “Com Os Punhos Cerrados”,
de Ricardo Pretti, “Dominguinhos”, de Joaquim
Castro e Mariana Aydar, “ELENA”, de Petra Costa,
“Depois da Chuva”, de Cláudio Marques e Marília
Hughes, “JARDS” e “Transeunte”, de Eryk Rocha,
“Éden” e “O Uivo da Gaita” e “O Prefeito”, de Bruno
Safadi, “Exilados do Vulcão” e “Diário de Sintra”, de
Paula Gaitán, “Terras”, de Maya Da-Rin, e os curtas
“Vaticano”, de Walter Salles, “Version Française”, de
Maya Da-Rin, produzido pelo Le Fresnoy, e “Olhos de
Ressaca”, de Petra Costa. Como músico e performer
participou do Share Festival-2012 em New York
City, da companhia Quarto Physical Theater (Suécia)
nas performances Waste in Process I, II e III (Suécia
e Brasil). Atualmente integra o duo de música
eletrônica NU (Naked Universe) ao lado da cantora
Ligiana Costa. No teatro compôs trilhas originais
para os espetáculos Um Circo de Rins e Fígados,
Asfaltaram a Terra, Terra em Trânsito e Rainha
Mentira, de Gerald Thomas, O Ovo e a Galinha e
Brincar de Pensar, contos de Clarice Lispector, e
para o espetáculo de dança Nijinski Casamento
com Deus e RÓZA, onde também foi performer.
Produziu as instalações sonoras das exposições
Zuzu Angel (Ocupação Zuzu), Rogério Sganzerla
(Ocupação Sganzerla), Lina Bo Bardi (Munique), Lygia
Clark (MOMA NY), Panos (Sesc Sp), Miguel Chikaoka
(H2Olhos) e Paula Gaitán (Imagem da Imagem),
Oscillatorium da performer Inger- Reidun Olsen,
Noruega, e a trilha sonora da performance Heart 192
em Barcelona. Participou expondo obras inéditas
para a mostra Noises in the Void, em Barcelona
e Londres e também para a 5a Bienal de Arte de
Marrakech.
Cecília Amado
Diretora e produtora, Cecília Amado iniciou sua carreira
cinematográfica em 1995 e fez escola nos sets de grandes produções,
como “O que é isso companheiro?” e “Guerra de Canudos”. Antes de se
tornar diretora, ela trabalhou no cinema e na televisão como assistente
de diretores consagrados, como Cao Hamburger, Bruno Barreto, Sérgio
Rezende, Helvécio Ratton, entre outros.
Trabalhou, ainda, como assistente de direção na TV Globo durante
5 anos e foi coordenadora de núcleo no Canal Futura. Em 2008, Cecília
dirigiu o curta-metragem “Minha Rainha”, muito bem recebido nos
principais festivais internacionais de cinema infantil. Em 2011, lançou,
no circuito comercial, seu primeiro longa-metragem, “Capitães da Areia”,
com distribuição da Imagem Filmes. Em 2012, Cecília abriu a produtora
Tenda dos Milagres, em Salvador, onde vem atuando na direção de vídeos
voltados para o mercado musical (Carlinhos Brown, Banda P9, Venus
Brown, Rumpilezz) e em projetos com foco para o mercado infantojuvenil, como a série de curtas do projeto Cinema e Sal e o documentário
“Onde Dormem os Sonhos” (em finalização), além do desenvolvimento da
série “Meu Irmão Nerd”, em parceria com a produtora Truq.
Com dois novos projetos de longa-metragem em
desenvolvimento, a ficção “30 Carnavais” e o documentário “APAXES,
o Índio da Diáspora” , Cecília vê a formação e capacitação de novos
profissionais na função de assistente de direção como um ponto
estratégico para um momento de boa produção no cinema baiano e de
abertura e inserção do audiovisual no mercado de televisão.
59
Equipe
Coordenação Geral: Cláudio Marques e Marília Hughes
Curadoria: Adolfo Gomes, Cláudio Marques, João Paulo Barreto,
Marília Hughes, Nara Normande, Rafael Carvalho e Rafael Saraiva
Coordenação de Logística/Receptivo: Lara Carvalho
Assistente de Logística/Receptivo: Sophia Corral
Receptivo: Flávia Diab
Produção de Base/ Produção de Campo: Edilando Ferraz
Mobilização de Público e Itinerância: Michele Perroni
Assistente de Mobilização de Público: Gabriela Gomes
Produção de Festas: Carol Morena
Assistente de Produção de Festas: Ana Paula Matos
Coordenação Seminário 100 anos de Walter da Silveira: Cyntia Nogueira
Coordenação de Tráfego: Talyta Singer
Coordenação de Projeção: Matheus Pirajá
Projeção: Sebastian Forte, Cláudio Almeida, Edvandro Santana
Programação Visual: Pierre Themotheo
Coordenação de Legendagem e Tradução: Bernardo Machado
Assistência de Legendagem Eletrônica: Fabiana Bastos e William Brandão
Montagem de Legendas: Rafael Taranto
Assessoria de Imprensa: Jane Fernandes - Quarta Via Comunicação e Marketing
Vinheta e Cobertura em Vídeo: Anouk Degen-Dominguez
Cobertura Fotográfica: Milena Palladino
Gerenciamento de Mídias Sociais: Blenda Tourinho
Programação do Site: Fábio Farani
Administração de Conteúdo do Site: Blenda Tourinho e Rafael Saraiva
Monitores: Alberto Gonçalves, Catarina Sampaio, Dáfine Prates,
Felix Toro, Gabriela Gomes, Luiza Audaz, Pedro Canuto e Vitor Torres
Coordenador técnico - Sala Walter da Silveira: Raimundo “Bandido” Nonato
Revisão e logística - Sala Walter da Silveira: Emanuel Rôxo
Coordenação e Debates (Cachoeira): Cyntia Nogueira e Danilo Scaldaferri
Coordenação Seminário 100 anos de Walter da Silveira (Cachoeira): Cyntia Nogueira
Produção e Receptivo (Cachoeira): Clarissa Brandão
Técnico de Som (Cachoeira): Mateus Ribeiro
Divulgação (Cachoeira): Fábio Rodrigues e Thainá Dayube
Registro Fotográfico (Cachoeira): Augusto Daltro e Thamires Duarte
Apoio Oficina e Projeção (Cachoeira): Wendell Coelho
Apoio Receptivo (Cachoeira): Gabriela Palha
Apoio Cinema (Cachoeira): Bruna Maria, Camila Gregório, Thainá Dayube
Produção Festas (Cachoeira): Larissa Leão
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Rua Direita de Santo Antonio,
nº 84 - Santo Antonio
Salvador – Bahia – Brasil
CEP: 40301-280
email:
[email protected]
facebook.com/CoisadeCinemaPanorama
twitter.com/XI_Panorama
coisadecinema.com.br/xi_panorama/
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Salvador e Cachoeira concentram, por
uma semana, o novo cinema brasileiro
e internacional. Chamar-se Panorama
é significativo para um encontro como
este que, entre outras características,
prima pela descentralização e pelos
diferentes olhares. O Panorama
incentiva a renovação e, assim,
caminha junto conosco.
Na Petrobras, buscamos impulsionar
a produção, a formação de público
e o fortalecimento do setor como
um todo. A Bahia, onde começou nossa
trajetória na indústria do petróleo,
tem seu papel merecidamente
representado na indústria
cinematográfica, muito por conta do
trabalho apresentado no Panorama.
Lembramos ainda que em 2015
estamos celebrando os 20 anos de
parceria com o cinema nacional.
Através das nossas ações de
patrocínios culturais, fixamos nossa
marca em mais de 500 produções de
filmes e anualmente participamos
efetivamente de um conjunto de mais
de 20 festivais de cinema no país.
Estamos vinculados ao fortalecimento
das atividades cinematográficas,
em todas as linhas - produção,
difusão, formação e memória; as
mesmas que espelham as áreas
de atuação do Petrobras Cultural,
programa que define a abrangência
e o modelo de seleção de projetos
patrocinados pela empresa para todos
os segmentos culturais.
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A Petrobras segue acreditando
no cinema brasileiro e apostando
na importância dos festivais como
espaço de celebração à produção
nacional e internacional.
Entendemos que o Petrobras
Cultural contribui para a ampliação
das oportunidades de criação,
circulação e fruição dos bens culturais
e para a permanente construção
da memória cultural brasileira.
GonzaGa - de Pai Pra Filho / 2012
petrobras,
patrocinando histórias
que ficam para sempre
na nossa memória.
Nas telas do cinema, o Brasil tem um encontro
marcado com o talento e a criatividade.
cultura.
quanto mais a gente compartilha,
mais ela se multiplica.