biomonitoramento da qualidade do ar em áreas urbanas - Abes-RS
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BIOMONITORAMENTO DA QUALIDADE DO AR EM ÁREAS URBANAS NO TRECHO INFERIOR DA BACIA DO RIO DOS SINOS, RS, BRASIL Mara Betânia Brizola Cassanego – [email protected] Universidade Feevale, Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental. RS 239, 2755, CEP 93352-000 – Novo Hamburgo – RS Gustavo Marques da Costa - [email protected] Universidade Feevale, Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental. Márcio Hisayuki Sasamori – [email protected] Universidade Feevale, Laboratório de Biotecnologia Vegetal. Tatieli Silveira – [email protected] Universidade Feevale, Laboratório de Biotecnologia Vegetal. Annette Droste – [email protected] Universidade Feevale, Programa de Pós-Graduação em Qualidade Ambiental. Resumo: A poluição atmosférica constitui um dos principais problemas nos grandes centros urbanos. O objetivo do trabalho foi avaliar o potencial genotóxico do ar atmosférico com o uso de Tradescantia pallida var. purpurea em áreas urbanas dos municípios de Campo Bom e São Leopoldo no trecho inferior da Bacia do Rio dos Sinos, RS, Brasil, nas quatro estações do ano de 2012. Para cada bioensaio, 20 ramos de T. pallida var. purpurea com botões florais parcialmente imersos em 2 L de água destilada foram expostos por 8 h no centro de Campo Bom e São Leopoldo. Simultaneamente, foram realizados controles negativos em laboratório. Frequências de micronúcleos (MCN) foram determinadas em tétrades jovens de células-mãe de grãos de pólen e expressas como MCN/100 tétrades. No outono, inverno e verão não houve diferença significativa entre as frequências de micronúcleos registradas nos botões florais expostos em Campo Bom e São Leopoldo. No entanto foram estatisticamente superiores ao controle negativo em todas as estações. Ao longo das quatro estações não ocorreram diferenças significativas entre as frequências de MCN observadas tanto nas amostras expostas em Campo Bom como nas do controle negativo. Em São Leopoldo ocorreu diferença significativa entre as frequências de MCN registradas no inverno e no verão. Os resultados permitem inferir sobre os riscos genotóxicos aos quais os organismos estão expostos na região da Bacia do Rio dos Sinos. Palavras-chave: Poluentes, Genotoxicidade, Micronúcleos, Bioensaio Trad-MCN, Tradescantia BIOMONITORING OF THE AIR QUALITY IN URBAN AREAS IN THE LOWER SECTION OF THE SINOS RIVER BASIN, RS, BRAZIL Abstract: Air pollution is a major problem in large urban centers. The aim of this study was to evaluate the genotoxic potential of atmospheric air using Tradescantia pallida var. purpurea in urban areas of the cities of Campo Bom and São Leopoldo in the lower section of the Sinos River Basin, RS, Brazil, during the four seasons of 2012. For each bioassay, 20 cuttings of T. pallida var. purpurea with flower buds partially immersed in 2 L of distilled water were exposed for 8 h in the center of Campo Bom and São Leopoldo. Simultaneously, negative controls were performed in the laboratory. Micronuclei (MCN) frequencies were determined in young tetrads of pollen mother cells and described as MCN/100 tetrads. In autumn, winter and summer there was no significant difference between the micronuclei frequencies registered in flower buds exposed in Campo Bom and São Leopoldo. However, they were statistically higher than the negative control in all seasons. Throughout the four seasons there were no significant differences between the MCN frequencies observed both in samples exposed in Campo Bom as in the negative control. In São Leopoldo significant difference occured between the MCN frequencies recorded in winter and summer. The results allow us to infer the genotoxic risks to which the organisms are exposed in the Sinos River Basin region. Keywords: Pollutants, Genotoxicity, Micronuclei, Trad-MCN bioassay, Tradescantia 1. INTRODUÇÃO A poluição atmosférica constitui um dos principais problemas nos grandes centros urbanos. A industrialização, o intenso tráfego de veículos automotores, o crescimento desordenado das cidades e o uso constante de produtos químicos nas culturas agrícolas são responsáveis pela degradação da qualidade do ar (TEIXEIRA et al., 2012). As bacias hidrográficas que incluem grandes centros urbanos, como a Bacia do Rio dos Sinos, estão mais vulneráveis aos impactos antrópicos, que podem comprometer a qualidade dos componentes físicos, químicos e biológicos dos ecossistemas (FIGUEIREDO et al., 2010). A Bacia do Rio dos Sinos, localizada na região leste do Estado do Rio Grande do Sul, ocupa uma área com cerca de 3.800 km2, caracterizada em três trechos denominados de superior, médio e inferior (FEPAM, 2013). A bacia apresenta alta densidade demográfica, com uma população em torno de 300 habitantes/km2, residindo principalmente em áreas urbanas (IBGE, 2013). Os 32 municípios que integram a bacia desenvolvem diversas atividades econômicas, incluindo desde a agricultura e pecuária até a intensa industrialização (COMITESINOS, 2013). Os organismos vivos estão sujeitos à contaminação por fontes poluentes de diversas naturezas. Entre as fontes poluidoras do ar, destacam-se as móveis, constituídas pelo tráfego de veículos automotores, e as estacionárias, que abrangem as indústrias. Os principais poluentes atmosféricos liberados por fontes móveis e estacionárias são o dióxido de carbono (CO2), monóxido de carbono (CO), óxidos de enxofre (SO2 e SO3) e de nitrogênio (NO e NO2), ozônio (O3), material particulado (MP), compostos orgânicos voláteis (COVs) e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos (HPAs) (MEIRELES et al., 2009; TEIXEIRA et al., 2012; CARRERAS et al., 2013). A Resolução CONAMA nº 03/1990 considera como poluente “qualquer substância presente no ar atmosférico que, pela sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, inconveniente ao bem-estar público, danoso aos materiais, à fauna e à flora”. A legislação ressalta, ainda, que a saúde humana e o equilíbrio ecológico dos seres vivos não podem ser afetados pela deterioração da qualidade do ar (BRASIL, 1990). Conforme Isidori et al. (2003), os poluentes são prejudiciais aos sistemas biológicos, podendo induzir genotoxicidade em microrganismos, plantas e animais, inclusive na espécie humana. No entanto, a maioria dos estudos sobre a avaliação do risco dos contaminantes atmosféricos baseia-se apenas nas concentrações detectadas pelas análises químicas de compostos simples, sendo que os efeitos sinérgicos e genotóxicos das complexas misturas químicas ainda são pouco conhecidos (SAVÓIA et al., 2009; MERLO et al., 2011). Organismos bioindicadores são excelentes para a identificação de áreas de referência e áreas críticas em uma determinada região, considerando que respondem aos efeitos tóxicos e genotóxicos provocados por um complexo de substâncias químicas ou por um componente específico, presentes no ambiente (BUSS et al., 2003; MERLO et al., 2011; OLIVEIRA et al., 2012). Em grandes centros urbanos, estudos têm sido desenvolvidos integrando indicadores biológicos a parâmetros físico-químicos, visando à detecção qualitativa e quantitativa de poluentes e à identificação de alterações morfológicas, fisiológicas ou genéticas, que podem ocorrer nos organismos em função das condições do meio onde vivem ou quando são expostos como amostradores ativos em ambientes supostamente poluídos (SAVÓIA et al., 2009; MIŠÍK et al., 2011; CARRERAS et al., 2013). Tradescantia é uma planta conhecida mundialmente como indicadora de poluição ambiental (MA et al., 1994; MIŠÍK et al., 2011). Inicialmente, os ensaios para avaliação da genotoxicidade do ar foram realizados com clones 4430, um híbrido estéril obtido a partir das espécies Tradescantia hirsutiflora Bush e Tradescantia subacaulis Bush (MA et al., 1978; MA et al., 1994, ISIDORI et al., 2003; KLUMPP et al., 2004 e 2006). No entanto, em função da dificuldade de adaptação das plantas clones em países tropicais e da sensibilidade ao clima, experimentos comparativos usando o teste de micronúcleos em Tradescantia pallida e no clone 4430 foram realizados, sendo verificado que esta espécie é tão eficiente quanto o clone 4430, para detecção de genotoxinas ambientais (SUYAMA et al., 2002; MIELLI et al., 2009). O teste de micronúcleos em Tradescantia (Trad-MCN) baseia-se na formação e contagem de micronúcleos (MCN) nas células dos grãos de pólen na fase de tétrades, sendo descrito por Ma et al. (1978) e padronizado por Ma et al. (1994). Os MCN são estruturas originadas de cromossomos inteiros ou fragmentos cromossômicos não sendo incorporados ao núcleo das células-filhas durante a divisão celular (MA et al., 1978; MEIRELES et al., 2009). Frequências aumentadas de MCN no citoplasma das células em fase de tétrades são consequências de agentes com potencial efeito genotóxico (MA et al., 1996). Tradescantia pallida (Rose) D.R. Hunt. var. purpurea Boom é uma espécie herbácea, da família Commelinaceae e com inflorescências protegidas por duas grandes brácteas (SOUZA & LORENZI, 2012). As plantas estão adaptadas aos climas sub-tropical e tropical e vêm sendo utilizadas em biomonitoramentos da qualidade do ar atmosférico em ambientes urbanos e rurais (GUIMARÃES et al., 2000; CARRERAS et al., 2009; MEIRELES et al., 2009; SAVÓIA et al., 2009; COSTA & DROSTE, 2012). Bioensaios com a espécie constituem um importante parâmetro para avaliação da qualidade ambiental, uma vez que respondem aos poluentes atmosféricos, indicando danos genéticos nas células (COSTA & DROSTE, 2012). Na Bacia do Rio dos Sinos, recentemente começaram a ser desenvolvidos estudos pontuais de genotoxicidade ambiental com o uso de Tradescantia pallida var. purpurea. No trecho inferior da bacia, Costa & Droste (2012) avaliaram o potencial genotóxico do ar de uma área urbana e de uma área rural e Sasamori et al. (2012) verificaram a eficiência do bioensaio Trad-MCN para o monitoramento in situ da genotoxicidade do ar ao longo das estações climáticas. Em uma avaliação integrada junto às nascentes dos arroios Estância Velha/Portão, Pampa e Schmidt, também na Bacia do Rio dos Sinos, Kieling-Rubio et al. (2013) usaram o teste Trad-MCN e parâmetros físico-químicos para análise da qualidade da água, além da aplicação de um protocolo para avaliação rápida do nível de preservação dos ambientes. Este trabalho teve como objetivo avaliar o potencial genotóxico do ar atmosférico com o uso de Tradescantia pallida var. purpurea em áreas urbanas dos municípios de Campo Bom e São Leopoldo na Bacia do Rio dos Sinos. 2. METODOLOGIA 2.1. Área de estudo O estudo de monitoramento da genotoxicidade do ar atmosférico foi realizado em áreas urbanas dos municípios de Campo Bom (ponto amostra1) e São Leopoldo (ponto amostral 2), distantes entre si aproximadamente 12,8 km e localizados no trecho inferior da Bacia do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil (Figura 1). As amostragens foram realizadas nas quatro estações do ano de 2012. Figura 1 - Localização dos pontos amostrais em áreas urbanas dos municípios de Campo Bom (1) e São Leopoldo (2), na Bacia do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul, Brasil. 2.2. Caracterização dos pontos amostrais O município de Campo Bom localiza-se no trecho inferior da Bacia do Rio dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre (PROSINOS, 2013). A população é de 63.339 habitantes, distribuídos em uma de área de 60,510 km², com uma densidade demográfica de 992,79 habitantes/km², principalmente na área urbana (IBGE, 2013). As indústrias coureira-calçadistas e metalúrgicas são responsáveis pela economia do município (FEE, 2013). Campo Bom apresenta uma frota de 34.493 veículos (IBGE, 2013), além do intenso tráfego veicular nas rodovias RS 239 e BR 116 que passam respectivamente, 3,38 e 8,72 km distantes do ponto amostral 1. O ponto amostral 1 localiza-se na Praça João Blos, Rua Brasil, centro de Campo Bom, entre as coordenadas geográficas 29º40’46,6” S e 51º03’29,5” O, alt. 25 m. O município de São Leopoldo localiza-se no trecho inferior da Bacia do Rio dos Sinos, região metropolitana de Porto Alegre (PROSINOS, 2013). A população é de 225,520 habitantes, distribuídos em uma de área de 102.738 km², com uma densidade demográfica de 2.083,82 habitantes/km², principalmente na área urbana (IBGE, 2013). As indústrias metalmecânicas são responsáveis pela economia do município (FEE, 2013). São Leopoldo apresenta uma frota de 97.962 veículos (IBGE, 2013), além do intenso tráfego veicular na rodovia BR 116 que passa 1,8 km distantes do ponto amostral 2. O ponto amostral 2 localiza-se na Avenida João Correia, centro de São Leopoldo, entre as coordenadas geográficas 29º46’47,5” S e 51º08’21,4” O, alt. 25 m. 2.2. Material biológico e exposição Os ramos de Tradescantia pallida var. purpurea utilizados no biomonitoramento foram retirados de plantas da coleção viva, cultivadas em vasos plásticos (37 cm x 20 cm x 20 cm), contendo solo comercial, mantidas em ambiente externo no campus da Universidade Feevale e regadas três vezes por semana. Sazonalmente, para cada bioensaio, 20 ramos (10 a 15 cm de comprimento) de Tradescantia pallida var. purpurea com inflorescências jovens foram imersos parcialmente em recipientes com 2 L de água destilada, permanecendo por 24 h para adaptação, em sala climatizada. Após, os recipientes com os ramos adaptados foram acondicionados em caixas térmicas e transportados até os pontos amostrais, onde foram expostos por um período de 8 h (9 às 17 h) em ambientes urbanos de cada município. Posteriormente, em sala climatizada, esses ramos foram recuperados em água destilada por mais 24 h, metodologia adaptada do protocolo de Ma et al. (1994). Controles negativos foram realizados simultaneamente em sala climatizada, no Laboratório de Biotecnologia Vegetal da universidade. 2.3. Fixação das inflorescências, preparo das lâminas e observação dos micronúcleos Após recuperação, as inflorescências foram fixadas em solução de etanol absoluto/ácido acético (3:1 v:v) por 24 horas, sendo em seguida, armazenadas em álcool etílico 70% e mantidas sob refrigeração (4ºC). Posteriormente, foram preparadas 10 lâminas por ponto amostral, em cada estação do ano. Botões florais foram dissecados e suas anteras maceradas com uma gota de carmim acético 1%. Em cada lâmina foram contadas 300 células em fase de tétrades e registrado o número de micronúcleos (MCN), sob microscopia óptica em aumento de 400x (Olympus CX4). As frequências de micronúcleos foram expressas em MCN/100 tétrades (THEWES et al., 2011). 2.5. Análise estatística As frequências de MCN obtidas nos bioensaios de genotoxicidade do ar em cada município monitorado e nos controles negativos foram submetidas ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk. Após, foi realizada a análise de variância (ANOVA) e as diferenças entre as médias foram verificadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade, em cada estação e ao longo do tempo monitorado. As análises estatísticas foram realizadas utilizando o programa SPSS versão 20. 3. RESULTADOS As frequências de micronúcleos observadas nos botões florais de Tradescantia pallida var. purpurea expostos ao ar atmosférico apresentaram variações significativas, entre os municípios e o controle negativo, bem como ao longo das estações monitoradas. No outono, inverno e verão não houve diferença significativa entre as frequências de MCN registradas nos botões florais de Tradescantia pallida var. purpurea expostos em Campo Bom e São Leopoldo. No entanto, as frequências foram estatisticamente superiores ao controle negativo em todas as estações do ano (Tabela 1). Ao longo das quatro estações não ocorreram diferenças significativas entre as frequências de MCN observadas tanto nas amostras expostas em Campo Bom como nas do controle negativo. Em São Leopoldo ocorreu diferença significativa entre as frequências de MCN registradas no inverno e no verão (Tabela 1). Tabela 1 - Frequência de micronúcleos (MCN) em botões florais de Tradescantia pallida var. purpurea expostos ao ar atmosférico nos municípios de Campo Bom e São Leopoldo e no controle negativo, nas quatro estações do ano de 2012. Frequência de MCN (média ± desvio padrão) Pontos Amostrais Outono Inverno Primavera Campo Bom 4,90 ± 1,16aA 4,73 ± 0,84aA 4,03 ± 1,13bA São Leopoldo F p Verão 4,53 ± 0,85aA 1,390 0,262 4,90 ± 1,52aAB 6,23 ± 2,47aA 5,40 ± 1,06aAB 4,20 ± 1,12aB 2,701 0,060 Controle 1,33 ± 0,38bA 1,43 ± 0,32bA 1,60 ± 0,26cA 1,48 ± 0,31bA 1,651 0,195 F 33,218 26,082 44,991 38,920 p <0,001 <0,001 <0,001 <0,001 Na coluna letras minúsculas diferentes indicam diferença significativa entre os pontos amostrais e o controle. Na linha letras maiúsculas diferentes indicam diferença significativa entre as estações. 4. DISCUSSÃO O teste Trad-MCN em Tradescantia pallida var. purpurea indicou genotoxicidade no ar atmosférico de Campo Bom e São Leopoldo, considerando que os botões florais expostos às áreas urbanas dos municípios apresentaram um aumento significativo nas frequências de micronúcleos, comparadas às observadas no controle negativo, que variaram de 1,33 a 1,60 MCN/100 tétrades. Frequências de MCN dos controles negativos permaneceram abaixo do valor limite (2,0 MCN) consideradas como resultantes de mutações espontâneas, em plantas cultivadas em ambientes não poluídos (PEREIRA et al., 2013). A intensa circulação de veículos nas áreas urbanas dos municípios do trecho inferior da Bacia do Rio dos Sinos e a proximidade da rodovia BR 116, principal via de ligação entre as cidades da região metropolitana de Porto Alegre (MIGLIAVACCA et al., 2012), associada às indústrias de diferentes naturezas são fatores contribuintes para os altos níveis de genotoxicidade registradas no presente estudo. Frequências de MCN semelhantes às registradas no presente estudo foram verificadas por Costa & Droste (2012) em ambiente urbano, no município de Estância Velha, trecho inferior da Bacia do Rio dos Sinos, Rio Grande do Sul (Brasil), observando frequências significativas de 4,13 a 8,13 MCN em Tradescantia pallida var. purpurea, sendo significativamente superiores às registradas no controle negativo que variaram de 0,96 a 1,13 MCN. Guimarães et al. (2000), também observaram frequências de MCN similares em duas áreas urbanas (5,6 e 7,1 MCN) em São Paulo (Brasil). Outros estudos realizados no Brasil, em áreas urbanas com diferentes impactos antrópicos e intensidades veiculares evidenciaram potencial genotóxico de poluentes atmosféricos em T. pallida var. purpurea (MEIRELES et al., 2009; SAVÓIA et al., 2009; PEREIRA et al., 2013). Estudos realizados em Córdoba (Argentina), usando o teste Trad-MCN para avaliar a qualidade do ar também indicaram frequências de MCN significativamente superiores em plantas expostas às áreas com maior tráfego veicular e com níveis elevados de poluentes atmosféricos (CARRERAS et al., 2009 e 2013). Embora os municípios de Campo Bom e São Leopoldo se caracterizem por áreas altamente urbanizadas e com intensa circulação veicular (IBGE, 2013), os efeitos sinérgicos das complexas misturas de poluentes atmosféricos sobre os organismos vivos ainda são pouco conhecidos na região da Bacia do Rio dos Sinos. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS O biomonitoramento da qualidade ambiental usando Tradescantia pallida var. purpurea é importante, considerando que esta espécie indicadora apresenta respostas significativas quando exposta em ambientes supostamente poluídos, permitindo inferir sobre os riscos genotóxicos aos quais os organismos estão expostos, bem como a identificação de áreas críticas na região. Agradecimentos Os autores agradecem à Universidade Feevale pela infraestrutura disponibilizada, à Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pelas bolsas de doutorado de M. B. B. Cassanego (CAPES/PROSUP) e de G. M. Costa (CAPES/FAPERGS), ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pela bolsa de IC de M. H. Sasamori e à Fundação de Amparo à Pesquisa no Rio Grande do Sul (FAPERGS) pela bolsa PROBITI de T. Silveira. 6. REFERÊNCIAS BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente – CONAMA. Resolução n. 03/1990. Dispõe sobre padrões de qualidade do ar, previstos no PRONAR. Diário Oficial da União, Brasília, DF, 22 ago. 1990. BUSS, D. F.; BAPTISTA, D. F. & NESSIMIAN, J. L. Bases conceituais para a aplicação de biomonitoramento em programas de avaliação da qualidade da água de rios. Caderno de Saúde Pública, v.19, n. 2, p. 465-473, 2003. CARRERAS, H. A.; RODRIGUEZ, J. H.; GONZALEZ, C. M.; WANNAZ, E. D.; FERREYRA, F. G.; PEREZ, C. 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